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CÓD: SL-034AG-21

7908433209126

CBM-MG
CORPO DE BOMBEIROS DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Curso de Formação de Soldados


EDITAL CBMMG Nº 11, DE 04 DE AGOSTO DE 2021
DICA

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação.
É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa
encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.
Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou este artigo com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!

• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho.
• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área.
• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total.
• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo.
• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.
• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame.
• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

Se prepare para o concurso público


O concurseiro preparado não é aquele que passa o dia todo estudando, mas está com a cabeça nas nuvens, e sim aquele que se
planeja pesquisando sobre o concurso de interesse, conferindo editais e provas anteriores, participando de grupos com enquetes sobre
seu interesse, conversando com pessoas que já foram aprovadas, absorvendo dicas e experiências, e analisando a banca examinadora do
certame.
O Plano de Estudos é essencial na otimização dos estudos, ele deve ser simples, com fácil compreensão e personalizado com sua
rotina, vai ser seu triunfo para aprovação, sendo responsável pelo seu crescimento contínuo.
Além do plano de estudos, é importante ter um Plano de Revisão, ele que irá te ajudar na memorização dos conteúdos estudados até
o dia da prova, evitando a correria para fazer uma revisão de última hora.
Está em dúvida por qual matéria começar a estudar? Vai mais uma dica: comece por Língua Portuguesa, é a matéria com maior
requisição nos concursos, a base para uma boa interpretação, indo bem aqui você estará com um passo dado para ir melhor nas outras
disciplinas.

Vida Social
Sabemos que faz parte algumas abdicações na vida de quem estuda para concursos públicos, mas sempre que possível é importante
conciliar os estudos com os momentos de lazer e bem-estar. A vida de concurseiro é temporária, quem determina o tempo é você,
através da sua dedicação e empenho. Você terá que fazer um esforço para deixar de lado um pouco a vida social intensa, é importante
compreender que quando for aprovado verá que todo o esforço valeu a pena para realização do seu sonho.
Uma boa dica, é fazer exercícios físicos, uma simples corrida por exemplo é capaz de melhorar o funcionamento do Sistema Nervoso
Central, um dos fatores que são chaves para produção de neurônios nas regiões associadas à aprendizagem e memória.
DICA

Motivação
A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.
Caso você não seja aprovado de primeira, é primordial que você PERSISTA, com o tempo você irá adquirir conhecimento e experiência.
Então é preciso se motivar diariamente para seguir a busca da aprovação, algumas orientações importantes para conseguir motivação:
• Procure ler frases motivacionais, são ótimas para lembrar dos seus propósitos;
• Leia sempre os depoimentos dos candidatos aprovados nos concursos públicos;
• Procure estar sempre entrando em contato com os aprovados;
• Escreva o porquê que você deseja ser aprovado no concurso. Quando você sabe seus motivos, isso te da um ânimo maior para seguir
focado, tornando o processo mais prazeroso;
• Saiba o que realmente te impulsiona, o que te motiva. Dessa maneira será mais fácil vencer as adversidades que irão aparecer.
• Procure imaginar você exercendo a função da vaga pleiteada, sentir a emoção da aprovação e ver as pessoas que você gosta felizes
com seu sucesso.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.
A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Se você quer aumentar as suas chances
de passar, conheça os nossos materiais, acessando o nosso site: www.apostilasolucao.com.br

Vamos juntos!
ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Compreensão E Interpretação De Textos. Linguagem Verbal E Não Verbal. Elementos De Textualidade, Coesão E Coerência Textuais;
Gêneros Textuais E Tipos De Texto: Narrativo, Descritivo, Expositivo, Argumentativo E Injuntivo; Paragrafação . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Conhecimentos Linguísticos - Norma Culta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
3. Acentuação Gráfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
4. Classes De Palavras: Definições, Classificações, Formas, Flexões, Empregos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
5. Estrutura E Formação De Palavras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
6. Estrutura Da Oração E Do Período: Aspectos Sintáticos E Semânticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
7. Concordância Verbal; Concordância Nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
8. Regência Verbal; Regência Nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
9. Sinais De Pontuação: Emprego . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
10. Emprego De Sinal Indicativo De Crase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
11. Ortografia De Acordo Com A Norma Padrão, Contemplando O Novo Acordo Ortográfico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
12. A Variação Linguística: As Diversas Modalidades Do Uso Da Língua Adequadas Às Várias Situações De Comunicação . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
13. Funções De Linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
14. Semântica: Sinonímia E Antonímia; Polissemia E Ambiguidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

Matemática
1. Linguagem dos conjuntos: Representações de um conjunto, pertinência, inclusão, igualdade, união, interseção e complementação de
conjuntos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Números reais: O conjunto dos números naturais - operações, divisibilidade, decomposição de um número natural nos seus fatores
primos, máximo divisor comum e mínimo múltiplo comum de dois ou mais números naturais. O conjunto dos números inteiros - oper-
ações, múltiplos e divisores. O conjunto dos números racionais - propriedades, operações, valor absoluto de um número, potenciação
e radiciação. O conjunto dos números reais - números irracionais, a reta real, intervalos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05
3. Unidades de medidas: Comprimento, área, volume, massa, tempo, ângulo e velocidade. Conversão de medidas. . . . . . . . . . . . . . 10
4. Proporcionalidade: Razões e proporções, grandezas direta e inversamente proporcionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
5. Regra de três simples e composta. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
6. Porcentagens. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
7. Juros simples e compostos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
8. Cálculo algébrico: Operações com expressões algébricas, identidades algébricas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
9. Polinômios de coeficientes reais - operações, raízes, teorema do resto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
10. Equações e inequações - Equações do 1º e 2º graus, relação entre coeficientes e raízes. Inequações de 1º e 2º graus, desigualdades
produto e quociente, interpretação geométrica. Sistemas de equações de 1º e 2º graus, interpretação geométrica. Equações e in-
equações envolvendo expoentes e logaritmos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
11. Funções: Conceito de função, função de variável real e seu gráfico no plano cartesiano. Composição de funções, função modular,
funções inversas, funções polinomiais. Estudo das funções do 1º e 2º graus. Funções crescentes e decrescentes, máximos e míni-
mos de uma função. Função exponencial e função logaritmo - propriedades fundamentais de expoentes e logaritmos, operações.
Gráficos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
12. Matrizes e sistemas: Matrizes e determinantes até a 4ª ordem, propriedades e operações. Resolução e discussão de sistemas lin-
eares. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
13. Geometria plana: Elementos primitivos, segmento, semirreta, semiplano e ângulo. Retas perpendiculares e paralelas. Teorema de
Tales. Triângulos - congruência e semelhança. Quadriláteros. Polígonos. Circunferência e disco. Relações métricas no triângulo e na
circunferência. Perímetro e área das principais figuras planas. Trigonometria - Medida de um arco, o grau e o radiano, relação entre
arcos e ângulos. O seno, o cosseno e a tangente de um ângulo. Fórmulas para a adição e subtração de arcos. Lei dos senos e lei dos
cossenos. Identidades trigonométricas básicas, equações trigonométricas simples. As funções seno, cosseno, tangente e seus gráficos.
Relações trigonométricas no triângulo retângulo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
14. Geometria espacial: Conceitos básicos. Posições relativas de retas e planos no espaço. Área lateral e volume do prisma, pirâmide,
cilindro, cone e esfera. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
15. Geometria analítica plana: Distância entre dois pontos no plano e entre um ponto e uma reta. Condições de paralelismo e perpendic-
ularismo de retas no plano. Estudo da reta e da circunferência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
16. Sequências numéricas: Sequências. Progressões aritméticas e geométricas - Noção de limite de uma sequência. Soma dos termos de
uma progressão geométrica infinita. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
17. Análise combinatória e probabilidade: O princípio fundamental da contagem. Permutações, arranjos e combinações simples. Binômio
de Newton. Incerteza e probabilidade, conceitos básicos, probabilidade condicional e eventos independentes, probabilidade da união
de eventos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
18. Estatística básica e tratamento da informação: População estatística, amostras, frequência absoluta e relativa. Distribuição de fre-
quências com dados agrupados, polígono de frequência, . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
ÍNDICE
19. Médias (aritmética e ponderada), mediana e moda. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
20. Leitura, construção e interpretação de gráficos de barras, de setores e de segmentos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
21. Problemas envolvendo raciocínio lógico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

Geografia
1. Cartografia: Orientação, Localização, Representação Da Terra E Fusos Horários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Características E Movimentos Realizados Pela Terra. Geologia E Geomorfologia; Camadas Internas Da Erra. A Deriva Continental E A
Tectônica De Placas, Agentes Internos (Construtores Do Relevo Terrestre (Vulcanismo, Tectonismo E Abalos Sísmicos), Terremotos No
Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
3. Rochas: Tipos; Características. Ciclo Das Rochas. Relevo Terrestre E Os Agentes Externos (Intemperismo E Erosão). Pedologia (Solos) -
Processo De Formação, Degradação E Empobrecimento Dos Solos, Técnicas De Manejo E Conservação Dos Solos . . . . . . . . . . . . . 07
4. Climatologia- A Atmosfera E Sua Dinâmica: Tempo; Clima. Fatores E Elementos Do Clima: Fenômenos Climáticos, Massas De Ar: Circu-
lação Atmosférica (Global E Regional): Tipos De Clima, Climogramas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
5. Vegetação: As Grandes Formações Vegetais Da Terra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
6. Aspectos Demográficos: Conceitos Fundamentais, Indicadores Demográficos, Teorias Demográficas, Indicadores Sociais, Estrutura Da
População E Migrações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
7. Aspectos Econômicos Gerais: Comércio; Recursos Naturais E Extrativismo Mineral; Fontes De Energia; Indústria; Agricultura . . . . 17
8. Geografia Do Brasil: Regiões Brasileiras: Aspectos Físicos; Aspectos Humanos; Aspectos Políticos; Aspectos Econômicos . . . . . . . 24
9. Geografia Geral: As Relações Econômicas No Mundo Moderno: A Crise Econômica Mundial; Os Blocos Econômicos; A Questão Da
Multipolaridade. A Globalização. Focos De Tensão E Conflitos Mundiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

História
1. O mundo moderno: A expansão marítima europeia e as práticas mercantilistas; Da formação das monarquias nacionais ao absolutis-
mo; O Renascimento; As reformas protestantes e a contrarreforma católica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. A colonização europeia na época moderna: A África na rota do expansionismo e do colonialismo europeu; A África por dentro: man-
ifestações culturais, sociedades política/impérios, economia (do colonialismo moderno aos dias atuais); As civilizações “pré-colom-
bianas”; A colonização europeia no continente americano; América espanhola; América portuguesa; América inglesa; A presença
francesa e holandesa na América colonial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08
3. A crise do antigo regime: As revoluções inglesas do século XVII; O pensamento europeu no século das luzes: Iluminismo, Despotismo
Esclarecido e Liberalismo; Rebeliões, insurreições, levantes e conjuras no mundo colonial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
4. O surgimento do mundo contemporâneo: As Revoluções liberais e o triunfo do capitalismo; Processo de emancipação e independên-
cia das colônias inglesas no continente americano; A Revolução Francesa e expansão de seus ideais; O processo de independência e
construção de nações na América espanhola; Portugal, Brasil e o período joanino; A independência e a organização do Estado brasile-
iro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
5. O mundo contemporâneo: Na Europa, as novas lutas (Liberalismo X Conservadorismo); O fenômeno do nacionalismo e o triunfo do
liberalismo político; Os trabalhadores, suas lutas, seus projetos e suas ideologias; O capitalismo monopolista e a expansão imperialista
a partir do século XIX; A Belle époque. A periferia global sob domínio do centro capitalista: África, América e Ásia . . . . . . . . . . . . 30
6. O continente americano no século XIX: Os EUA e a expansão das fronteiras, a consolidação da ordem interna e suas relações externas;
América espanhola a difícil consolidação da ordem interna: do caudilhismo aos regimes oligárquicos; O Estado Imperial brasileiro; O
Primeiro Reinado; O Período Regencial; O Segundo Reinado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
7. O Breve Século XX: O começo do declínio da Europa: I Guerra Mundial; Período entre guerras; A Revolução Russa: da construção à
afirmação do socialismo; EUA, da expansão à crise de 1929; Os regimes de direita em expansão no continente europeu e seus reflexos
no mundo; A II Guerra Mundial; O mundo sob a hegemonia dos EUA e da URSS: a Guerra Fria; As manifestações culturais do século
XX . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
8. Na periferia do mundo ocidental: Do populismo e revoluções sociais às ditaduras na América Latina; O Brasil republicano; A Primeira
República; A Era Vargas; Período populista; Ditadura civil-militar (1964- 1985); O Brasil da Nova República aos dias atuais; As lutas de
libertação nacional na África e Ásia; As questões de identidade: etnia, cultura, território . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
9. A Nova Ordem Mundial: O fim da Guerra Fria; Globalização, neoliberalismo, desigualdades e exclusões sociais no mundo de fins
do século XX e início do XXI; Os blocos econômicos e seus impactos; As lutas e conflitos entre árabes e israelenses; A Primavera
Árabe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82

Direitos Humanos
1. Conceitos, características e finalidades dos direitos humanos; histórico dos direitos humanos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Direitos humanos no constitucionalismo e no direito positivo brasileiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
3. Legislação específica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
ÍNDICE
Química
1. Propriedades dos Materiais: Estados físicos e mudanças de estado. Variações de energia e do estado de agregação das partículas.
Temperatura termodinâmica e energia cinética média das partículas. Propriedades dos materiais: cor, aspecto, cheiro e sabor; tem-
peratura de fusão, temperatura de ebulição, densidade e solubilidade. Substâncias e critérios de pureza. Misturas homogêneas e
heterogêneas. Métodos de separação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Estrutura Atômica Da Matéria: Constituição Dos Átomos: Modelo atômico de Dalton: descrição e aplicações. Modelo atômico de
Thomson: natureza elétrica da matéria e existência do elétron. Modelo atômico de Rutherford e núcleo atômico. Prótons, nêutrons e
elétrons. Número atômico e número de massa. Modelo atômico de Bohr: os subníveis, configurações eletrônicas por níveis de ener-
gia. Aspectos qualitativos da teoria quântica (Orbitais e números quânticos) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05
3. Tabela periódica e propriedades: Organização da tabela periódica, propriedades periódicas e aperiódicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
4. Ligações Químicas; ligação iônica, ligação covalente e propriedades; polaridade da ligação e eletronegatividade. Exceções à regra do
octeto. Forças das ligações covalentes; geometria molecular; forças intermoleculares; ligações metálicas; Ligações Químicas e Inter-
ações Intermoleculares: símbolos de Lewis e a regra do octeto e exceções à regra. Propriedades macroscópicas de substâncias sólidas,
líquidas e gasosas e de soluções: correlação com os modelos de ligações químicas e de interações intermoleculares. Energia em pro-
cessos de formação ou rompimento de ligações químicas e interações intermoleculares. Modelos de ligações químicas e interações
intermoleculares. Substâncias iônicas, moleculares, covalentes e metálicas. Polaridade das moléculas. Reconhecimento dos efeitos da
polaridade de ligação e da geometria na polaridade das moléculas e a influência desta na solubilidade e nas temperaturas de fusão e
de ebulição das substâncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
5. Funções inorgânicas: dissociação e ionização. Conceitos e propriedades de ácidos, bases, óxidos e sais. Teoria de Arrhenius. Classifi-
cação e nomenclatura dos compostos inorgânicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
6. Reações Químicas e Estequiometria: Reação química: conceito e evidências experimentais. Equações químicas: balanceamento e
uso na representação de reações químicas comuns. Oxidação e redução: conceito, balanceamento, identificação e representação de
semirreações. Massa atômica, mol e massa molar: conceitos e cálculos. Aplicações das leis de conservação da massa, das proporções
definidas, do princípio de Avogadro e do conceito de volume molar de um gás. Cálculos estequiométricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
7. Soluções Líquidas: Soluções e solubilidade. O efeito da temperatura na solubilidade. Soluções saturadas. O processo de dissolução:
interações soluto/solvente; efeitos térmicos. Eletrólitos e soluções eletrolíticas. Concentração de soluções: em g/L, em mol/L e em
percentuais. Cálculos. Propriedades coligativas. Relações qualitativas e quantitativas entre a concentração de soluções de solutos
nãovoláteis e as propriedades: pressão de vapor, temperatura de congelação e de ebulição e a pressão osmótica . . . . . . . . . . . . . 34
8. Termoquímica: Calor e temperatura: conceito e diferenciação. Processos que alteram a temperatura das substâncias sem envolv-
er fluxo de calor – trabalho mecânico, trabalho elétrico e absorção de radiação eletromagnética. Efeitos energéticos em reações
químicas. Calor de reação e variação de entalpia. Calorimetria. Reações exotérmicas e endotérmicas: conceito e representação. A
obtenção de calores de reação por combinação de reações químicas; a lei de Hess. Cálculos. A produção de energia pela queima de
combustíveis: carvão, álcool e hidrocarbonetos. Aspectos químicos e efeitos sobre o meio ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
9. Cinética Química: Fatores que afetam as velocidades das reações; velocidade das reações; concentração e velocidade; variação da
concentração com o tempo; temperatura e velocidade; mecanismos da reação e catálise. Equilíbrio Químico: conceitos de equilíbrio;
constante de equilíbrio; equilíbrios heterogêneos; cálculos da constante de equilíbrio; aplicações da constante de equilíbrio; princípio
de Le Chântelier; equilíbrio ácido base; ácidos e bases segundo Bronsted-Lowry; a auto ionização da água; escala de pH; ácidos e
bases fortes e fracos; propriedades ácido-base dos sais; efeito do íon comum; solução tampão; titulações simples entre ácidos e bases
fortes; equilíbrio de solubilidade e constante do produto de solubilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
10. Eletroquímica: Reações redox; balanceamento de equações redox; pilhas e potencial das pilhas; espontaneidade das reações redox;
baterias comerciais; corrosão; eletrólise (aspectos qualitativos e quantitativos) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
11. Química Orgânica: conceituação de grupo funcional e reconhecimento por grupos funcionais de: alquenos, alquinos e arenos (hi-
drocarbonetos aromáticos), álcoois, fenóis, éteres, aminas, aldeídos, cetonas, ácidos carboxílicos, ésteres e amidas. Representação
de moléculas orgânicas. Carbono tetraédrico, trigonal e digonal e ligações simples e múltiplas. Fórmulas estruturais – de Lewis, de
traços, condensadas e de linhas e tridimensionais. Variações na solubilidade e nas temperaturas de fusão e de ebulição de substân-
cias orgânicas causadas por: aumento da cadeia carbônica, presença de ramificações, introdução de substituintes polares, isomeria
constitucional e diastereoisomeria cis/trans. Reações orgânicas: reações de adição, eliminação, substituição e oxirredução. Polímeros:
identificação de monômeros, unidades de repetição e polímeros – polietileno, PVC, teflon, poliésteres e poliamidas . . . . . . . . . . 48

Biologia
1. Biologia celular – Células eucariontes e procariontes; estrutura do material genético e a síntese de proteínas; duplicação do material
genético e divisões celulares: mitose e meiose; metabolismo celular: fotossíntese, fermentação e respiração . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Zoologia - Classificação e características principais de animais invertebrados e vertebrados; principais doenças causadas por hel-
mintos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
3. Sistemas do corpo humano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08
4. Botânica – Classificação e características principais dos grupos vegetais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05
5. Microbiologia - Principais doenças causadas por vírus, bactérias e protozoários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
6. Genética - Leis de Mendel; análise de heredogramas; herança dos grupos sanguíneos; noções de biotecnologia . . . . . . . . . . . . . . 41
7. Evolução - Teoria sintética da evolução; especiação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
ÍNDICE
8. Ecologia - Habitat e nicho ecológico; relações intraespecíficas e interespecíficas; ciclos biogeoquímicos; biomas brasileiros; relações
tróficas: níveis, cadeia e teias; principais tipos de agressões ao meio ambiente e suas soluções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

Física
1. Potência de dez - Ordem de grandeza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Algarismos significativos - precisão de uma medida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
3. Mecânica: Grandezas escalares e vetoriais - operações elementares. Velocidade média. Movimento retilíneo uniforme. Aceleração -
Movimento retilíneo uniformemente variado - Movimentos Circular uniforme . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
4. Composição de forças - 1ª lei de Newton - equilíbrio de uma partícula - peso de um corpo - força de atrito. Composição de velocid-
ade - independência de movimentos - Movimento de um projétil. Equilíbrio dos fluídos - Densidade - Pressão - Pressão atmosférica
- Princípio de Arquimedes. Força e aceleração - Massa - 2ª lei de Newton. Forças de ação e reação - 3ª lei de Newton. Trabalho de uma
força constante - Potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
5. Energia cinética. Energia potencial gravitacional e elástica - conservação da energia mecânica. Impulso e quantidade de movimento
linear de uma partícula (conservação); Gravitação - Leis de Kepler e Lei de Newton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
6. Termodinâmica: Temperatura - Escalas termométricas - Dilatação (sólido/líquido). Quantidade de calor sensível e latente. Gases ideais
– Transformações isotérmica, isobárica, isovolumétrica e adiabática. Equivalente mecânico da caloria - calor específico – capacidade
térmica – energia interna. 1ª Lei da termodinâmica. Mudanças de fase. 2ª Lei da termodinâmica - transformação de energia térmica
em outras formas de energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
7. Vibrações E Ondas: Movimento harmônico simples. Ondas elásticas: propagação - superposição - reflexão e refração - noções sobre a
interferência, difração e ressonância. Som . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
8. Ótica: Propagação e reflexão da luz - espelhos planos e esféricos de pequena abertura; Refração da luz - dispersão e espectros - lentes
esféricas, delgadas e instrumentos óticos; Ondas luminosas - reflexão e refração da luz sob o ponto de vista ondulatório - interferência
e difração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
9. Eletricidade: Carga elétrica - Lei de Coulomb. Campo elétrico - campo de cargas pontuais - movimento de uma carga em um campo
uniforme. Corrente elétrica, diferença de potencial, resistência elétrica. Lei de Ohm - Efeito Joule. Associação de resistências em série
e em paralelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
10. Geradores de corrente contínua: força eletromotriz e resistência interna - circuitos elétricos – série, paralelo e misto; Experiência de
Oersted - Campo magnético de uma carga em movimento - indução magnética. Força exercida por um campo magnético sobre uma
carga elétrica e sobre condutor retilíneo. Força eletromotriz induzida - Lei de Faraday - Lei de Lenz - Ondas eletromagnéticas . . 101
11. Física Moderna: Quantização de energia - efeito fotoelétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
12. A estrutura do átomo: experiência de espalhamento de Rutherford - espectros atômicos; O núcleo atômico - Radioatividade - Reações
nucleares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
LÍNGUA PORTUGUESA
1. Compreensão E Interpretação De Textos. Linguagem Verbal E Não Verbal. Elementos De Textualidade, Coesão E Coerência Textuais;
Gêneros Textuais E Tipos De Texto: Narrativo, Descritivo, Expositivo, Argumentativo E Injuntivo; Paragrafação . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Conhecimentos Linguísticos - Norma Culta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
3. Acentuação Gráfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
4. Classes De Palavras: Definições, Classificações, Formas, Flexões, Empregos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
5. Estrutura E Formação De Palavras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
6. Estrutura Da Oração E Do Período: Aspectos Sintáticos E Semânticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
7. Concordância Verbal; Concordância Nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
8. Regência Verbal; Regência Nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
9. Sinais De Pontuação: Emprego . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
10. Emprego De Sinal Indicativo De Crase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
11. Ortografia De Acordo Com A Norma Padrão, Contemplando O Novo Acordo Ortográfico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
12. A Variação Linguística: As Diversas Modalidades Do Uso Da Língua Adequadas Às Várias Situações De Comunicação . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
13. Funções De Linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
14. Semântica: Sinonímia E Antonímia; Polissemia E Ambiguidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
LÍNGUA PORTUGUESA
• Linguagem Mista (ou híbrida) é aquele que utiliza tanto as
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS. LIN- palavras quanto as imagens. Ou seja, é a junção da linguagem
GUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL. ELEMENTOS DE verbal com a não-verbal.
TEXTUALIDADE, COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAIS;
GÊNEROS TEXTUAIS E TIPOS DE TEXTO: NARRATIVO,
DESCRITIVO, EXPOSITIVO, ARGUMENTATIVO E INJUN-
TIVO; PARAGRAFAÇÃO

Compreensão e interpretação de textos


Chegamos, agora, em um ponto muito importante para todo
o seu estudo: a interpretação de textos. Desenvolver essa habi-
lidade é essencial e pode ser um diferencial para a realização de
uma boa prova de qualquer área do conhecimento.
Mas você sabe a diferença entre compreensão e interpretação?
A compreensão é quando você entende o que o texto diz de
forma explícita, aquilo que está na superfície do texto.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Por meio dessa frase, podemos entender que houve um
tempo que Jorge era infeliz, devido ao cigarro.
A interpretação é quando você entende o que está implíci- Além de saber desses conceitos, é importante sabermos
to, nas entrelinhas, aquilo que está de modo mais profundo no identificar quando um texto é baseado em outro. O nome que
texto ou que faça com que você realize inferências. damos a este processo é intertextualidade.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Já compreendemos que Jorge era infeliz quando fumava, Interpretação de Texto
mas podemos interpretar que Jorge parou de fumar e que agora Interpretar um texto quer dizer dar sentido, inferir, chegar
é feliz. a uma conclusão do que se lê. A interpretação é muito ligada
Percebeu a diferença? ao subentendido. Sendo assim, ela trabalha com o que se pode
deduzir de um texto.
Tipos de Linguagem A interpretação implica a mobilização dos conhecimentos
Existem três tipos de linguagem que precisamos saber para prévios que cada pessoa possui antes da leitura de um deter-
que facilite a interpretação de textos. minado texto, pressupõe que a aquisição do novo conteúdo lido
• Linguagem Verbal é aquela que utiliza somente palavras. estabeleça uma relação com a informação já possuída, o que
Ela pode ser escrita ou oral. leva ao crescimento do conhecimento do leitor, e espera que
haja uma apreciação pessoal e crítica sobre a análise do novo
conteúdo lido, afetando de alguma forma o leitor.
Sendo assim, podemos dizer que existem diferentes tipos
de leitura: uma leitura prévia, uma leitura seletiva, uma leitura
analítica e, por fim, uma leitura interpretativa.

É muito importante que você:


- Assista os mais diferenciados jornais sobre a sua cidade,
estado, país e mundo;
- Se possível, procure por jornais escritos para saber de no-
tícias (e também da estrutura das palavras para dar opiniões);
- Leia livros sobre diversos temas para sugar informações
ortográficas, gramaticais e interpretativas;
- Procure estar sempre informado sobre os assuntos mais
• Linguagem não-verbal é aquela que utiliza somente ima- polêmicos;
gens, fotos, gestos... não há presença de nenhuma palavra. - Procure debater ou conversar com diversas pessoas sobre
qualquer tema para presenciar opiniões diversas das suas.

Dicas para interpretar um texto:


– Leia lentamente o texto todo.
No primeiro contato com o texto, o mais importante é ten-
tar compreender o sentido global do texto e identificar o seu
objetivo.

– Releia o texto quantas vezes forem necessárias.


Assim, será mais fácil identificar as ideias principais de cada
parágrafo e compreender o desenvolvimento do texto.

1
LÍNGUA PORTUGUESA
– Sublinhe as ideias mais importantes. Propomos, inicialmente, que você acompanhe um exercício
Sublinhar apenas quando já se tiver uma boa noção da ideia bem simples, que, intuitivamente, todo leitor faz ao ler um tex-
principal e das ideias secundárias do texto. to: reconhecer o seu tema. Vamos ler o texto a seguir?
– Separe fatos de opiniões.
O leitor precisa separar o que é um fato (verdadeiro, objeti- CACHORROS
vo e comprovável) do que é uma opinião (pessoal, tendenciosa
e mutável). Os zoólogos acreditam que o cachorro se originou de uma
– Retorne ao texto sempre que necessário. espécie de lobo que vivia na Ásia. Depois os cães se juntaram
Além disso, é importante entender com cuidado e atenção aos seres humanos e se espalharam por quase todo o mundo.
os enunciados das questões. Essa amizade começou há uns 12 mil anos, no tempo em que as
pessoas precisavam caçar para se alimentar. Os cachorros per-
– Reescreva o conteúdo lido. ceberam que, se não atacassem os humanos, podiam ficar perto
Para uma melhor compreensão, podem ser feitos resumos, deles e comer a comida que sobrava. Já os homens descobriram
tópicos ou esquemas. que os cachorros podiam ajudar a caçar, a cuidar de rebanhos e
a tomar conta da casa, além de serem ótimos companheiros. Um
Além dessas dicas importantes, você também pode grifar colaborava com o outro e a parceria deu certo.
palavras novas, e procurar seu significado para aumentar seu vo-
cabulário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o
são uma distração, mas também um aprendizado. possível assunto abordado no texto. Embora você imagine que
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a com- o texto vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente
preensão do texto e ajudar a aprovação, ela também estimula nos- o que ele falaria sobre cães. Repare que temos várias informa-
sa imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora ções ao longo do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem
nosso foco, cria perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além dos cães, a associação entre eles e os seres humanos, a dissemi-
de melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de memória. nação dos cães pelo mundo, as vantagens da convivência entre
cães e homens.
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias se-
As informações que se relacionam com o tema chamamos
letas e organizadas, através dos parágrafos que é composto pela
de subtemas (ou ideias secundárias). Essas informações se inte-
ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclu-
gram, ou seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer
são do texto.
uma unidade de sentido. Portanto, pense: sobre o que exata-
O primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é a
mente esse texto fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certa-
identificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-se as
mente você chegou à conclusão de que o texto fala sobre a rela-
ideias secundárias, ou fundamentações, as argumentações, ou
ção entre homens e cães. Se foi isso que você pensou, parabéns!
explicações, que levem ao esclarecimento das questões apre-
Isso significa que você foi capaz de identificar o tema do texto!
sentadas na prova.
Compreendido tudo isso, interpretar significa extrair um sig- Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-i-
nificado. Ou seja, a ideia está lá, às vezes escondida, e por isso deias-secundarias/
o candidato só precisa entendê-la – e não a complementar com
algum valor individual. Portanto, apegue-se tão somente ao tex- IDENTIFICAÇÃO DE EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM
to, e nunca extrapole a visão dele. TEXTOS VARIADOS

IDENTIFICANDO O TEMA DE UM TEXTO Ironia


O tema é a ideia principal do texto. É com base nessa ideia Ironia é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que
principal que o texto será desenvolvido. Para que você consiga está pensando ou sentindo (ou por pudor em relação a si próprio
identificar o tema de um texto, é necessário relacionar as dife- ou com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem).
rentes informações de forma a construir o seu sentido global, ou A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou
seja, você precisa relacionar as múltiplas partes que compõem expressão que, em um outro contexto diferente do usual, ganha
um todo significativo, que é o texto. um novo sentido, gerando um efeito de humor.
Em muitas situações, por exemplo, você foi estimulado a ler Exemplo:
um texto por sentir-se atraído pela temática resumida no título.
Pois o título cumpre uma função importante: antecipar informa-
ções sobre o assunto que será tratado no texto.
Em outras situações, você pode ter abandonado a leitura
porque achou o título pouco atraente ou, ao contrário, sentiu-se
atraído pelo título de um livro ou de um filme, por exemplo. É
muito comum as pessoas se interessarem por temáticas diferen-
tes, dependendo do sexo, da idade, escolaridade, profissão, pre-
ferências pessoais e experiência de mundo, entre outros fatores.
Mas, sobre que tema você gosta de ler? Esportes, namoro,
sexualidade, tecnologia, ciências, jogos, novelas, moda, cuida-
dos com o corpo? Perceba, portanto, que as temáticas são pra-
ticamente infinitas e saber reconhecer o tema de um texto é
condição essencial para se tornar um leitor hábil. Vamos, então,
começar nossos estudos?

2
LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplo:

Na construção de um texto, ela pode aparecer em três modos:


ironia verbal, ironia de situação e ironia dramática (ou satírica).

Ironia verbal ANÁLISE E A INTERPRETAÇÃO DO TEXTO SEGUNDO O


Ocorre quando se diz algo pretendendo expressar outro sig- GÊNERO EM QUE SE INSCREVE
nificado, normalmente oposto ao sentido literal. A expressão e a Compreender um texto trata da análise e decodificação do
intenção são diferentes. que de fato está escrito, seja das frases ou das ideias presentes.
Exemplo: Você foi tão bem na prova! Tirou um zero incrível! Interpretar um texto, está ligado às conclusões que se pode che-
gar ao conectar as ideias do texto com a realidade. Interpreta-
Ironia de situação ção trabalha com a subjetividade, com o que se entendeu sobre
A intenção e resultado da ação não estão alinhados, ou seja, o texto.
o resultado é contrário ao que se espera ou que se planeja. Interpretar um texto permite a compreensão de todo e
Exemplo: Quando num texto literário uma personagem pla- qualquer texto ou discurso e se amplia no entendimento da sua
neja uma ação, mas os resultados não saem como o esperado. ideia principal. Compreender relações semânticas é uma com-
No livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de petência imprescindível no mercado de trabalho e nos estudos.
Assis, a personagem título tem obsessão por ficar conhecida. Ao Quando não se sabe interpretar corretamente um texto po-
longo da vida, tenta de muitas maneiras alcançar a notoriedade de-se criar vários problemas, afetando não só o desenvolvimen-
sem sucesso. Após a morte, a personagem se torna conhecida. A to profissional, mas também o desenvolvimento pessoal.
ironia é que planejou ficar famoso antes de morrer e se tornou
famoso após a morte. Busca de sentidos
Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mes-
Ironia dramática (ou satírica) mo os tópicos frasais presentes em cada parágrafo. Isso auxilia-
A ironia dramática é um dos efeitos de sentido que ocorre rá na apreensão do conteúdo exposto.
nos textos literários quando a personagem tem a consciência de Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem
que suas ações não serão bem-sucedidas ou que está entrando uma relação hierárquica do pensamento defendido, retomando
por um caminho ruim, mas o leitor já tem essa consciência.
ideias já citadas ou apresentando novos conceitos.
Exemplo: Em livros com narrador onisciente, que sabe tudo
Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram ex-
o que se passa na história com todas as personagens, é mais fácil
plicitadas pelo autor. Textos argumentativos não costumam
aparecer esse tipo de ironia. A peça como Romeu e Julieta, por
conceder espaço para divagações ou hipóteses, supostamente
exemplo, se inicia com a fala que relata que os protagonistas da
contidas nas entrelinhas. Deve-se ater às ideias do autor, o que
história irão morrer em decorrência do seu amor. As persona-
não quer dizer que o leitor precise ficar preso na superfície do
gens agem ao longo da peça esperando conseguir atingir seus
texto, mas é fundamental que não sejam criadas suposições va-
objetivos, mas a plateia já sabe que eles não serão bem-suce-
gas e inespecíficas.
didos.

Humor Importância da interpretação


Nesse caso, é muito comum a utilização de situações que A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para
pareçam cômicas ou surpreendentes para provocar o efeito de se informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e
humor. a interpretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de
Situações cômicas ou potencialmente humorísticas compar- conteúdos específicos, aprimora a escrita.
tilham da característica do efeito surpresa. O humor reside em Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros
ocorrer algo fora do esperado numa situação. fatores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos dos detalhes
Há diversas situações em que o humor pode aparecer. Há presentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se
as tirinhas e charges, que aliam texto e imagem para criar efeito faz suficiente. Interpretar exige paciência e, por isso, sempre re-
cômico; há anedotas ou pequenos contos; e há as crônicas, fre- leia o texto, pois a segunda leitura pode apresentar aspectos
quentemente acessadas como forma de gerar o riso. surpreendentes que não foram observados previamente. Para
Os textos com finalidade humorística podem ser divididos auxiliar na busca de sentidos do texto, pode-se também retirar
em quatro categorias: anedotas, cartuns, tiras e charges. dele os tópicos frasais presentes em cada parágrafo, isso certa-
mente auxiliará na apreensão do conteúdo exposto. Lembre-se

3
LÍNGUA PORTUGUESA
de que os parágrafos não estão organizados, pelo menos em um Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materia-
bom texto, de maneira aleatória, se estão no lugar que estão, liza em uma concretude da realidade. A cantiga de roda permite
é porque ali se fazem necessários, estabelecendo uma relação as crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita,
hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias já cita- ajudando os professores a identificar o nível de alfabetização
das ou apresentando novos conceitos. delas.
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo
autor: os textos argumentativos não costumam conceder espa-
ço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como obje-
entrelinhas. Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer tivo de informar, aconselhar, ou seja, recomendam dando uma
dizer que você precise ficar preso na superfície do texto, mas certa liberdade para quem recebe a informação.
é fundamental que não criemos, à revelia do autor, suposições
vagas e inespecíficas. Ler com atenção é um exercício que deve DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO SOBRE ESSE FATO
ser praticado à exaustão, assim como uma técnica, que fará de
nós leitores proficientes. Fato
O fato é algo que aconteceu ou está acontecendo. A exis-
Diferença entre compreensão e interpretação tência do fato pode ser constatada de modo indiscutível. O fato
A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do pode é uma coisa que aconteceu e pode ser comprovado de al-
texto e verificar o que realmente está escrito nele. Já a interpre- guma maneira, através de algum documento, números, vídeo ou
tação imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realida- registro.
de. O leitor tira conclusões subjetivas do texto. Exemplo de fato:
A mãe foi viajar.
Gêneros Discursivos
Romance: descrição longa de ações e sentimentos de perso- Interpretação
nagens fictícios, podendo ser de comparação com a realidade ou É o ato de dar sentido ao fato, de entendê-lo. Interpretamos
totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e uma quando relacionamos fatos, os comparamos, buscamos suas
novela é a extensão do texto, ou seja, o romance é mais longo. causas, previmos suas consequências.
No romance nós temos uma história central e várias histórias Entre o fato e sua interpretação há uma relação lógica: se
secundárias. apontamos uma causa ou consequência, é necessário que seja
plausível. Se comparamos fatos, é preciso que suas semelhanças
Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais total- ou diferenças sejam detectáveis.
mente imaginário. Com linguagem linear e curta, envolve pou-
cas personagens, que geralmente se movimentam em torno de
Exemplos de interpretação:
uma única ação, dada em um só espaço, eixo temático e conflito.
A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em
Suas ações encaminham-se diretamente para um desfecho.
outro país.
A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profis-
Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferen-
são do que com a filha.
ciado por sua extensão. Ela fica entre o conto e o romance, e
tem a história principal, mas também tem várias histórias secun-
Opinião
dárias. O tempo na novela é baseada no calendário. O tempo e
A opinião é a avaliação que se faz de um fato considerando
local são definidos pelas histórias dos personagens. A história
(enredo) tem um ritmo mais acelerado do que a do romance por um juízo de valor. É um julgamento que tem como base a inter-
ter um texto mais curto. pretação que fazemos do fato.
Nossas opiniões costumam ser avaliadas pelo grau de coe-
Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações rência que mantêm com a interpretação do fato. É uma inter-
que nós mesmos já vivemos e normalmente é utilizado a ironia pretação do fato, ou seja, um modo particular de olhar o fato.
para mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica o Esta opinião pode alterar de pessoa para pessoa devido a fato-
tempo não é relevante e quando é citado, geralmente são pe- res socioculturais.
quenos intervalos como horas ou mesmo minutos.
Exemplos de opiniões que podem decorrer das interpreta-
Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da ções anteriores:
linguagem, fazendo-o de maneira particular, refletindo o mo- A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em
mento, a vida dos homens através de figuras que possibilitam a outro país. Ela tomou uma decisão acertada.
criação de imagens. A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profis-
são do que com a filha. Ela foi egoísta.
Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a
opinião do editor através de argumentos e fatos sobre um as- Muitas vezes, a interpretação já traz implícita uma opinião.
sunto que está sendo muito comentado (polêmico). Sua inten- Por exemplo, quando se mencionam com ênfase conse-
ção é convencer o leitor a concordar com ele. quências negativas que podem advir de um fato, se enaltecem
previsões positivas ou se faz um comentário irônico na interpre-
Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de tação, já estamos expressando nosso julgamento.
um entrevistador e um entrevistado para a obtenção de infor- É muito importante saber a diferença entre o fato e opinião,
mações. Tem como principal característica transmitir a opinião principalmente quando debatemos um tema polêmico ou quan-
de pessoas de destaque sobre algum assunto de interesse. do analisamos um texto dissertativo.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplo: NÍVEIS DE LINGUAGEM
A mãe viajou e deixou a filha só. Nem deve estar se impor-
tando com o sofrimento da filha. Definição de linguagem
Linguagem é qualquer meio sistemático de comunicar ideias
ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, grá-
Uma boa redação é dividida em ideias relacionadas entre si ficos, gestuais etc. A linguagem é individual e flexível e varia
ajustadas a uma ideia central que norteia todo o pensamento dependendo da idade, cultura, posição social, profissão etc. A
do texto. Um dos maiores problemas nas redações é estruturar maneira de articular as palavras, organizá-las na frase, no texto,
as ideias para fazer com que o leitor entenda o que foi dito no determina nossa linguagem, nosso estilo (forma de expressão
texto. Fazer uma estrutura no texto para poder guiar o seu pen- pessoal).
samento e o do leitor. As inovações linguísticas, criadas pelo falante, provocam,
com o decorrer do tempo, mudanças na estrutura da língua, que
Parágrafo só as incorpora muito lentamente, depois de aceitas por todo o
O parágrafo organizado em torno de uma ideia-núcleo, que grupo social. Muitas novidades criadas na linguagem não vingam
é desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser na língua e caem em desuso.
formado por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. Língua escrita e língua falada
No texto dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar A língua escrita não é a simples reprodução gráfica da língua
todos relacionados com a tese ou ideia principal do texto, geral- falada, por que os sinais gráficos não conseguem registrar gran-
mente apresentada na introdução. de parte dos elementos da fala, como o timbre da voz, a entona-
ção, e ainda os gestos e a expressão facial. Na realidade a língua
Embora existam diferentes formas de organização de pará- falada é mais descontraída, espontânea e informal, porque se
grafos, os textos dissertativo-argumentativos e alguns gêneros manifesta na conversação diária, na sensibilidade e na liberdade
jornalísticos apresentam uma estrutura-padrão. Essa estrutu- de expressão do falante. Nessas situações informais, muitas re-
ra consiste em três partes:  a ideia-núcleo,  as ideias secundá- gras determinadas pela língua padrão são quebradas em nome
rias (que desenvolvem a ideia-núcleo) e a conclusão (que reafir-
da naturalidade, da liberdade de expressão e da sensibilidade
ma a ideia-básica). Em parágrafos curtos, é raro haver conclusão.
estilística do falante.
Introdução:  faz uma rápida apresentação do assunto e já
Linguagem popular e linguagem culta
traz uma ideia da sua posição no texto, é normalmente aqui que
Podem valer-se tanto da linguagem popular quanto da lin-
você irá identificar qual o problema do texto, o porque ele está
guagem culta. Obviamente a linguagem popular é mais usada na
sendo escrito. Normalmente o tema e o problema são dados
fala, nas expressões orais cotidianas. Porém, nada impede que
pela própria prova.
ela esteja presente em poesias (o Movimento Modernista Brasi-
leiro procurou valorizar a linguagem popular), contos, crônicas
Desenvolvimento: elabora melhor o tema com argumentos
e ideias que apoiem o seu posicionamento sobre o assunto. É e romances em que o diálogo é usado para representar a língua
possível usar argumentos de várias formas, desde dados esta- falada.
tísticos até citações de pessoas que tenham autoridade no as-
sunto. Linguagem Popular ou Coloquial
Usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se
Conclusão: faz uma retomada breve de tudo que foi abor- quase sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de ví-
dado e conclui o texto. Esta última parte pode ser feita de várias cios de linguagem (solecismo – erros de regência e concordância;
maneiras diferentes, é possível deixar o assunto ainda aberto barbarismo – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade;
criando uma pergunta reflexiva, ou concluir o assunto com as cacofonia; pleonasmo), expressões vulgares, gírias e preferência
suas próprias conclusões a partir das ideias e argumentos do de- pela coordenação, que ressalta o caráter oral e popular da língua.
senvolvimento. A linguagem popular está presente nas conversas familiares ou
entre amigos, anedotas, irradiação de esportes, programas de TV
Outro aspecto que merece especial atenção são  os conec- e auditório, novelas, na expressão dos esta dos emocionais etc.
tores. São responsáveis pela coesão do texto e tornam a leitura
mais fluente, visando estabelecer um encadeamento lógico en- A Linguagem Culta ou Padrão
tre as ideias e servem de ligação entre o parágrafo, ou no inte- É a ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em
rior do período, e o tópico que o antecede. que se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pes-
Saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase, quan- soas instruídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela
to ao passar de um enunciado para outro, é uma exigência tam- obediência às normas gramaticais. Mais comumente usada na lin-
bém para a clareza do texto. guagem escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais
Sem os conectores (pronomes relativos, conjunções, ad- artificial, mais estável, menos sujeita a variações. Está presente
vérbios, preposições, palavras denotativas) as ideias não fluem, nas aulas, conferências, sermões, discursos políticos, comunica-
muitas vezes o pensamento não se completa, e o texto torna-se ções científicas, noticiários de TV, programas culturais etc.
obscuro, sem coerência.
Esta estrutura é uma das mais utilizadas em textos argu- Gíria
mentativos, e por conta disso é mais fácil para os leitores. A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais
Existem diversas formas de se estruturar cada etapa dessa como arma de defesa contra as classes dominantes. Esses gru-
estrutura de texto, entretanto, apenas segui-la já leva ao pensa- pos utilizam a gíria como meio de expressão do cotidiano, para
mento mais direto. que as mensagens sejam decodificadas apenas por eles mesmos.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Assim a gíria é criada por determinados grupos que divulgam TIPO TEXTUAL INJUNTIVO
o palavreado para outros grupos até chegar à mídia. Os meios de A injunção indica como realizar uma ação, aconselha, impõe,
comunicação de massa, como a televisão e o rádio, propagam instrui o interlocutor. Chamado também de texto instrucional, o
os novos vocábulos, às vezes, também inventam alguns. A gíria tipo de texto injuntivo é utilizado para predizer acontecimentos
pode acabar incorporada pela língua oficial, permanecer no vo- e comportamentos, nas leis jurídicas.
cabulário de pequenos grupos ou cair em desuso.
Ex.: “chutar o pau da barraca”, “viajar na maionese”, “gale- Características principais:
ra”, “mina”, “tipo assim”. • Normalmente apresenta frases curtas e objetivas, com
verbos de comando, com tom imperativo; há também o uso do
Linguagem vulgar futuro do presente (10 mandamentos bíblicos e leis diversas).
Existe uma linguagem vulgar relacionada aos que têm pouco • Marcas de interlocução: vocativo, verbos e pronomes de
ou nenhum contato com centros civilizados. Na linguagem vul- 2ª pessoa ou 1ª pessoa do plural, perguntas reflexivas etc.
gar há estruturas com “nóis vai, lá”, “eu di um beijo”, “Ponhei
sal na comida”. Exemplo:
Impedidos do Alistamento Eleitoral (art. 5º do Código Elei-
Linguagem regional toral) – Não podem alistar-se eleitores: os que não saibam expri-
Regionalismos são variações geográficas do uso da língua mir-se na língua nacional, e os que estejam privados, temporária
padrão, quanto às construções gramaticais e empregos de cer- ou definitivamente dos direitos políticos. Os militares são alistá-
tas palavras e expressões. Há, no Brasil, por exemplo, os falares veis, desde que oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-marinha,
amazônico, nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino. subtenentes ou suboficiais, sargentos ou alunos das escolas mili-
Tipos e genêros textuais tares de ensino superior para formação de oficiais.
Os tipos textuais configuram-se como modelos fixos e
abrangentes que objetivam a distinção e definição da estrutura,
bem como aspectos linguísticos de narração, dissertação, descri- Tipo textual expositivo
ção e explicação. Eles apresentam estrutura definida e tratam da A dissertação é o ato de apresentar ideias, desenvolver ra-
forma como um texto se apresenta e se organiza. Existem cinco ciocínio, analisar contextos, dados e fatos, por meio de expo-
tipos clássicos que aparecem em provas: descritivo, injuntivo, sição, discussão, argumentação e defesa do que pensamos. A
expositivo (ou dissertativo-expositivo) dissertativo e narrativo. dissertação pode ser expositiva ou argumentativa.
Vejamos alguns exemplos e as principais características de cada A dissertação-expositiva é caracterizada por esclarecer um
um deles. assunto de maneira atemporal, com o objetivo de explicá-lo de
maneira clara, sem intenção de convencer o leitor ou criar de-
Tipo textual descritivo bate.
A descrição é uma modalidade de composição textual cujo
objetivo é fazer um retrato por escrito (ou não) de um lugar, Características principais:
uma pessoa, um animal, um pensamento, um sentimento, um • Apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão.
objeto, um movimento etc. • O objetivo não é persuadir, mas meramente explicar, in-
Características principais: formar.
• Os recursos formais mais encontrados são os de valor ad- • Normalmente a marca da dissertação é o verbo no pre-
jetivo (adjetivo, locução adjetiva e oração adjetiva), por sua fun- sente.
ção caracterizadora. • Amplia-se a ideia central, mas sem subjetividade ou defe-
• Há descrição objetiva e subjetiva, normalmente numa sa de ponto de vista.
enumeração. • Apresenta linguagem clara e imparcial.
• A noção temporal é normalmente estática.
• Normalmente usam-se verbos de ligação para abrir a de- Exemplo:
finição. O texto dissertativo consiste na ampliação, na discussão, no
• Normalmente aparece dentro de um texto narrativo. questionamento, na reflexão, na polemização, no debate, na ex-
• Os gêneros descritivos mais comuns são estes: manual, pressão de um ponto de vista, na explicação a respeito de um
anúncio, propaganda, relatórios, biografia, tutorial. determinado tema.
Existem dois tipos de dissertação bem conhecidos: a disser-
Exemplo: tação expositiva (ou informativa) e a argumentativa (ou opina-
Era uma casa muito engraçada tiva).
Não tinha teto, não tinha nada Portanto, pode-se dissertar simplesmente explicando um as-
Ninguém podia entrar nela, não sunto, imparcialmente, ou discutindo-o, parcialmente.
Porque na casa não tinha chão
Ninguém podia dormir na rede Tipo textual dissertativo-argumentativo
Porque na casa não tinha parede Este tipo de texto — muito frequente nas provas de con-
Ninguém podia fazer pipi cursos — apresenta posicionamentos pessoais e exposição de
Porque penico não tinha ali ideias apresentadas de forma lógica. Com razoável grau de ob-
Mas era feita com muito esmero jetividade, clareza, respeito pelo registro formal da língua e coe-
Na rua dos bobos, número zero rência, seu intuito é a defesa de um ponto de vista que convença
(Vinícius de Moraes) o interlocutor (leitor ou ouvinte).

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LÍNGUA PORTUGUESA
Características principais: GÊNEROS TEXTUAIS
• Presença de estrutura básica (introdução, desenvolvimen- Já os gêneros textuais (ou discursivos) são formas diferentes de
to e conclusão): ideia principal do texto (tese); argumentos (es- expressão comunicativa. As muitas formas de elaboração de um texto
tratégias argumentativas: causa-efeito, dados estatísticos, tes- se tornam gêneros, de acordo com a intenção do seu produtor. Logo,
temunho de autoridade, citações, confronto, comparação, fato, os gêneros apresentam maior diversidade e exercem funções sociais
exemplo, enumeração...); conclusão (síntese dos pontos princi- específicas, próprias do dia a dia. Ademais, são passíveis de modifica-
pais com sugestão/solução). ções ao longo do tempo, mesmo que preservando características pre-
• Utiliza verbos na 1ª pessoa (normalmente nas argumen- ponderantes. Vejamos, agora, uma tabela que apresenta alguns gêne-
tações informais) e na 3ª pessoa do presente do indicativo ros textuais classificados com os tipos textuais que neles predominam.
(normalmente nas argumentações formais) para imprimir uma
atemporalidade e um caráter de verdade ao que está sendo dito. Tipo Textual Predominante Gêneros Textuais
• Privilegiam-se as estruturas impessoais, com certas mo-
dalizações discursivas (indicando noções de possibilidade, cer- Descritivo Diário
teza ou probabilidade) em vez de juízos de valor ou sentimentos Relatos (viagens, históricos, etc.)
exaltados. Biografia e autobiografia
Notícia
• Há um cuidado com a progressão temática, isto é, com
Currículo
o desenvolvimento coerente da ideia principal, evitando-se ro-
Lista de compras
deios.
Cardápio
Anúncios de classificados
Exemplo:
A maioria dos problemas existentes em um país em desenvol- Injuntivo Receita culinária
vimento, como o nosso, podem ser resolvidos com uma eficiente Bula de remédio
administração política (tese), porque a força governamental cer- Manual de instruções
tamente se sobrepõe a poderes paralelos, os quais – por negli- Regulamento
gência de nossos representantes – vêm aterrorizando as grandes Textos prescritivos
metrópoles. Isso ficou claro no confronto entre a força militar do Expositivo Seminários
RJ e os traficantes, o que comprovou uma verdade simples: se Palestras
for do desejo dos políticos uma mudança radical visando o bem- Conferências
-estar da população, isso é plenamente possível (estratégia ar- Entrevistas
gumentativa: fato-exemplo). É importante salientar, portanto, Trabalhos acadêmicos
que não devemos ficar de mãos atadas à espera de uma atitude Enciclopédia
do governo só quando o caos se estabelece; o povo tem e sempre Verbetes de dicionários
terá de colaborar com uma cobrança efetiva (conclusão). Dissertativo-argumentativo Editorial Jornalístico
Carta de opinião
Tipo textual narrativo Resenha
O texto narrativo é uma modalidade textual em que se con- Artigo
ta um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo Ensaio
e lugar, envolvendo certos personagens. Toda narração tem um Monografia, dissertação de
enredo, personagens, tempo, espaço e narrador (ou foco nar- mestrado e tese de doutorado
rativo). Narrativo Romance
Novela
Características principais: Crônica
• O tempo verbal predominante é o passado. Contos de Fada
• Foco narrativo com narrador de 1ª pessoa (participa da Fábula
história – onipresente) ou de 3ª pessoa (não participa da histó- Lendas
ria – onisciente).
• Normalmente, nos concursos públicos, o texto aparece em Sintetizando: os tipos textuais são fixos, finitos e tratam da
prosa, não em verso. forma como o texto se apresenta. Os gêneros textuais são flui-
dos, infinitos e mudam de acordo com a demanda social.
Exemplo:
Solidão INTERTEXTUALIDADE
João era solteiro, vivia só e era feliz. Na verdade, a solidão A intertextualidade é um recurso realizado entre textos, ou
era o que o tornava assim. Conheceu Maria, também solteira, seja, é a influência e relação que um estabelece sobre o outro.
só e feliz. Tão iguais, a afinidade logo se transforma em paixão. Assim, determina o fenômeno relacionado ao processo de pro-
Casam-se. Dura poucas semanas. Não havia mesmo como dar dução de textos que faz referência (explícita ou implícita) aos
elementos existentes em outro texto, seja a nível de conteúdo,
certo: ao se unirem, um tirou do outro a essência da felicidade.
forma ou de ambos: forma e conteúdo.
Nelson S. Oliveira
Grosso modo, a intertextualidade é o diálogo entre textos,
Fonte: https://www.recantodasletras.com.br/contossur- de forma que essa relação pode ser estabelecida entre as pro-
reais/4835684 duções textuais que apresentem diversas linguagens (visual,
auditiva, escrita), sendo expressa nas artes (literatura, pintura,
escultura, música, dança, cinema), propagandas publicitárias,
programas televisivos, provérbios, charges, dentre outros.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Tipos de Intertextualidade fazer o interlocutor crer que, entre duas teses, uma é mais pro-
• Paródia: perversão do texto anterior que aparece geral- vável que a outra, mais possível que a outra, mais desejável que
mente, em forma de crítica irônica de caráter humorístico. Do a outra, é preferível à outra.
grego (parodès), a palavra “paródia” é formada pelos termos O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de
“para” (semelhante) e “odes” (canto), ou seja, “um canto (poe- um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o
sia) semelhante a outro”. Esse recurso é muito utilizado pelos enunciador está propondo.
programas humorísticos. Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumenta-
• Paráfrase: recriação de um texto já existente mantendo a ção. O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pre-
mesma ideia contida no texto original, entretanto, com a utiliza- tende demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente
ção de outras palavras. O vocábulo “paráfrase”, do grego (para- das premissas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos
phrasis), significa a “repetição de uma sentença”. postulados admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não
• Epígrafe: recurso bastante utilizado em obras e textos dependem de crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas
científicos. Consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo apenas do encadeamento de premissas e conclusões.
que tenha alguma relação com o que será discutido no texto. Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadea-
Do grego, o termo “epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” mento:
(posição superior) e “graphé” (escrita). A é igual a B.
• Citação: Acréscimo de partes de outras obras numa pro- A é igual a C.
dução textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem Então: C é igual a A.
expressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de
outro autor. Esse recurso é importante haja vista que sua apre- Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoria-
sentação sem relacionar a fonte utilizada é considerado “plá- mente, que C é igual a A.
gio”. Do Latim, o termo “citação” (citare) significa convocar. Outro exemplo:
• Alusão: Faz referência aos elementos presentes em outros Todo ruminante é um mamífero.
textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por A vaca é um ruminante.
Logo, a vaca é um mamífero.
dois termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).
• Outras formas de intertextualidade menos discutidas são
Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão
o pastiche, o sample, a tradução e a bricolagem.
também será verdadeira.
No domínio da argumentação, as coisas são diferentes.
ARGUMENTAÇÃO
Nele, a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso,
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma infor-
deve-se mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a
mação a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem
mais plausível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda di-
positiva de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado,
zendo-se mais confiável do que os concorrentes porque existe
ou inteligente, ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz
desde a chegada da família real portuguesa ao Brasil, ele estará
seja admitido como verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de dizendo-nos que um banco com quase dois séculos de existência
convencer, ou seja, tem o desejo de que o ouvinte creia no que é sólido e, por isso, confiável. Embora não haja relação necessá-
o texto diz e faça o que ele propõe. ria entre a solidez de uma instituição bancária e sua antiguidade,
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, esta tem peso argumentativo na afirmação da confiabilidade de
todo texto contém um componente argumentativo. A argumen- um banco. Portanto é provável que se creia que um banco mais
tação é o conjunto de recursos de natureza linguística destina- antigo seja mais confiável do que outro fundado há dois ou três
dos a persuadir a pessoa a quem a comunicação se destina. Está anos.
presente em todo tipo de texto e visa a promover adesão às Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
teses e aos pontos de vista defendidos. impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas as pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para compro- entender bem como eles funcionam.
var a veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como Já vimos diversas características dos argumentos. É preci-
se disse acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o so acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o
interlocutor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como auditório, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais
verdadeiro o que está sendo transmitido. A argumentação per- fácil quanto mais os argumentos estiverem de acordo com suas
tence ao domínio da retórica, arte de persuadir as pessoas me- crenças, suas expectativas, seus valores. Não se pode convencer
diante o uso de recursos de linguagem. um auditório pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas
Para compreender claramente o que é um argumento, é que ele abomina. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas
bom voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV que ele considera positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja
a.C., numa obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis vem com frequência associada ao futebol, ao gol, à paixão nacio-
quando se tem de escolher entre duas ou mais coisas”. nal. Nos Estados Unidos, essa associação certamente não surti-
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma ria efeito, porque lá o futebol não é valorizado da mesma forma
desvantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argu- que no Brasil. O poder persuasivo de um argumento está vincu-
mentar. Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher lado ao que é valorizado ou desvalorizado numa dada cultura.
entre duas coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde.
Nesse caso, precisamos argumentar sobre qual das duas é mais Tipos de Argumento
desejável. O argumento pode então ser definido como qualquer Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a
recurso que torna uma coisa mais desejável que outra. Isso sig- fazer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um
nifica que ele atua no domínio do preferível. Ele é utilizado para argumento. Exemplo:

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LÍNGUA PORTUGUESA
Argumento de Autoridade Argumento quase lógico
É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhe- É aquele que opera com base nas relações lógicas, como
cidas pelo auditório como autoridades em certo domínio do causa e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses ra-
saber, para servir de apoio àquilo que o enunciador está pro- ciocínios são chamados quase lógicos porque, diversamente dos
pondo. Esse recurso produz dois efeitos distintos: revela o co- raciocínios lógicos, eles não pretendem estabelecer relações
nhecimento do produtor do texto a respeito do assunto de que necessárias entre os elementos, mas sim instituir relações pro-
está tratando; dá ao texto a garantia do autor citado. É preciso, váveis, possíveis, plausíveis. Por exemplo, quando se diz “A é
no entanto, não fazer do texto um amontoado de citações. A igual a B”, “B é igual a C”, “então A é igual a C”, estabelece-se
citação precisa ser pertinente e verdadeira. Exemplo: uma relação de identidade lógica. Entretanto, quando se afirma
“A imaginação é mais importante do que o conhecimento.” “Amigo de amigo meu é meu amigo” não se institui uma identi-
dade lógica, mas uma identidade provável.
Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmen-
ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há co- te aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que
nhecimento. Nunca o inverso. concorrem para desqualificar o texto do ponto de vista lógico:
Alex José Periscinoto. fugir do tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões
In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2 que não se fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afir-
mações gerais com fatos inadequados, narrar um fato e dele ex-
A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais im- trair generalizações indevidas.
portante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir
a ela, o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mun- Argumento do Atributo
do. Se um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas É aquele que considera melhor o que tem propriedades tí-
devem acreditar que é verdade. picas daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo,
o mais raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é
Argumento de Quantidade melhor que o que é mais grosseiro, etc.
É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência,
número de pessoas, o que existe em maior número, o que tem celebridades recomendando prédios residenciais, produtos de
maior duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fun- beleza, alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o con-
damento desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publi- sumidor tende a associar o produto anunciado com atributos da
cidade faz largo uso do argumento de quantidade. celebridade.
Uma variante do argumento de atributo é o argumento da
Argumento do Consenso competência linguística. A utilização da variante culta e formal
É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta- da língua que o produtor do texto conhece a norma linguística
-se em afirmações que, numa determinada época, são aceitas socialmente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir
como verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a me- um texto em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que
nos que o objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte o modo de dizer dá confiabilidade ao que se diz.
da ideia de que o consenso, mesmo que equivocado, correspon- Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saú-
de ao indiscutível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que de de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas
aquilo que não desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, maneiras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente
por exemplo, as afirmações de que o meio ambiente precisa ser mais adequada para a persuasão do que a segunda, pois esta
protegido e de que as condições de vida são piores nos países produziria certa estranheza e não criaria uma imagem de com-
subdesenvolvidos. Ao confiar no consenso, porém, corre-se o petência do médico:
risco de passar dos argumentos válidos para os lugares comuns, - Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando
os preconceitos e as frases carentes de qualquer base científica. em conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica
houve por bem determinar o internamento do governador pelo
Argumento de Existência período de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil - Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque
aceitar aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que alguns deles são barrapesada, a gente botou o governador no
é apenas provável, que é apenas possível. A sabedoria popular hospital por três dias.
enuncia o argumento de existência no provérbio “Mais vale um
pássaro na mão do que dois voando”. Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumen-
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documen- tativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, para ser
tais (fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunica-
concretas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. ção deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que pretenda
Durante a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que ser, um texto tem sempre uma orientação argumentativa.
o exército americano era muito mais poderoso do que o iraquia- A orientação argumentativa é uma certa direção que o fa-
no. Essa afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, lante traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar
poderia ser vista como propagandística. No entanto, quando do- de um homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridi-
cumentada pela comparação do número de canhões, de carros cularizá-lo ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza.
de combate, de navios, etc., ganhava credibilidade. O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto
dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos epi-
sódios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e
não outras, etc. Veja:

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LÍNGUA PORTUGUESA
“O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras Alguns autores classificam a dissertação em duas modalida-
trocavam abraços afetuosos.” des, expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, ra-
zões a favor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informa-
O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que no- tiva, apresenta dados sem a intenção de convencer. Na verdade,
ras e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhi- a escolha dos dados levantados, a maneira de expô-los no texto
do esse fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o já revelam uma “tomada de posição”, a adoção de um ponto de
termo até, que serve para incluir no argumento alguma coisa vista na dissertação, ainda que sem a apresentação explícita de
inesperada. argumentos. Desse ponto de vista, a dissertação pode ser defi-
Além dos defeitos de argumentação mencionados quando nida como discussão, debate, questionamento, o que implica a
tratamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros: liberdade de pensamento, a possibilidade de discordar ou con-
- Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão cordar parcialmente. A liberdade de questionar é fundamental,
amplo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu mas não é suficiente para organizar um texto dissertativo. É ne-
contrário. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmen- cessária também a exposição dos fundamentos, os motivos, os
te, pode ser usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras porquês da defesa de um ponto de vista.
podem ter valor positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude
ou vir carregadas de valor negativo (autoritarismo, degradação argumentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo
do meio ambiente, injustiça, corrupção). de discurso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se
- Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas evidencia.
por um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos Para discutir um tema, para confrontar argumentos e po-
são ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para sições, é necessária a capacidade de conhecer outros pontos
destruir o argumento. de vista e seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe,
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do muitas vezes, a análise de argumentos opostos, antagônicos.
contexto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando- Como sempre, essa capacidade aprende-se com a prática. Um
-as e atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o bom exercício para aprender a argumentar e contra-argumentar
caso, por exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias consiste em desenvolver as seguintes habilidades:
não permite que outras crescam”, em que o termo imperialismo - argumentação: anotar todos os argumentos a favor de
é descabido, uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado uma ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição
visando a reduzir outros à sua dependência política e econômi- totalmente contrária;
ca”. - contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais
os argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apre-
A boa argumentação é aquela que está de acordo com a si- sentaria contra a argumentação proposta;
tuação concreta do texto, que leva em conta os componentes - refutação: argumentos e razões contra a argumentação
envolvidos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a oposta.
comunicação, o assunto, etc).
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto,
manifestações de sinceridade do autor (como eu, que não cos- argumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclu-
tumo mentir...) ou com declarações de certeza expressas em sões válidas, como se procede no método dialético. O método
fórmulas feitas (como estou certo, creio firmemente, é claro, é dialético não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de
óbvio, é evidente, afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de polêmicas. Trata-se de um método de investigação da realidade
prometer, em seu texto, sinceridade e certeza, autenticidade e pelo estudo de sua ação recíproca, da contradição inerente ao
verdade, o enunciador deve construir um texto que revele isso. fenômeno em questão e da mudança dialética que ocorre na
Em outros termos, essas qualidades não se prometem, manifes- natureza e na sociedade.
tam-se na ação. Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou o
A argumentação é a exploração de recursos para fazer pa- método de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que par-
recer verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar te do simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência
a pessoa a que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz. são a mesma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa conclusões verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado
um ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que em partes, começando-se pelas proposições mais simples até
inclui a argumentação, questionamento, com o objetivo de per- alcançar, por meio de deduções, a conclusão final. Para a linha
suadir. Argumentar é o processo pelo qual se estabelecem rela- de raciocínio cartesiana, é fundamental determinar o problema,
ções para chegar à conclusão, com base em premissas. Persuadir dividi-lo em partes, ordenar os conceitos, simplificando-os, enu-
é um processo de convencimento, por meio da argumentação, merar todos os seus elementos e determinar o lugar de cada um
no qual procura-se convencer os outros, de modo a influenciar no conjunto da dedução.
seu pensamento e seu comportamento. A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão vá- a argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs
lida, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia ou quatro regras básicas que constituem um conjunto de reflexos
proposição, e o interlocutor pode questionar cada passo do ra- vitais, uma série de movimentos sucessivos e contínuos do espí-
ciocínio empregado na argumentação. A persuasão não válida rito em busca da verdade:
apoia-se em argumentos subjetivos, apelos subliminares, chan- - evidência;
tagens sentimentais, com o emprego de “apelações”, como a - divisão ou análise;
inflexão de voz, a mímica e até o choro. - ordem ou dedução;
- enumeração.

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LÍNGUA PORTUGUESA
A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omis- Indução
são e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. (par-
quebrar o encadeamento das ideias, indispensável para o pro- ticular)
cesso dedutivo. Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (parti-
A forma de argumentação mais empregada na redação aca- cular)
dêmica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, Rio de Janeiro e Taubaté são cidades.
que contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (ge-
a conclusão. As três proposições são encadeadas de tal forma, ral – conclusão falsa)
que a conclusão é deduzida da maior por intermédio da menor.
A premissa maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclu-
pois alguns não caracteriza a universalidade. são pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são
Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução (si- professores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo
logística), que parte do geral para o particular, e a indução, que Redentor. Comete-se erro quando se faz generalizações apres-
vai do particular para o geral. A expressão formal do método de- sadas ou infundadas. A “simples inspeção” é a ausência de aná-
dutivo é o silogismo. A dedução é o caminho das consequências, lise ou análise superficial dos fatos, que leva a pronunciamentos
baseia-se em uma conexão descendente (do geral para o parti- subjetivos, baseados nos sentimentos não ditados pela razão.
cular) que leva à conclusão. Segundo esse método, partindo-se Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não funda-
de teorias gerais, de verdades universais, pode-se chegar à pre- mentais, que contribuem para a descoberta ou comprovação da
visão ou determinação de fenômenos particulares. O percurso verdade: análise, síntese, classificação e definição. Além desses,
do raciocínio vai da causa para o efeito. Exemplo: existem outros métodos particulares de algumas ciências, que
adaptam os processos de dedução e indução à natureza de uma
Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal) realidade particular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu
Fulano é homem (premissa menor = particular) método próprio demonstrativo, comparativo, histórico etc. A
Logo, Fulano é mortal (conclusão) análise, a síntese, a classificação a definição são chamadas mé-
todos sistemáticos, porque pela organização e ordenação das
A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, ba- ideias visam sistematizar a pesquisa.
seiase em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Análise e síntese são dois processos opostos, mas interliga-
Nesse caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou dos; a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes
seja, parte de fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, para o todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo,
desconhecidos. O percurso do raciocínio se faz do efeito para a uma depende da outra. A análise decompõe o todo em partes,
causa. Exemplo: enquanto a síntese recompõe o todo pela reunião das partes.
Sabe-se, porém, que o todo não é uma simples justaposição das
O calor dilata o ferro (particular)
partes. Se alguém reunisse todas as peças de um relógio, não sig-
O calor dilata o bronze (particular)
nifica que reconstruiu o relógio, pois fez apenas um amontoado
O calor dilata o cobre (particular)
de partes. Só reconstruiria todo se as partes estivessem organiza-
O ferro, o bronze, o cobre são metais
das, devidamente combinadas, seguida uma ordem de relações
Logo, o calor dilata metais (geral, universal)
necessárias, funcionais, então, o relógio estaria reconstruído.
Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido
por meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num
e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas
conjunto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a
também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fa-
análise, que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma
tos, pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma decomposição organizada, é preciso saber como dividir o todo
conclusão falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição em partes. As operações que se realizam na análise e na síntese
inexata, uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa podem ser assim relacionadas:
analogia são algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe Análise: penetrar, decompor, separar, dividir.
má fé, intenção deliberada de enganar ou levar ao erro; quando Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir.
o sofisma não tem essas intenções propositais, costuma-se cha-
mar esse processo de argumentação de paralogismo. Encontra- A análise tem importância vital no processo de coleta de
-se um exemplo simples de sofisma no seguinte diálogo: ideias a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da
- Você concorda que possui uma coisa que não perdeu? criação de abordagens possíveis. A síntese também é importan-
- Lógico, concordo. te na escolha dos elementos que farão parte do texto.
- Você perdeu um brilhante de 40 quilates? Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou in-
- Claro que não! formal. A análise formal pode ser científica ou experimental; é ca-
- Então você possui um brilhante de 40 quilates... racterística das ciências matemáticas, físico-naturais e experimen-
tais. A análise informal é racional ou total, consiste em “discernir”
Exemplos de sofismas: por vários atos distintos da atenção os elementos constitutivos de
um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou fenômeno.
Dedução A análise decompõe o todo em partes, a classificação es-
Todo professor tem um diploma (geral, universal) tabelece as necessárias relações de dependência e hierarquia
Fulano tem um diploma (particular) entre as partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa) ponto de se confundir uma com a outra, contudo são procedi-
mentos diversos: análise é decomposição e classificação é hie-
rarquisação.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fe- É muito comum formular definições de maneira defeituo-
nômenos por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências sa, por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo
naturais, a classificação pode-se efetuar por meio de um pro- em partes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto;
cesso mais ou menos arbitrário, em que os caracteres comuns e quando é advérbio de tempo, não representa o gênero, a espé-
diferenciadores são empregados de modo mais ou menos con- cie, a gente é forma coloquial não adequada à redação acadê-
vencional. A classificação, no reino animal, em ramos, classes, mica. Tão importante é saber formular uma definição, que se
ordens, subordens, gêneros e espécies, é um exemplo de classi- recorre a Garcia (1973, p.306), para determinar os “requisitos da
ficação natural, pelas características comuns e diferenciadoras. definição denotativa”. Para ser exata, a definição deve apresen-
A classificação dos variados itens integrantes de uma lista mais tar os seguintes requisitos:
ou menos caótica é artificial. - o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em
que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, cami- está realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou fer-
nhão, canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, ramenta ou instalação”;
relógio, sabiá, torradeira. - o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir to-
Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá. dos os exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente
Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo. restrito para que a diferença possa ser percebida sem dificulda-
Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira. de;
Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus. - deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade,
definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”;
Os elementos desta lista foram classificados por ordem al- - deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não cons-
fabética e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer cri- titui definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um
térios de classificação das ideias e argumentos, pela ordem de homem” não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem);
importância, é uma habilidade indispensável para elaborar o - deve ser breve (contida num só período). Quando a de-
desenvolvimento de uma redação. Tanto faz que a ordem seja finição, ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries
crescente, do fato mais importante para o menos importante, de períodos ou de parágrafos), chama-se explicação, e também
ou decrescente, primeiro o menos importante e, no final, o im- definição expandida;d
pacto do mais importante; é indispensável que haja uma lógica - deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo)
na classificação. A elaboração do plano compreende a classifica- + cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjun-
ção das partes e subdivisões, ou seja, os elementos do plano de- tos (as diferenças).
vem obedecer a uma hierarquização. (Garcia, 1973, p. 302304.)
Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na As definições dos dicionários de língua são feitas por meio
introdução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para de paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguís-
expressar um questionamento, deve-se, de antemão, expor cla- tica que consiste em estabelecer uma relação de equivalência
ra e racionalmente as posições assumidas e os argumentos que entre a palavra e seus significados.
as justificam. É muito importante deixar claro o campo da dis- A força do texto dissertativo está em sua fundamentação.
cussão e a posição adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, Sempre é fundamental procurar um porquê, uma razão verda-
mas também os pontos de vista sobre ele. deira e necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser
A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da lin- demonstrada com argumentos válidos. O ponto de vista mais
guagem e consiste na enumeração das qualidades próprias de lógico e racional do mundo não tem valor, se não estiver acom-
uma ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento panhado de uma fundamentação coerente e adequada.
conforme a espécie a que pertence, demonstra: a característica Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica
que o diferencia dos outros elementos dessa mesma espécie. clássica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o julga-
Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição mento da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara e
é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. pode reconhecer-se facilmente seus elementos e suas relações;
A definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui outras vezes, as premissas e as conclusões organizam-se de
às palavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a cono- modo livre, misturando-se na estrutura do argumento. Por isso,
tativa ou metafórica emprega palavras de sentido figurado. Se- é preciso aprender a reconhecer os elementos que constituem
gundo a lógica tradicional aristotélica, a definição consta de três um argumento: premissas/conclusões. Depois de reconhecer,
elementos: verificar se tais elementos são verdadeiros ou falsos; em segui-
- o termo a ser definido; da, avaliar se o argumento está expresso corretamente; se há
- o gênero ou espécie; coerência e adequação entre seus elementos, ou se há contra-
- a diferença específica. dição. Para isso é que se aprende os processos de raciocínio por
dedução e por indução. Admitindo-se que raciocinar é relacio-
O que distingue o termo definido de outros elementos da nar, conclui-se que o argumento é um tipo específico de relação
mesma espécie. Exemplo: entre as premissas e a conclusão.
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedi-
Na frase: O homem é um animal racional classifica-se: mentos argumentativos mais empregados para comprovar uma
afirmação: exemplificação, explicitação, enumeração, compara-
ção.
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por
Elemento especie diferença meio de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões
a ser definido específica comuns nesse tipo de procedimento: mais importante que, su-

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LÍNGUA PORTUGUESA
perior a, de maior relevância que. Empregam-se também dados Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de
estatísticos, acompanhados de expressões: considerando os da- um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados
dos; conforme os dados apresentados. Faz-se a exemplificação, concretos, estatísticos ou documentais.
ainda, pela apresentação de causas e consequências, usando-se Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação
comumente as expressões: porque, porquanto, pois que, uma se realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica:
vez que, visto que, por causa de, em virtude de, em vista de, por causa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência.
motivo de. Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declara-
Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é ex- ções, julgamento, pronunciamentos, apreciações que expres-
plicar ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se sam opiniões pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade
alcançar esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela comprovada, e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação
interpretação. Na explicitação por definição, empregamse ex- ou juízo que expresse uma opinião pessoal só terá validade se
pressões como: quer dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, fundamentada na evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada
isto é, haja vista, ou melhor; nos testemunhos são comuns as de provas, validade dos argumentos, porém, pode ser contesta-
expressões: conforme, segundo, na opinião de, no parecer de, da por meio da contra-argumentação ou refutação. São vários os
consoante as ideias de, no entender de, no pensamento de. A processos de contra-argumentação:
explicitação se faz também pela interpretação, em que são co- Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação demons-
muns as seguintes expressões: parece, assim, desse ponto de trando o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a con-
vista. traargumentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o
Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência cordeiro”;
de elementos que comprovam uma opinião, tais como a enu- Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóte-
meração de pormenores, de fatos, em uma sequência de tem- ses para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se jul-
po, em que são frequentes as expressões: primeiro, segundo, ga verdadeira;
por último, antes, depois, ainda, em seguida, então, presente- Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento à
mente, antigamente, depois de, antes de, atualmente, hoje, no opinião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a uni-
passado, sucessivamente, respectivamente. Na enumeração de versalidade da afirmação;
fatos em uma sequência de espaço, empregam-se as seguintes Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: con-
expressões: cá, lá, acolá, ali, aí, além, adiante, perto de, ao redor siste em refutar um argumento empregando os testemunhos de
de, no Estado tal, na capital, no interior, nas grandes cidades, no autoridade que contrariam a afirmação apresentada;
sul, no leste... Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em
Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de desautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador ba-
se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar seou-se em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou in-
uma ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da consequentes. Por exemplo, se na argumentação afirmou-se,
por meio de dados estatísticos, que “o controle demográfico
mesma forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente.
produz o desenvolvimento”, afirma-se que a conclusão é incon-
Para estabelecer contraste, empregam-se as expressões: mais
sequente, pois baseia-se em uma relação de causa-feito difícil
que, menos que, melhor que, pior que.
de ser comprovada. Para contraargumentar, propõese uma re-
Entre outros tipos de argumentos empregados para aumen-
lação inversa: “o desenvolvimento é que gera o controle demo-
tar o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-
gráfico”.
-se:
Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis
Argumento de autoridade: O saber notório de uma autori-
para desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adapta-
dade reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a
das ao desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e,
uma afirmação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enun-
em seguida, sugerem-se os procedimentos que devem ser ado-
ciado a credibilidade da autoridade citada. Lembre-se que as ci- tados para a elaboração de um Plano de Redação.
tações literais no corpo de um texto constituem argumentos de
autoridade. Ao fazer uma citação, o enunciador situa os enun- Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evo-
ciados nela contidos na linha de raciocínio que ele considera lução tecnológica
mais adequada para explicar ou justificar um fato ou fenôme- - Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, res-
no. Esse tipo de argumento tem mais caráter confirmatório que ponder a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o por-
comprobatório. quê da resposta, justificar, criando um argumento básico;
Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam - Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e
explicação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refuta-
válido por consenso, pelo menos em determinado espaço socio- ção que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqua-
cultural. Nesse caso, incluem-se lificá-la (rever tipos de argumentação);
- A declaração que expressa uma verdade universal (o ho- - Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de
mem, mortal, aspira à imortalidade); ideias que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as
- A declaração que é evidente por si mesma (caso dos pos- ideias podem ser listadas livremente ou organizadas como causa
tulados e axiomas); e consequência);
- Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de na- - Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com
tureza subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a pró- o argumento básico;
pria razão desconhece); implica apreciação de ordem estética - Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as
(gosto não se discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas que poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transfor-
(creio, ainda que parece absurdo). mam-se em argumentos auxiliares, que explicam e corroboram
a ideia do argumento básico;

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LÍNGUA PORTUGUESA
- Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma A coerência:
sequência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo - assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do texto;
às partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais - situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão con-
ou menos a seguinte: ceitual;
- relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o todo,
Introdução com o aspecto global do texto;
- função social da ciência e da tecnologia; - estabelece relações de conteúdo entre palavras e frases.
- definições de ciência e tecnologia;
- indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico. Coesão
É um conjunto de elementos posicionados ao longo do tex-
Desenvolvimento to, numa linha de sequência e com os quais se estabelece um
- apresentação de aspectos positivos e negativos do desen- vínculo ou conexão sequencial. Se o vínculo coesivo se faz via
volvimento tecnológico; gramática, fala-se em coesão gramatical. Se se faz por meio do
- como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou vocabulário, tem-se a coesão lexical.
as condições de vida no mundo atual; A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre pa-
- a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologi- lavras, expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por ele-
camente desenvolvida e a dependência tecnológica dos países mentos gramaticais, que servem para estabelecer vínculos entre
subdesenvolvidos; os componentes do texto.
- enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social; Existem, em Língua Portuguesa, dois tipos de coesão: a lexi-
- comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do cal, que é obtida pelas relações de sinônimos, hiperônimos, no-
passado; apontar semelhanças e diferenças; mes genéricos e formas elididas, e a gramatical, que é consegui-
- analisar as condições atuais de vida nos grandes centros da a partir do emprego adequado de artigo, pronome, adjetivo,
urbanos; determinados advérbios e expressões adverbiais, conjunções e
- como se poderia usar a ciência e a tecnologia para huma- numerais.
nizar mais a sociedade. A coesão:
- assenta-se no plano gramatical e no nível frasal;
Conclusão - situa-se na superfície do texto, estabele conexão sequencial;
- a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/conse- - relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as partes
quências maléficas; componentes do texto;
- síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumen- - Estabelece relações entre os vocábulos no interior das frases.
tos apresentados.

Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de CONHECIMENTOS LINGUÍSTICOS - NORMA CULTA
redação: é um dos possíveis.
A Linguagem Culta ou Padrão
Coesão e coerência fazem parte importante da elaboração É aquela ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências
de um texto com clareza. Ela diz respeito à maneira como as em que se apresenta com terminologia especial. É usada pelas
ideias são organizadas a fim de que o objetivo final seja alcan- pessoas instruídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se
çado: a compreensão textual. Na redação espera-se do autor pela obediência às normas gramaticais. Mais comumente usada
capacidade de mobilizar conhecimentos e opiniões, argumentar na linguagem escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É
de modo coerente, além de expressar-se com clareza, de forma mais artificial, mais estável, menos sujeita a variações. Está presente
correta e adequada. nas aulas, conferências, sermões, discursos políticos, comunicações
científicas, noticiários de TV, programas culturais etc.
Coerência Ouvindo e lendo é que você aprenderá a falar e a escrever
É uma rede de sintonia entre as partes e o todo de um texto. bem. Procure ler muito, ler bons autores, para redigir bem.
Conjunto de unidades sistematizadas numa adequada relação A aprendizagem da língua inicia-se em casa, no contexto fa-
semântica, que se manifesta na compatibilidade entre as ideias. miliar, que é o primeiro círculo social para uma criança. A crian-
(Na linguagem popular: “dizer coisa com coisa” ou “uma coisa ça imita o que ouve e aprende, aos poucos, o vocabulário e as
bate com outra”). leis combinatórias da língua. Um falante ao entrar em contato
Coerência é a unidade de sentido resultante da relação que com outras pessoas em diferentes ambientes sociais como a
se estabelece entre as partes do texto. Uma ideia ajuda a com- rua, a escola e etc., começa a perceber que nem todos falam da
preender a outra, produzindo um sentido global, à luz do qual mesma forma. Há pessoas que falam de forma diferente por per-
cada uma das partes ganha sentido. Coerência é a ligação em tencerem a outras cidades ou regiões do país, ou por fazerem
conjunto dos elementos formativos de um texto. parte de outro grupo ou classe social. Essas diferenças no uso da
A coerência não é apenas uma marca textual, mas diz res- língua constituem as variedades linguísticas.
peito aos conceitos e às relações semânticas que permitem a Certas palavras e construções que empregamos acabam de-
união dos elementos textuais. nunciando quem somos socialmente, ou seja, em que região do
A coerência de um texto é facilmente deduzida por um fa- país nascemos, qual nosso nível social e escolar, nossa formação
lante de uma língua, quando não encontra sentido lógico entre e, às vezes, até nossos valores, círculo de amizades e hobbies. O
as proposições de um enunciado oral ou escrito. É a competên- uso da língua também pode informar nossa timidez, sobre nossa
cia linguística, tomada em sentido lato, que permite a esse fa- capacidade de nos adaptarmos às situações novas e nossa inse-
lante reconhecer de imediato a coerência de um discurso. gurança.

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LÍNGUA PORTUGUESA
A norma culta é a variedade linguística ensinada nas esco- Ver ou vir
las, contida na maior parte dos livros, registros escritos, nas mí- A dúvida no uso de ver e vir ocorre nas seguintes constru-
dias televisivas, entre outros. Como variantes da norma padrão ções: Se eu ver ou se eu vir? Quando eu ver ou quando eu vir?
aparecem: a linguagem regional, a gíria, a linguagem específica Qual das frases com ver ou vir está correta? Se eu vir você lá
de grupos ou profissões. O ensino da língua culta na escola não fora, você vai ficar de castigo!
tem a finalidade de condenar ou eliminar a língua que falamos
em nossa família ou em nossa comunidade. O domínio da língua Onde ou aonde
culta, somado ao domínio de outras variedades linguísticas, tor- Os advérbios onde e aonde indicam lugar: Onde você está?
na-nos mais preparados para nos comunicarmos nos diferentes Aonde você vai? Qual é a diferença entre onde e aonde? Onde
contextos lingísticos, já que a linguagem utilizada em reuniões indica permanência. É sinônimo de em que lugar. Onde, Em que
de trabalho não deve ser a mesma utilizada em uma reunião de lugar Fica?
amigos no final de semana.
Portanto, saber usar bem uma língua equivale a saber em- Como escrever o dinheiro por extenso?
pregá-la de modo adequado às mais diferentes situações sociais Os valores monetários, regra geral, devem ser escritos com
de que participamos. algarismos: R$ 1,00 ou R$ 1 R$ 15,00 ou R$ 15 R$ 100,00 ou R$
A norma culta é responsável por representar as práticas lin- 100 R$ 1400,00 ou R$ 1400.
guísticas embasadas nos modelos de uso encontrados em textos
formais. É o modelo que deve ser utilizado na escrita, sobretu- Obrigado ou obrigada
do nos  textos não literários, pois segue rigidamente as regras Segundo a gramática tradicional e a norma culta, o homem
gramaticais. A norma culta conta com maior prestígio social e ao agradecer deve dizer obrigado. A mulher ao agradecer deve
normalmente é associada ao nível cultural do falante: quanto dizer obrigada.
maior a escolarização, maior a adequação com a língua padrão.
Exemplo: Mal ou mau
Venho solicitar a atenção de Vossa Excelência para que seja Como essas duas palavras são, maioritariamente, pronun-
conjurada uma calamidade que está prestes a desabar em cima ciadas da mesma forma, são facilmente confundidas pelos fa-
da juventude feminina do Brasil. Refiro-me, senhor presidente, lantes. Qual a diferença entre mal e mau? Mal é um advérbio,
ao movimento entusiasta que está empolgando centenas de mo- antônimo de bem. Mau é o adjetivo contrário de bom.
ças, atraindo-as para se transformarem em jogadoras de fute-
bol, sem se levar em conta que a mulher não poderá praticar “Vir”, “Ver” e “Vier”
este esporte violento sem afetar, seriamente, o equilíbrio fisio- A conjugação desses verbos pode causar confusão em al-
lógico de suas funções orgânicas, devido à natureza que dispôs gumas situações, como por exemplo no futuro do subjuntivo.
a ser mãe. O correto é, por exemplo, “quando você o vir”, e não “quando
você o ver”.
A Linguagem Popular ou Coloquial Já no caso do verbo “ir”, a conjugação correta deste tempo
É aquela usada espontânea e fluentemente pelo povo. verbal é “quando eu vier”, e não “quando eu vir”.
Mostra-se quase sempre rebelde à norma gramatical e é
carregada de vícios de linguagem (solecismo – erros de regência “Ao invés de” ou “em vez de”
e concordância; barbarismo – erros de pronúncia, grafia e flexão; “Ao invés de” significa “ao contrário” e deve ser usado ape-
ambiguidade; cacofonia; pleonasmo), expressões vulgares, nas para expressar oposição.
gírias e preferência pela coordenação, que ressalta o caráter Por exemplo: Ao invés de virar à direita, virei à esquerda.
oral e popular da língua. A linguagem popular está presente nas Já “em vez de” tem um significado mais abrangente e é
conversas familiares ou entre amigos, anedotas, irradiação de usado principalmente como a expressão “no lugar de”. Mas ele
esportes, programas de TV e auditório, novelas, na expressão também pode ser usado para exprimir oposição. Por isso, os lin-
dos esta dos emocionais etc. guistas recomendam usar “em vez de” caso esteja na dúvida.

Dúvidas mais comuns da norma culta Por exemplo: Em vez de ir de ônibus para a escola, fui de
bicicleta.
Perca ou perda
Isto é uma perda de tempo ou uma perca de tempo? Tomara “Para mim” ou “para eu”
que ele não perca o ônibus ou não perda o ônibus? Quais são as Os dois podem estar certos, mas, se você vai continuar a
frases corretas com perda e perca? Certo: Isto é uma perda de frase com um verbo, deve usar “para eu”.
tempo. Por exemplo: Mariana trouxe bolo para mim; Caio pediu
para eu curtir as fotos dele.
Embaixo ou em baixo
O gato está embaixo da mesa ou em baixo da mesa? Con- “Tem” ou “têm”
tinuarei falando em baixo tom de voz ou embaixo tom de voz? Tanto “tem” como “têm” fazem parte da conjugação do ver-
Quais são as frases corretas com embaixo e em baixo? Certo: O bo “ter” no presente. Mas o primeiro é usado no singular, e o
gato está embaixo da cama segundo no plural.
Por exemplo: Você tem medo de mudança; Eles têm medo
de mudança.

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LÍNGUA PORTUGUESA
“Há muitos anos”, “muitos anos atrás” ou “há muitos anos Classificação dos substantivos
atrás”
Usar “Há” e “atrás” na mesma frase é uma redundância, já SUBSTANTIVO SIMPLES: Olhos/água/
que ambas indicam passado. O correto é usar um ou outro. apresentam um só radical em muro/quintal/caderno/
Por exemplo: A erosão da encosta começou há muito tem- sua estrutura. macaco/João/sabão
po; O romance começou muito tempo atrás.
Sim, isso quer dizer que a música Eu nasci há dez mil anos SUBSTANTIVOS COMPOSTOS: Macacos-prego/
atrás, de Raul Seixas, está incorreta. são formados por mais de um porta-voz/
radical em sua estrutura. pé-de-moleque
SUBSTANTIVOS PRIMITIVOS: Casa/
são os que dão origem a mundo/
ACENTUAÇÃO GRÁFICA outras palavras, ou seja, ela é população
a primeira. /formiga
Acentuação é o modo de proferir um som ou grupo de sons SUBSTANTIVOS DERIVADOS: Caseiro/mundano/
com mais relevo do que outros. Os sinais diacríticos servem para são formados por outros populacional/formigueiro
indicar, dentre outros aspectos, a pronúncia correta das pala- radicais da língua.
vras. Vejamos um por um:
SUBSTANTIVOS PRÓPRIOS: Rodrigo
designa determinado ser /Brasil
Acento agudo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre
entre outros da mesma /Belo Horizonte/Estátua da
aberto.
espécie. São sempre iniciados Liberdade
Já cursei a Faculdade de História. por letra maiúscula.
Acento circunflexo: marca a posição da sílaba tônica e o tim-
bre fechado. SUBSTANTIVOS COMUNS: biscoitos/ruídos/estrelas/
Meu avô e meus três tios ainda são vivos. referem-se qualquer ser de cachorro/prima
Acento grave: marca o fenômeno da crase (estudaremos uma mesma espécie.
este caso afundo mais à frente). SUBSTANTIVOS CONCRETOS: Leão/corrente
Sou leal à mulher da minha vida. nomeiam seres com existência /estrelas/fadas
própria. Esses seres podem /lobisomem
As palavras podem ser: ser animadoso ou inanimados, /saci-pererê
– Oxítonas: quando a sílaba tônica é a última (ca-fé, ma-ra- reais ou imaginários.
-cu-já, ra-paz, u-ru-bu...) SUBSTANTIVOS ABSTRATOS: Mistério/
– Paroxítonas: quando a sílaba tônica é a penúltima (me-sa, nomeiam ações, estados, bondade/
sa-bo-ne-te, ré-gua...) qualidades e sentimentos que confiança/
– Proparoxítonas: quando a sílaba tônica é a antepenúltima não tem existência própria, ou lembrança/
(sá-ba-do, tô-ni-ca, his-tó-ri-co…) seja, só existem em função de amor/
um ser. alegria
As regras de acentuação das palavras são simples. Vejamos:
SUBSTANTIVOS COLETIVOS: Elenco (de atores)/
• São acentuadas todas as palavras proparoxítonas (médico,
referem-se a um conjunto acervo (de obras artísticas)/
íamos, Ângela, sânscrito, fôssemos...)
de seres da mesma espécie, buquê (de flores)
• São acentuadas as palavras paroxítonas terminadas em L, mesmo quando empregado
N, R, X, I(S), US, UM, UNS, OS, ÃO(S), Ã(S), EI(S) (amável, elétron, no singular e constituem um
éter, fênix, júri, oásis, ônus, fórum, órfão...) substantivo comum.
• São acentuadas as palavras oxítonas terminadas em A(S),
E(S), O(S), EM, ENS, ÉU(S), ÉI(S), ÓI(S) (xarás, convéns, robô, Jô, NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS
céu, dói, coronéis...) QUE NÃO ESTÃO AQUI!
• São acentuados os hiatos I e U, quando precedidos de vo-
gais (aí, faísca, baú, juízo, Luísa...) Flexão dos Substantivos
• Gênero: Os gêneros em português podem ser dois: mascu-
Viu que não é nenhum bicho de sete cabeças? Agora é só lino e feminino. E no caso dos substantivos podem ser biformes
treinar e fixar as regras. ou uniformes
– Biformes: as palavras tem duas formas, ou seja, apresenta
uma forma para o masculino e uma para o feminino: tigre/tigre-
sa, o presidente/a presidenta, o maestro/a maestrina
CLASSES DE PALAVRAS: DEFINIÇÕES, CLASSIFICAÇÕES, – Uniformes: as palavras tem uma só forma, ou seja, uma
FORMAS, FLEXÕES, EMPREGOS única forma para o masculino e o feminino. Os uniformes divi-
dem-se em epicenos, sobrecomuns e comuns de dois gêneros.
CLASSES DE PALAVRAS a) Epicenos: designam alguns animais e plantas e são invari-
áveis: onça macho/onça fêmea, pulga macho/pulga fêmea, pal-
Substantivo meira macho/palmeira fêmea.
São as palavras que atribuem nomes aos seres reais ou ima- b) Sobrecomuns: referem-se a seres humanos; é pelo con-
ginários (pessoas, animais, objetos), lugares, qualidades, ações texto que aparecem que se determina o gênero: a criança (o
e sentimentos, ou seja, que tem existência concreta ou abstrata.  criança), a testemunha (o testemunha), o individuo (a individua).

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LÍNGUA PORTUGUESA
c) Comuns de dois gêneros: a palavra tem a mesma forma tanto para o masculino quanto para o feminino: o/a turista, o/a
agente, o/a estudante, o/a colega.
• Número: Podem flexionar em singular (1) e plural (mais de 1).
– Singular: anzol, tórax, próton, casa.
– Plural: anzóis, os tórax, prótons, casas.

• Grau: Podem apresentar-se no grau aumentativo e no grau diminutivo.


– Grau aumentativo sintético: casarão, bocarra.
– Grau aumentativo analítico: casa grande, boca enorme.
– Grau diminutivo sintético: casinha, boquinha
– Grau diminutivo analítico: casa pequena, boca minúscula. 

Adjetivo
É a palavra invariável que especifica e caracteriza o substantivo: imprensa livre, favela ocupada. Locução adjetiva é expressão
composta por substantivo (ou advérbio) ligado a outro substantivo por preposição com o mesmo valor e a mesma função que um
adjetivo: golpe de mestre (golpe magistral), jornal da tarde (jornal vespertino).

Flexão do Adjetivos
• Gênero:
– Uniformes: apresentam uma só para o masculino e o feminino: homem feliz, mulher feliz.
– Biformes: apresentam uma forma para o masculino e outra para o feminino: juiz sábio/ juíza sábia, bairro japonês/ indústria
japonesa, aluno chorão/ aluna chorona. 

• Número:
– Os adjetivos simples seguem as mesmas regras de flexão de número que os substantivos: sábio/ sábios, namorador/ namo-
radores, japonês/ japoneses.
– Os adjetivos compostos têm algumas peculiaridades: luvas branco-gelo, garrafas amarelo-claras, cintos da cor de chumbo.

• Grau:
– Grau Comparativo de Superioridade: Meu time é mais vitorioso (do) que o seu.
– Grau Comparativo de Inferioridade: Meu time é menos vitorioso (do) que o seu.
– Grau Comparativo de Igualdade: Meu time é tão vitorioso quanto o seu.
– Grau Superlativo Absoluto Sintético: Meu time é famosíssimo.
– Grau Superlativo Absoluto Analítico: Meu time é muito famoso.
– Grau Superlativo Relativo de Superioridade: Meu time é o mais famoso de todos.
– Grau Superlativo Relativo de Inferioridade; Meu time é menos famoso de todos.

Artigo
É uma palavra variável em gênero e número que antecede o substantivo, determinando de modo particular ou genérico.
• Classificação e Flexão do Artigos
– Artigos Definidos: o, a, os, as.
O menino carregava o brinquedo em suas costas.
As meninas brincavam com as bonecas.
– Artigos Indefinidos: um, uma, uns, umas.
Um menino carregava um brinquedo.
Umas meninas brincavam com umas bonecas.

Numeral
É a palavra que indica uma quantidade definida de pessoas ou coisas, ou o lugar (posição) que elas ocupam numa série.
• Classificação dos Numerais
– Cardinais: indicam número ou quantidade:
Trezentos e vinte moradores.
– Ordinais: indicam ordem ou posição numa sequência:
Quinto ano. Primeiro lugar.
– Multiplicativos: indicam o número de vezes pelo qual uma quantidade é multiplicada:
O quíntuplo do preço.
– Fracionários: indicam a parte de um todo:
Dois terços dos alunos foram embora.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Pronome
É a palavra que substitui os substantivos ou os determinam, indicando a pessoa do discurso.
• Pronomes pessoais vão designar diretamente as pessoas em uma conversa. Eles indicam as três pessoas do discurso.

Pronomes Retos Pronomes Oblíquos


Pessoas do Discurso
Função Subjetiva Função Objetiva
1º pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2º pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
3º pessoa do singular Ele, ela,  Se, si, consigo, lhe, o, a
1º pessoa do plural Nós Nos, conosco
2º pessoa do plural Vós Vos, convosco
3º pessoa do plural Eles, elas Se, si, consigo, lhes, os, as

• Pronomes de Tratamento são usados no trato com as pessoas, normalmente, em situações formais de comunicação.

Pronomes de Tratamento Emprego


Você Utilizado em situações informais.
Senhor (es) e Senhora (s) Tratamento para pessoas mais velhas.
Vossa Excelência Usados para pessoas com alta autoridade
Vossa Magnificência Usados para os reitores das Universidades.
Vossa Senhoria Empregado nas correspondências e textos escritos.
Vossa Majestade Utilizado para Reis e Rainhas
Vossa Alteza Utilizado para príncipes, princesas, duques.
Vossa Santidade Utilizado para o Papa
Vossa Eminência Usado para Cardeais.
Vossa Reverendíssima Utilizado para sacerdotes e religiosos em geral.

• Pronomes Possessivos referem-se às pessoas do discurso, atribuindo-lhes a posse de alguma coisa.

Pessoa do Discurso Pronome Possessivo


1º pessoa do singular Meu, minha, meus, minhas
2º pessoa do singular teu, tua, teus, tuas
3º pessoa do singular seu, sua, seus, suas
1º pessoa do plural Nosso, nossa, nossos, nossas
2º pessoa do plural Vosso, vossa, vossos, vossas
3º pessoa do plural Seu, sua, seus, suas

• Pronomes Demonstrativos são utilizados para indicar a posição de algum elemento em relação à pessoa seja no discurso, no
tempo ou no espaço.

Pronomes Demonstrativos Singular Plural


Feminino esta, essa, aquela estas, essas, aquelas
Masculino este, esse, aquele estes, esses, aqueles

• Pronomes Indefinidos referem-se à 3º pessoa do discurso, designando-a de modo vago, impreciso, indeterminado. Os prono-
mes indefinidos podem ser variáveis (varia em gênero e número) e invariáveis (não variam em gênero e número).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Classificação Pronomes Indefinidos


algum, alguma, alguns, algumas, nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas, muito, muita, muitos, muitas, pouco,
pouca, poucos, poucas, todo, toda, todos, todas, outro, outra, outros, outras, certo, certa, certos, certas, vário, vá-
Variáveis
ria, vários, várias, tanto, tanta, tantos, tantas, quanto, quanta, quantos, quantas, qualquer, quaisquer, qual, quais,
um, uma, uns, umas.
Invariáveis quem, alguém, ninguém, tudo, nada, outrem, algo, cada.

• Pronomes Interrogativos são palavras variáveis e invariáveis utilizadas para formular perguntas diretas e indiretas.

Classificação Pronomes Interrogativos


Variáveis qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas.
Invariáveis quem, que.

• Pronomes Relativos referem-se a um termo já dito anteriormente na oração, evitando sua repetição. Eles também podem
ser variáveis e invariáveis.

Classificação Pronomes Relativos


Variáveis o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas.
Invariáveis quem, que, onde.

Verbos
São as palavras que exprimem ação, estado, fenômenos meteorológicos, sempre em relação ao um determinado tempo.

• Flexão verbal
Os verbos podem ser flexionados de algumas formas.
– Modo: É a maneira, a forma como o verbo se apresenta na frase para indicar uma atitude da pessoa que o usou. O modo é
dividido em três: indicativo (certeza, fato), subjuntivo (incerteza, subjetividade) e imperativo (ordem, pedido).
– Tempo: O tempo indica o momento em que se dá o fato expresso pelo verbo. Existem três tempos no modo indicativo: pre-
sente, passado (pretérito perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito) e futuro (do presente e do pretérito). No subjuntivo, são três:
presente, pretérito imperfeito e futuro.
– Número: Este é fácil: singular e plural.
– Pessoa: Fácil também: 1ª pessoa (eu amei, nós amamos); 2º pessoa (tu amaste, vós amastes); 3ª pessoa (ele amou, eles amaram).

• Formas nominais do verbo


Os verbos têm três formas nominais, ou seja, formas que exercem a função de nomes (normalmente, substantivos). São elas
infinitivo (terminado em -R), gerúndio (terminado em –NDO) e particípio (terminado em –DA/DO).

• Voz verbal
É a forma como o verbo se encontra para indicar sua relação com o sujeito. Ela pode ser ativa, passiva ou reflexiva.
– Voz ativa: Segundo a gramática tradicional, ocorre voz ativa quando o verbo (ou locução verbal) indica uma ação praticada
pelo sujeito. Veja:
João pulou da cama atrasado
– Voz passiva: O sujeito é paciente e, assim, não pratica, mas recebe a ação. A voz passiva pode ser analítica ou sintética. A voz
passiva analítica é formada por:
Sujeito paciente + verbo auxiliar (ser, estar, ficar, entre outros) + verbo principal da ação conjugado no particípio + preposição
por/pelo/de + agente da passiva.
A casa foi aspirada pelos rapazes

A voz passiva sintética, também chamada de voz passiva pronominal (devido ao uso do pronome se) é formada por:
Verbo conjugado na 3.ª pessoa (no singular ou no plural) + pronome apassivador «se» + sujeito paciente.
Aluga-se apartamento.

Advérbio
É a palavra invariável que modifica o verbo, adjetivo, outro advérbio ou a oração inteira, expressando uma determinada cir-
cunstância. As circunstâncias dos advérbios podem ser:
– Tempo: ainda, cedo, hoje, agora, antes, depois, logo, já, amanhã, tarde, sempre, nunca, quando, jamais, ontem, anteontem,
brevemente, atualmente, à noite, no meio da noite, antes do meio-dia, à tarde, de manhã, às vezes, de repente, hoje em dia, de vez
em quando, em nenhum momento, etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA
– Lugar: Aí, aqui, acima, abaixo, ali, cá, lá, acolá, além, aquém, perto, longe, dentro, fora, adiante, defronte, detrás, de cima, em
cima, à direita, à esquerda, de fora, de dentro, por fora, etc.
– Modo: assim, melhor, pior, bem, mal, devagar, depressa, rapidamente, lentamente, apressadamente, felizmente, às pressas,
às ocultas, frente a frente, com calma, em silêncio, etc.
– Afirmação: sim, deveras, decerto, certamente, seguramente, efetivamente, realmente, sem dúvida, com certeza, por certo,
etc. 
– Negação: não, absolutamente, tampouco, nem, de modo algum, de jeito nenhum, de forma alguma, etc.
– Intensidade: muito, pouco, mais, menos, meio, bastante, assaz, demais, bem, mal, tanto, tão, quase, apenas, quanto, de
pouco, de todo, etc.
– Dúvida: talvez, acaso, possivelmente, eventualmente, porventura, etc.

Preposição
É a palavra que liga dois termos, de modo que o segundo complete o sentido do primeiro. As preposições são as seguintes:

Conjunção
É palavra que liga dois elementos da mesma natureza ou uma oração a outra. As conjunções podem ser coordenativas (que
ligam orações sintaticamente independentes) ou subordinativas (que ligam orações com uma relação hierárquica, na qual um ele-
mento é determinante e o outro é determinado).

• Conjunções Coordenativas

Tipos Conjunções Coordenativas


Aditivas e, mas ainda, mas também, nem...
Adversativas contudo, entretanto, mas, não obstante, no entanto, porém, todavia...
Alternativas já…, já…, ou, ou…, ou…, ora…, ora…, quer…, quer…
Conclusivas assim, então, logo, pois (depois do verbo), por conseguinte, por isso, portanto...
Explicativas pois (antes do verbo), porquanto, porque, que...

• Conjunções Subordinativas

Tipos Conjunções Subordinativas


Causais Porque, pois, porquanto, como, etc.
Concessivas Embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, etc.
Condicionais Se, caso, quando, conquanto que, salvo se, sem que, etc.
Conformativas Conforme, como (no sentido de conforme), segundo, consoante, etc.
Finais Para que, a fim de que, porque (no sentido de que), que, etc.
Proporcionais À medida que, ao passo que, à proporção que, etc.
Temporais Quando, antes que, depois que, até que, logo que, etc.
Comparativas Que, do que (usado depois de mais, menos, maior, menor, melhor, etc.
Consecutivas Que (precedido de tão, tal, tanto), de modo que, De maneira que, etc.
Integrantes Que, se.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Interjeição Exemplos
É a palavra invariável que exprime ações, sensações, emo- livrO, dentE, paletó.
ções, apelos, sentimentos e estados de espírito, traduzindo as
reações das pessoas. Tema: União do radical e a vogal temática.
• Principais Interjeições Exemplos
Oh! Caramba! Viva! Oba! Alô! Psiu! Droga! Tomara! Hum! CANTAr, CORREr, CONSUMIr.

Dez classes de palavras foram estudadas agora. O estudo Vogal e consoante de ligação: São os elementos que se in-
delas é muito importante, pois se você tem bem construído o terpõem aos vocábulos por necessidade de eufonia.
que é e a função de cada classe de palavras, não terá dificulda- Exemplos
des para entender o estudo da Sintaxe. chaLeira, cafeZal.

Afixos
ESTRUTURA E FORMAÇÃO DE PALAVRAS Os afixos são elementos que se acrescentam antes ou de-
pois do radical de uma palavra para a formação de outra palavra.
ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS Dividem-se em:
As palavras são formadas por estruturas menores, com Prefixo: Partícula que se coloca antes do radical.
significados próprios. Para isso, há vários processos que contri- Exemplos
buem para a formação das palavras. DISpor, EMpobrecer, DESorganizar.

Estrutura das palavras Sufixo


As palavras podem ser subdivididas em estruturas significa- Afixo que se coloca depois do radical.
tivas menores - os morfemas, também chamados de elementos Exemplos
mórficos:  contentaMENTO, reallDADE, enaltECER.
– radical e raiz; Processos de formação das palavras
– vogal temática; Composição: Formação de uma palavra nova por meio da
– tema; junção de dois ou mais vocábulos primitivos. Temos:
– desinências;
– afixos; Justaposição: Formação de palavra composta sem alteração
– vogais e consoantes de ligação. na estrutura fonética das primitivas.
Radical: Elemento que contém a base de significação do vo- Exemplos
cábulo. passa + tempo = passatempo
Exemplos gira + sol = girassol
VENDer, PARTir, ALUNo, MAR.
Aglutinação: Formação de palavra composta com alteração
Desinências: Elementos que indicam as flexões dos vocábu- da estrutura fonética das primitivas.
los. Exemplos
em + boa + hora = embora
Dividem-se em: vossa + merce = você

Nominais Derivação:
Indicam flexões de gênero e número nos substantivos. Formação de uma nova palavra a partir de uma primitiva.
Exemplos Temos:
pequenO, pequenA, alunO, aluna.
pequenoS, pequenaS, alunoS, alunas. Prefixação: Formação de palavra derivada com acréscimo de
um prefixo ao radical da primitiva.
Verbais Exemplos
Indicam flexões de modo, tempo, pessoa e número nos ver- CONter, INapto, DESleal.
bos
Exemplos Sufixação: Formação de palavra nova com acréscimo de um
vendêSSEmos, entregáRAmos. (modo e tempo) sufixo ao radical da primitiva.
vendesteS, entregásseIS. (pessoa e número) Exemplos
cafezAL, meninINHa, loucaMENTE.
Indica, nos verbos, a conjugação a que pertencem.
Exemplos Parassíntese: Formação de palavra derivada com acrésci-
1ª conjugação: – A – cantAr mo de um prefixo e um sufixo ao radical da primitiva ao mesmo
2ª conjugação: – E – fazEr tempo.
3ª conjugação: – I – sumIr Exemplos
EMtardECER, DESanimADO, ENgravidAR.
Observação
Nos substantivos ocorre vogal temática quando ela não indi- Derivação imprópria: Alteração da função de uma palavra
ca oposição masculino/feminino. primitiva.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplo retro – movimento para trás: retroceder.
Todos ficaram encantados com seu andar: verbo usado com satis – bastante: satisdar.
valor de substantivo. sub, sob, so, sus – inferioridade: subdelegado, sobraçar,
sopé.
Derivação regressiva: Ocorre a alteração da estrutura foné- subter – por baixo: subterfúgio.
tica de uma palavra primitiva para a formação de uma derivada. super, supra – posição superior, excesso: super-homem, su-
Em geral de um verbo para substantivo ou vice-versa. perpovoado.
Exemplos trans, tras, tra, tres – para além de, excesso: transpor.
combater – o combate tris, três, tri – três vezes: trisavô, tresdobro.
chorar – o choro ultra – para além de, intensidade: ultrapassar, ultrabelo.
uni – um: unânime, unicelular.
Prefixos
Os prefixos existentes em Língua Portuguesa são divididos Grego: Os principais prefixos de origem grega são:
em: vernáculos, latinos e gregos. a, an – privação, negação: ápode, anarquia.
ana – inversão, parecença: anagrama, analogia.
Vernáculos: Prefixos latinos que sofreram modificações ou anfi – duplicidade, de um e de outro lado: anfíbio, anfiteatro.
foram aportuguesados: a, além, ante, aquém, bem, des, em, en- anti – oposição: antipatia, antagonista.
tre, mal, menos, sem, sob, sobre, soto. apo – afastamento: apólogo, apogeu.
Nota-se o emprego desses prefixos em palavras como:  abor- arqui, arque, arce, arc – superioridade: arcebispo, arcanjo.
dar, além-mar, bem-aventurado, desleal, engarrafar, maldição, caco – mau: cacofonia.
menosprezar, sem-cerimônia, sopé, sobpor, sobre-humano, etc. cata – de cima para baixo: cataclismo, catalepsia.
deca – dez: decâmetro.
Latinos: Prefixos que conservam até hoje a sua forma latina dia – através de, divisão: diáfano, diálogo.
original: dis – dualidade, mau: dissílabo, dispepsia.
a, ab, abs – afastamento: aversão, abjurar. en – sobre, dentro: encéfalo, energia.
endo – para dentro: endocarpo.
a, ad – aproximação, direção: amontoar.
epi – por cima: epiderme, epígrafe.
ambi – dualidade: ambidestro.
eu – bom: eufonia, eugênia, eupepsia.
bis, bin, bi – repetição, dualidade: bisneto, binário.
hecto – cem: hectômetro.
centum – cem: centúnviro, centuplicar, centígrado.
hemi – metade: hemistíquio, hemisfério.
circum, circun, circu – em volta de: circumpolar, circunstante.
hiper – superioridade: hipertensão, hipérbole.
cis – aquem de: cisalpino, cisgangético.
hipo – inferioridade: hipoglosso, hipótese, hipotermia.
com, con, co – companhia, concomitância: combater, con-
homo – semelhança, identidade: homônimo.
temporâneo. meta – união, mudança, além de: metacarpo, metáfase.
contra – oposição, posição inferior: contradizer. míria – dez mil: miriâmetro.
de – movimento de cima para baixo, origem, afastamento: mono – um: monóculo, monoculista.
decrescer, deportar. neo – novo, moderno: neologismo, neolatino.
des – negação, separação, ação contrária: desleal, desviar. para – aproximação, oposição: paráfrase, paradoxo.
dis, di – movimento para diversas partes, ideia contrária: penta – cinco: pentágono.
distrair, dimanar. peri – em volta de: perímetro.
entre – situação intermediaria, reciprocidade: entrelinha, poli – muitos: polígono, polimorfo.
entrevista. pro – antes de: prótese, prólogo, profeta.
ex, es, e – movimento de dentro para fora, intensidade, pri- Sufixos
vação, situação cessante: exportar, espalmar, ex-professor. Os sufixos podem ser: nominais, verbais e adverbial.
extra – fora de, além de, intensidade: extravasar, extraor-
dinário. Nominais
im, in, i – movimento para dentro; ideia contraria: importar, Coletivos: -aria, -ada, -edo, -al, -agem, -atro, -alha, -ama.
ingrato. Aumentativos e diminutivos: -ão, -rão, -zão, -arrão, -aço,
inter – no meio de: intervocálico, intercalado. -astro, -az.
intra – movimento para dentro: intravenoso, intrometer. Agentes: -dor, -nte, -ário, -eiro, -ista.
justa – perto de: justapor. Lugar: -ário, -douro, -eiro, -ório.
multi – pluralidade: multiforme. Estado: -eza, -idade, -ice, -ência, -ura, -ado, -ato.
ob, o – oposição: obstar, opor, obstáculo. Pátrios: -ense, -ista, -ano, -eiro, -ino, -io, -eno, -enho, -aico.
pene – quase: penúltimo, península. Origem, procedência: -estre, -este, -esco.
per – movimento através de, acabamento de ação; ideia pe-
jorativa: percorrer. Verbais
post, pos – posteridade: postergar, pospor. Comuns: -ar, -er, -ir.
pre – anterioridade: predizer, preclaro. Frequentativos: -açar, -ejar, -escer, -tear, -itar.
preter – anterioridade, para além: preterir, preternatural. Incoativos: -escer, -ejar, -itar.
pro – movimento para diante, a favor de, em vez de: prosse- Diminutivos: -inhar, -itar, -icar, -iscar.
guir, procurador, pronome.
re – movimento para trás, ação reflexiva, intensidade, repe- Adverbial = há apenas um
tição: regressar, revirar. MENTE: mecanicamente, felizmente etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA

ESTRUTURA DA ORAÇÃO E DO PERÍODO: ASPECTOS SINTÁTICOS E SEMÂNTICOS

Agora chegamos no assunto que causa mais temor em muitos estudantes. Mas eu tenho uma boa notícia para te dar: o estudo
da sintaxe é mais fácil do que parece e você vai ver que sabe muita coisa que nem imagina. Para começar, precisamos de classificar
algumas questões importantes:

• Frase: Enunciado que estabelece uma comunicação de sentido completo. 


Os jornais publicaram a notícia.
Silêncio! 

• Oração: Enunciado que se forma com um verbo ou com uma locução verbal.
Este filme causou grande impacto entre o público.
A inflação deve continuar sob controle.

• Período Simples: formado por uma única oração.


O clima se alterou muito nos últimos dias.

• Período Composto: formado por mais de uma oração.


O governo prometeu/ que serão criados novos empregos.

Bom, já está a clara a diferença entre frase, oração e período. Vamos, então, classificar os elementos que compõem uma oração:
• Sujeito: Termo da oração do qual se declara alguma coisa.
O problema da violência preocupa os cidadãos.
• Predicado: Tudo que se declara sobre o sujeito.
A tecnologia permitiu o resgate dos operários.
• Objeto Direto: Complemento que se liga ao verbo transitivo direto ou ao verbo transitivo direto e indireto sem o auxílio da
preposição.
A tecnologia tem possibilitado avanços notáveis.
Os pais oferecem ajuda financeira ao filho.
• Objeto Indireto: Complemento que se liga ao verbo transitivo indireto ou ao verbo transitivo direto e indireto por meio de
preposição. 
Os Estados Unidos resistem ao grave momento.
João gosta de beterraba.
• Adjunto Adverbial: Termo modificador do verbo que exprime determinada circunstância (tempo, lugar, modo etc.) ou inten-
sifica um verbo, adjetivo ou advérbio.
O ônibus saiu à noite quase cheio, com destino a Salvador.
Vamos sair do mar.
• Agente da Passiva: Termo da oração que exprime quem pratica a ação verbal quando o verbo está na voz passiva.
Raquel foi pedida em casamento por seu melhor amigo.
• Adjunto Adnominal: Termo da oração que modifica um substantivo, caracterizando-o ou determinando-o sem a intermedia-
ção de um verbo.
Um casal de médicos eram os novos moradores do meu prédio.
• Complemento Nominal: Termo da oração que completa nomes, isto é, substantivos, adjetivos e advérbios, e vem preposicio-
nado.
A realização do torneio teve a aprovação de todos.
• Predicativo do Sujeito: Termo que atribui característica ao sujeito da oração.
A especulação imobiliária me parece um problema.
• Predicativo do Objeto: Termo que atribui características ao objeto direto ou indireto da oração.
O médico considerou o paciente hipertenso.
• Aposto: Termo da oração que explica, esclarece, resume ou identifica o nome ao qual se refere (substantivo, pronome ou
equivalentes). O aposto sempre está entre virgulas ou após dois-pontos.
A praia do Forte, lugar paradisíaco, atrai muitos turistas.
• Vocativo: Termo da oração que se refere a um interlocutor a quem se dirige a palavra.
Senhora, peço aguardar mais um pouco.

Tipos de orações
As partes de uma oração já está fresquinha aí na sua cabeça, não é?!?! Estudar os tipos de orações que existem será moleza,
moleza. Vamos comigo!!!
Temos dois tipos de orações: as coordenadas, cuja as orações de um período são independentes (não dependem uma da outra
para construir sentido completo); e as subordinadas, cuja as orações de um período são dependentes (dependem uma da outra
para construir sentido completo).

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LÍNGUA PORTUGUESA
As orações coordenadas podem ser sindéticas (conectadas uma a outra por uma conjunção) e assindéticas (que não precisam
da conjunção para estar conectadas. O serviço é feito pela vírgula).

Tipos de orações coordenadas

Orações Coordenadas Sindéticas Orações Coordenadas Assindéticas

Aditivas Fomos para a escola e fizemos o exame final. • Lena estava triste, cansada, decepcionada.
Adversativas Pedro Henrique estuda muito, porém não passa •
no vestibular. • Ao chegar à escola conversamos, estudamos, lan-
chamos.
Alternativas Manuela ora quer comer hambúrguer, ora quer
comer pizza. Alfredo está chateado, pensando em se mudar.
Conclusivas Não gostamos do restaurante, portanto não
iremos mais lá. Precisamos estar com cabelos arrumados, unhas feitas.

Explicativas Marina não queria falar,  ou seja, ela estava de João Carlos e Maria estão radiantes, alegria que dá inveja.
mau humor.

Tipos de orações subordinadas


As orações subordinadas podem ser substantivas, adjetivas e adverbiais. Cada uma delas tem suas subclassificações, que vere-
mos agora por meio do quadro seguinte.

Orações Subordinadas
Subjetivas É certo que ele trará os a sobremesa do jantar.
Exercem a função de sujeito
Completivas Nominal Estou convencida de que ele é solteiro.
Exercem a função de complemento nominal
Predicativas O problema é que ele não entregou a refeição no lugar.
Orações Subordinadas Exercem a função de predicativo
Substantivas Apositivas Eu lhe disse apenas isso: que não se aborrecesse com
Exercem a função de aposto ela.
Objetivas Direta Espero que você seja feliz.
Exercem a função de objeto direto
Objetivas Indireta Lembrou-se da dívida que tem com ele.
Exercem a função de objeto indireto

Explicativas Os alunos, que foram mal na prova de quinta, terão


Explicam um termo dito anteriormente. SEMPRE aula de reforço.
serão acompanhadas por vírgula.
Orações Subordinadas
Adjetivas Restritivas Os alunos que foram mal na prova de quinta terão
Restringem o sentido de um termo dito aula de reforço.
anteriormente. NUNCA serão acompanhadas por
vírgula.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Causais Estou vestida assim porque vou sair.


Assumem a função de advérbio de causa
Consecutivas Falou tanto que ficou rouca o resto do dia.
Assumem a função de advérbio de consequência
Comparativas A menina comia como um adulto come.
Assumem a função de advérbio de comparação
Condicionais Desde que ele participe, poderá entrar na reunião.
Assumem a função de advérbio de condição
Orações Subordinadas Conformativas O shopping fechou, conforme havíamos previsto.
Adverbiais Assumem a função de advérbio de conformidade
Concessivas Embora eu esteja triste, irei à festa mais tarde.
Assumem a função de advérbio de concessão
Finais Vamos direcionar os esforços para que todos tenham
Assumem a função de advérbio de finalidade acesso aos benefícios.
Proporcionais Quanto mais eu dormia, mais sono tinha.
Assumem a função de advérbio de proporção
Temporais Quando a noite chega, os morcegos saem de suas
Assumem a função de advérbio de tempo casas.

Olha como esse quadro facilita a vida, não é?! Por meio dele, conseguimos ter uma visão geral das classificações e subclassifi-
cações das orações, o que nos deixa mais tranquilos para estudá-las.

CONCORDÂNCIA VERBAL; CONCORDÂNCIA NOMINAL

Concordância Nominal
Os adjetivos, os pronomes adjetivos, os numerais e os artigos concordam em gênero e número com os substantivos aos quais
se referem.
Os nossos primeiros contatos começaram de maneira amistosa.

Casos Especiais de Concordância Nominal


• Menos e alerta são invariáveis na função de advérbio:
Colocou menos roupas na mala./ Os seguranças continuam alerta.

• Pseudo e todo são invariáveis quando empregados na formação de palavras compostas:


Cuidado com os pseudoamigos./ Ele é o chefe todo-poderoso.

• Mesmo, próprio, anexo, incluso, quite e obrigado variam de acordo com o substantivo a que se referem:
Elas mesmas cozinhavam./ Guardou as cópias anexas.

• Muito, pouco, bastante, meio, caro e barato variam quando pronomes indefinidos adjetivos e numerais e são invariáveis
quando advérbios:
Muitas vezes comemos muito./ Chegou meio atrasada./ Usou meia dúzia de ovos.

• Só varia quando adjetivo e não varia quando advérbio:


Os dois andavam sós./ A respostas só eles sabem.

• É bom, é necessário, é preciso, é proibido variam quando o substantivo estiver determinado por artigo:
É permitida a coleta de dados./ É permitido coleta de dados.

Concordância Verbal
O verbo concorda com seu sujeito em número e pessoa:
O público aplaudiu o ator de pé./ A sala e quarto eram enormes.

Concordância ideológica ou silepse


• Silepse de gênero trata-se da concordância feita com o gênero gramatical (masculino ou feminino) que está subentendido
no contexto.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Vossa Excelência parece satisfeito com as pesquisas. Proceder (realizar) a
Blumenau estava repleta de turistas.
• Silepse de número trata-se da concordância feita com o Responder a
número gramatical (singular ou plural) que está subentendido Visar ( ter como objetivo a
no contexto. pretender)
O elenco voltou ao palco e [os atores] agradeceram os
NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS
aplausos.
QUE NÃO ESTÃO AQUI!
• Silepse de pessoa trata-se da concordância feita com a
pessoa gramatical que está subentendida no contexto.
O povo temos memória curta em relação às promessas dos
políticos. SINAIS DE PONTUAÇÃO: EMPREGO

REGÊNCIA VERBAL; REGÊNCIA NOMINAL Pontuação


Com Nina Catach, entendemos por pontuação um “sistema
de reforço da escrita, constituído de sinais sintáticos, destina-
• Regência Nominal 
dos a organizar as relações e a proporção das partes do discurso
A regência nominal estuda os casos em que nomes (subs-
e das pausas orais e escritas. Estes sinais também participam
tantivos, adjetivos e advérbios) exigem outra palavra para com-
de todas as funções da sintaxe, gramaticais, entonacionais e se-
pletar-lhes o sentido. Em geral a relação entre um nome e o seu
mânticas”. (BECHARA, 2009, p. 514)
complemento é estabelecida por uma preposição.
A partir da definição citada por Bechara podemos perceber
a importância dos sinais de pontuação, que é constituída por al-
• Regência Verbal
guns sinais gráficos assim distribuídos: os separadores (vírgula [
A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre
, ], ponto e vírgula [ ; ], ponto final [ . ], ponto de exclamação [
o verbo (termo regente) e seu complemento (termo regido). 
! ], reticências [ ... ]), e os de comunicação ou “mensagem” (dois
Isto pertence a todos.
pontos [ : ], aspas simples [‘ ’], aspas duplas [ “ ” ], travessão sim-
ples [ – ], travessão duplo [ — ], parênteses [ ( ) ], colchetes ou
Regência de algumas palavras
parênteses retos [ [ ] ], chave aberta [ { ], e chave fechada [ } ]).

Esta palavra combina com Esta preposição Ponto ( . )


Acessível a O ponto simples final, que é dos sinais o que denota maior
pausa, serve para encerrar períodos que terminem por qualquer
Apto a, para tipo de oração que não seja a interrogativa direta, a exclamativa
Atencioso com, para com e as reticências.
Coerente com Estaremos presentes na festa.

Conforme a, com Ponto de interrogação ( ? )


Dúvida acerca de, de, em, sobre Põe-se no fim da oração enunciada com entonação interro-
gativa ou de incerteza, real ou fingida, também chamada retó-
Empenho de, em, por
rica.
Fácil a, de, para, Você vai à festa?
Junto a, de
Ponto de exclamação ( ! )
Pendente de Põe-se no fim da oração enunciada com entonação excla-
Preferível a mativa.
Próximo a, de Ex: Que bela festa!

Respeito a, com, de, para com, por Reticências ( ... )


Situado a, em, entre Denotam interrupção ou incompletude do pensamento (ou
porque se quer deixar em suspenso, ou porque os fatos se dão
Ajudar (a fazer algo) a
com breve espaço de tempo intervalar, ou porque o nosso inter-
Aludir (referir-se) a locutor nos toma a palavra), ou hesitação em enunciá-lo.
Aspirar (desejar, pretender) a Ex: Essa festa... não sei não, viu.
Assistir (dar assistência) Não usa preposição
Dois-pontos ( : )
Deparar (encontrar) com Marcam uma supressão de voz em frase ainda não concluí-
Implicar (consequência) Não usa preposição da. Em termos práticos, este sinal é usado para: Introduzir uma
citação (discurso direto) e introduzir um aposto explicativo, enu-
Lembrar Não usa preposição merativo, distributivo ou uma oração subordinada substantiva
Pagar (pagar a alguém) a apositiva.
Ex: Uma bela festa: cheia de alegria e comida boa.
Precisar (necessitar) de

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LÍNGUA PORTUGUESA
Ponto e vírgula ( ; ) Podemos estabelecer, então, que se a frase estiver na or-
Representa uma pausa mais forte que a vírgula e menos que dem comum (SVOAdj), não usaremos vírgula. Caso contrário, a
o ponto, e é empregado num trecho longo, onde já existam vír- vírgula é necessária:
gulas, para enunciar pausa mais forte, separar vários itens de Ontem, Maria foi à padaria.
uma enumeração (frequente em leis), etc. Maria, ontem, foi à padaria.
Ex: Vi na festa os deputados, senadores e governador; vi À padaria, Maria foi ontem.
também uma linda decoração e bebidas caras.
Além disso, há outros casos em que o uso de vírgulas é ne-
Travessão ( — ) cessário:
Não confundir o travessão com o traço de união ou hífen e • Separa termos de mesma função sintática, numa enume-
com o traço de divisão empregado na partição de sílabas (ab-so- ração.
-lu-ta-men-te) e de palavras no fim de linha. O travessão pode Simplicidade, clareza, objetividade, concisão são qualidades
substituir vírgulas, parênteses, colchetes, para assinalar uma ex- a serem observadas na redação oficial.
pressão intercalada e pode indicar a mudança de interlocutor, • Separa aposto.
na transcrição de um diálogo, com ou sem aspas. Aristóteles, o grande filósofo, foi o criador da Lógica.
Ex: Estamos — eu e meu esposo — repletos de gratidão. • Separa vocativo.
Brasileiros, é chegada a hora de votar.
Parênteses e colchetes ( ) – [ ] • Separa termos repetidos.
Os parênteses assinalam um isolamento sintático e semân- Aquele aluno era esforçado, esforçado.
tico mais completo dentro do enunciado, além de estabelecer
maior intimidade entre o autor e o seu leitor. Em geral, a in- • Separa certas expressões explicativas, retificativas, exem-
serção do parêntese é assinalada por uma entonação especial. plificativas, como: isto é, ou seja, ademais, a saber, melhor di-
Intimamente ligados aos parênteses pela sua função discursiva, zendo, ou melhor, quer dizer, por exemplo, além disso, aliás, an-
os colchetes são utilizados quando já se acham empregados os tes, com efeito, digo.
O político, a meu ver, deve sempre usar uma linguagem cla-
parênteses, para introduzirem uma nova inserção.
ra, ou seja, de fácil compreensão.
Ex: Vamos estar presentes na festa (aquela organizada pelo
governador)
• Marca a elipse de um verbo (às vezes, de seus comple-
mentos).
Aspas ( “ ” )
O decreto regulamenta os casos gerais; a portaria, os parti-
As aspas são empregadas para dar a certa expressão sentido
culares. (= ... a portaria regulamenta os casos particulares)
particular (na linguagem falada é em geral proferida com ento-
ação especial) para ressaltar uma expressão dentro do contexto
• Separa orações coordenadas assindéticas.
ou para apontar uma palavra como estrangeirismo ou gíria. É
Levantava-me de manhã, entrava no chuveiro, organizava
utilizada, ainda, para marcar o discurso direto e a citação breve. as ideias na cabeça...
Ex: O “coffe break” da festa estava ótimo.
• Isola o nome do lugar nas datas.
Vírgula Rio de Janeiro, 21 de julho de 2006.
São várias as regras que norteiam o uso das vírgulas. Evi-
denciaremos, aqui, os principais usos desse sinal de pontuação. • Isolar conectivos, tais como: portanto, contudo, assim,
Antes disso, vamos desmistificar três coisas que ouvimos em re- dessa forma, entretanto, entre outras. E para isolar, também,
lação à vírgula: expressões conectivas, como: em primeiro lugar, como supraci-
1º – A vírgula não é usada por inferência. Ou seja: não “sen- tado, essas informações comprovam, etc.
timos” o momento certo de fazer uso dela. Fica claro, portanto, que ações devem ser tomadas para
2º – A vírgula não é usada quando paramos para respirar. Em amenizar o problema.
alguns contextos, quando, na leitura de um texto, há uma vírgula,
o leitor pode, sim, fazer uma pausa, mas isso não é uma regra.
Afinal, cada um tem seu tempo de respiração, não é mesmo?!?! EMPREGO DE SINAL INDICATIVO DE CRASE
3º – A vírgula tem sim grande importância na produção de
textos escritos. Não caia na conversa de algumas pessoas de que A crase é a fusão de duas vogais idênticas. A primeira vogal
ela é menos importante e que pode ser colocada depois. a é uma preposição, a segunda vogal a é um artigo ou um pro-
Agora, precisamos saber que a língua portuguesa tem uma nome demonstrativo.
ordem comum de construção de suas frases, que é Sujeito > Ver- a (preposição) + a(s) (artigo) = à(s)
bo > Objeto > Adjunto, ou seja, (SVOAdj).
Maria foi à padaria ontem. • Devemos usar crase:
Sujeito Verbo Objeto Adjunto – Antes palavras femininas:
Iremos à festa amanhã
Perceba que, na frase acima, não há o uso de vírgula. Isso Mediante à situação.
ocorre por alguns motivos: O Governo visa à resolução do problema.
1) NÃO se separa com vírgula o sujeito de seu predicado.
2) NÃO se separa com vírgula o verbo e seus complementos. – Locução prepositiva implícita “à moda de, à maneira de”
3) Não é aconselhável usar vírgula entre o complemento do Devido à regra, o acento grave é obrigatoriamente usado
verbo e o adjunto. nas locuções prepositivas com núcleo feminino iniciadas por a:

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LÍNGUA PORTUGUESA
Os frangos eram feitos à moda da casa imperial. Atenção: essa regra só vale para as paroxítonas. As oxítonas
Às vezes, porém, a locução vem implícita antes de substan- continuam com acento: Ex.: papéis, herói, heróis, troféu, tro-
tivos masculinos, o que pode fazer você pensar que não rola a féus.
crase. Mas... há crase, sim!
Depois da indigestão, farei uma poesia à Drummond, vestir- – Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e
-me-ei à Versace e entregá-la-ei à tímida aniversariante. no u tônicos quando vierem depois de um ditongo.

– Expressões fixas Como era Como fica


Existem algumas expressões em que sempre haverá o uso
de crase: baiúca baiuca
à vela, à lenha, à toa, à vista, à la carte, à queima-roupa, bocaiúva bocaiuva
à vontade, à venda, à mão armada, à beça, à noite, à tarde, às
vezes, às pressas, à primeira vista, à hora certa, àquela hora, à Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em
esquerda, à direita, à vontade, às avessas, às claras, às escuras, posição final (ou seguidos de s), o acento permanece. Exemplos:
à mão, às escondidas, à medida que, à proporção que. tuiuiú, tuiuiús, Piauí.
• NUNCA devemos usar crase:
– Antes de substantivos masculinos: – Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem
Andou a cavalo pela cidadezinha, mas preferiria ter andado a pé. e ôo(s).

– Antes de substantivo (masculino ou feminino, singular ou


plural) usado em sentido generalizador: Como era Como fica
Depois do trauma, nunca mais foi a festas. abençôo abençoo
Não foi feita menção a mulher, nem a criança, tampouco a crêem creem
homem.
– Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/
– Antes de artigo indefinido “uma” para, péla(s)/ pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/
Iremos a uma reunião muito importante no domingo. pera.
– Antes de pronomes Atenção:
Obs.: A crase antes de pronomes possessivos é facultativa. • Permanece o acento diferencial em pôde/pode.
• Permanece o acento diferencial em pôr/por.
Fizemos referência a Vossa Excelência, não a ela. • Permanecem os acentos que diferenciam o singular do
A quem vocês se reportaram no Plenário? plural dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (man-
Assisto a toda peça de teatro no RJ, afinal, sou um crítico. ter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.).
• É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar
– Antes de verbos no infinitivo as palavras forma/fôrma.
A partir de hoje serei um pai melhor, pois voltei a trabalhar.
Uso de hífen
ORTOGRAFIA DE ACORDO COM A NORMA PADRÃO, Regra básica:
CONTEMPLANDO O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO Sempre se usa o hífen diante de h: anti-higiênico, super-ho-
mem.
ORTOGRAFIA OFICIAL Outros casos
• Mudanças no alfabeto: O alfabeto tem 26 letras. Foram 1. Prefixo terminado em vogal:
reintroduzidas as letras k, w e y. – Sem hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaé-
O alfabeto completo é o seguinte: A B C D E F G H I J K L M N reo.
OPQRSTUVWXYZ – Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: antepro-
• Trema: Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre jeto, semicírculo.
a letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos – Sem hífen diante de r e s. Dobram-se essas letras: antirra-
gue, gui, que, qui. cismo, antissocial, ultrassom.
– Com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro-
Regras de acentuação -ondas.
– Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das
palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúl- 2. Prefixo terminado em consoante:
tima sílaba) – Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional,
sub-bibliotecário.
Como era Como fica – Sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal,
alcatéia alcateia supersônico.
– Sem hífen diante de vogal: interestadual, superinteressan-
apóia apoia te.
apóio apoio

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LÍNGUA PORTUGUESA
Observações: – a conjugação de verbos irregulares pelo modelo dos regu-
• Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de pa- lares: ele interviu (interveio), se ele manter (mantiver), se ele ver
lavra iniciada por r: sub-região, sub-raça. Palavras iniciadas por (vir) o recado, quando ele repor (repuser).
h perdem essa letra e juntam-se sem hífen: subumano, subuma- – a conjugação de verbos regulares pelo modelo de irregula-
nidade. res: vareia (varia), negoceia (negocia).
• Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de
palavra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-ame- Variações Fônicas
ricano. Ocorrem no modo de pronunciar os sons constituintes da
• O prefixo co aglutina-se, em geral, com o segundo elemen- palavra. Entre esses casos, podemos citar:
to, mesmo quando este se inicia por o: coobrigação, coordenar, – a redução de proparoxítonas a paroxítonas: Petrópis (Pe-
cooperar, cooperação, cooptar, coocupante. trópolis), fórfi (fósforo), porva (pólvora), todas elas formas típi-
• Com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen: vice-rei, vice- cas de pessoas de baixa condição social.
-almirante. – A pronúncia do “l” final de sílaba como “u” (na maioria das
• Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam regiões do Brasil) ou como “l” (em certas regiões do Rio Gran-
a noção de composição, como girassol, madressilva, mandachu- de do Sul e Santa Catarina) ou ainda como “r” (na linguagem
va, pontapé, paraquedas, paraquedista. caipira): quintau, quintar, quintal; pastéu, paster, pastel; faróu,
• Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, farór, farol.
usa-se sempre o hífen: ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar, – deslocamento do “r” no interior da sílaba: largato, pre-
recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular, pró-europeu. guntar, estrupo, cardeneta, típicos de pessoas de baixa condição
social.
Viu? Tudo muito tranquilo. Certeza que você já está domi- – a queda do “r” final dos verbos, muito comum na lingua-
nando muita coisa. Mas não podemos parar, não é mesmo?!?! gem oral no português: falá, vendê, curti (em vez de curtir),
Por isso vamos passar para mais um ponto importante. compô.
– o acréscimo de vogal no início de certas palavras: eu me
alembro, o pássaro avoa, formas comuns na linguagem clássica,
A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: AS DIVERSAS MODALI- hoje frequentes na fala caipira.
DADES DO USO DA LÍNGUA ADEQUADAS ÀS VÁRIAS – a queda de sons no início de palavras: ocê, cê, ta, tava,
SITUAÇÕES DE COMUNICAÇÃO marelo (amarelo), margoso (amargoso), características na lin-
guagem oral coloquial.
É possível encontrar no Brasil diversas variações linguísticas,
como na linguagem regional. Elas reúnem as variantes da língua
que foram criadas pelos homens e são reinventadas a cada dia.
Delas surgem as variações que envolvem vários aspectos Variações Sintáticas
históricos, sociais, culturais, geográficos, entre outros. Correlação entre as palavras da frase. No domínio da sinta-
Nenhuma língua é usada de maneira uniforme por todos os xe, como no da morfologia, não são tantas as diferenças entre
seus falantes em todos os lugares e em qualquer situação. Sabe- uma variante e outra. Como exemplo, podemos citar:
-se que, numa mesma língua, há formas distintas para traduzir o – a substituição do pronome relativo “cujo” pelo pronome
mesmo significado dentro de um mesmo contexto. “que” no início da frase mais a combinação da preposição “de”
As variações que distinguem uma variante de outra se mani- com o pronome “ele” (=dele): É um amigo que eu já conhecia a
festam em quatro planos distintos, a saber: fônico, morfológico, família dele (em vez de cuja família eu já conhecia).
sintático e lexical. – a mistura de tratamento entre tu e você, sobretudo quan-
do se trata de verbos no imperativo: Entra, que eu quero falar
Variações Morfológicas com você (em vez de contigo); Fala baixo que a sua (em vez de
Ocorrem nas formas constituintes da palavra. As diferenças tua) voz me irrita.
entre as variantes não são tantas quanto as de natureza fônica, – ausência de concordância do verbo com o sujeito: Eles
mas não são desprezíveis. Como exemplos, podemos citar: chegou tarde (em grupos de baixa extração social); Faltou na-
– uso de substantivos masculinos como femininos ou vice- quela semana muitos alunos; Comentou-se os episódios.
-versa: duzentas gramas de presunto (duzentos), a champanha – o uso de pronomes do caso reto com outra função que não
(o champanha), tive muita dó dela (muito dó), mistura do cal a de sujeito: encontrei ele (em vez de encontrei-o) na rua; não
(da cal). irão sem você e eu (em vez de mim); nada houve entre tu (em
– a omissão do “s” como marca de plural de substantivos e vez de ti) e ele.
adjetivos (típicos do falar paulistano): os amigo e as amiga, os – o uso do pronome lhe como objeto direto: não lhe (em vez
livro indicado, as noite fria, os caso mais comum. de “o”) convidei; eu lhe (em vez de “o”) vi ontem.
– o enfraquecimento do uso do modo subjuntivo: Espero – a ausência da preposição adequada antes do pronome re-
que o Brasil reflete (reflita) sobre o que aconteceu nas últimas lativo em função de complemento verbal: são pessoas que (em
eleições; Se eu estava (estivesse) lá, não deixava acontecer; Não vez de: de que) eu gosto muito; este é o melhor filme que (em
é possível que ele esforçou (tenha se esforçado) mais que eu. vez de a que) eu assisti; você é a pessoa que (em vez de em que)
– o uso do prefixo hiper- em vez do sufixo -íssimo para criar eu mais confio.
o superlativo de adjetivos, recurso muito característico da lin-
guagem jovem urbana: um cara hiper-humano (em vez de hu-
maníssimo), uma prova hiperdifícil (em vez de dificílima), um
carro hiperpossante (em vez de possantíssimo).

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LÍNGUA PORTUGUESA
Variações Léxicas – Histórica: as línguas se alteram com o passar do tempo e
Conjunto de palavras de uma língua. As variantes do plano com o uso. Muda a forma de falar, mudam as palavras, a grafia e
do léxico, como as do plano fônico, são muito numerosas e ca- o sentido delas. Essas alterações recebem o nome de variações
racterizam com nitidez uma variante em confronto com outra. históricas.
São exemplos possíveis de citar:
– as diferenças lexicais entre Brasil e Portugal são tantas e,
às vezes, tão surpreendentes, que têm sido objeto de piada de FUNÇÕES DE LINGUAGEM
lado a lado do Oceano. Em Portugal chamam de cueca aquilo
que no Brasil chamamos de calcinha; o que chamamos de fila no Funções da linguagem são recursos da comunicação que, de
Brasil, em Portugal chamam de bicha; café da manhã em Portu- acordo com o objetivo do emissor, dão ênfase à mensagem trans-
gal se diz pequeno almoço; camisola em Portugal traduz o mes- mitida, em função do contexto em que o ato comunicativo ocorre.
mo que chamamos de suéter, malha, camiseta. São seis as funções da linguagem, que se encontram direta-
– a escolha do adjetivo maior em vez do advérbio muito mente relacionadas com os elementos da comunicação.
para formar o grau superlativo dos adjetivos, características da
linguagem jovem de alguns centros urbanos: maior legal; maior
difícil; Esse amigo é um carinha maior esforçado. Funções da Linguagem Elementos da
Comunicação
Designações das Variantes Lexicais: Função referencial ou denotativa contexto
– Arcaísmo: palavras que já caíram de uso. Por exemplo, um Função emotiva ou expressiva emissor
bobalhão era chamado de coió ou bocó; em vez de refrigerante
usava-se gasosa; algo muito bom, de qualidade excelente, era Função apelativa ou conativa receptor
supimpa. Função poética mensagem
– Neologismo: contrário do arcaísmo. São palavras recém- Função fática canal
-criadas, muitas das quais mal ou nem entraram para os dicio-
nários. A na computação tem vários exemplos, como escanear, Função metalinguística código
deletar, printar.
– Estrangeirismo: emprego de palavras emprestadas de ou- Função Referencial
tra língua, que ainda não foram aportuguesadas, preservando A função referencial tem como objetivo principal informar,
a forma de origem. Nesse caso, há muitas expressões latinas, referenciar algo. Esse tipo de texto, que é voltado para o contex-
sobretudo da linguagem jurídica, tais como: habeas-corpus (li- to da comunicação, é escrito na terceira pessoa do singular ou
teralmente, “tenhas o corpo” ou, mais livremente, “estejas em do plural, o que enfatiza sua impessoalidade.
liberdade”), ipso facto (“pelo próprio fato de”, “por isso mesmo. Para exemplificar a linguagem referencial, podemos citar os
materiais didáticos, textos jornalísticos e científicos. Todos eles, por
As palavras de origem inglesas são várias: feeling (“sensibi- meio de uma linguagem denotativa, informam a respeito de algo,
lidade”, capacidade de percepção), briefing (conjunto de infor- sem envolver aspectos subjetivos ou emotivos à linguagem.
mações básicas).
– Jargão: vocabulário típico de um campo profissional Exemplo de uma notícia:
como a medicina, a engenharia, a publicidade, o jornalismo. O resultado do terceiro levantamento feito pela Aliança Glo-
Furo é notícia dada em primeira mão. Quando o furo se revela bal para Atividade Física de Crianças — entidade internacional
falso, foi uma barriga. dedicada ao estímulo da adoção de hábitos saudáveis pelos jo-
– Gíria: vocabulário especial de um grupo que não deseja vens — foi decepcionante. Realizado em 49 países de seis conti-
ser entendido por outros grupos ou que pretende marcar sua nentes com o objetivo de aferir o quanto crianças e adolescentes
identidade por meio da linguagem. Por exemplo, levar um lero estão fazendo exercícios físicos, o estudo mostrou que elas estão
(conversar). muito sedentárias. Em 75% das nações participantes, o nível de
– Preciosismo: é um léxico excessivamente erudito, muito atividade física praticado por essa faixa etária está muito abaixo
raro: procrastinar (em vez de adiar); cinesíforo (em vez de mo- do recomendado para garantir um crescimento saudável e um
torista). envelhecimento de qualidade — com bom condicionamento físi-
– Vulgarismo: o contrário do preciosismo, por exemplo, de co, músculos e esqueletos fortes e funções cognitivas preserva-
saco cheio (em vez de aborrecido), se ferrou (em vez de se deu das. De “A” a “F”, a maioria dos países tirou nota “D”.
mal, arruinou-se).
Função Emotiva
Tipos de Variação Caracterizada pela subjetividade com o objetivo de emocio-
As variações mais importantes, são as seguintes: nar. É centrada no emissor, ou seja, quem envia a mensagem. A
– Sociocultural: Esse tipo de variação pode ser percebido mensagem não precisa ser clara ou de fácil entendimento.
com certa facilidade. Por meio do tipo de linguagem que usamos, do tom de voz
– Geográfica: é, no Brasil, bastante grande. Ao conjunto das que empregamos, etc., transmitimos uma imagem nossa, não
características da pronúncia de uma determinada região dá-se raro inconscientemente.
o nome de sotaque: sotaque mineiro, sotaque nordestino, sota- Emprega-se a expressão função emotiva para designar a uti-
que gaúcho etc. lização da linguagem para a manifestação do enunciador, isto é,
– De Situação: são provocadas pelas alterações das cir- daquele que fala.
cunstâncias em que se desenrola o ato de comunicação. Um
modo de falar compatível com determinada situação é incom- Exemplo: Nós te amamos!
patível com outra

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LÍNGUA PORTUGUESA
Função Conativa Um texto que descreva sobre a linguagem textual ou um
A função conativa ou apelativa é caracterizada por uma lin- documentário cinematográfico que fala sobre a linguagem do
guagem persuasiva com a finalidade de convencer o leitor. Por cinema são alguns exemplos.
isso, o grande foco é no receptor da mensagem. Exemplo:
Trata-se de uma função muito utilizada nas propagandas, Amizade s.f.: 1. sentimento de grande afeição, simpatia,
publicidades e discursos políticos, a fim de influenciar o receptor apreço entre pessoas ou entidades. “sentia-se feliz com a ami-
por meio da mensagem transmitida. zade do seu mestre”
Esse tipo de texto costuma se apresentar na segunda ou na 2. POR METONÍMIA: quem é amigo, companheiro, camara-
terceira pessoa com a presença de verbos no imperativo e o uso da. “é uma de suas amizades fiéis”
do vocativo.
Não se interfere no comportamento das pessoas apenas
com a ordem, o pedido, a súplica. Há textos que nos influenciam
de maneira bastante sutil, com tentações e seduções, como os SEMÂNTICA: SINONÍMIA E ANTONÍMIA;
anúncios publicitários que nos dizem como seremos bem-suce- POLISSEMIA E AMBIGUIDADE
didos, atraentes e charmosos se usarmos determinadas marcas,
se consumirmos certos produtos. Significação de palavras
Com essa função, a linguagem modela tanto bons cidadãos, As palavras podem ter diversos sentidos em uma comunica-
que colocam o respeito ao outro acima de tudo, quanto esperta- ção. E isso também é estudado pela Gramática Normativa: quem
lhões, que só pensam em levar vantagem, e indivíduos atemori- cuida dessa parte é a Semântica, que se preocupa, justamente,
zados, que se deixam conduzir sem questionar. com os significados das palavras. Veremos, então, cada um dos
Exemplos: Só amanhã, não perca! conteúdos que compõem este estudo.
Vote em mim!
Antônimo e Sinônimo
Função Poética Começaremos por esses dois, que já são famosos.
Esta função é característica das obras literárias que possui
como marca a utilização do sentido conotativo das palavras. O Antônimo são palavras que têm sentidos opostos a ou-
Nela, o emissor preocupa-se de que maneira a mensagem tras. Por exemplo, felicidade é o antônimo de tristeza, porque o
será transmitida por meio da escolha das palavras, das expres- significado de uma é o oposto da outra. Da mesma forma ocorre
sões, das figuras de linguagem. Por isso, aqui o principal elemen- com homem que é antônimo de mulher.
to comunicativo é a mensagem.
A função poética não pertence somente aos textos literá- Já o sinônimo são palavras que têm sentidos aproximados
rios. Podemos encontrar a função poética também na publicida- e que podem, inclusive, substituir a outra. O uso de sinônimos
de ou nas expressões cotidianas em que há o uso frequente de é muito importante para produções textuais, porque evita que
metáforas (provérbios, anedotas, trocadilhos, músicas). você fique repetindo a mesma palavra várias vezes. Utilizando
os mesmos exemplos, para ficar claro: felicidade é sinônimo de
Exemplo: alegria/contentamento e homem é sinônimo de macho/varão.
“Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve, Hipônimos e Hiperônimos
para que venhas comigo Estes conceitos são simples de entender: o hipônimo de-
e eu para sempre te leve...” signa uma palavra de sentido mais específico, enquanto que o
(Cecília Meireles) hiperônimo designa uma palavra de sentido mais genérico. Por
exemplo, cachorro e gato são hipônimos, pois têm sentido espe-
Função Fática cífico. E animais domésticos é uma expressão hiperônima, pois
A função fática tem como principal objetivo estabelecer um indica um sentido mais genérico de animais. Atenção: não con-
canal de comunicação entre o emissor e o receptor, quer para funda hiperônimo com substantivo coletivo. Hiperônimos estão
iniciar a transmissão da mensagem, quer para assegurar a sua no ramo dos sentidos das palavras, beleza?!?!
continuação. A ênfase dada ao canal comunicativo.
Esse tipo de função é muito utilizado nos diálogos, por Outros conceitos que agem diretamente no sentido das pa-
exemplo, nas expressões de cumprimento, saudações, discursos lavras são os seguintes:
ao telefone, etc.
Conotação e Denotação
Exemplo: Observe as frases:
-- Calor, não é!? Amo pepino na salada.
-- Sim! Li na previsão que iria chover. Tenho um pepino para resolver.
-- Pois é...
As duas frases têm uma palavra em comum: pepino. Mas
Função Metalinguística essa palavra tem o mesmo sentido nos dois enunciados? Isso
É caracterizada pelo uso da metalinguagem, ou seja, a lin- mesmo, não!
guagem que se refere a ela mesma. Dessa forma, o emissor ex- Na primeira frase, pepino está no sentido denotativo, ou
plica um código utilizando o próprio código. seja, a palavra está sendo usada no sentido próprio, comum, di-
Nessa categoria, os textos metalinguísticos que merecem cionarizado.
destaque são as gramáticas e os dicionários.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Já na segunda frase, a mesma palavra está no sentindo conotativo, pois ela está sendo usada no sentido figurado e depende
do contexto para ser entendida.
Para facilitar: denotativo começa com D de dicionário e conotativo começa com C de contexto.

Por fim, vamos tratar de um recurso muito usado em propagandas:

Ambiguidade
Observe a propaganda abaixo:

https://redacaonocafe.wordpress.com/2012/05/22/ambiguidade-na-propaganda/

Perceba que há uma duplicidade de sentido nesta construção. Podemos interpretar que os móveis não durarão no estoque da
loja, por estarem com preço baixo; ou que por estarem muito barato, não têm qualidade e, por isso, terão vida útil curta.
Essa duplicidade acontece por causa da ambiguidade, que é justamente a duplicidade de sentidos que podem haver em uma
palavra, frase ou textos inteiros.

EXERCÍCIOS

1. Levando-se em consideração os conceitos de frase, oração e período, é correto afirmar que o trecho abaixo é considerado
um (a):
“A expectativa é que o México, pressionado pelas mudanças americanas, entre na fila.”
(A) Frase, uma vez que é composta por orações coordenadas e subordinadas.
(B) Período, composto por três orações.
(C) Oração, pois possui sentido completo.
(D) Período, pois é composto por frases e orações.

2. (AOCP – PREF. DE CATU/BA – MECÂNICO DE VEÍCULOS – 2007) Leia a seguinte sentença: Joana tomou um sonífero e não
dormiu. Assinale a alternativa que classifica corretamente a segunda oração.
(A) Oração coordenada assindética aditiva.
(B) Oração coordenada sindética aditiva.
(C) Oração coordenada sindética adversativa.
(D) Oração coordenada sindética explicativa.
(E) Oração coordenada sindética alternativa.

3. (AOCP – PREF. DE CATU/BA – BIBLIOTECÁRIO – 2007) Leia a seguinte sentença: Não precisaremos voltar ao médico nem fazer
exames. Assinale a alternativa que classifica corretamente as duas orações.
(A) Oração coordenada assindética e oração coordenada adversativa.
(B) Oração principal e oração coordenada sindética aditiva.
(C) Oração coordenada assindética e oração coordenada aditiva.
(D) Oração principal e oração subordinada adverbial consecutiva.
(E) Oração coordenada assindética e oração coordenada adverbial consecutiva.

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LÍNGUA PORTUGUESA
4. (EMPASIAL – TJ/SP – ESCREVENTE JUDICIÁRIO – 1999) 9. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE –
Analise sintaticamente a oração em destaque: 2008) Assinale o trecho que apresenta erro de regência.
“Bem-aventurados os que ficam, porque eles serão recom- (A) Depois de um longo período em que apresentou taxas de
pensados” (Machado de Assis). crescimento econômico que não iam além dos 3%, o Brasil fe-
(A) oração subordinada substantiva completiva nominal. cha o ano de 2007 com uma expansão de 5,3%, certamente a
(B) oração subordinada adverbial causal. maior taxa registrada na última década.
(C) oração subordinada adverbial temporal desenvolvida. (B) Os dados ainda não são definitivos, mas tudo sugere que
(D) oração coordenada sindética conclusiva. serão confirmados. A entidade responsável pelo estudo foi a
(E) oração coordenada sindética explicativa. conhecida Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL).
(C) Não há dúvida de que os números são bons, num mo-
5. (FGV – SENADO FEDERAL – TÉCNICO LEGISLATIVO – AD- mento em que atingimos um bom superávit em conta-cor-
MINISTRAÇÃO – 2008) “Mas o fato é que transparência deixou rente, em que se revela queda no desemprego e até se
de ser um processo de observação cristalina para assumir um anuncia a ampliação de nossas reservas monetárias, além
discurso de políticas de averiguação de custos engessadas que da descoberta de novas fontes de petróleo.
pouco ou quase nada retratam as necessidades de populações (D) Mesmo assim, olhando-se para os vizinhos de continen-
distintas.”. te, percebe-se que nossa performance é inferior a que foi
A oração grifada no trecho acima classifica-se como: atribuída a Argentina (8,6%) e a alguns outros países com
(A) subordinada substantiva predicativa; participação menor no conjunto dos bens produzidos pela
(B) subordinada adjetiva restritiva; América Latina.
(C) subordinada substantiva subjetiva; (E) Nem é preciso olhar os exemplos da China, Índia e Rús-
(D) subordinada substantiva objetiva direta; sia, com crescimento acima desses patamares. Ao conjunto
(E) subordinada adjetiva explicativa. inteiro da América Latina, o organismo internacional está
atribuindo um crescimento médio, em 2007, de 5,6%, um
6. (FUNCAB – PREF. PORTO VELHO/RO – MÉDICO – 2009) No pouco maior do que o do Brasil.
trecho abaixo, as orações introduzidas pelos termos grifados são
classificadas, em relação às imediatamente anteriores, como: 10. (VUNESP – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO –
“Não há dúvida de que precisaremos curtir mais o dia a dia, 2011) Assinale a alternativa em que a concordância verbal está
mas nunca à custa de nossos filhos...” correta.
(A) subordinada substantiva objetiva indireta e coordenada (A) Haviam cooperativas de catadores na cidade de São Paulo.
sindética adversativa; (B) O lixo de casas e condomínios vão para aterros.
(B) subordinada adjetiva restritiva e coordenada sindética (C) O tratamento e a destinação corretos do lixo evitaria que
explicativa; 35% deles fosse despejado em aterros.
(C) subordinada adverbial conformativa e subordinada ad- (D) Fazem dois anos que a prefeitura adia a questão do lixo.
verbial concessiva; (E) Somos nós quem paga a conta pelo descaso com a coleta
(D) subordinada substantiva completiva nominal e coorde- de lixo.
nada sindética adversativa;
(E) subordinada adjetiva restritiva e subordinada adverbial 11. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE –
concessiva. 2012) Assinale a opção que fornece a correta justificativa para
as relações de concordância no texto abaixo.
7. (ACEP – PREF. QUIXADÁ/CE – PSICÓLOGO – 2010) No pe- O bom desempenho do lado real da economia proporcionou
ríodo “O essencial é o seguinte: //nunca antes neste país houve um período de vigoroso crescimento da arrecadação. A maior lucra-
um governo tão imbuído da ideia // de que veio // para recome- tividade das empresas foi decisiva para os resultados fiscais favo-
çar a história.”, a oração sublinhada é classificada como: ráveis. Elevaram-se, de forma significativa e em valores reais, de-
(A) coordenada assindética; flacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), as
(B) subordinada substantiva completiva nominal; receitas do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), a Contribuição
(C) subordinada substantiva objetiva indireta; Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), e a Contribuição para o Finan-
(D) subordinada substantiva apositiva. ciamento da Seguridade Social (Cofins). O crescimento da massa de
salários fez aumentar a arrecadação do Imposto de Renda Pessoa
8. (FCC – TRE/MG – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2005) As liberda- Física (IRPF) e a receita de tributação sobre a folha da previdência
des ...... se refere o autor dizem respeito a direitos ...... se ocupa social. Não menos relevantes foram os elevados ganhos de capital,
a nossa Constituição. Preenchem de modo correto as lacunas da responsáveis pelo aumento da arrecadação do IRPF.
frase acima, na ordem dada, as expressões: (A) O uso do plural em “valores” é responsável pela flexão
(A) a que – de que; de plural em “deflacionados”.
(B) de que – com que; (B) O plural em “resultados” é responsável pela flexão de
(C) a cujas – de cujos; plural em “Elevaram-se”.
(D) à que – em que; (C) Emprega-se o singular em “proporcionou” para respeitar
(E) em que – aos quais. as regras de concordância com “economia”.
(D) O singular em “a arrecadação” é responsável pela flexão
de singular em “fez aumentar”.
(E) A flexão de plural em “foram” justifica-se pela concor-
dância com “relevantes”.

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LÍNGUA PORTUGUESA
12. (CONSULPLAN – ANALISTA DE INFORMÁTICA (SDS-SC) – (A) pré-nupcial, ante-diluviano, anti-Cristo, ultra-violeta, in-
2008) A alternativa em que todas as palavras são formadas pelo fra-vermelho.
mesmo processo de formação é: (B) vice-almirante, ex-diretor, super-intendente, extrafino,
(A) responsabilidade, musicalidade, defeituoso; infra-assinado.
(B) cativeiro, incorruptíveis, desfazer; (C) anti-alérgico, anti-rábico, ab-rupto, sub-rogar, antihigi-
(C) deslealdade, colunista, incrível; ênico.
(D) anoitecer, festeiro, infeliz; (D) extraoficial, antessala, contrassenso, ultrarrealismo,
(E) reeducação, dignidade, enriquecer. contrarregra.
(E) co-seno, contra-cenar, sobre-comum, sub-humano, in-
13. (IMA – PREF. BOA HORA/PI – PROCURADOR MUNICIPAL fra-mencionado.
– 2010) No verso “Para desentristecer, leãozinho”, Caetano Ve-
loso cria um neologismo. A opção que contém o processo de for- 19. (ESAF – SRF – AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL –
mação utilizado para formar a palavra nova e o tipo de derivação 2003) Indique o item em que todas as palavras estão correta-
que a palavra primitiva foi formada respectivamente é: mente empregadas e grafadas.
(A) derivação prefixal (des + entristecer); derivação paras- (A) A pirâmide carcerária assegura um contexto em que o
sintética (en + trist + ecer); poder de infringir punições legais a cidadãos aparece livre
(B) derivação sufixal (desentriste + cer); derivação imprópria de qualquer excesso e violência.
(en + triste + cer); (B) Nos presídios, os chefes e subchefes não devem ser exa-
(C) derivação regressiva (des + entristecer); derivação pa- tamente nem juízes, nem professores, nem contramestres,
rassintética (en + trist + ecer); nem suboficiais, nem “pais”, porém avocam a si um pouco
(D) derivação parassintética (en + trist + ecer); derivação de tudo isso, num modo de intervenção específico.
prefixal (des + entristecer); (C) O carcerário, ao homogeinizar o poder legal de punir e o
(E) derivação prefixal (en + trist + ecer); derivação parassin- poder técnico de disciplinar, ilide o que possa haver de vio-
tética (des + entristecer). lento em um e de arbitrário no outro, atenuando os efeitos
de revolta que ambos possam suscitar.
14. (IMA – PREF. BOA HORA/PI – PROCURADOR MUNICIPAL
(D) No singular poder de punir, nada mais lembra o antigo
– 2010) A palavra “Olhar” em (meu olhar) é um exemplo de pa-
poder do soberano iminente que vingava sua autoridade so-
lavra formada por derivação:
bre o corpo dos supliciados.
(A) parassintética;
(E) A existência de uma proibição legal cria em torno dela
(B) prefixal;
um campo de práticas ilegais, sob o qual se chega a exercer
(C) sufixal;
controle e aferir lucro ilícito, mas que se torna manejável
(D) imprópria;
por sua organização em delinqüência.
(E) regressiva.

15. (CESGRANRIO – BNDES – ADVOGADO – 2004) No título do 20. (FCC – METRÔ/SP – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO JÚ-
artigo “A tal da demanda social”, a classe de palavra de “tal” é: NIOR – 2012) A frase que apresenta INCORREÇÕES quanto à or-
(A) pronome; tografia é:
(B) adjetivo; (A) Quando jovem, o compositor demonstrava uma capaci-
(C) advérbio; dade extraordinária de imitar vários estilos musicais.
(D) substantivo; (B) Dizem que o músico era avesso à ideia de expressar sen-
(E) preposição. timentos pessoais por meio de sua música.
(C) Poucos estudiosos se despõem a discutir o empacto das
16. Assinale a alternativa que apresenta a correta classifica- composições do músico na cultura ocidental.
ção morfológica do pronome “alguém” (l. 44). (D) Salvo algumas exceções, a maioria das óperas do com-
(A) Pronome demonstrativo. positor termina em uma cena de reconciliação entre os per-
(B) Pronome relativo. sonagens.
(C) Pronome possessivo. (E) Alguns acreditam que o valor da obra do compositor se
(D) Pronome pessoal. deve mais à árdua dedicação do que a arroubos de inspira-
(E) Pronome indefinido. ção.

17. Em relação à classe e ao emprego de palavras no texto, 21. (FUNIVERSA – CEB – ADVOGADO – 2010) Assinale a al-
na oração “A abordagem social constitui-se em um processo de ternativa em que todas as palavras são acentuadas pela mesma
trabalho planejado de aproximação” (linhas 1 e 2), os vocábulos razão.
sublinhados classificam-se, respectivamente, em (A) “Brasília”, “prêmios”, “vitória”.
(A) preposição, pronome, artigo, adjetivo e substantivo. (B) “elétrica”, “hidráulica”, “responsáveis”.
(B) pronome, preposição, artigo, substantivo e adjetivo. (C) “sérios”, “potência”, “após”.
(C) conjunção, preposição, numeral, substantivo e pronome. (D) “Goiás”, “já”, “vários”.
(D) pronome, conjunção, artigo, adjetivo e adjetivo. (E) “solidária”, “área”, “após”.
(E) conjunção, conjunção, numeral, substantivo e advérbio.
22. (CESGRANRIO – CMB – ASSISTENTE TÉCNICO ADMINIS-
18. (FDC – PROFESSOR DE PORTUGUÊS II – 2005) Marque a TRATIVO – 2012) Algumas palavras são acentuadas com o obje-
série em que o hífen está corretamente empregado nas cinco tivo exclusivo de distingui-las de outras. Uma palavra acentuada
palavras: com esse objetivo é a seguinte:

34
LÍNGUA PORTUGUESA
(A) pôr. Para agravar a tragédia, a empresa declarou que existem riscos
(B) ilhéu. de rompimento nas barragens de Germano e de Santarém. Segun-
(C) sábio. do o Departamento Nacional de Produção Mineral, pelo menos 16
(D) também. barragens de mineração em todo o País apresentam condições de
(E) lâmpada. insegurança. “O governo perdeu sua capacidade de aparelhar ór-
gãos técnicos para fiscalização”, diz Malu. Na direção oposta
23. (FGV – SENADO FEDERAL – POLICIAL LEGISLATIVO FEDE- Ao caminho da segurança, está o projeto de lei 654/2015,
RAL – 2008) Assinale a alternativa em que se tenha optado cor- do senador Romero Jucá (PMDB-RR) que prevê licença única em
retamente por utilizar ou não o acento grave indicativo de crase. um tempo exíguo para obras consideradas estratégicas. O novo
(A) Vou à Brasília dos meus sonhos. marco regulatório da mineração, por sua vez, também conce-
(B) Nosso expediente é de segunda à sexta. de prioridade à ação de mineradoras. “Ocorrerá um aumento
(C) Pretendo viajar a Paraíba. dos conflitos judiciais, o que não será interessante para o setor
(D) Ele gosta de bife à cavalo. empresarial”, diz Maurício Guetta, advogado do Instituto Sócio
Ambiental (ISA). Com o avanço dessa legislação outros danos ir-
24. (FDC – MAPA – ANALISTA DE SISTEMAS – 2010) Na ora- reversíveis podem ocorrer.
ção “Eles nos deixaram À VONTADE” e no trecho “inviabilizando FONTE: http://www.istoe.com.br/reportagens/441106_A+LA
o ataque, que, naturalmente, deveria ser feito À DISTÂNCIA”, MA+QUE+AINDA+SUJA+O+BRASIL
observa-se a ocorrência da crase nas locuções adverbiais em cai-
xa-alta. Nas locuções das frases abaixo também ocorre a crase, 26. Observe as assertivas relacionadas ao texto lido:
que deve ser marcada com o acento, EXCETO em: I. O texto é predominantemente narrativo, já que narra um
(A) Todos estavam à espera de uma solução para o problema. fato.
(B) À proporção que o tempo passava, maior era a angústia II. O texto é predominantemente expositivo, já que perten-
do eleitorado pelo resultado final. ce ao gênero textual editorial.
(C) Um problema à toa emperrou o funcionamento do sis- III. O texto é apresenta partes narrativas e partes expositi-
tema. vas, já que se trata de uma reportagem.
(D) Os técnicos estavam face à face com um problema in- IV. O texto apresenta partes narrativas e partes expositivas,
solúvel. já se trata de um editorial.
(E) O Tribunal ficou à mercê dos hackers que invadiram o
sistema. Analise as assertivas e responda:
(A) Somente a I é correta.
25. (FEMPERJ – VALEC – JORNALISTA – 2012) Intertextuali- (B) Somente a II é incorreta.
dade é a presença de um texto em outro; o pensamento abaixo (C) Somente a III é correta
que NÃO se fundamenta em intertextualidade é: (D) A III e IV são corretas.
(A) “Se tudo o que é bom dura pouco, eu já deveria ter mor-
rido há muito tempo.” 27. Observe as assertivas relacionadas ao texto “A lama que
(B) “Nariz é essa parte do corpo que brilha, espirra, coça e se ainda suja o Brasil”:
mete onde não é chamada.” I- O texto é coeso, mas não é coerente, já que tem proble-
(C) “Une-te aos bons e será um deles. Ou fica aqui com a mas no desenvolvimento do assunto.
gente mesmo!” II- O texto é coerente, mas não é coeso, já que apresenta
(D) “Vamos fazer o feijão com arroz. Se puder botar um ovo, problemas no uso de conjunções e preposições.
tudo bem.” III- O texto é coeso e coerente, graças ao bom uso das clas-
(E) “O Neymar é invendável, inegociável e imprestável.” ses de palavras e da ordem sintática.
IV- O texto é coeso e coerente, já que apresenta progressão
Leia o texto abaixo para responder a questão. temática e bom uso dos recursos coesivos.
A lama que ainda suja o Brasil Analise as assertivas e responda:
Fabíola Perez(fabiola.perez@istoe.com.br) (A) Somente a I é correta.
(B) Somente a II é incorreta.
A maior tragédia ambiental da história do País escancarou (C) Somente a III é correta.
um dos principais gargalos da conjuntura política e econômica (D) Somente a IV é correta.
brasileira: a negligência do setor privado e dos órgãos públicos
diante de um desastre de repercussão mundial. Confirmada a Leia o texto abaixo para responder as questões.
morte do Rio Doce, o governo federal ainda não apresentou um
plano de recuperação efetivo para a área (apenas uma carta de UM APÓLOGO
intenções). Tampouco a mineradora Samarco, controlada pela Machado de Assis.
brasileira Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton. A única me-
dida concreta foi a aplicação da multa de R$ 250 milhões – sen- Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:
do que não há garantias de que ela será usada no local. “O leito — Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda en-
do rio se perdeu e a calha profunda e larga se transformou num rolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?
córrego raso”, diz Malu Ribeiro, coordenadora da rede de águas — Deixe-me, senhora.
da Fundação SOS Mata Atlântica, sobre o desastre em Mariana, — Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que
Minas Gerais. “O volume de rejeitos se tornou uma bomba reló- está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre
gio na região.” que me der na cabeça.

35
LÍNGUA PORTUGUESA
— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. 28. De acordo com o texto “Um Apólogo” de Machado de
Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual Assis e com a ilustração abaixo, e levando em consideração as
tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a personagens presentes nas narrativas tanto verbal quanto visu-
dos outros. al, indique a opção em que a fala não é compatível com a asso-
— Mas você é orgulhosa. ciação entre os elementos dos textos:
— Decerto que sou.
— Mas por quê?
— É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa
ama, quem é que os cose, senão eu?
— Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você
ignora que quem os cose sou eu, e muito eu?
— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um
pedaço ao outro, dou feição aos babados…
— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adian-
te, puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu
faço e mando…
— Também os batedores vão adiante do imperador.
— Você é imperador?
— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel su-
balterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo
o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto… (A) “- Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda en-
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baro- rolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?” (L.02)
nesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baro- (B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agu-
nesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. lha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar?”
Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da (L.06)
linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra (C) “- Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou
iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor adiante, puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao
das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de que eu faço e mando...” (L.14-15)
Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha: (D) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pou-
— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? co? Não repara que esta distinta costureira só se importa
Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a
eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando eles, furando abaixo e acima.” (L.25-26)
abaixo e acima… (E) “- Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para
A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixi-
agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem nha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para
sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha ninguém. Onde me espetam, fico.” (L.40-41)
vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi
andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia 29. O diminutivo, em Língua Portuguesa, pode expressar ou-
mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, tros valores semânticos além da noção de dimensão, como afeti-
a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte; continuou vidade, pejoratividade e intensidade. Nesse sentido, pode-se afir-
ainda nesse e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou mar que os valores semânticos utilizados nas formas diminutivas
esperando o baile. “unidinha”(L.26) e “corpinho”(L.32), são, respectivamente, de:
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, (A) dimensão e pejoratividade;
que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, (B) afetividade e intensidade;
para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vesti- (C) afetividade e dimensão;
do da bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui (D) intensidade e dimensão;
ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar (E) pejoratividade e afetividade.
da agulha, perguntou-lhe:
— Ora agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo 30. Em um texto narrativo como “Um Apólogo”, é muito co-
da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é mum uso de linguagem denotativa e conotativa. Assinale a alter-
que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta nativa cujo trecho retirado do texto é uma demonstração da ex-
para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mu- pressividade dos termos “linha” e “agulha” em sentido figurado.
camas? Vamos, diga lá. (A) “- É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?” (L.11)
cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre (B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agu-
agulha: — Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para lha. Agulha não tem cabeça.” (L.06)
ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha (C) “- Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo
de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. um pedaço ao outro, dou feição aos babados...” (L.13)
Onde me espetam, fico. (D) “- Também eu tenho servido de agulha a muita linha or-
Contei esta história a um professor de melancolia, que me dinária!” (L.43)
disse, abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agu- (E) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pou-
lha a muita linha ordinária! co?” (L.25)

36
LÍNGUA PORTUGUESA
31. De acordo com a temática geral tratada no texto e, de
modo metafórico, considerando as relações existentes em um ANOTAÇÕES
ambiente de trabalho, aponte a opção que NÃO corresponde a
uma ideia presente no texto:
(A) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação ______________________________________________________
equânime em ambientes coletivos de trabalho;
(B) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação ______________________________________________________
equânime em ambientes coletivos de trabalho;
(C) O texto indica que, em um ambiente coletivo de traba- ______________________________________________________
lho, cada sujeito possui atribuições próprias.
(D) O texto sugere que o reconhecimento no ambiente co-
______________________________________________________
letivo de trabalho parte efetivamente das próprias atitudes
do sujeito.
(E) O texto revela que, em um ambiente coletivo de trabalho, ______________________________________________________
frequentemente é difícil lidar com as vaidades individuais.
______________________________________________________

GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________
1 B
2 C ______________________________________________________
3 C
4 E ______________________________________________________

5 A ______________________________________________________
6 D
7 B ______________________________________________________
8 A
______________________________________________________
9 D
10 E ______________________________________________________
11 A
______________________________________________________
12 A
13 A ______________________________________________________
14 D
______________________________________________________
15 A
16 E ______________________________________________________
17 B
______________________________________________________
18 D
19 B ______________________________________________________
20 C
______________________________________________________
21 A
22 A ______________________________________________________
23 A
24 D ______________________________________________________

25 E _____________________________________________________
26 C
27 D _____________________________________________________

28 E
______________________________________________________
29 D
30 D ______________________________________________________
31 D
______________________________________________________

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LÍNGUA PORTUGUESA

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38
MATEMÁTICA
1. Linguagem dos conjuntos: Representações de um conjunto, pertinência, inclusão, igualdade, união, interseção e complementação de
conjuntos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Números reais: O conjunto dos números naturais - operações, divisibilidade, decomposição de um número natural nos seus fatores
primos, máximo divisor comum e mínimo múltiplo comum de dois ou mais números naturais. O conjunto dos números inteiros - ope-
rações, múltiplos e divisores. O conjunto dos números racionais - propriedades, operações, valor absoluto de um número, potencia-
ção e radiciação. O conjunto dos números reais - números irracionais, a reta real, intervalos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05
3. Unidades de medidas: Comprimento, área, volume, massa, tempo, ângulo e velocidade. Conversão de medidas. . . . . . . . . . . . . . 10
4. Proporcionalidade: Razões e proporções, grandezas direta e inversamente proporcionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
5. Regra de três simples e composta. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
6. Porcentagens. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
7. Juros simples e compostos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
8. Cálculo algébrico: Operações com expressões algébricas, identidades algébricas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
9. Polinômios de coeficientes reais - operações, raízes, teorema do resto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
10. Equações e inequações - Equações do 1º e 2º graus, relação entre coeficientes e raízes. Inequações de 1º e 2º graus, desigualdades
produto e quociente, interpretação geométrica. Sistemas de equações de 1º e 2º graus, interpretação geométrica. Equações e inequa-
ções envolvendo expoentes e logaritmos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
11. Funções: Conceito de função, função de variável real e seu gráfico no plano cartesiano. Composição de funções, função modular,
funções inversas, funções polinomiais. Estudo das funções do 1º e 2º graus. Funções crescentes e decrescentes, máximos e míni-
mos de uma função. Função exponencial e função logaritmo - propriedades fundamentais de expoentes e logaritmos, operações.
Gráficos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
12. Matrizes e sistemas: Matrizes e determinantes até a 4ª ordem, propriedades e operações. Resolução e discussão de sistemas linea-
res. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
13. Geometria plana: Elementos primitivos, segmento, semirreta, semiplano e ângulo. Retas perpendiculares e paralelas. Teorema de
Tales. Triângulos - congruência e semelhança. Quadriláteros. Polígonos. Circunferência e disco. Relações métricas no triângulo e na
circunferência. Perímetro e área das principais figuras planas. Trigonometria - Medida de um arco, o grau e o radiano, relação entre
arcos e ângulos. O seno, o cosseno e a tangente de um ângulo. Fórmulas para a adição e subtração de arcos. Lei dos senos e lei dos
cossenos. Identidades trigonométricas básicas, equações trigonométricas simples. As funções seno, cosseno, tangente e seus gráficos.
Relações trigonométricas no triângulo retângulo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
14. Geometria espacial: Conceitos básicos. Posições relativas de retas e planos no espaço. Área lateral e volume do prisma, pirâmide,
cilindro, cone e esfera. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
15. Geometria analítica plana: Distância entre dois pontos no plano e entre um ponto e uma reta. Condições de paralelismo e perpendi-
cularismo de retas no plano. Estudo da reta e da circunferência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
16. Sequências numéricas: Sequências. Progressões aritméticas e geométricas - Noção de limite de uma sequência. Soma dos termos de
uma progressão geométrica infinita. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
17. Análise combinatória e probabilidade: O princípio fundamental da contagem. Permutações, arranjos e combinações simples. Binômio
de Newton. Incerteza e probabilidade, conceitos básicos, probabilidade condicional e eventos independentes, probabilidade da união
de eventos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
18. Estatística básica e tratamento da informação: População estatística, amostras, frequência absoluta e relativa. Distribuição de frequ-
ências com dados agrupados, polígono de frequência, . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
19. Médias (aritmética e ponderada), mediana e moda. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
20. Leitura, construção e interpretação de gráficos de barras, de setores e de segmentos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
21. Problemas envolvendo raciocínio lógico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
MATEMÁTICA
Q’=I: conjunto dos números irracionais
LINGUAGEM DOS CONJUNTOS: REPRESENTAÇÕES DE R: conjunto dos números reais
UM CONJUNTO, PERTINÊNCIA, INCLUSÃO, IGUALDA-
DE, UNIÃO, INTERSEÇÃO E COMPLEMENTAÇÃO DE Igualdade
CONJUNTOS Propriedades básicas da igualdade
Para todos os conjuntos A, B e C,para todos os objetos x ∈ U,
Conjunto está presente em muitos aspectos da vida, sejam eles temos que:
cotidianos, culturais ou científicos. Por exemplo, formamos conjun- (1) A = A.
tos ao organizar a lista de amigos para uma festa agrupar os dias da (2) Se A = B, então B = A.
semana ou simplesmente fazer grupos. (3) Se A = B e B = C, então A = C.
Os componentes de um conjunto são chamados de elementos. (4) Se A = B e x ∈ A, então x∈ B.
Para enumerar um conjunto usamos geralmente uma letra Se A = B e A ∈ C, então B ∈ C.
maiúscula.
Dois conjuntos são iguais se, e somente se, possuem exata-
Representações mente os mesmos elementos. Em símbolo:
Pode ser definido por: Para saber se dois conjuntos A e B são iguais, precisamos saber
-Enumerando todos os elementos do conjunto: S={1, 3, 5, 7, 9} apenas quais são os elementos.
-Simbolicamente: B={x>N|x<8}, enumerando esses elementos Não importa ordem:
temos: A={1,2,3} e B={2,1,3}
B={0,1,2,3,4,5,6,7}
Não importa se há repetição:
– Diagrama de Venn A={1,2,2,3} e B={1,2,3}

Classificação
Definição
Chama-se cardinal de um conjunto, e representa-se por #, ao
número de elementos que ele possui.

Exemplo
Por exemplo, se A ={45,65,85,95} então #A = 4.

Definições
Dois conjuntos dizem-se equipotentes se têm o mesmo cardi-
nal.
Um conjunto diz-se
a) infinito quando não é possível enumerar todos os seus ele-
Há também um conjunto que não contém elemento e é repre- mentos
sentado da seguinte forma: S = c ou S = { }. b) finito quando é possível enumerar todos os seus elementos
Quando todos os elementos de um conjunto A pertencem tam- c) singular quando é formado por um único elemento
bém a outro conjunto B, dizemos que: d) vazio quando não tem elementos
A é subconjunto de B
Ou A é parte de B Exemplos
A está contido em B escrevemos: A ⊂ B N é um conjunto infinito (O cardinal do conjunto N (#N) é infi-
nito (∞));
Se existir pelo menos um elemento de A que não pertence a A = {½, 1} é um conjunto finito (#A = 2);
B: A ⊄ B B = {Lua} é um conjunto singular (#B = 1)
{ } ou ∅ é o conjunto vazio (#∅ = 0)
Símbolos
∈: pertence Pertinência
∉: não pertence O conceito básico da teoria dos conjuntos é a relação de per-
⊂: está contido tinência representada pelo símbolo ∈. As letras minúsculas desig-
⊄: não está contido nam os elementos de um conjunto e as maiúsculas, os conjuntos.
⊃: contém Assim, o conjunto das vogais (V) é:
⊅: não contém V={a,e,i,o,u}
/: tal que A relação de pertinência é expressa por: a∈V
⟹: implica que A relação de não-pertinência é expressa por:b∉V, pois o ele-
⇔: se,e somente se mento b não pertence ao conjunto V.
∃: existe
∄: não existe Inclusão
∀: para todo(ou qualquer que seja) A Relação de inclusão possui 3 propriedades:
∅: conjunto vazio Propriedade reflexiva: A⊂A, isto é, um conjunto sempre é sub-
N: conjunto dos números naturais conjunto dele mesmo.
Z: conjunto dos números inteiros Propriedade antissimétrica: se A⊂B e B⊂A, então A=B
Q: conjunto dos números racionais Propriedade transitiva: se A⊂B e B⊂C, então, A⊂C.

1
MATEMÁTICA
Operações Exemplo
União A={1,2,3} B={1,2,3,4,5}
Dados dois conjuntos A e B, existe sempre um terceiro formado CBA={4,5}
pelos elementos que pertencem pelo menos um dos conjuntos a
que chamamos conjunto união e representamos por: A∪B. Representação
Formalmente temos: A∪B={x|x ∈ A ou x ∈ B} -Enumerando todos os elementos do conjunto: S={1, 2, 3, 4, 5}
Exemplo: -Simbolicamente: B={x∈ N|2<x<8}, enumerando esses ele-
A={1,2,3,4} e B={5,6} mentos temos:
A∪B={1,2,3,4,5,6} B={3,4,5,6,7}

Interseção - por meio de diagrama:


A interseção dos conjuntos A e B é o conjunto formado pelos
elementos que são ao mesmo tempo de A e de B, e é representada
por : A∩B. Simbolicamente: A∩B={x|x∈A e x∈B}

Quando um conjunto não possuir elementos chama-se de con-


junto vazio: S=∅ ou S={ }.
Exemplo:
A={a,b,c,d,e} e B={d,e,f,g} Igualdade
A∩B={d,e} Dois conjuntos são iguais se, e somente se, possuem exata-
mente os mesmos elementos. Em símbolo:
Diferença
Uma outra operação entre conjuntos é a diferença, que a cada
par A, B de conjuntos faz corresponder o conjunto definido por:
A – B ou A\B que se diz a diferença entre A e B ou o comple-
mentar de B em relação a A. Para saber se dois conjuntos A e B são iguais, precisamos saber
A este conjunto pertencem os elementos de A que não perten- apenas quais são os elementos.
cem a B. Não importa ordem:
A\B = {x : x∈A e x∉B}. A={1,2,3} e B={2,1,3}

Não importa se há repetição:


A={1,2,2,3} e B={1,2,3}

Relação de Pertinência
Relacionam um elemento com conjunto. E a indicação que o
elemento pertence (∈) ou não pertence (∉)
Exemplo: Dado o conjunto A={-3, 0, 1, 5}
0∈A
2∉A

Relações de Inclusão
Relacionam um conjunto com outro conjunto.
Simbologia: ⊂(está contido), ⊄(não está contido), ⊃(con-
tém),⊅ (não contém)
Exemplo:
A = {0, 1, 2, 3, 4, 5} e B = {5, 6, 7} A Relação de inclusão possui 3 propriedades:
Então os elementos de A – B serão os elementos do conjunto A Exemplo:
menos os elementos que pertencerem ao conjunto B. {1, 3,5}⊂{0, 1, 2, 3, 4, 5}
Portanto A – B = {0, 1, 2, 3, 4}. {0, 1, 2, 3, 4, 5}⊃{1, 3,5}

Aqui vale a famosa regrinha que o professor ensina, boca aber-


Complementar ta para o maior conjunto.
Sejam A e B dois conjuntos tais que A⊂B. Chama-se comple-
mentar de A em relação a B, que indicamos por CBA, o conjunto Subconjunto
cujos elementos são todos aqueles que pertencem a B e não per- O conjunto A é subconjunto de B se todo elemento de A é tam-
tencem a A. bém elemento de B.
A⊂B⇔ CBA={x|x∈B e x∉A}=B-A

2
MATEMÁTICA
Exemplo: {2,4} é subconjunto de {x∈N|x é par} B-A = {x : x ∈B e x∉A}.
Operações
União
Dados dois conjuntos A e B, existe sempre um terceiro formado
pelos elementos que pertencem pelo menos um dos conjuntos a
que chamamos conjunto união e representamos por: A∪B.
Formalmente temos: A∪B={x|x ∈A ou x∈B}
Exemplo:
A={1,2,3,4} e B={5,6}
A∪B={1,2,3,4,5,6}
Exemplo:
A = {0, 1, 2, 3, 4, 5} e B = {5, 6, 7}
Então os elementos de A – B serão os elementos do conjunto A
menos os elementos que pertencerem ao conjunto B.
Portanto A – B = {0, 1, 2, 3, 4}.

Complementar
O complementar do conjunto A( ) é o conjunto formado pelos
elementos do conjunto universo que não pertencem a A.
Interseção
A interseção dos conjuntos A e B é o conjunto formado pelos
elementos que são ao mesmo tempo de A e de B, e é representada
por : A∩B.
Simbolicamente: A∩B={x|x ∈A e x ∈B}

Fórmulas da união
n(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
Exemplo: n(A ∪B∪C)=n(A)+n(B)+n(C)+n(A∩B∩C)-n(A∩B)-n(A∩C)-n(B
A={a,b,c,d,e} e B={d,e,f,g} C)
A∩B={d,e}
Essas fórmulas muitas vezes nos ajudam, pois ao invés de fazer
todo o diagrama, se colocarmos nessa fórmula, o resultado é mais
Diferença rápido, o que na prova de concurso é interessante devido ao tempo.
Uma outra operação entre conjuntos é a diferença, que a cada Mas, faremos exercícios dos dois modos para você entender
par A, B de conjuntos faz corresponder o conjunto definido por: melhor e perceber que, dependendo do exercício é melhor fazer de
A – B ou A\B que se diz a diferença entre A e B ou o comple- uma forma ou outra.
mentar de B em relação a A.
A este conjunto pertencem os elementos de A que não perten- Exemplo
cem a B. (MANAUSPREV – Analista Previdenciário – FCC/2015) Em um
grupo de 32 homens, 18 são altos, 22 são barbados e 16 são care-
A\B = {x : x ∈A e x∉B}. cas. Homens altos e barbados que não são carecas são seis. Todos
homens altos que são carecas, são também barbados. Sabe-se que
existem 5 homens que são altos e não são barbados nem carecas.
Sabe-se que existem 5 homens que são barbados e não são altos
nem carecas. Sabe-se que existem 5 homens que são carecas e não
são altos e nem barbados. Dentre todos esses homens, o número
de barbados que não são altos, mas são carecas é igual a
(A) 4.
(B) 7.
(C) 13.
(D) 5.
(E) 8.

3
MATEMÁTICA
Primeiro, quando temos 3 diagramas, sempre começamos pela Quando somarmos 5+x+6=18
interseção dos 3, depois interseção a cada 2 e por fim, cada um X=18-11=7

Carecas são 16

7+y+5=16
Se todo homem careca é barbado, não teremos apenas ho- Y=16-12
mens carecas e altos. Y=4
Homens altos e barbados são 6
Então o número de barbados que não são altos, mas são care-
cas são 4.
Nesse exercício ficará difícil se pensarmos na fórmula, ficou
grande devido as explicações, mas se você fizer tudo no mesmo dia-
grama, mas seguindo os passos, o resultado sairá fácil.

Exemplo
(SEGPLAN/GO – Perito Criminal – FUNIVERSA/2015) Suponha
que, dos 250 candidatos selecionados ao cargo de perito criminal:

1) 80 sejam formados em Física;


2) 90 sejam formados em Biologia;
3) 55 sejam formados em Química;
Sabe-se que existem 5 homens que são barbados e não são 4) 32 sejam formados em Biologia e Física;
altos nem carecas. Sabe-se que existem 5 homens que são carecas 5) 23 sejam formados em Química e Física;
e não são altos e nem barbados 6) 16 sejam formados em Biologia e Química;
7) 8 sejam formados em Física, em Química e em Biologia.

Considerando essa situação, assinale a alternativa correta.


(A) Mais de 80 dos candidatos selecionados não são físicos
nem biólogos nem químicos.
(B) Mais de 40 dos candidatos selecionados são formados ape-
nas em Física.
(C) Menos de 20 dos candidatos selecionados são formados
apenas em Física e em Biologia.
(D) Mais de 30 dos candidatos selecionados são formados
apenas em Química.
(E) Escolhendo-se ao acaso um dos candidatos selecionados,
Sabemos que 18 são altos a probabilidade de ele ter apenas as duas formações, Física e
Química, é inferior a 0,05.
Resolução
A nossa primeira conta, deve ser achar o número de candidatos
que não são físicos, biólogos e nem químicos.
n (F ∪B∪Q)=n(F)+n(B)+n(Q)+n(F∩B∩Q)-n(F∩B)-n(F∩Q)-
-n(B∩Q)
n(F ∪B∪Q)=80+90+55+8-32-23-16=162
Temos um total de 250 candidatos
250-162=88
Resposta: A.

4
MATEMÁTICA
Exemplo 3
NÚMEROS REAIS: O CONJUNTO DOS NÚMEROS NATU- 25-(50-30)+4x5
RAIS - OPERAÇÕES, DIVISIBILIDADE, DECOMPOSIÇÃO 25-20+20=25
DE UM NÚMERO NATURAL NOS SEUS FATORES PRI-
MOS, MÁXIMO DIVISOR COMUM E MÍNIMO MÚLTI- Números Inteiros
PLO COMUM DE DOIS OU MAIS NÚMEROS NATURAIS. Podemos dizer que este conjunto é composto pelos números
O CONJUNTO DOS NÚMEROS INTEIROS - OPERAÇÕES, naturais, o conjunto dos opostos dos números naturais e o zero.
MÚLTIPLOS E DIVISORES. O CONJUNTO DOS NÚME- Este conjunto pode ser representado por:
ROS RACIONAIS - PROPRIEDADES, OPERAÇÕES, VALOR
ABSOLUTO DE UM NÚMERO, POTENCIAÇÃO E RADI-
CIAÇÃO. O CONJUNTO DOS NÚMEROS REAIS - NÚME-
ROS IRRACIONAIS, A RETA REAL, INTERVALOS
Subconjuntos do conjunto :
Números Naturais 1)Conjunto dos números inteiros excluindo o zero
Os números naturais são o modelo matemático necessário
para efetuar uma contagem. {...-2, -1, 1, 2, ...}
Começando por zero e acrescentando sempre uma unidade,
obtemos o conjunto infinito dos números naturais 2) Conjuntos dos números inteiros não negativos

{0, 1, 2, ...}

3) Conjunto dos números inteiros não positivos


- Todo número natural dado tem um sucessor
a) O sucessor de 0 é 1. {...-3, -2, -1}
b) O sucessor de 1000 é 1001.
c) O sucessor de 19 é 20. Números Racionais
Chama-se de número racional a todo número que pode ser ex-
Usamos o * para indicar o conjunto sem o zero. presso na forma , onde a e b são inteiros quaisquer, com b≠0
São exemplos de números racionais:
{1,2,3,4,5,6... . } -12/51
-3
- Todo número natural dado N, exceto o zero, tem um anteces-
sor (número que vem antes do número dado). -(-3)
Exemplos: Se m é um número natural finito diferente de zero. -2,333...
a) O antecessor do número m é m-1.
b) O antecessor de 2 é 1. As dízimas periódicas podem ser representadas por fração,
c) O antecessor de 56 é 55. portanto são consideradas números racionais.
d) O antecessor de 10 é 9. Como representar esses números?

Expressões Numéricas Representação Decimal das Frações


Nas expressões numéricas aparecem adições, subtrações, mul- Temos 2 possíveis casos para transformar frações em decimais
tiplicações e divisões. Todas as operações podem acontecer em
uma única expressão. Para resolver as expressões numéricas utili- 1º) Decimais exatos: quando dividirmos a fração, o número de-
zamos alguns procedimentos: cimal terá um número finito de algarismos após a vírgula.

Se em uma expressão numérica aparecer as quatro operações,


devemos resolver a multiplicação ou a divisão primeiramente, na
ordem em que elas aparecerem e somente depois a adição e a sub-
tração, também na ordem em que aparecerem e os parênteses são
resolvidos primeiro.

Exemplo 1
10 + 12 – 6 + 7
22 – 6 + 7
16 + 7 2º) Terá um número infinito de algarismos após a vírgula, mas
23 lembrando que a dízima deve ser periódica para ser número racio-
nal
Exemplo 2 OBS: período da dízima são os números que se repetem, se
40 – 9 x 4 + 23 não repetir não é dízima periódica e assim números irracionais, que
40 – 36 + 23 trataremos mais a frente.
4 + 23
27

5
MATEMÁTICA
– A soma de um número racional com um número irracional é
sempre um número irracional.
– A diferença de dois números irracionais, pode ser um número
racional.
– Os números irracionais não podem ser expressos na forma ,
com a e b inteiros e b≠0.

Exemplo: - = 0 e 0 é um número racional.


Representação Fracionária dos Números Decimais
1ºcaso) Se for exato, conseguimos sempre transformar com o – O quociente de dois números irracionais, pode ser um núme-
denominador seguido de zeros. ro racional.
O número de zeros depende da casa decimal. Para uma casa,
um zero (10) para duas casas, dois zeros(100) e assim por diante. Exemplo: : = = 2 e 2 é um número racional.

– O produto de dois números irracionais, pode ser um número


racional.

Exemplo: . = = 7 é um número racional.

Exemplo: radicais( a raiz quadrada de um número na-


tural, se não inteira, é irracional.

Números Reais

2ºcaso) Se dízima periódica é um número racional, então como


podemos transformar em fração?

Exemplo 1
Transforme a dízima 0, 333... .em fração
Sempre que precisar transformar, vamos chamar a dízima dada
de x, ou seja
X=0,333...

Se o período da dízima é de um algarismo, multiplicamos por


10.
10x=3,333...
Fonte: www.estudokids.com.br
E então subtraímos:
10x-x=3,333...-0,333... Representação na reta
9x=3
X=3/9
X=1/3

Agora, vamos fazer um exemplo com 2 algarismos de período.

Exemplo 2
Seja a dízima 1,1212...
Façamos x = 1,1212... Intervalos limitados
100x = 112,1212... . Intervalo fechado – Números reais maiores do que a ou iguais a
e menores do que b ou iguais a b.
Subtraindo:
100x-x=112,1212...-1,1212...
99x=111
X=111/99
Intervalo:[a,b]
Números Irracionais Conjunto: {x ϵ R|a≤x≤b}
Identificação de números irracionais
– Todas as dízimas periódicas são números racionais. Intervalo aberto – números reais maiores que a e menores que
– Todos os números inteiros são racionais. b.
– Todas as frações ordinárias são números racionais.
– Todas as dízimas não periódicas são números irracionais.
– Todas as raízes inexatas são números irracionais.

6
MATEMÁTICA
Intervalo:]a,b[ Casos
Conjunto:{xϵR|a<x<b} 1) Todo número elevado ao expoente 0 resulta em 1.

Intervalo fechado à esquerda – números reais maiores que a ou


iguais a A e menores do que B.

2) Todo número elevado ao expoente 1 é o próprio número.

Intervalo:{a,b[
Conjunto {x ϵ R|a≤x<b}

Intervalo fechado à direita – números reais maiores que a e 3) Todo número negativo, elevado ao expoente par, resulta em
menores ou iguais a b. um número positivo.

Intervalo:]a,b]
Conjunto:{x ϵ R|a<x≤b} 4) Todo número negativo, elevado ao expoente ímpar, resulta
em um número negativo.
Intervalos Ilimitados
Semirreta esquerda, fechada de origem b- números reais me-
nores ou iguais a b.

5) Se o sinal do expoente for negativo, devemos passar o sinal


para positivo e inverter o número que está na base.
Intervalo:]-∞,b]
Conjunto:{x ϵ R|x≤b}

Semirreta esquerda, aberta de origem b – números reais me-


nores que b.

6) Toda vez que a base for igual a zero, não importa o valor do
expoente, o resultado será igual a zero.
Intervalo:]-∞,b[
Conjunto:{x ϵ R|x<b}

Semirreta direita, fechada de origem a – números reais maiores


ou iguais a A.
Propriedades
1) (am . an = am+n) Em uma multiplicação de potências de mesma
base, repete-se a base e soma os expoentes.

Intervalo:[a,+ ∞[ Exemplos:
Conjunto:{x ϵ R|x≥a} 24 . 23 = 24+3= 27
(2.2.2.2) .( 2.2.2)= 2.2.2. 2.2.2.2= 27
Semirreta direita, aberta, de origem a – números reais maiores
que a.

2) (am: an = am-n). Em uma divisão de potência de mesma base.


Conserva-se a base e subtraem os expoentes.
Intervalo:]a,+ ∞[
Conjunto:{x ϵ R|x>a} Exemplos:
96 : 92 = 96-2 = 94
Potenciação
Multiplicação de fatores iguais

2³=2.2.2=8

7
MATEMÁTICA
3) (am)n Potência de potência. Repete-se a base e multiplica-se
os expoentes.
a ∈ R+ , b ∈ R+ , n ∈ N * ,

Exemplos: Então:
(52)3 = 52.3 = 56
n
a.b = n a .n b

O radical de índice inteiro e positivo de um produto indicado é


igual ao produto dos radicais de mesmo índice dos fatores do radi-
4) E uma multiplicação de dois ou mais fatores elevados a um cando.
expoente, podemos elevar cada um a esse mesmo expoente.
(4.3)²=4².3² Raiz quadrada de frações ordinárias

5) Na divisão de dois fatores elevados a um expoente, podemos 1 1


elevar separados. 2 2 2 2 2
2
Observe: =  = 1 =
3 3 3
32
a na
* *
De modo geral, se a ∈ R+ , b ∈ R , n ∈ N , então: n =
+
b nb
Radiciação
Radiciação é a operação inversa a potenciação O radical de índice inteiro e positivo de um quociente indicado
é igual ao quociente dos radicais de mesmo índice dos termos do
radicando.

Raiz quadrada números decimais

Técnica de Cálculo
A determinação da raiz quadrada de um número torna-se mais
fácil quando o algarismo se encontra fatorado em números primos. Operações
Veja:

64 2
32 2
16 2
Operações
8 2
4 2
Multiplicação
2 2
1 Exemplo
64=2.2.2.2.2.2=26

Como é raiz quadrada a cada dois números iguais “tira-se” um


e multiplica. Divisão

Exemplo
Observe:

1 1 1
3.5 = (3.5) = 3 .5 = 3. 5
2 2 2 Adição e subtração

Para fazer esse cálculo, devemos fatorar o 8 e o 20.


De modo geral, se

8 2 20 2

8
MATEMÁTICA

4 2 10 2 Observações:
– Todo número natural é múltiplo de si mesmo.
2 2 5 5 – Todo número natural é múltiplo de 1.
1 1 – Todo número natural, diferente de zero, tem infinitos múlti-
plos.
- O zero é múltiplo de qualquer número natural.

Máximo Divisor Comum


Caso tenha: O máximo divisor comum de dois ou mais números naturais
não-nulos é o maior dos divisores comuns desses números.
Não dá para somar, as raízes devem ficar desse modo. Para calcular o m.d.c de dois ou mais números, devemos seguir
as etapas:
Racionalização de Denominadores • Decompor o número em fatores primos
Normalmente não se apresentam números irracionais com • Tomar o fatores comuns com o menor expoente
radicais no denominador. Ao processo que leva à eliminação dos • Multiplicar os fatores entre si.
radicais do denominador chama-se racionalização do denominador.
1º Caso: Denominador composto por uma só parcela Exemplo:

15 3 24 2
5 5 12 2
1 6 2
3 3
1
2º Caso: Denominador composto por duas parcelas.
15 = 3.5 24 = 23.3

O fator comum é o 3 e o 1 é o menor expoente.


m.d.c
(15,24) = 3
Devemos multiplicar de forma que obtenha uma diferença de
quadrados no denominador: Mínimo Múltiplo Comum
O mínimo múltiplo comum (m.m.c) de dois ou mais números é
o menor número, diferente de zero.

Para calcular devemos seguir as etapas:


Múltiplos • Decompor os números em fatores primos
Um número é múltiplo de outro quando ao dividirmos o pri- • Multiplicar os fatores entre si
meiro pelo segundo, o resto é zero.
Exemplo:
Exemplo
15,24 2
15,12 2
15,6 2
15,3 3
5,1 5
O conjunto de múltiplos de um número natural não-nulo é in-
1
finito e podemos consegui-lo multiplicando-se o número dado por
todos os números naturais.
Para o mmc, fica mais fácil decompor os dois juntos.
M(3)={0,3,6,9,12,...}
Basta começar sempre pelo menor primo e verificar a divisão
com algum dos números, não é necessário que os dois sejam divisí-
Divisores
veis ao mesmo tempo.
Os números 12 e 15 são múltiplos de 3, portanto 3 é divisor de
Observe que enquanto o 15 não pode ser dividido, continua
12 e 15.
aparecendo.
D(12)={1,2,3,4,6,12}
D(15)={1,3,5,15}
Assim, o mmc (15,24) = 23.3.5 = 120

9
MATEMÁTICA
Exemplo
O piso de uma sala retangular, medindo 3,52 m × 4,16 m, será revestido com ladrilhos quadrados, de mesma dimensão, inteiros, de
forma que não fique espaço vazio entre ladrilhos vizinhos. Os ladrilhos serão escolhidos de modo que tenham a maior dimensão possível.
Na situação apresentada, o lado do ladrilho deverá medir
(A) mais de 30 cm.
(B) menos de 15 cm.
(C) mais de 15 cm e menos de 20 cm.
(D) mais de 20 cm e menos de 25 cm.
(E) mais de 25 cm e menos de 30 cm.
Resposta: A.

352 2 416 2
176 2 208 2
88 2 104 2
44 2 52 2
22 2 26 2
11 11 13 13
1 1

Devemos achar o mdc para achar a maior medida possível


E são os fatores que temos iguais:25=32

Exemplo
(MPE/SP – Oficial de Promotora I – VUNESP/2016) No aeroporto de uma pequena cidade chegam aviões de três companhias aéreas.
Os aviões da companhia A chegam a cada 20 minutos, da companhia B a cada 30 minutos e da companhia C a cada 44 minutos. Em um
domingo, às 7 horas, chegaram aviões das três companhias ao mesmo tempo, situação que voltará a se repetir, nesse mesmo dia, às:
(A) 16h 30min.
(B) 17h 30min.
(C) 18h 30min.
(D) 17 horas.
(E) 18 horas.

Resposta: E.
20,30,44 2
10,15,22 2
5,15,11 3
5,5,11 5
1,1,11 11
1,1,1

Mmc(20,30,44)=2².3.5.11=660

1h---60minutos
x-----660
x=660/60=11

Então será depois de 11horas que se encontrarão


7+11=18h

UNIDADES DE MEDIDAS: COMPRIMENTO, ÁREA, VOLUME, MASSA, TEMPO, ÂNGULO E VELOCIDADE. CONVERSÃO
DE MEDIDAS

UNIDADES DE COMPRIMENTO
km hm dam m dm cm mm
Quilômetro Hectômetro Decâmetro Metro Decímetro Centímetro Milímetro
1000m 100m 10m 1m 0,1m 0,01m 0,001m

10
MATEMÁTICA
Os múltiplos do metro são utilizados para medir grandes distâncias, enquanto os submúltiplos, para pequenas distâncias. Para medi-
das milimétricas, em que se exige precisão, utilizamos:

mícron (µ) = 10-6 m angströn (Å) = 10-10 m

Para distâncias astronômicas utilizamos o Ano-luz (distância percorrida pela luz em um ano):
Ano-luz = 9,5 · 1012 km

Exemplos de Transformação
1m=10dm=100cm=1000mm=0,1dam=0,01hm=0,001km
1km=10hm=100dam=1000m

Ou seja, para transformar as unidades, quando “ andamos” para direita multiplica por 10 e para a esquerda divide por 10.

Superfície
A medida de superfície é sua área e a unidade fundamental é o metro quadrado(m²).

Para transformar de uma unidade para outra inferior, devemos observar que cada unidade é cem vezes maior que a unidade imedia-
tamente inferior. Assim, multiplicamos por cem para cada deslocamento de uma unidade até a desejada.

UNIDADES DE ÁREA
km 2
hm 2
dam 2
m2 dm2 cm2 mm2
Quilômetro Hectômetro Decâmetro Metro Decímetro Centímetro Milímetro
Quadrado Quadrado Quadrado Quadrado Quadrado Quadrado Quadrado
1000000m2 10000m2 100m2 1m2 0,01m2 0,0001m2 0,000001m2

Exemplos de Transformação
1m²=100dm²=10000cm²=1000000mm²
1km²=100hm²=10000dam²=1000000m²

Ou seja, para transformar as unidades, quando “ andamos” para direita multiplica por 100 e para a esquerda divide por 100.

Volume
Os sólidos geométricos são objetos tridimensionais que ocupam lugar no espaço. Por isso, eles possuem volume. Podemos encontrar
sólidos de inúmeras formas, retangulares, circulares, quadrangulares, entre outras, mas todos irão possuir volume e capacidade.

UNIDADES DE VOLUME
km 3
hm 3
dam3 m3 dm3 cm3 mm3
Quilômetro Hectômetro Decâmetro Metro Decímetro Centímetro Milímetro
Cúbico Cúbico Cúbico Cúbico Cúbico Cúbico Cúbico
1000000000m3 1000000m3 1000m3 1m3 0,001m3 0,000001m3 0,000000001m3

Capacidade
Para medirmos a quantidade de leite, sucos, água, óleo, gasolina, álcool entre outros utilizamos o litro e seus múltiplos e submúltiplos,
unidade de medidas de produtos líquidos.
Se um recipiente tem 1L de capacidade, então seu volume interno é de 1dm³

1L=1dm³

UNIDADES DE CAPACIDADE
kl hl dal l dl cl ml
Quilolitro Hectolitro Decalitro Litro Decilitro Centilitro Mililitro
1000l 100l 10l 1l 0,1l 0,01l 0,001l

11
MATEMÁTICA
Massa

Unidades de Capacidade
kg hg dag g g dg cg mg
Quilograma Hectograma Decagrama Grama Grama Decigrama Centigrama Miligrama
1000g 100g 10g 1g 0,1g 0,1g 0,01g 0,001

Toda vez que andar 1 casa para direita, multiplica por 10 e quando anda para esquerda divide por 10.
E uma outra unidade de massa muito importante é a tonelada
1 tonelada=1000kg

Tempo
A unidade fundamental do tempo é o segundo(s).
É usual a medição do tempo em várias unidades, por exemplo: dias, horas, minutos

Transformação de unidades
Deve-se saber:
1 dia=24horas
1hora=60minutos
1 minuto=60segundos
1hora=3600s

Adição de tempo
Exemplo: Estela chegou ao 15h 35minutos. Lá, bateu seu recorde de nado livre e fez 1 minuto e 25 segundos. Demorou 30 minutos
para chegar em casa. Que horas ela chegou?

15h 35 minutos
1 minutos 25 segundos
30 minutos
--------------------------------------------------
15h 66 minutos 25 segundos

Não podemos ter 66 minutos, então temos que transferir para as horas, sempre que passamos de um para o outro tem que ser na
mesma unidade, temos que passar 1 hora=60 minutos
Então fica: 16h6 minutos 25segundos
Vamos utilizar o mesmo exemplo para fazer a operação inversa.

Subtração
Vamos dizer que sabemos que ela chegou em casa as 16h6 minutos 25 segundos e saiu de casa às 15h 35 minutos. Quanto tempo
ficou fora?

11h 60 minutos
16h 6 minutos 25 segundos
-15h 35 min
--------------------------------------------------

Não podemos tirar 6 de 35, então emprestamos, da mesma forma que conta de subtração.
1hora=60 minutos

15h 66 minutos 25 segundos


15h 35 minutos
--------------------------------------------------
0h 31 minutos 25 segundos

12
MATEMÁTICA
Multiplicação Exemplo: A fração 3/4 está em proporção com 6/8, pois:
Pedro pensou em estudar durante 2h 40 minutos, mas demo-
rou o dobro disso. Quanto tempo durou o estudo?

2h 40 minutos
Exercício: Determinar o valor de X para que a razão X/3 esteja
x2 em proporção com 4/6.
----------------------------
Solução: Deve-se montar a proporção da seguinte forma:
4h 80 minutos OU
5h 20 minutos

Divisão
5h 20 minutos : 2

2 Segunda propriedade das proporções


5h 20 minutos
Qualquer que seja a proporção, a soma ou a diferença dos dois
1h 20 minutos 2h 40 minutos primeiros termos está para o primeiro, ou para o segundo termo,
assim como a soma ou a diferença dos dois últimos termos está
80 minutos
para o terceiro, ou para o quarto termo. Então temos:
0

1h 20 minutos, transformamos para minutos :60+20=80minu-


tos

Ou
PROPORCIONALIDADE: RAZÕES E PROPORÇÕES,
GRANDEZAS DIRETA E INVERSAMENTE PROPORCIO-
NAIS

Razão
Ou
Chama-se de razão entre dois números racionais a e b, com b
0, ao quociente entre eles. Indica-se a razão de a para b por a/bou
a : b.

Exemplo:
Na sala do 1º ano de um colégio há 20 rapazes e 25 moças. Ou
Encontre a razão entre o número de rapazes e o número de moças.
(lembrando que razão é divisão)

Terceira propriedade das proporções


Qualquer que seja a proporção, a soma ou a diferença dos an-
Proporção tecedentes está para a soma ou a diferença dos consequentes, as-
sim como cada antecedente está para o seu respectivo consequen-
Proporção é a igualdade entre duas razões. A proporção entre te. Temos então:
A/B e C/D é a igualdade:

Propriedade fundamental das proporções Ou


Numa proporção:

Os números A e D são denominados extremos enquanto os nú- Ou


meros B e C são os meios e vale a propriedade: o produto dos meios
é igual ao produto dos extremos, isto é:

AxD=BxC

13
MATEMÁTICA
Ou

Exemplo
Grandezas Diretamente Proporcionais Carlos e João resolveram realizar um bolão da loteria. Carlos
entrou com R$ 10,00 e João com R$ 15,00. Caso ganhem o prêmio
Duas grandezas variáveis dependentes são diretamente pro- de R$ 525.000,00, qual será a parte de cada um, se o combinado
porcionais quando a razão entre os valores da 1ª grandeza é igual a entre os dois foi de dividirem o prêmio de forma diretamente pro-
razão entre os valores correspondentes da 2ª, ou de uma maneira porcional?
mais informal, se eu pergunto:
Quanto mais.....mais....

Exemplo
Distância percorrida e combustível gasto

DISTÂNCIA (KM) COMBUSTÍVEL (LITROS)


13 1
26 2
39 3 Carlos ganhará R$210000,00 e Carlos R$315000,00.
52 4
Inversamente Proporcionais
Quanto MAIS eu ando, MAIS combustível? Para decompor um número M em n partes X1, X2, ..., Xn inver-
Diretamente proporcionais samente proporcionais a p1, p2, ..., pn, basta decompor este número
Se eu dobro a distância, dobra o combustível M em n partes X1, X2, ..., Xn diretamente proporcionais a 1/p1, 1/p2,
..., 1/pn. A montagem do sistema com n equações e n incógnitas,
Grandezas Inversamente Proporcionais assume que X1+X2+...+ Xn=M e além disso

Duas grandezas variáveis dependentes são inversamente pro-


porcionais quando a razão entre os valores da 1ª grandeza é igual
ao inverso da razão entre os valores correspondentes da 2ª.
Quanto mais....menos...

Exemplo cuja solução segue das propriedades das proporções:


Velocidade x Tempo a tabela abaixo:

VELOCIDADE (M/S) TEMPO (S)


5 200
8 125
10 100 REGRA DE TRÊS SIMPLES E COMPOSTA
16 62,5
Regra de três simples
20 50 Regra de três simples é um processo prático para resolver pro-
blemas que envolvam quatro valores dos quais conhecemos três
Quanto MAIOR a velocidade MENOS tempo?? deles. Devemos, portanto, determinar um valor a partir dos três já
Inversamente proporcional conhecidos.
Se eu dobro a velocidade, eu faço o tempo pela metade.
Passos utilizados numa regra de três simples:
Diretamente Proporcionais 1º) Construir uma tabela, agrupando as grandezas da mesma
Para decompor um número M em partes X1, X2, ..., Xn direta- espécie em colunas e mantendo na mesma linha as grandezas de
mente proporcionais a p1, p2, ..., pn, deve-se montar um sistema espécies diferentes em correspondência.
com n equações e n incógnitas, sendo as somas X1+X2+...+Xn=M e 2º) Identificar se as grandezas são diretamente ou inversamen-
p1+p2+...+pn=P. te proporcionais.
3º) Montar a proporção e resolver a equação.
Um trem, deslocando-se a uma velocidade média de 400Km/h,
faz um determinado percurso em 3 horas. Em quanto tempo faria
esse mesmo percurso, se a velocidade utilizada fosse de 480km/h?
A solução segue das propriedades das proporções:

14
MATEMÁTICA
Solução: montando a tabela: 5↑ ----- X↓ ----- 125 ↓
1) Velocidade (Km/h) Tempo (h) Obs.: Assim devemos inverter a primeira coluna ficando:

400 ----- 3 HORAS CAMINHÕES VOLUME


480 ----- X 8 ----- 20 ----- 160
2) Identificação do tipo de relação: 5 ----- X ----- 125

VELOCIDADE Tempo
400 ↓ ----- 3↑
480 ↓ ----- X↑
Logo, serão necessários 25 caminhões
Obs.: como as setas estão invertidas temos que inverter os nú-
meros mantendo a primeira coluna e invertendo a segunda coluna PORCENTAGENS
ou seja o que está em cima vai para baixo e o que está em baixo na
segunda coluna vai para cima
Porcentagem é uma fração cujo denominador é 100, seu sím-
bolo é (%). Sua utilização está tão disseminada que a encontramos
VELOCIDADE Tempo nos meios de comunicação, nas estatísticas, em máquinas de cal-
400 ↓ ----- 3↓ cular, etc.
480 ↓ ----- X↓
Os acréscimos e os descontos é importante saber porque ajuda
muito na resolução do exercício.
480x=1200
X=25
Acréscimo
Se, por exemplo, há um acréscimo de 10% a um determina-
Regra de três composta
do valor, podemos calcular o novo valor apenas multiplicando esse
Regra de três composta é utilizada em problemas com mais de
valor por 1,10, que é o fator de multiplicação. Se o acréscimo for
duas grandezas, direta ou inversamente proporcionais.
de 20%, multiplicamos por 1,20, e assim por diante. Veja a tabela
abaixo:
Exemplos:
1) Em 8 horas, 20 caminhões descarregam 160m³ de areia. Em
5 horas, quantos caminhões serão necessários para descarregar ACRÉSCIMO OU LUCRO FATOR DE MULTIPLICAÇÃO
125m³? 10% 1,10
Solução: montando a tabela, colocando em cada coluna as 15% 1,15
grandezas de mesma espécie e, em cada linha, as grandezas de es- 20% 1,20
pécies diferentes que se correspondem:
47% 1,47

HORAS CAMINHÕES VOLUME 67% 1,67

8↑ ----- 20 ↓ ----- 160 ↑ Exemplo: Aumentando 10% no valor de R$10,00 temos:


5↑ ----- X↓ ----- 125 ↑
10 x 1,10 = R$ 11,00
A seguir, devemos comparar cada grandeza com aquela onde
está o x. Desconto
No caso de haver um decréscimo, o fator de multiplicação será:
Observe que: Fator de Multiplicação =1 - taxa de desconto (na forma decimal)
Aumentando o número de horas de trabalho, podemos dimi- Veja a tabela abaixo:
nuir o número de caminhões. Portanto a relação é inversamente
proporcional (seta para cima na 1ª coluna). DESCONTO FATOR DE MULTIPLICAÇÃO
Aumentando o volume de areia, devemos aumentar o número
de caminhões. Portanto a relação é diretamente proporcional (seta 10% 0,90
para baixo na 3ª coluna). Devemos igualar a razão que contém o 25% 0,75
termo x com o produto das outras razões de acordo com o sentido
das setas. 34% 0,66
Montando a proporção e resolvendo a equação temos: 60% 0,40
90% 0,10
HORAS CAMINHÕES VOLUME
8↑ ----- 20 ↓ ----- 160 ↓ Exemplo: Descontando 10% no valor de R$10,00 temos:

15
MATEMÁTICA
10 X 0,90 = R$ 9,00 Taxa de juros e Tempo
A taxa de juros indica qual remuneração será paga ao dinheiro
Chamamos de lucro em uma transação comercial de compra e emprestado, para um determinado período. Ela vem normalmente
venda a diferença entre o preço de venda e o preço de custo. expressa da forma percentual, em seguida da especificação do perí-
Lucro=preço de venda -preço de custo odo de tempo a que se refere:
8 % a.a. - (a.a. significa ao ano).
Podemos expressar o lucro na forma de porcentagem de duas 10 % a.t. - (a.t. significa ao trimestre).
formas:
Outra forma de apresentação da taxa de juros é a unitária, que
é igual a taxa percentual dividida por 100, sem o símbolo %:
0,15 a.m. - (a.m. significa ao mês).
0,10 a.q. - (a.q. significa ao quadrimestre)

Montante
Também conhecido como valor acumulado é a soma do Capi-
tal Inicial com o juro produzido em determinado tempo.
Exemplo Essa fórmula também será amplamente utilizada para resolver
(DPE/RR – Analista de Sistemas – FCC/2015) Em sala de aula questões.
com 25 alunos e 20 alunas, 60% desse total está com gripe. Se x% M=C+J
das meninas dessa sala estão com gripe, o menor valor possível M = montante
para x é igual a C = capital inicial
(A) 8. J = juros
(B) 15. M=C+C.i.n
(C) 10. M=C(1+i.n)
(D) 6.
(E) 12. Juros Simples
Chama-se juros simples a compensação em dinheiro pelo em-
Resolução préstimo de um capital financeiro, a uma taxa combinada, por um
45------100% prazo determinado, produzida exclusivamente pelo capital inicial.
X-------60% Em Juros Simples a remuneração pelo capital inicial aplicado
X=27 é diretamente proporcional ao seu valor e ao tempo de aplicação.
A expressão matemática utilizada para o cálculo das situações
O menor número de meninas possíveis para ter gripe é se to- envolvendo juros simples é a seguinte:
dos os meninos estiverem gripados, assim apenas 2 meninas estão. J = C i n, onde:
J = juros
C = capital inicial
i = taxa de juros
n = tempo de aplicação (mês, bimestre, trimestre, semestre,
ano...)
Resposta: C.
Observação importante: a taxa de juros e o tempo de aplica-
ção devem ser referentes a um mesmo período. Ou seja, os dois
JUROS SIMPLES E COMPOSTOS devem estar em meses, bimestres, trimestres, semestres, anos... O
que não pode ocorrer é um estar em meses e outro em anos, ou
Matemática Financeira qualquer outra combinação de períodos.
A Matemática Financeira possui diversas aplicações no atual Dica: Essa fórmula J = C i n, lembra as letras das palavras “JU-
sistema econômico. Algumas situações estão presentes no cotidia- ROS SIMPLES” e facilita a sua memorização.
no das pessoas, como financiamentos de casa e carros, realizações Outro ponto importante é saber que essa fórmula pode ser tra-
de empréstimos, compras a crediário ou com cartão de crédito, balhada de várias maneiras para se obter cada um de seus valores,
aplicações financeiras, investimentos em bolsas de valores, entre ou seja, se você souber três valores, poderá conseguir o quarto, ou
outras situações. Todas as movimentações financeiras são baseadas seja, como exemplo se você souber o Juros (J), o Capital Inicial (C)
na estipulação prévia de taxas de juros. Ao realizarmos um emprés- e a Taxa (i), poderá obter o Tempo de aplicação (n). E isso vale para
timo a forma de pagamento é feita através de prestações mensais qualquer combinação.
acrescidas de juros, isto é, o valor de quitação do empréstimo é
superior ao valor inicial do empréstimo. A essa diferença damos o
nome de juros.

Capital
O Capital é o valor aplicado através de alguma operação finan-
ceira. Também conhecido como: Principal, Valor Atual, Valor Pre-
sente ou Valor Aplicado. Em inglês usa-se Present Value (indicado
pela tecla PV nas calculadoras financeiras).

16
MATEMÁTICA
Exemplo
Maria quer comprar uma bolsa que custa R$ 85,00 à vista. CÁLCULO ALGÉBRICO: OPERAÇÕES COM EXPRESSÕES
Como não tinha essa quantia no momento e não queria perder a ALGÉBRICAS, IDENTIDADES ALGÉBRICAS
oportunidade, aceitou a oferta da loja de pagar duas prestações de
R$ 45,00, uma no ato da compra e outra um mês depois. A taxa de Expressões Algébricas são aquelas que contêm números e le-
juros mensal que a loja estava cobrando nessa operação era de: tras.
(A) 5,0% Ex: 2ax²+bx
(B) 5,9%
(C) 7,5% Variáveis são as letras das expressões algébricas que repre-
(D) 10,0% sentam um número real e que de princípio não possuem um valor
(E) 12,5% definido.
Resposta Letra “e”. Valor numérico de uma expressão algébrica é o número que
obtemos substituindo as variáveis por números e efetuamos suas
O juros incidiu somente sobre a segunda parcela, pois a pri- operações.
meira foi à vista. Sendo assim, o valor devido seria R$40 (85-45) e a Ex: Sendo x =1 e y = 2, calcule o valor numérico (VN) da expres-
parcela a ser paga de R$45. são:
Aplicando a fórmula M = C + J: x² + y »1²+ 2 =3Portando o valor numérico da expressão é 3.
45 = 40 + J
J=5 Monômio: os números e letras estão ligados apenas por pro-
Aplicando a outra fórmula J = C i n: dutos.
5 = 40 X i X 1 Ex : 4x
i = 0,125 = 12,5%
Polinômio: é a soma ou subtração de monômios.
Juros Compostos Ex: 4x+2y
o juro de cada intervalo de tempo é calculado a partir do saldo
no início de correspondente intervalo. Ou seja: o juro de cada in- Termos semelhantes: são aqueles que possuem partes literais
tervalo de tempo é incorporado ao capital inicial e passa a render iguais ( variáveis )
juros também. Ex: 2 x³ y² ze 3 x³ y² z» são termos semelhantes pois possuem a
mesma parte literal.
Quando usamos juros simples e juros compostos?
A maioria das operações envolvendo dinheiro utilizajuros com-
postos. Estão incluídas: compras a médio e longo prazo, compras Adição e Subtração de expressões algébricas
com cartão de crédito, empréstimos bancários, as aplicações finan- Para determinarmos a soma ou subtração de expressões algé-
ceiras usuais como Caderneta de Poupança e aplicações em fundos bricas, basta somar ou subtrair os termos semelhantes.
de renda fixa, etc. Raramente encontramos uso para o regime de Assim: 2 x³ y² z + 3x³ y² z = 5x³ y² z ou 2 x³ y² z -3x³ y² z = -x³ y² z
juros simples: é o caso das operações de curtíssimo prazo, e do pro- Convém lembrar dos jogos de sinais.
cesso de desconto simples de duplicatas. Na expressão ( x³ + 2 y² + 1 ) – ( y ² - 2 ) = x³ +2 y² + 1 – y² + 2 =
x³ + y² +3
O cálculo do montante é dado por:
Multiplicaçãoe Divisão de expressões algébricas
M = C (1 + i)t
Na multiplicação e divisão de expressões algébricas, devemos
Exemplo usar a propriedade distributiva.
Calcule o juro composto que será obtido na aplicação de Exemplos:
R$25000,00 a 25% ao ano, durante 72 meses 1) a ( x+y ) = ax + ay
C = 25000 2) (a+b)(x+y) = ax + ay + bx + by
i = 25%aa = 0,25 3) x ( x ² + y ) = x³ + xy
i = 72 meses = 6 anos
Para multiplicarmos potências de mesma base, conservamos a
M = C (1 + i)t base e somamos os expoentes.
M = 25000 (1 + 0,25)6 Na divisão de potências devemos conservar a base e subtrair
M = 25000 (1,25)6 os expoentes
M = 95367,50
Exemplos:
M=C+J 1) 4x² :2 x = 2 x
J = 95367,50 - 25000 = 70367,50 2) ( 6 x³ - 8 x ) : 2 x = 3 x² - 4
3) (x4 - 5x3 + 9x2 - 7x+2) :(x2 - 2x + 1) = x2 - 3x +2

17
MATEMÁTICA
Resolução: Para calcularmos o valor numérico de uma expressão devemos
ter o valor de sua incógnita, que no caso do exercício é a letra x.
x4 - 5x3 + 9x2 - 7x+2x2 - 2x + 1 Vamos supor que x = - 2, então substituindo no lugar do x o -2
-x4 + 2x3 - x2 x2 - 3x + 2 termos:
-3x3 + 8x2 -7x
3x3 - 6x2 -3x 6x2 - 8x
2x2 - 4x + 2 6 . (-2)2 – 8 . (-2) =
-2x2 + 4x - 2 6 . 4 + 16 =
0 24 + 16
40
Para iniciarmos as operações devemos saber o que são termos Multiplicação de monômios
semelhantes.
Dizemos que um termo é semelhante do outro quando suas Para multiplicarmos monômios não é necessário que eles se-
partes literais são idênticas. jam semelhantes, basta multiplicarmos coeficiente com coeficiente
e parte literal com parte literal. Sendo que quando multiplicamos as
Veja: partes literais devemos usar a propriedade da potência que diz: am
5x2 e 42x são dois termos, as suas partes literais são x2 e x, as . an = am + n (bases iguais na multiplicação repetimos a base e soma-
letras são iguais, mas o expoente não, então esses termos não são mos os expoentes).
semelhantes.
7ab2 e 20ab2 são dois termos, suas partes literais são ab2 e ab2, (3a2b) . (- 5ab3) na multiplicação dos dois monômios, devemos
observamos que elas são idênticas, então podemos dizer que são multiplicar os coeficientes 3 . (-5) e na parte literal multiplicamos as
semelhantes. que têm mesma base para que possamos usar a propriedade am .
an = a m + n .
Adição e subtração de monômios 3 . ( - 5) . a2 . a . b . b3
-15 a2 +1 b1 + 3
Só podemos efetuar a adição e subtração de monômios entre -15 a3b4
termos semelhantes. E quando os termos envolvidos na operação
de adição ou subtração não forem semelhantes, deixamos apenas Divisão de monômios
a operação indicada.
Veja: Para dividirmos os monômios não é necessário que eles sejam
Dado os termos 5xy2, 20xy2, como os dois termos são seme- semelhantes, basta dividirmos coeficiente com coeficiente e parte
lhantes eu posso efetuar a adição e a subtração deles. literal com parte literal. Sendo que quando dividirmos as partes lite-
5xy2 + 20xy2 devemos somar apenas os coeficientes e conservar rais devemos usar a propriedade da potência que diz: am : an = am - n
a parte literal. (bases iguais na divisão repetimos a base e diminuímos os expoen-
25 xy2 tes), sendo que a ≠ 0.
5xy2 - 20xy2 devemos subtrair apenas os coeficientes e conser- (-20x2y3) : (- 4xy3) na divisão dos dois monômios, devemos divi-
var a parte literal. dir os coeficientes -20 e - 4 e na parte literal dividirmos as que têm
- 15 xy2 mesma base para que possamos usar a propriedade am : an = am – n.
-20 : (– 4) . x2 : x . y3 : y3
Veja alguns exemplos: 5 x2 – 1 y3 – 3
- x2 - 2x2 + x2 como os coeficientes são frações devemos tirar o 5x1y0
mmc de 6 e 9. 5x
Potenciação de monômios
3x2 - 4 x2 + 18 x2
18 Na potenciação de monômios devemos novamente utilizar
17x2 uma propriedade da potenciação:
18 (I) (a . b)m = am . bm
(II) (am)n = am . n
Veja alguns exemplos:
(-5x2b6)2 aplicando a propriedade

- 4x2 + 12y3 – 7y3 – 5x2 devemos primeiro unir os termos seme- (I). (-5)2 . (x2)2 . (b6)2 aplicando a propriedade
lhantes. 12y3 – 7y3 + 4x2 – 5x2 agora efetuamos a soma e a subtração. (II) 25 . x4 . b12 25x4b12
-5y3 – x2 como os dois termos restantes não são semelhantes,
devemos deixar apenas indicado à operação dos monômios. Importante: Numa expressão algébrica, se todos os monômios
Reduza os termos semelhantes na expressão 4x2 – 5x -3x + 2x2. ou termos são semelhantes, podemos tornar mais simples a expres-
Depois calcule o seu valor numérico da expressão. 4x2 – 5x - 3x + 2x2 são somando algebricamente os coeficientes numéricos e manten-
reduzindo os termos semelhantes. 4x2 + 2x2 – 5x - 3x do a parte literal.
6x2 - 8x os termos estão reduzidos, agora vamos achar o valor
numérico dessa expressão.

18
MATEMÁTICA
Sistema de equações lineares Matriz incompleta

Um sistema de equações lineares mxn é um conjunto de m


equações lineares, cada uma delas com n incógnitas.

Classificação

1. Sistema Possível e Determinado

O par ordenado (2, 1) é solução da equação, pois


Em que:

Como não existe outro par que satisfaça simultaneamente as


duas equações, dizemos que esse sistema é SPD(Sistema Possível e
Determinado), pois possui uma única solução.

2. Sistema Possível e Indeterminado


Sistema Linear 2 x 2

Chamamos de sistema linear 2 x 2 o con­junto de equações line-


ares a duas incógnitas, consideradas simultaneamente.
Todo sistema linear 2 x 2 admite a forma geral abaixo: esse tipo de sistema possui infinitas soluções, os valores de x
e y assumem inúmeros valores. Observe o sistema a seguir, x e y
podem assumir mais de um valor, (0,4), (1,3), (2,2), (3,1) e etc.
a1 x + b1 y = c1
 3. Sistema Impossível
a2 + b2 y = c2

Sistema Linear 3x3


Não existe um par real que satisfaça simultaneamente as duas
equações. Logo o sistema não tem solução, portanto é impossível.

Sistemas Lineares equivalentes Sistema Escalonado

Dois sistemas lineares que admitem o mesmo conjunto solução Sistema Linear Escalonado é todo sistema no qual as incógnitas
são ditos equivalentes. Por exemplo: das equações lineares estão escritas em uma mesma ordem e o 1º
coeficiente não-nulo de cada equação está à direita do 1º coeficien-
te não-nulo da equação anterior.

Exemplo
Sistema 2x2 escalonado.
São equivalentes, pois ambos têm o mesmo conjunto solução
S={(1,2)}
Denominamos solução do sistema linear toda sequência or-
denada de números reais que verifica, simultaneamente, todas as
equações do sistema. Sistema 3x3
Dessa forma, resolver um sistema significa encontrar todas as A primeira equação tem três coeficientes não-nulos, a segunda
sequências ordenadas de números reais que satisfaçam as equa- tem dois e a terceira, apenas um.
ções do sistema.

Matriz Associada a um Sistema Linear

Dado o seguinte sistema:


Sistema 2x3

19
MATEMÁTICA
Resolução de um Sistema Linear por Escalonamento Assim, para a ≠ 6, o sistema é possível e determinado.
Para a ≠ 6, temos:
Podemos transformar qualquer sistema linear em um outro
x + 3 y = 5

equivalente pelas seguintes transformações elementares, realiza-
x + 3 y = 5
das com suas equações: 2 x + 6 y = 1 ~
-trocas as posições de duas equações  ← −2 0 x + 0 y = −9
-Multiplicar uma das equações por um número real diferente 
de 0.
-Multiplicar uma equação por um número real e adicionar o Que é um sistema impossível.
resultado a outra equação. Assim, temos:
Exemplo a ≠ 6 → SPD (Sistema possível e determinado)
a = 6 → SI (Sistema impossível)

Regra de Cramer

Inicialmente, trocamos a posição das equações, pois é conve- Consideramos os sistema .


niente ter o coeficiente igual a 1 na primeira equação.
Suponhamos que a ≠ 0. Observamos que a matriz in

completa desse sistema é , cujo determinante é


indicado por D = ad – bc.
Depois eliminamos a incógnita x da segunda equação
Multiplicando a equação por -2: Se substituirmos em M a 2ª coluna (dos coeficientes de y) pela
coluna dos coeficientes independentes,

obteremos ,cujo determinante é indicado por Dy = af


Somando as duas equações: – ce.

Assim, .

Substituindo esse valor de y na 1ª equação de (*) e

Sistemas com Número de Equações Igual ao Número de


Incógnitas considerando a matriz , cujo determinante é

Quando o sistema linear apresenta nº de equações igual ao nº


de incógnitas, para discutirmos o sistema, inicialmente calculamos indicado por Dx = ed – bf, obtemos , D ≠ 0.
o determinante D da matriz dos coeficientes (incompleta), e:
- Se D ≠ 0, o sistema é possível e determinado.
- Se D = 0, o sistema é possível e indeterminado ou impossível.
POLINÔMIOS DE COEFICIENTES REAIS - OPERAÇÕES,
Para identificarmos se o sistema é possível, indeterminado ou RAÍZES, TEOREMA DO RESTO
impossível, devemos conseguir um sistema escalonado equivalente
pelo método de eliminação de Gauss. Denomina-se polinômio a função:

Exemplos

- Discutir, em função de a, o sistema:


Grau de um polinômio
x + 3 y = 5 Se an ≠0, o expoente máximo n é dito grau do polinômio. Indi-
 camos: gr(P)=n
2 x + ay = 1 Exemplo
P(x)=7 gr(P)=0
Resolução P(x)=7x+1 gr(P)=1

1 3 Valor Numérico
O valor numérico de um polinômio P(x), para x=a, é o número
D= = a−6 que se obtém substituindo x por a e efetuando todas as operações.
2 a Exemplo
P(x)=x³+x²+1 , o valor numérico para P(x), para x=2 é:
D = 0⇒ a−6 = 0⇒ a = 6 P(2)=2³+2²+1=13
O número a é denominado raiz de P(x).

20
MATEMÁTICA
Igualdade de polinômios Divisão de Polinômios
Os polinômios p e q em P(x), definidos por: Considere P(x) e D(x), não nulos, tais que o grau de P(x) seja
P(x) = ao + a1x + a2x² + a3x³ +...+ anxn maior ou igual ao grau de D(x). Nessas condições, podemos efetuar
Q(x) = bo + b1x + b2x² + b3x³ +...+ bnxn a divisão de P(x) por D(x), encontrando o polinômio Q(x) e R(x):
P(x)=D(x)⋅Q(x)+R(x)
São iguais se, e somente se, para todo k = 0,1,2,3,...,n: P(x)=dividendo
ak = b k Q(x)=quociente
D(x)=divisor
Redução de Termos Semelhantes R(x)=resto
Assim como fizemos no caso dos monômios, também podemos
fazer a redução de polinômios através da adição algébrica dos seus Método da Chave
termos semelhantes. Passos
No exemplo abaixo realizamos a soma algébrica do primeiro 1. Ordenamos os polinômios segundo as potências decrescen-
com o terceiro termo, e do segundo com o quarto termo, reduzindo tes de x.
um polinômio de quatro termos a um outro de apenas dois. 2. Dividimos o primeiro termo de P(x) pelo primeiro de D(x),
3xy+2a²-xy+3a²=2xy+5a² obtendo o primeiro termo de Q(x).
3. Multiplicamos o termo obtido pelo divisor D(x) e subtraímos
Polinômios reduzidos de dois termos também são denomina- de P(x).
dos binômios. Polinômios reduzidos de três termos, também são 4. Continuamos até obter um resto de grau menor que o de
denominados trinômios. D(x), ou resto nulo.

Ordenação de um polinômio Exemplo


A ordem de um polinômio deve ser do maior para o menor Divida os polinômios P(x)=6x³-13x²+x+3 por D(x)=2x³-3x-1
expoente.
4x4+2x³-x²+5x-1
Este polinômio não está ordenado:
3x³+4x5-x²

Operações
Adição e Subtração de Polinômios
Para somar dois polinômios, adicionamos os termos com expo-
entes de mesmo grau. Da mesma forma, para obter a diferença de
dois polinômios, subtraímos os termos com expoentes de mesmo
grau. Método de Descartes
Consiste basicamente na determinação dos coeficientes do
Exemplo quociente e do resto a partir da identidade:

Exemplo
Divida P(x)=x³-4x²+7x-3 por D(x)=x²-3x+2

Solução
Devemos encontrar Q(x) e R(x) tais que:
Multiplicação de Polinômios
Para obter o produto de dois polinômios, multiplicamos cada
termo de um deles por todos os termos do outro, somando os co-
eficientes.
Vamos analisar os graus:
Exemplo

21
MATEMÁTICA
Como Gr( R) < Gr(D), devemos impor Gr(R )=Gr(D)-1=2-1=1

Para que haja igualdade:

Algoritmo de Briot-Ruffini
Consiste em um dispositivo prático para efetuar a divisão de um polinômio P(x) por um binômio D(x)=x-a

Exemplo
Divida P(x)=3x³-5x+x-2 por D(x)=x-2

Solução
Passos
– Dispõem-se todos os coeficientes de P(x) na chave
– Colocar a esquerda a raiz de D(x)=x-a=0.
– Abaixar o primeiro coeficiente. Em seguida multiplica-se pela raiz a e soma-se o resultado ao segundo coeficiente de P(x), obtendo
o segundo coeficiente. E assim sucessivamente.

Portanto, Q(x)=3x²+x+3 e R(x)=4

Produtos Notáveis

1. O quadrado da soma de dois termos.


Verifiquem a representação e utilização da propriedade da potenciação em seu desenvolvimento.
(a + b)2 = (a + b) . (a + b)
Onde a é o primeiro termo e b é o segundo.

Ao desenvolvermos esse produto, utilizando a propriedade distributiva da multiplicação, teremos:

22
MATEMÁTICA
Exemplos

2. O quadrado da diferença de dois termos.


Seguindo o critério do item anterior, temos:
(a - b)2 = (a - b) . (a - b)
Onde a é o primeiro termo e b é o segundo.

Ao desenvolvermos esse produto, utilizando a propriedade distributiva da multiplicação, teremos:

Exemplos:

3. O produto da soma pela diferença de dois termos.


Se tivermos o produto da soma pela diferença de dois termos, poderemos transformá-lo numa diferença de quadrados.

Exemplos
(4c + 3d).(4c – 3d) = (4c)2 – (3d)2 = 16c2 – 9d2
(x/2 + y).(x/2 – y) = (x/2)2 – y2 = x2/4 – y2
(m + n).(m – n) = m2 – n2

4. O cubo da soma de dois termos.

Consideremos o caso a seguir:


(a + b)3 = (a + b).(a + b)2 → potência de mesma base.
(a + b).(a2 + 2ab + b2) → (a + b)2

Aplicando a propriedade distributiva como nos casos anteriores, teremos:


(a + b)3 = a3 + 3a2b + 3ab2 + b3

Exemplos:
(2x + 2y)3 = (2x)3 + 3.(2x)2.(2y) + 3.(2x).(2y)2 + (2y)3 = 8x3 + 24x2y + 24xy2 + 8y3
(w + 3z)3 = w3 + 3.(w2).(3z) + 3.w.(3z)2 + (3z)3 = w3 + 9w2z + 27wz2 + 27z3
(m + n)3 = m3 + 3m2n + 3mn2 + n3

5. O cubo da diferença de dois termos

Acompanhem o caso seguinte:


(a – b)3 = (a - b).(a – b)2 → potência de mesma base.
(a – b).(a2 – 2ab + b2) → (a - b)2

23
MATEMÁTICA
Aplicando a propriedade distributiva como nos casos anterio- Operação com frações algébricas
res, teremos:
(a – b)3 = a3 – 3a2b + 3ab2 – b3 Adição e subtração de frações algébricas
Da mesma forma que ocorre com as frações numéricas, as fra-
Exemplos ções algébricas são somadas ou subtraídas obedecendo dois casos
(2 – y)3 = 23 – 3.(22).y + 3.2.y2 – y3 = 8 – 12y + 6y2 – y3 ou y3– 6y2 diferentes.
+ 12y – 8
(2w – z)3 = (2w)3 – 3.(2w)2.z + 3.(2w).z2 – z3 = 8w3 – 12w2z + Caso 1: denominadores iguais.
6wz – z3
2
Para adicionar ou subtrair frações algébricas com denomina-
dores iguais, as mesmas regras aplicadas às frações numéricas aqui
(c – d)3 = c3 – 3c2d + 3cd2 – d3 são aplicadas também.
(2x2-5)/x2 -(x2+3)/x2 +(9-x2)/x2
Fatoração (2x2-5-x2-3+9-x2)/x2 =1/x2
Fatorar uma expressão algébrica significa escrevê-la na forma
de um produto de expressões mais simples. Caso 2: denominadores diferentes.
Para adicionar ou subtrair frações algébricas com denominado-
Casos de fatoração res diferentes, siga as mesmas orientações dadas na resolução de
frações numéricas de denominadores diferentes.
Fator Comum: (3x+1)/(2x-2)-(x+1)/(x-1)
Ex.: ax + bx + cx = x (a + b + c) (3x+1)/2(x-1) -2(x+1)/2(x-1)
(3x+1-2x-2)/(2(x-1))=(x-1)/2(x-1) =1/2
O fator comum é x.
Ex.: 12x³ - 6x²+ 3x = 3x (4x² - 2x + 1) Multiplicação de frações algébricas
Para multiplicar ou dividir frações algébricas, usamos o mesmo
O fator comum é 3x processo das frações numéricas. Fatorando os termos da fração e
simplificar os fatores comuns.
Agrupamento: 2x/(x-4)∙3x/(x+5)
Ex.: ax + ay + bx + by
Multiplica-se os denominadores e os numeradores.
Agrupar os termos de modo que em cada grupo haja um fator (6x2)/((x-4)(x+5))=(6x2)/(x2+x-20)
comum.
(ax + ay) + (bx + by) Divisão de frações algébricas
Multiplica-se a primeira pelo inverso da segunda.
Colocar em evidência o fator comum de cada grupo 7x/(3-4x) ∶x/(x+1)
a(x + y) + b(x + y) 7x/(3-4x)∙((x+1))/x
7x(x+1)/(3-4x)x=(7x2+7x)/(3x-4x²)
Colocar o fator comum (x + y) em evidência (x + y) (a + b) Este
produto é a forma fatorada da expressão dada
EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES - EQUAÇÕES DO 1º E 2º
Diferença de Dois Quadrados: a² − b² = (a + b) (a − b) GRAUS, RELAÇÃO ENTRE COEFICIENTES E RAÍZES. INE-
QUAÇÕES DE 1º E 2º GRAUS, DESIGUALDADES PRO-
Trinômio Quadrado Perfeito: a²± 2ab + b² = (a ± b)² DUTO E QUOCIENTE, INTERPRETAÇÃO GEOMÉTRICA.
SISTEMAS DE EQUAÇÕES DE 1º E 2º GRAUS, INTER-
Trinômio do 2º Grau: Supondo x1 e x2 raízes reais do trinômio, PRETAÇÃO GEOMÉTRICA. EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES
temos: ax² + bx + c = a (x - x1) (x - x2), a≠0 ENVOLVENDO EXPOENTES E LOGARITMOS

MDC e MMC de polinômios Equação 1º grau


Mínimo Múltiplo Comum entre polinômios, é formado pelo Equação é toda sentença matemática aberta representada por
produto dos fatores com os maiores expoentes. uma igualdade, em que exista uma ou mais letras que representam
Máximo Divisor Comum é o produto dos fatores primos com o números desconhecidos.
menor expoente. Equação do 1º grau, na incógnita x, é toda equação redutível
Exemplo à forma ax+b=0, em que a e b são números reais, chamados coefi-
X²+7x+10 e 3x²+12x+12 cientes, com a≠0.

Primeiro passo é fatorar as expressões: Uma raiz da equação ax+b =0(a≠0) é um valor numérico de x
X²+7x+10=(x+2)(x+5) que, substituindo no 1º membro da equação, torna-se igual ao 2º
3x²+12x+12=3(x²+4x+4)=3(x+2)² membro.
Mmc=3(x+2)²(x+5)
Mdc=x+2

24
MATEMÁTICA
Nada mais é que pensarmos em uma balança. Pa+3+10=2Pa+3
Pa=10
Pi=Pa+3
Pi=10+3=13
Pe=40+6=46
Soma das idades: 10+13+46=69
Resposta: B.

Equação 2º grau

A balança deixa os dois lados iguais para equilibrar, a equação A equação do segundo grau é representada pela fórmula geral:
também.
No exemplo temos: ax2+bx+c=0
3x+300
Outro lado: x+1000+500 Onde a, b e c são números reais, a≠0.
E o equilíbrio?
3x+300=x+1500 Discussão das Raízes

Quando passamos de um lado para o outro invertemos o sinal


3x-x=1500-300
2x=1200
X=600

Exemplo
(PREF. DE NITERÓI/RJ – Fiscal de Posturas – FGV/2015) A idade Se for negativo, não há solução no conjunto dos números
de Pedro hoje, em anos, é igual ao dobro da soma das idades de reais.
seus dois filhos, Paulo e Pierre. Pierre é três anos mais velho do que
Paulo. Daqui a dez anos, a idade de Pierre será a metade da idade Se for positivo, a equação tem duas soluções:
que Pedro tem hoje.
A soma das idades que Pedro, Paulo e Pierre têm hoje é:
(A) 72;
(B) 69;
(C) 66;
(D) 63; Exemplo
(E) 60.

Resolução
A ideia de resolver as equações é literalmente colocar na lin-
guagem matemática o que está no texto.
“Pierre é três anos mais velho do que Paulo”
Pi=Pa+3
, portanto não há solução real.
“Daqui a dez anos, a idade de Pierre será a metade da idade
que Pedro tem hoje.”

A idade de Pedro hoje, em anos, é igual ao dobro da soma das ida-


des de seus dois filhos,
Pe=2(Pi+Pa)
Pe=2Pi+2Pa

Lembrando que:
Pi=Pa+3

Substituindo em Pe
Pe=2(Pa+3)+2Pa
Pe=2Pa+6+2Pa
Pe=4Pa+6

25
MATEMÁTICA
Se ∆ < 0 não há solução, pois não existe raiz quadrada real de Dividindo por2:
um número negativo. J²-44J+468=0
∆=(-44)²-4.1.468
Se ∆ = 0, há duas soluções iguais: ∆=1936-1872=64

Se ∆ > 0, há soluções reais diferentes:

Relações entre Coeficientes e Raízes


Substituindo em A
Dada as duas raízes: A=44-26=18
Ou A=44-18=26
Resposta: B.

Inequação
Uma inequação é uma sentença matemática expressa por uma
Soma das Raízes ou mais incógnitas, que ao contrário da equação que utiliza um sinal
de igualdade, apresenta sinais de desigualdade. Veja os sinais de
desigualdade:
>: maior
<: menor
Produto das Raízes ≥: maior ou igual
≤: menor ou igual

O princípio resolutivo de uma inequação é o mesmo da equa-


ção, onde temos que organizar os termos semelhantes em cada
Composição de uma equação do 2ºgrau, conhecidas as raízes membro, realizando as operações indicadas. No caso das inequa-
ções, ao realizarmos uma multiplicação de seus elementos por
Podemos escrever a equação da seguinte maneira: –1com o intuito de deixar a parte da incógnita positiva, invertemos
o sinal representativo da desigualdade.
x²-Sx+P=0
Exemplo 1
Exemplo 4x + 12 > 2x – 2
Dada as raízes -2 e 7. Componha a equação do 2º grau. 4x – 2x > – 2 – 12
2x > – 14
Solução x > –14/2
S=x1+x2=-2+7=5 x>–7
P=x1.x2=-2.7=-14
Então a equação é: x²-5x-14=0 Inequação - Produto
Quando se trata de inequações - produto, teremos uma desi-
Exemplo gualdade que envolve o produto de duas ou mais funções. Portanto,
(IMA – Analista Administrativo Jr – SHDIAS/2015) A soma das surge a necessidade de realizar o estudo da desigualdade em cada
idades de Ana e Júlia é igual a 44 anos, e, quando somamos os qua- função e obter a resposta final realizando a intersecção do conjunto
drados dessas idades, obtemos 1000. A mais velha das duas tem: resposta das funções.
(A) 24 anos
(B) 26 anos Exemplo
(C) 31 anos
(D) 33 anos a)(-x+2)(2x-3)<0

Resolução
A+J=44
A²+J²=1000
A=44-J
(44-J)²+J²=1000
1936-88J+J²+J²=1000
2J²-88J+936=0

26
MATEMÁTICA
S2 = { x ϵ R | x ≤ - 1}

Calculando agora o CONJUNTO SOLUÇÃO da inequação


Inequação -Quociente Temos:
Na inequação- quociente, tem-se uma desigualdade de funções S = S1 ∩ S2
fracionárias, ou ainda, de duas funções na qual uma está dividindo
a outra. Diante disso, deveremos nos atentar ao domínio da função
que se encontra no denominador, pois não existe divisão por zero.
Com isso, a função que estiver no denominador da inequação deve-
rá ser diferente de zero.
O método de resolução se assemelha muito à resolução de
uma inequação - produto, de modo que devemos analisar o sinal
das funções e realizar a intersecção do sinal dessas funções.
Portanto:
Exemplo
Resolva a inequação a seguir: S = { x ϵ R | x ≤ - 1} ou S = ] - ∞ ; -1]

Inequação 2º grau
Chama-se inequação do 2º grau, toda inequação que pode ser
x-2≠0 escrita numa das seguintes formas:
x≠2 ax²+bx+c>0
ax²+bx+c≥0
ax²+bx+c<0
ax²+bx+c<0
ax²+bx+c≤0
ax²+bx+c≠0

Exemplo
Vamos resolver a inequação3x² + 10x + 7 < 0.

Resolvendo Inequações
Resolver uma inequação significa determinar os valores reais
de x que satisfazem a inequação dada.
Assim, no exemplo, devemos obter os valores reais de x que
Sistema de Inequação do 1º Grau tornem a expressão 3x² + 10x +7negativa.
Um sistema de inequação do 1º grau é formado por duas ou
mais inequações, cada uma delas tem apenas uma variável sendo
que essa deve ser a mesma em todas as outras inequações envol-
vidas.
Veja alguns exemplos de sistema de inequação do 1º grau:

Vamos achar a solução de cada inequação.


4x + 4 ≤ 0
4x ≤ - 4
x≤-4:4
x≤-1

S1 = {x ϵ R | x ≤ - 1}

Fazendo o cálculo da segunda inequação temos:


x+1≤0
x≤-1
S = {x ϵ R / –7/3 < x < –1}

A “bolinha” é fechada, pois o sinal da inequação é igual.

27
MATEMÁTICA
Sistema do 1º grau
Um sistema de equação de 1º grau com duas incógnitas é for-
mado por: duas equações de 1º grau com duas incógnitas diferen-
tes em cada equação. Veja um exemplo:

Para descobrirmos o valor de x basta escolher uma das duas


equações e substituir o valor de y encontrado:
x + y = 20 → x + 12 = 20 → x = 20 – 12 → x = 8
Portanto, a solução desse sistema é: S = (8, 12).
• Resolução de sistemas
Existem dois métodos de resolução dos sistemas. Vejamos: Exemplos:
(SABESP – APRENDIZ – FCC) Em uma gincana entre as três equi-
• Método da substituição pes de uma escola (amarela, vermelha e branca), foram arrecada-
Consiste em escolher uma das duas equações, isolar uma das dos 1 040 quilogramas de alimentos. A equipe amarela arrecadou
incógnitas e substituir na outra equação, veja como: 50 quilogramas a mais que a equipe vermelha e esta arrecadou 30
quilogramas a menos que a equipe branca. A quantidade de alimen-
tos arrecadada pela equipe vencedora foi, em quilogramas, igual a
Dado o sistema , enumeramos as equações. (A) 310
(B) 320
(C) 330
(D) 350
(E) 370

Resolução:
Escolhemos a equação 1 (pelo valor da incógnita de x ser 1) e Amarela: x
isolamos x. Teremos: x = 20 – y e substituímos na equação 2. Vermelha: y
3 (20 – y) + 4y = 72, com isso teremos apenas 1 incógnita. Re- Branca: z
solvendo: x = y + 50
60 – 3y + 4y = 72 → -3y + 4y = 72 -60 → y = 12 y = z - 30
Para descobrir o valor de x basta substituir 12 na equação x = z = y + 30
20 – y. Logo:
x = 20 – y → x = 20 – 12 →x = 8
Portanto, a solução do sistema é S = (8, 12)

Método da adição
Esse método consiste em adicionar as duas equações de tal
forma que a soma de uma das incógnitas seja zero. Para que isso Substituindo a II e a III equação na I:
aconteça será preciso que multipliquemos algumas vezes as duas
equações ou apenas uma equação por números inteiros para que a
soma de uma das incógnitas seja zero.

Dado o sistema

Substituindo na equação II
Para adicionarmos as duas equações e a soma de uma das in- x = 320 + 50 = 370
cógnitas de zero, teremos que multiplicar a primeira equação por z=320+30=350
– 3. A equipe que mais arrecadou foi a amarela com 370kg

Resposta: E

(SABESP – ANALISTA DE GESTÃO I -CONTABILIDADE – FCC) Em


um campeonato de futebol, as equipes recebem, em cada jogo, três
pontos por vitória, um ponto em caso de empate e nenhum ponto
Teremos: se forem derrotadas. Após disputar 30 partidas, uma das equipes
desse campeonato havia perdido apenas dois jogos e acumulado 58
pontos. O número de vitórias que essa equipe conquistou, nessas
30 partidas, é igual a
(A) 12
(B) 14
(C) 16
(D) 13
Adicionando as duas equações: (E) 15

28
MATEMÁTICA
Resolução: (TJ- FAURGS) Se a soma de dois números é igual a 10 e o seu
Vitórias: x produto é igual a 20, a soma de seus quadrados é igual a:
Empate: y (A) 30
Derrotas: 2 (B) 40
Pelo método da adição temos: (C) 50
(D) 60
(E) 80

Resolução:

Eu quero saber a soma de seus quadrados x2 + y2


Vamos elevar o x + y ao quadrado:
Resposta: E (x + y)2 = (10)2
x2 + 2xy + y2 = 100 , como x . y=20 substituímos o valor :
Sistema do 2º grau x2 + 2.20 + y2 = 100
Utilizamos o mesmo princípio da resolução dos sistemas de x2 + 40 + y2 = 100
1º grau, por adição, substituições, etc. A diferença é que teremos x2 + y2 = 100 – 40
como solução um sistema de pares ordenados. x2 + y2 = 60
Resposta: D
Sequência prática
– Estabelecer o sistema de equações que traduzam o problema
para a linguagem matemática;
– Resolver o sistema de equações; FUNÇÕES: CONCEITO DE FUNÇÃO, FUNÇÃO DE VARI-
– Interpretar as raízes encontradas, verificando se são compatí- ÁVEL REAL E SEU GRÁFICO NO PLANO CARTESIANO.
veis com os dados do problema. COMPOSIÇÃO DE FUNÇÕES, FUNÇÃO MODULAR, FUN-
ÇÕES INVERSAS, FUNÇÕES POLINOMIAIS. ESTUDO
Exemplos: DAS FUNÇÕES DO 1º E 2º GRAUS. FUNÇÕES CRESCEN-
(CPTM - MÉDICO DO TRABALHO – MAKIYAMA) Sabe-se que o TES E DECRESCENTES, MÁXIMOS E MÍNIMOS DE UMA
produto da idade de Miguel pela idade de Lucas é 500. Miguel é FUNÇÃO. FUNÇÃO EXPONENCIAL E FUNÇÃO LOGARIT-
5 anos mais velho que Lucas. Qual a soma das idades de Miguel e MO - PROPRIEDADES FUNDAMENTAIS DE EXPOENTES
Lucas? E LOGARITMOS, OPERAÇÕES. GRÁFICOS
(A) 40.
(B) 55. Diagrama de Flechas
(C) 65.
(D) 50.
(E) 45.

Resolução:
Sendo Miguel M e Lucas L:
M.L = 500 (I)
M = L + 5 (II)
substituindo II em I, temos:
(L + 5).L = 500
L2 + 5L – 500 = 0, a = 1, b = 5 e c = - 500
∆ = b² - 4.a.c Gráfico Cartesiano
∆ = 5² - 4.1.(-500)
∆ = 25 + 2000
∆ = 2025
x = (-b ± √∆)/2a
x’ = (-5 + 45) / 2.1 → x’ = 40/2 → x’ = 20
x’’ = (-5 - 45) / 2.1 → x’’ = -50/2 → x’’ = -25 (não serve)

Então L = 20
M.20 = 500
m = 500 : 20 = 25
M + L = 25 + 20 = 45
Resposta: E

29
MATEMÁTICA
Muitas vezes nos deparamos com situações que envolvem uma Sobrejetora: Quando todos os elementos do contradomínio fo-
relação entre grandezas. Assim, o valor a ser pago na conta de luz rem imagens de pelo menos um elemento do domínio.
depende do consumo medido no período; o tempo de uma viagem
de automóvel depende da velocidade no trajeto.
Como, em geral, trabalhamos com funções numéricas, o domí-
nio e a imagem são conjuntos numéricos, e podemos definir com
mais rigor o que é uma função matemática utilizando a linguagem
da teoria dos conjuntos.

Definição: Sejam A e B dois conjuntos não vazios e f uma rela-


ção de A em B.
Essa relação f é uma função de A em B quando a cada elemen-
to x do conjunto A está associado um e apenas um elemento y do Bijetora: Quando apresentar as características de função inje-
conjunto B. tora e ao mesmo tempo, de sobrejetora, ou seja, elementos dis-
tintos têm sempre imagens distintas e todos os elementos do con-
Notação: f: A→B (lê-se função f de A em B) tradomínio são imagens de pelo menos um elemento do domínio.

Domínio, contradomínio, imagem


O domínio é constituído por todos os valores que podem ser
atribuídos à variável independente. Já a imagem da função é forma-
da por todos os valores correspondentes da variável dependente.

O conjunto A é denominado domínio da função, indicada por D.


O domínio serve para definir em que conjunto estamos trabalhan-
do, isto é, os valores possíveis para a variável x.
O conjunto B é denominado contradomínio, CD.
Cada elemento x do domínio tem um correspondente y no con- Função 1º grau
tradomínio. A esse valor de y damos o nome de imagem de x pela A função do 1° grau relacionará os valores numéricos obtidos
função f. O conjunto de todos os valores de y que são imagens de de expressões algébricas do tipo (ax + b), constituindo, assim, a fun-
valores de x forma o conjunto imagem da função, que indicaremos ção f(x) = ax + b.
por Im.
Estudo dos Sinais
Exemplo Definimos função como relação entre duas grandezas repre-
Com os conjuntos A={1, 4, 7} e B={1, 4, 6, 7, 8, 9, 12}criamos sentadas por x e y. No caso de uma função do 1º grau, sua lei de
a função f: A→B. definida por f(x) = x + 5 que também pode ser formação possui a seguinte característica: y = ax + b ou f(x) = ax +
representada por y = x + 5. A representação, utilizando conjuntos, b, onde os coeficientes a e b pertencem aos reais e diferem de zero.
desta função, é: Esse modelo de função possui como representação gráfica a figura
de uma reta, portanto, as relações entre os valores do domínio e da
imagem crescem ou decrescem de acordo com o valor do coeficien-
te a. Se o coeficiente possui sinal positivo, a função é crescente, e
caso ele tenha sinal negativo, a função é decrescente.

Função Crescente: a > 0


De uma maneira bem simples, podemos olhar no gráfico que os
valores de y vão crescendo.

No nosso exemplo, o domínio é D = {1, 4, 7}, o contradomínio é


= {1, 4, 6, 7, 8, 9, 12} e o conjunto imagem é Im = {6, 9, 12}

Classificação das funções


Injetora: Quando para ela elementos distintos do domínio
apresentam imagens também distintas no contradomínio.

30
MATEMÁTICA
Função Decrescente: a < 0 Função Quadrática ou Função do 2º grau
Nesse caso, os valores de y, caem. Em geral, uma função quadrática ou polinomial do segundo
grau tem a seguinte forma:
f(x)=ax²+bx+c, onde a≠0
f(x)=a(x-x1)(x-x2)

É essencial que apareça ax² para ser uma função quadrática e


deve ser o maior termo.

Concavidade
A concavidade da parábola é para cima se a>0 e para baixo se
a<0

Raiz da função
Calcular o valor da raiz da função é determinar o valor em que a
reta cruza o eixo x, para isso consideremos o valor de y igual a zero,
pois no momento em que a reta intersecta o eixo x, y = 0. Observe a
representação gráfica a seguir:

Discriminante(∆)
∆ = b²-4ac
∆>0

A parábola y=ax²+bx+c intercepta o eixo x em dois pontos dis-


tintos, (x1,0) e (x2,0), onde x1 e x2 são raízes da equação ax²+bx+c=0

∆=0

Quando ∆=0 , a parábola y=ax²+bx+c é tangente ao eixo x, no


Podemos estabelecer uma formação geral para o cálculo da raiz ponto
de uma função do 1º grau, basta criar uma generalização com base
na própria lei de formação da função, considerando y = 0 e isolando
o valor de x (raiz da função).
X=-b/a

Dependendo do caso, teremos que fazer um sistema com duas Repare que, quando tivermos o discriminante ∆ = 0, as duas
equações para acharmos o valor de a e b. raízes da equação ax²+bx+c=0 são iguais
∆<0
Exemplo:
Dado que f(x)=ax+b e f(1)=3 e f(3)=5, ache a função. A função não tem raízes reais

F(1)=1a+b
3=a+b
F(3)=3a+b
5=3a+b

Isolando a em I
a=3-b
Substituindo em II

3(3-b)+b=5
9-3b+b=5
-2b=-4
b=2

Portanto,
a=3-b
a=3-2=1
Assim, f(x)=x+2

31
MATEMÁTICA
Raízes Equação Exponencial
É toda equação cuja incógnita se apresenta no expoente de
uma ou mais potências de bases positivas e diferentes de 1.

Exemplo
Resolva a equação no universo dos números reais.

Solução

Vértices e Estudo do Sinal


Quando a > 0, a parábola tem concavidade voltada para cima e
um ponto de mínimo V; quando a < 0, a parábola tem concavidade
voltada para baixo e um ponto de máximo V.

Em qualquer caso, as coordenadas de V são .

Veja os gráficos:

Função exponencial
A expressão matemática que define a função exponencial é
uma potência. Nesta potência, a base é um número real positivo e
diferente de 1 e o expoente é uma variável.

Função crescente
Se a > 1 temos uma função exponencial crescente, qualquer
que seja o valor real de x.
No gráfico da função ao lado podemos observar que à medida
que x aumenta, também aumenta f(x) ou y. Graficamente vemos
que a curva da função é crescente.

32
MATEMÁTICA
Função decrescente

Se 0 < a < 1 temos uma função exponencial decrescente em


todo o domínio da função. Exemplo
Neste outro gráfico podemos observar que à medida que x au-
menta, y diminui. Graficamente observamos que a curva da função
é decrescente.

Consequências da Definição

A Constante de Euler
É definida por :
e = exp(1)

O número e é um número irracional e positivo e em função da


definição da função exponencial, temos que:
Ln(e) = 1

Este número é denotado por e em homenagem ao matemático


suíço Leonhard Euler (1707-1783), um dos primeiros a estudar as
propriedades desse número.

O valor deste número expresso com 10 dígitos decimais, é:


e = 2,7182818284 Propriedades

Se x é um número real, a função exponencial exp(.) pode ser


escrita como a potência de base e com expoente x, isto é:
ex = exp(x)

Propriedades dos expoentes


Se a, x e y são dois números reais quaisquer e k é um número
racional, então:
- ax ay= ax + y
- ax / ay= ax - y
- (ax) y= ax.y
- (a b)x = ax bx
- (a / b)x = ax / bx
- a-x = 1 / ax

Logaritmo
Considerando-se dois números N e a reais e positivos, com a Mudança de Base
≠1, existe um número c tal que:

A esse expoente c damos o nome de logaritmo de N na base a


Exemplo
Dados log 2=0,3010 e log 3=0,4771, calcule:
a) log 6
b) log1,5
Ainda com base na definição podemos estabelecer condições c) log 16
de existência:

33
MATEMÁTICA
Solução Representação genérica de uma matriz
a) Log 6=log 2⋅3=log2+log3=0,3010+0,4771=0,7781 Costumamos representar uma matriz por uma letra maiúscula
(A, B, C...), indicando sua ordem no lado inferior direito da letra.
Quando desejamos indicar a ordem de modo genérico, fazemos uso
de letras minúsculas. Exemplo: Am x n.
Da mesma maneira, indicamos os elementos de uma matriz
pela mesma letra que a denomina, mas em minúscula. A linha e a
coluna em que se encontra tal elemento é indicada também no lado
inferior direito do elemento. Exemplo: a11.
Função Logarítmica

Uma função dada por , em que a constante


a é positiva e diferente de 1, denomina-se função logarítmica.

Exemplo
(PM/SE – Soldado 3ª Classe – FUNCAB) A matriz abaixo regis-
tra as ocorrências policiais em uma das regiões da cidade durante
uma semana.

Sendo M=(aij)3x7 com cada elemento aij representando o núme-


ro de ocorrência no turno i do dia j da semana.
MATRIZES E SISTEMAS: MATRIZES E DETERMINANTES O número total de ocorrências no 2º turno do 2º dia, somando
ATÉ A 4ª ORDEM, PROPRIEDADES E OPERAÇÕES. RE- como 3º turno do 6º dia e com o 1º turno do 7º dia será:
SOLUÇÃO E DISCUSSÃO DE SISTEMAS LINEARES (A) 61
(B) 59
Matriz (C) 58
Uma matriz é uma tabela de números reais dispostos segundo (D) 60
linhas horizontais e colunas verticais. (E) 62
O conjunto ordenado dos números que formam a tabela, é de-
nominado matriz, e cada número pertencente a ela é chamado de Resolução:
elemento da matriz. Turno i –linha da matriz
Turno j- coluna da matriz
Tipo ou ordem de uma matriz 2º turno do 2º dia – a22=18
As matrizes são classificadas de acordo com o seu número de 3º turno do 6º dia-a36=25
linhas e de colunas. Assim, a matriz representada a seguir é deno- 1º turno do 7º dia-a17=19
minada matriz do tipo, ou ordem, 3 x 4 (lê-se três por quatro), pois Somando:18+25+19=62
tem três linhas e quatro colunas. Exemplo: Resposta: E.

Igualdade de matrizes
Duas matrizes A e B são iguais quando apresentam a mesma
ordem e seus elementos correspondentes forem iguais.

34
MATEMÁTICA
Operações com matrizes
Adição: somamos os elementos correspondentes das matrizes, por isso, é necessário que as matrizes sejam de mesma ordem. A=[aij]
mxn
; B = [bij]m x n, portanto C = A + B ⇔ cij = aij + bij.

Exemplo
(PM/SP – SARGENTO CFS – CETRO) Considere a seguinte sentença envolvendo matrizes:

Diante do exposto, assinale a alternativa que apresenta o valor de y que torna a sentença verdadeira.
(A) 4.
(B) 6.
(C) 8.
(D) 10.

Resolução:

y=10
Resposta: D.

Multiplicação por um número real: sendo k ∈ R e A uma matriz de ordem m x n, a matriz k . A é obtida multiplicando-se todos os
elementos de A por k.

Subtração: a diferença entre duas matrizes A e B (de mesma ordem) é obtida por meio da soma da matriz A com a oposta de B.

Multiplicação entre matrizes: consideremos o produto A . B = C. Para efetuarmos a multiplicação entre A e B, é necessário, antes de
mais nada, determinar se a multiplicação é possível, isto é, se o número de colunas de A é igual ao número de linhas de B, determinando
a ordem de C: Am x n x Bn x p = Cm x p, como o número de colunas de A coincide com o de linhas de B(n) então torna-se possível o produto, e a
matriz C terá o número de linhas de A(m) e o número de colunas de B(p)

35
MATEMÁTICA
De modo geral, temos: Matriz transposta: é a matriz obtida pela troca ordenada de
linhas por colunas de uma matriz. Dada uma matriz A de ordem m
x n, obtém-se uma outra matriz de ordem n x m, chamada de trans-
posta de A. Indica-se por At.

Exemplo:
(CPTM – ALMOXARIFE – MAKIYAMA) Assinale a alternativa
que apresente o resultado da multiplicação das matrizes A e B abai-
xo:

Exemplo:
(CPTM – ANALISTA DE COMUNICAÇÃO JÚNIOR – MAKIYAMA)
Para que a soma de uma matriz e sua respectiva matriz transposta
(A) At em uma matriz identidade, são condições a serem cumpridas:
(A) a=0 e d=0
(B) c=1 e b=1
(B)
(C) a=1/c e b=1/d
(D) a²-b²=1 e c²-d²=1
(C) (E) b=-c e a=d=1/2

Resolução:
(D)

(E)

2a=1
Resolução: a=1/2
b+c=0
b=-c
2d=1
D=1/2
Resposta: E.

Matriz inversa: dizemos que uma matriz quadrada A, de ordem


n, admite inversa se existe uma matriz A-1, tal que:
Resposta: B.
Casos particulares
Matriz identidade ou unidade: é a matriz quadrada que possui
os elementos de sua diagonal principal iguais a 1 e os demais ele-
mentos iguais a 0. Indicamos a matriz identidade de Ιn, onde n é a
ordem da matriz. Determinantes

Determinante é um número real associado a uma matriz qua-


drada. Para indicar o determinante, usamos barras. Seja A uma ma-
triz quadrada de ordem n, indicamos o determinante de A por:

36
MATEMÁTICA
Determinante de uma matriz de 1ª- ordem
A matriz de ordem 1 só possui um elemento. Por isso, o determinante de uma matriz de 1ª ordem é o próprio elemento.

Determinante de uma matriz de 2ª- ordem


Em uma matriz de 2ª ordem, obtém-se o determinante por meio da diferença do produto dos elementos da diagonal principal pelo
produto dos elementos da diagonal secundária.

Exemplo:
(PM/SP – SARGENTO CFS – CETRO) É correto afirmar que o determinante é igual a zero para x igual a
(A) 1.
(B) 2.
(C) -2.
(D) -1.

Resolução:
D = 4 - (-2x)
0 = 4 + 2x
x=-2
Resposta: C.

Regra de Sarrus
Esta técnica é utilizada para obtermos o determinante de matrizes de 3ª ordem. Utilizaremos um exemplo para mostrar como aplicar
a regra de Sarrus. A regra de Sarrus consiste em:
a) Repetir as duas primeiras colunas à direita do determinante.
b) Multiplicar os elementos da diagonal principal e os elementos que estiverem nas duas paralelas a essa diagonal, conservando os
sinais desses produtos.
c) Efetuar o produto dos elementos da diagonal secundária e dos elementos que estiverem nas duas paralelas à diagonal e multipli-
cá-los por -1.
d) Somar os resultados dos itens b e c. E assim encontraremos o resultado do determinante.

Simplificando temos:

Exemplo:
(PREF. ARARAQUARA/SP – AGENTE DA ADMINISTRAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SANEAMENTO – CETRO)

Dada a matriz , onde , assinale a alternativa que apresenta o valor do determinante de A é


(A) -9.
(B) -8.
(C) 0.
(D) 4.

37
MATEMÁTICA
Resolução:

detA = - 1 – 4 + 2 - (2 + 2 + 2) = - 9

Resposta: A.

Teorema de Laplace
Para matrizes quadradas de ordem n ≥ 2, o teorema de Laplace oferece uma solução prática no cálculo dos determinantes. Pelo teo-
rema, o determinante de uma matriz quadrada A de ordem n (n ≥ 2) é igual à soma dos produtos dos elementos de uma linha ou de uma
coluna qualquer, pelos respectivos co-fatores.

Exemplo:
Dada a matriz quadrada de ordem 3, , vamos calcular det A usando o teorema de Laplace.

Podemos calcular o determinante da matriz A, escolhendo qualquer linha ou coluna. Por exemplo, escolhendo a 1ª linha, teremos:
det A = a11. A11 + a12. A12 + a13. A13

Portanto, temos que:


det A = 3. (-21) + 2. 6 + 1. (-12) ⇒ det A = -63 + 12 – 12 ⇒ det A = -63

Exemplo:
(TRANSPETRO – ENGENHEIRO JÚNIOR – AUTOMAÇÃO – CESGRANRIO) Um sistema dinâmico, utilizado para controle de uma rede
automatizada, forneceu dados processados ao longo do tempo e que permitiram a construção do quadro abaixo.

1 3 2 0
3 1 0 2
2 3 0 1
0 2 1 3

A partir dos dados assinalados, mantendo-se a mesma disposição, construiu-se uma matriz M. O valor do determinante associado à
matriz M é
(A) 42
(B) 44
(C) 46
(D) 48
(E) 50

38
MATEMÁTICA
Resolução:

Como é uma matriz 4x4 vamos achar o determinante através do teorema de Laplace. Para isso precisamos, calcular os cofatores. Dica:
pela fileira que possua mais zero. O cofator é dado pela fórmula: Para o determinante é usado os números que sobra-
ram tirando a linha e a coluna.

A13=2.23=46

A43=1.2=2
D = 46 + 2 = 48

Resposta: D.

Determinante de uma matriz de ordem n > 3


Para obtermos o determinante de matrizes de ordem n > 3, utilizamos o teorema de Laplace e a regra de Sarrus. Exemplo:

Escolhendo a 1ª linha para o desenvolvimento do teorema de Laplace. Temos então:


det A = a11. A11 + a12. A12 + a13. A13 + a14. A14

39
MATEMÁTICA
Como os determinantes são, agora, de 3ª ordem, podemos Em que:
aplicar a regra de Sarrus em cada um deles. Assim:
det A= 3. (188) - 1. (121) + 2. (61) ⇒ det A = 564 - 121 + 122 ⇒
det A = 565
Propriedades dos determinantes
a) Se todos os elementos de uma linha ou de uma coluna são
nulos, o determinante é nulo.

Sistema Linear 2 x 2
Chamamos de sistema linear 2 x 2 o con­junto de equações line-
ares a duas incógnitas, consideradas simultaneamente.
Todo sistema linear 2 x 2 admite a forma geral abaixo:

a1 x + b1 y = c1
b) Se uma matriz A possui duas linhas ou duas colunas iguais, 
então o determinante é nulo. a2 + b2 y = c2

Sistema Linear 3x3

c) Em uma matriz cuja linha ou coluna foi multiplicada por um


número k real, o determinante também fica multiplicado pelo mes-
mo número k. Sistemas Lineares equivalentes
Dois sistemas lineares que admitem o mesmo conjunto solução
são ditos equivalentes. Por exemplo:

São equivalentes, pois ambos têm o mesmo conjunto solução


S={(1,2)}
Denominamos solução do sistema linear toda sequência or-
d) Para duas matrizes quadradas de mesma ordem, vale a se- denada de números reais que verifica, simultaneamente, todas as
guinte propriedade: equações do sistema.
det (A. B) = det A + det B. Dessa forma, resolver um sistema significa encontrar todas as
sequências ordenadas de números reais que satisfaçam as equa-
e) Uma matriz quadrada A será inversível se, e somente se, seu ções do sistema.
determinante for diferente de zero.
Matriz Associada a um Sistema Linear
Sistema de equações lineares Dado o seguinte sistema:
Um sistema de equações lineares mxn é um conjunto de m
equações lineares, cada uma delas com n incógnitas.

Matriz incompleta

40
MATEMÁTICA
Classificação Resolução de um Sistema Linear por Escalonamento
Podemos transformar qualquer sistema linear em um outro
1. Sistema Possível e Determinado equivalente pelas seguintes transformações elementares, realiza-
das com suas equações:
– Trocas as posições de duas equações
– Multiplicar uma das equações por um número real diferente
de 0.
– Multiplicar uma equação por um número real e adicionar o
O par ordenado (2, 1) é solução da equação, pois resultado a outra equação.

Exemplo

Como não existe outro par que satisfaça simultaneamente as


duas equações, dizemos que esse sistema é SPD(Sistema Possível e
Determinado), pois possui uma única solução. Inicialmente, trocamos a posição das equações, pois é conve-
niente ter o coeficiente igual a 1 na primeira equação.
2. Sistema Possível e Indeterminado

Depois eliminamos a incógnita x da segunda equação


Esse tipo de sistema possui infinitas soluções, os valores de x Multiplicando a equação por -2:
e y assumem inúmeros valores. Observe o sistema a seguir, x e y
podem assumir mais de um valor, (0,4), (1,3), (2,2), (3,1) e etc.

3. Sistema Impossível

Somando as duas equações:

Não existe um par real que satisfaça simultaneamente as duas


equações. Logo o sistema não tem solução, portanto é impossível.
Sistemas com Número de Equações Igual ao Número de In-
Sistema Escalonado cógnitas
Sistema Linear Escalonado é todo sistema no qual as incógnitas Quando o sistema linear apresenta nº de equações igual ao nº
das equações lineares estão escritas em uma mesma ordem e o 1º de incógnitas, para discutirmos o sistema, inicialmente calculamos
coeficiente não-nulo de cada equação está à direita do 1º coeficien- o determinante D da matriz dos coeficientes (incompleta), e:
te não-nulo da equação anterior. – Se D ≠ 0, o sistema é possível e determinado.
– Se D = 0, o sistema é possível e indeterminado ou impossível.
Exemplo
Sistema 2x2 escalonado. Para identificarmos se o sistema é possível, indeterminado ou
impossível, devemos conseguir um sistema escalonado equivalente
pelo método de eliminação de Gauss.

Exemplos
- Discutir, em função de a, o sistema:
Sistema 3x3
A primeira equação tem três coeficientes não-nulos, a segunda
tem dois e a terceira, apenas um.

Resolução

Sistema 2x3 1 3
D= = a−6
2 a

D = 0⇒ a−6 = 0⇒ a = 6

41
MATEMÁTICA
Assim, para a ≠ 6, o sistema é possível e determinado. Ângulo Agudo: É o ângulo, cuja medida é menor do que 90º.
Para a ≠ 6, temos:

x + 3 y = 5
 x + 3 y = 5
2 x + 6 y = 1 ~
 ← −2 0 x + 0 y = −9

Que é um sistema impossível.


Assim, temos:
a ≠ 6 → SPD (Sistema possível e determinado)
a = 6 → SI (Sistema impossível)

Regra de Cramer Ângulo Obtuso: É o ângulo cuja medida é maior do que 90º.

Consideramos os sistema .

Suponhamos que a ≠ 0. Observamos que a matriz incompleta


desse sistema é , cujo determinante é indicado por D =
ad – bc.

Se substituirmos em M a 2ª coluna (dos coeficientes de y) pela


coluna dos coeficientes independentes, obteremos ,cujo de-
terminante é indicado por Dy = af – ce. Ângulo Raso:
- É o ângulo cuja medida é 180º;
Assim, . - É aquele, cujos lados são semi-retas opostas.

Substituindo esse valor de y na 1ª equação de (*) e consideran-


do a matriz , cujo determinante é indicado por Dx = ed – bf,
obtemos , D ≠ 0.

GEOMETRIA PLANA: ELEMENTOS PRIMITIVOS, SEG-


MENTO, SEMIRRETA, SEMIPLANO E ÂNGULO. RETAS Ângulo Reto:
PERPENDICULARES E PARALELAS. TEOREMA DE TALES. - É o ângulo cuja medida é 90º;
TRIÂNGULOS - CONGRUÊNCIA E SEMELHANÇA. QUA- - É aquele cujos lados se apoiam em retas perpendiculares.
DRILÁTEROS. POLÍGONOS. CIRCUNFERÊNCIA E DISCO.
RELAÇÕES MÉTRICAS NO TRIÂNGULO E NA CIRCUNFE-
RÊNCIA. PERÍMETRO E ÁREA DAS PRINCIPAIS FIGURAS
PLANAS. TRIGONOMETRIA - MEDIDA DE UM ARCO,
O GRAU E O RADIANO, RELAÇÃO ENTRE ARCOS E ÂN-
GULOS. O SENO, O COSSENO E A TANGENTE DE UM
ÂNGULO. FÓRMULAS PARA A ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO
DE ARCOS. LEI DOS SENOS E LEI DOS COSSENOS. IDEN-
TIDADES TRIGONOMÉTRICAS BÁSICAS, EQUAÇÕES
TRIGONOMÉTRICAS SIMPLES. AS FUNÇÕES SENO,
COSSENO, TANGENTE E SEUS GRÁFICOS. RELAÇÕES Triângulo
TRIGONOMÉTRICAS NO TRIÂNGULO RETÂNGULO Elementos

Ângulos Mediana
Denominamos ângulo a região do plano limitada por duas se- Mediana de um triângulo é um segmento de reta que liga um
mirretas de mesma origem. As semirretas recebem o nome de la- vértice ao ponto médio do lado oposto.
dos do ângulo e a origem delas, de vértice do ângulo. Na figura, é uma mediana do ABC.
Um triângulo tem três medianas.

42
MATEMÁTICA
A bissetriz de um ângulo interno de um triângulo intercepta o Mediatriz de um triângulo é uma reta do plano do triângulo
lado oposto que é mediatriz de um dos lados desse triângulo.
Na figura, a reta m é a mediatriz do lado do .
Bissetriz interna de um triângulo é o segmento da bissetriz de Um triângulo tem três mediatrizes.
um ângulo do triângulo que liga um vértice a um ponto do lado
oposto.
Na figura, é uma bissetriz interna do .
Um triângulo tem três bissetrizes internas.

Classificação

Quanto aos lados

Triângulo escaleno: três lados desiguais.

Altura de um triângulo é o segmento que liga um vértice a um


ponto da reta suporte do lado oposto e é perpendicular a esse lado.

Na figura, é uma altura do .

Um triângulo tem três alturas.

Triângulo isósceles: Pelo menos dois lados iguais.

Mediatriz de um segmento de reta é a reta perpendicular a


esse segmento pelo seu ponto médio.

Na figura, a reta m é a mediatriz de .


Triângulo equilátero: três lados iguais.

Quanto aos ângulos

Triângulo acutângulo: tem os três ângulos agudos

43
MATEMÁTICA
Observações:
- No retângulo e no quadrado as diagonais são congruentes
(iguais)
Triângulo retângulo: tem um ângulo reto - No losango e no quadrado as diagonais são perpendiculares
entre si (formam ângulo de 90°) e são bissetrizes dos ângulos inter-
nos (dividem os ângulos ao meio).

Áreas

1- Trapézio: , onde B é a medida da base maior, b é a


medida da base menor e h é medida da altura.

2 - Paralelogramo: A = b.h, onde b é a medida da base e h é a


medida da altura.
Triângulo obtusângulo: tem um ângulo obtuso
3 - Retângulo: A = b.h

4 - Losango: , onde D é a medida da diagonal maior e d


é a medida da diagonal menor.

5 - Quadrado: A = l2, onde l é a medida do lado.

Polígono
Chama-se polígono a união de segmentos que são chamados
lados do polígono, enquanto os pontos são chamados vértices do
polígono.

Desigualdade entre Lados e ângulos dos triângulos


Num triângulo o comprimento de qualquer lado é menor que
a soma dos outros dois.Em qualquer triângulo, ao maior ângulo
opõe-se o maior lado, e vice-versa.

QUADRILÁTEROS
Quadrilátero é todo polígono com as seguintes propriedades:
- Tem 4 lados.
- Tem 2 diagonais.
- A soma dos ângulos internos Si = 360º
- A soma dos ângulos externos Se = 360º

Trapézio: É todo quadrilátero tem dois paralelos. Diagonal de um polígono é um segmento cujas extremidades
são vértices não-consecutivos desse polígono.

- é paralelo a
- Losango: 4 lados congruentes
- Retângulo: 4 ângulos retos (90 graus)
- Quadrado: 4 lados congruentes e 4 ângulos retos.

44
MATEMÁTICA
Número de Diagonais Exemplo

Ângulos Internos
A soma das medidas dos ângulos internos de um polígono con-
vexo de n lados é (n-2).180
Unindo um dos vértices aos outros n-3, convenientemente es-
colhidos, obteremos n-2 triângulos. A soma das medidas dos ângu- Semelhança de Triângulos
los internos do polígono é igual à soma das medidas dos ângulos Dois triângulos são semelhantes se, e somente se, os seus ân-
internos dos n-2 triângulos. gulos internos tiverem, respectivamente, as mesmas medidas, e os
lados correspondentes forem proporcionais.

Casos de Semelhança
1º Caso: AA(ângulo - ângulo)
Se dois triângulos têm dois ângulos congruentes de vértices
correspondentes, então esses triângulos são congruentes.

Ângulos Externos

2º Caso: LAL(lado-ângulo-lado)
Se dois triângulos têm dois lados correspondentes proporcio-
nais e os ângulos compreendidos entre eles congruentes, então es-
ses dois triângulos são semelhantes.

A soma dos ângulos externos=360°


Teorema de Tales
Se um feixe de retas paralelas tem duas transversais, então a
razão de dois segmentos quaisquer de uma transversal é igual à ra-
zão dos segmentos correspondentes da outra.
Dada a figura anterior, O Teorema de Tales afirma que são váli-
das as seguintes proporções:

45
MATEMÁTICA
3º Caso: LLL (lado - lado - lado) Fórmulas Trigonométricas
Se dois triângulos têm os três lado correspondentes proporcio-
nais, então esses dois triângulos são semelhantes. Relação Fundamental
Existe uma outra importante relação entre seno e cosseno de
um ângulo. Considere o triângulo retângulo ABC.

Razões Trigonométricas no Triângulo Retângulo


Neste triângulo, temos que: c²=a²+b²
Considerando o triângulo retângulo ABC. Dividindo os membros por c²

Como

Todo triângulo que tem um ângulo reto é denominado trian-


gulo retângulo.
O triângulo ABC é retângulo em A e seus elementos são:

Temos:

a: hipotenusa
b e c: catetos
h: altura relativa à hipotenusa
m e n: projeções ortogonais dos catetos sobre a hipotenusa

Relações Métricas no Triângulo Retângulo


Chamamos relações métricas as relações existentes entre os
diversos segmentos desse triângulo. Assim:

1. O quadrado de um cateto é igual ao produto da hipotenusa


pela projeção desse cateto sobre a hipotenusa.

46
MATEMÁTICA
2. O produto dos catetos é igual ao produto da hipotenusa pela
altura relativa à hipotenusa.

3. O quadrado da altura é igual ao produto das projeções dos


catetos sobre a hipotenusa.

GEOMETRIA ESPACIAL: CONCEITOS BÁSICOS. POSI-


4. O quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos ÇÕES RELATIVAS DE RETAS E PLANOS NO ESPAÇO.
catetos (Teorema de Pitágoras). ÁREA LATERAL E VOLUME DO PRISMA, PIRÂMIDE,
CILINDRO, CONE E ESFERA

Cilindros
Posições Relativas de Duas Retas Considere dois planos, α e β, paralelos, um círculo de centro O
Duas retas no espaço podem pertencer a um mesmo plano. contido num deles, e uma reta s concorrente com os dois.
Nesse caso são chamadas retas coplanares. Podem também não Chamamos cilindro o sólido determinado pela reunião de to-
estar no mesmo plano. Nesse caso, são denominadas retas rever- dos os segmentos paralelos a s, com extremidades no círculo e no
sas. outro plano.

Retas Coplanares

a) Concorrentes: r e s têm um único ponto comum

-Duas retas concorrentes podem ser:


Classificação
1. Perpendiculares: r e s formam ângulo reto. Reto: Um cilindro se diz reto ou de revolução quando as geratri-
2. Oblíquas: r e s não são perpendiculares. zes são perpendiculares às bases.
Quando a altura é igual a 2R(raio da base) o cilindro é equilá-
tero.
Oblíquo: faces laterais oblíquas ao plano da base.

b) Paralelas: r e s não têm ponto comum ou r e s são coinci-


dentes.

Área
Área da base: Sb=πr²

Volume

47
MATEMÁTICA
Cones Pirâmides
Na figura, temos um plano α, um círculo contido em α, um pon- As pirâmides são também classificadas quanto ao número de
to V que não pertence ao plano. lados da base.
A figura geométrica formada pela reunião de todos os segmen-
tos de reta que tem uma extremidade no ponto V e a outra num
ponto do círculo denomina-se cone circular.

Área e Volume

Área lateral: Sl = n. área de um triângulo

Classificação Onde n = quantidade de lados


-Reto: eixo VO perpendicular à base;
Pode ser obtido pela rotação de um triângulo retângulo em tor- Stotal = Sb + Sl
no de um de seus catetos. Por isso o cone reto é também chamado
de cone de revolução.
Quando a geratriz de um cone reto é 2R, esse cone é denomi-
nado cone equilátero.
Prismas
Considere dois planos α e β paralelos, um polígono R contido
em α e uma reta r concorrente aos dois.

g2 = h2 + r2

-Oblíquo: eixo não é perpendicular

Chamamos prisma o sólido determinado pela reunião de todos


os segmentos paralelos a r, com extremidades no polígono R e no
plano β.

Área

Volume

Assim, um prisma é um poliedro com duas faces congruentes e


paralelas cujas outras faces são paralelogramos obtidos ligando-se
os vértices correspondentes das duas faces paralelas.

48
MATEMÁTICA
Classificação Prisma Regular
Se o prisma for reto e as bases forem polígonos regulares, o
Reto: Quando as arestas laterais são perpendiculares às bases prisma é dito regular.
Oblíquo: quando as faces laterais são oblíquas à base. As faces laterais são retângulos congruentes e as bases são con-
gruentes (triângulo equilátero, hexágono regular,...)
PRISMA RETO PRISMA OBLÍQUO
Área
Área cubo: St = 6a2

Área paralelepípedo: St = 2(ab + ac + bc)

A área de um prisma: St = 2Sb + St

Onde: St = área total


Sb = área da base
Sl = área lateral, soma-se todas as áreas das faces laterais.

Volume
Classificação pelo polígono da base Paralelepípedo: V = a . b . c
Cubo: V = a³
TRIANGULAR QUADRANGULAR
Demais: V = Sb . h

GEOMETRIA ANALÍTICA PLANA: DISTÂNCIA ENTRE


DOIS PONTOS NO PLANO E ENTRE UM PONTO E UMA
RETA. CONDIÇÕES DE PARALELISMO E PERPENDICU-
LARISMO DE RETAS NO PLANO. ESTUDO DA RETA E DA
CIRCUNFERÊNCIA

Estudo do Ponto

E assim por diante...

Paralelepípedos
Os prismas cujas bases são paralelogramos denominam-se pa-
ralelepípedos.

PARALELEPÍPEDO RETO PARALELEPÍPEDO OBLÍQUO

Podemos localizar um ponto P em um plano α utilizando um


sistema de eixos cartesianos.
- A é a abscissa do ponto P
- B é a ordenada do ponto P
- P ϵ 1ºQuad
Cubo é todo paralelepípedo retângulo com seis faces quadra-
das.

Fonte: www.matematicadidatica.com.br

49
MATEMÁTICA
1º Quadrante: x>o e y>o
2º Quadrante: x<0 e y>0
3º Quadrante: x<0 e y<0
4º Quadrante: x>0 e y>0

Para representar o par ordenado P(x,y)


Vale a pena lembrar que o eixo x é chamado de abscissa e o
eixo y de ordenada.

Exemplo: Um P(3,-1) está em qual quadrante? Para verificarmos se os pontos estão alinhados, podemos uti-
x>0 e y<0 IV quadrante. lizar a construção gráfica determinando os pontos de acordo com
suas coordenadas posicionais. Outra forma de determinar o alinha-
Distância entre Dois Pontos mento dos pontos é através do cálculo do determinante pela regra
Dados os pontos P(xp,yp) e Q(xq,yq), a distância dAB entre eles é de Sarrus envolvendo a matriz das coordenadas.
uma função das coordenadas de P e Q:

Exemplo
Dados os pontos A (2, 5), B (3, 7) e C (5, 11), vamos determinar
se estão alinhados.

(14 + 25 + 33)–(35 + 22 + 15)


72 – 72 = 0

Os pontos somente estarão alinhados se o determinante da


Ponto Médio matriz quadrada calculado pela regra de Sarrus for igual a 0.

Estudo da Reta
Cálculo do coeficiente angular
Consideremos a reta r que passa pelos pontos A(x1,y1) e B(x2,y2),
com x1 ≠ x2, e que forma com o eixo x um ângulo de medida a.

1º caso: 0° < a < 90°

Dados os pontos P(xp,yp) e Q(xq,yp), as coordenadas do ponto


M(xM, yM) médio entre A e B, serão dadas pelas semi-somas das co-
ordenadas de P e Q.

O ponto M terá as seguintes coordenadas:

Três pontos estão alinhados se, e somente se, pertencerem à Sendo o triângulo ABC retângulo ( é reto), temos:
mesma reta.

50
MATEMÁTICA
O valor do coeficiente angular m varia em função de a.

0 < a < 90° → m > 0

2º caso: 90° < a < 180°

a=0→m=0

Do triângulo retângulo ABC, vem:

a = 90° → m

Portanto, para os dois casos, temos:

Coeficiente angular

Coeficiente angular m de uma reta não - perpendicular ao eixo


é o valor da tangente do ângulo de inclinação dessa reta.

m = tan a
A equação fundamental de r é dada por:

Equação Geral da Reta


Ax + by + c = 0

Equação Segmentária

51
MATEMÁTICA
Retas concorrentes
As retas r e s têm coeficientes angulares diferentes.

ar ≠ as ↔ mr ≠ ms
Equação reduzida da reta
Vamos determinar a equação da reta r que passa por Q(0,q) e Assim, para r e s concorrentes, temos:
tem coeficiente angular m = tan a:

y - q = m(x - 0)
y - q = mx
y = mx + q

Toda equação na forma y = mx + q é chamada equação reduzi-


da da reta, em que m é o coeficiente. Retas perpendiculares
Duas retas, r e s, não - verticais são perpendiculares se, e so-
Posições relativas de duas retas mente se, os seus coeficientes angulares são tais que
Considere duas retas distintas do plano cartesiano:

De fato:
Podemos classificá-las como paralelas ou concorrentes.

Retas paralelas
As retas r e s têm o mesmo coeficiente angular.

ar = as ↔ mr = ms

Como:

Assim, para r // s, temos:


Então:

E, reciprocamente, se

52
MATEMÁTICA
Logo, Circunferência: Equações da circunferência e Equação reduzi-
da
Circunferência é o conjunto de todos os pontos de um plano
equidistantes de um ponto fixo, desse mesmo plano, denominado
centro da circunferência:
Distância de ponto a reta
Considere uma reta r, de equação ax + by + c = 0, e um ponto
P( x0, y0 ) não pertencente a r. Pode-se demonstrar que a distância
entre P e r( dPr ) é dada por:

Assim, sendo C(a, b) o centro e P(x, y) um ponto qualquer da


circunferência, a distância de C a P(dCP) é o raio dessa circunferên-
cia. Então:

Ângulo entre duas retas


Conhecendo os coeficientes angulares mr e ms de duas retas, r
e s, não paralelas aos eixos , podemos determinar o ângu-
lo 0 agudo formado entre elas:

Portanto, (x - a)2 + (y - b)2 =r2 é a equação reduzida da circunfe-


Se uma das retas for vertical, teremos: rência e permite determinar os elementos essenciais para a cons-
trução da circunferência: as coordenadas do centro e o raio.
Observação: Quando o centro da circunfer6encia estiver na ori-
gem (C(0,0)), a equação da circunferência será x2 + y2 = r2.

Equação Geral
Desenvolvendo a equação reduzida, obtemos a equação geral
da circunferência:

53
MATEMÁTICA
Como exemplo, vamos determinar a equação geral da circunfe-
rência de centro C(2, -3) e raio r = 4. SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS: SEQUÊNCIAS. PROGRES-
SÕES ARITMÉTICAS E GEOMÉTRICAS - NOÇÃO DE
A equação reduzida da circunferência é: LIMITE DE UMA SEQUÊNCIA. SOMA DOS TERMOS DE
UMA PROGRESSÃO GEOMÉTRICA INFINITA
( x - 2 )2 +( y + 3 )2 = 16
Sequências
Desenvolvendo os quadrados dos binômios, temos: Sempre que estabelecemos uma ordem para os elementos de
um conjunto, de tal forma que cada elemento seja associado a uma
posição, temos uma sequência.
O primeiro termo da sequência é indicado por a1,o segundo por
a2, e o n-ésimo por an.

Termo Geral de uma Sequência


Determinação do centro e do raio da circunferência, dada a Algumas sequências podem ser expressas mediante uma lei de
equação geral formação. Isso significa que podemos obter um termo qualquer da
Dada a equação geral de uma circunferência, utilizamos o pro- sequência a partir de uma expressão, que relaciona o valor do ter-
cesso de fatoração de trinômio quadrado perfeito para transformá- mo com sua posição.
-la na equação reduzida e, assim, determinamos o centro e o raio Para a posição n(n ϵ N*), podemos escrever an=f(n)
da circunferência.
Para tanto, a equação geral deve obedecer a duas condições: Progressão Aritmética
- Os coeficientes dos termos x2 e y2 devem ser iguais a 1; Denomina-se progressão aritmética(PA) a sequência em que
- Não deve existir o termo xy. cada termo, a partir do segundo, é obtido adicionando-se uma
constante r ao termo anterior. Essa constante r chama-se razão da
Então, vamos determinar o centro e o raio da circunferência PA.
cuja equação geral é x2 + y2 - 6x + 2y - 6 = 0. an = an-1 + r(n ≥ 2)

Observando a equação, vemos que ela obedece às duas con- Exemplo


dições. A sequência (2,7,12) é uma PA finita de razão 5:
a1 = 2
Assim: a2 = 2 + 5 = 7
a3 = 7 + 5 = 12
1º passo: agrupamos os termos em x e os termos em y e isola-
mos o termo independente Classificação
x2 - 6x + _ + y2 + 2y + _ = 6 As progressões aritméticas podem ser classificadas de acordo
com o valor da razão r.
2º passo: determinamos os termos que completam os quadra- r < 0, PA decrescente
dos perfeitos nas variáveis x e y, somando a ambos os membros as r > 0, PA crescente
parcelas correspondentes r = 0, PA constante

Propriedades das Progressões Aritméticas


-Qualquer termo de uma PA, a partir do segundo, é a média
aritmética entre o anterior e o posterior.

3º passo: fatoramos os trinômios quadrados perfeitos


( x - 3 ) 2 + ( y + 1 ) 2 = 16 -A soma de dois termos equidistantes dos extremos é igual à
soma dos extremos.
4º passo: obtida a equação reduzida, determinamos o centro a1 + an = a2 + an-1 = a3 + an-2
e o raio
Termo Geral da PA
Podemos escrever os elementos da PA(a1, a2, a3, ..., an,...) da
seguinte forma:
a2 = a1 + r
a3 = a2 + r = a1 + 2r
a4 = a3 + r = a1 + 3r

Observe que cada termo é obtido adicionando-se ao primeiro


número de razões r igual à posição do termo menos uma unidade.
an = a1 + (n - 1)r

54
MATEMÁTICA
Soma dos Termos de uma Progressão Aritmética Exemplo
Considerando a PA finita (6,10, 14, 18, 22, 26, 30, 34). Dada a sequência: (4, 8, 16)
6 e 34 são extremos, cuja soma é 40 a1 = 4
a2 = 4 . 2 = 8
a3 = 8 . 2 = 16

Classificação
As classificações geométricas são classificadas assim:
Numa PA finita, a soma de dois termos equidistantes dos extre- - Crescente: Quando cada termo é maior que o anterior. Isto
mos é igual à soma dos extremos. ocorre quando a1 > 0 e q > 1 ou quando a1 < 0 e 0 < q < 1.
- Decrescente: Quando cada termo é menor que o anterior. Isto
Soma dos Termos ocorre quando a1 > 0 e 0 < q < 1 ou quando a1 < 0 e q > 1.
Usando essa propriedade, obtemos a fórmula que permite cal- - Alternante: Quando cada termo apresenta sinal contrário ao
cular a soma dos n primeiros termos de uma progressão aritmética. do anterior. Isto ocorre quando q < 0.
- Constante: Quando todos os termos são iguais. Isto ocorre
quando q = 1. Uma PG constante é também uma PA de razão r = 0.
A PG constante é também chamada de PG estacionaria.
- Singular: Quando zero é um dos seus termos. Isto ocorre
quando a1 = 0 ou q = 0.
Sn - Soma dos primeiros termos
a1 - primeiro termo Termo Geral da PG
an - enésimo termo Pelo exemplo anterior, podemos perceber que cada termo é
n - número de termos obtido multiplicando-se o primeiro por uma potência cuja base é
a razão. Note que o expoente da razão é igual à posição do termo
Exemplo menos uma unidade.
Uma progressão aritmética finita possui 39 termos. O último é
igual a 176 e o central e igual a 81. Qual é o primeiro termo? a2 = a1 . q2-1
a3 = a1 . q3-1
Solução
Como esta sucessão possui 39 termos, sabemos que o termo Portanto, o termo geral é:
central é o a20, que possui 19 termos à sua esquerda e mais 19 à sua an = a1 . qn-1
direita. Então temos os seguintes dados para solucionar a questão:
Soma dos Termos de uma Progressão Geométrica Finita
Seja a PG finita (a1, a1q, a1q2, ...)de razão q e de soma dos ter-
mos Sn:

1º Caso: q=1

Sabemos também que a soma de dois termos equidistantes Sn = n . a 1


dos extremos de uma P.A. finita é igual à soma dos seus extremos.
Como esta P.A. tem um número ímpar de termos, então o termo 2º Caso: q≠1
central tem exatamente o valor de metade da soma dos extremos.
Em notação matemática temos:

Exemplo
Dada a progressão geométrica (1, 3, 9, 27,..) calcular:
a) A soma dos 6 primeiros termos
b) O valor de n para que a soma dos n primeiros termos seja
29524

Solução:
a1 = 1; q = 3; n = 6

Assim sendo:
O primeiro termo desta sucessão é igual a -14.

Progressão Geométrica
Denomina-se progressão geométrica(PG) a sequência em que
se obtém cada termo, a partir do segundo, multiplicando o anterior
por uma constante q, chamada razão da PG.

55
MATEMÁTICA
O número de maneiras diferentes de se vestir é:2(calças).
3(blusas)=6 maneiras

Fatorial
É comum nos problemas de contagem, calcularmos o produto
de uma multiplicação cujos fatores são números naturais consecu-
tivos. Para facilitar adotamos o fatorial.
n! = n(n - 1)(n - 2)... 3 . 2 . 1, (n ϵ N)

Arranjo Simples
Soma dos Termos de uma Progressão Geométrica Infinita Denomina-se arranjo simples dos n elementos de E, p a p, toda
sequência de p elementos distintos de E.
1º Caso:-1 < q < 1
Exemplo
Usando somente algarismos 5, 6 e 7. Quantos números de 2
algarismos distintos podemos formar?

Quando a PG infinita possui soma finita, dizemos que a série é


convergente.

2º Caso: |q| > 1


A PG infinita não possui soma finita, dizemos que a série é di-
vergente

3º Caso: |q| = 1
Também não possui soma finita, portanto divergente

Produto dos termos de uma PG finita

Observe que os números obtidos diferem entre si:


Pela ordem dos elementos: 56 e 65
ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE: O PRIN- Pelos elementos componentes: 56 e 67
CÍPIO FUNDAMENTAL DA CONTAGEM. PERMUTAÇÕES, Cada número assim obtido é denominado arranjo simples dos
ARRANJOS E COMBINAÇÕES SIMPLES. BINÔMIO DE 3 elementos tomados 2 a 2.
NEWTON. INCERTEZA E PROBABILIDADE, CONCEITOS
BÁSICOS, PROBABILIDADE CONDICIONAL E EVENTOS Indica-se A3,2
INDEPENDENTES, PROBABILIDADE DA UNIÃO DE
EVENTOS

Análise Combinatória
A Análise Combinatória é a área da Matemática que trata dos
problemas de contagem. Permutação Simples
Chama-se permutação simples dos n elementos, qualquer
Princípio Fundamental da Contagem agrupamento(sequência) de n elementos distintos de E.
Estabelece o número de maneiras distintas de ocorrência de O número de permutações simples de n elementos é indicado
um evento composto de duas ou mais etapas. por Pn.
Se uma decisão E1 pode ser tomada de n1 modos e, a decisão E2 Pn = n!
pode ser tomada de n2 modos, então o número de maneiras de se
tomarem as decisões E1 e E2 é n1.n2. Exemplo
Quantos anagramas tem a palavra CHUVEIRO?
Exemplo Solução
A palavra tem 8 letras, portanto:
P8 = 8! = 8 . 7 . 6 . 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 40320

56
MATEMÁTICA
Permutação com elementos repetidos Triângulo de Pascal
De modo geral, o número de permutações de n objetos, dos
quais n1 são iguais a A, n2 são iguais a B, n3 são iguais a C etc.

Exemplo
Quantos anagramas tem a palavra PARALELEPÍPEDO?

Solução
Se todos as letras fossem distintas, teríamos 14! Permutações.
Como temos uma letra repetida, esse número será menor.

Temos 3P, 2A, 2L e 3 E

LINHA 0 1
Combinação Simples LINHA 1 1 1
Dado o conjunto {a1, a2, ..., an} com n objetos distintos, pode- LINHA 2 1 2 1
mos formar subconjuntos com p elementos. Cada subconjunto com
LINHA 3 1 3 3 1
i elementos é chamado combinação simples.
LINHA 4 1 4 6 4 1
LINHA 5 1 5 10 10 5 1
LINHA 6 1 6 15 20 15 6 1

Exemplo Binômio de Newton


Calcule o número de comissões compostas de 3 alunos que po- Denomina-se binômio de Newton todo binômio da forma (a +
demos formar a partir de um grupo de 5 alunos. b)n, com n ϵ N. Vamos desenvolver alguns binômios:
n = 0 → (a + b)0 = 1
Solução n = 1 → (a + b)1 = 1a + 1b
n = 2 → (a + b)2 = 1a2 + 2ab +1b2
n = 3 → (a + b)3 = 1a3 + 3a2b +3ab2 + b3

Observe que os coeficientes dos termos formam o triângulo de


Pascal.
Números Binomiais
O número de combinações de n elementos, tomados p a p,
também é representado pelo número binomial .

ESTATÍSTICA BÁSICA E TRATAMENTO DA INFORMA-


Binomiais Complementares ÇÃO: POPULAÇÃO ESTATÍSTICA, AMOSTRAS, FREQU-
Dois binomiais de mesmo numerador em que a soma dos de- ÊNCIA ABSOLUTA E RELATIVA. DISTRIBUIÇÃO DE FRE-
nominadores é igual ao numerador são iguais: QUÊNCIAS COM DADOS AGRUPADOS, POLÍGONO DE
FREQUÊNCIA

Estatística descritiva
O objetivo da Estatística Descritiva é resumir as principais ca-
Relação de Stifel racterísticas de um conjunto de dados por meio de tabelas, gráficos
e resumos numéricos.

Noções de estatística
A estatística torna-se a cada dia uma importante ferramenta de
apoio à decisão. Resumindo: é um conjunto de métodos e técnicas
que auxiliam a tomada de decisão sob a presença de incerteza.

57
MATEMÁTICA
Estatística descritiva (Dedutiva) Quantitativas – quando seus valores são expressos em núme-
O objetivo da Estatística Descritiva é resumir as principais ca- ros (salários dos operários, idade dos alunos, etc). Uma variável
racterísticas de um conjunto de dados por meio de tabelas, gráficos quantitativa que pode assumir qualquer valor entre dois limites
e resumos numéricos. Fazemos uso de: recebe o nome de variável contínua; e uma variável que só pode
assumir valores pertencentes a um conjunto enumerável recebe o
Tabelas de frequência nome de variável discreta.
Ao dispor de uma lista volumosa de dados, as tabelas de frequ-
ência servem para agrupar informações de modo que estas possam Fases do método estatístico
ser analisadas. As tabelas podem ser de frequência simples ou de — Coleta de dados: após cuidadoso planejamento e a devida
frequência em faixa de valores. determinação das características mensuráveis do fenômeno que se
quer pesquisar, damos início à coleta de dados numéricos necessá-
Gráficos rios à sua descrição. A coleta pode ser direta e indireta.
O objetivo da representação gráfica é dirigir a atenção do ana- — Crítica dos dados: depois de obtidos os dados, os mesmos
lista para alguns aspectos de um conjunto de dados. Alguns exem- devem ser cuidadosamente criticados, à procura de possível falhas
plos de gráficos são: diagrama de barras, diagrama em setores, e imperfeições, a fim de não incorrermos em erros grosseiros ou
histograma, boxplot, ramo-e-folhas, diagrama de dispersão, gráfico de certo vulto, que possam influir sensivelmente nos resultados. A
sequencial. crítica pode ser externa e interna.

Resumos numéricos — Apuração dos dados: soma e processamento dos dados ob-
Por meio de medidas ou resumos numéricos podemos levantar tidos e a disposição mediante critérios de classificação, que pode
importantes informações sobre o conjunto de dados tais como: a ser manual, eletromecânica ou eletrônica.
tendência central, variabilidade, simetria, valores extremos, valores — Exposição ou apresentação de dados: os dados devem ser
discrepantes, etc. apresentados sob forma adequada (tabelas ou gráficos), tornando
mais fácil o exame daquilo que está sendo objeto de tratamento
Estatística inferencial (Indutiva) estatístico.
Utiliza informações incompletas para tomar decisões e tirar — Análise dos resultados: realizadas anteriores (Estatística
conclusões satisfatórias. O alicerce das técnicas de estatística infe- Descritiva), fazemos uma análise dos resultados obtidos, através
rencial está no cálculo de probabilidades. Fazemos uso de: dos métodos da Estatística Indutiva ou Inferencial, que tem por
base a indução ou inferência, e tiramos desses resultados conclu-
Estimação sões e previsões.
A técnica de estimação consiste em utilizar um conjunto de da-
dos incompletos, ao qual iremos chamar de amostra, e nele calcular Censo
estimativas de quantidades de interesse. Estas estimativas podem É uma avaliação direta de um parâmetro, utilizando-se todos os
ser pontuais (representadas por um único valor) ou intervalares. componentes da população.

Teste de Hipóteses Principais propriedades:


O fundamento do teste estatístico de hipóteses é levantar su- - Admite erros processual zero e tem 100% de confiabilidade;
posições acerca de uma quantidade não conhecida e utilizar, tam- - É caro;
bém, dados incompletos para criar uma regra de escolha. - É lento;
- É quase sempre desatualizado (visto que se realizam em perí-
População e amostra odos de anos 10 em 10 anos);
- Nem sempre é viável.

Dados brutos: é uma sequência de valores numéricos não or-


ganizados, obtidos diretamente da observação de um fenômeno
coletivo.

Rol: é uma sequência ordenada dos dados brutos.

MÉDIAS (ARITMÉTICA E PONDERADA), MEDIANA E


MODA
É o conjunto de todas as unidades sobre as quais há o interesse
de investigar uma ou mais características. Média aritmética de um conjunto de números é o valor que se
obtém dividindo a soma dos elementos pelo número de elementos
Variáveis e suas classificações do conjunto.
Qualitativas – quando seus valores são expressos por atribu- Representemos a média aritmética por .
tos: sexo (masculino ou feminino), cor da pele, entre outros. Dize- A média pode ser calculada apenas se a variável envolvida na
mos que estamos qualificando. pesquisa for quantitativa. Não faz sentido calcular a média aritméti-
ca para variáveis quantitativas.
Na realização de uma mesma pesquisa estatística entre diferen-
tes grupos, se for possível calcular a média, ficará mais fácil estabe-
lecer uma comparação entre esses grupos e perceber tendências.

58
MATEMÁTICA
Considerando uma equipe de basquete, a soma das alturas dos Observação:
jogadores é: A moda pode não existir e, se existir, pode não ser única.

1,85 + 1,85 + 1,95 + 1,98 + 1,98 + 1,98 + 2,01 + 2,01+2,07+2,07 Exemplo 1:


+2,07+2,07+2,10+2,13+2,18 = 30,0 O conjunto de dados 3, 3, 8, 8, 8, 6, 9, 31 tem moda igual a 8,
isto é, Mo=8.
Se dividirmos esse valor pelo número total de jogadores, obte-
remos a média aritmética das alturas: Exemplo 2:
O conjunto de dados 1, 2, 9, 6, 3, 5 não tem moda.

Medidas de dispersão
Duas distribuições de frequência com medidas de tendência
A média aritmética das alturas dos jogadores é 2,02m. central semelhantes podem apresentar características diversas.
Necessita-se de outros índices numéricas que informem sobre o
Média Ponderada grau de dispersão ou variação dos dados em torno da média ou de
A média dos elementos do conjunto numérico A relativa à adi- qualquer outro valor de concentração. Esses índices são chamados
ção e na qual cada elemento tem um “determinado peso” é chama- medidas de dispersão.
da média aritmética ponderada.
Variância
Há um índice que mede a “dispersão” dos elementos de um
conjunto de números em relação à sua média aritmética, e que é
chamado de variância. Esse índice é assim definido:
Seja o conjunto de números x1 , x2 , x3 , ... xn, tal que é sua
Mediana (Md) média aritmética. Chama-se variância desse conjunto, e indica-se
Sejam os valores escritos em rol: x1 , x2 , x3 , ... xn por , o número:

Sendo n ímpar, chama-se mediana o termo xi tal que o núme-


ro de termos da sequência que precedem xi é igual ao número de
termos que o sucedem, isto é, xi é termo médio da sequência (xn)
em rol.
Sendo n par, chama-se mediana o valor obtido pela média arit- Isto é:
mética entre os termos xj e xj +1, tais que o número de termos que
precedem xj é igual ao número de termos que sucedem xj +1, isto é,
a mediana é a média aritmética entre os termos centrais da sequ-
ência (xn) em rol.

Exemplo 1: E para amostra


Determinar a mediana do conjunto de dados:
{12, 3, 7, 10, 21, 18, 23}

Solução:
Escrevendo os elementos do conjunto em rol, tem-se: (3, 7, 10, Exemplo 1:
12, 18, 21, 23). A mediana é o termo médio desse rol. Logo: Md=12 Em oito jogos, o jogador A, de bola ao cesto, apresentou o se-
Resposta: Md=12. guinte desempenho, descrito na tabela abaixo:

Exemplo 2: JOGO NÚMERO DE PONTOS


Determinar a mediana do conjunto de dados:
{10, 12, 3, 7, 18, 23, 21, 25}. 1 22
2 18
Solução:
Escrevendo-se os elementos do conjunto em rol, tem-se: 3 13
(3, 7, 10, 12, 18, 21, 23, 25). A mediana é a média aritmética 4 24
entre os dois termos centrais do rol.
5 26
Logo: 6 20
7 19
Resposta: Md=15
8 18
Moda (Mo)
Num conjunto de números: x1 , x2 , x3 , ... xn, chama-se moda a) Qual a média de pontos por jogo?
aquele valor que ocorre com maior frequência. b) Qual a variância do conjunto de pontos?

59
MATEMÁTICA
Solução:

a) A média de pontos por jogo é:


LEITURA, CONSTRUÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE GRÁFI-
COS DE BARRAS, DE SETORES E DE SEGMENTOS

Os gráficos e tabelas apresentam o cruzamento entre dois da-


dos relacionados entre si.
b) A variância é: A escolha do tipo e a forma de apresentação sempre vão de-
pender do contexto, mas de uma maneira geral um bom gráfico
deve:
-Mostrar a informação de modo tão acurado quanto possível.
-Utilizar títulos, rótulos, legendas, etc. para tornar claro o con-
texto, o conteúdo e a mensagem.
-Complementar ou melhorar a visualização sobre aspectos des-
critos ou mostrados numericamente através de tabelas.
Desvio médio -Utilizar escalas adequadas.
Definição -Mostrar claramente as tendências existentes nos dados.
Medida da dispersão dos dados em relação à média de uma se-
quência. Esta medida representa a média das distâncias entre cada Tipos de gráficos
elemento da amostra e seu valor médio.
Barras- utilizam retângulos para mostrar a quantidade.

Barra vertical

Desvio padrão
Definição
Seja o conjunto de números x1 , x2 , x3 , ... xn, tal que é sua mé-
dia aritmética. Chama-se desvio padrão desse conjunto, e indica-se
por , o número:

Isto é:

Barra horizontal

Exemplo:
As estaturas dos jogadores de uma equipe de basquetebol são:
2,00 m; 1,95 m; 2,10 m; 1,90 m e 2,05 m. Calcular:
a) A estatura média desses jogadores.
b) O desvio padrão desse conjunto de estaturas.

Solução:

Sendo a estatura média, temos:

Sendo o desvio padrão, tem-se:

60
MATEMÁTICA
Histogramas Pictogramas – são imagens ilustrativas para tornar mais fácil a
compreensão de todos sobre um tema.
São gráfico de barra que mostram a frequência de uma variável
específica e um detalhe importante que são faixas de valores em x.

Da mesma forma, as tabelas ajudam na melhor visualização de


dados e muitas vezes é através dela que vamos fazer os tipos de
gráficos vistos anteriormente.

Podem ser tabelas simples:

Quantos aparelhos tecnológicos você tem na sua casa?

APARELHO QUANTIDADE
Televisão 3
Setor ou pizza- Muito útil quando temos um total e queremos Celular 4
demonstrar cada parte, separando cada pedaço como numa pizza.
Geladeira 1

PROBLEMAS ENVOLVENDO RACIOCÍNIO LÓGICO

RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO


Este tipo de raciocínio testa sua habilidade de resolver proble-
mas matemáticos, e é uma forma de medir seu domínio das dife-
rentes áreas do estudo da Matemática: Aritmética, Álgebra, leitura
de tabelas e gráficos, Probabilidade e Geometria etc. Essa parte
consiste nos seguintes conteúdos:
- Operação com conjuntos.
- Cálculos com porcentagens.
- Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geomé-
Linhas- É um gráfico de grande utilidade e muito comum na tricos e matriciais.
representação de tendências e relacionamentos de variáveis - Geometria básica.
- Álgebra básica e sistemas lineares.
- Calendários.
- Numeração.
- Razões Especiais.
- Análise Combinatória e Probabilidade.
- Progressões Aritmética e Geométrica.

RACIOCÍNIO LÓGICO DEDUTIVO


Este tipo de raciocínio está relacionado ao conteúdo Lógica de
Argumentação.

ORIENTAÇÕES ESPACIAL E TEMPORAL


O raciocínio lógico espacial ou orientação espacial envolvem
figuras, dados e palitos. O raciocínio lógico temporal ou orientação
temporal envolve datas, calendário, ou seja, envolve o tempo.
O mais importante é praticar o máximo de questões que envol-
vam os conteúdos:
- Lógica sequencial
- Calendários

61
MATEMÁTICA
RACIOCÍNIO VERBAL
Avalia a capacidade de interpretar informação escrita e tirar conclusões lógicas.
Uma avaliação de raciocínio verbal é um tipo de análise de habilidade ou aptidão, que pode ser aplicada ao se candidatar a uma vaga.
Raciocínio verbal é parte da capacidade cognitiva ou inteligência geral; é a percepção, aquisição, organização e aplicação do conhecimento
por meio da linguagem.
Nos testes de raciocínio verbal, geralmente você recebe um trecho com informações e precisa avaliar um conjunto de afirmações,
selecionando uma das possíveis respostas:
A – Verdadeiro (A afirmação é uma consequência lógica das informações ou opiniões contidas no trecho)
B – Falso (A afirmação é logicamente falsa, consideradas as informações ou opiniões contidas no trecho)
C – Impossível dizer (Impossível determinar se a afirmação é verdadeira ou falsa sem mais informações)

ESTRUTURAS LÓGICAS
Precisamos antes de tudo compreender o que são proposições. Chama-se proposição toda sentença declarativa à qual podemos atri-
buir um dos valores lógicos: verdadeiro ou falso, nunca ambos. Trata-se, portanto, de uma sentença fechada.

Elas podem ser:


• Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógico verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto, não
é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
- Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem? – Fez Sol ontem?
- Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a televisão.
- Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, ambíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro do
meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1

• Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será considerada
uma frase, proposição ou sentença lógica.

Proposições simples e compostas


• Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.

• Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógicas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições
simples. As proposições compostas são designadas pelas letras latinas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras proposicionais.

ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas por duas proposições simples.

Proposições Compostas – Conectivos


As proposições compostas são formadas por proposições simples ligadas por conectivos, aos quais formam um valor lógico, que po-
demos vê na tabela a seguir:

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA TABELA VERDADE

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

62
MATEMÁTICA

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

Condicional → Se p então q

Bicondicional ↔ p se e somente se q

Em síntese temos a tabela verdade das proposições que facilitará na resolução de diversas questões

63
MATEMÁTICA
Exemplo:
(MEC – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA OS POSTOS 9,10,11 E 16 – CESPE)

A figura acima apresenta as colunas iniciais de uma tabela-verdade, em que P, Q e R representam proposições lógicas, e V e F corres-
pondem, respectivamente, aos valores lógicos verdadeiro e falso.
Com base nessas informações e utilizando os conectivos lógicos usuais, julgue o item subsecutivo.
A última coluna da tabela-verdade referente à proposição lógica P v (Q↔R) quando representada na posição horizontal é igual a

( ) Certo
( ) Errado

Resolução:
P v (Q↔R), montando a tabela verdade temos:

R Q P [P v (Q ↔ R) ]
V V V V V V V V
V V F F V V V V
V F V V V F F V
V F F F F F F V
F V V V V V F F
F V F F F V F F
F F V V V F V F
F F F F V F V F

Resposta: Certo

Proposição
Conjunto de palavras ou símbolos que expressam um pensamento ou uma ideia de sentido completo. Elas transmitem pensamentos,
isto é, afirmam fatos ou exprimem juízos que formamos a respeito de determinados conceitos ou entes.

Valores lógicos
São os valores atribuídos as proposições, podendo ser uma verdade, se a proposição é verdadeira (V), e uma falsidade, se a proposição
é falsa (F). Designamos as letras V e F para abreviarmos os valores lógicos verdade e falsidade respectivamente.
Com isso temos alguns aximos da lógica:
– PRINCÍPIO DA NÃO CONTRADIÇÃO: uma proposição não pode ser verdadeira E falsa ao mesmo tempo.
– PRINCÍPIO DO TERCEIRO EXCLUÍDO: toda proposição OU é verdadeira OU é falsa, verificamos sempre um desses casos, NUNCA
existindo um terceiro caso.

“Toda proposição tem um, e somente um, dos valores, que são: V ou F.”

64
MATEMÁTICA
Classificação de uma proposição
Elas podem ser:
• Sentença aberta:quando não se pode atribuir um valor lógico verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto, não
é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
- Frases interrogativas: Quando será prova?- Estudou ontem? – Fez Sol ontem?
- Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a televisão.
- Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, ambíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro do
meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1

• Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será considerada
uma frase, proposição ou sentença lógica.

Proposições simples e compostas


• Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.

Exemplos
r: Thiago é careca.
s: Pedro é professor.

• Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógicas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições sim-
ples. As proposições compostas são designadas pelas letras latinas maiúsculas P,Q,R, R...,também chamadas letras proposicionais.

Exemplo
P: Thiago é careca e Pedro é professor.

ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas por duas proposições simples.

Exemplos:
1. (CESPE/UNB) Na lista de frases apresentadas a seguir:
– “A frase dentro destas aspas é uma mentira.”
– A expressão x + y é positiva.
– O valor de √4 + 3 = 7.
– Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira.
– O que é isto?

Há exatamente:
(A) uma proposição;
(B) duas proposições;
(C) três proposições;
(D) quatro proposições;
(E) todas são proposições.

Resolução:
Analisemos cada alternativa:
(A) “A frase dentro destas aspas é uma mentira”, não podemos atribuir valores lógicos a ela, logo não é uma sentença lógica.
(B) A expressão x + y é positiva, não temos como atribuir valores lógicos, logo não é sentença lógica.
(C) O valor de √4 + 3 = 7; é uma sentença lógica pois podemos atribuir valores lógicos, independente do resultado que tenhamos
(D) Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira, também podemos atribuir valores lógicos (não estamos considerando a quantidade
certa de gols, apenas se podemos atribuir um valor de V ou F a sentença).
(E) O que é isto? -como vemos não podemos atribuir valores lógicos por se tratar de uma frase interrogativa.
Resposta: B.

Conectivos (conectores lógicos)


Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos. São eles:

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA TABELA VERDADE

Negação ~ Não p

65
MATEMÁTICA

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

Condicional → Se p então q

Bicondicional ↔ p se e somente se q

Exemplo:
2. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP) Os conectivos ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou símbolos (da
linguagem formal) utilizados para conectar proposições de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa que apre-
senta exemplos de conjunção, negação e implicação, respectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
(C) p -> q, p v q, ¬ p
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q

Resolução:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é repre-
sentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposição simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação é uma
proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representada pelo símbolo (→).
Resposta: B.

66
MATEMÁTICA
Tabela Verdade
Quando trabalhamos com as proposições compostas, determinamos o seu valor lógico partindo das proposições simples que a com-
põe. O valor lógico de qualquer proposição composta depende UNICAMENTE dos valores lógicos das proposições simples componentes,
ficando por eles UNIVOCAMENTE determinados.

• Número de linhas de uma Tabela Verdade: depende do número de proposições simples que a integram, sendo dado pelo seguinte
teorema:
“A tabela verdade de uma proposição composta com n* proposições simples componentes contém 2n linhas.”

Exemplo:
3. (CESPE/UNB) Se “A”, “B”, “C” e “D” forem proposições simples e distintas, então o número de linhas da tabela-verdade da propo-
sição (A → B) ↔ (C → D) será igual a:
(A) 2;
(B) 4;
(C) 8;
(D) 16;
(E) 32.

Resolução:
Veja que podemos aplicar a mesma linha do raciocínio acima, então teremos:
Número de linhas = 2n = 24 = 16 linhas.
Resposta D.

Conceitos de Tautologia , Contradição e Contigência


• Tautologia: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), V (verdades).
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma tautologia, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma tautologia, quaisquer que sejam
as proposições P0, Q0, R0, ...

• Contradição: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), F (falsidades). A contradição é a negação da Tauto-
logia e vice versa.
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma contradição, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma contradição, quaisquer que sejam
as proposições P0, Q0, R0, ...

• Contingência: possui valores lógicos V e F ,da tabela verdade (última coluna). Em outros termos a contingência é uma proposição
composta que não é tautologia e nem contradição.

Exemplos:
4. (DPU – ANALISTA – CESPE) Um estudante de direito, com o objetivo de sistematizar o seu estudo, criou sua própria legenda, na qual
identificava, por letras, algumas afirmações relevantes quanto à disciplina estudada e as vinculava por meio de sentenças (proposições).
No seu vocabulário particular constava, por exemplo:
P: Cometeu o crime A.
Q: Cometeu o crime B.
R: Será punido, obrigatoriamente, com a pena de reclusão no regime fechado.
S: Poderá optar pelo pagamento de fiança.

Ao revisar seus escritos, o estudante, apesar de não recordar qual era o crime B, lembrou que ele era inafiançável.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item que se segue.
A sentença (P→Q)↔((~Q)→(~P)) será sempre verdadeira, independentemente das valorações de P e Q como verdadeiras ou falsas.
() Certo
() Errado

Resolução:
Considerando P e Q como V.
(V→V) ↔ ((F)→(F))
(V) ↔ (V) = V
Considerando P e Q como F
(F→F) ↔ ((V)→(V))
(V) ↔ (V) = V
Então concluímos que a afirmação é verdadeira.
Resposta: Certo.

67
MATEMÁTICA
Equivalência
Duas ou mais proposições compostas são equivalentes, quando mesmo possuindo estruturas lógicas diferentes, apresentam a mesma
solução em suas respectivas tabelas verdade.
Se as proposições P(p,q,r,...) e Q(p,q,r,...) são ambas TAUTOLOGIAS, ou então, são CONTRADIÇÕES, então são EQUIVALENTES.

Exemplo:
5. (VUNESP/TJSP) Uma negação lógica para a afirmação “João é rico, ou Maria é pobre” é:
(A) Se João é rico, então Maria é pobre.
(B) João não é rico, e Maria não é pobre.
(C) João é rico, e Maria não é pobre.
(D) Se João não é rico, então Maria não é pobre.
(E) João não é rico, ou Maria não é pobre.

Resolução:
Nesta questão, a proposição a ser negada trata-se da disjunção de duas proposições lógicas simples. Para tal, trocamos o conectivo
por “e” e negamos as proposições “João é rico” e “Maria é pobre”. Vejam como fica:

Resposta: B.

Leis de Morgan
Com elas:
– Negamos que duas dadas proposições são ao mesmo tempo verdadeiras equivalendo a afirmar que pelo menos uma é falsa
– Negamos que uma pelo menos de duas proposições é verdadeira equivalendo a afirmar que ambas são falsas.

ATENÇÃO
As Leis de Morgan exprimem que NEGAÇÃO CONJUNÇÃO em DISJUNÇÃO
transforma: DISJUNÇÃO em CONJUNÇÃO

68
MATEMÁTICA
CONECTIVOS
Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos.

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA EXEMPLOS


Negação ~ Não p A cadeira não é azul.
Conjunção ^ peq Fernando é médico e Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Inclusiva v p ou q Fernando é médico ou Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Exclusiva v Ou p ou q Ou Fernando é médico ou João é Engenheiro.
Condicional → Se p então q Se Fernando é médico então Nicolas é Engenheiro.
Bicondicional ↔ p se e somente se q Fernando é médico se e somente se Nicolas é Engenheiro.

Conectivo “não” (~)


Chamamos de negação de uma proposição representada por “não p” cujo valor lógico é verdade (V) quando p é falsa e falsidade (F)
quando p é verdadeira. Assim “não p” tem valor lógico oposto daquele de p. Pela tabela verdade temos:

Conectivo “e” (˄)


Se p e q são duas proposições, a proposição p ˄ q será chamada de conjunção. Para a conjunção, tem-se a seguinte tabela-verdade:

ATENÇÃO: Sentenças interligadas pelo conectivo “e” possuirão o valor verdadeiro somente quando todas as sentenças, ou argumen-
tos lógicos, tiverem valores verdadeiros.

Conectivo “ou” (v)


Este inclusivo: Elisabete é bonita ou Elisabete é inteligente. (Nada impede que Elisabete seja bonita e inteligente).

Conectivo “ou” (v)


Este exclusivo: Elisabete é paulista ou Elisabete é carioca. (Se Elisabete é paulista, não será carioca e vice-versa).

69
MATEMÁTICA
• Mais sobre o Conectivo “ou”
– “inclusivo”(considera os dois casos)
– “exclusivo”(considera apenas um dos casos)
Exemplos:
R: Paulo é professor ou administrador
S: Maria é jovem ou idosa
No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma das proposições é verdadeira, podendo ser ambas.
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das proposições poderá ser verdadeira

Ele pode ser “inclusivo”(considera os dois casos) ou “exclusivo”(considera apenas um dos casos)

Exemplo:
R: Paulo é professor ou administrador
S: Maria é jovem ou idosa

No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma das proposições é verdadeira, podendo ser ambas.
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das proposições poderá ser verdadeiro

Conectivo “Se... então” (→)


Se p e q são duas proposições, a proposição p→q é chamada subjunção ou condicional. Considere a seguinte subjunção: “Se fizer sol,
então irei à praia”.
1. Podem ocorrer as situações:
2. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
3. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade)
5. Não fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade, pois eu não disse o que faria se não fizesse sol. Assim, poderia ir ou não ir à praia).
Temos então sua tabela verdade:

Observe que uma subjunção p→q somente será falsa quando a primeira proposição, p, for verdadeira e a segunda, q, for falsa.

Conectivo “Se e somente se” (↔)


Se p e q são duas proposições, a proposição p↔q1 é chamada bijunção ou bicondicional, que também pode ser lida como: “p é con-
dição necessária e suficiente para q” ou, ainda, “q é condição necessária e suficiente para p”.
Considere, agora, a seguinte bijunção: “Irei à praia se e somente se fizer sol”. Podem ocorrer as situações:
1. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
2. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
3. Não fez sol e fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade). Sua tabela verdade:

Observe que uma bicondicional só é verdadeira quando as proposições formadoras são ambas falsas ou ambas verdadeiras.

ATENÇÃO: O importante sobre os conectivos é ter em mente a tabela de cada um deles, para que assim você possa resolver qualquer
questão referente ao assunto.

70
MATEMÁTICA
Ordem de precedência dos conectivos:
O critério que especifica a ordem de avaliação dos conectivos ou operadores lógicos de uma expressão qualquer. A lógica matemática
prioriza as operações de acordo com a ordem listadas:

Em resumo:

Exemplo:
(PC/SP - DELEGADO DE POLÍCIA - VUNESP) Os conectivos ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou símbolos (da
linguagem formal) utilizados para conectar proposições de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa que apre-
senta exemplos de conjunção, negação e implicação, respectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
(C) p -> q, p v q, ¬ p
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q

Resolução:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é repre-
sentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposição simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação é uma
proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representada pelo símbolo (→).
Resposta: B

CONTRADIÇÕES
São proposições compostas formadas por duas ou mais proposições onde seu valor lógico é sempre FALSO, independentemente do
valor lógico das proposições simples que a compõem. Vejamos:
A proposição: p ^ ~p é uma contradição, conforme mostra a sua tabela-verdade:

Exemplo:
(PEC-FAZ) Conforme a teoria da lógica proposicional, a proposição ~P ∧ P é:
(A) uma tautologia.
(B) equivalente à proposição ~p ∨ p.
(C) uma contradição.
(D) uma contingência.
(E) uma disjunção.

Resolução:
Montando a tabela teremos que:

P ~p ~p ^p
V F F
V F F
F V F
F V F

Como todos os valores são Falsidades (F) logo estamos diante de uma CONTRADIÇÃO.
Resposta: C

71
MATEMÁTICA
A proposição P(p,q,r,...) implica logicamente a proposição Q(p,- Regras de Inferência obtidas da implicação lógica
q,r,...) quando Q é verdadeira todas as vezes que P é verdadeira.
Representamos a implicação com o símbolo “⇒”, simbolicamente
temos:

P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...).

ATENÇÃO: Os símbolos “→” e “⇒” são completamente distin-


tos. O primeiro (“→”) representa a condicional, que é um conec-
tivo. O segundo (“⇒”) representa a relação de implicação lógica • Silogismo Disjuntivo
que pode ou não existir entre duas proposições.

Exemplo:

• Modus Ponens

Observe:
- Toda proposição implica uma Tautologia:

• Modus Tollens

- Somente uma contradição implica uma contradição:

Propriedades
• Reflexiva:
– P(p,q,r,...) ⇒ P(p,q,r,...)
– Uma proposição complexa implica ela mesma.

• Transitiva: Tautologias e Implicação Lógica


– Se P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...) e
Q(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...), então • Teorema
P(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...) P(p,q,r,..) ⇒ Q(p,q,r,...) se e somente se P(p,q,r,...) → Q(p,q,r,...)
– Se P ⇒ Q e Q ⇒ R, então P ⇒ R

Regras de Inferência
• Inferência é o ato ou processo de derivar conclusões lógicas
de proposições conhecidas ou decididamente verdadeiras. Em ou-
tras palavras: é a obtenção de novas proposições a partir de propo-
sições verdadeiras já existentes.

72
MATEMÁTICA
Observe que: • Universal afirmativa (Tipo A) – “TODO A é B”
→ indica uma operação lógica entre as proposições. Ex.: das Teremos duas possibilidades.
proposições p e q, dá-se a nova proposição p → q.
⇒ indica uma relação. Ex.: estabelece que a condicional P →
Q é tautológica.

Inferências

• Regra do Silogismo Hipotético

Tais proposições afirmam que o conjunto “A” está contido no


conjunto “B”, ou seja, que todo e qualquer elemento de “A” é tam-
bém elemento de “B”. Observe que “Toda A é B” é diferente de
“Todo B é A”.
Princípio da inconsistência
– Como “p ^ ~p → q” é tautológica, subsiste a implicação lógica • Universal negativa (Tipo E) – “NENHUM A é B”
p ^ ~p ⇒ q Tais proposições afirmam que não há elementos em comum
– Assim, de uma contradição p ^ ~p se deduz qualquer propo- entre os conjuntos “A” e “B”. Observe que “nenhum A é B” é o mes-
sição q. mo que dizer “nenhum B é A”.
Podemos representar esta universal negativa pelo seguinte dia-
A proposição “(p ↔ q) ^ p” implica a proposição “q”, pois a grama (A ∩ B = ø):
condicional “(p ↔ q) ^ p → q” é tautológica.

Lógica de primeira ordem


Existem alguns tipos de argumentos que apresentam proposi-
ções com quantificadores. Numa proposição categórica, é impor-
tante que o sujeito se relacionar com o predicado de forma coeren-
te e que a proposição faça sentido, não importando se é verdadeira
ou falsa.
• Particular afirmativa (Tipo I) - “ALGUM A é B”
Vejamos algumas formas: Podemos ter 4 diferentes situações para representar esta pro-
- Todo A é B. posição:
- Nenhum A é B.
- Algum A é B.
- Algum A não é B.

Onde temos que A e B são os termos ou características dessas


proposições categóricas.

• Classificação de uma proposição categórica de acordo com


o tipo e a relação
Elas podem ser classificadas de acordo com dois critérios fun-
damentais: qualidade e extensão ou quantidade.
– Qualidade: O critério de qualidade classifica uma proposição
categórica em afirmativa ou negativa.
– Extensão: O critério de extensão ou quantidade classifica
uma proposição categórica em universal ou particular. A classifica-
ção dependerá do quantificador que é utilizado na proposição.
Essas proposições Algum A é B estabelecem que o conjunto “A”
tem pelo menos um elemento em comum com o conjunto “B”. Con-
tudo, quando dizemos que Algum A é B, presumimos que nem todo
A é B. Observe “Algum A é B” é o mesmo que “Algum B é A”.

Entre elas existem tipos e relações de acordo com a qualidade


e a extensão, classificam-se em quatro tipos, representados pelas
letras A, E, I e O.

73
MATEMÁTICA
• Particular negativa (Tipo O) - “ALGUM A não é B” Resolução:
Se a proposição Algum A não é B é verdadeira, temos as três Temos um quantificador particular (alguns) e uma proposição
representações possíveis: do tipo conjunção (conectivo “e”). Pede-se a sua negação.

O quantificador existencial “alguns” pode ser negado, seguindo


o esquema, pelos quantificadores universais (todos ou nenhum).
Logo, podemos descartar as alternativas A e E.
A negação de uma conjunção se faz através de uma disjunção,
em que trocaremos o conectivo “e” pelo conectivo “ou”. Descarta-
mos a alternativa B.
Vamos, então, fazer a negação da frase, não esquecendo de
que a relação que existe é: Algum A é B, deve ser trocado por: Todo
A é não B.
Todos os gatos que são pardos ou os gatos (aqueles) que não
são pardos NÃO miam alto.
Resposta: C

Proposições nessa forma: Algum A não é B estabelecem que o (CBM/RJ - CABO TÉCNICO EM ENFERMAGEM - ND) Dizer que a
conjunto “A” tem pelo menos um elemento que não pertence ao afirmação “todos os professores é psicólogos” e falsa, do ponto de
conjunto “B”. Observe que: Algum A não é B não significa o mesmo vista lógico, equivale a dizer que a seguinte afirmação é verdadeira
que Algum B não é A. (A) Todos os não psicólogos são professores.
(B) Nenhum professor é psicólogo.
• Negação das Proposições Categóricas (C) Nenhum psicólogo é professor.
Ao negarmos uma proposição categórica, devemos observar as (D) Pelo menos um psicólogo não é professor.
seguintes convenções de equivalência: (E) Pelo menos um professor não é psicólogo.
– Ao negarmos uma proposição categórica universal geramos
uma proposição categórica particular. Resolução:
– Pela recíproca de uma negação, ao negarmos uma proposição Se a afirmação é falsa a negação será verdadeira. Logo, a nega-
categórica particular geramos uma proposição categórica universal. ção de um quantificador universal categórico afirmativo se faz atra-
– Negando uma proposição de natureza afirmativa geramos, vés de um quantificador existencial negativo. Logo teremos: Pelo
sempre, uma proposição de natureza negativa; e, pela recíproca, menos um professor não é psicólogo.
negando uma proposição de natureza negativa geramos, sempre, Resposta: E
uma proposição de natureza afirmativa.
• Equivalência entre as proposições
Em síntese: Basta usar o triângulo a seguir e economizar um bom tempo na
resolução de questões.

Exemplo:
Exemplos: (PC/PI - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL - UESPI) Qual a negação
(DESENVOLVE/SP - CONTADOR - VUNESP) Alguns gatos não lógica da sentença “Todo número natural é maior do que ou igual
são pardos, e aqueles que não são pardos miam alto. a cinco”?
Uma afirmação que corresponde a uma negação lógica da afir- (A) Todo número natural é menor do que cinco.
mação anterior é: (B) Nenhum número natural é menor do que cinco.
(A) Os gatos pardos miam alto ou todos os gatos não são par- (C) Todo número natural é diferente de cinco.
dos. (D) Existe um número natural que é menor do que cinco.
(B) Nenhum gato mia alto e todos os gatos são pardos. (E) Existe um número natural que é diferente de cinco.
(C) Todos os gatos são pardos ou os gatos que não são pardos
não miam alto.
(D) Todos os gatos que miam alto são pardos.
(E) Qualquer animal que mia alto é gato e quase sempre ele é
pardo.

74
MATEMÁTICA
Resolução:
Do enunciado temos um quantificador universal (Todo) e pede-
-se a sua negação.
O quantificador universal todos pode ser negado, seguindo o
esquema abaixo, pelo quantificador algum, pelo menos um, existe
ao menos um, etc. Não se nega um quantificador universal com To-
dos e Nenhum, que também são universais.
Existe pelo menos um elemento co-
mum aos conjuntos A e B.
Podemos ainda representar das seguin-
ALGUM tes formas:
I
AéB

Portanto, já podemos descartar as alternativas que trazem


quantificadores universais (todo e nenhum). Descartamos as alter-
nativas A, B e C.
Seguindo, devemos negar o termo: “maior do que ou igual a
cinco”. Negaremos usando o termo “MENOR do que cinco”.
Obs.: maior ou igual a cinco (compreende o 5, 6, 7...) ao ser
negado passa a ser menor do que cinco (4, 3, 2,...).
Resposta: D

Diagramas lógicos
Os diagramas lógicos são usados na resolução de vários proble-
mas. É uma ferramenta para resolvermos problemas que envolvam
argumentos dedutivos, as quais as premissas deste argumento po-
dem ser formadas por proposições categóricas.
ALGUM
O
A NÃO é B
ATENÇÃO: É bom ter um conhecimento sobre conjuntos para
conseguir resolver questões que envolvam os diagramas lógicos.

Vejamos a tabela abaixo as proposições categóricas:


Perceba-se que, nesta sentença, a aten-
ção está sobre o(s) elemento (s) de A que
TIPO PREPOSIÇÃO DIAGRAMAS não são B (enquanto que, no “Algum A é
B”, a atenção estava sobre os que eram B,
ou seja, na intercessão).
Temos também no segundo caso, a dife-
TODO rença entre conjuntos, que forma o con-
A junto A - B
AéB
Exemplo:
Se um elemento pertence ao conjunto A, (GDF–ANALISTA DE ATIVIDADES CULTURAIS ADMINISTRAÇÃO
então pertence também a B. – IADES) Considere as proposições: “todo cinema é uma casa de
cultura”, “existem teatros que não são cinemas” e “algum teatro é
casa de cultura”. Logo, é correto afirmar que
(A) existem cinemas que não são teatros.
(B) existe teatro que não é casa de cultura.
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro.
NENHUM (D) existe casa de cultura que não é cinema.
E
AéB (E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema.

Existe pelo menos um elemento que Resolução:


pertence a A, então não pertence a B, e Vamos chamar de:
vice-versa. Cinema = C
Casa de Cultura = CC

75
MATEMÁTICA
Teatro = T
Analisando as proposições temos:
- Todo cinema é uma casa de cultura

(D) existe casa de cultura que não é cinema. – Errado, a justifi-


cativa é observada no diagrama da alternativa anterior.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema. – Cor-
reta, que podemos observar no diagrama abaixo, uma vez que
- Existem teatros que não são cinemas todo cinema é casa de cultura. Se o teatro não é casa de cultura
também não é cinema.

- Algum teatro é casa de cultura Resposta: E

LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO
Chama-se argumento a afirmação de que um grupo de propo-
sições iniciais redunda em outra proposição final, que será conse-
quência das primeiras. Ou seja, argumento é a relação que associa
um conjunto de proposições P1, P2,... Pn , chamadas premissas do
argumento, a uma proposição Q, chamada de conclusão do argu-
mento.

Visto que na primeira chegamos à conclusão que C = CC


Segundo as afirmativas temos:
(A) existem cinemas que não são teatros- Observando o último
diagrama vimos que não é uma verdade, pois temos que existe
pelo menos um dos cinemas é considerado teatro.

Exemplo:
P1: Todos os cientistas são loucos.
P2: Martiniano é louco.
Q: Martiniano é um cientista.

O exemplo dado pode ser chamado de Silogismo (argumento


formado por duas premissas e a conclusão).
A respeito dos argumentos lógicos, estamos interessados em
verificar se eles são válidos ou inválidos! Então, passemos a enten-
der o que significa um argumento válido e um argumento inválido.
(B) existe teatro que não é casa de cultura. – Errado, pelo mes-
mo princípio acima. Argumentos Válidos
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro. – Errado, Dizemos que um argumento é válido (ou ainda legítimo ou bem
a primeira proposição já nos afirma o contrário. O diagrama construído), quando a sua conclusão é uma consequência obrigató-
nos afirma isso ria do seu conjunto de premissas.

76
MATEMÁTICA
Exemplo:
O silogismo...
P1: Todos os homens são pássaros.
P2: Nenhum pássaro é animal.
Q: Portanto, nenhum homem é animal.

... está perfeitamente bem construído, sendo, portanto, um


argumento válido, muito embora a veracidade das premissas e da
conclusão sejam totalmente questionáveis.

ATENÇÃO: O que vale é a CONSTRUÇÃO, E NÃO O SEU CONTE-


ÚDO! Se a construção está perfeita, então o argumento é válido,
independentemente do conteúdo das premissas ou da conclusão! Comparando a conclusão do nosso argumento, temos:
NENHUM homem é animal – com o desenho das premissas
• Como saber se um determinado argumento é mesmo váli- será que podemos dizer que esta conclusão é uma consequência
do? necessária das premissas? Claro que sim! Observemos que o con-
Para se comprovar a validade de um argumento é utilizando junto dos homens está totalmente separado (total dissociação!) do
diagramas de conjuntos (diagramas de Venn). Trata-se de um mé- conjunto dos animais. Resultado: este é um argumento válido!
todo muito útil e que será usado com frequência em questões que
pedem a verificação da validade de um argumento. Vejamos como Argumentos Inválidos
funciona, usando o exemplo acima. Quando se afirma, na premissa Dizemos que um argumento é inválido – também denominado
P1, que “todos os homens são pássaros”, poderemos representar ilegítimo, mal construído, falacioso ou sofisma – quando a verdade
essa frase da seguinte maneira: das premissas não é suficiente para garantir a verdade da conclu-
são.

Exemplo:
P1: Todas as crianças gostam de chocolate.
P2: Patrícia não é criança.
Q: Portanto, Patrícia não gosta de chocolate.

Este é um argumento inválido, falacioso, mal construído, pois


as premissas não garantem (não obrigam) a verdade da conclusão.
Patrícia pode gostar de chocolate mesmo que não seja criança, pois
a primeira premissa não afirmou que somente as crianças gostam
de chocolate.
Utilizando os diagramas de conjuntos para provar a validade
do argumento anterior, provaremos, utilizando-nos do mesmo arti-
fício, que o argumento em análise é inválido. Comecemos pela pri-
meira premissa: “Todas as crianças gostam de chocolate”.
Observem que todos os elementos do conjunto menor (ho-
mens) estão incluídos, ou seja, pertencem ao conjunto maior (dos
pássaros). E será sempre essa a representação gráfica da frase
“Todo A é B”. Dois círculos, um dentro do outro, estando o círculo
menor a representar o grupo de quem se segue à palavra TODO.
Na frase: “Nenhum pássaro é animal”. Observemos que a pa-
lavra-chave desta sentença é NENHUM. E a ideia que ela exprime é
de uma total dissociação entre os dois conjuntos.

Analisemos agora o que diz a segunda premissa: “Patrícia não é


criança”. O que temos que fazer aqui é pegar o diagrama acima (da
primeira premissa) e nele indicar onde poderá estar localizada a Pa-
trícia, obedecendo ao que consta nesta segunda premissa. Vemos
facilmente que a Patrícia só não poderá estar dentro do círculo das
crianças. É a única restrição que faz a segunda premissa! Isto posto,
Será sempre assim a representação gráfica de uma sentença concluímos que Patrícia poderá estar em dois lugares distintos do
“Nenhum A é B”: dois conjuntos separados, sem nenhum ponto em diagrama:
comum. 1º) Fora do conjunto maior;
Tomemos agora as representações gráficas das duas premissas 2º) Dentro do conjunto maior. Vejamos:
vistas acima e as analisemos em conjunto. Teremos:

77
MATEMÁTICA
Em síntese:

Finalmente, passemos à análise da conclusão: “Patrícia não


gosta de chocolate”. Ora, o que nos resta para sabermos se este ar-
gumento é válido ou não, é justamente confirmar se esse resultado
(se esta conclusão) é necessariamente verdadeiro!
- É necessariamente verdadeiro que Patrícia não gosta de cho-
colate? Olhando para o desenho acima, respondemos que não! Exemplo:
Pode ser que ela não goste de chocolate (caso esteja fora do círcu- Diga se o argumento abaixo é válido ou inválido:
lo), mas também pode ser que goste (caso esteja dentro do círculo)!
Enfim, o argumento é inválido, pois as premissas não garantiram a (p ∧ q) → r
veracidade da conclusão! _____~r_______
~p ∨ ~q
Métodos para validação de um argumento
Aprenderemos a seguir alguns diferentes métodos que nos Resolução:
possibilitarão afirmar se um argumento é válido ou não! -1ª Pergunta) O argumento apresenta as palavras todo, algum
1º) Utilizando diagramas de conjuntos: esta forma é indicada ou nenhum?
quando nas premissas do argumento aparecem as palavras TODO, A resposta é não! Logo, descartamos o 1º método e passamos
ALGUM E NENHUM, ou os seus sinônimos: cada, existe um etc. à pergunta seguinte.
2º) Utilizando tabela-verdade: esta forma é mais indicada
quando não for possível resolver pelo primeiro método, o que ocor- - 2ª Pergunta) O argumento contém no máximo duas proposi-
re quando nas premissas não aparecem as palavras todo, algum e ções simples?
nenhum, mas sim, os conectivos “ou” , “e”, “” e “↔”. Baseia-se A resposta também é não! Portanto, descartamos também o
na construção da tabela-verdade, destacando-se uma coluna para 2º método.
cada premissa e outra para a conclusão. Este método tem a des- - 3ª Pergunta) Há alguma das premissas que seja uma proposi-
vantagem de ser mais trabalhoso, principalmente quando envolve ção simples ou uma conjunção?
várias proposições simples. A resposta é sim! A segunda proposição é (~r). Podemos optar
3º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos e consi- então pelo 3º método? Sim, perfeitamente! Mas caso queiramos
derando as premissas verdadeiras. seguir adiante com uma próxima pergunta, teríamos:
Por este método, fácil e rapidamente demonstraremos a vali- - 4ª Pergunta) A conclusão tem a forma de uma proposição
dade de um argumento. Porém, só devemos utilizá-lo na impossibi- simples ou de uma disjunção ou de uma condicional? A resposta
lidade do primeiro método. também é sim! Nossa conclusão é uma disjunção! Ou seja, caso
Iniciaremos aqui considerando as premissas como verdades. queiramos, poderemos utilizar, opcionalmente, o 4º método!
Daí, por meio das operações lógicas com os conectivos, descobri- Vamos seguir os dois caminhos: resolveremos a questão pelo
remos o valor lógico da conclusão, que deverá resultar também em 3º e pelo 4º métodos.
verdade, para que o argumento seja considerado válido.
Resolução pelo 3º Método
4º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos, conside- Considerando as premissas verdadeiras e testando a conclusão
rando premissas verdadeiras e conclusão falsa. verdadeira. Teremos:
É indicado este caminho quando notarmos que a aplicação do - 2ª Premissa) ~r é verdade. Logo: r é falsa!
terceiro método não possibilitará a descoberta do valor lógico da - 1ª Premissa) (p ∧ q)r é verdade. Sabendo que r é falsa,
conclusão de maneira direta, mas somente por meio de análises concluímos que (p ∧ q) tem que ser também falsa. E quando uma
mais complicadas. conjunção (e) é falsa? Quando uma das premissas for falsa ou am-
bas forem falsas. Logo, não é possível determinamos os valores
lógicos de p e q. Apesar de inicialmente o 3º método se mostrar
adequado, por meio do mesmo, não poderemos determinar se o
argumento é ou NÃO VÁLIDO.

78
MATEMÁTICA
Resolução pelo 4º Método 3º - Quando Cláudio fica em casa (V), Maria vai ao cinema (V).
Considerando a conclusão falsa e premissas verdadeiras. Tere- // C → B = V - para que o argumento seja válido temos que Maria
mos: vai ao cinema tem que ser V.
- Conclusão) ~p v ~q é falso. Logo: p é verdadeiro e q é verda- 2º - Quando Cláudio sai de casa(F), não faz frio (F). // ~C → ~D
deiro! = V - para que o argumento seja válido temos que Quando Cláudio
Agora, passamos a testar as premissas, que são consideradas sai de casa tem que ser F.
verdadeiras! Teremos: 5º - Quando Fernando está estudando (V ou F), não chove (V).
- 1ª Premissa) (p∧q)r é verdade. Sabendo que p e q são ver- // E → ~A = V. – neste caso Quando Fernando está estudando pode
dadeiros, então a primeira parte da condicional acima também é ser V ou F.
verdadeira. Daí resta que a segunda parte não pode ser falsa. Logo: 1º- Durante a noite(V), faz frio (V). // F → D = V
r é verdadeiro.
- 2ª Premissa) Sabendo que r é verdadeiro, teremos que ~r é Logo nada podemos afirmar sobre a afirmação: Se Maria foi ao
falso! Opa! A premissa deveria ser verdadeira, e não foi! cinema (V), então Fernando estava estudando (V ou F); pois temos
dois valores lógicos para chegarmos à conclusão (V ou F).
Neste caso, precisaríamos nos lembrar de que o teste, aqui no Resposta: Errado
4º método, é diferente do teste do 3º: não havendo a existência si-
multânea da conclusão falsa e premissas verdadeiras, teremos que (PETROBRAS – TÉCNICO (A) DE EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO
o argumento é válido! Conclusão: o argumento é válido! JÚNIOR – INFORMÁTICA – CESGRANRIO) Se Esmeralda é uma fada,
então Bongrado é um elfo. Se Bongrado é um elfo, então Monarca
Exemplos: é um centauro. Se Monarca é um centauro, então Tristeza é uma
(DPU – AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE) Considere que as bruxa.
seguintes proposições sejam verdadeiras. Ora, sabe-se que Tristeza não é uma bruxa, logo
• Quando chove, Maria não vai ao cinema. (A) Esmeralda é uma fada, e Bongrado não é um elfo.
• Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema. (B) Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
• Quando Cláudio sai de casa, não faz frio. (C) Bongrado é um elfo, e Monarca é um centauro.
• Quando Fernando está estudando, não chove. (D) Bongrado é um elfo, e Esmeralda é uma fada
• Durante a noite, faz frio. (E) Monarca é um centauro, e Bongrado não é um elfo.

Tendo como referência as proposições apresentadas, julgue o Resolução:


item subsecutivo. Vamos analisar cada frase partindo da afirmativa Trizteza não é
Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava estudando. bruxa, considerando ela como (V), precisamos ter como conclusão
( ) Certo o valor lógico (V), então:
( ) Errado (4) Se Esmeralda é uma fada(F), então Bongrado é um elfo (F)
→V
Resolução: (3) Se Bongrado é um elfo (F), então Monarca é um centauro
A questão trata-se de lógica de argumentação, dadas as pre- (F) → V
missas chegamos a uma conclusão. Enumerando as premissas: (2) Se Monarca é um centauro(F), então Tristeza é uma bruxa(F)
A = Chove →V
B = Maria vai ao cinema (1) Tristeza não é uma bruxa (V)
C = Cláudio fica em casa
D = Faz frio Logo:
E = Fernando está estudando Temos que:
F = É noite Esmeralda não é fada(V)
A argumentação parte que a conclusão deve ser (V) Bongrado não é elfo (V)
Lembramos a tabela verdade da condicional: Monarca não é um centauro (V)
Como a conclusão parte da conjunção, o mesmo só será verda-
deiro quando todas as afirmativas forem verdadeiras, logo, a única
que contém esse valor lógico é:
Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
Resposta: B

A condicional só será F quando a 1ª for verdadeira e a 2ª falsa,


utilizando isso temos:
O que se quer saber é: Se Maria foi ao cinema, então Fernando
estava estudando. // B → ~E
Iniciando temos:
4º - Quando chove (F), Maria não vai ao cinema. (F) // A → ~B
= V – para que o argumento seja válido temos que Quando chove
tem que ser F.

79
MATEMÁTICA
LÓGICA MATEMÁTICA QUALITATIVA
Aqui veremos questões que envolvem correlação de elementos, pessoas e objetos fictícios, através de dados fornecidos. Vejamos o
passo a passo:

01. Três homens, Luís, Carlos e Paulo, são casados com Lúcia, Patrícia e Maria, mas não sabemos quem ê casado com quem. Eles tra-
balham com Engenharia, Advocacia e Medicina, mas também não sabemos quem faz o quê. Com base nas dicas abaixo, tente descobrir o
nome de cada marido, a profissão de cada um e o nome de suas esposas.
a) O médico é casado com Maria.
b) Paulo é advogado.
c) Patrícia não é casada com Paulo.
d) Carlos não é médico.

Vamos montar o passo a passo para que você possa compreender como chegar a conclusão da questão.
1º passo – vamos montar uma tabela para facilitar a visualização da resolução, a mesma deve conter as informações prestadas no
enunciado, nas quais podem ser divididas em três grupos: homens, esposas e profissões.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos
Luís
Paulo
Lúcia
Patrícia
Maria

Também criamos abaixo do nome dos homens, o nome das esposas.

2º passo – construir a tabela gabarito.


Essa tabela não servirá apenas como gabarito, mas em alguns casos ela é fundamental para que você enxergue informações que ficam
meio escondidas na tabela principal. Uma tabela complementa a outra, podendo até mesmo que você chegue a conclusões acerca dos
grupos e elementos.

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos
Luís
Paulo

3º passo preenchimento de nossa tabela, com as informações mais óbvias do problema, aquelas que não deixam margem a nenhuma
dúvida. Em nosso exemplo:
- O médico é casado com Maria: marque um “S” na tabela principal na célula comum a “Médico” e “Maria”, e um “N” nas demais
células referentes a esse “S”.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos
Luís
Paulo
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

ATENÇÃO: se o médico é casado com Maria, ele NÃO PODE ser casado com Lúcia e Patrícia, então colocamos “N” no cruzamento
de Medicina e elas. E se Maria é casada com o médico, logo ela NÃO PODE ser casada com o engenheiro e nem com o advogado (logo
colocamos “N” no cruzamento do nome de Maria com essas profissões).
– Paulo é advogado: Vamos preencher as duas tabelas (tabela gabarito e tabela principal) agora.
– Patrícia não é casada com Paulo: Vamos preencher com “N” na tabela principal
– Carlos não é médico: preenchemos com um “N” na tabela principal a célula comum a Carlos e “médico”.

80
MATEMÁTICA

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

Notamos aqui que Luís então é o médico, pois foi a célula que ficou em branco. Podemos também completar a tabela gabarito.
Novamente observamos uma célula vazia no cruzamento de Carlos com Engenharia. Marcamos um “S” nesta célula. E preenchemos
sua tabela gabarito.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos Engenheiro
Luís Médico
Paulo Advogado

4º passo – após as anotações feitas na tabela principal e na tabela gabarito, vamos procurar informações que levem a novas conclu-
sões, que serão marcadas nessas tabelas.
Observe que Maria é esposa do médico, que se descobriu ser Luís, fato que poderia ser registrado na tabela-gabarito. Mas não vamos
fazer agora, pois essa conclusão só foi facilmente encontrada porque o problema que está sendo analisado é muito simples. Vamos con-
tinuar o raciocínio e fazer as marcações mais tarde. Além disso, sabemos que Patrícia não é casada com Paulo. Como Paulo é o advogado,
podemos concluir que Patrícia não é casada com o advogado.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N N
Maria S N N

Verificamos, na tabela acima, que Patrícia tem de ser casada com o engenheiro, e Lúcia tem de ser casada com o advogado.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N N S
Patrícia N S N
Maria S N N

Concluímos, então, que Lúcia é casada com o advogado (que é Paulo), Patrícia é casada com o engenheiro (que e Carlos) e Maria é
casada com o médico (que é Luís).

81
MATEMÁTICA
Preenchendo a tabela-gabarito, vemos que o problema está Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
resolvido:
Luiz N N N
HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS Arnaldo N N
Carlos Engenheiro Patrícia Mariana N N S N
Luís Médico Maria Paulo N N
Paulo Advogado Lúcia Agora, completando o restante:
Paulo viajou para Salvador, pois a nenhum dos três viajou. En-
Exemplo: tão, Arnaldo viajou para Fortaleza e Luiz para Goiânia
(TRT-9ª REGIÃO/PR – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS-
TRATIVA – FCC) Luiz, Arnaldo, Mariana e Paulo viajaram em janeiro,
todos para diferentes cidades, que foram Fortaleza, Goiânia, Curi- Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
tiba e Salvador. Com relação às cidades para onde eles viajaram, Luiz N S N N
sabe-se que:
Arnaldo S N N N
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador;
− Mariana viajou para Curitiba; Mariana N N S N
− Paulo não viajou para Goiânia; Paulo N N N S
− Luiz não viajou para Fortaleza.
Resposta: B
É correto concluir que, em janeiro,
(A) Paulo viajou para Fortaleza. Quantificador
(B) Luiz viajou para Goiânia. É um termo utilizado para quantificar uma expressão. Os quan-
(C) Arnaldo viajou para Goiânia. tificadores são utilizados para transformar uma sentença aberta ou
(D) Mariana viajou para Salvador. proposição aberta em uma proposição lógica.
(E) Luiz viajou para Curitiba.

Resolução: QUANTIFICADOR + SENTENÇA ABERTA = SENTENÇA FECHADA


Vamos preencher a tabela:
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador; Tipos de quantificadores

• Quantificador universal (∀)


Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador O símbolo ∀ pode ser lido das seguintes formas:
Luiz N
Arnaldo N
Mariana
Paulo

− Mariana viajou para Curitiba; Exemplo:


Todo homem é mortal.
A conclusão dessa afirmação é: se você é homem, então será
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador mortal.
Luiz N N Na representação do diagrama lógico, seria:
Arnaldo N N
Mariana N N S N
Paulo N

− Paulo não viajou para Goiânia;

Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador


Luiz N N ATENÇÃO: Todo homem é mortal, mas nem todo mortal é ho-
Arnaldo N N mem.
A frase “todo homem é mortal” possui as seguintes conclusões:
Mariana N N S N 1ª) Algum mortal é homem ou algum homem é mortal.
Paulo N N 2ª) Se José é homem, então José é mortal.

− Luiz não viajou para Fortaleza. A forma “Todo A é B” pode ser escrita na forma: Se A então B.
A forma simbólica da expressão “Todo A é B” é a expressão (∀
(x) (A (x) → B).
Observe que a palavra todo representa uma relação de inclusão
de conjuntos, por isso está associada ao operador da condicional.

82
MATEMÁTICA
Aplicando temos: Resolução:
x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Agora, se escrevermos da for- A frase “Todo cavalo é um animal” possui as seguintes conclu-
ma ∀ (x) ∈ N / x + 2 = 5 ( lê-se: para todo pertencente a N temos x sões:
+ 2 = 5), atribuindo qualquer valor a x a sentença será verdadeira? – Algum animal é cavalo ou Algum cavalo é um animal.
A resposta é NÃO, pois depois de colocarmos o quantificador, – Se é cavalo, então é um animal.
a frase passa a possuir sujeito e predicado definidos e podemos jul- Nesse caso, nossa resposta é toda cabeça de cavalo é cabeça
gar, logo, é uma proposição lógica. de animal, pois mantém a relação de “está contido” (segunda forma
de conclusão).
• Quantificador existencial (∃) Resposta: B
O símbolo ∃ pode ser lido das seguintes formas:
(CESPE) Se R é o conjunto dos números reais, então a proposi-
ção (∀ x) (x ∈ R) (∃ y) (y ∈ R) (x + y = x) é valorada como V.

Resolução:
Lemos: para todo x pertencente ao conjunto dos números reais
(R) existe um y pertencente ao conjunto dos números dos reais (R)
tal que x + y = x.
Exemplo: – 1º passo: observar os quantificadores.
“Algum matemático é filósofo.” O diagrama lógico dessa frase X está relacionado com o quantificador universal, logo, todos
é: os valores de x devem satisfazer a propriedade.
Y está relacionado com o quantificador existencial, logo, é ne-
cessário pelo menos um valor de x para satisfazer a propriedade.
– 2º passo: observar os conjuntos dos números dos elementos
x e y.
O elemento x pertence ao conjunto dos números reais.
O elemento y pertence ao conjunto os números reais.
– 3º passo: resolver a propriedade (x+ y = x).
A pergunta: existe algum valor real para y tal que x + y = x?
O quantificador existencial tem a função de elemento comum. Existe sim! y = 0.
A palavra algum, do ponto de vista lógico, representa termos co- X + 0 = X.
muns, por isso “Algum A é B” possui a seguinte forma simbólica: (∃ Como existe pelo menos um valor para y e qualquer valor de
(x)) (A (x) ∧ B). x somado a 0 será igual a x, podemos concluir que o item está cor-
reto.
Aplicando temos: Resposta: CERTO
x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Escrevendo da forma (∃ x) ∈
N / x + 2 = 5 (lê-se: existe pelo menos um x pertencente a N tal que x EXERCÍCIOS
+ 2 = 5), atribuindo um valor que, colocado no lugar de x, a sentença
será verdadeira?
A resposta é SIM, pois depois de colocarmos o quantificador, 1. (CRF/MT - AGENTE ADMINISTRATIVO – QUADRIX/2017)
a frase passou a possuir sujeito e predicado definidos e podemos Num grupo de 150 jovens, 32 gostam de música, esporte e leitu-
julgar, logo, é uma proposição lógica. ra; 48 gostam de música e esporte; 60 gostam de música e leitura;
44 gostam de esporte e leitura; 12 gostam somente de música; 18
ATENÇÃO: gostam somente de esporte; e 10 gostam somente de leitura. Ao
– A palavra todo não permite inversão dos termos: “Todo A é B” escolher ao acaso um desses jovens, qual é a probabilidade de ele
é diferente de “Todo B é A”. não gostar de nenhuma dessas atividades?
– A palavra algum permite a inversão dos termos: “Algum A é (A) 1/75
B” é a mesma coisa que “Algum B é A”. (B) 39/75
(C) 11/75
Forma simbólica dos quantificadores (D) 40/75
Todo A é B = (∀ (x) (A (x) → B). (E) 76/75
Algum A é B = (∃ (x)) (A (x) ∧ B).
Nenhum A é B = (~ ∃ (x)) (A (x) ∧ B). 2. (CRMV/SC – RECEPCIONISTA – IESES/2017) Sabe-se que
Algum A não é B= (∃ (x)) (A (x) ∧ ~ B). 17% dos moradores de um condomínio tem gatos, 22% tem cachor-
ros e 8% tem ambos (gatos e cachorros). Qual é o percentual de
Exemplos: condôminos que não tem nem gatos e nem cachorros?
Todo cavalo é um animal. Logo, (A) 53
(A) Toda cabeça de animal é cabeça de cavalo. (B) 69
(B) Toda cabeça de cavalo é cabeça de animal. (C) 72
(C) Todo animal é cavalo. (D) 47
(D) Nenhum animal é cavalo.

83
MATEMÁTICA
3. (SAP/SP - AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA - MS- 8. (SESAU/RO – TÉCNICO EM INFORMÁTICA – FUN-
CONCURSOS/2017) O valor de √0,444... é: RIO/2017) Daqui a 24 anos, Jovelino terá o triplo de sua idade atu-
(A) 0,2222... al. Daqui a cinco anos, Jovelino terá a seguinte idade:
(B) 0,6666... (A) 12.
(C) 0,1616... (B) 14.
(D) 0,8888... (C) 16.
(D) 17.
4. (CÂMARA DE SUMARÉ – ESCRITURÁRIO - VUNESP/2017) (E) 18.
Se, numa divisão, o divisor e o quociente são iguais, e o resto é 10,
sendo esse resto o maior possível, então o dividendo é 9. (ANP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESGRANRIO/2016)
(A) 131. Um caminhão-tanque chega a um posto de abastecimento com
(B) 121. 36.000 litros de gasolina em seu reservatório. Parte dessa gasolina
(C) 120. é transferida para dois tanques de armazenamento, enchendo-os
(D) 110. completamente. Um desses tanques tem 12,5 m3, e o outro, 15,3
(E) 101. m3, e estavam, inicialmente, vazios.
Após a transferência, quantos litros de gasolina restaram no
5. (TJM/SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU- caminhão-tanque?
NESP/2017) Em um pequeno mercado, o dono resolveu fazer uma (A) 35.722,00
promoção. Para tanto, cada uma das 3 caixas registradoras foi pro- (B) 8.200,00
gramada para acender uma luz, em intervalos de tempo regulares: (C) 3.577,20
na caixa 1, a luz acendia a cada 15 minutos; na caixa 2, a cada 30 (D) 357,72
minutos; e na caixa 3, a luz acendia a cada 45 minutos. Toda vez que (E) 332,20
a luz de uma caixa acendia, o cliente que estava nela era premiado
com um desconto de 3% sobre o valor da compra e, quando as 3 10. (DPE/RR – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – FCC/2015)
luzes acendiam, ao mesmo tempo, esse desconto era de 5%. Se, Raimundo tinha duas cordas, uma de 1,7 m e outra de 1,45 m. Ele
exatamente às 9 horas de um determinado dia, as luzes das 3 caixas precisava de pedaços, dessas cordas, que medissem 40 cm de com-
acenderam ao mesmo tempo, então é verdade que o número má- primento cada um. Ele cortou as duas cordas em pedaços de 40 cm
ximo de premiações de 5% de desconto que esse mercado poderia de comprimento e assim conseguiu obter
ter dado aos seus clientes, das 9 horas às 21 horas e 30 minutos (A) 6 pedaços.
daquele dia, seria igual a (B) 8 pedaços.
(A) 8. (C) 9 pedaços.
(B) 10. (D) 5 pedaços.
(C) 21. (E) 7 pedaços.
(D) 27.
(E) 33. 11. (IPRESB/SP - ANALISTA DE PROCESSOS PREVIDENCIÁ-
RIOS- VUNESP/2017) Um terreno retangular ABCD, com 40 m de
6. (PREF. DE PIRAÚBA/MG – AGENTE ADMINISTRATIVO – largura por 60 m de comprimento, foi dividido em três lotes, con-
MSCONCURSOS/2017) Sabendo que a sigla M.M.C. na matemáti- forme mostra a figura.
ca significa Mínimo Múltiplo Comum e que M.D.C. significa Máximo
Divisor Comum, pergunta-se: qual o valor do M.M.C. de 6 e 8 dividi-
do pelo M.D.C. de 30, 36 e 72?
(A) 8
(B) 6
(C) 4
(D) 2

7. (IPRESB - AGENTE PREVIDENCIÁRIO – VUNESP/2017) Em


setembro, o salário líquido de Juliano correspondeu a 4/5 do seu sa-
lário bruto. Sabe-se que ele destinou 2/5 do salário líquido recebido
nesse mês para pagamento do aluguel, e que poupou 2/5 do que
restou. Se Juliano ficou, ainda, com R$ 1.620,00 para outros gastos,
então o seu salário bruto do mês de setembro foi igual a
(A) R$ 6.330,00. Sabendo-se que EF = 36 m e que a área do lote 1 é 864 m², o
(B) R$ 5.625,00. perímetro do lote 2 é
(C) R$ 5.550,00. (A) 100 m.
(D) R$ 5.125,00. (B) 108 m.
(E) R$ 4.500,00. (C) 112 m.
(D) 116 m.
(E) 120 m.

84
MATEMÁTICA
12. (TJ/RS - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FAURGS/2017) Conside- 17. (UFES – ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO – UFES/2017)
re um triângulo retângulo de catetos medindo 3m e 5m. Um segun- No regime de juros simples, os juros em cada período de tempo são
do triângulo retângulo, semelhante ao primeiro, cuja área é o dobro calculados sobre o capital inicial. Um capital inicial C0 foi aplicado a
da área do primeiro, terá como medidas dos catetos, em metros: juros simples de 3% ao mês. Se Cn é o montante quando decorridos
(A) 3 e 10. n meses, o menor valor inteiro para n, tal que Cn seja maior que o
(B) 3√2 e 5√2 . dobro de C0, é
(C) 3√2 e 10√2 . (A) 30
(D)5 e 6. (B) 32
(E) 6 e 10. (C) 34
(D) 36
13. (CÂMARA DE SUMARÉ – ESCRITURÁRIO – VU- (E) 38
NESP/2017) Para uma pesquisa, foram realizadas entrevistas nos
estados da Região Sudeste do Brasil. A amostra foi composta da 18. (PREF. DE NITERÓI/RJ – AGENTE FAZENDÁRIO –
seguinte maneira: FGV/2016) Para pagamento de boleto com atraso em período in-
– 2500 entrevistas realizadas no estado de São Paulo; ferior a um mês, certa instituição financeira cobra, sobre o valor do
– 1500 entrevistas realizadas nos outros três estados da Região boleto, multa de 2% mais 0,4% de juros de mora por dia de atraso
Sudeste. no regime de juros simples. Um boleto com valor de R$ 500,00 foi
pago com 18 dias de atraso.
Desse modo, é correto afirmar que a razão entre o número de O valor total do pagamento foi:
entrevistas realizadas em São Paulo e o número total de entrevistas (A) R$ 542,00;
realizadas nos quatro estados é de (B) R$ 546,00;
(A) 8 para 5. (C) R$ 548,00;
(B) 5 para 8. (D) R$ 552,00;
(C) 5 para 7. (E) R$ 554,00.
(D) 3 para 5.
(E) 3 para 8. 19. (CASAN – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – INSTITUTO
AOCP/2016) Para pagamento um mês após a data da compra, certa
14. (UNIRV/60 – AUXILIAR DE LABORATÓRIO – UNIRV- loja cobrava juros de 25%. Se certa mercadoria tem preço a prazo
GO/2017) Em relação à prova de matemática de um concurso, Pau- igual a R$ 1500,00, o preço à vista era igual a
la acertou 32 das 48 questões da prova. A razão entre o número de (A) R$ 1200,00.
questões que ela errou para o total de questões da prova é de (B) R$ 1750,00.
(A) 2/3 (C) R$ 1000,00.
(B) 1/2 (D) R$ 1600,00.
(C) 1/3 (E) R$ 1250,00.
(D) 3/2
20. (CASAN – TÉCNICO DE LABORATÓRIO – INSTITUTO
15. (CÂMARA DE SUMARÉ – ESCRITURÁRIO – VUNESP/2017 AOCP/2016) A fatura de um certo cartão de crédito cobra juros de
) Um carregamento de areia foi totalmente embalado em 240 sa- 12% ao mês por atraso no pagamento. Se uma fatura de R$750,00
cos, com 40 kg em cada saco. Se fossem colocados apenas 30 kg foi paga com um mês de atraso, o valor pago foi de
em cada saco, o número de sacos necessários para embalar todo o (A) R$ 970,00.
carregamento seria igual a (B) R$ 777,00.
(A) 420. (C) R$ 762,00.
(B) 375. (D) R$ 800,00.
(C) 370. (E) R$ 840,00.
(D) 345.
(E) 320. 21. (ESCOLA DE APRENDIZES - MARINHEIROS/2012) Os va-
lores numéricos do quociente e do resto da divisão de p(x) = 5x4
16. (UNIRV/GO – AUXILIAR DE LABORATÓRIO – UNIRV- – 3x2 + 6x – 1 por d(x) = x2 + x + 1, para x = -1 são, respectivamente,
GO/2017) Quarenta e oito funcionários de uma certa empresa, (A) -7 e -12
trabalhando 12 horas por dia, produzem 480 bolsas por semana. (B) -7 e 14
Quantos funcionários a mais, trabalhando 15 horas por dia, podem (C) 7 e -14
assegurar uma produção de 1200 bolsas por semana? (D) 7 e -12
(A) 48 (E) -7 e 12
(B) 96
(C) 102 22. (ESCOLA DE APRENDIZES - MARINHEIROS/2012) Na
(D) 144 equação

85
MATEMÁTICA
Sendo a e b números reais não nulos, o valor de a/b é 26. (TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
(A) 0,8 NESP/2017) As figuras seguintes mostram os blocos de madeira A,
(B) 0,7 B e C, sendo A e B de formato cúbico e C com formato de para-
(C) 0,5 lelepípedo reto retângulo, cujos respectivos volumes, em cm³, são
(D) 0,4 representados por VA, VB e VC.
(E) 0,3

23. (CONSANPA – TÉCNICO INDUSTRIAL – FADESP/2017)


Um reservatório em formato de cilindro é abastecido por uma fonte
a vazão constante e tem a altura de sua coluna d’água (em metros),
em função do tempo (em dias), descrita pelo seguinte gráfico:

Se VA + VB = 1/2 VC , então a medida da altura do bloco C, indi-


cada por h na figura, é, em centímetros, igual a
(A) 15,5.
(B) 11.
(C) 12,5.
(D) 14.
(E) 16
Sabendo que a altura do reservatório mede 12 metros, o nú-
mero de dias necessários para que a fonte encha o reservatório ini- 27. (POLICIA CIENTIFICA/PR – AUXILIAR DE NECROPSIA –
cialmente vazio é IBFC/2017) Considere a seguinte progressão aritmética: (23, 29, 35,
(A) 18 41, 47, 53, ...)
(B) 12
(C) 8 Desse modo, o 83.º termo dessa sequência é:
(D) 6 (A) 137
(B) 455
24. (TRT – 14ªREGIÃO -TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2016) (C) 500
Carlos presta serviço de assistência técnica de computadores em (D) 515
empresas. Ele cobra R$ 12,00 para ir até o local, mais R$ 25,00 por (E) 680
hora de trabalho até resolver o problema (também são cobradas
as frações de horas trabalhadas). Em um desses serviços, Carlos re- 28. (CEGAS – ASSISTENTE TÉCNICO – IES/2017) Determine
solveu o problema e cobrou do cliente R$ 168,25, o que permite o valor do nono termo da seguinte progressão geométrica (1, 2, 4,
concluir que ele trabalhou nesse serviço 8, ...):
(A) 5 horas e 45 minutos. (A) 438
(B) 6 horas e 15 minutos. (B) 512
(C) 6 horas e 25 minutos. (C) 256
(D) 5 horas e 25 minutos. (D) 128
(E) 5 horas e 15 minutos.
29. (SESAU/RO – Enfermeiro – FUNRIO/2017) Um torneio de
25. (MPE/GO – OFICIAL DE PROMOTORIA – MPEGO/2017) futebol de várzea reunirá 50 equipes e cada equipe jogará apenas
Frederico comprou um aquário em formato de paralelepípedo, con- uma vez com cada uma das outras. Esse torneio terá a seguinte
tendo as seguintes dimensões: quantidade de jogos:
(A) 320.
(B) 460.
(C) 620.
(D) 1.225.
(E) 2.450.

30. (IFAP – Engenheiro de Segurança do Trabalho – FUNIVER-


SA/2016) Considerando-se que uma sala de aula tenha trinta alu-
nos, incluindo Roberto e Tatiana, e que a comissão para organizar
a festa de formatura deva ser composta por cinco desses alunos,
incluindo Roberto e Tatiana, a quantidade de maneiras distintas de
Estando o referido aquário completamente cheio, a sua capa- se formar essa comissão será igual a:
cidade em litros é de: (A) 3.272.
(A) 0,06 litros. (B) 3.274.
(B) 0,6 litros. (C) 3.276.
(C) 6 litros. (D) 3.278.
(D) 0,08 litros. (E) 3.280.
(E) 0,8 litros.

86
MATEMÁTICA
31. (CRBIO – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – VUNESP/2017) 2. Resposta: B
Uma empresa tem 120 funcionários no total: 70 possuem curso
superior e 50 não possuem curso superior. Sabe-se que a média
salarial de toda a empresa é de R$ 5.000,00, e que a média sala-
rial somente dos funcionários que possuem curso superior é de R$
6.000,00. Desse modo, é correto afirmar que a média salarial dos
funcionários dessa empresa que não possuem curso superior é de
(A) R$ 4.000,00.
(B) R$ 3.900,00.
(C) R$ 3.800,00.
(D) R$ 3.700,00.
(E) R$ 3.600,00.

32. (TJM/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-


NESP/2017) Leia o enunciado a seguir para responder a questão.
A tabela apresenta o número de acertos dos 600 candidatos
que realizaram a prova da segunda fase de um concurso, que conti-
nha 5 questões de múltipla escolha 9+8+14+x=100
X=100-31
NÚMERO DE ACERTOS NÚMERO DE CANDIDATOS X=69%

5 204 3. Resposta: B.
4 132 Primeiramente, vamos transformar a dízima em fração
X=0,4444....
3 96 10x=4,444...
2 78 9x=4
1 66
0 24

A média de acertos por prova foi de


(A) 3,57.
(B) 3,43
(C) 3,32.
(D) 3,25. 4. Resposta: A.
(E) 3,19. Como o maior resto possível é 10, o divisor é o número 11 que
é igua o quociente.
11x11=121+10=131
GABARITO
5. Resposta: D.

1. Resposta: C 15,30,45 2
15,15,45 3
5,5,15 3
5,5,5 5
1,1,1

Mmc(15, 30, 45)=90 minutos


Ou seja, a cada 1h30 minutos tem premiações.
Das 9 ate as 21h30min=12h30 minutos

9 vezes no total, pois as 9 horas acendeu.


Como são 3 premiações: 9x3=27

6. Resposta: C.
32+10+12+18+16+28+12+x=150
X=22 que não gostam de nenhuma dessas atividades 6,8 2
P=22/150=11/75
3,4 2

87
MATEMÁTICA

3,2 2 11. Resposta: D

3,1 3
1,1

Mmc(6,8)=24

30 2 36 2 72 2
15 3 18 2 36 2
5 5 9 3 18 2
1 3 3 9 3
1 3 3
1

Mdc(30, 36, 72) =2x3=6


Portanto: 24/6=4

7. Resposta: B.
Salário liquido: x

96h=1728
H=18

Como I é um triângulo:
60-36=24
10x+6x+40500=25x X²=24²+18²
9x=40500 X²=576+324
X=4500 X²=900
X=30
Como h=18 e AD é 40, EG=22
SALARIO FRAÇÃO
Y --------------- 1 Perímetro lote 2: 40+22+24+30=116
4500 --------------- 4/5
12. Resposta: B

5625

8. Resposta: D.
Idade atual: x
X+24=3x
2x=24
X=12
Ele tem agora 12 anos, daqui a 5 anos: 17.

9. Resposta: B.
1m³=1000litros
36000/1000=36 m³
36-12,5-15,3=8,2 m³x1000=8200 litros Lado=3√2
Outro lado =5√2
10.Resposta: E.
1,7m=170cm 13. Resposta: B
1,45m=145 cm 2500+1500=4000 entrevistas
170/40=4 resta 10
145/40=3 resta 25
4+3=7

88
MATEMÁTICA
14. Resposta: C 21. Alternativa D
Se Paula acertou 32, errou 16.

15. Resposta: E

SACOS kg
240 ----- 40
X ----- 30

Quanto mais sacos, menos areia foi colocada(inversamente)

30x=9600 Para x=-1


X=320 Q(-1)=5(-1)²-5(-1)-3=7
R(-1)=14(-1)+2=-12
16. Resposta: A
22. Alternativa C
↑ FUNCIONÁRIOS ↑ HORAS BOLSAS ↓
48 ----- 12 ----- 480
X ----- 15 ----- 1200

Quanto mais funcionários, menos horas precisam


Quanto mais funcionários, mais bolsas feitas

X=96 funcionários
Precisam de mais 48 funcionários

17. Resposta: C
M=C(1+in)
Cn=Co(1+0,03n)
2Co=Co(1+0,03n) 3a=a+b
2=1+0,03n 2a=b
1=0,03n a/b=1/2
N=33,33
Ou seja, maior que 34 23. Resposta: A.

18. Resposta: C
M=C(1+in)
C=500+500x0,02=500+10=510 2x=36
M=510(1+0,004x18) X=18
M=510(1+0,072)=546,72
24.Resposta: B.
19. Resposta: A F(x)=12+25x
M=C(1+in) X=hora de trabalho
1500=C(1+0,25x1)
1500=C(1,25) 168,25=12+25x
C=1500/1,25 25x=156,25
C=1200 X=6,25 horas
1hora---60 minutos
20. Resposta: E 0,25-----x
M=C(1+in) X=15 minutos
M=750(1+0,12)
M=750x1,12=840 Então ele trabalhou 6 horas e 15 minutos

89
MATEMÁTICA
25. Resposta: C
V=20.15.20=6000cm³=6000ml==6 litros

26. Resposta: C
VA=125cm³
VB=1000cm³ 32. Resposta: B

ANOTAÇÕES

______________________________________________________

180h=2250 ______________________________________________________
H=12,5
______________________________________________________
27. Resposta: D ______________________________________________________
Observe a razão: 29-23=6
A83=a1+82r ______________________________________________________
A83=23+82.6
A83=23+492 ______________________________________________________
A83=515
______________________________________________________
28. Resposta: C
______________________________________________________
Q=2
a9 = a1 + qn-1 ______________________________________________________
a9 = 1 . 28 = 256
______________________________________________________
29. Resposta: D.
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
30. Resposta: D.
______________________________________________________
Roberto e Tatiana ________ ______________________________________________________
São 30 alunos, mas vamos tirar Roberto e Tatiana que terão que
fazer parte da comissão. ______________________________________________________
30-2=28
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
1. Resposta: E ______________________________________________________
S=cursam superior
M=não tem curso superior ______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

S+M=600000 _____________________________________________________

_____________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
S=420000
M=600000-420000=180000 ______________________________________________________

90
GEOGRAFIA
1. Cartografia: Orientação, Localização, Representação Da Terra E Fusos Horários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Características E Movimentos Realizados Pela Terra. Geologia E Geomorfologia; Camadas Internas Da Erra. A Deriva Continental E A
Tectônica De Placas, Agentes Internos (Construtores Do Relevo Terrestre (Vulcanismo, Tectonismo E Abalos Sísmicos), Terremotos No
Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
3. Rochas: Tipos; Características. Ciclo Das Rochas. Relevo Terrestre E Os Agentes Externos (Intemperismo E Erosão). Pedologia (Solos) -
Processo De Formação, Degradação E Empobrecimento Dos Solos, Técnicas De Manejo E Conservação Dos Solos . . . . . . . . . . . . . 07
4. Climatologia- A Atmosfera E Sua Dinâmica: Tempo; Clima. Fatores E Elementos Do Clima: Fenômenos Climáticos, Massas De Ar: Circu-
lação Atmosférica (Global E Regional): Tipos De Clima, Climogramas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
5. Vegetação: As Grandes Formações Vegetais Da Terra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
6. Aspectos Demográficos: Conceitos Fundamentais, Indicadores Demográficos, Teorias Demográficas, Indicadores Sociais, Estrutura Da
População E Migrações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
7. Aspectos Econômicos Gerais: Comércio; Recursos Naturais E Extrativismo Mineral; Fontes De Energia; Indústria; Agricultura . . . . 17
8. Geografia Do Brasil: Regiões Brasileiras: Aspectos Físicos; Aspectos Humanos; Aspectos Políticos; Aspectos Econômicos . . . . . . . 24
9. Geografia Geral: As Relações Econômicas No Mundo Moderno: A Crise Econômica Mundial; Os Blocos Econômicos; A Questão Da
Multipolaridade. A Globalização. Focos De Tensão E Conflitos Mundiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
GEOGRAFIA

CARTOGRAFIA: ORIENTAÇÃO, LOCALIZAÇÃO, REPRE- Na imagem acima podemos identificar os quatro pontos car-
SENTAÇÃO DA TERRA E FUSOS HORÁRIOS deais (Norte, Sul, Leste e Oeste), e os pontos colaterais (Nordes-
te, Noroeste, Sudeste e Sudoeste)2.
Bússola
Orientação e Localização Alguns estudos apontam que a bússola teve sua origem na
O termo orientação é utilizado com o significado de de- China, por volta do século I. Desde seu nascimento, era utilizada
terminar uma direção a ser seguida, indicar um rumo. Para a como instrumento de navegação, permitindo explorações prin-
Geografia, é muito importante determinar essa referência para cipalmente por meio da navegação3.
definir nossa localização na superfície terrestre1. No século XIII, o navegante e inventor italiano Flavio Gioia
Antigas civilizações utilizavam recursos que a natureza ofe- contribuiu com o aperfeiçoamento da bússola. Ele utilizou esse
recia para buscar orientação. Assim, o início das tentativas de sistema sob um cartão com a Rosa dos Ventos, que indicava os
localização está no uso de corpos celestes como o Sol, a Lua e pontos cardeais. Para alguns, ele é tido como o próprio inventor
algumas estrelas. do objeto.
Atualmente, com o avanço das navegações, da aeronáutica No entanto, foi somente no século XIX que a bússola moder-
e da astronáutica, podemos nos localizar mais facilmente a par- na foi elaborada por William Sturgeon, que construiu, em 1825,
tir de instrumentos que determinam os pontos de referência. o primeiro eletroímã que auxiliou na orientação da bússola a
partir do magnetismo terrestre.
Pontos de Orientação Atualmente, podemos nos orientar pela bússola através de
O movimento de rotação da Terra nos dá a sensação de que nossos celulares, tablets e computadores, a partir de um aplica-
o Sol se desloca no céu durante o dia, no que chamamos de “mo- tivo instalado em algum dos dispositivos!
vimento aparente do Sol”.
Segundo este movimento, o Sol nasce para um lado e se põe Funcionamento da Bússola
em seu oposto. A direção do nascimento indica o Leste (L), e a A bússola é composta por uma agulha magnetizada que é
que o Sol se põe, o Oeste (O). encaixada na posição horizontal, respeitando seu centro de gra-
Perpendicularmente a este eixo Leste-Oeste, temos em uma vidade para que ela fique livre para se orientar.
das extremidades desta linha o Norte (N) e, na outra ponta, o
Sul (S).

Elementos de Orientação

Rosa dos Ventos

Modelo de bússola moderna que é utilizada atualmente

Assim, a bússola é capaz de localizar os pontos cardeais


(com referência na Rosa dos Ventos) a partir do Norte Magné-
tico da Terra, que funciona como um “enorme ímã” que exerce
força de atração em sua direção.

Diferença entre Norte Geográfico e Norte Magnético


Podemos nos referenciar a partir de dois nortes:
Norte Geográfico: utiliza como base o ângulo de 90º entre
A rosa dos ventos corresponde à volta completa do hori- meridianos e paralelos. Normalmente é usado em mapas, cartas
zonte, representando as quatro direções fundamentais e suas e plantas.
intermediações.
2 Orientação e Cartografia - Aulalivre.netaulalivre.net › revisao-vestibular-enem
› geografia.
1 https://querobolsa.com.br/enem/geografia/orientacao-e-cartografia 3 https://querobolsa.com.br/enem/geografia/orientacao-e-cartografia

1
GEOGRAFIA
Norte Magnético / Norte Verdadeiro: utiliza como base a inclinação natural da Terra, de aproximadamente 22º. Normalmente
é usado em representações mais aprofundadas, técnicas e específicas.

Coordenadas Geográficas
As coordenadas geográficas expressam qualquer posição no planeta. Baseiam-se em linhas imaginárias traçadas sobre o globo
terrestre4.

Paralelo: Latitude (varia 0º a 90º - norte ou sul);


Meridiano: Longitude (varia 0º a 180º leste ou oeste).

Paralelos: são linhas paralelas a linha do equador, sendo esta, também uma linha imaginária.
Meridianos: são linhas semicirculares, isto é, linhas de 180°, que vão do Polo Norte ao Polo Sul e cruzam com os paralelos.

4 Orientação e Cartografia - Aulalivre.netaulalivre.net › revisao-vestibular-enem › geografia.

2
GEOGRAFIA
Fusos Horários

Os fusos horários, também denominados zonas horárias, foram estabelecidos através de uma reunião composta por represen-
tantes de 25 países em Washington, capital estadunidense, em 1884. Nessa ocasião foi realizada uma divisão do mundo em 24 fusos
horários distintos5.
O método utilizado para essa divisão partiu do princípio de que são gastos, aproximadamente, 24 horas (23 horas, 56 minutos
e 4 segundos) para que a Terra realize o movimento de rotação, ou seja, que gire em torno de seu próprio eixo, realizando um mo-
vimento de 360°. Portanto, em uma hora a Terra se desloca 15°.
Esse dado é obtido através da divisão da circunferência terrestre (360°) pelo tempo gasto para que seja realizado o movimento
de rotação (24 h).
O fuso referencial para a determinação das horas é o Greenwich, cujo centro é 0°. Esse meridiano, também denominado inicial,
atravessa a Grã-Bretanha, além de cortar o extremo oeste da Europa e da África.
A hora determinada pelo fuso de Greenwich recebe o nome de GMT. A partir disso, são estabelecidos os outros limites de fusos
horários.

Os Fusos Horários no Brasil

5 https://www.pjf.mg.gov.br/secretarias/sds/cpc/modulos/pism1/2018/geografia/geografia.pdf

3
GEOGRAFIA
As regiões Sul, Sudeste e Nordeste, o Distrito Federal e os
estados de Goiás, do Tocantins, Pará e Amapá acompanham o
horário de Brasília.
Mato grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Roraima e a
maior parte do Amazonas têm uma hora a menos. Já um peque-
no trecho do Amazonas e o Acre passam a ter duas horas a me-
nos que Brasília com a mudança de fuso implementada em 2013.
O Brasil ficou então com quatro fusos horários. Observe que
Fernando de Noronha e as ilhas oceânicas estão mais “adianta-
dos” em relação aos horários do Brasil continental.

CARACTERÍSTICAS E MOVIMENTOS REALIZADOS PELA


TERRA. GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA; CAMADAS
INTERNAS DA ERRA. A DERIVA CONTINENTAL E A
TECTÔNICA DE PLACAS, AGENTES INTERNOS (CONS-
TRUTORES DO RELEVO TERRESTRE (VULCANISMO,
TECTONISMO E ABALOS SÍSMICOS), TERREMOTOS NO
BRASIL

Para estudarmos o planeta Terra, é necessário fazer refe-


rências à galáxia na qual estamos inseridos: a Via Láctea. Essa re- Com o desenvolvimento da tecnologia, a medição dos aba-
ferência é necessária para entendermos a disposição dos plane- los sísmicos tornou possível conhecer o interior do planeta. As
tas, suas órbitas, semelhanças, diferenças e outros assuntos que ondas sísmicas provocadas por esses abalos atravessam grandes
nos ajudam a entender o que acontece dentro e fora da Terra6. regiões, podendo ser rastreadas e fornecer informações valiosas
Nosso planeta é um dos oito que estão no Sistema Solar sobre a estrutura interna da Terra. Seu interior ainda possui a
orbitando em torno de uma estrela central: o Sol. Essa órbita camada magmática de bilhões de anos atrás. A cada 33 m de
permite o desenvolvimento da vida devido à temperatura que profundidade, estima-se que a temperatura suba 1 ºC.
chega até nós, o que chamamos de radiação solar. Na superfície terrestre, camada em que vivemos, podemos
encontrar diversos minerais utilizados no cotidiano. A crosta,
Formação e Características do Planeta Terra como é conhecida a superfície, recobre todo o planeta, seja nos
Estima-se que nosso planeta tenha sido formado há, mais continentes (crosta continental), seja nos oceanos (crosta oceâ-
ou menos, 4,6 bilhões de anos. De lá pra cá, a Terra passou por nica).
constantes mudanças, algumas nítidas, outras bem longas e que No fundo dos mares e oceanos existe o assoalho oceânico,
os seres humanos não percebem. Tais mudanças podem ocorrer local em que compostos de silício e magnésio (sima) podem ser
de fatores internos, como a energia do núcleo, ou fatores exter- encontrados com frequência. Nos continentes, silício e alumínio
nos, como chuvas, processos erosivos, ação humana. (sial) dão consistência a quase toda essa superfície.
A formação do Sistema Solar foi resultado de um colapso
entre grandes estrelas, o que gerou uma grande junção de ener- Camadas Internas do Planeta Terra
gia. Essa energia, posteriormente, formou os componentes do Por dentro, nosso planeta tem uma estrutura feita em ca-
sistema, como o Sol e demais planetas. madas, cada uma com várias características específicas. Pelos
A Terra, há 4,6 bilhões de anos, era uma massa de matéria estudos realizados até hoje, podemos classificá-las, de forma
magmática que, ao longo de milhões de anos, resfriou-se. Esse geral, em três principais: crosta (oceânica e continental), manto
resfriamento deu origem a uma camada rochosa, a camada litos- (superior e inferior) e núcleo (interno e externo).
férica. Esse período é chamado de Era Pré-cambriana. Podemos comparar essa estrutura com a de um abacate: a
Ao longo desses bilhões de anos, várias mutações aconte- casca da fruta sendo a crosta, a poupa sendo o manto, e o caro-
ceram no planeta, muitas violentas, como os terremotos e ma- ço sendo o núcleo.
remotos, também conhecidos por abalos sísmicos. Esses abalos
ocorrem de dentro para fora, nas camadas internas da Terra,
alterando de forma significativa a superfície terrestre.
Outras mudanças menos violentas foram graduais, como a
formação da camada de gases que envolvem o planeta, a at-
mosfera. Essa camada protege-nos da forte radiação solar que
atinge a Terra, permitindo que haja vida. No entanto, no início
dos tempos, há bilhões de anos, a Terra era um lugar inabitável,
com erupções vulcânicas constantes, com altas temperaturas e
bastante perigoso.
Os movimentos do planeta, como a rotação (em torno de
si) e a translação (ao redor do Sol), possibilitaram uma forma
esférica da Terra, que é achatada nos polos. Essa forma recebe o
nome de geoide. Seu interior é algo inóspito, e, até pouco tempo
atrás, desconhecido.
6 https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/planeta-terra.htm

4
GEOGRAFIA
Além disso, há na superfície terrestre a atmosfera, o con-
junto de gases que permite a respiração e protege o planeta dos
raios solares, para que eles não cheguem com tanta intensida-
de. É basicamente formada por oxigênio, nitrogênio e água, mas
contém outros elementos químicos.
A hidrosfera é de onde o ser humano retira recursos para
sua sobrevivência, como água, alimento (peixes e crustáceos),
recursos minerais marinhos (petróleo), além de usar os oceanos,
mares e rios para o transporte de pessoas e/ou cargas.
A biosfera e a superfície terrestre são conceitos que se asse-
melham em alguns momentos, pois fazem referência à existên-
cia de vida na Terra. No entanto, a superfície terrestre abrange
mais elementos, como a hidrosfera. Na biosfera, nós temos os
elementos orgânicos e inorgânicos e os seres vivos, que auxiliam
na prosperidade da vida do planeta.
Na litosfera, temos a formação de continentes e ilhas, as
https://brasilescola.uol.com.br/geografia/camadas-terra.htm terras emersas. É uma das poucas áreas do mundo conhecidas
de forma direta pelo ser humano.
Crosta
A crosta, a casca externa do planeta, é a camada superficial, Movimentos Terrestres
podendo ser chamada de litosfera. É nessa camada que esta- Na órbita da Terra, nosso planeta realiza dois movimentos
mos, que se localizam relevos, oceanos, mares, rios, biosfera e cruciais para o desenvolvimento da vida: a translação e a rota-
outros. ção.
Para os seres humanos, é a camada em que há o desenvol-
vimento da vida. Para ter-se uma ideia, a espessura da crosta Rotação
pode variar de 5 km a 70 km. Mesmo com esse tamanho, ela é só Rotação é o movimento realizado pelo planeta em torno do
a “casca” do planeta, o que revela a imensidão dele. seu próprio eixo, sendo uma volta em torno de si. Esse movi-
A crosta oceânica, como o nome diz, é a parte que está abai- mento, realizado no sentido anti-horário, ou seja, de oeste para
xo do mar, tendo de 5 km a 15 km de espessura. É menos espes- leste, tem como consequência direta a existência de dias e noi-
sa do que a crosta continental. Ela pode ter uma espessura de 30 tes.
km a 70 km, sendo a parte do planeta que forma os continentes. Além disso, o Sol é visto primeiro na parte leste do mundo,
por isso o Japão é conhecido como “a terra do Sol nascente”.
Manto Esse movimento dura, em média, 23 h 56 min ou 24 h (o dia
Já o manto está situado a uma profundidade que pode variar solar).
de 70 km a 2900 km. Nessa grande área, está localizado o mag-
ma, uma camada viscosa que envolve o núcleo e é responsável Translação
pela movimentação das placas tectônicas, situadas na litosfera. Translação é o movimento realizado em torno do Sol. Uma
O manto superior está abaixo da litosfera, numa profundi- translação completa significa um ano para a sociedade, pois esse
dade de até, aproximadamente, 670 km. Nele encontramos a movimento tem a duração de 365 dias e 6 h.
astenosfera, uma área de característica viscosa que permite a Devido a isso, a cada quatro anos, um dia é colocado a mais
movimentação da crosta ao longo de milhares de anos, modifi- no mês de fevereiro, surgindo o ano bissexto, com 366 dias.
cando o relevo terrestre. Os dois movimentos são feitos simultaneamente, ao mesmo
No manto inferior, localizado a uma profundidade de 670 tempo. Por conta da força da gravidade e do imenso peso do
km a 2900 km, encontramos a mesosfera, parte sólida dessa es- planeta, eles não são percebidos.
trutura que chega próximo ao núcleo. Ele é sólido devido à pres- No entanto, os dias e as noites (rotação) e a existência das
são exercida pelo peso da Terra. estações do ano (translação) mostram-nos quão viva é a Terra.

Núcleo
O núcleo é a camada mais profunda do planeta, chegando a
6700 km. O núcleo interno é sólido, com vários compostos mi-
nerais, entre eles níquel e ferro. Essa camada é responsável pelo
campo magnético que existe ao redor do planeta. Já o núcleo
externo é líquido, tendo uma espessura de, aproximadamente,
1600 km. A temperatura nessa região pode chegar a 6500 ºC.

Estrutura Externa do Planeta Terra


A superfície terrestre é a camada externa do planeta. Nela
há o encontro de três camadas: a hidrosfera (o conjunto de
águas), a biosfera (a vida, os biomas) e a litosfera (as rochas e
os minerais).

5
GEOGRAFIA
Formação dos Continentes

Teoria da Deriva dos Continentes

http://educacao.globo.com/geografia/assunto/geografia-fisica/evolucao-da-terra-e-fenomenos-geologicos.html

Apesar da atual divisão do mundo em continentes parecer uma situação estática, se nos basearmos em um referencial de mi-
lhões de anos, tudo indica que não é bem assim7.
Segundo a Teoria da Deriva dos Continentes, existe um movimento, ainda que imperceptível dentro de nossa vivência de tem-
po, que faz com que os continentes se desloquem lentamente.
Essa teoria foi proposta em 1912 pelo alemão Alfred Wegener, que observou o recorte da costa leste da América do Sul e o
comparou com a da costa oeste da África e notou algumas semelhanças, como se os dois lados tivessem um dia estado juntos.
Em determinada época, há centenas de milhões de anos, todos os continentes formavam um só bloco, a Pangeia. Ao longo de
milhões de anos, com o movimento das placas tectônicas a Pangeia dividiu-se inicialmente em duas partes: Gondwana e Laurásia.
Daí para frente, as partes foram fragmentadas, até assumir a forma atual.

Teoria da Tectônica de Placas


A tectônica de placas é uma teoria geológica sobre a estrutura da litosfera. A teoria explica o deslocamento das placas tectô-
nicas que formam a superfície terrestre, assim como a formação de cadeias montanhosas, as atividades vulcânicas e sísmicas e a
localização das grandes fossas submarinas.
Dessa forma, a crosta está dividida em muitos fragmentos, as placas tectônicas. As placas flutuam sobre o manto, mais preci-
samente sobre a astenosfera, uma camada plástica situada abaixo da crosta. Movimentam-se continuamente, alguns centímetros
por ano.
Em algumas regiões do globo, duas placas se afastam uma de outra e em outros, elas se chocam. Acredita-se que o motor da
tectônica de placas seja a corrente de convecção – material quente que sobe e material frio que desce produzida por essa troca.
Os continentes continuam se movendo até hoje. A teoria da Tectônica de Placas, que aperfeiçoou a Teoria da Deriva Continen-
tal, é, atualmente, a forma mais aceita de se explicar a formação dos continentes.

7 http://educacao.globo.com/geografia/assunto/geografia-fisica/evolucao-da-terra-e-fenomenos-geologicos.html

6
GEOGRAFIA

ROCHAS: TIPOS; CARACTERÍSTICAS. CICLO DAS ROCHAS. RELEVO TERRESTRE E OS AGENTES EXTERNOS (INTEMPE-
RISMO E EROSÃO). PEDOLOGIA (SOLOS) - PROCESSO DE FORMAÇÃO, DEGRADAÇÃO E EMPOBRECIMENTO DOS SO-
LOS, TÉCNICAS DE MANEJO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS.

Os agentes modeladores do relevo


A rocha (ou popularmente pedra) é um agregado natural composto de alguns minerais ou de um único mineral 8.
As rochas são classificadas conforme sua composição química, sua forma estrutural, ou sua textura, mas é mais comum classi-
ficá-las de acordo com os processos de sua formação.

http://educacao.globo.com/geografia/assunto/geografia-fisica/evolucao-da-terra-e-fenomenos-geologicos.html

Rochas Magmáticas ou Ígneas


As rochas magmáticas ou ígneas resultam da solidificação do magma e são, portanto, rochas primárias. Podem ser de dois tipos:
Magmáticas intrusivas - se a solidificação do magma acontecer no interior da terra (granito);
Magmáticas extrusivas - se a solidificação do magma acontecer na superfície terrestre (basalto, pedra-pomes).

Rochas Sedimentares
As rochas sedimentares ou secundárias originam-se dos sedimentos de outras rochas. O sedimento se forma pela ação do in-
temperismo (processos físico-químicos que desintegram as rochas).
Os grãos fragmentados são transportados da área fonte e, finalmente, se acumulam em bacias sedimentares. São rochas sedi-
mentares a areia, o calcário e o arenito.
Rochas Metamórficas
São formadas quando, no interior da Terra, a temperatura e a pressão modificam rochas preexistentes (ígnea, sedimentar, ou
outra rocha metamórfica). Os gnaisses, a ardósia e mármores exemplos de rochas metamórficas.
São essas rochas que vão dar origem ao relevo que pode se dizer que é toda forma assumida pelo terreno (montanhas, serras,
depressões, etc.) que sofreu mudanças com os agentes internos e externos sobre a crosta terrestre.
Os agentes externos são chamados também de agentes erosivos (chuva, vento, rios, etc.) eles atuam sobre as formas definidas
pelos agentes internos. As forças tectônicas (movimentos orogenéticos, terremotos e vulcanismo) que se originam do movimento
das placas tectônicas são os agentes internos.

Agentes formadores e modeladores do relevo terrestre


As forças que criam e alteram as formas de relevo podem agir no interior da terra (agentes internos ou endógenos) ou na su-
perfície terrestre (agentes externos ou exógenos).
Os movimentos das placas tectônicas são responsáveis pelos agentes modificadores do relevo originados no interior da Terra. A
maior parte da atividade de deformação das rochas por forças internas ocorre nos limites das placas tectônicas, isto é, nos pontos
de contato entre as placas.

Agentes Endógenos (Internos)


São os seguintes agentes internos (endógenos) do relevo: o tectonismo, o vulcanismo e os abalos sísmicos.

8 http://www.marcospaiva.com.br/A%20forma%C3%A7%C3%A3o%20da%20Terra%20e%20sua%20estrutura.pdf

7
GEOGRAFIA
Tectonismo
Tectonismo ou diastrofismo compreende todos os movimentos que deslocam e deformam as rochas que constituem a crosta
terrestre.
Manifesta-se por movimentos: Verticais ou epirogênicos; e Horizontais ou orogênicos.
Conhecidos como diastrofismos, resultam de pressões vindas do interior da Terra que agem na crosta. Se forem verticais, os
blocos sofrem levantamentos/rebaixamentos ou fraturas ou falhas quando atingem as rochas mais rígidas. Quando as pressões são
horizontais formam-se dobramentos ao atingir rochas de pequena resistência originando montanhas.

Vulcanismo
Diversas formas pelas quais o magma do interior da Terra chega até a superfície. Os materiais podem ser sólidos, líquidos ou
gasosos. Esses materiais acumulam-se em um depósito sob o vulcão até que a pressão gerada entre em erupção.
As lavas escorrem pelo edifício vulcânico, alterando e criando novas formas de paisagem. A manifestação típica do vulcanismo
é o cone vulcânico e o amontoado de pó, cinzas e lavas formados pelas erupções.
Quando o magma extravasa, passa a chamar-se lava. A maioria se concentra no Círculo de Fogo do Pacífico e o Círculo de Fogo
do Atlântico.

Abalos Sísmicos
Todos os movimentos naturais resultantes de movimentos subterrâneos de placas rochosas, de atividade vulcânica, ou por
deslocamentos de gases no interior da Terra, principalmente metano.
Causado por liberação rápida de grandes quantidades de energia sob a forma de ondas sísmicas que se propagam por meio de
vibrações, a maioria ocorre na fronteira de placas ou em falhas entre dois blocos rochosos.

Como consequência temos a vibração do solo, a abertura de falhas, deslizamentos de terra, tsunamis, mudança de rotação da
Terra, efeitos destrutivos sobre construções, perda de vida, ferimentos e prejuízos financeiros e sociais.
Um dos maiores já registrado foi no Chile em 1960 que atingiu 9.5 graus na escala Richter, bem como o da Indonésia que atingiu
9.3, em 2004.

AGENTES EXÓGENOS (EXTERNOS)


O trabalho dos agentes internos do relevo é complementado ou modificado pela ação de agentes externos que desgastam,
destroem e constroem formas de relevo, modelando a superfície da Terra. Os dois principais agentes externos são o intemperismo
e a erosão.

8
GEOGRAFIA
A radiação solar, juntamente com os fenômenos meteoro- Solos
lógicos, atua como um agente externo do relevo. O calor do sol
e as águas são os grandes modeladores das paisagens e fazem Formação dos solos
essa modelagem em toda a superfície criada por algum agente Cada rocha e cada maciço rochoso se decompõem de uma
interno. A radiação que vem do Sol faz com que haja o intempe- forma própria. Porções mais fraturadas se decompõem mais in-
rismo físico das rochas, ou seja, elas se desagregam. tensamente do que as partes maciças, e certos constituintes das
Já as águas, agem primeiramente com o intemperismo quí- rochas são mais solúveis que outros9.
mico, que altera os minerais da rocha, transformando em mine- As rochas que se dispõem em camadas, respondem ao in-
rais de solo, fazendo com que o relevo tome a forma que deve temperismo de forma diferente para cada camada, resultando
tomar, de acordo com à proporção que estes intemperismos numa alteração diferencial. O material decomposto pode ser
agem na Terra. transportado pela água, pelo vento, etc.
Após o intemperismo agir, os processos erosivos começam Os solos são misturas complexas de materiais inorgânicos e
a acontecer, fazendo com que o relevo terrestre ganhe a sua resíduos orgânicos parcialmente decompostos. Para o homem
forma. Estes processos são fundamentais para deixar o relevo em geral, a formação do solo é um dos mais importantes produ-
mais aplainado, mais baixo, agindo concomitantemente com os tos do intemperismo.
agentes endógenos. Os solos diferem grandemente de área para área, não só
Outra característica das forças externas é que elas podem em quantidade (espessura de camada), mais também qualitati-
agir por meio do Intemperismo e da Erosão. vamente.
Intemperismo Os agentes de intemperismo estão continuamente em ativi-
O intemperismo é um conjunto de processos que causam a dade, alterando os solos e transformando as partículas em ou-
decomposição ou a desintegração dos minerais que compõem tras cada vez menores. O solo propriamente dito é a parte supe-
as rochas. É resultado da exposição contínua das rochas a agen- rior do manto de intemperismo, assim, as partículas diminuem
tes atmosféricos ou biológicos. Pode ser físico ou químico. de tamanho conforme se aproximam da superfície.
Os fatores mais importantes na formação do solo são:
Intemperismo físico → ação de organismos vivos;
Consiste basicamente na desagregação da rocha, com se- → rocha de origem;
paração dos grãos minerais que a compõem e fragmentação da → tempo (estágio de desintegração/decomposição);
massa rochosa original. → clima adequado;
Exemplos: Variações de temperatura – essas mudanças são → inclinação do terreno ou condições topográficas.
particularmente acentuadas no ambiente desértico, que tem
dias quentes e noites frias. Classificação dos solos quanto à sua origem
O congelamento da água - retida em uma fenda da rocha. Quanto à sua formação, podemos classificar os solos em
três grupos principais: solos residuais, solos sedimentares e so-
Intemperismo químico los orgânicos.
No intemperismo químico, as rochas se decompõem a partir
de uma reação química ocorrida com o contato de elementos Solos Residuais
como o ar e a água. Os solos são resultado do intemperismo. São os que permanecem no local da rocha de origem (rocha
mãe), observando-se uma gradual transição da superfície até a
Erosão rocha.
Erosão é o conjunto de processos que promovem a retirada Para que ocorram os solos residuais, é necessário que a ve-
e transporte do material produzido pelo intemperismo, ocasio- locidade de decomposição de rocha seja maior que a velocidade
nando o desgaste do relevo. Seus principais agentes são a água, de remoção pelos agentes externos. Estando os solos residuais
o vento e o gelo. apresentados em horizontes (camadas) com graus de intempe-
A erosão pode ser de vários tipos, conforme o agente que rismos decrescentes, podem-se identificar as seguintes cama-
atua: das: solo residual maduro, saprolito e a rocha alterada.
Erosão pluvial - é aquela provocada pela água da chuva;
Erosão marinha - A água do mar provoca erosão através da Solos Sedimentares ou Transportados
ação das ondas, das correntes marítimas, das marés e das cor- São os que sofrem a ação de agentes transportadores, po-
rentes de turbidez. Seu trabalho é reforçado pela presença de dendo ser aluvionares (quando transportados pela água), eóli-
areia e silte em suspensão; cos (vento), coluvionares (gravidade) e glaciares (geleiras).
Erosão glacial - é a erosão provocada pelas geleiras (tam-
bém chamadas de glaciares). Geleira de Briksda na Noruega. Solos Orgânicos
Erosão eólica - É aquela decorrente da ação do vento. Ocor- São aqueles originados da decomposição e posterior apo-
re em regiões áridas e secas, onde existe areia solta, capaz de drecimento de matérias orgânicas, sejam estas de natureza ve-
ser transportada pelo vento, que a joga contra as rochas, des- getal (plantas, raízes) ou animal. Os solos orgânicos são proble-
gastando-as e dando origem, muitas vezes, a formas bizarras ou máticos para construção por serem muito compressíveis.
as dunas; Em algumas formações de solos orgânicos ocorre uma im-
Deslizamentos - o desgaste provocado pelas águas da chuva portante concentração de folhas e caules em processo de de-
torna-se mais intenso com a inclinação do terreno e a falta de composição, formando as turfas (matéria orgânica combustível).
vegetação.
9 https://docente.ifrn.edu.br/johngurgel/disciplinas/2.2051.1v-mecanica-dos-
-solos-1/apostila%20de%20solos.pdf

9
GEOGRAFIA
Climatologia
CLIMATOLOGIA- A ATMOSFERA E SUA DINÂMICA: Pode-se dizer que a climatologia estuda os padrões de com-
TEMPO; CLIMA. FATORES E ELEMENTOS DO CLIMA: portamento da atmosfera considerando um longo período de
FENÔMENOS CLIMÁTICOS, MASSAS DE AR: CIRCULA- tempo. É dividida em:
ÇÃO ATMOSFÉRICA (GLOBAL E REGIONAL): TIPOS DE • Climatologia regional: estudo do clima em área selecio-
CLIMA, CLIMOGRAMAS nadas;
• Climatologia sinótica: estudo do clima de uma área em
As Esferas Terrestres10 relação ao padrão de circulação atmosférica;
• Climatologia física: estudo dos elementos do tempo em
termos de princípios físicos;
• Climatologia dinâmica: estuda os movimentos atmosféri-
cos em diferentes escalas;
• Climatologia aplicada: aplicação dos conhecimentos cli-
matólogos na solução de problemas que afetam os seres huma-
nos;
• Climatologia histórica: estudo do clima através dos tem-
pos.

Subdivisões da climatologia: diferentes escalas


São subdivisões da climatologia:
• Macroclimatologia: estudo do clima em amplas áreas da
Terra;
• Mesoclimatologia: estudo do clima em áreas menores (10
a 100 Km de largura). Ex.: eventos extremos como tornados e
temporais;
Atmosfera: dinâmica climática e gases que formam a cama- • Microclimatologia: estudo do clima próximo a superfície
da de ar da Terra (N², O², CO², etc.); terrestre e em áreas muito pequenas (menores que 100 m de
Hidrosfera: camada de água presente na superfície da Ter- extensão).
ra, cerca de 70%. (mares, rios, gelo);
Litosfera: estrutura sólida da Terra (rochas, formas de rele- Elementos do clima
vo, solo); São grandezas atmosféricas que comunicam ao meio atmos-
férico suas propriedades e características particulares. São no
Biosfera: inter-relação entre a atmosfera, hidrosfera e litos- tempo e no espaço sendo perceptíveis pelos sentidos humanos
fera para condicionamento da existência da vida na Terra (seres e medidos por instrumentos específicos:
vivos). Pressão atmosférica, temperatura, precipitação, insolação,
radiação, vento, nebulosidade, evaporação, umidade e visibili-
Tempo e Clima dade.
O estudo do clima e do tempo ocupa uma posição central
no campo da ciência ambiental, pois as características do clima Pressão atmosférica – peso que a atmosfera exerce por uni-
e as condições do tempo são determinantes na distribuição das dade de área. Sabendo que o ar é um fluido, a tendência é que
diferentes formas de vida. se movimente em direção às áreas de menor pressão. Assim, a
movimentação da atmosfera está ligada à distribuição da pres-
Tempo: estado médio da atmosfera num período de tempo são atmosférica.
e lugar determinado.
Clima: síntese do tempo de um lugar para um período apro-
ximado de 30 anos.

O tempo e o clima são considerados como uma consequên-


cia e uma demonstração da ação de processos complexos na at-
mosfera, oceano e terra.
O estudo do clima e do tempo ocupa uma posição central
no campo da ciência ambiental, pois as características do clima
e as condições do tempo são determinantes na distribuição das
diferentes formas de vida.
Existe uma relação estreita entre meteorologia e climato-
logia:
Meteorologia: estuda o estado físico, dinâmico e químico
da atmosfera e suas interações com a superfície terrestre. (Es-
tuda o tempo);
Climatologia: é o estudo científico do clima. (Estuda o clima).
10 https://www.ufsm.br/laboratorios/labgeotec/wp-content/uploads/si-
tes/676/2019/08/tpico1.pdf

10
GEOGRAFIA

Temperatura - grau de calor que um corpo possui, sendo a condição que determina o fluxo de calor que passa de uma substan-
cia para outra. O calor desloca-se de superfícies com maiores temperaturas para as de menor temperatura.

Precipitação - deposição em forma líquida ou sólida derivada da atmosfera. Neste caso, as formas líquidas e congeladas da
água, como chuva, granizo, neve.
Insolação - quantidade de radiação solar direta que incide em determinada área numa posição horizontal e a um nível conhe-
cido.
Radiação - é a propagação de energia de um ponto a outro. Neste caso, o calor recebido pela a atmosfera e superfície terrestre
a partir do sol.
O sol é uma esfera gasosa com temperatura de 6.000 °C que emite a energia em ondas eletromagnéticas.
Vento - é o ar atmosférico em movimento a partir da diferença de pressão e temperatura.
Umidade - quantidade de água na forma gasosa presente na atmosfera.
Evaporação - processo pelo qual a umidade, líquida ou sólida, passa para a forma gasosa. Perda da água em superfícies aquá-
ticas ou solo.
Nebulosidade - cobertura do céu por nuvens e nevoeiro.
Visibilidade: (m) – visão do observador.

Fatores geográficos ou fatores do clima


São fatores geográficos que influenciam no comportamento dos elementos atmosféricos dando-lhes certas regularidades. Pos-
suem ação permanente em escala regional e local.
• Atmosfera;
• Latitude;
• Altitude;
• Correntes marinhas;
• Continentalidade e maritimidade;
• Vegetação;
• Relevo;
• Urbanização.

Tipos de Clima11
Clima é o termo utilizado para definir as condições atmosféricas que caracterizam uma região.
Existem dez tipos principais de clima em todo o mundo e são influenciados pela pressão atmosférica, correntes marítimas,
circulação de massas de ar, latitude, altitude, precipitação pluviométrica e inclinação solar – a quantidade de luz que incide sobre
a superfície terrestre.

Principais Tipos de Clima


A sobreposição de uma característica sobre as demais é que define o tipo de clima de uma determinada região.
Os dez principais tipos de clima são: equatorial, tropical, subtropical, desértico, temperado, mediterrâneo, semiárido, conti-
nental árido, frio da montanha e polar.

11 https://www.todamateria.com.br/tipos-de-clima/

11
GEOGRAFIA

https://www.proenem.com.br/enem/geografia/clima-climas-no-mundo-e-do-brasil/

Clima Equatorial
É registrado nas zonas próximas ao Equador, como partes da África e do Brasil. É quente e úmido. Tem pouca variação térmica
durante o ano, em média de 25ºC. No clima Equatorial, há chuva abundante durante todo o ano.

Clima Tropical
Ocorre nas zonas próximas aos trópicos de Câncer e Capricórnio. A temperatura média anual é de 20ºC. A principal caracterís-
tica é a clara definição de duas estações no ano, que são o inverno – seco – e o verão – chuvoso.
Dependendo da região, pode variar em clima tropical seco ou clima tropical chuvoso. É dividido em clima tropical equatorial;
tropical de monções; tropical úmido ou de savana e clima tropical de altitude.
Este clima e suas variações, são encontrados no Brasil, Cingapura, regiões da Índia, Sri Lanka, Havaí, Honolulu, México e Aus-
trália.

Clima Subtropical
O clima subtropical marca as regiões abaixo do trópico de Capricórnio. É mercado pela diferenciação térmica durante o ano
porque tem quatro estações bem definidas.
Os principais extremos de temperatura ocorrem no verão, com variação de 20ºC a 25º, e no inverno, quando os termômetros
podem marcar entre 0ºC e 10ºC.
As chuvas nas regiões atingidas por este clima variam de 1 mil a 1,5 mil milímetros anuais. São Paulo, o sul de Mato Grosso do
Sul, Paraná, Santa Catarina e o Rio Grande do Sul sofrem a influência do clima Subtropical.

Clima Temperado
As quatro estações bem definidas também são características nas regiões de clima temperado. É registrado nas regiões locali-
zadas no meio dos trópicos e dos círculos polares dos hemisférios sul e hemisfério norte.
É dividido em quatro tipos: temperado mediterrâneo, temperado continental e temperado oceânico. Este é o clima de regiões
como a Europa, América do Norte e Ásia.

Clima Mediterrâneo
É caracterizado por invernos curtos e de temperaturas baixas, variando entre 0ºC e 15ºC. Já o verão é longo, registrando tem-
peraturas que oscilam entre 18ºC e 25º.
O período chuvoso é o de inverno e o seco ocorre no verão. Embora o inverno seja breve e o verão longo, as quatro estações
ano são bem definidas. É encontrado nas regiões localizadas junto ao mar Mediterrâneo.

Clima Desértico
No clima desértico, o calor com médias de 30ºC de temperatura como a principal característica. As chuvas são escassas, quase
insignificantes, podendo haver anos em que não chegam a ocorrer.

12
GEOGRAFIA
Em consequência, a umidade do ar é baixa, chegando a 15%. Já no clima tropical, a diversidade da vegetação é maior,
As altas temperaturas ocorrem durante o dia, mas podem ser em consequência da oferta de luz e elevada umidade. Sob a in-
negativas durante o inverno. fluência deste clima estão as florestas tropicais úmidas, muito
As estações do ano são diferenciadas pela variação de tem- semelhantes às florestas equatoriais. A principal delas é a flo-
peratura. Este tipo de clima é encontrado no deserto do Saara, resta Amazônica.
na África; Oriente Médio; Oeste norte-americano, na região de
Sonora, no norte Mexicano; no Atacama, que fica no litoral do Clima Influencia na Estrutura da Planta
Chile e Peru; na Austrália e Índia. As condições de oferta pluviométrica abundante, calor e luz
favorecem a diversidade da vegetação do clima equatorial, com
Clima Semiárido árvores longas e arbustos, dependendo da localização.
Chuvas irregulares e escassas, altas temperaturas e baixa Ao contrário da elevada disponibilidade de água, o clima
umidade relativa do ar são as principais características do clima semiárido favorece o desenvolvimento de árvores de pequeno
semiárido. porte, em que os troncos são retorcidos e espinhosos, conheci-
A temperatura média anual chega a 27ºC e as chuvas variam das como Caatinga.
em, no máximo, 750 milímetros ao ano. Além de escassas, as Sob a influência deste clima também estão plantas como
chuvas são irregulares e mal distribuídas. É registrado na região cactos. A estrutura das plantas é adequada à escassez hídrica.
Nordeste brasileira. A escassez de água também marca a vegetação no clima
desértico, onde são encontradas plantas espinhosas e de raízes
Clima Continental Árido profundas.
Este tipo de clima é marcado pela baixa umidade relativa do
ar, em consequência da densidade pluviométrica média de 250
milímetros ao ano.
Além de seco, tem como característica a grande variação de VEGETAÇÃO: AS GRANDES FORMAÇÕES
temperatura entre o verão (17º) e o inverno (20º negativos). É VEGETAIS DA TERRA
observado em regiões como a Ásia Central, Montanhas Rocho-
sas norte-americanas e na Patagônia. Paisagens Naturais
As paisagens naturais são aquelas que não foram modifica-
Frio de Montanha das pelo homem ou que pouco se alteraram em função das ati-
Também chamado de Clima de Altitude, este tipo de clima vidades antrópicas12.
tem baixas temperaturas durante todo o ano. Em média, os ter- O termo Paisagem é um conceito chave na ciência geográfi-
mômetros registram 0º durante o ano, mas inverno, é esperada ca. Essa expressão, em resumo, faz referência a tudo aquilo que
queda de temperatura para índices negativos. As chuvas nas re- o indivíduo abstrai do espaço a partir dos seus sentidos (visão,
giões chegam a 1,5 mil milímetros anuais. audição, tato, olfato e paladar), o que torna esse termo uma
relação entre o ser humano e a sua formação de apropriação
Clima Polar material e intelectual sobre o meio.
É o clima de temperaturas negativas mais extremas, com A expressão paisagem natural, nesse contexto, insere-se
termômetros sempre abaixo de 0ºC, com média de 30ºC negati- como uma tipificação criada em oposição à paisagem cultural
vos e que podem cair a 50ºC negativos no inverno. ou geográfica, que é aquela produzida ou transformada pelas
Além da amplitude térmica, a umidade do ar é elevada, atividades antrópicas. Portanto, entende-se por paisagens natu-
mesmo com baixa incidência de chuvas. Tem como caracterís- rais aqueles espaços que ainda não foram humanizados ou que
tica também a presença de neve cobrindo o solo durante todo pouco receberam a interferência das atividades baseadas no
o ano, com cerca de 100 milímetros registrados durante o ano. emprego das técnicas, principais elementos produtores e trans-
Ocorre em regiões como a costas eurasianas do Ártico, sen- formadores do espaço geográfico.
do o clima da Groenlândia, norte do Canadá, Alasca e na Antár- A compreensão dos elementos da natureza, bem como a sua
tida. localização e distribuição espacial pelos diferentes lugares, é im-
portante no sentido de auxiliar no esclarecimento de seus efei-
Tipos de Clima e Vegetação tos sobre a sociedade e suas práticas. Nesse sentido, torna-se
As peculiaridades do clima resultam em vegetações diferen- importante avaliar não tão somente as paisagens e os lugares
ciadas em cada região da Terra. No clima polar ocorre durante o em si, mas também as relações e as técnicas necessárias para a
verão a tundra, formada por musgos e liquens. sua utilização e preservação.
Árvores e vegetações acostumadas com o rigor do inverno
estão nas regiões de clima temperado. É nesta área que per-
manecem a floresta temperada, com árvores de grande porte e
decíduas, ou seja, perdem as folhas durante o inverno.
A chamada vegetação de altitude está presente caracteri-
zado como frio da montanha. São plantas como as pradarias,
encontradas na Argentina, e em regiões brasileiras como o rio
Grande do Sul, na área conhecida como Pampa Gaúcho.
O clima subtropical é favorável para o desenvolvimento de
plantas como araucárias e pinheiros. Este tipo de vegetação é
beneficiado pela distribuição regular de chuvas durante o ano.
12 https://brasilescola.uol.com.br/geografia/paisagens-naturais.htm

13
GEOGRAFIA
Vegetações Mundiais13 Vegetação Mediterrânea

Tundra

Característica de regiões com verões quentes e secos e in-


vernos chuvosos. É formada predominantemente por vegetação
Formada por musgos, líquens e umas poucas plantas rastei- arbórea e arbustiva distribuída de maneira dispersa.
ras, essa formação vegetal é típica das regiões polares. A vegetação mediterrânea é possível de ser encontrada em
A Tundra é um tipo de bioma localizado no Hemisfério Norte pontos isolados da Califórnia (Estados Unidos), Chile, África do
do planeta, nas regiões próximas ao Ártico, mais precisamente Sul e também da Austrália, no entanto, a maior concentração
no norte da América, da Europa e em outras localidades, como está localizada no sul da Europa.
o Alasca e a Sibéria.
O seu nome advém da palavra finlandesa “Tunturia”, que Estepes
significa “planície sem árvores”, o que já confere certa noção
sobre como é esse tipo de vegetação e o seu ambiente.

Florestas Boreais

Vegetação herbácea presente em regiões semiáridas, cons-


tituída de gramíneas que se distribuem de forma irregular, em
forma de tufos e pequenos arbustos.
A estepe é considerada uma faixa de transição vegetativa
e climática, ocorrendo geralmente aos arredores de desertos.
O solo onde desenvolve esse tipo de cobertura vegetal apre-
senta uma grande fertilidade, possui uma cor escura (negra) e é
usado frequentemente para o cultivo agrícola.

Também conhecidas como Taiga ou Matas de Coníferas,


ocorrem no hemisfério norte do planeta, abrangendo a Ásia (Si-
béria, Japão), América do Norte (Alasca, Canadá, sul da Groen-
lândia) e Europa (parte da Noruega, Suécia).
A Taiga transforma-se em Tundra à medida que se aproxima
do Polo Norte. Há entre esses biomas uma zona de transição
onde pouco a pouco o colorido das coníferas é substituído pelas
gramíneas e arbustos baixos da Tundra.
13 https://www.policiamilitar.mg.gov.br/conteudoportal/uploadFCK/ctpmbar-
bacena/04102016072647251.pdf

14
GEOGRAFIA
Florestas Equatoriais Tropicais Savanas

Típica de áreas quente e úmidas, essas florestas apresentam Característico de regiões tropicais com uma estação seca
grande biodiversidade e ocorrem em regiões da América Central bem definida. Savana ou campo tropical é o nome empregado a
e América do Sul, na África e no Sudeste Asiático. um tipo de formação vegetal que varia desde um campo herbá-
A composição vegetativa é de árvores altas com copas lar- ceo até uma matriz campestre com árvores esparsas.
gas que se confrontam e que quase não permitem a entrada da Esse bioma é típico de regiões de clima tropical, quente e
luz do sol. É por isso que no interior da floresta é muito escuro. úmido. A maior área e mais conhecida de savana situa-se na Áfri-
ca, mas também existem savanas na América do sul e na Aus-
Florestas Temperadas Subtropicais trália.

O Cerrado brasileiro é considerado um tipo de savana, mas


muitas características o diferenciam das outras savanas.

Pradarias

Sua área original de ocorrência é em regiões de clima tem-


perado úmido. Formação vegetal diversificada com predomi-
nância de árvores.
Presença de quatro camadas de vegetação: árvores mais al-
tas (de 10 a 25 metros); vegetação arbustiva (de 3 a 5 metros); Formação vegetal muito aproveitada pela pecuária, é carac-
ervas (vegetação rasteira, próxima ao nível do solo) e musgos terística de áreas com baixa pluviosidade e formada basicamen-
(rasteira, no próprio solo, cobertas por folhas e galhos caídos). te por gramíneas e alguns arbustos.
Solo fértil com presença de grande quantidade de nutrientes As pradarias são vegetações herbáceas fechadas presentes
e material orgânico (resultado da decomposição dos vegetais). em áreas de clima temperado e que recebem diferentes deno-
Regiões onde há floresta temperada: minações em diferentes partes do mundo.
- Costa oeste dos Estados Unidos e Canadá; Na Europa e na Ásia, recebem o nome de “estepe”. Na Amé-
- Sul do Chile; rica do Norte, são chamadas de “pradarias”. Na África do Sul,
- Norte da Espanha e Portugal; recebem o nome de “veld”. E, na América do Sul, recebem o
- Região oeste do Reino Unido; nome de “pampa”.
- Turquia;
- Japão e leste e sul da China;
- Região sudeste da Austrália;
- Sudoeste da Argentina;
- Costa ocidental da Nova Zelândia;
- Oeste da Noruega.

15
GEOGRAFIA
Vegetação de Deserto
ASPECTOS DEMOGRÁFICOS: CONCEITOS FUNDAMEN-
TAIS, INDICADORES DEMOGRÁFICOS, TEORIAS DEMO-
GRÁFICAS, INDICADORES SOCIAIS, ESTRUTURA DA
POPULAÇÃO E MIGRAÇÕES

A demografia – ou Geografia da População – é a área da


ciência que se preocupa em estudar as dinâmicas e os processos
populacionais. Para entender, por exemplo, a lógica atual da po-
pulação brasileira é necessário, primeiramente, entender alguns
conceitos básicos desse ramo do conhecimento14.
População absoluta: é o índice geral da população de um
determinado local, seja de um país, estado, cidade ou região.
Densidade demográfica: é a taxa que mede o número de
pessoas em determinado espaço, geralmente medida em habi-
tantes por quilômetro quadrado (hab./km²). Também é chama-
da de população relativa.
Superpovoamento ou superpopulação: ocorre quando o
Ocorrem em regiões com pequenas quantidades de chuva e quantitativo populacional é maior do que os recursos sociais e
são formadas por plantas adaptadas a esse ambiente, como os econômicos existentes para a sua manutenção.
cactos. A vegetação do deserto é composta por plantas cactá-
ceas e herbáceas, com pequenos arbustos e cactos (xerófitas) e Um local densamente povoado é um local com muitos habi-
pratófitas (plantas com raízes longas). tantes por metro quadrado, enquanto que um local populoso é
As xerófitas são plantas como os cactos que, ao invés das fo- um local com uma população muito grande em termos absolutos
lhas possuírem espinhos para preservar a água, elas armazenam e um lugar superpovoado é caracterizado por não ter recursos
em seus caules. suficientes para abastecer toda a sua população.
É muito difícil enxergarmos a vegetação no deserto por ser Exemplo: o Brasil é populoso, porém não é densamente povoa-
escassa e muito distante uma das outras. do. O Bangladesh não é populoso, porém superpovoado. O Japão
é um país populoso, densamente povoado e não é superpovoado.
Formação de Altitude
Taxa de natalidade: é o número de nascimentos que acon-
tecem em uma determinada área.

Taxa de fertilidade: Capacidade fisiológica que a mulher


tem de ter filhos (número de mulheres em idade fértil).

Taxa de fecundidade: é o número de nascimentos bem su-


cedidos menos o número de óbitos em nascimentos.

Formação vegetal característica de regiões montanhas, que


apresenta variedade de porte em função do aumento da altitu- Taxa de mortalidade: é o número de óbitos ocorridos em
de. É comum a ocorrência de gramíneas, musgos e liquens. um determinado local.
A vegetação de altitude ocorre na América do Sul e na Euro-
pa, ou seja, na Zona Temperada (sul e norte).
Na América do Sul, a vegetação de altitude aparece no Peru,
na Bolívia, no Paraguai e na Argentina. Já na Europa existe muito
pouco, apenas no centro-oeste, na Alemanha.

Taxa de mortalidade infantil: É a relação entre o número


de crianças que morrem até 1 ano de idade sobre o total de
nascimentos (‰). Esta taxa é frequentemente utilizada como
ndicador de saúde materno-infantil15.
14 https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/conceitos-demograficos.htm
15 https://www.mundoedu.com.br/uploads/pdf/5384c123aa2a5.pdf

16
GEOGRAFIA
Essa importante área da economia é chamada por esse
nome por ter sido a primeira a ser desenvolvida pela humanida-
de, sendo a prática constitutiva das civilizações. Foi no Período
Neolítico que os seres humanos deixaram de ser nômades para
formar os primeiros povoados, uma vez que aprenderam a cul-
Crescimento natural ou vegetativo: é o crescimento po- tivar os elementos da natureza para dela tirar o seu sustento.
pulacional de uma localidade medido a partir da diminuição da As atividades relacionadas com o setor primário são: agri-
taxa de natalidade pela taxa de mortalidade. cultura, pecuária, extrativismo vegetal e mineral, caça e pesca.
A agricultura pode ser considerada, atualmente, como a
principal das atividades primárias. Ela basicamente consiste no
cultivo da terra e dos vegetais para a produção organizada de
alimentos e produtos primários, tais como o milho, arroz, feijão,
soja, cana-de-açúcar e incontáveis outros exemplos.
Crescimento migratório: é a taxa de crescimento de um lo- Já a pecuária consiste no cultivo de animais para o sustento
cal medido a partir da diminuição da taxa de imigração (pessoas humano, sendo, historicamente, um método substitutivo da prá-
que chegam) pela taxa de emigração (pessoas que se mudam). tica da caça, ou seja, em vez de procurar os animais para abater
e alimentar-se, o ser humano cultiva-os para o mesmo fim, mas
Crescimento populacional ou demográfico: é a taxa de também os utiliza para a produção de materiais, como o couro e
crescimento populacional calculada a partir da soma entre o a lã. Juntas, essas duas atividades formam a agropecuária.
crescimento natural e o crescimento migratório. O extrativismo consiste na retirada de elementos da natu-
reza também para a alimentação ou para a transformação em
mercadorias. Há, assim, dois tipos: o extrativismo vegetal, ba-
sicamente voltado para a extração de recursos de plantas e ár-
vores, e o extrativismo mineral, voltado para a exploração de
minérios e riquezas disponíveis no solo ou abaixo dele.
Migração pendular: aquela realizada diariamente no coti- Dentre os exemplos de extrativismo vegetal, citam-se: os
diano da população. Exemplo: ir ao trabalho e voltar. seringais, que extraem o látex para a produção da borracha, e
a extração do cacau e da castanha-do-pará, prática importante
Migração sazonal: aquela que ocorre durante um determi- para o sustento das populações que habitam a região da Ama-
nado período, mas que também é temporária. Exemplo: viagem zônia brasileira.
de férias.

Migração definitiva: quando se trata de algum tipo de mi-


gração ou mudança de moradia definitiva.

Êxodo rural: migração em massa da população do campo


para a cidade durante um determinado período. Lembre-se que
uma migração esporádica de campo para a cidade não é êxodo
rural.

Metropolização: é a migração em massa de pessoas de pe-


quenas e médias cidades para grandes metrópoles ou regiões
metropolitanas.
Desmetropolização: é o processo contrário, em que a po-
pulação migra em massa para cidades menores, sobretudo as
cidades médias. Extração de látex, prática de extrativismo vegetal

A caça pode, de certa forma, ser considerada como uma es-


ASPECTOS ECONÔMICOS GERAIS: COMÉRCIO; RECUR- pécie de “extrativismo animal”, pois ela basicamente consiste na
SOS NATURAIS E EXTRATIVISMO MINERAL; FONTES utilização de animais e seres vivos existentes na natureza para
DE ENERGIA; INDÚSTRIA; AGRICULTURA alimentação e outros fins, como a produção de materiais e para
o transporte.
Setor Primário da Economia16 Essa prática era muito comum antes do desenvolvimento
O setor primário da economia vem perdendo espaço, mas das sociedades modernas, tornando-se menos relevante com o
continua apresentando uma relevante contribuição para as so- tempo. Atualmente, ela é praticada para a captura comercial de
ciedades. animais de difícil domesticação.
Este setor pode ser considerado como o ramo das atividades A pesca, por sua vez, pode ser considerada como uma mo-
humanas que produz matérias-primas, que, por sua vez, são os dalidade da caça, mas realizada com animais aquáticos. Atual-
bens e produtos extraídos diretamente da natureza, que podem mente, ela é mais voltada para espécies marinhas, cujo cultivo
ser consumidos enquanto tal ou serem transformados em mer- em série não é possível ou muito inviável economicamente.
cadorias. Países litorâneos, como o Japão e o Peru, possuem uma
16 https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/setor-primario-economia.htm grande atuação econômica nesse setor.

17
GEOGRAFIA
O setor primário da economia, praticamente quase sempre o ser humano só pode consumir a água potável, que se diminui
no meio rural, já foi a principal área de atividade das sociedades, cada vez mais com a poluição dos rios e dos recursos hídricos
passando para um plano periférico em termos de geração de em geral.
empregos com o advento da industrialização e os tempos se- O solo, por sua vez, caso não seja preservado, também pode
quentes de modernização. Atualmente, esse setor é altamente tornar-se improdutivo. As florestas sofrem com o avanço do
mecanizado, havendo uma intensa substituição de mão de obra desmatamento pelo mundo, de modo a prejudicar ainda mais a
por maquinários. disponibilidade dos bens por elas fornecidos.
Em países desenvolvidos e, até mesmo, em alguns emer-
gentes, o setor primário é sobreposto pelo secundário e, prin-
cipalmente, pelo terciário. Em nações menos desenvolvidas, as
práticas agropecuárias e extrativistas são consideradas ainda os
principais cernes de sobrevivência e manutenção econômica.

Recursos naturais17
Os recursos naturais são de fundamental importância para
as sociedades, mas podem esgotar-se caso não sejam utilizados
corretamente.

Podemos chamar de recursos naturais todos os elementos


disponibilizados pela natureza que podem ser utilizados pelas
atividades humanas. Dessa forma, as florestas, o solo, a ener-
gia solar, o movimento dos ventos, os animais, os vegetais, os
minérios, a água e muitos outros são recursos naturais, pois a A exploração da madeira é um exemplo da utilização dos recur-
sociedade utiliza-os economicamente. sos naturais
Inicialmente, o ser humano mantinha uma relação de equi-
líbrio com a natureza. Porém, com o tempo, foram sendo de- Extrativismo18
senvolvidas técnicas de acúmulo e plantio que permitiram ao O Extrativismo consiste na atividade de extrair os recursos
homem que fizesse maiores transformações sobre o meio e tam- naturais que a Terra oferece por meio da coleta manual ou de
bém sobre o espaço geográfico. Foi no período Neolítico que máquinas.
a agricultura se constituiu, formando as bases estruturais para Trata-se da atividade econômica mais antiga do ser huma-
que se firmassem as primeiras civilizações. no, quando este era nômade, sendo praticada até a atualidade.
Existem diferentes formas de aproveitar os recursos natu- O extrativismo pode ser usado para a subsistência como a
rais, tais como: a prática da agricultura, caça, pesca, extrativis- recolha de frutos, madeira, pesca e caça, minérios que serão
mo mineral e vegetal, entre outras atividades socioeconômicas. transformados em metais para o fabrico de utensílios.
Com o passar dos milênios, as diferentes técnicas foram Dessa maneira, o extrativismo era uma atividade que estava
aprimorando-se, e as sociedades foram desenvolvendo formas profundamente integrada aos povos antigos e à natureza.
de apropriar-se mais e melhor dos elementos da natureza, o que No entanto, agora é praticado em escala industrial, pois é a
intensificou a exploração dos recursos naturais. Essa utilização matéria-prima que alimentará as fábricas de todo o mundo a fim
cada vez maior desses recursos poderá, futuramente, resultar de produzir bens de consumo.
em sua extinção. O extrativismo pode ser, então, uma atividade extremamen-
Para melhor entender essa questão, os recursos naturais te nociva ao meio-ambiente. Os países em desenvolvimento são
são classificados em renováveis e não renováveis: os que mais praticam este tipo de atividade, ao contrário dos
países desenvolvidos que são mais industrializados.
Os recursos naturais renováveis, como o próprio nome in-
dica, são aqueles que são inesgotáveis (como a luz solar e os
ventos) ou aqueles que possuem capacidade de renovação, seja
pela natureza (a água, por exemplo), seja pelos seres humanos
(os vegetais cultivados na agricultura).

Já os recursos naturais não renováveis são aqueles que não


possuem capacidade de renovar-se ou que a renovação é mui-
to lenta, levando milhares de anos para ser concluída. É o caso
do petróleo, que leva um longo período geológico para formar-
-se, mas é retirado rapidamente graças ao desenvolvimento de
técnicas específicas. Os minérios em geral (ouro, cobre, ferro e
outros) são exemplos de recursos não renováveis que podem
esgotar-se no futuro.

É válido lembrar que até mesmo alguns dos recursos reno-


váveis poderão se tornar mais escassos caso sejam utilizados in-
devidamente. A água, mesmo se renovando, pode acabar, pois
17 https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/recursos-naturais.htm 18 https://www.todamateria.com.br/extrativismo/

18
GEOGRAFIA
Tipos de Extrativismo Extrativismo Animal
Existem três tipos de extrativismo: vegetal, mineral e animal.

Extrativismo Vegetal

Aspecto da captura do atum na ilha da Madeira, em Portugal

O extrativismo animal se resume na caça e na pesca. Por


motivos econômicos, a caça à animais silvestres é proibida em
vários países.
No Brasil, somente está permitida a caça às comunidades
Mulheres quebram o coco do babaçu tradicionais como os indígenas e regiões onde é considerada a
única forma de obter proteína animal.
O extrativismo vegetal consiste em recolher frutos, madeira No entanto, a pesca ainda é largamente praticada, especial-
e raízes da natureza. Também é possível retirar resinas e o látex mente por países em que os peixes são a base da alimentação
de certas espécies de árvores que serão transformados em ceras como o Japão, Noruega, Suécia, Finlândia, etc.
e borracha, respectivamente.
É preciso não confundir a agricultura com o extrativismo ve- Extrativismo no Brasil
getal. Este é praticado em espécies de plantas que crescem na A atividade extrativista é extremamente importante para a
natureza de forma espontânea e não foram cultivadas pelo ser economia brasileira, pois o minério de ferro e o petróleo é um
humano. dos grandes produtos de exportação no país.
Também o extrativismo é vital para comunidades na Amazô-
Extrativismo Mineral nia e no Nordeste, pois elas dependem diretamente do extrati-
vismo vegetal para a sobrevivência.

Fontes de energia19
Fontes de energia são opções energéticas com origens di-
versas. Dividem-se em fontes renováveis, como a energia solar,
e fontes não renováveis, como os combustíveis fósseis.
As fontes de energia são recursos naturais ou artificiais uti-
lizados pela sociedade para produção de algum tipo de energia.
A energia, por sua vez, é utilizada para propiciar o deslocamento
de veículos, gerar calor ou produzir eletricidade para os mais
diversos fins.
Estas também possuem relação com questões ambientais,
pois, dependendo das formas de utilização dos recursos energé-
ticos, graves impactos sobre a natureza podem ser ocasionados.
Conforme a capacidade natural de reposição de recursos, as
fontes de energia podem ser classificadas em renováveis e não
renováveis.
Aspecto de uma mina de minério de ferro no Pará
Fontes renováveis de energia
O extrativismo mineral é a atividade econômica que extrai As fontes renováveis de energia, como o próprio nome in-
minérios do solo, dos rios e dos mares. Os mais importantes são dica, são aquelas que possuem a capacidade de serem repostas
ferro, petróleo, manganês, bauxita, níquel, além da prata e do naturalmente, o que não significa que todas elas sejam inesgo-
ouro. táveis.
A extração de minério, atualmente, é altamente mecanizada Algumas delas, como o vento e a luz solar, são permanentes,
e sua exploração deixa marcas profundas na região onde acon- mas outras, como a água, podem acabar, dependendo da forma
tece. Muitas vezes, a paisagem natural não é mais recuperada como são usadas pelo ser humano.
o que tem consequências drásticas para a população e para a Vale lembrar que nem toda fonte renovável de energia é
natureza. limpa, ou seja, está livre da emissão de poluentes ou de impac-
tos ambientais em larga escala.
19 https://brasilescola.uol.com.br/geografia/fontes-energia.htm

19
GEOGRAFIA
→ Energia eólica
O vento é um recurso energético renovável e, portanto, inesgotável. Em algumas regiões do planeta, sua frequência e intensi-
dade são suficientes para geração de eletricidade por meio de equipamentos específicos para essa função.
Basicamente, os ventos ativam as turbinas dos aerogeradores, fazendo com que os geradores convertam a energia mecânica
produzida em energia elétrica.
Atualmente, a energia eólica não é tão difundida no mundo em razão do alto custo de seus equipamentos. Todavia, alguns
países, como Estados Unidos, China e Alemanha, já vêm adotando esse recurso substancialmente.
As principais vantagens dessa fonte de energia são a não emissão de poluentes na atmosfera e os baixos impactos ambientais.

Mapa Mental: Fontes Alternativas de Energia

https://brasilescola.uol.com.br/geografia/fontes-energia.htm

→ Energia solar
A energia solar é o aproveitamento da luz do sol para gerar eletricidade e aquecer a água para uso. É também uma fonte ines-
gotável de energia, haja vista que o Sol – ao menos na sua configuração atual – existirá por bilhões de anos.
Há duas formas de aproveitamento da energia solar: a fotovoltaica e a térmica. Na primeira forma, são utilizadas células espe-
cíficas que empregam o “efeito fotoelétrico” para produzir eletricidade.
A segunda forma, por sua vez, utiliza o aquecimento da água tanto para uso direto quanto para geração de vapor, que atuará
em processos de ativação de geradores de energia. É importante lembrar que podem ser utilizados também outros tipos de líquidos.
Em razão dos elevados custos, a energia solar ainda não é muito utilizada. Todavia, seu aproveitamento vem crescendo grada-
tivamente, tanto com a instalação de placas em residências, indústrias e grandes empreendimentos quanto com a construção de
usinas solares especificamente voltadas para a geração de energia elétrica.

→ Energia hidrelétrica
A energia hidrelétrica corresponde ao aproveitamento da água dos rios para movimentação das turbinas de eletricidade. No
Brasil, essa é a principal fonte de energia elétrica, ao lado das termoelétricas, haja vista o grande potencial que o país possui em
termos de disponibilidade de rios propícios para a geração de hidreletricidade.
Nas usinas hidrelétricas, constroem-se barragens no leito do rio para represamento da água que será utilizada no processo de
geração de eletricidade. Nesse caso, o mais aconselhável é que as barragens sejam construídas em rios que apresentem desníveis
em seus terrenos a fim de diminuir a superfície inundada.
Por isso, é mais recomendável a instalação dessas usinas em rios de planalto, embora também seja possível instalá-las em rios
de planícies, porém com impactos ambientais maiores.

20
GEOGRAFIA
→ Biomassa Essas fontes representam 56,8% da matriz energética bra-
A utilização da biomassa consiste na queima de substâncias sileira. Assim, muitos países dependem da exportação desses
de origem orgânica para produção de energia. Ocorre por meio produtos, enquanto outros tomam medidas geopolíticas para
da combustão de materiais como lenha, bagaço de cana e ou- consegui-los.
tros resíduos agrícolas, restos florestais e até excrementos de Outra questão bastante discutida a respeito dos combustí-
animais. veis fósseis refere-se aos altos índices de poluição gerados por
É considerada uma fonte de energia renovável, porque o sua queima. Muitos estudiosos apontam que eles são os prin-
dióxido de carbono produzido durante a queima é utilizado pela cipais responsáveis pela intensificação do efeito estufa e pelo
própria vegetação na realização da fotossíntese. Isso significa agravamento dos problemas vinculados ao aquecimento global.
que, desde que seja controlado, seu uso é sustentável por não
alterar a macro composição da atmosfera terrestre. → Energia nuclear (atômica)
Os biocombustíveis, de certa forma, são considerados um Na energia nuclear – também chamada de energia atômica
tipo de biomassa, pois também são produzidos a partir de vege- –, a produção de eletricidade ocorre por intermédio do aqueci-
tais de origem orgânica para geração de combustíveis. O exem- mento da água, que se transforma em vapor e ativa os gerado-
plo mais conhecido é o etanol produzido da cana-de-açúcar, mas res.
podem existir outros compostos advindos de vegetais distintos, Nas usinas nucleares, o calor é gerado em reatores a partir
como a mamona, o milho e muitos outros. da fissão nuclear do urânio-235, um material altamente radioa-
tivo.
→ Energia das marés (maremotriz) Embora as usinas nucleares sejam menos poluentes do que
A energia das marés – ou maremotriz – é o aproveitamen- outras estações semelhantes, como as termoelétricas, são alvo
to da subida e da descida das marés para produção de energia de muitas polêmicas, pois o vazamento do lixo nuclear produzi-
elétrica. do e a ocorrência de acidentes podem gerar graves impactos e
Funciona de forma relativamente semelhante à de uma bar- muitas mortes.
ragem comum. Além das barragens, são construídos eclusas e di- No entanto, com a emergência da questão sobre o aque-
ques que permitem a entrada e a saída de água durante as cheias cimento global, seu uso vem sendo reconsiderado por muitos
e as baixas das marés, propiciando a movimentação das turbinas. países.

Cada tipo de energia apresenta suas vantagens e desvan-


tagens. No momento, não há nenhuma fonte que se apresente
absolutamente mais viável que as demais. Algumas são baratas
e abundantes, mas geram graves impactos ambientais; outras
são limpas e sustentáveis, mas inviáveis financeiramente.
O mais aconselhável é que exista, nos diferentes territórios,
uma diversidade nas matrizes energéticas para que se atenuem
os problemas. No entanto, isso não acontece no Brasil e em boa
parte dos demais países.

As fontes renováveis de energia são recursos energéticos


que se regeneram a curto prazo

Fontes não renováveis de energia


As fontes não renováveis de energia são aquelas que pode-
rão esgotar-se em um futuro relativamente próximo. Alguns re-
cursos energéticos, como o petróleo, possuem seu esgotamento
estimado para algumas poucas décadas, o que eleva o caráter
estratégico desses elementos.

→ Combustíveis fósseis
A queima de combustíveis fósseis pode ser empregada tan-
to para o deslocamento de veículos quanto para a produção de
eletricidade em estações termoelétricas. Os três tipos principais
são petróleo, carvão mineral e gás natural, mas existem muitos As fontes não renováveis de energia, como os combustíveis
outros, como a nafta e o xisto betuminoso. fósseis, correspondem aos recursos energéticos que podem
Os combustíveis fósseis são as fontes de energia mais im- esgotar-se na natureza
portantes e disputadas pela humanidade no momento. Segundo
a Agência Internacional de Energia, cerca de 81,63% de toda a
matriz energética global advém dos três principais combustíveis
fósseis citados acima.

21
GEOGRAFIA
Vantagens e desvantagens do uso de fontes de energia

1. Fontes renováveis

Fonte de energia Vantagem Desvantagem


Energia eólica É considerada uma fonte limpa por não emitir A instalação de aerogeradores eólicos provoca modifica-
gases poluentes na atmosfera. ção na paisagem e prejudica a rota imigratória de aves.
Energia solar É uma fonte de energia limpa, abundante em O aproveitamento desse tipo de energia ainda requer
diversas áreas e apresenta bom custo-benefício. avanços tecnológicos que viabilizem economicamente
seu uso.
Energia hidrelétrica É uma fonte de energia limpa, com baixo custo Provoca danos ambientais, impactando a biodiversidade e
operacional e renovação a curto prazo. a população residente no local de construção das usinas.
Biomassa É uma fonte de energia pouco poluente cujos Seu uso pode impactar os recursos hídricos em virtude da
recursos são renováveis a curto prazo. demanda de água utilizada. Pode provocar também au-
mento do desmatamento para destinação de áreas para
agricultura.
Energia das marés É considerada uma fonte de energia limpa por Para que seu uso seja viabilizado economicamente, re-
agredir minimamente o meio ambiente. quer avanços tecnológicos.

2. Fontes não renováveis

Fonte de energia Vantagem Desvantagem


Combustíveis fósseis Possuem alta eficiência energética: sua queima libe- O uso intenso desse tipo de fonte de energia tem pro-
ra grandes quantidades de energia. Apresenta faci- vocado redução relevante dos reservatórios. A queima
lidade na localização de reservatórios, na extração desses combustíveis libera gases poluentes na atmos-
e no processamento. Por isso, são mais baratos do fera, levando à danificação da camada de ozônio e à
que as fontes alternativas de energia. intensificação o aquecimento global.
Energia nuclear O uso dessa fonte de energia não libera gases de É uma energia cara em relação às outras fontes
efeito estufa e não depende de fatores climáticos energéticas. Seu uso apresenta alto potencial de risco
para viabilizar seu uso. de acidentes nucleares.

As diferentes fontes de energia, tanto as renováveis como as não renováveis, apresentam vantagens e desvantagens

Fontes de energia no Brasil


Cerca de 42% da produção da matriz energética brasileira é proveniente de fontes renováveis de energia, como uso de biomas-
sa, etanol, recursos hídricos, energia solar e energia eólica. Sendo assim, a matriz energética brasileira é mais renovável que a matriz
mundial, que se baseia, principalmente, no uso de combustíveis fósseis para produção de energia.
Dessa forma, pode-se dizer que, se comparado aos outros países, o Brasil emite menos gases de efeito estufa.
Existem, hoje, no Brasil, 536 usinas eólicas, nas quais funcionam cerca de 6,6 mil cata-ventos, número que coloca o Brasil como
líder na América Latina nesse tipo de produção de energia. Contudo, a principal fonte de energia do Brasil ainda é proveniente das
usinas hidrelétricas, que representam, aproximadamente, 64% do potencial elétrico do país.
A produção de energia proveniente do uso de biomassa corresponde a cerca de 9,2% da matriz energética brasileira, já a eólica
representa em torno de 8,5% da matriz.

22
GEOGRAFIA
Agricultura20
A agricultura é uma atividade produtiva de grande importância, essa atividade possui duas vertentes principais: a agricultura de
subsistência e a agricultura comercial.
Consiste a agricultura, na união de técnicas aplicadas no solo para o cultivo de vegetais destinados à alimentação humana e ani-
mal, produção de matérias-primas e ornamentação. A agricultura é uma atividade produtiva de grande importância para o homem,
pois é a partir dela que temos o nosso sustento.
Existem três fatores ligados à produção agrícola: o físico, como o solo e o clima; o fator humano, que corresponde à mão de
obra em seu desenvolvimento; e o fator econômico, que se refere ao valor da terra e o nível de tecnologias aplicadas na produção.
Dentre os fatores naturais, sem dúvida, o clima é o que exerce maior influência no desenvolvimento da agricultura. Caso a chu-
va atrase, por exemplo, a lavoura fica comprometida; se chover excessivamente, a mesma também será prejudicada.
Outro elemento natural indispensável para a agricultura é o solo. Esse é um recurso mineral renovável essencial para os vege-
tais, uma vez que é nele que a planta se desenvolve e retira nutriente e água para a germinação, crescimento e produção de frutos.

Mapa Mental: Agricultura

https://brasilescola.uol.com.br/geografia/agricultura-5.htm#:~:text=Agricultura%20%C3%A9%20a%20uni%C3%A3o%20de,-
que%20temos%20o%20nosso%20sustento

O fator humano está ligado diretamente com a força de trabalho empregada no plantio, nos cuidados e na colheita. Desta for-
ma, é possível verificar o tipo de mão de obra aplicada, a quantidade, a qualificação e também as relações de trabalho estabelecidas
entre o empregado e o empregador, as quais são determinadas pelo nível tecnológico inserido na produção.
Assim, quanto mais mecanizada e desenvolvida for a propriedade, menor será a necessidade de mão de obra.

Principais vertentes da agricultura

Agricultura Primitiva ou de subsistência


Tem a finalidade de fornecer alimento e matéria-prima para os trabalhadores que estão envolvidos na produção e gerar uma
produção excedente para ser comercializada no mercado local.

Agricultura Comercial ou Monocultura


É destinada à exportação ou mesmo ao mercado interno, na qual se usa grandes extensões de terra com aplicação de tecnolo-
gias que alcançam elevados índices de produtividade.

No campo existem duas formas de trabalho e remuneração:


→ Na primeira, o trabalho desempenhado não gera um salário fixo, o trabalhador recebe um lugar para morar e também o
direito de plantar na propriedade de terceiros. Da colheita, o trabalhador recebe um percentual, ficando o restante com o dono da
propriedade rural;

20 https://brasilescola.uol.com.br/geografia/agricultura-5.htm#:~:text=Agricultura%20%C3%A9%20a%20uni%C3%A3o%20de,que%20temos%20o%20nosso%20
sustento.

23
GEOGRAFIA
→ Na segunda, existe o pagamento de salário, essa relação Sistemas de Produção Industrial
de trabalho pode ser temporária ou não. Essas práticas variam
de acordo com o nível de desenvolvimento da região. Taylorismo
Os recursos financeiros aplicados na produção agrícola Criado por Frederick Winslow Taylor, o taylorismo é um sis-
são de suma importância para o modelo de agricultura que se tema que consiste na divisão do trabalho e especialização do
pretende desenvolver. Em áreas onde a agricultura é praticada operário em uma só tarefa. O trabalhador não precisava conhe-
de maneira comercial ocorre a utilização de insumos agrícolas cer todo o processo, mas só a parte que lhe cabia.
(fertilizantes, agrotóxicos e maquinários), elementos que favo-
recem o aumento significativo da produção, sem que haja a ne- Fordismo
cessidade de se empregar muita mão de obra. Sistema de produção criado por Henri Ford, onde foca na pro-
Na agricultura de subsistência, a quantidade de trabalhado- dução em série, numa esteira, aprimorando a teoria de Taylor.
res é elevada, pois não há máquinas para a realização do tra- Tudo de forma igualitária, com movimentos repetitivos, forman-
balho, a produtividade é baixa diante da quase inexistência de do enormes estoques e com grande limitação para inovação.
tecnologias inseridas no sistema produtivo.
Esses fatores provocam uma grande disparidade, pois as Toytismo
grandes propriedades rurais destinam suas produções para o Criado depois da Segunda Guerra Mundial pelo japonês Taii-
mercado externo e para as indústrias, o que faz com que o abas- chi Ohno, este sistema de produção foi implementado pela pri-
tecimento interno fique prejudicado. meira vez na fábrica da Toyota.
Na década de 40, o Japão tinha uma economia pequena se
Industrialização21 comparado aos países europeus e aos EUA. Além disso, o peque-
A industrialização mundial é a modernização dos processos no território do país impedia as estocagens de produtos. Desta
produtivos de uma sociedade e contam com o desenvolvimento forma, o Toyotismo, também conhecido como just-in-time, agia
de técnicas e tecnologia, que trabalham em prol da melhoria e de forma que fosse produzido apenas o necessário.
maior rapidez de produção. Podemos considerar, que a indus- Nas fábricas que seguiam este modelo, a produção estava
em sintonia com a entrada de matéria-prima e com o mercado
trialização começa com o uso das máquinas, propriamente ditas.
consumidor. Quando a procura era alta, eram produzidos mais
Mas anteriormente, a manufatura foi o início de tudo.
produtos, quando ela diminuía, a produção caía. Assim, tornava-
O primeiro país a passar por esse processo foi a Inglaterra
-se desnecessário o espaço com estoque.
em conjunto com a França. A Inglaterra detinha a tecnologia e as
indústrias, enquanto a França era um grande fornecedor de ma-
Tipos de Indústrias
téria prima (ferro e carvão mineral para as máquinas a vapor).
Ainda podemos diferenciar as indústrias conforme a sua
Nesse contexto, deram origem à 1ª Revolução Industrial no
produção:
século XVIII: com mão de obra numerosa, nenhum direito tra-
balhista, períodos de trabalho chegando a 16 horas por dia e os
Indústria de Base
burgueses faturando e se aproveitando dessa situação. É aquela responsável pela transformação de uma matéria pri-
ma. Ela pode inclusive resultar num produto que sirva de matéria
Temos que chamar a atenção para um fato consequente da prima para outra indústria, mas esse insumo, já vai beneficiado.
industrialização êxodo rural. Esse fenômeno, levou um número Essa indústria costuma utilizar muita energia. Exemplo: Si-
muito grande de trabalhadores rurais a sair do campo em busca derúrgicas.
de emprego nas indústrias das cidades. No entanto, esse proces-
so continuou quando as máquinas foram substituindo a mão de Indústria de Bens de Serviço
obra humana. Nelas, se produzem equipamentos para outras indústrias.
Uma forma de analisar um pouco esse cenário é assistindo Exemplo: Fábrica que produz maquinário que constroem carro.
ao filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin, que tentou de
forma divertida, mostrar a dura realidade de se trabalhar nas Indústria de Bens de Consumo
indústrias. São aquelas que produzem para o mercado consumidor.
A chamada 2ª Revolução Industrial aconteceu nos Estados Exemplo: indústria alimentícia.
Unidos no fim do século XIX e início do XX. Na época, houve uma
mudança da fonte energética com a utilização das máquinas à
combustão. GEOGRAFIA DO BRASIL: REGIÕES BRASILEIRAS: AS-
Essas máquinas passaram a usar os derivados de petróleo, PECTOS FÍSICOS; ASPECTOS HUMANOS; ASPECTOS
aumentando consideravelmente a produção. Assim, mais países POLÍTICOS; ASPECTOS ECONÔMICOS
passaram a deter tecnologia e expandir o processo industrial
pelo mundo afora. Regiões Brasileiras22
Nos meados do século XX, ocorreu o início da 3ª Revolução Regiões brasileiras correspondem às divisões do território
Industrial: a fonte já era a energia elétrica e o destaque foi para nacional com base em critérios, como aspectos naturais, sociais,
a robótica e a microtecnologia. culturais e econômicos.
O órgão responsável pela regionalização do Brasil é o Ins-
tituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divide o
país, atualmente, em cinco regiões: Nordeste, Norte, Centro-
-Oeste, Sudeste e Sul.
22 http://www.ead.uepb.edu.br/arquivos/cursos/Geografia_PAR_UAB/Fasci-
21 https://blogdoenem.com.br/industrializacao-mundial-geografia-enem/ culos%20-%20Material/GEOGRAFIA%20REGIONAL%20DO%20BRASIL.pdf

24
GEOGRAFIA
Região Nordeste
A Região Nordeste é a região com o maior número de esta-
dos.

Região Nordeste e suas unidades políticas

Contrastes de uma região: as sub-regiões nordestinas


O enorme desafio de analisar a região nordeste consiste, en-
https://brasilescola.uol.com.br/brasil/regioes-brasileiras.htm tre muitas razões, no fato de que tal região apresenta enormes
contrastes naturais e econômicos, o que levou à delimitação,
Nove estados compõem a região Nordeste. Todos são ba- pelo IBGE, de quatro regiões geográficas, as chamadas sub-re-
nhados pelo oceano Atlântico e também todas as capitais, com giões: a Zona da Mata, o Agreste, o Sertão e o Meio-Norte.
exceção de Teresina, estão localizadas na área de costa. No mapa a seguir, observe a espacialização dessas sub-re-
Os estados apresentam inúmeros contrastes, que vão desde giões:
a diferença da área territorial até o número de habitantes de
cada unidade política.
Além disso, não esqueçamos que também fazem parte da
região as ilhas oceânicas do distrito estadual de Fernando de
Noronha e os penedos de São Pedro e São Paulo, ambos per-
tencentes ao estado de Pernambuco, além da Reserva Biológica
Marinha do Atol das Rocas, como área do Rio Grande do Norte.
Levando ainda em consideração a figura acima, que nos re-
mete às unidades políticas da região Nordeste, acenamos para o
fato de praticamente todas as capitais nordestinas serem cida-
des litorâneas.
Isso acontece devido ao processo histórico de formação ter-
ritorial do nosso país, em que o modelo colonizador, baseado
em uma economia e em uma sociedade agrária exportadora,
com mão-de-obra escrava e voltada aos interesses da metrópo- Sub-regiões Nordestinas
le e depois de centros econômicos e políticos mais influentes,
levou a uma dinâmica territorial que privilegiou as áreas lito- Em razão do clima, temos um Nordeste úmido – a Zona da
râneas, propícias ao escoamento da produção e a uma maior Mata, e um Nordeste semiárido – o Sertão. A passagem de uma
possibilidade de ligação com o exterior. zona para outra forma duas zonas de transição: o Agreste, entre
Apesar de tratar-se de uma região de enormes desafios, a Zona da Mata e o sertão, e o Meio-Norte, entre o sertão e a
destacam-se, em nível regional, as potencialidades naturais e Amazônia.
econômicas envolvendo atividades modernas, como o turismo, As sub-regiões em estudo traduzem, assim, tanto as diver-
o processo de industrialização, a fruticultura irrigada ou a extra- sificadas atividades econômicas responsáveis pelo processo de
ção de minérios como o petróleo e o gás natural. ocupação histórica como também a dinâmica sociedade-natu-
São as novas bases técnicas, científicas, informacionais da reza, em que as características naturais se combinaram a esse
região, criando manchas de modernidade e ditando modernos processo histórico, levando à apropriação e à transformação dos
cenários de desenvolvimento. Resta saber se em consonância recursos naturais regionais.
com esse quadro haverá a diminuição das mazelas sociais e his- Assim, pelos contrastes que apresentam, podemos falar
tóricas da região. nos ‘Nordestes’ da cana-de-açúcar, do cacau, da pecuária, do
babaçu, do algodão, do sal, e também do turismo, do petróleo,
da fruticultura irrigada, da soja, da indústria automobilística e
têxtil.

25
GEOGRAFIA
Região Nordeste: grandes questões em debate A transposição do rio São Francisco
O rio São Francisco nasce na Serra da Canastra, no município
A desertificação mineiro de São Roque de Minas, indo em direção à região Nor-
De acordo com a Convenção das Nações Unidas de Combate deste. Após cruzar três estados dessa região, ele desemboca no
à Desertificação, o fenômeno da desertificação pode ser defini- mar, na divisa entre os estados de Sergipe e Alagoas.
do como a “degradação da terra nas zonas áridas, semiáridas e Em seu percurso, banha cinco estados: Minas Gerais, Bahia,
subúmidas secas, resultante de vários fatores, incluindo as va- Pernambuco, Alagoas e Sergipe; no entanto, sua bacia hidro-
riações climáticas e as atividades humanas”. gráfica de 634 mil km² alcança também o estado de Goiás e o
Por “degradação da terra”, entende-se a degradação dos Distrito Federal. Por isso, o rio é chamado de Rio da Integração
solos, da fauna e flora e dos recursos hídricos, e como conse- Nacional.
quência a redução da qualidade de vida da população humana Pela sua diversidade climática, extensão e características
das áreas atingidas. topográficas, a bacia é dividida em quatro regiões: Alto, Médio,
Estudos feitos pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente – Submédio e Baixo São Francisco. Nelas, podem ser caracteriza-
Ibama, a partir de imagens de satélite, permitiram identificar ini- das três zonas biogeográficas distintas: a mata, a caatinga e os
cialmente quatro núcleos de desertificação no Brasil com forte cerrados.
comprometimento dos recursos naturais. São eles: Gilbués (PI), A exploração econômica da bacia hidrográfica do rio São
Irauçuba (CE), Seridó (RN) e Cabrobó (PE), cuja área total é de Francisco começou no século XVI, com a plantação de cana-de-
cerca de 15.000 km². -açúcar no Baixo São Francisco, a pecuária no agreste e sertão e
As principais causas da desertificação estão relacionadas ao a extração mineral no Alto São Francisco.
uso inapropriado dos recursos da terra, agravado pelas secas;
uso intensivo dos solos, tanto na agricultura moderna quanto na
tradicional; pecuária extensiva; queimadas; desmatamento em
áreas de preservação da vegetação nativa, margens de rios etc.
e técnicas inapropriadas de irrigação e a mineração.
A ação combinada desses fatores naturais e antrópicos re-
sultam em prejuízos de ordem:
→ ambiental: erosão e salinização dos solos, perda de bio-
diversidade, diminuição da disponibilidade e da qualidade dos
recursos hídricos;
→social: desestruturação familiar pela necessidade de emi-
grar para centros urbanos devido à perda da capacidade produ-
tiva da terra;
→econômica: queda na produtividade e produção agrícola,
redução da renda e do consumo da população, além da perda da
capacidade produtiva da sociedade, o que repercute diretamen-
te na arrecadação de impostos e na circulação de renda.

Localização da bacia do São Francisco

Ao longo de sua extensão, o São Francisco recebe a água de


168 rios afluentes, dos quais 90 são perenes e os 78 restantes
são intermitentes. Seu fluxo é interrompido por duas barragens
para a geração de eletricidade: a de Sobradinho e a represa de
Itaparica, ambas na divisa entre os estados da Bahia e de Per-
nambuco.
Além de produzir energia, as águas do rio São Francisco são
utilizadas na agricultura irrigada no cultivo de frutas (uva, man-
ga e outras) e de grãos como soja, milho e arroz. Portanto, um
rio gerador de riquezas em alguns estados que são receptores
de suas águas.

Região Nordeste: áreas de desertificação

26
GEOGRAFIA
O Projeto de Transposição do rio São Francisco objetiva des- No entanto, mesmo tendo uma área territorial significativa,
viar parte de suas águas por meio de dutos e canais para irrigar a região Norte apresenta uma reduzida população absoluta e
rios menores e açudes que secam durante a estiagem no semiá- relativa, com baixa densidade demográfica, fundamentando a
rido nordestino. ideia de que a região possui verdadeiros vazios demográficos, ou
A ideia original da transposição é do final do século XIX, seja, áreas ainda pouco habitadas.
idealizada pelo imperador D. Pedro II e estruturada na virada do Com relação aos aspectos qualitativos, chama a atenção o
século XX para o XXI. A transposição prevê dois eixos principais: fato de que apesar de uma menor expressividade econômica,
o Eixo Norte captará água em Cabrobó (PE) para levá-la ao ser- a região Norte apresenta melhores indicadores sociais no que
tão de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. tange à mortalidade infantil e à taxa de analfabetismo, o que
O Eixo Leste vai colher as águas em um ponto mais abaixo, repercute no seu IDH, melhor posicionado que a outra região em
em Petrolândia (PE), beneficiando o sertão e o agreste de Per- estudo. Ainda assim, esses indicadores são preocupantes, num
nambuco e da Paraíba. Mas, transpor as águas do Rio São Fran- alerta de que encaminhamentos são necessários para minimizar
cisco não é uma ação consensual. ou solucionar os problemas presentes nas duas regiões.
Inicialmente, a favor da realização da obra estavam os estados
do CE, PE, PB e RN, argumentando que o rio beneficiaria a população Pensemos agora a região Norte em termos espaciais. E para
que vive na porção semiárida de tais estados. Contra a execução da isso observe a figura a seguir, que apresenta as unidades políti-
obra, os estados de MG, SE, AL e BA, por temerem que a obra redu- cas que a compõem.
ziria a água que irriga seus municípios, prejudicando a geração de
energia elétrica e afetando os produtores agrícolas da região.
A revitalização do rio São Francisco, na perspectiva ambien-
tal, tem sido colocada como condição para qualquer ação refe-
rente às obras de engenharia de transposição.

Região Norte
A Região Norte é a maior região em extensão territorial.

Região Norte e suas unidades políticas

Temos a rica biodiversidade e abundante indústria extrativa


mineral da área. Culminando então com os dilemas econômicos
e ecológicos presentes na região. A Amazônia é um dos últimos
grandes e ricos espaços pouco povoados do planeta e a grande
reserva territorial da sociedade brasileira, mas a biodiversidade
e o delicado equilíbrio ecológico regionais tornam o seu desen-
volvimento uma incógnita e um desafio às ciências mundial e
nacional.
https://brasilescola.uol.com.br/brasil/regioes-brasileiras.htm A Amazônia é parte do Brasil, e seus problemas decorrem
das contradições intrínsecas ao modo de inserção do país no
Quando falamos em região Norte, certamente nos reporta- sistema capitalista mundial e à acelerada reorganização da so-
mos ao rio Amazonas, à floresta Amazônica, às inúmeras nações ciedade brasileira, embora com feições particulares devido às
indígenas que ali ainda vivem, às casas de madeira suspensas, especificidades regionais.
chamadas palafitas, ou à infinidade de espécies animais e vege-
tais presentes nos rios e matas da região. Amazônia
Essa também é uma área de riquezas minerais, como o ferro e Destacamos inicialmente que o ecossistema da floresta
o ouro; de produtos eletrônicos, como aqueles produzidos na Zona equatorial – associado aos climas quentes e úmidos e assenta-
Franca de Manaus; e de preocupantes impasses e conflitos entre di- do, na sua maior parte, no interior da bacia fluvial amazônica –
ferentes grupos, como índios e madeireiros, caboclos e fazendeiros. permite delimitar uma região natural. Essa região é a Amazônia.
Em termos de unidades políticas, a região Nordeste possui Uma área internacional, que abrange cerca de 6,5 milhões
nove estados, em detrimento dos sete que formam a região Nor- de quilômetros quadrados em terras de nove países – Brasil, Bo-
te, mas comparando a área territorial das duas regiões, percebe- lívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e
mos que enquanto a primeira (Nordeste) abrange 1.554.257,00 Guiana Francesa, ocupando uma área total de 6,5 milhões de
km², a segunda (Norte) possui 3.853.328,229 km², numa de- quilômetros quadrados, dos quais mais de 5 milhões no Brasil.
monstração da grandiosidade das terras nortistas.

27
GEOGRAFIA
No entanto, indo além do conceito de Amazônia enquanto Região Centro-Oeste
região natural, precisamos de outras análises de entendimen- A Região Centro-Oeste é a região que faz limitação com to-
to sobre a realidade contemporânea da área. Sabemos que, do das as outras regiões.
ponto de vista do Estado contemporâneo, o exercício da sobera-
nia exige a apropriação nacional do território.
As áreas pouco povoadas e caracterizadas pelo predomí-
nio de paisagens naturais, especialmente quando adjacentes às
fronteiras políticas, são consideradas espaços de soberania for-
mal, mas não efetiva.
A consolidação do poder do Estado sobre tais espaços so-
licita a sua “conquista”: povoamento, crescimento econômico,
desenvolvimento de uma rede urbana, implantação de redes de
transportes e comunicações. O empreendimento de “conquista”
envolve, portanto, um conjunto de políticas territoriais.
Dentre essas políticas, podemos destacar, no Brasil, a cria-
ção da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia – Su-
dam. Tal órgão delimita, para fins de planejamento e políticas
públicas, a chamada Amazônia Legal.
Veja como isso ocorreu. O planejamento regional na Amazô-
nia foi deflagrado em 1953, com a criação da Superintendência
do Plano de Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA).
Com a SPVEA, foi instituída a Amazônia Brasileira, que cor-
respondia à porção da Amazônia Internacional localizada em
território brasileiro. Não era, contudo, uma região natural, mas https://brasilescola.uol.com.br/brasil/regioes-brasileiras.htm
uma região de planejamento, pois a sua delimitação decorria de
um ato de vontade política do Estado. O Cerrado é um tipo de vegetação da região Centro-Oeste,
As regiões naturais são limitadas por fronteiras zonais, ou sendo a soja e o algodão na atualidade importantes produtos
seja, por faixas de transição entre ecossistemas contíguos. As agrícolas.
regiões de planejamento, ao contrário, são delimitadas por fron- Também se destaca a savana, visto que é o tipo de vegeta-
teiras lineares, que definem rigorosamente a área de exercício ção que caracteriza o próprio Cerrado, denominado Savana Bra-
das competências administrativas. sileira. Além disso, destaca-se o Pantanal como um ecossistema
Em 1966, o SPVEA era extinto e, no seu lugar, criava-se a local e, delimitando-se com outros países latino-americanos.
Sudam. Essa superintendência, por meio de lei, redefiniu a Ama- Sendo uma região estratégica de fronteira do país na atua-
zônia Brasileira, que passava a se denominar Amazônia Legal. lidade, a região Centro-Oeste é compreendida pelas seguintes
A região de planejamento perfaz uma superfície de 5,2 mi- unidades políticas: três estados – Goiás, Mato Grosso e Mato
lhões de quilômetros quadrados, ou cerca de 61% do território Grosso do Sul – e um Distrito Federal (Brasília).
nacional. E essa seria a sua área de atuação compreendida por Mesmo tendo uma área territorial significativa, a região
todos os estados da região Norte, o oeste do Maranhão e a por- Centro-Oeste apresenta uma população absoluta mais baixa que
ção norte do estado de Mato Grosso. as duas primeiras.
Pensemos agora a região Centro-Oeste em termos espa-
ciais. Para isso, observe a figura abaixo, que apresenta as unida-
des políticas que a compõem.

28
GEOGRAFIA
Para frisarmos o problema, convém destacar que o estado
do Mato Grosso é o maior produtor de algodão e soja do país e
enfrenta, então, o desafio de manter a economia e, ao mesmo
tempo, garantir a preservação de suas terras, que integram o
cerrado e também a Floresta Amazônica (metade do estado).
Atualmente, a integração destas duas regiões é uma realida-
de, e se dá tanto econômica quanto ambientalmente, tanto em
ganhos quanto em perdas. Por isso, a realidade das duas regiões
e seus principais dilemas são hoje questões inseparáveis.

Na área do Pantanal, encontra-se a vegetação do Pantanal


ou Complexo do Pantanal. De aspecto variado, em alguns luga-
res apresenta uma mata densa; em outros, sua aparência é de
campos limpos, com grande valor para a pecuária; em outros,
ainda lembra o cerrado.
Essa variedade está relacionada à maior ou menor umidade
resultante das inundações anuais de suas áreas.
Trata-se de uma imensa planície cercada de terras mais ele-
vadas, como as serras de Maracaju, da Bodoquema e da Amolar.
As águas dessas áreas mais elevadas são drenadas para esta pla-
nície pelo rio Paraguai e seus afluentes, os rios Cuiabá, Taquari
e Miranda.
Quase 100.000 km² do Pantanal ficam parcialmente inunda-
dos durante o período das chuvas. Nas áreas livres de inundação
Região Centro-Oeste e suas unidades políticas são instaladas as sedes das fazendas de gado.
A exploração agrícola e pecuária também pode prejudicar
Outra peculiaridade desta região é que ela faz fronteira com esse ecossistema. As queimadas para limpar a terra e plantar o
dois países sul-americanos, Bolívia e Paraguai. Como consequên- pasto para a criação de gado e o desmatamento nas cabeceiras
cia, temos áreas de conflitos entre diferentes países, ocasionan- dos rios desregulam os regimes de cheias e secas, alterando o
do questões econômicas, geopolíticas e de segurança nacional, ambiente.
como o uso dos recursos naturais, a possibilidade de migrações
clandestinas, de escoamento e tráfico de drogas e mercadorias Região Sudeste
roubadas entre os países, o que requer, por parte dos governos A Região Sudeste é a região brasileira mais desenvolvida.
locais, e não apenas do brasileiro, a vigilância e a segurança da
área.
Temos, então, uma realidade complexa, pontuada por po-
tencialidades e desafios empreendidos por diferentes atores en-
volvidos no processo de produção do espaço na referida região.

O Cerrado e o Pantanal
A maior parte do território do Centro-Oeste é ocupada pelo
cerrado – uma formação vegetal típica do clima tropical conti-
nental. São árvores de pequeno porte, de 2 a 3 metros de altura,
com troncos de casca grossa retorcidos, folhas duras e raízes
profundas, capazes de extrair a água do subsolo.
Entre essas árvores surge uma vegetação de gramíneas, que
é utilizada para pastagem. O aspecto do cerrado é semelhante
ao da savana da África.
A vegetação do Centro-Oeste começou a ser alterada prin-
cipalmente para dar lugar a projetos agropecuários. Na atuali-
dade, há reduzidos agrupamentos florestais e vegetação des-
caracterizada pela ação humana, sobretudo pelas sucessivas
queimadas.
Depois de ser praticamente dizimado por pragas em meados https://brasilescola.uol.com.br/brasil/regioes-brasileiras.htm
da década de 90, a cultura do algodão voltou a ser um dos prin-
cipais itens na nossa pauta de exportação, seguindo a trilha da O Sudeste é a Macrorregião mais populosa, povoada, ur-
soja e da cana-de-açúcar. De acordo com a Companhia Nacional banizada, industrializada, desenvolvida econômica e tecnologi-
de Abastecimento, as lavouras da fibra já ocupam um milhão camente, sediando empresas e instituições de pesquisa que a
de hectares e um terço terá como destino o mercado externo. ajudam a ser definida como centro econômico e tecnológico do
E estes importantes produtos agrícolas estão ocupando grande país.
parte da área de cerrado, levando a um processo de desmata-
mento e desequilíbrio ecológico na área.

29
GEOGRAFIA
Daí, termos que compreender a sua importância no proces- Região Sul
so de produção do espaço nacional, a partir do seu poder de A Região Sul é a que apresenta características mais diversas
polarização e influência em todo o território do país, bem como em relação às outras regiões brasileiras.
suas relações com as demais Macrorregiões nacionais.
Podemos notar que, em termos de divisão política, a região
Sudeste possui quatro unidades políticas, como a região Cen-
tro-Oeste, em detrimento do maior número de unidades das re-
giões Norte e Nordeste.
A densidade demográfica da região Sudeste é extremamen-
te alta se comparada com as demais regiões do país.

https://brasilescola.uol.com.br/brasil/regioes-brasileiras.htm

Podemos notar que, em termos de divisão política, a região


Sul possui apenas três estados, sendo a Macrorregião de menor
número de unidades políticas do país.
Comparando a área territorial das cinco regiões, percebe-
O Sudeste não faz fronteira com nenhum país latino-ameri- mos que, dentre as cinco, o Sul ocupa a de menor extensão ter-
cano, possui duas capitais litorâneas e duas interioranas, e ape- ritorial.
nas um de seus estados não tem saída para o mar. Por outro lado, em termos de população absoluta, essa re-
Em termos de crescimento populacional, notamos que a re- gião ocupa o terceiro lugar frente às demais Macrorregiões. Tal
gião Sudeste apresenta um dos baixos índices, tendo um percen- fato demonstra que mesmo não tendo uma área territorial sig-
tual maior apenas que a região Nordeste. Tal fato pode ser ex- nificativa – é a menor Macrorregião do país – o Sul apresenta
plicado pela crescente e contemporânea dinâmica verificada nas uma população absoluta mais alta que duas regiões. Ou seja, a
regiões Norte e Centro Oeste, áreas de expansão econômica. densidade demográfica da região Sul é elevada.
Em relação aos demais dados, notamos que a região em Pensemos, agora, a região Sul em termos espaciais. Para
estudo apresenta melhores índices que as demais, o que em isso, observe a figura a seguir, que apresenta as unidades políti-
termos de dados qualitativos exprime a possibilidade de a área cas que a compõem.
oferecer uma melhor qualidade de vida a sua população.
Como sabemos que tais indicadores se referem a médias
estatísticas, esses são dados que não conseguem revelar o dra-
ma social de parcelas da população da região e de suas grandes
cidades porque ocultam o intenso processo de concentração da
renda.
Mas, o que salta aos olhos, com certeza, é a participação da
região na constituição do PIB nacional, demonstrando o peso e
a dinâmica da sua economia, o que, consequentemente, explica
a capacidade de polarização dessa região em relação às demais
do país.

30
GEOGRAFIA

Região Sul e suas unidades políticas

A Região Sul faz fronteira com três países latino-americanos: Paraguai, Argentina e Uruguai; possui duas capitais litorâneas,
Florianópolis e Porto Alegre, e uma interiorana, Curitiba, e todos os seus estados têm saída para o mar.
Tais fatos têm repercussão na constituição da realidade da região, visto que, por exemplo, a área de fronteira é uma importante
área estratégica para o país, envolvendo o uso de recursos naturais por diferentes países.
Além disso, o fato de todos os estados serem litorâneos, em comunhão com o processo histórico de desenvolvimento da área,
torna a costa uma importante área de escoamento da produção econômica da região e do próprio país, com a construção de des-
tacados portos, como atesta a figura a seguir.

Principais portos da região Sul

A atividade portuária da região Sul é de grande importância para o país. A região é o canal, a porta de entrada de circulação e
de comércio do Brasil com os demais países do bloco econômico do MERCOSUL.
A região Sul certamente destaca-se dentre as demais, pois ela ocupa uma posição de ponta em todos os indicadores. Ora, a
região Sul é a que apresenta o menor crescimento demográfico do país e também a menor taxa de mortalidade e de analfabetismo.
Se compararmos com a região Nordeste, a mortalidade infantil na região é o dobro da região Sul, e o analfabetismo na região
Nordeste é três vezes maior que na região Sul. Quanto ao índice de desenvolvimento humano, a região Sul apresenta o melhor ín-
dice dentre as demais regiões; por último, em relação ao PIB, a região ocupa a segunda posição dentre cinco regiões.

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GEOGRAFIA
Ou seja, analisando o conjunto, a região Sul realmente pos- Pois bem, essa área também ficou conhecida como Tríplice
sui bons indicadores sociais e demográficos. Fronteira por delimitar terras do Brasil, Paraguai e Argentina.
Destaca-se também a enorme represa da Usina Hidrelétrica de
Recursos naturais e geração de energia elétrica Itaipu, no rio Paraná.
Na região Sul, o Brasil perde suas características de tropica- Os grandes desníveis dos rios dessa área são responsáveis
lidade e apresenta uma paisagem diferenciada, como a Mata de pelo espetáculo das quedas d’água conhecidas como Cataratas
Araucárias e a Campanha Gaúcha. do Iguaçu. Mas, antes da construção da usina de Itaipu, tam-
Tais coberturas vegetais estão atreladas às características bém outras quedas eram famosas na região: as Sete Quedas,
climáticas da região. Isso porque as condições naturais são mar- por exemplo, no rio Paraná, que foram cobertas pelas águas da
cadas, dentre outros fatores, pelas médias latitudes da área, represa de Itaipu.
provocando a incidência do clima subtropical, com estações do
ano bem mais definidas que as demais regiões do país, verões
quentes, invernos mais frios e chuvas constantes durante todo
o ano. GEOGRAFIA GERAL: AS RELAÇÕES ECONÔMICAS NO
Tal fator climático, a latitude, aliado às altas altitudes pre- MUNDO MODERNO: A CRISE ECONÔMICA MUNDIAL;
sentes na área, bem como à influência da massa polar atlântica OS BLOCOS ECONÔMICOS; A QUESTÃO DA MULTIPO-
durante o inverno, provoca quedas acentuadas da temperatu- LARIDADE. A GLOBALIZAÇÃO. FOCOS DE TENSÃO E
ra em determinados municípios, com possibilidade de geada e CONFLITOS MUNDIAIS
neve, como em São Joaquim, no estado de Santa Catarina, que
fica a 1.360 m de altitude. Globalização e Cultura Mundial
Somado a essas características do relevo, temos o elevado Globalização é um conjunto de transformações na ordem
índice pluviométrico anual e densas bacias hidrográficas na re- política e econômica mundial visíveis desde o final do século XX.
gião. Trata-se de um fenômeno que criou pontos em comum na ver-
A bacia hidrográfica Platina é formada pela junção de três tente econômica, social, cultural e política, e que consequente-
rios: o Paraná, o Paraguai e o Uruguai, que drenam terras do mente tornou o mundo interligado23.
Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai; quando os três rios se O processo de globalização é a forma como os mercados
juntam, formam o rio da Prata, desaguando próximo a Buenos de diferentes países interagem e aproximam pessoas e merca-
Aires, na Argentina. Desses, apenas o Paraguai não atravessa a dorias. A quebra de fronteiras gerou uma expansão capitalista
região Sul, conforme nos mostra o mapa a seguir. onde foi possível realizar transações financeiras e expandir os
negócios, até então restritos ao mercado interno, para merca-
dos distantes e com as inovações nas áreas das telecomunica-
ções e da informática (especialmente com a Internet) as distân-
cias se tornaram relativas e a construção de uma “aldeia global”
foi se tornando uma realidade.
O surgimento dos blocos econômicos e o enfraquecimento
do poder de alguns governos nacionais foi resultado desse pro-
cesso de integração que aumenta a competitividade e reduz a
soberania dos Estados. O impacto exercido pela globalização no
mercado de trabalho, no comércio internacional, na liberdade
de movimentação e na qualidade de vida da população varia a
intensidade de acordo com o nível de desenvolvimento das na-
ções.
Existem duas faces do processo de globalização: uma cultu-
ral, que impõe um modo de vida baseado em hábitos e costumes
ocidentais, ou o chamado “american way of life” (modo de vida
norte-americano), o qual é a base da sociedade capitalista ou
sociedade de consumo e tende a tornar o hábito de comprar
em uma necessidade social, tornando mais fácil a massificação a
outra face do processo, a econômica.

Inserção desigual dos países na economia mundial


Bacias hidrográficas do Brasil, com destaque para a Bacia Os países não se inserem na economia mundial da mesma
Platina maneira. O atraso econômico de muitos países é resultado de
A hidrografia da região Sul caracteriza-se, dentre outros fa- um processo histórico. O crescimento econômico das nações
tores, por possuir rios de planalto, com grandes desníveis e que- nos últimos séculos se confunde com a própria história do de-
das d’águas acentuadas em seu percurso. Tal fato possibilita a senvolvimento do capitalismo, que desde o século XVI estabele-
geração de energia hidrelétrica na região, principalmente no rio ceu uma divisão internacional do trabalho.
Paraná e em seu afluente, o rio Iguaçu. Os países dominantes ficavam com a maior parte da riqueza
O rio Iguaçu é um importante afluente do rio Paraná, e o produzida, enquanto as colônias tinham a função de contribuir
local onde eles se juntam ficou conhecido como Foz do Iguaçu, para a acumulação de capital nas metrópoles.
sendo essa uma denominação também do município e do par-
que ecológico local. 23 https://www.mundoedu.com.br/uploads/pdf/53ec0ca1c85da.pdf

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GEOGRAFIA
A economia capitalista se desenvolveu concentrando rique- A Velha Ordem da Guerra Fria
za e poder nas mãos das elites, principalmente das potências Entre os anos de 1945 e 1991 o mundo estava em dispu-
dominantes, criando em contrapartida regiões pouco desen- ta, de forma geral, por duas concepções políticas e econômicas
volvidas economicamente e pouco industrializadas, chamadas distintas de organização da sociedade global: o Capitalismo e o
a partir da segunda metade do século XX de subdesenvolvidas. Socialismo.
Esse termo tem sido questionado, pois a maior parte dos Podemos dizer que nesse período o mundo era bipolar, e di-
países chamados de subdesenvolvidos esteve durante muito vidido em três mundos: O Primeiro Mundo, os países capitalistas
tempo na condição de colônia, e a exploração de seus recursos ricos, o Segundo Mundo, os países socialistas e o Terceiro Mundo,
naturais e humanos impediu o seu crescimento econômico e seu os países pobres sendo disputados pelos dois primeiros mundos.
desenvolvimento social. Ou seja, dentro de um mesmo proces- Vejamos o mapa a seguir:
so, o crescimento econômico de uns foi conseguido em detri-
mento de outros.
Podemos dizer que as desigualdades econômicas e sociais
dividem o mundo em dois grandes grupos: o dos países ricos,
mais industrializados, desenvolvidos, com menores problemas
sociais, e o dos países pobres, menos industrializados, que con-
tam com inúmeros problemas sociais, incluindo enorme quan-
tidade de pessoas que vivem em precárias condições de vida.
Esses grupos não são homogêneos, apresentando grandes dife-
renças

Grandes conjuntos de países


Muitos países subdesenvolvidos, após a Segunda Guerra
Mundial, passaram a investir na indústria, ficando conhecidos Projeção – Primeiro, Segundo e Terceiro Mundos no período
como países em desenvolvimento. Como a Primeira Revolução da Guerra Fria
Industrial ocorreu no século XVIII e a Segunda Revolução Indus-
trial no século XIX, esse processo é considerado industrialização No lado capitalista, a representação máxima eram os Esta-
tardia ou retardatária. dos Unidos da América (EUA), que vendiam a imagem de um
É o caso do Brasil, México, Argentina e Tigres Asiáticos (Co- mundo permeado pela liberdade de consumo e expressão, da
reia do Sul, Taiwan, Cingapura e Hong Kong, na China). possibilidade do comércio e do desenvolvimento econômico e
Os países ricos e pobres já receberam diversas denomina- tecnológico, tinham como uma área estratégica de influência, a
ções. Uma delas, a partir da década de 1980, refere-se à localiza- Europa Ocidental e a maior parte da América Latina.
ção geográfica. Os mais desenvolvidos passaram a ser chamados Já do lado socialista, a representação máxima era a União das
de países do Norte, pois na sua maior parte encontram-se no Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), constituída por um conjunto
hemisfério norte. de países da Europa Oriental, alguns da Ásia e Cuba, na América Lati-
Os subdesenvolvidos, localizados majoritariamente no he- na. No socialismo real, se disseminavam as ideias de um mundo sem
misfério sul, ficaram conhecidos como países do Sul. desigualdades sociais, onde todos poderiam ter as mesmas chances
Mais recentemente, com a expansão e a internacionaliza- profissionais e as mesmas condições materiais de sobrevivência.
ção dos mercados, os países foram divididos em países centrais, O sistema capitalista já não era uma novidade para as socie-
mercados emergentes (ou semiperiféricos) e países periféricos. dades no mundo, pois a lógica urbano-industrial e os ideais de
Em parte dos países subdesenvolvidos (Brasil, México e Ar- ampliação dos comércios já haviam se espalhado pelo mundo.
gentina), o processo de industrialização apoiou-se no modelo de Já com relação ao socialismo (ou comunismo, como alguns
substituição de importações, que incluía a proteção do mercado preferem chamar) tem sua teoria escrita no século XIX com os
interno, a proibição da entrada de manufaturados estrangeiros pensadores Marx e Engels, porém, na prática, o regime de so-
e o fortalecimento de indústrias locais (nacionais e transnacio- cialismo real é instituído no sistema do Estado com a Revolução
nais). Russa de 1917 e o nascimento do Partido Comunista (com sede
Outros países, como os Tigres Asiáticos, industrializaram- se em Moscou), que passou a centralizar o poder político e econô-
a partir do modelo de plataformas de exportação, no qual em- mico de gestão do país se contrapondo aos efeitos negativos do
presas transnacionais se instalam no país e passam a exportar capitalismo da Rússia nesse período.
sua produção para outros países, onde o produto final é mon- Na realidade vivida do mundo Bipolar, este passou a receber
tado. influências culturais, políticas e econômicas dessas duas grandes
potências e seus ideais.
Geopolítica e a Velha Ordem Mundial. Geopolítica e a Nova Acordos econômicos, políticos, conflitos na América Latina
Ordem Mundial (crise dos mísseis em Cuba, revolta popular na Nicarágua, Dita-
Avanço dos meios de comunicação (internet, imagens de duras Militares, entre outros), na África (corrida pela indepen-
satélite, televisivas, entre outros), aumento do fluxo de merca- dência dos países africanos), na Ásia (Guerra do Vietnã, Conflitos
dorias, pessoas, culturas e informações entre os países do globo, entre Irã, Iraque e Kuwait, Revolução Cultural na China, conflito
conflitos étnico-raciais, terrorismo, acordos econômicos e crises Árabe-Israelense, entre outros), são importantes marcas desse
financeiras são características típicas de nosso mundo atual, a período. Militarmente, existiu uma corrida armamentista tão
Globalização24. grande que bombas nucleares foram se espalhando em diversas
partes do mundo, chegando a provocar um “equilíbrio do ter-
24 http://proedu.rnp.br/bitstream/handle/123456789/472/2a_Disciplina_-_
Geografia_II.pdf?sequence=1&isAllowed=y ror” – a explosão dessas bombas poderia acabar com o planeta.

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GEOGRAFIA
A representação mais conhecida dessa época era o Muro de Berlim (1961), que dividiu a Alemanha em República Democrática
Alemã (RDA), o lado socialista e também conhecido como Alemanha Oriental; e a República Federal da Alemanha (RFA), o lado
capitalista, também conhecido como Alemanha Ocidental. Cabe dizer que toda a Europa estava dividida em Ocidental (capitalista)
e Oriental (socialista).
Mas, as duas concepções de mundo idealizadas pelos capitalistas e socialistas não projetavam na realidade as suas promessas
políticas e econômicas; em ambos os lados haviam desigualdades sociais, ditaduras, conflitos de resistência aos sistemas, ambien-
tes carregados de perversidades. Em 1989 os alemães do lado oriental resolveram derrubar o Muro de Berlim, o que para muitos
historiadores esse momento representava o fim da Guerra Fria.
Em 1991, a Rússia se tornava independente, e o Socialismo real foi deixando de existir enquanto regime político na Europa
Ocidental, mantendo-se até hoje em poucos países, como China e Cuba.

A Nova Ordem Mundial – a Globalização


Com o fim do segundo mundo e a ascensão do capitalismo, os países se dividiram em apenas duas realidades, a dos países do
Norte (Ricos) – também conhecidos como desenvolvidos, ou países de Centro - e dos Países do Sul (Pobres) – também conhecidos
como Subdesenvolvidos ou países Periféricos.
A nova ordem mundial, também conhecida como Globalização ou Mundialização, passou a se caracterizar, sobretudo, pelo
poder econômico e tecnológico de alguns países sobre outros, pelo avanço dos sistemas de informações e de comunicação, pela
ampliação do fluxo de mercadorias e pessoas, pelo abismo socioeconômico entre ricos e pobres, por uma maior atuação de orga-
nismos internacionais ligados à Organização das Nações Unidas, entre outros.
Vejamos a projeção a seguir:

Divisão – Países do Norte (Ricos) e Países do Sul (Pobres)

Vivemos a Globalização por meio de inúmeras situações e fenômenos, quando nos conectamos à internet somos capazes de
conversar com pessoas que estão do outro lado do mundo em tempo real, podemos conhecer as diferentes realidades e culturas
do mundo.
No noticiário, podemos visualizar fenômenos políticos e econômicos com muita precisão, no comércio, as múltiplas marcas dos
produtos nos chamam a atenção para serem consumidos, entre outras situações. Porém, devemos considerar que nesse mundo
de fábulas, apresentado por nós, há perversidades, tais como a exploração da natureza e de mão de obra, realidades de miséria,
guerras e fome.

Globalização e Neoliberalismo. Integração Regional ou Formação de Blocos Econômicos

As Organizações Internacionais
Podemos dizer que uma organização internacional é como uma associação, geralmente formada por representantes políticos
de direito internacional, a exemplo dos Estados Nacionais25.
Essas organizações possuem objetivos. São compostas por um corpo de profissionais e uma legislação que a regulamenta. Elas
adquirem um poder de atuação e uma personalidade internacional, muitas vezes, independente das representações políticas que
a compõem.
Suas ações visam unicamente alcançar os objetivos traçados e outorgados por seus membros em um dado momento histórico.
São exemplos clássicos de organizações internacionais: a Organização das Nações Unidas (ONU), a Organização Mundial do Co-
mércio (OMC), a União Europeia (UE), o Mercado Comum do Cone Sul (MERCOSUL), Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV),
a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL), entre outros.

Os Blocos Econômicos
Com a ascensão do sistema capitalista na Globalização, os países, objetivando ampliar o fluxo de mercadorias, buscaram facili-
tar negociações e consolidar a sociedade do consumo, passaram a se organizar em Blocos Econômicos.
25 http://proedu.rnp.br/bitstream/handle/123456789/472/2a_Disciplina_-_Geografia_II.pdf?sequence=1&isAllowed=y

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GEOGRAFIA
Podemos classificar os Blocos Econômicos de três formas: Zona de Livre Comércio, União Aduaneira e Mercado Comum.
Vejamos a tabela a seguir:

Entre os principais blocos estão: o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), a União Europeia (UE), o Mercado
Comum do Cone-Sul (MERCOSUL).
Existem blocos econômicos na África e na Ásia, como a Comunidade da África Meridional para o Desenvolvimento (SADC) e a
Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) ou a Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (APEC).
Vamos apreciar o mapa a seguir:

Mapa Mundo - localização dos principais Blocos Econômicos

A União Europeia
A União Europeia é composta, atualmente, por 27 países da Europa, mas vem sendo constituída desde 1957 quando era conhe-
cida como Comunidade Econômica Europeia. Entre os seus objetivos estão: o aumento do fluxo de mercadorias e serviços entre os
países-membros, a criação de uma política de segurança única, o estabelecimento de uma cidadania europeia e a existência de uma
moeda única, o Euro.
Os principais órgãos de decisão política e econômica deste Mercado Comum são: a Comissão Europeia, o Conselho da União, o
Parlamento Europeu e o Banco Central Europeu.

O Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta)


O Nafta é nada mais, nada menos, que uma Área de Livre Comércio entre México, EUA e Canadá. Entrou em vigor em 1994 e
não pretende aprofundar a sua integração, como fez a União Europeia.
Pesquisadores e estudiosos da economia e das ciências sociais afirmam que a formação deste bloco foi boa apenas para os
EUA, que transferiram grande parte de suas empresas às cidades do norte do México (as indústrias maquiladoras) para usufruir da
flexibilização de leis (trabalhistas, ambientais, entre outros) e da mão de obra barata, ampliando ainda mais as desigualdades sociais
na região. No acordo inicial, a criação de empregos para os mexicanos era uma meta a ser alcançada pelo bloco.

O Bloco dos G-8 e dos G20


O grupo denominado G-8 é composto pelos oito países mais industrializados do mundo. Nasceu em 1975 quando era composto,
apenas, por Alemanha, França, EUA, Japão e Inglaterra. Nos anos de 1980, agregaram ao grupo o Canadá e a Itália e, nos anos de
1990, a Rússia.
É importante saber que esses países se reúnem ao menos três vezes ao ano e nessas reuniões elaboram e reelaboram estraté-
gias e diretrizes econômicas para o mundo. Atualmente, eles também discutem questões referentes ao combate a drogas, apoio à
implementação de regimes políticos democráticos, entre outros assuntos.
O bloco dos G-20 foi criado recentemente, em 1999, e inclui junto das decisões políticas e econômicas globais, os países emer-
gentes (como Brasil, México, Argentina, África do Sul, Índia, Arábia Saudita, entre outros), que recentemente passou a ser G-22.

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GEOGRAFIA
Mantém uma série de características do bloco dos G-8 e ain- Os países do Brics: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
da realça políticas neoliberais como privatizações, condições de
mercado de trabalho flexíveis, entre outros. Alguns pesquisado-
res e analistas políticos consideram a criação do referido bloco,
embora contraditório, muito bom para os países em desenvolvi-
mento, uma vez que insere esses países no campo das decisões
internacionais.

Países Emergentes e Importância dos BRICS


Não há, no âmbito da economia mundial, uma definição to-
talmente aceita sobre o que seriam as economias emergentes.
De modo geral, são considerados emergentes aqueles países
subdesenvolvidos que apresentam quadros de crescimento eco-
nômico prósperos e características socioeconômicas que dife-
renciam esses países das demais economias periféricas.
O termo foi primeiramente utilizado pelo Banco Mundial na
década de 1980 e, desde então, passou a incorporar os jargões
econômicos e os noticiários de todo o mundo26.
Em geral, os países emergentes apresentam níveis media-
nos de desenvolvimento, um relativamente dinâmico parque in-
dustrial, uma boa capacidade de exportações e certo dinamismo
econômico. São, por isso, também chamados de países em de-
senvolvimento, cujos exemplos englobam, entre outros, Brasil,
China, México, Índia, Cingapura, Coreia do Sul, Argentina, Tur- https://alunosonline.uol.com.br/geografia/bric.html
quia, Indonésia e Taiwan.
Contudo, em torno das análises e das más interpretações Apesar das oscilações econômicas que esses países sofre-
sobre esse tema, ergueu-se o mito de que esses países seriam ram, sobretudo durante a crise financeira internacional, pode-se
como que uma categoria à parte, não se caracterizando nem dizer que os BRICS lideram atualmente os países emergentes e,
como países desenvolvidos nem como países subdesenvolvidos. claro, as demais nações subdesenvolvidas.
Porém, é um erro pensar isso, pois o mais correto seria consi- Isso ocorre porque, além da economia dinâmica, esses paí-
derar os emergentes como uma subcategoria que faz parte do ses possuem uma elevada força política, incluindo a presença de
mundo subdesenvolvido, tendo em vista que esses países ainda dois deles no Conselho de Segurança da ONU (no caso, China e
apresentam níveis sociais e de distribuição de renda limitados, Rússia). Recentemente, o BRICS deliberou a criação de um banco
com elevada pobreza e falta de recursos em muitas áreas da so- financeiro voltado para a cooperação a fim de realizar benefícios
ciedade, como educação e saúde. e empréstimos a juros baixos para países periféricos, o que im-
Em 2001, o economista inglês Jim O’Neil criou o termo põe uma inédita concorrência ao FMI e ao Banco Mundial.
“BRIC” para referir-se aos quatro principais países emergentes Outra sigla que reúne países com bastante força entre os
que apresentavam elevadas potencialidades econômicas, com países emergentes é o MIST (México, Indonésia, Coreia do Sul
acentuados crescimentos vindouros e melhorias em seus índices e Turquia). Em alguns casos, pensou-se que esses países subs-
financeiros, previsões que se concretizaram pelo menos nos dez tituiriam os BRICS no âmbito da economia mundial, mas a crise
anos seguintes. de 2008, que afetou, em grande medida, o México, além do me-
Assim, esses países resolveram adotar o termo como uma nor poder político, colocou esse grupo em um segundo plano no
forma de relação diplomática informal, alterando, inclusive, a contexto internacional.
sigla para BRICS, com a inclusão da África do Sul, que também Em resumo, podemos considerar que os países emergen-
pode ser considerada uma economia emergente, porém de me- tes são grandes exportadores de matérias-primas, grandes re-
nor porte em relação aos demais países desse acrônimo. Os BRI- ceptores de empresas multinacionais (além de também serem
CS são, atualmente, importantes atores nos cenários econômi- medianos fornecedores dessas mesmas empresas) e possuem
cos e políticos mundiais. um amplo e crescente mercado consumidor e uma grande capa-
cidade de crescimento econômico e atuação centrada no setor
terciário.
Por esse motivo, atraem sempre com muita atenção os prin-
cipais centros de debate tanto do meio econômico quanto da
geopolítica e estratégia internacional.

26 https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/paises-emergentes.htm

36
GEOGRAFIA

EXERCÍCIOS

1. (CBM/MG – BOMBEIRO – FUNDEP/2019) Leia o trecho a seguir.


“Esquematicamente, uma rede é um sistema integrado de fluxos. A rede é constituída por pontos de acesso, arcos de transmis-
são e nós ou polos de bifurcação. [...]
Numa rede, o valor dos lugares se define pelo grau de acesso que eles oferecem ao conjunto da rede.”
(TERRA, Lygia; ARAÚJO, Regina; GUIMARÃES, R. B. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil. 2ª ed. São Paulo: Moderna,
2010. p. 18 (Adaptação)).

É incorreto afirmar que as redes vigentes no espaço mundial contemporâneo


(A) consolidam espaços do mandar, onde se adensam as novas tecnologias da informação, em detrimento de espaços do fazer,
que são áreas populosas pobres e de economia tradicional.
(B) constituem suporte para o tráfego de mercadorias e de bens concretos, como cargas e passageiros, bem como para a trans-
missão de dados e informações.
(C) distribuem-se em caráter homogêneo pela superfície do globo, haja vista a magnitude espacial hoje alcançada pelo meio
técnico-científico-informacional.
(D) superam limitações físicas ao conectar pessoas e transmitir informações, a exemplo da movimentação diária de bilhões de
dólares nas bolsas de valores em todo o mundo.

2. (CBM/MG – BOMBEIRO – FUNDEP/2019) Analise a figura a seguir, que representa o movimento da Terra em volta do Sol

IBGE. Atlas Geográfico Escolar. 6ª ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. p. 10. Disponível em: <https://atlasescolar.ibge.gov.br/>. Acesso
em: 18 jul. 2018 (Adaptação).

A órbita terrestre é elíptica, o que aproxima a Terra do Sol em determinados momentos e a afasta em outros, variação esta
responsável pela ocorrência das estações do ano.
Considerando essas informações, o que se afirma nesse trecho está
(A) correto, uma vez que é inverno quando a Terra se distancia do Sol e, consequentemente, verão quando dele se aproxima.
(B) incorreto, uma vez que a volta completa da Terra em torno do Sol, por se fazer em seis meses, é distinta do tempo de su-
cessão das estações do ano.
(C) correto, uma vez que são quatro as posições da Terra ao se movimentar em volta do Sol, sendo cada posição correspondente
a uma das quatro estações do ano.
(D) incorreto, uma vez que as estações do ano decorrem, principalmente, da posição do eixo inclinado da Terra.

37
GEOGRAFIA
3. (CBM/MG – BOMBEIRO – FUNDEP/2019) Considere que foi solicitado ao Corpo de Bombeiros Militar a busca de um jovem
desaparecido após afogamento em um rio. Analise esta carta topográfica de trecho do rio onde ocorreu o referido afogamento.

O Corpo de Bombeiros Militar iniciou a busca pelo jovem desaparecido a partir do local do afogamento, estendendo-a à jusante,
em direção ao ponto
(A) X.
(B) Y.
(C) Z.
(D) W.

4. (CBM/MG – BOMBEIRO – FUNDEP/2019) Analise a tabela e os gráficos a seguir

38
GEOGRAFIA
IBGE. Atlas do Censo Demográfico 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 6. (CBM/MG - CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS DO
2013. p. 12. CORPO DE BOMBEIROS – GESTÃO DE CONCURSOS/2018) Nas
Disponível em: <http://loja.ibge.gov.br/cartas-mapas-e-carto- últimas décadas, a histórica desigualdade socioespacial vigente
gramas/atlas/atlas-do-censo-demografico-2010.html>. Acesso no interior das cidades brasileiras adquiriu características mais
em: 7 set. 2018 (Adaptação). acentuadas.
Essa desigualdade socioespacial não se explica
Considere: nos gráficos, as colunas apresentam, para cada (A) pela disseminação de condomínios residenciais de luxo,
grande região brasileira, o número de população na seguinte se- enclaves no interior da malha urbana servidos de completa
quência temporal: 1991, 2000, 2010. infraestrutura de equipamentos urbanos coletivos.
Com base nessas informações, é correto afirmar que, entre (B) pela segregação espacial imposta por planos diretores
1991 e 2010, municipais que destinam espaços de topografia acidentada
(A) concentrou-se o maior quantitativo de habitantes no e de mais elevada declividade às favelas e loteamentos clan-
campo na região brasileira cujo traço característico de sua destinos e irregulares.
economia é o agronegócio, com destaque para a soja. (C) pelo isolamento de trechos do tecido urbano mediante
(B) houve transferência de população dos centros urbanos instalação de muros altos, portões e guaritas de vigilância
para o meio rural, fenômeno este denominado migração privada, com acesso exclusivo aos moradores e funcioná-
pendular pelos demógrafos. rios.
(C) registrou-se, seja no campo ou na cidade, a mesma taxa (D) pelo recrudescimento da diferença entre os padrões de
de evolução do contingente populacional nas cinco grandes moradia e de infraestrutura de bairros habitados por grupos
regiões brasileiras. discrepantes quanto a suas características socioeconômi-
(D) verificou-se o crescimento populacional dos espaços ur- cas, notadamente o poder aquisitivo.
banos em todas as regiões do país, mantendo-se o maior
número de população naquela de economia mais dinâmica. 7. (CBM/MG - CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS DO
CORPO DE BOMBEIROS – GESTÃO DE CONCURSOS/2018)
5. (CBM/MG – BOMBEIRO – FUNDEP/2019) Analise o grá- Analise o mapa a seguir
fico a seguir

Disponível em: <https://www.thoughtco.com/seismic-hazard-


-maps-of-the-world-1441205>.
Acesso em: 9 abr. 2018 (Adaptação).

No espaço sul americano retratado no mapa, a probabilida-


de de ocorrência de terremotos nos próximos 50 anos não
IBGE. Atlas do Censo Demográfico 2010. Rio de Janeiro: IBGE, (A) atesta o papel fundamental exercido pelos limites de
2013. p. 18. Disponível em: <http://loja.ibge.gov. placas litosféricas, a exemplo daquele de colisão, na geração
br/cartas-mapas-e-cartogramas/atlas/atlas-do-censodemogra- de terremotos na América do Sul.
fico-2010.html>. Acesso em: 13 out. 2018 (Adaptação). (B) confirma o notório caráter de estabilidade tectônica do
território brasileiro, uma vez que continuarão ausentes no
A evolução da população representada pela curva V é aque- país as movimentações da crosta.
la verificada no Continente (C) propõe que a geração e distribuição espacial dos terre-
(A) Africano. motos será também explicada por dinâmica geológica vigen-
(B) Americano. te no interior de uma placa tectônica.
(C) Asiático. (D) sugere que a sismicidade, no futuro próximo, estará con-
(D) Europeu. dicionada à continuidade da subducção até então responsá-
vel pelo soerguimento da cadeia andina.

39
GEOGRAFIA
8. (CBM/MG - CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS DO CORPO DE BOMBEIROS – GESTÃO DE CONCURSOS/2018) Analise o
gráfico a seguir.

A distribuição atual da PEA no Brasil representada no gráfico está


(A) correta, uma vez que a elevada qualificação profissional exigida pelo Setor Terciário reduz sobremaneira o número de tra-
balhadores que nele ingressa.
(B) incorreta, uma vez que a proporcionalidade hoje registrada para os setores econômicos em que se ocupa a PEA no país é
distinta daquela expressa no gráfico.
(C) correta, uma vez que a maioria da PEA brasileira se concentra no Setor Primário, condição fundamental para a manutenção
da pauta de exportação dos produtos agropecuários.
(D) incorreta, uma vez que o setor da economia que concentra a atividade industrial nacional é aquele que absorve o maior
contingente da PEA no país.

9. (CBM/MG - CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS DO CORPO DE BOMBEIROS – GESTÃO DE CONCURSOS/2018) Leia o


trecho a seguir.
“A regionalização caracterizada pela divisão entre Primeiro, Segundo e Terceiro Mundo foi amplamente utilizada durante a
Guerra Fria, período em que prevaleceu a rivalidade entre duas superpotências. No começo da década de 1990, o termo Segundo
Mundo tornou-se obsoleto, pois deixou de ser representativo. Nesse contexto, foram estabelecidas novas regionalizações com o
objetivo de expressar com maior exatidão a organização do espaço mundial contemporâneo.” (BOLIGIAN, Levon; ALVES, Andressa.
Geografia: espaço e vivência (Ensino Médio). São Paulo: Atual Editora, 2007 (volume único). p. 410 (Adaptação)).
A regionalização que não expressa com “maior exatidão a organização do espaço mundial contemporâneo” é:
(A) Países capitalistas / países socialistas (regionalização fundamentada na realidade político econômica global).
(B) Países centrais / países periféricos (regionalização fundamentada no papel exercido no sistema capitalista).
(C) Países desenvolvidos / países subdesenvolvidos (regionalização fundamentada nas desigualdades socioeconômicas e nível
de vida da população).
(D) Países ricos / países pobres (regionalização fundamentada no desenvolvimento econômico e tecnológico).

10. (CBM/MG - CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS DO CORPO DE BOMBEIROS – GESTÃO DE CONCURSOS/2018) Analise
a figura a seguir.

Disponível em: <https://br.pinterest.com>. Acesso em: 9 abr. 2018 (Adaptação).

O espaço urbano representado na figura indica que

40
GEOGRAFIA
(A) a avenida principal tem seu trajeto orientado segundo I. O suprimento de alimentos.
os paralelos do globo, de tal modo que ela recebe maior II. O regime de precipitações.
insolação nas primeiras horas do dia. III. O recebimento de radiação solar.
(B) a circulação atmosférica local é influenciada pela distri- IV. O aumento dos recursos naturais vitais.
buição espacial e pela altura das construções, capazes de
criar corredores de deslocamento mais intenso dos ventos. Estão corretas as alternativas
(C) a considerável extensão das superfícies impermeabiliza- (A) I, II, III e IV.
das aumenta a taxa de infiltração da água precipitada sobre (B) II e III, apenas.
a cidade e garante a recarga dos aquíferos subterrâneos. (C) I, II e IV, apenas.
(D) a marcante proximidade das edificações comprova se (D) I, II e III, apenas.
tratar de tecido urbano cuja evolução espaço-temporal se
fez segundo o processo de megalopolização.
14. (CBM/MG - CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS BOM-
BEIRO MILITAR – IDECAN/2015) “Várias características do am-
11. (CBM/MG - CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS BOM-
BEIRO MILITAR – IDECAN/2015) “A teoria da tectônica de placas biente em que se processa o intemperismo influem diretamente
é recente, mas sua formulação baseia‐se em mais de 100 anos de nas reações de alteração, no que diz respeito à sua natureza,
especulações, pesquisas geológicas e debates. Com a formulação da velocidade e intensidade. São os chamados fatores de controle
teoria da tectônica de placas surge uma nova explicação para um dos do intemperismo, basicamente representados pelo material pa-
mais antigos e controvertidos temas da geologia – o da deriva conti- rental, clima, topografia, biosfera e tempo.”
nental. A ideia de que os continentes não foram fixos durante toda a (Teixeira, W & Toledo, M.C.M de & Fairchild, T. R e Taioli, F.
história da Terra e, sim, de que sofreram movimentos relativos sobre Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2003 p. 150.)
a sua superfície só agora se torna mais compreensível e aceita com a
explicação do ponto de vista da tectônica de placas.” ( Dos fatores mencionados anteriormente, assinale o que,
Popp, José Henrique. Geologia Geral. 6ª ed. Rio de Janeiro: LTC, isoladamente, mais influencia no intemperismo.
2010 p. 11.) (A) Clima.
(B) Tempo.
Sobre a teoria da tectônica de placas, analise. (C) Biosfera.
I. Procura demonstrar que a superfície semirrígida da crosta (D) Topografia.
sofre movimentos sobre uma porção inferior, quente e fluida,
denominada astenosfera. 15. (CBM/MG - CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS BOM-
II. A superfície semirrígida da crosta sofre movimentos; com BEIRO MILITAR – IDECAN/2015) Desde sua independência, o Pa-
isso, as rochas superficiais sofrem deformações, produzindo estru- quistão convive em uma contínua instabilidade interna e intensos
turas características, conhecidas como produtos do tectonismo. quadros de violência, levando geopolíticos a considerarem a área
III. O fenômeno da tectônica de placas processa‐se em esca-
como um barril de pólvora. Diante do exposto, analise.
la global, mas se encontra evidenciado segundo direções prefe-
I. A instabilidade interna é explicada pelas grandes diversi-
renciais ou regionais.
dades etnoculturais.
Estão corretas as alternativas II. A radicalização religiosa, aliada à crescente influência de
(A) I, II e III. grupos extremistas, tem levado o país a uma espiral sem fim de
(B) I e II, apenas. violências.
(C) I e III, apenas. III. O extremismo religioso se alimenta das enormes desi-
D) II e III, apenas. gualdades sociais e da proliferação da miséria.
IV. A renúncia do general Pervez Musharraf, que governava
12. (CBM/MG - CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS BOM- o país desde 1999, e a instauração do governo civil, contribuíram
BEIRO MILITAR – IDECAN/2015) Sabendo‐se que em Tóquio, ci- para uma estabilidade interna no país.
dade localizada a aproximadamente 140° Leste do meridiano de
referência, Greenwich, são 17 horas, horário oficial, e desprezando Estão corretas as afirmativas
quaisquer ajustes de fusos entre os países, bem como outras adap- (A) I, II, III e IV.
tações, que horas (horário oficial) serão na cidade de Porto Alegre, (B) I, II e IV, apenas.
localizada a cerca de 51° a Oeste do meridiano de Greenwich? (C) I, II e III, apenas.
(A) 1 hora (hora legal). (D) I, III e IV, apenas
(B) 3 horas (hora legal).
(C) 4 horas (hora legal).
(D) 5 horas (hora legal).

13. (CBM/MG - CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS BOM-


BEIRO MILITAR – IDECAN/2015) A importância de se estudar
a atmosfera é muito grande, pelos efeitos que ela causa em
nossas vidas, sejam efeitos naturais ou causados pela atividade
humana. Essas mudanças no clima do Planeta e os transtornos,
principalmente da temperatura, promovem transformações no
padrão do tempo. Com base na importância de estudar a atmos-
fera e as mudanças no clima, pode‐se afirmar que essas trans-
formações afetam:

41
GEOGRAFIA

GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________
1 C
______________________________________________________
2 D
3 C ______________________________________________________
4 D
______________________________________________________
5 C
6 B ______________________________________________________
7 B
8 B ______________________________________________________

9 A ______________________________________________________
10 B
11 A ______________________________________________________
12 D
______________________________________________________
13 D
14 A ______________________________________________________
15 C
______________________________________________________

______________________________________________________
ANOTAÇÕES
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42
HISTÓRIA
1. O mundo moderno: A expansão marítima europeia e as práticas mercantilistas; Da formação das monarquias nacionais ao absolutis-
mo; O Renascimento; As reformas protestantes e a contrarreforma católica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. A colonização europeia na época moderna: A África na rota do expansionismo e do colonialismo europeu; A África por dentro:
manifestações culturais, sociedades política/impérios, economia (do colonialismo moderno aos dias atuais); As civilizações “pré-co-
lombianas”; A colonização europeia no continente americano; América espanhola; América portuguesa; América inglesa; A presença
francesa e holandesa na América colonial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08
3. A crise do antigo regime: As revoluções inglesas do século XVII; O pensamento europeu no século das luzes: Iluminismo, Despotismo
Esclarecido e Liberalismo; Rebeliões, insurreições, levantes e conjuras no mundo colonial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
4. O surgimento do mundo contemporâneo: As Revoluções liberais e o triunfo do capitalismo; Processo de emancipação e independên-
cia das colônias inglesas no continente americano; A Revolução Francesa e expansão de seus ideais; O processo de independência e
construção de nações na América espanhola; Portugal, Brasil e o período joanino; A independência e a organização do Estado brasi-
leiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
5. O mundo contemporâneo: Na Europa, as novas lutas (Liberalismo X Conservadorismo); O fenômeno do nacionalismo e o triunfo do
liberalismo político; Os trabalhadores, suas lutas, seus projetos e suas ideologias; O capitalismo monopolista e a expansão imperialista
a partir do século XIX; A Belle époque. A periferia global sob domínio do centro capitalista: África, América e Ásia . . . . . . . . . . . . 30
6. O continente americano no século XIX: Os EUA e a expansão das fronteiras, a consolidação da ordem interna e suas relações externas;
América espanhola a difícil consolidação da ordem interna: do caudilhismo aos regimes oligárquicos; O Estado Imperial brasileiro; O
Primeiro Reinado; O Período Regencial; O Segundo Reinado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
7. O Breve Século XX: O começo do declínio da Europa: I Guerra Mundial; Período entre guerras; A Revolução Russa: da construção à
afirmação do socialismo; EUA, da expansão à crise de 1929; Os regimes de direita em expansão no continente europeu e seus reflexos
no mundo; A II Guerra Mundial; O mundo sob a hegemonia dos EUA e da URSS: a Guerra Fria; As manifestações culturais do século
XX . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
8. Na periferia do mundo ocidental: Do populismo e revoluções sociais às ditaduras na América Latina; O Brasil republicano; A Primeira
República; A Era Vargas; Período populista; Ditadura civil-militar (1964- 1985); O Brasil da Nova República aos dias atuais; As lutas de
libertação nacional na África e Ásia; As questões de identidade: etnia, cultura, território . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
9. A Nova Ordem Mundial: O fim da Guerra Fria; Globalização, neoliberalismo, desigualdades e exclusões sociais no mundo de fins
do século XX e início do XXI; Os blocos econômicos e seus impactos; As lutas e conflitos entre árabes e israelenses; A Primavera
Árabe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
HISTÓRIA

O MUNDO MODERNO: A EXPANSÃO MARÍTIMA EUROPEIA E AS PRÁTICAS MERCANTILISTAS; DA FORMAÇÃO DAS


MONARQUIAS NACIONAIS AO ABSOLUTISMO; O RENASCIMENTO; AS REFORMAS PROTESTANTES E A CONTRARRE-
FORMA CATÓLICA

A expansão marítima europeia foi o período compreendido entre os séculos XV e XVIII quando alguns povos europeus partiram para
explorar o oceano que os rodeava.
Estas viagens deram início ao processo da Revolução Comercial, ao encontro de culturas diferentes e da exploração do novo mundo,
possibilitando a interligação dos continentes.

Expansão Ultramarina
As primeiras grandes navegações permitiram a superação das barreiras comerciais da Idade Média, o desenvolvimento da economia
mercantil e o fortalecimento da burguesia.
A necessidade do europeu lançar-se ao mar resultou de uma série de fatores sociais, políticos, econômicos e tecnológicos.
A Europa saía da crise do século XIV e as monarquias nacionais eram levadas a novos desafios que resultariam na expansão para
outros territórios.
Veja no mapa abaixo as rotas empreendias em direção ao Ocidente pelos navegadores e o ano das viagens:

Rota das viagens

A Europa atravessava um momento de crise, pois comprava mais que vendia. No continente europeu, a oferta era de madeira, pe-
dras, cobre, ferro, estanho, chumbo, lã, linho, frutas, trigo, peixe, carne.
Os países do Oriente, por sua vez, dispunham de açúcar, ouro, cânfora, sândalo, porcelanas, pedras preciosas, cravo, canela, pimenta,
noz-moscada, gengibre, unguentos, óleos aromáticos, drogas medicinais e perfumes.
Cabia aos árabes o transporte dos produtos até a Europa em caravanas realizadas por rotas terrestres. O destino eram as cidades
italianas de Gênova e Veneza que serviam como intermediárias para a venda das mercadorias ao restante do continente.
Outra rota disponível era pelo Mar Mediterrâneo monopolizada por Veneza. Por isso, era necessário encontrar um caminho alterna-
tivo, mais rápido, seguro e, principalmente, econômico.

1
HISTÓRIA
Paralela à necessidade de uma nova passagem, era preciso As condições políticas eram bastante favoráveis. Portugal foi a
solucionar a crise dos metais na Europa, onde as minas já davam primeira nação a criar um Estado-nacional associado aos interesses
sinais de esgotamento. mercantis através da Revolução de Avis.
Uma reorganização social e política também impulsionava à Em paz, enquanto outras nações guerreavam, houve uma
busca de mais rotas. Eram as alianças entre reis e burguesia que coordenação central para as estimular e organizar as incursões ma-
formaram as monarquias nacionais. rítimas. Estas seriam essenciais para suprir a falta de mão de obra,
O capital burguês financiaria a infraestrutura cara e necessária de produtos agrícolas e metais preciosos.
para o feito ao mar. Afinal, era preciso navios, armas, navegadores O primeiro sucesso português nos mares foi a Conquista de
e mantimentos. Ceuta, em 1415. Sob o pretexto de conquista religiosa contra os
Os burgueses pagavam e recebiam em troca a participação nos muçulmanos, os portugueses dominaram o porto que era o destino
lucros das viagens. Este foi um modo de fortalecer os Estados na- de várias expedições comerciais árabes.
cionais e submeter à sociedade a um governo centralizado. Assim, Portugal estabeleceu-se na África, mas não foi possível
No campo da tecnologia foi necessário o aperfeiçoamento da interceptar as caravanas carregadas de escravos, ouro, pimenta,
cartografia, da astronomia e da engenharia náutica. marfim, que paravam em Ceuta. Os árabes procuraram outras rotas
Os portugueses tomaram a dianteira deste processo através da e os portugueses foram obrigados a procurar novos caminhos para
chamada da Escola de Sagres. Ainda que não fosse uma instituição obter as mercadorias que tanto aspiravam.
do modo que conhecemos hoje, serviu para reunir navegadores e Na tentativa de chegar à Índia, os navegadores portugueses
estudiosos so patrocínio do Infante Dom Henrique (1394-1460). foram contornando a África e se estabelecendo na costa deste con-
tinente. Criaram feitorias, fortes, portos e pontos para negociação
Portugal com os nativos.
A expansão marítima portuguesa começou através das con- A essas incursões deu-se o nome de périplo africano e tinham o
quistas na costa da África e se expandiram para os arquipélagos objetivo de obter lucro através do comércio. Não havia o interesse
próximos. Experientes pescadores, eles utilizaram pequenos bar- em colonizar ou organizar a produção de algum produto nos locais
cos, o barinel, para explorar o entorno. explorados.
Mais tarde, desenvolveriam e construiriam as caravelas e naus Em 1431, os navegadores portugueses chegavam às ilhas dos
a fim de poderem ir mais longe com mais segurança. Açores, e mais tarde, ocupariam a Madeira e Cabo Verde. O Cabo
A precisão náutica foi favorecida pela bússola e o astrolábio, do Bojador foi atingido em 1434, numa expedição comandada por
vindos da China. A bússola já era utilizada pelos muçulmanos no Gil Eanes. O comércio de escravos africanos já era uma realidade
século XII e tem como finalidade apontar para o norte (ou para o em 1460, com retirada de pessoas do Senegal até Serra Leoa.
sul). Por sua vez, o astrolábio é utilizado para calcular as distâncias Foi em 1488 que os portugueses chegaram ao Cabo da Boa Es-
tomando como medida a posição dos corpos celestes. perança sob o comando de Bartolomeu Dias (1450-1500). Esse feito
No mapa a seguir é possível ver as rotas empreendidas pelos constitui entre as importantes marcas das conquistas marítimas de
portugueses: Portugal, pois desta maneira se encontrou uma rota para o Oceano
Índico em alternativa ao Mar Mediterrâneo.
Entre 1498, o navegador Vasco da Gama (1469-1524) conse-
guiu chegar a Calicute, nas Índias, e aí estabelecer negociações com
os chefes locais.
Dentro deste contexto, a esquadra de Pedro Álvares Cabral
(1467-1520), se afasta da costa da África a fim de confirmar se havia
terras por ali. Desta maneira, chega nas terras onde seria o Brasil,
em 1500.

Espanha
A Espanha unificou grande parte do seu território com a queda
de Granada, em 1492, com a derrota do último reino árabe. A pri-
meira incursão espanhola ao mar resultou na descoberta da Améri-
ca, pelo navegador italiano Cristóvão Colombo (1452-1516).
Apoiado pelos reis Fernando de Aragão e Isabel de Castela,
Colombo partiu em agosto de 1492 com as caravelas Nina e Pinta
e com a nau Santa Maria rumo a oeste, chegando à América em
outubro do mesmo ano.
Dois anos depois, o Papa Alexandre VI aprovou o Tratado de
Tordesilhas, que dividia as terras descobertas e por descobrir entre
espanhóis e portugueses.

França
Através de uma crítica ao Tratado de Tordesilhas feita pelo rei
Francisco I, os franceses se lançaram em busca de territórios ultra-
As navegações portuguesas na África foram denominadas Périplo marinos. A França saía da Guerra dos Cem Anos (1337-1453), das
Africano lutas do rei Luís XI (1461-1483) contra os senhores feudais.
A partir de 1520, os franceses passaram a fazer expedições,
Com tecnologia desenvolvida e a necessidade econômica de chegando ao Rio de Janeiro e Maranhão, de onde foram expulsos.
explorar o Oceano, os portugueses ainda somaram a vontade de Na América do Norte, chegaram à região hoje ocupada pelo Canadá
levar a fé católica para outros povos. e o estado da Louisiana, nos Estados Unidos.

2
HISTÓRIA
No Caribe, se estabeleceram no Haiti e na América do Sul, na Entretanto, essa virtude somente se desenvolvia em pessoas
Guiana. ansiosas por crescimento, observadoras do mundo em expansão,
capazes de utilizar a razão a serviço das mudanças e do progresso
Inglaterra social. O espírito burguês exigia, portanto, crença em si mesmo e
Os ingleses, que também estavam envolvidos na Guerra dos confiança na possibilidade de vencer sozinho, de dominar as adver-
Cem Anos, Guerra das Duas Rosas (1455-1485) e conflitos com se- sidades, de encontrar soluções racionais e eficientes.
nhores feudais, também queriam buscar uma nova rota para as Ín- Todos esses valores burgueses chocavam-se, de alguma ma-
dias passando pela América do Norte. neira, com a mentalidade dominante na Idade Média, que concebia
Assim, ocuparam o que hoje seria os Estados Unidos e o Cana- um modelo de homem obediente à Igreja, integrado à cristandade e
dá. Igualmente, ocuparam ilhas no Caribe como a Jamaica e Baha- acomodado às restrições feudais. Enfim, um homem resignado ante
mas. Na América do Sul, se estabeleceram na atual Guiana. Deus onipotente e submisso à Igreja, seu representante na Terra.
Os métodos empregados pelo país eram bastante agressivos Em contraposição à mentalidade cristã medieval, os tempos
e incluía o estímulo à pirataria contra a Espanha, com a anuência modernos formularam um modelo de homem, caracterizados pela
rainha Elizabeth I (1558-1603). ambição, pelo individualismo e pela rebeldia. Alguém disposto a
Os ingleses dominaram o tráfico de escravos para a América Es- empregar suas energias na análise e na transformação do mundo
panhola e também ocuparam várias ilhas no Pacífico, colonizando em que vivia.
as atuais Austrália e Nova Zelândia.
Os novos valores culturais
Holanda Em substituição aos valores dominantes da Idade Média, a
A Holanda se lançou na conquista por novos territórios a fim de mentalidade moderna formulou novos princípios.
melhorar o próspero comércio que dominavam. Conseguiram ocu- - Humanismo – em vez de um mundo centrado em Deus (teo-
par vários territórios na América estabelecendo-se no atual Surina- cêntrico), era preciso construir um mundo centrado no homem (an-
me e em ilhas no Caribe, como Curaçao. tropocêntrico), desenvolvendo uma cultura humanista.
Na América do Norte, chegaram a fundar a cidade de Nova - Racionalismo – em vez de explicar o mundo pela fé, era pre-
Amsterdã, mas foram expulsos pelos ingleses que a rebatizaram de ciso explicá-lo pela razão, desenvolvendo o racionalismo, principal-
Nova Iorque. mente nas ciências.
Igualmente, tentaram arrebatar o nordeste do Brasil durante a - Individualismo – em vez da ênfase no aspecto coletivo e fra-
União Ibérica, mas foram repelidos pelos espanhóis e portugueses. ternal da cristandade, era preciso reconhecer e respeitar as dife-
renças individuais dos homens livres, valorizando o individualismo,
No Pacífico, ocuparam o arquipélago da Indonésia e ali permanece-
diretamente associado ao espírito de competição e à concorrência
riam por três séculos e meio.
comercial.
O Renascimento cultural europeu
Renascimento
A Europa foi revitalizada, nos últimos séculos da Idade média,
A maneira moderna de compreender e representar o mundo
pelo reaquecimento do comércio e pela agitação da vida urbana. A
De modo geral, o movimento intelectual e cultural que carac-
transição do feudalismo para o capitalismo foi, aos poucos, modi-
terizou a transição da mentalidade medieval para a mentalidade
ficando os valores, as idéias, as necessidades artísticas e culturais moderna foi o Renascimento.
da sociedade européia. Mais confiante em suas próprias forças o O termo Renascimento tem sua origem na própria vontade de
homem moderno deixou de olhar tanto para o alto, em busca de muitos artistas e intelectuais dos séculos XV e XVI de recuperar ou
Deus, passando a prestar mais atenção em si mesmo. O homem retomar a cultura antiga, greco-romana, que o período medieval
se redescobre como centro de preocupações intelectuais e sociais, passou a ser rotulado como “Idade de Trevas”, época de “barba-
como criatura e criador do mundo em que vive. Tudo isso refletiu rismo” cultural. Entretanto, essas rotulações correspondem, sem
nas artes, na filosofia e nas ciências. dúvida, a exageros dos renascentistas.
A mentalidade moderna A inspiração na cultura greco-romana
A construção de um novo modelo de homem O Renascimento não pode ser considerado como um retorno
Durante boa parte da Idade Média, encontramos na Europa à cultura greco-romana, por uma simples razão: nenhuma cultura
um tipo de sociedade em que as pessoas estavam presas a um renasce fora de seu tempo.
determinado status que integrava a hierarquia social. Servo ou se- Assim, devemos interpretar com prudência o ideal de imitação
nhor, vassalo ou suserano, mestre ou aprendiz, a posição de cada (imitatio) dos antigos, proposto como objetivo maior sublime dos
pessoa inseria-se numa estrutura social verticalizada e rigidamente humanistas por Petrarca, um de seus mais notáveis representan-
estabelecida. tes. A imitação não seria a mera repetição, de resto impossível, do
A fidelidade era a principal virtude dessa sociedade, na medida modo de vida e das circunstâncias históricas de gregos e romenos,
em que conformava cada pessoa dentro dessa estrutura estática. mas a busca de inspiração em seus atos, suas crenças, suas realiza-
Com a Idade Moderna, os laços dessa estrutura de dependên- ções, de forma a sugerir um novo comportamento do homem eu-
cia social romperam-se, abrindo espaço para que o indivíduo pu- ropeu. Comportamento que estava de alguma maneira relacionado
desse emergir. com os projetos da burguesia em ascensão.

O espírito burguês de competição Um fenômeno cultural urbano


O florescimento do comércio e a crescente participação do Es- O Renascimento foi um fenômeno tipicamente urbano, que
tado na economia favoreceram, dentro de cada país e internacio- atingiu a elite economicamente dominante das cidades prósperas.
nalmente, a disputa por mercados, o aumento da concorrência e a Caracterizou-se não apenas pela mudança na qualidade da obra in-
busca do lucro. Assim, uma das principais virtudes dessa sociedade telectual, mas também pela alteração na quantidade da produção
efervescente era a capacidade de competição, uma das caracterís- em sentido crescente. Entre os fatores que influenciaram esse cres-
ticas da burguesia. cimento quantitativo, destacam-se:

3
HISTÓRIA
- Desenvolvimento da imprensa – por intermédio do alemão Artes plásticas
Johann Gutenberg (1398-1468) foi desenvolvido o processo de A arte da Renascença, tanto na Itália quanto no norte europeu,
impressão com tipos móveis de metal, dando-se um grande passo teve grande parte de seus modelos na Idade Média., em especial na
para a divulgação da literatura em maior escala. Surgiram famosos pintura produzida por Giotto di Bondone e Fra Angelico e nos escul-
impressores, que passaram a divulgar os ideais humanistas do Re- tores do século XIII. Aquele que é considerado o precursor da pintura
nascimento. com noções claras de profundidade e proporção geométrica – caracte-
- A ação dos mecenas – homens ricos, conhecidos como me- rísticas centrais da pintura renascentista – foi Piero della Francesca. No
cenas, estimularam o desenvolvimento cultural, patrocinando o século XVI, os grandes nomes das artes plásticas italiana foram Leonar-
trabalho de artistas e intelectuais renascentistas. Entre os grandes do da Vinci, Michelangelo Buonarroti e Rafael Sanzio. Outros vieram
mecenas, encontram-se banqueiros, monarcas e papas. mais tarde, como Caravaggio e Tintoretto (italianos), El Greco (grego
radicado na Espanha), Velázquez (espanhol) e Rembrandt (holandês) –
A importância do humanismo esses dois últimos já identificados com a escola do Barroco.
O Renascimento não pode ser separado do humanismo, mo- Os temas abordados por esses artistas variavam entre os clássi-
vimento amplo (séculos XV e XVI) pelo qual o homem torna-se o cos e os cristãos. A Igreja Católica era um dos grandes financiadores
centro das preocupações intelectuais. desses artistas, assim como outros mecenas (termo que remonta
O termo humanista designava, inicialmente, um grupo de pes- ao patrocinador de artistas da época do imperador Augusto, Caio
soas que, mesmo antes do século XV, dedicava-se à reformulação Mecenas), como os membros da família Médici – sendo Cosme de
dos estudos ministrados nas universidades. O objetivo era dar nova Médici o mais famoso entre eles.
orientação ao ensino universitário através dos estudos humanísti-
cos, que abrangiam matérias como filosofia, história, poesia e elo- Literatura e filosofia
qüência. Nesses estudos, considerava-se como elemento indispen- No campo das letras, pensamento político e filosófico, bem
sável o conhecimento do grego e do latim, uma vez que utilizavam, como das artes cênicas, o Renascimento é saturado de exemplos. Três
permanentemente, textos da Antiguidade Clássica. nomes são importantíssimos para se entender o desenvolvimento
Embora fossem, em sua maioria, cristãos, os humanistas eram da literatura renascentista: Francesco Petrarca, Giovanni Boccaccio e
Dante Alighieri. Foram esses três literatos que deram a base para o
grandes admiradores da cultura greco-romana, desenvolvida antes
tipo de literatura escrita em vernáculo (isto é, na língua comum a cada
do nascimento de Cristo. Estavam dispostos a revitalizar o cristia-
povo que estava se formando na Europa daquela época). Francisco Sá
nismo, tendo como base certas idéias da Antiguidade que aponta-
de Miranda e Luís de Camões, em Portugal, consolidaram por meio de
vam para a valorização da liberdade individual, bem como para a
suas obras a língua portuguesa. Cervantes e Calderón de la Barca, o
crença no poder da razão.
espanhol. Shakespeare e Chistopher Marlowe, o inglês, etc.
Não demorou muito para que o termo humanista adquirisse
No campo da filosofia houve grandes reflexões sobre política e
um sentido amplo, passando a ser aplicado a todas as pessoas (ar-
teologia na obra de autores como Thomas Hobbes e Thomas Morus,
tistas, clérigos e intelectuais) inconformadas coma a cultura tradi- na Inglaterra; Maquiavel, na Itália; e Jean Bodin, na França. Esse auto-
cional da Idade Média. Pessoas que se revelam dispostas a cons- res contribuíram para a reflexão sobre o Estado Moderno. Bodin, por
truir um novo sistema de valores para uma época marcada pelo exemplo, é considerado o pai intelectual do Absolutismo Monárquico.
desenvolvimento da competição comercial. Outras reflexões filosóficas tiveram como preocupação central
A nova visão de mundo teria como elementos essenciais a exal- o Humanismo, isto é, um tipo de reflexão sobre a natureza humana
tação do indivíduo e a confiança em suas potencialidades racionais. e seus problemas diante do mundo e de Deus. Erasmo de Rotterdan
Otimistas quanto ao futuro humano, os humanistas demonstravam e Michel de Montaigne estão entre os principais autores dessa cor-
acreditar na construção de uma sociedade mais feliz, baseada no rente. O Humanismo pode ser constatado nas obras de literatos e
progresso das ciências e na difusão educacional dos conhecimen- dramaturgos do período também, como os citados acima.
tos.
Ciência
A diversidade do Renascimento Foi também no período do Renascimento que houve o desen-
Apesar do esforço para apresentar os elementos comuns que volvimento dos principais traços da ciência moderna, como a prá-
marcaram o Renascimento, devemos ter em mente que esse mo- tica da anatomia – com o estudo de cadáveres – e a observação
vimento histórico, desenvolvido em diferentes regiões geográficas astronômica. A moderna física começou com estudiosos que passa-
da Europa Ocidental, não foi algo uniforme ou sempre coerente em ram a se valer de instrumentos para ampliar o sentido da visão. Foi
suas manifestações. o caso de Johannes Kepler e Tycho Brahe, que exerceram grande
O rótulo Renascimento abrangeu manifestações intelectuais e influência sobre Galileu Galilei e, depois, Isaac Newton.
artísticas de grande variedade, que muitas vezes se assemelhavam No período final da era medieval, o mundo que os europeus
entre si, mas outras vezes eram diferentes e até contraditórias. conheciam se resumia ao Oriente Médio, ao norte da África e às
Entretanto, o traço comum a todas essas manifestações foi a Índias, nome genérico pelo qual designavam o Extremo Oriente,
busca de alternativas para a sociedade da época, embora nem to- isto é, leste da Ásia. Grande parte dos europeus conhecia apenas o
das as soluções apresentadas apontassem para a mesma direção. Extremo oriente por meio de relatos, como o do viajante veneziano
Marco Polo, que partiu de sua cidade em 1271, acompanhando seu
O que “renasceu” no período do Renascimento, portanto, não pai e seu tio em uma viagem àquela região. A América e a Oceania
foi a cultura clássica pagã pura e simplesmente. O que renasceu foi eram totalmente desconhecidas pelos europeus.
a cultura urbana, a cultura ligada às cidades, com amplo comércio, Desta forma, mesmo as informações de que os europeus dis-
vida intelectual e apreciação artística, como ocorria nas cidades-Es- punham sobre muitas das regiões conhecidas eram imprecisas e
tado da Antiguidade Clássica. Contudo, o Renascimento não rom- estavam repletas de elementos fantasiosos. Durante os séculos XV
peu com o cristianismo; ao contrário, o resgate dos elementos da e XVI, exploradores europeus, mas principalmente portugueses e
cultura clássica deu mais vigor à tradição cristã. espanhóis, começaram a aventurar-se pelo “mar desconhecido”,
isto é, pelo oceano Atlântico e também pelo Pacífico e Índico dando
início à chamada Era das Navegações e Descobrimentos Marítimos.

4
HISTÓRIA

As primeiras rotas das grandes navegações

No decorrer do século XV, os países europeus que quisessem comprar especiarias (pimenta, açafrão, gengibre, canela e outros tempe-
ros), tinham que recorrer aos comerciantes de Veneza ou Gênova, que possuíam o monopólio destes produtos. Com acesso aos mercados
orientais, Índia era o principal centro comercial, os burgueses italianos cobravam preços exorbitantes pelas especiarias do oriente. O canal
de comunicação e transporte de mercadorias vindas do oriente era o Mar Mediterrâneo, dominado pelos italianos. Encontrar um novo
caminho para as Índias era uma tarefa difícil, porém muito desejada. Portugal e Espanha desejavam muito ter acesso direto às fontes
orientais, para poderem também lucrar com este interessante comércio.
Com isso, um outro fator importante, que estimulou as navegações nesta época, era a necessidade dos europeus de conquistarem
novas terras. Eles queriam isso para poder obter matérias-primas, metais preciosos e produtos não encontrados na Europa. Até mesmo a
Igreja Católica estava interessada neste empreendimento, pois, significaria novos fiéis.
Sendo assim, os reis também estavam interessados, tanto que financiaram grande parte dos empreendimentos marítimos, pois com o
aumento do comércio, poderiam também aumentar a arrecadação de impostos para os seus reinos. Mais dinheiro significaria mais poder
para os reis absolutistas da época.
A Dinastia Portuguesa foi pioneira nas grandes navegações dos séculos XV e XVI devido a uma série de condições encontradas neste
país ibérico. A grande experiência em navegações, principalmente da pesca de bacalhau, ajudou muito Portugal. As caravelas, principal
meio de transporte marítimo e comercial do período, eram desenvolvidas com qualidade superior à de outras nações. Portugal contou
com uma quantidade significativa de investimentos de capital vindos da burguesia e também da nobreza, interessadas nos lucros que
este negócio poderia gerar. Neste país também houve a preocupação com os estudos náuticos, pois os portugueses chegaram a criar um
centro de estudos: A Escola de Sagres.
O processo de navegação nos séculos XV e XVI era uma tarefa muito arriscada, principalmente quando se tratava de mares desconhe-
cidos. Era muito comum o medo gerado pela falta de conhecimento e pela imaginação da época. Muitos acreditavam que o mar pudesse
ser habitado por monstros, enquanto outros tinham uma visão da terra como algo plano e, portanto, ao navegar para o “fim” a caravela
poderia cair num grande abismo.
Dentro dessa perspectiva, planejar a viagem era de extrema importância. Os europeus contavam com alguns instrumentos de navegação
como, por exemplo: a bússola, o astrolábio e a balestilha. Estes dois últimos utilizavam a localização dos astros como pontos de referência.
Também se fazia necessário utilizar um meio de transporte rápido e resistente. As caravelas cumpriam tais objetivos, embora ocorressem
naufrágios e acidentes. As caravelas eram capazes de transportar grandes quantidades de mercadorias e homens. Numa navegação participavam
marinheiros, soldados, padres, ajudantes, médicos e até mesmo um escrivão para anotar tudo o que acontecia durantes as viagens.
Portanto, no ano de 1498, Portugal realiza uma das mais importantes navegações: é a chegada das caravelas, comandadas por Vasco
da Gama às Índias. Navegando ao redor do continente africano, Vasco da Gama chegou à Calicute e pôde desfrutar de todos os benefí-
cios do comércio direto com o oriente. Ao retornar para Portugal, as caravelas portuguesas, carregadas de especiarias, renderam lucros
fabulosos aos lusitanos. Outro importante feito foi a chegada das caravelas de Cabral ao litoral brasileiro, em abril de 1500. Após fazer um
reconhecimento da terra “descoberta”, Cabral continuou o percurso em direção às Índias.
Em função destes acontecimentos, Portugal tornou-se a principal potência econômica da época.
Porém, a Espanha também se destacou nas conquistas marítimas deste período, tornando-se, ao lado de Portugal, uma grande po-
tência. Enquanto os portugueses navegaram para as Índias contornando a África, os espanhóis optaram por um outro caminho. O genovês
Cristóvão Colombo, financiado pela Espanha, pretendia chegar às Índias, navegando na direção oeste. Em 1492, as caravelas espanholas,
Santa Maria, Pinta e Niña partiram rumo ao oriente navegando pelo Oceano Atlântico.

5
HISTÓRIA
Cristóvão Colombo tinha o conhecimento de que nosso pla- No que tange ao processo de ocupação da América Inglesa,
neta era redondo, porém desconhecia a existência do continente temos algumas características diferentes, pois o processo de ocu-
americano. Chegou em 12 de outubro de 1492 nas ilhas da América pação da América do Norte por Ingleses teve início no século XVII e
Central, sem saber que tinha atingido um novo continente. Foi so- foi dividido entre duas companhias de comércio distintas, que apli-
mente anos mais tarde que o navegador Américo Vespúcio identifi- caram modelos de exploração igualmente distintos.
cou aquelas terras como sendo um continente ainda não conhecido Portanto, os territórios ao sul, formado pelas colônias da Geór-
dos europeus. Em contato com os índios da América, conhecidos gia, Carolina do Sul, Carolina do Norte e Virgínia e Maryland, ad-
como maias, incas e astecas. Portanto, os espanhóis começaram ministrado pela Companhia de Londres, foi moldado segundo o
um processo de exploração destes povos, interessados na grande padrão de exploração português e espanhol, sendo aplicado uma
quantidade de ouro, além de retirar as riquezas dos indígenas ame- colônia de exploração, baseado no sistema de Plantation, ou seja,
ricanos, os espanhóis destruíram suas culturas. ao sul investiu-se na produção de gêneros tropicais com a utilização
de mão de obra escrava africana, e voltada para o mercado exter-
Colonização, escravidão e sociedade nas Américas espanhola, no. Como resultado temos uma sociedade de base aristocrática.
inglesa e francesa Porém, nass colônias do Norte, Delaware, Pensilvânia, Nova
Os conquistadores espanhóis que vieram para ocupar a Amé- York, Nova Inglaterra, Massachussetts, Connecticut, New Hempshi-
rica Colonial acreditavam, inicialmente, que a atividade colonial re, Rhode Island e Nova Jersey, foram administradas pela Compa-
representava a chance de obtenção de riquezas, sobremaneira em nhia de Plymouth, obedeceram a um estilo diferente de coloniza-
virtude do imediato contato com metais preciosos extraído pelos ção, onde o foco não foi propriamente o acumulo de capital e as
povos indígenas em determinadas regiões da América espanhola. práticas mercantilistas.
Com isso, tal fato terá grande influência sobre a destruição
das culturas e populações indígenas, sendo o metalismo a maneira Por, todavia, o motivo para este diferente sistema tem relação
mais fácil de implementar o mercantilismo. O acumulo de metais é com as constantes perseguições religiosas que ocorriam em territó-
mais prático do que o desenvolvimento de culturas agrícolas que rio inglês desde a instituição das religiões protestantes.
demandam etapas que requerem maior investimento, e sobrema- Sendo assim, entre as centenas de colonos que migraram para
neira tempo para gerar capital. as colônias do Norte estavam os chamados puritanos (Calvinistas
Sendo assim, a partir de 1519 tem início o processo de ocupa- Ingleses), que viram na migração para a América Colonial em busca
ção da América por Hernán Cortez, na região do México, território de maior segurança para a prática de sua Fé. Assim, a região foi
da cultura asteca. Diego Almagro e Francisco Pizarro fizeram o mes- marcada desde cedo pelas o desejo de desenvolvimento, investin-
mo ao dominar os Incas e as minas de prata de Potosí, região do do-se na produção familiar dos mais diversos gêneros e atividades,
atual Peru, entre 1531 e 1534. Foi um marco de aceleração pelos com vistas para a formação e fortalecimento de um mercado in-
espanhóis na América Colonial. Tendo dominado as regiões, a Co- terno.
roa Espanhola deu início ao processo de ocupação e colonização, Quando pensamos em colonização Francesa nas Américas,
adotando inicialmente o sistema de “Adelantado”, que autorizava a precisamos destacar que os Franceses inicialmente se dedicaram
exploração de determinada região mediante a cobrança de impos- ao contrabando e pirataria, bem como a invasão de territórios por-
tos e taxas, dentro do sistema de exclusivo comercial. tugueses e espanhóis, visto que estes dois últimos possuíam mais
Porém, a presença da autoridade do Estado Espanhol só fez territórios e buscavam ocupá-los para protegê-los. No entanto, o
aumentar ao longo dos anos subsequentes e novas formas de or- contingente colonial não era suficiente para garantir a posse das
ganização seriam implementadas. Dessa forma, todo o território terras.
colonial espanhol foi posteriormente dividido em duas formas de Portanto, nesse contexto a França invadiu o Brasil Colônia por
organização: Vice-Reinos e Capitanias Gerais. duas vezes instalando a França Antártica (Rio de Janeiro) e França
Portanto, nos Vice-Reinos a principal atividade econômica re- Equinocial (Maranhão), mas tais ocupação foram duramente expul-
metia a exploração ou escoamento dos metais precisos, enquanto sas pelas forças portuguesas.
as Capitanias Gerais dedicavam-se a produção agrícola, muitas ve- Desta forma, ao norte do continente americano os franceses
zes destinada para o abastecimento dos Vice-Reinos. Todavia, na instalaram duas colônias, Quebec (Canadá) e Louisiana (Centro dos
produção agrícola e pecuária voltadas para a exportação havia a Estados Unidos), além do Haiti, Tobago, Martinica, Guadalupe nas
predominância de produtos tropicais como açúcar, cacau, tabaco, Antilhas (América Central). Juntamente com os Holandeses ocupa-
entre outros. ram as Guianas ao norte da América do Sul.
Diferente de Portugal, a Espanha optou pela exploração do tra- A colonização francesa na América do Norte, gerou insatisfa-
balho compulsório indígena, ao invés da utilização da mão-de-obra ções e conflitos entre eles o os Ingleses, ocasionando assim, a Guer-
cativa africana, o que não quer dizer que não existiam escravos afri- ra dos Sete Anos (1756-1763), fato esse, que acelerou o processo
canos na América Colonial Espanhola. Existiam, porém, em menor de independência da América do Norte.
número. A exploração do trabalho forçado indígena se deu de duas
diferentes maneiras: Mita e Encomienda. Renascimento, Renascentismo ou Renascença
Essa sociedade na sociedade da América Colonial Espanhola O Renascimento, Renascentismo ou Renascença são os ter-
desenvolveu um modelo próprio, com diferentes castas sociais. No mos usados para identificar o período da história europeia apro-
topo da pirâmide encontravam-se os Chapetones, espanhóis de ximadamente entre meados do século XIV e o fim do século XVI.
nascimento que migraram para a América e ocupavam os maiores Os estudiosos, contudo, não chegaram a um consenso sobre essa
postos dentro da hierarquia colonial. cronologia, havendo variações consideráveis nas datas conforme o
Sendo assim, um pouco abaixo estavam os Criollos, filhos de autor. Apesar das transformações serem bem evidentes na cultura,
espanhóis nascidos na América, formavam a elite, eram comercian- economia, política, sociedade e religião, caracterizando a transição
tes e fazendeiros que formaram a elite política do território colo- do feudalismo para o capitalismo e significando uma evolução em
nial espanhol. Por fim, mestiços, indígenas e negros formavam as relação às estruturas medievais, o termo é mais comumente em-
camadas mais baixas da sociedade, com poucos ou nenhum direito, pregado para descrever seus efeitos nas artes, nas ciências e na
eram explorados por Chapetones e Criollos. filosofia.

6
HISTÓRIA
Desta forma, chamou-se Renascimento em virtude da intensa As emoções humanas começaram a ser mais valorizadas pelos
revalorização das referências da Antiguidade Clássica, que nortea- artistas;
ram um progressivo abrandamento da influência do dogmatismo Ênfase no antropocentrismo, ou seja, o homem no centro do
religioso e do misticismo sobre a cultura e a sociedade, com uma universo;
concomitante e crescente valorização da racionalidade, da ciência - Período de transição entre Idade Média e Renascimento;
e da natureza. Neste processo o ser humano foi revestido de uma - Valorização do racionalismo e do método científico;
nova dignidade e colocado no centro da Criação, e por isso deu-se - Valorização de debates e opiniões divergentes;
à principal corrente de pensamento deste período o nome de hu- - Valorização do ser humano;
manismo. - Surgimento da burguesia;
Esse movimento se manifestou primeiro na região italiana da - Afastamento de dogmas.
Toscana, tendo como principais centros as cidades de Florença e
Siena, de onde se difundiu para o resto da Península Itálica e de- Reforma e Contrarreforma
pois para praticamente todos os países da Europa Ocidental, im- O processo de formação da Reforma Protestante foi marcado
pulsionado pelo desenvolvimento da imprensa e pela circulação de como a grande transformação religiosa da época moderna, pois
artistas e obras. A Itália permaneceu sempre como o local onde o rompeu a unidade do Cristianismo no Ocidente, promovendo uma
movimento apresentou sua expressão mais típica, porém manifes- nova visão religiosa a população europeia.
tações renascentistas de grande importância também ocorreram As insatisfações e críticas a igreja, ocorriam a muitos anos, po-
na Inglaterra, França, Países Baixos, Alemanha e Península Ibérica. rém, foi no dia 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero fixou na
A difusão internacional dos referenciais italianos produziu em porta da igreja do Castelo as 95 teses que criticavam certas práticas
geral uma arte muito diferente dos seus modelos, influenciada por da Igreja Católica. Atualmente, luteranos de todo mundo comemo-
tradições regionais, que para muitos é melhor definida como um ram neste dia o “Dia da Reforma Protestante”.
novo estilo, o Maneirismo. O termo Renascimento foi registrado Com isso, esse processo de centralização monárquica que
pela primeira vez por Giorgio Vasari no século XVI, um historiador dominava a Europa desde o final da Idade Média, tornou tensa a
que se empenhou em colocar Florença como a protagonista de to- relação entre reis e Igreja. Até este momento, a Igreja Católica cen-
das as inovações mais importantes, e seus escritos exerceram uma tralizava o domínio espiritual sobre a população e do poder políti-
influência decisiva sobre a crítica posterior. co-administrativo dos reinos.
Sendo assim, por muito tempo o período foi visto nos Estados Sendo assim, a Igreja que era a possuidora de grandes exten-
Unidos e Europa como um movimento homogêneo, coerente e sões de terra, que recebia tributos feudais controlados em Roma
sempre progressivo, como o período mais interessante e fecundo pelo Papa. Com o fortalecimento do Estado Nacional Absolutista,
desde a Antiguidade, e uma de suas fases, a Alta Renascença, foi essa prática passou a ser questionada pelos monarcas que deseja-
consagrada como a apoteose da longa busca anterior pela expres- vam reter estes impostos no reino.
são mais sublime e pela mais perfeita imitação dos clássicos, e seu Desta forma, os camponeses também estavam descontentes
legado artístico foi considerado um insuperável paradigma de qua- com a Igreja. Na Alemanha, os mosteiros e bispados possuíam
lidade. Porém, estudos realizados nas últimas décadas têm revisado imensas propriedades. Muitas vezes, os bispos e os abades viviam
essas opiniões tradicionais, considerando-as pouco substanciais ou às custas dos trabalhadores da cidade e dos campos.
estereotipadas, e têm visto o período como muito mais complexo, A Igreja condenava as práticas capitalistas nascentes, entre
diversificado, contraditório e imprevisível do que se supôs ao longo elas a “usura”, a cobrança de juros por empréstimos, eram consi-
de gerações. O novo consenso que se firmou, porém, reconhece o deradas pecado. Defendia a comercialização sem direito a lucro e
Renascimento como um marco importante na história da Europa, o “justo preço”. Isto reduzia o poder de investimento da burguesia
como uma fase de mudanças rápidas e relevantes em muitos do- mercantil e manufatureira.
mínios, como uma constelação de signos e símbolos culturais que
definiu muito do que a Europa foi até a Revolução Francesa, e que O movimento religioso conhecido como Contrarreforma, de
permanece exercendo larga influência ainda nos dias de hoje, em modo geral, consistiu em um conjunto de medidas tomadas pela
muitas partes do mundo, tanto nos círculos acadêmicos como na Igreja Católica com o surgimento das religiões protestantes. Longe
cultura popular. de promover mudanças estruturais nas doutrinas e práticas do ca-
Quando pensamos em humanismo, devemos destacar que tolicismo, a Contrarreforma estabeleceu um conjunto de medidas
foi um movimento intelectual iniciado na Itália no século XV com que atuou em duas vias: atuando contra outras denominações reli-
o Renascimento e difundido pela Europa, rompendo com a forte giosas e promovendo meios de expansão da fé católica.
influência da Igreja e do pensamento religioso da Idade Média. O Sendo assim, uma das principais medidas tomadas foi a cria-
teocentrismo (Deus como centro de tudo) cede lugar ao antropo- ção da Companhia de Jesus. Designados como um braço da Igreja,
centrismo, passando o homem a ser o centro de interesse. os jesuítas deveriam expandir o catolicismo ao redor do mundo.
Sendo assim, em um sentido amplo, humanismo significa va- Contando com uma estrutura hierárquica rígida, os jesuítas foram
lorizar o ser humano e a condição humana acima de tudo, e isso, os principais responsáveis pelo processo de catequização das popu-
está relacionado com generosidade, compaixão e preocupação em
lações dos continentes americano e asiático. Utilizando um sistema
valorizar os atributos e realizações humanas.
de rotinas e celebrações religiosas regulares, a Companhia de Jesus
Com isso, o humanismo procura o melhor nos seres humanos
conseguiu converter um grande número de pessoas nos territórios
sem se servir da religião, oferecendo novas formas de reflexão so-
coloniais europeus.
bre as artes, as ciências e a política. Além disso, o movimento revo-
Portanto, com a Inquisição, instaurada pelo Tribunal do Santo
lucionou o campo cultural e marcou a transição entre Idade Média
Oficio, outra instituição eclesiástica criada na Contrarreforma, teve
e a Moderna.
como principal função combater o desvio dos fiéis católicos e a ex-
Portanto, especificamente no campo das ciências, o pensa-
mento humanista resultou em um afastamento dos dogmas e dita- pansão de outras denominações religiosas. Além de perseguir pro-
mes da igreja e proporcionou grandes progressos em ramos como testantes, a Santa Inquisição também combateu judeus e islâmicos,
a física, matemática, engenharia e medicina. Desta forma, entre as que eram considerados pecadores e infiéis. Entre outras formas,
principais características do humanismo destaca-se: a Inquisição atuava com a abertura de processos de investigação

7
HISTÓRIA
que acatavam denúncias contra hereges e praticantes de bruxaria. Várias aldeias podiam estar articuladas umas às outras, for-
Caso fossem comprovadas as denúncias, o acusado era punido com mando uma espécie de confederação, que prestava obediência a
sanções que iam desde o voto de silêncio até a morte na fogueira. um conselho de chefes.
Desta forma, em 1542, o Concílio de Trento, uma reunião dos Além das confederações de aldeias, havia reinos, que eram so-
principais líderes da Igreja organizada pelo papa Paulo III, selou o con- ciedades com uma capital, na qual morava um chefe ainda mais
junto de medidas tomadas pela Contrarreforma. No Concílio de Trento poderoso, com autoridade sobre todos os outros chefes. Nas capi-
estabeleceu-se o princípio de infalibilidade papal e a declaração do Ín- tais havia concentração de riqueza e poder, de pessoas, de oferta
dex, conjunto de livros proibidos pela Igreja. Além disso, a Vulgata foi de alimentos e serviços. E existiam ainda sociedades organizadas
estabelecida como versão oficial da Bíblia Sagrada, foi proibida a venda em cidades, mas não chegavam a formar um reino. Por trás de seus
de indulgências e todas as doutrinas católicas foram reafirmadas. muros, funcionavam os mercados, moravam os comerciantes e os
vários chefes, que tinham diferentes atribuições e viviam em torno
do rei.
A COLONIZAÇÃO EUROPEIA NA ÉPOCA MODERNA: A Reino de Axum
ÁFRICA NA ROTA DO EXPANSIONISMO E DO COLO- Os primeiros habitantes do reino de Axum, no território da
NIALISMO EUROPEU; A ÁFRICA POR DENTRO: MANI- atual Etiópia, eram originários do sul da península Arábica. No sécu-
FESTAÇÕES CULTURAIS, SOCIEDADES POLÍTICA/IMPÉ- lo VII a.C., já dominavam a agricultura e a criação de bois, ovelhas,
RIOS, ECONOMIA (DO COLONIALISMO MODERNO AOS cabras e cavalos. Provavelmente conheciam o arado e tinham uma
DIAS ATUAIS); AS CIVILIZAÇÕES “PRÉ-COLOMBIANAS”; escrita de caracteres semíticos.
A COLONIZAÇÃO EUROPEIA NO CONTINENTE AME- Com o passar dos séculos, seus primeiros acampamentos e al-
RICANO; AMÉRICA ESPANHOLA; AMÉRICA PORTU- deias cresceram e se transformaram em centros comerciais. A cida-
GUESA; AMÉRICA INGLESA; A PRESENÇA FRANCESA E de de Adúlis, no litoral do mar Vermelho, por exemplo, tornou-se
HOLANDESA NA AMÉRICA COLONIAL um movimentado porto. Mas foi na cidade de Axum, no planalto
etíope, onde se desenvolveu um intenso comércio de marfim, plu-
REINOS AFRICANOS E ESCRAVOS NO PERÍODO COLONIAL magens variadas, obsidiana, ouro e sal no início da Era Cristã.
A atividade comercial levou a cidade a enriquecer e a se expan-
Continente Africano dir, conquistando territórios vizinhos. Inicialmente, ao se constituir
A África está dividida pelo deserto do Saara em duas regiões. como reino, ocupava cerca de 48 mil quilômetros quadrados. Com
Considerado o maior deserto quente do mundo, o Saara atravessa o processo de expansão, Axum dominou territórios na península
dez países na direção leste-oeste1. Arábica: logo passou a controlar o tráfico de mercadorias do inte-
A África setentrional é assim conhecida por se localizar ao nor- rior para o litoral do mar Vermelho e o comércio entre o vale do rio
te do deserto. A África subsaariana é a região localizada ao sul do Nilo e a cidade de Adúlis.
Saara. Na África setentrional, surgiram e desenvolveram-se civiliza- Sua prosperidade cresceu a tal ponto que, na segunda metade
ções bem diversas, como a dos egípcios e a dos cartagineses. do século III, os axumitas começaram a cunhar moedas de ouro,
A ocupação da África subsaariana, por sua vez, foi afetada por prata e cobre.
fatores de ordem geográfica e ambiental: solo pouco fértil para o A característica religiosa dominante do reino de Axum era o
cultivo agrícola e grandes áreas cobertas por florestas, por exem- politeísmo até o século IV, quando o rei Ezana foi o primeiro a se
plo. A abundância de terras, aliada à baixa densidade demográfica, converter ao cristianismo. A partir de então, a população de Axum
contribuiu para que, até o século XV da Era Cristã, prevalecessem na tornou-se predominantemente cristã. Alguns séculos depois, os
África subsaariana povos dedicados à caça e à coleta de alimentos. muçulmanos (em processo de expansão), a pretexto de combater
Paralelamente, algumas populações se sedentarizaram, cons- a pirataria no mar Vermelho, dominaram e destruíram o porto de
tituindo sociedades que exerceriam grande influência na história Adúlis. Gradativamente, o reino de Axum se enfraqueceu até desa-
do continente. parecer, devido a novas invasões muçulmanas.

Organização Política e Social Reino de Sahel


Algumas sociedades africanas antigas formaram grandes rei- O Sahel é a faixa de terra na África entre o deserto do Saara,
nos. Outras eram agrupamentos muito pequenos de caçadores e ao norte, e a floresta tropical úmida, ao sul. Os primeiros assenta-
coletores, que plantavam visando apenas ao sustento do grupo. mentos ali ocorreram entre 600 a.C. e 200 a.C., junto a oásis e rios.
No entanto, todas se organizavam com base na fidelidade ao che- Surgiram depois aldeias, cidades, e o comércio se expandiu.
fe e nas relações de parentesco. Os casamentos tinham a função Essas comunidades se tornaram mais complexas com o tempo
de garantir e consolidar as alianças entre os grupos. Quanto mais e se transformaram em Estados governados por um rei. O desen-
mulheres os homens tivessem, mais amplos seriam os laços de so- volvimento comercial permitiu que alguns desses Estados se tor-
lidariedade e fidelidade. nassem mais ricos e poderosos e passassem a dominar seus vizi-
Quanto mais pessoas um chefe tivesse sob sua dependência e nhos mais fracos, dando origem a reinos como Gana e Mali.
proteção, mais sólida seria sua posição e maiores o seu poder e o O ouro de Gana
seu prestígio. A forma mais comum de organização das sociedades Localizado onde hoje se situa a Mauritânia, o reino de Gana
eram as aldeias. Todos os integrantes eram subordinados ao chefe surgiu por volta do século IV e ficou conhecido em razão de sua
da aldeia, ainda que cada família do povoado tivesse seu próprio produção de ouro. Nessa região, a extração aurífera era tão grande
líder. O chefe era o responsável pelo bem-estar de todos os que que, ao longo da Idade Média, Gana se tornou o principal fornece-
viviam na aldeia. Para isso, recebia parte do que os habitantes pro- dor do metal ao mundo mediterrâneo. Esse posto só foi perdido no
duziam. Ele era auxiliado por um conselho composto pelos líderes século XVIII, quando começou a chegar à Europa o ouro do Brasil.
de cada família. Ao contrário de outros impérios, o Reino de Gana não tinha
fronteiras delimitadas. A força de um reino não era estabelecida
1 Azevedo, Gislane. História: passado e presente / Gislane Azevedo, Reinaldo
pela extensão de seu território, mas pela quantidade de pessoas,
Seriacopi. 1ª ed. São Paulo. Ática.

8
HISTÓRIA
grupos humanos, aldeias e cidades que estivessem sob seu contro- De modo geral, os obás governavam com o auxílio de um con-
le, que pagassem tributos ao soberano e fornecessem soldados e selho composto por chefes das principais famílias e por represen-
funcionários à corte. tantes de mercadores. Escolhida por Olorum para ser o berço da
O reino dispunha de duas capitais. Em Koumbi Saleh, no sudes- humanidade, segundo a mitologia iorubá, Ilê Ifé era reconhecida
te da Mauritânia, ficavam os mercadores muçulmanos do norte da por esses povos como a cidade mais sagrada e a mais elevada na
África; na outra - ainda não encontrada pelos arqueólogos -, viviam hierarquia.
o rei e sua corte. Outras importantes cidades iorubás eram Oyó e Benin. No final
Segundo relatos de viajantes do século XI, o ouro aparecia com do século XVIII, depois de conflitos, guerras e derrotas, muitos ioru-
abundância nas pulseiras e colares do gana (o soberano), nas espa- bás foram escravizados e levados para as Américas, principalmente
das e escudos dos soldados e até nas coleiras dos cães de guarda do para a Bahia (onde eram chamados nagôs) e para Cuba. Em ambos
palácio real. No início do século XII, fatores como a desertificação os lugares, sua cultura e religião, mescladas a outras influências,
do Sahel, consequência da prática intensiva do pastoreio, e o surgi- mantêm-se vivas até hoje.
mento de novas zonas auríferas fora do domínio de Gana contribuí-
ram para o enfraquecimento do reino, que acabou conquistado por Cultura Banto
outros povos africanos. O termo banto tem conotação linguística, não étnica, pois de-
signa diversos povos africanos cujas línguas têm uma origem co-
Mali (Reino Muçulmano) mum. Segundo especialistas, eles seriam originários das terras da
Na época em que Gana perdia sua influência sobre os povos da atual fronteira entre Camarões e Nigéria. No fim do século XIII, os
África ocidental, começava a ganhar importância o reino de Mali. bantos ocupavam cerca de dois terços do continente africano, dis-
Até o século XII, o povo mandinga que habitava a região perma- tribuindo-se por áreas que vão da atual África do Sul até um pouco
neceu vassalo do Reino de Gana. Por volta de 1230, um guerreiro acima da linha do equador.
conhecido como Sundiata Keita reuniu sob seu comando diversos Viviam da caça, da pesca e da coleta de alimentos; domestica-
clãs vizinhos e se estabeleceu como soberano do Mali, adotando o vam animais e praticavam a chamada agricultura de coivara (técni-
título de mansa (rei). ca que consiste em limpar o terreno por meio do fogo). Quando se
Ao expandir seu território, o Mali passou a dominar áreas que esgotavam os recursos do lugar onde se encontravam, os bantos
iam desde o Atlântico (onde hoje ficam Senegal e Gâmbia) até o se mudavam para outra região. Em certos lugares, os bantos per-
rio Níger. Controlava, assim, grandes jazidas de ouro e importantes maneceram organizados em comunidades independentes e, em
rotas transaarianas de comércio. Seguidores do islamismo, os so- outros, estabeleceram Estados. Com essas andanças, os bantos po-
beranos do Mali faziam peregrinações a Meca, cidade sagrada dos voaram áreas muito extensas do continente africano.
muçulmanos. Um Estado banto que se destacou foi o Grande Zimbábue, sur-
Por causa dessas viagens, houve várias trocas culturais entre o gido por volta de 1300, no atual Zimbábue. Ali, os bantos se torna-
povo de Mali e os do Oriente Próximo. Aproximadamente em 1320, ram artesãos, pastores, agricultores e comerciantes, que levavam
no governo do mansa Kankan Musa, a cidade de Tombuctu era con- ouro e marfim da região para vender na costa oriental do conti-
siderada um centro de estudos islâmicos e muitos estrangeiros se nente.
mudaram para lá. Após a morte do mansa Musa, em 1337, o reino Outro reino de destaque surgiu no início do século XV, na atual
sofreu invasões e entrou em declínio. Quando os portugueses ali região do Congo: o Manicongo. Era organizado em províncias e
chegaram, no final do século XV, o Mali em nada lembrava a impor- chegou a controlar outros povos. Entre 1500 e 1889 (período da co-
tância que tivera no passado. lônia e do império no Brasil), milhões de bantos foram escravizados
e trazidos para nosso país. Assim como ocorreu com a cultura ioru-
Civilização Iorubá bá, muitas características da cultura banta encontram-se na base
O termo iorubá refere-se a vários povos subsaarianos unidos da cultura brasileira.
por laços linguísticos e culturais – efãs, ijexás, egbás, entre outros.
De acordo com evidências arqueológicas, os ancestrais iorubás ocu- O escravismo na Economia Mundial
pavam, desde a Pré-História, a confluência entre a zona da floresta O contato com os europeus desequilibrou de forma profunda
e a bacia do rio Níger, onde hoje fica o sudoeste da Nigéria e a divisa as relações que existiam anteriormente no continente africano, in-
entre Benin e Togo. cluindo a escravidão2.
Nessa região, os iorubás criaram uma civilização caracterizada Alguns grupos se especializaram em fazer guerra com o obje-
pela articulação de diversas cidades e aldeias, que formavam rei- tivo único de capturar prisioneiros para vende-los ao comércio de
nos independentes, com seu próprio oba (chefe) e suas tradições escravos. Se antes a escravidão era uma consequência dos confli-
religiosas. O aspecto comum a todos os iorubás era a crença de que tos, a partir daí passou a ser a causa deles; o escravizado, que antes
tinham a mesma origem divina. Segundo a tradição oral, o deus era uma presa de guerra, passou a ser uma mercadoria negociável
supremo era Olorum (ou Olodumaré). no mercado atlântico.
As cidades iorubás contavam com grandes centros de artesa- Os europeus formaram uma classe especial de comerciantes
nato, onde trabalhavam tecelões, marceneiros, oleiros, ferreiros, - os traficantes de escravos - e obtiveram muita riqueza ao longo
etc. Conhecedores da metalurgia, os iorubás utilizavam metais para dos séculos de escravismo moderno. Grande parte dos africanos
fabricar ferramentas e instrumentos de uso diário. escravizados obtidos pelos portugueses na África ocidental foram,
Por séculos, seus habitantes controlaram importantes rotas inicialmente, comprados na costa da Guiné, sendo quase todos da
de comércio entre o litoral e o interior do continente africano. O etnia sudanesa ocidental.
centro da civilização iorubá era Ilê Ifé, cujas origens remontam ao Guiné era o termo usado para denominar uma região mais am-
século VI, onde vivia o Oni, o obá mais poderoso da região, que era pla do que a Guiné atual, e ia da embocadura do rio Senegal até o
chefe religioso e governante. Os obás eram considerados descen- rio Orange. O centro do comércio deslocou-se depois em direção
dentes de Oduduá, filho de Olorum, e por isso tinham uma origem ao sul, para o reino banto do Congo, e posteriormente para o Reino
divina.
2 Vicentino, Cláudio. Olhares da História Brasil e Mundo. Cláudio Vicentino. José
Bruno Vicentino. Savério Lavorato Júnior. 1ª ed. São Paulo. Scipione.

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HISTÓRIA
de Angola. A enorme diversidade de grupos étnicos e de clãs com- exploração dos africanos escravizados e de seus descendentes na
prados nos portos africanos decorria não só do próprio processo de América portuguesa - tal quadro continuou após a independência
apresamento, mas também do interesse dos senhores, que prefe- do Brasil no século XIX registraram-se atos de resistência, negocia-
riam escravos de origens diferentes - ao mesclar africanos escravi- ção e rebeldia, como tentativas de assassinato de feitores e senho-
zados de diferentes etnias, cada uma com seu idioma e seus costu- res, fugas, abortos, suicídios e acordos.
mes, o proprietário buscava impedir a integração entre os cativos e Muitos escravos fugidos refugiavam-se em quilombos, comu-
dificultava a organização de resistências. nidades negras livres organizadas em locais de difícil acesso, geral-
Em Angola, o tráfico negreiro, somado a outros fatores, pro- mente nas zonas de mata fechada. O Quilombo dos Palmares, em
vocou um grande declínio demográfico na região. Mesmo assim os território do atual estado de Alagoas, naquela época pertencente à
portugueses continuaram a obter a maioria de seus escravos da- capitania de Pernambuco, foi o mais importante deles na resistên-
quela procedência; afinal, controlavam a área, não tendo ali con- cia à escravidão. Estabelecido na serra da Barriga, no começo do sé-
correntes estrangeiros, o que tornava a atividade mais lucrativa. culo XVII, Palmares era uma comunidade autossuficiente - produzia
géneros agrícolas para o próprio sustento e chegou a abrigar mais
Africanos escravizados na América de 20 mil escravos fugidos dos engenhos.
Indígenas e africanos foram escravizados na América portu- O sucesso da organização era uma ameaça aos donos de ter-
guesa. Porém, nos setores mais dinâmicos da economia colonial, ra, pois estimulava o desejo de liberdade de seus escravos e a for-
a mão de obra passou logo a ser predominantemente de origem mação de novos quilombos. Em 1678, um dos líderes de Palmares,
africana. Para toda a América portuguesa, a escravidão africana Ganga Zumba (1630-1678), firmou um acordo com o governador da
prevaleceu em áreas voltadas para a economia agroexportadora, capitania de Pernambuco, dom Pedro de Almeida.
como a da produção açucareira nordestina, desde o século XVII, e Era uma tentativa de pôr fim às guerras travadas com os por-
mais tarde também nas áreas interioranas voltadas para mineração tugueses que já duravam mais de setenta anos. O acordo garantia
(século XVIII). liberdade às pessoas nascidas em Palmares, além da concessão de
A escravidão indígena foi intensa no sudeste até o século XVIII, terras no norte de Alagoas. Contudo, o acordo dividiu os palmarinos
e, no norte, até o século XIX. Muitas explicações já foram dadas e, nas lutas que se seguiram no quilombo, Canga Zumba foi enve-
para o predomínio da escravidão africana nos centros mais dinâ- nena- do pelos dissidentes. Com sua morte, o controle de Palmares
micos da colonização, mas a interpretação mais consolidada hoje passou para as mãos de Zumbi (1655-1695). Após diversos cercos
é a de que a escravidão negra prosperou principalmente porque malsucedidos, uma expedição realizada em 1694 e liderada pelo
se tornou um bom negócio para comerciantes, sobretudo portu- bandeirante paulista Domingos Jorge Velho (1641-1705) destruiu o
gueses e ingleses, e integrou-se facilmente ao sistema comercial, que restava do quilombo. O líder Zumbi reorganizou a luta com os
que abrangia quase toda a margem do oceano Atlântico da América que haviam conseguido fugir, mas foi morto em 20 de novembro de
portuguesa. 1695. No Brasil essa data é, atualmente, celebrada como o Dia da
Para o historiador Fernando Novais, em sua obra Estrutura e Consciência Negra.
dinâmica do antigo sistema colonial (1978), o tráfico de africanos Além dos quilombos, houve a ocorrência de outras formas
escravizados para as colônias foi uma das atividades econômicas de enfrentamento dos escravos, como o ocorrido no engenho de
mais rentáveis da Idade Moderna, ao lado do comércio de especia- Santana, na Bahia, em 1789. Em uma demonstração de força, um
rias orientais, da produção de açúcar e da mineração. grupo liderado pelo escravo Gregório Luís se uniu e parou a produ-
ção de açúcar por dois anos - eles se apoderaram de ferramentas e
Os Escravos na Economia Colonial e a Luta pela Liberdade assassinaram o mestre de açúcar, supervisor responsável pelo con-
Diversos fatores determinaram a generalização do trabalho es- trole de toda a produção no engenho. O grupo também apresentou
cravo africano no Brasil, a partir do final do século XVI. A população um texto com algumas condições para que voltassem a trabalhar.
indígena se reduzia, frequentemente vitimada por epidemias ad- Segundo o historiador Clovis Moura, o movimento provavelmente
quiridas em contato com os brancos, abalada pelo trabalho forçado foi sufocado quando, após uma cilada armada pelo proprietário da
ou pela desarticulação de sua economia de subsistência. Muitos fazenda, o líder e outros rebeldes foram aprisionados.
morriam na luta de resistência contra os colonos, outros fugiam
para o interior. Além disso, a luta dos jesuítas contra a escravização CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS
dos indígenas levou os colonos a voltar-se cada vez mais para os Ainda não sabemos exatamente quando e como os primeiros
africanos. Mediante pagamento, a Coroa cedia às companhias par- humanos chegaram ao continente americano. Entre as hipóteses
ticulares o assiento, o direito de explorar o tráfico negreiro. mais aceitas para a chegada do homem à América, a mais tradi-
Na África, enquanto isso, o tráfico provocava grande desestru- cional defende que há 12 mil anos um grupo vindo da Ásia teria
turação. As guerras intertribais passaram a ser estimuladas pelos atravessado a região congelada do Estreito de Bering até a América
traficantes. Os que não morriam eram escravizados pelos vence- do Norte e de lá se deslocado em direção à América Central e à
dores e vendidos nos portos. Os chefes locais, denominados sobas, América do Sul. Essa tese é embasada em descobertas arqueológi-
vendo aí uma grande fonte de ganhos, passaram a capturar outros cas, como a de Luzia, na região de Lagoa Santa (MG), o mais antigo
africanos e a negociá-los com os traficantes em troca de fumo, teci- esqueleto humano brasileiro conhecido, que teria vivido entre 11
dos, cachaça, armas, joias, vidros e outros produtos. mil e 11,5 mil anos atrás3.
Os que sobreviviam à travessia do Atlântico eram desembar- Uma outra tese sugere que os primeiros americanos usaram
cados e vendidos nos principais portos da colônia, como Salvador, barcos para passar da Ásia para a América do Norte cerca de 15
Recife e Rio de Janeiro, completando a ligação entre o centro forne- mil anos atrás. Uma terceira teoria propõe que teriam chegado ao
cedor de mão de obra (África) e o centro produtor de açúcar (Amé- continente há mais de 60 mil anos, vindos da Oceania, após cruzar o
rica portuguesa). Oceano Pacífico. A evidência para a data são ferramentas de pedra
Para a Bahia dirigiram-se principalmente os sudaneses, trazidos e restos de fogueira de 58 mil anos achados no sítio arqueológico
da Nigéria, Daomé e Costa do Marfim, enquanto os bantos, captu- do Boqueirão da Pedra Furada, em São Raimundo Nonato (PI).
rados no Congo, Angola e Moçambique, iam para Pernambuco, Mi-
3 Guia do Estudante. Antiguidade: Civilizações pré-colombianas. Editora Abril.
nas Cerais e Rio de Janeiro. Durante todo o período que durou a
https://bit.ly/2YsniEa.

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HISTÓRIA
Milhares de anos após o homem chegar à América surgiram Os Maias eram obrigados a realizarem o rodízio das terras, pois
civilizações que dominaram boa parte do continente antes da che- estas eram pouco férteis, assim poderiam então garantir a fertilida-
gada dos europeus. Os incas, os maias e os astecas possuíam uma de delas por até 8 ou 10 anos antes de passarem para outra área
organização política, econômica e social muito semelhante à das cada vez mais distante das aldeias e cidades.
primeiras civilizações do Oriente, apesar da grande distância entre A fome foi um dos fatores que levaram a civilização Maia ao
elas no tempo e no espaço. declínio, os fatores da fome foram o esgotamento do solo próximo
as cidades e vilas e o aumento da população.
Civilização Maia A religião era a base da sociedade Maia, ela legitima o poder
Origem: América do Norte. (exercido por famílias) - poder teocrático.
Localização: fixaram-se na Península de Yucatán e suas proxi-
midade por volta de 900 a.C. Cultura
Área ocupada: pode ser dividida em duas regiões - Terras Al- Os avançados conhecimentos que os maias possuíam sobre as-
tas, formada pelas áreas hoje conhecidas como Guatemala e El Sal- tronomia (eclipses solares e movimentos dos planetas) e matemá-
vador; Terras Baixas, formada pelas áreas conhecidas com Guate- tica lhes permitiram criar um calendário cíclico de notável precisão.
mala, México e Península de Yucatán4. Na realidade, são dois calendários sobrepostos: o tzolkin, de 260
O processo de construção da civilização Maia é dividido em dias, e o haab de 365.
dois períodos, o primeiro ocorre entre 317 e 987 d. C. e o segundo O haab era dividido em dezoito meses de vinte dias, mais cinco
ocorre entre 987 e 1697 d. C. Estas datas são marcadas através dos dias livres. Para datar os acontecimentos utilizavam a “conta cur-
conhecimentos já existentes sobre a civilização. ta”, de 256 anos, ou então a “conta longa” que principiava no início
Primeira Fase: os Maias foram influenciados pelas culturas: iza- da era maia. Além disso, determinaram com notável exatidão o ano
pa e olmeca. Assim já possuíam o conhecimento de construção de lunar, a trajetória de Vênus e o ano solar (365, 242 dias). Inventa-
templos e pirâmides. Edificaram grandes cidades como Palenque, ram um sistema de numeração com base 20 e tinham noção do
Pedra Negra e Tekal, consideradas as cidades mais importantes. A número zero, ao qual atribuíram um símbolo. Os maias utilizavam
partir de 731 d.C. tem-se início um grande processo de expansão, o uma escrita hieroglífica que ainda não foi totalmente decifrada.
que levou os Maias a dominar toda a Península de Yucatán e a um A arte maia expressa-se, sobretudo, na arquitetura e na escul-
fantástico florescimento cultural. tura. Suas monumentais construções - como a torre de Palenque, o
Segunda Fase: é representada pelo apogeu e pela decadência observatório astronômico de El Caracol ou os palácios e pirâmides
da civilização Maia. Nesta segunda fase os Maias sofreram novas de Chichén Itzá, Palenque, Copán e Quiriguá - eram adornadas com
influências vindas do Norte (Região do México), o que levou às cida- elegantes esculturas, estuques e relevos.
des Maias a se desenvolverem mais, passando de centros religiosos Podemos contemplar sua pintura nos grandes murais colori-
a cidades estruturadas militarmente. dos dos palácios. Utilizavam várias cores. As cenas tinham motivos
No desenvolvimento da sociedade Maia destacam-se três ci- religiosos ou históricos. Destacam-se os afrescos de Bonampak e
dades: Chicenitza, Mayapan e Uxnal. Em 1004 é criada por estas Chichén Itzá. Também realizavam representações teatrais em que
cidades a Confederação Maia, após a confederação, dezenas de participavam homens e mulheres com máscaras, representando
cidades foram criadas nos dois séculos seguintes, gerando um au- animais.
mento no poder político da Confederação.
Entre os séculos X e XI as três principais cidades entram em Civilização Asteca
guerra, na qual Mayapan sai vitoriosa. Mayapan exerce uma he- Origem: os astecas sofreram influências dos olmecas, estes vi-
gemonia sustentada pelo militarismo. Várias revoltas explodem na veram, em tempos diferentes, na mesma região. Os olmecas cons-
região, levando Mayapan, em 1441, a ser incendiada. As guerras tituíram uma hegemonia na região, que após as invasões dos povos
acabam gerando êxodo urbano nas grandes cidades. oriundos do norte da América, chegou a seu fim.
A decadência dos Maias é gerada principalmente pelo declínio Os povos do Norte (chamados de Nahua, família linguística
da agricultura, mas outros fatores com lutas internas, catástrofes nahuatl) construíram na região mexicana a cidade de Teotihuacán
naturais (terremotos, epidemias etc.) e guerras externas foram in- por volta de 500 e 600 d. C., influenciados pela cultura olmeca, esta
fluências para a decadência Maia. cidade é uma das grandes cidades da época com enormes cons-
Quando os europeus chegaram, em 1559, os sinais do enfra- truções, pirâmides de homenagem ao Sol, a Lua e ao deus maior
quecimento era evidente e tornaram fácil a conquista. Tayasal foi a Quetzacoatl.
última cidade Maia a ser tomada pelos europeus em 1697.
Os toltecas, oriundos da América do Norte, parecem terem si-
Cidades Estados: os Maias não edificaram um Estado unifica-
dos influenciados pela cultura olmeca e se submetidos aos sacerdo-
do, centralizado. A realidade era que as cidades que se destacavam
tes da grande cidade Teotihuacán, pois deram continuidade à cultu-
exerciam o controle sobre as vilas, povoados e regiões próximas.
ra e à administração da cidade, organizando um Estado forte e uma
As cidades eram geralmente controladas por famílias e possuíam
civilização rica, chegando ao fim aparentemente devido a disputas
autonomia política e econômica.
internas e a guerras externas em 1194 d. C.
Apesar da unidade estabelecida na Confederação Maia, a regra
O povo mexica é originário da região Sul da América do Norte,
era a disputa entre as cidades por independência, novas terras, tri-
butos, matéria-prima etc. denominada Aztlán, daí o nome de Asteca. Se fixaram na região
do lago Texcoco, juntamente com outros povos e após 1325 co-
Economia e Sociedade meçaram a construção do que seria a maior cidade do século XV, a
Sua economia era baseada na agricultura, que tecnologica- grande e majestosa Tenochtitlán.
mente era primitiva, porém sua produtividade é grande, principal-
mente de milho (principal base alimentar). Essa produção gerava Localização: Região do México.
excedentes, assim era possível deslocar um grande contingente Área ocupada: a área ocupada pelos astecas foi nas proximi-
para as construções de templos, pirâmides e reservatórios de água. dades do lago Texcoco localizado no sul da América do Norte, onde
Tenochtitlán foi construída apartir de 1325 d. C.
4 UFSCAR. Antiguidade na América: Povos Pré-Colombianos História Geral II:
Texto Complementar. https://bit.ly/2Cu3pnz.

11
HISTÓRIA
Formação do Império Asteca: a formação do Império Asteca Nas atividades artísticas nota-se as influências das civilizações
teve como base a união de três cidades: a capital Tenochtitlán, olmecas e toltecas, anteriores aos astecas. A escultura em jade e
Texcoco e Tlacopán, que juntas estenderam seu poder por toda as grandes construções. A arquitetura estava ligada a religiosidade,
a região. Como eram as relações políticas entre as três cidades e sendo a forma mais frequente a pirâmide com escadaria culminan-
as demais não são muito claras, porém não era muito centralizada do em um santuário no topo.
com nos Incas. As pinturas e afrescos coloridos também tinham importância
Na confederação Asteca conviviam comunidades de diferentes nas artes astecas, na qual a figura dos escribas era importantíssima
culturas, costumes e idiomas, porem a unidade era marcada pela pois unido aos hieróglifos aparecia as pinturas.
religião, pela centralização militar e pela arrecadação de impostos De caráter religioso mais, a música e a poesia (intimamente
feitos em Tenochtitlán. As províncias da Região subordinavam-se relacionadas), eram acompanhadas de instrumentos, danças e en-
aos Astecas, de maneira a não apenas pagarem impostos, mas tam- cenações. A colonização infelizmente destruiu grande parte desta
bém serem obrigados a fornecerem contingentes militares e a se- produção cultural.
rem submetidos aos tribunais da capital.
O Império Asteca tem entre 1440 e 1520 o seu apogeu, antes Civilização Inca
de ser completamente destruído pelos colonizadores, com a che- Origem: entre o lago Titicaca e a cidade de Cuzco (Peru).
gada de Cortez, que após várias incursões em agosto de 1521 o Localização: Região oeste da América do Sul, voltada para o
império foi completamente conquistado. Pacífico.
Uma das razões da derrota dos Astecas foi o poderio militar, Área ocupada: a partir da região de origem expandiram ocu-
outro importante é que os Astecas não guerreavam para matar más pando regiões hoje conhecidas como sul da Colômbia, Equador,
para submeter os demais povos à sua dominação, para os espa- Peru, Bolívia, norte da Argentina chegando ao sul do Chile.
nhóis a guerra era de conquista e extermínio. Outro fator pequeno, O Império Inca chegou a reunir cerca de 15 milhões de pes-
mas importante foi a proliferação de doenças (a mais forte foi a soas, povos que possuíam costumes, culturas e idiomas diferentes.
epidemia de varíola), mas o fator realmente decisivo foi a união de Na região viviam povos avançados denominados pré-incaicos,
alguns povos dominados pelo Astecas com os espanhóis. estavam distribuídos por toda a costa leste da América do Sul, nas
Esses povos queriam acabar com a hegemonia dos Astecas na serras e no altiplano andino. Os povos habitavam várias regiões
região e os espanhóis eram fortes aliados, porém não imaginavam como: os chavin que viviam nas serras peruanas; os manabi no lito-
o que aconteceria após a derrota dos Astecas e a consolidação da ral do Equador; os chimu no norte do Peru; e ainda havia os chincas,
colonização espanhola. mochicas, nazca e outros.
A maioria possuía centros urbanos organizados, templos ceri-
Guerra e Economia moniais, agricultura diversificada (milho, batata e outros), alguns
A guerra tinha vínculo com aspectos religiosos e econômicos, domesticavam lhamas, vicunhas, alpacas e cachorros-do-mato. A
não destruíam os inimigos e suas riquezas, pois a ideia era subme- grande cidade era Tiahuanaco, centro cerimonial que recebia mi-
tê-los ao domínio e desfrutar das riquezas por meio dos impostos. lhares de pessoas por ano, apresenta influência dos chavin e esta-
Desta forma as regiões dominadas pelos Astecas mantinham seus beleceu-se por volta do século X d. C.
costumes, deuses, idiomas etc. Algumas vezes os Astecas negocia- Expansão e Formação do Império Inca: o Império Inca absor-
vam a rendição de determinada região ou cidade. veu as diversas culturas e colocou-as a serviço do crescente Impé-
A economia era sustentada justamente pelas regiões domina-
rio.
das, com impostos pagos em mercadorias. Estima-se que Tenochti-
O início do Império ficou marcado pela conquista dos chanca
tlán arrecadava toneladas de: milho, cacau, pimenta seca; centenas
pelo inca Yupanqui em 1438 d.C. Ele ocupou quase todo o Peru,
de litros de mel; milhares de fardos de algodão, manufaturas têx-
chegando até a fronteira com o Equador. A expansão do Império
teis, cerâmicas, armas, além de animais, aves, perfumes e papel.
levou à conquista do altiplano boliviano, norte da Argentina, Chile
A produção agrícola era baseada nos cereais, acima de tudo
(Tope Inca) e Equador, até o sul do Chile (Huayana Capac, 1493 –
no milho, que constituía a base alimentar das civilizações pré-co-
1528).
lombianas. Sendo a base alimentar destas civilizações talvez elas
O processo de expansão do Império foi interrompido devido
não teriam se constituído sem o que possibilitava o crescimento de
suas populações. a disputas entre o irmão Huascar e Atahualpa, filhos de Huayana.
A posse das terras tinha uma característica muito interessante, Huascar centralizou-se em Cuzco e Atahualpa em Quito, a rivalida-
pois o Estado detinha a posse de todas as terras e as distribuía aos de gerou uma guerra civil que enfraqueceu o império, a vitória de
templos, cidades e bairros. Nas cidades de bairros as terras tinham Atahualpa de nada serviu, pois os espanhóis liderados por Pizzaro
um caráter coletivo, pois todos os adultos tinham o direito de culti- destruíram o que sobrou do Império.
var um pedaço de terra para a sobrevivência. No final do império os
sacerdotes, comerciantes, e chefes militares se desobrigaram dessa Organização da Sociedade
prática desenvolvendo-se assim uma forma de diferenciação social. O Estado Inca era imperial capaz de controlas toda a sua ex-
tensão, o Inca era chefe do Estado, dotado de poderes sagrados
Religião e Cultura hereditários e reverenciado por todos.
De religião politeísta e astral (baseada nos astros), os Astecas Os sacerdotes eram escolhidos por ele em meio a nobreza,
foram os mais religiosos da região, seu deus mais importante era suas funções iam da manutenção dos templos, sacrifícios, adivinha-
Uizlopochtli que representava o sol do meio-dia. ções, curas milagrosas até feitiçaria e oráculos. As cerimônias eram
Mitos e ritos eram ricos e relacionados à natureza, os cultos na sua maioria para reverenciar o Deus Sol, cujo representante vivo
mais importantes estavam relacionados ao Sol. Era comum rituais era o Inca. Os sacerdotes também tinham a função de divulgar jun-
de sacrifício, na qual a guerra era grande fornecedora de prisio- to a historiadores, os mitos, lendas e histórias sobre o Inca.
neiros destinados aos sacrifícios. A energia da comunidade estava É importante notar que havia duas religiões, uma voltada para
geralmente canalizada para as atividades que envolviam os rituais, a nobreza e outra para a população pobre.
realizados com grande minúcia nas encenações e procedimentos.

12
HISTÓRIA
A integridade do Império foi conquistada devido a uma com- uma combinação de ambas. A religião inca era uma mistura de cul-
plexa burocracia administrativa e militar. Os cargos eram distri- to à natureza (sol, terra, lua, mar e montanhas) e crenças mágicas.
buídos entre a nobreza e chegaram a adquirir caráter hereditário. Os maiores templos eram dedicados ao Sol (Inti). Realizavam sacri-
Havia uma educação e formação militar. Assim como os burocratas fícios tanto de animais como de humanos.
esta camada era mantida com os tributos arrecadados.
O controle da arrecadação e o poder das cidades e ayllus (ter- AMÉRICA ESPANHOLA
ras doadas pelo Estado) era feito pelos curacas (funcionários do
Estado) e seus assistentes espalhados pelo Império. Os llactaruna Conquista Espanhola na América
(camponeses), cultivavam as terras dos Incas e dos curacas e paga- A conquista da América significou a dizimação de grande parte
vam tributos em forma de mercadoria em troca recebiam o direto dos povos nativos e a desintegração de sua cultura. Ali, os conquis-
de trabalhar nos ayllus. tadores europeus revelaram uma severa intolerância em relação
Ainda o Estado obrigava-os a trabalhar nas construções de pi- aos diferentes modos de viver e de ver o mundo das populações
râmides, caminhos, pontes, canais de irrigação e terraços. Os Incas ameríndias5.
utilizavam o sistema de mita para a extração de minerais, é um tra- As diferenças culturais e ideológicas dos colonizadores e dos
balho compulsório, não remunerado, baseado na rotação da mão- colonizados geraram diversos choques violentos e múltiplas for-
-de-obra, na qual os espanhóis utilizariam anos mais tarde. mas de dominação, composição e resistência. A integração da Amé-
Havia também artesão, curandeiros e feiticeiros, os primeiros rica ao contexto europeu ocorreu por meio do colonialismo mer-
eram considerados artistas, pintores, escultores, ceramistas, tape- cantilista. Entre as colônias e as metrópoles foi estabelecido um
ceiros, ourives entre outros; os segundos vaziam os trabalhos de ci- conjunto de normas que regulamentou suas relações - chamado
rurgiões, farmacêuticos, conhecedores de plantas medicinais entre por muitos de pacto colonial. Segundo essas normas, as metrópo-
outras atividades. les exerceriam o monopólio sobre tudo o que as colônias importas-
Os escravos eram chamados de yanaconas, a palavra é origi- sem ou exportassem - o “exclusivo comercial”.
naria da cidade de Yanacu. Em alguns momentos alguns povos con- Outro princípio estabelecia que, enquanto a metrópole se con-
quistados tornavam-se escravos, suas funções eram domésticas e centrava no comércio, mais lucrativo, a colônia se dedicaria à pro-
não trabalhavam nas plantações e nem construções. dução de gêneros agrícolas e à extração de recursos naturais. Dessa
forma, a ideia de “pacto” aqui deve ser considerada mais uma rela-
Economia e Planejamento ção de subordinação.
A base da economia Inca provinha dos ayllu, os llactaruna Os europeus viam na América um vantajoso comércio colonial,
deveriam trabalhar nas terras do Estado, dos funcionários e nas fundamental para a prosperidade das metrópoles e para a manu-
construções para possuírem uma parte de terra para sua própria tenção de um Estado centralizado e forte. Submetendo os nativos
sobrevivência. A base da produção agrícola era: milho, batata, to- e explorando seu trabalho, exterminaram grande parte das popu-
mate, abóbora e amendoim. Nas partes altas o milho era plantado lações nativas, o que causou o declínio de povos como os incas da
em terraços construídos nas encostas das serras e irrigados pelos América do Sul e os astecas do México.
canais de irrigação. Durante séculos, várias civilizações se desenvolveram no con-
Domesticavam lhama, vicunhas e alpacas para o fornecimento tinente. Calcula-se que, em fins do século XV, perto de 100 milhões
de lã, couro e transporte. O comercio era precário e restringia-se a de indígenas, pertencentes a diversos grupos étnicos, ocupavam a
bens de luxo destinados, portanto, à corte. América. Na Mesoamérica, região que vai do México à Costa Rica,
sucederam-se civilizações como as dos olmecas, dos toltecas, o Im-
Censos, Pontes e Caminhos pério Teotihuacán e as sociedades maia e asteca. Por volta do sé-
Os incas utilizavam de censo populacional para controlar o Im- culo XII, na região da cordilheira dos Andes, especialmente nos ter-
pério. Utilizavam o quipo (calculadora manual, constituía de cor- ritórios dos atuais Peru e Bolívia, diversos grupos quíchuas foram
dões coloridos e nós) nos cálculos matemáticos, os funcionários reunidos sob o vasto Império Inca, que tinha como centro a cidade
quipucamayucus realizavam o levantamento. de Cuzco e era herdeiro da cultura de civilizações precedentes.
O Estado Inca fazia uso dos censos com base para planeja- Liderados por um imperador que, além de chefe militar, era
mentos, pois dava condições de: controlar a relação população/ considerado um deus na terra, o “filho do sol”, os incas conhece-
arrecadação de impostos; a necessidade de mão-de-obra para ram seu auge entre os séculos XV e XVI, até a chegada dos espa-
determinada obra pública; controle do crescimento demográfico; nhóis à região, em 1531. Em 1525, antes da chegada dos espanhóis,
planejamento de deslocamentos da população para áreas não ex- a morte do imperador inca Huayna Cápac anunciou uma violenta
ploradas, a fim de aliviar a densidade demográfica. disputa entre seus dois filhos, Huascar (c. 1491-1533) e Atahualpa
Devido ao imenso Império, foi necessário uma infraestrutura (c. 1502-1533), abalando o poder central do império.
que permitisse a circulação de impostos, funcionários, trabalhado- Foi em meio a esse quadro que as tropas espanholas sob o
res pelo Império, desta forma foram construídas diversas pontes, comando de Francisco Pizarro (1476-1541), vistas como aliadas pelos
estradas, ao longo desses caminhos havia tambos, construções que homens de Huascar, capturaram Atahualpa, em Cajamarca. Na mesma
abrigavam alimento e água para os viajantes. época, os exércitos de Atahualpa prenderam, em Cuzco, o líder Huas-
car. Essa situação insólita em que Huascar era prisioneiro de Atahual-
Cultura pa, que, por sua vez, era prisioneiro de Pizarro, durou quase um ano.
O idioma quéchua serviu de instrumento unificador do império Em 1533, Huascar foi assassinado e Atahualpa, condenado à
inca. Como não tinham escrita, a cultura era transmitida oralmente. morte por Pizarro. A dominação espanhola, contudo, encontrou
Com um conjunto de nós e barbantes coloridos, chamados quipos, ainda uma forte resistência inca que durou mais de quarenta anos,
os incas desenvolveram um engenhoso sistema de contabilidade. até a morte do último imperador, Túpac Amaru, em 1572. A civili-
Na matemática, utilizavam o sistema numérico decimal. zação maia, cujo centro era a península de Iucatã, na região sudeste
Os artesãos eram peritos no trabalho com o ouro. Mesmo sem do atual México, teve seu apogeu entre os séculos III e X.
conhecer o torno, alcançaram um bom domínio da cerâmica. Seus 5 Vicentino, Cláudio. Olhares da História Brasil e Mundo. Cláudio Vicentino. José
vasos tinham complicadas formas geométricas e de animais, ou Bruno Vicentino. Savério Lavorato Júnior. 1ª ed. São Paulo. Scipione.

13
HISTÓRIA
Organizava-se em cidades-Estado, cujo domínio político e so- da colonização passou a ser feito na Espanha, a cargo da Casa de
cial, de caráter hereditário, era exercido por uma elite religiosa e Contratação, criada em 1503 e completada em 1511, com a criação
militar. Em torno de mais de cinquenta centros urbanos, havia al- das Audiências.
deias de camponeses submetidos à servidão coletiva. Com mais de Com o objetivo de fiscalizar os colonos - e, em 1524, pelo Con-
dois milhões de habitantes, a civilização maia foi responsável pela selho das Índias, órgão responsável pelas decisões administrativas
criação de um sofisticado sistema de escrita e desenvolveu diversos e pela escolha de representantes espanhóis da administração - os
calendários. Pouco se sabe sobre as causas de seu declínio. Suas chapetones.
cidades foram abandonadas e, na época da chegada dos espanhóis, Em 1535 foi fundado o primeiro vice-reinado - Vice-Reinado de
já não existia uma civilização maia organizada. A civilização asteca Nova Espanha -, seguindo-se a fundação em 1543 do Vice-Reinado
foi a mais grandiosa das civilizações da Mesoamérica e reunia uma do Peru, e outros, seguidos depois pelas Capitanias Gerais, sob con-
população estimada em 15 milhões de habitantes. Tinha por capi- trole do Conselho das Índias. Na colônia, cada ayuntomento, mais
tal a cidade de Tenochtitlán (atual Cidade do México), fundada em tarde chamado de Cabildo - um tipo de câmara municipal que fisca-
1325. Entre 1519 e 1521, porém, a sociedade asteca foi conquis- lizava os colonos e as propriedades públicas -, se responsabilizava
tada e destruída pelos espanhóis comandados por Hernán Cortez pela administração das cidades.
(1485-1547). Os grandes proprietários de terras nascidos na Espanha e os
criollos, descendentes de espanhóis nascidos na América, forma-
Colonização Espanhola vam a elite colonial espanhola. Várias outras autoridades comple-
A ideia de expansão da fé católica por meio da conversão dos tavam a ordem administrativa colonial.
indígenas foi utilizada por espanhóis e portugueses como justifi- A atividade comercial e a arrecadação de impostos eram rea-
cativa para a exploração da América. Até o final do século XVI, os lizadas pela Casa de Contratação, que, para melhor controlar o
espanhóis já haviam subjugado os grandes impérios Inca e Asteca, comércio colonial, instituiu o regime de “porto único». Por esse
por força de sua ganância, superioridade técnica militar (uso de ar- regime, somente um porto espanhol - de início o de Sevilha, onde
mas de fogo e cavalos, até então desconhecidos na América) e até ficava a sede da instituição - faria o comércio com a América. No
mesmo habilidade política, fazendo e desfazendo alianças, jogando Novo Mundo, os portos autorizados a realizar o comércio externo
os povos indígenas uns contra os outros. com a metrópole eram os de Veracruz (México), Porto Belo (Pana-
As doenças europeias, para as quais o organismo dos nativos má) e Cartagena (Colômbia).
não tinha defesa imunológica - como sarampo, gripe e varíola -, O sistema garantia o controle da metrópole sobre tudo o que
também foram responsáveis pelo extermínio de grande número de entrava e saía das colônias.
ameríndios.
Durante os séculos XVI e XVII, os espanhóis se concentraram BRASIL COLÔNIA
na extração de metais preciosos (ouro e prata) dos atuais México
e Peru, o que denotava o caráter de exploração das colônias Cum- Brasil: Primeiros Tempos
priam-se os objetivos das práticas mercantilistas, com a transferên- Entre 1500 e 1530, além de enviarem algumas expedições de
cia das riquezas coloniais para a metrópole espanhola. reconhecimento do litoral (guarda-costas), os portugueses esta-
Além da exploração mineira, o comando metropolitano tam- beleceram algumas feitorias no litoral do Brasil, onde adquiram
bém distribuiu terras aos colonizadores, formando as haciendas, pau-brasil dos indígenas em troca de mercadorias como espelhos,
típicas da região que corresponde ao atual Chile e de algumas áreas facas, tesouras e agulhas6.
mexicanas. As haciendas eram grandes propriedades, trabalhadas Tratava-se, portanto, de uma troca muito simples: o escambo,
por nativos, nem sempre dedicadas à monocultura. Assim como na isto é, troca direta de mercadorias, envolvendo portugueses e indí-
América portuguesa, também na América espanhola surgiram ou- genas. Os indígenas davam muito valor às mercadorias oferecidas
tras formas de propriedade agrícola, muitas dedicadas ao consumo pelos portugueses, a exemplo de tesouras ou facas, que eram rapi-
interno da área colonial. damente aproveitadas em seus trabalhos.
Para explorar as minas, os espanhóis adotaram a mita, forma Mas, em termos de valor de mercado, o escambo era mais van-
de trabalho que já existia no Império Inca. Sob a mita, os indígenas tajoso para os portugueses, pois ofereciam mercadorias baratas,
eram retirados de sua comunidade e obrigados a extrair minérios enquanto o pau-brasil alcançava excelente preço na Europa. Além
para os conquistadores em troca de uma remuneração irrisória. O disso, os indígenas faziam todo o trabalho de abater as árvores,
uso da mão de obra indígena arruinou a estrutura comunitária des- arrumar os troncos e carregá-los até as feitorias. Não por acaso,
sa população, contribuindo também para dizimá-la - vitimada pelas os portugueses incluíam machados de ferro entre as ofertas, pois
péssimas condições de trabalho nas minas. facilitavam imensamente a derrubada das árvores.
Outra forma de exploração do trabalho foi a encomienda. Por A exploração do pau-brasil, madeira valiosa para o fabrico de
esse sistema, o rei da Espanha, por meio dos administradores colo- tintura vermelha para tecidos, foi reservada corno monopólio ex-
niais, distribuía a encomenderos, obrigatoriamente espanhóis esta- clusivo do rei, sendo, portanto, um produto sob regime de estanco.
belecidos na América, o direito de explorar o trabalho de indígenas Mas o rei arrendava esse privilégio a particulares, como o comer-
em troca de oferecer-lhes uma educação cristã. Os indígenas sub- ciante Fernando de Noronha, primeiro contratante desse negócio,
metidos ao trabalho para enriquecer os espanhóis eram os sobre- em 1501.
viventes da conquista, pois na derrubada dos impérios, sobretudo
asteca e inca, milhões de nativos morreram. As estimativas mais Capitanias Hereditárias e o Governo Geral
conservadoras calculam 10 milhões de mortos, e as mais pessimis- No início do século XVI, cerca de 65% da renda do Estado por-
tuguês provinha do comércio ultramarino. O monarca português
tas falam em algumas de- zenas de milhões, só no período de insta-
transformou-se em um autêntico empresário, agraciando nobres e
lação do poder espanhol.
mercadores com a concessão de monopólios de rotas comerciais e
De início, os conquistadores com a função de efetivar a domi-
de terras na Ásia, na África e na América.
nação em nome da Coroa receberam o título de adelantados e vá-
rios privilégios. Com o sucesso dos negócios, todo o gerenciamento
6 História. Ensino Médio. Ronaldo Vainfas [et al.] 3ª edição. São Paulo. Saraiva.

14
HISTÓRIA
Apesar da rentabilidade do pau-brasil, nas primeiras décadas tos donatários não tinham recursos nem interesse para desbravar
do século XVI a importância do litoral brasileiro para Portugal era o território, atrair colonos e vencer a resistência indígena. Assim,
sobretudo estratégica. A frota da Índia, que concentrava os negó- a partir da segunda metade do século XVI, a Coroa preferiu criar
cios portugueses, contava com escalas no Brasil para reparos de capitanias reais, como a do Rio de Janeiro. Algumas delas foram
navios de reabastecimento de alimentos e água. A presença cres- mantidas como particulares e hereditárias, como a de Pernambuco.
cente de navegadores franceses no litoral, também interessados no Porém, a maior inovação foi a criação do Governo-geral, em
pau-brasil, foi vista pela Coroa portuguesa como uma ameaça. 1548, com o objetivo de centralizar o governo da colônia, coor-
Na prática, disputavam o território com os portugueses, igno- denando o esforço de defesa, fosse contra os indígenas rebeldes,
rando o Tratado de Tordesilhas (1494), pois julgavam um abuso fosse contra os navegadores e piratas estrangeiros, sobretudo fran-
esse acordo, fosse ele reconhecido ou não pelo papa. Tornou-se ceses, que acossavam vários pontos do litoral. A capitania escolhida
célebre a frase do rei francês Francisco I, dizendo desconhecer o para sediar o governo foi a Bahia, transformada em capitania real.
“testamento de Adão” que dividia o mundo entre os dois reinos Tomé de Souza, primeiro governador do Brasil, chegou à Bahia
ibéricos. em 1549 e montou o aparelho de governo com funcionários previs-
tos no Regimento do Governo-geral: o capitão-mor, encarregado
Capitanias Hereditárias da defesa militar, o ouvidor-mor, encarregado da justiça; o prove-
Para preservar a segurança da rota oriental, os portugueses or- dor-mor, encarregado das finanças; e o alcaide-mor, incumbido da
ganizaram a colonização do Brasil. A solução adorada por D. João III, administração de Salvador, capital do então chamado Estado do
em 1532, foi o sistema de capitanias hereditárias, que já havia sido Brasil.
utilizado na colonização do arquipélago da Madeira. No mesmo ano, chegaram os primeiros jesuítas, iniciando-se
O litoral foi dividido em capitanias, concedidas, em geral, a ca- o processo de evangelização dos indígenas, sendo criado, ainda, o
valeiros da pequena nobreza que se destacaram na expansão para primeiro bispado da colônia, na Bahia, com a nomeação do bispo D.
a África e para a Índia. Em suas respectivas capitanias, os donatá- Pero Fernandes Sardinha.
rios ficavam incumbidos de representar o rei no que se referia à A implantação do Governo-geral, a criação do bispado baiano e
defesa militar do território, ao governo dos colonos, à aplicação da a chegada dos missionários jesuítas foram, assim, processos articu-
justiça e à arrecadação dos impostos, recebendo, em contraparti- lados e simultâneos. Por outro lado, a Bahia passou a ser importan-
da, privilégios particulares. te foco de povoamento, tornando-se, ao lado de Pernambuco, uma
Os direitos e deveres dos donatários eram fixados na carta de das principais áreas açucareiras da América portuguesa.
doação, complementada pelos forais. Em recompensa por arcar
com os custos da colonização, os donatários recebiam vasta exten- Disputas Coloniais
são de terras para sua própria exploração, incluindo o direito de Nos primeiros trinta anos do século XVI, os grupos indígenas do
transmitir os benefícios e o cargo a seus herdeiros. litoral não sofreram grande impacto com a presença dos europeus
Além disso, eram autorizados a receber parte dos impostos de- no litoral, limitados a buscar o pau-brasil. E certo que franceses e
vidos ao rei, em especial 10% de todas as rendas arrecadadas na portugueses introduziram elementos até então estranhos à cultura
capitania e 5% dos lucros derivados da exploração do pau-brasil. dos tupis, como machados e facas, entre outros. Mas isso não alte-
Outra atribuição dos capitães era a distribuição de terras aos rou substancialmente as identidades culturais nativas.
colonos que as pudessem cultivar, o que se fez por meio da conces- A partir dos anos 1530, franceses e portugueses passaram a
são de sesmarias, cujos beneficiários ficavam obrigados a cultivar a disputar o território e tudo mudou. A implantação do Governo-ge-
terra em certo período ou a arrendá-la. No caso das terras concedidas ral português na Bahia, em 1549, não inibiu tais iniciativas. Mas foi
permanecerem incultas, a lei estabelecia que estas deveriam ser con- na segunda metade do século XVI que ocorreu a mais importan-
fiscadas e retornar ao domínio da Coroa. Mas não foi raro, no Brasil, te iniciativa de ocupação francesa, do que resultou a fundação da
burlar-se essa exigência da lei, de modo que muitos colonos se asse- França Antártica, na baía da Guanabara.
nhoravam de vastas terras, mas só exploravam parte delas.
O regime de capitanias hereditárias inaugurou no Brasil um sis- França Antártica
tema de tremenda confusão entre os interesses públicos e particu- Por volta de I1550, o cavaleiro francês Nicolau Durand de Ville-
lares, o que, aliás, era típico da monarquia portuguesa e de muitas gagnon concebeu o plano de estabelecer uma colônia francesa na
outras desse período. baía da Guanabara, com o objetivo de criar ali um refúgio para os
D. João III estabeleceu o sistema de capitanias hereditárias com huguenotes (como eram chamados os protestantes), além de dar
o objetivo específico de povoar e colonizar o Brasil. Com exceção de uma base estável para o comércio de pau-brasil. O lugar ainda não
São Vicente e Pernambuco, as demais capitanias não prosperaram.
tinha sido povoado pelos portugueses.
Em 1548, o rei decidiu criar o Governo-geral, na Bahia, com vistas a
Vlllegagnon recebeu o apoio do huguenote Gaspard de Colig-
centralizar a administração colonial.
ny, almirante que gozava de forte prestígio na corte francesa. A
ideia de conquistar um pedaço do Brasil animou também o cardeal
Governo Geral
de Lorena, um dos maiores defensores da Contrarreforma na Fran-
Foi por meio das sesmarias que se iniciou a economia açuca-
ça e conselheiro do rei Henrique II.
reira no Brasil, difundindo-se as lavouras de cana-de-açúcar e os
O projeto de colonização francesa nasceu, portanto, marca-
engenhos. Embora tenha começado em São Vicente, ela logo se de-
senvolveu em Pernambuco, capitania mais próspera no século XVI. do por sérias contradições de uma França dilacerada por conflitos
As demais fracassaram ou mal foram povoadas. Várias delas políticos e religiosos. Uns desejavam associar a futura colônia ao
não resistiram ao cerco indígena, como a do Espírito Santo. Na calvinismo, enquanto outros eram católicos convictos. Henrique II,
Bahia, o donatário Francisco Pereira Coutinho foi devorado pelos da França, apoiou a iniciativa e financiou duas naus armadas com
tupinambás. Em Porto Seguro, o capitão Pero do Campo Tourinho recursos para o estabelecimento dos colonos. Villegagnon aportou
acabou se indispondo com os colonos e enviado preso a Lisboa. na Guanabara em novembro de ISSS e fundou o Forte Coligny para
A Coroa portuguesa percebeu as deficiências desse sistema repelir qualquer retaliação portuguesa. O fator para o êxito inicial
ainda no século XVI e reincorporou diversas capitanias ao patrimô- foi o apoio recebido dos tamoios, sobretudo porque os franceses
nio real, como capitanias da Coroa. Constatou também que mui- não escravizavam os indígenas nem lhes tomavam as terras.

15
HISTÓRIA
Conflitos Internos As Missões
A colônia francesa era carente de recursos e logo se viu ator- Havia a necessidade de definir onde e como realizar a cate-
mentada pelos conflitos religiosos herdados da metrópole. Os quese. De início, os padres iam às aldeias, onde se expunham a
colonos chegavam a se matar por discussões sobre o valor dos enormes perigos. Nessa tentativa, alguns até morreram devorados
sacramentos e do culto aos santos, gerando revoltas e punições pelos indígenas.
exemplares. Em Outros casos, eles tinham de enfrentar os pajés, aos quais
Do lado português, Mem de Sá, terceiro governador-geral des- chamavam feiticeiros, guardiões das crenças nativas. Para contor-
de 1557, foi incumbido de expulsar os franceses da baía da Guana- nar tais dificuldades, os jesuítas elaboraram um “plano de aldea-
bara, região considerada estratégica para o controle do Atlântico mento”, em 1558, cujo primeiro passo era trazer os nativos de suas
Sul. Em 1560, as tropas de Mem de Sá tomaram o Forte Coligny, malocas para os aldeamentos da Companhia de Jesus dirigidos pe-
mas a resistência francesa foi intensa, apoiada pela coalizão indíge- los padres. Os jesuítas entendiam que, para os indígenas deixarem
na chamada Confederação dos Tamoios. de ser gentios e se transformarem em cristãos, era preciso deslo-
As guerras pelo território prosseguiram até que Estácio de Sá, cá-los no espaço: levá-los da aldeia tradicional para o aldeamento
sobrinho do governador, passou a comandar a guerra de conquista colonial.
contra a aliança franco-tamoia. Aliou-se aos temiminós, liderados Foi esse o procedimento que deu maiores resultados. Esta foi
por Arariboia, inimigos mortais dos tamoios. A guerra luso-francesa urna alteração radical no método da catequese, com grande impac-
na Guanabara foi também uma guerra entre temiminós e tamoios, to na cultura indígena. Os aldeamentos foram concebidos pelos je-
razão pela qual cada grupo escolheu alianças com os oponentes suítas para substituir as aldeias tradicionais. Os padres realizaram o
europeus. grande esforço de traduzir a doutrina cristã para a cultura indígena,
Em 12 de março de 1565, em meio a constantes combates, foi estabelecendo correspondências entre o catolicismo e as tradições
fundada a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Seu governo nativas.
foi confiado a Estácio de Sá, morto por uma flecha envenenada em Foi assim, por exemplo, que o deus cristão passou a ser chama-
20 de janeiro de 1567, mesmo ano em que os portugueses expulsa- do de Tupã (trovão, divinizado pelos indígenas). A doutrinação co-
ram os franceses do Rio de Janeiro. Os tamoios, por sua vez, foram lheu melhores resultados com as crianças, já que ainda não conhe-
massacrados pelos temiminós, cujo chefe, Arariboia, foi presentea- ciam bem as tradições tupis. A encenação de peças teatrais para
do com terras e títulos por seus serviços ao rei de Portugal. a exaltação da religião cristã - os autos jesuíticos - foi importante
instrumento pedagógico. Os autos mobilizavam as crianças como
França Equinocial atores ou membros do coro.
Derrotados na Guanabara, os franceses tentaram ocupar outra Mas os indígenas resistiram muito à mudança de hábitos. Os
parte do Brasil, no início do século XVII. Desta vez o alvo foi a capita- colonos, por sua vez, queriam-nos como escravos para trabalhar
nia do Maranhão. Confiou-se a tarefa a Daniel de Ia Touche, senhor nas lavouras. Os jesuítas lutaram, desde cedo, contra a escraviza-
de La Ravardiére, que foi acompanhado de dois frades capuchinhos ção dos indígenas pelos colonos portugueses, alegando que o fun-
que se tornaram famosos: Claude d’Abbeville e Yves d’Evreux, au- damental era doutriná-los, e assim conseguiram do rei várias leis
tores de crónicas importantes sobre o Maranhão. proibindo o cativeiro indígena.
Em 1612, os franceses fundaram a França Equinocial e nela
construíram o Forte de São Luís. Mas também ali houve disputas Sociedade Colonial X Jesuítas
internas e falta de recursos para manter a conquista. Os portugue- No século XVI, os jesuítas perderam a luta contra os interesses
ses tiraram proveito dessa situação, liderados por Jerônimo de Al- escravistas. No século XVII, porém, organizaram melhor as missões,
buquerque. À frente de milhares de soldados, incluindo indígenas, sobretudo no Maranhão e no Pará, e afastaram os aldeamentos dos
ele moveu campanha contra os franceses em 1613 e finalmente os núcleos coloniais para dificultar a ação dos apresadores.
derrotou em 1615, tomando o Forte de São Luís. Defenderam com mais vigor a “liberdade dos indígenas”, no
que se destacou António Vieira, principal jesuíta português atuan-
Os Jesuítas te no Brasil e autor de inúmeros sermões contra a cobiça dos se-
A catequese dos indígenas foi um dos objetivos da coloniza- nhores coloniais. Embora condenassem a escravização indígena, os
ção portuguesa, embora menos importante do que os interesses jesuítas sempre defenderam a escravidão africana, desde que os
comerciais. No entanto, a crescente resistência indígena ao avanço senhores tratassem os negros com brandura e cuidassem de prover
dos portugueses e a aliança que muitos grupos estabeleceram com sua Instrução no cristianismo.
os franceses fizeram a Coroa perceber que, sem a “pacificação” dos Assim os jesuítas conseguiram conciliar os objetivos missioná-
nativos, o projeto colonizador estaria ameaçado. rios com os interesses mercantis da colonização. Expandiram seus
Assim, em 1549, desembarcaram os primeiros jesuítas, lidera- aldeamentos por todo o Brasil, desde o sul até a região amazônica.
dos por Manoel da Nóbrega, incumbidos de transformar os “gen- Na segunda metade do século XVIII, a Companhia de Jesus era uma
tios” em cristãos. A Companhia de Jesus era a ordem religiosa com das mais poderosas e ricas instituições da América portuguesa.
maior vocação para essa tarefa, pois seu grande objetivo era expan-
dir o catolicismo nas mais remotas partes do mundo. Desde o início, A Ação dos Bandeirantes
os jesuítas perceberam que a tarefa seria dificílima, pois os padres Na América portuguesa, desde o século XVI os colonos foram
tinham de lidar com povos desconhecidos e culturas diversas. os maiores adversários dos jesuítas. Preferiam, sempre que pos-
A solução foi adaptar o catolicismo às tradições nativas, come- sível, obter escravos indígenas, mais baratos do que os africanos.
çando pelo aprendizado das línguas, procedimento que os jesuítas No entanto, eram os chamados mamelucos, geralmente filhos de
também utilizaram na China, na Índia e no Japão. Com esse apren- portugueses com índias, os oponentes mais diretos dos nativos. Os
dizado, os padres chegaram a elaborar uma gramática que prepara- mamelucos eram homens que dominavam muito bem a língua na-
va os missionários para a tarefa de evangelização. José de Anchieta tiva, chamada de “língua geral” , conheciam os segredos das matas,
compôs, por volta de 1555, uma gramática da língua tupi, que era a sabiam como enfrentar os animais ferozes e, por isso, eram contra-
língua mais falada pelos indígenas do litoral. Por essa razão, o tupi tados para “caçar indígenas”.
acabou designado como “língua geral “.

16
HISTÓRIA
Muitas vezes negociavam com os chefes das aldeias a troca de das Índias Ocidentais para atuar no Atlântico, cuja missão principal
prisioneiros por armas, cavalos e pólvora. Outras vezes capturavam era conquistar o Brasil. Em 1624, os holandeses atacaram a Bahia,
escravos nas aldeias ou nos próprios aldeamentos dirigidos pelos sede do governo do Brasil. Conquistaram Salvador, mas não conse-
missionários. Esses mamelucos integravam as expedições chama- guiram derrotar a resistência baiana, sendo expulsos da cidade no
das de bandeiras. Alguns historiadores diferenciam as bandeiras, ano seguinte.
expedições de iniciativas particulares, das entradas, patrocinadas Em 1630, foi a vez de Pernambuco, a capitania mais rica na pro-
pela Coroa ou pelos governadores. dução de açúcar. Os holandeses conquistaram Olinda e Recife sem
Entretanto, os dois tipos de expedição se confundiam, seja nos dificuldade, obrigando o governador a retirar sua milícia. Tomaram
objetivos, seja na composição de seus membros, embora o termo Itamaracá, em 1632, o Rio Grande do Norte, em 1633, e a Paraíba,
entrada fosse mais utilizado nos casos de repressão de rebeliões e no final de 1634. Mais tarde, eles ainda tomariam o Ceará e parte
de exploração territorial. Desde o século XVI, o objetivo principal do Maranhão, estabelecendo o controle sobre a maior parte do li-
das entradas e bandeiras era procurar riquezas no interior, chama- toral nordestino. Na medida em que avançavam, muitos luso-brasi-
do na época de sertões, e escravizar indígenas. leiros desertavam ou passavam para o lado holandês.
Os participantes dessas expedições eram, em geral, chamados O mais célebre deles foi Domingos Fernandes Calabar, que
de bandeirantes. Ao longo do século XVII, as expedições bandeiran- atuou como guia dos holandeses, em 1632, pois conhecia bem os
tes alargaram os domínios portugueses na América, que ultrapas- caminhos de Pernambuco. Caiu prisioneiro dos portugueses, em
saram a linha divisória estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas. 1635, e foi condenado à morte - estrangulado e depois esquarte-
No final do século XVII, os bandeirantes acabaram encontrando o jado, como exemplo de traidor. Muitos outros, porém, fizeram o
tão cobiçado ouro na região depois conhecida como Minas Gerais. mesmo e saíram ilesos.
As primeiras ações da Holanda foram violentas, incluindo sa-
União Ibérica e Brasil Holandês que de igrejas e destruição das imagens de santos. Afinal, os holan-
Em 1578, o jovem rei português D. Sebastião partiu à frente de deses eram calvinistas e repudiavam o catolicismo.
numeroso exército para enfrentar o xarife do Marrocos na famosa Em 1635, com a conquista consolidada, os holandeses perce-
Batalha de Alcácer-Quibir. Perdeu a batalha e a vida. Como era sol- beram que, sem o apoio da população local, a dominação seria in-
teiro e não tinha filhos, a Coroa passou para seu tio-avô, o cardeal viável. Assim, a primeira medida foi a de estabelecer a tolerância
D. Henrique, que morreu dois anos depois. religiosa, admitindo-se os cultos católicos e a permanência dos pa-
Felipe II, rei da Espanha, cuja mãe era tia-avó de D. Sebastião, dres, com a exceção dos jesuítas, que foram expulsos.
reivindicou a Coroa e mandou invadir Portugal, sendo aclamado rei A segunda medida foi oferecer empréstimos aos senhores lo-
com o título de Felipe I. Portugal foi unido à Espanha sob o governo cais ou leiloar os engenhos cujos donos tinham fugido. Em 1637,
da dinastia dos Habsburgos, iniciando-se a União Ibérica, que dura- com a chegada do conde João Maurício de Nassau, nomeado pela
ria 60 anos (1580-1640). Companhia das Índias Ocidentais, inaugurou-se uma nova fase na
Durante esse período de dominação filipina, ocorreram mo- história da dominação holandesa. Ele chegou ao Recife e determi-
dificações importantes na colônia. Em 1609, foi criado o Tribunal nou a realização de inúmeras obras, como a construção da Cidade
da Relação da Bahia, o primeiro tribunal de justiça no Brasil. No Maurícia, na outra banda do rio Capibaribe, onde foi erguido um
mesmo ano, uma lei reafirmou a proibição do cativeiro indígena. palácio e criado um jardim botânico.
Em 1621, houve a divisão do território em dois Estados: o Estado Patrocinou a vinda de artistas holandeses, que retrataram a
do Brasil e o Estado do Maranhão, este último mais tarde chamado paisagem e a vida colonial como nunca até então se havia feito no
de Estado do Grão-Pará e Maranhão, subordinado diretamente a Brasil. Mas o governo de Nassau não deixou de ampliar as conquis-
Lisboa. tas territoriais da Companhia das Índias. Logo em 1637 ordenou
Outra inovação foram as visitações da Inquisição, realizadas a captura da feitoria africana de São Jorge da Mina, no golfo de
para averiguar a fé dos colonos, sobretudo a dos cristãos-novos, Benin, e anexou o Sergipe.
descendentes de judeus e suspeitos de conservar as antigas cren- Em 1638, lançou-se à conquista da Bahia, que resistiu nova-
ças em segredo. mente com bravura e não caiu. Em 1641, tomou o Maranhão e, no
Nesse período, da União Ibérica, as fronteiras estabelecidas mesmo ano, invadiu a cidade de Luanda, em Angola. Os holandeses
pelo Tratado de Tordesilhas foram atenuadas, uma vez que Portu- passaram, então, a controlar o tráfico atlântico de escravos.
gal passou a pertencer à Espanha. Por meio dos avanços dos ban-
deirantes, os limites do Brasil se expandiram para oeste, norte e Tolerância Religiosa
sul. Mas com essa união Portugal acabou herdando vários inimigos Foi no chamado período nassoviano que os judeus portugue-
dos espanhóis, dentre eles os holandeses. E não tardou muito para ses residentes em Amsterdã (ali estabelecidos para escapar às per-
que a atenção deles se voltasse para as prósperas capitanias açu- seguições da Inquisição) foram autorizados a imigrar para Pernam-
careiras do Brasil. buco. Um grupo estimado em, no mínimo, 1500 judeus fixou-se em
Pernambuco e na Paraíba entre 1637 e 1644.
Um Governo Holandês Fundaram uma sinagoga no Recife a primeira Sinagoga das
A investida dos holandeses contra o Brasil era previsível. Ams- Américas - e fizeram campanha junto aos cristãos-novos da Colônia
terdã tinha se tornado o centro comercial e financeiro da Europa para que abandonassem o catolicismo, regressando à religião de
e se preparava para atingir o Atlântico e o Indico. Antes da União seus antepassados. Muitos atenderam a esse apelo; outros preferi-
Ibérica, os portugueses haviam se associado aos holandeses no co- ram permanecer cristãos.
mércio do açúcar. O Brasil produzia o açúcar, Portugal o comprava Os judeus portugueses foram muito importantes para a domi-
em regime de monopólio, vendendo-o à Holanda, que o revendia nação holandesa no nordeste açucareiro, sobretudo na distribuição
na Europa. de mercadorias importadas e de escravos. Também se destacaram
A Espanha, inimiga da Holanda, jamais permitiria a continuida- como corretores, intermediando negócios em troca de um percen-
de desse negócio. Em 1602, os holandeses fundaram a Companhia tual sobre o valor das transações. O fato de os judeus do Recife
das Índias Orientais, que conquistaria diversos territórios hispano- falarem português e holandês foi decisivo para que alcançassem
-portugueses no oceano Índico. Em 1621, fundaram a Companhia esse importante papel na economia regional.

17
HISTÓRIA
Restauração Pernambucana Os líderes de Palmares lutavam pela própria liberdade, mas não
Em 1640, durante a ocupação de Pernambuco pelos holande- pelo fim da escravidão. De todo modo, o crescimento de Palmares
ses, Portugal conseguiu se livrar do domínio espanhol com a ascen- levou as autoridades coloniais a multiplicar expedições repressivas.
são ao trono de D. João IV, da dinastia de Bragança. O rei tentou ne- Todas fracassaram, repelidas por Ganga Zumba, grande chefe dos
gociar com os holandeses a devolução dos territórios conquistados quilombolas. Em 1678, o governador de Pernambuco propôs um
no tempo em que Portugal estava submetido aos espanhóis, mas os acordo ao chefe dos palmarinos. Em troca da paz, Ganga Zumba
holandeses não cederam. obteve a alforria para os negros de Palmares, a concessão de terras
Em 1644, após Nassau voltar à Holanda, os colonos do Brasil em Cucaú (norte de Alagoas) e a garantia de prosseguirem o comér-
resolveram enfrentar os holandeses. Motivo: os preços do açúcar cio com os vizinhos.
vinham declinando desde 1643, e os senhores de engenho e os la- Comprometeu-se, porém, a devolver todos os escravos que
vradores de cana estavam cada vez mais endividados com a Com- dali em diante fugissem para o quilombo.
panhia das Índias Ocidentais. Em 13 de junho de 1645, iniciou-se a O acordo dividiu os quilombolas, e Ganga Zumba foi assassina-
chamada Insurreição Pernambucana. do pelo grupo que rejeitou os termos desse acordo, desconfiando
João Fernandes Vieira era o líder dos rebeldes e um dos maio- das intenções do governo colonial. Prosseguiu, assim, a guerra dos
res devedores dos holandeses. André Vidal de Negreiros era o se- palmarinos, agora liderada por Zumbi. A resistência quilombola foi
gundo no comando dos rebeldes. Os indígenas potiguares, lidera- grande, mas acabou sucumbindo em 1695, derrotada pelas tropas
dos por Felipe Camarão, e a milícia de negros forros, liderada por do bandeirante Domingos Jorge Velho. Em 20 de novembro de
Henrique Dias, uniram esforços contra os holandeses. Essa aliança 1695, Zumbi foi degolado e sua cabeça, enviada como troféu para
produziu o mito de que a guerra contra o invasor holandês “uniu Recife - o maior triunfo da sociedade escravista no Brasil colonial.
as três raças formadoras da nação brasileira”, sobretudo entre os
historiadores do século XIX. Economia Mineradora
No entanto, houve indígenas lutando nos dois lados. Entre os O fim da União Ibérica em 1640 e a consequente ascensão ao
potiguares, por exemplo, Pedro Poti - primo de Filipe Carnarão - lu- poder da dinastia de Bragança criaram mais problemas do que so-
tou do lado holandês. Entre os africanos, nunca houve tantas fugas luções para Portugal. Além de enfrentar uma longa guerra contra a
em Pernambuco corno nesse período, o que encorpou a popula- Espanha, que se prolongou, com enorme custo, até 1668, os portu-
ção dos quilombos de Palmares. Nessa ocasião, partindo do Rio gueses foram obrigados a pagar indenizações à Holanda depois da
de Janeiro, Salvador Correia de Sá reconquistou Angola, em 1648, vitória na Insurreição Pernambucana, em 1654, sob o risco de suas
rompendo o controle holandês sobre o tráfico africano. A econo- colônias e navios serem atacados pela poderosa marinha flamenga.
mia pernambucana sob domínio da Holanda viu-se em crescente A situação se agravou na segunda metade do século XVII. Ape-
dificuldade para obter escravos. sar da recuperação das capitanias açucareiras do Brasil, os portu-
Em 1649, os rebeldes pernambucanos alcançaram vitória deci- gueses tiveram de conviver com a concorrência do açúcar produ-
siva na segunda Batalha dos Guararapes. Em 1654, tornaram o Re- zido nas Antilhas inglesas, francesas e holandesas. Os mercadores
cife e expulsaram de vez os holandeses do Brasil. Em 1661, Portugal holandeses, por exemplo, eram os maiores distribuidores do açúcar
e Países Baixos assinaram um tratado de paz, em Haia, pelo qual os na Europa e, obviamente, priorizaram a mercadoria de suas ilhas
portugueses se comprometeram a pagar uma pesada indenização caribenhas depois de expulsos do Brasil. Na década de 1690, um
aos holandeses em dinheiro, açúcar, tabaco e sal. fato espetacular mudou totalmente esse quadro de penúria: a des-
coberta de uma quantidade até então nunca vista de ouro de alu-
A Guerra de Palmares vião no interior do Brasil, numa região que passou a ser conhecida
Durante o domínio holandês em Pernambuco, começaram a como Minas Gerais.
se formar os quilombos de Palmares, núcleo da maior revolta de Uma onda impressionante de aventureiros do Brasil e de Por-
escravos da história do Brasil. Palavra de origem banto - tronco lin- tugal se dirigiu para o lugar em busca do metal precioso que, de tão
guístico do idioma falado em Angola - kilombo significa acampa- abundante, parecia inesgotável. Os bandeirantes paulistas estavam
mento ou fortaleza. acostumados, desde o século XVI, a armar expedições ao interior
Foi o termo que os portugueses utilizaram para designar as do território para escravizar indígenas, e foram eles os responsá-
comunidades de africanos fugidos da escravidão. O incremento do veis pela descoberta do ouro. Os paulistas solicitaram o monopólio
tráfico africano para a região, a partir da conquista holandesa de das explorações, não sendo atendidos. Não puderam controlar a
Angola, em 1641, foi o principal fator para o aumento das fugas e o entrada dos emboabas (estrangeiros), como eram denominados
crescimento quilombos. Localizado na serra da Barriga, no estado de pelos paulistas os portugueses vindos do reino e os que chegavam
Alagoas (na época pertencia a Pernambuco), Palmares cresceu muito de outras capitanias.
na segunda metade do século XVII. Estima-se que chegou a possuir dez Em 1707, estourou a chamada Guerra dos Emboabas, que du-
fortes ou mocambos, com cerca de 20 mil quilombolas. Eles viviam da rou até 1709, com a derrota dos paulistas. Para melhorar a arreca-
caça, coleta e agricultura de milho e feijão, realizada em roçados fami- dação dos impostos e submeter a população, em 1709 foi criada a
liares utilizando um sistema de trabalho cooperativo. capitania de São Paulo e Minas do Ouro separada da capitania do
Os excedentes agrícolas eram vendidos nas vilas próximas. Fre- Rio de Janeiro. Surgiram vilas e outros núcleos urbanos para rece-
quentemente atacavam os engenhos e roubavam escravos, em es- ber a burocracia administrativa e o aparelho fiscal.
pecial mulheres. Por vezes, assaltavam aldeias indígenas em busca Apesar de vencidos e, num primeiro momento, expulsos das
de mulheres e alimentos. Alguns historiadores viram em Palmares áreas de conflito (vales do rio das Velhas e do rio das Mortes), o
um autêntico Estado africano recriado no Brasil para combater a fato era que somente os paulistas tinham experiência em encontrar
sociedade escravista dominante. Mas há exagero nessa ideia, em- jazidas de ouro.
bora seja inegável a organização política dos quilombos, inspirada Foram formalmente perdoados pelo governador da nova capi-
no modelo das fortalezas africanas. Exatamente por serem naturais tania, o Conde de Assumar, em 1717. Os dirigentes metropolitanos
de sociedades africanas em que a escravidão era generalizada, os não só reconheciam sua competência nas explorações, mas tam-
principais dirigentes do quilombo possuíam escravos, reeditando a bém avaliavam que somente com eles não era possível organizar
escravidão praticada na África. estabelecimentos fortes e duradouros. Logo que se esgotava uma

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HISTÓRIA
mina, saíam em busca de novos veios. Assim, os paulistas foram ção, como a criação de mulas no Rio Grande do Sul, os únicos ani-
obrigados a compartilhar a exploração do ouro com os emboabas. mais capazes de transportar mercadorias nos íngremes caminhos
Mas mantiveram suas andanças exploratórias, descobrindo campos das Minas.
auríferos ainda em Goiás e Mato Grosso. O declínio da mineração foi tão rápido quanto o aumento de
sua produção. Em 1780, a renda obtida com a mineração era me-
Exploração das minas nos da metade do que em seu apogeu, trinta anos antes. Esse de-
O governo tomou diversas e duras medidas para controlar a clínio se deve, basicamente, ao fato de a maior parte do ouro das
região aurífera. Criou em 1702 a Intendência das Minas, órgão que Minas ser de aluvião, facilmente encontrado e extraído e rapida-
tinha entre suas funções zelar pela cobrança do quinto real, repri- mente esgotado.
mir o contrabando e repartir os lotes de terras minerais - denomi-
nados datas. COLONIZAÇÃO INGLESA NA AMÉRICA
Quando da descoberta de algum veio aurífero, o descobridor A colonização europeia nas Américas seguiu diferentes pa-
deveria comunicar o fato às autoridades. Em tese, todas as jazidas drões. Nas regiões tropicais – onde abundavam produtos de fácil
eram propriedade do rei, que poderia conceder a particulares o comercialização no mercado europeu – ou em áreas ricas em jazi-
direito de explorá-las. O intendente, então, repartia as datas, sor- das de metais preciosos, os princípios mercantilistas levaram ao es-
teando-as aos solicitantes. O descobridor escolheria as duas datas tabelecimento de uma colonização de exploração, fundamentada,
que mais lhe interessassem, livrando-se do sorteio. O Guarda-Mor em geral, na plantation escravista agroexportadora.
da In- tendência escolhia, em nome da Fazenda Real, a data do rei, Já nas áreas temperadas do continente, principalmente no
que era leiloada e arrematada por particulares, os contratadores, norte da América do Norte, não existiam as condições necessárias
em troca de um pagamento. para a implantação do regime de exploração. Consequentemente,
Só podiam solicitar datas os proprietários de escravos. Cada surgiram as colônias de povoamento.
escravo representava, em medidas da época, o equivalente a 5,5 É importante notar que no atual território dos Estados Unidos
metros de terreno, e um proprietário poderia ter no máximo 66 conviveram dois tipos de colonização: a de povoamento no norte
metros em quadra, denominada data inteira. Para explorar as ja- temperado e a de exploração no sul.
zidas das datas, organizavam-se as lavras, forma de exploração em Os primeiros povoadores ingleses que desembarcaram na
grande escala com aparelhamento para a lavagem do ouro. América do Norte eram, em sua grande maioria, calvinistas puri-
O ouro encontrado fora das datas, em locais franqueados a tanos que fugiam das perseguições político-religiosas que ocorriam
todos, era minerado pelos faiscadores, homens que utilizavam so- na Inglaterra no início do século XVII. Junto com a bagagem, esses
mente alguns instrumentos de fabricação simples, como a bateia e indivíduos traziam suas famílias, capitais acumulados e, sobretudo,
o cotumbê, trabalhando por conta própria. ideais e valores. Procuravam reconstituir na América a sociedade
Foram criadas ainda as Casas de Fundição, vinculadas às Inten- em que viviam na Europa. Não tinham o sonho da riqueza fácil e
dências. Elas deviam recolher, fundir e retirar o quinto da Coroa, não eram aventureiros. Vinham para trabalhar duro e refazer suas
transformando-o em barra, única forma autorizada para a circula- vidas, sem pensar em retornar à Europa.
ção do metal fora da capitania. Os ingleses fundaram, no litoral atlântico da América do Norte,
Desde o início, a mineração exigiu maior centralização adminis- Treze Colônias: as do Norte assumiram o regime de povoamento –
trativa, o que diferenciava as Minas de outras regiões exportadoras baseado no minifúndio, na policultura voltada para o abastecimen-
da Colônia. As Intendências, por exemplo, eram subordinadas dire- to do mercado interno e na mão de obra livre, familiar e assalaria-
tamente à metrópole, e não às autoridades coloniais. A descoberta da. Desenvolveram-se, nessa região, o comércio e a manufatura. A
de diamantes, em 1729, no que então passou a chamar-se Distrito inexistência da grande propriedade e da escravidão negra fez surgir
Diamantino, com sede no Arraial do Tejuco, provocou medida ain- uma sociedade mais igualitária e participativa, em que as diferen-
da mais drástica: o ir e vir de pessoas ficou condicionado à autori- ças sociais e a exclusão política eram menos acentuadas do que nas
zação do intendente. colônias do Sul.
Na época da descoberta do ouro, havia dois caminhos que le- Já as colônias do Sul se organizaram a partir do regime de
vavam às Gerais: um que partia de São Paulo (que ficou conhecido plantation, graças à facilidade do cultivo de determinados gêneros
como Caminho Velho das Gerais) e outro do porto de Parati; eles tropicais de fácil comercialização na Europa - sobretudo o tabaco
se encontravam na serra da Mantiqueira. Para ir do Rio de Janeiro e o algodão. Surgiram grandes propriedades de terra (latifúndios),
às Minas, o viajante tinha de ir de barco até Parati e, de lá, após dedicados ao cultivo de um único gênero agrícola – a monocultura,
atravessar a serra do Mar, encontrar o caminho de São Paulo. visando à exportação. A mão de obra utilizada era a escrava africa-
Era um caminho muito acidentado e, para percorrê-lo, demo- na, originando uma sociedade aristocrática, fundada na exclusão
rava cerca de dois meses, viajando-se, como era o costume, até o social e política.
meio-dia. Foi determinada a construção de uma nova via, ligando Ao contrário do que ocorreu nas colônias ibéricas da América,
diretamente a cidade do Rio de Janeiro às Minas de Ouro, conheci- a administração inglesa sobre seus territórios foi menos rigorosa,
da como Caminho Novo das Gerais. Em todos os caminhos foram permitindo um certo grau de autonomia aos colonos. A imposição
estabelecidos registros, que funcionavam como postos de fiscaliza- do pacto colonial foi branda, a participação dos colonos na vida
ção e de cobrança de taxas sobre os produtos vendidos na região. administrativa dos territórios era possível e as leis inglesas eram
Era tarefa dos agentes conferir se o ouro que era transportado para facilmente burladas.
o Rio de Janeiro havia sido tributado. Também os registros foram Essa situação, no entanto, começou a mudar quando as colô-
objetos de contratos entre a Real Fazenda e particulares (contrata- nias passaram a concorrer comercialmente com a metrópole e a
dores), que poderiam, por um certo tempo, explorar a arrecadação. afetar as necessidades econômicas inglesas. Em meados do século
O ouro do Brasil permitiu à Coroa portuguesa considerável XVIII, eclodiu a Revolução Industrial na Inglaterra, exigindo a aber-
aumento de suas rendas. Sua exploração possibilitou ainda uma tura de mercados consumidores de gêneros industrializados. Os
maior ocupação do interior do Brasil, empurrando cada vez mais os ingleses passaram a considerar as colônias não apenas um forne-
limites da linha de Tordesilhas para o oeste. Incentivou, também, o cedor de matérias-primas, mas também, um mercado consumidor
surgimento de atividades econômicas complementares à minera- para os artigos produzidos em larga escala nas fábricas inglesas.

19
HISTÓRIA
A relação entre a Inglaterra e as colônias se agravou devido à na Inglaterra já em meados do século anterior. Após os bem-suce-
Guerra dos Sete Anos (1756-1763), que foi financeiramente pre- didos governos de Henrique VIII e Elizabeth I, os reinados de Jaime I
judicial para os ingleses. Tal conflito, ocorrido em território ameri- (1603 – 1625) e Carlos I (1625 – 1649) foram marcados pelo agrava-
cano, envolveu ingleses e franceses em uma disputa por terras. Os mento das insatisfações sociais, o que acabou por debilitar o poder
colonos ingleses participaram ativamente da luta ao lado dos solda- da Coroa7.
dos ingleses. Já os indígenas da região se aliaram aos franceses para O parlamento inglês, que há tempos buscava ampliar sua au-
lutar contra a dominação inglesa. tonomia frente aos desmandos dos monarcas, mostrou-se ainda
A guerra foi vencida pelos ingleses, mas os gastos dela decor- mais inconformado com as ações centralizadoras tomadas nesses
rentes e a necessidade de ampliar o controle administrativo sobre dois últimos governos. A burguesia, interessada em um sistema
as colônias levaram a Inglaterra a uma crise econômica que for- econômico mais liberal, colocava-se claramente contrária ao inter-
çou o país a alterar sua postura em relação à tradicional autonomia vencionismo estatal típico das monarquias absolutistas. Por fim,
concedida aos colonos. as reações de grupos religiosos perseguidos pelos reis anglicanos
A metrópole impôs medidas restritivas à economia colonial contribuíram igualmente para a fragilização do Absolutismo na In-
por meio do estabelecimento de novos tributos, do aumento dos glaterra.
já existentes e da repressão ao contrabando e às atividades co-
merciais e manufatureiras desenvolvidas nas colônias. Essa política Revolução Puritana
controladora chocava-se com a difusão dos ideais iluministas de li- Nos últimos anos do reinado de Carlos I, a Inglaterra assistiu ao
berdade e de autonomia, levando os colonos à revolta. desenrolar de uma violenta guerra civil. Em lados opostos estavam
Um exemplo da política monopolista inglesa em relação às co- os defensores do monarca, grupos em sua maioria anglicanos, e a
lônias se manifestou em 1765 com a decretação do Stamp Act, Lei maioria dos burgueses e dos membros da gentry (pequena nobreza
do Selo: todos os documentos, livros e jornais publicados na co- rural), em geral defensores da religião puritana. Ao lado do parla-
lônia teriam de receber um selo da metrópole. Invocando uma lei mento, estes opositores do rei foram liderados por Oliver Cromwell
inglesa - a de que nenhum imposto poderia ser aumentado ou ins- na bem- sucedida Revolução Puritana, processo que determinou a
tituído sem a aprovação do Parlamento, conforme ditava a Magna queda da monarquia inglesa.
Carta -, os colonos se recusaram a obedecer à ordem e decidiram A República de Cromwell foi caracterizada por uma grande
paralisar o comércio com a Inglaterra. As autoridades metropolita- centralização do poder nas mãos de seu líder. A Revolução Purita-
nas optaram, então, pela revogação do ato. na havia rompido com o monarquismo, mas não necessariamente
Em 1773, um novo episódio pôs em evidência os interesses com o autoritarismo. E foi utilizando-se desse seu poder que Oli-
opostos da Metrópole inglesa e dos colonos americanos. A Coroa ver Cromwell estabeleceu os “Atos de Navegação”, um conjunto
instituiu o monopólio do comércio do chá, favorecendo a Compa- de medidas que favoreceram amplamente as relações comerciais
feitas pela Inglaterra e, consequentemente, sua burguesia.
nhia das Índias Ocidentais – visando, com essa medida, a combater
o contrabando de chá holandês – e excluindo os norte-americanos
Revolução Gloriosa
do comércio do chá britânico. Tal medida desagradou profunda-
Com a morte de Oliver Cromwell e a renúncia de seu filho Ri-
mente os comerciantes locais, que reagiram à medida. No porto
cardo, a monarquia acabou sendo restaurada. Assim, a dinastia
de Boston, a reação foi pública: colonos, disfarçados de índios, ata-
Stuart voltava ao governo e Carlos II era coroado, dando início a
caram os navios da Companhia e despejaram no mar todo o carre-
um reinado extremamente autoritário. Mesmo com a ascensão de
gamento de chá. Tal episódio ficou conhecido como o Boston Tea
Jaime II ao poder, a monarquia inglesa continuava a tender ao ab-
Party (Festa do Chá de Boston). solutismo, o que gerava grande insatisfação nos parlamentares.
A resposta inglesa à Festa do Chá de Boston foi a imposição das Formado basicamente por burgueses e membros da gentry, o
chamadas Leis Intoleráveis (1774), que determinavam, entre ou- parlamento constitui, então, um exército com o objetivo de depôr
tras coisas, o fechamento do porto de Boston até que os prejuízos o rei. Ao mesmo tempo, negocia com Guilherme de Orange, genro
causados aos navios britânicos fossem pagos, a ocupação militar de Jaime II, sua indicação para o trono real.
de Massachusetts – onde se localiza a cidade de Boston – e o jul- Em contrapartida, o parlamento exigia que o novo rei jurasse
gamento dos acusados de liderar o motim em outra colônia ou na obediência à “Declaração dos Direitos” (Bill of Rights). Sucedia-se,
Inglaterra. assim, a Revolução Gloriosa, cujo principal desdobramento foi a
consolidação da monarquia parlamentar e a deposição do absolu-
tismo inglês.
Prezado Candidato, o conteúdo a respeito da presença France-
sa e Holandesa na América está dentro de “Brasil Colonial”. ILUMINISMO

O Século das Luzes


A CRISE DO ANTIGO REGIME: AS REVOLUÇÕES IN-
O auge dos Estados centralizados modernos no século XVIII
GLESAS DO SÉCULO XVII; O PENSAMENTO EUROPEU
significou também o ponto alto de suas contradições. As tensões
NO SÉCULO DAS LUZES: ILUMINISMO, DESPOTISMO
envolvendo monarcas, nobreza e burguesia geraram uma situação
ESCLARECIDO E LIBERALISMO; REBELIÕES, INSURREI-
pré-revolucionária na Europa8.
ÇÕES, LEVANTES E CONJURAS NO MUNDO COLONIAL A partir de meados desse século, a burguesia equipou-se com
armas teóricas que serviriam para questionar o poder dos reis ab-
REVOLUÇÕES INGLESAS NO SÉCULO XVII solutistas e criar uma nova ordem política. Essa ideologia, o Ilumi-
nismo, foi desenvolvida e incorporada pela burguesia, e teria notá-
Monarquia Inglesa vel influência sobre as lutas revolucionárias do final do século XVIII.
7 Leandro Augusto Martins Júnior. Revoluções Inglesas no Século XVII. Educação.
Embora as estruturas absolutistas tenham começado a ruir
Globo. https://bit.ly/3dt40mc.
mais visivelmente ao longo do século XVIII, notadamente a partir
8 Vicentino, Cláudio. Olhares da História Brasil e Mundo. Cláudio Vicentino. José
da difusão dos ideais iluministas, este processo pôde ser percebido
Bruno Vicentino. Savério Lavorato Júnior. 1ª ed. São Paulo. Scipione. Volume 1.

20
HISTÓRIA
Importante notar que o termo “‘iluminismo” justifica a expres- democracia, não como a compreendemos hoje, associada a elei-
são “século das luzes”, comumente usada para se referir ao século ções e ao voto universal, mas como expressão da vontade geral da
XVIII. Também devemos notar que a ideologia do Iluminismo foi in- população.
corporada pela burguesia, mas não foi algo exclusivamente utiliza- Criticava o racionalismo excessivo, que, a seu ver, reprimia
do por ela, já que nem toda nobreza era avessa às suas propostas. os indivíduos: o conhecimento e a felicidade humanos depende-
Basta lembrar que vários dos pensadores iluministas, assim como riam, em grande parte, de cultivar e expressar os sentimentos. Suas
seus leitores, eram nobres, e não burgueses. ideias, rejeitadas pela alta burguesia por conta das críticas ao ra-
O pensador inglês John Locke (1632-1704) costuma ser con- cionalismo, ao elitismo governamental e à opulência, tiveram forte
siderado um precursor do movimento. Locke rejeitava a teoria do influência nos setores médios e provocando grande impacto nos
“direito divino dos reis” e o absolutismo. Em sua obra Segundo momentos mais radicais da Revolução Francesa.
tratado sobre o governo civil, defende a ideia de que os homens
são portadores de direitos naturais, como a vida, a liberdade e a Diderot e D´Alembert
propriedade. Os filósofos Diderot (1717-1783) e D’Alembert (1713-1784)
Para garantir esses direitos, os homens criaram os governos foram os responsáveis pela compilação da Enciclopédia, obra mo-
por meio de um “contrato” entre eles. Ainda segundo Locke, por numental dividida em 35 volumes que constituiu uma tentativa de
consentimento da maioria, o governante recebe a autoridade e o reunir, de forma sistemática, todo o conhecimento humano acu-
dever de garantir os direitos das pessoas. Seria um “contrato” entre mulado até então, conforme entendido pelos iluministas.
governante e governados, como também havia proposto Thomas A empreitada teve 130 colaboradores. A obra expressa valores
Hobbes. como a substituição da fé pelo racionalismo; o estímulo à ciência; o
Hobbes é considerado por muitos estudiosos o principal teóri- deísmo (crença em Deus como força impulsionadora do Universo);
co dos governos centralizados modernos e elaborou todo um siste- e a ideia de contrato entre governantes e governados.
ma lógico e coerente para explicar a necessidade do denominado Entre seus colaboradores incluem-se Voltaire, Montesquieu e
Estado absolutista. No entanto, ao contrário do que Hobbes propu- Rousseau. Mesmo expressando divergência de opiniões entre seus
nha, Locke defendia também o direito de resistir à tirania. Para ele, autores, a Enciclopédia foi fundamental como instrumento divulga-
se o governante viola o contrato, utilizando os poderes delegados dor dos ideais liberais para a política e para a economia.
pela sociedade em proveito próprio, visando obter vantagens, a so-
ciedade teria o direito de destituí-lo. Iluminismo – Economia
Os pensadores iluministas produziram duas correntes de in-
Teóricos do Absolutismo terpretação da economia das nações: a fisiocracia e o liberalismo,
que logo passou a ser aceito como a “verdade” econômica. A escola
Nicholas Voltaire fisiocrata despontou como crítica às concepções mercantilistas do-
Em seu livro Cartas inglesas, Voltaire (1694 - 1778) criticou não minantes. Os fisiocratas consideravam a terra - e não o acúmulo de
apenas a Igreja, mas também os resquícios da servidão feudal. Ao metais preciosos - a única fonte de riqueza. Para eles, o comércio
mesmo tempo, acreditava que a livre expressão era um dos direitos e a atividade manufatureira seriam apenas meios de transformar e
naturais do homem e condenava firmemente a censura. fazer circular essa riqueza.
Uma frase atribuída a Voltaire resume a sua postura iluminis- Os economistas franceses Quesnay (1694-1774), Gournay
ta: “Posso não concordar com uma única palavra do que dizeis, (1712-1759) e Turgot (1727-1781) se destacaram entre os fisiocra-
mas defenderei até a morte o direito de dizê-la”. Voltaire também tas. Ao defender o fim das regulamentações que limitavam a ativi-
criticava a guerra e rejeitava a ideia de revolução, acreditando que dade econômica, Cournay cunhou a expressão Laissez faire, laissez
as reformas realizadas por monarcas, sob orientação dos filósofos, passer, Ie monde va de lui même (“Deixem fazer, deixem passar, o
poderiam resultar em governos “esclarecidos”. mundo vai por si mesmo”). O maior expoente do liberalismo eco-
Durante sua vida, procurou aproximar-se de alguns reis absolu- nômico foi o escocês Adam Smith (1723-1790), que condenava a
tistas, como os da Prússia e da Rússia, sugerindo reformas. O movi- intervenção do Estado na economia. Para Smith, o trabalho, e não
mento reformista inspirado nas ideias iluministas recebeu o nome o comércio ou a terra, é a única fonte de riqueza.
de despotismo esclarecido. Na obra Uma investigação da natureza e das causas da rique-
za das nações, Smith defendia que a economia funcionava pelas
Charles Montesquieu suas próprias leis, sem precisar da intervenção do governo. A con-
Charles-Louis de Secondat (1689-1755), o barão de Montes- corrência, a divisão do trabalho e o livre-comércio permitiriam a
quieu, autor de O espírito das leis, propunha a divisão dos poderes satisfação dos diferentes interesses individuais dos homens livres,
em três instâncias: Executivo, Legislativo e Judiciário. Dessa forma, como uma “mão invisível” conduzindo ao melhor resultado no au-
o governante seria um simples executor da vontade da sociedade, mento da produtividade e no progresso.
conforme as leis redigidas por um corpo de legisladores e julgadas
pelos tribunais, o que limitaria o poder absolutista dos reis. Despotismo Esclarecido
Montesquieu também pregava a necessidade de um conjun- No final do século XVIII, diversos reis absolutistas europeus,
to de leis que expressassem os valores da sociedade e que fossem assessorados por ministros “esclarecidos”, realizaram reformas de
obedecidas por todos, até pelos governantes: seria a Constituição cunho iluminista. Essas reformas buscavam atenuar as tensões en-
de um Estado. Em Cartas persas, denunciou os abusos do poder tre monarcas e burguesia, por meio da modernização e do aumen-
autoritário e os excessos cometidos no reinado de Luís XIV. to da eficiência administrativa dos reinos e do incentivo à educação
pública, com a criação de escolas e o apoio às academias literárias e
Jean-Jacques Russeau científicas. Desse modo, os reis estavam garantindo uma sobrevida
Em sua obra O contrato social, Jean-Jacques Rousseau (1712- ao Estado absolutista.
1778) manifestou sua crença na liberdade dos homens, uma vez O sistema político-econômico assim estabelecido ficou conhe-
que nasciam todos iguais e, por meio de sua livre vontade, criavam cido como despotismo esclarecido. Havia nele uma contradição
as leis e organizavam a sociedade. Rousseau foi grande defensor da fundamental: se, por um lado, alguns reis estavam dispostos a rea-

21
HISTÓRIA
lizar reformas, por outro não iriam tolerar limitações ou perda de Nenhuma intenção foi escrita, para não figurar como prova da
poderes. Assim, a burguesia local recebeu bem as reformas, mas conspiração; se alguém fosse apanhado, deveria negar a existência
passou a exigir mudanças políticas consideradas inaceitáveis pelos de qualquer movimento. O projeto, entretanto, foi por água abai-
monarcas com poderes excessivamente centralizados. xo. A derrama foi suspensa em março. Desapareceu o principal mo-
As reformas enfatizaram o aspecto econômico, procurando tivo para a adesão da população ao movimento.
acomodar os interesses da nobreza e da burguesia locais a novas Mas, nos bastidores, houve uma denúncia. Joaquim Silvério
práticas mercantilistas, de modo que pudessem recuperar suas fi- dos Reis, membro da conspiração e um dos maiores devedores de
nanças e enfrentar a concorrência da França e da Inglaterra, já con- Minas, denunciou a conjuração ao governador, fornecendo os no-
solidadas como as maiores potências econômicas da Europa. mes dos principais envolvidos. Silvério dos Reis recebeu em troca
As reformas também incluíram o estímulo à cultura, às artes e o perdão de sua dívida. Muitos inconfidentes foram presos e inter-
à filosofia. Os principais déspotas esclarecidos foram os seguintes: rogados. Surpreendeu a todos a prisão de homens prestigiados na
José II (1741-1790), da Áustria; Catarina II (1729-1796), da Rússia; capitania, entre eles Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manuel da
Frederico II (1712-1786), da Prússia; dom José I (1714-1777), com Costa, que consta ter se suicidado na prisão, embora alguns achem
seu ministro, o marquês de Pombal, de Portugal e Carlos III, com que foi assassinado.
seu ministro, o conde de Aranda, da Espanha. Proclamada em 1791, a sentença foi duríssima: onze réus fo-
Quanto às demais monarquias europeias, a inglesa já havia se ram condenados à forca e sete, ao desterro (exílio) na África. Mas,
submetido à autoridade do parlamento burguês desde 1688, com a no ano seguinte, a pena de morte de todos foi transformada em
Revolução Gloriosa. Os reis franceses, entretanto, não cederam às desterro, exceto no caso do alferes Joaquim José da Silva Xavier,
reformas. Com isso, as relações entre os vários setores da socieda- conhecido como Tiradentes. Tiradentes era o mais ardoroso dos
de se deterioraram cada vez mais. Nas últimas décadas do século inconfidentes, divulgando abertamente suas ideias. Preso, mante-
XVIII, a independência dos Estados Unidos e o triunfo da Revolução ve-se fiel às suas crenças até o final e foi apontado como o principal
Francesa fizeram com que as ideias iluministas deixassem de ser líder do movimento, o que não era verdade.
meras propostas e passassem a fundamentar o sistema político co- Tiradentes foi executado na forca, na cidade do Rio de Janeiro,
nhecido como liberalismo político. Tal sistema se consolidaria em em 21 de abril de 1792, e depois esquartejado. Sua cabeça foi ex-
grande parte do Ocidente a partir do início do século XIX. posta num mastro erguido na praça principal de Vila Rica, e as de-
mais partes do corpo foram afixadas nos caminhos para as Minas.
MOVIMENTOS NATIVISTAS
A derrama em Minas Gerais
Inconfidência Mineira Desde 1750, a Coroa portuguesa estipulava a cota de 100 ar-
A Inconfidência Mineira foi articulada por homens da elite de robas anuais de ouro para enviar à metrópole, suspeitando, com
Minas Gerais, incluindo intelectuais, grandes negociantes, elemen- razão, de que muito ouro estava sendo contrabandeado. Em 1788,
tos do clero e até membros da administração da capitania. A razão a capitania devia à Real Fazenda a impressionante quantidade de
imediata foi a ameaça, em 1788, do governador de Minas Gerais, 538 arrobas de ouro.
Visconde de Barbacena, de cobrar todos os impostos atrasados de O risco da derrama produziu um duplo descontentamento: da
uma só vez - medida conhecida como derrama. população, com a possibilidade de ter de arcar com despesas para
Em Minas Gerais havia muitos homens formados nas univer- as quais não tinha recursos suficientes, e dos contratadores, apavo-
sidades europeias, em particular em Coimbra. Em torno deles, rados com a execução de suas dívidas. Foi a motivação da Inconfi-
surgiram grupos para discutir poesia, filosofia e os acontecimen- dência ou Conjuração Mineira.
tos do mundo. O grupo de Vila Rica (atual cidade de Ouro Preto)
era o mais destacado, com três grandes lideranças: o secretário do Conjuração do Rio de Janeiro
governo de Minas, advogado e poeta Cláudio Manuel da Costa; o A chamada Conjuração do Rio de Janeiro sequer chegou a se
ouvidor da capitania e também poeta Tomás Antônio Gonzaga; e o articular de fato, a ponto de alguns historiadores a chamarem de “a
cónego Luís Vieira da Silva, entusiasmado com a independência dos conjuração que não houve”. O vice-rei Conde de Resende, escalda-
Estados Unidos. do com o caso de Minas Gerais, passou a desconfiar das reuniões
A situação em Minas inspirava cuidados. Os mais importantes que membros da elite intelectual do Rio de Janeiro realizavam na
contratadores de impostos deviam somas enormes à Real Fazenda, Sociedade Literária, fundada na década de 1770.
e os responsáveis pela fiscalização nada haviam feito para cobrá- Mas as reuniões eram inofensivas: não passavam de encon-
-las. A chegada do governador, em 1788, agravou as tensões, por- tros para discutir filosofia, religião e política, como na maioria das
que tinha instruções expressas para cobrar os impostos atrasados. academias literárias da Colônia. Se de fato alguns dos participantes
Uma conspiração foi articulada pelo grupo de Vila Rica, vários deles possuíam, em suas bibliotecas, livros considerados subversivos, não
contrata- dores em débito com a Coroa, como resposta às atitudes existe nenhuma evidência de que conspiravam contra Portugal.
do novo governador. O vice-rei, em dezembro de 1794, mandou prender vários
Previam a adesão da população de Minas à revolta caso a der- membros da Sociedade Literária, que acabaram processados pelo
rama fosse executada. Alguns conspiradores chegaram a esboçar crime de conjuração. Nenhum deles foi condenado, por absoluta
um projeto de emancipação política, inspirados no sucesso da in- ausência de provas incriminadoras.
dependência dos Estados Unidos. A ideia era fazer a independência
de Minas e proclamar uma república, com capital em São João Del Revolta dos Alfaiates
Rei - cujo lema, em latim, era Libertas quae sera tamem (“Liberdade A Conjuração dos Alfaiates, também conhecida como Conjura-
ainda que tardia”). ção Baiana, foi diferente das anteriores. Nela, estiveram envolvidos
A república imaginada pelos inconfidentes se limitava basica- membros dos grupos populares, como alfaiates, soldados e ex-es-
mente a Minas Gerais ou, quando muito, às capitanias próximas. cravos, além de poucos intelectuais. Em 12 de agosto de 1798, fo-
Nela seriam criadas uma universidade, uma casa da moeda e uma ram colados panfletos em diversos pontos de Salvador contendo as
fábrica de pólvora. mais variadas reivindicações: aumento do soldo das tropas, liber-
dade para comerciar com outros países, combate aos preconceitos

22
HISTÓRIA
contra negros e mestiços e, o que mais incomodou as autoridades, - Segunda Revolução Industrial, cujo apogeu ocorreu a partir
a intenção de proclamar uma “República Bahiense”, em que todos de 1850 e é caracterizada pelo avanço da metalurgia, sobretudo da
teriam “liberdade, igualdade e fraternidade”. indústria do ferro, e pela construção de ferrovias.
As autoridades coloniais logo partiram para a repressão do
movimento. Como nas outras conjurações, muitas prisões foram A Inglaterra sai na Frente
realizadas e vários suspeitos foram processados. Mas, no caso baia- No final do século XVII, a Inglaterra era um país rico, com a
no, a repressão foi feroz: dois soldados e dois alfaiates, um deles maioria da população vivendo no campo. Em 1700, a população
ex-escravo, foram enforcados em 1799. girava em torno de 6 milhões de pessoas, com cerca de 70% ocu-
A sentença dos quatro condenados foi praticamente idêntica: padas nas atividades agrárias. A produção agrícola, entretanto, vi-
enforcamento seguido de degola e esquartejamento. E mais do que nha sofrendo mudanças importantes. Nos campos e pastos antes
evidente que a ferocidade da repressão na Bahia se deveu à condi- deixados em pousio, introduziu-se o plantio de outras culturas, em
ção popular dos acusados. especial a do nabo e da batata, que não desgastavam o solo e for-
neciam mais alimentos.
A Revolta de Beckman Alguns estudiosos denominam essa etapa de “revolução agrí-
Liderada pelos irmãos Manuel e Thomas Beckman, a revol- cola”. Na pecuária, a estocagem de forragens, como o feno, me-
ta explodiu no Maranhão, no século XVII, sobretudo em razão da lhorou a qualidade do gado bovino e ovino, sendo este último a
proibição da escravização dos indígenas, decretada pela Coroa em principal fonte de matéria-prima da manufatura inglesa: a lã.
1680. Foi importante também o rápido aumento no processo de cer-
Esta foi mais uma lei a favor da liberdade indígena, desta vez camento das terras comuns, que ocorria há séculos na Inglaterra,
influenciada pelo jesuíta Antônio Vieira. Por outro lado, para resol- mas que sofreu enorme impulso na segunda metade do século XVIII
ver o problema da mão de obra na região. a Coroa criou a Compa- e início do século XIX. As terras comuns eram aquelas que os cam-
nhia de Comércio do Maranhão, em 1682, para fornecer escravos poneses e os aldeões, embora não fossem os proprietários, tinham
africanos para os senhores locais. Como os senhores se recusaram o direito de utilizar para caçar, pescar, retirar lenha e madeira e
a aceitar as novas imposições, sobretudo porque a aquisição de usar como pasto.
africanos era muito mais cara que a de indígenas, os Beckman de- Por meio dos chamados cercamentos (enclosures), o governo
puseram o governador e aboliram a companhia de comércio. inglês livrava os proprietários de qualquer tipo de restrição quanto
A reação da Coroa foi implacável. Manuel Beckman foi enfor- ao uso de suas terras, incluindo as comuns, podendo vendê-las ou
cado e depois decapitado, em 1685. Thomas Beckman teve destino arrendá-las. Houve, na verdade, uma redefinição da propriedade
bem menos trágico, sendo desterrado para Pernambuco. agrária e das relações de trabalho no campo.
Como todas as terras, incluindo as comuns, passaram a ser
alienáveis, os camponeses não puderam mais usá-las em proveito
próprio. Passaram a trabalhar por jornada para os proprietários ou
O SURGIMENTO DO MUNDO CONTEMPORÂNEO: AS arrendatários mais ricos ou migraram para outros lugares. O rom-
REVOLUÇÕES LIBERAIS E O TRIUNFO DO CAPITALIS- pimento da forma tradicional com a qual os trabalhadores rurais se
MO; PROCESSO DE EMANCIPAÇÃO E INDEPENDÊNCIA relacionavam com a terra e as novas condições agrárias representa-
DAS COLÔNIAS INGLESAS NO CONTINENTE AMERICA- ram um duro golpe ao campesinato: o contrato de trabalho passou
NO; A REVOLUÇÃO FRANCESA E EXPANSÃO DE SEUS a ser individual, e não mais por grupo familiar.
IDEAIS; O PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA E CONSTRU- Embora não tenha sido um processo imediato, a verdade é que
ÇÃO DE NAÇÕES NA AMÉRICA ESPANHOLA; PORTU- o “trabalho camponês familiar” desapareceu. Com o cercamento
GAL, BRASIL E O PERÍODO JOANINO; A INDEPENDÊN- dos campos, os proprietários ou os arrendatários mais ricos pude-
CIA E A ORGANIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO ram introduzir novos métodos agrícolas e de criação de animais,
como o rodízio de cultura, e ampliar o uso do arado triangular, da
semeadeira mecânica e de adubos.
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Com o aumento da produtividade das terras em decorrência
Ficaram conhecidas como Revolução Industrial as transforma- das novas técnicas, só acessíveis aos mais ricos, o preço do arren-
ções econômicas ocorridas na Grã-Bretanha a partir das últimas damento subiu muito e os pequenos arrendatários não puderam
décadas do século XVIII, tempo em que a máquina a vapor passou mais arcar com o aluguel. Acabaram expulsos da terra, assim como
a ser sistematicamente utilizada na produção de mercadorias, em os camponeses proprietários de pequenos lotes, pressionados a
especial na fabricação de tecidos, na mineração e na metalurgia9. vendê-los. Em 1700, estima-se que metade das terras cultiváveis
Tais transformações levaram à implantação da indústria con- inglesas ainda era utilizada por meio da exploração dos campos co-
temporânea. Criaram-se, ainda, novos mercados consumidores, muns. Ao fim do século XVIII, eles praticamente já não existiam. O
muitos pela força das armas. Afinal, à medida que se industrializa- fim das terras comuns e o cercamento dos campos concentraram a
vam, os países precisavam ampliar mercados em várias partes do propriedade fundiária nas mãos de cada vez menos pessoas.
mundo. Essas mudanças não foram rápidas: ocorriam desde o início
da Época Moderna, com a expansão marítima, que colocou em con- Oferta de Mão-de-obra
tato regiões muito distantes. O cercamento dos campos foi elemento decisivo para o de-
Mas foi na segunda metade do século XVIII e no início do XIX senvolvimento da indústria. Com o aumento da produtividade por
que as mudanças se aceleraram, configurando a Revolução Indus- meio do avanço técnico da agricultura, permitiu-se a produção de
trial. Alguns historiadores distinguem, na verdade, dois momentos matéria-prima para as fábricas. As transformações no campo tam-
da Revolução Industrial: bém resultaram em mais alimentos para a população e, como con-
- Primeira Revolução Industrial, compreendida entre fins do sequência, em menos mortalidade, o que representou aumento
século XVIII e a década de 1830. O foco foi a renovação do sistema demográfico.
fabril ligado à produção de tecidos de algodão; Um grande contingente de trabalhadores passou a se ocupar
de outras atividades, como nas minas de carvão e de ferro e nas
fábricas nascentes. O excesso de pessoas sem trabalho fez com que
9 História 1. Ensino Médio. Ronaldo Vainfas [et al.] 3ª edição. São Paulo. Saraiva.

23
HISTÓRIA
surgissem, desde o século XVI, Leis Anti-vadiagem, que podiam pu- Mesmo com o aparecimento das fábricas de fiação, nas primei-
nir até com a morte pessoas que não trabalhassem. E certo que es- ras décadas do século XIX, a maior parte da produção ainda resul-
sas mudanças transformaram profundamente o universo econômi- tava do trabalho doméstico. O mesmo ocorria com a tecelagem dos
co e cultural dos antigos camponeses, que tiveram de se submeter fios, entregue às oficinas de tecelões nas aldeias ou vilas. A intro-
a uma ordem nova: a do capital. dução das máquinas no processo produtivo aumentou o montante
Tornaram-se assalariados no campo e nas cidades. A mão de dos investimentos no setor têxtil, restringindo o número de empre-
obra das primeiras fábricas têxteis inglesas, no final do século XVIII, sários com dinheiro para montar fábricas.
resultava também do aumento demográfico. Nessa época, houve A propriedade das máquinas concentrou-se na pessoa do in-
um aumento da população urbana e rural na Grã-Bretanha, que dustrial/capitalista, que contratava os operários pagando salários
saltou dos 6 milhões para 10 milhões de pessoas, em fins do século pelas jornadas de trabalho. Na fábrica, os operários atuavam so-
XVIII, e para impressionantes 18 milhões na década de 1840. mente em uma etapa da produção - uma mudança radical na forma
de realizar seu trabalho. Em outras palavras, o processo produtivo
Rotas Fluviais nas fábricas tendia a se fragmentar: estava em curso uma nova di-
O pioneirismo inglês na industrialização ocorreu, ainda, devido visão do trabalho.
à existência de amplas vias fluviais. Elas viabilizaram um rápido e No contexto fabril, essa divisão do trabalho mostrava-se mais
eficiente sistema de transportes entre o interior e os portos ma- produtiva e capaz de atender ao aumento do consumo - o consumo
rítimos, além de serem mais econômicas do que as terrestres no em massa. Dessa forma, os trabalhadores eram tragados por um
transporte de mercadorias pesadas ou volumosas, como o carvão. sistema em que a máquina era o centro do processo produtivo.
Desde o século XVI, os ingleses se preocuparam em melhorar
as vias fluviais para fornecer carvão aos moradores das cidades, Situação da Classe Trabalhadora
que o utilizavam para cozinhar alimentos e se aquecer, e às peque- Os proprietários dos meios de produção enriqueciam rapida-
nas fábricas (panificações, forjas, curtumes, refinarias de açúcar e mente, mas boa parte da população inglesa se via excluída de tais
cervejarias). Para isso, alteravam o curso dos rios e abriam canais. benefícios. Os trabalhadores viviam em condições degradante e
Quando começou a industrialização, havia cerca de 2 mil quilôme- insalubres10.
tros de águas navegáveis na Inglaterra. Até o final do século XVIII, As fábricas eram geralmente úmidas, quentes e abafadas. A
foram construídos outros mil quilômetros, o que criou boas condi- alimentação servida era insuficiente e de má qualidade. Devido às
ções às novas fábricas para receber matéria-prima e escoar mer- más condições de vida e às extenuantes jornadas de trabalho, a
cadorias. expectativa de vida era baixa, e a incidência de doenças e aciden-
Em resumo, a Revolução Industrial ocorreu especialmente na tes no trabalho, muito alta. Os patrões preferiam contratar crianças
Inglaterra por um conjunto de fatores. Embora restrita a alguns (muitas com 4 ou 5 anos de idade) e mulheres, porque lhes paga-
produtos e centralizada em certas regiões, transformou a Inglaterra vam salários menores.
na principal economia do mundo. A jornada de trabalho era de 15 a 18 horas ininterruptas. Os
operários eram vigiados de perto por um supervisor. Acidentes pro-
A Máquina a Vapor vocados pelo cansaço aconteciam com frequência e qualquer falta
Desde o século XVI, o vapor era visto como uma possibilidade era punida severamente.
de fonte de energia na exploração do ferro e do carvão, em especial
para bombear as águas que com frequência inundavam as minas. Reação dos Trabalhadores
Nenhuma das máquinas a vapor criadas, porém, mostrava-se A reação dos trabalhadores veio em 1811, quando invadiram
fábricas (à noite) para destruir máquinas. Eles ficaram conhecidos
eficiente. Somente em 1712, após anos de trabalho, o inglês Tho-
como luditas, pois seu líder chamava-se Ned Ludd. As máquinas eram
mas Newcomen aprimorou uma máquina para retirar água das mi-
vistas como o principal responsável pela situação em que os proletá-
nas e distribuí-la às cidades. O custo da máquina de Newcomen era
rios se encontravam, pois substituíam a mão de obra operária.
muito elevado.
O movimento espalhou-se nas décadas seguintes para países
James Watt, em 1769, melhorou essa máquina, baixando os
como França, Bélgica e Suíça. Os trabalhadores ingleses uniram-se
custos de produção. Com isso, ela foi adaptada para diversos usos
e formaram organizações para reagir aos problemas decorrentes
industriais, alcançando sucesso num ramo específico da indústria
de acidentes de trabalho, doenças e desemprego. Surgiram assim
inglesa: a fabricação de fios e tecidos de lã e de algodão. Os aprimo- as associações de auxílio mútuo, que criavam fundos de reserva
ramentos na fiação e tecelagem da lã ocorriam havia muito tempo. para os momentos de necessidade.
No século XVIII, a Inglaterra produzia tecidos de lã finos e bem Era o primeiro passo para a criação dos sindicatos trabalhis-
aceitos no mercado externo. O mesmo não ocorria com os tecidos tas. Uma vez organizados em sindicatos, os trabalhadores ingleses
de algodão, pois não havia técnicas para produzir fios finos e resis- e de outros países fariam importantes conquistas, como melhores
tentes. Para não arrebentar, o fio de algodão era feito junto com o salários, redução na jornada de trabalho, aposentadoria, descanso
linho, o que resultava em um produto de qualidade inferior. Assim, semanal remunerado, férias, etc.
o grande investimento tecnológico no setor têxtil se dirigiu para a Na década de 1830, os trabalhadores ingleses reuniram suas
produção de tecidos de algodão. reivindicações na chamada Carta do povo. Nascia o cartismo, pri-
meiro grande movimento político do proletariado, que obteve im-
O Trabalho Fabril portantes avanços trabalhistas, em especial quanto à jornada de
A fabricação de tecidos era uma atividade tradicional na Ingla- trabalho de adultos e quanto ao trabalho infantil.
terra. A maioria das famílias camponesas estava, de alguma forma,
envolvida com o processo de fiar e tecer. A introdução de uma nova Cidades Industriais
matéria-prima, o algodão, no final do século XVIII, não mudou em Os tecidos de algodão da Índia já eram conhecidos e aceitos
princípio essa organização. A nova máquina de fiar de Hargreaves, na Europa, negociados pelos britânicos através da Companhia das
que se baseava no trabalho doméstico camponês, ainda manual, Índias Orientais. Quando os ingleses passaram a produzir tecidos de
tornou possível a fabricação doméstica de tecidos de algodão no
10 Azevedo, Gislane. História: passado e presente / Gislane Azevedo, Reinaldo
mesmo sistema utilizado com os tecidos de lã.
Seriacopi. 1ª ed. São Paulo. Ática.

24
HISTÓRIA
qualidade semelhante à dos indianos, já havia um mercado consu- investir no que já era tradicional no mercado interno: os artigos de
midor estruturado. Os preços mais baixos permitiram aos tecidos luxo consumidos pela burguesia urbana e pelos proprietários rurais
ingleses competir nos mercados. aristocráticos, como mobiliário, tecidos de seda, rendas, roupas,
Na Inglaterra, o centro da produção estava na cidade de Man- chapéus, plumas, perfumes e adereços variados.
chester. Com a utilização cada vez maior da fiandeira hidráulica, Grande parte dessa produção era executada por profissionais
inacessível aos camponeses, as fábricas de fiação se multiplicaram, experientes e foi exportada para o mundo. Por volta de 1840, a ex-
mantendo um ritmo de trabalho diário e ininterrupto. Tradicional- pansão da economia francesa exigia maior exploração das minas de
mente, eram mulheres e crianças os principais trabalhadores do- ferro e de carvão, o que esbarrava na precariedade do sistema de
mésticos da fiação. E os negociantes mantiveram o emprego dessa transportes. Tornou-se urgente a construção de uma rede ferroviá-
força de trabalho em suas fábricas, cuia disciplina era muito mais ria. Para tanto, era preciso organizar um sistema bancário, associar
rigorosa do que no sistema de fiação doméstico. capitais e construir uma rede comercial em grande escala. Era uma
Com as transformações radicais no regime de trabalho, entre empreitada difícil.
os séculos XVIII e XIX, milhares de trabalhadores passaram a se con- Os poucos bancos franceses tinham sido criados nas décadas
centrar em fábricas, sob um regime de serviço intenso e rigoroso. de 1820 e 1830 e eram dominados por um pequeno grupo de em-
Sem uma regulamentação específica, calcula-se que a jornada diá-
presários de Paris.
ria de trabalho era superior a 12 horas.
A introdução da ferrovia, financiada por ingleses associados a
Somente em 1847 apareceram regulamentações que limita-
uns poucos empresários parisienses, contribuiu um pouco para mu-
vam a jornada a dez horas diárias. Em 1850, outra lei estipulou um
dar o quadro. Isso só mudou de fato na segunda metade do século
horário para encerrar a atividade semanal: duas horas da tarde de
sábado, com descanso no domingo - dia tradicionalmente reserva- XIX, com fatores políticos decorrentes da ascensão ao poder de Na-
do à religião. poleão III, sobrinho de Napoleão Bonaparte, em 1852.
O sistema de fábrica impulsionou outras mudanças. Ampliou
consideravelmente a população urbana, especialmente com a ex- Bonapartismo
pansão desse sistema para outras produções, como as de chapéus, A partir da chegada ao poder de Napoleão III, os industriais
sapatos, ferramentas e alimentos. Diversificou-se o setor de servi- franceses passaram a ter reconhecimento público, a ocupar po-
ços, sobretudo o comércio. sições no Estado e a influir nas decisões governamentais. Essa si-
Também cresceu a oferta de empregos domésticos - criadas, tuação levou a uma participação decisiva do Estado na economia,
cozinheiras e arrumadeiras - nas casas dos novos e ricos empresá- sobretudo nos anos 1850, em especial nos investimentos de in-
rios. Na passagem do século XVIII para o XIX, o aumento da popu- fraestrutura.
lação nas cidades, que não estavam preparadas para receber tanta Ao final do século XIX, a França se apresentava como um país
gente, teve repercussões sociais significativas. industrial, com suas instituições bancárias e financeiras bastante
Em cidades como Londres, Manchester, Liverpool e Leeds, desenvolvidas e investindo em indústrias, em particular nas de fer-
multiplicavam-se os bairros pobres, e os governos locais não con- ro e aço nas regiões mineradoras, como na província de Lorena, e
seguiam atender à nova demanda e promover reformas do espaço nas minas de carvão do norte. Em 1914, quando estourou a Primei-
urbano. Havia ruas sem calçamento, lixo por todos os cantos, mui- ra Guerra Mundial, a França ocupava a terceira posição entre as
tas pessoas morando numa mesma casa. A situação era propícia economias capitalistas da Europa. Na frente dos franceses, somen-
para a disseminação de doenças, com epidemias frequentes de có- te a pioneira Inglaterra e a Alemanha.
lera e tifo. Aprofundaram-se as desigualdades sociais entre ricos e
pobres. Alemanha
No início do século XIX, era considerável a diversidade entre
Mas e o resto da Europa? os Estados germânicos. Mas havia traços comuns que lembravam
A Inglaterra se industrializou sem planejamento prévio, utili- os pequenos reinos ou principados dos séculos anteriores: uma
zando o capital privado. Os empresários investiam no setor indus- política de impostos elevados; concentração de recursos no finan-
trial em busca do lucro e não para transformar a economia britâ- ciamento de exércitos; economia agrária, com forte presença da
nica. O mesmo não ocorreu com os demais países europeus. Cada servidão camponesa.
lugar teve de lidar com suas próprias especificidades e recursos. Na primeira metade do século XIX, os altos cargos nos Esta-
Foram, portanto, industrializações posteriores, e, por vezes, mais dos germânicos eram ocupados, em grande parte, por homens for-
rápidas e eficientes. Na passagem do século XIX para o XX, alguns mados nos princípios da Ilustração (do Iluminismo), ou seja, que
países já podiam concorrer com a Inglaterra na economia mundial, compreendiam bem o sentido do liberalismo. Apesar do espírito
principalmente Alemanha e França. conservador, vários Estados germânicos, em particular a Prússia,
apoiaram ou bancaram o estabelecimento de empresas capitalis-
França tas, na exploração de minas e na criação de indústrias.
A França era um país de grande extensão territorial, mas des- A Prússia havia saído fortalecida das guerras napoleônicas,
provido de meios de transporte adequados para formar um merca- com o território intacto, ao contrário de vários outros Estados du-
do integrado. Prevaleciam os negócios locais ou regionais, em geral ramente atingidos. Isso facilitou a hegemonia prussiana sobre o
em torno de uma economia agrária. A Revolução Francesa, embora território germânico. O primeiro grande passo para essa hegemo-
tenha destroçado o poder da nobreza e do clero, aprofundou essa nia foi dado em 1834, com a criação de uma união aduaneira, o
estrutura rural ao conceder terras aos camponeses. Zollverein. Incluía 38 Estados do norte e do centro do território, aos
Assim, tudo contribuía para que os franceses não conseguis- quais aderiram os Estados do sul, em 1867. A gradual eliminação
sem deslanchar uma economia capitalista similar à inglesa, apesar das barreiras alfandegárias e a centralização das decisões criaram
do caráter burguês da Revolução. Enriquecidos, os burgueses pre- excelentes condições para a industrialização.
feriram adquirir cargos nobiliárquicos ou artigos de luxo, imitan- Seguindo a onda liberal que varreu a Europa na primeira me-
do um estilo de vida aristocrático que a Revolução de 1789 havia tade do século XIX, os príncipes germânicos aboliram a servidão,
derrubado. A solução encontrada pelos industriais franceses foi favorecendo a difusão do trabalho assalariado. O território da futu-

25
HISTÓRIA
ra Alemanha possuía, assim, por volta de 1850, ao menos o esboço Esse apoio foi decisivo para a vitória final, em 1781, na bata-
das condições fundamentais para o desenvolvimento capitalista: lha de Yorktown, quando os rebeldes venceram definitivamente as
mercado interno e trabalho livre. tropas inglesas. Em 1783, por meio do Tratado de Paris, o governo
da Inglaterra reconheceu oficialmente a independência dos Esta-
Industrialização dos Unidos da América.
No decorrer da década de 1840, favorecidos pela união adua-
neira, os grandes proprietários rurais da futura Alemanha passaram Organização dos Estados Unidos da América
a apoiar a implantação de ferrovias, percebendo que poderiam au- Após adquirir independência, os norte-americanos precisavam
mentar suas vendas e lucros. Os militares, por sua vez, perceberam organizar o novo Estado – tarefa difícil, pois não havia exemplo a
a importância da ferrovia para o transporte de matérias-primas, seguir. A inspiração para a elaboração da Constituição dos Estados
soldados e armamentos. Com isso, estimularam o Estado a investir Unidos foi buscada junto aos preceitos iluministas, defensores da
na malha ferroviária. liberdade e igualdade. Todavia, o texto constitucional só foi apro-
O sistema ferroviário foi um dos principais responsáveis por vado depois de intensos debates. Vale lembrar a heterogeneidade
desenvolver significativamente a economia dos Estados inseridos da organização socioeconômica e política do território norte-ame-
no Zollverein. A indústria têxtil, até então incipiente, tomou novo ricano às vésperas da independência.
impulso e, embora incapaz de concorrer com os têxteis ingleses, Assim, a Constituição dos Estados Unidos da América foi instituída
conseguiu se expandir no mercado interno. Os bancos tiveram pa- em 1787. Previa, entre outras coisas, que os Estados Unidos teriam
pel de destaque no investimento de capitais em ferrovias, nas gran- um governo republicano, federalista e presidencialista: o poder seria
des indústrias de base e na abertura de minas, em contraste com o exercido por um presidente, assessorado por um Congresso que repre-
que ocorreu na Inglaterra. sentaria as várias unidades administrativas da União (Estados).
A indústria pesada - de bens de capital, como a de metalur- Cada Estado teria seu próprio governador e uma certa autono-
gia - foi o carro-chefe da industrialização, alimentada pelo capital mia em relação ao governo central. Além disso, cada Estado elaboraria
financeiro, com o apoio do Estado. Uma das principais inovações a sua própria Constituição, estabelecendo regras específicas para o
nesse processo de industrialização foi o investimento dos diversos funcionamento da vida estadual. O poder estatal, nos três níveis ad-
governos na educação, especialmente nos níveis técnicos e científi- ministrativos - municipal, estadual e federal -, seria dividido em três,
cos, criando profissionais altamente qualificados. segundo a proposta de Montesquieu: Executivo, Legislativo e Judiciá-
Os alemães chegaram a desenvolver tecnologia de ponta que rio – cada um se encarregando de fiscalizar e limitar a autoridade do
superava, em muitos aspectos, a dos ingleses, em especial no se- outro. A escravidão seria mantida nos Estados que assim decidissem.
tor químico. Em resumo, os Estados germânicos reuniram todas as O primeiro presidente norte-americano eleito foi o chefe do
condições para um processo de industrialização eficiente: grande exército rebelde durante a guerra pela independência: George
mercado consumidor interno; grande oferta de mão de obra, ali- Washington.
mentada por um crescimento demográfico expressivo; recursos
minerais adequados à tecnologia existente; empresas estrangeiras REVOLUÇÃO FRANCESA
interessadas em investir na economia alemã; estrutura bancária es-
tável; investimento na educação técnica e científica. Panorama da Sociedade Francesa
O processo de industrialização alemão, por conta do grande Em fins do século XVIII, a França contava com 28 milhões de ha-
investimento do Estado, foi denominado de “revolução pelo alto”. bitantes. A sociedade era dividida em três estamentos, conhecidos
Recebeu ainda o nome de “modernização conservadora”, por não como estados ou ordens. O topo da pirâmide social era ocupado
ter removido, como na França, o poder da aristocracia rural. Ao pelo primeiro estado, constituído por cerca de 120 mil integrantes
contrário, a aristocracia junker comandou o processo. da Igreja católica11.
O clero controlava 20% das terras francesas e detinha numero-
INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA sos privilégios, como a isenção de impostos e o direito de julgamen-
to em tribunais próprios. Ele se dividia em alto clero (religiosos de
Processo de Independência origem nobre) e baixo clero (padres e cônegos pobres).
Diante das represálias do governo britânico, depois do episó- Com status superior ao da maioria do clero, o segundo estado
dio de Boston, representantes das Treze Colônias realizaram, em era formado pela nobreza, composta de aproximadamente 400 mil
1774, na cidade de Filadélfia, o Primeiro Congresso Continental, pessoas. Faziam parte dela: a família real; os cortesãos; os nobres
no qual se determinou o boicote total ao comércio com a Inglater- de toga, ou seja, burgueses que haviam comprado títulos de no-
ra. O endurecimento das autoridades britânicas era esperado e os breza; e os descendentes das antigas famílias feudais (nobres de
ataques do exército a certas cidades não tardou. sangue), muitos dos quais residiam em seus castelos.
Em 1776, representantes das colônias novamente se reuniram Os nobres também não pagavam impostos e viviam, principal-
em Filadélfia, no Segundo Congresso Continental, no qual se decidiu mente, da exploração do trabalho dos camponeses.
pelo rompimento definitivo das relações com a Inglaterra. No dia 4 de No terceiro estado encontrava-se cerca de 98% da população
julho, publicou-se a Declaração de Independência, elaborada por Tho- francesa. O terceiro estado era composto de: alta burguesia (ban-
mas Jefferson e inspirada nos ideais iluministas europeus.
queiros, armadores e donos de grandes negócios); média burguesia
As autoridades britânicas obviamente não aceitaram pacifica-
(profissionais liberais, proprietários de negócios de médio porte e
mente o rompimento declarado pelos colonos e partiram para a
comerciantes); pequena burguesia (artesãos e pequenos comer-
guerra a fim de manter o território. Os colonos, porém, estavam
ciantes); trabalhadores urbanos e camponeses.
pouco preparados e contavam com escassos recursos para o confli-
Esse grupo recolhia impostos tanto para o Estado como para a
to contra o exército inglês. As derrotas dos rebeldes se sucederam
nobreza e o clero. Algumas dessas taxas vinham do tempo do feu-
durante um ano de luta.
dalismo, como a corveia (trabalho gratuito do servo ao senhor) e o
Em 1777, porém, os rumos da guerra se inverteram: em uma
importante batalha em Saratoga, os colonos conseguiram derrotar dízimo (parte entregue à Igreja).
os “jaquetas vermelhas” e, graças a isso, obtiveram o apoio militar
11 Azevedo, Gislane. História: passado e presente / Gislane Azevedo, Reinaldo
e financeiro de dois países europeus: França e Espanha.
Seriacopi. 1ª ed. São Paulo. Ática.

26
HISTÓRIA
Um tempo de Crises Uma República Francesa
Nas últimas décadas do século XVIII, quando a França enfren- Em junho de 1791, Luís XVI tentou fugir com sua família para
tava uma profunda crise econômica, ocasionada principalmente a Áustria, mas foi preso. O governo passou para as mãos de um
pelos gastos com guerras, cerca de 80% da renda dos camponeses Conselho Executivo Provisório, liderado pelo advogado George-Jac-
era destinada ao pagamento de impostos. ques Danton. A Assembleia Legislativa foi dissolvida e em seu lugar
Entre 1785 e 1788, os preços dos alimentos dispararam em foi eleita a Convenção Nacional.
razão de uma forte seca e dos péssimos resultados da safra agrí- Faziam parte da Convenção representantes de diversas fac-
cola. A fome se alastrou, provocando morte, desolação e migra- ções políticas. Os jacobinos, que representavam principalmente a
ções. Muitos se tornaram mendigos, outros passaram a roubar e pequena e a média burguesia, obtiveram a maioria dos votos.
alguns decidiram destruir castelos e assassinar seus proprietários. Liderados por Maximillien-Marie Robespierre e Louis Antoine
Em Paris e outras cidades, artesãos e operários começaram a fazer de Saint-Just, defendiam a República e o sufrágio universal. Junto
greves. Saques a lojas e manifestações contra a política econômica deles ficavam os cordeliers (cordeleiros), liderados por George-Jac-
do governo se disseminaram. ques Danton e Jean-Paul Marat. Outro grupo era o dos girondinos,
representantes da grande burguesia mercantil, que procuravam
Queda da Bastilha e do Antigo Regime negociar com o rei.
Para solucionar os prejuízos das contas públicas, em 1789 o
ministro das finanças propôs que o primeiro e o segundo estados * Os jacobinos e os cordeleiros, ala mais radical dos políticos,
começassem a pagar impostos. Para discutir a questão, o rei Luís sentavam-se no lado esquerdo; já os girondinos, em geral mais
XVI convocou os Estados Gerais, órgão consultivo formado por conservadores, sentavam-se no lado direito. Vem daí a divisão do
representantes dos três estados. Ali, nobreza e clero juntos eram espectro político entre esquerda e direita, feita ainda hoje. Na Fran-
maioria, pois cada estamento tinha direito a um voto. ça revolucionária havia também o grupo do pântano, formado por
Os representantes do terceiro estado pediram uma alteração políticos que mudavam de posição conforme as circunstâncias. Ti-
no sistema de contagem de votos, exigindo que fosse por cabeça. nham esse nome por ocuparem a parte baixa, no centro do salão.
Como o impasse se arrastava, esses representantes reuniram-se
separadamente e se autoproclamaram Assembleia Nacional, desti- Em 22 de setembro de 1792, a Convenção proclamou a Repú-
nada a elaborar uma Constituição. Incapaz de dissolver a reunião, o blica. Luís XVI foi levado a julgamento por traição e executado na
rei ordenou que os representantes da nobreza e do clero se juntas- guilhotina. Uma Constituição republicana foi elaborada, conceden-
sem a ela. Com isso, em 9 de julho de 1789, os Estados Gerais pro- do o sufrágio universal masculino.
clamaram a formação de uma Assembleia Nacional Constituinte.
Nos bastidores, Luís XVI convocou o Exército para dissolver a Governo Jacobino e o Terror
Assembleia. Quando a notícia se espalhou por Paris, uma multidão O início da República francesa foi turbulento. Tropas da Ingla-
em revolta invadiu os arsenais do governo e se apoderou de 30 mil terra, Áustria, Prússia, Holanda, Espanha, Rússia e Sardenha ataca-
mosquetes. Em seguida, partiu para a Bastilha, fortaleza na qual o ram o território francês, tentando impedir a consolidação da repú-
governo encarcerava e torturava seus opositores. Embora estives- blica e a disseminação de seus ideais. Em diversos pontos do país,
se praticamente desativada, a Bastilha constituía um dos maiores nobres organizavam movimentos contrarrevolucionários. Para
símbolos do absolutismo. enfrentar essas dificuldades, em abril de 1793 a Convenção criou o
Sua queda e tomada pela população, em 14 de julho de 1789, Comitê de Salvação Pública, comandado por Danton e, logo depois,
transformou-se em um marco. Até hoje o episódio é comemorado por Robespierre.
como data nacional na França. O novo órgão convocou 300 mil homens para lutar contra os
Levantes e revoltas de camponeses e trabalhadores urbanos estrangeiros - o que provocou violenta reação em províncias ainda
alastraram-se pelo país, o que levou a Assembleia Constituinte a fiéis à monarquia - e criou o Tribunal Revolucionário para julgar os
abolir as leis feudais ainda existentes e a suprimir privilégios da no- suspeitos de atitudes contrarrevolucionárias.
breza e do clero. Em 4 de agosto de 1789, a Assembleia decretou Cerca de 300 mil franceses foram presos, acusados de serem
o fim do Antigo Regime (nome pelo qual passou a ser chamado o inimigos da Revolução. Essa fase, de aproximadamente um ano, fi-
Estado absolutista vigente até então). No dia 26, proclamou a De- cou conhecida como Terror. Entre os principais alvos do Tribunal,
claração dos Direitos do Homem e do Cidadão. estavam representantes da alta burguesia, cujos negócios e rela-
Entre outras conquistas, o documento estabelecia a liberdade ções pessoais os aproximavam da nobreza. Foram condenadas à
e a igualdade de todos perante a lei, dois importantes princípios morte 35 mil pessoas, entre as quais 21 deputados girondinos.
dos filósofos iluministas. Atualmente, esse documento é considera-
do um dos fundamentos do Estado contemporâneo. Burguesia no Poder
O governo jacobino contou inicialmente com grande apoio
A Criação de um Constituição Francesa popular, pois criou impostos sobre os ricos, fixou um teto para os
Nos dois anos que se seguiram, os constituintes elaboraram e preços dos produtos, regulamentou os salários, abriu escolas públi-
promulgaram a primeira Constituição da França (1791). Em outu- cas, repartiu bens dos nobres que haviam se exilado e promoveu
bro de 1791, foi eleita a Assembleia Nacional Legislativa. Seguindo uma distribuição de terras que beneficiou cerca de três milhões de
os princípios iluministas, a Carta francesa estabelecia a divisão do pessoas.
Estado em três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e defi- Também instituiu o divórcio, decretou a liberdade religiosa e
nia a monarquia constitucional como forma de governo. aboliu a escravidão nas colônias francesas. Mas a repressão levou
O rei - então confinado em seu palácio - seria o chefe do Exe- os jacobinos a perder apoio junto à população. Robespierre e seus
cutivo, mas deveria seguir as normas constitucionais e seria fiscali- companheiros foram derrubados pelos seus opositores na Conven-
zado pelo Legislativo, composto de 745 deputados eleitos por voto ção no dia 27 de julho de 1794, marcando o início da Reação Ter-
censitário - isto é, pelos cidadãos que dispunham de algum patri- midoriana.
mônio.

27
HISTÓRIA
Diretório o princípio de equilíbrio de forças entre as grandes potências.
Em 1795, uma nova Constituição republicana, de caráter libe- Em fevereiro de 1815, Napoleão fugiu da ilha de Elba e de-
ral, reinstituiu o voto aos homens proprietários. O poder Executivo sembarcou na França à frente de um grupo de seguidores. O novo
ficou nas mãos do Diretório, órgão composto de cinco pessoas elei- governo do imperador, porém, duraria pouco menos de 100 dias.
tas entre os deputados. Nesse período, a França enfrentou graves Afastado do poder, Bonaparte foi enviado para Santa Helena, pe-
dificuldades financeiras e forte instabilidade política. quena ilha no Atlântico, onde faleceria em 1821. Na França, Luís
Para conter as manifestações populares, o Diretório recorreu XVIII foi reconduzido ao trono.
ao Exército, então liderado pelo jovem general Napoleão Bonapar-
te. O sucesso na repressão às revoltas e em campanhas militares INDEPENDÊNCIA DA AMÉRICA ESPANHOLA
no exterior garantiu a Napoleão prestígio suficiente para ser con- Ao longo do século XIX, o continente americano foi varrido pe-
vidado a participar do Diretório. Logo, ele dissolveu o Parlamento los mais diversos movimentos de independência. Região de coloni-
e substituiu o Diretório por três cônsules provisórios — entre os zação europeia, a América teve na Independência das Treze Colô-
quais ele era o mais influente. nias Inglesas a pioneira deste processo, evento que ocorreu ainda
no século anterior. No entanto, seria somente nos “oitocentos” que
Império Napoleônico as demais regiões viriam a se libertar da dominação metropolitana,
Em menos de um mês de Consulado, foi redigida uma nova inclusive aquelas sob controle espanhol12.
Constituição, que deu a Napoleão o título de primeiro-cônsul da Influenciados pelos ideais libertários do Iluminismo, estes mo-
França. O governo de Napoleão promoveu reformas visando recu- vimentos se sucederam em clara resposta ao aperto do pacto colo-
perar a economia e as instituições. Mas também anistiou os nobres nial imposto pela Espanha. Neste momento, as colônias hispano-a-
que antes haviam se exilado, reorganizou o sistema de cobrança de mericanas sofriam com uma extensa carga tributária, além de um
impostos, criou uma nova moeda, promoveu reformas educacio- sistema fiscalizador cada vez mais rigoroso, elevando a insatisfação
nais e instituiu o código civil. dos colonos a níveis nunca antes vistos.
Em 1802, um plebiscito concedeu a Napoleão o título de cônsul Uma das determinações mais impopulares tomadas pela Coroa
vitalício. Dois anos depois, outra consulta popular transformava a espanhola foi o estabelecimento do sistema de “Portos Únicos”.
França em império. Em 1805 o governo de Bonaparte anexou a Re- Segundo esta deliberação, os negociantes americanos só poderiam
pública de Gênova, na península Itálica. Diversas nações europeias enviar suas mercadorias à Europa através de portos específicos,
se uniram para deter a expansão do Império Francês. As tropas localizados no México, Panamá e Colômbia. Embora esta medida
francesas, entretanto, continuaram sua marcha de vitória em. tivesse sido adotada pelo governo espanhol já nas primeiras déca-
das da colonização, sua aplicação passou a ser mais rígida nos anos
Avanço sobre a Europa anteriores à eclosão das independências.
A França tinha como principal rival a Inglaterra, nação mais
desenvolvida economicamente da época. Sabendo que o poderio Autogoverno dos Cabildos
britânico se amparava no comércio e na indústria, o governo de Na- Nos primeiros anos do século XIX, a Europa foi assolada pelo
poleão proibiu as nações europeias de comerciar com a Inglaterra. expansionismo napoleônico, transformando sua formatação terri-
Os países que não participassem do chamado Bloqueio Continental torial e composição política. Na Espanha, por exemplo, as tropas
seriam atacados pelo Exército napoleônico. francesas foram responsáveis pela deposição de Fernando VII, fato
Como os governos de Portugal e da Espanha não aderiram ao que viria a transformar profundamente os caminhos tomados pelas
boicote, em 1807 tropas francesas invadiram a península Ibérica. colônias hispânicas no Novo Mundo.
Fernando VII, rei da Espanha, foi destituído; em seu lugar, foi coroa- Neste momento, o trono espanhol ficou sob a incumbência de
do José Bonaparte, irmão de Napoleão. José Bonaparte, irmão de Napoleão. Os colonos americanos, então,
O fato repercutiu nas colônias espanholas da América, onde jurando fidelidade a Fernando VII, não reconheceram a legitimi-
movimentos emancipacionistas ganharam espaço. A família real e dade do novo governo. A partir de então, os assuntos da colônia
a corte portuguesas fugiram para o Brasil. passaram, assim, a ser coordenados diretamente pelos cabildos,
espécie de câmara municipal integrada pelos colonos hispano-a-
Rússia Decisiva mericanos mais abastados, os criollos.
O Bloqueio Continental também atingiu a Rússia, que exporta- O autogoverno dos cabildos representava, ao menos na práti-
va matérias-primas para a Inglaterra. Em 1811, o czar Alexandre I ca, a quase que total autonomia dos colonos no que diz respeito às
rompeu o boicote e abriu os portos do país aos navios britânicos. decisões sobre as questões pertinentes à América Hispânica. Neste
Em represália, Napoleão declarou guerra à Rússia. Sem preparo momento, caberia a estes homens o papel que anteriormente era
para enfrentar o rigoroso inverno russo, Napoleão retornou à Fran- desempenhado pela Coroa espanhola e seus representantes. E foi
ça em 1812 com apenas 100 mil dos 600 mil soldados recrutados. justamente neste cenário que as elites coloniais deram início às lu-
tas pela independência.
Congresso de Viena Com a derrota de Napoleão e as resoluções do Congresso de
Com a derrota francesa, Inglaterra, Prússia, Rússia e Áustria Viena, todos os governantes submetidos por Bonaparte foram no-
desfecharam um ataque fulminante à França, que não pôde deter a vamente levados ao poder. Fernando VII, por exemplo, voltara ao
coalizão adversária: no começo de abril de 1814, Napoleão abdicou trono espanhol, reimplementando o absolutismo no país. Em re-
do trono e foi exilado na ilha de Elba, no mar Mediterrâneo. lação às suas colônias, tentou retomar o controle dessas regiões,
Enquanto a França organizava um novo governo sob Luís XVIII - retirando toda a autonomia conquistada por seus nativos durante
irmão de Luís XVI -, representantes dos países europeus se reuniam o período marcado pelo autogoverno dos cabildos.
em Viena, Áustria, para definir as novas fronteiras entre as nações. Apresentava-se, então, mais um fator motivador para o forta-
Dois princípios básicos orientaram os participantes do chamado lecimento dos movimentos emancipacionistas.
Congresso de Viena. O da legitimidade, que preconizava a restau-
ração das dinastias consideradas legítimas pelo Congresso e depois
12 Leandro Augusto Martins Junior. Independência da América Espanhola. Glo-
destituídas pela Revolução Francesa e pelo governo de Napoleão, e
bo Educação. https://bit.ly/37Uc4LP.

28
HISTÓRIA
O Papel dos Criollos Além da família real e dos nobres, viajaram altos funcionários,
Liderados pelas elites criollas, tais movimentos contaram com magistrados, sacerdotes, militares de alta patente, etc. Estima-se
pequena participação popular. Diferente da ilha de São Domingos que nos 36 navios viajaram entre 4,5 mil e 15 mil pessoas. Parte
(atual Haiti), colônia francesa cujo processo de independência foi da esquadra, incluindo o navio ocupado por dom João, atracou em
liderado por escravos de origem africana, as colônias espanholas Salvador no dia 22 de janeiro de 1808, seguindo semanas depois
tiveram suas emancipações coordenadas pelos setores mais abas- para o Rio de Janeiro, onde já se encontrava o restante da frota, e
tados. lá chegando em 8 de março de 1808.
Evidentemente que revoltas populares chegaram a ocorrer,
como, por exemplo, o movimento liderado pelos padres Miguel Sede do Governo Português
Hidalgo e José Morellos no México, e a rebelião organizada por Agora que boa parte da elite lusa encontrava-se em terras
Tupac Amaru na região do Peru. No entanto, todas elas foram fron- brasileiras, o desenvolvimento da colônia não poderia continuar
talmente combatidas não apenas pelas autoridades espanholas, cerceado. Como afirma a historiadora Maria Odila Silva Dias, pela
mas também pelas elites criollas, temerosas da “haitinização” dos primeira vez iria se configurar “nos trópicos portugueses preocupa-
movimentos de independência. ções de uma colônia de povoamento e não apenas de exploração
As independências hispano-americanas ocorreram em mo- ou de feitoria comercial”. Assim, seis dias depois de desembarcar
mentos distintos, basicamente ao longo das três primeiras décadas em Salvador, o príncipe regente dom João decretou a abertura
do século XIX. Em todos os casos, a participação dos “Libertadores dos portos brasileiros às nações amigas, ou seja, às nações com as
da América” foi fundamental. quais Portugal mantinha relações diplomáticas amigáveis.
Estes homens eram importantes líderes locais que coordena-
ram diversos movimentos emancipatórios. Simón Bolívar, José de O Governo de D. João no Brasil
San Martín, Bernardo O’Higgins e José Sucre foram quatro desses Dom João — cuja gestão é conhecida como governo joanino
libertadores que, conjuntamente às elites criollas, fundamentaram - adotou medidas que afetaram diretamente a vida econômica, po-
o surgimento dos primeiros países livres no território da América lítica, administrativa e cultural do Brasil. No plano administrativo,
Espanhola. dom João procurou reproduzir na colônia a estrutura burocrática
do reino. Foram criados órgãos públicos, como o Conselho de Esta-
Após a Independência do e o Erário Régio (que depois se tornou Ministério da Fazenda),
Com o sucesso das independências, a maioria dos novos países que garantiam o funcionamento burocrático do Estado e propor-
estabeleceu a república como sistema de governo, agora invariavel- cionavam emprego para muitos portugueses.
mente sob a liderança dos antigos criollos. Esta formatação política Ainda em 1808, foram criados o Banco do Brasil, o Real Hospi-
contribuiu para a fragmentação do território hispano-americano, tal Militar e o Jardim Botânico. Dom João autorizou também o fun-
pois os interesses desses líderes locais em manter o domínio sob cionamento de tipografias e a publicação de jornais. Com os livros
suas regiões fragilizavam qualquer tentativa de unificar essas áreas. da Biblioteca Real trazidos de Lisboa foi organizada a Biblioteca Na-
Simón Bolívar foi o grande representante do projeto unitarista, cional do Rio de Janeiro.
defendendo a união das ex-colônias espanholas em uma única e Para interligar a capital com as demais regiões da colônia e po-
grandiosa nação independente. Bolívar advogou esta proposta no voar o interior, o governo doou sesmarias e autorizou o Banco do
Congresso do Panamá, encontro que buscava definir os caminhos a Brasil a oferecer créditos aos colonos para que pudessem plantar
serem tomados pelos novos países latino-americanos. e criar gado. Essa política de povoamento estimulou a imigração.
No entanto, frente aos interesses das lideranças locais e ao de- Em 1815, um grupo de 45 colonos oriundo de Macau e Cantão, na
sejo da Inglaterra e dos Estados Unidos em impedir a formação de China, estabeleceu-se na cidade do Rio de Janeiro.
uma potência rival na região, seu programa unitarista foi derrota- Em 1818, cerca de dois mil suíços fundaram Nova Friburgo,
do. Deste modo, a fragmentação do território foi consolidada e a na província do Rio de Janeiro (as capitanias passaram a se chamar
formação de vários países estabelecida. províncias a partir de 1815). Na política externa, o governo joanino
adotou uma linha de ação franca- mente expansionista, ocupando a
PERÍODO JOANINO E A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL Guiana Francesa, em 1809, e anexando a Banda Oriental (atual Uru-
guai), em 1816. Em 1818, dois anos após a morte da rainha dona
A Chegada da Família Real ao Brasil Maria, o príncipe regente foi coroado rei com o título de dom João Vl.
Em 1806, Portugal foi afetado pelo Bloqueio Continental da
França contra a Inglaterra, que ocorreu graças à impossibilidade A Promoção à Reino Unido
das tropas de Napoleão de anexar a Inglaterra por meios militares. Para gerar recursos para a administração, o governo joanino
Caso não aderisse ao Bloqueio, as tropas de Napoleão invadiriam o teve de aumentar a carga tributária. O dinheiro dos impostos foi
território português. Entretanto, Portugal decidiu não seguir esse utilizado para cobrir os gastos da Corte, custear as obras de urbani-
caminho porque tinha fortes ligações comerciais com a Inglaterra13.
zação do Rio de Janeiro e financiar intervenções militares. Essa si-
Em novembro de 1807, dom João, príncipe regente de Portugal
tuação, somada à carestia e ao aumento dos preços, gerou enorme
desde 1799 - a rainha dona Maria, sua mãe, sofria de distúrbios
insatisfação da população, que começou a questionar os privilégios
mentais -, diante da ameaça de invasão, decidiu transferir a família
concedidos aos portugueses, detentores dos principais cargos bu-
real e a Corte lusa para a colônia na América, deixando os súditos
rocráticos e dos mais altos postos da Academia Real Militar.
expostos ao ataque francês.
Começaram a ocorrer agitações de rua que culminavam em
Os ingleses garantiram a proteção da mudança da monarquia
ações violentas da polícia principalmente (mas não exclusivamen-
para o Brasil. Nobres da Corte e familiares do príncipe recolheram
às pressas tudo o que podiam carregar - joias, obras de arte, milha- te) no Rio de Janeiro. A situação em Portugal também era de des-
res de livros, móveis, roupas, baixelas de prata, animais domésti- contentamento popular. Com a queda de Napoleão em 1815, os
cos, alimentos, etc. - e zarparam em 29 de novembro rumo ao Rio portugueses passaram a exigir o retorno imediato de dom João a
de Janeiro. Portugal. Ele, entretanto, assinou um decreto criando o Reino Uni-
do de Portugal, Brasil e Algarves. Com isso, o Brasil deixava de ser
13 Azevedo, Gislane. História: passado e presente / Gislane Azevedo, Reinaldo colônia e ganhava o mesmo status político de Portugal.
Seriacopi. 1ª ed. São Paulo. Ática.

29
HISTÓRIA
E o Reino passava a ter dois centros políticos: Lisboa, em Por- outros políticos do período, o Brasil deveria manter-se unido a Por-
tugal, e Rio de Janeiro, no Brasil, onde dom João exercia o governo. tugal, mas com um governo próprio e autônomo. Havia também
Para muitos historiadores, a elevação do Brasil a Reino Unido foi o quem defendesse o rompimento completo com Portugal.
marco inicial do processo de emancipação política e administrativa Ambas as correntes, contudo, concordavam que dom Pedro
do Brasil. deveria resistir às pressões das Cortes de Lisboa e recursar-se a voltar
a Portugal. No final de 1821, José Bonifácio organizou um abaixo-assi-
Revolução Pernambucana nado subscrito por oito mil assinaturas, que foi entregue a Dom Pedro,
Na província de Pernambuco, no início de 1817, o debate de no qual era pedido que o príncipe permanecesse no Brasil. Em 9 de
ideias emancipacionistas e republicanas deu origem a um movi- janeiro de 1822, o príncipe anunciou sua decisão de ficar no Brasil. O
mento conspiratório, que ficou conhecido como Insurreição Per- episódio, conhecido como Dia do Fico, foi o primeiro de uma série de
nambucana ou Revolução de 1817. atos que levariam à ruptura definitiva entre Brasil e Portugal.
Inspirados na Revolução Francesa, os líderes redigiram o esbo- Em maio de 1822, o príncipe regente determinou que todos
ço de uma Constituição que garantia a igualdade de direitos entre os decretos vindos das Cortes de Lisboa deveriam passar por sua
os indivíduos, a liberdade de imprensa e a tolerância religiosa. No aprovação. Em junho, dom Pedro aprovou a convocação de uma
entanto, o movimento enfraqueceu-se com as divergências entre Assembleia Constituinte no Brasil. No começo de setembro, des-
os proprietários de escravos e os rebeldes abolicionistas. Em maio, pachos vindos de Lisboa desautorizavam a convocação da Assem-
tropas enviadas da Bahia e do Rio de Janeiro cercaram o Recife. bleia Constituinte e ordenavam o imediato retorno de dom Pedro
Alguns líderes foram executados e muitos outros, encarcera- dos a Portugal. José Bonifácio enviou os despachos ao príncipe, que se
em Salvador. encontrava em São Paulo, aconselhando-o a romper com Portugal,
pois já não considerava mais possível uma conciliação.
Revolução do Porto No dia 7 de setembro, o mensageiro alcançou dom Pedro nas
Por volta de 1818, alguns monarquistas liberais da cidade do proximidades do riacho do Ipiranga. Ao receber os decretos, o prín-
Porto defendiam a ideia de que o monarca deveria governar obe- cipe proclamou a independência do Brasil, declarando a ruptura
decendo a uma Constituição. Em agosto de 1820 uma guarnição do dos laços com Portugal. No dia 12 de outubro, já de volta ao Rio de
Exército do Porto se rebelou e deu início a uma revolução liberal e Janeiro, foi aclamado com grande pompa imperador constitucional
anti-absolutista conhecida como Revolução do Porto. Rapidamen- com o título de dom Pedro I.
te, o movimento se espalhou pelas demais cidades portuguesas.
Em Lisboa, uma junta provisória assumiu o poder e convocou Guerras de Independência
as Cortes, que não se reuniam desde 1689, para elaborar uma Cons- Proclamada a independência, teve início a luta por sua conso-
tituição. A junta exigia também o retorno da família real e da Corte lidação, que envolveria conflitos e derramamento de sangue em
a Portugal e a restauração do monopólio comercial com o Brasil. diversas regiões do novo país.
Em fevereiro de 1822, ainda antes da declaração de indepen-
A volta da família real a Portugal dência, houve na Bahia um longo conflito armado entre as forças
Nesse período irromperam no Pará, na Bahia e em Pernambu- brasileiras que lutavam pela independência e queriam manter um
co várias revoltas apoiando o movimento constitucional de Portu- brasileiro no cargo de governador - no lugar de um general portu-
gal. Em fevereiro de 1821, o rei dom João VI concordou em jurar guês. A guerra entre as duas facções se prolongaria até 2 de julho
fidelidade à Constituição que estava ainda para ser elaborada e em de 1823, com destaque para a figura de Maria Quitéria de Jesus
convocar eleições para a escolha dos deputados que iriam repre- Medeiros, que se alistou ao lado das tropas brasileiras.
sentar o Brasil nas Cortes de Lisboa. No Maranhão, no Ceará, no Pará, na Província Cisplatina e no Piauí
Temendo perder o trono, dom João VI anunciou também seu houve revoltas de portugueses, que viviam nessas regiões, contra a inde-
retorno a Portugal. No dia 26 de abril, a família real e mais quatro pendência. Para derrotar os revoltosos, dom Pedro recrutou mercená-
mil pessoas (nobres e funcionários) zarparam rumo a Portugal. Em rios estrangeiros. A vitória das tropas brasileiras nessas regiões, além da
seu lugar, o rei deixou o filho, dom Pedro, que assumiu o poder no obtida na Bahia, impediu a fragmentação do Brasil em diversas provín-
Brasil como príncipe regente. cias autônomas e garantiu a unidade territorial da jovem nação.

As Cortes de Lisboa
Após o embarque de dom João VI, foram realizadas eleições
para a escolha dos 71 representantes do Brasil nas Cortes de Lisboa. O MUNDO CONTEMPORÂNEO: NA EUROPA, AS NO-
Embora a maior parte dos eleitos fosse a favor da independência do VAS LUTAS (LIBERALISMO X CONSERVADORISMO);
Brasil, apenas 56 viajaram para Lisboa, onde começaram a chegar O FENÔMENO DO NACIONALISMO E O TRIUNFO DO
em agosto de 1821, oito meses depois do início dos trabalhos. LIBERALISMO POLÍTICO; OS TRABALHADORES, SUAS
Eles enfrentaram uma forte oposição dos parlamentares lusos, LUTAS, SEUS PROJETOS E SUAS IDEOLOGIAS; O CA-
que já tinham adotado diversas medidas desfavoráveis ao Brasil PITALISMO MONOPOLISTA E A EXPANSÃO IMPERIA-
com a intenção de reduzir o Brasil à sua antiga condição de colônia. LISTA A PARTIR DO SÉCULO XIX; A BELLE ÉPOQUE. A
Para os parlamentares lusos, Brasil e Portugal deveriam se subme- PERIFERIA GLOBAL SOB DOMÍNIO DO CENTRO CAPI-
ter a uma mesma autoridade: as Cortes de Lisboa. Ao final de 1821, TALISTA: ÁFRICA, AMÉRICA E ÁSIA
as Cortes ordenaram que Dom Pedro, príncipe regente do Brasil,
retornasse a Portugal. NACIONALISMO E UNIFICAÇÕES

A Independência do Brasil Nacionalismo


Enquanto a determinação das Cortes de Lisboa não chegava, O progresso econômico capitalista e a insustentabilidade do
dom Pedro era apoiado, no Brasil, por pessoas da elite político-e- Antigo Regime enfraqueceram as decisões do Congresso de Vie-
conômica, com experiência administrativa, como José Bonifácio na (1815). A partir da Revolução de 1830, que derrubou o governo
de Andrada e Silva (1763-1838). Na opinião de José Bonifácio e de absolutista na França, o liberalismo e o socialismo se estabelece-

30
HISTÓRIA
ram como correntes ideológicas no mundo capitalista emergente. Unificação Alemã
O nacionalismo é mais um fenómeno que surgiu em plena “era das O Congresso de Viena anulou a Confederação do Reno, e em
revoluções”. Parte do princípio de que um povo tem o direito de seu lugar formou a Confederação Germânica, composta de 39 Es-
se autogovernar e exercer sua soberania sobre um território, de tados soberanos e liderada pelo Império Austríaco - absolutista e
forma autônoma. Entre as colônias, desde as americanas até, mais de economia agrária.
tarde, as africanas e asiáticas, esse princípio serviu para reivindicar Dentre esses Estados, a Prússia, mais desenvolvida industrial-
a independência. Na Europa, dois exemplos de nacionalismo em mente, pretendia edificar um grande Estado germânico. Por isso,
ação foram os processos de unificação da Itália e da Alemanha14. opunha-se à hegemonia do governo da Áustria nos territórios da
Confederação. O passo inicial para a unidade foi dado em 1834,
Unificação da Itália com a criação, sob a liderança da Prússia, do Zollverein: união al-
Até o século XIX, a península Itálica estava fragmentada em vá- fandegária que derrubou as barreiras aduaneiras entre os Estados
rios reinos e ducados, alguns domina- dos pelo Império Austríaco. alemães e proporcionou uma efetiva união econômica que dinami-
Os movimentos que resultaram em sua unificação foram iniciados zaria o capitalismo alemão.
por grupos que viviam nesses territórios, imbuídos de forte senti- Deixada fora do Zollverein pela diplomacia prussiana, a Áus-
mento nacionalista, despertado principalmente pelas divisões ter- tria reagiu, ameaçando a Prússia de guerra e obrigando-a a recuar.
ritoriais impostas pelo Congresso de Viena. O Império Austríaco recuperava sua supremacia na Confederação
Entre os precursores do movimento pela unificação italiana Germânica. A Prússia iniciou, em 1860, um programa de moder-
destacaram-se, no início do século XIX, os carbonários - cujo nome nização militar sustentado pela aliança da alta burguesia com os
está associado às cabanas dos carvoeiros, onde se encontravam se- grandes proprietários e aristocratas. Tendo à frente o chanceler
cretamente. O grupo reunia monarquistas e republicanos, sem uma Otto von Bismarck (1815-1898), reiniciaram-se as lutas pela unifi-
linha de ação definida, que atuava em toda a península. A partir cação alemã, com uma estratégia de exaltação do espírito naciona-
das lutas de 1848, destacaram-se os republicanos, liderados por lista alemão por meio de sua participação em conflitos.
Giuseppe Mazzini (1805-1872) e Giuseppe Garibaldi (1807-1882), Na Guerra das Sete Semanas (1866), desfez-se a Confederação
e os monarquistas, chefiados por Camilo Benso, o conde de Cavour Germânica e a Prússia saiu vitoriosa sobre a Áustria. Organizou-se
(1810-1861). a Confederação Germânica do Norte. A unificação da Alemanha,
Estes últimos tomaram a frente das lutas pela unificação a partir entretanto, encontrava obstáculos nos Estados autónomos do sul,
do reino do Piemonte-Sardenha, Estado independente, industrializado apegados às soberanias locais ou ainda sob influência austríaca. Na
e progressista, governado por Vítor Emanuel II (1820-1878). França, Napoleão III (1808-1873), sobrinho de Napoleão Bonaparte
No rastro das revoluções europeias de 1848, eclodiram rebe- e imperador da França entre 1851 e 1870, opunha-se à completa
liões liberais por reformas em quase todos os reinos italianos. En- unificação alemã, que faria emergir uma grande potência em suas
tretanto, o movimento pela unificação italiana, enfraquecido por fronteiras orientais.
diversas derrotas para os austríacos, só voltou a ganhar força na O aguçamento das tensões ocorreu quando, em 1869, o trono
década de 1860. espanhol ficou vago, cabendo a Coroa a um primo do Kaiser Gui-
Entre os anos de 1859 e 1860, os “camisas vermelhas” de Ga- lherme l, Leopoldo Hohenzollern. Napoleão III vetou a sucessão,
ribaldi, forças populares republicanas que já haviam conquistado vendo-a como um cerco da família Hohenzollern à Franca.
Parma, Módena, Toscana e parte dos Estados Pontifícios, liberta- Como Bismarck previa, os Estados do sul da antiga Confede-
ram a Sicília e o sul da Itália, territórios governados por Francisco II, ração Germânica uniram-se aos do norte na guerra contra a Fran-
monarca absolutista do ramo espanhol da família Bourbon. ça, vencendo-a na Batalha de Sedan e completando a unificação
Entretanto, eram os monarquistas liberais e burgueses, insti- germânica. Em janeiro de 1871, Guilherme I foi coroado imperador
gados pelo jornal Risorgimento, que lideravam os movimentos de do Segundo Reich (“Império”) na Sala dos Espelhos do Palácio de
libertação do restante da península Itálica, especialmente da Repú- Versalhes, perto de Paris.
blica de Veneza e da parte não conquistada dos Estados Pontifícios. Com a unificação, a economia da Alemanha cresceu vertigino-
Assim, mesmo contrário à monarquia, Garibaldi apoiou Vítor Ema- samente, a ponto de, em 1900, superar a Inglaterra na produção de
nuel II para não dividir as forças italianas de unificação. aço. Seu desenvolvimento industrial colocou em risco a hegemonia
Com a ajuda da França, o Piemonte anexou vários territórios britânica mundial e causou muitos atritos.
italianos ao norte. Depois, também anexou Veneza. A partir das
incursões italianas contra os Estados Pontifícios, a França retirou seu SOCIALISMO E ANARQUISMO
apoio, passando a defender o papado. Entretanto, as forças de unifi-
cação aproveitaram a conjuntura de guerra entre a França e a Prússia, Ideias de Socialismo
em 1870, e invadiram Roma, que foi declarada capital italiana. Ao longo do século XIX, surgiram várias doutrinas socialistas,
Em janeiro de 1871, Vítor Emanuel II transferiu-se para Roma, a maioria herdeira do pensamento jacobino que marcou a fase ra-
completando o processo unificador. Pouco depois, um plebiscito dical da Revolução Francesa. Essas doutrinas ganharam corpo e se
consagrou a anexação. Essa “questão romana” somente foi resol- difundiram em meio à formação e expansão das sociedades indus-
vida com o Tratado de Latrão (1929), entre Mussolini e o papa Pio triais15.
XI, criando o estado do Vaticano. Para os primeiros socialistas, as desigualdades provocadas pela
Mesmo com a unificação italiana, algumas questões ficaram intensa concentração de riquezas no mundo industrial eram inacei-
pendentes, como a das províncias setentrionais do Tirol, Trentino táveis. Para solucionar esse problema, formularam projetos revolu-
e Ístria, de população predominantemente italiana e sob domínio cionários ou reformistas. O termo socialismo tornou-se conhecido
dos austríacos. Essas regiões, que formavam as províncias irreden- a partir das doutrinas do britânico Robert Owen (1771-1858), em-
tas (não libertadas), eram reivindicadas pela Itália, e essa foi uma presário que propunha um sistema econômico baseado na forma-
das razões que levaram os italianos a entrar na Primeira Guerra ção de cooperativas de trabalho, que incluíam escolas e moradias
Mundial para lutar contra a Áustria. para os trabalhadores.
14 Vicentino, Cláudio. Olhares da História Brasil e Mundo. Cláudio Vicentino. 15 História 1. Ensino Médio. Ronaldo Vainfas [et al.] 3ª edição. São Paulo. Sa-
José Bruno Vicentino. Savério Lavorato Júnior. 1ª ed. São Paulo. Scipione. raiva.

31
HISTÓRIA
Owen fundou várias cooperativas, dotando-as de residências Desse modo, as transformações históricas ocorriam a partir do
aceitáveis para os trabalhadores; criou armazéns para vender mer- conflito entre os organizadores da produção e os produtores dire-
cadorias mais baratas; controlou a venda de bebidas alcoólicas; fun- tos, ou seja, entre a classe dominante (proprietários dos meios de
dou escolas e reduziu a jornada diária de trabalho para dez horas produção) e a classe dominada (trabalhadores, proprietários de sua
e meia. Tratou-se, porém, de uma iniciativa isolada, motivada pelo força de trabalho). Por essa razão, segundo Marx e Engels, “o mo-
espírito filantrópico de “humanizar o capitalismo” sem destruí-lo. tor da história da humanidade residia na luta de classes”.
Na mesma época, um filósofo francês, conde de Saint-Simon Segundo eles, no comunismo primitivo imperava um estado
(1760-1825), formulou ideias semelhantes. Reconhecia que o de- de igualdade originária, superado com o desenvolvimento das for-
senvolvimento técnico e o avanço da ciência eram importantes ças produtivas, da propriedade privada e das relações de classe,
para a sociedade, mas criticava a exploração do trabalhador por como no escravismo antigo e no feudalismo europeu medieval.
um grupo formado por poucos, cada vez mais ricos. Propunha uma O capitalismo foi por eles considerado como a forma mais de-
nova ordem social, baseada na administração coletiva da economia senvolvida da sociedade de classes, na medida em que o trabalha-
e da política. dor, despossuído dos meios de produção, era levado a vender sua
O francês François-Marie-Charles Fourier (1772-1837) foi ou- força de trabalho aos empresários.
tro pioneiro das ideias socialistas. Suas teorias eram divulgadas no A exploração do trabalho passou a se dar sem o uso da força
jornal Le Phalanstêre, que começou a circular em 1822. Criticava física, como na servidão e na escravidão, por exemplo, mas através
abertamente a sociedade industrial, denunciando suas contradi- da própria economia, isto é, na diferença entre o preço de determi-
ções e injustiças, e propondo uma sociedade onde trabalho e pra- nada mercadoria e o valor monetário recebido pelo operário para
zer estivessem ligados. produzi-la: a mais-valia. No raciocínio de Marx, se determinada
A nova sociedade seria composta de comunidades reunidas em mercadoria fosse vendida por 10 libras e, para produzi-la, o traba-
habitações mistas, os falanstérios. Neles, o amor seria livre; a edu- lhador recebesse 2 libras de salário, e os gastos com matéria-prima
cação, adequada a cada criança; e o trabalho, realizado conforme e demais insumos industriais fossem 3 libras, a mais-valia seria de
a vocação pessoal. Fourier, como outros socialistas, era inconfor- 5 libras, base do lucro burguês na produção daquela mercadoria.
mado com o gigantismo da sociedade industrial e com a miséria da Assim, a superação do capitalismo dependeria, antes de tudo,
maioria. Sonhava com uma sociedade mais simples, onde a frater- de uma tomada de consciência do operariado sobre a exploração
nidade e a igualdade prevalecessem sobre as ambições materiais. a que estava submetido, condição necessária para uma ação de
Nessa época, existiram ainda projetos socialistas que prega- expropriação dos meios de produção das mãos da burguesia. Era
vam a revolução social, como o formulado por Auguste Blanqui esse o projeto de revolução socialista de Marx e Engels, cuja meta
(1811-1882) na França. O chamado blanquismo baseava-se na fase a ser alcançada era a igualdade total numa sociedade sem classes:
mais radical da Revolução Francesa. Recorria a métodos conspira- a sociedade comunista.
tórios, com uma organização secreta liderando a revolução social.
Assim, desprezava os métodos institucionais e era contrário à parti- O Anarquismo
cipação política dos trabalhadores por meio das eleições. O termo anarquismo vem do grego anarkhía e significa “au-
sência de poder”. O movimento anarquista ganhou força a partir
Socialismo Científico da industrialização e da organização dos operários no século XIX.
Dentre as propostas formuladas no século XIX, aquela que ob- Era baseado em uma idealização do passado remoto, uma nostalgia
teve maior repercussão foi a de Karl Marx (1818-1883) e Friedrich dos tempos primitivos em que as comunidades não tinham chefes e
Engels (1820-1895), autores do projeto socialista que mais inspirou
cada um contribuía para as necessidades do grupo.
revoluções sociais ao longo do século XX.
O anarquismo considerava o Estado uma invenção catastrófica,
Marx e Engels formularam um pensamento original que busca-
submetendo a maioria à vontade de poucos - ao contrário do libe-
va se diferenciar de todos os projetos socialistas criados até então,
ralismo, que via no Estado um instrumento essencial para garantir
alegando que eles se limitavam a oferecer alternativas circunstan-
as liberdades individuais e o interesse comum. Acreditava na frater-
ciais para enfrentar a exploração da classe operária. Segundo eles,
nidade natural do ser humano, atribuindo ao Estado a degeneração
tais projetos acenavam, quando muito, com melhorias nas condi-
da sociedade, sobretudo nas sociedades industriais do século XIX.
ções de vida dos trabalhadores, sem apresentar alternativas revo-
lucionárias capazes de destruir a sociedade burguesa. Os anarquistas repudiavam uma revolução que levasse à for-
Por isso, enquadraram tais projetos na categoria de socialis- mação de qualquer organismo com poder coercitivo sobre os indi-
mo utópico, romântico ou reformista, qualificando o seu próprio víduos. Nisso se distanciavam das propostas de Marx e Engels, que
projeto como socialismo científico e revolucionário. Em 1848, em defendiam a formação de um Estado controlado pelo proletariado
meio às revoluções liberais, Marx e Engels publicaram o Manifesto - a ditadura do proletariado - antes de se atingir o comunismo.
do Partido Comunista, a pedido de uma organização que reunia Os principais expoentes do pensamento anarquista foram o
intelectuais e associações ligadas aos movimentos sociais. francês Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865) e o russo Mikhail Ba-
O conteúdo do manifesto não deixava dúvida sobre o cará- kunin (1814-1876). Proudhon foi autor da célebre frase “A proprie-
ter internacionalista da proposta: “Trabalhadores do mundo! dade é um roubo”, base de seu projeto revolucionário em prol de
Uni-vos!”. Era uma propaganda explícita pela união do proletariado uma sociedade igualitária de pequenos produtores associados, no
contra a burguesia, uma forte oposição ao nacionalismo burguês, que campo e na cidade. Para ele, a abolição dos bancos e do dinheiro
então prosperava por toda Europa e por diversas partes do mundo. criaria de imediato as condições para uma sociedade saudável.
Assim, implacável com a burguesia, o manifesto respeitava as organi- Sua atuação junto aos trabalhadores franceses tornou-o co-
zações operárias existentes, incentivando a união proletária. nhecido em toda a Europa. Já Bakunin depositava suas esperanças
nos camponeses russos e nos trabalhadores italianos e espanhóis,
Marxismo apostando que a revolução partiria de grupos sociais em países que
O projeto marxista se baseava na concepção de que a história da estavam à margem das grandes sociedades industriais.
humanidade era determinada pela base econômica de cada socieda-
de historicamente considerada (modo de produção) e pela dinâmica
das relações de classe correspondentes a essa base econômica.

32
HISTÓRIA
Associação Internacional dos Trabalhadores restrita a Paris. O exército do governo de Versalhes aumentou seu
No início dos anos 1860, em vários países, os trabalhadores es- contingente de 30 mil para 130 mil homens, com os soldados liber-
tavam organizados em sindicatos e associações para lutar por seus tados pelos alemães.
direitos. Para Marx, era preciso unificar a atuação desses grupos, A Comuna estava condenada. A repressão foi sangrenta, resul-
formar um organismo independente das práticas liberais que con- tando em milhares de mortos. A repercussão dos acontecimentos
gregasse os operários e, ao mesmo tempo, conquistasse o apoio de estimulou os governos a reprimir com truculência os movimentos
outros setores sociais explorados no mundo capitalista. operários e as ações de partidos ou movimentos inspirados nas
Em 1864, em Londres, realizou-se a primeira reunião da As- ideias de revolução social.
sociação Internacional dos Trabalhadores (AIT). Conhecida como
Primeira Internacional, a nova organização tinha como objetivos IMPERIALISMO E NEOCOLONIALISMO
valorizar a ação sindical e outras formas de luta dos trabalhadores
por seus direitos políticos e sociais e, sobretudo, viabilizar a con- Colonialismo
quista do poder pelos trabalhadores. Seus lemas eram: a perma- A partir de 1880, a disputa entre as grandes potências indus-
nente solidariedade entre os trabalhadores e suas lutas; promoção triais, principalmente na Europa, se tornou frenética. Ao contrário
do trabalho cooperativo; redução da jornada de trabalho das mu- dos séculos anteriores, a colonização não ocorreu somente para
lheres e das crianças; difusão da lei da jornada de 10 horas pelos vender manufaturados por preços mais elevados e comprar, a pre-
outros países; estímulo à organização sindical. ços baixos, produtos agrícolas (como o açúcar) ou metais preciosos,
Participaram do encontro pessoas ligadas às mais variadas como ocorria no sistema mercantilista16.
tendências: sindicalistas, cooperativistas, democráticos radicais, Nesse novo momento, os países europeus também buscavam
republicanos, antigas lideranças cartistas, blanquistas, anarquistas. áreas ricas em matérias-primas, como ferro, carvão, cobre e outros
A proposta de Marx de fazer da AIT um partido de massas na luta minerais necessários para as indústrias. Buscava-se, ainda, áreas
pelo poder político sofreu críticas de muitas organizações, como de investimento, onde fosse possível instalar ferrovias e conceder
a dos anarquistas. Para eles, um partido político, mesmo que da empréstimos a juros altos. Tudo com o alegado objetivo de levar a
classe operária, era um instrumento de poder. outros povos os benefícios da civilização ocidental.
A Primeira Internacional dos Trabalhadores teve vida curta. As Portanto, o colonialismo não era um fenômeno historica-
divergências colocaram marxistas e anarquistas em lados opostos. mente novo. Em diversos casos, dava continuidade à experiência
Em vez de estimular a união, a revolta dos trabalhadores na Comu- colonialista dos séculos anteriores, embora de modo diferente. A
na de Paris, em 1871, agravou as divergências. expansão econômica dos países industrializados é inseparável das
Em 1872, no encontro de lideranças revolucionárias na Holan- intensas disputas entre os países europeus no século XIX e do surgi-
da, essas divergências chegaram ao extremo e Bakunin foi expulso mento desse novo colonialismo. As áreas cobiçadas pelos países in-
da Associação. A cisão do movimento de trabalhadores era incon- dustrializados sofreram pressões e ataques, transformando-se em
tornável. Mesmo assim, a Primeira Internacional foi um grande colônias, protetorados, domínios, ou áreas de influência. Muitos
marco na história dos movimentos sociais, ao atribuir à classe ope- historiadores denominam esse fenômeno de corrida imperialista.
rária uma missão revolucionária: derrubar o capitalismo no mun- A Inglaterra, maior potência industrial da época, foi a principal
do e impor uma sociedade igualitária e livre de qualquer forma de beneficiária da corrida imperialista. No final do século XIX, os ingle-
exploração. ses chegaram a ter o controle direto sobre um quarto da superfície
do globo terrestre. Incluídas as chamadas “áreas de influência bri-
Comuna de Paris tânica”, cujo domínio era mediado por autoridades locais, quase
A guerra franco-prussiana foi um conflito entre a França e os um terço do planeta estava inserido no poderoso império britânico
estados alemães liderados pela Prússia que resultou em derrotas, - o império onde “o sol nunca se punha”. Em segundo lugar na cor-
invasão e ocupação da França pelos alemães. Diante da fragilida- rida imperialista, bem abaixo dos britânicos, destacava-se a França,
de do governo de Napoleão III, a Assembleia Nacional proclamou a seguida pela Bélgica e pela Holanda.
Terceira República. Seus líderes, entretanto, negaram-se a aceitar A Alemanha saiu muito atrás dos outros, assim como a Itália,
a derrota para os prussianos. por conta dos processos tardios de unificação, finalizados por volta
Paris foi cercada durante quatro meses, com o armistício sen- de 1870. Portugal expandiu-se nas áreas da África que já dominava.
do assinado em janeiro de 1871. Pouco depois, Guilherme I seria Fora da Europa, dois países entraram nessa disputa: os Estados Uni-
coroado imperador da Alemanha, em pleno palácio de Versalhes, dos, que direcionou sua atenção principalmente para o Caribe, e o
próximo a Paris. Em março, a Assembleia francesa confirmou a de- Japão, recém-industrializado, que ocupou partes da Ásia.
posição de Napoleão III e negociou o tratado de paz com o gover- O colonialismo imperialista do século XIX foi resultado, sem dú-
no alemão, pelo qual se comprometia a pagar pesada indenização, vida, dos interesses capitalistas, sobretudo europeus, justificados
ceder a Alsácia e a Lorena e aceitar a realização de uma parada por razões civilizatórias de ordem moral ou religiosa, misturadas
triunfal das forças alemãs em Paris. com preconceitos raciais inspirados na ciência genética. Mas foi
Nesse contexto ocorreu um movimento revolucionário, conhe- mais longe: ocidentalizou grande parte do mundo, destruindo, mo-
cido como comuna de Paris. Com duração de 72 dias, é considerada dificando ou inferiorizando a cultura de muitos povos.
por muitos historiadores como a primeira experiência de um gover-
no operário. Teve início em 18 de março de 1871, quando a Guarda A questão da Raça e Evolução
Nacional se recusou a reprimir os revoltosos. Os governantes fran- A teoria evolucionista de Darwin foi utilizada ideologicamen-
ceses, ao perder o controle da situação, fugiram para Versalhes, e te pelos imperialistas, ajudando a dar base científica ao que ficou
os rebeldes organizaram um governo popular em Paris. conhecido como darwinismo social. Segundo seus defensores, as
O novo governo determinou a ocupação das fábricas abando- raças humanas seriam desiguais: algumas superiores às outras, so-
nadas e proibiu o trabalho feminino e infantil. No campo político, bretudo quanto à inteligência. O darwinismo social desdobrava-se,
a principal vitória da Comuna foi a adoção do sufrágio universal portanto, na chamada antropologia física ou biológica, característi-
para preencher, por via eleitoral, todos os cargos administrativos, ca do século XIX.
judiciais e educacionais da República. A Comuna, entretanto, ficou
16 História. Ensino Médio. Ronaldo Vainfas [et al.] 3ª edição. São Paulo. Saraiva.

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HISTÓRIA
É importante ressaltar que houve apropriação seletiva ou ina- 1813, a Coroa inglesa aboliu o monopólio que a Companhia pos-
dequada das teorias de Darwin, pois ele próprio nunca defendeu suía nas Índias, e um número cada vez maior de negociantes teve
tais argumentos. A teoria evolucionista sobre as sociedades não foi acesso à região. Com o apoio da Coroa e do Exército, os britânicos
o motivo do imperialismo, mas os europeus a usaram como justi- derrotaram os ainda livres Estados da Índia Central, que acabaram
ficativa para impor seu domínio. Em 1853, pouco antes de Darwin por sucumbir. Uma administração estruturada e um exército bem
publicar seu livro, o conde francês Arthur de Gobineau (1816-1852) equipado consolidaram a presença inglesa.
lançou uma obra que teve grande repercussão, com o expressivo O domínio britânico baseava-se no poder do exército de ci-
título Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas. Gobineau paios - soldados indianos treinados por métodos ingleses - e no
condenava a mistura das raças, vendo nisso um fator de degenera- apoio de príncipes e de grandes proprietários rurais nativos, que
ção da espécie humana. mantinham seu poder sobre a população. Enfim, a população india-
O inglês Francis Galton (1822-1911), primo de Darwin, por sua na estava nas mãos de um duplo poder, local e estrangeiro.
vez, relacionou a evolução dos povos à desigualdade das raças hu- A Revolução Industrial inglesa, por sua vez, inverteu a rota de
manas. Criou o conceito de eugenia - estudo do aprimoramento da comércio: o algodão indiano (cru ou em fibra), antes base de várias
raça humana. Defendia a ideia de que a inteligência é herdada, e empresas artesanais locais, passou a ser exportado para a Inglater-
não fruto do meio ambiente. Outras características também seriam ra, e os tecidos de algodão ingleses - produzidos em larga escala e,
hereditárias, podendo melhorar ou piorar a qualidade das futuras portanto, mais baratos - tiveram grande aceitação entre os india-
gerações. nos, o que acabou por destruir a produção local. A cidade de Dacca,
Seu livro Gênio hereditário (1869) transformou-se em uma es- principal centro têxtil indiano, reduziu sua população de 150 mil
pécie de “bíblia” da antropologia evolucionista. Aos poucos, assim, habitantes, em 1815, para 20 mil, em 1837.
surgia uma classificação das raças, cujos principais tipos eram a
caucasoide ou caucasiana (brancos), a mongoloide (povos da Ásia A Revolta dos Cipaios
e ameríndios) e a negroide (africanos). A partir da década de 1830, a Coroa britânica permitiu a ida de
Os caucasianos foram considerados modelo de superioridade, missionários para a Índia, sem autorização prévia. Foi o início da
ao passo que os negros foram classificados no grau mais baixo da ocidentalização da Índia. Em 1835, o ensino de inglês passou a ser
evolução humana. Em resumo, a Antropologia do século XIX era obrigatório em todas as escolas, e as elites indianas se ressentiram
tremendamente racista e influenciou, em grande medida, as dou- com as mudanças. Para agravar a situação, a política expansionista
trinas imperialistas concebidas na Europa Ocidental. culminou com a chamada doutrina da prescrição ou doutrina da va-
cância, de 1848: todo Estado indiano cujo soberano morresse sem
Imperialismo sucessor seria anexado às possessões britânicas.
No século XIX, a palavra imperialismo era usada para identi- Essa ocidentalização e a doutrina da prescrição levaram, em
ficar a política de colonização ou tutela da Grã-Bretanha sobre re- 1857, à revolta do exército profissional dos cipaios, chefiados por
giões ou países de outros continentes. Os que defendiam o Império poderosos proprietários rurais. O exército britânico na Índia tinha
Britânico se autodenominavam com orgulho, imperialistas. um efetivo de 280 mil homens, sendo britânicos 6 mil oficiais e 40
Para os imperialistas, a expansão britânica era benéfica para os mil soldados. Os demais eram cipaios. O estopim da revolta foi a
povos colonizados. A justificativa - ideológica - era de que os ingle- obrigatoriedade do uso, pelo exército, de cartuchos que continham
ses tinham a obrigação moral de levar a “civilização” às partes do em seu exterior gordura de vaca ou de porco. Para carregar o fuzil,
mundo que a desconheciam. Muitos interpretavam isso como um tinham de rasgar o invólucro com a boca.
sublime e generoso dever. Com o tempo, o termo imperialismo foi Era um choque cultural, tanto para os de religião hindu, que
utilizado pelos intelectuais, críticos do capitalismo, para designar consideravam a vaca sagrada, quanto para os muçulmanos, que
não só a expansão colonialista britânica, mas também a dos outros não comiam carne de porco por considerá-la impura. Em algumas
estados europeus. regiões, a revolta envolveu camponeses contra seus senhorios e
Entre eles, destacou-se o revolucionário russo Vladimir Lênin. coletores de impostos. Mas o movimento se dividiu e enfraqueceu
autor do livro O imperialismo: fase superior do capitalismo (1916). com a tentativa de restabelecer a autoridade de um imperador
Essa fase superior do capitalismo, que Lênin chamou de capitalis- mogol muçulmano, o que descontentava os líderes hindus. A re-
mo monopolista ou imperialista, implicava dominar áreas fornece- pressão britânica foi extrema, com massacres em várias regiões,
doras de matérias-primas, sobretudo aquelas usadas na indústria resultando em milhares de mortos.
pesada. Para isso, era preciso investir diretamente na economia A revolta fez com que os ingleses mudassem sua política em
dos territórios coloniais, segundo os interesses do grande capital relação à Índia. As forças inglesas se reorganizaram com a fixação
das metrópoles europeias.
de mais de 65 mil soldados britânicos no território e com sensível
Os historiadores e os cientistas sociais, de modo geral, utilizam
diminuição do número de cipaios. A doutrina da prescrição foi abo-
a expressão política imperialista para designar a partilha da África e
lida, e os príncipes locais receberam apoio militar e financeiro para
da Ásia. Por isso, a expressão possui um sentido muito negativo: é
explorar como quisessem as populações sob seu controle.
sinônimo de saque e exploração causados pelas grandes potências.
Para manter seu poder, os governantes tornaram-se dependen-
tes do Império Britânico, em prejuízo da grande massa da popula-
O Caso da Índia
ção. No seu conjunto, as novas medidas administrativas resultaram
Desde o início do século XVII, a Companhia das Índias Orien-
tais inglesa atuava no comércio da Índia e da China. O chá chinês e no “Ato para Melhor Governo da India”. Os ingleses compravam
os tecidos de algodão indianos eram muito apreciados entre os in- dos indianos algodão, chá, trigo, ópio e outras matérias-primas. A
gleses e era a Companhia que supria esse mercado. Quando Napo- existência de minas de carvão e ferro na Índia aumentava sua im-
leão Bonaparte lançou-se sobre o Egito, em fins do século XVIII, os portância para a economia britânica. A Índia tornou-se um vice-rei-
britânicos sentiram-se ameaçados em suas possessões comerciais no da Grã-Bretanha e assim permaneceu até meados do século XX.
na Ásia e reforçaram ainda mais a ocupação militar. Foram construídas estradas de ferro e de rodagem, que servi-
Os Estados da Índia foram pouco a pouco sendo subjugados ram para o comércio e a movimentação das tropas. A dominação
e obrigados a aceitar o poder britânico. No início do século XIX, a econômica inglesa consolidava-se por meio de empréstimos a in-
política de domínio inglês tomou uma forma mais agressiva. Em vestidores locais para a construção de ferrovias, para a exploração

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HISTÓRIA
de minas de carvão e de ferro e para financiar a compra de merca- prometendo que a ocupação seria temporária. Mas o domínio bri-
dorias inglesas. Os juros desses empréstimos rendiam, anualmen- tânico se prolongou até meados do século XX. Nesse período, os
te, dezenas de milhões de libras aos cofres britânicos. A Índia se ingleses projetaram a ligação por ferrovia entre as cidades do Cairo
tornou o centro econômico do Império Britânico. (no Egito) e do Cabo (na África do Sul). O projeto ficou a meio cami-
Com razão, batizaram-na de “a joia do Império”. Assim, antes nho. Afinal, outras nações também se intrometiam no continente
da corrida imperialista do final do século XIX, a Inglaterra já possuía africano, como a França, a Bélgica, a Alemanha e a Itália. Era uma
uma extensa colônia da Ásia, controlava um grande mercado con- verdadeira corrida para a África.
sumidor e tinha vasta experiência sobre como se apossar de outras
regiões. Conferência de Berlim
Na década de 1880, vários países europeus estavam convenci-
A Partilha da África dos de que a colonização - e a civilização - era o único meio de sal-
Durante o período moderno, mais de 14 milhões de africanos var a África da barbárie. Para tanto, era necessário criar uma série
foram escravizados e enviados à América e à Ásia. Em várias par- de regras que organizassem a presença europeia.
tes do mundo, desde as primeiras décadas do século XIX, o tráfico Entre os anos de 1884 e 1885, organizou-se a Conferência de
e o sistema escravista passaram a ser duramente criticados pelos Berlim, da qual participaram 15 países, sendo 13 europeus, os Es-
movimentos abolicionistas, inspirados no pensamento ilustrado do tados Unidos (uma potência emergente) e a Turquia, cabeça do
século anterior, liberal e filantrópico. Império Otomano. Uma das principais decisões foi franquear aos
A escravidão foi moralmente colocada em xeque, e o tráfico países presentes na Conferência a livre navegação nas bacias dos
atlântico, na metade do século XIX, estava abolido em todos os paí- rios Congo e Níger, os dois principais rios navegáveis da costa oci-
ses da América. Mas isso não representou o fim das interferências dental da África.
estrangeiras no continente africano. As Igrejas cristãs europeias Se antes da Conferência de Berlim a ocupação europeia na Áfri-
intensificaram ações missionárias, e numerosos religiosos se em- ca se restringia ao litoral, no final da década de 1880 quase todo o
brenharam pelo interior africano para converter e doutrinar as po- continente achava-se dominado. Poucas regiões haviam resistido
pulações. Inúmeras expedições de pesquisa científica se realizaram à invasão, como a antiga Abissínia, atual Etiópia, que se livrou dos
na África com o intuito de recolher informações sobre a fauna, a ataques da Itália, o país mais fraco na corrida imperialista. Também
flora e os povos africanos. Essa presença facilitou a concretização
a Libéria não foi anexada ao domínio europeu.
dos interesses econômicos estrangeiros, decisivos para a partilha
A França ocupou enorme parte do continente, denominada
da África - com vantagem, uma vez mais, para a Grã-Bretanha.
África Ocidental Francesa. Na parte oriental, a Inglaterra dominou
Como estratégia de dominação, as potências imperialistas es-
o Sudão e o Quênia. A Eritreia e a Somália ficaram com a Itália,
tabeleciam contratos monopolistas com os reis ou chefes locais
enquanto a Alemanha formou a África Oriental Alemã, incluindo a
que, se negassem, tinham seus territórios atacados sob qualquer
ilha de Madagáscar.
pretexto. Algumas vezes, as chefias resistentes eram substituídas
Os portugueses permaneceram com Angola, Moçambique e
por outras, mais dóceis aos estrangeiros, que contavam com a aju-
Guiné Bissau. Já na África do Sul, os ingleses criaram a colônia do
da da população conquistada para ocupar a região vizinha.
A forma de colonizar variava. A França, por exemplo, usava o Cabo e anexaram as colônias bôeres de Natal, Transvaal e Orange
próprio governo como articulador da ocupação. Já os ingleses pe- (antiga colonização holandesa), formando a União Sul-Africana, de-
netravam na África por meio das companhias comerciais privilegia- pois da Guerra dos Bôeres.
das. Algumas regiões foram incorporadas como colônias e admi-
nistradas diretamente pelos Estados europeus. Outras tornaram-se Guerra dos Bôeres
protetorados, ou seja, conservavam-se as chefias locais aliadas ao O que hoje é a República da África do Sul foi objeto de inte-
governo estrangeiro. resse de diversos povos. Em 1652, no Cabo da Boa Esperança, a
Companhia holandesa das Índias Orientais criou um forte para o
Egito abastecimento dos navios que viajavam para as Índias. Em seguida,
A ocupação do Egito é especial por conter todos os elementos fugindo de perseguições religiosas, colonos holandeses calvinistas
utilizados pelos ingleses na expansão imperialista. Na década de para lá se dirigiram e passaram a se dedicar à agricultura e à pe-
1850, os europeus - particularmente os franceses - e os governan- cuária.
tes do Egito projetaram a construção do canal de Suez, para ligar o Os descendentes dessa população ficaram conhecidos como
mar Mediterrâneo ao mar Vermelho. bôeres. Em fins do século XVIII, os ingleses passaram a se interessar
Inaugurada em 1869, a obra tornou o Egito o lugar de uma das pelo sul da África, iniciando conflitos com os nativos africanos e os
mais importantes rotas navegáveis do mundo, suplantando o anti- bôeres. No início do século XIX, o governo holandês, mais fraco,
go caminho marítimo para as Índias do século XVI, que contornava cedeu a colônia bôer para os ingleses.
o sul da África. Além do canal, interessava aos ingleses o algodão Descontentes, 10 mil bôeres migraram para o norte e o leste,
egípcio, cujo cultivo foi estimulado durante a Guerra Civil estaduni- a partir de 1835, criando os estados de Orange e de Natal e a Repú-
dense (1861-1865). blica do Transvaal. Os ingleses permaneceram no sul. Em meados
Os Estados Unidos eram os principais fornecedores de algodão da década de 1860, a surpreendente descoberta de minas de ouro
para a Inglaterra. Em pouco mais de dez anos, foram construídos e diamantes (as mais ricas do mundo) nas terras bôeres mudou os
no Egito, com capital britânico, cerca de 1400 quilômetros de ferro- rumos desses novos estados e fez com que muitos ingleses migras-
vias, centenas de pontes, docas, canais e implantou-se o telégrafo. sem para a região.
Isso gerou uma enorme dívida do país com a Inglaterra. Em finais Tentaram, em 1880, dominar os estados de Transvaal e Oran-
da década de 1870, o Egito já dava mostras de estagnação, com ge, mas os bôeres resistiram e os venceram, em 1881. Os ingleses
crises de fome. insistiram, porém, em controlar as ricas regiões mineradoras, ação
Nesse contexto, a Inglaterra interveio militarmente, alegando que culminou na Guerra dos Bôeres, entre 1899 e 1902. Ajudados
hostilidade do governo e da população contra os súditos britâni- pela Alemanha com armamentos e técnicos, os bôeres resistiram
cos residentes no país. Em 1882, os ingleses conquistaram o Egito, algum tempo, mas, ao perceber que não venceriam a guerra em

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HISTÓRIA
campo aberto, apelaram para as guerrilhas. Em 1902 foram obriga- Japão avança sobre a China
dos a assinar um tratado de paz, e suas terras tornaram-se colônias O vizinho Japão também se lançou nessa conquista, começan-
britânicas. do pela península da Coreia, então ligada à China. O objetivo era
se apossar das minas de ferro e carvão ali existentes. Em agosto
Exploração na Ásia de 1894, a marinha chinesa bombardeou barcos japoneses, dando
Há séculos era intensa a presença estrangeira na China. Em início à Guerra Sino-Japonesa. O Japão, com frota e exército mais
1517, os portugueses chegaram a Macau. Depois, vieram os holan- poderosos, tomou Formosa, hoje Taiwan, que se tornou domínio
deses e os espanhóis, que comercializavam com os chineses a partir japonês.
das Filipinas. No século XVIII, o comércio da China com o Ocidente O conflito, vencido pelo Japão em 1895, rendeu ao país vários
cresceu bastante, em especial pela presença da Companhia das Ín- territórios e postos comerciais. A expansão japonesa foi vista com
dias Orientais inglesa, que dominava as trocas comerciais com a desconfiança pelas potências europeias. A Rússia, por exemplo, co-
cidade de Cantão e mais três portos ao sul. biçava a Coreia e a Manchúria. Nesse caso, era um colonialismo
Mas foi no decorrer do século XIX que os chineses tiveram as tradicional, sobretudo preocupado com a conquista territorial e as
suas fronteiras invadidas por diversos países, em especial europeus. rendas do Estado.
Não tiveram possibilidade de poderio bélico dos estrangeiros, que A entrada intensa de estrangeiros provocou várias mudan-
muitas vezes uniam forças resistir ao maior militares para manter ças na China. Com a Reforma dos Cem Dias, em 1898, inspirada
as conquistas. Os imperadores chineses viam os estrangeiros com nas medidas aplicadas pelo governo japonês (Revolução Meiji), o
desprezo. Embaixadores ingleses, por exemplo, foram expulsos de governo de Pequim (Beijing) reorganizou as regras de comércio, a
Pequim (Beijing) em, por se recusarem a aceitar o protocolo do go- agricultura e a administração, tanto militar quanto civil.
verno chinês que obrigava qualquer pessoa a inclinar-se diante do Internamente, essas mudanças modernizantes receberam for-
imperador até que sua testa tocasse o chão. te resistência. Apoiada pelos conservadores, a rainha-mãe Tzu-hsi
assumiu o trono, aprisionou o imperador, seu filho, e anulou vários
Imperialismo na China de seus decretos, voltando-se contra os estrangeiros. Aliou-se a vá-
No começo do século XIX, a Companhia das Índias Orientais in- rias sociedades secretas, entre elas a I Ho T’uan ou I Ho Or’uan (Pu-
glesa tinha o monopólio do comércio do chá da China. Comprado em nhos da Justiça), chamada pelos ocidentais de Boxers (boxeadores).
Cantão, o produto era revendido na Inglaterra pelo dobro do preço. A sociedade tinha como lema “Proteger o país e destruir o es-
Em oitenta anos, esse negócio saltou de 12 mil toneladas anuais, em trangeiro”. Em 1900, inspirada nesse ideal, a rainha declarou ao
1800, para quase 90 mil toneladas na década de seguinte.
Grande Conselho que os estrangeiros deveriam ser expulsos ou
O intercâmbio anglo-chinês, porém, era muito desigual. Os
eliminados. A população, atendendo à conclamação, matou vários
chineses não tinham interesse nos produtos ocidentais, que cos-
tumavam ver com estranhamento e, por vezes, com curiosidade. missionários europeus, assassinou o ministro da Alemanha e impe-
Eram grandes consumidores, entretanto, de ópio, droga produzida diu a entrada de missões diplomáticas e tropas estrangeiras.
na Índia e vendida pela Companhia das Índias Orientais inglesa des- A China foi novamente invadida por uma coligação de exércitos
de o século XVIII. Tratava-se de um comércio lucrativo e ilegal: o europeus, com apoio de um numeroso contingente japonês. Era a
consumo tinha sido proibido pelo governo chinês desde 1800. Mes- Guerra dos Boxers, que terminou com a derrota chinesa; a Corte
mo ilegal, o ópio era utilizado por setores da elite, inclusive altos imperial refugiou-se no Sião.
governantes.
Em 1839, medidas enérgicas foram tomadas pelo imperador O Império Japonês
chinês para pôr fim ao tráfico do ópio, com o confisco do produto O Japão, como várias regiões do Oriente, foi alvo do interesse
e a intimação para os ingleses acabarem com o negócio. Começava de europeus e estadunidenses no século XIX. Era governado pelos
um conflito que ficou conhecido como a Primeira Guerra do Ópio chefes militares da família Tokugawa, detentores do poder desde o
(1839-1842). O resultado foi péssimo para a China, obrigada a as- século XVII, no regime conhecido como Xogunato.
sinar o Tratado de Nanquim (1842), pelo qual cedia a ilha de Hong Eram grandes senhores rurais que sujeitavam os camponeses
Kong aos ingleses e abria cinco portos ao comércio estrangeiro, in- à servidão, razão pela qual vários historiadores costumam chamar
cluindo o de Cantão. esse período de feudalismo Tokugawa. Havia, ainda, um imperador
Nesses portos, a Inglaterra instalou missões diplomáticas e le- e uma Corte imperial. Na década de 1840, o rei holandês Guilherme
galizou o comércio do ópio. Dois anos depois, os mesmos direitos
II solicitou ao xogum que abrisse o comércio do país aos ocidentais.
foram concedidos à França e aos Estados Unidos. Outros países eu-
Em vão.
ropeus e missões religiosas ocidentais também foram beneficiados.
Um pequeno incidente reacendeu o conflito: a captura pelos Foram os estadunidenses, interessados em barrar a influência
chineses de uma embarcação comandada por ingleses. Começava britânica na Ásia, que conseguiram mudar essa posição. Em 1854,
a Segunda Guerra do Ópio (1858). A Inglaterra ocupou Cantão e sob ameaça de bombardear sua capital, Tóquio, estabeleceram
tomou com facilidade a cidade de Tientsin. A China teve de assinar com os japoneses um acordo de cooperação para reabastecimento
o Tratado de Tientsin, que legalizava o consumo do ópio em seu de navios, auxílio aos náufragos e aceitação de um cônsul estadu-
território e permitia o trânsito de comerciantes por mais onze por- nidense em seu território. Dois anos depois, o acordo foi ampliado,
tos chineses. permitindo a residência e o culto religioso de estadunidenses em
No ano seguinte, os chineses se recusaram a confirmar o trata- seis portos do país. Outros países europeus conseguiram acordos
do. Ingleses e franceses, então, ocuparam Pequim (Beijing) e incen- semelhantes, principalmente a Inglaterra, que superava os Estados
diaram o Palácio de Verão, onde residia o imperador. A rendição do Unidos em volume de mercadorias vendidas ao Japão.
governo chinês foi ainda mais humilhante: teve de assinar um novo
tratado em que se comprometia a cumprir todas as cláusulas do Abertura do Comércio do Japão
acordo anterior; a pagar indenizações ao governo inglês pelas per- A abertura do Japão ao comércio exterior criou uma crise in-
das econômicas de seus comerciantes; e a ceder à França a posse terna entre o imperador e o xogum. Em 1862, em meio à crise, um
da Indochina, que era controlada pelos chineses. Estava garantido édito imperial determinou que o xogum expulsasse os estrangeiros
aos europeus, assim, o livre acesso ao mercado chinês. de suas terras. A resposta imperialista foi arrasadora: ingleses, es-

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HISTÓRIA
tadunidenses, franceses e holandeses impuseram a retomada do O saldo final da guerra foi favorável aos Estados Unidos. O Tra-
comércio, atacando cidades e reabrindo o estreito de Shimonoseki tado de Paris (1898) acabou com o domínio espanhol sobre Cuba,
à navegação. Porto Rico (ambas no Caribe) e as Filipinas (Pacífico). Em compen-
Os japoneses perceberam que seria impossível resistir às forças sação, os estadunidenses indenizaram a Espanha. Porto Rico e Fi-
ocidentais. Nesse contexto, em 1867, subiu ao trono, aos 15 anos, lipinas acabaram se transformando em domínios estadunidenses.
o imperador Mutsuhito, conhecido como o “imperador iluminado”. Cuba, por sua vez, conquistou sua independência política, mas a
Nos 45 anos em que esteve no poder (Era Meiji), ocorreu uma sig- economia continuou dominada pelos Estados Unidos.
nificativa transformação da sociedade e da economia Japonesas. Esse domínio foi consolidado em 1901, com a Emenda Platt,
O imperador construiu escolas nos moldes ocidentais, tornou obri- que permitia aos estadunidenses intervir militarmente em Cuba
quando sentissem seus interesses ameaçados. Essa emenda foi in-
gatório o serviço militar e adotou o calendário cristão gregoriano.
serida, sob pressão dos Estados Unidos, na Constituição cubana.
Um representante do governo foi enviado à Europa para es-
Nessa época os Estados Unidos formularam sua versão de impe-
tudar as Constituições de vários países. Acabaram por adotar, em
rialismo, com a política do Big Stick (grande bastão) ou o Corolário
1889, o modelo germânico, combinando as características tradicio-
Roosevelt da Doutrina Monroe.
nais do império nipônico com as formas de governo ocidentais.
Se a Doutrina Monroe (1823) se limitava a defender a sobe-
O projeto governamental de ocidentalização do Japão incluía, rania dos países americanos, a intenção agora era óbvia: expandir
entre outras iniciativas, o envio de estudantes para a Europa e os os Estados Unidos pelo mundo, a começar pelo vizinho Caribe. No
Estados Unidos para a formação de um corpo profissional e de téc- Pacífico, os Estados Unidos anexaram o Havaí e as ilhas de Guam.
nicos, além da contratação de especialistas estrangeiros. Durante o governo de Theodore Roosevelt (1901-1909), houve a
Nas últimas décadas do século XIX, o país já estava em con- ação expansionista mais expressiva, com a interferência no Pana-
dições de se industrializar. O Estado foi o grande investidor, com má, separado da Colômbia em 1903 com apoio tácito dos Estados
fundos provenientes do aumento dos impostos. Somente no século Unidos.
XX o governo japonês transferiu para a iniciativa privada o controle Havia fortes interesses econômicos e militares na região, como
das indústrias. Outras medidas foram fundamentais para o êxito do a finalização do canal que ligaria o Atlântico ao Pacífico. As obras
processo de modernização: a reforma agrária e o declínio do poder do canal terminaram em 1914, e a sua construção e controle foram
dos samurais. passados para os Estados Unidos. O Canal do Panamá retornou ao
Com todas essas mudanças, o Japão, em vez de se transformar domínio panamenho somente em 1999.
numa colônia - como ocorreu com seus vizinhos do Extremo Orien-
te -, tornou-se um país industrial e concorrente dos países ociden- BELLE EPOQUE
tais na corrida imperialista na Ásia. A Era Meiji terminou em 1912, Época de Progresso Tecnocientífico dos Países Europeus
às vésperas da Primeira Guerra Mundial. O conflito, entretanto, A Belle Epoque pertence a língua francesa e refere-se a um pe-
permitiu aos japoneses ampliar suas conquistas asiáticas, desper- ríodo que ficou conhecido na História Moderna como “bela época”.
tando rivalidades que só cresceriam nas décadas seguintes. Vivenciada pelos países da Europa, ocorreu no final do século XIX,
logo após a Guerra Franco-Prussiana (1870-1871), e início do sécu-
O Imperialismo Estadunidense lo XX, quando apontaram-se os indícios bélicos da Primeira Guerra
Na última década do século XIX, grande parte da América era Mundial17.
formada por um conjunto de Estados independentes, quase todos Os governantes das potências europeias, principalmente da
com regimes republicanos. A exceção era o Canadá e alguns luga- França, adotaram uma política de estabilidade econômica que im-
res do Caribe. Após a independência dos Estados Unidos, o Canadá, pulsionou o crescimento do comércio, a urbanização e o êxodo ru-
parcialmente povoado por franceses, recebeu muitos estaduniden- ral em muitas cidades.
ses e ingleses (interessados principalmente no trigo e no comércio Na Belle Epoque muitos países europeus passaram por um in-
de peles com os povos indígenas - comércio há muito explorado
tenso processo de industrialização e progresso tecnocientífico. O
pelos colonos franceses -.
resultado disso foi a dinamicidade das cidades, uma cultura do di-
Dividiu-se, assim, em dois: o Alto Canadá, inglês, e o Baixo Ca-
vertimento e a prosperidade material das pessoas que passaram a
nadá ou Quebec, francês. As ilhas e o litoral do Caribe, por sua vez,
cultivar uma vida mais boêmia nos grandes centros.
permaneciam nas mãos das potências europeias. Em fins do século
Destaca-se ainda o grande investimento nas pesquisas científi-
XIX, graças ao rápido processo de industrialização, os Estados Uni-
cas, ou seja, valorização do cientificismo. Uma vez que surgiu nesse
dos haviam se tornado uma grande força econômica, apesar dos
período inúmeras inovações caracterizaram o progresso civilizacio-
vários problemas enfrentados nas décadas anteriores. A situação
dificultava a participação dos estadunidenses nas disputas imperia- nal nunca visto antes, como os alimentos de melhor qualidade, luz
listas travadas na África e na Ásia, embora o país estivesse presente elétrica e meios de transporte rápidos e eficientes pelas ruas.
no Extremo Oriente. Inclusive, foi o desenvolvimento dos meios de comunicação de
O mesmo, entretanto, não se repetia na América, onde a ex- massa e dos meios de transporte que fomentaram a cultura urba-
pansão para oeste resultou na dilapidação do México, com a ane- nística e da diversão. Pessoas de várias classes sociais passaram a
xação do Texas e da Califórnia entre 1848 e 1850. frequentar novos espaços dentro dos centros urbanos europeus.
Até o fim do século XIX, os Estados Unidos não tentaram qual- Outro fator muito importante realizado na Belle Epoque foram
quer anexação formal de territórios americanos, limitando-se a os investimentos em políticas públicas higienistas. As metrópoles
exercer discreta influência econômica. A exceção foi Cuba. Apesar puderam garantir uma saúde pública de qualidade e menos insalu-
de a ilha ser colônia da Espanha, os estadunidenses mantinham in- bre graças a diminuição de epidemias e doenças infectocontagio-
vestimentos na produção de açúcar e tabaco. sas.
Em 1898, estourou uma guerra entre Estados Unidos e Espa- Entre esses investimentos estava as pesquisas do cientista
nha. O motivo foi a explosão do couraçado estadunidense Maine, francês Louis Pasteur, que logrou grande contribuição para a medi-
no porto de Havana, em Cuba, atribuída aos espanhóis. A guerra cina higienista com a criação da vacina antirrábica.
se estendeu do Caribe às ilhas do Pacífico, onde havia possessões
espanholas, em particular às Filipinas.
17 Belle Epoque. Educa+Brasil. https://bit.ly/2NptiYc.

37
HISTÓRIA
Progresso Tecnocientífico e a Cultura Cosmopolita cinematográfica mundial, como a produtora de filmes Hollywood,
Ciência, tecnologia e desenvolvimento econômico foram o nos Estados Unidos, que destacou-se no início do século XX. Isso
tripé da Belle Epoque. As invenções tecnológicas que surgiram alar- graças a primeira amostra de cinema no Grand Café em 1895.
garam espaço para uma cultura cosmopolita. As bilheterias dos cinemas franceses ficavam lotadas de um
É importante destacar que os países da Europa progrediram público consumista e ansioso pelas novidades das artes audiovi-
economicamente nessa época porque houve a Revolução Indus- suais. Já as casas de concerto, teatros, livrarias, cafeterias, praças
trial, iniciada na Inglaterra, no século XVIII, que possibilitou desde e parques públicos atraíram pessoas ávidas em vivenciar o grande
então uma economia mecanizada e a produção em larga escala, progresso civilizacional das produções parisiense.
além do investimento no ramo da tecnologia e do aperfeiçoamento Destacava-se ainda as noites regadas a muitas apresentações
das técnicas de produção. da divertida dança “cancan” nos cabarés. Lindas bailarinas articula-
O cotidiano das pessoas nos grandes centros urbanos tornou- vam altos pontapés, piruetas e passos sincrônicos nos palcos.
-se mais fácil, confortável e próspero. Dessa forma, a capital francesa passou a ser referência mundial
Entre as invenções tecnológicas surgidas na Belle Epoque des- na produção e exportação de cultura.
tacam-se:
- Telegrafo sem fio;
- Telefone; O CONTINENTE AMERICANO NO SÉCULO XIX: OS EUA
- Gramofone; E A EXPANSÃO DAS FRONTEIRAS, A CONSOLIDAÇÃO
- Fonógrafo; DA ORDEM INTERNA E SUAS RELAÇÕES EXTERNAS;
- Locomotivas a vapor; AMÉRICA ESPANHOLA A DIFÍCIL CONSOLIDAÇÃO DA
- Bondes elétricos; ORDEM INTERNA: DO CAUDILHISMO AOS REGIMES
- Automóvel; OLIGÁRQUICOS; O ESTADO IMPERIAL BRASILEIRO; O
- Cinema; PRIMEIRO REINADO; O PERÍODO REGENCIAL; O SE-
- Avião. GUNDO REINADO

Destaca-se ainda que foi nesse período de progresso material


que ocorreu a popularização do automóvel nas cidades europeias. Estados Unidos no Século XIX
Inclusive, o modelo do carro Ford T, fabricado nos Estados Unidos, Em 1776, quando os Estados Unidos se tornaram uma nação
revolucionou a indústria automobilística no mundo. O seu criador, independente, seu território se restringia a uma faixa de terra ao
Henry Ford, implantou uma linha de montagem que ficou conheci- longo da costa atlântica. A expansão do território estadunidense
da como Fordismo. em direção ao oeste do rio Mississipi ocorreu de várias maneiras:
por meio da expulsão e do extermínio dos povos indígenas que
Paz armada viviam na região; pela compra ou anexação de áreas pertencentes
à França, à Espanha e à Rússia, e por meio de guerras contra a In-
Os avanços tecnológicos da Belle Epoque voltaram-se também
glaterra (1776-1783) e contra o México (1846-1848)18.
para os investimentos em armas de guerra, como canhões, carros
A busca por metais preciosos, em um processo conhecido por
blindados, metralhadoras, gases tóxicos, etc. Por isso, houve o con-
corrida do ouro, provocou o deslocamento de grandes levas de co-
traponto negativo desse progresso que foi chamado de paz armada.
lonos para a região da atual Califórnia (1848-1849), contribuindo de
Muitos países começaram a competir pela hegemonia mun-
maneira significativa para o povoamento da costa oeste. Além dis-
dial, ou seja, entraram na frenética competição para obter o título
so, com a lei Homestead Act, de 1862, o governo concedia gratui-
de mais desenvolvido ou mais influente economicamente. Nesse
tamente pequenos lotes de terras no Oeste a colonos e imigrantes
momento, começaram a surgir as feiras de ciências a fim de enalte-
que quisessem cultivá-los.
cer o desenvolvimento tecnológico de cada país. A feira de Paris foi
um exemplo disso, com 24 mil apresentações. Escravistas versus antiescravistas
Durante a Belle Epoque houve muitos críticos desse progres- Por volta de 1820, os Estados Unidos já agregavam 22 estados.
so material, a exemplo do psiquiatra austríaco Sigmund Freud. Ele No Congresso, a representação dos estados que empregavam mão
acreditava que no futuro a massa iria sofrer as consequências do de obra livre, no Norte, equilibrava-se com a dos estados escravistas,
alto desenvolvimento industrial aliado as rivalidades entre nações. no Sul. Na década de 1830, esse equilíbrio começou a se romper,
A Primeira Guerra Mundial foi a finalização do clima de otimis- uma vez que muitos dos novos territórios na costa oeste, que seriam
mo plantado na Belle Epoque e previsto pelos críticos. transformados em estados, poderiam optar pelo trabalho escravo.
Em meados do século XIX, a questão da escravidão entrou no
Cultura Boêmia de Paris centro das atenções e chegou ao grande público. Enquanto os de-
A França foi o principal país europeus a tornar-se símbolo da putados do Norte denunciavam o trabalho escravo como um em-
Belle Epoque logo após o estabelecimento da Terceira República pecilho para o pleno desenvolvimento econômico do país, os do
Francesa (1870). O governo francês elaborou um plano econômico Sul diziam ser a escravidão “a pedra fundamental do edifício repu-
que possibilitou quarenta e quatro anos de prosperidade, paz entre blicano”.
os estados e otimismo nacional.
A capital do país – Paris – se constituiu como polo da cultura A Guerra de Secessão (1861-1865) e o fim da Escravidão
boêmia, da indústria do divertimento e da arte. Dessa maneira, a Em 1860, Abraham Lincoln (1809-1865), que defendia o fim
sociedade francesa começou a frequentar diversos espaços sociais gradual da escravidão, foi eleito presidente nos Estados Unidos. Em
de cultura, lazer e diversão na cidade. resposta, no início de 1861, onze estados do Sul se separaram da
Além de construções arquitetônicas emblemáticas que eviden- União e formaram uma confederação autônoma com capital na ci-
ciavam o glamour e a “época de ouro” do local, a exemplo da Torre dade de Richmond, no estado da Virgínia.
Eiffel erguida no Campo de Marte (Champ de Mars), a capital pari- 18 Azevedo, Gislane. História: passado e presente / Gislane Azevedo, Reinaldo
siense foi o ponto de partida para o desenvolvimento da indústria Seriacopi. 1ª ed. São Paulo. Ática.

38
HISTÓRIA
A proclamação dos confederados deu início a uma sangrenta Era preciso honrar o ideário liberal que motivara as revoluções
guerra civil que colocou em confronto o Norte industrializado e o e remover muitas das heranças coloniais. Mas essas elites se apoia-
Sul agrícola: a Guerra de Secessão. As desigualdades entre as duas vam em várias das antigas estruturas, como o regime latifundiário
forças eram enormes. e o trabalho compulsório imposto a índios e mestiços. Dos movi-
Enquanto o Norte contava com uma população de 22 milhões mentos de independência surgiram elites muito diferentes entre
de pessoas, o Sul tinha apenas 9 milhões. Além disso, os estados si. Em certos casos, predominavam grupos conservadores, que
do Norte fabricavam seus próprios armamentos e dispunham de pretendiam manter os antigos privilégios; em outros, políticos de
uma potente força naval, fatores decisivos na guerra. Após quatro orientação liberal, que propunham reformas profundas. As desa-
anos de lutas, a guerra impediu a fragmentação dos Estados Unidos venças entre esses grupos, não raro, levaram a guerras civis, prin-
em dois países, mas deixou um saldo de cerca de 620 mil mortos. cipalmente durante a primeira metade do século XIX. O historiador
Em setembro de 1862, o governo aboliu a escravidão nos Estados argentino Tulio Halperin Donghi caracterizou as primeiras décadas
confederados, mas a decisão não foi inicialmente cumprida pelos pós-independência na América espanhola como um período de
rebeldes. longa espera. Era um tempo de construção dos Estados Nacionais,
Militarmente inferiorizado, derrotado nos campos de batalha processo conturbado em todos os países recém-criados.
e sem apoio externo, o Sul acabou se rendendo ao Norte em abril
de 1865. Com o fim da guerra, a escravidão foi extinta nos Estados Decisão sobre Mudanças
Unidos, mas os problemas da população negra gerados por esse sis- No final da década de 1820, em todos os países independentes
tema não foram resolvidos. Sem amparo social, os ex-escravizados na América espanhola, prevaleciam dois grandes projetos: o dos
não tiveram acesso à terra, à educação e ao trabalho qualificado. conservadores e o dos liberais. Entre eles existia um objetivo em
Somente na década de 1960, após inúmeros conflitos, os afrodes- comum: manter as hierarquias sociais, o que significava conservar
cendentes norte-americanos passaram a ter os mesmos direitos o poder político da elite criolla sobre os camponeses e os trabalha-
civis e políticos dos brancos. dores indígenas, mestiços e negros.
O projeto dos conservadores se baseava na defesa da Igreja e
Expansão Econômica e Imperialista na força do Exército - mantendo as isenções fiscais desfrutadas pelos
Depois da Guerra de Secessão, os Estados Unidos viveram um eclesiásticos -, além da obrigatoriedade do ensino religioso como meio
período de grande prosperidade, que beneficiou principalmente os fundamental de formar cidadãos. Os conservadores acreditavam que
estados do Norte. A descoberta de vastas reservas de ferro, cobre uma Igreja enfraquecida traria o caos e a anarquia às sociedades que
e petróleo favoreceu a formação de grandes empresas. A invenção então se organizavam, sobretudo porque as camadas mais humildes
de novos equipamentos agrícolas provocou uma rápida expansão da sociedade, compostas em sua maioria de indígenas e mestiços, ti-
da agricultura. Os transportes ferroviário e hidroviário cresceram nham se mobilizado nas lutas de independência.
de maneira notável, fortalecendo o comércio. As exportações de- Os conservadores do México, por exemplo, costumavam cha-
ram um salto: em 1880, o país vendeu 835 milhões de dólares ao mar as classes populares de “classes perigosas”. Já os liberais, sob
exterior e, em 1900, esse número chegou a 1,4 bilhão de dólares. a influência do Iluminismo e dos ideais da Revolução Francesa,
Todo esse desenvolvimento contava com uma vasta oferta de tinham por objetivo a laicização do Estado - separar o Estado da
Igreja - e a defesa do ensino laico. Eles defendiam ainda um regime
mão de obra, possibilitada pelo aumento do número de imigrantes
republicano federalista, descentralizado, embora nem todos os li-
(o que se tornaria constante) no começo do século XIX. O cresci-
berais fossem contrários a uma monarquia constitucional.
mento econômico, ancorado na expansão industrial e na acumu-
Em dois países, México e Colômbia, o embate entre conserva-
lação de capital, levou o governo dos Estados Unidos à formulação
dores e liberais teve na Igreja o pomo da discórdia. Mas os resulta-
de uma política imperialista de tipo expansionista, pela qual o país
dos da disputa foram muito diferentes. No México, a Igreja perdeu;
passou a estender sua influência a outras regiões do mundo.
na Colômbia, venceu.
Em 1903, o governo estadunidense, motivado por interesses
geopolíticos, ajudou o Panamá a se tornar independente da Co- México
lômbia, interferindo assim em assuntos internos de outro país. No México, a Igreja reunia grande poder - concentrava meta-
Em 1904, o presidente Theodore Roosevelt (1858-1919) enviou ao de dos padres de toda a América espanhola. Com o Exército e os
Congresso o Corolário Roosevelt. Entendido como uma comple- grandes proprietários rurais, o clero integrava o grupo conserva-
mentação da Doutrina Monroe, esse Corolário dava ao governo dor, defendendo como forma de governo uma monarquia forte e
dos Estados Unidos o direito de exercer o papel de polícia interna- coesa, capaz de manter o controle da população, ainda influenciada
cional, podendo intervir para “garantir a ordem” nos países em que pelas ideias de Hidalgo e Morelos. Em oposição aos conservadores,
seus interesses estivessem supostamente ameaçados. os liberais, em cuia base social se destacavam os comerciantes e
Essa orientação ficaria conhecida como Big stick policy (“Po- grupos ligados à mineração -, defendiam um Estado republicano,
lítica do grande porrete”). Nesse contexto, já no século LX, forças federativo e laico (sem interferência da Igreja).
estadunidenses intervieram militarmente na Nicarágua (1912), no Após a independência, organizou-se um Congresso Consti-
México (1914), no Haiti (1915) e em outros países. tuinte, que estabeleceu um governo monárquico. O general criol-
lo Agustín de Iturbide foi escolhido imperador pelo Congresso em
AMÉRICA INDEPENDENTE 1822, mas seu governo durou somente dez meses, tendo sido de-
Herança Colonial posto pela sublevação de António Lopez de Santa Anna.
Os movimentos de independência na América espanhola re- Proclamada a República, elaborou-se uma Constituição inspi-
sultaram na fragmentação dos antigos vice-reinados e na formação rada no federalismo estadunidense, adotada em 1824. Os conser-
de diversas repúblicas. As tentativas de união das antigas colônias, vadores se mantiveram no poder até 1854, período dominado pelo
ainda que parciais, a exemplo do panamericanismo idealizado por general Antonio López de Santa Anna, que se dizia conservador ou
Simón Bolívar, fracassaram. A tarefa com que deparavam as elites liberal, conforme as circunstâncias. Nesses trinta anos, a fragilida-
dirigentes das jovens repúblicas não era fácil19. de política mexicana era evidente, perceptível inclusive na guerra
contra os Estados Unidos (1846-1848), na qual o México acabou
19 História. Ensino Médio. Ronaldo Vainfas [et al.] 3ª edição. São Paulo. Saraiva. perdendo boa parte de seu território, como o Texas e a Califórnia.

39
HISTÓRIA
Em 1854, os liberais assumiram o governo, acabando com mais terras livres para o assentamento da população rural, o que trazia
de 30 anos de domínio conservador. Eles fizeram algumas mudan- dificuldade para os grandes proprietários em conseguir mão de
ças na estrutura do país: aboliram os direitos de os eclesiásticos obra. Para garantir o trabalho nas fazendas, os proprietários endi-
e os militares cobrarem pelo uso da terra; por sua vez, as terras vidavam os camponeses, mediante o adiantamento de salários em
comuns dos aldeamentos indígenas foram abolidas. forma de gêneros vendidos no armazém da fazenda.
Essa mudança, porém, não resultou em nenhuma melhoria Mantinham os trabalhadores em dívida permanente, impedi-
para os trabalhadores indígenas e mestiços. Os liberais pretendiam dos de deixar as terras. Muito usado nas haciendas coloniais, esse
transformar as terras coletivas indígenas em pequenas proprieda- método era conhecido como peonaje.
des individuais - um projeto de reforma agrária. O período de pre-
domínio liberal é chamado de Reforma. Avanços Liberais, Reação Conservadora
Uma nova Constituição foi aprovada em 1857 (durou até A partir da década de 1840, as divergências políticas resulta-
1917). Entre os principais líderes da reforma estava Benito Juarez, ram na criação dos partidos Liberal e Conservador. O Partido Libe-
mestiço de origem indígena que, na infância, trabalhou como peão ral era formado por grupos urbanos ligados ao comércio e à produ-
de fazenda e pastor de ovelhas. Estudou no seminário de Santa ção artesanal. Propunha a abolição da escravidão, a liberdade de
Cruz e, mais tarde, formou-se em Direito. Exerceu várias vezes a imprensa, o fim dos privilégios da Igreja católica, a diminuição do
presidência, entre 1858 e 1872. Os historiadores consideram o caso poder Executivo e a abolição dos monopólios.
mexicano como um exemplo típico de reforma liberal na América Compunham o Partido Conservador os altos burocratas, os
Latina durante o século XIX. grandes proprietários rurais escravistas e os membros do Exército
e da Igreja católica. A principal questão entre os dois partidos dizia
Guerra Civil Mexicana respeito à Igreja.
A oposição dos conservadores às reformas liberais levou o país Os liberais pretendiam retirar da instituição o monopólio do
a uma guerra civil. Em 1859, os bens da Igreja foram nacionalizados, ensino e abolir os dízimos eclesiásticos, além de tornar propriedade
e as ordens religiosas, extintas. A reação conservadora chegou a do Estado as terras da Igreja. Os proprietários rurais e as classes po-
restabelecer a monarquia, em 1864, com o apoio de Napoleão III, pulares, extremamente católicos, opunham-se a essas propostas.
da França. O trono foi assumido pelo arquiduque austríaco Maximi- Até meados do século XIX, nenhum dos grupos exercia de fato a
liano de Habsburgo, primo do imperador francês. hegemonia política. Em 1849, com a eleição de José Hilário Lopez,
Longe de atenuar a crise, um imperador estrangeiro acirrou as os liberais alcançaram o poder (mantido até 1885). Diversificaram
disputas. A corrente liberal, contando com o apoio popular, der- a economia e as exportações, incentivando a expansão econômica.
rotou os conservadores; Maximiliano I foi fuzilado em 1867, por
Aboliram a escravidão em 1851, libertando cerca de 26 mil escra-
ordem de Benito Juarez, então na presidência da República. Con-
vos. Suprimiram os entraves ao comércio do tabaco e os impostos
solidava-se um Estado republicano e federativo, com a Igreja per-
de importação.
dendo seu poder. Os Estados Unidos não puderam evitar a inter-
Extinguiram o dízimo eclesiástico e expulsaram os jesuítas, que
ferência europeia - com base na doutrina Monroe -, por estarem
envolvidos na sua própria guerra civil. haviam retornado ao país em 1844. Em 1853, o ensino religioso
deixou de ser obrigatório e foi suprimido o regime do padroado
Uma Reforma Agrária contra os Camponeses (no qual cabia ao governo indicar os arcebispos e os bispos), sepa-
A reforma agrária liberal, que buscava criar um sistema de pe- rando a Igreja do Estado, e instituído o casamento civil, bem como
quenas unidades produtoras, foi um fracasso. Camponeses e indí- a legalidade do divórcio. Como no México, nacionalizaram os bens
genas não conseguiram comprar as terras, que, assim, foram parar da Igreja.
nas mãos dos grandes proprietários. Com isso, muitos tiveram de Em 1854, ocorreu uma tentativa de golpe militar, estimulada
vender sua força de trabalho para os grandes latifundiários (hacen- por grupos contrários às reformas. Na década de 1870, o governo
dados), formando uma espécie de proletariado rural. liberal perdeu força. Despontavam os grupos ligados ao café, que
A situação do Estado também era difícil, com a aquisição de elegeram como presidente Rafael Núñez, ex-liberal que pretendia
empréstimos no exterior, principalmente junto aos Estados Uni- “regenerar” a Colômbia.
dos. Nessa conjuntura, crescia a insatisfação popular, com levantes Em seu terceiro mandato, a Constituição conservadora de
camponeses, sublevações urbanas e o crescimento do número de 1886 foi jurada, restituindo à Igreja católica suas propriedades e
desocupados. Esse clima conturbado marcou os 50 anos que se se- a direção da educação. Até os dias de hoje, a influência da Igreja
guiram à independência do México. católica é fortíssima na Colômbia.

Colômbia: Uma República Conservadora Argentina e o Caudilhismo


A Gran Colombia tornou-se independente em 1819, sob a li- O antigo Vice-reinado do rio da Prata era composto de regiões
derança de Simón Bolívar. Tinha, então, um território semelhante que hoje englobam Argentina, Uruguai, Bolívia e Paraguai. A inde-
ao antigo vice-reinado de Nova Granada. Bolívar queria fazer do pendência formal ocorreu em 1816. Mas durante toda a primeira
país o berço de um Estado unificado na América do Sul de língua metade do século XIX travaram-se intensas lutas internas, coman-
espanhola. dadas pelos chamados caudilhos.
Mas seu sonho pan-americanista não saiu do papel: Gran Co- No caso da Argentina, o processo de constituição de um Estado
lombia se fragmentou e Equador e Venezuela acabaram por formar
Nacional foi lento. Depois da independência, existiam no país três
repúblicas independentes. Apesar desse cenário, a Colômbia não
grandes áreas, com interesses diferentes, entre as quais ocorreram
passou por experiências ditatoriais ao longo do século XIX. Mas a
intensos conflitos. A primeira era a província de Buenos Aires, pe-
instabilidade política esteve presente, por meio de rebeliões locais,
cuarista, vinculada à cidade de mesmo nome, capital federal e prin-
guerras civis e dois conflitos contra o Equador por problemas de
fronteira. cipal porto exportador de toda a região.
Parte dos problemas estava relacionada à manutenção da es- A segunda se compunha de províncias do interior, também
cravidão de origem africana e à tributação indígena. As terras co- pecuaristas, como Santa Fé, Entre-Rios e Corrientes, situadas às
munais indígenas, denominadas resguardos, foram extintas. Havia margens do rio Paraná, cujos governantes pretendiam preservar o

40
HISTÓRIA
caminho fluvial para chegar ao estuário do Prata. Por último, a área Desse total, 1,5 milhão de pessoas eram escravizadas. Mais de
dedicada à produção de alimentos: Córdoba, La Rioja e Tucumán, 90% da população habitava a zona rural, onde os grandes proprie-
no interior do país. tários de terra exerciam “governos” informais. A mortalidade in-
fantil era muito alta. Da mesma maneira, o índice de analfabetismo
Unitarismo ou Federalismo? girava em torno de 85%. A cultura erudita, por sua vez, concen-
No plano político, o grande conflito ocorreu entre Buenos Aires trava-se nas grandes cidades, onde também circulavam jornais e
e diversas províncias do interior. Os comerciantes ligados ao co- revistas, a maioria de vida curta e periodicidade incerta.
mércio externo de Buenos Aires, apostando num governo centrali-
zado, desejavam estender seu domínio sobre as demais províncias. A Constituinte
Defendiam, ainda, o livre-comércio e a aproximação com a Antes da independência, em junho de 1822, dom Pedro tinha
Grã-Bretanha. Desse grupo surgiu o Partido Unitário. Fazendeiros aprovado a convocação de uma Assembleia Constituinte destinada
e pecuaristas (estancieiros) do interior se recusavam a seguir essas a elaborar a primeira Carta Magna do Brasil. A escolha dos consti-
ideias. A maior parte dos caudilhos das províncias do interior não tuintes foi feita por meio de eleições após o Sete de Setembro, nas
apoiava o unitarismo: defendiam um regime federativo, capaz de quais votaram os proprietários do sexo masculino e maiores de 25
assegurar sua autonomia política. anos. Mulheres, homens sem terras e escravos não podiam votar.
A defesa de um regime federativo, em oposição aos comer- Na sessão inaugural da Assembleia, em maio de 1823, dom
ciantes de Buenos Aires, deu origem ao Partido Federal. As rivali- Pedro I jurou defender a nova Constituição desde que ela mere-
dades duraram décadas. Entre 1830 e 1852, não existia de fato um cesse sua imperial aceitação. Com essa ressalva, o imperador dei-
governo nacional. De um lado, estava a Confederação Argentina, xava claro que a palavra final a respeito das decisões aprovadas lhe
com ampla autonomia provincial. De outro, o governo de Buenos pertencia, e não aos constituintes. Ou seja, era ele o detentor da
Aires, cuia única função centralizadora dizia respeito às relações soberania, não o povo representado na Assembleia.
internacionais, atribuída ao governador da província portenha. Em setembro de 1823, o deputado Antônio Carlos de Andrada
e Silva, irmão de José Bonifácio, apresentou um projeto de Consti-
Protagonismo de Buenos Aires tuição elaborado por uma comissão de constituintes. Dois artigos
Nesse período, destacou-se o caudilho Juan Manuel de Ro- do projeto eram conflitantes com as intenções de dom Pedro I:
sas, grande estancieiro na região do Pampa, militar e governador um deles proibia que o imperador fosse governante de outro reino
da província de Buenos Aires. No seu longo governo, que se esten- (dom Pedro era herdeiro do trono português); outro artigo impedia
deu de 1829 até 1852 (com breve interrupção entre 1832 e 1835), o imperador de dissolver o Parlamento.
defendeu o federalismo e, ao mesmo tempo, reforçou o poder da
cidade de Buenos Aires, preparando-a para exercer a hegemonia A Constituição de 1824
política sobre todo o país. Rejeitado pelo imperador, o projeto teve vida curta. Em no-
Estabeleceu diversos acordos com as províncias, sobretudo vembro de 1823, dom Pedro decidiu dissolver a Assembleia e criou
Corrientes e Entre-Rios. Combateu os índios do Pampa, ao sul, um Conselho de Estado que elaborou outra Constituição. Em 25 de
numa autêntica campanha de extermínio, tarefa depois concluída março de 1824 o imperador outorgou aquela que seria a primeira
pelo general Roca, em 1879. Rosas pretendia fazer da Argentina a Carta Magna brasileira.
principal potência na região platina. Contrariou, assim, os interes- A Constituição outorgada apresentava algumas poucas dife-
ses brasileiros, discretamente apoiados pela Inglaterra. renças significativas em comparação com a elaborada pelo depu-
Auxiliou os rio-grandenses nos anos finais da Farroupilha tado Antônio Carlos, principalmente em relação à divisão dos po-
(1835-1845), chegando a oferecer recursos financeiros. No Uru- deres. Além do Legislativo, do Executivo e do Judiciário, a Carta de
guai, apoiou os políticos contrários ao Brasil. Finalmente, declarou 1824 criava um quarto Poder: o Moderador, a ser exercido pelo
guerra ao Brasil, em 1851. Derrotado em Monte Caseros, em 1852, imperador.
fugiu para a Inglaterra, onde obteve asilo político. Em 1853, uma Com o Moderador, dom Pedro podia dissolver a Câmara dos
nova Constituição adotou o modelo federativo de governo. Mas o Deputados quando quisesse e convocar novas eleições; nomear se-
governo de Buenos Aires rejeitou a Carta e afastou-se da Confede- nadores; aprovar ou vetar as decisões da Câmara e do Senado, etc.
ração Argentina. Além disso, cabia ao imperador nomear e destituir os presidentes
Embora os portenhos tenham sido derrotados militarmente de província, interferindo nos assuntos regionais.
em 1859, Buenos Aires se manteve administrativamente indepen-
dente. A Argentina somente foi unificada em 1862. Até então pre- A Confederação do Equador
valeceram os políticos com tendência a defender o federalismo, Insatisfeitos com a dissolução da Constituinte e com o autori-
mas que, na verdade, desejavam mesmo ver ampliado o seu poder tarismo do imperador, revoltosos de Recife se armaram novamente
pessoal e militar. e, no dia 2 de julho de 1824, deram início a uma rebelião que logo
A confusão entre o interesse público e os interesses particu- se alastrou para as províncias da Paraíba, do Rio Grande do Norte,
lares era total, em prejuízo das instituições e da construção de um do Ceará e do Piauí.
Estado Nacional com base em uma Constituição. Na capital revolucionária, os rebeldes proclamaram a Confede-
ração do Equador, uma República Federativa semelhante a estadu-
PRIMEIRO REINADO nidense. A insurreição contou com a participação tanto de proprie-
No dia 12 de outubro de 1822, dom Pedro - que naquela data tários de terras quanto de grupos das camadas populares urbanas
completava 24 anos - foi proclamado imperador constitucional e e foi marcada por um forte sentimento antilusitano.
defensor perpétuo do Brasil. Dom Pedro I herdou um governo sem Em novembro de 1824, a resistência pernambucana foi sufo-
recursos e extremamente endividado. Faltava dinheiro para aten- cada. O frade carmelita Joaquim do Amor Divino (1779-1825), mais
der às principais necessidades da população, principalmente no conhecido como frei Caneca - que havia lançado o jornal de oposi-
que dizia respeito à saúde e à educação. Segundo algumas estima- ção ao governo Typhis Pernambucano em 1823 - foi acusado de ser
tivas, aproximadamente cinco milhões de pessoas viviam no Brasil. o líder da rebelião e fuzilado no Recife, em janeiro de 1825. Outros
com acusações semelhantes também foram executados.

41
HISTÓRIA
D. Pedro I Abdica A Regência Trina
As críticas ao imperador e ao governo não cessaram. Em diver- Assim, logo após a abdicação de dom Pedro I, em 7 de abril
sas partes do Brasil motins contra os altos preços dos gêneros de de 1831, formou-se uma Regência Trina Provisória que governou
primeira necessidade se tornaram comuns. A guerra entre o Brasil e até 17 de junho de 1831. Nessa data, a Assembleia Geral elegeu a
a Argentina pelo domínio da Província Cisplatina, iniciada em 1825, Regência Trina Permanente, encarregada de governar o Brasil até a
também fortaleceu um movimento pró-emancipação da região Sul. maioridade do príncipe.
O conflito só terminou em 1828, quando os governos dos dois A Regência Trina preocupou-se em manter a paz interna. Fo-
países concordaram com a independência da Província Cisplatina ram proibidos os ajuntamentos noturnos em locais públicos e sus-
(antiga Banda Oriental, atual Uruguai). Para os brasileiros, o ânus pensas algumas garantias constitucionais. As guardas municipais
da guerra foi extremamente elevado - aumento da inflação, que já foram extintas e criou-se a Guarda Nacional, organização paramili-
estava alta, e falência do Banco do Brasil. Essas consequências au- tar constituída por milícias civis, encarregada de defender a Consti-
mentaram ainda mais o descontentamento popular com o governo tuição e garantir a ordem interna.
de dom Pedro I. A criação da Guarda Nacional foi um dos primeiros atos que in-
A impopularidade do imperador piorou quando ele se envolveu dicavam uma tendência à descentralização do poder. Outros even-
na crise de sucessão da Coroa portuguesa, iniciada com a morte de tos ajudaram a consolidar esse processo, por exemplo:
dom João VI, em 1826. Dom Pedro se tornou o herdeiro legítimo do - a aprovação do novo Código de Processo Criminal em 1832
trono de Portugal. Dom Pedro renunciou à Coroa portuguesa em que atribuía mais poderes aos juízes de paz, agora com o papel de
favor de sua filha, a princesa Maria da Glória, de apenas 7 anos. polícia e de juiz local (podiam prender, julgar, convocar a Guarda
Dom Miguel, irmão de dom Pedro, governaria Portugal como Nacional, etc.);
príncipe regente até que a princesa chegasse à maioridade, quando - a extinção do Conselho de Estado e a criação das Assembleias
se casaria com a sobrinha. Em 1828, entretanto, dom Miguel se au- Legislativas provinciais, que podiam elaborar as leis de interesse lo-
toproclamou rei absoluto de Portugal. cal e nomear funcionários públicos. A autonomia das Assembleias
Preocupado em intervir nos acontecimentos de Portugal, dom continuava limitada, pois suas decisões podiam ser vetadas pelos
Pedro perdeu cada vez mais apoio na política interna do Brasil. Teve presidentes das províncias que, por sua vez, eram nomeados pelo
início uma guerra civil contra seus aliados. Acusado de autoritário imperador.
no Brasil, dom Pedro era considerado liberal pelos portugueses. Em
1830, o imperador foi considerado o responsável pelo assassinato Vale lembrar que tanto os juízes de paz quanto os membros
do jornalista liberal Líbero Badaró, oposicionista. das Assembleias Provinciais eram eleitos pela população, ou seja,
Em março de 1831, depois de uma viagem a Minas Gerais, os por indivíduos livres do sexo masculino que possuíam bens. Assim,
residentes portugueses do Rio de Janeiro acenderam fogueiras nas as pessoas escolhidas para os cargos representavam os interesses
ruas para homenagear dom Pedro, mas os brasileiros apagaram- da elite e dos grandes proprietários de terras e de escravos.
-nas, gritando vivas à Constituição. Um dos passos mais importantes para a descentralização do
Na noite seguinte, 13 de março, brasileiros e portugueses en- poder foi o Ato Adicional de 1834, criado pela Assembleia Geral.
traram em choque nas ruas do Rio de Janeiro. O episódio, conhe- Trata-se de uma reforma na Constituição pela qual foi extinto o
Conselho de Estado - cujos membros haviam sido nomeados por
cido como Noite das Garrafadas, marcou o início de uma série de
dom Pedro I - e criadas as Assembleias Legislativas provinciais ,
conflitos entre oposicionistas e partidários do imperador.
que passaram a ter poder para elaborar leis e nomear funcionários
No dia 6 de abril, dom Pedro destituiu seu ministério composto
públicos, conquistando assim maior autonomia em relação ao po-
apenas de brasileiros e o substituiu por outro, formado por defen-
der central. Esse ato adicional criou também a Regência Una, que
sores do absolutismo. Em resposta, a população do Rio de Janeiro, substituiria a Regência Trina Permanente, determinando a eleição
com tropas do Exército, concentrou-se no Campo de Santana e exi- do regente por meio do voto popular para um mandato de quatro
giu a volta do ministério deposto. Enfraquecido e sem apoio militar, anos.
o imperador abdicou do trono em favor do filho, o príncipe Pedro A Regência Una
de Alcântara, de apenas 5 anos. Realizadas em abril de 1835, as eleições para Regente conta-
Era o dia 7 de abril de 1831. Uma semana de pois, o ex-impera- ram com uma pequena participação de cerca de 6 mil eleitores,
dor partiu rumo a Portugal. Deixava no Brasil dom Pedro de Alcân- pouco mais de 0,1% da população, estimada em 5 milhões de pes-
tara, sob a tutela de José Bonifácio de Andrada e Silva. No Brasil, soas naquela época.
tal como previa a Constituição, ainda em abril de 1831 formou -se O eleito foi o ex-ministro da Justiça, Padre Diogo Antônio Feijó.
uma Regência Trina Provisória para governar o país. Pela primeira Feijó assumiu a Regência Una em outubro de 1835, em meio a uma
vez, a elite nacional assumia plenamente o controle da nação. Por crise de grandes proporções, com rebeliões em várias províncias.
esse motivo, muitos historiadores entendem que o processo de in- A Cabanagem (1835-1840) no Pará e a Guerra dos Farrapos
dependência do Brasil só se encerrou em 1831, com a abdicação de (1835-1845) no Rio Grande do Sul foram duas delas. Em 1837, sem
dom Pedro. apoio dos parlamentares, Feijó renunciou à Regência e foi substi-
tuído pelo Ministro do Interior, Pedro de Araújo Lima, referendado
Período Regencial como Regente na eleição do ano seguinte.
Estava previsto na Constituição de 1824 que, em caso de morte Durante a regência de Araújo Lima, diversas medidas foram
ou abdicação do imperador, e seu herdeiro não pudesse assumir o adotadas para devolver ao governo central o controle de todo o
trono devido à menoridade, o Governo seria entregue a uma jun- aparelho administrativo e judiciário. Uma dessas medidas foi a Lei
ta de três regentes indicados pela Assembleia Geral (formada pela de Interpretação do Ato Adicional, de 1840, que restringiu os po-
Câmara dos Deputados e pelo Senado), até que o jovem príncipe se deres das Assembleias Provinciais. A ela se seguiram o restabeleci-
tornasse maior de idade, ao completar 18 anos. mento do Conselho de Estado e a reforma do Código do Processo
Criminal, que limitou a autoridade dos juízes de paz e fortaleceu
a dos juízes municipais, subordinados ao poder Judiciário central.
Tais medidas - assim como o período em que foram tomadas - fica-
ram conhecidas como Regresso.

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HISTÓRIA
A Maioridade de D. Pedro II pas governamentais. A província, já instável, entrou em convulsão.
No início de 1840, além das rebeliões que continuavam ocor- Em janeiro de 1835, o irmão de Manuel, Francisco Pedro Vinagre,
rendo em várias províncias na capital do país, os embates entre re- liderou um grupo de sertanejos, negros e indígenas armados, em
gressistas e progressistas se intensificavam. Os progressistas - que uma invasão a Belém, capital do Grão-Pará.
passaram a ser chamados de Partido Liberal - começaram a exigir Os revoltosos mataram Lobo de Souza e seu comandante de
a antecipação da maioridade do Príncipe Pedro de Alcântara que, armas e libertaram os presos políticos. Como grande parte dessas
de acordo com a Constituição, só poderia assumir o trono em 1844. pessoas era pobre e morava em cabanas, o movimento ficou co-
Segundo os liberais, essa seria a única forma de fazer o país vol- nhecido como Cabanagem e seus integrantes como cabanos (não
tar à normalidade e garantir a unidade do império. Os regressistas confundir com os cabanos de Pernambuco e Alagoas).
- reunidos agora no Partido Conservador - opunham-se à medida, Em maio de 1836, o regente Diogo Feijó enviou a Belém uma
pois temiam ser afastados do poder com a antecipação da maiori- esquadra com o objetivo de retomar o poder local e reintegrar o
dade. Para eles, a solução para a crise estava na maior concentra- Pará ao Império. Os revoltosos retiraram-se da capital, mas con-
ção de poderes nas mãos do governo regencial. Depois de muitos tinuaram controlando boa parte do interior por quase três anos.
debates, no dia 23 de julho de 1840, a Câmara e o Senado aprova- Somente em meados de 1840 foram dominados e a província foi
ram o projeto liberal, concedendo a maioridade a dom Pedro de reintegrada ao Império. Cerca de 30 mil pessoas morreram durante
Alcântara, então com 14 anos de idade, e declarando-o imperador o conflito.
do Brasil, com o título de dom Pedro II. Para o historiador Caio Prado Júnior, a Cabanagem foi uma das
O episódio ficaria conhecido como Golpe da Maioridade. No revoltas mais importantes de nossa história, pois foi a primeira em
dia seguinte, o soberano organizou seu ministério, composto de re- que a população pobre conseguiu, de fato, ocupar o poder em uma
presentantes do Partido Liberal. Era o início de um reinado que iria província.
se estender pelos 49 anos seguintes.
Revolta dos Malês
Revoltas do Período Regencial No começo do século XIX, negros e pardos livres e escravos re-
presentavam 72% (segundo cálculos do historiador João José Reis)
Guerra dos Cabanos da população de Salvador, capital da Bahia, que tinha aproximada-
Entre 1832 e 1835, ocorreu a Cabanada ou Guerra dos Caba- mente 65 500 habitantes.
nos, guerra rural que ganhou esse nome porque a maioria de seus Vítimas constantes do preconceito racial e da opressão social,
participantes vivia em habitações rústicas (não confundir com a Ca- eles se tornaram a parte mais frágil da sociedade. Em 1835, muitos
banagem), em uma região entre o sul de Pernambuco e o norte de deles se rebelaram em Salvador. Foi a Revolta dos Malês, cujo ob-
Alagoas. jetivo declarado era destruir a dominação branca na região e cons-
Participaram do levante indígenas aldeados, brancos e mesti- truir uma Bahia só de africanos.
ços que residiam nas periferias dos engenhos, negros forros e cati- Fizeram parte do movimento principalmente os malês, nome
vos fugidos, chamados de papa-méis, que residiam em quilombos. dado aos escravos seguidores do islamismo. Eles pertenciam a di-
Alguns proprietários rurais também integraram o movimento. Os ferentes etnias - como a dos haussás, jejês e nagôs - e muitos eram
cabanos lutavam pelo direito de permanecer em suas terras; pre- alfabetizados. Também participaram do movi mento nagôs segui-
gavam a alforria dos escravizados e o retorno de dom Pedro I ao dores do candomblé.
Brasil. A revolta começou no dia 24 de janeiro, quando cerca de 600
O governo regencial enviou tropas para combater os revol- negros (segundo a historiadora Magali Gouveia Engel), armados
tosos na região. Nos combates, os rebeldes conseguiram diversas principalmente de espadas, ocuparam de surpresa o centro de Sal-
vitórias, utilizando táticas de guerrilha: faziam ataques surpresa a vador. Após intensos combates, os rebeldes foram derrotados pe-
fazendas e engenhos e se refugiavam rapidamente no interior das las forças policiais, que dispunham de armas de fogo.
matas, que conheciam muito bem, onde os soldados governistas Centenas de participantes da revolta morreram ou ficaram fe-
não conseguiam encontrá-los. ridos. Após a rebelião, desencadeou-se violenta repressão contra
Aos poucos, o movimento perdeu força, principalmente após os africanos e afro-brasileiros. Muitos foram condenados ao açoite,
a morte de dom Pedro I, em 1834. Seus integrantes sofreram com à prisão ou à deportação. Três escravos e um liberto foram conde-
epidemias e escassez de alimentos. No início de 1835, a maior parte nados à morte e fuzilados.
dos cabanos havia morrido nos confrontos ou encontrava-se pre-
sa. O principal líder dos rebeldes cabanos, o ex-soldado Vicente de Guerra dos Farrapos
Paula, e um grupo de ex-escravos continuaram a luta. Nas primeiras décadas do século XIX, estancieiros e charquea-
Refugiaram-se nas matas do Jacuípe e por quinze anos perma- dores contestavam os altos impostos aplicados sobre o gado, a
neceram atacando engenhos e libertando escravos no interior de terra, o sal e principalmente o charque. Na política, sentiam-se
Pernambuco e Alagoas. Em 1850, o líder foi preso em uma embos- desprestigiados pelo governo regencial, pois, apesar de serem fre-
cada e enviado para o presídio de Fernando de Noronha. quentemente convocados a lutar contra os castelhanos na defesa
das fronteiras ao sul do Brasil, não recebiam postos de comando
Cabanagem durante as batalhas.
A província do Grão-Pará viveu, na primeira metade do século Em 1834, o presidente da província nomeado pelo governo da
XIX, grandes conturbações internas. Em 1822, houve um levante Regência, Antônio Rodrigues Fernandes Braga, criou impostos - in-
contra a Independência que foi apaziguado apenas em 1823. Nos clusive sobre as propriedades rurais - e começou a organizar uma
anos seguintes, ocorreram disputas constantes pelo poder envol- força militar para fazer frente às milícias dos chefes locais.
vendo as elites regionais contra o governo imperial. Em 19 de setembro de 1835, o estancieiro Bento Gonçalves,
Em 1833, a Regência nomeou Bernardo Lobo de Souza para o comandante da Guarda Nacional gaúcha e ligado aos liberais (cha-
cargo, mas ele teve que enfrentar um clima hostil. Em novembro mados farroupilhas), invadiu Porto Alegre, expulsou o presidente
de 1834, ele mandou prender diversos opositores e um deles, o pe- da província e deu posse ao vice-presidente, o liberal Marciano Pe-
queno proprietário rural Manuel Vinagre, foi assassinado pelas tro- reira Ribeiro.

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HISTÓRIA
Iniciava-se, assim, a mais longa revolta do período regencial, a Dezoito deles, entre os quais Francisco Sabino, foram conde-
Guerra dos Farrapos. Em setembro de 1836, os revoltosos procla- nados à morte. Com a maioridade de dom Pedro, em 1840, todos
maram a República Rio-Grandense. Dois meses depois, os farrapos os rebeldes foram anistiados. Mesmo perdoado, porém, Sabino foi
ratificaram sua independência do restante do Brasil e escolheram enviado para Goiás para permanecer longe de Salvador.
Bento Gonçalves para presidente da República recém-criada.
Em seguida, comandados por Davi Canabarro e pelo italiano Balaiada
Giuseppe Garibaldi, os farrapos conseguiram conquistar Laguna, Em 1838, Vicente Camargo, do Partido Conservador, era presi-
em Santa Catarina, em julho de 1839. Ali, proclamaram a República dente da província do Maranhão. Em junho daquele ano, Camargo
Catarinense. No entanto, em novembro, tropas imperiais expulsa- distribuiu nas comarcas do Maranhão os cargos de prefeito e co-
ram os revolucionários da região e teve início o declínio da Repúbli- missário de polícia apenas aos seus correligionários, que passaram
ca Rio-Grandense. a perseguir os políticos do Partido Liberal (chama dos de bem-te-
Em novembro de 1842, dom Pedro II nomeou o marechal Luís -vis) e a exercer maior controle sobre a população pobre e livre.
Alves de Lima e Silva para a presidência da província e para o co- Um dos meios usados para esse controle se dava com o recru-
mando das tropas imperiais no Rio Grande do Sul. tamento compulsório, como o que ocorreu em 1838 para o Exérci-
Lima e Silva, que ficaria conhecido como Duque de Caxias, ti- to, de alguns vaqueiros que trabalhavam para Raimundo Gomes,
nha por missão debelar a Revolução Farroupilha. Em 1845, ele con- um fazendeiro simpático à causa liberal, que, apoiado por alguns
seguiu chegar a um acordo com os rebeldes e pôr fim ao conflito. companheiros, invadiu a cadeia e libertou os vaqueiros recrutados
Interessado em atrair o apoio das elites gaúchas para o gover- à força e mantidos na prisão.
no imperial, Caxias satisfez boa parte de suas reivindicações. Assim, Em janeiro de 1839, Raimundo Gomes conseguiu o apoio de
o charque estrangeiro foi tributado em 25%, os estancieiros envol- Manuel Francisco dos Anjos Ferreira, pequeno agricultor e fabri-
vidos na revolta foram anistiados e os oficiais republicanos reincor- cante de cestos, cujo apelido de Balaio daria nome à revolta que
porados ao Exército imperial. abalaria o Maranhão nos anos seguintes: a Balaiada. Raimundo
Também foi aprovada a alforria dos escravizados que participaram Gomes, Manuel Ferreira e seus seguidores começaram a percorrer
da revolta, os prisioneiros de guerra foram soltos e os rebeldes que se o interior do Maranhão, protestando não apenas contra o recruta-
encontravam refugiados fora da província puderam voltar ao Rio Grande mento compulsório, mas também contra a discriminação e a desi-
do Sul. Além disso, os rio-grandenses conquistaram o direito de indicar o gualdade social reinantes na província.
presidente da província. O escolhido foi o próprio Caxias. Os liberais apoiaram os rebeldes, fornecendo-lhes armas e mu-
nições. Em 1839, eles dominaram Caxias, a segunda maior cidade
Sabinada maranhense, e prosseguiram invadindo fazendas e libertando a
A população de Salvador ainda não havia esquecido a Revolta população escravizada. Em 1840, sob a liderança do cativo Cosme
dos Malês quando, no primeiro semestre de 1837, novas agitações Bento das Chagas, o Preto Cosme, mais de 3 mil escravizados tam-
envolveram a cidade. O médico e jornalista Francisco Sabino criti- bém se rebelaram.
cava em seu jornal, Novo Diário da Bahia, o uso dos impostos para No início de 1840, Luís Alves de Lima e Silva, futuro Duque de
sustentar a Corte, condenava a tirania das autoridades e o domínio Caxias, foi nomeado para a presidência da província e combateu os
da sociedade por uma pequena elite. revoltosos duramente: reconquistou a cidade de Caxias, obteve a
Essa lista de insatisfações era reforçada pelos militares que rendição de Raimundo Gomes logo depois de Balaio ter sido morto
reclamavam da recém-criada Guarda Nacional - com funções que em um dos confrontos e perseguiu os escravos liderados por Preto
deveriam ser do Exército - e protestavam contra a redução do efeti- Cosme.
vo militar, responsável pelo aumento do desemprego na categoria. Os combates se estenderam até 1842, quando o líder dos es-
Com o governo regressista de Pedro de Araújo Lima, que assu- cravizados foi capturado e enforcado. Saldo da revolta: cerca de 6
miu a regência em setembro de 1837, temia-se que a autonomia mil mortos, entre cativos e sertanejos pobres.
das províncias fosse ainda mais reduzida. Em Salvador, o descon-
tentamento contra o novo regente aumentou quando ele convocou O Segundo Reinado
tropas baianas para lutar ao lado do governo, contra os farrapos, no O período compreendido entre 1840 e 1889, no qual o Brasil
Rio Grande do Sul. esteve sob o comando - altamente centralizado - do imperador dom
No dia 7 de novembro de 1837, tropas do Forte de São Pe- Pedro II, é chamado de Segundo Reinado. Para manter a centrali-
dro se sublevaram. Os rebeldes constituíram um governo autôno- zação, dom Pedro II utilizou as prerrogativas asseguradas ao Poder
mo, proclamaram a independência da Bahia, declararam nulas as Moderador - órgão que se sobrepunha ao Executivo, ao Legislativo
ordens vindas do Rio de Janeiro e convocaram uma Assembleia e ao Judiciário - sistematicamente.
Constituinte. Os revoltosos também decretaram o fim da Guarda
Assim, nomeou e demitiu ministros, dissolveu a Câmara dos
Nacional, elevaram os soldos dos militares e criaram batalhões de
Deputados repetidas vezes, convocou eleições, escolheu senado-
soldados para garantir a defesa do governo recém-instalado.
res, suspendeu magistrados, etc. Interessado em consolidar a or-
Para conquistar o apoio da elite baiana, os líderes do movimen-
dem interna e manter a unidade territorial, durante seu governo,
to pregavam a manutenção da ordem, a preservação da proprieda-
dom Pedro II construiu um sólido aparato administrativo, jurídico
de privada e a permanência da escravidão. Mas essas garantias não
e burocrático e debelou as revoltas provinciais, como a Guerra dos
foram suficientes e, sem recursos, o movimento não sobreviveu
Farrapos (1835-1845) e a Balaiada (1838-1842), que ameaçavam a
por muito tempo. Com o auxílio de fazendeiros do Recôncavo Baia-
no e de soldados vindos de Pernambuco, Sergipe e Rio de Janeiro, integridade territorial brasileira.
as tropas governistas cercaram Salvador por terra e por mar e der- Ao longo dos 49 anos de seu governo, o imperador conseguiu
rotaram os revoltosos em março de 1838. conciliar as forças, oferecendo apoio intermitente ao Partido Liberal
Cerca de 2 mil pessoas morreram nos confrontos, a maioria ne- e ao Partido Conservador. Embora as diferenças entre os dois parti-
gros e pobres. Quase 3 mil foram presas e outras 1500 deportadas dos fossem pequenas ambos representavam setores diferentes dos
para o Sul e alistadas no Exército para enfrentar os farrapos. Os 780 grandes comerciantes e dos grandes proprietários de terra, sempre
rebeldes considerados mais perigosos foram trancafiados no porão que um gabinete liberal dava lugar a um conservador, e vice-versa,
de um navio-prisão. toda a estrutura administrativa do Império era substituída.

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HISTÓRIA
Fazendo largo uso do clientelismo, os novos integrantes do po- Entretanto, 30 mil combatentes, de 139 mil enviados à fren-
der substituíam os presidentes de província, prefeitos, delegados, te de batalha, morreram. Para compensar as perdas financeiras, o
coletores de impostos e demais funcionários públicos. Nas relações governo brasileiro contraiu empréstimos no exterior, aumentando
internacionais, dom Pedro II procurou apresentar a imagem do a dívida externa. O fim dos combates também contribuiu para pôr
Brasil como um país jovem, moderno e com grande potencial de em xeque o governo de dom Pedro II: as críticas à escravidão se
desenvolvimento. Para reforçar essa ideia, ele financiava o estudo intensificaram e a ideia de substituir a monarquia pela república
de artistas no exterior e estimulava a vinda de missões científicas começou a ganhar força.
estrangeiras ao Brasil.
Mudança do Eixo Econômico
A Guerra do Paraguai Planta nativa da Etiópia, na África, o café chegou à Europa no
As origens da Guerra do Paraguai estão ligadas à consolidação século XVII e, de lá, à América. Em 1727, as primeiras sementes e
dos Estados nacionais na região do Prata e à preocupação do Impé- mudas de café foram trazidas da Guiana Francesa e plantadas em
rio em evitar a formação de uma grande nação platina que ocupas- Belém, no atual estado do Pará.
se o território do antigo Vice-Reino do Prata. Por volta de 1760, já havia cafeeiros (para consumo) na cida-
Em agosto de 1864, tropas brasileiras invadiram o Uruguai - in- de do Rio de Janeiro. Posteriormente, a planta foi levada ao lito-
dependente desde 1828 - e derrubaram o presidente uruguaio Ata- ral fluminense e, depois, para o vale do rio Paraíba do Sul. Ali, o
násio Aguirre, do Partido Blanco, acusado de ter posto em prática café passou a ser plantado como produto agrícola, para consumo
medidas antibrasileiras. Seu opositor, Venâncio Flores, do Partido e comércio, e se espalhou rapidamente, chegando a cidades como
Colorado, tornou-se presidente. Resende e Vassouras, no Rio de Janeiro; Areias , Guaratinguetá e
Interpretando a invasão do Uruguai como uma ameaça aos Taubaté, em São Paulo. Mudas e sementes de café também foram
interesses de seu país, em novembro de 1864. o presidente do Pa- levadas para o Espírito Santo e para o sul de Minas Gerais.
raguai, Solano López, aliado de Aguirre, apreendeu um navio mer- Nesse processo de expansão, muitos quilômetros da mata
cante brasileiro no rio Paraná e, em dezembro, ordenou a invasão Atlântica foram derrubados para que fazendas de café pudessem
da província do Mato Grosso. se estabelecer e os indígenas que ali viviam foram dizimados ou
Em seguida, declarou guerra à Argentina, já que o governo do expulsos. Os pequenos posseiros que se encontravam na região
país não permitiria que o Exército paraguaio cruzasse o território com suas lavouras de subsistência tiveram um destino similar. Des-
argentino em direção ao Rio Grande do Sul e ao Uruguai. Em maio sa maneira, no início do Segundo Reinado, o café já era o principal
de 1865, Brasil, Argentina e Uruguai (já presidido por Flores) firma- artigo de exportação brasileiro e o Brasil era o maior exportador
ram o Tratado da Tríplice Aliança, um acordo político, econômico e mundial do produto.
militar contra o Paraguai. No sudeste, as principais cidades cafeicultoras enriqueceram.
Assim como nos engenhos do nordeste, a riqueza extraída dos ca-
fezais era produzida, primordialmente, pela mão de obra escravi-
Os Voluntários da Pátria
zada. Os cativos eram responsáveis por todo o trabalho no campo:
O governo brasileiro não possuía contingente para uma guerra
preparavam o terreno, plantavam e colhiam. Na época da colheita,
desse porte e por isso, em janeiro de 1865, assinou um decreto
cabia a eles entregar ao administrador da fazenda uma quantidade
criando o corpo de Voluntários da Pátria. Neste poderiam alistar-
específica de grãos.
-se espontaneamente homens entre 18 e 50 anos. Para aumentar
No começo, os escravizados também tinham por obrigação
ainda mais o número de combatentes, o governo oferecia em troca
conduzir carros de bois com sacas de café até os portos do Rio de
do alistamento uma quantia em dinheiro e um pedaço de terra aos Janeiro e de Santos, no litoral do estado de São Paulo, de onde a
homens livres, assim como a alforria aos escravizados. produção era embarcada para o exterior. A partir de 1850, com a
Assim, o corpo de voluntários reuniu indivíduos livres das ca- construção das primeiras ferrovias, esse transporte passou a ser
madas médias e pobres. Os membros da elite não se interessavam feito de trem, o que estimulou a construção de muitas ferrovias.
pelo voluntariado e, quando convocados, preferiam pagar para que Mas as ferrovias não impactaram apenas o transporte do café.
pessoas livres fossem no lugar deles ou enviavam escravizados para Elas integraram também o comércio do Triângulo Mineiro ao mer-
substituí-los. O governo pagava uma indenização aos senhores de cado paulista, transformaram a paisagem natural dos locais em que
escravos que enviavam seus cativos à batalha, prática que ficou co- foram implantadas e colocaram a população em contato com as
nhecida como “compra de substituídos”. inovações técnicas do capitalismo. As cidades onde foram construí-
Muitas mulheres também participaram da guerra indiretamen- das se transformaram, e novos municípios surgiram em função de-
te na retaguarda, com o fabrico de munição, na venda de artigos de las. Com o enriquecimento, muitos fazendeiros do Vale do Paraíba
primeira necessidade, no preparo de alimentos e no socorro aos foram agraciados com títulos de nobreza pelo imperador, originan-
feridos ou diretamente, quando elas pegavam em armas e partiam do se daí a expressão barões do café para designá-los.
para as frentes de batalha. De modo geral, apesar do título, não faziam parte da corte im-
perial. Embora a presença masculina no gerenciamento das fazen-
Saldo do Conflito das fosse predominante, algumas mulheres também comandavam
A guerra se alastrou rapidamente. Em um primeiro momento, as fazendas de café. Esse foi o caso de Maria Joaquina Sampaio de
os paraguaios tiveram vitórias significativas. Aos poucos, porém, as Almeida (1803-1882), que, após a morte do marido, passou a dirigir
tropas aliadas se organizaram e passaram à ofensiva. Os combates a fazenda Boa Vista, em Bananal, responsável por uma das maiores
corpo a corpo foram sangrentos, marcados por atrocidades de am- produções individuais de café no período: 700 mil.
bos os lados.
A guerra só terminou em 1870, com a morte de Solano López. O Oeste Paulista
Paraguai saiu arrasado do confronto. A população masculina adulta Os fazendeiros do Vale do Paraíba empregavam técnicas agrí-
foi dizimada, a economia foi destruída e o país perdeu 40% do ter- colas rudimentares, como a queimada para limpar o terreno. Além
ritório para seus adversários. No que se refere ao Brasil, o conflito disso, não utilizavam arados nem adubos. Por causa dessas práti-
fortaleceu o Exército e o sentimento de identidade nacional. cas, o solo da região empobreceu e, por volta de 1870, a produção
declinou.

45
HISTÓRIA
Cafeicultores faliram, fazendas foram abandonadas e as cida- A lei beneficiou a população mais rica e com mais recursos, que
des que viviam do café ficaram à míngua. Em busca de novas ter- comprava grandes lotes diretamente do governo, e possibilitou que
ras, os fazendeiros expandiram as plantações de café em direção ao os grandes proprietários rurais concentrassem ainda mais porções
Oeste paulista na segunda metade do século XIX. Eles expulsaram o de terras em suas mãos.
povo Kaingang da região, derrubaram matas e ocuparam as terras
férteis das atuais cidades de Campinas, Jundiaí e São Carlos. Em A Caminho da Abolição
seguida avançaram para Ribeirão Preto, Bauru e, mais tarde, para Quando a Lei Eusébio de Queirós foi aprovada em 1850, a pro-
o norte do Paraná e outras regiões, onde o solo de terra vermelha, dução cafeicultora do Sudeste estava no auge e a necessidade de
mais conheci da como terra roxa, era ideal para o cultivo da planta. mão de obra era crescente. Impedidos de recorrer ao tráfico ne-
Nesses lugares, surgiu um novo tipo de cafeicultor que, embo- greiro, os cafeicultores passaram a comprar es cravos dos fazendei-
ra utilizasse mão de obra escrava, passou também a empregar o ros do Nordeste que, naquele momento, atravessavam um período
trabalho assalariado de trabalhadores livres de origem europeia. de dificuldades por causa da forte concorrência externa à produção
Retirantes cearenses que fugiram da seca no final da década nordestina de açúcar e algodão.
de 1870 e se deslocaram para o sudeste também foram emprega- Em 1865, a notícia de que os Estados Unidos haviam abolido a
dos nos cafezais. Com os lucros das exportações de café, os cafei- escravidão reacendeu os debates abolicionistas no Brasil. Ao mes-
cultores aprimoraram as técnicas agrícolas a fim de multiplicar os mo tempo, aumentou o número de escravizados que reivindicavam
rendimentos. Alguns começaram a diversificar seus investimentos, junto à Justiça o direito de não separar-se de suas famílias e de
aplicando parte do capital em atividades industriais e comerciais. juntar dinheiro para comprar a liberdade. Não raro, eles venciam
Em 1872, ano em que foi realizado o primeiro censo no Brasil, 80% esses processos.
da população em atividade no país se dedicava ao setor agrícola, Com o fim da Guerra do Paraguai, em 1870, a Campanha Abo-
13% ao de serviços e apenas 7% à indústria. licionista começou a se difundir pelo país e conquistou adeptos no
Exército - os negros e miscigenados representavam a maior par-
Fim do Tráfico Negreiro te dos soldados brasileiros no conflito. O convívio entre negros e
No começo do século XIX, o Brasil e várias colônias e nações brancos durante a guerra contribuiu para diminuir o preconceito e
sofriam forte pressão do governo inglês para acabar com o tráfico muitos militares ou ex-combatentes mudaram de opinião a respei-
negreiro e com a escravização dos povos africanos. Por isso, a In- to da escravidão.
glaterra só reconheceu a legitimidade da independência brasileira
em 1825, depois que dom Pedro I se comprometeu a acabar com Lei do Ventre Livre
o tráfico. Pressionado, o governo procurou conciliar os interesses con-
As pressões inglesas aumentaram e, em 1831, o governo re- flitantes e extinguir a escravidão sem prejudicar os negócios dos
gencial decretou o fim do tráfico negreiro. Mas a lei não alcançou fazendeiros. Para tanto, propôs um plano de abolição gradual, ga-
seu objetivo imediato e africanos escravizados continuaram sendo rantindo indenizações aos donos de escravizados. No dia 28 de se-
contrabandeados para o Brasil, apesar de o tráfico ter sofrido uma tembro de 1871, a Assembleia Geral aprovou a Lei do Ventre Livre.
queda acentuada. Ela estabelecia que os filhos de escravizados nascidos a partir da-
quela data seriam considerados livres, mas deveriam permanecer
Lei Eusébio de Queirós sob os cuidados de seus senhores até completarem oito anos de
Em 1850, a pressão internacional, somada ao medo de novas idade.
rebeliões de escravos e ao clamor dos que se opunham à escravi- A partir de então, o proprietário tinha duas opções: entregar a
dão, levou à aprovação da Lei Eusébio de Queirós. criança ao governo, que lhe pagaria uma indenização, ou mantê-la
Ela proibia definitivamente o tráfico de africanos para o Brasil. sob o regime de trabalho compulsório em sua propriedade, como
Importantes fazendeiros que tentaram desrespeitar a nova lei fo- forma de compensação pela alforria, até ela completar 21 anos. A
ram presos e capitães de navios negreiros que continuaram a trafi- lei também garantia ao escravizado o direito de formar um pecúlio
car es cravos sofreram duras penas. com o qual pudesse comprar sua alforria.
Esse recurso seria bastante utilizado pelos cativos. Embora
A imigração europeia e a Lei de Terras oferecesse garantias de compensação aos senhores de escravos, a
Antes de 1850, alguns fazendeiros do Oeste paulista já tenta- lei foi vista como um sinal de que a escravidão estava próxima do
vam substituir a mão de obra escravizada pela de imigrantes euro- fim. Para os fazendeiros do Oeste paulista, isso significava que seria
peus. Em 1847, cerca de mil colonos de origem germânica e suíça necessário promover a imigração europeia em grande escala. A es-
foram trazidos e empregados, em regime de parceria, em uma fa- colha pela mão de obra europeia foi estimulada por teorias raciais
zenda no interior de São Paulo. vigentes na época. Racistas, essas teorias (genericamente conhe-
No entanto, o regime de parceria não funcionou, pois era pou-
cidas como darwinismo social) defendiam que negros e mestiços,
co vantajoso para os imigrantes, que arcavam com muitas despe-
assim como indígenas e asiáticos seriam inferiores aos europeus.
sas, as quais reduziam muito seus lucros. Temendo que os imigran-
Os negros, que durante quase quatro séculos construíram pra-
tes abandonassem o trabalho nas fazendas e ocupassem as terras
ticamente tudo que o existia no Brasil, eram agora taxados de pre-
devolutas, o governo e a Assembleia Geral instituíram a Lei de Ter-
guiçosos, incapazes e incultos. Para políticos e fazendeiros racistas,
ras, que restringia o acesso da população à terra.
os negros deveriam ser substituídos por brancos “mais capacita-
A legislação em vigor até então permitia a qualquer pessoa se
dos”. Para eles, o sucesso da modernização do país só seria possível
instalar em uma área de terras devolutas e posteriormente reque-
rer um título de propriedade sobre ela. Com a Lei de Terras, aprova- por meio da mão de obra europeia.
da em 1850, quem quisesse se tornar proprietário deveria comprar Aproveitando-se da situação de crise de alguns países da Eu-
o lote do governo. Para dificultar o acesso, a lei fixou dimensões ropa, iniciou-se amplo processo de incentivo à emigração para o
mínimas para os lotes a serem comprados e proibiu a compra a Brasil.
prazo. Impediu-se assim o surgimento de uma camada de peque-
nos proprietários rurais e o desenvolvimento de uma agricultura
familiar economicamente expressiva no Brasil.

46
HISTÓRIA
A Campanha Abolicionista A guerra contra o Paraguai (1864-1870) consumira as divisas
A partir de 1880, a mobilização pelo fim da escravidão no Brasil do país, e a população sofria com o aumento do custo de vida. Os
envolvia homens e mulheres de setores sociais variados, nos princi- fazendeiros do Centro-Sul mostravam-se insatisfeitos com a com-
pais centros urbanos. A Campanha Abolicionista, como foi chama- posição política do império, que não refletia o poder econômico e
da, teve como polos de aglutinação associações emancipacionistas social das regiões: o Nordeste tinha um número maior de represen-
e órgãos da imprensa. tantes no Senado e no ministério do que o Sudeste.
Personalidades como Joaquim Nabuco (1849-1910), André Re- Os cafeicultores, sobretudo os do Vale do Paraíba, também es-
bouças (1838-1898) e Antônio Bento (1843-1898) escreviam nos tavam in satisfeitos com a extinção do trabalho escravo. Embora
jornais abolicionistas. O caricaturista Ângelo Agostini (1843-1910) isso tivesse ocorrido por meio da criação de sucessivas leis - como a
desmoralizava os defensores da escravidão com seus desenhos, e do Ventre Livre (1871) e a dos Sexagenários (1885) -, a insatisfação
José do Patrocínio (1854-1905) costumava terminar seus editoriais se transformou em revolta em 1888, com a assinatura da Lei Áurea.
com a frase: “A escravidão é um roubo e todo dono de escravo, um Os militares também davam sinais de descontentamento. Os
ladrão.”. soldos estavam baixos e as promoções dos oficiais ocorriam mais
No Pará, Manoel Moraes Bittencourt fundou em 1882 o Club por apadrinhamento do que por mérito. Como não podiam mani-
Abolicionista Patroni, que, junto a outras organizações - que foram festar livremente suas opiniões políticas, entre 1883 e 1887 os mili-
aparecendo em praticamente todas as províncias brasileiras -, re- tares demonstraram sua insatisfação por meio de atos de insubor-
colhia recursos para a compra de alforrias. Em 1883, essas associa- dinação e desobediência que, em seu conjunto, ficaram conhecidos
ções se unificaram e formaram a Confederação Abolicionista. como a Questão Militar.
No Recife, integrantes da sociedade secreta Clube do Cupim, As relações entre a Igreja e o Estado se desgastaram com a cha-
liderada por José Mariano, retiravam es- cravos do cativeiro e os mada Questão Religiosa, em 1871, quando bispos de Olinda e de
enviavam de barcaças ao Ceará, onde a escravidão foi extinta em Belém fecharam algumas irmandades religiosas ligadas à maçona-
1884. A essa altura, a Campanha Abolicionista se configurava como ria. Dom Pedro II ordenou que essas irmandades fossem reabertas.
um movimento irreprimível e de grande apelo popular. Os bispos se recusaram a obedecer, foram presos e condena-
dos a trabalhos forçados. Mesmo sendo anistiados pelo imperador
O Fim da Escravidão em 1875, essa situação desgastou a relação entre parte do clero e o
Em 1884, as províncias do Ceará e do Amazonas aboliram a es- Estado. Esse evento é apontado como um dos fatores que levaram
cravidão em seus territórios. No ano seguinte, a Assembleia Geral ao desgaste e à queda da monarquia no Brasil.
aprovou a Lei Saraiva-Cotegipe, também conhecida como Lei dos
Sexagenários, que libertava os escravos com mais de 60 anos. A A Campanha pela República
alforria para esse grupo, entretanto, só ocorria depois de três anos Em 1870, políticos liberais radicais, cafeicultores e represen-
de trabalho a título de indenização. tantes das camadas médias do Rio de Janeiro e de São Paulo cria-
Em São Paulo, em 1886, o abolicionista Antônio Bento criou ram o Clube Republicano, cujo porta-voz era o jornal carioca A Re-
um grupo conhecido como Caifazes, que organizava deserções em pública.
massa de escravos. A partir de então, as fugas se tornaram cada Nos dois anos seguintes, novos clubes e jornais republicanos
vez mais frequentes. Em 1887, o Exército anunciou sua recusa em surgiram pelo país. Mas a Campanha Republicana ganhou mais for-
continuar capturando escravos fugitivos. ça a partir de 1873, quando grupos políticos ligados aos cafeiculto-
No dia 13 de maio de 1888, a princesa Isabel - filha de dom res paulistas fundaram, em São Paulo, o Partido Republicano.
Pedro II que estava à frente do governo, substituindo o imperador,
que viajara ao exterior - assinou a Lei Áurea, libertando os 723 mil Moderados, radicais e positivistas
escravos que ainda restavam no país. Esse número representava Unidos contra a monarquia, os republicanos divergiam quanto
5% da população afrodescendente que vivia no Brasil. aos métodos propostos.
Os afro-brasileiros tiveram seus direitos formalmente reconhe- Os moderados, vinculados aos grandes proprietários rurais,
cidos. A emancipação, contudo, não foi acompanhada de medidas eram contrários ao fim da escravidão. Os radicais, ou revolucionários,
de reparação ou de integração dos libertos na sociedade, como eram membros das camadas médias urbanas e apoiavam uma revolu-
propunham muitos abolicionistas. Entre essas propostas estavam a ção com grande participação popular, como a que ocorrera na Fran-
distribuição de terras aos libertos e a criação de mecanismos para ça em 1789. A facção formada pelos militares adeptos do positivismo
que os ex-escravos e seus filhos tivessem acesso à educação. Na apoiava-se na confiança na ciência e na razão. Na política, o positivis-
verdade, os ex-escravos não receberam nenhum tipo de amparo e mo defendia a instauração de uma ditadura republicana.
se tornaram vítimas de um novo tipo de desigualdade social e étni-
ca cujos reflexos ainda podem ser sentidos na sociedade brasileira. O Fim do Império
No decorrer de 1889, Quintino Bocaiuva, chefe nacional do
O Brasil no Final do Século XIX
movimento republicano, procurou se aproximar dos militares em
A partir da segunda metade do século XIX, o Brasil passou por
busca de apoio na luta contra a monarquia. No dia 11 de novembro,
transformações socioeconômicas que mudaram o perfil da socie-
um grupo conseguiu convencer o marechal Deodoro da Fonseca a
dade. O trabalho escravo, por exemplo, começou a ser substituído
apoiar a causa republicana.
pelo trabalho livre e assalariado. A indústria tomou impulso a partir
Ao mesmo tempo, os militares republicanos do Rio de Janeiro
de 1880 e aumentou a contratação de mão de obra assalariada: em
estabeleceram contatos com líderes civis de São Paulo, que apoia-
1881, havia cerca de três mil trabalhadores industriais; em 1890 já
eram 54 mil, principalmente imigrantes. ram a ideia de um golpe para proclamar a República. Marcado para
As cidades cresceram e aumentou o número de pessoas das ca- o dia 20 de novembro, ele foi antecipado porque, no dia 14, um
madas médias urbanas - profissionais liberais, pequenos e médios major espalhou o boato de que o governo decretara a prisão de
comerciantes, funcionários públicos, etc. A vida cultural se inten- Deodoro da Fonseca e de Benjamin Constant.
sificou. Formou-se uma opinião pública capaz de se mobilizar con- Na manhã do dia 15, o próprio marechal Deodoro seguiu à
tra a escravidão e contra o caráter opressivo da monarquia. Nesse frente de um batalhão em direção ao prédio do Ministério da Guer-
mesmo momento, o Brasil atravessava uma grave crise econômica. ra, onde os ministros encontravam-se reunidos. Sem enfrentar ne-

47
HISTÓRIA
nhuma resistência, Deodoro depôs o gabinete e voltou para casa. indústrias, predominava uma economia agrária - no tocante à in-
Os republicanos ficaram sem saber se o marechal havia derrubado dustrialização, os franceses estavam atrás de ingleses e alemães.
a monarquia ou apenas o ministério. A Rússia, predominantemente agrária, era a economia mais frágil
Para dirimir qualquer dúvida, o jornalista José do Patrocínio e entre os gigantes europeus. Além disso, a maioria das principais
outras lideranças dirigiram-se à Câmara dos Vereadores do Rio de indústrias em seu território era controlada por investidores estran-
Janeiro e anunciaram o fim da monarquia no Brasil. geiros.
Ao ser informado dos acontecimentos, em seu palácio de Pe-
trópolis, dom Pedro II ainda tentou organizar um novo ministério, Tensões pré-Guerra
mas acabou desistindo. Na madrugada de 17 de novembro de Naquele cenário tenso, em que as rivalidades entre os países
1889, embarcou com a família para Portugal. Dois anos mais tarde, se agravavam, destaca-se a que havia entre França e Alemanha. Na
morreu em Paris, vítima de pneumonia aguda, aos 66 anos. Guerra Franco-Prussiana, travada entre 1870 e 1871, os franceses
A Proclamação da República foi um movimento do qual a po- perderam para os alemães as regiões da Alsácia-Lorena, ricas em
pulação praticamente não participou. Nele estiveram envolvidos carvão. O episódio feriu gravemente o orgulho dos franceses, que
alguns militares, intelectuais e políticos. Um dos líderes republica- julgavam ser uma questão de honra a recuperação desses territó-
nos, Aristides Lobo, chegou a afirmar que o povo assistiu a tudo rios.
bestializado, achando que a movimentação das tropas conduzidas Com a ascensão da Alemanha à categoria de grande potên-
por Deodoro da Fonseca na manhã do dia 15 de novembro fosse cia capitalista, as tensões aumentaram ainda mais no continente,
simplesmente uma parada militar. acentuando o desequilíbrio econômico e social. Para proteger seu
comércio exterior, a Alemanha investiu em uma marinha mercante
e de guerra, reforçando a concorrência com os produtos ingleses. A
tensão entre a Alemanha, de um lado, e a França e a Grã-Bretanha,
O BREVE SÉCULO XX: O COMEÇO DO DECLÍNIO DA
de outro, aumentou quando os alemães estabeleceram uma alian-
EUROPA: I GUERRA MUNDIAL; PERÍODO ENTRE
GUERRAS; A REVOLUÇÃO RUSSA: DA CONSTRUÇÃO ça diplomática e militar com o Império Austro-Húngaro. Mas esses
À AFIRMAÇÃO DO SOCIALISMO; EUA, DA EXPANSÃO não eram os únicos focos de atrito no continente.
À CRISE DE 1929; OS REGIMES DE DIREITA EM EXPAN- O Império Austro-Húngaro era um mosaico de nacionalidades
SÃO NO CONTINENTE EUROPEU E SEUS REFLEXOS NO - havia tchecos, eslovacos, bósnios, sérvios, croatas, romenos - que
MUNDO; A II GUERRA MUNDIAL; O MUNDO SOB A lutavam por autonomia. Os sérvios, por exemplo, identificavam-se
HEGEMONIA DOS EUA E DA URSS: A GUERRA FRIA; AS com os interesses nacionais e culturais dos russos, alimentando di-
MANIFESTAÇÕES CULTURAIS DO SÉCULO XX ferenças e antagonismos com os austríacos. A Rússia e o Império
Turco-Otomano mantinham ressentimentos recíprocos.
A exemplo dos impérios Russo e Austro-Húngaro, o Turco-O-
PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL tomano também abrigava povos de várias línguas e religiões. Todo
esse clima de competição e rivalidade entre os países foi intensifi-
Contexto cado com a expansão das ideologias nacionalistas. As rivalidades
Como explicar a Grande Guerra? O que fez os países europeus
políticas e o crescimento dos nacionalismos na Europa tiveram
deflagrarem um conflito que os levaria à ruína? Urna explicação
peso decisivo na eclosão da Grande Guerra.
bastante conhecida reitera o caráter imperialista da guerra, res-
saltando as disputas entre Grã-Bretanha e Alemanha pela redistri-
Fim do Equilíbrio Europeu
buição das colônias africanas e asiáticas - e do mercado mundial
A partir de 1880, diversos grupos organizados - em sintonia
também20.
com a burguesia e os proprietários rurais - passaram a defender
No entanto, para compreendê-la, é necessário considerar ou-
ideias fortemente nacionalistas. Recorrendo a discursos ufanistas e
tros aspectos. Por exemplo, o fato de a guerra haver se concentra-
emocionais, essas organizações acreditavam que podiam mobilizar
do em território europeu e as batalhas em regiões coloniais terem
ocorrido como consequência do que acontecia na Europa. Também a população, reforçando o patriotismo, inclusive, entre povos que
é preciso ponderar que, às vésperas da Grande Guerra, os conflitos não contavam com um Estado constituído, como era o caso dos
decorrentes das disputas coloniais não se apresentavam como in- sérvios.
solúveis ou inegociáveis. Além disso, é fundamental analisar a con- As ideologias nacionalistas exaltavam as qualidades do Esta-
juntura política dos países europeus naquela época. do-nação e a ideia de superioridade em relação aos demais povos.
Desde fins do século XIX, urna série de rivalidades políticas era Britânicos e franceses, por exemplo, acreditavam em uma suposta
alimentada pelo clima de exacerbação nacionalista e pelo avanço capacidade civilizadora do mundo. Os alemães, por sua vez, sonha-
do militarismo no continente, sobretudo na Grã-Bretanha, na Ale- vam com uma “Grande Alemanha”, apoiada no pangermanismo
manha, na França e na Rússia. A Inglaterra foi o primeiro país a ideologia que defendia a anexação dos povos germânicos espalha-
se industrializar, dispondo de vasto mercado consumidor. Além de dos pela Europa Central, como holandeses, dinamarqueses (de lín-
fornecer produtos industrializados para Suas colônias, delas rece- gua alemã), austríacos, entre outros.
bia boa parte das matérias-primas de que necessitava. No início do Os russos apostavam na unificação dos povos eslavos disper-
século XX, porém, os ingleses passaram a sofrer a competição de sos pela Europa Oriental e pelos territórios do Império Austro-Hún-
outros países que também se industrializavam, corno era o caso garo - sérvios, eslovacos, poloneses, tchecos etc. Era o pan-eslavis-
da Alemanha, cuias indústrias eram fortes concorrentes para as in- mo russo. Mas havia também o pan-eslavismo sérvio, cuja missão
glesas. era agrupar os eslavos do sul da Europa: eslovacos, croatas, búlga-
A Alemanha investiu pesadamente na industrialização, incen- ros etc.
tivando a formação de grandes empresas, mediante a associação Apesar dessas rivalidades, a paz foi garantida no continente eu-
entre indústrias e bancos, e desenvolveu um sistema educacional ropeu nas últimas décadas do século XIX, em grande parte, pelo sis-
técnico bastante eficiente. Na França, embora houvesse muitas tema diplomático criado pelo chanceler alemão Otto von Bismarck,
cujo objetivo era estabelecer uma ordem internacional favorável
20 História. Ensino Médio. Ronaldo Vainfas [et al.] 3ª edição. São Paulo. Saraiva.

48
HISTÓRIA
ao Império Alemão. Para tanto, ele procurou evitar confrontos com Desse modo, evitariam lutar em duas frentes de batalha. Para
a Grã-Bretanha, de modo a manter a neutralidade britânica na por- alcançar o território francês, invadiram a Bélgica - país que havia se
ção continental da Europa. declarado neutro no conflito. Alegando a quebra da neutralidade
Com a França as dificuldades eram maiores devido ao ressen- belga, os britânicos declararam guerra contra a Alemanha, honran-
timento dos franceses após a derrota na Guerra Franco-Prussia- do a Tríplice Entente. A Itália, até então integrante da Tríplice Alian-
na. O sistema de Bismarck, como ficou conhecido o modo como o ça, mudou de lado, seduzida pelas promessas da Grã-Bretanha de
chanceler alemão conduziu a política externa do Império Alemão, concessões territoriais da Alemanha na África.
ficou ainda mais claro quando, em 1879, um pacto com o Império O conflito generalizou-se quando o Império Turco-Otomano
Austro-Húngaro contra quaisquer agressões vindas do leste ou do declarou guerra aos seus antigos inimigos russos e aliou-se aos
oeste foi firmado. Com a adesão da Itália em 1882, formou-se a germânicos. Cada país beligerante contou com o apoio, por vezes
chamada Tríplice Aliança. Na Conferência de Berlim, encerrada em entusiasmado, de suas sociedades. O nacionalismo exacerbado e
1885, Bismarck também renunciou a maiores ambições coloniais, a crença de que o conflito era inevitável e seria curto mobilizaram
para não provocar britânicos e franceses. amplos setores sociais de cada um dos países beligerantes.
O sistema do chanceler, contudo, entrou em colapso após sua
renúncia, em 1890. Negando a política de Bismarck, o imperador Guerra de Trincheiras
Guilherme II lançou a Alemanha em uma política de expansão ter- As potências que compunham a Tríplice Aliança tiveram de
ritorial (Weltpolitik). combater em duas frentes: na ocidental, depois que os alemães
Em 1894, a França firmou com a Rússia uma entente, isto é, um declararam guerra à França, e na oriental, de modo a impedir o
acordo que foi confirmado dois anos depois. Ao superar as rivalida- avanço dos russos. Na frente ocidental a guerra de trincheiras se
des na corrida colonial, a França também se aproximou da Grã-Bre- impôs como realidade - e como um dos maiores horrores do confli-
tanha. Esse entendimento deu origem em 1904 à Tríplice Entente - to. Trincheiras foram cavadas ao longo de centenas de quilômetros,
que incluía a Rússia. Foi nessa tensa conjuntura política que marcou cortando o território europeu de norte a sul e impedindo os exérci-
o final do século XIX na Europa que se originou a Grande Guerra. tos alemães e franceses de avançar.
A disputa pela hegemonia política, agravada pelas ideologias No final do ano de 1914, os envolvidos no conflito perceberam
nacionalistas e pelo militarismo, havia se tornado central para que ele não seria rápido nem curto.
as potências europeias, divididas em dois blocos rivais, a Tríplice O uso de novas armas também contribuiu para fazer da Gran-
Aliança e a Tríplice Entente. Qualquer guerra que viesse a eclodir no de Guerra um verdadeiro cenário de horrores. Pela primeira vez,
continente envolveria um amplo conjunto de nações. utilizava-se o avião como arma bélica. Os britânicos inventaram o
tanque de guerra. Já os alemães usaram lança-chamas e armas quí-
Paz Armada micas, como o gás mostarda, que provo- cavam graves queimadu-
Antes da eclosão da Grande Guerra, ainda na primeira década ras. Mas o grande trunfo alemão foi o submarino.
do século XX, houve um grande investimento nas Forças Armadas Ao afundar navios mercantes, sobretudo os que transporta-
das principais potências europeias. Alemanha, Grã-Bretanha, Fran- vam alimentos, eles conseguiram causar grande dano à população
ça, Rússia estimularam o alistamento de milhões de homens, com civil. Com seus submarinos, a Alemanha também conseguiu afun-
base nos ideais de nacionalismo e patriotismo, e encomendaram às dar quase um terço da frota britânica, em represália ao bloqueio
suas indústrias armas, munições, navios de guerra, uniformes etc. naval decretado pelas potências da Tríplice Aliança.
Como os países ainda não estavam em guerra, tratava-se de
uma paz armada. Apesar dos lucros que tal investimento gerou para Os Rumos da Guerra
a indústria bélica, é um engano supor que a Grande Guerra ocorreu A despeito do uso do avião e do submarino, o conflito foi tra-
principalmente devido aos interesses desse setor. Às vésperas do vado, sobretudo, em terra. Na frente ocidental, a segunda grande
confronto, cerca de 19 milhões de soldados estavam prontos para ofensiva alemã ocorreu em 1916. Embora dispusessem de ampla
as batalhas. Quando a guerra, de fato, começou, os próprios gover- superioridade militar, os alemães esbarraram na tenaz resistência
nantes ficaram surpresos com o entusiasmo que tomou conta das francesa.
populações. Já na frente oriental, as forças alemãs e austríacas consegui-
ram barrar os russos. A vitória tendia para o lado alemão, mas os
Grande Guerra Mundial (1914-1918) acontecimentos começaram a mudar com a entrada dos Estados
O pretexto para a deflagração da guerra foi o assassinato do Unidos no conflito, em abril de 1917, após três anos de neutralida-
príncipe herdeiro do Império Austro-Húngaro, Francisco Ferdinan- de. Havia afinidade política e cultural entre os EUA e a Grã-Breta-
do, e de sua esposa, cometido por um nacionalista sérvio do grupo nha, além de interesses econômicos em curso - os estadunidenses
Mão Negra, no dia 28 de junho de 1914, na cidade de Sarajevo, vendiam armas e alimentos aos britânicos e aos franceses -, mas o
capital da Bósnia-Herzegovina, à época província do império. governo só entrou na guerra quando a situação parecia desfavorá-
Ao assumir o trono, Francisco Ferdinando pretendia transfor- vel aos seus aliados.
mar o Império Austro-Húngaro, então uma monarquia dual com- A entrada dos Estados Unidos no conflito favoreceu a Tríplice
posta pela Áustria e pela Hungria, em uma monarquia tríplice, re- Aliança e fez com que a guerra, a partir daí, se tornasse mundial.
conhecendo as populações eslavas que o compunham. Essa ideia, Meses depois, contudo, em outubro de 1917, ocorreu uma nova
contudo, contrariava os interesses nacionalistas dos sérvios, que ti- reviravolta, beneficiando a Alemanha: eclodia uma revolução na
nham a pretensão de agrupar os eslavos do sul da Europa e formar Rússia.
uma “Grande Sérvia” independente. Em dezembro, o novo governo, de orientação socialista, aca-
Em decorrência do assassinato de Francisco Ferdinando, a mo- tando a vontade da população, anunciou a retirada do país da
narquia austro-húngara declarou guerra aos sérvios em 28 de julho guerra. O custo dessa decisão foi grande para a Rússia, que teve de
de 1914. Os russos logo se posicionaram em defesa dos sérvios. Os ceder vários territórios para a Alemanha. Além disso, com a saída
alemães, solidários aos austríacos, declararam guerra à Rússia no dos russos do conflito, os alemães puderam concentrar suas forças
dia 1 de agosto e, dois dias depois, à França, colocando em ação o na frente ocidental.
ambicioso Plano Schlieffen: derrotar rapidamente a França antes
que a Rússia pudesse mobilizar suas tropas.

49
HISTÓRIA
Em 1917, após três anos de lutas incessantes, as sociedades ronou, dando origem ao Iraque, à Síria, ao Líbano, à Palestina e à
europeias envolvidas no conflito estavam cansadas, e os soldados, Transjordânia, nações sob controle da França e da Grã-Bretanha. O
exaustos. O bloqueio naval franco-britânico e a guerra submarina antigo império ficou reduzido à atual Turquia.
alemã levaram a população europeia à fome. O custo de vida dis- Em abril de 1919, foi fundada a Sociedade ou Liga das Nações,
parou, os salários não aumentavam e as mercadorias sumiam das com sede em Genebra, na Suíça, com o objetivo de garantir a paz
prateleiras. e resolver os conflitos entre os países por meio de negociações e
Estimulado pelos protestos nas cidades, um amplo movimento arbitramentos. Embora a iniciativa tenha partido do presidente es-
pacifista surgiu exigindo o fim da guerra. A partir de junho de 1918, tadunidense Woodrow Wilson, o Congresso dos EUA não aprovou
a Tríplice Aliança acumulou sucessivas derrotas. Enquanto alemães a entrada do país na organização, optando pelo isolamento inter-
e austríacos conheciam a fome, britânicos e franceses recebiam nacional.
ajuda material e militar dos Estados Unidos.
O Império Austro-Húngaro ruiu, resultando na instauração de Os números da Guerra
uma república. Na Alemanha, o imperador Guilherme II abdicou e, As consequências da Grande Guerra foram trágicas. Calcula-se
diante da iminente derrota, o novo governo assinou o armistício em que cerca de 10 milhões de pessoas, entre militares e civis, morre-
11 de novembro de 191 S. A Alemanha tornou-se uma república, ram no conflito - desse total, aproximadamente, 1 milhão de ale-
conhecida como República de Weimar. mães e 1 milhão e 500 mil franceses, a maioria com menos de 25
anos de idade. Milhões de mulheres tornaram-se viúvas, com filhos
Consequências da Primeira Guerra Mundial para criar.
No início de 1918, antes do término do conflito, o presidente Os países europeus que se envolveram no conflito saíram eco-
estadunidense Woodrow Wilson apresentou um plano para en- nomicamente arruinados, sobretudo a Alemanha. Até a Grã-Breta-
cerrar a guerra. Entre os chamados 14 pontos de Wilson estavam: nha, com todo seu extenso e rico império colonial, deixou de ser a
abolição da diplomacia secreta, tornando-a de conhecimento públi- grande potência do mundo. A partir de então, os países da Europa
co; liberdade de navegação e fim das barreiras econômicas entre as conheceram o declínio econômico. Os EUA, que se industrializavam
nações; limitação dos arsenais armamentistas; redefinição dos limi- a passos largos desde fins do século XIX, aceleraram sua ascensão
tes territoriais italianos; reformulação das práticas colonialistas que econômica, com os lucros advindos da venda de mercadorias e do
considerasse os interesses dos povos colonizados; independência fornecimento de empréstimos para os países envolvidos no confli-
da Bélgica e da Polônia; restauração da Sérvia, de Montenegro e to, principalmente os da Tríplice Entente.
da Romênia; devolução da Alsácia-Lorena à França; autonomia dos Com o fim da guerra, assistiu-se ao declínio dos ideais liberais
povos submetidos ao Império Turco-Otomano; ajuda à Rússia; e, em boa parte da Europa. Enquanto a democracia liberal sofria for-
por fim, criação da Liga das Nações. tes críticas, as ideologias autoritárias de direita e de esquerda co-
Apesar de estar apoiado na justiça entre os povos - sem venci- meçavam a ganhar prestígio. Como resultado, as décadas seguintes
dos nem vencedores - e atender a diversos interesses, o plano não seriam marcadas pelo confronto aberto entre partidos nacionalis-
interessou aos governos da França e da Grã-Bretanha. Aos vitorio- tas radicais e partidos comunistas vinculados à orientação soviética.
sos interessava condenar pesadamente a Alemanha e eles assim
fizeram. O Brasil na Grande Guerra
Em 19 de janeiro de 1919, diplomatas dos países vencedores Apesar de ter se mantido neutro no conflito. o Brasil também
encontraram-se na Conferência de Paris, com o objetivo de chegar sentiu as consequências da Grande Guerra. As exportações de café,
a um acordo que resultasse no desarmamento da Alemanha e na por exemplo. caíram sensivelmente e a arrecadação de impostos
reparação das perdas materiais provocadas pela guerra. O resulta- também, já que o principal deles incidia sobre as exportações. Por
do foi o Tratado de Versalhes, que entre os alemães ficou conhe- outro lado, a queda de importações provocada pela guerra estimu-
cido como Ditado de Versalhes, por ser impositivo e humilhante. lou o desenvolvimento da indústria brasileira com tarifas protecio-
De acordo com esse tratado, fundamentado na cláusula de culpa nistas e subsídios.
de guerra estabelecida pelos vitoriosos, a Alemanha deveria ceder Em fevereiro de 1917, os alemães passaram a atacar inclusive
à França a Alsácia-Lorena e as minas de carvão da bacia do Sarre. os navios de países neutros. Mesmo com o protesto do governo
Deveria ceder também parte de seu território para a Bélgica, a brasileiro, o cargueiro Paraná, carregado com 4,5 toneladas de
Dinamarca, a Lituânia e a Polônia - que ganhou, assim, uma saída café, foi torpedeado em abril daquele ano.
para o mar, o chamado corredor polonês, e recuperou sua inde- Nesse contexto, o Brasil rompeu relações diplomáticas com a
pendência. Alemanha. Em maio, dois outros navios brasileiros foram atacados.
As colônias alemãs na África foram divididas entre a França e Como o governo manteve a postura de neutralidade, nas ruas surgi-
a Grã-Bretanha. Além de perder dois quintos de suas minas de car- ram movimentos de protesto, exigindo uma reação do governo. Em
vão, dois terços das minas de ferro, um sexto das terras cultiváveis resposta, o presidente Wenceslau Braz declarou guerra à Alemanha
e um oitavo de todo seu gado bovino, a Alemanha teve todos os em outubro de 1917.
seus investimentos no exterior confiscados para pagar uma pesada
indenização aos vencedores. REVOLUÇÃO RUSSA
As imposições ainda incluíam a redução do Exército alemão a Rússia no Início do Século XX
100 mil homens, no máximo, a proibição de produzir armamentos A Rússia se consolidou como Estado monárquico absolutista
(canhões, aviões militares e artilharia antiaérea) e a entrega de no final do século XVI, sob o governo de Ivan IV, conhecido como
seus submarinos e navios (mercantes e de guerra) à Grã-Bretanha, “o Terrível”, que adotou o título de czar. Ele deu início à expansão
territorial do país, que se prolongou até o final do século XIX21.
à França e à Bélgica.
No início do século XX, a economia russa permanecia predomi-
Mas a Alemanha não foi a única a pagar a conta da guerra.
nantemente baseada nas atividades rurais: 85% da população total
A cláusula de culpa também atingia o Império Austro-Húngaro. De
do país era constituída por camponeses pobres e a maioria deles
seu desmembramento surgiram a Áustria, a Hungria, a Tchecoslo-
21 Azevedo, Gislane. História: passado e presente / Gislane Azevedo, Reinaldo
váquia e a lugoslávia. O Império Turco-Otomano também desmo-
Seriacopi. 1ª ed. São Paulo. Ática.

50
HISTÓRIA
vivia sob o regime feudal de servidão. A abolição do feudalismo, em No entanto, ao mesmo tempo, reprimiu duramente os sovietes
1861, não contribuiu para melhorar a situação da população, que e o movimento grevista. Trotski, líder do soviete de São Petersbur-
continuou a viver sob o domínio dos grandes proprietários rurais. O go, e outros líderes foram presos.
processo de industrialização na Rússia teve início no final do século A Revolução de 1905 não chegou a derrubar o governo czaris-
XIX. ta, mas transformou a Rússia em uma monarquia constitucional.
Nessa época, enquanto a Inglaterra e outros países europeus Entretanto, o governo de Nicolau II manteve características autori-
já contavam com parques industriais, em plena Segunda Revolução tárias: a polícia permaneceu exercendo o papel de instituição cen-
Industrial, a Rússia dispunha de poucos centros fabris. Os operários sora das liberdades civis e o czar tinha o poder de dissolver a Duma
trabalhavam em ambientes insalubres, com salários extremamente a qualquer momento.
baixos e enfrentavam jornadas de até 14 horas diárias. A industria-
lização russa concentrou-se em três pontos, todos na porção euro- Revoluções de 1917
peia do país: na capital, São Petersburgo, em Moscou e na região No dia 27 de fevereiro de 1917, a população de Petrogrado
do rio Don. (novo nome da capital, a antiga São Petersburgo) e de outras ci-
No começo do século XX, ainda como um país predominante- dades se revoltou. O czar se viu obrigado a abdicar e foi implan-
mente camponês com alguns pontos de alta concentração indus- tado um governo provisório eleito pela Duma. Ao mesmo tempo,
trial, o sistema político da Rússia era arcaico - uma autocracia ab- operários, camponeses, soldados e marinheiros se organizaram em
solutista -, o governo não demonstrava interesse na elaboração de sovietes por todo o país.
reformas políticas e sociais, enquanto se esforçava para coibir seus Os novos governantes, de orientação menchevique, aboliram
opositores. Entretanto, mesmo com a repressão e o autoritarismo, a censura à imprensa, legalizaram os partidos, libertaram presos
havia grupos clandestinos de oposição ao governo, defensores de políticos e os exilados puderam retornar ao país. O czar e sua fa-
mudanças estruturais que favorecessem toda a população. mília foram presos. Mesmo assim, a Rússia continuou envolvida na
Primeira Guerra, e a principal reivindicação dos camponeses, ope-
Mencheviques e Bolcheviques rários e soldados de baixa patente não foram atendidas.
Com o crescimento industrial, as cidades russas se desenvol- Esses grupos sociais perceberam que pouco havia sido modifi-
veram consideravelmente: entre 1860 e 1914, a população urbana cado nas condições de vida após a Revolução de Fevereiro, e a insa-
passou de 6 milhões para quase 19 milhões de pessoas. Vivendo e tisfação popular crescia progressivamente. Lenin liderou violentos
trabalhando em péssimas condições, os operários começaram a se protestos contra o governo provisório, proclamando os lemas Paz,
organizar em associações. pão e terra e Todo o poder aos sovietes! Trotski aderiu ao Partido
Em 1898, intelectuais e membros da classe trabalhadora for- Bolchevique e foi eleito presidente do soviete de Petrogrado. Os
maram o Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR), um bolcheviques conquistaram rapidamente o apoio das lideranças da
grupo clandestino de orientação marxista Em 1903, o POSDR agru- maioria dos sovietes e, em outubro de 1917, derrubaram o governo
pava membros com duas tendências ideológicas. provisório.
Uma delas era a dos bolcheviques, liderada por Lenin (pseudô-
nimo de Vladimir Ilitch Ulianov). Essa divisão propunha a formação URSS
de uma aliança operário-camponesa cuja resposta era implantar o Depois da Revolução de Outubro, o novo governo, comandado
socialismo por meio de uma revolução dos trabalhadores. por Lenin, estatizou fábricas, estradas de ferro e bancos e confiscou
A outra tendência era a dos mencheviques. Mais moderados os bens da Igreja. As grandes propriedades foram expropriadas e
do que os bolcheviques, eles defendiam que era preciso apoiar a distribuídas aos camponeses. No que diz respeito à política externa,
burguesia por meio de uma revolução democrática. Apenas depois russos e alemães assinaram um tratado de paz, o Tratado de Bres-
disso a classe operária seria capaz de se organizar para concretizar t-Litovsky (1918), e os russos saíram da Primeira Guerra Mundial.
uma reforma socialista. Logo em 1918, porém, o país mergulhou em uma sangrenta
guerra civil que colocou em confronto o Exército Vermelho, or-
Revolução de 1905 ganizado e comandado por Trotski, e o Exército Branco, mobiliza-
Em janeiro de 1905, durante a Guerra Russo-Japonesa (1904- do pelas antigas classes dominantes (senhores de terras, grandes
1905), os problemas internos da Rússia se agravaram devido à falta empresários, generais do exército czarista) e reforçado por tropas
de alimentos, requisitados para as tropas. Aproximadamente 200 enviadas pela Inglaterra, Estados Unidos, Canadá, Japão e França,
mil pessoas realizaram uma manifestação pacífica em São Peters- cujos governos temiam a propagação do comunismo russo pelo
burgo, capital russa, cuja demanda era a implantação de uma As- mundo.
sembleia Constituinte e melhores condições de vida e de trabalho. A guerra civil terminaria apenas em fevereiro de 1921, com a
Forças do governo dispararam contra a multidão, matando cer- vitória dos bolcheviques, liderados por Trotski. Com o fim do confli-
ca de mil pessoas. Conhecido como domingo sangrento, o massa- to interno, o governo de Lenin adotou um plano de recuperação do
cre repercutiu em toda a Rússia. Nas grandes cidades foram criados país, que combinava princípios comunistas com medidas capitalis-
os sovietes, conselhos formados por representantes dos trabalha- tas. O governo adotou medidas de centralização do poder em torno
dores que decidiam quais seriam as manobras políticas da luta con- do Partido Bolchevique, agora chamado de Partido Comunista.
tra o czarismo. Foi implantada uma rígida disciplina nas fábricas; a imprensa
O soviete mais importante era o da capital, presidido por Lev passou a ser controlada; os partidos políticos foram colocados na
Davidovich Bronstein, conhecido como Leon Trotski. Os sovietes ilegalidade e a liberdade de discussão (até mesmo no interior do
organizaram greves, saques e manifestações, que eclodiram por Partido Comunista) foi restringida.
toda parte. Os sovietes deixaram de ser um espaço para a discussão demo-
No mar Negro, os marinheiros do encouraçado Potenkim se crática e se transformaram em executores das ordens do Partido.
sublevaram. Em outubro, uma greve geral paralisou o país. En- Muitos opositores do novo regime foram presos. O czar Nicolau II
curralado pelo movimento, o czar Nicolau II legalizou os partidos e sua família foram executados. Em 1922, o novo país passou a se
políticos e concedeu poderes legislativos à Duma (uma espécie de chamar União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Lenin
Parlamento). sofreu um ataque cardíaco e afastou-se pouco a pouco do poder,

51
HISTÓRIA
até morrer, em 1924. O secretário-geral do Partido Comunista, Jo- A dificuldade para expandir o consumo interno, enquanto a
sef Stalin, passou a disputar com Leon Trotski a liderança da União produção do país aumentava, resultou numa grande estocagem de
Soviética. mercadorias.

A URSS e o Comunismo A Crise e o New Deal


Vencedor da disputa interna com Trotski, Stalin tinha a seu A intensa atividade econômica nos Estados Unidos também
serviço a burocracia do Estado e do partido e passou a dominar impulsionou, a partir de 1928, a especulação financeira por meio da
o país com mão de ferro. Uma de suas medidas foi eliminar todos compra e venda de ações de grandes empresas na Bolsa de Valores
os seus adversários, que eram presos ou executados. Trotski, por de Nova York. Em meados de 1929, o valor das ações quadruplicou
exemplo, foi expulso da União Soviética em 1929 e obrigado a exi- e cada vez mais investidores foram atraídos pela possibilidade de
lar-se no México, onde morreu, em 1940, assassinado a mando de enriquecer facilmente. A prosperidade econômica, contudo, tinha
Stalin. Sob o novo governo, a União Soviética isolou-se do mundo e um limite físico. Por um lado, o mercado não acompanhava a ex-
se transformou em uma potência mundial. pansão industrial, pois, devido à desigualdade na distribuição da
A industrialização teve grande impulso por meio de planos renda, nem todos podiam consumir na mesma proporção.
quinquenais. Entretanto, a formação de uma sociedade igualitária, Por outro, os países da Europa, arrasados na Primeira Guerra
um dos ideais dos primeiros socialistas, foi esquecida. Em lugar do Mundial, aos poucos se recuperavam e buscavam importar menos
socialismo, surgiu uma sociedade burocratizada, controlada por produtos estadunidenses, estabelecendo leis protecionistas. Assim,
uma elite de funcionários privilegiados - a burocracia soviética -, a superprodução agrícola e industrial, que não escoava e gerava
enquanto a maior parte da população vivia em condições precárias uma estocagem cada vez maior devido ao subconsumo, levou a
e se via excluída dos órgãos de participação e decisão política. especulação financeira ao limite: o valor das ações estava muito
No topo dessa sociedade estava o Partido Comunista, que con- acima de seu valor real, baseado apenas na confiança de que esses
trolava integralmente todos os órgãos do Estado. O chefe desse papéis continuariam se valorizando e não nos lucros obtidos com as
partido, Stalin, era considerado infalível, e seus opositores eram vendas da produção.
duramente reprimidos. Entretanto, o presidente Herbert Hoover (1874-1964), que go-
vernou os Estados Unidos entre 1929 e 1933, mantinha sua posição
O ENTREGUERRAS liberal, recusando uma intervenção estatal para estancar ou rever-
ter a situação. A crise explodiu em 24 de outubro, quando muitas
A Crise de 1929 e a Grande Depressão pessoas tentaram vender suas ações e não encontraram compra-
Terminada a Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos se dores, o que provocou uma redução drástica dos preços. Os inves-
destacaram no capitalismo mundial: de maior devedor (3 bilhões tidores, atemorizados, tentavam livrar-se dos papéis, originando
uma avalanche de ofertas de ações que derrubou ainda mais os
de dólares), tornaram-se o maior credor mundial (11 bilhões de dó-
preços.
lares)22.
Esse dia ficou conhecido como Quinta-feira Negra. Do dia para
Em 1918 mais de um terço da produção industrial mundial es-
a noite, empresários prósperos tornaram-se donos de papéis sem
tava nos Estados Unidos; em 1929 esse percentual chegava a mais
nenhum valor. A desordem econômica espalhou-se pelos meses se-
de 42%. O país também continuava a atrair imigrantes: entre os
guintes e atingiu profundamente toda a sociedade estadunidense,
anos 1900 e 1910, entraram nos Estados Unidos cerca de 9 milhões
da indústria à agricultura. A queda da renda real dos agricultores
de europeus.
até 1932 foi superior a 50%; consequentemente, diversos bancos
A prosperidade econômica, entretanto, apresentava contra- do sul e do meio-oeste dos Estados Unidos quebraram. No conjun-
dições que se tornavam cada vez maiores. Após o mandato do to, 85 mil empresas faliram, 4 mil bancos fecharam e cerca de 12
presidente democrata Woodrow Wilson (1913-1921), os seus su- milhões de trabalhadores estadunidenses ficaram desempregados.
cessores, até 1932, foram do Partido Republicano. Fiéis defensores Foi um período de pobreza e fome, não só nos Estados Unidos.
do liberalismo econômico e do isolacionismo, eles se recusavam a A crise de 1929 abalou o mundo inteiro, exceto a União Soviética,
intervir em assuntos internacionais que não envolvessem o conti- fechada em si mesma e orientada segundo os Planos quinquenais.
nente americano. A difusão da crise contou com dois fatores básicos: a redução das
Não ratificaram, por exemplo, o Tratado de Versalhes e não importações pelos Estados Unidos, que afetou duramente os países
participaram da Liga das Nações, deixando aos europeus a tarefa que dependiam de seu mercado consumidor (o café brasileiro é um
de solucionar os conflitos ocorridos na Europa. Coerentes com essa exemplo), e o repatriamento de capitais estadunidenses investidos
política isolacionista, os governos republicanos aprovaram diversas em outros países.
leis restritivas à migração a partir de 1921, reduzindo drasticamen- Em meio à crise econômica, o Partido Democrata derrotou os
te a entrada de estrangeiros no país. Ao mesmo tempo, deixaram republicanos nas eleições presidenciais em 1932. Eleito presiden-
de adotar medidas que resolvessem as crescentes contradições do te, uma das primeiras providências de Franklin Delano Roosevelt
desenvolvimento econômico. (1882-1945) foi limitar o liberalismo econômico, intervindo na eco-
Seus líderes argumentavam que as dificuldades que surgiam nomia por meio do New Deal (“novo acordo”), plano elaborado
na economia do país seriam resolvidas pelo próprio mercado, o por um grupo de renomados economistas e baseado nas teorias do
qual teria uma tendência à racionalidade e à superação dos pro- economista inglês John Maynard Keynes (1884-1946).
blemas econômicos, não cabendo ao Estado interferir na ordem Com o New Deal, o liberalismo de Adam Smith cedeu lugar ao
econômica. O desenvolvimento econômico não foi acompanhado keynesianismo, que defendia a intervenção do Estado para contro-
por aumento nos salários e na renda dos trabalhadores. Essa estag- lar o desenvolvimento da economia, de modo a combater crises e
nação salarial, incompatível com o crescimento da produtividade, garantir empregos e direitos sociais. Roosevelt determinou grandes
acentuou a desigualdade na distribuição da renda - apenas 5% da emissões monetárias, inflacionando deliberadamente o sistema fi-
população detinham um terço da renda do país - e impossibilitava o nanceiro; fez grandes investimentos estatais, como hidrelétricas;
aumento do consumo para a maioria dos estadunidenses. estimulou uma política de empregos por meio de obras públicas,
entre outras medidas, o que promoveu o consumo e possibilitou a
22 Vicentino, Cláudio. Olhares da História Brasil e Mundo. Cláudio Vicentino.
progressiva recuperação da economia.
José Bruno Vicentino. Savério Lavorato Júnior. 1ª ed. São Paulo. Scipione.

52
HISTÓRIA
O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos, que caíra No caso alemão, havia ainda o antissemitismo, isto é, a perse-
de USS 103,7 bilhões para USS 56,4 bilhões em 1932, recuperou-se guição racista aos judeus, justificada pela afirmação de que, na Pri-
lentamente, chegando a USS 101,3 bilhões em 1939. meira Guerra Mundial, os alemães haviam sido traídos pelos judeus
A política keynesiana da busca do pleno emprego para estimu- marxistas, o que teria provocado a sua derrota no conflito. Além
lar as economias em recessão, posteriormente adotada em outros disso, segundo os defensores do nazismo, os judeus, vistos como
países industrializados, foi acompanhada pela instalação de moder- antinacionais e sem pátria, ameaçavam a formação da “grande raça
nos sistemas previdenciários, como a Lei de Seguridade dos Estados ariana alemã”.
Unidos, aprovada em 1935. Ela serviu também de base para as polí- A ideia fundamental do nazismo era expressa pela máxima: Ein
ticas de bem-estar social desenvolvidas pelos países capitalistas, o Volk, ein Reich, ein Führer (Um povo, um império, um líder).
Welfare State (Estado de bem-estar social), expressão que entrou Na Itália, o fascismo baseava-se no corporativismo: o povo,
em uso a partir dos anos 1940. produtor de riquezas, organizava-se em corporações sindicais que
A política keynesiana predominou no cenário econômico inter- governavam o país por meio do Partido Fascista, que se confundia
nacional até o final dos anos 1970, quando a liberdade de mercado com o próprio Estado. Ao contrário da visão marxista, negava-se a
voltou a ganhar prestígio, defendida por teóricos como Friedrich oposição entre classes na estrutura social, e o Estado corporativo
von Hayek (1899-1992) e por membros da escola monetarista de deveria buscar a harmonização dos interesses conflitantes do capi-
Chicago, como Milton Friedman (1912-2006) e Robert Lucas. tal e do trabalho nos próprios quadros das corporações.
A política econômica liberal foi adotada pela primeira-minis- Hitler e Mussolini contaram com o capital financeiro e o apoio
tra britânica Margaret Thatcher (1925- -2013) e pelo presidente da alta burguesia na edificação do Estado totalitário. No caso na-
estadunidense Ronald Reagan (1911-2004), entre outros políticos zista, foi representado pela tradicional família Krupp, dona de in-
conhecidos como neoliberais. A partir de 2008, em virtude da crise dústrias no ramo de aço, munições e armamentos; e, na Itália, pela
econômica internacional originada em parte das políticas neolibe- Confederação Geral da Indústria, pela Associação dos Bancos e pela
rais de não controle da economia pelo Estado, reacendeu-se o de- Confederação da Agricultura.
bate entre defensores do neoliberalismo e do keynesianismo. Des-
ta vez, ao contrário do que ocorrera nos meses seguintes à crise de Fascismo Italiano
1929, governos de muitos países optaram por intervir na economia A Primeira Guerra Mundial deixou para a Itália enormes perdas
para tentar diminuir os efeitos dessa crise. financeiras e humanas e nenhum ganho territorial. Além do caos
econômico - causado pela inflação, pelo alto índice de desemprego
O Nazifascismo e pela paralisação de diversos setores produtivos -, o governo da
O nazifascismo caracterizou-se por ser um movimento essen- Itália via-se também impotente em meio à agitação política e social
cialmente nacionalista, antidemocrático, antioperário, antiliberal revolucionária das esquerdas, com sucessivas greves e ocupações
e anticomunista. Sua ascensão na Europa ocorreu entre o final da de fábricas e terras.
Primeira e o início da Segunda Guerra Mundial, no contexto da crise O governo parlamentar, composto pelo Partido Socialista e
dos países europeus desencadeada pelos efeitos da Primeira Guer- pelo Partido Popular, não chegava a um acordo quanto às gran-
ra Mundial e pela quebra da Bolsa de Nova York, em 1929. des questões políticas, gerando impasses e impopularidade. Diante
Na Alemanha, o movimento foi representado por Adolf Hitler desse quadro de instabilidade na Itália, as elites do país passaram
(1889-1945), cujo livro Mein Kampf (Minha luta), publicado em a apoiar a atuação das squadre d’azione (expressão italiana que
1925, serviu como base teórica do governo nazista. significa “comandos de ação”), milícias armadas formadas pelos
A Itália foi outro polo do movimento, liderado por Benito Mus- camisas-negras, membros do Partido Fascista criado por Benito
solini (1883-1945), que ascendeu ao governo em 1922. Em outros Mussolini em 1919.
países, regimes políticos semelhantes ao nazifascismo também Dois anos depois, os fascistas elegeram o maior número de
foram adotados, como o franquismo na Espanha e o salazarismo representantes no Parlamento. Apoiado na crise parlamentar e na
em Portugal. Esses novos governos representaram uma reação na- ideia da “mediocridade democrática”, Mussolini organizou o assal-
cionalista às frustrações resultantes da Primeira Guerra Mundial e to ao poder. Em 1922, 50 mil camisas-negras, vindos de todas as
um modo de fortalecer o Estado, além de atender às aspirações regiões da Itália, dirigiram-se para a capital, exigindo o poder.
de estabilidade diante das ameaças revolucionárias de esquerda e, O episódio ficou conhecido como Marcha sobre Roma. O rei
sobretudo, diante da instauração do socialismo na União Soviética. Vítor Emanuel III cedeu à pressão, e o líder fascista assumiu o cargo
A doutrina nazifascista caracterizava-se basicamente pelos se- de primeiro-ministro. Em 1924, por meio de eleições fraudulentas,
guintes pontos: os fascistas ganharam maioria parlamentar. A oposição, liderada
- totalitarismo, em que o Partido Fascista ou Nazista confun- pelo deputado socialista Giacomo Matteotti (1885-1924), denun-
dia-se com o Estado, formando a síntese das aspirações nacionais; ciou as irregularidades eleitorais, mas foi calada pela repressão ge-
- nacionalismo, propondo a subordinação do indivíduo aos in- neralizada, que culminou no sequestro e assassinato do deputado.
teresses da nação; No ano seguinte às eleições, Mussolini passou a ser chamado
- idealismo, acreditando no poder transformador das ideias e de Duce (guia), com o respaldo da Confederação Geral da Indús-
convicções; tria, da polícia política fascista (Ovra) e de tribunais especiais, que
- romantismo, que negava a razão como solucionadora dos julgavam e condenavam os dissidentes do regime. Concretizou-se,
problemas nacionais, defendendo, ao contrário, que somente a fé, assim, um Estado totalitário, no qual os principais focos de oposi-
o autossacrificio, o heroísmo e a força seriam capazes de superar ção eram eliminados; ao mesmo tempo que se impunham leis de
as dificuldades; exceção, suprimia-se a imprensa oposicionista e a licença de todos
- autoritarismo, segundo o qual a autoridade do líder — o Duce os advogados antifascistas era cassada.
(na Itália) ou o Führer (na Alemanha) - era indiscutível; militarismo, Em 1929, Mussolini ganhou também o apoio do clero ao assi-
que possibilitaria a salvação nacional por meio da luta e da guerra; nar o Tratado de Latrão, que solucionava a antiga Questão Roma-
- anticomunismo. na. Pelo tratado, o Papa Pio XI (1857-1939) reconhecia o Estado ita-
liano, e Mussolini, a soberania do Vaticano. O catolicismo tornou-se
a religião oficial da Itália.

53
HISTÓRIA
Após garantir para si plenos poderes e cercar-se das elites do- tes e agricultores, descontentes com o governo democrático de
minantes, o Duce buscou o desenvolvimento econômico do país. Weimar. Outros, porém, alinhavam-se aos grupos políticos de es-
Centrado numa intensa propaganda de massa e na proibição de querda, fato que amedrontou a elite e a classe média alemãs, que
greves, seu governo obteve sucessos na agricultura e na indústria viram na proposta nazista a salvação nacional.
até que a depressão mundial de 1929 mergulhou o país novamente As tropas das SA passaram a agir livremente, e a popularidade
na crise. nazista se impôs. Em 1932, nas eleições para o Parlamento, os nazistas
Para superá-la, Mussolini intensificou a produção de arma- conquistaram 230 cadeiras (em 1930, eram aproximadamente 30) e,
mentos e as conquistas territoriais, apoiado na ideia de restaurar em 1933, com a crise do sistema parlamentarista, o presidente Hin-
o Império Romano. Voltando-se para a África, invadiu a Abissínia denburg (1847-1934) ofereceu a Hitler o cargo de chanceler.
(atual Etiópia) e associou-se aos governos da Alemanha e do Japão Elevado ao poder, o líder nazista se lançou contra a oposição.
em diversas agressões internacionais. Para tanto, usou diversos meios, entre os quais uma farsa: provo-
cou um incêndio que destruiu o prédio do Parlamento em Berlim,
Nazismo Alemão o Reichstag, e colocou a culpa nos comunistas, acusando-os de tra-
Assim como o fascismo italiano, o nazismo alemão emergiu marem um golpe. Isso lhe permitiu a instalação de uma ditadura
da derrota na Primeira Guerra Mundial e das condições impostas totalitária. Os deputados e líderes das esquerdas foram presos e
à Alemanha pelo Tratado de Versalhes. Com o final da guerra, o levados para campos de concentração - áreas de confinamento
regime monárquico da Alemanha foi substituído pela República de cercadas e vigiadas. Nesses lugares e nos campos de extermínio,
Weimar (1918-1933), que herdou uma grave crise socioeconômica. muitos opositores do regime nazista e milhões de judeus foram as-
Em 1923, os governantes da República de Weimar decidiram can- sassinados, no genocídio conhecido como holocausto.
celar os pagamentos impostos pelo Tratado de Versalhes. Em re- Para sustentar o poder hitlerista, foram criadas a Gestapo -
presália, os franceses invadiram o Vale do Ruhr, importante região polícia secreta do Estado - e as Seções de Segurança (SS), polícia
mineradora e siderúrgica da Alemanha. Apoiados pelo presidente política do partido, bem-treinada, disciplinada e fiel ao líder. No dia
socialista Friedrich Ebert (1871-1925), mineradores e operários 21 de margo de 1933, Hitler proclamou a criação do Terceiro Reich
dessa região entraram em greve, negando-se a trabalhar para os (“império”), sucessor do Sacro lmpério Romano-Germânico (962-
franceses. Para sustentar a greve, o Parlamento alemão autorizou a 1806) e do Império dos Kaiser Hohenzollern (1871-1919). Com a
emissão de papel-moeda. morte de Hindenburg, em 1934, Hitler acumulou a função de presi-
O resultado foi uma espiral inflacionária, que chegou a atin- dente e a de chanceler, adotando o título de Führer (chefe).
gir o índice de 32400% ao mês. Alguns anos antes, em 1919, em Hitler eliminou os partidos políticos, os jornais de oposição, os
Munique, um pequeno grupo de ultranacionalistas, entre os quais sindicatos e suspendeu o direito de greve. Em junho de 1934, no
estava Adolf Hitler, fundou um partido totalitário, nos moldes do episódio conhecido como Noite dos Longos Punhais, eliminou vá-
fascismo italiano, que adotou, logo depois, o nome de Partido rios líderes das SA que divergiam de sua autoridade absoluta. Cerca
Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (Nationalsozialis- de 70 líderes e 5 mil outros nazistas foram mortos por soldados
tische Deutsche Arbeiterpartei), popularmente chamado de nazi. do exército, pelas SS e pela Gestapo. A propaganda nazista ficou a
Com forte apelo ao sentimento nacional diante das dificuldades do cargo de Joseph Coebbels (1897-1945), que conquistou o apoio da
pós-guerra, o novo grupo ganhou cada vez mais adeptos. maioria da nação aos planos grandiosos do Führer.
Para intimidar os opositores, os nazistas atuavam com uma A campanha racista criava um bode expiatório e aproximava
polícia paramilitar, as Seções de Assalto (SA) - os camisas-pardas. a população alemã dos nazistas ao propor a purificação racial por
Diante do agravamento da situação socioeconômica e da ineficiên- meio do extermínio dos judeus.
cia do governo, Hitler e seus seguidores tentaram assumir o poder Para cumprir seu plano de genocídio denominado “solução
em novembro de 1923. Numa cervejaria de Munique, proclamaram final”, os campos de concentração foram multiplicados e milhões
o fim da República. Embora todos tivessem sido presos, ganharam de judeus assassinados. Toda a sociedade alemã foi envolvida no
ampla publicidade pelo país. programa nazista do Terceiro Reich: das crianças aos adultos; nas
O Putsch (“golpe”, em alemão) de Munique, como o evento escolas e nas instituições, todos eram induzidos a filiar-se à Juven-
ficou conhecido, pareceu, por seu fracasso, o fim do nascente Par- tude Hitlerista ou ao Partido Nazista. A nazificação da Alemanha
tido Nazista. Foi, no entanto, apenas um recuo momentâneo na completou-se com o armamentismo e o total militarismo, que rea-
escala- da nazista, que contaria mais tarde com circunstâncias pro- tivaram o desenvolvimento econômico baseado na indústria bélica.
pícias a seu reerguimento definitivo. A militarização do país visava à expansão territorial e à conquista
Na prisão, Hitler escreveu Mein Kampf, obra em que desenvol- do “espaço vital”, o que viria a constituir o estopim de um novo
veu os fundamentos do nazismo: conflito europeu.
- a ideia pseudocientífica da existência de uma raça “pura”, a
raça ariana — que seria descendente de um grupo indo-europeu SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
mais puro;
- o nacionalismo exacerbado; Precedentes
- o totalitarismo; O regime nazista preparou a Alemanha para a guerra. As posi-
- o anticomunismo; ções de Hitler contra o Tratado de Versalhes (1919), o rearmamen-
- o antissemitismo; to progressivo do Terceiro Reich e a instituição do serviço militar
- o conceito de espaço vital (Lebensraum), domínio de territó- obrigatório não deixavam dúvida quanto aos seus objetivos expan-
rios indispensáveis ao desenvolvimento do povo alemão, inclusive sionistas. Um dos primeiros atos de Hitler foi a retirada da Alema-
com a conquista da Europa oriental. nha da Liga das Nações - organismo internacional fundado ao final
da Primeira Guerra Mundial para resolver litígios entre os Estados23.
O nazismo ganhou impulso com a Grande Depressão, iniciada Os nazistas não cansavam de declarar seu direito ao espaço
com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929. Em 1932, vital, considerado necessário para a formação da “Grande Alema-
muitos dos 6 milhões de desempregados alemães engrossavam as nha” Em 1936, a Alemanha liderou o Pacto Anti-Komintern, alian-
fileiras do Partido Nazista, ao lado de ex-soldados, jovens estudan-
23 História. Ensino Médio. Ronaldo Vainfas [et al.] 3ª edição. São Paulo. Saraiva.

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HISTÓRIA
do-se ao Japão contra o expansionismo soviético. A Itália fascista Por meio desse acordo, a Alemanha nazista conseguiu carta
aderiu no ano seguinte. Foi uma reação ao VII Congresso da Inter- branca dos soviéticos para invadir a Polônia. O regime soviético,
nacional Comunista, realizado em Moscou, um ano antes, que reco- por sua vez, obteve garantias mínimas de que não seria atacado, na
mendou aos partidos comunistas de todo o mundo a formação de expectativa de que o esforço bélico dos nazistas se lançasse contra
frentes populares com socialistas e democratas contra a ascensão outros países, incluindo as democracias ocidentais. As potências
dos regimes fascistas. ocidentais ficaram perplexas diante da cartada de Hitler e Stalin.
França e Grã-Bretanha viram no fortalecimento alemão uma
forma de conter o comunismo no limite das fronteiras soviéticas. O Nazismo ataca a Europa
Por esse motivo, calcularam que a guerra alemã em busca de seu Em 3 de setembro de 1939, França e Grã-Bretanha declararam
espaço vital se limitaria ao leste, talvez provocando a destruição da guerra à Alemanha, embora, concretamente, nada tenham feito.
URSS, mas não chegaria aos países do Ocidente europeu e a seus Apenas aumentaram os gastos militares e mobilizaram soldados
impérios coloniais na Ásia e na África. Mas os planos de Hitler logo em grande escala para fazer frente ao conflito. A partir de março de
se mostraram bem mais ambiciosos. 1940, passaram a apoiar a Finlândia contra a invasão soviética, em
uma ação abortada por conta do acordo firmado naquele mesmo
Guerra Civil Espanhola mês entre soviéticos e finlandeses.
As democracias ocidentais nada fizeram para auxiliar o gover- A Grã-Bretanha ainda tentou ocupar a Noruega, sob a alegação
no republicano espanhol, atacado pelo levante militar comandado de impedir o ataque alemão a esse país, com receio de que o Reich
pelo general Francisco Franco em 1936. Isso porque o governo ata- estabelecesse uma base de operações no mar do Norte. Mas de
cado era uma frente popular, inspirada na Internacional Comunis- nada adiantou, já que em abril a Alemanha ocupou a Dinamarca e a
ta. Assim, essas democracias assistiram impassíveis à Guerra Civil Noruega, espalhando minas marítimas para sabotar a Marinha bri-
Espanhola, que resultou no esmagamento do governo constitucio- tânica. O avanço alemão para o ocidente começava pelas beiradas.
nal pelas tropas do general Franco.
O objetivo do generalíssimo, como era chamado, era defender Invasão na França
os interesses das classes proprietárias e da Igreja Católica, amea- A expansão alemã provocou mudanças sensíveis nos governos
çados pelo movimento de esquerda que predominava no governo das potências ocidentais. Na Grã-Bretanha, por exemplo, o poder
republicano espanhol. As divergências entre as organizações e as foi assumido por Winston Churchill, agora prestigiado pelos alertas
lideranças de esquerda facilitaram a vitória do franquismo. No final que vinha fazendo contra o perigo alemão. Em 10 de maio de 1940,
da guerra, Franco contou com o apoio direto de Hitler e de Musso- o Exército alemão, com o apoio da Luftwaffe, deu início a outra Blit-
lini, com aviões da Luftwaffe (Força Aérea alemã) bombardeando zkrieg, agora contra a Holanda e a Bélgica.
cidades leais aos republicanos espanhóis, como Guernica - imorta- A vitória alemã nos Países Baixos foi avassaladora. Nesse mo-
lizada em uma obra do pintor Pablo Picasso. mento, estava claro que os alemães atacariam a França pela fron-
teira belga, contornando a Linha Maginot, complexo defensivo
Guerra Política construído pelos franceses ao longo do Reno nos anos 1930. Quan-
As potências ocidentais europeias eram tolerantes quanto as do os alemães evitaram a Linha Maginot pelo extremo oeste, a re-
reivindicações territoriais do regime nazista. Assim, Hitler remilita- sistência britânico-francesa ficou dividida e o caminho para Paris,
rizou a Renânia, na fronteira com a França, em 1936, sem nenhu- aberto.
ma resistência, contrariando cláusulas do Tratado de Versalhes. Em Os britânicos abandonaram a França à própria sorte, pois Chur-
1938, anexou a Áustria, no episódio conhecido como Anschluss, chill temia perder homens e aviões em uma batalha condenada.
após sabotar o regime democrático austríaco, em decorrência do Ficou famosa a retirada de Dunquerque, na qual os britânicos res-
forte movimento nazista existente naquele país. gataram mais de 150 mil soldados encurralados no nordeste da
No mesmo ano, reivindicou a posse dos Sudetos, na Tchecos- França, usando até barcos de pesca. Paris foi ocupada pelos ale-
lováquia, alegando que havia maioria alemã na região e ameaçan- mães em 14 de junho.
do invadir o lugar no caso de objeção das potências ocidentais. No O novo governo francês, comandado por Pétain, entregou par-
Tratado de Munique, assinado em setembro de 1938, Hitler atin- te do território aos nazistas, permanecendo com dois terços dele e
giu seu objetivo. Em março de 1939, tropas alemãs entraram em com as colônias. Colaboracionista, o regime comandado por Pétain,
Praga e decretaram que a Boêmia e a Morávia fariam parte de um sediado em Vichy - e por isso conhecido como governo de Vichy -,
protetorado alemão. Um dos poucos políticos a denunciar as inten- não tardou a apoiar a Alemanha na guerra. Pétain foi então celebra-
ções expansionistas da Alemanha foi Winston Churchill, membro do como “salvador da pátria”, pois a maioria dos franceses não su-
do Partido Conservador britânico, declaradamente antissoviético, portava mais os bombardeios e as fugas desesperadas. Além disso,
mas igualmente crítico do regime nazista. boa parte da sociedade francesa era anticomunista e antissemita.
Os governos britânico e francês alertaram que, diante de qual-
quer novo avanço territorial, seria declarada guerra à Alemanha Superioridade Nazista
para resguardar a ordem internacional. Porém, a essa altura, Ale- Ao conquistar a França, Hitler foi saudado como grande estra-
manha, Itália e Japão já tinham firmado o Eixo Roma-Berlim-Tó- tegista militar. O passo seguinte foi se concentrar na guerra contra
quio: uma aliança militar para atuar contra quaisquer inimigos. Ale- a Grã-Bretanha e avançar em direção ao Mediterrâneo. No início de
manha e Itália também reforçaram sua aliança por meio do Pacto 1941, conquistou a Iugoslávia, a Grécia e a ilha de Creta, contando
de Aço, assinado em maio de 1939. com o apoio da Itália, que só passou a atuar em favor dos alemães
A surpresa viria com o encontro entre o ministro de Relações às vésperas da queda da França. Mas os exércitos de Mussolini, que
Exteriores da Alemanha, Joachim Von Ribbentrop, e o ministro já haviam demonstrado debilidade na Etiópia, sequer conseguiram
soviético, Viacheslav Molotov, em Moscou, em fins de agosto de vencer sozinhos a resistência grega, sendo socorridos pelas tropas
1939. Nessa ocasião, os dois países firmaram o pacto germano-so- nazistas.
viético de não agressão, que incluía uma cláusula secreta de divisão Não tardou para que outros países apoiassem a Alemanha,
da Polônia entre as duas potências - em caso de guerra -, além de como a Bulgária, a Romênia e a Hungria. Portugal e Espanha per-
prever o intercâmbio comercial. De fato, a URSS enviou regular- maneceram neutros, porém simpáticos à Alemanha. Em 1941, boa
mente petróleo e alimentos para a Alemanha até 1941.

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HISTÓRIA
parte da Europa estava, direta ou indiretamente, controlada pelo navios de guerra e destroçaram os aviões que se encontravam no
Terceiro Reich. Apenas Suíça, Suécia e Turquia conseguiram manter solo, causando milhares de mortes. O presidente dos EUA, Franklin
uma neutralidade mais consistente. Restava a URSS, no leste. Delano Roosevelt, declarou guerra ao Japão e, no dia seguinte, à
Alemanha e à Itália. Mas a declaração de guerra estadunidense não
Inglaterra Resiste deteve os japoneses.
Os nazistas pretendiam invadir a Grã-Bretanha pelo sul, atra- No primeiro semestre de 1942, conquistaram a Birmânia, a
vessando o canal da Mancha, em uma operação batizada de Leão- Malásia e várias ilhas do Pacífico. Nessa fase da guerra, britânicos
-marinho. A ação dependia da Luftwaffe para neutralizar as defesas e estadunidenses foram derrotados em toda parte. O esforço de
aéreas britânicas, e acabou sendo o maior conflito aéreo da guerra. guerra dos EUA foi fenomenal, com a produção de milhares de
A Luftwaffe dispunha de quase 3 mil aviões, entre bombardeiros e navios, aviões e tanques. O país mostrava-se disposto a reagir no
caças. A força aérea britânica, Royal Air Force (RAF), dispunha de Pacífico e a enfrentar a Alemanha na Europa, mas o momento era
menos aviões, embora a produção de caças tenha se multiplicado de incerteza. A Alemanha mantinha intactas as suas conquistas eu-
no país entre 1940 e 1941. No início do ataque alemão, a Grã-Breta- ropeias, enquanto o Japão era o senhor do Pacífico.
nha foi flagelada por bombardeios quase diários, cujos alvos deixa- A batalha naval de Midway, em junho de 1942, foi a primei-
ram de ser militares e passaram a se concentrar em Londres. Hitler ra grande vitória estadunidense contra os japoneses. Mas o fim da
calculava que, em poucas semanas, os britânicos não teriam como guerra ainda estava longe.
deter a invasão alemã. Dessa vez, porém, ele estava enganado.
A capacidade de resistência britânica foi extraordinária. No Reação Soviética
ar, os caças britânicos provocaram pesadas perdas à Luftwaffe. No Apesar das dificuldades do combate com a Grã-Bretanha, na
solo, houve enorme mobilização da população civil, insuflada pelos frente ocidental Hitler pôs em marcha o plano de invadir a URSS - a
discursos diários de Churchill. Em 25 de agosto de 1940, aconteceu Operação Barbarossa. Pretendia apoderar-se dos imensos recursos
o que parecia impossível: em represália aos ataques alemães, os naturais do país, incluindo as áreas petrolíferas, mas havia também
britânicos bombardearam Berlim. Com sucessivos desgastes, em o objetivo político-ideológico de destruir o regime comunista sovié-
fevereiro de 1942, Hitler desistiu de ocupar Londres. tico e a pretensão de ocupar o território, em conformidade com a
A Grã-Bretanha resistiu praticamente sozinha, recebendo o teoria nazista do espaço vital.
apoio dos EUA em armas, navios e alimentos, apesar da posição Em 1941, os alemães invadiram a URSS, com 3,5 milhões de
do governo estadunidense de não intervenção no conflito europeu. soldados. As instruções para a guerra incluíam a execução de civis,
Enquanto resistiam na Europa, os exércitos britânicos eram a começar pelos comissários do partido comunista de cada área
fustigados no norte da África pelos italianos, que pretendiam mar- conquistada. As primeiras vitórias alemãs foram arrasadoras, mas a
char da Líbia até o Egito para conquistar o canal de Suez, de onde resistência soviética revelou-se tenaz.
partiriam para o Iraque com o objetivo de controlar as reservas pe- Embora tenham recuado e perdido milhões de soldados, entre
trolíferas da região. mortos e prisioneiros, os soviéticos conseguiram deter o avanço
No Egito, os britânicos impuseram a derrota ao exército de alemão. Leningrado não caiu, embora a população da cidade sitia-
Mussolini. A guerra no deserto estava só começando. Diante do da tenha sido arrasada pela fome e por doenças. Moscou também
novo fracasso militar italiano, Hitler organizou o Afrika Korps, em- resistiu, graças ao esforço do Exército Vermelho. A chegada do in-
purrando os exércitos britânicos de volta à fronteira egípcia, em verno russo deteve de vez o ímpeto alemão, como ocorrera com o
exército napoleônico, em 1812.
uma guerra que permaneceu em impasse até 1942.
Stalingrado
Ofensiva japonesa na Ásia
Os alemães abandonaram o plano de conquistar Moscou e
A partir da década de 1930, com o governo imperial sob o con-
concentraram-se na conquista do Cáucaso, rico em petróleo, recur-
trole dos militares, o Japão se lançou em uma ofensiva militar sem
sos minerais, industriais e agrícolas. Essa conquista lhes daria ainda
precedentes. Industrializado e posto à margem da corrida imperia-
o controle do rio Volga, o maior da Europa, e acesso ao mar Cáspio.
lista europeia, não se tratava mais de conquistar pontos estratégi-
Em agosto de 1942, a ofensiva chamada Operação Azul estava às
cos na Coreia ou na própria China; o objetivo era dominar a Ásia. portas de Stalingrado, às margens do rio Volga.
Em 1937, o governo japonês lançou um ataque à China, que Foi a batalha mais sangrenta da Segunda Guerra Mundial, ar-
começou na Manchúria e levou à conquista sucessiva de Pequim, rastando-se por meses, com avanços e recuos de ambos os lados.
Shangai e Nanquim. Ao conquistarem esta última, os japoneses Em novembro de 1942, a contraofensiva do Exército Vermelho cer-
massacraram a população, com fuzilamentos de prisioneiros, inva- cou os alemães e forçou a rendição de soldados famintos e flagela-
sões de casas, infanticídios e estupros de mulheres. A vitória japo- dos pelo inverno soviético.
nesa foi favorecida pela divisão política da China, que passava por A vitória soviética em Stalingrado mudou o rumo da guerra,
uma guerra civil desde o final dos anos 1920. sinalizando a derrota alemã em todas as frentes de batalha. A cam-
De um lado, o partido conservador Kuomintang, liderado por panha na URSS absorvia enormes recursos da máquina de guerra
Chiang Kai-Shek, chefe do governo chinês; de outro, os comunis- nazista. No norte da África, os alemães não tiveram como resistir
tas, sob a liderança de Mao Tsé-Tung. Em setembro de 1937, os ao contra-ataque britânico. Em 1942, os britânicos atacaram o que
dois líderes fizeram uma trégua em nome da defesa da China e até restava do exército alemão e de seu aliado italiano na segunda Ba-
1945 lutaram juntos contra os japoneses. Em 1941, o Japão invadiu talha de El Alamein.
a Indochina. As forças do Eixo, enfim, capitularam. Churchill saudou a vi-
Em represália, os EUA impuseram sanções econômicas aos ja- tória britânica com entusiasmo: “Este não é o fim, não é nem o
poneses, embargando a venda de petróleo e aço. Com fortes in- começo do fim, mas é, talvez, o fim do começo”.
teresses econômicos no Sudeste Asiático, os estadunidenses não
estavam dispostos a aceitar a concorrência japonesa. Invasão da Itália
O governo japonês decidiu enfrentar os EUA e, sem nenhuma Com a retomada do norte da África, os Aliados, como ficou
declaração de guerra, atacou a base militar de Pearl Harbor, no Ha- conhecida a coligação de países que lutaram contra os regimes
vaí, em dezembro de 1941. Os caças japoneses afundaram diversos nazista e fascista, não tardaram a invadir a Itália. Em 1943, após

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HISTÓRIA
inúmeros bombardeios, desembarcaram na Sicília e partiram para A matança de judeus começou na Polônia, em 1939, sendo
a península. Os constantes fracassos militares e a iminente invasão sistemática na URSS, após a invasão de 1941. A decisão formal de
aliada abalaram o regime fascista. exterminar todos os judeus da Europa foi tomada na Conferência
Muitos líderes desejavam o fim da guerra e tramaram uma cons- de Wannsee, realizada em janeiro de 1942. Nela, foi estabelecida a
piração, na qual até o genro de Mussolini se envolveu. O rei Vítor Ema- Solução Final para o problema judaico: o genocídio.
nuel III demitiu Mussolini do cargo de primeiro-ministro, mandando Pouco a pouco, os guetos foram desativados e os judeus, en-
prendê-lo em um abrigo secreto em Abruzos, no centro do país. viados a campos de extermínio (como o de Auschwitz, na Polônia,
O governo foi passado ao general Pietro Badoglio, que liderava o mais conhecido deles). Nos campos, eram selecionados os judeus
o grupo favorável à paz e assinou um armistício com os Aliados. Os que, após dias de viagem em vagões de trens de carga infectados,
nazistas reagiram com fúria ao que consideraram ser uma traição ainda tinham condições de trabalhar para a máquina de guerra ale-
da Itália. mã, inclusive nas fábricas de munições. Os demais eram enviados
Nas frentes de batalha, os soldados italianos foram desarma- às câmaras de gás, e seus corpos, incinerados em crematórios.
dos pelos nazistas e muitos foram fuzilados. A Alemanha logo ocu- Na tentativa de iludir os condenados, os campos tinham um
pou o norte e o centro da Itália, tomou Roma e montou uma barrei- letreiro grande no portão principal onde se lia: “O trabalho liberta”
ra defensiva nos Apeninos - cadeia montanhosa que vai do norte ao (Arbeit macht frei).
sul da Itália pela costa leste. Cerca de 6 milhões de judeus foram exterminados nos campos
Mussolini foi resgatado por uma tropa de paraquedistas ale- alemães, fato que ficou conhecido como Holocausto (shoah, em
mães e recolocado no poder em Saló, cidade próxima a Milão. Mas hebraico). Eles não foram as únicas vítimas desse programa de ex-
o regime fascista estava derrotado, o que fez do próprio Mussolini termínio: cerca de 800 mil ciganos também morreram nos campos
um fantoche de Hitler. de concentração, além de um número incerto de prisioneiros de
guerra soviéticos, presos políticos, homossexuais e testemunhas de
O Dia D Jeová.
A abertura da frente ocidental pelos Aliados foi adiada várias
vezes até 1944, apesar dos constantes protestos de Stalin. Meti- A Guerra chega ao Fim
culosamente planejada, a Operacão Overlord, também conhecida No começo de 1945, a guerra estava definida a favor dos Alia-
como invasão do Dia D, ocorreu em 6 de junho de 1944, quando dos. Hitler, doente e derrotado, recusava-se a abandonar Berlim,
mais de 300 mil homens desembarcaram na Normandia, norte da onde havia se refugiado no Bunker da chancelaria. A notícia da
França, abrindo caminho para a derrota do Terceiro Reich. morte de Mussolini, capturado e fuzilado em 27 de abril de 1945,
Os alemães foram pegos de surpresa, pois esperavam o desem- sinalizava um desfecho trágico.
barque em Calais. O avanço dos Aliados tornou-se avassalador, com O ditador italiano e sua amante, Clareta Pettacci, tiveram seus
a retomada de Paris, em 25 de agosto de 1944, e da Bélgica e da corpos pendurados de cabeça para baixo na principal praça de Mi-
Holanda, nos meses seguintes. Hitler ainda tentou uma última car- lão, diante de uma multidão eufórica. Berlim era bombardeada
tada, lançando uma contraofensiva surpresa nos Países Baixos. A diariamente pelos soviéticos. Diante do avanço dos tanques pela
Batalha de Ardenas foi a última Blitzkrieg do Exército alemão, que, cidade, até crianças da Juventude Hitlerista tentavam, em vão,
após algumas vitórias, se rendeu na Bélgica, em janeiro de 1945. combater.
A Alemanha estava cercada, e o regime nazista se aproximava Em 30 de abril de 1945, Hitler suicidou-se com sua amante,
do fim. Eva Braun, com quem se casara um dia antes. Os corpos do casal
foram queimados nos jardins do Bunker, seguindo a última ordem
Operação Valquíria do Fuhrer. Em 7 de maio de 1945, o almirante Karl Dónitz, sucessor
A iminente derrota da Alemanha acabou apressando os pla- nomeado por Hitler, assinou a rendição incondicional da Alemanha.
nos de militares do Alto Comando para derrubar Hitler e fazer um
armistício com as potências ocidentais e livrar o país da invasão so- Hiroshima e Nagasaki
viética. No início de 1942, a ofensiva japonesa no Pacífico estava no
Trata-se da famosa Operação Valquíria, que se tornou, inclusi- auge, com a derrota dos EUA nas Filipinas. Mas, em junho daquele
ve, tema de filme. Os conspiradores usaram o nome da deusa ger- mesmo ano, o rumo da guerra começou a virar, com a vitória esta-
mânica Valquíria (ou Walquíria) para codificar sua ação, que incluía dunidense na Batalha de Midway, que resultou na destruição dos
a tomada de prédios públicos e da rede de comunicações na capital principais porta-aviões japoneses.
alemã, após a confirmação da morte de Hitler. A ofensiva japonesa durou cerca de seis meses. Todo o resto da
Em 20 de julho de 1944. o coronel Claus von Stauffenberg es- guerra no Pacífico foi, na verdade, uma luta dos EUA para subjugar
condeu uma bomba em uma pasta de trabalho, sob a mesa de re- o Japão. Os Estados Unidos consolidaram sua vitória com a recon-
união do quartel-general de Hitler, mas poucos morreram com a quista das Filipinas, em fevereiro de 1945, e o triunfo nas batalhas
explosão e o Führer sobreviveu quase sem um arranhão. Embora de Iwo Jima e Okinawa, entre fevereiro e junho. Mas o Japão não
muito doente e deprimido, Hitler mandou executar os conspirado- se entregava, multiplicando os voos kamikaze. No início de agosto,
res, provocando a morte de quase 5 mil pessoas. o imperador Hirohito autorizou seu embaixador a estabelecer acor-
O marechal Erwin Rommell. ex-comandante do Afrika Korps, dos diplomáticos com Stalin.
que havia participado da conspiração, recebeu a opção de suicídio, A essa provocação os EUA responderam com o lançamento
por ser muito popular entre os alemães. Aceitou e foi enterrado da bomba atômica Little Boy sobre a cidade japonesa de Hiroshi-
com honras militares. ma, em 6 de agosto de 1945. Dois dias depois, a URSS invadiu a
Manchúria, dominada pelos japoneses. Em 9 de agosto, os EUA
Auschwitz e o Holocausto lançaram uma nova bomba atômica, a Fat Man, sobre Nagasaki.
Desde a ascensão do nazismo, em 1933, a situação dos judeus Em cada um desses ataques, estima-se que tenham morrido 80 mil
na Alemanha era desesperadora, e pioraria muito nas áreas ocu- pessoas instantaneamente, sem contar os efeitos que a radiação
padas, em especial no Leste Europeu. À medida que a Alemanha causou nos sobreviventes. No dia 14 de agosto, o imperador acei-
perdia a guerra, a situação tornava-se ainda mais trágica. tou a rendição incondicional do Japão.

57
HISTÓRIA
Pós-Guerra A Iugoslávia, cuja libertação do nazismo foi resultado da re-
A Segunda Guerra Mundial foi o maior conflito armado de to- sistência sob o comando do comunista Josip Broz Tito - e não do
dos os tempos, resultando em mais de 60 milhões de mortos, além Exército Vermelho, adotou um modelo socialista mais flexível, assi-
de milhões de civis e militares mutilados. Entre as forças do Eixo, milado pelos outros países do Leste Europeu. Em 1948, o governo
estima-se cerca de 8 milhões de militares mortos (a maioria ale- iugoslavo, sob o comando de Tito, rompeu com a URSS.
mães) e 4 milhões de civis.
Entre os Aliados, 17 milhões de militares e 35 milhões de ci- A Polarização Ideológica
vis, sobretudo no Leste Europeu. As maiores baixas dos Aliados Para os Estados Unidos, a expansão do regime comunista arris-
ocorreram entre os soviéticos, que suportaram a guerra na Europa cava a democracia e a livre-iniciativa. Para a União Soviética, o au-
durante quatro anos seguidos. Estima-se que tenham morrido, no mento da influência estadunidense sobre outras nações do planeta
mínimo, 20 milhões de soviéticos, entre militares e civis. Depois da era o tipicamente imperialista e punha em risco a ideia de igual-
URSS, a China foi o país que mais perdeu militares na guerra contra dade entre os indivíduos e o fim da exploração dos trabalhadores,
o Japão: 2,5 milhões. EUA e Grã-Bretanha perderam cerca de 300 ideais da Revolução Socialista.
mil militares cada. Nessa guerra ideológica, a propaganda foi uma das armas mais
As potências Aliadas começaram a esboçar o destino do mun- utilizadas pelos dois blocos.
do em 1943, quando a derrota do Eixo se tornou uma possibilidade
concreta. Foi na Conferência de Teerã, realizada no Irã em 1943, Macarthismo
onde se decidiu o desembarque aliado na Normandia e a divisão da Em março de 1947, o presidente estadunidense Harry Truman
Alemanha derrotada em zonas das potências vencedoras. fez um pronunciamento no qual declarava que os Estados Unidos
Reconheceu-se também o direito soviético às repúblicas bálti- deveriam “ajudar os povos livres” a lutar contra “movimentos
cas da Estônia, Lituânia e Letônia, bem como ao leste da Polônia. agressivos que buscam impor-lhes regimes totalitários”. Era uma
Estabeleceu-se, ainda, a necessidade da criação de um organismo alusão à União Soviética.
internacional de segurança coletiva mais eficiente que a Liga das Para muitos historiadores, esse discurso marcou o início da
Nações. Foi a origem da Organização das Nações Unidas - a ONU -, Guerra Fria. O discurso fazia parte da Doutrina Truman, que consis-
fundada em 24 de outubro de 1945, responsável pela Declaração tia em oferecer sustentação econômica, política e militar aos países
Universal dos Direitos Humanos, em 1948. ocidentais, de modo a criar forças de contenção ao comunismo.
As conferências de Yalta, na Crimeia (URSS), e Potsdam, nas Com o mesmo objetivo, em 1947, foi criada a Agência Central
cercanias de Berlim, entre fevereiro e agosto de 1945, aprofunda- de Inteligência (CIA, em inglês), serviço secreto de inteligência que
ram as decisões sobre o destino da Alemanha, em especial o seu tinha poderes para agir nos Estados Unidos e na política interna
desmembramento em zonas: uma sob o controle britânico, outra de outros países. Em 1949, os estadunidenses lideraram a criação
sob influência estadunidense, e uma terceira e uma quarta sob con- da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança mili-
trole francês e soviético. tar formada, naquele momento, por doze países capitalistas, entre
O mesmo foi decidido para Berlim, além de ser aprovada a des- eles a Inglaterra e a França.
militarização e a democratização da Alemanha. Em 1950, o senador Joseph McCarthy assumiu a liderança do
Comitê de Atividades Antiamericanas, criado para identificar e pu-
GUERRA FRIA nir pessoas suspeitas de envolvimento com o comunismo. Ele deu
início a uma intensa campanha de perseguição e intimidação diri-
Duas Potências Mundiais gida a intelectuais, líderes trabalhistas e funcionários do governo
No período que se seguiu ao final da Segunda Guerra Mundial, acusados - ou simplesmente suspeitos - de “esquerdismo”.
os Estados Unidos e a União Soviética se firmaram como potências Essa campanha ficou conhecida como macarthismo. Um dos
hegemônicas mundiais, com suas respectivas esferas de influência: alvos do macarthismo eram os artistas e intelectuais, principalmen-
o bloco capitalista e o bloco socialista24. te os que se relacionavam com a indústria cinematográfica. Denún-
Durante a guerra, os Estados Unidos lograram uma relativa cias forjadas e provas falsas contra essas pessoas eram alguns dos
expansão econômica e não sofreram prejuízos territoriais (com meios de ação macarthista.
exceção de Pearl Harbor, no Havaí). Com o esforço de guerra, sua
produção industrial duplicou entre 1939 e 1945. Essa expansão foi Alemanha Dividida
acompanhada de grandes avanços tecnológicos e científicos. Até 1948, a Alemanha foi administrada por Estados Unidos,
Com o poderio financeiro, bélico e tecnológico, o país assumiu França, In-glaterra e União Soviética. Em 1949, foram criados dois
uma posição de liderança mundial, predominantemente imperialis- Estados alemães independentes: a República Federal da Alema-
ta, a partir do período pós-guerra. nha (ou Alemanha Ocidental), que reunia as partes dos países de
O governo da União Soviética, sob o comando de Stalin, tam- economia capitalista, e a República Democrática da Alemanha (ou
bém havia conseguido definir uma importante e intensa área de Alemanha Oriental), de economia estatal-socialista.
influência sobre os países do Leste Europeu. Esse processo foi ini- Nesse processo de divisão, deu-se um dilema: a cidade de Ber-
ciado quando o Exército Vermelho, depois de vencer os alemães lim, considerada a capital, estava situada na parte da Alemanha
em território soviético, marchou em direção à Alemanha e não Oriental, e também passou por uma divisão em duas partes, uma
apenas libertou a maioria dos países do leste e do centro da Euro- socialista e outra capitalista.
pa dos nazistas, mas também os ocupou militarmente. No período Em 1961, para impedir o aumento de fugas da Berlim Oriental
pós-guerra, esses países passaram a ser liderados por governos de (socialista) para a Ocidental (capitalista), os soviéticos construíram
orientação socialista e formaram o bloco comunista. um muro que dividiu a cidade ao meio. Extremamente fortificado
Liderado pela URSS, o bloco comunista era formado por Po- e vigiado por soldados soviéticos, o chamado “Muro da Vergonha”
lônia, Tchecoslováquia, Hungria, Romênia, Bulgária, Albânia e pela acabou se transformando no principal símbolo da Guerra Fria. Ao
antiga Alemanha Oriental. longo dos anos seguintes, o Muro de Berlim foi expandido até cer-
car completamente a porção ocidental da cidade.
24 Azevedo, Gislane. História: passado e presente / Gislane Azevedo, Reinaldo
Seriacopi. 1ª ed. São Paulo. Ática.

58
HISTÓRIA
Anticapitalismo Os enormes gastos para manter as tropas no Afeganistão
Na União Soviética, o governo também desenvolveu um plano desestabilizaram a economia soviética, piorando as já precárias
de auxílio econômico aos países do bloco comunista para isolá-los condições de vida da população. Esse e outros eventos, de ordem
do capitalismo. Com a morte de Stalin, em 1953, Nikita Kruschev econômica e política, contribuíram para a desintegração da União
tornou-se o presidente da URSS. Soviética, em 1991.
Em 1954, o governo soviético criou seu serviço de inteligência
e espionagem internacional, a KGB, sigla em russo de Comitê para China Comunista
a Segurança do Estado. Em 1955, em reação à fundação da Otan, O Partido Comunista ascendeu ao poder na China em 1949, de-
os países do bloco comunista formaram uma aliança militar deno- pois de vencer uma guerra civil de 22 anos contra as forças do en-
minada Pacto de Varsóvia. tão presidente Chiang Kai-shek (1887-1975). Chiang Kai-shek e seus
correligionários refugiaram-se na ilha de Formosa (atual Taiwan),
Corrida Armamentista e Espacial onde tentaram estabelecer um governo paralelo, com o apoio dos
Em 1949, os soviéticos fizeram seu primeiro teste nuclear, ex- Estados Unidos.
plodindo uma bomba atômica no deserto do Casaquistão. A par- No dia 1º de outubro de 1949, Mao Tsé-tung (1893-1976)
tir de então, teve início a corrida nuclear entre os governos dos proclamou no continente a República Popular da China. O Partido
Estados Unidos e da União Soviética, que passaram a investir na Comunista Chinês (PCC), entretanto, assumiu um país em ruínas.
pesquisa e na produção de armas cada vez mais destrutivas, como Apenas 0,6% da população trabalhava nas escassas indústrias chi-
a bomba de hidrogênio e os mísseis de longo alcance munidos de nesas. Na zona rural, a produção de alimentos era insuficiente para
ogiva nuclear. atender toda a população, de aproximadamente 580 milhões de
A corrida nuclear difundiu o medo por todo o planeta. Temia- habitantes. A fome se alastrava pelo país.
-se que a qualquer momento um dos dois países - para conter qual- Em 1950, o governo chinês assinou um tratado de amizade
quer ação militar do outro - utilizasse essas armas contra seu rival, com a União Soviética e começou a pôr em prática medidas radicais
dando início a uma guerra nuclear de efeitos devastadores. de transformação da estrutura social e econômica do país. Foram
Um dos desdobramentos da competição entre as duas potên- extintos os latifúndios, por meio de uma reforma agrária severa -
cias mundiais foi a corrida espacial, cujos principais eventos ocorri- criando, ao mesmo tempo, milhares de cooperativas de campone-
dos nas décadas de 1950, 1960, 1970 e 1980. ses - e foram estatizadas as grandes empresas.
Socialmente, a bigamia e o concubinato foram proibidos; o
Guerra Indireta divórcio foi legalizado, e as mulheres passaram a ter os mesmos
Apesar da tensão das relações internacionais na Guerra Fria, direitos políticos dos homens - direito à propriedade, ao voto, à
as forças armadas dos Estados Unidos e da União Soviética sempre candidatura política, à igualdade salarial, etc. - embora muitos não
evitaram o confronto direto. No entanto, em decorrência do velho tenham se concretizado. Opositores ao novo regime foram proibi-
colonialismo em declínio ou da própria Guerra Fria, desde o fim da dos de se manifestar.
Segunda Guerra Mundial eclodiram diversas guerras localizadas,
conhecidas como guerras “quentes”. O Grande Salto
Nesses conflitos, a intervenção dos Estados Unidos e da União Inspirado na experiência soviética, em 1953 o governo chinês
Soviética (URSS) se dava indiretamente, por meio de apoio mate- pôs em prática seu primeiro Plano Quinquenal (1953-1957), cujas
rial e político às forças em luta. Em alguns casos, como na Guerra metas foram atingidas: a produção de aço triplicou, a de carvão e
da Coreia (1950-1953), a intervenção estadunidense se deu sob a eletricidade duplicou e o país cresceu 18% ao ano.
bandeira da ONU, cujo Conselho de Segurança aprovou o envio das Com a coletivização da terra no final de 1956, as recém-criadas
tropas de quinze países - comandadas pelo general estadunidense cooperativas agrícolas passaram a responder por 90% da produção
Douglas MacArthur - em defesa da Coreia do Sul. agropecuária. Por essa época, os bancos, as grandes indústrias e o
Em 27 de julho de 1953, foi assinado um armistício mantendo comércio já se encontravam estatizados. Em 1958, o governo chi-
a divisão entre as Coreias. Em outros casos, o governo dos Estados nês lançou seu segundo Plano Quinquenal, conhecido como Gran-
Unidos utilizou a CIA para promover golpes de Estado, como ocor- de Salto para a Frente (1958-1962), que pretendia transformar a
reu no Irã (1953) e na Guatemala (1954). Uma exceção a essa “re- China em um país tão desenvolvido quanto a Inglaterra em apenas
gra” foi a Guerra do Vietnã (1959-1975), na qual as forças armadas 15 anos.
dos Estados Unidos intervieram abertamente. A meta era fazer a produção industrial e agrícola da China
A União Soviética, por sua vez, também apoiou guerras de li- crescer 75% ao ano até 1962. Foram formadas unidades produti-
bertação nacional e levantes anti-imperialistas na África, na Ásia vas autossuficientes - as comunas populares -, que desenvolviam
e na América Latina. Ao mesmo tempo, reprimiu movimentos de- atividades agropecuárias, industriais, comerciais, administrativas e
mocráticos e manifestações operárias que reivindicavam melhores educacionais. Cada comuna era formada por cerca de 20 mil pes-
condições de vida, eleições livres e liberdade de expressão nos paí- soas e tinha metas preestabelecidas para cumprir.
ses do Leste Europeu. Ainda em 1958, 500 milhões de chineses foram trabalhar na
Em 1956, por exemplo, eclodiu na Hungria um movimento po- construção de rodovias, fábricas, cidades, diques, represas e lagos,
pular contra a presença de tropas soviéticas e um grupo de comu- o que contribuiu para o surgimento de pequenas indústrias no in-
nistas dissidentes criou um novo governo. Os soviéticos reprimiram terior do país.
a rebelião e executaram seus líderes. Em 1968, tropas soviéticas Na área agrícola, as metas estabelecidas no Grande Salto para
ocuparam a Tchecoslováquia para impedir que o governo tcheco a Frente não foram atingidas, devido à precária infraestrutura de
(comunista) continuasse a adotar medidas democratizantes. Em escoamento da produção, ao esgotamento dos recursos naturais
1979, a União Soviética invadiu o Afeganistão, que se encontrava e às calamidades naturais. A produção agrícola se desorganizou e,
em meio a uma guerra civil, realizando a primeira intervenção di- segundo alguns historiadores, entre 20 milhões e 30 milhões de
reta fora dos países do bloco comunista desde a Segunda Guerra pessoas morreram de fome e exaustão nesse período.
Mundial.

59
HISTÓRIA
Separação entre URSS e China propriou os grandes latifúndios, distribuiu terras entre os campo-
Nesse mesmo período, divergências político-ideológicas opu- neses e nacionalizou as grandes empresas, muitas delas de origem
seram os governos da China e da União Soviética. Os soviéticos estadunidense.
opunham-se a transferir conhecimentos na área nuclear para os Em 1961, Fidel Castro reconheceu publicamente o caráter so-
chineses, que, apesar disso, testaram, em 1964, sua primeira bom- cialista da Revolução Cubana. Muitos de seus opositores foram
ba atômica e produziram a bomba de hidrogênio em 1967. mortos ou fugiram para os Estados Unidos.
Outra fonte de divergências era a política de coexistência pací-
fica defendida pelo presidente da URSS, Nikita Kruschev. Essa pos- Crise dos Mísseis
tura enfatizava a importância das negociações diplomáticas com o Depois que o novo governo cubano se declarou alinhado ao
governo dos Estados Unidos ao mesmo tempo que reduzia o apoio socialismo, os Estados Unidos romperam relações diplomáticas
aos movimentos de libertação nacional na África, Ásia e América com Cuba. Em 1961, exilados cubanos tentaram invadir a ilha com
Latina. o apoio da CIA, mas foram derrotados na baía dos Porcos. As rela-
Para o PCC, as prioridades deveriam ser os princípios da Revo- ções entre os dois países tornaram-se ainda mais tensas.
lução e o combate ao imperialismo estadunidense. O rompimento Em 1962, o governo dos Estados Unidos descobriu - por meio
entre os dois países comunistas ocorreu em 1960, quando os sovié- de satélites - que mísseis nucleares soviéticos estavam sendo de-
ticos retiraram seus consultores técnicos da China. positados em Cuba, que fica a apenas 150 quilômetros da Flórida,
um estado estadunidense. O presidente dos Estados Unidos, John
Revolução Cultural Chinesa e Abertura Econômica Kennedy, determinou o bloqueio de Cuba por terra e por mar.
O fracasso do Grande Salto abalou o Partido Comunista. Em Naquele momento, em plena Guerra Fria, o mundo corria o risco
1959, Mao Tsé-tung foi substituído por Liu Shaoqi na Presidência, de uma guerra atômica entre os blocos socialista e capitalista. Diante
mas manteve a influência política com o controle do PCC. Em 1966, dessa realidade e da pressão estadunidense, os soviéticos retiraram os
com o apoio da Guarda Vermelha - formada por 10 milhões de jo- mísseis, uma vez que Kennedy garantiu que não invadiria Cuba, como
vens que o idolatravam -, ele deu início à Revolução Cultural. tentara fazer um ano antes, no episódio da baía dos Porcos.
Durante essa revolução, dirigentes do PCC, intelectuais e pes- A crise dos mísseis estava resolvida. No entanto, ainda em
soas comuns foram perseguidos, humilhados publicamente, en- 1962, os Estados Unidos conseguiram que Cuba fosse expulsa da
viados para campos de reeducação ou mortos por supostamente Organização dos Estados Americanos (OEA), e o governo dos Es-
defender valores burgueses. O número de pessoas que morreram tados Unidos decretou o bloqueio comercial e financeiro ao país.
nesse processo também é controverso, mas alguns especialistas Apesar das dificuldades criadas pelo bloqueio, com o apoio técnico,
estimam que aproximadamente um milhão de pessoas perderam financeiro e comercial da União Soviética, o governo cubano con-
a vida durante esse movimento, denominado Revolução Cultural. seguiu promover reformas e implantar importantes medidas nas
áreas de educação e saúde. Do ponto de vista político, porém, o
A Revolução Cultural desorganizou a economia do país. Com a
país continua governado pelo único partido permitido, o Partido
morte de Mao, em 1976, o poder foi assumido por Deng Xiaoping,
Comunista Cubano, o que não permite a alternância no poder e
um dirigente mais moderado do PCC, que havia sido perseguido
reprime sistematicamente seus opositores.
durante a Revolução Cultural. Ele deu início a reformas que, entre
Com o colapso da União Soviética em 1991, Cuba entrou em
outras coisas, permitiram a criação de Zonas Econômicas Especiais
crise econômica, uma vez que dependia do apoio financeiro soviéti-
(ZEEs) regidas por princípios capitalistas, e não pela ação do Estado.
co. Nos anos seguintes, o país conseguiu se recuperar devido, prin-
Formou-se, assim, uma economia socialista de mercado, que
cipalmente, ao investimento de empresas e países que romperam
tem sido responsável pelo crescimento econômico da China desde o bloqueio imposto pelos Estados Unidos e ao desenvolvimento do
então. turismo internacional.
Em 2011, o governo cubano começou uma reforma econômica
Revolução Cubana para reduzir o número de funcionários públicos e cortar subsídios,
Por volta de 1950, a economia de Cuba dependia das relações entre outras medidas, visando fortalecer a economia do país. No
comerciais com os Estados Unidos, que comprava quase todo o final de 2014, os Estados Unidos e Cuba reataram as relações di-
açúcar, principal produto de exportação cubano. Pouco industria- plomáticas.
lizada, Cuba importava quase tudo dos Estados Unidos. Os reflexos
do fraco desenvolvimento e da dependência atingiam a população: Socialismo na América Latina
miséria, analfabetismo, péssimas condições de higiene e saúde. Com o sucesso da Revolução Cubana, o governo apoiou ativa-
Em 1952, o ex-presidente e ex-sargento Fulgêncio Batista mente movimentos guerrilheiros em outros países da América Lati-
(1901-1973), assumiu o governo, suspendeu a Constituição e im- na, incluindo o Brasil. Também enviou militares para lutar na guerra
plantou uma ditadura por meio de um golpe de Estado apoiado pe- civil de Angola, ao lado do Movimento Popular para a Libertação de
los Estados Unidos. Ele estreitou as relações com os latifundiários Angola. Adepto da ideia de levar a revolução a outros países, Che
produtores de açúcar e agravou o quadro de desigualdade social. Guevara se envolveu diretamente em movimentos guerrilheiros no
A corrupção se generalizou, beneficiando as pessoas próximas do Congo (África) e na Bolívia (América do Sul).
ditador. No Chile, um governo democrático com tendências socialis-
Em 1955, o advogado cubano Fidel Castro e o médico argenti- tas chegou ao poder em 1970, com a eleição de Salvador Allende
no Ernesto Guevara (1928-1967) organizaram um grupo armado e (1908-1973) para a Presidência da República. Ele deu início a um
tentaram um golpe para derrubar o governo de Fulgêncio Batista. programa de reforma agrária e nacionalizou bancos e empresas es-
Partiram do México, onde Fidel estava exilado, mas foram atacados trangeiras. A reação do governo dos Estados Unidos à expansão do
no desembarque em Cuba. socialismo na América Latina não tardou.
Refugiaram-se na floresta e, em menos de quatro anos, con- Na Bolívia, agentes da CIA treinaram os militares que, em ou-
seguiram organizar um movimento guerrilheiro, apoiado por cam- tubro de 1967, capturaram e executaram Che Guevara. No Chile, os
poneses e por grupos de resistência urbana. O movimento entrou estadunidenses agiram diretamente no golpe de Estado perpetra-
em ação, tomou a capital, Havana, e chegou ao poder em janeiro do pelo general Augusto Pinochet que, em setembro de 1973, der-
de 1959. Liderado por Fidel Castro, o governo revolucionário desa- rubou o presidente Allende e instalou uma ditadura militar no país.

60
HISTÓRIA
Na Nicarágua, entre 1975 e 1978, o governo dos Estados Uni- Governo de Brejnev
dos forneceu ajuda militar ao governo do ditador Anastasio Somo- O governo Brejnev manteve a política de apaziguamento de
za Debayle (1925-1980) para combater a ação das forças guerri- Kruschev em relação aos EUA. Assinou acordos para restringir ar-
lheiras da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), na mas nucleares em 1972, estimulando a coexistência pacífica entre
Revolução Sandinista. as duas potências, também conhecida como distensão ou déténte.
Apesar disso, em 1979 os sandinistas chegaram ao poder. Uma Diferentemente de Kruschev, que estimulara a arte e a vida
vez no governo, os sandinistas empreenderam grandes mudanças intelectual na URSS, Brejnev voltou a perseguir os intelectuais que
socioeconômicas: promoveram a reforma agrária, combateram o se opunham ao regime. Após o episódio que ficou conhecido como
analfabetismo, investiram na saúde, nacionalizaram bancos e com- Primavera de Praga, a cúpula soviética não admite mais críticas ao
panhias de seguro e fizeram a economia do país crescer 7% em me- regime. Na década de 1970, a economia da URSS começou a apre-
nos de dois anos. sentar sinais de estagnação.
Na política externa, a Nicarágua se aproximou de Cuba e da Entre 1976 e 1980, dados indicavam um crescimento anual do
União Soviética, o que desagradou ainda mais ao governo dos Esta- PIB de 2,3%. Como a burocracia soviética considerava que qual-
dos Unidos. A partir de 1981, os Estados Unidos financiaram grupos quer mudança nos métodos de produção ou de gerenciamento
paramilitares antissandinistas, dando início a uma guerra civil que representava um perigo para o sistema, as indústrias mantiveram
só terminaria em 1987, com a assinatura de um acordo de paz. o sistema produtivo do tipo eletromecânico. Enquanto os soviéti-
cos mantinham os antigos métodos tayloristas em suas fábricas,
Socialismo Africano os países capitalistas desenvolvidos avançavam na Revolução Téc-
A onda socialista que atingiu grande parte do mundo em mea- nico-Científica.
dos do século XX também chegou à África. Jovens africanos que Nos anos 1980, a distância tecnológica entre EUA, Japão e al-
estudaram no exterior assimilaram as teorias socialistas e passaram guns países da Europa Ocidental e a URSS tornou-se um abismo.
a difundi-las em suas regiões de origem. Propagou-se assim a ideia Excetuando os avanços que haviam conquistado nas corridas arma-
de que apenas o socialismo poderia dar fim à opressão estrangeira mentista e espacial, os soviéticos não tinham como competir com
no continente. os países capitalistas. O nível de vida começou a cair na URSS. E a
Entre as principais lideranças dessa corrente destacam-se o sensação de declínio dominou o mundo soviético a partir dos anos
senegalês Leopold Senghor (1906-2001), ex-aluno da Universida- 1980.
de Sorbonne (França), o primeiro presidente eleito (em 1960) do
Senegal independente; Amílcar Cabral (1921-1973), um dos líderes O Colapso do Comunismo
da luta contra o colonialismo português na Guiné e em Cabo Verde; A crise vivida pelo mundo socialista foi agravada ainda mais
e Agostinho Neto (1922-1979), uma das principais lideranças do pela retomada da Guerra Fria, em especial pela política belicosa
Movimento Popular para a Libertação de Angola (MPLA) e primeiro adotada pelos Estados Unidos sob a presidência de Ronald Rea-
presidente de Angola independente (em 1975). gan. Foi nesse contexto que, em 1985, Mikhail Gorbachev assumiu
o governo na URSS. Com sua franqueza, desenvoltura e simpatia,
Mudanças na URSS Gorbachev conquistou muito rapidamente prestígio no cenário in-
Ao assumir o governo da URSS, logo após a morte de Stalin, ternacional.
em 1953, Nikita Kruschev deu início a uma série de reformas, co- Ao propor, por exemplo, a redução de 50% das armas nuclea-
nhecida como reformismo comunista. Inicialmente, ele denunciou res estratégicas e a destruição total dos arsenais atômicos até o ano
os crimes de Stalin em um documento conhecido como “relatório 2000, ele deixou dirigentes europeus e estadunidenses perplexos.
Kruschev”25. Após surpreender com sua arrojada proposta pacifista na política
As denúncias tinham o objetivo de desacreditar o stalinismo. externa, ele se voltou para a política interna.
Além disso, o novo governo pôs fim às perseguições em massa, li- Ainda em 1985, mobilizou a sociedade soviética em torno de
bertou prisioneiros dos campos de concentração e estabeleceu a uma palavra que se tornaria mundialmente conhecida: perestroika
prática do cumprimento das leis. A arte e a vida intelectual também - ou reestruturação, em português. A reestruturação, para Gorba-
foram incentivadas. chev, implicava a reconstrução da economia da URSS, o atendimen-
Apesar de a URSS ser um país industrializado, os soviéticos vi- to das necessidades de consumo dos soviéticos, a observância de
viam com níveis de consumo mínimo. Com o objetivo de aumentar padrões de qualidade na produção e a descentralização do sistema
a produção de bens de consumo, o novo governo investiu na produ- produtivo.
ção de televisores e aparelhos eletrônicos. Kruschev também bus- Com a perestroika, portanto, Gorbachev almejava alcançar
cou aproximação com os EUA - espécie de trégua em plena Guerra uma sociedade produtiva, harmônica e próspera. Seu grande pro-
Fria. Em novembro de 1959, viajou oficialmente ao país, onde foi blema era como fazer isso.
recebido pelo presidente estadunidense Eisenhower. Em 26 de abril de 1986, ocorreu um acidente na usina nuclear
O governo também beneficiou os trabalhadores com reajustes de Chernobyl, na Ucrânia, então uma das repúblicas soviéticas, que
salariais e outras melhorias nos setores de transporte e habitação se revelou o maior desastre radioativo da humanidade. Naque-
popular. Kruschev encontrou problemas de difícil resolução. Os es- le dia, um dos quatro reatores da usina explodiu, mas o governo
forços para aumentar a produção agrícola, por exemplo, abrindo soviético somente admitiu o acidente e reconheceu sua gravidade
novas áreas de plantio, fracassaram, e o país foi obrigado a impor- duas semanas depois do ocorrido.
tar cereais do mundo capitalista. Além disso, o reformismo de seu Como consequência, a atmosfera foi tomada por uma nuvem
governo e a nova política externa por ele adotada descontentaram de material radioativo que equivalia a cem vezes toda a radiação
boa parte da nomenklatura. Nikita Kruschev foi deposto em 1964, provocada pelas bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki juntas,
e, em seu lugar, Leonid Brejnev, um homem da nomenklatura, as- e atingiu as repúblicas soviéticas da Rússia e da Bielorrússia, os paí-
sumiu o governo da URSS. ses da Europa Oriental e da Escandinávia e a Grã-Bretanha.
Cerca de cinco milhões de pessoas ficaram expostas à radia-
ção. Depois que o governo da URSS admitiu a explosão, os cidadãos
soviéticos críticos do regime alegaram que o acidente teria sido de-
25 História. Ensino Médio. Ronaldo Vainfas [et al.] 3ª edição. São Paulo. Saraiva.

61
HISTÓRIA
corrência da censura aos meios de comunicação no país, pois os te aprovado pelo governo da Alemanha Oriental. Logo após a que-
problemas, inclusive as condições precárias das usinas nucleares, da do muro, caíram também os governos comunistas da Bulgária
eram escondidos da sociedade. e da Romênia - embora, no último caso, os dirigentes comunistas
Defendiam que, se houvesse transparência (glasnost, em rus- tenham resistido. Apesar da repressão com a qual o ditador Nico-
so), o acidente não teria acontecido. Portanto, ao programa de lau Ceaucescu respondeu às manifestações pela democracia que
reestruturação de Gorbachev (perestroika) foi associada a transpa- começaram a eclodir pelo país, elas receberam o apoio de setores
rência (glasnost). do Exército romeno.
Os problemas de Gorbachev eram graves. A perestroika não Ceaucescu e sua esposa foram presos e fuzilados. Na Tchecos-
deslanchava. Continuava-se produzindo pouco e com baixa qua- lováquia, negociações políticas resultaram na Revolução de Veludo,
lidade. Em compensação, a glasnost avançava além do previsto. entre novembro e dezembro de 1989, que pôs fim ao regime co-
Depois de décadas de censura dos meios de comunicação, a socie- munista. De comum acordo, em 10 de janeiro de 1993, dois países
dade soviética podia criticar o sistema, denunciando a devastação foram formados: a República Tcheca e a Eslováquia.
do ambiente, a grande burocracia, o autoritarismo dos dirigentes, Na Iugoslávia, por conta das rivalidades étnicas internas, o
a péssima qualidade dos produtos, as imensas filas nas lojas e nos processo de desagregação do comunismo resultou em uma guerra
mercados, a dupla jornada feminina e os privilégios das elites bu- civil entre sérvios e croatas, que dilacerou o país entre 1991 e 1992.
rocráticas. Ao final, surgiram as repúblicas da Eslovênia, da Sérvia, da Croácia,
Essas críticas geraram uma aguda divisão no interior da no- da Bósnia-Herzegovina, da Macedônia e de Montenegro. Sob a so-
menklatura: de um lado, os partidários da perestroika e da glas- berania da Sérvia, foram mantidas as duas províncias autônomas
nost; de outro, os conservadores do Partido Comunista contrários de Kosovo e de Voivodina.
às propostas reformistas de Gorbachev. A dissolução do comunismo nos países do Leste Europeu des-
Em um período de grande mobilização e fervor democrático, prestigiou Gorbachev entre os círculos mais conservadores do
os problemas do país foram debatidos abertamente. Mas se a glas- PCUS, o Partido Comunista da URSS. Além disso e das dificuldades
nost era um sucesso, a perestroika era um fracasso. A economia com a economia, ele enfrentou outro grave problema: os nacio-
passava da estagnação ao retrocesso. nalismos que eclodiam em algumas repúblicas soviéticas como o
Casaquistão, a Bielorrússia e a Ucrânia.
Desgaste da URSS Na Letônia, na Estônia e na Lituânia, exigia-se autonomia. Na
O mundo socialista apresentava sinais de desagregação des- parte da Ásia Central, repúblicas de maioria muçulmana também
de o início dos anos 1980. Na Iugoslávia isso ocorreu após a morte manifestavam insatisfações. Entre março de 1990 e abril de 1991, a
de Josip Broz Tito, em maio de 1980, cuja liderança, construída na Ucrânia, a Bielorrússia e a Geórgia proclamaram-se independentes.
resistência ao nazismo nos anos 1940, unificava uma série de nacio- A URSS se desagregava. A partir daí os acontecimentos se sucede-
nalidades, que formavam um país muito heterogêneo. ram: junho de 1991, Boris Yeltsin foi eleito presidente da Rússia, a
Tito havia conseguido reunificar o país sob o nome de Repúbli- mais importante república da URSS.
ca Popular da Iugoslávia, formada por sérvios, croatas, eslovenos, Em agosto, ultraconservadores tentaram restaurar o regime
bósnios, herzegovinos, montenegrinos e macedônios. Tratava-se comunista com um golpe de Estado, mas foram derrotados. Entre
de um mosaico de nações, com diferentes religiões, línguas e cul- agosto e dezembro, novas proclamações de independência em re-
turas. Sérvios e croatas, por exemplo, mantinham rivalidades polí- lação a Moscou. Em 21 de dezembro, dirigentes das repúblicas in-
ticas. A morte de Tito e a desagregação da URSS, alguns anos mais dependentes assinaram um documento declarando extinta a União
tarde, alimentaram forças nacionalistas que passaram a reivindicar Soviética. Em 25 de dezembro, Gorbachev, que já não tinha um país
para governar, declarou o fim da URSS. No Kremlin, a bandeira ver-
autonomia política.
melha com a foice e o martelo foi substituída pela da Federação da
Na Polônia, nos anos 1980, o operário Lech Walesa liderou mo-
Rússia.
vimentos grevistas que deram origem ao Solidariedade - primeiro
sindicato livre do controle do Partido Comunista na Polônia. O So-
MANIFESTAÇÕES CULTURAIS E LUTA PELOS DIREITOS CIVIS
lidariedade cresceu com o apoio da população e do clero católi-
NO SÉCULO XX
co, realizando greves e passeatas. Em 1981, o governo comunista
polonês declarou o sindicato ilegal, mas o movimento continuou
Contracultura
atuando na clandestinidade. Nos Estados Unidos e nos países da Europa Ocidental, entre as
O poder da URSS já não era o mesmo. décadas de 1950 e 1960, muitos jovens passaram a criticar os mo-
dos de vida tradicionais e a criar novos estilos de vida e de relações
O Colapso sociais. Esse conjunto de contestações da juventude daquela época
Com a fragilidade do poder na URSS, os regimes comunistas na ficou conhecido como contracultura26.
Europa Oriental desmoronaram. O primeiro país a pôr fim ao regi- O movimento da contracultura começou nos EUA, quando uma
me comunista foi a Hungria, em 1989, com a realização de eleições geração de intelectuais e poetas dos anos 1950 - a beat generation
gerais livres. Naquele mesmo ano a Polônia começou sua transição - passou a criticar os valores conservadores da sociedade estaduni-
à democracia liberal. Em dezembro de 1990, Lech Walesa foi eleito dense. Eles negavam o individualismo e o consumismo do chamado
presidente do país por meio de eleições diretas. american way ofl ife. Allen Ginsberg, William Burroughs e Jack Ke-
Mas o grande marco da desagregação do bloco socialista foi a rouac são os nomes mais conhecidos desse movimento.
queda daquele que era considerado o maior símbolo da Guerra Fria O último escreveu um livro bastante divulgado, On the road,
- o muro que impedia a livre circulação entre as duas Alemanhas, o de 1957 - que no Brasil foi lançado como Pé na estrada. Na década
Muro de Berlim. de 1960, a contracultura continuou a expressar a rebeldia de jo-
Imensas manifestações em Berlim Oriental exigiam a abertu- vens das classes médias contra o consumismo, a cultura de massa,
ra da passagem para o lado ocidental da cidade. Em novembro de a sociedade industrial e a padronização dos comportamentos. Eles
1989, depois que os alemães dos dois lados se reencontraram, o também se mostravam insatisfeitos com o autoritarismo de seus
chanceler da Alemanha Ocidental, Helmut Kohl, apresentou um pais e dos governantes.
plano para a unificação das duas Alemanhas, que foi imediatamen-
26 História. Ensino Médio. Ronaldo Vainfas [et al.] 3ª edição. São Paulo. Saraiva.

62
HISTÓRIA
Estudantes e intelectuais passaram a incorporar reivindicações Índia. Ele já tinha se tornado o maior defensor dos direitos da po-
de grupos considerados minoritários, como os negros, os homos- pulação negra quando, em 1955, uma mulher negra, Rosa Parks, foi
sexuais e as mulheres - todos em busca de seus direitos. Grande presa em um ônibus. Rosa estava sentada e, pelas leis segregacio-
número de jovens se engajou no movimento hippie. Usando roupas nistas, deveria ceder seu lugar a um passageiro branco.
largas e coloridas e cabelos compridos e sem corte, os hippies recu- Ela se negou a fazê-lo e acabou detida pela polícia. Luther King,
savam a sociedade industrial, massificante e de consumo. em represália, organizou um boicote da população negra aos trans-
Eles valorizavam o indivíduo, as ideias de paz, amor e liberda- portes urbanos em Montgomery. Foi preso e sua casa, atacada. A
de e a vida comunitária. “Paz e amor” era o lema deles. Pacifis- Suprema Corte declarou, então, a inconstitucionalidade da segre-
tas, eram contra a guerra e a violência e protestavam distribuindo gação racial nos transportes públicos de todo o país. Foi um avanço
flores. Em geral, defendiam o amor livre, rejeitando o casamento na luta contra a discriminação.
monogâmico tradicional. Em resposta à resistência da população negra, a organização
Muitos não estudavam nem tinham emprego, viviam em co- racista Ku Klux Klan empregou táticas de terror. Mas o movimento
munidades onde comiam o que plantavam e produziam artesanato contra a discriminação prosseguiu firme. Recorrendo à resistência
para vender. Alguns se aproximaram das religiões orientais. pacífica, no início de 1963, Luther King liderou grandes protestos dos
negros por seus direitos civis. Em 1964, Luther King foi vencedor do
1968 Prêmio Nobel da Paz. Em abril de 1968, ele foi assassinado a tiros.
O auge do movimento da contracultura foi em 1968. Protes- A luta dos negros estadunidenses continuou e resultou no re-
tos de jovens e trabalhadores ocorreram nos Estados Unidos, na conhecimento de seus direitos civis e na abolição da discriminação
Europa e na América Latina. Muitos estavam entusiasmados com em todos os estados do país.
a Revolução Cubana (1959), a Independência da Argélia (1962) e a
Revolução Cultural na China (1966). Malcolm X e os panteras negras
Com o desejo de mudar o mundo, jovens de vários países pas- Apesar de bem-sucedido na sua estratégia de luta, a liderança
saram a recusar o consumismo capitalista e o modelo de socialismo de King começou a ser contestada por setores mais radicais do mo-
soviético. Nos EUA, milhões de jovens protestaram contra a Guerra vimento negro, sobretudo sua proposta de integração e convívio
do Vietnã. Nas universidades, os estudantes organizaram protes- pacífico com os brancos. Outras lideranças surgiram, como Mal-
tos; fora delas, os hippies também defendiam o fim do conflito. colm X. Filho de família pobre, tornou-se líder de um templo mu-
Na Europa, o movimento de rebeldia mais conhecido foi o que çulmano em Detroit e passou a pregar a dignidade dos negros. Era
aconteceu na França e ficou conhecido como Maio de 1968. Em contra a estratégia da resistência pacífica. Em fevereiro de 1965,
22 de março, estudantes ocuparam a Universidade de Nanterre foi assassinado.
para protestar contra a prisão de alguns colegas. Depois, tomaram Na segunda metade dos anos 1960, setores do movimento ne-
o Quartier Latin, famoso bairro universitário em Paris, erigindo bar- gro aderiram a propostas ainda mais radicais. Entre elas estava a do
ricadas. Em 13 de maio, as centrais sindicais comunista e socialista Partido Pantera Negra para Autodefesa, fundado no final de 1966
declararam greve. em Oakland, na Califórnia. Sua maneira de luta era muito diferente
Trabalhadores e estudantes uniram-se a elas, organizando um da liderada por Luther King ou Malcolm X.
comando operário-estudantil. Em 20 de maio, 10 milhões de traba- Os panteras negras não se amparavam na religião. Declara-
lhadores estavam em greve. Para contornar a situação, o governo vam-se marxistas e maoistas e recorriam à violência em confrontos
Charles de Gaulle convocou eleições, nas quais os chamados gaul- armados com a polícia. Foram duramente reprimidos e a maioria
listas saíram vitoriosos. De Gaulle acionou a polícia para recuperar de seus líderes, presa. O movimento desapareceu nos anos 1980.
fábricas e universidades que haviam sido tomadas pelos revoltosos,
perseguiu e prendeu líderes estudantis. O Movimento Feminista
A partir daí, o movimento de Maio de 1968 recuou. Os protes- Nos anos 1960, não eram apenas os negros estadunidenses
tos estudantis e operários de 1968 também ocorreram no Brasil, no que lutavam por direitos civis. As mulheres também reivindicavam
México, na Polônia, na Iugoslávia e na Tchecoslováquia. A repres- igualdade perante os homens. Em 1963, elas constituíam 51% da
são pôs fim à mobilização em toda parte. população e um terço da força de trabalho. Mas ganhavam menos,
inclusive quando exerciam um trabalho igual ou ocupavam o mes-
Conquista dos Direitos Civis mo cargo que um homem.
Até meados dos anos 1950, vigorou a segregação racial contra Algumas funções pareciam impossíveis de serem ocupadas por
os negros nos estados do sul dos EUA. Havia escolas para brancos e uma mulher, em particular cargos de gerência e direção. As mulhe-
escolas para negros, restaurantes e bares para brancos e restauran- res, além disso, eram minoria nos cursos superiores de graduação
tes e bares para negros, banheiros públicos para brancos e banhei- e pós-graduação. Apesar das conquistas no campo político, em es-
ros públicos para negros. Nos ônibus e nas praças públicas, havia pecial o direito de voto, obtido em 1918, o movimento feminista
assentos reservados para os brancos e para os negros. perdeu o ímpeto a partir da década de 1920.
Em alguns estados sulistas, os negros encontravam dificulda- O renascimento ocorreu nos anos 1960. Em 1963, a ativista Betty
des para exercer seus direitos políticos. Em 1954, a Suprema Corte Friedan publicou o livro The feminine mystique (A mística feminina),
dos EUA reconheceu que as escolas públicas para brancos recebiam em que atacava as ideias que reservavam para a mulher apenas o pa-
mais recursos dos governos estaduais, e ofereciam um ensino de pel de dona de casa e mãe. As feministas foram hostilizadas, insulta-
melhor qualidade do que as escolas para negros. Os juízes, então, das e ridicularizadas. Muitos alegavam que a igualdade entre os sexos
declararam a inconstitucionalidade da segregação racial nas esco- destruiria a instituição do casamento e da família. Mas o movimento
las: todas as crianças, brancas ou negras, podiam frequentar qual- feminista enfrentou todos os obstáculos com sucesso.
quer escola. Em 1964, a legislação federal proibiu qualquer discriminação
Naquele ano, o negro Martin Luther King foi nomeado pastor no trabalho por motivo de raça e também de sexo. Nos anos se-
de uma igreja batista em Montgomery, no estado do Alabama. Em guintes, uma série de leis garantiu às mulheres direitos civis e a
seu curso de pós-graduação, ele defendera uma tese sobre o mo- igualdade perante os homens, a exemplo da criminalização do as-
vimento de resistência pacífica liderado por Mahatma Gandhi, na sédio sexual no trabalho e da abertura da carreira militar para elas.

63
HISTÓRIA
O movimento se expandiu por diversas partes do mundo, re- controlada foi posta em prática principalmente pelo governo da In-
sultando em campanhas e leis específicas contra a violência domés- glaterra. Pela via pacífica, ocorreram as emancipações políticas de
tica e a favor da equiparação das mulheres aos homens no tocante diversas de suas colônias: Sudão (1956), Costa do Ouro (atual Gana,
aos direitos civis. 1957), Nigéria (1960), Serra Leoa (1961), Quênia (1963), Zâmbia
(antiga Rodésia do Norte, 1964) e Gâmbia (1965), entre outras.
Os novos países passaram a fazer parte da Comunidade Britâ-
nica das Nações, organismo que tinha sido criado em 1930 com o
NA PERIFERIA DO MUNDO OCIDENTAL: DO POPULIS- objetivo de reunir antigas colônias inglesas e preservar os interes-
MO E REVOLUÇÕES SOCIAIS ÀS DITADURAS NA AMÉ- ses político-econômicos da Grã-Bretanha na África. O governo da
RICA LATINA; O BRASIL REPUBLICANO; A PRIMEIRA França também procurou administrar a emancipação de algumas
REPÚBLICA; A ERA VARGAS; PERÍODO POPULISTA; de suas colônias de maneira pacífica. Em 1958, Guiné tornou-se in-
DITADURA CIVIL-MILITAR (1964- 1985); O BRASIL DA dependente e, em 1960, quase todas as colônias francesas estavam
NOVA REPÚBLICA AOS DIAS ATUAIS; AS LUTAS DE emancipadas: Camarões, Madagascar, Costa do Marfim, Senegal,
LIBERTAÇÃO NACIONAL NA ÁFRICA E ÁSIA; AS QUES- Mali, etc.
TÕES DE IDENTIDADE: ETNIA, CULTURA, TERRITÓRIO
O modo Armado de Libertação
INDEPENDÊNCIA POLÍTICA: ÁFRICA, ÁSIA E AMÉRICA LATINA Portugal, por ser muito dependente da exploração dos recur-
sos e da mão de obra barata de suas colônias africanas, não concor-
Independência na África e Ásia dava com a ideia de independência. Em função da impossibilidade
Antes da Segunda Guerra Mundial formaram-se diversos mo- de negociação, a partir de 1961 começaram a surgir movimentos
vimentos nacionalistas contra o colonialismo europeu que, desde o guerrilheiros em todas elas.
século XIX, dominava várias regiões da Ásia e da África - fenômeno Em Cabo Verde e Guiné-Bissau, o marxista Amílcar Cabral
também conhecido como neocolonialismo27. (1924-1973) assumiu a liderança do movimento de emancipação;
Os países europeus visavam extrair as riquezas naturais das em Moçambique, o antropólogo Eduardo Mondlane (1920-1969)
colônias e impor seus produtos às populações nativas. As metrópo- fundou a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), também
les não desenvolveram práticas que aperfeiçoassem o crescimento de orientação marxista.
dessas regiões. Em Angola, o movimento emancipacionista dividiu-se em três
Com o início da Guerra Fria, tanto o governo soviético como facções: o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), de
o estadunidense (que buscavam hegemonia mundial) tinham inte- orientação marxista; a Frente Nacional para a Libertação de Ango-
resse em atrair as colônias europeias na África e na Ásia para suas la (FNLA), anticomunista; e a União Nacional para a Independência
esferas de influência e, por isso, passaram a incentivar a autode- Total de Angola (Unita), maoista no início e, posteriormente, anti-
comunista. Desde 1926, Portugal vivia sob um regime ditatorial de
terminação dos povos nas colônias. Até 1965, aproximadamente,
direita. Em abril de 1974, jovens oficiais das Forças Armadas portu-
a maior parte dos movimentos nacionalistas da Ásia e da África
guesas, de tendência socialista, derrubaram a ditadura na Revolu-
conquistaria a independência de seus países. Em alguns casos, essa
ção dos Cravos e assumiram o poder. O novo regime reconheceu a
conquista seria obtida pacificamente; em outros, isso só seria pos-
independência de suas colônias africanas: Guiné-Bissau, ainda em
sível por meio da luta armada.
1974, e Cabo Verde, Moçambique e Angola, em 1975.
Em Angola, Agostinho Neto, líder do MPLA, assumiu a presi-
Movimentos na África
dência e implantou um governo monopartidário de tendências
Em 1945, havia na África apenas quatro países independentes: socialistas, que foi combatido pelas outras facções. Foi o início de
Etiópia, Egito, África do Sul e Libéria. O restante do continente es- uma guerra civil que, apesar da instituição do regime democrático
tava sob o domínio de cinco nações europeias: Inglaterra, França, multipartidário com as eleições gerais de 1992, só terminaria em
Bélgica, Portugal e Espanha. 2002, com um saldo de mais de um milhão de mortos.
Entre as décadas de 1930 e 1940, formou-se no Quênia - que Terminados os confrontos, Angola entrou em uma fase de re-
era colônia britânica - uma organização que agregava o maior gru- construção. Muitas empresas estrangeiras - incluindo as brasileiras
po étnico da região: a Associação Central dos Kikuyu, que exigia a -, vêm se instalando no país. Uma das presenças mais marcantes é a
devolução das suas terras. Desse movimento surgiu a organização dos chineses, que têm realizado diversos serviços de infraestrutura.
guerrilheira Mau-Mau, liderada por Jomo Kenyatta, que a partir de Após a independência, algumas minorias tentaram conquistar sua
1952 passou a promover ações armadas contra os ingleses. autonomia nos Estados recém-formados. No Sudão, por exemplo, a
A independência do Quênia seria conquistada em 1963. No população do sul, de maioria cristã, tentou separar-se do norte, de
norte da África, nacionalistas da Tunísia, do Marrocos francês e da predominância muçulmana. Uma guerra civil foi mantida de 1955
Argélia se rebelaram contra a França entre 1952 e 1954. Em 1956, até 1972, mas a unidade territorial sudanesa foi mantida até 2011,
depois de alguns anos de luta armada, a Tunísia e o Marrocos se tor- quando se formou o Sudão do Sul.
naram independentes. Na Argélia, a guerra só terminou em 1962, Na Nigéria, entre 1967 e 1970, um golpe de Estado sufocado
com o triunfo da Frente de Libertação Nacional (FLN) argelina. pelo governo levou o país a uma violenta guerra civil, que deixou
dois milhões de mortos, a maioria pertencente à etnia ibo. Em al-
O modo Pacífico de Libertado guns países recém-formados, a necessidade de montar e equipar as
O surgimento de movimentos nacionalistas e o enfraqueci- Forças Armadas levou a um processo de militarização que colocou
mento da dinâmica de dominação foram suficientes para que algu- em evidência uma elite mi- litar, considerada uma alternativa polí-
mas potências europeias começassem a negociar a independência tica para substituir os governantes civis que não conseguiam aten-
política com as lideranças africanas. der às necessidades da população. Assim, no final dos anos 1960,
Seu objetivo era manter a dependência econômica das colô- a maior parte dos países africanos - entre os quais Nigéria, Argélia,
nias tanto quanto fosse possível. Essa política de independência Zaire, Gana, República Centro-Africana, Alto Volta (atual Burkina
Fasso), Burundi e Uganda - era governada por oficiais do Exército,
27 Azevedo, Gislane. História: passado e presente / Gislane Azevedo, Reinaldo
que implantaram regimes ditatoriais.
Seriacopi. 1ª ed. São Paulo. Ática.

64
HISTÓRIA
Golpes Militares na África A região do Vietnã foi subdividida inicialmente em dois Esta-
Com a emancipação política dos países africanos, os grandes dos: o Vietnã do Norte, comunista, e o Vietnã do Sul, capitalista. A
problemas do continente - muitos deles gerados pelo tráfico de es- unificação entre os dois países ocorreria em 1976, depois de uma
cravos (que reduziu a população do continente) e pelos quase cem sangrenta guerra com envolvimento dos Estados Unidos, que visa-
anos de colonização exploradora europeia - desencadearam diver- vam controlar o avanço do comunismo naquela região.
sas crises e guerras civis. Uma das causas de conflitos entre países Nas colônias britânicas, o processo de emancipação envolveu
e/ou grupos e etnias foi a definição arbitrária das linhas de fronteira a via pacífica e a luta armada. A Índia tornou-se independente em
pelos europeus durante a colonização. 1947; a Birmânia (atual Mianmar) e o Ceilão (atual Sri Lanka), em
Com isso, povos de diferentes culturas e costumes foram obri- 1948; Butão, em 1949; e a Federação da Malásia, em 1957 - mais
gados a coabitar uma mesma região, sob um mesmo governo. Com tarde esse país originaria dois novos: Cingapura e Malásia.
a independência e o nacionalismo, manifestaram-se rivalidades A não-violência na Índia
desses povos, o que muitas vezes culminou em confrontos violen- A presença inglesa na Índia remonta aos anos 1600, mas até
tos. meados de 1700 a Inglaterra não exercia um domínio completo
na região. Nessa época, conflitos políticos e econômicos com Siraj
Apartheid na África do Sul ud-Daulah, o líder da província de Bengala, levaram os ingleses a
A África do Sul foi colonizada inicialmente pelos holandeses e, ocupar militarmente essa região.
mais tarde, pelos ingleses. Em 1911, a minoria branca de origem Em meados do século XIX, a Inglaterra estendeu o domínio até
holandesa - chamada de africâner ou bôer - aprovou diversas leis o norte do país. A resistência do povo indiano à dominação inglesa
restringindo os direitos da maioria negra. teve início na mesma época da dominação, mas ganhou mais força
No ano seguinte, sob a liderança do zulu Pixley ka Izaka Seme após o término da Primeira Guerra Mundial. A escassez gerada pelo
(1881-1951), os negros formaram um partido para defender seus conflito mundial fez com que os ingleses intensificassem a explora-
direitos, o Congresso Nacional Africano (CNA). Em 1931, a África ção da colônia.
do Sul tornou-se independente, mas os africâneres permaneceram Como resultado, as condições de vida dos indianos pioraram
no domínio político-econômico do país, mantendo as diferentes et- exponencialmente: houve aumento nos preços dos produtos, pro-
nias negras alijadas de quaisquer instâncias governamentais. pagação da miséria, disseminação de doenças, etc. Os impostos fo-
A partir de 1948, a situação foi agravada pela instituição do ram ainda mais elevados e a importação de artigos têxteis ingleses
apartheid (do africâner, que significa ‘separação’), uma política se- fez crescer o desemprego de tecelões e artesãos.
gregacionista que impedia que os negros possuíssem terras, partici- Em 1919, a Inglaterra promulgou um conjunto de leis que ti-
passem da política, tivessem acesso às áreas ou aos serviços restri- nham como objetivo reduzir os direitos civis da população para
tos apenas aos brancos (como praias, ônibus, escolas, etc.), além de enfraquecer a oposição. Ao receber a notícia, o advogado Mohan-
proibir o casamento entre brancos e negros. Em 1960, durante um das Gandhi - conhecido como Mahatma (Grande Alma) Gandhi -
protesto pacífico, 69 negros foram mortos pela polícia. liderou uma greve geral que paralisou as atividades econômicas da
Em 1962, O CNA foi declarado ilegal e seu líder, Nelson Mande- Índia. Começou, dessa maneira, a ganhar forma o movimento pela
la, preso e condenado à prisão perpétua, acusado de sabotagem (o independência da Índia.
que ele admitiu) e de conspirar para ajudar outros países a invadir Defendendo a resistência pacífica, a não violência e a desobe-
a África do Sul (o que ele negou). diência civil, Gandhi conquistou o apoio popular e o respeito inter-
Apenas a partir dos anos 1970, a comunidade internacional nacional. Entre suas táticas de luta estavam o boicote aos produtos
começou a se mobilizar contra a segregação. A África do Sul foi ex- ingleses e o não pagamento de impostos. Após a Segunda Guerra
pulsa da Comunidade Britânica, a ONU submeteu o país a sanções Mundial, com a crise econômica na Grã-Bretanha e o aumento da
políticas e econômicas e atletas sul-africanos foram impedidos de pressão popular, os movimentos que defendiam a emancipação da
participar de competições internacionais. Índia ganharam popularidade em todo o mundo e a independência
Os negros sul-africanos, por sua vez, deixaram de lado a políti- foi finalmente obtida em 1947.
ca de não violência e partiram para o enfrentamento. Em 1984, em Devido a conflitos religiosos, comuns na região, o território foi
resposta a uma manifestação contra o apartheid, o governo decre- dividido em dois países: a Índia, de maio- ria hindu, e o Paquistão,
tou lei marcial. A pressão de movimentos internos e internacionais de maioria muçulmana. Em 1948, Gandhi foi assassinado por um
aumentou. Em 1990 o presidente Frederik de Klerk determinou a extremista hindu descontente com essa divisão. Em 1971, líderes do
libertação de Nelson Mandela e autorizou a legalização do CNA. Paquistão Oriental correspondente à província de Ben- gala, sepa-
Em 1994, o apartheid chegou ao fim. Nesse mesmo ano, Nelson rada de sua parte ocidental pelo norte da Índia - proclamaram sua
Mandela (1918-2013) foi eleito presidente da África do Sul, e seu independência e formou-se um novo país, de nome Bangladesh.
mandato durou até 1999.
Nacionalismo e Populismo na América Latina
Movimentos na Ásia No início do século XX, uma onda nacionalista teve início no
Assim como na África, ao fim da Segunda Guerra Mundial se México, após a revolução de 1910, de onde se espalhou para o res-
formaram na Ásia movimentos nacionalistas pró-emancipação, al- tante da América Latina. Os nacionalistas rejeitavam a influência
guns com orientação socialista. Em 1945, forças nacionalistas pro- estrangeira e defendiam a valorização da cultura latino-americana
clamaram a independência da Indonésia, cujo território estava sob em todas as suas manifestações - na culinária, literatura, pintura,
o controle da Holanda. A reação holandesa deu origem a uma guer- música, dança, etc. Também celebravam a mestiçagem de brancos,
ra que só terminou em 1949, quando a autonomia dos indonésios negros e índios que deu origem à população do continente.
foi reconhecida. No México, a tradição asteca, a história nacional e a cultura
Já as Filipinas, que desde 1898 encontravam-se sob o domínio popular foram objeto de inspiração para diversos artistas, entre os
estadunidense, conseguiram se emancipar em 1946. quais os pintores Diego Rivera (1886-1957) e Frida Kahlo (1907-
A Indochina, que era colônia da França, tornou-se independen- -1954). A partir de 1929 - com a quebra da Bolsa de Nova York, que
te em 1954, após uma rebelião armada. O território indochinês foi provocou a Grande Depressão -, as potências capitalistas diminuí-
dividido então em três países autônomos: Laos, Camboja e Vietnã. ram drasticamente as importações de produtos latino-americanos,

65
HISTÓRIA
basicamente agropecuários e minérios. Como resultado, os preços momento, colocava em prática medidas nacionalistas favoráveis ao
desses produtos despencaram no mercado internacional, e a crise desenvolvi- mento do país - fato que se repetiu em outros países,
chegou à América Latina. como Brasil e Chile.
O desemprego se alastrou e as desigualdades sociais se agrava- Em 1961, depois da Revolução Cubana, o receio dos Estados
ram. A crise econômica causou instabilidade política na maior parte Unidos de que esse sistema político-econômico se espalhasse pelo
dos governos latino-americanos e teve início uma sequência de gol- continente aumentou. Assim, para esvaziar a influência dos gru-
pes de Estado na região. O Chile, por exemplo, chegou a ter nove pos de esquerda entre os trabalhadores, o governo estadunidense
presidentes entre julho de 1931 e Outubro de 1932. criou a Aliança para o Progresso, pro grama destinado a promover
Em vários países, líderes carismáticos com discurso naciona- reformas (entre as quais a reforma agrária), em todo o continente.
lista ascenderam ao poder. Os novos governantes criticavam as Ao mesmo tempo, as forças armadas treinavam militares latino-a-
antigas elites oligárquicas - que tinham se mantido no poder após mericanos para o combate às guerrilhas inspiradas em Cuba que
a conquista da emancipação política no século XIX -, os partidos começavam a surgir no continente.
políticos tradicionais e a influência estadunidense no continente.
Eles se dirigiam diretamente à população, sem depender da Ditaduras na América Latina
mediação dos partidos. Apresentavam-se como defensores do A guerra contra o comunismo na América Latina culminou em
“povo”, que tratavam como uma única massa homogênea, como uma onda de golpes militares, apoiados ou perpetrados indireta-
se não houvesse divisões de classe ou grupos de interesses distin- mente pelos Estados Unidos.
tos. Dessa maneira, procuravam conquistar a lealdade das camadas No Brasil, as Forças Armadas, com apoio de civis, derrubaram o
populares, manipulando-as para que não se rebelassem. Esse fenô- governo de João Goulart em margo de 1964. Na sequência, outros paí-
meno político ficou conhecido como populismo. ses tiveram o mesmo destino: Bolívia (1964), Argentina (1966), Peru
Entre os principais líderes populistas surgidos na América La- (1968), Panamá (1968), Uruguai (1973), Chile (1973), entre outros.
tina nesse período, destacam-se: Getúlio Vargas, no Brasil (1930- De modo geral, os regimes militares da América Latina foram
1945 e 1951-1954); Lázaro Cárdenas, no México (1934-1940); José extremamente autoritários e violentos, especialmente pela re-
María Velasco Ibarra, no Equador (1934-1935; 1944-1947; 1952- pressão aos movimentos de esquerda. Na Argentina, por exemplo, os
1956); Jacobo Arbens, na Guatemala (1950-1954); e Juan Domingo militares criaram 340 campos de concentração, nos quais torturaram
Perón, na Argentina (1946-1955 e 1973-1974). e mataram cerca de 20 mil pessoas. Outros nove mil argentinos fo-
ram presos e são considerados desaparecidos até hoje. Cerca de 500
Industrialização Latino-americana bebês, filhos de prisioneiras assassinadas pelo regime militar, foram
Com a crise decorrente da quebra da Bolsa de Valores de Nova sequestrados e entregues a outras famílias, muitas delas de militares.
No Chile, onde os militares derrubaram o governo socialista do
York em 1929, além da diminuição das exportações, os artigos im-
presidente Salvador Allende, em setembro de 1973, o número de
portados ficaram praticamente inacessíveis para a América Latina.
presos políticos já nos primeiros dias era tão grande que eles foram
Para atender a demanda interna e, ao mesmo tempo, criar novas
levados a um estádio de futebol.
frentes de trabalho, alguns governos substituíram a política de im-
Posteriormente, milhares deles foram fuzilados, enterrados
portação de produtos industrializados pelo estímulo à expansão em covas coletivas e considerados desaparecidos pelo governo do
das atividades industriais locais. general Augusto Pinochet. Na economia, os governos militares pro-
Esse estímulo se deu com a criação de indústrias estatais ou curaram promover a recuperação dos países. Em alguns deles, foi
com incentivos para a iniciativa privada. Graças a essa política, em colocada em prática uma política baseada no estímulo às exporta-
países como Brasil, México, Argentina e Chile surgiram usinas side- ções e na abertura para o mercado externo.
rúrgicas, hidrelétricas e indústrias de bens duráveis. Também foram adotadas medidas de ajuste econômico para
Tais medidas mudaram rapidamente o perfil desses países, que combater o déficit público e a inflação. No Brasil, o período ficou
iniciaram processos de industrialização e de expansão urbana, esti- conhecido como “milagre econômico”, durante o governo Médici.
mulando o desenvolvimento econômico. Em 1950, Brasil, Argentina Com a crise do petróleo no início dos anos 1970 e a redução do
e México eram responsáveis por 72,4% de toda a produção indus- apoio estadunidense (Jimmy Carter não deu tanto apoio aos regi-
trial da América Latina. Os países que investiram na industrialização mes quanto seus antecessores), essa política econômica acarretou
distanciaram-se economicamente dos outros - como Haiti, Repúbli- uma grave crise na América Latina.
ca Dominicana, Honduras, Equador e Panamá - que continuaram Houve um grande aumento da dívida externa e inflação, arrochos
com a economia atrelada à exportação de produtos agrícolas. salariais, perda do poder aquisitivo de boa parte da população, desem-
prego e crescimento das desigualdades sociais. A recessão econômica
Anticomunismo abalou as bases das ditaduras latino-americanas e contribuiu para en-
Após a Segunda Guerra Mundial e com o advento da Guerra fraquecer os regimes militares a partir da década de 1980.
Fria os governos latino-americanos foram pressionados pelos Esta- Aos poucos, a democracia voltou a se instalar no continente.
dos Unidos a intensificar a luta anticomunista. Em 1948, foi criada a Entre 1979 e 1990, treze países retornaram ao regime democrático,
Organização dos Estados Americanos (OEA), com sede em Washin- entre eles, Bolívia (1982), Argentina (1983), Uruguai (1984), Brasil
gton, que colocava os países de todo o continente sob a liderança (1985), Guatemala (1985) e Chile (1990).
ideológica estadunidense. Em sua carta de princípios, a nova or-
ganização deixava claro seu propósito de garantir a segurança do REPÚBLICA VELHA
continente diante da ameaça de subversão comunista.
Consolidação da República
Embora se mantivesse democrático, o governo estadunidense
Em 15 de novembro de 1889, o marechal Deodoro da Fonseca
apoiava diversas ditaduras implantadas na América Central, como
proclamou a República. Apesar das divergências que existiam sobre
as de Rafael Trujillo, na República Dominicana; Anastasio Somoza
o tipo de república a ser construída no país, as elites que domina-
Garcia, na Nicarágua; e Fulgêncio Batista, em Cuba. Além disso, em vam a política em São Paulo, Minas Gerais e no Rio Grande do Sul
1954, forneceu armas e apoio para o golpe militar responsável pela defendiam o federalismo, em oposição à centralização imperial28.
queda do presidente Jacobo Arbenz, da Guatemala, que, naquele
28 História. Ensino Médio. Ronaldo Vainfas [et al.] 3ª edição. São Paulo. Saraiva.

66
HISTÓRIA
Paulistas e mineiros defendiam propostas inspiradas no libe- Nesse mesmo dia, Floriano Peixoto, seu vice, assumiu a presi-
ralismo e tinham, sobretudo os paulistas, o modelo estadunidense dência da República.
como referência, em relação à autonomia dos estados e às liberda- A posse do novo presidente foi muito questionada. De acordo
des individuais. com a Constituição, o vice assumiria somente se o presidente hou-
No Rio Grande do Sul, havia um importante grupo de políticos vesse cumprido metade de seu mandato, ou seja, dois anos. Caso
liderado por Júlio de Castilhos. Esse grupo defendia, com base nos contrário, ela previa a realização de uma nova eleição. Mas Floriano
ideais positivistas, a instauração de uma ditadura republicana que, estava decidido a permanecer no poder, com o apoio dos florianis-
ao garantir a ordem, levaria o país ao progresso. Já no Rio de Janei- tas, que alegavam que o dispositivo constitucional só valeria para o
ro, a capital da República, existia um grupo de republicanos radi- próximo mandato presidencial.
cais, chamados de jacobinos. Eram civis e militares, alguns deles po- Treze generais do Exército contestaram sua posse e, por meio
sitivistas, que defendiam de maneira exaltada o regime republicano de um manifesto, exigiram eleições presidenciais. Floriano ignorou
e opunham-se de ma-neira contundente à volta da monarquia. o protesto e mandou prender os generais. Receosas com a instabi-
Havia também os monarquistas, que desejavam o retorno do lidade da República, as elites políticas de São Paulo, representadas
antigo sistema. Entre os militares, predominavam os republicanos. pelo Partido Republicano Paulista (PRP), apoiaram o novo presi-
E, mesmo entre estes, havia divergências: enquanto alguns oficiais dente. Floriano, por sua vez, percebeu que o suporte do PRP era
seguiam a liderança de Deodoro, outros preferiam a de Floriano fundamental.
Peixoto. Mas havia também os positivistas, que tinham Benjamin Ele também contou com o apoio de importantes setores do
Constant como líder, e alguns monarquistas, sobretudo na Mari- Exército e da população do Rio de Janeiro. Oficiais da Marinha de
nha, que tinham fortes ligações com o Império. Guerra (Armada) tornaram-se a sua principal oposição. Em 6 de
Nesse emaranhado de projetos políticos, no início de 1890 o setembro de 1893, posicionaram os navios de guerra na baía de
Governo Provisório convocou uma Assembleia Nacional Constituin- Guanabara, apontaram os canhões para o Rio de Janeiro e Niterói e
te para institucionalizar o novo regime e elaborar o conjunto de leis dispararam tiros contra as duas cidades - era o início da Revolta da
que o regeriam. Armada. Em março do ano seguinte a situação tornou-se insusten-
Assim, em 24 de fevereiro de 1891, foi promulgada a primeira tável nos navios - não havia munição, alimentos, água nem o apoio
Constituição republicana do país, a Constituição dos Estados Uni- da população. Parte dos revoltosos pediu asilo político a Portugal,
dos do Brasil. Inspirada no modelo vigente nos Estados Unidos, ela a outra foi para o Rio Grande do Sul participar de um conflito que
era liberal e federativa, concedendo aos estados prerrogativas de eclodira um ano antes: a Revolução Federalista.
constituir forças militares e estabelecer impostos.
Além disso, ela instaurou o presidencialismo como regime po- Revolução Federalista
lítico, com a separação dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciá- A instalação da República alterou a política do Rio Grande do
rio, e oficializou a separação entre Estado e Igreja. Os deputados Sul. Com ela, o Partido Republicano Rio-Grandense alcançara o po-
constituintes também elegeram o marechal Deodoro da Fonseca der. Apoiada por Floriano Peixoto e liderada por Júlio de Castilhos,
para a presidência e o marechal Floriano Peixoto para a vice-pre- a agremiação de orientação positivista tornou-se dominante no es-
sidência da República. Mas o novo regime republicano enfrentaria tado em que passou a governar de maneira autoritária.
crises muito sérias até se consolidar definitivamente. A principal força de oposição ao Partido Republicano era o Par-
tido Federalista, liderado por Gaspar Silveira Martins, que defendia
República de Espadas o parlamentarismo e a predominância da União Federativa sobre
Na área econômica, comandada por Rui Barbosa, então minis- o poder estadual - enquanto os republicanos pregavam o sistema
tro da Fazenda, a República começou com grande euforia. Com o presidencialista e a autonomia dos estados.
objetivo de estimular o crescimento econômico e a industrialização Diante da violência e das fraudes eleitorais, os federalistas uni-
do país, o governo autorizou que os bancos concedessem crédito a ram-se a outras forças de oposição, dando origem a uma sangren-
qualquer cidadão que desejasse abrir uma empresa. E, para cobrir ta guerra civil, que ficou conhecida como Revolução Federalista
esses empréstimos, permitiu a impressão de uma imensa quantida- (1893-1895). Os conflitos não se limitaram ao estado do Rio Grande
de de papel-moeda. do Sul, estendendo-se aos de Santa Catarina e do Paraná, e só ter-
Como a moeda brasileira tinha como referência a libra inglesa, minaram em junho de 1895 com a vitória dos republicanos sobre os
as emissões de dinheiro sem lastro (sem garantia em ouro) provo- federalistas. A Revolução Federalista causou muito sofrimento ao
caram o aumento acelerado da inflação. Muitos dos empréstimos sul do país. Somente no Rio Grande do Sul, que contava com cerca
concedidos foram usados para abrir empresas que existiam apenas de 900 mil habitantes, morreram de 10 a 12 mil pessoas, muitas
no papel, mas cujas ações, ainda assim, eram negociadas na Bol- delas degoladas.
sa de Valores. Como resultado, muitos investidores perderam seu Passados cinco anos da proclamação da República, chegava ao
dinheiro e a inflação aumentou, atingindo toda a sociedade brasi- fim o governo de Floriano Peixoto. No dia 15 de novembro de 1894,
leira. Essa medida, que visava estimular a economia, mas resultou o marechal passou a faixa presidencial ao paulista Prudente de Mo-
em desvalorização da moeda e especulação financeira, recebeu o rais, conferindo novos ares à República. Pela primeira vez, um civil
nome de Encilhamento. ligado às elites agrárias, em especial aos cafeicultores, assumia o
Na área política, assistia-se a graves conflitos envolvendo o poder. Com a eleição de Prudente de Morais, encerrava-se o perío-
presidente e os militares que o apoiavam, de um lado, e políticos do conhecido como República da Espada.
liberais e a imprensa, do outro. Oito meses após ser eleito, em no-
vembro de 1891, Deodoro da Fonseca determinou o fechamento Modelo Político
do Congresso Nacional e decretou estado de sítio no país. Os ofi- A Constituição de 1891 estabeleceu eleições diretas para todos
ciais que seguiam a liderança de Floriano Peixoto não apoiaram o os cargos dos poderes Legislativo e Executivo. Também determinou
golpe de Estado; assim como a Marinha, que considerou autoritária que, excetuando os mendigos, os analfabetos, os praças de pré, os
a atitude do presidente, e diversas lideranças civis. Sem apoio polí- religiosos, as mulheres e os menores de 21 anos, todos os cidadãos
tico, o presidente renunciou no dia 23. brasileiros eram eleitores e elegíveis.

67
HISTÓRIA
Apesar de suprimir a exigência de renda mínima constante da so era proporcional à sua população, São Paulo e Minas Gerais, que
Constituição imperial, a primeira Constituição da República tam- eram os estados mais populosos e ricos - da federação, elegiam as
bém excluía a maioria da população brasileira do direito de votar. O maiores bancadas na Câmara dos Deputados.
voto foi decretado aberto, mas, como não havia Justiça Eleitoral, na Vale lembrar que, à época, os partidos políticos eram estaduais
prática as eleições eram caracterizadas pela fraude. A organização e proliferavam siglas como Partido Republicano Mineiro, Partido
da eleição dos municípios, bem como a redação da ata da seção Republicano Paulista, Partido Republicano Rio-Grandense etc. Ex-
eleitoral, ficava a cargo dos chefes políticos locais, os chamados co- pressão simbólica da aliança entre o Partido Republicano Paulista e
ronéis. o Partido Republicano Mineiro foi a chamada política do café com
Isso lhes permitia registrar o que bem quisessem nas atas - daí leite, que funcionava no momento da escolha do sucessor presi-
o nome “eleições a bico de pena” - e também controlar as escolhas dencial.
dos eleitores, por meio da violência ou do suborno. Era comum, por As oligarquias dos dois estados escolhiam um nome comum
exemplo, que nas atas das seções eleitorais constassem votos de para presidente, ora filiado ao partido paulista, ora ao mineiro. A
eleitores já mortos para o candidato dos coronéis. cada sucessão presidencial, a aliança entre Minas Gerais e São Pau-
Ou então que os coronéis reunissem os eleitores em um deter- lo precisava ser renovada, muitas vezes com conflitos e interesses
minado lugar para receber as cédulas eleitorais já preenchidas. Es- divergentes. Por serem fortes em termos políticos e econômicos,
ses locais eram chamados de “curral eleitoral”. De modo geral, os formaram-se duas oligarquias dominantes no país: a de São Paulo
eleitores votavam no candidato do coronel por vários motivos: obe- e a de Minas Gerais. Embora em posição inferior à aliança entre
diência, lealdade ou gratidão, ou em busca de algum favor, como paulistas e mineiros, destacavam-se também a do Rio Grande do
dinheiro, serviços médicos e até mesmo proteção. Afinal, sem a ga- Sul, a da Bahia e a do estado do Rio de Janeiro.
rantia dos direitos civis e políticos, grande parte da população rural Houve eleições em que os vitoriosos não estavam comprometi-
- vale lembrar que a imensa maioria dos brasileiros então vivia no dos com a política do café com leite, caso de Hermes da Fonseca em
campo - buscava a proteção de um coronel e acabava se inserindo 1910 e de Epitácio Pessoa em 1919. O importante é considerar que
em uma rede de favores e proteção pessoal. as oligarquias dos estados que se encontravam fora da política do
café com leite passaram a questionar o sistema político na década
O Poder dos Coronéis de 1920.
Também conhecida como coronelismo, a chamada “República
dos coronéis” era um sistema político que resultou da Constituição Aspectos Econômicos
de 1891 e marcou a Primeira República. Se no Império os presiden- Por volta de 1830, o café tornou-se o principal produto de ex-
tes de estado (hoje denominados governadores) eram nomeados portação do Brasil, superando o açúcar. Com a expansão das lavou-
pelo poder central, com a República eles passaram a ser eleitos pe- ras cafeeiras para o Oeste Paulista, a partir da década de 1870, a
los coronéis. Nos municípios, eram os coronéis que, por meio da cafeicultura estimulou a economia do país, cujo dinamismo atraiu
violência e da fraude eleitoral, controlavam os votos que elegiam o investidores estrangeiros, sobretudo britânicos.
presidente de estado, e também os deputados estaduais e federais, Ela propiciou a construção e o reaparelhamento de ferrovias,
os senadores e até mesmo o presidente da República. estradas, portos e o surgimento de bancos, casas de câmbio e de
Por outro lado, eles dependiam do governante estadual para exportação. Também foram criados estaleiros, empresas de nave-
nomear parentes e protegidos a cargos públicos ou liberar verbas gação e moinhos. O café mudou o país, inclusive incentivando a sua
para obras nos municípios. Assim, criava-se uma ampla rede de industrialização. Surgiram, por exemplo, fábricas de tecidos, cha-
alianças e favores, em que coronéis, presidentes de estado, parla- péus, calçados, velas, alimentos, utensílios domésticos etc. Trata-
mentares e o próprio presidente da República estavam atados por va-se de um tipo de indústria, a de bens de consumo não duráveis,
fortes laços de interesses. Esse esquema se consolidou na presi- que não exigia grande tecnologia ou altos investimentos de capital,
dência de Campos Sanes (1898-1902), idealizador do que veio a ser mas que empregava grande quantidade de mão de obra.
chamado de política dos governadores Ou dos esta- dos. A riqueza gerada pelas exportações de café possibilitou, ainda,
o aumento das importações e a expansão das cidades, com a ins-
Nela, o governo federal apoiava as oligarquias dominantes nos
talação de serviços públicos (como iluminação a gás e sistema de
estados, que em troca sustentavam politicamente o presidente da
transporte urbano), novas práticas de diversão e até mesmo maior
República no Congresso Nacional, controlando a eleição de senado-
circulação de jornais e livros. A cidade que mais cresceu foi a de São
res e deputados federais - e evitando, dessa forma, que os candida-
Paulo, principalmente a partir de 1886, com a chegada de milhares
tos da oposição se elegessem. Ainda assim, caso isso acontecesse, de imigrantes.
a Comissão de Verificação de Poderes da Câmara Federal, respon-
sável por aprovar e confirmar a vitória dos candidatos eleitos, im- Crise do Café
pugnava a posse, sob a alegação de fraude. Na década de 1920, o café, que era então responsável por mais
Apesar das fraudes eleitorais, as eleições periódicas foram da metade das exportações brasileiras, sustentava a economia do
importantes para a configuração do sistema político brasileiro. Pri- país. Por consequência, a oligarquia paulista tornara-se dominante
meiro, porque exigiam o mínimo de competição no jogo eleitoral, na política brasileira - dos 12 presidentes eleitos entre 1894 e 1930,
permitindo a renovação das elites dirigentes. Segundo, porque, seis eram filiados ao Partido Republicano Paulista.
mesmo com o controle do voto, havia alguma mobilização do elei- A crescente produção cafeeira, contudo, acabou provocando
torado - com o qual as elites, mesmo dispondo de grande poder graves problemas. O consumo do café brasileiro, que nesse período
político, precisavam manter alguma interlocução. atendia a 70% da demanda mundial, estabilizou-se, mas os fazen-
deiros continuaram expandindo suas plantações. Com uma produ-
Política do Café com Leite ção maior do que a capacidade de consumo, os preços internacio-
A política dos governadores inaugurada por Campos Salles fun- nais caíram, causando prejuízos e gerando dívidas.
damentou a chamada República Oligárquica. Ela reforçou os pode- A primeira crise de superprodução ocorreu em 1893. Ao as-
res das oligarquias - sobretudo as dos estados de São Paulo e Minas sumir a presidência em 1894, Prudente de Morais teve de lidar
Gerais. Como o número de representantes por estado no Congres- com grave crise econômica. Campos Salles, que o sucedeu na pre-

68
HISTÓRIA
sidência em 1898, fez um acordo com os credores internacionais No ano seguinte, o Brasil entrou em disputa com a Grã-Breta-
conhecido como funding loan. Pelo acordo, que transformou todas nha sobre os limites territoriais entre a Guiana Britânica (ou Ingle-
as dívidas brasileiras em uma única, cujo credor era a casa bancária sa) e o norte do então estado do Amazonas - que hoje corresponde
britânica dos Rothschild, o Brasil recebeu como empréstimo 10 mi- ao estado de Roraima.
lhões de libras esterlinas. Além de oferecer as rendas da alfândega O rei da Itália. Vítor Emanuel II, foi convocado como árbitro
do Rio de Janeiro como garantia, o governo se comprometeu a rea- internacional, e em 1904 ele decidiu a favor dos britânicos. Desse
lizar uma política econômica deflacionária, retirando papel-moeda modo, o Brasil perdeu parte do território conhecido como Pirara,
do mercado, o que gerou recessão, falências e desemprego e não e a Grã-Bretanha obteve acesso à bacia Amazônica por meio de
resolveu os problemas da superprodução de café e da queda dos alguns de seus afluentes.
preços no mercado internacional. Outra disputa, bem mais complexa. foi travada em torno da
Para evitar maiores prejuízos, representantes das oligarquias região onde hoje se localiza o Acre. que então pertencia à Bolívia
cafeeiras dos estados de São Paulo, Minas Gerais e do Rio de Ja- e ao Peru. Muitos nordestinos, em particular cearenses, que so-
neiro reuniram-se na cidade paulista de Taubaté e elaboraram, em friam com a seca. haviam se estabelecido ali para explorar o látex,
1906, um plano para a defesa do produto, que, a princípio, não con- gerando conflitos armados com tropas bolivianas. Os brasileiros
tou com o apoio do governo federal. chegaram a declarar a independência política do Acre. Em 1903, a
Pelo Convênio de Taubaté - como ficou conhecido esse encon- diplomacia brasileira conseguiu uma vitória com o Tratado de Pe-
tro - estabeleceu-se a política de valorização do café, pela qual os trópolis, que incorporava o Acre ao território brasileiro em troca de
governos dos estados conveniados recorreriam a empréstimos ex- indenizações à Bolívia e ao Peru.
ternos para comprar e estocar o excedente da produção de café, até Cabe destacar a relevante atuação de José Maria da Silva Para-
que seu preço se estabilizasse no mercado internacional, de modo nhos Júnior, o barão do Rio Branco. responsável pelas relações in-
a garantir o lucro dos cafeicultores. Para o pagamento dos juros da ternacionais do Brasil entre 1902 e 1912. Ele não só esteve à frente
dívida, seria cobrado um imposto sobre as exportações de café. das negociações que envolviam disputas territoriais do país como
Dois anos depois, na presidência de Afonso Pena, o governo fez do Ministério das Relações Exteriores uma instituição profissio-
federal deu garantias aos empréstimos. A política de valorização do nalizada e aproximou o Brasil dos EUA.
café foi benéfica apenas para os cafeicultores, em especial os pau-
listas, em detrimento dos produtores de açúcar, algodão, charque, Movimentos e Revoltas
cacau etc. Além de acentuar as desigualdades regionais, grande
parte dos custos dessa política acabou recaindo sobre a sociedade Revolta da Vacina
brasileira, que teve de arcar com os prejuízos. Além de modernizar a cidade, era necessário erradicar as
doenças epidêmicas da capital da República. Com base nas então
Economia da Borracha recentes descobertas sobre os microrganismos e a capacidade de
No começo da República, outro importante produto de expor- mosquitos, moscas e pulgas transmitirem doenças, o médico sani-
tação era a borracha da Amazônia, que alcançou seu auge entre 1890 tarista Oswaldo Cruz, a quem coube essa tarefa, estava decidido a
e 1910. Em meados do século XIX, desenvolveu-se o processo de vul- erradicar a febre amarela, com o combate aos mosquitos, a varíola,
canização da borracha, por meio do qual ela se tornava endurecida, com a vacinação, e a peste bubônica, com a caça aos ratos, cujas
porém flexível, perfeita para ser usada em instrumentos cirúrgicos e pulgas transmitiam a doença.
de laboratório. O sucesso do produto aconteceu mesmo ao ser empre- Em junho de 1904, Rodrigues Alves enviou um projeto de lei ao
gado na fabricação de pneus tanto de bicicletas como de automóveis. Congresso que propunha a obrigatoriedade da vacinação contra a
Em 1852, o Brasil exportava 1 600 toneladas de borracha (2,3% das varíola. Havia grande insatisfação popular contra as reformas urba-
exportações nacionais). Em 1900, já ultrapassava os 24 milhões de to- nas do prefeito Pereira Passos. Mas a obrigatoriedade de introduzir
neladas, o que equivalia a quase 30% das exportações. líquidos desconhecidos no corpo, imposta de maneira autoritária
Além de empregar cerca de 1 10 mil pessoas que trabalhavam pelo governo e sem esclarecimentos à população, que à época des-
nos seringais, a extração do látex na região Norte fez com que as conhecia os benefícios da vacinação, gerou forte resistência.
Havia também razões morais contra a vacinação obrigatória.
cidades de Belém e Manaus passassem por grandes transforma-
À época, os homens não admitiam que, em sua ausência, suas re-
ções: expansão urbana, instalação de serviços (iluminação pública,
sidências fossem invadidas por estranhos que tocassem no corpo
bondes elétricos, serviços de telefonia e de distribuição de água).
de suas esposas e filhas para aplicar vacinas. Como a maioria das
A partir de 1910, contudo, a entrada da borracha de origem asiá-
mulheres partilhava desses mesmos valores, quando a lei da vaci-
tica no mercado internacional provocou um drástico declínio na
nação obrigatória foi publicada nos jornais, estourou uma revolta
produção amazônica. Extraída em colônias inglesas e holandesas,
no Rio de Janeiro.
a borracha asiática tinha maior produtividade, melhor qualidade e
Inicialmente, militares tentaram depor Rodrigues Alves, mas
menor preço.
logo foram dominados por tropas fiéis ao governo. A maior reação,
entretanto, ficou por conta da população mais pobre. Entre os dias
Disputas por Território
10 e 13 de novembro de 1904, a cidade foi tomada por manifes-
Os primeiros governos republicanos enfrentaram problemas
tantes populares: as estreitas ruas do centro foram bloqueadas por
de disputas territoriais com os vizinhos latino-americanos.
barricadas e os policiais, atacados com pedradas.
O primeiro deles foi sobre a região oeste dos atuais estados
A repressão policial foi violenta. Qualquer suspeito de haver
de Santa Catarina e Paraná. que era reclamada pelos argentinos.
participado da revolta foi jogado em porões de navios e manda-
A questão foi resolvida pela arbitragem internacional dos EUA em
do para o Acre. A vacinação obrigatória acabou sendo suspensa, e,
1895, confirmando a posse brasileira.
quatro anos depois, uma epidemia de varíola matou mais de 6 mil
Outra pendência foi com a França, sobre a demarcação das
pessoas no Rio de Janeiro. Foram necessários muitos anos para que
fronteiras do Brasil com a Guiana Francesa. Com arbitragem in-
os governantes reconhecessem que nada conseguiam com Imposi-
ternacional do governo suíço, o Brasil venceu a disputa em 1900,
ções e práticas autoritárias sobre a população. Nos anos 1960, com
impondo sua soberania sobre as terras que hoje integram o estado
campanhas de esclarecimento, a vacinação em massa tornou-se co-
do Amapá.
mum no país. Em 1971, ocorreu o último caso de varíola no Brasil.

69
HISTÓRIA
Revolta da Chibata Também foi o caso de jagunços, que serviam aos coronéis, mas
Os marujos da Marinha de Guerra brasileira viviam sob péssi- haviam caído em desgraça. Estima-se que em poucos anos o arraial
mas condições de trabalho: soldos miseráveis, má alimentação, tra- recebeu entre 20 e 30 mil pessoas pobres, em sua grande maioria,
balhos excessivos e opressão da oficialidade. Mas os castigos físicos mas que em Canudos tinham ao menos uma casa para morar e ter-
aos quais eram submetidos, principalmente com o uso da chibata, ra para plantar.
eram ainda mais graves. Canudos tinha uma rígida organização social. No comando es-
Em 22 de novembro de 1910, marinheiros do encouraçado tava António Conselheiro, também chamado de chefe, pastor ou
Minas Gerais se revoltaram contra a punição de um colega conde- pai. Doze homens, denominados apóstolos, assumiram as chefias
nado a receber 250 chibatadas. Liderados por João Cândido, eles dos setores de guerra, economia, vida civil, vida religiosa etc. O
tomaram a embarcação, prenderam e mataram alguns oficiais e arraial contava com uma guarda especial formada pelos jagunços,
apontaram os canhões para a cidade do Rio de Janeiro. Os marujos chamada Companhia do Bom Jesus ou Guarda Católica. Havia tam-
do encouraçado São Paulo e de outras seis embarcações, também bém comerciantes.
ancoradas na baía de Guanabara, aderiram à revolta. Os revolto- Em 1896, um incidente alterou a paz do arraial. Comerciantes
sos exigiam melhores condições de trabalho e o fim dos castigos de Juazeiro não entregaram madeiras compradas por Conselheiro
corporais. para a construção de uma nova igreja. Os jagunços se vingaram sa-
O Congresso negociou com os revoltosos e, somente após sua queando a cidade. Em resposta, o governador baiano enviou duas
rendição, concedeu-lhes anistia. Mas o ambiente na Armada con- expedições punitivas a Canudos, ambas derrotadas pelos conse-
tinuou tenso. Em 4 de dezembro, diante de novas punições, outra lheiristas.
revolta eclodiu na ilha das Cobras. Os oficiais reagiram de maneira Denúncias de que Canudos e António Conselheiro faziam parte
dura e bombardearam a ilha. de um amplo movimento que visava restaurar a monarquia no país
Depois, prenderam 600 marinheiros, inclusive os que participa- chegavam nas capitais dos estados. A imprensa do Rio de Janei-
ram da primeira revolta, entre eles João Cândido, apelidado de “al- ro e de São Paulo, sobretudo, insistia na existência de um complô
mirante negro”. Jogados em prisões solitárias por vários dias, mui- monarquista. Na capital da República, estudantes, militares, escri-
tos deles morreram. Os demais foram detidos em porões de navios tores, jornalistas, entre outros grupos sociais, responsabilizavam o
e mandados para a Amazônia - ou executados durante a viagem. presidente Prudente de Morais por não reprimir Canudos.
Nesse contexto foi então organizada uma terceira expedição,
Revolta em Juazeiro do Norte chefiada pelo coronel Moreira César, veterano na luta contra os
Em 1889, no povoado de Juazeiro do Norte, no sul do estado federalistas gaúchos. Formada por 1.300 homens do Exército bra-
do Ceará, durante uma missa celebrada pelo padre Cícero Romão sileiro e seis canhões, ela foi derrotada pelos conselheiristas, que
Batista, uma beata teria sangrado pela boca logo após receber a mataram o coronel. O fato tomou proporções nacionais, e Canudos
hóstia. A notícia do suposto milagre - da hóstia que teria se trans- passou a ser visto como uma real ameaça à República. Formou-se,
formado em sangue - espalhou-se, aumentando o prestígio do pa- assim, uma quarta expedição, que contava com 10 mil homens. Em
dre, que passou a ser idolatrado na região. Além das funções de pa- outubro de 1897, o arraial foi destruído e sua população, massacra-
dre, ele desempenhava as de juiz e conselheiro, ensinava práticas da - mesmo aqueles que se renderam foram degolados.
de higiene, acolhia doentes e criminosos arrependidos.
Seu prestígio era tamanho que a alta hierarquia da Igreja che- Guerra do Contestado
gou a ficar incomodada e temerosa de que essa veneração estimulasse Em 1911, um pregador itinerante de nome José Maria apare-
práticas religiosas fora de seu controle - o que, de fato, aconteceu. Em ceu na região central de Santa Catarina. Ele afirmava que tinha sido
1892, o padre foi impedido de pregar e ouvir em confissão. Dois anos enviado pelo monge João Maria, morto alguns anos antes. Na re-
depois, a Congregação para a Doutrina da Fé decretou a falsidade do gião Sul do país, monge tinha o mesmo significado que beato no
milagre em Juazeiro do Norte, provocando a reação da população. Mo- Nordeste. João Maria, quando vivo, fora contra a instauração da
vimentos de solidariedade se formaram e irmandades se mobilizaram República e acreditava que somente a lei da monarquia era ver-
a favor do padre Cícero. Imensas romarias passaram a se dirigir à cida- dadeira. Apresentando-se como um continuador de suas ideias,
de. Beatas diziam ter visões que anunciavam a proximidade do fim do José Maria organizou uma comunidade formada por milhares de
mundo e o retorno de Cristo. Surgia um movimento que desafiava as homens e mulheres em Taquaruçu, nas proximidades do município
autoridades eclesiásticas da região. catarinense de Curitibanos. Armados e sob a liderança de José Ma-
Em 1911, inserido na política oligárquica local, padre Cícero foi ria, eles criticavam a República.
eleito prefeito de Juazeiro do Norte e se tornou o principal articula- Muitos homens e mulheres que participavam desse movimen-
dor de um pacto entre os coronéis da região do vale do Cariri. Padre to conhecido como Contestado, por ter ocorrido em uma área dis-
Cícero lutou em vão até o ano de sua morte, 1934, para provar que putada entre os estados do Paraná e de Santa Catarina, eram pe-
o milagre em Juazeiro do Norte havia ocorrido. Apenas em 2016, a quenos proprietários expulsos de suas terras devido à construção
Igreja Católica se reconciliou com o padre, suspendendo todas as de uma ferrovia, a Brazil Railway Company, que ligaria os estados
punições que havia lhe imposto. de São Paulo e do Rio Grande do Sul. A empresa pertencia a um dos
homens mais ricos do mundo, o estadunidense Percival Farquhar.
Guerra de Canudos Como parte do pagamento à empresa construtora, o governo
Antônio Vicente Mendes Maciel andava pelos sertões nordes- estadual doou 15 quilômetros de terras de cada lado da linha, pre-
tinos pregando a fé católica. Tornou-se um beato conhecido como judicando os camponeses que ali viviam. A situação era agravada
Antônio Conselheiro e passou a ser seguido por muitas pessoas. pela presença de madeireiras. Atacados pela polícia, em 1912, des-
Em 1877, fixou-se com centenas delas no arraial de Canudos, um locaram-se para Palmas, no Paraná.
lugarejo abandonado no interior da Bahia, às margens do rio Vaza- O governo do estado, que considerou se tratar de uma inva-
-Barris, ao qual renomearam Belo Monte. A comunidade cresceu são dos catarinenses, atacou a comunidade e matou José Maria,
rapidamente. Famílias, que fugiam da exploração dos latifundiários dispersando a multidão de homens e mulheres que o seguia. Um
da região ou abandonavam suas terras de origem devido à seca, ano depois, cerca de 12 mil fiéis se reagruparam em Taquaruçu. A
foram para Canudos. liderança do movimento ficou a cargo de um conselho de chefes,

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HISTÓRIA
que difundiu a crença de que José Maria regressaria à frente de te Arthur Bernardes. A reação do governo federal foi bombardear
um exército encantado para vencer as forças do mal e implantar o a cidade. Acuados, os revoltosos resolveram marchar para Foz do
paraíso na Terra. Em fins de 1916, forças do Exército e das polícias Iguaçu.
estaduais, com o apoio de aviões, reprimiram o movimento, matan-
do milhares de rebeldes. A Coluna Prestes
Enquanto isso, no Rio Grande do Sul, o jovem capitão Luís
O Modernismo Carlos Prestes liderava uma coluna militar que, partindo de San-
No Brasil, como em grande parte do mundo ocidental, a vida to Ângelo, marchava ao encontro dos rebelados paulistas em Foz
cultural era fortemente influenciada pelos europeus. No vestuário, do Iguaçu. Quando se encontraram, em abril de 1925, formaram a
na culinária, na literatura, na pintura, no teatro e em outras mani- Coluna Prestes-Miguel Costa e partiram em direção ao interior do
festações artístico-culturais, adorava-se, sobretudo, o padrão fran- país, para mobilizar a população contra o governo e as oligarquias.
cês como modelo. Com cerca de 1500 homens, atravessaram 13 estados. Perse-
Com o fim da Primeira Guerra Mundial, em 1918, isso começou guido pelo Exército, Prestes, com táticas militares inteligentes, im-
a mudar. A guerra resultou no declínio econômico e político dos pôs várias derrotas às tropas governistas - que nunca o derrotaram.
países envolvidos no conflito e suscitou, ao menos nas Américas, a Após marcharem 25 mil quilômetros, cansados e sem perspectivas,
dúvida quanto à superioridade da cultura europeia. Nos anos 1920, em 1927 os soldados da coluna entraram no território boliviano,
em diversas cidades do Brasil, principalmente em São Paulo e no onde conseguiram asilo político. Por sua luta e capacidade de co-
Rio de Janeiro, surgiram jornais, revistas e manifestos publicados mando, Luís Carlos Prestes passou a ser considerado um herói e
por artistas e intelectuais que, preocupados com a modernização conhecido como “Cavaleiro da Esperança “.
do país, discutiam o que era ser brasileiro. Recusavam-se a copiar
padrões europeus e propunham uma nova maneira de pensar e A Revolução de 1930
definir o Brasil, valorizando a memória nacional e a pesquisa das No início da década de 1920, o sistema político da Primeira Re-
raízes culturais dos brasileiros. pública começava a apresentar sinais de esgotamento. A realização
Era o movimento modernista, que se manifestou com grande da Semana de Arte Moderna, a fundação do Partido Comunista do
impacto em São Paulo. Entre os dias 11 e 18 de fevereiro de 1922, Brasil e a eclosão da Revolta dos 18 do Forte eram indícios desse
o Teatro Municipal de São Paulo abrigou a Semana de Arte Moder- esgotamento. A própria sucessão presidencial, também no ano de
na. Em três noites de apresentação, artistas e intelectuais exibiram 1922, foi marcada por uma forte disputa entre os grupos políticos
suas obras: houve música, poesia, pintura, escultura, palestras e estaduais.
debates. Paulistas e mineiros haviam concordado em apoiar o mineiro
Nas artes plásticas, destacaram-se Anita Malfatti, Di Cavalcanti Arthur Bernardes. Mas as lideranças políticas do Rio de Janeiro, do
- responsável pela arte da capa do catálogo da exposição - e Lasar Rio Grande do Sul, da Bahia e de Pernambuco optaram por lançar
Segall (pintura); Vitor Brecheret (escultura); e Oswaldo Goeldi (gra- Nilo Peçanha como candidato. O movimento, conhecido como Rea-
vura). Oswald de Andrade apresentou as revistas Papel e Tinta e ção Republicana, não propunha romper com o sistema oligárquico,
Pirralho, leu textos e poemas. mas abrir espaço para os grupos dominantes de outros estados, de-
Mário de Andrade, Ronald de Carvalho e Graça Aranha tam- safiando o domínio de paulistas e mineiros. No entanto, os resulta-
bém leram seus trabalhos. O maestro Villa-Lobos impressionou o dos das eleições eram previsíveis e Arthur Bernardes saiu vitorioso.
público quando, na orquestra que regia, incluiu instrumentos de Os líderes da Reação Republicana não aceitaram a derrota e
congada, tambores e uma folha de zinco. O público vaiou. apelaram para os militares - o que fez eclodir a revolta tenentista
Acostumada ao padrão europeu de música, a audiência rejei- no Forte de Copacabana, em 5 de julho de 1922. Arthur Bernardes
tava os instrumentos musicais das culturas africanas e indígenas. governou sob estado de sítio, perseguiu o movimento operário e
Para os modernistas, era preciso mostrar às elites que essas cultu- atuou de maneira bastante impopular nas cidades. Em 1926, dissi-
ras também eram formadoras da cultura nacional. dentes do PRP fundaram o Partido Democrático (PD), em São Pau-
lo. O novo partido defendia a adoção do voto secreto e obrigatório,
O Tenentismo a criação da Justiça Eleitoral e a independência dos três pode
Enquanto isso, setores da média oficialidade do Exército - como O sucessor de Arthur Bernardes, Washington Luís, suspendeu o
tenentes e capitães - atacavam o governo com armas, em um mo- estado de sítio e as perseguições ao movimento sindical. No entan-
vimento conhecido como tenentismo. Alguns criticavam o liberalis-
to, não concedeu a anistia política aos tenentes, como exigiam as
mo e defendiam um Estado forte e centralizado, expressando um
oposições. Em 1929, começaram as articulações para a nova suces-
nacionalismo não muito bem definido. Exigiam a moralização da
são presidencial. O presidente Washington Luís, do Partido Repu-
política e das eleições e defendiam a adoção do voto secreto. Mui-
blicano Paulista, indicou para sucedê-lo o presidente do estado de
tos se mostravam ressentidos com os políticos, pelo papel secun-
São Paulo, Júlio Prestes. Inconformadas, as oligarquias mineiras se
dário do Exército na política nacional. A primeira revolta tenentista
aliaram aos gaúchos e aos paraibanos, lançando o nome do gaúcho
ocorreu no Rio de Janeiro, em 1922. Após os rebelados tomarem o
Getúlio Vargas para a presidência e do paraibano João Pessoa para
Forte de Copacabana, canhões foram disparados contra alvos con-
siderados estratégicos. O objetivo era impedir posse do presidente a vice-presidência.
eleito Arthur Bernardes e, no limite, derrubar o governo. O Partido Democrático, de São Paulo, apoiou a candidatura de
O presidente Epitácio Pessoa, com o apoio do Exército e da Vargas. Os dissidentes então formaram a Aliança Liberal, cuja pla-
Marinha, ordenou o bombardeamento do forte. Muitos desistiram taforma política defendia o voto secreto, a criação de uma Justiça
da luta, mas 17 deles decidiram resistir. Com fuzis nas mãos, mar- Eleitoral, a moralização da prática política, a anistia para os militares
charam pela avenida Atlântica. Um civil se juntou a eles. Ao final, revoltosos dos anos 1920 e o estabelecimento de leis trabalhistas.
sobraram apenas os militares Siqueira Campos e Eduardo Gomes. Nas eleições ocorridas em março de 1930, Júlio Prestes venceu,
A rebelião ficou conhecida como a Revolta dos 18 do Forte. mas os políticos da Aliança Liberal não aceitaram a derrota, alegan-
Em 1924, eclodiu outra revolta tenentista, dessa vez em São do fraudes eleitorais. Mineiros e gaúchos conseguiram o apoio dos
Paulo. Os revoltosos tomaram o poder na capital paulista. O objeti- tenentes na luta contra o governo. No exilio argentino, Luís Carlos
vo era incentivar revoltas todo o país até a derrubada do presiden- Prestes tinha aderido ao comunismo e recusou-se a participar das

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HISTÓRIA
conversações. A crise eclodiu com o assassinato de João Pessoa, populista, anos mais tarde. Apresentado como autor magnânimo
em julho de 1930. Apesar de se tratar de um crime que misturava das leis trabalhistas, Getúlio era chamado de “pai dos pobres”,
razões políticas locais e passionais, os políticos da Aliança Liberal uma espécie de protetor da classe trabalhadora, desconsiderando
transformaram o episódio em questão nacional e deflagraram uma as conquistas como resultado das lutas dos trabalhadores.
revolução.
Iniciada em 3 de outubro de 1930, em Minas Gerais e no Rio A Constituição de 1934
Grande do Sul, ela se alastrou rapidamente pelo Nordeste. Dian- Em 1932, Getúlio Vargas ainda governava sob um regime de
te da possibilidade de uma guerra civil, altos oficiais do Exército e exceção. Em fevereiro do mesmo ano, o governo aprovou um novo
da Marinha depuseram o presidente Washington Luís e formaram Código Eleitoral que trazia algumas novidades:
uma Junta Militar. Com a chegada das tropas rebeldes ao Rio de - criava a Justiça Eleitoral, para coibir as fraudes eleitorais;
Janeiro, entregaram o poder a Getúlio Vargas. O movimento políti- - instituía o voto secreto, principalmente para minar a influên-
co-militar conhecido como Revolução de 1930 saía vitorioso. Era o cia dos coronéis sobre os eleitores (releia o Capítulo 3);
início da Era Vargas. - reduzia de 21 anos para 18 a idade mínima do eleitor;
- garantia o direito de voto às mulheres, antiga reivindicação
A ERA VARGAS dos grupos feministas, que tinham entre suas principais militantes
a enfermeira Bertha Lutz (1894-1976).
Governo Provisório
Ao assumir a chefia do governo provisório em 1930, apoiado Pressionado por diversos setores da sociedade, juntamente
pelos militares, Getúlio Vargas aboliu a Constituição de 1891, dis- com a divulgação do novo Código Eleitoral, o governo convocou
solveu o Congresso Nacional, as Assembleias Legislativas estaduais eleições para maio de 1933, visando à formação de uma Assem-
e as Câmaras municipais e instituiu um regime de emergência. Com bleia Constituinte. Entre os 254 constituintes eleitos encontrava-se
exceção do governador Olegário Maciel, de Minas Gerais, todos a médica Carlota Pereira de Queirós, candidata por São Paulo e pri-
os demais (na época, chamados de presidentes de estado) foram meira deputada do Brasil.
substituídos por interventores, pessoas da confiança do presiden- Promulgada em julho de 1934, a nova Constituição incorporou
te, escolhidos por ele entre os egressos do movimento tenentista29. a legislação trabalhista em vigor, acrescentando a ela a instituição
Em São Paulo, a nomeação do tenentista pernambucano João do salário mínimo (que seria criado somente em 1940) e criou o
Alberto Lins de Barros para interventor provocou descontentamen- Tribunal do Trabalho. Pela nova Carta, analfabetos e soldados con-
to entre as elites, que passaram a exigir um interventor civil e pau- tinuavam proibidos de votar.
lista. Os desdobramentos do descontentamento da população em Ainda em julho de 1934 os constituintes elegeram Getúlio Var-
relação a Vargas levaram à deflagração da Revolução Constitucio- gas para a Presidência da República, pondo fim ao governo provi-
nalista, em julho de 1932. sório. De acordo com a Constituição, o mandato presidencial se es-
Devido à debilidade de suas convicções ideológicas, o tenen- tenderia até 1938, quando um novo presidente escolhido por voto
tismo perdeu muito de sua influência junto ao governo Vargas. Vá- livre e direto assumiria o cargo.
rios de seus representantes voltaram para os quartéis, outros se
aliaram ao comunismo ou a grupos simpatizantes do fascismo. Os Governo Constitucional de Vargas
que continuaram no governo permaneceram subordinados ao pre- Os anos 1930 foram marcados por uma forte polarização po-
sidente. lítica, com o surgimento de dois movimentos antagônicos: a Ação
Integralista Brasileira (AIB), de direita, e a Aliança Nacional Liber-
Legislação Trabalhista tadora (ANL), de esquerda.
A obra pela qual o governo de Getúlio Vargas é mais lembra- A exemplo do que acontecia na Europa, onde a população ge-
do é a legislação trabalhista, iniciada com a criação do Ministério ral estava desacreditada da democracia liberal - o que favorecia o
do Trabalho, Indústria e Comércio, em novembro de 1930. As leis surgimento de regimes totalitários em diversos países -, surgiram
de proteção ao trabalhador regularam o trabalho de mulheres e no Brasil grupos que reivindicavam a implantação de uma ditadura
crianças, estabeleceram jornada máxima de oito horas diárias de de direita, semelhante à de Mussolini na Itália.
trabalho, criaram o descanso semanal remunerado e garantiram o Em 1932, foi formada a Ação Integralista Brasileira, de inspi-
direito a férias (já concedido anteriormente, em 1923, porém nun- ração fascista, liderada pelo escritor Plínio Salgado e composta de
ca colocado em prática) e à aposentadoria, entre outras novidades. intelectuais, religiosos, alguns ex-tenentistas e setores das classes
Esse conjunto de leis seria sistematizado em 1943, com a Con- médias e da burguesia. Tendo como lema “Deus, Pátria e Família”,
solidação das Leis do Trabalho (CLT). Ao mesmo tempo, em 1931 o integralismo era um movimento de caráter nacionalista, antili-
0 governo aprovou a Lei de Sindicalização, que estabelecia o con- beral, anticomunista e contrário ao capitalismo financeiro interna-
trole do Ministério do Trabalho sobre a ação sindical. Os sindica- cional.
tos passaram a ser órgãos consultivos do poder público; só podiam Os integralistas defendiam o controle do Estado sobre a eco-
funcionar com autorização do Ministério do Trabalho, que, por sua nomia e o fim de instrumentos democráticos, como a pluralidade
vez, tinha poderes de intervenção tão importantes nas atividades partidária e a democracia representativa. Nas eleições municipais
sindicais que podia até afastar diretores. de 1936, os integralistas elegeram vereadores em diversos municí-
Assim, anarquistas e comunistas foram afastados do movimen- pios brasileiros e conquistaram várias prefeituras, entre elas as de
to sindical pelo governo e reagiram à lei, considerada autoritária, Blumenau (SC) e Presidente Prudente (SP).
por meio de greves e manifestações. Aos poucos, porém, diversos A Aliança Nacional Libertadora surgiu em março de 1935, e
setores sindicais passaram a acatá-la. tinha como presidente de honra o líder comunista Luís Carlos Pres-
A legislação trabalhista - apresentada à população como uma tes. O Partido Comunista do Brasil (PC do B) tinha grande ascendên-
“dádiva do governo” - e a aproximação em relação aos sindicatos cia sobre a ANL, mas o movimento reunia em suas fileiras grupos
faziam parte de um tipo de política que seria caracterizado como de variadas tendências: socialistas, liberais, anti-integralistas, inte-
lectuais independentes, estudantes e ex-tenentistas descontentes
29 Azevedo, Gislane. História: passado e presente / Gislane Azevedo, Reinaldo
com o autoritarismo do governo Vargas. Seu programa político era
Seriacopi. 1ª ed. São Paulo. Ática.

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HISTÓRIA
nacionalista e anti-imperialista. Entre suas principais bandeiras es- O DIP elaborava também cine documentários, como o Cine-
tavam a suspensão do pagamento da dívida externa, a nacionaliza- jornal Brasileiro - exibido obrigatoriamente em todos os cinemas,
ção de empresas estrangeiras e a reforma agrária. antes do início dos filmes -, livros e cartilhas escolares enaltecendo
A ANL cresceu rapidamente, chegando a reunir entre 70 mil e a figura de Vargas e transmitindo noções de patriotismo e civismo.
100 mil filiados, segundo estimativas do historiador Robert Levine. Em meio ao ambiente de controle e repressão, a Polícia Espe-
Quatro meses depois de fundada, foi declarada ilegal pelo presi- cial de Getúlio Vargas ganhou força. Comandada pelo ex-tenentis-
dente Vargas. ta Filinto Müller, ela ficou conhecida por suas prisões arbitrárias e
A partir de então, seus militantes passaram a agir na clandesti- pela prática de tortura contra os presos.
nidade. Em novembro de 1935, setores da ANL ligados ao PC do B
lideraram, sob orientação da Internacional Comunista, insurreições O Brasil e a Segunda Guerra Mundial
mi- litares nas cidades de Natal, Recife e Rio de Janeiro, com o in- Em 1940, Vargas fez um discurso elogiando o sucesso das tro-
tuito de tomar o poder e implantar o comunismo no Brasil. Mal ar- pas nazistas na Europa. Entretanto, embora se aproximasse dos
ticulados, os levantes fracassaram e a Intentona Comunista, como países do Eixo por suas posturas autoritárias, o governo de Getú-
ficou conhecido o episódio, levou o presidente a decretar estado de lio Vargas manteve uma postura ambígua sobre a Segunda Guerra
sítio e determinar a prisão de mais de 6 mil pessoas - entre as quais Mundial, pois mantinha relações econômicas com os Estados Uni-
um senador e quatro deputados. dos.
Entre os detidos encontravam-se Luís Carlos Prestes (poste- Para impedir a influência europeia sobre o Brasil, o governo
riormente condenado a dezesseis anos de reclusão) e sua mulher, a estadunidense pôs em prática a política de boa vizinhança, que se
judia alemã Olga Benário. Ela, grávida de sete meses, foi deportada manifestou por meio do fim do intervencionismo político e da cola-
para a Alemanha nazista em setembro de 1936, onde morreu em boração econômica e militar. O rompimento definitivo com o bloco
um campo de concentração em 1942. nazifascista ocorreu em 1942, quando navios mercantes brasileiros
foram afundados por submarinos alemães.
Eleições Canceladas Em agosto daquele ano, após manifestações populares e es-
Em meio a esse clima de repressão à esquerda, teve início, em tudantis exigindo que o governo entrasse no conflito ao lado das
1937, a campanha eleitoral para a escolha do sucessor de Getúlio democracias, Getúlio declarou guerra aos países do Eixo. Em julho
de 1944, aproximadamente 25 mil soldados, integrantes da Força
Vargas. O presidente, contudo, articulava sua permanência no po-
Expedicionária Brasileira (FEB) desembarcaram na Itália.
der junto às Forças Arma das e aos governadores. No final de 1937,
o capitão integralista Olímpio Mourão Filho elaborou um plano de
O Fim do Estado Novo
uma conspiração comunista para a tomada do poder e o entregou
Em 1942, as manifestações estudantis e populares lideradas
à cúpula das Forças Armadas.
pela União Nacional dos Estudantes (UNE), a favor da participação
Era o Plano Cohen, nome de seu suposto autor. O documen-
do Brasil na guerra contra o nazifascismo, deram início a um lento
to era falso, mas serviu de pretexto para um golpe de Estado. No
processo de distensão no clima sufocante do Estado Novo. Outras
dia 10 de novembro de 1937, o presidente ordenou o fechamento manifestações ocorreram, agora pelo fim do Estado Novo e pela
do Congresso por tropas do Exército. Pelo rádio, Vargas declarou volta da democracia.
canceladas as eleições presidenciais e anunciou a instauração do Em 1943, houve o Manifesto dos Mineiros, de um grupo de po-
Estado Novo, que ele definiu como “um regime forte, de paz, justi- líticos e intelectuais de Minas Gerais durante um congresso da Or-
ça e trabalho”. dem dos Advogados do Brasil (OAB). No início de 1945, foi a vez dos
A seguir, foi outorgada uma nova Constituição, que logo pas- participantes do Primeiro Congresso Brasileiro de Escritores. Ainda
saria a ser chamada de Polaca, em alusão a suas semelhanças com em 1945, Getúlio pôs fim à censura da imprensa, anistiou presos
a Constituição polonesa, de inspiração fascista. As garantias indivi- políticos - entre eles, Luís Carlos Prestes - e convocou eleições para
duais foram suspensas e o direito de reunião, abolido. A população uma Assembleia Constituinte.
ficou proibida de se organizar, reivindicar seus direitos e de ma- Surgiram então diversos partidos políticos, entre os quais a
nifestar livremente suas opiniões. Sem reação popular, começava União Democrática Nacional (UDN), formada por setores das clas-
uma nova fase do governo getulista: a de uma ditadura declarada, ses médias e altas, o Partido Social Democrático (PSD), composto
centralizada em torno da figura de Getúlio Vargas. de antigos coronéis e interventores nos estados e o Partido Traba-
lhista Brasileiro (PTB), constituído por líderes sindicais ligados ao
O Estado Novo Ministério do Trabalho, além do Partido Comunista do Brasil (PC do
Vargas passou a governar por meio de decretos-lei. Todos os B), que voltou a ser legalizado.
partidos políticos foram extintos, incluindo a Ação Integralista, que Durante a campanha eleitoral, líderes do PTB e de alguns sindi-
apoiara o golpe. A ideologia do Estado Novo enfatizava principal- catos, com o apoio do Partido Comunista e com o aval do presiden-
mente a ideia de reconstrução da nação - pautada na ordem, na te, passaram a defender a permanência de Getúlio Vargas na Presi-
obediência à autoridade e na aceitação das desigualdades sociais dência. A expressão “Queremos Getúlio!”, repetida em coro pelos
- e a de tutela do Estado sobre a nacionalidade brasileira. partidários desse grupo, deu nome ao movimento: queremismo.
Para evitar a permanência de Vargas no poder, os generais Góis
Departamento de Imprensa e Propaganda Monteiro e Eurico Gaspar Dutra exigiram sua renúncia.
Em 1939, foi criado o Departamento de Imprensa e Propagan- Com o afastamento de Getúlio em Outubro de 1945, o Estado
da (DIP), inspirado no serviço de comunicação da Alemanha nazis- Novo chegava ao fim.
ta. Os agentes do DIP controlavam os meios de comunicação por
meio da censura a jornais, revistas, livros, rádio e cinema. Eles tam- REPÚBLICA POPULISTA
bém elaboravam a propaganda oficial do Estado Novo, produzindo
peças publicitárias que mostravam o presidente como uma figura A Experiência Democrática no Brasil
paternal, bondosa, severa e exigente a fim de agradar à opinião Eurico Gaspar Dutra assumiu a presidência em janeiro de 1946.
pública. O início de seu governo foi marcado pela posse da Assembleia Na-
cional Constituinte, encarrega da de elaborar uma nova Constitui-

73
HISTÓRIA
ção para o Brasil. Promulgada ainda em 1946, a Carta restabelecia Entre eles estava o coronel Golbery do Couto e Silva e vários outros
a democracia, a organização do Estado em três poderes (Executivo, militares que, mais tarde, foram protagonistas da ditadura iniciada
Legislativo e Judiciário) e a autonomia dos estados e municípios, co- em 1964.
locando fim ao centralismo político que caracterizou a Era Vargas30. Diante do manifesto, Getúlio demitiu o ministro da Guerra, o
No entanto, a nova Constituição manteve a exclusão do direito general Espírito Santo Cardoso, e acordou com Goulart a sua de-
de voto aos analfabetos (mais da metade da população), inúmeras missão, acalmando os ânimos. Contudo, no feriado de 19 de maio
restrições ao direito de greve e a não incorporação dos trabalhado- de 1954, Vargas anunciou o aumento de 100% do salário mínimo,
res do campo à legislação trabalhista. conquistando ainda mais apoio dos trabalhadores.
Na área econômica, Dutra deu uma orientação liberal ao seu A política populista de Vargas atraiu a oposição de liberais,
governo, afastando-se da política nacionalista adotada por Getúlio como os membros da UDN (União Democrática Nacional, partido
Vargas. Com a abertura do mercado aos produtos importados, as político de orientação liberal), oficiais das Forças Armadas e empre-
reservas nacionais em moedas estrangeiras acumuladas durante a sários, especialmente os ligados aos interesses estrangeiros.
Segunda Guerra esgotaram-se. Em 5 de agosto de 1954, o jornalista Carlos Lacerda (1914-
Em 1948, foi anunciado o Plano Salte, abreviatura de Saúde, 1977), um dos principais oponentes de Vargas, dono do jornal Tri-
Alimentação, Transporte e Energia, considerados setores prioritá- buna da Imprensa, sofreu um atentado no qual morreu seu segu-
rios. O plano só foi aprovado pelo Congresso em 1950, no final do rança, o major da Aeronáutica Rubens Vaz (1922-1954). O episódio
governo Dutra, e abandonado pelo governo seguinte. Assim, foi ficou conhecido como o atentado da rua Toneleros.
implementado apenas em parte, como a pavimentação da rodo- As investigações apontaram a participação de Gregório Fortu-
via Rio-São Paulo (atual Via Dutra), a abertura da rodovia Rio-Bahia nato (1900-1962), chefe da guarda pessoal de Getúlio. Isso acirrou
e o início das obras da Hidrelétrica do São Francisco. Aderindo ao os ânimos dos oposicionistas, desdobrando-se numa grande cam-
clima da Guerra Fria, o governo Dutra estreitou relações com os panha pela renúncia de Vargas.
Estados Unidos e, em 1947, rompeu relações diplomáticas com a A campanha contou com os meios de comunicação, que ali-
União Soviética. Esse posicionamento acabou provocando um re- mentavam e impulsionavam o aprofundamento da crise. Pressiona-
cuo na frágil e recente democracia brasileira: o governo decretou a do, Vargas suicidou-se em 24 de agosto de 1954. A notícia da morte
ilegalidade do Partido Comunista Brasileiro (PCB), cassando o man- e a divulgação de sua carta-testamento estimularam manifestações
dato de deputados, senadores e vereadores do partido que foram populares por todo o país. Jornais de oposição foram invadidos e
eleitos em 1945. depredados, assim como os diretórios da UDN e a embaixada dos
Além disso, o governo também ordenou a intervenção estatal Estados Unidos no Rio de Janeiro.
em mais de 400 sindicatos. Com o suicídio de Getúlio, o vice-presidente Café Filho (1899-
1970) assumiu o poder. Inconformados com o resultado das elei-
O Retorno de Getúlio Vargas ções, a UDN de Lacerda e setores militares tramavam um golpe,
Getúlio Vargas foi vitorioso nas eleições para a sucessão de Du- com apoio discreto de Café Filho e outros ministros, mas esbarra-
tra em outubro de 1950. Ele candidatou-se pelo Partido Trabalhista ram no legalista ministro da Guerra, o general Henrique Teixeira
Brasileiro (PT B), com o apoio do Partido Social Democrático (PSD). Lott (1894-1984).
Assim, o pai dos pobres, como ficou conhecido, reassumia a A saída de Café Filho da presidência por problema de saúde oca-
Presidência do Brasil em janeiro de 1951, mas, desta vez, democra- sionou a transferência do cargo ao presidente da Câmara dos Deputa-
ticamente. Sua atuação política junto às camadas mais carentes do dos, Carlos Luz (1894-1961), aliado da UDN. Este, mais favorável aos
país, no estilo populista, foi decisiva para sua vitória. Meses depois golpistas, tentou se livrar do legalista Lott, que reagiu e o depôs.
da eleição de Getúlio, a marchinha mais cantada no Carnaval de O cargo foi entregue então ao presidente do Senado, Nereu
1951 era Retrato do velho, de Haroldo Lobo e Marino Pinto, gra- Ramos (1888-1958), que governou como presidente da República
vada em outubro de 1950 por Francisco Alves, para comemorar o até a posse de Juscelino Kubitschek, em janeiro de 1956.
resultado das eleições. Nas eleições de outubro de 1955, Juscelino Kubitschek de Oli-
Com a volta de Getúlio Vargas, o governo passou a seguir a veira (1902-1976), ex-governador de Minas Gerais, teve uma vitó-
corrente nacionalista, com o Estado atuando de maneira interven- ria apertada, de 36%, contra 30% dos votos dados a Juarez Távora,
cionista e paternalista. candidato da UDN.
As importações foram restringidas e os investimentos estran- JK, como era popularmente conhecido, foi o candidato da
geiros foram limitados, dificultando as remessas de lucros de em- coligação PSD-PTB. Como na época os eleitores votavam separa-
presas transnacionais para seus países de origem. Para incentivar a damente para presidente e para vice-presidente, João Goulart, o
indústria nacional, em 1952, foi criado o Banco Nacional de Desen- Jango, ex-ministro do Trabalho de Vargas, venceu a eleição para
volvimento Econômico (BNDE) e, no ano seguinte, a Petrobras, em- Vice-presidência, com mais votos (3 591.409) do que o próprio JK
presa estatal com o monopólio da exploração e refino do petróleo (3 077.411).
no Brasil. Foi proposta também a criação da Eletrobrás, uma em-
presa para controlar a geração e a distribuição de energia elétrica. De Jk a João Goulart
Vargas nomeou João Goulart (1919-1976) para ministro do O governo de Juscelino Kubitschek foi marcado pelo desen-
Trabalho, em 1953, para enfrentar as rei- vindicações e a onda de volvimentismo. Apoiando-se no Plano de Metas, divulgado sob o
greves. Sob a orientação do presidente, o novo ministro propôs, em slogan “50 anos em 5”, Juscelino prometia desenvolver o país em
janeiro de 1954, dobrar o valor do salário mínimo, que recuperou tempo recorde. O programa priorizava investimentos em setores
seu valor em relação à crescente inflação. de energia, indústria, educação, transporte e alimentos.
Em fevereiro, 42 coronéis e 39 tenentes-coronéis emitiram Para alcançar as metas, o governo favoreceu a entrada de capi-
um manifesto - o Manifesto dos Coronéis - criticando o governo, o tais estrangeiros e a presença de empresas transnacionais no país.
aumento do salário mínimo e as desordens que corriam pelo país. Esse modelo abandonava o nacionalismo do período Vargas e ade-
ria ao capitalismo internacional. Como resultado dessa política, fá-
30 Vicentino, Cláudio. Olhares da História Brasil e Mundo. Cláudio Vicentino. bricas de caminhões, tratores, automóveis, produtos farmacêuticos
José Bruno Vicentino. Savério Lavorato Júnior. 1ª ed. São Paulo. Scipione. e cigarros foram instaladas no Brasil.

74
HISTÓRIA
Destacam-se também a construção das usinas hidrelétricas de A renúncia, porém, foi aceita imediatamente e nenhum gru-
Furnas e Três Marias; e a pavimentação de milhares de quilômetros po movimentou-se para convencer Jânio Quadros a permanecer
de estradas. Grandes mudanças ocorriam em diversos setores. No no poder. O presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzil-
dia a dia de muitas cidades e regiões. li (1910-1975), assumiu a Presidência da República até a posse de
Na música, foi a época em que surgiu a bossa Nova, um novo Jango.
estilo de tocar e cantar samba com influência do jazz, juntando-se
aos tangos, boleros, valsas e sambas de então. No futebol, 1958 foi A Crise Política no Governo Jango
o ano da conquista do primeiro campeonato mundial. Passaram a A renúncia de Jânio Quadros em 25 de agosto de 1961 am-
fazer parte dos hábitos dos brasileiros o consumo de produtos in- plificou as divergências entre as forças políticas. Alguns ministros
dustriais, como eletrodomésticos (máquina de lavar roupas, rádio militares e políticos da UON, contrariando a Constituição, tentaram
de pilha, etc.) impedir a posse de João Goulart. O novo presidente era visto como
No entanto, esse desenvolvimentismo era basicamente diri- um herdeiro de Getúlio Vargas e acusado de simpatizante da es-
gido a partes do mundo urbano moderno. O enorme fosso social, querda.
pleno de desigualdades e carências (saneamento básico, escolas, Em defesa de Jango, Leonel Brizola (1922-2004), então gover-
saúde), e um mundo rural que ainda reunia a maioria da população nador do Rio Grande do Sul, lançou a Campanha da Legalidade,
brasileira sem a proteção de uma legislação trabalhista continua- conquistando o apoio de boa parte da população brasileira. A posse
vam a existir. de Jango ocorreu somente após debates e negociações que levaram
A maior obra do governo JK, entretanto, foi a construção de à alteração da Constituição. Com uma emenda, em 2 de setembro
Brasília, a nova capital federal, planejada pelo urbanista Lúcio Cos- de 1961, foi implantado o parlamentarismo no país. Era o acordo
ta e pelo arquiteto Oscar Niemeyer. para se evitar uma guerra civil: Jango assumiria a presidência, mas o
A cidade foi inaugurada em 21 de abril de 1960. Localizada no governo de fato ficaria a cargo do primeiro-ministro, escolhido pelo
Planalto Central, estava bem distante das cidades do Rio de Janeiro Congresso Nacional. Definiu-se também que, após algum tempo, o
e de São Paulo, os principais centros de pressão popular da época. parlamentarismo deveria ser ratificado ou não por um plebiscito.
A abertura da economia brasileira ao capital estrangeiro e os vários Em janeiro de 1963, o plebiscito sobre o parlamentarismo mo-
empréstimos contraídos junto às instituições estrangeiras deixa- bilizou o país. O sistema político estava em vigência há pouco mais
ram o país numa séria crise financeira, com a inflação chegando, de um ano e era muito criticado e impopular. Com intensa cam-
em 1960, ao índice de 25% ao ano. panha pelo seu fim, os brasileiros decidiram pela restauração do
Nas eleições de 1960, a coligação PSD-PTB indicou o marechal regime presidencialista. Enquanto o presidencialismo era restabe-
Henrique Teixeira Lott para concorrer à Presidência e João Goulart lecido, a situação econômica do país deteriorava-se.
à Vice-presidência. Na oposição, a UDN e outros partidos meno- A inflação, que em 1962 atingira 52%, chegou aos 80% em 1963
res apoiaram a candidatura do ex-governador de São Paulo, Jânio e afetou gravemente o poder aquisitivo dos trabalhadores. Para en-
Quadros (1917-1992). Seu candidato à Vice-presidência era Mílton frentar a crise, o governo lançou o Plano Trienal, no final de 1962.
Campos, ex-governador de Minas Gerais. Jânio pregava uma limpe- Seu objetivo era conter a inflação e promover o desenvolvimento
za na vida política nacional com o combate à corrupção. Para sim- do país. No entanto, os efeitos do plano foram mínimos, principal-
bolizar a ideia, usava uma vassoura na campanha eleitoral. Como mente quanto ao custo de vida. As pressões populares cresceram,
levando Jango a defender amplas reformas nos setores agrário, ad-
votava-se separadamente para presidente e para vice-presidente,
ministrativo, fiscal e bancário. Conhecidas como reformas de base,
Jânio Quadros se tornou presidente com 5,6 milhões de votos. João
essas medidas foram vistas pelos seus opositores como uma amea-
Goulart foi eleito vice-presidente com 4,5 milhões de votos. Era for-
ça à ordem liberal vigente.
mada a dupla “Jan-Jan”.
Três dessas medidas ajudam a entender os interesses que es-
tavam ameaçados. Contra a inflação, foi criada a Superintendência
Jânio Quadros no Poder
Nacional do Abastecimento (Sunab), ligada ao governo e encarre-
Como presidente, Jânio Quadros primou pela ambiguidade. Na
gada de controlar os preços dos produtos, interferindo, portanto,
economia atuava deforma mais próxima aos conservadores libe- nos lucros dos produtores e comerciantes.
rais: cortou gastos e congelou salários em meio à contínua eleva- Para oferecer melhores condições de vida a milhões de traba-
ção dos preços dos produtos. Por outro lado, sua política externa lhadores rurais e ampliar a oferta de alimentos, uma proposta de
aproximava-se da esquerda, ao reatar relações diplomáticas com reforma agrária nos latifúndios improdutivos foi apresentada ao
países socialistas a fim de ampliar mercados. Congresso. Os latifundiários, porém, não concordavam com os me-
Um episódio reforçou essa política de independência em rela- canismos de cálculos para se chegar aos valores das indenizações
ção ao bloco capitalista. Em 1961, o argentino Ernesto Che Gueva- a serem pagas pelas terras, alegando grandes perdas caso fossem
ra, então ministro da Economia em Cuba, foi condecorado por Jânio efetivamente aplicados.
Quadros com a Ordem do Cruzeiro do Sul. Outra questão polémica foi a restrição da remessa de lucros
Essa atitude provocou reações contrárias, inclusive do próprio das empresas estrangeiras para o exterior; a proposta teve opo-
partido do presidente. Em agosto de 1961, após sete meses de go- sição de grupos ligados ao capital internacional. Diante de tantos
verno, Jânio surpreendeu a todos ao renunciar ao cargo, numa ma- embates, João Goulart aproximou-se de setores populares organi-
nobra política fracassada. A renúncia fazia parte de um plano que zados por operários, camponeses, estudantes e militantes de es-
contava com o temor de setores da sociedade diante da possibilida- querda, como o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), a União
de de João Goulart assumir a Presidência para fortalecer seu poder. Nacional dos Estudantes (UNE), a União Brasileira de Estudantes
O vice, que se encontrava na China Popular, em missão de go- Secundaristas (UBES), a Confederação dos Trabalhadores Agríco-
verno, era considerado comprometido com as causas trabalhistas las (CONTAC) e as Ligas Camponesas.
- e até acusado de ser um comunista - por vários militares e políti- No lado oposto, contra Jango, os conservadores juntavam or-
cos. Ao que parece, a expectativa de Jânio era que a população se ganizações sociais e políticas. Entre eles, destacava-se o Instituto
mobilizasse contra seu pedido de renúncia e o Congresso Nacional de Pesquisas Econômicas e Sociais (PES), que reunia diretores de
o rejeitasse, o que o levaria a exigir plenos poderes para continuar empresas multinacionais, jornalistas, intelectuais, militares e a nata
na Presidência. do empresariado nacional.

75
HISTÓRIA
Entre outros opositores a João Goulart estavam o Instituto Bra- Governo Castelo Branco
sileiro de Ação Democrática (Ibad), a Confederação Nacional das Castelo Branco autorizou inúmeras prisões, interveio em sin-
Indústrias (CNI) e a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp). dicatos e organizações populares e cassou direitos políticos de
Num comício realizado em 13 de marco de 1964, no Rio de Janeiro, opositores. Também fechou o Congresso Nacional e criou o Servi-
o presidente prometeu o aprofundamento das reformas para diver- ço Nacional de Informações (SNI). Decretou o Ato Institucional nº
sas entidades de trabalhadores e estudantes. 2 (Al-2), que estabeleceu eleições indiretas para a Presidência da
Em resposta, os conservadores organizaram uma grande pas- República e extinguiu os partidos políticos existentes, que foram
seata em São Paulo, chamada Marcha da Família com Deus pela reunidos em duas novas legendas: a Arena (Aliança Renovadora
Liberdade. Os participantes da passeata declaravam estar se posi- Nacional), aliada ao governo, e o MDB (Movimento Democrático
cionando contra o que era visto como ameaça da transformação do Brasileiro), supostamente de oposição.
país numa república comunista, representada pelo presidente, suas Decretou também o Al-3, que determinou a eleição indireta
propostas e seu grupo de apoio. Setores da Igreja e do empresaria- dos governadores dos Estados, e o Al-4, que orientou a elaboração
do participaram da manifestação. da nova Constituição, outorgada em janeiro de 1967. A Carta incor-
porava os atos institucionais e atribuía hegemonia política ao Exe-
DITADURA MILITAR cutivo. Em 1967, a Lei de Imprensa instaurou a censura aos veículos
de comunicação no país. Na área econômica, o Brasil alinhou-se
O Governo Militar de 1964 completamente com os Estados Unidos e criou facilidades para a
Desde o início de 1964, as propostas de reformas de base in- entrada do capital estrangeiro.
tensificaram as manifestações de apoio e de repulsa ao governo de Um exemplo desse alinhamento foi o envio de tropas brasi-
João Goulart. Disseminou-se o medo das reformas31. leiras à República Dominicana, juntando-se à intervenção militar
Em 31 de marco, o alto escalão de oficiais do Exército, com estadunidense.
apoio de vários governadores, como Magalhães Pinto (1909-1996),
de Minas Gerais, Carlos Lacerda (1914-1977), da Guanabara, e Governo Costa e Silva
Adhemar de Barros (1901-1969), de São Paulo, rebelou-se contra Para a sucessão de Castelo Branco, o Alto Comando Militar in-
o governo de Jango. dicou o ministro da Guerra, marechal Artur da Costa e Silva (1899-
O primeiro passo coube ao general Olímpio Morão Filho, que 1969). Com a economia em crescimento e a manutenção do con-
mobilizou o exército de Belo Horizonte, o mesmo que, 27 anos gelamento dos salários dos trabalhadores, surgiram greves, como
antes, ainda capitão e integralista, havia forjado o famoso Plano a de Contagem (MG) e a de Osasco (SP). Esta foi reprimida brutal-
Cohen. Segundo o pesquisador e historiador Carlos Fico, os revol- mente, com cerco policial, seguido da atuação dos soldados com
tosos contavam com a Operação Brother Sam, que incluía a possí- metralhadoras e blindados.
vel intervenção planejada pelo embaixador estadunidense Lincoln Ainda no início de seu governo, os protestos de rua contra o
Gordon, associado às elites econômicas, políticas e militares. regime ditatorial se intensificaram. Políticos cassados pela ditadu-
A operação contava com uma forca tarefa naval estadunidense ra, estudantes e trabalhadores de diversas categorias aliaram-se.
(porta-aviões, porta-helicópteros, contratorpedeiros) que atuaria nas A Frente Ampla, por exemplo, nasceu de uma aliança entre Carlos
costas brasileiras e incluía a entrega de armas, munições e combustível Lacerda, Juscelino Kubitschek e João Goulart, que buscavam reunir
(quatro navios-petroleiros). O plano entraria em ação em marco. a oposição contra a ditadura.
Entretanto, o golpe teve um desfecho rápido e sem lutas. Cul- Costa e Silva decretou sua ilegalidade e proibiu suas atividades.
minou com a deposição do presidente João Goulart, que deixou Em 1968, foram constantes as manifestações estudantis exigindo
Brasília, dirigiu-se para o Rio Grande do Sul e em seguida para o a redemocratização do Brasil. O governo respondia aos protestos
Uruguai, onde pediu asilo. Já no dia 12 de abril, o embaixador Lin- com repressão policial. Em marco de 1968, o estudante Edson Luís
coln Gordon foi avisado de que não era mais necessário o apoio de Lima e Souto foi assassinado durante a invasão militar de um
logístico estadunidense. Era o fim de uma experiência republicana restaurante universitário. Cerca de 50 mil pessoas acompanharam
reformista e o início da ditadura comandada pelos militares. o trajeto até o cemitério, transformando o enterro em um ato po-
Após a deposição do presidente João Goulart, uma junta mili- lítico. Em outubro, foram presos centenas de estudantes e as lide-
tar, formada pelo general Artur da Costa e Silva (1899-1969), pelo ranças do movimento universitário que participavam do XXX Con-
brigadeiro Francisco Correia de Melo (1903-1971) e pelo almirante gresso da UNE em Ibiúna, SP.
Augusto Rademaker (1905-1985) foi instalada no poder. A primeira Nesse quadro, o regime acentuou o processo de fechamento
medida tomada por essa junta foi a decretação do Ato Institucional político com a edição, em 13 de dezembro de 1968, do Ato Insti-
nº 1 (Al-1). tucional nº 5 (Al-5), pelo qual, entre outras medidas de exceção, o
O decreto garantia amplos poderes ao Executivo, como cassar presidente poderia decretar o recesso do Congresso Nacional. Foi a
mandatos, suspender direitos políticos, aposentar funcionários ci- mais implacável de todas as leis da ditadura: suspendeu a conces-
vis e militares e decretar estado de sítio sem autorização do Con- são de habeas corpus e todas e quaisquer garantias constitucionais,
gresso. Milhares de brasileiros foram atingidos pelos expurgos, civis dando ao presidente militar o controle absoluto sobre o destino da
e militares. nação.
Em seguida, o Alto Comando das Forças Armadas indicou para No mesmo dia, foi decretado o fechamento do Congresso por
a Presidência o marechal Humberto de Alencar Castelo Branco tempo indeterminado. Com a instauração do Al-5, houve o perío-
(1897-1967). Com o golpe de 1964, teve início uma série de gover- do de repressão mais intensa no país. Com os canais democráticos
nos militares que permaneceu no poder até 1985. Nesse período, fechados, uma parcela da oposição partiu para o enfrentamento
as liberdades democráticas foram anuladas e os poderes Legislativo armado, com assaltos a bancos, sequestros e atentados. Nessas
e Judiciário foram submetidos. Também foi uma época em que es- ações, exigia-se a libertação de presos políticos e procurava-se ar-
tados e municípios perderam sua autonomia, passando a ser sim- recadar fundos para o movimento. O esforço pouco adiantou. Al-
ples executores das decisões federais. guns anos de- pois, os grupos de luta armada estavam derrotados,
com muitos militantes mortos ou exilados. Quase todos os presos
31 Vicentino, Cláudio. Olhares da História Brasil e Mundo. Cláudio Vicentino.
foram torturados.
José Bruno Vicentino. Savério Lavorato Júnior. 1ª ed. São Paulo. Scipione.

76
HISTÓRIA
Em agosto de 1969, o presidente Costa e Silva sofreu um der- Para contornar a situação econômica, o governo Geisel estimu-
rame e ficou impossibilitado de exercer suas funções. O vice-pre- lou o desenvolvimento do Programa Nacional do Álcool (Pró-Al-
sidente, o civil Pedro Aleixo, foi proibido pelos ministros militares cool), cujo objetivo era promover ver a utilização de uma fonte de
de assumira Presidência, que foi ocupada por uma junta militar. A energia alternativa ao petróleo.
junta permaneceu no poder até outubro do mesmo ano, quando Foi também durante seu governo que teve início a construção
eleições indiretas foram convocadas para escolher o novo presi- de duas das maiores usinas hidrelétricas do mundo: Itaipu e Tu-
dente. O nome do general Emílio Garrastazu Médici (1905-1985), curuí. Os impasses criados pelo modelo econômico dos militares
apresentado pelos chefes militares, foi aprovado pelo Congresso, deu margem para o crescimento da oposição e para o início de um
reaberto para essa finalidade. processo de abertura política, lenta e gradual, que levaria à rede-
mocratização do país.
O Governo Médici Para iniciar a abertura política, o presidente precisou afastar os
Durante o governo Médici, houve um elevado crescimento da militares que se opunham a isso, considerados de linha dura e em
economia, do denominado “milagre econômico”. Antônio Delfim posições de comando. A reação da sociedade às mortes por tortura
Netto, então ministro da Fazenda, afirmava que era preciso “fazer do jornalista Vladimir Herzog, em outubro de 1975, e do operário
crescer o bolo para depois dividi-lo”. Era a justificativa para estabe- Manuel Fiel Filho, em janeiro de 1976, foi decisiva para o processo
lecer políticas de favorecimento e concentração da renda. O desen- de abertura política.
volvimento econômico e a propaganda governamental reforçaram Em 1978, uma grande greve de metalúrgicos, liderada pelo lí-
o apoio da classe média ao governo, setor beneficiado pela política der sindical Luiz Inácio da Silva, o Lula, teve início na região do ABC,
econômica. em São Paulo. Entre as reivindicações estavam melhores salários
No entanto, foi também um período caracterizado pela repres- e a abertura política. Apesar da forte repressão, outras categorias
são e pela tortura, com forte censura aos meios de comunicação. profissionais aderiram ao movimento, demonstrando o desgaste
A repressão era justificada peIo crescimento da luta armada contra do poder autoritário do governo. Antes do término de seu man-
o regime. Entre as realizações do governo Médici, destacam-se a dato, Geisel revogou o Al-5 e determinou a extinção da censura no
construção da rodovia Transamazônica, a conclusão de várias hi- Brasil.
drelétricas e a criação da Telecomunicações Brasileiras (Telebrás)
e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Governo Figueiredo
Em seu governo também foi aprovada uma emenda constitucional O general João Batista Figueiredo (1918-1999) foi escolhido
que ampliava os poderes do presidente, cujo mandato se estendeu para a sucessão de Geisel. A divida externa brasileira ultrapassava
de quatro para cinco anos. os 100 bilhões de dólares e a inflação era mais de 250% ao ano.
Desde antes do completo endurecimento do regime, com o Al- Greves e agitações políticas apareciam por toda a parte e a im-
5, opositores de esquerda se preparavam para enfrentar a ditadura prensa trazia à tona sucessivos escândalos financeiros envolvendo
com a guerrilha. Alguns focos guerrilheiros foram formados: o do membros do governo. Dando sequência ao processo de abertura
Araguaia, no Pará, que foi descoberto em 1972 e destruído pelo política, o governo Figueiredo aprovou, em 1979, a Lei de Anistia.
Exército em 1975; o da Serra do Caparaó, em Minas Gerais, e o do A partir de então, muitos presos políticos foram libertados e
Vale do Ribeira, em São Paulo, que foram derrotados rapidamente. vários brasileiros exilados começaram a retornar ao país. Outra
Este último era chefiado pelo capitão Carlos Lamarca (1937- medida de seu governo foi a reforma partidária, que extinguiu a
1971), que conseguiu fugir da repressão militar e acabou morto no Arena e o MDB e autorizou a formação de novos partidos políticos.
sertão da Bahia. A maioria dos integrantes da Arena passou a compor o Partido De-
Outra figura que se destacou nessa forma de atuação arma- mocrático Social (PDS). O MDB deu lugar ao Partido do Movimento
da foi Carlos Marighella (1911-1969), líder da Aliança Libertadora Democrático Brasileiro (PMDB) e diversas legendas surgiram, como
Nacional (ALN). Ele agia na região das grandes capitais e foi morto o Partido dos Trabalhadores (PT), o Partido Democrático Trabalhis-
numa tocaia por policiais em São Paulo. ta (PDT) e o Par- tido Trabalhista Brasileiro (PTB), entre outros.
O fim do bipartidarismo representou a ampliação das liberda-
Governo Geisel des democráticas.
O presidente eleito indiretamente para substituir Médici foi o Foram ainda autorizadas eleições diretas para governadores,
as primeiras desde 1967. Nas eleições realizadas em 1982, o PDS
general Ernesto Geisel (1907-1996). Em seu governo a economia
venceu em 12 estados, com um total de 18 milhões de votos, e a
nacional começou a mostrar sinais de dificuldades, associadas ao
oposição venceu em dez estados, com 25 milhões de votos. O avan-
crescimento obtido à custa do capital estrangeiro.
ço da oposição também se confirmou no Legislativo: o governo dei-
Entre essas dificuldades estava a desigualdade social com ex-
xou de ter a maioria na Câmara dos Deputados. Entretanto, ainda
trema concentração de renda e o aumento da dívida externa, que
estava previsto que, em 1985, fosse realizada eleição indireta para
obrigou o pagamento de juros altíssimos, inviabilizando o cresci-
o cargo de presidente da República. Vários setores sociais e milita-
mento do pais.
res ligados à ditadura reagiram ao processo de abertura política.
Assim, enquanto o país conquistava a décima posição na eco- Essa reação foi expressa por meio da violência, com ataques a
nomia mundial, a qualidade de vida de boa parte da população bancas de jornais que vendiam publicações de oposição e atenta-
brasileira continuava em níveis baixíssimos. Parte desse quadro foi dos a entidades civis, entre elas a Ordem dos Advogados do Brasil
agravada pela crise internacional provocada pela alta dos preços do (OAB). O mais sério desses atentados aconteceu em 30 de abril de
petróleo nos países produtores, ocorrida em 1972. 1981, quando militares da linha dura visavam explodir bombas no
Essa crise provocou sérios problemas no Brasil, que importa- Rio- centro, um espaço de convenções da capital carioca, onde se
va, aproximadamente, 80% do petróleo que consumia. A situação realizava um grande festival de música em homenagem ao dia do
continuou se agravando em 1974, primeiro ano do governo Geisel É trabalhador. Uma das bombas explodiu no pátio da miniestação
importante destacar que 1974 foi, também, o ano em que o conser- elétrica, sem interromper o evento.
vadorismo sofreu derrotas, como a renúncia do presidente Nixon, A outra explodiu acidentalmente dentro de um carro, matando
nos EUA (provocada pelo caso Watergate), e a Revolução dos Cra- o sargento Guilherme Pereira do Rosário (1946-1981) e ferindo gra-
vos, em Portugal, que depôs a ditadura no país. vemente Wilson Dias Machado, um oficial do Exército.

77
HISTÓRIA
O atentado do Riocentro marcou o fim dos embates dos mi- Aproveitando-se do enorme apoio social, o presidente chegou
litares da linha dura contra o processo de abertura em curso. No a convocar os brasileiros pela televisão para ajudar na fiscalização
final de 1983, os partidos de oposição começaram uma campanha do congelamento dos preços.
pela eleição direta para presidente da República. O movimento, co- Em poucos meses, contudo, o Plano Cruzado começou a des-
nhecido como Diretas Já, mobilizou o país em manifestações que moronar. Primeiro, houve o desabastecimento (ausência de oferta
chegaram a envolver centenas de milhares de pessoas. de mercadorias nas lojas), depois, o chamado ágio (a cobrança de
O objetivo do movimento era pressionar o Congresso a aprovar um preço maior do que o tabelado por mercadorias vendidas clan-
uma emenda constitucional que reinstituía as eleições diretas para destinamente). No segundo semestre de 1986, o plano chegou ao
presidente. A emenda, porém, foi derrotada por apenas 22 votos, limite. Ainda assim, dada a proximidade das eleições legislativas e
numa sessão em que vários parlamentares não compareceram. estaduais, marcadas para novembro, Sarney manteve o congela-
A escolha do novo presidente seria realizada, mais uma vez, mento dos preços.
indiretamente. Formou-se então uma aliança de políticos modera- Apostando no sucesso do Plano Cruzado e apoiando Sarney,
dos favoráveis à abertura. Dois civis concorreram à sucessão presi- os brasileiros votaram em peso no PMDB, o partido do governo,
dencial: Tancredo Neves, da Aliança Democrática, que reunia tanto que elegeu a maioria dos governadores, deputados e senadores.
opositores como colaboradores da ditadura, e Paulo Maluf, do PDS Passados apenas cinco dias das eleições, Sarney autorizou o reajus-
(antiga Arena). Tancredo Neves venceu, mas não tomou posse. te dos preços e dos impostos. Temendo novos congelamentos, os
Às vésperas da cerimónia, o presidente eleito foi hospitalizado empresários aumentaram os preços das mercadorias.
e faleceu em 21 de abril de 1985. A Presidência, então, foi assumida Os combustíveis, por exemplo, chegaram a ficar 60% mais
por seu vice, José Sarney, um dos fiéis aliados do regime militar. caros. Os índices de popularidade do presidente despencaram. A
O final do governo Figueiredo e a posse de José Sarney marcaram inflação voltou, e os salários novamente perderam parte de seu po-
o fim do regime militar. Iniciava-se uma nova fase na vida política der aquisitivo. Greves e manifestações de protesto ocorreram em
brasileira, denominada Nova República. várias cidades. Em uma delas, na Companhia Siderúrgica Nacional,
o enfrentamento entre operários e soldados do Exército resultou
A NOVA REPÚBLICA na morte de três grevistas. Em meio à crise econômica, intensifica-
vam-se os conflitos sociais.
Transição para a Democracia No campo, os enfrentamentos entre proprietários rurais e tra-
O fim da ditadura militar veio acompanhado por um desejo de balhadores sem-terra aumentaram. Latifundiários se organizaram
mudança: os brasileiros desejavam a construção de um novo país na União Democrática Ruralista (UDR), enquanto trabalhadores ru-
- sem autoritarismo, sem corrupção, sem inflação, sem concentra- rais formaram o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
ção de renda, sem arrocho salarial, sem Injustiças sociais. Em um (MST). Atentados - a mando ou não de latifundiários - contra líderes
país ansioso por mudanças, José Sarney, o vice-presidente eleito camponeses, padres e sindicalistas tornaram-se comuns.
em 1985, assumiu a presidência, em decorrência da morte de Tan- No final da década de 1980, o problema da inflação tornou-se
credo Neves, com a tarefa de conduzir a transição da ditadura para crônico. Em maio de 1987, ela atingiu 23,2%; no final do ano, al-
o regime democrático32. cançou o índice acumulado de 366%. No ano seguinte, a inflação
O Congresso Nacional revogou leis criadas durante o regime chegou ao nível estratosférico de 933%. O país vivia a hiperinflação.
militar, acabou com a censura aos meios de comunicação e resti- Os preços eram reajustados diariamente. De fevereiro de 1989 a
tuiu aos cidadãos brasileiros o livre exercício de expressão e pen- fevereiro de 1990, a inflação atingiu 2751%. Sem ter como contro-
samento. O movimento sindical também adquiriu liberdade de lar a disparada dos preços, o governo Sarney se limitou a cumprir a
acuação, o que levou à criação de centrais sindicais. Foi instituída, tarefa da transição democrática.
ainda, a liberdade de organização partidária, incluindo a legalização
dos partidos comunistas. Em termos de transição democrática, o A Constituição de 1988
governo Sarney cumpria suas obrigações. Apesar do descontrole da economia. a sociedade brasileira
Na política externa, o Brasil reatou relações diplomáticas com continuava no caminho da democracia. Em 1988, o então deputado
Cuba e tomou a iniciativa de formar com a Argentina um mercado Ulysses Guimarães. do PMDB. presidiu a sessão em que o Congres-
comum latino-americano, que, com a adesão do Uruguai e do Para-
so Nacional promulgou a nova Constituição, que garantia amplos
guai, daria origem ao Mercado Comum do Sul (Mercosul), em 1991.
direitos civis, políticos e sociais a todos os brasileiros. Com o fim da
ditadura militar, cidadania havia se tornado uma palavra recorren-
Economia da Nova República
A Nova República se deparou com uma pesada herança do re- te no vocabulário brasileiro.
gime militar: uma enorme dívida externa de cerca de 100 bilhões de Não por acaso, ao promulgar a nova Constituição, Ulysses Gui-
dólares. Sem alternativas, em 1987, o governo decretou moratória; marães a chamou de “Constituicão Cidadã”. De todas as Consti-
ou seja, tomou a decisão unilateral de não pagar a dívida. No ano tuições da história do país, ela é a mais avançada no tocante aos
seguinte, ela foi renegociada com o Fundo Monetário Internacio- direitos de cidadania. No âmbito dos direitos políticos, ela garantiu
nal (FMI). Outro grave problema era a inflação. Em março de 1985, eleições diretas em todos os níveis, estendendo o direito ao voto a
quando Sarney tomou posse, ela era de 12,7% ao mês. Os traba- analfabetos e a maiores de 16 anos, e ampla liberdade de organi-
lhadores eram os mais prejudicados, pois o salário recebido perdia zação partidária.
parte de seu poder aquisitivo já no dia seguinte. A nova Constituição também garantiu os direitos sociais exis-
Para enfrentá-la, o governo recorreu a planos de estabilização, tentes até então e incluiu outros, como a licença-paternidade. Na
chamados de choques econômicos. O primeiro foi o Plano Cruzado. questão dos direitos civis, houve muitos avanços, como o direito
Adorado em 1986, ele “congelava” os preços de mercadorias, alu- à liberdade de expressão, de reunião e de organização. A impren-
guéis, salários, tarifas públicas e passagens pelo prazo de um ano, sa tornou-se livre de qualquer censura, e as liberdades individuais
além de substituir a moeda do país, que era então o cruzeiro, pelo também foram garantidas no texto constitucional.
cruzado. O efeito imediato foi o desejado: uma brusca queda da in- O racismo e a tortura tornaram-se crimes inafiançáveis. A Lei
flação. Com isso os índices de popularidade de Sarney se elevaram. de Defesa do Consumidor, de 1990, transformou-se em importante
32 História. Ensino Médio. Ronaldo Vainfas [et al.] 3ª edição. São Paulo. Saraiva. instrumento de defesa dos cidadãos. Outra importante inovação

78
HISTÓRIA
foi a criação dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais, facilitando o missão de funcionários públicos; abertura comercial ao exterior e
acesso da população à justiça, também foram ampliados os poderes ao capital estrangeiro; eliminação dos incentivos fiscais às indús-
de instituições, como a Defensoria Pública e o Ministério Público. trias; liberalização da taxa do dólar; e um programa de privatização
das empresas estatais.
O Caçador de Marajás O plano também recorria a métodos já conhecidos dos brasi-
Para a consolidação da transição democrática, restava ainda leiros, como o congelamento de preços e salários e a adoção de
a tão aguardada eleição presidencial: os brasileiros não elegiam uma nova moeda. Saía o cruzado novo, voltava o cruzeiro. Havia
presidente da República pelo voto direto havia quase 30 anos. As um item no plano, contudo, que ninguém esperava: o confisco dos
esquerdas apresentaram seus candidatos. O do Partido dos Traba- depósitos bancários em contas-correntes, aplicações financeiras e
lhadores (PT), na época identificado com um projeto socialista, era cadernetas de poupança por 18 meses.
Luiz Inácio Lula da Silva. O objetivo era estabilizar a economia por meio da retirada de
O Partido Democrático Trabalhista (PDT) apresentou a candi- dinheiro do mercado. A medida causou tremendo impacto. Sem di-
datura de Leonel Brizola, herdeiro do projeto trabalhista anterior nheiro no mercado, os preços desabaram. E a recessão foi quase
a 1964. Outros candidatos, mais ao centro, foram: Ulysses Guima- imediata: falências, brusca queda no consumo e nas vendas, perda
rães, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), e do poder aquisitivo dos salários, demissões, desemprego.
Mário Covas, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Apesar do elevado custo social e econômico que impôs ao país,
Partidos de direita e conservadores também concorreram nas o plano não extinguiu a inflação. Ao contrário do que se previa, a
eleições. Contudo, as pesquisas foram rapidamente lideradas por inflação retornou - e com ferocidade. O Plano Collor foi um total
um candidato quase desconhecido: Fernando Collor de Mello, do fracasso. Um ano depois, o governo Collor estava mergulhado na
crise. Ao fracasso do Plano Collor somavam-se denúncias de cor-
inexpressivo Partido da Reconstrução Nacional (PRN). Collor havia
rupção, abalando ainda mais o governo. O ex-tesoureiro da cam-
feito carreira política no partido da ditadura e ganhara visibilidade
panha presidencial de Collor, Paulo César Farias, mais conhecido
no governo de Alagoas, especialmente após o corte de altos salá-
como PC Farias, foi acusado de chefiar um esquema de corrupção.
rios na máquina administrativa do estado, o que o fez ficar conheci-
PC Farias arrecadava dinheiro de empresas, facilitava contratos
do como “caçador de marajás”. mediante elevadas comissões e, com elas, financiava as despesas
Collor recebeu o apoio de grupos econômicos poderosos e pessoais do presidente. As denúncias eram muito graves. Tanto
também da mídia quando subiu nas pesquisas e se mostrou capaz que foi instituída no Congresso Nacional uma Comissão Parlamen-
de derrotar Lula e Brizola nas eleições. Em suas campanhas, Lula tar de Inquérito (CPI) para investigar as acusações. Nas ruas setores
defendia a anulação da dívida externa e a reforma agrária; Brizola, organizados da sociedade exigiam o impeachment do presidente.
por sua vez, ressaltava a necessidade de preservar as empresas es- Milhares de jovens estudantes com o rosto pintado de verde e
tatais e realizar amplos investimentos em educação; já Collor pre- amarelo, que ficaram conhecidos como caras-pintadas, foram para
gava a modernização do país e a sua entrada no Primeiro Mundo. as ruas protestar. Além do impeachment do presidente, exigiam o
Collor soube aproveitar o desejo de mudança que tomara a so- fim da corrupção e a ética na política. Em 29 de setembro de 1992,
ciedade brasileira logo após o fim da ditadura. Como resultado, ele a Câmara dos Deputados aprovou o afastamento de Collor da pre-
obteve 28,52% dos votos, contra 16,08% alcançados por Lula no sidência: foram 441 votos a favor e 38 contra. Três meses depois,
primeiro turno das eleições - o que os levou para o segundo turno, julgado pelo Senado, Collor teve seu mandato e seus direitos polí-
como determinava a nova Constituição. ticos cassados por oito anos. Vaga, a presidência da República foi
Contando com o apoio de amplos setores da sociedade, sobre- assumida pelo vice, Itamar Franco.
tudo dos conservadores, Collor venceu as eleições com dos votos.
Lula, em torno do qual se uniram as esquerdas e as forças conside- O Plano Real
radas progressistas, recebeu 37,86% dos votos. Itamar Franco assumiu a presidência com amplo apoio político
no Congresso Nacional. Fernando Henrique Cardoso foi nomeado
A Democracia Resistiu ministro da Fazenda em março de 1993. Com um grupo de econo-
Na América Latina, o Brasil não era o único país com dificulda- mistas, ele começou a elaborar um plano para estabilizar a econo-
des de pagar sua dívida externa. Em decorrência dessa situação, em mia do país. Seguindo as indicações do Consenso de Washington,
fins de 1989, técnicos do Fundo Monetário Internacional (FMI), do FHC e sua equipe concluíram que, para alcançar a estabilidade da
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Banco Mun- moeda, era preciso reformar o Estado, reduzir os gastos do governo
dial (Bird) reuniram-se em um seminário com economistas latino-a- e privatizar as empresas estatais.
mericanos com o objetivo de reorganizar a economia desses países. Em fevereiro do ano seguinte, o governo criou a Unidade Real
As medidas sugeridas ao final do encontro, que aconteceu de Valor (URV), atrelando-a ao dólar. Se a arrecadação de impostos
em Washington, foram: não interferência do Estado na economia; se mantivesse alta, os gastos na área social fossem reduzidos e as
abertura dos mercados nacionais para importações e entrada de grandes reservas em dólar, preservadas, a URV se manteria está-
capital estrangeiro; privatização de empresas estatais; equilíbrio do vel. Em julho de 1994, o governo transformou a URV em uma nova
orçamento do Estado, com a diminuição de investimentos na área moeda, o real. Em apenas 15 dias, a inflação caiu drasticamente.
social, como saúde e educação; e combate à inflação. Esse conjunto O real equiparou-se ao dólar, obtendo estabilidade. Era o fim
de diretrizes ficou conhecido como Consenso de Washington. da alta constante e acelerada dos preços, beneficiando os assa-
Fernando Collor assumiu a presidência em 15 de março de lariados. Com o sucesso do Plano Real, que conseguiu derrubar a
1990, mostrando-se de pleno acordo com o Consenso de Washin- inflação, Fernando Henrique Cardoso foi lançado candidato à pre-
gton e determinado a aplicar o conjunto de diretrizes. Já no dia se- sidência pela coligação PSDB/PFL. Seu principal adversário era Lula,
guinte, anunciou um novo plano de estabilização econômica para novamente candidato pelo PT.
o país, cuja inflação atingia então 80% ao mês. O Plano Collor, ou Exausta da inflação, a sociedade brasileira apoiou a estabiliza-
Plano Brasil Novo, abrangia uma série de medidas para controlar ção monetária e o Plano Real, elegendo FHC já no primeiro turno
a inflação e reestruturar o Estado: reforma administrativa com de- com 54,27% dos votos.

79
HISTÓRIA
Governo FHC mostravam-se bastante favoráveis, a credibilidade do país no mer-
Fernando Henrique Cardoso foi eleito e assumiu a presidên- cado financeiro internacional cresceu. Apesar dessas semelhanças,
cia com o projeto de reduzir o tamanho do Estado e seu papel na ao retomar o nacional-desenvolvimentismo característico da Era
economia. Adorando políticas neoliberais, o presidente extinguiu o Vargas, o novo governo mostrou que tinha um projeto político dife-
monopólio estatal da exploração e do refino do petróleo pela Pe- rente do de seu antecessor.
trobras, eliminou as restrições à entrada de capital estrangeiro no Nesse sentido, as privatizações foram suspensas e o papel do
país e implementou reformas administrativas. Era o fim da Era Var- Estado, reforçado. A pesquisa científica, por exemplo, recebeu
gas, segundo o próprio FHC. apoio e incentivos financeiros. Na política externa, o governo Lula
Além disso, o governo estabeleceu acordos com o FMI e deu ampliou as relações comerciais e diplomáticas do Brasil com os paí-
início a um programa de privatização das estatais. Foram leiloadas ses da União Europeia, da África, da Ásia e da América Latina. O
empresas dos setores siderúrgico, elétrico, químico, petroquímico reforço do Mercosul também foi uma iniciativa nesse sentido.
e de fertilizantes. O mesmo ocorreu com portos, rodovias e ferro- No plano social, o governo dedicou-se ao combate da pobreza,
vias. Bancos estaduais e empresas como a Embraer e a Companhia retirando milhões de pessoas da miséria. Além da criação do Pro-
Vale do Rio Doce também foram privatizados. grama Bolsa Família, em que há transferência direta de renda às
Segundo dados do BNDES, entre 1991 e 2002, o governo fe- famílias em situação de pobreza, o governo diminuiu os impostos
deral arrecadou cerca de 30 bilhões de dólares com todas essas sobre produtos da cesta básica e materiais de construção e reajus-
vendas - 22 bilhões de dólares somente com a do Sistema Telebras tou o salário mínimo acima dos índices de inflação, beneficiando os
de Telecomunicações. Com o Plano Real, a inflação estava sob con- trabalhadores e as camadas mais pobres da população.
trole. Mas havia um problema: manter o real equivalente ao dólar.
A alternativa foi aumentar as taxas de juros e atrair investimen- Crise e Reeleição
tos especulativos em dólares. Os juros altos, no entanto, resultaram Em 2005, no terceiro ano do mandato de Lula, vieram a públi-
em recessão econômica e desemprego. E os recursos arrecadados co denúncias de que o governo pagava regularmente a deputados
com a venda das empresas estatais acabaram sendo utilizados para e senadores para que matérias de interesse do Executivo fossem
pagar as altas taxas de juros. Foi também no governo FHC que a aprovadas pelo Congresso. O “mensalão”, como o esquema de ar-
emenda à Constituição que dispunha sobre a reeleição para cargos recadação de dinheiro ficou conhecido, envolvia empresários, mi-
do Poder Executivo foi aprovada. nistros de Estado e parlamentares. Em fins de 2012, muitos foram
Isso permitiu que o presidente concorresse a um novo manda- condenados em julgamento pelo Supremo Tribunal Federal. Mes-
to nas eleições presidenciais de 1998. mo com a queda dos índices de popularidade do governo durante
Nas eleições de 1998, Lula foi novamente o maior adversário a crise política, o presidente continuou a contar com o apoio de
de Fernando Henrique. Mesmo com a aliança de duas lideranças de amplos setores da população.
esquerda - o vice de Lula era Leonel Brizola -, FHC foi reeleito com Em 2006, Lula lançou-se à reeleição e foi eleito para um novo
53% dos votos. Em seu segundo mandato, Fernando Henrique deu mandato, com a maioria dos votos dos trabalhadores, dos setores
continuidade ao Plano Real, preservando a estabilidade da econo- mais pobres da população e de parte significativa das classes mé-
mia. dias. Ao ser novamente empossado presidente, em 2007, Lula tam-
A manutenção das taxas de juros altas e a sobrevalorização do
bém contava com uma ampla coalização de partidos políticos no
real aumentaram ainda mais a dívida pública nesses quatro anos.
Congresso Nacional.
Em 2001, o presidente, que gozava de boa popularidade, teve sua
Apesar dos juros altos praticados pelo Banco Central e do con-
imagem afetada pelo chamado “apagão”.
trole das contas públicas pelo governo, necessários para garantir a
Uma seca inesperada esvaziou os reservatórios das hidrelétri-
estabilidade econômica do país, os investimentos na área de educa-
cas, resultando em falta de energia elétrica no país. Sem planeja-
ção triplicaram. O governo também investiu em energia e transporte;
mento e sem investimentos no setor, foi necessário impor racio-
apoiou as indústrias de exportação, obtendo saldos comerciais positi-
namento de energia à população. Nos oito anos de governo FHC,
medidas importantes foram tomadas, como o Código de Trânsito vos; e incentivou a internacionalização de muitas empresas. O bom de-
Brasileiro ( 1997), a venda de medicamentos genéricos ( 1999), a Lei sempenho da agricultura e o aumento do preço de produtos primários
de Responsabilidade Fiscal (2000), a quebra de patentes de remé- no mercado internacional beneficiaram o conjunto da economia.
dios contra a Aids (2001), o Bolsa-escola (2001), o Vale-Gás (2001), No plano social, o governo deu continuidade ao combate à pobre-
entre outras. za. Além disso, propiciou um aumento real do poder de compra dos
trabalhadores, com a oferta de crédito à população e outras medidas.
Mudança de Rumos O resultado foi a criação de 15 milhões de novos empregos, a ascensão
Com o Plano Real, a sociedade brasileira conheceu a importân- social de milhões de pessoas, o crescimento acentuado da chamada
cia da estabilidade da moeda. As políticas neoliberais adoradas por classe C e o fortalecimento do mercado interno brasileiro.
Fernando Henrique resultaram no controle da inflação, mas tam- Foi devido ao fortalecimento de seu mercado interno que o
bém na alta do desemprego e na perda de diversos direitos sociais. Brasil demonstrou capacidade de resistir à crise mundial que teve
Ao final de seu segundo mandato havia um novo desejo de mudan- origem nos Estados Unidos em fins de 2007. Em meados de 2009, o
ça entre os brasileiros. país voltou a crescer. Em 2010, o crescimento econômico foi de 7%. Ao
Nas eleições presidenciais de 2002, Lula foi novamente candi- deixar o governo, em 1º de janeiro de 2011, Lula contava com 87% de
dato pelo PT. Em sua quarta disputa pela presidência, ele deixava aprovação entre os brasileiros, segundo pesquisa de opinião encomen-
de lado o discurso socialista dos anos anteriores e apresentava um dada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT).
programa moderado, buscando o apoio das classes médias e dos
empresários. Contando com amplo apoio político, Lula recebeu Governo Dilma Rousseff
46,4% dos votos no primeiro turno das eleições de 2002, e 61,2% Para concorrer à presidência da República nas eleições de
no segundo turno. 2010, o Partido dos Trabalhadores (PT) lançou o nome de Dilma
O governo Lula optou por dar continuidade à política econômi- Rousseff, então ministra da Casa Civil do governo Lula. A eleição
ca de FHC, mantendo a estabilidade da moeda por meio do equi- foi decidida no segundo turno, com a vitória de Dilma com 56,05%
líbrio fiscal e do controle dos gastos públicos. Como os números dos votos.

80
HISTÓRIA
Dilma, quando jovem, fora presa e torturada pela ditadura A tomada de posse
militar. Sua vitória representou um grande avanço para a demo- No dia 12 de maio de 2016, Michel Temer assumiu interina-
cracia brasileira. Pela primeira vez, uma mulher e ex-integrante da mente a Presidência do Brasil, se tornando o 37º mandatário da
luta armada contra a ditadura assumia o cargo de presidente da República. Ainda sem receber a faixa presidencial, Temer aguardou
República. O governo Dilma deu continuidade às políticas sociais até que o Congresso realizasse o julgamento que afastaria definiti-
e desenvolvimentistas do governo Lula, como o programa Minha vamente a presidente.
Casa, Minha Vida, e promoveu outros, como o Programa Nacional No dia 31 de agosto de 2016, após a aprovação do impeach-
de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). ment da presidente Dilma, Michel Temer tomou posse como Pre-
No final de 2011, os jornais noticiaram que o Brasil havia se sidente da República, se tornando o 14º a assumir o cargo sem ter
tornado a 6ª maior economia do mundo, ultrapassando a Grã-Bre- sido eleito diretamente pelo povo.
tanha, então na 7ª posição. Michel Temer foi Presidente do Brasil de 31 de agosto de 2016
No governo Dilma foi aprovado o Marco Civil da Internet a 31 de dezembro de 2018.
(2014), foram leiloados campos de petróleo do pré-sal (2013) e foi
instituída a Comissão Nacional da Verdade (2012). Sua popularida- Governo Bolsonaro
de manteve-se em alta, mas foi abalada pelos pro- testos que to- Jair Messias Bolsonaro, do PSL, foi eleito o 38º presidente da
maram o país em junho de 2013. Ela sofreu críticas pelo baixo cresci República ao derrotar em segundo turno o petista Fernando Ha-
mento do Produto Interno Bruto do país, pela alta da inflação e pe- ddad, interrompendo um ciclo de vitórias do PT que vinha desde
los gastos com a Copa do Mundo de Futebol realizada no Brasil em 200234.
2014. Ao final de seu primeiro mandato, Dilma Rousseff concorreu A vitória foi confirmada às 19h18, quando, com 94,44% das se-
à reeleição. Com dos votos, sua vitória sobre o candidato do PSDB ções apuradas, Bolsonaro alcançou 55.205.640 votos (55,54% dos
foi apertada no segundo turno. válidos) e não podia mais ser ultrapassado por Haddad, que naque-
Como no seu primeiro mandato, os gastos públicos aumentaram le momento somava 44.193.523 (44,46%). Com 100% das seções
demasiadamente, e a ameaça da inflação voltou. O governo, então, ado- apuradas, Bolsonaro recebeu 57.797.847 votos (55,13%) e Haddad,
rou política recessiva, cortando drasticamente os gastos públicos, o que 47.040.906 (44,87%).
gerou recessão econômica e perda do poder aquisitivo da população. No discurso da vitória, Bolsonaro afirmou que o novo governo
A popularidade do PT e do governo Dilma diminuiu e as oposi- será um “defensor da Constituição, da democracia e da liberda-
ções aumentaram. Inicialmente, grupos radicais de direita pediam de”.
a volta da ditadura militar. Depois, passeatas tomaram as grandes Aos 63 anos, capitão reformado do Exército, deputado federal
cidades, criticando o governo e exigindo a saída de Dilma da presi- desde 1991 e dono de uma extensa lista de declarações polêmicas,
dência da República. As investigações da Operação Lava Jato pre- Jair Bolsonaro materializou em votos o apoio que cultivou e am-
judicaram a imagem do PT e de Dilma. As denúncias de corrupção pliou a partir das redes sociais e em viagens pelo Brasil para obter o
na Petrobras serviram de combustível para aumentar ainda mais os mandato de presidente de 2019 a 2022.
protestos contra a presidente. Na campanha, por meio das redes sociais e do aplicativo de
No início de 2016, a sociedade brasileira se encontrava muito mensagens WhatsApp, apostou em um discurso conservador nos
dividida. No Congresso Nacional, a oposição entrou com pedido de costumes, de aceno liberal na economia, de linha dura no combate
impeachment, cuja instauração foi aprovada pelo Senado no dia à corrupção e à violência urbana e opositor do PT e da esquerda.
12 de maio. Com a decisão, Dilma foi afastada da presidência para
aguardar o julgamento final pelo Senado. O vice Michel Temer, do IDENTIDADE CULTURAL
PMDB, assumiu como presidente em exercício. A identidade cultural ainda é bastante discutida dentro dos cír-
Muitos, porém, interpretaram o movimento oposicionista a culos teóricos das Ciências Sociais em face de sua complexidade.
Dilma como um golpe contra a democracia e também foram para Entre as possíveis formas de entendimento da ideia de identidade
as ruas protestar. O clima se radicalizou, inviabilizando o diálogo cultural, existem duas concepções distintas que devemos destacar
e colocando em risco a capacidade da sociedade de resolver suas dentro dos estudos sociológicos mais recentes. Essas concepções
diferenças por meio de acordos e negociações políticas. de identidade são brevemente explicadas por Anthony Giddens,
sociólogo britânico, e nos ajudarão a entender melhor esse con-
Governo Temer ceito35.
A crise no governo Dilma e o impeachment
Devido à crise política e econômica que se instalou no país, Conceito de Cultura
com a corrução generalizada denunciada pela “Operação Lava-Ja- Antes de falarmos sobre os diferentes conceitos de identidade
to”, em agosto de 2015, Temer comunicou o seu afastamento da cultural, devemos esclarecer primeiro a ideia geral de cultura e de
articulação política33. identidade. A noção de cultura faz alusão às características social-
No dia 2 de dezembro, o presidente da Câmara aceitou a aber- mente herdadas e aprendidas que os indivíduos adquirem a partir
tura do processo de impeachment da presidente Dilma. de seu convívio social. Entre essas características, estão a língua, a
Em março de 2016, o PMDB deixou a base do governo para apoiar culinária, o jeito de se vestir, as crenças religiosas, normas e valores.
o processo de impeachment que tramitava na Câmara dos Deputados. Esses traços culturais possuem influência direta sobre a construção
No dia 17 de abril de 2016, com 367 votos favoráveis e 137 de nossas identidades, uma vez que elas constituem grande parte
contrários, a Câmara dos Deputados aprovou o relatório do impea- do conjunto de atributos que formam o contexto comum entre os
chment e autorizou o Senado Federal a julgar a presidente por cri- indivíduos de uma mesma sociedade e são parte fundamental da
me de responsabilidade. comunicação e da cooperação entre os sujeitos.
O Senado determinou, em sessão iniciada no dia 11 de maio de
2016 e concluída na madrugada do dia 12 de maio, o afastamento
34 Guilherme Mazui. G1 Política. https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2018/
de Dilma. Na sessão que durou 22 horas, o resultado foi de 55 votos
noticia/2018/10/28/jair-bolsonaro-e-eleito-presidente-e-interrompe-serie-de-
a favor do afastamento e 22 contra.
-vitorias-do-pt.ghtml.
33 Dilva Frazão. E-Biografias. https://www.ebiografia.com/michel_temer/. 35 Lucas Oliveira. Identidade Cultural. https://bit.ly/2VbAAmi.

81
HISTÓRIA
Conceito de Identidade Esse mundo passou a ter novas características, como a hege-
O conceito de identidade refere-se a uma parte mais individual monia da ordem capitalista, e compunha o que alguns preferiram
do sujeito social, mas que ainda assim é totalmente dependente do chamar de Nova Ordem Internacional. Na segunda metade do sé-
âmbito comum e da convivência social. De forma geral, entende-se culo XX o capitalismo ingressou numa fase de desenvolvimento,
por identidade aquilo que se relaciona com o conjunto de entendi- chamada de Terceira Revolução Industrial, baseada numa dinâ-
mentos que uma pessoa possui sobre si mesma e sobre tudo aquilo mica produtiva com sofisticada tecnologia, principalmente em mi-
que lhe é significativo. croeletrônica - que envolvia computação, comunicações e robótica
Esse entendimento é construído a partir de determinadas fon- -, biotecnologia e química fina.
tes de significado que são construídas socialmente, como o gênero, Eram necessários mais investimentos em pesquisas e imple-
nacionalidade ou classe social, e que passam a ser usadas pelos in- mentação tecnológica, cuja viabilização passou a depender princi-
divíduos como plataforma de construção de sua identidade. palmente de grandes conglomerados empresariais, detentores de
Dentro desse conceito de identidade, há duas distinções im- enormes volumes de capital. Em tal situação, acentuaram se os pro-
portantes que devemos entender antes de prosseguirmos. A teoria cessos de fusões, aquisições e parcerias de empresas, exigindo, em
sociológica distingue duas apreensões: a identidade social e a au- contrapartida, grande retorno do investimento feito. Isso passou a
toidentidade. ser garantido, em parte, por lucros obtidos nos amplos mercados
A identidade social refere-se às características atribuídas a um desprovidos de barreiras nacionais protecionistas. Paralelamente
indivíduo pelos outros, o que serve como uma espécie de categori- ao processo típico de concentração de capitais, procedeu-se à irra-
zação realizada pelos demais indivíduos para identificar o que uma diação mundial dos negócios, globalizando mercados.
pessoa em particular é. Portanto, o título profissional de médico, Na região asiática, emergiu outro fator inovador da Nova Or-
por exemplo, quando atribuído a um sujeito, possui uma série de dem Internacional: a emergência da China, cuja economia em cons-
qualidades predefinidas no contexto social que são atribuídas aos tante crescimento transformou o país num dos mais dinâmicos ei-
indivíduos que exercem essa profissão. A partir disso, o sujeito posi- xos comerciais do mundo.
ciona-se e é posicionado em seu âmbito social em relação a outros Contando com um Estado que é acionista majoritário nas 150
indivíduos que partilham dos mesmos atributos. maiores empresas do país, a China passou a ser a terceira maior
O conceito de autoidentidade (ou a identidade pessoal) refere-se economia mundial (seu PIB superou o da Alemanha), ficando atrás
à formulação de um sentido único que atribuímos a nós mesmos e à apenas de Estados Unidos e Japão entre 2007 e 2008. Apesar da crise
nossa relação individual que desenvolvemos com o restante do mun- internacional iniciada em 2008, o PIB chinês continuou em forte cresci-
do. A escola teórica do “interacionismo simbólico” é o principal ponto mento, o que fez do país a segunda maior economia mundial em 2010.
de apoio para essa ideia, já que parte da noção de que é diante da Essa emergência da China, ligada aos demais países que com-
interação entre o indivíduo e o mundo exterior que surge a formação põem o Brics, trazia a novidade de uma nova e importante forma
de um sentido de “si mesmo”. Esse diálogo entre mundo interior do in- de correlação de forças da economia mundial, diante do G7, tradi-
divíduo e mundo exterior da sociedade molda a identidade do sujeito cional e poderoso grupo dos sete países mais ricos da época final da
que se forma a partir de suas escolhas no decorrer de sua vida. Guerra Fria: Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, Fran-
ça, Canadá e Itália.
Identidade Cultural
Por fim, podemos estabelecer, diante do que já foi esclarecido, O Neoliberalismo
que o conceito de identidade cultural faz alusão à construção iden- Com o dinamismo de empresas ligadas a amplos mercados, a
titária de cada indivíduo em seu contexto cultural. Em outras pala- qualidade e o preço dos produtos, em meio à intensa competitivi-
vras, a identidade cultural está relacionada com a forma como ve- dade, passaram a ser fatores decisivos para a garantia de lucrativi-
mos o mundo exterior e como nos posicionamos em relação a ele. dade.
Esse processo é contínuo e perpétuo, o que significa que a Lentamente, em vários países do mundo, tomou corpo a ten-
identidade de um sujeito está sempre sujeita a mudanças. Nesse dência de queda das reservas de mercado, que haviam sido criadas
sentido, a identidade cultural preenche os espaços de mediação por meio de barreiras protecionistas, favoráveis a apenas alguns
entre o mundo “interior” e o mundo “exterior”, entre o mundo setores da economia.
pessoal e o mundo público. Nesse processo, ao mesmo tempo que Esse dinamismo impulsionou a expansão capitalista - e a conse-
projetamos nossas particularidades sobre o mundo exterior (ações quente globalização, com a abertura dos mercados e a dinamização
individuais de vontade ou desejo particular), também internaliza- das comunicações -, e contou com a queda do bloco soviético. Inte-
mos o mundo exterior (normas, valores, língua...). É nessa relação grada a esse quadro, ganhou intensidade a formação de blocos eco-
que construímos nossas identidades. nômicos, associações regionais de livre-comércio, que derrubaram
antigas barreiras protecionistas; vários desses blocos nasceram na
década de 1990.
A NOVA ORDEM MUNDIAL: O FIM DA GUERRA FRIA; À frente deles estão o North American Free Trade Agreement
GLOBALIZAÇÃO, NEOLIBERALISMO, DESIGUALDADES E (Tratado Norte-Americano de Livre-Comércio, Nafta), sob a lideran-
EXCLUSÕES SOCIAIS NO MUNDO DE FINS DO SÉCULO ça dos Estados Unidos e envolvendo o Canadá e o México; a União
XX E INÍCIO DO XXI; OS BLOCOS ECONÔMICOS E SEUS Europeia, com a economia alemã como a mais forte e dinâmica; o
IMPACTOS; AS LUTAS E CONFLITOS ENTRE ÁRABES E Bloco do Pacífico, sob a liderança do Japão; e o Tratado Transpací-
ISRAELENSES; A PRIMAVERA ÁRABE fico, que desde outubro de 2015 reúne os Estados Unidos, o Japão
e mais dez países.
Paralelamente às associações econômicas regionais, com dimi-
NOVA ORDEM MUNDIAL
nuição ou eliminação dos protecionismos e atração de investimen-
Com o fim da Guerra Fria, instaurou-se um novo mundo, fun-
tos internacionais, estabeleceu-se a limitação dos gastos governa-
damentado em novas relações econômicas e geopolíticas, que não
mentais, com a prevalência da economia de mercado e a busca de
mais trazia a anterior marca da divisão Leste-Oeste nem o velho
um “Estado mínimo”.
confronto entre o bloco capitalista e o socialista36.
36 Vicentino, Cláudio. Olhares da História Brasil e Mundo. Cláudio Vicentino. José Bruno Vicentino. Savério Lavorato Júnior. 1ª ed. São Paulo. Scipione.

82
HISTÓRIA
O fortalecimento do setor privado e a crise do Estado interven- Entre os aspectos mais criticados está o agravamento das desi-
cionista ocorreram em conformidade com os preceitos do neolibe- gualdades econômicas e sociais em todo o mundo. Essa desigualda-
ralismo, cujos principais defensores foram o austríaco Friedrich Ha- de não se restringe às áreas periféricas dos centros dinâmicos capi-
yek (1899-1992) e o estadunidense Milton Friedman (1912 -2006). talistas, mas se estende até mesmo aos países centrais. Estes têm
Um dos centros mais importantes das teorias neoliberais tem sido registrado números significativos de bolsões de pobreza, seja nos
o departa mento de economia da Universidade de Chi- cago, nos Estados Unidos, seja na Europa. Para o conjunto mundial, os Rela-
Estados Unidos, conhecido como Escola de Chicago, onde lecionava tórios da Riqueza Global (Global Wealth Report) do banco Credit
o próprio Milton Friedman, autor da obra Capitalismo e liberdade. Suisse, publicados em 2010 e em 2015, apontam: em 2010, os 50%
Todos os países que seguiram as orientações neoliberais imple- mais pobres dos 4,4 bilhões de adultos possuíam pouco menos que
mentaram políticas de venda de empresas estatais a empresários 2% dos ativos mundiais (estimados em 194,5 trilhões de dólares).
ou grupos privados. Essas privatizações ampliaram o espaço econô- Em 2015, essa metade mais pobre da população mundial ficou com
mico dos grandes conglomerados e a subordinacão dos Estados ao menos de 1% da riqueza planetária (estimada em 250,1 trilhões de dóla-
mercado internacional. res). No extremo oposto da pirâmide social, em 2010 os 10% mais ricos
Sob Ronald Reagan e sucessores, o neoliberalismo foi bastan- detinham 83% da riqueza mundial e em 2015 passaram a possuir 87,7%.
te estimulado pelo principal eixo da ordem capitalista, os Estados Nesse quadro de desigualdades e dificuldades crescentes, mui-
Unidos, com medidas que visavam influir na atuação de governos, tas vezes agravadas pela violência das guerras, os movimentos mi-
organismos internacionais e grupos econômicos. Tais atuações ga- gratórios tiveram um forte impulso. Foi o caso dos migrantes afri-
nharam a de nominação de Consenso de Washington, expressão canos, sírios e de várias outras regiões em direção à Europa. Em
criada em novembro de 1989 pelo economista inglês John William- 2015 foram mais de 130 mil buscando entrar no velho continente e
son. somente nos dois primeiros meses de 2016 mais de 120 mil.
Por todo o mundo, a adoção do Consenso de Washington en- A intensidade dos fluxos migratórios desdobrou-se em diver-
volveu também a redução dos gastos públicos com saúde, educa- sos impasses, desde humanitários de acolhida aos imigrantes até
ção, previdência social e outras políticas sociais, significando, para os econômicos e políticos entre os governantes europeus. Quanto
os países desenvolvidos, a desmontagem de boa parte do Estado a ter ou não emprego, outro agravante importante na questão so-
de bem-estar social e, para os países dependentes, chamados de cial, as estimativas apontam que o número final de desempregados
países em desenvolvimento ou emergentes, a piora das condições em 2015 foi de 197,1 milhões, um volume superior em 27 milhões
sociais. àquele de 2007, ano da pré-crise mundial.
Essa situação produziu extremos de pobreza para a maioria A previsão para 2016 é um aumento de cerca de 2,3 milhões,
das populações e riqueza para um reduzido número de pessoas. Da o que elevaria o número a 199,4 milhões. Já para 2017, mais 1,1
mesma forma, ampliou-se o descompasso entre países e regiões no milhão de desempregados provável mente serão adicionados ao
tocante à produção e ao usufruto das novas tecnologias. Em 2000, registro global, de acordo com um relatório da Organização Inter-
considerando um exemplo extremo, somente na cidade de Tóquio, nacional do Trabalho (OIT).
no Japão, havia mais telefones do que em todo o continente afri- Os Estados não estão conseguindo exercer a função de garantir
cano. o bem-estar da população nem agir para atenuar as diferenças so-
Associada a isso, a Terceira Revolução Industrial implicou, ain- ciais, mostrando-se impotentes em barrar a piora da situação. Con-
da, a questão do desemprego, como decorrência do uso de altas tudo, nos últimos anos vários governantes buscaram combinar as
tecnologias produtivas (robótica, informatização, etc.) ou como re- políticas neoliberais com uma melhor distribuição da renda, tempe-
sultado da reformulação e otimização da produção, incluindo-se o rando medidas que, se não reverteram por completo as desigualda-
remanejamento e a demissão de funcionários nas empresas e ins- des sociais, conseguiram melhorar o desenvolvimento econômico e
tituições estatais. a inclusão social, fazendo despencar as taxas de pobreza e miséria.
Diferentemente da Primeira Revolução Industrial (século XVIII) Exemplos disso são alguns países do Brics e da América Latina.
e da Segunda Revolução Industrial (século XIX), a época do capi- Outro exemplo da rever- são, segundo o Banco Mundial, foi
talismo global encontrou parte dos movimentos trabalhistas em o indicador sobre o total da população que vivia com renda diária
refluxo e fragilizada, assim como sindicatos enfraquecidos. Além individual inferior a 1,25 dólar (o novo método para definir a linha
disso, a globalização abriu a possibilidade de busca de mão de obra de pobreza), o qual chegou a 1,39 bilhão de pessoas em 2005, 25%
barata em qual- quer parte do mundo, por causa das reestrutura- da população mundial, caindo para 1,29 bilhão em 2008.
ções e da enorme oferta de trabalhadores.
Assim, graças à alta tecnologia, boa parte do trabalho nas gran- BLOCOS ECONÔMICOS
des indústrias passou a ser feita de forma intensiva e com menos A cada dia que passa, o comércio exterior torna-se mais glo-
mão de obra, levando ao declínio a filiação de trabalhadores às or- balizado. Produtos produzidos em diversos países conhecem uma
ganizações sindicais. Ao lado disso, as empresas passaram a utilizar ampla e rápida circulação mundial, apesar de cotas de importação e
a terceirização, criticada por líderes sindicais como uma forma de restrições protecionistas ainda prevalecentes. Nas últimas décadas,
burlar a legislação trabalhista. Os neoliberais argumentam que essa instituições nacionais e internacionais foram formadas para com-
condição do trabalho e do trabalhador é irreversível enquanto as bater as medidas restritivas à circulação de produtos e serviços,
prioridades forem a modernização e a ampliação da economia de com o objetivo de ampliar o livre comércio mundial37.
mercado. Já os contrários reclamam medidas voltadas para aliviar A acentuada expansão do comércio que ocorreu na segunda
as dificuldades sociais, que somente podem ser garantidas pela metade do século XX foi impulsionada, em grande parte, pelos
ação do governo, dos sindicatos e da população. avanços tecnológicos nas áreas de transportes e comunicações.
O Acordo Geral para Tarifas e Comércio (GATT) foi estabele-
Polarização Norte e Sul cido, pós-Segunda Guerra Mundial, como um mecanismo para ne-
A globalização e suas políticas neoliberais, ao mesmo tempo gociar, reduzir e controlar as taxas alfandegárias. Em 1994, o Acor-
que motivaram surtos de otimismo em alguns setores da socieda- do Geral para Tarifas e Comércio foi substituído pela Organização
de, também atraíram críticas quanto a seus efeitos sociais e sobre Mundial do Comércio (OMC).
o meio ambiente.
37 EducaBras. Blocos Econômicos Regionais. https://bit.ly/3etEdvK.

83
HISTÓRIA
A OMC, organização internacional composta de 164 membros, Os países também dificultam a importação por meio da adoção
promove o comércio internacional e regulamenta o comércio exte- de algumas barreiras não tarifárias: barreiras sanitárias, cláusulas
rior e os acordos de áreas de livre comércio. A OMC busca resolver ambientalistas e trabalhistas, a garantia a agricultores de preços
disputas em relação às tarifas e imposições alfandegárias e negocia mínimos para cada safra e prioridade para a compra da produção
reduções de taxas e de outras barreiras que limitam o comércio interna.
internacional. Países desenvolvidos procuram proteger sua produção agríco-
A Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio la. É importante também ressaltar que a maioria dos países tem
(OMC) é um círculo de negociações que foram iniciadas em Doha, como objetivo ser autossuficiente na produção de alimentos consu-
no Qatar, em 2001. Negociações subsequentes ocorreram em Can- midos por sua população. Todo país visa plantar o necessário para
cún, Genebra, Paris e Hong Kong. Tais negociações, ocorridas entre que não tenha que depender do comércio externo para alimentar
as maiores potências comerciais do mundo, objetivam diminuir as o seu povo. Quando um país depende de outras nações para obter
barreiras comerciais e fomentar o livre comércio. Suas principais alimentos para a sobrevivência da população, ele se torna vulnerá-
metas incluem uma maior abertura de mercados agrícolas e indus- vel. Por exemplo, em caso de guerra, o fornecimento de alimentos
triais. pode ser cortado, causando com que o país tenha que se render
O mandato da Rodada é amplo e envolve um número gran- rapidamente.
de de temas a fim de mobilizar o interesse dos países da OMC. As
negociações incluem abertura de mercados agrícolas e industriais, Blocos Econômicos Regionais
proteção dos direitos de propriedade intelectual, facilitação de ne- Muitos países não se limitam à Organização Mundial do Co-
gócios, regras sobre aplicação de direitos antidumping, subsídios e mércio e criam acordos de livre comercio com outros países, for-
medidas compensatórias, meio ambiente, entre tantos outros. O mando blocos econômicos regionais. A mundialização da economia
objetivo é promover o comércio e a cooperação dos países-mem- capitalista gerou a segmentação do espaço econômico mundial por
bros. Também é discutido o tratamento especial que deve ser dado meio da formação de blocos econômicos.
aos países em desenvolvimento para assegurar que suas necessida- A globalização pode enfraquecer certos Estados nacionais, pois os
des sejam contempladas. força a competir no mercado mundial. Muitos países se uniram para
O tema de subsídios agrícolas é o que gera mais polêmicas nas formar blocos regionais, visando a ter melhor proveito comercial.
negociações. Os países em desenvolvimento se opõem à política de Acordos bilaterais e blocos regionais constituem forças opos-
subsídios agrícolas. Esta foi desenvolvida pelos países europeus e tas à liberação mundial do comércio exterior, pois beneficiam os
pelos Estados Unidos e beneficia os agricultores de países desen- membros signatários dos acordos. Assim, limitam a expansão de
volvidos. Os enormes subsídios agrícolas recebidos pelos agricul- um comércio mais livre aos países membros.
tores de países desenvolvidos são uma forma de protecionismo, o Blocos econômicos regionais são associações de países que es-
que contraria a prática de abertura econômica que esses mesmos tabelecem relações econômicas privilegiadas entre si. São classifi-
países desenvolvidos exigem dos países em desenvolvimento. A cados da seguinte forma:
Rodada de Doha ainda não chegou a um acordo sobre o protecio- - Zona de Livre Comércio - há uma redução ou eliminação da
nismo agrícola. cobrança de taxas alfandegárias sobre as mercadorias e serviços
Em 2016, a Rodada de Doha foi paralisada após os membros da que circulam dentro do bloco, o que significa livre circulação.
OMC não concordarem em continuar as negociações. A Rodada de - União Aduaneira - além de permitir a livre circulação inter-
Doha foi ambiciosa e não atingiu seus objetivos iniciais. na de mercadorias e serviços, também regulamenta o comércio de
Muitos países, frustrados com a falta de resultados da Rodada seus membros com países externos ao bloco.
de Doha, passaram a negociar acordos de livre comércio bilaterais - Mercado Comum - garante a livre circulação de pessoas, mer-
e regionais. cadorias, serviços e capitais (dinheiro ou patrimônio) dentro do bloco.
Fora do mandato formal da rodada são discutidos os aperfei-
çoamentos das regras sobre soluções de controvérsias e disputas Principais Blocos Econômicos
dentro da OMC. Nos seis continentes políticos do mundo existem blocos econô-
Um exemplo de disputa ocorrida dentro da OMC: em 2008, os micos que se enquadram nas fases citadas anteriormente, e outros
Estados Unidos tentaram aumentar os impostos sobre o suco de que atuam em um tipo específico, a exemplo da União Europeia
laranja brasileira. O governo norte-americano alegou que o Brasil que criou sua própria moeda38.
estava praticando dumping: a cobrança de valores abaixo dos de Confira a seguir quais os blocos de maior visibilidade:
mercado para sabotar a concorrência. Os Estados Unidos alegaram
que o Brasil estava fazendo essa prática desleal de comércio. Em APEC
2011, o OMC considerou o pedido norte-americano indevido. Em 1989, na Conferência de Seattle, surgiu a APEC (Coopera-
ção Econômica Ásia-Pacífico) – organização composta por 21 paí-
Protecionismo ses-membros das Américas, Oceania e Ásia. O objetivo da APEC é
Uma das maiores preocupações da Organização Mundial do estimular a zona de livre comércio na Ásia e Pacífico, permitindo
Comércio é combater o chamado protecionismo. Os objetivos do transações comerciais com poucas taxas alfandegárias e o fortale-
protecionismo são: proteger o mercado interno da concorrência cimento de novos mercados para além da Europa.
estrangeira, garantir o equilíbrio favorável de suas balanças comer- Juntos os integrantes concentram quase a metade da popula-
ciais e fomentar a produção nacional de produtos que podem con- ção do planeta, o que corresponde a 3 bilhões de pessoas. O Pro-
correr vantajosamente nos mercados externos. duto Interno Bruto (PIB) equivale a 60% do que é arrecadado mun-
Incluem-se entre as medidas protecionistas as medidas tarifá- dialmente, movimentando bilhões todos os anos.
rias e as não tarifárias. Por meio de tarifas, alguns países tributam Por outro lado, uma das grandes dificuldades enfrentadas pelo
pesadamente os produtos que adentram seu território, tornando- bloco é a desigualdade econômica e tecnológica entre os membros.
-os mais caros e menos competitivos no mercado consumidor in- Ainda assim, a sua formação é de expressiva importância, pois en-
terno. volve as maiores potências e mercado consumidor.
38 Educa+Brasil. Blocos Econômicos. https://bit.ly/318cRr0.

84
HISTÓRIA
Mercosul Em janeiro de 2011, do funeral de Bouazizi em diante, o levan-
Criado em 1990, por meio do Tratado de Assunção, O Merco- te popular espalhou-se, derrubando o presidente Zine El-Abidine
sul (Mercado Comum do Sul) conta com a participação do Brasil, Ben Ali, desembocando em eleições legislativas e na formação de
Argentina, Uruguai e Paraguai, e do Equador, Chile, Colômbia, Peru uma Assembleia Constituinte.
e Bolívia como membros associados. Desde 2016, a Venezuela per- A contestação popular logo chegou ao Marrocos, levando o rei
manece suspensa em razão de instabilidades internas. Mohammed VI a liderar reformas políticas, eleições e referendo de
O fluxo de pessoas e as trocas comerciais são alguns dos pro- uma nova Constituição. No Egito, imensas manifestações populares
pósitos desse bloco. Acredita-se que é a principal frente de defesa e confrontos no Cairo e em outras cidades derrubaram o presidente
contra o poder americano na América do Sul. Hosni Mubarak, abrindo disputas para uma nova ordenação política
O Mercosul apresenta um PIB de mais de 3 trilhões de dólares, no país. Em 2012, foi eleito presidente Mohammed Mursi, membro
o quinto maior do mundo. Desses valores, 70% é proveniente do de uma organização político-religiosa, a Irmandade Muçulmana.
Brasil. No que tange à estrutura, é composto por conselhos e co- Mursi foi deposto em 2013, num levante militar que impôs
missões responsáveis pela inserção de acordos e gerenciamento de uma ditadura no país. Na Líbia, Muamar Kaddafi (1942-2011), no
decisões políticas e suas possíveis crises. poder desde 1969, enfrentou violentamente as manifestações,
As disparidades financeiras e políticas entre os membros têm mergulhando o país numa guerra civil que culminou na intervenção
provocado sucessivos conflitos, além de retardar a criação da moe- da Organização do Tratado do Atlântico Norte, a Otan, seguida da
da única. prisão e execução de Kaddafi.
Também na Síria, as manifestações contrárias ao regime do
União Europeia presidente Bashar al-Assad dividiram o país, resultando numa san-
A União Europeia (EU) também é fruto de um tratado, o de grenta guerra civil. As manifestações populares por mudanças e por
Maastricht. A partir de 1992, 28 nações elaboraram significativos direitos políticos espalharam-se por vários outros países da região,
meios para o fortalecimento das suas conjunturas e do próprio bloco. com desdobramentos diversos, deixando pelo norte da África e
Entre as finalidades estão a implantação do euro como moeda Oriente Médio rastros de incertezas quanto à democratização polí-
única, construção do Parlamento Europeu e Banco Central. Além tica e à estabilização.
disso, em 2002, a zona do euro tornou-se ativa. Os territórios pas- Certamente, as transformações espalharam efeitos tanto so-
saram a adotar a moeda e, em troca, oferecem certa estabilidade bre as regiões até então resistentes às forças ocidentais atuantes na
nas tarifas de mercado. área como sobre os regimes até então pró-ocidentais, produzindo
A participação na EU demanda equilíbrio econômico e político ainda mais incertezas sobre o jogo de forças e domínios e semeando
dos interessados, e ciência dos regimentos parlamentares. O Reino novas questões e desafios para o Oriente Médio e para os Estados Uni-
Unido confirmou sua saída em 2016, em um processo chamado de dos, a mais poderosa peça no tabuleiro de conflitos da região.
Brexit. Tais incertezas rearranjaram a composição das forças locais e
internacionais em confronto. Exemplo dessa situação é o caso da
NAFTA Síria, que mergulhou em uma guerra civil e sofreu forte interven-
Formado, inicialmente, pelos Estados Unidos e Canadá, o NAF- ção de milhares de guerrilheiros da Al-Qaeda, apoiados pela Arábia
TA (Tratado Norte-Americano de Livre-Comércio) visa a derruba- Saudita sunita (tradicional aliada dos Estados Unidos) contra o go-
da dos impostos alfandegários e leis financeiras, facilitando o livre verno de Bashar al-Assad.
acesso aos mercados. Em contrapartida, o governo sírio tem recebido o apoio do Irã,
Esse bloco atrai muitas críticas, uma vez que o poder ameri- xiita, e do governo atua I do Iraque, e passou a contar também com
cano diante dos demais países, incluindo o México que foi aceito um aliado forte fora do Oriente Médio: a Rússia de Vladimir Pu-
em 1992, estimula um certo controle. Em 2018, o presidente em tin. No início de 2016 estimava-se que mais de 400 mil sírios foram
exercício dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma nova mortos e cerca de 5 milhões abandonaram o país.
proposta com o intuito de aproximar os membros.

ASEAN EXERCÍCIOS
A Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático), construí-
da em 1967, é uma proposta que inclui a Tailândia, Filipinas, Malá-
sia, Singapura, Indonésia, Brunei, Vietnã e Mianmar. 1. (SEDU/ES – PROFESSOR – FCC) Já o período neoliberal
Uma das finalidades do bloco é o estímulo à paz. Por isso, to- criou uma estrutura de dependência do país ao capital externo, po-
dos os países-membros firmaram o acordo de proibição das armas rém, foi neste mesmo período que o Mercosul foi instituído sendo
nucleares. A estabilidade econômica dos seus territórios também é um instrumento de consolidação do Brasil como nação hegemônica
outra motivação, sendo as alianças com o Japão e União Europeia no continente sul-americano, porém, na impossibilidade de bancar
uma forma de garantia. sozinho esta hegemonia, ela é compartilhada com a Argentina. Fora
da América, o Brasil também tem buscado parceiros que lhe garan-
Tensões no Norte da África e Oriente Médio tam uma hegemonia compartilhada dos novos mercados emergen-
Pouco antes do anúncio da retirada das forcas estadunidenses tes, daí a participação brasileira no G-20, G-3 (Brasil, Índia e África
do Iraque, o norte da África e o Oriente Médio mergulharam em do Sul), acordos diplomáticos com a França, a China e o Irã e a bus-
seguidas rebeliões populares que depuseram governantes autori- ca por uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU.
tários há muito tempo no poder. (Disponível em:http://www.historialivre.com/brasil/relainter1.htm)
O movimento, apelidado pela mídia de Primavera árabe por
envolver diversos países islâmicos de língua árabe, começou na Tu- Os acordos a que o texto se refere, realizados pelo governo
nísia, no final de 2010. O estopim se deu com o episódio em que brasileiro na primeira década do século XXI,
Mohamed Bouazizi (1984-2011), um comerciante local, ateou fogo (A) fizeram parte de arranjos regionais, porém sem maior apro-
no próprio corpo como forma de protesto pelo confisco de seus bens fundamento institucional para que uma maior liberdade de ação
de trabalho pelas autoridades tunisianas no dia 17 de dezembro. fosse garantida aos países participantes, inclusive ao Brasil.

85
HISTÓRIA
(B) basearam-se no institucionalismo pragmático, ou seja, (B) consistiu menos em um sistema econômico e mais uma res-
acreditava-se que o adensamento da presença internacional posta improvisada pelas monarquias modernas ao problema
do Brasil traria desenvolvimento aos países da América do Sul. do grande afluxo de metais preciosos das Américas.
(C) levaram a conformação de um contexto que possibilitou o (C) a base moderna das ideias mercantilistas consiste na atua-
desenvolvimento do modelo de autonomia pela participação ção de dois novos fatores: os Estados Modernos e os efeitos de
entre os países da América Latina, e pela criação do Mercosul. toda ordem provocados pelas Grandes Navegações e os “Des-
(D) contribuíram para que o Brasil adquirisse maior credibili- cobrimentos”.
dade internacional, e criaram as condições necessárias para o (D) é fortemente marcado pela “Teoria da Balança Comercial”,
desenvolvimento econômico do país e dos países da América incorporada ao sistema no século XVII, e que foi possível graças
Latina. a recuperação dos textos clássicos de Aristóteles sobre a oikos
(E) tiveram a função de inserir o Brasil num papel de relevo no grega e a administração da riqueza na Antiguidade.
cenário mundial, garantindo-lhe o destaque de ser um parceiro (E) mais que um sistema econômico de transição do feudalismo
estratégico na América Latina e no Hemisfério Sul. para o capitalismo, ele é um sistema teórico econômico que
trouxe coerência e explicação de fenômenos novos e antigos
2. (INSTITUTO RIO BRANCO – DIPLOMATA – CESPE/CE- antes pouco explorados.
BRASPE/2018) Na sociedade atual, não há dúvida alguma que não
é absolutamente normal, porque é uma situação forçada, mas na 4. Quando se estuda o absolutismo monárquico, é frequente
sociedade futura será completamente normal, porque será livre. vermos a frase “O Estado sou Eu’, proferida pelo Rei Sol, Luís XIV. É
Mas, mesmo agora, [ela] estava no seu direito; sofria, e isso cons- correto dizer que essa frase:
titui, por assim dizer, os seus fundos, o seu capital, do qual tinha o (A) torna patente o uso do simbolismo solar, característico da
pleno direito de dispor. É claro que na sociedade futura não existirá maçonaria francesa.
o capital; mas a sua profissão poderá ser designada por outro nome (B) explicita o conteúdo do absolutismo, no qual o rei é a fonte
e regulada de maneira racional e normal. Pelo que se refere pes- da soberania e do poder.
soalmente a Sófia Siemiônovna, nos tempos atuais, eu considero o (C) explica o Estado francês da época erroneamente, já que o
seu procedimento um enérgico e concreto protesto contra a estru- rei não governava de fato.
tura da sociedade, e respeito-a profundamente por isso. (D) foi proferida após Luís XIV ter vencido a Revolução Puritana
Fiódor M. Dostoiévski. Crime e castigo. São Paulo: Martin Claret, 2013, e o exército de Cromwell.
p. 406. Publicação original: 1866 (com adaptações). (E) foi proferida após Luís XIV ter vencido a Guerra das Duas
Rosas.
Considerando as ideias do fragmento de texto antecedente
como referência inicial, julgue (C ou E) o item a seguir, a respeito de 5. O Renascimento, amplo movimento artístico, literário e
científico, expandiu-se da Península Itálica por quase toda a Eu-
significativas transformações sociais e políticas ocorridas ao fim do
ropa, provocando transformações na sociedade. Sobre o tema, é
século XIX e ao longo do século XX.
correto afirmar que:
No novo cenário mundial do pós-Guerra Fria, a organização
(A) o racionalismo renascentista reforçou o princípio da autori-
econômica e política mundial do poder estava representada pela
dade da ciência teológica e da tradição medieval.
separação dos blocos econômicos do NAFTA, dos Tigres Asiáticos,
(B) houve o resgate, pelos intelectuais renascentistas, dos
da União Europeia, da Comunidade dos Estados Independentes e
ideais medievais ligados aos dogmas do catolicismo, sobretudo
do MERCOSUL.
da concepção teocêntrica de mundo.
( ) CERTO (C) nesse período, reafirmou-se a ideia de homem cidadão, que
( ) ERRADO terminou por enfraquecer os sentimentos de identidade nacional e
cultural, os quais contribuíram para o fim das monarquias absolutas.
3. (PREFEITURA DE VILA VELHA/ES – IBADE/2020) “As ori- (D) o humanismo pregou a determinação das ações humanas
gens das primeiras formulações propriamente mercantilistas estão pelo divino e negou que o homem tivesse a capacidade de agir
associadas a duas ordens de fatores: a chamada herança medieval sobre o mundo, transformando-o de acordo com sua vontade
e o conjunto de transformações que caracterizam, nos séculos XV/ e interesse.
XVI, o início dos tempos modernos. Neste seu primeiro momento a (E) os estudiosos do período buscaram apoio no método expe-
ideologia mercantilista denota claramente a coexistência de dois ti- rimental e na reflexão racional, valorizando a natureza e o ser
pos de discurso, os quais, para simplificar, chamaremos de “medie- humano.
val” e de “ moderno “, respectivamente. Somente aos poucos essa
espécie de dualismo foi superada, cedendo lugar ao discurso mer- 6. (PUC/MG) O Renascimento, enquanto fenômeno cultural
cantilista clássico, o do século XVII. No século XVI, todavia, a maior observado na Europa Ocidental no início da Idade Moderna, encon-
parte dos textos mercantilistas revela ainda aquela coexistência tra-se inserido no processo de transição do feudalismo para o capi-
que se expressa sob a forma de um diálogo, em geral inconsciente, talismo, expressando o pensamento e a visão de mundos próprios
entre as formas de pensamento medievais, escolásticas, e as pro- de uma sociedade mercantil e, portanto, mais aberta e dinâmica.
priamente modernas, mais em consonância com a nova realidade.” Manifestando-se principalmente através das artes e da filosofia, o
(FALCON, F. Mercantilismo e transição. Rio de Janeiro: Brasiliense, movimento renascentista tinha como eixo
1981, pp. 48-49). (A) a sabedoria popular e o domínio da maioria, como mecanis-
mo de combate ao poder aristocrático e de oposição aos novos
O mercantilismo é um tema clássico da historiografia pertinen- segmentos sociais em ascensão.
te aos tempos modernos. Sobre ele, pode-se dizer que: (B) a oposição a todas as religiões organizadas, pois os princí-
(A) é marcado por uma grande capacidade de adaptação, sen- pios religiosos impediam a liberdade de opinião e tornavam o
do possível falar em um Mercantilismo contemporâneo, para homem alienado. A igualdade jurídica de todos os indivíduos,
além dos seus marcos históricos clássicos. suprimindo-se os privilégios de classe e equiparando os direi-
tos e obrigações dos cidadãos.

86
HISTÓRIA
(C) a liberdade de trabalho inerente a qualquer pessoa, como (D) Essas duas civilizações tinham em comum o fato de possuí-
instrumento capaz de possibilitar a criação e o crescimento do rem um sofisticado sistema astronômico e um exímio domínio
ser humano, sendo necessário abolir as corporações de ofício. da pólvora.
(D) a valorização do homem por sua razão e por suas criações, (E) As cidades pré-colombianas da Mesoamérica não tinham
difundindo a confiança nas potencialidades humanas e supe- templos grandiosos, pois haviam concebido um tipo de estado
rando o misticismo dominante no período medieval. laico, com administração burocrática isenta de interferências
(E) Racionalismo e o Geocentrismo (convicção de que tudo religiosas.
pode ser explicado pela razão e pela ciência; concepção de que
a Terra é o centro do universo). 10. A conquista e a colonização europeia na América, entre os
séculos XVI e XVII, condicionaram a formação de sociedades colo-
7. (ESAN/SP) Na Alemanha do século XVI, havia grande con- niais diversas e particulares. Sobre tais sociedades podemos afir-
tradição entre o que a Igreja católica pregava e o que se pratica- mar que:
va. Nos principados as dificuldades eram enormes. Os camponeses I – Nas áreas de colonização espanhola, explorou-se exclusiva-
sentiam-se sobrecarregados de impostos. As cidades ansiavam por mente a força de trabalho das populações ameríndias, sob a forma
liberdade. O clero desprezava a missão espiritual. Muitos bispos le- de relações servis, como a mita e a encomenda;
vavam uma existência de prazer, o que ofendia os crentes sinceros II – Nas áreas de colonização portuguesa, particularmente nas
e simples. Os abusos apontados no enunciado geraram o ambiente áreas destinadas ao fabrico do açúcar, foi empregada, em larga es-
favorável à aceitação do novo credo sustentado por: cala, a mão de obra de negros africanos e/ou de indígenas locais;
(A) Henrique VIII. III – Ao norte do litoral atlântico norte-americano, área de co-
(B) João Knox. lonização inglesa, houve o estabelecimento de pequenas e médias
(C) João Huss. propriedades, nas quais se utilizou tanto o trabalho livre quanto a
(D) João Calvino. servidão por contrato;
(E) Martinho Lutero. IV – Na região do Caribe, em áreas de colonização inglesa e
francesa, assistiu-se à implantação da grande lavoura, voltada para
8. (UFRGS) Assinale a alternativa correta sobre a história das a exportação e assentada no uso predominante de mão de obra de
diferentes sociedades africanas até o século XVI. escravos africanos.
(A) O império Songhai, situado às margens do rio Níger, teve
em sua capital Gao um importante polo mercantil que reunia Assinale a alternativa correta.
mercadores oriundos da Líbia, do Egito e do Magreb.
(A) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.
(B) As sociedades da África equatorial, em função das condi-
(B) Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.
ções geográficas e climáticas pouco propícias, eram formadas
(C) Apenas as afirmativas II, III e IV estão corretas.
predominantemente por pastores de animais de pequeno por-
(D) Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas.
te, sendo praticamente inexistente na região o cultivo de pro-
(E) Todas as afirmativas estão corretas.
dutos agrícolas.
(C) As sociedades de origem Bantu, localizadas na região da
11. (SAEB/BA – SOLDADO – IBFC – 2020) Assim, na manhã
África meridional entre os séculos XII e XV, eram predominan-
temente nômades e coletoras, não organizadas em aldeias e quente de 8 de novembro de 1799, segundo o frei, as tropas de
com escasso desenvolvimento tecnológico. linha ocuparam desde cedo a Praça da Liberdade, amplo quadrilá-
(D) A África, marcada pela intensa difusão do cristianismo du- tero localizado no centro de Salvador. O povo curioso não parava
rante as Cruzadas, contou, entre os século XI e XV, com reduzi- de chegar [...]. Logo após, os condenados a degredo caminhavam
da presença de elementos islâmicos na definição das variadas de mãos atadas às costas, precedidos do porteiro do Conselho, com
culturas existentes no continente. as insígnias do seu cargo, seguido dos quatro réus condenados à
(E) O estabelecimento da colônia portuguesa em Moçambique, pena capital pelo crime de lesa-majestade de primeira cabeça (VA-
no século XVI, definiu o início das rotas comerciais ligando a LIM, 2009). A respeito da Conjuração Baiana, assinale a alternativa
região oriental do continente africano, entre Madagascar e o incorreta.
Chifre da África, com a Europa e a Ásia. (A) Condenados por conspirarem contra a Coroa de Portugal,
dois alfaiates e dois soldados foram considerados os réus do
9. As civilizações pré-colombianas que se desenvolveram na re- movimento qualificado pelas autoridades do Tribunal da Rela-
gião da Mesoamérica (onde hoje está parte do México, Guatemala, ção da Bahia, em 1799, de “Sedição dos Mulatos”
El Salvador, Honduras, Nicarágua) – civilização asteca e civilização (B) Parte dos historiadores que versaram sobre a Conjuração
maia – foram consideradas bastante avançadas para os europeus Baiana de 1798, perceberam certo grau de coerência entre a
que com elas travaram o primeiro contato. Aponte a alternativa tentativa de participação política dos setores populares e a
abaixo que contenha alguns dos aspectos definidores desta carac- ideia de república
terística de “civilização avançada”: (C) Conjuração Baiana foi uma revolta social de caráter bur-
(A) Astecas e maias possuíam uma sofisticada tecnologia de na- guês, que ocorreu na Bahia em 1798. Recebeu uma importan-
vegação ultramarina que possibilitou a exploração das regiões te influência dos ideais do Renascimento Cultural e Revolução
litorâneas da América do Sul. Industrial
(B) As grandes cidades destas civilizações, como Teotihuacán, (D) A Conjuração Baiana de 1798 deixa de ser um evento de
possuíam um grande sistema de infraestrutura, tendo desen- identificação regional, para tornar-se o representante das mais
volvido grandes templos, grandes vias e praças para comércio profundas aspirações de amplos setores da sociedade brasilei-
e comportavam até mais de 100.000 habitantes dentro de seus ra
domínios. (E) Esse movimento defendia a emancipação política do Brasil,
(C) Astecas e maias não faziam sacrifícios cruentos (morte de ou seja, o fim do pacto colonial com Portugal e a instauração e
pessoas ou animais), pois já havia entre essas civilizações um implantação da República
avançado sistema religioso, como o Cristianismo e o Budismo.

87
HISTÓRIA
12. (SAEB/BA – SOLDADO – IBFC – 2020) O quadro em desta- 14. (IF/TO – PROFESSOR – IF/TO) Numa das fases da Revolu-
que na imagem abaixo representa uma cena do que conhecemos ção Inglesa, durante a designada Revolução Puritana (1641-1649),
historicamente como “As Negras do Tabuleiro”. estabeleceu-se uma guerra civil que opôs os seguintes setores da
sociedade inglesa:
(A) Anglicanos x Católicos.
(B) Nobreza x Campesinato.
(C) Nobreza x Burguesia.
(D) Burguesia x Campesinato.
(E) Católicos x Puritanos.

15. Leia o texto e, a seguir, aponte a alternativa que se adeque


à sua interpretação:
“A máquina a vapor, tornando possível o uso da energia em
todos os artifícios mecânicos, em quantidades maiores do que
qualquer outra coisa conseguiria realizar no passado, foi a chave
para tudo o que ocorreu em seguida, sob o nome de Revolução
Industrial. A face do mundo mudou mais drasticamente (e mais ra-
pidamente) do que em qualquer outra época desde a invenção da
agricultura, cerca de 10 mil anos antes.” (ASIMOV, I. Cronologia das
Ciências e das Descobertas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1993, p. 395).
(A) O autor acentua o caráter prejudicial da máquina a vapor
(Fonte: Lavagem do Minério do Ouro, perto do morro do Itacolomi, para a agricultura.
RUGENDAS, J.M., 1835) (B) Segundo o texto, a máquia a vapor foi decisiva para o ad-
vento da Revolução Industrial, já que este foi o primeiro dis-
A respeito deste período, leia as afirmativas abaixo. positivo tecnológico que realizou uma transformação profunda
I. A mineração era um trabalho pesado, feito principalmente no âmbito da produção.
por homens. (C) O autor aponta o caráter negativo da mudança drástica e
II. As negras retratadas por Rugendas na figura acima eram, rápida que a Revolução Industrial provocou no mundo contem-
provavelmente, vendedoras ambulantes, que ofereciam comida e porâneo.
bebida aos que trabalhavam na extração do ouro. (D) Segundo o texto, a máquina a vapor era eficiente porque
III. Geralmente essas mulheres eram livres, mas trabalhavam funcionava à base de eletricidade.
por conta dos mineradores, vigiando os trabalhadores na extração (E) O texto indica que a agricultura, durante 10.000 anos, impe-
do ouro. diu que a indústria se desenvolvesse.
IV. Elas transitavam pelas vilas, roças e arraiais, vendendo suas
mercadorias para pessoas de todas as condições sociais. 16. Grande parte dos acontecimentos e das grandes decisões
tomadas durante a Revolução Francesa foram realizados pelo povo,
Assinale a alternativa correta. a massa formada principalmente de camponeses. Além do povo,
(A) As afirmativas I, II, III e IV estão corretas outra classe que teve grande peso com o deflagrar da Revolução e
(B) Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas sua condução foi:
(C) Apenas as afirmativas III e IV estão corretas (A) a burguesia.
(D) Todas as afirmativas estão incorretas (B) a nobreza.
(E) Apenas a afirmativa III está correta (C) o clero.
(D) os vassalos.
13. (FGV) A conquista colonial inglesa resultou no estabele- (E) nenhuma das respostas acima.
cimento de três áreas com características diversas na América do
Norte. Com relação às chamadas “colônias do sul” é correto afirmar 17. (UNESP) Leia:
que: É uma ideia grandiosa pretender formar de todo o Novo Mun-
(A) baseava-se, sobretudo, na economia familiar e desenvolveu do uma única nação com um único vínculo que ligue as partes entre
uma ampla rede de relações comerciais com as novas colônias si e com o todo. Já que tem uma só origem, uma só língua, mesmos
do Norte e com o Caribe. costumes e uma só religião, deveria, por conseguinte, ter um só
(B) baseava-se numa forma de servidão temporária que sub- governo que confederasse os diferentes Estados que haverão de se
metia os colonos pobres a um conjunto de obrigações em rela- formar; mas tal não é possível, porque climas remotos, situações
ção aos grandes proprietários de terras. diversas, interesses opostos e caracteres dessemelhantes dividem
(C) baseava-se numa economia escravista voltada principal- a América. (Simón Bolívar. Carta da Jamaica [06.09.1815]. In: Simón
mente para o mercado externo de produtos, como o tabaco e Bolívar: política, 1983.)
o algodão. O texto foi escrito durante as lutas de independência na Amé-
(D) consolidou-se como o primeiro grande polo industrial da rica Hispânica. Podemos dizer que:
América com a transferência de diversos produtores de tecidos (A) ao contrário do que afirma na carta, Bolívar não aceitou a
vindos da região de Manchester. diversidade americana e, em sua ação política e militar, reagiu
(E) caracterizou-se pelo emprego de mão de obra assalariada à iniciativa autonomista do Brasil.
e pela presença da grande propriedade agrícola monocultora. (B) ao contrário do que afirma na carta, Bolívar combateu as
propostas de independência e unidade da América e se empe-
nhou na manutenção de sua condição de colônia espanhola.

88
HISTÓRIA
(C) conforme afirma na carta, Bolívar defendeu a unidade ame- (B) materialismo histórico, que concebe a história a partir da
ricana e se esforçou para que a América Hispânica se associas- luta de classes e da determinação das formas ideológicas pelas
se ao Brasil na luta contra a hegemonia norte-americana no relações de produção.
continente. (C) socialismo utópico, que propõe a destruição do capitalismo
(D) conforme afirma na carta, Bolívar aceitou a diversidade por meio de uma revolução e a implantação de uma ditadura
geográfica e política do continente, mas tentou submeter o do proletariado.
Brasil à força militar hispano-americana. (D) socialismo utópico, que defende a reforma do capitalismo,
(E) conforme afirma na carta, Bolívar declarou diversas vezes com o fim da exploração econômica e a abolição do Estado por
seu sonho de unidade americana, mas, em sua ação política e meio da ação direta.
militar, reconheceu que as diferenças internas eram insuperá- (E) socialismo científico que acredita na transformação espon-
veis. tânea da sociedade capitalista em socialista.

18. A transferência da corte trouxe para a América portuguesa 21. (FGV) Entre novembro de 1884 e fevereiro de 1885, repre-
a família real e o governo da Metrópole. Trouxe também, e sobre- sentantes de países europeus, dos Estados Unidos e do Império
tudo, boa parte do aparato administrativo português. Personalida- Otomano participaram de negociações sobre o continente africano.
des diversas e funcionários régios continuaram embarcando para o O conjunto de reuniões, que ficou conhecido como a Conferência
Brasil atrás da corte, dos seus empregos e dos seus parentes após de Berlim, tratou da:
o ano de 1808. (A) incorporação da Libéria aos domínios norte-americanos,
NOVAIS, F. A.; ALENCASTRO, L. F. (Org.). História da vida privada no em troca do controle da África do Sul pela Inglaterra e Holanda.
Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 1997. (B) independência de Angola e Moçambique e da incorporação
do Congo ao império ultramarino português.
Os fatos apresentados se relacionam ao processo de indepen- (C) ocupação e do controle do território africano de acordo
dência da América portuguesa por terem com os interesses das diversas potências representadas.
(A) incentivado o clamor popular por liberdade. (D) condenação do regime do Apartheid estabelecido na África
(B) enfraquecido o pacto de dominação metropolitana. do Sul e denunciado pelo governo britânico.
(C) motivado as revoltas escravas contra a elite colonial. (E) incorporação da Etiópia aos domínios italianos e à transfor-
(D) obtido o apoio do grupo constitucionalista português. mação do Egito em protetorado da Alemanha.
(E) provocado os movimentos separatistas das províncias.
22. Como forma de justificar a dominação dos continentes afri-
19. (FGV) Assinale a alternativa incorreta a respeito da unifica- cano e asiático, as potências europeias valeram-se de teses científi-
ção italiana. cas da época que pregavam a superioridade da civilização europeia
(A) Os franco-piemonteses venceram os Austríacos em Magen- com relação às demais. Essas teses foram difundidas pela doutrina
ta e Soferino em 1859, com o auxílio de Napoleão III. do(a):
(B) O Reino das Duas Sicílias, governado pelos Bourbons, foi (A) Liberalismo
conquistado por Giuseppe Garibaldi e seus “camisas verme- (B) Mercantilismo
lhas” em apenas alguns meses, em 1860. (C) Estamento Burocrático
(C) Veneza foi entregue aos italianos em 1866 como recompen- (D) Sociobiologia
sa por terem participado da Guerra das Sete Semanas ao lado (E) Darwinismo Social
da Prússia contra a Áustria.
(D) Vítor Emanuel II tentou, em 1861, ser proclamado rei da 23. A Doutrina Monroe foi a expressão da política imperialista
Itália, mas foi impedido pelo primeiro-ministro Camilo Benso, dos EUA em relação à América Latina, desenvolvida a partir do sé-
o conde de Cavour. culo XX. Sobre esta política da diplomacia externa dos EUA indique
(E) A unificação italiana se completou em 1870 quando, ao a alternativa abaixo que não corresponde a um fato relacionado à
eclodir a Guerra Franco-Prussiana, as tropas francesas deixa- Doutrina Monroe:
ram a Itália, possibilitando a anexação de Roma, que se tornou (A) Conquista do território de Porto Rico.
a capital do reino. (B) Apoio à independência cubana.
(C) Política externa de dominação econômica em países caribe-
20. (UNICAMP) A história de todas as sociedades têm sido a nhos, que receberam a alcunha de república de bananas.
história das lutas de classe. Classe oprimida pelo despotismo feu- (D) Construção do canal do Panamá.
dal, a burguesia conquistou a soberania política no Estado moder- (E) Perda dos territórios onde hoje se localizam as Filipinas e a
no, no qual uma exploração aberta e direta substituiu a exploração Ilha de Guam.
velada por ilusões religiosas.
A estrutura econômica da sociedade condiciona as suas for- 24. A África Ocidental é conhecida pela dinâmica das suas
mas jurídicas, políticas, religiosas, artísticas ou filosóficas. Não é a mulheres comerciantes, caracterizadas pela perícia, autonomia e
consciência do homem que determina o seu ser, mas, ao contrário, mobilidade. A sua presença, que fora atestada por viajantes e por
são as relações de produção que ele contrai que determinam a sua missionários portugueses que visitam a costa a partir do século XV,
consciência. consta também na ampla documentação sobre a região. A litera-
(Adaptado de K. Marx e F. Engels, Obras escolhidas. São Paulo: Alfa-Ô-
tura é rica em referências às grandes mulheres como vendedoras
mega, s./d., vol 1, p. 21-23, 301-302.0)
ambulantes, cujo jeito para o negócio, bem como a autonomia e
mobilidade, é tão típico da região.
As proposições dos enunciados acima podem ser associadas ao
HAVIK, P. Dinâmicas e assimetrias afro-atlânticas: a agência feminina e
pensamento conhecido como
representações em mudança na Guiné (séculos XIX e XX). In: PANTOJA,
(A) materialismo histórico, que compreende as sociedades hu-
S. (org.). Identidades, memórias e histórias em terras africanas. Brasí-
manas a partir de ideias universais independentes da realidade
lia: LGE; Luanda: Nzila, 2006.
histórica e social.

89
HISTÓRIA
A abordagem realizada pelo autor sobre a vida social da África 28. (SAEB/BA – SOLDADO – IBFC – 2020) No período de 1968
Ocidental pode ser relacionada a uma característica marcante das a 1974, o Brasil viveu um acelerado crescimento econômico, no-
cidades no Brasil escravista nos séculos XVIII e XIX, que se observa meado pelos militares de Milagre Econômico. Esse crescimento,
pela: ocorrido no governo do presidente Emílio Médici, foi garantido,
(A) Restrição à realização do comércio ambulante por africanos entre outros fatores, pelos volumosos investimentos estrangeiros
escravizados e seus descendentes. no setor industrial, sobretudo, na indústria de bens de consumo
(B) Convivência entre homens e mulheres livres, de diversas duráveis (CERRI, 2002). COMPARAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DA REN-
origens, no pequeno comércio. DA NO BRASIL – 1960-1970-1976 PARTICIPAÇÃO NA RENDA EM %
(C) Presença de mulheres negras no comércio de rua de diver- População economicamente ativa em % 1960 1970 1976.
sos produtos e alimentos. 50% mais pobres 18 15 12
(D) Dissolução dos hábitos culturais trazidos do continente de 30% seguintes 28 23 21
origem dos escravizados. 15% seguintes 27 27 28
(E) Entrada de imigrantes portugueses nas atividades ligadas ao 5% mais ricos 27 35 39 (Fonte: GUIMARÃES, Alberto P.,1981)
pequeno comércio urbano.
29. PREFEITURA DE ARACRUZ/ES – PROFESSOR – IBA-
25. Três décadas - de 1884 a 1914 - separam o século XIX - que DE/2019) O fim da União Soviética em 1991 trouxe uma nova cor-
terminou com a corrida dos países europeus para a África e com relação de forças internacionais que foi definida pelo presidente
o surgimento dos movimentos de unificação nacional na Europa - americano George Bush como a Nova Ordem Mundial que, segun-
do século XX, que começou com a Primeira Guerra Mundial. É o do ele, traduz “um mundo onde os países estão unidos, livres dos
período do Imperialismo, da quietude estagnante na Europa e dos impasses da Guerra Fria, onde a liberdade e os direitos humanos
acontecimentos empolgantes na Ásia e na África. são respeitados por todos”.
ARENDT, H. As origens do totalitarismo. São Paulo: Cia. das Letras, FREITAS NETO, J. A. de e TASINAFO, C. R. História Geral do Brasil. São
2012. Paulo: Harbra, 2006.

O processo histórico citado contribuiu para a eclosão da Pri- A Nova Ordem Mundial, iniciada em 1991 com o fim da URSS,
meira Grande Guerra na medida em que se caracteriza pelo(a):
(A) difundiu as teorias socialistas. (A) neoliberalismo, segundo o qual o Estado não deve interferir
(B) acirrou as disputas territoriais. diretamente no sistema produtivo.
(C) superou as crises econômicas. (B) intensificação da revolução tecnológica, o que diminuiu as
(D) multiplicou os conflitos religiosos. diferenças entre as economias centrais e as periféricas.
(E) conteve os sentimentos xenófobos. (C) Estado mínimo, segundo o qual o Estado estabelece regras
e mecanismos de funcionamento do mercado.
26. (F. M. SANTA CASA/SP) A revolução de fevereiro de 1917, (D) globalização, segundo a qual as economias devem se abrir
na Rússia, pode ser caracterizada como: ao mercado internacional, mas estatizar os serviços essenciais.
(A) uma luta encabeçada por Lenin para estabelecer um estado (E) Internet, que mudou os paradigmas a respeito da forma de
soviético. transmitir o conhecimento, aumentando a sensação de distân-
(B) uma reação da Igreja Ortodoxa contra a prepotência de Ras- cia e de lentidão do tempo.
putin.
(C) um conflito de inspiração rural a fim de apoiar os mujiques. 30. (SEDU/ES – PROFESSOR – FCC) Já o período neoliberal
(D) um movimento de caráter burguês com o objetivo de depor criou uma estrutura de dependência do país ao capital externo, po-
o czar Nicolau II. rém, foi neste mesmo período que o Mercosul foi instituído sendo
(E) um esforço de intelectuais, comprometidos com as ideias um instrumento de consolidação do Brasil como nação hegemônica
anarquistas de Bakunin. no continente sul-americano, porém, na impossibilidade de bancar
sozinho esta hegemonia, ela é compartilhada com a Argentina. Fora
27. (UFRS) NÃO pode ser considerado(a) consequência da crise da América, o Brasil também tem buscado parceiros que lhe garan-
econômica de 1929: tam uma hegemonia compartilhada dos novos mercados emergen-
(A) a retração do comércio internacional e da produção indus- tes, daí a participação brasileira no G-20, G-3 (Brasil, Índia e África
trial, bem como a queda do preço das matérias-primas. do Sul), acordos diplomáticos com a França, a China e o Irã e a bus-
(B) o crescimento do desemprego na Alemanha, país cuja eco- ca por uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU.
nomia era baseada na exportação de produtos industrializados. (Disponível em:http://www.historialivre.com/brasil/relainter1.htm)
(C) o crescimento econômico da União Soviética baseado na
Nova Política Econômica (NEP). Os acordos a que o texto se refere, realizados pelo governo
(D) a eleição de Franklin Delano Roosevelt para a presidência brasileiro na primeira década do século XXI,
dos Estados Unidos, com um programa de recuperação econô- (A) fizeram parte de arranjos regionais, porém sem maior
mica. aprofundamento institucional para que uma maior liberdade
(E) o crescimento eleitoral do Partido Nazista na Alemanha. de ação fosse garantida aos países participantes, inclusive ao
Brasil.
(B) basearam-se no institucionalismo pragmático, ou seja,
acreditava-se que o adensamento da presença internacional
do Brasil traria desenvolvimento aos países da América do Sul.
(C) levaram a conformação de um contexto que possibilitou o
desenvolvimento do modelo de autonomia pela participação
entre os países da América Latina, e pela criação do Mercosul.

90
HISTÓRIA
(D) contribuíram para que o Brasil adquirisse maior credibili-
dade internacional, e criaram as condições necessárias para o
ANOTAÇÕES
desenvolvimento econômico do país e dos países da América
Latina. ______________________________________________________
(E) tiveram a função de inserir o Brasil num papel de relevo no
cenário mundial, garantindo-lhe o destaque de ser um parceiro ______________________________________________________
estratégico na América Latina e no Hemisfério Sul.
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GABARITO
______________________________________________________

1 E ______________________________________________________
2 CERTO ______________________________________________________
3 C
______________________________________________________
4 B
5 E ______________________________________________________
6 D ______________________________________________________
7 E
______________________________________________________
8 A
9 B ______________________________________________________
10 C ______________________________________________________
11 C
______________________________________________________
12 B
13 C ______________________________________________________

14 C ______________________________________________________
15 B
______________________________________________________
16 A
______________________________________________________
17 E
18 B ______________________________________________________
19 D ______________________________________________________
20 B
______________________________________________________
21 C
22 E ______________________________________________________
23 E ______________________________________________________
24 C
_____________________________________________________
25 B
26 D _____________________________________________________
27 C ______________________________________________________
28 D
______________________________________________________
29 A
30 E ______________________________________________________

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HISTÓRIA

ANOTAÇÕES ANOTAÇÕES

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DIREITOS HUMANOS
1. Conceitos, características e finalidades dos direitos humanos; histórico dos direitos humanos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Direitos humanos no constitucionalismo e no direito positivo brasileiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
3. Legislação específica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
DIREITOS HUMANOS
d) Inalienabilidade: os direitos fundamentais não podem ser
CONCEITOS, CARACTERÍSTICAS E FINALIDADES DOS transferidos a terceiros;
DIREITOS HUMANOS. HISTÓRICO DOS DIREITOS HU- e) Irrenunciabilidade: o titular não pode renunciar um direito
MANOS fundamental. A pessoa pode até não exercer o direito, mas não
pode renunciar;
Antes de apresentarmos uma conceituação do que seja direi- f) Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não estão su-
tos humanos, necessário é estabelecermos a nomenclatura mais jeitos a nenhum tipo de prescrição, pois os mesmos são sempre
adequada. Isto porque alguns usam a expressão “direitos huma- exercitáveis sem limite temporal. Exemplo: o direito à vida;
nos”, outros de “direitos fundamentais” e outros ainda de “direitos g) Indivisibilidade: os direitos fundamentais não podem ser fra-
do homem”. Qual seria a nomenclatura correta? Entendemos que cionados. A pessoa deve exercê-lo em sua totalidade;
todas são corretas, mas preferimos utilizar neste texto a expres- h) Interdependência: significa que os direitos fundamentais
são “ direitos fundamentais”, pois a mesma está relacionada com são interdependentes, isto é, um direito fundamental depende da
a ideia de positivação dos direitos humanos. Assim, quando a bus- existência do outro. Ex: a liberdade de expressão necessita do res-
ca pela efetivação desses direitos são apenas aspirações dentro de peito à integridade física;
uma comunidade podemos chamá-los de direitos humanos, mas I) Complementariedade: os direitos fundamentais possuem o
quando os mesmos são positivados num texto de uma Constitui- atributo da complementariedade, ou seja, um complementa o ou-
ção os mesmos passam a serem considerados como direitos funda- tro. Ex: o direito à saúde complementa à vida, e assim sucessiva-
mentais. Parte da doutrina entende que os direitos fundamentais mente
seriam os direitos humanos que receberam positivação. m) Universalidade: os direitos humanos são apresentados
Para exemplificarmos a afirmação feita, podemos mencionar como universais, ou seja, são destinados a todos os seres humanos
a lição de Paulo Gonet Branco (2011: 166), para quem a expressão em todos os lugares do mundo, independente emente de religião,
direitos humanos ou direitos do homem, é reservada para aquelas de raça, credo, etc. No entanto, alguns autores mostram que em
reinvindicações de perene respeito a certas posições essenciais ao certos países os direitos humanos não são aplicados em razão das
homem. São direitos postulados em bases jusnaturalistas, contam tradições culturais. Seria a chamada teoria do “relativismo cultural”
com índole filosófica e não possuem como característica básica a dos direitos humanos. Sobre o assunto, assim leciona Paulo Henri-
positivação numa ordem jurídica particular. Já a locução direitos que Portela (2013: 833):
fundamentais é reservada aos direitos relacionados com posições “ (...) o universalismo é contestado por parte da doutrina, que
básicas das pessoas, inscritos em diplomas normativos de cada Es- fundamentalmente defende que os diferentes povos do mundo
tado. São direitos que vigem numa ordem jurídica concreta, sendo, possuem valores distintos e que, por isso, não seria possível es-
por isso, garantidos e limitados no espaço e no tempo, pois são tabelecer uma moral universal única, válida indistintamente para
assegurados na medida em que cada Estado os consagra. todas as pessoas humanas e sociedades. É a noção de relativismo
Assim, podemos conceituar direitos humanos como aqueles cultural, ou simplesmente relativismo, que defende , ademais, que
direitos básicos inerentes a todas as pessoas sem distinção, adqui- o universalismo implicaria imposição de ideias e concepções que na
ridos com seu nascimento, tais como o direito à vida, à liberdade realidade, pertenceriam ao universo da cultura ocidental.”
de locomoção, à liberdade expressão, liberdade de culto, etc, que Um exemplo prático desse relativismo cultural é que em países
ainda não receberam positivação constitucional e até então são islâmicos os direitos das minorias não são respeitados. A imprensa
apenas aspirações. As pessoas já nascem sendo titulares desses di- já divulgou, por exemplo, que a teocracia islâmica que governa o
reitos básicos. Irã enforca em praça pública as pessoas que são homossexuais. São
Com a positivação no texto constitucional, esses direitos hu- mortos em nome da religião muçulmana, que considera pecado a
manos tornam-se direitos fundamentais, tornando-se objetivos a sua opção sexual. Isso ocorre em pleno século XXI.
serem alcançados pelo Estado e também pelos demais atores pri- Um outro exemplo de violação sistemática dos direitos huma-
vados, como iremos demonstrar adiante. nos com base em crenças religiosas, que também já foi divulgado
Vale ressaltar também que, a noção de direitos fundamentais pela imprensa mundial, é a mutilação de mulheres muçulmanas
está intimamente relacionada com o princípio da dignidade da pes- em alguns nações africanas. Milhares de mulheres têm seus clitóris
soa humana, o qual pressupõe que todo ser humano deve possuir arrancados para que não sintam prazer sexual, pois na religião islâ-
um mínimo existencial para ter uma vida digna. A ideia de dignida- mica, extremamente machista, somente o homem pode ter prazer.
de da pessoa humana foi trabalhada inicialmente por Kant, para Novamente, a religião islâmica viola os direitos humanos em nome
quem “ o homem é um fim em si mesmo”, conforme ensina Ricardo de preceitos religiosos.
Castilho ( 2012: 134). Podemos afirmar que a dignidade humana é Quem defende o relativismo cultural afirma que a ideia de di-
a “fundamentalidade” dos direitos fundamentais, ou seja, é o fun- reitos fundamentais é uma ideia cristã-ocidental e não tem como
damento de validade. ser aplicada em algumas regiões do mundo.
No Brasil, a Constituição de 1988, positivou a dignidade da pes- Concordamos com a afirmação de que os direitos fundamen-
soa humana no art. 1º, inciso III, como fundamento da República tais são um ideal cristão e ocidental, mas não podemos concordar
Federativa do Brasil. com o relativismo cultural. Entendemos que todas as pessoas no
mundo inteiro devem ser tratadas com dignidade.
Caracterização Em todo o caso, o universalismo dos direitos humanos é ex-
Podemos apresentar didaticamente as seguintes característi- pressamente consagrado no bojo da própria Declaração de Viena
cas dos direitos fundamentais: de 1993, a qual diz que “todos os direitos humanos são universais,
a) Historicidade: A historicidade significa que os direitos funda- indivisíveis, interdependentes e inter-relacionados...”
mentais variam de acordo com a época e com o lugar; n) Limitabilidade: os direitos fundamentais não são absolutos.
b) Concorrência: os direitos fundamentais podem ser exercidos Os mesmos podem sofrer limitações, inclusive, pelo próprio texto
de forma concorrente. Ou seja, é possível exercer dois ou mais di- constitucional. Segundo Paulo Branco (2011: 162) afirma que tor-
reitos fundamentais ao mesmo tempo; nou-se voz corrente na nossa família do Direito admitir que os direi-
c) Indisponiblidade: o titular não pode dispor dos direitos fun- tos fundamentais podem ser objeto de limitações, não sendo, pois
damentais;

1
DIREITOS HUMANOS
absolutos. Tornou-se pacifico que os direitos fundamentais podem As gerações ou dimensões dos direitos humanos
sofrer limitações quando enfrentam outros valores de ordem cons- A doutrina costuma dividir a evolução histórica dos direitos
titucional, inclusive outros direitos fundamentais. Igualmente no fundamentais em gerações de direito. Mas, parte da doutrina
âmbito internacional, as declarações de direitos humanos admitem abandou o termo geração, para adotar a expressão dimensão. O
expressamente limitações “ que sejam necessárias para proteger argumento é de que geração pressupõe a superação da geração
a segurança, a ordem, a saúde ou a moral pública ou os direitos e anterior. O que não ocorre com os direitos fundamentais, pois to-
liberdades fundamentais de outros (Art. 18 da Convenção de Direi- das as gerações seguintes não superam a anterior, mas as comple-
tos Civis e Políticos de 1966 da ONU)”. mentam, por isso é preferido o uso de “dimensão”. Independente
Exemplificando na Constituição pátria, Paulo Branco (2011: da nomenclatura utilizada, Pedro Lenza (2010: 740) apresenta a
163) demonstra que até o elementar direito á vida tem limitação seguinte classificação:
explícita no inciso XLVII, a, do art. 5º, em que se contempla a pena a) Direitos humanos de 1ª geração: referem-se às liberdades
de morte em caso de guerra formalmente declarada. públicas e aos direitos políticos, ou seja, direitos civis e políticos
Para o Supremo Tribunal Federal, os direitos fundamentais a traduzirem o valor de liberdade. Documentos históricos (séculos
também não são absolutos e podem sofrer limitação, conforme a XVII, XVIII e XIX): 1) Magna Carta de 1215, assinada pelo rei Joao
ementa abaixo transcrita: sem terra;2) Paz de Westfália (1648);3) Habeas Corpus Act (1679);4)
OS DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS NÃO TÊM CARÁTER Bill of Rights (1688); 5) Declarações, seja a americana (1776) , seja
ABSOLUTO. Não há, no sistema constitucional brasileiro, direitos a francesa (1789).
ou garantias que se revistam de caráter absoluto, mesmo porque b) Direitos humanos de 2ª geração: referem-se aos chamados
razões de relevante interesse público ou exigências derivadas do direitos sociais, como saúde, educação, emprego entre outros. Do-
princípio de convivência das liberdades legitimam, ainda que ex- cumentos históricos: Constituição de Weimar (1919), na Alemanha
cepcionalmente, a adoção, por parte dos órgãos estatais, de medi- e o Tratado de Versalhes, 1919. Que instituiu a OIT.
das restritivas das prerrogativas individuais ou coletivas, desde que c) Direitos humanos de 3ª geração: são os direitos relacionados
respeitados os termos estabelecidos pela própria Constituição. O a sociedade atual, marcada por amplos conflitos de massa, envol-
estatuto constitucional das liberdades públicas, ao delinear o regi- vendo o direito ambiental e também o direito do consumidor, onde
me jurídico a que estas estão sujeitas - e considerado o substrato esses direitos difusos muita das vezes sofrem violações.
ético que as informa - permite que sobre elas incidam limitações de d) Direitos humanos de 4º geração: Norberto Bobbio, defende
ordem jurídica, destinadas, de um lado, a proteger a integridade do que esses direitos estão relacionados com os avanços no campo
interesse social e, de outro, a assegurar a coexistência harmoniosa da engenharia genética, ao colocarem em risco a própria existência
das liberdades, pois nenhum direito ou garantia pode ser exercido humana, através da manipulação do patrimônio genético.
em detrimento da ordem pública ou com desrespeito aos direitos e) Direitos humanos de 5ª geração: Paulo Bonavides defende
e garantias de terceiros (Grifamos. Jurisprudência: STF, Pleno, RMS essa ideia. Para ele, essa geração refere-se ao direito à paz mundial.
23.452/RJ, Relator Ministro Celso de Mello, DJ de 12.05.2000, p. A paz seria o objetivo da geração a qual vivemos, que constante-
20.). mente é ameaçada pelo terrorismo e pelas guerras (Portela: 2013:
Assim, a limitação dos direitos fundamentais podem ocorrer 817).
quando esses direitos entram em colisão entre ou até mesmo
quando a limitação é prevista no texto constitucional. Reconhecimento e Positivação dos direitos fundamentais no
direito nacional
Evolução histórica e classificação dos direitos fundamentais No plano internacional podemos afirmar que o principal docu-
mento que positivou os direitos humanos foi a Declaração Univer-
Origem histórica dos direitos humanos: Cristianismo sal dos Direitos Humanos (1948) da ONU.
Podemos afirmar que os direitos humanos tem sua origem no No plano interno, a Constituição de 1988 positivou em seu tex-
Cristianismo. Sendo que o cristianismo nasceu na antiga Palestina, to diversos direitos fundamentais. Vale ressaltar, que o rol do art.
onde era situado o Estado de Israel. 5º é exemplificativo, podendo haver ampliação desses direitos, mas
A mensagem de Jesus Cristo, conforme vemos em Mateus 22: nunca sua redução ou supressão. Até porque a CF/88 considera os
36-40, pode ser resumida em dois mandamentos: a) Amar a Deus direitos e garantias individuais e coletivos como claúsula pétrea
sobre todas as coisas e b) Amar o próximo com a si mesmo. Ora, (art. 60, §4º,IV).
o primeiro mandamento já havia sido dado por Deus a Moisés no Todas as gerações de direitos humanos foram positivados no
Monte Sinai e este mandamento não seria difícil de ser atendido. O texto constitucional. As liberdades individuais constam no art. 5º.
segundo mandamento, agora dado por Jesus, o Filho de Deus, foi Os direitos sociais no art. 6º. Os direitos políticos nos arts. 14 a 16.
que causou polêmica em sua época. Amar a Deus é fácil. Difícil é O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado no art.
amar o próximo, ainda mais quando o próximo nos faz algum mal. 225. A saúde no art. 6º e no art. 196 e assim por diante.
Jesus ensinou ainda que deveríamos “orar e amar nossos inimigos” A Emenda 45/2004, acrescentou ao art. 5º, o §3º, o qual dispõe
(Mateus 5: 44). O contexto histórico em que Jesus começou a pre- que os tratados internacionais sobre direitos humanos, que forem
gar era de completa dominação de Israel pelos romanos. Sendo que aprovados em cada casa do Congresso Nacional, por 3/5 de seus
Pilatos, era o governador romano de toda aquela região. Assim, um membros, em dois turnos, equivalem às emendas constitucionais,
judeu ter que amar o próximo, orar e amar seus inimigos era um ou seja, esses tratados ganham status de norma constitucional.
judeu ter que amar um romano, seu inimigo máximo, ocupante de Desse modo, com a Emenda 45/2004, os tratados sobre direi-
suas terras e opressor do povo. Por isso, esse ensinamento de Jesus tos humanos aprovados nos termos do § 3º, do art. 5º da CF/88,
causou polêmica em sua época. ampliaram o bloco de constitucionalidade, juntando-se às normas
Desse modo, o respeito pelo próximo é o respeito pelos direi- jurídicas do texto constitucional.
tos humanos. Não podemos fazer o mal ao próximo, pois os ho-
mens foram feitos a imagem e semelhança de Deus. Assim, o ensi-
namento cristão de amor ao próximo é o fundamento histórico dos
direitos humanos.

2
DIREITOS HUMANOS
Eficácia dos Direitos Fundamentais Eficácia vertical e horizontal dos direitos fundamentais
A eficácia vertical significa que o Estado, em suas relações com
Conceito de eficácia os particulares, deverá respeitar as normas de direitos fundamen-
Antes de entrarmos na análise da eficácia dos direitos funda- tais. O Estado, portanto, deverá respeitar as liberdades individuais,
mentais, é preciso sabermos o que significa a expressão “eficácia.” tais como a liberdade de crença, de expressão, sexual, enfim, as-
Pois bem, eficácia pode ser definida como algo que produz efeitos. suntos da esfera privada dos indivíduos. Mas a função do Estado
Segundo a doutrina, há dois tipos de eficácia das normas: a ju- não é apenas garantir essa proteção. No caso dos direitos funda-
rídica e social. Michel Temer (2005: 23) ensina que a eficácia social mentais sociais, como a saúde, educação e outros, o Estado deve
se verifica na hipótese da norma vigente, isto é, com potencialidade ter uma postura positiva no sentido de efetivar aqueles direitos.
para regular determinadas relações, ser efetivamente aplicada a ca- Assim, a eficácia vertical dá ao Estado esse duplo papel: garan-
sos concretos. Já a eficácia jurídica, ainda segundo Temer, significa tista e efetivados dos direitos fundamentais.
que a norma está apta a produzir efeitos na ocorrência de relações No que tange a eficácia horizontal dos direitos fundamentais,
concretas; mas já produz efeitos jurídicos na medida em que a sua podemos afirmar que esses direitos também podem ser aplicados
simples edição resulta na revogação de todas as normas anteriores as relações privadas. Os particulares nas relações que travam entre
que com ela conflitam. Embora não aplicada a casos concretos, é si devem também obedecer os direitos fundamentais.
aplicável juridicamente no sentido negativo antes apontado. Isto é: Segundo Daniel Sarmento (2004: 223), a premissa da eficácia
retira a eficácia da normatividade anterior. É eficaz juridicamente, horizontal dos direitos fundamentais é o fato de que vivemos em
embora não tenha sido aplicada concretamente. uma sociedade desigual em que a opressão pode provir não ape-
Entendemos que as normas constitucionais que regulam o di- nas do Estado, mas de uma multiplicidade de atores privados, pre-
reito a saúde e a defesa do consumidor são normas que possuem sentes em esferas como o mercado, a família, a sociedade civil e a
também eficácia social, na lição de Michel Temer. A eficácia jurídica empresa.
é inerente à espécie, mas a eficácia social existe também pela pró- Várias teorias surgiram para explicar a vinculação dos particu-
pria abrangência de que esses direitos fundamentais apresentam. lares aos direitos fundamentais, mas duas se destacaram e tiveram
Vale ressaltar, que uma norma jurídica poderá ter vigência, origem no direito germânico:
mas poderá não ser eficaz, ou seja, devido a alguma circunstancia a) Teoria da Eficácia Indireta e Mediata dos Direitos Funda-
uma norma pode não apresentar efeitos jurídicos. No entanto, so- mentais na Esfera Privada e
mente uma norma vigente poderá ser eficaz. b) Teoria da Eficácia Direta e Imediata dos Direitos Fundamen-
Sobre o tema vigência e eficácia, assim leciona Ingo Sarlet tais na Esfera Privada.
(2012: 236):
Importa salientar, ainda, que a doutrina pátria tradicional- Segundo Sarmento (2004:238), a teoria da eficácia horizontal
mente tem distinguido – e neste particular verifica-se substancial mediata ou indireta dos direitos fundamentais (Mittelbare Dritt-
consenso – as noções de vigência e eficácia, situando-as em planos wirkung) foi desenvolvida originariamente na doutrina alemã por
diferenciados. Tomando-se a paradigmática lição de José Afonso da Günter Dürig, em obra publicada em 1956, e tornou-se a concepção
Silva, a vigência consiste na qualidade da norma que a faz existir dominante no direito germânico, sendo hoje adotada pela maioria
juridicamente (após regular promulgação e publicação), tornando- dos juristas daquele país e pela sua Corte Constitucional. Trata-se
-a de observância obrigatória de tal sorte que a vigência constitui de construção intermediária entre a que simplesmente nega a vin-
verdadeiro pressuposto de eficácia, na medida em que apenas a culação dos particulares aos direitos fundamentais, e aquela que
norma vigente pode ser eficaz. sustenta a incidência direta destes direitos na esfera privada.
Desse modo, somente uma norma jurídica que possua vigência Ainda segundo Sarmento (2004: 238), para a teoria da eficácia
poderá produzir efeitos jurídicos, ou seja, será eficaz, sendo que no mediata, os direitos fundamentais não ingressam no cenário priva-
presente texto, nos interessa conhecer a eficácia das normas jurídi- do como direitos subjetivos, que possam ser invocados a partir da
cas constitucionais que tratam dos direitos fundamentais. Constituição. Para Dürig, a proteção constitucional da autonomia
privada pressupõe a possibilidade de os indivíduos renunciarem a
Eficácia plena e imediata dos direitos fundamentais: análise direitos fundamentais no âmbito das relações privadas que man-
do art. 5º, § 1º, da CF/88 tem, o que seria inadmissível nas relações travadas com o Poder
De acordo, com o art. 5º, §1º, de nossa Carta Constitucional, as Público. Por isso, certos atos contrários aos direitos fundamentais
normas relativas às garantias e aos direitos fundamentais, possuem , que seriam inválidos quando praticados pelo Estado, podem ser
eficácia plena e imediata. Isso significa, que essas normas jurídicas lícitos no âmbito do Direito Privado.
não precisarão da atuação do legislador infra-constitucional, para Não concordamos com essa teoria, pois entendemos que os
poderem ser efetivadas. Essas normas, portanto, não precisarão re- particulares devem sim respeito aos direitos fundamentais, espe-
ceber regulamentação legal para serem eficazes. Assim, as mesmas cialmente nas relações contratuais e naquelas que envolvem o di-
poderão ser aplicadas pelo intérprete imediatamente aos casos reito do consumidor, tendo em vista que nessas áreas as violações
concretos. aos direitos fundamentais são mais intensas.
Paulo Gustavo Gonet Branco (2011: 174) explica que esse dis- Já a teoria da eficácia direta dos direitos fundamentais nas re-
positivo tem como significado essencial ressaltar que as normas lações privadas, conforme leciona Sarmento (2004: 245), foi defen-
que definem direitos fundamentais são normas de caráter precep- dida inicialmente na Alemanha por Hans Carl Nipperdey, a partir do
tivo, e não meramente programático. Ainda segundo o autor, os juí- início da década de 50. Segundo ele, embora alguns direitos funda-
zes podem e devem aplicar diretamente as normas constitucionais mentais previstos na Constituição alemã vinculem apenas o Estado,
para resolver os casos sob sua apreciação. Não é necessário que o outros, pela sua natureza, podem ser invocados diretamente nas
legislador venha, antes, repetir ou esclarecer os termos da norma relações privadas, independentemente de qualquer mediação por
constitucional para que ela seja aplicada. parte do legislador , revestindo-se de oponibilidade erga omnes. Ni-
O disposto no art. 5º, § 1º, da CF, é um dispositivo de suma pperdey justifica sua afirmação com base na constatação de que os
importância, pois o mesmo servirá de fundamento de validade para perigos que espreitam os direitos fundamentais no mundo contem-
a eficácia vertical e horizontal dos direitos fundamentais. porâneo não provem apenas do Estado, mas também dos poderes

3
DIREITOS HUMANOS
sociais e de terceiros em geral. A opção constitucional pelo Estado • Amplos instrumentos para a proteção dos direitos cons-
Social importaria no reconhecimento desta realidade, tendo como titucionais – habeas corpus, habeas data, mandado de injunção,
consequência a extensão dos direitos fundamentais às relações en- mandado de segurança coletivo etc.
tre particulares. • Nascimento do STJ.
Somos partidários da teoria da eficácia direta e imediata dos • Estados e Municípios fortalecidos.
direitos fundamentais as relações privadas, tendo em vista que • Super detalhada, enumerando diversos direitos funda-
como defendeu Nipperdey os abusos nas relações jurídicas ocor- mentais, para cada setor da sociedade.
rem não apenas tendo o Estado como protagonista, mas muitos • Veda a discriminação, inclusive, tornou o racismo crime
atores privados, como as grandes empresas que violam constante- imprescritível.
mente os direitos fundamentais dos consumidores. • Prezou pela seguridade social.
Outro argumento pelo qual defendemos a teoria em tela é jus-
tamente o disposto no art. 5º,§ 1º da CF, que dispõe sobre a apli- A CF/88 nasceu de uma emenda na Constituição de 1969, que
cação imediata das normas de garantia dos direitos fundamentais. convocou a Assembleia Nacional Constituinte, para a redemocra-
Para nós o dispositivo abarca as relações entre os particulares e o tização do país. Assim, deve ser interpretada à luz dos direitos hu-
Estado. manos.
Do ponto de vista filosófico, e usando a visão do liberalismo de
princípios de John Rawls, podemos também argumentar em favor
da teoria que os direitos fundamentais previstos na Constituição LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Federal, tais como o direito à saúde e o direito a um meio ambiente
ecologicamente equilibrado, são exemplos de bens primários que DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS
devem ser distribuídos pelo Estado às pessoas de forma equitativa. Adotada e proclamada pela Assembléia Geral das Nações
Na concepção de justiça de Rawls, os homens escolhem num Unidas (resolução 217 A III) em 10 de dezembro 1948.
estado hipotético chamado de “posição original” os princípios de
justiça que irão governar a sociedade. Estes princípios são a liber- Preâmbulo
dade e a igualdade. As instituições sociais (Estado) e as demais pes- Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a
soas devem obediência a esses princípios. todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e
A escolha desses princípios na posição original é feita pelos inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no
homens sob um “véu de ignorância”, ou seja, eles não sabem que mundo,
papéis terão nessa futura sociedade e se serão beneficiados por Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos
esses princípios. A escolha, portanto, foi justa porque obedeceu ao humanos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciên-
procedimento. cia da humanidade e que o advento de um mundo em que mulhe-
Por essa ótica, mais do que nunca prevalece o entendimento res e homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liber-
que esses princípios de justiça vinculam os particulares, tendo em dade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado
vista que os mesmos na posição original escolheram esses princí- como a mais alta aspiração do ser humano comum,
pios. Assim, não apenas o Estado, mas os demais atores privados Considerando ser essencial que os direitos humanos sejam
devem obediência a esses princípios e têm o dever de distribuir os protegidos pelo império da lei, para que o ser humano não seja
bens primários (direitos fundamentais) de forma justa. compelido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a
E qual a posição adotada pelo Supremo Tribunal Federal? opressão,
Nossa Corte suprema adotou, sabiamente, a teoria de Nipperdey, Considerando ser essencial promover o desenvolvimento de
conforme podemos ver pela transcrição parcial da ementa do RE relações amistosas entre as nações,
201819, que teve como relator para o acordão o Min. Gilmar Men- Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram,
des e foi o leading case da questão, nos seguintes termos: na Carta, sua fé nos direitos fundamentais do ser humano, na dig-
nidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos do
homem e da mulher e que decidiram promover o progresso social e
melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla,
DIREITOS HUMANOS NO CONSTITUCIONALISMO E NO Considerando que os Países-Membros se comprometeram a
DIREITO POSITIVO BRASILEIRO promover, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito uni-
versal aos direitos e liberdades fundamentais do ser humano e a
A Constituição de 1934 foi promulgada com forte influência da observância desses direitos e liberdades,
Constituição de Weimar, marco da 2ª dimensão de direitos huma- Considerando que uma compreensão comum desses direitos
nos. Assim, prezou pelos direitos sociais. Algumas de suas caracte- e liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento
rísticas marcantes foi: desse compromisso,
• Nacionalista – criou restrições às imigrações; Agora portanto a Assembleia Geral proclama a presente De-
• Permitiu o voto secreto e feminino; claração Universal dos Direitos Humanos como o ideal comum a
• Trouxe o Mandado de Segurança e a Ação Popular; ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo
• Deu direitos aos trabalhadores; de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade tendo sempre
• Trouxe o bicameralismo, com destaque para a Câmara; em mente esta Declaração, esforce-se, por meio do ensino e da
• O Ministério Público ganhou status constitucional, mas educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e,
como instrumento de cooperação do governo. pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e inter-
nacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância
A Constituição Federal de 1988 (atual), deve ser compreendida universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Países-
com o momento histórico em que foi promulgada. Após os anos de -Membros quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.
chumbo (ditadura militar), a Constituição Cidadã nasceu com forte
espírito democrático. Alguma de suas características são:

4
DIREITOS HUMANOS
Artigo 1 Artigo 12
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e Ninguém será sujeito à interferência na sua vida privada, na
direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em rela- sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataque à
ção uns aos outros com espírito de fraternidade. sua honra e reputação. Todo ser humano tem direito à proteção da
lei contra tais interferências ou ataques.
Artigo 2
1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e Artigo 13
as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de 1. Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e
qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião residência dentro das fronteiras de cada Estado.
política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, 2. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, in-
nascimento, ou qualquer outra condição. clusive o próprio e a esse regressar.
2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na con-
dição política, jurídica ou internacional do país ou território a que Artigo 14
pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, 1. Todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de
sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limi- procurar e de gozar asilo em outros países.
tação de soberania. 2. Esse direito não pode ser invocado em caso de perseguição
legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos
Artigo 3 contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas.
Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança
pessoal. Artigo 15
1. Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade.
Artigo 4 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade,
Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravi- nem do direito de mudar de nacionalidade.
dão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas for-
mas. Artigo 16
1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restri-
Artigo 5 ção de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair ma-
Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou casti- trimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação
go cruel, desumano ou degradante. ao casamento, sua duração e sua dissolução.
2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno con-
Artigo 6 sentimento dos nubentes.
Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, 3. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e
reconhecido como pessoa perante a lei. tem direito à proteção da sociedade e do Estado.

Artigo 7 Artigo 17
Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer dis- 1. Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em socie-
tinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção dade com outros.
contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.
contra qualquer incitamento a tal discriminação.
Artigo 18
Artigo 8 Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento,
Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais consciência e religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de
competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou cren-
fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou ça pelo ensino, pela prática, pelo culto em público ou em particular.
pela lei.
Artigo 19
Artigo 9 Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expres-
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado. são; esse direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opi-
niões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por
Artigo 10 quaisquer meios e independentemente de fronteiras.
Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma jus-
ta e pública audiência por parte de um tribunal independente e Artigo 20
imparcial, para decidir seus direitos e deveres ou fundamento de 1. Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e asso-
qualquer acusação criminal contra ele. ciação pacífica.
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.
Artigo 11
1.Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito Artigo 21
de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido 1. Todo ser humano tem o direito de tomar parte no governo
provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe te- de seu país diretamente ou por intermédio de representantes livre-
nham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa. mente escolhidos.
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão 2. Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço pú-
que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacio- blico do seu país.
nal ou internacional. Também não será imposta pena mais forte
de que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato
delituoso.

5
DIREITOS HUMANOS
3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; Artigo 28
essa vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por Todo ser humano tem direito a uma ordem social e interna-
sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que cional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente
assegure a liberdade de voto. Declaração possam ser plenamente realizados.

Artigo 22 Artigo 29
Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à 1. Todo ser humano tem deveres para com a comunidade, na
segurança social, à realização pelo esforço nacional, pela coopera- qual o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é pos-
ção internacional e de acordo com a organização e recursos de cada sível.
Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis 2. No exercício de seus direitos e liberdades, todo ser humano
à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade. estará sujeito apenas às limitações determinadas pela lei, exclusi-
vamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e res-
Artigo 23 peito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer as justas
1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma so-
emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção ciedade democrática.
contra o desemprego. 3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma,
2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a ser exercidos contrariamente aos objetivos e princípios das Nações
igual remuneração por igual trabalho. Unidas.
3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remune-
ração justa e satisfatória que lhe assegure, assim como à sua famí- Artigo 30
lia, uma existência compatível com a dignidade humana e a que se Nenhuma disposição da presente Declaração poder ser inter-
acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social. pretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pes-
4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles soa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer
ingressar para proteção de seus interesses. ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades
aqui estabelecidos.
Artigo 24
Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a
limitação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas
periódicas. EXERCÍCIOS

Artigo 25 1. Acerca de aspectos da teoria geral dos direitos humanos, da


1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de sua afirmação histórica e da sua relação com a responsabilidade do
assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar, inclusive alimenta- Estado, julgue os próximos itens. As pessoas naturais que violam
ção, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais in- direitos humanos continuam a gozar da proteção prevista nas nor-
dispensáveis e direito à segurança em caso de desemprego, doença mas que dispõem sobre direitos humanos.
invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de ( ) CERTO
subsistência em circunstâncias fora de seu controle. ( ) ERRADO
2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistên-
cia especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matri- 2. Acerca de aspectos da teoria geral dos direitos humanos, da
mônio, gozarão da mesma proteção social. sua afirmação histórica e da sua relação com a responsabilidade do
Estado, julgue os próximos itens. Todos os direitos humanos foram
Artigo 26 afirmados em um único momento histórico.
1. Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será ( ) CERTO
gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A ins- ( ) ERRADO
trução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional
será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta basea- 3. De acordo com a historiadora americana Lynn Hunt, os di-
da no mérito. reitos permanecem sujeitos a discussão porque a nossa percepção
2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvi- de quem tem direitos e do que são esses direitos muda constante-
mento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito mente. A revolução dos direitos humanos é, por definição, contínua
pelos direitos do ser humano e pelas liberdades fundamentais. A (A Invenção dos Direitos Humanos; uma história. São Paulo: Com-
instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade en- panhia das Letras, 2009, p. 270). Em relação à evolução histórica do
tre todas as nações e grupos raciais ou religiosos e coadjuvará as regime internacional de proteção dos direitos humanos, considere
atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. as assertivas abaixo.
3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de I. A Magna Carta (1215) contribuiu para a afirmação de que
instrução que será ministrada a seus filhos. todo poder político deve ser legalmente limitado.
II. O Habeas Corpus Act (1679) criou regras processuais para o
Artigo 27 habeas corpus e robusteceu a já conhecida garantia.
1. Todo ser humano tem o direito de participar livremente da III. Na Declaração de Independência dos Estados Unidos (1776)
vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do percebe-se que a dignidade da pessoa humana exige a existência
progresso científico e de seus benefícios. de condições políticas para sua efetivação.
2. Todo ser humano tem direito à proteção dos interesses mo- IV. O processo de universalização, sistematização e internacio-
rais e materiais decorrentes de qualquer produção científica literá- nalização da proteção dos direitos humanos intensificou-se após o
ria ou artística da qual seja autor. término da 2a Guerra Mundial.

6
DIREITOS HUMANOS
Está correto o que consta de: 8. Uma reforma que pretenda incorporar traços do sistema
(A) I, II, III e IV. acusatório na legislação processual penal vigente deve orientar-se
(B) I, II e III, apenas. no sentido de
(C) I, III e IV, apenas. (A) concentrar a gestão da prova na pessoa do juiz.
(D) II, III e IV, apenas. (B) ampliar os espaços de oralidade nos atos processuais.
(E) I e IV, apenas. (C) reduzir a imediação judicial na produção da prova.
(D) limitar a publicidade dos atos processuais.
4. Acerca de direitos humanos, direitos de minorias e movi- (E) ampliar a tarifação e a taxatividade das provas.
mentos sociais urbanos, julgue os itens seguintes. Atualmente os
direitos humanos têm sido utilizados pelos movimentos sociais ur- 9. Para os dualistas, tais como Alfred von Verdross e Dionísio
banos e rurais, assim como por povos e comunidades tradicionais, Anzilotti, no tocante à incorporação de tratados de direitos huma-
como forma de proteção, principalmente contra transgressões co- nos à ordem jurídica interna,
metidas pelo Estado ou por seus agentes. (A) o Direito Internacional aplica-se na ordem jurídica dos Es-
( ) CERTO tados independentemente da sua transformação em norma
( ) ERRADO interna.
(B) em caso de conflito, prevalece o ordenamento jurídico in-
5. Podem ser considerados exemplos de direitos humanos de terno.
terceira geração o direito (C) em caso de conflito, prevalece o ordenamento jurídico in-
(A) à imigração e refúgio, à participação na economia globali- ternacional.
zada e à segurança. (D) apresentando os dois ordenamentos jurídicos nas diferen-
(B) ao trabalho, à paz mundial e à indivisibilidade entre os di- tes esferas de atuação, não poderia haver nenhum tipo de con-
reitos. flito entre os dois e nem o que se falar de supremacia de um
(C) à propriedade imaterial, à privacidade e ao pluralismo. sobre o outro.
(D) à bioética, o direito do consumidor e os direitos culturais. (E) perde a eficácia o ordenamento jurídico internacional em
(E) ao meio ambiente, ao desenvolvimento e à autodetermi- caso de arbítrio de um Estado estrangeiro sobre nosso País.
nação dos povos.
10. Para Flávia Piovesan, o fundamento basilar dos Direitos Hu-
6. Você foi procurado, como advogado(a), por representantes manos está
de um Centro de Defesa dos Direitos Humanos, que lhe informaram (A) no relativismo.
que o governador do estado, juntamente com o ministro da justiça (B) no universalismo.
do país, estavam articulando a expulsão coletiva de um grupo de (C) na dignidade da pessoa humana.
haitianos, que vive legalmente na sua cidade. Na iminência de tal (D) na indivisibilidade.
situação e sabendo que o Brasil é signatário da Convenção America- (E) na igualdade.
na sobre os Direitos Humanos, assinale a opção que indica, em con-
formidade com essa convenção, o argumento jurídico a ser usado. 11. Uma vez estabelecidos, os Direitos Humanos não podem
(A) Um decreto do governador combinado a uma portaria do ser retirados do ordenamento, em razão do princípio da
ministro da justiça constituem fundamento jurídico suficiente (A) inter-relacionaridade.
para a expulsão coletiva, segundo a Convenção acima citada. (B) indisponibilidade.
Portanto, a única solução é política, ou seja, fazer manifesta- (C) inerência.
ções para demover as autoridades desse propósito. (D) vedação do retrocesso.
(B) A Convenção Americana sobre os Direitos Humanos é omis- (E) inesgotabilidade.
sa quanto a esse ponto. Portanto, a única alternativa é buscar
apoio em outros tratados internacionais, como a Convenção 12. Dentre as gerações de Direitos Humanos, aquela que con-
das Nações Unidas, relativa ao Estatuto dos Refugiados, tam- sagra a fraternidade, na certeza de que existem direitos que trans-
bém conhecida como Convenção de Genebra, de 1951. cendem a lógica da proteção individualista e cuja tutela interessa a
(C) A expulsão coletiva de estrangeiros é permitida, segundo a toda a Humanidade é a
Convenção Americana sobre os Direitos Humanos, apenas no (A) primeira geração.
caso daqueles que tenham tido condenação penal com trânsito (B) terceira geração.
em julgado, o que não foi o caso dos haitianos visados pelos (C) segunda geração.
propósitos do governador e do ministro, uma vez que eles vi- (D) quarta geração.
vem legalmente na cidade. (E) quinta geração.
(D) A pessoa que se ache legalmente no território de um Estado
tem direito de circular nele e de nele residir em conformidade 13. Acerca do conceito, da abrangência e da evolução dos di-
com as disposições legais. Além disso, é proibida a expulsão reitos humanos, julgue os seguintes itens. Os direitos humanos não
coletiva de estrangeiros. buscam reger relações entre iguais, mas atuam na proteção dos
mais fracos, a fim de mitigar as desigualdades.
7. Dentre as teorias que se propõem a lidar com as contradi- ( ) CERTO
ções entre o caráter universal dos direitos humanos e as exigências ( ) ERRADO
de respeito ao multiculturalismo, é correto mencionar a
(A) hermenêutica diatópica de Boaventura Santos. 14. Em relação ao conceito, evolução histórica e dimensões
(B) comunicação não-violenta de Marshall Rosenberg. dos Direitos Humanos, assinale a alternativa correta.
(C) racionalidade intercultural de Herrera Flores. (A) As Declarações americana (1776) e francesa (1789) são do-
(D) universalização progressiva, de Jurgen Habermas. cumentos relacionados aos direitos humanos de segunda gera-
(E) antropologia simbólica de Clifford Geertz. ção ou dimensão.

7
DIREITOS HUMANOS
(B) As distinções apresentadas na doutrina entre as expressões respeito aos Direitos Humanos nos meios de comunicação e o
direitos humanos e direitos fundamentais são focadas na ideia cumprimento de seu papel na promoção da cultura em Direitos
de que os direitos humanos são absolutos ao passo que os di- Humanos.
reitos fundamentais podem ser relativizados no caso concreto. (E) DIRETRIZ 13 ? Prevenção da violência e da criminalidade e
(C) A expressão direitos humanos ou direitos do homem é re- profissionalização da investigação de atos criminosos. OBJETI-
servada aos direitos relacionados com posições básicas das VO ESTRATÉGICO I ? Ampliação do controle de armas de fogo
pessoas, inscritos em diplomas normativos de cada Estado. São em circulação no país.
direitos que vigem numa ordem jurídica concreta, sendo, por
isso, garantidos e limitados no espaço e no tempo, pois são as- 17. O Decreto nº 7.037, de 21 de dezembro de 2009, que apro-
segurados na medida em que cada Estado os consagra. vou o Programa Nacional de Direitos Humanos, definiu cinco eixos
(D) Na visão majoritária da doutrina, a Declaração Universal orientadores para a implantação do Programa.
dos Direitos Humanos não é um tratado internacional, no sen- São diretrizes que compõem o Eixo Orientador V dedicado à
tido formal, e, apesar de orientar as relações sociais no âmbito Educação e Cultura em Direitos Humanos, exceto:
da proteção da dignidade da pessoa humana, não possui, em (A) Efetivação das diretrizes e dos princípios da Política Nacio-
si, força vinculante. nal de Educação em Direitos Humanos para fortalecer uma cul-
(E) Os direitos humanos de quarta geração ou dimensão são tura de direitos.
os direitos difusos relacionados à sociedade atual, a exemplo (B) Fortalecimento dos princípios da democracia e dos Direitos
do direito ambiental, frequentemente violados sob os mais di- Humanos nos sistemas de Educação Básica, nas instituições de
versos aspectos. Ensino Superior e nas instituições formadoras.
(C) Promoção de sistema de justiça mais acessível, ágil e efeti-
15. Assinale a alternativa incorreta: vo, para o conhecimento, a garantia e a defesa de direitos.
(A) A edição da Declaração Universal de Direitos Humanos foi (D) Reconhecimento da educação não formal como espaço de
o marco da universalidade e inerência dos direitos humanos. defesa e promoção dos Direitos Humanos.
(B) A teoria crítica dos direitos humanos objetiva a formulação
de uma teoria geral dos direitos humanos apta a ser aplicada, a 18. A partir da Emenda Constitucional nº 45/2004, os tratados
priori, a todos os contextos existentes no planeta. e convenções internacionais sobre direitos humanos:
(C) Segundo o Estatuto da Igualdade Racial (Lei n. 12.288/2010), (A) sempre terão a natureza jurídica de lei, exigindo a sua apro-
ações afirmativas são programas e medidas especiais adotados vação, pelo Congresso Nacional e a promulgação, na ordem in-
pelo Estado e pela iniciativa privada para a correção das desi- terna, pelo Chefe do Poder Executivo;
gualdades raciais e para a promoção da igualdade de oportu- (B) sempre terão a natureza jurídica de emenda constitucional,
nidades. exigindo, apenas, que a sua aprovação, pelo Congresso Nacio-
(D) Qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade não-go- nal, se dê em dois turnos de votação, com o voto favorável de
vernamental legalmente reconhecida em um ou mais Estados dois terços dos respectivos membros;
membros da Organização dos Estados Americanos, pode apre- (C) podem ter a natureza jurídica de emenda constitucional,
sentar à Comissão Interamericana petições que contenham desde que a sua aprovação, pelo Congresso Nacional, se dê em
denúncias ou queixas de violação à Convenção Americana de dois turnos de votação, com o voto favorável de três quintos
Direitos Humanos por um Estado Parte. dos respectivos membros;
(E) Os direitos humanos caracterizam-se pela existência da (D) podem ter a natureza jurídica de lei complementar, desde
proibição de retrocesso, também chamada de efeito cliquet. que o Congresso Nacional venha a aprová-los com observância
do processo legislativo ordinário;
16. O 3º Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH III), (E) sempre terão a natureza jurídica de atos de direito inter-
fruto de intenso debate público, especialmente durante a 11ª Con- nacional, não se integrando, em qualquer hipótese, à ordem
ferência Nacional de Direitos Humanos, restou aprovado pelo De- jurídica interna.
creto nº 7.037, de 21 de dezembro de 2009. Mesmo assim, alguns
aspectos causaram grande repercussão, gerando alterações no tex- 19. Sobre o chamado, doutrinariamente, “bloco de constitucio-
to original por parte da Presidência da República, nos termos do nalidade”, é CORRETO dizer que:
Decreto nº 7.177, de 12 de maio de 2010. (A) A Emenda Constitucional nº 45/2004 introduziu expressa-
Qual dos itens abaixo NÃO sofreu alteração? mente a concepção de “bloco de constitucionalidade” no Tex-
(A) DIRETRIZ 24 ? Preservação da memória histórica e constru- to Constitucional, ao acrescentar ao art. 5º da Constituição da
ção pública da verdade. OBJETIVO ESTRATÉGICO I ? Incentivar República que os tratados e convenções internacionais sobre
iniciativas de preservação da memória histórica e de constru- direitos humanos que forem aprovados, por três quintos dos
ção pública da verdade sobre períodos autoritários. votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emen-
(B) DIRETRIZ 25 ? Modernização da legislação relacionada com das constitucionais.
promoção do direito à memória e à verdade, fortalecendo a
(B) Embora o texto original da Constituição da República ense-
democracia. OBJETIVO ESTRATÉGICO I ? Suprimir do ordena-
jasse alguma discussão, sua consagração adveio com a Emen-
mento jurídico brasileiro eventuais normas remanescentes de
da Constitucional nº 45/2004, segundo a qual os tratados e
períodos de exceção que afrontem os compromissos interna-
convenções internacionais sobre direitos humanos que forem
cionais e os preceitos constitucionais sobre Direitos Humanos.
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois tur-
(C) DIRETRIZ 9 ? Combate às desigualdades estruturais. OBJETI-
nos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão
VO ESTRATÉGICO III ? Garantia dos direitos das mulheres para
equivalentes às emendas constitucionais.
o estabelecimento das condições necessárias para sua plena
cidadania. (C) Apesar das várias e sucessivas Emendas Constitucionais, o
(D) DIRETRIZ 22 ? Garantia do direito à comunicação democrá- Brasil não adota a doutrina do “bloco de constitucionalidade”,
tica e ao acesso à informação para consolidação de uma cultura por se tratar de realidade constitucional especificamente euro-
em diretos humanos. OBJETIVO ESTRATÉGICO I ? Promover o péia, inadequada ao constitucionalismo pátrio.

8
DIREITOS HUMANOS
(D) O “bloco de constitucionalidade” consiste na junção dos 23. Sobre o tema direitos humanos e responsabilidade do Esta-
direitos fundamentais e do sistema de garantias, que formam do, é correto afirmar:
uma complexidade coesa (um único bloco), independente- (A) é vedada a revista íntima, podendo o Estado ser condenado
mente de existir ou não normas periféricas à Constituição, con- por constrangimento ilegal.
quanto de mesma hierarquia normativa. (B) a responsabilidade civil do Estado por erro judiciário, se
existente, é subjetiva.
20. De acordo com a Constituição Federal, constituem objeti- (C) o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim
vos fundamentais da República Federativa do Brasil: como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença.
1. soberania (D) o agente penitenciário não pode ser civilmente responsá-
2. garantir o desenvolvimento nacional vel, em ação estatal de regresso, pelos danos causados ao pre-
3. construir uma sociedade livre, justa e solidária so por dolo ou culpa.
4. preservar o pluralismo político (E) o Estado não pode ser condenado por danos morais em ra-
zão de deficiências estruturais do sistema penitenciário.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
(A) São corretas apenas as afirmativas 1 e 2.
(B) São corretas apenas as afirmativas 1 e 3.
(C) São corretas apenas as afirmativas 1 e 4. GABARITO
(D) São corretas apenas as afirmativas 2 e 3.
(E) São corretas apenas as afirmativas 2 e 4. 1 CERTO
21. Quem deve respeitar os direitos e garantias fundamentais? 2 ERRADO
Essa questão refere-se aos sujeitos passivos ou destinatários das 3 A
obrigações de observância e proteção ativa que decorrem dos di-
reitos e garantias, por mais abstratos e indefinidos que sejam. So- 4 CERTO
bre os destinatários dos direitos fundamentais, analise as afirmati- 5 E
vas abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F).
6 D
( ) Os direitos fundamentais, em regra, destinam-se a proteção
dos estrangeiros residentes no país e, também, dos de passagem 7 A
pelo País. ( ) Os direitos fundamentais destinam-se à proteção dos 8 B
apátridas. ( ) Os direitos fundamentais destinam-se à proteção das
pessoas jurídicas, observadas suas particularidades. ( ) O destinatá- 9 D
rio principal do dever de respeitar os direitos dos indivíduos é o Es- 10 C
tado no sentido mais amplo do termo. Sendo, também, atualmente
possível ter como destinatário um particular a partir do reconheci- 11 D
mento do efeito horizontal dos direitos fundamentais. 12 B
13 CERTO
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de
cima para baixo. 14 D
(A) V, V, V, V 15 B
(B) V, V, F, F
(C) V, F, F, V 16 E
(D) F, F, V, V 17 C
(E) F, V, V, F
18 C
22. Acerca da evolução dos direitos fundamentais, assinale a 19 B
alternativa CORRETA: 20 D
(A) Os direitos humanos da 1.ª dimensão marcam a passagem
de um Estado autoritário para um Estado de Direito e, nesse 21 A
contexto, o respeito às liberdades individuais, em uma verda- 22 B
deira perspectiva de participação do Estado.
(B) O início do século XX é marcado pela Primeira Grande Guer- 23 C
ra e pela fixação de direitos sociais (direitos de 2º dimensão).
Essa perspectiva de evidenciação dos direitos sociais, culturais
e econômicos, bem como dos direitos coletivos, ou de coletivi-
dade, correspondem aos direitos de igualdade.
(C) Os direitos da 4.ª dimensão são direitos transindividuais,
isto é, direitos que vão além dos interesses do indivíduo; pois
são concernentes à proteção do gênero humano, com altíssimo
teor de humanismo e universalidade.
(D) Os direitos fundamentais de 3º geração são as liberdades
positivas, ou seja, é a consagração dos direitos sociais tais
como educação.

9
DIREITOS HUMANOS
ANOTAÇÕES ANOTAÇÕES

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QUÍMICA
1. Propriedades dos Materiais: Estados físicos e mudanças de estado. Variações de energia e do estado de agregação das partículas.
Temperatura termodinâmica e energia cinética média das partículas. Propriedades dos materiais: cor, aspecto, cheiro e sabor; tem-
peratura de fusão, temperatura de ebulição, densidade e solubilidade. Substâncias e critérios de pureza. Misturas homogêneas e
heterogêneas. Métodos de separação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Estrutura Atômica Da Matéria: Constituição Dos Átomos: Modelo atômico de Dalton: descrição e aplicações. Modelo atômico de
Thomson: natureza elétrica da matéria e existência do elétron. Modelo atômico de Rutherford e núcleo atômico. Prótons, nêutrons e
elétrons. Número atômico e número de massa. Modelo atômico de Bohr: os subníveis, configurações eletrônicas por níveis de ener-
gia. Aspectos qualitativos da teoria quântica (Orbitais e números quânticos) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05
3. Tabela periódica e propriedades: Organização da tabela periódica, propriedades periódicas e aperiódicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
4. Ligações Químicas; ligação iônica, ligação covalente e propriedades; polaridade da ligação e eletronegatividade. Exceções à regra do
octeto. Forças das ligações covalentes; geometria molecular; forças intermoleculares; ligações metálicas; Ligações Químicas e Intera-
ções Intermoleculares: símbolos de Lewis e a regra do octeto e exceções à regra. Propriedades macroscópicas de substâncias sólidas,
líquidas e gasosas e de soluções: correlação com os modelos de ligações químicas e de interações intermoleculares. Energia em pro-
cessos de formação ou rompimento de ligações químicas e interações intermoleculares. Modelos de ligações químicas e interações
intermoleculares. Substâncias iônicas, moleculares, covalentes e metálicas. Polaridade das moléculas. Reconhecimento dos efeitos da
polaridade de ligação e da geometria na polaridade das moléculas e a influência desta na solubilidade e nas temperaturas de fusão e
de ebulição das substâncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
5. Funções inorgânicas: dissociação e ionização. Conceitos e propriedades de ácidos, bases, óxidos e sais. Teoria de Arrhenius. Classifica-
ção e nomenclatura dos compostos inorgânicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
6. Reações Químicas e Estequiometria: Reação química: conceito e evidências experimentais. Equações químicas: balanceamento e
uso na representação de reações químicas comuns. Oxidação e redução: conceito, balanceamento, identificação e representação de
semirreações. Massa atômica, mol e massa molar: conceitos e cálculos. Aplicações das leis de conservação da massa, das proporções
definidas, do princípio de Avogadro e do conceito de volume molar de um gás. Cálculos estequiométricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
7. Soluções Líquidas: Soluções e solubilidade. O efeito da temperatura na solubilidade. Soluções saturadas. O processo de dissolução:
interações soluto/solvente; efeitos térmicos. Eletrólitos e soluções eletrolíticas. Concentração de soluções: em g/L, em mol/L e em
percentuais. Cálculos. Propriedades coligativas. Relações qualitativas e quantitativas entre a concentração de soluções de solutos
nãovoláteis e as propriedades: pressão de vapor, temperatura de congelação e de ebulição e a pressão osmótica . . . . . . . . . . . . . 34
8. Termoquímica: Calor e temperatura: conceito e diferenciação. Processos que alteram a temperatura das substâncias sem envolver flu-
xo de calor – trabalho mecânico, trabalho elétrico e absorção de radiação eletromagnética. Efeitos energéticos em reações químicas.
Calor de reação e variação de entalpia. Calorimetria. Reações exotérmicas e endotérmicas: conceito e representação. A obtenção de
calores de reação por combinação de reações químicas; a lei de Hess. Cálculos. A produção de energia pela queima de combustíveis:
carvão, álcool e hidrocarbonetos. Aspectos químicos e efeitos sobre o meio ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
9. Cinética Química: Fatores que afetam as velocidades das reações; velocidade das reações; concentração e velocidade; variação da
concentração com o tempo; temperatura e velocidade; mecanismos da reação e catálise. Equilíbrio Químico: conceitos de equilíbrio;
constante de equilíbrio; equilíbrios heterogêneos; cálculos da constante de equilíbrio; aplicações da constante de equilíbrio; princípio
de Le Chântelier; equilíbrio ácido base; ácidos e bases segundo Bronsted-Lowry; a auto ionização da água; escala de pH; ácidos e ba-
ses fortes e fracos; propriedades ácido-base dos sais; efeito do íon comum; solução tampão; titulações simples entre ácidos e bases
fortes; equilíbrio de solubilidade e constante do produto de solubilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
10. Eletroquímica: Reações redox; balanceamento de equações redox; pilhas e potencial das pilhas; espontaneidade das reações redox;
baterias comerciais; corrosão; eletrólise (aspectos qualitativos e quantitativos) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
11. Química Orgânica: conceituação de grupo funcional e reconhecimento por grupos funcionais de: alquenos, alquinos e arenos (hi-
drocarbonetos aromáticos), álcoois, fenóis, éteres, aminas, aldeídos, cetonas, ácidos carboxílicos, ésteres e amidas. Representação
de moléculas orgânicas. Carbono tetraédrico, trigonal e digonal e ligações simples e múltiplas. Fórmulas estruturais – de Lewis, de
traços, condensadas e de linhas e tridimensionais. Variações na solubilidade e nas temperaturas de fusão e de ebulição de substân-
cias orgânicas causadas por: aumento da cadeia carbônica, presença de ramificações, introdução de substituintes polares, isomeria
constitucional e diastereoisomeria cis/trans. Reações orgânicas: reações de adição, eliminação, substituição e oxirredução. Polímeros:
identificação de monômeros, unidades de repetição e polímeros – polietileno, PVC, teflon, poliésteres e poliamidas . . . . . . . . . . 48
QUÍMICA

PROPRIEDADES DOS MATERIAIS: ESTADOS FÍSICOS E


MUDANÇAS DE ESTADO. VARIAÇÕES DE ENERGIA E
DO ESTADO DE AGREGAÇÃO DAS PARTÍCULAS. TEM-
PERATURA TERMODINÂMICA E ENERGIA CINÉTICA
MÉDIA DAS PARTÍCULAS. PROPRIEDADES DOS MATE-
RIAIS: COR, ASPECTO, CHEIRO E SABOR; TEMPERATU-
RA DE FUSÃO, TEMPERATURA DE EBULIÇÃO, DENSI-
DADE E SOLUBILIDADE. SUBSTÂNCIAS E CRITÉRIOS DE
PUREZA. MISTURAS HOMOGÊNEAS E HETEROGÊNEAS.
MÉTODOS DE SEPARAÇÃO

Matéria: Denomina-se matéria tudo aquilo que tem massa e


ocupa lugar no espaço e, desse modo, possui volume. Podemos ci-
tar como exemplos de matéria a madeira, o ferro, a água, o ar e -Fusão: Mudança do estado sólido para o estado líquido da
tudo o mais que imaginemos dentro da definição acima. A ausência água, provocada por aquecimento, por exemplo, um gelo que der-
total de matéria é o vácuo.  rete num dia de calor. Além disso, o denominado “Ponto de Fusão”
Substância é uma composição de apenas um tipo de moléculas (PF) é a temperatura que a água passa do estado sólido para o líqui-
ou átomos. A substância pode ser simples ou composta. do. No caso da água, o ponto de fusão é de 0ºC.
Substância simples é aquela constituído por um único tipo de -Vaporização: Mudança do estado líquido para o estado gasoso
constituinte. Ex: o ferro, contendo somente átomo de ferro; o oxi- por meio do aquecimento da água. Assim, o “Ponto de Ebulição”
gênio, contendo só O2. (PE) de uma substância é a temperatura a que essa substância passa
Substância composta é aquela constituída por mais de um tipo do estado líquido para o estado gasoso e, no caso da água, o é de
de constituinte. Ex: a água pura contendo somente H2O; o sal, con- 100ºC. Vale lembrar que a Ebulição e a Evaporação são, na realida-
tendo somente NaCl; de, tipos de vaporização. A diferença de ambas reside na velocida-
Mistura consiste em duas ou mais substâncias misturadas. Ela de do aquecimento, ou seja, se for realizado lentamente chama-se
pode ser identificada visualmente, como por exemplo o granito evaporação; entretanto, se for realizado com aquecimento rápido
onde se observa grãos de quartzo branco, mica preta e feldspato chama-se ebulição.
rosa e outros minérios. Outras misturas como a água salgada, re- -Solidificação: Mudança de estado líquido para o estado sóli-
quer outros métodos de verificação para sabermos se são substân- do provocado pelo arrefecimento ou resfriamento. Além disso, o
cias ou misturas. “Ponto de Solidificação” da água é de 0ºC. O exemplo mais visível
Corpo: É uma porção limitada da matéria. Por exemplo, confor- são os cubos de água que colocamos no refrigerador para fazer os
me dito, uma árvore é uma matéria; assim, quando cortamos toras cubos de gelo.
de madeira, temos que essas toras podem ser designadas como -Liquefação: Chamada também de Condensação, esse processo
corpos ou como matéria também. identifica a mudança do estado gasoso para o estado líquido de-
Objeto: É um corpo produzido para utilização do homem. Se as corrente do resfriamento (arrefecimento). Como exemplo podemos
toras de madeira mencionadas no item anterior forem transforma- citar: a geada e o orvalho das plantas.
das em algum móvel, como uma mesa, teremos um objeto. -Sublimação: Mudança do estado sólido para o estado gasoso,
por meio do aquecimento. Também denomina a mudança do esta-
do gasoso para o estado sólido (ressublimação), por arrefecimento,
por exemplo: gelo seco e naftalina.

Fenômeno químico: ocorre quando há alteração da natureza


da matéria, isto é, da sua composição.
Veja um exercício: Os metais Gálio e Rubídio têm seus pontos
de fusão e ebulição descritos na tabela:

Fenômeno físico: é toda alteração na estrutura física da maté-


ria, tais como forma, tamanho, aparência e estado físico, mas que
não gere alteração em sua natureza, isto é, na sua composição.

Mudanças de Estados Físicos da Água A) O que acontecerá se ambos os metais ficarem expostos à
As Mudanças de Estados Físicos da Água são divididas em 5 temperatura ambiente, estando está a 27°C?
processos, a saber: B) Qual o estado físico dos dois metais num deserto onde a
temperatura chega a mais de 40 °C?

Resposta
A) Os dois metais continuarão no estado sólido.
B) A uma temperatura acima de 40 °C, ambos os metais fun-
dem-se, ou seja, passam do estado sólido para o líquido.

1
QUÍMICA
Dizemos que ocorreu uma reação química, pois novas substân- Propriedades extensivas e intensivas da matéria
cias foram originadas. As propriedades físicas também podem ser classificadas, de
Veja o breve resumo a seguir: acordo com a quantidade da amostra, em extensivas e intensivas.
As propriedades extensivas variam conforme a quantidade de ma-
terial contido na amostra. É o caso da energia liberada em uma
combustão: duplicando, por exemplo, a quantidade de combustível,
duplica-se a quantidade de energia liberada. As propriedades inten-
sivas são as que não dependem da quantidade de material contido
na amostra. É o caso da temperatura e da densidade, que não se
alteram quando a quantidade de material é modificada.
Energia e as propriedades químicas dos materiais
Referem-se àquelas que, quando são coletadas e analisadas, al-
teram a composição química da matéria, ou seja, referem-se a uma
capacidade que uma substância tem de transformar-se em outra
por meio de reações químicas. Essas transformações resultam na
produção permanente e irreversível de um novo material (produ-
Fenômenos físicos Fenômenos químicos to), com características distintas do inicial (reagente), sendo desse
modo classificadas como transformações químicas ou reações quí-
Quebrar um copo de vidro Produzir vinho a partir da uva micas.
Aquecer uma panela de Acender um fósforo
alumínio
Ferver a água Queimar o açúcar para fazer
caramelo
Explosão de uma panela de Queima do carvão
pressão Uma maneira de comprovar a existência de uma transformação
química é através da comparação do estado inicial e final do siste-
Massa de pão “crescendo” Explosão após uma batida
ma. Algumas evidências podem ser observadas, permitindo verifi-
Derretimento de metais, como Enferrujamento da palha de car a ocorrência dessas transformações, como: desprendimento de
o cobre aço gás e luz, mudança de coloração e cheiro, formação de precipitados
Dissolver açúcar em água Queima de um cigarro entre outras
Entretanto, a ausência dessas evidências não significa que não
Propriedades da matéria ocorreu uma transformação química, pois algumas ocorrem sem
Propriedades são uma série de características que, em conjun- que haja mudança perceptível entre o estado inicial e o final. Para
to, definem a espécie de matéria. Podemos dividi-las em 3 grupos: se ter certeza de que ocorreu a transformação química é necessário
gerais, funcionais e específicas. isolar os materiais obtidos e verificar suas propriedades específicas,
como densidade, pontos de ebulição e fusão, solubilidade e outras.
1. Propriedades gerais Para que as transformações químicas possam acontecer, as ligações
São as propriedades inerentes a toda espécie de matéria. entre átomos e moléculas precisam ser rompidas e devem ser res-
Massa: é a grandeza que usamos como medida da quantidade tabelecidas de outro modo. Como essas ligações podem ser muito
de matéria de um corpo ou objeto. fortes, geralmente é necessária energia na forma de calor para ini-
Extensão: espaço que a matéria ocupa, seu volume. ciar a reação.
Impenetrabilidade: é o fato de que duas porções de matéria
não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo. MÉTODOS DE SEPARAÇÃO DE MISTURAS
Divisibilidade: toda matéria pode ser dividida sem alterar a sua As misturas podem ser classificadas em homogêneas e hetero-
constituição (até um certo limite). gêneas. A diferença entre elas é que a mistura homogênea é uma
Compressibilidade: o volume ocupado por uma porção de ma- solução que apresenta uma única fase enquanto a heterogênea
téria pode diminuir sob a ação de forças externas. pode apresentar duas ou mais fases. Fase é cada porção que apre-
Elasticidade: se a ação de uma força causar deformação na senta aspecto visual uniforme.
matéria, dentro de um certo limite, ela poderá retornar à forma
original. Misturas homogêneas
Nesse tipo de mistura não há superfícies de separação visíveis
2. Propriedades funcionais entre seus componentes, mesmo que a observação seja realizada
São propriedades comuns a determinados grupos de matéria, a nível de um microscópio eletrônico. Exemplo: Solução de água e
identificadas pela função que desempenham. A Química se preocu- alcoolr
pa particularmente com estas propriedades. Podemos citar como
exemplo de propriedades funcionais a acidez, a basicidade, a salini- Misturas heterogêneas
dade de algumas espécies de matéria. As misturas heterogêneas são aquelas em que são possíveis
as distinções de fases (regiões visíveis da mistura onde se encon-
3. Propriedades específicas tram os componentes), na maioria das vezes sem a necessidade de
São propriedades individuais de cada tipo particular de maté- utilizar equipamentos de aumento (como o microscópio). Um bom
ria. exemplo é o ar poluído das grandes cidades: apesar da aparência
homogênea, os sólidos em suspensão podem ser retidos por uma
simples peneira.

2
QUÍMICA
Sistema homogêneo e Heterogêneo: Fases

Sistema homogêneo
Apresenta as mesmas propriedades em qualquer parte de sua
extensão em que seja examinado. Pode ser um mistura (solução) ou
uma substância pura.

b) Líquido e líquido
Separa líquidos imiscíveis (exemplo: água e óleo) com a utiliza-
ção de um funil de decantação. Após a decantação, abre-se a tor-
neira, deixando passar o líquido mais denso.

Sistema heterogêneo
Não apresenta as mesmas propriedades em qualquer parte
de sua extensão em que seja examinado. Pode ser uma substância
pura em mudança de estado físico (fusão, vaporização, etc...)

Centrifugação
A centrifugação é uma maneira de acelerar o processo de de-
cantação envolvendo sólidos e líquidos realizada num aparelho
denominado centrífuga. Na centrífuga, devido ao movimento de
rotação, as partículas de maior densidade, por inércia, são arremes-
sadas para o fundo do tubo.

Fases:
São diferentes porções homogêneas, limitadas por superfícies
de separação visíveis (com ou sem aparelhos de aumento), que
constituem um sistema heterogêneo.
Um sistema heterogêneos apresenta sempre uma única fase,
isto é, constitui um sistema monofásico. Entretanto, sistema hete-
rogêneo constitui sempre um sistema polifásico (muitas fases), que
pode ser bifásico, trifásico, tetrafásico e etc. Filtração
É utilizada para separar substâncias presentes em misturas he-
Processos de separação de misturas terogêneas envolvendo sólidos e líquidos.
Na natureza, raramente encontramos substâncias puras. As- -Filtração simples: A fase sólida é retida no papel de filtro, e a
sim, para obtermos uma determinada substância, é necessário usar fase líquida é recolhida em outro frasco.
métodos de separação.

Decantação Processo utilizado para separar dois tipos de mis-


turas heterogêneas.

a) Líquido e sólido
A fase sólida (barro), por ser mais densa, sedimenta-se, ou seja,
deposita-se no fundo do recipiente, e a fase líquida pode ser trans-
ferida para outro frasco. A decantação é usada, por exemplo, nas
estações de tratamento de água

3
QUÍMICA
-Filtração a vácuo: A água que entra pela trompa d’água arrasta
o ar do interior do frasco, diminuindo a pressão interna do kitassa-
to, o que torna a filtração mais rápida.

Ventilação
Esse método é usado, por exemplo, para separar a palha do
grão de arroz. É aplicada uma corrente de ar, e a palha, que é mais
leve, voa.
Destilação
É utilizada para separar cada uma das substâncias presentes Tamisação
em misturas homogêneas envolvendo sólidos dissolvidos em líqui- Feita com uma peneira muito fina chamada tamise, separa só-
dos e líquidos miscíveis entre si. lidos maiores dos menores. Ex: cascalhos e pequenas pedras pre-
-Destilação Simples: Na destilação simples de sólidos dissolvi- ciosas.
dos em líquidos, a mistura é aquecida, e os vapores produzidos no
balão de destilação passam pelo condensador, onde são resfriados Sublimação
pela passagem de água corrente no tubo externo, se condensam e As substâncias participantes desse processo podem ser separa-
são recolhidos no erlenmeyer. A parte sólida da mistura, por não ser das das impurezas através da sublimação e posterior cristalização.
volátil, não evapora e permanece no balão de destilação
Separação Magnética
É um método que utiliza a força de atração do ímã para separar
materiais metálicos ferromagnéticos dos demais. Uma mistura de li-
malha (pó) de ferro com outra substância, pó de enxofre, por exem-
plo, pode ser separada com o emprego de um ímã. Aproximando
o ímã da mistura, a limalha de ferro prende-se a ele, separando-se
do enxofre.

-Destilação fracionada: Na destilação fracionada, são separa-


dos líquidos miscíveis cujas temperaturas de ebulição (TE) não se- Liquefação fracionada
jam muito próximas. Durante o aquecimento da mistura, é sepa- Separa gases com pontos de fusão diferentes. Nesse processo
rado, inicialmente, o líquido de menor TE; depois, o líquido com um dos gases se liquefaz primeiro, podendo assim ser separado do
TE intermediária, e assim sucessivamente, até o líquido de maior outro gás.
TE. À aparelhagem da destilação simples é acoplada uma coluna de
fracionamento. Conhecendo-se a TE de cada líquido, pode-se saber,
pela temperatura indicada no termômetro, qual deles está sendo
destilado.

4
QUÍMICA
Cromatografia em papel
Esta técnica é assim chamada porque utiliza para a separação e
identificação das substâncias ou componentes da mistura a migra-
ção diferencial sobre a superfície de um papel de filtro de qualida-
de especial (fase estacionária). A fase móvel pode ser um solvente
puro ou uma mistura de solventes.
Este método é muito útil para separar substâncias muito po-
lares, como açúcares e aminoácidos. Possui o inconveniente de
poder-se cromatografar poucas quantidades de substância de cada
vez.

Exemplo:
ESTRUTURA ATÔMICA DA MATÉRIA: CONSTITUIÇÃO Mercúrio metálico + oxigênio → óxido de mercúrio II
DOS ÁTOMOS: MODELO ATÔMICO DE DALTON: DES- 100,5 g 8,0 g 108,5 g
CRIÇÃO E APLICAÇÕES. MODELO ATÔMICO DE THOM-
SON: NATUREZA ELÉTRICA DA MATÉRIA E EXISTÊNCIA -Lei de Proust
DO ELÉTRON. MODELO ATÔMICO DE RUTHERFORD O químico Joseph Louis Proust observou que em uma reação
E NÚCLEO ATÔMICO. PRÓTONS, NÊUTRONS E ELÉ- química a relação entre as massas das substâncias participantes é
TRONS. NÚMERO ATÔMICO E NÚMERO DE MASSA. sempre constante. A Lei de Proust ou a Lei das proporções defini-
MODELO ATÔMICO DE BOHR: OS SUBNÍVEIS, CONFI- das diz que dois ou mais elementos ao se combinarem para formar
GURAÇÕES ELETRÔNICAS POR NÍVEIS DE ENERGIA. substâncias, conservam entre si proporções definidas.
ASPECTOS QUALITATIVOS DA TEORIA QUÂNTICA (OR- Em resumo a lei de Proust pode ser resumida da seguinte ma-
BITAIS E NÚMEROS QUÂNTICOS) neira:

TEORIA ATÔMICO-MOLECULAR “Uma determinada substância composta é formada por


É uma teoria científica da natureza da matéria, que afirma que substâncias mais simples, unidas sempre na mesma proporção
a matéria é composta de unidades discretas chamadas átomos. em massa”.
De acordo com esses filósofos tudo no meio em que vivemos
seria formado pela combinação desses quatro elementos em dife- Exemplo: A massa de uma molécula de água é 18g e é resultado
rentes proporções. Entretanto por volta de 400 a. C., os filósofos da soma das massas atômicas do hidrogênio e do oxigênio.
Leucipo e Demócrito elaboraram uma teoria filosófica (não cien- H2 – massa atômica = 1 → 2 x 1 = 2g
tífica) segundo a qual toda matéria era formada devido a junção O – massa atômica = 16 → 1 x 16 = 16g
de pequenas partículas indivisíveis denominadas átomos (que em
grego significa indivisível). Para estes filósofos, toda a natureza era Então 18g de água tem sempre 16g de oxigênio e 2g de hidro-
formada por átomos e vácuo. gênio. A molécula água está na proporção 1:8.
No final do século XVIII, Lavoisier e Proust realizaram experiên-
cias relacionado as massas dos participantes das reações químicas, mH2 = 2g = 1
dando origem às Leis das combinações químicas (Leis ponderais). ____ ___ __
mO 16g 8
Leis Ponderais
-Lei de Dalton
-Lei de Lavoisier: Em 1808, John Dalton propôs uma teoria para explicar essas
A primeira delas, a Lei da Conservação de Massas, ou Lei de La- leis ponderais, denominada teoria atômica, criando o primeiro mo-
voisier é uma lei da química que muitos conhecem por uma célebre delo atômico científico, em que o átomo seria maciço e indivisível.
frase dita pelo cientista conhecido como o pai da química, Antoine A teoria proposta por ele pode ser resumida da seguinte maneira:
Lavoisier: 1. Tudo que existe na natureza é formado por pequenas partí-
culas microscópicas denominadas átomos;
“Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se 2. Estas partículas, os átomos, são indivisíveis (não é possível
transforma” seccionar um átomo) e indestrutíveis (não se consegue destruir me-
canicamente um átomo);
Ao realizar vários experimentos, Lavoisier concluiu que: 3. O número de tipos de átomos (respectivos a cada elemento)
diferentes possíveis é pequeno;
“Num sistema fechado, a massa total dos reagentes é igual à 4. Átomos de elementos iguais sempre apresentam caracterís-
massa total dos produtos” ticas iguais, bem como átomos de elementos diferentes apresen-
tam características diferentes. Sendo que, ao combiná-los, em pro-
porções definidas, definimos toda a matéria existente no universo;
5. Os átomos assemelham-se a esferas maciças que se dispõem
através de empilhamento;
6. Durante as reações químicas, os átomos permaneciam inal-
terados. Apenas configuram outro arranjo.

5
QUÍMICA
Em meados de 1874, Stoney admitiu que a eletricidade estava O modelo de Rutherford
intimamente associada aos átomos em que quantidades discretas A experiência da “folha de ouro” realizada pelo neozelandês Er-
e, em 1891, deu o nome de elétron para a unidade de carga elétrica nest Rutherford foi o marco decisivo para o surgimento de um novo
negativa. modelo atômico, mais satisfatório, que explicava de forma mais cla-
ra uma série de eventos observados:
Modelo atômico de Thomson O átomo deve ser constituído por duas regiões:
Thomson concluiu que essas partículas negativas deveriam fa- a) Um núcleo, pequeno, positivo e possuidor de praticamente
zer parte dos átomos componentes da matéria, sendo denomina- toda a massa do átomo;
dos elétrons. Após isto, propôs um novo modelo científico para o b) Uma região positiva, praticamente sem massa, que envolve-
átomo. Para Thomson, o átomo era uma esfera de carga elétrica po- ria o núcleo. A essa região se deu o nome de eletrosfera
sitiva “recheada” de elétrons de carga negativa. Esse modelo ficou
conhecido como “pudim de passas”. Este modelo derruba a ideia de O modelo atômico de Niels Bohr e a mecânica quântica
que o átomo é indivisível e introduz a natureza elétrica da matéria. O modelo planetário de Niels Bohr foi um grande avanço para
a comunidade científica, provando que o átomo não era maciço. Se-
gundo a Teoria Eletromagnética, toda carga elétrica em movimento
em torno de outra, perde energia em forma de ondas eletromag-
néticas. E justamente por isso tal modelo gerou certo desconforto,
pois os elétrons perderiam energia em forma de ondas eletromag-
néticas, confinando-se no núcleo, tornando a matéria algo instável.
Bohr, que trabalhava com Rutherford, propôs o seguinte modelo:
o elétron orbitaria o núcleo em órbitas estacionárias, sem perder
energia. Entre duas órbitas, temos as zonas proibidas de energia,
pois só é permitido que o elétron esteja em uma delas. Ao receber
A experiência de Rutherford um quantum, o elétron salta de órbita, não num movimento contí-
Em meados do século de XX, dentre as inúmeras experiências nuo, passando pela área entre as órbitas (daí o nome zona proibida),
realizadas por Ernest Rutherford e seus colaboradores, uma ganhou mas simplesmente desaparecendo de uma órbita e reaparecendo
destaque, uma vez que mostrou que o modelo proposto por Thom- com a quantidade exata de energia. Se um pacote com energia insu-
son era incorreto.A experiência consistiu em bombardear uma fina ficiente para mandar o elétron para órbitas superiores encontrá-lo,
folha de ouro com partículas positivas e pesadas, chamada de α, nada ocorre. Mas se um fóton com a energia exata para que ele sal-
emitidas por um elemento radioativo chamado polônio. te para órbitas superiores, certamente o fará, depois, devolvendo a
energia absorvida em forma de ondas eletromagnéticas.

A teoria atômica de Dalton pode condensar-se nos seguintes


princípios:
- os átomos são partículas reais, descontínuas e indivisíveis de
matéria, e permanecem inalterados nas reações químicas;
- os átomos de um mesmo elemento são iguais e de peso in-
variável;
- os átomos de elementos diferentes são diferentes entre si;
- na formação dos compostos, os átomos entram em propor-
ções numéricas fixas 1:1, 1:2, 1:3, 2:3, 2:5 etc.;
- o peso do composto é igual à soma dos pesos dos átomos dos
elementos que o constituem.

Embora fundada em alguns princípios inexatos, a teoria atô-


mica de Dalton, por sua extraordinária concepção, revolucionou a
química moderna. Discute-se ainda hoje se ele teia emitido essa
teoria em decorrência de experiências pessoais ou se o sistema foi
estabelecido a priori, baseado nos conhecimentos divulgados no
seu tempo. Seja como for, deve-se ao seu gênio a criação, em bases
científicas, da primeira teoria atômica moderna. Dalton, Avogadro,
Cannizzaro e Bohr, cada um na sua época, contribuíram decisiva-
mente para o estabelecimento de uma das mais notáveis conceitua-
ções da física moderna: a teoria atômica.
Rutherford observou que:
a) grande parte das partículas α passaram pela folha de ouro Número Atômico e Massa Atômica
sem sofrer desvios (A) e sem altera a sua superfície; O número atômico (Z) é o número de prótons presentes no nú-
b) algumas partículas α desviaram (B) com determinados ân- cleo de um átomo. O número de Massa (A) é a soma do número de
gulos de desvios; prótons (Z) e de nêutrons (N) presentes no núcleo de um átomo.
c) poucas partículas não atravessaram a folha de ouro e volta- Exemplo: Observe o seguinte elemento químico, retirado da tabela
ram (C). periódica:

Símbolo do elemento: F
Elemento químico: Flúor

6
QUÍMICA
Número atômico (Z): 9 Por causa da atração pelo núcleo, a energia potencial do elé-
Número de massa (A): 19 tron diminui na medida em que se aproxima do núcleo. Enquan-
Prótons: 9 to isso, sua velocidade e, conseqüentemente, sua energia cinética
Elétrons: 9 aumentam. De modo geral, a energia total do elétron aumenta na
Nêutrons: 19 - 9 = 10 medida em que ele se afasta do núcleo.

Os átomos que possuem um mesmo número atômico (mesma


quantidade de prótons dentro do núcleo) dizem respeito a um mes-
mo elemento químico, todos esses átomos possuem as mesmas
propriedades químicas.
Para cada um dos 109 elementos químicos conhecidos foi dado
um nome e um símbolo (uma abrevi­ação de seu nome).
Assim, podemos saber (Z) e (A), além do número de nêutrons
de todos os 109 átomos de elementos químicos diferentes da tabe-
la periódica, da mesma maneira que fizemos com o exemplo acima
(para o Flúor).

Fenômenos Atômicos: Isotopia, Isobaria, Isotonia e Alotropia


Isótopos: átomos que apresentam o mesmo número atômico
mas diferente número de massa, alterando suas propriedades fí-
sicas. Sua descoberta mudou o conceito de massas atômicas para
uma média ponderada.
Isóbaros: diz-se dos elementos químicos que possuem a mes-
ma massa atômica, porém números atômicos diferentes, sendo por
conseguinte, elementos distintos, diferem pelo número de nêu-
trons. Ex: argônio, potássio e cálcio possuem isótopos de massa
atômica igual a 40, portanto são isóbaros.
Isótonos: são átomos que possuem o mesmo número de nêu-
trons (elementos diferentes), apresentando A (número de massa) e
Z (número de prótons) diferentes; apresentam propriedades quími-
cas e físicas diferentes;
Alotropia (allotropy): propriedade que certos elementos ma-
nifestam e que se caracteriza pela possibilidade de existirem sob
mais do que uma forma estável. Ex: Gás oxigênio e ozônio, carbono
diamante e grafite.

Configuração Eletrônica

Níveis Energéticos
Como já vimos, os elétrons se deslocam ao redor do núcleo
em trajetórias circulares, chamadas de camadas ou níveis. Mas que
camadas ou níveis serão esses? Dependendo da distância do elétron em relação ao núcleo,
Para os átomos de elementos conhecidos, existem, no máximo, conclui-se que os elétrons se encontram em níveis energéticos di-
sete níveis ou camadas: Em cada um desses níveis de energia cabe ferentes.
um número máximo de elétrons. Estudando-se o átomo de elemen- - Sabe-se que os sistemas atômicos são mantidos por meio de
to com maior número de elétrons. um conjunto de forças. O sistema atômico é composto por um nú-
Na verdade, as camadas O, P e Q acomodariam mais elétrons, cleo, positivamente carregado e orbitados por elétrons, negativa-
mas nenhum átomo de elemento conhecido tem tantos elétrons de mente carregados.
modo que precisem distribuí-los ainda nessas camadas.
Material = átomos = núcleo (nêutrons e prótons) + eletrosfera
Diagrama de Energias (elétrons distribuídos em diversas camadas ou níveis de energia)
O diagrama de energias dá a ocorrência de cada subnível nos - Os elétrons que circulam ao redor do núcleo se posicionam
níveis, bem como a ordem de energias crescentes em certos níveis de energia bem definidos, denominados orbitais.
· Subnível mais energético é o último da distribuição de acor- - De modo didático, podemos admitir, ainda, o modelo atômi-
do com o diagrama de energia. co proposto por Niels Bohr em 1913. Este modelo explica que os
· Camada de valência é a camada (nível) mais externa. elétrons giram ao redor do núcleo em orbitais fixas e com ener-
gia definida. O número de elétrons varia de material para material.
Níveis Energéticos ou Camada de Valência Dessa forma, existe uma variação no número de elétrons da última
O volume do átomo é determinado pelos elétrons. Como al- camada (camada de valência).
guns desses elétrons são mais facilmente removíveis que outros, - As orbitais são chamadas de camadas eletrônicas e são repre-
podemos concluir que alguns elétrons são mais próximos do núcleo sentadas pelas letras.
que outros.

7
QUÍMICA
Quanto mais distante do núcleo, mais energia  o elétron possui: NÚMERO DE AVOGADRO, MOL, MASSA MOLECULAR, VOLU-
Um elétron que está no nível 3 possui mais energia do que um elé- ME MOLECULAR
tron que está no nível 2. Se um elétron saia de um nível mais afas- Você conhece alguma balança capaz de fornecer a massa de 1
tado para um mais próximo do núcleo, deve ocorrer liberação de átomo? A resposta é NÃO.
energia, isso acontece na forma de radiação luminosa. Podemos ob-
servar isso quando estamos cozinhando e a água da panela escorre Sendo assim, adotou-se um padrão arbitrário e escolheu-se um
para a chama azul, deixando a chama amarela. Os fogos de artifícios valor de massa para dar a ele. O padrão adotado foi o isótopo mais
utilizam as trocas de níveis dos elétrons dos átomos que compõe o comum do carbono e deu-se a ele uma massa atômica de 12 unida-
material que está queimando para a emissão de luz de várias cores. des de massa atômica, 12 u.m.a.
A cor depende do tipo de sal que estará junto à pólvora. Por que a unidade usada não foi o grama (g)? Porque a massa
A energia libera forma de calor na queima da pólvora e excita de um átomo é muito menor do que isso.
os elétrons dos átomos do material que está junto à pólvora. Os Uma unidade de massa atômica (1 u.m.a) corresponde a da
elétrons, ao receberem a energia, pulam para níveis mais extremos, massa do padrão (“carbo­no escolhido”). O valor das massas atômi-
mas acabam voltando rapidamente para as suas órbitas de origem. cas dos átomos de elementos foi calculado fazendo-se uma média
Uma vez nos seus respectivos níveis de energia, os elétrons preci- das massas atômicas dos isótopos, para cada elemento. Você não
sam devolver rapidamente a energia que ganharam, pois estarão precisa se preocupar em determinar esses valores, pois eles já es-
em níveis de energia menores. A forma de devolução dessa energia tão na tabela periódica. Note que utilizaremos o mesmo valor para
para o ambiente é a luz. a massa atômica e para o número de massa do átomo de cada ele-
Mediante estudos de espectros (espectrologia) os cientistas mento: não confunda essas duas coisas, pois são diferentes. Apenas
podem determinar quantos níveis de energia têm nos átomos. De o valor numérico (coincidentemente) é igual para as duas grande-
fato, quando um elétron adquire energia, ele se move de um nível zas.
para outro mais afastado do núcleo. O núcleo é o nível de maior a) Massa Molecular (MM)
conteúdo de energia. Perdendo a energia adquirida, o elétron a de- A molécula é um grupo de átomos. Para saber sua massa mo-
volve em forma de radiação luminosa. lecular, basta somar as massas atômicas (MA) de todos os átomos
Nos átomos dos 110 elementos químicos conhecidos, podem que a formam.
ocorrer 7 níveis de energia contendo elétrons. Os níveis são repre- Também é dada em unidades de massa atômica (u.m.a.).
sentados pelas letras K, L, M, N, O, P e Q ou pelos números 1, 2, 3, 4, Para expressar massa em gramas devemos considerar o núme-
5, 6 e 7, chamados de números quânticos principais, representando ro de Avogadro.
aproximadamente a distância do elétron ao núcleo, e também, a
energia do elétron. Se um elétron tem um número quântico igual a Número de Avogadro
3, ele pertence à camada  M e tem energia desse nível. Número de Avogadro é o número de átomos (6,02.1023) exis-
tentes quando a massa atômica de um elemento é dada em gramas.
Massa Molecular Esclarecendo certos pontos: usaremos como exemplo o ferro (Fe):
As moléculas são constituídas por átomos unidos através de 56 u de Fe = 1 átomo de Fe.
ligações que podem ser covalentes e iônicas. Se aumentarmos a quantidade de Fe:
A palavra massa molecular é utilizada para compostos forma- 56 g de Fe = 6,02.1023 átomos de Fe
dos por ligações covalentes, ela não pode ser utilizada para os com- Como você viu, aumentamos a “quantidade” em massa do Fe,
postos formados por ligações iônicas, já que não são constituídos claro que a “quantidade” de áto­mos dentro da amostra de Fe tam-
por moléculas e sim por íons. A expressão utilizada para os compos- bém vai aumentar.
tos iônicos é a massa fórmula.
A massa da molécula é igual à soma dos átomos que a forma, Mol
sendo assim, para obtermos a massa molecular e a massa fórmula, Da mesma maneira que contamos ovos por dúzias, podemos
devemos somar as massas de todos os átomos contidos na fórmula contar átomos e moléculas pelo MOL, que equivale ao número de
das substâncias. Avogadro (6,02 . 1023). Assim temos:
O cálculo da Massa Molecular é feito do seguinte modo: Usa- 1 mol = 6,02.1023 = número de Avogadro
remos a massa atômica do carbono (C =12u) e do hidrogênio (H = Veja:
1u) para o cálculo. 1 mol de átomos = 6,02.1023 átomos = número de Avogadro
C5H10 de átomos
5.12 = 60 + 10.1=10 1 mol de moléculas = 6,02.1023 moléculas = número de Avoga-
60 + 10 = 70u dro de moléculas
Massa molecular do C5H10 : MM=70u 1 mol de cebolas = 6,02.1023 cebolas = número de Avogadro de
cebolas
Os índices (5,10) dos elementos foram multiplicados por suas etc...
respectivas massas atômicas (12, 1), e em seguida foram somadas a
massa total dos dois elementos que formam a molécula resultando Massa Molar (M)
70u, que é a Massa molecular. A massa molar de átomos e moléculas é a sua massa em gra-
Cálculo da Massa Fórmula do composto iônico MgCl2: mas:
(Massas atômicas: Mg = 24u; Cℓ = 35,5 u) Qual a massa molar de A?
1 mol de A = 6,02.1023 átomos de A = 27g
Mg Cℓ2 A massa molar de A é igual a 27g/mol.
1. 24 = 24 + 2. 35,5 = 71 Qual a massa molar de H2SO4?
24 + 71 = 95u 1 mol de H2SO4 = 6,02.1023 moléculas de H2SO4 = 98g
Massa fórmula do MgCℓ2 : MF = 95u A massa molar de H2SO4 é igual a 98g/mol.

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QUÍMICA
NÚMERO ATÔMICO E NÚMERO DE MASSA Ânions (íons negativos)
Um átomo individual (ou seu núcleo) é geralmente identificado Em um ânion, o número de prótons é menor do que o número
especificando dois números inteiros: o número atômico Z e o nú- de elétrons. Vamos agora relacionar o átomo de enxofre (S) com
mero de massa A. seu ânion bivalente (S2-).
O número atômico ( Z ) é o número de prótons no núcleo. Como
um átomo é um sistema eletricamente nêutron, se conhecermos o -S (Z=16)
seu número atômico, teremos então duas informações: o número Número de prótons: 16 - carga: +16
de prótons e o número de elétrons. Número de elétrons: 19 - carga: -18
Carga elétrica total: +16 -18 = -2

Relações atômicas

-Isótopos:
O número de massa A é o número total de núcleos (prótons Átomos de um dado elemento podem ter diferentes números
mais nêutrons) no núcleo. de massa e, portanto, massas diferentes porque eles podem ter di-
ferentes números de nêutrons em seu núcleo. Como mencionado,
tais átomos são chamados isótopos.
Cada isótopo também apresenta (A - Z) nêutrons, ou 8, 9 e 10
nêutrons, respectivamente. Devido aos isótopos de um elemento
apresentar diferentes números de nêutrons, eles têm diferentes
Pode-se ver destas definições que o número de nêutrons no massas.
núcleo é igual a A - Z.
-Isóbaros:
São átomos de diferentes números de próton, mas que pos-
suem o mesmo número de massa (A). Assim, são átomos de ele-
mentos químicos diferentes, mas que têm mesma massa, já que um
maior número de prótons será compensado por um menor número
de nêutrons, e assim por diante. Desse modo, terão propriedades
Indica um átomo do elemento X com o número atômico Z e físicas e químicas diferentes.
número de massa A. Por exemplo:
-Isótonos:
São átomos de diferentes números de prótons e de massa, mas
que possuem mesmo número de nêutrons. Ou seja, são elementos
diferentes, com propriedades físicas e químicas diferentes.
Vejamos um exemplo:

Refere-se a um átomo de oxigênio comum número atômico 8 e


um número de massa 16.

Íons
Os átomos podem perder ou ganhar elétrons, originando no-
vos sistemas, carregados eletricamente: os íons.
Nos íons, o número de prótons é diferente do número de elé-
trons.

Os átomos, ao ganharem elétrons, originam íons negativos, ou TABELA PERIÓDICA E PROPRIEDADES: ORGANIZAÇÃO
ânions, e, ao perderem elétrons, originam íons positivos, os cátions. DA TABELA PERIÓDICA, PROPRIEDADES PERIÓDICAS E
APERIÓDICAS
Cátions (íons positivos)
Em um cátions, o número de prótons é SEMPRE maior do que o Cada quadro da tabela fornece os dados referentes ao elemen-
número de elétrons. Veja abaixo um exemplo de cátion: to químico: símbolo, massa atômica, número atômico, nome do
elemento, elétrons nas camadas e se o elemento é radioativo.
-Cl+ ( Z=17) As colunas verticais constituem as famílias ou grupos, nas quais
Número de prótons: 17 - carga: +17 os elementos estão reunidos segundo suas propriedades químicas.
Número de elétrons: 16 - carga: -16 As filas horizontais são denominadas períodos. Neles os ele-
Carga elétrica total: +17 -16= +1 mentos químicos estão dispostos na ordem crescente de seus nú-
meros atômicos. O número da ordem do período indica o número
de níveis energéticos ou camadas eletrônicas do elemento.

9
QUÍMICA
Famílias ou Grupos
As Famílias da Tabela Periódica são distribuídas de forma vertical, em 18 colunas. Os elementos químicos que estão localizados na
mesma coluna da Tabela Periódica são considerados da mesma família pois possuem propriedades físicas e químicas semelhantes. Esses
elementos fazem parte de um mesmo grupo porque apresentam a mesma configuração de elétrons na última camada
A tabela periódica atual é constituída por 18 famílias. A numeração das Famílias da Tabela Periódica se inicia no 1A (representado em
nossa tabela periódica com o número 1) e continua até o zero ou 8A (representado em nossa tabela periódica pelo número 18). Existe
também a Família B.

Famílias A ou zero
Os elementos que constituem essas famílias são denominados elementos representativos, e seus elétrons mais energéticos estão
situados em subníveis s ou p. Nas famílias A, o número da família indica a quantidade de elétrons na camada de valência. Elas recebem
ainda nomes característicos.

Famílias B
Os elementos dessas famílias são denominados genericamente elementos de transição. Uma parte deles ocupa o bloco central da
tabela periódica, de IIIB até IIB (10 colunas), e apresenta seu elétron mais energético em subníveis d.

A outra parte deles está deslocada do corpo central, constituindo as séries dos lantanídeos e dos actinídeos. Essas séries apresentam
14 colunas. O elétron mais energético está contido em subnível f (f1 a f14).
O esquema a seguir mostra o subnível ocupado pelo elétron mais energético dos elementos da tabela periódica.

10
QUÍMICA

Períodos ou séries
Cada fila horizontal da tabela periódica constitui o que chamados de período ou série de elementos.
Cada período corresponde ao número de camadas eletrônicas existentes nos elementos que os constituem. Os períodos são sete
conforme pode ser observado no esquema abaixo.

Lantanídeos e Actinídeos
As séries dos lantanídeos e dos actinídeos correspondem, respectivamente, aos apêndices embaixo da tabela.

Importante:
a) Lantânio (La) e Actíneo (Ac) não pertencem às séries
b) Essas séries são chamadas Elementos de transição Interna
c) Os lantanídeos também são chamados lantanóides ou terras-raras.
d) Os actinídeos também são chamados actinóides
e) O uso dos termos “lantanóide” e actinóide” foi reconhecido pela IUPAC.

Classificação dos elementos químicos


Uma outra maneira de classificar os elementos pode ser feita relacionando o subnível energético de cada um.

11
QUÍMICA
Assim temos:

Outra maneira de classificar os elementos é agrupá-los, segundo suas propriedades físicas e químicas, em: metais, ametais, semime-
tais, gases nobres e hidrogênio.

-Hidrogênio
É um elemento atípico, pois possui a propriedade de se combinar com metais, ametais e semimetais. Nas condições ambientes, é um
gás extremamente inflamável.

-Gases nobres
Como o próprio nome sugere, nas condições ambientes apresentam-se no estado gasoso e sua principal característica química é a
grande estabilidade, ou seja, possuem pequena capacidade de se combinar com outros elementos.

Propriedades periódicas
As propriedades periódicas são aquelas que, à medida que o número atômico aumenta, assumem valores crescentes ou decrescentes
em cada período, ou seja, repetem-se periodicamente. Exemplo: o número de elétrons na camada de valência.
Vamos agora detalhar algumas propriedades periódicas da Tabela.

1. Raio atômico
O raio atômico é uma propriedade periódica difícil de ser medida. Pode-se considerar que corresponde à metade da distância (d) entre
dois núcleos vizinhos de átomos do mesmo elemento químico ligados entre si.

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QUÍMICA
Em uma família (grupo) tente a aumentar de cima para baixo AFINIDADE ELETRÔNICA (AE) OU ELETROAFINIDADE
(sentido em que aumenta também o número de camadas preenchi- Eletroafinidade é a energia liberada quando um átomo isolado,
das pela eletrosfera de um átomo. no estado gasoso, “captura” um elétron.
Em um período, o raio atômico tende a aumentar da direita
para a esquerda. Isso ocorre porque o número de prótons e elé- X 0 (g) + e– - X– (g) + energia
trons aumenta para a direita. Logo, no lado direito do período, os
átomos têm o mesmo número de camadas, maior números de pró- A medida experimental da afinidade eletrônica é muito difícil e,
tons e elétrons e, portanto, a força de atração entre eles é maior. por isso, seus valores foram determinados para
Isso provoca uma contração da eletrosfera e a consequente dimi-
nuição do raio atômico.

POUCOS ELEMENTOS.

Resumindo... A variação da afinidade eletrônica na tabela pe-


riódica: aumenta de baixo para cima e da esquerda para a direita.

2. Raio iônico 4. Eletronegatividade e Eletropositividade


Quando um átomo ganha ou perde elétrons, transforma-se em A eletronegatividade e a eletropositividade são duas proprie-
íon. Nessa transformação, há aumento ou diminuição das dimen- dades periódicas que indicam a tendência de um átomo, numa liga-
sões do tamanho do átomo inicial. ção química, em atrair elétrons compartilhados. Ou ainda, podem
- Raio de cátion: Quando um átomo perde elétron, a repulsão representar a força com que o núcleo atrai a eletrosfera.
da nuvem eletrônica diminui, diminuindo o seu tamanho. Inclusive -Eletropositividade: tendência que um átomo tem de perder
pode ocorrer perda do último nível de energia e quanto menor a elétrons. É muito característico dos metais. Pode ser também cha-
quantidade de níveis, menor o raio. mado de caráter metálico. É o inverso da eletronegatividade.
-Eletronegatividade: a força de atração exercida sobre os elé-
Exemplo: trons de uma ligação.

Essa força de atração tem relação com o raio atômico: quanto


menor o tamanho do átomo, maior será a força de atração, pois a
distância núcleo-elétron da ligação é menor. A eletronegatividade
não é definida para os gases nobres.
As variações de eletronegatividade podem ser representadas
pela ilustração a seguir:

Portanto: raio do átomo > raio do cátion

Raio do ânion: quando um átomo ganha elétron, aumenta a


repulsão da nuvem eletrônica, aumentando o seu tamanho.

3. Energia de Ionização
A maior ou menor facilidade com que o átomo de um elemento
perde elétrons é importante para a determinação do seu comporta-
mento. Um átomo (ou íon) em fase gasosa perde eletron(s) quando
recebe energia suficiente. Essa energia é chamada de energia (ou Importante:
potencial) de ionização. Na tabela periódica, a eletronegatividade cresce de baixo para
Quanto maior o raio atômico, menor será a atração exercida cima e da esquerda para a direita. A eletronegatividade relaciona-se
pelo núcleo sobre o elétron mais afastado; portanto, menor será a com o raio atômico: de maneira geral, quanto menor o tamanho de
energia necessária para remover esse elétron. um átomo, maior será a força de atração sobre os elétrons.
Generalizando: Quanto maior o tamanho do átomo, menor O cientista Linus Pauling propôs uma escala de valores para a
será a primeira energia de ionização. eletronegatividade:

Ao retirarmos o primeiro elétron de um átomo, ocorre uma di-


minuição do raio. Por esse motivo, a energia necessária para retirar
o segundo elétron é maior. Assim, para um mesmo átomo, temos:

1ª E.I. < 2ª E.I. < 3ª E.I.

13
QUÍMICA
4. Densidade
Experimentalmente, verifica-se que:
a) Entre os elementos das famílias IA e VIIA, a densidade au-
menta, de maneira geral, de acordo com o aumento das massas
atômicas, ou seja, de cima para baixo.
b) Num mesmo período, de maneira geral, a densidade aumen-
ta das extremidades para o centro da tabela.

Assim, os elementos de maior densidade estão situados na


parte central e inferior da tabela periódica, sendo o ósmio (Os) o
elemento mais denso (22,5 g/cm3).

LIGAÇÕES QUÍMICAS; LIGAÇÃO IÔNICA, LIGAÇÃO


COVALENTE E PROPRIEDADES; POLARIDADE DA LIGA-
ÇÃO E ELETRONEGATIVIDADE. EXCEÇÕES À REGRA DO
OCTETO. FORÇAS DAS LIGAÇÕES COVALENTES; GEO-
METRIA MOLECULAR; FORÇAS INTERMOLECULARES;
LIGAÇÕES METÁLICAS; LIGAÇÕES QUÍMICAS E INTE-
RAÇÕES INTERMOLECULARES: SÍMBOLOS DE LEWIS E
A REGRA DO OCTETO E EXCEÇÕES À REGRA. PROPRIE-
DADES MACROSCÓPICAS DE SUBSTÂNCIAS SÓLIDAS,
LÍQUIDAS E GASOSAS E DE SOLUÇÕES: CORRELAÇÃO
5.Temperatura de fusão (TF) e temperatura de ebulição (TE) COM OS MODELOS DE LIGAÇÕES QUÍMICAS E DE
INTERAÇÕES INTERMOLECULARES. ENERGIA EM PRO-
Experimentalmente, verifica-se que: CESSOS DE FORMAÇÃO OU ROMPIMENTO DE LIGA-
a) Nas famílias IA e IIA, os elementos de maiores TF e TE estão ÇÕES QUÍMICAS E INTERAÇÕES INTERMOLECULARES.
situados na parte superior da tabela. Na maioria das famílias, os MODELOS DE LIGAÇÕES QUÍMICAS E INTERAÇÕES
elementos com maiores TF e TE estão situados geralmente na parte INTERMOLECULARES. SUBSTÂNCIAS IÔNICAS, MOLE-
inferior. CULARES, COVALENTES E METÁLICAS. POLARIDADE
b) Num mesmo período, de maneira geral a TF e a TE crescem DAS MOLÉCULAS. RECONHECIMENTO DOS EFEITOS DA
das extremidades para o centro da tabela. POLARIDADE DE LIGAÇÃO E DA GEOMETRIA NA POLA-
Assim, a variação das TF e TE na tabela periódica pode ser re- RIDADE DAS MOLÉCULAS E A INFLUÊNCIA DESTA NA
presentada como no esquema acima. SOLUBILIDADE E NAS TEMPERATURAS DE FUSÃO E DE
EBULIÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS

As forças intermoleculares são classificadas em três tipos que


variam conforme a intensidade:
Ligação de Hidrogênio: Ligação de forte intensidade.
Dipolo Permanente ou dipolo-dipolo: Ligação de média inten-
sidade.
Dipolo Induzido ou Forças de London: Ligação de fraca inten-
sidade.
6. Volume atômico
Usamos a expressão “volume atômico”. Na verdade, usamos Ligação iônica
essa expressão para designar — para qualquer elemento — o volu- Em uma ligação iônica ocorre transferência definitiva de elé-
me ocupado por uma quantidade fixa de número de átomos. trons, o que acarreta a formação de íons positivos (cátions) ou ne-
O volume atômico sempre se refere ao volume ocupado por gativos (ânions), os quais originam compostos iônicos. Como todos
6,02 x 1023 átomos, e pode ser calculado relacionando-se a massa os íons apresentam excesso de cargas elétricas positivas ou negati-
desse número de átomos com a sua densidade. vas, eles sempre terão pólos.
Podemos visualizar a formação de uma ligação iônica típica en-
Assim, temos: tre dois átomos hipotéticos, M (um metal) e X (um não-metal), da
seguinte maneira: como M é um metal, sua energia de ionização é
baixa, isto é, é necessária pouca energia para remover um elétron
do átomo. A perda de um elétron por um átomo isolado (gasoso) M
leva à formação de um íon positivo ou cátion.
Por meio de medidas experimentais, verifica-se que:
- numa mesma família, o volume atômico aumenta com o au-
mento do raio atômico;
- num mesmo período, o volume atômico cresce do centro para
as extremidades.

De maneira geral, a variação do volume atômico pode ser re-


presentada pelo seguinte esquema:

14
QUÍMICA

Por outro lado, como X é um átomo de um não-metal, o valor de sua afinidade eletrônica é negativo, portanto, possui uma grande
tendência em ganhar elétron e formar um ânion.

Regra para montar a fórmula de um composto iônico.


No cloreto de magnésio existem dois íons, o cloreto (Cl) com número de oxidação -1 e o magnésio (Mg) com nº de oxidação +2.
A fórmula será 1 átomo de Mg (nox +2) e 2 átomo de Cl (nox -1).

1.Determinação da fórmula iônica


A fórmula correta de um composto iônico nos mostra a mínima proporção entre os íons que se unem de modo a formar um sistema
eletricamente neutro. Para que isso ocorra, é necessário que o número de elétrons cedidos seja igual ao número de elétrons recebidos.
Uma maneira prática de determinar a quantidade necessária de cada íon para escrever a fórmula iônica é:
Exemplo:
-Formação do cloreto de sódio (sal de cozinha), a partir do sódio e do cloro. Vejamos:
O Sódio : Na (Z = 11) = 1s2 , 2s2 , 2p6 , 3 s1 ou 2 – 8 - 1
O Cloro : Cl (Z = 17) = 1s2 , 2s2 , 2p6 , 3 s2 3p5 ou 2 – 8 – 7

Características e propriedades dos compostos iônicos:


-Rígidos;
-Duros e quebradiços
-Solúveis em solventes polares;
-Maus condutores de eletricidade no estado sólido;
- Elevadas temperaturas de fusão e ebulição.

Substâncias moleculares
As substâncias moleculares são substâncias formadas basicamente por moléculas. Estas não apresentam cargas livres e por isso são
incapazes de produzir corrente elétrica. São arranjos entre moléculas. Moléculas e, portanto a menor combinação de átomos que mantém
a composição de matéria inalterada (os átomos se ligam por ligações químicas).
Propriedades das substâncias moleculares:
- Podem ser sólidas (pouco duras e muito quebradiças), líquidas ou gasosas à temperatura ambiente;
- Forças de coesão das moléculas --> fracas e por isso, pontos de fusão e de ebulição baixos;
- Más condutoras elétricas e térmicas porque as moléculas são partículas neutras;

Ligação covalente ou molecular


A ligação covalente ocorre entre átomos com tendência a receber elétrons. Entretanto, como não é possível que todos os átomos re-
cebam elétrons, os átomos envolvidos na ligação apenas compartilhar um ou mais pares eletrônicos, sem que ocorra “perda” ou “ganho”
definitivo de elétrons.
A ligação covalente pode ser representada por:

1 Usberco, J.; Salvador, E. 2002. Química. Editora Saraiva.

15
QUÍMICA

Átomos A B
Tendência receber e -
receber e-
Classificação Hidrogênio Hidrogênio
Hidrogênio Ametal
Ametal Ametal
Ametal Semimetal
Par eletrônico x--------------------------------x
Compartilhamento

As substâncias formadas através das ligações covalentes apresentam-se como unidades de grandeza limitada, denominadas molécu-
las; por isso a ligação covalente é também denominada de ligação molecular.
A ligação covalente pode ocorrer através de um ou mais partes de elétrons. Cada par eletrônico compartilhado entre dois átomos
pode ser representado por um traço (-). Assim, podemos ter:

-Ligação simples:

-Ligação dupla:

-Ligação tripla:

A ligação covalente e a tabela periódica


A relação entre a posição na tabela e o número de ligações é indicada a seguir:

-Família VIIA (família doss Halogênio)


Os elementos da família VIIA apresentam 7e- na sua última camada (camada de valência). Assim, eles atingem a estabilidade ao com-
partilharem um único par enetrônico sendo assim denominados monovalentes.

Exemplo:
-Ligação entre dois átomos de cloro (Cl2):

(Uma ligação simples)

16
QUÍMICA
-Família VIA (família dos Chalcogênios)
Os elementos da família dos chalcogênios apresentam 6e- na
sua camada de valência. Diante disso, eles devem adquirir dois pa-
res eletrônicos para alcançar a estabilidade, sendo denominados
bivalentes.
Perceba que mais de um par de elétrons pode ser compartilha-
do, formando-se, então, ligações simples, duplas e triplas. Veja as
fórmulas de algumas moléculas simples:
(Duas ligações simples) ...

-Família VA
Estes elementos apresentam 5e- na sua camada de valência,
assim devem adquirir a estabilidade ao compartilharem três partes
eletrônicos (trivalentes)

(Três ligações simples)

-Familia IVA
Como estes elementos apresentam 4e- na camada de valência,
eles alcançarão a estabilidades quando compartilharem quatro pa-
res eletrônicos (tetravalentes).

Ligação Covalente Normal


Este tipo de ligação ocorre entre dois átomos que comparti-
(Quatro ligações simples) lham pares de elétrons. Os átomos participantes da ligação devem
contribuir com um elétron cada, para a formação de cada par ele-
-Hidrogênio trônico.
O hidrogênio (1s1) para adquirir sua configuração eletrônica es- Exemplo: A molécula de Hidrogênio (H2), (distribuição eletrô-
tável, ele deve ganhar um elétron e compartilhar um par eletrônico nica: 1H = 1s1) necessita de um elétron para cada átomo de Hidro-
(Monovalente) gênio para ficar com a camada K completa (dois elétrons). Assim os
dois átomos de Hidrogênio se unem formando um par eletrônico
comum a eles (compartilhamento). Desta forma, cada átomo de
Hidrogênio adquire a estrutura eletrônica do gás nobre Hélio (He)

FÓRMULAS QUÍMICAS Ligação covalente dativa


A representação do número e dos tipos de átomos que formam A ligação covalente dativa, também chamada de coordenada,
uma molécula é feita por uma fórmula química. Existem diferentes ocorre quando um dos átomos envolvidos já atingiu a estabilidade
tipos de fórmulas: a molecular, a eletrônica e a estrutural plana. e o outro átomo ainda precisa de dois elétrons para completar sua
a) Molecular: é a representação mais simples e indica apenas camada de valência. Essa ligação é semelhante à covalente comum,
quantos átomos de cada elemento químico formam a molécula. na medida em que existe um compartilhamento de um par eletrô-
nico.

b) Eletrônica: também conhecida como fórmula de Lewis, esse


tipo de fórmula mostra, além dos elementos e do número de áto-
mos envolvidos, os elétrons da camada de valência de cada átomo
e a formação dos pares eletrônicos. (Ligação covalente dativa)
Resumindo...
A ligação covalente ocorre entre:
– Hidrogênio – Hidrogênio
– Hidrogênio – não-metal
– Não-metal – Não-metal

c) Estrutural plana: também conhecida como fórmula estrutu- Obs: Os semimetais também podem ser incluídos.
ral, ela mostra as ligações entre os elementos, sendo cada par de
elétrons entre dois átomos representado por um traço.

17
QUÍMICA
Ligação metálica
É o tipo de ligação que ocorre entre os átomos de metais. Quando muitos destes átomos estão juntos num cristal metálico, estes
perdem seus elétrons da última camada. Forma-se, então, uma rede ordenada de íons positivos mergulhada num mar de elétrons em
movimento aleatório. Se aplicarmos um campo elétrico a um metal, orientamos o movimento dos elétrons numa direção preferencial, ou
seja, geramos uma corrente elétrica

Teoria do “mar de elétrons” ou teoria da “nuvem eletrônica”


A principal característica dos metais é a eletropositividade (tendência de doar elétrons), assim os elétrons da camada de valência
saem facilmente do átomo e ficam “passeando” pelo metal, o átomo que perde elétrons se transforma num cátion, que, em seguida, pode
recapturar esses elétrons, voltando a ser átomo neutro. O metal seria um aglomerado de átomos neutros e cátions, imersos num “mar de
elétrons livres” que estaria funcionando como ligação metálica, mantendo unidos os átomos e cátions de metais.

Característica e propriedades dos metais:


-Brilho metálico: o brilho será tanto mais intenso quanto mais polida for a superfície metálica, assim os metais refletem muito bem a
luz.
-Condutividades térmica e elétrica elevadas: os metais são bons condutores de calor e eletricidade pelo fato de possuírem elétrons
livres.
-Densidade elevada: os metais são geralmente muito densos, isto resulta das estruturas compactas devido à grande intensidade da
força de união entre átomos e cátions (ligação metálica), o que faz com que, em igualdade de massa com qualquer outro material, os
metais ocupem menor volume.
-Resistência à tração: os metais resistem às forças de alongamentos de suas superfícies, o que ocorre também como consequência da
“força” da ligação metálica.
-Pontos de fusão e ebulição elevados: os metais apresentam elevadas temperaturas de fusão e ebulição, isto acontece porque a liga-
ção metálica é muito forte.
-Maleabilidade: a propriedade que permite a obtenção de lâminas de metais.
-Ductibilidade: a propriedade que permite a obtenção de fios de metal.

Os compostos são classificados em compostos iônicos e compostos moleculares.


Os compostos iônicos são aqueles que possuem uma ou mais ligações iônicas, mesmo que apresente várias ligações covalentes.
Na ligação iônica, as forças de atração são consequência da transferência completa de um ou mais elétrons de um átomo para outro
sendo que um deles adquire carga positiva e o outro, negativa, surgindo as forças responsáveis pela ligação. A maioria dos compostos
iônicos são sólidos, nas temperatura e pressão ambientes, porque a força de atração elétrica mantém os cátions e os ânions firmemente
ligados uns aos outros.

Os compostos moleculares são aqueles que possuem somente ligações covalentes entre seus átomos. A menor partícula deste com-
posto denomina-se molécula.
Na ligação covalente a transferência de elétrons nunca é completa, pois estes são compartilhados e neste caso a força de atração entre
o par de elétrons (carga negativa) e o núcleo (carga positiva) é o que mantêm os átomos unidos.

Polaridade
A polaridade de uma molécula está diretamente vinculada à polaridade das ligações entre seus átomos constituintes e também a sua
geometria. A molécula polar é uma molécula com momento de dipolo diferente de zero enquanto uma molécula não-polar ou apolar tem
momento dipolo elétrico igual a zero. Cada ligação de uma molécula poliatômica pode ser polar, mas a molécula como um todo pode ser
não-polar ou apolar se os dipolos das ligações individuais se cancelarem.
Experimentalmente, quando uma molécula se orienta na presença de um campo elétrico externo é considerada polar, caso contrário
é apolar.
Diferentes materiais têm diferentes tendências de ceder ou receber elétrons. Ao atritar vigorosamente dois materiais, estamos forne-
cendo energia para que haja transferência de elétrons de um material para outro. O material que recebeu elétrons fica com carga negativa
e o que cedeu com carga positiva. A seqüência dos materiais em função da tendência de receber ou ceder elétrons é mostrada pela série
triboelétrica. Ao atritar dois materiais quaisquer de uma série triboelétrica, aquele que estiver posicionado à esquerda ficará eletrizado
positivamente e aquele que estiver posicionado à direita ficará eletrizado negativamente.

18
QUÍMICA

Ponto de Fusão
O ponto de fusão (PF) de um composto é a temperatura na qual este composto no estado sólido se transforma em líquido. O ponto
de fusão está relacionado com as interações entre partículas (átomos, íons e moléculas). Compostos que possuem fortes interações entre
partículas, terão maiores pontos de fusão.
Os compostos iônicos são constituídos por íons positivos e negativos, dispostos de maneira regular formando um retículo cristalino.
Para que ocorra a fusão do retículo precisamos de uma considerável energia, por isso os compostos iônicos possuem elevado ponto de
fusão e ebulição, geralmente são sólidos e muito duros.
Quanto mais fortes forem as interações intermoleculares, maior o ponto de fusão. Compostos contendo moléculas polares possui
ponto de fusão mais alto que moléculas apolares.

Condução de corrente elétrica


Para que haja condução de corrente elétrica é necessária a presença de elétrons livres, com mobilidade. Os compostos iônicos não
conduzem corrente na fase sólida (quando os elétrons estão firmemente ligados uns aos outros), mas conduzem na fase líquida ou em
solução aquosa, quando os íons adquirem mobilidade.
O composto que se dissolve originando uma solução que conduz corrente elétrica (solução eletrolítica) é chamado de eletrólito.

Geometria molecular
A geometria molecular baseia-se na forma espacial que as moléculas assumem pelo arranjo dos átomos ligados. Assim, cada molécu-
la apresenta uma forma geométrica característica da natureza das ligações (iônicas ou covalentes) e dos constituintes (como elétrons de
valência e eletronegatividade).

Teoria da Repulsão dos Pares Eletrônicos


A teoria da repulsão dos pares eletrônicos de valência (TRPEV) aponta que os pares eletrônicos (elétrons de valência, ligantes ou não)
do átomo central se comportam como nuvens eletrônicas que se repelem e, portanto, tendem a manter a maior distância possível entre si.
Mas, como as forças de repulsão eletrônica não são suficientes para que a ligação entre os átomos seja desfeita, essa distância é verificada
no ângulo formado entre eles.

Formas Geométricas
Para que se torne mais fácil a determinação da geometria (e, estrutura) de uma molécula, deve-se seguir os seguintes passos:
1. Contagem do número total de elétrons de valência (levando em consideração a carga, se for um íon);
2. Determinação do átomo central (geralmente, o menos eletronegativo e com o maior número de ligações);
3. Contagem do número de elétrons de valência dos átomos ligantes;
4. Cálculo do número de elétrons não ligantes (diferença entre número total e o número de elétrons dos átomos ligantes com a ca-
mada de valência totalmente completa);
5. Aplicação do modelo da TRPEV.

Desse modo, as geometrias mais comuns obtidas (observando-se, principalmente, os pares eletrônicos não ligantes) são:

Geometria Pares eletrônicos totais Pares eletrônicos não ligantes Pares eletrônicos ligantes
Linear 2 0 2
5 3 2
6 4 2
Triangular 3 0 3
Angular 34 12 22
Tetraédrica 4 0 4
Piramidal 4 1 3
Bipiramidal 5 0 5
Octaétrica 6 0 6

Obs.: toda molécula biatômica assume geometria linear. E, apenas as geometrias linear, triangular e angular são planas: as outras são
espaciais.

19
QUÍMICA
Modelos Moleculares

Geometria linear

Geometria octaédrica

Polaridade das moléculas

Geometria triangular

As moléculas de água são polares

Geometria angular A polaridade das moléculas é um tópico importante no estudo


da Química, pois nos ajuda a entender como as moléculas de uma
ou mais substâncias interagem, o que pode determinar a solubilida-
de ou o ponto de fusão e ebulição dessas substâncias.
A partir da análise da polaridade das moléculas, por exemplo,
podemos explicar o fato de encontrarmos a substância dióxido de
carbono (CO2) no estado gasoso, à temperatura ambiente, e a água
(H2O) no estado líquido. Outra importância de analisar a polaridade
das moléculas é entender por que a água apresenta uma grande
facilidade em dissolver o ácido clorídrico HCl, enquanto o mesmo
não ocorre com o dióxido de carbono.

Geometria tetraédrica A polaridade das moléculas está relacionada com o fato de o


composto apresentar ou não áreas com cargas diferentes (positiva
e negativa). As moléculas com polos são denominadas polares, e as
que não os apresentam são as apolares.
Para determinar a polaridade das moléculas, é importante co-
nhecer os seguintes aspectos:
• Diferença de eletronegatividade entre os átomos;
• Geometria da molécula: indica o posicionamento dos áto-
mos na molécula;
• Vetor momento dipolar: seta que indica o sentido da atra-
ção dos elétrons na ligação.

Geometria piramidal Determinação da polaridade por meio do vetor momento di-


polar resultante
1º Exemplo: determinar a polaridade na molécula de tricloreto
de fósforo (PCl3).

Fórmula estrutural do PCl3


Geometria bipiramidal

20
QUÍMICA
A molécula de tricloreto de fósforo apresenta geometria pira-
midal, na qual há dois átomos de cloro nas diagonais inferiores e um
átomo de cloro na região inferior.
O átomo de cloro é mais eletronegativo do que o átomo de
fósforo, logo, nessa molécula, três vetores momento dipolar saem
do fósforo em direção aos átomos de cloro.

Decomposição dos vetores diagonais na molécula do BF3

Após a decomposição, fica evidente que a molécula do BF3 pos-


Vetores momento dipolar na molécula do PCl3 sui, na realidade, dois vetores, um para baixo e um para cima, os
quais serão anulados por terem mesma direção e sentido opostos.
Como existem dois vetores diagonais, é necessário realizar a Assim, o vetor momento dipolar resultante dessa molécula é igual a
sua decomposição utilizando a regra do paralelogramo, na qual for- 0, ou seja, trata-se de uma molécula apolar.
ma-se essa figura geométrica a partir dos dois vetores (unindo suas
pontas). Dessa forma, surge um único vetor momento dipolar (seta Determinar a polaridade a partir da relação entre nuvens ele-
rosa). trônicas e ligantes
Nessa forma de determinar a polaridade das moléculas, com-
paramos o número de nuvens presentes no átomo central com o
número de ligantes, que estão ligados a ele:
• Se o número de ligantes iguais for igual ao número de nu-
vens no átomo central, a molécula é apolar;
• Se o número de ligantes iguais for diferente do número de
nuvens no átomo central, a molécula é polar.
1º Exemplo: determinar a polaridade na molécula de amônia
(NH3).
Decomposição dos vetores diagonais na molécula do PCl3

Após essa decomposição, fica evidente que a molécula do PCl3


possui, na realidade, dois vetores para baixo que, ao serem so-
mados (por terem mesma direção e sentido), fornecem um vetor
momento dipolar resultante diferente de 0. Assim, trata-se de uma
molécula polar.

2º Exemplo: determinar a polaridade na molécula de trifluore- Fórmula estrutural da amônia


to de boro (BF3).
A amônia é uma molécula que apresenta geometria piramidal
e possui três átomos de hidrogênio ligados ao átomo central por
meio de ligações sigma (já que o hidrogênio só realiza uma ligação),
nas quais há um elétron de cada um dos átomos envolvidos.
Entretanto, o átomo de nitrogênio pertence à família VA, por-
tanto, apresenta cinco elétrons na camada de valência, dos quais
três estão sendo utilizados nas ligações sigma, sobrando, então, um
Fórmula estrutural do BF3 par de elétrons, ou seja, uma nuvem eletrônica.

Por essa razão, a amônia apresenta três ligantes iguais (os hi-
drogênios) e quatro nuvens eletrônicas (três ligações sigma e uma
nuvem que sobra no nitrogênio), o que configura uma molécula
polar.
2º Exemplo: determinar a polaridade na molécula de trifluo-
reto de boro (BF3).

Vetores momento dipolar na estruturado BF3

Como existem dois vetores diagonais, também será necessário


realizar a sua decomposição utilizando a regra do paralelogramo.
Dessa forma, surge um único vetor momento dipolar.
Fórmula estrutural da trifluoreto de boro (BF3)

21
QUÍMICA
O trifluoreto de boro é uma molécula que apresenta geometria trigonal e possui três átomos de flúor ligados ao átomo central por
meio de ligações sigma (já que o flúor só realiza uma ligação), nas quais há um elétron de cada um dos átomos envolvidos.
Porém, o átomo de boro pertence à família IIIA e, por essa razão, apresenta três elétrons na camada de valência, os quais são todos
utilizados nas ligações, não sobrando, então, nenhum elétron.
Portanto, o trifluoreto de boro apresenta três ligantes iguais (os átomos de flúor) e três nuvens eletrônicas, caracterizando uma mo-
lécula apolar.

Relação entre polaridade e solubilidade


As moléculas que apresentam a mesma característica com relação à polaridade têm a tendência de dissolverem-se, o que significa
que semelhante dissolve semelhante:
• Composto polar dissolve outro composto polar;
• Composto apolar dissolve outro composto apolar.

Relação entre polaridade e forças intermoleculares


De acordo com a caraterística polar da molécula, ela interage com suas moléculas, ou com as moléculas de outras substâncias, por
meio de diferentes forças intermoleculares:
• Dipolo induzido: ocorre entre moléculas apolares;
• Dipolo permanente: ocorre entre moléculas polares;
• Ligação de hidrogênio: ocorre entre moléculas apolares.

Além disso, quanto maior a intensidade da força intermolecular, maior será o ponto de fusão e o ponto de ebulição, fato que influi
diretamente no estado físico em que podemos encontrar uma substância.

Forças intermoleculares
As forças intermoleculares são aquelas responsáveis por manter moléculas unidas na formação dos diferentes compostos, elas se
classificam em:
Força dipolo-induzido: é causada pelo acúmulo de elétrons em determinada região da molécula.

As interações intermoleculares presentes nas moléculas apolares são as dipolo-induzido, mas não ocorrem o tempo todo, a distribui-
ção de elétrons na eletrosfera dessas moléculas é uniforme. Contudo, em algum instante ocorre um acúmulo de cargas δ + e δ- (pólos) nas
extremidades, é aí que as forças dipolo-induzido aparecem, e como o próprio nome já diz, elas induzem as moléculas vizinhas a também
entrarem em desequilíbrio.
Veja exemplos de compostos apolares cujas moléculas interagem através de forças dipolo-induzido:
Cl2, CO2, CH4, H2, O2

Forças dipolo-dipolo: força intermolecular presente em compostos polares.


δ + δ- δ + δ- δ + δ-
H ? Br ------------------------- H ? Br --------------------- H ? Br

Repare que nas moléculas de ácido bromídrico (HBr) existem pólos δ + e δ-, são eles os responsáveis por esta molécula ser polar.
Exemplos de compostos polares em que ocorre interação dipolo-dipolo:
H2S, CO, SO2, HCl

Ligações de hidrogênio: essa é a interação mais forte que ocorre entre moléculas, é comparada à força dipolo-dipolo bem mais inten-
sificada. Esta ligação ocorre entre moléculas que contêm átomos de hidrogênio ligados a átomos de nitrogênio, flúor, oxigênio, ou seja,
elementos muito eletronegativos, por isso os pólos δ + e δ- ficam mais acentuados.
A molécula de água é um exemplo clássico das ligações de hidrogênio, onde átomos de H se unem fortemente aos átomos de H de
outras moléculas para formar a cadeia de H20.
Veja qual força intermolecular é mais intensa através da figura abaixo:

A seta indica a ordem crescente da intensidade de interação.

Número de Oxidação (Nox)


Diversas transformações químicas ocorrem através de reações de oxirredução. E muitas delas possuem aplicações para nós, desde
usos industriais, como na produção de ferro, queima de combustível para gerar energia, extração de metais de minérios, etc. até usos do-
mésticos, em pilhas e baterias, alvejantes e produtos de limpeza, dentre outros. Além disso, muitos processos metabólicos essenciais para
manutenção da vida são reações de oxirredução, como a respiração, a produção de energia pela quebra da glicose, a fotossíntese, etc. Mas
como é possível identificar se uma reação é redox?
Uma reação é considerada de oxirredução quando há transferência de elétrons de uma espécie a outra, para isso foi criado o número
de oxidação, ou Nox. Ele foi definido de forma que, quando ocorre uma oxidação, haverá aumento do número de oxidação, e quando
houver redução, haverá diminuição, facilitando o reconhecimento de uma reação redox. O Nox de um elemento é a carga elétrica que

22
QUÍMICA
ele adquire quando faz uma ligação iônica ou a carga parcial (δ) que ele adquire quando faz uma ligação covalente, que irá depender da
eletronegatividade do elemento, isto é, se na ligação covalente ele atrairá mais ou menos elétrons para si e dos outros elementos que
formam o composto.
Sendo assim, alguns elementos apresentarão números de oxidação diferentes, dependendo do composto que ele está constituindo.
Outros, porém, por serem bastante eletronegativos ou eletropositivos, apresentarão um mesmo Nox em diversos compostos distintos,
são elementos que seguem um certo padrão. Então, para determinar o número de oxidação dos elementos de um composto, partimos
primeiro daqueles que já são conhecidos, de acordo com a tabela abaixo.

Principais Nox
Metais Alcalinos (família 1A) + Prata (Ag) Em substâncias compostas +1

Metais Alcalino-terrosos (família 2A) + Zinco (Zn) Em substâncias compostas +2

Alumínio (Al) Em substâncias compostas +3


Enxofre (S) Em sulfetos (quando for o elemento mais eletronegativo) -2
Halogênios (família 7A) Em halogenetos (quando for o elemento mais eletronegativo) -1
Ligado a ametais (mais eletronegativos que ele) +1
Hidrogênio (H)
Ligado a metais (menos eletronegativos que ele) -1
Maioria das substâncias compostas -2
Em peróxidos -1
Oxigênio (O)
Em superperóxidos -1/2
Em fluoretos +1

O próximo passo, então, é determinar os Nox dos elementos restantes, sabendo que:
• A soma de todos os Nox dos elementos de um composto sempre dá igual a zero; pois trata-se de uma substância neutra.
• A soma de todos os Nox dos elementos em um íon composto é sempre igual à carga do íon.
• O Nox de substâncias simples é sempre igual a zero. (Exemplos: N2, H2, Na, Fe, etc.)
• O Nox de íons é igual a sua carga. (Exemplos: Na+ possui Nox = +1; S2- possui Nox = -2).

Assim, quando temos uma reação de oxirredução para se determinar os Nox, iniciamos com os das substâncias simples e de íons
simples. Para substâncias e íons compostos, determinamos os Nox de elementos conhecidos para depois encontrar os valores dos outros
elementos, fazendo uma equação simples, na qual a soma de todos os números de oxidação dos elementos do composto é igual a zero
(substância composta) ou à carga do íon (íon composto).

Exemplos
HCl
Hidrogênio ligado a ametal → nox +1
Cloro → halogênio → nox -1
O HCl é uma substância composta e neutra, logo a soma dos nox é igual a zero.

HClO
Hidrogênio ligado a ametal → nox +1
Cl → ?
Oxigênio → nox -2
Da mesma forma, o HClO é uma substância composta e neutra, logo a soma dos nox é igual a zero:
nox H + nox Cl + nox O = 0
1 + x + (-2) = 0
logo o nox do Cloro será +1

OBSERVAÇÃO: um átomo que não se encaixe nas regras (como o Cloro) não precisa ter o mesmo NOX em todas as moléculas. Acima
notamos que no HCl o nox do Cloro é -1 , e no HClO, seu nox é +1.

CaCO3
Neste caso, precisamos multiplicar o nox das regras, pelo numero de átomos do elemento na molécula.
nox oxigênio = -2 . 3 = -6
nox cálcio = metal alcalino-terroso = +2
Para descobrir o nox do carbono:
(-2 . 3) + 2 + x = 0
-6 + 2 + x = 0
Logo o nox do carbono é +4.

23
QUÍMICA
b) Exemplos de sais
FUNÇÕES INORGÂNICAS: DISSOCIAÇÃO E IONIZAÇÃO. Alguns exemplos de sais importantes para o ser humano de for-
CONCEITOS E PROPRIEDADES DE ÁCIDOS, BASES, ÓXI- ma direta ou indireta:
DOS E SAIS. TEORIA DE ARRHENIUS. CLASSIFICAÇÃO E • Cloreto de Sódio (NaCl)
NOMENCLATURA DOS COMPOSTOS INORGÂNICOS • Fluoreto de sódio (NaF)
• Nitrito de sódio (NaNO3)
Com o passar do tempo e com a descoberta de milhares de • Nitrato de amônio (NH4NO3)
substâncias inorgânicas, os cientistas começaram a observar que • Carbonato de sódio (Na2CO3)
alguns desses compostos poderiam ser agrupados em famílias com • Bicarbonato de sódio (NaHCO3)
propriedades semelhantes: as funções inorgânicas. • Carbonato de cálcio (CaCO3)
Na Química Inorgânica, as quatro funções principais são: áci- • Sulfato de cálcio (CaSO4)
dos, bases, sais e óxidos. As primeiras três funções são definidas • Sulfato de magnésio (MgSO4)
segundo o conceito de Arrhenius. Vejamos quais são os compostos • Fosfato de cálcio [Ca3(PO4)2]
que constituem cada grupo: • Hipoclorito de sódio (NaClO)

→ Ácidos: → Óxidos
São compostos covalentes que reagem com água (sofrem io- São compostos binários (formados por apenas dois elementos
nização) e formam soluções que apresentam como único cátion o químicos), e o oxigênio é o elemento mais eletronegativo.
hidrônio (H3O1+) ou, conforme o conceito original e que permanece
até hoje para fins didáticos, o cátion H1+. a) Fórmulas de óxidos
Exemplos: CO2, SO2, SO3, P2O5, Cl2O6, NO2, N2O4, Na2O etc.
a) Equações de ionização de ácidos
H2SO4 → H3O1+ + HSO41- ou H2SO4 → H1+ + HSO4- b) Principais óxidos:
HCl → H3O1+ + Cl1- ou HCl → H1+ + Cl1- • Óxidos básicos: apresentam caráter básico (Óxido de cál-
cio – CaO);
b) Ácidos principais: • Óxidos ácidos: apresentam caráter ácido (Dióxido de car-
• Ácido Sulfúrico (H2SO4) bono - CO2);
• Ácido Fluorídrico (HF) • Óxidos anfóteros: apresentam caráter ácido e básico (Óxi-
• Ácido Clorídrico (HCl) do de alumínio - Al2O3).
• Ácido Cianídrico (HCN)
• Ácido Carbônico (H2CO3)
• Ácido fosfórico (H3PO4)
• Ácido Acético (H3CCOOH) REAÇÕES QUÍMICAS E ESTEQUIOMETRIA: REAÇÃO
• Ácido Nítrico (HNO3) QUÍMICA: CONCEITO E EVIDÊNCIAS EXPERIMENTAIS.
EQUAÇÕES QUÍMICAS: BALANCEAMENTO E USO NA
→ Bases REPRESENTAÇÃO DE REAÇÕES QUÍMICAS COMUNS.
São compostos capazes de dissociar-se na água, liberando íons, OXIDAÇÃO E REDUÇÃO: CONCEITO, BALANCEAMEN-
mesmo em pequena porcentagem, e o único ânion liberado é o hi- TO, IDENTIFICAÇÃO E REPRESENTAÇÃO DE SEMIR-
dróxido (OH1-). REAÇÕES. MASSA ATÔMICA, MOL E MASSA MOLAR:
CONCEITOS E CÁLCULOS. APLICAÇÕES DAS LEIS DE
a) Equações de dissociação de bases CONSERVAÇÃO DA MASSA, DAS PROPORÇÕES DEFI-
NaOH(s) → Na1+ + OH1- NIDAS, DO PRINCÍPIO DE AVOGADRO E DO CONCEITO
Ca(OH)2 → Ca2+ + 2 OH1- DE VOLUME MOLAR DE UM GÁS. CÁLCULOS ESTE-
QUIOMÉTRICOS
b) Exemplos de bases
• Hidróxido de sódio (NaOH) É a forma de calcular quantidades de reagentes e produtos em
• Hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) uma reação química. Envolve cálculos matemáticos simples para
• Hidróxido de magnésio(Mg(OH)2) conhecer a proporção correta de substâncias a serem usadas.
• Hidróxido de amônio (NH4OH) Unidade de massa atômica:A massa atômica é a massa de um
átomo medida em unidade de massa atômica, sendo simbolizada
→ Sais por “u”. 1 u equivale a um doze avos (1/12) da massa de um átomo
São compostos capazes de se dissociar na água, liberando íons, de carbono-12 (isótopo natural do carbono mais abundante que
mesmo em pequena porcentagem, dos quais pelo menos um cátion possui seis prótons e seis nêutrons, ou seja, um total de número de
é diferente de H3O1+ e pelo menos um ânion é diferente de OH1-. massa igual a 12). Sabe-se que 1 u é igual a 1,66054 . 10-24 g.

a) Equações de dissociação de sais


Veja alguns exemplos de equações de dissociação de sais após
serem adicionados à água.

NaCl → Na1+ + Cl1-


Ca(NO3)2 → Ca2+ + 2 NO31-
(NH4)3PO4 → 3 NH4+1 + PO43-

24
QUÍMICA
Massa Atômica (MA) Massa molecular (MM)
A massa atômica de um átomo é sua massa determinada em A massa molecular de uma substância é a massa da molécula
u, ou seja, é a massa comparada com 1/12 da massa do 12C.As dessa substância expressa em unidades de massa atômica (u).Nu-
massas atômicas dos diferentes átomos podem ser determinadas mericamente, a massa molecular é igual à soma das massas atômi-
experimentalmente com grande precisão, usando um aparelho de- cas de todos os átomos constituintes da molécula.
nominado espectrômetro de massa. Para facilitar os cálculos não Exemplos:
necessário utilizar os valores exatos, assim faremos um “arredonda- H2⇒H = 1u , como são dois hidrogênios = 2u
mento” para o número inteiro mais próximo: - O = 16u
- H2O = 2u (H2) + 16u (O) = 18u
Exemplos:
Mol e Constante de Avogadro
Massa atômica do 4,0030u - 4u Com base na resolução recente da IUPAC, definimos que:
-Mol é a unidade de quantidade de matéria.
Massa atômica do 18,9984u - 19u -Constante de Avogadro é o número de átomo de 12C contidos
Massa atômica do 26,9815u - 27u em 0,012Kg de 12C. Seu valor é 6,02x1023 mol-1.

Massa Atômica de um Elemento Massa Molar (M)


Massa atômica de um elemento é a média ponderada das mas- A massa molar de um elemento é a massa de um mol de áto-
sas atômicas dos átomos de seus isótopos constituintes. mos, ou seja, 6,02x1023 átomos desse elemento. A unidade mais
Assim, o cloro é formado pelos isótopos 35Cl e 37C, na propor- usada para a massa molar é g.mol-1.
ção: Numericamente, a massa molar de um elemento é igual à sua
35
Cl= 75,4% MA= 34,997u massa atômica.
37
Cl= 24,6% MA= 36,975u
Exemplos:
1) Massa atômica do Cl=35,453u
Massa molar do Cl= 35,453 g.mol-1.
Interpretação: Um mol de átomos do elemento Cl (mistura dos
Como a massa atômica de um isótopo é aproximadamente isótopos 35Cl e 37Cl), ou seja, 6,02x1023 átomos do elemento Cl pe-
igual ao seu número de massa, a massa atômica de um elemento é sam 35,453 gramas.
aproximadamente igual à média ponderada dos números de massa
de sesu isótopos constituintes. Assim, a massa atômica aproximada 2) Massa atômica da água, H2O = 18u
do cloro será: Massa molar: um mol de moléculas, ou seja, 6,02x1023 molécu-
las de H2O pesam 18,0 gramas.

Cálculos estequiométricos
O cálculo das quantidades das substâncias envolvidas numa
reação química é chamado de cálculo estequiométricos — palavra
Sabendo que a massa atômica do elemento cloro é igual a derivada do grego stoicheia = partes mais simples e metreim = me-
35,5u podemos afirmar que: dida. São cálculos que envolvem proporções de átomos em uma
Massa média do átomo de Cl=35,5u sustância ou que relacionam-se com proporções de coeficientes de
Massa média do átomo de Cl=35,5 x massa de 1/12 do átomo uma equação química.
de 12C. As bases para o estudo da estequiometria das reações quími-
Massa média do átomo de x massa do átomo de 12C, cas foram lançadas por cientistas que conseguiram expressar mate-
maticamente as regularidades que ocorrem nas reações químicas,
Observe que não existe átomo de Cl com massa igual a 35,5 u; através das Leis das Combinações Químicas.
esse é o valor médio da massa do átomo de 12C. Essas leis foram divididas em dois grupos:
A maioria dos elementos é formada por mistura de diferentes - Leis ponderais: relacionam as massas dos participantes de
isótopos, em proporção constante. Essa proporção varia de um ele- uma reação.
mento para outro, mas para um elemento é constante. Desse ma- - Lei volumétrica: relaciona os volumes dos participantes de
neira, a massa atômica dos elementos é também constante. uma reação.
Nos elementos formados por um único isótopo, a massa atômi-
ca do seu único isótopo será também a massa atômica do elemento. Conduta de Resolução
Na estequiometria, os cálculos serão estabelecidos em função
Exemplo: Elemento químico flúor da lei de Proust e Gay-Lussac, neste caso para reações envolvendo
gases e desde que estejam todos nas mesmas condições de pressão
e temperatura.Assim, devemos tomar os coeficientes da reação de-
vidamente balanceados, e, a partir deles, estabelecer a proporção
em mols dos elementos ou substâncias da reação.
Veja no quadro abaixo o resumo das informações importantes
adquiridas até o momento: Exemplo: reação de combustão do álcool etílico:

C2H6O + O2 → CO2 + H2O

25
QUÍMICA
Após balancear a equação, ficamos com:

Após o balanceamento da equação, pode-se realizar os cálculo, envolvendo os reagentes e/ou produtos dessa reação, combinando as
relações de várias maneiras:

Importante:
- Uma equação química só estará corretamente escrita após o acerto dos coeficientes, sendo que, após o acerto, ela apresenta signi-
ficado quantitativo.
- Relacionar os coeficientes com mols. Teremos assim uma proporção inicial em mols;
- Estabelecer entre o dado e a pergunta do problema uma regra de três. Esta regra de três deve obedecer aos coeficientes da equação
química e poderá ser estabelecida, a partir da proporção em mols, em função da massa, em volume, número de moléculas, entre outros,
conforme dados do problema.

Tipos de Cálculos Estequiométricos

Relação Quantidade em Mols Relação entre Quantidade em Relação entre Massa e Massa Relação Entre Massa e Volume
Mols e Massa
Os dados do problema e as Os dados do problema são Os dados do problema e as Os dados do problema são
quantidades incógnitas pedidas expressos em termos de quantidades incógnitas pedidas expressos em termos de massa
são expressos em termos de quantidade em mols (ou massa) são expressos em termos de e a quantidade incógnita é
quantidade em mols. e a quantidade incógnita massa. pedida em volume**
é pedida em massa (ou
quantidade em mols).

**Caso o sistema não se encontre nas CNTP, deve-se calcular a quantidade em mols do gás e, a seguir, através da equação de estado,
determinar o volume correspondente.

Cálculos envolvendo excesso de reagente


Quando o enunciado do exercício fornecer quantidades de 2 reagente, precisamos verificar qual deles estará em excesso, após termi-
nada a reação. As quantidades de substâncias que participam da reação química são sempre proporcionais aos coeficientes da equação.
Se a quantidade de reagente estiver fora da proporção indicada pelos coeficientes da equação, reagirá somente a parte que se encontra
de acordo com a proporção; a parte que estiver a mais não reage e é considerada excesso.Por outro lado, o reagente que for totalmente
consumido (o que não estiver em excesso) pode ser denominado de reagente limitante porque ele determina o final da reação química no
momento em que for totalmente consumido.

Cálculos envolvendo Pureza


Com frequência as substâncias envolvidas no processo químico não são puras. Assim, podemos esquematicamente dividir uma amos-
tra em duas partes: a parte útil e as mas impurezas.
-Parte útil ou parte pura: reage no problema - p%
-Impurezas: não reagem no processo do problema - i%

Diante disso, é importante calcularmos a massa referente à parte pura, supondo que as impurezas não participam da reação. Grau de
pureza (p) é o quociente entre a massa da substância pura e a massa total da amostra (substância impura).

26
QUÍMICA
Como dois átomos de oxigênio (na forma de molécula 02) inte-
ragem, é lógico supor que duas moléculas de água sejam formadas.
Mas como duas moléculas de água são formadas por quatro áto-
mos de hidrogênio, serão necessárias duas moléculas de hidrogênio
Sistema em que o rendimento não é total para fornecer essa quantidade de átomos. Assim sendo, o menor
Quando uma reação química não produz as quantidades de número de moléculas de cada substância que deve participar da
produto esperadas, de acordo com a proporção da reação química, reação é: hidrogênio, duas moléculas; oxigênio, uma molécula;
dizemos que o rendimento não foi total. Rendimento de uma rea- água, duas moléculas.
ção é o quociente entre a quantidade de produto realmente obtida A equação química que representa a reação é: 2 H2 + 02 => 2
e a quantidade esperada, de acordo com a proporção da equação H20 (que é lida da seguinte maneira: duas moléculas de hidrogênio
química. reagem com uma molécula de oxigênio para formar duas moléculas
de água.)
Reações de Neutralização, Dupla Troca, Simples Troca, Redu-
ção, Oxidação Lei Volumétrica das Reações Químicas
Estudos realizados por Gay-Lussac levaram-no, em 1808, a con-
Reações Químicas cluir:
A queima de uma vela, a obtenção de álcool etílico a partir de Lei de Gay-Lussac: Os volumes de gases que participam de uma
açúcar e o enferrujamento de um pedaço de ferro são exemplos de reação química, medidos nas mesmas condições de pressão e tem-
transformações onde são formadas substâncias com propriedades peratura, guardam entre si uma relação constante que pode ser ex-
diferentes das substâncias que interagem. Tais transformações são pressa através de números inteiros.
chamadas reações químicas. As substâncias que interagem são cha- Assim, por exemplo, na preparação de dois litros de vapor
madas reagentes e as formadas, produtos. d’água devem ser utilizados dois litros de hidrogênio e um litro de
No final do século XVIII, estudos experimentais levaram os oxigênio, desde que os gases estejam submetidos às mesmas con-
cientistas da época a concluir que as reações químicas obedecem a dições de pressão e temperatura. A relação entre os volumes dos
certas leis. Estas leis são de dois tipos: gases que participam do processo será sempre: 2 volumes de hidro-
- leis ponderais: tratam das relações entre as massas de reagen- gênio; 1 volume de oxigênio; 2 volumes de vapor d’água. A tabela a
tes e produtos que participam de uma reação; seguir mostra diferentes volumes dos gases que podem participar
- leis volumétricas: tratam das relações entre volumes de gases desta reação.
que reagem e são formados numa reação.
hidrogênio + oxigênio => Vapor d’água
Equações Químicas 20 cm3 10 cm3 20 cm3
Os químicos utilizam expressões, chamadas equações quími- 180 dm 3
90 dm 3
180 dm3
cas, para representar as reações químicas. 82 ml 41 ml 82 ml
Para se escrever uma equação química é necessário: 126 l 63 l 126 l
- saber quais substâncias são consumidas (reagentes) e quais Observe que nesta reação o volume do produto (vapor d’água)
são formadas (produtos); é menor do que a soma dos volumes dos reagentes (hidrogênio e
- conhecer as fórmulas dos reagentes e dos produtos; oxigênio). Esta é uma reação que ocorre com contração de volume,
- escrever a equação sempre da seguinte forma: reagentes => isto é, o volume dos produtos é menor que o volume dos reagentes.
produtos Existem reações entre gases que ocorrem com expansão de volu-
me, isto é, o volume dos produtos é maior que o volume dos rea-
Quando mais de um reagente, ou mais de um produto, partici- gentes, como por exemplo na decomposição do gás amônia:
parem da reação, as fórmulas das substâncias serão separadas pelo
sinal “+ “; amônia => hidrogênio + nitrogênio
- se for preciso, colocar números, chamados coeficientes este- 2 vol. 3 vol 1 vol.
quiométricos, antes das fórmulas das substâncias de forma que a Em outras reações gasosas o volume se conserva, isto é, os vo-
equação indique a conservação dos átomos. Esse procedimento é lumes dos reagentes e produtos são iguais. E o que acontece, por
chamado balanceamento ou acerto de coeficientes de uma equa- exemplo, na síntese de cloreto de hidrogênio:
ção.
Utilizando as regras acima para representar a formação da água hidrogênio + cloro => cloreto de hidrogênio
temos: 1 vol. 1 vol. 2 vol.
- reagentes: hidrogênio e oxigênio; produto: água.
- fórmulas das substâncias: hidrogênio: H2; oxigênio: 02; água: Hipótese de Avogadro
H20. Em 1811, na tentativa de explicar a lei volumétrica de Gay-Lus-
- equação: H2 + 02 => H2O. sac, Amadeo Avogadro propôs que amostras de gases diferentes,
- acerto dos coeficientes: a expressão acima indica que uma ocupando o mesmo volume e submetidas às mesmas condições
molécula de hidrogênio (formada por dois átomos) reage com uma de pressão e temperatura, são formadas pelo mesmo número de
molécula de oxigênio (formada por dois átomos) para formar uma moléculas. Tomando-se como exemplo a formação de vapor d’água
molécula de água (formada por dois átomos de hidrogênio e um de (todos os gases submetidos às mesmas condições de pressão e tem-
oxigênio). Vemos, portanto, que a expressão contraria a lei da con- peratura) temos:
servação dos átomos (lei da conservação das massas), pois antes
da reação existiam dois átomos de oxigênio e, terminada a reação, hidrogênio + oxigênio => vapor d’água
existe apenas um. No entanto, se ocorresse o desaparecimento de dados experimentais 2 vol. 1 vol. 2 vol.
algum tipo de átomo a massa dos reagentes deveria ser diferente hip. de Avogadro 2a moléc. a moléc. 2a moléc.
da massa dos produtos, o que não é verificado experimentalmente. dividindo por a 2 moléc. 1 moléc. 2 moléc.

27
QUÍMICA
ou seja, a relação entre os volumes dos gases que reagem e que Alterações de calor
são formados numa reação é a mesma relação entre o número de Vamos estudar alguns tipos de reações químicas.
moléculas participantes.
A hipótese de Avogadro também permitiu a previsão das fór- Reações de Síntese
mulas moleculares de algumas substâncias. E o que foi feito, por Estas reações são também conhecidas como reações de com-
exemplo, para a substância oxigênio. Como uma molécula de oxi- posição ou de adição. Neste tipo de reação um único composto é
gênio, ao reagir com hidrogênio para formar água, produz o dobro obtido a partir de dois compostos.
de moléculas de água, é necessário que ela se divida em duas par- Vamos ver uma ilustração deste tipo de reação!
tes iguais. Portanto, é de se esperar que ela seja formada por um
número par de átomos. Por simplicidade, Avogadro admitiu que a Reações de Decomposição
molécula de oxigênio deveria ser formada por dois átomos. Como o próprio nome diz, este tipo de reação é o inverso da
Raciocinando de maneira semelhante ele propôs que a molé- anterior (composição), ou seja, ocorrem quando a partir de um úni-
cula de hidrogênio deveria ser diatômica e a de água triatômica, co composto são obtidos outros compostos. Estas reações também
formada por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio. são conhecidas como reações de análise.
Estas suposições a respeito da constituição das moléculas de
água, oxigênio e hidrogênio concordam com as observações experi- Reações de Simples Trocas
mentais acerca dos volumes dessas substâncias que participam da Estas reações ocorrem quando uma substância simples reage
reação. com uma substância composta para formar outra substância sim-
Atualmente, sabe-se que a hipótese levantada por Avogadro é ples e outra composta. Estas reações são também conhecidas como
verdadeira, mas, por razões históricas, sua proposição ainda é cha- reações de deslocamento ou reações de substituição.
mada de hipótese.
Outra decorrência da hipótese de Avogadro é que os coeficien- Reações de Dupla Troca
tes estequiométricos das equações que representam reações entre Estas reações ocorrem quando duas substâncias compostas re-
gases, além de indicar a proporção entre o número de moléculas solvem fazer uma troca e formam-se duas novas substâncias com-
que reage, indica, também, a proporção entre os volumes das subs- postas.
tâncias gasosas que participam do processo, desde que medidas nas
mesmas condições de pressão e temperatura. Podemos exemplifi- Redução e Oxidação
car este fato com as equações das reações descritas anteriormente: Na classificação das reações químicas, os termos oxidação e re-
dução abrangem um amplo e diversificado conjunto de processos.
- síntese de vapor d’água: Muitas reações de oxirredução são comuns na vida diária e nas fun-
2 H2(g) + 02(g) 2 H2O(g) ções vitais básicas, como o fogo, a ferrugem, o apodrecimento das
frutas, a respiração e a fotossíntese.
- decomposição da amônia: Oxidação é o processo químico em que uma substância per-
2 NH3(g) N2(g) + 3 H2(g) de elétrons, partículas elementares de sinal elétrico negativo. O
mecanismo inverso, a redução, consiste no ganho de elétrons por
- síntese de cloreto de hidrogênio: um átomo, que os incorpora a sua estrutura interna. Tais proces-
H2(g) + Cl2(g) 2 HC1(g) sos são simultâneos. Na reação resultante, chamada oxirredução
ou redox, uma substância redutora cede alguns de seus elétrons
Massas Relativas de Átomos e Moléculas e, consequentemente, se oxida, enquanto outra, oxidante, retém
A hipótese de Avogadro permitiu, mesmo sendo impossível de- essas partículas e sofre assim um processo de redução. Ainda que
terminar a massa de uma molécula, comparar as massas de várias os termos oxidação e redução se apliquem às moléculas em seu
moléculas. Em outras palavras a hipótese de Avogadro permitiu cal- conjunto, é apenas um dos átomos integrantes dessas moléculas
cular quantas vezes uma molécula é mais leve ou mais pesada do que se reduz ou se oxida.
que a outra. Vejamos como isso pode ser feito.
Sabe-se que 10 litros de gás hidrogênio, submetido a 0ºC e 1 Número de oxidação. Para explicar teoricamente os mecanis-
atm, pesam 0,892 grama e que o mesmo volume de oxigênio, nas mos internos de uma reação do tipo redox é preciso recorrer ao
mesmas condições de pressão e temperatura, pesa 14,3 gramas. conceito de número de oxidação, determinado pela valência do
Como, tanto os volumes dos gases, como as condições de pressão e elemento (número de ligações que um átomo do elemento pode
temperatura em que se encontram são iguais, as amostras gasosas fazer), e por um conjunto de regras deduzidas empiricamente:
são formadas pelo mesmo número de moléculas. Podemos, então, (1) quando entra na constituição das moléculas monoatômicas,
escrever: diatômicas ou poliatômicas de suas variedades alotrópicas, o ele-
- massa de uma molécula de oxigênio/massa de uma molécula mento químico tem número de oxidação igual a zero;
de hidrogênio = 14,3g/0,893g = 16 (2) o oxigênio apresenta número de oxidação igual a -2, em to-
- o que mostra que uma molécula de oxigênio é 16 vezes mais das as suas combinações com outros elementos, exceto nos peróxi-
pesada que uma molécula de hidrogênio. dos, quando esse valor é -1;
(3) o hidrogênio tem número de oxidação +1 em todos os seus
Tipos de Reações Químicas compostos, exceto aqueles em que se combina com os ametais,
As reações químicas costumam ocorrer acompanhadas de al- quando o número é -1; e
guns efeitos que podem dar uma dica de que elas estão aconte- (4) os outros números de oxidação são determinados de tal
cendo. maneira que a soma algébrica global dos números de oxidação de
Vamos ver quais são estes efeitos? uma molécula ou íon seja igual a sua carga efetiva. Assim, é possível
Saída de gases determinar o número de oxidação de qualquer elemento diferente
Formação de precipitado do hidrogênio e do oxigênio nos compostos que formam com esses
Mudança de cor dois elementos.

28
QUÍMICA
Assim, o ácido sulfúrico (H2SO4) apresenta, para seu elemento pois os elétrons se compensam e os íons H+ e OH- se unem
central (enxofre), um número de oxidação n, de forma que seja nula para formar a água.
a soma algébrica dos números de oxidação dos elementos integran- Nesses mecanismos se apóia o método generalizado de balan-
tes da molécula: 2.(+1) + n + 4.(-2) = 0, logo, n = +6 ço de reações redox, chamado íon-elétron, que permite determinar
Em toda reação redox existem ao menos um agente oxidante e as proporções exatas de átomos e moléculas participantes. O méto-
um redutor. Em terminologia química, diz-se que o redutor se oxi- do íon-elétron inclui as seguintes etapas:
da, perde elétrons, e, em conseqüência, seu número de oxidação (1) notação da reação sem escrever os coeficientes numéricos;
aumenta, enquanto com o oxidante ocorre o oposto. (2) determinação dos números de oxidação de todos os átomos
participantes;
Oxidantes e redutores. Os mais fortes agentes redutores são (3) identificação do agente oxidante e redutor e expressão de
os metais altamente eletropositivos, como o sódio, que facilmente suas respectivas equações iônicas parciais;
reduz os compostos de metais nobres e também libera o hidrogênio (4) igualação de cada reação parcial e soma de ambas, de tal
da água. Entre os oxidantes mais fortes, podem-se citar o flúor e o forma que sejam eliminados os elétrons livres;
ozônio. (5) eventual recomposição das moléculas originais a partir de
O caráter oxidante e redutor de uma substância depende dos possíveis íons livres.
outros compostos que participam da reação, e da acidez e alcalini-
dade do meio em que ela ocorre. Tais condições variam com a con- Métodos de Balanceamento
centração de elementos ácidos. Entre as reações tipo redox mais Método das Tentativas: Como o nome já sugere, consiste na
conhecidas -- as reações bioquímicas -- inclui-se a corrosão, que escolha de números arbitrários de coeficientes estequiométricos.
tem grande importância industrial. Assim, apesar de mais simples, pode se tornar a forma mais traba-
Um caso particularmente interessante é o do fenômeno cha- lhosa de balancear uma equação.
mado auto-redox, pelo qual um mesmo elemento sofre oxidação Método Algébrico: Utiliza-se de um conjunto de equações,
e redução na mesma reação. Isso ocorre entre halogênios e hidró- onde as variáveis são os coeficientes estequiométricos. Sendo que,
xidos alcalinos. Na reação com o hidróxido de sódio a quente, o essas equações podem ser solucionadas por substituição, escalona-
cloro (0) sofre auto-redox: se oxida para clorato (+5) e se reduz para mento ou por matrizes (através de determinantes).
cloreto (-1): 6Cl + 6NaOH -> 5NaCl- + NaClO3 + 3H2O
Exemplo: NH4NO3 → N2O + H2O
Balanço das reações redox. As leis gerais da química estabele-
cem que uma reação química é a redistribuição das ligações entre Passo 1: Identificar os coeficientes.
os elementos reagentes e que, quando não há processos de ruptura aNH4NO3 → bN2O + cH2O
ou variação nos núcleos atômicos, conserva-se, ao longo de toda a
reação, a massa global desses reagentes. Desse modo, o número Passo 2: Igualar as atomicidades de cada elemento respeitando
de átomos iniciais de cada reagente se mantém quando a reação a regra da proporção atômica. Assim, deve-se multiplicar a atomici-
atinge o equilíbrio. dade de cada elemento da molécula pelo coeficiente estequiomé-
Em cada processo desse tipo, existe uma relação de propor- trico identificado anteriormente.
ção fixa e única entre as moléculas. Uma molécula de oxigênio, por Para o nitrogênio: 2a = 2b (pois existem 2 átomos de N na mo-
exemplo, se une a duas de hidrogênio para formar duas moléculas lécula NH4NO3)
de água. Essa proporção é a mesma para todas as vezes que se pro- Para o hidrogênio: 4a = 2c
cura obter água a partir de seus componentes puros: 2H2 + O2  ->  Para o oxigênio: 3a = b + c
2H2O Ou seja, o número de átomos de cada elemento deve ser igual
A reação descrita, que é redox por se terem alterado os nú- no lado dos reagentes e no lado dos produtos.
meros de oxidação do hidrogênio e do oxigênio em cada um dos
membros, pode ser entendida como a combinação de duas reações Passo 3: Resolver o sistema de equações
iônicas parciais: Se 2a = 2b, tem-se que a = b.
H2 -> 2H+  + 2e- (semi-oxidação) Se 4a = 2c, tem-se que 2a = c.
4e- + 2H+ + O2 -> 2OH- (semi-redução)
Portanto, atribuindo-se o valor arbitrário 2 para o coeficiente
em que os elétrons ganhos e perdidos representam-se com e- e a, tem-se:
os símbolos H+ e OH- simbolizam respectivamente os íons hidrogê- a = 2, b = 2, c = 4.
nio e hidroxila. Em ambas as etapas, a carga elétrica nos membros
iniciais e finais da equação deve ser a mesma, já que os processos Mas, como os coeficientes devem ser os menores valores in-
são independentes entre si. teiros possíveis:
Para fazer o balanceamento da reação global, igualam-se as a = 1, b = 1, c = 2.
reações iônicas parciais, de tal maneira que o número de elétrons
doados pelo agente redutor seja igual ao número de elétrons rece- Passo 4: Substituir os valores obtidos na equação original
bidos pelo oxidante, e procede-se a sua soma: 1NH4NO3 → 1N2O + 2H2O, ou simplesmente, NH4NO3 → N2O +
2H2O
(H2 -> 2H+ + 2e-) x 2
(4e- + 2H+ + O2 -> 2OH-)      x 1 Método Redox: Baseia-se nas variações dos números de oxida-
-------------------------------------------- ção dos átomos envolvidos de modo a igualar o número de elétrons
2H2 + 4e- + 2H+ + O2 -> 4H+ + 4e- + 2OH- cedidos com o número de elétrons ganhos. Se no final do balancea-
o que equivale a: mento redox faltar compostos a serem balanceados, deve-se voltar
2H2 + O2 -> 2H2O para o método das tentativas e completar com os coeficientes res-
tantes.

29
QUÍMICA
Exemplo: Fe3O4 + CO → FeO + CO2

Passo 1: Identificar os átomos que sofrem oxirredução e calcular as variações dos respectivos números de oxidação. Sabendo-se que
o Nox do oxigênio é -2 para todos os compostos envolvidos. O Nox do Ferro varia de +8/3 para +2. E, o Nox do carbono de +2 para +4.

Portanto, o ferro se reduz e o carbono se oxida.


ΔFe = 8/3 – 2 = 2/3 (variação de Nox do ferro)
ΔC = 4 – 2 = 2 (variação de Nox do carbono)

Passo 2: Multiplicar a variação de Nox pela respectiva atomicidade no lado dos reagentes e atribuir o valor obtido como o coeficiente
estequiométrico da espécie que sofreu processo reverso. Assim, o número obtido pela multiplicação da variação de Nox do ferro pela sua
atomicidade deve ser atribuído como o coeficiente estequiométrico da molécula de CO.
Para o ferro: 2/3 . 3 = 2
Para o carbono: 2 . 1 = 2

Portanto, o coeficiente do Fe3O4 é igual a 2, e o coeficiente do CO também.


2Fe3O4 + 2CO → FeO + CO2

Simplificando-se os coeficientes para os menores valores inteiros possíveis, tem-se:


Fe3O4 + CO → FeO + CO2
Passo 3: Acrescentar os coeficientes restantes
Para completar o balanceamento, pode-se realizar o mesmo procedimento utilizado no lado dos reagentes (multiplicando a variação
de Nox pela atomicidade do elemento na molécula) ou realizar o método de tentativas. A primeira opção é a mais viável, embora para
equações mais simples (como a indicada como exemplo) possa ser utilizado o segundo método. O fato é que ambos os métodos devem
levar à mesma resposta final.
Como a atomicidade do carbono no CO2 é igual a 1, multiplicando-se pela variação do Nox 2, obtém-se o coeficiente 2 para o FeO. Do
mesmo modo, sendo a variação de Nox do ferro igual a 2/3, multiplicando-se pela atomicidade 1 na molécula de FeO, obtém-se o coefi-
ciente 2/3 para o CO2. Agora, basta balancear o lado dos produtos: Fe3O4 + CO → 2FeO + 2/3CO2
Como os coeficientes devem ser os menores valores inteiros possíveis, deve-se multiplicar a equação por 3/2 a fim de retirar o coefi-
ciente fracionário do CO2:
Fe3O4 + CO → 3FeO + CO2

Método Íon-Elétron: Baseia-se na divisão da reação global de oxirredução em duas semi-equações. Sendo que, para a semi-equação
de redução deve-se acrescentar os elétrons no lado dos reagentes e o ânion no lado dos produtos. De forma análoga, para a semi-equação
de oxidação, deve-se adicionar os elétrons no lado dos produtos junto à espécie oxidada, enquanto que no lado de reagentes deve estar
a espécie mais reduzida.
Exemplo: CuSO4 + Ni → NiSO4 + Cu

Passo 1: Identificar as espécies que sofrem oxidação e redução


No composto CuSO4, o cobre possui Nox +2 e transforma-se em cobre puro com Nox 0. Assim como, o Níquel puro passa do estado 0
para o estado de oxidação +2. Portanto, o cobre 2+ sofre redução e o níquel oxidação.

Passo 2: Escrever as semi-equações


Cu2+ + 2e → Cu
Ni → Ni2+ + 2e
Passo 3: Somar as semi-equações de modo a balanceá-las e cancelar os elétrons cedidos com os ganhos
Cu2+ + Ni → Ni2+ + Cu, ou simplesmente, CuSO4 + Ni → NiSO4 + Cu

Caso a quantidade de elétrons cedidos e ganhos não fosse igual, as duas semi-equações deveriam ser multiplicadas por números
inteiros de modo a equilibrar as cargas. Se a equação inicial possuir íons H+ em um dos lados ou átomos de oxigênio, também em um dos
lados, deve-se balancear a primeira espécie com moléculas de hidrogênio e a segunda com moléculas de água.

RELAÇÕES MASSA E MOL


Antes de introduzir o conceito de massa molar e número de mol, vejamos algumas definições importantes nesse contexto:

→ Termo molar
Molar vem da palavra molécula, mas o que exatamente é uma molécula? É o conjunto de átomos que se ligam por meio de ligações
químicas.

→ Massa molecular (MM)


É possível calcular a massa de uma molécula pela soma das massas atômicas de cada átomo que forma a respectiva molécula. O re-
sultado é denominado de Massa Molecular (MM).
Qual seria a massa molecular do gás Sulfídrico (H2S), por exemplo?

30
QUÍMICA
Primeiro é preciso saber qual é a massa atômica de cada átomo, que é dada pela Tabela Periódica dos elementos.

• Massa atômica do hidrogênio (H) = 1 u.m.a. (unidade por massa atômica)


• Massa atômica do enxofre (S) = 32,1 u.m.a.

A massa molecular é a soma das massas atômicas dos átomos.

Obs.: o Hidrogênio da molécula de H2S possui coeficiente 2, por isso, é preciso multiplicar sua massa por 2. Calculando:
Massa molecular do H2S = 1 • 2 + 32,1 = 34,1 u
                                              (H) + (S) = (H2S)

Massa molar e o número de mol


Já a massa molar, assim como o número de mol, relaciona-se com a Constante de Avogadro (6,02 x 1023) por meio do seguinte con-
ceito:
‘’O número de entidades elementares contidas em 1 mol correspondem à constante de Avogadro, cujo valor é 6,02 x 1023 mol-1.’’
Sendo assim, a massa molar é a massa de 6,02 x 1023 entidades químicas e é expressa em g/mol.

Mapa Mental - Mol

Exemplo: H2S
• Massa Molecular = 34,1 u
• Massa molar (M) = 34,1 g/mol

Isso quer dizer que, em 34,1 g/mol de gás sulfídrico, temos 6,02 x 1023 moléculas ou 1 mol de moléculas de gás sulfídrico.

Conclusão
A massa molecular e a massa molar possuem os mesmos valores, o que as difere é a unidade de medida. A massa molar relaciona-se
com o número de mols que é dado pela constante de Avogadro.

Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/quimica/massa-molar-numero-mol.htm

EXCESSO DE REAGENTES, REAGENTE LIMITANTE


Segundo a Lei Ponderal de Proust, denominada de Lei das Proporções Constantes, as reações sempre ocorrem em proporções defini-
das e constantes. Por exemplo, a reação de formação da amônia é realizada na proporção de 1 mol de gás nitrogênio para 3 mols de gás
hidrogênio, conforme mostrado pelos coeficientes estequiométricos na equação abaixo:
1 N2(g) + 3 H2(g) → 2 NH3(g)

Se essa reação for realizada numa proporção diferente dessa, então teremos um reagente em excesso e um reagente limitante. No
caso de reagirmos 1 mol de N2(g)com apenas 2 mols de H2(g), veremos claramente que a quantidade de hidrogênio é menor do que a reque-
rida pela relação estequiométrica, então ele é o reagente limitante da reação.

31
QUÍMICA
Reagente limitante é aquele que limita a quantidade de produto que pode ser produzido na reação. Isso significa que quando o rea-
gente limitante é totalmente consumido, a reação para, mesmo tendo ainda outros reagentes.
Todos os outros reagentes que sobrarem são considerados reagentes em excesso.
Para entender isso, vamos fazer uma analogia: imagine que temos que montar todos os conjuntos possíveis entre parafusos e duas
porcas. Digamos que temos 5 parafusos e 12 porcas. Nesse caso, os parafusos atuam como os reagentes limitantes e as porcas como os
reagentes em excesso, porque iremos parar de montar os conjuntos quando os parafusos acabarem e irão sobrar ainda duas porcas.

Para resolver questões que envolvem reagentes limitantes e em excesso, podemos seguir as três etapas mostradas abaixo:

Vejamos um exemplo:
Considere a seguinte reação corretamente balanceada:
6 Na(l) + Al2O3(s) → 2 Al(l) + 3 Na2O(s)

a) Determine o reagente limitante e o reagente em excesso dessa reação quando 5,52g de sódio reage com 5,10 g de Al2O3.
b) Qual é a massa de alumínio produzida?
c) Qual é a massa do reagente em excesso que permanecerá sem reagir no final do processo?

Resolução:
a) Vamos seguir os três passos citados para resolver a letra “a”:

1º Passo:
6 Na(l) + Al2O3(s) → 2 Al(l) + 3 Na2O(s)
A massa molar do Na é 23 g/mol e do Al2O3 é 102 g/mol. Determinando a quantidade em mols (n) de cada reagente:
n = m/MM
nNa = 5,52g / 23 g/mol → nNa = 0,24 mol
nAl2O3= 5,10g / 102 g/mol → nAl2O3 = 0,05 mol

2º Passo:
Fazer a relação estequiométrica para descobrir a quantidade de Al2O3 necessária para reagir com 0,24 mol de Na:
6 Na(l) + Al2O3(s) → 2 Al(l) + 3 Na2O(s)
6 mol -----  1 mol
0,24 mol---- x
x = 0,04 mol

3º Passo:
O cálculo anterior mostrou que seria necessário 0,04 mol de Al2O3 para reagir totalmente com 0,24 mol de Na. Mas, o 1º passo mos-
trou que na verdade temos uma massa maior do que essa, que é de 0,05 mol de Al2O3. Assim, o Al2O3(s) é o reagente em excesso e o Na é
o reagente limitante.

b) Para saber qual é a massa de alumínio produzida, basta relacionar com a quantidade do reagente limitante que temos, isto é, do
sódio:
6 Na(l) + Al2O3(s) → 2 Al(l) + 3 Na2O(s)
6 mol de Na ---- 2 mol de Al
6 mol . 23 g/mol de Na ----- 2 mol . 27 g/mol de Al
138 g de Na ---- 54 g de Al
5,52 g de Na ---- y
y = 54 . 5,52
           138
y = 2,16 g de Al serão produzidos.

c) Para saber a massa de reagente em excesso (Al2O3) que irá sobrar, basta diminuir a quantidade que foi colocada para reagir no início
pela quantidade que de fato reagiu:

32
QUÍMICA
0,05 mol ----- 5,10 g O cálculo indica que seriam esperadas 0,84g de AgCl, caso ti-
0,04 mol ---- w véssemos um rendimento teórico de 100%. Entretanto, sabemos
w = 0,04 . 5,10 que a massa obtida deste produto foi de 0,60g, portanto, podemos
           0,05 calcular o rendimento da reação química, também através de uma
w = 4,08 g de Al2O3 reagiram regra de três simples. Nesta, consideramos como 100% a massa de
5,10 – 4,08 = 1,02 g de Al2O3 restaram. produto esperada e relacionamos a massa obtida com a variável,
conforme podemos observar abaixo:
Fonte: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/reagente-ex-
cesso-reagente-limitante.htm

RENDIMENTO DE REAÇÕES QUÍMICAS E GRAU DE PUREZA


DE REAGENTES

Uma reação química não pode ser considerada como um sis-


tema ideal, ou seja, que poderá ser previsto quantitativamente em
exatidão. Vários fatores podem estar envolvidos em um processo
laboratorial cujo resultado obtido não satisfez o teorizado. “A pa-
lavra estequiometria vem do grego e significa medir algo que não Observamos dessa forma que o  rendimento reacional  foi de
pode ser dividido. Ela foi empregada pela primeira vez pelo químico 71,42%, o que nos demonstra erros operacionais durante o proce-
alemão J. B. Richter, que em 1972 publicou Anfangsgründe der Stö- dimento laboratorial de síntese ou qualidade inferior dos reagentes
chyometrie (Fundamentos de Estequiometria). Hoje a estequiome- utilizados, os quais não permitiram que obtivéssemos a massa es-
tria compreende os requisitos atômicos das substâncias que parti- perada (0,84g) do produto considerado, mas apenas 0,6g, validan-
cipam de uma reação química, particularmente no que diz respeito do a afirmação de que a maioria dos processos laboratoriais não
ao peso”. ocorre de modo ideal.
Por exemplo, uma dada reação química de precipitação entre
Fonte: https://www.infoescola.com/quimica/rendimento-de-uma-rea-
1g de nitrato de prata (AgNO3) e 0,34g de cloreto de sódio (NaCl),
cao-quimica/
massas sem excesso, após pesada a massa precipitada de um dos
produtos formados, o cloreto de prata (AgCl), após isolamento por
filtração seguida por evaporação, observou-se um valor levemente
Grau de pureza de reagentes
abaixo do esperado, equivalente a 0,6g deste sal. Esse fato deve-
Muitas substâncias usadas como matérias-primas em proces-
-se principalmente a fatores de impurezas dos reagentes utilizados.
sos industriais não são puras, ou seja, não contêm somente os seus
Essa reação em questão está equacionada abaixo, e está previa- componentes principais, mas contêm também certo grau de impu-
mente com seus coeficientes estequiométricos ajustados, ou seja, a rezas, isto é, de outras substâncias que não participam das reações
massa dos reagentes é igual à massa dos produtos, juntamente com desejadas presentes em sua constituição.
os pesos moleculares das espécies envolvidas. É importante determinar em laboratório qual é o grau de pure-
za da substância, pois, para ser usada no processo industrial, essas
impurezas terão que ser eliminadas. Por essa razão, talvez o gasto
que se terá nesse processo não justifique a quantidade de produto
que será obtida, portanto, pode tornar a aplicação em escala indus-
trial inviável economicamente.
O grau de pureza dos reagentes (p) é a relação entre a massa da
substância pura e a massa total da amostra. A porcentagem de pu-
Dessa forma, deve-se primeiramente calcular a massa teórica reza (p%) é a porcentagem da massa da substância pura em relação
esperada de AgCl, para então compará-la com a massa realmente à massa total da amostra.
obtida. O método empregado pode ser uma regra de três simples, Por exemplo, o calcário possui como constituinte principal o
considerando-se apenas um dos produtos envolvidos, uma vez carbonato de cálcio (CaCO3(s)). Mas nas jazidas em que esse mi-
que não há excesso de reagentes. Usaremos para fins de cálculos neral é coletado, geralmente ele vem com impurezas, como areia,
o AgNO3, o qual terá sua massa molecular relacionada à massa mo- carvão e outras substâncias em menor quantidade. A partir do car-
lecular do produto em destaque; na primeira linha da regra de três. bonato de cálcio, produz-se, por exemplo, a cal virgem (óxido de
Na segunda linha, relacionaremos a massa que reage com a massa cálcio – CaO(s)). Para garantir um rendimento bom desse produto,
teórica esperada do produto. é necessário determinar então o grau de pureza do calcário. Nesse
caso, temos que o grau de pureza é quantas partes de carbonato de
cálcio existem em 100 partes de calcário.
Considere que temos uma amostra de calcário de 250 g, sendo
que 225 g é de carbonato e 25 g é de impurezas. Temos então que o
grau de pureza (p) dessa amostra de calcário é dado por:
p = 225
250
p = 0,9

A porcentagem de pureza (p%) é dada por:


250 ---------- 100 %
225 ---------- p%
p% = 90%

33
QUÍMICA
ou Exemplo: Em uma solução verdadeira de NaOH de concentra-
p% = p . 100% ção 80g/L, devemos entender que em cada litro de solução conterá
p% = 0,9 . 100% 80g de NaOH.
p% = 90% Importante: A relação massa/litro poderá ser expressa em:
Kg/L; g/ml; g/cm³ e et.
Fonte: https://alunosonline.uol.com.br/quimica/pureza-reagentes.
html Densidade (d)
A densidade de uma solução representa a relação entre a mas-
sa da solução e o volume da solução.
SOLUÇÕES LÍQUIDAS: SOLUÇÕES E SOLUBILIDADE. Onde,
O EFEITO DA TEMPERATURA NA SOLUBILIDADE. SO- - msolução = msoluto + msolvente
LUÇÕES SATURADAS. O PROCESSO DE DISSOLUÇÃO:
INTERAÇÕES SOLUTO/SOLVENTE; EFEITOS TÉRMICOS. -V = volume da solução
ELETRÓLITOS E SOLUÇÕES ELETROLÍTICAS. CONCEN- Exemplo: Se uma solução apresenta d= 1,2g/ml, isso significa
TRAÇÃO DE SOLUÇÕES: EM G/L, EM MOL/L E EM PER- que em casa mililitro da solução existe uma massa total de 1,2 g.
CENTUAIS. CÁLCULOS. PROPRIEDADES COLIGATIVAS. Importante: A relação massa da solução/volume da solução po-
RELAÇÕES QUALITATIVAS E QUANTITATIVAS ENTRE derá ser expressa em: g/L; g/ml; g/cm³ e et.
A CONCENTRAÇÃO DE SOLUÇÕES DE SOLUTOS NÃO-
VOLÁTEIS E AS PROPRIEDADES: PRESSÃO DE VAPOR, Concentração molar (mol/L) ou Molaridade (ɱ)
TEMPERATURA DE CONGELAÇÃO E DE EBULIÇÃO E A Quantidade, em mols, do soluto existente em 1 litro de solução
PRESSÃO OSMÓTICA (soluto + solvente). Esta cai bastante nas provas!!!

Solução é uma mistura homogênea constituída por duas ou Onde,


mais substâncias numa só fase. As soluções são formadas por um -M1 = massa molar do soluto
solvente (geralmente o componente em maior quantidade) e um -m1= massa do soluto
ou mais solutos (geralmente componente em menor quantidade). -n1 = número de mols do soluto (mol) -lembrando que o índice
Suas propriedades físicas e químicas podem não estar relacionadas 1 indica grandezas relacionadas ao soluto
com aquelas das substâncias originais, diferentemente das proprie- -V = volume da solução (L)
dades de misturas heterogêneas que são combinações das proprie- Unidades: mol/L ou M
dades das substâncias individuais. As soluções incluem diversas
combinações em que um sólido, um líquido ou um gás atua como Título em massa
dissolvente (solvente) ou soluto. O título representa a relação da massa do soluto pela massa
da solução. Pode ser multiplicado por 100 e, assim, corresponder
Componentes de uma solução ao que é considerado a porcentagem em massa do soluto na massa
da solução.
Exemplos: Exemplo: Considerando 20g de H2SO4 dissolvidos em 80g de
-Ao misturarmos 1g de cloreto de sódio (NaCl) em 1 litro de água, o título da solução será:
H2O, teremos uma solução, na qual o NaCl é o soluto e a água é o
solvente
-O álcool comercial comprado em supermercados trata-se de
uma mistura homogênea entre álcool e água, geralmente constituí-
da de 92% de álcool e 8% de água. Nesse caso, o álcool é o solvente
e a água é o soluto.

Solução é sempre formada pelo soluto e pelo solvente.

Porcentagem em massa (ppm)


Concentração das soluções Para indicar concentrações extremamente pequenas, principal-
A concentração de uma solução é a relação entre a quantidade mente de poluentes do ar, da terra e da água, usamos a unidade
de soluto e a quantidade de solução (solvente). partes por milhão, representada por ppm. Esse termo é frequente-
mente utilizado para soluções muito diluídas e indica quantas par-
tes do soluto existem em um milhão de partes da solução.
Assim Uma solução 20 ppm contém 20 gramas do soluto em
1 milhão de gramas da solução. Como a solução é muito diluída, a
massa de solvente é praticamente igual à massa da solução. Então,
Concentração comum (C) quando trabalhamos com ppm, consideramos que a massa do sol-
A concentração comum de um solução é a relação entre a mas- vente corresponde à massa da solução.
sa de um soluto (m1) e o volume (V) da solução A relação matemática para a determinação do ppm pode ser
dada por:
Onde,
-m1= massa do soluto em gramas
-V= volume da solução em litros

34
QUÍMICA

PROPRIEDADES COLIGATIVAS
Propriedades coligativas das soluções são propriedades que dependem apenas do número de partículas dispersas na solução, inde-
pendentemente da natureza dessas partículas, podendo ser moléculas ou íons. As propriedades coligativas incluem pressão máxima de
vapor, ebulição, ponto de fusão e pressão osmótica.

Efeitos coligativos
A água em seu estado puro à pressão de 1 atm possui ponto de fusão de 0oC e ponto de ebulição de 100oC. Porém, quando adiciona-
mos um soluto à água, o soluto modifica as propriedades físicas da água. Agora a água congela abaixo de 0oC e ferve acima de 100oC. Estas
alterações das propriedades físicas da água devido à adição do soluto são denominadas de efeitos coligativos. Para cada propriedade física
que modifica temos uma propriedade coligativa que estuda este efeito:

-Pressão Máxima de Vapor (PMV)


A pressão máxima de vapor é pressão exercida pelo vapor quando está em equilíbrio dinâmico com o liquido correspondente.
A PMV depende da temperatura e da natureza do líquido. Observa-se experimentalmente que, numa mesma temperatura, cada líqui-
do apresenta sua pressão de vapor, pois esta está relacionada com a volatilidade do líquido.

Fatores que Influenciam


A pressão máxima de vapor depende de alguns fatores:
- Natureza do Líquido - Líquidos mais voláteis como éter, acetona etc. evaporam-se mais intensamente, o que acarreta uma pressão
de vapor maior. Quanto maior a pressão de vapor de um líquido, ou melhor, quanto mais volátil ele for, mais rapidamente entrará em
ebulição.
- Temperatura - Aumentando a temperatura, qualquer líquido irá evaporar mais intensamente, acarretando maior pressão de vapor.

Tonoscopia (ou Tonometria)


A tonoscopia estuda os efeitos do abaixamento da pressão de vapor máxima de certo líquido, cujo responsável é uma solução não-
-volátil adicionada à solução.
Em uma solução, quanto maior for o número de mols do soluto, menor será a pressão máxima de vapor dessa solução.

Ebulioscopia
A ebulioscopia é uma propriedade coligativa que ocasiona a elevação da temperatura de um líquido quando a ele se adiciona um
soluto não-volátil e não-iônico.

A temperatura em que se inicia a ebulição do solvente em uma solução de soluto não-volátil é sempre maior que o ponto de ebulição
do solvente puro (sob mesma pressão).
Isso acontece porque a água, por exemplo, só entrará em ebulição novamente se receber energia suficiente para que sua pressão de
vapor volte a se igualar à pressão externa (atmosférica), o que irá acontecer numa temperatura superior a 100°C.

Exemplo:
Água pura: P.E. = 100°C
Água com açúcar: P.E. maior que 100°C

Quanto maior a quantidade de partículas em uma solução, maior será o seu P.E.

Diagrama de Fases e o Ponto Triplo


A transformação de cada estado físico possui um nome. Observe:

Existe um gráfico que representa as curvas de variação da temperatura de ebulição e da variação da temperatura de solidificação de
uma substância qualquer em função da pressão de vapor. Essas curvas coincidem num ponto específico de cada substância.

35
QUÍMICA

Fonte: http://estadofisico.blogspot.com/2007/08/as-substncias-podem-mudar-de-estado.html

As curvas de variação das temperaturas de ebulição e de solidificação da água em função da pressão de vapor coincidem no ponto
em que a pressão é igual a 4,579mmHg e a tempertura é 0,0098°C.  Esta coordenada representa o Ponto Triplo da água e o equilíbrio das
fases. Isto quer dizer que a substância pode ser encontrada, neste ponto exato da curva,  nos três estados físicos ao mesmo tempo: sólido,
líquido e gasoso.

Equilíbrio das fases:

Crioscopia
É uma propriedade coligativa que ocasiona a diminuição na temperatura de congelamento do solvente. É provocado pela adição de
um soluto não-volátil em um solvente. Esta relacionado com o ponto de solidificação (PS) das substâncias.
Esta propriedade pode ser chamada também de criometria. Quando se compara um solvente puro e uma solução de soluto não-vo-
látil, é possível afirmar que o ponto de congelamento da solução sempre será menor que o ponto de congelamento do solvente puro.

Osmometria
A osmose está relacionada à passagem espontânea de um solvente por uma membrana semipermeável, por causa da diferença de
concentração entre dois meios.

Um exemplo comum é evidenciado ao se temperar verduras com sal de cozinha. Nota-se que as verduras murcham após certo tempo
de exposição ao tempero. Isso ocorre em função da saída do líquido (solvente) do ve­getal, que é um meio menos concentrado em relação
ao sal.

36
QUÍMICA
A osmometria mede a pressão máxima de vapor: o líquido com
maior pressão máxima de vapor tende a atra­vessar uma membrana TERMOQUÍMICA: CALOR E TEMPERATURA: CONCEI-
semipermeável com maior facili­dade e intensidade que aquele que TO E DIFERENCIAÇÃO. PROCESSOS QUE ALTERAM A
possui baixa pressão máxima de vapor. TEMPERATURA DAS SUBSTÂNCIAS SEM ENVOLVER
A pressão osmótica equivale à pressão que deve ser aplicada FLUXO DE CALOR – TRABALHO MECÂNICO, TRABALHO
sobre a solução mais concentrada do sistema para bloquear a en- ELÉTRICO E ABSORÇÃO DE RADIAÇÃO ELETROMAGNÉ-
trada de água nela (osmose), por meio de uma membrana semi- TICA. EFEITOS ENERGÉTICOS EM REAÇÕES QUÍMICAS.
permeável. O sistema a seguir mostra a pressão aplicada n sobre a CALOR DE REAÇÃO E VARIAÇÃO DE ENTALPIA. CALO-
solução, para bloquear o fluxo osmótico. RIMETRIA. REAÇÕES EXOTÉRMICAS E ENDOTÉRMI-
Para o cálculo da pressão osmótica, usa-se a seguinte expres- CAS: CONCEITO E REPRESENTAÇÃO. A OBTENÇÃO DE
são: CALORES DE REAÇÃO POR COMBINAÇÃO DE REAÇÕES
QUÍMICAS; A LEI DE HESS. CÁLCULOS. A PRODUÇÃO
DE ENERGIA PELA QUEIMA DE COMBUSTÍVEIS: CAR-
VÃO, ÁLCOOL E HIDROCARBONETOS. ASPECTOS QUÍ-
MICOS E EFEITOS SOBRE O MEIO AMBIENTE
Para as soluções iônicas:
A termoquímica é uma parte da termodinâmica que estuda as
trocas de calor desenvolvidas durante uma reação química entre o
sistema e o meio ambiente, além do possível aproveitamento desse
Onde: calor na realização de trabalho. Vamos agora definir alguns concei-
π= pressão osmótica (atm) tos importantes na termoquímica:
V= volume (L)
n= número de mol (n) -Caloria
T= temperatura (K) Uma caloria é a quantidade de calor necessária para aquecer
M= molaridade (mol/L) um grama de água de 14,5°C a 15,5°C. Seu múltiplo é a quilocaloria,
R= Constante de Clapeyron=0,082 atm.L/mol.K (kcal)
I= fator de correção Van´t Hoff
-Calor
As soluções podem ser classificadas quanto às suas pressões Calor é a energia que se transfere entre dois corpos com dife-
osmóticas. rentes temperaturas.
Sendo duas soluções A e B com mesma temperatura:
-Temperatura
Temperatura é uma grandeza do calor. você não tira a tempera-
tura corporal, verifica. Se tirar a temperatura do seu corpo, morre.

-Calor de reação
Calor de reação representa à variação de entalpia (calor ab-
sorvido) observada em uma reação, e sua classificação depende do
tipo de reação decorrente. Esse calor de reação recebe, conforme
a reação, as seguintes denominações: calor de formação, calor de
Hipertônica, isotônica e hipotônica refere-se à solução A em combustão, calor de neutralização etc.
relação à solução B.
- Calor de Formação
Verifique a Figura abaixo: É a quantidade de calor liberada ou absorvida durante a forma-
ção de 1 mol de um composto, a partir de substâncias simples, no
estado padrão. Por exemplo: a 25 °C e 1 atm, temos:

H2(g) + 1/2 O2(g) → 1 H2O(l) ΔH = –68,4 kcal / mol,

Interpretação: para formar um mol de água líquida, a partir de


substâncias simples, H2(g) e O2(g), no estado padrão (25 °C, e 1 atm,
estado físico e alotrópico mais estável) há a liberação de 68,4 kcal.
VERIFIQUE A FIGURA ABAIXO: Os valores das entalpias de formação são muito importantes, pois
representam a própria entalpia de 1 mol da substância que está
sendo formada, já que, nas reações de formação, Hi é sempre zero.

- Calor de Combustão
A reação entre uma substância e o oxigênio chama-se reação
de combustão. A energia liberada na combustão completa de 1 mol
de uma substância no estado padrão é chamada de entalpia de
combustão. É a variação de entalpia (ΔH) na combustão de 1 mol de
uma substância a 25°C e 1 atm.

37
QUÍMICA
Exemplo: Exemplos de Reações Exotérmicas
C6H12O6(s) + 6O2(g) → 6CO2(g) + 6H2O(l) ΔHc = – 673 kcal/mol -½ O2(g) + H2(g) -> H2O(l) (ΔH = -68,3 Kcal/mol ou -285,49 KJ/
Assim, a combustão de 1 mol de glicose libera 673 kcal. mol)
O ΔH nesse caso é sempre negativo, pois as combustões são -½ H2(g) + ½ Cl2(g) -> HCl(g) (ΔH = -22,0 Kcal/mol ou -91,96 KJ/
sempre exotérmicas. mol)
-½ H2(g) + ½ Br2(g) -> HBr(g) (ΔH = -8,6 Kcal/mol ou -35,95 KJ/
Entalpia (ΔH) mol)
Entalpia é o conteúdo de calor de um sistema, à pressão cons- -C(s) + ½ O2(g) -> CO(g) (ΔH = -26,4 Kcal/mol ou -110,35 KJ/mol)
tante. Não é possível fazer a medida absoluta da entalpia de um
sistema, mas podemos medir (com calorímetros), a variação de Diagrama de Entalpia das reações exotérmicas
entalpia, ΔH, que ocorre numa reação. Esta variação é entendida No diagrama de entalpia, relacionamos num eixo vertical os va-
como a diferença entre a entalpia final (dos produtos da reação) e lores de Hp e Hr e podemos, portanto, calcular o valor de ΔH.
a entalpia inicial (dos reagentes da reação), conforme observado
abaixo:

Estado inicial → Estado final


H1 → H2
∆H = H2 – H1
ou
∆H = HP – HR

Tipos de entalpia
a) Entalpia de Formação:É a quantidade de energia absorvida
ou liberada quando um mol de substâncias simples reage e o pro-
duto final é uma única substância composta.
Exemplo: H2 + 1/2 O2 → H2O
Reações endotérmicas: É aquela que ocorre com absorção de
b) Entalpia de combustão calor e sua entalpia aumenta. Assim, a variação dessa energia (va-
É quantidade de energia envolvida na queima de 1 mol de uma riação de entalpia) possui sinal positivo (+ΔH) e indica que houve
determinada substância na presença de gás oxigênio. Nesse caso, mais absorção de energia do meio externo que liberação. Ambas
todas as substâncias envolvidas estão no estado padrão. em forma de calor.
Exemplo: CH4 + O2 → CO2 + H2O

c) Entalpia de neutralização
É a quantidade de energia liberada ou absorvida quando um
mol de hidrônio (H+) reage com um mol de hidróxido (OH-), es-
tando ambos presentes em soluções diluídas. De uma forma geral,
teremos uma entalpia de neutralização sempre que uma solução
ácida for misturada com uma solução básica. Exemplos de Reações Endotérmicas
Exemplo: HCl(aq) + NaOH(aq) → NaCl(aq) + H2O -½ H2(g) + ½ I2 (g) -> HI(g) (ΔH = +6,2 Kcal/mol ou +25,92 KJ/
mol)
d) Entalpia de decomposição É a quantidade de energia absor- -2C(s) + H2(g) -> C2H2(g) (ΔH = +53,5 Kcal/mol ou +223,63 KJ/
vida ou liberada quando um mol de uma substância composta de- mol)
compõe-se e o produto final são várias substâncias simples.
Tipos de reações: Vamos estudar as trocas de energia, na forma Diagrama de Entalpia das reações endotérmicas
de calor, envolvidas nas reações químicas e nas mudanças de esta-
do físico das substâncias. Esse estudo é denominado termoquímica.
São dois os processos em que há troca de energia na forma de calor:
o reações exotérmicas e o endotérmicas.
Reações exotérmicas É aquele que ocorre com liberação de
calor ambiente e sua entalpia diminui. Essas reações possuem um
balanço negativo de energia quando se compara a entalpia total dos
reagentes com a dos produtos. Assim, a variação na entalpia final é
negativa (produtos menos energéticos do que os reagentes) e indi-
ca que houve mais liberação de energia, na forma de calor, para o
meio externo que absorção – também sob forma de calor.

Lei de Hess
Germain Herman Hess, ao estudar os calores de reação, cons-
tatou que: “A variação de entalpia (ΔH) de uma reação química de-
pende apenas dos estados final e inicial, não importando o caminho
da reação”. Esta importante lei experimental foi chamada de lei dos
estados final ou inicial, lei de adição de calores ou Lei de Hess.

38
QUÍMICA
Seja uma reação genérica A → B da qual se quer determinar onde:
o ΔH. Esta reação pode ser realizada por diversos caminhos, onde, ∆Hº= é uma função de estado chamada de variação de entalpia
para cada um deles, os estados inicial e final são os mesmos. que informa a variação de energia em pressão constante.
T= a temperatura é uma grandeza física intensiva que é influen-
ciada ou sofre influência das variações energéticas durante a movi-
mentação das partículas.
∆Sº= a variação de entropia é uma função de estado que informa
a variação de energia em função do estado de liberdade das partículas.

Para que A se transforme em B temos 3 caminhos: Exemplo:


A→B Calcule a variação de energia livre da formação da amônia a
A→C→D→B 25ºC e 1atm. Quando ∆Hº=-46,11KJ∙mol-1 e ∆Sº=-99,37 J∙K-1∙mol-1,
A→E→B de acordo com a reação:
Sendo que: ΔHx = ΔH1 + ΔH2 + ΔH3 ou ΔHx = ΔH4 + ΔH5

Diante disso, não importa o número de etapas que o proces-


so apresenta, o ΔH da reação total será a soma dos ΔH das diver-
sas etapas, e em consequência a equação termoquímica pode ser
tratada como uma equação matemática. Assim, quando usamos a Passo 1: Transformar a temperatura que está em Celsius para
Lei de Hess no cálculo do ΔH de uma reação, devemos arrumar as Kelvin e a variação de entropia de J∙K-1∙mol-1 para KJ∙K-1∙mol-1.
equações fornecidas de modo que a soma delas seja a equação cujo
ΔH estamos procurando. Para isso, usamos os seguintes procedi-
mentos:

Cálculo do ∆H de uma reação, usando a lei de Hess


Podemos calcular o ∆H de uma reação trabalhando algebrica-
mente as equações termoquímicas. Considere as reações abaixo, a Passo 2: substituir na equação os dados:
25°C e 1 atm

1) C(grafita) + O2(g) → CO2(g) ∆H = - 94,1 kcal

2) H2(g) + 1/2 O2(g) → H2O (l) ∆H = - 68,3 kcal

3) CH4(g) + 2 O2(g) → CO2(g) + 2H2O (ι) ∆H = - 212,8 kcal


CINÉTICA QUÍMICA: FATORES QUE AFETAM AS VELO-
Vamos determinar o ∆H da reação: CIDADES DAS REAÇÕES; VELOCIDADE DAS REAÇÕES;
C(grafita) + 2H2(g) → CH4(g) ∆H = ? CONCENTRAÇÃO E VELOCIDADE; VARIAÇÃO DA
CONCENTRAÇÃO COM O TEMPO; TEMPERATURA E
Siga os passos abaixo: VELOCIDADE; MECANISMOS DA REAÇÃO E CATÁLISE.
a) escreva a equação 1. EQUILÍBRIO QUÍMICO: CONCEITOS DE EQUILÍBRIO;
b) escreva a equação 2 multiplicada por 2. CONSTANTE DE EQUILÍBRIO; EQUILÍBRIOS HETERO-
c) escreva a equação inversa de 3. GÊNEOS; CÁLCULOS DA CONSTANTE DE EQUILÍBRIO;
APLICAÇÕES DA CONSTANTE DE EQUILÍBRIO; PRINCÍ-
Assim, basta soma-las PIO DE LE CHÂNTELIER; EQUILÍBRIO ÁCIDO BASE; ÁCI-
C(grafita) + O2(g) → CO2(g); ∆H = - 94,1 kcal DOS E BASES SEGUNDO BRONSTED-LOWRY; A AUTO
2H2(g) + O2(g) → 2H2O(l); ∆H = - 136,6 kcal IONIZAÇÃO DA ÁGUA; ESCALA DE PH; ÁCIDOS E BASES
CO2(g) + 2H2O(l) → CH4(g) + 2O2(g); ∆H = + 212,8 kcal FORTES E FRACOS; PROPRIEDADES ÁCIDO-BASE DOS
C(grafita) + 2H2(g) → CH4(g); ∆H = - 17,9 kcal SAIS; EFEITO DO ÍON COMUM; SOLUÇÃO TAMPÃO;
TITULAÇÕES SIMPLES ENTRE ÁCIDOS E BASES FORTES;
Através da lei de Hess, as equações termoquímicas podem ser EQUILÍBRIO DE SOLUBILIDADE E CONSTANTE DO PRO-
somadas como se fossem equações matemáticas ou algébricas. DUTO DE SOLUBILIDADE

A reação espontânea e não-espontânea O conhecimento e o estudo da velocidade das reações, além de


A reação espontânea é aquela que percorre por si mesma. Toda ser muito importante em termos industriais, também está relacionado
reação espontânea libera energia livre, enquanto a energia não-es- ao nosso dia-a-dia, por exemplo, quando guardamos alimentos na ge-
pontânea absorve energia livre. ladeira para retardar sua decomposição ou usamos panela de pressão
 A energia livre de Gibbs (∆Gº), é uma grandeza termodinâmica para aumentar a velocidade de cozimento dos alimentos.
definida como a diferença entre variação de entalpia (∆Hº) e a tem- O estudo da velocidade das reações químicas e dos fatores que
peratura (T) vezes  a variação de entropia (∆Sº) em uma reação. De podem acelerá-la ou retardá-la constitui a chamada cinética quími-
acordo com a equação abaixo: ca. Este estudo é sem dúvida de grande importância na nossa vida
cotidiana, já que muitas reações químicas de interesse industrial
∆Gº=∆Hº - T∆Sº podem ser aceleradas, gastando menos tempo para ocorrerem e,
portanto, tornando o processo mais econômico.2
2 Usberco, J.; Salvador, E. 2002. Química. Editora Saraiva.

39
QUÍMICA
Velocidade das reações
A velocidade média de uma reação, isto é, a velocidade de consumo de um reagente ou de formação de um produto é calculada fun-
ção da variação da quantidade de reagentes e produtos pela variação do tempo. A expressão da velocidade média será dada por:

Para calcular o Δ [reagentes], é necessário observar que ele apresenta um valor menor do que zero, ou seja, um valor negativo, pois a
concentração final é menor do que a inicial. Para não trabalhar com valores negativos, usamos –Δ [reagentes] na expressão da velocidade
média dos reagentes. Assim, a velocidade média é expressa por:

Exemplo de aplicação dessa expressão: O gráfico a seguir mostra a variação da concentração em mol/L da água oxigenada em função
do tempo. A decomposição da água oxigenada é dada pela equação:

2 H2O2(aq) 2 H2O(l) + O2(g)

Quando analisarmos os valores das velocidades médias de consumo do H2O2, notamos que eles não são constantes e que o valor
máximo é encontrado no início da reação. Diante disso, concluímos que a velocidade média diminui de acordo com a diminuição da con-
centração.

Condições para ocorrência de reações


Para que uma reação química ocorra, devem ser satisfeitas determinadas condições. São elas:
Afinidade Química - É a tendência intrínseca de cada substância de entrar em reação com uma outra substância. Por exemplo: ácidos
têm afinidades por bases, não-metais têm afinidades por metais, reagentes nucleófilos têm afinidade por reagentes eletrófilos.
Contato entre as Moléculas dos Reagentes: As reações químicas ocorrem como resultado de choques entre as moléculas dos reagen-
tes que se encontram em movimento desordenado e contínuo.
Exemplo: A2 + B2 → 2AB

TEORIA DAS COLISÕES


A Teoria das Colisões diz que para que uma reação ocorra, a colisão entre as partículas das substâncias reagentes deve acontecer atra-
vés de uma orientação adequada e com uma energia maior que a energia mínima necessária para a ocorrência da reação.
Essa energia mínima que deve ser fornecida aos reagentes é denominada Energia de Ativação (Ea). Sem atingi-la, a reação não ocorre.
Quando colocamos duas substâncias em contato, suas partículas começam a colidir umas com as outras. Nem todas as colisões são
eficazes, isto é, nem todas dão origem a novos produtos. No entanto, as colisões que rompem as ligações formadas e formam novas liga-
ções, são denominadas colisões eficazes ou efetivas.
Essas colisões ocorrem de forma adequada: seu choque é frontal geometricamente e bem orientado.

40
QUÍMICA
Observe abaixo como isso ocorre:

No choque efetivo as moléculas absorvem a quantidade de energia mínima necessária (energia de ativação) para a formação do com-
plexo ativado, ou seja, um estado intermediário (estado de transição) entre os reagentes e os produtos. Nessa estrutura, as ligações dos
reagentes estão enfraquecidas e as dos produtos estão sendo formadas.
Observe uma reação genérica que mostra essa formação do complexo ativado abaixo:

AB + XY  AX + YB

Note que quando ocorre o choque efetivo, forma-se momentaneamente o complexo ativado, no qual as ligações entre os átomos AB
e XY estão se rompendo e as ligações que unirão os átomos nas moléculas AX e YB estão se formando.
Observe no diagrama que se não for atingida a energia de ativação, não é possível formar o complexo ativado, pois ela serve como uma
barreira energética a ser ultrapassada para que a reação química ocorra.

Para reações exotérmicas (reações que liberam energia - ΔH < 0) e endotérmicas (reações que absorvem energia - ΔH > 0), temos os
diagramas:

41
QUÍMICA

Fatores que influenciam a velocidade de uma reação

Superfície de contato
Quando um reagente está no estado sólido, a reação ocorrerá na sua superfície. Assim, quanto mais fragmentado (disperso) for esse
reagente, maior será o número de choques, e maior será a velocidade da reação.

Concentração dos Reagentes


A velocidade de uma reação depende também da concentração dos reagentes, pois ela está relacionada com o número de choques
entre as moléculas.

Temperatura
Todo aumento de temperatura provoca o aumento da energia cinética média das moléculas, fazendo com que aumente o número de
moléculas em condições de atingir o estado correspondente ao complexo ativado, aumentando o número de colisões eficazes ou efetivas
e, portanto, provocando aumento na velocidade da reação.
Uma regra experimental, que relaciona o aumento de temperatura com a velocidade de uma reação é a regra de Van’t Hoff: “Um
aumento de 10 °C na temperatura duplica a velocidade de uma reação química”.

Pressão
A pressão só apresenta influência apreciável na velocidade de reações em que pelo menos um dos reagentes é gasoso. O aumento da
pressão causa diminuição de volume acarretando aumento no número de choques, o que favorece a reação e, portanto, aumenta a sua
velocidade.

Catalisador
Catalisador é a substância que aumenta a velocidade de uma reação, sem sofrer qualquer transformação em sua estrutura. O aumen-
to da velocidade é conhecido como catálise.
O catalisador acelera a velocidade, alterando o mecanismo da reação, o que provoca a formação de um complexo ativado de energia
mais baixa. São características dos catalisadores:
A) o catalisador não fornece energia à reação;
B) o catalisador participa da reação formando um complexo ativado de menor energia:
C) o catalisador não altera o ∆h da reação;
D) o catalisador pode participar das etapas da reação, mas não é consumido pela mesma.

As reações envolvendo catalisadores podem ser de 2 tipos:


- catálise homogênea: catalisador e reagentes no mesmo estado físico;
- catálise heterogênea: catalisador e reagentes em estados físicos diferentes.

42
QUÍMICA
Exemplos:

Catálise homogênea Catálise heterogênea

Observação:
Existem casos de autocatálise, no qual o catalisador é um dos produtos da própria reação. Estas reações iniciam lentamente e à
medida que o catalisador vai se formando, a velocidade da reação vai aumentando. Encontramos substâncias que atuam no catalisador,
aumentando sua atividade catalítica: são chamadas de ativadores de catalisador ou promotores. Outras diminuem ou mesmo destroem a
ação do catalisador: são chamadas venenos de catalisador.

EQUILÍBRIO QUÍMICO
Algumas reações ocorrem somente enquanto existe reagente reagentes. Por exemplo, digamos que você acenda um palito de fósforo,
ele começa a reagir com o ar proporcionando a queima total do mesmo. Sabemos também que essa reação irá cessar depois que todo o
regente for consumido. Outro ponto é que não conseguimos regenerar o fósforo queimando. Portanto, esse tipo de reação é chamada de
irreversível.
Consideremos uma reação representada pela equação geral:

Sejam v1 e v2 as velocidades das reações direta e inversa, respectivamente. Suponde que essas reações sejam elementares, temos:

v1= K1[A] [B] e v2=K2[C] [D]

No momento em que misturamos a mols de A e b mols de B, v1 assume o seu valor máximo, porque [A] e [B] têm seus valores máximos.
Com o decorrer do tempo, [A] e [B] vão diminuindo, pois A e B vão sendo consumidos na reação direta e, consequentemente, v1(direta)
vai diminuindo.
Conforme C e D vão-se formando na reação, suas concentrações vão aumentando e, consequentemente, v2 (inversa) aumenta com o
passar do tempo.
Uma vez que v1 diminui e v2 aumenta, após algum tempo v1=v2. A partir desse instante, [A], [B], [C] e [D] permanecem constantes,
porque, em um mesmo intervalo de tempo, o número de mols de cada substância consumidos numa reação é igual ao número de mols
formados na reação de sentido contrário.

O Equilíbrio Químico é uma reação reversível que atingiu o ponto em que as reações direta e inversa ocorrem com a mesma veloci-
dade.

v1=v2 - [A], [B], [C] ,[D] - Equilíbrio químico

Constante de Equilíbrio em Termos das Concentrações Molares (Kc)


Considerando o equilíbrio dado por uma equação geral qualquer:

aA + bB cC + dD

Aplicando-se a lei da ação das massas de Guldberg-Waage, temos:

-Para a reação direta: v1 = K1 · [A]a · [B]b


-Para a reação inversa: v2 = K2 · [C]c · [D]d

No equilíbrio: v1 = v2
K1 · [A]a · [B]b = K2 · [C]c · [D]d

43
QUÍMICA

A relação é constante e denomina-se constante de equilíbrio em termos de concentração molar (Kc):

A constante de equilíbrio Kc é, portanto, a razão das concentrações dos produtos da reação e das concentrações dos reagentes da
reação, todas elevadas a expoentes que correspondem aos coeficientes da reação.

Deslocamento do equilíbrio
Os fatores que podem modificar a condição de equilíbrio de um sistema são: concentração, pressão, temperatura.
O Princípio de Le Chatelier é fácil de ser entendido quando se considera que a constante de equilíbrio depende somente da tempe-
ratura.
Agora vamos analisar cada um dos fatores que podem afetar o equilíbrio.

-Concentração
Considere o seguinte equilíbrio:

C(s) + CO2(g) 2 CO(g)

1) Ao adicionar CO2(g) ao equilíbrio, imediatamente ocorre um aumento na concentração do composto, que irá acarretar aumento do
número de choques entre o C(s) e o CO2(g). Isso favorece a formação de CO(g), ou seja, o equilíbrio se desloca para o lado direito.
2) Ao adicionar CO(g) ao equilíbrio, ocorre um aumento na concentração do composto, transformando-o parcialmente em CO2(g) e em
C(s). Nesse caso, o equilíbrio se desloca para a esquerda. Princípio de Le Chatelier: “Quando se aplica uma força em um sistema em equilí-
brio, ele tende a se reajustar no sentido de diminuir os efeitos dessa força”.
3) Ao retirar parte do CO(g) presente no equilíbrio, imediatamente ocorre uma diminuição na concentração do composto e, como
consequência, a velocidade da reação inversa diminui. Logo, a velocidade da reação direta será maior, favorecendo a formação de CO(g),
ou seja, o equilíbrio se desloca para a direita.

-Pressão
Ao aumentar a pressão sobre um equilíbrio gasoso, à temperatura constante, ele se desloca no sentido da reação capaz de diminuir
esse aumento da pressão e vice-versa. Para averiguar os efeitos da variação de pressão em um equilíbrio, vamos avaliar o equilíbrio se-
guinte, a uma temperatura constante:

Quando aumentamos a pressão, o equilíbrio se desloca para a direita, favorecendo a formação do SO3(g), já que nesse sentido há uma
diminuição do número de mol de gás e, consequentemente, uma redução da pressão.
Pode-se analisar o efeito produzido pela variação de pressão em pela associação do número de mol ao volume.

-Temperatura
A temperatura, além de provocar deslocamento do equilíbrio, é o único fator responsável por alterações na constante de equilíbrio
(Kc). Num sistema em equilíbrio, sempre temos duas reações: a endotérmica, que absorve calor, e a exotérmica, que libera calor. Quando
aumentamos a temperatura, favorecemos a reação que absorve calor. Por outro lado, quando há diminuição da temperatura, favorecemos
a reação que libera calor.

Exemplo:

44
QUÍMICA
Se também desejamos relacionar a variação da temperatura com a constante de equilíbrio (Kc), devemos considerar que uma eleva-
ção da temperatura favorece a reação endotérmica. Então, [N2] e [H2] aumentam e [NH3] diminui:

Concentração do Equilíbrio
Um aumento na concentração de qualquer substância (reagentes ou produtos) desloca o equilíbrio no sentido de consumir a subs-
tância adicionada. O aumento na concentração provoca aumento na velocidade, fazendo com que a reação ocorra em maior escala no
sentido direto ou inverso.
Diminuindo a concentração de qualquer substância (reagentes ou produtos) desloca-se o equilíbrio no sentido de refazer a substância
retirada. A diminuição na concentração provoca uma queda na velocidade da reação direta ou inversa, fazendo com que a reação ocorra
em menor escala nesse sentido.

Exemplos:

1o) 2 CO(g) + O2(g) 2 CO(g)

O aumento na concentração de CO ou O2 provoca aumento em v1, fazendo com que v1 > v2; portanto, o equilíbrio desloca-se para a
direita. A diminuição na concentração de CO ou O2 provoca queda em v1, fazendo com que v1 < v2; portanto, o equilíbrio desloca-se para
a esquerda.

2o) C(s) + CO2(g) 2 CO(g)

Para equilíbrio em sistema heterogêneo, a adição de sólido (C(s)) não altera o estado de equilíbrio, pois a concentração do sólido é
constante e não depende da quantidade.

Observações:
- Aumento na pressão parcial de H2 ou I2, o equilíbrio desloca-se para a direita.
- Diminuindo a pressão parcial de H2 ou I2, o equilíbrio desloca-se para a esquerda.

Importante:
1. Substância sólida não desloca um equilíbrio químico, pois a concentração de um sólido em termos de velocidade é considerada
constante, porque a reação se dá na superfície do sólido.
2. Alterando-se a concentração de uma substância presente no equilíbrio, o equilíbrio se desloca, porém, sua constante de equilíbrio
permanece inalterada (a constante permanece sem ter seu valor modificado porque a temperatura não variou).

PRODUTO IÔNICO DA ÁGUA E PH


Produto iônico da água (Kw) Considerando o equilíbrio da água:

H2O(l) H+(aq) + OH–(aq)

A constante de ionização corresponde ao Kw e é expressa por:

Kw = [H+]. [OH–] a 25 ºC; Kw = (10–7). (10–7) ⇒ Kw = 10–14

Na água, as concentrações de H+ e OH– são sempre iguais, independentemente da temperatura; por esse motivo, a água é neutra.
Quaisquer soluções aquosas em que [H+] = [OH–] também serão neutras.

45
QUÍMICA
A pilha de Daniel
ELETROQUÍMICA: REAÇÕES REDOX; BALANCEAMEN- Pilhas ou célula voltaicas são dispositivos que transformam
TO DE EQUAÇÕES REDOX; PILHAS E POTENCIAL DAS energia química em energia elétrica por meio de um sistema apro-
PILHAS; ESPONTANEIDADE DAS REAÇÕES REDOX; BA- priado e montado para aproveitar o fluxo de elétrons provenien-
TERIAS COMERCIAIS; CORROSÃO; ELETRÓLISE (ASPEC- tes de uma reação química de oxirredução. A pilha de Daniell é um
TOS QUALITATIVOS E QUANTITATIVOS) exemplo deste sistema. É formado por uma placa de zinco mergu-
lhada em uma solução de sulfato de zinco, e uma placa de cobre
A eletroquímica é a parte da Química que estuda não só os fe- imersa em uma solução de sulfato de cobre. As duas placas (eletro-
nômenos envolvidos na produção de corrente elétrica a partir da dos) são conectadas por um fio metálico, que permite a passagem
transferência de elétrons em reações de óxido-redução, mas tam- de elétrons de um eletrodo ao outro. As duas soluções são interli-
bém a utilização de corrente elétrica na produção dessas reações. gadas por uma ponte salina, um tubo de vidro recurvado que con-
O seu estudo pode ser dividido em duas partes: pilhas e eletrólise. tém uma solução de um sal (sulfato de sódio, neste caso) e possui
pedaços umedecidos de algodão nas extremidades.

Oxirredução
‘Uma reação de oxirredução é aquela em que há transferência
de elétrons (oxidação e redução); com isso uma espécie química
ganha elétrons e simultaneamente outra espécie química perde
elétrons.

Oxidação: ocorre quando o número de oxidação de um átomo


aumenta. E para que ocorra um aumento no número de oxidação, o
átomo precisa perder elétrons.

Redução: ocorre quando o número de oxidação diminui. Para Assim, podemos prever a ocorrência dos seguintes semi-rea-
que ocorra essa diminuição, o átomo precisa receber elétrons. ções:
-Oxidação: Zn0(s)- Zn2+(aq) + 2e-
Exemplo: Fe2O3(s) + 3 CO(g) → Fe2 (s) + 3 CO2(g) -Redução: Cu2+ + 2e- - Cu0(s)
A reação de oxidorredução acima ocorre em fornos siderúrgi- Somando as semi-reações acima, obtemos a reação de oxirre-
cos, em que o minério hematita (Fe2O3(s)) reage com o monóxido dução ocorrida entre a barra de zinco e a solução de Cu2+.
de carbono (CO), obtendo-se assim o ferro metálico. A partir das Zn0 (s)+ Cu2+(aq) - Zn2+(aq) + Cu0(s)
variações dos números de oxidação (Nox) das espécies reagentes e
dos produtos é possível verificar quem sofre redução e quem sofre A função da ponte salina: Conforme aumenta a concentração
oxidação: de Zn2+, a solução passa a adquirir um excesso de cargas positivas.
Por outro lado, uma diminuição da quantidade de íons Cu2+ faz com
que a solução adquira excesso de carga negativa. Diante disso, a
ponte salina atua como “veículo iônico”, permitindo a passagem de
íons de uma sequência para outra. Assim, a cada instante, as duas
soluções permanecem eletricamente neutras.
Observe que o Nox do ferro diminuiu de +3 para zero. Isso sig-
Sentido dos elétrons Os elétrons circulam do eletrodo de maior
nifica que ele recebeu elétrons (que possuem carga negativa, por
potencial de oxidação para o de menor potencial de oxidação. No
isso o valor diminui), ou seja, ele sofre uma redução. Mas, para que
caso da pilha de Daniell os elétrons vão do zinco para o cobre.
o ferro da hematita ganhe elétrons e reduza é necessário que outra
espécie química forneça esses elétrons para ela. No caso, a substân-
cia que faz isso é o monóxido de carbono (CO). Cátodo e Ânodo
Sabemos disso, porque o Nox do carbono aumentou de +2 para -Cátodo – placa de menor potencial de oxidação – Cu. Onde
+4, isso quer dizer que ele perdeu elétrons. Portanto, visto que o CO ocorre redução.
causou a redução da hematita, então ele é considerado o agente -Ânodo – placa de maior potencial de oxidação – Zn. Onde
redutor. ocorre oxidação.
Podemos seguir a mesma linha de raciocínio no caso da oxida- Variação de massa nas placas
ção do CO: sua oxidação foi causada por alguma espécie, que no -Placa de maior potencial de oxidação – diminui – Zn.
caso foi a hematita. Desse modo, a hematita é o agente oxidante. -Placa de menor potencial de oxidação – aumenta – Cu.

PILHAS Como medir os potenciais dos eletrodos?


Muitas reações de oxirredução ocorrem espontaneamente. O potencial de cada eletrodo-padrão é determinado acoplan-
Uma situação ilustrativa é a reação do metal zinco com uma so- do-se a ele outro eletrodo-padrão de hidrogênio e medindo-se a
lução aquosa contendo cátions de Cu2+ (aq). Uma grande vantagem diferença de potencial. Para tal, chamaremos de E0 o potencial do
dessas reações de oxirredução espontâneas é que podem ser uti- eletrodo padrão e ΔE0 à diferença de potencial entre dois eletrodos-
lizadas para gerar eletricidade. Para isso, basta montar um aparato -padrão. Por convenção, temos que:
denominado pilha.

46
QUÍMICA
O eletrodo padrão de hidrogênio apresentam potencial igual a zero.
E0(H2)= zero

Vamos medir, por exemplo, o potencial do eletrodo-padrão de zinco.

De acordo com o sentido dos elétrons, fica claro que teremos as seguintes semi-reações:
-Eletrodo de hidrogênio: 2H+ + 2e- -- H2 (redução)
-Eletrodo de zinco: Zn0 - Zn2+ + 2e- (oxidação)

Previsão de reações de oxirredução


É possível prever a espontaneidade de uma reação de oxirredução através dos potenciais de oxidação ou de redução E0 das semi-rea-
ções.

Exemplo:Zn0 + Cu2+ - Zn2+ + Cu0

Para confirmar se uma reação de oxi-red ocorre ou não espontaneamente, é necessário observar os potenciais de redução de cada
semi-reação.

Zn2+ +2e- ↔ Zn0 E0red=-0,76V


Cu2+ 2e- ↔Cu2+ E =+0,34V
0
red

Esses valores de E0red mostram que o Cu2+ reduz mais facilmente que o Zn2+, pois tem maior E0red. Já o Zn2+ oxida melhor que o Cu2+, uma
vez que possui menor E0red, e assim apresenta maior E0oxi.
ELETRÓLISE
É um processo não-espontâneo, em que a passagem de uma corrente elétrica através de um sistema líquido, no qual existam íons,
produz reações químicas. As eletrólises são realizadas em cubas eletrolíticas, nas quais a corrente elétrica é produzida por um gerador
(pilha). Nesse sistema, os eletrodos são geralmente inertes, formados por platina ou grafita (carvão).As substâncias que serão submetidas
à eletrólise podem estar liquefeitas (fundidas) ou em solução aquosa. A seguir, vamos estudar essas duas possibilidades.

47
QUÍMICA
Esquema da Eletrólise Conceito de faraday (F)
A quantidade de eletricidade de 1 mol de elétrons (6,02 x 1023
elétrons) é chamada de faraday (F). A carga elétrica que um elétron
transporta é 1,6 x 10-19C. Um mol de elétrons terá carga:
6,02 x 1023 x 1,6 x 10-19 C 965000 C
965000 C = 1 Faraday

QUÍMICA ORGÂNICA: CONCEITUAÇÃO DE GRUPO


FUNCIONAL E RECONHECIMENTO POR GRUPOS
FUNCIONAIS DE: ALQUENOS, ALQUINOS E ARENOS
(HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS), ÁLCOOIS, FE-
NÓIS, ÉTERES, AMINAS, ALDEÍDOS, CETONAS, ÁCIDOS
CARBOXÍLICOS, ÉSTERES E AMIDAS. REPRESENTAÇÃO
DE MOLÉCULAS ORGÂNICAS. CARBONO TETRAÉDRI-
CO, TRIGONAL E DIGONAL E LIGAÇÕES SIMPLES E
Os íons negativos são atraídos pelo polo positivo (+) (ânodo), MÚLTIPLAS. FÓRMULAS ESTRUTURAIS – DE LEWIS,
onde irão perder elétrons (oxidação). Os elétrons cedidos ao polo DE TRAÇOS, CONDENSADAS E DE LINHAS E TRIDI-
(+) migram através do circuito externo até o polo (-) (cátodo). Lá, MENSIONAIS. VARIAÇÕES NA SOLUBILIDADE E NAS
estes serão “ganhos” pelos íons positivos (redução). TEMPERATURAS DE FUSÃO E DE EBULIÇÃO DE SUBS-
TÂNCIAS ORGÂNICAS CAUSADAS POR: AUMENTO DA
CADEIA CARBÔNICA, PRESENÇA DE RAMIFICAÇÕES,
INTRODUÇÃO DE SUBSTITUINTES POLARES, ISOMERIA
CONSTITUCIONAL E DIASTEREOISOMERIA CIS/TRANS.
REAÇÕES ORGÂNICAS: REAÇÕES DE ADIÇÃO, ELIMI-
NAÇÃO, SUBSTITUIÇÃO E OXIRREDUÇÃO. POLÍMEROS:
IDENTIFICAÇÃO DE MONÔMEROS, UNIDADES DE RE-
Para que ocorra a eletrólise é necessária a presença de íons PETIÇÃO E POLÍMEROS – POLIETILENO, PVC, TEFLON,
livres. POLIÉSTERES E POLIAMIDAS

IMPORTANTE: A eletrólise é basicamente o inverso da reação


É a parte da Química que estuda os compostos que contém car-
de uma pilha. Assim, para que ocorra uma hidrólise, é necessário bono. Porém nem toda substância que contém carbono é parte da
que o gerador forneça uma ddp superior à reação da pilha. Se isso Química Orgânica. Há algumas exceções, porque apesar de conter
não ocorrer, não temos a ocorrência da eletrólise. carbono, tem comportamento de uma substância inorgânica.   São
eles: C(grafite), C(diamante), CO, CO2, HCN, H2CO3, Na2CO3. Os com-
Eletrólise Ígnea: postos orgânicos são, na sua maioria, formados por C, H, O e N. 
Esse tipo de reação é muito utilizado na indústria, principal- Entretanto em 1828, Wohler obteve o primeiro composto or-
mente para a produção de metais. Veja o exemplo de eletrólise do gânico em laboratório. Este composto recebeu o nome de ureia,
NaCl (cloreto de sódio – sal de cozinha), com produção do sódio e a partir deste, surgiram outras sínteses de compostos orgânicos
metálico e do gás cloro: realizados em laboratório. Em 1858, KeKulé e Couper enunciaram
Semirreação no cátodo: Na+ + e- → Na . (2) a teoria estrutural da Química orgânica através de três postulados:
Semirreação no ânodo: 2 Cl- → Cl2 + 2e-____
Reação global: 2 Na+ + 2 Cl- → 2 Na + Cl2 1)O Carbono é tetravalente
2) As quatro valências são equivalentes
Eletrólise Aquosa: 3) O carbono forma cadeias carbônicas
Na eletrólise aquosa faz parte os íons da substância dissolvida
(soluto) e da água. Na eletrólise do cloreto de sódio em meio aquo- Os átomos de carbono agrupam-se entre si, formando estrutu-
so são produzidos a soda cáustica (NaOH), o gás hidrogênio (H2) e o ras de carbono, ou cadeias carbônicas.
gás cloro (Cl2). Note como se dá:
Dissociação do NaCl: 2NaCl- → 2Na+ + 2Cl-
Autoionização da água: 2H2O → 2 H+ + 2OH-
Semirreação no cátodo: 2H+ + 2e- → H2
Semirreação no ânodo: 2Cl- → Cl2 + 2e-
Reação global: 2 NaCl- + 2H2O → 2 Na++ 2OH- + H2 + Cl2

Estequiometria da Eletrólise
Quando realizamos a eletrólise da água, o volume que obtemos
de H2(g) no cátodo é o dobro do volume que obtemos de O2(g) no
ânodo. Agora vamos aprender a calcular a quantidade de substân-
cia liberada num eletrodo. Sendo: Propriedades do Átomo do Carbono
i – intensidade de corrente. Química Orgânica: é o ramo da Química que estuda os compos-
Q – quantidade de carga elétrica. to do carbono. Os átomos de carbono podem ligar-se uns aos ou-
t –tempo de passagem da corrente pelo eletrólito. tros formando cadeias carbônicas. São conhecidos compostos com
Temos: Q= i.t cadeias formadas por 2,3,4,5 ... até milhares de átomos de carbono

48
QUÍMICA

Cadeia Carbônica
As ligações entre átomos de carbono são ligações covalentes (pares de elétrons compartilhados). Exemplos de compostos orgânicos:
cachaça, álcool, cerveja.
O álcool que você usa como desinfetante, o álcool que você usa como combustível, álcool que você ingere nas bebidas alcóolicas, é
um composto orgânico cuja molécula apresenta uma cadeia de 2 átomos de carbono.
O ácido do vinagre que você utiliza no preparo de saladas, maioneses, etc. , é o ácido acético, cuja molécula apresenta uma cadeia de
dois átomos de carbono

H 4C2O2

Ácido Acético
O explosivo da dinamite é a nitroglicerina, que é fabricada pela reação da glicerina com o ácido nítrico .A glicerina é um composto
orgânico cuja molécula apresenta uma cadeia de três carbono.

Ácido Nítrico C3H6O - Acetona

A acetona líquida, utilizada para remover o esmalte das unhas, é um composto orgânico cuja molécula apresenta uma cadeia de três
átomos de carbono:

C3H6O Acetona C6H12O6 - Glicose

Nos hospitais, os doentes após operações cirúrgicas são alimentados com glicose sob a forma de soro (solução de glicose).A glicose é
um composto orgânico cuja molécula apresenta uma cadeia de seis átomos de carbono

C6H12O6

Glicose
A coloração amarela da cenoura é dada por um pigmento vegetal chamado caroteno, cuja molécula apresenta uma cadeia de 40 átomos
de carbono (C40H56). A coloração avermelhada do tomate maduro é dada por outro pigmento chamado” licopeno”, cuja molécula também
apresenta cadeia de 40 átomos de carbono (C40H56). A cadeia carbônica do caroteno é diferente da do licopeno, mas ambos são (C40H56).
O petróleo é uma mistura contendo inúmeros compostos orgânicos, predominando os formados de carbono e hidrogênio.(CxHy). Por
destilação fracionada do petróleo são obtidos inúmeros produtos, tais como: gasolina, querosene, óleo diesel, óleos lubrificantes, parafi-
nas, vaselina, asfalto, etc.

Características Gerais
As ligações mais frequentes envolvendo os compostos orgânicos acontecem entre átomos de carbono e hidrogênio. Nesse caso, como
a atração exercida sobre os elétrons é praticamente a mesma, não ocorre acúmulo de cargas elétricas (pólos) .Portanto, essas ligações são
apolares, originando compostos apolares.

49
QUÍMICA
Quando, na molécula de um composto orgânico existe outro elemento químico além de carbono e hidrogênio, suas moléculas pode-
rão apresentar certa polaridade.

ou

Essa característica é, entre outras, responsável por algumas propriedades dos compostos orgânicos. Vejamos algumas delas:

Ponto de Fusão e Ponto de Ebulição


A ausência ou a baixa polaridade é responsável pelos menores pontos de fusão e ebulição quando comparado com os inorgânicos.
Também essa característica justifica que, à temperatura ambiente, os compostos orgânicos sejam encontrados nos três estados físicos,
enquanto os compostos iônicos sejam encontrados somente no estado sólido.

Fórmula C4H10 C2H6O C6H6O NaCl


Nome Butano Etanol Fenol (ácido Fênico) Cloreto de Sódio
Aplicação Gás de Isqueiro Álcool Comum Bactericida Alimentação
Ponto Fusão -138 C
o
- 115 Co
41 C
o
801 oC
Ponto Ebulição 0 oC 78 oC 182 oC 1413 oC
Estado Físico (a 25 oC--1 atm) Gasoso Líquido Sólido Sólido

Solubilidade
Os compostos orgânicos apolares são praticamente insolúveis em água e tendem a se dissolver em outros compostos orgânicos apo-
lares (semelhante tende a dissolver semelhante).
A graxa (orgânica) é removida quando a dissolvemos com gasolina (orgânica). No entanto, também existem compostos orgânicos po-
lares, portanto solúveis em água. Alguns deles: açúcar, álcool comum, ácido acético (contido no vinagre), éter comum, etc.

Combustibilidade
A grande maioria dos compostos que sofrem combustão (queima) são de origem orgânica.

Encadeamento
Os átomos de carbono têm a propriedade de se unir, formando estruturas denominadas cadeias carbônicas. Essa propriedade é a
principal responsável pela existência de milhões de compostos orgânicos.
Veja alguns exemplos de cadeias:

Importante: Uma cadeia carbônica pode apresentar, além de átomos de carbono, átomos de outros elementos, desde que estes este-
jam entre os á tomos de carbono. Os elementos diferentes do carbono que mais frequentemente podem fazer parte da cadeia carbônica
são: O, N, S, P. Nessa situação, estes átomos são denominados heteroátomos.
Existe outra maneira de representar a cadeia de um composto orgânico. Nesse tipo de representação, não aparecem nem os carbonos,
nem os hidrogênios ligados aos carbonos. As ligações entres os carbonos são indicados por traços (-) localizando-se os carbonos nos pontos
de inflexão (quinas) e nas extremidades dos traços.

50
QUÍMICA

Cadeia Aberta, Acíclica ou Cadeia Fechada ou Cíclica


Alifática Não apresenta
Apresenta pelo menos duas extremidades e os átomos
extremidades e nenhum ciclo originam um ou mais
ou anel. ciclos (anéis).
ciclopropano

1-buteno
Podem ser subdivididas:
Podemos também simplificar por meio de índices ;
1) Cadeia Aberta, Acíclica ou Alifática
Podem ser Normal (reta ou linear) e Ramificada

Cadeia Normal, Reta ou Linear Cadeia Ramificada


Apresenta apenas duas Apresenta no mínimo três
extremidades e seus átomos extremidades e seus átomos
estão dispostos numa única não estão dispostos numa
ou H3C - CH2 - O - CH2 - CH3 seqüência. única seqüência.

Simplificando a representação dos H: C2H5 - O - C2H5 ou C4H10O

Estrutura de Compostos Orgânicos, Cadeias Carbônicas

Classificação do Carbono
Podem ser classificados de acordo com o número de outros
átomos de carbono ligado a ele na cadeia.

Carbono Definição Fórmula Estrutural 2) Cadeias Fechadas ou Cíclicas


Ligado Podem ser: Aromáticas ou Alicíclicas (Não Aromáticas)
diretamente, no
Primário
máximo, a um Cadeias Alicíclicas ou Não
Cadeias Aromáticas
outro carbono Aromáticas
São aquelas que apresentam
São cadeias que não
Ligado pelo menos um anel
apresentam o núcleo
Secundário diretamente a dois benzênico
aromático ou benzênico
outros carbonos

Ligado
Terciário diretamente a três
outros carbonos

Ligado
diretamente a
Quaternário
quatro outros
carbonos Benzeno

Classificação das Cadeias Carbônicas


 
Cadeia Carbônica
É o conjunto de todos os átomos de carbono e de todos os he-
teroátomo que constituem a molécula de qualquer composto orgâ-
nico. Quanto a disposição dos átomos de carbono: Obs.: As Cadeias Carbônicas cuja a estrutura apresentar extre-
midades livres e ciclos são denominadas mistas. Quanto a ligação
entre os átomos de carbono

51
QUÍMICA
Podem ser Saturada ou Insaturada (Não Saturada) Esta classificação surgiu da necessidade de organizar o grande
número de compostos orgânicos em classes subdivididas que obe-
decem a propriedades químicas comuns. Com certeza esta divisão
Cadeia Insaturada ou
Cadeia Saturada facilita nosso estudo, então confira nesta seção as características e
Não Saturada
Apresenta somente ligações aplicações das principais funções orgânicas.
Apresenta pelo menos uma
simples entre os átomos da O principal membro da classe das Cetonas (substâncias orgâni-
dupla ou tripla ligação entre
cadeia cas oxigenadas) recebe a denominação de Acetona (ou ainda, pro-
átomos da cadeia.
panona ou dimetil-cetona).

Características Físicas da Acetona:


Este composto orgânico sintético tem a forma de um líquido
incolor de odor característico e facilmente distinguido.
É fácil notar a presença da acetona nos salões de beleza, onde
é usado na remoção de esmaltes. Basta abrir o recipiente que o
contém e rapidamente o mesmo é inalado, pois evapora facilmente,
além de ser inflamável e solúvel em água. 

CH3(CO)CH3

Fórmula química da acetona

Quanto à natureza dos átomos que compõem a cadeia.  


Podem ser Classificadas em Homogênea ou Heterogênea
Fórmula molecular da acetona
Cadeia Homogênea Cadeia Heterogênea
É constituída somente por Apresenta pelo menos um Obtenção da Acetona: Existem vários métodos de se obter
átomo de carbono. heteroátomo na cadeia. Acetonas, um deles consiste em aquecer acetato de cálcio 300°C. A
equação abaixo representa o processo:

A acetona (C3H6O) aparece como um dos produtos finais do


processo. Conheça algumas das utilizações da acetona: O principal
uso é com solvente de tintas, vernizes e esmaltes. É usada também
 
como agente secante de objetos, como por exemplo, de recipientes
em laboratórios. Devido a propriedade de ser miscível com a água,
Ácido Fênico combinam-se ambos os líquidos e então evapora.

Ácidos Carboxílicos
Algumas substâncias orgânicas possuem a propriedade de pro-
teger a pele, os ácidos carboxílicos são um exemplo, eles são usados
na produção de filtros solares.
A coloração esbranquiçada do protetor, que nos faz parecer
“palhaços” quando o espalhamos pelo rosto, se deve à presença de
Funções Orgânicas óxidos metálicos, dentre eles, ZnO (óxido de zinco) e TiO2 (óxido de
titânio). Entre outros componentes está o ácido p-aminobenzoico
Notação, Nomenclatura e Propriedades Físicas e Químicas de (PABA), de fórmula molecular C7H7NO2, além da proteção ele ainda
Hidro Carboneto, Álcool, Éter, Cenol, Cetonas, Aldeídos, Ácido Car- proporciona um belo bronzeado.
boxílicos, Amina e Amida (Contendo de 1 a 8 Carbonos) Como o protetor age sobre a pele? A principal função é impedir
As substâncias orgânicas com propriedades semelhan- que os raios solares nocivos (UVA) sejam absorvidos pelo organis-
tes são agrupadas, elas podem até possuir características es- mo. A sigla FPS (fator de proteção solar) indica o tempo permitido
truturais comuns, mas se diferenciam pelo grupo funcional. de exposição ao sol após ter aplicado a loção protetora. Se o FPS for
Estas substâncias recebem a denominação de funções orgânicas, 8, você poderá permanecer no sol por um período 8 vezes maior do
conheça nesta seção algumas delas e seus respectivos grupos fun- que se estivesse sem proteção, e assim por diante.
cionais: Se o FPS for 15, significa que ele reduz 15 vezes a influência dos
Funções oxigenadas – aldeídos, cetonas, ácidos carboxílios, és- raios ultravioleta, ou seja, após 15 horas teremos o mesmo efeito
teres, éteres, álcoois; sobre a pele que teríamos em 1 hora sob o sol, sem proteção ne-
Funções nitrogenadas – aminas, amidas; nhuma.
Funções halogenadas – haletos;
Função hidrogenada – hidrocarbonetos. Álcoois
Os álcoois possuem o grupo funcional hidroxila (-OH) ligados a
um ou mais carbonos saturados.

52
QUÍMICA
Exemplo:

A denominação é realizada trocando-se o final o do nome do


hidrocarboneto correspondente pelo sufixo ol. A posição do grupo
hidroxila (-OH) deve ser indicada pelo menor número possível. Nomenclatura dos aldeídos ramificados
1º - Assinalar a cadeia principal com uma moldura
2º  - Numerar a cadeia a partir do carbono do grupo aldoxila
que irá adquirir o número 1.
3º - Começar o nome indicando a ramificação ou ramificações.

Exemplo:

Classificação dos Álcoois

Depende da posição da hidroxila


-Álcoois primários – apresentam sua hidroxila ligada a carbo-
no na extremidade da cadeia. Possuindo um grupo característico
– CH2OH. Aldeídos de Cadeias Cíclicas

-Álcoois secundários – apresentam sua hidroxila unida a carbo-


no secundário da cadeia. Possuindo o grupo característico – CHOH.

-Álcoois terciários – apresentam sua hidroxila ligada a carbono Amidas


terciário. Possuindo o grupo – COH. As amidas são compostos orgânicos, ou seja, possuem átomos
de carbono em sua estrutura. Todas as amidas possuem em sua
fórmula geral, além de carbonos, o grupo carbonila (C=O) e o grupo
amino (NH2). Vamos então analisar as propriedades deste composto:
- Uma das propriedades químicas das amidas é a polaridade,
elas são polares devido à presença do grupo C=O;
- Propriedades físicas: em condições ambientes podem ser en-
contradas no estado sólido ou líquido. No estado líquido encontra-
mos as amidas de fórmula estrutural menor, como a metanamida
ou a formamida, esses dois compostos são líquidos incolores. As
Aldeídos amidas primárias e secundárias possuem ponto de fusão e ponto
Os aldeídos são compostos orgânicos que se apresentam pela de ebulição mais elevados que outras amidas de mesma massa mo-
presença do grupo funcional carbonila (–COH).  lecular.

As amidas não ocorrem na natureza e por isso é preciso prepa-


rá-las em laboratório, o processo se baseia no aquecimento de sais
de amônio e seguido de desidratação, veja a equação: R- COONH4
  → R – COONH2 + H2O
As amidas são empregadas em sínteses orgânicas e represen-
A denominação é constituída a partir do nome dos hidrocarbo- tam compostos importantes como náilon. O náilon é uma poliamida
netos, finalizando com a terminação al. que se destaca entre os polímeros.

53
QUÍMICA
Nomenclatura: prefixo + AMIDA.

Exemplo: 
         O
         ║
H3C ─ C ─ NH2
etanamida A numeração da cadeia deve começar depois da extremidade
Prefixo: etan + AMIDA. mais próxima do grupo C = O.

As aminas são consideradas bases orgânicas, elas são obtidas


através da substituição de um ou mais hidrogênio da amônia (NH3)
por demais grupos orgânicos. Elas possuem em sua fórmula geral o
elemento Nitrogênio.
As aminas podem se apresentar em condições ambientes na
forma sólida, líquida ou gasosa, dependendo de sua estrutura. Ami-
nas alifáticas com até doze carbonos são líquidas, e as com mais de
doze carbonos são sólidas, e todas elas são incolores. As líquidas
são tóxicas e apresentam cheiro desagradável, e as sólidas são ino-
doras. A denominação das cetonas ramificadas e/ou insaturadas se-
Aminas podem ser produzidas na decomposição de peixes gue as regras já vistas.
(trimetilamina), e na decomposição das proteínas de organismos
humanos putrefatos (cadáveres) são formadas a putrescina e cada-
verina, essas são diaminas alifáticas saturadas. Alguns compostos
extraídos de vegetais, tais como os alcalóides contêm amina em sua
fórmula.
Em muitas sínteses orgânicas são utilizadas aminas, como por
exemplo, na vulcanização da borracha, na preparação de corantes,
na fabricação de sabões, na produção de medicamentos, etc.
Veja como pode ser feito o processo de caracterização de ami-
nas:
As aminas primárias, secundárias e terciárias se comportam de
modos distintos frente à reação com ácido nitroso, sendo assim,
essas reações podem ser usadas para distingui-las.
No frasco que contém a amina, adicione o ácido nitroso e ob- Existe uma nomenclatura usual em que o grupo >C = O é de-
serve o resultado: nominado cetona, e seus ligamentos são considerados grupos or-
Amina terciária: quando não há reação alguma entre os com- gânicos.
ponentes.
Amina secundária: se houver formação de um precipitado de
coloração amarela.
Amina primária: há a liberação de gás nitrogênio durante a
reação.

Cetona
Cetonas são substâncias orgânicas onde o grupo funcional car-
bonila se encontra ligado a dois átomos de carbono. Uma cetona
bastante conhecida é a Propanona. Cuja estrutura é a seguinte:
         O 
         ║
H3C ─ C ─ CH3

Esse composto é conhecido popularmente como Acetona, e se Classificação dos alcoóis


apresenta como um líquido de odor irritante e se dissolve tanto em Os álcoois são definidos como compostos orgânicos que apre-
água como em solventes orgânicos. Essa característica permite sua sentam o grupo funcional hidroxila (OH) preso a um ou mais car-
utilização como solvente de tintas, vernizes e esmaltes. Na indústria bonos saturados. Eles podem se classificar de acordo com muitos
alimentícia, possui uma importante utilização: extração de óleos e critérios, é o que veremos agora:
gorduras de sementes de plantas. Essas plantas são em geral a soja,
girassol e amendoim. Posição da hidroxila
As cetonas podem ser encontradas até em nossos organismos, Álcool primário: Quando a hidroxila estiver localizada na extre-
em pequena quantidade, fazendo parte dos corpos cetônicos na midade da cadeia, o álcool se classifica como sendo primário.
corrente sanguínea. Exemplo:
As cetonas mostram o grupo carbonila (C = O), sendo esse car- CH3 ─ OH
bono secundário. O sufixo -ona é usado para indicar a função: Metanol

54
QUÍMICA
Repare que a OH se encontra no extremo da cadeia e se liga Tipo de cadeia
apenas a um átomo de carbono. Álcool de cadeia aberta: a cadeia que forma este álcool é li-
near, ou seja, não forma ângulos.
Álcool secundário: possui a hidroxila ligada a carbono secun-
dário. Exemplo:

Exemplo:

Propanol-2

Penten-3-ol-2 Álcool de cadeia cíclica: a presença de uma figura geométrica


caracteriza este tipo de álcool.
Dizemos que o carbono é secundário quando está entre dois Exemplo:
átomos de carbono.

Álcool terciário: para receber esta classificação a hidroxila pre-


cisa estar ligada a carbono terciário.
Exemplo:

Ciclopentanol
Neste caso, a figura pentágono forma a estrutura carbônica.

Álcool de cadeia aromática: O álcool aromático possui um anel


benzeno em sua estrutura.

Exemplo:
Metil-propanol-2

O carbono terciário se liga a outros três átomos de carbono.

Número de hidroxilas
Monoálcool: classificação dada a álcoois que possuem apenas
uma hidroxila ligada. Fenol
Exemplo:
Éteres
Éteres são compostos orgânicos caracterizados pela presença
de um átomo de oxigênio (O) ligado a dois radicais monovalentes
alquila, ou seja, hidrocarbonetos (grupos orgânicos).
Propanol – 1 Exemplo:
H3C ─ O ─ CH3
Diálcool: álcool que possui duas hidroxilas ligadas à cadeia car- éter metílico ou metóxi-metano
bônica.
Exemplo: Os éteres são compostos incolores, de cheiro agradável e pou-
co solúvel em água, em condições ambientes podem se apresentar
na fase sólida, líquida ou gasosa. Os de massa molecular mais eleva-
da estão no estado sólido, os que apresentam dois e três carbonos
na molécula são gasosos e os seguintes são líquidos que são extre-
mamente voláteis.
Éteres são usados como solventes de óleos, gorduras, resinas
Propanodiol – 1,2 e na fabricação de seda artificial. Dentre as variadas aplicações dos
éteres se destaca sua utilização na medicina que é muito importante,
Triálcool: este álcool conta com três hidroxilas em sua cadeia. sendo usado como anestésico e na preparação de medicamentos.
Exemplo: O éter etílico (éter comum) pertence à classe de éteres, é um
líquido incolor muito volátil (ferve a 35° C), produz frio intenso ao
evaporar em contato com a pele e seus vapores são três vezes mais
pesados que o ar. Sua utilização é feita em pacientes, é um podero-
so anestésico inalatório porque relaxa os músculos, mas possui as
desvantagens de causar irritação no trato respiratório e a possibili-
dade de provocar explosões em ambientes fechados. Sendo assim,
Propanotriol ele está em desuso, apesar de ter sido usado durante quase um
século.

55
QUÍMICA
O éter etílico dissolve graxas, óleos e resinas, por isso é usado na indústria como solvente de óleos e tintas.

A nomenclatura oficial para os Éteres segue uma regra fixa estabelecida pela União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC).
Observe o funcionamento das normas:
1. Inicie o nome dos éteres pelo prefixo de menor número de carbonos, conforme abaixo:
Prefixos:

1 carbono - MET                        6 carbonos - HEX


2 carbonos - ET                         7 carbonos - HEPT
3 carbonos - PROP                    8 carbonos - OCT
4 carbonos - BUT                       9 carbonos - NON
5 carbonos - PENT                   10 carbonos - DEC

2. Use o termo intermediário: oxi.


3. Encerre pelo nome do hidrocarboneto com maior número de carbonos.
Exemplos: H3C ─ CH2 ─ O ─ CH3 
Metoxi-etano
Repare que a nomenclatura começou com o prefixo de menor número de carbonos.

Reações Orgânicas
No fim do século XIX, as substâncias utilizadas no tratamento de doenças, na fabricação de produtos de limpeza e perfumes, só po-
diam ser encontradas em seus estados naturais. O desenvolvimento da Química Orgânica possibilitou a determinação das estruturas dos
compostos presentes nesses produtos.
Esta evolução é devido a pesquisas e produção de inúmeras substâncias por reações feitas em laboratório. Os químicos reconhecem
o composto e tentam produzi-lo por meio de reações orgânicas. É economicamente viável, pois é mais barato e mais fácil sintetizar uma
substância do que extraí-la de uma fonte natural.

Exemplo: a vitamina C pode ser obtida de fontes naturais ou pode ser produzida em laboratório, e sua composição é a mesma em
ambos os casos.

As reações orgânicas podem ser classificadas de diversas maneiras, a mais comum é a que diferencia reações de adição, substituição
e eliminação.

Reações de adição: correspondem às reações que tem uma configuração característica de hidrocarbonetos insaturados, como os
alcenos, alcinos e dienos. Na reação por adição, há a junção de duas ou mais moléculas provocando a origem de unicamente um produto.
Veja o exemplo:

Reações de substituição: um átomo ou grupo de átomos é substituído por um radical do outro reagente, ou seja, ocorre na molécula
a troca de um ligante.

Reações de eliminação: os átomos na molécula do reagente orgânico diminuem, daí o nome da reação: eliminação. Nesse tipo de
reação, ocorre a saída de ligantes de uma molécula sem que aconteça a substituição desses ligantes por outros.

Mecanismo de uma reação é o caminho pelo qual a reação se processa, ele descreve as várias etapas pelas quais ela passa.
A ruptura das ligações, os ataques eletrofílicos e nucleofílicos ao reagente orgânico, a formação de novas ligações e de compostos
intermediários, tudo isso é demonstrado em um mecanismo. Vale lembrar que um mecanismo é proposto se baseado em experimentos,
mas é apenas um modelo, não sendo um caminho obrigatório para a reação.
No mecanismo da reação influem vários fatores, como a natureza do solvente, polaridade das ligações, troca de elétrons, etc. Portan-
to, um determinado mecanismo nem sempre é a única maneira de se explicar a formação de determinado produto.
No caso das reações orgânicas, um mecanismo pode ocorrer de duas maneiras: ionicamente ou via radicais livres.
1. Mecanismo iônico: a ruptura heterolítica de uma ligação covalente dá início ao processo, originando íons (carbocátion e carbânion).
2. Mecanismo via radicais livres: a ruptura homolítica de uma ligação covalente forma radicais livres (muito instáveis e reativos).

56
QUÍMICA
Acompanhe o mecanismo de Halidrificação de Alcenos.

Podemos dividir o mecanismo em etapas:

1ª Etapa: A quebra homolítica de Ácido Bromídrico (H — Br) deu origem ao radical livre • Br, este reage com alceno e forma um novo
radical.
Etapa intermediária: o radical livre ataca o hidrogênio polarizado do HBr.
Etapa final: Nesta etapa se forma o produto (1- Bromo propano) e um novo radical que reiniciará a reação.
Como se vê, a Halidrificação de Alcenos ocorre por Mecanismo via radicais livres.

Observação: Halidrificação pode ser entendida como Halogenação, uma vez que houve a adição de um Halogênio (Bromo) à molécula.
O mecanismo de uma reação é uma maneira didática (simulação) de mostrar passo a passo a formação de determinado produto, mas,
contudo, explica o que acontece realmente na prática.

Reatividade dos Compostos Orgânicos

Reação de Saponificação
Em termos gerais, a reação de saponificação ocorre quando um éster em solução aquosa de base inorgânica origina um sal orgânico
e álcool.
A Reação de saponificação também é conhecida como hidrólise alcalina, através dela é que se torna possível o feitio do sabão. Falan-
do quimicamente, seria a mistura de um éster (proveniente de um ácido graxo) e uma base (hidróxido de sódio) para se obter sabão (sal
orgânico).
A equação abaixo demonstra este processo:
Éster + base forte → sabão + glicerol

Praticamente todos os ésteres são retirados de óleos e gorduras, daí o porquê das donas de casa usarem o óleo comestível para o
feitio do sabão caseiro.
Equação genérica da hidrólise alcalina:

A equação acima representa a hidrólise alcalina de um óleo (glicerídeo). Dizemos que é uma hidrólise em razão da presença de água
(H2O) e que é alcalina pela presença da base NaOH (soda cáustica). O símbolo ∆ indica que houve aquecimento durante o processo. Pro-
dutos da reação de Saponificação: sabão e glicerol (álcool).
Reação de substituição
Reação de substituição, como o próprio nome já diz, é aquela em que ocorre na molécula a troca de um ligante.
Veja um exemplo de substituição por radical livre:

1ª etapa: formação do radical

Ruptura homolítica do Br2 e formação de radicais • BR: esta cisão na ligação covalente ocorre na presença de calor ou luz.

57
QUÍMICA
2ª etapa: ataque do radical Brometo ao Propano, causando a O carbono fica com o par eletrônico e colabora para a formação
ruptura homolítica da ligação C ― H. de um carbânion e um íon H+ (próton).

Reações de Redução, Oxidação e Combustão


Reação de oxidação: quando ocorre - na maioria das vezes -
com adição de oxigênio.
A reação da oxidação pode ser: parcial ou total.

Oxidação parcial de álcool primário.


Exemplo:

O ligante H da molécula de propano é substituído pelo ligante


BR, originando o 1 -Bromo propano ou 2 - Bromo propano. A reação
de substituição por radical livre é típica de alcanos.
Nota: As duas setas indicam que o radical Bromo pode substi-
tuir qualquer hidrogênio da estrutura. A ruptura de ligações entre Oxidação parcial de álcool secundário.
átomos pode ocorrer de modo homogêneo ou heterogêneo. Exemplo:

Ruptura Homolítica: a molécula é separada de modo igual para


os radicais resultantes, ou seja, é uma cisão de ligação sem perda
nem ganho de elétrons.
Quando a quebra da ligação é feita igualmente, cada átomo fica
com seu elétron original da ligação, dando origem aos chamados
radicais livres. Oxidação de aldeído.
Exemplo:

Radical livre: átomo com elétron desemparelhado, cuja carga Oxidação total de álcool primário.
elétrica é neutra. Exemplo:

Ruptura Heterolítica: a quebra da ligação é feita de modo desi-


gual, ficando o par eletrônico com apenas um dos átomos da ligação.

Reação de redução: é o inverso da reação de oxidação. Ocorre


- na maioria das vezes - com adição de hidrogênio.

A reação de redução pode ser: parcial ou total.

Redução parcial de ácido orgânico.


Observe que uma das espécies ganha elétrons e a outra perde
(formação de íons). Exemplo:

Rompendo-se heteroliticamente a ligação entre carbono e bro-


mo, teremos um carbocátion e um íon brometo (ânion). Neste caso,
o elemento bromo, como sendo mais eletronegativo, leva consigo
o par eletrônico.
Mas o que aconteceria se o par de elétrons ficasse com o Car- Redução de aldeído.
bono? Isto ocorre quando há uma quebra heterolítica entre a liga- Exemplo:
ção de carbono e hidrogênio:

58
QUÍMICA
Redução de cetona. Biomoléculas
Exemplo: Todos os seres vivos são constituídos por moléculas orgânicas
  de grandes dimensões: as macromoléculas. Estas são formadas
por um número relativamente reduzido de elementos químicos,
principalmente hidrogênio, oxigênio, nitrogênio e carbono. Em
termos de percentagem esses elementos juntos perfazem o total
de aproximadamente 99% da massa da maioria das células. Eles
são os elementos mais leves capazes de formar uma, duas, três e
quatro ligações, respectivamente. Em geral os elementos químicos
Redução total de ácido orgânico. mais leves formam as ligações químicas mais fortes. As biomolé-
Exemplo: culas desempenham diferentes funções: estruturais; energéticas;
enzimáticas; armazenamento e transferência de informação. Mui-
tas biomoléculas são polifuncionais, contendo dois ou mais grupos
funcionais diferentes, cada um com suas ações químicas caracterís-
  ticas. A “personalidade” química de um composto é determinada
pela química de seus grupos funcionais e a disposição desses no
espaço tridimensional.
Reação de combustão A bioquímica estuda os processos químicos que ocorrem nos
Combustão é uma reação química exotérmica, ou seja, libera organismos vivos, animais e vegetais, os compostos bioquímicos e
calor para o ambiente. Esse tipo de reação é muito comum, já que sua importância industrial. De um modo simplificado, para efeito de
a maioria da energia que consumimos é derivada da queima de ma- estudo, dividimos os compostos bioquímicos em três classes prin-
teriais: os combustíveis. Exemplo: gás de cozinha, gasolina, óleos cipais:
e outros, todos eles obtidos a partir da destilação de petróleo, por - Lipídios;
isso recebem a classificação de hidrocarbonetos. Esses compostos - Hidratos de carbono ou carboidratos;
são formados somente por carbono e hidrogênio, e para que uma - Proteínas.
combustão ocorra é necessário um comburente: o gás Oxigênio.
Na reação de combustão dos hidrocarbonetos ocorre a forma- Normalmente os compostos bioquímicos possuem massa mo-
ção de gás carbônico (CO2) e água, a energia é liberada sob a forma lecular elevada como é o caso, por exemplo, dos álcoois graxos e
de calor. Veja a equação de combustão: dos ácidos graxos. Os álcoois graxos são usados como solventes pra
graxas, ceras, gomas, pomadas de uso farmacêutico, aditivos para
H + O2 → CO2 + H2O óleos lubrificantes e como tensoativos não iônicos para obtenção
de emulsões de óleo e água. De um modo genérico são denomina-
A reação gerou apenas dióxido de carbono e água, quando ele- dos ácidos graxos todos os ácidos obtidos a partir de óleos e gor-
mentos como carbono, nitrogênio, enxofre e ferro são queimados, duras animais e vegetais. São monocarboxílicos, com um total de 4
dão origem a óxidos: a queima do Carbono irá gerar o dióxido de a 22 átomos de carbono. Os compostos dessa classe que possuem
carbono, a combustão do nitrogênio dará origem ao dióxido de ni- mais de 10 átomos de carbonos são chamados de ácido graxos su-
trogênio, a queima de enxofre irá gerar dióxido de enxofre e a do periores e são utilizados como lubrificantes e na fabricação de fár-
ferro irá gerar óxido de ferro III. macos e cosméticos.
Mas, infelizmente, os combustíveis que apresentam extrema
importância em nossa vida também trazem tragédias quando ter- FUNÇÃO ORGÂNICA:
minam em incêndios, para que isso ocorra são necessários três fa- É o conjunto de substâncias com propriedades químicas seme-
tores: lhantes (denominadas, então, propriedades funcionais).
1- Calor; O grupamento dos compostos orgânicos com propriedades se-
2- Presença de um combustível; melhantes,ocorre em conseqüência de características estruturais
3- Presença de um comburente. comuns.
Cada função é caracterizada por um grupo funcional.
Para se prevenir e extinguir um incêndio é preciso eliminar um
dos três elementos citados, a eliminação pode ser por: Nomenclatura dos compostos orgânicos
Resfriamento: a água é usada para abaixar a temperatura; Os compostos orgânicos recebem nomes oficiais que levam em
Abafamento: utiliza-se cobertores para impedir o contato do consideração o número de carbonos, os tipos de ligações entre eles
gás oxigênio do ar com o combustível; e a função que as substâncias pertencem.
Retirada do combustível: existem vários tipos de extintores, e O esquema apresentado no quadro abaixo mostra, as partes
eles são usados conforme a origem do combustível: básicas da nomenclatura de um composto orgânico.
- Sólidos: carvão, madeira, pólvora;
- Líquidos: gasolina, álcool, éter, óleo;
- Gasosos: metano, etano, etileno.

Bioquímica
O objetivo da Bioquímica é explicar a forma e a função bioló-
gica em termos químicos. Uma das formas mais produtivas de se
abordar o entendimento dos fenômenos biológicos tem sido aquela
de purificar os componentes químicos individuais, tais como uma
proteína de um organismo vivo, e caracterizar sua estrutura química
ou sua atividade catalítica.

59
QUÍMICA

Primeiramente, vamos estudar os hidrocarbonetos. Estes são compostos formados apenas por carbono (C) e hidrogênio (H). Os hidro-
carbonetos podem ser subdivididos em várias classes em função do tipo de ligação que apresenta entre os carbonos. Diante disso, temos:

Cadeia carbônica Classe de hidrocarboneto


Alifática saturada Alcano ou parafina
Alifática insaturada por 1 dupla ligação Aceno, alqueno ou olefina
Alifática insaturada por 1 tripla ligação Alcino ou alquino
Alifática insaturada por 2 duplas ligações Alcadienos ou dienos
Alicíclica saturada Ciclano, cicloalcano ou cicloparafina
Aromática Hidrocarboneto aromático

Classes dos hidrocarbonetos


-Alcanos ou parafinas
São hidrocarbonetos alifáticos saturados, isto é, apresentam cadeia aberta com apenas simples ligações (saturadas).

Fórmula geral: CnH2n+2 (proporção entre o número de átomos de carbono e hidrogênio)

Metano CH4
Etano C2H6
Propano C3H8
Fórmula Geral CnH2n+2

Exemplos:

60
QUÍMICA
Com base na figura acima podemos observar que os compostos Fórmula estrutural:
CH4, C2H6 e C3H8 diferem entre si devido a um grupo CH2, constituin-
do uma série denominada homóloga.

-Alcenos, Alquenos e Oleofinas


São hidrocarbonetos alifáticos insaturados que apresentam
uma dupla ligação. Este termo olefinas provém do latim: oleum =
óleo + affinis = afinidade, e significa que eles reagem com substân-
cias oleosas.
Fórmula geral: CnH2n
Os compostos acima diferem entre si por dois átomos de hidro-
Exemplos: gênio (2H) e constituem uma série isóloga.
1) Nomenclatura: Eteno (etileno)
Fórmula molecular: C2H4 -Alcadienos ou Dienos
Fórmula estrutural: São hidrocarbonetos alifáticos insaturados por duas ligações
duplas.
-Fórmula geral: CnH2n-2

Exemplos:
2) Nomenclatura: Propeno 1) Nomenclatura: Propadieno
Fórmula molecular: C3H6 Fórmula molecular: C3H4
Fórmula estrutural:
Fórmula estrutural:

3) Nomenclatura: Buteno
Fórmula molecular: C4H8
Fórmula estrutural:
2) Nomenclatura:1,2 Butadieno
Fórmula molecular: C4H6

Fórmula estrutural:

Observação: Os alcenos diferem entre si por um grupo (CH2),


logo constituem uma série homóloga.

Sempre que for necessário, deve-se indicar a posição da du-


pla ligação, sendo que a numeração é iniciada da extremidade mais
próxima da instauração (regra dos menores valores).
-Ciclanos, Cicloalcanos ou Parafinas
-Alcinos ou Alquinos Apresentam cadeia fechada com apenas simples ligações.
São hidrocarbonetos alifáticos insaturados por uma tripla liga- Fórmula geral: CnH2n
ção.
Exemplos:
Fórmula geral: CnH2n-2 1) Nomenclatura:ciclopropano (ciclo-propano)
Fórmula molecular: C3H6
Exemplos:
1) Nomenclatura: Etino Fórmula estrutural:
Fórmula molecular: C2H2

Fórmula estrutural:

2) Nomenclatura: ciclohexano (ciclo-hexano)


2) Nomenclatura: Proprino Fórmula molecular: C6H12
Fórmula molecular: C3H4

61
QUÍMICA
Fórmula estrutural:

Cadeia aberta com pelo menos três carbonos

-Cicloalcenos, Cicloaquenos ou Ciclenos


São hidrocarbonetos cíclicos insaturados com uma dupla liga-
ção. Caso não haja ramificações nos cicloalcenos, não é necessário primários
indicar a dupla posição.
Fórmula geral: CnH2n-2
Cadeia fechada com pelo menos um carbono primário
Exemplo:
1) Nomenclatura: 1-Ciclobutenos Para realizar a nomenclatura de um hidrocarboneto ramificado,
Fórmula molecular: C4H6 é necessário identificar a cadeia principal, que, geralmente, apre-
senta o maior número de carbonos. Para isso, temos que levar em
Fórmula estrutural: consideração a classe dos hidrocarbonetos com a qual estamos tra-
balhando, como relatado em cada caso:

a) Nomenclatura de alcanos ramificados


Passo 1: Determinar a cadeia principal e seu nome
(A cadeia principal de um alcano é sempre aquela que apresen-
tar o maior número de carbonos e o maior número de ramificações)
Passo 2: Reconhecer os radicais e dar nome aos mesmos.
Passo 3: Numerar a cadeia principal de moto a obter os meno-
res números possíveis para indicar as posições dos radicais.
Passo 4: Quando houver mais de um radical do mesmo tipo,
-Aromáticos seus nomes devem ser precedidos de prefixos que indiquem a
São hidrocarbonetos que em cuja estrutura existe pelo menos quantidade: di, tri, treta, penta e etc.
um anel benzênico ou aromático. Esses compostos apresentam Passa 5: Quando houver dois ou mais radicais de tipos diferen-
uma nomenclatura diferenciada, que não segue os padrões dos ou- tes, seus nomes podem ser escritos de duas maneiras:
tros hidrocarbonetos. a) Pela ordem de complexidade crescente dos radicais
Os principais hidrocarbonetos são: b) Pela ordem alfabética (Notação recomentada pela IUPAC).

- PF e PE.
Na comparação entre moléculas apolares, os pontos de fusão
e ebulição aumentam com a massa molecular. Se duas moléculas
apolares têm a mesma massa molecular, quanto mais ramificada a
cadeia menores as temperaturas de fusão e de ebulição. As varia-
ções dessas propriedades físicas podem ser explicadas através das
forças intermoleculares.

Fatores que influenciam no Ponto de Ebulição


-Massa molar
-Maior massa
-Maior temperatura de ebulição
-Para moléculas de mesma força intermolecular
-Superfície de contato
-Maior a cadeia carbônica
-Maior superfície
Nomenclatura de hidrocarbonetos ramificados -Maior número de interações ao longo da cadeia
Saber reconhecer um hidrocarboneto é muito importante, -Maior temperatura de ebulição
pois, com essa habilidade, é possível desenvolver outra, que é reali- Ramificações
zar corretamente a nomenclatura de hidrocarbonetos ramificados. -Maior número de ramificações
Os hidrocarbonetos ramificados são todos aqueles cujas ca- -Menor superfície
deias possuem mais de dois carbonos primários (se abertas) e pelo -Menor número de interações ao longo da cadeia
menos um carbono primário (se fechadas), como mostrado nos -Menor temperatura de ebulição
exemplos abaixo: -Para moléculas de mesma interação intermolecular e massas
molares próximas.

62
QUÍMICA
ÁLCOOIS
Os álcoois são compostos que apresentam o grupo hidroxila (-OH) ligado ao carbono saturado.
Grupo funcional:

Nomenclatura oficial dos álcoois


A nomenclatura oficial dos álcoois segue as mesmas regras estabelecidas pela IUPAC para os hidrocarbonetos, com apenas uma dife-
rença: como o grupo funcional é diferente, o sufixo é “OH” no lugar de “o”, que é o usado para os hidrocarbonetos.

Prefixo Intermediário Sufixo


N° de Carbono Tipo de Ligação OL

Exemplos:
-H3C — OH: met + an + ol = metanol
-H3C — CH2 — OH: et + an + ol = etanol

Quando um álcool alifático apresentar mais de dois átomos de carbono, devemos indicar a posição do OH numerando a cadeia a partir
da extremidade mais próxima do carbono que contém a hidroxila.

Exemplos:

1-butanol
2-butanol

Em álcoois insaturados e/ou ramificados, devemos indicar a posição da hidroxila, da insaturada e das ramificações. Sendo que a ordem
de prioridade para a manutenção é:

Função > Insaturação > Radical

Exemplo1: Exemplos2:

3 metil-1 butanol

Nomenclatura usual dos álcoois


Iniciamos com a palavra álcool seguida do nome do radical ligado à hidroxila com a terminação ico.

63
QUÍMICA
Exemplos:

FENOL
Os fenóis são compostos que apresentam o grupo hidroxila (-OH) ligado diretamente a um carbono aromático.

Grupo funcional:

Exemplos

Nomenclatura IUPAC

É utilizado o prefixo hidróxi, seguido da terminação benzeno. Caso existam ramificações no núcleo benzênico, a numeração inicia-se
na hidroxila e segue o sentido dos menores números.

Exemplos:

O hidróxi-benzeno é o fenol mais simples, conhecido também como fenol, fenol, comum ou ácido fênico.

ENOL
Os enóis são compostos orgânicos que se caracterizam pela presença de hidroxila ligada a um carbono primário ou secundário. Assim
como, pela migração de uma ligação π entre dois átomos de carbono da molécula para entre um átomo de carbono e um de oxigênio. A
nomenclatura oficial dos enol, a terminação é ol.

64
QUÍMICA
Exemplo:

ALDEÍDOS
Os aldeídos contêm o grupo carbonila em carbono primário (extremidade da cadeia).

Grupo funcional:

Exemplos:

Nomenclatura IUPAC

- A terminação do nome oficial é AL.


- A cadeia principal deve ser a mais longa possível que apresentar o grupo funcional.
- Para cadeias ramificadas ou insaturadas, devemos numerar pela extremidade que contenha o grupo funcional. Este será sempre
posição 1. E não precisa ser mencionado no nome.

Exemplos:

Nomenclatura usual
Os quatro primeiros aldeídos têm nomes usuais, tais como:

Importante
O odor dos aldeídos que têm baixo peso molecular é irritante, porém, à medida que o número de carbonos aumenta, torna-se mais
agradável. Os aldeídos de maior peso molecular são muito utilizados na indústria de cosméticos na fabricação de perfumes sintéticos. Por
exemplo, o benzaldeído é utilizado como essência de amêndoas e o cinamaldeído de canela.

CETONAS
As cetonas também apresentam o grupo carbonila, sendo que o carbono do grupo deve ser secundário.

65
QUÍMICA
Grupo funcional:

Exemplos:

Nomenclatura IUPAC

De acordo com a nomenclatura da IUPAC a terminação das cetonas é é ONA.


A cadeia principal é a mais longa que possui a carbonila e a numeração é feita a partir da extremidade mais próxima da carbonila.

Exemplos

Quando a numeração for necessária, ela deve ser iniciada da extremidade mais próxima da carbonila.

Exemplos:

Nomenclatura Usual
Na nomenclatura usual, o grupo carbonila é denominado cetona, e seus ligantes são considerados radicais.

Exemplos:

ÁCIDO CARBOXÍLICO
Os ácidos carboxílicos apresentam pelo menos uma função carboxila.

66
QUÍMICA
-Grupo funcional:

Exemplos:

O O O
H C OH CH3 C OH C6H5 C OH

Ácido fórmico Ácido acético Ácido benzóico


Nomenclatura IUPAC

Inicia-se com a palavra ácido e a terminação utilizada é óico. A cadeia principal é a mais longa e que possua a carboxila. Para cadeias
ramificadas, devemos numerar a partir do carbono da carboxila (e não precisa mencionar a posição 1).

Exemplos:

Nomenclatura Usual
O nome usual para os ácidos é associado à sua origem ou a suas propriedades. Os nomes comuns de muitos ácidos carboxílicos são
baseados em suas origens históricas ou ao seu odor exalado por quem os produz.

Exemplo:

ÉSTERES
Ésteres são compostos orgânicos produzidos através da reação química denominada de esterificação: ácido carboxílico e álcool rea-
gem entre si e os produtos da reação são éster e água. Os ésteres são encontrados em muitos alimentos, perfumes, objetos e fármacos
que temos em casa.

Grupo funcional:

Os ésteres possuem aroma bastante agradável. São usados como essência de frutas e aromatizantes nas indústrias alimentícia, farma-
cêutica e cosmética. Constituem também óleos vegetais e animais, ceras e gordura.
Colocando-se o grupo funcional como referencial, podemos dividir o nome em duas partes:

Exemplos:

67
QUÍMICA

Importante
- Ésteres de cadeias carbônicas pequenas são líquidos e pouco solúveis em água, enquanto os de maiores massas molares são sólidos
e insolúveis.
- Diferentemente dos ácidos, dos quais são derivados, os ésteres geralmente possuem odor muito agradável.
- Conforme anteriormente mencionado eles são os principais responsáveis pelo aroma das frutas e das flores.

ÉTERES
Éter é todo composto orgânico onde a cadeia carbônica apresenta – O – entre dois carbonos. O oxigênio deve estar ligado diretamente
a dois radicais orgânicos (alquila ou arila). A fórmula genérica do éter é R – O – R, onde o R é o radical e o O é o oxigênio.

Grupo funcional:

Nomenclatura oficial

A nomenclatura oficial pode ser obtida da seguinte maneira:

Exemplos:

AMINAS
As aminas são consideradas as bases orgânicas e são obtidas a partir da substituição de um ou mais hidrogênios da amônia [NH3] por
radicais.

68
QUÍMICA

Na sua nomenclatura, basta indicar (o)s radical (is) ligados ao nitrogênio acrescido da palavra amina.

As aminas aromáticas nas quais o nitrogênio se liga diretamente ao anel benzênico Ar–NH2 são, geralmente, nomeadas como se fos-
sem derivadas da amina aromática mais simples: a fenilamina (Anilina)

Para aminas mais complexas, consideramos o grupo NH2 como sendo uma ramificação, chamada de amino.

AMIDAS
As amidas são caracterizadas pelo grupo funcional:

O nome das amidas, de acordo com a IUPAC é dado da seguinte maneira:

Exemplo

69
QUÍMICA

NITRILA
As nitrilas são obtidas pela substituição do hidrogênio do gás cianídrico (HCN) por um radical orgânico.

É dado nome ao hidrocarboneto correspondente seguido da terminação nitrila.

Exemplos:

Nomenclatura Usual
Usa-se a palavra cianeto e, em seguida, o nome do radical preso ao grupo – C N.

A nitrila mais importante é o propenonitrila, empregada na obtenção de borracha sintética e de outros plásticos:

NITROCOMPOSTO
Os nitrocompostos são substâncias que contêm um ou mais grupos nitro (NO2) em sua molécula.

Grupo funcional:

Nomenclatura Oficial IUPAC

Usa-se prefixo nitro antecedendo o nome do hidrocarboneto de que se origina o nitro composto.

70
QUÍMICA
Exemplo:

H3C – NO2
Nitrometano

2-nitro-pentano

HALETOS ORGÂNICOS
Os haletos orgânicos são compostos resultantes da substituição de um ou mais hidrogênios em moléculas de hidrocarbonetos, por
átomos de halogênios, que podem ser o flúor, o cloro, o bromo ou o iodo.
Os Haletos orgânicos são representados por R – X onde X = Cl, Br, F, I.

2 – cloro 2 – metil – butano

Repare que o Cl está ligado a uma cadeia de hidrocarbonetos.

ÁCIDOS SULFÔNICOS
Ácidos sulfônicos são ácidos sulfúricos que perdem seu grupo hidroxila (-OH), ganhando no lugar um radical derivado de hidrocarbo-
neto.

-Grupo funcional:

O nome desses ácidos é obtido da seguinte maneira:

É importante lembrar que a nomenclatura deve ser iniciada pela extremidade mais próxima do grupo funcional:

COMPOSTO DE GRIGNARD
Os compostos de Grignard pertencem à classe dos compostos denominados organometálicos. Seu grupo funcional é dado por:

Sua nomenclatura segue o seguinte esquema:

Propriedades dos compostos orgânicos


Estuda as propriedades inerentes a cada classe de funções e como estas interagem entre si. Dentre as propriedades estudadas estão
temperatura de fusão, temperatura de ebulição, solubilidade, acidez e basicidade.
Em geral, todas as propriedades físicas dependem das interações intermoleculares presentes nos compostos. Vale lembrar a ordem
de força das interações intermoleculares: Ligação Hidrogênio > Dipolo-dipolo > Van der Waals.

71
QUÍMICA
Isomeria Bioquímica
A isomeria é o fenômeno onde duas ou mais substâncias di- Neste ramo da química orgânica estudamos com mais aprofun-
ferentes apresentam a mesma fórmula molecular e possuem di- damento as moléculas responsáveis pela constituição e manuten-
ferentes fórmulas estruturais. Este ramo da química estuda as ção da vida dos seres vivos. Dentre as principais biomoléculas estão
semelhanças entre cadeias carbônicas e funções, bem como seu os carboidratos, as proteínas e os lipídios.
comportamento espacial. A isomeria é dividida em plana (considera Carboidratos: são polissacarídeos (açúcares), como a glicose
apenas a fórmula estrutural plana) e espacial (considera a fórmula e a frutose. Tem como função principal a de fornecer energia ao
estrutural espacial e a simetria da molécula). nosso organismo.
É um campo importante pois a isomeria está presente princi-
palmente em medicamentos, onde muitas vezes temos isômeros Proteínas: são polímeros de condensação naturais formados
ativos (aqueles que tem interesse farmacológico) e inativos. de até 20 aminoácidos diferentes. Tem como função constituir fi-
bras musculares, cabelo e pele. Algumas funcionam como catalisa-
Reações orgânicas dores em reações do organismo, sendo chamadas de enzimas.
As reações orgânicas ocorrem tanto em processos orgânicos Lipídios: são formados a partir da reação de um ácido graxo
quanto industriais, sendo assim, é importante o seu estudo para com o glicerol. Os mais importantes são os óleos e as gorduras. O
entendermos a bioquímica, os processos metabólicos e interações triglicerídeo é um lipídeo que possui três grupamentos éster na sua
que ocorrem nos seres vivos. É uma área de grande incentivo de estrutura.
pesquisa em laboratórios e universidades pois é a base do desen-
volvimento de remédios, processos da indústria alimentícia, dentre Petróleo
outros. O petróleo possui em sua composição principalmente hidro-
As reações orgânicas são divididas em substituição, adição e carbonetos e seus componentes são de grande importância eco-
eliminação. nômica. Aproximadamente 85% dos materiais obtidos a partir do
Reações de substituição: É uma reação de dupla troca onde um petróleo são usados como combustíveis e os outros 15% na indús-
átomo ou grupo de átomos é substituído. tria petroquímica, como por exemplo, na produção de plásticos e
Exemplo: asfalto. Por ser um material de tamanha importância, o estudo de
CH4 + Cl2 → CH3Cl + HCl seu processo de refino e craqueamento é um dos ramos de estudo
da química orgânica.
Reações de adição: é a reação onde dois ou mais reagentes se
unem para formar um só produto. Ocorre geralmente em compos- Análise orgânica elementar: determinação de fórmulas mo-
tos insaturados ou cíclicos. leculares
Os compostos orgânicos não se encontram de forma pura na
Exemplo: natureza, sendo assim, é preciso procedê-los a um tratamento pré-
H2C=CH2 + H2 → H3C‒CH3 vio de purificação para só então utilizá-los isoladamente. Os proces-
sos mecânicos e físicos de separação como destilação, cristalização,
Reações de eliminação: É o oposto da reação de adição. Nes- análise cromatográfica, são definidos como análise orgânica ime-
te caso, um único reagente sofre um processo onde a molécula é diata. O método permite separar os componentes da mistura sem
quebrada em duas ou mais moléculas menores. Geralmente ocorre alterar a natureza dos mesmos.
com utilização de um catalisador ou calor. Após separar os componentes é preciso determinar quais são
os elementos presentes e a quantidade respectiva, para isso utiliza-
Exemplo: -se a análise orgânica elementar que se subdivide em:
CH3‒CH3 → CH2=CH2 + H2 Análise elementar qualitativa: permite identificar os elementos
químicos presentes no composto orgânico.
Polímeros Análise elementar quantitativa: dosagem dos elementos que
Polímeros são macromoléculas formadas após uma reação de foram identificados.
polimerização entre monômeros. Existem polímeros naturais, como Em alguns casos o composto orgânico que foi isolado passa por
as proteínas, a celulose e o látex, e existem polímeros sintéticos, um fracionamento e o produto resulta em compostos inorgânicos
que são sintetizados em laboratório de forma a “copiar” os natu- ou minerais, dessa forma fica fácil dosar os componentes. Esse pro-
rais. Exemplos de polímeros sintéticos são os plásticos, o isopor e cedimento é conhecido como “Mineralização da substância orgâ-
o nylon. nica”.
Dentre os polímeros sintéticos temos dois tipos: polímeros de Através da mineralização é possível obter sulfetos e sulfatos
adição e de condensação. através do Enxofre, haletos de prata (AgBr, AgCl, AgI) a partir de
Polímeros de adição: os monômeros utilizados na produção halogênios (Cl, Br, I), H2O a partir de hidrogênio, etc.
desses polímeros devem apresentar pelo menos uma dupla ligação
entre carbonos. Durante a polimerização, ocorre a ruptura da liga- Fórmula Molecular
ção π e a formação de duas novas ligações simples. Fórmula Molecular é a combinação de símbolos químicos e ín-
Exemplos: PET, PVC, PVA e borrachas sintéticas. dices que expressam os números reais dos átomos de cada elemen-
to presente em uma molécula. Para se chegar à fórmula molecular
Polímeros de condensação: são formados pela polimerização é necessário saber a fórmula mínima ou empírica da substância e
de dois monômeros diferentes, liberando uma molécula pequena sua massa molar.
(geralmente a água) durante a condensação. Não é necessário que A fórmula molecular corresponde à quantidade de átomos de
haja dupla ligação em um dos monômeros, mas é preciso que os cada elemento em uma molécula.
dois sejam de funções diferentes. Fórmula Molecular é a combinação de símbolos químicos e
Exemplos: poliéster, silicone, fórmica (baquelite). índices que expressam os números reais dos átomos de cada ele-
mento presente em uma molécula.

72
QUÍMICA
Para a determinação da fórmula molecular é necessário primei- Funções nitrogenadas – aminas, amidas;
ro obter a fórmula empírica, que é a fórmula que mostra os núme- Funções halogenadas – haletos;
ros relativos de átomos de cada elemento em um composto. Ela Função hidrogenada – hidrocarbonetos.
expressa a proporção dos átomos; por exemplo, na glicose a pro-
porção é de um átomo de carbono, para dois de hidrogênio, para A seguir apresentamos as principais funções orgânicas, o gru-
um de oxigênio, ou seja, CH2O (1:2:1). O passo seguinte é calcular po funcional que identifica cada uma, as regras de nomenclatura
a massa dessa fórmula empírica. Sabendo que as massas atômicas segundo a IUPAC e exemplos de compostos pertencentes a essas
desses elementos são iguais a: C = 12, H = 1 e O=16. funções:
A partir da fórmula empírica (CH2O), calculamos a massa dessa
fórmula multiplicando as massas atômicas pelas suas respectivas 1- Função Orgânica: Hidrocarbonetos;
massas: - Grupo Funcional: Possui somente átomos de carbono e hi-
C = 12. 1= 12 drogênio: C, H;
H = 1.2 = 2 - Nomenclatura: Prefixo + infixo + o;
O =16. 1 = 16______ - Exemplos: Metano, butano, eteno (etileno) e etino (acetile-
Massa de CH2O = 30 no).

Mas a fórmula empírica não indica por si só qual será a fór-


mula molecular, afinal de contas essa proporção de 1:2:1 se dá em
todos os casos a seguir: CH2O (conservante em solução de formali-
na), C2H4O2 (ácido acético do vinagre), C 3H6O3 (ácido láctico), entre
outros.

Assim, outro dado importante que precisamos saber é a massa


molar desse composto, que normalmente é determinada por um
espectrômetro de massas.

A principal fonte de hidrocarbonetos na natureza é o petróleo

2- Função Orgânica: Álcoois;


- Grupo Funcional: Possui a hidroxila ligada a um carbono sa-
turado:
OH

─C─
Aparelho espectrômetro de massas utilizado para medir a │
massa molar das substâncias.
- Nomenclatura: Prefixo + infixo + ol;
No caso da glicose, sua massa molar é de 180 g/mol. Depois, - Exemplos: Metanol, etanol e propanol.
podemos calcular quantas vezes a massa da fórmula empírica
“cabe” na massa molecular da substância:
180/30 = 6
Multiplicando as proporções em que cada elemento aparece
na molécula por 6, temos a proporção de cada um na fórmula mo-
lecular:
C = 1. 6= 6
H = 2.6=12
O=1. 6= 6
Com a proporção definida (6:12:6), temos a fórmula molecular
da glicose: C6H12O6. O álcool gel e a aguardente possuem o etanol como principal
constituinte
Funções Orgânicas
3- Função Orgânica: Fenóis;
Notação, Nomenclatura e Propriedades Físicas e Químicas de - Grupo Funcional: Possui a hidroxila (OH) ligada a um carbono
Hidro Carboneto, Álcool, Éter, Cenol, Cetonas, Aldeídos, Ácido Car- insaturado de um anel benzênico (núcleo aromático):
boxílicos, Amina e Amida (Contendo de 1 a 8 Carbonos)
As substâncias orgânicas com propriedades semelhantes são
agrupadas, elas podem até possuir características estruturais co-
muns, mas se diferenciam pelo grupo funcional.
Estas substâncias recebem a denominação de funções orgâni-
cas, conheça nesta seção algumas delas e seus respectivos grupos
funcionais:
Funções oxigenadas – aldeídos, cetonas, ácidos carboxílios, és-
teres, éteres, álcoois; Grupo funcional dos fenóis

73
QUÍMICA
- Nomenclatura: localização do grupo OH + hidróxi + nome do - Exemplos: metoxietano e etoxietano.
aromático;
- Exemplos: benzenol e 1-hidroxi-2-metilbenzeno. 9- Função Orgânica: Aminas;
- Grupo Funcional: Deriva da substituição de um ou mais hidro-
4- Função Orgânica: Aldeídos; gênios do grupo amônia por cadeias carbônicas:
- Grupo Funcional: Possui a carbonila ligada a um hidrogênio: │ │
O ─ NH2 ou ─ NH ou ─ N ─
// - Nomenclatura: Prefixo + infixo + amina
─C - Exemplos: Metilamina, etilamina e trimetilamina.
H
10- Função Orgânica: Amidas;
- Nomenclatura: Prefixo + infixo + al; - Grupo Funcional: Deriva teoricamente da amônia pela substi-
- Exemplos: Metanal (em solução aquosa é o formol) e etanal tuição de um de seus hidrogênios por um grupo acila:
(acetaldeído). O
5- Função Orgânica: Cetonas; //
- Grupo Funcional: Possui a carbonila entre dois carbonos: ─C
O NH2

C─C─C - Nomenclatura: Prefixo + infixo + amida.
- Exemplos: metanamida e etanamida.
- Nomenclatura:Prefixo + infixo + ona;
- Exemplo: Propanona (acetona). 11- Função Orgânica: Nitrocompostos;
- Grupo Funcional: Possui o grupo nitro (NO2) ligado a uma ca-
deia carbônica:
O
│ │
─C─N═O

- Nomenclatura: nitro + prefixo + infixo + o;


- Exemplos: nitrometano, nitroetano, 1- nitropropano e 2-me-
til-1,3,5-trinitrobenzeno (TNT).
A acetona usada para retirar esmalte das unhas é a propanona

6- Função Orgânica: Ácidos carboxílicos;


- Grupo Funcional: Possui a carbonila ligada a um grupo hidro-
xila (grupo carboxila):
O
//
─C
OH

- Nomenclatura: Ácido + prefixo + infixo + oico. O TNT é um explosivo que é um nitrocomposto


- Exemplos: Ácido metanoico (ácido fórmico) e ácido etanoico
(ácido acético que forma o vinagre). 12- Função Orgânica: Haletos Orgânicos;

7- Função Orgânica: Ésteres; - Grupo Funcional: Possui um ou mais halogênios ligados a uma
- Grupo Funcional: Deriva dos ácidos carboxílicos, em que há a cadeia carbônica:
substituição do hidrogênio da carboxila (- COOH) por algum grupo X
orgânico: │
O ─C─
// X = F, Cl, Br ou I.
─C
O─C - Nomenclatura: quantidade de halogênios + nome do halogê-
nio + nome do hidrocarboneto;
- Nomenclatura: Prefixo + infixo + o + ato / de / nome do radical - Exemplos: 2-bromopropano, clorobenzeno e 1,3-difluorobu-
- Exemplos: Etanoato de pentila (aroma de banana), butanoato tano.
de etila (aroma de morango) e etanoato de isopentila (aroma de Sais orgânicos
pera). Os sais orgânicos são compostos obtidos por meio da reação
entre um ácido carboxílico e uma base inorgânica, em que o hidro-
8- Função Orgânica: Éteres; gênio do grupo carboxila do ácido reage com o ânion hidróxido da
- Grupo Funcional: Possui o oxigênio entre dois carbonos: C ─ base, formando água; enquanto o ânion orgânico une-se ao cátion
O ─ C; da base para formar esse sal.
- Nomenclatura: grupo menor + oxi + hidrocarboneto de radi- Isso significa que os sais orgânicos sempre possuem o grupo
cal maior; funcional:

74
QUÍMICA

A IUPAC estipulou algumas regras oficiais para a nomenclatura desses compostos, mostradas abaixo:

Veja os exemplos:

Se houver ramificações ou insaturações na cadeia carbônica será necessário numerá-la começando do carbono do grupo carboxila,
como mostrado nos exemplos a seguir:

Além disso, quando um diácido carboxílico produzir sais orgânicos com substituição das duas extremidades da cadeia, basta colocar o
prefixo di na nomenclatura, como no exemplo abaixo:

75
QUÍMICA
Um exemplo desse tipo de sal orgânico é o etanodiato de cál- 3. (SEDUC-AL - PROFESSOR - QUÍMICA CESPE – 2018)
cio, que é um dos componentes mais comuns das pedras nos rins
ou cálculos renais. O nome usual desse sal é oxalato de cálcio.
A nomenclatura usual dos sais orgânicos segue a mesma regra
usada em Química Geral, sendo que quando um ácido inorgânico
reage com uma base e dá origem a um sal, o nome do sal é feito
partindo-se do nome do ácido de origem e mudando apenas a ter-
minação. Quando termina com ico, mudamos para ato. Isso tam-
bém é feito com os sais orgânicos, veja os exemplos:

A figura precedente, que apresenta os quatro elementos da


natureza (fogo, ar, terra e água), encontra-se no livro De respon-
sione mundi et astrorum ordinatione — Augsburgo, 1472 —, obra
baseada nos escritos de Santo Isidoro, bispo de Sevilha durante o
século VII d.C., e representa símbolos da alquimia, pela qual vários
materiais foram desenvolvidos empiricamente.A pólvora é um des-
ses materiais, e a compreensão do que ocorria na queima desse pó
negro só aconteceu com a evolução da química moderna.Conside-
rando essas informações e os diversos aspectos a elas relacionados,
julgue o item que se segue.
Fonte: Algumas vidrarias, técnicas experimentais e diversas substân-
www.materias.com.br/www.todamateria.com.br/www.soq.com.br/ cias até hoje utilizadas são originárias da alquimia.
www.soq.com.br/www.guiaestudo.com.br/www.pt.wikipedia.org/ ( ) CERTO
www.mundoeducacao.bol.uol.com.br/www.brasilescola.uol.com.br/ ( ) ERRADO
www.colegioweb.com.br/Mayara Cardoso
4. (ABIN - OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA - ÁREA 5 CES-
PE - 2018) Julgue o próximo item, acerca de sistemas, métodos e
EXERCÍCIOS processos de saneamento urbano e rural.A produção de H2S no
esgoto sanitário deve ser evitada apenas por provocar a corrosão
de tubulações, já que se trata de substância inofensiva aos seres
1. (SEDF - PROFESSOR DE EDUCAÇÃO BÁSICA - QUÍMICA humanos.
CESPE – 2017) A química é muito importante para a compreensão ( ) CERTO
do ambiente e das transformações que nele acontecem, sejam elas ( ) ERRADO
naturais ou não. Com relação às transformações e aos fenômenos
químicos que acontecem no ambiente, julgue o próximo item. 5. (PC-MA - PERITO CRIMINAL CESPE – 2018) Considerando
Uma das consequências da chuva ácida para a natureza é o fato que as diferentes substâncias são formadas por diferentes formas
de que ela aumenta o pH de rios e lagos. de combinação de átomos dos elementos químicos, assinale a op-
( ) CERTO ção correta.
( ) ERRADO (A) As moléculas são todas apolares por serem neutras.
(B)O modelo atômico de Dalton previa a existência de prótons,
2. ( PC-MA - PERITO CRIMINAL CESPE - 2018) Assinale a op- nêutrons e elétrons.
ção correta no que diz respeito a transformações, reações e subs- (C) O elemento químico oxigênio é um gás.
tâncias químicas. (D)Os elementos químicos artificiais são posicionados em duas
(A) A transformação da água em gelo é uma transformação quí- linhas na parte inferior da tabela periódica.
mica. (E)A ligação iônica é caracterizada pela transferência de elé-
(B) Em uma reação química, reagentes são transformados em trons entre átomos ou conjunto de átomos diferentes.
produtos.
(C) A mudança de cor é prova da ocorrência de uma reação 6. (SEDUC-AL - PROFESSOR – QUÍMICA CESPE - 2018) De
química. acordo com a nova definição de mol recomendada pela IUPAC, um
(D) O petróleo é uma substância química. mol contém exatamente 6,02214076 × 1023 entidades elementares.
(E) Em uma transformação química, nem sempre são geradas Esse número é o valor numérico fixo da constante Avogadro, NA,
novas substâncias. quando expresso em mol-1 , e é chamado de número de Avogadro.
A nova definição enfatiza que a quantidade de substância está re-
lacionada com as entidades de contagem em vez da massa de uma
amostra.
Internet:<https://iupac.org> (com adaptações).

76
QUÍMICA
Considere as reações I, II e III a seguir. Os sólidos moleculares são razoavelmente macios, têm pontos
C(s) + 2H2(g) → CH4(g) (I) de fusão baixos a moderados e apresentam baixa condução térmi-
C(s) + O2(g) → CO2(g) (II) ca.
2H2(g) + O2(g) → 2H2O(g) (III) ( ) CERTO
( ) ERRADO
Com relação a essas informações, julgue o item que se segue.
De acordo com a teoria da ligação de valência, nas moléculas 10. (PC-MA - Perito Criminal CESPE - 2018)
de metano e de água ocorre a hibridização para se formar um orbi- Acerca de átomos e substâncias orgânicas, assinale a opção
tal híbrido do tipo sp3 , o que leva as duas moléculas a terem arran- correta.
jos eletrônicos tetraédricos. (A) Átomos de carbono sempre fazem ligações simples com
( ) CERTO átomos de hidrogênio.
( ) ERRADO (B) A reatividade de uma substância orgânica depende do nú-
mero de átomos de carbono de sua molécula, mas independe
7. (PC-MA - PERITO CRIMINAL CESPE - 2018) Uma proteína de de como esses átomos estão organizados na cadeia.
40 aminoácidos sofreu desnaturação após ter sido exposta a uma (C) As substâncias orgânicas são necessariamente substâncias
alta concentração de ureia. Em seguida, a ureia foi retirada e a pro- naturais.
teína retornou ao estado original de conformação enovelada, per- (D)Substâncias orgânicas formam soluções neutras, indepen-
mitindo que as cadeias laterais de leucina e valina se agrupassem dentemente da presença de átomos de oxigênio ou nitrogênio
no interior dessa proteína. A explicação para esse fato é que em suas moléculas.
(A) a proteína estava em meio aquoso, e as cadeias laterais dos (E)Os átomos de carbono podem formar uma, duas, três ou
aminoácidos são hidrofóbicas. quatro ligações químicas.
(B) a retirada da ureia permitiu a recomposição das ligações
peptídicas entre os aminoácidos. 11. (SEDF - Professor de Educação Básica - Física CESPE - 2017)
(C) as cadeias laterais dos aminoácidos formaram ligações iôni- Entre os mais de 200 núcleos atômicos conhecidos, 266 têm
cas com a porção N-terminal da proteína. estados fundamentais estáveis e todos os outros têm estado funda-
(D) as ligações duplas entre os carbonos da cadeia principal dos mental instáveis, o que implica seu decaimento radiativo, isto é, a
aminoácidos promoveram o reenovelamento da proteína transição para um núcleo diferente com energia mais baixa e a res-
(E) as cadeias laterais desses aminoácidos formaram ligações pectiva emissão de radiação. Os três tipos principais de decaimento
covalentes entre si. radioativo são denominados processos α, β ou γ
Com relação à estabilidade do núcleo atômico e seus respecti-
8. (SEDF - PROFESSOR DE EDUCAÇÃO BÁSICA - QUÍMICA vos processos de decaimento, julgue o item a seguir.
CESPE - 2017) As cores brilhantes observadas durante a queima de Em um processo de decaimento β, quando um próton se trans-
fogos de artifício são geradas a partir de elementos metálicos pre- forma em nêutron ocorre emissão de um elétron.
sentes nos fogos. Por exemplo, sais de estrôncio, como o SrCrO4, ( ) CERTO
dão origem à luz vermelha; sais de cobre, como o Cu(NO3)2, à luz ( ) ERRADO
verde; sais de magnésio, como MgCl2, à luz branca.
Sabendo que esse fenômeno pode ser explicado com base na 12. (SEDF - PROFESSOR DE EDUCAÇÃO BÁSICA - FÍSICA
estrutura eletrônica dos diferentes elementos metálicos, julgue o CESPE - 2017) Nos últimos anos, tem-se investido intensamente
próximo item. no aproveitamento do biogás gerado a partir da decomposição
Entre os elementos metálicos citados (estrôncio, magnésio e anaeróbica de resíduos orgânicos. O biogás é uma mistura consti-
cobre), o magnésio é o que apresenta menor energia de ionização. tuída principalmente por CH4(g) — na faixa de 60% a 80% em quan-
( ) CERTO tidade de matéria — e CO2(g), além de pequenas quantidades de
( ) ERRADO outros componentes. Para a maioria das aplicações, o biogás deve
passar por uma etapa de purificação que visa remover contaminan-
9. (SEDUC-AL - PROFESSOR - QUÍMICA CESPE – 2018) tes como, por exemplo, H2S, H2O e NH3, além de reduzir o teor de
CO2 para algo em torno de 1% a 3% em quantidade de matéria.
Após esse tratamento, o biogás costuma ser denominado biometa-
no. Tendo como referência essas informações, julgue o item que se
segue, com relação ao biogás e seus componentes.
Moléculas de H2S apresentam maior polaridade que moléculas
de H2O.
( ) CERTO
( ) ERRADO

13. (SEDF - PROFESSOR DE EDUCAÇÃO BÁSICA - QUÍMICA


CESPE - 2017) Muitas reações químicas não cessam, mas apenas
entram em equilíbrio, ou seja, continuam acontecendo microsco-
picamente, embora não se perceba macroscopicamente. Outras
reações acontecem constantemente, mas de forma muito lenta. A
Considerando os dados da tabela precedente, assim como as respeito desses fatos, julgue o item que se segue. A radioatividade
características e as propriedades das substâncias nela apresenta- é um fenômeno artificial inventado pelos cientistas.
das, julgue o item a seguir. ( ) CERTO
( ) ERRADO

77
QUÍMICA
14. (SEDF - PROFESSOR DE EDUCAÇÃO BÁSICA - QUÍMICA CESPE - 2017) Hidroformilação consiste na reação de alquenos com o
denominado gás de síntese (uma mistura de H2 e CO), conforme ilustrado a seguir.

Considerando que, após a reação de hidroformilação do 1-penteno, parte dos aldeídos formados tenham sido reduzidos, in situ, aos
álcoois correspondentes, julgue o item que se segue
A massa molar dos álcoois obtidos é superior a 101 g/mol.
( ) CERTO
( ) ERRADO

15. (POLÍCIA CIENTÍFICA - PE - PERITO CRIMINAL - QUÍMICA CESPE – 2016) Em relação à matéria e a mudanças de estado físico,
assinale a opção correta.
(A) As partículas de substâncias sólidas interagem pouco entre si.
(B)Quando a amostra de uma substância sofre um processo de resfriamento, suas partículas passam a se mover mais livremente, com
maior velocidade.
(C)Os processos de fusão de um sólido e vaporização de um gás podem ser compreendidos em função da redução da liberdade de
movimento das partículas componentes dessas substâncias.
(D)O estado físico é uma condição específica de uma amostra da matéria que é descrita em termos de sua forma física, do volume, da
pressão, da temperatura e da quantidade de substância presente.
(E) As partículas de uma amostra de gás apresentam distância desprezível entre si e restrição de movimentos

GABARITO

1 ERRADO
2 B
3 CERTO
4 ERRADO
5 E
6 CERTO
7 A
8 ERRADO
9 CERTO
10 A
11 ERRADO
12 ERRADO
13 ERRADO
14 CERTO
15 D

78
BIOLOGIA
1. Biologia celular – Células eucariontes e procariontes; estrutura do material genético e a síntese de proteínas; duplicação do material
genético e divisões celulares: mitose e meiose; metabolismo celular: fotossíntese, fermentação e respiração . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Zoologia - Classificação e características principais de animais invertebrados e vertebrados; principais doenças causadas por helmin-
tos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
3. Sistemas do corpo humano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08
4. Botânica – Classificação e características principais dos grupos vegetais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05
5. Microbiologia - Principais doenças causadas por vírus, bactérias e protozoários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
6. Genética - Leis de Mendel; análise de heredogramas; herança dos grupos sanguíneos; noções de biotecnologia . . . . . . . . . . . . . . 41
7. Evolução - Teoria sintética da evolução; especiação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
8. Ecologia - Habitat e nicho ecológico; relações intraespecíficas e interespecíficas; ciclos biogeoquímicos; biomas brasileiros; relações
tróficas: níveis, cadeia e teias; principais tipos de agressões ao meio ambiente e suas soluções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
BIOLOGIA
Células eucariontes 
BIOLOGIA CELULAR – CÉLULAS EUCARIONTES E PRO- Definição:  também chamadas de eucarióticas, essas células
CARIONTES; ESTRUTURA DO MATERIAL GENÉTICO E A têm como principal característica uma membrana definida e indi-
SÍNTESE DE PROTEÍNAS; DUPLICAÇÃO DO MATERIAL vidualizada, que reveste o núcleo, onde o material genético está
GENÉTICO E DIVISÕES CELULARES: MITOSE E MEIOSE; armazenado.  As eucariontes  apresentam organelas celulares com
METABOLISMO CELULAR: FOTOSSÍNTESE, FERMENTA- funções diversas, além de dois componentes distintos: núcleo bem
ÇÃO E RESPIRAÇÃO definido e citoplasma.  
Etimologia: o termo eucarionte tem sua origem no grego, sen-
CÉLULAS EUCARIONTES E PROCARIONTES   do “karyon” significa núcleo e “eu” significa verdadeiro, isto é, nú-
Introdução: as células são os menores componentes dos orga- cleo verdadeiro. 
nismos vivos, e são classificadas em dois tipos, conforme sua estru- Organismos eucariontes: podem ser unicelulares (amebas, por
tura. As células de estrutura simples e desprovidas de núcleo são exemplo) e, graças à meiose e à mitose, podem ser pluricelulares,
chamadas procariontes; as de sistema complexo e que apresentam abrangendo os animais de todos os reinos. As características das
núcleo definido são classificadas como eucariontes. células eucariontes são:  
• DNA e Cromossomos: a quantidade de DNA é superior e
Células procariontes  os cromossomos ficam isolados do citoplasma pelo envoltório nu-
Definição: são as células constituídas por material genético, ri- clear.
bossomos e citoplasma; apresentam a membrana plasmática, mas • Citoplasma: região situada entre a membrana plasmática -
não possuem a carioteca, que individualiza e envolve o núcleo ce- e por ela envolvida - e constituída pela matriz, pelas organelas e por
lular. Assim, o material genético permanece no  nucleoide, região outros compartimentos. Além disso, há diversas substâncias, como
celular situada no citoplasma e que armazena os plasmados (molé- o glicogênio, são armazenadas, e os vácuos entre elas é preenchido
culas circulares extracromossômicas de DNA bacteriano).   pela citoplasmática ou pelo citosol. 
Etimologia: procarionte tem origem no vocabulário grego, em • Citosol: composto por íons, moléculas de água, enzimas e
que “pro” significa antes, primeiro, e “karyon” significa núcleo, com- aminoácidos e enzimas que fazem parte da degradação e da síntese
pondo, assim, o significado antes do núcleo.  de aminoácidos, de carboidratos e de ácidos graxos, entre outros.
Estrutura molecular: as células procariontes apresentam es- Além disso, existem os monômeros de proteína, que  compõem
trutura molecular idêntica às células eucariontes, porém, não pos- os filamentos de actina (citoesqueleto) e os microtúbulos e outras
suem determinadas organelas, como retículo endoplasmático liso estruturas que formam células eucariontes, operam os movimentos
ou rugoso, mitocôndrias, lisossomos, plastídeos, vacúolos, cardio- celulares e dispõe corretamente cada organela. 
membrana e complexo de Golgi. O DNA dos procariontes é compos- • Sistema de membrana: responsável pela divisão dos pro-
to por um único filamento circular, que se dissemina no citoplasma cessos metabólicos conforme as moléculas assimiladas e as varie-
como ribossomos. Estes, por sua vez, são responsáveis pela síntese dades enzimáticas entre as membranas. A divisão dos processos
proteica. Por fim, as células porcarióticas não originam seres pluri- possibilita que as células eucariontes façam-se maiores e mais efi-
celulares.  cazes. 
Organismos procariontes: também chamados de procariotos, • Membrana plasmática:  responsável pela separa-
esses seres são constituídos por apenas uma célula, sendo, portan- ção do citoplasma do meio extracelular. É crucial  para equi-
to, unicelulares. É o caso das cianobactérias, das arqueas e das bac- líbrio  químico da célula, devido à permeabilidade seletiva. 
térias. Essas últimas constituem micro-organismos procariontes e
podem admitir diversas formas, como bacilos, bacillus e bacilli (or- ESTRUTURA DO MATERIAL GENÉTICO E A SÍNTESE DE PRO-
ganismos moderadamente alongados); espirilos (seres helicoidais e TEÍNAS
alongados); vibriões (organismos arqueados ou curvados em forma DNA: as informações genéticas presentes no DNA são transpor-
de vírgula) e cocos, coccus e cocci (seres levemente esféricos). As tadas para a molécula de RNAm, que, por sua vez, se conecta aos ri-
características dos organismos procariontes são:   bossomos. Essa atividade transpõe a sequência de nucleotídeos em
• Citoplasma: o material genético é encontrado no nucleoi- uma sequência de aminoácidos, que constituem as proteínas. 
de e apresenta os polirribossomos, que são os ribossomos acopla- Formação do DNA: o DNA é constituído por estrutura muito
dos às moléculas de RNA mensageiro.  simples, com diversos nucleotídeos. Cada nucleotídeo é constituído
• Cromossomos: o material genético é constituído por uma pelo fosfato (um radical do ácido fosfórico), pela desoxirribose (um
única molécula de DNA com proteínas e não existe uma membrana açúcar de cinco carbonos) e por uma base nitrogenada (um com-
que o separe do citoplasma.   posto cíclico de nitrogênio). 
• Tamanho e formato:  sua forma é simplificada e seu ta- Código genético: é a associação entre os aminoácidos (proteí-
manho é inferior aos eucariontes, com diâmetro de 1 a 10mm. Em nas) e as bases nitrogenadas (ácido nucleico). as principais carac-
formato de bastão ou de esfera, e tem na parede extracelular a pre- terísticas são especificidade (cada códon é responsável pela siste-
servação dessa estrutura.   matização de um único aminoácido); universalidade (o caráter dos
• Parede extracelular:  incorpora-se à parede externa da códons é o mesmo para todo indivíduo); redundância: ou degene-
membrana celular. É sintetizada e consistente. Previne as células da rado  (quatro bases nitrogenadas que formam RNA e o DNA, sen-
desidratação e de outras variações. Apresenta polissacarídeos com do que mais de um códon corresponde ao mesmo aminoácido). O
peptídeos.  código genético arrola as informações constantes no DNA na forma
• Energia metabólica: possui enzimas oxidativas conectadas de genes, que são trasladados na forma de RNAm e, subsequente-
à parede interna da membrana celular. Não possui mitocôndrias.  mente, são transcritos na forma de proteína. 
• Divisão celular:  não há mitose nas células proca- Molécula de DNA: é formada por nucleotídeos (monômeros),
riontes, assim, a reprodução acontece a partir da fissão biná- sendo que cada um destes possui base nitrogenada, responsável
ria assexuada (recombinação do material genético por trans- pela composição do código genético.  
formação ou transdução) ou por gemiparidade. No processo
de divisão celular, o organismo desenvolve defesa antibiótica. 

1
BIOLOGIA
Síntese Proteica 
- Proteínas são as  macromoléculas  com as mais diversas Acontece uma divisão
celular
Acontecem duas divisões
celulares
tarefas no interior das células. É nos ribossomos que ocorre a sua
reprodução, a partir das informações salvas no DNA e transcritas Acontece em células Acontece em células germinativas
pelo RNA.  somáticas
- O DNA contém éxons, que podem ser definidos como são
regiões formadas por genes, frações de DNA com informação fun- METABOLISMO CELULAR: FOTOSSÍNTESE, FERMENTAÇÃO
damental para a síntese proteica.  E RESPIRAÇÃO
- Tais frações de DNA passam por transcrição na forma de Metabolismo celular: conjunto de reações químicas da célu-
RNA, que, como molécula de tamanho menor e de transporte mais la para transformação de energia. Os processos fundamentais de
simplificado, faz deslocamento até a organela não membranosa transformação de energia dos seres vivos são a fotossíntese, a fer-
cuja função é a sintetização das proteínas: o ribossomo.  mentação e a respiração.
- Também denominada tradução, a síntese proteica tem iní-
cio em seguida ao acoplamento do RNAm ao ribossomo. É impor- Fotossíntese: processo biológico por meio do qual um ser vivo
tante saber que o RNA mensageiro é sintetizado a partir do gene e obtém alimento. Esse processo se desenvolve partir da captura de
apresenta informação total necessária para a síntese das proteínas.   energia solar e sua transformação em energia química energia solar,
- RNAt: o RNA transportador, um terceiro tipo de RNA, tran- e se realiza em tecidos abundantes em cloroplastos, e um dos teci-
sita pelo citoplasma à procura de aminoácidos para formação da ca- dos mais ativos é localizado nas folhas, o parênquima clorofiliano.
deia peptídica, responsável pela provisão proteica.   
- Os  RNAts  se conectam aos aminoácidos e apresentam Fermentação: processo de  liberação energética  que ocorre
anticódon, regiões  nas extremidades, que combinam aos códons com ausência do oxigênio (anaeróbico). A redução do piruvato e a
presentes no RNAm.   glicólise são as reações químicas necessárias para que a fermenta-
- O ribossomo é formado por duas subunidades que têm a ção se realize.
função de formar as proteínas, sendo subunidade menor (momento
de ligação ao RNAm) e subunidade maios (momento em que o RNAt Respiração celular: processo de oxidação das moléculas orgâ-
se emparelha com o RNAm por meio do códon e do anticódon).  nicas e de produção de adenosina trifosfato (ATP), que é fundamen-
tal para suprimento das necessidades energéticas dos seres vivos. A
Etapas da síntese proteica  respiração se realiza em três fases:1) glicólise (processo que se rea-
1. Iniciação: ligação do RNAm ao ribossomo ativado.   liza sem a existência de oxigênio e que resulta na ATP e ácido pirú-
2. Elongação: ou alongamento, é o emparelhamento vico);2) o ciclo de Krebs (promove a degradação dos produtos finais
dos  RNAts  ligados aos aminoácidos ao RNAm  por meio dos anti- derivados do metabolismo de aminoácidos diversos, de lipídios e
códons.  de carboidratos);3) a fosforilação oxidativa (promove a oxidação de
3. Terminação:  o  RNAt  se emparelha ao RNAm, não levando, substâncias do alimento que, consequentemente, promove a libe-
contudo, qualquer aminoácido ligado, concluindo, dessa forma, a ração de energia química que, por sua vez, é gerada no transporte
síntese proteica.  de elétrons na cadeia respiratória).

DUPLICAÇÃO DO MATERIAL GENÉTICO E DIVISÕES CELU-


LARES: MITOSE E MEIOSE
ZOOLOGIA - CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS
Mitose: processo de divisão celular que resulta na formação de
PRINCIPAIS DE ANIMAIS INVERTEBRADOS E VERTE-
duas células-filhas, cada uma com a quantidade de cromossomos
BRADOS; PRINCIPAIS DOENÇAS CAUSADAS POR HEL-
equivalentes à célula-mãe. Em animais e plantas, essa divisão está
MINTOS
associada ao desenvolvimento dos organismos, à cicatrização e ao
crescimento. As fases da mitose são prófase,  prometáfase, metá-
fase, anáfase e telófase. Concluída a telófase, ocorre a divisão do ZOOLOGIA
citoplasma da célula (citocinese), originando as duas células-filhas.   Zoologia diz respeito ao campo da biologia responsável por
estudar, compreender e classificar os animais, suas características,
Meiose: processo de divisão celular que produz quatro célu- peculiaridades, estrutura, fisiologia, evolução, reprodução, hábitos
las-filhas, sendo que cada uma delas apresenta metade do número e comportamentos, entre outros elementos.
de cromossomos da célula-mãe.  A função da meiose é formar os O objeto de estudo da zoologia, os animais, podem ser clas-
gametas. É crucial que os gametas contenham metade do número sificados em seres pluricelulares, organismos formados por um
de cromossomos da espécie, porque, assim, no ato da fecundação, conjunto de células semelhantes que exercem diferentes funções;
será possível a recuperação do número de cromossomos da espé- seres eucariontes, compostos por uma única célula (organismos
cie.  unicelulares); seres heterótrofos, os quais não produzem seu pró-
prio alimento, consomem a matéria orgânica produzida por outros
Diferenças entre MITOSE e MEIOSE seres vivos ou se alimentam de outros animais; e seres aeróbios,
que fazem respiração aeróbia, através do oxigênio.
Esses seres habitam diferentes tipos de ambientes terrestres
MITOSE MEIOSE
ou aquáticos, cada qual com suas particularidades, diferentes há-
São produzidas duas células- São produzidas quatro células- bitos, características físicas e modos de alimentação segundo sua
filhas filhas espécie, podendo ser carnívoros, herbívoros, onívoros, saprófagos
As células filhas contêm As células-filhas contêm ou decompositores. De acordo com a zoologia, é possível dividir em
o mesmo número de a metade do número de dois sub-reinos do Reino Animalia: o dos vertebrados e dos inver-
cromossomos da célula-mãe cromossomos da célula-mãe tebrados.

2
BIOLOGIA
CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DE ANIMAIS
Aves Pássaros Sabiás, papagaios,
INVERTEBRADOS E VERTEBRADOS
tucanos
Uma das características que diferenciam classes de animais é a
presença de ossos na sua estrutura física. Observe a seguir a dife- Mammalia Mamíferos Onças, macacos,
rença entre os animais que possuem e os que não possuem ossos elefantes etc.
em sua fisiologia:
ANIMAIS INVERTEBRADOS
ANIMAIS VERTEBRADOS Os animais invertebrados não possuem ossos como mecanis-
Os animais vertebrados fazem parte do grupo dos que apre- mo de sustentação de seus corpos, diferentemente dos vertebra-
sentam vértebras em seus corpos. Estes animais são caracteriza- dos, estes animais não têm espinha dorsal. Grande parte da vida
dos pela presença da medula espinhal, da coluna vertebral, e do animal do planeta é composta de animais invertebrados, cerca de
esqueleto, um corpo estruturado por ossos e cartilagens, a fim de 97% de toda a espécie. Eles são encontrados em todo tipo de habi-
proteger e sustentar seus corpos, em especial a medula nervosa e tat (aquático ou terrestre).
o encéfalo. Além da ausência de vértebras, os seres invertebrados também
Os animais vertebrados herdam as seguintes características do partilham de outras características fisiológicas em sua estrutura,
grupo dos cordados: como a sua formação pluricelular, a ausência de parede celular, ca-
> simetria bilateral pacidade de locomoção (salvo alguns casos) e reprodução sexuada.
> segmentação do corpo Alguns deles possuem corpo mole, outros uma estrutura externa
> endoesqueleto (ósseo ou cartilaginoso) dura (exoesqueleto).
> bolsas faríngeas Este grupo é composto por animais dos filos cnidários, porí-
> sistema digestivo completo feros, nematelmintos, artrópodes, moluscos, anelídeos e equino-
> coração ventral dermo. Os animais invertebrados não são seres autótrofos, ou seja,
> sistema sanguíneo fechado não produzem sua própria comida ou energia, portanto, precisam
> cauda (em alguma etapa do seu crescimento e desenvolvi- extrai-la de outros seres, podendo se alimentar de vegetais (herbí-
mento) voros), de outros animais (carnívoros) ou de ambos (onívoros).
A estrutura interna destes animais é desenvolvida de modo a A maior porcentagem de animais invertebrados é encontra-
sustentar seus corpos, de tamanho maior que dos invertebrados, da entre os artrópodes, pois é o grupo mais diversificado e com o
composta pelos seguintes sistemas: maior número de animais no planeta. A estrutura de seus corpos é
a) Sistema Esquelético: estes animais possuem endoesqueleto, pequena e segmentada, composta por um exoesqueleto de quitina
presente na parte interna do corpo, estrutura responsável por dar e apêndices articulados, respiração aérea e alguns deles até voam.
suporte e proteger o organismo destes seres vivos, eles também Confira adiante a classificação dos animais invertebrados:
apresentam crânio, com cavidades nas quais se pode encontrar os
órgãos responsáveis pelo olfato, paladar, visão e audição, uma colu- Classe Descrição
na vertebral que provém desde a extremidade do crânio até a extre-
midade causal, vértebras que sustentam a medula espinhal e, por Arthropoda Filo Artrópodes (aranhas, escorpiões,
fim, músculos sustentando os ossos, responsáveis pelo movimento abelhas)
das partes do esqueleto, bem como pela capacidade de locomoção Annelida Filo Vermes segmentados (minhocas,
do corpo. sanguessugas)
b) Sistema Nervoso: composto pelos nervos cranianos respon-
sáveis pelas funções motoras e sensitivas do corpo. Cnidaria Anêmonas, medusas, águas-vivas
c) Sistema Circulatório: a circulação do sangue para o corpo Ctenophora Filo Geleias de pente, carambolas-do-mar
através dos vasos sanguíneos é um processo feito pelo coração. Echinodermata Filo Equinodermos (estrelas-do-mar,
d) Aparelho Digestivo: possuem a presença do intestino, um ouriços-do-mar)
sistema longo, bem como glândulas importantes para o processo
digestivo no intestino, o fígado e o pâncreas. Mollusca Filo Moluscos (mexilhões, caracóis,
lesmas)
Confira a seguir a lista das classes de animais vertebrados: Platyhelminthes Filo Planárias (parasitas tênias, solitárias)
Porífera Filo Esponjas-do-mar
Classe Descrição Exemplo
Agnatha Peixes sem Lampreias, feiticeiras PRINCIPAIS DOENÇAS CAUSADAS DOS HELMINTOS
mandíbula Os helmintos são vermes que compõem um grupo parafilético
muito numeroso de animais, o que significa que eles são do grupo
Chondrichthyes Peixes Tubarões, arraias,
dos parasitas, animais que se associam a um ou vários seres hospe-
cartilaginosos quimeras
deiros, prejudicando-os, podendo viver como ectoparasitas (para-
Placodermi Peixe blindado Peixe blindado sitas que vivem do lado de fora, na superfície do seu hospedeiro)
Osteichthyes Peixes ósseos Carpas, bagres e ou como endoparasitas (que vivem dentro dos seus hospedeiros).
pintados Os helmintos são animais que causam doenças, deste modo é
imprescindível que se tenha conhecimento dos males que podem
Amphibia Anfíbios Sapos, rãs, causar. Eles podem ter tamanhos microscópicos ou chegarem a até
salamandras 25 metros de comprimento, dividindo-se entre vermes de corpo ci-
Reptilia Répteis Cobras, crocodilos, líndrico (Nemathelminthes) e vermes de corpo achatado (Platyhel-
jacarés minthes).

3
BIOLOGIA
No caso dos helmintos, sua alimentação não é completamente Os sintomas da filariosa são febres, dores de cabeça, calafrios,
realizada por eles mesmos, pois não podem digerir os alimentos, aumento de volume e acúmulo de líquido nos membros do corpo
de modo que necessitam do alimento semidigerido por alguém a (pernas, braços e testículos). O tratamento da doença é feito com
fim de que seu metabolismo funcione adequadamente. Parasitas o uso de medicamentos antiparasitários e fisioterapia com drena-
possuem alta capacidade reprodutiva dentro do organismo huma- gem linfática, a fim diminuir a retenção de líquidos no corpo. A pre-
no, mas não possuem a capacidade de sobreviver fora do corpo de venção ocorre através de medidas que evitem o aparecimento dos
seu hospedeiro, se um helminto se separa de seu hospedeiro, ele mosquitos, como cuidar para que não deixar água parada, evitar o
morre. acúmulo de lixo, utilizar repelentes no corpo e no ambiente.
Confira a seguir as principais doenças causadas pelos helmintos
e suas principais características: OXURÍASE (OXURIOSE OU ENTEROBIOSE)
A oxuríase é uma doença parasitária causada pela ingestão dos
ASCARIDÍASE ovos do verme helminto Enterobius vermicularis. Estes vermes cos-
Popularmente conhecida como lombriga, a ascaridíase é uma tumam habitar no intestino humano, penetrando as paredes intes-
doença parasitária causada pela ingestão dos ovos do verme hel- tinais levando a doença à corrente sanguínea, o que pode acarretar
minto Ascaris Lumbricoide. Estes vermes costumam habitar no in- prejuízo para outros órgãos do corpo humano também.
testino humano, penetrando as paredes intestinais levando a doen- A doença é adquirida durante a ingestão de alimentos ou de
ça à corrente sanguínea, o que pode acarretar prejuízo para outros água contaminados pelos ovos do verme ou pela ingestão dos ovos
órgãos do corpo humano também. através do ar. Ao se locomoverem até a região perineal, em sua fase
A doença é adquirida durante a ingestão de alimentos ou de adulta, as fêmeas colocam seus ovos, as larvas começam a crescer
água contaminados pelos ovos do verme. Ao chegarem aos pul- e se espalhar pelo corpo.
mões, as larvas começam a crescer e causam problemas respirató- O principal sintoma da doença é intensa coceira no ânus, dores
rios semelhantes aos da pneumonia. Após se instalarem permanen- no abdômen, enjoo, vomito, cólicas e sangue nas fezes. O tratamen-
temente no intestino, já adultas, iniciam o processo de reprodução, to para a doença é a administração de medicamento antiparasitário
chegando a até 15 mil ovos por dia. e a sua prevenção é feita através da correta higienização das mãos,
Os principais sintomas da doença são: dores no abdômen, dos alimentos e do consumo de água potável tratada.
enjoo, vomito e dificuldades para evacuar. O tratamento para a
doença é a administração de medicamento antiparasitário e a sua FASCIOLÍASE
prevenção é feita através da correta higienização das mãos, dos ali- A fasciolíase é uma infecção causada pelo parasita Fasciola he-
mentos e do consumo de água potável tratada. pática, um trematódeo que provém do fígado de ovelhas e gados.
A infecção humana ocorre por meio do consumo de agrião conta-
ANCILOSTOMOSE minado pelas fezes dessas ovelhas e gados em geral. Os parasitas
Popularmente conhecida como amarelão, a Ancilostomose é achatados infectam os vasos sanguíneos, os pulmões os intestinos
uma doença intestinal parasitária causada pelo parasita Ancylosto- e o fígado.
ma duodenale ou pelo Necator americanos. Esta doença é transmi- Os sintomas da infecção são dores abdominais, náuseas, vômi-
tida por meio da penetração do verme na pele ao andar descalço tos, febres, urticária, aumento do fígado, elevado nível de glóbulos
em solo contaminado com as larvas, quando elas estão em estágio brancos no sangue e perda de peso. Em casos mais graves, pode
infectante, é recorrente em países tropicais, pois apresentam clima ocorrer lesões nas paredes do intestino, nos pulmões, no fígado e
úmido e quente, ainda mais presente em locais com problemas de em outros órgãos.
saneamento básico, pois os ovos destes vermes saem nas fezes hu- O tratamento desta doença ocorre por meio de medicamentos
manas. como Triclabendazol ou Nitazoxanida ou por meio da extração dos
O primeiro sintoma da ancilostomose é o aparecimento de uma vermes adultos do trato biliar, por meio de CRE (Colangiopancrea-
leve marca vermelha no corpo, esta lesão pode apresentar coceira, tografia Retrógrada Endoscópica). A prevenção desta doença é feita
este é o local pelo qual o parasita adentrou e pode se alojar no cor- ao evitar o consumo de agrião ou outras plantas de água doce em
po, até que se estenda por toda a corrente sanguínea. Os principais localizações em que a F. hepática é endêmica.
sintomas, a partir deste ponto, são: tosse, dores abdominais, diar-
reia, febre, fezes de colocação escura e malcheirosas, febre, fraque- ESQUISTOSSOMOSE
za, perda de apetite, respiração ruidosa, anemia e palidez. Popularmente conhecida como xistose, barriga d’água ou
O tratamento da doença é feito com medicamento antiparasi- doença dos caramujos, a esquistossomose é uma doença parasitá-
tários bem como com suplementos vitamínicos de ferro para tratar ria causada pelo verme Schistosoma mansoni. É uma doença grave,
a anemia. A prevenção da doença é simples, evitando o contato di- ainda que em seu estágio inicial seja assintomática, podendo levar
reto com o solo sem proteção, como o uso de calçados ou luvas, até a morte. A infecção ocorre quando em contato com caramujos
os vermes parasitas adentram o corpo aproveitando ferimentos já de água doce, infectados por vermes.
presentes no corpo humano, portanto, é necessário estar atento. Uma vez em contato com água doce, se houver a presença
de caramujos liberando suas fezes infectadas com ovos do verme
FILARIOSE Schistosoma mansoni, a infecção humana ocorre por meio da pene-
Popularmente conhecida como elefantíase, a filariose é uma tração na pele. Ao nadar, tomar banho ou apenas lavando roupas,
doença infecciosa causada pelas larvas do mosquito Culex quin- em algumas regiões em que se utiliza água, situação ligada à au-
quefasciatus infectado. Após a picada do mosquito, as larvas são sência de água potável ou saneamento básico, há possibilidade de
liberadas pela corrente sanguínea chegando aos vasos linfáticos. transmissão do parasita.
Este parasita se locomove pelo corpo humano, causando diversos Os sintomas da doença são febres, calafrios, dores de cabeça,
prejuízos aos órgãos, em especial o acúmulo de líquido pelo corpo fraqueza, dores musculares, tosse, diarreia, falta de apetite e em
nas pernas, braços e testículos, podendo levar até ao aparecimento casos mais graves, tonturas, emagrecimento, coceira anal, aumento
de tumores. do fígado. O tratamento é feito com medicamentos antiparasitá-
rios, mas dependendo da gravidade, há a necessidade de cirurgia.

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BIOLOGIA
A prevenção individual é feita através da correta higienização das Além da importância ecológica, as plantas têm, para o ser hu-
mãos, do corpo, dos alimentos e do consumo de água potável tra- mano, grande valor econômico. Muitas espécies são utilizadas em
tada. Há a possibilidade de prevenção coletiva também, por meio nossa alimentação e, em função disso, cada vez mais são desenvol-
do tratamento coletivo de água e esgoto em comunidades de risco. vidas técnicas agrícolas que visam melhorar a qualidade e aumentar
a produção. O Brasil, por exemplo, tornou-se grande g exportador
TENÍASE de café, soja, mi- ! lho, laranja, manga, melão e | várias outras plan-
Popularmente conhecido como doença da solitária, a teníase tas e seus 1 derivados, o que favorece a | economia de muitas cida-
é uma doença infecciosa causada pelo verme Taenia sp. Esta doen- des ° e estados brasileiros.
ça é causada pelo consumo da larva da tênia encontrada na carne Há espécies de plantas utilizadas como matéria-prima na pro-
bovina ou de porco, alojadas em seus intestinos. A infecção ocorre dução de remédios e outras, ainda, que fornecem madeira, utiliza-
durante o consumo de carne malcozida ou cura contaminada com da na fabricação de móveis, casas, pontes e dormentes de ferrovias,
o parasita. por exemplo.
Muitas vezes a doença é assintomática e difícil de ser diagnos- O Brasil é um país muito rico em relação a biodiversidade de
ticada. Ao aparecerem os sintomas, como febre, diarreia, enjoo, plantas. Há especialmente 6 biomas brasileiros que merecem ser
dores abdominais, dores de cabeça, perda de peso, tontura, entre estudados.
outros sintomas semelhantes à de outras doenças infecciosas gas- Um fato interessante sobre as plantas é que elas tem capa-
troentinais, deve-se realizar exames de fezes para verificar a pre- cidade de movimento. Entre eles podemos destacar o tropismo,
sença das larvas ou ovos do verme Taenia sp. tactismo e nastismo. Esses movimentos são fundamentais para as
O tratamento da doença é realizado por meio de remédios an- plantas.
tiparasitários com acompanhamento médico e a prevenção é feita
evitando o consumo da carne crua ou malcozida, lavando bem o ali- A classificação das plantas
mento antes de consumi-lo, bebendo água mineral filtrada ou fervi- Resumidamente podemos classificar assim as plantas.
da, bem como realizando a correta higienização das mãos antes de • Filo Hepatophyta – são as hepáticas
levar o alimento à boca. • Filo Bryophyta – os musgos
• Filo Anthocerophyta – antóceros
• Filo Pterophyta – avencas e samambaias
 BOTÂNICA – CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS • Filo Sphenophyta – cavalinha
PRINCIPAIS DOS GRUPOS VEGETAIS • Filo Lycophyta – os licopódios e selaginelas
• Filo Psilotophyta – psilotáceas
• Filo Coniferophyta – coníferas, pinheiros e ciprestes
Reino Vegetal • Filo Gnetophyta – gnetáceas
As plantas são seres eucariontes e pluricelulares, assim sendo, • Filo Cycadophyta – cicas
são semelhantes aos animais. A diferença é que as plantas são capa- • Filo Ginkgophyta – gincobilobas
zes de realizar fotossíntese, pois são seres autótrofos. Isso significa • Filo Magnoliophyta ou Anthophyta – árvores, gramíneas,
dizer que os vegetais são capazes de converter a luz do sol em ener- etc.).
gia Vamos ver o slide e um vídeo logo abaixo. Logo depois e depois
continue com o texto. A classificação procura refletir a evolução das plantas. Assim, o
cladograma a seguir representa as relações evolutivas entre os filos
As plantas: importância ecológica que formam o reino das plantas: briófitas, hepatófitas, antocerófi-
As plantas são organismos fotossintetizantes e multicelulares. tas, pteridófitas, licófitas, shenófitas, psilotófitas, gimnospermas e
Em seu corpo, as células estão organizadas em conjuntos com fun-
angiospermas. Note que o grupo das plantas, tão diversificado, é
ções específicas, chamados tecidos. As algas e os fungos multicelu-
descendente de um grupo ancestral relacionado com as algas ver-
lares, que estudamos nas unidades anteriores, não são formados
des.
por tecidos.
Veja na figura abaixo um cladograma resumido do Reino Plan-
Por serem fotossintetizantes, as plantas são organismos autó-
tae. Observe que está sendo considerado os grupos mais abundan-
trofos, assumindo o papel de produtores nos ecossistemas, como as
tes e estudados que são as briófitas, pteridófitas, gimnospermas e
cianobactérias e as algas.
angiospermas.
Os organismos fotossintetizantes possuem células que contêm
o pigmento verde clorofila. Em algumas plantas podem existir ou-
tros pigmentos, de cores diferentes, que podem dar outra colora-
ção a elas que não a verde. Assim, a cor predominante da planta
pode não ser a verde, mas a clorofila está presente. Isso também
ocorre com diversas espécies de algas.
Nos eucariontes fotossintetizantes, a clorofila se localiza no in-
terior de organelas chamadas cloroplastos. Nas cianobactérias, que
são fotossintetizantes, mas procariontes, não há cloroplastos. Dize-
mos que os cloroplastos estão presentes em células eucarióticas de
algas e plantas.
As células das plantas apresentam, além dos cloroplastos, uma
parede celular externa à membrana plasmática, feita de celulose,
que confere resistência à célula. Há também os vacúolos de suco
celular, que são organelas nas quais a água é armazenada. Depen-
dendo da espécie de planta e do tecido vegetal, também podem
existir pigmentos no vacúolo, como o pigmento avermelhado que
dá cor às folhas da planta coração-de-maria.

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BIOLOGIA
Criptógamas e Fanerógamas Os esporos são liberados e, ao germinar, dão origem ao ga-
Podemos dividir as plantas em dois grandes grupos: as Criptó- metófito, que nesse grupo é denominado prótalo. Em um mesmo
gamas e Fanerógamas. Mas quais é a diferenças entre criptógamas prótalo desenvolvem-se as estruturas produtoras de gametas (ga-
e fanerógamas? metângios) femininos e masculinos. O deslocamento dos gametas
masculinos até os femininos, que são imóveis, é feito batimento de
Criptógamas flagelo que depende da água, como já comentamos. Depois da fe-
São as plantas que não possuem flores. Nesse grupo temos as cundação do gameta feminino pelo gameta masculino, forma-se o
briófitas e pteridóftas. São os vegetais mais simples e também os embrião, que dará origem ao esporófito, reiniciando o ciclo de vida.
mais dependentes de água. Representação esquemática do ciclo de vida de uma pteridófi-
Fanerógamas ta. Estruturas representadas em diferentes escalas.
São as plantas que realizam a sua reprodução sexuada através
de flores. Flores nada mais são que os órgãos sexuais das plantas.
No caso, das gimnospermas e angiospermas.

Briófitas
As briófitas são plantas sem vasos especializados para o trans-
porte de seiva. Elas ocorrem geralmente em ambientes úmidos e
abrigados da luz direta. São exemplos de briófitas os musgos e as
hepáticas.
Assim como todas as plantas, as briófitas possuem alternância
de gerações em seu ciclo de vida. Em uma geração, há produção de
gametas (geração ga- metofítica) e, em outra geração, há produção
de esporos (geração esporofítica).
Os gametas são células destinadas à reprodução sexuada. Um
gameta masculino une-se a um feminino no processo da fecunda-
ção, dando origem ao zigoto, a partir do qual se desenvolve um
novo indivíduo.
Os esporos são células reprodutivas especiais e cada um dá ori-
gem a um novo indivíduo.
Na geração gametofítica, os indivíduos são chamados gametófi-
tos; na geração esporofítica, os indivíduos são chamados esporófitos. Gimnospermas
A figura a seguir ilustra e descreve o ciclo de vida de um musgo, As gimnospermas sáo plantas vasculares e de grande porte. Ao
que é uma briófita contrário das briófitas e das pteridófitas, elas apresentam indepen-
dência da água para se reproduzir. Por isso, as gimnospermas são
amplamente distribuídas no ambiente terrestre. São abundantes
principalmente em regiões temperadas, onde formam vegetações
como as das florestas boreais (taiga) no Hemisfério Norte, nas quais
predominam os pinheiros, e a Mata de Araucárias na Região Sul do
Brasil. São também exemplos de gimnospermas as cicas e as se-
quoias, entre outras.
Nas gimnospermas, as estruturas relacionadas com a reprodu-
ção sexuada encontram-se reunidas em estróbilos. Nos estróbilos
masculinos são formados os grãos de pólen que vão originar game-
tas masculinos. Estes não são flagelados. Nos estróbilos femininos
são formados os gametas femininos.
O gameta feminino fica no interior do óvulo. Após a fecunda-
ção, há formação do embrião e o óvulo transforma-se em semente,
cuja função é proteger o embrião e fornecer-lhe alimento.
A denominação gimnospermas deriva do fato de as sementes
serem nuas, isto é, não abrigadas no interior de frutos {gymnos =
nu; spermae = semente).
Na gimnosperma mais conhecida do Brasil, o pinheiro-do-para-
ná, as sementes são os pinhões e o estróbilo feminino que contém
Pteridófitas as sementes se chama pinha.
As pteridófitas sáo plantas que possuem vasos condutores de Nas gimnospermas, o grão de pólen é transportado pelo ven-
seiva, porém sua reprodução depende da água para o deslocamen- to. Após a polinização, o grão de pólen desenvolve uma estrutu-
to dos gametas masculinos, como acontece com as briófitas. São ra chamada tubo polímco, que transporta o gameta masculino até
exemplos de pteridófitas as samambaias e as avenças, comuns nas o feminino. O tubo polínico é fundamental para a reprodução das
matas tropicais e muito usadas como plantas ornamentais. fanerógamas, ou seja, das angiospermas e das gimnospermas, pois
As folhas jovens das pteridófitas formam os báculos – estru- ele leva o gameta masculino (que não é flagelado) até o feminino,
turas semelhantes a cajados, bastões de extremidade recurvada. sem necessidade de meio líquido. O surgimento dessa estrutura foi
Quando se desenvolvem, as folhas jovens crescem e se desenrolam. importante para a evolução das plantas, permitindo a conquista de
Na face inferior, as folhas maduras apresentam estruturas formado- ambientes terrestres mesmo sem umidade elevada. Ocorrendo a fe-
ras de esporos, os quais ficam reunidos formando os soros. cundação, forma-se o embrião, e o óvulo transforma-se em semente.

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BIOLOGIA
Representação esquemática mostrando o ciclo de vida de uma gimnosperma. Estruturas em diferentes escalas.

Angiospermas
Nas angiospermas, as estruturas relacionadas com a reprodução sexuada encontram-se reunidas nas flores.
As flores completas são formadas pelo pedúnculo e pelo receptáculo, onde se inserem os verticilos, que são:
• cálice: conjunto de sépalas, geralmente verdes;
• corola: conjunto de pétalas, que podem apresentar várias cores;
• androceu: formado pelos estames;
• gineceu: formado por um ou mais pistilos.

O estame é composto pelo filete e pela antera, no interior da qual se formam os grãos de pólen.
O pistilo é composto pelo ovário e pelo estilete, cujo ápice é o estigma. No interior do ovário situa-se o óvulo.
Há flores que apresentam apenas o androceu ou o gineceu, sendo, portanto, flores masculinas ou flores femininas, respectivamente.
A maioria delas, entretanto, possui androceu e gineceu na mesma flor.
Na maioria das angiospermas, a polinização é realizada por animais, principalmente insetos e aves.
Após a fecundação, com o desenvolvimento do embrião, os tecidos do óvulo tornam- -se desidratados e impermeáveis, e a estrutura
toda passa a ser denominada semente.
À medida que a semente se forma, a parede do ovário também se desenvolve, dando origem ao fruto, que é formado, portanto, pelo
desenvolvimento do ovário. As sementes ficam, assim, abrigadas no interior de frutos. Daí provém a denominação angiospermas angio =
urna; spermae = semente).

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BIOLOGIA

Ao germinar, a semente dá origem à planta jovem (plântula), que se desenvolve, tornando-se uma planta adulta.casos, as flores geral-
mente possuem características que atraem esses animais: podem ser vistosas, coloridas, exalar odor característico, produzir substâncias
nutritivas. Essas substâncias nutritivas constituem o néctar, que é produzido nos nectários, na maioria das vezes localizados no interior da flor.

SISTEMAS DO CORPO HUMANO

Sistemas do corpo humano

TECIDOS E PELE - CLASSIFICAÇÃO DOS TECIDOS. PELE E ANEXOS.

Sistema Tegumentar
- Formado pela pele humana (epiderme, derme e hipoderme).
- Principais funções: proteção do corpo, trocas entre o meio externo e interno do organismo e manutenção da temperatura do corpo.

O sistema tegumentar é composto pela pele e anexos (glândulas, unhas, cabelos, pelos e receptores sensoriais) e tem importantes
funções, sendo a principal agir como barreira, protegendo o corpo da invasão de microrganismos e evitando o ressecamento e perda de
água para o meio externo.
Entre os vertebrados, o tegumento é composto por camadas: a mais externa, a epiderme é formada por tecido epitelial, a camada
subjacente de tecido conjuntivo é a derme, seguida por um tecido subcutâneo, também conhecida como hipoderme. Há também uma
cobertura impermeável, a cutícula. Há uma variedade de anexos, tais como pelos, escamas, chifres, garras e penas.

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BIOLOGIA
postas em grande parte por queratina. Entre a camada basal (mais
interna) e a córnea (mais externa), há a camada granulosa, onde as
células estão repletas de grânulos de queratina e a espinhosa, na
qual as células possuem prolongamentos que as mantêm juntas,
dando-lhe esse aspecto.
Nos vertebrados terrestres, as células da camada córnea são
eliminadas periodicamente, tal como em répteis que trocam a pele,
ou continuamente em placas ou escamas, como acontece nos ma-
míferos assim como nos humanos.

Derme
Observe na figura a seguir um corte transversal da pele visto ao
microscópio. A parte superior (mais escura) é a epiderme e a parte
mais clara representa a derme, com as papilas dérmicas em contato
com as reentrâncias epidérmicas.

Funções do Tegumento
• Envolve e protege os tecidos e órgãos do corpo;
• Protege contra a entrada de agentes infecciosos;
• Evita que o organismo desidrate;
• Controla a temperatura corporal, protegendo contra mudan-
ças bruscas de temperatura;
• Participa da eliminação de resíduos, agindo como sistema ex-
cretor também; A derme é constituída de tecido conjuntivo fibroso, vasos san-
• Atua na relação do corpo com o meio externo através dos guíneos e linfáticos, terminações nervosas e fibras musculares li-
sentidos, trabalhando em conjunto com o sistema nervoso; sas. É uma camada de espessura variável que une a epiderme ao
• Armazena água e gordura nas suas células. tecido subcutâneo, ou hipoderme. Sua superfície é irregular com
saliências, as papilas dérmicas, que acompanham as reentrâncias
Anatomia da Pele da epiderme.

Epiderme Apêndices da Pele

Unhas, Cabelos e Pelos


As unhas são placas de queratina localizadas nas pontas dos
dedos que ajudam a agarrar os objetos.​Os pelos estão espalhados
pelo corpo todo, com exceção das palmas das mãos, das solas dos
pés e de certas áreas da região genital. Eles são formados de que-
ratina e restos de células epidérmicas mortas compactadas e se for-
mam dentro do folículo piloso. Os cabelos, espalhados pela cabeça
crescem graças às células mortas queratinizadas produzidas no fun-
do do folículo; elas produzem queratina, morrem e são achatadas
formando o cabelo. A cor dos pelos e cabelos é determinada pela
quantidade de melanina produzida, quanto mais pigmento houver
mais escuro será o cabelo.

Receptores Sensoriais
São ramificações de fibras nervosas, algumas se encontram
encapsuladas formando corpúsculos, outras estão soltas como as
que se enrolam em torno do folículo piloso. Possuem função sen-
sorial, sendo capazes de receber estímulos mecânicos, de pressão,
de temperatura ou de dor. São eles: Corpúsculos de Ruffini, Corpús-
culos de Paccini, Bulbos de Krause, Corpúsculos de Meissner, Discos
de Merkel, Terminais do Folículo Piloso e Terminações Nervosas Li-
vres. Veja a figura a seguir:
A epiderme é constituída de tecido epitelial, cujas células apre-
sentam diferentes formatos e funções. Elas são originadas na ca-
mada basal, e se movem para cima, tornando-se mais achatadas
à medida que sobem. Quando chegam na camada mais superficial
(camada córnea) as células estão mortas (e sem núcleo) e são com-

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BIOLOGIA
• Proteger os órgãos vitais;
• Armazenar os sais, principalmente o cálcio e o fósforo, que
são fundamentais para o funcionamento das células e devem es-
tar presentes no sangue. Uma vez que o nível de cálcio diminui no
sangue, os sais de cálcio são levados para os ossos para suprir a sua
ausência;
• Ajudar no movimento do corpo;
• Hematopoiética;
• Alguns ossos possuem medula amarela, mais conhecida
como tutano. Essa medula é constituída, em sua maioria, por cé-
lulas adiposas, que acumulam gorduras como material de reserva;
• No interior de alguns ossos, como o crânio, a coluna, a bacia,
o esterno, as costelas e as cabeças dos ossos do braço e da coxa,
existem cavidades que são preenchidas por um tecido macio, cha-
mado de medula óssea vermelha, onde são produzidas as células
do sangue: hemácias, leucócitos e plaquetas.

Glândulas
São exócrinas já que liberam suas secreções para fora do corpo.
As glândulas sebáceas são bolsas que secretam o sebo (substância
oleosa) junto aos folículos pilosos para lubrifica-los. Já as glândulas
sudoríparas têm forma tubular enovelada e secretam o suor (fluido
corporal constituído de água e íons de sódio, potássio e cloreto, en-
tre outros elementos) através de poros na superfície da pele.
O suor ajuda a controlar a temperatura corporal.

SISTEMA ESQUELÉTICO - ESQUELETO AXIAL.ESQUELETO


APENDICULAR. ARTICULAÇÕES.
- Formado pelos ossos do corpo.
- Principais funções: sustentação, proteção e movimentação do
corpo humano.

O sistema esquelético tem como função proteger, produzir


células sanguíneas, armazenar os minerais, sustentar e locomover.
Ele também é conhecido pelo nome de sistema ósseo e é formado
por duzentos e seis ossos e estão assim divididos: ossos da cabe-
ça, ossos do pescoço, ossos do ouvido, ossos do tórax, ossos do
abdômen, ossos dos membros inferiores e ossos dos membros su-
periores.
A ciência que estuda os ossos é a osteologia. O crânio e a co-
luna vertebral são estruturas ósseas complexas e extremamente
importantes, que ajudam e evoluem ao ponto em que o homem se
desenvolve. A coluna vertebral tem como objetivo dar maior flexi-
bilidade ao corpo humano.
Os ossos do corpo humano são ligados através das articula-
ções. E eles são os responsáveis por darem um apoio para o siste-
ma muscular, fazendo com que o homem possa executar diversos
movimentos.

Quais são as principais partes do esqueleto?


As principais funções do sistema esquelético são: O sistema esquelético possui duas partes que podem ser con-
• Sustentar o organismo; sideradas principais: o esqueleto apendicular e o esqueleto axial.

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BIOLOGIA
O esqueleto apendicular é formado: SISTEMA NERVOSO - ENCÉFALO E NERVOS CRANIANOS.
Cintura torácica ou escapular, que é uma estrutura também MEDULA ESPINHAL E NERVOS ESPINHAIS.
conhecida como cintura superior. É formada pelas escápulas e cla- - Composto pelo cérebro, medula espinal e diversos nervos.
vículas; - Principais funções: processamento de informações do am-
• Cintura pélvica ou inferior, também chamada de bacia, tem biente (cérebro) e transmissão de impulsos nervosos pelo corpo. O
na sua constituição o sacro, um par de ossos ilíacos e pelo cóccix. cérebro, principal órgão do sistema nervoso, também possui a ca-
pacidade de armazenar informações, elaborar pensamentos e pro-
O esqueleto dos membros também é composto pelas juntas, duzir conhecimentos a partir das informações obtidas. O cérebro
ou seja, uma ligação existente entre dois ou mais ossos. Outras es- também é muito importante no controle de diversas funções vitais
truturas que fazem parte do esqueleto são as articulações. E essas, do corpo e no processo da fala.
possuem os ligamentos, que são os responsáveis por tornar os os-
sos conectados a uma articulação. O sistema nervoso é um dos mais importantes do corpo hu-
Os ossos começam a se formar desde o segundo mês de vida mano. Ele é o responsável por controlar diversos processos vitais,
intrauterina. Quando nasce, a criança já apresenta um esqueleto como as atividades dos músculos, o movimento dos órgãos, os estí-
bastante ossificado, mas as extremidades de diversos ossos ainda mulos e os sentidos humanos.
possuem regiões cartilaginosas que permitem o crescimento. Este sistema é formado por estruturas essenciais, como os
Entre os 18 e 20 anos, essas regiões cartilaginosas se ossificam neurônios e os nervos, dois elementos responsáveis pela coordena-
e deixam de crescer. ção motora dos seres humanos. Graças ao sistema nervoso, somos
Já o esqueleto axial é formado pela: capazes de perceber estímulos externos.
• Pela caixa craniana, que possui diversos ossos importantes
do crânio; Características do sistema nervoso
• Pela coluna vertebral, que são pequenos ossos sobrepostos O principal órgão do sistema nervoso é o cérebro, responsável
que dão sustentação ao corpo, e onde existe um canal que se co- por controlar todas as funções, atividades, movimentos, memórias
necta à medula nervosa ou espinhal. A sua principal função é a mo- e pensamentos dos seres humanos. O cérebro é a chave do sistema
vimentação; nervoso e atua para controlar a maioria das funções do organismo.
• Pela caixa torácica, que é formada pelo osso esterno e as cos- Já o neurônio é considerado a unidade funcional do sistema
telas. É ela a responsável por proteger os pulmões e o coração. nervoso. Os neurônios se comunicam por meio de sinapses e pro-
pagam impulsos nervosos.
SISTEMA MUSCULAR - ESTRUTURA DOSMÚSCULOS ES- Como é possível perceber, o sistema nervoso é uma grande
QUELÉTICOS. rede de comunicações, movimentos e sensações. Este sistema está
- Formado pelos músculos do corpo humano. dividido em duas partes: o sistema nervoso central e o sistema ner-
- Principais funções: atua na sustentação do corpo, movimenta- voso periférico.
ção e equilíbrio da temperatura corporal. Sistema Nervoso Central – Formado por encéfalo e medula es-
pinhal.
O conjunto de músculos do nosso corpo forma o sistema mus- Sistema Nervoso Periférico – Formado por nervos e gânglios
cular. O corpo humano tem aproximadamente 600 músculos dife- nervosos.
rentes, isso significa que os músculos somam cerca de 50% do peso Conheça melhor os órgãos e estruturas do sistema nervoso:
total de uma pessoa. Cérebro – Órgão volumoso, dividido em duas partes simétricas,
Os músculos, aliados aos ossos e articulações, são as estrutu-
chamadas de hemisfério direito e hemisfério esquerdo. É o órgão
ras responsáveis por todos os movimentos corporais. Andar, correr,
de maior importância no corpo humano.
pular, comer, piscar e até mesmo respirar seriam atividades impos-
Cerebelo – Responsável por coordenar os movimentos do cor-
síveis sem a ação do sistema muscular.
po e o equilíbrio.
Os músculos são classificados em 3 categorias:
Tronco Encefálico – Conduz impulsos nervosos entre o cérebro
• Músculo não estriado (músculo liso)
e a medula espinhal.
• Músculo estriado esquelético
Medula Espinhal – Cordão de tecido nervoso que fica localiza-
• Músculo estriado cardíaco
do na coluna vertebral. É responsável por conduzir impulsos nervo-
Os músculos não estriados apresentam contração lenta e in- sos do corpo para o cérebro.
voluntária, ou seja, são responsáveis por aqueles movimentos que As estruturas do sistema nervoso são essenciais para uma vida
ocorrem independentemente da nossa vontade, como os movi- saudável. Por isso, é recomendável manter uma rotina equilibrada
mentos peristálticos. e passar por consultas regulares com especialistas.
Os músculos estriados esqueléticos são aqueles que se fixam
nos ossos através dos tendões (cordões fibrosos), caracterizam-se SISTEMA CIRCULATÓRIO - SANGUE. ANATOMIA DO CORA-
por contrações fortes e voluntárias. Isso quer dizer que são respon- ÇÃO E DOS VASOS SANGUÍNEOS.
sáveis pelas ações conscientes do nosso corpo, como andar e fazer - Formado por coração, veias e artérias.
exercícios. - Principais funções: circulação do sangue pelo corpo humano.
O músculo estriado cardíaco, como o próprio nome diz, é o Neste processo, os nutrientes e o oxigênio são transportados para
músculo do coração. É ele o responsável pelos batimentos cardía- as células.
cos, suas contrações são fortes e involuntárias.
A principal característica do sistema muscular é a capacidade O sistema circulatório humano é formado pelo coração, pelo
de se contrair e relaxar. Aliás, é o equilíbrio entre esses dois estados sangue e os vasos sanguíneos. Também conhecido como sistema
o responsável pelo movimento do corpo como um todo. Durante cardiovascular, essa rede de circulação do corpo é extremamente
a respiração, por exemplo, o diafragma precisa contrair e relaxar importante para o funcionamento dos órgãos e para a distribuição
para receber o oxigênio nos pulmões e expelir em seguida o gás de nutrientes, hormônios e oxigênio pelo organismo.
carbônico.

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BIOLOGIA
O principal órgão do sistema circulatório é o coração, responsá- OUTROS SISTEMAS - ANATOMIA DO SISTEMA DIGESTIVO.
vel por bombear o sangue para o corpo. O coração está localizado ANATOMIA DO SISTEMA URINÁRIO. ANATOMIA DO SISTEMA
na cavidade torácica e pesa cerca de 300 gramas. O órgão é forma- REPRODUTOR.
do por átrio direito, átrio esquerdo, ventrículo direito e ventrículo
esquerdo; e apresenta três camadas fundamentais: o pericárdio, o Sistema Digestivo
endocárdio e o miocárdio. - Composto por boca, faringe, esôfago, estômago, intestinos
Em relação aos vasos, o sistema circulatório tem basicamente (grosso e delgado). Há também outros órgãos que atuam de forma
três tipos: as artérias, as veias e os capilares. As artérias são consi- auxiliar no processo de digestão dos alimentos: glândulas salivares,
deradas vasos de paredes que ajudam a transportar o sangue do dentes, fígado e pâncreas.
coração para os tecidos do corpo. - Principal função: processo de digestão dos alimentos.
As veias são vasos de paredes que transportam sangue dos te-
cidos para o coração. Já os capilares arteriais e capilares venosos Nós, seres humanos, nos alimentamos diariamente para ob-
são ramificações que colaboram com o transporte do sangue pelo termos energia para realizarmos nossas funções vitais e atividades
organismo. cotidianas. Nesse processo de captação de energia e nutrientes um
sistema faz toda a diferença: estamos falando do sistema digestivo,
SISTEMA RESPIRATÓRIO - PAREDE TORÁCICA E PULMÕES. ou sistema digestório, como é chamado atualmente.
MEDIASTINO O sistema digestivo é responsável por conduzir processos quí-
- Composto por dois pulmões, duas cavidades nasais, faringe, micos e mecânicos que retiram os nutrientes dos alimentos para
laringe, traqueia e brônquios pulmonares. serem usados em nosso corpo. A estrutura do sistema digestório é
- Principais funções: processo de respiração (obtenção de oxi- bastante complexa, formada por diversos órgãos importantes para
gênio e retirada de gás carbônico). a nutrição do nosso organismo. Estes órgãos transformam os ali-
mentos que ingerimos.
O sistema respiratório dos seres humanos é responsável por
fornecer oxigênio ao nosso corpo. Ele também atua para retirar o Características do sistema digestivo
gás carbônico do organismo. O sistema digestório é formado pelo tubo digestório e por seus
Os principais órgãos do sistema respiratório são os pulmões, órgãos anexos.
que desempenham papel estratégico no processo de respiração. As principais estruturas presentes neste sistema são: boca, fa-
Este sistema também é composto por cavidades nasais, boca, ringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso, glân-
faringe, laringe, traqueia, brônquios e bronquíolos. dulas salivares, dentes, língua, pâncreas, fígado e vesícula biliar.
Todo processo de digestão começa pela boca, que recebe os
Características do sistema respiratório alimentos no tubo digestivo. Nossa mastigação é um processo de
O processo de respiração controlado pelo sistema respiratório digestão mecânica. Em seguida, o alimento já mastigado segue pela
começa pelas narinas. As cavidades nasais recebem o ar e filtram as faringe até chegar ao esôfago.
partículas sólidas e as bactérias. Essas mesmas cavidades também O próximo destino do alimento é o estômago, órgão responsá-
são as responsáveis pela percepção dos odores. vel pela digestão das proteínas. Depois de processado, o alimento
Depois de passar pelas cavidades nasais, o ar segue para a fa- se transforma em quimo e vai para o intestino delgado.
ringe. Em seguida, vai para a laringe, traqueia, brônquios, bronquío- O caminho final das sobras de alimentos sem valor nutricional
los e pulmões. passa pelo intestino grosso e segue até a eliminação dos resíduos
Outro elemento fundamental no processo de respiração é o digestivos por meio do bolo fecal.
diafragma, um músculo que fica localizado logo abaixo do pulmão
e que desempenha papel relevante nos movimentos da respiração.

A importância dos pulmões


Os pulmões são órgãos com perfil esponjoso. Eles são revestidos
por uma membrana dupla, que recebe o nome de pleura. Os seres
humanos possuem dois pulmões, separados pelo mediastino, região
onde está o coração e outros órgãos e estruturas do organismo.
Os pulmões contribuem de forma significativa para a troca de
gases do organismo com o meio externo por meio da respiração.
Eles também ajudam a controlar o nível de oxigênio no sangue.
Estes órgãos medem cerca de 25 cm e têm um peso aproxima-
do de 700 gramas. O ar que passa pelos pulmões é renovado a todo
momento, em um processo denominado ventilação pulmonar.
É fundamental que as pessoas cuidem da saúde dos pulmões
para que possam ter uma respiração adequada e para prevenir
doenças como o câncer de pulmão. Para cuidar bem desses órgãos,
os médicos recomendam que os pacientes evitem ou deixem o vício
do cigarro e de outras drogas, como maconha e charutos; e evitem
se expor à poluição externa intensa e à condição de fumante pas-
sivo. Além disso, é recomendado respirar profundamente, praticar
exercícios aeróbicos, ter uma dieta saudável, beber bastante água e
fazer a limpeza regular do nariz para prevenir alergias.
Sobre o mediastino veremos mais detalhadamente mais adian-
te.

12
BIOLOGIA
Enzimas Digestivas Eles participam do controle das concentrações plásmicas de
O processo de digestão é facilitado pelas enzimas digestivas, íons, como sódio, potássio, bicarbonato, cálcio e cloretos.
como as amilases, que agem sobre o amido; as proteases, que De acordo com as concentrações no sangue, esses íons podem
atuam sobre as proteínas; e as lípases, que trabalham nos lipídios. ser eliminados em maior ou menor quantidade na urina, através do
sistema urinário. As principais substâncias que formam a urina são
Digestão Saudável uréia, ácido úrico e amônia.
Para o funcionamento correto do sistema digestivo é preciso
que as pessoas mantenham uma alimentação saudável, rica prin- Sistema Reprodutor
cipalmente em fibras e água. Isso ajuda a evitar problemas como o - Formado por:
velho conhecido intestino preso, por exemplo. - Sistema reprodutor masculino: dois testículos, epidídimos, ca-
nais deferentes, vesículas seminais, próstata, uretra e pênis.
Sistema Urinário - Sistema reprodutor feminino: trompas de Falópio, dois ová-
- Formado por dois rins e vias urinárias (bexiga urinária, uretra rios, útero, cérvice (colo do útero) e vagina.
e dois ureteres). - Principais funções: responsável pelo processo reprodutivo
- Principais funções: filtração das impurezas. Para tanto, ocorre dos seres humanos.
a produção da urina, armazenamento e sua eliminação, pelo apare-
lho urinário. Junto com a urina, são eliminadas as impurezas, que Também chamado de sistema genital, o sistema reprodutor hu-
foram filtradas (retiradas do sangue) pelos rins. mano é constituído por um conjunto de órgãos que formam tanto
o aparelho genital masculino, quanto o aparelho genital feminino.
O sistema urinário é responsável por manter nosso organismo
livre de toxinas. Isso é possível porque é composto por um conjunto O sistema reprodutor masculino é formado por 6 órgãos:
de órgãos responsáveis por filtrar, armazenar e eliminar as substân- Pênis - funciona como órgão reprodutor e excretor. A uretra é
cias nocivas ou desnecessárias ao nosso corpo. o canal responsável por eliminar a urina e também transportar o
Os órgãos constitutivos do sistema urinário são divididos em sêmen. Por ser extremamente vascularizado, esse órgão tende à
dois grupos, os secretores (responsáveis por produzir a urina) e os ereção quando estimulado.
excretores (responsáveis por eliminar a urina). Esses órgãos são os Testículos - são as glândulas que produzem os gametas mas-
rins, que produzem a urina, os ureteres, que transportam a urina culinos (espermatozoides) e sintetizam a testosterona (hormônio
dos rins à bexiga, e a uretra, por onde é excretada a urina. sexual).
As substancias mais comumente encontradas na urina são: áci- Bolsa escrotal - é responsável por manter a temperatura e pro-
do úrico, ureia, sódio, potássio e bicarbonato. Quando o corpo sofre teger os testículos de agentes externos.
alguma disfunção, a urina pode revelar a raiz do problema, por isso Epidídimo - é um ducto formado por um canal, ele recebe os
é tão comum que médicos peçam um exame de urina antes de diag- espermatozoides e os reserva até a maturidade.
nosticar o paciente. Canal deferente - responsável por transportar os espermatozoi-
Os rins são órgãos principais do sistema urinário, além de pro- des do epidídimo até o complexo de glândulas anexas.
duzir a urina eles são responsáveis pela regulação da composição Glândulas anexas - próstata, vesículas seminais e glândulas bul-
iônica do sangue, pela manutenção da osmolaridade, o equilíbrio bo uretrais. São responsáveis pela produção da secreção que forma
da pressão arterial, o ph sanguíneo e a liberação de hormônios. o sêmen, trata-se de um fluido que nutri e permite um meio de
Outras estruturas importantes são as glândulas supra renais, sobrevivência aos espermatozoides, por exemplo, neutralizando o
que ficam localizadas entre os rins e o diafragma. Cada glândula é pH levemente ácido da uretra.
envolvida por fibras e gordura, são elas as responsáveis pela produ-
ção dos hormônios essenciais ao organismo. O sistema reprodutor feminino também é formado por 6 ór-
gãos:
Lábios vaginais - dobras de tecido adiposo, responsável por
proteger o interior da vagina.
Clitóris - órgão relacionado ao prazer sexual.
Vagina - também funciona como órgão reprodutor e excretor.
A cavidade vaginal recebe o pênis durante o ato sexual e a uretra
elimina a urina.
Útero - é o órgão receptor do óvulo, onde o embrião irá se de-
senvolver durante os 9 meses de gestação.
Trompas de falópio - são os órgãos responsáveis pelo transpor-
te dos óvulos do ovário até o útero.
Ovários - glândulas que formam os óvulos de acordo com o ci-
clo menstrual, também produz os hormônios sexuais: estrógeno e
progesterona.

Excreção da Urina

Os rins funcionam como um filtro que retém as impurezas do


sangue e o deixa em condições de circular pelo organismo.

13
BIOLOGIA
B - PARTE ESPECIAL

CABEÇA E PESCOÇO - CAVIDADE CRANIANA. FACE E COU-


RO CABELUDO. ÓRBITA E OLHOS. ESTRUTURA DO PESCOÇO.
CAVIDADE NASAL. CAVIDADE ORAL. LARINGE E FARINGE.

Cavidade Craniana

O Crânio
Dividi-se, para estudo, em ossos da face e ossos do crânio pro-
priamente dito. Ele pode ser dividido em calota craniana ou calvária
e base do crânio. A calvária é a parte superior do crânio e é formada
pelos ossos: Frontal, Occipital, e Parietais. A base do crânio forma
o assoalho da cavidade craniana e pode ser dividida em três fossas
ou andares:
Os ossos que o compõe são: Frontal, Occipital, Esfenóide, Et-
móide (ímpares)*, Parietal e Temporal (pares)*.
A fossa anterior, também chamada de andar superior da base
do crânio, é formada pelas lâminas orbitais do frontal, pela lâmina
crivosa do etmóide e pelas asas menores e parte anterior do esfe-
nóide.
A fossa média, também chamada de andar médio da base do
crânio, é formada anteriormente pelas asas menores do esfenói-
de, posteriormente pela porção petrosa do osso temporal e late-
ralmente pelas escamas do temporal, osso parietal e asa maior do
esfenóide.
A fossa posterior, também chamada de andar inferior, é consti-
tuída pelo dorso da sela e clivo do esfenóide, pelo occipital e parte Crânio – vista anterior
petrosa e mastóidea do temporal. Essa é a maior fossa do crânio e
também abriga o maior forame do crânio, o forame magno.
Os ossos que compõe a face são: Mandíbula, Vômer, Hióde (ím-
pares), Maxilar, Palatino, Zigomática, Concha nasal inferior, Lacrimal
e Nasal (pares).

*Ossos ímpares são ossos situados na linha média e que não


possuem outro semelhante no corpo. Ossos pares são ossos situa-
dos lateralmente e que possuem outro semelhante do lado oposto.

Crânio–vista lateral esquerda

Crânio – vista anterior

14
BIOLOGIA
* Em antropologia são empregados como pontos de mensu- * Em antropologia são empregados como pontos de mensura-
ração. ção.

Crânio – vista posterior

* Em antropologia são empregados como pontos de mensura-


ção. Obs: nem todos os indivíduos possuem os ossos suturais. Calvária – vista inferior ou interna.

Base do crânio, face interna – vista superior


Calvária – vista superior

15
BIOLOGIA
* Em antropologia são empregados como pontos de mensuração

Calvária de recém-nascido – vista superior.

OSSOS DO CRÂNIO
- Frontal
É um osso pneumático, ímpar, que constitui o limite anterior da
calota craniana e o assoalho do andar superior da base do crânio.
Base do crânio, sem a mandíbula – vista inferior.

Posição anatômica:
Anteriormente: borda supra-orbitária
Inferiormente: espinha nasal

Frontal – vista anterior.

Crânio – corte sagital

Frontal – vista inferior


* Fossa da glândula lacrimal, onde está situada a glândula
lacrimal.

16
BIOLOGIA
- Parietal
É um osso par. Os dois ossos parietais formam os lados e teto da calota craniana. É aplanado, quadrangular e apresenta uma superfície
externa convexa e uma interna côncava.
Posição anatômica:
Anteriormente: borda frontal
Inferiormente e lateralmente: borda escamosa

Parietal direito – vista lateral Parietal direito, face interna – vista medial

- Occipital
É um osso ímpar que constitui o limite posterior e dorsocaudal do crânio. Tem uma forma trapezóide e conformação de uma taça.
Possui uma grande abertura, o forame magno, que se continua com o canal vertebral.
Posição anatômica:
Dorsalmente: protuberância occipital externa
Inferiormente: forame magno

Occipital – vista inferior

17
BIOLOGIA

Occipital – vista superior

- Esfenóide
É um osso ímpar que se encontra no andar médio da base do crânio. Assemelha-se a um morcego de asas abertas.
Posição anatômica:
Anteriormente: face orbitária
Lateralmente: asa maior

Esfenóide – vista anterior

Esfenóide – vista posterior

18
BIOLOGIA
- Temporal
É um osso par situado entre o occipital e o esfenóide, formando a base do crânio e sua parede lateral.
Posição anatômica:
Lateralmente, dorsalmente e inferiormente: processo mastóide

Superiormente: porção escamosa

Temporal direito – vista lateral

Temporal direito, face interna – vista medial

19
BIOLOGIA

Temporal direito – vista inferior

- Etmóide
É um osso ímpar, pneumático, excessivamente leve e esponjoso que forma parte do assoalho do andar superior da base do crânio.
Situa-se entre as duas órbitas, forma a maior parte da parede superior da cavidade nasal e constitui parte do septo nasal.

Posição anatômica:
Anteriormente: processos alares
Superiormente: crista gali

Etmóide – vista postero-superior (esquerda) e vista lateral (direita)

Músculos da cabeça - da face ou da mímica facial


Os músculos da face (músculos da expressão facial) estão na tela subcutânea da parte anterior e posterior do couro cabeludo, face e
pescoço.
Eles movimentam a pele e modificam as expressões faciais para exprimir humor.
A maioria dos músculos se fixam ao osso ou fáscia e atuam mediante tração da pele.

20
BIOLOGIA
Importante lembrar que todos os músculos faciais são inervados pelo VII par craniano, o nervo facial, via ramos:
- Auricular posterior;
- Ramos temporais;
- Zigomático;
- Bucal;
- Marginal da mandíbula;

- E cervical do plexo parotídeo.

MOORE: Keith L. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.

COURO CABELUDO

Galea aponeurótica
A galea aponeurótica (aponeurose epicraniana) cobre a parte superior do crânio.
Em sua região posterior junta-se entre o intervalo de sua união com os músculos occipitais, especificamente na protuberância occipital
externa e nas linhas mais altas do osso occipital do pescoço.
Na fronte, ele forma uma extensão curta e pequena entre a união com o músculo frontal.

Imagem: Niel Asher Healthcare

Órbita e olhos
A cavidade orbitária é a cavidade esquelética que é constituída por várias estruturas cranianas e cerca o tecido mole que compõe o
olho. Sua função é fornecer um ambiente estável e protegido para o globo ocular e suas estruturas adjacentes, bem como proteger uma
grande parte do olho que não é utilizada diretamente na visão.

21
BIOLOGIA
Primeiro, iremos discutir os ossos individuais que formam a Aberturas externas
órbita, bem como as articulações entre eles. Em segundo lugar, Os três marcos externos são forames (buracos):
iremos descrever em detalhe os marcos anatómicos e fissuras dos • o forame (buraco) supraorbital, na margem superior do anel
ossos, incluindo os que se devem às suas articulações, dando espe- orbitário no osso frontal;
cial atenção àquelas em que passam estruturas. Por último, iremos • o forame (buraco) infraorbital, na margem inferior do anel
mencionar a patologia mais importante relacionada com este tema. orbitário na maxila;
Apesar de parecer uma cavidade esférica, a cavidade orbitá- • e o forame (buraco) zigomaticofacial, levemente lateral ao fo-
ria na verdade é mais como um canal piramidal, com uma grande rame infraorbital, na porção facial do osso zigomático.
abertura anteriormente, na parte superior da face, de onde uma
parte do olho que é diretamente utilizada na visão emerge, e mais Esses forames (buracos) contêm os nervos orbitais superior e in-
duas fissuras e um canal menores posteriormente, que conectam a ferior e vasos, e o nervo zigomaticofacial e vasos, respectivamente.
parte interna do crânio à sua parte externa, e permitem que várias
estruturas anatômicas passem de dentro para fora. Aberturas internas
As seis aberturas internas estão situadas nas paredes poste-
Ossos e articulações rior e medial da órbita. As aberturas posteriores são limitadas pelas
asas maior e menor do osso esfenóide e pelo osso etmoide. A fis-
Parede anterior sura orbital inferior é uma exceção, e possui somente a asa maior
No sentido horário (utilizando a órbita direita, que está à es- do osso esfenóide e a maxila definindo suas margens, e não o osso
querda do leitor), os ossos que contribuem para a margem ante- etmoide. As fissuras orbitais superior e inferior e o canal óptico são
rior e as paredes anteriores da cavidade orbitária incluem o osso marcos que atualmente estão sendo revisados.
frontal, que fornece a borda anterior e superior da órbita e a maior O canal óptico é muito menor que os outros dois marcos, e é
parte do teto da cavidade orbitária. considerado o mais superior dos três. Ele contém:
Em seguida é a maxila, que contribui com as suas porções fron- • o nervo óptico;
tal e nasal para a margem ântero-medial e a margem ântero-infe- • e a artéria oftálmica.
rior medial da borda orbitária, bem como para a maioria do assoa-
lho da cavidade orbitária. O próximo abaixo é a fissura orbital superior, que é a segunda
O último osso que contribui para as paredes ântero-lateral in- maior das fissuras, entretanto a que possui mais conteúdo, incluin-
terna e externa da cavidade orbitária é o zigoma, ou a porção facial do:
do osso zigomático. • os ramos oftálmicos do nervo trigêmeo (nasociliar, frontal e
lacrimal),
Parede medial • o nervo oculomotor,
A parede medial interna continua posteriormente e superior- • o nervo troclear,
mente da maxila, subindo até o osso frontal, e consiste primeira- • o nervo abducente,
mente do osso lacrimal e logo atrás dele, da placa vertical do osso • e as veias oftálmicas superior e inferior.
etmoide.
A margem posterior da placa do etmoide se articula com as Finalmente, a fissura orbital inferior, que é a maior e mais in-
asas maior e menor do osso esfenóide, como também faz a maxila ferior estrutura na parede posterior da cavidade orbitária, contém:
inferiormente (mas somente com a asa maior). • o ramo maxilar do nervo trigêmeo,
• o nervo zigomático,
Parede posterior • e os vasos infraorbitais.
O osso esfenóide forma a totalidade da parede posterior da
cavidade orbitária. Uma pequena projeção da placa vertical do osso Os marcos da parede medial incluem o canal e a fossa naso-
palatino, conhecida como processo orbital, pode ser vista entre a lacrimais, que podem ser vistos no aspecto mais anterior do osso
maxila, o osso etmoide e o osso esfenoide. lacrimal, em sua fronteira com a maxila. Ele contém o saco lacrimal,
que se continua com o canal nasolacrimal.
Articulações da órbita As estruturas finais são os forames (buracos) etmoidais ante-
Dentro da órbita as articulações não são nomeadas, e não se
rior e posterior, que se encontram na sutura entre o osso etmoide
espera isso como conhecimento comum de estudantes de medicina
e o osso frontal, e contém os nervos etmoidais anterior e posterior
em um teste. Por agora, apenas as principais suturas que são men-
e os respectivos vasos.
cionadas nos livros de anatomia serão listadas aqui. Como mencio-
nado anteriormente, a ordem será o sentido horário utilizando a
Estrutura do pescoço
órbita direita como referência.
• A sutura frontomaxilar articula o osso frontal e a maxila na
Anatomia do pescoço
margem superior e anterior da borda da órbita.
• A sutura zigomaticomaxilar pode ser vista logo lateralmente Se você pensa que as estruturas anteriores eram complexas,
ao forame infraorbital, e possui uma orientação diagonal. Ela liga a aguarde até você ver o pescoço. Esta estrutura é suficientemente
maxila à porção facial do osso zigomático. forte para suportar a cabeça, mas também móvel o suficiente para
• Finalmente, a sutura frontozigomática une o aspecto mais girar em várias direções. Por fora, o pescoço é dividido em triângu-
superior do zigoma ao osso frontal na margem superior lateral da los, cada um contendo músculos específicos, vasos e nervos. Por
abertura orbitária anterior. outro lado, o pescoço também possui uma divisão interna na forma
de compartimentos, que são delimitados por várias camadas da fás-
Marcos anatômicos e fissuras cia cervical.
Os marcos anatômicos da órbita consistem de três aberturas O ponto de ancoragem do pescoço é o osso hioide, que situa-se
externas e seis internas, com a abertura do olho não sendo incluída no nível do ‘pomo de Adão’ (maçã da Adão ou proeminência larín-
devido ao seu tamanho. gea), nos homens. A maioria dos músculos do pescoço se insere no

22
BIOLOGIA
hioide, separando-os em dois grupos: os músculos supra-hióideos A faringe é uma passagem muscular para alimentos e ar, co-
e os músculos infra-hióideos. Entretanto, outros músculos também nectando as cavidades nasais e oral com o esôfago e a laringe. A
fazem parte do pescoço. última é mais comumente conhecida como caixa vocal, e consiste
em várias cartilagens, membranas, ligamentos e músculos. Ela é
responsável pela fala.
As quatro principais artérias que cursam através do pescoço e/
ou o suprem são as artérias carótida comum, carótida externa, caró-
tida interna e facial, juntamente com o tronco tireocervical. O plexo
cervical é a principal estrutura nervosa que cursa e inerva o pesco-
ço.Por fim, responda ao teste global em baixo, criado para testar os
seus conhecimentos sobre a anatomia da cabeça e do pescoço. Este
teste centra-se especificamente nos ossos, músculos (incluindo as
suas origens, inserções, inervação e função), artérias, veias e nervos
da mão, de forma a consolidar os temas abordados anteriormente
Músculos da parte anterior do pescoço nesta página sobre a anatomia da cabeça e do pescoço.

Cavidade nasal e cavidade oral

Porção lateral externa do nariz e terço anteri-


or da cavidade nasal: linfonodos submaxilares
Dois terços posteriores da cavidade nasal e
Cavidade nasal
seios etmoidais: linfonodos retrofaríngeos
e parcialmente para os linfonodos cervicais
profundos superiores
Linfonodos regionais: parotídeos, bucais,
submandibulares, submentonianos, cervicais
Músculos infra-hióideos
Cavidade oral superficiais
Linfonodos cervicais profundos: jugu-
lodigástrico, júgulo-omo-hióideo

A cavidade nasal na realidade são duas cavidades paralelas que


se estendem das narinas até à faringe e estão separadas uma da
outra por uma parede cartilaginosa. Em seu interior existem dobras
chamadas conchas nasais, que têm a função de fazer o ar rotacio-
nar. No teto das fossas nasais existem células sensoriais, responsá-
veis pelo sentido do olfato.

Músculos supra-hióideos

Osso hioide

O pescoço abriga ainda quatro grandes estruturas profundas;


dois órgãos e dois tubos ou passagens. Eles são nomeados assim:
• Glândula tireoide
• Glândulas parótidas
• Faringe
• Laringe

As duas glândulas são responsáveis pela homeostase endócri-


na normal do corpo.
Os seios paranasais são cavidades ou túneis pequenos. Eles são
denominados paranasais, porque estão localizados em torno ou
próximos do nariz. A cavidade nasal se abre para uma rede de seios:

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BIOLOGIA
- Seios maxilares que estão na área de face, abaixo dos olhos e - Células epiteliais escamosas, células achatadas que revestem
de cada lado do nariz. os seios e formam a maior parte da mucosa.
- Seios frontais localizados acima da parte interna da cavidade - Células glandulares, similares às células das glândulas saliva-
ocular e a área das sobrancelhas. res, que produzem muco e outras secreções.
- Seios esfenoidais situados atrás do nariz e entre os olhos. - Células nervosas, que são responsáveis pelo olfato.
- Seios etmoidais compostos por muitos seios similares a uma - Células que combatem as infecções, que são parte do sistema
peneira formados de ossos finos e mucosa imunológico.
- Estão localizados acima do nariz, entre os olhos. - Células do sistema vascular.
- Células de suporte.
- Células da cavidade nasal e seios paranasais, incluindo osso
e células cartilaginosas, que também podem se tornar cancerosas.

A cavidade oral se estende, superiormente, dos lábios à junção


do palato duro e mole e, inferiormente, dos lábios à linha das pa-
pilas circunvaladas. É revestida por mucosa malpighiana, havendo
pequenas variações histológicas de acordo com a topografia. A mu-
cosa oral apresenta cinco tipos histológicos diferentes:
- Semimucosa (zona de Klein - vermelhão dos lábios): o epitélio
é delgado com uma camada bem fina queratinizada, o córion bem
vascularizado, desprovido de anexos dérmicos, que pode ter poucas
glândulas sebáceas.
- Mucosa livre (zona interna inferior dos lábios, região vestibu-
lar, véu, pilares, assoalho, região ventral da língua e mucosa jugal).
- Mucosa aderente ou mastigatória (gengiva e palato duro):
epitélio pouco queratinizado com um córion provido de glândulas
salivares acessórias, fixado pelo periósteo ao plano ósseo subjacen-
te.
- Gengiva marginal ou borda livre gengival (parte da gengiva
que suporta os dentes e papilas interdentárias), epitélio não que-
ratinizado com fibras colágenas em continuidade com o ligamento
alveolar dentário, que une o cimento que recobre a raiz dentária ao
osso alveolar.
- Mucosa lingual (face dorsal, lateral e grande parte da face in-
ferior da língua); mucosa do dorso lingual contém as papilas gusta-
tórias, o córion é fibroso, inserindo-se diretamente sobre o plano
muscular.
Jugal: compartimento parotídeo e jugular superior.
Palato: linfonodos jugulares profundos, faríngeos laterais, sub-
mandibulares, região de fusão dos processos palatinos da maxila.
Língua: linfonodos jugulodigástricos superiores e retrofarín-
geos laterais, Trígono retromolar: jugulodigástricos.
Lábios: pré-auriculares, infraparotídeos, submandibulares e
submentoneanos.
Orofaringe: base de língua, palato mole, área tonsilar (fossa
amigdaliana, pilares anterior e posterior e amígdala) e parede fa-
ríngea posterior.

Limita-se, superiormente pelo palato duro, inferiormente pelo


osso hioide, anteriormente pelo “v” lingual, posteriormente pela
parede faríngea posterior e lateralmente pelas amígdalas palatinas
Normalmente, estas cavidades são preenchidas de ar. Quando e pilares amigdalianos posteriores. A parede posterior é composta
você tem um resfriado ou sinusite a cavidade óssea pode ser preen- por mucosa, submucosa, fáscia faringobasilar, músculo constritor
chida de muco e pus, muitas vezes ficando obstruídas e causando superior, fibras superiores do músculo constritor médio da faringe
sintomas. e fáscia bucofaríngea.
A cavidade nasal e os seios paranasais têm várias funções:
- Ajudar a filtrar o ar que respiramos Laringe e Faringe
- Aquecer e umidificar o ar que chegará aos pulmões. A faringe é um órgão que faz parte tanto do sistema respirató-
- Dar ressonância à voz. rio quanto do sistema digestório. É um canal muscular membrano-
- Aliviar o peso do crânio. so, que se comunica com o nariz e a boca, ligando-os à laringe e ao
- Fornecer a estrutura óssea para o rosto e os olhos. esôfago.

A cavidade nasal e os seios paranasais são revestidos por uma


camada de muco denominada mucosa. A mucosa tem vários tipos
de células:

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BIOLOGIA
Anatomia da Faringe

Representação das regiões nasofaríngea, orofaríngea e laringofaríngea e outras estruturas

A faringe é um tubo, cujas paredes são musculosas e revestidas de mucosa. Ela está localizada na altura da garganta, à frente de vér-
tebras cervicais, fixada na base do crânio. Pode ser dividida em três regiões: orofaringe, nasofaringe e laringofaringe.

Nasofaringe
A parte superior da faringe se comunica com as cavidades do nariz, através das coanas, e com as orelhas médias, pela tuba auditiva
de cada lado.

Orofaringe
A região orofaríngea é intermediária entre as outras regiões. Comunica-se com a abertura da boca através de uma região denominada
istmo das fauces.

Laringofaringe
Mais inferior é a região laringofaríngea, que se comunica com a entrada da laringe (no sistema respiratório) e mais abaixo com a aber-
tura do esôfago (no sistema digestório).

Função
A faringe tem a função de fazer a passagem do ar inalado e dos alimentos ingeridos até os outros órgãos dos sistemas respiratório e
digestório, respectivamente. Durante o percurso, o ar e o alimento nunca se encontram, devido a mecanismos que bloqueiam a entrada
de cada um nas vias erradas.

Esquema mostra como ocorre a deglutição sem mistura de ar e alimento

25
BIOLOGIA
Para impedir que o alimento vá para as vias respiratórias, durante a deglutição, a epiglote fecha o orifício de comunicação com a larin-
ge. Juntamente com isso, o palato mole bloqueia a parte superior da faringe evitando também a entrada do alimento.
Durante o processo de digestão o alimento segue para a faringe depois de ser mastigado e engolido. O bolo alimentar formado per-
corre toda a faringe através de contrações voluntárias e é levado em seguida para o esôfago.
A faringe recebe o ar vindo das cavidades nasais por meio das cóanas e passa pela laringe, até atingir a traqueia.

Laringe
A laringe é um órgão do sistema respiratório, também responsável pela fala (fonação). Permite a passagem do ar entre a faringe e a
traqueia, mas impede que alimentos entrem nas vias aéreas.

Diferença entre a laringe saudável e inflamada

É composta por cartilagens, membranas, músculos e ligamentos que atuam em conjunto na fonação. O consumo excessivo de subs-
tâncias irritantes (fumo e álcool) e o uso inadequado da voz pode levar à inflamação da laringe, cujo principal sintoma é a rouquidão.

Anatomia da Laringe
A laringe é um tubo cartilaginoso irregular que une a faringe à traqueia. Sua estrutura permite o fluxo constante de ar, que está rela-
cionado com suas funções de respiração e fonação.
Possui diversos músculos que juntamente com as cartilagens são capazes de produzir diferentes sons. A forma da laringe muda nos
homens e nas mulheres e por isso possuem diferentes tons de voz.

Anatomia da laringe e cordas vocais

As cartilagens que constituem a laringe são:


• Cartilagem Tireóidea: é a maior das cartilagens que constitui a laringe. Nela há uma proeminência popularmente chamada de po-
mo-de-adão. Protege as cordas vocais.
• Cartilagem Cricoidea: é um anel formado de cartilagem hialina que fica na parte inferior da laringe, ligando-a à traqueia.
• Cartilagens Aritenoideas: são pequenas cartilagens onde se fixam as cordas vocais.

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BIOLOGIA
• Epiglote: é uma fina estrutura cartilaginosa, que fecha a co- Os sintomas são: rouquidão, dificuldade para engolir ou respi-
municação da laringe com a traqueia durante a deglutição, impe- rar, tosse seca, falta de ar, dor e/ou coceira na garganta e febre. O
dindo que o alimento entre nas vias aéreas. tratamento inclui repouso, hidratação e ingestão de medicamentos
para controlar os sintomas.
As cartilagens estão ligadas por tecido conjuntivo fibroso entre
si por ligamentos e articulações, desse modo as cartilagens podem TÓRAX - CAVIDADES PLEURAIS. PULMÕES. TRAQUÉIA.
deslizar, uma sobre a outra, realizando movimentos comandados BRÔNQUIOS. CORAÇÃO. VASOS SANGÜÍNEOS.MEDIASTINO
pelos músculos da laringe. ANTERIOR, MÉDIO E POSTERIOR₢
Os músculos do laringe são de três tipos: O tórax é um conjunto de músculos, órgãos, articulações, ossos
• Adutores - são os crico-aritenoideos e aritenoideo transverso e diversas outras estruturas, localizadas entre o pescoço e o dia-
e oblíquo, eles aproximam as cordas vocais, ou seja, fazem com que fragma. Trata-se de uma região de grande importância, pois abriga
ela feche. São também chamados de constritores da glote (esse é órgãos vitais.
o nome da abertura entre as pregas) e atuam principalmente na
fonação. Limites anatômicos
• Abdutores - são os crico-aritenoideos posteriores, que afas- Detalhadamente, consideram-se como limites anatômicos do
tam as cordas vocais, abrindo-a. Também são conhecidos como di- tórax as seguintes estruturas:
latadores da glote e participam da respiração. - Superiormente: primeira costela e osso esterno.
• Tensores - são os tireo-aritenoideos e os crico-tireóideos, que - Inferiormente: músculo diafragma.
fazem a distensão das cordas vocais, sendo atuantes na fonação.
O que compõe:
A laringe participa do sistema respiratório e além disso é o prin- É essencial conhecer detalhadamente os principais componen-
cipal órgão responsável pela fonação. Na respiração, a laringe rece- tes do tórax, para então, reconhecer sua importância e as doenças
be o ar vindo da faringe (também participa do sistema digestório, associadas.
portanto transporta ar e alimentos) e evita que alimentos passem
para a traqueia, por meio da epiglote, que se fecha durante a de- 1. Estruturas ósseas
glutição. Têm como função a formação da “caixa torácica”, para garantir
proteção aos órgãos internos.
Fonação - Costelas: são 12 pares, que podem ser divididas em típicas/
verdadeiras (se articulam com o esterno) e atípicas/falsas (não se
articulam com o esterno). Pode-se dizer que estas estruturas “con-
tornam” o tórax.
- Vértebras: em número de 12 também, elas fixam através da
fóvea as costelas.
- Esterno: já descrito anteriormente, trata-se de um osso divi-
dido em 3 porções (manúbrio, corpo e apêndice xifoide), localizado
anteriormente.

2. Músculos
O tecido muscular envolve o tórax, e, seus principais represen-
tantes são:
- Peitorais maior e menor.
As pregas vocais abrem e fecham para a respiração e fonação, - Intercostal: resulta da junção de 3 outros músculos (intercos-
respectivamente tal interno, externo e íntimo).
- Subcostais.
A emissão de sons é uma característica de diversos animais que - Levantadores das costelas.
possuem respiração pulmonar. No ser humano, a fala é produzida - Serrátil anterior.
através da modulação do fluxo de ar vindo dos pulmões. Esse ar - Transverso do tórax.
encontra as pregas vocais, fazendo-as vibrar e assim produzindo - Diafragma.
pulsos sonoros.
O som é amplificado pelos espaços que existem na faringe e 3. Órgãos
nas cavidades nasal e oral, pois sem isso, esse som não seria perce- - Timo: trata-se de um aglomerado de tecido linfoide, que ten-
bido. Além disso, os diferentes movimentos realizados pelos mús- de a regredir na adolescência.
culos permitem que diferentes sons sejam produzidos. - Pulmões: estruturas responsáveis pelas trocas gasosas. Loca-
lizados nas cavidades pleurais.
Laringite
A laringite é uma inflamação da laringe, que pode ser causada Os pulmões são revestidos por uma fina membrana chamada
por vírus, bactérias, fungos ou por agentes químicos e físicos. Pode pleura visceral, que passa de cada pulmão na sua raiz (i.e. onde pe-
se apresentar na forma aguda, de curta duração, ou crônica, ge- netram as principais passagens aéreas e vasos sanguíneos) para as
ralmente caracterizada por um período mais longo de rouquidão, faces mais internas da parede torácica, onde ela é chamada pleura
além dos outros sintomas. parietal.
A laringite aguda pode ser provocada por vírus, bactérias ou Desta maneira são formados dois sacos membranáceos chama-
fungos. A causa mais comum da laringite crônica é o consumo ex- dos cavidades pleurais; uma de cada lado do tórax, entre os pul-
cessivo de cigarro e bebidas alcoólicas ou exposição a substâncias mões e as paredes torácicas.
irritantes (poluição, substâncias alergênicas).

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BIOLOGIA
O pulmão direito, localizado no hemitórax direito, possui três lobos (o lobo superior direito, o lobo médio direito e o lobo inferior
direito).
O pulmão esquerdo divide-se em lobo superior, que inclui a língula, o lobo homólogo do lobo médio direito, e o lobo inferior esquerdo.
Os pulmões direito e esquerdo são recobertos pela pleura visceral, enquanto a pleura parietal recobre a parede de cada hemitórax, o
diafragma e o mediastino.
A interface destas duas pleuras permite o deslizamento suave do pulmão à medida que se expande dentro do tórax, produzindo um
espaço em potencial.
O ar pode penetrar entre as pleuras, visceral e parietal, seja por trauma, cirurgia, ou ruptura de um grupo de alvéolos criando um
pneumotórax.
Como os pulmões direito e esquerdos e suas pleuras são separados, um pneumotórax envolverá apenas o hemitórax direito ou es-
querdo.

Traqueias
É composta de músculo liso com anéis cartilaginosos em forma de C a intervalos regulares. Os anéis cartilaginosos são incompletos
na superfície posterior e proporcionam firmeza para a parede da traqueia, impedindo que ela se colabe. A traqueia serve como passagem
entre a laringe e os brônquios.
A traqueia bifurca-se em dois brônquios principais, que entram nos pulmões, e são subdivididos em fissuras, formando divisões in-
completas.

Epitélio da traqueia e brônquios

Árvore Brônquica
O sistema traqueobronquial (também denominado de árvore traqueobronquial) consiste de todas as vias aéreas a partir da traqueia.
O ar flui para os pulmões por meio das traqueias e vias aéreas. À medida que as vias aéreas se dividem e penetram mais profunda-
mente nos pulmões, tornam-se mais estreitas, curtas e numerosas.
A traqueia divide-se na Carina (assim denominada devido ao seu aspecto parecido com uma quilha de barco) em brônquios principais
direito e esquerdo, e estes se dividem em brônquios lobares, que formam os brônquios segmentares.
As vias aéreas continuam a se dividir segundo um padrão de divisão assimétrico ou dicotômico, até formarem os bronquíolos termi-
nais, que se caracterizam por serem as menores vias aéreas sem alvéolos.
O segmento broncopulmonar, a região do pulmão suprida por um brônquio segmentar, constitui a unidade anatomofuncional do
pulmão.
Os brônquios são os condutores de ar entre o meio externo e os sítios mais distais, onde se processa a troca de gases. A quantidade
de cartilagem diminui na medida em que as vias aéreas se tornam cada vez menores, e desaparecem por completo nas vias aéreas com
diâmetro aproximado de um mm.
As vias aéreas da traqueia até os bronquíolos terminais não contêm alvéolos, e desta forma, não participa na troca de gases. Estas vias
aéreas formam o espaço morto anatômico, que nos adultos têm o volume de 150 ml.
Os bronquíolos têm menos de 1 mm de diâmetro, não possuem cartilagem, e apresentam um epitélio cuboidal simples. Os bronquío-
los estão embebidos em uma rede de tecido conjuntivo pulmonar e desta forma o seu diâmetro aumenta e diminui conforme o volume
pulmonar.
Os bronquíolos se dividem ainda, dependendo de sua função. Os bronquíolos não respiratórios compreendem os bronquíolos ter-
minais, que servem como condutores das correntes de gás, enquanto os bronquíolos respiratórios contêm alvéolos que funcionam como
locais de troca de gases.
A aérea entre o bronquíolo terminal e os alvéolos é ocasionalmente denominada de lóbulos ou ácino secundário. A característica
anatômica mais impressionante é a questão da região anatômica que tem apenas 5 mm de comprimento, porém o volume total dos ácinos
compreende o maior volume pulmonar isolado, cerca de 2500ml.
- Coração: localiza-se no mediastino, e está ligeiramente localizado após a linha média, com predomínio no lado esquerdo.
- Esôfago: estrutura integrante do sistema digestório.

4. Pleuras
São duas membranas extremamente finas que revestem os pulmões:
- Pleura visceral: está em íntimo contato com os pulmões.
- Pleura parietal: mais externa.

Entre elas, há líquido pleural, com a função de lubrificar e permitir o deslizamento de uma sobre a outra, durante a expansão e retra-
ção pulmonar.
Cavidade pleural é uma cavidade virtual existente entre as pleuras visceral e parietal, que contém apenas uma pequena quantidade
de líquido lubrificante. A pressão negativa existente na cavidade pleural é um fator importante na mecânica respiratória.

5. Mediastino
É uma das três cavidades do tórax (além das duas cavidades pleurais), e abriga diversas estruturas, sendo a mais importante, o cora-
ção.
O mediastino está situado entre a pleura pulmonar esquerda e direita, na linha média do plano sagital no tórax. Estende-se anterior-
mente do esterno à coluna vertebral, posteriormente. Contém todas as estruturas do tórax, exceto os pulmões e também é conhecido com
espaço interpleural Pode ser dividido para fins descritivos em duas partes: uma porção superior, acima do limite superior do pericárdio,

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BIOLOGIA
chamada de mediastino superior; e a porção inferior, abaixo do limite superior do pericárdio. Esta porção inferior subdivide-se em outras
três partes, uma parte anterior ao pericárdio, o mediastino anterior; a porção que contém o pericárdio e suas as estruturas, o mediastino
médio; e a porção posterior ao pericárdio, o mediastino posterior.

Mediastino – Vista Lateral Esquerda

O Mediastino Superior é o espaço interpleural que localiza-se entre o manúbrio do esterno e as vértebras torácicas superiores. É
limitado inferiormente por um plano oblíquo que passa da junção munibrio-esternal até a borda inferior do corpo da 4º vértebra torácica,
e lateralmente pelas pleuras. Contém a crossa da aorta, tronco braquiocefálico, a porção torácica da artéria carótida comum esquerda e
artéria subclávia esquerda, a veia braquiocefálica e a metade superior da veia cava superior, o nervo vago, nervo frênico e os nervos larín-
geos recorrentes, a traquéia, esôfago, ducto torácico, o remanescente do Timo e alguns linfonodos.

O Mediastino Anterior existe apenas do lado esquerdo, onde a pleura esquerda diverge da Lina média. É limitado anteriormente pelo
esterno, lateralmente pela pleura e posteriormente pelo pericárdio. É estreito na sua parte superior mas expande-se um pouco inferior-
mente. Sua parede anterior é formada pela 5º, 6º e 7º cartilagens costais. Contém uma pequena quantidade de tecido areolar frouxo,
alguns linfáticos que ascendem da superfície convexa dão fígado, 2 ou 3 linfonodos mediastinais e pequenos ramos mediastinais da artéria
mamária interna.

O Mediastino Médio é a maior porção do espaço interpleural. Contém o coração envolvido por sua serosa, a aorta ascendente, a me-
tade inferior da veia cava superior com a veia ázigos se unindo à ela, a bifurcação da traquéia e os dois brônquios, a artéria pulmonar e os
seus dois ramos, as veias pulmonares direita e esquerda, os nervos frênicos e alguns linfonodos brônquicos.

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BIOLOGIA

O Mediastino Posterior é um espaço triangular irregular que corre paralelo a coluna vertebral. Está limitado anteriormente pelo pe-
ricárdio, pelo diafragma inferiormente, posteriormente pela coluna vertebral desde a 4º à 12º vértebra torácica de cada lado pela pleura
pulmonar. Contém a porção torácica da aorta descendente, a veias ázigos e as duas hemiazigos, os nervos vagos e esplâncnicos, o esôfago,
ducto torácico e alguns linfonodos.

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BIOLOGIA

Mediastino

Mediastino – Vista lateral esquerda.

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BIOLOGIA

Mediastino – Vista anterior após remoção do coração

6. Vasos sanguíneos
Esta região abriga importantes estruturas vasculares, como:
- Veias braquiocefálicas
- Veia cava superior
- Arco da aorta
- Tronco braquicefáclico.

7. Nervos e vasos linfáticos


Também participam da composição do tórax e possuem estrita relação com as funções.

Funções principais
Como se trata de uma série de estruturas, resumem-se as funções em:
- Caixa torácica possui a finalidade de proteger e sustentar todos os componentes internos.
- Coração possui a função de distribuir o sangue por todo o organismo.
- Pulmões permitem a troca gasosa.
- Diafragma realiza a passagem de estruturas para o abdome, através do hiato esofágico.
- Esôfago transporta o alimento até o estômago.

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BIOLOGIA
Curiosidade:
As pneumonias podem complicar para o derrame pleural, que seria o acúmulo de material infeccioso (principalmente líquido) entre
as pleuras.
O paciente sentirá dores e falta de ar, e precisará drenar o líquido tanto para fins diagnósticos, como também para o alívio dos sintomas.

ABDOME - CAVIDADE ABDOMINAL. ESTÔMAGO E INTESTINOS. FÍGADO. PÂNCREAS. BAÇO. RINS. ADRENAL ERETROPERI-
TÔNIO. VÍSCERAS PÉLVICAS. PERÍNE
A cavidade abdominal é uma grande cavidade encontrada no torso de mamíferos entre a cavidade torácica, da qual é separada pelo
diafragma torácico, e a cavidade pélvica. Uma camada protetora que é chamada de peritônio, que desempenha um papel na imunidade,
órgãos de suporte e armazenamento de gordura e reveste a cavidade abdominal. Como mostrado no diagrama abaixo à esquerda, a ca-
vidade abdominal foi dividida em nove áreas diferentes, onde cada órgão não necessariamente ocupa apenas um dos quadrantes. Esta
divisão ajuda no diagnóstico de doenças com base no local onde a pessoa está sentindo dor abdominal.

Regiões do Quadrante Abdominal

Órgãos da cavidade abdominal


Nosso abdômen contém órgãos digestivos, reprodutivos e excreção. Você pode encontrar alguns deles no diagrama a seguir. Tenha em
mente que o reto é considerado parte da cavidade pélvica.

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BIOLOGIA
Estômago São envolvidas por uma cápsula fibrosa e têm cerca de 5 cm.
Órgão digestivo de paredes espessas encontrado no lado es- Fazem parte do sistema endócrino e dividem-se em duas partes:
querdo do abdome que é dividido em quatro regiões: cárdia, fundo, córtex (camada externa, de cor amarelada devido à presença de co-
corpo e piloro. É contínuo com o esôfago acima dele, que transpor- lesterol) e medula (parte central).
ta comida da boca e passa através do diafragma e no estômago,
e é seguido pela primeira porção do intestino delgado, chamada Função
duodeno. O estômago é o segundo local de digestão em seres hu- As glândulas adrenais secretam hormônios extremamente im-
manos após a boca, e serve para movimentar a comida dentro de portantes para o bom funcionamento do organismo, a saber:
si, misturá-lo com sucos gástricos e iniciar a digestão de proteínas.
1. Córtex
Fígado O córtex é dividido em três zonas funcionais que produzem
Este é o maior órgão do abdômen. Encontra-se no lado supe- hormônios diferentes:
rior direito, logo abaixo do diafragma. Tem dois lóbulos separados • Zona glomerulosa: libera aldosterona, que regula o o balanço
por um ligamento. O fígado desempenha um papel crucial em nos- entre o sódio e o potássio;
sos corpos, pois mantém níveis normais de glicose no sangue, pro- • Zona fasciculada: sintetiza o cortisol, hormônio corticosteroi-
duz bile e desintoxica o sangue. de envolvido na resposta ao estresse e que regula o metabolismo
da glicose e da gordura, entre outras funções;
Vesícula biliar • Zona reticulada: excreta hormônios sexuais, em especial a
A vesícula biliar encontra-se abaixo do fígado e está conectada testosterona.
a ela. Ele armazena e concentra a bile que é enviada para o duode-
no quando necessário para digestão e absorção de gordura. 2. Medula
Sintetiza e secreta catecolaminas, especialmente a adrenalina
Baço e a noradrenalina. Esses hormônios regulam o sistema nervoso au-
O baço faz parte do sistema imunológico. Suas funções incluem tônomo, que controla importantes funções do corpo humano como
a participação na produção de glóbulos brancos, o armazenamento frequência cardíaca, respiração, digestão, entre outras.
de plaquetas e a destruição de glóbulos vermelhos mortos e subs-
tâncias nocivas. Peritônio e Retroperitônio
O peritônio é uma extensa membrana serosa, formada essen-
Pâncreas cialmente por tecido conjuntivo, que reveste o interior das paredes
Parte do sistema digestório, o pâncreas produz importantes en- da cavidade abdominal e expande-se para cobrir a maior parte dos
zimas digestivas, assim como insulina e glucagon, que são cruciais órgãos que contém. Deste modo, considera-se que, embora a mem-
brana seja ininterrupta, é composta por duas camadas ou folhas
para o metabolismo dos carboidratos em nossos corpos.
- o peritônio parietal e o peritônio visceral. O peritônio parietal é a
folha que cobre totalmente por dentro as paredes anteriores e la-
Intestino delgado
terais do abdómen, enquanto que na parte posterior é formado um
O intestino delgado é encontrado entre o estômago e o intesti-
limite por trás do denominado espaço retroperitoneal, onde ficam
no grosso e é composto de três partes: o duodeno, o jejuno e o íleo.
situados parte do pâncreas e do duodeno, os rins e grandes vasos
É um longo órgão digestivo em forma de tubo onde ocorre a
como a artéria aorta e a veia cava inferior. O peritônio visceral é a
digestão e a maior absorção de nutrientes
folha que cobre completamente a superfície externa da maior parte
das vísceras contidas no abdómen, exceto as que estão situadas no
Intestino grosso já referido espaço retroperitoneal. Entre as duas camadas do peri-
O intestino grosso é o órgão para o qual o material não digerido tônio fica acomodado um espaço denominado espaço ou cavidade
é enviado. É em forma de U e é composto de ceco, cólon, reto, canal peritoneal. Na realidade, trata-se de um espaço virtual, uma vez
anal e apêndice. Absorção de água e eletrólitos e a formação de que apenas contém uma fina película de um líquido lubrificante
fezes, todos ocorrem aqui. composto por água, algumas células e substâncias minerais, cuja
função primordial é permitir a deslocação das folhas sem que se
Rins produzam fricções entre ambas e, indiretamente, entre os órgãos
Os dois rins são encontrados em ambos os lados do abdômen. abdominais e a parede abdominal. Este líquido peritoneal é cons-
Eles desempenham papéis essenciais no corpo, como a desintoxi- tantemente segregado para o interior do espaço peritoneal e para-
cação do sangue, a criação de urina e a manutenção do equilíbrio lelamente reabsorvido na mesma proporção, de tal modo que, em
da água e do ácido no corpo. Anexados a cada rim estão os tubos, condições normais, não tem mais do que 200 ml dentro do espaço
chamados de ureteres, que os conectam à bexiga urinária. Além peritoneal.
das funções dos rins, as glândulas supra renais encontradas nos rins
produzem hormônios importantes, como a noradrenalina e o ADH. Vísceras pélvicas e períneo
Na anatomia humana, o períneo é a região do corpo humano
Adrenal que começa, para as mulheres na parte de baixo da vulva e esten-
As adrenais fazem parte do sistema endócrino e dividem-se em de-se até o ânus. No homem, localiza-se entre o saco escrotal e o
duas partes: córtex (camada externa, de cor amarelada devido à ânus.
presença de colesterol) e medula (parte central). O períneo compreende um conjunto de músculos e aponeu-
As adrenais, também conhecidas como suprarrenais, são duas roses que encerram o estreito inferior da escavação pélvica, sendo
glândulas endócrinas situadas na cavidade abdominal, acima de atravessada pelo reto, atrás, e pela uretra e órgãos genitais adiante.
ambos os rins. A adrenal direita tem formato triangular, enquan-
to a esquerda assemelha-se a uma meia-lua (na foto, as partes em Vísceras pélvicas
amarelo). Incluem parte do sistema gastrointestinal, do sistema urinário
e do sistema reprodutor.

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BIOLOGIA
- Sistema Gastrointestinal Colo Vesical
Consistem principalmente no reto e no canal anal, porém a par- O colo vesical, ou da bexiga, cerca a origem da uretra. É a parte
te final do colo sigmoide também s e encontra na pelve. mais inferior da bexiga e também a mais fixa. Está ancorado por
duas faixas de ligamentos rígidos que conectam o colo e a parte
Reto pélvica da uretra a cada osso púbico:
O reto é continuo acima com o colo sigmoide, ao nível da vér- - Nas mulheres chamam-se ligamentos pubovesicais, que, jun-
tebra S3, e abaixo com o canal anal. Se localiza imediatamente an- tamente com a membrana perineal profunda, os músculos levan-
terior ao sacro e segue a sua curvatura, sendo o elemento m ais tadores do anus e os ossos púbicos , ajudam a sustentar a bexiga.
posterior da cavidade. - Nos homens chamam-se ligamentos puboprostáticos, porque
A junção anorretal é puxada para frente pelo músculo pubor- se misturam com a cápsula fibrosa da próstata, ou seja, cercam a
retal (componente do levantador do anus) formando a flexura peri- próstata junto à uretra.
neal, de m odo que o canal anal se dirige na direção posterior con-
forme entra no assoalho pélvico. No nascimento a bexiga se encontra na região abdominal e
Além de apresentar a curvatura que segue o sacro, o reto apre- a uretra se localiza na margem superior da sínfise púbica. Com a
senta três curvaturas laterais: as curvaturas superior e inferior diri- idade a bexiga desce e na puberdade já se encontra na cavidade
gidas para a direita e a curvatura média dirigida para a esquerda. pélvica.
A parte final do reto expande-se e forma a ampola retal. O reto
não apresenta tênias, apêndices omentais e saculações (haustra- Uretra
ções). Começa no colo vesical e termina na abertura externa no perí-
neo, difere entra mulheres e homens.
Canal Anal MULHERES – é curta e apresenta um trajeto mais curvo ao
Começa na extremidade inferior da ampola reta l no assoalho passar por baixo do assoalho pélvico e penetrar no períneo, onde
pélvico e termina com o anus depois de atravessar o períneo. De- atravessa a membrana perineal e a região perineal profunda an-
pois de atravessar o assoalho pélvico, é cercado pelos esfíncteres tes de se abrir no vestíbulo localizado entre os pequenos lábios da
interno (intrínseco – músculo liso) e externo do anus ( extrínseco genitália externa. A parte inferior da uretra está ligada a superfície
– M . íleococcígeo e M. puborretal) , que mantém fechado o canal. anterior da vagina. Apresenta duas glândulas mucosas parauretrais
Apresenta características que indicam a posição da membrana (paralelas a ela), as glândulas de Skene, que associam-se na porção
anococcígea no feto (fecha o canal anal para não haver defecação). inferior da uretra.
- A parte superior do canal anal é revestida por uma mucosa HOMENS - é longa e faz duas curvas em seu trajeto. Inicia no
que apresenta algum as pregas, chamadas colunas anais, que se colo vesical e passa pela próstata, atravessa a região perineal pro-
unem inferiormente formando as válvulas anais. funda e a membrana perineal e entra na extremidade proximal do
Superiormente a cada válvula est á um a depressão, chamada pênis. Faz a primeira curva para frente ao sair da membrana peri-
seio anal. As válvulas anais formam a linha pectínea que é a locali- neal e adentrar ao pênis e então faz a segunda curva para baixo
zação da antiga membrana anococcígea. quando o pênis está flácido (quando há ereção a segunda curva de-
- A p arte inferior a linha pectínea é chamada de pécten anal saparece). Nos homens a uretra divide-se em:
que termina na linha anocutanea ou linha branca onde o revesti- Pré-prostática – tem cerca de 1 cm e estende-se do colo vesical
mento mucoso se torna pele verdadeira com pelos. até a próstata, onde apresenta o esfíncter interno da uretra, que
composto por músculo liso impede a ida de sêmen para a bexiga
- Sistema Urinário durante a ejaculação.
Formado pelas partes terminais dos ureteres, pela bexiga e Prostática - é a parte cercada pela próstata, apresenta de 3 -
parte proximal da uretra. 4 cm de comprimento. A luz da uretra é marcada por uma prega
na linha média, chamada crista uretral. A depressão a cada lado da
Ureteres crista é o seio uretral, onde os ductos prostáticos desembocam. Na
Penetram na cavidade pélvica anteriormente a bifurcação da parte medial da crista uretral forma-se uma elevação, o colículo se-
artéria ilíaca comum e então continuam ao longo da parede e do minal, que apresenta uma pequena bolsa de fundo cego chamado
assoalho pélvico até unirem -se a base da bexiga. utrículo prostático (acredita-se ser análogo ao útero feminino). A
cada lado do utrículo prostático, mais inferiormente, localizam-se
Bexiga os ductos ejaculatórios do sistema reprodutor masculino. Os tratos
É a víscera mais anterior da parede pélvica. Quando vazia loca- urinario e reprodutor masculino encontram-se na parte prostática
liza-se inteiramente na cavidade pélvica, porém quando tugida ex- da uretra.
pande-se para o abdome. A bexiga vazia tem forma de um tetraedro Membranácea – é estreita e localiza-se posterior a próstata,
ou de uma pirâmide tombada. Possui um ápice dirigido anterior- atravessa a membrana perineal profunda.
mente, uma base posteriormente e duas superfícies ínfero -laterais. Durante este trajeto, tanto em homens quanto em mulheres, é
O ápice se dirige para o topo da sínfise púbica, então o ligamento envolvida pelo esfíncter externo da uretra.
umbilical mediano (resquício fetal) continua a partir daí, ascenden- Uretra esponjosa – é cercada por um tecido erétil (corpo es-
do até o abdome até a cicatriz umbilical. A base recepciona os dois ponjoso) do pênis. Aumenta de volume na base do pênis e forma
ureteres em seus dois lados superiores e possui a uretra inferior- um bulbo, o mesmo acontece na extremidade (cabeça) do pênis
mente que drena a urina, apresenta ainda o chamado trígono, for- onde forma a fossa navicular. As duas glândulas bulbouretrais loca-
mado pela entrada dos dois ureteres e pela uretra, onde apresenta lizam-se na região perineal profunda e abrem-se no bulbo da uretra
uma mucosa lisa diferente de todo o resto rugoso da bexiga. As su- esponjosa na base do pênis.
perfícies ínfero-laterais ficam entre o s músculos levantadores do
anus e o s músculos obturadores internos adjacentes, a superfície Fonte:
superior apresenta uma cúpula quando a bexiga está vazia e um www.todabiologia.com/www.portaleducacao.com.br/www.anato-
abaulamento quando a mesma está cheia. miaonline.com/www.oncoguia.org.br/www.portaleducacao.com.br/

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BIOLOGIA
www.todamateria.com.br/www.kenhub.com//www.anatomiaonline. Bactérias
com/www.mundoeducacao.bol.uol.com.br/www.pt.wikipedia.org/
www.passeidireto.com/www.anatomia-papel-e-caneta.com/www.
planetabiologia.com/ www.drauziovarella.uol.com.br

MICROBIOLOGIA - PRINCIPAIS DOENÇAS CAUSADAS


POR VÍRUS, BACTÉRIAS E PROTOZOÁRIOS

Microbiologia
A microbiologia é o ramo da Biologia que estuda os microrga-
nismos.
Os microrganismos são seres vivos de tamanho pequeno, cujas
dimensões não permitem que sejam observados a olho nu pelo ho-
mem. Assim, eles só podem ser visualizados ao microscópio.
A palavra microbiologia, deriva da combinação das palavras
gregas mikros, “pequeno”, bios e logos “estudo da vida”. Dessa
forma, o estudo da microbiologia abrange a identificação, forma, As bactérias são seres unicelulares e procariontes. Elas fazem
modo de vida, fisiologia e metabolismo dos microrganismos, além parte do Reino Monera.
das suas relações com o meio ambiente e outras espécies.
De modo geral, os microrganismos contribuem na fertilização As bactérias podem ser encontradas em diversos ambientes e
do solo, reciclagem de substâncias e participam de ciclos biogeo- são capazes de suportar condições ambientais inóspitas à maioria
químicos. Ainda podem ser usados na fabricação de produtos como dos seres vivos.
iogurte, vinhos, queijos, vinagres e pães.
Existem ainda os microrganismos patogênicos que causam Mesmo sendo imperceptível, as bactérias desenvolvem impor-
doenças em seres humanos, animais e plantas. tantes funções no ambiente. Elas atuam nos ciclos biogeoquímicos
e na produção de alimentos e medicamentos.
Grupos de microrganismos
Os principais grupos de microrganismos são: vírus, bactérias, Algumas bactérias podem ser patogênicas e causam doenças
protozoários, algas e fungos. como a cólera, difteria, febre tifoide, lepra, meningite, tuberculose.

Vírus Protozoários

Os protozoários são seres eucariontes, unicelulares e heteró-


trofos. Pertencem ao Reino Protista, junto com as algas que são or-
ganismos aquáticos que têm a capacidade de realizar fotossíntese.
Elas podem ser micro ou macroscópicas, eucariontes ou procarion-
Os vírus são organismos microscópicos que não possuem célu- tes.
las. Por isso, são considerados parasitas intracelulares. Os protozoários apresentam variadas formas corporais e ocu-
pam ambientes úmidos ou o interior de outros organismos.
Os vírus só conseguem realizar suas atividades vitais dentro de
outra célula viva. Alguns são parasitas, causadores de doenças. Entre as doen-
Alguns vírus são patogênicos e causam doenças ao homem. ças causadas por protozoários estão: amebíase, giardíase, malária
Alguns exemplos são: gripe, sarampo, febre amarela, meningite, e doença de chagas.
caxumba, hepatite, aids e varíola.
Fungos
Os fungos são seres macroscópicos ou microscópicos, unicelu-
lares ou pluricelulares, eucariontes e heterótrofos. Eles fazem parte
do Reino Fungi.

36
BIOLOGIA
Os fungos possuem diversos tipos de habitat visto que são en- Os parasitos precisam recolher nutrientes para sua alimenta-
contrados no solo, na água, nos vegetais, nos animais, no homem e ção e agem sob diversas formas em seus hospedeiros:
nos detritos em geral. - Ação espoliativa: absorvem sangue e nutrientes dos seus hos-
pedeiros;
Diante do grande número de espécies, cerca de 1,5 milhão, os - Ação enzimática: produzem enzimas que dissolvem partes do
fungos são utilizados para diferentes fins, como na produção de me- corpo dos seus hospedeiros;
dicamentos e até mesmo na produção de queijos. - Ação irritativa: causam irritação no local parasitado;
- Ação mecânica: podem interferir no fluxo alimentar e na ab-
O cogumelo é um tipo de fungo que é muito apreciado na culi- sorção dos alimentos;
nária, sendo fonte de proteínas. - Ação tóxica: produzem substancias que podem ser toxicas
para o hospedeiro;
Alguns fungos podem ser patogênicos. Entre as doenças rela- - Ação traumática: produzem lesões nos tecidos dos hospedei-
cionadas com fungos estão: micoses, sapinho, candidíase e histo- ros;
plasmose. - Anóxia: podem consumir oxigênio presente nas hemoglobinas
e causar anemias.
Áreas de estudo da microbiologia
A microbiologia abrange uma área de estudo ampla, podendo A presença de parasitos e consequentemente de doenças para-
ser fonte de diferentes pesquisas. sitárias, está intimamente relacionada com o meio ambiente.
Os campos de atuação que a microbiologia pode atuar são:
• Microbiologia médica: tem como foco de estudo os micror- A falta de higiene e saneamento básico aumenta gradativa-
ganismos patogênicos. Sua atuação está diretamente ligada ao con- mente a presença de parasitos e de pessoas doentes. Muitas pa-
trole e prevenção de doenças, estando assim relacionada à imuno- rasitoses, como Enterobius vermicularis, podem ser controladas
logia. apenas com ações de higiene coletivas e individuais.
• Microbiologia farmacêutica: tem como objetivo o estudo dos
microrganismos que podem contribuir com a produção de medica- Para evitar as parasitoses, basta inserir no cotidiano algumas
mentos, especialmente antibióticos. medidas básicas como:
• Microbiologia ambiental: tem como foco de estudo as bac- - Ingerir água filtrada ou fervida;
térias e fungos que atuam na decomposição de matéria orgânica - lavar bem frutas e verduras antes de ingeri-las;
e dos elementos químicos da natureza. Está relacionada aos ciclos - evitar andar descalço;
biogeoquímicos. - combater/afastar moscas do ambiente;
• Microbiologia de alimentos: tem como objetivo estudar os - lavar as mãos antes de comer;
microrganismos envolvidos na indústria alimentícia, especialmente - promover saneamento básico nas comunidades.
no controle da produção e industrialização dos alimentos.
• Microbiologia microbiana: tem como foco os processos que Para que ocorram infecções parasitárias é fundamental que
envolvem manipulação genética e molecular dos microrganismos. haja elementos básicos expostos e adaptados às condições do meio.

Parasitologia Os elementos básicos da cadeia de transmissão das infecções


A parasitologia é a ciência que estuda os parasitos, seus hospe- parasitárias são o hospedeiro, o agente infeccioso e o meio ambien-
deiros e as relações entre eles. te. No entanto, em muitos casos, temos a presença de vetores, isto
é, insetos que transportam os agentes infecciosos de um hospedei-
Os parasitos são organismos que vivem em associação com ro parasitado a outro, até então sadio, ou seja, não infectado, como
outros (hospedeiros), retirando destes, os meios para sua sobrevi- podemos citar nos casos da febre amarela, da leishmaniose e outras
vência, processo conhecido como parasitismo. Dentre os parasitos doenças.
temos representantes dos protozoários (ex: Giardia lamblia), nema-
tódeos (ex: Ascaris lumbricoides), trematódeos (ex: Schistosoma São elementos básicos da cadeia de transmissão:
mansoni), cestódeos (ex: Taenia solium), acantocéfalos (ex: Macra- Hospedeiro: Em uma cadeia de transmissão, o hospedeiro
cantorhynchus ingens) e artrópodes (ex: Culex quinquefasciatus). pode ser o homem ou um animal, sempre exposto ao parasito ou
ao vetor transmissor. Na relação parasito-hospedeiro, esse pode
Os parasitos podem ser classificados de acordo com a parte do comportar-se como um portador que não apresenta sintomas ou
corpo do hospedeiro que atacam: como um indivíduo que apresente sintomas, sendo que os dois são
- Ectoparasitos: parasitam a parte exterior do corpo do hospe- capazes de transmitir a doença. O hospedeiro pode ser chamado de
deiro. Ex: pulgas, piolhos; intermediário quando os parasitas nele existentes se reproduzem
- Endoparasitos: parasitam a parte interior do corpo do hospe- de forma assexuada, ou ainda podem ser considerados como defi-
deiro. Ex: lombrigas e solitárias; - Hemoparasitos: parasitos que vi- nitivo, quando os parasitas alojados nele se reproduzem de modo
vem na corrente sanguínea do hospedeiro. Ex. Trypanosoma cruzi. sexuado.

Os hospedeiros podem ser classificados como: Agente infeccioso: É um ser vivo capaz de reconhecer seu hos-
- Hospedeiros definitivos: são aqueles que abrigam a forma pedeiro, penetrar, desenvolver-se, multiplicar-se neste ser vivo e,
adulta do parasito; mais tarde, sair para alcançar novos hospedeiros.
- Hospedeiros intermediários: são aqueles que abrigam a forma Meio ambiente: É o espaço constituído pelos fatores físicos,
larval do parasito; químicos e biológicos, cujo intermédio são influenciados o parasito
- Hospedeiros paratênicos: também chamados de hospedeiros e o hospedeiro.
de transporte, são aqueles que apenas transportam o parasito, não
havendo desenvolvimento do mesmo.

37
BIOLOGIA
Tipos de doenças: Destacam-se as doenças transmissíveis, são Sintomas da malária incluem febre, calafrio, dor nas articu-
causadas somente por seres vivos, chamados de agentes infeccio- lações, vômito, anemia, hemoglobinúria e convulsões. O sintoma
sos ou parasitos. E as doenças não transmissíveis, que podem ter clássico da malária é ocorrência cíclica de frio súbito seguido por
várias causas, tais como deficiências metabólicas, acidentes, trau- tremores de calafrio e então febre e sudorese que duram de 4 a 6
matismos ou ainda ser de origem genética. horas, ocorrendo a cada 2 dias nas infecções pelos protozoários P.
vivax e P. ovale, e a cada 3 dias pelo P. malariae. Infecção de malária
Vírus: Os vírus são considerados partículas ou fragmentos ce- pelo protozoário P. falciparum pode ocasionar febre recorrente a
lulares capazes de se cristalizar até alcançar o novo hospedeiro. Por se- cada 36-48 horas ou febre menos pronunciada e quase contínua.
rem tão pequenos, só podem ser vistos com o auxílio de microscópios Por razões ainda pouco compreendidas, crianças com malária fre-
eletrônicos. São formados apenas pelo material genético, que pode ser qüentemente exibem postura anormal, a qual pode estar relacio-
o DNA ou RNA, e uma membrana proteica. Não dispõem de metabolis- nada a dano cerebral. Malária pode causar problemas cognitivos,
mo próprio e são incapazes de se reproduzir fora de uma célula. Podem principalmente em crianças.
causar doenças no homem, animais e plantas. No Brasil, a grande extensão geográfica da área endêmica e
as condições climáticas favorecem o desenvolvimento dos trans-
Bactérias: São micro-organismos muito pequenos, porém missores e agentes causais da malária pelas espécies de P. vivax, P.
maiores que os vírus, mas visíveis somente ao microscópio. Apre- falciparum e P. malariae (este último com menor freqüência). Espe-
sentam formas variadas e pertencem ao reino Monera, sendo con- cialmente na Amazônia Legal, a transmissão é instável e geralmente
siderados como seres unicelulares, ou seja, procariontes. focal, alcançando picos principalmente após o período chuvoso do
ano. (Brasil-2005)
Embora não tenha sido o primeiro a tentar classificar os seres As principais formas de prevenção são o uso de inseticidas, que
vivos, Linnaeus é considerado o “pai” da taxonomia moderna. Seus matam os insetos adultos, a eliminação dos criadouros de mosqui-
estudos são considerados os pilares da taxonomia botânica e zoo- tos mediante aterros, drenagens, limpeza e desobstrução das mar-
lógica, pois foi o primeiro estudioso a utilizar o sistema binomial de gens de rios e canais e a substituição da irrigação com canais a céu
classificação. aberto por sistemas que utilizem tubos fechados, já que os mosqui-
tos se criam em coleções de água como represas, lagos, lagoas, rios,
Haeckel em 1866 incluiu o reino Protista, para classificar “ani- valas, alagadiços temporários, etc. Como proteção individual reco-
mais” e “vegetais” unicelulares. Haeckel apresentou um esquema menda-se o uso de repelentes, telas nas janelas, mosquiteiro ao re-
que representaria a árvore da vida, classificando os seres vivos em dor da cama e que se evite viajar para áreas onde há alta incidência
três reinos. da doença. Não existe vacina disponível para malária. Atualmente,
uma vacina para a doença vem sendo testada em Moçambique e os
Whittaker em 1969 propôs um novo sistema de classificação, testes iniciais vêm mostrando bons resultados.
em que os seres vivos seriam agrupados em cinco reinos, sendo
separados principalmente pelas características morfológicas e fisio- Bactéria
lógicas, tais como:
Monera: Procariotos; • INFECÇÃO URINÁRIA
Protista: Eucariotos unicelulares, protozoários sem parede ce- A maior percentagem das infecções urinárias é provocada pela
lular e algas com parede celular; bactéria Escherichia coli, proveniente das fezes. São raros os casos
Fungi: Eucariotos aclorofilados; em que a bactéria entra no aparelho urinário através do sangue.
Plantae: Vegetais; Só em doentes com septicemia, diabéticos ou com o sistema imu-
Animalia: Animais. nitário deprimido.A infecção urinária é uma doença provocada
essencialmente por bactérias no aparelho urinário. As bactérias
Doenças Infecciosas podem ser evitadas através do conheci- penetram pelo meato urinário em sentido ascendente e podem ins-
mento. Conheça abaixo algumas doenças transmitidas por bacté- talar-se na uretra (uretrite), bexiga (cistite), próstata (prostatite) ou
rias, vírus, fungos ou protozoários. no rim (pielonefrite). São mais freqüentes nas mulheres devido a
apresentarem a uretra mais curta, o que permite as bactérias atin-
Protozoário girem a bexiga com maior facilidade.
Segundo Lima, as pessoas podem se infectarem quando bacté-
• MALÁRIA rias se multiplicam ao redor da uretra (colonização) para, logo após,
Segundo Araguaia a malária é causada por protozoários do gê- ascenderem através desta, penetrando na bexiga. Elas podem se
nero Plasmodium, como o Plasmodium vivax, Plasmodium falcipa- manter na bexiga ou continuar na subida até o rim. A colonização
rum, Plasmodium malariae e Plasmodium ovale: os dois primeiros de bactérias no trato urinário pode ser facilitada por diversos fa-
ocorrem em nosso país e são mais freqüentes na região amazônica. tores como, por exemplo: obstrução urinária: próstata aumentada,
No homem, os esporozoítos infectantes se direcionam até o estenose de uretra; doenças neurológicas: mielomeningocele, trau-
fígado, dando início a um ciclo que dura, aproximadamente, seis matismo de coluna; corpo estranho: sonda vesical, cálculo urinário.
dias para P. falciparum, oito dias para a P. vivax e 12 a 15 dias para Lima ainda comenta que, geralmente os sintomas estão relaciona-
a P. malariae, reproduzindo-se assexuadamente até rebentarem as dos ao órgão (bexiga, rim) afetado. Quando a bexiga (cistite) ou a
células deste local (no mosquito, a reprodução destes protozoários
próstata (prostatite) estão envolvidas é comum: disúria; polaciúria;
é sexuada). Após esses eventos, espalham-se pela corrente sanguí-
hematúria; febre (na prostatite); micção imperiosa (urgência).
nea e invadem hemácias, até essas terem o mesmo fim, causando
Quando o rim está envolvido, além dos sintomas acima, pode-
anemia no indivíduo.(Araguaia. M.)
rão ocorrer: náuseas, vômitos, mau estado geral; febre; calafrios;
A malária pode ser transmitida acidentalmente por transfusão
dor lombar. Na infecção urinária, a urina poderá se tornar fétida,
de sangue (sangue contaminado com plasmódio), pelo comparti-
opaca ou escura. As infecções urinárias são tratadas com facilidade
lhamento de seringas (em usuários de drogas ilícitas) ou por aciden-
a partir do uso de antibióticos de eficácia comprovada. A duração
te com agulhas e/ou lancetas contaminadas. Há, ainda, a possibili-
dade de transmissão neonatal. (Brasil-2005) do tratamento depende do diagnóstico e da gravidade da infecção.

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BIOLOGIA
Crianças e principalmente mulheres grávidas devem receber cui- de diagnóstico. Naqueles casos em que há necessidade de precisão
dado médico especial. O antibiótico correto depende da avaliação no diagnóstico (excluir doenças mais graves que determinarão in-
médica, portanto não é recomendada automedicação que pode tervenções e/ou tratamentos) dispõe-se de exames de detecção de
acabar atrasando o tratamento correto e ainda resultar em bacté- anticorpos (substâncias que o nosso corpo produz contra o vírus da
rias resistentes. rubéola) no sangue que são bem mais específicos e sensíveis. Não
Os principais cuidados de prevenção a serem tomados são: cui- há tratamento específico antiviral. Poucos pacientes demandam
dados com a higiene pessoal; evitar transportar as bactérias da re- tratamentos sintomáticos, em geral analgésicos comuns controlam
gião anal para a uretra, para isso, as meninas devem ser orientadas as dores articulares e musculares ou febre.
desde cedo a fazer a higiene da frente para trás sempre que usarem Para diminuir a circulação do vírus da rubéola, a vacinação é
o banheiro; lavar as mãos antes e após de utilizar o banheiro; no muito importante, a qual é recomendada de rotina aos 15 meses
banho as mulheres e meninas devem lavar-se sempre na direção da de idade (vacina MMR) e para todos os adultos que ainda não tive-
frente para trás; durante o período menstrual os absorventes de- ram contato com a doença (vacinação de bloqueio). Gestantes não
vem ser trocados várias vezes, pois o sangue menstrual é um meio podem ser vacinadas e as mulheres vacinadas devem evitar a ges-
de proliferação de bactérias; ingerir bastante água, pelo menos de 2 tação até o mês seguinte à vacinação. Isolamento: todas as crianças
litros por dia; não reter a urina por longos períodos, o ideal é urinar e adultos devem ficar afastados de outras pessoas durante o perío-
a cada duas ou três horas; para mulheres que sofrem de infecção do da doença. As gestantes devem fazer controle por exames de
do trato urinário após atividade sexual, recomenda-se ingerir água sangue quando necessário. Para as pessoas hospitalizadas é feito
antes e depois da relação, para que, após o ato, esvaziem a bexiga isolamento até a cura da doença.
o quanto antes . Com este procedimento simples, as bactérias que
podem ter entrado na uretra são expelidas. Fungo

Vírus • CANDIDÍASE
Causada pelo fungo Candida albicans, a candidíase, especial-
• RUBÉOLA mente a candidíase vaginal, é uma das causas mais freqüentes de
Doença infecciosa causada por vírus (classificado como um to- infecção nos genitais. Além do prurido e do ardor, ela também pro-
gavirus do gênero Rubivirus), que acomete crianças e adultos, em- voca dispareunia, ou dor durante o coito, e a eliminação do cor-
bora esteja entre as que os médicos comumente denominam como rimento vaginal em grumos. As lesões podem estender-se pelo
próprias da infância. períneo, região perianal e inguinal. No homem, apresenta-se com
Trata-se de doença comumente benigna que cursa com febre, hiperemia da glande e prepúcio e, eventualmente, por um leve ede-
“rash” (manchas tipo “urticária” na pele) que dura aproximadamen- ma e pequenas lesões puntiformes, avermelhadas e pruriginosas.
te 3 dias e aumento de gânglios linfáticos (linfonodomegalias para Não é uma doença de transmissão exclusivamente sexual. As mu-
os médicos e ínguas para os leigos) embora possa apresentar-se lheres grávidas são bastante propensas a esse tipo de infecção, bem
de forma “subclínica” (quando o paciente praticamente não sente como as mulheres na fase antes do período menstrual. Pacientes
nada). com deficiência do sistema imunológico, como os portadores de
Pode tornar-se potencialmente grave quando acomete mulhe- AIDS, são bastante sensíveis a essas infecções por não conseguirem
res grávidas, pois pode causar mal-formações no feto, sobretudo combater esses germes naturalmente.
quando contamina gestantes no primeiro trimestre. Raramente É considerado um dos mais irritantes corrimentos, se apre-
pode ser causa de inflamação em articulações (artrite) em adultos. sentando bastante espesso, como uma nata de leite (tipo coalho),
Outra designação que os médicos comumente usam para doenças geralmente acompanhado de coceira ou irritação intensa. Essa in-
virais que causam manchas na pele como a rubéola é de viroses fecção é sexualmente transmissível, podendo ser observada even-
exantemáticas (que causam exantema que é a expressão médica tualmente no parceiro sexual, o qual manifesta pequenas manchas
para designar as manchas da pele). vermelhas no seu órgão reprodutor. Em geral, os agentes etiológi-
A transmissão se dá através da inalação de gotículas de secre- cos das DST (doenças sexualmente transmissíveis) têm o trato ge-
ção nasal de pessoas contaminadas que contém o vírus ou via san- nital humano como único reservatório e mal sobrevivem fora do
guínea, no caso do feto, a partir da mãe grávida. Os períodos mais corpo humano.
“contaminantes” ocorrem desde 10 dias antes do “rash” até 15 dias A Candidíase irá afetar os indivíduos de formas diferentes – uns
após o seu surgimento. Crianças nascidas com rubéola, por contá- podem ter distúrbios gastro-intestinais, outros podem ter proble-
gio da mãe grávida (rubéola congênita) podem permanecer fonte mas respiratórios e outros ainda, manifestações dermatológicas.
de contágio por muitos meses. Um problema comum a muitas pessoas, porém, é que muitos pa-
Após o contágio leva-se em média 18 dias até ter o primeiro cientes que sofrem de Candidíase não possuem ácido estomacal su-
sintoma (período de incubação). A apresentação inicial é em geral ficiente para impedir que a Candida volte a aparecer assim que eles
indistinguível de uma gripe comum e dura de 7 a 10 dias com febre, voltam para sua dieta normal.
dores nos músculos e articulações, prostração, dores de cabeça e É importante citar que a cândida albicans compõe a flora vagi-
corrimento nasal transparente até o surgimento das ínguas (linfo- nal, só manifestando-se em forma de doença quando ocorre algum
nodomegalias) e posteriormente o “rash” (manchas na pele), que desequilíbrio de ordem imunológica, falta de higiene ou até mesmo
duram 3 dias e desaparecem sem deixar sequelas, estes dois últi- por via sexual. Em geral a transmissão da candidíase ocorrerá se
mos achados com início na face e no pescoço e disseminação pelo a parceira estiver predisposta a isto, ou seja, se estiver imunolo-
tronco até a periferia. gicamente predisposta e os seus mecanismos de defesa falharem
O diagnóstico clínico (pelo conjunto dos sintomas e achados por alguma razão. É uma doença muito comum nas mulheres e em
ao exame físico feito pelo médico) somente é confiável em vigên- geral é uma doença primária, isto é, surge em decorrência de algum
cia de epidemia, uma vez que os sintomas são comuns a muitas desequilíbrio da flora vaginal normal da própria paciente.
viroses, inclusive a gripe comum, e as manchas de pele também O sistema imunológico é responsável por manter sob controle
são achados de um significativo número de viroses (mononucleose, o crescimento da Candida albicans. Entretanto, se por alguma razão
sarampo, dengue, etc). E é justamente esta a forma mais freqüente o sistema se tornar deprimido, ou também diante do uso prolon-

39
BIOLOGIA
gado de antibióticos, pílulas anticoncepcionais, esteroides como a Bactéria, vírus ou fungos
prednisona, o sistema imunológico já não pode mais controlar o
crescimento desse fungo. Com o crescimento descontrolado, ele • MENINGITE
pode causar uma série de problemas. A meningite é uma inflamação das meninges, incluindo a pia-
O diagnóstico é feito através do exame ginecológico, além de -máter e a membrana-aracnoide, e do líquido cefalorraquidiano
exames de laboratório e do exame citológico da flora vaginal, onde (LCR). Apesar de a causa mais comum ser infecciosa (através de bac-
o material é colhido e analisado microscopicamente. térias, vírus ou mesmo fungos), alguns agentes químicos e mesmo
Como formas de prevenção, aconselha-se usar sabonete neu- células tumorais poderão provocar meningite.
tro, em banhos diários, preferencialmente mais de um banho por As bactérias são sem dúvida os agentes etiológicos mais im-
dia no verão. Usar roupa íntima de algodão, evitando produtos sin- portantes na meningite. Diversas espécies bacterianas têm capa-
téticos, inclusive meia calça, para que a pele possa respirar e a umi- cidade de invadir a barreira hemato-encefálica, sendo que as mais
dade ser diminuída. No contato sexual, usar preservativo. Ainda, importantes são: Estreptococos beta-hemolíticos do grupo B, Hae-
aconselha-se fazer a higiene genital com muito cuidado, evitando o mophilus influenzae, Streptococcus pneumoniae, Neisseria menin-
uso de duchas vaginais. gitidis, Listeria mocytogenes, entre outros.
Experimentos indicam que a septicemia (circulação de bacté-
Bactéria rias no sangue) é o principal mecanismo de infecção das meninges.
O meningococo, os estreptococos e outros agentes podem atraves-
• CLAMÍDIA sar a barreira hemato-encefálica quando estão viáveis na circulação
A clamídia é uma doença infecto-contagiosa que pode atingir sanguínea. As bactérias também podem entrar diretamente pelo
homens e mulheres sexualmente ativos, sendo nas mulheres pode trato respiratório (estreptococos do grupo b) ou por fraturas cra-
se manifestar de forma assintomática. nianas (S. aureus)
O agente transmissor é a bactéria Chlamydia trachomatis. Ela A princípio os sintomas resultam da infecção e a seguir do au-
atinge a uretra e outros órgãos genitais conferindo ardor, dor ao mento na pressão intracraniana causam febre alta, vômitos, cefa-
urinar, aumento do número de micções e, em alguns casos, cor- leia, irritabilidade, confusão, delírio e convulsões, rigidez da nuca,
rimento translúcido, principalmente ao amanhecer. Este pode se ombro ou das costas, aparecimento de petéquias (geralmente nas
apresentar abundante e com pus, em alguns casos mais raros. pernas), podendo evoluir até grandes lesões equimóticas ou pur-
Esta é uma DST (doenças sexualmente transmissível), transmi- púricas.
tida em relações sem o uso de preservativos com parceiro portador. A meningite pode causar inúmeras complicações e sequelas
O período de incubação é de aproximadamente quinze dias entre a neurológicas, como epilepsia, infartos cerebrais e retardo mental
relação sexual e o aparecimento dos sintomas. Durante este perío- em crianças. Por esse motivo o tratamento precisa ser rápido. Fora
do, o portador já pode ser capaz de transmitir a doença. do sistema nervoso a meningite também pode causar complica-
Não há registro de casos de clamídia congênita (transmissão ções. A doença inflamatória pode levar ao choque séptico e distúr-
vertical, da mulher grávida para o feto). Entretanto, mães infectadas bios da coagulação. As bactérias podem também se difundir para
podem contaminar seus filhos no momento do parto, que podem outros locais, causando endocardite e pio artrite. Além disso, há
contrair conjuntivite (oftalmia neonatal) ou mesmo pneumonia. A registros de perda de parte da audição.
clamídia também pode causar partos prematuros. Para diagnosticar a meningite é primordial exame de sangue
Além do que já foi citado, a infecção pode causar também, nas e coleta de LCR, sendo este de maior importância, trata-se de uma
mulheres, dor no baixo ventre, sangramento após a relação sexual, punção lombar onde será retirado o líquido cefalorraquidiano para
câimbra, tontura, vômito, e febre. Nos homens, pode haver infla- detectar qual o tipo de meningite (viral ou bacteriana) se for o caso.
mação das estruturas próximas à uretra, como epidídimos, testícu- O LCR do paciente com meningite bacteriana tende a estar mais
los e próstata. turvo, possivelmente purulento, e com taxa de glicose diminuída
Na ausência de tratamento, indivíduos do sexo masculino po- e contagem celular aumentada. Com a coloração de Gram as bac-
dem ter suas uretras estreitadas. Já os do sexo feminino, gravidez térias podem ser visualizadas no líquido, e geralmente isso é sufi-
nas trompas, parto prematuro e até esterilidade. Ambos correm o ciente para o diagnóstico. Algumas vezes é necessário realizar uma
risco de sofrerem de infertilidade e passam a ter maior probabilida- cultura do material para se encontrar as bactérias.
de de serem infectados pelo vírus da AIDS. Para uma maior eficiência, o tratamento deve ser específico
O diagnóstico consiste na coleta de material por esfregaço na para o agente etiológico envolvido. No caso de meningites virais
uretra ou colo do útero, para que sejam feitos exames de imuno- não há tratamento específico, mas essas tendem a ser infecções
fluorescência direta, a fim de identificar o agente infeccioso. menos graves e auto-limitadas. Para as infecções bacterianas o tra-
Por se tratar de uma doença sexualmente transmissível, o uso tamento deve ser o mais rápido possível, pois a doença pode levar
de camisinha (mesmo em sexo anal ou oral) e higiene pós-coito são a morte ou a sequelas neurológicas graves. Na impossibilidade de
medidas necessárias quanto à prevenção. se conhecer o agente etiológico, o tratamento empírico deve ser
O tratamento consiste no uso de antibióticos e deve envolver feito com uma cefalosporina de terceira geração mais vancomicina.
tanto o paciente quanto seu (s) parceiro (s). A abstinência sexual é Para bactérias conhecidas, o tratamento mais usado é o seguinte:
indicada. Penicilina G, Cefalosporina, Vancomicina, Ampicilina, Ceftriaxona
Pelo fato de haver grandes chances de reinfecção, recomenda- Cloranfenicol.
-se que novos exames sejam feitos entre três e quatro meses após
o término do tratamento.

40
BIOLOGIA

GENÉTICA - LEIS DE MENDEL; ANÁLISE DE HEREDOGRAMAS; HERANÇA DOS GRUPOS SANGUÍNEOS; NOÇÕES DE BIO-
TECNOLOGIA

GENÉTICA

LEIS DE MENDEL

Conceituação: conjunto de princípios que explicam os mecanismos da hereditariedade. Os estudos em torno da transmissão genética
no decorrer das gerações renderam a Gregor Mendel o título de Pai da Genética. 
 
Primeira Lei de Mendel: segundo essa lei (também denominada de Moibridismo e Lei da Segregação dos Fatores), toda característica
é definida por um par d fatores, que são separados durante a formação dos gametas. Cada um dos gametas, um da mãe e outro do pai,
conduz somente um fator (chamado de gene), que, na união, estabelecem a característica do indivíduo que se concebe. Foi a partir do
cruzamento com ervilhas que Mendel chegou a essa conclusão.
- Enunciado: “Cada caráter é determinado por um par de fatores que se separam na formação dos gametas, indo um fator do par
para cada gameta, que é, portanto, puro”. 
- Princípios da Primeira Lei de Mendel: 1) cada uma das características de um indivíduo é determinada por dois fatores (par de
genes); 2) as características são cedidas pelos genes; 3) as características dos indivíduos são hereditárias; 4) para cada característica do
indivíduo, uma é herdada da mãe e outra do pai 

Segunda lei de Mendel: segundo essa Lei (conhecida como Lei da Segregação Independente dos Genes ou Diibridismo), as caracterís-
ticas de cada indivíduo são determinadas de maneira independente umas das outras. Para formular essa Lei, Mendel realizou cruzamento
de plantas com características distintas - ervilhas de sementes rugosas e verdes com ervilhas de sementes lisas e amarelas. 
- Enunciado: “As diferenças de uma característica são herdadas independentemente das diferenças em outras características”. 
Terceira Lei de Mendel: segundo essa lei (Lei da Distribuição independente), os indivíduos híbridos (que apresentam um fator recessi-
vo e um fator dominante), é o fator (gene) dominante é que determina a característica. Nessas circunstâncias, o fator dominante reprime o
recessivo e se apresenta como fenótipo. Essa terceira lei trata-se, de fato, de uma síntese das duas primeiras, sendo, muitas vezes excluída
e abordada, apenas, com finalidades didáticas. 

ANÁLISE DE HEREDOGRAMAS

Conceituação: heredograma é a reprodução gráfica dos indivíduos associados por parentesco. Os principais parâmetros adotados no
desenvolvimento dos heredogramas estão relacionados a seguir:
 

Observe, a seguir, alguns métodos, que não são rigorosos, porém, auxiliam na simplificação da identificação de determinado parâme-
tro hereditário na análise de um heredograma. 

41
BIOLOGIA
Herança autossômica dominante - as substâncias aglutinadoras existentes na área das hemá-
- a característica se sucede de forma igualitária em ambos cias são denominadas aglutinogênios. Estes, por sua vez, são antí-
os sexos  genos e determinam o tipo sanguíneo do indivíduo. 
- os indivíduos afetados, geralmente, são filhos de casais - a incompatibilidade sanguínea é exterminada pela reação
nos quais, um dos cônjuges, pelo menos, é afetado, assim, um ca- antígeno-anticorpo, por meio da provoca a aglutinação. 
sal normal não tem filhos afetados, desde que não haja penetrân-
cia completa ou mutação  TABELA DE COMPATIBILIDADE ENTRE OS TIPOS SANGUÍ-
- a característica se reitera em cada geração NEOS

Herança autossômica recessiva


- ambos os sexos são afetados igualmente 
- ¼ dos irmãos do propósito são afetados 
- os indivíduos afetados são resultado de miscigena-
ções consanguíneas genericamente 
- a característica surge, em geral, somente entre irmãos,
não afetando seus pais parentes ou descendentes   

Herança recessiva ligada ao sexo (ao X)


- o incidente é mais alto no sexo heterogamético (homens)
com relação ao sexo homogamético (mulheres) 
- o caráter é transmitido de um homem afetado, por meio
de cada uma de suas filhas para a metade dos filhos delas 
- o caráter jamais é passado de forma direta de pai para fi-
lho 

Herança dominante ligada ao sexo (ao X)


- os homens afetados não passam o caráter para qualquer NOÇÕES DE BIOTECNOLOGIA 
de seus filhos, mas passam para todas as suas filhas   Definição de Biotecnologia: divisão da Biologia que se utiliza
- as mulheres afetadas, se heterozigotas, passam o caráter de organismos vivos (ou da matéria-prima proveniente deles) para
produzir tecnologia, a partir de processos celulares e biomolecula-
para a metade de seus descendentes, independentemente do sexo 
- as mulheres afetadas, se homozigotas, passam o caráter res e celulares, para desenvolver ou transformar produtos e ofere-
cer soluções para problemas na sociedade. Em outras palavras, é a
pra toda a sua filiação 
tecnologia com base na biologia, é a pesquisa e o desenvolvimento
de organismos modificados geneticamente e sua utilidade para ob-
HERANÇA DOS GRUPOS SANGUÍNEOS
jetivos rentáveis. Ciência dos alimentos, medicina e agricultura são
Conceituação: a espécie humana possui uma variedade de ti-
as áreas de maior adoção da biotecnologia.  
pos sanguíneos, sendo que os mais relevantes são o Sistema ABO
e o Fator Rh. A herança genética de grupos sanguíneos na espécie Principais métodos e produtos desenvolvidos a partir da Bio-
humana decorre dos alelos múltiplos ou polialelia (acontecem sem- logia: fertilização in vitro (FIV), clonagem, transgênicos, antibióticos
pre que os genes possuem duas ou mais formas alélicas; nos apelos e vacinas.  
múltiplos, a partir de três alelos são apresentados para determinar
um caráter populacional).   A importância da Biotecnologia: associada aos ramos da Gené-
Sistema ABO: nessa classificação, o tipo sanguíneo será forma- tica, Biologia Molecular, Microbiologia, Informática e Engenharia, a
do a partir da atuação de três genes, que são IA IB e i. Segundo o biotecnologia é capaz de proporcionar:  
paradigma da herança, os grupos sanguíneos são A, AB, B e O. Para - prevenção de doenças, minimizando agravamentos ou le-
esse sistema, os alelos dos genes são determinantes da falta ou da talidade 
existência de substâncias na região exterior das hemácias.   - diagnóstico precoce de doenças 
O Fator Rh: a operação desse sistema não está relacionada ao - redução de despesas e custos, simplificação e acelera-
Sistema ABO, dependendo, apenas, da liberação de um antígeno mento da produção industrial 
situado na membrana plasmática das hemácias. O Fator Rh, em ge- - desenvolvimento de insumos e plantas com características
ral, é determinado por dois alelos (R e r), sendo que os portadores necessários para intensificar o rendimento e a produção agrícola   
dos alelos RR ou Rr produzem o fator Rh em suas hemácias e são
Rh+; já os portadores de genótipos recessivos (rr) não apresentam Classificação da Biotecnologia 
o fator Rh e são Rh-.  - Biotecnologia branca = processos industriais 
Incompatibilidade Sanguínea: esse evento resulta de uma - Biotecnologia cinza = meio ambiente 
aglutinação (reação imunológica) entre as substâncias dissolutas - Biotecnologia verde = agricultura 
no plasma e as substâncias existentes na membrana plasmática das - Biotecnologia azul = recursos marinhos 
hemácias. - Biotecnologia amarela = produção de alimentos 
- aglutinação (reação imunológica) entre as substâncias dis- - Biotecnologia vermelha = medicina e saúde humana 
solutas no plasma e as substâncias existentes na membrana plas- - Biotecnologia roxa = biossegurança e propriedade intelec-
mática das hemácias.   tual 
- as substâncias aglutinadoras do plasma são denominadas - Biotecnologia dourada = nanobiotecnologia 
aglutininas, que, por sua vez, são anticorpos que reagem com os - Biotecnologia marrom = tratamento do solo 
aglutinogênios e agem na defesa do organismo.  - Biotecnologia preta = armamento biológico 
42
BIOLOGIA
HABITAT E NICHO ECOLÓGICO
EVOLUÇÃO - TEORIA SINTÉTICA DA EVOLUÇÃO; ESPE- O conceito de habitat pode ser definido como o local em que
CIAÇÃO uma espécie habita, o ambiente geográfico no qual um grupo de
animais vive. Cada espécie é adaptada para viver em diferentes lo-
EVOLUÇÃO cais, cada qual segundo suas aptidões e limitações, de modo que
sobrevivam e possam realizar atividades em prol de sua sobrevivên-
TEORIA SINTÉTICA DA EVOLUÇÃO cia, como a alimentação e reprodução.
Origem: na primeira metade do século XX, estudos científicos Quando retiradas de seu habitat ou se veem obrigadas a mi-
começaram a admitir a relação entre a genética e a seleção natural. grarem para outras localidades mais favoráveis, por conta de pro-
Com base nessas duas frentes da Biologia, foi desenvolvida a Teo- blemas ligados ao desmatamento, poluição, escassez de recursos,
ria sintética da evolução, que ficou conhecida também como Teo- entre outros problemas, vê-se o processo de seleção natural, o qual
ria neodarwinista e neodarwinismo. A propósito, uma das lacunas faz com que as espécies se adaptem novamente ou sejam extintos.
da teoria de Darwin era a elucidação para a origem da diversida- Muitas espécies partilham de um mesmo habitat, como por
de. Os principais autores dessa nova teoria foram o paleontólogo exemplo a savana africana, lar para diversas espécies como os ele-
George Simpson, o geneticista Theodosius Dobzhansky, o botânico fantes, os leões e as hienas, o que significa que há interações ecoló-
George Stebbins e o zoólogo Ernst Mayr.   gicas não apenas entre os animais e o ambiente em que vivem, mas
entre outras espécies.
Principais argumentos dessa teoria: A estas interações com o ambiente e os outros seres vivos, cha-
- as mutações, as combinações gênicas e a seleção natural mamos de nicho ecológico, ou seja, é o modo de viver daquela es-
são os principais fatores que levam à evolução  pécie, a forma como se alimenta, se reproduz, seu comportamento
- as combinações gênicas são resultado da segregação in- e hábitos, os recursos que utiliza para sua sobrevivência, suas re-
dependente dos cromossomos e as permutações acontecem no lações com os demais animais (relações de predador, presa e vice-
processo de meiose  -versa). O nicho ecológico é a identificação do papel que os animais
- tanto as permutações quanto as mutações estão associa- exercem dentro de um ecossistema segundo seu modo de vida.
das à variabilidade genética populacional  O nicho ecológico dos leões, por exemplo, tem a ver com a
- permutações e mutações se sucedem de forma imprevisí- competição com outros animais que disputam por alimento e terri-
vel; se ocorrerem por seleção natural, podem ser preservadas como tório, a predação de animais para sua alimentação; eles vivem em
características adaptativas, ou mesmo provocar o fim de determi- bandos e tem hábitos noturnos. O modo de vida dos leões afeta di-
nados indivíduos. Dessa forma, quando positiva (primeiro caso), retamente o ecossistema em que vive, no funcionamento da cadeia
esse modo de seleção possibilitará que determinados indivíduos alimentar especialmente, mas também na forma como as espécies
constituintes de uma população possuam maiores oportunidades interagem e se relacionam umas com as outras e o resultado disso,
de sobrevivência, reproduzindo e originando indivíduos da mesma o consumo, transformação e fluxos de energia presentes em um
forma mais bem amoldados, caso se trate de característica heredi- habitat.
tária.  
RELAÇÕES INTRAESPECÍFICAS E INTERESPECÍFICAS
Seleção natural: consiste na eliminação dos indivíduos que Existem diferentes tipos de interação entre comunidades de se-
apresentam fatores prejudiciais para uma circunstância específica, res vivos em um ecossistema, relações intraespecíficas, ou seja, en-
constituindo-se estes, dessa forma, desprovidos de adaptação ne- tre seres vivos do mesmo grupo ou família de uma mesma espécie,
cessária a ela. Com isso, sendo os ambientes inconstantes e instá- e relações interespecíficas, entre espécies. Estas interações tam-
veis, diversas forças seletivas podem acontecer no espaço interno bém podem ser harmônicas ou desarmônicas. Sendo as harmônicas
de uma população, prevenindo a extinção de alelos que não seriam as interações que trazem benefício para os seres participantes das
preservados, na hipótese de o ambiente ser homogêneo.  relações. Já as desarmônicas são as relações maléficas, ou seja, em
que uma ou outra espécie saem prejudicadas. Tanto as harmônicas
Crossing-over: o cruzamento genético é fator causador da va- quanto as desarmônicas podem ocorrer entre seres da mesma es-
riabilidade genética populacional.  pécie (intraespecíficas) ou de diferentes espécies (interespecíficas).
Confira abaixo os diferentes tipos:
a) Relações ecológicas intraespecíficas
Trata-se das interações homotípicas, relações que ocorrem
ECOLOGIA - HABITAT E NICHO ECOLÓGICO; RELAÇÕES entre os seres de uma mesma espécie, podendo ser relações de
INTRAESPECÍFICAS E INTERESPECÍFICAS; CICLOS BIO- caráter competitivo (negativas ou desarmônicas) ou cooperativo
GEOQUÍMICOS; BIOMAS BRASILEIROS; RELAÇÕES (relações positivas ou harmônicas).
TRÓFICAS: NÍVEIS, CADEIA E TEIAS; PRINCIPAIS TIPOS As relações intraespecíficas harmônicas ocorrem quando se
DE AGRESSÕES AO MEIO AMBIENTE E SUAS SOLU- estabelece uma relação pacífica de cooperação, sem qualquer tipo
ÇÕES de dano ou prejuízo, como é o caso do trabalho das formigas, um
trabalho conjunto em prol do bem comum de sua colônia, ou das
ECOLOGIA sociedades organizadas, como é o caso das abelhas que trabalham
A especialidade da biologia que estuda o meio ambiente e os em conjunto em prol do bem comum.
seres vivos que nele habitam, suas interações e sua distribuição Já as relações intraespecíficas desarmônicas ocorrem quando
por diversos habitats, se chama Ecologia. Este estudo científico visa há competitividade entre os seres da mesma espécie, acarretando
compreender as relações dos seres vivos entre si e com o meio am- danos ou prejuízo aos envolvidos, neste caso eles podem competir
biente, bem como a distribuição destes seres vivos pelos ambientes por espaço, por recursos (alimento, água, luz), por parceiros para
e o seu consumo em termos de alimento e energia, visando enten- reprodução etc.
der as transformações e fluxos de energia presentes nos ecossiste-
mas. Vejamos alguns conceitos da ecologia abaixo:

43
BIOLOGIA
Colônias: relação estabelecida entre seres da mesma espécie Inquilinismo: neste caso também apenas um se beneficia da
fisicamente ligadas entre si, podendo haver ou não divisão de tra- relação, sem prejudicar o outro; uma espécie age como hospedeiro
balho entre os organismos. Os corais são exemplos de colônias, eles e abriga um inquilino, de modo a obter proteção, alimento ou su-
vivem anatomicamente ligados um ao outro de maneira estrutural porte, como é o caso de flores como as bromélias que se instalam
e funcional para sua sobrevivência. ao redor do tronco das árvores para crescer e ganhar sustentação.
Sociedades: relação estabelecida entre seres da mesma espé-
cie em que há divisão de trabalho. O mais conhecido exemplo de CICLOS BIOGEOQUÍMICOS
sociedade é o modo de vida das abelhas, que trabalham de maneira Os ciclos biogeoquímicos dizem respeito ao processo natural
conjunta para a sobrevivência e manutenção da colônia e da abelha de retirada de elementos químicos ou compostos de um habitat
rainha. realizado pelas espécies para sua sobrevivência e todo o ciclo que
ocorre quando estes elementos são devolvidos ao ambiente após
b) Relações ecológicas interespecíficas sua utilização. Deste modo, nada se perde na natureza, mas se
Trata-se das interações heterotípicas, relações que ocorrem en- transforma, ainda que de modo diferente, a matéria, o ar, a água,
tre os seres de diferentes espécies, podendo também ser relações o solo e todos os outros componentes naturais presentes no meio
de caráter competitivo (negativas ou desarmônicas) ou cooperativo ambiente como forma de energia são de algum modo devolvidos ao
(relações positivas ou harmônicas). meio ambiente, o estudo destes processos é chamado de ciclo bio-
As relações interespecíficas desarmônicas acontecem quando geoquímico. Confira a seguir os diferentes tipos de ciclos presentes
duas ou mais espécies disputam por recursos como água, alimento na natureza:
e luz ou por espaço em determinado ambiente, acarretando pre-
juízo ou dano para uma das partes; uma das formas de competiti-
vidade interespecífica é observada nos hábitos alimentares como a
predação, que ocorre quando uma espécie predadora mata a outra
a fim de se alimentar.
Competição: ocorre quando organismos de mesma espécie
competem entre si por recursos escassos entre si e no ambiente,
como alimento, água, território, luminosidade e reprodução. Alguns
exemplos disso são os cães e lobos que costumam marcar território
e até lutar por ele, assim como algumas plantas que, ao buscarem a
luz do sol, tomam todo o espaço disponível.
Canibalismo: ocorre quando uma espécie se alimenta de seres
de sua própria espécie, seja a fim de estabelecer supremacia repro-
dutiva ou a fim de manter uma reserva de nutrientes e proteínas
para o desenvolvimento dos embriões; Canibalismo ocorre entre os
filhotes de tubarão, ainda no ventre materno, quando se alimentam
uns dos outros; também acontece com as fêmeas louva-deus que
devoram seus parceiros durante o ato sexual para garantir os nu-
trientes de seus embriões.
As relações interespecíficas harmônicas ocorrem quando duas
espécies convivem tranquilamente sem qualquer dano ou prejuízo
ambas as partes, justamente o contrário ocorre, as espécies se be- a) Ciclo da água
neficiam da relação estabelecida, como é o caso doa fenômenos de O ciclo da água ocorre por meio da transformação da água em
mutualismo, protocooperação, comensalismo e inquilinismo pre- seus diferentes estados. Inicia-se com a água em fase líquida, en-
sentes em diversas relações entre espécies na natureza. contrada em rios, mares e lagos, passando para a fase do vapor, por
Protocooperação: é uma relação interespecífica que propor- meio da evaporação.
ciona benefícios para organismos de diferentes espécies que con- Em seguida o vapor da água passa pelo processo de condensa-
vivem de forma pacífica e cooperativa, como é o caso do boi e do ção e volta a forma líquida como precipitação (chuva) ou, quando
pássaro anu. Este tipo de pássaro se alimenta dos carrapatos do há o resfriamento do vapor da água, ela é solidificada e retorna ao
boi, uma fonte garantida de alimento para os anus, mas também solo como neve ou granizo.
uma proteção para o boi, que não correrá riscos de adoecer pela Ao chegar no meio terrestre, o solo infiltra a água, levando-a
presença de carrapatos. até os lençóis freaticos, de volta para os rios, lagos e mares. Esta
 Mutualismo: neste caso a associação de duas espécies é es- água presente no ambiente terrestre é consumida pelos animais,
sencial para a sobrevivência de ambas, como no caso do caranguejo os quais também devolvem a água ao meio ambiente por meio dos
paguro, que vive em conchas abandonadas de moluscos. Este tipo processos de respiração, transpiração e excreção.
de concha é comumente conhecido como local sob os quais as anê-
monas se instalam. Enquanto têm acesso à mais fontes de alimento
ao “viajarem” com os caranguejos, as anêmonas afastam predado-
res através das substâncias urticantes que seus tentáculos liberam,
protegendo o morador da concha.
Comensalismo: relação em que apenas uma das duas espécies
se beneficia, sem prejudicar a outra. Neste caso, o comensal usufrui
do alimento rejeitado pela outra espécie. Como a relação entre o
urubu e o jacaré, os restos da presa do jacaré servem de alimento
para o urubu. 

44
BIOLOGIA

b) Ciclo do carbono
O ciclo do carbono ocorre de dois modos: em um ciclo biológico e outro geológico. O ciclo biológico do carbono inicia-se no proces-
so da fotossíntese, o qual se caracteriza pela ação dos seres autótrofos (árvores, plantas etc.) que retiram os nutrientes necessários da
atmosfera, assimilando os compostos carbônicos, tornando-os em matéria orgânica, a qual é consumida pelos seres heterótrofos (vacas,
bois, ovelhas).

Após este processo da cadeia alimentar, o carbono é novamente depositado no ambiente como dióxido de carbono (CO2) através dos
processos de respiração ou decomposição. O aumento go gás carbono na natureza também ocorre devido ao uso descompensado deste
gás pelos seres humanos em suas fábricas, causando desequilíbrio em um sistema feito para equilibrá-lo na natureza
O ciclo geológico do carbono tem a ver com a troca de CO2 que ocorre entre o ar, a água e o solo a fim de se obter equilíbrio deste
composto químico no ecossistema. A presença do carbono na atmosfera, quando dissolvida na chuva, se transforma em H2CO3, uma subs-
tância ácida que, quando em contato com o solo, acarreta a erosão do solo, liberando íons de Ca2+ e HCO3-.
Os íons destes compostos químicos, uma vez que liberados na água do mar contribuem para a formação das conchas que, após sua
decomposição acumulam-se de forma sedimentar, material que migra para regiões de altas temperaturas e, então, são fundidos, como
ocorre nas regiões vulcânicas. Os vulcões, por sua vez, liberam novamente o carbono na atmosfera, completando o ciclo geológico.

45
BIOLOGIA

c) Ciclo do oxigênio
O ciclo do oxigênio tem seu início em seu principal meio de pro- BIOMAS BRASILEIROS
dução, a fotossintese, processo feito pelos seres autotrofos (plantas, Os biomas são um agrupamento de diferentes ecossistemas,
vegetais, algas etc.), estes organismos absorvem o CO2 e, então, libe- tanto vegetais quanto animais, com sua própria diversidade eco-
ram a matéria organica na natureza e, como consequência, o oxigênio. lógica. O Brasil é composto por seis biomas em sua extensão ter-
Este, uma vez presente na atmosfera, servirá como elemento ritorial: Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e
primordial para que os organismos realizem respiração celular. O Pampa. A fauna e flora brasileira contém a maior biodiversidade do
resultado da respiração feita com o gás oxigênio é, em sua etapa planeta, com três vezes mais espécies de plantas, peixes e mamífe-
final, a emissão do gás carbono no ambiente, o que faz com que ros do mundo, maior variedade de espécies de aves da América do
os ciclos do oxigenio e do carbono estejam intrinsecamente ligados Sul e uma vasta gama de diferentes espécies de animais vertebra-
um ao outro. dos, anfíbios e primatas. Confira a seguir uma breve descrição sobre
a fauna e flora de cada um dos biomas brasileiros:

1) Amazônia
A Amazonia é o maior bioma brasileiro em termos de extensão
territorial, corresponde a mais da metade da extensão do país pre-
sente nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Roraima, par-
te de Rondônia, Mato Grosso, Maranhão e Tocantins). Sua riqueza
também pode ser vista na sua biodiversidade.
O clima da floresta amazônica é equatorial, o que significa que
é quente e úmido, com chuvas frequentes, sua vegetação é extensa
e possui grande densidade pois as suas árvores são muito altas de
grande e larga folhagem.
Na Floresta Amazônica, encontram-se mais de animais de 2500
espécies de árvores, 1300 espécies de pássaros e 300 de mamífe-
ros. Há também a presença de diversos animais aquáticos como o
pirarucu, o peixe-boi, diversas espécies de répteis como os jacarés,
crocodilos e tartarugas bem como inúmeras espécies de cobras. Os
animais da região são populares Brasil afora, como o sapo-cururu,
a cobra cascavel, a jararaca, o boto-cor-de-rosa, o bicho-preguiça, o
d) Ciclo do nitrogênio macaco-prego e as mais variadas e coloridas espécies de aves, em
O nitrogênio, além de compor mais de 70% da atmosfera ter- especial as araras, tucanos e papagaios.
restre (N2), é uma substância presente nas moléculas de aminoáci-
dos, componentes contidos nas proteínas, o que significa que faz 2) Cerrado
grande parte da vida dos seres vivos na forma de compostos orgâni- O Cerrado é o segundo maior bioma do país em termos de ex-
cos utilizados em sua alimentação. tensão, percorrendo pelos estados do Maranhão, Distrito Federal,
O ciclo do nitrogênio acontece em três etapas principais: o pro-
Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Tocantins. Ele é conhe-
cesso de fixação, onde o nitrogênio é retirado da atmosfera, quando
cido como a savana brasileira, animais muito simbólicos para a cul-
faíscas elétricas entram em contato com o nitrogêncio, momento
tura brasileira podem ser encontrados neste bioma, como o lobo-
que há a transformação dele em amônia (NH3). Após a fixação bió-
-guará, o tamanduá, o tatu, a raposa, entre outros répteis como as
logia e a devolução da amônia ao solo, há o processo de nitrificação,
cobras e serpentes.
em que o ela é oxidada e convertida em nitritos e nitratos com a
As regiões, marcadas por uma vegetação adaptada a escassez
ajuda da ação de bactérias. Por fim as bactérias retiram o nitrogenio
de nutrientes, garante a sobrevivência de sua fauna por meio de
dos compostos e devolvem-no à atmosfera no processo de desni-
suas árvores de troncos retorcidos e vegetais próprios para o consu-
trificação.

46
BIOLOGIA
mo de sua fauna, como gramíneas e arbustos, entre outros animais As cadeias alimentares explicam quão intrínseca é a relação
que participam do ciclo da cadeia alimentar, como as formigas e entre seres vivos em todo e qualquer ecossistema e a forma como
cupins, alimentos de animais como o tamanduá e o tatu. todos mantêm uma relação de dependência para que as espécies
sobrevivam. É através dos hábitos alimentares das espécies que ob-
3) Caatinga servamos como nutrientes e energia fluem num fluxo contínuo de
A Caatinga percorre pela extensão territorial de estados como inter-relações entre seres vivos. 
Ceará, Bahia, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Existem diferentes níveis tróficos, ou seja, níveis alimentares
Alagoas e Sergipe. A Caatinga, com seu clima semiárido, seu solo de diferentes seres vivos que partilham os mesmos hábitos alimen-
pedregoso e seco, também apresenta grande diversidade de espé- tares em um ecossistema. Confira a seguir as diferentes relações
cies, presente principalmente nas regiões nordeste e uma parte do tróficas e suas classificações divididas em níveis, cadeias e teias.
sudeste do país.
É um bioma fragilizado devido o mal uso de seus recursos 1) NÍVEIS TRÓFICOS
naturais, porém possui uma flora diversificada e contém diversas Os níveis tróficos dizem respeito à classificação de organismos
espécies importantes para o ecossistema do país. A caatinga é lar com hábitos alimentares semelhantes, um agrupamento dos seres
das araras-vermelhas, da preguiça, da onça-parda (ou suçuarana), vivos com base em sua forma de sobrevivência por meio da alimen-
da jaguatirica, do tamanduá-bandeira, do sagui-de-tufo-branco, da tação, esta classificação pode ser dividida em três: seres produto-
ararinha-azul, entre outros animais. res, consumidores e decompositores.

4) Mata Atlântica
A Mata Atlântica é considerada a maior floresta equatorial do
mundo, abrange toda região norte, centro-oeste, sudeste e sul do
país (Espírito Santo, Rio de Janeiro e Santa Catarina; grande parte
do Paraná e parte de mais onze estados). É uma das cinco regiões
do mundo com o maior número de espécies nativas existentes, com
mais de 1000 espécies de aves e pelo menos 200 exclusivas da re-
gião, o grande número de araras, papagaios e tucanos atrai turistas
por todo o mundo, também vivem neste bioma os mamíferos mais
famosos do mundo, a onça-pintada, as jaguatiricas, as mais variadas
espécies de macacos, entre elas o mico-leão dourado.
Seu clima é caracterizado como tropical-úmido, ou seja, apre-
senta altas temperaturas e chuvas recorrentes. A vegetação nesse
bioma é marcada pela presença de árvores de grande e médio-por-
te formando uma floresta densa e fechada.

5) Pantanal
O Pantanal é o bioma de menor extensão territorial do país,
presente nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Apesar
de menos em extensão, é a maior região alagada da América do Sul
e a vida animal usufrui do clima tropical continental, com tempo
chuvoso no verão de altas temperaturas e das extremas secas em a) produtores: organismos que produzem a sua fonte de ali-
outros períodos do ano; este bioma é conhecido por sua grande mento, conhecidos como autótrofos; eles sintetizam seu alimento
quantidade capivaras, piranhas, caranguejos, antas, jacarés, cobras, através de materiais inorgânicos como a luz (fotossíntese) e subs-
garças, emas, entre outros animais típicos da região. tâncias minerais (quimiossíntese), como é o caso das árvores, das
plantas, das algas etc.
6) Pampa b) consumidores: os seres consumidores se alimentam de
O Pampa é o um bioma brasileiro que ocupa apenas o estado outros seres vivos, portanto chamados de heterótrofos, podendo
do Rio Grande do Sul. O bioma do Pampa possui grande concen- estes serem carnívoros, herbívoros ou onívoros; neste caso se esta-
tração de biodiversidade em relação a fauna brasileira, com cerca belece uma hierarquia alimentar que classifica os organismos divi-
de 39% dos mamíferos. Seu clima quente e chuvoso colabora para dindo-os entre consumidores primários, os quais se alimentam de
com a vida vegetal e animal. Sua fauna é composta por aves como organismos produtores, secundários, os quais se alimentam dos pri-
o joão-de-barro, o pica-pau, o beija-flor, o marreco, o lobo-guará, a mários, e, por fim, os terciários, que se alimentam dos secundários.
lontra, o guaxinim, entre outros animais. c) decompositores: estes organismos também são heterótro-
Seu clima subtropical delimita bem o clima das quatro estações fos, porém realizam seu alimento através de um processo de de-
do ano e sua vegetação é permeada por gramíneas, arbustos e ár- composição de organismos mortos, como cadáveres, excrementos
vores de pequeno porte, há também amplas áreas de pastagem que e restos de vegetais, este processo visa extrair a matéria orgânica
auxiliam os animais que pastam e vivem em rebanhos em seus há- necessária para sua alimentação, cujo processo final é a devolução
bitos alimentares, tornando estas espécies muito prolíferas. desta ao meio ambiente, completando ciclos do ecossistema; as
bactérias e fungos são exemplos de organismos decompositores.
RELAÇÕES TRÓFICAS: NÍVEIS, CADEIA E TEIAS
As relações entre seres vivos estabelecidas segundo seus hábi- 2) CADEIA ALIMENTAR
tos alimentares ou sua nutrição são chamadas de relações tróficas, As cadeias alimentares são relações entre os seres vivos repre-
as quais servem para classificar organismos em diferentes níveis sentadas por ciclos em cadeias, uma análise dos organismos basea-
tróficos e explicar o funcionamento de cadeias e teias alimentares da nas relações que seus hábitos alimentares estabelecem entre
de acordo com as relações que se os interligam em um ecossistema. eles, tornando possível a observação direta da interação dos seres

47
BIOLOGIA
vivos e o ecossistema. A cadeia alimentar segue um fluxo unidire- PRINCIPAIS TIPOS DE AGRESSÕES AO MEIO AMBIENTE E SUAS
cional, ou seja, se apresenta em apenas uma direção que estabele- SOLUÇÕES.
ce a relação entre os organismos segundo a alimentação. Agressões ao meio ambiente dizem respeito a toda ação hu-
mana que de algum modo pé maléfica ao meio ambiente e seus
ecossistemas, acarretando perdas e até extinção da vida animal,
modificando o clima, poluindo e transformando os padrões naturais
da hidrosfera, da litosfera e da atmosfera.
Os tipos de agressões ao meio ambiente podem ocorrer por
meio de diferentes tipos de poluição, bem como desmatamento
de áreas verdes, pesca e predação de animais, uso inadequado dos
recursos naturais e alterações nos ecossistemas. Confira a seguir al-
guns exemplos:
Observe a relação em cadeia apresentada acima. Um organis-
mo produtor, a planta, que produz seu próprio alimento pela fo- Poluição
tossíntese, será o alimento de um consumidor primário, como o Um dos fatores de agressão ao meio ambiente é a poluição,
gafanhoto, que, por sua vez, será o alimento de um consumidor ela pode ocorrer em diversos ambiente. Confira: Poluição de rios,
secundário, o sapo, que, por fim, será o alimento de um consumi- lagos e oceanos que ocorrem devido uso de compostos químicos
dor terciário, o gavião. Há também a última fase, que ocorre após a poluentes, sejam eles domésticos ou industriais; poluição atmosfé-
morte do gavião, seu cadáver poderá servir de alimento a bactérias rica causada primordialmente pela combustão fóssil; e poluição da
e fungos, organismos decompositores, os quais depositam matéria litosfera com o uso de produtos químicos usados por indústrias e
orgânica de volta ao solo, esta servirá de adubo para o crescimento propriedades rurais, como o uso de pesticidas.
das plantas, de modo a continuar o ciclo da cadeia.
Desmatamento e uso inadequado dos recursos naturais
Práticas prejudiciais ao meio ambiente incluem o desmatamen-
to de áreas verdes protegidas ou não pela legislação, para plantio
de gramíneas e outros tipos vegetação não comuns ao ambiente
para consumo de gado, há também a ocupação irregular de áreas
de proteção ambiental, prejudicando os habitats da fauna e da flora,
bem como o solo, quando há uso inadequado, o que leva à erosão
e deslizamentos perigosos; a modificação intencional de ecossiste-
mas, como desvios de rios e nascentes, pode também prejudicar a
natureza e até provocar a extinção de recursos naturais.

Caça e pesca ilegais


Algumas áreas são próprias para a pesca e, em alguns países,
para a caça de animais também. No entanto, muitas dessas práti-
cas são ilegais quando feitas descontroladamente, sem supervisão,
ameaçando a fauna e levando muitas espécies em perigo de extin-
ção ao fim definitivo. O desaparecimento de uma espécie por conta
da interferência humana tem impacto em ecossistemas inteiros,
prejudicando as relações naturais entre os seres vivos e o meio-am-
biente, causando desequilíbrio na natureza.

Soluções
- Melhoria na eficácia da fiscalização de práticas ambientais
criminosas
- Aumento da pena ou punição aos agressores do meio-am-
biente
- Instauração por lei de zonas de proteção ambiental
2) TEIAS ALIMENTARES - Conscientização da sociedade, por meio de campanhas am-
Apesar de as cadeias alimentares facilitarem a nossa com- bientais governamentais
preensão dos tipos de relações que os seres vivos estabelecem - Criação de projetos ligados ao uso consciente dos recursos
entre si com base em seus hábitos alimentares, elas são simplistas naturais
demais e apenas um resumo do que, na realidade, é um sistema - Implantação do uso de energia limpas (eólica e solar)
muito mais complexo, tendo em vista as inúmeras possibilidades - Incentivo à reciclagem de lixo (doméstico e industrial)
alimentares entre espécies. Os animais possuem diversas fontes de - Tratamento adequado de esgoto, água e resíduos químicos e
alimento e muitas vezes competem entre si por eles, estabelecen- orgânicos
do infinitas possibilidades de combinação de relações tróficas. Para
representar esta complexa relação, usa-se a teia alimentar, que tem
a função de melhor ilustrar estas variadas formas de relações em
diversos níveis.

48
BIOLOGIA
6. Muitas pessoas não sabem diferenciar corretamente o que
EXERCÍCIOS é um ser vivo de um ser não vivo, entretanto, os organismos vivos
apresentam características marcantes que permitem essa diferen-
1. As células são estruturas conhecidas como unidades estru- ciação. Uma dessas características é a capacidade de responder a
turais e funcionais dos organismos vivos. Elas são formadas basica- estímulos, uma capacidade denominada de:
mente por substâncias orgânicas e inorgânicas. São consideradas (A) irritabilidade.
substâncias inorgânicas: (B) flexibilidade.
(A) lipídios e proteínas. (C) complexidade.
(B) proteínas e água. (D) reação.
(C) sais minerais e vitaminas. (E) metabolismo.
(D) água e sais minerais
(E) lipídios e carboidratos. 7. É comum dizer que todos os organismos são formados por
células, estruturas conhecidas como a unidade funcional e estrutu-
2. Muitas pessoas pensam que os lipídios trazem apenas ma- ral dos seres vivos. Alguns organismos, no entanto, são acelulares
lefícios à saúde e que podem ser facilmente excluídos da nossa ali- e, por isso, alguns autores não os consideram vivos. Entre os seres
mentação. Entretanto, essa substância orgânica é essencial para o listados abaixo, qual é o único que não possui células em sua cons-
organismo. Nas células, os lipídios: tituição?
(A) fazem parte da composição das membranas celulares. (A) bactérias.
(B) são a única fonte de energia. (B) fungos.
(C) estão relacionados principalmente com a função estrutural. (C) protozoários.
(D) atuam na formação da parede celular. (D) vírus.
(E) são as moléculas formadoras de grande parte das enzimas. (E) animais.

3. Os carboidratos são substâncias orgânicas que atuam, princi- 8. Para um organismo ser considerado vivo, algumas caracterís-
palmente, fornecendo energia para a célula. O amido, por exemplo, ticas devem estar presentes. Analise as alternativas a seguir e mar-
é um carboidrato de origem vegetal amplamente disponível na na- que o único atributo que não é encontrado em todos os seres vivos.
tureza e também bastante consumido. Estima-se que cerca de 80% (A) Hereditariedade.
das calorias que consumimos sejam oriundas desse carboidrato. A (B) Capacidade de responder a estímulos.
respeito do amido, marque a alternativa que indica corretamente (C) Corpo formado por várias células.
sua classificação dentro do grupo dos carboidratos. (D) Capacidade de evoluir.
(A) Monossacarídeos. (E) Metabolismo.
(B) Dissacarídeos.
(C) Oligossacarídeos. 9. Todos os organismos vivos estão sujeitos a processos evolu-
(D) Polissacarídeos. tivos. Algumas características, por exemplo, surgem e são passadas
(E) Trissacarídeos. para os descendentes e outras são eliminadas da população por
meio de um processo denominado de:
4. (UEMS) O corpo humano é constituído basicamente de água, (A) recombinação gênica.
sais minerais e macromoléculas como carboidratos, proteínas e lipí- (B) seleção natural.
dios. Entre as afirmativas abaixo, assinale a que não está relaciona- (C) mimetismo.
da com as propriedades das proteínas: (D) mutação.
(A) Colágeno, queratina e actina são exemplos de proteínas (E) migração.
com função de constituição e estruturação da matéria viva.
(B) São constituídas por vários aminoácidos unidos por ligações 10. (FaZU) Na divisão dos seres vivos em cinco reinos, qual de-
peptídicas. les é o mais inferior por conter organismos dotados de organização
(C) Quando submetidas a elevadas temperaturas, sofrem o pro- mais simples?
cesso de desnaturação. (A) Monera
(D) Fornecem energia para as células e constituem os hormô- (B) Protista
nios esteroides. (C) Fungi
(E) São catalisadores de reações químicas e participam do pro- (D) Metaphyta
cesso de defesa como anticorpos contra antígenos específicos. (E) Metazoa

5. (UECE) A farinha de mandioca, muito usada no cardápio do 11. Atualmente costumamos classificar os seres vivos em sete
sertanejo nordestino, é um alimento rico em energia. Entretanto, é categorias taxonômicas principais. Marque a alternativa que indi-
pobre em componentes plásticos da alimentação. Quando nos re- ca corretamente essas categorias na ordem da categoria de maior
ferimos ao componente energético, estamos falando daquela subs- abrangência para a mais restrita.
tância que é a reserva energética nos vegetais. Quanto aos com- (A) Reino – classe – filo – ordem – gênero – família – espécie.
ponentes plásticos, lembramo-nos das substâncias químicas que (B) Reino – filo – ordem – classe – família – gênero – espécie.
participam da construção do corpo. Tais componentes, energéticos (C) Reino – filo – classe – família – ordem – gênero – espécie.
e plásticos, são, respectivamente: (D) Reino – filo – classe – ordem – família – gênero – espécie.
(A) glicogênio e proteína (E) Reino – filo – classe – ordem – família – espécie – gênero.
(B) vitamina e amido
(C) amido e proteína
(D) vitamina e glicogênio

49
BIOLOGIA
12. A ordem Carnívora inclui espécies tais como cães e ursos. 18. As células bacterianas normalmente se reproduzem dupli-
Para pertencer à mesma ordem, essas espécies também devem cando seu material genético e dividindo-se em duas células-filhas.
pertencer: Esse processo é relativamente rápido, ocorrendo, em algumas
(A) à mesma família. espécies, em apenas 20 minutos.
(B) ao mesmo gênero. O processo descrito acima é conhecido como:
(C) à mesma espécie. (A) brotamento.
(D) à mesma classe. (B) fragmentação.
(C) gemiparidade.
13. Um grupo formado por diferentes ordens com característi- (D) partenogênese.
cas semelhantes é chamado de: (E) divisão binária.
(A) reino.
(B) filo. 19. Algumas espécies de lagarto possuem a incrível capacidade de
(C) classe. se reproduzir sem que haja a participação do macho, ou seja, por meio
(D) família de um processo assexuado. Nesse processo, ocorre a transformação
(E) gênero. dos óvulos em embriões sem a necessidade de uma célula masculina.
Marque a alternativa que indica o nome correto desse tipo de
14. (PUC-RJ) Um entomólogo estudando a fauna de insetos da reprodução:
Mata Atlântica encontrou uma espécie cujos caracteres não se en- (A) fragmentação.
caixavam naqueles característicos dos gêneros de sua família. Isso (B) esporulação.
levará o cientista a criar: (C) brotamento
(A) uma nova família com um novo gênero. (D) divisão binária.
(B) somente uma nova espécie. (E) partenogênese.
(C) um novo gênero com uma nova espécie.
(D) uma subespécie. 20. (PUC-CAMPINAS) Ao queimar o bagaço da cana para obter
energia, o homem está desempenhando um papel comparável ao
(D) uma nova ordem com uma nova família.
nível trófico dos:
(A) Produtores primários
15. (FCC-SP) A diferença fundamental entre reprodução asse-
(B) Desnitrificantes
xuada e sexuada é que a reprodução assexuada:
(C) Decompositores
(A) exige apenas um indivíduo para se cumprir, e a sexuada exi-
(D) Predadores
ge dois.
(E) Parasitas
(B) não cria variabilidade genética, e a sexuada pode criar.
(C) só ocorre entre vegetais, e a sexuada entre vegetais e ani-
mais.
(D) dá origem a vários indivíduos de uma só vez, e a sexuada a GABARITO
um indivíduo apenas.
(E) só ocorre entre espécies em que não existam dois sexos, e
a sexuada ocorre nos seres em que há diferenciação dos dois 1 D
sexos. 2 A

16. Algumas espécies, como as hidras, formam um broto que 3 D


se desprende e desenvolve vida independente. Esse processo de 4 D
reprodução assexuada é conhecido como:
5 C
(A) fragmentação.
(B) esporulação. 6 A
(C) gemiparidade. 7 D
(D) divisão binária.
(E) partenogênese. 8 C
9 B
17. As planárias são pequenos platelmintos que se destacam
pela sua grande capacidade de regeneração. Se cortamos uma 10 A
planária ao meio, dividindo-a em duas partes, ela é capaz de dar 11 D
origem a dois indivíduos. Esse tipo de reprodução assexuada é co- 12 D
nhecido como:
(A) fragmentação. 13 C
(B) brotamento. 14 C
(C) gemiparidade.
(D) divisão binária. 15 B
(E) partenogênese. 16 C
17 A
18 E
19 E
20 C

50
FÍSICA
1. Potência de dez - Ordem de grandeza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Algarismos significativos - precisão de uma medida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
3. Mecânica: Grandezas escalares e vetoriais - operações elementares. Velocidade média. Movimento retilíneo uniforme. Aceleração -
Movimento retilíneo uniformemente variado - Movimentos Circular uniforme . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
4. Composição de forças - 1ª lei de Newton - equilíbrio de uma partícula - peso de um corpo - força de atrito. Composição de velocidade
- independência de movimentos - Movimento de um projétil. Equilíbrio dos fluídos - Densidade - Pressão - Pressão atmosférica - Prin-
cípio de Arquimedes. Força e aceleração - Massa - 2ª lei de Newton. Forças de ação e reação - 3ª lei de Newton. Trabalho de uma força
constante - Potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
5. Energia cinética. Energia potencial gravitacional e elástica - conservação da energia mecânica. Impulso e quantidade de movimento
linear de uma partícula (conservação); Gravitação - Leis de Kepler e Lei de Newton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
6. Termodinâmica: Temperatura - Escalas termométricas - Dilatação (sólido/líquido). Quantidade de calor sensível e latente. Gases ideais
– Transformações isotérmica, isobárica, isovolumétrica e adiabática. Equivalente mecânico da caloria - calor específico – capacidade
térmica – energia interna. 1ª Lei da termodinâmica. Mudanças de fase. 2ª Lei da termodinâmica - transformação de energia térmica
em outras formas de energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
7. Vibrações E Ondas: Movimento harmônico simples. Ondas elásticas: propagação - superposição - reflexão e refração - noções sobre a
interferência, difração e ressonância. Som . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
8. Ótica: Propagação e reflexão da luz - espelhos planos e esféricos de pequena abertura; Refração da luz - dispersão e espectros - lentes
esféricas, delgadas e instrumentos óticos; Ondas luminosas - reflexão e refração da luz sob o ponto de vista ondulatório - interferência
e difração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
9. Eletricidade: Carga elétrica - Lei de Coulomb. Campo elétrico - campo de cargas pontuais - movimento de uma carga em um campo
uniforme. Corrente elétrica, diferença de potencial, resistência elétrica. Lei de Ohm - Efeito Joule. Associação de resistências em série
e em paralelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
10. Geradores de corrente contínua: força eletromotriz e resistência interna - circuitos elétricos – série, paralelo e misto; Experiência de
Oersted - Campo magnético de uma carga em movimento - indução magnética. Força exercida por um campo magnético sobre uma
carga elétrica e sobre condutor retilíneo. Força eletromotriz induzida - Lei de Faraday - Lei de Lenz - Ondas eletromagnéticas . . 101
11. Física Moderna: Quantização de energia - efeito fotoelétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
12. A estrutura do átomo: experiência de espalhamento de Rutherford - espectros atômicos; O núcleo atômico - Radioatividade - Reações
nucleares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
FÍSICA
Deslocamento escalar (ΔS)
POTÊNCIA DE DEZ – ORDEM DE GRANDEZA Considerando um móvel qualquer em movimento em relação
a um referencial inercial, por definição, seu deslocamento escalar
Os conceitos de movimento e repouso não são absolutos, mas (ΔS), num intervalo de tempo Δt = t2 – t1, é dado pela diferença en-
sim relativos, já que dependem do referencial adotado. Um corpo tre as posições nesses respectivos intervalos de tempo. Chamando
estará em repouso quando sua posição não se alterar em relação a posição inicial e final, respectivamente, de s0 e s, teremos:
a um referencial com o decorrer do tempo. Case ocorra alteração,
dizemos que o corpo está em movimento.
A partir da escolha do referencial, a descrição do movimento
dos corpos que participam do fenômeno passa a ser feita em rela-
ção a este referencial e só em relação a ele. Isso é muito importan-
te, pois, se não obedecido, pode levar seus cálculos a conclusões Distância percorrida (d)
erradas. Não podemos confundir o conceito de deslocamento escalar
(ΔS) com o conceito de distância percorrida (em geral, representada
Classificação do referencial pela letra “d”). Distância percorrida é uma grandeza de utilidade
- Um referencial inercial é todo aquele que torna válida a lei da prática que informa quanto a partícula efetivamente percorreu en-
inércia, ou seja, é qualquer sistema de referência que permanece tre dois instantes, devendo ser calculada sempre em módulo, por
em repouso ou em movimento retilíneo uniforme. tanto. Para entender a diferença, considere a figura a seguir:
- Um referencial não inercial é todo aquele que apresenta ace-
leração em relação a um referencial inercial. Por esse motivo, os re-
ferenciais não inerciais são também conhecidos como referenciais
acelerados.

Trajetória
A trajetória de um móvel corresponde à linha imaginária obti- Observe que, por exemplo, a posição de um móvel que passa
da ao serem ligadas as posições ocupadas pelo móvel em instantes pelo ponto A é s = + 90 km. Isso acontece porque o ponto A dista
sucessivos durante seu movimento. 90 km da origem adotada e está no sentido positivo do referencial
adotado (para a direita).
Matematicamente, podemos dizer que a distância percorrida
pode ser obtida através das somas dos deslocamentos escalares
parciais.

Se um problema perguntar qual a distância percorrida por um


móvel, deve-se seguir o seguinte passo a passo:
I.Encontrar os instantes em que o móvel troca o sentido do mo-
vimento. Para isso, basta descobrir os pontos em que a velocidade
Trajetória de uma bola feita em um trem em movimento, ob- é igual a zero.
servada de uma pessoa parada do lado de fora II.Calcular os deslocamentos parciais em cada um dos interva-
A forma dessa linha imaginária (trajetória) depende do referen- los de tempo limitados pelos instantes encontrados (assim, você
cial adotado para sua observação. Por tanto, referenciais diferentes garante que está olhando para um deslocamento em um único sen-
podem observar trajetórias diferentes. tido).
III.Somar os módulos dos deslocamentos encontrados.
Posição, deslocamento e distância per corrida
Unidade no SI: metro; abreviação: m Velocidade escalar média
Outras unidades comuns: centímetro (cm), milímetro (mm), Unidade no SI: metro/segundo; abreviação: m/s
quilômetro (km) Outras unidades comuns: cm/s, mm/s, quilômetro por hora
(km/h)
Posição escalar (s)
Por definição, posição é o número associado ao ponto da traje- Conceitualmente, a velocidade escalar de um corpo mede a ra-
tória ocupado por um móvel em determinado instante, de acordo pidez com que esse corpo muda de posição. Embora a velocidade
com algum referencial. No caso da cinemática escalar, utilizaremos seja uma grandeza vetorial (precisa de módulo, direção e sentido
como referencial uma reta orientada e como origem das posições para ser compreendida), por enquanto, iremos abordar seu com-
um ponto qualquer dessa mesma reta (em geral, associa-se a letra portamento escalar, ou seja, vamos nos preocupar somente com o
“O” para a origem). seu módulo. Aqui veremos basicamente trajetórias retilíneas.
A velocidade escalar média de um corpo em um trecho de um
percurso é a razão entre seu deslocamento escalar nesse intervalo
de tempo e o respectivo intervalo de tempo.

1
FÍSICA
Atenção: A velocidade média não é a média das velocidades!!! Aceleração escalar média
Unidade no SI: metro/(segundo)2; abreviação: m/s2
Conversão de unidades Outras unidades comuns: km/h2
No S.I. a unidade de velocidade é o m/s, muito embora a unida- Conceitualmente, a aceleração escalar de um corpo mede a
de mais utilizada seja o km/h. Para convertermos os valores dados rapidez com que o valor da velocidade muda, independentemente
de um sistema de unidadespara outro, deve-se partir da unidade dessa velocidade aumentar ou diminuir. Por definição, a aceleração
original e substituir as unidades originais pelas unidades a que se escalar média de um corpo em um dado trecho de um percurso é
quer chegar: a razão entre a variação de velocidade escalar nesse intervalo e o
respectivo intervalo de tempo.

A unidade no SI da aceleração escalar média é m/s2. Assim sen-


do, dizer que um corpo possui uma aceleração de 3 m/s2, por exem-
plo, significa dizer que sua velocidade aumenta 3 m/s a cada segun-
do. Vale destacar que, embora seja a unidade mais usada o m/s2, ela
não é a única. Qualquer unidade de variação de velocidade sobre
Velocidade escalar instantânea qualquer unidade de tempo nos dará uma unidade de aceleração.
Unidade no SI: metro/segundo; abreviação: m/s
Outras unidades comuns: cm/s, mm/s, quilômetro por hora Aceleração escalar instantânea
(km/h) Unidade no SI: metro/(segundo)2; abreviação: m/s2
Outras unidades comuns: km/h2
Conceitualmente, velocidade instantânea é a velocidade em Para obtermos a aceleração de um móvel em um instante es-
um instante especifico do movimento. Como a velocidade é a ra- pecífico, devemos calcular a aceleração instantânea. Seguindo a
zão entre o deslocamento e o intervalo de tempo, temos que, se mesma ideia de velocidade instantânea, podemos dizer que a ace-
calcularmos a velocidade média para intervalos de tempo cada vez leração instantânea é a aceleração de em um móvel em um ponto
menores, (intervalos muito próximos de zero), tenderemos a chegar específico da trajetória
à velocidade naquele exato momento. Matematicamente, a aceleração instantânea é o limite da ace-
leração média quando o intervalo de tempo tende a zero. Em outras
Resumindo: a velocidade instantânea de um móvel pode ser palavras, é a derivada de primeira ordem da velocidade em relação
obtida calculando o coeficiente angular da reta tangente ao ponto ao tempo (ou a derivada de segunda ordem da posição em relação
considerado em um gráfico s × t. ao tempo) ou a taxa de variação da velocidade em relação ao tem-
po.
Portanto:
I.Quanto mais inclinado for o gráfico, maior o módulo da velo-
cidade instantânea naquele ponto. Quanto menos inclinado, menor
o módulo da velocidade.
II.Se a reta tangente for horizontal (vértices), a inclinação é zero
e, por tanto, a velocidade é zero. O móvel troca de sentido. Ma-
tematicamente, a velocidade instantânea é o limite da velocidade ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS - PRECISÃO DE UMA
média quando o intervalo de tempo tende a zero (o conceito expli- MEDIDA
cado acima é exatamente o conceito de derivada). Ou, em outras
palavras, é a derivada de primeira ordem da posição em relação ao
tempo ou a taxa de variação da posição em relação ao tempo. ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS
Não é possível saber o valor exato de uma medida, tendo sem-
pre um erro relacionado a ela, e é por isso que algarismos significa-
tivos são tão importantes. Quando utilizamos algarismos significati-
vos, o último dígito é sempre um valor incerto.

O que são algarismos significativos?


Algarismos significativos são responsáveis para dar exatidão a
um número. São os dígitos que temos certeza que assumem esse
valor em uma medida.
Um exemplo simples é o número 3,1, que possui dois algaris-
mos significativos, e quando o representamos dessa forma, não te-
mos certeza da próxima casa decimal - ou seja, ela pode vir a apre-
sentar qualquer valor.
Outro exemplo é o número 3,10, sendo o mesmo número do
exemplo anterior, mas possui três algarismos significativos, logo, na
segunda casa decimal temos certeza que esse número é zero.

2
FÍSICA
Notação científica Como, entre os dois números, o que possui a menor quantida-
É fácil saber a quantidade de algarismos significativos de um de de algarismos significativos é 1,3, com dois algarismos significa-
número quando o mesmo está em notação científica. tivos, o resultado também precisa ter dois, ou seja, aproximamos
para 1,5.
Notação científica tem o seguinte formato: A mesma regra deve ser aplicada na subtração.

Multiplicação e divisão
Quando multiplicamos utilizando algarismos significativos, o
resultado da multiplicação deve ter a mesma quantidade de algaris-
mos significativos que o número com menor quantidade de algaris-
Sendo: mos significativos antes da operação.
• m um número maior ou igual a 1, e menor que 10 (1 ≤ x < 10). Um exemplo é quando multiplicamos 2,3 por 1,36:
• n um número inteiro positivo ou negativo. 2,3 x 1,36 = 3,128

Para achar o valor da ordem de grandeza de um número é mui- Como, entre os dois números, o que possui menor quantidade
to importante que ele esteja em notação científica, e que respeite de algarismos significativos é 2,3, com dois algarismos significativos,
a regra de que o número m seja maior ou igual a 1 e sempre menor o resultado também precisa ter dois, ou seja, aproximamos para
que 10. 3,1.
Caso n seja positivo, esse número vai ser maior que 1, e terá o A mesma regra deve ser aplicada na divisão.
número de zeros referente ao valor de n.
Caso n seja negativo, esse número vai estar entre 0 e 1, e terá o Fórmulas
número de zeros depois da vírgula referente ao valor de n.

Algarismos significativos em notação científica


Todos os dígitos de um número que está em notação científica
são algarismos significativos, com exceção da potência de 10. Fonte: https://querobolsa.com.br/enem/fisica/algarismos-significati-
No formato de notação científica em potência de 10, o número vos
de dígitos do número que a letra m representará vai ser o número
de algarismos significativos. Um exemplo é o número 3,45.106, que DESVIOS E ERROS
possui 3 algarismos significativos, pois 3,45 possui 3 dígitos. A nomenclatura sobre metrologia e as regras básicas sobre in-
certeza foram discutidas nos últimos anos por grupos de trabalho
Algarismo duvidoso constituídos de especialistas indicados por diversas organizações
Nenhuma medida é exata, portanto, em todas as medidas, va- internacionais (BIPM, ISO, IUPAC, IUPAP, IEC, OIML) e foram publi-
mos ter um algarismo duvidoso. O algarismo duvidoso será sempre cadas em dois importantes textos:Guide to the Expression of Un-
o último algarismo significativo. Por exemplo, em 0,23, que possui certainty in Measurements e International Vocabulary of Basic and
dois algarismos significativos, e o dígito 3 é o algarismo duvidoso. General Terms in Metrology. Esta última publicação foi traduzida
pela INMETRO em 1994.
Regras para identificar um algarismo significativo Com a finalidade de tornar a exposição mais clara, e em con-
Abaixo, seguem algumas regras que facilitam identificar quais e formidade com a Legislação Brasileira, serão apresentadas as defi-
quantos dígitos de um número são algarismos significativos: nições e alguns comentários sobre termos mais usuais em Teoria
• Sempre os números de 1 a 9 serão algarismos significativos. dos Erros.
• Zeros à esquerda de um número não são algarismos significa-
tivos. Por exemplo: 0012 tem 2 algarismos significativos, ou 0,0001 DEFINIÇÕES
tem apenas um algarismo significativo. • Medição:Conjunto de operações que têm por objetivo deter-
• Zeros à direita de um número são algarismos significativos. minar o valor de uma grandeza.
Por exemplo 3,10, que possui 3 algarismos significativos. • Valor Verdadeiro:Valor consistente com a definição de uma
• Zeros que aparecem entre o número também são algarismos dada grandeza específica
significativos. Por exemplo 104, que possui 3 algarismos significa-
tivos. O valor verdadeiro de uma grandeza é o valor que seria obti-
do de uma medição perfeita e a determinação do mesmo pode ser
Operações com algarismos significativos entendida como o objetivo final da medição. Entretanto, deve ser
Abaixo, temos as quatro operações básicas (soma, subtração, observado que o valor verdadeiro é por natureza, indeterminado
multiplicação e divisão) para algarismos significativos. • Resultado de uma medição:Valor atribuído ao mensurando,
obtido por medição.
Soma e subtração • Mensurando:Grandeza específica submetida à medição.
Para somar dois números utilizando algarismos significativos, o • Erro: Resultado de uma medição menos o valor verdadeiro
resultado da soma deve possuir a mesma quantidade de algarismos do mensurando.
significativos que o número com menor quantidade de algarismos
significativos antes da soma. Isto é, é a diferença entre o resultado de uma medição e o
Um exemplo é quando somamos 1,3 com 1,21: valor verdadeiro dessa grandeza. Uma vez que o valor verdadeiro é
1,3 + 1,21 = 1,51 uma quantidade desconhecida, resulta que o erro também o é, ao
mesnos em princípio.

3
FÍSICA
• Desvio padrão experimental:Para uma série de medições de Se a afirmativa tem probabilidade P de ser correta, o intervalo
um mesmo mensurado, a grandeza s, que caracteriza a dispersão definido pelos valores a e b é um intervalo de confiançaP para y.
dos resultados é dada pela fórmula: •Nível de confiança: O coeficiente de confiança, nível de con-
fiança ou confiança é a probabilidade P de para um determinado
intervalo de confiança.
Por exemplo, se yv é o valor verdadeiro de uma grandeza, y é
um resultado experimental e s é a incerteza padrão:

define intervalo com confiança de P ~ 68%, para distribuição


normal de erros e incerteza s obtida a partir de número de graus de
liberdade ( número de medições ) razoavelmente grande.
onde d xi representa a diferença entre o resultado da i-ésima
OBJETIVOS DA TEORIA DE ERROS
medição e a média aritmética dos n resultados considerados. Quando uma grandeza física experimental xé determinada a
partir de medição o resultado é uma aproximação para o valor ver-
•Incerteza de medição:Parâmetro associado ao resultado de dadeiroxv da grandeza. Os objetivos da teoria de erros podem ser
uma medição e que caracteriza a dispersão dos valores que podem resumidos em:
ser fundamentalmente atribuídos ao mensurando. a) Obter o melhor valor para o mensurando a partir dos dados
Embora desconhecido, o mensurando tem um valor verdadeiro experimentais disponíveis. Isto significa determinar em termos es-
único por hipótese. Entretanto, diferentes valores podem ser “atri- tatísticos a melhor aproximação possível para o valor verdadeiro.
buídos” ao mensurando e a incerteza caracteriza a dispersão destes b) Obter a incerteza no valor obtido, o que significa determinar
valores. em termos estatísticos o grau de precisão e confiança na medida da
Evidentemente, a incerteza só pode ser obtida e interpretada grandeza física.
em termos probalísticos.
Existem várias formas de indicar a incerteza tais como a incer- ERROS SISTEMÁTICOS E ERROS ESTATÍSTICOS
teza padrão, incerteza expandida e limite de erro. Geralmente, ocorrem erros de vários tipos numa mesma medi-
• Repetitividade: Grau de concordância entre resultados de ção. Estes erros podem ser agrupados em dois grandes grupos que
sucessivas medições de um mesmo mensurando, efetuadas sob as são: os erros sistemáticos e erros estatísticos (ou aleatórios).
mesmas condições de medições. Considerando o conjunto dexi determinações ( i = 1, 2, ..., n ) de
• Reprodutibilidade:Grau de concordância entre resultados de um mensurando, os erros estatísticos e erros sistemáticos podem
medições de um mesmo mensurando, efetuadas sob condições de ser distinguidos como segue:
medições diferentes.
• Valor médio verdadeiro ou média limite: É o valor médio que a) Erro sistemático : é um erro que afeta igualmente todas asn
seria obtido de um número infinito de medições em condições de medições xi. Isto é, o conjunto completo das n mediçõesxiapresen-
repetitividade. ta-se igualmente deslocada com relação ao valor verdadeiroxv.
• Erro estatístico: Resultado de uma medição menos o Valor
Médio Verdadeiro ( ou Média Limite). Erros sistemáticos podem ser de vários tipos como:
• Erro sistemático: Diferença entre o Valor Médio Verdadeiro e • Erro sistemático instrumental : erro que resulta da calibração
o Valor verdadeiro. do instrumento de medição.
• Erro sistemático ambiental : erro devido a efeitos do am-
O Erro Sistemático é o erro do valor médio verdadeiro. biente sobre a experiência. Fatores ambientais como temperatura,
• Exatidão ou Acurácia: Exatidão é o grau de concordância entre pressão, umidade e outros podem introduzir erros no resultado de
o resultado de uma medição e o valor verdadeiro do mensurando. medição.
• Precisão: Precisão é um conceito qualitativo para indicar o • Erro sistemático observacional : erro devido a pequenas fa-
grau de concordância entre os diversos resultados experimentais lhas de procedimentos ou limitações do observador. Por exemplo o
obtidos em condições de repetitividade. efeito de paralaxe na leitura de escalas de instrumentos.

Assim, boa precisão significa erro estatístico pequeno, de for- b)Erro estatístico ou erro aleatório : é a medida da dispersão
ma que os resultados apresentam boa repetitividade. Note entre- dos n resultados xiem torno do valor verdadeiro xv .
tanto, que mesmo com boa precisão a exatidão ou acurácia pode Erros estatísticos ( ou aleatórios ) resultam de variações alea-
ser ruim caso exista erro sistemático grande. tórias nas medições, provenientes de fatores que não podem ser
• Incerteza padrão: É a incerteza em resultado final dada na controlados ou que, por algum motivo, não foram controlados. Por
forma de um desvio padrão. exemplo, na medição de massa com balança, correntes de ar ou
• Intervalo de confiança: Considerando um intervalo entre a e vibrações ( fatores aleatórios ) podem introduzir erros estatísticos
b, pode-se fazer a seguinte afirmativa em relação a uma quantidade na medição.
desconhecida y:
HISTOGRAMA
Suponha que estejamos realizando a medição de uma quanti-
dade ( mensurando ) x e que o aparelho empregado seja suficien-
temente sensível às condições experimentais, isto é, o aparelho é
suficientemente sensível para detectar as variações aleatórias .

4
FÍSICA
Se estamos interessados em valores confiáveis é natural que VALOR MAIS PROVÁVEL E VALOR MÉDIO
não nos contentemos com apenas uma única medição e por isso de- A observação do histograma da Fig.1 mostra que existe um va-
vemos repetir a medição para ganharmos confiança no valor encon- lor em torno do qual as medidas tendem a se aglomerar, este valor
trado. Porém, quantas medições da grandeza x deverão ser obtidas é o valor mais provável.
para que tenhamos um valor confiável ? É estabelecido em geral, embora arbitrariamente que o valor
Para respondermos satisfatoriamente a esta questão, necessi- mais provável do mensurando é a sua média aritmética, ou seja, o
tamos de toda uma teoria que é chamada Teoria de Erros da qual valor médio é o valor mais provável e é a que melhor representa a
daremos aqui as noções básicas. grandeza medida:
Sempre que efetuamos uma medição ela estará afetada de um
erro experimental. Isto quer dizer que ao repetirmos o processo de
medição ainda que com o mesmo experimentador, mesmo men-
surando, com os mesmos instrumentos calibrados e nas mesmas
condições ambientais poderemos obter valores diferentes devido
às flutuações aleatórias.
Portanto, em geral, os resultados obtidos xi ( i = 1, 2, ..., n ) mos-
trarão uma distribuição de valores, isto é, os valores apresentarão
uma dispersão, como a que é vista na tabela 1.
Para facilitar o entendimento e a interpretação dos resultados No exemplo da Tab.1o valor mais provável ou valor médio é
experimentais utiliza-se uma comumente a representação gráfica 1,554 u que está representado no histograma da Fig.1.
desses resultados, denominada histograma.
No histograma os resultados são distribuídos em classes (inter- ERROSISTEMÁTICO
valos ). Contam-se quantos resultados caem em cada classe. O nú- Suponhamos que conheçamos o valor verdadeiro de x e que
mero de resultados de cada classe é chamado frequência absoluta. ele seja no nosso exemplo 1,054 u . Observe que este valor não
Caso seja de nosso interesse, podemos usar a frequência relativa coincide com o valor mais provávelcalculado no item anterior isso
que seráobtida dividindo-se a frequência absoluta pelo número to- pode ter sido ocasionado por um desvio sistemático. Supondo que
tal dos resultados ( n ). seja isto que ocorreu, para que o valor mais provável seja o valor
Representam-se as frequências pela altura de retângulos verti- verdadeiro é necessário fazer coincidi-los e isto poderá ser realiza-
cais cujas bases são os intervalos dentro dos quais foram efetuadas do, corrigindo-se sistematicamente cada uma das determinações
as contagens dos resultados. Veja a figura 1 que mostra o histogra- com o valor da diferença entre o valor médio e o valor verdadeiro.
ma dos valores contidos na tabela 1. No nosso exemplo : ( 1,554 - 1,054 ) u=0,500 u é o erro siste-
mático.
A minimização dos erros sistemáticos é a marca do bom expe-
rimentador pois, com frequência é difícil senão impossível eliminá-
-los e a desenvoltura com que se lida com eles depende muito da
vivência anterior. Algumas vezes os erros sistemáticos poderão ser
minimizados pela calibração do instrumento.

DISPERSÃO E PRECISÃO
Ao repetirmos uma medição muitas vezes, os resultados nem
sempre coincidem. Esse espalhamento nos valores das medidas é
chamado de dispersão.
A dispersão existente nos valores reflete a precisão da medida,
isto é, o erro experimental associado à medida. Quanto menor a
dispersão maior a precisão e vice-versa.

ERROS ALEATÓRIOS
Dissemos que ao repetirmos as medições, elas não se repro-
duzirão exatamente. Suponhamos portanto que uma outra série de
medições tenha sido realizada e que o resultado tenha sido aquele
apresentado na Tab.2. e nos histogramas da Fig.2a e Fig.2b.
A simples observação dos histogramas sugere que o resultado
do conjunto 1 é mais confiável pois apresenta menor dispersão. Um
dos objetivos principais da Teoria de Erros é estabelecer uma quan-
tidade que meça as dispersões e consequentemente os níveis de
confiança nos valores mais prováveis obtidos. Para isso, necessita-
mosexaminar com atenção o resultado das medições.

5
FÍSICA
DESVIOS OU RESÍDUOS
Dada uma série de medidas de uma grandeza as diferenças
entre os valores medidos e o valor mais provávelsão chamados des-
vios ou resíduos:

A primeira ideia que surge para se obter uma quantidade que


meça a dispersão é somar os desvios e tirar a média. Entretanto, se
o valor mais provável é a média aritmética que é dada pela equação
(1 ) a média dos desvios será nula pois:

Outra ideia seria a utilização da soma dos desvios tomados em


valores absolutos, isto é, em módulos pois ela seria obviamente di-
ferente de zero :

Existe entretanto, uma quantidade mais interessante que é a


soma dos quadrados dos desvios. Ela éinteressante pois neste caso,
se o valor mais provável é a média aritmética das medidas, a soma
dos quadrados dos desvios é um mínimo. Demostremos; os quadra-
dos dos desvios são:

6
FÍSICA
A soma dos quadrados dos desvios será: Infelizmente essa quantidade não tem o significado mais amplo
possível porque ela indica simplesmente como um conjunto de n
valores desvia-se de sua média. Um segundo conjunto de n medi-
das geralmente não fornecerá um valor médio idêntico ao primeiro
e nem um conjunto idêntico de desvios. A isso chamamos de flu-
tuação estatística.
Para estabelecermos a quantidade que poderá medir a disper-
Vamos determinar a condição para que a soma S seja mínima. são da melhor forma possível, voltemos ao nosso exemplo e veja-
A derivada primeira com relação a é: mos com mais cuidado a influência do número de medições n.

DISTRIBUIÇÃO NORMAL OU DE GAUSS


É um fato experimental que a frequência dos resultados ( o his-
tograma ) varia com o número de medições realizadas bem como,
ao tomarmos outro conjunto com o mesmo número de medições n
como mostram a Tab.2 e Fig 2a eFig. 2b

Observa-se que essas flutuações são mais acentuadas quando


o número de medições é pequeno. Por outro lado, aumentando
o número de medições as flutuações decrescem. Por exemplo, a
como: distribuição dos resultados para 5 medições mostra-se, geralmente
muito diferente da distribuição para 10 medições.
Existem diferenças, embora bem menos acentuadas, entre dis-
tribuição de 50 e de 100 medições e, ao compararmos os histogra-
mas para 500 medições com o de 1000 medições veremos que as
diferenças serão ainda menores.
Se formos melhorando a nossa técnica e obtendo mais alguns
algarismos significativos em cada medição, poderemos utilizar va-
lores cada vez menores para os intervalos D x.Assim, quando o nú-
mero de medições tender para o infinito e o intervalo D x tender a
temos: zero, o histograma em geral tenderá para uma curva lisa e simétrica
comum pico de máximo em .
Podemos concluir, então que a distribuição dos resultados ad-
quire uma forma cada vez mais definida em função do aumento do
número de medições n e para sumarizar, dizemos que existe uma
distribuição limite quando n tende parao infinito e que na ausência
e erros sistemáticos, o valortende para o valor verdadeiro.Fig. 3.

Como a derivada segunda de S é:

Deste resultado, concluímos que o valor mais provável é aquele


para o qual a soma dos quadrados dos desvios é minima e que a
quantidade a ser empregada para a medida da dispersão dos dados
ou seja a largura do histograma deve estar relacionada com a soma
dos quadrados dos desvios.

DESVIO QUADRÁTICO MÉDIO ( Srms )


Uma dessas quantidadesque poderia ser utilizada para a medi-
da da dispersão poderia ser o desvio quadrático médio ( ou rms de
“root mean square deviation”) definida pela relação: No formalismo da Teoria de Erros, a curva da distribuição limite
representa de uma forma compacta toda a informação que um ex-
perimento pode fornecer. Tanto o mensurando quanto o sistema de
medição (incluindo aqui o experimentador como parte do sistema )
determinam a posição e o formato da curva.
Veremos que o valor de x correspondente ao máximo da curva
está relacionada com o valor verdadeiro da grandeza e que a largura
da curva está relacionada com a precisão dos resultados e é medida
pelo desvio padrão.

7
FÍSICA
Uma justificativa matemática de função gaussiana como distri- O significado do desvio padrão é que ele indica o erro que tería-
buição de erros é encontrada no teorema do limite central, em sua mos caso fizéssemos uma única observação. Ou, equivalentemen-
forma mais geral. Numa linguagem bastante simplificada e adapta- te, o significado do erro padrão de um dado conjunto de n deter-
da ao problema em questão, este teorema diz que se o erro total é a minações é que uma dada observação tem 68% de probabilidade
soma de muitos erros elementares que têm distribuições quaisquer de estar no intervaloem torno do valor médio; 95% no intervalo
com variâncias finitas, a distribuição de probabilidade para o erro , etc.
total tende a ser gaussiana.
DESVIO PADRÃO DA MÉDIA
A expressão analítica da curva de Gauss é: Sabemos agora determinar a partir de n observações o desvio
padrão de uma medida, isto é, sabemos estimar a partir da análise
de n observações o erro que teríamos, com uma dada probabilida-
de, caso houvessemos realizado uma única determinação.
Entretanto, tendo realizado n determinações o melhor valor
disponível é a sua média e portanto estaremos mais interessa-
dos em estimar o erro em

onde h é chamado de índice de precisão. Quando h é a curva Com esse propósito, poderíamos então realizar vários conjun-
é estreita, indicando uma experiência de alta precisão e quando h tos de n determinações, calcular os valores das respectivas médias
é pequena a curva é larga indicando uma experiência de baixa pre- e em seguida a média das médias e este desvio padrão da média
cisão ( Fig.4 ). das médias seria mais preciso.
Este raciocínio poderia ser utilizado novamente, calculando-se
a média das médias e assim indefinidamente, sem um fim lógico?
Felizmente é possível prever teoricamente o erro a que está sujeita
a média de n valores medidos, sem ter que repetir o conjunto de
medidas. Este desvio é chamado de desvio padrão da média:

Note que, quanto maior o número de observações n, menor


será o desvio padrão da média e portanto, maior a precisão do re-
DESVIO PADRÃO( s) sultado. Este é um princípio fundamental da estatística.
Para estabelecermos uma quantidade para a medida da disper- O significado do erro padrão da média de um dado conjunto de
são com significado mais amplo, empregamos o conceito de que os n medidas é que o valor médiotem 68% de chance de estar dentro
dois conjuntos do nosso exemplo são duas amostras do universo de do intervalo em torno do valor verdadeiro ; 95% de estar
medidas, que poderiam ser realizadas, sendo infinito o número de no intervalo , etc
medidas daquele universo. Vemos então que o desvio padrão e o desvio padrão da média
A quantidade que é de interesse chama-se desvio padrão ( s ), têm significados análogos:
que vem a ser o desvio médio quadrático das medidas com relação
à média do universo de medidas.
Como é impossível fazer todas as medidas do universo de me-
didas para determinarmos a sua média, o procedimento adotado
será, a partir das n observações, por meio de considerações de or-
dem estatística, obter a melhor estimativa para o desvio padrão.
Desta forma, a melhor estimativa para o desvio padrão será:

Resumindo: A partir de um conjunto de n determinações de


uma quantidade x a melhor estimativa para o valor verdadeiro será
dada pela sua média aritmética e pelo desvio padrão da média
isto é:

8
FÍSICA

onde o intervalo a delimita uma faixa


que tem 68,27% de probabilidade de conter o valor verdadeiro.

INTERVALOS DE CONFIANÇA E NÍVEIS DE CONFIANÇA


Nível de confiança P ou, simplesmente, confiança P de uma
medida é a probabilidade P de que o valor apresentado esteja cor-
reta..
Portanto quando dizemos que o valor de uma quantidade x é :
( ) com confiança de P% Estamos afirmado que o
valor verdadeiro de x tem probabilidade de P% de estardentro do
intervalo

Para se chegar a esse resultado, basta integrar a densidade de


probabilidade f(x) dentro do intervalo

No caso de distribuição Gaussianaa equação INCERTEZA PADRÃO FINAL


Idealmente, o instrumento de medida deve sempre estar ca-
librado e possuir sensibilidade suficiente para poder observar as
flutuações estatísticas.

Alguns dos erros sistemáticos existentes podem às vezes serem


a integração dentro desse intervalo dá0,6827 isto é, 68,27% de corrigidos e, com isso melhorar os resultados finais da medição. Er-
confinça. ros Sistemáticos para os quais não é possível fazer correções são
Por outro lado, pode-se obter estes intervalos de confiança di- chamados Erros Sistemáticos Residuais e as incertezas correspon-
ferentes, basta multiplicarpor fatores convenientes. Damos na Tab. dentes são denominadas Incertezas Sistemáticas Residuais.
3 os valores desses fatores para alguns níveis de confiança válidos No caso dos instrumentos de medidas não preencherem a con-
para n grande. dição acima, a de possuírem sensibilidade suficiente para observar
as flutuações estatísticas, costuma-se especificar um erro avaliado
adotando-se uma das regras práticas: o limite de erro de um instru-
mento de medição é dada pela menor divisão da escala ou metade
da menor divisão da escala.
É necessário entretanto nesta avaliação, levar em conta que
este valor será tomado como um desvio padrão,a fim de permi-
tierem cálculos de propagação de erros coerentes. Portanto essa
avaliação não deve abranger 100% de confiança mas sim um pouco
mais da metade ( 68% ).
As incertezas estatísticas são obtidas através do desvio pa-
drão do valor médio ( Eq. 6 ). Já as incertezas sistemáticas residuais
advindas de multiplicidade de efeitos, são mais difíceis de
serem obtidas e não existe nenhum método padrão bem estabele-
cido para isso, exceto o bom senso.
Para combinar a incerteza estatística e a incerteza sistemática
Entretanto, frequentemente o número n de observações é pe- residual afim de obter a incerteza padrão final de uma medi-
queno e portanto o desvio±não é acuradamenteconhecido; conse- ção, usamos:
quentemente, será necessário levar em conta o número de obser-
vações.
( veja Tab. 4 )..

NOTE BEM:

• A partir de um conjunto de n determinações de uma quanti-


dade x a melhor estimativa para o valor verdadeiro será dadapela
sua média aritméticaacompanhada do seu desvio padrão da mé-
diaisto é:

9
FÍSICA

• O intervalo de a delimita uma


faixa que tem 68,27% de probabilidade de conter o valor verdadei-
ro. A análise dimensional dessa fórmula será:
• Matematicamente, na curva de Gauss a completa certeza im-
plica num intervalo de confiança com limites

Fisicamente, existem limites impostos pela natureza. Por exem-


plo na determinação de comprimento seria a posição do último áto-
mo, posição esta que por sua vez não pode ser determinada com Outros exemplos de dimensões são:
precisão absoluta.
• Observe que,podemos usar os valores das Tab.3 e Tab.4 in-
diferentemente para o desvio padrão ou desvio padrão da média.
• Na apresentação do valor de uma dada grandeza o desvio
fornecido é aquele associado ao desvio padrão da média ( incerteza
padrão ). Convém informar também o número de medidas feitas.
• Caso o nível de confiança utilizado seja diferente daquele as-
sociado ao desvio padrão da média ( 68,27% ) devemos informar o
seu valor.

Exemplos:

Os números puros, assim como constantes como pi e “e”, são


dimensionais, ou seja, não tem dimensão. Do mesmo modo os va-
lores trigonométricos como seno, cosseno, tangente e radianos, são
adimensionais.

Algumas constantes, porém, têm dimensão, para estabelecer a


consistências dimensional da fórmula, conforme veremos a seguir.
Fonte: http://www.fis.ita.br/labfis45/erros/errostextos/teor_er- Um exemplo é a constante universal da gravitação G, cujo valor é:
ros1.htm

ANÁLISE DIMENSIONAL

Teorema de Bridgman
O estudo da utilização consistente das grandezas e suas unida-
des é chamado de análise dimensional. Sua aplicação permite não Portanto, sua dimensão é:
somente garantir que uma equação esteja correta, como também
prever qual será a fórmula para certo fenômeno. Vejamos. Consistência dimensional
Segundo o princípio estabelecido pelo físico e matemático
Vimos que algumas grandezas são consideradas fundamentais, Jean-Baptiste Fourier (1768-1830), uma equação é considerada
sendo as três principais o comprimento, a massa e o tempo. Vamos consistente do ponto de vista de análise dimensional quando so-
nos concentrar nessas por enquanto, que são as mais comuns na mamos ou subtraímos as mesmas grandezas, e quando o resultado
Mecânica. A cada uma delas associamos uma representação mate- tem a mesma grandeza do que estamos calculando.
mática, a saber: Vejamos um exemplo. Vamos fazer a análise dimensional da
L ⇒ Comprimento equação horária de um corpo que se move em movimento retilíneo
M ⇒ Massa uniformemente variado. A equação que descreve a posição de um
T ⇒ Tempo corpo sujeito a esse tipo de movimento é:
Praticamente todas as grandezas usadas na Mecânica podem
ser escritas em função dessas três. Por exemplo, suponha que es-
tamos estudando uma grandeza mecânica A, que depende do com-
primento, da massa e do tempo. A dimensão da grandeza A, repre-
sentada por [A], será dada, de acordo com o teorema de Bridgman Como, do lado esquerdo, x se refere à posição, com dimensão L
(1882-1961),onde k é uma constante de proporcionalidade, e os ex- (comprimento), o resultado da análise dimensional do lado direito
poentes de L, M e T são chamados de dimensões de cada grandeza. terá que ser, obrigatoriamente, L também. Vejamos:
Tomemos como exemplo a velocidade. Sabemos que a velo- A posição inicial, também corresponde a uma dimensão de
cidade resulta da divisão do espaço percorrido pelo tempo levado comprimento:
para percorrê-lo. Ou: A velocidade inicial, vimos acima:
O tempo já é uma grandeza fundamental:
A aceleração é a variação da velocidade no intervalo de tempo:

10
FÍSICA
Assim, podemos afirmar que a fórmula é dimensionalmente
consistente. Repare que, do ponto de vista dimensional, 3 vezes L é
igual a L, pois a soma de três comprimentos é também um compri-
mento. De fato, só podemos somar grandezas físicas que tenham a
mesma dimensão.

Previsão de fórmulas
A análise dimensional possibilita modelar matematicamente o
comportamento de uma grandeza em função das variáveis que a O módulo do vetor representa seu valor numérico e é indicado
afetam. Por exemplo, um estudante deseja estabelecer matemati- utilizando-se barras verticais:
camente como o período de oscilação (T) de um pêndulo, que é o
tempo de uma oscilação completa, varia em função do comprimen-
to (l) do pêndulo, de sua massa (m) e da aceleração da gravidade
(g). A partir do teorema de Bridgman, ele escreve:
Aplicando o princípio de Fourier da consistência dimensional,
faremos: Vetores1
Isso significa que: A ideia matemática de vetor encaixou-se perfeitamente na Fí-
sica para descrever as grandezas que necessitavam de uma orienta-
ção. Vetores não são entes palpáveis, como um objeto que se com-
pra no mercado, eles são representações. Vejamos um exemplo:

Vetores tem a mesmo sentido se tiverem as flechas apontando


Donde calculamos que: para um mesmo lugar.

Assim, concluímos que:

A, B e C estão na mesma direção.


A e B estão no mesmo sentido.
A e B tem sentido oposto ao vetor C.
D e E estão na mesma direção.
De fato, o período de um pêndulo em função do seu compri- D e E tem sentidos opostos.
mento é dado por:
VETORES são usados para:
Indicar a posição de um objeto – O carro está no km 50, na
direção e sentido Leste. Sua posição é representada pelo vetor A:

Fonte: http://masimoes.pro.br/fisica_intro/analise-dimensional.html

Grandezas escalares e vetoriais


As grandezas escalares são aquelas definidas por um valor nu-
mérico e por uma unidade e as grandezas vetoriais são aquelas que,
para serem definidas, necessitam de um valor numérico, de unida-
de, de direção e de sentido. Indicar uma força: O bloco é empurrado com uma força F de
Para simplificar as operações envolvendo grandezas vetoriais, modula 5 Newton e na direção e sentido positivo do eixo X.
utiliza-se a entidade geométrica denominado vetor. O vetor se ca-
racteriza por possuir módulo, direção e sentido, e é representado
geometricamente por um segmento de reta orientado. Representa-
mos graficamente um vetor por uma letra, sobre a qual colocamos
uma seta: (lê-se vetor A.)
1https://blogdoenem.com.br/fisica-enem-vetor-soma-vetorial/. Acesso em
25.03.2020

11
FÍSICA
Primeiro devemos decompor os vetores, vamos começar com
o vetor A, em suas componentes x e y (ver figura). Onde |A| repre-
senta o módulo.
Ax= |A|cos 45° = (4).cos 45° = (4).0,70 = 2,82
Ay= |A|sen 45° = (4).sen 45° = (4).0,70 = 2,82
Fazendo o mesmo com o vetor B:

Bx= |B|cos 60° = (5).cos 60° = (5).0,50 = 2,50


By= |B|sen 60° = (5).sen 60° = (5).0,86 = 4,33
Adição vetorial gráfica: Com este método a soma de vetores é
realizada desenhando os vetores, do qual se quer saber a soma, em
uma sequência.
Exemplo: Queremos saber a soma dos vetores S = G + F, onde S
é o vetor resultante dessa soma.

Assim o vetor resultante S terá componentes iguais:


Sx= Ax+Bx = 2,82 + 2,50 = 5,32
Desenhamos o vetor G, depois desenhamos o vetor F na ex- Sy= Ay+By = 2,82 + 4,33 = 7,15
tremidade (ponta) do vetor G. O vetor resultante é um vetor que
começa no início do vetor G e termina na ponta do vetor F. Para encontrar o módulo do vetor resultante basta realizar o
O mesmo pode ser feito para encontrar o vetor resultante S da seguinte cálculo:
soma do vetor S = H + G. |S| = √Sx2+ Sy2= (√5,32)2+ 7,15² = 8,91 cm
E o ângulo que o vetor resultante forma com o eixo X é dado
Se a extremidade do último vetor da soma, coincidir com a ori- por:
gem do primeiro vetor, isso significa que o vetor resultante é nulo. Tan (ângulo) = Sy/Sx = 7,15/5,32, realizando o cálculo teremos
ângulo =53,39°
Agora podemos desenhar o vetor resultante no gráfico, assim
observar sua posição no gráfico

Adição vetorial por decomposição: Sabendo que o vetor A tem


módulo iguala 4 cm, e o vetor B tem módulo igual a 5 cm, vamos
calcular a soma desses vetores S = A + B.

Além de serem somados dois vetores, também podemos sub-


traí-los, para tal basta inverter o sentido (trocar a ponta) de um
dos vetores, e então prosseguir como se estivesse resolvendo uma
soma. Como mostra a sequência de figuras:

12
FÍSICA

S= A – B virar uma soma S = A+ (-B) usando o vetor B no sentido oposto.

Exemplo: Numa cidade do interior de São Paulo, um novo bairro foi planejado para que todos os quarteirões sejam quadrados e suas
ruas paralelas. A distância entre um par de ruas será de 100 m. Imagine um pedestre que realiza o percurso mostrado na figura, começando
no ponto A e terminando sua trajetória no ponto B. Qual o módulo do vetor que representa a deslocamento (deslocamento vetorial) do
pedestre?

Para resolver esse problema, devemos lembrar a sobre trajetória e deslocamento. A trajetória é o que está traçado na figura, já o
deslocamento é uma linha reta entre o ponto inicial e o ponto final. Esse então pode ser desenhado como um vetor: o vetor deslocamento
representado

Para calcular o módulo precisamos ter os valores do comprimento dos componentes do vetor, neste caso chamado de Dx e Dy. Pelo
gráfico podemos ver que Dx= 200 metros e Dy= 200 metros.
Assim módulo do vetor deslocamento é:

Observe que pela figura inicial, também podemos dizer qual foi o distância percorrida (trajetória) pelo pedestre, foi de 400 metros.
Grandeza física
É um conceito primitivo relacionado à possibilidade de medida, como comprimento, tempo, massa, velocidade e temperatura, entre
outras unidades. As leis da Física exprimem relações entre grandezas. Medir uma grandeza envolve compará-la com algum valor unitário
padrão.
Desde 1960 foi adotado o Sistema Internacional de unidades (SI), que estabeleceu unidades padrão para todas as grandezas importan-
tes, uniformizando seu emprego em nível internacional. As unidades fundamentais do SI estão relacionadas na tabela a seguir:

13
FÍSICA
-Velocidade ( V )
-Tempo (Δt)
-Aceleração ( a )

Movimento Uniformemente Variado (MUV).


Os exercícios que cobram MUV são geralmente associados a
enunciados de queda livre ou lançamentos verticais, horizontais ou
oblíquos.
É importante conhecer os gráficos do MUV e as fórmulas, como
a Equação de Torricelli (v²=v0²+2aΔS). O professor reforça ainda
Medida2 é um processo de comparação de grandezas de mes- que os problemas elencados pelo Enem são contextualizados. “São
ma espécie, ou seja, que possuem um padrão único e comum entre questões de movimento uniformemente variado, mas associadas a
elas. Duas grandezas de mesma espécie possuem a mesma dimen- situações cotidianas.
são.
No processo de medida, a grandeza que serve de comparação é Movimento Retilíneo Uniforme (M.R.U)
denominada de grandeza unitária ou padrão unitário. No M.R.U. o movimento não sofre variações, nem de direção,
As grandezas físicas são englobadas em duas categorias: nem de velocidade. Portanto, podemos relacionar as nossas gran-
a) Grandezas fundamentais (comprimento, tempo). dezas da seguinte forma:
b) Grandezas derivadas (velocidade, aceleração). ΔS= V.Δt

Sistema de unidades Movimento Retilíneo Uniformemente Variado (M.R.U.V)


É um conjunto de definições que reúne de forma completa, No M.R.U.V é introduzida a aceleração e quanto mais acele-
coerente e concisa todas as grandezas físicas fundamentais e deri- rarmos (ou seja, aumentarmos ou diminuirmos a velocidade an-
vadas. Ao longo dos anos, os cientistas tentaram estabelecer siste- daremos mais, ou menos. Portanto, relacionamos as grandezas da
mas de unidades universais como por exemplo o CGS, MKS, SI. seguinte forma:
ΔS= V₀.t + ½.a.t²
Sistema Internacional (SI)
É derivado do MKS e foi adotado internacionalmente a partir No M.R.U.V. o deslocamento aumenta ou diminui conforme al-
dos anos 60. É o padrão mais utilizado no mundo, mesmo que al- teramos as variáveis.
guns países ainda adotem algumas unidades dos sistemas prece-
dentes. Pode existir uma outra relação entre essas variáveis, que é
dada pela formula:
Grandezas fundamentais: V²= V₀² + 2.a.ΔS

Nessa equação, conhecida como Equação de Torricelli, não te-


mos a variável do tempo, o que pode nos ajudar em algumas ques-
tões, quando o tempo não é uma informação dada, por exemplo.

Impulso e quantidade de movimento


O impulso e a quantidade de movimento aparecem em ques-
tões que tratam de colisões e pelo Teorema do impulso (I = ΔQ).
Uma dos modos em que a temática foi cobrada pelo exame foi em
um problema que enunciava uma colisão entre carrinhos num trilho
de ar, em um experimento feito em laboratório, conta o professor.

Choques ou colisões mecânicas


No estudo das colisões entre dois corpos, a preocupação está
MECÂNICA: GRANDEZAS ESCALARES E VETORIAIS relacionada com o que acontece com a energia cinética e a quanti-
- OPERAÇÕES ELEMENTARES. VELOCIDADE MÉDIA. dade de movimento (momento linear) imediatamente antes e após
MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORME. ACELERAÇÃO - a colisão. As possíveis variações dessas grandezas classificam os ti-
MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORMEMENTE VARIADO pos de colisões.
- MOVIMENTOS CIRCULAR UNIFORME
Definição de sistema
Um sistema é o conjunto de corpos que são objetos de estudo,
CINEMÁTICA de modo que qualquer outro corpo que não esteja sendo estudado
A cinemática estuda os movimentos dos corpos, sendo princi- é considerado como agente externo ao sistema. As forças exercidas
palmente os movimentos lineares e circulares os objetos do nos- entre os corpos que compõem o sistema são denominadas de for-
so estudo que costumar estar divididos em Movimento Retilíneo ças internas, e aquelas exercidas sobre os corpos do sistema por
Uniforme (M.R.U) e Movimento Retilíneo Uniformemente Variado um agente externo são denominadas de forças externas.
(M.R.U.V)
Para qualquer um dos problemas de cinemática, devemos estar
a par das seguintes variáveis:
-Deslocamento (ΔS)
2UFPR – DELT – Medidas Elétricas – Prof. Marlio Bonfim

14
FÍSICA
Quantidade de movimento e as colisões
As forças externas são capazes de gerar variação da quantida-
de de movimento do sistema por completo. Já as forças internas
podem apenas gerar mudanças na quantidade de movimento in-
dividual dos corpos que compõem o sistema. Uma colisão leva em
consideração apenas as forças internas existentes entre os objetos
que constituem o sistema, portanto, a quantidade de movimento
sempre será a mesma para qualquer tipo de colisão.

Energia cinética e as colisões


Durante uma colisão, a energia cinética de cada corpo partici- Gráficos na cinemática
pante pode ser totalmente conservada, parcialmente conservada Na cinemática, a variável independente é o tempo, por isso es-
ou totalmente dissipada. As colisões são classificadas a partir do colhemos sempre o eixo das abscissas para representar o tempo. O
que ocorre com a energia cinética de cada corpo. As características espaço percorrido, a velocidade e a aceleração são variáveis depen-
dos materiais e as condições de ocorrência determinam o tipo de dentes do tempo e são representadas no eixo das ordenadas.
colisão que ocorrerá.
Para construir um gráfico devemos estar de posse de uma ta-
Coeficiente de restituição bela. A cada par de valores correspondentes dessa tabela existe um
O coeficiente de restituição (e) é definido como a razão entre ponto no plano definido pelas variáveis independente e dependen-
as velocidades imediatamente antes e depois da colisão. Elas são te.
denominadas de velocidades relativas de aproximação e de afasta-
mento dos corpos. Vamos mostrar exemplos de tabelas e gráficos típicos de vários
tipos de movimento: movimento retilíneo e uniforme, movimento
retilíneo uniformemente variado.

Exemplo 1
MOVIMENTO RETILÍNEO E UNIFORME
Seja o caso de um automóvel em movimento retilíneo e uni-
forme, que tenha partido do ponto cujo espaço é 5km e trafega
Tipos de colisão a partir desse ponto em movimento progressivo e uniforme com
velocidade de 10km/h.
• Colisão perfeitamente elástica
Nesse tipo de colisão, a energia cinética dos corpos participan- Considerando a equação horária do MRU s = so + vot, a equação
tes é totalmente conservada. Sendo assim, a velocidade relativa de dos espaços é, para esse exemplo,
aproximação e de afastamento dos corpos será a mesma, o que fará s = 5 + 10t
com que o coeficiente de restituição seja igual a 1, indicando que
toda a energia foi conservada. A colisão perfeitamente elástica é A velocidade podemos identificar como sendo:
uma situação idealizada, sendo impossível a sua ocorrência no co- v = 10km/h
tidiano, pois sempre haverá perca de energia.
• Colisão parcialmente elástica E o espaço inicial:
Quando ocorre perda parcial de energia cinética do sistema, so = 5km
a colisão é classificada como parcialmente elástica. Desse modo, a
velocidade relativa de afastamento será ligeiramente menor que a Para construirmos a tabela, tomamos intervalos de tempo, por
velocidade relativa de aproximação, fazendo com que o coeficiente exemplo, de 1 hora, usamos a equação s(t) acima e anotamos os
de restituição assuma valores compreendidos entre 0 e 1. valores dos espaços correspondentes:

• Colisão inelástica t(h) s(km)


Quando há perda máxima da energia cinética do sistema, a
colisão é classificada como inelástica. Após a ocorrência desse tipo 0 5
de colisão, os objetos participantes permanecem grudados e exe- 1 15
cutam o movimento como um único corpo. Como após a colisão
2 25
não haverá afastamento entre os objetos, a velocidade relativa de
afastamento será nula, fazendo com que o coeficiente de restitui- 3 35
ção seja zero. 4 45
A tabela a seguir pode ajudar na memorização das relações en-
tre os diferentes tipos de colisões: 5 55
6 65

15
FÍSICA
Tabela 3 - MRU MOVIMENTO COM ACELERAÇÃO POSITIVA
Neste caso, como a aceleração é positiva, os gráficos típicos do
movimento acelerado são

MOVIMENTO COM ACELERAÇÃO NEGATIVA


Sendo a aceleração negativa (a < 0), os gráficos típicos são

Agora fazemos o gráfico s x t.

O gráfico da velocidade é muito simples, pois a velocidade é


constante, uma vez que para qualquer t, a velocidade se mantém
a mesma.

A curva que resulta do gráfico s x t tem o nome de parábola.

A título de exemplo, consideremos o movimento uniforme-


mente variado associado à equação horária s = so + vot +at2/2, onde
o espaço é dado em metros e o tempo, em segundos, e obteremos:
s(t) = 2 + 3t - 2t2.
Note que:
• As abscissas e as ordenadas estão indicadas com espaça- A velocidade inicial é, portanto:
mentos iguais. vo = 3m/s
• As grandezas representadas nos eixos estão indicadas com
as respectivas unidades. A aceleração:
• Os pontos são claramente mostrados. ao = -4m/s2 (a < 0)
• A reta representa o comportamento médio.
• As escalas são escolhidas para facilitar o uso; não é neces- e o espaço inicial:
sário usar “todo o papel” so = 2km
• com uma escala de difícil subdivisão. Para desenharmos o gráfico s x t da equação acima, construí-
mos a tabela de s x t (atribuindo valores a t).
Exemplo 2
s(m) t(s)
MOVIMENTO UNIFORMEMENTE VARIADO
Considerando-se o movimento uniformemente variado, pode- 2,0 0
mos analisar os gráficos desse movimento dividindo-os em duas ca- 3,0 0,5
tegorias, as quais se distinguem pelo sinal da aceleração.
3,125 0,75
3,0 1
2,0 1,5
0 2,0
-3,0 2,5
-7,0 3

16
FÍSICA
A partir da tabela obtemos o gráfico s x t: Exemplo 3
Como exemplo de gráfico representando dados experimentais
vamos usar os dados da tabela:

Tabela
Dados de um indi- Gráfico referente à tabela
víduo andando

t(min) s(m)
0 0
1 62
2 158
3 220
4 283
5 335

Para o caso da velocidade, temos a equação v = vo + at. Assim,


para o movimento observado temos:
v = 3 - 4t Note:
obtendo assim a tabela abaixo: • Até o instante t = 4min pode-se dizer que os pontos po-
dem ser representados por
v(m/s) t(s) • uma reta.
• Entre t = 4 e t = 5 houve uma alteração de comportamen-
3 0 to.
-1 0,5 • Não ligue os pontos em ziguezague utilizando segmentos
de reta. Trace curvas
5 0,75
• médias lisas ou retas que representam comportamentos
médios.
Obtendo o gráfico v x t:
Observação: A reta traçada deixa dois pontos para baixo e dois
para cima. A origem é um ponto experimental.

COMPOSIÇÃO DE FORÇAS - 1ª LEI DE NEWTON - EQUI-


LÍBRIO DE UMA PARTÍCULA - PESO DE UM CORPO
- FORÇA DE ATRITO. COMPOSIÇÃO DE VELOCIDADE -
INDEPENDÊNCIA DE MOVIMENTOS - MOVIMENTO DE
UM PROJÉTIL. EQUILÍBRIO DOS FLUÍDOS - DENSIDADE
- PRESSÃO - PRESSÃO ATMOSFÉRICA - PRINCÍPIO DE
ARQUIMEDES. FORÇA E ACELERAÇÃO - MASSA - 2ª LEI
DE NEWTON. FORÇAS DE AÇÃO E REAÇÃO - 3ª LEI DE
NEWTON. TRABALHO DE UMA FORÇA CONSTANTE -
POTÊNCIA

DINÂMICA
A terceira área da mecânica que mais aparece no exame é a
dinâmica, com as Leis de Newton. Ela vem em exercícios que pedem
elementos como atrito e componentes da resultante, com a força
centrípeta e a aceleração centrípeta.
A prova pode pedir, por exemplo, para o candidato associar a
aceleração confortável para os passageiros de um trem com dimen-
sões curvas, que faz um caminho curvo. Isso está completamente
ligado à aceleração centrípeta.

17
FÍSICA
As leis de Newton Caso 4 – Caso Geral – Com base na lei dos Cossenos
A cinemática é o ramo da ciência que propõe um estudo so-
bre movimento, sem, necessariamente se preocupar com as suas
causas.
Quando partimos para o estudo das causas de um movimento,
aí sim, falamos sobre a dinâmica. Da dinâmica, temos três leis em
que todo o estudo do movimento pode ser resumido. São as cha-
madas leis de Newton:
Primeira lei de Newton – a lei da inércia, que descreve o que
ocorre com corpos que estão em equilíbrio.
Segunda lei de Newton – o princípio fundamental da dinâmica,
que descreve o que ocorrer com corpos que não estão em equilí-
brio. A Segunda lei de Newton
Terceira lei de Newton – a lei da ação e reação, que explica o Quando há uma força resultante, caímos na segunda lei de
comportamento de dois corpos interagindo entre si. Newton que diz que, nestas situações, o corpo irá sofrer uma ace-
leração. Força resultante e aceleração são duas grandezas físicas
Força Resultante intimamente ligadas e diretamente proporcionais, ou seja, se au-
A determinação de uma força resultante é definida pela inten- mentarmos a força, aumentamos a aceleração na mesma propor-
sidade, direção e sentido que atuam sobre o objeto. Veja diferentes ção. Essa constante é a massa do corpo em que é aplicada a força
cálculos da força resultante: resultante. Por isso, a segunda lei de Newton é representada mate-
maticamente pela fórmula:
Caso 1 – Forças com mesma direção e sentido.

A segunda lei de Newton também nos ensina que força resul-


tante e aceleração serão vetores sempre com a mesma direção e
sentido.
Unidades de força e massa no Sistema Internacional:
Força – newton (N).
Caso 2 – Forças perpendiculares. Massa – quilograma (kg).

A terceira Lei de Newton


A terceira lei, também conhecida como lei da ação e reação
diz que, se um corpo faz uma força em outro, imediatamente ele
receberá desse outro corpo uma força de igual intensidade, igual
direção e sentido oposto à força aplicada, como é mostrado na fi-
gura a seguir.

Leis de Newton
Em primeiro lugar, para que se possa entender as famosas leis
Caso 3 – Forças com mesma direção e sentidos opostos de Newton, é necessário ter o conhecimento do conceito de for-
ça. Assim existem alguns exemplos que podem definir tal conceito,
como a força exercida por uma locomotiva para arrastar os vagões,
a força exercida pelos jatos d’água para que se acione as turbinas ou
a força de atração da terra sobre os corpos situados próximo à sua
superfície. Porém é necessário também definir o seu módulo, sua
direção e o seu sentido, para que a força possa ser bem entendida,
sendo que o conceito que melhor a defini é uma grandeza vetorial
e poderá, portanto ser representada por um vetor. Então podemos
concluir que: peso de um corpo é a força com que a terra atrai este
corpo.

Podemos definir as forças de atração, como aquela em que se


tem a necessidade de contato entre os corpos (ação à distância).
Para que se possa medir a quantidade de força usada em nossos
dias, os pesquisadores estabeleceram a medida de 1 quilograma

18
FÍSICA
força = 1 kgf, sendo este o peso de um quilograma-padrão, ao nível as mesmas podem ser substituídas por uma resultante r das duas
do mar e a 45º de latitude. Um dinamômetro, aparelho com o qual forças exercidas, determinada em módulo, direção e sentido, pela
se consegue saber a força usada em determinados casos, se monta regra principal do paralelogramo.
colocando pesos de 1 kgf, 2 kgf, na extremidade de uma mola, onde Podemos concluir que: quando a resultante das forças que
as balanças usadas em muitas farmácias contém tal método, onde atuam em um corpo for nula, se ele estiver em repouso continuará
podemos afirmar que uma pessoa com aproximadamente 100 Kg, em repouso e, se ele estiver em movimento, estará se deslocando
pesa na realidade 100 kgf. com movimento retilíneo uniforme. Para que uma partícula consiga
o seu real equilíbrio é necessário que:
Outra unidade para se saber a força usada, também muito uti- - a partícula esteja em repouso
lizada, é o newton, onde 1 newton = 1 N e eqüivale a 1kgf = 9,8 N. - a partícula esteja em movimento retilíneo uniforme.
Portanto, conforme a tabela, a força de 1 N eqüivale, aproximada-
mente, ao peso de um pacote de 100 gramas (0,1 kgf). Segundo Segunda Lei de Newton
Aristóteles, ele afirmava que “um corpo só poderia permanecer em Para que um corpo esteja em repouso ou em movimento re-
movimento se existisse uma força atuando sobre ele. Então, se um tilíneo uniforme, é necessário que o mesmo encontre-se com a re-
corpo estivesse em repouso e nenhuma força atuasse sobre ele, sultante das forças que atuam sobre o corpo, nula, conforme vimos
este corpo permaneceria em repouso. Quando uma força agisse anteriormente. Um corpo, sob a ação de uma força única, adquire
sobre o corpo, ele se poria em movimento mas, cessando a ação uma aceleração, isto é, se F diferente de 0 temos a (vetor) diferente
da força, o corpo voltaria ao repouso” conforme figura abaixo. A de 0. Podemos perceber que:
primeira vista tais idéias podem estas certas, porém com o passar - duplicando F, o valor de a também duplica.
do tempo descobriu-se que não eram bem assim. - triplicando F, o valor de a também triplica.
Segundo Galileu, devido às afirmações de Aristóteles, decidiu Podemos concluir que:
analisar certas experiências e descobriu que uma esfera quando - a força F que atua em um corpo é diretamente proporcional à
empurrada, se movimentava, e mesmo cessando a força principal, aceleração a que ela produz no corpo, isto é, F α a.
a mesma continuava a se movimentar por um certo tempo, gerando - a massa de um corpo é o quociente entre a força que atua no
assim uma nova conclusão sobre as afirmações de Aristóteles. As- corpo e a aceleração que ela produz nele, sendo:
sim Galileu, verificou que um corpo podia estar em movimento sem
a ação de uma força que o empurrasse, conforme figura demons- M=F
trando tal experiência. Galileu repetiu a mesma experiência em A
uma superfície mais lisa, e chegou a conclusão que o corpo percor-
ria uma distância maior após cessar a ação da força, concluindo que Quanto maior for a massa de um corpo, maior será a sua inér-
o corpo parava, após cessado o empurrão, em virtude da ação do cia, isto é, a massa de um corpo é uma medida de inércia deste
atrito entre a superfície e o corpo, cujo efeito sempre seria retardar corpo. A resultante do vetor a terá sempre a mesma direção e o
o seu movimento. Segundo a conclusão do próprio Galileu pode- mesmo sentido do vetor F , quando se aplica uma força sobre um
mos considerar que: se um corpo estiver em repouso, é necessária corpo, alterando a sua aceleração. De acordo com Newton, a sua
a ação de uma força sobre ele para colocá-lo em movimento. Uma Segunda Lei diz o seguinte: A aceleração que um corpo adquire é
vez iniciado o movimento, cessando a ação das forças que atuam diretamente proporcional à resultante das forças que atuam nele e
sobre o corpo, ele continuará a se mover indefinidamente, em linha tem a mesma direção e o mesmo sentido desta resultante, sendo
reta, com velocidade constante. uma das leis básicas da Mecânica, utilizada muito na análise dos
movimentos que observamos próximos à superfície da Terra e tam-
Todo corpo que permanece em sue estado de repouso ou de bém no estudo dos movimentos dos corpos celestes.
movimento, é considerado segundo Galileu como um corpo em es- Para a Segunda Lei de Newton, não se costuma usar a medida
tado de Inércia. Isto significa que se um corpo está em inércia, ele de força de 1 kgf (quilograma-força); sendo utilizado o Sistema In-
ficará parado até que sob ele seja exercida uma ação para que ele ternacional de Unidades (S.I.), o qual é utilizado pelo mundo todo,
possa sair de tal estado, onde se a força não for exercida o corpo sendo aceito e aprovado conforme decreto lei já visto anteriormen-
permanecerá parado. Já um corpo em movimento em linha reta, te. As unidades podem ser sugeridas, desde que tenham-se como
em inércia, também deverá ser exercido sob ele uma força para mo- padrões as seguintes medidas escolhidas pelo S.I.:
vimentá-lo para os lados, diminuindo ou aumentando a sua veloci- A unidade de comprimento: 1 metro (1 m)
dade. Vários são os estados onde tal conceito de Galileu pode ser A unidade de massa: 1 quilograma (1 Kg)
apontado, como um carro considerado corpo pode se movimentar A unidade de tempo: 1 segundo (s)
em linha reta ou como uma pessoa dormindo estando em repouso
(por inércia), tende a continuar em repouso. O Sistema MKS, é assim conhecido por ser o Sistema Interna-
cional da Mecânica, de uso exclusivo dessa área de atuação, pelos
Primeira Lei de Newton profissionais. Para as unidades derivadas, são obtidas a partir de
A primeira lei de Newton pode ser considerada como sendo unidades fundamentais, conforme descreve o autor:
uma síntese das ideias de Galileu, pois Newton se baseou em es- De área (produto de dois comprimentos) = 1 m X 1 m X 1 m²
tudos de grandes físicos da Mecânica, relativas principalmente a De volume (produto de três comprimentos) = 1 m X 1 m X 1 m
Inércia; por este fato pode-se considerar também a primeira lei de = 1 m³
Newton como sendo a lei da Inércia. Conforme Newton, a primeira De velocidade (relação entre comprimento e tempo) = 1m/1s=
Lei diz que: Na ausência de forças, um corpo em repouso continua 1 m/s
em repouso e um corpo em movimento move-se em linha reta, com De aceleração (entre velocidade e tempo) = 1 m/s/1s = 1 m/s²
velocidade constante. Para que ocorra um equilíbrio de uma partí-
cula é necessário que duas forças ajam em um corpo, sendo que

19
FÍSICA
Podemos definir que: 1 N = 1 g m/s², ou seja, 1 N é a força que, - Estudo de alguns fenômenos óticos, que culminaram com a
atuando na massa de 1 Kg, imprime a esta massa a aceleração de elaboração de uma teoria sobre as cores dos corpos.
1 m/s². Para a Segunda Lei de Newton, deve-se usar as seguintes - Concepção da 1º e da 2º leis do movimento (1º e 2º leis de
unidades: Newton), lançando, assim, as bases da Mecânica.
R (em N) - Desenvolvimento das primeiras idéias relativas à Gravidade
m (em kg) Universal.
a(em m/s²)
Em 1667, retornando a Cambridge, dedicou-se a desenvolver as
Terceira Lei de Newton ideias que havia concebido durante o tempo que permaneceu afas-
Segundo Newton, para que um corpo sofra ação é necessário tado da Universidade. Aos 50 anos de idade Newton, abandonava a
que a ação provocada para tal movimentação, também seja provo- carreira universitária em busca de uma profissão mais rendosa. Em
cada por algum outro tipo de força. Tal definição ocorreu segun- 1699 foi nomeado diretor da Casa da Moeda de Londres, receben-
do estudos no campo da Dinâmica. Além disso, Newton, percebeu do vencimentos bastante elevados, quetornaram um homem rico.
também que na interação de dois corpos, as forças sempre se apre- Neste cargo, desempenhou brilhante missão, conseguindo reestru-
sentam aos pares: para cada ação de um corpo sobre outro existirá turar as finanças inglesas, então bastante abaladas. Foi membro
sempre uma ação contraria e igual deste outro sobre o primeiro. do Parlamento inglês, em 1705, aos 62 anos de idade, sagrando-se
Podemos concluir que: Quando um corpo A exerce uma força sobre cavaleiro pela rainha da Inglaterra, o que lhe dava condição de no-
um corpo B, o corpo B reage sobre A com uma força de mesmo breza e lhe conferia o título de “Sir”, passando a ser tratado como
módulo, mesma direção e de sentido contrário. Sir Issac Newton. Até 1703 até a sua morte em 1727, Newton per-
As forças de ação e reação são enunciadas conforme a tercei- maneceu na presidência da Real Academia de Ciências de Londres.
ra lei de Newton, sendo que a ação está aplicada em um corpo, e Com a modéstia própria de muitos sábios, Newton afirmava que ele
a reação está aplicada no corpo que provocou a ação, isto é, elas conseguiu enxergar mais longe do que os outros colegas porque se
estão aplicadas em corpos diferentes. As forças de ação e reação apoiou em “ombros de gigantes”.
não podem se equilibrar segundo Newton, porque para isso, seria
necessário que elas estivessem aplicadas em um mesmo corpo, o Aplicações Envolvendo Forças de Atrito
que nunca acontece. Podemos considerar o atrito, como sendo a Podemos perceber a existência da força de atrito e entender as
tendência de um corpo não se movimentar em contato com a su- suas características através de uma experiência muito simples. To-
perfície. O corpo em repouso indica que vai continuar em repouso, memos uma caixa bem grande, colocada no solo, contendo madei-
pois as forças resultantes sobre o corpo é nula. Porém deve existir ra. Podemos até imaginar que, à menor força aplicada, ela se deslo-
uma força que atuando no corpo faz com que ele permaneça em cará. Isso, no entanto, não ocorre. Quando a caixa ficar mais leve, à
repouso, sendo que este equilíbrio (corpo em repouso e superfí- medida que formos retirando a madeira, atingiremos um ponto no
cie) é consequência direta do atrito, denominada de força de atrito. qual conseguiremos movimentá-la. A dificuldade de mover a caixa
Podemos então perceber que existe uma diferença muito grande é devida ao surgimento da força de atrito Fat entre o solo e a caixa.
entre atrito e força de atrito.
Podemos definir o atrito como: a força de atrito estático f, que
atua sobre um corpo é variável, estando sempre a equilibrar as for-
ças que tendem a colocar o corpo em movimento. A força de atrito
estático cresce até um valor máximo. Este valor é dado em micras,
onde a micras é o coeficiente de atrito estático entre as superfícies.
Toda força que atua sobre um corpo em movimento é denomina-
da de força de atrito cinético. Pequena biografia de Isaac Newton:
Após a morte de Galileu, em 1642, nascia uma na pequena cidade Várias experiências como essa levam-nos às seguintes proprie-
da Inglaterra, Issac Newton, grande físico e matemático que for- dades da força de atrito (direção, sentido e módulo):
mulou as leis básicas da Mecânica. Foi criado por sua avó sendo Direção: As forças de atrito resultantes do contato entre os
abandonado quando ainda criança, pela mãe, marcando a vida de dois corpos sólidos são forças tangenciais à superfície de contato.
Newton pelo seu temperamento tímido, introspectivo, intolerante No exemplo acima, a direção da força de atrito é dada pela direção
que o caracterizou quando adulto. Com a morte de seu padrasto, horizontal. Por exemplo, ela não aparecerá se você levantar a caixa.
é solicitado a assumir a fazenda da família, demonstrando pouco
interesse, tornando-se num verdadeiro fracasso.
Sentido: A força de atrito tende sempre a se opor ao movimento
Aos 18 anos, em 1661, Newton é enviado ao Trinity College da
relativo das superfícies em contato. Assim, o sentido da força de atrito
Universidade de Cambridge (próximo a Londres), para prosseguir
é sempre o sentido contrário ao movimento relativo das superfícies
seus estudos. Dedicou-se primeiramente ao estudo da Matemáti-
ca e em 1664, escrevia seu primeiro trabalho (não publicado) com
apenas 21 anos de idade, sob a forma de anotações, denominado
“Algumas Questões Filosóficas”. Em 1665, com o avanço da peste
negra (peste bubônica), newtom retornou a sua cidade natal, re-
fugiando-se na tranqüila fazenda de sua família, onde permaneceu
por 18 meses, até que os males da peste fossem afastados, permi-
tindo o seu retorno a Cambridge. Alguns trabalhos executados por Módulo: Sobre o módulo da força de atrito cabem aqui alguns
Newton durante seu refúgio: esclarecimentos: enquanto a força que empurra a caixa for peque-
- Desenvolvimento em série da potência de um binômio ensi- na, o valor do módulo da força de atrito é igual à força que empur-
nado atualmente nas escolas com o nome de “binômio de Newton”. ra a caixa. Ela anula o efeito da força aplicada.Uma vez iniciado o
- Criação e desenvolvimento das bases do Cálculo Diferencial movimento, o módulo da força de atrito é proporcional à força (de
e do Cálculo Integral, uma poderosa ferramenta para o estudo dos reação) do plano-N.
fenômenos físicos, que ele próprio utilizou pela primeira vez.

20
FÍSICA
Escrevemos: Força de Atrito no Cotidiano
A força de atrito é muito comum no nosso mundo físico. É ela
O coeficiente é conhecido como coeficiente de atrito. Como que torna possível o movimento da grande maioria dos objetos que
a força de atrito será tanto maior quanto maior for , vê-se que ele se movem apoiados sobre o solo. Vamos dar três exemplos:
expressa propriedades das superfícies em contato (da sua rugosida-
de, por exemplo). Em geral, devemos considerar dois coeficientes Movimento dos Animais
de atrito: um chamado cinemático e outro, estático, . Em ge- Os animais usam as patas ou os pés (o caso do homem) para
ral, , refletindo o fato de que a força de atrito é ligeiramente se movimentar. O que esses membros fazem é comprimir o solo e
maior quando o corpo está a ponto de se deslocar (atrito estático) forçá-lo ligeiramente para trás. Ao fazê-lo surge a força de atrito.
do que quando ela está em movimento (atrito cinemático). Como ela é do contra (na direção contrária ao movimento), a força
de atrito surge nas patas ou pés impulsionando os animais ou o
O fato de a força de atrito ser proporcional à força de reação homem para frente.
normal representa a observação de que é mais fácil empurrar uma
caixa à medida que a vamos esvaziando. Representa também por Movimento dos Veículos a motor
que fica mais difícil empurrá-la depois que alguém se senta sobre As rodas dos veículos, cujo movimento é devido à queima
ela (ao aumentar o peso N também aumenta). de combustível do motor, são revestidas por pneus. A função dos
pneus é tirar o máximo proveito possível da força de atrito (com o
Podemos resumir o comportamento do módulo da força de intuito de tirar esse proveito máximo, as equipes de carros de corri-
atrito em função de uma força externa aplicada a um corpo, a partir da trocam frequentemente os pneus).
do gráfico ao lado. Os pneus, acoplados às rodas, impulsionam a Terra para trás.
O surgimento da força de atrito impulsiona o veículo para frente.
Note-se nesse gráfico que, para uma pequena força aplicada ao
corpo, a força de atrito é igual à mesma. A força de atrito surge tão Quando aplicamos o freio vale o mesmo raciocínio anterior e a
somente para impedir o movimento. Ou seja, ela surge para anular força de atrito atua agora no sentido contrário ao do movimento do
a força aplicada. No entanto, isso vale até um certo ponto. Quando veículo como um todo.
o módulo da força aplicada for maior do que
Impedindo a Derrapagem
A força de atrito impede a derrapagem nas curvas, isto é, o des-
lizamento de uma superfície - dos pneus - sobre a outra (o asfalto).
O corpo se desloca. Esse é o valor máximo atingido pela força
de atrito. Quando o corpo se desloca, a força de atrito diminui, se Momento linear, conservação do momento linear, impulso e
mantém constante e o seu valor é variação do momento linear
O Momento linear (também chamado de quantidade de mo-
vimento linear ou momentum linear, a que a linguagem popular
chama, por vezes, balanço ou “embalo”) é uma das duas grandezas
físicas fundamentais necessárias à correta descrição do inter-rela-
cionamento (sempre mútuo) entre dois entes ou sistemas físicos. A
segunda grandeza é a energia. Os entes ou sistemas em interação
trocam energia e momento, mas o fazem de forma que ambas as
grandezas sempre obedeçam à respectiva lei de conservação.
Em mecânica clássica o momento linear é definido pelo pro-
duto entre massa e velocidade de um corpo. É uma grandeza ve-
torial, com direção e sentido, cujo módulo é o produto da massa
pelo módulo da velocidade, e cuja direção e sentido são os mesmos
da velocidade. A quantidade de movimento total de um conjunto
de objetos permanece inalterada, a não ser que uma força externa
Origem da Força de Atrito seja exercida sobre o sistema. Esta propriedade foi percebida por
A força de atrito se origina, em última análise, de forças intera- Newton e publicada na obra Philosophiæ Naturalis Principia Ma-
tômicas, ou seja, da força de interação entre os átomos. thematica, na qual Newton define a quantidade de movimento e
Quando as superfícies estão em contato, criam-se pontos de demonstra a sua conservação.
aderência ou colagem (ou ainda solda) entre as superfícies. É o re- Particularmente importante não só em mecânica clássica como
sultado da força atrativa entre os átomos próximos uns dos outros. em todas as teorias que estuam a dinâmica de matéria e energia
Se as superfícies forem muito rugosas, a força de atrito é gran- (relatividade, mecânica quântica, etc.), é a relação existente entre
de porque a rugosidade pode favorecer o aparecimento de vários o momento e a energia para cada um dos entes físicos. A relação
pontos de aderência. entre energia e momento é expressa em todas as teorias dinâmi-
Isso dificulta o deslizamento de uma superfície sobre a outra. cas, normalmente via uma relação de dispersão para cada ente, e
Assim, a eliminação das imperfeições (polindo as superfícies) dimi- grandezas importantes como força e massa têm seus conceitos di-
nui o atrito. Mas isto funciona até um certo ponto. À medida que a retamente relacionados com estas grandezas.
superfície for ficando mais e mais lisa o atrito aumenta. Aumenta-
-se, no polimento, o número de pontos de “solda”. Aumentamos o Fórmulas
número de átomos que interagem entre si. Pneus “carecas” redu- Na física clássica, a quantidade de movimento linear ( )é
zem o atrito e, por isso, devem ser substituídos. No entanto, pneus definida pelo produto de massa ( ) e velocidade ( ).
muito lisos (mas bem constituídos) são utilizados nos carros de cor-
rida.

21
FÍSICA
O valor é constante em sistemas nos quais não há forças exter- Definimos colisão inelástica como a colisão na qual não se con-
nas atuando. serva a energia cinética. Quando dois objetos que chocam e ficam
juntos depois do choque dizemos que a colisão é perfeitamente
Mesmo em uma colisão inelástica - onde a conservação da inelástica. Por exemplo, um meteorito que se choca com a Terra.
energia mecânica não é observada - a conservação do momento
linear permanece válida se sobre o sistema não atuar força externa Em uma colisão elástica a energia cinética se conserva. Por
resultante. exemplo, as colisões entre bolas de bilhar são aproximadamente
A unidade da quantidade de movimento linear no SI é o quilo- elásticas. A nível atômico as colisões podem ser perfeitamente elás-
grama.metro por segundo(kg.m/s). ticas.

Sistema mecânico
Diz-se que um sistema está mecanicamente isolado quando o
somatório das forças externas é nulo.

Consideremos um casal patinando sobre uma pista de gelo, A grandeza Q é a diferença entre as energias cinéticas depois
desprezando os efeitos do ar e as forças de atrito entre a pista e as e antes da colisão. Q toma o valor zero nas colisões perfeitamente
botas que eles estão usando. Veja que na vertical, a força peso é elásticas, porém pode ser menor que zero se no choque se perde
equilibrada com a normal, ou seja P = N, tanto no homem quanto energia cinética como resultado da deformação, ou pode ser maior
na mulher, e neste eixo as forças se cancelam. que zero, se a energia cinética das partículas depois da colisão é
Mesmo que o casal resolva empurrar um ao outro (a terceira lei maior que a inicial, por exemplo, na explosão de uma granada ou
de newton garante que o empurrão é sempre mútuo), não haverá na desintegração radiativa, parte da energia química ou energia nu-
força externa resultante uma vez que a força externa expressa a clear se converte em energia cinética dos produtos.
interação de um ente pertencente ao sistema com outro externo
ao sistema: apesar de haver força resultante tanto no homem como Coeficiente de Restituição
sobre a mulher, ambos estão dentro do sistema em questão, e estas Foi encontrado experimentalmente que em uma colisão fron-
forças são forças internas ao mesmo. Na ausência de forças exter- tal de duas esferas sólidas como as que experimentam as bolas de
nas há conservação do momento linear do sistema. A conservação bilhar, as velocidades depois do choque estão relacionadas com as
do momento linear permite calcular a razão entre a velocidade do velocidades antes do choque, pela expressão
homem e a velocidade da mulher após o empurrão, conhecidas as
suas massas e velocidades iniciais: Como o momento total deve
ser conservado, a variação da velocidade do homem é VH = − MM /
MHVM, onde VM é a variação da velocidade da mulher.
A variação da quantidade de movimento é chamada Impulso.
Fórmula: I = ΔP = Pf − Po
I = Impulso, a unidade usada é N.s (Newton vezes segundo)

Lei da Variação do Momento Linear (ou da Variação da Quan- onde e é o coeficiente de restituição e tem um valor entre 0 e 1,
tidade de Movimento) relação foi proposta por Newton . O valor de um é para um choque
O impulso de uma força constante que actua num corpo du- perfeitamente elástico e o valor de zero para um choque perfeita-
rante um intervalo de tempo é igual à variação do momento linear mente inelástico.
desse corpo, nesse intervalo de tempo, O coeficiente de restituição é a razão entre a velocidade rela-
tiva de afastamento depois do choque, e a velocidade relativa de
aproximação antes do choque das partículas.

ou seja, Colisão Elástica


Para dois corpos A e B em colisão elástica, não há perda de
energia cinética (conservação da energia) entre os instantes antes e
depois do choque. As energias cinéticas são escritas como
Princípio da Conservação do Momento Linear
Quando dois ou mais corpos interagem, o momento linear des-
se sistema (conjunto dos corpos) permanece constante:

A quantidade de movimento é conservada por ser nulo o so-


matório das forças externas e para os dois corpos A e B os seus
Colisões entre partículas, elásticas e inelásticas, uni e bidi- momentos lineares antes e depois da colisão são dados por:
mensionais
Empregamos o termo de colisão para representar a situação na
qual duas ou mais partículas interagem durante um tempo muito Colocando-se as massas mA e mB em evidência, temos
curto. Supomos que as forças impulsivas devidas a colisão são mui-
to maiores que qualquer outra força externa presente.
O momento linear total é conservado nas colisões. No entanto,
a energia cinética não se conserva devido a que parte da energia podendo ser escrito como
cinética se transforma em energia térmica e em energia potencial
elástica interna quando os corpos se deformam durante a colisão.

22
FÍSICA
Reescrevendo a primeira equação após colocarmos as massas
em evidência tem-se

Dividindo-se a segunda equação pela terceira equação encon-


tramos

Onde Ft é a componente da força ao longo do deslocamento,


em termos das velocidades relativas antes e depois do choque, ds é o módulo do vetor deslocamento dr, e qo ângulo que forma o
a quarta equação terá a forma vetor força com o vetor deslocamento.

O trabalho total ao longo da trajetória entre os pontos A e B é


Para o cálculo da colisão elástica, empregamos a primeira e a a soma de todos os trabalhos infinitesimais
quinta equação em conjunto. A relação entre a velocidade relativa
dos dois corpos depois do choque e a velocidade relativa dos corpos
antes do choque é denominada coeficiente de restituição e, mos-
trado na sexta equação.

Seu significado geométrico é a área sob a representação gráfica


da função que relaciona a componente tangencial da força Ft, e o
O coeficiente de restituição “e” assume sempre o valor e = 1 deslocamento s.
para a colisão perfeitamente elástica.

Colisão Inelástica
Para dois corpos A e B em colisão inelástica, há perda de ener-
gia cinética, mas conservando-se a energia mecânica. Após o cho-
que, os corpos deslocam-se em conjunto com velocidades finais
iguais e um coeficiente de restituição e = 0.

Como é válida a conservação da quantidade de movimento Exemplo: Calcular o trabalho necessário para alongar uma
mola 5 cm, se a constante da mola é 1000 N/m.

O que é importante relembrar? As colisões são divididas em A força necessária para deformar uma mola é F=1000·x N, onde
dois grupos: as Elásticas e as Inelásticas (essa subdivida em coli- x é a deformação. O trabalho desta força é calculado mediante a
sões inelásticas e perfeitamente inelásticas). A colisão inelástica integral
tem como característica o fato do momento linear do sistema se
conservar, mas a energia cinética do sistema não. A colisão elástica
tem como propriedade o fato de tanto o momento linear como a
energia cinética do sistema se conservarem.

Estudo das Colisões


Quando dois corpos colidem como, por exemplo, no choque
entre duas bolas de bilhar, pode acontecer que a direção do movi-
mento dos corpos não seja alterada pelo choque, isto é, eles se mo-
vimentam sobre uma mesma reta antes e depois da colisão. Quan-
do isso acontece, dizemos que ocorreu uma colisão unidimensional.
Entretanto, pode ocorrer que os corpos se movimentem em di- A área do triângulo da figura é (0.05·50)/2=1.25 J
reções diferentes, antes ou depois da colisão. Nesse caso, a colisão
é denominada de colisão bidimensional. Quando a força é constante, o trabalho é obtido multiplicando
Para uma colisão unidimensional entre duas partículas, temos a componente da força ao longo do deslocamento pelo desloca-
que: mento.

W=Ft·s

Conceito de Trabalho Exemplo:


Se denomina trabalho infinitesimal, ao produto escalar do ve- Calcular o trabalho de uma força constante de 12 N, cujo ponto
tor força pelo vetor deslocamento. de aplicação se translada 7 m, se o ângulo entre as direções da força
e do deslocamento são 0º, 60º, 90º, 135º, 180º.

23
FÍSICA
Força Conservativa - Energia Potencial
Uma força é conservativa quando o trabalho de desta força é
igual a diferença entre os valores inicial e final de uma função que
só depende das coordenadas. A dita função é denominada energia
potencial.

O trabalho de uma força conservativa não depende do caminho


seguido para ir do ponto A ao ponto B.
O trabalho de uma força conservativa ao longo de um caminho
fechado é zero.

- Se a força e o deslocamento tem o mesmo sentido, o trabalho


é positivo
- Se a força e o deslocamento tem sentidos contrários, o traba-
lho é negativo Exemplo: Sobre uma partícula atua a força F=2xyi+x2j N
- Se a força é perpendicular ao deslocamento, o trabalho é nulo.
Calcular o trabalho efetuado pela força ao longo do caminho
Conceito de Energia Cinética fechado ABCA.
Suponhamos que F é a resultante das forças que atuam sobre - A curva AB é um ramo de parábola y=x2/3.
uma partícula de massa m. O trabalho desta força é igual a diferen- - BC é o segmento de reta que passa pelos pontos (0,1) e (3,3) e
ça entre o valor final e o valor inicial da energia cinética da partícula. - CA é a porção do eixo Y que vai desde a origem ao ponto (0,1)

Na primeira linha aplicamos a segunda lei de Newton; a com-


ponente tangencial da força é igual ao produto da massa pela ace- O trabalho infinitesimal dW é o produto escalar do vetor força
leração tangencial. pelo vetor deslocamento
dW=F·dr=(Fxi+Fyj)·(dxi+dyj)=Fxdx+Fydy
Na segunda linha, a aceleração tangencial at é igual a derivada
do módulo da velocidade, e o quociente entre o deslocamento ds As variáveis x e y são relacionadas através da equação da tra-
e o tempo dt gasto em deslocar-se é igual a velocidade v do móvel. jetória y=f(x), e os deslocamentos infinitesimais dx e dy são relacio-
Define-se energia cinética pela expressão nadas através da interpretação geométrica da derivada dy=f’(x)·dx.
onde f’(x) quer dizer, derivada da função f(x) relativo a x.

O teorema do trabalho-energia indica que o trabalho da resul-


tante das forças que atuam sobre uma partícula modifica sua ener-
gia cinética.
Exemplo: Achar a velocidade com a qual sai uma bala depois
de atravessar uma tabela de 7 cm de espessura e que opõe uma Vamos calcular o trabalho em cada um dos ramos e o trabalho
resistência constante de F=1800 N. A velocidade inicial da bala é de total no caminho fechado.
450 m/s e sua massa é de 15 g.
O trabalho realizado pela força F é -1800·0.07=-126 J - Ramo AB
Trajetória y=x2/3, dy=(2/3)x·dx.

A velocidade final v é

24
FÍSICA
- Ramo BC
A trajetória é a reta que passa pelos pontos (0,1) e (3,3). Se
trata de uma reta de inclinação 2/3 e cuja ordenada na origem é 1.

y=(2/3)x+1, dy=(2/3)·dx A função energia potencial Ep correspondente a força conser-


vativa F vale

O nível zero de energia potencial é estabelecido do seguinte


modo: quando a deformação é zero x=0, o valor da energia poten-
- Ramo CA cial é tomado zero, Ep=0, de modo que a constante aditiva vale c=0.
A trajetória é a reta x=0, dx=0, A força F=0 e por tanto, o traba-
lho WCA=0
O trabalho total
WABCA=WAB+WBC+WCA=27+(-27)+0=0
Princípio de Conservação da Energia
O Peso é uma Força Conservativa Se somente uma força conservativa F atua sobre uma partícula,
Calculemos o trabalho da força peso F=-mg j quando o corpo o trabalho desta força é igual a diferença entre o valor inicial e final
se desloca da posição A cuja ordenada é yA até a posição B cuja da energia potencial
ordenada é yB.

Como vimos no relato anterior, o trabalho da resultante das


forças que atua sobre a partícula é igual a diferença entre o valor
final e inicial da energia cinética.

Igualando ambos trabalhos, obtemos a expressão do princípio


de conservação da energia
A energia potencial Ep correspondente a força conservativa EkA+EpA=EkB+EpB
peso tem a forma funcional
A energia mecânica da partícula (soma da energia potencial
mais cinética) é constante em todos os pontos de sua trajetória.

Comprovação do Princípio de Conservação da Energia


Onde c é uma constante aditiva que nos permite estabelecer o Um corpo de 2 kg é deixado cair desde uma altura de 3 m. Cal-
nível zero da energia potencial. cular
- A velocidade do corpo quando está a 1 m de altura e quando
A Força que exerce uma Mola é Conservativa atinge o solo, aplicando as fórmulas do movimento retilíneo unifor-
Como vemos na figura quando um mola se deforma x, exerce memente acelerado
uma força sobre a partícula proporcional a deformação x e de sinal - A energia cinética, potencial e total nestas posições
contrária a esta. Tomar g=10 m/s2

Para x>0, F=-kx


Para x<0, F=kx

O trabalho desta força é, quando a partícula se desloca da po-


sição xA a posição xB é

25
FÍSICA
- Posição inicial x=3 m, v=0. definida. Quando se olha para o Sol, tem-se a sensação de que ele é
Ep=2·10·3=60 J, Ek=0, EA=Ek+Ep=60 J dotado de muita energia, devido à luz e ao calor que emite constan-
temente. A humanidade tem procurado usar a energia que a cerca
- Quando x=1 m e a energia do próprio corpo, para obter maior conforto, melhores
condições de vida, maior facilidade de trabalho, etc.
Para a fabricação de um carro, de um caminhão, de uma ge-
ladeira ou de uma bicicleta, é preciso Ter disponível muita energia
elétrica, térmica e mecânica.
A energia elétrica é muito importante para as indústrias, por-
que torna possível a iluminação dos locais de trabalho, o aciona-
Ep=2·10·1=20 J, Ek=40, EB=Ek+Ep=60 J mento de motores, equipamentos e instrumentos de medição.
- Quando x=0 m Para todas as pessoas, entre outras aplicações, serve para ilu-
minar as ruas e as casas, para fazer funcionar os aparelhos de tele-
visão, os eletrodomésticos e os elevadores. Por todos esses moti-
vos, é interessante converter outras formas de energia em energia
elétrica.

Ep=2·10·0=0 J, Ek=60, EC=Ek+Ep=60 J


A energia total do corpo é constante. A energia potencial dimi- ENERGIA CINÉTICA. ENERGIA POTENCIAL GRAVITA-
nui e a energia cinética aumenta. CIONAL E ELÁSTICA - CONSERVAÇÃO DA ENERGIA ME-
CÂNICA. IMPULSO E QUANTIDADE DE MOVIMENTO
Forças não Conservativas LINEAR DE UMA PARTÍCULA (CONSERVAÇÃO); GRAVI-
Para darmos conta do significado de uma força não conservati- TAÇÃO - LEIS DE KEPLER E LEI DE NEWTON
va, vamos compará-la com a força conservativa peso.
Energia Cinética
O Peso é uma Força Conservativa A energia que um corpo adquire quando está em movimento
Calculemos o trabalho da força peso quando a partícula se chama-se energia cinética. A energia cinética depende de dois fato-
translada de A para B, e continuando quando se translada de B para res: da massa e da velocidade do corpo em movimento.
A.
Potencial
É um tipo de energia que o corpo armazena, quando está a
uma certa distância de um referencial de atração gravitacional ou
associado a uma mola.

Energia Cinética
Qualquer corpo que possuir velocidade terá energia cinética. A
equação matemática que a expressa é:

WAB=mg x Teorema daenergia cinética


WBA=-mg x O trabalho realizado pela resultante de todas as forças aplica-
das a uma partícula durante certo intervalo de tempo é igual à va-
O trabalho total ao longo do caminho fechado A-B-A, WABA é riação de sua energia cinética, nesse intervalo de tempo.
zero.
tR,AB = m.v2B/2 - m.v2A/2 = [DEcin.]A==>B
A Força de Atrito é uma Força não Conservativa
Conservação da Energia Mecânica
Quando a partícula se move de A para B, ou de B para A a força
A energia mecânica (Emec) de um sistema é a soma da energia
de atrito é oposta ao movimento, o trabalho é negativo por que a
cinética e da energia potencial.
força é de sinal contrário ao deslocamento
Quando um objeto está a uma altura h, como já foi visto, ele
WAB=-Fr x
WBA=-Fr x possui energia potencial; à medida que está caindo, desprezando
a resistência do ar, a energia potencial gravitacional do objeto que
O trabalho total ao longo do caminho fechado A-B-A, WABA é ele possui no topo da trajetória vai se transformando em energia
diferente de zero cinética e quando atinge o nível de referência a energia potencial
é totalmente transformada em energia cinética (fig.6). Este é um
WABA=-2Fr x exemplo de conservação de energia mecânica.
Na ausência de forças disssipativas, a energia mecânica total do
De um modo geral, a energia pode ser definida como capaci- sistema se conserva, ocorrendo transformação de energia potencial
dade de realizar trabalho ou como o resultado da realização de um em cinética e vice-versa.
trabalho. Na prática, a energia pode ser melhor entendida do que

26
FÍSICA
Energia Mecânica tículas, como o caso esquiador-terra. Se a única força que efetuar
Chamamos de Energia Mecânica a todas as formas de energia o trabalho sobre a partícula for uma força conservativa, o trabalho
relacionadas com o movimento de corpos ou com a capacidade de feito pela força é igual a diminuição da energia potencial do siste-
colocá-los em movimento ou deformá-los. ma, e também igual ao aumento da energia cinética da partícula
(que no caso, é o aumento de energia cinética do sistema):
Armazenamento de Energia Wtotal= ò F.ds= -D U= +D K
Note-se que o princípio de conservação é facilmente confundi- Portanto,
do com a ideia de ‘armazenamento’ de energia no interior de um D K+D U= D (K+U)=0
sistema material.
No século dezessete formou-se a idéia de que o trabalho que A soma da Energia cinética com a energia potencial do sistema
um sistema podia realizar era ‘armazenado’ de alguma maneira no é a energia mecânica total E:
interior do próprio sistema e que o ‘trabalho armazenado’ era sem- E= K+U
pre igual ao ‘trabalho realizado’.
Não sabemos o que a energia é. Todavia, se falamos que a Se apenas forças conservativas efetuam trabalho, a equação D
energia pode ser armazenada, está-se assumir que sabemos o que K+D U= D (K+U)=0, afirma que a variação da energia mecânica total
é – “como queijo armazenado no frigorífico, talvez”, na pitoresca é nula. Então a energia mecânica total permanece constante duran-
imagem de Benyon. Benyon pergunta, então, ‘como a energia é ar- te o movimento da partícula.
mazenada no objeto e onde?’. A ‘energia’ é uma quantidade abstra- E= K+U= constante
ta, um conceito inventado por conveniência do estudo da Natureza. Esta é a lei da conservação da energia mecânica e é a origem da
Como se pode então, armazenar uma abstração? E, comparando denominação “força conservativa”.
energia com os números, outra abstração, como se pode armazenar
um número? Pode-se evidentemente armazenar objetos em forma Símbolos
de números ou quantidades de objetos correspondentes a núme- W: Trabalho;
ros, mas não os números em si. Benyon sugere, então, que a idéia K: Energia cinética;
do armazenamento de energia decorre da energia ser tratada não
U: Energia Potencial ;
como um conceito físico abstrato mas como algo real, como um
E: Energia Mecânica;
fluido ou um combustível que possa ser armazenado ou transferido
ò : Integral.
de um corpo a outro.
D : variação (D K: variação de energia cinética, D U: variação de
Frequentemente o conceito de armazenamento de energia re-
energia potencial, ...)
fere-se a combustíveis, como se houvesse energia, geralmente refe-
rida como energia química, armazenada no combustível. Um exem-
ENERGIA POTENCIAL ELÁSTICA DE UMA MOLA IDEAL
plo é ilustrativo: Um pedaço de carvão, não possui energia química
Define-se ‘energia potencial elástica’ a energia potencial de
neste sentido, pois não pode, por si só, ser transformado em gás
carbônico e libertar energia. O que ocorre é que a mistura inicial do uma corda ou mola que possui elasticidade.
carvão e oxigênio está num estado energético mais alto que o pro- Se considerarmos que uma mola apresenta comportamento
duto da combustão, gás carbônico, tal como a pedra antes de cair ideal, ou seja, que toda energia que ela recebe para se deformar
estava numa posição mais alta. Durante sua queima, os átomos de ela realmente armazena, podemos escrever que a energia potencial
carbono reagem quimicamente com as moléculas de oxigênio do ar acumulada nessa mola vale:
num processo exotérmico, o que significa que a diferença positiva
no valor da energia química do sistema é transferida para o meio
ambiente em forma de calor, neste caso, aquecendo o ar circundan-
te, por exemplo. Note-se, todavia, para que essa reação de com-
bustão aconteça, é necessário que a mistura seja aquecida a 750
ºC, isto é, é necessária a transferência energia em forma de calor à
mistura de carvão e oxigênio antes que a reação aconteça, mais um Nessa equação, “x” representa a deformação (contração ou
motivo para não fazer sentido dizer-se que ‘o carvão tem energia’. distensão) sofrida pela mola, e “K” chamada de constante elástica,
Outra analogia fornecida por McClelland é interessante: Se de certa forma, mede a dificuldade para se conseguir deformá-la.
algo será armazenado em sentido metafórico, deverá estar associa- Molas frágeis, que se esticam ou comprimem facilmente, possuem
do a algo material que possa ser armazenado fisicamente. Assim, pequena constante elástica. Já molas bastante duras, como as usa-
podemos armazenar combustíveis e podemos armazenar livros; das na suspensão de um automóvel, possuem essa constante com
mas há tanto sentido falar em armazenar energia quanto armaze- valor elevado. Pela equação de energia potencial elástica, podemos
nar informação. notar algo que nossa experiência diária confirma: quanto maior a
deformação que se quer causar em umas mola e quanto maior a
Um livro não contém informação, mas apenas manchas de tin- dificuldade para se deformá-la (K), maior a quantidade de energia
ta sobre folhas de papel – cabe a um leitor, que aprendeu a reco- que deve ser fornecida a ela (e consequentemente maior a quanti-
nhecer aquelas manchas de tinta como letras e palavras e a associar dade de energia potencial elástica que essa mola armazenará).
palavras a conceitos, ‘extrair’ informação do livro.
Exemplos de Ocorrências
A Conservação da Energia Mecânica Quando alguém puxa a corda de um arco e flecha, quando es-
O sinal negativo na definição da função energia potencial (D U= tica ou comprime uma mola ou quando salta em um Bungee jum-
U2-U1= -W= -ò s1 s2 F.ds), é introduzido de modo que o trabalho ping, em todos esses casos, energia está sendo utilizada para defor-
efetuado por uma força conservativa sobre uma partícula, seja igual mar um corpo. Para poder acertar o alvo, um arqueiro tem que usar
a diminuição de energia potencial do sistema. Consideremos um energia de seus músculos para puxar a flecha para trás e o arco para
sistema no qual o trabalho seja efetuado apenas sobre uma das par- frente. Dessa forma, a corda desse instrumento fica esticada e com

27
FÍSICA
certa quantidade de energia armazenada. Quando o arqueiro solta Ponto de equilíbrio: O ponto de equilíbrio é aquele onde a força
a corda, a flecha recebe parte dessa energia e, com isso, adquire exercida pela mola sobre a massa é nula. E esse ponto representa o
movimento. menor valor da energia potencial elástica.
Assim como nos exemplos citados, sempre que um corpo é de- Condições iniciais: As condições iniciais determinam as especi-
formado e mantém a capacidade de diminuir essa deformação (vol- ficidades do movimento do sistema massa-mola. Podemos ter uma
tando ao formato original ou não), dizemos que esse corpo arma- situação inicial onde a mola está distendida e em repouso. Pode-
zenou uma modalidade de energia chamada de energia potencial mos também ter a condição inicial onde a distensão é nula (a massa
elástica. Agora, o nome potencial é originado do fato de o corpo es- está no ponto de equilíbrio) mas a velocidade é não nula. Ou pode-
ticado ou comprimido pode adquirir movimento espontaneamente mos ter uma combinação das condições anteriores.
após ser liberado. A denominação elástica vem do fato de a capaci-
dade de deformar e voltar ao normal ser chamada de elasticidade. Amplitude de oscilação e constante de fase
x(t) = A sen(wt+j)
Nosso organismo, por exemplo, possui uma proteína chama- v(t) = -wA cos(wt+j)
da elastina - responsável por dar elasticidade à nossa pele. Quan-
do pressionamos ou puxamos a pele de alguém, energia potencial onde
elástica fica armazenada permitindo que a pele retorne ao formato A = amplitude de oscilação
natural. Se não fosse assim, caso apertássemos o braço de alguém, wt+ j = fase
ele ficaria deformado para sempre. w = frequência angular
j = constante de fase
A energia potencial gravitacional depende da aceleração da gravi-
dade, então em que situações essa energia é positiva, nula ou negativa? As condições iniciais são dadas através dos valores da ampli-
A força elástica depende da massa da mola? Por quê? tude de oscilação e constante de fase. Consideremos um sistema
Se uma mola é comprimida por um objeto de massa grande, massa-mola onde a freqüência angular valew = 5rad/s. Se a cons-
quando solto a mola não consegue se mover, o que acontece com a tante de fase forj = 0e a amplitude de oscilação forA=3m , teremos
energia potencial elástica? x(0) = 0
v(0) = -15m/s
Sistema Massa-Mola
Esse modelo é extremamente importante para a o estudo de Velocidade e posição: A solução x(t) da equação de movimento
fenômenos naturais, pois é usado como uma boa aproximação para do sistema massa-mola que nos informa como a posição da mola
oscilações de pequenas amplitudes, de sistemas que originalmente varia com o tempo é dada por:
se encontram em equilíbrio estável. x(t) = A sen(wt+j)
Uma mola com uma extremidade presa a um suporte fixo e a v(t) = -wA cos(wt+j)
outra extremidade presa a uma mola. Nesta situação a mola se en-
contra numa posição horizontal, e a massa pode mover-se horizon- onde
talmente em um plano com um coeficiente de atrito desprezível. A = amplitude de oscilação
wt+j= fase
w = frequência angular
j = constante de fase

Podemos inverter as relações de dependência e encontrar que

Uma massa presa a uma mola. Com uma boa aproximação po-
demos considerar que quando a massa é deslocada de sua posição
de equilíbrio, a mola exerce uma força proporcional a distância até a
posição de equilíbrio. Essa relação é conhecida como Lei de Hooke,
e pode ser expressa como
Velocidade nula e posição diferente da posição de equilíbrio:
Considerando a solução x(t) da equação de movimento do sistema
massa-mola que nos informa como a posição da mola varia com o
tempo é dada por:
x(t) = A sen(wt+j)
v(t) = -wA cos(wt+j)
encontramos
v(0) = 0
x(0) = x0 ≠ 0
ou seja:
A = x0
F=-kx j = p/2

ondexé a distância até a posição de equilíbrio eké a constante Posição de equilíbrio e velocidade não nula: Considerando a
da mola. Essa força também é chamada de força restauradora, pois solução x(t) da equação de movimento do sistema massa-mola que
tende a fazer com que a massa volte até a posição de equilíbrio. A nos informa como a posição da mola varia com o tempo é dada por:
energia potencial elásticaU(x)associada a força restauradora tem a x(t) = A sen(wt+j)
forma de uma parábola U(x) = k x2/2 v(t) = -wA cos(wt+j)

28
FÍSICA
encontramos A energia potencial do gráfico anterior é um exemplo de uma
v(0) = v0 = - wA≠0 função não simétrica em torno do ponto de mínimoxMIN.
x(0) = 0
Se considerarmos um sistema onde a massa está sob a ação de
ou seja: um potencial da forma acima, e inicialmente se encontra na posição
A = v0 /w de equilíbrioxMIN, caso seja afastado de sua posição de equilíbrio ele
j=0 tenderá a retornar a essa posição.
Se o afastamento da posição de equilíbrio for muito pequeno,
Posição diferente da posição de equilíbrio e velocidade não a massa se deslocará por uma região onde a energia potencial é vi-
nula: Considerando a solução x(t) da equação de movimento do sis- zinha do ponto de mínimo, e essa região tem uma forma muito pa-
tema massa-mola que nos informa como a posição da mola varia recida com a parábola. Daí dizermos que para qualquer forma que
com o tempo é dada por: tenha a energia potencial, para oscilações de pequenas amplitudes
x(t) = A sen(wt+j) podemos aproximar o movimento por um oscilador harmônico.
v(t) = -wA cos(wt+j)
encontramos Energia potencial atrativa, mas não simétrica em torno do
ponto de mínimo: A energia potencialU(x)do gráfico ao lado é um
exemplo de uma função não simétrica em torno do ponto de mí-
nimoxMIN. Se considerarmos um sistema onde a massa está sob a
ação de um potencial da forma acima, e inicialmente se encontra
na posição de equilíbrioxMIN, caso seja afastado de sua posição de
equilíbrio ele tenderá a retornar a essa posição. Se o afastamento
Características do sistema: O sistema massa mola é definido da posição de equilíbrio for muito pequeno, a massa se deslocará
pelos valores da massame da constante elástica da molak , e con- por uma região onde a energia potencial é vizinha do ponto de mí-
siderando esses parâmetros, encontramos que a freqüência angu- nimo, e essa região tem uma forma muito parecida com a parábola.
larwtem a forma:

e o período T

Sistema conservativo (Ausência de atrito): O sistema será con-


siderado conservativo, quando forem conservativas as forças que
nele atuam. Uma força é dita conservativa quando o trabalho que Daí dizermos que para qualquer forma que tenha a energia po-
ela produz em um percurso fechado é nulo. Chamamos de percurso tencial, para oscilações de pequenas amplitudes podemos aproxi-
fechado a trajetória que retorna até a sua posição original. Conside- mar o movimento por um oscilador harmônico.
remos um sistema composto pela Terra e uma bola que está locali- Dissipação da energia mecânica: Quando as forças que atuam
zada próximo a sua superfície. A força gravitacional entre a Terra e a em um corpo são conservativas, a energia mecânica se mantém
bola é uma força conservativa, pois o trabalho que a força da Terra constante enquanto esse corpo se movimenta. No entanto, quando
exerce sobre a bola em um percurso fechado é nulo. pelo menos uma dessas forças for não-conservativa, a energia me-
cânica desse corpo não se manterá constante. Poderá aumentar ou
Por exemplo, se a bola for lançada verticalmente para cima ela re- diminuir dependendo do tipo de força não conservativa que esteja
tornará até a posição original com a mesma energia. Ou seja: o traba- atuando.
lho que a força gravitacional exerceu na subida da bola é exatamente Sistema dissipativo (Presença de atrito): Uma categoria de for-
igual e de sinal contrário ao trabalho que ela exerceu na descida. ça não conservativa são as forças dissipativas. Quando for dissipa-
Conservação da Energia Mecânica: Quando em um sistema só tiva pelo menos uma das forças que atuam em um corpo, a sua
existirem forças conservativas, esse sistema será conservativo, e energia mecânica diminui enquanto ele se movimenta. As forças de
portanto a sua energia será uma constante. atrito são forças de contato entre duas superfícies, onde se dificulta
o movimento relativo e como consequência existe uma transforma-
Pequenas oscilações de sistemas reais em equilíbrio estável: A ção de parte da energia mecânica em calor.
energia potencial de um sistema ideal tal como o sistema massa- Diminuição da Energia Mecânica: A energia mecânica de um
-mola, é simétrica em torno da sua posição de mínimo. No entanto sistema é a soma dos seus vários possíveis tipos de energia poten-
a energia potencial de sistemas reais não têm uma forma tão idea- cial e a sua energia cinética. Quando consideramos uma sistema
lizada, mas apresenta-se como o exemplo adiante: conservativo, as forças que atuam nele são todas conservativas, e
a sua energia mecânica se conserva, apesar se existir uma trans-
formação permanente entre as energias potenciais e cinética. No
entanto, na presença de uma força dissipativa, parte da energia
mecânica do sistema vai se transformando de maneira irreversível
em calor.

29
FÍSICA
Força Centrípeta Força em um referencial não-inercial
Inicialmente deveremos definir que sempre que um corpo des-
creve uma curva, sua velocidade vetorial varia em direção. Para que
isso ocorra, pelo principio fundamental da dinâmica, as forças que
atuam sobre o corpo devem gerar uma aceleração centrípeta.

Sendo Fr a resultante das forças que atuam sobre o corpo, ge- Um observador no interior do carro, sobre uma aceleração em
rando uma aceleração centrípeta na mesma direção da força. relação à estrada, quando entra em uma curva sente-se atirado
para fora do carro, ou seja para fora da curva.
Esta poderia ser considerada a força centrífuga, que o atira para
fora da trajetória circular, porém a força centrifuga só é válida para
o observador em movimento junto ao carro, ou seja um observador
não-inercial. A força centrífuga não é reação da força centrípeta.

Impulso
Impulso é a grandeza física que mede a variação da quantidade
de movimento de um objeto. É causado pela ação de uma força
atuando durante um intervalo de tempo . Uma pequena força
aplicada durante muito tempo pode provocar a mesma variação de
quantidade de movimento que uma força grande aplicada durante
pouco tempo. Ambas as forças provocaram o mesmo impulso. A
unidade no Sistema Internacional de Unidades para o impulso é o
N•s (newton segundo ou newton vezes segundo). A velocidade de
um corpo é transferida a outro idêntico.

A unidade do Impulso também pode ser escrita como o produ-


O trem da montanha russa não cai devido à força centrípeta. A
to da unidade de massa, o quilograma, pela unidade de velocidade,
resultante das forças que atuam sobre o corpo, gerando uma ace-
o metro por segundo, demonstrando-se facilmente que “quilogra-
leração. Resultante centrípeta num movimento curvilíneo podemos
ma metro por segundo” (kg.m/s) é equivalente a “newton segun-
observar a atuação de duas forças, uma de componente tangencial
do” (N.s). Via de regra, ao falar-se de impulso, dá-se preferência
(responsável pela variação do módulo da velocidade) sempre tan- pelo “N.s”; ao falar-se de variação da quantidade e movimento, dá-
gente à trajetória e outra de componente centrípeta (responsável -se preferência ao “kg.m/s”.
pela variação da trajetória).
Contudo não há problema algum em se intercambiar as duas.
Num sistema onde co-atuam força centrípeta e força tangen-
cial, a decomposição da força resultante é dada como mostra abai- Equações
xo. O impulso( ) é igual à variação da quantidade de movimento (
) de um corpo.

Em situações onde a força mostra-se constante ao longo do in-


tervalo de atuação, o impulso pode também ser calculado a partir
do produto entre a força ( ) aplicada ao corpo e o intervalo de
tempo ( ) durante o qual a força atua.

Em situações mais complicadas - onde a força resultante


Observe que Ft = Fr.cosθ, e que Fc = Fr.senθ atuanto no corpo é variável - a equação anterior contudo não se
aplica. Deve-se determinar o impulso nestes casos pela integração
Quando o movimento é uniforme, Ft é zero. de no tempo:

30
FÍSICA
Variação da Quantidade de Movimento Dado o mesmo impulso, quanto menor o intervalo de tempo
Na maioria dos casos a massa do corpo permanece constante, necessário à sua aplicação, maior a força necessária à situação, e
e nestes casos a variação da quantidade de movimento pode ser vice versa. No caso do ovo colidindo com o chão a intensa força apli-
calculada como o produto da massa ( ) pela variação de veloci- cada no ponto de colisão leva à tensões na estrutura do ovo além
dade ( ). dos limites mecânicos desta, e por tal o ovo se quebra.
Assim as forças de interação em colisões dependem não ape-
nas das condições iniciais e finais em questão como também das
propriedades físicas dos objetos que colidem: quanto mais elásti-
Porém a fórmula mais geral, aplicável a qualquer situação, deve cos são os objetos em colisão maiores são os tempos de colisão e
incluir os casos em que há variação não apenas na velocidade como menores são as forças envolvidas na colisão, e vice-versa. Materiais
na massa. Neste caso o impulso é dado pela quantidade de movi- inelásticos são geralmente frágeis.
mento final ( ) subtraída da quantidade de movimento inicial ( Se antes da leitura deste artigo não de forma consciente, intui-
). tivamente parece que os seres humanos - e os animais - conhecem
tal princípio: ao pularem de locais altos, estes flexionam os joelhos
de forma a promoverem o aumento do tempo de interação no pro-
cesso de colisão com chão, e assim o fazendo reduzem as forças
Ou ainda que atuam sobre os seus corpos no processo que os leva ao estado
estático. Se as pernas fossem mantidas totalmente esticadas, estas
certamente se quebrariam com maior facilidade.
O impulso sofrido por um objeto (massa constante) depende Sistemas de Forças
apenas das quantidades de movimento associadas ao instante an- Força, em física, é todo agente capaz de alterar o estado de
tes da colisão e após a colisão, e não de quão rápido se processam movimento ou repouso de um corpo, imprimindo-lhe uma acele-
as colisões que levam o mesmo estado incial ao mesmo estado final. ração a favor ou contrária ao movimento.
A exemplo considere um ovo abandonado em queda livre de Forçaé um conceito da física newtoniana, utilizada desde a an-
uma determinada altura, primeiro sobre uma almofada, posterior- tiguidade clássica, que explica a pressão exercida sobre tal objeto
mente sobre o chão. ou ainda, as alterações da quantidade de movimento de um deter-
A massa do ovo é a mesma em ambos os casos, e provido que minado corpo.
as alturas de queda - entre o ponto de soltura e o ponto de contato A força (F) é umvetor(indicado por uma seta acima da letra),
do ovo com o obstáculo seja mantida a mesma, as velocidades do ou seja, possuimódulo(intensidade da força exercida),direção(reta
ovo após cair a distância em consideração também serão a mesma ao longo da qual ela atua) esentido(o lado da reta no qual a força
em ambos os casos. Visto que P = mV, tem-se pois que as quanti- foi exercida).
dades de movimento imediatamente antes da colisão são iguais em Portanto, quando várias forças atuam sobre determinado cor-
ambas as situações. po, elas se somam vetorialmente, para assim, dar lugar a umaforça
Em ambas as situações o estado final do ovo corresponde ao resultante.
ovo parado - com velocidade zero, quer este tenha quebrado, quer O estudo da força é apresentado na segundaLei de Newtondeno-
não - de forma que as quantidades de movimento finais do ovo são minada “Princípio Fundamental da Dinâmica” ou “Força”, no qual a
ambas nulas ao fim do processo. força resultante, ou seja, a soma vetorial de todas as forças aplicadas
A conclusão pode surpreender alguns: se as quantidades de sobre o corpo, é diretamente proporcional ao produto da aceleração
movimento inciais são iguais em ambos os casos, ocorrendo o mes- de um corpo pela sua massa, apresentada pela seguinte expressão:
mo com as quantidades de movimento finais, tem-se que os impul- F=m.a
sos sofridos pelo ovo, determinável pela diferença entre a quantida- Donde,
de de movimento final e inicial, são também iguais. F: força
A pergunta iminente é: porque o ovo quebra em um caso, e m: massa do corpo
não no outro? A resposta é: embora o impulso sofrido seja o mes- a: aceleração adquirida
mo, as forças que atuam em cada caso não são iguais, sendo muito
maiores na colisão com o chão. Supondo uma força média contante Note que a fórmula apresentada acima está em módulo (F =
atuando em ambos os casos, o produto determina o impulso m.a), enquanto que sua representação em forma de vetor, é indica-
sofrido, e deve fornecer o mesmo resultado em ambos os casos. da com uma seta acima da letra:
Contudo o tempo de colisão no caso da almofada - dada a defor-
mação gradual desta - é consideravelmente maior, de forma que a
força de interação almofada-ovo é consideravelmente menor. Na
interação ovo-piso os papeis se invertem: o choque deve ser com-
pletado em um intervalo de tempo muito menor que no caso da De tal modo, é importante destacar que noSistema Internacio-
almofada, e por tal, para que o produto continue o mesmo, a nalde Unidades(SI) a unidade de medida daforça(F) é oNewton(N),
força neste caso deve ser consideravelmente maior. damassa(m) équilograma(kg) e daaceleraçãoadquirida (a) émetros
por segundo ao quadrado(m/s²).
Em verdade, a força é definida como:
Classificações da Força
Há duas classificações para a grandeza vetorial “força”:
Forças de contato: aquelas que agem sobre os corpos somente
na medida que quem aplica a força está necessariamente em con-
tato com os corpos, por exemplo, a força normal, de atrito, dentre
outras.

31
FÍSICA
Forças de campo: aquelas que agem sobre os corpos sendo que Fontes: https://www.todamateria.com.br/forca/
o corpo que exerce a força não se encontra em contato os outros, https://www.resumoescolar.com.br/fisica/decomposicao-de-forcas/
por exemplo, a força peso, força magnética, dentre outras.
Gravitação Universal
Tipos de Força A Lei da Gravitação Universal estabelece que, se dois corpos
Força peso (P): força que existe sobre todos os corpos, sendo possuem massa, eles sofrem a ação de uma força atrativa propor-
exercida sobre eles por meio do campo gravitacional da terra. cional ao produto de suas massas e inversamente proporcional a
Força elástica (Fel): força exercida sobre uma mola, que a de- sua distância.
forma, ou seja, ela se estica ou se comprime.
Força centrípeta (Fcp): força que um corpo com determinada Resumo sobre a Lei da Gravitação Universal
aceleração, exerce num movimento circular. • Todos os corpos do universo atraem-se mutuamente com
Força magnética (Fm): força de atração e repulsão exercida pe- uma força proporcional ao produto de suas massas e inversamente
los ímãs ou objetos magnéticos. proporcional ao quadrado de sua distância;
Força gravitacional (F): força de atração mútua entre os corpos • A Lei da Gravitação Universal é definida em termos
físicos do universo. da Constante de Gravitação Universal, cujo módulo é igual a
Força de atrito (Fat): força exercida entre duas superfícies que 6,67408.10-11 N.kg²/m²;
estão em contato; quanto maior às rugosidades apresentadas por • A Lei da Gravitação Universal foi descoberta e desenvolvi-
elas, maior será a força de atrito. da pelo físico inglês Isaac Newton e foi capaz de prever os raios das
Força normal (N): Também chamada de “força de apoio”, esse órbitas de diversos astros, bem como explicar teoricamente a lei
tipo de força é exercida por um corpo sob uma superfície. empírica descoberta por Johannes Kepler que relaciona o período
orbital ao raio da órbita de dois corpos que se atraem gravitacio-
COMPOSIÇÃO E DECOMPOSIÇÃO DO VETOR FORÇA nalmente.
A composição e decomposição de forças é um procedimento
aplicado à Física que transforma determinada força num vetor. Se- Introdução à Gravitação Universal
guindo o que determinam as regras da Álgebra, a decomposição de A Lei da Gravitação Universal é uma lei física que foi descoberta
uma força em vetores e subvetores permite melhorar e ampliar a pelo físico inglês Isaac Newton. Ela é utilizada para calcular o módu-
análise do comportamento de certo objeto submetido à ação dela. lo da atração gravitacional existente entre dois corpos dotados de
Podemos, contudo, submeter um corpo às mais diversas variáveis massa. A força gravitacional é sempre atrativa e age na direção de
de forças, mas, se a soma dos vetores destas forças for igual a zero, uma linha imaginária que liga dois corpos. Além disso, em respeito
então o corpo se comportará como se não houvesse força alguma à Terceira Lei de Newton, conhecida como Lei da Ação e Reação, a
atuando sobre sua área. força de atração é igual para os dois corpos interagentes, indepen-
Estas são condições aplicáveis e observáveis em qualquer par- dente de suas massas. De acordo com Isaac Newton:
te do mundo físico, promovendo a estabilidade dos corpos em in-
teração. Isso a começar pela própria força da gravidade. Qualquer “Dois corpos atraem-se por uma força que é diretamente pro-
simples objeto inerte sobre o chão, por exemplo, recebe ali a ação porcional ao produto de suas massas e inversamente proporcional
direta de duas forças, que ora se equilibram, ora se anulam, o que ao quadrado da distância que os separa.”
dá a nós a impressão de que esse objeto está parado.
Esta concepção é de máxima relevância, uma vez que explica Por meio da proposição da Lei da Gravitação Universal, foi pos-
a movimentação e a reação dos corpos sob a ação de uma força, sível predizer o raio das órbitas planetárias, o período de asteroi-
podendo ser estudada a partir da soma dos vetores resultantes da des, eventos astronômicos como eclipses, determinação da massa
decomposição, e não analisando-se uma força de cada vez, isolada- e raio de planetas e estrelas etc.
mente. O método de decomposição de forças é quem fornece essa
análise mais precisa. Fórmula da Gravitação Universal
Mas para que possamos obter os resultados, empregamos ou- A principal fórmula utilizada na gravitação universal estabelece
tros princípios matemáticos como a lei dos cossenos (em casos em que o módulo da força gravitacional entre duas massas é propor-
que são utilizadostriângulosnão retângulos) e a regra do paralelo- cional ao produto de suas massas e inversamente proporcional ao
gramo (quadrilátero em que se verifica paralelismo entre os lados quadrado da distância entre elas. A expressão utilizada para o cál-
opostos). culo da força gravitacional é esta:
Imaginemos agora um objeto sobre um plano inclinado. Iremos
constatar que sobre esse objeto atuam as seguintes forças: a força
1, que chamaremos de “Peso”; e a força 2, a que daremos o nome
de “Regular” (ou “Perpendicular”). A primeira, a força 1, é gerada
pela ação da gravidade que, como atua em função do núcleo da Legenda:
Terra, puxa o objeto em direção vertical, irremediavelmente. |F| – módulo da força de atração gravitacional (N – Newton)
Já a força número 2, a “Regular”, é uma energia reativa, ou seja, G – constante de gravitação universal (6,67408.10-11N.kg²/m²)
tem seu princípio na superfície do plano sobre o qual se inclina o M – massa gravitacional ativa (kg – quilogramas)
objeto (local onde o deslocamento acontece). Assim sendo, a força m – massa gravitacional passiva (kg – quilogramas)
de número 2 terá um ângulo semelhante ao do movimento gerado d² – distância entre as massas ao quadrado (m²)
na superfície do plano inclinado.
Entretanto, as forças ficarão emequilíbriose a mesma superfície Chamamos de peso a força de atração gravitacional que uma
estiver plana, pois teremos agindo sobre o mesmo ponto dois tipos massa exerce sobre outra. Além disso, são denominadas de massa
de forças de mesmo módulo, direção e sentido. Assim sendo, o ob- gravitacional ativa e passiva a massa que produz um campo gravita-
jeto não se deslocará, uma vez que não haverá forças resultantes cional ao seu redor e a massa que é atraída por tal campo gravita-
atuando sobre ele. cional, respectivamente.

32
FÍSICA
A força peso, ou simplesmente o peso de um corpo sujeito a
uma gravidade de módulo g, é dada por:

Legenda:
P – módulo da força peso (N – Newton)
m – massa gravitacional passiva (kg – quilogramas)
g – módulo da gravidade local (m/s² – metro por segundo ao
quadrado)

Comparando as duas equações acima, podemos perceber que


a gravidade de um corpo pode ser calculada pela fórmula a seguir:

Legenda:
v – velocidade de translação do corpo (m/s – metros por se-
gundo)
ω – velocidade angular (rad/s – radianos por segundo)
T – período de translação (s – segundos)
A fórmula acima mostra que a gravidade de um planeta, es-
trela ou qualquer que seja o corpo depende de sua massa (M), da A fórmula indica que a razão do quadrado do período de trans-
constante de gravitação universal (G) e do inverso do quadrado da lação de um corpo em torno de sua massa gravitacional ativa (por
distância em que nos encontramos até o centro desse corpo (d), exemplo, a translação da Terra em torno do Sol) pelo cubo do raio
que, no caso de corpos esféricos, é o seu próprio raio. médio da órbita (distância média entre a Terra e Sol, por exemplo)
A Terra, por exemplo, possui massa de 5,972.1024 kg e raio mé- tem módulo constante, que depende da constante de gravitação
dio de 6371 km (6,371.106 m), logo, podemos calcular o valor médio universal (G) e da massa gravitacional ativa M (a massa do Sol, por
da gravidade na sua superfície: exemplo).

Constante de gravitação universal


A constante de gravitação universal é uma constante de pro-
porcionalidade de módulo igual a 6,67408.10-11N.kg²/m², presente na
Lei da Gravitação Universal e usada para igualar a razão do produ-
to da massa de dois corpos pelo quadrado de sua distância com o
módulo da força de atração entre eles. A constante de gravitação
universal é dada, em unidades do Sistema Internacional de Unida-
des, em N.m²/kg².
A constante da gravitação universal foi determinada entre 1797
e 1798 pelo experimento da balança de torção, realizado pelo físico
Gravitação Universal e a Terceira Lei de Kepler e químico britânico Henry Cavendish. O experimento tinha como
Um dos indicadores de sucesso da Lei da Gravitação Universal objetivo inicial a determinação da densidade da Terra, mas na épo-
foi a sua capacidade de reproduzir a famosa relação matemática ca também pôde determinar a constante da gravitação universal
descoberta empiricamente por Johannes Kepler, conhecida como com menos de 1% de erro em relação ao valor conhecido atual-
Lei Harmônica: mente.

Veja um exemplo:
A lua é um satélite natural que orbita o planeta Terra pela ação
da grande força gravitacional exercida pela gravidade terrestre. Sen-
do a massa da Terra igual a 5,972.1024 kg, a massa da lua 7,36.1022
Para tanto, basta recordar que a força de atração gravitacional kg e a distância média entre a Terra e a Lua igual a 384.400 km
aponta sempre na direção que liga os dois corpos, tratando-se, por- (3,84.108 m), determine:
tanto, de um tipo de força central, assim como a força centrípeta, Dados: G = 6,67408.10-11 N.m²/kg²
que atua nos corpos em movimento circular. Assim: a) a força gravitacional que a Terra exerce sobre a Lua
b) a força gravitacional que a Lua exerce sobre a Terra
c) o módulo da aceleração adquirida pela Lua e pela Terra

Resolução
a) Para calcular a atração gravitacional que a Terra exerce sobre
a Lua, usaremos a Lei da Gravitação Universal:

33
FÍSICA
Equilíbrio térmico é o estado em que a temperatura de dois ou
mais corpos são iguais. Assim, quando um corpo está em equilíbrio
térmico em relação a outro, cessam os fluxos de troca de calor en-
tre eles. Ex.: Quando uma xícara de café é deixada por certo tempo
sobre uma mesa, ela esfriará até entrar em equilíbrio térmico com
o ambiente em que está.

b) De acordo com a Terceira Lei de Newton, a Lei da Ação e TERMOMETRIA


Reação, se a Terra exerce uma força de ação sobre a Lua, esta deve Chamamos de Termologia a parte da física que estuda os fenô-
exercer uma força atrativa sobre a Terra de mesmo módulo e dire- menos relativos ao calor, aquecimento, resfriamento, mudanças de
ção, porém, no sentido oposto, logo, a força que a Lua faz sobre a estado físico, mudanças de temperatura, etc.
Terra também é de 20.1019 N.
c) Se nos lembrarmos da Segunda Lei de Newton, que nos diz Termometria é a parte da termologia voltada para o estudo da
que o módulo da força resultante sobre um corpo é igual ao produ- temperatura, dos termômetros e das escalas termométricas.
to de sua massa pela sua aceleração, podemos calcular a aceleração
adquirida pela Lua e pela Terra facilmente. Observe: • Temperatura
Temperatura é a grandeza que caracteriza o estado térmico de
um corpo ou sistema.
Fisicamente o conceito dado a quente e frio é um pouco dife-
rente do que costumamos usar no nosso cotidiano. Podemos de-
finir como quente um corpo que tem suas moléculas agitando-se
muito, ou seja, com alta energia cinética. Analogamente, um corpo
frio, é aquele que tem baixa agitação das suas moléculas.
Ao aumentar a temperatura de um corpo ou sistema pode-se
dizer que está se aumentando o estado de agitação de suas molé-
culas.
Ao tirarmos uma garrafa de água mineral da geladeira ou ao
retirar um bolo de um forno, percebemos que após algum tempo,
ambas tendem a chegar à temperatura do ambiente. Ou seja, a
Os valores de aceleração calculados acima mostram que, ape- água “esquenta” e o bolo “esfria”. Quando dois corpos ou sistemas
sar de as forças de atração serem iguais para a Terra e para a Lua, a atingem o mesma temperatura, dizemos que estes corpos ou siste-
aceleração adquirida por cada uma é diferente. Além disso, fazendo mas estão em equilíbrio térmico.
a razão entre os dois valores, vemos que a aceleração que a Lua
sofre é cerca de 81 vezes maior que a sofrida pela Terra. • Escalas Termométricas
Para que seja possível medir a temperatura de um corpo, foi
desenvolvido um aparelho chamado termômetro.
O termômetro mais comum é o de mercúrio, que consiste em
TERMODINÂMICA: TEMPERATURA - ESCALAS TERMO- um vidro graduado com um bulbo de paredes finas que é ligado a
MÉTRICAS - DILATAÇÃO (SÓLIDO/LÍQUIDO). QUANTI- um tubo muito fino, chamado tubo capilar.
DADE DE CALOR SENSÍVEL E LATENTE. GASES IDEAIS Quando a temperatura do termômetro aumenta, as molécu-
– TRANSFORMAÇÕES ISOTÉRMICA, ISOBÁRICA, ISO- las de mercúrio aumentam sua agitação fazendo com que este se
VOLUMÉTRICA E ADIABÁTICA. EQUIVALENTE MECÂ- dilate, preenchendo o tubo capilar. Para cada altura atingida pelo
NICO DA CALORIA - CALOR ESPECÍFICO – CAPACIDADE mercúrio está associada uma temperatura.
TÉRMICA – ENERGIA INTERNA. 1ª LEI DA TERMODINÂ- A escala de cada termômetro corresponde a este valor de al-
MICA. MUDANÇAS DE FASE. 2ª LEI DA TERMODINÂ- tura atingida.
MICA - TRANSFORMAÇÃO DE ENERGIA TÉRMICA EM
OUTRAS FORMAS DE ENERGIA Escala Celsius
É a escala usada no Brasil e na maior parte dos países, oficiali-
zada em 1742 pelo astrônomo e físico sueco Anders Celsius (1701-
Termologia (termo = calor, logia = estudo) é a parte da Física 1744). Esta escala tem como pontos de referência a temperatura de
encarregada de estudar o calor e seus efeitos sobre a matéria. A congelamento da água sob pressão normal (0 °C) e a temperatura
termologia está intimamente ligada à energia térmica, estudando a de ebulição da água sob pressão normal (100 °C).
transmissão dessa energia e os efeitos produzidos por ela quando é
fornecida ou retirada de um corpo. Escala Fahrenheit
Temperatura é a grandeza que mede o estado de agitação das Outra escala bastante utilizada, principalmente nos países de
moléculas. Quanto mais quente estiver uma matéria, mais agitadas língua inglesa, criada em 1708 pelo físico alemão Daniel Gabriel
estarão suas moléculas. Assim, a temperatura é o fator que mede Fahrenheit (1686-1736), tendo como referência a temperatura de
a agitação dessas moléculas, determinando se uma matéria está uma mistura de gelo e cloreto de amônia (0 °F) e a temperatura do
quente, fria, etc. corpo humano (100 °F).
Calor é a energia que flui de um corpo com maior temperatura Em comparação com a escala Celsius:
para outro de menor temperatura. Como sabemos, a unidade de 0 °C = 32 °F
representação de qualquer forma de energia é o joule (J), porém, 100 °C = 212 °F
para designar o calor, é adotada uma unidade prática denominada
caloria, em que 1 cal = 4,186 J.

34
FÍSICA
Escala Kelvin
Também conhecida como escala absoluta, foi verificada pelo
físico inglês William Thompson (1824-1907), também conhecido
como Lorde Kelvin. Esta escala tem como referência a temperatura
do menor estado de agitação de qualquer molécula (0 K) e é calcu-
lada a partir da escala Celsius.
Por convenção, não se usa “grau” para esta escala, ou seja 0
K, lê-se zero kelvin e não zero grau kelvin. Em comparação com a
escala Celsius:

-273 °C = 0 K
0 °C = 273 K
100 °C = 373 K Da mesma forma, pode-se estabelecer uma conversão Celsius-
-Fahrenheit:
• Conversões entre escalas
Para que seja possível expressar temperaturas dadas em uma
certa escala para outra qualquer deve-se estabelecer uma conven-
ção geométrica de semelhança.

Por exemplo, convertendo uma temperatura qualquer dada em


escala Fahrenheit para escala Celsius:

E para escala Kelvin:

Pelo princípio de semelhança geométrica:

Algumas temperaturas:

Exemplo:
Qual a temperatura correspondente em escala Celsius para a
temperatura 100 °F?

35
FÍSICA
CALORIMETRIA Vapor d’água 0,480
Calor Zinco 0,093
Quando colocamos dois corpos com temperaturas diferentes
em contato, podemos observar que a temperatura do corpo “mais Quando:
quente” diminui, e a do corpo “mais frio” aumenta, até o momento Q>0: o corpo ganha calor.
em que ambos os corpos apresentem temperatura igual. Esta rea- Q<0: o corpo perde calor.
ção é causada pela passagem de energia térmica do corpo “mais
quente” para o corpo “mais frio”, a transferência de energia é o que Exemplo:
chamamos calor. Qual a quantidade de calor sensível necessária para aquecer
Calor é a transferência de energia térmica entre corpos com uma barra de ferro de 2kg de 20°C para 200 °C? Dado: calor especí-
temperaturas diferentes. fico do ferro = 0,119cal/g°C.
A unidade mais utilizada para o calor é caloria (cal), embora sua 2 kg = 2000 g
unidade no SI seja o joule (J). Uma caloria equivale a quantidade
de calor necessária para aumentar a temperatura de um grama de
água pura, sob pressão normal, de 14,5 °C para 15,5 °C.

A relação entre a caloria e o joule é dada por:


1 cal = 4,186J

Partindo daí, podem-se fazer conversões entre as unidades


usando regra de três simples.
Como 1 caloria é uma unidade pequena, utilizamos muito o seu Calor latente
múltiplo, a quilocaloria. Nem toda a troca de calor existente na natureza se detém a
1 kcal = 10³cal modificar a temperatura dos corpos. Em alguns casos há mudança
de estado físico destes corpos. Neste caso, chamamos a quantidade
Calor sensível de calor calculada de calor latente.
É denominado calor sensível, a quantidade de calor que tem A quantidade de calor latente (Q) é igual ao produto da massa
como efeito apenas a alteração da temperatura de um corpo. do corpo (m) e de uma constante de proporcionalidade (L).
Este fenômeno é regido pela lei física conhecida como Equação Assim:
Fundamental da Calorimetria, que diz que a quantidade de calor
sensível (Q) é igual ao produto de sua massa, da variação da tem-
peratura e de uma constante de proporcionalidade dependente da A constante de proporcionalidade é chamada calor latente de
natureza de cada corpo denominada calor específico. mudança de fase e se refere a quantidade de calor que 1 g da subs-
Assim: tância calculada necessita para mudar de uma fase para outra.
Além de depender da natureza da substância, este valor numé-
rico depende de cada mudança de estado físico.
Por exemplo, para a água:
Onde:
Q = quantidade de calor sensível (cal ou J).
Calor latente de fusão 80cal/g
c = calor específico da substância que constitui o corpo (cal/
g°C ou J/kg°C). Calor latente de vaporização 540cal/g
m = massa do corpo (g ou kg).
Δθ = variação de temperatura (°C). Calor latente de solidificação -80cal/g
É interessante conhecer alguns valores de calores específicos:
Calor latente de condensação -540cal/g
Substância c (cal/g°C)
Quando:
Alumínio 0,219
Q>0: o corpo funde ou vaporiza.
Água 1,000 Q<0: o corpo solidifica ou condensa.
Álcool 0,590
Exemplo:
Cobre 0,093 Qual a quantidade de calor necessária para que um litro de
Chumbo 0,031 água vaporize? Dado: densidade da água=1g/cm³ e calor latente de
vaporização da água = 540 cal/g.
Estanho 0,055
Ferro 0,119
Gelo 0,550
Mercúrio 0,033
Ouro 0,031
Prata 0,056

36
FÍSICA

Assim: Repare que, neste exemplo, consideramos a massa da água


como 1000g, pois temos 1 litro de água.

Capacidade térmica
É a quantidade de calor que um corpo necessita receber ou
ceder para que sua temperatura varie uma unidade.
Curva de aquecimento Então, pode-se expressar esta relação por:
Ao estudarmos os valores de calor latente, observamos que
estes não dependem da variação de temperatura. Assim podemos
elaborar um gráfico de temperatura em função da quantidade de
calor absorvida. Chamamos este gráfico de Curva de Aquecimento:

Sua unidade usual é cal/°C.

A capacidade térmica de 1g de água é de 1cal/°C já que seu


calor específico é 1cal/g.°C.

Transmissão de Calor
Em certas situações, mesmo não havendo o contato físico en-
tre os corpos, é possível sentir que algo está mais quente. Como
quando chega-se perto do fogo de uma lareira. Assim, concluímos
Trocas de Calor que de alguma forma o calor emana desses corpos “mais quentes”
Para que o estudo de trocas de calor seja realizado com maior podendo se propagar de diversas maneiras.
precisão, este é realizado dentro de um aparelho chamado calorí- Como já vimos anteriormente, o fluxo de calor acontece no
metro, que consiste em um recipiente fechado incapaz de trocar sentido da maior para a menor temperatura.
calor com o ambiente e com seu interior. Este trânsito de energia térmica pode acontecer pelas seguin-
Dentro de um calorímetro, os corpos colocados trocam calor tes maneiras:
até atingir o equilíbrio térmico. Como os corpos não trocam calor • condução;
com o calorímetro e nem com o meio em que se encontram, toda a • convecção;
energia térmica passa de um corpo ao outro. • irradiação.
Como, ao absorver calor Q>0 e ao transmitir calor Q<0, a soma
de todas as energias térmicas é nula, ou seja: Fluxo de Calor
ΣQ=0 Para que um corpo seja aquecido, normalmente, usa-se uma
fonte térmica de potência constante, ou seja, uma fonte capaz de
(lê-se que somatório de todas as quantidades de calor é igual fornecer uma quantidade de calor por unidade de tempo.
a zero) Definimos fluxo de calor (Φ) que a fonte fornece de maneira
constante como o quociente entre a quantidade de calor (Q) e o
intervalo de tempo de exposição (Δt):
Sendo que as quantidades de calor podem ser tanto sensível
como latente.

Exemplo:
Qual a temperatura de equilíbrio entre uma bloco de alumínio
de 200g à 20°C mergulhado em um litro de água à 80°C? Dados ca- Sendo a unidade adotada para fluxo de calor, no sistema inter-
lor específico: água=1cal/g°C e alumínio = 0,219cal/g°C. nacional, o Watt (W), que corresponde a Joule por segundo, embo-
ra também sejam muito usada a unidade caloria/segundo (cal/s)
e seus múltiplos: caloria/minuto (cal/min) e quilocaloria/segundo
(kcal/s).

37
FÍSICA
Exemplo: Imagine um forno microondas. Este aparelho aquece os ali-
Uma fonte de potência constante igual a 100W é utilizada para mentos sem haver contato com eles, e ao contrário do forno à gás,
aumentar a temperatura 100g de mercúrio 30°C. Sendo o calor es- não é necessário que ele aqueça o ar. Enquanto o alimento é aque-
pecífico do mercúrio 0,033cal/g.°C e 1cal=4,186J, quanto tempo a cido há uma emissão de microondas que fazem sua energia térmica
fonte demora para realizar este aquecimento? aumentar, aumentando a temperatura.
O corpo que emite a energia radiante é chamado emissor ou
radiador e o corpo que recebe, o receptor.

Estudo dos gases


Com exceção dos gases nobres, que são formados por áto-
mos isolados a maioria dos gases são compostos moleculares. Fi-
sicamente, os gases possuem grande capacidade de compressão e
expansão, não possuindo nem forma nem volume definidos, pois
ocupam o volume a forma do recipiente que os contém.
Há uma diferença entre gás e vapor: o vapor é capaz de exis-
Aplicando a equação do fluxo de calor: tir em equilíbrio com a substância em estado líquido e até mesmo
sólido; o gás, por sua vez, é um estado fluido impossível de se li-
quefazer.

Gases
Gases são fluidos no estado gasoso. A característica que os dife-
re dos fluidos líquidos é que, quando colocados em um recipiente,
estes têm a capacidade de ocupá-lo totalmente. A maior parte dos
elementos químicos não-metálicos conhecidos são encontrados no
seu estado gasoso, em temperatura ambiente.
As moléculas do gás, ao se movimentarem, colidem com as ou-
tras moléculas e com as paredes do recipiente onde se encontram,
exercendo uma pressão, chamada de pressão do gás.

Esta pressão tem relação com o volume do gás e à temperatura


Condução Térmica absoluta.
É a situação em que o calor se propaga através de um «con- Ao ter a temperatura aumentada, as moléculas do gás aumen-
dutor». Ou seja, apesar de não estar em contato direto com a fonte tam sua agitação, provocando mais colisões.
de calor um corpo pode ser modificar sua energia térmica se houver Ao aumentar o volume do recipiente, as moléculas tem mais
condução de calor por outro corpo, ou por outra parte do mesmo corpo. espaço para se deslocar, logo, as colisões diminuem, diminuindo a
Por exemplo, enquanto cozinha-se algo, se deixarmos uma colher pressão.
encostada na panela, que está sobre o fogo, depois de um tempo Utilizando os princípios da mecânica Newtoniana é possível es-
ela esquentará também. tabelecer a seguinte relação:
Este fenômeno acontece, pois, ao aquecermos a panela, suas
moléculas começam a agitar-se mais, como a panela está em con-
tato com a colher, as moléculas em agitação maior provocam uma
agitação nas moléculas da colher, causando aumento de sua ener-
gia térmica, logo, o aquecimento dela. Onde:
Também é por este motivo que, apesar de apenas a parte infe- p=pressão
rior da panela estar diretamente em contato com o fogo, sua parte m=massa do gás
superior também esquenta. v=velocidade média das moléculas
V=volume do gás.
Convecção Térmica
A convecção consiste no movimento dos fluidos, e é o princípio Gás perfeito ou ideal
fundamental da compreensão do vento, por exemplo. É considerado um gás perfeito quando são presentes as seguin-
O ar que está nas planícies é aquecido pelo sol e pelo solo, as- tes características:
sim ficando mais leve e subindo. Então as massas de ar que estão • o movimento das moléculas é regido pelos princípios da
nas montanhas, e que está mais frio que o das planícies, toma o mecânica Newtoniana;
lugar vago pelo ar aquecido, e a massa aquecida se desloca até os • os choques entre as moléculas são perfeitamente elásti-
lugares mais altos, onde resfriam. Estes movimentos causam, entre cos, ou seja, a quantidade de movimento é conservada;
outros fenômenos naturais, o vento. • não há atração e nem repulsão entre as moléculas;
Formalmente, convecção é o fenômeno no qual o calor se pro- • o volume de cada molécula é desprezível quando compa-
paga por meio do movimento de massas fluidas de densidades di- rado com o volume total do gás.
ferentes.
Energia cinética de um gás
Irradiação Térmica Devido às colisões entre si e com as paredes do recipiente, as
É a propagação de energia térmica que não necessita de um moléculas mudam a sua velocidade e direção, ocasionando uma va-
meio material para acontecer, pois o calor se propaga através de riação de energia cinética de cada uma delas. No entanto, a energia
ondas eletromagnéticas. cinética média do gás permanece a mesma.

38
FÍSICA
Novamente utilizando-se conceitos da mecânica Newtoniana T=temperatura absoluta;
estabelece-se:
=constante que depende da pressão, massa e natureza do
gás.
Assim, quando um mesmo gás muda de temperatura ou volu-
me, é válida a relação:

Onde:
n=número molar do gás (nº de mols)
R=constante universal dos gases perfeitos (R=8,31J/mol.K)
T=temperatura absoluta (em Kelvin)
Exemplo:
O número de mols do gás é calculado utilizando-se sua massa Um gás de volume 0,5m³ à temperatura de 20ºC é aquecido até
molar, encontrado em tabelas periódicas e através da constante de a temperatura de 70ºC. Qual será o volume ocupado por ele, se esta
Avogadro. transformação acontecer sob pressão constante?
É importante lembrarmos que a temperatura considerada deve
ser a temperatura absoluta do gás (escala Kelvin) assim, o primeiro
passo para a resolução do exercício é a conversão de escalas ter-
Utilizando-se da relação que em 1mol de moléculas de uma mométricas:
substância há moléculas desta substância. Lembrando que:

Transformação Isotérmica
A palavra isotérmica se refere à mesma temperatura. Logo,
uma transformação isotérmica de um gás ocorre quando a tempe-
ratura inicial é conservada.
A lei física que expressa essa relação é conhecida com Lei de
Boyle e é matematicamente expressa por:

Então:
Onde:
p=pressão
V=volume

=constante que depende da massa, temperatura e nature-


za do gás.

Como esta constante é a mesma para um mesmo gás, ao ser


transformado, é válida a relação:

Exemplo: Transformação Isométrica


Certo gás contido em um recipiente de 1m³ com êmbolo exerce A transformação isométrica também pode ser chamada isocó-
uma pressão de 250Pa. Ao ser comprimido isotermicamente a um rica e assim como nas outras transformações vistas, a isométrica se
volume de 0,6m³ qual será a pressão exercida pelo gás? baseia em uma relação em que, para este caso, o volume se man-
tém.
Regida pela Lei de Charles, a transformação isométrica é mate-
maticamente expressa por:

Onde:
p=pressão;
Transformação Isobárica T=temperatura absoluta do gás;
Analogamente à transformação isotérmica, quando há uma =constante que depende do volume, massa e da natureza
transformação isobárica, a pressão é conservada. do gás.;
Regida pela Lei de Charles e Gay-Lussac, esta transformação Como para um mesmo gás, a constante é sempre a mesma,
pode ser expressa por: garantindo a validade da relação:

Onde:
V=volume;

39
FÍSICA
Exemplo:
Um gás que se encontra à temperatura de 200K é aquecido até
300K, sem mudar de volume. Se a pressão exercida no final do pro-
cesso de aquecimento é 1000Pa, qual era a pressão inicial?

Através da lei de Clapeyron:

Equação de Clapeyron
Relacionando as Leis de Boyle, Charles Gay-Lussac e de Charles
é possível estabelecer uma equação que relacione as variáveis de
estado: pressão (p), volume (V) e temperatura absoluta (T) de um
gás.

Esta equação é chamada Equação de Clapeyron, em homena-


gem ao físico francês Paul Emile Clapeyron que foi quem a estabe-
leceu.

Onde: esta equação é chamada Lei geral dos gases perfeitos.


p=pressão;
V=volume; Termodinâmica
n=nº de mols do gás; A Termodinâmica é a parte da Física que estuda principalmente
R=constante universal dos gases perfeitos; a transformação de energia térmica em trabalho.
T=temperatura absoluta. A utilização direta desses princípios em motores de combustão
Exemplo: interna ou externa, faz dela uma importante teoria para os moto-
(1) Qual é o volume ocupado por um mol de gás perfeito sub- res de carros, caminhões e tratores, nas turbinas com aplicação em
metido à pressão de 5000N/m², a uma temperatura igual a 50°C? aviões, etc.
Energia Interna
As partículas de um sistema têm vários tipos de energia, e a
soma de todas elas é o que chamamos Energia interna de um sis-
Dado: 1atm=100000N/m² e tema.
Para que este somatório seja calculado, são consideradas as
energias cinéticas de agitação , potencial de agregação, de ligação e
nuclear entre as partículas.
Nem todas estas energias consideradas são térmicas. Ao ser
fornecida a um corpo energia térmica, provoca-se uma variação na
energia interna deste corpo. Esta variação é no que se baseiam os
princípios da termodinâmica.
Se o sistema em que a energia interna está sofrendo variação
for um gás perfeito, a energia interna será resumida na energia de
translação de suas partículas, sendo calculada através da Lei de Jou-
Substituindo os valores na equação de Clapeyron: le:

Onde:
U: energia interna do gás;
n: número de mol do gás;
R: constante universal dos gases perfeitos;
T: temperatura absoluta (kelvin).
Lei geral dos gases perfeitos
Através da equação de Clapeyron é possível obter uma lei que Como, para determinada massa de gás, n e R são constantes, a
relaciona dois estados diferentes de uma transformação gasosa, variação da energia interna dependerá da variação da temperatura
desde que não haja variação na massa do gás. absoluta do gás, ou seja,
Considerando um estado (1) e (2) onde: • Quando houver aumento da temperatura absoluta ocor-
rerá uma variação positiva da energia interna .

40
FÍSICA
• Quando houver diminuição da temperatura absoluta, há
uma variação negativa de energia interna .
• E quando não houver variação na temperatura do gás, a
variação da energia interna será igual a zero .

Conhecendo a equação de Clepeyron, é possível compará-la a


equação descrita na Lei de Joule, e assim obteremos:

Assim, o trabalho realizado por um sistema, em uma transfor-


mação com pressão constante, é dado pelo produto entre a pressão
e a variação do volume do gás.

Quando:
• o volume aumenta no sistema, o trabalho é positivo, ou
seja, é realizado sobre o meio em que se encontra (como por exem-
plo empurrando o êmbolo contra seu próprio peso);
• o volume diminui no sistema, o trabalho é negativo, ou
seja, é necessário que o sistema receba um trabalho do meio ex-
terno;
• o volume não é alterado, não há realização de trabalho
Trabalho pelo sistema.

Trabalho de um gás Exemplo:


Considere um gás de massa m contido em um cilindro com área (1) Um gás ideal de volume 12m³ sofre uma transformação,
de base A, provido de um êmbolo. permenecendo sob pressão constante igual a 250Pa. Qual é o volu-
Ao ser fornecida uma quantidade de calor Q ao sistema, este me do gás quando o trabalho realizado por ele for 2kJ?
sofrerá uma expansão, sob pressão constante, como é garantido
pela Lei de Gay-Lussac, e o êmbolo será deslocado.

Diagrama p x V
É possível representar a transformação isobárica de um gás
através de um diagrama pressão por volume:

Assim como para os sistemas mecânicos, o trabalho do sistema


será dado pelo produto da força aplicada no êmbolo com o desloca-
mento do êmbolo no cilindro:

Comparando o diagrama à expressão do cálculo do trabalho


realizado por um gás , é possível verificar que o trabalho
realizado é numericamente igual à área sob a curva do gráfico (em
azul na figura).

41
FÍSICA
Com esta verificação é possível encontrar o trabalho realizado 2ª Lei da Termodinâmica
por um gás com pressão variável durante sua tranformação, que é Dentre as duas leis da termodinâmica, a segunda é a que tem
calculado usando esta conclusão, através de um método de nível maior aplicação na construção de máquinas e utilização na indús-
acadêmico de cálculo integral, que consiste em uma aproximação tria, pois trata diretamente do rendimento das máquinas térmicas.
dividindo toda a área sob o gráfico em pequenos retângulos e tra- Dois enunciados, aparentemente diferentes ilustram a 2ª Lei da
pézios. Termodinâmica, os enunciados de Clausius e Kelvin-Planck:

• Enunciado de Clausius:
O calor não pode fluir, de forma espontânea, de um corpo de
temperatura menor, para um outro corpo de temperatura mais alta.
Tendo como consequência que o sentido natural do fluxo de
calor é da temperatura mais alta para a mais baixa, e que para que
o fluxo seja inverso é necessário que um agente externo realize um
trabalho sobre este sistema.

• Enunciado de Kelvin-Planck:
É impossível a construção de uma máquina que, operando em
um ciclo termodinâmico, converta toda a quantidade de calor rece-
bido em trabalho.
Este enunciado implica que, não é possível que um dispositivo
térmico tenha um rendimento de 100%, ou seja, por menor que
seja, sempre há uma quantidade de calor que não se transforma
1ª Lei da Termodinâmica em trabalho efetivo.
Chamamos de 1ª Lei da Termodinâmica o princípio da conser-
vação de energia aplicada à termodinâmica, o que torna possível Maquinas térmicas
prever o comportamento de um sistema gasoso ao sofrer uma As máquinas térmicas foram os primeiros dispositivos mecâni-
transformação termodinâmica. cos a serem utilizados em larga escala na indústria, por volta do sé-
Analisando o princípio da conservação de energia ao contexto culo XVIII. Na forma mais primitiva, era usado o aquecimento para
da termodinâmica: transformar água em vapor, capaz de movimentar um pistão, que
Um sistema não pode criar ou consumir energia, mas apenas por sua vez, movimentava um eixo que tornava a energia mecânica
armazená-la ou transferi-la ao meio onde se encontra, como tra- utilizável para as indústrias da época.
balho, ou ambas as situações simultaneamente, então, ao receber Chamamos máquina térmica o dispositivo que, utilizando duas
uma quantidade Q de calor, esta poderá realizar um trabalho e fontes térmicas, faz com que a energia térmica se converta em
aumentar a energia interna do sistema ΔU, ou seja, expressando energia mecânica (trabalho).
matematicamente:

Sendo todas as unidades medidas em Joule (J).

Conhecendo esta lei, podemos observar seu comportamento


para cada uma das grandezas apresentadas:

Exemplo:
(1) Ao receber uma quantidade de calor Q=50J, um gás realiza
um trabalho igual a 12J, sabendo que a Energia interna do sistema A fonte térmica fornece uma quantidade de calor que no
antes de receber calor era U=100J, qual será esta energia após o dispositivo transforma-se em trabalho mais uma quantidade de
recebimento? calor que não é capaz de ser utilizado como trabalho .

Assim é válido que:

Utiliza-se o valor absolutos das quantidade de calor pois, em


uma máquina que tem como objetivo o resfriamento, por exemplo,
estes valores serão negativos.

42
FÍSICA
Neste caso, o fluxo de calor acontece da temperatura menor
para o a maior. Mas conforme a 2ª Lei da Termodinâmica, este flu-
xo não acontece espontaneamente, logo é necessário que haja um
trabalho externo, assim:

Ciclo de Carnot
Até meados do século XIX, acreditava-se ser possível a constru-
ção de uma máquina térmica ideal, que seria capaz de transformar
toda a energia fornecida em trabalho, obtendo um rendimento to-
tal (100%).
Para demonstrar que não seria possível, o engenheiro francês
Nicolas Carnot (1796-1832) propôs uma máquina térmica teórica
que se comportava como uma máquina de rendimento total, esta-
belecendo um ciclo de rendimento máximo, que mais tarde passou
Rendimento das máquinas térmicas a ser chamado Ciclo de Carnot.
Podemos chamar de rendimento de uma máquina a relação Este ciclo seria composto de quatro processos, independente
entre a energia utilizada como forma de trabalho e a energia for- da substância:
necida:
Considerando:

=rendimento;

= trabalho convertido através da energia térmica fornecida;

=quantidade de calor fornecida pela fonte de aquecimento;

=quantidade de calor não transformada em trabalho.

Mas como constatado:

logo, podemos expressar o rendimento como: • Uma expansão isotérmica reversível. O sistema recebe
uma quantidade de calor da fonte de aquecimento (L-M)
• Uma expansão adiabática reversível. O sistema não troca
calor com as fontes térmicas (M-N)
• Uma compressão isotérmica reversível. O sistema cede
calor para a fonte de resfriamento (N-O)
• Uma compressão adiabática reversível. O sistema não tro-
O valor mínimo para o rendimento é 0 se a máquina não rea- ca calor com as fontes térmicas (O-L)
lizar nenhum trabalho, e o máximo 1, se fosse possível que a má-
quina transformasse todo o calor recebido em trabalho, mas como Numa máquina de Carnot, a quantidade de calor que é forneci-
visto, isto não é possível. Para sabermos este rendimento em per- da pela fonte de aquecimento e a quantidade cedida à fonte de res-
centual, multiplica-se o resultado obtido por 100%. friamento são proporcionais às suas temperaturas absolutas, assim:

Exemplo:
Um motor à vapor realiza um trabalho de 12kJ quando lhe é
fornecido uma quantidade de calor igual a 23kJ. Qual a capacida-
de percentual que o motor tem de transformar energia térmica em
trabalho? Assim, o rendimento de uma máquina de Carnot é:

43
FÍSICA
Logo: * A equação acima nos mostra que quanto mais rápida for a
onda maior será a freqüência e mais energia ela tem. Porém, a fre-
qüência é o inverso do comprimento de onda (l), isto quer dizer
que ondas com alta freqüência têm l pequenos. Ondas de baixa fre-
qüência têm l grandes
Sendo:

= temperatura absoluta da fonte de resfriamento

= temperatura absoluta da fonte de aquecimento

Com isto se conclui que para que haja 100% de rendimento,


todo o calor vindo da fonte de aquecimento deverá ser transforma-
do em trabalho, pois a temperatura absoluta da fonte de resfria-
mento deverá ser 0K.
Partindo daí conclui-se que o zero absoluto não é possível para * Ondas Unidimensionais: São aquelas que se propagam em
um sistema físico. um plano apenas. Em uma única linha de propagação.
* Ondas Bidimensionais: São aquelas que se propagam em
Exemplo: duas dimensões. Em uma superfície, geralmente. Movimentam-se
Qual o rendimento máximo teórico de uma máquina à vapor, apenas em superfícies planas.
cujo fluido entra a 560ºC e abandona o ciclo a 200ºC? * Ondas Tridimensionais: São aquelas que se propagam em to-
das as direções possíveis.
Som
O som é uma onda (perturbação) longitudinal e tridimensional,
produzida por um corpo vibrante sendo de cunho mecânico.
* Fonte sonora: qualquer corpo capaz de produzir vibrações.
Estas vibrações são transmitidas às moléculas do meio, que por sua
vez, transmitem a outras e a outras, e assim por diante. Uma molé-
cula pressiona a outra passando energia sonora.
* Não causa aquecimento: As ondas sonoras se propagam em
expansões e contrações adiabáticas. Ou seja, cada expansão e cada
contração, não retira nem cede calor ao meio.
* Velocidade do som no ar: 337m/s
* Nível sonoro: o mínimo que o ouvido de um ser humano nor-
VIBRAÇÕES E ONDAS: MOVIMENTO HARMÔNICO mal consegue captar é de 20Hz, ou seja, qualquer corpo que vibre
SIMPLES. ONDAS ELÁSTICAS: PROPAGAÇÃO - SUPER- em 20 ciclos por segundo. O máximo da sensação auditiva, para o
POSIÇÃO - REFLEXÃO E REFRAÇÃO - NOÇÕES SOBRE A ser humano é de 20.000Hz (20.000 ciclos por segundo). Este míni-
INTERFERÊNCIA, DIFRAÇÃO E RESSONÂNCIA. SOM mo é acompanhado de muita dor, por isso também é conhecido
como o limiar da dor.

ONDAS SONORAS, NATUREZA DO SOM, PROPAGAÇÃO, VELO- Há uma outra medida de intensidade de som, que chamada
CIDADE, ALTURA, INTENSIDADE, TIMBRE de Bell. Inicialmente os valores eram medidos em Béis, mas torna-
ram-se muito grandes numericamente. Então, introduziram o valor
Ondas Sonoras dez vezes menor, o deciBell, dB. Esta medida foi uma homenagem
Som é uma onda que se propaga em meio material, água, ar, a Alexander Graham Bell. Eis a medida de alguns sons familiares:
etc. O som não se propaga no vácuo, não se percebe o som sem um
meio material. Fonte sonora ou dB Intensidade descrição de ruído em W.m-2
A intensidade do som é tanto quanto maiorque a amplitude da
onda sonora. Limiar da dor 120 1
* Velocidade de propagação das ondas: Rebitamento 95 3,2.10-3
a) Quanto mais tracionado o material, mais rápido o pulso se Trem elevado 90 10-3
propagará.
Tráfego urbano
b) O pulso se propaga mais rápido em um meio de menor mas-
sa. pesado 70 10-5
c) O pulso se propaga mais rápido quando o comprimento é Conversação 65 3,2.10-6
grande.
d) Equação da velocidade: Automóvel silencioso 50 10-7
Rádio moderado 40 10-8
Sussurro médio 20 10-10
Roçar de folhas 10 10-11
Limite de audição 0 10-12
ou ainda pode ser V = l.f

44
FÍSICA
* Refração: mudanças na direção e na velocidade. Reflexão do som
Refrata quando muda de meio.
Refrata quando há mudanças na temperatura

* Difração:Capacidade de contornar obstáculos. O som tem


grande poder de difração, porque as ondas têm um l relativamente
grande.

* Interferência: na superposição de ondas pode haver aumento


de intensidade sonora ou a sua diminuição.
Destrutiva - Crista + Vale - som diminui ou para.
Construtiva - Crista + Crista ou Vale + Vale - som aumenta de
intensidade.
Difração:
Ocorre quando uma onda encontra obstáculos à sua propaga-
ção e seus raios sofrem encurvamento.

Timbre
O Timbre é a “cor” do som. Aquilo que distingue a qualidade do
tom ou voz de um instrumento ou cantor, por exemplo a flauta do
clarinete, o soprano do tenor.

Cada objeto ou material possui um timbre que é único, assim


como cada pessoa possui um timbre próprio de voz. Suponhamos que uma fonte emita um som breve que siga dois
raios sonoros. Um dos raios vai diretamente ao receptor (o ouvido,
Fenômenos Ondulatórios, Reflexão, Eco, Reverberação, Refra- por exemplo) e outro, que incide num anteparo, reflete-se e diri-
ção, Difração e Interferência ge-se para ao mesmo receptor. Dependendo do intervalo de tem-
Já que sabemos o que é o som, nada mais justo do que enten- po (?t) com que esses sons breves (Direto e Refletido) atingem o
der como o som se comporta. Vamos então explorar um pouco os ouvido, podemos ter uma das três sensações distintas já citadas:
fenômenos sonoros. reforço, reverberação e eco.
Na propagação do som observam-se os fenômenos gerais da Quando o som breve direto atinge o tímpano dos nossos ouvi-
propagação ondulatória. Devido à sua natureza longitudinal, o som dos, ele o excita. A excitação completa ocorre em 0,1 segundo. Se
não pode ser polarizado; sofre, entretanto, os demais fenômenos, o som refletido chegar ao tímpano antes do décimo de segundo, o
a saber: difração, reflexão, refração, interferência e efeito Doppler. som refletido reforça a excitação do tímpano e reforça a ação do
Se você achar esta matéria cansativa, não se preocupe. Estare- som direto. É o fenômeno do reforço.
mos voltando a estes tópicos toda vez que precisarmos deles como Na reverberação, o som breve refletido chega ao ouvido antes
suporte. Você vai cansar de vê-los aplicados na prática... e acaba que o tímpano, já excitado pelo som direto, tenha tempo de se re-
aprendendo ;-) cuperar da excitação (fase de persistência auditiva). Desta forma,
A difração é a propriedade de contornar obstáculos. Ao en- começa a ser excitado novamente, combinando duas excitações
contrar obstáculos à sua frente, a onda sonora continua a provocar diferentes. Isso ocorre quando o intervalo de tempo entre o ramo
compressões e rarefações no meio em que está se propagando e direto e o ramo refletido é maior ou igual a zero, porém menor que
ao redor de obstáculos envolvidos pelo mesmo meio (uma pedra 0,1 segundo. O resultado é uma ‘confusão’ auditiva, o que prejudica
envolta por ar, por exemplo). Desta forma, consegue contorná-los. o discernimento tanto do som direto quanto do refletido. É a cha-
A difração depende do comprimento de onda. Como o comprimen- mada continuidade sonora e o que ocorre em auditórios acustica-
to de onda (?) das ondas sonoras é muito grande - enorme quando mente mal planejados.
comparado com o comprimento de onda da luz - a difração sonora No eco, o som breve refletido chega ao tímpano após este ter
é intensa. sido excitado pelo som direto e ter-se recuperado dessa excitação.
Depois de ter voltado completamente ao seu estado natural (com-
A reflexão do som obedece às leis da reflexão ondulatória nos pletou a fase de persistência auditiva), começa a ser excitado nova-
meios materiais elásticos. Simplificando, quando uma onda sonora mente pelo som breve refletido. Isto permite discernir perfeitamen-
encontra um obstáculo que não possa ser contornado, ela “bate e te as duas excitações.
volta”. É importante notar que a reflexão do som ocorre bem em su- Ainda derivado do fenômeno da reflexão do som, é preciso
perfícies cuja extensão seja grande em comparação com seu com- considerar a formação de ondas estacionárias nos campos ondula-
primento de onda. tórios limitados, como é o caso de colunas gasosas aprisionadas em
A reflexão, por sua vez, determina novos fenômenos conheci- tubos. O tubo de Kundt, abaixo ilustrado, permite visualizar através
dos como reforço, reverberação e eco. Esses fenômenos se devem de montículos de pó de cortiça a localização de nós (regiões isentas
ao fato de que o ouvido humano só é capaz de discernir duas ex- de vibração e de som) no sistema de ondas estacionárias que se
citações breves e sucessivas se o intervalo de tempo que as separa estabelece como resultado da superposição da onda sonora direta
for maior ou igual a 1/10 do segundo. Este décimo de segundo é a e da onda sonora refletida.
chamada persistência auditiva.
Ondas Estacionárias
A distância (d) entre dois nós consecutivos é de meio compri-
mento de onda ( d = ? / 2 ). Sendo a velocidade da onda no gás Vgás
= ?×f tem-se Vgás = 2×f×d, o que resulta num processo que permite

45
FÍSICA
calcular a velocidade de propagação do som em um qualquer gás! Interferência
A frequência f é fornecida pelo oscilador de áudio-frequência que A interferência é a consequência da superposição de ondas
alimenta o auto-falante. sonoras. Quando duas fontes sonoras produzem, ao mesmo tempo
A refração do som obedece às leis da refração ondulatória. Este e num mesmo ponto, ondas concordantes, seus efeitos se somam;
fenômeno caracteriza o desvio sofrido pela frente da onda quando mas se essas ondas estão em discordância, isto é, se a primeira pro-
ela passa de um meio para outro, cuja elasticidade (ou compressi- duz uma compressão num ponto em que a segunda produz uma
bilidade, para as ondas longitudinais) seja diferente. Um exemplo rarefação, seus efeitos se neutralizam e a combinação desses dois
seria a onda sonora passar do ar para a água. sons provoca o silêncio.
Quando uma onda sonora sofre refração, ocorre uma mudança
no seu comprimento de onda e na sua velocidade de propagação. Trombone de Quincke
Sua frequência, que depende apenas da fonte emissora, se mantém O trombone de Quincke é um dispositivo que permite consta-
inalterada. tar o fenômeno da interferência sonora além de permitir a deter-
Como já vimos, o som é uma onda mecânica e transporta ape- minação do comprimento de onda. O processo consiste em enca-
nas energia mecânica. Para se deslocar no ar, a onda sonora precisa minhar um som simples produzido por uma dada fonte (diapasão,
ter energia suficiente para fazer vibrar as partículas do ar. Para se por exemplo) por duas vias diferentes (denominados ‘caminhos de
deslocar na água, precisa de energia suficiente para fazer vibrar as marcha’) e depois reuni-los novamente em um receptor analisador
partículas da água. Todo meio material elástico oferece uma certa (que pode ser o próprio ouvido).
“resistência” à transmissão de ondas sonoras: é a chamada impe- Observando a fig.9 percebe-se que o som emitido pela fonte
dância. A impedância acústica de um sistema vibratório ou meio percorre dois caminhos: o da esquerda (amarelo), mais longo, e
de propagação, é a oposição que este oferece à passagem da onda o da direita (laranja), mais curto. As ondas entram no interior do
sonora, em função de sua frequência e velocidade. trombone formando ondas estacionárias dentro do tubo. Como o
A impedância acústica (Z) é composta por duas grandezas: a meio no tubo é um só e as ondas sonoras são provenientes de uma
resistência e a reactância. As vibrações produzidas por uma onda mesma fonte, é óbvio que as que percorrem o caminho mais curto
sonora não continuam indefinidamente pois são amortecidas pela cheguem primeiro ao receptor. Depois de um determinado período
resistência que o meio material lhes oferece. Essa resistência acús- de tempo, chegam as ondas do caminho mais longo e se misturam
tica (R) é função da densidade do meio e, consequentemente, da às do caminho mais curto: é a interferência. De acordo com as fases
velocidade de propagação do som neste meio. A resistência é a par- em que se encontram as ondas do caminho mais longo e as ondas
te da impedância que não depende da frequência. É medida em do caminho mais curto, o efeito pode ser totalmente diverso.
ohms acústicos. A reactância acústica (X) é a parte da impedância Se as ondas amarelas chegarem em concordância de fase com
que está relacionada com a frequência do movimento resultante as ondas laranja, ocorre uma interferência construtiva e, o que se
(onda sonora que se propaga). É proveniente do efeito produzido ouve, é um aumento na intensidade do som.
pela massa e elasticidade do meio material sobre o movimento on- Se as ondas amarelas chegarem em oposição de fase com as
dulatório.
ondas laranja, ocorre uma interferência destrutiva, o que determi-
Se existe a impedância, uma oposição à onda sonora, podemos
na o anulamento ou extinção delas. O resultado é o silêncio.
também falar em admitância, uma facilitação à passagem da onda
Dois sons de alturas iguais, ou seja, de frequências iguais, se
sonora. A admitância acústica (Y) é a recíproca da impedância e de-
reforçam ou se extinguem permanentemente conforme se super-
fine a facilitação que o meio elástico oferece ao movimento vibra-
ponham em concordância ou em oposição de fase.
tório. Quanto maior for a impedância, menor será a admitância e
vice-versa. É medida em mho acústico (contrário de ohm acústico).
Batimento
A impedância também pode ser expressa em unidades rayls
(homenagem a Rayleigh). A impedância característica do ar é de Se suas frequências não forem rigorosamente iguais, ora eles
420 rayles, o que significa que há necessidade de uma pressão de se superpõem em concordância de fase, ora em oposição de fase,
420 N/m2 para se obter o deslocamento de 1 metro, em cada se- ocorrendo isso a intervalos de tempo iguais, isto é, periodicamente
gundo, nas partículas do meio. se reforçam e se extinguem. É o fenômeno de batimento e o inter-
Para o som, o ar é mais refringente que a água pois a impedân- valo de tempo é denominado período do batimento.
cia do ar é maior. Tanto é verdade que a onda sonora se desloca Distingue-se um som forte de um som fraco pela intensidade.
com maior velocidade na água do que no ar porque encontra uma Distingue-se um som agudo de um som grava pela altura. Distingue-
resistência menor. -se o som de um violino do som de uma flauta pelo timbre.
Quando uma onda sonora passa do ar para a água, ela tende a
se horizontalizar, ou seja, se afasta da normal, a linha marcada em Efeito Doppler
verde (fig.6). O ângulo de incidência em relação à água é impor- O Efeito Doppler é consequência do movimento relativo entre
tante porque, se não for suficiente, a onda sonora não consegue o observador e a fonte sonora, o que determina uma modificação
“entrar” na água e acaba sendo refletida. aparente na altura do som recebido pelo observador.

Refração da água para o ar


A refração, portanto, muda a direção da onda sonora (mas não
muda o seu sentido). A refração pode ocorrer num mesmo meio,
por exemplo, no ar. Camadas de ar de temperaturas diferentes pos-
suem impedâncias diferentes e o som sofre refrações a cada cama-
da que encontra.
Da água para o ar, o som se aproxima da normal. O som passa
da água para o ar, qualquer que seja o ângulo de incidência.
Dada a grande importância da impedância, tratada aqui apenas
para explicar o fenômeno da refração, ela possui um módulo pró-
prio. É um assunto relevante na geração e na transmissão de sons.

46
FÍSICA
mente o fá e o sí, ou sí e o ré, os sons resultantes serão desagradá-
veis, dando a sensação de que falta alguma coisa para completá-las.
Isso acontece porque, no primeiro caso, as relações entre frequên-
cias são compostas de números pequenos, enquanto no segundo,
esses números são relativamente grandes.
Com o progresso da eletrônica, novos instrumentos foram pro-
duzidos, como a guitarra elétrica, o órgão eletrônico etc., que nos
proporcionam novos timbres.
O órgão eletrônico chega mesmo a emitir os sons dos outros
instrumentos. Ele pode ter, inclusive, acompanhamento de bateria,
violoncelo, contrabaixo e outros, constituindo-se numa autentica
orquestra eletrônica, regida por um maestro: executante da música.

Características das Ondas


As ondas do mar são semelhantes às que se formam numa cor-
da: apresentam pontos mais elevados – chamados cristas ou mon-
O efeito doppler ocorre quando um som é gerado ou refletido tes – e pontos mais baixos – chamados vales ou depressões.
por um objeto em movimento. Um efeito doppler ao extremo causa As ondas são caracterizadas pelos seguintes elementos:
o chamado estrondo sônico. Se tiver curiosidade, leia mais sobre Amplitude – que vai do eixo médio da onda até o ponto mais
o assunto em “A Barreira Sônica”. A seguir, veja um exemplo para auto de uma crista ou até o ponto mais baixo de um vale.
explicar o efeito doppler. Comprimento da onda – distâncias entre duas cristas sucessi-
vas ou entre dois vales sucessivos.
Imagine-se parado numa calçada. Em sua direção vem um au- Frequência – números de ondas formadas em 1s; a frequência
tomóvel tocando a buzina, a uma velocidade de 60 km/h. Você vai é medida em hertz: 1 Hz equivale a uma onda por segundo;
ouvir a buzina tocando uma “nota” enquanto o carro se aproxima Período – tempo gasto para formar uma onda. O período é o
porém, quando ele passar por você, o som da buzina repentina- inverso da frequência.
mente desce para uma “nota” mais baixa - o som passa de mais
agudo para mais grave. Esta mudança na percepção do som se deve Tipos de onda
ao efeito doppler. Ondas como as do mar ou as que se formam quando movimen-
A velocidade do som através do ar é fixa. Para simplificar, diga- tamos uma corda vibram nas direções vertical, mas se propagam na
mos que seja de 300 m/s. Se o carro estiver parado a uma distância direção horizontal. Nessas ondas, chamadas ondas transversais, a
de 1.500 metros e tocar a buzina durante 1 minuto, você ouvirá o direção de vibração é perpendicular à direção de propagação.
som da buzina após 5 segundos pelo tempo de 1 minuto. Existem ondas que vibram na mesma direção em que se pro-
Porém, se o carro estiver em movimento, vindo em sua direção pagam: são as ondas longitudinais. Pegue uma mola e fixe uma de
a 90 km/h, o som ainda será ouvido com um atraso de 5 segundos, suas extremidades no teto. Pela outra extremidade, mantenha a
mas você só ouvirá o som por 55 segundos (ao invés de 1 minuto). mola esticada e puxe levemente uma das espirais para baixo. Em
O que ocorre é que, após 1 minuto o carro estará ao seu lado (90 seguida, solte a mola. Você verá que esta perturbação se propaga
km/h = 1.500 m/min) e o som, ao fim de 1 minuto, chega até você até o teto produzido na mola zonas de compressão e distensão.
instantaneamente. Da sua perspectiva, a buzinada de 1 minuto
foi “empacotada” em 55 segundos, ou seja, o mesmo número de Estudo do som
ondas sonoras foi comprimida num menor espaço de tempo. Isto Encoste a mão na frente de seu pescoço e emita um som qual-
significa que a frequência foi aumentada e você percebe o som da quer. Você vai sentir a garganta vibrar enquanto dura o som de sua
buzina como mais agudo. voz. O som produzido resulta de um movimento vibratório das cor-
Quando o automóvel passa por você e se distancia, ocorre o das vocais, que provoca uma perturbação no ar a sua volta, cujo
processo inverso - o som é expandido para preencher um tempo efeito é capaz de impressionar o ouvido.
maior. Mesmo número de ondas num espaço de tempo maior signi- Quando uma lâmina de aço vibra, ela também provoca uma
fica uma frequência menor e um som mais grave. perturbação no ar em sua volta. Propagando-se pelo ar, essa per-
turbação produz regiões de compressão e distensão. Como nosso
Reflexão do Som aparelho auditivo é sensível e essa vibração do ar, podemos perce-
Se você joga uma bola de borracha perpendicularmente contra bê-las sob a forma de som.
uma parede, ela bate na parede e volta na mesma direção. Se a Além das cordas vocais e lâminas de aço, existem inúmeros
bola é jogada obliquamente contra a parede, depois de bater ela outros corpos capazes de emitir som. Corpos com essa capacidade
se desvia para outra direção. Nos dois casos a bola foi refletida pela são denominados fontes sonoras. Como exemplo, podemos citar os
parede. O mesmo acontece com as ondas sonoras. diapasões, os sinos, as membranas, as palhetas e os tubos.
Timbre: o “documento de identidade” dos instrumentos.
Todo instrumento musical tem o seu timbre, isto é, seu som Frequência do som audível
característico. Assim, o acordeão e o violão podem emitir uma mes- O ouvido humano só é capaz de perceber sons de frequências
ma nota musical, de mesma frequência e intensidade, mas será fácil compreendidas entre 16Hz e 20.000Hz, aproximadamente. Os in-
distinguir o som de um e do outro. fra-sons, cuja frequência é inferior a 16Hz, e os ultra-sons, cuja fre-
Na música, o importante não é a frequência do som emitido quência é superior a 20.000Hz, não são captados por nosso olvido,
pelos diversos instrumentos, mas sim a relação entre as diversas mas são percebidos por alguns animais, como os cães, que ouvem
frequências de cada um. Os, por exemplo, um dó e um mi são toca- sons de 25.000Hz, e os morcegos, que chegam a ouvir sons de até
dos ao mesmo tempo, o som que ouvimos é agradável e nos dá uma 50.000Hz.
sensação de música acabada. Mas, se forem tocadas simultanea-

47
FÍSICA
Propagação do som dos: motores e buzinas de automóveis, martelos de ar comprimido,
O som exige um meio material para propagar-se. Esse meio rádios, televisores e etc. Já foi comprovado que uma exposição pro-
pode ser sólido, líquido ou gasoso. longada a níveis maiores que 80dB pode causar dano permanente
O som não se propaga no vácuo, o q poder ser comprovado ao ouvido. A intensidade diminui à medida que o som se propaga
pela seguinte experiência: colocando um despertador dentro de ou seja, quanto mais distante da fonte, menos intenso é o som.
uma campânula onde o ar é rarefeito, isto é, onde se fez “vácuo”, o Timbre – imagine a seguinte situação: um ouvinte que não en-
som da campainha praticamente deixa de ser ouvido. tende de música está numa sala, ao lado da qual existe outra sala
onde se encontram um piano e um violino. Se uma pessoa tocar a
Velocidade do som nota dó no piano e ao mesmo tempo outra pessoa tocar a nota dó
A propagação do som não é instantânea. Podemos verificar no violino, ambas com a mesma força os dois sons terão a mesma
esse fato durante as tempestades: o trovão chega aos nossos ouvi- altura (freqüência) e a mesma intensidade. Mesmo sem ver os ins-
dos segundos depois do relâmpago, embora ambos os fenômenos trumentos, o ouvinte da outra sala saberá distinguir facilmente um
(relâmpago e trovão) se formem ao mesmo tempo. (A propagação som de outro, porque cada instrumento tem seu som caracterizado,
da luz, neste caso o relâmpago, também não é instantânea, embora ou seja, seu timbre.
sua velocidade seja superior à do som.)
Assim, o som leva algum tempo para percorrer determinada Podemos afirmar, portanto, que timbre é a qualidade que nos
distância. E a velocidade de sua propagação depende do meio em permite perceber a diferença entre dois sons de mesma altura e
que ele se propaga e da temperatura em que esse meio se encontra. intensidade produzidos por fontes sonoras diferentes.
No ar, a temperatura de 15ºC a velocidade do som é de cer-
ca de 340m/s. Essa velocidade varia em 55cm/s para cada grau de INFRA-SOM E ULTRASSOM
temperatura acima de zero. A 20ºC, a velocidade do som é 342m/s, Infrassons são ondas sonoras extremamente graves, com fre-
a 0ºC, é de 331m/s. quências abaixo dos 20 Hz, portanto abaixo da faixa audível do ou-
Na água a 20ºC, a velocidade do som é de aproximadamente vido humano que é de 20 Hz a 20.000 Hz.
1130m/s. Nos sólidos, a velocidade depende da natureza das subs- Ondas infrassônicas podem se propagar por longas distâncias,
tâncias. pois são menos sujeitas às perturbações ou interferências que as de
frequências mais altas.
Qualidades fisiológicas do som Infrassons podem ser produzidos pelo vento e por alguns tipos
A todo instante distinguimos os mais diferentes sons. Essa dife- de terremotos. Os elefantes são capazes de emitir infrassons que
renças que nossos ouvidos percebem se devem às qualidades fisio- podem ser detectados a uma distância de 2 km.
lógicas do som: altura, intensidade e timbre. É comprovado que os tigres têm a mais forte capacidade de
identificar infrassons. Seu rugido emite ondas infrassônicas tão po-
Altura derosas que são capazes de paralisar suas presas e até pessoas. Há
Mesmo sem conhecer música, é fácil distinguir o som agudo mais de 50 anos é estudada uma forma de usar o infrassom em
(ou fino) de um violino do som grave (ou grosso) de um violoncelo. armas de guerra, já que sua potência pode destruir construções e
Essa qualidade que permite distinguir um som grave de um som até mesmo estourar órgãos humanos.
agudo se chama altura.
Assim, costuma-se dizer qu o som do violino é alto e o do vio- Ultrassom é um som a uma frequência superior àquela que o
loncelo é baixo. A altura de um som depende da frequência, isto é, ouvido do ser humano pode perceber, aproximadamente 20.000
do número de vibrações por segundo. Quanto maior a frequência Hz.
mais agudo é o som e vice versa. Por sua vez, a frequência depende Alguns animais, como o cão, golfinho e o morcego, têm um li-
do comprimento do corpo que vibra e de sua elasticidade; Quanto mite de percepção sonora superior ao do ouvido humano e podem,
maior a atração é mais curta for uma corda de violão, por exemplo, assim, ouvir ultrassons. Existem “apitos” especiais nestas frequên-
mais agudo vai será o som por ela emitido. cias que servem a estes princípios.
Você pode constatar também a diferença de frequências usan- Um som é caracterizado por vibrações (variação de pressão) no
do um pente que tenha dentes finos e grossos. Passando os dentes ar. O ser humano normal médio consegue distinguir, ou ouvir, sons
do pente na bosta de um cartão você ouvirá dois tipos de som emi- na faixa de frequência que se estende de 20Hz a 20.000Hz aproxi-
tidos pelo cartão: o som agudo, produzido pelos dentes finos (maior madamente. Acima deste intervalo, os sinais são conhecidos como
frequência), e o som grave, produzido pelos dentes mais grossos ultrassons e abaixo dele, infrassons.
(menor frequência). O emissor de som, em aparelhos de som, é o alto-falante. Um
cone de papelão movido por uma bobina imersa em um campo
Intensidade magnético , produzido por um imã permanente. Este cone pode
É a qualidade que permite distinguir um som forte de um som “vibrar” a frequências de áudio e com isto impulsionar o ar promo-
fraco. Ele depende da amplitude de vibração: quanto maior a am- vendo ondas de pressão que ao atingirem o ouvido humano, são in-
plitude mais forte é o som e vice versa. terpretados como sons audíveis. Porém, à medida que a frequência
Na prática não se usa unidades de intensidade sonora, mas de das vibrações aumenta, a amplitude das vibrações vai se reduzin-
nível de intensidade sonora, uma grandeza relacionada à intensida- do. Para gerar sons de alta-frequência e ultrassons geralmente são
de sonora e à forma como o nosso ouvido reage a essa intensidade. utilizados cerâmicas ou cristais piezoelétricos, os quais produzem
Essas unidades são o bel e o seu submúltiplo o decibel (dB), que oscilações mecânicas em resposta a impulsos elétricos.
vale 1 décimo do bel. O ouvido humano é capaz de suportar sons A óptica é um ramo da Física que estuda a luz ou, mais ampla-
de até 120dB, como é o da buzina estridente de um carro. O ruído mente, a radiação eletromagnética, visível ou não. A óptica explica
produzido por um motor de avião a jato a poucos metros do obser- os fenômenos de reflexão, refração e difração, a interação entre a
vador produz um som de cerca de 140dB, capaz de causar estímulos luz e o meio, entre outras coisas. Geralmente, a disciplina estuda
dolorosos ao ouvido humano. A agitação das grandes cidades pro- fenômenos envolvendo a luz visível, infravermelha, e ultravioleta;
vocam a chamada poluição sonora composta dos mais variados ruí- entretanto, uma vez que a luz é uma onda electromagnética, fe-

48
FÍSICA
nômenos análogos acontecem com os raios X, microondas, ondas A reflexão regular ocorre quando um raio de luz incide sobre
de rádio, e outras formas de radiação electromagnética. A óptica, uma superfície e é refletido de forma cilíndrica, diferentemente da
nesse caso, pode se enquadrar como uma subdisciplina do eletro- reflexão difusa, onde os feixes de luz são refletidos em todas as
magnetismo. Alguns fenômenos ópticos dependem da natureza da direções.
luz e, nesse caso, a óptica se relaciona com a mecânica quântica. A refração da luz ocorre quando os feixes de luz mudam de
Segundo o modelo para a luz utilizada, distingue-se entre os se- velocidade e de direção quando passam de um meio para outro.
guintes ramos, por ordem crescente de precisão (cada ramo utiliza A absorção é o fenômeno onde as superfícies absorvem parte ou
um modelo simplificado do empregado pela seguinte): toda a quantidade de luz que é incidida.
- Óptica geométrica: Trata a luz como um conjunto de raios que
cumprem o princípio de Fermat. Utiliza-se no estudo da transmis- FUNDAMENTOS
são da luz por meios homogêneos (lentes, espelhos), a reflexão e a
refração. Luz - Comportamento e princípios
- Óptica ondulatória: Considera a luz como uma onda plana, A luz, ou luz visível como é fisicamente caracterizada, é uma
tendo em conta sua frequência e comprimento de onda. Utiliza-se forma de energia radiante. É o agente físico que, atuando nos ór-
para o estudo da difração e interferência. gãos visuais, produz a sensação da visão.
- Óptica eletromagnética: Considera a luz como uma onda ele-
tromagnética, explicando assim a reflexão e transmissão, e os fenô- Para saber mais...
menos de polarização e anisotrópicos. Energia radiante é aquela que se propaga na forma de ondas
- Óptica quântica ou óptica física: Estudo quântico da interação eletromagnéticas, dentre as quais se pode destacar as ondas de rá-
entre as ondas eletromagnéticas e a matéria, no que a dualidade dio, TV, micro-ondas, raios X, raios gama, radar, raios infravermelho,
onda-corpúsculo joga um papel crucial. radiação ultravioleta e luz visível.
Uma das características das ondas eletromagnéticas é a sua ve-
locidade de propagação, que no vácuo tem o valor de aproximada-
mente 300 mil quilômetros por segundo, ou seja:
ÓTICA: PROPAGAÇÃO E REFLEXÃO DA LUZ - ESPELHOS
PLANOS E ESFÉRICOS DE PEQUENA ABERTURA; RE-
FRAÇÃO DA LUZ - DISPERSÃO E ESPECTROS - LENTES
ESFÉRICAS, DELGADAS E INSTRUMENTOS ÓTICOS; Podendo ter este valor reduzido em meios diferentes do vácuo,
ONDAS LUMINOSAS - REFLEXÃO E REFRAÇÃO DA LUZ sendo a menor velocidade até hoje medida para tais ondas quando
SOB O PONTO DE VISTA ONDULATÓRIO - INTERFERÊN- atravessam um composto chamado condensado de Bose-Einstein,
CIA E DIFRAÇÃO comprovada em uma experiência recente.
A luz que percebemos tem como característica sua frequência
que vai da faixa de (vermelho) até (viole-
Óptica é o ramo da física que estuda os fenômenos relaciona- ta). Esta faixa é a de maior emissão do Sol, por isso os órgãos visuais
dos à luz. Devido ao fato do sentido da visão ser o que mais con- de todos os seres vivos estão adaptados a ela, e não podem ver
tribui para a aquisição do conhecimento, a óptica é uma ciência além desta, como por exemplo, a radiação ultravioleta e infraver-
bastante antiga, surgindo a partir do momento em que as pessoas melha.
começaram a fazer questionamentos sobre o funcionamento da vi-
são e sua relação com os fenômenos ópticos. Divisões da Óptica
Os princípios fundamentais da óptica são: Óptica Física: estuda os fenômenos ópticos que exigem uma
1º - Princípio da Propagação Retilínea: a luz sempre se propa- teoria sobre a natureza das ondas eletromagnéticas.
ga em linha reta; Óptica Geométrica: estuda os fenômenos ópticos em que apre-
2º - Princípio da Independência de raios de luz: os raios de luz sentam interesse as trajetórias seguidas pela luz. Fundamenta-se
são independentes, podendo até mesmo se cruzarem, não ocasio- na noção de raio de luz e nas leis que regulamentam seu compor-
nando nenhuma mudança em relação à direção dos mesmos; tamento. O estudo em nível de Ensino Médio restringe-se apenas a
3º - Princípio da Reversibilidade da Luz: a luz é reversível. Por esta parte da óptica.
exemplo, se vemos alguém através de um espelho, certamente essa
pessoa também nos verá. Assim, os raios de luz sempre são capazes Conceitos básicos
de fazer o caminho na direção inversa.
Raios de luz
A luz pode ser propagada em três diferentes tipos de meios. São a representação geométrica da trajetória da luz, indicando
Os meios transparentes permitem a passagem ordenada dos sua direção e o sentido da sua propagação. Por exemplo, em uma
raios de luz, dando a possibilidade de ver os corpos com nitidez. fonte puntiforme são emitidos infinitos raios de luz, embora apenas
Exemplos: vidro polido, ar atmosférico, etc. alguns deles cheguem a um observador.
Nos meios translúcidos a luz também se propaga, porém de Representa-se um raio de luz por um segmento de reta orienta-
maneira desordenada, fazendo com que os corpos sejam vistos sem do no sentido da propagação.
nitidez. Exemplos: vidro fosco, plásticos, etc.
Os meios opacos são aqueles que impedem completamente
a passagem de luz, não permitindo a visão de corpos através dos
mesmos. Exemplos: portas de madeira, paredes de cimento, pes- Feixe de luz
soas, etc. É um conjunto de infinitos raios de luz; um feixe luminoso pode
Quando os raios de luz incidem em uma superfície, eles podem ser:
ser refletidos regular ou difusamente, refratados ou absorvidos • Cônico convergente: os raios de luz convergem para um
pelo meio em que incidem. ponto;

49
FÍSICA
• Extensa: uma fonte com dimensões consideráveis em re-
lação ao ambiente.

• Cônico divergente: os raios de luz divergem a partir de um


ponto;

Meios de propagação da luz


Os diferentes meios materiais comportam-se de forma diferen-
te ao serem atravessados pelos raios de luz, por isso são classifica-
dos em:

- Meio transparente
• Cilíndrico paralelo: os raios de luz são paralelos entre si. É um meio óptico que permite a propagação regular da luz, ou
seja, o observador vê um objeto com nitidez através do meio. Exem-
plos: ar, vidro comum, papel celofane, etc...

- Meio translúcido
É um meio óptico que permite apenas uma propagação irregu-
lar da luz, ou seja, o observador vê o objeto através do meio, mas
sem nitidez.

Fontes de luz
Tudo o que pode ser detectado por nossos olhos, e por outros
instrumentos de fixação de imagens como câmeras fotográficas, é a
luz de corpos luminosos que é refletida de forma difusa pelos cor-
pos que nos cercam.

Fonte de luz são todos os corpos dos quais se podem receber


luz, podendo ser fontes primárias ou secundárias.
• Fontes primárias: Também chamadas de corpos lumino-
sos, são corpos que emitem luz própria, como por exemplo, o Sol,
as estrelas, a chama de uma vela, uma lâmpada acesa,...
- Meio opaco
É um meio óptico que não permite que a luz se propague, ou
• Fontes secundárias: Também chamadas de corpos ilumi-
seja, não é possivel ver um objeto através do meio.
nados, são os corpos que enviam a luz que recebem de outras fon-
tes, como por exemplo, a Lua, os planetas, as nuvens, os objetos
Fenômenos ópticos
visíveis que não têm luz própria,...
Ao incidir sobre uma superfície que separa dois meios de pro-
pagação, a luz sofre algum, ou mais do que um, dos fenômenos a
Quanto às suas dimensões, uma fonte pode ser classificada seguir:
como:
• Pontual ou puntiforme: uma fonte sem dimensões consi- Reflexão regular
deráveis que emite infinitos raios de luz. A luz que incide na superfície e retorna ao mesmo meio, re-
gularmente, ou seja, os raios incidentes e refletidos são paralelos.
Ocorre em superfícies metálicas bem polidas, como espelhos.

Reflexão difusa
A luz que incide sobre a superfície volta ao mesmo meio, de
forma irregular, ou seja, os raios incidentes são paralelos, mas os
refletidos são irregulares. Ocorre em superfícies rugosas, e é res-
ponsável pela visibilidade dos objetos.

Refração
A luz incide e atravessa a superfície, continuando a se propagar
no outro meio. Ambos os raios (incidentes e refratados) são parale-
los, no entanto, os raios refratados seguem uma trajetória inclinada
em relação aos incididos. Ocorre quando a superfície separa dois
meios transparentes.

50
FÍSICA
Absorção A dispersão óptica (chamada também de dispersão cromáti-
A luz incide na superfície, no entanto não é refletida e nem ca por causa das diferentes cores associadas aos comprimentos de
refratada, sendo absorvida pelo corpo, e aquecendo-o. Ocorre em onda) é um resultado direto da refração e importantíssimo para o
corpos de superfície escura. nosso cotidiano.
Esse fenômeno é, de certa forma, famoso por conta do arco-
Ampliação -íris, que é o exemplo mais comum da dispersão cromática. Como
Ampliação óptica é a razão entre o tamanho aparente de um visto na figura ao lado, um feixe de luz branca (formado por todas
objeto (ou seu tamanho em uma imagem) e seu tamanho verdadei- ou quase todas as cores) é separado em feixes de cores diferentes
ro, então é um número adimensional por causa da dispersão. O índice de refração é uma propriedade
• Linear — Para imagens reais, como as projetadas em uma que muda de um meio para outro; logo, a dispersão cromática é
tela, tamanho significa uma dimensão linear (medida, por exemplo, mais acentuada em alguns materiais do que outros.
em milimetros ou polegadas
• Ampliação angular — Para instrumentos ópticos com uma Difração e interferencia
lente ocular, a dimensão linear da imagem vista na lente (imagem A Óptica Física (interferência e difração) estuda os comprimen-
virtual em distância infinita) não pode ser dada, então tamanho tos de onda luz (como onda) comparáveis às dimensões dos objetos
significa o ângulo subtendido pelo objeto no ponto focal (tamanho estudados.
angular). Estritamente falando, um poderia usar a tangente daquele
A difração é o espalhamento da onda.
ângulo (na prática, isso só faz diferença se o ângulo é maior que
Quando uma onda encontra um obstáculo que possui uma
poucos graus). Então, ampliação angular é dada por:
abertura de dimensões comparáveis ao comprimento de onda, par-
te da onda que passa pela abertura se espalha – é difratada – na
região que fica do outro lado do obstáculo.
Interferência é um fenômeno descrito pelo cientista inglês Tho-
mas Young, sendo que este fenômeno representa a superposição
de duas ou mais ondas num mesmo ponto.Esta superposição pode
Onde é o ângulo subtendido pelo objeto no ponto focal da ter um caráter de aniquilação, quando as fases não são as mesmas
frente da lente objetiva e é o ângulo subtendido pela imagem pelo (interferência destrutiva) ou pode ter um caráter de reforço quando
ponto focal «de trás» da lente ocular. estão em fase (interferência construtiva).
• Exemplo: o tamanho angular da lua cheia é 0.5°. Em binó-
culos com ampliação de 10x o ângulo subtendido parece ser de 5°. Sombra e penumbra
Quando um corpo opaco é colocado entre uma fonte de luz e
Por convenção, para lupas e microscópios ópticos, onde o ta- um anteparo, é possível delimitar regiões de sombra e penumbra.
manho do objeto é uma dimensão linear e o tamanho aparente é A sombra é a região do espaço que não recebe luz direta da
um ângulo, a ampliação é a razão entre o tamanho aparente visto fonte. Penumbra é a região do espaço que recebe apenas parte da
pela lente ocular e o tamanho angular do objeto visto quando posto luz direta da fonte, sendo encontrada apenas quando o corpo opa-
a distância convencional do observador de 25 cm do olho. co é posto sob influência de uma fonte extensa. Ou seja:
Ampliação óptica é geralmente referido como “poder” (por
exemplo “poder de 10x”), no entanto isso pode gerar confusão com • Fonte de luz puntiforme
poder óptico.

Princípio da independência dos raios de luz


Quando os raios de luz se cruzam, estes seguem independente-
mente, cada um a sua trajetória.

• Fonte de luz extensa

Princípio da propagação retilínea da luz


Todo o raio de luz percorre trajetórias retilíneas em meios
transparentes e homogêneos.
Câmara escura de orifício
Para saber mais... Uma câmara escura de orifício consiste em um equipamento
Um meio homogêneo é aquele que apresenta as mesmas ca-
formado por uma caixa de paredes totalmente opacas, sendo que
racterísticas em todos os elementos de volume.
no meio de uma das faces existe um pequeno orifício.
Um meio isótropo, ou isotrópico, é aquele em que a velocidade
Ao colocar-se um objeto, de tamanho o, de frente para o orifí-
de propagação da luz e as demais propriedades ópticas indepen-
cio, a uma distância p, nota-se que uma imagem refletida, de tama-
dem da direção em que é realizada a medida.
nho i, aparece na face oposta da caixa, a uma distância p’, mas de
Um meio ordinário é aquele que é, ao mesmo tempo, transpa-
foma invertida. Conforme ilustra a figura:
rente, homogêneo e isótropo, como por exemplo, o vácuo.

51
FÍSICA
Ponto imagem e ponto objeto
Chama-se ponto objeto, relativamente a um sistema óptico, o
vértice do feixe de luz que incide sobre um objeto ou uma superfí-
cie, sendo dividido em três tipos principais:
• Ponto objeto real (POR): é o vértice de um feixe de luz di-
vergente, sendo formado pelo cruzamento efetivo dos raios de luz.
• Ponto objeto virtual (POV): é o vértice de um feixe de luz
convergente, sendo formado pelo cruzamento imaginário do pro-
longamente dos raios de luz.
• Ponto objeto impróprio (POI): é o vértice de um feixe de
Desta forma, a partir de uma semelhança geométrica pode-se luz cilíndrico, ou seja, se situa no infinito.
expressar a seguinte equação:
Chama-se ponto imagem, relativamente a um sistema óptico,
o vértice de um feixe de luz emergente, ou seja, após ser incidido.
• Ponto imagem real (PIR): é o vértice de um feixe de luz
emergente convergente, sendo formado pelo cruzamento efeitivo
Esta é conhecida como a equação da câmara escura. dos raios de luz.
• Ponto imagem virtual (PIV): é o vértice de um feixe de luz
Tipos de reflexão e refração emergente divergente, sendo formado pelo cruzamento imaginário
Reflexão é o fenômeno que consiste no fato de a luz voltar a se do prolongamento dos raios de luz.
propagar no meio de origem, após incidir sobre uma superfície de • Ponto imagem impróprio (PII): é o vértice de um feixe de
separação entre dois meios. luz emergente cilíndrico, ou seja, se situa no infinito.
Refração é o fenômeno que consiste no fato de a luz passar de
um meio para outro diferente. Sistemas ópticos
Durante uma reflexão são conservadas a frequência e a velo- Há dois principais tipos de sistemas ópticos: os refletores e os
cidade de propagação, enquanto durante a refração, apenas a fre- refratores.
quência é mantida constante. O grupo dos sistemas ópticos refletores consiste principalmen-
te nos espelhos, que são superfícies de um corpo opaco, altamente
Reflexão e refração regular polidas e com alto poder de reflexão.
Acontece quando, por exemplo, um feixe cilíndrico de luz atin-
ge uma superfície totalmente lisa, ou tranquila, desta forma, os fei-
xes refletidos e refratados também serão cilíndricos, logo os raios
de luz serão paralelos entre si.

Reflexão e refração difusa


Acontece quando, por exemplo, um feixe cilíndrico de luz atinge
uma superfície rugosa, ou agitada, fazendo com que os raios de luz
refletidos e refratados tenham direção aleatória por todo o espaço.

Reflexão e refração seletiva


A luz branca que recebemos do sol, ou de lâmpadas fluorescen-
tes, por exemplo, é policromática, ou seja, é formada por mais de
uma luz monocromática, no caso do sol, as sete do arco-íris: verme- No grupo dos sistemas ópticos refratores encontram-se os
lho, alaranjado, amarelo, verde, azul, anil e violeta. dioptros, que são peças constituídas de dois meios transparentes
Sendo assim, um objeto ao ser iluminado por luz branca “sele- separados por uma superfície regular. Quando associados de for-
ciona” no espectro solar as cores que vemos, e as refletem de forma ma conveniente os dioptros funcionam como utensílios ópticos de
difusa, sendo assim, vistas por nós. grande utilidade como lentes e prismas.
Se um corpo é visto branco, é porque ele reflete todas as cores
do espectro solar.
Se um corpo é visto vermelho, por exemplo, ele absorve todas
as outras cores do espectro, refletindo apenas o vermelho.
Se um corpo é “visto” negro, é por que ele absorve todas as
cores do espectro solar.
Chama-se filtro de luz a peça, normalmente acrílica, que deixa
passar apenas um das cores do espectro solar, ou seja, um filtro
vermelho, faz com que a única cor refratada de forma seletiva seja
a vermelha.

Para saber mais...


É muito comum o uso de filtros de luz na astronomia para ob- Sistemas ópticos estigmáticos, aplanéticos e ortoscópicos
servar estrelas, já que estas apresentam diferentes cores, conforme • Um sistema óptico é estigmático quando cada ponto obje-
sua temperatura e distância da Terra, principalmente. to conjuga apenas um ponto imagem.
• Um sistema óptico é aplanético quando um objeto plano
e frontal também conjuga uma imagem plana e frontal.

52
FÍSICA
• Um sistema óptico é ortoscópico quando uma imagem é Representa-se um espelho plano por:
conjugada semelhante a um objeto.
O único sistema óptico estigmático, aplanético e ortoscópico
para qualquer posição do objeto é o espelho plano.

REFLEXÃO DA LUZ
Reflexão é o fenômeno que consiste no fato de a luz voltar a
se propagar no meio de origem, após incidir sobre um objeto ou
superfície.
É possível esquematizar a reflexão de um raio de luz, ao atingir
uma superfície polida, da seguinte forma:

As principais propriedades de um espelho plano são a simetria


entre os pontos objeto e imagem e que a maior parte da reflexão
que acontece é regular.

Para saber mais...


Os espelhos geralmente são feitos de uma superfície metálica
bem polida. É comum usar-se uma placa de vidro, onde se deposita
uma fina camada de prata ou alumínio em uma das faces, tornando
a outra um espelho.

AB = raio de luz incidente Construção das imagens em um espelho plano


BC = raio de luz refletido Para se determinar a imagem em um espelho plano, basta ima-
N = reta normal à superfície no ponto B ginarmos que o observador vê um objeto que parece estar atrás
T = reta tangente à superfície no ponto B do espelho. Isto ocorre porque o prolongamento do raio refletido
i = ângulo de incidência, formado entre o raio incidente e a reta passa por um ponto imagem virtual (PIV), “atrás” do espelho.
normal. Nos espelhos planos, o objeto e a respectiva imagem têm sem-
r = ângulo refletido, formado entre o raio refletido e a reta nor- pre naturezas opostas, ou seja, quando um é real o outro deve ser
mal. virtual. Portanto, para se obter geometricamente a imagem de um
objeto pontual, basta traçar por ele, através do espelho, uma reta e
Leis da reflexão marcar simétricamente o ponto imagem.
Os fenômenos em que acontecem reflexão, tanto regular quan-
to difusa e seletiva, obedecem a duas leis fundamentais que são: Translação de um espelho plano
Considerando a figura:
1ª lei da reflexão
O raio de luz refletido e o raio de luz incidente, assim como a
reta normal à superfície, pertencem ao mesmo plano, ou seja, são
coplanares.

2ª Lei da reflexão
O ângulo de reflexão (r) é sempre igual ao ângulo de incidência
(i).

Espelho Plano
Um espelho plano é aquele em que a superfície de reflexão é
totalmente plana.
Os espelhos planos têm utilidades bastante diversificadas,
desde as domésticas até como componentes de sofisticados instru- A parte superior do desenho mostra uma pessoa a uma distân-
mentos ópticos. cia do espelho, logo a imagem aparece a uma distância em
relação ao espelho.
Na parte inferior da figura, o espelho é transladado para a di-
reita, fazendo com que o observador esteja a uma distância do
espelho, fazendo com que a imagem seja deslocada x para a direita.
Pelo desenho podemos ver que:

Que pode ser reescrito como:

53
FÍSICA

Mas pela figura, podemos ver que:

Logo:

Assim pode-se concluir que sempre que um espelho é transla-


dado paralelamente a si mesmo, a imagem de um objeto fixo sofre É fácil observar-se que a esfera da qual a calota acima faz parte
translação no mesmo sentido do espelho, mas com comprimento tem duas faces, uma interna e outra externa. Quando a superfície
equivalente ao dobro do comprimento da translação do espelho. refletiva considerada for a interna, o espelho é chamado côncavo.
Se utilizarmos esta equação, e medirmos a sua taxa de varia- Já nos casos onde a face refletiva é a externa, o espelho é chamado
ção em um intervalo de tempo, podemos escrever a velocidade de convexo.
translação do espelho e da imagem da seguinta forma:

Ou seja, a velocidade de deslocamento da imagem é igual ao


dobro da velocidade de deslocamento do espelho.
Quando o observador também se desloca, a velocidade ao ser
considerada é a a velocidade relativa entre o observador e o espe-
lho, ao invés da velocidade de translação do espelho, ou seja:

Reflexão da luz em espelhos esféricos


Associação de dois espelhos planos Assim como para espelhos planos, as duas leis da reflexão tam-
Dois espelhos planos podem ser associados, com as superfícies bém são obedecidas nos espelhos esféricos, ou seja, os ângulos de
refletoras se defrontando e formando um ângulo entre si, com incidência e reflexão são iguais, e os raios incididos, refletidos e a
valores entre 0° e 180°. reta normal ao ponto incidido.
Por razões de simetria, o ponto objeto e os pontos imagem fi-
cam situados sobre uma circunferência.
Para se calcular o número de imagens que serão vistas na asso-
ciação usa-se a fórmula:

Sendo o ângulo formado entre os espelhos.


Por exemplo, quando os espelhos encontra-se perpendicular-
mente, ou seja =90°:

Aspectos geométricos dos espelhos esféricos


Para o estudo dos espelhos esféricos é útil o conhecimento dos
elementos que os compõe, esquematizados na figura abaixo:

Portanto, nesta configuração são vistas 3 pontos imagem.

Espelhos esféricos
Chamamos espelho esférico qualquer calota esférica que seja
polida e possua alto poder de reflexão.

54
FÍSICA

• C é o centro da esfera;
• V é o vértice da calota; Determinação de imagens
• O eixo que passa pelo centro e pelo vértice da calota é Analisando objetos diante de um espelho esférico, em posição
chamado eixo principal. perpendicular ao eixo principal do espelho podemos chegar a algu-
• As demais retas que cruzam o centro da esfera são chama- mas conclusões importantes.
das eixos secundários. Um objeto pode ser real ou virtual. No caso dos espelhos, dize-
• O ângulo , que mede a distância angular entre os dois ei- mos que o objeto é virtual se ele se encontra “atrás” do espelho. No
xos secundários que cruzam os dois pontos mais externos da calota, caso de espelhos esféricos a imagem de um objeto pode ser maior,
é a abertura do espelho. menor ou igual ao tamanho do objeto. A imagem pode ainda apa-
• O raio da esfera R que origina a calota é chamado raios de recer invertida em relação ao objeto. Se não houver sua inversão
curvatura do espelho. dizemos que ela é direita.

Um sistema óptico que consegue conjugar a um ponto obje- Equação fundamental dos espelhos esféricos
to, um único ponto como imagem é dito estigmático. Os espelhos
esféricos normalmente não são estigmáticos, nem aplanéticos ou
ortoscópicos, como os espelhos planos.
No entanto, espelhos esféricos só são estigmáticos para os
raios que incidem próximos do seu vértice V e com uma pequena
inclinação em relação ao eixo principal. Um espelho com essas pro-
priedades é conhecido como espelho de Gauss.
Um espelho que não satisfaz as condições de Gauss (incidência
próxima do vértice e pequena inclinação em relação ao eixo princi-
pal) é dito astigmático. Um espelho astigmático conjuga a um ponto
uma imagem parecendo uma mancha.

Focos dos espelhos esféricos


Para os espelhos côncavos de Gauss, pode-se verificar que to-
dos os raios luminosos que incidirem ao longo de uma direção para-
lela ao eixo secundário passam por (ou convergem para) um mesmo
ponto F - o foco principal do espelho.
Dadas a distância focal e posição do objeto, é possível deter-
minar analiticamente a posição da imagem através da equação de
Gauss, que é expressa por:

REFRAÇÃO DA LUZ
Refração da luz é o fenômeno em que ela é transmitida de um
meio para outro diferente. Nesta mudança de meios a frequência
da onda luminosa não é alterada, embora sua velocidade e o seu
comprimento de onda sejam. Com a alteração da velocidade de
propagação ocorre um desvio da direção original.

No caso dos espelhos convexos, a continuação do raio refletido Cor e frequência


é que passa pelo foco. Tudo se passa como se os raios refletidos se No intervalo do espectro eletromagnético que corresponde à
originassem do foco. luz visível, cada frequência equivale à sensação de uma cor.

55
FÍSICA
Conforme a frequência aumenta, diminui o comprimento de Esse fenômeno acontece pois quando é incidida luz branca
onda, assim como mostra a tabela e o trecho do espectroeletro- sobre um corpo de cor verde, por exemplo, este absorve todas as
magnético abaixo. outras cores do espectro visível, refletido de forma difusa apenas o
verde, o que torna possível distinguir sua cor.
Por isso, um corpo de cor branca é aquele que reflete todas
as cores, sem absorver nenhuma, enquanto um corpo de cor preta
absorve todas as cores sobre ele incididas, sem refletir nenhuma, o
que causa aquecimento.

Luz - Velocidade
Há muito tempo sabe-se que a luz faz parte de um grupo de
ondas, chamado de ondas eletromagnéticas, sendo uma das carac-
terísticas que reune este grupo a sua velocidade de propagação.
A velocidade da luz no vácuo, mas que na verdade se aplica
a diversos outros fenômenos eletromagnéticos como raios-x, raios
gama, ondas de rádio e tv, é caracterizada pela letra c, e tem um
valor aproximado de 300 mil quilômetros por segundo, ou seja:

No entanto, nos meios materiais, a luz se comporta de forma


diferente, já que interage com a matéria existente no meio. Em
Quando recebemos raios de luz de diferentes frequências po- qualquer um destes meios a velocidade da luz v é menor que c.
demos perceber cores diferentes destas, como combinações. A luz Em meios diferentes do vácuo também diminui a velocidade
branca que percebemos vinda do Sol, por exemplo, é a combinação conforme aumenta a frequência. Assim a velocidade da luz verme-
de todas as sete cores do espectro visível. lha é maior que a velocidade da luz violeta, por exemplo.

Luz mono e policromática Índice de refração absoluto


De acordo com sua cor, a luz pode ser classificada como mono- Para o entendimento completo da refração convém a introdu-
cromática ou policromática. ção de uma nova grandeza que relacione a velocidade da radiação
Chama-se luz monocromática aquela composta de apenas monocromática no vácuo e em meios materiais, esta grandeza é o
uma cor, como por exemplo a luz amarela emitida por lâmpadas índice de refração da luz monocromática no meio apresentado, e é
de sódio. expressa por:
Chama-se luz policromática aquela composta por uma combi-
nação de duas ou mais cores monocromáticas, como por exemplo a
luz branca emitida pelo sol ou por lâmpadas comuns.
Usando-se um prisma, é possível decompor a luz policromática
nas luzes monocromáticas que a formam, o que não é possível para Onde n é o índice de refração absoluto no meio, sendo uma
as cores monocromáticas, como o vermelho, alaranjado, amarelo, grandeza adimensional.
verde, azul, anil e violeta. É importante observar que o índice de refração absoluto nunca
Um exemplo da composição das cores monocromáticas que pode ser menor do que 1, já que a maior velocidade possível em um
formam a luz branca é o disco de Newton, que é uma experiência meio é c, se o meio considerado for o próprio vácuo.
composta de um disco com as sete cores do espectro visível, que Para todos os outros meios materiais n é sempre maior que 1.
ao girar em alta velocidade, “recompõe” as cores monocromáticas, Alguns índices de refração usuais:
formando a cor policromática branca.

Cor de um corpo
Ao nosso redor é possível distinguir várias cores, mesmo quan- Índice de refração relativo entre dois meios
do estamos sob a luz do Sol, que é branca. Chama-se índice de refração relativo entre dois meios, a rela-
ção entre os índices de refração absolutos de cada um dos meios,
de modo que:

56
FÍSICA
• Raio 2 é o raio refratado, com velocidade e comprimento
de onda característico;
• A reta tracejada é a linha normal à superfície;
Mas como visto: • O ângulo formado entre o raio 1 e a reta normal é o ângulo
de incidência;
• O ângulo formado entre o raio 2 e a reta normal é o ângulo
de refração;
• A fronteira entre os dois meios é um dioptro plano.
Então podemos escrever:
Conhecendo os elementos de uma refração podemos entender
o fenômeno através das duas leis que o regem.

1ª Lei da Refração
A 1ª lei da refração diz que o raio incidente (raio 1), o raio refra-
tado (raio 2) e a reta normal ao ponto de incidência (reta tracejada)
Ou seja: estão contidos no mesmo plano, que no caso do desenho acima é
o plano da tela.

2ª Lei da Refração - Lei de Snell


A 2ª lei da refração é utilizada para calcular o desvio dos raios
Observe que o índice de refração relativo entre dois meios de luz ao mudarem de meio, e é expressa por:
pode ter qualquer valor positivo, inclusive menores ou iguais a 1.

Refringência
Dizemos que um meio é mais refringente que outro quando
seu índice de refração é maior que do outro. Ou seja, o etanol é
mais refringente que a água. No entanto, sabemos que:

De outra maneira, podemos dizer que um meio é mais refrin-


gente que outro quando a luz se propaga por ele com velocidade
menor que no outro.
Além de que:
Leis da Refração da Luz
Chamamos de refração da luz o fenômeno em que ela é trans-
mitida de um meio para outro diferente.
Nesta mudança de meios a frequência da onda luminosa não
é alterada, embora sua velocidade e o seu comprimento de onda Ao agruparmos estas informações, chegamos a uma forma
sejam. completa da Lei de Snell:
Com a alteração da velocidade de propagação ocorre um des-
vio da direção original.
Para se entender melhor este fenômeno, imagine um raio de
luz que passa de um meio para outro de superfície plana, conforme
mostra a figura abaixo:
Dioptro
É todo o sistema formado por dois meios homogêneos e trans-
parentes.
Quando esta separação acontece em um meio plano, chama-
mos então, dioptro plano.
A figura abaixo representa um dioptro plano, na separação en-
tre a água e o ar, que são dois meios homogêneos e transparentes.

Onde:
• Raio 1 é o raio incidente, com velocidade e comprimento
de onda característico;

57
FÍSICA
Formação de imagens através de um dioptro Tipos de prismas
Considere um pescador que vê um peixe em um lago. O peixe o Prismas dispersivos são usados para separar a luz em suas
encontra-se a uma profundidade H da superfície da água. O pesca- cores de espectro.
dor o vê a uma profundidade h. Conforme mostra a figura abaixo: o Prismas refletivos são usados para refletir a luz.
o Prismas polarizados podem dividir o feixe de luz em com-
ponentes de variadas polaridades.

LENTES ESFÉRICAS
Chamamos lente esférica o sistema óptico constituido de três
meios homogêneos e transparentes, sendo que as fronteiras entre
cada par sejam duas superfícies esféricas ou uma superfície esféri-
ca e uma superfície plana, as quais chamamos faces da lente.
Dentre todas as aplicações da óptica geométrica, a que mais se
destaca pelo seu uso no cotidiano é o estudo das lentes esféricas,
seja em sofisticados equipamentos de pesquisa astronômica, ou em
câmeras digitais comuns, seja em lentes de óculos ou lupas.
Chamamos lente esférica o sistema óptico constituido de três
meios homogêneos e transparentes, sendo que as fronteiras entre
A fórmula que determina estas distância é: cada par sejam duas superfícies esféricas ou uma superfície esférica
e uma superfície plana, as quais chamamos faces da lente.

Para um estudo simples consideraremos que o segundo meio


é a lente propriamente dita, e que o primeiro e terceiro meios são
extamente iguais, normalmente a lente de vidro imersa em ar.

Prisma Tipos de lentes


Um prisma é um sólido geométrico formado por uma face su- Dentre as lentes esféricas que são utilizadas, seis delas são de
perior e uma face inferior paralelas e congruentes (também cha- maior importância no estudo de óptica, sendo elas:
madas de bases) ligadas por arestas. As laterais de um prisma são
paralelogramos. - Lente biconvexa
No entanto, para o contexto da óptica, é chamado prisma o
elemento óptico transparente com superfícies retas e polidas que
é capaz de refratar a luz nele incidida. O formato mais usual de um
prisma óptico é o de pirâmide com base quadrangular e lados trian-
gulares.

É convexa em ambas as faces e tem a periferia mais fina que a


região central, seus elementos são:


A aplicação usual dos prismas ópticos é seu uso para separar a
luz branca policromática nas sete cores monocromáticas do espec- •
tro visível, além de que, em algumas situações poder refletir tais
luzes. •

Funcionamento do prisma •
Quando a luz branca incide sobre a superfície do prisma, sua
velocidade é alterada, no entanto, cada cor da luz branca tem um •
índice de refração diferente, e logo ângulos de refração diferentes,
chegando à outra extremidade do prisma separadas.

58
FÍSICA
- Lente plano-convexa Lentes convergentes
Em uma lente esférica com comportamento convergente, a luz
que incide paralelamente entre si é refratada, tomando direções
que convergem a um único ponto.
Tanto lentes de bordas finas como de bordas espessas podem
ser convergentes, dependendo do seu índice de refração em rela-
ção ao do meio externo.
O caso mais comum é o que a lente tem índice de refração
maior que o índice de refração do meio externo. Nesse caso, um
exemplo de lente com comportamento convergente é o de uma len-
te biconvexa (com bordas finas):

É plana em uma das faces e convexa em outra, tem a perferia


mais fina que a região central, seus elementos são:

• Já o caso menos comum ocorre quando a lente tem menor ín-


dice de refração que o meio. Nesse caso, um exempo de lente com
• comportamento convergente é o de uma lente bicôncava (com bor-
das espessas):

- Lente côncavo-convexa

Lentes esféricas divergentes


Em uma lente esférica com comportamento divergente, a luz
que incide paralelamente entre si é refratada, tomando direções
que divergem a partir de um único ponto.
Tem uma de suas faces côncava e outra convexa, tem a perife- Tanto lentes de bordas espessas como de bordas finas podem
ria mais fina que a região central. Seus elementos são: ser divergentes, dependendo do seu índice de refração em relação
ao do meio externo.
• O caso mais comum é o que a lente tem índice de refração
maior que o índice de refração do meio externo. Nesse caso, um
• exemplo de lente com comportamento divergente é o de uma lente
bicôncava (com bordas espessas):

59
FÍSICA

A unidade utilizada para caracterizar a vergência no Sistema In-


ternacional de Medidas é a dioptria, simbolizado por di.
Um dioptria equivale ao inverso de um metro, ou seja:

Uma unidade equivalente a dioptria, muito conhecida por


quem usa óculos, é o “Grau”.
1di = 1grau
Já o caso menos comum ocorre quando a lente tem menor
índice de refração que o meio. Nesse caso, um exempo de lente Quando a lente é convergente usa-se distância focal positiva
com comportamento divergente é o de uma lente biconvexa (com (f>0) e para uma lente divergente se usa distância focal negativa
bordas finas): (f<0).
Por exemplo:
1) Considere uma lente convergente de distância focal 25cm =
0,25m.

Neste caso, é possível dizer que a lente tem vergência de +4di


ou que ela tem convergência de 4di.

2) Considere uma lente divergente de distância focal 50cm =


0,5m.

Vergência

Focos de uma lente


Neste caso, é possível dizer que a lente tem vergência de -2di
- Focos principais ou que ela tem divergência de 2di.
Uma lente possui um par de focos principais: foco principal ob-
jeto (F) e foco principal imagem (F’). Ambos localizam-se a sobre o Associação de lentes
eixo principal e são simétricos em relação à lente, ou seja, a distân- Duas lentes podem ser colocadas de forma que funcionem
cia OF é igual a distância OF’. como uma só, desde que sejam postas coaxialmente, isto é, com
eixos principais coincidentes. Neste caso, elas serão chamadas de
- Foco imagem (F’) justapostas, se estiverem encostadas, ou separadas, caso haja uma
É o ponto ocupado pelo foco imagem, podendo ser real ou vir- distância d separando-as.
tual. Estas associações são importantes para o entendimento dos
instrumentos ópticos.
- Foco objeto (F) Quando duas lentes são associadas é possível obter uma len-
É o ponto ocupado pelo foco objeto, podendo ser real ou virtual. te equivalente. Esta terá a mesma característica da associação das
duas primeiras.
Distância focal Lembrando que se a lente equivalente tiver vergência positiva
É a medida da distância entre um dos focos principais e o cen- será convergente e se tiver vergência negativa será divergente.
tro óptico, esta medida é caracterizada pela letra f.
Associação de lentes justapostas
Pontos antiprincipais Quando duas lentes são associadas de forma justaposta, utili-
São pontos localizados a uma distância igual a 2f do centro óp- za-se o teorema das vergências para definir uma lente equivalente.
tico (O), ou seja, a uma distância f de um dos focos principais (F ou
F’). Esta medida é caracterizada por A (para o ponto antiprincipal
objeto) e A’ (para o ponto antiprincipal imagem).

Vergência
Dada uma lente esférica em determinado meio, chamamos
vergência da lente (V) a unidade caracterizada como o inverso da
distância focal, ou seja:

60
FÍSICA
Como exemplo de associação justaposta temos:

Este teorema diz que a vergência da lente equivalente à asso-


ciação é igual à soma algébrica das vergências das lentes compo-
nentes. Ou seja:

Que também pode ser escrita como:

O microscópio é um instrumento óptico que tem como finali-


Associação de lentes separadas dade a ampliação de objetos
Quando duas lentes são associadas de forma separada, utiliza-
-se uma generalização do teorema das vergências para definir uma Os instrumentos ópticos são utilizados no nosso cotidiano e
lente equivalente. baseiam-se nos princípios da óptica para permitir, facilitar ou aper-
Um exemplo de associação separada é: feiçoar a visualização de determinados objetos, que vão desde se-
res minúsculos, como alguns tipos de bactérias, até enormes plane-
tas e estrelas.

Existe uma infinidade de instrumentos ópticos, podemos ci-


tar: microscópio, telescópio, projetores, lupa, câmera fotográfica,
óculos, lentes etc. Veja a seguir como ocorre o funcionamento de
alguns dos instrumentos ópticos que são utilizados no nosso coti-
diano.

O olho humano
A generalização do teorema diz que a vergência da lente equi- É formado basicamente por três partes:
valente à tal associação é igual a soma algébrica das vergências dos Cristalino: funciona como uma lente biconvexa. Ele está situa-
componentes menos o produto dessas vergências pela distância do na região anterior do globo ocular;
que separa as lentes. Desta forma:
Retina: localizada no “fundo” do globo ocular e funciona como
um anteparo sensível à luz;
Nervo óptico: parte que recebe as sensações luminosas rece-
bidas pela retina.
Que também pode ser escrito como: Quando olhamos para um objeto, a imagem é percebida pelo
cristalino, que forma uma imagem real e invertida, ou seja, de “ca-
beça para baixo”. Essa imagem deve ser focalizada exatamente
sobre a retina para que seja enxergada nitidamente. A imagem é
“enviada” para o cérebro através do nervo óptico. O cérebro, ao
receber a imagem, processa sua inversão, de forma que possamos
Instrumentos ópticos observar o objeto em sua posição real.
Os instrumentos ópticos baseiam-se em princípios da óptica e
têm a finalidade de facilitar a visualização de determinados objetos.

61
FÍSICA
Para que a imagem formada pela lupa seja nítida, é necessário
que o objeto seja colocado entre o foco F e o centro óptico. Caso
contrário, a imagem forma-se desfocada.

As principais partes do olho humano A imagem formada pela lupa é maior que o objeto

Se a imagem recebida pelo cristalino não se formar exatamente EXPERIÊNCIA DE YOUNG


sobre a retina, então a pessoa não enxergará nitidamente os obje- Por volta do século XVII, apesar de vários físicos já defenderem
tos, o que caracteriza um defeito da visão. De acordo com a posição a teoria ondulatória da luz, que afirmava que a luz era incidida por
onde a imagem é formada, podemos classificar três tipos de defei- ondas, a teoria corpuscular de Newton, que descrevia a luz como
tos da visão. São eles: um partícula, era muito bem aceita na comunidade científica.

Miopia: a imagem do objeto forma-se antes da retina, pois o Em 1801, o físico e médico inglês Thomas Young foi o primeiro
globo ocular das pessoas que apresentam esse defeito é mais alon- a demonstrar, com sólidos resultados experimentais, o fenômeno
gado. Nesse caso, a pessoa enxerga os objetos sem nitidez. Para de interferência luminosa, que tem por consequência a aceitação
corrigir o problema, é necessário utilizar óculos com lentes diver- da teoria ondulatória. Embora, hoje em dia, a teoria aceita é a dua-
gentes. lidade onda-partícula, enunciada pelo físico francês Louis-Victor de
Broglie, baseado nas conclusões sobre as características dos fótons,
Hipermetropia: As pessoas com esse problema na visão apre- de Albert Einstein.
sentam o globo ocular mais curto que o normal, o que faz com que
a imagem se forme atrás da retina. Esse defeito é corrigido com o Na experiência realizada por Young, são utilizados três ante-
uso de óculos com lentes convergentes. paros, sendo o primeiro composto por um orifício, onde ocorre di-
fração da luz incidida, o segundo, com dois orifícios, postos lado a
Presbiopia: Chamado popularmente de “vista cansada”, é um lado, causando novas difrações. No último, são projetadas as man-
problema que ocorre em virtude do envelhecimento natural do chas causadas pela interferência das ondas resultantes da segunda
nosso organismo, quando o cristalino fica mais rígido e não acomo- difração.
da imagens de objetos próximos. Nesse caso, a imagem forma-se
atrás da retina. Esse problema também pode ser corrigido por len- Ao substituir-se estes orifícios por fendas muito estreitas, as
tes convergentes. manchas tornam-se franjas, facilitando a visualização de regiões
mais bem iluminadas (máximos) e regiões mal iluminadas (míni-
Máquina fotográfica mos).
É um instrumento óptico que projeta e armazena uma imagem
sobre um anteparo e funciona de forma semelhante ao olho hu-
mano. Possui um sistema de lentes, denominado objetiva, que se
comporta como uma lente convergente e forma uma imagem real
e invertida do material fotografado. Para que a imagem fique nítida
sobre o filme fotográfico, a câmera possui uma série de sistemas
que aproximam ou afastam a objetiva, focalizando a imagem.
Se essa focalização não for bem feita, a imagem não se forma
sobre o filme e, portanto, não fica nítida. Quando se aciona o bo-
tão para a foto, o diafragma da câmera é aberto, permitindo que a
luz proveniente do objeto incida sobre o filme. Como o filme foto-
gráfico é fabricado com um material sensível à luz, ele “gravará” a
imagem recebida.

A lupa
É o instrumento óptico mais simples, sendo constituída por
uma lente convergente que produz uma imagem virtual e ampliada
de um objeto.

62
FÍSICA
Observa-se que o máximo de maior intensidade acontece no
centro, e que após este máximo, existem regiões de menor intensi-
ELETRICIDADE: CARGA ELÉTRICA - LEI DE COULOMB.
dade de luz, e outras de mínimos, intercalando-se.
CAMPO ELÉTRICO - CAMPO DE CARGAS PONTUAIS
- MOVIMENTO DE UMA CARGA EM UM CAMPO UNI-
Fonte:https://www.sofisica.com.br/conteudos/Ondulatoria/Ondas/
FORME. CORRENTE ELÉTRICA, DIFERENÇA DE POTEN-
experienciadeyoung.php
CIAL, RESISTÊNCIA ELÉTRICA. LEI DE OHM - EFEITO
JOULE. ASSOCIAÇÃO DE RESISTÊNCIAS EM SÉRIE E EM
PARALELO
TEORIAS SOBRE A NATUREZA DA LUZ
Os trabalhos de Newton no campo da Mecânica foram muito CARGA ELÉTRICA
importantes assim como os estudos e as teorias que ele elaborou
no campo da Óptica. Em sua obra intitulada Optiks ele desenvolveu Carga e Corrente
um estudo bastante amplo sobre os fenômenos luminosos. Newton
defendia várias idéias, dentre elas se destacam a teoria das cores
dos corpos e a sua concepção sobre a natureza da luz.

Na Antiguidade alguns filósofos gregos acreditavam que a luz


era formada por pequenas partículas, as quais se propagavam em
linha reta e com alta velocidade. Essas idéias permaneceram imutá-
veis por muito tempo até que, por volta do ano de 1500, Leonardo
da Vinci percebeu a semelhança entre a reflexão da luz e o fenôme-
no do eco e levantou a hipótese de que a luz era um movimento on-
dulatório. Na busca pela definição sobre a natureza da luz surgiram,
no século XVII, duas correntes de pensamento científico: a teoria
corpuscular da luz, que era defendida por Newton; e o modelo on-
dulatório da luz, que era defendido por Christian Huyghens. Segun-
do Isaac, a luz era formada por partículas; já Huyghens defendia a
hipótese de que a luz era uma onda.

Essas duas correntes provocaram intensas polêmicas entre os


cientistas da época, fato esse que marcou a história da física. No
entanto, o conhecimento sobre a verdadeira natureza da luz só foi
descoberto no século XIX, após a morte dos defensores dessas teo-
rias.
A matéria é formada por átomos, os quais por sua vez são for-
Modelo corpuscular da luz mados por três tipos de partículas: prótons, elétrons e nêutrons.
Newton tentou justificar sua teoria afirmando que a luz se com- Os prótons e nêutrons agrupam-se no centro do átomo formando
portava como pequenas esferas, as quais colidiam elasticamente o núcleo. Os elétrons movem-se em torno do núcleo. Num átomo
com uma superfície lisa, sendo refletida de modo que o ângulo de o número de elétrons é sempre igual ao número de prótons. Às
incidência fosse igual ao ângulo de refração. Assim, segundo o fe- vezes um átomo perde ou ganha elétrons; nesse caso ele passa a
se chamar íon.
nômeno da reflexão, Newton considerava a luz como sendo consti-
A experiência mostra que: (Fig. 2)
tuída por um conjunto de partículas que se refletem elasticamente
I – Entre dois prótons existe um par de forças de repulsão;
sobre uma superfície.
II – Entre dois elétrons existe um par de forças de repulsão;
III – Entre um próton e um elétron existe um par de forças de
Modelo ondulatório
atração;
O modelo ondulatório proposto e defendido por Huyghens di-
IV – Com os nêutrons não observamos essas forças.
zia que a luz era uma onda e ela explicava de forma significativa a re-
flexão e a refração da luz. Como sabemos, qualquer onda se reflete
e refrata de acordo com as leis da reflexão e da refração dos feixes
luminosos. Observações sobre esses fenômenos levaram os cientis-
tas a favorecer o modelo ondulatório proposto por Huyghens, pois
a teoria de Newton não se verificava na prática.

Fonte: https://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/teorias-sobre-na-
tureza-luz.htm#:~:text=Na%20busca%20pela%20defini%C3%A7%-
C3%A3o%20sobre,era%20defendido%20por%20Christian%20Huy- Dizemos que essas forças aparecem pelo fato de elétrons e pró-
ghens. tons possuírem carga elétrica. Para diferenciar o comportamento
de prótons e elétrons dizemos que a carga do próton é positiva e
a carga do elétron é negativa. Porém, como em módulo, as forças
exercidas por prótons e elétrons são iguais, dizemos que, em módu-
lo, as cargas do próton e do elétron são iguais. Assim, chamando de
qp a carga do próton e qE a carga do elétron temos:
| qE | = | qp|
qE = - q p

63
FÍSICA
O mais natural seria dizer que a carga do próton seria uma uni- ELETRIZAÇÃO POR CONTATO
dade. No entanto, por razões históricas, pelo fato de a carga elétrica Consideremos um condutor A, eletrizado negativamente e um
ter sido definida antes do reconhecimento do átomo, a carga do condutor B, inicialmente neutro (Figura 8). Se colocarmos os con-
próton e a carga do elétron valem: dutores em contato (Figura 9), uma parte dos elétrons em excesso
qp = + 1,6 . 10-19 coulomb = 1,6 . 10-19 C do corpo A irão para o corpo B, de modo que os dois corpos ficam
qE = - 1,6 . 10-19 coulomb = -1,6 . 10-19 C eletrizados com carga de mesmo sinal. (Figura 10)

Onde o coulomb (C) é a unidade de carga elétrica no Sistema


Internacional. A carga do próton é também chamada de carga elé-
trica elementar (e). Assim:
qp = + e = + 1,6 . 10-19 C
qE = - e = - 1,6 . 10-19 C

Como o nêutron não manifesta esse tipo de força, dizemos que


sua carga é nula.

PROCESSOS DE ELETRIZAÇÃO
Quando atritamos dois corpos feitos de materiais diferentes,
um deles transfere elétrons para o outro de modo que o corpo que
perdeu elétrons fica eletrizado positivamente enquanto o corpo
que ganhou elétrons fica eletrizado negativamente.
Experimentalmente obtém-se uma série, denominada série
tribo-elétrica que nos informa qual corpo fica positivo e qual fica
negativo. A seguir apresentamos alguns elementos da série:
... vidro, mica, lã, pele de gato, seda, algodão, ebonite, cobre...
Quando atritamos dois materiais diferentes, aquele que apare-
ce em primeiro lugar na série fica positivo e o outro fica negativo.
Assim, por exemplo, consideremos um bastão de vidro atritado
em um pedaço de lã (Figura 6). O vidro aparece antes da lã na série.
Portanto o vidro fica positivo e a lã negativa, isto é, durante o atrito,
o vidro transfere elétrons para a lã.

Suponhamos agora um condutor C carregado positivamente e


um condutor D inicialmente neutro (Figura 11). O fato de o corpo A
estar carregado positivamente significa que perdeu elétrons, isto é,
Porém, se atritarmos a lã com um bastão de ebonite, como a lã está com excesso de prótons. Ao colocarmos em contato os corpos
aparece na série antes que a ebonite, a lã ficará positiva e a ebonite C e D, haverá passagem de elétrons do corpo D para o corpo C (Fi-
ficará negativa (Figura 7). gura 12), de modo que no final, os dois corpos estarão carregados
positivamente (Figura 13). Para facilitar a linguagem é comum dizer-
-se que houve passagem de cargas positivas de C para D, mas o que
realmente ocorre é a passagem de elétrons de D para C.

64
FÍSICA

De modo geral, após o contato, a tendência é que em módulo,


a carga do condutor maior seja maior do que a carga do condutor
menor. Quando o contato é feito com a Terra, como ela é muito
maior que os condutores com que usualmente trabalhamos, a carga
elétrica do condutor, após o contato, é praticamente nula (Figura 14
e Figura 15).
Nos condutores, a tendência é que as cargas em excesso se es-
palhem por sua superfície. No entanto, quando um corpo é feito de
material isolante, as cargas adquiridas por contato ficam confinadas
na região onde se deu o contato.

POLARIZAÇÃO
Na Figura 16 representamos um corpo A carregado negativa-
mente e um condutor B, inicialmente neutro e muito distante de
A. Aproximemos os corpos, mas sem colocá-los em contato (Figura
17). A presença do corpo eletrizado A provocará uma separação de
cargas no condutor B (que continua neutro). Essa separação é cha-
mada de indução.

Se os dois condutores tiverem a mesma forma e o mesmo ta-


manho, após o contato terão cargas iguais.

EXEMPLO
Dois condutores esféricos de mesmo tamanho têm inicialmen-
te cargas QA = + 5nC e QB = - 9nC. Se os dois condutores forem colo-
cados em contato, qual a carga de cada um após o contato?

RESOLUÇÃO
A carga total Q deve ser a mesma antes e depois do contato:
Q = Q’A + Q’B = (+5nC) + (-9nC) = -4nC
Após o contato, como os condutores têm a mesma forma e o
mesmo tamanho, deverão ter cargas iguais:

Se ligarmos o condutor B à Terra (Figura 18), as cargas negati-


vas, repelidas pelo corpo A escoam-se para a Terra e o corpo B fica
carregado positivamente. Se desfizermos a ligação com a Terra e em
seguida afastarmos novamente os corpos, as cargas positivas de B
espalham-se por sua superfície (Figura 19).

65
FÍSICA

Um exemplo dessa situação é a experiência em que passamos


Na Figura 20 repetimos a situação da Figura 17, em que o corpo no cabelo um pente de plástico o qual em seguida é capaz de atrair
B está neutro, mas apresentando uma separação de cargas. As car- pequenos pedaços de papel. Pelo atrito com o cabelo, o pente fi-
gas positivas de B são atraídas pelo corpo A (força enquanto as cou eletrizado e assim é capaz de atrair o papel embora este esteja
cargas negativas de B são repelidas por A (força . neutro.
Porém, a distância entre o corpo A e as cargas positivas de B é Foi esse tipo de experiência que originou o estudo da eletri-
menor do que a distância entre o corpo A e as cargas negativas de B. cidade. Na Grécia antiga, aproximadamente em 600 AC, o filósofo
Assim, pela Lei de Coulomb, o que faz com que a força grego Tales observou que o âmbar, após ser atritado com outros
resultante seja de atração. materiais era capaz de atrair pequenos pedaços de palha ou fios de
linha. A palavra grega para âmbar é eléktron. Assim, no século XVI,
o inglês William Gilbert (1544-1603) introduziu o nome eletricidade
para designar o estudo desses fenômenos.

ELETRIZAÇÃO E LEI DE COULOMB

CORPOS ELETRIZADOS
A carga elétrica de um próton é chamada de carga elétrica ele-
mentar, sendo representada por e; no Sistema Internacional, seu
valor é:
e = 1,6 . 10-19 Coulomb = 1,6 . 10-19 C
A carga de um elétron é negativa, mas, em módulo, é igual à
De modo geral, durante a indução, sempre haverá atração en- carga do próton:
tre o corpo eletrizado (indutor) e o corpo neutro (induzido). Carga do elétron = - e = - 1,6 . 10-19 C

CONDUTORES E ISOLANTES Os nêutrons têm carga elétrica nula. Como num átomo o nú-
Há materiais no interior dos quais os elétrons podem se mover mero de prótons é igual ao número de elétrons, a carga elétrica
com facilidade. Tais materiais são chamados condutores. Um caso total do átomo é nula.
de interesse especial é o dos metais. Nos metais, os elétrons mais De modo geral os corpos são formados por um grande número
afastados dos núcleos estão fracamente ligados a esses núcleos e de átomos. Como a carga de cada átomo é nula, a carga elétrica to-
podem se movimentar facilmente. Tais elétrons são chamados elé- tal do corpo também será nula e diremos que o corpo está neutro.
trons livres. No entanto é possível retirar ou acrescentar elétrons de um corpo,
por meio de processos que veremos mais adiante. Desse modo o
Há materiais no interior dos quais os elétrons têm grande difi- corpo estará com um excesso de prótons ou de elétrons; dizemos
culdade de se movimentar. Tais materiais são chamados isolantes. que o corpo está eletrizado.
Como exemplo podemos citar a borracha, o vidro e a ebonite.
EXEMPLO
INDUÇÃO EM ISOLANTES A um corpo inicialmente neutro são acrescentados 5,0 . 107 elé-
Quando um corpo eletrizado A aproxima-se de um corpo B, fei- trons. Qual a carga elétrica do corpo?
to de material isolante (Figura 21) os elétrons não se movimentam
como nos condutores mas há, em cada molécula, uma pequena RESOLUÇÃO
separação entre as cargas positivas e negativas (Figura 22) denomi- A carga elétrica do elétron é qE = - e = - 1,6 . 10-19 C. Sendo N o
nada polarização. Verifica-se que também neste caso o efeito resul- número de elétrons acrescentados temos: N = 5,0 . 107.
tante é de uma atração entre os corpos Assim, a carga elétrica (Q) total acrescentada ao corpo inicial-
mente neutro é:
Q = N . qE = (5,0 . 107) (-1,6 . 10-19 C) = - 8,0 . 10-12 C
Q = - 8,0 . 10-12 C

66
FÍSICA
Frequentemente as cargas elétricas dos corpos é muito menor
do que 1 Coulomb. Assim usamos submúltiplos. Os mais usados
são:

Essa lei foi obtida experimentalmente pelo físico francês Char-


les Augustin de Coulomb (1736-1806) e por isso é denominada lei
de Coulomb.
Se mantivemos fixos os valores das cargas e variarmos apenas
a distância entre elas, o gráfico da intensidade de em função da
distância tem o aspecto da Figura 5.

Quando temos um corpo eletrizado cujas dimensões são des-


prezíveis em comparação com as distâncias que o separam de ou-
tros corpos eletrizados, chamamos esse corpo de carga elétrica
puntiforme.
Dados dois corpos eletrizados, sendo Q1 e Q2 suas cargas elétri-
cas, observamos que:
I. Se Q1 e Q2 tem o mesmo sinal (Figura 1 e Figura 2), existe
entre os corpos um par de forças de repulsão.
II. Se Q1 e Q2 têm sinais opostos (Figura 3), existe entre os cor-
pos um par de forças de atração.

EXEMPLO
Duas cargas puntiformes estão no vácuo, separadas por uma
distância d = 4,0 cm. Sabendo que seus valores são Q1 = - 6,0 . 10-6
C e Q2 = + 8,0 . 10-6 C, determine as características das forças entre
elas.

RESOLUÇÃO
Como as cargas têm sinais opostos, as forças entre elas são de
atração. Pela lei da Ação e
Reação, essas forças têm a mesma intensidade a qual é
dada pela Lei de Coulomb:
A LEI DE COULOMB
Consideremos duas cargas puntiformes Q1 e Q2, separadas
por uma distância d (Figura 4). Entre elas haverá um par de forças,
que poderá ser de atração ou repulsão, dependendo dos sinais das
cargas. Porém, em qualquer caso, a intensidade dessas forças será
dada por:

t
Temos:

Onde k é uma constante que depende do meio. No vácuo seu


valor é

67
FÍSICA
CAMPO ELÉTRICO

CONCEITO DE CAMPO ELÉTRICO

Campo e Densidade
Consideremos um condutor em equilíbrio eletrostático. O cam-
po elétrico num ponto exterior P, “muito próximo” do condutor,
tem intensidade dada por:

(II)

Temos:

b) num ponto P externo é “muito próximo” do condutor, o cam-


po tem intensidade dada por:

Onde é a densidade superficial das cargas nas proximidades de


P e E é uma constante denominada permissividade do meio. Essa
constante está relacionada com a constante lei de Coulomb pela
relação:
c) num ponto S da superfície, o campo tem intensidade igual à
metade da intensidade no ponto próximo:

Assim, no vácuo, temos:

Em um ponto S da superfície do condutor, a intensidade do


campo é a metade da intensidade no ponto P:
CAPACITÂNCIA
Suponhamos que um condutor de formato qualquer esteja iso-
lado. Se eletrizarmos esse condutor com uma carga Q ele terá um
potencial V. É possível demonstrar que Q e V são proporcionais, isto
é,
(III) • dobrando a carga, dobra o potencial
Das equações II e III percebemos que o campo é mais intenso • triplicando a carga, triplica o potencial
onde a densidade de cargas for maior. Por outro lado, sabemos que • etc.
a densidade é maior nas “pontas”.
Portanto, o campo elétrico é mais intenso nas “pontas” de um Assim, podemos escrever
condutor e esse fato é conhecido como poder das pontas. Q = C . V ouC = Q (VIII)

Exemplo Onde C é uma constante de proporcionalidade chamada capa-


Um condutor esférico de raio R = 2,0.10-2m está eletrizado com citância do condutor e que pende do meio e da geometria do con-
carga Q = 7,5.10-6C no vácuo. Determine: dutor, isto é, do seu formato e tamanho. Como Q e V têm o mesmo
a) a densidade superficial de carga sinal, a capacitância é sempre positiva.
b) a intensidade do campo elétrico num ponto externo muito No Sistema Internacional a unidade de capacitância é o farad
próximo do condutor ( F ):
c) a intensidade do campo sobre o condutor

Resolução
a) supondo que o condutor esteja isolado as cargas distribuem-
-se uniformemente pela superfície. Lembrando que a área da su- Porém, em geral, as capacitâncias dos condutores com que tra-
perfície é balhamos são muito menores do que 1F; assim, usaremos submúl-
tiplos:

68
FÍSICA
Fórmulas
1m F = 1 mulifarad = 10-3F
1 F = 1 microfarad = 10-6F
1nF = 1 nanofarad = 10-9F
1pF = 1 picofarad = 10-12F

Antigamente, a capacitância era chamada de capacidade ele-


trostática. Embora esse nome tenha caído em desuso, às vezes ain-
da o encontramos em alguns textos.
Capacitância de um Condutor Esférico

Consideremos um condutor esférico de raio R, eletrizado com


carga Q. supondo-o isolado, seu potencial é dado por

Portanto sua capacitância é dada por:


(IX)
Exemplo Vemos então que o sentido do campo produzido por Q, não
Calcule a capacitância de um condutor esférico de raio R = 36 depende do sinal da carga de prova q. De modo geral, uma carga
cm, situado no vácuo. puntiforme positiva produz em torno de si um campo elétrico de
Resolução afastamento (Fig. 6)
No vácuo, nós sabemos que a constante da lei de Coulomb é
dada por
k = 9,0. 109 (S.I)
Como R = 36 cm = 36.10-2m, a capacitância do condutor é dada
por:

CÁLCULO DO CAMPO ELÉTRICO CRIADO POR CARGAS PUNTI- Para obtermos a intensidade de
FORMES Calculamos primeiramente a intensidade pela lei de Coulomb.
Tanto para o caso da Fig. 4 como para o caso da Fig. 5 temos:
Campo de uma carga puntiforme
Consideremos uma carga fixa Q e vamos determinar o campo
elétrico produzido por ela em um ponto P qualquer.

Suponhamos inicialmente que a carga seja positiva (Q > 0). Para


calcular o campo em um ponto P, colocamos nesse ponto uma carga Assim:
q, chamada carga de prova. Se q > 0, a carga Q irá repelir q, por meio
de uma força

fig.4). Se q < 0, a carga Q irá atrair q por meio de uma força

fig. 5). No caso da Figura 4, como q > 0, a força e o campo Procedendo de modo semelhante, podemos mostrar que uma
carga puntiforme negativa produz em torno de si (Fig. 7) um cam-
Devem ter o mesmo sentido. No caso da Fig. 5, como q < 0, a po elétrico de aproximação e cuja intensidade também é dada pela
força e o campo devem ter sentidos opostos. equação II.

69
FÍSICA

Analisando a equação II percebemos que o gráfico da intensi-


dade de em função de distância d tem o aspecto da Fig. 8

Aplicando o teorema de Pitágoras

CONDUTOR ESFÉRICO
Consideremos um condutor esférico, eletrizado, em equilíbrio
e isolado. Como já sabemos, o excesso de cargas distribui-se unifor-
memente pela sua superfície (Fig. 10 eFig. 11)

EXEMPLO

Duas cargas puntiformes A e B estão fixas nas posições indica-


das na figura. Determine o campo elétrico produzido por elas no
ponto P sabendo que:

RESOLUÇÃO
Como a carga A é negativa, o campo por ela produzindo no
ponto P é de aproximação. A carga B, sendo positiva, produz no
ponto P um campo de afastamento.

No interior do condutor o campo elétrico é nulo. Porém no


exterior o campo é não nulo e sua intensidade pode ser calculada
como se toda a carga do condutor ( Q ) estivesse concentrada no
O campo total produzido no ponto P é a resultante centro da esfera, usando a equação válida para uma carga puntifor-
me:(para d > r) ( IV )

70
FÍSICA

Para calcular a intensidade num ponto “muito próximo”, faze-


mos d = R:

(V) O potencial em pontos externos também pode ser calculado


supondo toda a carga concentrada no centro e usando a equação
da carga puntiforme:

(VI)
Na superfície do condutor, o potencial é obtido fazendo d = R:
(VII)

É fácil verificar que esta equação dá o mesmo valor fornecido


pela equação II:
Na superfície o campo tem intensidade igual à metade da in-
tensidade no ponto “muito próximo”:

Na superfície o campo tem intensidade igual à metade da in- LINHAS DE FORÇA


tensidade no ponto “muito próximo”: Para melhor visualizar as características do campo elétrico, de-
senhamos linhas, denominadas linhas de força. Cada linha de força
é desenhada de modo que em cada ponto da linha (figura 9), o cam-
po elétrico é tangente à linha.

Desse modo o gráfico da intensidade do campo em função da


distância d ao centro da esfera, tem o aspecto representado na fi-
gura 12.

71
FÍSICA

Campo Uniforme
Quando temos um conjunto de linhas de força (Figura 10) é Consideremos uma certa região onde há campo elétrico com a
possível demonstrar que na região onde as linhas estão mais pró- seguinte características: em todos os pontos da região o campo tem
ximas o campo é mais intenso do que nas regiões onde elas estão o mesmo módulo, a mesma direção e o mesmo sentido (Fig. 15).
mais afastadas. Assim, por exemplo, no caso da Fig. 10, podemos Dizemos então que o campo é uniforme.
garantir que De modo geral, as linhas de força “começam” em cargas positi-
vas e “terminam” em cargas negativas.

A seguir mostramos como são as linhas de força em alguns ca-


sos particulares.
Campo produzido por uma carga puntiforme positiva.

Num campo uniforme as linhas de força são retas paralelas.


Para indicar que o módulo é constante, desenhamos essas linhas
regularmente espaçadas.
Na prática, para obtermos um campo elétrico uniforme eletri-
Campo produzido por uma carga puntiforme negativa. zamos duas placas metálicas paralelas (Fig. 16) com cargas de sinais
opostos nas de mesmo módulo. Pode-se verificar que nesse caso,
na região entre as placas o campo é aproximadamente uniforme.
Na realidade, próximo das bordas (Fig. 17) as linhas se curvam, mas
nos exercícios nós desprezamos esse efeito.

Campo produzido por duas cargas puntiformes de sinais opos-


tos, mas de mesmo módulo

BLINDAGEM ELETROSTÁTICA
Campo produzido por duas cargas puntiformes positivas e de Na figura 7 representamos um condutor neutro Y situado no
mesmo módulo. interior de um condutor oco X. Independentemente do fato de X
estar ou não eletrizado o campo elétrico no seu interior é nulo.

72
FÍSICA
Desse modo, o condutor X protege o condutor Y de ações elétricas DIFERENÇA DE POTENCIAL
externas. Se aproximarmos, por exemplo, um condutor eletrizado
A, (Fig. 8) este induzirá cargas em X mas não em Y. dizemos então Energia Potencial
que o condutor X é uma blindagem eletrostática para o condutor Y. Consideremos uma região do espaço onde há um campo elé-
trico estático, isto é, que não varia no decorrer do tempo. Supo-
nhamos que uma carga puntiforme q seja levada de um ponto A
para um ponto B dessa região (Fig. 1). É possível demonstrar que o
trabalho da força elétrica nesse percurso não depende da trajetória
seguida, isto é, qualquer que seja a trajetória seguida, o trabalho da
força elétrica entre A e B é o mesmo.

Portanto a força elétrica é conservativa e podemos assim defi-


nir uma energia potencial.
Como já vimos na mecânica, o valor exato da energia poten-
cial não é importante. O que importa na realidade é a diferença
Essa blindagem é usada na proteção de aparelhos elétricos da energia potencial no percurso. Portanto podemos escolher um
para que estes não sintam perturbações elétricas externas. A carca- ponto R qualquer como referencial, isto é, o ponto onde a energia
ça metálica de um automóvel ou avião e a estrutura metálica de um potencial é considerada nula .
edifício também são exemplos de blindagens eletrostáticas. Escolhido o ponto R (Fig. 2), a energia potencial de uma carga
q num ponto A é, por definição, igual ao trabalho da força elétrica
PODER DAS PONTAS quando a carga é levada de A até R:
Um fenômeno também interessante, relacionado com o con-
ceito de rigidez dielétrica denomina-se poder das pontas.
Este fenômeno ocorre porque, em um condutor eletrizado a
carga tende a se acumular nas regiões pontiagudas. Em virtude dis-
so, o campo elétrico próximo às pontas do condutor é muito mais
intenso que nas nas proximidades das regiões mais planas. É devido
à esse fenômeno que nos dias de chuvas intensas não se recomen-
da se abrigar sob árvores ou em lugares mais altos.

POTENCIAL ELÉTRICO
Se a carga adquirir Energia, tem Potencial Elétrico.
• E+ : A própria carga realiza trabalho;
• E- : Não é a carga que realiza trabalho;

Podemos definir também o potencial do ponto A (VA) como


sendo a energia potencial por unidade de carga:

No Sistema Internacional a unidade de potencial é o volt (V):


- Ao longo da linha o potencial elétrico (V) diminui. Logo V1 >
V2
• Obs.: Ao colocar carga positiva no interior do campo elé-
trico ela se desloca espontaneamente para um ponto de menor po-
tencial. Quando for negativa vai para o de maior potencial.
• V = K . Q / d

73
FÍSICA

Suponhamos que uma carga puntiforme q seja levada de um Assim:


ponto A para um ponto B (Fig. 3). Como a força elétrica é conserva-
tiva o trabalho não depende da trajetória. Portanto, podemos esco-
lher uma trajetória que vá de A para R e de R para B:
Mas:

Percebemos então que o potencial do ponto A é maior que o


potencial do ponto B. Portanto: o potencial di-
Substituindo em III: minui ao longo de uma linha de força.

Movimento espontâneo:
Se abandonamos uma carga q numa região onde há campo elé-
trico, supondo que não haja nenhuma outra força, a carga deverá se
deslocar “a favor” da força elétrica, isto é, a força elétrica realizará
Porem: um trabalho positivo. Consideremos duas possibilidades: q > 0 e q
< 0.

Isto é, o trabalho da força elétrica para ir de A até B é igual à


Percebemos então que:
diferença de energia potencial entre A e B.
Lembrando que:

e substituindo em V obtemos: Uma carga positiva, abandonada numa região onde há campo
elétrico, desloca-se espontaneamente para pontos de potenciais
decrescentes.
Portanto: uma carga negativa abandonada numa região onde
diferença de potencial VA – VB costuma ser representada por há campo elétrico, desloca-se espontaneamente para pontos de
UAB: potenciais crescentes.

Superfícies Equipotenciais

UAB = VA - VB

Propriedades do Potencial
Consideremos uma carga puntiforme q positiva sendo levada
de um ponto A para um ponto B sobre uma linha de força (Fig. 4).
Como a carga é positiva, a força tem o mesmo sentido do campo
e, desse modo, o trabalho da força elétrica será positivo

Na Fig. 5, as linhas S1 e S2 representam no espaço, superfícies


que, em cada ponto, são perpendiculares à linhas de força. Supo-
nhamos que uma carga q seja transportada de um ponto A para um
ponto B, de modo que a trajetória esteja sobre uma dessas super-

74
FÍSICA
fícies. Nesse caso, em cada pequeno trecho da trajetória, a força Mas sabemos que:
elétrica será perpendicular ao deslocamento e, portanto, o trabalho
da força elétrica será nulo:

Assim:
Concluímos então que todos os pontos dessa superfície têm
o mesmo potencial e por isso ela é chamada de superfície equipo-
tencial. Assim, na Fig. 5, S1 e S2 são exemplos de superfícies equipo-
tenciais. UAB = E . d (VIII)

VOLTAGEM EM UM CAMPO ELÉTRICO UNIFORME Como o potencial decresce ao longo de uma linha de força te-
mos VA > VB. Portanto, se quisiésemos VB – VA teriamos:
O Elétron – Volt VB - VA = UBA = - E . d
Na área de Física Nuclear é usada uma unidade de energia (ou
trabalho) que não pertence ao Sistema Internacional: o elétron – Unidade de E no SI
volt (eV). Essa unidade é definida como sendo o módulo do tra- No capítulo anterior vimos que, no SI, a unidade do campo elé-
balho realizado pela força elétrica quando um elétron é deslocado trico pode ser o Newton por coulomb (N/C). No entanto a unidade
entre dois pontos cuja diferença de potencial é 1 volt. Lembrando oficial do campo elétrico no SI é outra, a qual pode ser obtida da
que, em módulo, a carga de um elétron é 1,6 . 10-19 C temos: equação VIII:

Assim:

1eV = 1 elétron – volt = 1,6 . 10-19J

Potencial e Campo Uniforme


Na Fig. 6 representamos algumas linhas de força de um campo POTENCIAL E CAMPO DE CARGA PUNTIFORME
elétrico uniforme Quando o campo elétrico é produzido por uma única carga
Como as superfícies equipotenciais devem ser perpendiculares puntiforme Q, sabemos que as linhas de força são radiais como in-
às linhas de força, neste caso as superfícies equipotenciais são pla- dicam as figuras 7 e 8.
nos perpendiculares às linhas. Na Fig. 6, SA e SB representam duas
superfícies equipotencial. Todos os pontos de SA têm um mesmo
potencial VA e todos os pontos de SB têm um mesmo potencial VB.
Suponhamos que uma carga positiva q seja transportada do
ponto A para o ponto B. O trabalho da força elétrica não depende
da trajetória. Portanto podemos fazer o percurso A X B indicado na
figura:

No trecho XB a força elétrica é perpendicular ao deslocamento


e, portanto,

No trecho AX temos: SUPERFÍCIES EQUIPOTENCIAIS


Como as superfícies equipotenciais devem ser perpendiculares
Substituindo em VII: às linhas de força, neste caso, as superfícies equipotenciais são su-
perfícies esféricas cujo centro estão sobre a carga Q.

75
FÍSICA
Suponhamos que a carga Q esteja fixa, e uma carga puntiforme Como as cargas são transportadas continuamente pela correia,
q seja transportada de um ponto A para um ponto B. É possível elas vão se acumulando na esfera.
mostrar que o trabalho da força elétrica neste caso é dada por:

Portanto, a diferença de potencial entre os pontos A e B é dada


por:

A partir da equação vemos que neste caso é conveniente ado-


tar o referencial no infinito, pois para
O termo

Por esse processo, a esfera pode atingir um potencial de até 10


Assim teremos: milhões de volts, no caso dos grandes geradores utilizados para ex-
periências de Física atômica, ou milhares de volts nos pequenos ge-
radores utilizados para demonstrações nos laboratórios de ensino.
ou de modo geral, O gerador eletrostático de Van de Graaff não sofreu alterações
radicais desde que foi construído e apresentado porRobert Jamison
Van de Graaff, no início de 1931.
Seu layout básico consiste em:
1. um domo ou cúpula de descarga;
2. uma coluna de apoio;
Ainda supondo o referencial no infinito, da equação IX tiramos, 3. dois roletes (superior e inferior);
de modo, geral: 4. dois pentes metálicos (superior e inferior);
5. uma correia transportadora; e
6. uma base para alojar o motor elétrico, fixar a coluna e o pen-
te inferior.

Faças e Não-Faças!
GERADOR DE VAN DE GRAAFF Antes de entrarmos nos detalhes e nas descrições, apresenta-
O gerador de Van de Graaff destina-se a produzir voltagens remos alguns faças e não-faças que foram dores de cabeça durante
muito elevadas para serem usadas em experiências de física. as construções de vários geradores de Van de Graaff.
Nele, um motor movimenta uma correia isolante que passa Alguns poderão parecer óbvios, outros não. Em todo caso, vale
por duas polias, uma delas acionada por um motor elétrico que faz a pena citá-los.
a correia se movimentar. A segunda polia encontra-se dentro da 1. Quando trabalhamos com eletricidade estática, devemos ter
esfera metálica oca. Através de pontas metálicas a correia recebe sempre em mente que as pontas e os cantos afiados, devido ao po-
carga elétrica de um gerador de alta tensão. A correia eletrizada der das pontas, agirão como pontos de descarga e sangrarão a carga
transporta as cargas até o interior da esfera metálica, onde elas são elétrica do domo de descarga, dando assim a impressão de que o
coletadas por pontas metálicas e conduzidas para a superfície ex- GVDG não está funcionando.
terna da esfera.

76
FÍSICA
Uma vez que um GVDG trabalha no princípio de tensões muito Todos nós já experimentamos esse efeito alguma vez. O melhor
altas e correntes muito baixas, pode ser comparado a um revólver exemplo, um pelo qual a maioria certamente já passou (especial-
de esguichar água. Um esguicho de seringa fornece uma quantia mente em um dia seco e quente), é o que ocorre quando estamos
muito pequena de água, porém, sob alta pressão, suficiente para caminhando sobre um piso atapetado e a seguir tocamos na ma-
fazer a água percorrer uma grande distância. Se um vazamento pe- çaneta da porta ou em outro objeto metálico; ouvimos e sentimos
queno (um furinho) ocorrer na seringa que esguicha (equivalente a uma pequena faísca saltar de nossos dedos. É comum ouvirmos
um canto vivo, afiado, em um GVDG), a água não irá mais tão longe. essas crepitações ao tirarmos um vestuário de lã. Assim como os
Assim, sempre que possível, todas as extremidades afiadas devem sapatos são afastados do piso atapetado, as roupas puxadas para
ser arredondadas, curvadas para dentro ou cobertas. É devido a longe de outras roupas, todos os demais materiais diferentes, quan-
esse poder das pontas que daremos preferência às cúpulas arre- do separados, experimentam uma migração de elétrons de um para
dondadas e com a gola (contorno do furo feito na cúpula) voltada outro, tornando-se ambos eletrizados. Esse é o resultado do efeito
para dentro. Voltaremos a falar dessa gola. triboelétrico - a eletrização que ocorre ao separarmos materiais di-
Essas são as causas observadas em geradores cujas faíscas vão ferentes que estão bem juntos. Isso é exatamente o que acontece
até a base --- há cabeças de parafusos expostas. entre a correia de nosso GVDG e o rolete inferior, como veremos.
O segundo tipo de gerador é o sistema bombeado, borrifado
2. Todos os tipos de substâncias estranhas podem causar con- ou ainda externamente excitado. Uma fonte de alimentação de alta
taminações (sujeira, graxa, sabões, limpadores, poeira etc.) e são tensão deposita elétrons na correia móvel. Esses elétrons são trans-
causas suficientes para que um gerador possa deixar de funcionar. portados até o domo de descarga. A forma física básica desses dois
Certa vez, presenciamos a coluna de apoio de um gerador (supos- tipos são quase idênticas. Porém, não incluiremos muitas explica-
tamente limpa) brilhar como fogo vivo de eletricidade estática, en- ções ou desenhos para se construir esse tipo, porque a fonte de ten-
quanto o domo de descarga permanecia inativo. Se algumas partes são requerida é cara ou de difícil montagem para os alunos. Além
precisam de limpeza, use componentes que realmente retirem toda disso, são fontes perigosas para um manuseio por pessoas inex-
a sujeira. A solução de amônia e água constitui um bom produto perientes. No entanto, para quem “mexe” com eletrônica, como o
para limpeza (e sai barato também...). amigo Newton C. Braga, por exemplo, diretor técnico da revista Sa-
ber Eletrônica, essas fontes são brinquedinhos de expelir elétrons!
3. Se seu GVDG não está funcionando a contento, a causa pode É possível construir um pequeno gerador com mínimas despe-
ser a seguinte: certos materiais que parecem ser bons isolantes elé- sas, uma vez que suas partes podem ser obtidas no comércio ou
tricos, frequentemente não o são. Com os níveis de tensões produ- podem ser fabricadas. O modelo descrito é para um gerador com
zidas, até mesmo em pequenos geradores, muitos desses materiais uma correia de 2 cm a 3,5 cm de largura, uma cúpula de descarga
(habitualmente tratados como isolantes) conduzirão eletricidade. com cerca de 20 cm a 35 cm de diâmetro e algo entre 40 cm e 65 cm
Um isolante para os corriqueiros 110 V torna-se um condutor sob de altura. O modelo baseia-se em GVDGs já construídos pelo autor,
tensão de 20000 V ou mais! os quais funcionam em seus rendimentos máximos.
Na descrição desse projeto não incluímos detalhes profundos
4. Finalizamos esse faça e não-faça alertando-o sobre o carbo- sobre certas partes. Por exemplo, não citaremos “use um motor
no (grafite, carvão). O carvão das escovas, muito utilizado em pe- da marca tal, modelo tal, número de série tal”. Do mesmo modo,
quenos motores elétricos, pode servir como meio para transferir certas partes precisam ser fabricadas. Assim, optamos por expor
eletricidade estática do domo para a base do aparelho. as exigências gerais e dar ao construtor liberdade para obter, achar,
Enquanto o motor funciona, a escova se desgasta e seu pó é mandar fazer, comprar, trocar etc. ou ele próprio fazer essas partes.
lançado para fora através das aberturas do motor, empurrado pela Praticamente todos os pequenos motores elétricos disponíveis
ventoinha de refrigeração. Pó de carbono é quase invisível e, quan- servirão para esse projeto. O autor já utilizou motor de toca-discos,
do depositado sobre superfícies, até mesmo em pequenas quan- de ventilador doméstico, de ventilador de computador, de máquina
tias, pode criar um filme bom condutor de eletricidade. de costura etc. Como veremos oportunamente, aos poucos, fomos
Esse filme pode fazer um GVDG parar de funcionar. Carbono eliminando aqueles que utilizam escovas de carvão. Os motores de
também é usado em plásticos e borrachas. Negro de fumo é fre- indução são os eleitos, mas, talvez, seja difícil achar um com as es-
quentemente acrescentado para tornar a borracha mais resisten- pecificações certas.
te ao ozônio e à deterioração ele confere à borracha sua cor preta Tipicamente, o motor deve apresentar o seguinte:
e impede seu GVDG de funcionar. Carbono também é usado em Velocidade: 2 000 rpm a 5 000 rpm : 1/10 HP a 1/4 HP.
muitos plásticos, pelas mesmas razões. Quando alguém menciona Tamanho do eixo: 1/4” a 3/8” de diâmetro x 1,25” a 1,5” de
um Van de Graaff, a primeira coisa em que as pessoas pensam, fre- comprimento livre.
quentemente, é o efeito de eriçar os cabelos. Embora isso não deixe Montagem: base de fixação plana. Um motor com base de fixa-
de ser um experimento notável e atrativo, há outros experimentos ção plana é preferível; caso contrário, deve-se recorrer a alças me-
diferentes, muitos deles até mais atrativos e esclarecedores, que tálicas, as quais podem dar algum trabalho extra.
podem ser feitos com a eletricidade estática.
Antes dessa fase de experimentos, apresentaremos, neste pro-
jeto, as estruturas dos dois modelos básicos dos geradores de Van
de Graaff (GVDG).
Daremos maior ênfase ao primeiro, que é o tipo auto excitado,
por ser ele o mais comum e, com certeza, aquele em que as pessoas
pensam quando um GVDG é mencionado.
O gerador auto excitado trabalha segundo princípios do efeito
triboelétrico. Esse termo refere-se ao fenômeno que ocorre quan-
do dois materiais diferentes estão bem juntos e então são puxados
para que se separem.

77
FÍSICA
(Se um motor com escovas de carvão for utilizado, o construtor
deverá ter em mente que tal GVDG requererá limpezas mais fre-
quentes. Um pequeno ventilador de exaustão pode ser estrategica-
mente montado para remover e afastar o pó de carvão da correia e
do tubo suporte.)
O autor já utilizou, com excelentes resultados, um motor de
máquina de costura, que é praticamente todo blindado. Além disso,
é dotado de um reostato (com discos de carvão), o qual permite Um rebaixo de cerca de 4 graus em cada extremo (1/3) do ci-
controlar a velocidade de trabalho do motor. Esse tipo de reostato lindro é o bastante. Para esse serviço é recomendado o uso de um
para controlar a velocidade do motor é um tanto “primitivo” (se torno. O cilindro preso por um longo parafuso a uma furadeira de
bem que perfeitamente adaptado ao fim a que se destina - máqui- bancada e um esmerado trabalho de lixa podem produzir excelen-
na de costura). Ele foi substituído, mais tarde, por um dimmer com tes “barriletes”.
TRIAC
Os cilindros (roletes), junto com a correia, constituem o co-
Há outros recursos para fazer cilin-
ração de um GVDG auto excitado. Como mencionamos anterior-
dros simples. Um deles é utilizar
mente, geradores eletrostáticos trabalham assentados no efeito
pedaços de canos plásticos usados
triboelétrico. A série triboelétrica (uma lista abreviada é fornecida a
nas redes domésticas de distribui-
seguir) nada mais é que uma lista de materiais ordenados segundo
ção de água e colar discos em suas
a carga relativa que adquirem quando atritados (ou separados) dois
extremidades.
a dois. Os materiais mais comumente escolhidos para os cilindros
Nessa ilustração, o rolete inferior
estão nessa tabela.
foi recoberto com uma tira de pano
verde para mesas de snooker (fel-
mais ar Materiais que estão mais tro) e fixado com cola tipo Super
positivo vidro próximos do extremo mais Bonder. O rolete superior foi re-
fibra sintética negativo, têm uma disposição coberto com uma tira de alumínio
lã por assumir uma carga elétrica autocolante (tipo Contact).
chumbo negativa. Os materiais mais Repare que os discos laterais têm
alumínio próximos ao extremo mais diâmetro pouco superior ao dos
papel positivo tendem a assumir carga canos, de modo a não permitir
elétrica positiva. Idealmente, os o escape da correia. Entretanto,
neutro algodão materiais da correia e do cilindro
aço os roletes tipo “barriletes” são os
inferior devem estar entre o mais mais recomendados.
madeira afastados possível dessa lista,
borracha enquanto o material do cilindro
cobre O rolete inferior girará solidário ao seu eixo (o eixo é colocado
superior deve estar na região dos
acetato sob pressão), que é comandado pelo motor. O rolete superior pode
neutros.
poliéster girar livremente sobre o seu eixo (rolete louco) ou, se o eixo for
Uma Nota em Relação à
poliuretano solidário ao rolete, é o eixo que girará livremente em seus mancais.
Polaridade de um Van de Graaff
polipropileno A maioria dos modelos escolares de GVDG (fornecidos em for-
Para uma dada combinação
vinil (PVC) ma de kits) tem os dois roletes feitos de PVC (maciços, em forma
rolete inferior-correia-rolete
silicone de tarugos), sendo o inferior recoberto com feltro e o superior re-
superior, a polaridade do domo
mais negativo teflon coberto com folha de alumínio autocolante; a correia é de borracha
do GVDG fica determinada.
de cor laranja.
Por exemplo, se a correia é de
Ao selecionar o material para a coluna de apoio, recomenda-
borracha, o rolete inferior é de
mos o uso de um tubo de plástico rígido. PVC e acrílico parecem
plástico e o rolete superior é de
ser os materiais preferidos pela maioria dos construtores. De modo
alumínio, o domo ficará negativo.
geral, o tubo deve ter um diâmetro um pouco menor que o dobro
Usando o mesmo desenho,
do comprimento dos cilindros. Por exemplo, se o cilindro tem 5 cm
porém colocando-se o rolete de
de comprimento, então o tubo deve ter um diâmetro de cerca de 10
plástico como superior e o de
cm (tubo de 4 polegadas, nas medidas comerciais).
alumínio como inferior, o domo
Para esse cilindro é melhor usar uma correia de 4 cm de largu-
ficará positivo.
ra. 0,5 cm é uma boa espessura para a parede do tubo. Não esque-
Para ver detalhes teóricos do conjunto roletes-correia, vento ça que o eixo do cilindro superior deve repousar em um entalhe
elétrico, fogo de Sant’Elmo, plasma etc., basta clicar no texto em na boca desse tubo ou passar por orifícios praticados nele. Para
destaque: Roletes e Correia. sustentar esses cilindros, a força exercida pela borracha esticada,
Para um modelo didático, pequeno, os roletes podem ser cilín- o peso do domo e a espessura da parede do tubo são fatores im-
dricos, com diâmetro ao redor dos 2,5 cm e algo como 3 cm a 4 cm portantes. A fixação do domo nessa coluna é um assunto delicado,
de comprimento. Uma vez aberto o furo central nesses cilindros (no como veremos mais adiante.
diâmetro correto para passar os eixos), eles devem ser “coroados”. Um bom trabalho para exibição ao público exige boa aparência.
Coroar um cilindro é fazer rebaixos nos extremos de maneira que Recomendamos que tal tubo seja lixado externamente (lixa d’água)
a região central fique ligeiramente mais alta que as extremidades. e, posteriormente, envernizado.
Esse procedimento manterá a correia centrada sobre o rolete en-
quanto ele funciona (a correia tende para a parte mais elevada).
Ilustremos isso:

78
FÍSICA
Escolha da Correia Uma regra básica é: a correia acabada (extremos já colados)
Como mencionamos anteriormente, no item Faças e Não-Fa- deve ter um comprimento entre 2/3 e 3/4 da distância entre os cen-
ças, evite, para a correia, as borrachas de cor preta. As borrachas tros dos roletes postos em seus devidos lugares.
de cor preta têm maior possibilidade de conter “negro de fumo”, Por exemplo: se a distância de centro a centro dos roletes é de
carvão, carbono. 60 cm, então 3/4 desse comprimento equivalem a 45 cm (60 x 0,75
Quando selecionar um material, procure um que tenha uma = 45).
boa resistência ao ozônio. Durante a operação de um Van de Graaff, Se o material da correia é muito fácil de esticar (pequena cons-
ambas as descargas elétricas, as provenientes do globo e as das es- tante de elasticidade), então 2/3 serão o recomendável (60 x 0,66
covas, produzirão ozônio. Ozônio (O3) é muito corrosivo, mesmo em = 40).
pequenas quantidades; pode causar ferrugem, e borrachas e plás- Apesar dessas referências, ainda resta a experimentação. De-
ticos podem ser oxidados ou sofrerem apodrecimento. Neoprene é pois da correia acabada, instalada nos roletes, motor funcionando,
muito bom para resistir ao ozônio e pode ser comprado da maioria se a correia tende a flutuar nos cilindros, então ela precisa ser en-
dos fornecedores de borracha. Além disso, pode ser achado na cor curtada.
branca ou laranja claro, indicação de ausência de “negro de fumo”. De experiência própria, é mais fácil encurtar uma correia do
que perder material para fazer outra ¾ assim, é melhor manter o
Espessura da Correia erro para o excesso a tentar prever o tamanho final.
Que espessura uma correia deve ter? Uma boa regra é: quan- A segunda coisa é que, quando os extremos da correia são cor-
to mais fina, melhor. A própria correia não precisa ser espessa; de tados, eles devem resultar perpendiculares aos bordos.
fato, quanto mais espessa for a correia, mais ela tenderá a sair dos Há um método simples para cortar e colar uma correia: antes
cilindros. Conforme a velocidade do gerador aumenta, maior é a de decidir pelo comprimento final, é melhor praticar com restos de
força centrípeta sobre a região da correia que passa acima do ro- borracha (mesmo que sejam emendados com Super Bonder).
lete superior e abaixo do rolete inferior. Essa força tende a afastar Pratique, também, o uso da cola de secagem rápida (Super
a correia do rolete, e a correia ficará instável em altas velocidades. Bonder ou equivalente) para unir os extremos da fita. Vejamos a
Vamos entender assim: quanto menor a massa da correia, menor técnica de colagem.
será sua tendência de se afastar dos roletes. Para ver esse efeito
com mais clareza, proceda assim: amarre uma arruela a um fio de
Primeiro coloque a tira de borracha
linha e gire-a em círculos. O puxão que você sente no fio, sua tra-
(cortada com régua de aço e faca de
ção, tem praticamente a mesma intensidade que a força centrípeta
lâmina descartável ou gilete), com
desenvolvida na arruela pela sua rotação; quanto mais rápido girar,
comprimento em excesso, sobre
maior será a força que tende a arrancar o fio de sua mão.
uma superfície plana (fig.1). A seguir
dobre um extremo da correia para
A espessura, o comprimento útil da correia entre sua região central e então dobre o
os dois cilindros e a tração a que está submetida outro extremo para o mesmo lugar
são os fatores que irão comandar as vibrações (fig.2). Isso lhe dará duas camadas
estacionárias na correia. Se houver ressonância de correia com os extremos que se
entre a frequência fundamental (ou de algum encontram no meio. Superponha
harmônico) da correia e a rotação dos cilindros, a os dois extremos (cerca de 2 cm)
amplitude da onda estacionária que se estabelece de forma a ter três camadas de
pode ser tal que a correia começará a bater borracha superpostas na região
na parede interna da coluna de apoio. Se isso central (fig.3). Deslize um pedaço
acontecer, as providências possíveis são: alterar a de material resistente debaixo
velocidade do motor, alterar a tração na correia ou dos dois extremos superpostos;
trocar a correia por outra de massa diferente. assim, quando os extremos forem
Como Montar a Correia cortados, a lâmina não atingirá a
Fazer uma correia não é realmente tão difícil como terceira camada de borracha (fig.4).
se poderia pensar. Com um pouco de paciência, Usando a lâmina nova e a régua
algumas lâminas de aparelho para barbear --- de aço posta perpendicularmente
tradicionalmente chamadas de giletes (há um aos bordos, efetue o corte. As
termo em português para isso) ---ou facas com extremidades resultarão em
lâminas descartáveis e uma régua de aço podem perfeita coincidência, prontas para
ser feitas correias muito boas. a colagem final (fig.5).

A primeira coisa para lembrar é que a tira de borracha deve ser Retire o pedaço de material resistente e coloque em seu lugar
retangular (lados perfeitamente paralelos). um pedaço de fita adesiva dupla face. Uma face gruda na borracha
Uma vez cortada a tira retangular, resta saber que comprimen- debaixo e na superfície plana (e serve de apoio) e a outra face re-
to precisa ter. ceberá os extremos a serem colados. Deixe apenas uma das extre-
Obtido o comprimento final da correia, seus extremos devem midades presa na fita adesiva, passe uma fina camada de cola de
ser colados. cianoacrilato (Super Bonder, marca registrada da Loctite Corp.) na
Não há uma fórmula exata para determinar o máximo compri- extremidade livre e a ajuste com todo capricho junto à outra extre-
mento que a correia deverá ter. midade presa à fita adesiva. Agora a fita adesiva manterá tudo no
A elasticidade da borracha, o comprimento global da monta- lugar até a secagem final da cola.
gem roletes-coluna, de modo geral, é que determinará o compri- Após tudo isso teremos uma fita contínua, de espessura unifor-
mento da correia acabada. me, em forma de loop.

79
FÍSICA
Teste: enfie um lápis dentro do loop para manter a fita na ver- A escova superior deve ser ligada, elétrica e internamente, ao
tical. Verifique se não ocorrem dobras e se há paralelismo entre as domo de descarga. O espaçamento das escovas deve ser ajustado com
duas partes. o motor girando --- deverá existir um espaço de ar entre as pontas das
Nota: a superposição das extremidades “retas” da correia, na escovas e a superfície externa da correia. O “segredo” do porquê um
colagem, produzirá o inevitável “ploc-ploc-ploc”, cada vez que a GVDG consegue acumular boa quantidade de cargas elétricas e atingir
emenda descontínua passar pelos cilindros. Se a superposição for altíssimos potenciais está no modo como a carga é colocada na cúpula.
inevitável (quando a cola não está segurando devidamente), o re- Na parte construtiva, a cúpula ou domo de descarga ideal para o GVDG
comendado é cortar as extremidades da correia em ângulo de 45o requer trabalho de torno e repuxo. É serviço de profissional.
ou 60o.
Isso permitirá uma passagem mais suave pelos roletes.
É constituída por duas
superfícies hemisféricas
Nessas situações, a cola recomendada é a utilizada nos conser-
(calotas esféricas) que se
tos de câmaras de pneus de bicicleta.
ajustam perfeitamente devido
O gerador de Van de Graaff tem duas escovas virtuais para
a encaixes trabalhados nas
transferência de cargas. A palavra “escovas” seria melhor substituí-
bordas. Esses hemisférios
da por “pontas”, uma vez que, quando se fala em escova, há exata
podem ser feitos com chapas
ideia de algo que entra em contato com outro corpo.
de alumínio com 1 mm ou 1,5
Nossas escovas não tocarão na correia, fisicamente, daí o ad-
mm de espessura, repuxadas
jetivo virtuais.
num torno para adquirirem
As escovas dos motores universais são realmente escovas, pois
a forma de hemisférios;
estão em permanente contato com o anel de terminais do rotor.
trabalho muito parecido com
Manteremos as palavras “escovas virtuais” por comodidade de
os repuxos para fazer cúpulas
expressão e viva a língua portuguesa!
de lustres, de lâmpadas de
quintal etc.
A primeira fica localizada A parte inferior, que é fixada
na base, sob o rolete no alto da coluna de apoio,
inferior e próxima à tem uma gola voltada para
face externa da correia. dentro. Isso facilita todo
A segunda escova fica o trabalho de fixação com
localizada sobre o cilindro parafusos metálicos e arruelas
superior e próxima à face de borracha (que minimizam
externa da correia. as vibrações). Aqui os
O melhor material para parafusos podem ser usados
fazer as escovas é a tela de por ficarem dentro do globo.
metal, aquela usada em Eis a ilustração da cúpula ideal.
telas de janelas.
Basicamente, as escovas Se uma cúpula de descarga especificamente projetada não está
têm a mesma largura disponível, então outras cúpulas alternativas poderão ser construí-
da correia. Depois que das. O recurso usado pelo autor em uma de suas montagens é o
o material é cortado apresentado a seguir.
na largura indicada,
repique com uma tesoura
Consiga duas taças esportivas com
várias camadas dos fios
diâmetro superior a 20 cm. Elas são,
horizontais; isso deixará
em geral, confeccionadas em latão,
pontas (farpas) de maior
anodizadas ou niqueladas. Retire-as do
comprimento voltadas
suporte. Você terá duas calotas esféricas,
para a correia. Monte
cada uma com um orifício de cerca
as escovas bem próximo
de 4 mm no vértice. Feche um desses
à correia, mas sem
orifícios com um arrebite de cabeça
tocarem nela. A escova
larga, limando e lixando cuidadosamente
inferior deve ser ligada
(para não riscar a calota), de modo a
eletricamente à terra
deixá-lo quase como parte integrante
(condutor aterrado). Se
da calota. Essa será a calota superior.
usar um cordão de força
Na outra calota, que será a inferior, deve
de três fios para o motor
ser praticado um grande orifício (com
(plugue de 3 pinos - um
ferramenta adequada), por onde passará
dos pinos é a terra da
justo o tubo de suporte do GVDG.
residência), essa escova
Procure não deixar qualquer rebarba
deve ser ligada ao fio-terra
de material nesse corte. Arredonde as
do cordão.
bordas com lixa. Use cantoneiras em L
para fixar o tubo suporte nessa calota
inferior. Os arrebites tipo pop são os
indicados.

80
FÍSICA
Para minimizar o poder das pontas nas bordas desse orifício, o A seguir, instale o rolete superior. O desenho do rolete superior
autor adaptou uma argola de alumínio maciço (não recordamos se é que ditará como ele será montado na coluna. A montagem mais
foi proveniente de uma pulseira ou de um puxador de cortinas) de simples é cortar duas aberturas pequenas no topo do tubo para o
diâmetro interno igual ao diâmetro externo do tubo. eixo do cilindro descansar nelas. Duas arruelas elásticas ou dois pi-
De início, nas primeiras experimentações, a calota superior foi nos enfiados em orifícios nas extremidades desse eixo impedirão
simplesmente apoiada na inferior e fixada com fita isolante. Mais que o cilindro deslize para fora das aberturas na coluna. Fique aten-
tarde, com o auxílio de um amigo torneiro, foi feito um perfeito to à montagem dos roletes quando tudo estiver pronto, verifique
trabalho de encaixe nos dois hemisférios. Ele retirou o material em se estão alinhados na vertical e paralelos entre si. Se não houver
excesso nas duas bordas (havia uma espécie de bainha saliente), perfeito alinhamento, a correia tenderá a deslizar para um de seus
rebaixou ligeiramente uma das bordas e repuxou a outra. Ficou ex- extremos. As coroas dos roletes tentarão minimizar esse efeito, mas
celente. tudo tem seus limites...

Reunindo as Partes
Agora que todos os componentes foram descritos, é hora de
reuni-los.

Comecemos
pelo motor e
rolete inferior.
O rolete pode
ser fixado
diretamente,
sob pressão,
ao eixo do mo-
tor (se ele for
suficientemen-
te comprido)
ou ter um eixo
próprio, sendo
então adap-
tado ao eixo
do motor por
meio de um
O próximo passo é a colocação da correia. Passe-a por baixo do
pequeno pe-
rolete inferior, segurando a montagem toda; estique-a para cima
daço de tubo
(pode-se usar uma alça de barbante para isso); deslize o rolete su-
plástico flexí-
perior para o seu devido lugar e deixe assentar. Confira bem esse
vel, conforme
assentamento e o alinhamento da correia. Gire a correia com a mão
ilustramos.
e observe se trabalha corretamente. Se, até aqui, tudo estiver em
ordem, pode-se ligar o motor em baixa rotação.
Repare em tudo. Já deve ser percebida a presença de um cam-
Dependendo do motor (rotação, por exemplo), alguns monta-
po eletrostático ao redor da coluna de sustentação (notadamente
dores preferem adaptar polias aos dois eixos e acoplá-las com cor-
pelos pelinhos do braço que ficam eriçados). Se a correia não tracio-
reia de máquinas de costura. O tubo de sustentação deve ter próxi-
na corretamente, ajuste os apoios do rolete superior até que tudo
mo à sua base um furo que permita a introdução desse rolete. Essa
fique em ordem.
montagem admite alterações. O importante é que fique tudo muito
Se a correia se comporta bem da velocidade mínima até a máxi-
bem alinhado e isento de vibrações durante o funcionamento.
ma (pois está em perfeito alinhamento), é hora de colocar a escova
O conjunto rolete + eixo + tubo plástico deve ser removido
superior (lembre-se de que ela deve estar eletricamente ligada à
por permitir a colocação da correia. Dentre os materiais da série
cúpula) e fechar o globo. Para impedir a queda da metade superior
triboelétrica, optamos pelo PVC para a confecção dos dois roletes
do domo, no caso de simples ajuste de um sobre o outro, passe uma
e recobrimos o inferior com uma tira de feltro, sem superposição,
fita isolante para fixá-lo. O GVDG está pronto para ser testado.
fixada com Super Bonder.
O material mais simples para a base e demais apoios (motor,
escova e controle de velocidade), onde tudo foi fixado, é a madeira Antes de ligar o aparelho completo pela
envernizada. Os critérios para eles são: (a) onde a coluna de sus- primeira vez é conveniente preparar
tentação será fixada; (b) onde o suporte da escova será montado; um centelhador para receber as faíscas.
(c) onde ficará o motor e seu controle de velocidade. Tudo deve ser Ele servirá para testar distâncias de
pensado visando a um modo fácil de substituir componentes ava- faiscamento, assim como descarregar o
riados e à limpeza de tubo e correia de tempo em tempo. globo entre experimentações e testes.
O desenho geral do GVDG é que ditará quão robusto o tubo e a Pode ser feito com uma vareta plástica,
base devem ser. A coluna de sustentação para um pequeno gerador com uma esfera metálica na ponta e um
pode ser fixada na base com chapinhas metálicas em ângulo reto longo fio ligado na base do aparelho (no
ou braçadeiras convenientes, mas um maior precisará de um layout fio-terra).
mais elaborado. Uma vez fixada a coluna, verifique se o rolete ficou
bem posicionado no centro do tubo.

81
FÍSICA
CAPACITORES 3. capacitor cilíndrico (Fig.2c) formado por duas cascas concên-
tricas.
CAPACITÂNCIA E ENERGIA
Capacitores são dispositivos cuja a função é armazenar cargas Qualquer que seja o tipo de capacitor, nos esquemas de circui-
elétricas. São formados por dois condutores situados próximos um to ele é representado por um símbolo da Fig.3.
do outro, mas separados por um meio isolante, que pode ser o vá-
cuo. Ligando - se os condutores aos terminais de um gerador (Fig.
1), eles ficam eletrizados com cargas + Q e -Q .

Verifica - se que há uma proporcionalidade entre a carga (Q)


do capacitor e a diferença de potencial (U) entre suas armaduras:
Q = C . U ou C =Q ( I )
U

A constante de proporcionalidade C é denominada capacitân-


cia do capacitor e sua unidade no Sistema Internacional é o farad,
Os dois condutores são chamados de armaduras do capacitor e cujo símbolo é F.
o módulo da carga que há em cada armadura é chamado de carga Verifica - se que a capacitância de um capacitor depende ape-
do capacitor. nas da geometria das armaduras ( forma, tamanho e posição relati-
Os tipos de capacitores são: va ) e do isolante que há entre elas.
1. capacitor plano (Fig.2a) formado por duas placas condutoras Um capacitor carregado armazena energia potencial elétrica (
paralelas. Ep ) a qual é dada por:
2. capacitor esférico ( Fig.2b) formado por duas cascas esféricas
concêntricas.
Ep=

(II)

Exemplo
Um capacitor de capacitância C = 2,0 p F, foi ligado aos termi-
nais de uma bateria que mantém entre seus terminais uma diferen-
ça de potencial U = 12V. Calcule:
A) a carga do capacitor
B) a energia armazenada no capacitor:

Resolução

A) Pela definição de capacitância temos:

Q = C. U = ( 2,0 p F ) ( 12V ) =
= ( 2,0 . 10-12 F ) ( 12V ) =
= 24. 10-12 coulomb.
Q = 24 . 10-12 C = 24 pC
B) Ep =
= 144 . 10-12 = 1,44 . 10-10
Ep = 1,44.10-10 J

82
FÍSICA
Exemplo
No circuito esquematizado ao lado há um capacitor

Assim, no Sistema Internacional temos:


A permissividade do vácuo é:
E0 = 8,85.10-12 F/m

Qualquer outro isolante tem uma permissividade ( E ) maior


Calcule sua carga. que a do vácuo ( E0 ). Define-se então a permissividade relativa ( ou
constante dielétrica ) do meio por:
Resolução A permissividade está relacionada com a constante k da Lei de
Pelo capacitor não passa corrente elétrica. No entanto ele está Coulomb por meio da equação:
submetido a uma diferença de potencial que é a mesma que existe
entre os potos X e Y.
Os resistores do circuito estão em série e sua resistência equi-
valente é:
Exemplo
Um capacitor plano é formado por placas de área A = 36.10-4m2
separadas por uma distância d = 18.10-3m, sendo o vácuo o meio
entre as placas as quais estão ligadas a um gerador que mantém
entre seus terminais uma tensão U = 40V. Sabendo que a permissi-
vidade do vácuo é E0 = 8,85.10-12 F/m, calcule:

R = 3,0 + 2,0 + 4,0 = 9,0


Assim: 54 = ( 9,0 ) . i i = 6,0A

A diferença de potencial entre X e Y é dada por:


Uxy = ( 2,0 ) (6,0 A) = 12 V
A) a capacitância desse capacitor
Portanto a carga Q do capacitor é dada por: B) a carga do capacitor
Q = C . Uxy = (5,0 F) (12 V) = (5,0 . 10-6 F) (12V) = C) a intensidade do campo elétrico entre as placas
= 60 . 10-6 coulomb = 60 C
Q = 60 C Resolução
A)
Observação: Os capacitores são também chamados de conden-
sadores.

CAPACITOR PLANO
Consideremos um capacitor plano cujas placas têm área A e
estão separadas por uma distância d ( Fig.4) = 1,77.10-¡²
C = 1,77 . 10-12F
B) Q = C .V = (1,77 . 10-12F) (40 V) = 7,08 . 10-11C
Q = 7,08 . 10-11C

C) No capítulo de campo elétrico vimos que entre duas placas


paralelas, uniformemente carregadas com cargas de sinais opostos,
há um campo elétrico aproximadamente uniforme. Ao estudarmos
o potencial vimos que para um campo uniforme temos:
U = E.d

Pode - se demostrar que a capacitância desse capacitor é dada Portanto:


por:
C = EA ( III ) de onde a constante E depende do meio isolante
(dielétrico) que existe entre as placas e é chamada permissividade
do meio. Da equação III tiramos:
E = Cd E
A 2,2 . 103 V / m

83
FÍSICA
ASSOCIAÇÃO DE CAPACITORES
Na Fig.5 representamos três capacitores associados de modo
que a armadura negativa de um deles está ligada à armadura positi- (IX)
va do seguinte. Dizemos que eles estão associados em série.
ENERGIA ARMAZENADA EM CAPACITORES
Na Fig.7 representamos três capacitores associados em parale-
lo, isto é, os três estão submetidos à mesma tensão U.

Na Fig.8 representamos um único capacitor, de capacitância CE


que é equivalente à associação, isto é, submetido à mesma tensão
U, apresenta a mesma carga total Q:
Q = Q1 + Q2 + Q3 (X)
Mas: Q = CE.U, Q1 = C1.U, Q2 = C2.U, Q3= C3.U
Substituindo em X:
CE.U = C1.U + C2.U + C3.U
ou:
CE = C 1 + C 2 + C 3
Numa associação em série, os capacitores têm a mesma carga. CIRCUITOS ELÉTRICOS
Na Fig.6 representamos um único capacitor, de capacitância CE,
que é equivalente à associação dada, isto é, sob a mesma tensão
CORRENTE ELÉTRICA CONTÍNUA E ALTERNADA
total U, tem a mesma carga Q.
U = U1 + U2 + U3 ( VI )
Mas:

Substituindo em VI:

ou

(VII) Uma corrente elétrica produz magnetismo. O efeito contrário é


possível? O físico inglês Michael Faraday demonstrou que sim. Em
A equação anterior pode ser generalizada para um número determinadas condições, um campo magnético gera corrente elé-
qualquer de capacitores em série. trica: ele ligou uma bobina a um amperímetro e, ao introduzir ra-
Quando há apenas dois capacitores em série temos: pidamente um ímã na bobina, o amperímetro assinalava passagem
de corrente. É a indução eletromagnética. Um ímã em movimento
gera uma corrente elétrica em um fio condutor: é a corrente indu-
zida. Se em vez de introduzir o ímã o retirarmos, a corrente assume
Ou o sentido inverso. Se aproximarmos ou afastarmos a bobina em vez
do ímã, o resultado será idêntico. A aplicação mais importante da
indução é a produção de corrente elétrica. Se fizermos girar a espira
no interior do campo magnético do ímã, produz-se uma corrente
(VIII) induzida.
Se forem n capacitores iguais, associados em série teremos Conforme a figura, a cada meia-volta da espira, a corrente
muda de sentido: é uma corrente alternada. Os alternadores, com-
ponentes do sistema elétrico dos carros, são geradores de corrente
nparcelas alternada. Funcionam com base na descoberta de Faraday. Modi-
ou ficações na montagem dos coletores e escovas (contatos entre a

84
FÍSICA
espira móvel e o circuito no qual vai circular a corrente induzida) Quando as cargas circulam por um condutor, elas podem se
podem originar os geradores de corrente contínua, como são os dí- deslocar em maior ou menor velocidade. O ritmo com que as cargas
namos das bicicletas circulam por uma seção do condutor é expresso por uma grandeza
chamada intensidade de corrente. Assim, a intensidade de corrente
é o valor da carga que atravessa a seção de um condutor a cada
segundo. É representada por I e matematicamente sua equação é:
I = Q / t. O instrumento para medir intensidades denomina-se am-
perímetro. A unidade de intensidade de corrente elétrica, no SI, é o
ampère (A) e se define como o quociente entre a unidade de carga,
o coulomb (C), e a de tempo, o segundo (s). Então:

1A=1C/1s

Sentido da corrente elétrica


A corrente elétrica é produzida pelo movimento de elétrons em
um condutor. O sentido real da corrente é o do movimento de elé-
trons que circulam do polo negativo ao polo positivo. Porém, uma
Corrente elétrica convenção internacional estabeleceu que o sentido da corrente elé-
Para verificar se um objeto está ou não carregado eletricamen- trica é o contrário do movimento dos elétrons. Então:
O sentido convencional da corrente elétrica é o que vai do polo
te, utiliza-se o eletroscópio. Ocorre um deslocamento de cargas
positivo ao negativo através do condutor, isto é, o contrário ao mo-
para as lâminas do eletroscópio. Esse movimento de cargas, o des-
vimento dos elétrons.
locamento, é transitório, pois cessa assim que as lâminas se carre-
gam negativamente. Chamamos de corrente elétrica o movimento
de cargas elétricas através de um condutor. O deslocamento acon-
tece porque, entre a barra e as lâminas, existe uma diferença de
estado eletrônico que põe as cargas em movimento. Para que ele
seja contínuo é preciso manter esse desnível eletrônico, chamado
diferença de potencial ou tensão. O elemento encarregado de man-
ter essa diferença chama-se gerador elétrico.

Polo positivo = maior potencial


Polo negativo = menor potencial

Uma pilha ou uma bateria de carro são geradores de corrente


elétrica. A diferença de potencial é medida em volts (V) e o instru-
mento que pode medi-la chama-se voltímetro. Podemos imaginar a
diferença de potencial como se fosse a diferença dos níveis de água
em potes interligados. Se houver diferença de nível, haverá transfe-
rência de água graças à força da gravidade. Se não houver diferença
de nível, para haver transferência será preciso uma bomba hidráu-
lica. Um gerador realiza a mesma função que a bomba hidráulica.
Além disso, as cargas precisam de um meio por onde circular. Os CIRCUITOS DE CORRENTE CONTINUA
materiais que permitem o deslocamento por seu interior são os Todo circuito elétrico deve ter quatro elementos básicos: gera-
condutores, como os metais em geral. Se um material dificulta esse dor, condutor, receptor e interruptor.
deslocamento, chama-se isolante ou dielétrico, como o ar, o papel,
o vidro, a seda ou o plástico. A corrente elétrica pode ser contínua, GERADORES DE CORRENTE CONTÍNUA
caso em que as cargas se deslocam sempre num sentido, ou alter- O gerador é o elemento que cria a corrente elétrica. Ele tem
nada, quando as cargas mudam constantemente de sentido. dois polos ou bornes, um positivo e outro negativo. É representado
esquematicamente por duas linhas paralelas, uma mais comprida
Intensidade de corrente elétrica do que a outra. A mais comprida representa o polo positivo, e a
mais curta, o negativo.

Os geradores transformam algum tipo de energia em energia


elétrica.
Por exemplo, as pilhas e as baterias transformam energia quí-
mica em elétrica e geram corrente contínua. Algumas, porém, for-
necem pouca energia, razão pela qual são empregadas em apare-
lhos de baixo consumo, como calculadoras, relógios, lanternas, que
funcionam com pilhas de 1,5 V ou 4,5 V. Os dínamos transformam
a energia mecânica em elétrica. Os mais conhecidos são os dos
carros, que fornecem corrente contínua. Os alternadores são ge-
radores de corrente alternada. Nas centrais hidrelétricas, térmicas
ou nucleares, os alternadores transformam a energia potencial da
água, a calorífica ou a nuclear, em energia elétrica.

85
FÍSICA

Exemplo de ligação em paralelo

Resistência de um condutor
A resistência elétrica mede a dificuldade que os elétrons en-
contram ao se deslocarem por um condutor. Os materiais condu-
tores apresentam pequena resistência elétrica. Os dielétricos, ou
isolantes, apresentam grande resistência elétrica.
Está provado que, ao colocar vários condutores entre dois pon-
tos de potenciais diferentes, a resistência (R) vai depender do com-
Condutor primento do condutor (L), da superfície de sua seção transversal
O condutor é o meio pelo qual as cargas se deslocam. O mais (s) e do material de que é feito. Então, quanto maior o fio, maior a
usado, por seu preço e baixa resistividade, é o cobre. resistência elétrica. Se dois condutores de mesmo material e com-
primento tiverem seção transversal diferente, o de menor seção vai
Receptor apresentar maior resistência. Se a única diferença for o material do
O receptor transforma a energia elétrica em outras formas de condutor, cada substância apresentará uma resistência distinta, de-
energia. O desenho pode ser simples ou complexo: uma lâmpada vido à sua resistividade. Deduz-se que a resistência de um condutor
ou um motor elétrico. Os que transformam energia elétrica em ca- é diretamente proporcional à sua resistividade e comprimento, e
lor são representados esquematicamente como resistores. inversamente proporcional à sua seção transversal. Então: R = L / S.
A resistividade é definida como a resistência de um condutor de um
Interruptor metro de comprimento e um metro quadrado de seção transversal.
O interruptor é a chave situada no condutor que permite ou = unidade de medida de resistência elétrica (lê-se ohm)
impede a passagem de cargas. Se permite, diz-se que o circuito está ” m = unidade de resistividade
fechado, caso contrário, está aberto.
ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES
Montagem dos elementos de um circuito O circuito mais simples contém apenas um resistor. Na prática,
Os elementos de um circuito podem ser montados basicamen- porém, há situações mais complicadas em que aparecem vários re-
te de duas formas diferentes: com ligação em paralelo ou em série. sistores associados. Nesses casos, é preciso calcular o valor de uma
No caso dos elementos de circuito que apresentam polaridade (ge- única resistência equivalente (Req) da associação que tenha a mes-
radores, por exemplo), quando se ligam os polos negativos entre si ma função de todas as outras sem alterar as condições do circuito.
e, da mesma forma, todos os polos positivos, temos uma ligação
em paralelo. A ligação em série ocorre quando o polo negativo de RESISTORES E RESISTÊNCIA ELÉTRICA
um elemento é ligado ao polo positivo de outro, e assim sucessi-
vamente. No caso das lâmpadas, que não apresentam polaridade, Resistores em série
oriente-se pelas figuras e preste atenção: quando elas estão ligadas
em série, como os enfeites numa árvore de Natal, e uma delas se
queima ou desenrosca, deixa de passar corrente pelo circuito e to-
das apagam. Se a ligação é em paralelo, como nas lâmpadas de uma
casa, e uma delas falha, as demais continuam funcionando.
Na ilustração à direita, pelos resistores Rs, R2 e R3 circula a
mesma intensidade de corrente I. A diferença de potencial entre
as extremidades do gerador é a soma das diferenças de potenciais
existentes em cada resistor:
Vad = Vab + Vbc + Vcd
Pela lei de Ohm:
Vab = R1 “ I, Vbc = R2 “ I e Vcd = R3 “ I.

Portanto, podemos escrever que


Vad = R1 “ I + R2 “ I + R3 “ I = (R1 + R2 + R3) “ I = Req “ I.

Exemplo de ligação em série Logo, a resistência equivalente a um conjunto de resistores em


série é a soma das resistências de todos eles.

86
FÍSICA
Req = R1 + R2 + R3 P = Vab “ I = R “ I2 = Vab²/R

A potência elétrica é medida no SI em Watts (W), unidade de-


finida como o quociente entre 1 joule e 1 segundo: 1 W = 1 J /1 s.
Outra unidade muito utilizada é o quiloWatt (kW), que equivale a
1.000 W. Da definição de potência deduz-se que = P “ t, e pode-se
calcular o trabalho ou energia como o produto da potência pelo
tempo. Se expressarmos a potência em kW e o tempo em horas,
a unidade de energia que obteremos será o quiloWatt-hora (kWh),
definido como a energia gerada ou consumida quando se usa uma
potência de um quiloWatt durante uma hora. Nas contas de luz,
Resistores em paralelo pagamos pelos quilowatt-hora consumidos.

Na ilustração à esquerda existe a mesma diferença de potencial Efeito Joule


entre as extremidades de cada um dos resistores e as extremidades Quando a corrente elétrica atravessa um circuito, seus elemen-
do gerador, Vab. A intensidade total I se repartirá em I1, I2 e I3, de tos se aquecem. É o chamado efeito calorífico da corrente elétrica.
modo que I = I1 + I2 + I3. Ao aplicar a lei de Ohm para calcular os Isto se deve ao fato de os elétrons que circulam pelo condutor cho-
valores das intensidades, teremos: carem-se com as estruturas fixas do material. Com isso, parte de
I1 = Vab / R1, I2 = Vab / R2 e I3 = Vab / R3 e I = Vab / Req. Por- sua energia cinética se transforma em energia térmica, liberada na
tanto, forma de calor. O fenômeno pelo qual a energia cinética se trans-
Vab / Req = Vab / R1 + Vab / R2 + Vab / R3. forma em calor num condutor chama-se Efeito Joule. A partir da
expressão de energia obtida anteriormente, = R “ I2 “ t, podemos
Assim, numa associação de resistores em paralelo, o inverso da calcular a energia calorífica transformada. Tradicionalmente, o ca-
resistência equivalente é igual à soma dos inversos das resistências, lor é medido numa unidade chamada caloria. Levando-se em conta
que matematicamente é: que 1 joule = 0,24 calorias, pode-se calcular (em calorias) o calor
desprendido pelo Efeito Joule:
1 / Req = 1 / R1 + 1 / R2 + 1 / R3
Q = 0,24 “ R “ I2 “ t

LEI DE OHM
O fluxo ordenado de cargas elétricas através de um material,
ativado pela aplicação de uma diferença de potencial, é limitado
pela estrutura interna do mesmo.
Antes de derivar a expressão que relaciona resistência elétri-
ca e parâmetros físicos, talvez seja conveniente explorar um pouco
mais a analogia existente entre os sistemas mecânicos e os circuitos
elétricos.
Considere-se então uma massa em queda sob a ação de um
campo gravitacional constante, num primeiro caso num espaço sem
atmosfera e num segundo num espaço com atmosfera. Admita-se
ainda que inicialmente o corpo se encontra a uma altitude h, isto é,
que possui uma energia potencial EP-ini=mgh e uma energia cinética
EC-ini=0. Nestas condições, a força atuante sobre a massa é F=mg,
Energia elétrica a intensidade do campo gravítico é E=g e, já agora, a diferença de
Para calcular o valor da energia elétrica, ou do trabalho sobre potencial gravítico é V=gh. A força e o campo são constantes ao lon-
as cargas do condutor é preciso levar em conta que a diferença de go de toda a trajetória do corpo, sendo o potencial gravítico tanto
potencial é o trabalho realizado por unidade de carga: mais elevado quanto maior for a altitude inicial do corpo. Ao longo
Vab = / Q. Portanto, o valor do trabalho será: = Q “ Vab. Esta ex- da queda, o corpo troca energia potencial por energia cinética. A
pressão significa que a energia ou trabalho cedido por um gerador troca entre energias verifica a relação em que xe v definem a posi-
é o produto da diferença de potencial entre seus polos multiplicada ção e a velocidade entretanto adquiridas pelo corpo. A velocidade
pela carga que circula. Se recordarmos que uma corrente elétrica se do corpo é expressa por m/s, metro por segundo admitindo
caracteriza por sua intensidade I = Q / t, de onde Q = I “ t, obteremos naturalmente que se verifica sempre v<<c, em que c define a veloci-
= Vab “ I “ t. dade da luz. No espaço sem atmosfera o corpo atinge a velocidade
A energia elétrica pode ser expressa também em função da máxima para x=h, ou seja, quando EP=0.
resistência. Levando em conta que pela lei de Ohm Vab = R “ I, po-
demos transformar a expressão e teremos = R “ I2 “ t. Também po-
demos escrever a Lei de Ohm como I = Vab²/R “ t.

Potência elétrica No caso em que o corpo se move num espaço com atmosfe-
Define-se como o quociente entre o trabalho elétrico realizado ra, portanto com atrito, a troca de energia potencial por energia
e o tempo empregado para realizá-lo: cinética faz-se com perdas. Outra consequência da força de atrito
P = / t. Se dividirmos pelo tempo todos os valores obtidos para é o fato de, a partir de um determinado instante, o corpo se des-
o cálculo do trabalho, obteremos expressões que permitem calcular locar com uma velocidade constante, designada velocidade limite.
a potência: A partir desse instante efetua-se uma troca integral entre energia

87
FÍSICA
potencial e calor, e o ritmo de troca de energia na unidade de tem- De acordo com a expressão (3.16), a resistência elétrica de um
po é constante. Considere-se agora o circuito elétrico representado condutor é diretamente proporcional ao seu comprimento, e inver-
na Figura 3.1. samente proporcional à sua secção, à densidade e à mobilidade das
cargas elétricas livres existentes no seu seio. Na Figura 3.3 ilustram-
-se alguns casos da relação existente entre a resistência elétrica e o
comprimento, a secção e a resistividade, enquanto na Tabela 3.1 se
apresentam os valores da resistividade elétrica de alguns materiais
condutores, semicondutores e isoladores, medidos à temperatura
de referência de 20 ºC.

Figura 3.1 Resistência elétrica


Admita-se que a diferença de potencial aos terminais da ba-
teria é V e que a intensidade do campo elétrico ao longo do fio
condutor é constante

Tal como o corpo em queda livre, as cargas negativas perdem


energia potencial ao dirigirem-se do terminal negativo para o ter-
minal positivo da bateria (energia convertida em energia cinética e
calor). As cargas elétricas atravessam o fio condutor com uma velo- Figura 3.3 Resistência elétrica de fios condutores com compri-
cidade constante, basicamente fixada no valor médio das velocida- mentos, secções e resistividades variadas
des atingidas nos intervalos entre colisões com os átomos.
Admita-se que o material é caracterizado por uma densidade MATERIAL RESISTIVIDADE 20ºC)
de eletrões livres por unidade de volume,
n = número de eletrões por metro cúbico ou que a densidade prata 1.645*10-8 W.m
de carga livre por metro cúbico é q=ne (valor absoluto). Por exem- cobre 1.723*10-8 W.m
plo, os materiais condutores são caracterizados por possuírem uma
elevada densidade de eletrões livres, que lhes permite suportar o ouro 2.443*10-8 W.m
mecanismo da condução elétrica, ao passo que os materiais iso- alumínio 2.825*10-8 W.m
ladores são caracterizados por valores bastante reduzidos deste
tungsténio 5.485*10-8 W.m
mesmo parâmetro. Por outro lado, cada par material-tipo de carga
caracteriza-se por uma relação velocidade-campo níquel 7.811*10-8 W.m
ferro 1.229*10-7 W.m
constantan 4.899*10-7 W.m
nicrómio 9.972*10-7 W.m
em que m se designa por mobilidade das cargas
em questão. Este parâmetro é em geral uma função do tipo de car- carbono 3.5*10-5 W.m
ga, da temperatura e do tipo de material. A quantidade de carga silício 2.3*103 W.m
que na unidade de tempo atravessa a superfície perpendicular ao
polystirene ~ 1016 W.m
fluxo é (Figura 3.2)
Tabela 3.1 Resistividade elétrica de diversos materiais condu-
tores, semicondutores e isoladores (a 20 ºC)

A Lei de Ohm permite três interpretações distintas:


(i) para uma determinada tensão aplicada, a corrente é inversa-
mente proporcional à resistência elétrica do elemento;
(ii) para uma determinada corrente aplicada, a tensão desen-
volvida aos terminais do elemento é proporcional à resistência;
(iii) a resistência de um elemento é dada pelo cociente entre a
tensão e a corrente aos seus terminais.

Por exemplo, no caso dos circuitos representados na Figura 3.4


verifica-se que em (b) a corrente na resistência é dada por I=V/R=5
A, que em (c) a tensão aos terminais da resistência é V=RI=5 V e que
a qual, tendo em conta a relação (3.7), permite escrever em
em (d) o valor da resistência é R=V/I=10 W.
que S/m, siemens por metro se designa condutividade
elétrica do material, ou ainda em que S, siemens se
diz condutância elétrica do condutor. Expressando a tensão em fun-
ção da corrente, obtém-se e W.m, ohm-metro
se designa por resistividade elétrica do material e W, ohm
por resistência elétrica do condutor. As expressões acima são indis-
tintamente designadas por Lei de Ohm.
Figura 3.4 Símbolo da resistência e Lei de Ohm

88
FÍSICA
A representação gráfica da Lei de Ohm consiste numa reta com Podem ter aplicações em computadores mais rápidos, reatores de
ordenada nula na origem e declive coincidente com o parâmetro R fusão nuclear com energia praticamente ilimitada, trens que levi-
(ou G) (Figura 3.5). Apesar de elementar e evidente, é importante tam e a diminuição na perda de energia elétrica nas transmissões.
associar esta relação linear tensão-corrente à presença de um ele-
mento do tipo resistência, mesmo em dispositivos eletrônicos rela- FORÇA ELETROMOTRIZ
tivamente complexos como o transistor. Num dos seus modos de Por razões históricas a fonte de energia que faz os elétrons se
funcionamento, por exemplo, o transistor apresenta uma relação moverem em um circuito elétrico é denominada fonte de força ele-
tensão-corrente semelhante àquela indicada na Figura 3.5, o que tromotriz (fem). Exemplos de fontes fem:
indica, portanto, que nessa mesma zona o transistor é, para todos • Energia química (bateria).
os efeitos, uma resistência. • Energia luminosa (bateria solar).
• Diferença de temperatura (termo-par).
• Energia mecânica (queda d’agua).
• Energia Térmica:
• Queima de carvão.
• Queima de óleo combustível.
• Reações nucleares.

Utilizaremos o termo ``bateria’’ de maneira genérica, para de-


signar qualquer fonte de fem. Inicialmente vamos considerar so-
Figura 3.5 Lei de Ohm mente situações para as quais a fem não varia como uma função do
tempo. Neste caso, veremos que a corrente produzida no circuito
SEMI CONDUTORES E SUPERCONDUTORES pode ou não variar com o tempo. Se a corrente for também cons-
tante, temos uma situação de estado estacionário com uma corren-
Semicondutores te contínua fluindo no circuito.
Semicondutores são corpos sólidos cuja condutividade elétrica Graças à força do seu campo eletrostático, uma carga pode rea-
se situa entre a dos metais e a dos isolantes. Sua resistividade de- lizar trabalho ao deslogar outra carga por atração ou repulsão. Essa
pende da presença de impurezas e da temperatura (quanto maior capacidade de realizar trabalho é chamada potencial. Quando uma
a temperatura melhor ele irá conduzir. O processo de condução ca- carga for diferente da outra, haverá entre elas uma diferença de
racteriza-se pela existência de lacunas ou buracos, deixados pelos potencial(E).
elétrons que se desligaram dos átomos. A soma das diferenças de potencial de todas as cargas de um
Os semicondutores são utilizados em dispositivos eletrônicos, campo eletrostático é conhecida como força eletromotriz.
como os retificadores e transistores, pilhas solares, lasers, células A diferença de potencial (ou tensão) tem como unidade funda-
fotoelétricas e outros. mental o volt(V).
Os semicondutores mais utilizados para a produção de disposi-
tivos (entre eles o diodo) são o germânio e o silício Convencional
Solte sua imaginação! Você já pensou num liquidificador (só o
Super Condutores copo, sem o motor convencional) onde as hélices ficam paradas e
Fenômeno físico apresentado por certas substâncias, como o líquido do copo é quem gira? Ou numa máquina de lavar roupas
metais ou cerâmicas especiais, caracterizado pela diminuição da re- onde a roupa espontaneamente se põe a girar para cá e para lá? E
sistência elétrica em temperaturas muito baixas. Com isso a corren- que tal a água do tanque de lavar roupas começar a fazer o mesmo?
te elétrica pode fluir pelo material sem perda de energia. Pois bem, leia esse artigo: o primeiro passo do motor de rotor liqui-
Histórico: Teoricamente, a supercondutividade permitiria o uso do está lançado!
mais eficiente da energia elétrica. O fenômeno surge após determi-
nada temperatura de transição, que varia de acordo com o material Como funcionam os motores convencionais?
utilizado. O holandês Heike Kamerlingh-Onnes fez a demonstração O princípio básico que regula o funcionamento dos motores
da supercondutividade na Universidade de Leiden, em 1911. Para convencionais repousa na força magnética de Lorentz.
produzir a temperatura necessária, usou hélio líquido. O material
foi mercúrio, abaixo de -268,8º C. Até 1986, a temperatura mais ele- “Toda carga elétrica (q) imersa num campo de indução mag-
vada em que um material se comportara como supercondutor foi nética (B) e dotada de velocidade (V), de direção não coincidente
apresentada por um composto de germânio-nióbio; temperatura com a direção do campo, fica sujeita a uma força (Fm) de origem
de transição:-249,8º C. Para isso também fora usado hélio líquido, eletromagnética, cuja intensidade é dada por:
material caro e pouco eficiente, o que impede seu uso em tecno- |Fm| = |q| .|V|.|B|. senq
logias que procurem explorar o fenômeno. A partir de 1986, várias
descobertas mostraram que cerâmicas feitas com óxidos de certos onde q é o ângulo entre as direções do vetor velocidade e do
elementos, como bário ou lantânio, tornaram-se supercondutoras vetor campo magnético.”
a temperaturas bem mais altas, que permitiriam usar como refrige-
rante o nitrogênio líquido, a uma temperatura de -196º C. Natural
Durante a formação de uma tempestade, verifica-se que ocorre
Aplicações dos supercondutores: uma separação de cargas elétricas, ficando as nuvens mais baixas
As aplicações são várias, embora ainda não tenham revolu- eletrizadas negativamente, enquanto as mais altas adquirem car-
cionado a eletrônica ou a eletricidade, como previsto pelos entu- gas positivas. As nuvens mais baixas induzem uma carga positiva
siastas. Têm sido usados em pesquisas para criar eletromagnetos na superfície da Terra e, portanto, entre a nuvem baixa e a Terra
capazes de gerar grandes campos magnéticos sem perda de energia estabelece-se um campo elétrico. O processo de descarga elétrica
ou em equipamentos que medem a corrente elétrica com precisão. ocorre numa sucessão muito rápida, inicia-se com uma descarga

89
FÍSICA
elétrica que parte da nuvem até o solo. Essa descarga provoca a O circuito elétrico mais simples que se pode montar constitui-
ionização do ar ao longo de seu percurso. A região entre a nuvem -se de três componentes:
e o solo passa a funcionar como um condutor. Através desta região · fonte geradora;
condutora produz-se, numa segunda etapa, uma descarga elétrica · carga;
do solo para a nuvem, denominada descarga principal. A descarga · condutores.
principal apresenta grande luminosidade e origina corrente elétrica
de grande intensidade. Esta descarga elétrica aquece o ar, provo- Todo o circuito elétrico necessita de uma fonte geradora. A fon-
cando uma expansão que se propaga em forma de uma onda sono- te geradora fornece a tensão necessária à existência de corrente
ra, originando o trovão. elétrica. A bateria, a pilha e o alternador são exemplos de fontes
Ocorrem por dia, no nosso planeta, cerca de 40 mil tempesta- geradoras.
des que originam, aproximadamente, 100 raios por segundo. A carga é também chamada de consumidor ou receptor de
energia elétrica. É o componente do circuito elétrico que transfor-
ma a energia elétrica fornecida pela fonte geradora em outro tipo de
energia. Essa energia pode ser mecânica, luminosa, térmica, sonora.
Exemplos de cargas são as lâmpadas que transformam energia
elétrica em energia luminosa; o motor que transforma energia elé-
trica em energia mecânica; o rádio que transforma energia elétrica
em sonora.

Observação
Um circuito elétrico pode ter uma ou mais cargas associadas.
Os condutores são o elo de ligação entre a fonte geradora e a
carga. Servem de meio de transporte da corrente elétrica.
Uma lâmpada, ligada por condutores a uma pilha, é um exemplo
típico de circuito elétrico simples, formado por três componentes.
Para-raios
A lâmpada traz no seu interior uma resistência, chamada fila-
Para se evitar que as descargas elétricas atinjam locais indevi-
mento. Ao ser percorrida pela corrente elétrica, essa resistência fica
dos, como postes, edifícios, depósitos de combustíveis, linhas de
incandescente e gera luz. O filamento recebe a tensão através dos
transmissão elétrica, etc, utiliza-se o para-raios. Que é um constituí-
terminais de ligação. E quando se liga a lâmpada à pilha, por meio
do essencialmente de uma haste metálica disposta verticalmente
de condutores, forma-se um circuito elétrico. Os elétrons, em ex-
no alto da estrutura a ser protegida. Esta haste é ligada à terra atra-
vés de um fio condutor. cesso no polo negativo da pilha, movimentam-se pelo condutor e
Quando a terra adquire cargas elétricas induzidas, estas se con- pelo filamento da lâmpada, em direção ao polo positivo da pilha.
centram na ponta do para-raios, de forma que a descarga elétrica Enquanto a pilha for capaz de manter o excesso de elétrons no
entre a nuvem e a terra se dá através do fio. polo negativo e a falta de elétrons no polo positivo, haverá corrente
elétrica no circuito; e a lâmpada continuará acesa.
EQUAÇÃO DO CIRCUITO Além da fonte geradora, do consumidor e condutor, o circuito
elétrico possui um componente adicional chamado de interruptor
Tipos de circuitos ou chave. A função desse componente é comandar o funcionamen-
A eletrônica emprega grande número de circuitos, de diversos to dos circuitos elétricos.
tipos. Os retificadores, por exemplo, convertem corrente alterna- Quando aberto ou desligado, o interruptor provoca uma aber-
da em contínua, e são constituídos de transformadores, diodos e tura em um dos condutores.
condensadores. Já os filtros são utilizados para selecionar tensões Nesta condição, o circuito elétrico não corresponde a um ca-
dentro de uma margem estreita de frequências, e em geral são for- minho fechado, porque um dos polos da pilha (positivo) está des-
mados por resistências, bobinas e condensadores, agrupados em conectado do circuito, e não há circulação da corrente elétrica.
função da finalidade visada. Quando o interruptor está ligado, seus contatos estão fechados,
Os amplificadores destinam-se a incrementar a amplitude ou tornando-se um condutor de corrente contínua.
potência de um sinal, e classificam-se em lineares e não-lineares, Nessa condição, o circuito é novamente um caminho fechado
segundo a natureza da resposta dos componentes às polarizações por onde circula a corrente elétrica. Sentido da corrente elétrica
a que são submetidos. Os amplificadores não-lineares, além de au- antes que se compreendesse de forma mais científica a natureza
mentar o sinal de entrada, podem mudar a forma de sua onda. do fluxo de elétrons, já se utilizava a eletricidade para iluminação,
Nos circuitos de comutação empregam-se componentes cujos motores e outras aplicações.
sinais de saída só assumem valores discretos. Entre eles podem-se Nessa época, foi estabelecido por convenção, que a corrente
citar os flip-flop, de grande utilidade nos circuitos de computador elétrica se constituía de um movimento de cargas elétricas que fluía
para o tratamento do código binário; os circuitos lógicos, que em- do polo positivo para o polo negativo da fonte geradora. Este senti-
pregam diodos; e os geradores de dentes de serra. Na área das tele- do de circulação (do + para o -) foi denominado de sentido conven-
comunicações destacam-se por seu grande uso os circuitos modu- cional da corrente.
ladores (que fazem variar a amplitude ou a frequência das ondas), Com o progresso dos recursos científicos usados explicar os
os detectores e os conversores. fenômenos elétricos, foi possível verificar mais tarde, que nos con-
dutores sólidos a corrente elétrica se constitui de elétrons em movi-
Circuito elétrico mento do polo negativo para o polo positivo. Este sentido de circu-
O circuito elétrico é o caminho fechado por onde circula a cor- lação foi denominado de sentido eletrônico da corrente.
rente elétrica. O sentido de corrente que se adota como referência para o
Dependendo do efeito desejado, o circuito elétrico pode fazer estudo dos fenômenos elétricos (eletrônico ou convencional) não
a eletricidade assumir as mais diversas formas: luz, som, calor, mo- interfere nos resultados obtidos. Por isso, ainda hoje, encontram-se
vimento. defensores de cada um dos sentidos.

90
FÍSICA
Observação última relação na equação do circuito, temos: d2Q/dt2=-Q/LC. Se
Uma vez que toda a simbologia de componentes eletroeletrô-
nicos foi desenvolvida a partir do sentido convencional da corrente chamarmos (de , temos a equação . Denomina-
elétrica, ou seja do + para o -, as informações deste material didá-
mos (a frequência do circuito LC. Novamente utilizando cálculo dife-
tico seguirão o modelo convencional: do positivo para o negativo.
rencial, chegamos a um valor de Q=Acos(t+), onde A é a amplitude
da carga, que é o valor máximo que a carga pode atingir e (é uma
Tipos de circuitos elétricos
constante de fase que depende unicamente das condições iniciais
Os tipos de circuitos elétricos são determinados pela maneira
do problema. Se considerarmos que a constante de fase é igual a
como seus componentes são ligados. Assim, existem três tipos de
zero temos que a carga neste circuito é dada por q0cost, uma vez
circuitos:
que a amplitude da carga depende da carga inicial do capacitor, e
· série;
derivando esta equação em relação ao tempo obtemos a corrente
· paralelo;
do circuito que é igual a i=-q0sent. Podemos perceber então que
· misto.
este circuito difere dos circuitos RC e RL já que ele não decai ou
cresce exponencialmente, mas sim oscila. Isto acontece pois à me-
Circuito série
dida que a carga no capacitor diminui, a energia armazenada no
Circuito série é aquele cujos componentes (cargas) são ligados
campo elétrico do capacitor se reduz. Esta energia não se perde,
um após o outro.
mas se transforma em energia magnética dentro do indutor, já que
Desse modo, existe um único caminho para a corrente elétrica
em torno deste circula uma corrente i que induz nele um campo
que sai do polo positivo da fonte, passa através do primeiro compo-
magnético. Em um dado instante, toda energia elétrica do capacitor
nente (R1), passa pelo seguinte (R2) e assim por diante até chegar
se esgota juntamente com sua carga. Temos então que a corrente
ao polo negativo da fonte.
no indutor agora é máxima e todo a energia do circuito está ar-
Num circuito série, o valor da corrente é sempre o mesmo em
mazenada dentro do indutor sob forma de energia magnética. Esta
qualquer ponto do circuito. Isso acontece porque a corrente elétri-
corrente flui pelo circuito e começa a realimentar o capacitor, au-
ca tem apenas um único caminho para percorrer.
mentando assim o seu campo elétrico e diminuindo o campo mag-
Esse circuito também é chamado de dependente porque, se
nético dentro do indutor. Agora o capacitor adquire carga máxima,
houver falha ou se qualquer um dos componentes for retirado do
porém a polarização de seu campo elétrico está invertida, e a carga
circuito, cessa a circulação da corrente elétrica.
começa a fluir no sentido contrário. Analisando as energias contidas
em um circuito LC, vemos que a energia eletrostática do capacitor é
Circuito paralelo
dada por U=½ QV=Q2/2C. Substituindo nesta equação a função Q(t)
O circuito paralelo é aquele cujos componentes estão ligados
obtida por nós anteriormente, temos U(t)=q02cos2t/2C. A energia
em paralelo entre si.
magnética deste sistema é dada por U=½ Li2. Substituindo nesta
No circuito paralelo, a corrente é diferente em cada ponto do
equação a função i(t), temos U(t)=½ L2q02sen2t. Vemos que ora
circuito porque ela depende da resistência de cada componente à
toda a energia se concentra no indutor, ora no capacitor, no entanto
passagem da corrente elétrica e da tensão aplicada sobre ele. Todos
a energia total do sistema é dada sempre pela soma das duas, que
os componentes ligados em paralelo recebem a mesma tensão.
é constante e igual a q02/2C.
Circuito misto
Circuito RC
No circuito misto, os componentes são ligados em série e em
Quando estudamos qualquer assunto, tentamos dividi-lo em
paralelo.
suas partes mais importantes e estudá-las separadamente dando
a elas a devida atenção. Este é o caso do circuito RC que é um caso
Circuito LC
particular de um circuito elétrico contendo apenas uma resistência
Para termos um entendimento suficientemente bom de algum
e um capacitor. Podemos pensar então nesses dois componentes
assunto, não adianta estudarmos todas as ocorrências de todas as
ligados através de seus terminais e uma chave que pode permitir
naturezas simultaneamente. O que os físicos fazem nestas situa-
ou não a passagem de corrente no circuito. Admitindo inicialmente
ções é tentar achar um modelo simples e ir acrescentando os com-
que a chave está aberta e não há passagem de corrente e o capa-
ponentes aos poucos. No estudo de circuitos por exemplo, antes
citor está carregado com uma determinada carga Q, vamos anali-
de entendermos como funciona um circuito integrado de televisão,
sar o que vai acontecer quando a chave for fechada e possibilitar a
precisamos entender a função de cada componente e seguir acres-
passagem de corrente: Sabemos que a diferença de potencial entre
centando um outro componente de cada vez, ou seja, primeiramen-
os terminais do capacitor é dada por V0=Q0/C, onde Q0 é a carga
te entendemos como se comporta um resistor, um capacitor e um
inicial do capacitor e C sua capacitância. No instante t=0 fechamos
indutor para posteriormente unirmos dois a dois e finalmente os
a chave e a corrente começa a fluir através do resistor. A corrente
três em apenas um circuito, denominamos estes circuitos de RL, RC,
inicial que passa pela resistência é igual a I0=V0/R. A medida que a
LC, e RLC. Neste texto entenderemos como funciona um circuito LC
corrente flui pelo circuito, a carga no capacitor decresce numa taxa
que contém de acordo com o que foi mencionado anteriormente
igual a I=-Q/t, onde I é a corrente do circuito, e o sinal negativo apa-
um indutor e um capacitor. Vamos supor inicialmente que exista
rece por se tratar de um caso de descarga do capacitor. Através da
uma chave no circuito que permita ou não a passagem de corrente
utilização da Primeira Lei de Kirchhoff, sabemos que o potencial no
e que o capacitor está carregado inicialmente com uma carga q0.
resistor é igual ao potencial no capacitor, obtemos então RI=Q/C.
Em um instante inicial t=0, a chave é fechada, permitindo então a
Podemos aplicar agora um pouco de cálculo diferencial e obter -R
passagem de corrente através do circuito e a carga do capacitor co-
dQ/dt =Q/C. Resolvendo esta equação diferencial obtemos que a
meça então a fluir pelo circuito. Temos no circuito então uma cor-
função Q dependente do tempo é igual a Q(t)=Q0e-t/RC. A letra e
rente i=dQ/dt. Temos então que a queda de potencial no indutor
corresponde ao valor de 2,71828..., e é um número irracional com
é igual a Ldi/dt, e no capacitor é igual a Q/C. Através da Lei de Kir-
propriedades notáveis que são estudadas em um curso de cálculo.
chhoff, podemos afirmar que Ldi/dt+Q/C=0. Utilizando noções de
Ao analisarmos nossa equação vemos que Q0 é uma constante e
cálculo diferencial, sabemos que di/dt=d2Q/dt2. Substituindo esta
depende da carga inicial do capacitor, t é o tempo e o produto RC

91
FÍSICA
é a chamada constante de tempo, e é este produto que determi- tão que a corrente no circuito atingiu seu valor máximo: imax=V/R.
na qual é o tempo total de descarga do capacitor. Analisando esta Vamos analisar a equação anteriormente citada do circuito e des-
constante percebemos que quanto maior for o produto RC maior cobrir qual é o tempo necessário para que a corrente atinja seu va-
será o tempo necessário para a descarga do capacitor e quanto lor final: A resolução da equação diferencial V=Ri+Ldi/dt através de
menor o produto, menor será o tempo de descarga. Utilizando no- processos de cálculo diferencial nos dá que .
vamente o cálculo diferencial obtemos a função que governa a cor- Nesta equação, chamamos a constante tc de constante de tempo,
rente: I(t)=I0e-t/RC. Vemos que analogamente à carga, a corrente de forma que ela seja igual a R/L, e é esta a divisão que determina
cai exponencialmente com o tempo. Podemos analisar agora o que o intervalo de tempo necessário para que o circuito atinja sua cor-
vai acontecer para um circuito RC conectado a uma bateria e com o rente máxima. Se considerarmos que temos agora um circuito no
capacitor descarregado. Ao fecharmos a chave, temos novamente qual podemos remover a bateria após um certo instante, a nossa
pela Lei de Kirchhoff que o potencial da bateria mais o potencial no equação do circuito se reduz a: iR+ldi/dt=0 (di/dt=-Ri/L. Resolvendo
capacitor são iguais a zero. Neste caso temos então que I=dQ/dt, esta equação, obtemos que , e neste caso vemos que
sem o sinal negativo, pois estamos agora lidando com o processo a corrente, com o passar do tempo, tende a diminuir sempre e vai
de carga do capacitor. Resolvendo novamente a equação diferencial para zero para tempos decorridos muito grandes.
obtemos que para o carregamento do capacitor Q(t)=CV(1- e-t/RC)
e I(t)=(V/R) e-t/RC. Portanto para o instante t=0 a carga no capacitor Circuito RLC
é igual a zero e a corrente que passa por ele é igual a V/R. À medida Vamos ver agora o estudo de um circuito RLC, que é basicamen-
que o tempo passa, a carga no capacitor começa a aumentar e o te um circuito que contém um resistor, um indutor e um capacitor.
fluxo de corrente começa a diminuir. Isto pode ser compreendido se Vamos supor então que haja uma chave neste circuito que permita
pensarmos que o capacitor começa a funcionar como uma antiba- a passagem ou não de corrente e vamos supor também que o ca-
teria, já que ele começa a acumular cargas entre suas placas, e estas pacitor esteja carregado com uma carga inicial q0. Inicialmente a
cargas estão dispostas no sentido contrário do sentido da bateria. O chave está aberta e não há passagem de corrente pelo circuito, no
que acontece então é que quando o capacitor está completamente instante t=0 a chave é fechada e o capacitor começa o seu processo
carregado, ele tem a mesma carga da bateria, só que a corrente por de descarga devido à diferença de potencial entre suas placas. Pela
ele gerada está no sentido contrário, de forma que as correntes se Lei de Kirchhoff, sabemos que a soma de todas as quedas de poten-
cancelam, como era de se esperar. cial em todos os elementos do circuito deve ser igual a zero, logo:
. Sabemos que i=dQ/dt, e substituindo este valor na equa-
Circuito RL
Sempre que aparece uma nova ideia ou uma nova teoria, os ção obtemos . Esta equação é idêntica a uma equa-
físicos tentam de toda a forma torná-la mais prática e mais simples ção de um oscilador amortecido estudado em ondas. Um oscila-
de ser compreendida. É isto o que acontece quando estudamos um dor amortecido pode ser imaginado como um sistema massa mola
circuito RL, que é um caso particular de circuito, onde apenas exis- mergulhado em uma substância viscosa como um óleo. Quando
tem dois componentes: O resistor e o indutor. Quando estudamos consideramos um sistema massa-mola, ele oscila indefinidamente
a Lei de Ohm, podemos perceber que a função de um resistor é se considerarmos desprezíveis todos os atritos, no entanto se colo-
dissipar a corrente elétrica, transformando parte dela em energia carmos este sistema dentro do óleo, o atrito viscoso entre o sistema
térmica. e o óleo, produzirá calor e diminuirá a energia cinética do sistema,
A função de um indutor é analisada quando se estuda a Lei que oscilará cada vez com amplitudes menores.
de Faraday. Vemos então que o indutor funciona como uma inércia Antes de se estudar o circuito RLC, estudamos em separado os
de um circuito, o que impede quedas ou aumentos bruscos de cor- circuitos RL, RC e LC e percebemos que nos circuitos RL e RC, ocorre
rente. Dentro de um circuito, a resistência consiste geralmente de ou uma queda ou uma subida exponencial na corrente enquanto
um determinado material que dificulta a passagem de corrente e o
em um circuito LC, a corrente oscila de um lado para o outro. Vemos
indutor é um solenoide ou uma bobina, que consistem em um fio
então que a mistura RLC resulta em um circuito oscilante que cai
condutor enrolado muitas vezes. Vamos considerar agora uma cir-
exponencialmente. Vamos agora analisar este circuito energetica-
cuito RL, que possui uma bateria, uma chave que permite a passa-
mente: Multiplicando todos os termos desta equação por i, temos:
gem de corrente ou não, uma resistência e um indutor. Ao estudar
os efeitos da autoindutância de um sistema, vemos que a função . O primeiro termo desta equação nos indica qual é a
de um indutor é de brecar a corrente que passa por ele gerando quantidade de energia magnética que é injetada ou retirada do in-
uma corrente de sentido oposto, então consideramos que a chave dutor, de forma que podemos obter um valor positivo ou um ne-
do circuito está aberta e é fechada no instante t=0 quando se inicia gativo, dependendo do sentido do fluxo de energia. No segundo
a passagem de corrente pelo sistema. Quando a corrente chega ao termos da equação, temos o valor da energia elétrica do capacitor,
indutor, um potencial aparece dificultando a passagem de corrente, cujo sinal também depende do sentido do fluxo de energia. Já para
e este potencial é igual a =Ldi/dt, onde L é a indutância do indutor, o terceiro termo, temos a energia dissipada no resistor por efeito
e di/dt é a forma diferencial de se expressar a variação da corrente Joule, e este valor é sempre positivo. Como já vimos em um circuito
no tempo. Temos que lembrar ainda que este potencial sempre vai LC, a soma das energias elétrica e magnética é sempre constante,
estar contrário à corrente que o atravessa de acordo com a Lei de porém no caso RLC, há uma dissipação da energia no resistor, en-
Lenz. Sabemos também que a queda de potencial no resistor R é, tão a quantidade oscilante de energia entre o indutor e o capaci-
pela Lei de Ohm, igual a Ri. Utilizando as regras de Kirchhoff para tor tem sua amplitude sempre reduzida com o passar do tempo. O
este circuito, podemos afirmar que o potencial V da bateria é igual a modo que a corrente cai com o tempo depende das relações entre
V=Ri+Ldi/dt. Para um instante muito próximo do instante inicial t=0, os termos R2 e 4L/C, pois são estes termos que definem a curva na
sabemos que a corrente é zero em todo o circuito, então a taxa de equação diferencial. O caso em que R2<4LC, ocorre um fenômeno
variação de corrente pelo tempo é dada por di/dt=V/L. Após a pas- denominado amortecimento sub-crítico, e a corrente vai oscilando
sagem de um pequeno intervalo de tempo, a corrente já flui pelo e diminui lentamente. Para o caso em que R2=4LC, temos o amor-
circuito e a variação temporal da corrente torna-se di/dt=V/L-iR/L. tecimento crítico, e para este caso não há oscilação e a carga no
Quando a taxa de variação de corrente é igual a zero, sabemos en- capacitor decai continuamente e tende a zero em tempos grandes.

92
FÍSICA
Para o caso em que R2>4LC, temos o amortecimento super-crítico, Onde N é o número de espiras da bobina e A, a área da bobina.
e como a dissipação no resistor é muito grande, a carga no capacitor Quando a bobina girar, sob a ação de um agente mecânico, o fluxo
cai exponencialmente e rapidamente. através dela será variável e haverá uma fem induzida conforme a lei
de Faraday. Se ângulo inicial for d, o ângulo num instante posterior
VOLTAGEM NOS TERMINAIS DE UM GERADOR e APLICAÇÕES t será dado por:
q=wt+d
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Um gerador não gera energia. Ele converte energia mecânica em onde w é a frequência angular de rotação. Levando esta ex-
energia elétrica. Todo gerador necessita de uma outra fonte geradora pressão de q na equação anterior, obtemos:
de energia para fazê-lo girar, seja ela uma turbina, um motor de pistão f m = NBA cos (w t + d ) = NBA cos ( 2p ft + d )
ou qualquer tipo de máquina capaz de produzir energia mecânica. A fem induzida na bobina será então:
e = - df m = - NBA d cos (w t + d ) = + NBA w sem (w t + d )
GERADOR ELEMENTAR dt dt
Um gerador elementar consistiria em um ímã na forma de U e
de uma única espira de um fio condutor. Denomina-se campo mag- O que pode ser escrito como:
nético, a força que circunda o imã. A fim de tornar mais clara a ideia e = e max sem (w t + d )
onde
de um campo magnético, imaginemos linhas de força que, saindo
e max = NBAw
do polo norte de um ímã, retornam ao seu polo sul. Quanto mais
forte for o ímã maior será o número de linhas de força. Se fizermos
é o valor máximo da fem. Podemos , então, provocar uma fem
a espira de fio condutor girar entre os polos do ímã, os dois lados
senoidal na bobina mediante a sua rotação com frequência cons-
da espira “ cortarão” as linhas de força, o que induzirá (gerará) ele-
tante, num campo magnético. Nesta fonte de fem, a energia me-
tricidade na espira.
cânica da bobina girante se converte em energia elétrica. A energia
Na primeira metade da rotação da espira, um dos seus lados
mecânica provém usualmente de uma queda de água ou de uma
corta as linhas de força de baixo para cima, enquanto o outro lado
turbina a vapor. Embora os geradores práticos sejam bastante mais
da espira corta as linhas de cima para baixo. Desta forma surgirá
complicados, operam com o mesmo princípio da geração de uma
na espira o fluxo elétrico numa dada direção. A meio caminho da
fem alternada por uma bobina que gira num campo magnético; os
rotação, a espira estará numa posição paralela às linhas de força.
Nenhuma linha de força será cortada pela espira, e, consequente- geradores são projetados de modo a gerarem uma fem senoidal.
mente, não será gerada nenhuma eletricidade.
Na segunda metade da rotação, o lado da espira que cortava EXPERIMENTO REALIZADO
as linhas de força debaixo para cima passa cortá-las de cima para No experimento realizado no laboratório temos um ímã ci-
baixo. O outro lado estará cortando as linhas de força debaixo para líndrico em constante movimento de rotação alternando os polos
cima, o que induzirá na espira um fluxo elétrico no sentido contrário note e sul, acionado por meio de roldanas. Com o movimento do
ao fluxo gerado na primeira metade da rotação. No ponto mais bai- ímã surge uma corrente, que é chamada de corrente induzida, e o
xo da rotação, a espira estará de novo em posição paralela as linhas trabalho realizado por unidade de carga durante o movimento dos
de força e nenhuma eletricidade será gerada. portadores de carga que constitui essa corrente denominamos de
Em cada rotação completa da espira a voltagem e a intensidade fem induzida que é produzida pelo gerador. Logo, a luz acenderá
da corrente terão uma dada direção numa metade do tempo, e a di- por consequência da fem induzida produzida pelo gerador.
reção oposta na outra metade. Por duas vezes, durante a rotação da
espira, não haverá fluxo de corrente. Dá- se à voltagem e a corren- FIGURA DO EXPERIMENTO REALIZADO
te as denominações de voltagem alternada e corrente alternada. A
voltagem que um gerador produz pode ser acrescida aumentando:
( 1 ) a intensidade do campo magnético;
( 2 ) a velocidade de rotação da espira;
( 3 ) um numero de linhas de um fio condutor que cortam o
campo magnético.

A uma revolução completa feita pela espira, através das linhas


de força, dá-se o nome de ciclo. Ao número de ciclos por segundo (ERNANDI FEY)
dá-se o nome de frequência da voltagem ou da intensidade da cor-
rente, a qual é medida em unidades chamadas Hertz. Onde:
Lâmpada que será acesa ao ser gerada a
GERADORES DE ENERGIA ELÉTRICA
energia
A maior parte da energia elétrica que se utiliza nos dias de hoje
é a energia de geradores elétricos, na forma de corrente alternadas Roldana
(CA). Um gerador simples de corrente alternada é uma bobina que
gira num campo magnético uniforme. Os terminais da bobina estão Espira
ligados a anéis coletores que giram com a bobina. O contato elétrico
entre a bobina e um circuito externo se faz por meio de escovas de
grafita que ficam encostadas nos anéis.
Quando uma reta perpendicular ao plano da bobina faz um Ímã
ângulo q com o campo magnético uniforme B, o fluxo magnético
através da bobina é:
f m = NBA cos q

93
FÍSICA
FIGURAS: O uso mais comum desse tipo de célula fotoelétrica é no arma-
zenamento de energia elétrica em acumuladores e baterias solares.

Geração de energia elétrica por ação mecânica


Alguns cristais, como o quartzo, a turmalina e os sais de Ro-
chelle, quando submetidos a ações mecânicas como compressão e
torção, desenvolvem uma diferença de potencial.

GERADOR DA USINA HIDROELÉTRICA DE ITAIPÚ (ACIMA) – ES-


QUEMA DE FUNCIONAMENTO DA HIDROELÉTRICA DE ITAIPÚ (ABAI-
XO)
Se um cristal de um desses materiais for colocado entre duas
placas metálicas e sobre elas for aplicada uma variação de pressão,
obteremos uma ddp produzida por essa variação. O valor da diferen-
ça de potencial dependerá da pressão exercida sobre o conjunto.
Os cristais como fonte de energia elétrica são largamente usa-
dos em equipamentos de pequena potência como toca-discos, por
exemplo. Outros exemplos são os isqueiros chamados de “eletrôni-
cos” e os acendedores do tipo Magiclick.

Geração de energia elétrica por ação química


Outro modo de se obter eletricidade é por meio da ação quí-
mica. Isso acontece da seguinte forma: dois metais diferentes como
Fontes geradoras de energia elétrica cobre e zinco são colocados dentro de uma solução química (ou
A existência da tensão é condição fundamental para o funcio- eletrólito) composta de sal (H2O + NaCL) ou ácido sulfúrico (H2O +
namento de todos os aparelhos elétricos. As fontes geradoras são H2SO4), constituindo-se de uma célula primária.
os meios pelos quais se pode fornecer a tensão necessária ao fun- A reação química entre o eletrólito e os metais vai retirando os
cionamento desses consumidores. elétrons do zinco.
Essas fontes geram energia elétrica de vários modos: Estes passam pelo eletrólito e vão se depositando no cobre.
· por ação térmica; Dessa forma, obtém-se uma diferença de potencial, ou tensão, en-
· por ação da luz; tre os bornes ligados no zinco (negativo) e no cobre (positivo).
· por ação mecânica; A pilha de lanterna funciona segundo o princípio da célula pri-
· por ação química; mária que acabamos de descrever. Ela é constituída basicamente
· por ação magnética. por dois tipos de materiais em contato com um preparado químico.
Geração de energia elétrica por ação térmica Geração de energia elétrica por ação magnética
Pode-se obter energia elétrica por meio do aquecimento direto O método mais comum de produção de energia elétrica em lar-
da junção de dois metais diferentes. ga escala é por ação magnética.
Por exemplo, se um fio de cobre e outro de constantan (liga A eletricidade gerada por ação magnética é produzida quando
de cobre e níquel) forem unidos por uma de suas extremidades e um condutor é movimentado dentro do raio de ação de um campo
se esses fios forem aquecidos nessa junção, aparecerá uma tensão magnético. Isso cria uma ddp que aumenta ou diminui com o au-
elétrica nas outras extremidades. Isso acontece porque o aumento mento ou a diminuição da velocidade do condutor ou da intensida-
da temperatura acelera a movimentação dos elétrons livres e faz de do campo magnético.
com que eles passem de um material para outro, causando uma A tensão gerada por este método é chamada de tensão alter-
diferença de potencial. nada, pois suas polaridades são variáveis, ou seja, se alternam.
À medida que aumentamos a temperatura na junção, aumenta Os alternadores e dínamos são exemplos de fontes geradoras
também o valor da tensão elétrica na outra extremidade. que produzem energia elétrica segundo o princípio que acaba de
ser descrito.
Esse tipo de geração de energia elétrica por ação térmica é
utilizado num dispositivo chamado par termoelétrico, usado como ASSOCIAÇÃO DE GERADORES, RESISTORES E CAPACITORES
elemento sensor nos pirômetros que são aparelhos usados para
medir temperatura de fornos industriais. Associação de resistências em série
Suponha que duas lâmpadas estejam ligadas a uma pilha, de tal
Geração de energia elétrica por ação de luz modo que haja apenas um caminho para a corrente elétrica fluir de
Para gerar energia elétrica por ação da luz, utiliza-se o efeito um polo da pilha para o outro, dizemos que as duas lâmpadas es-
fotoelétrico. Esse efeito ocorre quando irradiações luminosas atin- tão associadas em série. Evidentemente, podemos associar mais de
gem um fotoelemento. Isso faz com que os elétrons livres da cama- duas lâmpadas dessa maneira, como em uma arvore de Natal, onde
da semicondutora se desloquem até seu anel metálico. geralmente se usa um conjunto de várias lâmpadas associadas em
Dessa forma, o anel se torna negativo e a placa-base, positiva. série. Em uma associação em série de resistências observam-se as
Enquanto dura a incidência da luz, uma tensão aparece entre as seguintes características:
placas.

94
FÍSICA
- como há apenas um caminho possível para a corrente, ela tem Disjuntores
o mesmo valor em todas as resistências da associação (mesmo que Modernamente, nos circuitos elétricos de residências, edifícios
essas resistências sejam diferentes). e indústrias, em vez de fusíveis, utilizam-se dispositivos baseados
- É fácil perceber que, se o circuito for interrompido em qual- no efeito magnético da corrente denominados disjuntores.
quer ponto, a corrente deixará de circular em todo o circuito. Em essência, o disjuntor é uma chave magnética que se desliga
- Quanto maior for o número de resistências ligadas em série, automaticamente quando a intensidade da corrente supera certo
maior será a resistência total do circuito. Portanto, se mantivermos valor. Tem sobre o fusível a vantagem de não precisar ser trocado.
a mesma voltagem aplicada ao circuito, menor será a corrente nele Uma vez resolvido o problema que provocou o desligamento, basta
estabelecida. religá-lo para que a circulação da corrente se restabeleça
- A resistência única R, capaz de substituir a associação de vá-
rias resistências R1, R2, R3, etc., em série, é denominada resistência Capacitor
equivalente do conjunto. - Armazenamento de energia;
- Q e V são diretamente proporcionais;
Associação de resistências em paralelo - A energia potencial serve para a passagem de elétrons de uma
Se duas lâmpadas forem associadas de tal maneira que existam placa para outra;
dois caminhos para a passagem da corrente de um polo da pilha - As força de repulsão e atração determinam o deslocamento
para o outro dizemos que as lâmpadas estão associadas em para- dos elétrons em um sistema;
lelo. Evidentemente, podemos associar mais de duas lâmpadas (ou - U cria uma ddp que permite a saída do elétron;
outros aparelhos) em paralelo, abrindo vários caminhos para a pas- - Equilíbrio estável: Cessa a passagem de corrente elétrica. Ca-
sagem da corrente (isso acontece, por exemplo, com os aparelhos pacitor carregado a partir de uma corrente variável;
eletrodomésticos). - Capacidade elétrica: Constante de proporcionalidade entre Q
Em uma associação de resistências em paralelo, observamos as eV:C=Q/V;
Seguintes características: - No condutor em equilíbrio eletrostático: Epot = Q2 / 2C ;
- A corrente total i, fornecida pela bateria, se divide pelas re- - Condutores em equilíbrio, igual a potencial elétrico;
sistências da associação. A maior parte da corrente i passará na re-
• Borracha - Isolante ou Dielétrico:
sistência de menor valor (caminho que oferece menor oposição). É
• - Atrapalha a interação entre as placas;
possível interromper a corrente em uma das resistências da asso-
• - Pode até aumentar a quantidade de carga que não alte-
ciação, sem alterar a passagem de corrente nas demais resistências.
ra o capacitor, não “vencendo”, portanto, o isolante. Se não tem a
- Quanto maior for o número de resistências ligadas em parale-
borracha como isolante, aumentando-se a carga altera o capacitor,
lo, menor será a resistência total do circuito (tudo se passa como se
alterando a interação (ocorre passagem de corrente elétrica);
estivéssemos aumentando a área total da seção reta da resistência
• - E resultante diminui;
do circuito). Portanto, se mantivermos inalterada a voltagem aplica-
C = Eo . A / d
da ao circuito, maior será a corrente fornecida pela pilha ou bateria.
Aumentando-se a Área, aumenta a Capacidade elétrica (cons-
Fusível
tante);
Basicamente, um fusível é constituído por um fio de metal, cuja
Reduzindo a distância aumenta a Carga;
temperatura de fusão relativamente baixa. O chumbo e os estanho
- A partir de um certo momento a carga aumenta tanto que
são dois metais utilizados para esse fim. O chumbo se funde a 327º
vence o isolante ou dielétrico;
C e o estanho, a 232º C.
Q=C.U
Os fusíveis se encontram normalmente em dois lugares nas ins-
• Série:
talações elétricas de uma residência: no quadro de distribuição e
• - Q é constante;
junto do relógio medidor. Além disso eles estão presentes no circui-
• - C é inversamente proporcional a U - U/C = Constante ; 1/
to elétrico dos aparelhos eletrônicos, no circuito elétrico do carro,
Ceq = 1/C1 + 1/C2 Ceq (C equivalente); Ceq = C1 . C2 / C1 + C2
etc.
Paralelo:
Quando há um excesso de aparelhos ligados num mesmo cir-
- U é constante;
cuito elétrico, a corrente elétrica é elevada e provoca aquecimento
- Q e C são diretamente proporcionais - Q = C ;
nos fios da instalação elétrica. Como o fusível faz parte do circuito
essa corrente elevada também o aquece. Se a corrente for maior do
que aquela que vem especificada no fusível: 10A, 20A, 30A, etc, o
seu filamento se funde (derrete).
Com o fio do fusível fundido, ou seja, o fusível queimado, o
circuito elétrico fica aberto impedindo seu funcionamento. Assim,
a função do fusível é proteger a instalação elétrica da casa, funcio-
nando como um interruptor de segurança. Sem eles, é possível que
um circuito sobrecarregado danifique um aparelho elétrico ou até
inicie um incêndio.
Quanto maior for a corrente especificada pelo fabricante,
Ceq = C1 + C2
maior a espessura do filamento.
• Ligado:
Assim, se a espessura do filamento do fusível suporta no má-
• - Coloca um dielétrico - Aumenta C ;
ximo uma corrente de 10A e por um motivo qualquer a corrente
• - Retira o dielétrico - Reduz C ;
exceder esse valor, a temperatura atingida pelo filamento será su-
• - Ligado Q aumenta;
ficiente para derrete-lo, e desta forma a corrente é interrompida.
• - Desligado Q é constante;
• C = E . Co

95
FÍSICA
AS LEIS DA ELETRODINÂMICA E O PRINCÍPIO DARELATIVIDADE A segunda possibilidade consiste em considerar as equações de
Maxwell falsas e tentar modificá-las de tal modo que com a passa-
Essência da teoria da relatividade gem de um sistema inercial para outro (de acordo com os habituais
O desenvolvimento da eletrodinâmica levou à revisão das no- conceitos clássicos de espaço e de tempo) não se alterem. Tal ten-
ções de espaço e tempo. tativa foi feita, em particular, por G.HERTZ. Segundo Hertz, o éter
é arrastado totalmente pelos corpos em movimento e por isso os
A teoria da relatividade especial de Einstein é um novo estudo fenômenos eletromagnéticos decorrem igualmente, independente-
do espaço e do tempo, vindo substituir as noções antigas (clássicas). mente do fato do corpo estar parado ou em movimento. O princípio
da relatividade é verdadeiro.
O princípio da relatividade na mecânica e na eletrodinâmica. Finalmente, a terceira possibilidade da resolução das dificul-
Depois de Maxwell, na segunda metade do séc. XIX, ter for- dades consiste na rejeição das noções clássicas sobre o espaço e
mulado as leis fundamentais da eletrodinâmica, surgiu a seguinte tempo para que se mantenha o princípio da relatividade e as leis de
questão: será que o princípio da relatividade, verdadeiro para os Maxwell. Este é o caminho mais revolucionário, visto que significa
fenômenos mecânicos, se estende aos fenômenos eletromagnéti- a revisão das mais profundas e importantes noções da física. De
cos? Por outras palavras, decorrerão os processos eletromagnéticos acordo com este ponto de vista, não são as equações do campo
(interação das cargas e correntes, propagação das ondas eletromag- magnético que estão incorretas, mas sim as leis da mecânica de
néticas, etc.) igualmente em todos os sistemas inerciais? Ou ainda, Newton, as quais estão de acordo com a antiga noção de espaço
o movimento uniforme e retilíneo, não influenciando os fenômenos e tempo. É necessário alterar as leis da mecânica, e não as leis de
mecânicos, exercerá alguma influência nos processos eletromagné- eletrodinâmica de Maxwell.
ticos? Só a terceira possibilidade é que é correta. Einstein desenvol-
Para responder a esta questão era necessário verificar se mo- veu-a gradualmente e criou uma nova concepção do espaço e do
dificariam as leis principais da eletrodinâmica na passagem de um tempo. As duas primeiras possibilidades vieram a ser rejeitadas
sistema inercial para outro ou se, à semelhança das leis de Newton, pela experiência.
elas se conservariam. Só no último caso seria possível deixar de du- Quando Hertz tentou mudar as leis da eletrodinâmica de Max-
vidar sobre a veracidade do princípio da relatividade nos processos well verificou-se que as novas equações não podiam explicar mui-
eletromagnéticos e considerar este princípio como uma lei geral da tos fatos observados. Assim, de acordo com a teoria de Hertz, a
Natureza. água em movimento deverá arrastar completamente consigo a luz
que se propaga nela, visto que ela arrasta o éter, onde a luz se pro-
paga. A experiência mostrou que na realidade isso não se passava.
A experiência de Michelson. O ponto de vista de Lorentz, de
As leis da eletrodinâmica são complexas e a resolução deste acordo com o qual deve existir um certo sistema de referência, vin-
problema não era nada fácil. No entanto, raciocínios simples pa- culado ao éter mundial, que se mantém em repouso absoluto, tam-
reciam ajudar a encontrar a resposta certa. De acordo com as leis bém foi rejeitado por experiências diretas.
da eletrodinâmica, a velocidade de propagação das ondas eletro- Se a velocidade da luz só fosse igual a 300 000 km/s num sis-
magnéticas no vácuo é igual em todas as direções e o seu valor é tema vinculado ao éter, então, medindo a velocidade da luz em
c = 3.1010 cm/s. Mas, por outro lado, de acordo com o princípio da qualquer outro sistema inercial, poder-se-ia observar o movimento
composição de velocidades da mecânica de Newton, a velocidade deste sistema em relação ao éter e determinar a velocidade deste
só pode ser igual a c num dado sistema. Em qualquer outro sistema, movimento. Tal como num sistema que se mova em relação ao ar
que se mova em relação ao sistema dado com velocidade v , a velo- surge vento, quando se dá o movimento em relação ao éter (isto,
cidade da luz deveria ser igual a claro, admitindo que o éter existe) deveria surgir “vento de éter”.
A experiência para verificação do “vento de éter” foi realizada em
1881 pelos cientistas americanos A. MICHELSON e E. MORLEY, se-
gundo uma ideia avançada 12 anos antes por Maxwell.
Nesta experiência compara-se a velocidade da luz na direção
Isto significa que se é verdadeiro o princípio da composição de do movimento da Terra e numa direção perpendicular. A medição
velocidades, então, na passagem de um sistema inercial para outro, foi feita com grande exatidão com o auxílio de um instrumento es-
as leis da eletrodinâmica deverão alterar-se de tal modo que neste pecial - interferômetro de Michelson. As experiências foram realiza-
sistema a velocidade da luz, em vez de ser igual a c, será igual a das a diferentes horas do dia e em diferentes épocas do ano. Mas
De forma verificou-se que existiam algumas contradições en- obteve-se sempre um resultado negativo: não foi possível observar
tre a eletrodinâmica e a mecânica de Newton, cujas leis estão de o movimento da Terra em relação ao éter.
acordo com o princípio da relatividade. As tentativas de resolver as Esta situação é semelhante à que se verificaria se, deitando a
dificuldades que surgiram foram feitas em três direções diferentes. cabeça de fora pela janela de um automóvel à velocidade de 100
A primeira possibilidade consistia em declarar que o princípio km/h, não sentíssemos o vento soprando contra nós.
da relatividade não se podia aplicar aos fenômenos eletromagnéti- Deste modo, a hipótese da existência de um sistema de refe-
cos. Este ponto de vista foi defendido pelo grande físico holandês G. rência privilegiado também foi rejeitada experimentalmente. Por
LORENTZ, fundador da teoria eletrônica. Os fenômenos eletromag- sua vez, isto significava que não existe nenhum meio especial,
néticos eram vistos, desde o tempo de Faraday, como processos “éter”, ao qual se possa vincular esse tal sistema privilegiado.
que decorriam num meio especial, que penetra em todos os corpos
e ocupa todo o espaço - “ o éter mundial “. Um sistema inercial MAGNETISMO E ELETROMAGNETISMO
parado em relação ao éter é, segundo Lorentz, um sistema privile-
giado. Nele, as leis da eletrodinâmica de Maxwell são verdadeiras e A que se deve o magnetismo?
têm uma forma mais simples. Só neste sistema a velocidade da luz Os antigos gregos já sabiam que algumas rochas, procedentes
no vácuo é igual em todas as direções. de uma cidade da Ásia Menor chamada Magnésia, atraíam peda-
ços de ferro. Essas rochas eram formadas por um mineral de ferro

96
FÍSICA
chamado magnetita. Por extensão, diz-se dos corpos que apresen- Magnetismo Terrestre:
tam essa propriedade que eles estão magnetizados, ou possuem
propriedades magnéticas. Assim, magnetismo é a propriedade que
algumas substâncias têm de atrair pedaços de ferro.

Gerador – Eletromagnetismo
O gerador é o elemento que cria a corrente elétrica. Ele tem
dois polos ou bornes, um positivo e outro negativo. É representado
esquematicamente por duas linhas paralelas, uma mais comprida
do que a outra. A mais comprida representa o polo positivo, e a
mais curta, o negativo.
Os geradores transformam algum tipo de energia em energia
elétrica.
Por exemplo, as pilhas e as baterias transformam energia quí-
mica em elétrica e geram corrente contínua. Algumas, porém, for- A Terra funciona como um enorme imã cuja polaridade é
necem pouca energia, razão pela qual são empregadas em apare- invertida em relação a sua polaridade magnética;
lhos de baixo consumo, como calculadoras, relógios, lanternas, que
funcionam com pilhas de 1,5 V ou 4,5 V. Campo Magnético Uniforme:
Os dínamos transformam a energia mecânica em elétrica. Os É aquele que possui a mesma intensidade, a mesma direção e
mais conhecidos são os das bicicletas, que fornecem corrente con- o mesmo sentido em todos os seus pontos;
tínua. Os alternadores são geradores de corrente alternada. Nas - As linhas de indução são paralelas e igualmente espaçadas;
centrais hidrelétricas, térmicas ou nucleares, os alternadores trans- - Imã: Cria campo magnético ao seu redor sem corrente elé-
formam a energia potencial da água, a calorífica ou a nuclear, em trica;
energia elétrica.
Experiência de Oersted (1820):
Sentido da corrente elétrica Foi uma experiência que mostrou a criação de campo magnéti-
A corrente elétrica é produzida pelo movimento de elétrons em co ao redor de um condutor, devido a presença da corrente elétrica;
um condutor. O sentido real da corrente é o do movimento de elé-
trons que circulam do polo negativo ao polo positivo. Porém, uma O CAMPO MAGNÉTICO
convenção internacional estabeleceu que o sentido da corrente elé-
trica é o contrário do que foi descrito. Então: Os Imãs
O sentido convencional da corrente elétrica é o que vai do polo Na Grécia antiga (século VI a.C.), em uma região denominada
positivo ao negativo, isto é, o contrário ao movimento dos elétrons. Magnésia, parecem ter sido feitas as primeiras observações de que
um certo tipo de pedra tinha a propriedade de atrair objetos de fer-
CAMPO MAGNÉTICO – CONCEITO INICIAL ro. Tais pedras foram mais tarde chamadas de imãs e o seu estudo
Chama-se campo magnético de um ímã a região do espaço foi chamado de magnetismo.
onde se manifestam forças de origem magnética.
Um ímã cria ao redor de si um campo magnético que é mais
intenso em pontos perto do ímã e se enfraquece à medida que dele
se afastacomo o campo gravitacional.
Para representar graficamente um campo magnético, utilizam-
-se as linhas de força. Se colocarmos sobre um ímã, como o da fi-
gura ao lado, uma folha de papel com limalhas de ferro, estas se
orientarão de acordo com o campo magnético. Na representação
acima, por exemplo, as linhas de força são linhas imaginárias que
reproduzem a forma como se alinharam as limalhas. O sentido das
linhas, mostrado por uma ponta de seta, é escolhido de maneira
arbitrária: saem do polo norte e entram pelo polo sul. Um outro fato observado é que os imãs têm, em geral, dois
Imã Natural: pontos a partir dos quais parecem se originar as forças. Quando pe-
gamos, por exemplo, um irmã em forma de barra (Fig. 1) e o aproxi-
- Magnetita - Oxido de Ferro (Fe3O4) mamos de pequenos fragmentos são atraídos por dois pontos que
Polos magnéticos com o mesmo nome se repelem e de nomes
estão próximos das extremidades. Tais pontos foram denominados
contrários se atraem - Lei das Ações Magnéticas;
polos.
As linhas de indução saem do polo NORTE e chegam no polo
Quando um imã em forma de barra é suspenso de modo a po-
SUL (Externamente ao imã);
der girar livremente (Fig. 2), observa-se que ele tende a se orientar,
aproximadamente, na direção norte-sul. Por esse motivo, a extre-
midade que se volta para o norte geográfico foi chamada de polo
norte (N) e a extremidade que se volta para o sul geográfico foi cha-
mada de polo sul

Inseparabilidade dos polos:


Secções sucessivas - Imãs moleculares;

97
FÍSICA
Inseparabilidade dos polos
Os primeiros estudiosos tiveram a ideia de quebrar o imã, para
separar o polo norte do polo sul. Porém, ao fazerem isso tiveram
uma surpresa: no ponto onde houve a quebra, apareceram dois no-
vos polos (Fig. 5 b) de modo que os dois pedaços são dois imãs. Por
mais que se quebre o imã, cada pedaço é um novo imã (Fig 5 c).
Portanto, não é possível separar o polo norte do polo sul.

Foi a partir dessa observação que os chineses construíram as


primeiras bússolas.
Quando colocamos dois imãs próximo um do outro, observa-
mos a existência de forças com as seguintes características (Fig. 3):
• dois polos norte se repelem (Fig. 3 a);
• dois polos sul se repelem (Fig. 3 b); Um imã pode ter várias formas. No entanto, os mais usados são
• entre um polo norte e um polo sul há um par de forças de o em forma de barra e o em forma de ferradura (Fig. 6).
atração (Fig. 3 c).

O campo magnético
Para interpretar a ação dos imãs, dizemos que eles criam em
torno de e um campo, denominado indução magnética ou, sim-
plesmente, campo magnético. Esse campo, que é representado por
Resumindo essas observações podemos dizer que: polos de tem sua direção determinada usando um pequeno imã em for-
nomes diferentes de atraem e polos de mesmo nome se repelem ma de agulha (bússola). Colocamos essa bússola próxima do imã.
Quando a agulha ficar em equilíbrio, sua direção é a do campo mag-
Magnetismo da Terra nético (Fig. 7). O sentido de é aquele para o qual aponta o norte
A partir dessas observações concluímos que a Terra se compor- da agulha.
ta como se no seu interior houvesse um gigantesco imã em forma Para visualizar a ação do campo, usamos aqui o mesmo recur-
de barra (Fig. 4). Porém, medidas precisas mostram que os polos so adotado no caso do campo elétrico: as linhas de campo. Essas
desse grande imã não coincidem com os polos geográficos, embora linhas são desenhadas de tal modo que, em cada ponto (Fig. 8), o
estejam próximos. Assim: campo magnético é tangente à linha. O sentido da linha é o mesmo
• o polo norte da bússola é atraído pelo sul magnético, que sentido do campo.
está próximo do norte geográfico.
• o polo sul da bússola é atraído pelo norte magnético, que
está próximo do sul geográfico.

98
FÍSICA

MOVIMENTO DE CARGAS EM UM CAMPO MAGNÉTICO


Movimento de carga elétrica no campo magnético Uniforme:
Verifica-se aqui uma propriedade semelhante à do caso do • 1º Caso: v lançada Paralelamente a B (v // B);
campo elétrico: o campo é mais intenso onde as linhas estão mais • - Carga não desvia - Movimento Retilíneo Uniforme;
próximas. Assim, no caso do Fig. 8, o campo magnético no ponto A • Fm = 0 (mínima);
é mais intenso do que o campo no ponto B. • a = 0 ;
As linhas de campo do campo magnético são também de linhas • M.R.U. ;
de indução. • 2º Caso: v lançada Perpendicularmente a B ;
• - A força magnética exerce a função de resultante centrí-
Campo magnético uniforme peta. M.C.U. ;
Para o caso de um imã em forma de ferradura (Fig. 9), há uma • Fm = |q| . v. B ;
pequena região onde o campo é uniforme. Nessa região o campo • Fm = Fcp ;
tem o mesmo módulo, a mesma direção e o mesmo sentido em • r = m . v / |q| . B - Raio da Trajetória Circular;
todos os seus pontos. Como consequência, as linhas de campo são • a = 90º ;
paralelas. • - Período (T): Tempo gasto numa volta completa:
• T = 2ñ . m / |q| . B
• ñ - Equivalente a “Pi” (3,14) ;
• 3º Caso: v lançada Obliquamente a B;
• - Movimento Helicoidal (hélice Cilíndrica) Uniforme
(M.H.U.);
• Fm = |q| . v . B . Sen(a) ;

Carga em repouso, sob a ação exclusiva do campo magnético


uniforme permanece em repouso;

Força Magnética sobre condutor Retilíneo no Campo Magnéti-


co Uniforme:
- Módulo: Fm = B . i . L . sen(a) ;
Fig. 9- Na região sombreada, o campo magnético é uniforme. - Direção: É perpendicular ao plano de B e de i ;
- Sentido: É dado pela regra da Mão Esquerda:
Quando um imã em forma de barra é colocado numa região
onde há um campo magnético uniforme (Fig. 10) fica sujeito a um Polegar - Fm;
par de forças de mesma intensidade, mas sentidos opostos, forman- Indicador - B;
do um binário cujo momento (ou torque) M tem módulo dado por: Médio - i ;

• | M | = F. d Obs.: O sentido pode ser pela Regra do Tapa (mão direita) tam-
bém, onde a palma da mão indica a Fm, o polegar o i e os demais
dedos o campo B;

Força Magnética entre condutores Paralelos:

99
FÍSICA
Condutores paralelos percorridos por correntes elétricas de O Campo Magnético De Uma Corrente
mesmo sentido se atraem e de sentidos opostos se repelem; Para um elemento dl, de um fio percorrido por uma corrente
Fm = µo . i1 . i2 . L / 2ñr I, sendo A a área da seção reta do fio e, n o número de cargas por
ñ - Equivalente a “Pi” (3,14) ; unidade de volume, a carga dQ, atravessando a seção reta do fio na
posição do elemento dl será dada por:
FORÇA MAGNÉTICA dQ = n A q dl

Força sobre partícula carregada Sendo v, a velocidade de transporte das cargas na corrente elé-
Consideremos uma partícula com cargaQ≠ 0. Quando essa par- trica I, temos pela relação anterior, que o elemento de carga dQ,
tícula é lançada com velocidade numa região em que existe ape- gera um campo magnético elementar dado por :
nas um campo magnético às vezes essa partícula sofre a ação de dB = k dQ v senq/r2
uma força que depende de
Observa-se que a força é nula quando tem a mesma dire- onde q é o ângulo entre as direções orientadas de v e r
ção de
Então, temos que :
dB = k n A q v dl senq/r2

Como
I=nqAv

reescrevemos a expressão para o campo magnético elemen-


tar, dB, gerado pelo elemento do fio condutor que está na origem,
como :
dB = k I (dl x r/r3)
onde r3 é o cubo do módulo do vetor posição r.

Para podermos calcular o campo magnético B gerado por uma


LEI DE BIOT – SAVART corrente I, circulando num fio condutor, em uma posição r, preci-
samos, inicialmente, considerar o fato de que todo o condutor
As Fontes do Campo Magnético não pode estar na origem do sistema de coordenadas, mas o que
Inicialmente não procuramos definir as causas do campo mag- r representa é o vetor posição do ponto onde queremos calcular o
nético B. Agora, após formada a ideia de campo, vamos estabelecer campo B em relação ao elemento de arco do condutor que gera o
as suas fontes, isto é, o que cria ou gera um campo magnético. campo.
O campo de uma partícula em movimento.

Mencionamos que a correlação entre Magnetismo e Eletricida-


de, está associada a um efeito relativístico. Tal demonstração pode Assim chamando de r’ o vetor posição do elemento de arco do
ser desenvolvida a partir de certos conhecimentos, até o momento circuito, com relação ao sistema de referência usado no problema,
ainda não disponíveis, a nosso nível. r-r’ será o vetor correspondente ao vetor r da expressão anterior.
Admitamos que uma carga elétrica, q , esteja em movimento Portanto:
com velocidade v. Ela gera em torno de si um campo magnético B, B = ò k I dlx(r-r’) /(r-r’)3
que obedece à seguinte relação vetorial: com a mesma notação anterior para o termo elevado ao cubo.
B = k qvxur/r2
Esta expressão também é conhecida como lei de Biot-Savart,
onde k é uma constante de proporcionalidade a ser definida. para o campo magnético B. A direção do campo magnético é conhe-
Observe-se que, diferentemente do campo elétrico E, o cam- cida quando se coloca a mão direita em torno do fio, com o polegar
po magnético B da partícula não está alinhado com ela, e sim per- ao longo da direção da corrente elétrica I : a direção dos outros
pendicular ao plano formado pelo vetor posição r do ponto P onde dedos da mão indicam a direção de B.
queremos calcular o campo, e o vetor velocidade v da partícula que
está gerando o campo B. CAMPO MAGNÉTICO DE CONDUTORES RETILÍNEOS
Quando temos um fio percorrido por corrente elétrica e sob a
ação de um campo magnético, cada partícula que forma a corrente
poderá estar submetida a uma força magnética e assim haverá uma

100
FÍSICA
força magnética atuando no fio. Vamos considerar o caso mais sim- Alguns aparelhos funcionam com a energia recebida das es-
ples em que um fio retilíneo, de comprimento L é percorrido por tações distribuidoras de energia elétrica; basta ligá-los na tomada.
corrente elétrica de intensidade i e está numa região onde há um Mas há muitos outros aparelhos que funcionam utilizando energia
campo magnético uniforme elétrica sem termos de ligá-los diretamente na tomada, como o ce-
lular, o rádio, os walkmans ou iPODs e as calculadoras; eles recebem
energia de pilhas e baterias.
Outro tipo de energia muito usada em nosso cotidiano é a
energia magnética. Graças ao magnetismo, podemos ter registros
armazenados em fitas cassetes e fitas de vídeo, podemos usar as
bússolas para nos localizarmos etc.
A revolução que a humanidade experimentou advinda das apli-
cações da eletricidade e do magnetismo se intensificou quando os
cientistas perceberam a relação entre ambos.

Sendo α o plano determinado pelo fio e pelo campo (Fig. 14) Cargas elétricas
a força sobre o fio é perpendicular a αe tem sentido dado pela
regra da mão esquerda como ilustra a figura. O módulo é dado por: Cargas elétricas são de dois tipos: positivas e negativas
F = B. i. L. sem θ (VI) Uma matéria é constituída de átomos. Os átomos, por sua vez,
são constituídos de partículas ainda menores: prótons, nêutrons e
Sendo α o plano determinado pelo fio e pelo campo (Fig. 14) elétrons.
a força sobre o fio é perpendicular a αe tem sentido dado pela Os prótons e os nêutrons situam-se no núcleo do átomo. Os
regra da mão esquerda como ilustra a figura. O módulo é dado por: elétrons giram e torno do núcleo, numa região chamada eletrosfe-
F = B. i. L. sem θ (VI) ra. Os prótons e os elétrons possuem uma propriedade denomina-
da carga elétrica, que aparece na natureza em dois tipos. Por isso
a do próton foi convencionada como positiva e a do elétron como
negativa.
GERADORES DE CORRENTE CONTÍNUA: FORÇA ELE-
TROMOTRIZ E RESISTÊNCIA INTERNA - CIRCUITOS
ELÉTRICOS – SÉRIE, PARALELO E MISTO; EXPERIÊNCIA
DE OERSTED - CAMPO MAGNÉTICO DE UMA CARGA
EM MOVIMENTO - INDUÇÃO MAGNÉTICA. FORÇA
EXERCIDA POR UM CAMPO MAGNÉTICO SOBRE UMA
CARGA ELÉTRICA E SOBRE CONDUTOR RETILÍNEO.
FORÇA ELETROMOTRIZ INDUZIDA - LEI DE FARADAY -
LEI DE LENZ - ONDAS ELETROMAGNÉTICAS

Você faz bastante uso da eletricidade em seu dia-a-dia, não é


mesmo? Mas já parou para pensar na falta que ela faria na sua vida,
se não existisse?

Se faltar energia elétrica à noite, ficamos sem luz elétrica e tudo


pára: a televisão, o chuveiro elétrico, o ventilador, alguns aparelhos
de telefone, o aparelho de som, o computador, o microondas, os Corpos carregados
elevadores etc.
Quando um corpo perde elétrons dizemos que ele está positi-
vamente carregado.
Quando ganha elétrons dizemos que ele está negativamente
carregado. Quando o número de elétrons em um corpo é igual ao
número de prótons, dizemos que o corpo está neutro.
Um experimento relacionado aos primórdios do estudo da ele-
tricidade pode ser realizado com um bastão de vidro pendurado
por um barbante. Se atritarmos esse bastão em um pedaço de lã,
notaremos que ambos se atrairão mutuamente.
Agora se atritarmos o bastão de vidro no tecido de lã e o dei-
xarmos pendurado, aproximando dele outro bastão de vidro que
tenha sido friccionado em outro pedaço de lã, notaremos que os
bastões se repelem.

101
FÍSICA
Essas observações demonstraram a ocorrência de fenômenos Porém, se utilizarmos um bastão de madeira, a carga permaneceria
elétricos. Os cientistas consideram que, ao atritarmos os materiais na esfera eletrizada, e a outra não receberia nem um pouco dessa
vidro e lã, o bastão de vidro passa a ser portador de carga elétrica carga.
positiva e o pedaço de lã passa a ser portador de carga elétrica ne-
gativa. Os sinais de positivo e negativo atribuídos a essas cargas são
uma convenção científica.

Cargas elétricas interagem


Muito materiais adquirem carga elétrica quando atritados em
outros. Nesse processo um dos materiais adquire carga elétrica po-
sitiva, e o outro, carga elétrica negativa.
Por meio de experimentos semelhantes aos descritos anterior-
mente com o vidro e a lã, os cientistas concluíram que cargas elé-
tricas de sinais diferentes se atraem e que cargas elétricas de sinais
iguais se repelem. Quando vidro e lã são friccionados, passam a ter
cargas elétricas de sinais diferentes e, portanto, passam a se atrair.
Já os dois bastões de vidro, quando adquirem cargas elétricas de
mesmo sinal, passam a se repelir.

A interação elétrica obedece o princípio da ação e reação


A interação entre dois corpos portadores de cargas elétricas
obedece à Terceira Lei de Newton (Princípio da ação e reação). So-
bre cada um dos dois corpos atua uma força que se deve a presença
do outro. As duas forças tem a mesma intensidade (mesmo módu-
lo) e a mesma direção (mesma linha de atuação), mas diferentes
sentidos.

Esse experimento evidencia que o metal é o material condu-


tor elétrico e a madeira é um material isolante elétrico.
De fato, os condutores elétricos mais conhecidos são os me-
tais como o cobre, o ferro o alumínio, o ouro e a prata. Entre eles,
Se os dois corpos apresentam cargas de sinais opostos, as for- o cobre, metal de aspecto marrom-avermelhado, é usado na fiação
ças tendem a fazê-los de aproximar. Por outro lado, se os dois cor- elétrica das casas. Entre os isolantes elétricos podemos citar, além da
pos possuem carga de mesmo sinal, as forças tendem a fazê-los se madeira, os plásticos em geral, o ar (a temperatura e pressão ambien-
afastar. tes), as borrachas e o isopor (que na verdade, é um tipo de plástico).
A grande maioria dos metais conhecidos se encaixa em um des-
Eletrização por atrito ses dois grupos: condutor elétrico e isolantes elétrico. Há, contudo,
Diferentes materiais têm diferentes tendências à eletrização. certos materiais que não se enquadram bem em nenhuma dessas
Quando vidro de lã são atritados, dizemos que ambos materiais ad- duas categorias, mas sim em um grupo intermediário, conhecidos
quirem carga elétrica pelo processo de eletrização por atrito. como semi-condutores. Dois exemplos são o silício e o germânio,
Com base em muitos experimentos similares, foi possível aos empregados na indústria para elaborar alguns componentes usados
cientistas determinarem a tendência dos materiais a adquirir carga em aparelhos eletrônicos.
elétrica positiva ou negativa, quando atritados uns com os outros.
Essa tendência pode ser expressa por meio de uma sequência Eletrização por contato
como a mostrada abaixo. Quando um corpo eletrizado toca um corpo eletricamente neu-
tro (isto é, sem carga elétrica), parte de sua carga é transferida para
ele, que também passa a ficar eletrizado. Esse processo é a eletri-
zação por contato.

Corrente elétrica
Vimos que os elétrons se deslocam com facilidade em corpos
Condutores elétricos condutores. O deslocamento dessas cargas elétricas é chamado de
Imagine duas esferas de metal, um pouco afastadas entre si, corrente elétrica.
uma delas eletrizada com carga positiva e a outra não-eletrizada. Se A corrente elétrica é responsável pelo funcionamento dos apa-
um bastão de metal tocar as duas esferas simultaneamente, verifi- relhos elétricos; estes somente funcionam quando a corrente passa
ca-se que parte da carga elétrica é transferida para a outra esfera. por eles.

102
FÍSICA
Somente é possível a passagem de corrente por um aparelho A unidade de intensidade de corrente elétrica é o Coulomb
se este pertencer a um circuito fechado. por segundo, denominada ampère (A). A corrente elétrica pode ser
contínua ou alterada.
Na corrente contínua, observada nas pilhas e baterias, o fluxo
dos elétrons ocorre sempre em um único sentido.
Na corrente alternada, os elétrons alternam o sentido do seu
movimento, oscilando para um lado e para o outro. É esse tipo de cor-
rente que se estabelece ao ligarmos os aparelhos na nossa rede do-
méstica. A razão de a corrente ser alternada está relacionada a forma
como a energia elétrica é produzida e distribuída para nossas casas.

Leis de Kirchhoff
As Leis de Kirchhoff são utilizadas para encontrar as intensida-
Um circuito constituído de lâmpada, pilha e fios, quando liga- des das correntes em circuitos elétricos que não podem ser reduzi-
dos corretamente, formam um circuito fechado. Quando ligamos dos a circuitos simples.
os aparelhos elétricos em nossa casa e eles funcionam, podemos Constituídas por um conjunto de regras, elas foram concebidas
garantir que fazem parte de um circuito fechado quando passa cor- em 1845 pelo físico alemão Gustav Robert Kirchhoff (1824-1887),
rente elétrica através de seus fios. quando ele era estudante na Universidade de Königsberg.
A 1ª Lei de Kirchhoff é chamada de Lei dos Nós, que se aplica
Entendendo a corrente elétrica aos pontos do circuito onde a corrente elétrica se divide. Ou seja,
Antes de definirmos corrente elétrica, vamos imaginar a se- nos pontos de conexão entre três ou mais condutores (nós).
guinte situação: você está em uma estação de trem urbano ou de Já a 2ª Lei é chamada de Lei das Malhas, sendo aplicada aos ca-
metrô, no qual o passageiro passa por roletas para ter acesso aos minhos fechados de um circuito, os quais são chamados de malhas
trens. Sua finalidade ali é avaliar a quantidade de pessoas que pas-
sam por minuto.
Obter essa informação é simples: basta contar quantas pessoas
passam em um minuto. Por exemplo, se contou 100 pessoas, você
responderá que passam 100 pessoas por minuto. Para atingir uma
média melhor, você pode contar por mais tempo. Digamos que te-
nha contado 900 pessoas em 10 minutos.
Portanto, sua média agora será 900/10 = 90 pessoas por mi-
nuto.
Então alguém lhe pede que avalie a massa média das pessoas
que passam por minuto pelas roletas. Você aceita o desafio.
Se a massa médias das pessoas no Brasil é 70 Kg (podemos ver
isso ao ler placas de elevadores de prédios, que sempre consideram
a massa de uma pessoa igual a 70 kg. Essas placas de advertência
fixadas nas cabines afirmam: “Capacidade máxima: 10 pessoas ou
700 kg”).
Massa média Lei dos Nós
A Lei dos Nós, também chamada de primeira lei de Kirchhoff,
indica que a soma das correntes que chegam em um nó é igual a
soma das correntes que saem.
Esta lei é consequência da conservação da carga elétrica, cuja
Essa ideia é similar à usada para definir a intensidade de soma algébrica das cargas existentes em um sistema fechado per-
corrente elétrica (i). Sabe-se que a carga de um elétron é igual a manece constante.
1,6.10- 19 C .
Se você conseguisse contar a quantidade de elétrons (n) que Exemplo
atravessa uma região plana de um fio em 1 segundo poderia afirmar Na figura abaixo, representamos um trecho de um circuito per-
que a intensidade da corrente elétrica é: corrido pelas correntes i1, i2, i3 e i4.
Indicamos ainda o ponto onde os condutores se encontram (nó):

Se contasse por um período qualquer, e representando a


carga do elétron (1,6.10- 19 C) pela letra e, poderia afirmar:

Esta é a expressão matemática associada à intensidade da cor-


rente elétrica.

103
FÍSICA
Neste exemplo, considerando que as correntes i1 e i2 estão che- Passo a Passo
gando ao nó, e as correntes i3 e i4 estão saindo, temos: Para aplicar as Leis de Kirchhoff devemos seguir os seguintes
i1 + i 2 = i 3 + i 4 passos:
1º Passo: Definir o sentido da corrente em cada ramo e esco-
Em um circuito, o número de vezes que devemos aplicar a Lei lher o sentido em que iremos percorrer as malhas do circuito. Es-
dos Nós é igual ao número de nós do circuito menos 1. Por exemplo, sas definições são arbitrárias, contudo, devemos analisar o circuito
se no circuito existir 4 nós, vamos usar a lei 3 vezes (4 - 1). para escolher de forma coerente esses sentidos.
2º Passo: Escrever as equações relativas a Lei dos Nós e Lei das
Lei das Malhas Malhas.
A Lei das Malhas é uma consequência da conservação da ener- 3º Passo: Juntar as equações obtidas pela Lei dos Nós e das
gia. Ela indica que quando percorremos uma malha em um dado Malhas em um sistema de equações e calcular os valores desconhe-
sentido, a soma algébrica das diferenças de potencial (ddp ou ten- cidos. O número de equações do sistema deve ser igual ao número
são) é igual a zero. de incógnitas.
Para aplicar a Lei das Malhas, devemos convencionar o sentido
que iremos percorrer o circuito. Ao resolver o sistema, encontraremos todas as correntes que
A tensão poderá ser positiva ou negativa, de acordo com o sen- percorrem os diferentes ramos do circuito.
tido que arbitramos para a corrente e para percorrer o circuito. Se algum dos valores encontrados for negativo, significa que a
Para isso, vamos considerar que o valor da ddp em um resistor sentido da corrente escolhido para o ramo tem, na verdade, sentido
é dado por R . i, sendo positivo se o sentido da corrente for o mes- contrário.
mo do sentido do percurso, e negativo se for no sentido contrário.
Para o gerador (fem) e receptor (fcem) utiliza-se o sinal de en- Exemplo
trada no sentido que adotamos para a malha. No circuito abaixo, determine as intensidades das correntes em
Como exemplo, considere a malha indicada na figura abaixo: todos os ramos.

Solução
Primeiro, vamos definir um sentido arbitrário para as correntes
e também o sentido que iremos seguir na malha.
Neste exemplo, escolhemos o sentido conforme esquema abai-
xo:

Aplicando a lei das malhas para esse trecho do circuito, tere-


mos:
UAB + UBE + UEF + UFA = 0

Para substituir os valores de cada trecho, devemos analisar os


sinais das tensões:
• ε1: positivo, pois ao percorrer o circuito no sentido horário
(sentido que escolhemos) chegamos pelo polo positivo;
• R1.i1: positivo, pois estamos percorrendo o circuito no
mesmo sentido que definimos o sentido de i1;
• R2.i2: negativo, pois estamos percorrendo o circuito no
sentido contrário que definimos para o sentido de i2; O próximo passo é escrever um sistema com as equações esta-
• ε2: negativo, pois ao percorrer o circuito no sentido horá- belecidas usando a Lei dos Nós e das Malhas. Sendo assim, temos:
rio (sentido que escolhemos), chegamos pelo polo negativo; Por fim, vamos resolver o sistema. Começando substituindo i3
• R3.i1: positivo, pois estamos percorrendo o circuito no por i1 - i2 nas demais equações:
mesmo sentido que definimos o sentido de i1; Resolvendo o sistema por soma, temos:
• R4.i1: positivo, pois estamos percorrendo o circuito no Agora vamos encontrar o valor de i1, substituindo na segunda
mesmo sentido que definimos o sentido de i1; equação o valor encontrado para i2:
Finalmente, vamos substituir esses valores encontrados na pri-
Considerando o sinal da tensão em cada componente, pode- meira equação, para encontrar o valor de i3:
mos escrever a equação desta malha como:
ε1 + R1.i1 - R2.i2 - ε2 + R3.i1 + R4.i1 = 0

104
FÍSICA
Assim, os valores das correntes que percorrem o circuito são: Devido a diferença de potencial, podemos levar choques.
3A, 8A e 5A. Como o nosso corpo é bom condutor de eletricidade, se tocarmos
em dois pontos que existe diferença de potencial, uma corrente
Diferença de potencial atravessará o nosso corpo. Dependendo da intensidade dessa cor-
Ao abandonarmos um corpo a certa altura, ele sempre cai. Isso rente e do caminho que ela percorrer no corpo um choque pode até
ocorre porque existe uma diferença de energia potencial entre o mesmo levar à morte.
local em que o corpo estava e o solo.
Em uma pilha comum ocorre algo semelhante. A pilha assim
como a tomada de nossa casa, a bateria do carro ou do celular, en-
fim, qualquer gerador de energia elétrica, é um dispositivo no qual
se conseguiu estabelecer dois de seus pontos: um que precisa de
elétrons e o outro que os tem sobrando.
Em uma pilha, no ponto denominado pólo negativo há elé-
trons sobrando, e no pólo positivo há falta de elétrons. Se ligásse-
mos esses pontos por meio de um fio condutor, os elétrons entra-
riam em movimento e uma corrente surgiria no fio.
Devemos tomar muito cuidado com fios de alta tensão. A ten-
são nesses cabos chega a milhares de volts! Por isso, não brinque
próximo a postes de energia elétrica.

E por que, você deve se perguntar, os pássaros que pousam


nesses cabos não são eletrocutados?

Por isso, nessa situação há energia potencial armazenada na


pilha, de modo muito parecido com o que possui um objeto situado
a uma altura h do chão: é só soltá-lo, que ele entra em movimento. Isso não ocorre porque suas patinhas são muito próximas uma
Da mesma forma, ao ligar um fio à pilha, uma corrente surge no fio. das outras, sendo muito pequena a diferença de potencial entre
A unidade de tensão no Sistema Internacional é indicada pelo elas.
volt (V). Com as pessoas, a situação é diferente. Nunca toque em fios
A pilha mais usada é a de 1,5 V. Uma bateria de carro fornece de alta tensão, pois se tocar em um cabo e, ao mesmo tempo, tocar
12 V. em outro ponto do cabo ou em outro objeto, você poderá levar um
O computador trabalha com uma fonte de 5 V. As tomadas de choque elétrico intenso, possivelmente fatal, se houver diferença
nossa casa fornecem tensão de 110V ou 220 V, dependendo da re- de potencial significativa entre os pontos tocados.
gião do País. É muito prudente observar a tensão local antes de ligar
os aparelhos às tomadas. Se ligarmos aparelhos programados para Resistência elétrica
funcionar a 110 V em uma tomada de 220V, eles podem queimar e Sabemos que os materiais apresentam graus de dificuldade
até provocar acidentes graves. para a passagem da corrente elétrica. Esse grau de dificuldade é de-
Em geral, basta ajustar nos aparelhos uma chave para que nominado resistência elétrica. Mesmo os metais, que em geral são
essa situação se resolva; mas nem sempre essa chave existe, por bons condutores, apresentam resistência. A unidade de medida da
isso tome cuidado! resistência é o ohm ( ).
Os dispositivos que são usados em um circuito elétrico são
denominados resistores. Os resistores são usados em um circuito
para aumentar ou diminuir a intensidade da corrente elétrica que
o percorre.

Podemos comparara a resistência elétrica àquelas barreiras


que encontramos nas pistas de atletismo para a corrida com obs-
táculos. Quanto mais obstáculos mais lenta é a velocidade média
dos corredores. Em um circuito acontece da mesma forma: quanto
mais resistência elétrica, menor é a corrente que atravessa o fio
condutor.

105
FÍSICA
A aplicação mais comum dos resistores é converter energia elé-
trica em energia térmica. Isso ocorre porque os elétrons que se mo-
vem no resistor colidem com a rede cristalina que o forma, gerando
calor. Esse fenômeno é denominado efeito joule em nosso dia-a-
-dia: em chuveiros elétricos, ferros de passar roupa, em fogões elé-
tricos, etc. Observem que todos esses aparelhos “fornecem calor”.

A própria lâmpada incandescente converte mais energia elé-


trica em energia térmica do que em energia luminosa, sendo essa
última a sua grande finalidade: 85 % da energia que consome é
transformada em calor. Ao contrário, as lâmpadas fluorescentes,
consideradas “lâmpadas frias”, têm uma parte bem menor da ener-
gia elétrica convertida em calor e por isso são econômicas.
A potência é diretamente proporcional à tensão e à corrente.
Primeira lei de Ohm Matematicamente, temos:
Observou-se experimentalmente em alguns resistores, que a
corrente estabelecida em um circuito é diretamente proporcional
à tensão aplicada e inversamente proporcional à resistência dos
dispositivos do circuito e dos fios que os conectavam. Ou seja: Por exemplo, num chuveiro elétrico de 2200 W, ligado à rede
quanto maior a tensão do gerador, maior a corrente e quanto maior de 110V, podemos calcular a corrente que o percorre:
a resistência, menor a corrente. Essa relação é expressa matemati-
camente por:

Os ímãs
O magnetismo é conhecido há cerca de 2500 anos. Em uma
região chamada Magnésia, na antiga Grécia (esta região hoje faz
em que: U é a tensão parte da Turquia), foi encontrada uma rocha com o poder de atrair
R é a resistência pedaços de ferro.
i é a corrente Os antigos gregos lhe deram o nome de magnetita (um tipo de
minério de ferro).
Vejamos um exemplo:
Uma pequena lâmpada está submetida a uma tensão de 12 V.
Sabendo que a sua resistência, é de determine a corrente que
percorre a lâmpada.

Sabemos que .

Como ,

Temos que:

A magnetita atualmente é mais conhecida como pedra-ímã ou


Potência elétrica simplesmente ímã.
Talvez você tenha reparado, nas etiquetas dos aparelhos ou dis-
positivos elétricos que compramos que existe uma etiqueta especi- Forças magnéticas
ficando: 100 (Watt), 500 W, 1000 W etc. Mas, afinal, o que significa Por meio dos experimentos, constatou-se que o imã tem a pro-
essa informação? priedade de atrair certos materiais. Essa propriedade é denomina-
Vimos em mecânica o conceito de potência: energia/tempo. A da de magnetismo.
energia elétrica que é convertida nesses aparelhos para várias fina- A força magnética do imã atua sobre certos metais como o
lidades e usos distintos, como gerar movimento (motores), gerar ferro, o níquel e o cobalto, isto é, sobre os materiais denominados
calor (resistores), gerar energia luminosa (lâmpadas), dividida pelo ferromagnéticos. Nem todos os metais são ferromagnéticos. Os
tempo que está em uso, é a potência elétrica, que, assim como na metais das medalhas olímpicas, por exemplo, o ouro, a prata e o
mecânica, medimos em Watts (joules/segundo cobre não são atraídos pelos imãs.

106
FÍSICA
Ao colocar a folha de papel com limalha de ferro sobre o imã,
nela fica representada a área de influência desse imã.

Com esse conhecimento básico, os chineses criaram a bússola,


que, desde o século XI, tem sido usada para orientar navegadores
e pilotos.
Nos séculos XV e XVI, época das grandes navegações, a bússo-
la, desempenhou papel fundamental na orientação pelos mares até
então desconhecidos.

Eletroímãs
Há um tipo muito interessante de imã chamado eletroímã. É
um dispositivo no qual a eletricidade percorre um fio enrolado em
As extremidades do imã – regiões onde as forças magnéticas um pedaço de ferro e que se comporta como um imã.
agem mais intensamente – são denominadas polos. A existência Você pode construir um eletroímã em casa: Um eletroímã co-
desses polos é uma das importantes características dos imãs. meça com uma pilha ou bateria (ou alguma outra fonte de energia)
O imã apresenta sempre dois polos. e um fio. O que a pilha produz são os elétrons.
Se o quebrarmos em duas partes, cada uma delas apresentará
novamente dois polos. Portanto, não conseguiremos nunca isolar
um dos polos do imã.

Se você olhar qualquer pilha D (uma pilha de lanterna, por


exemplo), dá para ver que há duas extremidades, uma marcada
Podendo se movimentar livremente, um imã se alinha com a com um sinal de mais (+) e outra marcada com o sinal de menos
direção geográfica Norte-Sul. (-). Os elétrons estão agrupados na extremidade negativa da pilha
Convencionou-se que a parte do imã que aponta para o Norte e, podem fluir para a extremidade positiva, com o auxílio de um fio.
geográfico da Terra seria denominada polo Norte do ímã. Normal- Se você conectar um fio diretamente entre os terminais positi-
mente, essa parte é pintada de vermelho. A outra parte é o polo vo e negativo de uma pilha, três coisas irão acontecer:
Sul do imã. 1. os elétrons irão fluir do lado negativo da pilha até o lado
positivo o mais rápido que puderem;
2. a pilha irá descarregar bem rápido (em questão de minu-
tos). Por esse motivo, não costuma ser uma boa ideia conectar os
2 terminais de uma pilha diretamente um ao outro, normalmente,
você conecta algum tipo de carga no meio do fio. Essa carga pode
ser um motor, uma lâmpada, um rádio;
3. um pequeno campo magnético é gerado no fio. É esse pe-
queno campo magnético que é a base de um eletroímã.

LEI DE FARADAY
Consideremos um circuito no qual foi induzida uma corrente de
intensidade i. Tudo se passa como se, dentro do circuito houvesse
um gerador ideal, de força eletromotriz E dada por:
E=R.i

107
FÍSICA
onde R é a resistência do circuito. Essa força eletromotriz é cha-
mada de força eletromotriz induzida.
Sendo a variação do fluxo num intervalo de temo
Faraday descobriu que o valor médio de E é dado por:
Quando a força eletromotriz é constante, seu valor médio coin-
cide com seu valor instantâneo.

O TRANSFORMADOR
Algumas vezes essa fórmula aparece do seguinte modo: É uma máquina elétrica usada em corrente alternada. Trans-
Neste caso, o serial “menos” serve apenas para lembrar da lei forma o valor da tensão, por exemplo, de 220 Volt para 24 Volt, ou
de Lenz, isto é, que a força eletromotriz induzida se opõe à variação vice-versa.
de fluxo. Esta capacidade do transformador permitiu a grande expansão
no transporte, distribuição e utilização da energia elétrica e, junta-
EXEMPLO mente com o motor de corrente alternada, mostrou o grande in-
Uma espira retangular, de área A = 0,50 m² e resistência R = 2,0 teresse da utilização da corrente alternada, numa época em que
está numa região onde há um campo magnético uniforme se confrontavam ideias sobre a melhor maneira de usar a energia
como indica a Fig. 10, sendo θ = 60º. elétrica, se sob a forma de corrente contínua ou sob a forma de
corrente alternada.
Os transformadores mais generalizados são o monofásico e o
trifásico.
No transformador monofásico existe um núcleo de ferro em
torno do qual estão montadas duas bobines, uma para receber a
tensão (o primário) e outra para fornecer a tensão (o secundário).

Num intervalo de tempo = 3,0 s, a intensidade de varia


de B1 = 12 T para B2 = 18 T. Calcule o valor médio da intensidade da
corrente induzida na espira.
Resolução

Lembrando que cosº 60 = 1/2, os fluxos iniciais (1) e final (2) são:

Assim:

O transformador trifásico funciona de forma similar ao mono-


fásico, mas tem três bobines no primário e três no secundário. Nal-
De acordo com a lei de Faraday, o valor médio da força eletro- guns casos, cada bobine do secundário está dividida em duas.
motriz induzida é dado por:

Sendo im o valor médio da intensidade da corrente induzida,


temos:

m
= 0,25 A
Podemos definir a força eletromotriz instantânea por:
O transformador tem inúmeras aplicações e existem transfor-
madores para muitas potências e tensões, conforme as aplicações.

108
FÍSICA
As aplicações mais importantes são no transporte e distribui- onde a é chamado de relação de espiras ou relação de trans-
ção de energia elétrica, subindo os valores no início do transporte e formação.
diminuindo estes valores próximo dos utilizadores.
Outras utilizações generalizadas são na maioria das aparelha- Funcionamento com carga
gens domésticas e industriais, em que é preciso alterar o valor da Suponhamos que uma impedância seja ligada entre os ter-
tensão da rede de alimentação para os adaptar aos valores a que o minais do enrolamento secundário, de modo que a tensão induzida
aparelho funciona. imponha uma corrente de carga , que irá circular pelo enrola-
mento secundário de espiras. Esta configuração é mostrada na
Utilizam-se também noutros casos, como, por exemplo, para Figura 9.
alimentar o altifalante com o sinal proveniente do circuito de saída
dum amplificador.

Funcionamento sem carga (em vazio)


Se o segundo enrolamento permanecer aberto, sua presença
não altera o comportamento do dispositivo; portanto, ele não mo-
difica a essência do que foi anteriormente discutido para o reator.
Podemos representar a situação pela Figura 8, na qual o primeiro
enrolamento está excitado como antes. Este primeiro enrolamento
pode ser chamado enrolamento primário, porque recebe a corrente
de excitação que produz o fluxo. O enrolamento que se concate-
na com este fluxo é chamado enrolamento secundário. Entretan-
to, qual dos dois deva ser excitado é uma questão puramente de
conveniência e qualquer dos dois pode ser primário ou secundário.

Quando a corrente de carga circula no enrolamento secundá-


rio, a fmm que ela gera é cancelada por uma fmm igual e oposta no
enrolamento primário, produzida por um aumento apropriado da
corrente primária.
Assim, igualando as fmm devido às correntes de carga:

ou

finalmente,

Se ligarmos o enrolamento primário a uma fonte de tensão Das equações (6.17) e (6.20) temos:
alternada o fluxo produzido no núcleo induzirá tensão tanto no
enrolamento primário como no secundário. Considerando-se a re-
sistência desprezível, como na análise do reator, a tensão induzi-
da no enrolamento primário será igual, em cada instante, à tensão
aplicada. A tensão induzida no enrolamento secundário será dada
pela equação: Pela equação (6.21) podemos concluir que a elevação da ten-
são é acompanhada pela diminuição da corrente e vice-versa. As-
sim, podemos obter a relação:
A diferença entre a tensão induzida no primário e no secundá- O significado da equação (6.22) é que a potência aparente for-
rio deve-se ao diferente número de espiras. Se é maior que , necida ao primário é igual à potência aparente fornecida à carga
o dispositivo é um transformador elevador, onde a tensão induzida (transformador ideal).
no secundário é maior do que a do primário, na proporção do nú-
mero de espiras. Dizendo isto, estamos supondo que a dispersão de Modelo de circuito equivalente do transformador
fluxo no enrolamento primário é muito pequena comparada com o No que diz respeito ao comportamento entre terminais, vimos
fluxo principal e isto é verdade para fmm muito baixa, presente nes- que o enrolamento primário atuando isoladamente, pode ser re-
ta condição de circuito aberto. A proporcionalidade entre tensões e presentado pela Figura 7. Podemos identificar o fluxo produzido
espiras pode ser escrita por: pelo indutor com o fluxo principal, estabelecido no circuito
magnético principal e concatenando-se com qualquer enrolamento
que o envolva - por exemplo, com o enrolamento secundário da
figura 8. Quando circula corrente no enrolamento secundário (im-
posta pela carga), a fmm atuará não somente no circuito magnético
principal, mas também na região de dispersão, originando fluxos

109
FÍSICA
de dispersão, com representados na Figura 9. A exemplo do que ONDAS ELETROMAGNÉTICAS
ocorre no enrolamento primário, o enrolamento secundário possui O rádio e a televisão funcionam graças a ondas eletromagnéti-
uma indutância de dispersão. Analogamente ao que foi feito para o cas. Numa estação de rádio, ou televisão, existem os transmissores
enrolamento primário, é conveniente representá-la no modelo por e uma antena. A antena é um condutor de corrente elétrica, cujos
uma indutância concentrada, junto à resistência secundária e fora elétrons executam um movimento vibratório, com determinada
do transformador. O fluxo principal concatenar-se-á agora com os frequência. Esse movimento é produzido pelos circuitos dos trans-
dois enrolamentos do transformador. missores. O movimento vibratório dos elétrons cria as ondas eletro-
magnéticas características daquela estação e que se propagam em
todas as direções do espaço.
No aparelho de rádio, ou televisão, também existem circuitos
e uma antena. Na antena receptora os elétrons também têm movi-
mento vibratório, de mesma frequência que os elétrons da antena
transmissora. Esse movimento é produzido pelas ondas eletromag-
néticas captadas pela antena.
Os elétrons da antena transmissora produzem a onda e esta faz
os elétrons da antena receptora vibrarem com a mesma frequência.
As ondas eletromagnéticas são dois campos perpendiculares
variáveis, um elétrico e outro magnético, que se propagam. Essa
propagação pode ocorrer no vácuo e em determinados materiais.
Podemos considerar as correntes magnetizante e de perdas Como exemplo de ondas eletromagnéticas, podemos citar as
no ferro do enrolamento primário separadas da corrente de carga. ondas de rádio, as ondas de televisão, as ondas luminosas, as micro-
A corrente magnetizante é que produz o equilíbrio de fmm com o -ondas, os raios X e outras. Essas denominações são dadas de acor-
secundário. Neste modelo, é conveniente manter o reatância do com a fonte geradora dessas ondas e, em geral, correspondem a
(devido a indutância ) e o resistor da Figura 7. Estes são pre- diferentes faixas de frequências.
vistos para absorver correntes iguais às de magnetização e de per- No vácuo, todas as ondas eletromagnéticas propagam-se com
das no ferro. A Figura 10 é, portanto, um modelo apropriado para a velocidade de 300.000 km/s.
o transformador com carga. Todas as ``imperfeições’’ foram remo-
vidas do transformador propriamente dito, restando um transfor- Geração de ondas eletromagnéticas
mador ideal (mostrado dentro do retângulo tracejado), sem fluxo As ondas eletromagnéticas são geradas por cargas elétricas
de dispersão e sem perdas, efetuando tão-somente transformações aceleradas. Cargas elétricas em repouso ou em movimento com
nos valores das tensões e correntes velocidade constante não produzem ondas eletromagnéticas. Um
estudo detalhado dos vários processos de geração de ondas ele-
Transformador ideal tromagnéticas está fora dos objetivos deste curso. Neste capítulo
A Terminologia Brasileira da Associação Brasileira de Normas trataremos apenas dos aspectos fundamentais do campo eletro-
Técnicas (ABNT) define o transformador como: Um dispositivo que magnético produzido por uma carga acelerada e sua aplicação no
por meio da indução eletromagnética, transfere energia elétrica estudo de uma antena transmissora de radiofrequência. Serão
de um ou mais circuitos (primário) para outro ou outros circuitos dadas também algumas noções sobre a chamada “radiação sincro-
(secundário), usando a mesma frequência, mas, geralmente, com tron”. Processos quânticos de emissão de radiação serão estudados
tensões e intensidades de correntes diferentes. na parte de Física Moderna do curso.
Os transformadores são equipamentos eletromagnéticos que A tecnologia moderna tem criado emissores de radiação que
apresentam rendimento elevado, principalmente aqueles de gran- são usados em comunicações. São as antenas de rádio e TV. Para
de porte utilizados em sistema de potência. Assim, para muitas simplificar, elas podem ser imaginadas como uma barra metálica
análises podemos admiti-los como sendo ideais, o que implica em onde correntes elétricas circulam hora numa direção, hora em ou-
algumas simplificações no modelo, ou seja: tra ao longo barra, equivalendo a uma corrente oscilante com fre-
• não há fluxo de dispersão: o fluxo está todo contido no quência f. Ela cria um campo magnético também oscilante. Energia
núcleo e se concatena totalmente com as espiras do primário e do eletromagnética se propaga a partir da antena, levando a informa-
secundário; ção dessas oscilações, as que são percebidas como uma onda ele-
• as resistências ôhmicas dos enrolamentos não são consi- tromagnética.
deradas; A cada oscilação completa com um período T = 1 / f, o fluxo de
• as perdas no ferro (núcleo) são ignoradas; energia tem viajado uma distância L= c.T, denominado de compri-
• a permeabilidade do núcleo é considerada elevada. mento de onda.

A Figura 11 mostra uma representação de um transformador


ideal, que é mesmo mostrado no retângulo tracejado da Figura 10.

esquema de onda eletromagnética: campos elétricose magné-


ticos propagando-se com a velocidade da luz

110
FÍSICA
A USINA ELÉTRICA/ APLICAÇÕES A LEI DE LENZ
Heinrich Lenz (1804 - 1865), nascido na Estônia, descobriu que:
HISTÓRIA A corrente induzida tem um sentido tal que se opõe à variação
A primeira usina elétrica brasileira foi instalada em 1883, na ci- de fluxo
dade de Campos (RJ). Era uma usina termoelétrica. A primeira usina
hidrelétrica brasileira foi construída pouco depois no município de EXEMPLO
Diamantina (MG), aproveitando as águas do Ribeirão do Inferno,
afluente do rio Jequitinhonha.
Mas a primeira hidrelétrica do Brasil para serviços de utilidade
pública foi a do rio Paraibuna, produzia energia para a cidade de Juiz
de Fora (MG). Era muito difícil naquela época construir uma usina
elétrica. O Brasil não tinha nenhuma fábrica de máquinas térmicas,
nem possuía grandes reservas exploradoras de carvão ou petróleo,
que são os combustíveis dessas máquinas. O panorama só come-
çou a mudar realmente a partir da 1.a Guerra Mundial. Pois ficou
muito difícil importar, e por isso, muitos bens passaram a ser feitos
aqui. Isso fez com que numerosas indústrias viessem para o Bra- Na Fig. 3 representamos um imã sendo aproximado de uma
sil, principalmente para São Paulo, todas elas precisando consumir espira.
grandes quantidades de energia elétrica. O governo resolveu então
dar incentivos para as empresas de energia elétrica que quisessem
vir para o Brasil. A mais importante foi a band and Share, norte-a-
mericana que organiza dez empresas de energia elétrica, localizada
em nove capitais brasileiras e na cidade de Pelotas (RS). Em 1930, o
Brasil já possuía 891 usinas, sendo 541 hidrelétricas, 337 térmicas e
13 mistas. Com a 2.a Guerra Mundial voltou o problema de impor-
tação e de racionamento de carvão e petróleo. A essa altura a usina
elétrica já era utilizada para outras finalidades, além da indústria da
iluminação pública e doméstica.
Uma delas era o transporte elétrico no Brasil. Por isso, eles fi- À medida que o imã se aproxima, o campo magnético do imã
caram conhecidos com o nome de “bondes”. Mas o crescimento sobre a espira fica cada vez mais intenso e, portanto, o fluxo de au-
da capacidade instalada continuava pequeno. Em 1940 tínhamos menta. A variação do fluxo ocasionará o aparecimento de uma
1.243MW e, em 1945 havíamos aumentado para apenas 1.341MW. corrente induzida na espira. De acordo com a lei de Lenz, essa cor-
O governo decidiu intervir para aumentar a taxa de crescimento rente irá contrariar a aproximação do imã. Isso significa que a face
e disciplinar melhor a produção e distribuição de energia elétrica da espira que está voltada para o imã deve ter a mesma polaridade
que até então estava nas mãos das empresas estrangeiras. Um dos do polo que está se aproximando, isto é, polo norte, para que isso
primeiros passos foi a criação da Companhia Hidrelétrica de São aconteça, a corrente deve ter o sentido indicado na Fig. 4. O opera-
Francisco (CHESF) que imediatamente começou a construir a usina dor deverá aplicar uma força no imã pois este estará sendo repelido
de Paulo Afonso. Em 1952 foram organizadas as centrais de Minas pela espira.
Gerais (CEMIG) com cinco empresas regionais e suas subsidiárias. Um outro modo de pensar é observar que o fluxo de através
Em 1957, crio-se as centrais elétricas de Furnas, que comandou a da espira está aumentando. Assim, a espira tentará diminuir esse
construção das usinas de Porto Colômbia, Marimbondo, Estreito, fluxo, produzindo umcampo (Fig. 5) que tem sentido oposto
Volta Grande e Água Vermelha. Em 1966, foram reunidas as centrais ao campo do imã. Para que isso aconteça a corrente induzida deve
elétricas do Rio Pardo CHERP as usinas elétricas de Paranapanema ter o sentido indicado na figura.
(USEIPA) e as centrais elétricas de Urubupunbá (CELUSA), para for-
mar as centrais elétricas de São Paulo (CESPE).
Já em 1954 o presidente Getúlio Vargas sentira necessidade
de criar uma grande empresa estatal para planejar e coordenar a
construção das usinas produtoras de energia e sistematizar sua dis-
tribuição.
No entanto sua ideia só vingou em 1963 no governo de Jânio
Quadros. À partir daí, o panorama da energia elétrica brasileira mu-
dou radicalmente. Enquanto entre 1940 1 1945 a capacidade insta-
lada aumentara apenas 1,5%. Entre 1962 1976 ela triplicou passan- EXEMPLO
do de 5.729MW para 17.700MW. E de 1976 para 1985 esperava-se Na Fig. 6 temos um condutor dobrado em forma de U sobre o
que novamente triplique. Para isso era necessário contar com a usi- qual se apoia um condutor retilíneo YZ. O conjunto está em uma
na de Itaipú, a maior hidrelétrica do mundo com 14.000MW. região em que há um campo magnéticoe o condutor YZ está sendo
Paralelamente a esse aumento da capacidade instalada, a puxado para a direita.
Eletrobrás estuda outras fontes de energia como a solara e a das
marés, e formas de transportar grandes quantidades de energia a
longas distâncias.
Quando os rios das regiões Sudeste, Sul e Nordeste estiverem
totalmente aproveitados será possível transferir energia entre vá-
rias regiões por intermédio de um sistema elétrico integrado de
âmbito nacional.

111
FÍSICA

Desse modo a área do circuito W Y Z K está aumentando o que acarreta o aumento do fluxo de através do circuito. Em consequên-
cia teremos uma corrente induzida no circuito que irá contrair o aumento de fluxo
Para que isso ocorra, a corrente deverá produzir um campo de de sentido oposto ao de e, para isso, a corrente deverá ter sentido
anti-horário (Fig. 7).

EXEMPLO
Na Fig. 8 representamos uma espira entre os polos de um imã. Se girarmos a espira, iremos provocar a variação do ângulo θ (Fig. 9)
entre o campo e o vetor perpendicular ao plano da espira.

A variação de θ irá ocasionar a variação do fluxo de assim, teremos uma corrente induzida na espira. Esse é o princípio de funciona-
mento dos geradores elétricos usados nas grandes usinas produtoras de energia elétrica e, também nos geradores usados em automóveis
(dínamos ou alternadores).

FÍSICA MODERNA: QUANTIZAÇÃO DE ENERGIA – EFEITO FOTOELÉTRICO

Todo o corpo emite e absorve radiação. Quando a temperatura do corpo é maior que a do ambiente onde ele está inserido, a taxa
de emissão é maior que a taxa de absorção. Quando a temperatura do corpo é menor que a do ambiente onde ele se encontra, a taxa de
emissão é menor que a taxa de absorção. Um corpo só não emite radiação térmica se sua temperatura for o zero absoluto, ou seja: 0 K
(zero kelvin).
Toda matéria que se encontra em um estado solido ou líquido, também conhecido como matéria condensada, emite um espectro
contínuo de freqüências. Ou seja, não existem espaços vazios no espectro.
Quando um corpo se encontra a temperatura ambiente ele é visto pela radiação que ele reflete na faixa de freqüência da luz visível.
Se estiver a temperaturas altíssimas, em torno de mil kelvins, ele emite luz visível própria em intensidade suficiente para ser detectada
pela visão humana.
É definido como corpo negro todo aquele que emite um espectro de radiação universal que depende apenas de sua temperatura, não
de sua composição. Este tipo de corpo absorve toda a radiação que incide sobre eles. Daí a denominação corpo negro. Observe a figura 01:

112
FÍSICA

Figura 01: representação de um corpo negro perfeito que não reflete a radiação, considerando-o a temperatura de 0K.

Na figura 02 uma temperatura alta:

Figura 02: representação de um corpo negro a uma temperatura alta, próxima de 10³K.

Neste caso, o corpo emite radiação na faixa de freqüência da luz visível.


É observado experimentalmente que a intensidade da radiação emitida é maior para as freqüências maiores quando a temperatura é
mais alta. Ou seja, quanto maior a temperatura, há mais abundância de radiação de alta freqüência sendo emitidas pelo corpo em questão.
Uma situação bem comum que pode ser observada no cotidiano é o aquecimento de um objeto de ferro, por exemplo, a uma temperatura
próxima de 10³K.
Das observações experimentais surgiu uma grandeza chamada radiância espectral RT(f) que é definida pela quantidade de radiação
emitida pela superfície de um corpo em um intervalo de freqüências df a uma temperatura T por unidade de tempo. Observe a figura 03:

Figura 03: radiância espectral do corpo negro em função da frequência de radiação. A frequência de radiância máxima ocorre para
frequências mais altas, quanto mais alta for a temperatura do corpo. No gráfico, três exemplos de curvas possíveis.

113
FÍSICA
A interpretação deste gráfico nos leva a determinar a tempera-
tura de corpos em função de sua radiância espectral. Ou seja, cor-
pos mais quentes tendem a emitir luz branca enquanto que corpos
a temperaturas baixas emitem ondas de infravermelho, conforme
distribuição no espectro eletromagnético.

Efeito fotoelétrico
O efeito fotoelétrico ocorre quando uma placa metálica é
exposta a uma radiação eletromagnética de frequência alta, por
exemplo, um feixe de luz, e este arranca elétrons da placa metálica.
O efeito fotoelétrico parece simples, mas intrigou bastantes
cientistas, só em 1905 Einstein explicou devidamente este efeito e
com isso ganhou o Prêmio Nobel. Uma das dúvidas que se tinha a
respeito era que quanto mais se diminuía a intensidade do feixe de Figura 01: as partículas são colimadas por uma fenda e inci-
luz o efeito ia desaparecendo e a respeito da frequência da fonte dem no anteparo formando um padrão de interferência com uma
luminosa também intrigava muito os cientistas, pois ao reduzir a franja apenas.
frequência da fonte abaixo de um certo valor o efeito desaparecia
(chamado de frequência de corte), ou seja, para frequências abaixo Quando a onda incide em um colimador com duas fendas ob-
deste valor independentemente de qualquer que fosse a intensida- serva-se um padrão de interferência com várias franjas. Isto ocorre
de, não implicava na saída de nenhum único elétron que fosse da devido ao fato de que há uma interferência construtiva quando a
placa metálica. Mais tarde Einstein com a teoria dos fótons explicou intensidade máxima da onda da luz emergente de uma fenda coin-
que, a intensidade de luz é proporcional ao número de fótons e cide com o máximo da onda emergente da outra fenda. Isso ocorre
que como consequência determina o número de elétrons a serem porque há uma diferença de caminho da luz emergente de cada
arrancados da superfície da placa metálica e, quanto maior a fre- fenda. O mesmo acontece com os mínimos e forma o padrão de
quência maior é a energia adquirida pelos elétrons assim eles saem
interferência da figura 02.
da placa e abaixo da frequência de corte, os elétrons não recebem
nenhum tipo de energia, assim não saem da placa.

Placa metálica incidida por luz e perdendo elétrons devido o


efeito fotoelétrico.

Dualidade onda-partícula
Ao longo dos tempos o ser humano e os animais evoluíram de
forma a ter uma sensibilidade maior para a luz visível. O estudo dos Figura 02: várias franjas de intensidade luminosa máxima no
fenômenos ópticos é fascinante, pois os variados tipos de imagens centro.
podem trazer diversos tipos de emoções ao ser humano e mesmo
aos animais. Mas a evolução vem da necessidade destes seres ob- Quando a mesma experiência é realizada com partículas, o pa-
terem informações do meio em que vivem. drão deve ser formado apenas por duas raias de máxima intensi-
Nahistória da humanidade alguns estudos resultaram em gran- dade. Mas não é isto que se observa se a mesma experiência for
des descobertas. Primeiramente, com relação à luz, estudou-se a realizada com prótons, nêutrons ou elétrons. O que se observa é
possibilidade dela se propagar em linha reta. Mais tarde, Isaac Ne- um padrão de interferência! É isto que intriga os físicos: a luz se
wton decompõe a luz em várias cores e também consegue demons- comporta ora como onda, ora como partícula. E as partículas se
trar que várias cores compõe a luz branca. comportam como onda em determinadas situações.
Muitas discussões foram feitas com relação à luz. Quando se
fala em propagação automaticamente considera-se um desloca- Fonte:
mento com certa velocidade. Mas velocidade do quê? De uma onda www.fisicaevestibular.com.br/www.mundoeducacao.bol.uol.com.br/
ou de uma partícula? www.brasilescola.uol.com.br/www.sofisica.com.br/www.exercicios.
Primeiramente, faz-se necessário fazer algumas considerações: brasilescola.uol.com.br/www.todamateria.com.br/www.mundoeduca-
Uma onda é uma perturbação que se propaga em um meio. cao.bol.uol.com.br/www.colegioweb.com.br/www.guiadoestudante.
No caso de uma onda eletromagnética a perturbação é do campo abril.com.br/www.infoescola.com/www.brasilescola.uol.com.br/www.
elétrico e do campo magnético. É um argumento plausível pra ex- alunosonline.uol.com.br/www.mesoatomic.com/www.alunosonline.
plicar a luz. uol.com.br/www.coladaweb.com/www.proenem.com.br/ www.edisci-
Mas alguns experimentos realizados no fim do século XIX mu- plinas.usp.br
dam um pouco essa concepção com relação a este importante ente
físico. Entre os mais relevantes, podem ser citados o efeito fotoelé-
trico, o espalhamento Compton e a produção de raios X.
Quando se faz um experimento com partículas em fenda única,
observa-se uma região de máxima incidência de partículas, confor-
me mostra a figura 01.

114
FÍSICA
Modelo Atômico de Thomson
A ESTRUTURA DO ÁTOMO: EXPERIÊNCIA DE ESPALHA-
MENTO DE RUTHERFORD - ESPECTROS ATÔMICOS;
O NÚCLEO ATÔMICO - RADIOATIVIDADE - REAÇÕES
NUCLEARES

A estrutura atômica é composta por três partículas fundamen-


tais: prótons (com carga positiva), nêutrons (partículas neutras) e
elétrons (com carga negativa).
Toda matéria é formada de átomo sendo que cada elemento
químico possui átomos diferentes.
A eletricidade chega às nossas casas através de fios e da mo-
vimentação de partículas negativas que fazem parte dos elétrons,
que circulam pelos fios.

Modelos Atômicos
Os modelos atômicos são os aspectos estruturais dos átomos Modelo Atômico de Thomson
que foram apresentados por cientistas na tentativa de compreen-
der melhor o átomo e a sua composição. O Modelo Atômico de Thomson foi o primeiro a realizar a di-
Em 1808, o cientista inglês John Dalton propôs uma explicação visibilidade do átomo. Ao pesquisar sobre raios catódicos, o físico
para a propriedade da matéria. Trata-se da primeira teoria atômica inglês propôs esse modelo que ficou conhecido como o modelo pu-
que dá as bases para o modelo atômico conhecido atualmente. dim de ameixa.
A constituição da matéria é motivo de estudos desde a antigui- Ele demonstrou que esses raios podiam ser interpretados
dade. Os pensadores Leucipo (500 a.C.) e Demócrito (460 a.C.) for- como sendo um feixe de partículas carregadas de energia elétrica
mularam a ideia de haver um limite para a pequenez das partículas. negativa.
Eles afirmavam que elas se tornariam tão pequenas que não Em 1887, Thomson sugeriu que os elétrons eram um consti-
poderiam ser divididas. Chamou-se a essa partícula última de áto- tuinte universal da matéria. Ele apresentou as primeiras ideias rela-
mo. A palavra é derivada dos radicais gregos que, juntos, significam tivas à estrutura interna dos átomos.
o que não se pode dividir. Thomson indicava que os átomos deviam ser constituídos de
cargas elétricas positivas e negativas distribuídas uniformemente.
O Modelo Atômico de Dalton Ele descobriu essa mínima partícula e assim estabeleceu a teo-
ria da natureza elétrica da matéria. Concluiu que os elétrons eram
constituintes de todos os tipos de matéria, pois observou que a re-
lação carga/massa do elétron era a mesma para qualquer gás em-
pregado em suas experiências.
Em 1897, Thomson tornou-se reconhecido como o “pai do elé-
tron”.

Modelo Atômico de Rutherford

Modelo atômico de Dalton

O Modelo Atômico de Dalton, conhecido como o modelo bola


de bilhar, possui os seguintes princípios:
1. Todas as substâncias são formadas de pequenas partículas
chamadas átomos;
2. Os átomos de diferentes elementos têm diferentes pro-
priedades, mas todos os átomos do mesmo elemento são exata-
mente iguais;
3. Os átomos não se alteram quando formam componentes
químicos;
4. Os átomos são permanentes e indivisíveis, não podendo
ser criados nem destruídos; Modelo atômico de Rutherford
5. As reações químicas correspondem a uma reorganização
de átomos. Em 1911, o físico neozelandês Rutherford colocou uma folha de
ouro bastante fina dentro de uma câmara metálica. Seu objetivo era
analisar a trajetória de partículas alfa a partir do obstáculo criado
pela folha de ouro.
Nesse ensaio de Rutherford, observou que algumas partículas
ficavam totalmente bloqueadas. Outras partículas não eram afeta-
das, mas a maioria ultrapassava a folha sofrendo desvios. Segundo
ele, esse comportamento podia ser explicados graças às forças de
repulsão elétrica entre essas partículas.

115
FÍSICA
Pelas observações, afirmou que o átomo era nucleado e sua Em 1911, o neozelandês Ernest Rutherford (1871-1937) mos-
parte positiva se concentrava num volume extremamente pequeno, trou que os átomos tinham uma região central compacta chamada
que seria o próprio núcleo. núcleo e que lá dentro encontravam-se os prótons, partículas com
O Modelo Atômico de Rutherford, conhecido como modelo carga positiva.
planetário, corresponde a um sistema planetário em miniatura, no
qual os elétrons se movem em órbitas circulares, ao redor do nú-
cleo.

Modelo de Rutherford – Bohr

Fonte: http://static.hsw.com.br/gif/atom-rutherford.jpg

Em 1932, o físico inglês James Chadwick (1891-1974) desco-


briu o nêutron, partícula neutra, companheira do próton no núcleo
atômico.
No início dos anos 60, os cientistas já achavam que prótons
e nêutrons eram formados por partículas ainda menores. Murray
Gell-Mann, nascido em 1929 sugere a existência dos quarks, que se-
Modelo Atômico de Rutherford-Bohr riam essas partículas menores. Os quarks são mantidos juntos por
outras partículas denominadas gluons.
O modelo apresentado por Rutherford foi aperfeiçoado por Acreditava-se, na Antiguidade, que os átomos eram indivisíveis
Bohr. Por esse motivo, o aspecto da estrutura atômica de Bohr tam- e maciços. No século XX ficou provado que os átomos são formados
bém é chamada de Modelo Atômico de Bohr ou Modelo Atômico por outras partículas. São três partículas fundamentais: elétrons,
de Rutherford-Bohr. prótons e nêutrons.
A teoria do físico dinamarquês Niels Bohr estabeleceu as se- O átomo se divide em duas partes: o núcleo e a eletrosfera. Os
guintes concepções atômicas: prótons e nêutrons ficam no núcleo do átomo e os elétrons ficam
1. Os elétrons que giram ao redor do núcleo não giram ao na eletrosfera.
acaso, mas descrevem órbitas determinadas.
2. O átomo é incrivelmente pequeno, mesmo assim a maior
parte do átomo é espaço vazio. O diâmetro do núcleo atômico é
cerca de cem mil vezes menor que o átomo todo. Os elétrons giram
tão depressa que parecem tomar todo o espaço.
3. Quando a eletricidade passa através do átomo, o elétron
pula para a órbita maior e seguinte, voltando depois à sua órbita
usual.
4. Quando os elétrons saltam de uma órbita para a outra re-
sulta luz. Bohr conseguiu prever os comprimentos de onda a partir
da constituição do átomo e do salto dos elétrons de uma órbita para
a outra.

ÁTOMO
Toda matéria é formada por partículas muito pequenas. Essas
partículas chamamos de átomo. Fonte: http://www.infoescola.com/Modules/Articles/Images/full-
ÁTOMO – É uma partícula indivisível. -1-3d6aba4843.jpg
Há cerca de 2,5 mil anos, o filósofo grego Demócrito disse que
se dividirmos a matéria em pedacinhos cada vez menores, chegare- Essas partículas são caracterizadas pelas suas cargas elétricas.
mos a grãozinhos indivisíveis, que são os átomos (a = não e tomo O elétron tem carga -1 e massa desprezível (sendo aproximadamen-
= parte). Em 1897, o físico inglês Joseph Thompson (1856-1940) te 1/1836 a massa do próton). A massa do próton seria então igual
descobriu que os átomos eram divisíveis: lá dentro havia o elétron, a 1 e a carga +1. O nêutron não possui carga elétrica e sua massa é
partícula com carga elétrica negativa. igual a do próton.
Observe a tabela entre as relações de massa das partículas fun-
damentais do átomo. Adota-se como padrão o próton com massa
igual a 1:

PARTÍCULA MASSA CARGA ELÉTRICA


p 1 +1
n 1 0
é 1/1836 -1

116
FÍSICA
Note que a massa do elétron é 1.836 vezes menor que a do Observe algumas distribuições:
próton, por isso desconsidera-se a sua massa. H (hidrogênio) nº de é = 1 K=1
K (potássio) nº de é = 19 K = 2 L=8 M = 8N = 1
Tamanho do Átomo Be (berílio) nº de é = 4 K = 2 L = 2
O tamanho do átomo é medido em angstrons (Å). Zr (zircônio) nº de é = 40 K = 2L = 8M = 18 N = 10 O = 2
1 angstron = 10-10metros
O diâmetro médio do núcleo de um átomo fica entre 10-4 Å e Número Atômico (Z)
10 Å e o da eletrosfera é de 1Å.
-5
Cada átomo possui o seu número atômico. Ele indica o número
A eletrosfera de um átomo é entre 10000 e 100000 vezes maior de elétrons e prótons do átomo. Se ele estiver com sua carga elétri-
que o seu núcleo. Essa diferença de tamanho nos leva a admitir que ca zero ele está neutro, ou seja, é um átomo neutro.
o átomo é quase feito de espaço vazio. O número atômico é indicado pela letra (Z).
Em termos práticos, se o núcleo tivesse o tamanho de uma bola Número Atômico é o número de prótons e elétrons (átomo
de tênis, o primeiro elétron estaria a uma distância de 1 km. neutro) que existem no átomo.

Camadas Eletrônicas / Níveis de Energia Exemplos:


Na eletrosfera, os elétrons giram em torno do núcleo ocupando Na (sódio) Z=11
o que chamamos de NÍVEIS DE ENERGIA ou CAMADAS ELETRÔNI- He (hélio) Z=2
CAS. Cada nível possui um número inteiro de 1 a 7 ou pelas letras V (vanádio) Z=23
maiúsculas K,L,M,N,O,P,Q. Nas camadas, os elétrons se movem e Br (bromo) Z=84
quando passam de uma camada para outra absorvem ou liberam Po (polônio) Z=84
energia.
Quando um elétron salta para uma camada mais interna ele Pode-se dizer que o número atômico é igual ao número de
libera energia. prótons do núcleo. Se o átomo for neutro, é igual ao número de
Quando um elétron salta para uma camada mais externa ele elétrons também.
absorve energia. Z=p=é
A energia emitida é em forma de luz. Chamamos essa energia
de “quantum” de energia. O “quantum” também é chamado de fó- Número de Massa (A)
ton. Número de massa é o peso do átomo. É a soma do número de
prótons (Z) e de nêutrons (n) que existem num átomo.
A = p + n ouA = Z + n
É este número que informa se o átomo é mais “leve” ou mais
“pesado”. São os prótons e nêutrons quem dão a massa do átomo,
já que os elétrons são muito pequenos, com massa desprezível em
relação a estas partículas.

Exemplos:
Na (sódio) A = 23

Se o Na tem A = 23 e Z = 11, qual o número de n (nêutrons)?


Cada camada eletrônica pode conter certo número máximo de A = 23
elétrons. Z=p=é
Observe a tabela: A=p+n
23 = 11 + n
NOME DA CAMADA NÍVEL Nº MÁX. DE É NA CAMA- n = 12
DA
A partir do Z, temos o número de prótons e de elétrons do
K 1 2 átomo. A partir da fórmula A = p + n, isolamos o n para achá-lo,
L 2 8 substituindo o A e o p na fórmula. Então podemos utilizar também
a fórmula:
M 3 18
n=A–p
N 4 32
O 5 32 Observe o modelo:
a) K (potássio)
P 6 18 A = 39
Q 7 8 Z = 19
p = 19
O número de camadas ou níveis de energia varia de acordo é = 19
com o número de elétrons de cada átomo. n = 20
Em todo átomo (exceto o paládio – Pd) o número máximo de
elétrons em uma camada K só suporta 2 elétrons. Encontramos estes valores na Tabela Periódica dos Elementos.
A penúltima camada deve ter no máximo 18 elétrons. Toda tabela possui a sua legenda informando o número atômico
Para os átomos com mais de 3 camadas, enquanto a penúltima e o número de massa. Aplicando a fórmula correta, conseguimos
não estiver com 18 elétrons, a última terá no máximo 2 elétrons. encontrar o valor de nêutrons.

117
FÍSICA
ÍON
O átomo que possui p = é, ou seja, o número de prótons igual ao número de elétrons é eletricamente neutro.
Átomo neutro = p = é
Se o átomo tiver elétrons a mais ou a menos, então não será mais um átomo neutro. Este átomo passará a ser chamado de ÍON.
Íon = p ≠ é

Íon é um átomo que perde ou ganha elétrons. Ele pode ficar negativo ou positivo. Então:
Íon positivo (+) doa elétrons – íon cátion. Ex. Na+
Íon negativo (-) recebe elétrons – íon ânion. Ex. Cl-
Quando um cátion doa elétrons, ele fica positivo.
Quando um ânion ganha elétrons, ele fica negativo.

ISÓTOPO, ISÓBARO E ISÓTONO


Se observarmos o número atômico, número de massa e de nêutrons de diferentes átomos podemos encontrar conjuntos de átomos
com outro número igual.
Os isótopos são átomos que possuem o mesmo número de prótons (p) e diferente número de massa (A).

Exemplo: o hidrogênio (H)


¹H ²H³H
¹¹¹
hidrogênio deutériotrítio
Z=1Z=1Z=1
A = 1A = 2 A = 3

Este fenômeno é muito comum na natureza. Quase todos os elementos químicos naturais são formados por mistura de isótopos.
Os isóbaros são átomos que possuem o mesmo número de massa (A) e diferente número de prótons.

Exemplo:
K Ca
40 40
1920

A = 40 A = 40
Z = 19 Z = 20

São átomos de elementos químicos diferentes, mas que tem o mesmo número de massa.
Os isótonos são átomos que possuem o mesmo número de nêutrons e com diferentes números de prótons e de massa. São átomos
de diferentes elementos químicos.

Exemplo:
A = 37ClA = 40Ca
Z = 17 Z = 20
__________ __________
n = 20n = 20

Os isótonos têm propriedades químicas e físicas diferentes.

Diagrama de Pauling
O diagrama de Pauling ou princípio de Aufbau nada mais é do que um método de distribuir os elétrons na eletrosfera do átomo e dos
íons. Este método foi desenvolvido pelo físico alemão Erwin Madelung (no Brasil, em muitos livros de química, o modelo é atribuído à Linus
Pauling; entretanto, não há evidências de que tenha sido ele o criador desse método). Ele provou experimentalmente que os elétrons são
dispostos nos átomos em ordem crescente de energia, visto que todas as vezes que o elétron recebe energia ele salta para uma camada
mais externa a qual ele se encontra, e no momento da volta para sua camada de origem ele emite luz, em virtude da energia absorvida
anteriormente. Baseado na proposição de Niels Borh de que os elétrons giram ao redor do núcleo, como a órbita dos planetas ao redor
do sol.
Uma lâmpada fluorescente, por exemplo, ela contém uma substância química em seu interior, obviamente formada por átomos, os
elétrons presentes na eletrosfera destes átomos, ao receber a energia elétrica são excitados, e começam a saltar para outras camadas e
ao retornarem emitem a luz.

118
FÍSICA

Diagrama de Pauling
1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d104p6 5s2 4d10 5p6 6s2 4f14 5d106p6 7s2 5f146d10 7p6 ...

Ordem crescente de energia

Número Quântico Principal (n): também conhecido como nível energético são representados pelos números inteiros correspondentes
a:
• K= 1 s
• L=2 s p
• M= 3 s p d
• N= 4 s p d f
• O= 5 s p d f g
• P= 6 s p d f g h
• Q= 7 s p d f g h i...

Número Quântico Azimutal(l): é comumente conhecido como subnível energético e representado pelas (“s, p, d, f,”...), respectiva-
mente, “s(Sharp), p(Principal), d(difuse) e f(fundamental)”.Os subníveis energéticos são formados por orbitais, que comportam 2 elétrons
com spins opostos segundo o Princípio da exclusão de Pauli.

• s²= 1 orbital e 2 spins


• p6= 3 orbitais e 6 spins
• d10= 5 orbitais e 10 spins
• f14= 7 orbitais e 14 spins

Número Quântico Magnético(m): o número quântico magnético é útil para identificação dos orbitais. Onde o orbital da direita tem
valor (+) e os da esquerda valor (-). Por exemplo, utilizando o subnível f que possui um maior número de orbitais, temos:

119
FÍSICA
Número Quântico de Spin (Ms): são representações em forma de seta dos elétrons distribuídos nos orbitais. O valor dos de cada spin
é:
↑ Para cima é positivo Ms=+½(meio) e ↓ Para baixo é negativo e Ms=-½(meio)
Exemplo: é necessário fazer a distribuição eletrônica do átomo de Praseodímio:
Passo 1: procurar o elemento na tabela periódica e observar seu número atômico.

Utilizando o diagrama de Pauling e seguindo pelas diagonais obtém-se:

No átomo de Pr as camadas possuem:


K=2 elétrons, L=8 elétrons, M=18 elétrons, N=21elétrons, O=8 elétrons e P=2 elétrons.
Passo 2: dispor os spins em orbitais(aqui representados pelos quadrinhos) sendo

Para os íons a distribuição é diferente, visto que íons são átomos que possuem carga e são subdividos em Cátions - tem tendência de
perder seus elétrons e Ânions – tem tendência de ganhar elétrons.
Para o Cátion de Pr+2 por exemplo, a distribuição passa a ser para 57 elétrons pois ele perde 2 em virtude de sua valência:

K=2 elétrons, L=8 elétrons, M=18 elétrons, N=19 elétrons, O=8 elétrons e P=2 elétrons.

120
FÍSICA

Para um átomo de cloro, por exemplo, a distribuição é 17, porém para o ânion cloreto passa a ser de 18 elétrons por que ele ganha 1
elétron:
17
Cl:
1s2
2s2 2p6
3s2 3p5 ou1s2 2s2 2p6 3s2 3p5
K=2, L=8 e M=7 elétrons

17
Cl-1:
1s2

2s2 2p6
3s2 3p6 ou1s2 2s2 2p6 3s2 3p6
K=2, L=8 e M=8 elétrons

É importante salientar que no texto acima existem reticências demonstrando a continuação das camadas, níveis, subníveis etc. Sim-
plesmente por que Pauling seguiu o raciocínio de Mendeleyev, sabendo que novos elementos ainda serão descobertos e ocuparão, por
exemplo, a camada R nível 8 e subníveis s,p,d,f,g,h,i, j e assim por diante.

Princípio da Exclusão de Pauli


De acordo com a Química Quântica, para cada elétron em um átomo poderá ser associado um conjunto de valores referente aos qua-
tro números quânticos, que determinarão a posição ocupada pelo elétron, incluindo o orbital, assim como a orientação em que executa
seu movimento de rotação.
“Existe uma restrição, todavia, quanto aos valores que esses números podem ter. Esta restrição é o Princípio de Exclusão de Pauli,
que estabelece que dois elétrons em um átomo não podem ter todos os quatro números quânticos iguais. Isto significa que, se escolher-
mos um conjunto particular de valores para n, l e ml correspondente a um orbital particular (por exemplo, n=1, l=0, ml=0; o orbital 1s),
poderemos ter apenas dois elétrons com valores diferentes do número quântico de spin, ms (isto é, s= +1/2 ou s= -1/2). Com efeito, isso
limita a dois o número de elétrons em um dado orbital, também requer que os spins destes dois elétrons estejam em direções opostas”.
Portanto, os valores dos quatro números quânticos podem ser atribuídos para cada elétron em um átomo, de acordo com as regras
precedentes e o Princípio da Exclusão de Pauli. Uma maneira objetiva de prever a localização provável de um elétron no interior de um
átomo (sua camada, subcamada e orbital) é através de um conjunto matemático de valores denominado números quânticos.

121
FÍSICA
a) NÚMERO QUÂNTICO PRINCIPAL (n)
Representa a camada atômica em que o elétron se encontra. Seus valores são números inteiros positivos, sendo experimentalmente
determinado com variação de 1 a 7. Representa a distância média do elétron em relação ao núcleo do átomo, sendo assim, quanto maior
for o valor de n mais afastado este elétron estará.

b) NÚMERO QUÂNTICO AZIMUTAL (l)


Representa a subcamada, assim, a forma do orbital. Pode apresentar valores inteiros de zero até n-1. Quando l=0, tem-se a subcamada
s e forma simetricamente esférica para o orbital, l=1 designa uma subcamada p e um orbital apresentando uma forma típica de dois lobos
de um orbital p. De forma idêntica, l=2 representa uma subcamada d e l=3 uma subcamada f.

c) NÚMERO QUÂNTICO MAGNÉTICO (ml)


“O termo magnético é relativo ao fato de que os orbitais de uma dada subcamada possuem diferentes energias quantizadas, na pre-
sença de um campo magnético”. O valor deste número quântico oferece informações a respeito da orientação de um orbital no espaço.
Para a subcamada s apresenta valor zero, para a subcamada p pode assumir valores inteiros no intervalo de –1 a +1, para a subcamada d
valores de –2 a +2 e para a subcamada f valores de –3 a +3.

d) NÚMERO QUÂNTICO SPIN (ms)


O quarto número quântico, denominado muitas vezes apenas de spin, representa o eixo de rotação do elétron no orbital. Possui valor
de +1/2 e –1/2, “sendo atribuido o primeiro a uma rotação em sentido anti-horário e o segundo em sentido horário”.
Na Tabela 1 há um sumário referente aos valores para os quatro números quânticos obtidos por algumas informações.

Nome Símbolo Característica especificada Informação fornecida Valores possíveis


Principal n Camada Distância média do núcleo 1, 2, 3, 4,...
Azimutal l Subcamada Forma do orbital 0, 1, 2,...(n-1)
Magnético ml Orbital Orientação do orbital -l, (-l+1),...0,...(l-1), l
Spin ms Spin Spin -1/2, +1/2

EXERCÍCIOS

1 O motorista de uma empresa transportadora de produtos hospitalares deve viajar de São Paulo a Brasília para uma entrega de mer-
cadorias. Sabendo que irá percorrer aproximadamente 1.100 km, ele estimou, para controlar as despesas com a viagem, o consumo de
gasolina do seu veículo em 10 km/L. Para efeito de cálculos, considerou que esse consumo é constante.
Considerando essas informações, julgue os itens que se seguem.
De acordo com o Sistema Internacional de Unidades (SI), o símbolo da unidade de comprimento metro é m, no entanto o INMETRO
adota para essa unidade a representação mts, como se observa em muitas placas de trânsito nas estradas brasileiras.
( ) CERTO
( ) ERRADO

2. A grandeza de base temperatura termodinâmica, conforme o Sistema Internacional de Unidades (SI), tem como unidade de base
correspondente:
(A) Kelvin.
(B) Grau Celsius.
(C) Grau Fahrenheit.
(D) Rankine.
(E) Grau Newton.

3.A tabela a seguir demonstra os símbolos das grandezas de base e os símbolos das unidades de base, de acordo com o Sistema In-
ternacional de Unidades (SI).

122
FÍSICA
A correlação correta entre as colunas está expressa em 12. A característica fundamental de uma onda é a transferência
(A) a-III; b- II; c-V; d-IV; e-I. de energia do local em que está sendo gerada para outras regiões
(B) a-II; b-III; c-I; d-V; e-IV. do espaço, sem que haja, nesse processo, transporte de matéria. A
(C) a-IV; b-I; c-II; d-V; e-III. intensidade de uma onda mede a energia radiada. A esse respeito,
(D) a-V; b-IV; c-III; d-I; e-II. assinale a opção correta.
(E) a-I; b-V; c-IV; d-II; e-III. (A) O período de um movimento periódico é definido como o
intervalo de tempo em que ele se repete.
4. A lente mais externa de um microscópio de luz é plana. (B) Em uma onda periódica, o comprimento de onda é a menor
( ) CERTO distância entre os pontos de máximo e mínimo.
( ) ERRADO (C) Se duas emissoras de rádio transmitem ondas em 60 MHz
e 120 MHz, então a relação entre os seus respectivos compri-
5. A imagem do objeto será tão melhor quanto mais próximo mentos de onda é igual a 4.
do foco exato ele estiver. (D) Tanto as ondas luminosas quanto as ondas sonoras neces-
( ) CERTO sitam de um meio material para se propagar, já que todas as
( ) ERRADO ondas transportam energia.
(E) As ondas eletromagnéticas são diferenciadas pelas suas am-
6. O poder de ampliação do microscópio de luz é alterado ele- plitudes.
tronicamente.
( ) CERTO 13. A ressonância magnética é um método moderno de diag-
( ) ERRADO nóstico que fornece imagens em duas ou três dimensões de dife-
rentes planos do órgão inspecionado, que utiliza um forte campo
7. Assinale a opção que corresponde a uma grandeza vetorial. magnético e ondas para a obtenção dessas imagens.
(A) pressão A possibilidade de realizar exames de ressonância magnética,
(B) temperatura inclusive em gestantes, deve-se ao fato de, além de não serem in-
(C) quantidade de movimento vasivos, as ondas por eles emitidas terem frequências próximas às
(D) módulo de uma força das ondas
(A) de rádio.
8. A respeito das ondas eletromagnéticas, julgue os próximos (B) de raios X.
itens. Em uma onda eletromagnética, o campo elétrico e o campo (C) dos raios gama.
magnético oscilam, guardando uma relação fixa entre si. (D) dos raios ultravioletas.
( ) CERTO (E) dos raios cósmicos.
( ) ERRADO
14. A respeito da Teoria da Blindagem Eletromagnética, analise
9. Ondas sonoras e eletromagnéticas são processos ondula- as assertivas abaixo.
tórios que têm características comuns entre si, embora represen- I. Os campos elétricos são mais fáceis de blindar do que os cam-
tem fenômenos físicos completamente diferentes. Com relação a pos magnéticos.
esses processos ondulatórios, julgue os itens seguintes. Tanto as II. Qualquer material é capaz de blindar com efetividade uma
ondas eletromagnéticas como as ondas sonoras podem apresentar região sujeita a ruído eletromagnético.
o fenômeno de refração quando atravessam a fronteira entre dois III. Compatibilidade eletromagnética é a capacidade que dispo-
meios diferentes. sitivos elétricos ou eletrônicos apresentam, além de gerarem seus
( ) CERTO próprios ruídos, de interagir com ruídos eletromagnéticos de ou-
( ) ERRADO tros aparelhos, mantendo sua performance em níveis aceitáveis de
operação.
10. Ondas sonoras e eletromagnéticas são processos ondulató-
rios que têm características comuns entre si, embora representem É correto o que se afirma em
fenômenos físicos completamente diferentes. Com relação a esses (A) I, II e III.
processos ondulatórios, julgue os itens seguintes. Tanto as ondas (B) I e II, apenas.
eletromagnéticas quanto as ondas sonoras são processos de osci- (C) II e III, apenas.
lação de grandezas físicas escalares, que se propagam no espaço. (D) I e III, apenas.
( ) CERTO (E) III, apenas.
( ) ERRADO
15. Tendo à disposição, em uma bancada de laboratório, uma
11. Ondas sonoras e eletromagnéticas são processos ondulató- bateria, fios de cobre, uma lâmpada e uma bússola, um professor
rios que têm características comuns entre si, embora representem pode comprovar
fenômenos físicos completamente diferentes. Com relação a esses (A) a lei de Ohm.
processos ondulatórios, julgue os itens seguintes. Como a velocida- (B) o efeito fotoelétrico.
de da luz é independente do referencial inercial na qual é medida, (C) a lei de Kirchhoff.
a luz não sofre o efeito Doppler, como ocorre com a onda sonora. (D) o efeito magnético de correntes.
( ) CERTO
( ) ERRADO 16. (SEE -PB - Professor de Educação Básica 3 – Física - IBADE
– 2017) São grandezas vetoriais:
(A) trabalho e velocidade.
(B) campo elétrico e velocidade.
(C) volume e aceleração

123
FÍSICA
(D) área e volume. 19. (PC-ES - Perito Oficial Criminal - Área 4 - INSTITUTO AOCP
(E) área e campo elétrico. – 2019) Um carro trafegava na descida de uma rodovia (inclinada
em 30° em relação a horizontal) quando, ao notar um acidente à
17. (UFGD - Engenheiro – Mecânica - UFGD – 2019) O estudo sua frente, o motorista freou o carro até pará-lo. Sabendo que o
teórico do fluxo através do rotor de uma bomba se baseia nos ve- carro percorreu um trecho de 500m entre o início da frenagem até a
tores de velocidade que são representados por um triângulo em parada completa, aproximadamente a qual velocidade o motorista
qualquer ponto do escoamento no rotor. a representação gráfica de trafegava antes da frenagem? Adote um coeficiente de atrito cinéti-
um triângulo de velocidades genérico é mostrada na Figura 4. co da pista com os pneus de µ=0,8.
(A) 80 km/h.
(B) 110 km/h.
(C) 150 km/h.
(D) 15 m/s.
(E) 60 m/s.

20 (PRF - Policial Rodoviário Federal - CESPE – 2019) A figura


seguinte ilustra uma prova de tiro ao alvo com arma de fogo: o alvo
é um círculo de 20 cm de diâmetro e está localizado a 50 m da extre-
midade do cano da arma. O cano da arma e o centro do alvo estão
à altura de 1,5 m do solo.

HENN, Érico Antônio Lopes. Máquinas de Fluido. 2. ed. Santa Maria,


2006. 474p.

Onde:

• Velocidade absoluta do escoamento no ponto em estudo.

• - Velocidade tangencial do escoamento no ponto em es-


tudo. Nessa situação, um projétil de massa igual a 15 g sai do cano
da arma paralelamente ao solo, com velocidade horizontal inicial
• - Velocidade relativa do escoamento no ponto em estu- de 720 km/h.
do. Tendo como referência a situação apresentada, julgue o item a
seguir, considerando que a aceleração da gravidade seja de 9,8 m/
• - Componente meridional da velocidade absoluta. s² e desprezando o atrito do ar sobre o projétil.
Se o alvo fosse retirado da direção do projétil, então o trabalho
realizado pela força gravitacional para levar o projétil até o solo se-
• - Componente tangencial da velocidade absoluta. ria superior a 0,10 J.
• α - Ângulo do escoamento absoluto. ( ) CERTO
• β - Ângulo construtivo. ( ) ERRADO

De acordo com o estudo teórico do fluxo através do rotor de 21. (Unilab - Técnico de Laboratório – Física - FCPC – 2019)
uma bomba, assinale a alternativa correta Dois patinadores, separados por uma distância de 15 m, estão pu-
xando uma corda de massa desprezível, como mostra a figura:

(A)
(B) A componente meridional da velocidade absoluta está vin-
culada à vazão promovida pela máquina.
(C) A componente tangencial da velocidade absoluta está vin-
culada à vazão promovida pela máquina.
(D) cu2 = c2 + cm2.
(E) A vazão promovida pela máquina não sofre influência da
componente meridional da velocidade absoluta.

18. (Unilab - Técnico de Laboratório – Física - FCPC – 2019)


Uma partícula descreve um movimento circular uniforme. Sabendo A massa do patinador A é 2/3 da massa do patinador B. Consi-
que a partícula completa 180 voltas em uma hora, podemos afirmar derando que não há atrito entre os patinadores e o solo, podemos
que a frequência do movimento é: afirmar:
(A) 0,05 Hz (A) Os patinadores se encontrarão na posição 0 m.
(B) 0,2 Hz (B) Os patinadores se encontrarão na posição 6 m.
(C) 0,5 Hz (C) Os patinadores se encontrarão na posição 7,5 m.
(D) 5 Hz (D) Os patinadores se encontrarão na posição 9 m.
(E) 20 Hz (E) Os patinadores se encontrarão na posição 15 m.

124
FÍSICA
22 (EMAE-SP - Praticante de Operador de Usina - FCC – 2018) 25. (Prefeitura de São José - SC - Engenheiro – Químico - IESES
Após estudar a gravitação universal, Kepler enunciou três leis, – 2019) Dentro de um sistema termodinâmico existe uma grandeza
sendo a segunda a que trata das áreas do movimento elíptico dos que mensura o grau de “desordem”, essa grandeza é denominada
planetas em torno do Sol, conforme a figura abaixo, na qual estão entropia. A alternativa que apresenta a unidade de medida de en-
destacados quatro pontos da órbita do planeta, formando as áreas tropia, de acordo com o Sistema Internacional de Unidades:
A1 e A2. (A) W/m
(B) cal/J
(C) J/K
(D) cal/ºC

26. (UFF - Técnico em Eletromecânica - COSEAC – 2019) Um


material passa do estado sólido para gasoso e de gasoso para líqui-
do se houver:
(A) vaporização e fornecimento de energia, respectivamente.
(B) sublimação e retirada de energia, respectivamente.
(C) fornecimento de energia em ambos.
(D) retirada de energia em ambos.
Sendo T1 e T2 o tempo que o planeta demora para percorrer os (E) sublimação em ambos.
pontos em destaque, de acordo com Kepler
(A) A1 = A2, então, T1 > T2, de modo que a velocidade do pla- 27. (UFSC - Técnico de Laboratório – Física - UFSC – 2019) Em
neta é sempre constante. um experimento para observar as raias de emissão de uma lâmpada
(B) A1 = A2, então, T1 = T2, de modo que a velocidade do pla- gasosa, qual é o equipamento mais apropriado para induzir a sepa-
neta é maior quanto menor for a distância entre ele e o Sol. ração dos diversos comprimentos de onda?
(C) T1 = T2, então, A1 = A2, de modo que a velocidade do pla- (A) Chapa de acrílico.
neta é sempre constante. (B) Tela metálica fina.
(D) T1 > T2, então, A1 < A2, de modo que a velocidade do pla- (C) Rede de difração.
neta é maior quanto maior for a distância entre ele e o Sol. (D) Espelho côncavo.
(E) A1 > A2, então, T1 = T2, de modo que a velocidade do pla- (E) Lente ocular.
neta é sempre constante.
28. (UFRJ - Técnico em Mecânica - PR-4 UFRJ – 2018) A figura a
23. (IF-PA - Professor – Física - FADESP - 2018) Um objeto de seguir mostra uma onda se propagando em uma corda.
massa m é largado de uma altura H, com velocidade inicial igual a
zero, em cima de uma piscina. Após o impacto sobre a água, consi-
derando que a força de empuxo contrabalanceia a força gravitacio-
nal e age sobre o objeto apenas uma força de resistência da água
dada por bv2 , a velocidade do objeto dentro da piscina, em função
da profundidade y sob a água, é dada por (considere as seguintes
condições iniciais: V0 igual à velocidade de impacto do objeto na
água em y=0).

(A)

Considerando que essa onda tem velocidade de propagação de


(B) 400 cm/s, a sua frequência em Hertz é:
(A) 40
(B) 133
(C) (C) 120
(D) 20
(E) 30
(D)
29. (UFSC - Técnico de Laboratório – Física - UFSC – 2019)
Quando uma pessoa está na borda de uma piscina e observa um
objeto que está parado no fundo desta, existe uma diferença entre
(E) a posição real do objeto e a posição aparente em que o observador
o enxerga. Assinale a alternativa que explica a causa dessa diferença
24. (Prefeitura de Bombinhas - SC - Zelador Patrimonial - FE- entre a posição real de um objeto na água e a posição aparente em
PESE – 2019) Extinção por resfriamento é o método que consiste na que uma pessoa o enxerga de fora da água.
diminuição da temperatura por: (A) Efeito de polarização da luz ao refletir na superfície da água.
(A) abafamento. (B) Diferença de temperatura entre a água e o ar.
(B) aquecimento. (C) Dilatação anômala da água.
(C) resfriamento. (D) Diferença entre os índices de refração da água e do ar.
(D) remoção do combustível (E) Efeito de anisotropia pelo qual o índice de refração da água
(E) remoção do comburente. varia com o ângulo de incidência.

125
FÍSICA
30. (FUB - Técnico em Ótica - CESPE – 2018) 32. (IF-PA - Professor – Física - FADESP – 2018) A figura a seguir
mostra duas hastes paralelas, I e II, infinitamente longas, separadas
uma da outra por 12 cm e com densidades lineares de carga λI e λII,
respectivamente. Se o campo elétrico no ponto A, distante 5 cm da
haste I, é nulo, a razão λII / λI é de, aproximadamente,

figura precedente ilustra um objeto afastado a uma distância


de uma lente delgada e esférica biconvexa de raios r1 e r2. Consi-
derando que os índices de refração do ar e do material da lente se-
jam iguais a 1,0 e 1,5, respectivamente, e que o valor da ampliação
transversal seja igual ao sinal negativo da razão entre as distâncias
da imagem e do objeto, respectivamente, julgue o próximo item à
luz da teoria para lentes delgadas.
A seguinte figura mostra um conjunto de lentes convergentes. (A) 0,5.
(B) 0,7.
(C) 1,4.
(D) 1,9.
(E) 2,4.

33. (IF-PA - Professor – Física - FADESP – 2018) Se um deter-


minado metal em uma fotocélula emite elétrons quando luz azul
incide nele, também deve emitir elétrons quando é atingido por
radiação na faixa do espectro identificada como
(A) vermelha.
(B) ultravioleta.
(C) infravermelha.
( ) CERTO (D) micro-ondas.
( ) ERRADO (E) ondas de rádio.

31. (LIQUIGÁS - Técnico Químico - CESGRANRIO – 2018) Um 34. (Petrobras - Técnico de Inspeção de Equipamentos e Ins-
espelho côncavo será utilizado para a obtenção de uma imagem de talações Júnior - CESGRANRIO – 2018) O rendimento energético
um determinado objeto. As características desejadas para essa ima- de um transformador utilizado em uma máquina de soldagem com
gem são: real, invertida e de tamanho maior do que o objeto. eletrodo revestido é da ordem de
Em relação ao eixo principal do espelho, o objeto deve ser po- (A) 50 %
sicionado (B) 60 %
(A) sobre o foco (C) 70 %
(B) entre o foco e o vértice (D) 80 %
(C) após o centro de curvatura (E) 90 %
(D) sobre o centro de curvatura
(E) entre o centro de curvatura e o foco 35. (SEDF - Professor Substituto - Ciências Naturais - Quadrix
– 2018) A respeito das ondas eletromagnéticas, julgue o próximo
item.
Em uma onda eletromagnética, o campo elétrico e o campo
magnético oscilam, guardando uma relação fixa entre si.
( ) CERTO
( ) ERRADO

126
FÍSICA

GABARITO
ANOTAÇÕES

1 ERRADO ______________________________________________________
2 A ______________________________________________________
3 B
______________________________________________________
4 ERRADO
______________________________________________________
5 CERTO
6 ERRADO ______________________________________________________
7 C ______________________________________________________
8 CERTO
______________________________________________________
9 CERTO
10 ERRADO ______________________________________________________
11 ERRADO ______________________________________________________
12 A
______________________________________________________
13 A
______________________________________________________
14 D
15 D ______________________________________________________
16 B ______________________________________________________
17 B
______________________________________________________
18 A
19 C ______________________________________________________

20 CERTO ______________________________________________________
21 D
______________________________________________________
22 B
______________________________________________________
23 C
24 C ______________________________________________________
25 C ______________________________________________________
26 B
______________________________________________________
27 C
28 D ______________________________________________________

29 D ______________________________________________________
30 ERRADO _____________________________________________________
31 E
_____________________________________________________
32 C
33 B ______________________________________________________
34 D ______________________________________________________
35 CERTO
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

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127
FÍSICA

ANOTAÇÕES ANOTAÇÕES

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______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

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