Você está na página 1de 413

CÓD: SL-009JL-21

7908433206972

FUNSAÚDE-CE
FUNDAÇÃO REGIONAL DE SAÚDE DO ESTADO DO CEARÁ

Técnico de Enfermagem
EDITAL N° 01 E 02, DE 24 DE JUNHO DE 2021
DICA

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação.
É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa
encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.
Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou este artigo com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!

• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho.
• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área.
• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total.
• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo.
• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.
• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame.
• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

Se prepare para o concurso público


O concurseiro preparado não é aquele que passa o dia todo estudando, mas está com a cabeça nas nuvens, e sim aquele que se
planeja pesquisando sobre o concurso de interesse, conferindo editais e provas anteriores, participando de grupos com enquetes sobre
seu interesse, conversando com pessoas que já foram aprovadas, absorvendo dicas e experiências, e analisando a banca examinadora do
certame.
O Plano de Estudos é essencial na otimização dos estudos, ele deve ser simples, com fácil compreensão e personalizado com sua
rotina, vai ser seu triunfo para aprovação, sendo responsável pelo seu crescimento contínuo.
Além do plano de estudos, é importante ter um Plano de Revisão, ele que irá te ajudar na memorização dos conteúdos estudados até
o dia da prova, evitando a correria para fazer uma revisão de última hora.
Está em dúvida por qual matéria começar a estudar? Vai mais uma dica: comece por Língua Portuguesa, é a matéria com maior
requisição nos concursos, a base para uma boa interpretação, indo bem aqui você estará com um passo dado para ir melhor nas outras
disciplinas.

Vida Social
Sabemos que faz parte algumas abdicações na vida de quem estuda para concursos públicos, mas sempre que possível é importante
conciliar os estudos com os momentos de lazer e bem-estar. A vida de concurseiro é temporária, quem determina o tempo é você,
através da sua dedicação e empenho. Você terá que fazer um esforço para deixar de lado um pouco a vida social intensa, é importante
compreender que quando for aprovado verá que todo o esforço valeu a pena para realização do seu sonho.
Uma boa dica, é fazer exercícios físicos, uma simples corrida por exemplo é capaz de melhorar o funcionamento do Sistema Nervoso
Central, um dos fatores que são chaves para produção de neurônios nas regiões associadas à aprendizagem e memória.
DICA

Motivação
A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.
Caso você não seja aprovado de primeira, é primordial que você PERSISTA, com o tempo você irá adquirir conhecimento e experiência.
Então é preciso se motivar diariamente para seguir a busca da aprovação, algumas orientações importantes para conseguir motivação:
• Procure ler frases motivacionais, são ótimas para lembrar dos seus propósitos;
• Leia sempre os depoimentos dos candidatos aprovados nos concursos públicos;
• Procure estar sempre entrando em contato com os aprovados;
• Escreva o porquê que você deseja ser aprovado no concurso. Quando você sabe seus motivos, isso te da um ânimo maior para seguir
focado, tornando o processo mais prazeroso;
• Saiba o que realmente te impulsiona, o que te motiva. Dessa maneira será mais fácil vencer as adversidades que irão aparecer.
• Procure imaginar você exercendo a função da vaga pleiteada, sentir a emoção da aprovação e ver as pessoas que você gosta felizes
com seu sucesso.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.
A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Se você quer aumentar as suas chances
de passar, conheça os nossos materiais, acessando o nosso site: www.apostilasolucao.com.br

Vamos juntos!
ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Leitura, compreensão e interpretação de textos. Estruturação do texto e dos parágrafos. Articulação do texto: pronomes e expressões
referenciais, nexos, operadores sequenciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Significação contextual de palavras e expressões. Equivalência e transformação de estruturas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
3. Sintaxe: processos de coordenação e subordinação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
4. Emprego de tempos e modos verbais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
5. Pontuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
6. Estrutura e formação de palavras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
7. Funções das classes de palavras. Flexão nominal e verbal. Pronomes: emprego, formas de tratamento e colocação . . . . . . . . . . . . 17
8. Concordância nominal e verbal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
9. Regência nominal e verbal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
10. Ortografia oficial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
11. Acentuação gráfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

Raciocínio Lógico
1. Estrutura lógica de relações arbitrárias entre pessoas, lugares, objetos ou eventos fictícios; dedução de novas informações das relações
fornecidas e avaliação das condições usadas para estabelecer a estrutura daquelas relações. Compreensão e análise da lógica de uma
situação, utilizando as funções intelectuais: raciocínio verbal, raciocínio matemático, raciocínio sequencial, orientação espacial e tem-
poral, formação de conceitos, discriminação de elementos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Operações com conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3. Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geométricos e matriciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

Noções de Informática
1. Noções Básicas Sobre Hardware E Software: Conceitos, Características, Componentes E Funções, Memória, Dispositivos De Arma-
zenamento, De Impressão, De Entrada E De Saída De Dados, Barramentos Interfaces, Conexões, Discos Rígidos, Pendrives, Cd-R, Dvd,
Blu-Ray, Impressoras, Scanner, Plotters . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Conhecimentos Básicos Sobre Os Sistemas Operacionais Microsoft Windows Xp/7/8/8.1/10 Br: Conceitos, Características, Ícones,
Atalhos De Teclado, Uso Dos Recursos. Conhecimentos E Utilização Dos Recursos Do Gerenciador De Pastas E Arquivos (Windows Ex-
plorer/Computador) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
3. Conhecimentos Sobre Editores De Texto Word X Writer, Planilhas Eletrônicas Excel X Calc E Editor De Apresentações Powerpoint X Im-
press (Ms Office 2013/2016/2019 Br X Libreoffice V6.3 Ou Superior, Em Português, Versões De 32 E 64 Bits: Conceitos, Características,
Atalhos De Teclado E Emprego Dos Recursos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
4. Redes De Computadores E Web. Conceitos Sobre Internet X Intranet X Extranet X E-Mail X Webmail, Características, Atalhos De Tecla-
do E Emprego De Recursos De Navegadores (Browsers Internet Explorer 11 Br X Edge X Mozilla Firefox X Google Chrome Nas Versões
Atuais Em Português, De 32 E 64 Bits), Outlook Do Pacote Msoffice 2013/2016/2019 Br X Mozilla Thunderbird Em Português, Versões
De 32 E 64 Bits X Webmail . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
5. Segurança De Equipamentos, De Sistemas, Em Redes E Na Internet: Conceitos, Características, Vírus, Firewall, Medidas De
Proteção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
6. Redes Sociais: Facebook X Twiter X Linkedin X Whatszap . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
7. Computação Em Nuvem: Conceitos, Características, Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

Legislação
1. Sistema Único de Saúde (SUS): princípios e diretrizes do SUS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Política Nacional de Promoção da Saúde. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08
3. Política Nacional de Humanização. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

Conhecimentos Específicos
Técnico de Enfermagem
1. Código de Ética em Enfermagem: conduta ética dos profissionais da área de saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Lei nº 7.498/1986 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06
3. Decreto nº 94.406/1987 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
ÍNDICE

4. Enfermagem no centro cirúrgico: recuperação da anestesia; central de material e esterilização; atuação nos períodos pré‐operatório,
transoperatório e pós‐operatório; atuação durante os procedimentos cirúrgico‐anestésicos; materiais e equipamentos básicos que
compõem as salas de cirurgia e recuperação anestésica; rotinas de limpeza da sala de cirurgia; uso de material estéril; manuseio de
equipamentos: autoclaves; seladora térmica e lavadora automática ultrassônica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
5. Noções de controle de infecção hospitalar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
6. Procedimentos de enfermagem: verificação de sinais vitais, oxigenoterapia, aerossolterapia e curativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
7. Administração de medicamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
8. Coleta de materiais para exames . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
9. Enfermagem nas situações de urgência e emergência: conceitos de emergência e urgência; estrutura e organização do pronto-socor-
ro; atuação do técnico de enfermagem em situações de choque, parada cardiorrespiratória, politrauma, afogamento, queimadura,
intoxicação, envenenamento e picada de animais peçonhentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
10. Enfermagem em Saúde Pública: Política Nacional de Imunização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
11. Controle de doenças transmissíveis, não transmissíveis e sexualmente transmissíveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
12. Atendimento aos pacientes com hipertensão arterial, diabetes, doenças cardiovasculares, obesidade, doença renal crônica, han-
seníase, tuberculose, dengue e doenças de notificações compulsórias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
13. Programa de assistência integrada a saúde da criança, mulher, homem, adolescente e idoso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160
14. Princípios gerais de segurança no trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 216
15. Prevenção e causas dos acidentes do trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 226
16. Princípios de ergonomia no trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 229
17. Códigos e símbolos específicos de Saúde e Segurança no Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 232
18. Portaria nº 2.436/2017: aprova a Política Nacional de Atenção Básica – PNAB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 235
LÍNGUA PORTUGUESA
1. Leitura, compreensão e interpretação de textos. Estruturação do texto e dos parágrafos. Articulação do texto: pronomes e expressões
referenciais, nexos, operadores sequenciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Significação contextual de palavras e expressões. Equivalência e transformação de estruturas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
3. Sintaxe: processos de coordenação e subordinação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
4. Emprego de tempos e modos verbais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
5. Pontuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
6. Estrutura e formação de palavras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
7. Funções das classes de palavras. Flexão nominal e verbal. Pronomes: emprego, formas de tratamento e colocação . . . . . . . . . . . . 17
8. Concordância nominal e verbal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
9. Regência nominal e verbal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
10. Ortografia oficial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
11. Acentuação gráfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
LÍNGUA PORTUGUESA

LEITURA, COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEX-


TOS. ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS.
ARTICULAÇÃO DO TEXTO: PRONOMES E EXPRESSÕES
REFERENCIAIS, NEXOS, OPERADORES SEQUENCIAIS

Chegamos, agora, em um ponto muito importante para todo o


seu estudo: a interpretação de textos. Desenvolver essa habilidade
é essencial e pode ser um diferencial para a realização de uma boa
prova de qualquer área do conhecimento.
Mas você sabe a diferença entre compreensão e interpretação?
A compreensão é quando você entende o que o texto diz de
forma explícita, aquilo que está na superfície do texto.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Por meio dessa frase, podemos entender que houve um tempo
que Jorge era infeliz, devido ao cigarro.
A interpretação é quando você entende o que está implícito, Além de saber desses conceitos, é importante sabermos
nas entrelinhas, aquilo que está de modo mais profundo no texto identificar quando um texto é baseado em outro. O nome que
ou que faça com que você realize inferências. damos a este processo é intertextualidade.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Já compreendemos que Jorge era infeliz quando fumava, mas Interpretação de Texto
podemos interpretar que Jorge parou de fumar e que agora é feliz. Interpretar um texto quer dizer dar sentido, inferir, chegar
Percebeu a diferença? a uma conclusão do que se lê. A interpretação é muito ligada ao
subentendido. Sendo assim, ela trabalha com o que se pode deduzir
Tipos de Linguagem de um texto.
Existem três tipos de linguagem que precisamos saber para que A interpretação implica a mobilização dos conhecimentos
facilite a interpretação de textos. prévios que cada pessoa possui antes da leitura de um determinado
• Linguagem Verbal é aquela que utiliza somente palavras. Ela texto, pressupõe que a aquisição do novo conteúdo lido estabeleça
pode ser escrita ou oral. uma relação com a informação já possuída, o que leva ao
crescimento do conhecimento do leitor, e espera que haja uma
apreciação pessoal e crítica sobre a análise do novo conteúdo lido,
afetando de alguma forma o leitor.
Sendo assim, podemos dizer que existem diferentes tipos de
leitura: uma leitura prévia, uma leitura seletiva, uma leitura analítica
e, por fim, uma leitura interpretativa.

É muito importante que você:


- Assista os mais diferenciados jornais sobre a sua cidade,
estado, país e mundo;
- Se possível, procure por jornais escritos para saber de notícias
(e também da estrutura das palavras para dar opiniões);
- Leia livros sobre diversos temas para sugar informações
ortográficas, gramaticais e interpretativas;
- Procure estar sempre informado sobre os assuntos mais
• Linguagem não-verbal é aquela que utiliza somente imagens, polêmicos;
fotos, gestos... não há presença de nenhuma palavra. - Procure debater ou conversar com diversas pessoas sobre
qualquer tema para presenciar opiniões diversas das suas.

Dicas para interpretar um texto:


– Leia lentamente o texto todo.
No primeiro contato com o texto, o mais importante é tentar
compreender o sentido global do texto e identificar o seu objetivo.

– Releia o texto quantas vezes forem necessárias.


Assim, será mais fácil identificar as ideias principais de cada
parágrafo e compreender o desenvolvimento do texto.

– Sublinhe as ideias mais importantes.


Sublinhar apenas quando já se tiver uma boa noção da ideia
principal e das ideias secundárias do texto.
– Separe fatos de opiniões.
• Linguagem Mista (ou híbrida) é aquele que utiliza tanto as O leitor precisa separar o que é um fato (verdadeiro, objetivo
palavras quanto as imagens. Ou seja, é a junção da linguagem e comprovável) do que é uma opinião (pessoal, tendenciosa e
verbal com a não-verbal. mutável).

1
LÍNGUA PORTUGUESA
– Retorne ao texto sempre que necessário. zade começou há uns 12 mil anos, no tempo em que as pessoas
Além disso, é importante entender com cuidado e atenção os precisavam caçar para se alimentar. Os cachorros perceberam que,
enunciados das questões. se não atacassem os humanos, podiam ficar perto deles e comer a
comida que sobrava. Já os homens descobriram que os cachorros
– Reescreva o conteúdo lido. podiam ajudar a caçar, a cuidar de rebanhos e a tomar conta da
Para uma melhor compreensão, podem ser feitos resumos, casa, além de serem ótimos companheiros. Um colaborava com o
tópicos ou esquemas. outro e a parceria deu certo.

Além dessas dicas importantes, você também pode grifar Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o pos-
palavras novas, e procurar seu significado para aumentar seu sível assunto abordado no texto. Embora você imagine que o tex-
vocabulário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas to vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente o que ele
são uma distração, mas também um aprendizado. falaria sobre cães. Repare que temos várias informações ao longo
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem dos cães, a asso-
compreensão do texto e ajudar a aprovação, ela também estimula ciação entre eles e os seres humanos, a disseminação dos cães pelo
nossa imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora mundo, as vantagens da convivência entre cães e homens.
nosso foco, cria perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além As informações que se relacionam com o tema chamamos de
de melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de memória. subtemas (ou ideias secundárias). Essas informações se integram,
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias ou seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer uma unida-
seletas e organizadas, através dos parágrafos que é composto pela de de sentido. Portanto, pense: sobre o que exatamente esse texto
ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certamente você chegou à
do texto. conclusão de que o texto fala sobre a relação entre homens e cães.
O primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é Se foi isso que você pensou, parabéns! Isso significa que você foi
a identificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-se capaz de identificar o tema do texto!
as ideias secundárias, ou fundamentações, as argumentações,
ou explicações, que levem ao esclarecimento das questões Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-ideias-se-
apresentadas na prova. cundarias/
Compreendido tudo isso, interpretar significa extrair um
significado. Ou seja, a ideia está lá, às vezes escondida, e por isso IDENTIFICAÇÃO DE EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM
o candidato só precisa entendê-la – e não a complementar com TEXTOS VARIADOS
algum valor individual. Portanto, apegue-se tão somente ao texto, e
nunca extrapole a visão dele. Ironia
Ironia é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que
IDENTIFICANDO O TEMA DE UM TEXTO está pensando ou sentindo (ou por pudor em relação a si próprio ou
O tema é a ideia principal do texto. É com base nessa ideia com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem).
principal que o texto será desenvolvido. Para que você consiga A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou ex-
identificar o tema de um texto, é necessário relacionar as diferen- pressão que, em um outro contexto diferente do usual, ganha um
tes informações de forma a construir o seu sentido global, ou seja, novo sentido, gerando um efeito de humor.
você precisa relacionar as múltiplas partes que compõem um todo Exemplo:
significativo, que é o texto.
Em muitas situações, por exemplo, você foi estimulado a ler um
texto por sentir-se atraído pela temática resumida no título. Pois o
título cumpre uma função importante: antecipar informações sobre
o assunto que será tratado no texto.
Em outras situações, você pode ter abandonado a leitura por-
que achou o título pouco atraente ou, ao contrário, sentiu-se atraí-
do pelo título de um livro ou de um filme, por exemplo. É muito
comum as pessoas se interessarem por temáticas diferentes, de-
pendendo do sexo, da idade, escolaridade, profissão, preferências
pessoais e experiência de mundo, entre outros fatores.
Mas, sobre que tema você gosta de ler? Esportes, namoro, se-
xualidade, tecnologia, ciências, jogos, novelas, moda, cuidados com
o corpo? Perceba, portanto, que as temáticas são praticamente in-
finitas e saber reconhecer o tema de um texto é condição essen-
cial para se tornar um leitor hábil. Vamos, então, começar nossos
estudos?
Propomos, inicialmente, que você acompanhe um exercício
bem simples, que, intuitivamente, todo leitor faz ao ler um texto:
reconhecer o seu tema. Vamos ler o texto a seguir?

CACHORROS

Os zoólogos acreditam que o cachorro se originou de uma


espécie de lobo que vivia na Ásia. Depois os cães se juntaram aos
seres humanos e se espalharam por quase todo o mundo. Essa ami-

2
LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplo:

Na construção de um texto, ela pode aparecer em três modos:


ironia verbal, ironia de situação e ironia dramática (ou satírica).
ANÁLISE E A INTERPRETAÇÃO DO TEXTO SEGUNDO O GÊ-
Ironia verbal NERO EM QUE SE INSCREVE
Ocorre quando se diz algo pretendendo expressar outro sig- Compreender um texto trata da análise e decodificação do que
nificado, normalmente oposto ao sentido literal. A expressão e a de fato está escrito, seja das frases ou das ideias presentes. Inter-
intenção são diferentes. pretar um texto, está ligado às conclusões que se pode chegar ao
Exemplo: Você foi tão bem na prova! Tirou um zero incrível! conectar as ideias do texto com a realidade. Interpretação trabalha
com a subjetividade, com o que se entendeu sobre o texto.
Ironia de situação Interpretar um texto permite a compreensão de todo e qual-
A intenção e resultado da ação não estão alinhados, ou seja, o quer texto ou discurso e se amplia no entendimento da sua ideia
resultado é contrário ao que se espera ou que se planeja. principal. Compreender relações semânticas é uma competência
Exemplo: Quando num texto literário uma personagem planeja imprescindível no mercado de trabalho e nos estudos.
uma ação, mas os resultados não saem como o esperado. No li- Quando não se sabe interpretar corretamente um texto pode-
vro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, a -se criar vários problemas, afetando não só o desenvolvimento pro-
personagem título tem obsessão por ficar conhecida. Ao longo da fissional, mas também o desenvolvimento pessoal.
vida, tenta de muitas maneiras alcançar a notoriedade sem suces-
so. Após a morte, a personagem se torna conhecida. A ironia é que Busca de sentidos
planejou ficar famoso antes de morrer e se tornou famoso após a Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo
morte. os tópicos frasais presentes em cada parágrafo. Isso auxiliará na
apreensão do conteúdo exposto.
Ironia dramática (ou satírica) Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem uma
A ironia dramática é um dos efeitos de sentido que ocorre nos relação hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias já
textos literários quando a personagem tem a consciência de que citadas ou apresentando novos conceitos.
suas ações não serão bem-sucedidas ou que está entrando por um Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram explici-
caminho ruim, mas o leitor já tem essa consciência. tadas pelo autor. Textos argumentativos não costumam conceder
Exemplo: Em livros com narrador onisciente, que sabe tudo o espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas
que se passa na história com todas as personagens, é mais fácil apa- entrelinhas. Deve-se ater às ideias do autor, o que não quer dizer
recer esse tipo de ironia. A peça como Romeu e Julieta, por exem- que o leitor precise ficar preso na superfície do texto, mas é fun-
plo, se inicia com a fala que relata que os protagonistas da história damental que não sejam criadas suposições vagas e inespecíficas.
irão morrer em decorrência do seu amor. As personagens agem ao
longo da peça esperando conseguir atingir seus objetivos, mas a Importância da interpretação
plateia já sabe que eles não serão bem-sucedidos. A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para se
informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e a inter-
Humor pretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de conteúdos
Nesse caso, é muito comum a utilização de situações que pare- específicos, aprimora a escrita.
çam cômicas ou surpreendentes para provocar o efeito de humor. Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros fa-
Situações cômicas ou potencialmente humorísticas comparti- tores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos dos detalhes pre-
lham da característica do efeito surpresa. O humor reside em ocor- sentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz sufi-
rer algo fora do esperado numa situação. ciente. Interpretar exige paciência e, por isso, sempre releia o texto,
Há diversas situações em que o humor pode aparecer. Há as ti- pois a segunda leitura pode apresentar aspectos surpreendentes
rinhas e charges, que aliam texto e imagem para criar efeito cômico; que não foram observados previamente. Para auxiliar na busca de
há anedotas ou pequenos contos; e há as crônicas, frequentemente sentidos do texto, pode-se também retirar dele os tópicos frasais
acessadas como forma de gerar o riso. presentes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará na apreen-
Os textos com finalidade humorística podem ser divididos em são do conteúdo exposto. Lembre-se de que os parágrafos não es-
quatro categorias: anedotas, cartuns, tiras e charges. tão organizados, pelo menos em um bom texto, de maneira aleató-
ria, se estão no lugar que estão, é porque ali se fazem necessários,
estabelecendo uma relação hierárquica do pensamento defendido,
retomando ideias já citadas ou apresentando novos conceitos.

3
LÍNGUA PORTUGUESA
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo au- Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como objetivo
tor: os textos argumentativos não costumam conceder espaço para de informar, aconselhar, ou seja, recomendam dando uma certa li-
divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas. berdade para quem recebe a informação.
Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer que você
precise ficar preso na superfície do texto, mas é fundamental que DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO SOBRE ESSE FATO
não criemos, à revelia do autor, suposições vagas e inespecíficas.
Ler com atenção é um exercício que deve ser praticado à exaustão, Fato
assim como uma técnica, que fará de nós leitores proficientes. O fato é algo que aconteceu ou está acontecendo. A existência
do fato pode ser constatada de modo indiscutível. O fato pode é
Diferença entre compreensão e interpretação uma coisa que aconteceu e pode ser comprovado de alguma manei-
A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do ra, através de algum documento, números, vídeo ou registro.
texto e verificar o que realmente está escrito nele. Já a interpreta- Exemplo de fato:
ção imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade. O A mãe foi viajar.
leitor tira conclusões subjetivas do texto.
Interpretação
Gêneros Discursivos É o ato de dar sentido ao fato, de entendê-lo. Interpretamos
Romance: descrição longa de ações e sentimentos de perso- quando relacionamos fatos, os comparamos, buscamos suas cau-
nagens fictícios, podendo ser de comparação com a realidade ou sas, previmos suas consequências.
totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e uma Entre o fato e sua interpretação há uma relação lógica: se apon-
novela é a extensão do texto, ou seja, o romance é mais longo. No tamos uma causa ou consequência, é necessário que seja plausível.
romance nós temos uma história central e várias histórias secun- Se comparamos fatos, é preciso que suas semelhanças ou diferen-
dárias. ças sejam detectáveis.

Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmente Exemplos de interpretação:
imaginário. Com linguagem linear e curta, envolve poucas perso- A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
nagens, que geralmente se movimentam em torno de uma única tro país.
ação, dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas ações A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
encaminham-se diretamente para um desfecho. do que com a filha.

Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferencia- Opinião


do por sua extensão. Ela fica entre o conto e o romance, e tem a A opinião é a avaliação que se faz de um fato considerando um
história principal, mas também tem várias histórias secundárias. O juízo de valor. É um julgamento que tem como base a interpretação
tempo na novela é baseada no calendário. O tempo e local são de- que fazemos do fato.
finidos pelas histórias dos personagens. A história (enredo) tem um Nossas opiniões costumam ser avaliadas pelo grau de coerên-
ritmo mais acelerado do que a do romance por ter um texto mais cia que mantêm com a interpretação do fato. É uma interpretação
do fato, ou seja, um modo particular de olhar o fato. Esta opinião
curto.
pode alterar de pessoa para pessoa devido a fatores socioculturais.
Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações que
Exemplos de opiniões que podem decorrer das interpretações
nós mesmos já vivemos e normalmente é utilizado a ironia para
anteriores:
mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica o tempo não
A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
é relevante e quando é citado, geralmente são pequenos intervalos
tro país. Ela tomou uma decisão acertada.
como horas ou mesmo minutos.
A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
do que com a filha. Ela foi egoísta.
Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da lin-
guagem, fazendo-o de maneira particular, refletindo o momento, Muitas vezes, a interpretação já traz implícita uma opinião.
a vida dos homens através de figuras que possibilitam a criação de Por exemplo, quando se mencionam com ênfase consequên-
imagens. cias negativas que podem advir de um fato, se enaltecem previsões
positivas ou se faz um comentário irônico na interpretação, já esta-
Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a mos expressando nosso julgamento.
opinião do editor através de argumentos e fatos sobre um assunto É muito importante saber a diferença entre o fato e opinião,
que está sendo muito comentado (polêmico). Sua intenção é con- principalmente quando debatemos um tema polêmico ou quando
vencer o leitor a concordar com ele. analisamos um texto dissertativo.

Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de um Exemplo:


entrevistador e um entrevistado para a obtenção de informações. A mãe viajou e deixou a filha só. Nem deve estar se importando
Tem como principal característica transmitir a opinião de pessoas com o sofrimento da filha.
de destaque sobre algum assunto de interesse.
ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS
Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materiali- Uma boa redação é dividida em ideias relacionadas entre si
za em uma concretude da realidade. A cantiga de roda permite as ajustadas a uma ideia central que norteia todo o pensamento do
crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita, ajudando texto. Um dos maiores problemas nas redações é estruturar as
os professores a identificar o nível de alfabetização delas. ideias para fazer com que o leitor entenda o que foi dito no texto.
Fazer uma estrutura no texto para poder guiar o seu pensamento
e o do leitor.

4
LÍNGUA PORTUGUESA
Parágrafo Língua escrita e língua falada
O parágrafo organizado em torno de uma ideia-núcleo, que é A língua escrita não é a simples reprodução gráfica da língua
desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser forma- falada, por que os sinais gráficos não conseguem registrar grande
do por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. No texto parte dos elementos da fala, como o timbre da voz, a entonação, e
dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar todos rela- ainda os gestos e a expressão facial. Na realidade a língua falada é
cionados com a tese ou ideia principal do texto, geralmente apre- mais descontraída, espontânea e informal, porque se manifesta na
sentada na introdução. conversação diária, na sensibilidade e na liberdade de expressão
do falante. Nessas situações informais, muitas regras determinadas
Embora existam diferentes formas de organização de parágra- pela língua padrão são quebradas em nome da naturalidade, da li-
fos, os textos dissertativo-argumentativos e alguns gêneros jornalís- berdade de expressão e da sensibilidade estilística do falante.
ticos apresentam uma estrutura-padrão. Essa estrutura consiste em
três partes: a ideia-núcleo, as ideias secundárias (que desenvolvem Linguagem popular e linguagem culta
a ideia-núcleo) e a conclusão (que reafirma a ideia-básica). Em pa- Podem valer-se tanto da linguagem popular quanto da lingua-
rágrafos curtos, é raro haver conclusão. gem culta. Obviamente a linguagem popular é mais usada na fala,
nas expressões orais cotidianas. Porém, nada impede que ela esteja
Introdução: faz uma rápida apresentação do assunto e já traz presente em poesias (o Movimento Modernista Brasileiro procurou
uma ideia da sua posição no texto, é normalmente aqui que você valorizar a linguagem popular), contos, crônicas e romances em que
irá identificar qual o problema do texto, o porque ele está sendo o diálogo é usado para representar a língua falada.
escrito. Normalmente o tema e o problema são dados pela própria
prova. Linguagem Popular ou Coloquial
Usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase
Desenvolvimento: elabora melhor o tema com argumentos e sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de lin-
ideias que apoiem o seu posicionamento sobre o assunto. É possí- guagem (solecismo – erros de regência e concordância; barbarismo
vel usar argumentos de várias formas, desde dados estatísticos até – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia; pleo-
citações de pessoas que tenham autoridade no assunto. nasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela coordenação,
que ressalta o caráter oral e popular da língua. A linguagem popular
Conclusão: faz uma retomada breve de tudo que foi abordado está presente nas conversas familiares ou entre amigos, anedotas,
e conclui o texto. Esta última parte pode ser feita de várias maneiras irradiação de esportes, programas de TV e auditório, novelas, na
diferentes, é possível deixar o assunto ainda aberto criando uma expressão dos esta dos emocionais etc.
pergunta reflexiva, ou concluir o assunto com as suas próprias con-
clusões a partir das ideias e argumentos do desenvolvimento. A Linguagem Culta ou Padrão
É a ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que
Outro aspecto que merece especial atenção são  os conecto- se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pessoas ins-
res. São responsáveis pela coesão do texto e tornam a leitura mais truídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediên-
fluente, visando estabelecer um encadeamento lógico entre as cia às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem
ideias e servem de ligação entre o parágrafo, ou no interior do pe- escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial,
ríodo, e o tópico que o antecede. mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas,
Saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase, quanto conferências, sermões, discursos políticos, comunicações científi-
ao passar de um enunciado para outro, é uma exigência também cas, noticiários de TV, programas culturais etc.
para a clareza do texto.
Sem os conectores (pronomes relativos, conjunções, advér- Gíria
A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais como
bios, preposições, palavras denotativas) as ideias não fluem, muitas
arma de defesa contra as classes dominantes. Esses grupos utilizam
vezes o pensamento não se completa, e o texto torna-se obscuro,
a gíria como meio de expressão do cotidiano, para que as mensa-
sem coerência.
gens sejam decodificadas apenas por eles mesmos.
Esta estrutura é uma das mais utilizadas em textos argumenta-
Assim a gíria é criada por determinados grupos que divulgam
tivos, e por conta disso é mais fácil para os leitores.
o palavreado para outros grupos até chegar à mídia. Os meios de
Existem diversas formas de se estruturar cada etapa dessa es-
comunicação de massa, como a televisão e o rádio, propagam os
trutura de texto, entretanto, apenas segui-la já leva ao pensamento
novos vocábulos, às vezes, também inventam alguns. A gíria pode
mais direto. acabar incorporada pela língua oficial, permanecer no vocabulário
de pequenos grupos ou cair em desuso.
NÍVEIS DE LINGUAGEM Ex.: “chutar o pau da barraca”, “viajar na maionese”, “galera”,
“mina”, “tipo assim”.
Definição de linguagem
Linguagem é qualquer meio sistemático de comunicar ideias Linguagem vulgar
ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos, Existe uma linguagem vulgar relacionada aos que têm pouco
gestuais etc. A linguagem é individual e flexível e varia dependendo ou nenhum contato com centros civilizados. Na linguagem vulgar
da idade, cultura, posição social, profissão etc. A maneira de arti- há estruturas com “nóis vai, lá”, “eu di um beijo”, “Ponhei sal na
cular as palavras, organizá-las na frase, no texto, determina nossa comida”.
linguagem, nosso estilo (forma de expressão pessoal).
As inovações linguísticas, criadas pelo falante, provocam, com Linguagem regional
o decorrer do tempo, mudanças na estrutura da língua, que só as Regionalismos são variações geográficas do uso da língua pa-
incorpora muito lentamente, depois de aceitas por todo o grupo drão, quanto às construções gramaticais e empregos de certas pala-
social. Muitas novidades criadas na linguagem não vingam na língua vras e expressões. Há, no Brasil, por exemplo, os falares amazônico,
e caem em desuso. nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino.

5
LÍNGUA PORTUGUESA
Tipos e genêros textuais Tipo textual expositivo
Os tipos textuais configuram-se como modelos fixos e abran- A dissertação é o ato de apresentar ideias, desenvolver racio-
gentes que objetivam a distinção e definição da estrutura, bem cínio, analisar contextos, dados e fatos, por meio de exposição,
como aspectos linguísticos de narração, dissertação, descrição e discussão, argumentação e defesa do que pensamos. A dissertação
explicação. Eles apresentam estrutura definida e tratam da forma pode ser expositiva ou argumentativa.
como um texto se apresenta e se organiza. Existem cinco tipos clás- A dissertação-expositiva é caracterizada por esclarecer um as-
sicos que aparecem em provas: descritivo, injuntivo, expositivo (ou sunto de maneira atemporal, com o objetivo de explicá-lo de ma-
dissertativo-expositivo) dissertativo e narrativo. Vejamos alguns neira clara, sem intenção de convencer o leitor ou criar debate.
exemplos e as principais características de cada um deles.
Características principais:
Tipo textual descritivo • Apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão.
A descrição é uma modalidade de composição textual cujo • O objetivo não é persuadir, mas meramente explicar, infor-
objetivo é fazer um retrato por escrito (ou não) de um lugar, uma mar.
pessoa, um animal, um pensamento, um sentimento, um objeto, • Normalmente a marca da dissertação é o verbo no presente.
um movimento etc. • Amplia-se a ideia central, mas sem subjetividade ou defesa
Características principais: de ponto de vista.
• Os recursos formais mais encontrados são os de valor adje- • Apresenta linguagem clara e imparcial.
tivo (adjetivo, locução adjetiva e oração adjetiva), por sua função
caracterizadora. Exemplo:
• Há descrição objetiva e subjetiva, normalmente numa enu- O texto dissertativo consiste na ampliação, na discussão, no
meração. questionamento, na reflexão, na polemização, no debate, na ex-
• A noção temporal é normalmente estática. pressão de um ponto de vista, na explicação a respeito de um de-
• Normalmente usam-se verbos de ligação para abrir a defini- terminado tema.
ção. Existem dois tipos de dissertação bem conhecidos: a disserta-
• Normalmente aparece dentro de um texto narrativo. ção expositiva (ou informativa) e a argumentativa (ou opinativa).
• Os gêneros descritivos mais comuns são estes: manual, anún- Portanto, pode-se dissertar simplesmente explicando um as-
cio, propaganda, relatórios, biografia, tutorial. sunto, imparcialmente, ou discutindo-o, parcialmente.

Exemplo: Tipo textual dissertativo-argumentativo


Era uma casa muito engraçada Este tipo de texto — muito frequente nas provas de concur-
Não tinha teto, não tinha nada sos — apresenta posicionamentos pessoais e exposição de ideias
Ninguém podia entrar nela, não apresentadas de forma lógica. Com razoável grau de objetividade,
Porque na casa não tinha chão clareza, respeito pelo registro formal da língua e coerência, seu in-
Ninguém podia dormir na rede tuito é a defesa de um ponto de vista que convença o interlocutor
Porque na casa não tinha parede (leitor ou ouvinte).
Ninguém podia fazer pipi
Porque penico não tinha ali Características principais:
Mas era feita com muito esmero • Presença de estrutura básica (introdução, desenvolvimento
Na rua dos bobos, número zero e conclusão): ideia principal do texto (tese); argumentos (estraté-
(Vinícius de Moraes) gias argumentativas: causa-efeito, dados estatísticos, testemunho
de autoridade, citações, confronto, comparação, fato, exemplo,
TIPO TEXTUAL INJUNTIVO enumeração...); conclusão (síntese dos pontos principais com su-
A injunção indica como realizar uma ação, aconselha, impõe, gestão/solução).
instrui o interlocutor. Chamado também de texto instrucional, o • Utiliza verbos na 1ª pessoa (normalmente nas argumentações
tipo de texto injuntivo é utilizado para predizer acontecimentos e informais) e na 3ª pessoa do presente do indicativo (normalmente
comportamentos, nas leis jurídicas. nas argumentações formais) para imprimir uma atemporalidade e
um caráter de verdade ao que está sendo dito.
Características principais: • Privilegiam-se as estruturas impessoais, com certas modali-
• Normalmente apresenta frases curtas e objetivas, com ver- zações discursivas (indicando noções de possibilidade, certeza ou
bos de comando, com tom imperativo; há também o uso do futuro probabilidade) em vez de juízos de valor ou sentimentos exaltados.
do presente (10 mandamentos bíblicos e leis diversas). • Há um cuidado com a progressão temática, isto é, com o
• Marcas de interlocução: vocativo, verbos e pronomes de 2ª desenvolvimento coerente da ideia principal, evitando-se ro-
pessoa ou 1ª pessoa do plural, perguntas reflexivas etc. deios.
Exemplo: Exemplo:
Impedidos do Alistamento Eleitoral (art. 5º do Código Eleito- A maioria dos problemas existentes em um país em desenvol-
ral) – Não podem alistar-se eleitores: os que não saibam exprimir-se vimento, como o nosso, podem ser resolvidos com uma eficiente
na língua nacional, e os que estejam privados, temporária ou defi- administração política (tese), porque a força governamental certa-
nitivamente dos direitos políticos. Os militares são alistáveis, desde mente se sobrepõe a poderes paralelos, os quais – por negligência
que oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-marinha, subtenentes ou de nossos representantes – vêm aterrorizando as grandes metró-
suboficiais, sargentos ou alunos das escolas militares de ensino su- poles. Isso ficou claro no confronto entre a força militar do RJ e os
perior para formação de oficiais. traficantes, o que comprovou uma verdade simples: se for do desejo
dos políticos uma mudança radical visando o bem-estar da popula-
ção, isso é plenamente possível (estratégia argumentativa: fato-

6
LÍNGUA PORTUGUESA
-exemplo). É importante salientar, portanto, que não devemos ficar Dissertativo-argumentativo Editorial Jornalístico
de mãos atadas à espera de uma atitude do governo só quando o Carta de opinião
caos se estabelece; o povo tem e sempre terá de colaborar com uma Resenha
cobrança efetiva (conclusão). Artigo
Ensaio
Tipo textual narrativo Monografia, dissertação de
O texto narrativo é uma modalidade textual em que se conta mestrado e tese de doutorado
um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lu-
gar, envolvendo certos personagens. Toda narração tem um enredo, Narrativo Romance
personagens, tempo, espaço e narrador (ou foco narrativo). Novela
Crônica
Características principais: Contos de Fada
• O tempo verbal predominante é o passado. Fábula
• Foco narrativo com narrador de 1ª pessoa (participa da his- Lendas
tória – onipresente) ou de 3ª pessoa (não participa da história –
onisciente). Sintetizando: os tipos textuais são fixos, finitos e tratam da for-
• Normalmente, nos concursos públicos, o texto aparece em ma como o texto se apresenta. Os gêneros textuais são fluidos, infi-
prosa, não em verso. nitos e mudam de acordo com a demanda social.

Exemplo: INTERTEXTUALIDADE
Solidão A  intertextualidade  é um recurso realizado entre textos, ou
João era solteiro, vivia só e era feliz. Na verdade, a solidão era seja, é a influência e relação que um estabelece sobre o outro. As-
o que o tornava assim. Conheceu Maria, também solteira, só e fe- sim, determina o fenômeno relacionado ao processo de produção
liz. Tão iguais, a afinidade logo se transforma em paixão. Casam-se. de textos que faz referência (explícita ou implícita) aos elementos
Dura poucas semanas. Não havia mesmo como dar certo: ao se uni- existentes em outro texto, seja a nível de conteúdo, forma ou de
rem, um tirou do outro a essência da felicidade. ambos: forma e conteúdo.
Nelson S. Oliveira Grosso modo, a intertextualidade é o diálogo entre textos, de
Fonte: https://www.recantodasletras.com.br/contossur- forma que essa relação pode ser estabelecida entre as produções
reais/4835684 textuais que apresentem diversas linguagens (visual, auditiva, escri-
ta), sendo expressa nas artes (literatura, pintura, escultura, música,
GÊNEROS TEXTUAIS dança, cinema), propagandas publicitárias, programas televisivos,
Já os gêneros textuais (ou discursivos) são formas diferentes provérbios, charges, dentre outros.
de expressão comunicativa. As muitas formas de elaboração de um
texto se tornam gêneros, de acordo com a intenção do seu pro- Tipos de Intertextualidade
dutor. Logo, os gêneros apresentam maior diversidade e exercem • Paródia: perversão do texto anterior que aparece geralmen-
funções sociais específicas, próprias do dia a dia. Ademais, são te, em forma de crítica irônica de caráter humorístico. Do grego (paro-
passíveis de modificações ao longo do tempo, mesmo que preser- dès), a palavra “paródia” é formada pelos termos “para” (semelhante)
vando características preponderantes. Vejamos, agora, uma tabela e “odes” (canto), ou seja, “um canto (poesia) semelhante a outro”. Esse
que apresenta alguns gêneros textuais classificados com os tipos recurso é muito utilizado pelos programas humorísticos.
textuais que neles predominam. • Paráfrase: recriação de um texto já existente mantendo a
mesma ideia contida no texto original, entretanto, com a utilização
de outras palavras. O vocábulo “paráfrase”, do grego (paraphrasis),
Tipo Textual Predominante Gêneros Textuais
significa a “repetição de uma sentença”.
Descritivo Diário • Epígrafe: recurso bastante utilizado em obras e textos cientí-
Relatos (viagens, históricos, etc.) ficos. Consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha
Biografia e autobiografia alguma relação com o que será discutido no texto. Do grego, o ter-
Notícia mo “epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior)
Currículo e “graphé” (escrita).
Lista de compras • Citação: Acréscimo de partes de outras obras numa produção
Cardápio textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem expressa
Anúncios de classificados entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro autor.
Injuntivo Receita culinária Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação sem re-
Bula de remédio lacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o termo
Manual de instruções “citação” (citare) significa convocar.
Regulamento • Alusão: Faz referência aos elementos presentes em outros
Textos prescritivos textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois
termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).
Expositivo Seminários • Outras formas de intertextualidade menos discutidas são
Palestras o pastiche, o sample, a tradução e a bricolagem.
Conferências
Entrevistas ARGUMENTAÇÃO
Trabalhos acadêmicos O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma informa-
Enciclopédia ção a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem positiva
Verbetes de dicionários de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, ou inteligente,

7
LÍNGUA PORTUGUESA
ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz seja admitido como instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso argumentati-
verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de convencer, ou seja, tem vo na afirmação da confiabilidade de um banco. Portanto é provável
o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e faça o que ele que se creia que um banco mais antigo seja mais confiável do que
propõe. outro fundado há dois ou três anos.
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante enten-
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo der bem como eles funcionam.
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
vista defendidos. acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o auditó-
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas rio, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fácil quanto
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a mais os argumentos estiverem de acordo com suas crenças, suas
veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse expectativas, seus valores. Não se pode convencer um auditório
acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocu- pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas que ele abomi-
tor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o na. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas que ele considera
que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem com frequência
da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recur- associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos Estados Unidos,
sos de linguagem. essa associação certamente não surtiria efeito, porque lá o futebol
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom não é valorizado da mesma forma que no Brasil. O poder persuasivo
voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa de um argumento está vinculado ao que é valorizado ou desvalori-
obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de zado numa dada cultura.
escolher entre duas ou mais coisas”.
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma des- Tipos de Argumento
vantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argumentar. Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a fa-
Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas zer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um argu-
coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, pre- mento. Exemplo:
cisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O argu-
mento pode então ser definido como qualquer recurso que torna Argumento de Autoridade
uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua no É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas
domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor crer pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber, para
que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais pos- servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse recur-
sível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra. so produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do produtor
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao texto a
um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do texto
enunciador está propondo. um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e ver-
Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação. dadeira. Exemplo:
O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende “A imaginação é mais importante do que o conhecimento.”
demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das pre-
missas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos postulados Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para
admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não dependem de ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há conhe-
crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadea- cimento. Nunca o inverso.
mento de premissas e conclusões. Alex José Periscinoto.
Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento: In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2
A é igual a B.
A é igual a C. A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais impor-
Então: C é igual a A. tante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir a ela,
o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. Se
Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente, um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem
que C é igual a A. acreditar que é verdade.
Outro exemplo:
Todo ruminante é um mamífero. Argumento de Quantidade
A vaca é um ruminante. É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior nú-
Logo, a vaca é um mamífero. mero de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior
duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento
Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz
também será verdadeira. largo uso do argumento de quantidade.
No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-se Argumento do Consenso
mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais plau- É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se
sível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-se mais em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como
confiável do que os concorrentes porque existe desde a chegada verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que o
da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-nos que um objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia de
banco com quase dois séculos de existência é sólido e, por isso, con- que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao indiscu-
fiável. Embora não haja relação necessária entre a solidez de uma tível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que não

8
LÍNGUA PORTUGUESA
desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, as - Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque al-
afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de que guns deles são barrapesada, a gente botou o governador no hospi-
as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. Ao tal por três dias.
confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos argu-
mentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as frases Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumen-
carentes de qualquer base científica. tativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, para ser
ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunicação
Argumento de Existência deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que pretenda ser, um
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar texto tem sempre uma orientação argumentativa.
aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante
provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o ar- traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um
gumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na mão homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo
do que dois voando”. ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza.
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto
(fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas concre- dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos episó-
tas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. Durante dios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e não
a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o exérci- outras, etc. Veja:
to americano era muito mais poderoso do que o iraquiano. Essa “O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras troca-
afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia ser vam abraços afetuosos.”
vista como propagandística. No entanto, quando documentada pela
comparação do número de canhões, de carros de combate, de na- O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras
vios, etc., ganhava credibilidade. e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse
fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até,
Argumento quase lógico que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada.
É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa Além dos defeitos de argumentação mencionados quando tra-
e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios são tamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros:
chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios lógi- - Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão am-
cos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias entre os plo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu contrá-
elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis, plausí- rio. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, pode ser
veis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a C”, “en- usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras podem ter valor
tão A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade lógica. positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) ou vir carregadas
Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu amigo” de valor negativo (autoritarismo, degradação do meio ambiente,
não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade provável. injustiça, corrupção).
Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente - Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas por
aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que con- um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são
correm para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir do ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir
tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se o argumento.
fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais - Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do con-
com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações texto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e
indevidas. atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por
exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite
Argumento do Atributo que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido,
É aquele que considera melhor o que tem propriedades típi- uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir
cas daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais outros à sua dependência política e econômica”.
raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o
que é mais grosseiro, etc. A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situa-
Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, ce- ção concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvi-
lebridades recomendando prédios residenciais, produtos de beleza, dos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação,
alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o consumidor tende o assunto, etc).
a associar o produto anunciado com atributos da celebridade. Convém ainda alertar que não se convence ninguém com mani-
Uma variante do argumento de atributo é o argumento da festações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo men-
competência linguística. A utilização da variante culta e formal da tir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas feitas
língua que o produtor do texto conhece a norma linguística social- (como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é evidente,
mente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um texto afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, em seu texto,
em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o modo de
sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador deve
dizer dá confiabilidade ao que se diz.
construir um texto que revele isso. Em outros termos, essas quali-
Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saúde
dades não se prometem, manifestam-se na ação.
de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas manei-
A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer
ras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais ade-
verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a
quada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria certa
que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz.
estranheza e não criaria uma imagem de competência do médico:
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um
- Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em
conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui
por bem determinar o internamento do governador pelo período a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. Ar-
de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001. gumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações para che-

9
LÍNGUA PORTUGUESA
gar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é um processo - evidência;
de convencimento, por meio da argumentação, no qual procura-se - divisão ou análise;
convencer os outros, de modo a influenciar seu pensamento e seu - ordem ou dedução;
comportamento. - enumeração.
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão váli-
da, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia ou pro- A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão
posição, e o interlocutor pode questionar cada passo do raciocínio e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o
empregado na argumentação. A persuasão não válida apoia-se em encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo.
argumentos subjetivos, apelos subliminares, chantagens sentimen- A forma de argumentação mais empregada na redação acadê-
tais, com o emprego de “apelações”, como a inflexão de voz, a mí- mica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, que
mica e até o choro. contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e a con-
Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades, clusão. As três proposições são encadeadas de tal forma, que a con-
expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a fa- clusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A premissa
vor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresen- maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois alguns não
ta dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos caracteriza a universalidade.
dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução (silo-
“tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na disserta- gística), que parte do geral para o particular, e a indução, que vai do
ção, ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. Desse particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo é o
ponto de vista, a dissertação pode ser definida como discussão, de- silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se em
bate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento, a uma conexão descendente (do geral para o particular) que leva à
possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais, de
de questionar é fundamental, mas não é suficiente para organizar verdades universais, pode-se chegar à previsão ou determinação de
um texto dissertativo. É necessária também a exposição dos fun- fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai da causa para
damentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de vista. o efeito. Exemplo:
Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude argu-
mentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de dis- Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal)
curso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia. Fulano é homem (premissa menor = particular)
Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições, Logo, Fulano é mortal (conclusão)
é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e
seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas ve- A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseia-
zes, a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre, se em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse
essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício para caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, par-
aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em desenvol- te de fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconheci-
ver as seguintes habilidades: dos. O percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo:
- argumentação: anotar todos os argumentos a favor de uma O calor dilata o ferro (particular)
ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição total- O calor dilata o bronze (particular)
mente contrária; O calor dilata o cobre (particular)
- contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os O ferro, o bronze, o cobre são metais
argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresenta- Logo, o calor dilata metais (geral, universal)
ria contra a argumentação proposta;
- refutação: argumentos e razões contra a argumentação opos- Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido
ta. e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas
também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fatos,
A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, ar- pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma conclu-
gumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões são falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição inexata,
válidas, como se procede no método dialético. O método dialético uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa analogia são
não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas. algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe má fé, intenção
Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo de deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o sofisma não tem
sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno em ques-
essas intenções propositais, costuma-se chamar esse processo de
tão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade.
argumentação de paralogismo. Encontra-se um exemplo simples de
Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou o mé-
sofisma no seguinte diálogo:
todo de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que parte do
- Você concorda que possui uma coisa que não perdeu?
simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência são a mes-
- Lógico, concordo.
ma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a conclusões
- Você perdeu um brilhante de 40 quilates?
verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em partes, co-
- Claro que não!
meçando-se pelas proposições mais simples até alcançar, por meio
de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio cartesiana, - Então você possui um brilhante de 40 quilates...
é fundamental determinar o problema, dividi-lo em partes, ordenar
os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os seus elementos Exemplos de sofismas:
e determinar o lugar de cada um no conjunto da dedução.
A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a Dedução
argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro Todo professor tem um diploma (geral, universal)
regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma Fulano tem um diploma (particular)
série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa)
da verdade:

10
LÍNGUA PORTUGUESA
Indução nos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores são
O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. (parti- empregados de modo mais ou menos convencional. A classificação,
cular) no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, gêneros e
Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular) espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas caracterís-
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades. ticas comuns e diferenciadoras. A classificação dos variados itens
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral integrantes de uma lista mais ou menos caótica é artificial.
– conclusão falsa)
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão,
Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio,
pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são profes- sabiá, torradeira.
sores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Redentor. Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá.
Comete-se erro quando se faz generalizações apressadas ou infun- Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo.
dadas. A “simples inspeção” é a ausência de análise ou análise su- Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira.
perficial dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, basea- Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus.
dos nos sentimentos não ditados pela razão.
Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não fundamen- Os elementos desta lista foram classificados por ordem alfabé-
tais, que contribuem para a descoberta ou comprovação da verda- tica e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer critérios de
de: análise, síntese, classificação e definição. Além desses, existem classificação das ideias e argumentos, pela ordem de importância, é
outros métodos particulares de algumas ciências, que adaptam os uma habilidade indispensável para elaborar o desenvolvimento de
processos de dedução e indução à natureza de uma realidade par- uma redação. Tanto faz que a ordem seja crescente, do fato mais
ticular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu método próprio importante para o menos importante, ou decrescente, primeiro
demonstrativo, comparativo, histórico etc. A análise, a síntese, a o menos importante e, no final, o impacto do mais importante; é
classificação a definição são chamadas métodos sistemáticos, por- indispensável que haja uma lógica na classificação. A elaboração
que pela organização e ordenação das ideias visam sistematizar a do plano compreende a classificação das partes e subdivisões, ou
pesquisa. seja, os elementos do plano devem obedecer a uma hierarquização.
Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados; (Garcia, 1973, p. 302304.)
a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para o Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na in-
todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma de- trodução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para expres-
pende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto a sar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara e racio-
síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém, nalmente as posições assumidas e os argumentos que as justificam.
que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém É muito importante deixar claro o campo da discussão e a posição
reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também os pontos
o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstruiria
de vista sobre ele.
todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combina-
A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da lingua-
das, seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então,
gem e consiste na enumeração das qualidades próprias de uma
o relógio estaria reconstruído.
ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento conforme a
Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo por
espécie a que pertence, demonstra: a característica que o diferen-
meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num con-
cia dos outros elementos dessa mesma espécie.
junto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a análise,
Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição
que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma decompo-
é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. A
sição organizada, é preciso saber como dividir o todo em partes. As
operações que se realizam na análise e na síntese podem ser assim definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às pa-
relacionadas: lavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou
Análise: penetrar, decompor, separar, dividir. metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica
Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir. tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos:
- o termo a ser definido;
A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias - o gênero ou espécie;
a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação - a diferença específica.
de abordagens possíveis. A síntese também é importante na esco-
lha dos elementos que farão parte do texto. O que distingue o termo definido de outros elementos da mes-
Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou in- ma espécie. Exemplo:
formal. A análise formal pode ser científica ou experimental; é ca-
racterística das ciências matemáticas, físico-naturais e experimen- Na frase: O homem é um animal racional classifica-se:
tais. A análise informal é racional ou total, consiste em “discernir”
por vários atos distintos da atenção os elementos constitutivos de
um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou fenômeno.
A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabe- Elemento especie diferença
lece as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as a ser definido específica
partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se
confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos: É muito comum formular definições de maneira defeituosa,
análise é decomposição e classificação é hierarquisação. por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em par-
Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenôme- tes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando é
nos por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é
classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou me- forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importan-

11
LÍNGUA PORTUGUESA
te é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973, ou melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme,
p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”. segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no
Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos: entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela
- o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece,
que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está assim, desse ponto de vista.
realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de
ou instalação”; elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração
- o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são
exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restrito frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, de-
para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade; pois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, de-
- deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade, pois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente,
definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”; respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de
- deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí,
definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem” além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no
não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem); interior, nas grandes cidades, no sul, no leste...
- deve ser breve (contida num só período). Quando a definição, Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de se estabe-
ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos lecer a comparação, com a finalidade de comprovar uma ideia ou opinião.
ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição expan- Na analogia, são comuns as expressões: da mesma forma, tal como, tanto
dida;d quanto, assim como, igualmente. Para estabelecer contraste, empregam-
- deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) + -se as expressões: mais que, menos que, melhor que, pior que.
cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos (as Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar
diferenças). o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se:
Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade
As definições dos dicionários de língua são feitas por meio de reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma afir-
paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística que mação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a credi-
consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a pala- bilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais no
vra e seus significados. corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao fazer
A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. Sem- uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos na li-
pre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira e nha de raciocínio que ele considera mais adequada para explicar ou
necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento tem mais
com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional do caráter confirmatório que comprobatório.
mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma funda- Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam expli-
mentação coerente e adequada. cação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido por
Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica clás- consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural. Nesse
sica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o julgamento caso, incluem-se
da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara e pode reco- - A declaração que expressa uma verdade universal (o homem,
nhecer-se facilmente seus elementos e suas relações; outras vezes, mortal, aspira à imortalidade);
as premissas e as conclusões organizam-se de modo livre, mistu- - A declaração que é evidente por si mesma (caso dos postula-
rando-se na estrutura do argumento. Por isso, é preciso aprender a dos e axiomas);
reconhecer os elementos que constituem um argumento: premis- - Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de natureza
sas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar se tais elementos subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria razão des-
são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar se o argumento está conhece); implica apreciação de ordem estética (gosto não se discute);
expresso corretamente; se há coerência e adequação entre seus diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda que parece absurdo).
elementos, ou se há contradição. Para isso é que se aprende os pro-
cessos de raciocínio por dedução e por indução. Admitindo-se que Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de
raciocinar é relacionar, conclui-se que o argumento é um tipo espe- um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados con-
cífico de relação entre as premissas e a conclusão. cretos, estatísticos ou documentais.
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimentos Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação se
argumentativos mais empregados para comprovar uma afirmação: realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica: cau-
exemplificação, explicitação, enumeração, comparação. sa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência.
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações,
de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns nes- julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opiniões
se tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de maior pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprovada, e só os
relevância que. Empregam-se também dados estatísticos, acompa- fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que expresse uma
nhados de expressões: considerando os dados; conforme os dados opinião pessoal só terá validade se fundamentada na evidência dos
apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela apresentação de fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade dos argumentos,
causas e consequências, usando-se comumente as expressões: por- porém, pode ser contestada por meio da contra-argumentação ou re-
que, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, por causa de, em futação. São vários os processos de contra-argumentação:
virtude de, em vista de, por motivo de. Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação demonstran-
Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é expli- do o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a contraargu-
car ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar mentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o cordeiro”;
esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpreta- Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses
ção. Na explicitação por definição, empregamse expressões como: para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga ver-
quer dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista, dadeira;

12
LÍNGUA PORTUGUESA
Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento à opi- Conclusão
nião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a universali- - a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/conse-
dade da afirmação; quências maléficas;
Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: consis- - síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos
te em refutar um argumento empregando os testemunhos de auto- apresentados.
ridade que contrariam a afirmação apresentada;
Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em de- Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de reda-
sautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador baseou-se ção: é um dos possíveis.
em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou inconsequentes.
Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por meio de dados Coesão e coerência fazem parte importante da elaboração de
estatísticos, que “o controle demográfico produz o desenvolvimen- um texto com clareza. Ela diz respeito à maneira como as ideias são
to”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois baseia-se em organizadas a fim de que o objetivo final seja alcançado: a com-
uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada. Para con- preensão textual. Na redação espera-se do autor capacidade de
traargumentar, propõese uma relação inversa: “o desenvolvimento mobilizar conhecimentos e opiniões, argumentar de modo coeren-
é que gera o controle demográfico”. te, além de expressar-se com clareza, de forma correta e adequada.
Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para
desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas ao Coerência
desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em segui- É uma rede de sintonia entre as partes e o todo de um texto.
da, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados para a Conjunto de unidades sistematizadas numa adequada relação se-
elaboração de um Plano de Redação. mântica, que se manifesta na compatibilidade entre as ideias. (Na
linguagem popular: “dizer coisa com coisa” ou “uma coisa bate com
Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução outra”).
tecnológica Coerência é a unidade de sentido resultante da relação que se
- Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder estabelece entre as partes do texto. Uma ideia ajuda a compreen-
a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da respos- der a outra, produzindo um sentido global, à luz do qual cada uma
ta, justificar, criando um argumento básico; das partes ganha sentido. Coerência é a ligação em conjunto dos
- Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e elementos formativos de um texto.
construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação A coerência não é apenas uma marca textual, mas diz respeito
que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la aos conceitos e às relações semânticas que permitem a união dos
(rever tipos de argumentação); elementos textuais.
- Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias que A coerência de um texto é facilmente deduzida por um falante
estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias podem ser de uma língua, quando não encontra sentido lógico entre as propo-
listadas livremente ou organizadas como causa e consequência); sições de um enunciado oral ou escrito. É a competência linguística,
- Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o tomada em sentido lato, que permite a esse falante reconhecer de
argumento básico; imediato a coerência de um discurso.
- Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que
poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se em A coerência:
argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do argu- - assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do texto;
mento básico; - situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão conceitual;
- Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma se- - relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o todo, com
quência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo às o aspecto global do texto;
partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou - estabelece relações de conteúdo entre palavras e frases.
menos a seguinte:
Coesão
Introdução É um conjunto de elementos posicionados ao longo do texto,
- função social da ciência e da tecnologia; numa linha de sequência e com os quais se estabelece um vínculo
- definições de ciência e tecnologia; ou conexão sequencial. Se o vínculo coesivo se faz via gramática,
- indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico. fala-se em coesão gramatical. Se se faz por meio do vocabulário,
tem-se a coesão lexical.
Desenvolvimento A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre pala-
- apresentação de aspectos positivos e negativos do desenvol- vras, expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por elementos
vimento tecnológico; gramaticais, que servem para estabelecer vínculos entre os compo-
- como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as nentes do texto.
condições de vida no mundo atual; Existem, em Língua Portuguesa, dois tipos de coesão: a lexical,
- a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologica- que é obtida pelas relações de sinônimos, hiperônimos, nomes ge-
mente desenvolvida e a dependência tecnológica dos países sub- néricos e formas elididas, e a gramatical, que é conseguida a partir
desenvolvidos; do emprego adequado de artigo, pronome, adjetivo, determinados
- enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social; advérbios e expressões adverbiais, conjunções e numerais.
- comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do pas- A coesão:
sado; apontar semelhanças e diferenças; - assenta-se no plano gramatical e no nível frasal;
- analisar as condições atuais de vida nos grandes centros ur- - situa-se na superfície do texto, estabele conexão sequencial;
banos; - relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as partes
- como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar componentes do texto;
mais a sociedade. - Estabelece relações entre os vocábulos no interior das frases.

13
LÍNGUA PORTUGUESA

SIGNIFICAÇÃO CONTEXTUAL DE PALAVRAS E EXPRESSÕES. EQUIVALÊNCIA E TRANSFORMAÇÃO DE ESTRUTURAS

Significação de palavras
As palavras podem ter diversos sentidos em uma comunicação. E isso também é estudado pela Gramática Normativa: quem cuida
dessa parte é a Semântica, que se preocupa, justamente, com os significados das palavras. Veremos, então, cada um dos conteúdos que
compõem este estudo.

Antônimo e Sinônimo
Começaremos por esses dois, que já são famosos.

O Antônimo são palavras que têm sentidos opostos a outras. Por exemplo, felicidade é o antônimo de tristeza, porque o significado
de uma é o oposto da outra. Da mesma forma ocorre com homem que é antônimo de mulher.

Já o sinônimo são palavras que têm sentidos aproximados e que podem, inclusive, substituir a outra. O uso de sinônimos é muito im-
portante para produções textuais, porque evita que você fique repetindo a mesma palavra várias vezes. Utilizando os mesmos exemplos,
para ficar claro: felicidade é sinônimo de alegria/contentamento e homem é sinônimo de macho/varão.

Hipônimos e Hiperônimos
Estes conceitos são simples de entender: o hipônimo designa uma palavra de sentido mais específico, enquanto que o hiperônimo
designa uma palavra de sentido mais genérico. Por exemplo, cachorro e gato são hipônimos, pois têm sentido específico. E animais domés-
ticos é uma expressão hiperônima, pois indica um sentido mais genérico de animais. Atenção: não confunda hiperônimo com substantivo
coletivo. Hiperônimos estão no ramo dos sentidos das palavras, beleza?!?!

Outros conceitos que agem diretamente no sentido das palavras são os seguintes:

Conotação e Denotação
Observe as frases:
Amo pepino na salada.
Tenho um pepino para resolver.

As duas frases têm uma palavra em comum: pepino. Mas essa palavra tem o mesmo sentido nos dois enunciados? Isso mesmo, não!
Na primeira frase, pepino está no sentido denotativo, ou seja, a palavra está sendo usada no sentido próprio, comum, dicionarizado.
Já na segunda frase, a mesma palavra está no sentindo conotativo, pois ela está sendo usada no sentido figurado e depende do con-
texto para ser entendida.
Para facilitar: denotativo começa com D de dicionário e conotativo começa com C de contexto.

Por fim, vamos tratar de um recurso muito usado em propagandas:

Ambiguidade
Observe a propaganda abaixo:

https://redacaonocafe.wordpress.com/2012/05/22/ambiguidade-na-propaganda/

Perceba que há uma duplicidade de sentido nesta construção. Podemos interpretar que os móveis não durarão no estoque da loja, por
estarem com preço baixo; ou que por estarem muito barato, não têm qualidade e, por isso, terão vida útil curta.

14
LÍNGUA PORTUGUESA
Essa duplicidade acontece por causa da ambiguidade, que é justamente a duplicidade de sentidos que podem haver em uma palavra,
frase ou textos inteiros.

SINTAXE: PROCESSOS DE COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO

Agora chegamos no assunto que causa mais temor em muitos estudantes. Mas eu tenho uma boa notícia para te dar: o estudo da
sintaxe é mais fácil do que parece e você vai ver que sabe muita coisa que nem imagina. Para começar, precisamos de classificar algumas
questões importantes:

• Frase: Enunciado que estabelece uma comunicação de sentido completo. 


Os jornais publicaram a notícia.
Silêncio! 

• Oração: Enunciado que se forma com um verbo ou com uma locução verbal.
Este filme causou grande impacto entre o público.
A inflação deve continuar sob controle.

• Período Simples: formado por uma única oração.


O clima se alterou muito nos últimos dias.

• Período Composto: formado por mais de uma oração.


O governo prometeu/ que serão criados novos empregos.

Bom, já está a clara a diferença entre frase, oração e período. Vamos, então, classificar os elementos que compõem uma oração:
• Sujeito: Termo da oração do qual se declara alguma coisa.
O problema da violência preocupa os cidadãos.
• Predicado: Tudo que se declara sobre o sujeito.
A tecnologia permitiu o resgate dos operários.
• Objeto Direto: Complemento que se liga ao verbo transitivo direto ou ao verbo transitivo direto e indireto sem o auxílio da prepo-
sição.
A tecnologia tem possibilitado avanços notáveis.
Os pais oferecem ajuda financeira ao filho.
• Objeto Indireto: Complemento que se liga ao verbo transitivo indireto ou ao verbo transitivo direto e indireto por meio de preposi-
ção. 
Os Estados Unidos resistem ao grave momento.
João gosta de beterraba.
• Adjunto Adverbial: Termo modificador do verbo que exprime determinada circunstância (tempo, lugar, modo etc.) ou intensifica um
verbo, adjetivo ou advérbio.
O ônibus saiu à noite quase cheio, com destino a Salvador.
Vamos sair do mar.
• Agente da Passiva: Termo da oração que exprime quem pratica a ação verbal quando o verbo está na voz passiva.
Raquel foi pedida em casamento por seu melhor amigo.
• Adjunto Adnominal: Termo da oração que modifica um substantivo, caracterizando-o ou determinando-o sem a intermediação de
um verbo.
Um casal de médicos eram os novos moradores do meu prédio.
• Complemento Nominal: Termo da oração que completa nomes, isto é, substantivos, adjetivos e advérbios, e vem preposicionado.
A realização do torneio teve a aprovação de todos.
• Predicativo do Sujeito: Termo que atribui característica ao sujeito da oração.
A especulação imobiliária me parece um problema.
• Predicativo do Objeto: Termo que atribui características ao objeto direto ou indireto da oração.
O médico considerou o paciente hipertenso.
• Aposto: Termo da oração que explica, esclarece, resume ou identifica o nome ao qual se refere (substantivo, pronome ou equivalen-
tes). O aposto sempre está entre virgulas ou após dois-pontos.
A praia do Forte, lugar paradisíaco, atrai muitos turistas.
• Vocativo: Termo da oração que se refere a um interlocutor a quem se dirige a palavra.
Senhora, peço aguardar mais um pouco.

Tipos de orações
As partes de uma oração já está fresquinha aí na sua cabeça, não é?!?! Estudar os tipos de orações que existem será moleza, moleza.
Vamos comigo!!!
Temos dois tipos de orações: as coordenadas, cuja as orações de um período são independentes (não dependem uma da outra para
construir sentido completo); e as subordinadas, cuja as orações de um período são dependentes (dependem uma da outra para construir
sentido completo).

15
LÍNGUA PORTUGUESA
As orações coordenadas podem ser sindéticas (conectadas uma a outra por uma conjunção) e assindéticas (que não precisam da
conjunção para estar conectadas. O serviço é feito pela vírgula).

Tipos de orações coordenadas

Orações Coordenadas Sindéticas Orações Coordenadas Assindéticas


Aditivas Fomos para a escola e fizemos o exame final. • Lena estava triste, cansada, decepcionada.
Adversativas Pedro Henrique estuda muito, porém não passa •
no vestibular. • Ao chegar à escola conversamos, estudamos, lan-
chamos.
Alternativas Manuela  ora  quer comer hambúrguer,  ora quer
comer pizza. Alfredo está chateado, pensando em se mudar.
Conclusivas Não gostamos do restaurante, portanto não
iremos mais lá. Precisamos estar com cabelos arrumados, unhas feitas.

Explicativas Marina não queria falar,  ou seja, ela estava de João Carlos e Maria estão radiantes, alegria que dá inveja.
mau humor.

Tipos de orações subordinadas


As orações subordinadas podem ser substantivas, adjetivas e adverbiais. Cada uma delas tem suas subclassificações, que veremos
agora por meio do quadro seguinte.

Orações Subordinadas
Subjetivas É certo que ele trará os a sobremesa do
Exercem a função de sujeito jantar.
Completivas Nominal Estou convencida de que ele é solteiro.
Exercem a função de complemento
nominal
Predicativas O problema é que ele não entregou a
Orações Subordinadas Substantivas Exercem a função de predicativo refeição no lugar.
Apositivas Eu lhe disse apenas isso: que não se
Exercem a função de aposto aborrecesse com ela.
Objetivas Direta Espero que você seja feliz.
Exercem a função de objeto direto
Objetivas Indireta Lembrou-se da dívida que tem com ele.
Exercem a função de objeto indireto
Explicativas Os alunos, que foram mal na prova de
Explicam um termo dito anteriormente. quinta, terão aula de reforço.
SEMPRE serão acompanhadas por
vírgula.
Orações Subordinadas Adjetivas
Restritivas Os alunos que foram mal na prova de quinta
Restringem o sentido de um termo terão aula de reforço.
dito anteriormente. NUNCA serão
acompanhadas por vírgula.

16
LÍNGUA PORTUGUESA

Causais Estou vestida assim porque vou sair.


Assumem a função de advérbio de causa
Consecutivas Falou tanto que ficou rouca o resto do dia.
Assumem a função de advérbio de
consequência
Comparativas A menina comia como um adulto come.
Assumem a função de advérbio de
comparação
Condicionais Desde que ele participe, poderá entrar na
Assumem a função de advérbio de reunião.
condição
Conformativas O shopping fechou, conforme havíamos
Assumem a função de advérbio de previsto.
Orações Subordinadas Adverbiais
conformidade
Concessivas Embora eu esteja triste, irei à festa mais
Assumem a função de advérbio de tarde.
concessão
Finais Vamos direcionar os esforços para que todos
Assumem a função de advérbio de tenham acesso aos benefícios.
finalidade
Proporcionais Quanto mais eu dormia, mais sono tinha.
Assumem a função de advérbio de
proporção
Temporais Quando a noite chega, os morcegos saem de
Assumem a função de advérbio de suas casas.
tempo

Olha como esse quadro facilita a vida, não é?! Por meio dele, conseguimos ter uma visão geral das classificações e subclassificações
das orações, o que nos deixa mais tranquilos para estudá-las.

EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS. . FUNÇÕES DAS CLASSES DE PALAVRAS. FLEXÃO NOMINAL E VERBAL.
PRONOMES: EMPREGO, FORMAS DE TRATAMENTO E COLOCAÇÃO

CLASSES DE PALAVRAS

Substantivo
São as palavras que atribuem nomes aos seres reais ou imaginários (pessoas, animais, objetos), lugares, qualidades, ações e sentimen-
tos, ou seja, que tem existência concreta ou abstrata. 

Classificação dos substantivos

SUBSTANTIVO SIMPLES: Olhos/água/


apresentam um só radical em muro/quintal/caderno/
sua estrutura. macaco/João/sabão
SUBSTANTIVOS COMPOSTOS: Macacos-prego/
são formados por mais de um porta-voz/
radical em sua estrutura. pé-de-moleque
SUBSTANTIVOS PRIMITIVOS: Casa/
são os que dão origem a mundo/
outras palavras, ou seja, ela é população
a primeira. /formiga
SUBSTANTIVOS DERIVADOS: Caseiro/mundano/
são formados por outros populacional/formigueiro
radicais da língua.

17
LÍNGUA PORTUGUESA

SUBSTANTIVOS PRÓPRIOS: Rodrigo por preposição com o mesmo valor e a mesma função que um ad-
designa determinado ser /Brasil jetivo: golpe de mestre (golpe magistral), jornal da tarde (jornal
vespertino).
entre outros da mesma /Belo Horizonte/Estátua da
espécie. São sempre iniciados Liberdade
Flexão do Adjetivos
por letra maiúscula.
• Gênero:
SUBSTANTIVOS COMUNS: biscoitos/ruídos/estrelas/ – Uniformes: apresentam uma só para o masculino e o femini-
referem-se qualquer ser de cachorro/prima no: homem feliz, mulher feliz.
uma mesma espécie. – Biformes: apresentam uma forma para o masculino e outra
SUBSTANTIVOS CONCRETOS: Leão/corrente para o feminino: juiz sábio/ juíza sábia, bairro japonês/ indústria
japonesa, aluno chorão/ aluna chorona. 
nomeiam seres com existência /estrelas/fadas
própria. Esses seres podem /lobisomem
• Número:
ser animadoso ou inanimados, /saci-pererê
– Os adjetivos simples seguem as mesmas regras de flexão de
reais ou imaginários.
número que os substantivos: sábio/ sábios, namorador/ namorado-
SUBSTANTIVOS ABSTRATOS: Mistério/ res, japonês/ japoneses.
nomeiam ações, estados, bondade/ – Os adjetivos compostos têm algumas peculiaridades: luvas
qualidades e sentimentos que confiança/ branco-gelo, garrafas amarelo-claras, cintos da cor de chumbo.
não tem existência própria, ou lembrança/
seja, só existem em função de amor/ • Grau:
um ser. alegria – Grau Comparativo de Superioridade: Meu time é mais vito-
rioso (do) que o seu.
SUBSTANTIVOS COLETIVOS: Elenco (de atores)/
– Grau Comparativo de Inferioridade: Meu time é menos vito-
referem-se a um conjunto acervo (de obras artísticas)/
rioso (do) que o seu.
de seres da mesma espécie, buquê (de flores)
– Grau Comparativo de Igualdade: Meu time é tão vitorioso
mesmo quando empregado
quanto o seu.
no singular e constituem um
– Grau Superlativo Absoluto Sintético: Meu time é famosíssi-
substantivo comum. mo.
NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS – Grau Superlativo Absoluto Analítico: Meu time é muito fa-
QUE NÃO ESTÃO AQUI! moso.
– Grau Superlativo Relativo de Superioridade: Meu time é o
Flexão dos Substantivos mais famoso de todos.
• Gênero: Os gêneros em português podem ser dois: masculi- – Grau Superlativo Relativo de Inferioridade; Meu time é me-
no e feminino. E no caso dos substantivos podem ser biformes ou nos famoso de todos.
uniformes
– Biformes: as palavras tem duas formas, ou seja, apresenta Artigo
uma forma para o masculino e uma para o feminino: tigre/tigresa, o É uma palavra variável em gênero e número que antecede o
presidente/a presidenta, o maestro/a maestrina substantivo, determinando de modo particular ou genérico.
– Uniformes: as palavras tem uma só forma, ou seja, uma única • Classificação e Flexão do Artigos
forma para o masculino e o feminino. Os uniformes dividem-se em – Artigos Definidos: o, a, os, as.
epicenos, sobrecomuns e comuns de dois gêneros. O menino carregava o brinquedo em suas costas.
a) Epicenos: designam alguns animais e plantas e são invariá- As meninas brincavam com as bonecas.
veis: onça macho/onça fêmea, pulga macho/pulga fêmea, palmeira – Artigos Indefinidos: um, uma, uns, umas.
macho/palmeira fêmea. Um menino carregava um brinquedo.
b) Sobrecomuns: referem-se a seres humanos; é pelo contexto Umas meninas brincavam com umas bonecas.
que aparecem que se determina o gênero: a criança (o criança), a
testemunha (o testemunha), o individuo (a individua). Numeral
c) Comuns de dois gêneros: a palavra tem a mesma forma tanto É a palavra que indica uma quantidade definida de pessoas ou
para o masculino quanto para o feminino: o/a turista, o/a agente, coisas, ou o lugar (posição) que elas ocupam numa série.
o/a estudante, o/a colega. • Classificação dos Numerais
• Número: Podem flexionar em singular (1) e plural (mais de 1). – Cardinais: indicam número ou quantidade:
– Singular: anzol, tórax, próton, casa. Trezentos e vinte moradores.
– Plural: anzóis, os tórax, prótons, casas. – Ordinais: indicam ordem ou posição numa sequência:
Quinto ano. Primeiro lugar.
• Grau: Podem apresentar-se no grau aumentativo e no grau – Multiplicativos: indicam o número de vezes pelo qual uma
diminutivo. quantidade é multiplicada:
– Grau aumentativo sintético: casarão, bocarra. O quíntuplo do preço.
– Grau aumentativo analítico: casa grande, boca enorme.
– Fracionários: indicam a parte de um todo:
– Grau diminutivo sintético: casinha, boquinha
Dois terços dos alunos foram embora.
– Grau diminutivo analítico: casa pequena, boca minúscula. 
Pronome
Adjetivo
É a palavra que substitui os substantivos ou os determinam,
É a palavra invariável que especifica e caracteriza o substanti-
indicando a pessoa do discurso.
vo: imprensa livre, favela ocupada. Locução adjetiva é expressão
composta por substantivo (ou advérbio) ligado a outro substantivo • Pronomes pessoais vão designar diretamente as pessoas em
uma conversa. Eles indicam as três pessoas do discurso.

18
LÍNGUA PORTUGUESA

Pronomes Retos Pronomes Oblíquos


Pessoas do Discurso
Função Subjetiva Função Objetiva
1º pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2º pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
3º pessoa do singular Ele, ela,  Se, si, consigo, lhe, o, a
1º pessoa do plural Nós Nos, conosco
2º pessoa do plural Vós Vos, convosco
3º pessoa do plural Eles, elas Se, si, consigo, lhes, os, as

• Pronomes de Tratamento são usados no trato com as pessoas, normalmente, em situações formais de comunicação.

Pronomes de Tratamento Emprego


Você Utilizado em situações informais.
Senhor (es) e Senhora (s) Tratamento para pessoas mais velhas.
Vossa Excelência Usados para pessoas com alta autoridade
Vossa Magnificência Usados para os reitores das Universidades.
Vossa Senhoria Empregado nas correspondências e textos escritos.
Vossa Majestade Utilizado para Reis e Rainhas
Vossa Alteza Utilizado para príncipes, princesas, duques.
Vossa Santidade Utilizado para o Papa
Vossa Eminência Usado para Cardeais.
Vossa Reverendíssima Utilizado para sacerdotes e religiosos em geral.

• Pronomes Possessivos referem-se às pessoas do discurso, atribuindo-lhes a posse de alguma coisa.

Pessoa do Discurso Pronome Possessivo


1º pessoa do singular Meu, minha, meus, minhas
2º pessoa do singular teu, tua, teus, tuas
3º pessoa do singular seu, sua, seus, suas
1º pessoa do plural Nosso, nossa, nossos, nossas
2º pessoa do plural Vosso, vossa, vossos, vossas
3º pessoa do plural Seu, sua, seus, suas

• Pronomes Demonstrativos são utilizados para indicar a posição de algum elemento em relação à pessoa seja no discurso, no tempo
ou no espaço.

Pronomes Demonstrativos Singular Plural


Feminino esta, essa, aquela estas, essas, aquelas
Masculino este, esse, aquele estes, esses, aqueles

• Pronomes Indefinidos referem-se à 3º pessoa do discurso, designando-a de modo vago, impreciso, indeterminado. Os pronomes
indefinidos podem ser variáveis (varia em gênero e número) e invariáveis (não variam em gênero e número).

Classificação Pronomes Indefinidos


algum, alguma, alguns, algumas, nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas, muito, muita, muitos, muitas, pouco,
pouca, poucos, poucas, todo, toda, todos, todas, outro, outra, outros, outras, certo, certa, certos, certas, vário,
Variáveis
vária, vários, várias, tanto, tanta, tantos, tantas, quanto, quanta, quantos, quantas, qualquer, quaisquer, qual, quais,
um, uma, uns, umas.
Invariáveis quem, alguém, ninguém, tudo, nada, outrem, algo, cada.

• Pronomes Interrogativos são palavras variáveis e invariáveis utilizadas para formular perguntas diretas e indiretas.

19
LÍNGUA PORTUGUESA

Classificação Pronomes Interrogativos Advérbio


É a palavra invariável que modifica o verbo, adjetivo, outro ad-
qual, quais, quanto, quantos, vérbio ou a oração inteira, expressando uma determinada circuns-
Variáveis
quanta, quantas. tância. As circunstâncias dos advérbios podem ser:
Invariáveis quem, que. – Tempo: ainda, cedo, hoje, agora, antes, depois, logo, já, ama-
nhã, tarde, sempre, nunca, quando, jamais, ontem, anteontem,
• Pronomes Relativos referem-se a um termo já dito anterior- brevemente, atualmente, à noite, no meio da noite, antes do meio-
mente na oração, evitando sua repetição. Eles também podem ser -dia, à tarde, de manhã, às vezes, de repente, hoje em dia, de vez
variáveis e invariáveis. em quando, em nenhum momento, etc.
– Lugar: Aí, aqui, acima, abaixo, ali, cá, lá, acolá, além, aquém,
perto, longe, dentro, fora, adiante, defronte, detrás, de cima, em
Classificação Pronomes Relativos cima, à direita, à esquerda, de fora, de dentro, por fora, etc.
o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, – Modo: assim, melhor, pior, bem, mal, devagar, depressa, rapi-
Variáveis cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, damente, lentamente, apressadamente, felizmente, às pressas, às
quantas. ocultas, frente a frente, com calma, em silêncio, etc.
– Afirmação: sim, deveras, decerto, certamente, seguramente,
Invariáveis quem, que, onde.
efetivamente, realmente, sem dúvida, com certeza, por certo, etc. 
– Negação: não, absolutamente, tampouco, nem, de modo al-
Verbos gum, de jeito nenhum, de forma alguma, etc.
São as palavras que exprimem ação, estado, fenômenos me- – Intensidade: muito, pouco, mais, menos, meio, bastante, as-
teorológicos, sempre em relação ao um determinado tempo. saz, demais, bem, mal, tanto, tão, quase, apenas, quanto, de pouco,
de todo, etc.
• Flexão verbal – Dúvida: talvez, acaso, possivelmente, eventualmente, por-
Os verbos podem ser flexionados de algumas formas. ventura, etc.
– Modo: É a maneira, a forma como o verbo se apresenta na
frase para indicar uma atitude da pessoa que o usou. O modo é Preposição
dividido em três: indicativo (certeza, fato), subjuntivo (incerteza, É a palavra que liga dois termos, de modo que o segundo com-
subjetividade) e imperativo (ordem, pedido). plete o sentido do primeiro. As preposições são as seguintes:
– Tempo: O tempo indica o momento em que se dá o fato ex-
presso pelo verbo. Existem três tempos no modo indicativo: pre-
sente, passado (pretérito perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito)
e futuro (do presente e do pretérito). No subjuntivo, são três: pre-
sente, pretérito imperfeito e futuro.
– Número: Este é fácil: singular e plural.
– Pessoa: Fácil também: 1ª pessoa (eu amei, nós amamos); 2º
pessoa (tu amaste, vós amastes); 3ª pessoa (ele amou, eles ama-
ram).

• Formas nominais do verbo


Os verbos têm três formas nominais, ou seja, formas que exer-
cem a função de nomes (normalmente, substantivos). São elas infi-
nitivo (terminado em -R), gerúndio (terminado em –NDO) e particí-
pio (terminado em –DA/DO).
Conjunção
• Voz verbal É palavra que liga dois elementos da mesma natureza ou uma
É a forma como o verbo se encontra para indicar sua relação oração a outra. As conjunções podem ser coordenativas (que ligam
com o sujeito. Ela pode ser ativa, passiva ou reflexiva. orações sintaticamente independentes) ou subordinativas (que li-
– Voz ativa: Segundo a gramática tradicional, ocorre voz ativa gam orações com uma relação hierárquica, na qual um elemento é
quando o verbo (ou locução verbal) indica uma ação praticada pelo determinante e o outro é determinado).
sujeito. Veja:
João pulou da cama atrasado • Conjunções Coordenativas
– Voz passiva: O sujeito é paciente e, assim, não pratica, mas
recebe a ação. A voz passiva pode ser analítica ou sintética. A voz
passiva analítica é formada por: Tipos Conjunções Coordenativas
Sujeito paciente + verbo auxiliar (ser, estar, ficar, entre outros) Aditivas e, mas ainda, mas também, nem...
+  verbo principal da ação conjugado no particípio  + preposição
por/pelo/de + agente da passiva. contudo, entretanto, mas, não obstante, no
Adversativas
A casa foi aspirada pelos rapazes entanto, porém, todavia...
já…, já…, ou, ou…, ou…, ora…, ora…, quer…,
A voz passiva sintética, também chamada de voz passiva prono- Alternativas
quer…
minal (devido ao uso do pronome se) é formada por:
assim, então, logo, pois (depois do verbo), por
Verbo conjugado na 3.ª pessoa (no singular ou no plu- Conclusivas
conseguinte, por isso, portanto...
ral) + pronome apassivador «se» + sujeito paciente.
Aluga-se apartamento.

20
LÍNGUA PORTUGUESA

pois (antes do verbo), porquanto, porque, Ponto ( . )


Explicativas O ponto simples final, que é dos sinais o que denota maior pau-
que...
sa, serve para encerrar períodos que terminem por qualquer tipo
de oração que não seja a interrogativa direta, a exclamativa e as
• Conjunções Subordinativas
reticências.
Estaremos presentes na festa.
Tipos Conjunções Subordinativas
Porque, pois, porquanto, como, Ponto de interrogação ( ? )
Causais Põe-se no fim da oração enunciada com entonação interrogati-
etc.
va ou de incerteza, real ou fingida, também chamada retórica.
Embora, conquanto, ainda que, Você vai à festa?
Concessivas
mesmo que, posto que, etc.
Se, caso, quando, conquanto que, Ponto de exclamação ( ! )
Condicionais Põe-se no fim da oração enunciada com entonação exclama-
salvo se, sem que, etc.
tiva.
Conforme, como (no sentido de Ex: Que bela festa!
Conformativas conforme), segundo, consoante,
etc. Reticências ( ... )
Para que, a fim de que, porque Denotam interrupção ou incompletude do pensamento (ou
Finais porque se quer deixar em suspenso, ou porque os fatos se dão com
(no sentido de que), que, etc.
breve espaço de tempo intervalar, ou porque o nosso interlocutor
À medida que, ao passo que, à nos toma a palavra), ou hesitação em enunciá-lo.
Proporcionais
proporção que, etc. Ex: Essa festa... não sei não, viu.
Quando, antes que, depois que,
Temporais Dois-pontos ( : )
até que, logo que, etc.
Marcam uma supressão de voz em frase ainda não concluída.
Que, do que (usado depois de Em termos práticos, este sinal é usado para: Introduzir uma citação
Comparativas mais, menos, maior, menor, (discurso direto) e introduzir um aposto explicativo, enumerativo,
melhor, etc. distributivo ou uma oração subordinada substantiva apositiva.
Que (precedido de tão, tal, tanto), Ex: Uma bela festa: cheia de alegria e comida boa.
Consecutivas de modo que, De maneira que,
etc. Ponto e vírgula ( ; )
Representa uma pausa mais forte que a vírgula e menos que o
Integrantes Que, se. ponto, e é empregado num trecho longo, onde já existam vírgulas,
para enunciar pausa mais forte, separar vários itens de uma enume-
Interjeição ração (frequente em leis), etc.
É a palavra invariável que exprime ações, sensações, emoções, Ex: Vi na festa os deputados, senadores e governador; vi tam-
apelos, sentimentos e estados de espírito, traduzindo as reações bém uma linda decoração e bebidas caras.
das pessoas.
• Principais Interjeições Travessão ( — )
Oh! Caramba! Viva! Oba! Alô! Psiu! Droga! Tomara! Hum! Não confundir o travessão com o traço de união ou hífen e com
o traço de divisão empregado na partição de sílabas (ab-so-lu-ta-
Dez classes de palavras foram estudadas agora. O estudo delas -men-te) e de palavras no fim de linha. O travessão pode substituir
é muito importante, pois se você tem bem construído o que é e a vírgulas, parênteses, colchetes, para assinalar uma expressão inter-
função de cada classe de palavras, não terá dificuldades para enten-
calada e pode indicar a mudança de interlocutor, na transcrição de
der o estudo da Sintaxe.
um diálogo, com ou sem aspas.
Ex: Estamos — eu e meu esposo — repletos de gratidão.

PONTUAÇÃO Parênteses e colchetes ( ) – [ ]


Os parênteses assinalam um isolamento sintático e semântico
mais completo dentro do enunciado, além de estabelecer maior in-
Pontuação
Com Nina Catach, entendemos por pontuação um “sistema de re- timidade entre o autor e o seu leitor. Em geral, a inserção do parên-
forço da escrita, constituído de sinais sintáticos, destinados a organizar tese é assinalada por uma entonação especial. Intimamente ligados
as relações e a proporção das partes do discurso e das pausas orais e aos parênteses pela sua função discursiva, os colchetes são utiliza-
escritas. Estes sinais também participam de todas as funções da sintaxe, dos quando já se acham empregados os parênteses, para introduzi-
gramaticais, entonacionais e semânticas”. (BECHARA, 2009, p. 514) rem uma nova inserção.
A partir da definição citada por Bechara podemos perceber a Ex: Vamos estar presentes na festa (aquela organizada pelo go-
importância dos sinais de pontuação, que é constituída por alguns vernador)
sinais gráficos assim distribuídos: os separadores (vírgula [ , ], pon-
to e vírgula [ ; ], ponto final [ . ], ponto de exclamação [ ! ], reti- Aspas ( “ ” )
cências [ ... ]), e os de comunicação ou “mensagem” (dois pontos As aspas são empregadas para dar a certa expressão sentido
[ : ], aspas simples [‘ ’], aspas duplas [ “ ” ], travessão simples [ – ], particular (na linguagem falada é em geral proferida com entoação
travessão duplo [ — ], parênteses [ ( ) ], colchetes ou parênteses especial) para ressaltar uma expressão dentro do contexto ou para
retos [ [ ] ], chave aberta [ { ], e chave fechada [ } ]). apontar uma palavra como estrangeirismo ou gíria. É utilizada, ain-
da, para marcar o discurso direto e a citação breve.

21
LÍNGUA PORTUGUESA
Ex: O “coffe break” da festa estava ótimo. • Isola o nome do lugar nas datas.
Rio de Janeiro, 21 de julho de 2006.
Vírgula
São várias as regras que norteiam o uso das vírgulas. Eviden- • Isolar conectivos, tais como: portanto, contudo, assim, dessa
ciaremos, aqui, os principais usos desse sinal de pontuação. Antes forma, entretanto, entre outras. E para isolar, também, expressões
disso, vamos desmistificar três coisas que ouvimos em relação à conectivas, como: em primeiro lugar, como supracitado, essas infor-
vírgula: mações comprovam, etc.
1º – A vírgula não é usada por inferência. Ou seja: não “senti- Fica claro, portanto, que ações devem ser tomadas para ame-
mos” o momento certo de fazer uso dela. nizar o problema.
2º – A vírgula não é usada quando paramos para respirar. Em
alguns contextos, quando, na leitura de um texto, há uma vírgula, o
leitor pode, sim, fazer uma pausa, mas isso não é uma regra. Afinal,
cada um tem seu tempo de respiração, não é mesmo?!?! ESTRUTURA E FORMAÇÃO DE PALAVRAS
3º – A vírgula tem sim grande importância na produção de tex-
tos escritos. Não caia na conversa de algumas pessoas de que ela é ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS
menos importante e que pode ser colocada depois. As palavras são formadas por estruturas menores, com
Agora, precisamos saber que a língua portuguesa tem uma or- significados próprios. Para isso, há vários processos que contribuem
dem comum de construção de suas frases, que é Sujeito > Verbo > para a formação das palavras.
Objeto > Adjunto, ou seja, (SVOAdj).
Maria foi à padaria ontem. Estrutura das palavras
Sujeito Verbo Objeto Adjunto As palavras podem ser subdivididas em estruturas significativas
menores - os morfemas, também chamados de elementos mórficos: 
Perceba que, na frase acima, não há o uso de vírgula. Isso ocor- – radical e raiz;
re por alguns motivos: – vogal temática;
1) NÃO se separa com vírgula o sujeito de seu predicado. – tema;
2) NÃO se separa com vírgula o verbo e seus complementos. – desinências;
3) Não é aconselhável usar vírgula entre o complemento do – afixos;
verbo e o adjunto. – vogais e consoantes de ligação.
Radical: Elemento que contém a base de significação do
Podemos estabelecer, então, que se a frase estiver na ordem vocábulo.
comum (SVOAdj), não usaremos vírgula. Caso contrário, a vírgula Exemplos
é necessária: VENDer, PARTir, ALUNo, MAR.
Ontem, Maria foi à padaria.
Maria, ontem, foi à padaria. Desinências: Elementos que indicam as flexões dos vocábulos.
À padaria, Maria foi ontem.
Dividem-se em:
Além disso, há outros casos em que o uso de vírgulas é neces-
sário: Nominais
• Separa termos de mesma função sintática, numa enumera- Indicam flexões de gênero e número nos substantivos.
ção. Exemplos
Simplicidade, clareza, objetividade, concisão são qualidades a pequenO, pequenA, alunO, aluna.
serem observadas na redação oficial. pequenoS, pequenaS, alunoS, alunas.
• Separa aposto.
Aristóteles, o grande filósofo, foi o criador da Lógica. Verbais
• Separa vocativo. Indicam flexões de modo, tempo, pessoa e número nos verbos
Brasileiros, é chegada a hora de votar. Exemplos
• Separa termos repetidos. vendêSSEmos, entregáRAmos. (modo e tempo)
Aquele aluno era esforçado, esforçado. vendesteS, entregásseIS. (pessoa e número)

• Separa certas expressões explicativas, retificativas, exempli- Indica, nos verbos, a conjugação a que pertencem.
ficativas, como: isto é, ou seja, ademais, a saber, melhor dizendo, Exemplos
ou melhor, quer dizer, por exemplo, além disso, aliás, antes, com 1ª conjugação: – A – cantAr
efeito, digo. 2ª conjugação: – E – fazEr
O político, a meu ver, deve sempre usar uma linguagem clara, 3ª conjugação: – I – sumIr
ou seja, de fácil compreensão.
Observação
• Marca a elipse de um verbo (às vezes, de seus complemen- Nos substantivos ocorre vogal temática quando ela não indica
tos). oposição masculino/feminino.
O decreto regulamenta os casos gerais; a portaria, os particula- Exemplos
res. (= ... a portaria regulamenta os casos particulares) livrO, dentE, paletó.

• Separa orações coordenadas assindéticas. Tema: União do radical e a vogal temática.


Levantava-me de manhã, entrava no chuveiro, organizava as Exemplos
ideias na cabeça... CANTAr, CORREr, CONSUMIr.

22
LÍNGUA PORTUGUESA
Vogal e consoante de ligação: São os elementos que se Prefixos
interpõem aos vocábulos por necessidade de eufonia. Os prefixos existentes em Língua Portuguesa são divididos em:
Exemplos vernáculos, latinos e gregos.
chaLeira, cafeZal.
Vernáculos: Prefixos latinos que sofreram modificações ou
Afixos foram aportuguesados: a, além, ante, aquém, bem, des, em, entre,
Os afixos são elementos que se acrescentam antes ou depois do mal, menos, sem, sob, sobre, soto.
radical de uma palavra para a formação de outra palavra. Dividem- Nota-se o emprego desses prefixos em palavras como: 
se em: abordar, além-mar, bem-aventurado, desleal, engarrafar, maldição,
Prefixo: Partícula que se coloca antes do radical. menosprezar, sem-cerimônia, sopé, sobpor, sobre-humano, etc.
Exemplos
DISpor, EMpobrecer, DESorganizar. Latinos: Prefixos que conservam até hoje a sua forma latina
original:
Sufixo a, ab, abs – afastamento: aversão, abjurar.
Afixo que se coloca depois do radical. a, ad – aproximação, direção: amontoar.
Exemplos ambi – dualidade: ambidestro.
contentaMENTO, reallDADE, enaltECER. bis, bin, bi – repetição, dualidade: bisneto, binário.
Processos de formação das palavras centum – cem: centúnviro, centuplicar, centígrado.
Composição: Formação de uma palavra nova por meio da circum, circun, circu – em volta de: circumpolar, circunstante.
junção de dois ou mais vocábulos primitivos. Temos: cis – aquem de: cisalpino, cisgangético.
com, con, co – companhia, concomitância: combater,
Justaposição: Formação de palavra composta sem alteração na contemporâneo.
estrutura fonética das primitivas. contra – oposição, posição inferior: contradizer.
Exemplos de – movimento de cima para baixo, origem, afastamento:
passa + tempo = passatempo decrescer, deportar.
gira + sol = girassol des – negação, separação, ação contrária: desleal, desviar.
dis, di – movimento para diversas partes, ideia contrária:
Aglutinação: Formação de palavra composta com alteração da distrair, dimanar.
estrutura fonética das primitivas. entre – situação intermediaria, reciprocidade: entrelinha,
Exemplos entrevista.
em + boa + hora = embora ex, es, e – movimento de dentro para fora, intensidade,
vossa + merce = você privação, situação cessante: exportar, espalmar, ex-professor.
extra – fora de, além de, intensidade: extravasar, extraordinário.
Derivação: im, in, i – movimento para dentro; ideia contraria: importar,
Formação de uma nova palavra a partir de uma primitiva. ingrato.
Temos: inter – no meio de: intervocálico, intercalado.
intra – movimento para dentro: intravenoso, intrometer.
Prefixação: Formação de palavra derivada com acréscimo de justa – perto de: justapor.
um prefixo ao radical da primitiva. multi – pluralidade: multiforme.
Exemplos ob, o – oposição: obstar, opor, obstáculo.
CONter, INapto, DESleal. pene – quase: penúltimo, península.
per – movimento através de, acabamento de ação; ideia
Sufixação: Formação de palavra nova com acréscimo de um pejorativa: percorrer.
sufixo ao radical da primitiva. post, pos – posteridade: postergar, pospor.
Exemplos pre – anterioridade: predizer, preclaro.
cafezAL, meninINHa, loucaMENTE. preter – anterioridade, para além: preterir, preternatural.
pro – movimento para diante, a favor de, em vez de: prosseguir,
Parassíntese: Formação de palavra derivada com acréscimo de procurador, pronome.
um prefixo e um sufixo ao radical da primitiva ao mesmo tempo. re – movimento para trás, ação reflexiva, intensidade, repetição:
Exemplos regressar, revirar.
EMtardECER, DESanimADO, ENgravidAR. retro – movimento para trás: retroceder.
satis – bastante: satisdar.
Derivação imprópria: Alteração da função de uma palavra sub, sob, so, sus – inferioridade: subdelegado, sobraçar, sopé.
primitiva. subter – por baixo: subterfúgio.
Exemplo super, supra – posição superior, excesso: super-homem,
Todos ficaram encantados com seu  andar: verbo usado com superpovoado.
valor de substantivo. trans, tras, tra, tres – para além de, excesso: transpor.
tris, três, tri – três vezes: trisavô, tresdobro.
Derivação regressiva: Ocorre a alteração da estrutura fonética ultra – para além de, intensidade: ultrapassar, ultrabelo.
de uma palavra primitiva para a formação de uma derivada. Em uni – um: unânime, unicelular.
geral de um verbo para substantivo ou vice-versa.
Exemplos Grego: Os principais prefixos de origem grega são:
combater – o combate a, an – privação, negação: ápode, anarquia.
chorar – o choro ana – inversão, parecença: anagrama, analogia.

23
LÍNGUA PORTUGUESA
anfi – duplicidade, de um e de outro lado: anfíbio, anfiteatro.
anti – oposição: antipatia, antagonista. • Pseudo e todo são invariáveis quando empregados na forma-
apo – afastamento: apólogo, apogeu. ção de palavras compostas:
arqui, arque, arce, arc – superioridade: arcebispo, arcanjo. Cuidado com os pseudoamigos./ Ele é o chefe todo-poderoso.
caco – mau: cacofonia.
cata – de cima para baixo: cataclismo, catalepsia. • Mesmo, próprio, anexo, incluso, quite e obrigado variam de
deca – dez: decâmetro. acordo com o substantivo a que se referem:
dia – através de, divisão: diáfano, diálogo. Elas mesmas cozinhavam./ Guardou as cópias anexas.
dis – dualidade, mau: dissílabo, dispepsia.
en – sobre, dentro: encéfalo, energia. • Muito, pouco, bastante, meio, caro e barato variam quando
endo – para dentro: endocarpo. pronomes indefinidos adjetivos e numerais e são invariáveis quan-
epi – por cima: epiderme, epígrafe. do advérbios:
eu – bom: eufonia, eugênia, eupepsia. Muitas vezes comemos muito./ Chegou meio atrasada./
hecto – cem: hectômetro. Usou meia dúzia de ovos.
hemi – metade: hemistíquio, hemisfério.
hiper – superioridade: hipertensão, hipérbole. • Só varia quando adjetivo e não varia quando advérbio:
hipo – inferioridade: hipoglosso, hipótese, hipotermia. Os dois andavam sós./ A respostas só eles sabem.
homo – semelhança, identidade: homônimo.
meta – união, mudança, além de: metacarpo, metáfase. • É bom, é necessário, é preciso, é proibido variam quando o
míria – dez mil: miriâmetro. substantivo estiver determinado por artigo:
mono – um: monóculo, monoculista. É permitida a coleta de dados./ É permitido coleta de dados.
neo – novo, moderno: neologismo, neolatino.
para – aproximação, oposição: paráfrase, paradoxo. Concordância Verbal
penta – cinco: pentágono. O verbo concorda com seu sujeito em número e pessoa:
peri – em volta de: perímetro. O público aplaudiu o ator de pé./ A sala e quarto eram enor-
poli – muitos: polígono, polimorfo. mes.
pro – antes de: prótese, prólogo, profeta.
Sufixos Concordância ideológica ou silepse
Os sufixos podem ser: nominais, verbais e adverbial. • Silepse de gênero trata-se da concordância feita com o gêne-
ro gramatical (masculino ou feminino) que está subentendido no
Nominais contexto.
Coletivos: -aria, -ada, -edo, -al, -agem, -atro, -alha, -ama. Vossa Excelência parece satisfeito com as pesquisas.
Aumentativos e diminutivos: -ão, -rão, -zão, -arrão, -aço, -astro, Blumenau estava repleta de turistas.
-az. • Silepse de número trata-se da concordância feita com o nú-
Agentes: -dor, -nte, -ário, -eiro, -ista. mero gramatical (singular ou plural) que está subentendido no con-
Lugar: -ário, -douro, -eiro, -ório. texto.
Estado: -eza, -idade, -ice, -ência, -ura, -ado, -ato. O elenco voltou ao palco e [os atores] agradeceram os aplau-
Pátrios: -ense, -ista, -ano, -eiro, -ino, -io, -eno, -enho, -aico. sos.
Origem, procedência: -estre, -este, -esco. • Silepse de pessoa trata-se da concordância feita com a pes-
soa gramatical que está subentendida no contexto.
Verbais O povo temos memória curta em relação às promessas dos po-
Comuns: -ar, -er, -ir. líticos.
Frequentativos: -açar, -ejar, -escer, -tear, -itar.
Incoativos: -escer, -ejar, -itar.
Diminutivos: -inhar, -itar, -icar, -iscar.
REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL
Adverbial = há apenas um
MENTE: mecanicamente, felizmente etc. • Regência Nominal 
A regência nominal estuda os casos em que nomes (substan-
tivos, adjetivos e advérbios) exigem outra palavra para completar-
-lhes o sentido. Em geral a relação entre um nome e o seu comple-
CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL mento é estabelecida por uma preposição.

Concordância Nominal • Regência Verbal


Os adjetivos, os pronomes adjetivos, os numerais e os artigos A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre o
concordam em gênero e número com os substantivos aos quais se verbo (termo regente) e seu complemento (termo regido). 
referem. Isto pertence a todos.
Os nossos primeiros contatos começaram de maneira amisto-
sa. Regência de algumas palavras

Casos Especiais de Concordância Nominal Esta palavra combina com Esta preposição
• Menos e alerta são invariáveis na função de advérbio:
Colocou menos roupas na mala./ Os seguranças continuam Acessível a
alerta.

24
LÍNGUA PORTUGUESA

Apto a, para Atenção: essa regra só vale para as paroxítonas. As oxítonas


continuam com acento: Ex.: papéis, herói, heróis, troféu, troféus.
Atencioso com, para com
Coerente com – Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no
u tônicos quando vierem depois de um ditongo.
Conforme a, com
Dúvida acerca de, de, em, sobre Como era Como fica
Empenho de, em, por baiúca baiuca
Fácil a, de, para, bocaiúva bocaiuva
Junto a, de
Pendente de Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em
posição final (ou seguidos de s), o acento permanece. Exemplos:
Preferível a tuiuiú, tuiuiús, Piauí.
Próximo a, de
– Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem
Respeito a, com, de, para com, por e ôo(s).
Situado a, em, entre
Ajudar (a fazer algo) a Como era Como fica
Aludir (referir-se) a abençôo abençoo
Aspirar (desejar, pretender) a crêem creem
Assistir (dar assistência) Não usa preposição
– Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/
Deparar (encontrar) com para, péla(s)/ pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera.
Implicar (consequência) Não usa preposição
Atenção:
Lembrar Não usa preposição • Permanece o acento diferencial em pôde/pode.
Pagar (pagar a alguém) a • Permanece o acento diferencial em pôr/por.
• Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural
Precisar (necessitar) de
dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter,
Proceder (realizar) a reter, conter, convir, intervir, advir etc.).
Responder a • É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as
palavras forma/fôrma.
Visar ( ter como objetivo a
pretender) Uso de hífen
NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS Regra básica:
QUE NÃO ESTÃO AQUI! Sempre se usa o hífen diante de h: anti-higiênico, super-ho-
mem.

Outros casos
ORTOGRAFIA OFICIAL 1. Prefixo terminado em vogal:
– Sem hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaéreo.
ORTOGRAFIA OFICIAL – Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: anteprojeto,
• Mudanças no alfabeto: O alfabeto tem 26 letras. Foram rein- semicírculo.
troduzidas as letras k, w e y. – Sem hífen diante de r e s. Dobram-se essas letras: antirracis-
O alfabeto completo é o seguinte: A B C D E F G H I J K L M N O mo, antissocial, ultrassom.
PQRSTUVWXYZ – Com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro-on-
• Trema: Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a das.
letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue,
gui, que, qui. 2. Prefixo terminado em consoante:
– Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional, sub-
Regras de acentuação -bibliotecário.
– Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das – Sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal, su-
palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima persônico.
sílaba) – Sem hífen diante de vogal: interestadual, superinteressante.

Observações:
Como era Como fica • Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra
alcatéia alcateia iniciada por r: sub-região, sub-raça. Palavras iniciadas por h perdem
essa letra e juntam-se sem hífen: subumano, subumanidade.
apóia apoia
• Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de pala-
apóio apoio vra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano.

25
LÍNGUA PORTUGUESA
• O prefixo co aglutina-se, em geral, com o segundo elemento,
mesmo quando este se inicia por o: coobrigação, coordenar, coope- EXERCÍCIOS
rar, cooperação, cooptar, coocupante.
• Com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen: vice-rei, vice-al- 1. Levando-se em consideração os conceitos de frase, oração
mirante. e período, é correto afirmar que o trecho abaixo é considerado um
• Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam (a):
a noção de composição, como girassol, madressilva, mandachuva, “A expectativa é que o México, pressionado pelas mudanças
pontapé, paraquedas, paraquedista. americanas, entre na fila.”
• Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, (A) Frase, uma vez que é composta por orações coordenadas e
usa-se sempre o hífen: ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar, subordinadas.
recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular, pró-europeu. (B) Período, composto por três orações.
(C) Oração, pois possui sentido completo.
Viu? Tudo muito tranquilo. Certeza que você já está dominando (D) Período, pois é composto por frases e orações.
muita coisa. Mas não podemos parar, não é mesmo?!?! Por isso
vamos passar para mais um ponto importante. 2. (AOCP – PREF. DE CATU/BA – MECÂNICO DE VEÍCULOS –
2007) Leia a seguinte sentença: Joana tomou um sonífero e não
dormiu. Assinale a alternativa que classifica corretamente a segun-
da oração.
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
(A) Oração coordenada assindética aditiva.
(B) Oração coordenada sindética aditiva.
Acentuação é o modo de proferir um som ou grupo de sons (C) Oração coordenada sindética adversativa.
com mais relevo do que outros. Os sinais diacríticos servem para (D) Oração coordenada sindética explicativa.
indicar, dentre outros aspectos, a pronúncia correta das palavras. (E) Oração coordenada sindética alternativa.
Vejamos um por um:
3. (AOCP – PREF. DE CATU/BA – BIBLIOTECÁRIO – 2007) Leia a
Acento agudo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre seguinte sentença: Não precisaremos voltar ao médico nem fazer
aberto. exames. Assinale a alternativa que classifica corretamente as duas
Já cursei a Faculdade de História. orações.
Acento circunflexo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre (A) Oração coordenada assindética e oração coordenada
fechado. adversativa.
Meu avô e meus três tios ainda são vivos. (B) Oração principal e oração coordenada sindética aditiva.
Acento grave: marca o fenômeno da crase (estudaremos este (C) Oração coordenada assindética e oração coordenada
caso afundo mais à frente). aditiva.
Sou leal à mulher da minha vida. (D) Oração principal e oração subordinada adverbial consecu-
tiva.
As palavras podem ser: (E) Oração coordenada assindética e oração coordenada
– Oxítonas: quando a sílaba tônica é a última (ca-fé, ma-ra-cu- adverbial consecutiva.
-já, ra-paz, u-ru-bu...)
– Paroxítonas: quando a sílaba tônica é a penúltima (me-sa, 4. (EMPASIAL – TJ/SP – ESCREVENTE JUDICIÁRIO – 1999) Anali-
sa-bo-ne-te, ré-gua...) se sintaticamente a oração em destaque:
– Proparoxítonas: quando a sílaba tônica é a antepenúltima “Bem-aventurados os que ficam, porque eles serão recompen-
(sá-ba-do, tô-ni-ca, his-tó-ri-co…) sados” (Machado de Assis).
(A) oração subordinada substantiva completiva nominal.
As regras de acentuação das palavras são simples. Vejamos: (B) oração subordinada adverbial causal.
• São acentuadas todas as palavras proparoxítonas (médico, (C) oração subordinada adverbial temporal desenvolvida.
íamos, Ângela, sânscrito, fôssemos...) (D) oração coordenada sindética conclusiva.
• São acentuadas as palavras paroxítonas terminadas em L, N, (E) oração coordenada sindética explicativa.
R, X, I(S), US, UM, UNS, OS, ÃO(S), Ã(S), EI(S) (amável, elétron, éter,
fênix, júri, oásis, ônus, fórum, órfão...) 5. (FGV – SENADO FEDERAL – TÉCNICO LEGISLATIVO – ADMI-
• São acentuadas as palavras oxítonas terminadas em A(S), NISTRAÇÃO – 2008) “Mas o fato é que transparência deixou de ser
E(S), O(S), EM, ENS, ÉU(S), ÉI(S), ÓI(S) (xarás, convéns, robô, Jô, céu, um processo de observação cristalina para assumir um discurso de
dói, coronéis...) políticas de averiguação de custos engessadas que pouco ou quase
• São acentuados os hiatos I e U, quando precedidos de vogais nada retratam as necessidades de populações distintas.”.
(aí, faísca, baú, juízo, Luísa...) A oração grifada no trecho acima classifica-se como:
(A) subordinada substantiva predicativa;
Viu que não é nenhum bicho de sete cabeças? Agora é só trei- (B) subordinada adjetiva restritiva;
nar e fixar as regras. (C) subordinada substantiva subjetiva;
(D) subordinada substantiva objetiva direta;
(E) subordinada adjetiva explicativa.

26
LÍNGUA PORTUGUESA
6. (FUNCAB – PREF. PORTO VELHO/RO – MÉDICO – 2009) No (C) Poucos estudiosos se despõem a discutir o empacto das
trecho abaixo, as orações introduzidas pelos termos grifados são composições do músico na cultura ocidental.
classificadas, em relação às imediatamente anteriores, como: (D) Salvo algumas exceções, a maioria das óperas do compositor
“Não há dúvida de que precisaremos curtir mais o dia a dia, termina em uma cena de reconciliação entre os personagens.
mas nunca à custa de nossos filhos...” (E) Alguns acreditam que o valor da obra do compositor se
(A) subordinada substantiva objetiva indireta e coordenada deve mais à árdua dedicação do que a arroubos de inspiração.
sindética adversativa;
(B) subordinada adjetiva restritiva e coordenada sindética 11. (FUNIVERSA – CEB – ADVOGADO – 2010) Assinale a alter-
explicativa; nativa em que todas as palavras são acentuadas pela mesma razão.
(C) subordinada adverbial conformativa e subordinada adver- (A) “Brasília”, “prêmios”, “vitória”.
bial concessiva; (B) “elétrica”, “hidráulica”, “responsáveis”.
(D) subordinada substantiva completiva nominal e coordenada (C) “sérios”, “potência”, “após”.
sindética adversativa; (D) “Goiás”, “já”, “vários”.
(E) subordinada adjetiva restritiva e subordinada adverbial (E) “solidária”, “área”, “após”.
concessiva.
12. (CESGRANRIO – CMB – ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRA-
TIVO – 2012) Algumas palavras são acentuadas com o objetivo ex-
7. (ACEP – PREF. QUIXADÁ/CE – PSICÓLOGO – 2010) No perío-
clusivo de distingui-las de outras. Uma palavra acentuada com esse
do “O essencial é o seguinte: //nunca antes neste país houve um
objetivo é a seguinte:
governo tão imbuído da ideia // de que veio // para recomeçar a
(A) pôr.
história.”, a oração sublinhada é classificada como:
(B) ilhéu.
(A) coordenada assindética; (C) sábio.
(B) subordinada substantiva completiva nominal; (D) também.
(C) subordinada substantiva objetiva indireta; (E) lâmpada.
(D) subordinada substantiva apositiva.
13. (CESGRANRIO – SEPLAG/BA – PROFESSOR PORTUGUÊS –
8. (FDC – PROFESSOR DE PORTUGUÊS II – 2005) Marque a série 2010) Estabelece relação de hiperonímia/hiponímia, nessa ordem,
em que o hífen está corretamente empregado nas cinco palavras: o seguinte par de palavras:
(A) pré-nupcial, ante-diluviano, anti-Cristo, ultra-violeta, infra- (A) estrondo – ruído;
-vermelho. (B) pescador – trabalhador;
(B) vice-almirante, ex-diretor, super-intendente, extrafino, (C) pista – aeroporto;
infra-assinado. (D) piloto – comissário;
(C) anti-alérgico, anti-rábico, ab-rupto, sub-rogar, antihigiênico. (E) aeronave – jatinho.
(D) extraoficial, antessala, contrassenso, ultrarrealismo, con-
trarregra. 14. (VUNESP – SEAP/SP – AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA
(E) co-seno, contra-cenar, sobre-comum, sub-humano, infra- PENITENCIÁRIA – 2012) No trecho – Para especialistas, fica uma
-mencionado. questão: até que ponto essa exuberância econômica no Brasil é
sustentável ou é apenas mais uma bolha? – o termo em destaque
9. (ESAF – SRF – AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL – 2003) tem como antônimo:
Indique o item em que todas as palavras estão corretamente em- (A) fortuna;
pregadas e grafadas. (B) opulência;
(A) A pirâmide carcerária assegura um contexto em que o (C) riqueza;
poder de infringir punições legais a cidadãos aparece livre de (D) escassez;
qualquer excesso e violência. (E) abundância.
(B) Nos presídios, os chefes e subchefes não devem ser exata-
mente nem juízes, nem professores, nem contramestres, nem 15. (FCC – TRE/MG – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2005) As liberda-
suboficiais, nem “pais”, porém avocam a si um pouco de tudo des ...... se refere o autor dizem respeito a direitos ...... se ocupa a
isso, num modo de intervenção específico. nossa Constituição. Preenchem de modo correto as lacunas da frase
(C) O carcerário, ao homogeinizar o poder legal de punir e o acima, na ordem dada, as expressões:
poder técnico de disciplinar, ilide o que possa haver de violen- (A) a que – de que;
to em um e de arbitrário no outro, atenuando os efeitos de (B) de que – com que;
revolta que ambos possam suscitar. (C) a cujas – de cujos;
(D) No singular poder de punir, nada mais lembra o antigo po-
(D) à que – em que;
der do soberano iminente que vingava sua autoridade sobre o
(E) em que – aos quais.
corpo dos supliciados.
(E) A existência de uma proibição legal cria em torno dela um
16. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – 2008)
campo de práticas ilegais, sob o qual se chega a exercer con-
Assinale o trecho que apresenta erro de regência.
trole e aferir lucro ilícito, mas que se torna manejável por sua
(A) Depois de um longo período em que apresentou taxas de
organização em delinqüência.
crescimento econômico que não iam além dos 3%, o Brasil
10. (FCC – METRÔ/SP – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO JÚNIOR fecha o ano de 2007 com uma expansão de 5,3%, certamente
– 2012) A frase que apresenta INCORREÇÕES quanto à ortografia é: a maior taxa registrada na última década.
(A) Quando jovem, o compositor demonstrava uma capacida- (B) Os dados ainda não são definitivos, mas tudo sugere
de extraordinária de imitar vários estilos musicais. que serão confirmados. A entidade responsável pelo estudo
(B) Dizem que o músico era avesso à ideia de expressar senti- foi a conhecida Comissão Econômica para a América Latina
mentos pessoais por meio de sua música. (CEPAL).

27
LÍNGUA PORTUGUESA
(C) Não há dúvida de que os números são bons, num momen- 20. (CESGRANRIO – PETROBRAS – TÉCNICO DE ENFERMAGEM
to em que atingimos um bom superávit em conta-corrente, DO TRABALHO – 2011) Há ERRO quanto ao emprego dos sinais de
em que se revela queda no desemprego e até se anuncia a pontuação em:
ampliação de nossas reservas monetárias, além da descoberta (A) Ao dizer tais palavras, levantou-se, despediu-se dos convi-
de novas fontes de petróleo. dados e retirou-se da sala: era o final da reunião.
(D) Mesmo assim, olhando-se para os vizinhos de continen- (B) Quem disse que, hoje, enquanto eu dormia, ela saiu sorra-
te, percebe-se que nossa performance é inferior a que foi teiramente pela porta?
atribuída a Argentina (8,6%) e a alguns outros países com (C) Na infância, era levada e teimosa; na juventude, tornou-se
participação menor no conjunto dos bens produzidos pela tímida e arredia; na velhice, estava sempre alheia a tudo.
América Latina. (D) Perdida no tempo, vinham-lhe à lembrança a imagem
(E) Nem é preciso olhar os exemplos da China, Índia e Rússia, muito branca da mãe, as brincadeiras no quintal, à tarde, com
com crescimento acima desses patamares. Ao conjunto inteiro os irmãos e o mundo mágico dos brinquedos.
da América Latina, o organismo internacional está atribuindo (E) Estava sempre dizendo coisas de que mais tarde se arre-
um crescimento médio, em 2007, de 5,6%, um pouco maior penderia. Prometia a si própria que da próxima vez, tomaria
do que o do Brasil. cuidado com as palavras, o que entretanto, não acontecia.

17. (VUNESP – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – 21. (FCC – INFRAERO – ADMINISTRADOR – 2011) Está inteira-
2011) Assinale a alternativa em que a concordância verbal está cor- mente correta a pontuação do seguinte período:
reta. (A) Os personagens principais de uma história, responsáveis
(A) Haviam cooperativas de catadores na cidade de São Paulo. pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes, de peque-
(B) O lixo de casas e condomínios vão para aterros. nas providências que, tomadas por figurantes aparentemente
(C) O tratamento e a destinação corretos do lixo evitaria que sem importância, ditam o rumo de toda a história.
35% deles fosse despejado em aterros. (B) Os personagens principais, de uma história, responsáveis
(D) Fazem dois anos que a prefeitura adia a questão do lixo. pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes, de peque-
(E) Somos nós quem paga a conta pelo descaso com a coleta nas providências que tomadas por figurantes, aparentemente
de lixo. sem importância, ditam o rumo de toda a história.
(C) Os personagens principais de uma história, responsáveis
18. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – 2012) pelo sentido maior dela dependem muitas vezes de pequenas
Assinale a opção que fornece a correta justificativa para as relações providências, que, tomadas por figurantes aparentemente,
de concordância no texto abaixo. sem importância, ditam o rumo de toda a história.
O bom desempenho do lado real da economia proporcionou (D) Os personagens principais, de uma história, responsáveis
um período de vigoroso crescimento da arrecadação. A maior lucra- pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes de peque-
tividade das empresas foi decisiva para os resultados fiscais favo- nas providências, que tomadas por figurantes aparentemente
ráveis. Elevaram-se, de forma significativa e em valores reais, de- sem importância, ditam o rumo de toda a história.
flacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), as (E) Os personagens principais de uma história, responsáveis,
receitas do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), a Contribuição pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes de pequenas
Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), e a Contribuição para o Finan- providências, que tomadas por figurantes, aparentemente,
ciamento da Seguridade Social (Cofins). O crescimento da massa de sem importância, ditam o rumo de toda a história.
salários fez aumentar a arrecadação do Imposto de Renda Pessoa
Física (IRPF) e a receita de tributação sobre a folha da previdência 22. (CESGRANRIO – BNDES – ADVOGADO – 2004) No título do
social. Não menos relevantes foram os elevados ganhos de capital, artigo “A tal da demanda social”, a classe de palavra de “tal” é:
responsáveis pelo aumento da arrecadação do IRPF. (A) pronome;
(A) O uso do plural em “valores” é responsável pela flexão de (B) adjetivo;
plural em “deflacionados”. (C) advérbio;
(B) O plural em “resultados” é responsável pela flexão de (D) substantivo;
plural em “Elevaram-se”. (E) preposição.
(C) Emprega-se o singular em “proporcionou” para respeitar
as regras de concordância com “economia”. 23. Assinale a alternativa que apresenta a correta classificação
(D) O singular em “a arrecadação” é responsável pela flexão morfológica do pronome “alguém” (l. 44).
de singular em “fez aumentar”. (A) Pronome demonstrativo.
(E) A flexão de plural em “foram” justifica-se pela concordân- (B) Pronome relativo.
cia com “relevantes”. (C) Pronome possessivo.
(D) Pronome pessoal.
19. (CESGRANRIO – FINEP – TÉCNICO – 2011) A vírgula pode (E) Pronome indefinido.
ser retirada sem prejuízo para o significado e mantendo a norma
padrão na seguinte sentença: 24. Em relação à classe e ao emprego de palavras no texto, na
(A) Mário, vem falar comigo depois do expediente. oração “A abordagem social constitui-se em um processo de traba-
(B) Amanhã, apresentaremos a proposta de trabalho. lho planejado de aproximação” (linhas 1 e 2), os vocábulos subli-
(C) Telefonei para o Tavares, meu antigo chefe. nhados classificam-se, respectivamente, em
(D) Encomendei canetas, blocos e crachás para a reunião. (A) preposição, pronome, artigo, adjetivo e substantivo.
(E) Entrou na sala, cumprimentou a todos e iniciou o discurso. (B) pronome, preposição, artigo, substantivo e adjetivo.
(C) conjunção, preposição, numeral, substantivo e pronome.
(D) pronome, conjunção, artigo, adjetivo e adjetivo.
(E) conjunção, conjunção, numeral, substantivo e advérbio.

28
LÍNGUA PORTUGUESA
25. (CONSULPLAN – ANALISTA DE INFORMÁTICA (SDS-SC) – Para agravar a tragédia, a empresa declarou que existem riscos
2008) A alternativa em que todas as palavras são formadas pelo de rompimento nas barragens de Germano e de Santarém. Segun-
mesmo processo de formação é: do o Departamento Nacional de Produção Mineral, pelo menos 16
(A) responsabilidade, musicalidade, defeituoso; barragens de mineração em todo o País apresentam condições de
(B) cativeiro, incorruptíveis, desfazer; insegurança. “O governo perdeu sua capacidade de aparelhar ór-
(C) deslealdade, colunista, incrível; gãos técnicos para fiscalização”, diz Malu. Na direção oposta
(D) anoitecer, festeiro, infeliz; Ao caminho da segurança, está o projeto de lei 654/2015, do
(E) reeducação, dignidade, enriquecer. senador Romero Jucá (PMDB-RR) que prevê licença única em um
tempo exíguo para obras consideradas estratégicas. O novo mar-
26. (IMA – PREF. BOA HORA/PI – PROCURADOR MUNICIPAL – co regulatório da mineração, por sua vez, também concede priori-
2010) No verso “Para desentristecer, leãozinho”, Caetano Veloso dade à ação de mineradoras. “Ocorrerá um aumento dos conflitos
cria um neologismo. A opção que contém o processo de formação judiciais, o que não será interessante para o setor empresarial”, diz
utilizado para formar a palavra nova e o tipo de derivação que a Maurício Guetta, advogado do Instituto Sócio Ambiental (ISA). Com
palavra primitiva foi formada respectivamente é: o avanço dessa legislação outros danos irreversíveis podem ocorrer.
(A) derivação prefixal (des + entristecer); derivação parassinté- FONTE: http://www.istoe.com.br/reportagens/441106_A+LA MA+-
tica (en + trist + ecer); QUE+AINDA+SUJA+O+BRASIL
(B) derivação sufixal (desentriste + cer); derivação imprópria
(en + triste + cer); 29. Observe as assertivas relacionadas ao texto lido:
(C) derivação regressiva (des + entristecer); derivação paras- I. O texto é predominantemente narrativo, já que narra um
sintética (en + trist + ecer); fato.
(D) derivação parassintética (en + trist + ecer); derivação prefi- II. O texto é predominantemente expositivo, já que pertence ao
xal (des + entristecer); gênero textual editorial.
(E) derivação prefixal (en + trist + ecer); derivação parassintéti- III. O texto é apresenta partes narrativas e partes expositivas, já
ca (des + entristecer). que se trata de uma reportagem.
IV. O texto apresenta partes narrativas e partes expositivas, já
27. (IMA – PREF. BOA HORA/PI – PROCURADOR MUNICIPAL – se trata de um editorial.
2010) A palavra “Olhar” em (meu olhar) é um exemplo de palavra
formada por derivação: Analise as assertivas e responda:
(A) parassintética; (A) Somente a I é correta.
(B) prefixal; (B) Somente a II é incorreta.
(C) sufixal; (C) Somente a III é correta
(D) imprópria; (D) A III e IV são corretas.
(E) regressiva.
30. Observe as assertivas relacionadas ao texto “A lama que
28. (FEMPERJ – VALEC – JORNALISTA – 2012) Intertextualidade ainda suja o Brasil”:
é a presença de um texto em outro; o pensamento abaixo que NÃO I- O texto é coeso, mas não é coerente, já que tem problemas
se fundamenta em intertextualidade é: no desenvolvimento do assunto.
(A) “Se tudo o que é bom dura pouco, eu já deveria ter morri- II- O texto é coerente, mas não é coeso, já que apresenta pro-
do há muito tempo.” blemas no uso de conjunções e preposições.
(B) “Nariz é essa parte do corpo que brilha, espirra, coça e se III- O texto é coeso e coerente, graças ao bom uso das classes
mete onde não é chamada.” de palavras e da ordem sintática.
(C) “Une-te aos bons e será um deles. Ou fica aqui com a IV- O texto é coeso e coerente, já que apresenta progressão
gente mesmo!” temática e bom uso dos recursos coesivos.
(D) “Vamos fazer o feijão com arroz. Se puder botar um ovo,
tudo bem.” Analise as assertivas e responda:
(E) “O Neymar é invendável, inegociável e imprestável.” (A) Somente a I é correta.
(B) Somente a II é incorreta.
Leia o texto abaixo para responder a questão. (C) Somente a III é correta.
A lama que ainda suja o Brasil (D) Somente a IV é correta.
Fabíola Perez(fabiola.perez@istoe.com.br)
Leia o texto abaixo para responder as questões.
A maior tragédia ambiental da história do País escancarou um
dos principais gargalos da conjuntura política e econômica brasilei- UM APÓLOGO
ra: a negligência do setor privado e dos órgãos públicos diante de Machado de Assis.
um desastre de repercussão mundial. Confirmada a morte do Rio
Doce, o governo federal ainda não apresentou um plano de recu- Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:
peração efetivo para a área (apenas uma carta de intenções). Tam- — Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrola-
pouco a mineradora Samarco, controlada pela brasileira Vale e pela da, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?
anglo-australiana BHP Billiton. A única medida concreta foi a aplica- — Deixe-me, senhora.
ção da multa de R$ 250 milhões – sendo que não há garantias de — Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com
que ela será usada no local. “O leito do rio se perdeu e a calha pro- um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.
funda e larga se transformou num córrego raso”, diz Malu Ribeiro, — Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha.
coordenadora da rede de águas da Fundação SOS Mata Atlântica, Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem
sobre o desastre em Mariana, Minas Gerais. “O volume de rejeitos o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos
se tornou uma bomba relógio na região.” outros.

29
LÍNGUA PORTUGUESA
— Mas você é orgulhosa. 31. De acordo com o texto “Um Apólogo” de Machado de Assis
— Decerto que sou. e com a ilustração abaixo, e levando em consideração as persona-
— Mas por quê? gens presentes nas narrativas tanto verbal quanto visual, indique
— É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa a opção em que a fala não é compatível com a associação entre os
ama, quem é que os cose, senão eu? elementos dos textos:
— Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora
que quem os cose sou eu, e muito eu?
— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pe-
daço ao outro, dou feição aos babados…
— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante,
puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e
mando…
— Também os batedores vão adiante do imperador.
— Você é imperador?
— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel su-
balterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o
trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto…
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa.
Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que
tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a
costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, en-
fiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando (A) “- Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda en-
orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre rolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?” (L.02)
os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a (B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é
isto uma cor poética. E dizia a agulha: agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar?”
— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? (L.06)
Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é (C) “- Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adian-
que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo te, puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu
e acima… faço e mando...” (L.14-15)
A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela (D) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há
agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa
o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha vendo que comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a
ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era eles, furando abaixo e acima.” (L.25-26)
tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-pli- (E) “- Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para
c-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha
costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até de costura. Faze como eu, que não abro caminho para nin-
que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile. guém. Onde me espetam, fico.” (L.40-41)
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que
a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para 32. O diminutivo, em Língua Portuguesa, pode expressar outros
dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da valores semânticos além da noção de dimensão, como afetividade,
bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, pejoratividade e intensidade. Nesse sentido, pode-se afirmar que
alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha, os valores semânticos utilizados nas formas diminutivas “unidi-
perguntou-lhe: nha”(L.26) e “corpinho”(L.32), são, respectivamente, de:
— Ora agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da (A) dimensão e pejoratividade;
baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que (B) afetividade e intensidade;
vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para (C) afetividade e dimensão;
a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? (D) intensidade e dimensão;
Vamos, diga lá. (E) pejoratividade e afetividade.
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de ca-
beça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha: 33. Em um texto narrativo como “Um Apólogo”, é muito co-
— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é mum uso de linguagem denotativa e conotativa. Assinale a alterna-
que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze tiva cujo trecho retirado do texto é uma demonstração da expressi-
como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, vidade dos termos “linha” e “agulha” em sentido figurado.
fico. (A) “- É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de
Contei esta história a um professor de melancolia, que me dis- nossa ama, quem é que os cose, senão eu?” (L.11)
se, abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agulha a (B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agu-
muita linha ordinária! lha. Agulha não tem cabeça.” (L.06)
(C) “- Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um
pedaço ao outro, dou feição aos babados...” (L.13)
(D) “- Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordi-
nária!” (L.43)
(E) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pou-
co?” (L.25)

30
LÍNGUA PORTUGUESA
34. De acordo com a temática geral tratada no texto e, de modo 31 E
metafórico, considerando as relações existentes em um ambiente
de trabalho, aponte a opção que NÃO corresponde a uma ideia pre- 32 D
sente no texto: 33 D
(A) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação
equânime em ambientes coletivos de trabalho; 34 D
(B) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação
equânime em ambientes coletivos de trabalho;
(C) O texto indica que, em um ambiente coletivo de trabalho, ANOTAÇÕES
cada sujeito possui atribuições próprias.
(D) O texto sugere que o reconhecimento no ambiente cole-
tivo de trabalho parte efetivamente das próprias atitudes do ______________________________________________________
sujeito.
(E) O texto revela que, em um ambiente coletivo de trabalho, ______________________________________________________
frequentemente é difícil lidar com as vaidades individuais.
______________________________________________________

______________________________________________________

GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________
1 B ______________________________________________________
2 C
______________________________________________________
3 C
4 E ______________________________________________________
5 A ______________________________________________________
6 D
______________________________________________________
7 B
______________________________________________________
8 D
9 B ______________________________________________________
10 C ______________________________________________________
11 A
______________________________________________________
12 A
13 E ______________________________________________________
14 D ______________________________________________________
15 A
______________________________________________________
16 D
______________________________________________________
17 E
18 A ______________________________________________________
19 B ______________________________________________________
20 E
______________________________________________________
21 A
22 A ______________________________________________________

23 E _____________________________________________________
24 B
_____________________________________________________
25 A
______________________________________________________
26 A
27 D ______________________________________________________
28 E ______________________________________________________
29 C
______________________________________________________
30 D

31
LÍNGUA PORTUGUESA

ANOTAÇÕES ANOTAÇÕES

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

_____________________________________________________ _____________________________________________________

_____________________________________________________ _____________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

32
RACIOCÍNIO LÓGICO
1. Estrutura lógica de relações arbitrárias entre pessoas, lugares, objetos ou eventos fictícios; dedução de novas informações das rela-
ções fornecidas e avaliação das condições usadas para estabelecer a estrutura daquelas relações. Compreensão e análise da lógica de
uma situação, utilizando as funções intelectuais: raciocínio verbal, raciocínio matemático, raciocínio sequencial, orientação espacial e
temporal, formação de conceitos, discriminação de elementos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Operações com conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3. Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geométricos e matriciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
RACIOCÍNIO LÓGICO

ESTRUTURA LÓGICA DE RELAÇÕES ARBITRÁRIAS ENTRE PESSOAS, LUGARES, OBJETOS OU EVENTOS FICTÍCIOS;
DEDUÇÃO DE NOVAS INFORMAÇÕES DAS RELAÇÕES FORNECIDAS E AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES USADAS PARA
ESTABELECER A ESTRUTURA DAQUELAS RELAÇÕES. COMPREENSÃO E ANÁLISE DA LÓGICA DE UMA SITUAÇÃO, UTI-
LIZANDO AS FUNÇÕES INTELECTUAIS: RACIOCÍNIO VERBAL, RACIOCÍNIO MATEMÁTICO, RACIOCÍNIO SEQUENCIAL,
ORIENTAÇÃO ESPACIAL E TEMPORAL, FORMAÇÃO DE CONCEITOS, DISCRIMINAÇÃO DE ELEMENTOS

RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO


Este tipo de raciocínio testa sua habilidade de resolver problemas matemáticos, e é uma forma de medir seu domínio das diferentes
áreas do estudo da Matemática: Aritmética, Álgebra, leitura de tabelas e gráficos, Probabilidade e Geometria etc. Essa parte consiste nos
seguintes conteúdos:
- Operação com conjuntos.
- Cálculos com porcentagens.
- Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geométricos e matriciais.
- Geometria básica.
- Álgebra básica e sistemas lineares.
- Calendários.
- Numeração.
- Razões Especiais.
- Análise Combinatória e Probabilidade.
- Progressões Aritmética e Geométrica.

RACIOCÍNIO LÓGICO DEDUTIVO


Este tipo de raciocínio está relacionado ao conteúdo Lógica de Argumentação.

ORIENTAÇÕES ESPACIAL E TEMPORAL


O raciocínio lógico espacial ou orientação espacial envolvem figuras, dados e palitos. O raciocínio lógico temporal ou orientação tem-
poral envolve datas, calendário, ou seja, envolve o tempo.
O mais importante é praticar o máximo de questões que envolvam os conteúdos:
- Lógica sequencial
- Calendários

RACIOCÍNIO VERBAL
Avalia a capacidade de interpretar informação escrita e tirar conclusões lógicas.
Uma avaliação de raciocínio verbal é um tipo de análise de habilidade ou aptidão, que pode ser aplicada ao se candidatar a uma vaga.
Raciocínio verbal é parte da capacidade cognitiva ou inteligência geral; é a percepção, aquisição, organização e aplicação do conhecimento
por meio da linguagem.
Nos testes de raciocínio verbal, geralmente você recebe um trecho com informações e precisa avaliar um conjunto de afirmações,
selecionando uma das possíveis respostas:
A – Verdadeiro (A afirmação é uma consequência lógica das informações ou opiniões contidas no trecho)
B – Falso (A afirmação é logicamente falsa, consideradas as informações ou opiniões contidas no trecho)
C – Impossível dizer (Impossível determinar se a afirmação é verdadeira ou falsa sem mais informações)

ESTRUTURAS LÓGICAS
Precisamos antes de tudo compreender o que são proposições. Chama-se proposição toda sentença declarativa à qual podemos atri-
buir um dos valores lógicos: verdadeiro ou falso, nunca ambos. Trata-se, portanto, de uma sentença fechada.

Elas podem ser:


• Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógico verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto, não
é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
- Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem? – Fez Sol ontem?
- Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a televisão.
- Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, ambíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro do
meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1

• Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será considerada
uma frase, proposição ou sentença lógica.

Proposições simples e compostas


• Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.

1
RACIOCÍNIO LÓGICO
• Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógicas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições sim-
ples. As proposições compostas são designadas pelas letras latinas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras proposicionais.

ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas por duas proposições simples.

Proposições Compostas – Conectivos


As proposições compostas são formadas por proposições simples ligadas por conectivos, aos quais formam um valor lógico, que po-
demos vê na tabela a seguir:

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA TABELA VERDADE

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

Condicional → Se p então q

2
RACIOCÍNIO LÓGICO

Bicondicional ↔ p se e somente se q

Em síntese temos a tabela verdade das proposições que facilitará na resolução de diversas questões

Exemplo:
(MEC – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA OS POSTOS 9,10,11 E 16 – CESPE)

A figura acima apresenta as colunas iniciais de uma tabela-verdade, em que P, Q e R representam proposições lógicas, e V e F corres-
pondem, respectivamente, aos valores lógicos verdadeiro e falso.
Com base nessas informações e utilizando os conectivos lógicos usuais, julgue o item subsecutivo.
A última coluna da tabela-verdade referente à proposição lógica P v (Q↔R) quando representada na posição horizontal é igual a

( ) Certo
( ) Errado

Resolução:
P v (Q↔R), montando a tabela verdade temos:

R Q P [P v (Q ↔ R) ]
V V V V V V V V
V V F F V V V V
V F V V V F F V
V F F F F F F V

3
RACIOCÍNIO LÓGICO
F V V V V V F F
F V F F F V F F
F F V V V F V F
F F F F V F V F

Resposta: Certo

Proposição
Conjunto de palavras ou símbolos que expressam um pensamento ou uma ideia de sentido completo. Elas transmitem pensamentos,
isto é, afirmam fatos ou exprimem juízos que formamos a respeito de determinados conceitos ou entes.

Valores lógicos
São os valores atribuídos as proposições, podendo ser uma verdade, se a proposição é verdadeira (V), e uma falsidade, se a proposi-
ção é falsa (F). Designamos as letras V e F para abreviarmos os valores lógicos verdade e falsidade respectivamente.
Com isso temos alguns aximos da lógica:
– PRINCÍPIO DA NÃO CONTRADIÇÃO: uma proposição não pode ser verdadeira E falsa ao mesmo tempo.
– PRINCÍPIO DO TERCEIRO EXCLUÍDO: toda proposição OU é verdadeira OU é falsa, verificamos sempre um desses casos, NUNCA
existindo um terceiro caso.

“Toda proposição tem um, e somente um, dos valores, que são: V ou F.”

Classificação de uma proposição


Elas podem ser:
• Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógico verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto, não
é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
- Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem? – Fez Sol ontem?
- Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a televisão.
- Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, ambíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro do
meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1

• Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será considerada
uma frase, proposição ou sentença lógica.

Proposições simples e compostas


• Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.

Exemplos
r: Thiago é careca.
s: Pedro é professor.

• Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógicas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições
simples. As proposições compostas são designadas pelas letras latinas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras proposicionais.

Exemplo
P: Thiago é careca e Pedro é professor.

ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas por duas proposições simples.

Exemplos:
1. (CESPE/UNB) Na lista de frases apresentadas a seguir:
– “A frase dentro destas aspas é uma mentira.”
– A expressão x + y é positiva.
– O valor de √4 + 3 = 7.
– Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira.
– O que é isto?

Há exatamente:
(A) uma proposição;
(B) duas proposições;

4
RACIOCÍNIO LÓGICO
(C) três proposições;
(D) quatro proposições;
(E) todas são proposições.

Resolução:
Analisemos cada alternativa:
(A) “A frase dentro destas aspas é uma mentira”, não podemos atribuir valores lógicos a ela, logo não é uma sentença lógica.
(B) A expressão x + y é positiva, não temos como atribuir valores lógicos, logo não é sentença lógica.
(C) O valor de √4 + 3 = 7; é uma sentença lógica pois podemos atribuir valores lógicos, independente do resultado que tenhamos
(D) Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira, também podemos atribuir valores lógicos (não estamos considerando a quantidade
certa de gols, apenas se podemos atribuir um valor de V ou F a sentença).
(E) O que é isto? - como vemos não podemos atribuir valores lógicos por se tratar de uma frase interrogativa.
Resposta: B.

Conectivos (conectores lógicos)


Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos. São eles:

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA TABELA VERDADE

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

Condicional → Se p então q

5
RACIOCÍNIO LÓGICO

Bicondicional ↔ p se e somente se q

Exemplo:
2. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP) Os conectivos ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou símbolos (da
linguagem formal) utilizados para conectar proposições de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa que apre-
senta exemplos de conjunção, negação e implicação, respectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
(C) p -> q, p v q, ¬ p
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q

Resolução:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é repre-
sentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposição simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação é uma
proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representada pelo símbolo (→).
Resposta: B.

Tabela Verdade
Quando trabalhamos com as proposições compostas, determinamos o seu valor lógico partindo das proposições simples que a com-
põe. O valor lógico de qualquer proposição composta depende UNICAMENTE dos valores lógicos das proposições simples componentes,
ficando por eles UNIVOCAMENTE determinados.

• Número de linhas de uma Tabela Verdade: depende do número de proposições simples que a integram, sendo dado pelo seguinte
teorema:
“A tabela verdade de uma proposição composta com n* proposições simples componentes contém 2n linhas.”

Exemplo:
3. (CESPE/UNB) Se “A”, “B”, “C” e “D” forem proposições simples e distintas, então o número de linhas da tabela-verdade da propo-
sição (A → B) ↔ (C → D) será igual a:
(A) 2;
(B) 4;
(C) 8;
(D) 16;
(E) 32.

Resolução:
Veja que podemos aplicar a mesma linha do raciocínio acima, então teremos:
Número de linhas = 2n = 24 = 16 linhas.
Resposta D.

Conceitos de Tautologia , Contradição e Contigência


• Tautologia: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), V (verdades).
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma tautologia, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma tautologia, quaisquer que sejam
as proposições P0, Q0, R0, ...

• Contradição: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), F (falsidades). A contradição é a negação da Tauto-
logia e vice versa.
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma contradição, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma contradição, quaisquer que sejam
as proposições P0, Q0, R0, ...

• Contingência: possui valores lógicos V e F ,da tabela verdade (última coluna). Em outros termos a contingência é uma proposição
composta que não é tautologia e nem contradição.

6
RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplos:
4. (DPU – ANALISTA – CESPE) Um estudante de direito, com o objetivo de sistematizar o seu estudo, criou sua própria legenda, na qual
identificava, por letras, algumas afirmações relevantes quanto à disciplina estudada e as vinculava por meio de sentenças (proposições).
No seu vocabulário particular constava, por exemplo:
P: Cometeu o crime A.
Q: Cometeu o crime B.
R: Será punido, obrigatoriamente, com a pena de reclusão no regime fechado.
S: Poderá optar pelo pagamento de fiança.

Ao revisar seus escritos, o estudante, apesar de não recordar qual era o crime B, lembrou que ele era inafiançável.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item que se segue.
A sentença (P→Q)↔((~Q)→(~P)) será sempre verdadeira, independentemente das valorações de P e Q como verdadeiras ou falsas.
( ) Certo
( ) Errado

Resolução:
Considerando P e Q como V.
(V→V) ↔ ((F)→(F))
(V) ↔ (V) = V
Considerando P e Q como F
(F→F) ↔ ((V)→(V))
(V) ↔ (V) = V
Então concluímos que a afirmação é verdadeira.
Resposta: Certo.

Equivalência
Duas ou mais proposições compostas são equivalentes, quando mesmo possuindo estruturas lógicas diferentes, apresentam a mesma
solução em suas respectivas tabelas verdade.
Se as proposições P(p,q,r,...) e Q(p,q,r,...) são ambas TAUTOLOGIAS, ou então, são CONTRADIÇÕES, então são EQUIVALENTES.

Exemplo:
5. (VUNESP/TJSP) Uma negação lógica para a afirmação “João é rico, ou Maria é pobre” é:
(A) Se João é rico, então Maria é pobre.
(B) João não é rico, e Maria não é pobre.
(C) João é rico, e Maria não é pobre.
(D) Se João não é rico, então Maria não é pobre.
(E) João não é rico, ou Maria não é pobre.

Resolução:
Nesta questão, a proposição a ser negada trata-se da disjunção de duas proposições lógicas simples. Para tal, trocamos o conectivo
por “e” e negamos as proposições “João é rico” e “Maria é pobre”. Vejam como fica:

7
RACIOCÍNIO LÓGICO

Resposta: B.

Leis de Morgan
Com elas:
– Negamos que duas dadas proposições são ao mesmo tempo verdadeiras equivalendo a afirmar que pelo menos uma é falsa
– Negamos que uma pelo menos de duas proposições é verdadeira equivalendo a afirmar que ambas são falsas.

ATENÇÃO
As Leis de Morgan exprimem que NEGAÇÃO CONJUNÇÃO em DISJUNÇÃO
transforma: DISJUNÇÃO em CONJUNÇÃO

CONECTIVOS
Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos.

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA EXEMPLOS


Negação ~ Não p A cadeira não é azul.
Conjunção ^ peq Fernando é médico e Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Inclusiva v p ou q Fernando é médico ou Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Exclusiva v Ou p ou q Ou Fernando é médico ou João é Engenheiro.
Condicional → Se p então q Se Fernando é médico então Nicolas é Engenheiro.
Bicondicional ↔ p se e somente se q Fernando é médico se e somente se Nicolas é Engenheiro.

Conectivo “não” (~)


Chamamos de negação de uma proposição representada por “não p” cujo valor lógico é verdade (V) quando p é falsa e falsidade (F)
quando p é verdadeira. Assim “não p” tem valor lógico oposto daquele de p. Pela tabela verdade temos:

Conectivo “e” (˄)


Se p e q são duas proposições, a proposição p ˄ q será chamada de conjunção. Para a conjunção, tem-se a seguinte tabela-verdade:

ATENÇÃO: Sentenças interligadas pelo conectivo “e” possuirão o valor verdadeiro somente quando todas as sentenças, ou argumen-
tos lógicos, tiverem valores verdadeiros.

Conectivo “ou” (v)


Este inclusivo: Elisabete é bonita ou Elisabete é inteligente. (Nada impede que Elisabete seja bonita e inteligente).

8
RACIOCÍNIO LÓGICO

Conectivo “ou” (v)


Este exclusivo: Elisabete é paulista ou Elisabete é carioca. (Se Elisabete é paulista, não será carioca e vice-versa).

• Mais sobre o Conectivo “ou”


– “inclusivo”(considera os dois casos)
– “exclusivo”(considera apenas um dos casos)

Exemplos:
R: Paulo é professor ou administrador
S: Maria é jovem ou idosa
No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma das proposições é verdadeira, podendo ser ambas.
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das proposições poderá ser verdadeira

Ele pode ser “inclusivo”(considera os dois casos) ou “exclusivo”(considera apenas um dos casos)

Exemplo:
R: Paulo é professor ou administrador
S: Maria é jovem ou idosa

No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma das proposições é verdadeira, podendo ser ambas.
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das proposições poderá ser verdadeiro

Conectivo “Se... então” (→)


Se p e q são duas proposições, a proposição p→q é chamada subjunção ou condicional. Considere a seguinte subjunção: “Se fizer sol,
então irei à praia”.
1. Podem ocorrer as situações:
2. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
3. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade)
5. Não fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade, pois eu não disse o que faria se não fizesse sol. Assim, poderia ir ou não ir à praia).
Temos então sua tabela verdade:

Observe que uma subjunção p→q somente será falsa quando a primeira proposição, p, for verdadeira e a segunda, q, for falsa.

9
RACIOCÍNIO LÓGICO
Conectivo “Se e somente se” (↔)
Se p e q são duas proposições, a proposição p↔q1 é chamada bijunção ou bicondicional, que também pode ser lida como: “p é con-
dição necessária e suficiente para q” ou, ainda, “q é condição necessária e suficiente para p”.
Considere, agora, a seguinte bijunção: “Irei à praia se e somente se fizer sol”. Podem ocorrer as situações:
1. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
2. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
3. Não fez sol e fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade). Sua tabela verdade:

Observe que uma bicondicional só é verdadeira quando as proposições formadoras são ambas falsas ou ambas verdadeiras.

ATENÇÃO: O importante sobre os conectivos é ter em mente a tabela de cada um deles, para que assim você possa resolver qualquer
questão referente ao assunto.

Ordem de precedência dos conectivos:


O critério que especifica a ordem de avaliação dos conectivos ou operadores lógicos de uma expressão qualquer. A lógica matemática
prioriza as operações de acordo com a ordem listadas:

Em resumo:

Exemplo:
(PC/SP - DELEGADO DE POLÍCIA - VUNESP) Os conectivos ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou símbolos (da
linguagem formal) utilizados para conectar proposições de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa que apre-
senta exemplos de conjunção, negação e implicação, respectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
(C) p -> q, p v q, ¬ p
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q

Resolução:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é repre-
sentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposição simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação é uma
proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representada pelo símbolo (→).
Resposta: B

CONTRADIÇÕES
São proposições compostas formadas por duas ou mais proposições onde seu valor lógico é sempre FALSO, independentemente do
valor lógico das proposições simples que a compõem. Vejamos:
A proposição: p ^ ~p é uma contradição, conforme mostra a sua tabela-verdade:

10
RACIOCÍNIO LÓGICO
- Somente uma contradição implica uma contradição:

Exemplo:
(PEC-FAZ) Conforme a teoria da lógica proposicional, a propo-
sição ~P ∧ P é:
(A) uma tautologia.
(B) equivalente à proposição ~p ∨ p.
(C) uma contradição. Propriedades
(D) uma contingência. • Reflexiva:
(E) uma disjunção. – P(p,q,r,...) ⇒ P(p,q,r,...)
– Uma proposição complexa implica ela mesma.
Resolução:
Montando a tabela teremos que: • Transitiva:
– Se P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...) e
P ~p ~p ^p Q(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...), então
P(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...)
V F F
– Se P ⇒ Q e Q ⇒ R, então P ⇒ R
V F F
F V F Regras de Inferência
• Inferência é o ato ou processo de derivar conclusões lógicas
F V F de proposições conhecidas ou decididamente verdadeiras. Em ou-
tras palavras: é a obtenção de novas proposições a partir de propo-
Como todos os valores são Falsidades (F) logo estamos diante sições verdadeiras já existentes.
de uma CONTRADIÇÃO.
Resposta: C Regras de Inferência obtidas da implicação lógica
A proposição P(p,q,r,...) implica logicamente a proposição Q(p,-
q,r,...) quando Q é verdadeira todas as vezes que P é verdadeira.
Representamos a implicação com o símbolo “⇒”, simbolicamente
temos:

P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...).

ATENÇÃO: Os símbolos “→” e “⇒” são completamente distin- • Silogismo Disjuntivo


tos. O primeiro (“→”) representa a condicional, que é um conec-
tivo. O segundo (“⇒”) representa a relação de implicação lógica
que pode ou não existir entre duas proposições.

Exemplo:

• Modus Ponens

Observe:
- Toda proposição implica uma Tautologia:

11
RACIOCÍNIO LÓGICO
• Modus Tollens Vejamos algumas formas:
- Todo A é B.
- Nenhum A é B.
- Algum A é B.
- Algum A não é B.

Onde temos que A e B são os termos ou características dessas


proposições categóricas.

• Classificação de uma proposição categórica de acordo com


o tipo e a relação
Elas podem ser classificadas de acordo com dois critérios fun-
damentais: qualidade e extensão ou quantidade.
– Qualidade: O critério de qualidade classifica uma proposição
categórica em afirmativa ou negativa.
– Extensão: O critério de extensão ou quantidade classifica
uma proposição categórica em universal ou particular. A classifica-
Tautologias e Implicação Lógica ção dependerá do quantificador que é utilizado na proposição.

• Teorema
P(p,q,r,..) ⇒ Q(p,q,r,...) se e somente se P(p,q,r,...) → Q(p,q,r,...)

Entre elas existem tipos e relações de acordo com a qualidade


e a extensão, classificam-se em quatro tipos, representados pelas
letras A, E, I e O.

• Universal afirmativa (Tipo A) – “TODO A é B”


Teremos duas possibilidades.

Observe que:
→ indica uma operação lógica entre as proposições. Ex.: das
proposições p e q, dá-se a nova proposição p → q.
⇒ indica uma relação. Ex.: estabelece que a condicional P →
Q é tautológica.

Inferências
Tais proposições afirmam que o conjunto “A” está contido no
• Regra do Silogismo Hipotético
conjunto “B”, ou seja, que todo e qualquer elemento de “A” é tam-
bém elemento de “B”. Observe que “Toda A é B” é diferente de
“Todo B é A”.

• Universal negativa (Tipo E) – “NENHUM A é B”


Tais proposições afirmam que não há elementos em comum
Princípio da inconsistência entre os conjuntos “A” e “B”. Observe que “nenhum A é B” é o mes-
– Como “p ^ ~p → q” é tautológica, subsiste a implicação lógica mo que dizer “nenhum B é A”.
p ^ ~p ⇒ q Podemos representar esta universal negativa pelo seguinte dia-
– Assim, de uma contradição p ^ ~p se deduz qualquer propo- grama (A ∩ B = ø):
sição q.

A proposição “(p ↔ q) ^ p” implica a proposição “q”, pois a


condicional “(p ↔ q) ^ p → q” é tautológica.

Lógica de primeira ordem


Existem alguns tipos de argumentos que apresentam proposi-
ções com quantificadores. Numa proposição categórica, é impor-
tante que o sujeito se relacionar com o predicado de forma coeren- • Particular afirmativa (Tipo I) - “ALGUM A é B”
te e que a proposição faça sentido, não importando se é verdadeira Podemos ter 4 diferentes situações para representar esta pro-
ou falsa. posição:

12
RACIOCÍNIO LÓGICO
Em síntese:

Essas proposições Algum A é B estabelecem que o conjunto “A”


tem pelo menos um elemento em comum com o conjunto “B”. Con- Exemplos:
tudo, quando dizemos que Algum A é B, presumimos que nem todo (DESENVOLVE/SP - CONTADOR - VUNESP) Alguns gatos não
A é B. Observe “Algum A é B” é o mesmo que “Algum B é A”. são pardos, e aqueles que não são pardos miam alto.
Uma afirmação que corresponde a uma negação lógica da afir-
• Particular negativa (Tipo O) - “ALGUM A não é B” mação anterior é:
Se a proposição Algum A não é B é verdadeira, temos as três (A) Os gatos pardos miam alto ou todos os gatos não são par-
representações possíveis: dos.
(B) Nenhum gato mia alto e todos os gatos são pardos.
(C) Todos os gatos são pardos ou os gatos que não são pardos
não miam alto.
(D) Todos os gatos que miam alto são pardos.
(E) Qualquer animal que mia alto é gato e quase sempre ele é
pardo.

Resolução:
Temos um quantificador particular (alguns) e uma proposição
do tipo conjunção (conectivo “e”). Pede-se a sua negação.

O quantificador existencial “alguns” pode ser negado, seguindo


o esquema, pelos quantificadores universais (todos ou nenhum).
Logo, podemos descartar as alternativas A e E.
Proposições nessa forma: Algum A não é B estabelecem que o A negação de uma conjunção se faz através de uma disjunção,
conjunto “A” tem pelo menos um elemento que não pertence ao em que trocaremos o conectivo “e” pelo conectivo “ou”. Descarta-
conjunto “B”. Observe que: Algum A não é B não significa o mesmo mos a alternativa B.
que Algum B não é A. Vamos, então, fazer a negação da frase, não esquecendo de
que a relação que existe é: Algum A é B, deve ser trocado por: Todo
• Negação das Proposições Categóricas A é não B.
Ao negarmos uma proposição categórica, devemos observar as Todos os gatos que são pardos ou os gatos (aqueles) que não
seguintes convenções de equivalência: são pardos NÃO miam alto.
– Ao negarmos uma proposição categórica universal geramos Resposta: C
uma proposição categórica particular.
– Pela recíproca de uma negação, ao negarmos uma proposição (CBM/RJ - CABO TÉCNICO EM ENFERMAGEM - ND) Dizer que a
categórica particular geramos uma proposição categórica universal. afirmação “todos os professores é psicólogos” e falsa, do ponto de
– Negando uma proposição de natureza afirmativa geramos, vista lógico, equivale a dizer que a seguinte afirmação é verdadeira
sempre, uma proposição de natureza negativa; e, pela recíproca, (A) Todos os não psicólogos são professores.
negando uma proposição de natureza negativa geramos, sempre, (B) Nenhum professor é psicólogo.
uma proposição de natureza afirmativa. (C) Nenhum psicólogo é professor.
(D) Pelo menos um psicólogo não é professor.
(E) Pelo menos um professor não é psicólogo.

Resolução:
Se a afirmação é falsa a negação será verdadeira. Logo, a nega-
ção de um quantificador universal categórico afirmativo se faz atra-
vés de um quantificador existencial negativo. Logo teremos: Pelo
menos um professor não é psicólogo.
Resposta: E

13
RACIOCÍNIO LÓGICO
• Equivalência entre as proposições Vejamos a tabela abaixo as proposições categóricas:
Basta usar o triângulo a seguir e economizar um bom tempo na
resolução de questões.
TIPO PREPOSIÇÃO DIAGRAMAS

TODO
A
AéB

Se um elemento pertence ao conjunto A,


então pertence também a B.

Exemplo:
(PC/PI - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL - UESPI) Qual a negação NENHUM
lógica da sentença “Todo número natural é maior do que ou igual E
AéB
a cinco”?
(A) Todo número natural é menor do que cinco.
Existe pelo menos um elemento que
(B) Nenhum número natural é menor do que cinco.
pertence a A, então não pertence a B, e
(C) Todo número natural é diferente de cinco.
vice-versa.
(D) Existe um número natural que é menor do que cinco.
(E) Existe um número natural que é diferente de cinco.

Resolução:
Do enunciado temos um quantificador universal (Todo) e pede-
-se a sua negação.
O quantificador universal todos pode ser negado, seguindo o
esquema abaixo, pelo quantificador algum, pelo menos um, existe
ao menos um, etc. Não se nega um quantificador universal com To- Existe pelo menos um elemento co-
dos e Nenhum, que também são universais. mum aos conjuntos A e B.
Podemos ainda representar das seguin-
ALGUM tes formas:
I
AéB

Portanto, já podemos descartar as alternativas que trazem


quantificadores universais (todo e nenhum). Descartamos as alter-
nativas A, B e C.
Seguindo, devemos negar o termo: “maior do que ou igual a
cinco”. Negaremos usando o termo “MENOR do que cinco”.
Obs.: maior ou igual a cinco (compreende o 5, 6, 7...) ao ser
negado passa a ser menor do que cinco (4, 3, 2,...).
Resposta: D

Diagramas lógicos
Os diagramas lógicos são usados na resolução de vários proble-
mas. É uma ferramenta para resolvermos problemas que envolvam
argumentos dedutivos, as quais as premissas deste argumento po-
dem ser formadas por proposições categóricas.

ATENÇÃO: É bom ter um conhecimento sobre conjuntos para


conseguir resolver questões que envolvam os diagramas lógicos.

14
RACIOCÍNIO LÓGICO
- Algum teatro é casa de cultura

ALGUM
O
A NÃO é B
Visto que na primeira chegamos à conclusão que C = CC
Segundo as afirmativas temos:
Perceba-se que, nesta sentença, a aten- (A) existem cinemas que não são teatros- Observando o último
ção está sobre o(s) elemento (s) de A que diagrama vimos que não é uma verdade, pois temos que existe pelo
não são B (enquanto que, no “Algum A é menos um dos cinemas é considerado teatro.
B”, a atenção estava sobre os que eram B,
ou seja, na intercessão).
Temos também no segundo caso, a dife-
rença entre conjuntos, que forma o con-
junto A - B

Exemplo:
(GDF–ANALISTA DE ATIVIDADES CULTURAIS ADMINISTRAÇÃO
– IADES) Considere as proposições: “todo cinema é uma casa de
cultura”, “existem teatros que não são cinemas” e “algum teatro é
casa de cultura”. Logo, é correto afirmar que
(A) existem cinemas que não são teatros.
(B) existe teatro que não é casa de cultura.
(B) existe teatro que não é casa de cultura. – Errado, pelo mes-
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro.
mo princípio acima.
(D) existe casa de cultura que não é cinema.
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro. – Errado,
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema.
a primeira proposição já nos afirma o contrário. O diagrama nos
afirma isso
Resolução:
Vamos chamar de:
Cinema = C
Casa de Cultura = CC
Teatro = T
Analisando as proposições temos:
- Todo cinema é uma casa de cultura

(D) existe casa de cultura que não é cinema. – Errado, a justifi-


cativa é observada no diagrama da alternativa anterior.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema. – Cor-
reta, que podemos observar no diagrama abaixo, uma vez que todo
cinema é casa de cultura. Se o teatro não é casa de cultura também
não é cinema.

- Existem teatros que não são cinemas

Resposta: E

15
RACIOCÍNIO LÓGICO
LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO
Chama-se argumento a afirmação de que um grupo de propo-
sições iniciais redunda em outra proposição final, que será conse-
quência das primeiras. Ou seja, argumento é a relação que associa
um conjunto de proposições P1, P2,... Pn , chamadas premissas do
argumento, a uma proposição Q, chamada de conclusão do argu-
mento.

Observem que todos os elementos do conjunto menor (ho-


mens) estão incluídos, ou seja, pertencem ao conjunto maior (dos
pássaros). E será sempre essa a representação gráfica da frase
“Todo A é B”. Dois círculos, um dentro do outro, estando o círculo
menor a representar o grupo de quem se segue à palavra TODO.
Exemplo: Na frase: “Nenhum pássaro é animal”. Observemos que a pa-
P1: Todos os cientistas são loucos. lavra-chave desta sentença é NENHUM. E a ideia que ela exprime é
P2: Martiniano é louco. de uma total dissociação entre os dois conjuntos.
Q: Martiniano é um cientista.

O exemplo dado pode ser chamado de Silogismo (argumento


formado por duas premissas e a conclusão).
A respeito dos argumentos lógicos, estamos interessados em
verificar se eles são válidos ou inválidos! Então, passemos a enten-
der o que significa um argumento válido e um argumento inválido.

Argumentos Válidos
Dizemos que um argumento é válido (ou ainda legítimo ou bem
construído), quando a sua conclusão é uma consequência obrigató-
ria do seu conjunto de premissas.
Será sempre assim a representação gráfica de uma sentença
Exemplo: “Nenhum A é B”: dois conjuntos separados, sem nenhum ponto em
O silogismo... comum.
P1: Todos os homens são pássaros. Tomemos agora as representações gráficas das duas premissas
P2: Nenhum pássaro é animal. vistas acima e as analisemos em conjunto. Teremos:
Q: Portanto, nenhum homem é animal.

... está perfeitamente bem construído, sendo, portanto, um


argumento válido, muito embora a veracidade das premissas e da
conclusão sejam totalmente questionáveis.

ATENÇÃO: O que vale é a CONSTRUÇÃO, E NÃO O SEU CON-


TEÚDO! Se a construção está perfeita, então o argumento é válido,
independentemente do conteúdo das premissas ou da conclusão!

• Como saber se um determinado argumento é mesmo váli-


do?
Para se comprovar a validade de um argumento é utilizando Comparando a conclusão do nosso argumento, temos:
diagramas de conjuntos (diagramas de Venn). Trata-se de um mé- NENHUM homem é animal – com o desenho das premissas
todo muito útil e que será usado com frequência em questões que será que podemos dizer que esta conclusão é uma consequência
pedem a verificação da validade de um argumento. Vejamos como necessária das premissas? Claro que sim! Observemos que o con-
funciona, usando o exemplo acima. Quando se afirma, na premissa junto dos homens está totalmente separado (total dissociação!) do
P1, que “todos os homens são pássaros”, poderemos representar conjunto dos animais. Resultado: este é um argumento válido!
essa frase da seguinte maneira:
Argumentos Inválidos
Dizemos que um argumento é inválido – também denominado
ilegítimo, mal construído, falacioso ou sofisma – quando a verdade
das premissas não é suficiente para garantir a verdade da conclu-
são.

16
RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo:
P1: Todas as crianças gostam de chocolate.
P2: Patrícia não é criança.
Q: Portanto, Patrícia não gosta de chocolate.

Este é um argumento inválido, falacioso, mal construído, pois as premissas não garantem (não obrigam) a verdade da conclusão.
Patrícia pode gostar de chocolate mesmo que não seja criança, pois a primeira premissa não afirmou que somente as crianças gostam de
chocolate.
Utilizando os diagramas de conjuntos para provar a validade do argumento anterior, provaremos, utilizando-nos do mesmo artifício,
que o argumento em análise é inválido. Comecemos pela primeira premissa: “Todas as crianças gostam de chocolate”.

Analisemos agora o que diz a segunda premissa: “Patrícia não é criança”. O que temos que fazer aqui é pegar o diagrama acima (da
primeira premissa) e nele indicar onde poderá estar localizada a Patrícia, obedecendo ao que consta nesta segunda premissa. Vemos
facilmente que a Patrícia só não poderá estar dentro do círculo das crianças. É a única restrição que faz a segunda premissa! Isto posto,
concluímos que Patrícia poderá estar em dois lugares distintos do diagrama:
1º) Fora do conjunto maior;
2º) Dentro do conjunto maior. Vejamos:

Finalmente, passemos à análise da conclusão: “Patrícia não gosta de chocolate”. Ora, o que nos resta para sabermos se este argumen-
to é válido ou não, é justamente confirmar se esse resultado (se esta conclusão) é necessariamente verdadeiro!
- É necessariamente verdadeiro que Patrícia não gosta de chocolate? Olhando para o desenho acima, respondemos que não! Pode
ser que ela não goste de chocolate (caso esteja fora do círculo), mas também pode ser que goste (caso esteja dentro do círculo)! Enfim, o
argumento é inválido, pois as premissas não garantiram a veracidade da conclusão!

Métodos para validação de um argumento


Aprenderemos a seguir alguns diferentes métodos que nos possibilitarão afirmar se um argumento é válido ou não!
1º) Utilizando diagramas de conjuntos: esta forma é indicada quando nas premissas do argumento aparecem as palavras TODO, AL-
GUM E NENHUM, ou os seus sinônimos: cada, existe um etc.
2º) Utilizando tabela-verdade: esta forma é mais indicada quando não for possível resolver pelo primeiro método, o que ocorre quan-
do nas premissas não aparecem as palavras todo, algum e nenhum, mas sim, os conectivos “ou” , “e”, “” e “↔”. Baseia-se na construção
da tabela-verdade, destacando-se uma coluna para cada premissa e outra para a conclusão. Este método tem a desvantagem de ser mais
trabalhoso, principalmente quando envolve várias proposições simples.
3º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos e considerando as premissas verdadeiras.
Por este método, fácil e rapidamente demonstraremos a validade de um argumento. Porém, só devemos utilizá-lo na impossibilidade
do primeiro método.
Iniciaremos aqui considerando as premissas como verdades. Daí, por meio das operações lógicas com os conectivos, descobriremos o
valor lógico da conclusão, que deverá resultar também em verdade, para que o argumento seja considerado válido.

17
RACIOCÍNIO LÓGICO
4º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos, considerando premissas verdadeiras e conclusão falsa.
É indicado este caminho quando notarmos que a aplicação do terceiro método não possibilitará a descoberta do valor lógico da con-
clusão de maneira direta, mas somente por meio de análises mais complicadas.

Em síntese:

Exemplo:
Diga se o argumento abaixo é válido ou inválido:

(p ∧ q) → r
_____~r_______
~p ∨ ~q

Resolução:
-1ª Pergunta) O argumento apresenta as palavras todo, algum ou nenhum?
A resposta é não! Logo, descartamos o 1º método e passamos à pergunta seguinte.

- 2ª Pergunta) O argumento contém no máximo duas proposições simples?


A resposta também é não! Portanto, descartamos também o 2º método.
- 3ª Pergunta) Há alguma das premissas que seja uma proposição simples ou uma conjunção?
A resposta é sim! A segunda proposição é (~r). Podemos optar então pelo 3º método? Sim, perfeitamente! Mas caso queiramos seguir
adiante com uma próxima pergunta, teríamos:
- 4ª Pergunta) A conclusão tem a forma de uma proposição simples ou de uma disjunção ou de uma condicional? A resposta também
é sim! Nossa conclusão é uma disjunção! Ou seja, caso queiramos, poderemos utilizar, opcionalmente, o 4º método!
Vamos seguir os dois caminhos: resolveremos a questão pelo 3º e pelo 4º métodos.

Resolução pelo 3º Método


Considerando as premissas verdadeiras e testando a conclusão verdadeira. Teremos:

18
RACIOCÍNIO LÓGICO
- 2ª Premissa) ~r é verdade. Logo: r é falsa! A condicional só será F quando a 1ª for verdadeira e a 2ª falsa,
- 1ª Premissa) (p ∧ q)r é verdade. Sabendo que r é falsa, utilizando isso temos:
concluímos que (p ∧ q) tem que ser também falsa. E quando uma O que se quer saber é: Se Maria foi ao cinema, então Fernando
conjunção (e) é falsa? Quando uma das premissas for falsa ou am- estava estudando. // B → ~E
bas forem falsas. Logo, não é possível determinamos os valores Iniciando temos:
lógicos de p e q. Apesar de inicialmente o 3º método se mostrar 4º - Quando chove (F), Maria não vai ao cinema. (F) // A → ~B
adequado, por meio do mesmo, não poderemos determinar se o = V – para que o argumento seja válido temos que Quando chove
argumento é ou NÃO VÁLIDO. tem que ser F.
3º - Quando Cláudio fica em casa (V), Maria vai ao cinema (V).
Resolução pelo 4º Método // C → B = V - para que o argumento seja válido temos que Maria
Considerando a conclusão falsa e premissas verdadeiras. Tere- vai ao cinema tem que ser V.
mos: 2º - Quando Cláudio sai de casa(F), não faz frio (F). // ~C → ~D
- Conclusão) ~p v ~q é falso. Logo: p é verdadeiro e q é verda- = V - para que o argumento seja válido temos que Quando Cláudio
deiro! sai de casa tem que ser F.
Agora, passamos a testar as premissas, que são consideradas 5º - Quando Fernando está estudando (V ou F), não chove (V).
verdadeiras! Teremos: // E → ~A = V. – neste caso Quando Fernando está estudando pode
- 1ª Premissa) (p∧q)r é verdade. Sabendo que p e q são ver- ser V ou F.
dadeiros, então a primeira parte da condicional acima também é 1º- Durante a noite(V), faz frio (V). // F → D = V
verdadeira. Daí resta que a segunda parte não pode ser falsa. Logo:
r é verdadeiro. Logo nada podemos afirmar sobre a afirmação: Se Maria foi ao
- 2ª Premissa) Sabendo que r é verdadeiro, teremos que ~r é cinema (V), então Fernando estava estudando (V ou F); pois temos
falso! Opa! A premissa deveria ser verdadeira, e não foi! dois valores lógicos para chegarmos à conclusão (V ou F).
Resposta: Errado
Neste caso, precisaríamos nos lembrar de que o teste, aqui no
4º método, é diferente do teste do 3º: não havendo a existência si- (PETROBRAS – TÉCNICO (A) DE EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO
multânea da conclusão falsa e premissas verdadeiras, teremos que JÚNIOR – INFORMÁTICA – CESGRANRIO) Se Esmeralda é uma fada,
o argumento é válido! Conclusão: o argumento é válido! então Bongrado é um elfo. Se Bongrado é um elfo, então Monarca
é um centauro. Se Monarca é um centauro, então Tristeza é uma
Exemplos: bruxa.
(DPU – AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE) Considere que as Ora, sabe-se que Tristeza não é uma bruxa, logo
seguintes proposições sejam verdadeiras. (A) Esmeralda é uma fada, e Bongrado não é um elfo.
• Quando chove, Maria não vai ao cinema. (B) Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
• Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema. (C) Bongrado é um elfo, e Monarca é um centauro.
• Quando Cláudio sai de casa, não faz frio. (D) Bongrado é um elfo, e Esmeralda é uma fada
• Quando Fernando está estudando, não chove. (E) Monarca é um centauro, e Bongrado não é um elfo.
• Durante a noite, faz frio.
Resolução:
Tendo como referência as proposições apresentadas, julgue o Vamos analisar cada frase partindo da afirmativa Trizteza não é
item subsecutivo. bruxa, considerando ela como (V), precisamos ter como conclusão
Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava estudando. o valor lógico (V), então:
( ) Certo (4) Se Esmeralda é uma fada(F), então Bongrado é um elfo (F)
( ) Errado →V
(3) Se Bongrado é um elfo (F), então Monarca é um centauro
Resolução: (F) → V
A questão trata-se de lógica de argumentação, dadas as pre- (2) Se Monarca é um centauro(F), então Tristeza é uma bruxa(F)
missas chegamos a uma conclusão. Enumerando as premissas: →V
A = Chove (1) Tristeza não é uma bruxa (V)
B = Maria vai ao cinema
C = Cláudio fica em casa Logo:
D = Faz frio Temos que:
E = Fernando está estudando Esmeralda não é fada(V)
F = É noite Bongrado não é elfo (V)
A argumentação parte que a conclusão deve ser (V) Monarca não é um centauro (V)
Lembramos a tabela verdade da condicional: Como a conclusão parte da conjunção, o mesmo só será verda-
deiro quando todas as afirmativas forem verdadeiras, logo, a única
que contém esse valor lógico é:
Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
Resposta: B

LÓGICA MATEMÁTICA QUALITATIVA


Aqui veremos questões que envolvem correlação de elemen-
tos, pessoas e objetos fictícios, através de dados fornecidos. Veja-
mos o passo a passo:

19
RACIOCÍNIO LÓGICO
01. Três homens, Luís, Carlos e Paulo, são casados com Lúcia, Patrícia e Maria, mas não sabemos quem ê casado com quem. Eles tra-
balham com Engenharia, Advocacia e Medicina, mas também não sabemos quem faz o quê. Com base nas dicas abaixo, tente descobrir o
nome de cada marido, a profissão de cada um e o nome de suas esposas.
a) O médico é casado com Maria.
b) Paulo é advogado.
c) Patrícia não é casada com Paulo.
d) Carlos não é médico.

Vamos montar o passo a passo para que você possa compreender como chegar a conclusão da questão.
1º passo – vamos montar uma tabela para facilitar a visualização da resolução, a mesma deve conter as informações prestadas no
enunciado, nas quais podem ser divididas em três grupos: homens, esposas e profissões.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos
Luís
Paulo
Lúcia
Patrícia
Maria

Também criamos abaixo do nome dos homens, o nome das esposas.

2º passo – construir a tabela gabarito.


Essa tabela não servirá apenas como gabarito, mas em alguns casos ela é fundamental para que você enxergue informações que ficam
meio escondidas na tabela principal. Uma tabela complementa a outra, podendo até mesmo que você chegue a conclusões acerca dos
grupos e elementos.

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos
Luís
Paulo

3º passo preenchimento de nossa tabela, com as informações mais óbvias do problema, aquelas que não deixam margem a nenhuma
dúvida. Em nosso exemplo:
- O médico é casado com Maria: marque um “S” na tabela principal na célula comum a “Médico” e “Maria”, e um “N” nas demais
células referentes a esse “S”.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos
Luís
Paulo
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

ATENÇÃO: se o médico é casado com Maria, ele NÃO PODE ser casado com Lúcia e Patrícia, então colocamos “N” no cruzamento
de Medicina e elas. E se Maria é casada com o médico, logo ela NÃO PODE ser casada com o engenheiro e nem com o advogado (logo
colocamos “N” no cruzamento do nome de Maria com essas profissões).
– Paulo é advogado: Vamos preencher as duas tabelas (tabela gabarito e tabela principal) agora.
– Patrícia não é casada com Paulo: Vamos preencher com “N” na tabela principal
– Carlos não é médico: preenchemos com um “N” na tabela principal a célula comum a Carlos e “médico”.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N N
Luís S N N

20
RACIOCÍNIO LÓGICO
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

Notamos aqui que Luís então é o médico, pois foi a célula que ficou em branco. Podemos também completar a tabela gabarito.
Novamente observamos uma célula vazia no cruzamento de Carlos com Engenharia. Marcamos um “S” nesta célula. E preenchemos
sua tabela gabarito.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos Engenheiro
Luís Médico
Paulo Advogado

4º passo – após as anotações feitas na tabela principal e na tabela gabarito, vamos procurar informações que levem a novas conclu-
sões, que serão marcadas nessas tabelas.
Observe que Maria é esposa do médico, que se descobriu ser Luís, fato que poderia ser registrado na tabela-gabarito. Mas não vamos
fazer agora, pois essa conclusão só foi facilmente encontrada porque o problema que está sendo analisado é muito simples. Vamos con-
tinuar o raciocínio e fazer as marcações mais tarde. Além disso, sabemos que Patrícia não é casada com Paulo. Como Paulo é o advogado,
podemos concluir que Patrícia não é casada com o advogado.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N N
Maria S N N

Verificamos, na tabela acima, que Patrícia tem de ser casada com o engenheiro, e Lúcia tem de ser casada com o advogado.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N N S
Patrícia N S N
Maria S N N

Concluímos, então, que Lúcia é casada com o advogado (que é Paulo), Patrícia é casada com o engenheiro (que e Carlos) e Maria é
casada com o médico (que é Luís).
Preenchendo a tabela-gabarito, vemos que o problema está resolvido:

21
RACIOCÍNIO LÓGICO
HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS Agora, completando o restante:
Paulo viajou para Salvador, pois a nenhum dos três viajou. En-
Carlos Engenheiro Patrícia tão, Arnaldo viajou para Fortaleza e Luiz para Goiânia
Luís Médico Maria
Paulo Advogado Lúcia Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
Luiz N S N N
Exemplo: (TRT-9ª REGIÃO/PR – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMI-
NISTRATIVA – FCC) Luiz, Arnaldo, Mariana e Paulo viajaram em janeiro, Arnaldo S N N N
todos para diferentes cidades, que foram Fortaleza, Goiânia, Curitiba e Mariana N N S N
Salvador. Com relação às cidades para onde eles viajaram, sabe-se que: Paulo N N N S
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador;
− Mariana viajou para Curitiba; Resposta: B
− Paulo não viajou para Goiânia;
− Luiz não viajou para Fortaleza. Quantificador
É um termo utilizado para quantificar uma expressão. Os quan-
É correto concluir que, em janeiro, tificadores são utilizados para transformar uma sentença aberta ou
(A) Paulo viajou para Fortaleza. proposição aberta em uma proposição lógica.
(B) Luiz viajou para Goiânia.
(C) Arnaldo viajou para Goiânia.
(D) Mariana viajou para Salvador. QUANTIFICADOR + SENTENÇA ABERTA = SENTENÇA FECHADA
(E) Luiz viajou para Curitiba.
Tipos de quantificadores
Resolução:
Vamos preencher a tabela: • Quantificador universal (∀)
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador; O símbolo ∀ pode ser lido das seguintes formas:

Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador


Luiz N
Arnaldo N
Mariana Exemplo:
Paulo Todo homem é mortal.
A conclusão dessa afirmação é: se você é homem, então será
− Mariana viajou para Curitiba; mortal.
Na representação do diagrama lógico, seria:
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
Luiz N N
Arnaldo N N
Mariana N N S N
Paulo N

− Paulo não viajou para Goiânia;


ATENÇÃO: Todo homem é mortal, mas nem todo mortal é ho-
mem.
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
A frase “todo homem é mortal” possui as seguintes conclusões:
Luiz N N 1ª) Algum mortal é homem ou algum homem é mortal.
Arnaldo N N 2ª) Se José é homem, então José é mortal.
Mariana N N S N A forma “Todo A é B” pode ser escrita na forma: Se A então B.
Paulo N N A forma simbólica da expressão “Todo A é B” é a expressão (∀
(x) (A (x) → B).
− Luiz não viajou para Fortaleza. Observe que a palavra todo representa uma relação de inclusão
de conjuntos, por isso está associada ao operador da condicional.
Aplicando temos:
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Agora, se escrevermos da for-
Luiz N N N ma ∀ (x) ∈ N / x + 2 = 5 ( lê-se: para todo pertencente a N temos x
Arnaldo N N + 2 = 5), atribuindo qualquer valor a x a sentença será verdadeira?
A resposta é NÃO, pois depois de colocarmos o quantificador,
Mariana N N S N a frase passa a possuir sujeito e predicado definidos e podemos jul-
Paulo N N gar, logo, é uma proposição lógica.

22
RACIOCÍNIO LÓGICO
• Quantificador existencial (∃) (CESPE) Se R é o conjunto dos números reais, então a proposi-
O símbolo ∃ pode ser lido das seguintes formas: ção (∀ x) (x ∈ R) (∃ y) (y ∈ R) (x + y = x) é valorada como V.

Resolução:
Lemos: para todo x pertencente ao conjunto dos números reais
(R) existe um y pertencente ao conjunto dos números dos reais (R)
tal que x + y = x.
– 1º passo: observar os quantificadores.
X está relacionado com o quantificador universal, logo, todos
Exemplo: os valores de x devem satisfazer a propriedade.
“Algum matemático é filósofo.” O diagrama lógico dessa frase Y está relacionado com o quantificador existencial, logo, é ne-
é: cessário pelo menos um valor de x para satisfazer a propriedade.
– 2º passo: observar os conjuntos dos números dos elementos
x e y.
O elemento x pertence ao conjunto dos números reais.
O elemento y pertence ao conjunto os números reais.
– 3º passo: resolver a propriedade (x+ y = x).
A pergunta: existe algum valor real para y tal que x + y = x?
Existe sim! y = 0.
X + 0 = X.
O quantificador existencial tem a função de elemento comum. Como existe pelo menos um valor para y e qualquer valor de
A palavra algum, do ponto de vista lógico, representa termos co- x somado a 0 será igual a x, podemos concluir que o item está cor-
muns, por isso “Algum A é B” possui a seguinte forma simbólica: (∃ reto.
(x)) (A (x) ∧ B). Resposta: CERTO

Aplicando temos:
x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Escrevendo da forma (∃ x) ∈
N / x + 2 = 5 (lê-se: existe pelo menos um x pertencente a N tal que x OPERAÇÕES COM CONJUNTOS
+ 2 = 5), atribuindo um valor que, colocado no lugar de x, a sentença
será verdadeira? Conjunto está presente em muitos aspectos da vida, sejam eles
A resposta é SIM, pois depois de colocarmos o quantificador, cotidianos, culturais ou científicos. Por exemplo, formamos conjun-
a frase passou a possuir sujeito e predicado definidos e podemos tos ao organizar a lista de amigos para uma festa agrupar os dias da
julgar, logo, é uma proposição lógica. semana ou simplesmente fazer grupos.
Os componentes de um conjunto são chamados de elementos.
ATENÇÃO: Para enumerar um conjunto usamos geralmente uma letra
– A palavra todo não permite inversão dos termos: “Todo A é B” maiúscula.
é diferente de “Todo B é A”.
– A palavra algum permite a inversão dos termos: “Algum A é Representações
B” é a mesma coisa que “Algum B é A”. Pode ser definido por:
-Enumerando todos os elementos do conjunto: S={1, 3, 5, 7, 9}
Forma simbólica dos quantificadores -Simbolicamente: B={x>N|x<8}, enumerando esses elementos
Todo A é B = (∀ (x) (A (x) → B). temos:
Algum A é B = (∃ (x)) (A (x) ∧ B). B={0,1,2,3,4,5,6,7}
Nenhum A é B = (~ ∃ (x)) (A (x) ∧ B).
Algum A não é B= (∃ (x)) (A (x) ∧ ~ B). – Diagrama de Venn

Exemplos:
Todo cavalo é um animal. Logo,
(A) Toda cabeça de animal é cabeça de cavalo.
(B) Toda cabeça de cavalo é cabeça de animal.
(C) Todo animal é cavalo.
(D) Nenhum animal é cavalo.

Resolução:
A frase “Todo cavalo é um animal” possui as seguintes conclu-
sões:
– Algum animal é cavalo ou Algum cavalo é um animal.
– Se é cavalo, então é um animal.
Nesse caso, nossa resposta é toda cabeça de cavalo é cabeça
de animal, pois mantém a relação de “está contido” (segunda forma Há também um conjunto que não contém elemento e é repre-
de conclusão). sentado da seguinte forma: S = c ou S = { }.
Resposta: B Quando todos os elementos de um conjunto A pertencem tam-
bém a outro conjunto B, dizemos que:
A é subconjunto de B

23
RACIOCÍNIO LÓGICO
Ou A é parte de B Exemplos
A está contido em B escrevemos: A ⊂ B N é um conjunto infinito (O cardinal do conjunto N (#N) é infi-
nito (∞));
Se existir pelo menos um elemento de A que não pertence a A = {½, 1} é um conjunto finito (#A = 2);
B: A ⊄ B B = {Lua} é um conjunto singular (#B = 1)
{ } ou ∅ é o conjunto vazio (#∅ = 0)
Símbolos
∈: pertence Pertinência
∉: não pertence O conceito básico da teoria dos conjuntos é a relação de perti-
⊂: está contido nência representada pelo símbolo ∈. As letras minúsculas designam
⊄: não está contido os elementos de um conjunto e as maiúsculas, os conjuntos. Assim,
⊃: contém o conjunto das vogais (V) é:
⊅: não contém V={a,e,i,o,u}
/: tal que A relação de pertinência é expressa por: a∈V
⟹: implica que A relação de não-pertinência é expressa por:b∉V, pois o ele-
⇔: se,e somente se mento b não pertence ao conjunto V.
∃: existe
∄: não existe Inclusão
∀: para todo(ou qualquer que seja) A Relação de inclusão possui 3 propriedades:
∅: conjunto vazio Propriedade reflexiva: A⊂A, isto é, um conjunto sempre é sub-
N: conjunto dos números naturais conjunto dele mesmo.
Z: conjunto dos números inteiros Propriedade antissimétrica: se A⊂B e B⊂A, então A=B
Q: conjunto dos números racionais Propriedade transitiva: se A⊂B e B⊂C, então, A⊂C.
Q’=I: conjunto dos números irracionais
R: conjunto dos números reais Operações

Igualdade União
Propriedades básicas da igualdade Dados dois conjuntos A e B, existe sempre um terceiro formado
Para todos os conjuntos A, B e C,para todos os objetos x ∈ U, pelos elementos que pertencem pelo menos um dos conjuntos a
temos que: que chamamos conjunto união e representamos por: A∪B.
(1) A = A. Formalmente temos: A∪B={x|x ∈ A ou x ∈ B}
(2) Se A = B, então B = A.
(3) Se A = B e B = C, então A = C. Exemplo:
(4) Se A = B e x ∈ A, então x∈ B. A={1,2,3,4} e B={5,6}
Se A = B e A ∈ C, então B ∈ C. A∪B={1,2,3,4,5,6}

Dois conjuntos são iguais se, e somente se, possuem exata- Interseção
mente os mesmos elementos. Em símbolo: A interseção dos conjuntos A e B é o conjunto formado pelos
Para saber se dois conjuntos A e B são iguais, precisamos saber elementos que são ao mesmo tempo de A e de B, e é representada
apenas quais são os elementos. por : A∩B. Simbolicamente: A∩B={x|x∈A e x∈B}
Não importa ordem:
A={1,2,3} e B={2,1,3}

Não importa se há repetição:


A={1,2,2,3} e B={1,2,3}

Classificação
Definição
Chama-se cardinal de um conjunto, e representa-se por #, ao
número de elementos que ele possui.
Exemplo:
Exemplo A={a,b,c,d,e} e B={d,e,f,g}
Por exemplo, se A ={45,65,85,95} então #A = 4. A∩B={d,e}

Definições Diferença
Dois conjuntos dizem-se equipotentes se têm o mesmo cardi- Uma outra operação entre conjuntos é a diferença, que a cada
nal. par A, B de conjuntos faz corresponder o conjunto definido por:
Um conjunto diz-se A – B ou A\B que se diz a diferença entre A e B ou o comple-
a) infinito quando não é possível enumerar todos os seus ele- mentar de B em relação a A.
mentos A este conjunto pertencem os elementos de A que não perten-
b) finito quando é possível enumerar todos os seus elementos cem a B.
c) singular quando é formado por um único elemento A\B = {x : x∈A e x∉B}.
d) vazio quando não tem elementos

24
RACIOCÍNIO LÓGICO
Não importa se há repetição:
A={1,2,2,3} e B={1,2,3}

Relação de Pertinência
Relacionam um elemento com conjunto. E a indicação que o
elemento pertence (∈) ou não pertence (∉)
Exemplo: Dado o conjunto A={-3, 0, 1, 5}
0∈A
2∉A

Relações de Inclusão
Relacionam um conjunto com outro conjunto.
Simbologia: ⊂(está contido), ⊄(não está contido), ⊃(contém),
⊅ (não contém)
Exemplo:
A = {0, 1, 2, 3, 4, 5} e B = {5, 6, 7} A Relação de inclusão possui 3 propriedades:
Então os elementos de A – B serão os elementos do conjunto A Exemplo:
menos os elementos que pertencerem ao conjunto B. {1, 3,5}⊂{0, 1, 2, 3, 4, 5}
Portanto A – B = {0, 1, 2, 3, 4}. {0, 1, 2, 3, 4, 5}⊃{1, 3,5}

Complementar Aqui vale a famosa regrinha que o professor ensina, boca aber-
Sejam A e B dois conjuntos tais que A⊂B. Chama-se comple- ta para o maior conjunto.
mentar de A em relação a B, que indicamos por CBA, o conjunto
cujos elementos são todos aqueles que pertencem a B e não per- Subconjunto
tencem a A. O conjunto A é subconjunto de B se todo elemento de A é tam-
A⊂B⇔ CBA={x|x∈B e x∉A}=B-A bém elemento de B.
Exemplo: {2,4} é subconjunto de {x∈N|x é par}
Exemplo
A={1,2,3} B={1,2,3,4,5} Operações
CBA={4,5}
União
Representação Dados dois conjuntos A e B, existe sempre um terceiro formado
-Enumerando todos os elementos do conjunto: S={1, 2, 3, 4, 5} pelos elementos que pertencem pelo menos um dos conjuntos a
-Simbolicamente: B={x∈ N|2<x<8}, enumerando esses elemen- que chamamos conjunto união e representamos por: A∪B.
tos temos: Formalmente temos: A∪B={x|x ∈A ou x∈B}
B={3,4,5,6,7}
Exemplo:
- por meio de diagrama: A={1,2,3,4} e B={5,6}
A∪B={1,2,3,4,5,6}

Interseção
Quando um conjunto não possuir elementos chama-se de con- A interseção dos conjuntos A e B é o conjunto formado pelos
junto vazio: S=∅ ou S={ }. elementos que são ao mesmo tempo de A e de B, e é representada
por : A∩B.
Igualdade Simbolicamente: A∩B={x|x ∈A e x ∈B}
Dois conjuntos são iguais se, e somente se, possuem exata-
mente os mesmos elementos. Em símbolo:

Para saber se dois conjuntos A e B são iguais, precisamos saber


apenas quais são os elementos.
Não importa ordem:
A={1,2,3} e B={2,1,3} Exemplo:
A={a,b,c,d,e} e B={d,e,f,g}

25
RACIOCÍNIO LÓGICO
A∩B={d,e} Exemplo
(MANAUSPREV – Analista Previdenciário – FCC/2015) Em um
Diferença grupo de 32 homens, 18 são altos, 22 são barbados e 16 são care-
Uma outra operação entre conjuntos é a diferença, que a cada cas. Homens altos e barbados que não são carecas são seis. Todos
par A, B de conjuntos faz corresponder o conjunto definido por: homens altos que são carecas, são também barbados. Sabe-se que
A – B ou A\B que se diz a diferença entre A e B ou o comple- existem 5 homens que são altos e não são barbados nem carecas.
mentar de B em relação a A. Sabe-se que existem 5 homens que são barbados e não são altos
A este conjunto pertencem os elementos de A que não perten- nem carecas. Sabe-se que existem 5 homens que são carecas e não
cem a B. são altos e nem barbados. Dentre todos esses homens, o número
de barbados que não são altos, mas são carecas é igual a
A\B = {x : x ∈A e x∉B}. (A) 4.
(B) 7.
(C) 13.
(D) 5.
(E) 8.

Primeiro, quando temos 3 diagramas, sempre começamos pela


interseção dos 3, depois interseção a cada 2 e por fim, cada um

B-A = {x : x ∈B e x∉A}.

Exemplo:
A = {0, 1, 2, 3, 4, 5} e B = {5, 6, 7}
Então os elementos de A – B serão os elementos do conjunto A
menos os elementos que pertencerem ao conjunto B. Se todo homem careca é barbado, não teremos apenas homens
Portanto A – B = {0, 1, 2, 3, 4}. carecas e altos.
Homens altos e barbados são 6
Complementar
O complementar do conjunto A( ) é o conjunto formado pelos
elementos do conjunto universo que não pertencem a A.

Sabe-se que existem 5 homens que são barbados e não são


altos nem carecas. Sabe-se que existem 5 homens que são carecas
Fórmulas da união e não são altos e nem barbados
n(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
n(A ∪B∪C)=n(A)+n(B)+n(C)+n(A∩B∩C)-n(A∩B)-n(A∩C)-n(B C)

Essas fórmulas muitas vezes nos ajudam, pois ao invés de fazer


todo o diagrama, se colocarmos nessa fórmula, o resultado é mais
rápido, o que na prova de concurso é interessante devido ao tempo.
Mas, faremos exercícios dos dois modos para você entender
melhor e perceber que, dependendo do exercício é melhor fazer de
uma forma ou outra.

26
RACIOCÍNIO LÓGICO
Sabemos que 18 são altos Resolução
A nossa primeira conta, deve ser achar o número de candidatos
que não são físicos, biólogos e nem químicos.
n (F ∪B∪Q)=n(F)+n(B)+n(Q)+n(F∩B∩Q)-n(F∩B)-n(F∩Q)-
-n(B∩Q)
n(F ∪B∪Q)=80+90+55+8-32-23-16=162
Temos um total de 250 candidatos
250-162=88
Resposta: A.

RACIOCÍNIO LÓGICO ENVOLVENDO PROBLEMAS ARIT-


MÉTICOS, GEOMÉTRICOS E MATRICIAIS
Quando somarmos 5+x+6=18
X=18-11=7 As sequências podem ser formadas por números, letras, pes-
soas, figuras, etc. Existem várias formas de se estabelecer uma se-
Carecas são 16 quência, o importante é que existem pelo menos três elementos
que caracterize a lógica de sua formação, entretanto algumas sé-
ries necessitam de mais elementos para definir sua lógica1. Um bom
conhecimento em Progressões Algébricas (PA) e Geométricas (PG),
fazem com que deduzir as sequências se tornem simples e sem
complicações. E o mais importante é estar atento a vários detalhes
que elas possam oferecer. Exemplos:

Progressão Aritmética: Soma-se constantemente um mesmo


número.

7+y+5=16
Y=16-12
Y=4
Progressão Geométrica: Multiplica-se constantemente um
Então o número de barbados que não são altos, mas são care-
mesmo número.
cas são 4.
Nesse exercício ficará difícil se pensarmos na fórmula, ficou
grande devido as explicações, mas se você fizer tudo no mesmo dia-
grama, mas seguindo os passos, o resultado sairá fácil.

Exemplo
(SEGPLAN/GO – Perito Criminal – FUNIVERSA/2015) Suponha
que, dos 250 candidatos selecionados ao cargo de perito criminal:
Sequência de Figuras: Esse tipo de sequência pode seguir o
1) 80 sejam formados em Física; mesmo padrão visto na sequência de pessoas ou simplesmente so-
2) 90 sejam formados em Biologia; frer rotações, como nos exemplos a seguir. Exemplos:
3) 55 sejam formados em Química;
4) 32 sejam formados em Biologia e Física; Exemplos:
5) 23 sejam formados em Química e Física; Analise a sequência a seguir:
6) 16 sejam formados em Biologia e Química;
7) 8 sejam formados em Física, em Química e em Biologia.

Considerando essa situação, assinale a alternativa correta.


(A) Mais de 80 dos candidatos selecionados não são físicos
nem biólogos nem químicos.
(B) Mais de 40 dos candidatos selecionados são formados ape- Admitindo-se que a regra de formação das figuras seguintes
nas em Física. permaneça a mesma, pode-se afirmar que a figura que ocuparia a
(C) Menos de 20 dos candidatos selecionados são formados 277ª posição dessa sequência é:
apenas em Física e em Biologia.
(D) Mais de 30 dos candidatos selecionados são formados
apenas em Química.
(E) Escolhendo-se ao acaso um dos candidatos selecionados,
a probabilidade de ele ter apenas as duas formações, Física e
1 https://centraldefavoritos.com.br/2017/07/21/sequencias-com-numeros-
Química, é inferior a 0,05.
-com-figuras-de-palavras/

27
RACIOCÍNIO LÓGICO

Resolução:
A sequência das figuras completa-se na 5ª figura. Assim, continua-se a sequência de 5 em 5 elementos. A figura de número 277 ocu-
pa, então, a mesma posição das figuras que representam número 5n + 2, com n N. Ou seja, a 277ª figura corresponde à 2ª figura, que é
representada pela letra “B”.
Resposta: B

(CÂMARA DE ARACRUZ/ES - AGENTE ADMINISTRATIVO E LEGISLATIVO - IDECAN) A sequência formada pelas figuras representa as
posições, a cada 12 segundos, de uma das rodas de um carro que mantém velocidade constante. Analise-a.

Após 25 minutos e 48 segundos, tempo no qual o carro permanece nessa mesma condição, a posição da roda será:

Resolução:
A roda se mexe a cada 12 segundos. Percebe-se que ela volta ao seu estado inicial após 48 segundos.
O examinador quer saber, após 25 minutos e 48 segundos qual será a posição da roda. Vamos transformar tudo para segundos:
25 minutos = 1500 segundos (60x25)
1500 + 48 (25m e 48s) = 1548
Agora é só dividir por 48 segundos (que é o tempo que levou para roda voltar à posição inicial)
1548 / 48 = vai ter o resto “12”.
Portanto, após 25 minutos e 48 segundos, a roda vai estar na posição dos 12 segundos.
Resposta: B

EXERCÍCIOS

1. (CRF/MT - AGENTE ADMINISTRATIVO – QUADRIX/2017) Num grupo de 150 jovens, 32 gostam de música, esporte e leitura; 48
gostam de música e esporte; 60 gostam de música e leitura; 44 gostam de esporte e leitura; 12 gostam somente de música; 18 gostam
somente de esporte; e 10 gostam somente de leitura. Ao escolher ao acaso um desses jovens, qual é a probabilidade de ele não gostar de
nenhuma dessas atividades?
(A) 1/75
(B) 39/75
(C) 11/75
(D) 40/75
(E) 76/75

28
RACIOCÍNIO LÓGICO
2. (CRMV/SC – RECEPCIONISTA – IESES/2017) Sabe-se que 7. (IFBAIANO – ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO –
17% dos moradores de um condomínio tem gatos, 22% tem cachor- FCM/2017) Em meio a uma crescente evolução da taxa de obesida-
ros e 8% tem ambos (gatos e cachorros). Qual é o percentual de de infantil, um estudioso fez uma pesquisa com um grupo de 1000
condôminos que não tem nem gatos e nem cachorros? crianças para entender o comportamento das mesmas em relação à
(A) 53 prática de atividades físicas e aos hábitos alimentares.
(B) 69 Ao final desse estudo, concluiu-se que apenas 200 crianças pra-
(C) 72 ticavam alguma atividade física de forma regular, como natação, fu-
(D) 47 tebol, entre outras, e apenas 400 crianças tinham uma alimentação
adequada. Além disso, apenas 100 delas praticavam atividade física
3. (MPE/GO – SECRETÁRIO AUXILIAR – MPEGO/2017) Em e tinham uma alimentação adequada ao mesmo tempo.
uma pesquisa sobre a preferência entre dois candidatos, 48 pessoas Considerando essas informações, a probabilidade de encontrar
votariam no candidato A, 63 votariam no candidato B, 24 pessoas nesse grupo uma criança que não tenha alimentação adequada
votariam nos dois; e, 30 pessoas não votariam nesses dois candida- nem pratique atividade física de forma regular é de:
tos. Se todas as pessoas responderam uma única vez, então o total (A) 30%.
de pessoas entrevistadas foi: (B) 40%.
(A) 141. (C) 50%.
(B) 117. (D) 60%.
(C) 87. (E) 70%.
(D) 105.
(E) 112. 8. (TRF 2ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – CONSUL-
PLAN/2017) Uma papelaria fez uma pesquisa de mercado entre 500
4. (DESENBAHIA – TÉCNICO ESCRITURÁRIO – INSTITUTO de seus clientes. Nessa pesquisa encontrou os seguintes resultados:
AOCP/2017) Para realização de uma pesquisa sobre a preferência • 160 clientes compraram materiais para seus filhos que cur-
de algumas pessoas entre dois canais de TV, canal A e Canal B, os sam o Ensino Médio;
entrevistadores colheram as seguintes informações: 17 pessoas • 180 clientes compraram materiais para seus filhos que cur-
preferem o canal A, 13 pessoas assistem o canal B e 10 pessoas sam o Ensino Fundamental II;
gostam dos canais A e B. Assinale a alternativa que apresenta o total • 190 clientes compraram materiais para seus filhos que cur-
de pessoas entrevistadas. sam o Ensino Fundamental I;
(A) 20 • 20 clientes compraram materiais para seus filhos que cursam
(B) 23 Ensino Médio e Fundamental I;
(C) 27 • 40 clientes compraram materiais para seus filhos que cursam
(D) 30 Ensino Médio e Fundamental II;
(E) 40 • 30 clientes compraram materiais para seus filhos que cursam
Ensino Fundamental I e II; e,
5. (SAP/SP – AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA – MS- • 10 clientes compraram materiais para seus filhos que cursam
CONCURSOS/2017) Numa sala de 45 alunos, foi feita uma votação Ensino Médio, Fundamental I e II.
para escolher a cor da camiseta de formatura. Dentre eles, 30 vota-
ram na cor preta, 21 votaram na cor cinza e 8 não votaram em ne- Quantos clientes da papelaria compraram materiais, mas os filhos
nhuma delas, uma vez que não farão as camisetas. Quantos alunos NÃO cursam nem o Ensino Médio e nem o Ensino Fundamental I e II?
votaram nas duas cores? (A) 50.
(A) 6 (B) 55.
(B) 10 (C) 60.
(C) 14 (D) 65.
(D) 18
9. (ANS - TÉCNICO EM REGULAÇÃO DE SAÚDE SUPLEMEN-
6. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO MUNICIPAL E SUPERVISOR TAR – FUNCAB/2016) Foram visitadas algumas residências de uma
– FGV/2017) Na assembleia de um condomínio, duas questões in- rua e em todas foram encontrados pelo menos um criadouro com
dependentes foram colocadas em votação para aprovação. Dos 200 larvas do mosquito Aedes aegypti. Os criadouros encontrados fo-
condôminos presentes, 125 votaram a favor da primeira questão, ram listados na tabela a seguir:
110 votaram a favor da segunda questão e 45 votaram contra as P. pratinhos com água embaixo de vasos de planta.
duas questões. R. ralos entupidos com água acumulada.
Não houve votos em branco ou anulados. K. caixas de água destampadas
O número de condôminos que votaram a favor das duas ques-
tões foi: NÚMERO DE CRIADOUROS
(A) 80;
(B) 75; P 103
(C) 70; R 124
(D) 65; K 98
(E) 60.
PER 47
PEK 43
REK 60
P, R E K 25

29
RACIOCÍNIO LÓGICO
De acordo com a tabela, o número de residências visitadas foi: 3. Resposta: B
(A) 200.
(B) 150.
(C) 325.
(D) 500.
(E) 455.

GABARITO

1. Resposta: C

24+24+39+30=117

4. Resposta: A
N(A∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
N(A∪B)=17+13-10=20

5. Resposta: C
Como 8 não votaram, tiramos do total: 45-8=37
N(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
37=30+21- n(A∩B)
n(A∩B)=14

6. Resposta: A
32+10+12+18+16+28+12+x=150 N(A∪B)=200-45=155
X=22 que não gostam de nenhuma dessas atividades N(A∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
P=22/150=11/75 155=125+110- n(A∩B)
n(A∩B)=80
2. Resposta: B
7. Resposta: C
Sendo x o número de crianças que não praticam atividade física
e tem uma alimentação adequada
N(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
1000-x=200+400-100
X=500
P=500/1000=0,5=50%

8. Resposta: A
Sendo A=ensino médio
B fundamental I
C=fundamental II
X=quem comprou material e os filhos não cursam ensino mé-
dio e nem ensino fundamental
n(A∪B∪C) =n(A)+n(B)+n(C)+n(A∩B∩C)-n(A∩B)-n(A∩C)-n(B∩C)
500-x=160+190+180+10-20-40-30
9+8+14+x=100 X=50
X=100-31
X=69%

30
RACIOCÍNIO LÓGICO
9. Resposta: A ANOTAÇÕES

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
38+20+42+18+25+22+35=200 residências
______________________________________________________
Ou fazer direto pela tabela:
P+R+K+(P∩R∩K)-( P∩R)- (R∩K)-(P∩K) ______________________________________________________
103+124+98+25-60-43-47=200
______________________________________________________

______________________________________________________
ANOTAÇÕES
______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ _____________________________________________________
______________________________________________________ _____________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________

31
RACIOCÍNIO LÓGICO
ANOTAÇÕES ANOTAÇÕES
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________

32
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
1. Noções Básicas Sobre Hardware E Software: Conceitos, Características, Componentes E Funções, Memória, Dispositivos De Armaze-
namento, De Impressão, De Entrada E De Saída De Dados, Barramentos Interfaces, Conexões, Discos Rígidos, Pendrives, Cd-R, Dvd,
Blu-Ray, Impressoras, Scanner, Plotters . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Conhecimentos Básicos Sobre Os Sistemas Operacionais Microsoft Windows Xp/7/8/8.1/10 Br: Conceitos, Características, Ícones, Ata-
lhos De Teclado, Uso Dos Recursos. Conhecimentos E Utilização Dos Recursos Do Gerenciador De Pastas E Arquivos (Windows Explorer/
Computador) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
3. Conhecimentos Sobre Editores De Texto Word X Writer, Planilhas Eletrônicas Excel X Calc E Editor De Apresentações Powerpoint X Im-
press (Ms Office 2013/2016/2019 Br X Libreoffice V6.3 Ou Superior, Em Português, Versões De 32 E 64 Bits: Conceitos, Características,
Atalhos De Teclado E Emprego Dos Recursos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
4. Redes De Computadores E Web. Conceitos Sobre Internet X Intranet X Extranet X E-Mail X Webmail, Características, Atalhos De Tecla-
do E Emprego De Recursos De Navegadores (Browsers Internet Explorer 11 Br X Edge X Mozilla Firefox X Google Chrome Nas Versões
Atuais Em Português, De 32 E 64 Bits), Outlook Do Pacote Msoffice 2013/2016/2019 Br X Mozilla Thunderbird Em Português, Versões
De 32 E 64 Bits X Webmail . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
5. Segurança De Equipamentos, De Sistemas, Em Redes E Na Internet: Conceitos, Características, Vírus, Firewall, Medidas De Prote-
ção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
6. Redes Sociais: Facebook X Twiter X Linkedin X Whatszap . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
7. Computação Em Nuvem: Conceitos, Características, Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Periféricos de entrada mais comuns.
NOÇÕES BÁSICAS SOBRE HARDWARE E SOFTWARE: – O teclado é o dispositivo de entrada mais popular e é um
CONCEITOS, CARACTERÍSTICAS, COMPONENTES E item essencial. Hoje em dia temos vários tipos de teclados ergo-
FUNÇÕES, MEMÓRIA, DISPOSITIVOS DE ARMAZE- nômicos para ajudar na digitação e evitar problemas de saúde
NAMENTO, DE IMPRESSÃO, DE ENTRADA E DE SAÍDA muscular;
DE DADOS, BARRAMENTOS INTERFACES, CONEXÕES, – Na mesma categoria temos o scanner, que digitaliza dados
DISCOS RÍGIDOS, PENDRIVES, CD-R, DVD, BLU-RAY,
para uso no computador;
IMPRESSORAS, SCANNER, PLOTTERS
– O mouse também é um dispositivo importante, pois com
ele podemos apontar para um item desejado, facilitando o uso
Hardware do computador.
Hardware refere-se a parte física do computador, isto é, são
os dispositivos eletrônicos que necessitamos para usarmos o • Periféricos de saída populares mais comuns
computador. Exemplos de hardware são: CPU, teclado, mouse, – Monitores, que mostra dados e informações ao usuário;
disco rígido, monitor, scanner, etc. – Impressoras, que permite a impressão de dados para ma-
terial físico;
Software – Alto-falantes, que permitem a saída de áudio do compu-
Software, na verdade, são os programas usados para fazer tador;
tarefas e para fazer o hardware funcionar. As instruções de – Fones de ouvido.
software são programadas em uma linguagem de computador,
traduzidas em linguagem de máquina e executadas por compu- Sistema Operacional
tador. O software de sistema operacional é o responsável pelo
O software pode ser categorizado em dois tipos: funcionamento do computador. É a plataforma de execução
– Software de sistema operacional do usuário. Exemplos de software do sistema incluem sistemas
– Software de aplicativos em geral operacionais como Windows, Linux, Unix , Solaris etc.

• Software de sistema operacional • Aplicativos e Ferramentas


O software de sistema é o responsável pelo funcionamento São softwares utilizados pelos usuários para execução de ta-
do computador, é a plataforma de execução do usuário. Exem- refas específicas. Exemplos: Microsoft Word, Excel, PowerPoint,
plos de software do sistema incluem sistemas operacionais Access, além de ferramentas construídas para fins específicos.
como Windows, Linux, Unix , Solaris etc.

• Software de aplicação
CONHECIMENTOS BÁSICOS SOBRE OS SISTEMAS OPE-
O software de aplicação é aquele utilizado pelos usuários
RACIONAIS MICROSOFT WINDOWS XP/7/8/8.1/10 BR:
para execução de tarefas específicas. Exemplos de software de CONCEITOS, CARACTERÍSTICAS, ÍCONES, ATALHOS DE
aplicativos incluem Microsoft Word, Excel, PowerPoint, Access, TECLADO, USO DOS RECURSOS. CONHECIMENTOS E
etc. UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS DO GERENCIADOR DE
PASTAS E ARQUIVOS (WINDOWS EXPLORER/COMPU-
Para não esquecer: TADOR)

HARDWARE É a parte física do computador


O Windows XP é um sistema operacional desenvolvido pela
São os programas no computador (de
SOFTWARE Microsoft. Sua primeira versão foi lançada em 2001, podendo
funcionamento e tarefas)
ser encontrado na versão Home (para uso doméstico) ou Profes-
sional (mais recursos voltados ao ambiente corporativo).
Periféricos
A função do XP consiste em comandar todo o trabalho do
Periféricos são os dispositivos externos para serem utili-
computador através de vários aplicativos que ele traz consigo,
zados no computador, ou mesmo para aprimora-lo nas suas
oferecendo uma interface de interação com o usuário bastante
funcionalidades. Os dispositivos podem ser essenciais, como o
rica e eficiente.
teclado, ou aqueles que podem melhorar a experiencia do usuá-
O XP embute uma porção de acessórios muito úteis como:
rio e até mesmo melhorar o desempenho do computador, tais
editor de textos, programas para desenho, programas de entre-
como design, qualidade de som, alto falantes, etc.
tenimento (jogos, música e vídeos), acesso â internet e gerencia-
mento de arquivos.
Tipos:

PERIFÉRICOS
Utilizados para a entrada de dados;
DE ENTRADA
PERIFÉRICOS
Utilizados para saída/visualização de dados
DE SAÍDA

1
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Inicialização do Windows XP.

Ao iniciar o Windows XP a primeira tela que temos é tela de logon, nela, selecionamos o usuário que irá utilizar o computador 1.

Tela de Logon.

Ao entrarmos com o nome do usuário, o Windows efetuará o Logon (entrada no sistema) e nos apresentará a área de trabalho
Área de Trabalho

1 https://docente.ifrn.edu.br/moisessouto/disciplinas/informatica-basica-1/apostilas/apostila-windows-xp/view

2
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Área de trabalho do Windows XP.

Na Área de trabalho encontramos os seguintes itens:

Ícones
Figuras que representam recursos do computador, um ícone pode representar um texto, música, programa, fotos e etc. você
pode adicionar ícones na área de trabalho, assim como pode excluir. Alguns ícones são padrão do Windows: Meu Computador,
Meus Documentos, Meus Locais de Rede, Internet Explorer.

Alguns ícones de aplicativos no Windows XP.

Barra de tarefas
A barra de tarefas mostra quais as janelas estão abertas neste momento, mesmo que algumas estejam minimizadas ou ocultas
sob outra janela, permitindo assim, alternar entre estas janelas ou entre programas com rapidez e facilidade.
A barra de tarefas é muito útil no dia a dia. Imagine que você esteja criando um texto em um editor de texto e um de seus
colegas lhe pede para você imprimir uma determinada planilha que está em seu micro. Você não precisa fechar o editor de textos.
Apenas salve o arquivo que está trabalhando, abra a planilha e mande imprimir, enquanto imprime você não precisa esperar
que a planilha seja totalmente impressa, deixe a impressora trabalhando e volte para o editor de textos, dando um clique no botão
correspondente na Barra de tarefas e volte a trabalhar.

Barra de tarefas do Windows XP.

Botão Iniciar
É o principal elemento da Barra de Tarefas. Ele dá acesso ao Menu Iniciar, de onde se pode acessar outros menus que, por sua
vez, acionam programas do Windows. Ao ser acionado, o botão Iniciar mostra um menu vertical com várias opções.

3
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Botão Iniciar.

Alguns comandos do menu Iniciar têm uma seta para a di-


reita, significando que há opções adicionais disponíveis em um
menu secundário. Se você posicionar o ponteiro sobre um item
com uma seta, será exibido outro menu.
O botão Iniciar é a maneira mais fácil de iniciar um progra-
ma que estiver instalado no computador, ou fazer alterações
nas configurações do computador, localizar um arquivo, abrir
um documento.

Menu Iniciar

Propriedades de Barra de tarefas e do Menu Iniciar.

Todos os programas
O menu Todos os Programas, ativa automaticamente ou-
tro submenu, no qual aparecem todas as opções de programas.
Para entrar neste submenu, arraste o mouse em linha reta para
a direção em que o submenu foi aberto. Assim, você poderá se-
lecionar o aplicativo desejado. Para executar, por exemplo, o
desfragmentador de disco, basta posicionar o ponteiro do mou-
se sobre a opção Acessórios. O submenu Acessórios será aberto.
Então aponte para Ferramentas de Sistemas e depois para Des-
Menu Iniciar. fragmentador de disco.

O botão iniciar pode ser configurado. No Windows XP, você


pode optar por trabalhar com o novo menu Iniciar ou, se pre-
ferir, configurar o menu Iniciar para que tenha a aparência das
versões anteriores do Windows (95/98/Me). Clique na barra de
tarefas com o botão direito do mouse e selecione propriedades
e então clique na guia menu Iniciar.
Esta guia tem duas opções:
• Menu iniciar: oferece a você acesso mais rápido a e-mail
e Internet, seus documentos, imagens e música e aos programas
usados recentemente, pois estas opções são exibidas ao se clicar
no botão Iniciar. Esta configuração é uma novidade do Windows
XP
• Menu Iniciar Clássico: Deixa o menu Iniciar com a apa-
rência das versões antigas do Windows, como o Windows ME,
98 e 95.

4
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Todos os programas.

Desligando o Windows XP

Clicando-se em Iniciar, desligar, teremos uma janela onde é possível escolher entre três opções:
• Hibernar: clicando neste botão, o Windows salvará o estado da área de trabalho no disco rígido e depois desligará o compu-
tador. Desta forma, quando ele for ligado novamente, a área de trabalho se apresentará exatamente como você deixou, com os
programas e arquivos que você estava usando, abertos.
• Desativar: desliga o Windows, fechando todos os programas abertos para que você possa desligar o computador com segu-
rança.
- Reiniciar: encerra o Windows e o reinicia.

5
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Acessórios do Windows
O Windows XP inclui muitos programas e acessórios úteis. São ferramentas para edição de texto, criação de imagens, jogos,
ferramentas para melhorar a performance do computador, calculadora e etc.

Acessórios Windows XP.

Meu Computador
No Windows XP, tudo o que você tem dentro do computador – programas, documentos, arquivos de dados e unidades de disco,
por exemplo – torna-se acessível em um só local chamado Meu Computador.
O Meu computador é a porta de entrada para o usuário navegar pelas unidades de disco (rígido, flexíveis e CD-ROM).

Tela exibida ao clicar no ícone Meu Computador.

Windows Explorer
O Windows Explorer tem a mesma função do Meu Computador: Organizar o disco e possibilitar trabalhar com os arquivos fa-
zendo, por exemplo, cópia, exclusão e mudança no local dos arquivos.

6
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Podemos criar pastas para organizar o disco de uma empresa ou casa, copiar arquivos para disquete, apagar arquivos indese-
jáveis e muito mais.
No Windows Explorer, você pode ver a hierarquia das pastas em seu computador e todos os arquivos e pastas localizados em
cada pasta selecionada. Ele é especialmente útil para copiar e mover arquivos.
Ele é composto de uma janela dividida em dois painéis: O painel da esquerda é uma árvore de pastas hierarquizada que mostra
todas as unidades de disco, a Lixeira, a área de trabalho ou Desktop (também tratada como uma pasta); O painel da direita exibe
o conteúdo do item selecionado à esquerda e funciona de maneira idêntica às janelas do Meu Computador (no Meu Computador,
como padrão ele traz a janela sem divisão, as é possível dividi-la também clicando no ícone Pastas na Barra de Ferramentas).

Tela do Windows Explorer.

Para abrir o Windows Explorer, clique no botão Iniciar, vá a opção Todos os Programas/Acessórios e clique sobre Windows
Explorer ou clique sob o botão iniciar com o botão direito do mouse e selecione a opção Explorar.
Na figura, o painel da esquerda todas as pastas com um sinal de + (mais) indicam que contêm outras pastas. As pastas que con-
têm um sinal de – (menos) indicam que já foram expandidas (ou já estamos visualizando as subpastas).

Lixeira
A Lixeira é uma pasta especial do Windows e ela se encontra na Área de trabalho, mas pode ser acessada através do Windows
Explorer.

Ícone Lixeira.

WordPad

O Windows traz junto dele um programa para edição de textos. O WordPad. Com o WordPad é possível digitar textos, deixan-
do-os com uma boa aparência.
O WordPad é um editor de textos que nos auxiliará na criação de vários tipos de documentos. Mas poderíamos dizer que o
Wordpad é uma versão muito simplificada do Word, pois tem um número menor de recursos.

7
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Janela do WordPad.

Paint
O Paint é um acessório do Windows que permite o tratamento de imagens e a criação de vários tipos de desenhos para nossos
trabalhos.
Através deste acessório, podemos criar logomarcas, papel de parede, copiar imagens, capturar telas do Windows e usa-las em
documentos de textos.
Para abrir o Paint, siga até os Acessórios do Windows. A seguinte janela será apresentada:

Janela do Paint.

8
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
WINDOWS 7

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome
“pasta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organi-
zar, armazenar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem
ser documentos de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos
diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.
Área de trabalho do Windows 7

No caso da figura acima, temos quatro pastas e quatro ar-


quivos.

Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organiza-
ção, vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos
e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado Área de transferência
dado. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral A área de transferência é muito importante e funciona em
(textos, fotos, vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc. segundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vá-
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determi- rios tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
nada pasta ou arquivo propriamente dito. – Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl +
C”, estamos copiando dados para esta área intermediária.

9
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + • Os jogos do Windows.
V”, estamos colando, isto é, estamos pegando o que está grava- • Ferramenta de captura
do na área de transferência. • Backup e Restore
Interação com o conjunto de aplicativos
Manipulação de arquivos e pastas Vamos separar esta interação do usuário por categoria para
A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e entendermos melhor as funções categorizadas.
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Pode-
mos executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, Facilidades
criar pastas, criar atalhos etc.

O Windows possui um recurso muito interessante que é o


Capturador de Tela , simplesmente podemos, com o mouse, re-
cortar a parte desejada e colar em outro lugar.

Música e Vídeo
Temos o Media Player como player nativo para ouvir músi-
cas e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma excelente
experiência de entretenimento, nele pode-se administrar biblio-
tecas de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar
CDs, criar playlists e etc., isso também é válido para o media
center.

Uso dos menus

Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o
próprio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simples-
mente confirmar sua exclusão.

Programas e aplicativos
• Media Player
• Media Center
• Limpeza de disco
• Desfragmentador de disco

10
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

WINDOWS 8

• O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito im-


portante, pois conforme vamos utilizando o computador os ar-
quivos ficam internamente desorganizados, isto faz que o com-
putador fique lento. Utilizando o desfragmentador o Windows
se reorganiza internamente tornando o computador mais rápido
e fazendo com que o Windows acesse os arquivos com maior
rapidez.

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome
“pasta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organi-
zar, armazenar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem
ser documentos de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos
diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

• O recurso de backup e restauração do Windows é muito


importante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até
mesmo escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim
uma cópia de segurança.

No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro ar-


quivos.

11
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Arquivos e atalhos – Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl +
Como vimos anteriormente: pastas servem para organiza- V”, estamos colando, isto é, estamos pegando o que está grava-
ção, vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos do na área de transferência.
e atalhos. Manipulação de arquivos e pastas
• Arquivo é um item único que contém um determinado A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e
dado. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Pode-
(textos, fotos, vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc. mos executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos,
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determi- criar pastas, criar atalhos etc.
nada pasta ou arquivo propriamente dito.

Uso dos menus

Área de trabalho do Windows 8


Programas e aplicativos

Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em
segundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vá- Interação com o conjunto de aplicativos
rios tipos de itens, tais como arquivos, informações etc. Vamos separar esta interação do usuário por categoria para
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + entendermos melhor as funções categorizadas.
C”, estamos copiando dados para esta área intermediária.

12
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Facilidades

O Windows possui um recurso muito interessante que é o


Capturador de Tela, simplesmente podemos, com o mouse, re-
cortar a parte desejada e colar em outro lugar.

Música e Vídeo
Temos o Media Player como player nativo para ouvir músi-
cas e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma excelente
experiência de entretenimento, nele pode-se administrar biblio-
tecas de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar
CDs, criar playlists e etc., isso também é válido para o media
center.

A lista de aplicativos é bem intuitiva, talvez somente o


Skydrive mereça uma definição:
• Skydrive é o armazenamento em nuvem da Microsoft,
hoje portanto a Microsoft usa o termo OneDrive para referen-
ciar o armazenamento na nuvem (As informações podem ficar
gravadas na internet).

WINDOWS 10

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome
“pasta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organi-
zar, armazenar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem
ser documentos de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos
diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

Jogos
Temos também jogos anexados ao Windows 8.

No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro ar-


Transferência quivos.
O recurso de transferência fácil do Windows 8 é muito im-
portante, pois pode ajudar na escolha de seus arquivos para se- Arquivos e atalhos
rem salvos, tendo assim uma cópia de segurança. Como vimos anteriormente: pastas servem para organiza-
ção, vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos
e atalhos.

13
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Arquivo é um item único que contém um determinado
dado. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral
(textos, fotos, vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determi-
nada pasta ou arquivo propriamente dito.

Uso dos menus


Área de trabalho

Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em
segundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vá- Programas e aplicativos e interação com o usuário
rios tipos de itens, tais como arquivos, informações etc. Vamos separar esta interação do usuário por categoria para
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + entendermos melhor as funções categorizadas.
C”, estamos copiando dados para esta área intermediária. – Música e Vídeo: Temos o Media Player como player nativo
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + para ouvir músicas e assistir vídeos. O Windows Media Player é
V”, estamos colando, isto é, estamos pegando o que está grava- uma excelente experiência de entretenimento, nele pode-se ad-
do na área de transferência. ministrar bibliotecas de música, fotografia, vídeos no seu com-
putador, copiar CDs, criar playlists e etc., isso também é válido
Manipulação de arquivos e pastas para o media center.
A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Pode-
mos executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos,
criar pastas, criar atalhos etc.

14
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Inicialização e finalização

– Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o
próprio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simples-
mente confirmar sua exclusão.

Quando fizermos login no sistema, entraremos direto no


Windows, porém para desligá-lo devemos recorrer ao e:

• O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito im-


portante, pois conforme vamos utilizando o computador os ar-
quivos ficam internamente desorganizados, isto faz que o com-
LINUX
putador fique lento. Utilizando o desfragmentador o Windows
O Linux não é um ambiente gráfico como o Windows, mas
se reorganiza internamente tornando o computador mais rápido
podemos carregar um pacote para torná-lo gráfico assumindo
e fazendo com que o Windows acesse os arquivos com maior
assim uma interface semelhante ao Windows. Neste caso vamos
rapidez.
carregar o pacote Gnome no Linux. Além disso estaremos tam-
bém usando a distribuição Linux Ubuntu para demonstração,
pois sabemos que o Linux possui várias distribuições para uso.

Vamos olhar abaixo o

Linux Ubuntu em modo texto:


• O recurso de backup e restauração do Windows é muito
importante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até
mesmo escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim
uma cópia de segurança.

15
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Linux Ubuntu em modo gráfico (Área de trabalho): No caso do Linux temos que criar um lançador que funciona
como um atalho, isto é, ele vai chamar o item indicado.

Conceito de pastas e diretórios Perceba que usamos um comando para criar um lançador,
Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome mas nosso objetivo aqui não é detalhar comandos, então a for-
“pasta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organi- ma mais rápida de pesquisa de aplicativos, pastas e arquivos é
zar, armazenar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem através do botão:
ser documentos de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos
diversos).

Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

Desta forma já vamos direto ao item desejado

Área de transferência
Perceba que usando a interface gráfica funciona da mesma
forma que o Windows.
A área de transferência é muito importante e funciona em
segundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vá-
No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro ar- rios tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
quivos. – Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl +
C”, estamos copiando dados para esta área intermediária.
Arquivos e atalhos – Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl +
Como vimos anteriormente: pastas servem para organiza- V”, estamos colando, isto é, estamos pegando o que está grava-
ção, vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos do na área de transferência.
e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado Manipulação de arquivos e pastas
dado. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral No caso da interface gráfica as funcionalidades são seme-
(textos, fotos, vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc. lhantes ao Windows como foi dito no tópico acima. Entretanto,
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determi- podemos usar linha de comando, pois já vimos que o Linux origi-
nada pasta ou arquivo propriamente dito. nalmente não foi concebido com interface gráfica.

16
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Na figura acima utilizamos o comando ls e são listadas as
pastas na cor azul e os arquivos na cor branca. CONHECIMENTOS SOBRE EDITORES DE TEXTO WORD
X WRITER, PLANILHAS ELETRÔNICAS EXCEL X CALC E
Uso dos menus EDITOR DE APRESENTAÇÕES POWERPOINT X IMPRESS
Como estamos vendo, para se ter acesso aos itens do Linux (MS OFFICE 2013/2016/2019 BR X LIBREOFFICE V6.3
são necessários diversos comandos. Porém, se utilizarmos uma OU SUPERIOR, EM PORTUGUÊS, VERSÕES DE 32 E 64
interface gráfica a ação fica mais intuitiva, visto que podemos BITS: CONCEITOS, CARACTERÍSTICAS, ATALHOS DE
utilizar o mouse como no Windows. Estamos utilizando para fins TECLADO E EMPREGO DOS RECURSOS
de aprendizado a interface gráfica “GNOME”, mas existem diver-
sas disponíveis para serem utilizadas. Microsoft Office

O Microsoft Office é um conjunto de aplicativos essenciais


para uso pessoal e comercial, ele conta com diversas ferramen-
tas, mas em geral são utilizadas e cobradas em provas o Editor
de Textos – Word, o Editor de Planilhas – Excel, e o Editor de
Programas e aplicativos Apresentações – PowerPoint. A seguir verificamos sua utilização
Dependendo da distribuição Linux escolhida, esta já vem mais comum:
com alguns aplicativos embutidos, por isso que cada distribui-
ção tem um público alvo. O Linux em si é puro, mas podemos Word
destacar duas bem comuns: O Word é um editor de textos amplamente utilizado. Com
• Firefox (Navegador para internet); ele podemos redigir cartas, comunicações, livros, apostilas, etc.
• Pacote LibreOffice (Pacote de aplicativos semelhante ao Vamos então apresentar suas principais funcionalidades.
Microsoft Office).
• Área de trabalho do Word
Nesta área podemos digitar nosso texto e formata-lo de
acordo com a necessidade.

17
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Iniciando um novo documento
Limpa a formatação

• Marcadores
Muitas vezes queremos organizar um texto em tópicos da
seguinte forma:

Podemos então utilizar na página inicial os botões para ope-


rar diferentes tipos de marcadores automáticos:

A partir deste botão retornamos para a área de trabalho do


Word, onde podemos digitar nossos textos e aplicar as formata-
ções desejadas.
• Outros Recursos interessantes:
• Alinhamentos
Ao digitar um texto, frequentemente temos que alinhá-lo GUIA ÍCONE FUNÇÃO
para atender às necessidades. Na tabela a seguir, verificamos os
- Mudar
alinhamentos automáticos disponíveis na plataforma do Word.
Forma
Página - Mudar cor
GUIA PÁGINA TECLA DE inicial de Fundo
ALINHAMENTO
INICIAL ATALHO - Mudar cor
Justificar (arruma a direito do texto
e a esquerda de acordo Ctrl + J
- Inserir
com a margem
Tabelas
Inserir
Alinhamento à direita Ctrl + G - Inserir
Imagens
Centralizar o texto Ctrl + E
Verificação e
Alinhamento à esquerda Ctrl + Q
Revisão correção ortográ-
fica
• Formatação de letras (Tipos e Tamanho)
Presente em Fonte, na área de ferramentas no topo da área
de trabalho, é neste menu que podemos formatar os aspectos Arquivo Salvar
básicos de nosso texto. Bem como: tipo de fonte, tamanho (ou
pontuação), se será maiúscula ou minúscula e outros itens nos
recursos automáticos. Excel
O Excel é um editor que permite a criação de tabelas para
cálculos automáticos, análise de dados, gráficos, totais automá-
ticos, dentre outras funcionalidades importantes, que fazem
parte do dia a dia do uso pessoal e empresarial.
São exemplos de planilhas:
GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO – Planilha de vendas;
– Planilha de custos.
Tipo de letra
Desta forma ao inserirmos dados, os valores são calculados
automaticamente.
Tamanho
• Mas como é uma planilha de cálculo?
Aumenta / diminui tamanho – Quando inseridos em alguma célula da planilha, os dados
são calculados automaticamente mediante a aplicação de fór-
mulas específicas do aplicativo.
Recursos automáticos de caixa-altas
– A unidade central do Excel nada mais é que o cruzamento
e baixas
entre a linha e a coluna. No exemplo coluna A, linha 2 ( A2 )

18
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Fórmulas básicas

ADIÇÃO =SOMA(célulaX;célulaY)
SUBTRAÇÃO =(célulaX-célulaY)
MULTIPLICAÇÃO =(célulaX*célulaY)
DIVISÃO =(célulaX/célulaY)

• Fórmulas de comum interesse

MÉDIA (em um intervalo de


=MEDIA(célula X:célulaY)
células)
MÁXIMA (em um intervalo
=MAX(célula X:célulaY)
de células)
– Podemos também ter o intervalo A1..B3
MÍNIMA (em um intervalo
=MIN(célula X:célulaY)
de células)

PowerPoint
O PowerPoint é um editor que permite a criação de apresen-
tações personalizadas para os mais diversos fins. Existem uma
série de recursos avançados para a formatação das apresenta-
ções, aqui veremos os princípios para a utilização do aplicativo.

• Área de Trabalho do PowerPoint

– Para inserirmos dados, basta posicionarmos o cursor na


célula, selecionarmos e digitarmos. Assim se dá a iniciação bási-
ca de uma planilha.

• Formatação células

Nesta tela já podemos aproveitar a área interna para escre-


ver conteúdos, redimensionar, mover as áreas delimitadas ou até
mesmo excluí-las. No exemplo a seguir, perceba que já movemos
as caixas, colocando um título na superior e um texto na caixa in-
ferior, também alinhamos cada caixa para ajustá-las melhor.

19
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Perceba que a formatação dos textos é padronizada. O mes- As Transições são recursos de apresentação bastante utili-
mo tipo de padrão é encontrado para utilizarmos entre o Po- zados no PowerPoint. Servem para criar breves animações au-
werPoint, o Word e o Excel, o que faz deles programas bastante tomáticas para passagem entre elementos das apresentações.
parecidos, no que diz respeito à formatação básica de textos.
Confira no tópico referente ao Word, itens de formatação básica
de texto como: alinhamentos, tipos e tamanhos de letras, guias
de marcadores e recursos gerais.
Especificamente sobre o PowerPoint, um recurso ampla-
mente utilizado a guia Design. Nela podemos escolher temas
que mudam a aparência básica de nossos slides, melhorando a
experiência no trabalho com o programa.

Tendo passado pelos aspectos básicos da criação de uma


apresentação, e tendo a nossa pronta, podemos apresentá-la
bastando clicar no ícone correspondente no canto inferior di-
reito.

Um último recurso para chamarmos atenção é a possibili-


dade de acrescentar efeitos sonoros e interativos às apresenta-
ções, levando a experiência dos usuários a outro nível.

Com o primeiro slide pronto basta duplicá-lo, obtendo vá- Office 2013
rios no mesmo formato. Assim liberamos uma série de miniatu- A grande novidade do Office 2013 foi o recurso para explo-
ras, pelas quais podemos navegador, alternando entre áreas de rar a navegação sensível ao toque (TouchScreen), que está dis-
trabalho. A edição em cada uma delas, é feita da mesma manei- ponível nas versões 32 e 64. Em equipamentos com telas sensí-
ra, como já apresentado anteriormente. veis ao toque (TouchScreen) pode-se explorar este recurso, mas
em equipamentos com telas simples funciona normalmente.
O Office 2013 conta com uma grande integração com a nu-
vem, desta forma documentos, configurações pessoais e aplica-
tivos podem ser gravados no Skydrive, permitindo acesso atra-
vés de smartfones diversos.

• Atualizações no Word
– O visual foi totalmente aprimorado para permitir usuários
trabalhar com o toque na tela (TouchScreen);
– As imagens podem ser editadas dentro do documento;
– O modo leitura foi aprimorado de modo que textos ex-
tensos agora ficam disponíveis em colunas, em caso de pausa
na leitura;
– Pode-se iniciar do mesmo ponto parado anteriormente;
– Podemos visualizar vídeos dentro do documento, bem
como editar PDF(s).

• Atualizações no Excel
– Além de ter uma navegação simplificada, um novo conjun-
to de gráficos e tabelas dinâmicas estão disponíveis, dando ao
usuário melhores formas de apresentar dados.
– Também está totalmente integrado à nuvem Microsoft.
Percebemos agora que temos uma apresentação com qua-
tro slides padronizados, bastando agora editá-lo com os textos
que se fizerem necessários. Além de copiar podemos mover
cada slide de uma posição para outra utilizando o mouse.

20
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Atualizações no PowerPoint
– O visual teve melhorias significativas, o PowerPoint do
Office2013 tem um grande número de templates para uso de
criação de apresentações profissionais;
– O recurso de uso de múltiplos monitores foi aprimorado;
– Um recurso de zoom de slide foi incorporado, permitindo
o destaque de uma determinada área durante a apresentação;
– No modo apresentador é possível visualizar o próximo sli-
de antecipadamente;
– Estão disponíveis também o recurso de edição colaborati-
va de apresentações.

Office 2016
O Office 2016 foi um sistema concebido para trabalhar jun-
tamente com o Windows 10. A grande novidade foi o recurso
que permite que várias pessoas trabalhem simultaneamente
em um mesmo projeto. Além disso, tivemos a integração com
outras ferramentas, tais como Skype. O pacote Office 2016 tam- – Outro recurso que foi implementado foi o “Ler em voz
bém roda em smartfones de forma geral. alta”. Ao clicar no botão o Word vai ler o texto para você.

• Atualizações no Word
– No Word 2016 vários usuários podem trabalhar ao mesmo
tempo, a edição colaborativa já está presente em outros pro-
dutos, mas no Word agora é real, de modo que é possível até
acompanhar quando outro usuário está digitando;
– Integração à nuvem da Microsoft, onde se pode acessar os
documentos em tablets e smartfones;
– É possível interagir diretamente com o Bing (mecanismo
de pesquisa da Microsoft, semelhante ao Google), para utilizar a
pesquisa inteligente;
– É possível escrever equações como o mouse, caneta de
toque, ou com o dedo em dispositivos touchscreen, facilitando • Atualizações no Excel
assim a digitação de equações. – Foram adicionadas novas fórmulas e gráficos. Tendo como
destaque o gráfico de mapas que permite criar uma visualização
• Atualizações no Excel de algum mapa que deseja construir.
– O Excel do Office 2016 manteve as funcionalidades dos an-
teriores, mas agora com uma maior integração com dispositivos
móveis, além de ter aumentado o número de gráficos e melho-
rado a questão do compartilhamento dos arquivos.

• Atualizações no PowerPoint
– O PowerPoint 2016 manteve as funcionalidades dos ante-
riores, agora com uma maior integração com dispositivos mo-
veis, além de ter aumentado o número de templates melhorado
a questão do compartilhamento dos arquivos;
– O PowerPoint 2016 também permite a inserção de objetos
3D na apresentação.

Office 2019
O OFFICE 2019 manteve a mesma linha da Microsoft, não
houve uma mudança tão significativa. Agora temos mais mode-
los em 3D, todos os aplicativos estão integrados como dispositi-
vos sensíveis ao toque, o que permite que se faça destaque em
documentos.

• Atualizações no Word
– Houve o acréscimo de ícones, permitindo assim um me-
lhor desenvolvimento de documentos;

21
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Atualizações no PowerPoint
– Foram adicionadas a ferramenta transformar e a ferra-
menta de zoom facilitando assim o desenvolvimento de apre-
sentações;
– Inclusão de imagens 3D na apresentação.

LibreOffice é uma suíte de aplicativos voltados para ativi-


dades de escritório semelhantes aos do Microsoft Office (Word,
Excel, PowerPoint ...). Vamos verificar então os aplicativos do
LibreOffice: Writer, Calc e o Impress).
O LibreOffice está disponível para Windows, Unix, Solaris,
Linux e Mac OS X, mas é amplamente utilizado por usuários não
Windows, visto a sua concorrência com o OFFICE.
Abaixo detalharemos seus aplicativos:

LibreOffice Writer
O Writer é um editor de texto semelhante ao Word embu-
tido na suíte LibreOffice, com ele podemos redigir cartas, livros,
apostilas e comunicações em geral.
Vamos então detalhar as principais funcionalidades.

Área de trabalho do Writer


Office 365 Nesta área podemos digitar nosso texto e formatá-lo de
O Office 365 é uma versão que funciona como uma assina- acordo com a necessidade. Suas configurações são bastante se-
tura semelhante ao Netflix e Spotif. Desta forma não se faz ne- melhantes às do conhecido Word, e é nessa área de trabalho
cessário sua instalação, basta ter uma conexão com a internet e que criaremos nossos documentos.
utilizar o Word, Excel e PowerPoint.

Observações importantes:
– Ele é o mais atualizado dos OFFICE(s), portanto todas as
melhorias citadas constam nele;
– Sua atualização é frequente, pois a própria Microsoft é
responsável por isso;
– No nosso caso o Word, Excel e PowerPoint estão sempre
atualizados.

LIBREOFFICE OU BROFFICE

22
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Iniciando um novo documento
Sublinhado

Taxado

Sobrescrito

Subescrito

Marcadores e listas numeradas


Muitas vezes queremos organizar um texto em tópicos da
seguinte forma:

OU

Nesse caso podemos utilizar marcadores ou a lista numera-


da na barra de ferramentas, escolhendo um ou outro, segundo a
Conhecendo a Barra de Ferramentas nossa necessidade e estilo que ser aplicado no documento.

Alinhamentos
Ao digitar um texto frequentemente temos que alinhá-lo
para atender as necessidades do documento em que estamos
trabalhamos, vamos tratar um pouco disso a seguir:
Outros Recursos interessantes:

ÍCONE FUNÇÃO
Mudar cor de Fundo
Mudar cor do texto
GUIA PÁGINA Inserir Tabelas
ALINHAMENTO TECLA DE ATALHO
INCIAL Inserir Imagens
Alinhamento a Inserir Gráficos
Control + L Inserir Caixa de Texto
esquerda
Centralizar o texto Control + E Verificação e correção ortográfica

Alinhamento a direita Control + R Salvar


Justificar (isto é
arruma os dois lados, LibreOffice Calc
direita e esquerda Control + J O Calc é um editor de planilhas semelhante ao Excel embu-
de acordo com as tido na suíte LibreOffice, e com ele podemos redigir tabelas para
margens. cálculos, gráficos e estabelecer planilhas para os mais diversos
fins.
Formatação de letras (Tipos e Tamanho)
Área de trabalho do CALC
Nesta área podemos digitar nossos dados e formatá-los de
acordo com a necessidade, utilizando ferramentas bastante se-
melhantes às já conhecidas do Office.
GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO

Tipo de letra

Tamanho da letra

Aumenta / diminui tamanho

Itálico

23
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
— Planilha de vendas
— Planilha de custos

Desta forma ao inserirmos dados, os valores são calculados


automaticamente. Mas como funciona uma planilha de cálculo?
Veja:

Vamos à algumas funcionalidades


— Formatação de letras (Tipos e Tamanho)

GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO A unidade central de uma planilha eletrônica é a célula que
nada mais é que o cruzamento entre a linha e a coluna. Neste
Tipo de letra exemplo coluna A, linha 2 ( Célula A2 )
Podemos também ter o intervalo A1..B3

Tamanho da letra

Aumenta / diminui
tamanho

Itálico

Cor da Fonte

Cor Plano de Fundo

Outros Recursos interessantes

ÍCONE FUNÇÃO
Ordenar Para inserirmos dados basta posicionarmos o cursor na célu-
Ordenar em ordem la e digitarmos, a partir daí iniciamos a criação da planilha.
crescente
Auto Filtro
Inserir Caixa de Texto
Inserir imagem
Inserir gráfico
Verificação e correção
ortográfica

Salvar

Cálculos automáticos
Além das organizações básicas de planilha, o Calc permite a
criação de tabelas para cálculos automáticos e análise de dados
e gráficos totais.
São exemplos de planilhas CALC.
— Planilha para cálculos financeiros.

24
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Formatação células

Neste momento já podemos aproveitar a área interna para


escrever conteúdos, redimensionar, mover as áreas delimitadas,
ou até mesmo excluí-las.
No exemplo a seguir perceba que já escrevi um título na cai-
xa superior e um texto na caixa inferior, também movi com o
mouse os quadrados delimitados para adequá-los melhor.

Fórmulas básicas
— SOMA
A função SOMA faz uma soma de um intervalo de células.
Por exemplo, para somar números de B2 até B6 temos
=SOMA(B2;B6)

— MÉDIA
A função média faz uma média de um intervalo de células.
Por exemplo, para calcular a média de B2 até B6 temos Formatação dos textos:
=MÉDIA(B2;B6)

LibreOffice impress
O IMPRESS é o editor de apresentações semelhante ao Po-
werPoint na suíte LibreOffice, com ele podemos redigir apresen-
tações para diversas finalidades.
São exemplos de apresentações IMPRESS.
— Apresentação para uma reunião;
— Apresentação para uma aula;
— Apresentação para uma palestra.

A apresentação é uma excelente forma de abordagem de


um tema, pois podemos resumir e ressaltar os principais assun-
tos abordados de forma explicativa. As ferramentas que vere-
mos a seguir facilitam o processo de trabalho com a aplicação.
Confira:

Área de trabalho
Ao clicarmos para entrar no LibreOffice Impress vamos nos
deparar com a tela abaixo. Nesta tela podemos selecionar um
modelo para iniciar a apresentação. O modelo é uma opção in-
teressante visto que já possui uma formatação prévia facilitando
o início e desenvolvimento do trabalho.
Itens demarcados na figura acima:
— Texto: Largura, altura, espaçamento, efeitos.
— Caractere: Letra, estilo, tamanho.
— Parágrafo: Antes, depois, alinhamento.
— Marcadores e numerações: Organização dos elementos
e tópicos.

25
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Outros Recursos interessantes: Percebemos agora que temos uma apresentação com dois
slides padronizados, bastando agora alterá-los com os textos
ÍCONE FUNÇÃO corretos. Além de copiar podemos movê-los de uma posição
para outra, trocando a ordem dos slides ou mesmo excluindo
Inserir Tabelas quando se fizer necessário.
Inserir Imagens
Inserir Gráficos Transições
Inserir Caixa de Texto Um recurso amplamente utilizado é o de inserir as transi-
Verificação e correção ções, que é a maneira como os itens dos slides vão surgir na
ortográfica apresentação. No canto direito, conforme indicado a seguir, po-
demos selecionar a transição desejada:
Salvar

Com o primeiro slide pronto basta duplicá-lo obtendo vários


no mesmo formato, e podemos apenas alterar o texto e imagens
para criar os próximos.

A partir daí estamos com a apresentação pronta, bastando


clicar em F5 para exibirmos o trabalho em tela cheia, também
acessível no menu “Apresentação”, conforme indicado na figura
abaixo.

26
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

REDES DE COMPUTADORES E WEB. CONCEITOS SO-


BRE INTERNET X INTRANET X EXTRANET X E-MAIL X
WEBMAIL, CARACTERÍSTICAS, ATALHOS DE TECLADO
E EMPREGO DE RECURSOS DE NAVEGADORES (BROW-
SERS INTERNET EXPLORER 11 BR X EDGE X MOZILLA
FIREFOX X GOOGLE CHROME NAS VERSÕES ATUAIS
EM PORTUGUÊS, DE 32 E 64 BITS), OUTLOOK DO PA-
COTE MSOFFICE 2013/2016/2019 BR X MOZILLA THUN-
DERBIRD EM PORTUGUÊS, VERSÕES DE 32 E 64 BITS X
WEBMAIL

Tipos de rede de computadores


• LAN: Rele Local, abrange somente um perímetro definido.
Exemplos: casa, escritório, etc.
Navegação e navegadores da Internet

• Internet
É conhecida como a rede das redes. A internet é uma cole-
ção global de computadores, celulares e outros dispositivos que
se comunicam.

• Procedimentos de Internet e intranet


Através desta conexão, usuários podem ter acesso a diver-
sas informações, para trabalho, laser, bem como para trocar
mensagens, compartilhar dados, programas, baixar documentos
(download), etc.

• MAN: Rede Metropolitana, abrange uma cidade, por


exemplo.

• Sites
Uma coleção de páginas associadas a um endereço www. é
chamada web site. Através de navegadores, conseguimos aces-
sar web sites para operações diversas.

• Links
O link nada mais é que uma referência a um documento,
onde o usuário pode clicar. No caso da internet, o Link geral-
• WAN: É uma rede com grande abrangência física, maior mente aponta para uma determinada página, pode apontar para
que a MAN, Estado, País; podemos citar até a INTERNET para um documento qualquer para se fazer o download ou simples-
entendermos o conceito. mente abrir.

Dentro deste contexto vamos relatar funcionalidades de al-


guns dos principais navegadores de internet: Microsoft Internet
Explorer, Mozilla Firefox e Google Chrome.

27
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Internet Explorer 11

• Identificar o ambiente

O Internet Explorer é um navegador desenvolvido pela Microsoft, no qual podemos acessar sites variados. É um navegador
simplificado com muitos recursos novos.
Dentro deste ambiente temos:
– Funções de controle de privacidade: Trata-se de funções que protegem e controlam seus dados pessoais coletados por sites;
– Barra de pesquisas: Esta barra permite que digitemos um endereço do site desejado. Na figura temos como exemplo: https://
www.gov.br/pt-br/
– Guias de navegação: São guias separadas por sites aberto. No exemplo temos duas guias sendo que a do site https://www.
gov.br/pt-br/ está aberta.
– Favoritos: São pastas onde guardamos nossos sites favoritos
– Ferramentas: Permitem realizar diversas funções tais como: imprimir, acessar o histórico de navegação, configurações, dentre
outras.

Desta forma o Internet Explorer 11, torna a navegação da internet muito mais agradável, com textos, elementos gráficos e ví-
deos que possibilitam ricas experiências para os usuários.

• Características e componentes da janela principal do Internet Explorer

À primeira vista notamos uma grande área disponível para visualização, além de percebemos que a barra de ferramentas fica
automaticamente desativada, possibilitando uma maior área de exibição.

28
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Vamos destacar alguns pontos segundo as indicações da figura: – Sincronização Firefox: Ato de guardar seus dados pessoais
1. Voltar/Avançar página na internet, ficando assim disponíveis em qualquer lugar. Seus
Como o próprio nome diz, clicando neste botão voltamos dados como: Favoritos, históricos, Endereços, senhas armazena-
página visitada anteriormente; das, etc., sempre estarão disponíveis em qualquer lugar, basta
estar logado com o seu e-mail de cadastro. E lembre-se: ao uti-
2. Barra de Endereços lizar um computador público sempre desative a sincronização
Esta é a área principal, onde digitamos o endereço da página para manter seus dados seguros após o uso.
procurada;
Google Chrome
3. Ícones para manipulação do endereço da URL
Estes ícones são pesquisar, atualizar ou fechar, dependendo
da situação pode aparecer fechar ou atualizar.

4. Abas de Conteúdo
São mostradas as abas das páginas carregadas.

5. Página Inicial, favoritos, ferramentas, comentários


O Chrome é o navegador mais popular atualmente e dispo-
6. Adicionar à barra de favoritos nibiliza inúmeras funções que, por serem ótimas, foram imple-
mentadas por concorrentes.
Mozila Firefox Vejamos:

• Sobre as abas
No Chrome temos o conceito de abas que são conhecidas
também como guias. No exemplo abaixo temos uma aba aber-
ta, se quisermos abrir outra para digitar ou localizar outro site,
temos o sinal (+).
A barra de endereços é o local em que se digita o link da pá-
Vamos falar agora do funcionamento geral do Firefox, obje- gina visitada. Uma outra função desta barra é a de busca, sendo
to de nosso estudo: que ao digitar palavras-chave na barra, o mecanismo de busca
do Google é acionado e exibe os resultados.

Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página


Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:
3 Botão atualizar a página
1 Botão Voltar uma página
4 Voltar para a página inicial do Firefox
2 Botão avançar uma página
5 Barra de Endereços
3 Botão atualizar a página
6 Ver históricos e favoritos
4 Barra de Endereço.
Mostra um painel sobre os favoritos (Barra,
7 5 Adicionar Favoritos
Menu e outros)
Sincronização com a conta FireFox (Vamos 6 Usuário Atual
8
detalhar adiante)
Exibe um menu de contexto que iremos relatar
9 Mostra menu de contexto com várias opções 7
seguir.

29
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O que vimos até aqui, são opções que já estamos acostu- • Salvando Textos e Imagens da Internet
mados ao navegar na Internet, mesmo estando no Ubuntu, per- Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão
cebemos que o Chrome é o mesmo navegador, apenas está ins- direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta.
talado em outro sistema operacional. Como o Chrome é o mais
comum atualmente, a seguir conferimos um pouco mais sobre • Downloads
suas funcionalidades. Fazer um download é quando se copia um arquivo de algum
site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.).
• Favoritos Neste caso, o Chrome possui um item no menu, onde podemos
No Chrome é possível adicionar sites aos favoritos. Para ver o progresso e os downloads concluídos.
adicionar uma página aos favoritos, clique na estrela que fica à
direita da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o
sugerido, e pronto.
Por padrão, o Chrome salva seus sites favoritos na Barra de
Favoritos, mas você pode criar pastas para organizar melhor sua
lista. Para removê-lo, basta clicar em excluir.

• Sincronização
Uma nota importante sobre este tema: A sincronização é
• Histórico importante para manter atualizadas nossas operações, desta
O Histórico no Chrome funciona de maneira semelhante ao forma, se por algum motivo trocarmos de computador, nossos
Firefox. Ele armazena os endereços dos sites visitados e, para dados estarão disponíveis na sua conta Google.
acessá-lo, podemos clicar em Histórico no menu, ou utilizar ata- Por exemplo:
lho do teclado Ctrl + H. Neste caso o histórico irá abrir em uma – Favoritos, histórico, senhas e outras configurações esta-
nova aba, onde podemos pesquisá-lo por parte do nome do site rão disponíveis.
ou mesmo dia a dia se preferir. – Informações do seu perfil são salvas na sua Conta do Goo-
gle.

No canto superior direito, onde está a imagem com a foto


do usuário, podemos clicar no 1º item abaixo para ativar e de-
sativar.

• Pesquisar palavras
Muitas vezes ao acessar um determinado site, estamos em
busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso, utilizamos
o atalho do teclado Ctrl + F para abrir uma caixa de texto na qual
podemos digitar parte do que procuramos, e será localizado.

30
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Safari

O Safari é o navegador da Apple, e disponibiliza inúmeras funções implementadas.


Vejamos:

• Guias

– Para abrirmos outras guias podemos simplesmente teclar CTRL + T ou

Vejamos os comandos principais de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Barra de Endereço.

5 Adicionar Favoritos

6 Ajustes Gerais

7 Menus para a página atual.

8 Lista de Leitura

Perceba que o Safari, como os outros, oferece ferramentas bastante comuns.

31
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Vejamos algumas de suas funcionalidades: • Pesquisar palavras
Muitas vezes, ao acessar um determinado site, estamos em
• Lista de Leitura e Favoritos busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso utilizamos
No Safari é possível adicionar sites à lista de leitura para o atalho do teclado Ctrl + F, para abrir uma caixa de texto na qual
posterior consulta, ou aos favoritos, caso deseje salvar seus en- podemos digitar parte do que procuramos, e será localizado.
dereços. Para adicionar uma página, clique no “+” a que fica à
esquerda da barra de endereços, digite um nome ou mantenha • Salvando Textos e Imagens da Internet
o sugerido e pronto. Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão
Por padrão, o Safari salva seus sites na lista de leitura, mas direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta.
você pode criar pastas para organizar melhor seus favoritos.
Para removê-lo, basta clicar em excluir. • Downloads
Fazer um download é quando se copia um arquivo de um
algum site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes
etc.). Neste caso, o Safari possui um item no menu onde pode-
mos ver o progresso e os downloads concluídos.

Correio Eletrônico
• Histórico e Favoritos O correio eletrônico, também conhecido como e-mail, é
um serviço utilizado para envio e recebimento de mensagens
de texto e outras funções adicionais como anexos junto com a
mensagem.

Para envio de mensagens externas o usuário deverá estar


conectado a internet, caso contrário ele ficará limitado a sua
rede local.
Abaixo vamos relatar algumas características básicas sobre
o e-mail
– Nome do Usuário: é o nome de login escolhido pelo usuá-
rio na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: joaodasilva, no caso
este é nome do usuário;
– @ : Símbolo padronizado para uso em correios eletrôni-
cos;
– Nome do domínio a que o e-mail pertence, isto é, na maio-
ria das vezes, a empresa;

Vejamos um exemplo: joaodasilva@gmail.com.br / @hot-


mail.com.br / @editora.com.br
– Caixa de Entrada: Onde ficam armazenadas as mensagens
recebidas;

32
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Caixa de Saída: Onde ficam armazenadas as mensagens • Anexação de arquivos
ainda não enviadas;
– E-mails Enviados: Como o próprio nome diz, é onde ficam
os e-mails que foram enviados;
– Rascunho: Guarda as mensagens que você ainda não ter-
minou de redigir;
– Lixeira: Armazena as mensagens excluídas.

Ao escrever mensagens, temos os seguintes campos:


– Para: é o campo onde será inserido o endereço do desti-
natário do e-mail;
– CC: este campo é usado para mandar cópias da mesma
mensagem. Ao usar esse campo os endereços aparecerão para
todos os destinatários envolvidos; Uma função adicional quando criamos mensagens é de ane-
– CCO: sua funcionalidade é semelhante ao campo anterior, xar um documento à mensagem, enviando assim juntamente
no entanto os endereços só aparecerão para os respectivos do- com o texto.
nos da mensagem;
– Assunto: campo destinado ao assunto da mensagem; • Boas práticas para anexar arquivos à mensagem
– Anexos: são dados que são anexados à mensagem (ima- – E-mails tem limites de tamanho, não podemos enviar coi-
gens, programas, música, textos e outros); sas que excedem o tamanho, estas mensagens irão retornar;
– Corpo da Mensagem: espaço onde será escrita a mensa- – Deveremos evitar arquivos grandes pois além do limite do
gem. e-mail, estes demoram em excesso para serem carregados.
Computação de nuvem (Cloud Computing)
• Uso do correio eletrônico
– Inicialmente o usuário deverá ter uma conta de e-mail; • Conceito de Nuvem (Cloud)
– Esta conta poderá ser fornecida pela empresa ou criada
através de sites que fornecem o serviço. As diretrizes gerais so-
bre a criação de contas estão no tópico acima;
– Uma vez criada a conta, o usuário poderá utilizar um clien-
te de e-mail na internet ou um gerenciador de e-mail disponível;
– Atualmente existem vários gerenciadores disponíveis no
mercado, tais como: Microsoft Outlook, Mozila Thunderbird,
Opera Mail, Gmail, etc.;
– O Microsoft outlook é talvez o mais conhecido gerenciador
de e-mail, dentro deste contexto vamos usá-lo como exemplo
nos tópicos adiante, lembrando que todos funcionam de formas
bastante parecidas.
A “Nuvem”, também referenciada como “Cloud”, são os ser-
• Preparo e envio de mensagens viços distribuídos pela INTERNET que atendem as mais variadas
demandas de usuários e empresas.

• Boas práticas para criação de mensagens


– Uma mensagem deverá ter um assunto. É possível enviar
mensagem sem o Assunto, porém não é o adequado;
– A mensagem deverá ser clara, evite mensagens grandes ao
extremo dando muitas voltas;
– Verificar com cuidado os destinatários para o envio corre- A internet é a base da computação em nuvem, os servidores
to de e-mails, evitando assim problemas de envios equivocados. remotos detêm os aplicativos e serviços para distribuí-los aos
usuários e às empresas.

33
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A computação em nuvem permite que os consumidores aluguem uma infraestrutura física de um data center (provedor de
serviços em nuvem). Com acesso à Internet, os usuários e as empresas usam aplicativos e a infraestrutura alugada para acessarem
seus arquivos, aplicações, etc., a partir de qualquer computador conectado no mundo.
Desta forma todos os dados e aplicações estão localizadas em um local chamado Data Center dentro do provedor.
A computação em nuvem tem inúmeros produtos, e esses produtos são subdivididos de acordo com todos os serviços em
nuvem, mas os principais aplicativos da computação em nuvem estão nas áreas de: Negócios, Indústria, Saúde, Educação, Bancos,
Empresas de TI, Telecomunicações.

• Armazenamento de dados da nuvem (Cloud Storage)

A ideia de armazenamento na nuvem ( Cloud Storage ) é simples. É, basicamente, a gravação de dados na Internet.
Este envio de dados pode ser manual ou automático, e uma vez que os dados estão armazenados na nuvem, eles podem ser
acessados em qualquer lugar do mundo por você ou por outras pessoas que tiverem acesso.
São exemplos de Cloud Storage: DropBox, Google Drive, OneDrive.
As informações são mantidas em grandes Data Centers das empresas que hospedam e são supervisionadas por técnicos res-
ponsáveis por seu funcionamento. Estes Data Centers oferecem relatórios, gráficos e outras formas para seus clientes gerenciarem
seus dados e recursos, podendo modificar conforme a necessidade.
O armazenamento em nuvem tem as mesmas características que a computação em nuvem que vimos anteriormente, em ter-
mos de praticidade, agilidade, escalabilidade e flexibilidade.
Além dos exemplos citados acima, grandes empresas, tais como a IBM, Amazon, Microsoft e Google possuem serviços de nuvem
que podem ser contratados.

OUTLOOK
O Microsoft Outlook é um gerenciador de e-mail usado principalmente para enviar e receber e-mails. O Microsoft Outlook
também pode ser usado para administrar vários tipos de dados pessoais, incluindo compromissos de calendário e entradas, tarefas,
contatos e anotações.

34
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Funcionalidades mais comuns:

PARA FAZER ISTO ATALHO CAMINHOS PARA EXECUÇÃO


1 Entrar na mensagem Enter na mensagem fechada ou click Verificar coluna atalho
2 Fechar Esc na mensagem aberta Verificar coluna atalho
3 Ir para a guia Página Inicial Alt+H Menu página inicial
4 Nova mensagem Ctrl+Shift+M Menu página inicial => Novo e-mail
5 Enviar Alt+S Botão enviar
6 Delete Excluir (quando na mensagem fechada) Verificar coluna atalho
7 Pesquisar Ctrl+E Barra de pesquisa
8 Responder Ctrl+R Barra superior do painel da mensagem
9 Encaminhar Ctrl+F Barra superior do painel da mensagem
10 Responder a todos Ctrl+Shift+R Barra superior do painel da mensagem
11 Copiar Ctrl+C Click direito copiar
12 Colar Ctrl+V Click direito colar
13 Recortar Ctrl+X Click direito recortar
14 Enviar/Receber Ctrl+M Enviar/Receber (Reatualiza tudo)
15 Acessar o calendário Ctrl+2 Canto inferior direito ícone calendário
16 Anexar arquivo ALT+T AX Menu inserir ou painel superior
17 Mostrar campo cco (cópia oculta) ALT +S + B Menu opções CCO

Endereços de e-mail
• Nome do Usuário – é o nome de login escolhido pelo usuário na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: joaodasilva, no caso este
é nome do usuário;
• @ – Símbolo padronizado para uso;
• Nome do domínio – domínio a que o e-mail pertence, isto é, na maioria das vezes, a empresa. Vejamos um exemplo real:
joaodasilva@solucao.com.br;
• Caixa de Entrada – Onde ficam armazenadas as mensagens recebidas;
• Caixa de Saída – Onde ficam armazenadas as mensagens ainda não enviadas;
• E-mails Enviados – Como próprio nome diz, e aonde ficam os e-mails que foram enviados;
• Rascunho – Guarda as mensagens que ainda não terminadas;
• Lixeira – Armazena as mensagens excluídas;

Escrevendo e-mails
Ao escrever uma mensagem, temos os seguintes campos:
• Para – é o campo onde será inserido o endereço do destinatário do e-mail;
• CC – este campo é usado para mandar cópias da mesma mensagem. Ao usar este campo os endereços aparecerão para todos
os destinatários envolvidos.
• CCO – sua funcionalidade é semelhante ao campo anterior, no entanto os endereços só aparecerão para os respectivos donos;
• Assunto – campo destinado ao assunto da mensagem.
• Anexos – são dados que são anexados à mensagem (imagens, programas, música, textos e outros.)
• Corpo da Mensagem – espaço onde será escrita a mensagem.

Contas de e-mail
É um endereço de e-mail vinculado a um domínio, que está apto a receber e enviar mensagens, ou até mesmo guarda-las
conforme a necessidade.

35
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Adicionar conta de e-mail
Siga os passos de acordo com as imagens:

Enviar
De acordo com a imagem a seguir, o botão Enviar fica em
evidência para o envio de e-mails.

A partir daí devemos seguir as diretrizes sobre nomes de


e-mail, referida no item “Endereços de e-mail”.

Criar nova mensagem de e-mail Encaminhar e responder e-mails


Funcionalidades importantes no uso diário, você responde a
e-mail e os encaminha para outros endereços, utilizando os bo-
tões indicados. Quando clicados, tais botões ativam o quadros
de texto, para a indicação de endereços e digitação do corpo do
e-mail de resposta ou encaminhamento.

Ao clicar em novo e-mail é aberto uma outra janela para


digitação do texto e colocar o destinatário, podemos preencher
também os campos CC (cópia), e o campo CCO (cópia oculta),
porém esta outra pessoa não estará visível aos outros destina-
tários.

36
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Adicionar, abrir ou salvar anexos
A melhor maneira de anexar e colar o objeto desejado no
corpo do e-mail, para salvar ou abrir, basta clicar no botão cor-
respondente, segundo a figura abaixo:

Adicionar assinatura de e-mail à mensagem


Um recurso interessante, é a possibilidade de adicionarmos Imprimir uma mensagem de e-mail
assinaturas personalizadas aos e-mails, deixando assim definida Por fim, um recurso importante de ressaltar, é o que nos
a nossa marca ou de nossa empresa, de forma automática em possibilita imprimir e-mails, integrando-os com a impressora
cada mensagem. ligada ao computador. Um recurso que se assemelha aos apre-
sentados pelo pacote Office e seus aplicativos.

SEGURANÇA DE EQUIPAMENTOS, DE SISTEMAS, EM


REDES E NA INTERNET: CONCEITOS, CARACTERÍSTI-
CAS, VÍRUS, FIREWALL, MEDIDAS DE PROTEÇÃO 

SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO
Segurança da informação é o conjunto de ações para prote-
ção de um grupo de dados, protegendo o valor que ele possui,
seja para um indivíduo específico no âmbito pessoal, seja para
uma organização2.
É essencial para a proteção do conjunto de dados de uma
corporação, sendo também fundamentais para as atividades do
negócio.
Quando bem aplicada, é capaz de blindar a empresa de ata-
ques digitais, desastres tecnológicos ou falhas humanas. Porém,
qualquer tipo de falha, por menor que seja, abre brecha para
problemas.
A segurança da informação se baseia nos seguintes pilares3:
– Confidencialidade: o conteúdo protegido deve estar dis-
ponível somente a pessoas autorizadas.
2 https://ecoit.com.br/seguranca-da-informacao/
3 https://bit.ly/2E5beRr

37
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Disponibilidade: é preciso garantir que os dados estejam • Política de backup: define as regras sobre a realização de
acessíveis para uso por tais pessoas quando for necessário, ou cópias de segurança, como tipo de mídia utilizada, período de
seja, de modo permanente a elas. retenção e frequência de execução.
– Integridade: a informação protegida deve ser íntegra, ou • Política de privacidade: define como são tratadas as in-
seja, sem sofrer qualquer alteração indevida, não importa por formações pessoais, sejam elas de clientes, usuários ou funcio-
quem e nem em qual etapa, se no processamento ou no envio. nários.
– Autenticidade: a ideia aqui é assegurar que a origem e • Política de confidencialidade: define como são tratadas
autoria do conteúdo seja mesmo a anunciada. as informações institucionais, ou seja, se elas podem ser repas-
sadas a terceiros.
Existem outros termos importantes com os quais um profis-
sional da área trabalha no dia a dia. Mecanismos de segurança
Podemos citar a legalidade, que diz respeito à adequação Um mecanismo de segurança da informação é uma ação,
do conteúdo protegido à legislação vigente; a privacidade, que técnica, método ou ferramenta estabelecida com o objetivo de
se refere ao controle sobre quem acessa as informações; e a preservar o conteúdo sigiloso e crítico para uma empresa.
auditoria, que permite examinar o histórico de um evento de Ele pode ser aplicado de duas formas:
segurança da informação, rastreando as suas etapas e os res- – Controle físico: é a tradicional fechadura, tranca, porta e
ponsáveis por cada uma delas. qualquer outro meio que impeça o contato ou acesso direto à
informação ou infraestrutura que dá suporte a ela
Alguns conceitos relacionados à aplicação dos pilares – Controle lógico: nesse caso, estamos falando de barreiras
– Vulnerabilidade: pontos fracos existentes no conteúdo eletrônicas, nos mais variados formatos existentes, desde um
protegido, com potencial de prejudicar alguns dos pilares de se- antivírus, firewall ou filtro anti-spam, o que é de grande valia
gurança da informação, ainda que sem intenção para evitar infecções por e-mail ou ao navegar na internet, passa
– Ameaça: elemento externo que pode se aproveitar da por métodos de encriptação, que transformam as informações
vulnerabilidade existente para atacar a informação sensível ao em códigos que terceiros sem autorização não conseguem deci-
negócio. frar e, há ainda, a certificação e assinatura digital, sobre as quais
– Probabilidade: se refere à chance de uma vulnerabilidade falamos rapidamente no exemplo antes apresentado da emissão
ser explorada por uma ameaça. da nota fiscal eletrônica.
– Impacto: diz respeito às consequências esperadas caso o
conteúdo protegido seja exposto de forma não autorizada. Todos são tipos de mecanismos de segurança, escolhidos
– Risco: estabelece a relação entre probabilidade e impacto, por profissional habilitado conforme o plano de segurança da
ajudando a determinar onde concentrar investimentos em segu- informação da empresa e de acordo com a natureza do conteú-
rança da informação. do sigiloso.

Tipos de ataques Criptografia


Cada tipo de ataque tem um objetivo específico, que são É uma maneira de codificar uma informação para que so-
eles4: mente o emissor e receptor da informação possa decifrá-la atra-
– Passivo: envolve ouvir as trocas de comunicações ou gra- vés de uma chave que é usada tanto para criptografar e descrip-
var de forma passiva as atividades do computador. Por si só, o tografar a informação5.
ataque passivo não é prejudicial, mas a informação coletada du- Tem duas maneiras de criptografar informações:
rante a sessão pode ser extremamente prejudicial quando utili- • Criptografia simétrica (chave secreta): utiliza-se uma cha-
zada (adulteração, fraude, reprodução, bloqueio). ve secreta, que pode ser um número, uma palavra ou apenas
– Ativos: neste momento, faz-se a utilização dos dados co- uma sequência de letras aleatórias, é aplicada ao texto de uma
letados no ataque passivo para, por exemplo, derrubar um sis- mensagem para alterar o conteúdo de uma determinada manei-
tema, infectar o sistema com malwares, realizar novos ataques ra. Tanto o emissor quanto o receptor da mensagem devem sa-
a partir da máquina-alvo ou até mesmo destruir o equipamento ber qual é a chave secreta para poder ler a mensagem.
(Ex.: interceptação, monitoramento, análise de pacotes). • Criptografia assimétrica (chave pública):tem duas chaves
relacionadas. Uma chave pública é disponibilizada para qualquer
Política de Segurança da Informação pessoa que queira enviar uma mensagem. Uma segunda chave
Este documento irá auxiliar no gerenciamento da segurança privada é mantida em segredo, para que somente você saiba.
da organização através de regras de alto nível que representam
os princípios básicos que a entidade resolveu adotar de acordo Qualquer mensagem que foi usada a chave púbica só poderá
com a visão estratégica da mesma, assim como normas (no nível ser descriptografada pela chave privada.
tático) e procedimentos (nível operacional). Seu objetivo será Se a mensagem foi criptografada com a chave privada, ela só
manter a segurança da informação. Todos os detalhes definidos poderá ser descriptografada pela chave pública correspondente.
nelas serão para informar sobre o que pode e o que é proibido, A criptografia assimétrica é mais lenta o processamento
incluindo: para criptografar e descriptografar o conteúdo da mensagem.
• Política de senhas: define as regras sobre o uso de senhas Um exemplo de criptografia assimétrica é a assinatura di-
nos recursos computacionais, como tamanho mínimo e máximo, gital.
regra de formação e periodicidade de troca.

4 https://www.diegomacedo.com.br/modelos-e-mecanismos-de-seguranca-da- 5 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/19/conceitos-de-protecao-e-se-
-informacao/ guranca-da-informacao-parte-2/

38
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Assinatura Digital: é muito usado com chaves públicas e permitem ao destinatário verificar a autenticidade e a integridade da
informação recebida. Além disso, uma assinatura digital não permite o repúdio, isto é, o emitente não pode alegar que não realizou
a ação. A chave é integrada ao documento, com isso se houver alguma alteração de informação invalida o documento.
• Sistemas biométricos: utilizam características físicas da pessoa como os olhos, retina, dedos, digitais, palma da mão ou voz.

Firewall
Firewall ou “parede de fogo” é uma solução de segurança baseada em hardware ou software (mais comum) que, a partir de
um conjunto de regras ou instruções, analisa o tráfego de rede para determinar quais operações de transmissão ou recepção de
dados podem ser executadas. O firewall se enquadra em uma espécie de barreira de defesa. A sua missão, por assim dizer, consiste
basicamente em bloquear tráfego de dados indesejado e liberar acessos bem-vindos.

Representação de um firewall.6

Formas de segurança e proteção


– Controles de acesso através de senhas para quem acessa, com autenticação, ou seja, é a comprovação de que uma pessoa que
está acessando o sistema é quem ela diz ser7.
– Se for empresa e os dados a serem protegidos são extremamente importantes, pode-se colocar uma identificação biométrica
como os olhos ou digital.
– Evitar colocar senhas com dados conhecidos como data de nascimento ou placa do seu carro.
– As senhas ideais devem conter letras minúsculas e maiúsculas, números e caracteres especiais como @ # $ % & *.
– Instalação de antivírus com atualizações constantes.
– Todos os softwares do computador devem sempre estar atualizados, principalmente os softwares de segurança e sistema
operacional. No Windows, a opção recomendada é instalar atualizações automaticamente.
– Dentre as opções disponíveis de configuração qual opção é a recomendada.
– Sempre estar com o firewall ativo.
– Anti-spam instalados.
– Manter um backup para caso de pane ou ataque.
– Evite sites duvidosos.
– Não abrir e-mails de desconhecidos e principalmente se tiver anexos (link).
– Evite ofertas tentadoras por e-mail ou em publicidades.
– Tenha cuidado quando solicitado dados pessoais. Caso seja necessário, fornecer somente em sites seguros.
– Cuidado com informações em redes sociais.
– Instalar um anti-spyware.
– Para se manter bem protegido, além dos procedimentos anteriores, deve-se ter um antivírus instalado e sempre atualizado.

NOÇÕES DE VÍRUS, ANTIVÍRUS

Noções de vírus, worms e pragas virtuais (Malwares)


– Malwares (Pragas): São programas mal intencionados, isto é, programas maliciosos que servem pra danificar seu sistema e
diminuir o desempenho do computador;
– Vírus: São programas maliciosos que, para serem iniciados, é necessária uma ação (por exemplo um click por parte do usuá-
rio);
– Worms: São programas que diminuem o desempenho do sistema, isto é, eles exploram a vulnerabilidade do computador se
instalam e se replicam, não precisam de clique do mouse por parte do usuário ou ação automática do sistema.

6 Fonte: https://helpdigitalti.com.br/o-que-e-firewall-conceito-tipos-e-arquiteturas/#:~:text=Firewall%20%C3%A9%20uma%20solu%C3%A7%C3%A3o%20
de,de%20dados%20podem%20ser%20executadas.
7 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/19/conceitos-de-protecao-e-seguranca-da-informacao-parte-3/

39
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Aplicativos para segurança (antivírus, firewall, antispywa- As principais são: Facebook, WhatsApp, Youtube, Insta-
re etc.) gram, Twitter, Linkedin, Pinterest, Snapchat, Skype e agora mais
recentemente, o Tik Tok.
• Antivírus
O antivírus é um software que encontra arquivos e progra- Facebook
mas maléficos no computador. Nesse sentido o antivírus exerce Seu foco principal é o compartilhamento de assuntos pes-
um papel fundamental protegendo o computador. O antivírus soais de seus membros.
evita que o vírus explore alguma vulnerabilidade do sistema ou
até mesmo de uma ação inesperada em que o usuário aciona
um executável que contém um vírus. Ele pode executar algumas
medidas como quarentena, remoção definitiva e reparos.
O antivírus também realiza varreduras procurando arquivos
potencialmente nocivos advindos da Internet ou de e-mails e
toma as medidas de segurança.
O Facebook é uma rede social versátil e abrangente, que
• Firewall reúne muitas funcionalidades no mesmo lugar. Serve tanto para
Firewall, no caso, funciona como um filtro na rede. Ele de- gerar negócios quanto para conhecer pessoas, relacionar-se
termina o que deve passar em uma rede, seja ela local ou cor- com amigos e família, informar-se, dentre outros9.
porativa, bloqueando entradas indesejáveis e protegendo assim
o computador. Pode ter regras simples ou complexas, depen- WhatsApp
dendo da implementação, isso pode ser limitado a combinações É uma rede para mensagens instantânea. Faz também liga-
simples de IP / porta ou fazer verificações completas. ções telefônicas através da internet gratuitamente.

• Antispyware
Spyware é um software espião, que rouba as informações,
em contrário, o antispyware protege o computador funcionando
como o antivírus em todos os sentidos, conforme relatado aci-
ma. Muitos antivírus inclusive já englobam tais funções em sua
especificação. A maioria das pessoas que têm um smartphone também o
têm instalado. Por aqui, aliás, o aplicativo ganhou até o apelido
de “zap zap”.
Para muitos brasileiros, o WhatsApp é “a internet”. Algumas
REDES SOCIAIS: FACEBOOK X TWITER X LINKEDIN X operadoras permitem o uso ilimitado do aplicativo, sem debitar
WHATSZAP do consumo do pacote de dados. Por isso, muita gente se infor-
ma através dele.
Redes sociais são estruturas formadas dentro ou fora da in-
ternet, por pessoas e organizações que se conectam a partir de YouTube
interesses ou valores comuns8. Muitos confundem com mídias Rede que pertence ao Google e é especializada em vídeos.
sociais, porém as mídias são apenas mais uma forma de criar
redes sociais, inclusive na internet.

O propósito principal das redes sociais é o de conectar pes-


soas. Você preenche seu perfil em canais de mídias sociais e
interage com as pessoas com base nos detalhes que elas leem O YouTube é a principal rede social de vídeos on-line da
sobre você. Pode-se dizer que redes sociais são uma categoria atualidade, com mais de 1 bilhão de usuários ativos e mais de 1
das mídias sociais. bilhão de horas de vídeos visualizados diariamente.
Mídia social, por sua vez, é um termo amplo, que abrange
diferentes mídias, como vídeos, blogs e as já mencionadas re- Instagram
des sociais. Para entender o conceito, pode-se olhar para o que Rede para compartilhamento de fotos e vídeos.
compreendíamos como mídia antes da existência da internet:
rádio, TV, jornais, revistas. Quando a mídia se tornou disponível
na internet, ela deixou de ser estática, passando a oferecer a
possibilidade de interagir com outras pessoas.
No coração das mídias sociais estão os relacionamentos,
que são comuns nas redes sociais — talvez por isso a confusão.
Mídias sociais são lugares em que se pode transmitir informa-
ções para outras pessoas. O Instagram foi uma das primeiras redes sociais exclusivas
Estas redes podem ser de relacionamento, como o Face- para acesso por meio do celular. E, embora hoje seja possível
book, profissionais, como o Linkedin ou mesmo de assuntos es- visualizar publicações no desktop, seu formato continua sendo
pecíficos como o Youtube que compartilha vídeos. voltado para dispositivos móveis.
8 https://resultadosdigitais.com.br/especiais/tudo-sobre-redes-sociais/ 9 https://bit.ly/32MhiJ0

40
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
É possível postar fotos com proporções diferentes, além de Pinterest
outros formatos, como vídeos, stories e mais. Rede social focada em compartilhamento de fotos, mas
Os stories são os principais pontos de inovação do aplica- também compartilha vídeos.
tivo. Já são diversos formatos de post por ali, como perguntas,
enquetes, vídeos em sequência e o uso de GIFs.
Em 2018, foi lançado o IGTV. E em 2019 o Instagram Cenas,
uma espécie de imitação do TikTok: o usuário pode produzir ví-
deos de 15 segundos, adicionando música ou áudios retirados
de outro clipezinho. Há ainda efeitos de corte, legendas e so-
breposição para transições mais limpas – lembrando que esta
é mais uma das funcionalidades que atuam dentro dos stories. O Pinterest é uma rede social de fotos que traz o concei-
to de “mural de referências”. Lá você cria pastas para guardar
Twitter suas inspirações e também pode fazer upload de imagens assim
Rede social que funciona como um microblog onde você como colocar links para URLs externas.
pode seguir ou ser seguido, ou seja, você pode ver em tempo Os temas mais populares são:
real as atualizações que seus contatos fazem e eles as suas. – Moda;
– Maquiagem;
– Casamento;
– Gastronomia;
– Arquitetura;
– Faça você mesmo;
– Gadgets;
– Viagem e design.
Seu público é majoritariamente feminino em todo o mundo.
O Twitter atingiu seu auge em meados de 2009 e de lá para
cá está em declínio, mas isso não quer dizer todos os públicos Snapchat
pararam de usar a rede social. Rede para mensagens baseado em imagens.
A rede social é usada principalmente como segunda tela em
que os usuários comentam e debatem o que estão assistindo na
TV, postando comentários sobre noticiários, reality shows, jogos
de futebol e outros programas.
Nos últimos anos, a rede social acabou voltando a ser mais
utilizada por causa de seu uso por políticos, que divulgam infor-
mações em primeira mão por ali.

LinkedIn O Snapchat é um aplicativo de compartilhamento de fotos,


Voltada para negócios. A pessoa que participa desta rede vídeos e texto para mobile. Foi considerado o símbolo da pós-
quer manter contatos para ter ganhos profissionais no futuro, -modernidade pela sua proposta de conteúdos efêmeros co-
como um emprego por exemplo. nhecidos como snaps, que desaparecem algumas horas após a
publicação.
A rede lançou o conceito de “stories”, despertando o inte-
resse de Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, que diversas vezes
tentou adquirir a empresa, mas não obteve sucesso. Assim, o
CEO lançou a funcionalidade nas redes que já haviam sido ab-
sorvidas, criando os concorrentes WhatsApp Status, Facebook
Stories e Instagram Stories.
A maior rede social voltada para profissionais tem se tor- Apesar de não ser uma rede social de nicho, tem um público
nado cada vez mais parecida com outros sites do mesmo tipo, bem específico, formado por jovens hiperconectados.
como o Facebook.
A diferença é que o foco são contatos profissionais, ou seja: Skype
no lugar de amigos, temos conexões, e em vez de páginas, te- O Skype é um software da Microsoft com funções de video-
mos companhias. Outro grande diferencial são as comunidades, conferência, chat, transferência de arquivos e ligações de voz.
que reúnem interessados em algum tema, profissão ou mercado O serviço também opera na modalidade de VoIP, em que é pos-
específicos. sível efetuar uma chamada para um telefone comum, fixo ou
É usado por muitas empresas para recrutamento de profis- celular, por um aparelho conectado à internet
sionais, para troca de experiências profissionais em comunida-
des e outras atividades relacionadas ao mundo corporativo

41
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O Skype é uma versão renovada e mais tecnológica do extin- Vantagens:
to MSN Messenger. – Não necessidade de ter uma máquina potente, uma vez
Contudo, o usuário também pode contratar mais opções de que tudo é executado em servidores remotos.
uso – de forma pré-paga ou por meio de uma assinatura – para – Possibilidade de acessar dados, arquivos e aplicativos a
realizar chamadas para telefones fixos e chamadas com vídeo partir de qualquer lugar, bastando uma conexão com a internet
em grupo ou até mesmo enviar SMS. para tal — ou seja, não é necessário manter conteúdos impor-
É possível, no caso, obter um número de telefone por meio tantes em um único computador.
próprio do Skype, seja ele local ou de outra região/país, e fazer
ligações a taxas reduzidas. Desvantagens:
Tudo isso torna o Skype uma ferramenta válida para o mun- – Gera desconfiança, principalmente no que se refere à se-
do corporativo, sendo muito utilizado por empresas de diversos gurança. Afinal, a proposta é manter informações importantes
nichos e tamanhos. em um ambiente virtual, e não são todas as pessoas que se sen-
tem à vontade com isso.– Como há a necessidade de acessar
Tik Tok servidores remotos, é primordial que a conexão com a internet
O TikTok, aplicativo de vídeos e dublagens disponível para seja estável e rápida, principalmente quando se trata de strea-
iOS e Android, possui recursos que podem tornar criações de ming e jogos.
seus usuários mais divertidas e, além disso, aumentar seu nú-
mero de seguidores10. Exemplos de computação em nuvem

Dropbox
O Dropbox é um serviço de hospedagem de arquivos em
nuvem que pode ser usado de forma gratuita, desde que res-
peitado o limite de 2 GB de conteúdo. Assim, o usuário poderá
guardar com segurança suas fotos, documentos, vídeos, e ou-
tros formatos, liberando espaço no PC ou smartphone.

Além de vídeos simples, é possível usar o TikTok para postar


duetos com cantores famosos, criar GIFs, slideshow animado e
sincronizar o áudio de suas dublagens preferidas para que pare-
ça que é você mesmo falando.
O TikTok cresceu graças ao seu apelo para a viralização. Os
usuários fazem desafios, reproduzem coreografias, imitam pes-
soas famosas, fazem sátiras que instigam o usuário a querer par-
ticipar da brincadeira — o que atrai muito o público jovem.

COMPUTAÇÃO EM NUVEM: CONCEITOS, CARACTERÍS- Além de servir como ferramenta de backup, o Dropbox
TICAS, EXEMPLOS também é uma forma eficiente de ter os arquivos importantes
sempre acessíveis. Deste modo, o usuário consegue abrir suas
Quando se fala em computação nas nuvens, fala-se na pos- mídias e documentos onde quer que esteja, desde que tenha
sibilidade de acessar arquivos e executar diferentes tarefas pela acesso à Internet.
internet11. Ou seja, não é preciso instalar aplicativos no seu com-
putador para tudo, pois pode acessar diferentes serviços on-line OneDrive
para fazer o que precisa, já que os dados não se encontram em O OneDrive, que já foi chamado de SkyDrive, é o serviço de
um computador específico, mas sim em uma rede. armazenamento na nuvem da Microsoft e oferece inicialmente
Uma vez devidamente conectado ao serviço on-line, é pos- 15 GB de espaço para os usuários12. Mas é possível conseguir
sível desfrutar suas ferramentas e salvar todo o trabalho que for ainda mais espaço gratuitamente indicando amigos e aprovei-
feito para acessá-lo depois de qualquer lugar — é justamente tando diversas promoções que a empresa lança regularmente.
por isso que o seu computador estará nas nuvens, pois você po- Para conseguir espaço ainda maior, o aplicativo oferece pla-
derá acessar os aplicativos a partir de qualquer computador que nos pagos com capacidades variadas também.
tenha acesso à internet.
Basta pensar que, a partir de uma conexão com a internet,
você pode acessar um servidor capaz de executar o aplicativo
desejado, que pode ser desde um processador de textos até
mesmo um jogo ou um pesado editor de vídeos. Enquanto os
servidores executam um programa ou acessam uma determina-
da informação, o seu computador precisa apenas do monitor e
dos periféricos para que você interaja.
10 https://canaltech.com.br/redes-sociais/tiktok-dicas-e-truques/
11 https://www.tecmundo.com.br/computacao-em-nuvem/738-o-que-e-com- 12 https://canaltech.com.br/computacao-na-nuvem/comparativo-os-princi-
putacao-em-nuvens-.htm pais-servicos-de-armazenamento-na-nuvem-22996/

42
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Para quem gosta de editar documentos como Word, Excel e Tipos de implantação de nuvem
PowerPoint diretamente do gerenciador de arquivos do serviço, Primeiramente, é preciso determinar o tipo de implantação
o OneDrive disponibiliza esse recurso na nuvem para que seja de nuvem, ou a arquitetura de computação em nuvem, na qual
dispensada a necessidade de realizar o download para só então os serviços cloud contratados serão implementados pela sua
poder modificar o conteúdo do arquivo. gestão de TI13.
Há três diferentes maneiras de implantar serviços de nu-
iCloud vem:
O iCloud, serviço de armazenamento da Apple, possuía em – Nuvem pública: pertence a um provedor de serviços cloud
um passado recente a ideia principal de sincronizar contatos, terceirizado pelo qual é administrada. Esse provedor fornece re-
e-mails, dados e informações de dispositivos iOS. No entanto, cursos de computação em nuvem, como servidores e armazena-
recentemente a empresa também adotou para o iCloud a es- mento via web, ou seja, todo o hardware, software e infraestru-
tratégia de utilizá-lo como um serviço de armazenamento na turas de suporte utilizados são de propriedade e gerenciamento
nuvem para usuários iOS. De início, o usuário recebe 5 GB de do provedor de nuvem contratado pela organização.
espaço de maneira gratuita. – Nuvem privada: se refere aos recursos de computação em
Existem planos pagos para maior capacidade de armazena- nuvem usados exclusivamente por uma única empresa, poden-
mento também. do estar localizada fisicamente no datacenter local da empresa,
ou seja, uma nuvem privada é aquela em que os serviços e a in-
fraestrutura de computação em nuvem utilizados pela empresa
são mantidos em uma rede privada.
– Nuvem híbrida: trata-se da combinação entre a nuvem
pública e a privada, que estão ligadas por uma tecnologia que
permite o compartilhamento de dados e aplicativos entre elas.
O uso de nuvens híbridas na computação em nuvem ajuda tam-
bém a otimizar a infraestrutura, segurança e conformidade exis-
tentes dentro da empresa.

No entanto, a grande vantagem do iCloud é que ele possui Tipos de serviços de nuvem
um sistema muito bem integrado aos seus aparelhos, como o A maioria dos serviços de computação em nuvem se enqua-
iPhone. A ferramenta “buscar meu iPhone”, por exemplo, possi- dra em quatro categorias amplas:
bilita que o usuário encontre e bloqueie o aparelho remotamen- – IaaS (infraestrutura como serviço);
te, além de poder contar com os contatos e outras informações – PaaS (plataforma como serviço);
do dispositivo caso você o tenha perdido. – Sem servidor;
– SaaS (software como serviço).
Google Drive
Apesar de não disponibilizar gratuitamente o aumento da Esses serviços podem ser chamados algumas vezes de pilha
capacidade de armazenamento, o Google Drive fornece para os da computação em nuvem por um se basear teoricamente sobre
usuários mais espaço do que os concorrentes ao lado do One- o outro.
Drive. São 15 GB de espaço para fazer upload de arquivos, docu-
mentos, imagens, etc. IaaS (infraestrutura como serviço)
A IaaS é a categoria mais básica de computação em nuvem.
Com ela, você aluga a infraestrutura de TI de um provedor de
serviços cloud, pagando somente pelo seu uso.
A contratação dos serviços de computação em nuvem IaaS
(infraestrutura como serviço) envolve a aquisição de servidores
e máquinas virtuais, armazenamento (VMs), redes e sistemas
operacionais.

PaaS (plataforma como serviço)


PaaS refere-se aos serviços de computação em nuvem que
Uma funcionalidade interessante do Google Drive é o seu fornecem um ambiente sob demanda para desenvolvimento,
serviço de pesquisa e busca de arquivos que promete até mes- teste, fornecimento e gerenciamento de aplicativos de software.
mo reconhecer objetos dentro de imagens e textos escaneados. A plataforma como serviço foi criada para facilitar aos de-
Mesmo que o arquivo seja um bloco de notas ou um texto e você senvolvedores a criação de aplicativos móveis ou web, tornan-
queira encontrar algo que esteja dentro dele, é possível utilizar do-a muito mais rápida.
a busca para procurar palavras e expressões. Além de acabar com a preocupação quanto à configuração
Além disso, o serviço do Google disponibiliza que sejam fei- ou ao gerenciamento de infraestrutura subjacente de servido-
tas edições de documentos diretamente do browser, sem pre- res, armazenamento, rede e bancos de dados necessários para
cisar fazer o download do documento e abri-lo em outro apli- desenvolvimento.
cativo.

13 https://ecoit.com.br/computacao-em-nuvem/

43
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Computação sem servidor 4. (VUNESP-2019 – SEDUC-SP) Na rede mundial de compu-
A computação sem servidor, assim como a PaaS, concentra- tadores, Internet, os serviços de comunicação e informação são
-se na criação de aplicativos, sem perder tempo com o gerencia- disponibilizados por meio de endereços e  links  com formatos
mento contínuo dos servidores e da infraestrutura necessários padronizados URL (Uniform Resource Locator). Um exemplo de
para isso. formato de endereço válido na Internet é:
O provedor em nuvem cuida de toda a configuração, pla- (A) http:@site.com.br
nejamento de capacidade e gerenciamento de servidores para (B) HTML:site.estado.gov
você e sua equipe. (C) html://www.mundo.com
As arquiteturas sem servidor são altamente escalonáveis (D) https://meusite.org.br
e controladas por eventos: utilizando recursos apenas quando (E) www.#social.*site.com
ocorre uma função ou um evento que desencadeia tal necessi-
dade. 5. (IBASE PREF. DE LINHARES – ES) Quando locamos servido-
res e armazenamento compartilhados, com software disponível
SaaS (software como serviço) e localizados em Data-Centers remotos, aos quais não temos
O SaaS é um método para a distribuição de aplicativos de acesso presencial, chamamos esse serviço de:
software pela Internet sob demanda e, normalmente, baseado (A) Computação On-Line.
em assinaturas. (B) Computação na nuvem.
Com o SaaS, os provedores de computação em nuvem hos- (C) Computação em Tempo Real.
pedam e gerenciam o aplicativo de software e a infraestrutura (D) Computação em Block Time.
subjacente. (E) Computação Visual
Além de realizarem manutenções, como atualizações de
software e aplicação de patch de segurança. 6. (CESPE – SEDF) Com relação aos conceitos básicos e mo-
Com o software como serviço, os usuários da sua equipe po- dos de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e pro-
dem conectar o aplicativo pela Internet, normalmente com um cedimentos associados à Internet, julgue o próximo item.
navegador da web em seu telefone, tablet ou PC. Embora exista uma série de ferramentas disponíveis na
Internet para diversas finalidades, ainda não é possível extrair
apenas o áudio de um vídeo armazenado na Internet, como, por
EXERCÍCIOS exemplo, no Youtube (http://www.youtube.com).
( ) Certo
( ) Errado
1. (FGV-SEDUC -AM) O dispositivo de hardware que tem 7. (CESP-MEC WEB DESIGNER) Na utilização de um browser,
como principal função a digitalização de imagens e textos, con- a execução de JavaScripts ou de programas Java hostis pode pro-
vertendo as versões em papel para o formato digital, é denomi- vocar danos ao computador do usuário.
nado ( ) Certo
(A) joystick. ( ) Errado
(B) plotter.
(C) scanner. 8. (FGV – SEDUC -AM) Um Assistente Técnico recebe um
(D) webcam. e-mail com arquivo anexo em seu computador e o antivírus acu-
(E) pendrive. sa existência de vírus.

2. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) João comprou um Assinale a opção que indica o procedimento de segurança a
novo jogo para seu computador e o instalou sem que ocorres- ser adotado no exemplo acima.
sem erros. No entanto, o jogo executou de forma lenta e apre- (A) Abrir o e-mail para verificar o conteúdo, antes de enviá-
sentou baixa resolução. Considerando esse contexto, selecione -lo ao administrador de rede.
a alternativa que contém a placa de expansão que poderá ser (B) Executar o arquivo anexo, com o objetivo de verificar o
trocada ou adicionada para resolver o problema constatado por tipo de vírus.
João. (C) Apagar o e-mail, sem abri-lo.
(A) Placa de som (D) Armazenar o e-mail na área de backup, para fins de mo-
(B) Placa de fax modem nitoramento.
(C) Placa usb (E) Enviar o e-mail suspeito para a pasta de spam, visando a
(D) Placa de captura analisá-lo posteriormente.
(E) Placa de vídeo
9. (CESPE – PEFOCE) Entre os sistemas operacionais Windo-
3. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) Há vários tipos de ws 7, Windows Vista e Windows XP, apenas este último não pos-
periféricos utilizados em um computador, como os periféricos sui versão para processadores de 64 bits.
de saída e os de entrada. Dessa forma, assinale a alternativa que ( ) Certo
apresenta um exemplo de periférico somente de entrada. ( ) Errado
(A) Monitor
(B) Impressora 10. (CPCON – PREF, PORTALEGRE) Existem muitas versões
(C) Caixa de som do Microsoft Windows disponíveis para os usuários. No entanto,
(D) Headphone não é uma versão oficial do Microsoft Windows
(E) Mouse

44
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
(A) Windows 7 17. (CESP -UERN) Na suíte Microsoft Office, o aplicativo
(B) Windows 10 (A) Excel é destinado à elaboração de tabelas e planilhas
(C) Windows 8.1 eletrônicas para cálculos numéricos, além de servir para a
(D) Windows 9 produção de textos organizados por linhas e colunas identi-
(E) Windows Server 2012 ficadas por números e letras.
(B) PowerPoint oferece uma gama de tarefas como elabora-
11. (MOURA MELO – CAJAMAR) É uma versão inexistente ção e gerenciamento de bancos de dados em formatos .PPT.
do Windows: (C) Word, apesar de ter sido criado para a produção de tex-
(A) Windows Gold. to, é útil na elaboração de planilhas eletrônicas, com mais
(B) Windows 8. recursos que o Excel.
(C) Windows 7. (D) FrontPage é usado para o envio e recebimento de men-
(D) Windows XP. sagens de correio eletrônico.
(E) Outlook é utilizado, por usuários cadastrados, para o en-
12. (QUADRIX CRN) Nos sistemas operacionais Windows 7 e vio e recebimento de páginas web.
Windows 8, qual, destas funções, a Ferramenta de Captura não
executa? 18. (FUNDEP – UFVJM-MG) Assinale a alternativa que apre-
(A) Capturar qualquer item da área de trabalho. senta uma ação que não pode ser realizada pelas opções da aba
(B) Capturar uma imagem a partir de um scanner. “Página Inicial” do Word 2010.
(C) Capturar uma janela inteira (A) Definir o tipo de fonte a ser usada no documento.
(D) Capturar uma seção retangular da tela. (B) Recortar um trecho do texto para incluí-lo em outra par-
(E) Capturar um contorno à mão livre feito com o mouse ou te do documento.
uma caneta eletrônica (C) Definir o alinhamento do texto.
(D) Inserir uma tabela no texto
13. (IF-PB) Acerca dos sistemas operacionais Windows 7 e 8,
assinale a alternativa INCORRETA: 19. (CESPE – TRE-AL) Considerando a janela do PowerPoint
(A) O Windows 8 é o sucessor do 7, e ambos são desenvol- 2002 ilustrada abaixo julgue os itens a seguir, relativos a esse
vidos pela Microsoft. aplicativo.
(B) O Windows 8 apresentou uma grande revolução na in- A apresentação ilustrada na janela contém 22 slides ?.
terface do Windows. Nessa versão, o botão “iniciar” não
está sempre visível ao usuário.
(C) É possível executar aplicativos desenvolvidos para Win-
dows 7 dentro do Windows 8.
(D) O Windows 8 possui um antivírus próprio, denominado
Kapersky.
(E) O Windows 7 possui versões direcionadas para computa-
dores x86 e 64 bits.

14. (CESPE BANCO DA AMAZÔNIA) O Linux, um sistema mul- ( ) Certo


titarefa e multiusuário, é disponível em várias distribuições, en- ( ) Errado
tre as quais, Debian, Ubuntu, Mandriva e Fedora.
( ) Certo 0. (CESPE – CAIXA) O PowerPoint permite adicionar efeitos
( ) Errado sonoros à apresentação em elaboração.
( ) Certo
15. (FCC – DNOCS) - O comando Linux que lista o conteúdo ( ) Errado
de um diretório, arquivos ou subdiretórios é o
(A) init 0.
(B) init 6.
(C) exit
(D) ls.
(E) cd.

16. (SOLUÇÃO) O Linux faz distinção de letras maiúsculas ou


minúsculas
( ) Certo
( ) Errado

45
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

______________________________________________________
1 C
______________________________________________________
2 E
3 E ______________________________________________________
4 D ______________________________________________________
5 B
______________________________________________________
6 ERRADO
7 CERTO ______________________________________________________

8 C ______________________________________________________
9 CERTO
______________________________________________________
10 D
______________________________________________________
11 A
12 B ______________________________________________________
13 D ______________________________________________________
14 CERTO
______________________________________________________
15 D
16 CERTO ______________________________________________________

17 A ______________________________________________________
18 D ______________________________________________________
19 CERTO
______________________________________________________
20 CERTO
______________________________________________________

______________________________________________________
ANOTAÇÕES
______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

_____________________________________________________ ______________________________________________________

_____________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

46
LEGISLAÇÃO
1. Sistema Único de Saúde (SUS): princípios e diretrizes do SUS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Política Nacional de Promoção da Saúde. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08
3. Política Nacional de Humanização. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
LEGISLAÇÃO
Cabe a cada Conselho de Saúde definir o número de membros,
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS): PRINCÍPIOS que obedecerá a seguinte composição: 50% de entidades e movi-
E DIRETRIZES DO SUS mentos representativos de usuários; 25% de entidades representa-
tivas dos trabalhadores da área de saúde e 25% de representação
O que é o Sistema Único de Saúde (SUS)? de governo e prestadores de serviços privados conveniados, ou
O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores e mais com- sem fins lucrativos.
plexos sistemas de saúde pública do mundo, abrangendo desde o
simples atendimento para avaliação da pressão arterial, por meio Comissão Intergestores Tripartite (CIT)
da Atenção Primária, até o transplante de órgãos, garantindo aces- Foro de negociação e pactuação entre gestores federal, esta-
so integral, universal e gratuito para toda a população do país. Com dual e municipal, quanto aos aspectos operacionais do SUS
a sua criação, o SUS proporcionou o acesso universal ao sistema
público de saúde, sem discriminação. A atenção integral à saúde, e Comissão Intergestores Bipartite (CIB)
não somente aos cuidados assistenciais, passou a ser um direito de Foro de negociação e pactuação entre gestores estadual e mu-
todos os brasileiros, desde a gestação e por toda a vida, com foco nicipais, quanto aos aspectos operacionais do SUS
na saúde com qualidade de vida, visando a prevenção e a promoção
da saúde. Conselho Nacional de Secretário da Saúde (Conass)
A gestão das ações e dos serviços de saúde deve ser solidária e Entidade representativa dos entes estaduais e do Distrito Fe-
participativa entre os três entes da Federação: a União, os Estados
deral na CIT para tratar de matérias referentes à saúde
e os municípios. A rede que compõe o SUS é ampla e abrange tan-
to ações quanto os serviços de saúde. Engloba a atenção primária,
Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Co-
média e alta complexidades, os serviços urgência e emergência, a
nasems)
atenção hospitalar, as ações e serviços das vigilâncias epidemioló-
gica, sanitária e ambiental e assistência farmacêutica. Entidade representativa dos entes municipais na CIT para tra-
tar de matérias referentes à saúde
AVANÇO: Conforme a Constituição Federal de 1988 (CF-88), a
“Saúde é direito de todos e dever do Estado”. No período anterior a Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems)
CF-88, o sistema público de saúde prestava assistência apenas aos São reconhecidos como entidades que representam os entes
trabalhadores vinculados à Previdência Social, aproximadamente municipais, no âmbito estadual, para tratar de matérias referentes
30 milhões de pessoas com acesso aos serviços hospitalares, caben- à saúde, desde que vinculados institucionalmente ao Conasems, na
do o atendimento aos demais cidadãos às entidades filantrópicas. forma que dispuserem seus estatutos.

Estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS) Responsabilidades dos entes que compõem o SUS
O Sistema Único de Saúde (SUS) é composto pelo Ministério da
Saúde, Estados e Municípios, conforme determina a Constituição União
Federal. Cada ente tem suas co-responsabilidades. A gestão federal da saúde é realizada por meio do Ministério
da Saúde. O governo federal é o principal financiador da rede públi-
Ministério da Saúde ca de saúde. Historicamente, o Ministério da Saúde aplica metade
Gestor nacional do SUS, formula, normatiza, fiscaliza, monitora de todos os recursos gastos no país em saúde pública em todo o
e avalia políticas e ações, em articulação com o Conselho Nacio- Brasil, e estados e municípios, em geral, contribuem com a outra
nal de Saúde. Atua no âmbito da Comissão Intergestores Tripartite metade dos recursos. O Ministério da Saúde formula políticas na-
(CIT) para pactuar o Plano Nacional de Saúde. Integram sua estru- cionais de saúde, mas não realiza as ações. Para a realização dos
tura: Fiocruz, Funasa, Anvisa, ANS, Hemobrás, Inca, Into e oito hos- projetos, depende de seus parceiros (estados, municípios, ONGs,
pitais federais. fundações, empresas, etc.). Também tem a função de planejar, ela-
birar normas, avaliar e utilizar instrumentos para o controle do SUS.
Secretaria Estadual de Saúde (SES)
Participa da formulação das políticas e ações de saúde, pres-
Estados e Distrito Federal
ta apoio aos municípios em articulação com o conselho estadual e
Os estados possuem secretarias específicas para a gestão de
participa da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) para aprovar e
saúde. O gestor estadual deve aplicar recursos próprios, inclusive
implementar o plano estadual de saúde.
nos municípios, e os repassados pela União. Além de ser um dos
Secretaria Municipal de Saúde (SMS) parceiros para a aplicação de políticas nacionais de saúde, o estado
Planeja, organiza, controla, avalia e executa as ações e serviços formula suas próprias políticas de saúde. Ele coordena e planeja o
de saúde em articulação com o conselho municipal e a esfera esta- SUS em nível estadual, respeitando a normatização federal. Os ges-
dual para aprovar e implantar o plano municipal de saúde. tores estaduais são responsáveis pela organização do atendimento
à saúde em seu território.
Conselhos de Saúde
O Conselho de Saúde, no âmbito de atuação (Nacional, Esta-
dual ou Municipal), em caráter permanente e deliberativo, órgão
colegiado composto por representantes do governo, prestadores
de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na formulação
de estratégias e no controle da execução da política de saúde na
instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e fi-
nanceiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder
legalmente constituído em cada esfera do governo.

1
LEGISLAÇÃO
Municípios Entre outros, a Constituição prevê o acesso universal e igua-
São responsáveis pela execução das ações e serviços de saúde litário às ações e serviços de saúde, com regionalização e hierar-
no âmbito do seu território. O gestor municipal deve aplicar recur- quização, descentralização com direção única em cada esfera de
sos próprios e os repassados pela União e pelo estado. O município governo, participação da comunidade e atendimento integral, com
formula suas próprias políticas de saúde e também é um dos par- prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos servi-
ceiros para a aplicação de políticas nacionais e estaduais de saúde. ços assistenciais.
Ele coordena e planeja o SUS em nível municipal, respeitando a A Lei nº 8.080, promulgada em 1990, operacionaliza as disposi-
normatização federal. Pode estabelecer parcerias com outros mu- ções constitucionais. São atribuições do SUS em seus três níveis de
nicípios para garantir o atendimento pleno de sua população, para governo, além de outras, “ordenar a formação de recursos huma-
procedimentos de complexidade que estejam acima daqueles que nos na área de saúde” (CF, art. 200, inciso III).
pode oferecer. Princípios do SUS
São conceitos que orientam o SUS, previstos no artigo 198 da
História do sistema único de saúde (SUS) Constituição Federal de 1988 e no artigo 7º do Capítulo II da Lei n.º
As duas últimas décadas foram marcadas por intensas transfor- 8.080/1990. Os principais são:
mações no sistema de saúde brasileiro, intimamente relacionadas Universalidade: significa que o SUS deve atender a todos, sem
com as mudanças ocorridas no âmbito político-institucional. Simul- distinções ou restrições, oferecendo toda a atenção necessária,
taneamente ao processo de redemocratização iniciado nos anos sem qualquer custo;
80, o país passou por grave crise na área econômico-financeira. Integralidade: o SUS deve oferecer a atenção necessária à
No início da década de 80, procurou-se consolidar o processo saúde da população, promovendo ações contínuas de prevenção e
de expansão da cobertura assistencial iniciado na segunda metade tratamento aos indivíduos e às comunidades, em quaisquer níveis
dos anos 70, em atendimento às proposições formuladas pela OMS de complexidade;
na Conferência de Alma-Ata (1978), que preconizava “Saúde para Equidade: o SUS deve disponibilizar recursos e serviços com
Todos no Ano 2000”, principalmente por meio da Atenção Primária justiça, de acordo com as necessidades de cada um, canalizando
à Saúde. maior atenção aos que mais necessitam;
Nessa mesma época, começa o Movimento da Reforma Sa- Participação social: é um direito e um dever da sociedade par-
nitária Brasileira, constituído inicialmente por uma parcela da in- ticipar das gestões públicas em geral e da saúde pública em par-
telectualidade universitária e dos profissionais da área da saúde. ticular; é dever do Poder Público garantir as condições para essa
Posteriormente, incorporaram-se ao movimento outros segmentos participação, assegurando a gestão comunitária do SUS; e
da sociedade, como centrais sindicais, movimentos populares de Descentralização: é o processo de transferência de responsa-
saúde e alguns parlamentares. bilidades de gestão para os municípios, atendendo às determina-
As proposições desse movimento, iniciado em pleno regime ções constitucionais e legais que embasam o SUS, definidor de atri-
autoritário da ditadura militar, eram dirigidas basicamente à cons- buições comuns e competências específicas à União, aos estados,
trução de uma nova política de saúde efetivamente democráti- ao Distrito Federal e aos municípios.
ca, considerando a descentralização, universalização e unificação
como elementos essenciais para a reforma do setor. Principais leis
Várias foram às propostas de implantação de uma rede de ser- Constituição Federal de 1988: Estabelece que “a saúde é direi-
viços voltada para a atenção primária à saúde, com hierarquização, to de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais
descentralização e universalização, iniciando-se já a partir do Pro- e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros
grama de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento (PIASS), agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e aos serviços
em 1976. para sua promoção, proteção e recuperação”. Determina ao Poder
Em 1980, foi criado o Programa Nacional de Serviços Básicos Público sua “regulamentação, fiscalização e controle”, que as ações
de Saúde (PREV-SAÚDE) - que, na realidade, nunca saiu do papel -, e os serviços da saúde “integram uma rede regionalizada e hierar-
logo seguida pelo plano do Conselho Nacional de Administração da quizada e constituem um sistema único”; define suas diretrizes,
Saúde Previdenciária (CONASP), em 1982 a partir do qual foi imple- atribuições, fontes de financiamento e, ainda, como deve se dar a
mentada a política de Ações Integradas de Saúde (AIS), em 1983. participação da iniciativa privada.
Essas constituíram uma estratégia de extrema importância para o
processo de descentralização da saúde. Lei Orgânica da Saúde (LOS), Lei n.º 8.080/1990: Regulamen-
A 8ª Conferência Nacional da Saúde, realizada em março de ta, em todo o território nacional, as ações do SUS, estabelece as
1986, considerada um marco histórico, consagra os princípios pre- diretrizes para seu gerenciamento e descentralização e detalha as
conizados pelo Movimento da Reforma Sanitária. competências de cada esfera governamental. Enfatiza a descentra-
Em 1987 é implementado o Sistema Unificado e Descentrali- lização político-administrativa, por meio da municipalização dos
zado de Saúde (SUDS), como uma consolidação das Ações Integra- serviços e das ações de saúde, com redistribuição de poder, com-
das de Saúde (AIS), que adota como diretrizes a universalização e petências e recursos, em direção aos municípios. Determina como
a equidade no acesso aos serviços, à integralidade dos cuidados, a competência do SUS a definição de critérios, valores e qualidade
regionalização dos serviços de saúde e implementação de distritos dos serviços. Trata da gestão financeira; define o Plano Municipal
sanitários, a descentralização das ações de saúde, o desenvolvi- de Saúde como base das atividades e da programação de cada nível
mento de instituições colegiadas gestoras e o desenvolvimento de de direção do SUS e garante a gratuidade das ações e dos serviços
uma política de recursos humanos. nos atendimentos públicos e privados contratados e conveniados.
O capítulo dedicado à saúde na nova Constituição Federal, pro-
mulgada em outubro de 1988, retrata o resultado de todo o proces- Lei n.º 8.142/1990: Dispõe sobre o papel e a participação das
so desenvolvido ao longo dessas duas décadas, criando o Sistema comunidades na gestão do SUS, sobre as transferências de recursos
Único de Saúde (SUS) e determinando que “a saúde é direito de financeiros entre União, estados, Distrito Federal e municípios na
todos e dever do Estado” (art. 196). área da saúde e dá outras providências.

2
LEGISLAÇÃO
Institui as instâncias colegiadas e os instrumentos de participa- Comissões Intergestores Bipartites (CIB): São constituídas pa-
ção social em cada esfera de governo. ritariamente por representantes do governo estadual, indicados
pelo Secretário de Estado da Saúde, e dos secretários municipais
Responsabilização Sanitária de saúde, indicados pelo órgão de representação do conjunto dos
Desenvolver responsabilização sanitária é estabelecer clara- municípios do Estado, em geral denominado Conselho de Secretá-
mente as atribuições de cada uma das esferas de gestão da saú- rios Municipais de Saúde (Cosems). Os secretários municipais de
de pública, assim como dos serviços e das equipes que compõem Saúde costumam debater entre si os temas estratégicos antes de
o SUS, possibilitando melhor planejamento, acompanhamento e apresentarem suas posições na CIB. Os Cosems são também ins-
complementaridade das ações e dos serviços. Os prefeitos, ao as- tâncias de articulação política entre gestores municipais de saúde,
sumir suas responsabilidades, devem estimular a responsabilização sendo de extrema importância a participação dos gestores locais
junto aos gerentes e equipes, no âmbito municipal, e participar do nesse espaço
processo de pactuação, no âmbito regional.
Responsabilização Macrossanitária Espaços regionais: A implementação de espaços regionais de
O gestor municipal, para assegurar o direito à saúde de seus pactuação, envolvendo os gestores municipais e estaduais, é uma
munícipes, deve assumir a responsabilidade pelos resultados, bus- necessidade para o aperfeiçoamento do SUS. Os espaços regionais
cando reduzir os riscos, a mortalidade e as doenças evitáveis, a devem-se organizar a partir das necessidades e das afinidades es-
exemplo da mortalidade materna e infantil, da hanseníase e da tu- pecíficas em saúde existentes nas regiões.
berculose. Para isso, tem de se responsabilizar pela oferta de ações
e serviços que promovam e protejam a saúde das pessoas, previ- Descentralização
nam as doenças e os agravos e recuperem os doentes. A atenção O princípio de descentralização que norteia o SUS se dá, es-
básica à saúde, por reunir esses três componentes, coloca-se como pecialmente, pela transferência de responsabilidades e recursos
responsabilidade primeira e intransferível a todos os gestores. O para a esfera municipal, estimulando novas competências e capa-
cumprimento dessas responsabilidades exige que assumam as atri- cidades político-institucionais dos gestores locais, além de meios
buições de gestão, incluindo: adequados à gestão de redes assistenciais de caráter regional e ma-
- execução dos serviços públicos de responsabilidade munici- crorregional, permitindo o acesso, a integralidade da atenção e a
pal; racionalização de recursos. Os estados e a União devem contribuir
- destinação de recursos do orçamento municipal e utilização para a descentralização do SUS, fornecendo cooperação técnica e
do conjunto de recursos da saúde, com base em prioridades defini- financeira para o processo de municipalização.
das no Plano Municipal de Saúde;
- planejamento, organização, coordenação, controle e avalia- Regionalização: consensos e estratégias - As ações e os ser-
ção das ações e dos serviços de saúde sob gestão municipal; e viços de saúde não podem ser estruturados apenas na escala dos
- participação no processo de integração ao SUS, em âmbito municípios. Existem no Brasil milhares de pequenas municipalida-
regional e estadual, para assegurar a seus cidadãos o acesso a ser- des que não possuem em seus territórios condições de oferecer
viços de maior complexidade, não disponíveis no município. serviços de alta e média complexidade; por outro lado, existem
municípios que apresentam serviços de referência, tornando-se
Responsabilização Microssanitária polos regionais que garantem o atendimento da sua população e
É determinante que cada serviço de saúde conheça o território de municípios vizinhos. Em áreas de divisas interestaduais, são fre-
sob sua responsabilidade. Para isso, as unidades da rede básica de- quentes os intercâmbios de serviços entre cidades próximas, mas
vem estabelecer uma relação de compromisso com a população a de estados diferentes. Por isso mesmo, a construção de consensos
ela adstrita e cada equipe de referência deve ter sólidos vínculos te- e estratégias regionais é uma solução fundamental, que permitirá
rapêuticos com os pacientes e seus familiares, proporcionando-lhes ao SUS superar as restrições de acesso, ampliando a capacidade de
abordagem integral e mobilização dos recursos e apoios necessá- atendimento e o processo de descentralização.
rios à recuperação de cada pessoa. A alta só deve ocorrer quando
da transferência do paciente a outra equipe (da rede básica ou de O Sistema Hierarquizado e Descentralizado: As ações e servi-
outra área especializada) e o tempo de espera para essa transfe- ços de saúde de menor grau de complexidade são colocadas à dis-
rência não pode representar uma interrupção do atendimento: a posição do usuário em unidades de saúde localizadas próximas de
equipe de referência deve prosseguir com o projeto terapêutico, seu domicílio. As ações especializadas ou de maior grau de comple-
interferindo, inclusive, nos critérios de acesso. xidade são alcançadas por meio de mecanismos de referência, or-
ganizados pelos gestores nas três esferas de governo. Por exemplo:
Instâncias de Pactuação O usuário é atendido de forma descentralizada, no âmbito do mu-
São espaços intergovernamentais, políticos e técnicos onde nicípio ou bairro em que reside. Na hipótese de precisar ser atendi-
ocorrem o planejamento, a negociação e a implementação das po- do com um problema de saúde mais complexo, ele é referenciado,
líticas de saúde pública. As decisões se dão por consenso (e não isto é, encaminhado para o atendimento em uma instância do SUS
por votação), estimulando o debate e a negociação entre as partes. mais elevada, especializada. Quando o problema é mais simples, o
cidadão pode ser contrarreferenciado, isto é, conduzido para um
Comissão Intergestores Tripartite (CIT): Atua na direção nacio- atendimento em um nível mais primário.
nal do SUS, formada por composição paritária de 15 membros, sen-
do cinco indicados pelo Ministério da Saúde, cinco pelo Conselho
Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass) e cinco pelo
Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems).
A representação de estados e municípios nessa Comissão é, por-
tanto regional: um representante para cada uma das cinco regiões
existentes no País.

3
LEGISLAÇÃO
Plano de saúde fixa diretriz e metas à saúde municipal Estando bem estruturada, ela reduzirá as filas nos prontos so-
É responsabilidade do gestor municipal desenvolver o proces- corros e hospitais, o consumo abusivo de medicamentos e o uso
so de planejamento, programação e avaliação da saúde local, de indiscriminado de equipamentos de alta tecnologia. Isso porque
modo a atender as necessidades da população de seu município os problemas de saúde mais comuns passam a ser resolvidos nas
com eficiência e efetividade. O Plano Municipal de Saúde (PMS) Unidades Básicas de Saúde, deixando os ambulatórios de especiali-
deve orientar as ações na área, incluindo o orçamento para a sua dades e hospitais cumprirem seus verdadeiros papéis, o que resul-
execução. Um instrumento fundamental para nortear a elaboração ta em maior satisfação dos usuários e utilização mais racional dos
do PMS é o Plano Nacional de Saúde. Cabe ao Conselho Municipal recursos existentes.
de Saúde estabelecer as diretrizes para a formulação do PMS, em
função da análise da realidade e dos problemas de saúde locais, Saúde da Família: é a saúde mais perto do cidadão. É parte
assim como dos recursos disponíveis. No PMS, devem ser descritos da estratégia de estruturação eleita pelo Ministério da Saúde para
os principais problemas da saúde pública local, suas causas, con- reorganização da atenção básica no País, com recursos financeiros
sequências e pontos críticos. Além disso, devem ser definidos os específicos para o seu custeio. Cada equipe é composta por um
objetivos e metas a serem atingidos, as atividades a serem execu- conjunto de profissionais (médico, enfermeiro, auxiliares de enfer-
tadas, os cronogramas, as sistemáticas de acompanhamento e de magem e agentes comunitários de saúde, podendo agora contar
avaliação dos resultados. com profissional de saúde bucal) que se responsabiliza pela situa-
ção de saúde de determinada área, cuja população deve ser de no
Sistemas de informações ajudam a planejar a saúde: O SUS
mínimo 2.400 e no máximo 4.500 pessoas. Essa população deve
opera e/ou disponibiliza um conjunto de sistemas de informações
ser cadastrada e acompanhada, tornando-se responsabilidade das
estratégicas para que os gestores avaliem e fundamentem o pla-
equipes atendê-la, entendendo suas necessidades de saúde como
nejamento e a tomada de decisões, abrangendo: indicadores de
saúde; informações de assistência à saúde no SUS (internações resultado também das condições sociais, ambientais e econômicas
hospitalares, produção ambulatorial, imunização e atenção básica); em que vive. Os profissionais é que devem ir até suas casas, porque
rede assistencial (hospitalar e ambulatorial); morbidade por local o objetivo principal da Saúde da Família é justamente aproximar as
de internação e residência dos atendidos pelo SUS; estatísticas equipes das comunidades e estabelecer entre elas vínculos sólidos.
vitais (mortalidade e nascidos vivos); recursos financeiros, infor-
mações demográficas, epidemiológicas e socioeconômicas. Cami- A saúde municipal precisa ser integral. O município é respon-
nha-se rumo à integração dos diversos sistemas informatizados de sável pela saúde de sua população integralmente, ou seja, deve
base nacional, que podem ser acessados no site do Datasus. Nesse garantir que ela tenha acessos à atenção básica e aos serviços es-
processo, a implantação do Cartão Nacional de Saúde tem papel pecializados (de média e alta complexidade), mesmo quando locali-
central. Cabe aos prefeitos conhecer e monitorar esse conjunto de zados fora de seu território, controlando, racionalizando e avalian-
informações essenciais à gestão da saúde do seu município. do os resultados obtidos.
Só assim estará promovendo saúde integral, como determina
Níveis de atenção à saúde: O SUS ordena o cuidado com a a legislação. É preciso que isso fique claro, porque muitas vezes o
saúde em níveis de atenção, que são de básica, média e alta com- gestor municipal entende que sua responsabilidade acaba na aten-
plexidade. Essa estruturação visa à melhor programação e planeja- ção básica em saúde e que as ações e os serviços de maior comple-
mento das ações e dos serviços do sistema de saúde. Não se deve, xidade são responsabilidade do Estado ou da União – o que não é
porém, desconsiderar algum desses níveis de atenção, porque a verdade.
atenção à saúde deve ser integral. A promoção da saúde é uma estratégia por meio da qual os
A atenção básica em saúde constitui o primeiro nível de aten- desafios colocados para a saúde e as ações sanitárias são pensa-
ção à saúde adotada pelo SUS. É um conjunto de ações que engloba dos em articulação com as demais políticas e práticas sanitárias e
promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação. De- com as políticas e práticas dos outros setores, ampliando as pos-
senvolve-se por meio de práticas gerenciais e sanitárias, democrá- sibilidades de comunicação e intervenção entre os atores sociais
ticas e participativas, sob a forma de trabalho em equipe, dirigidas envolvidos (sujeitos, instituições e movimentos sociais). A promo-
a populações de territórios delimitados, pelos quais assumem res- ção da saúde deve considerar as diferenças culturais e regionais,
ponsabilidade.
entendendo os sujeitos e as comunidades na singularidade de suas
Utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa densidade,
histórias, necessidades, desejos, formas de pertencer e se relacio-
objetivando solucionar os problemas de saúde de maior frequência
nar com o espaço em que vivem. Significa comprometer-se com os
e relevância das populações. É o contato preferencial dos usuários
sujeitos e as coletividades para que possuam, cada vez mais, auto-
com o sistema de saúde. Deve considerar o sujeito em sua singu-
laridade, complexidade, inteireza e inserção sociocultural, além de nomia e capacidade para manejar os limites e riscos impostos pela
buscar a promoção de sua saúde, a prevenção e tratamento de do- doença, pela constituição genética e por seu contexto social, polí-
enças e a redução de danos ou de sofrimentos que possam compro- tico, econômico e cultural. A promoção da saúde coloca, ainda, o
meter suas possibilidades de viver de modo saudável. desafio da intersetorialidade, com a convocação de outros setores
As Unidades Básicas são prioridades porque, quando as Unida- sociais e governamentais para que considerem parâmetros sanitá-
des Básicas de Saúde funcionam adequadamente, a comunidade rios, ao construir suas políticas públicas específicas, possibilitando
consegue resolver com qualidade a maioria dos seus problemas de a realização de ações conjuntas.
saúde. É comum que a primeira preocupação de muitos prefeitos
se volte para a reforma ou mesmo a construção de hospitais. Para o Vigilância em saúde: expande seus objetivos. Em um país com
SUS, todos os níveis de atenção são igualmente importantes, mas a as dimensões do Brasil, com realidades regionais bastante diver-
prática comprova que a atenção básica deve ser sempre prioritária, sificadas, a vigilância em saúde é um grande desafio. Apesar dos
porque possibilita melhor organização e funcionamento também avanços obtidos, como a erradicação da poliomielite, desde 1989,
dos serviços de média e alta complexidade. e com a interrupção da transmissão de sarampo, desde 2000, con-
vivemos com doenças transmissíveis que persistem ou apresentam

4
LEGISLAÇÃO
incremento na incidência, como a AIDS, as hepatites virais, as me- A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios compar-
ningites, a malária na região amazônica, a dengue, a tuberculose tilham as responsabilidades de promover a articulação e a intera-
e a hanseníase. Observamos, ainda, aumento da mortalidade por ção dentro do Sistema Único de Saúde – SUS, assegurando o acesso
causas externas, como acidentes de trânsito, conflitos, homicídios universal e igualitário às ações e serviços de saúde.
e suicídios, atingindo, principalmente, jovens e população em idade O SUS é um sistema de saúde, regionalizado e hierarquizado,
produtiva. Nesse contexto, o Ministério da Saúde com o objetivo que integra o conjunto das ações de saúde da União, Estados, Dis-
de integração, fortalecimento da capacidade de gestão e redução trito Federal e Municípios, onde cada parte cumpre funções e com-
da morbimortalidade, bem como dos fatores de risco associados petências específicas, porém articuladas entre si, o que caracteriza
à saúde, expande o objeto da vigilância em saúde pública, abran- os níveis de gestão do SUS nas três esferas governamentais.
gendo as áreas de vigilância das doenças transmissíveis, agravos e Criado pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado
doenças não transmissíveis e seus fatores de riscos; a vigilância am- pela Lei nº 8.080/90, conhecida como a Lei Orgânica da Saúde, e
biental em saúde e a análise de situação de saúde. pela Lei nº 8.142/90, que trata da participação da comunidade na
gestão do Sistema e das transferências intergovernamentais de re-
Competências municipais na vigilância em saúde cursos financeiros, o SUS tem normas e regulamentos que discipli-
Compete aos gestores municipais, entre outras atribuições, as nam as políticas e ações em cada Subsistema.
atividades de notificação e busca ativa de doenças compulsórias, A Sociedade, nos termos da Legislação, participa do planeja-
surtos e agravos inusitados; investigação de casos notificados em mento e controle da execução das ações e serviços de saúde. Essa
seu território; busca ativa de declaração de óbitos e de nascidos vi- participação se dá por intermédio dos Conselhos de Saúde, presen-
vos; garantia a exames laboratoriais para o diagnóstico de doenças tes na União, nos Estados e Municípios.
de notificação compulsória; monitoramento da qualidade da água
para o consumo humano; coordenação e execução das ações de
Níveis de Gestão do SUS
vacinação de rotina e especiais (campanhas e vacinações de blo-
Esfera Federal - Gestor: Ministério da Saúde - Formulação da
queio); vigilância epidemiológica; monitoramento da mortalidade
política estadual de saúde, coordenação e planejamento do SUS em
infantil e materna; execução das ações básicas de vigilância sanitá-
ria; gestão e/ou gerência dos sistemas de informação epidemioló- nível Estadual. Financiamento das ações e serviços de saúde por
gica, no âmbito municipal; coordenação, execução e divulgação das meio da aplicação/distribuição de recursos públicos arrecadados.
atividades de informação, educação e comunicação de abrangência Esfera Estadual - Gestor: Secretaria Estadual de Saúde - For-
municipal; participação no financiamento das ações de vigilância mulação da política municipal de saúde e a provisão das ações e
em saúde e capacitação de recursos. serviços de saúde, financiados com recursos próprios ou transferi-
dos pelo gestor federal e/ou estadual do SUS.
Desafios públicos, responsabilidades compartilhadas: A legis- Esfera Municipal - Gestor: Secretaria Municipal de Saúde - For-
lação brasileira – Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e legislação mulação de políticas nacionais de saúde, planejamento, normaliza-
sanitária, incluindo as Leis n.º 8.080/1990 e 8.142/1990 – estabe- ção, avaliação e controle do SUS em nível nacional. Financiamento
lece prerrogativas, deveres e obrigações a todos os governantes. A das ações e serviços de saúde por meio da aplicação/distribuição de
Constituição Federal define os gastos mínimos em saúde, por es- recursos públicos arrecadados.
fera de governo, e a legislação sanitária, os critérios para as trans-
ferências intergovernamentais e alocação de recursos financeiros. SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
Essa vinculação das receitas objetiva preservar condições mínimas Pela dicção dos arts. 196 e 198 da CF, podemos afirmar que
e necessárias ao cumprimento das responsabilidades sanitárias e somente da segunda parte do art. 196 se ocupa o Sistema Único de
garantir transparência na utilização dos recursos disponíveis. A res- Saúde, de forma mais concreta e direta, sob pena de a saúde, como
ponsabilização fiscal e sanitária de cada gestor e servidor público setor, como uma área da Administração Pública, se ver obrigada a
deve ser compartilhada por todos os entes e esferas governamen- cuidar de tudo aquilo que possa ser considerado como fatores que
tais, resguardando suas características, atribuições e competências. condicionam e interferem com a saúde individual e coletiva. Isso
O desafio primordial dos governos, sobretudo na esfera municipal, seria um arrematado absurdo e deveríamos ter um super Minis-
é avançar na transformação dos preceitos constitucionais e legais tério e super Secretarias da Saúde responsáveis por toda política
que constituem o SUS em serviços e ações que assegurem o direito social e econômica protetivas da saúde.
à saúde, como uma conquista que se realiza cotidianamente em Se a Constituição tratou a saúde sob grande amplitude, isso
cada estabelecimento, equipe e prática sanitária. É preciso inovar não significa dizer que tudo o que está ali inserido corresponde a
e buscar, coletiva e criativamente, soluções novas para os velhos
área de atuação do Sistema Único de Saúde.
problemas do nosso sistema de saúde. A construção de espaços de
Repassando, brevemente, aquela seção do capítulo da Seguri-
gestão que permitam a discussão e a crítica, em ambiente demo-
dade Social, temos que: -- o art. 196, de maneira ampla, cuida do
crático e plural, é condição essencial para que o SUS seja, cada vez
direito à saúde; -- o art. 197 trata da relevância pública das ações
mais, um projeto que defenda e promova a vida.
Muitos municípios operam suas ações e serviços de saúde em e serviços de saúde, públicos e privados, conferindo ao Estado o
condições desfavoráveis, dispondo de recursos financeiros e equi- direito e o dever de regulamentar, fiscalizar e controlar o setor (pú-
pes insuficientes para atender às demandas dos usuários, seja em blico e privado); -- o art. 198 dispõe sobre as ações e os serviços
volume, seja em complexidade – resultado de uma conjuntura so- públicos de saúde que devem ser garantidos a todos cidadãos para
cial de extrema desigualdade. Nessas situações, a gestão pública a sua promoção, proteção e recuperação, ou seja, dispõe sobre o
em saúde deve adotar condução técnica e administrativa compa- Sistema Único de Saúde; -- o art. 199, trata da liberdade da inicia-
tível com os recursos existentes e criativa em sua utilização. Deve tiva privada, suas restrições (não pode explorar o sangue, por ser
estabelecer critérios para a priorização dos gastos, orientados por bem fora do comércio; deve submeter-se à lei quanto à remoção de
análises sistemáticas das necessidades em saúde, verificadas junto órgãos e tecidos e partes do corpo humano; não pode contar com
à população. É um desafio que exige vontade política, propostas a participação do capital estrangeiro na saúde privada; não pode
inventivas e capacidade de governo. receber auxílios e subvenções, se for entidade de fins econômicos

5
LEGISLAÇÃO
etc.) e a possibilidade de o setor participar, complementarmente, dade e ao governo os fatos que interferem na saúde da população
do setor público; -- e o art. 200, das atribuições dos órgãos e enti- com vistas à adoção de políticas públicas, sem, contudo, estarem
dades que compõem o sistema público de saúde. O SUS é mencio- obrigados a utilizar recursos do fundo de saúde para intervir nessas
nado somente nos arts. 198 e 200. causas.
A leitura do art. 198 deve sempre ser feita em consonância Quem tem o dever de adotar políticas sociais e econômicas
com a segunda parte do art. 196 e com o art. 200. O art. 198 estatui que visem evitar o risco da doença é o Governo como um todo (po-
que todas as ações e serviços públicos de saúde constituem um úni- líticas de governo), e não a saúde, como setor (políticas setoriais).
co sistema. Aqui temos o SUS. E esse sistema tem como atribuição A ela, saúde, compete atuar nos campos demarcados pelos art. 200
garantir ao cidadão o acesso às ações e serviços públicos de saúde da CF e art. 6º da Lei n. 8.080/90 e em outras leis específicas.
(segunda parte do art. 196), conforme campo demarcado pelo art. Como exemplo, podemos citar os servidores da saúde que de-
200 e leis específicas. vem ser pagos com recursos da saúde, mas o seu inativo, não; não
O art. 200 define em que campo deve o SUS atuar. As atribui- porque os inativos devem ser pagos com recursos da Previdência
ções ali relacionadas não são taxativas ou exaustivas. Outras po- Social. Idem quanto as ações da assistência social, como bolsa-a-
derão existir, na forma da lei. E as atribuições ali elencadas depen- limentação, bolsa-família, vale-gás, renda mínima, fome zero, que
dem, também, de lei para a sua exequibilidade. devem ser financiadas com recursos da assistência social, setor ao
Em 1990, foi editada a Lei n. 8.080/90 que, em seus arts. 5º e qual incumbe promover e prover as necessidades das pessoas ca-
6º, cuidou dos objetivos e das atribuições do SUS, tentando melhor rentes visando diminuir as desigualdades sociais e suprir suas ca-
explicitar o art. 200 da CF (ainda que, em alguns casos, tenha repe- rências básicas imediatas. Isso tudo interfere com a saúde, mas não
tido os incisos daquele artigo, tão somente). pode ser administrada nem financiada pelo setor saúde.
São objetivos do SUS: O saneamento básico é outro bom exemplo. A Lei n. 8.080/90,
a) a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e de- em seu art. 6º, II, dispõe que o SUS deve participar na formulação
terminantes da saúde; da política e na execução de ações de saneamento básico. Por sua
b) a formulação de políticas de saúde destinadas a promover, vez, o § 3º do art. 32, reza que as ações de saneamento básico que
nos campos econômico e social, a redução de riscos de doenças e venham a ser executadas supletivamente pelo SUS serão financia-
outros agravos; e das por recursos tarifários específicos e outros da União, Estados,
c) execução de ações de promoção, proteção e recuperação DF e Municípios e não com os recursos dos fundos de saúde.
Nesse ponto gostaríamos de abrir um parêntese para comen-
da saúde, integrando as ações assistenciais com as preventivas, de
tar o Parecer do Sr. Procurador Geral da República, na ADIn n.
modo a garantir às pessoas a assistência integral à sua saúde.
3087-6/600-RJ, aqui mencionado.
O art. 6º, estabelece como competência do Sistema a execução
O Governo do Estado do Rio de Janeiro, pela Lei n. 4.179/03,
de ações e serviços de saúde descritos em seus 11 incisos.
instituiu o Programa Estadual de Acesso à Alimentação – PEAA,
O SUS deve atuar em campo demarcado pela lei, em razão do
determinando que suas atividades correrão à conta do orçamento
disposto no art. 200 da CF e porque o enunciado constitucional de
do Fundo Estadual da Saúde, vinculado à Secretaria de Estado da
que saúde é direito de todos e dever do Estado, não tem o condão
Saúde. O PSDB, entendendo ser a lei inconstitucional por utilizar
de abranger as condicionantes econômico-sociais da saúde, tam-
recursos da saúde para uma ação que não é de responsabilidade
pouco compreender, de forma ampla e irrestrita, todas as possíveis da área da saúde, moveu ação direta de inconstitucionalidade, com
e imagináveis ações e serviços de saúde, até mesmo porque haverá pedido de cautelar.
sempre um limite orçamentário e um ilimitado avanço tecnológico O Sr. Procurador da República (Parecer n. 5147/CF), opinou
a criar necessidades infindáveis e até mesmo questionáveis sob o pela improcedência da ação por entender que o acesso à alimenta-
ponto de vista ético, clínico, familiar, terapêutico, psicológico. ção é indissociável do acesso à saúde, assim como os medicamen-
Será a lei que deverá impor as proporções, sem, contudo, é tos o são e que as pessoas de baixa renda devem ter atendidas a
obvio, cercear o direito à promoção, proteção e recuperação da necessidade básica de alimentar-se.
saúde. E aqui o elemento delimitador da lei deverá ser o da digni- Infelizmente, mais uma vez confundiu-se “saúde” com “assis-
dade humana. tência social”, áreas da Seguridade Social, mas distintas entre si.
Lembramos, por oportuno que, o Projeto de Lei Complementar A alimentação é um fator que condiciona a saúde tanto quanto o
n. 01/2003 -- que se encontra no Congresso Nacional para regu- saneamento básico, o meio ambiente degradado, a falta de renda
lamentar os critérios de rateio de transferências dos recursos da e lazer, a falta de moradia, dentre tantos outros fatores condicio-
União para Estados e Municípios – busca disciplinar, de forma mais nantes e determinantes, tal qual mencionado no art. 3º da Lei n.
clara e definitiva, o que são ações e serviços de saúde e estabe- 8.080/90.
lecer o que pode e o que não pode ser financiado com recursos A Lei n. 8.080/90 ao dispor sobre o campo de atuação do SUS
dos fundos de saúde. Esses parâmetros também servirão para cir- incluiu a vigilância nutricional e a orientação alimentar, atividades
cunscrever o que deve ser colocado à disposição da população, no complexas que não tem a ver com o fornecimento, puro e simples,
âmbito do SUS, ainda que o art. 200 da CF e o art. 6º da LOS tenham de bolsa-alimentação, vale-alimentação ou qualquer outra forma
definido o campo de atuação do SUS, fazendo pressupor o que são de garantia de mínimos existenciais e sociais, de atribuição da assis-
ações e serviços públicos de saúde, conforme dissemos acima. (O tência social ou de outras áreas da Administração Pública voltadas
Conselho Nacional de Saúde e o Ministério da Saúde também dis- para corrigir as desigualdades sociais. A vigilância nutricional deve
ciplinaram o que são ações e serviços de saúde em resoluções e ser realizada pelo SUS em articulação com outros órgãos e setores
portarias). governamentais em razão de sua interface com a saúde. São ativi-
dades que interessam a saúde, mas as quais, a saúde como setor,
O QUE FINANCIAR COM OS RECURSOS DA SAÚDE? não as executa. Por isso a necessidade das comissões intersetoriais
De plano, excetuam-se da área da saúde, para efeito de finan- previstas na Lei n. 8.080/90.
ciamento, (ainda que absolutamente relevantes como indicadores A própria Lei n. 10.683/2003, que organiza a Presidência da
epidemiológicos da saúde) as condicionantes econômico-sociais. República, estatuiu em seu art. 27, XX ser atribuição do Ministério
Os órgãos e entidades do SUS devem conhecer e informar à socie- da Saúde:

6
LEGISLAÇÃO
a) política nacional de saúde; Vê-se, pois, que a assistência integral não se esgota nem se
b) coordenação e fiscalização do Sistema Único de Saúde; completa num único nível de complexidade técnica do sistema,
c) saúde ambiental e ações de promoção, proteção e recupe- necessitando, em grande parte, da combinação ou conjugação de
ração da saúde individual e coletiva, inclusive a dos trabalhadores serviços diferenciados, que nem sempre estão à disposição do cida-
e dos índios; dão no seu município de origem. Por isso a lei sabiamente definiu
d) informações em saúde; a integralidade da assistência como a satisfação de necessidades
e) insumos críticos para a saúde; individuais e coletivas que devem ser realizadas nos mais diversos
f) ação preventiva em geral, vigilância e controle sanitário de patamares de complexidade dos serviços de saúde, articulados pe-
fronteiras e de portos marítimos, fluviais e aéreos; los entes federativos, responsáveis pela saúde da população.
g) vigilância em saúde, especialmente quanto às drogas, medi-
camentos e alimentos; A integralidade da assistência é interdependente; ela não se
h) pesquisa científica e tecnológica na área da saúde. completa nos serviços de saúde de um só ente da federação. Ela
só finaliza, muitas vezes, depois de o cidadão percorrer o caminho
Ao Ministério da Saúde compete a vigilância sobre alimentos traçado pela rede de serviços de saúde, em razão da complexidade
(registro, fiscalização, controle de qualidade) e não a prestação de da assistência
serviços que visem fornecer alimentos às pessoas de baixa renda. E para a delimitação das responsabilidades de cada ente da fe-
O fornecimento de cesta básica, merenda escolar, alimentação deração quanto ao seu comprometimento com a integralidade da
a crianças em idade escolar, idosos, trabalhadores rurais temporá- assistência, foram criados instrumentos de gestão, como o plano de
rios, portadores de moléstias graves, conforme previsto na Lei do saúde e as formas de gestão dos serviços de saúde.
Estado do Rio de Janeiro, são situações de carência que necessitam Desse modo, devemos centrar nossas atenções no plano de
de apoio do Poder Público, sem sombra de dúvida, mas no âmbito saúde, por ser ele a base de todas as atividades e programações da
da assistência social ou de outro setor da Administração Pública e saúde, em cada nível de governo do Sistema Único de Saúde, o qual
com recursos que não os do fundo de saúde. Não podemos mais deverá ser elaborado de acordo com diretrizes legais estabelecidas
confundir assistência social com saúde. A alimentação interessa à na Lei n. 8.080/90: epidemiologia e organização de serviços (arts.
saúde, mas não está em seu âmbito de atuação. 7º VII e 37). O plano de saúde deve ser a referência para a demar-
Tanto isso é fato que a Lei n. 8.080/90, em seu art. 12, estabe- cação de responsabilidades técnicas, administrativas e jurídicas dos
leceu que “serão criadas comissões intersetoriais de âmbito nacio- entes políticos.
nal, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, integradas pelos Sem planos de saúde -- elaborados de acordo com as diretri-
Ministérios e órgãos competentes e por entidades representativas zes legais, associadas àquelas estabelecidas nas comissões intergo-
da sociedade civil”, dispondo seu parágrafo único que “as comis- vernamentais trilaterais, principalmente no que se refere à divisão
sões intersetoriais terão a finalidade de articular políticas e progra- de responsabilidades -- o sistema ficará ao sabor de ideologias e
mas de interesse para a saúde, cuja execução envolva áreas não decisões unilaterais das autoridades dirigentes da saúde, quando
compreendidas no âmbito do Sistema Único de Saúde”. Já o seu a regra que perpassa todo o sistema é a da cooperação e da conju-
art. 13, destaca, algumas dessas atividades, mencionando em seu gação de recursos financeiros, tecnológicos, materiais, humanos da
inciso I a “alimentação e nutrição”. União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, em redes
O parâmetro para o financiamento da saúde deve ser as atri- regionalizadas de serviços, nos termos dos incisos IX, b e XI do art.
buições que foram dadas ao SUS pela Constituição e por leis espe- 7º e art. 8º da Lei n. 8.080/90.
cíficas e não a 1º parte do art. 196 da CF, uma vez que os fatores Por isso, o plano de saúde deve ser o instrumento de fixação
que condicionam a saúde são os mais variados e estão inseridos de responsabilidades técnicas, administrativas e jurídicas quanto
nas mais diversas áreas da Administração Pública, não podendo ser à integralidade da assistência, uma vez que ela não se esgota, na
considerados como competência dos órgãos e entidades que com- maioria das vezes, na instância de governo-sede do cidadão. Ressal-
põe o Sistema Único de Saúde. te-se, ainda, que o plano de saúde é a expressão viva dos interesses
da população, uma vez que, elaborado pelos órgãos competentes
DA INTEGRALIDADE DA ASSISTÊNCIA governamentais, deve ser submetido ao conselho de saúde, repre-
Vencida esta etapa, adentramos em outra, no interior do setor sentante da comunidade no SUS, a quem compete, discutir, apro-
saúde - SUS, que trata da integralidade da assistência à saúde. O var e acompanhar a sua execução, em todos os seus aspectos.
art. 198 da CF determina que o Sistema Único de Saúde deve ser or- Lembramos, ainda, que o planejamento sendo ascendente,
ganizado de acordo com três diretrizes, dentre elas, o atendimento iniciando-se da base local até a federal, reforça o sentido de que
integral que pressupõe a junção das atividades preventivas, que de- a integralidade da assistência só se completa com o conjunto arti-
vem ser priorizadas, com as atividades assistenciais, que também culado de serviços, de responsabilidade dos diversos entes gover-
não podem ser prejudicadas. namentais.
A Lei n. 8.080/90, em seu art. 7º (que dispõe sobre os princí- Resumindo, podemos afirmar que, nos termos do art. 198, II,
pios e diretrizes do SUS), define a integralidade da assistência como da CF, c/c os arts. 7º, II e VII, 36 e 37, da Lei n. 8.080/90, a integra-
“o conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos lidade da assistência não é um direito a ser satisfeito de maneira
e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em to- aleatória, conforme exigências individuais do cidadão ou de acordo
dos os níveis de complexidade do sistema”. com a vontade do dirigente da saúde, mas sim o resultado do plano
de saúde que, por sua vez, deve ser a consequência de um planeja-
A integralidade da assistência exige que os serviços de saúde mento que leve em conta a epidemiologia e a organização de ser-
sejam organizados de forma a garantir ao indivíduo e à coletividade viços e conjugue as necessidades da saúde com as disponibilidades
a proteção, a promoção e a recuperação da saúde, de acordo com de recursos [20], além da necessária observação do que ficou de-
as necessidades de cada um em todos os níveis de complexidade cidido nas comissões intergovernamentais trilaterais ou bilaterais,
do sistema. que não contrariem a lei.

7
LEGISLAÇÃO
Na realidade, cada ente político deve ser eticamente respon- 6) Formação de médicos: pacientes pedem que haja melhoria
sável pela saúde integral da pessoa que está sob atenção em seus na qualidade do atendimento dos médicos, segundo o Sistema de
serviços, cabendo-lhe responder civil, penal e administrativamente Indicadores de Percepção Social, do Ipea. O Cremesp (Conselho Re-
apenas pela omissão ou má execução dos serviços que estão sob gional de Medicina do Estado de São Paulo) destaca que quase 40%
seu encargo no seu plano de saúde que, por sua vez, deve guardar dos recém-formados não passam em seu exame.
consonância com os pactos da regionalização, consubstanciados
em instrumentos jurídicos competentes . 7) Preço da mensalidade dos planos privados: o valor das men-
Nesse ponto, temos ainda a considerar que, dentre as atribui- salidades é o principal problema, segundo o Ipea, com 39,8% das
ções do SUS, uma das mais importantes -- objeto de reclamações queixas. Entre as principais reclamações feitas a ANS (Agência Na-
e ações judiciais -- é a assistência terapêutica integral. Por sua in- cional de Saúde), nos três primeiros meses deste ano, está «mensa-
dividualização, imediatismo, apelo emocional e ético, urgência e lidades e reajustes».
emergência, a assistência terapêutica destaca-se dentre todas as
demais atividades da saúde como a de maior reivindicação indivi- 8) Cobertura do convênio: a insuficiência da cobertura dos pla-
dual. Falemos dela no tópico seguinte. nos é outra crítica frequente. De acordo com a pesquisa da ANS,
foram 15.785 reclamações entre janeiro e março deste ano. No es-
tudo do Ipea, 35,2% reprovam o serviço.
POLÍTICA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA SAÚDE
9) Sem reembolso: de acordo com o estudo da Fisc Saúde, esse
PROMOÇÃO DA SAÚDE: CONCEITOS E ESTRATÉGIAS; é o terceiro principal motivo de insatisfação de pacientes do setor
privado (21,9%). Esse foi o oitavo principal motivo de reclamação
A saúde no Brasil - tanto o sistema público como o privado - en- no primeiro trimestre do ano no Reclame Aqui. Segundo a institui-
frenta dezenas de dificuldades como falta de remédios ou médicos, ção, foram 508 queixas, 35% mais do que nos mesmos três meses
mensalidades altas, falta de cobertura para diversas doenças e exa- do ano passado, quando foram registradas 333 reclamações.
mes. Um levantamento realizado pelo UOL aponta os 10 principais
problemas enfrentados pelo setor no país. 10) Discriminação no atendimento: 10,6% da população brasi-
leira adulta (15,5 milhões de pessoas) já se sentiram discriminadas
1) Falta de médicos: considerado um dos principais problemas na rede de saúde tanto pública quanto privada, é o que aponta a
do SUS, segundo destacou o presidente do TCU, ministro Raimundo Pesquisa Nacional de Saúde, do IBGE. A maioria (53,9%) disse ter
Carreiro. De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), sido maltratada por “falta de dinheiro” e 52,5% em razão da “clas-
há 17,6 médicos para cada 10 mil brasileiros, bem menos que na se social”. Pouco mais de 13% foram vítimas de preconceito racial,
Europa, cuja taxa é de 33,3. 8,1% por religião ou crença e 1,7% por homofobia. No entanto, o
percentual poderia ser maior se parte da população LGBT (Lésbicas,
2) Demora para marcar consulta: o SUS realiza bem menos con- Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) não deixas-
sultas do que poderia. Segundo o Fisc Saúde 2016, o Brasil apresen- se de buscar auxílio médico por medo de discriminação, revela uma
tou uma média de 2,8 consultas por habitantes no ano de 2012, o pesquisa da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).
27º índice entre 30 países. A taxa muito inferior ao dos países mais
bem colocados: Coreia do Sul (14,3), Japão (12,9) e Hungria (11,8).

3) Falta de leitos: nos três primeiros meses de 2018, a falta de


leitos foi o 8º principal motivo de reclamação dos brasileiros no Re-
clame Aqui. Dados da Associação Nacional de Hospitais Privados
indicam que o Brasil tem 2,3 leitos por mil habitantes, abaixo do
recomendado pela OMS (entre 3 e 5). O déficit de leitos em UTI
neonatal é de 3,3 mil, segundo pesquisa deste ano da Sociedade
Brasileira de Pediatria (SBP). Além disso, o país t, em média, 2,9
leitos por mil nascidos vivos, abaixo dos 4 leitos recomendados pela
entidade. No SUS, a taxa é de 1,5.

4) Atendimento na emergência: a espera por atendimento foi


o tema considerado de «pior qualidade» em uma pesquisa da CNI
(Confederação Nacional da Indústria) sobre avaliação de serviços.
Nos estudos do Ipea sobre os serviços prestados pelo SUS, o tema
recebeu as maiores qualificações negativas: 31,1% (postos de saú-
de) e 31,4% (urgência ou emergência).

5) Falta de recursos para a saúde: apenas 3,6% do orçamento


do governo federal foi destinado à saúde em 2018. A média mun-
dial é de 11,7%, segundo a OMS. Essa taxa é menor do que a média
no continente africano (9,9%), nas Américas (13,6%) e na Europa
(13,2). Na Suíça, essa proporção é de 22%.

8
LEGISLAÇÃO
A promoção da saúde, como uma das estratégias de produção
de saúde, ou seja, como um modo de pensar e de operar articula-
do às demais políticas e tecnologias desenvolvidas no sistema de
saúde brasileiro, contribui na construção de ações que possibilitam
responder às necessidades sociais em saúde.
No SUS, a estratégia de promoção da saúde é retomada como
uma possibilidade de enfocar os aspectos que determinam o pro-
cesso saúde-adoecimento em nosso País – como, por exemplo:
violência, desemprego, subemprego, falta de saneamento básico,
habitação inadequada e/ou ausente, dificuldade de acesso à edu-
cação, fome, urbanização desordenada, qualidade do ar e da água
ameaçada e deteriorada; e potencializam formas mais amplas de
intervir em saúde.
Tradicionalmente, os modos de viver têm sido abordados numa
perspectiva individualizante e fragmentária, e colocam os sujei- tos
e as comunidades como os responsáveis únicos pelas várias mudan-
Introdução ças/arranjos ocorridos no processo saúde-adoecimento ao longo da
As mudanças econômicas, políticas, sociais e culturais, que vida. Contudo, na perspectiva ampliada de saúde, como definida no
ocorreram no mundo desde o século XIX e que se intensificaram âmbito do movimento da Reforma Sanitária brasileira, do SUS e das
no século passado, produziram alterações significativas para a vida Cartas de Promoção da Saúde, os modos de viver não se referem
em sociedade. apenas ao exercício da vontade e/ ou liberdade individual e comuni-
Ao mesmo tempo, tem-se a criação de tecnologias cada vez tária. Ao contrário, os modos como sujeitos e coletividades elegem
mais precisas e sofisticadas em todas as atividades humanas e o determinadas opções de viver como desejáveis, organizam suas es-
aumento dos desafios e dos impasses colocados ao viver. colhas e criam novas possibilidades para satisfazer suas necessida-
A saúde, sendo uma esfera da vida de homens e mulheres em des, desejos e interesses pertencentes à ordem coletiva, uma vez
toda sua diversidade e singularidade, não permaneceu fora do de- que seu processo de construção se dá no contexto da própria vida.
senrolar das mudanças da sociedade nesse período. O processo de Propõe-se, então, que as intervenções em saúde ampliem seu
transformação da sociedade é também o processo de trans- forma- escopo, tomando como objeto os problemas e as necessidades
ção da saúde e dos problemas sanitários. de saúde e seus determinantes e condicionantes, de modo que a
Nas últimas décadas, tornou-se mais e mais importante cuidar organização da atenção e do cuidado envolva, ao mesmo tempo,
da vida de modo que se reduzisse a vulnerabilidade ao adoecer e as as ações e os serviços que operem sobre os efeitos do adoecer e
chances de que ele seja produtor de incapacidade, de sofrimento aqueles que visem ao espaço para além dos muros das unidades
crônico e de morte prematura de indivíduos e população.
de saúde e do sistema de saúde, incidindo sobre as condições de
Além disso, a análise do processo saúde-adoecimento eviden-
vida e favorecendo a ampliação de escolhas saudáveis por parte dos
ciou que a saúde é resultado dos modos de organização da produ-
sujeitos e das coletividades no território onde vivem e trabalham.
ção, do trabalho e da sociedade em determinado contexto histórico
Nesta direção, a promoção da saúde estreita sua relação com
e o aparato biomédico não consegue modificar os condicionantes
a vigilância em saúde, numa articulação que reforça a exigência de
nem determinantes mais amplos desse processo, operando um mo-
um movimento integrador na construção de consensos e sinergias,
delo de atenção e cuidado marcado, na maior parte das vezes, pela
e na execução das agendas governamentais a fim de que as políticas
centralidade dos sintomas.
públicas sejam cada vez mais favoráveis à saúde e à vida, e estimu-
No Brasil, pensar outros caminhos para garantir a saúde da po-
pulação significou pensar a redemocratização do País e a constitui- lem e fortaleçam o protagonismo dos cidadãos em sua elaboração
ção de um sistema de saúde inclusivo. e implementação, ratificando os preceitos constitucionais de parti-
Em 1986, a 8ª Conferência Nacional de Saúde (CNS) tinha como cipação social.
tema “Democracia é Saúde” e constituiu-se em fórum de luta pela O exercício da cidadania, assim, vai além dos modos institucio-
descentralização do sistema de saúde e pela implantação de po- nalizados de controle social, implicando, por meio da criatividade
líticas sociais que defendessem e cuidassem da vida (Conferência e do espírito inovador, a criação de mecanismos de mobilização e
Nacional de Saúde, 1986). Era um momento chave do movimento participação como os vários movimentos e grupos sociais, organi-
da Reforma Sanitária brasileira e da afirmação da indissociabilidade zando-se em rede.
entre a garantia da saúde como direito social irrevogável e a garan- O trabalho em rede, com a sociedade civil organizada,exige que
tia dos demais direitos humanos e de ci dadania. O relatório final da o planejamento das ações em saúde esteja mais vinculado às ne-
8ª CNS lançou os fundamentos da proposta do SUS (BRASIL, 1990a). cessidades percebidas e vivenciadas pela população nos diferentes
Na base do processo de criação do SUS encontram-se: o con- territórios e, concomitantemente, garante a sustentabilidade dos
ceito ampliado de saúde, a necessidade de criar políticas públicas processos de intervenção nos determinantes e condicionantes de
para promovê-la, o imperativo da participação social na construção saúde.
do sistema e das políticas de saúde e a impossibilidade do setor A saúde, como produção social de determinação múltipla e
sanitário responder sozinho à transformação dos determinantes e complexa, exige a participação ativa de todos os sujeitos envolvidos
condicionantes para garantir opções saudáveis para a população. em sua produção – usuários, movimentos sociais, trabalhadores da
Nesse sentido, o SUS, como política do estado brasileiro pela me- Saúde, gestores do setor sanitário e de ou- tros setores –, na análise
lhoria da qualidade de vida e pela afirmação do direito à vida e à e na formulação de ações que visem à melhoria da qualidade de
saúde, dialoga com as reflexões e os movimentos no âmbito da pro- vida. O paradigma promocional vem colocar a necessidade de que
moção da saúde. o processo de produção do conhecimento e das práticas no campo
da Saúde e, mais ainda, no campo das políticas públicas faça-se por
meio da construção e da gestão compartilhadas.

9
LEGISLAÇÃO
Desta forma, o agir sanitário envolve fundamentalmente o es- O compromisso do setor Saúde na articulação intersetorial é
tabelecimento de uma rede de compromissos e corresponsabilida- tornar cada vez mais visível que o processo saúde-adoecimento é
des em favor da vida e da criação das estratégias necessárias para efeito de múltiplos aspectos, sendo pertinente a todos os setores
que ela exista. A um só tempo, comprometer-se e corresponsabili- da sociedade e devendo compor suas agendas.
zar- se pelo viver e por suas condições são marcas e ações próprias Dessa maneira, é tarefa do setor Saúde nas várias esferas de
da clínica, da saúde coletiva, da atenção e da gestão, ratificando-se decisão convocar os outros setores a considerar a avaliação e os
a indissociabilidade entre esses planos de atuação. parâmetros sanitários quanto à melhoria da qualidade de vida da
Entende-se, portanto, que a promoção da saúde é uma estra- população quando forem construir suas políticas específicas.
tégia de articulação transversal na qual se confere visibilidade aos Ao se retomar as estratégias de ação propostas pela Carta de
fatores que colocam a saúde da população em risco e às diferenças Ottawa (BRASIL, 1996) e analisar a literatura na área, observa-se
entre necessidades, territórios e culturas presentes no nosso País, que, até o momento, o desenvolvimento de estudos e evidências
visando à criação de mecanismos que reduzam as situações de vul- aconteceu, em grande parte, vinculado às iniciativas ligadas ao
nerabilidade, defendam radicalmente a equidade e incorporem a comportamento e aos hábitos dos sujeitos. Nesta linha de interven-
participação e o controle sociais na gestão das políticas públicas. ção já é possível encontrar um acúmulo de evidências convincentes,
Na Constituição Federal de 1988, o estado brasileiro assume que são aquelas baseadas em estudos epidemiológicos demonstra-
como seus objetivos precípuos a redução das desigualdades sociais tivos de associações convincentes entre exposição e doença a par-
e regionais, a promoção do bem de todos e a construção de uma tir de pesquisas observacionais prospectivas e, quando necessário,
sociedade solidária sem quaisquer formas de discriminação. Tais ensaios clínicos randomizados com tamanho, duração e qualidade
objetivos marcam o modo de conceber os direitos de cidadania e suficientes (BRASIL, 2004a).
os deveres do estado no País, entre os quais a saúde (BRASIL, 1988). Entretanto, persiste o desafio de organizar estudos e pesqui-
Neste contexto, a garantia da saúde implica assegurar o aces- sas para identificação, análise e avaliação de ações de promoção da
so universal e igualitário dos cidadãos aos serviços de saúde, como saúde que operem nas estratégias mais amplas que foram definidas
também à formulação de políticas sociais e econômicas que ope- em Ottawa (BRASIL, 1996) e que estejam mais associa- das às dire-
rem na redução dos riscos de adoecer. trizes propostas pelo Ministério da Saúde na Política Nacional de
No texto constitucional tem-se ainda que o sistema sanitário Promoção da Saúde, a saber: integralidade, equidade, responsabili-
brasileiro encontra-se comprometido com a integralidade da aten- dade sanitária, mobilização e participação social, intersetorialidade,
ção à saúde, quando suas ações e serviços são instados a trabalhar informação, educação e comunicação, e sustentabilidade.
pela promoção, proteção e recuperação da saúde, com a descentra- A partir das definições constitucionais, da legislação que re-
lização e com a participação social. gulamenta o SUS, das deliberações das conferências nacionais de
No entanto, ao longo dos anos, o entendimento da integrali- saúde e do Plano Nacional de Saúde (2004-2007) (BRASIL, 2004b),
dade passou a abranger outras dimensões, aumentando a respon- o Ministério da Saúde propõe a Política Nacional de Promoção da
sabilidade do sistema de saúde com a qualidade da atenção e do Saúde num esforço para o enfrentamento dos desafios de produção
cuidado. A integralidade implica, além da articulação e sintonia en- da saúde num cenário sócio-histórico cada vez mais complexo e que
tre as estratégias de produção da saúde, na ampliação da escuta exige a reflexão e qualificação contínua das práticas sanitárias e do
dos trabalhadores e serviços de saúde na relação com os usuários, sistema de saúde.
quer individual e/ou coletivamente, de modo a deslocar a atenção Entende-se que a promoção da saúde apresenta-se como um
da perspectiva estrita do seu adoecimento e dos seus sintomas para mecanismo de fortalecimento e implantação de uma política trans-
o acolhimento de sua história, de suas condições de vida e de suas versal, integrada e intersetorial, que faça dialogar as diversas áreas
necessidades em saúde, respeitando e considerando suas especi- do setor sanitário, os outros setores do Governo, o setor privado e
ficidades e suas potencialidades na construção dos projetos e da não- governamental, e a sociedade, compondo redes de compro-
organização do trabalho sanitário. misso e corresponsabilidade quanto à qualidade de vida da popu-
A ampliação do comprometimento e da corresponsabilidade lação em que todos sejam partícipes na proteção e no cuidado com
entre trabalhadores da Saúde, usuários e território em que se lo- a vida.
calizam altera os modos de atenção e de gestão dos serviços de Vê-se, portanto, que a promoção da saúde realiza-se na arti-
culação sujeito/coletivo, público/privado, estado/sociedade, clíni-
saúde, uma vez que a produção de saúde torna-se indissociável da
ca/ política, setor sanitário/outros setores, visando romper com a
produção de subjetividades mais ativas, críticas, envolvidas e solidá-
excessiva fragmentação na abordagem do processo saúde- adoeci-
rias e, simultaneamente, exige a mobilização de recursos políticos,
mento e reduzir a vulnerabilidade, os riscos e os danos que nele se
humanos e financeiros que extrapolam o âmbito da saúde. Assim,
produzem.
coloca-se ao setor Saúde o desafio de construir a intersetorialidade.
No esforço por garantir os princípios do SUS e a constante me-
Compreende-se a intersetorialidade como uma articulação das
lhoria dos serviços por ele prestados, e por melhorar a qualidade de
possibilidades dos distintos setores de pensar a questão complexa
vida de sujeitos e coletividades, entende-se que é urgente superar
da saúde, de corresponsabilizar-se pela garantia da saúde como di-
a cultura administrativa fragmentada e desfocada dos interesses e
reito humano e de cidadania, e de mobilizar-se na formulação de das necessidades da sociedade, evitando o desperdício de recursos
intervenções que a propiciem. públicos, reduzindo a superposição de ações e, consequentemen-
O processo de construção de ações intersetoriais implica na te, aumentando a eficiência e a efetividade das políticas públicas
troca e na construção coletiva de saberes, linguagens e práticas existentes.
entre os di- versos setores envolvidos na tentativa de equacionar Nesse sentido, a elaboração da Política Nacional de Promoção
determinada questão sanitária, de modo que nele torna-se possível da Saúde é oportuna, posto que seu processo de construção e de
produzir soluções inovadoras quanto à melhoria da qualidade de implantação/implementação – nas várias esferas de gestão do SUS
vida. Tal processo propicia a cada setor a ampliação de sua capa- e na interação entre o setor sanitário e os demais setores das po-
cidade de analisar e de transformar seu modo de operar a partir líticas públicas e da sociedade – provoca a mudança no modo de
do convívio com a perspectiva dos outros setores, abrindo caminho organizar, planejar, realizar, analisar e avaliar o trabalho em saúde.
para que os esforços de todos sejam mais efetivos e eficazes.

10
LEGISLAÇÃO
Objetivo geral I – Estruturação e fortalecimento das ações de promoção da
Promover a qualidade de vida e reduzir vulnerabilidade e riscos saúde no Sistema Único de Saúde, privilegiando as práticas de saú-
à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes de sensíveis à realidade do Brasil;
I – modos de viver, condições de trabalho, habitação, ambien- II – Estímulo à inserção de ações de promoção da saúde em
te, educação, lazer, cultura, acesso a bens e serviços essenciais. todos os níveis de atenção, com ênfase na atenção básica, voltadas
às ações de cuidado com o corpo e a saúde; alimentação saudável e
Objetivos específicos prevenção, e controle ao tabagismo;
I – Incorporar e implementar ações de promoção da saúde, III – Desenvolvimento de estratégias de qualificação em ações
com ênfase na atenção básica; de promoção da saúde para profissionais de saúde inseridos no Sis-
II – Ampliar a autonomia e a corresponsabilidade de sujeitos e tema Único de Saúde;
coletividades, inclusive o poder público, no cuidado integral à saúde IV – Apoio técnico e/ou financeiro a projetos de qualificação
e minimizar e/ou extinguir as desigualdades de toda e qualquer or- de profissionais para atuação na área de informação, comunicação
dem (étnica, racial, social, regional, de gênero, de orientação/opção e educação popular referentes à promoção da saúde que atuem na
sexual, entre outras); Estratégia Saúde da Família e Programa de Agentes Comunitários
III – Promover o entendimento da concepção ampliada de saú- de Saúde:
de, entre os trabalhadores de saúde, tanto das atividades-meio, A) estímulo à inclusão nas capacitações do SUS de temas liga-
como os da atividades-fim; dos à promoção da saúde; e
IV – Contribuir para o aumento da resolubilidade do Sistema, B) apoio técnico a estados e municípios para inclusão nas capa-
garantindo qualidade, eficácia, eficiência e segurança das ações de citações do Sistema Único de Saúde de temas ligados à promoção
promoção da saúde; da saúde.
V – Estimular alternativas inovadoras e socialmente inclusivas/ I – Apoio a estados e municípios que desenvolvam ações volta-
contributivas no âmbito das ações de promoção da saúde; das para a implementação da Estratégia Global, vigilância e preven-
VI – Valorizar e otimizar o uso dos espaços públicos de convi- ção de doenças e agravos não transmissíveis;
vência e de produção de saúde para o desenvolvimento das ações II – Apoio à criação de Observatórios de Experiências Locais re-
de promoção da saúde; ferentes à Promoção da Saúde;
VII – Favorecer a preservação do meio ambiente e a promoção III – Estímulo à criação de Rede Nacional de Experiências Exi-
de ambientes mais seguros e saudáveis; tosas na adesão e no desenvolvimento da estratégia de municípios
VIII – Contribuir para elaboração e implementação de políticas saudáveis:
públicas integradas que visem à melhoria da qualidade de vida no a) identificação e apoio a iniciativas referentes às Escolas Pro-
planejamento de espaços urbanos e rurais; motoras da Saúde com foco em ações de alimentação saudável;
IX – Ampliar os processos de integração baseados na coopera- práticas corporais/atividades físicas e ambiente livre de tabaco;
ção, solidariedade e gestão democrática; b) identificação e desenvolvimento de parceria com estados e
X – Prevenir fatores determinantes e/ou condicionantes de do- municípios para a divulgação das experiências exitosas relativas a
enças e agravos à saúde; instituições saudáveis e ambientes saudáveis;
XI – Estimular a adoção de modos de viver não-violentos e o c) favorecimento da articulação entre os setores da saúde,
desenvolvimento de uma cultura de paz no País; e meio ambiente, saneamento e planejamento urbano a fim de pre-
XII – Valorizar e ampliar a cooperação do setor Saúde com ou- venir e/ou reduzir os danos provocados à saúde e ao meio ambien-
tras áreas de governos, setores e atores sociais para a gestão de te, por meio do manejo adequado de mananciais hídricos e resídu-
políticas públicas e a criação e/ou o fortalecimento de inicia- tivas os sólidos, uso racional das fontes de energia, produção de fontes
que signifiquem redução das situações de desigualdade. de energia alternativas e menos poluentes;
d) desenvolvimento de iniciativas de modificação arqui- tetôni-
Diretrizes cas e no mobiliário urbano que objetivem a garantia de acesso às
I – Reconhecer na promoção da saúde uma parte fundamental pessoas portadoras de deficiência e idosas; e
da busca da equidade, da melhoria da qualidade de vida e de saúde; e) divulgação de informações e definição de mecanismos de in-
II – Estimular as ações intersetoriais, buscando parcerias que centivo para a promoção de ambientes de trabalho saudáveis com
propiciem o desenvolvimento integral das ações de promoção da ênfase na redução dos riscos de acidentes de trabalho.
saúde; I – Criação e divulgação da Rede de Cooperação Técnica para
III – Fortalecer a participação social como fundamental na con- Promoção da Saúde;
secução de resultados de promoção da saúde, em especial a equi- II – Inclusão das ações de promoção da saúde na agenda de
dade e o empoderamento individual e comunitário; atividades da comunicação social do SUS:
IV – Promover mudanças na cultura organizacional, com vistas a) apoio e fortalecimento de ações de promoção da saúde ino-
à adoção de práticas horizontais de gestão e estabelecimento de vadoras utilizando diferentes linguagens culturais, tais como jogral,
redes de cooperação intersetoriais; hip hop, teatro, canções, literatura de cordel e outras formas de
V – Incentivar a pesquisa em promoção da saúde, avaliando manifestação;
eficiência, eficácia, efetividade e segurança das ações prestadas; e I – Inclusão da saúde e de seus múltiplos determinantes e
VI – Divulgar e informar das iniciativas voltadas para a promo- condicionantes na formulação dos instrumentos ordenadores do
ção da saúde para profissionais de saúde, gestores e usuários do planejamento urbano e/ou agrário (planos diretores, agendas 21
SUS, considerando metodologias participativas e o saber popula e locais, entre outros);
tradicional. II – Estímulo à articulação entre municípios, estados e Governo
Estratégias de implementação Federal valorizando e potencializando o saber e as práticas existen-
De acordo com as responsabilidades de cada esfera de gestão tes no âmbito da promoção da saúde:
do SUS – Ministério da Saúde, estados e municípios, destacamos as a) apoio às iniciativas das secretarias estaduais e municipais no
estratégias preconizadas para implementação da Política Nacional sentido da construção de parcerias que estimulem e viabilizem po-
de Promoção da Saúde. líticas públicas saudáveis;

11
LEGISLAÇÃO
I – Apoio ao desenvolvimento de estudos referentes ao impac- IV – Criar uma referência e/ou grupos matriciais responsáveis
to na situação de saúde considerando ações de promoção da saúde: pelo planejamento, articulação e monitoramento e avaliação das
a) apoio à construção de indicadores relativos as ações priori- ações de promoção da saúde nas secretarias estaduais de saúde;
zadas para a Escola Promotora de Saúde: ali- mentação saudável; V – Manter articulação com municípios para apoio à implanta-
práticas corporais/atividade física e ambiente livre de tabaco; e ção e supervisão das ações de promoção da saúde;
I – Estabelecimento de intercâmbio técnico-científico visando VI – Desenvolvimento de ações de acompanhamento e avalia-
ao conhecimento e à troca de informações decorrentes das experi- ção das ações de promoção da saúde para instrumentalização de
ências no campo da atenção à saúde, formação, educa- ção perma- processos de gestão;
nente e pesquisa com unidades federativas e países onde as ações VII – Adotar o processo de avaliação como parte do planeja-
de promoção da saúde estejam integradas ao serviço público de mento e implementação das iniciativas de promoção da saúde, ga-
saúde: rantindo tecnologias adequadas;
a) criação da Rede Virtual de Promoção da Saúde. VIII – Estabelecer instrumentos e indicadores para o acompa-
Responsabilidades das esferas de gestão nha- mento e a avaliação do impacto da implantação/implementa-
ção desta Política;
Gestor federal IX – Implementar as diretrizes de capacitação e educação per-
I – Divulgar a Política Nacional de Promoção da Saúde; ma- nente em consonância com as realidades loco-regionais;
II – Promover a articulação com os estados para apoio à im- X – Viabilizar linha de financiamento para promoção da saúde
plantação e supervisão das ações referentes às ações de promoção dentro da política de educação permanente, bem como propor ins-
da saúde; trumento de avaliação de desempenho, no âmbito estadual;
III –Pactuar e alocar recursos orçamentários e financeiros para XI – Promover articulação intersetorial para a efetivação da Po-
a implementação desta Política, considerando a composição tripar- lítica de Promoção da Saúde;
tite; XII – Buscar parcerias governamentais e não-governamentais
IV – Desenvolvimento de ações de acompanhamento e avalia- para potencializar a implementação das ações de promoção da saú-
ção das ações de promoção da saúde para instrumentalização de de no âmbito do SUS;
processos de gestão; XIII – Identificação, articulação e apoio a experiências de edu-
V – Definir e apoiar as diretrizes capacitação e educação per- cação popular, informação e comunicação, referentes às ações de
ma- nente em consonância com as realidades locorregionais; promoção da saúde;
VI – Viabilizar linhas de financiamento para a promoção da saú- XIV – Elaboração de materiais de divulgação visando à socializa-
de dentro da política de educação permanente, bem como propor ção da informação e à divulgação das ações de promoção da saúde;
instrumentos de avaliação de desempenho; XV – Promoção de cooperação referente às experiências de
VII – Adotar o processo de avaliação como parte do planeja- promoção da saúde nos campos da atenção, da educação perma-
mento e da implementação das iniciativas de promoção da saúde, nente e da pesquisa em saúde; e
XVI – Divulgação sistemática dos resultados do processo avalia-
garantindo tecnologias adequadas;
tivo das ações de promoção da saúde.
VIII – Estabelecer instrumentos e indicadores para o acompa-
nha- mento e avaliação do impacto da implantação/implementação
Gestor municipal
da Política de Promoção da Saúde;
I – Divulgar a Política Nacional de Promoção da Saúde;
IX – Articular com os sistemas de informação existentes a in-
II – Implementar as diretrizes da Política de Promoção da Saúde
serção de ações voltadas a promoção da saúde no âmbito do SUS;
em consonância com as diretrizes definidas no âmbito nacional e as
X – Buscar parcerias governamentais e não-governamentais
realidades locais;
para potencializar a implementação das ações de promoção da saú-
III–Pactuar e alocar recursos orçamentários e financeiros para a
de no âmbito do SUS;
implementação da Política de Promoção da Saúde;
XI – Definir ações de promoção da saúde intersetoriais e pluri- IV – Criar uma referência e/ou grupos matriciais responsáveis
-institucionais de abrangência nacional que possam impactar posi- pelo planejamento, implementação, articulação e monitoramento,
tivamente nos indicadores de saúde da população; e avaliação das ações de promoção da saúde nas secretarias de mu-
XII – Elaboração de materiais de divulgação visando à socializa- nicipais de saúde;
ção da informação e à divulgação das ações de promoção da saúde; V –Adotar o processo de avaliação como parte do planejamen-
XIII – Identificação, articulação e apoio a experiências de edu- to e da implementação das iniciativas de promoção da saúde, ga-
cação popular, informação e comunicação, referentes às ações de rantindo tecnologias adequadas;
promoção da saúde; VI – Participação efetiva nas iniciativas dos gestores federal e
XIV – Promoção de cooperação nacional e internacional refe- estadual no que diz respeito à execução das ações locais de promo-
rentes às experiências de promoção da saúde nos campos da aten- ção da saúde e à produção de dados e informações fidedignas que
ção, da educação permanente e da pesquisa em saúde; e qualifiquem a pesquisas nessa área;
XV – Divulgação sistemática dos resultados do processo avalia- VII – Estabelecer instrumentos de gestão e indicadores para o
tivo das ações de promoção da saúde. acompanhamento e avaliação do impacto da implantação/ imple-
mentação da Política;
Gestor estadual VIII – Implantar estruturas adequadas para monitoramento e
I – Divulgar a Política Nacional de Promoção da Saúde; ava- liação das iniciativas de promoção da saúde;
II – Implementar as diretrizes da Política de Promoção da Saúde IX – Implementar as diretrizes de capacitação e educação per-
em consonância com as diretrizes definidas no âmbito nacional e as ma- nente em consonância com as realidades locais;
realidades loco-regionais; X – Viabilizar linha de financiamento para promoção da saúde
III –Pactuar e alocar recursos orçamentários e financeiros para dentro da política de educação permanente, bem como propor ins-
a implementação da Política, considerando a composição bipartite; trumento de avaliação de desempenho, no âmbito municipal;

12
LEGISLAÇÃO
XI – Estabelecer mecanismos para a qualificação dos profissio- c) articulação intersetorial no âmbito dos conselhos de segu-
nais do sistema local de saúde para desenvolver as ações de promo- rança alimentar, para que o crédito e o finan- ciamento da agricul-
ção da saúde; tura familiar incorpore ações de fomento à produção de frutas, le-
XII – Realização de oficinas de capacitação, envolvendo equi- gumes e verduras visando ao aumento da oferta e ao conseqüente
pes multiprofissionais, prioritariamente as que atuam na atenção au- mento do consumo destes alimentos no país, de forma segura e
básica; sustentável, associado às ações de geração de renda;
XIII– Promover articulação intersetorial para a efetivação da d) firmar agenda/pacto/compromisso social com diferen- tes
Política de Promoção da Saúde; setores (Poder Legislativo, setor produtivo, órgãos governamentais
XIV – Buscar parcerias governamentais e não-governamentais e não-governamentais, organismos internacionais, setor de comu-
para potencializar a implementação das ações de promoção da saú- nicação e outros), defi- nindo os compromissos e as responsabili-
de no âmbito do SUS; dades sociais de cada setor, com o objetivo de favorecer/garantir
XV – Ênfase ao planejamento participativo envolvendo todos os hábitos alimentares mais saudáveis na população, possibilitando a
setores do governo municipal e representantes da sociedade civil, redução e o controle das taxas das DCNT no Brasil;
no qual os determinantes e condicionantes da saúde sejam instru- e) articulação e mobilização dos setores público e privado para
mentos para formulação das ações de intervenção; a adoção de ambientes que favoreçam a alimentação saudável, o
XVI – Reforço da ação comunitária, por meio do respeito às di- que inclui: espaços propícios à amamentação pelas nutrizes traba-
versas identidades culturais nos canais efetivos de participação no lhadoras, oferta de refeições saudáveis nos locais de trabalho, nas
processo decisório; escolas e para as populações institucionalizadas; e
XVII – Identificação, articulação e apoio a experiências de edu- f) articulação e mobilização intersetorial para a proposição e
cação popular, informação e comunicação, referentes às ações de elaboração de medidas regulatórias que visem promover a alimen-
promoção da saúde; tação saudável e reduzir o risco do DCNT, com especial ênfase para
XVIII – Elaboração de materiais de divulgação visando à socia- a regulamentação da propaganda e publicidade de alimentos.
lização da informação e à divulgação das ações de promoção da I – Disseminar a cultura da alimentação saudável em consonân-
saúde; e cia com os atributos e princípios do Guia Alimentar da População
XIX – Divulgação sistemática dos resultados do processo avalia- Brasileira:
tivo das ações de promoção da saúde. a) divulgação ampla do Guia Alimentar da População Brasileira
para todos os setores da sociedade;
Ações específicas b) produção e distribuição de material educativo (Guia Alimen-
Para o biênio 2006-2007, foram priorizadas as ações voltadas a: tar da População Brasileira, 10 Passos para uma Alimentação Sau-
dável para Diabéticos e Hiper- tensos, Cadernos de Atenção Básica
Divulgação e implementação da Política Nacional de Promo- sobre Prevenção e Tratamento da Obesidade e Orientações para a
ção da Saúde Alimentação Saudável dos Idosos);
I – Promover seminários internos no Ministério da Saúde desti- c) desenvolvimento de campanhas na grande mídia para orien-
nados à divulgação da PNPS, com adoção de seu caráter transversal; tar e sensibilizar a população sobre os benefícios de uma alimenta-
II – Convocar uma mobilização nacional de sensibilização para ção saudável;
o desenvolvimento das ações de promoção da saúde, com estímulo d) estimular ações que promovam escolhas alimentares sau-
à adesão de estados e municípios; dáveis por parte dos beneficiários dos programas de transferência
III –Discutir nos espaços de formação e educação permanente de renda;
de profissionais de saúde a proposta da PNPS e estimular a inclusão e) estimular ações de empoderamento do consumidor para o
do tema nas grades curriculares; e entendimento e uso prático da rotulagem geral e nutricional dos
IV– Avaliar o processo de implantação da PNPS em fóruns de alimentos;
composição tripartite. f) produção e distribuição de material educativo e desenvolvi-
mento de campanhas na grande mídia para orientar e sensibilizar a
Alimentação saudável população sobre os benefícios da amamentação;
I – Promover ações relativas à alimentação saudável visando à g) sensibilização dos trabalhadores em saúde quanto à impor-
promoção da saúde e à segurança alimentar e nutricional, contri- tância e aos benefícios da amamentação;
buindo com as ações e metas de redução da pobreza, a inclusão so- h) incentivo para a implantação de bancos de leite hu- mano
cial e o cumprimento do direito humano à alimen- tação adequada; nos serviços de saúde; e
II – Promover articulação intra e intersetorial visando à imple- i) sensibilização e educação permanente dos trabalha- dores
mentação da Política Nacional de Promoção da Saúde por meio do de saúde no sentido de orientar as gestantes HIV positivo quanto às
reforço à implementação das diretrizes da Política Nacional de Ali- especificidades da amamentação (utilização de banco de leite hu-
mentação e Nutrição e da Estratégia Global: mano e de fórmula infantil).
a) com a formulação, implementação e avaliação de po- líticas I – Desenvolver ações para a promoção da alimentação saudá-
públicas que garantam o acesso à alimentação saudável, conside- vel no ambiente escolar:
rando as especificidades culturais, regionais e locais; a) fortalecimento das parcerias com a SGTES, Anvisa/MS, Mi-
b) mobilização de instituições públicas, privadas e de setores nistério da Educação e FNDE/MEC para promover a alimentação
da sociedade civil organizada visando ratificar a implementação saudável nas escolas;
de ações de combate à fome e de aumento do acesso ao alimento b) divulgação de iniciativas que favoreçam o acesso à alimenta-
saudável pelas comu- nidades e pelos grupos populacionais mais ção saudável nas escolas públicas e privadas;
pobres; c) implementação de ações de promoção da alimentação sau-
dável no ambiente escolar;

13
LEGISLAÇÃO
d) produção e distribuição do material sobre alimentação sau- d) estimular a inclusão de pessoas com deficiências em proje-
dável para inserção de forma transversal no con- teúdo programá- tos de práticas corporais atividades físicas;
tico das escolas em parceria com as secretarias estaduais e munici- e) pactuar com os gestores do SUS e outros setores nos três
pais de saúde e educação; níveis de gestão a importância de ações voltadas para melhorias
e) lançamento do guia “10 Passos da Alimentação Saudável na ambientais com o objetivo de aumentar os níveis populacionais de
Escola”; atividade física;
f) sensibilização e mobilização dos gestores estaduais e munici- f) constituir mecanismos de sustentabilidade e continuidade
pais de saúde e de educação, e as respectivas instâncias de controle das ações do “Pratique Saúde no SUS” (área física adequada e equi-
social para a implementação das ações de promoção da alimenta- pamentos, equipe capacitada, articulação com a rede de atenção);
ção saudável no ambiente escolar, com a adoção dos dez passos; e e
g) produção e distribuição de vídeos e materiais instrucionais g) incentivar articulações intersetoriais para a melhoria das
sobre a promoção da alimentação saudável nas escolas. condições dos espaços públicos para a realização de práticas corpo-
I – Implementar as ações de vigilância alimentar e nutricional rais/atividades físicas (urbanização dos espaços públicos; criação de
para a prevenção e controle dos agravos e doenças decorrentes da ciclovias e pistas de caminhadas; segurança, outros).
má alimentação: I – Ações de aconselhamento/divulgação:
a)implementação do Sisvan como sistema nacional obrigatório a) organizar os serviços de saúde de forma a desenvolver ações
vinculado às transferências de recursos do PAB; de aconselhamento junto à população, sobre os benefícios de esti-
b) envio de informações referentes ao Sisvan para o Relatório los de vida saudáveis; e
de Análise de Doenças Não Transmissíveis e Violências; b) desenvolver campanhas de divulgação, estimulando modos
c) realização de inquéritos populacionais para o monitoramen- de viver saudáveis e objetivando reduzir fato- res de risco para do-
to do consumo alimentar e do estado nutricional da população enças não transmissíveis.
brasileira, a cada cinco anos, de acordo com a Política Nacional de I – Ações de intersetorialidade e mobilização de parceiros:
Alimentação e Nutrição; a) pactuar com os gestores do SUS e outros setores nos três
d) prevenção das carências nutricionais por deficiência de mi- níveis de gestão a importância de desenvolver ações voltadas para
cronutrientes (suplementação universal de ferro medicamentoso estilos de vida saudáveis, mobilizando recursos existentes;
para gestantes e crianças e administração de megadoses de vitami- b) estimular a formação de redes horizontais de troca de expe-
na A para puerperais e crianças em áreas endêmicas); riências entre municípios;
e) realização de inquéritos de fatores de risco para as DCNT da c) estimular a inserção e o fortalecimento de ações já existen-
população em geral a cada cinco anos e para escolares a cada dois tes no campo das práticas corporais em saúde na comunidade;
anos, conforme previsto na Agenda Nacional de Vigilância de Doen- d) resgatar as práticas corporais/atividades físicas de forma re-
ças e Agravos Não Transmissíveis, do Ministério da Saúde; gular nas escolas, universidades e demais espaços públicos; e
f) monitoramento do teor de sódio dos produtos pro- cessados, e) articular parcerias estimulando práticas corporais/ atividade
em parceria com a Anvisa e os órgãos da vigilância sanitária em es- física no ambiente de trabalho.
tados e municípios; e I – Ações de monitoramento e avaliação:
g) fortalecimento dos mecanismos de regulamentação, contro- a) desenvolver estudos e formular metodologias capazes de
le e redução do uso de substâncias agrotóxicas e de outros modos produzir evidências e comprovar a efetividade de estratégias de
de contaminação dos alimentos. práticas corporais/atividades físicas no controle e na prevenção das
I – Reorientação dos serviços de saúde com ênfase na atenção doenças crônicas não transmissíveis;
básica: b) estimular a articulação com instituições de ensino e pesquisa
a) mobilização e capacitação dos profissionais de saúde da para monitoramento e avaliação das ações no campo das práticas
atenção básica para a promoção da alimentação saudável nas vi- corporais/atividade física; e
sitas domiciliares, atividades de grupo e nos atendimentos indivi- c) consolidar a Pesquisa de Saúde dos Escolares (SVS/MS) como
duais; forma de monitoramento de práticas corporais/ atividade física de
b) incorporação do componente alimentar no Sistema de Vigi- adolescentes.
lância Alimentar e Nutricional de forma a permitir o diagnóstico e
o desenvolvimento de ações para a promoção da alimentação sau- Prevenção e controle do tabagismo
dável; e
c) reforço da implantação do Sisvan como instrumento de ava- I – Sistematizar ações educativas e mobilizar ações legislativa se
liação e de subsídio para o planejamento de ações que promovam a econômicas, de forma a criar um contexto que:
segurança alimentar e nutricional em nível local. a) reduza a aceitação social do tabagismo;
b) reduza os estímulos para que os jovens comecem afumar e
Prática corporal/atividade física os que dificultam os fumantes a deixarem de fumar;
I – Ações na rede básica de saúde e na comunidade: c) proteja a população dos riscos da exposição à poluição taba-
a) mapear e apoiar as ações de práticas corporais/atividade fí- gística ambiental;
sica existentes nos serviços de atenção básica e na Estratégia de d) reduza o acesso aos derivados do tabaco;
Saúde da Família, e inserir naqueles em que não há ações; e) aumente o acesso dos fumantes ao apoio para cessação de
b) ofertar práticas corporais/atividade física como caminhadas, fumar;
prescrição de exercícios, práticas lúdicas, esportivas e de lazer, na f) controle e monitore todos os aspectos relacionados aos pro-
rede básica de saúde, volta- das tanto para a comunidade como um dutos de tabaco comercializados, desde seus conteúdos e emissões
todo quanto para grupos vulneráveis; até as estratégias de comercialização e de divulgação de suas carac-
c) capacitar os trabalhadores de saúde em conteúdos de pro- terísticas para o consumidor.
moção à saúde e práticas corporais/atividade física na lógica da I - Realizar ações educativas de sensibilização da população
educação permanente, incluindo a avaliação como parte do pro- para a promoção de “comunidades livres de tabaco”, divulgando
cesso; ações relacionadas ao tabagismo e seus diferentes aspectos:

14
LEGISLAÇÃO
a) Dia a Mundial sem Tabaco (31 de maio); e II – Investimento na sensibilização e capacitação dos gestores e
b) Dia Nacional de Combate ao Fumo (29 de agosto); profissionais de saúde na identificação e encaminhamento adequa-
I – Fazer articulações com a mídia para divulgação de ações ede do de situações de violência intrafamiliar e sexual;
fatos que contribuam para o controle do tabagismo em todo o ter- III – Estímulo à articulação intersetorial que envolva a redução
ritório nacional; e o controle de situações de abuso, exploração e turismo sexual;
II – Mobilizar e incentivar as ações contínuas por meio de ca- IV – Implementação da ficha de notificação de violência inter-
nais comunitários (unidades de saúde, escolas e ambientes de tra- pessoal;
balho) capazes de manter um fluxo contínuo de informações sobre V – Incentivo ao desenvolvimento de Planos Estaduais e Muni-
o tabagismo, seus riscos para quem fuma e os riscos da poluição cipais de Prevenção da Violência;
tabagística ambiental para todos que convivem com ela; VI – Monitoramento e avaliação do desenvolvimento dos Pla-
I – Investir na promoção de ambientes de trabalho livres de nos Estaduais e Municipais de Prevenção da Violência mediante a
tabaco: realização de coleta, sistematização, análise e disseminação de in-
a) realizando ações educativas, normativas e organizacionais formações; e
que visem estimular mudanças na cultura organizacional que levem VII – Implantação de Serviços Sentinela, que serão responsá-
à redução do tabagismo entre trabalhadores; e veis pela notificação dos casos de violências.
b) atuando junto a profissionais da área de saúde ocupacional
e outros atores-chave das organizações/instituições para a dissemi- Promoção do desenvolvimento sustentável
nação contínua de informações sobre os riscos do tabagismo e do
tabagismo passivo, a implementação de normas para restringir o I – Apoio aos diversos centros colaboradores existentes no País
fumo nas dependências dos ambientes de trabalho, a sinalização que desenvolvem iniciativas promotoras do desenvolvimento sus-
relativa às restrições ao consumo nas mesmas e a capacitação de tentável
profissionais de saúde ocupacional para apoiar a cessação de fumar II – Apoio à elaboração de planos de ação estaduais e locais,
de funcionários. incorporados aos Planos Diretores das Cidades;
I – Articular com o MEC/secretarias estaduais e municipais de III – Fortalecimento de instâncias decisórias intersetoriais com
educação o estímulo à iniciativa de promoção da saúde no ambien- o objetivo de formular políticas públicas integradas voltadas ao de-
te escolar; e senvolvimento sustentável;
II – Aumentar o acesso do fumante aos métodos eficazes para IV – Apoio ao envolvimento da esfera não-governamental (em-
cessação de fumar, e assim atender a uma crescente demanda de presas, escolas, igrejas e associações várias) no desenvolvimento
fumantes que buscam algum tipo de apoio para esse fim. de políticas públicas de promoção da saúde, em especial no que se
refere ao movimento por ambientes saudáveis;
Redução da morbimortalidade em decorrência do uso abusivo V – Reorientação das práticas de saúde de modo a permitir a
de álcool e outras drogas interação saúde, meio ambiente e desenvolvimento sustentável;
I – Investimento em ações educativas e sensibilizadoras para VI – Estímulo à produção de conhecimento e desenvolvimento
crianças e adolescentes quanto ao uso abusivo de álcool e suas con- de capacidades em desenvolvimento sustentável; e
sequências; VII – Promoção do uso de metodologias de reconhecimento do
II – Produzir e distribuir material educativo para orientar e sen- território, em todas as suas dimensões – demográfica, epidemio-
sibilizar a população sobre os malefícios do uso abusivo do álcool. lógica, administrativa, política, tecnológica, social e cultural, como
III – Promover campanhas municipais em interação com as instrumento de organização dos serviços de saúde.
agências de trânsito no alerta quanto às consequências da “direção
Anexo A
alcoolizada”;
IV – Desenvolvimento de iniciativas de redução de danos pelo
Portaria nº 1.409, de 13 de junho de 2007
consumo de álcool e outras drogas que envolvam a co- responsabi-
lização e autonomia da população;
Institui Comitê Gestor da Política Nacional de Promoção da Saú-
V – Investimento no aumento de informações veiculadas pela
de.
mídia quanto aos riscos e danos envolvidos na associação entre o
uso abusivo de álcool e outras drogas e acidentes/violências; e
O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso de suas atribuições,
VI – Apoio à restrição de acesso a bebidas alcoólicas de acordo
e
com o perfil epidemiológico de dado território, protegendo seg- Considerando a necessidade de desenvolver, fortalecer e im-
mentos vulneráveis e priorizando situações de violência e danos ple- mentar políticas e planos de ação em âmbito nacional, estadual
sociais. e mu- nicipal que consolidem o componente da promoção da saúde
no SUS;
Redução da morbimortalidade por acidentes de trânsito Considerando a promoção da saúde como uma estratégia de
I – Promoção de discussões intersetoriais que incorporem articulação transversal capaz de criar mecanismos que reduzam as
ações educativas à grade curricular de todos os níveis de formação; situ- ações de vulnerabilidade e os riscos à saúde da população, de-
II – Articulação de agendas e instrumentos de planejamento, fendam a equidade e incorporem a participação e o controle social
programação e avaliação, dos setores diretamente relacionados ao na gestão das políticas públicas;
problema; e Considerando o objetivo específico da Política Nacional de Pro-
III – Apoio às campanhas de divulgação em massados dados re- moção da Saúde quanto à incorporação e implementação de ações
ferentes às mortes e sequelas provocadas por acidentes de trânsito. de promoção da saúde, com ênfase na atenção básica; e
Considerando as diretrizes da Política Nacional de Promoção
Prevenção da violência e estímulo à cultura de paz da Saúde, embasadas na integralidade, equidade, responsabilida-
I – Ampliação e fortalecimento da Rede Nacional de Prevenção de sanitária, mobilização e parti- cipação social, intersetorialidade,
da Violência e Promoção da Saúde; informação, educação e comunicação e sustentabilidade, resolve:

15
LEGISLAÇÃO
Art. 1º Instituir Comitê Gestor da Política Nacional de Promo- JOSÉ GOMES TEMPORÃO
ção da Saúde - CGPNPS tem as seguintes atribuições:
I – consolidar a implementação da Política Nacional de Promo- Anexo B
ção da Saúde;
II – consolidar a Agenda Nacional de Promoção da Saúde em Portaria Interministerial n° 1.010, de 8 de maio de 2006 /
consonância com as políticas, as prioridades e os recursos de cada Gabinete do Ministro
uma das secretarias do Ministério da Saúde e com o Plano Nacional
de Saúde; Institui as diretrizes para a promoção da ali- mentação saudá-
III –articular e integrar as ações de promoção da saúdeno âm- vel nas escolas de educação infantil, fundamental e nível médio das
bito do SUS, no contexto do Pacto pela Saúde; redes públicas e privadas, em âmbito nacional.
IV –coordenar a implantação da Política Nacional de Pro- mo-
ção da Saúde no SUS e em sua articulação com os demais setores O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, INTERINO, E O MINISTRO
governamentais e não-governamentais; DE ESTADO DA EDUCAÇãO, no uso de suas atribuições, e
V – incentivar a inclusão da Promoção da Saúde e a ela- bora-
Considerando a dupla carga de doenças a que estão submeti-
ção, por parte dos Estados do Distrito Federal dos Municípios, de
dos os países onde a desigualdade social continua a gerar desnutri-
Planos Municipais, Estaduais e termos de compromisso do Pacto
ção entre crianças e adultos, agravando assim o quadro de preva-
de Gestão; e
lência de doenças infecciosas;
VI – monitorar e avaliar as estratégias de implantação/ imple-
mentação da Política Nacional de Promoção da Saúde e seu impac- Considerando a mudança no perfil epidemiológico da popula-
to na melhoria da qualidade de vida de sujeitos e coletividades. ção brasileira com o aumento das doenças crônicas não transmissí-
veis, com ênfase no excesso de peso e obesidade, assumindo pro-
Art. 2º O CGPNPS terá a seguinte composição: porções alarmantes, especialmente entre crianças e adolescentes;
I – três representantes da Secretaria de Vigilância em Saúde/ Considerando que as doenças crônicas não transmissíveis são
SVS; passíveis de serem prevenidas, a partir de mudanças nos padrões
II – três representantes da Secretaria de Atenção à Saúde – SAS; de alimentação, tabagismo e atividade física;
III –um representante da Secretaria de Gestão Estratégica e Considerando que no padrão alimentar do brasileiro encontra-
Participativa – SGEP; -se a predominância de uma alimentação densamente calórica, rica
IV –um representante da Secretaria de Gestão do Trabalho e da em açúcar e gordura animal e reduzida em carboidratos complexos
Educação na Saúde – SGTES; e fibras;
V –um representante da Secretaria de Ciência, Tecnologia e In- Considerando as recomendações da Estratégia Global para Ali-
sumos Estratégicos – SCTIE; mentação Saudável, Atividade Física e Saúde da Organização Mun-
VI – um representante da Secretária-Executiva – SE; dial da Saúde (OMS) quanto à necessidade de fomentar mudanças
VII – um representante da Fundação Nacional de Saúde – FU- sócio-ambientais, em nível coletivo, para favorecer as escolhas sau-
NASA; dáveis no nível individual;
VIII – um representante da Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ; Considerando que as ações de Promoção da Saúde estrutura-
IX – um representante da Agência Nacional de Vigilância Sani- das no âmbito do Ministério da Saúde ratificam o compromisso bra-
tária – ANVISA; sileiro com as diretrizes da Estratégia Global;
X – um representante da Agência Nacional de Saúde Suplemen- Considerando que a Política Nacional de Alimentação e Nutri-
tar – ANS; ção (PNAN) insere-se na perspectiva do Direito Humano à Alimenta-
XI – um representante do Instituto Nacional de Câncer INCA; ção adequada e que entre suas diretrizes destacam-se a promoção
XII –um representante do Conselho Nacional de Secretários de da ali- mentação saudável, no contexto de modos de vida saudáveis
Saúde – CONASS; e e o monitoramento da situação alimentar e nutricional da popula-
XIII – um representante do Conselho Nacional de Secretários
ção brasileira;
Municipais de Saúde - CONASEMS.
Considerando a recomendação da Estratégia Global para a Se-
§ 1º Para cada membro titular do Comitê Gestor da Política
gurança dos Alimentos da OMS, para que a inocuidade de alimen-
Nacional de Promoção da Saúde será indicado um represen- tante
tos seja inserida como uma prioridade na agenda da saúde pública,
suplente.
§ 2º Os membros titular e suplente do CGPNPS serão nomea- destacando as crianças e jovens como os grupos de maior risco;
dos por portaria do Secretário de Vigilância em Saúde. Considerando os objetivos e dimensões do Programa Nacional
§ 3º Os membros deverão declarar a inexistência de conflito de de Alimentação Escolar ao priorizar o respeito aos hábitos alimenta-
interesses com suas atividades no debate dos temas perti- nentes res regionais e à vocação agrícola do município, por meio do fomen-
ao Comitê, sendo que, na eventualidade de existência de conflito to ao desenvolvimento da economia local;
de interesses, os membros deverão abster-se de participar da dis- Considerando que os Parâmetros Curriculares Nacionais orien-
cussão e deliberação sobre o tema. tam sobre a necessidade de que as concepções sobre saúde ou so-
Art. 3ºO CGPNPS contará com uma Secretaria-Executiva, vincu- bre o que é saudável, valorização de hábitos e estilos de vida, ati-
lada à Secretaria de Vigilância em Saúde, que o coordenará. Art.4º tudes perante as diferentes questões relativas à saúde perpassem
Compete à Secretaria de Vigilância em Saúde a adoção das medidas todas as áreas de estudo, possam processar-se regularmente e de
e procedimentos necessários para o pleno funciona- mento e efeti- modo contextualizado no cotidiano da experiência escolar;
vidade do disposto nesta Portaria. Considerando o grande desafio de incorporar o tema da ali-
Art. 5º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. mentação e nutrição no contexto escolar, com ênfase na alimen-
Art. 6º Fica revogada a Portaria nº 1.190/GM, de 14 de julho de tação saudável e na promoção da saúde, reconhecendo a escola
2005, publicada no Diário Oficial da União nº 135, de 15 de julho de como um espaço propício à formação de hábitos saudáveis e à
2005, seção 1, página 108. construção da cidadania;

16
LEGISLAÇÃO
Considerando o caráter intersetorial da promoção da saúde e IV – conhecer, fomentar e criar condições para a adequação
a importância assumida pelo setor Educação com os esforços de dos locais de produção e fornecimento de refeições às boas práticas
mudanças das condições educacionais e sociais que podem afetar o para serviços de alimentação, considerando a importância do uso
risco à saúde de crianças e jovens; da água potável para consumo;
Considerando, ainda, que a responsabilidade compartilhada V – restringir a oferta e a venda de alimentos com alto teor de
entre sociedade, setor produtivo e setor público é o caminho para a gordura, gordura saturada, gordura trans, açúcar livre e sal e desen-
construção de modos de vida que tenham como objetivo central a volver opções de alimentos e refeições saudáveis na escola;
promoção da saúde e a prevenção das doenças; VI – aumentar a oferta e promover o consumo de frutas, legu-
Considerando que a alimentação não se reduz à questão pura- mes e verduras;
mente nutricional, mas é um ato social, inserido em um contexto VII– estimular e auxiliar os serviços de alimentação da escola
cultural; e na divulgação de opções saudáveis e no desenvolvi- mento de es-
Considerando que a alimentação no ambiente escolar pode e tratégias que possibilitem essas escolhas;
deve ter função pedagógica, devendo estar inserida no contexto VIII – divulgar a experiência da alimentação saudável para ou-
curricular, resolvem: tras escolas, trocando informações e vivências;
Art. 1º Instituir as diretrizes para a Promoção da Alimentação IX – desenvolver um programa contínuo de promoção de hábi-
Saudável nas Escolas de educação infantil, fundamental e nível mé- tos alimentares saudáveis, considerando o monitoramento do es-
dio das redes pública e privada, em âmbito nacional, favorecendo o tado nutricional das crianças, com ênfase no desenvolvimento de
desenvolvimento de ações que promovam e garantam a adoção de ações de prevenção e controle dos distúrbios nutricionais e educa-
práticas alimentares mais saudáveis no ambiente escolar. ção nutricional; e
Art. 2º Reconhecer que a alimentação saudável deve ser enten- X – incorporar o tema alimentação saudável no projeto político
dida como direito humano, compreendendo um padrão alimentar pedagógico da escola, perpassando todas as áreas de estudo e pro-
adequado às necessidades biológicas, sociais e culturais dos indi- piciando experiências no cotidiano das atividades escolares.
víduos, de acordo com as fases do curso da vida e com base em Art. 6º Determinar que as responsabilidades inerentes ao pro-
práticas alimentares que assumam os significados sócio-culturais cesso de implementação de alimentação saudável nas escolas se-
dos alimentos. jam com- partilhadas entre o Ministério da Saúde/Agência Nacional
Art. 3º Definir a promoção da alimentação saudável nas escolas de Vigilância Sanitária e o Ministério da Educação/Fundo Nacional
com base nos seguintes eixos prioritários: de Desenvolvimento da Educação.
I – ações de educação alimentar e nutricional, considerando os Art. 7º Estabelecer que as competências das Secretarias Esta-
hábitos alimentares como expressão de manifestações culturais re- duais e Municipais de Saúde e de Educação, dos Conselhos Muni-
gionais e nacionais; cipais e Estaduais de Saúde, Educação e Alimentação Escolar sejam
II – estímulo à produção de hortas escolares para a realização pactuadas em fóruns locais de acordo com as especificidades iden-
de atividades com os alunos e a utilização dos alimentos produzidos tificadas.
Art. 8º Definir que os Centros Colaboradores em Alimentação
na alimentação ofertada na escola;
e Nutrição, Instituições e Entidades de Ensino e Pesquisa possam
III – estímulo à implantação de boas práticas de manipulação
prestar apoio técnico e operacional aos estados e municípios na
de alimentos nos locais de produção e fornecimento de serviços de
implementação da alimentação saudável nas escolas, incluindo a
alimentação do ambiente escolar;
capacitação de profissionais de saúde e de educação, merendeiras,
IV – restrição ao comércio e à promoção comercial no ambien-
cantineiros, conselheiros de alimentação escolar e outros profissio-
te escolar de alimentos e preparações com altos teores de gordura
nais interessados.
saturada, gordura trans, açúcar livre e sal e incentivo ao consumo
Parágrafo único. Para fins deste artigo, os órgãos envolvidos
de frutas, legumes e verduras; e
poderão celebrar convênio com as referidas instituições de ensino
V – monitoramento da situação nutricional dos escolares. Art.
e pesquisa.
4º Definir que os locais de produção e fornecimento de alimentos, Art. 9º Definir que a avaliação de impacto da alimentação sau-
de que trata esta Portaria, incluam refeitórios, restaurantes, can- dável no ambiente escolar deva contemplar a análise de seus efei-
tinas e lanchonetes que devem estar adequados às boas práticas tos a curto, médio e longo prazos e deverá observar os indicadores
para os serviços de alimentação, conforme definido nos regula- pactuados no pacto de gestão da saúde.
mentos vigentes sobre boas práticas para serviços de alimentação, Art. 10º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
como forma de garantir a segurança sanitária dos alimentos e das
refeições. JOSÉ AGENOR ÁLVARES DA SILVA
Parágrafo único. Esses locais devem redimensionar as ações Ministro de Estado da Saúde Interino
desenvolvidas no cotidiano escolar, valorizando a alimentação FERNANDO HADDAD
como estratégia de promoção da saúde. Ministro Estado da Educação
Art. 5º Para alcançar uma alimentação saudável no ambiente
escolar, devem-se implementar as seguintes ações: Anexo C
I – definir estratégias, em conjunto com a comunidade escolar,
para favorecer escolhas saudáveis; Portaria nº 23, de 18 de maio de 2006
II – sensibilizar e capacitar os profissionais envolvidos com ali-
mentação na escola para produzir e oferecer alimentos mais sau- O SECRETÁRIO DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, no uso das atribui-
dáveis; ções que lhe confere o Art. 37, do Decreto nº 5.678, de 18 de janei-
III – desenvolver estratégias de informação às famílias, enfati- ro de 2006 e considerando,
zando sua corresponsabilidade e a importância de sua participação O disposto no § 2º, Art. 2º da Portaria/GM nº 1.190, de 14 de
neste processo; julho de 2005, que institui o Comitê Gestor da Política Nacional de
Promoção da Saúde;

17
LEGISLAÇÃO
A Portaria/GM nº 687, de 30 de março de 2006, que institui a Art. 8º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
Política Nacional de Promoção da Saúde, resolve:
Art. 1ºConstituir o Comitê Gestor da Política Nacional de Pro- JARBAS BARBOSA DA SILVA JÚNIOR Anexo D
moção da Saúde – CGPNPS, de que trata a Portaria/GM nº 1.190, de
14 de julho de 2005. Portaria Interministerial Nº 675, de 4 de Junho de 2008 (*) /
Art. 2º Estabelecer que o Comitê Gestor da Política Nacional de Gabinete do Ministro
Promoção da Saúde será composto pelos seguintes membros titu-
lares e suplentes: Institui a Comissão Intersetorial de Educação e Saúde na Escola.
I – Otaliba Libânio Morais – Dasis/SVS/MS
Suplente: Deborah CarvalhoMalta–CGDANT/Dasis/SVS/MS OS MINISTROS DE ESTADO DA EDUCAÇÃO E DA SAÚDE, no uso
II – Adriana Miranda de Castro – CGDANT/Dasis/SVS/MS de suas atribuições que lhe confere os incisos I e II do parágrafo
Suplente: Cristiane Scollari Gosch – CGDANT/Dasis/SVS/MS único do art. 87, da Constituição, e considerando a necessidade de
III –AnamariaTestaTambellini–CGVAM/SVS/MS promover a articulação institucional entre o Ministério da Educa-
Suplente:MartaHelenaPaivaDantas–CGVAM/SVS/MS ção e o Ministério da Saúde para a execução de ações de atenção,
IV – Carmen de Simoni – DAB/SAS/MS prevenção e promoção à saúde nas es- colas, bem como o caráter
Suplente: Antonio Dercy Silveira Filho – DAB/SAS/MS transversal da atenção à saúde e a necessidade de envolver a comu-
V – Maria Cristina Boaretto – Dape/SAS/MS nidade nas estratégias de educação para a saúde na rede pública de
Suplente: José Luis Telles – Dape/SAS/MS educação básica, resolvem:
VI – Ana Cecília Silveira Lins Sucupira – Dape/SAS/MS Art. 1º Instituir a Comissão Intersetorial de Educação e Saúde
Suplente: Sueza Abadia de Souza – Dape/SVS/MS na Escola – CIESE, com a finalidade de estabelecer diretrizes da polí-
VII – Ena Araújo Galvão – SGTES/MS tica de educação e saúde na escola, em conformidade com as políti-
Suplente: Cláudia Maria da Silva Marques – SGTES/MS cas nacionais de educação e com os objetivos, princípios e diretrizes
VIII – José Luiz Riani Costa – SGP/MS do Sistema Único de Saúde – SUS.
Suplente: Mª Natividade Gomes da Silva Teixeira Santana – Art. 2º Compete à Comissão:
SGP/MS I – propor diretrizes para a política nacional de saúde na escola;
IX – Pubenza Castellanos – SCTIE/MS II – apresentar referenciais conceituais de saúde necessários
Suplente: Antonia Ângulo Tuesta – SCTIE/MS para a formação inicial e continuada dos profissionais de educação
X – Roberta Soares Nascimento – Funasa/MS
na esfera da educação básica;
Suplente: Irânia Maria da Silva Ferreira Marques – Funasa/MS
III – apresentar referenciais conceituais de educação necessá-
XI – Antonio Ivo de Carvalho – Fiocruz/MS
rios para a formação inicial e continuada dos profissionais da saúde;
Suplente: Lenira Fracasso Zancan–Fiocruz/MS
IV – propor estratégias de integração e articulação entreas áre-
XII – Gulnar Azevedo e Silva Mendonça – Inca/MS
as de saúde e de educação nas três esferas do governo; e
Suplente: Cláudio Pompeiano Noronha – Inca/MS
V – acompanhar a execução do Programa Saúde na Escola –
XIII – Afonso Teixeira dos Reis – ANS/MS
PSE, especialmente na apreciação do material pedagógico elabora-
Suplente: Martha Regina de Oliveira – ANS/MS
do no âmbito do Programa.
Parágrafo único. Os membros do CGPNPS terão com mandato
de dois anos, podendo ser reconduzidos por determinação do Se- Art. 3º A Comissão compõe-se de um representante de cada
cretário de Vigilância em Saúde. uma das seguintes unidades de órgãos públicos e de entidades vin-
Art. 3º O CGPNPS será coordenado pelo Diretor do Departa- cu- ladas e do setor privado:
mento de Análise de Situação de Saúde – Dasis/SVS/MS e/ou seu I – Ministério da Educação:
suplente, que terá as seguintes competências: a) Secretaria-Executiva – SE;
I – Convocar e coordenar as reuniões do comitê assessor; II – b) Secretaria de Educação Básica – SEB;
Indicar um técnico do Dasis/SVS/MS para desenvolver atividades c) Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversi-
necessárias ao funcionamento do comitê; e dade - SECAD;
III – Encaminhar atas, relatórios e recomendações para aprecia- d) Secretaria de Educação Especial – SEESP;
ção e aprovação do Secretário de Vigilância em Saúde. e) Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE;
Art. 4° Os membros do CGPNPS terão as seguintes competên- II – Ministério da Saúde:
cias: a) Secretaria-Executiva – SE;
I –Participar das reuniões ordinárias e extraordináriasdo b) Secretaria de Atenção à Saúde – SAS;
CGPNPS; c) Secretaria de Vigilância em Saúde – SVS
II – Apresentar temas, bem como discutir e deliberar as maté- d) Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde
rias submetidas a CGPNPS; e – SGTES;
III – Compor grupos técnicos para analisar temas especí- ficos e) Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa – SGEP;
no âmbito da Política Nacional de Promoção da Saúde, quando indi- III – Conselho Nacional de Secretários de Saúde – CONASS;
cados pela plenária ou quando solicitado pelo coordenador. IV – Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde –
Art. 5° A CGPNPS reunir-se-á ordinariamente ou extraordina- CONASEMS;
riamente quando convocado pelo seu Coordenador, sendo que as V – Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação –
mesmas serão realizadas somente com a presença de, no mínimo, CONSED; e
cinquenta por cento mais um dos seus membros. VI – União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educa- ção –
Art. 6º As reuniões ordinárias e extraordinárias serão realizadas UNDIME.
em Brasília ou em local a ser de.nido por decisão do Secretário de § 1º Os membros e respectivos suplentes, indicados pelas ins-
Vigilância em Saúde. ti- tuições identificadas neste artigo, e o coordenador da comissão
Art. 7º A participação no CGPNPS será considerada serviço pú- serão designados em ato conjunto dos Ministros da Educação e da
blico relevante, não ensejando qualquer remuneração. Saúde.

18
LEGISLAÇÃO
§ 2º A Comissão poderá convidar representantes de órgãos, en- II – integração e articulação das redes públicas de ensino e de
tidades ou pessoas do setor público e privado para exame de assun- saúde;
tos específicos, sempre que entenda necessária a sua colaboração III – territorialidade;
para o pleno alcance dos seus objetivos. IV –interdisciplinaridade e intersetorialidade;
Art. 4º A Comissão será coordenada pelo Ministério da Saúde. V – integralidade;
Art. 5º O apoio administrativo e os meios necessários à execu- VI – cuidado ao longo do tempo;
ção dos trabalhos da Comissão serão providos pelos Ministérios da VII – controle social; e
Educação e da Saúde. VIII – monitoramento e avaliação permanentes.
Art. 6º A participação na Comissão é de relevante interesse pú- § 2º O PSE será implementado mediante adesão dos Estados,
blico e não será remunerada. do Distrito Federal e dos Municípios aos objetivos e diretrizes do
Art. 7º Ficam revogadas as Portarias Interministeriais Nº 1.820, programa, formalizada por meio de termo de compromisso.
de 1º de agosto de 2006, e Nº 16, de 24 de abril de 2007. § 3º O planejamento das ações do PSE deverá considerar:
Art. 8º Esta Portaria Interministerial entra em vigor na data de I – o contexto escolar e social;
sua publicação. II – o diagnóstico local em saúde do escolar; e
III – a capacidade operativa em saúde do escolar.
FERNANDO HADDAD
Art. 4ºAs ações em saúde previstas no âmbito do PSE conside-
Ministro de Estado da Educação
rarão a atenção, promoção, prevenção e assistência, e serão desen-
JOSÉ GOMES TEMPORÃO
volvidas articuladamente com a rede de educação pública básica e
Ministro de Estado da Saúde
em conformidade com os princípios e diretrizes do SUS, podendo
(*) Republicada no DOU Nº 165, de 27-08-2008, seção1, pág.
14 por ter saído no DOU Nº 106, de 5-7-2008, seção1, págs. 19 e 20, compreender as seguintes ações, entre outras:
com incorreção do original. I – avaliação clínica;
II – avaliação nutricional;
Anexo E III – promoção da alimentação saudável;
IV – avaliação oftalmológica;
Decreto nº 6.286, de 5 de dezembro de 2007 V – avaliação da saúde e higiene bucal;
VI – avaliação auditiva;
Institui o Programa Saúde na Escola – PSE, e dá outras provi- VII– avaliação psicossocial;
dências. VIII – atualização e controle do calendário vacinal;
IX – redução da morbimortalidade por acidentes e violências;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe X – prevenção e redução do consumo do álcool;
confere o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição, DECRETA: XI – prevenção do uso de drogas;
Art. 1º Fica instituído, no âmbito dos Ministérios da Educação XII – promoção da saúde sexual e da saúde reprodutiva;
e da Saúde, o Programa Saúde na Escola – PSE, com finalidade de XIII – controle do tabagismo e outros fatores de risco de câncer;
contribuir para a formação integral dos estudantes da rede pública XIV –educação permanente em saúde;
de educação básica por meio de ações de prevenção, promoção e XV– atividade física e saúde;
atenção à saúde. XVI –promoção da cultura da prevenção no âmbito escolar; e
Art. 2º São objetivos do PSE: XVII–inclusão das temáticas de educação em saúde no projeto
I – promover a saúde e a cultura da paz, reforçando a preven- político pedagógico das escolas.
ção de agravos à saúde, bem como fortalecer a relação entre as Parágrafo único. As equipes de saúde da família realizarão visi-
redes públicas de saúde e de educação; tas periódicas e permanentes às escolas participantes do PSE para
II – articular as ações do Sistema Único de Saúde – SUS às ações avaliar as condições de saúde dos educandos, bem como para pro-
das redes de educação básica pública, de forma a ampliar o alcance porcionar o atendimento à saúde ao longo do ano letivo, de acordo
e o impacto de suas ações relativas aos estudantes e suas famílias, com as necessidades locais de saúde identificadas.
otimizando a utilização dos espaços, equipamentos e recursos dis-
Art. 5º Para a execução do PSE, compete aos Ministérios da
poníveis;
Saúde e Educação, em conjunto:
III – contribuir para a constituição de condições para a forma-
I – promover, respeitadas as competências próprias de cada
ção integral de educandos;
Ministério, a articulação entre as Secretarias Estaduais e Municipais
IV – contribuir para a construção de sistema de atenção social,
com foco na promoção da cidadania e nos direitos humanos; de Educação e o SUS;
V – fortalecer o enfrentamento das vulnerabilidades, no cam- II – subsidiar o planejamento integrado das ações do PSE nos
po da saúde, que possam comprometer o pleno desenvolvimento Municípios entre o SUS e o sistema de ensino público, no nível da
escolar; educação básica;
VI – promover a comunicação entre escolas e unidades de saú- III – subsidiar a formulação das propostas deformação dos pro-
de, assegurando a troca de informações sobre as condições de saú- fissionais de saúde e da educação básica para implementação das
de dos estudantes; e ações do PSE;
VII – fortalecer a participação comunitária nas políticas de edu- IV – apoiar os gestores estaduais e municipais na articulação,
cação básica e saúde, nos três níveis de governo. planejamento e implementação das ações do PSE;
Art. 3º O PSE constitui estratégia para a integração e a articula- V – estabelecer, em parceria com as entidades e associações
ção permanente entre as políticas e ações de educação e de saúde, representativas dos Secretários Estaduais e
com a participação da comunidade escolar, envolvendo as equipes Municipais de Saúde e de Educação os indicadores de avaliação
de saúde da família e da educação básica. do PSE; e
§ 1º São diretrizes para a implementação do PSE: I – definir as prioridades e metas de atendimento do PSE.
I – descentralização e respeito à autonomia federativa;

19
LEGISLAÇÃO
§ 1º Caberá ao Ministério da Educação fornecer material para Avançando na perspectiva da transdisciplinaridade, a PNH pro-
implementação das ações do PSE, em quantidade previamente fi- põe uma atuação que leve à “ampliação da garantia de direitos e o
xada com o Ministério da Saúde, observadas as disponibilidades aprimoramento da vida em sociedade”. Com isso, já deixa vislum-
orçamentárias. brar a complexidade acerca do que se pode constituir como âmbito
§ 2º Os Secretários Estaduais e Municipais de Educação e de de monitoramento e avaliação da humanização em saúde, desa-
Saúde definirão conjuntamente as escolas a serem atendidas no fiando para a necessidade de “inventar” indicadores capazes de
âmbito do PSE, observadas as prioridades e metas de atendimento dimensionar e expressar não somente mudanças nos quadros de
do Programa. saúde-doença, mas provocar e buscar outros reflexos e repercus-
Art. 6º O monitoramento e avaliação do PSE serão realizados sões, em outros níveis de representações e realizações dos sujeitos
por comissão interministerial constituída em ato conjunto dos Mi- (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).
nistros de Estado da Saúde e da Educação.
Art. 7º Correrão à conta das dotações orçamentárias destina- A Política de Humanização parte de conceitos e dispositivos
das à sua cobertura, consignadas distintamente aos Ministérios da que visam à reorganização dos processos de trabalho em saúde,
Saúde e da Educação, as despesas de cada qual para a execução dos propondo centralmente transformações nas relações sociais, que
respectivos encargos no PSE. envolvem trabalhadores e gestores em sua experiência cotidia-
Art. 8º Os Ministérios da Saúde e da Educação coordenarão a na de organização e condução de serviços; e transformações nas
pactuação com Estados, Distrito Federal e Municípios das ações a formas de produzir e prestar serviços à população. Pelo lado da
que se refere o art. 4º, que deverá ocorrer no prazo de até noventa gestão, busca-se a implementação de instâncias colegiadas e hori-
dias. zontalização das “linhas de mando”, valorizando a participação dos
Art. 9º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
atores, o trabalho em equipe, a chamada “comunicação lateral”, e
democratizando os processos decisórios, com corresponsabilização
POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO de gestores, trabalhadores e usuários.
No campo da atenção, têm-se como diretrizes centrais a aces-
sibilidade e integralidade da assistência, permeadas pela garantia
A Política Nacional de Humanização (PNH) é outra proposta de vínculo entre os serviços/trabalhadores e população, e avançan-
implantada pelo SUS que vem para contribuir para que se consiga do para o que se tem nomeado como “clínica ampliada”, capaz de
reorganizar o sistema a partir da sua consolidação e visa assegurar melhor lidar com as necessidades dos sujeitos.
a atenção integral à população como estratégia de ampliação do
direito e cidadania das pessoas. Formulada e lançada pelo Ministé- Para propiciar essas mudanças, almejam-se também trans-
rio da Saúde em 2003, apresentada ao Conselho Nacional de Saúde formações no campo da formação, com estratégias de educação
(CNS) em 2004, protagoniza propostas de mudança dos modelos de permanente e de aumento da capacidade dos trabalhadores para
gestão e de atenção no cotidiano dos serviços de saúde, propondo- analisar e intervir em seus processos de trabalho (MINISTÉRIO DA
-os indissociáveis. SAÚDE, 2004).

Segundo Benevides e Passos (2005), o conceito de humaniza- Ao considerar que humanização implica produzir sujeitos no
ção expressava, até então, as práticas de saúde fragmentadas li- processo de trabalho, a PNH está alicerçada em quatro eixos estru-
gadas ao voluntarismo, assistencialismo e paternalismo, com base turantes e intercessores: atenção, gestão, formação e comunica-
na figura ideal do “bom humano”, metro-padrão, que não coincide ção, estes eixos concebidos no referencial teórico-político do Hu-
com nenhuma existência concreta. maniza SUS, apontam para marcas e objetivos centrais que deverão
permear a atenção e a gestão em saúde.
Para os formuladores da PNH, humanização não se restringe Como exemplos dessas marcas desejadas para os serviços,
a “ações humanitárias” e não é realizada por seres humanos im- podem-se destacar: a responsabilização e vínculo efetivos dos pro-
buídos de uma “bondade supra-humana” na feitura de “serviços fissionais para com o usuário; o seu acolhimento em tempo com-
ideais”. patível com a gravidade de seu quadro, reduzindo filas e tempo de
Portanto, a Política assume o desafio de ressignificar o termo espera para atendimento; a garantia dos direitos do código dos
humanização e, ao considerar os usos anteriores, identifica o que usuários do SUS; a garantia de gestão participativa aos trabalhado-
recusar e o que conservar. Segundo Campo (2003): res e usuários; estratégias de qualificação e valorização dos traba-
Todo pensamento comprometido com algum tipo de prática
lhadores, incluindo educação permanente, entre outros.
(política, clínica, sanitária, profissional) está obrigado a reconstruir
depois de desconstruir. Criticar, desconstruir, sim; mas, que sejam
Como uma estratégia de qualificação da atenção e gestão do
explicitadas as sínteses. Sempre há alguma síntese nova, senão se-
trabalho, a humanização almeja o alcance dos usuários e também a
ria a repetição do mesmo.
valorização dos trabalhadores; seus indicadores devem, portanto,
Daí, a necessidade de ressignificar a humanização em saúde refletir as transformações no âmbito da produção dos serviços (mu-
através de novas práticas no modo de se fazer o trabalho em saúde danças nos processos, organização, resolubilidade e qualidade) e
- levando-se em conta que: sujeitos engajados em práticas locais, da produção de sujeitos, mobilização, crescimento, autonomia dos
quando mobilizados, são capazes de, coletivamente, transformar trabalhadores e usuários (SANTOS, 2007)
realidades transformando-se a si próprios neste mesmo processo.
Trata-se, então, de investir, a partir desta concepção de humano, No eixo da gestão buscam-se ações para articular a PNH com
na produção de outras formas de interação entre os sujeitos que áreas do Ministério da Saúde (MS) e com demais esferas do SUS.
constituem os sistemas de saúde, deles usufruem e neles se trans- Neste eixo destaca-se o apoio institucional, focado na gestão do
formam. (BENEVIDES e PASSOS, 2005, p.390) processo de produção de saúde, base estruturante da PNH. Para
Campos (2003), apoiar é:

20
LEGISLAÇÃO
Articular os objetivos institucionais aos saberes e interesses Concomitante à reconstrução dos pilares teórico-políticos e
dos trabalhadores e usuários. Indica uma pressão de fora, implica abertura de várias frentes de trabalho, a PNH reconhece a necessi-
trazer algo externo ao grupo que opera os processos de trabalho dade de que todos incorporem “olhar avaliativo” nos processos de
ou que recebem bens ou serviços. Quem apoia, sustenta e empurra trabalho em desenvolvimento e, portanto, acorda-se o desafio de
o outro sendo, em decorrência, também sustentado e empurrado que a avaliação se constitua como um dispositivo da Política (MORI,
pela equipe “objeto” da intervenção. Tudo misturado e ao mesmo 2009).
tempo. (CAMPOS, 2003, p.87)
Além da clínica ampliada e implantação da PNH, o Programa
Quanto à atenção propõe uma Política de Atenção à Saúde “in- de Saúde da Família (PSF), no contexto da política de saúde brasi-
centivadora de ações integrais, promocionais e intersetoriais, ino- leira, também vem contribuindo para a construção e consolidação
vando nos processos de trabalho que buscam o compartilhamento do SUS. Tendo em sua base os pressupostos do SUS, a estratégia
dos cuidados, resultando em aumento de autonomia e protagonis- do PSF traz no centro de sua proposta a expectativa relativa à reo-
mo dos sujeitos envolvidos” (BRASIL, 2006a, p.22). rientação do modelo assistencial a partir da atenção básica (BRASIL,
1997).
A PNH investe em alguns parâmetros para orientar a implanta-
ção de algumas ações de humanização; oferta dispositivos/modos Para entendermos o alcance e os limites desta proposta, é es-
de fazer um “SUS que dá certo”, com apoio às equipes que atuam sencial entendermos o que traduz um modelo assistencial e, sobre-
na atenção básica, especializada, hospitalar, de urgência e emer- tudo, o que implica sua reorientação. Segundo Paim (2003, p.568),
gência e alta complexidade. o modelo de atenção ou modo assistencial:
... é uma dada forma de combinar técnicas e tecnologias para
No eixo da formação, propõe que a PNH passe a compor o con- resolver problemas e atender necessidades de saúde individuais e
teúdo profissionalizante na graduação, pós-graduação e extensão coletivas. É uma razão de ser, uma racionalidade, uma espécie de
em saúde, vinculando-se aos processos de educação permanente e lógica que orienta a ação.
às instituições formadoras de trabalhadores de saúde.
No eixo da informação/comunicação, prioriza incluir a PNH na Esta concepção de modelo assistencial fundamenta a consi-
agenda de debates da saúde, além da articulação de atividades de deração de que o fenômeno isolado de expansão do número de
caráter educativo e formativo com as de caráter informativo, de equipes de saúde da família implementadas até então não garante
divulgação e sensibilização para os conceitos e temas da humani- a construção de um novo modelo assistencial.
zação. A expansão do PSF tem favorecido a equidade e universalidade
da assistência, uma vez que as equipes têm sido implantadas priori-
Coordenação Nacional – Tem a função de promover a articu- tariamente, em comunidades antes restritas, quanto ao acesso aos
lação técnico-política da Secretaria Executiva/MS, objetivando a serviços de saúde.
transversalização da PNH nas demais políticas e programas do MS; Para a reorganização da atenção básica, a que se propõe a es-
representar o MS na difusão e sensibilização da PNH nas várias tratégia do PSF, reconhece-se a necessidade de reorientação das
instâncias do SUS, Conselho Nacional de Secretarias Estaduais (CO- práticas de saúde, bem como de renovação dos vínculos de com-
NASS), Conselho Nacional de Secretarias Municipais (CONASEMS), promisso e de corresponsabilidade entre os serviços e a população
CNS, Instituições Formadoras de Saúde e Congresso Nacional; coor- assistida.
denar a construção das ações e o processo de implementação nas
diversas instâncias do SUS (MORI, 2009). Cordeiro (1996) avalia que o desenvolvimento de um novo
Consultores - Tem a função de realizar apoio institucional modelo assistencial baseado nos princípios do PSF não implica um
compreendido em: Divulgação e sensibilização para implantação retrocesso quanto à incorporação de tecnologias avançadas, con-
da PNH no SUS, realizando reuniões com Gestores Estaduais, das forme a compreensão inicial de que o PSF corresponderia a uma
macrorregiões e dos Municípios; Superintendentes/Diretores de medicina simplificada destinada para os pobres; antes disso, tal
Hospitais (Federais, Estaduais e Municipais), Conselhos de Saúde, proposta demanda a reorganização dos conteúdos dos saberes e
Movimentos Sociais e Instituições Formadoras, abertas à partici- práticas de saúde, de forma que estes reflitam os pressupostos do
pação dos trabalhadores e usuários do Sistema; Divulgação, sen- SUS no fazer cotidiano dos profissionais. Admite-se, nesta perspec-
sibilização, formação e capacitação de trabalhadores, extensivas a tiva, que o PSF “requer alta complexidade tecnológica nos campos
gestores e usuários do SUS, para implementação das diretrizes e do conhecimento e do desenvolvimento de habilidades e de mu-
dos dispositivos da PNH, com base no Plano de Ação; Participação danças de atitudes (BRASIL, 1997, p.9).
em Eventos do MS, da PNH ou outros públicos; Produção de Conhe- Pensar no PSF como estratégia de reorganização do modelo
cimento: elaboração teórico-metodológica na/da PNH; Construir assistencial sinaliza a ruptura com práticas convencionais e hege-
interfaces com outras áreas técnicas do MS; Participar de reuniões mônicas de saúde, assim como a adoção de novas tecnologias de
pautando a divulgação da Política (MORI, 2009). trabalho. Uma compreensão ampliada do processo saúde-doença,
assistência integral e continuada a famílias de uma área adscrita
Núcleo Técnico - Tem a função de apoiar a implementação da são algumas das inovações verificadas no PSF.
PNH desenvolvendo ações técnico-político-administrativas intrami-
nisterial e interministeriais; articular a sociedade civil e assessorar a Ayres (1996) observa que o reconhecimento de sujeitos está
coordenação nacional e consultores. no centro de todas as propostas renovadoras identificadas no setor
saúde, dentre as quais se encontram a estratégia do PSF.

21
LEGISLAÇÃO
Os objetivos do programa, entre outros, são: a humanização O aumento do grau de comunicação em cada grupo e entre
das práticas em saúde por meio do estabelecimento de vínculo en- os grupos (princípio da transversalidade) e o aumento do grau de
tre os profissionais e a população, a democratização do conheci- democracia institucional por meio de processos cogestivos da pro-
mento do processo saúde-doença e da produção social da saúde, dução de saúde e do grau de corresponsabilidade no cuidado são
desenvolvimento da cidadania, levando a população a reconhecer decisivos para a mudança que se pretende.
a saúde como direito, estimulação da organização da comunidade Transformar práticas de saúde exige mudanças no processo de
para o efetivo exercício do controle social (BRASIL, 1997). construção dos sujeitos dessas práticas. Somente com trabalhado-
res e usuários protagonistas e co-responsáveis é possível efetivar a
Nota-se a partir destes objetivos, a valorização dos sujeitos e aposta que o SUS faz na universalidade do acesso, na integralidade
de sua participação nas atividades desenvolvidas pelas unidades de do cuidado e na equidade das ofertas em saúde. Por isso, falamos
saúde da família, bem como na resolutividade dos problemas de da ‘humanização’ do SUS (HumanizaSUS) como processo de sub-
saúde identificados na comunidade. jetivação que se efetiva com a alteração dos modelos de atenção
e de gestão em saúde, isto é, novos sujeitos implicados em novas
Quanto à reorientação das práticas de saúde, o PSF preten- práticas de saúde. Pensar a saúde como experiência de criação de si
de oferecer uma atuação centrada nos princípios da vigilância da e de modos de viver é tomar a vida em seu movimento de produção
saúde, o que significa que a assistência prestada deve ser integral, de normas e não de assujeitamento a elas.
abrangendo todos os momentos e dimensões do processo saúde- Define-se, assim, a ‘humanização’ como a valorização dos pro-
-doença (MENDES, 1996). cessos de mudança dos sujeitos na produção de saúde.

Fonte: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/en- Satisfação do usuário e do trabalhador


fermagem/politica-nacional-de-humanizacao/43954 A satisfação no trabalho é a atitude geral da pessoa face ao
seu trabalho e depende de vários fatores psicossociais. Existem ain-
Acessibilidade da outras conceituações que referem-se a satisfação no trabalho
O Sistema Único de Saúde (SUS) é alicerçado em princípios como sinônimo de motivação ou como estado emocional positivo.
fundamentais para que o direito à saúde aconteça como direito de Alguns consideram satisfação e insatisfação como fenômenos dis-
cidadania e dever do Estado. Há quase uma década, nas discussões tintos, opostos.
sobre organização e gestão da política de saúde, é imprescindível Influências na satisfação incluem ambiente, higiene, segurança
acrescentar às premissas básicas do SUS – universalidade, integrali- no trabalho, o estilo de gestão e da cultura, o envolvimento dos
dade, equidade e garantia de acesso -, a acessibilidade.
trabalhadores, capacitação e trabalho autônomo de grupos, entre
A acessibilidade deve ser explicitada como exigência e com-
muitos outros.
promisso do SUS a ser respeitado pelos gestores de saúde nas três
esferas de gestão. Isso é fundamental para que pessoas com defici-
Equidade
ência não passem por constrangimentos, como ao serem atendidas
O objetivo da equidade é diminuir desigualdades. Mas isso não
nos corredores por não puderem adentrar os consultórios em suas
significa que a equidade seja sinônima de igualdade. Apesar de to-
cadeiras de rodas.
dos terem direito aos serviços, as pessoas não são iguais e por isso
Mas acessibilidade é mais que a superação de barreiras arqui-
têm necessidades diferentes. Então, equidade é a garantia a todas
tetônicas. É uma mudança de percepção que exige de nós, Estado e
sociedade, um novo olhar sobre as barreiras atitudinais, estas sim, as pessoas, em igualdade de condições, ao acesso às ações e servi-
de maior complexidade e mais difícil superação. ços dos diferentes níveis de complexidade do sistema.
O que determinará as ações será a prioridade epidemiológica
Humanização do cuidado e não o favorecimento, investindo mais onde a carência é maior.
No campo das políticas públicas de saúde ‘humanização’ diz Sendo assim, todos terão as mesmas condições de acesso, more o
respeito à transformação dos modelos de atenção e de gestão nos cidadão onde morar, sem privilégios e sem barreiras. Todo cidadão
serviços e sistemas de saúde, indicando a necessária construção de é igual perante o SUS e será atendido conforme suas necessidades
novas relações entre usuários e trabalhadores e destes entre si. até o limite do que o sistema pode oferecer para todos.
A ‘humanização’ em saúde volta-se para as práticas concretas
comprometidas com a produção de saúde e produção de sujeitos Universalidade
(Campos, 2000) de tal modo que atender melhor o usuário se dá Universalidade: É a garantia de atenção à saúde, por parte do
em sintonia com melhores condições de trabalho e de participa- sistema, a todo e qualquer cidadão (“A saúde é direito de todos e
ção dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de dever do Estado” – Art. 196 da Constituição Federal de 1988).
saúde (princípio da indissociabilidade entre atenção e gestão). Este
voltar-se para as experiências concretas se dá por considerar o hu- Com a universalidade, o indivíduo passa a ter direito de acesso
mano em sua capacidade criadora e singular inseparável, entretan- a todos os serviços públicos de saúde, assim como aqueles contra-
to, dos movimentos coletivos que o constituem. tados pelo poder público de saúde, independente de sexo, raça,
Orientada pelos princípios da transversalidade e da indissocia- renda, ocupação ou outras características sociais ou pessoais. Saú-
bilidade entre atenção e gestão, a ‘humanização’ se expressa a par- de é direito de cidadania e dever do Governo: Municipal, Estadual
tir de 2003 como Política Nacional de Humanização (PNH) (Brasil/ e Federal.
Ministério da Saúde, 2004). Como tal, compromete-se com a cons-
trução de uma nova relação seja entre as demais políticas e progra- Como valorizar participação de usuário, profissionais e ges-
mas de saúde, seja entre as instâncias de efetuação do Sistema Úni- tores
co de Saúde (SUS), seja entre os diferentes atores que constituem o As rodas de conversa, o incentivo às redes e movimentos so-
processo de trabalho em saúde. ciais e a gestão dos conflitos gerados pela inclusão das diferenças
são ferramentas experimentadas nos serviços de saúde a partir das
orientações da PNH que já apresentam resultados positivos.

22
LEGISLAÇÃO
Incluir os trabalhadores na gestão é fundamental para que Gestão Participativa e cogestão
eles, no dia a dia, reinventem seus processos de trabalho e sejam
agentes ativos das mudanças no serviço de saúde. Incluir usuários O que é?
e suas redes sócio-familiares nos processos de cuidado é um pode- Cogestão expressa tanto a inclusão de novos sujeitos nos pro-
roso recurso para a ampliação da corresponsabilização no cuidado cessos de análise e decisão quanto a ampliação das tarefas da ges-
de si. tão - que se transforma também em espaço de realização de análise
dos contextos, da política em geral e da saúde em particular, em
O Humaniza SUS aposta em inovações em saúde lugar de formulação e de pactuação de tarefas e de aprendizado
• Defesa de um SUS que reconhece a diversidade do povo bra- coletivo.
sileiro e a todos oferece a mesma atenção à saúde, sem distinção
de idade, etnia, origem, gênero e orientação sexual; Como fazer?
• Estabelecimento de vínculos solidários e de participação co- A organização e experimentação de rodas é uma importante
letiva no processo de gestão; orientação da cogestão. Rodas para colocar as diferenças em conta-
• Mapeamento e interação com as demandas sociais, coletivas to de modo a produzir movimentos de desestabilização que favore-
e subjetivas de saúde; çam mudanças nas práticas de gestão e de atenção. A PNH destaca
• Valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo dois grupos de dispositivos de cogestão: aqueles que dizem respei-
de produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores; to à organização de um espaço coletivo de gestão que permita o
• Fomento da autonomia e do protagonismo desses sujeitos e acordo entre necessidades e interesses de usuários, trabalhadores
dos coletivos; e gestores; e aqueles que se referem aos mecanismos que garan-
• Aumento do grau de corresponsabilidade na produção de tem a participação ativa de usuários e familiares no cotidiano das
saúde e de sujeitos; unidades de saúde.
• Mudança nos modelos de atenção e gestão em sua indisso- Colegiados gestores, Mesas de negociação, Contratos Internos
ciabilidade, tendo como foco as necessidades dos cidadãos, a pro- de Gestão, Câmara Técnica de Humanização (CTH), Grupo de Tra-
dução de saúde e o próprio processo de trabalho em saúde, valori- balho de Humanização (GTH), Gerência de Porta Aberta, entre ou-
zando os trabalhadores e as relações sociais no trabalho; tros, são arranjos de trabalho que permitem a experimentação da
• Proposta de um trabalho coletivo para que o SUS seja mais cogestão no cotidiano da saúde.
acolhedor, mais ágil e mais resolutivo;
• Qualificação do ambiente, melhorando as condições de tra- Ambiência
balho e de atendimento;
• Articulação dos processos de formação com os serviços e prá- O que é?
ticas de saúde; Criar espaços saudáveis, acolhedores e confortáveis, que res-
• Luta por um SUS mais humano, porque construído com a peitem a privacidade, propiciem mudanças no processo de traba-
participação de todos e comprometido com a qualidade dos seus lho e sejam lugares de encontro entre as pessoas.
serviços e com a saúde integral para todos e qualquer um.
Como fazer?
DIRETRIZES DO HumanizaSUS A discussão compartilhada do projeto arquitetônico, das refor-
mas e do uso dos espaços de acordo com as necessidades de usu-
Acolhimento ários e trabalhadores de cada serviço é uma orientação que pode
melhorar o trabalho em saúde.
O que é?
Acolher é reconhecer o que o outro traz como legítima e sin- Clínica ampliada e compartilhada
gular necessidade de saúde. O acolhimento deve comparecer e
sustentar a relação entre equipes/serviços e usuários/populações. O que é?
Como valor das práticas de saúde, o acolhimento é construído de A clínica ampliada é uma ferramenta teórica e prática cuja fi-
forma coletiva, a partir da análise dos processos de trabalho e tem nalidade é contribuir para uma abordagem clínica do adoecimento
como objetivo a construção de relações de confiança, compromisso e do sofrimento, que considere a singularidade do sujeito e a com-
e vínculo entre as equipes/serviços, trabalhador/equipes e usuário plexidade do processo saúde/doença. Permite o enfrentamento da
com sua rede sócio-afetiva. fragmentação do conhecimento e das ações de saúde e seus res-
pectivos danos e ineficácia.
Como fazer?
Com uma escuta qualificada oferecida pelos trabalhadores Como fazer?
às necessidades do usuário, é possível garantir o acesso oportu- Utilizando recursos que permitam enriquecimento dos diag-
no desses usuários a tecnologias adequadas às suas necessidades, nósticos (outras variáveis além do enfoque orgânico, inclusive a
ampliando a efetividade das práticas de saúde. Isso assegura, por percepção dos afetos produzidos nas relações clínicas) e a qualifica-
exemplo, que todos sejam atendidos com prioridades a partir da ção do diálogo (tanto entre os profissionais de saúde envolvidos no
avaliação de vulnerabilidade, gravidade e risco. tratamento quanto destes com o usuário), de modo a possibilitar
decisões compartilhadas e compromissadas com a autonomia e a
saúde dos usuários do SUS.

23
LEGISLAÇÃO
Valorização do Trabalhador Objetivos do HumanizaSUS

O que é? Propósitos da Política Nacional de Humanização da Atenção


É importante dar visibilidade à experiência dos trabalhadores e Gestão do SUS
e incluí-los na tomada de decisão, apostando na sua capacidade de - Contagiar trabalhadores, gestores e usuários do SUS com os
analisar, definir e qualificar os processos de trabalho. princípios e as diretrizes da humanização;
- Fortalecer iniciativas de humanização existentes;
Como fazer? - Desenvolver tecnologias relacionais e de compartilhamento
O Programa de Formação em Saúde e Trabalho e a Comunida- das práticas de gestão e de atenção;
de Ampliada de Pesquisa são possibilidades que tornam possível - Aprimorar, ofertar e divulgar estratégias e metodologias de
o diálogo, intervenção e análise do que gera sofrimento e adoeci- apoio a mudanças sustentáveis dos modelos de atenção e de ges-
mento, do que fortalece o grupo de trabalhadores e do que pro- tão;
picia os acordos de como agir no serviço de saúde. É importante - Implementar processos de acompanhamento e avaliação,
também assegurar a participação dos trabalhadores nos espaços ressaltando saberes gerados no SUS e experiências coletivas bem-
coletivos de gestão. -sucedidas.
Defesa dos Direitos dos Usuários
Três macro-objetivos do HumanizaSUS
- Ampliar as ofertas da Política Nacional de Humanização aos
O que é?
gestores e aos conselhos de saúde, priorizando a atenção básica/
Os usuários de saúde possuem direitos garantidos por lei e os
fundamental e hospitalar, com ênfase nos hospitais de urgência e
serviços de saúde devem incentivar o conhecimento desses direitos
e assegurar que eles sejam cumpridos em todas as fases do cuida- universitários;
do, desde a recepção até a alta. - Incentivar a inserção da valorização dos trabalhadores do SUS
na agenda dos gestores, dos conselhos de saúde e das organizações
Como fazer? da sociedade civil;
Todo cidadão tem direito a uma equipe que cuide dele, de ser - Divulgar a Política Nacional de Humanização e ampliar os pro-
informado sobre sua saúde e também de decidir sobre comparti- cessos de formação e produção de conhecimento em articulação
lhar ou não sua dor e alegria com sua rede social. com movimentos sociais e instituições.

PRINCÍPIOS DO HumanizaSUS Política Nacional de Humanização busca


- Redução de filas e do tempo de espera, com ampliação do
Transversalidade acesso;
A Política Nacional de Humanização (PNH) deve se fazer pre- - Atendimento acolhedor e resolutivo baseado em critérios de
sente e estar inserida em todas as políticas e programas do SUS. A risco;
PNH busca transformar as relações de trabalho a partir da amplia- - Implantação de modelo de atenção com responsabilização e
ção do grau de contato e da comunicação entre as pessoas e gru- vínculo;
pos, tirando-os do isolamento e das relações de poder hierarquiza- - Garantia dos direitos dos usuários;
das. Transversalizar é reconhecer que as diferentes especialidades - Valorização do trabalho na saúde;
e práticas de saúde podem conversar com a experiência daquele - Gestão participativa nos serviços.
que é assistido. Juntos, esses saberes podem produzir saúde de for-
ma mais corresponsável. FORMAÇÃO - INTERVENÇÃO
Por meio de cursos e oficinas de formação/intervenção e a
Indissociabilidade entre atenção e gestão partir da discussão dos processos de trabalho, as diretrizes e dis-
As decisões da gestão interferem diretamente na atenção à positivos da Política Nacional de Humanização (PNH) são vivencia-
saúde. Por isso, trabalhadores e usuários devem buscar conhecer dos e reinventados no cotidiano dos serviços de saúde. Em todo
como funciona a gestão dos serviços e da rede de saúde, assim
o Brasil, os trabalhadores são formados técnica e politicamente e
como participar ativamente do processo de tomada de decisão nas
reconhecidos como multiplicadores e apoiadores da PNH, pois são
organizações de saúde e nas ações de saúde coletiva. Ao mesmo
os construtores de novas realidades em saúde e poderão se tornar
tempo, o cuidado e a assistência em saúde não se restringem às
os futuros formadores da PNH em suas localidades.
responsabilidades da equipe de saúde. O usuário e sua rede sócio-
-familiar devem também se corresponsabilizar pelo cuidado de si
nos tratamentos, assumindo posição protagonista com relação a REDE HumanizaSUS
sua saúde e a daqueles que lhes são caros. A Rede HumanizaSUS é a rede social das pessoas interessa-
das ou já envolvidas em processos de humanização da gestão e do
Protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos cuidado no SUS. A rede é um local de colaboração, que permite o
e coletivos encontro, a troca, a afetação recíproca, o afeto, o conhecimento, o
Qualquer mudança na gestão e atenção é mais concreta se aprendizado, a expressão livre, a escuta sensível, a polifonia, a arte
construída com a ampliação da autonomia e vontade das pessoas da composição, o acolhimento, a multiplicidade de visões, a arte da
envolvidas, que compartilham responsabilidades. Os usuários não conversa, a participação de qualquer um.
são só pacientes, os trabalhadores não só cumprem ordens: as mu- Trata-se de um ambiente virtual aberto para ampliar o diálo-
danças acontecem com o reconhecimento do papel de cada um. go em torno de seus princípios, métodos, diretrizes e dispositivos.
Um SUS humanizado reconhece cada pessoa como legítima cidadã Uma aposta na inteligência coletiva e na constituição de coletivos
de direitos e valoriza e incentiva sua atuação na produção de saúde. inteligentes.

24
LEGISLAÇÃO
O Coletivo HumanizaSUS se constitui em torno desse imenso 4. Assinale a alternativa correta a respeito dos Conselhos de
acervo de conhecimento comum, que se produz sem cessar nas Saúde.
interações desta Rede. A grande aposta é que essa experiência (A) Atuam conjuntamente com os órgãos responsáveis pela
colaborativa aumente o enfrentamento dos grandes e complexos gestão e execução de serviços, compartilhando a prestação dos
desafios da humanização no SUS. serviços de saúde.
(B) Representam a sociedade, e sua composição conta com
Fonte: http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/projeto-lean- 50% de representantes de usuários do SUS.
-nas-emergencias/693-acoes-e-programas/40038-humanizasus (C) Têm caráter permanente, e sua extinção só pode ser realiza-
da por meio de decreto do Executivo.
(D) São consultivos, e suas decisões são encaminhadas ao po-
der público como recomendação.
(E) São subordinados ao Poder Executivo, tendo os Secretários
EXERCÍCIOS de Saúde como presidentes.

1. Segundo o Sistema Único de Saúde SUS, a diretriz da des- 5. Todo cidadão, sem qualquer tipo de discriminação, incluindo
centralização : os estrangeiros e refugiados, tem acesso ao Sistema Único de Saú-
(A) É coerente com a concepção de um Estado federativo obe- de. Trata de um princípio do SUS denominado
diente a princípios constitucionais que devem ser assegurados (A) Equidade.
e exercidos em cada esfera de governo, corresponde à distri- (B) Universalidade.
buição de poder político, de responsabilidades e de recursos da (C) Integralidade.
esfera federal para a estadual e municipal. (D) Participação Social.
(B) Diz respeito a uma organização do sistema que deve focar a (E) Solidariedade.
noção de território, onde se determinam perfis populacionais,
indicadores epidemiológicos, condições de vida e suporte so- 6. Na Política Nacional de Humanização (PNH), a ferramenta
cial, que devem nortear as ações e serviços de saúde de uma teórica e prática cuja finalidade é contribuir para uma abordagem
região. clínica do adoecimento e do sofrimento, que considere a singula-
(C) Uma diretriz da forma de organização e operacionalização ridade do sujeito e a complexidade do processo saúde/doença é
do SUS em todas as suas esferas de gestão. denominada de:
(D) Aproxima a gestão municipal dos problemas de saúde, das (A) Autotutela.
condições de vida e da cultura que estão presentes nos distri- (B) Ambiência.
tos ou regiões que compõem o município, deve ser norteada (C) Acolhimento.
pela hierarquização dos níveis de complexidade requerida pe- (D) Longitudinalidade.
las necessidades de saúde das pessoas. (E) Clínica ampliada.
2. Segundo o Sistema Único de Saúde SUS, a diretriz da des-
centralização : 7. Sobre a Política Nacional de Humanização, assinale o item
(A) É coerente com a concepção de um Estado federativo obe- verdadeiro que versa sobre o princípio da transversalidade.
diente a princípios constitucionais que devem ser assegurados (A) Deve se fazer presente e estar inserida em todas as políticas
e exercidos em cada esfera de governo, corresponde à distri- e programas do SUS de maneira a reconhecer que as diferentes
buição de poder político, de responsabilidades e de recursos da especialidades e práticas de saúde podem interagir na perspec-
esfera federal para a estadual e municipal. tiva da corresponsabilidade, ampliando o contato e comunica-
(B) Diz respeito a uma organização do sistema que deve focar a ção interpessoal e retirando-as do isolamento e fragmentação
noção de território, onde se determinam perfis populacionais, (B) Deve ser organizada em três níveis de atenção à saúde, com
indicadores epidemiológicos, condições de vida e suporte so- foco na atenção secundária, sendo esta a ordenadora do cui-
cial, que devem nortear as ações e serviços de saúde de uma dado em rede, partindo-se da criação de Linhas de Produção
região. do Cuidado horizontai, e diagonais que supram as demandas
(C) Uma diretriz da forma de organização e operacionalização clínicas dos usuários.
do SUS em todas as suas esferas de gestão. (C) Qualquer mudança na gestão e atenção é mais concreta
(D) Aproxima a gestão municipal dos problemas de saúde, das se construída com a ampliação da autonomia e vontade das
condições de vida e da cultura que estão presentes nos distri- pessoas envolvidas, que compartilham responsabilidades. Os
tos ou regiões que compõem o município, deve ser norteada usuários não são só pacientes, os trabalhadores não só cum-
pela hierarquização dos níveis de complexidade requerida pe- prem ordens: as mudanças acontecem com o reconhecimento
las necessidades de saúde das pessoas. do papel de cada um.
(D) trabalhadores e usuários devem buscar conhecer como
3. O processo de transferência de responsabilidades de gestão funciona a gestão dos serviços e da rede de saúde, assim como
de saúde para os municípios, atendendo às determinações consti- participar ativamente do processo de tomada de decisão nas
tucionais e legais, é o que caracteriza um importante princípio do organizações de saúde e nas ações de saúde coletiva.
SUS denominado
(A) Equidade.
(B) Universalidade.
(C) Participação Social.
(D) Descentralização.
(E) Integralidade.

25
LEGISLAÇÃO
8. Uma diretriz da Política Nacional de Humanização (PNH) no ______________________________________________________
SUS, que não tem local nem hora certa para acontecer, nem um
profissional específico para fazê-lo e faz parte de todos os encon- ______________________________________________________
tros do serviço de saúde, chama-se:
(A) Acolhimento ______________________________________________________
(B) Recepcionamento
______________________________________________________
(C) Requerimento
(D) Cadastramento ______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________
1 A
2 A ______________________________________________________
3 D ______________________________________________________
4 B
______________________________________________________
5 B
______________________________________________________
6 E
7 A ______________________________________________________
8 A ______________________________________________________

______________________________________________________

ANOTAÇÕES ______________________________________________________

______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
_____________________________________________________
______________________________________________________
_____________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________

26
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
1. Código de Ética em Enfermagem: conduta ética dos profissionais da área de saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Lei nº 7.498/1986 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06
3. Decreto nº 94.406/1987 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
4. Enfermagem no centro cirúrgico: recuperação da anestesia; central de material e esterilização; atuação nos períodos pré‐operatório,
transoperatório e pós‐operatório; atuação durante os procedimentos cirúrgico‐anestésicos; materiais e equipamentos básicos que
compõem as salas de cirurgia e recuperação anestésica; rotinas de limpeza da sala de cirurgia; uso de material estéril; manuseio de
equipamentos: autoclaves; seladora térmica e lavadora automática ultrassônica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
5. Noções de controle de infecção hospitalar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
6. Procedimentos de enfermagem: verificação de sinais vitais, oxigenoterapia, aerossolterapia e curativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
7. Administração de medicamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
8. Coleta de materiais para exames . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
9. Enfermagem nas situações de urgência e emergência: conceitos de emergência e urgência; estrutura e organização do pronto-socor‐
ro; atuação do técnico de enfermagem em situações de choque, parada cardiorrespiratória, politrauma, afogamento, queimadura,
intoxicação, envenenamento e picada de animais peçonhentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
10. Enfermagem em Saúde Pública: Política Nacional de Imunização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
11. Controle de doenças transmissíveis, não transmissíveis e sexualmente transmissíveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
12. Atendimento aos pacientes com hipertensão arterial, diabetes, doenças cardiovasculares, obesidade, doença renal crônica, hansení‐
ase, tuberculose, dengue e doenças de notificações compulsórias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
13. Programa de assistência integrada a saúde da criança, mulher, homem, adolescente e idoso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160
14. Princípios gerais de segurança no trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 216
15. Prevenção e causas dos acidentes do trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 226
16. Princípios de ergonomia no trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 229
17. Códigos e símbolos específicos de Saúde e Segurança no Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 232
18. Portaria nº 2.436/2017: aprova a Política Nacional de Atenção Básica – PNAB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 235
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
CONSIDERANDO a deliberação do Plenário do Conselho Fede‐
CÓDIGO DE ÉTICA EM ENFERMAGEM: CONDUTA ÉTI- ral de Enfermagem em sua 491ª Reunião Ordinária,
CA DOS PROFISSIONAIS DA ÁREA DE SAÚDE RESOLVE:

CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL EM ENFERMAGEM Art. 1º Aprovar o novo Código de Ética dos Profissionais de En‐
fermagem, conforme o anexo desta Resolução, para observância e
RESOLUÇÃO COFEN Nº 564/2017 respeito dos profissionais de Enfermagem, que poderá ser consulta‐
do através do sítio de internet do Cofen (www.cofen.gov.br).
Aprova o novo Código de Ética dos Profissionais de Enferma- Art. 2º Este Código aplica-se aos Enfermeiros, Técnicos de En‐
gem fermagem, Auxiliares de Enfermagem, Obstetrizes e Parteiras, bem
O Conselho Federal de Enfermagem – Cofen, no uso das atri‐ como aos atendentes de Enfermagem.
buições que lhe são conferidas pela Lei nº 5.905, de 12 de julho Art. 3º Os casos omissos serão resolvidos pelo Conselho Fede‐
de 1973, e pelo Regimento da Autarquia, aprovado pela Resolução ral de Enfermagem.
Cofen nº 421, de 15 de fevereiro de 2012, e Art. 4º Este Código poderá ser alterado pelo Conselho Federal de
CONSIDERANDO que nos termos do inciso III do artigo 8º da Lei Enfermagem, por proposta de 2/3 dos Conselheiros Efetivos do Con‐
5.905, de 12 de julho de 1973, compete ao Cofen elaborar o Código selho Federal ou mediante proposta de 2/3 dos Conselhos Regionais.
de Deontologia de Enfermagem e alterá-lo, quando necessário, ou‐ Parágrafo Único. A alteração referida deve ser precedida de
vidos os Conselhos Regionais; ampla discussão com a categoria, coordenada pelos Conselhos Re‐
CONSIDERANDO que o Código de Deontologia de Enfermagem gionais, sob a coordenação geral do Conselho Federal de Enferma‐
deve submeter-se aos dispositivos constitucionais vigentes; gem, em formato de Conferência Nacional, precedida de Conferên‐
CONSIDERANDO a Declaração Universal dos Direitos Humanos, cias Regionais.
promulgada pela Assembleia Geral das Nações Unidas (1948) e ado‐ Art. 5º A presente Resolução entrará em vigor 120 (cento e vin‐
tada pela Convenção de Genebra (1949), cujos postulados estão te) dias a partir da data de sua publicação no Diário Oficial da União,
contidos no Código de Ética do Conselho Internacional de Enfer‐ revogando-se as disposições em contrário, em especial a Resolução
meiras (1953, revisado em 2012); Cofen nº 311/2007, de 08 de fevereiro de 2007.
CONSIDERANDO a Declaração Universal sobre Bioética e Direi‐
tos Humanos (2005); Brasília, 6 de novembro de 2017.
CONSIDERANDO o Código de Deontologia de Enfermagem do
Conselho Federal de Enfermagem (1976), o Código de Ética dos Pro‐
fissionais de Enfermagem (1993, reformulado em 2000 e 2007), as ANEXO DA RESOLUÇÃO COFEN Nº 564/2017
normas nacionais de pesquisa (Resolução do Conselho Nacional de
Saúde – CNS nº 196/1996), revisadas pela Resolução nº 466/2012, PREÂMBULO
e as normas internacionais sobre pesquisa envolvendo seres huma‐
nos; O Conselho Federal de Enfermagem, ao revisar o Código de
CONSIDERANDO a proposta de Reformulação do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem – CEPE, norteou-se por prin‐
Ética dos Profissionais de Enfermagem, consolidada na 1ª Confe‐ cípios fundamentais, que representam imperativos para a conduta
rência Nacional de Ética na Enfermagem – 1ª CONEENF, ocorrida profissional e consideram que a Enfermagem é uma ciência, arte e
no período de 07 a 09 de junho de 2017, em Brasília – DF, realizada uma prática social, indispensável à organização e ao funcionamento
pelo Conselho Federal de Enfermagem e Coordenada pela Comis‐ dos serviços de saúde; tem como responsabilidades a promoção e a
são Nacional de Reformulação do Código de Ética dos Profissionais restauração da saúde, a prevenção de agravos e doenças e o alívio
de Enfermagem, instituída pela Portaria Cofen nº 1.351/2016; do sofrimento; proporciona cuidados à pessoa, à família e à cole‐
CONSIDERANDO a Lei nº 11.340, de 07 de agosto de 2006 (Lei tividade; organiza suas ações e intervenções de modo autônomo,
Maria da Penha) que cria mecanismos para coibir a violência do‐ ou em colaboração com outros profissionais da área; tem direito a
méstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 remuneração justa e a condições adequadas de trabalho, que possi‐
da Constituição Federal e a Lei nº 10.778, de 24 de novembro de bilitem um cuidado profissional seguro e livre de danos.
2003, que estabelece a notificação compulsória, no território na‐ Sobretudo, esses princípios fundamentais reafirmam que o
cional, nos casos de violência contra a mulher que for atendida em respeito aos direitos humanos é inerente ao exercício da profissão,
serviços de saúde públicos e privados; o que inclui os direitos da pessoa à vida, à saúde, à liberdade, à
CONSIDERANDO a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que igualdade, à segurança pessoal, à livre escolha, à dignidade e a ser
dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente; tratada sem distinção de classe social, geração, etnia, cor, crença
CONSIDERANDO a Lei nº. 10.741, de 01 de outubro de 2003, religiosa, cultura, incapacidade, deficiência, doença, identidade de
que dispõe sobre o Estatuto do Idoso; gênero, orientação sexual, nacionalidade, convicção política, raça
CONSIDERANDO a Lei nº. 10.216, de 06 de abril de 2001, que ou condição social.
dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de Inspirado nesse conjunto de princípios é que o Conselho Fede‐
transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde ral de Enfermagem, no uso das atribuições que lhe são conferidas
mental; pelo Art. 8º, inciso III, da Lei nº 5.905, de 12 de julho de 1973, apro‐
CONSIDERANDO a Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990, que va e edita esta nova revisão do CEPE, exortando os profissionais de
dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recupera‐ Enfermagem à sua fiel observância e cumprimento.
ção da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços cor‐
respondentes; PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
CONSIDERANDO as sugestões apresentadas na Assembleia Ex‐
traordinária de Presidentes dos Conselhos Regionais de Enferma‐ A Enfermagem é comprometida com a produção e gestão do
gem, ocorrida na sede do Cofen, em Brasília, Distrito Federal, no dia cuidado prestado nos diferentes contextos socioambientais e cultu‐
18 de julho de 2017, e rais em resposta às necessidades da pessoa, família e coletividade.

1
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
O profissional de Enfermagem atua com autonomia e em Art. 14 Aplicar o processo de Enfermagem como instrumento
consonância com os preceitos éticos e legais, técnico-científico e metodológico para planejar, implementar, avaliar e documentar o
teórico-filosófico; exerce suas atividades com competência para cuidado à pessoa, família e coletividade.
promoção do ser humano na sua integralidade, de acordo com os Art. 15 Exercer cargos de direção, gestão e coordenação, no
Princípios da Ética e da Bioética, e participa como integrante da equipe âmbito da saúde ou de qualquer área direta ou indiretamente rela‐
de Enfermagem e de saúde na defesa das Políticas Públicas, com ên‐ cionada ao exercício profissional da Enfermagem.
fase nas políticas de saúde que garantam a universalidade de acesso, Art. 16 Conhecer as atividades de ensino, pesquisa e extensão
integralidade da assistência, resolutividade, preservação da autonomia que envolvam pessoas e/ou local de trabalho sob sua responsabili‐
das pessoas, participação da comunidade, hierarquização e descentra‐ dade profissional.
lização político-administrativa dos serviços de saúde. Art. 17 Realizar e participar de atividades de ensino, pesquisa e
O cuidado da Enfermagem se fundamenta no conhecimento extensão, respeitando a legislação vigente.
próprio da profissão e nas ciências humanas, sociais e aplicadas e é Art. 18 Ter reconhecida sua autoria ou participação em pesqui‐
executado pelos profissionais na prática social e cotidiana de assis‐ sa, extensão e produção técnico-científica.
tir, gerenciar, ensinar, educar e pesquisar. Art. 19 Utilizar-se de veículos de comunicação, mídias sociais
e meios eletrônicos para conceder entrevistas, ministrar cursos,
CAPÍTULO I palestras, conferências, sobre assuntos de sua competência e/ou
DOS DIREITOS divulgar eventos com finalidade educativa e de interesse social.
Art. 20 Anunciar a prestação de serviços para os quais detenha
Art. 1º Exercer a Enfermagem com liberdade, segurança téc‐ habilidades e competências técnico-científicas e legais.
nica, científica e ambiental, autonomia, e ser tratado sem discrimi‐ Art. 21 Negar-se a ser filmado, fotografado e exposto em mí‐
nação de qualquer natureza, segundo os princípios e pressupostos dias sociais durante o desempenho de suas atividades profissionais.
legais, éticos e dos direitos humanos. Art. 22 Recusar-se a executar atividades que não sejam de sua
Art. 2º Exercer atividades em locais de trabalho livre de riscos competência técnica, científica, ética e legal ou que não ofereçam
e danos e violências física e psicológica à saúde do trabalhador, em segurança ao profissional, à pessoa, à família e à coletividade.
respeito à dignidade humana e à proteção dos direitos dos profis‐ Art. 23 Requerer junto ao gestor a quebra de vínculo da relação
sionais de enfermagem. profissional/usuários quando houver risco à sua integridade física
Art. 3º Apoiar e/ou participar de movimentos de defesa da dig‐ e moral, comunicando ao Coren e assegurando a continuidade da
nidade profissional, do exercício da cidadania e das reivindicações assistência de Enfermagem.
por melhores condições de assistência, trabalho e remuneração,
observados os parâmetros e limites da legislação vigente. CAPÍTULO II
Art. 4º Participar da prática multiprofissional, interdisciplinar e DOS DEVERES
transdisciplinar com responsabilidade, autonomia e liberdade, ob‐
servando os preceitos éticos e legais da profissão. Art. 24 Exercer a profissão com justiça, compromisso, equida‐
Art. 5º Associar-se, exercer cargos e participar de Organiza‐ de, resolutividade, dignidade, competência, responsabilidade, ho‐
ções da Categoria e Órgãos de Fiscalização do Exercício Profissional, nestidade e lealdade.
atendidos os requisitos legais. Art. 25 Fundamentar suas relações no direito, na prudência,
Art. 6º Aprimorar seus conhecimentos técnico-científicos, éti‐ no respeito, na solidariedade e na diversidade de opinião e posição
co-políticos, socioeducativos, históricos e culturais que dão susten‐ ideológica.
tação à prática profissional. Art. 26 Conhecer, cumprir e fazer cumprir o Código de Ética dos
Art. 7º Ter acesso às informações relacionadas à pessoa, famí‐ Profissionais de Enfermagem e demais normativos do Sistema Co‐
lia e coletividade, necessárias ao exercício profissional. fen/Conselhos Regionais de Enfermagem.
Art. 8º Requerer ao Conselho Regional de Enfermagem, de for‐ Art. 27 Incentivar e apoiar a participação dos profissionais de
ma fundamentada, medidas cabíveis para obtenção de desagravo Enfermagem no desempenho de atividades em organizações da ca‐
público em decorrência de ofensa sofrida no exercício profissional tegoria.
ou que atinja a profissão. Art. 28 Comunicar formalmente ao Conselho Regional de En‐
Art. 9º Recorrer ao Conselho Regional de Enfermagem, de for‐ fermagem e aos órgãos competentes fatos que infrinjam dispositi‐
ma fundamentada, quando impedido de cumprir o presente Códi‐ vos éticos-legais e que possam prejudicar o exercício profissional e
go, a Legislação do Exercício Profissional e as Resoluções, Decisões a segurança à saúde da pessoa, família e coletividade.
e Pareceres Normativos emanados pelo Sistema Cofen/Conselhos Art. 29 Comunicar formalmente, ao Conselho Regional de En‐
Regionais de Enfermagem. fermagem, fatos que envolvam recusa e/ou demissão de cargo,
Art. 10 Ter acesso, pelos meios de informação disponíveis, função ou emprego, motivado pela necessidade do profissional em
às diretrizes políticas, normativas e protocolos institucionais, bem cumprir o presente Código e a legislação do exercício profissional.
como participar de sua elaboração. Art. 30 Cumprir, no prazo estabelecido, determinações, notifi‐
Art. 11 Formar e participar da Comissão de Ética de Enferma‐ cações, citações, convocações e intimações do Sistema Cofen/Con‐
gem, bem como de comissões interdisciplinares da instituição em selhos Regionais de Enfermagem.
que trabalha. Art. 31 Colaborar com o processo de fiscalização do exercício
Art. 12 Abster-se de revelar informações confidenciais de que profissional e prestar informações fidedignas, permitindo o acesso
tenha conhecimento em razão de seu exercício profissional. a documentos e a área física institucional.
Art. 13 Suspender as atividades, individuais ou coletivas, quan‐ Art. 32 Manter inscrição no Conselho Regional de Enfermagem,
do o local de trabalho não oferecer condições seguras para o exer‐ com jurisdição na área onde ocorrer o exercício profissional.
cício profissional e/ou desrespeitar a legislação vigente, ressalvadas Art. 33 Manter os dados cadastrais atualizados junto ao Conse‐
as situações de urgência e emergência, devendo formalizar imedia‐ lho Regional de Enfermagem de sua jurisdição.
tamente sua decisão por escrito e/ou por meio de correio eletrôni‐ Art. 34 Manter regularizadas as obrigações financeiras junto ao
co à instituição e ao Conselho Regional de Enfermagem. Conselho Regional de Enfermagem de sua jurisdição.

2
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Art. 35 Apor nome completo e/ou nome social, ambos legíveis, Parágrafo único. Nos casos de doenças graves incuráveis e ter‐
número e categoria de inscrição no Conselho Regional de Enferma‐ minais com risco iminente de morte, em consonância com a equipe
gem, assinatura ou rubrica nos documentos, quando no exercício multiprofissional, oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis
profissional. para assegurar o conforto físico, psíquico, social e espiritual, respei‐
§ 1º É facultado o uso do carimbo, com nome completo, núme‐ tada a vontade da pessoa ou de seu representante legal.
ro e categoria de inscrição no Coren, devendo constar a assinatura Art. 49 Disponibilizar assistência de Enfermagem à coletividade
ou rubrica do profissional. em casos de emergência, epidemia, catástrofe e desastre, sem plei‐
§ 2º Quando se tratar de prontuário eletrônico, a assinatura tear vantagens pessoais, quando convocado.
deverá ser certificada, conforme legislação vigente. Art. 50 Assegurar a prática profissional mediante consentimen‐
Art. 36 Registrar no prontuário e em outros documentos as to prévio do paciente, representante ou responsável legal, ou deci‐
informações inerentes e indispensáveis ao processo de cuidar de são judicial.
forma clara, objetiva, cronológica, legível, completa e sem rasuras. Parágrafo único. Ficam resguardados os casos em que não haja
Art. 37 Documentar formalmente as etapas do processo de En‐ capacidade de decisão por parte da pessoa, ou na ausência do re‐
fermagem, em consonância com sua competência legal. presentante ou responsável legal.
Art. 38 Prestar informações escritas e/ou verbais, completas e Art. 51 Responsabilizar-se por falta cometida em suas ativida‐
fidedignas, necessárias à continuidade da assistência e segurança des profissionais, independentemente de ter sido praticada indi‐
do paciente. vidual ou em equipe, por imperícia, imprudência ou negligência,
Art. 39 Esclarecer à pessoa, família e coletividade, a respeito desde que tenha participação e/ou conhecimento prévio do fato.
dos direitos, riscos, benefícios e intercorrências acerca da assistên‐ Parágrafo único. Quando a falta for praticada em equipe, a res‐
cia de Enfermagem. ponsabilidade será atribuída na medida do(s) ato(s) praticado(s)
Art. 40 Orientar à pessoa e família sobre preparo, benefícios, individualmente.
riscos e consequências decorrentes de exames e de outros proce‐ Art. 52 Manter sigilo sobre fato de que tenha conhecimento em
dimentos, respeitando o direito de recusa da pessoa ou de seu re‐ razão da atividade profissional, exceto nos casos previstos na legis‐
presentante legal. lação ou por determinação judicial, ou com o consentimento escrito
Art. 41 Prestar assistência de Enfermagem sem discriminação da pessoa envolvida ou de seu representante ou responsável legal.
de qualquer natureza. § 1º Permanece o dever mesmo quando o fato seja de conheci‐
Art. 42 Respeitar o direito do exercício da autonomia da pessoa ou mento público e em caso de falecimento da pessoa envolvida.
de seu representante legal na tomada de decisão, livre e esclarecida, § 2º O fato sigiloso deverá ser revelado em situações de amea‐
sobre sua saúde, segurança, tratamento, conforto, bem-estar, realizan‐ ça à vida e à dignidade, na defesa própria ou em atividade multipro‐
do ações necessárias, de acordo com os princípios éticos e legais. fissional, quando necessário à prestação da assistência.
Parágrafo único. Respeitar as diretivas antecipadas da pessoa § 3º O profissional de Enfermagem intimado como testemunha
no que concerne às decisões sobre cuidados e tratamentos que de‐ deverá comparecer perante a autoridade e, se for o caso, declarar
seja ou não receber no momento em que estiver incapacitado de suas razões éticas para manutenção do sigilo profissional.
expressar, livre e autonomamente, suas vontades. § 4º É obrigatória a comunicação externa, para os órgãos de
Art. 43 Respeitar o pudor, a privacidade e a intimidade da pes‐ responsabilização criminal, independentemente de autorização, de
soa, em todo seu ciclo vital e nas situações de morte e pós-morte. casos de violência contra: crianças e adolescentes; idosos; e pes‐
Art. 44 Prestar assistência de Enfermagem em condições que soas incapacitadas ou sem condições de firmar consentimento.
ofereçam segurança, mesmo em caso de suspensão das atividades § 5º A comunicação externa para os órgãos de responsabili‐
profissionais decorrentes de movimentos reivindicatórios da cate‐ zação criminal em casos de violência doméstica e familiar contra
goria. mulher adulta e capaz será devida, independentemente de autori‐
Parágrafo único. Será respeitado o direito de greve e, nos casos zação, em caso de risco à comunidade ou à vítima, a juízo do profis‐
de movimentos reivindicatórios da categoria, deverão ser prestados sional e com conhecimento prévio da vítima ou do seu responsável.
os cuidados mínimos que garantam uma assistência segura, confor‐ Art. 53 Resguardar os preceitos éticos e legais da profissão
me a complexidade do paciente. quanto ao conteúdo e imagem veiculados nos diferentes meios de
Art. 45 Prestar assistência de Enfermagem livre de danos de‐ comunicação e publicidade.
correntes de imperícia, negligência ou imprudência. Art. 54 Estimular e apoiar a qualificação e o aperfeiçoamento
Art. 46 Recusar-se a executar prescrição de Enfermagem e Mé‐ técnico-científico, ético-político, socioeducativo e cultural dos pro‐
dica na qual não constem assinatura e número de registro do pro‐ fissionais de Enfermagem sob sua supervisão e coordenação.
fissional prescritor, exceto em situação de urgência e emergência. Art. 55 Aprimorar os conhecimentos técnico-científicos, ético‐
§ 1º O profissional de Enfermagem deverá recusar-se a execu‐ -políticos, socioeducativos e culturais, em benefício da pessoa, fa‐
tar prescrição de Enfermagem e Médica em caso de identificação de mília e coletividade e do desenvolvimento da profissão.
erro e/ou ilegibilidade da mesma, devendo esclarecer com o pres‐ Art. 56 Estimular, apoiar, colaborar e promover o desenvolvi‐
critor ou outro profissional, registrando no prontuário. mento de atividades de ensino, pesquisa e extensão, devidamente
§ 2º É vedado ao profissional de Enfermagem o cumprimento aprovados nas instâncias deliberativas.
de prescrição à distância, exceto em casos de urgência e emergên‐ Art. 57 Cumprir a legislação vigente para a pesquisa envolven‐
cia e regulação, conforme Resolução vigente. do seres humanos.
Art. 47 Posicionar-se contra, e denunciar aos órgãos competen‐ Art. 58 Respeitar os princípios éticos e os direitos autorais no
tes, ações e procedimentos de membros da equipe de saúde, quan‐ processo de pesquisa, em todas as etapas.
do houver risco de danos decorrentes de imperícia, negligência e Art. 59 Somente aceitar encargos ou atribuições quando se jul‐
imprudência ao paciente, visando a proteção da pessoa, família e gar técnica, científica e legalmente apto para o desempenho seguro
coletividade. para si e para outrem.
Art. 48 Prestar assistência de Enfermagem promovendo a qua‐ Art. 60 Respeitar, no exercício da profissão, a legislação vigente
lidade de vida à pessoa e família no processo do nascer, viver, mor‐ relativa à preservação do meio ambiente no gerenciamento de resí‐
rer e luto. duos de serviços de saúde.

3
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
CAPÍTULO III Art. 78 Administrar medicamentos sem conhecer indicação,
DAS PROIBIÇÕES ação da droga, via de administração e potenciais riscos, respeitados
os graus de formação do profissional.
Art. 61 Executar e/ou determinar atos contrários ao Código de Art. 79 Prescrever medicamentos que não estejam estabeleci‐
Ética e à legislação que disciplina o exercício da Enfermagem. dos em programas de saúde pública e/ou em rotina aprovada em
Art. 62 Executar atividades que não sejam de sua competência instituição de saúde, exceto em situações de emergência.
técnica, científica, ética e legal ou que não ofereçam segurança ao Art. 80 Executar prescrições e procedimentos de qualquer na‐
profissional, à pessoa, à família e à coletividade. tureza que comprometam a segurança da pessoa.
Art. 63 Colaborar ou acumpliciar-se com pessoas físicas ou ju‐ Art. 81 Prestar serviços que, por sua natureza, competem a ou‐
rídicas que desrespeitem a legislação e princípios que disciplinam o tro profissional, exceto em caso de emergência, ou que estiverem
exercício profissional de Enfermagem. expressamente autorizados na legislação vigente.
Art. 64 Provocar, cooperar, ser conivente ou omisso diante de Art. 82 Colaborar, direta ou indiretamente, com outros profis‐
qualquer forma ou tipo de violência contra a pessoa, família e cole‐ sionais de saúde ou áreas vinculadas, no descumprimento da le‐
tividade, quando no exercício da profissão. gislação referente aos transplantes de órgãos, tecidos, esterilização
Art. 65 Aceitar cargo, função ou emprego vago em decorrência humana, reprodução assistida ou manipulação genética.
de fatos que envolvam recusa ou demissão motivada pela necessi‐ Art. 83 Praticar, individual ou coletivamente, quando no exer‐
dade do profissional em cumprir o presente código e a legislação do cício profissional, assédio moral, sexual ou de qualquer natureza,
exercício profissional; bem como pleitear cargo, função ou emprego contra pessoa, família, coletividade ou qualquer membro da equi‐
ocupado por colega, utilizando-se de concorrência desleal. pe de saúde, seja por meio de atos ou expressões que tenham por
Art. 66 Permitir que seu nome conste no quadro de pessoal consequência atingir a dignidade ou criar condições humilhantes e
de qualquer instituição ou estabelecimento congênere, quando, constrangedoras.
nestas, não exercer funções de enfermagem estabelecidas na le‐ Art. 84 Anunciar formação profissional, qualificação e título
gislação. que não possa comprovar.
Art. 67 Receber vantagens de instituição, empresa, pessoa, Art. 85 Realizar ou facilitar ações que causem prejuízo ao patri‐
família e coletividade, além do que lhe é devido, como forma de mônio das organizações da categoria.
garantir assistência de Enfermagem diferenciada ou benefícios de Art. 86 Produzir, inserir ou divulgar informação inverídica ou de
qualquer natureza para si ou para outrem. conteúdo duvidoso sobre assunto de sua área profissional.
Art. 68 Valer-se, quando no exercício da profissão, de mecanis‐ Parágrafo único. Fazer referência a casos, situações ou fatos, e
mos de coação, omissão ou suborno, com pessoas físicas ou jurídi‐ inserir imagens que possam identificar pessoas ou instituições sem
cas, para conseguir qualquer tipo de vantagem. prévia autorização, em qualquer meio de comunicação.
Art. 69 Utilizar o poder que lhe confere a posição ou cargo, para Art. 87 Registrar informações incompletas, imprecisas ou inve‐
impor ou induzir ordens, opiniões, ideologias políticas ou qualquer rídicas sobre a assistência de Enfermagem prestada à pessoa, famí‐
tipo de conceito ou preconceito que atentem contra a dignidade da lia ou coletividade.
pessoa humana, bem como dificultar o exercício profissional. Art. 88 Registrar e assinar as ações de Enfermagem que não
Art. 70 Utilizar dos conhecimentos de enfermagem para pra‐ executou, bem como permitir que suas ações sejam assinadas por
ticar atos tipificados como crime ou contravenção penal, tanto em outro profissional.
ambientes onde exerça a profissão, quanto naqueles em que não a Art. 89 Disponibilizar o acesso a informações e documentos a
exerça, ou qualquer ato que infrinja os postulados éticos e legais. terceiros que não estão diretamente envolvidos na prestação da
Art. 71 Promover ou ser conivente com injúria, calúnia e difa‐ assistência de saúde ao paciente, exceto quando autorizado pelo
mação de pessoa e família, membros das equipes de Enfermagem paciente, representante legal ou responsável legal, por determina‐
e de saúde, organizações da Enfermagem, trabalhadores de outras ção judicial.
áreas e instituições em que exerce sua atividade profissional. Art. 90 Negar, omitir informações ou emitir falsas declarações
Art. 72 Praticar ou ser conivente com crime, contravenção pe‐ sobre o exercício profissional quando solicitado pelo Conselho Re‐
nal ou qualquer outro ato que infrinja postulados éticos e legais, no gional de Enfermagem e/ou Comissão de Ética de Enfermagem.
exercício profissional. Art. 91 Delegar atividades privativas do(a) Enfermeiro(a) a outro
Art. 73 Provocar aborto, ou cooperar em prática destinada a membro da equipe de Enfermagem, exceto nos casos de emergência.
interromper a gestação, exceto nos casos permitidos pela legislação Parágrafo único. Fica proibido delegar atividades privativas a
vigente. outros membros da equipe de saúde.
Parágrafo único. Nos casos permitidos pela legislação, o pro‐ Art. 92 Delegar atribuições dos(as) profissionais de enferma‐
fissional deverá decidir de acordo com a sua consciência sobre sua gem, previstas na legislação, para acompanhantes e/ou responsá‐
participação, desde que seja garantida a continuidade da assistên‐ veis pelo paciente.
cia. Parágrafo único. O dispositivo no caput não se aplica nos casos
Art. 74 Promover ou participar de prática destinada a antecipar da atenção domiciliar para o autocuidado apoiado.
a morte da pessoa. Art. 93 Eximir-se da responsabilidade legal da assistência pres‐
Art. 75 Praticar ato cirúrgico, exceto nas situações de emergên‐ tada aos pacientes sob seus cuidados realizados por alunos e/ou
cia ou naquelas expressamente autorizadas na legislação, desde estagiários sob sua supervisão e/ou orientação.
que possua competência técnica-científica necessária. Art. 94 Apropriar-se de dinheiro, valor, bem móvel ou imóvel,
Art. 76 Negar assistência de enfermagem em situações de ur‐ público ou particular, que esteja sob sua responsabilidade em razão
gência, emergência, epidemia, desastre e catástrofe, desde que não do cargo ou do exercício profissional, bem como desviá-lo em pro‐
ofereça risco a integridade física do profissional. veito próprio ou de outrem.
Art. 77 Executar procedimentos ou participar da assistência à Art. 95 Realizar ou participar de atividades de ensino, pesqui‐
saúde sem o consentimento formal da pessoa ou de seu represen‐ sa e extensão, em que os direitos inalienáveis da pessoa, família e
tante ou responsável legal, exceto em iminente risco de morte. coletividade sejam desrespeitados ou ofereçam quaisquer tipos de
riscos ou danos previsíveis aos envolvidos.

4
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Art. 96 Sobrepor o interesse da ciência ao interesse e seguran‐ § 6º As penalidades aplicadas deverão ser registradas no pron‐
ça da pessoa, família e coletividade. tuário do infrator.
Art. 97 Falsificar ou manipular resultados de pesquisa, bem como § 7º Nas penalidades de suspensão e cassação, o profissional
usá-los para fins diferentes dos objetivos previamente estabelecidos. terá sua carteira retida no ato da notificação, em todas as categorias
Art. 98 Publicar resultados de pesquisas que identifiquem o em que for inscrito, sendo devolvida após o cumprimento da pena
participante do estudo e/ou instituição envolvida, sem a autoriza‐ e, no caso da cassação, após o processo de reabilitação.
ção prévia. Art. 109 As penalidades, referentes à advertência verbal, mul‐
Art. 99 Divulgar ou publicar, em seu nome, produção técnico‐ ta, censura e suspensão do exercício profissional, são da responsa‐
-científica ou instrumento de organização formal do qual não tenha bilidade do Conselho Regional de Enfermagem, serão registradas
participado ou omitir nomes de coautores e colaboradores. no prontuário do profissional de Enfermagem; a pena de cassação
Art. 100 Utilizar dados, informações, ou opiniões ainda não pu‐ do direito ao exercício profissional é de competência do Conselho
blicadas, sem referência do autor ou sem a sua autorização. Federal de Enfermagem, conforme o disposto no art. 18, parágrafo
Art. 101 Apropriar-se ou utilizar produções técnico-científicas, primeiro, da Lei n° 5.905/73.
das quais tenha ou não participado como autor, sem concordância Parágrafo único. Na situação em que o processo tiver origem
ou concessão dos demais partícipes. no Conselho Federal de Enfermagem e nos casos de cassação do
Art. 102 Aproveitar-se de posição hierárquica para fazer cons‐ exercício profissional, terá como instância superior a Assembleia de
tar seu nome como autor ou coautor em obra técnico-científica. Presidentes dos Conselhos de Enfermagem.
Art. 110 Para a graduação da penalidade e respectiva imposi‐
CAPÍTULO IV ção consideram-se:
DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES I – A gravidade da infração;
II – As circunstâncias agravantes e atenuantes da infração;
Art. 103 A caracterização das infrações éticas e disciplinares, bem III – O dano causado e o resultado;
como a aplicação das respectivas penalidades regem-se por este Códi‐ IV – Os antecedentes do infrator.
go, sem prejuízo das sanções previstas em outros dispositivos legais. Art. 111 As infrações serão consideradas leves, moderadas, gra‐
Art. 104 Considera-se infração ética e disciplinar a ação, omis‐ ves ou gravíssimas, segundo a natureza do ato e a circunstância de
são ou conivência que implique em desobediência e/ou inobser‐ cada caso.
vância às disposições do Código de Ética dos Profissionais de Enfer‐ § 1º São consideradas infrações leves as que ofendam a inte‐
magem, bem como a inobservância das normas do Sistema Cofen/ gridade física, mental ou moral de qualquer pessoa, sem causar
Conselhos Regionais de Enfermagem. debilidade ou aquelas que venham a difamar organizações da ca‐
Art. 105 O(a) Profissional de Enfermagem responde pela infra‐ tegoria ou instituições ou ainda que causem danos patrimoniais ou
ção ética e/ou disciplinar, que cometer ou contribuir para sua prá‐ financeiros.
tica, e, quando cometida(s) por outrem, dela(s) obtiver benefício. § 2º São consideradas infrações moderadas as que provoquem
Art. 106 A gravidade da infração é caracterizada por meio da debilidade temporária de membro, sentido ou função na pessoa ou
análise do(s) fato(s), do(s) ato(s) praticado(s) ou ato(s) omissivo(s), ainda as que causem danos mentais, morais, patrimoniais ou finan‐
e do(s) resultado(s). ceiros.
Art. 107 A infração é apurada em processo instaurado e con‐ § 3º São consideradas infrações graves as que provoquem pe‐
duzido nos termos do Código de Processo Ético-Disciplinar vigente, rigo de morte, debilidade permanente de membro, sentido ou fun‐
aprovado pelo Conselho Federal de Enfermagem. ção, dano moral irremediável na pessoa ou ainda as que causem
Art. 108 As penalidades a serem impostas pelo Sistema Cofen/ danos mentais, morais, patrimoniais ou financeiros.
Conselhos Regionais de Enfermagem, conforme o que determina o § 4º São consideradas infrações gravíssimas as que provoquem
art. 18, da Lei n° 5.905, de 12 de julho de 1973, são as seguintes: a morte, debilidade permanente de membro, sentido ou função,
I – Advertência verbal; dano moral irremediável na pessoa.
II – Multa; Art. 112 São consideradas circunstâncias atenuantes:
III – Censura; I – Ter o infrator procurado, logo após a infração, por sua es‐
IV – Suspensão do Exercício Profissional; pontânea vontade e com eficiência, evitar ou minorar as conse‐
V – Cassação do direito ao Exercício Profissional. quências do seu ato;
§ 1º A advertência verbal consiste na admoestação ao infrator, II – Ter bons antecedentes profissionais;
de forma reservada, que será registrada no prontuário do mesmo, III – Realizar atos sob coação e/ou intimidação ou grave amea‐
na presença de duas testemunhas. ça;
§ 2º A multa consiste na obrigatoriedade de pagamento de 01 IV – Realizar atos sob emprego real de força física;
(um) a 10 (dez) vezes o valor da anuidade da categoria profissional V – Ter confessado espontaneamente a autoria da infração;
à qual pertence o infrator, em vigor no ato do pagamento. VI – Ter colaborado espontaneamente com a elucidação dos
§ 3º A censura consiste em repreensão que será divulgada nas fatos.
publicações oficiais do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de En‐ Art. 113 São consideradas circunstâncias agravantes:
fermagem e em jornais de grande circulação. I – Ser reincidente;
§ 4º A suspensão consiste na proibição do exercício profissio‐ II – Causar danos irreparáveis;
nal da Enfermagem por um período de até 90 (noventa) dias e será III – Cometer infração dolosamente;
divulgada nas publicações oficiais do Sistema Cofen/Conselhos Re‐ IV – Cometer a infração por motivo fútil ou torpe;
gionais de Enfermagem, jornais de grande circulação e comunicada V – Facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunida‐
aos órgãos empregadores. de ou a vantagem de outra infração;
§ 5º A cassação consiste na perda do direito ao exercício da VI – Aproveitar-se da fragilidade da vítima;
Enfermagem por um período de até 30 anos e será divulgada nas VII – Cometer a infração com abuso de autoridade ou violação
publicações do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem do dever inerente ao cargo ou função ou exercício profissional;
e em jornais de grande circulação. VIII – Ter maus antecedentes profissionais;

5
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
IX – Alterar ou falsificar prova, ou concorrer para a desconstru‐ Parágrafo único. A Enfermagem é exercida privativamente pelo
ção de fato que se relacione com o apurado na denúncia durante a Enfermeiro, pelo Técnico de Enfermagem, pelo Auxiliar de Enferma‐
condução do processo ético. gem e pela Parteira, respeitados os respectivos graus de habilitação.
Art. 3º – O planejamento e a programação das instituições e
CAPÍTULO V serviços de saúde incluem planejamento e programação de Enfer‐
DA APLICAÇÃO DAS PENALIDADES magem.
Art. 4º – A programação de Enfermagem inclui a prescrição da
Art. 114 As penalidades previstas neste Código somente pode‐ assistência de Enfermagem.
rão ser aplicadas, cumulativamente, quando houver infração a mais Art. 5º – (vetado)
de um artigo. § 1º (vetado)
Art. 115 A pena de Advertência verbal é aplicável nos casos de § 2º (vetado)
infrações ao que está estabelecido nos artigos:, 26, 28, 29, 30, 31, Art. 6º – São enfermeiros:
32, 33, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 46, 48, 47, 49, 50, 51, 52, I – o titular do diploma de enfermeiro conferido por instituição
53, 54, 55, 56, 57,58, 59, 60, 61, 62, 65, 66, 67, 69, 76, 77, 78, 79, de ensino, nos termos da lei;
81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 98, 99, 100, II – o titular do diploma ou certificado de obstetriz ou de enfer‐
101 e 102. meira obstétrica, conferidos nos termos da lei;
Art. 116 A pena de Multa é aplicável nos casos de infrações ao III – o titular do diploma ou certificado de Enfermeira e a titular
que está estabelecido nos artigos: 28, 29, 30, 31, 32, 35, 36, 38, 39, do diploma ou certificado de Enfermeira Obstétrica ou de Obstetriz,
41, 42, 43, 44, 45, 50, 51, 52, 57, 58, 59, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, ou equivalente, conferido por escola estrangeira segundo as leis do
68, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, país, registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou
86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 98, 99, 100, 101 e 102. revalidado no Brasil como diploma de Enfermeiro, de Enfermeira
Art. 117 A pena de Censura é aplicável nos casos de infrações Obstétrica ou de Obstetriz;
ao que está estabelecido nos artigos: 31, 41, 42, 43, 44, 45, 50, 51, IV – aqueles que, não abrangidos pelos incisos anteriores, obti‐
52, 57, 58, 59, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67,68, 69, 70, 71, 73, 74, 75, verem título de Enfermeiro conforme o disposto na alínea “”d”” do
76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 88, 90, 91, 92, 93, 94, 95, Art. 3º do Decreto nº 50.387, de 28 de março de 1961.
97, 99, 100, 101 e 102. Art. 7º – São técnicos de Enfermagem:
Art. 118 A pena de Suspensão do Exercício Profissional é apli‐ I – o titular do diploma ou do certificado de Técnico de Enfer‐
cável nos casos de infrações ao que está estabelecido nos artigos: magem, expedido de acordo com a legislação e registrado pelo ór‐
32, 41, 42, 43, 44, 45, 50, 51, 52, 59, 61, 62, 63, 64, 68, 69, 70, 71, gão competente;
72, 73, 74, 75, 76, 77, 78,79, 80, 81, 82, 83, 85, 87, 89, 90, 91, 92, II – o titular do diploma ou do certificado legalmente conferido
93, 94 e 95. por escola ou curso estrangeiro, registrado em virtude de acordo
Art. 119 A pena de Cassação do Direito ao Exercício Profissional de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como diploma de
é aplicável nos casos de infrações ao que está estabelecido nos arti‐ Técnico de Enfermagem.
gos: 45, 64, 70, 72, 73, 74, 80, 82, 83, 94, 96 e 97. Art. 8º – São Auxiliares de Enfermagem:
I – o titular do certificado de Auxiliar de Enfermagem conferido
por instituição de ensino, nos termos da Lei e registrado no órgão
competente;
LEI Nº 7.498/1986 II – o titular do diploma a que se refere a Lei nº 2.822, de 14 de
junho de 1956;
LEI DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL: LEI Nº 7498, DE 1986 III – o titular do diploma ou certificado a que se refere o inciso
III do Art. 2º da Lei nº 2.604, de 17 de setembro de 1955, expedido
LEI DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL até a publicação da Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961;
IV – o titular de certificado de Enfermeiro Prático ou Prático de
A Lei do Exercício profissional salienta as especificidades quan‐ Enfermagem, expedido até 1964 pelo Serviço Nacional de Fiscaliza‐
to as classes na área da enfermagem, o que cada um pode e deve ção da Medicina e Farmácia, do Ministério da Saúde, ou por órgão
fazer ou participar dentro de uma equipe. congênere da Secretaria de Saúde nas Unidades da Federação, nos
Costuma ser cobrado em concursos ações privativas dos profis‐ termos do Decreto-lei nº 23.774, de 22 de janeiro de 1934, do De‐
sionais e ações cotidianas onde eles são inseridos na equipe. creto-lei nº 8.778, de 22 de janeiro de 1946, e da Lei nº 3.640, de 10
O Decreto 94.406/1987 regulamenta a Lei 7.498/1986 (Lei do de outubro de 1959;
Exercício Profissional) V – o pessoal enquadrado como Auxiliar de Enfermagem, nos
termos do Decreto-lei nº 299, de 28 de fevereiro de 1967;
Dispõe sobre a regulamentação do exercício da Enfermagem e VI – o titular do diploma ou certificado conferido por escola ou
dá outras providências. curso estrangeiro, segundo as leis do país, registrado em virtude de
acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como certifi‐
O presidente da República. cado de Auxiliar de Enfermagem.
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a Art. 9º – São Parteiras:
seguinte Lei: I – a titular de certificado previsto no Art. 1º do Decreto-lei nº
8.778, de 22 de janeiro de 1946, observado o disposto na Lei nº
Art. 1º – É livre o exercício da Enfermagem em todo o território 3.640, de 10 de outubro de 1959;
nacional, observadas as disposições desta Lei. II – a titular do diploma ou certificado de Parteira, ou equivalente,
Art. 2º – A Enfermagem e suas atividades Auxiliares somente conferido por escola ou curso estrangeiro, segundo as leis do país, re‐
podem ser exercidas por pessoas legalmente habilitadas e inscritas gistrado em virtude de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil, até
no Conselho Regional de Enfermagem com jurisdição na área onde 2 (dois) anos após a publicação desta Lei, como certificado de Parteira.
ocorre o exercício. Art. 10 – (vetado)

6
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Art. 11. O Enfermeiro exerce todas as atividades de enferma‐ § 1º Observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas;
gem, cabendo-lhe: § 2º Executar ações de tratamento simples;
I – privativamente: § 3º Prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente;
a) direção do órgão de enfermagem integrante da estrutura bá‐ § 4º Participar da equipe de saúde.
sica da instituição de saúde, pública e privada, e chefia de serviço e Art. 14 – (vetado)
de unidade de enfermagem; Art. 15 – As atividades referidas nos arts. 12 e 13 desta Lei,
b) organização e direção dos serviços de enfermagem e de suas ati‐ quando exercidas em instituições de saúde, públicas e privadas, e
vidades técnicas e auxiliares nas empresas prestadoras desses serviços; em programas de saúde, somente podem ser desempenhadas sob
c) planejamento, organização, coordenação, execução e avalia‐ orientação e supervisão de Enfermeiro.
ção dos serviços da assistência de enfermagem; Art. 16 – (vetado)
d) (VETADO); Art. 17 – (vetado)
e) (VETADO); Art. 18 – (vetado)
f) (VETADO); Parágrafo único. (vetado)
g) (VETADO); Art. 19 – (vetado)
h) consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria Art. 20 – Os órgãos de pessoal da administração pública dire‐
de enfermagem; ta e indireta, federal, estadual, municipal, do Distrito Federal e dos
i) consulta de enfermagem; Territórios observarão, no provimento de cargos e funções e na con‐
j) prescrição da assistência de enfermagem; tratação de pessoal de Enfermagem, de todos os graus, os preceitos
l) cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com ris‐ desta Lei.
co de vida; Parágrafo único – Os órgãos a que se refere este artigo pro‐
m) cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica moverão as medidas necessárias à harmonização das situações já
e que exijam conhecimentos de base científica e capacidade de to‐ existentes com as disposições desta Lei, respeitados os direitos ad‐
mar decisões imediatas; quiridos quanto a vencimentos e salários.
II – como integrante da equipe de saúde: Art. 21 – (vetado)
a) participação no planejamento, execução e avaliação da pro‐ Art. 22 – (vetado)
gramação de saúde; Art. 23 – O pessoal que se encontra executando tarefas de En‐
b) participação na elaboração, execução e avaliação dos planos fermagem, em virtude de carência de recursos humanos de nível
assistenciais de saúde; médio nesta área, sem possuir formação específica regulada em lei,
c) prescrição de medicamentos estabelecidos em programas será autorizado, pelo Conselho Federal de Enfermagem, a exercer
de saúde pública e em rotina aprovada pela instituição de saúde; atividades elementares de Enfermagem, observado o disposto no
d) participação em projetos de construção ou reforma de uni‐ Art. 15 desta Lei.
dades de internação; Parágrafo único – A autorização referida neste artigo, que obe‐
e) prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar e de decerá aos critérios baixados pelo Conselho Federal de Enferma‐
doenças transmissíveis em geral; gem, somente poderá ser concedida durante o prazo de 10 (dez)
f) prevenção e controle sistemático de danos que possam ser anos, a contar da promulgação desta Lei.
causados à clientela durante a assistência de enfermagem; Art. 24 – (vetado)
g) assistência de enfermagem à gestante, parturiente e puér‐ Parágrafo único – (vetado)
pera; Art. 25 – O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de
h) acompanhamento da evolução e do trabalho de parto; 120 (cento e vinte) dias a contar da data de sua publicação.
i) execução do parto sem distocia; Art. 26 – Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
j) educação visando à melhoria de saúde da população. Art. 27 – Revogam-se (vetado) as demais disposições em con‐
Parágrafo único. As profissionais referidas no inciso II do art. 6º trário.
desta lei incumbe, ainda:
a) assistência à parturiente e ao parto normal;
b) identificação das distocias obstétricas e tomada de provi‐
dências até a chegada do médico; DECRETO Nº 94.406/1987
c) realização de episiotomia e episiorrafia e aplicação de anes‐
tesia local, quando necessária. DECRETO N° 94.406, DE 8 DE JUNHO DE 1987
Art. 12 – O Técnico de Enfermagem exerce atividade de nível
médio, envolvendo orientação e acompanhamento do trabalho de Regulamenta a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que dis-
Enfermagem em grau auxiliar, e participação no planejamento da põe sobre o exercício da enfermagem, e dá outras providências.
assistência de Enfermagem, cabendo-lhe especialmente:
§ 1º Participar da programação da assistência de Enfermagem; O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando das atribuições que lhe
§ 2º Executar ações assistenciais de Enfermagem, exceto as pri‐ confere o artigo 81, item III, da Constituição, e tendo em vista o
vativas do Enfermeiro, observado o disposto no Parágrafo único do disposto no artigo 25 da Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986,
Art. 11 desta Lei; DECRETA:
§ 3º Participar da orientação e supervisão do trabalho de Enfer‐
magem em grau auxiliar; Art. 1º O exercício da atividade de enfermagem, observadas as
§ 4º Participar da equipe de saúde. disposições da Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, e respeitados
Art. 13 – O Auxiliar de Enfermagem exerce atividades de nível os graus de habilitação, é privativo de Enfermeiro, Técnico de En‐
médio, de natureza repetitiva, envolvendo serviços auxiliares de fermagem, Auxiliar de Enfermagem e Parteiro e só será permitido
Enfermagem sob supervisão, bem como a participação em nível de ao profissional inscrito no Conselho Regional de Enfermagem da
execução simples, em processos de tratamento, cabendo-lhe espe‐ respectiva Região.
cialmente:

7
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Art. 2º As instituições e serviços de saúde incluirão a atividade c) planejamento, organização, coordenação, execução e avalia‐
de enfermagem no seu planejamento e programação. ção dos serviços da assistência de enfermagem;
Art. 3º A prescrição da assistência de enfermagem é parte inte‐ d) consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria
grante do programa de enfermagem. de enfermagem;
Art. 4º São Enfermeiros: e) consulta de enfermagem;
I - o titular do diploma de Enfermeiro conferido por instituição f) prescrição da assistência de enfermagem;
de ensino, nos termos da lei; g) cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com ris‐
II - o titular do diploma ou certificado de Obstetriz ou de Enfer‐ co de vida;
meira Obstétrica, conferido nos termos da lei; h) cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e
III - o titular do diploma ou certificado de Enfermeira e a titular que exijam conhecimentos científicos adequados e capacidade de
do diploma ou certificado de Enfermeira Obstétrica ou de Obste‐ tomar decisões imediatas;
triz, ou equivalente, conferido por escola estrangeira segundo as II - como integrante de equipe de saúde:
respectivas leis, registrado em virtude de acordo de intercâmbio a) participação no planejamento, execução e avaliação da pro‐
cultural ou revalidado no Brasil como diploma de Enfermeiro, de gramação de saúde;
Enfermeira Obstétrica ou de Obstetriz; b) participação na elaboração, execução e avaliação dos planos
IV - aqueles que, não abrangidos pelos itens anteriores, obtive‐ assistenciais de saúde;
ram título de Enfermeiro conforme o disposto na letra d do art. 3º c) prescrição de medicamentos previamente estabelecidos em
do Decreto nº 50.387, de 28 de março de 1961. programas de saúde pública e em rotina aprovada pela instituição
Art. 5º São Técnicos de Enfermagem: de saúde;
I - o titular do diploma ou do certificado de Técnico de Enfer‐ d) participação em projetos de construção ou reforma de uni‐
magem, expedido de acordo com a legislação e registrado no órgão dades de internação;
competente; e) prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar, in‐
II - o titular do diploma ou do certificado legalmente conferido clusive como membro das respectivas comissões;
por escola ou curso estrangeiro, registrado em virtude de acordo f) participação na elaboração de medidas de prevenção e con‐
de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como diploma de trole sistemático de danos que possam ser causados aos pacientes
Técnico de Enfermagem. durante a assistência de enfermagem;
Art. 6º São auxiliares de Enfermagem: g) participação na prevenção e controle das doenças transmis‐
I - o titular de certificado de Auxiliar de Enfermagem conferido síveis em geral e nos programas de vigilância epidemiológica;
por instituição de ensino, nos termos da lei, e registrado no órgão h) prestação de assistência de enfermagem à gestante, partu‐
competente; riente, puérpera e ao recém-nascido;
II - o titular do diploma a que se refere a Lei nº 2.822, de 14 de i) participação nos programas e nas atividades de assistência
junho de 1956; integral à saúde individual e de grupos específicos, particularmente
III - o titular do diploma ou certificado a que se refere o item III daqueles prioritários e de alto risco;
do art. 2º da Lei nº 2.604, de 17 de setembro de 1955, expedido até j) acompanhamento da evolução e do trabalho de parto;
a publicação da Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961; l) execução e assistência obstétrica em situação de emergência
IV - o titular do certificado de Enfermeiro Prático ou Prático de e execução do parto sem distocia;
Enfermagem, expedido até 1964 pelo Serviço Nacional de Fiscaliza‐ m) participação em programas e atividades de educação sa‐
ção da Medicina e Farmácia, do Ministério da Saúde, ou por órgão nitária, visando à melhoria de saúde do indivíduo, da família e da
congênere da Secretaria de Saúde nas Unidades da Federação, nos população em geral;
termos do Decreto nº 23.774, de 22 de janeiro de 1934, do Decre‐ n) participação nos programas de treinamento e aprimora‐
to-lei nº 8.778, de 22 de janeiro de 1946, e da Lei nº 3.640, de 10 mento de pessoal de saúde, particularmente nos programas de
de outubro de 1959; educação continuada;
V - o pessoal enquadrado como Auxiliar de Enfermagem, nos o) participação nos programas de higiene e segurança do tra‐
termos do Decreto-lei nº 299, de 28 de fevereiro de 1967; balho e de prevenção de acidentes e de doenças profissionais e do
VI - o titular do diploma ou certificado conferido por escola ou trabalho;
curso estrangeiro, segundo as leis do país, registrado em virtude de p) participação na elaboração e na operacionalização do sis‐
acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como certi‐ tema de referência e contra-referência do paciente nos diferentes
ficado de Auxiliar de Enfermagem. níveis de atenção à saúde;
Art. 7º São Parteiros: q) participação no desenvolvimento de tecnologia apropriada
I - o titular do certificado previsto no art. 1º do Decreto-lei nº à assistência de saúde;
8.778, de 22 de janeiro de 1946, observado o disposto na Lei nº r) participação em bancas examinadoras, em matérias específicas
3.640, de 10 de outubro de 1959; de enfermagem, nos concursos para provimento de cargo ou contrata‐
II - o titular do diploma ou certificado de Parteiro, ou equivalente, ção de Enfermeiro ou pessoal técnico e Auxiliar de Enfermagem.
conferido por escola ou curso estrangeiro, segundo as respectivas leis, Art. 9º Às profissionais titulares de diploma ou certificados de
registrado em virtude de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil até Obstetriz ou de Enfermeira Obstétrica, além das atividades de que
26 de junho de 1988, como certificado de Parteiro. trata o artigo precedente, incumbe:
Art. 8º Ao Enfermeiro incumbe: I - prestação de assistência à parturiente e ao parto normal;
I - privativamente: II - identificação das distocias obstétricas e tomada de provi‐
a) direção do órgão de enfermagem integrante da estrutura dência até a chegada do médico;
básica da instituição de saúde, pública ou privada, e chefia de servi‐ III - realização de episiotomia e episiorrafia, com aplicação de
ço e de unidade de enfermagem; anestesia local, quando necessária.
b) organização e direção dos serviços de enfermagem e de suas Art. 10. O Técnico de Enfermagem exerce as atividades auxi‐
atividades técnicas e auxiliares nas empresas prestadoras desses liares, de nível médio técnico, atribuídas à equipe de enfermagem,
serviços; cabendo-lhe:

8
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
I - assistir ao Enfermeiro: Art. 13. As atividades relacionadas nos arts. 10 e 11 somente
a) no planejamento, programação, orientação e supervisão das poderão ser exercidas sob supervisão, orientação e direção de En‐
atividades de assistência de enfermagem; fermeiro.
b) na prestação de cuidados diretos de enfermagem a pacien‐ Art. 14. Incumbe a todo o pessoal de enfermagem:
tes em estado grave; I - cumprir e fazer cumprir o Código de Deontologia da Enfer‐
c) na prevenção e controle das doenças transmissíveis em geral magem;
em programas de vigilância epidemiológica; II - quando for o caso, anotar no prontuário do paciente as ati‐
d) na prevenção e no controle sistemático da infecção hospi‐ vidades da assistência de enfermagem, para fins estatísticos.
talar; Art. 15. Na administração pública direta e indireta, federal, es‐
e) na prevenção e controle sistemático de danos físicos que tadual, municipal, do Distrito Federal e dos Territórios será exigida
possam ser causados a pacientes durante a assistência de saúde; como condição essencial para provimento de cargos e funções e
f) na execução dos programas referidos nas letras i e o do item contratação de pessoal de enfermagem, de todos os graus, a prova
II do art. 8º; de inscrição no Conselho Regional de Enfermagem da respectiva
II - executar atividades de assistência de enfermagem, exce‐ região.
tuadas as privativas do enfermeiro e as referidas no art. 9º deste Parágrafo único. Os órgãos e entidades compreendidos nes‐
Decreto; te artigo promoverão, em articulação com o Conselho Federal de
III - integrar a equipe de saúde. Enfermagem, as medidas necessárias à adaptação das situações já
Art. 11. O Auxiliar de Enfermagem executa as atividades auxi‐ existentes com as disposições deste Decreto, respeitados os direi‐
liares, de nível médio, atribuídas à equipe de enfermagem, caben‐ tos adquiridos quanto a vencimentos e salários.
do-lhe: Art. 16. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
I - preparar o paciente para consultas, exames e tratamentos; Art. 17. Revogam-se as disposições em contrário.
II - observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas, ao nível
de sua qualificação;
III - executar tratamentos especificamente prescritos, ou de ro‐ ENFERMAGEM NO CENTRO CIRÚRGICO. RECUPERA-
tina, além de outras atividades de enfermagem, tais como: ÇÃO DA ANESTESIA. CENTRAL DE MATERIAL E ESTERI-
a) ministrar medicamentos por via oral e parenteral; LIZAÇÃO. ATUAÇÃO NOS PERÍODOS PRÉ-OPERATÓRIO,
b) realizar controle hídrico; TRANS-OPERATÓRIO E PÓS-OPERATÓRIO. ATUAÇÃO
c) fazer curativos; DURANTE OS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICO-ANESTÉ-
d) aplicar oxigenoterapia, nebulização, enteroclisma, enema e SICOS. MATERIAIS E EQUIPAMENTOS BÁSICOS QUE
calor ou frio; COMPÕEM AS SALAS DE CIRURGIA E RECUPERAÇÃO
e) executar tarefas referentes à conservação e aplicação de ANESTÉSICA. ROTINAS DE LIMPEZA DA SALA DE CI-
vacinas; RURGIA. USO DE MATERIAL ESTÉRIL. MANUSEIO DE
f) efetuar o controle de pacientes e de comunicantes em doen‐ EQUIPAMENTOS: AUTOCLAVES; SELADORA TÉRMICA E
ças transmissíveis; LAVADORA AUTOMÁTICA ULTRASSÔNICA
g) realizar testes e proceder à sua leitura, para subsídio de
diagnóstico; Enfermagem no Centro Cirúrgico e na Recuperação Anesté-
h) colher material para exames laboratoriais; sica
i) prestar cuidados de enfermagem pré e pós-operatórios; A sala de cirurgia deve ser equipada com esfigmomanômetro,
j) circular em sala de cirurgia e, se necessário, instrumentar; monitor de eletrocardiograma, material para entubação traqueal,
l) executar atividades de desinfecção e esterilização; equipamentos para ventilação e oxigenação, aspirador de secre‐
IV - prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente e zelar ções, oxímetro de pulso e outros aparelhos especializados. Os equi‐
por sua segurança, inclusive: pamentos auxiliares são aqueles que podem ser movimentados
a) alimentá-lo ou auxiliá-lo a alimentar-se; pela sala, de acordo com a necessidade: suporte de hamper e ba‐
b) zelar pela limpeza e ordem do material, de equipamentos e cia, mesas auxiliares, bisturi elétrico, foco auxiliar, banco giratório,
de dependências de unidades de saúde; escada, estrado, balde inoxidável com rodinhas ou rodízios, carros
V - integrar a equipe de saúde; ou prateleiras para materiais estéreis, de consumo e soluções an‐
VI - participar de atividades de educação em saúde, inclusive: tissépticas.
a) orientar os pacientes na pós-consulta, quanto ao cumpri‐ Também são necessários diversos pacotes esterilizados con‐
mento das prescrições de enfermagem e médicas; tendo aventais, “opa” (avental com abertura para a frente), luvas
b) auxiliar o Enfermeiro e o Técnico de Enfermagem na execu‐ de Cirurgia ou operação é o tratamento de doença, lesão ou defor‐
ção dos programas de educação para a saúde; midade externa e/ou interna com o objetivo de reparar, corrigir ou
VII - executar os trabalhos de rotina vinculados à alta de pa‐ aliviar um problema físico.
cientes; É realizada na sala de cirurgia do hospital e em ambulatório ou
VIII - participar dos procedimentos pós-morte. consultório, quando o procedimento for considerado simples”1 .
Art. 12. Ao Parteiro incumbe: Dependendo do risco de vida, a cirurgia pode ser de emergên‐
I - prestar cuidados à gestante e à parturiente; cia, urgência, programada ou opcional. Por exemplo: nos casos de
II - assistir ao parto normal, inclusive em domicílio; e hemorragia interna, a cirurgia é sempre de emergência pois deve
III - cuidar da puérpera e do recém-nascido. ser realizada sem demora; no abdome agudo, o tratamento cirúr‐
Parágrafo único. As atividades de que trata este artigo são gico é de urgência, por requerer pronta atenção, podendo-se, en‐
exercidas sob supervisão de Enfermeiro Obstetra, quando realiza‐ tretanto, aguardar algumas horas para melhor avaliação do cliente;
das em instituições de saúde, e, sempre que possível, sob controle as cirurgias programadas ou eletivas, como no caso de varizes de
e supervisão de unidade de saúde, quando realizadas em domicílio membros inferiores, são realizadas com data pré-fixada, enquanto
ou onde se fizerem necessárias. que a maioria das cirurgias plásticas são optativas por serem de
preferência pessoal do cliente.

9
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
A cirurgia também é classificada de acordo com a finalidade: diagnóstica ou exploratória, quando utilizada para se visualizar as partes
internas e/ou realizar biópsias (laparotomia exploradora); curativa, quando se corrige alterações orgânicas (retirada da amígdala inflama‐
da);reparadora, quando da reparação de múltiplos ferimentos (enxerto de pele); reconstrutora ou cosmética, quando se processa uma re‐
constituição (plástica para modelar o nariz, por exemplo); e paliativa, quando se necessita corrigir algum problema, aliviando os sintomas
da enfermidade, não havendo cura (abertura de orifício artificial para a saída de fezes sem ressecção do tumor intestinal, por exemplo).
As cirurgias provocam alterações estruturais e funcionais no organismo do cliente, que precisará de algum tempo para se adaptar às
mesmas.
É comum o tratamento cirúrgico trazer benefícios à qualidade de vida da pessoa, mas é importante compreendermos que o tratamen‐
to cirúrgico sempre traz um impacto (positivo ou negativo) tanto no aspecto físico como nos aspectos psicoemocionais e sociais.
Com esta compreensão, temos maior chance de realizar uma comunicação interpessoal mais individualizada e prestar ao cliente
orientações mais adequadas.
As reações emocionais guardam relação direta com o “significado” que o cliente e familiares atribuem à cirurgia, sendo a ansiedade
pré-operatória a mais freqüente.
Por isso, a cirurgia e os procedimentos diagnósticos podem representar uma invasão física, emocional e psicológica - e em algumas
cirurgias (amputação da perna) uma invasão social, obrigando mudanças no estilo de vida. A aceitação ao tratamento cirúrgico, apesar do
medo da anestesia, da dor, da morte, do desconhecido e da alteração da imagem corporal, está geralmente relacionada à confiança que
o cliente deposita na equipe profissional e na estrutura hospitalar, daí a importância de estarmos atentos ao tipo de relação interpessoal
que especificamente temos com este cliente.
O atendimento do cliente cirúrgico é feito por um conjunto de setores interligados, como o pronto-socorro, ambulatório, enfermaria
clínica ou cirúrgica, centro cirúrgico (CC) e a recuperação pós-anestésica (RPA).
Todos estes setores devem ter um objetivo comum: proporcionar uma experiência menos traumática possível e promover uma re‐
cuperação rápida e segura ao cliente. O ambulatório ou pronto-socorro realiza a anamnese, o exame físico, a prescrição do tratamento
clínico ou cirúrgico e os exames diagnósticos.
A decisão pela cirurgia, muitas vezes, é tomada quando o tratamento clínico não surtiu o efeito desejado. O cliente pode ser internado
um ou dois dias antes da cirurgia, ou no mesmo dia, dependendo do tipo de preparo que a mesma requer.
O cliente do pronto-socorro é diretamente encaminhado ao centro cirúrgico, devido ao caráter, geralmente, de emergência do ato
cirúrgico
O centro cirúrgico é o setor destinado às intervenções cirúrgicas e deve possuir a recuperação pós-anestésica para prestar a assistên‐
cia pós-operatória imediata.
Após a recuperação anestésica, o cliente é encaminhado à unidade de internação, onde receberá os cuidados pós-operatórios que
visam prevenir a ocorrência de complicação.

Classificação da cirurgia por potencial de contaminação


O número de microrganismos presentes no tecido a ser operado determinará o potencial de contaminação da ferida cirúrgica. De
acordo com a Portaria nº 2.616/98, de 12/5/98, do Ministério da Saúde, as cirurgias são classificadas em:
limpas: realizadas em tecidos estéreis ou de fácil descontaminação, na ausência de processo infeccioso local, sem penetração nos
tratos digestório, respiratório ou urinário, em condições ideais de sala de cirurgia. Exemplo: cirurgia de ovário;
potencialmente contaminadas: realizadas em tecidos de difícil descontaminação, na ausência de supuração local, com penetração
nos tratos digestório, respiratório ou urinário sem contaminação significativa. Exemplo: redução de fratura exposta;
contaminadas: realizadas em tecidos recentemente traumatizados e abertos, de difícil descontaminação, com processo inflamatório
mas sem supuração. Exemplo: apendicite supurada;
infectadas: realizadas em tecido com supuração local, tecido necrótico, feridas traumáticas sujas. Exemplo: cirurgia do reto e ânus
com pus.

Nomenclatura cirúrgica.
A nomenclatura ou terminologia cirúrgica é o conjunto de termos usados para indicar o procedimento cirúrgico.
Nome da cirurgia é composto pela raiz que identifica a parte do corpo a ser submetida à cirurgia, somada ao prefixo ou ao sufixo.
Alguns exemplos de raiz: angio (vasos sangüíneos), flebo (veia), traqueo (traquéia), rino (nariz), oto (ouvido), oftalmo (olhos), hister(o)
(útero), laparo (parede abdominal), orqui (testículo), etc.

10
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Além desses termos, existem as denominações com o nome do cirurgião que introduziu a técnica cirúrgica (Billroth: tipo de cirurgia
gástrica) ou, ainda, o uso de alguns termos específicos (exerese: remoção de um órgão ou tecido)
Estrutura do centro cirúrgico (CC) A unidade de centro cirúrgico destina-se às atividades cirúrgicas e de recuperação anestésica, sendo
considerada área critica no hospital por ser um ambiente onde se realizam procedimentos de risco e que possue clientes com sistema de
defesa deficiente e maior risco de infecção.
A equipe do CC é composta por diversos profissionais: anestesistas, cirurgiões, instrumentador cirúrgico, enfermeiro, técnico e auxi‐
liar de enfermagem, podendo ou não integrar a equipe o instrumentador cirúrgico e o auxiliar administrativo. Para prevenir a infecção e
propiciar conforto e segurança ao cliente e equipe cirúrgica, a planta física e a dinâmica de funcionamento possuem características espe‐
ciais. Assim, o CC deve estar localizado em área livre de trânsito de pessoas e de materiais. Devido ao seu risco, esta unidade é dividida
em áreas:
- Não-restrita - as áreas de circulação livre são consideradas áreas não-restritas e compreendem os vestiários, corredor de entrada
para os clientes e funcionários e sala de espera de acompanhantes. O vestiário, localizado na entrada do CC, é a área onde todos devem
colocar o uniforme privativo: calça comprida, túnica, gorro, máscara e propés.
-Semi-restritas - nestas áreas pode haver circulação tanto do pessoal como de equipamentos, sem contudo provocarem interferência
nas rotinas de controle e manutenção da assepsia. Como exemplos temos as salas de guarda de material, administrativa, de estar para os
funcionários, copa e expurgo. A área de expurgo pode ser a mesma da Central de Material Esterilizado, e destina-se a receber e lavar os
materiais utilizados na cirurgia.
-Restrita - o corredor interno, as áreas de escovação das mãos e a sala de operação (SO) são consideradas áreas restritas dentro do
CC; para evitar infecção operatória, limita-se a circulação de pessoal, equipamentos e materiais.
A sala de cirurgia ou operação deve ter cantos arredondados para facilitar a limpeza; as parede, o piso e as portas devem ser laváveis
e de cor neutra e fosca. O piso, particularmente, deve ser de material condutivo, ou seja, de proteção contra descarga de eletricidade es‐
tática; as tomadas devem possuir sistema de aterramento para prevenir choque elétrico e estar situadas a 1,5m do piso. As portas devem
ter visor e tamanho que permita a passagem de macas, camas e equipamentos cirúrgicos. As janelas devem ser de vidro fosco, teladas e
fechadas quando houver sistema de ar condicionado. A iluminação do campo operatório ocorre através do foco central ou fixo e, quando
necessário, também pelo foco móvel auxiliar.
O lavabo localiza-se em uma área ao lado da SO e é o local onde a equipe cirúrgica faz a degermação das mãos e antebraços com o uso
de substâncias degermantes antissépticas, com a ação mecânica da escovação. As torneiras do lavabo devem abrir e fechar automatica‐
mente ou através do uso de pedais, para evitar o contato das mãos já degermadas. Acima do lavabo localizam-se os recipientes contendo
a solução degermante e um outro, contendo escova esterilizada.
Após a passagem pelo SO, o cliente é encaminhado à sala de RPA – a qual deve estar localizada de modo a facilitar o transporte do
cliente sob efeito anestésico da SO para a RPA, e desta para a SO, na necessidade de uma reintervenção cirúrgica; deve possibilitar, ainda,
o fácil acesso dos componentes da equipe que operou o cliente.
Considerando-se a necessidade de se ter materiais em condições para pronto uso bem como evitar a circulação desnecessária de
pessoal e equipamentos dentro e fora da área do CC, recomenda-se a existência de salas específicas para a guarda de medicamentos,
materiais descartáveis, esterilizados, de anestesia e de limpeza, aparelhos e equipamentos e roupa privativa.
Dependendo do tamanho do CC, é também recomendável que haja uma sala administrativa, sala de espera para familiares e/ou
acompanhantes, sala de estar para funcionários e copa.

11
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Materiais e equipamentos da sala de operação (SO) muitos procedimentos simples que não precisam de hospitalização
Para que o processo cirúrgico transcorra sem intercorrências e sejam feitos em centros cirúrgicos e unidades ambulatoriais de ci‐
de forma planejada, as salas cirúrgicas são equipadas com foco cen‐ rurgia. Pacientes com problemas de saúde que cujo tratamento en‐
tral, negatoscópio, sistema de canalização de ar e gases, prateleiras volve uma intervenção cirúrgica, geralmente se submetem a uma
(podem estar ou não presentes), mesa cirúrgica manual ou auto‐ cirurgia. Tal procedimento envolve a administração de anestesia
mática com colchonete de espuma, perneiras diferentes tamanhos, local, regional ou geral, aumentando assim o grau de ansiedade
campos duplos, campos simples, compressas grandes e pequenas, do paciente o que provoca alterações emocionais decorrentes do
gazes, impermeável (para forrar a mesa do instrumentador), cúpu‐ anúncio do diagnóstico cirúrgico. Isto causa, portanto situações de‐
las grandes e pequenas, cubarim, bacia, sondas e drenos diversos, sagradáveis no estado biópsico sócio espiritual do paciente, acar‐
cabo com borracha para aspirador e cabo de bisturi elétrico (pode retando problemas graves podendo chegar à suspensão da cirurgia
vir acondicionado em caixas). ou até mesmo óbito do paciente.
. Outros materiais esterilizados são as caixas de instrumentais, Com o aumento considerável de complicações no préoperató‐
o estojo de material cortante (pode estar acondicionado dentro da rio é exigido da enfermagem um sólido conhecimento sobre todos
caixa de instrumentais), bandeja de material para anestesia e fios os aspectos do cuidado do paciente cirúrgico. Não mais o conhe‐
de sutura de diferentes números e tipos . cimento sobre a enfermagem préoperatória e pósoperatória é su‐
Como materiais complementares: a balança para pesar com‐ ficiente devendose ter uma compreensão plena sobre a atividade
pressas e gazes, as soluções antissépticas, esparadrapo, ataduras, intraoperatória. Surge a visita préoperatória (VPO) de enfermagem
pomada anestésica, medicamentos anestésicos e de emergência, do Centro Cirúrgico, que consiste em acompanhar o paciente não
soluções endovenosas do tipo glicosada, fisiológica, bicarbonato de só no Centro Cirúrgico, mas durante toda a sua estadia no hospital
sódio, solução de álcool hexa-hídrico (Manitol®), de Ringer® e de desde a sua internação à alta após a cirurgia, devendo a enferma‐
Ringer Lactato®. gem ficar atenta a todas as alterações que poderão surgir e atuar na
Como no CC existem materiais inflamáveis e explosivos, a equi‐ recuperação plena do paciente.
pe do CC deve tomar todas as precauções contra acidentes que
possam gerar explosões e incêndio. Para preveni-los, recomenda‐ Assistência de Enfermagem perioperatória
-se evitar que alguns agentes anestésicos (óxido nitroso) e soluções O termo Peri operatório é empregado para descrever todo o
como éter e/ou benzina entrem em contato com descargas elétri‐ período da cirurgia, incluindo antes e após a cirurgia em si. As três
cas; dar preferência ao uso de tecidos de algodão ao invés de sinté‐ fases dos cuidados Peri operatórios são: Pré-operatório, Transope‐
ticos, que acumulam carga elétrica; e testar diariamente todos os ratório e Pós-operatório.
equipamentos elétricos, bem como conferir a aterragem dos apa‐ Pré-Operatório: esse período tem início desde o momento em
relhos elétricos através de fio-terra. que o paciente recebe a indicação da operação e se estende até a
sua entrada no centro cirúrgico. Esse período se divide em duas
Prevenindo infecção fases: pré-operatório mediato e pré-operatório imediato.
Em vista da maior incidência de infecções hospitalares nos Pré-operatório Mediato: começa no momento da indicação da
clientes cirúrgicos, o pessoal de enfermagem pode contribuir para operação e termina 24 horas antes do seu início. Geralmente, nesse
sua prevenção utilizando uniformes limpos e unhas curtas e limpas, período o paciente ainda não se encontra internado.
lavando as mãos antes e após cada procedimento, respeitando as Neste período mediato, sempre que possível, o cirurgião faz
técnicas assépticas na execução dos cuidados, oferecendo ambien‐ uma avaliação do estado geral do paciente através de exame clínico
te limpo e observando os sinais iniciais de infecção. detalhado e dos resultados de exames de sangue, urina, raios X,
A ocorrência ou não de infecção no pós-operatório depende de eletrocardiograma, entre outros. Essa avaliação tem o objetivo de
vários fatores, mas principalmente da quantidade e virulência dos identificar e corrigir distúrbios que possam aumentar o risco cirúr‐
microrganismos e da capacidade de defesa do cliente. gico.
O uso de esteróides, desnutrição, neoplasias com alterações Tratando-se de cirurgias eletivas, onde há previsão de trans‐
imunológicas e clientes idosos ou crianças pequenas são fatores de fusão sanguínea, muitas vezes é solicitado ao paciente para provi‐
risco de infecção no pós-operatório devido à redução na capacida‐ denciar doadores saudáveis e compatíveis com seu tipo sanguíneo.
de imunológica. Com essa medida pretende-se melhorar a qualidade do sangue dis‐
Outros fatores são o diabetes mellitus, que dificulta o processo ponível e aumentar a quantidade de estoque existente nos hemo‐
de cicatrização; a obesidade, em vista da menor irrigação sangüínea centros, evitando sua comercialização.
do tecido gorduroso; o período pré-operatório prolongado, que faz Os cuidados de enfermagem aqui neste período compreendem
com que o cliente entre em contato maior com a flora hospitalar; os preparos psicoespiritual e o preparo físico.
e infecções no local ou fora da região cirúrgica, que podem causar Consentimento cirúrgico: Antes da cirurgia, o paciente deve as‐
contaminação da ferida operatória. sinar um formulário de consentimento cirúrgico ou permissão para
O risco de infecção cirúrgica pode ser diminuído quando se realização da cirurgia. Quando assinado, esse formulário indica que
trata ou compensa as doenças e os agravos que favorecem a infec‐ o paciente permite a realização do procedimento e compreende
ção, tais como a obesidade, focos infecciosos, presença de febre e seus riscos e benefícios, explicados pelo cirurgião. Se o paciente
outros. não compreender as explicações, o enfermeiro notifica ao cirurgião
Também no pré-operatório imediato alguns cuidados são im‐ antes que o paciente assine o formulário de consentimento.
plementados, tais como o banho com antissépticos específicos (clo‐ Os pacientes devem assinar um formulário de consentimento
rexidine ou solução de iodo PVPI) na noite anterior e no dia da ci‐
para qualquer procedimento invasivo que exija anestesia e com‐
rurgia, tricotomia, lavagem intestinal, retirada de objetos pessoais,
porte risco de complicações.
próteses e outros.
Quando um paciente adulto está confuso, inconsciente ou não
é mentalmente competente, um familiar ou um tutor deve assinar
Assistência Pré Operatória
o formulário de consentimento. Quando o paciente tem menos de
A cirurgia, seja ela eletiva ou de emergência, é um evento es‐
18 anos de idade, um dos pais ou um tutor legal deve assinar o for‐
tressante e complexo para o paciente. Muitos dos procedimentos
mulário. Pessoas com menos de 18 anos de idade, que vivem longe
cirúrgicos são realizados na sala de operação do hospital, embora

12
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
de casa e sustentam-se por conta própria, são considerados meno‐ - Encaminhar ao banho para promover higiene, trocar de rou‐
res emancipados e assinam o formulário de consentimento. Numa pa, cortar as unhas e mantê-las limpas e fazer a barba;
emergência, o cirurgião pode ter que operar sem consentimento. No • Administrar medicação pré-anestésica, se prescrita;
entanto, a equipe de saúde deve se esforçar ao máximo para obter o • Realizar a tricotomia do membro a ser operado, lavar com
consentimento por telefone, telegrama ou fax. Todo enfermeiro deve água e sabão, passar anti-séptico local e enfaixar (se necessário)
estar familiarizado com as normas da instituição e com as leis estatais com bandagens estéreis;
relacionadas aos formulários de consentimento cirúrgico. - Remover próteses, jóias, lentes de contato ou óculos, prende‐
Os pacientes devem assinar o formulário de consentimento an‐ dores de cabelo e roupas íntimas;
tes que lhes seja administrado qualquer sedativo pré-operatório. - Promover esvaziamento vesical, colocar roupa cirúrgica apro‐
Quando o paciente ou a pessoa designada tiver assinado a permis‐ priada (camisola, toucas),transportá-lo na maca até o centro cirúr‐
são, uma testemunha adulta também assina para confirmar que o gico com prontuário e exames realizados (inclusive Raios-X).
paciente ou o indivíduo designado assinou voluntariamente. Em
geral, a testemunha é um membro da equipe de saúde ou um em‐ Assistência pré-cirúrgica específica de mão, membro superior
e pé:
pregado do setor de admissão. É responsabilidade do enfermeiro
• Exame físico minucioso, atentando para a qualidade e integri‐
assegurar que todas as assinaturas necessárias figurem no formu‐
dade da pele (deverá estar hidratada e lubrificada);
lário de consentimento, e que este se encontre no prontuário do
• Observar sinais de infecção, inflamação, alergias ou reações
paciente antes que ele seja encaminhado ao centro cirúrgico (CC).
hansênicas;
• Se houver lesões abertas, promover limpeza com solução fi‐
Assistência de enfermagem em centro cirúrgico e centro de
siológica ou água e sabão e ocluir com gaze e atadura de crepe.
material esterilizado • Observar perfusão periférica do membro a ser operado;
Os cuidados de enfermagem ao paciente cirúrgico variam de - No caso de cirurgia com enxerto, a pele da região doadora
acordo com o tipo de cirurgia e de paciente para paciente, aten‐ deverá estar hidratada e lubrificada. Este procedimento inicia-se
dendo suas necessidades básicas e suas reações psíquicas e físicas alguns dias antes, sendo que, horas antes da cirurgia, realizar a
manifestadas durante este período. Neste capítulo iremos abordar tricotomia e limpeza da pele. Durante o período trans-cirúrgico, o
os cuidados gerais indispensáveis a todos os tipos de cirurgia e os quarto do paciente deverá estar pronto para recebê-lo, equipado
cuidados específicos voltados para cirurgias de mão e membro su‐ com materiais suficientes como: suporte de soro e bomba de infu‐
perior e de pé e membro inferior. são, travesseiros para elevação do membro operado, cobertores,
A assistência pré-operatória tem como objetivo proporcionar comadre ou papagaio, esfigmo e manômetro, termômetro, e de‐
uma recuperação pós-operatória mais rápida, reduzir complica‐ mais equipamentos necessários.
ções, diminuir o custo hospitalar e o período de hospitalização que
se inicia na admissão e termina momentos antes da cirurgia, devol‐ 2 - Assistência pós-cirúrgica geral:
vendo o paciente o mais rápido possível ao meio familiar. Inicia-se no momento em que o paciente sai do centro cirúr‐
gico e retorna à enfermaria. Esta assistência tem como objetivo
1- Assistência de enfermagem pré-cirúrgica geral: abrange o detectar e prevenir a instalação de complicações pós-operatória e
preparo sócio-psíquico-espiritual e o preparo físico. consequentemente obter urna rápida recuperação
Preparo sócio-psíquico-espiritual: . A assistência pós-cirúrgica consiste em:
• Providenciar a assinatura do termo de responsabilidade, au‐ • Transferir o paciente da maca para a cama, posicioná-lo de
torizando o hospital a realizar o procedimento acordo com o tipo de cirurgia a que foi submetido e com o membro
• Explicar aos familiares sobre a cirurgia proposta, como o pa‐ operado elevado;
ciente retornará da sala operatória e a importância em apoiá-lo • Aquecê-lo, se necessário;
nesse período; • Manter a função respiratória;
• Explicar ao paciente sobre a cirurgia, o tipo de anestesia, e os • Observar nível de consciência, estado geral, quadro de agita‐
exames que porventura forem necessários, salientar a importância ção e outros comprometimentos neurológicos;
de sua colaboração durante os procedimentos; • Verificar anormalidades no curativo, como: secreção e pre‐
• Tranqüilizá-lo em caso de ansiedade, medo do desconhecido sença de sangramento;
e de destruição da auto-imagem, ouvir atentamente seu discurso, • Observar o funcionamento de sondas, drenos, cateteres e
dar importância às queixas e seus relatos; conectá-los às extensões;
- Explicar as condições que irá retornar do centro cirúrgico (se • Controlar e anotar sinais vitais, bem como gotejamento de
acordado, com ou sem gesso, etc.) e assegurar que terá sempre um soro, sangue ou derivados; - Verificar anotações do centro cirúrgi‐
profissional da enfermagem para atendê-lo; co) e executar a prescrição médica;
- Promover o entrosamento do paciente com o ambiente hos‐ • Promover conforto e segurança através de meio ambiente
pitalar, esclarecer sobre normas e rotinas do local, e proporcionar adequado, uso de grades na cansa, imobilização de mãos (se agi‐
um ambiente calmo e tranqüilo e tado);
- Providenciar ou dar assistência religiosa, caso seja solicitada. • Observar funcionamento e controlar, quando necessário, os
líquidos eliminados por sondas, drenos, etc; - Realizar mudança de
Preparo físico: decúbito de acordo com a evolução clínica;
• Realizar a consulta de enfermagem, atentando para as con‐ • Forçar ingesta líquida e sólida assim que a dieta for liberada;
dições que podem atuar negativamente na cirurgia e reforçando as • Promover movimentação ativa, passiva e deambulação precoces
positivas; se forem permitidas e houver condições físicas;
- Providenciar e/ou preparar o paciente para exames laborato‐ - Trocar curativos;
riais e outros exames auxiliares no diagnóstico; - Orientar paciente e a família para a alta, quanto à importância
• Iniciar o jejum após o jantar ou ceia;
do retomo médico para controle e cuidados a serem dispensados
- Verificar sinais vitais, notificar ao médico responsável se ocor‐
no domicílio como gesso, repouso, limpeza adequada;
reram sinais ou sintomas de anormalidade ou alteração dos sinais
- Proporcionar recreação, por exemplo, revistas e TV
vitais;

13
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Assistência Pós-cirúrgica específica para o membro superior: • Evitar o edema enfaixando-o sem compressão exagerada e
- Posicionar o membro operado em elevação, entre 60 e 90 não deixar o membro residual pendurado. A pressão excessiva so‐
graus, apoiados em travesseiros, quando estiver em decúbito hori‐ bre o membro residual deve ser evitada, pois pode comprometer a
zontal e, ao deambular, mantê-lo corar tipóia e mão elevada acima cicatrização da incisão cirúrgica;
do tórax; • O membro residual não deverá ser apoiado sobre o traves‐
• Observar edema, palidez, cianose ou alteração da tempera‐ seiro, o que pode resultarem contratura e flexão do quadril. Uma
tura em extremidades das mãos; contratura da próxima articulação acima da amputação constitui
• Realizar limpeza dos artelhos, secando bem os espaços in‐ complicação freqüente. De acordo com a preferência do cirurgião,
terdigitais o membro residual poderá ser posicionado em extensão ou eleva‐
- Realizar curativos a cada dois dias em incisão cirúrgica: lim‐ ção por curto período de tempo após a cirurgia. Deve-se desesti‐
peza com solução fisiológica a 0,9%, aplicação tópica de rifocina mular a posição sentada por períodos prolongados para evitar as
spray e oclusão com gaze e atadura. No caso de cirurgia de enxerto contraturas em flexão de quadril e de joelho;
cutâneo, a frequência da troca do curativo da área doadora será es‐ • Estimular e ajudar nos exercícios precoces de amplitude. O
tabelecida conforme a necessidade, isto é, quando houver extrava‐ paciente pode utilizar um trapézio acima da cabeça ou um lençol
samento de secreção, que varia em torno de dois a cinco dias. O da amarrado na cabeceira do leito para ajudar a mudá-lo de posição
área receptora será realizado pelo médico responsável, geralmente e fortalecer o bíceps. Solicitar orientação ao serviço de fisioterapia
após cinco dias, conforme seu critério, utilizando-se algum produto sobre a adequação dos exercícios ao paciente.
não aderente;
• Estando com tala gessada ou somente enfaixado, retirar a O CUIDADO DE ENFERMAGEM NO TRANS-OPERATÓRIO
tala ou faixa para curativos, tomando o cuidado de manter o mes‐ O período trans-operatório compreende o momento de recep‐
mo alinhamento do membro superior e mão durante o procedi‐ ção do cliente no CC e o intra-operatório realizado na SO.
mento e recolocar a tala ou a bandagem, obedecendo-se a ordem
de início da região distal para a proximal; Montagem da sala cirúrgica
• Movimentar passivamente e delicadamente as articulações O auxiliar de enfermagem desempenha a função de circulante
não gessadas; da sala cirúrgica, que também pode ser exercida pelo técnico em
• Caso esteja com aparelho gessado, mantê-lo limpo; não mo‐ enfermagem, quando necessário. Ao receber a lista de cirurgia, o
lhá-lo (durante o banho, protegê-lo coin material plástico, um sani‐ circulante da sala verifica os materiais, aparelhos ou solicitações
to, por exemplo, e orientá-lo a não deixar entrar água pelo bordo especiais à mesma. Para prevenir a contaminação e infecção cirúr‐
superior); observar sinais de garroteamento como edema e palidez gica, é importante manter a sala em boas condições de limpeza,
ou gesso apertado; ausência ou diminuição da sensibilidade ou mo‐ observar se o lavabo está equipado para uso e lavar as mãos. Por‐
tricidade, sinais de hemorragia como presença de sangramento no tanto, antes de equipar a sala, o circulante limpa os equipamentos
aparelho gessado e odor desagradável; com álcool etílico a 70% ou outro desinfetante recomendado, dei‐
• Orientar o paciente a não introduzir objetos em caso de pru‐ xando-os prontos para a recepção do cliente e equipe cirúrgica. am‐
rido e não retirar algodão do gesso biente do CC oferece ao mesmo, já submetido a um estresse físico e
exposição dos órgãos e tecidos ao meio externo; daí a importância
Assistência Pós-cirúrgica específica para os membros inferio- do uso de técnicas assépticas rigorosas.
res:
• Realizar cuidados acima citados Tempo cirúrgico
• Manter repouso absoluto do membro inferior e posiciona‐ Abrange, de modo geral, a seqüência dos quatro procedimen‐
mento elevado, geralmente acima do nível do corpo. Ao encami‐ tos realizados pelo cirurgião durante o ato operatório. Inicia-se pela
diérese, que significa dividir, separar ou cortar os tecidos através
nhá-lo ao banho ou para deambulação, andar com apoio ou cadei‐
do bisturi, bisturi elétrico, tesoura, serra ou laser; em seguida, se
ras adequadas;
faz a hemostasia, através de compressão direta com os dedos, uso
• Se o membro estiver gessado e com salto, aguardar a seca‐
de pinças, bisturi elétrico (termocautério) ou sutura para prevenir,
gem adequada e a liberação para a deambulação, conforme orien‐
deter ou impedir o sangramento. Ao se atingir a área comprome‐
tação médica, alternando a deambulação e o repouso com ele‐
tida, faz-se a exérese, que é a cirurgia propriamente dita. A etapa
vação do membro inferior gessado. Caso o aparelho gessado não
final é a síntese cirúrgica, com a aproximação das bordas da ferida
contenha salto, isso é indicativo de que a deambulação é proibida;
operatória através de sutura, adesivos e/ou ataduras.
• Não fletir o membro durante a secagem do gesso;
• Proceder a retirada de pontos cirúrgicos entre sete a dez dias Instrumentais e fios cirúrgicos
ou depois da retirada do aparelho gessado. Auxiliam a equipe cirúrgica durante a operação, mas para isso
é necessário que a equipe de enfermagem ofereça-os em perfeitas
Assistência Pós-cirúrgica especifica em amputação de mem- condições de uso e no tamanho correto. O instrumentador cirúrgi‐
bro inferior: co é o profissional responsável por prever os materiais necessários
- Promover o alívio da dor se houver; à cirurgia, bem como preparar a mesa com os instrumentais, fios
• Os amputados experimentam com freqüência dor fantasma cirúrgicos e outros materiais necessários, ajudar na colocação de
ou sensação fantasma. Tais sensações são reais e devem ser aceitas campos operatórios, fornecer os instrumentais e materiais à equipe
pelo paciente e pelas pessoas que lhe prestam assistência. cirúrgica e manter a limpeza e proteção dos instrumentais e mate‐
• Apesar da amputação ser uni procedimento de reconstrução, riais contra a contaminação.
a mesma altera a imagem corporal do paciente. O enfermeiro de‐ Os instrumentais cirúrgicos são classificados de acordo com
verá estabelecer uma relação de confiança, com a qual encorajará o sua função:
paciente a olhar, sentir e a cuidar do membro residual, tornando-o - diérese - utilizados para cortar, tais como o bisturi, tesouras,
apto e participante ativo no autocuidado; trépano;
• Observar sinais de secreções hemáticas em incisão cirúrgicas, - hemostáticos - auxiliam a estancar o sangramento, tais como
coloração, temperatura e aspecto da cicatrização; as pinças de Kelly, Kocher, Rochester;

14
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- síntese cirúrgica - geralmente utilizados para fechamento de poníveis nos equipamentos oferecidos pelo mercado, às dimensões
cavidades e incisões, sendo o mais comum a agulha de sutura presa internas – que devem ser compatíveis com o volume de materiais a
no porta-agulha; ! apoio ou auxiliares - destinam-se a auxiliar o uso serem esterilizados – e às dimensões externas dos equipamentos,
de outros grupos de instrumentais, destacando-se o afastador Fa‐ que devem ser compatíveis com a área onde serão instalados.
rabeuf para afastar os tecidos e permitir uma melhor visualização Especificamente sobre as autoclaves por esterilização por va‐
do campo operatório e a pinça anatômica para auxiliar na dissecção por d’água, sugere-se procurar um fabricante que cumpra as nor‐
do tecido; especiais - aqueles específicos para cada tipo de cirurgia, mas de fabricação, desempenho e principalmente de segurança, já
como, por exemplo, a pinça gêmea de Abadie, utilizada nas cirur‐ que se trata de um vaso de pressão. Os cuidados a serem tomados
gias do trato digestivo. Os fios cirúrgicos apresentam-se com ou iniciam-se nos requisitos de uso, em que é necessário pormenorizar
sem agulhas, e sua numeração varia de 1 a 5 e de 0-0 a 12-0 (doze‐ os detalhes dos produtos a serem esterilizados e dados de volume,
-zero). São classificados em absorvíveis e não-absorvíveis. peso, quantidade, etc.
Os cuidados devem prosseguir nas etapas de validação, como
Pós operatório qualificação de instalação, qualificação de operação e qualificação
O pós-operatório inicia-se a partir da saída do cliente da sala de de desempenho. Com o equipamento em operação deve-se cum‐
operação e perdura até sua total recuperação. Subdivide-se em póso‐ prir à risca as instruções de manutenção previstas pelo fabricante e
peratório imediato (POI), até às 24 horas posteriores à cirurgia; media‐ também da legislação de trabalho e saúde.
to, após as 24 horas e até 7 dias depois; e tardio, após 7 dias do recebi‐ O uso do agente esterilizante vapor é peça-chave para um bom
mento da alta. Nesta fase, os objetivos do atendimento ao cliente são processo, por ser o principal portador do calor para a indústria que
identificar, prevenir e tratar os problemas comuns aos procedimentos se utiliza deste processo. Os níveis de qualidade exigidos por nor‐
anestésicos e cirúrgicos, tais como dor, laringite pós- entubação tra‐ matização não somente na indústria farmacêutica, bem como na
queal, náuseas, vômitos, retenção urinária, flebite pós-venóclise e ou‐ alimentícia, biotecnologia, foram aumentados. Processos em que
tros, com a finalidade de restabelecer o seu equilíbrio no passado recente eram aceitáveis o uso de vapor industrial (con‐
Idealmente, todos os clientes em situação de POI devem ser taminados com produtos químicos nocivos na água de alimentação,
encaminhados da SO para a RPA e sua transferência para a enfer‐ particulados e incrustações, bem como corrosões), agora exigem
maria ou para a UTI só deve ocorrer quando o anestesista conside‐ um vapor com grau de pureza extremamente puro. Por isso é im‐
rar sua condição clínica satisfatória. portante conhecer as qualidades de pureza de vapor que é possível
A RPA é a área destinada à permanência preferencial do clien‐ usar nos processos, o quanto adequado cada tipo de vapor é, e que
te imediatamente após o término do ato cirúrgico e anestésico, tipo de normativa o regula para tal processo.
onde ficará por um período de uma a seis horas para prevenção ou Há também cuidados relativos aos testes de bowie-dick, que
tratamento de possíveis complicações seriam importantes para a eficiência do sistema, assim como os tes‐
. Neste local aliviará a dor pós-operatória e será assistido até tes de comprovação de eliminação bacteriana trariam segurança
a volta dos seus reflexos, normalização dos sinais vitais e recupe‐ aos usuários e no processo de esterilização como um todo.
ração da consciência. Considerando tais circunstâncias, este setor
deve possuir equipamentos, medicamentos e materiais que aten‐ LAVADORA ULTRASSÔNICA
dam a qualquer situação de emergência, tais como: O uso da lavadora ultrassônica é recomendado para a limpe‐
- equipamentos básicos: cama/maca com grades laterais de za de instrumentos de laboratório sensíveis a limpeza manual. Por
segurança e encaixes para suporte de solução, suporte de solução possuir frequência ultrassônica, é indicada sua utilização tanto para
fixo ou móvel, duas saídas de oxigênio, uma de ar comprimido, as‐ limpezas pesadas, quanto para limpezas finas, já que é possível
pirador a vácuo, foco de luz, tomadas elétricas, monitor cardíaco, escolher modelos com frequência maior ou menor. Utilizadas em
oxímetro de pulso, esfigmomanômetro, ventiladores mecânicos, segmentos das áreas médica hospitalar, limpeza de utensílios de
carrinho com material e medicamentos de emergência; laboratório, entre outros.
- Materiais diversos: máscaras e cateteres de oxigênio, sondas Limpeza e desinfecção de instrumentos hospitalares e de labo‐
de aspiração, luvas esterilizadas, luvas de procedimentos, medica‐ ratório, dissolução de amostras, e também em testes de sujidades
mentos, frascos de solução, equipos de solução e de transfusão sangüí‐ de peças, limpeza profunda em qualquer tipo de peças, entre ou‐
nea, equipos de PVC (pressão venosa central), material para sondagem tras aplicações.
vesical, pacote de curativo, bolsas coletoras, termômetro, material de A lavadora ultrassônica é capaz de aquecer o líquido no qual os
instrumentos laboratoriais estão contidos quando o modelo adqui‐
coleta para exames e outros porventura necessários.
rido for composto pela função de aquecimento.
O fenômeno denominado cavitação é o responsável pela lim‐
Cuidados de enfermagem no pós-operatório imediato (POI)
peza destes utensílios de laboratório.
Este período é considerado crítico, considerando-se que o
cliente estará, inicialmente, sob efeito da anestesia geral, raquia‐
nestesia, peridural ou local. Nessa circunstância, apresenta-se bas‐
tante vulnerável às complicações. Assim, é fundamental que a equi‐ NOÇÕES DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR
pe de enfermagem atue de forma a restabelecer-lhe as funções
vitais, aliviar-lhe a dor e os desconfortos pós-operatório (náuseas, Ações de enfermagem na prevenção, controle e combate à
vômitos e distensão abdominal), manter-lhe a integridade da pele infecção hospitalar
e prevenir a ocorrência de infecções. Infecção Hospitalar é aquela adquirida no hospital, mesmo
quando manifestada após a alta do paciente. Alguns autores são
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/profae/pae_cad5.pdf mais exigentes, incluindo também aquela que não tenha sido diag‐
nosticada na admissão do paciente, por motivos vários, como pro‐
Uso de autoclaves requer cuidados especiais longado período de incubação ou ainda por dificuldade diagnostica.
O uso de autoclaves, aparelhos muito utilizados em labora‐ O Serviço de Enfermagem representa um papel relevante no
tórios de pesquisas e hospitais para a esterilização de materiais, controle de infecções por ser o que mais contatos mantém com
requer vários cuidados. O usuário deve atentar-se aos recursos dis‐ os pacientes e por representar mais de 50% do pessoal hospitalar.

15
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Colaboram também com destaque, na redução de infecções hos‐ mor que estes fatos, dados a conhecer, desprestigiem o hospital.
pitalares, os Serviços Médicos, de Limpeza, Nutrição e Dietética, Tais atitudes impedem que se executem medidas de isolamento,
Lavandaria e de Auxiliares de Diagnóstico e Tratamento. O apoio de limpeza concorrente e desinfecção terminal, de modo a evitar a
da Administração Superior do Hospital e a colaboração dos demais propagação de infecção, mesmo dispondo de instalações adequa‐
servidores, em toda a escala hierárquica, desde o Administrador até das, material necessário e de pessoal capacitado para o combate
o Servente, fazem-se indispensáveis. à infecção.
Afora o esforço permanente e sistematizado de todo o pessoal
hospitalar, muito do bom êxito na execução de medidas de preven‐ Uso inadequado de antibióticos
ção e controle de infecções vai depender da planta física, equipa‐ Na literatura consultada encontra-se como uma das causas de
mentos, instalações e da capacidade do pessoal. aumento de incidência de infecção o uso indiscriminado de antibió‐
ticos que fizeram surgir raças resistentes a esses agentes antimicro‐
Incidência de Infecções bianos entre os germes sensíveis.
Independente do bom atendimento dos pacientes, a adoção
de medidas preventivas contra as infecções é dificultada pelas defi‐ Manipulação diagnostica
ciências encontradas na planta física de nossos hospitais, tais como A atuação do pessoal de enfermagem nas medidas diagnosti‐
a localização dos ambulatórios, o controle do acesso de pacientes cas tais como cateterismo cardíaco, arteriografias, biópsias por pun‐
externos ao Centro Obstétrico, Centro Cirúrgico, Berçário, Lactário, ção, aspiração de líquidos (cerebral, pleural, peritonial, sinovial), etc
Unidade de Queimados, etc. O número deficiente de elevadores quando deixa de atender os princípios de esterilização, pode ofere‐
obriga a permissão do transporte promíscuo de pacientes, de car‐ cer risco de contaminação e posterior infecção.
ros térmicos de alimentação, de roupa limpa e suja, de visitantes e
de pessoal hospitalar. Dependências físicas com áreas deficientes Pessoal
dificultam a execução de técnicas médicas e de enfermagem, assim Sabe-se que o elemento humano é a principal fonte de infecção
como as grandes enfermarias onde a superlotação concorre para no hospital e um “check-up” da saúde individual do pessoal hospita‐
o aumento de infecções cruzadas. A falta de quartos individuais, lar, na sua admissão, é uma medida adotada pelos nossos hospitais,
com sanitários próprios em cada unidade de internação, não facilita embora ainda não tenham estabelecido a frequência e os tipos de
a montagem de isolamento para pacientes portadores de doenças exames clínicos, laboratoriais, imunizações, segundo uma escala de
infecto-contagiosas e para os suspeitos. A simples, enfatizada e in‐ prioridade e de acordo com as atividades exercidas pelo pessoal,
dispensável lavagem constante das mãos do pessoal hospitalar, na nos mais diferentes setores do hospital. Assim, para o pessoal que
prevenção de infecções, afigura-se, às vezes, de difícil adoção pelo trabalha em áreas críticas como Berçário, Lactário, Centro Cirúrgi‐
número reduzido de lavatórios e pelo seu tipo inadequado. A lo‐ co, Centro Obstétrico, Unidade de Tratamento Intensivo, Unidade
calização inconveniente de certos setores que devem ser próximos de Recuperação Pós-Anestésica, Pediatria, Lavandaria, Serviço de
entre si, como o Centro Obstétrico e Berçário à Unidade de Inter‐ Nutrição e Dietética e Radiologia, os exames devem ser mais minu‐
nação Obstétrica, as Salas de Operações à Unidade de Recuperação ciosos e os prazos menores.
Pós-Anestésica e esta à Unidade de Tratamento Intensivo, como as Houve unanimidade nos 16 hospitais quanto à exigência do
exame clínico, abreugrafia e imunizações anti-variólica e anti-tífica,
construções de material de má qualidade, permitindo a infiltração
para a admissão de pessoal hospitalar.
de água e a falta de incineradores de lixo, são critérios muitas ve‐
Cada hospital deve estabelecer as prioridades e a frequência
zes não observados pelos responsáveis pelas construções de nossos
dos exames que julgar necessários ao controle sanitário do seu
hospitais.
pessoal hospitalar, levando em consideração também as fontes de
Outros fatores contribuem para um maior índice de infecção,
infecção identificadas e as possibilidades dos recursos materiais e
seja pela maior exposição dos pacientes aos germes, seja pela alte‐
humanos do Serviço de Análises Clínicas. Essa medida visa à prote‐
ração de suas resistências naturais: longa permanência no hospital,
ção do pessoal e dos pacientes pelo afastamento do trabalho dos
grandes cirurgias, anestesia prolongada, deambulação precoce, o portadores de infecções, aparentes ou não. O controle sanitário de
emprego mais frequente de transfusões de sangue, o emprego de todo o pessoal hospitalar, após a admissão, está por receber de nos‐
medicamentos que afetam a resposta imunológica, tratamentos re‐ sos hospitais a atenção que merece. Apenas 18,75% dos hospitais
laxantes musculares e hipotérmicos. se mostram interessados em manter uma vigilância epidemiológica
de seu pessoal, o que é de se lamentar.
Qual é o índice de infecção de nossos hospitais?
Pouquíssimos hospitais estão em condições de informar seu Pacientes, familiares e visitantes
índice de infecção já que não existe obrigatoriedade, por parte dos A prevenção de propagação de infecções decorrentes dos pa‐
médicos ou de outros profissionais da equipe de saúde, de notifica‐ cientes, familiares e visitantes repousa na educação sanitária des‐
ção, a um órgão central, das infecções diagnosticadas na admissão tes. A supressão do simples aperto de mãos entre pacientes, fami‐
e durante a permanência dos pacientes no hospital. No nosso caso liares e visitantes, o sentar na cama dos pacientes, o trânsito por
93,75 dos hospitais não informaram seu índice de infecção. outras áreas do hospital, as visitas entre os pacientes e a redução
O grupo responsável pelo controle de infecções do hospital do número e a proibição de visitas de crianças menores de 12 anos
deve elaborar os critérios pelos quais os membros da equipe de e de pessoas convalescentes, são algumas das recomendações que,
saúde concluirão pela necessidade de isolamento do paciente, já por certo, concorrerão para a prevenção de infecções no ambiente
que é um assunto controvertido. A elaboração do relatório diário hospitalar. Os pacientes devem ser também orientados quanto às
do índice de infecção o que pode ficar sob a responsabilidade do medidas de higiene e proteção que devem tomar, em relação ao
médico ou da enfermeira do paciente. O registro das infecções hos‐ contágio da doença de que é portador.
pitalares é importantíssimo para o estudo das fontes de infecção.
Compreende-se que a infecção hospitalar seja indesejável por Atos cirúrgicos
todos os responsáveis por um bom padrão de atendimento aos pa‐ É comum atribuírem o aparecimento de infecção pós-operató‐
cientes internados; o que não se compreende é que os casos de ria a falhas na esterilização do material cirúrgico que, embora seja
infecção hospitalar sejam ignorados ou mesmo negados por te‐ um fator crítico, não é o único responsável pelas infecções em cirur‐

16
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
gias. Há necessidades de se investigar em qual tempo operatório a de papel se constitui em método eficiente para evitar a propagação
infecção se originou, isto é, no trans-operatório, por falhas no Cen‐ de germes. As bactérias transientes das mãos são facilmente elimi‐
tro Cirúrgico ou no pré e pós-operatório, por falhas nas medidas de nadas com o uso de antissépticos adequados o que não acontece
diagnóstico, de tratamento médico e nos cuidados de enfermagem com o uso do sabão comum que exige uma lavagem de 5 a 10 minu‐
executados nas unidades de internação. tos para eliminar os microorganismos presentes.
As infecções no trans-operatório podem decorrer de vários fa‐ Y. Hara, realizou uma pesquisa no hospital de Clínicas da FMUSP
tores: falhas nas técnicas de esterilização de instrumental cirúrgico, para comprovar a contaminação das mãos e a presença de germes
roupas, outros materiais e utensílios em geral; mau funcionamento patogênicos antes e após a arrumação de camas de pacientes am‐
dos aparelhos de esterilização; a manipulação incorreta do material bulantes e acamados; além de germes saprófitas constatou a pre‐
estéril; a antissepsia deficiente das mãos e antebraços da equipe sença de Estafilococo Dourado mesmo na arrumação de camas de
cirúrgica; o desconhecimento ou a displicência na conduta e na in‐ pacientes ambulantes, onde a contaminação foi menor do que na
dumentária preconizada a toda a equipe envolvida no ato cirúrgico; cama de pacientes acamados.
dependências do Centro Cirúrgico fora dos padrões recomendáveis Por desempenhar um papel importante na disseminação de
e a não observância de outras normas que impeçam a contamina‐ doenças, U. Zanon) aconselha que «as mãos do pessoal de unida‐
ção dos pacientes e do ambiente. des de internação sejam testadas uma vez por mês e as mãos dos
A avaliação bacteriológica do instrumental cirúrgico, de outros responsáveis pelo preparo das mamadeiras uma vez por semana.
materiais e do ambiente hospitalar deve merecer mais interesse No Lactário, as mamadeiras e os bicos devem ser testados
por parte do pessoal de enfermagem que, com a colaboração do diariamente, inclusive o conteúdo da mamadeira logo após o seu
Serviço de Análises Clínicas ou da Comissão de Infecção, deve fazer‐ preparo e 24 horas após a estocagem, a fim de detectar possíveis
-se representar para o estabelecimento dos métodos de controle contaminações. A água de beber deve ser fervida e examinada uma
bacteriológico e sua frequência. vez por semana, assim como a água dos umidificadores de oxigênio
Não é demasiado insistir na necessidade de um maior interesse e a das incubadoras.
científico na avaliação bacteriológica frequente dos veículos e fômi‐ Em estudo comparativo realizado por M. I. Teixeira sobre as
tes no meio hospitalar. condições bacteriológicas do Berçário, Centro Cirúrgico e Sala de
Parto, durante três meses, num hospital do Rio de Janeiro e cons‐
Tratamento tatou 490 colônias no Berçário, 233 no Centro Cirúrgico e 191 na
Constituem poderosas armas no combate às infecções decor‐ Sala de Parto. No que se relaciona com os germes isolados em cada
rentes de falhas nas unidades de internação e demais áreas do hos‐ dependência, a situação foi desfavorável ao Berçário onde foram
pital, o ensino e a supervisão do pessoal que trabalha no hospital, identificadas 26 amostras de Estafilococos patogênicos (coagulase
para adoção de medidas preventivas para execução de técnicas de positiva), enquanto no Centro Cirúrgico foram encontradas 8 e na
combate à infecção hospitalar. Sala de Parto 4.
Através da leitura da anamnese completa, por ocasião da ad‐ Dentre os setores do hospital sobressai-se o Berçário em face
missão e da interpretação dos resultados dos exames complemen‐ da alta mortalidade do recém-nascido, por causa de sua suscetibi‐
tares e baseados nos critérios de infecção estabelecidos, o pessoal lidade.
de enfermagem pode constatar pacientes infectados, a fim de se
tomarem as medidas de isolamento, estas medidas, aliadas à hi‐ É insistentemente destacada na literatura a importância da
gienização completa dos pacientes na admissão, durante sua hos‐ lavagem frequente das mãos com antissépticos adequados e a
pitalização e principalmente antes de serem levados à cirurgia e a necessidade de comprovação científica da eficiência das rotinas e
limpeza de sua unidade, se constituem em importantes medidas na procedimentos médicos e de enfermagem sob as nossas condições
redução de infecções decorrentes dos pacientes, nas unidades de ambientais, humanas e materiais.
internação. Os Serviços de Limpeza e Lavandaria são responsáveis por ati‐
O isolamento do paciente infectado embora não deva ser negli‐ vidades importantes na redução de infecções pela remoção do pó
genciado o que se vê na maioria das vezes, em relação ao isolamen‐ e a correta desinfecção das roupas, atividades que devem ser coor‐
to de pacientes em unidades de internação comuns, são medidas denadas por pessoas com suficiente preparo básico. Não se estaria
que se resumem na transferência do paciente para um quarto in‐ exigindo demasiado se o Coordenador do Serviço de Limpeza pos‐
dividual e na colocação do avental sobre a roupa daqueles que vão suísse instrução equivalente ao 1.º grau completo; conhecimentos
entrar em contato com o paciente. científicos relacionados à higiene, à limpeza e à desinfecção; inte‐
A orientação do pessoal hospitalar, no desempenho de técnicas resse em progredir na sua área de trabalho e habilidade para trei‐
de limpeza, de desinfecção e de assepsia deve ser contínua, formal nar e supervisionar o seu pessoal. As exigências para o cargo de
e informal. Coordenador do Serviço de Lavandaria devem ser também maiores,
Precisa ser intensificado o desenvolvimento de programas de pela importância de suas atividades na segurança e bem-estar dos
atualização no que concerne à prevenção, combate e controle de pacientes.
infecções hospitalares extensivos a todo o pessoal hospitalar, prin‐
cipalmente àqueles que mantêm contatos com os pacientes e os Comissão de Infecção
seus fomites. O Serviço de Enfermagem se preocupa em 33,33% Apenas 37,50% de nossos hospitais possuem uma Comissão de
com a atualização dos conhecimentos de seu pessoal no desempe‐ Infecção ou um pessoa com atribuições definidas para o controle
nho de suas atribuições, porém, necessita dar continuidade e realce de infecções que, além de outras responsabilidade tão bem enu‐
aos conteúdos programáticos relacionados com a prevenção de in‐ meradas por C. G. Melo, é o órgão responsável pela indicação dos
fecções e atenção de enfermagem aos pacientes infectados. diversos produtos químicos utilizados no hospital. Muitos de nossos
A maioria das infecções hospitalares é transmitida pelo con‐ hospitais (68,75%) deixam a critério do Serviço de Enfermagem a
tágio direto, através de mãos contaminadas. A lavagem das mãos indicação dos antissépticos e desinfetantes e, para esta responsabi‐
antes e depois de cuidar de cada paciente e às vezes no decurso de lidade complexa, deve preparar-se para estar em condições de es‐
diversos tratamentos prestados ao mesmo paciente com emulsão tabelecer os critérios técnicos para a escolha dos mesmos, realizar
detergente bacteriostática e enxutas com ar quente ou com toalhas ou colaborar nos testes bacteriológicos e na avaliação dos produtos
químicos que indica para os diversos fins no hospital.

17
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Segundo U. Zanond os critérios técnicos para a escolha de ger‐ - supervisionem o seu pessoal na desinfecção e esterilização de
micidas hospitalares são: o registro no Serviço Nacional de Fiscaliza‐ material e do ambiente, no tratamento e no processo de atenção de
ção de Medicina e Farmácia, o estudo da composição química e sua enfermagem ao paciente infectado;
adequação às finalidades do produto e a comprovação bacterioló‐ - desenvolvam cursos para o seu pessoal dando realce aos con‐
gica da atividade germicida. teúdos relacionados com a atenção de enfermagem a pacientes in‐
O pessoal de enfermagem deve usar os desinfetantes e antis‐ fectados e à prevenção de infecções;
sépticos baseado em resultados de sua própria experiência, tendo - se façam representar na Comissão de Infecção designando
em vista os germes responsáveis pelas infecções no hospital onde uma enfermeira, em tempo integral, como coordenadora da execu‐
trabalha. ção de sua parte no programa de controle de infecções no hospital;
A criação de Comissão de Infecção é justificada e recomenda‐ - procurem ampliar seus conhecimentos sobre antissépticos e
da, e deve constituir-se em órgão coordenador de atividades de in‐ desinfetantes muito especialmente quando se responsabilizar pela
vestigação, prevenção e controle de infecções. indicação dos mesmos para os diversos fins no hospital.
A constituição de uma Comissão de Infecção pode variar se‐
gundo o tamanho do hospital, não deixando, porém, de ter um re‐ Processamento de artigos médico-hospitalares
presentante do Serviço de Enfermagem, em tempo integral, para A utilização correta e mais econômica dos processos de limpe‐
atuar como um dos membros executivos das normas baixadas pela za, desinfecção e esterilização dos materiais é norteada pela classi‐
Comissão. ficação dos materiais, segundo o riscopotencial de infecção para o
Reduzir infecções no hospital é um trabalho gigantesco que exi‐ paciente.
ge a colaboração contínua e eficiente de todo o pessoal hospitalar Para definir qual o melhor processo a ser utilizado, esses mate‐
riais, quer sejam, instrumentais cirúrgicos, peças de equipamentos,
Recomendações etc., são classificados em:
Considerando a importância que tem a redução de infecções
nos hospitais para a diminuição do risco de morbidade e mortali‐ Artigos não críticos: Artigos que entram em contato apenas
dade, do custo do tratamento e da média de permanência dos pa‐ com a pele íntegra do paciente. Estes artigos devem ser submetidos
cientes nos hospitais que resulta numa maior utilização de leitos a desinfecção de baixo nível ou apenas limpeza mecânica com água
hospitalares, recomenda-se que os: e sabão para remoção da matéria orgânica. Ex. estetoscópio, termô‐
metro, esfigmomanômetro,etc.
I - Administradores de Hospital: • Artigos semi-críticos: Artigos que entram em contato com
- Possibilitem aos Serviços do Hospital condições materiais e a pele íntegra ou com mucosas íntegras. Estes artigos devem ser
humanas para a montagem de isolamento de pacientes infectados submetidos a desinfecção de alto nível. Ex. Equipamentos de anes‐
e suspeitos e para a adoção das demais medidas preventivas e de tesia gasosa, terapia respiratória, inaloterapia, instrumentos de fi‐
controle de infecções; bra óptica, etc.
- se assessorarem de pessoal capacitado nas construções e re‐ • Artigos críticos: Artigos que penetram a pele e mucosa,
formas de hospitais a fim de que a planta física não venha a dificul‐ atingindo os tecidos subepiteliais e o sistema vascular, bem como
tar a adoção das medidas de redução de infecções; todos os que estejam diretamente conectados com este sistema.
- tornem compulsória, por parte dos profissionais da equipe da Estes artigos devem ser esterilizados. Ex. instrumental cirúrgico, ca‐
saúde, a notificação a um órgão central das infecções hospitalares teteres cardíacos, laparoscópios, implantes, agulhas, etc.
e não hospitalares;
- mantenham um serviço de vigilância sanitária para o pessoal Limpeza:
hospitalar; É o processo de remoção de sujidade e/ou matéria orgânica
- ofereçam ao grupo ou à pessoa responsável pelo controle de presente nos artigos e superfícies.
infecções os Serviços de Análises Clínicas para a identificação dos Preconiza-se a limpeza com água e sabão, promovendo a remo‐
agentes etiológicos; ção da sujeira e do mau odor, reduzindo assim a carga microbiana.
- incentivem a realização de cursos de atualização de conheci‐ A limpeza deve sempre preceder os processos de desinfecção ou
mentos no que concerne a prevenção e controle de infecções para esterilização, pois a maioria dos germicidas sofre inativação na pre‐
todo o pessoal que mantenha contatos diretos e indiretos com os sença de matéria orgânica.
pacientes;
- estimulem os serviços Médicos, de Enfermagem, Nutrição e Métodos de limpeza:
Dietética, Lavandaria, Limpeza e Auxiliares de Diagnóstico e Trata‐ . Limpeza Manual: Executada através de fricção, com escovas e
mento a elaborarem normas para o seu pessoal referentes à pre‐ uso de detergente e água.
venção e controle de infecções; . Limpeza Mecânica: É realizada através de lavadoras por meio
- estabeleçam critérios mais exigentes para a indicação dos res‐ de uma ação física e química (lavadoras ultrassônicas e termodesin‐
ponsáveis pelos Serviços de Limpeza e de Lavandaria de modo a se fectadoras).
ter pessoal mais qualificado para o desempenho de atividades que
muito concorrem para a redução de infecções;
Secagem:
- criem a Comissão de Infecção ou designem uma pessoa com
Parte importante do processamento de artigos hospitalares.
atribuições definidas para reduzir ao mínimo as infecções hospitalares;
Recomenda-se comumente a secagem com ar comprimido, pois
- permitam a compra de antissépticos e desinfectantes utiliza‐
elimina o ambiente úmido que favorece a proliferação bacteriana.
dos para os diversos fins no hospital quando justificada por critérios
técnicos.
Estocagem:
Deve-se evitar a estocagem de artigos já processados em áreas
II - Serviços de Enfermagem:
- Valorizem e realizem, sistematicamente, avaliação bacterioló‐ próximas a pias, água ou tubo de drenagem.
gicas da desinfecção e esterilização do material hospitalar assesso‐
rados por técnicos no assunto;

18
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Descontaminação: Recomendações:
É o processo de eliminação parcial da carga microbiana de arti‐ - Assegurar-se da qualidade do produto;
gos e superfícies, tornando-os aptos para o manuseio. Após a des‐ - Friccionar a superfície ou o artigo, deixar secar em ar ambien‐
contaminação, deve-se seguir o processamento adequado. te, repetir três vezes até completar o tempo de ação;
- Pode ser usado na desinfecção concorrente de superfícies en‐
Desinfecção: tre cirurgias, exames, após uso do colchão, etc.;
É processo de destruição dos microrganismos em forma vege‐ - Contra-indicado em acrílico, borracha, tubos plásticos. Danifi‐
tativa, mediante aplicação de agentes físicos ou químicos. ca o cimento das lentes dos equipamentos;
- Agente físico:radiação ultra-violeta - Não necessita de enxagüe;
- Agente físico líquido: água em ebulição e sistemas de lavagem - Não necessita usar EPI.
automáticas que associam calor, ação mecânica e detergência
- Agente químico líquido: aldeídos (p/ artigos termo-sensíveis), Fenol sintético:
álcoois (p/ artigos e superfícies), fenol sintético (p/ artigos e super‐ - Desinfecção de nível intermediário e baixo. Usado para des‐
fícies) e hipoclorito de sódio (p/ artigos e superfícies) contaminação ambiental incluindo bancadas de laboratórios e arti‐
gos não críticos. Tempo de exposição para superfícies e artigos é de
Níveis de Desinfecção: 10 minutos.
. Alto Nível: Destrói todas as bactérias vegetativas(porem não
todos os esporos bacterianos), as microbactérias, os fungos e os Recomendações:
vírus.É indicada para artigos como lâminas de larigoscópio, equipa‐ - Contra-indicado para artigos que entram em contato com o
mento de terapia respiratória, anestesia e endoscópio. trato respiratório, alimentos, objetos de látex, acrílico e borrachas
. Médio Nível: destruição de todas as formas bacterianas não - Friccionar a superfície ou o objeto imerso, com escova, espon‐
esporuladas e vírus, inclusive o bacilo da tuberculose. Ex: Cloro, ál‐ ja, etc., antes de iniciar o tempo de exposição;
coois, fenólicos - Enxagüe copioso com água potável;
. Baixo Nível: Destruição de bactérias na forma vegetativa mais - Necessita do uso de EPI – luva de borracha de cano longo,
não são capazes de destruir esporos e nem micro-bactérias e vírus. máscara de carvão, avental impermeável e óculos de proteção.
Ex: Quaternário de Amônia
Hipoclorito de sódio:
Métodos de Desinfecção - Desinfetante dos três níveis – alto, intermediário e baixo -,
conforme a concentração e tempo de exposição.
Desinfecção por meio físico líquido:
Água em ebulição: indicada na desinfecção de baixo nível ou Recomendações:
descontaminação de artigos termo resistentes. Tempo de exposição - Usar em recipientes opacos – o produto é fotossensível. De‐
30 minutos vem ser mantidos em vasilhames tampados devido a volatização
Lavadoras automáticas térmicas: indicada para desinfecção de do cloro.
alto nível de artigos termo resistentes ou para limpeza de artigos - Assegurar-se da qualidade do produto;
críticos antes de sofrerem o processo de esterilização. Podem ser - Descontaminação de superfícies na concentração de 0,1%
associadas ao uso de detergentes enzimáticos ou desinfetantes. Ex. (10.000 ppm) por 10 minutos;
artigos de inaloterapia, acessórios de respiradores, material de en‐ - Desinfecção de artigos:
tubação, etc. - Alto nível: na concentração de 0,1% (1000 ppm) de20 a 60
minutos
Desinfecção por meio químico líquido - Médio nível: na concentração de 0,1% (1000 ppm) por 10 mi‐
nutos
Glutaraldeído: - Baixo nível: na concentração de 0,01% (100 ppm) por 10 mi‐
Desinfecção de alto nível de artigos na concentração de 2%, nutos
por20 a30 minutos; - Necessita enxague no caso de desinfecção de alto nível. Quan‐
Esterilização de artigos na concentração de 2%, de8 a10 horas; do não for possível o enxague com água estéril, deve-se utilizar
Usar em artigos termo sensíveis (instrumental, látex e etc.); água corrente e rinsagem com álcool a 70% após secagem;
• Necessita do uso de EPI – avental, luvas de borracha e
Recomendações: máscara.
- Ativar o produto e verificar o prazo de validade;
- Usar recipiente de vidro ou plástico fosco - produto fotossen‐ Esterilização
sível; É o processo de destruição de todas as formas de vida micro‐
-Manter em recipientes tampados; biana (bactérias nas formas vegetativas e esporuladas, fungos e ví‐
- Necessita de enxague copioso; rus), mediante aplicação de agentes físicos e/ou químicos.
- necessita do uso de EPI -luva de borracha de cano longo, más‐
cara de carvão e óculos de proteção. Testes de Validação
Todo processo de esterilização precisa ser validado, empregan‐
Álcoois: do-se testes físicos, químicos e biológicos, além de monitorização
Desinfecção de nível intermediário de artigos não críticos, al‐ regular durante as operações de rotina. Estes testes são realizados
guns artigos semi-críticos e superfícies, na concentração a 70%. para certificar o desempenho ideal do ciclo de esterilização, e para
Tempo de exposição de 10 minutos com três aplicações, agu ardan‐ determinar se as condições pré-estabelecidas foram atingidas den‐
do a secagem espontânea. tro da câmara, e nos pontos mais críticos da carga.

19
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Indicadores Químicos: Monitorização:
Utilizados para detecção imediata de potenciais falhas no pro‐ . Teste Biológico: Bacillus Subtillis;
cesso de esterilização. . Indicadores Químicos: Fitas termossensiveis.
• Externos: Têm objetivo único de distinguir os pacotes que
passaram pelo ciclo de esterilização, daqueles que não passaram. Flambagem: para uso em laboratório de microbiologia, duran‐
Apresentação na forma de tiras de papel ou fitas adesivas com lis‐ te a manipulação de material biológico ou transferência de massa
tras em diagonal, para uso em autoclaves a vapor ou a gás. bacteriana, através da alça bacteriológica.
• Internos: são colocados dentro dos pacotes que são po‐
sicionados em pontos críticos da câmara, onde o acesso do vapor Agentes Químicos- gasosos:
é mais difícil. Devem ser usados em conjunto com termostatos e Para uso em materiais sensíveis ao calor e umidade.
indicadores biológicos:
• Integradores: indicadores multiparamétricos – provêm Aldeídos: glutaraldeído;
uma reação integrada de temperatura, tempo de exposição e a pre‐ - Produto de alto teor desinfetante;
sença do vapor. Disponíveis para processos a vapor ou a óxido de - Utilizado em condições adequadas são esterilizantes(12hs a 18hs);
etileno. - Limpar e secar o artigo antes de imergir na solução, para evi‐
tar a diluição do produto;
Indicadores Biológicos: - Preencher o interior das tubulações com seringa;
Utilizados para monitorar as condições de esterilidade dentro - Colocar data de ativação do produto;- Respeitar o prazo de
dos pacotes-teste. validade;
- Desprezar o produto caso se observe algum tipo de matéria
Métodos de Esterilização orgânica;
- Enxaguar bem o artigo(cancerigêneo);
Agentes Físicos:
Vapor saturado sob pressão: para artigos que não sejam sen‐ Monitorização:
síveis ao calor e ao vapor. É o processo de maior segurança (auto‐ . Fitas reagentes ou kit liquido para acompanhar o ph da solução.
clave). Óxido de etileno: portaria interministerial MS/MT nº 4; D.º
Artigos que não sejam sensíveis ao calor e vapor; 31/07/1991 DF, regulamenta este método de esterilização, estabe‐
- Acomodação dos artigos em cestos aramados;- Usar só 80% lecendo regras de instalação e manuseio com segurança devido à
da capacidade; toxicidade do gás.
- Embalagens: Grau cirúrgico (de forma vertical, filme com fil‐ Outros princípios ativos: desde que atendam à legislação espe‐
me, papel com papel), papel não tecido(SMS) e campos de algodão; cífica. Todos os artigos;
- Validade de acordo com a embalagem e acondicionamento;
- Manipular o artigo após o resfriamento. - Respeitar as normas vigentes do ministério da saúde(áreas e
instalações próprias devido a alta toxicicidade);
- Somente embalagens de grau cirúrgico;
- Observar rigorosamente os tempos de areação;
Tipos:
- Validade de 02 anos;
. Gravitacional: O ar é removido por gravidade;
- Processo lento e favorece a permanência de ar residual;
Monitorização:
- Pouco utilizada.
. Controle Biológico: Bacillus Subtilis hoje mais conhecido como
. Pré- Vácuo:
Bacillus Atrophaeus
- O ar é removido pela bomba de vácuo; .Fitas Indicadoras.
- O vácuo pode ser obtido por meio de vácuo único e pulsatil,
o mais eficiente, devido a dificuldade de se obter vários níveis de Esterilização por plasma de peróxido de hidrogênio – Sterrad.
vácuo em um só pulso. O processo promove uma nuvem de reações entre íons, elé‐
trons e partículas atômicas neutras (plasma). O plasma é bacterici‐
Monitorização: da, tuberculicida, esporicida, fungicida e viruscida.
. ControleBiológico: Bacillus Stearotermophillus; O processo inclui 5 fases: vácuo, injeção, difusão plasma e ven‐
. Bowie Dick: Avaliação da bomba de vácuo; tilação. Cada fase é controlada e registrada pelo equipamento (au‐
. Indicador Químico:classe 1, classe, classe 3, classe 4 tomonitorado), e em casos de qualquer desvio do esperado, ocorre
. Integrador Químico: classe 5 e 6 automática interrupção do ciclo e emissão de um relatório impres‐
so sobre as causas e as ações a serem tomadas.
Segundo recomendação da AORN (2002)
Vantagens:
Tipo de Temperatura Tempo de Exposição -Não é tóxico ao meio ambiente. Tem como resíduos finais, a
Equipamemto água e o oxigênio;
-Ciclo total rápido (75 minutos). Não necessita de período de aeração;
Gravitacional 132 a135°C 10 a25 min -Simples de instalar e operar;
121 a123°C 15 a30 min -Compatível com plásticos, borrachas, metais, vidros e acrílicos;
Pré-Vacuo 132 a135°C 03 a04 min -Promove a esterilização em baixa temperatura – aproximada‐
mente 50º C;
Calor seco: para artigos que não sejam sensíveis ao calor, mas - Possui indicadores químicos próprios.
que sejam sensíveis à umidade (estufa).
- Utilizados para esterilizar, pós, óleos e instrumentais; Desvantagens:
- Validade: 07 dias. -Alto custo inicial;

20
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
-Necessita de embalagem específica, livre de celulose;
-Não processa materiais que absorvam líquidos – por exemplo, musselina, nailon, poliester e materiais que contenham fibras vegetais
– por exemplo, algodão e papéis.
-É limitado quanto a artigos que possuam lúmen (relação entre o diâmetro e o comprimento);
-Não processa artigos com lúmen de fundo cego; aceita artigos metálicos e plásticos com lúmen de diâmetro interno acima de0,3 cm.
Artigos com diâmetro interno de 0,1 a 0,3cm necessitam de adaptador próprio. O comprimento máximo aceito para itens metálicos é de50
cm, e para itens plásticos de130 cm.
- É necessário utilizar EPI – luvas de látex – ao manusear os recipientes com peróxido de hidrogênio concentrado. Se houver contado
com a pele lavar copiosamente.

Dispensação - Regras para um Armazenamento Ideal:


. Limite de tráfegos de pessoas;
.Temperatura entre18 a 22° e a umidade de35 a 50%
. Prateleiras abertas;
. O local deve ser longe de água; janelas, portas e tubulações expostas;
. O material deve ser manipulado o mínimo possível;
. Efetuar inspeção periódica dos artigos, verificando qualquer anormalidade;
. Os pacotes devem atingir a temperatura ambiente antes de serem transferidos para as prateleiras;
. Estabelecer limpeza diária e periódica;
. Dispor os itens de forma que facilite a localização;
. Liberar os lotes mais antigos antes dos mais novos;
. Efetuar conferências periódicas dos artigos estocados.

Prevenção e Controle de Infecção

O QUE É?
A infecção relacionada à assistência à saúde (IRAS) é aquela adquirida em função dos procedimentos necessários à monitorização e ao
tratamento de pacientes em hospitais, ambulatórios, centros diagnósticos ou mesmo em assistência domiciliar (home care).
O diagnóstico das IRAS é feito com base em critérios definidos por agências de saúde nacionais e estrangeiras, como o Centro de Vigi‐
lância Epidemiológica (CVE) da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e os Centers
for Disease Control and Prevention (CDC), dos Estados Unidos.
Mesmo quando se adotam todas as medidas conhecidas para prevenção e controle de IRAS, certos grupos apresentam maior risco
de desenvolver uma infecção. Entre esses casos estão os pacientes em extremos de idade, pessoas com diabetes, câncer, em tratamento
ou com doenças imunossupressoras, com lesões extensas de pele, submetidas a cirurgias de grande porte ou transplantes, obesas e fu‐
mantes.
O monitoramento das IRAS permite que os processos assistenciais sejam aprimorados e que o risco dessas infecções possa ser redu‐
zido.
Nesse sentido, a higienização das mãos é um procedimento essencial. O nosso processo é baseado nas recomendações da OMS, que
considera a necessidade de higienização das mãos, por todos os profissionais de saúde, em cinco momentos diferentes, incluindo antes e
depois de qualquer contato com o paciente, conforme mostra a figura abaixo.

21
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Entre as infecções sistematicamente monitoradas pela institui‐ Interligadas, essas ações permitem identificar as necessidades
ção estão as de corrente sanguínea (ICS) associada ao cateter veno‐ de assistência de saúde do paciente e propor as intervenções que
so central (CVC) e as que acontecem após cirurgias. melhor as atendam - ressalte-se que compete ao enfermeiro a res‐
ponsabilidade legal pela sistematização; contudo, para a obtenção
Infecção da corrente sanguínea associada ao cateter venoso de resultados satisfatórios, toda a equipe de enfermagem deve en‐
central (CVC) volver-se no processo.
Na fase inicial, é realizado o levantamento de dados, mediante
O que é? entrevista e exame físico do paciente. Como resultado, são obtidas
A infecção de corrente sanguínea (ICS) associada ao cateter ve‐ importantes informações para a elaboração de um plano assisten‐
noso central (CVC) ocorre quando bactérias ou fungos entram no cial e prescrição de enfermagem, a ser implementada por toda a
sangue por meio do cateter e se manifesta normalmente com febre equipe.
e calafrios. A entrevista, um dos procedimentos iniciais do atendimento, é
Procedimentos padronizados baseados em conhecimentos o recurso utilizado para a obtenção dos dados necessários ao tra‐
científicos, treinamento dos profissionais e uso de produtos de boa tamento, tais como o motivo que levou o paciente a buscar aju‐
qualidade são estratégias que nós utilizamos no processo de pre‐ da, seus hábitos e práticas de saúde, a história da doença atual, de
venção dessa infecção. doenças anteriores, hereditárias, etc. Nesta etapa, as informações
consideradas relevantes para a elaboração do plano assistencial de
O que medimos? enfermagem e tratamento devem ser registradas no prontuário,
No indicador, consideramos o número de episódios de infec‐ tomando-se, evidentemente, os cuidados necessários com as con‐
ções associadas ao uso de cateter venoso central em pacientes in‐ sideradas como sigilosas, visando garantir ao paciente o direito da
ternados em unidades críticas. privacidade.
O exame físico inicial é realizado nos primeiros contatos com
Infecção de sítio cirúrgico (ISC) em cirurgias limpas o paciente, sendo reavaliado diariamente e, em algumas situações,
até várias vezes ao dia.
O que é? Como sua parte integrante, há a avaliação minuciosa de todas
Esse tipo de infecção ocorre após a cirurgia, na parte do cor‐ as partes do corpo e a verificação de sinais vitais e outras medidas,
po onde foi realizado o procedimento. Estudos estimam de um a como peso e altura, utilizando-se técnicas específicas.
dois casos de infecção a cada 100 cirurgias realizadas. Os sintomas Na etapa seguinte, faz-se a análise e interpretação dos dados
mais comuns envolvem vermelhidão e dor ao redor da área ope‐ coletados e se determinam os problemas de saúde do paciente,
rada, drenagem de líquido turvo no local e febre. A maioria dessas formulados como diagnóstico de enfermagem. Através do mesmo
infecções pode ser tratada com antibióticos, selecionados pelo mé‐ são identificadas as necessidades de assistência de enfermagem e a
dico de acordo com o agente causador da infecção. Eventualmente, elaboração do plano assistencial de enfermagem.
outra cirurgia pode ser necessária para o tratamento da infecção. O plano descreve os cuidados que devem ser dados ao pacien‐
Procedimentos padronizados e baseados em boas práticas in‐ te (prescrição de enfermagem) e implementados pela equipe de
ternacionais, treinamento e atualização dos profissionais e uso de enfermagem, com a participação de outros profissionais de saúde,
produtos de boa qualidade são estratégias que nós utilizamos para sempre que necessário.
prevenção dessas infecções. Na etapa de avaliação verifica-se a resposta do paciente aos
cuidados de enfermagem a ele prestados e as necessidades de mo‐
O que medimos? dificar ou não o plano inicialmente proposto.
No indicador, consideramos o número de episódios de infecção O hospital, a assistência de enfermagem e a prevenção da in‐
no local cirúrgico após cirurgias limpas, conforme mostra o gráfico fecção
abaixo. A meta estabelecida de 0,89% é baseada em dados de série O termo hospital origina-se do latim hospitium, que quer dizer
histórica institucional e os dados deste indicador referem-se ao 3º local onde se hospedam pessoas, em referência a estabelecimentos
trimestre de 2018, visto que as infecções de sítio cirúrgico podem fundados pelo clero, a partir do século IV dC, cuja finalidade era
ocorrer até 90 dias após o procedimento cirúrgico. prover cuidados a doentes e oferecer abrigo a viajantes e peregri‐
nos.
Fonte: https://www.hospitalsiriolibanes.org.br/qualidade-seguranca/ Segundo o Ministério da Saúde, hospital é definido como esta‐
Paginas/prevencao-controle-infeccao.aspx belecimento de saúde destinado a prestar assistência sanitária em
regime de internação a uma determinada clientela, ou de não-in‐
ternação, no caso de ambulatório ou outros serviços.
PROCEDIMENTOS DE ENFERMAGEM. VERIFICAÇÃO DE Para se avaliar a necessidade de serviços e leitos hospitala‐
SINAIS VITAIS, OXIGENOTERAPIA, AEROSSOLTERAPIA E res numa dada região faz-se necessário considerar fatores como
CURATIVOS a estrutura e nível de organização de saúde existente, número de
habitantes e frequência e distribuição de doenças, além de outros
eventos relacionados à saúde. Por exemplo, é possível que numa
Fundamentos de Enfermagem região com grande população de jovens haja carência de leitos de
A assistência da Enfermagem baseia-se em conhecimentos maternidade onde ocorre maior número de nascimentos. Em ou‐
científicos e métodos que definem sua implementação. Assim, a tra, onde haja maior incidência de doenças crônico-degenerativas,
sistematização da assistência de enfermagem (SAE) é uma forma a necessidade talvez seja a de expandir leitos de clínica médica.
planejada de prestar cuidados aos pacientes que, gradativamente, De acordo com a especialidade existente, o hospital pode ser
vem sendo implantada em diversos serviços de saúde. Os compo‐
classificado como geral, destinado a prestar assistência nas quatro
nentes ou etapas dessa sistematização variam de acordo com o mé‐
especialidades médicas básicas, ou especializado, destinado a pres‐
todo adotado, sendo basicamente composta por levantamento de
tar assistência em uma especialidade, como, por exemplo, mater‐
dados ou histórico de enfermagem, diagnóstico de enfermagem,
nidade, ortopedia, entre outras.
plano assistencial e avaliação.

22
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Um outro critério utilizado para a classificação de hospitais é tes, normalmente inexistentes na comunidade. A contaminação de
o seu número de leitos ou capacidade instalada: são considerados pacientes durante a realização de um procedimento ou por inter‐
como de pequeno porte aqueles com até 50 leitos; de médio porte, médio de artigos hospitalares pode provocar infecções graves e de
de 51 a 150 leitos; de grande porte, de 151 a 500 leitos; e de porte difícil tratamento. Procedimentos diagnósticos e terapêuticos inva‐
especial, acima de 500 leitos. sivos, como diálise peritonial, hemodiálise, inserção de cateteres e
Conforme as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), os drenos, uso de drogas imunossupressoras, são fatores que contri‐
serviços de saúde em uma dada região geográfica - desde as unida‐ buem para a ocorrência de infecção.
des básicas até os hospitais de maior complexidade - devem estar Ao dar entrada no hospital, o paciente já pode estar com uma
integrados, constituindo um sistema hierarquizado e organizado de infecção, ou pode vir a adquiri-la durante seu período de interna‐
acordo com os níveis de atenção à saúde. Um sistema assim cons‐ ção. Seguindo-se a classificação descrita na Portaria no 2.616/98,
tituído disponibiliza atendimento integral à população, mediante do Ministério da Saúde, podemos afirmar que o primeiro caso re‐
ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saú‐ presenta uma infecção comunitária; o segundo, uma infecção hos‐
de. pitalar que pode ter como fontes a equipe de saúde, o próprio pa‐
As unidades básicas de saúde (integradas ou não ao Programa ciente, os artigos hospitalares e o ambiente.
Saúde da Família) devem funcionar como porta de entrada para Visando evitar a ocorrência de infecção hospitalar, a equipe
o sistema, reservando-se o atendimento hospitalar para os casos deve realizar os devidos cuidados no tocante à sua prevenção e
mais complexos - que, de fato, necessitam de tratamento em regi‐ controle, principalmente relacionada à lavagem das mãos, pois os
me de internação. microrganismos são facilmente levados de um paciente a outro ou
De maneira geral, o hospital secundário oferece alto grau de do profissional para o paciente, podendo causar a infecção cruzada.
resolubilidade para grande parte dos casos, sendo poucos os que
acabam necessitando de encaminhamento para um hospital terciá‐ Atendendo o paciente no hospital
rio. O sistema de saúde vigente no Brasil agrega todos os serviços O paciente procura o hospital por sua própria vontade (neces‐
públicos das esferas federal, estadual e municipal e os serviços pri‐ sidade) ou da família, e a internação ocorre por indicação médica
vados, credenciados por contrato ou convênio. Na área hospitalar, ou, nos casos de doença mental ou infectocontagiosa, por processo
80% dos estabelecimentos que prestam serviços ao SUS são priva‐ legal instaurado.
dos e recebem reembolso pelas ações realizadas, ao contrário da
A internação é a admissão do paciente para ocupar um leito
atenção ambulatorial, onde 75% da assistência provém de hospitais
hospitalar, por período igual ou maior que 24 horas. Para ele, isto
públicos.
significa a interrupção do curso normal de vida e a convivência tem‐
Na reorganização do sistema de saúde proposto pelo SUS o
porária com pessoas estranhas e em ambiente não-familiar. Para a
hospital deixa de ser a porta de entrada do atendimento para se
maioria das pessoas, este fato representa desequilíbrio financeiro,
constituir em unidade de referência dos ambulatórios e unidades
isolamento social, perda de privacidade e individualidade, sensação
básicas de saúde. O hospital privado pode ter caráter beneficente,
de insegurança, medo e abandono. A adaptação do paciente a essa
filantrópico, com ou sem fins lucrativos. No beneficente, os recur‐
nova situação é marcada por dificuldades pois, aos fatores acima,
sos são originários de contribuições e doações particulares para a
prestação de serviços a seus associados - integralmente aplicados soma-se a necessidade de seguir regras e normas institucionais
na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos sociais. O hos‐ quase sempre bastante rígidas e inflexíveis, de entrosar-se com a
pital filantrópico reserva serviços gratuitos para a população caren‐ equipe de saúde, de submeter-se a inúmeros procedimentos e de
te, respeitando a legislação em vigor. Em ambos, os membros da mudar de hábitos.
diretoria não recebem remuneração. O movimento de humanização do atendimento em saúde pro‐
Para que o paciente receba todos os cuidados de que necessita cura minimizar o sofrimento do paciente e seus familiares, buscan‐
durante sua internação hospitalar, faz-se necessário que tenha à do formas de tornar menos agressiva a condição do doente insti‐
sua disposição uma equipe de profissionais competentes e diversos tucionalizado. Embora lenta e gradual, a própria conscientização
serviços integrados - Corpo Clínico, equipe de enfermagem, Serviço do paciente a respeito de seus direitos tem contribuído para tal
de Nutrição e Dietética, Serviço Social, etc., caracterizando uma ex‐ intento. Fortes aponta a responsabilidade institucional como um
tensa divisão técnica de trabalho. aspecto importante, ao afirmar que existe um componente de res‐
Para alcançar os objetivos da instituição, o trabalho das equi‐ ponsabilidade dos administradores de saúde na implementação de
pes, de todas as áreas, necessita estar em sintonia, haja vista que políticas e ações administrativas que resguardem os direitos dos
uma das características do processo de produção hospitalar é a in‐ pacientes. Assim, questões como sigilo, privacidade, informação,
terdependência. Uma outra característica é a quantidade e diversi‐ aspectos que o profissional de saúde tem o dever de acatar por
dade de procedimentos diariamente realizados para prover assis‐ determinação do seu código de ética, tornam-se mais abrangentes
tência ao paciente, cuja maioria segue normas rígidas no sentido e eficazes na medida em que também passam a ser princípios nor‐
de proporcionar segurança máxima contra a entrada de agentes teadores da organização de saúde.
biológicos nocivos ao mesmo. Tudo isso reflete as mudanças em curso nas relações que se
O ambiente hospitalar é considerado um local de trabalho in‐ estabelecem entre o receptor do cuidado, o paciente, e o profis‐
salubre, onde os profissionais e os próprios pacientes internados sional que o assiste, tendo influenciado, inclusive, a nomenclatura
estão expostos a agressões de diversas naturezas, seja por agentes tradicionalmente utilizada no meio hospitalar.
físicos, como radiações originárias de equipamentos radiológicos e O termo paciente, por exemplo, deriva do verbo latino patisce‐
elementos radioativos, seja por agentes químicos, como medica‐ re, que significa padecer, e expressa uma conotação de dependên‐
mentos e soluções, ou ainda por agentes biológicos, representados cia, motivo pelo qual cada vez mais se busca outra denominação
por microrganismos. para o receptor do cuidado. Há crescente tendência em utilizar o
No hospital concentram-se os hospedeiros mais susceptíveis, termo cliente, que melhor reflete a forma como vêm sendo estabe‐
os doentes e os microrganismos mais resistentes. O volume e a lecidos os contatos entre o receptor do cuidado e o profissional, ou
diversidade de antibióticos utilizados provocam alterações impor‐ seja, na base de uma relação de interdependência e aliança. Outros
tantes nos microrganismos, dando origem a cepas multirresisten‐ têm manifestado preferência pelo termo usuário, considerando

23
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
que o receptor do cuidado usa os nossos serviços. Entretanto, será que a instituição disponibilize); dependendo do seu estado geral,
mantida a denominação tradicional, porque ainda é dessa forma em transporte coletivo, particular ou ambulância. Cabe à enfer‐
que a maioria se reporta ao receptor do cuidado. magem registrar no prontuário a hora de saída, condições gerais,
Ao receber o paciente na unidade de internação, o profissional orientações prestadas, como e com quem deixou o hospital.
de enfermagem deve providenciar e realizar a assistência neces‐ Um aspecto particular da alta diz respeito à transferência para
sária, atentando para certos cuidados que podem auxiliá-lo nessa outro setor do mesmo estabelecimento, ou para outra instituição.
fase. O primeiro contato entre o paciente, seus familiares e a equi‐ Deve-se considerar que a pessoa necessitará adaptar-se ao novo
pe é muito importante para a adaptação na unidade. O tratamento ambiente, motivo pelo qual a orientação da enfermagem é impor‐
realizado com gentileza, cordialidade e compreensão ajuda a des‐ tante. Quando do transporte a outro setor ou à ambulância, o pa‐
pertar a confiança e a segurança tão necessárias. Assim, cabe au‐ ciente deve ser transportado em maca ou cadeira de rodas, junto
xiliá-lo a se familiarizar com o ambiente, apresentando-o à equipe com seus pertences, prontuário e os devidos registros de enferma‐
presente e a outros pacientes internados, em caso de enfermaria, gem. No caso de encaminhamento para outro estabelecimento,
acompanhando-o em visita às dependências da unidade, orientan‐ enviar os relatórios médico e de enfermagem.
do-o sobre o regulamento, normas e rotinas da instituição. É tam‐
bém importante solicitar aos familiares que providenciem objetos Sistema de informação em saúde
de uso pessoal, quando necessário, bem como arrolar roupas e va‐ Um sistema de informação representa a forma planejada de
lores nos casos em que o paciente esteja desacompanhado e seu receber e transmitir dados. Pressupõe que a existência de um nú‐
estado indique a necessidade de tal procedimento. mero cada vez maior de informações requer o uso de ferramentas
É importante lembrar que, mesmo na condição de doente, a (internet, arquivos, formulários) apropriadas que possibilitem o
pessoa continua de posse de seus direitos: ao respeito de ser cha‐ acesso e processamento de forma ágil, mesmo quando essas in‐
mado pelo nome, de decidir, junto aos profissionais, sobre seus cui‐ formações dependem de fontes localizadas em áreas geográficas
dados, de ser informado sobre os procedimentos e tratamento que distantes.
lhe serão dispensados, e a que seja mantida sua privacidade física e No hospital, a disponibilidade de uma rede integrada de infor‐
o segredo sobre as informações confidenciais que digam respeito à mações através de um sistema informatizado é muito útil porque
sua vida e estado de saúde. agiliza o atendimento, tornando mais rápido o processo de ad‐
O tempo de permanência do paciente no hospital dependerá missão e alta de pacientes, a marcação de consultas e exames, o
de vários fatores: tipo de doença, estado geral, resposta orgânica processamento da prescrição médica e de enfermagem e muitas
ao tratamento realizado e complicações existentes. Atualmente, há outras ações frequentemente realizadas. Também influencia favo‐
uma tendência para se abreviar ao máximo o tempo de internação, ravelmente na área gerencial, disponibilizando em curto espaço de
em vista de fatores como altos custos hospitalares, insuficiência de tempo informações atualizadas de diversas naturezas que subsi‐
leitos e riscos de infecção hospitalar. Em contrapartida, difundem‐ diam as ações administrativas, como recursos humanos existentes
-se os serviços de saúde externos, como a internação domiciliar, e suas características, dados relacionados a recursos financeiros e
a qual estende os cuidados da equipe para o domicílio do doente, orçamentários, recursos materiais (consumo, estoque, reposição,
medida comum em situações de alta precoce e de acompanhamen‐ manutenção de equipamentos e fornecedores), produção (número
to de casos crônicos - é importante que, mesmo neste âmbito, se‐ de atendimentos e procedimentos realizados) e aqueles relativos à
jam também observados os cuidados e técnicas utilizadas para a taxa de nascimentos, óbitos, infecção hospitalar, média de perma‐
prevenção e controle da infecção hospitalar e descarte adequado nência, etc.
de material perfurocortante. As informações do paciente, geradas durante seu período de
O período de internação do paciente finaliza-se com a alta hos‐ internação, constituirão o documento denominado prontuário,
pitalar, decorrente de melhora em seu estado de saúde, ou por mo‐ o qual, segundo o Conselho Federal de Medicina (Resolução nº
tivo de óbito. Entretanto, a alta também pode ser dada por motivos 1.331/89), consiste em um conjunto de documentos padronizados
tais como: a pedido do paciente ou de seu responsável; nos casos e ordenados, proveniente de várias fontes, destinado ao registro
de necessidade de transferência para outra instituição de saúde; dos cuidados profissionais prestados ao paciente.
na ocorrência de o paciente ou seu responsável recusar(em)-se a O prontuário agrega um conjunto de impressos nos quais são
seguir o tratamento, mesmo após ter(em) sido orientado(s) quanto registradas todas as informações relativas ao paciente, como histó‐
aos riscos, direitos e deveres frente à terapêutica proporcionada rico da doença, antecedentes pessoais e familiares, exame físico,
pela equipe.
diagnóstico, evolução clínica, descrição de cirurgia, ficha de anes‐
Na ocasião da alta, o paciente e seus familiares podem necessi‐
tesia, prescrição médica e de enfermagem, exames complemen‐
tar de orientações sobre alimentação, tratamento medicamentoso,
tares de diagnóstico, formulários e gráficos. É direito do paciente
atividades físicas e laborais, curativos e outros cuidados específicos,
ter suas informações adequadamente registradas, como também
momento em que a participação da equipe multiprofissional é im‐
acesso - seu ou de seu responsável legal - às mesmas, sempre que
portante para esclarecer quaisquer dúvidas apresentadas.
necessário.
Após a saída do paciente, há necessidade de se realizar a lim‐
Legalmente, o prontuário é propriedade dos estabelecimentos
peza da cama e mobiliário; se o mesmo se encontrava em isolamen‐
to, deve-se também fazer a limpeza de todo o ambiente (limpeza de saúde e após a alta do paciente fica sob os cuidados da institui‐
terminal): teto, paredes, piso e banheiro. ção, arquivado em setor específico. Quanto à sua informatização,
As rotinas administrativas relacionadas ao preenchimento e há iniciativas em andamento em diversos hospitais brasileiros, haja
encaminhamento do aviso de alta ao registro, bem como às per‐ vista que facilita a guarda e conservação dos dados, além de agili‐
tinentes à contabilidade e apontamento em censo hospitalar, de‐ zar informações em prol do paciente. Devem, entretanto, garantir
veriam ser realizadas por agentes administrativos. Na maioria das a privacidade e sigilo dos dados pessoais.
instituições hospitalares, porém, estas ações ainda ficam sob o en‐
cargo dos profissionais de enfermagem. Sistema de informação em enfermagem
O paciente poderá sair do hospital só ou acompanhado por fa‐ Uma das tarefas do profissional de enfermagem é o registro,
miliares, amigos ou por um funcionário (assistente social, auxiliar, no prontuário do paciente, de todas as observações e assistência
técnico de enfermagem ou qualquer outro profissional de saúde prestada ao mesmo, ato conhecido como anotação de enferma‐

24
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
gem. A importância do registro reside no fato de que a equipe de - indicar o horário de cada anotação realizada;
enfermagem é a única que permanece continuamente e sem in‐ - ler a anotação anterior, antes de realizar novo registro;
terrupções ao lado do paciente, podendo informar com detalhes - como não se deve confiar na memória para registrar as infor‐
todas as ocorrências clínicas. Para maior clareza, recomenda-se que mações, considerando-se que é muito comum o esquecimento de
o registro das informações seja organizado de modo a reproduzir a detalhes e fatos importantes durante um intensivo dia de trabalho,
ordem cronológica dos fatos, isto permitirá que, na passagem de o registro deve ser realizado em seguida à prestação do cuidado,
plantão, a equipe possa acompanhar a evolução do paciente. observação de intercorrências, recebimento de informação ou to‐
Um registro completo de enfermagem contempla as seguintes mada de conduta, identificando a hora exata do evento;
informações: - quando do registro, evitar palavras desnecessárias como, pa‐
- Observação do estado geral do paciente, indicando mani‐ ciente, por exemplo, pois a folha de anotação é individualizada e,
festações emocionais como angústia, calma, interesse, depressão, portanto, indicativa do referente;
euforia, apatia ou agressividade; condições físicas, indicando alte‐ - jamais deve-se rasurar a anotação; caso se cometa um enga‐
rações relacionadas ao estado nutricional, hidratação, integridade no ao escrever, não usar corretor de texto, não apagar nem rasurar,
cutâneo-mucosa, oxigenação, postura, sono e repouso, elimina‐ pois as rasuras ou alterações de dados despertam suspeitas de que
ções, padrão da fala, movimentação; existência e condições de alguém tentou deliberadamente encobrir informações; em casos
sondas, drenos, curativos, imobilizações, cateteres, equipamentos de erro, utilizar a palavra, digo, entre vírgulas, e continuar a infor‐
em uso; mação correta para concluir a frase, ou riscar o registro com uma
- A ação de medicamentos e tratamentos específicos, para ve‐ única linha e escrever a palavra, erro; a seguir, fazer o registro cor‐
rificação da resposta orgânica manifesta após a aplicação de de‐ reto - exemplo: Refere dor intensa na região lombar, administrada
terminado medicamento ou tratamento, tais como, por exemplo: uma ampola de Voltaren IM no glúteo direito, digo, esquerdo.. Ou:
alergia após a administração de medicamentos, diminuição da tem‐ .... no glúteo esquerdo; em caso de troca de papeleta, riscar um
peratura corporal após banho morno, melhora da dispneia após a traço em diagonal e escrever, Erro, papeleta trocada;
instalação de cateter de oxigênio; - distinguir na anotação a pessoa que transmite a informação;
- A realização das prescrições médicas e de enfermagem, o que assim, quando é o paciente que informa, utiliza-se o verbo na ter‐
permite avaliar a atuação da equipe e o efeito, na evolução do pa‐ ceira pessoa do singular: Informa que ...., Refere que ...., Queixa-se
ciente, da terapêutica medicamentosa e não-medicamentosa. Caso de ....; já quando a informação é fornecida por um acompanhante
o tratamento não seja realizado, é necessário explicitar o motivo, ou membro da equipe, registrar, por exemplo: A mãe refere que a
por exemplo, se o paciente recusa a inalação prescrita, deve-se re‐ criança .... ou Segundo a nutricionista ....;
gistrar esse fato e o motivo da negação. Procedimentos rotineiros - atentar para a utilização da sequência céfalo-caudal quando
também devem ser registrados, como a instalação de solução ve‐ houver descrições dos aspectos físicos do paciente. Por exemplo: o
nosa, curativos realizados, colheita de material para exames, enca‐ paciente apresenta mancha avermelhada na face, MMSS e MMII;
minhamentos e realização de exames externos, bem como outras - organizar a anotação de maneira a reproduzir a ordem em
ocorrências atípicas na rotina do paciente; que os fatos se sucedem. Utilizar a expressão, entrada tardia. Ou
- A assistência de enfermagem prestada e as intercorrências em tempo, para acrescentar informações que porventura tenham
observadas. Incluem-se neste item, entre outros, os dados refe‐ sido anteriormente omitidas;
rentes aos cuidados higiênicos, administração de dietas, mudanças - utilizar a terminologia técnica adequada, evitando abreviatu‐
de decúbito, restrição ao leito, aspiração de sondas e orientações ras, exceto as padronizadas institucionalmente. Por exemplo: Apre‐
prestadas ao paciente e familiares; senta dor de cabeça cont..... por, Apresenta cefaléia contínua ....;
- As ações terapêuticas aplicadas pelos demais profissionais da - evitar anotações e uso de termos gerais como, segue em ob‐
equipe multiprofissional, quando identificada a necessidade de o servação de enfermagem, ou, sem queixas, que não fornecem ne‐
paciente ser atendido por outro componente da equipe de saúde. nhuma informação relevante e não são indicativos de assistência
Nessa circunstância, o profissional é notificado e, após efetivar sua prestada;
visita, a enfermagem faz o registro correspondente. Para o registro
- realizar os registros com frequência, pois se decorridas várias
das informações no prontuário, a enfermagem geralmente utiliza
horas nenhuma anotação foi feita pode-se supor que o paciente
um roteiro básico que facilita sua elaboração. Por ser um impor‐
ficou abandonado e que nenhuma assistência lhe foi prestada;
tante instrumento de comunicação para a equipe, as informações
- registrar todas as medidas de segurança adotadas para pro‐
devem ser objetivas e precisas de modo a não darem margem a
teger o paciente, bem como aquelas relativas à prevenção de com‐
interpretações errôneas. Considerando-se sua legalidade, faz-se
plicações, por exemplo: Contido por apresentar agitação psicomo‐
necessário ressaltar que servem de proteção tanto para o pacien‐
tora;
te como para os profissionais de saúde, a instituição e, mesmo, a
sociedade. - assinar a anotação e apor o número de inscrição do Conselho
Regional de Enfermagem (em cumprimento ao art. 76, Cap. VI do
A seguir, destacamos algumas significativas recomendações Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem).
para maior precisão ao registro das informações:
- os dados devem ser sempre registrados a caneta, em letra le‐ Assistência de enfermagem aos pacientes graves e agonizan-
gível e sem rasuras, utilizando a cor de tinta padronizada no estabe‐ tes e preparo do corpo pós morte
lecimento. Em geral, a cor azul é indicada para o plantão diurno; a O paciente pode passar por cinco estágios psicológicos em pre‐
vermelha, para o noturno. Não é aconselhável deixar espaços entre paração para morte. Apesar de serem percebidos de forma diferen‐
um registro e outro, o que evita que alguém possa, intencionalmen‐ te em cada paciente, e não necessariamente na ordem mostrada
te, adicionar informações. Portanto, recomenda-se evitar pular li‐ o entendimento de tais sentimentos pode ajudar a satisfação dos
nha(s) entre um registro e outro, deixar parágrafo ao iniciar a frase, pacientes. As etapas do ato de morrer são:
manter espaço em branco entre o ponto final e a assinatura; Negação: quando o paciente toma conhecimento pela primei‐
- verificar o tipo de impresso utilizado na instituição e a roti‐ ra vez de sua doença terminal, pode ocorrer uma recusa em aceitar
na que orienta o seu preenchimento; identificar sempre a folha, o diagnóstico.
preenchendo ou completando o cabeçalho, se necessário;

25
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Ira: uma vez que o paciente parando de negar a morte, é possí‐ Segundo a resolução do Conselho Federal de Medicina CFM
vel que apresente um profundo ressentimento em relação aos que 1638/2002, prontuário é o “documento único constituído de um
continuarão vivos após a morte, ao pessoal do hospital, a sua pró‐ conjunto de informações, sinais e imagens registradas, geradas a
pria família etc. partir de fatos, acontecimentos e situações sobre a saúde do pa‐
Barganha: apesar de haver uma aceitação da morte por parte ciente e a assistência a ele prestada, de caráter legal, sigiloso e
do paciente, pode haver uma tentativa de negociação de mais tem‐ científico, que possibilita a comunicação entre membros da equipe
po de vida junto a Deus ou com o seu destino. multiprofissional e a continuidade da assistência prestada ao indi‐
Depressão: é possível que o paciente se afaste dos amigos, da víduo”. Ele poderá ser em papel ou digital. Contudo, a metodologia
família, dos profissionais de saúde. È possível que venha sofrer de em papel não garante uma uniformidade nas informações e permi‐
inapetência, aumento da fadiga e falta de cuidados pessoais. te possíveis quebras de condutas, além de ser oneroso na questão
Aceitação: Nessa fase, o paciente aceita a inevitabilidade e do seu armazenamento, bem como na questão da sustentabilidade.
a iminência de sua morte. È possível que deseje simplesmente o Devido à uma necessidade cada vez maior de atenção com a
acompanhamento de um membro da família ou um amigo Segurança do Paciente há uma necessidade crescente das Institui‐
ções de saúde buscarem sistemas de gestão informatizado que tra‐
Semiologia e Semiotécnica aplicadas em Enfermagem zem o Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) em sua composição.
A Semiologia da enfermagem pode ser chamada também de Essas ferramentas digitais permitem:
propedêutica, que é o estudo dos sinais e sintomas das doenças –ampliar o acesso às informações dos pacientes de forma ágil
humanas. A palavra vem do grego semeion = sinal + lógos = trata‐ e atualizada, com conteúdo legível;
do, estudo). A semiologia é muito importante para o diagnóstico e –criar aletras sobre interações medicamentosas, alergia e in‐
posteriormente a prescrição de patologias. consistências;
A semiologia, base da prática clínica requer não apenas habili‐ –estabelecer padrões para conclusões diagnósticas e planos
dades, mas também ações rápidas e precisas. A preparação para o terapêuticos;
exame físico, a seleção de instrumentos apropriados, a realização –realizar análises gerenciais de resultados, indicadores de ges‐
das avaliações, o registro de achados e a tomada de decisões tem tão e assistenciais.
papel fundamental em todo o processo de assistência ao cliente.
A equipe de enfermagem deve utilizar todas as informações Para entender melhor esse processo explicamos abaixo como
disponíveis para identificar as necessidades especiais em um con‐ funciona a metodologia.
junto variado de clientes portadores de diversas patologias.
A semiologia geral da enfermagem busca é ensinar aos alunos As cinco etapas do processo de Enfermagem dentro da Siste-
as técnicas (semiotécnicas) gerais que compõem o exame físico. matização da Assistência de Enfermagem:
O exame físico, por sua vez, compõe-se de partes que incluem a
anamnese ou entrevista clínica, o exame físico geral e o exame físi‐ 1. Coleta de dados de Enfermagem ou Histórico de Enferma-
co especializado. gem
O exame físico é a parte mais importante na obtenção do diag‐ O primeiro passo para o atendimento de um paciente é a busca
nóstico. Alguns autores estimaram que 70 a 80 % do diagnóstico se por informações básicas que irão definir os cuidados da equipe de
baseiam no exame clínico bem realizado. enfermagem. É uma etapa de um processo deliberado, sistemático
Cumprir todas essas etapas com resolutividade, mantendo o e contínuo na qual haverá a coleta de dados que serão passados pe‐
foco nas necessidades do cliente é realmente um desafio. Esses los próprio paciente ou pela família ou outras pessoas envolvidas.
fatores, a complexidade que cerca a semiologia e muitas decisões Essas informações trarão maior precisão de dados ao Processo de
que precisam ser tomadas torna necessário que o enfermeiro te‐ Enfermagem dentro da abordagem da Sistematização da Assistên‐
nha domínio de diversas informações. cia de Enfermagem (SAE).
Por isso, serão abordadas: alergias, histórico de doenças e até
Semiotécnica é um campo de estudo onde estão inseridas as mesmo questões psicossociais, como, por exemplo, a religião, que
mais diversas técnicas realizadas pelo enfermeiro, técnico de enfer‐ pode alterar de forma contundente os cuidados prestados ao pa‐
magem e auxiliar de enfermagem. ciente. Este processo pode ser otimizado com a utilização de PEP,
Procedimentos como: realização de curativos, sondagens ve‐ com formulários específicos que direcionam o questionamento da
sical e gástrica, preparo dos mais diversos tipos de cama, aspira‐ enfermeira e o registro online dos dados, que podem ser acessa‐
ção entre outras. A fundamentação científica na aplicação de cada dos por todos da Instituição, até mesmo de forma remota. Assim,
técnica é muito importante, inclusive para noções de controle de é possível realizar as intervenções necessárias para prestação dos
infecções. cuidados ao paciente, com maior segurança e agilidade.
Sistematização da Assistência em Enfermagem 2.Diagnóstico de Enfermagem
Em todas as instituições de saúde é crucial ter o controle e en‐ Nesta etapa, se dá o processo de interpretação e agrupamen‐
tender o fluxo de trabalho das equipes. Um exemplo prático é a to dos dados coletados, conduzindo a tomada de decisão sobre os
aplicação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE). diagnósticos de enfermagem que mais irão representar as ações e
Ela organiza o trabalho quanto à metodologia, à equipe e os instru‐ intervenções com as quais se objetiva alcançar os resultados espe‐
mentos utilizados, tornando possível a operacionalização do Pro‐
rados. Para isso, utilizam-se bibliografias específicas que possuem a
cesso de Enfermagem.
taxonomia adequada, definições e causas prováveis dos problemas
Esse processo é organizado em cinco etapas relacionadas, in‐
levantados no histórico de enfermagem. Com isso, se faz a elabo‐
terdependentes e recorrentes. Seu objetivo é garantir que o acom‐
ração de um plano assistencial adequado e único para cada pessoa.
panhamento dos pacientes seja prestado de forma coesa e preci‐
Tudo que for definido deve ser registrado no Prontuário Eletrônico
sa. Com a utilização desta metodologia, consegue-se analisar as
do Paciente (PEP), revisitado e atualizado sempre que necessário.
informações obtidas, definir padrões e resultados decorrentes das
condutas definidas. Lembrando que, todos esses dados deverão ser
devidamente registrados no Prontuário do Paciente.

26
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
3. Planejamento de Enfermagem o tratamento não seja realizado, é necessário explicitar o motivo,
De acordo com a Sistematização da Assistência de Enferma‐ por exemplo, se o paciente recusa a inalação prescrita, deve-se re‐
gem (SAE), que organiza o trabalho profissional quanto ao método, gistrar esse fato e o motivo da negação.
pessoal e instrumentos, a ideia é que os enfermeiros possam atuar Procedimentos rotineiros também devem ser registrados,
para prevenir, controlar ou resolver os problemas de saúde. como a instalação de solução venosa, curativos realizados, colheita
É aqui que se determinam os resultados esperados e quais de material para exames, encaminhamentos e realização de exa‐
ações serão necessárias. Isso será realizado a partir nos dados co‐ mes externos, bem como outras ocorrências atípicas na rotina do
letados e diagnósticos de enfermagem com base dos momentos paciente; n A assistência de enfermagem prestada e as intercor‐
de saúde do paciente e suas intervenções. São informações que, rências observadas. Incluem-se neste item, entre outros, os dados
igualmente, devem ser registradas no PEP, incluindo as prescrições referentes aos cuidados higiênicos, administração de dietas, mu‐
checadas e o registro das ações que foram executadas. danças de decúbito, restrição ao leito, aspiração de sondas e orien‐
tações prestadas ao paciente e familiares;
4. Implementação As ações terapêuticas aplicadas pelos demais profissionais da
A partir das informações obtidas e focadas na abordagem da equipe multiprofissional, quando identificada a necessidade de o
Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), a equipe rea‐ paciente ser atendido por outro componente da equipe de saúde.
lizará as ações ou intervenções determinadas na etapa do Plane‐ Nessa circunstância, o profissional é notificado e, após efetivar sua
jamento de Enfermagem. São atividades que podem ir desde uma visita, a enfermagem faz o registro correspondente.
administração de medicação até auxiliar ou realizar cuidados espe‐ Para o registro das informações no prontuário, a enfermagem
cíficos, como os de higiene pessoal do paciente, ou mensurar sinais geralmente utiliza um roteiro básico que facilita sua elaboração.
vitais específicos e acrescentá-los no Prontuário Eletrônico do Pa‐ Por ser um importante instrumento de comunicação para a equipe,
ciente (PEP). as informações devem ser objetivas e precisas de modo a não da‐
5. Avaliação de Enfermagem (Evolução) rem margem a interpretações errôneas.
Por fim, a equipe de enfermagem irá registrar os dados no Considerando-se sua legalidade, faz-se necessário ressaltar
Prontuário Eletrônico do Paciente de forma deliberada, sistemática que servem de proteção tanto para o paciente como para os profis‐
e contínua. Nele, deverá ser registrado a evolução do paciente para sionais de saúde, a instituição e, mesmo, a sociedade.
determinar se as ações ou intervenções de enfermagem alcança‐
ram o resultado esperado. Com essas informações, a Enfermeira O processo de enfermagem proposto por Horta (1979), é o
terá como verificar a necessidade de mudanças ou adaptações nas conjunto de ações sistematizadas e relacionadas entre si, visando
etapas do Processo de Enfermagem. Além de proporcionar infor‐ principalmente a assistência ao cliente. Eleva a competência técni‐
mações que irão auxiliar as demais equipes multidisciplinares na ca da equipe e padroniza o atendimento, proporcionando melhoria
tomada de decisão de condutas, como no próprio processo de alta. das condições de avaliação do serviço e identificação de problemas,
permitindo assim os estabelecimentos de prioridade para interven‐
Sistema de informação em enfermagem (Registro em Enfer- ção direta do enfermeiro no cuidado. O processo de enfermagem
magem) pode ser denominado como SAE (Sistematização da Assistência de
Uma das tarefas do profissional de enfermagem é o registro, Enfermagem) e deve ser composto por Histórico de Enfermagem,
no prontuário do paciente, de todas as observações e assistência Exame Físico, Diagnóstico e Prescrição de Enfermagem. Assim, a
prestada ao mesmo - ato conhecido como anotação de enferma‐ Evolução de Enfermagem, é efetuada exclusivamente por enfer‐
gem. A importância do registro reside no fato de que a equipe de meiros. O relatório de enfermagem, que são observações, podem
enfermagem é a única que permanece continuamente e sem inter‐ ser realizados por técnicos de enfermagem. Em unidades críticas
rupções ao lado do paciente, podendo informar com detalhes todas como uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), a evolução de en‐
as ocorrências clínicas. fermagem deve ser realizada a cada turno do plantão, contudo
Para maior clareza, recomenda-se que o registro das informa‐ em unidades semi-críticas, como uma Clínica Médica e Cirúrgica, o
ções seja organizado de modo a reproduzir a ordem cronológica número exigido de evolução em vinte e quatro horas é de apenas
dos fatos isto permitirá que, na passagem de plantão, a equipe pos‐ uma, já os relatórios, devem ser redigidos á cada plantão.
sa acompanhar a evolução do paciente. Um registro completo de
enfermagem contempla as seguintes informações: O Histórico de Enfermagem
Observação do estado geral do paciente, indicando manifes‐ O Histórico de Enfermagem é um roteiro sistematizado para o
tações emocionais como angústia, calma, interesse, depressão, levantamento de dados sobre a situação de saúde do ser humano,
euforia, apatia ou agressividade; condições físicas, indicando alte‐ que torna possível a identificação de seus problemas. É denomi‐
rações relacionadas ao estado nutricional, hidratação, integridade nado por levantamento, avaliação e investigação que, constitui a
cutâneo-mucosa, oxigenação, postura primeira fase do processo de enfermagem, pode ser descrito como
Ordem cronológica – seqüência em que os fatos acontecem, um roteiro sistematizado para coleta e análise de dados significati‐
correlacionados com o tempo, sono e repouso, eliminações, pa‐ vos do ser humano, tornando possível a identificação de seus pro‐
drão da fala, movimentação; existência e condições de sondas, blemas. Ele deve ser conciso, sem repetições, e conter o mínimo
drenos, curativos, imobilizações, cateteres, equipamentos em uso; indispensável de informações que permitam prestar os cuidados
A ação de medicamentos e tratamentos específicos, para ve‐ imediatos.
rificação da resposta orgânica manifesta após a aplicação de de‐
terminado medicamento ou tratamento, tais como, por exemplo: O Exame Físico
alergia após a administração de medicamentos, diminuição da tem‐ O exame físico envolve um avaliação abrangente das condições
peratura corporal após banho morno, melhora da dispnéia após a físicas gerais de um paciente e de cada sistema orgânico. Informa‐
instalação de cateter de oxigênio; ções úteis no planejamento dos cuidados de um paciente podem
A realização das prescrições médicas e de enfermagem, o que ser obtidas em qualquer fase do exame físico. Uma avaliação físi‐
permite avaliar a atuação da equipe e o efeito, na evolução do pa‐ ca, seja parcial ou completa, é importante para integrar o ato do
ciente, da terapêutica medicamentosa e não-medicamentosa. Caso exame na rotina de assistência de enfermagem. O exame físico de‐

27
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
verá ser executado em local privado, sendo preferível a utilização A Prescrição de Enfermagem deve ter as seguintes característi‐
de uma sala bem equipada para atender a todos os procedimentos cas: data, hora de sua elaboração e assinatura do enfermeiro. Deve
envolvidos. ser escrita com uso de verbos que indiquem uma ação e no infiniti‐
vo; deve definir quem , o que , onde, quando e com que freqüência
Métodos de Avaliação Física: ocorrerão as atividades propostas; deve ser individualizada e dire‐
- Inspeção: Exame visual do paciente para detectar sinais fí‐ cionada aos diagnósticos de enfermagem específicos do cliente,
sicos significativos. Reconhecer as características físicas normais, tornando o cuidado eficiente e eficaz. A seqüência das prescrições
para então passar a distinguir aquilo que foge da normalidade. Ilu‐ deve obedecer à seguinte ordem: a primeira é elaborada logo após
minação adequada e exposição total da parte do corpo para exame o histórico, e as demais sempre após cada evolução diária, tendo
são fatores essenciais para uma boa inspeção. Cada área deve ser assim validade de 24 horas. Para a primeira prescrição, portanto,
inspecionada quanto ao tamanho, aparência, coloração, simetria, toma-se como base o histórico de enfermagem, e as demais de‐
posição, e anormalidade. Se possível cada área inspecionada deve verão seguir o plano da evolução diária, fundamentado em novos
ser comparada com a mesma área do lado oposto do corpo. diagnósticos e análise. Entretanto, será acrescentada nova prescri‐
- Palpação: Avaliação adicional das partes do corpo realizada ção sempre que a situação do cliente requerer. Existem vários tipos
pelo sentido do tato. O profissional utiliza diferentes partes da mão de prescrição de enfermagem. As mais comuns são as manuscritas,
para detectar características como textura, temperatura e percep‐ documentadas em formulários específicos dirigidos a cada cliente
ção de movimentos. O examinador coloca sua mão sobre a área a e individualmente. Um outro tipo é a prescrição padronizada , ela‐
ser examinada e aprofunda cerca de 1 cm. Qualquer área sensível borada em princípios científicos, direcionada às características da
localizada deverá ser examinada posteriormente mais detalhada‐ clientela específica, reforçando a qualidade do planejamento e im‐
mente. O profissional avalia posição, consistência e turgor através plementação do cuidado. É deixado espaço em branco destinado à
de suave compressão com as pontas dos dedos na região do exa‐ elaboração de prescrições mais específicas ao cliente. A implemen‐
me. Após aplicação da palpação suave, intensifica-se a pressão para tação das ações de enfermagem deve ser guiada pelas prescrições
examinar as condições dos órgãos do abdômen, sendo que deve ser que por sua vez são planejadas a partir dos diagnósticos de enfer‐
pressionado a região aproximadamente 2,5 cm. A palpação profun‐ magem, sendo que a cada diagnóstico corresponde uma prescrição
da pode ser executada com uma das mãos ou com ambas. de enfermagem.
- Percussão: Técnica utilizada para detectar a localização, ta‐
manho e densidade de uma estrutura subjacente. O examinador Necessidade de Proteção e Segurança
deverá golpear a superfície do corpo com um dos dedos, produzin‐
do uma vibração e um som. Essa vibração é transmitida através dos Lavagem Simples Das Mãos
tecidos do corpo e a natureza do som vai depender da densidade a) Conceito: é o procedimento mais importante na prevenção e
do tecido subjacente. Um som anormal sugere a presença de massa no controle das infecções hospitalares, devendo este procedimen‐
ou substância, tais como líquido dentro de um órgão ou cavidade to ser rotina para toda a equipe multiprofissional, sendo o objetivo
do corpo. A percussão pode ser feita de forma direta (envolve um desta técnica reduzir a transmissão cruzada de microorganismos
processo de golpeamento da superfície do corpo diretamente com patogênicos entre doentes e profissionais.
os dedos) e indireta (coloca-se o dedo médio da mão não dominan‐
te sobre a superfície do corpo examinado sendo a base da articula‐ b) Quando lavar as mãos:
ção distal deste dedo golpeada pelo dedo médio da mão dominan‐ - ao chegar à unidade de trabalho;
te do examinador). A percussão produz 5 tipos de som: Timpânico: - sempre que as mãos estiverem visivelmente sujas;- antes e
Semelhante a um tambor - gases intestinais; Ressonância: Som sur‐ após contactar com os doentes;
do - pulmão normal; Hiper-ressonância: Semelhante a um estrondo - antes de manipular material esterilizado.
– pulmão enfisematoso; Surdo: Semelhante a uma pancada surda - após contatos contaminantes (exposição a fluidos orgânicos);
– fígado; Grave: Som uniforme – músculos. - após contactar com materiais e equipamentos que rodeiam o
- Ausculta: Processo de ouvir os sons gerados nos vários órgãos doente;- antes e após realizar técnicas sépticas (médica - contami‐
do corpo. As 4 características de um som são a freqüência ou altura, nada) e assépticas (cirúrgica – não contaminada);
intensidade ou sonoridade, qualidade e duração. - antes e após utilizar luvas de procedimento;
- após manusear roupas sujas e resíduos hospitalares;
Diagnóstico e prescrição de enfermagem - depois da utilização das instalações sanitárias.
O Diagnóstico de Enfermagem está baseado na Teoria da - após assoar o nariz.
Necessidades Humanas Básicas, preconizadas por Wanda Horta
(1979) e pela Classificação Diagnóstica da NANDA (North Ameri‐ c)Técnica:
can Nursing Diagnosis Association). A fase de diagnóstico está pre‐ - devem ser retirados todos os objetos de adorno, incluindo
sente em todas as propostas de processo de enfermagem. Porém, pulseiras. Para a realização da técnica, deve-se utilizar sabão liqui‐
freqüentemente, termina por receber outras denominações tais do com pH neutro;
como: problemas do cliente, lista de necessidades afetadas. Este - abrir a torneira com a mão não dominante;
fato gera inúmeras interpretações acerca do que se constitui um - molhar as mãos;
diagnóstico de enfermagem e contribui para aumentar as lacunas - aplicar uma quantidade suficiente de sabão cobrindo com es‐
de conhecimento sobre as ações de enfermagem, provoca inter‐ puma toda a superfície das mãos;
pretações dúbias no processo de comunicação inter-profissional, - esfregar com movimentos circulatórios: palmas, dorso, inter‐
caracterizando a falta de sistematização do conhecimento na en‐ digitais, articulações, polegar, unhas e punhos
fermagem e abalando a autonomia e a responsabilidade profissio‐ - enxaguar as mãos em água corrente e secar com papel toalha
nal. Aparece em três contextos: raciocínio diagnóstico, sistemas de - se a torneira for de encerramento manual, utilizar o papel
classificação e processo de enfermagem. O raciocínio diagnóstico toalha para fechá-la.
envolve três tipos de atividades: coleta de informações, interpreta‐
ção e denominação ou rotulação.

28
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Mecânica Corporal b) Posição de Fowler: A cabeceira do leitoé elevada a um ângu‐
a) Conceito: Esforço coordenado dos sistemas músculoes‐ lo de 45º a 60º e os joelhos do paciente devem estar ligeiramente
quelético e nervoso para manter o equilíbrio adequado, postura elevados, sem apresentar pressão que possa limitar a circulação
e alinhamento corporal, durante a inclinação, movimentação, le‐ das pernas.
vantamento de carga e execução das atividades diárias. Facilita o c) Posição de Supinação (dorsal): A cabeceira do leito deve es‐
movimento para que uma pessoa possa executar atividades físicas tar na posição horizontal. Nesta posição, a relação entre as partes
sem usar desnecessariamente sua energia muscular. do corpo é essencialmente a mesma que em uma correta posição
b) Como assistir o paciente utilizando-se os princípios da Me‐ de alinhamento em pé, exceto pelo corpo estar no plano horizontal.
cânica Corporal: d) Posição de Pronação (decúbito ventral): O paciente estará
Alinhamento: Condições das articulações, tendões, ligamentos posicionado de bruços.
e músculos em várias partes do corpo. O alinhamento correto reduz e) Posição Lateral (Direito ou Esquerdo): O paciente está dei‐
a distensão das articulações, tendões, ligamentos e músculos. tado sobre o lado, com maior parte do peso do corpo apoiada nos
Equilíbrio do corpo: Realçado pela postura. Quanto melhor a quadris e ombro. As curvaturas estruturais da coluna devem ser
postura, melhor é o equilíbrio. Aumentar a base de suporte , afas‐ mantidas. A cabeça deve ser apoiada em uma linha mediana do
tando-se os pés a uma certa distância. Quando agachar dobrar os tronco e a rotação da coluna deve ser evitada.
joelhos e flexionar os quadris, mantendo a coluna ereta. e) Posição de Sims: Nesta posição o peso do paciente é coloca‐
Movimento Corporal Coordenado: O profissional usa uma va‐ do no ílio anterior, úmero e clavícula.
riedade de grupos musculares para cada atividade de enfermagem. f) Posição de Trendelemburgue: posição adotada onde as per‐
A forças físicas de peso e atrito podem refletir no movimento cor‐ nas e a bacia ficam em um nível mais elevado que o tórax e a ca‐
poral, e quando corretamente usadas, aumentam a eficiência do beça.
trabalho do profissional. Caso contrário, pode prejudicá-lo na tare‐
fa de erguer, transferir e posicionar o paciente. O atrito é uma força Em todas as posições que o paciente se encontrar, o profissio‐
que ocorre no sentido oposto ao movimento. Quanto maior for a nal deve avaliar e corrigir quaisquer pontos potenciais de proble‐
área da superfície do objeto, maior é o atrito. Quando o profissional mas que se apresentem como hiperextensão do pescoço, hiperex‐
transfere, posiciona ou vira o paciente no leito, o atrito deve ser tensão da coluna lombar, flexão plantar, assim como, pontos de
vencido. Um paciente passivo ou imobilizado produz maior atrito pressão em proeminências ósseas como queixo, cotovelos, quadris,
na movimentação. região sacra , joelhos e calcâneos.

Como utilizar adequadamente o movimento corporal coorde‐ Mudança de Posição e Transporte do paciente debilitado
nado: a) Conceito: A posição correta do paciente é crucial para a ma‐
- Se o paciente não for capaz de auxiliar na sua movimentação nutenção do alinhamento corporal adequado. Qualquer paciente
no leito, seus braços devem ser colocados sobre o peito, diminuin‐ cuja mobilidade esteja reduzida, corre o risco de desenvolvimen‐
do a área de superfície do paciente; to de contraturas, anormalidades posturais e locais de pressão. O
- Quando possível o profissional deve usar a força e mobilidade profissional tem a responsabilidade de diminuir este risco, incenti‐
do paciente ao levantar, transferir ou movê-lo no leito. Isto pode vando, auxiliando ou mudando o posicionamento do paciente pelo
ser feito explicando o procedimento e dizendo ao paciente quando menos à cada 3 horas.
se mover;
- O atrito pode ser reduzido se levantar o paciente em vez de b) Técnica de Movimentação do paciente dependente no leito
empurrá-lo. Levantar facilita e diminui a pressão entre o paciente e (realizada no mínimo por 2 profissionais):
o leito ou cadeira. O uso de um lençol para puxar o paciente diminui - Avaliar o paciente quanto ao nível de força muscular, mobili‐
o atrito porque ele é facilmente movido ao longo da superfície do dade e tolerância às atividades;
leito. - Realizar a lavagem simples das mãos;
- Mover um objeto sobre uma superfície plana exige menos - Explicar ao paciente o que será feito;
esforço do que movê-lo sobre uma inclinada; - Propiciar privacidade ao paciente;
- Trabalhar com materiais que se encontram sobre uma super‐ - Utilizar os princípios de mecânica corporal;
fície em um bom nível para o trabalho exige menos esforço que - Retirar travesseiros e coxins utilizados previamente;
levantá-los acima desta superfície; - Posicionar o leito em posição horizontal;
- Variações das atividades e posições auxiliam a manter o tono - Baixar grades do leito
muscular e a fadiga; -Alinhar o paciente na posição de escolha, utilizando-se os
- Períodos de atividade e relaxamento ajudam a evitar a fadiga; princípios de mecânica corporal;
- Planejar a atividade a ser realizada, pode ajudar a evitar a - Manter paciente centralizado no leito;
fadiga; - Colocar travesseiro sob a cabeça na região dorsal costal supe‐
- O ideal é que todos os profissionais que estejam posicionando rior (na altura da escápula);
o paciente tenham pesos similares. Se os centros de gravidade dos - Colocar coxins e travesseiros sob proeminências ósseas;
profissionais estiverem no mesmo plano, estes podem levantar o - Certificar-se de que o paciente está confortável;
paciente como uma unidade equilibrada. - Manter a unidade em ordem;
- Realizar a lavagem simples das mãos
Posicionamento do Paciente:
a) Conceito: É o alinhamento corporal de um paciente. Pacien‐ c) Técnica de Transferência do Paciente do Leito para a Cadeira
tes que apresentam alterações dos sistemas nervoso, esquelético (Técnica realizada no mínimo por 2 profissionais):
ou muscular, assim como, maior fraqueza e fadiga, freqüentemen‐ - Avaliar o paciente quanto ao nível de força muscular, mobili‐
te necessitam da assistência do profissional de enfermagem para dade e tolerância às atividades;
atingir o alinhamento corporal adequado enquanto deitados ou - Realizar a lavagem simples das mãos;
sentados. - Explicar ao paciente o que será feito;

29
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- Propiciar privacidade ao paciente; - Introduzir as extremidades do cateter nasal ás narinas do pa‐
- Utilizar princípios de mecânica corporal; ciente ou posicionar a cânula nasal ou máscara facial;
- Manter cadeira de rodas próxima do leito, com freios trava‐ - Ajustar a fita elástica na fronte até que o cateter nasal ou
dos e apoios para os pés removidos; máscara facial esteja perfeitamente adaptado e confortável ou fi‐
- Travar os freios da cama; xar a cânula nasal à face ou região frontal do paciente;
- Ajudar o paciente a sentar-se no leito; - Manter o tubo de oxigênio com folga suficiente e prendê-lo
- Aguardar recuperação de queda de pressão arterial; às roupas do paciente;
- Auxiliar o paciente a ficar em pé, segurando o paciente firme‐ - Manter o recipiente do umidificador com água no nível deli‐
mente pelos braços e mantendo as mãos do paciente apoiada nos mitado;
ombros do profissional; - Manter o fluxo de oxigênio conforme prescrição médica;
- Sentar o paciente na cadeira de rodas; - Observar narinas e superfície superior das orelhas à cada 6
- Certificar-se de que o paciente está seguro e confortável; horas (verificar se há laceração de pele);
- Certificar-se de que o paciente está confortável;
- Manter a unidade em ordem;
- Manter a unidade em ordem;
- Realizar a lavagem simples das mãos
- Retirar luvas de procedimento;
- Realizar a lavagem simples das mãos;
d) Técnica de Transferência do Paciente do Leito para a Maca - Realizar checagem e anotações no prontuário do paciente.
(Técnica realizada por 3 profissionais):
- Avaliar o paciente quanto ao nível de força muscular, mobili‐ Necessidades Nutricionais
dade e tolerância às atividades;
- Realizar a lavagem simples das mãos; Alimentação por via enteral
- Explicar ao paciente o que será feito; a)Conceito: É a alimentação por sonda a pacientes que são in‐
- Propiciar privacidade ao paciente; capazes de pôr o alimento na boca, mastigar ou engolir, mas que
- Utilizar princípios de mecânica corporal; são capazes de digeri-lo e absorvê-lo. As sondas de alimentação
- Posiciona-se ao lado do leito do paciente, cada um respon‐ podem ser colocadas no esôfago, estômago ou região alta do intes‐
sabilizando-se por uma determinada parte do corpo, sendo o mais tino delgado. A sonda pode ser inserida através do nariz, da boca
alto pela cabeça e ombros, o mediano pelos quadris e coxas e o ou cirurgicamente implantada. A alimentação via sonda pode ser
mais baixo pelos tornozelos e pés; administrada em bolo ou por gotejamento lento constante, que flui
- Girar o paciente em direção ao tórax dos levantadores; pelo efeito da gravidade, controlada por uma bomba de infusão. A
- Contar até três em sincronia e elevar o paciente junto ao tó‐ alimentação lenta e constante aumenta absorção e reduz a diar‐
rax dos levantadores; réia. A sondagem nasoenteral está indicada em pacientes clínicos
- Colocar o paciente suavemente sobre o centro da maca; graves, entubados e sedados;
- Certificar-se de que o paciente está seguro e confortável (le‐
vantar grades, colocar faixas de segurança) ; Inserção de Sonda Nasogátrica
- Manter a unidade em ordem; - Reunir os materiais e equipamentos necessários: Bandeja
- Realizar a lavagem simples das mãos contendo: Sonda nasogástrica com numeração apropriada; copo
com água; estetoscópio, seringa de 20 ml; cuba rim; esparadrapo
Necessidades de Oxigenação ou microporen; lubrificante hidrossolúvel; luvas de procedimento;
Administração de Oxigênio por Cateter Nasal (tipo óculos), Câ‐ pacote com folhas de gase;.saco de lixo;
nula Nasal ou Máscara Facial: - Explicar ao paciente o procedimento a ser realizado;
a) Conceito: É a administração de oxigênio à razão de 3 a 5 - Colocar o paciente em posição apropriada (Fowler)
litros por minuto por cateter nasal, cânula nasal ou máscara facial. - Realizar a lavagem simples das mãos;
O cateter nasal é um dispositivo simples introduzido nas narinas do - Calçar luvas de procedimento;
paciente. A cânula nasal pode ser introduzida pelo nariz até a naso‐ - Medir a sonda no paciente: a partir do terceiro furo medir a
faringe, sendo necessário a alternância à cada 8 horas no mínimo. A sonda na distância da ponta do nariz até o lóbulo da orelha; medir
máscara facial é um dispositivo que se adapta perfeitamente sobre a distância do lóbulo da orelha até o apêndice xifóide e demarcar
o nariz e boca, sendo mantida em posição com auxílio de um fita. esta medida com fita (aproximadamente 45 a 55 cm);
Máscara facial simples é usada na oxigenioterapia a curto prazo. - Lubrificar a sonda com lubrificante hidrossolúvel;
Máscara facial de plástico com reservatório e máscara de Venturi, - Orientar o paciente pedindo para que engula a sonda quando
são capazes de fornecer concentrações de oxigênio mais elevadas solicitado;
- Fletir o pescoço do paciente quando o mesmo não puder aju‐
b) Técnica: dar no procedimento;
- Avaliar o paciente e verificar se existem sinais e sintomas su‐ - Introduzir a sonda até a demarcação estabelecida;
gestivos de hipóxia ou presença de secreções nas vias aéreas; - Testar a sonda para verificação do posicionamento: Aspirar
- Aspirar paciente, se necessário; conteúdo gástrico; administrar 20 ml de ar e auscultar o epigástrio
- Reunir os materiais e equipamentos necessários: Cânula nasal buscando o som de entrada de ar; colocar a extremidade da sonda
ou cateter nasal ou máscara facial; tubo de oxigênio; umidificador; aberta num copo com água, se a água não borbulhar a sonda está
água estéril; fonte de oxigênio com fluxímetro; luvas de procedi‐ posicionada adequadamente;
mento. - Fixar e identificar a sonda;
- Explicar ao paciente o procedimento a ser realizado; - Manter a sonda fechada; excetuando-se em casos de drena‐
- Realizar a lavagem simples das mãos; gem gástrica;
- Calçar luvas de procedimento; - Certificar-se de que o paciente está confortável;
- Conectar a cânula nasal (medir no paciente o posicionamento - Manter a unidade em ordem;
da cânula : lóbulo da orelha a ponta do nariz) ou cateter nasal ou - Retirar luvas de procedimento;
máscara facial, ao tubo de oxigênio e a uma fonte de oxigênio umi‐ - Realizar a lavagem simples das mãos;
dificada, calibrada na taxa de fluxo desejada; - Realizar checagem e anotações no prontuário do paciente.

30
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Necessidade de Eliminação Urinária - Fixar a sonda na coxa do paciente;
- Retirar luvas estéreis;
Cateterismo Vesical de Demora - Calçar luvas de procedimento;
a) Conceito: É a inserção de um cateter na bexiga através da - Organizar a unidade;
uretra, indicado para aliviar desconforto por distensão vesical - Identificar a bolsa coletora com data e hora da inserção da
quando ocorre obstrução na saída do fluxo de urina por dilatação sonda e assinatura;
da próstata, ou por coágulos de sangue; nas retenções urinárias - Manter a sonda aberta para drenagem;
grave por episódios recorrentes de infecção do aparelho urinário; - Certificar-se de que o paciente está confortável e a unidade
nos casos em que há incapacidade de esvaziar a bexiga espontanea‐ em ordem;
mente; para monitorar débito urinário nos quadros clínicos graves; - Realizar a lavagem simples das mãos;
cirurgias do trato urinário ou de suas partes; cirurgias que exijam - Realizar checagem e anotações no prontuário do paciente
anestesias em doses maiores; controlar incontinência urinária e nos A Enfermagem, reconhecida por seu respectivo conselho pro‐
pacientes acometidos por doença terminal. fissional, é uma profissão que possui um corpo de conhecimentos
próprios, voltados para o atendimento do ser humano nas áreas de
b) Técnica promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde, com‐
- Reunir os materiais e equipamentos necessários: Bandeja posta pelo enfermeiro, técnico e auxiliar de enfermagem.
contendo: Pacote estéril para cateterização vesical contendo: cuba A Enfermagem realiza seu trabalho em um contexto mais am‐
redonda; cuba rim; pinça para antissepsia, folhas de gaze, torun‐ plo e coletivo de saúde, em parceria com outras categorias pro‐
das ou bolas de algodão; campo fenestrado; almotolia contendo fissionais representadas por áreas como Medicina, Serviço Social,
povidine tópico; 2 seringas descartáveis de 10 ml; 1 agulha 40X12; Fisioterapia, Odontologia, Farmácia, Nutrição, etc. O atendimento
1 ampola de água destilada 10 ml; sonda de follley com numera‐ integral à saúde pressupõe uma ação conjunta dessas diferentes
ção apropriada; coletor de urina sistema fechado; esparadrapo ou categorias, pois, apesar do saber específico de cada uma, existe
microporen; xylocaína geléia; luvas de procedimento; 1 par de lu‐ uma relação de interdependência e complementaridade.
vas estéril com numeração apropriada; pacote com folhas de gase; Nos últimos anos, a crença na qualidade de vida tem influen‐
saco de lixo; material para higiene íntima, se necessário. ciado, por um lado, o comportamento das pessoas, levando a um
- Promover ambiente reservado ao paciente; maior envolvimento e responsabilidade em suas decisões ou esco‐
- Explicar ao paciente o procedimento a ser realizado; lhas; e por outro, gerado reflexões em esferas organizadas da so‐
- Colocar o paciente em posição anatômica (nas mulheres po‐ ciedade - como no setor saúde, cuja tônica da promoção da saúde
sição ginecológica); tem direcionado mudanças no modelo assistencial vigente no país.
- Realizar a lavagem simples das mãos; No campo do trabalho, essas repercussões evidenciam-se através
- Calçar luvas de procedimento; das constantes buscas de iniciativas públicas e privadas no sentido
- Montar 1 seringa descartável com 10 ml de água destilada de melhor atender às expectativas da população, criando ou trans‐
- Abrir pacote estéril para cateterização vesical; formando os serviços existentes.
- Retirar do pacote pinça de antissepsia e cuba redonda; No tocante à enfermagem, novas frentes de atuação são cria‐
- Colocar torundas ou bolas de algodão e povidine tópico na das à medida que essas transformações vão ocorrendo, como sua
cuba redonda; inserção no Programa Saúde da Família (PSF), do Ministério da Saú‐
- Realizar a antissepsia da genitália respeitando os princípios de de; em programas e serviços de atendimento domiciliar, em pro‐
assepsia (do mais distante para o mais próximo, de cima para bai‐ cesso de expansão cada vez maior em nosso meio; e em programas
xo), utilizando para cada área os quatro lados da torunda ou bolas de atenção a idosos e outros grupos específicos.Quanto às ações
de algodão; e tarefas afins efetivamente desenvolvidas nos serviços de saúde
- Paciente masculino: Antissepsia na seguinte seqüência: púbis; pelas categorias de Enfermagem no país, estudos realizados pela
corpo do pênis; retração do prepúcio; limpeza da glande , por últi‐ ABEn e pelo INAMPS as agrupam em cinco classes, com as seguin‐
mo meato uretral; tes características:
- Paciente feminino: Antissepsia na seguinte seqüência : púbis; - Ações de natureza propedêutica e terapêutica complemen‐
vulva: grandes lábios, pequenos lábios e por último meato uretral; tares ao ato médico e de outros profissionais, as ações propedêu‐
- Retirar luvas de procedimento; ticas complementares referem-se às que apóiam o diagnóstico e
- Sobre o pacote estéril que está aberto : abrir sonda de folley, o acompanhamento do agravo à saúde, incluindo procedimentos
bolsa coletora sistema fechado e seringa de 10 ml; colocar xylocaí‐ como a observação do estado do paciente, mensuração de altura e
na geléia sobre folhas de gaze; peso, coleta de amostras para exames laboratoriais e controle de
- Calçar luvas estéril; sinais vitais e de líquidos. As ações terapêuticas complementares
- Colocar campo fenestrado sobre a genitália do paciente, man‐ asseguram o tratamento prescrito, como, por exemplo, a adminis‐
tendo em evidência a exposição da uretra; tração de medicamentos e dietas enterais, aplicação de calor e frio,
- Introduzir na seringa descartável 10 ml de ar e testar o balo‐ instalação de cateter de oxigênio e sonda vesical ou nasogástrica;
nete da sonda de folley; - Ações de natureza terapêutica ou propedêutica de enferma‐
- Conectar sonda de folley a bolsa coletora de urina; gem, são aquelas cujo foco centra-se na organização da totalida‐
- Lubrificar a sonda de folley com xylocaína geléia; de da atenção de enfermagem prestada à clientela. Por exemplo,
- Segurar a sonda com a mão dominante, colocando a bolsa ações de conforto e segurança, atividades educativas e de orien‐
coletora sobre as pernas do paciente; tação;
- Com a mão não dominante, nos homens segurar o pênis per‐ - Ações de natureza complementar de controle de risco, são
pendicular ao abdomen e nas mulheres abrir a genitália, eviden‐ aquelas desenvolvidas em conjunto com outros profissionais de
ciando a uretra; saúde, objetivando reduzir riscos de agravos ou complicações de
- Introduzir toda a sonda no meato uretral; saúde. Incluem as atividades relacionadas à vigilância epidemioló‐
- Preencher o balonete com 10 ml de água destilada; gica e as de controle da infecção hospitalar e de doenças crônico‐
- Tracionar a sonda; -degenerativas;

31
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- Ações de natureza administrativa, nessa categoria incluem-se em que são removidas células mortas, sujidades e microrganismos
as ações de planejamento, gestão, controle, supervisão e avaliação aderidos à pele. Os movimentos e a fricção exercidos durante o ba‐
da assistência de enfermagem; nho estimulam as terminações nervosas periféricas e a circulação
- Ações de natureza pedagógica, relacionam-se à formação e sanguínea. Após um banho morno, é comum a pessoa sentir-se
às atividades de desenvolvimento para a equipe de enfermagem. confortável e relaxada.
A higiene corporal pode ser realizada sob aspersão (chuveiro),
CUIDADOS COM O PACIENTE imersão (banheira) ou ablução (com jarro banho de leito). O au‐
Assistência de enfermagem ao paciente visando atender as tocuidado deve ser sempre incentivado Assim, deve-se avaliar se
necessidades de: conforto, segurança e bem-estar, higiene e segu‐ o paciente tem condições de se lavar sozinho. Caso seja possível,
rança ambiental todo o material necessário à higiene oral e banho deve ser colocado
Higienizando a boca na mesa-de-cabeceira ou carrinho móvel do lado da cama, da for‐
A higiene oral freqüente reduz a colonização local, sendo im‐ ma que for mais funcional para o paciente. A enfermagem deve dar
portante para prevenir e controlar infecções, diminuir a incidência apoio, auxiliando e orientando no que for necessário.
de cáries dentárias, manter a integridade da mucosa bucal, evitar Para os pacientes acamados, o banho é dado no leito, pelo
ou reduzir a halitose, além de proporcionar conforto ao paciente. pessoal de enfermagem. Convém ressaltar que a grande maioria
Em nosso meio, a maioria das pessoas está habituada a escovar os deles considera essa situação bastante constrangedora, pois a in‐
dentes - pela manhã, após as refeições e antes de deitar - e quando capacidade de realizar os próprios cuidados desperta sentimentos de
isso não é feito geralmente experimenta a sensação de desconfor‐ impotência e vergonha, sobretudo porque a intimidade é invadida. A
to. n Higienizando a boca Material necessário: bandeja escova de compreensão de tal fato pelo profissional de enfermagem, demonstra‐
dentes ou espátula com gazes creme dental, solução dentifrícia ou da ao prover os cuidados de higiene, ajuda a minimizar o problema e
solução bicarbonatada copo com água (e canudo, se necessário) atitudes como colocar biombos e mantê-lo coberto durante o banho,
cuba-rim toalha de rosto lubrificante para os lábios, se necessário expondo apenas o segmento do corpo que está sendo lavado, são ine‐
luvas de procedimento. gavelmente mais valiosas do que muitas palavras proferidas.
Avaliar a possibilidade de o paciente realizar a própria higiene. Quando do banho, expor somente um segmento do corpo de
Se isto for possível, colocar o material ao seu alcance e auxiliá-lo no cada vez, lavando-o com luva de banho ensaboada, enxaguando-o
que for necessário. Caso contrário, com o material e o ambiente - tendo o cuidado de remover todo o sabão - e secando-o com a
devidamente preparados, auxiliar o paciente a posicionar-se, elevar toalha de banho. Esse processo deve ser repetido para cada seg‐
a cabeceira da cama se não houver contra-indicação e proteger o mento do corpo.
tórax do mesmo com a toalha, para que não se molhe durante o A secagem deve ser criteriosa, principalmente nas pregas
procedimento cutâneas, espaços interdigitais e genitais, base dos seios e do ab‐
dome em obesos - evitando a umidade da pele, que propicia proli‐
Em pacientes inconscientes ou impossibilitados de realizar a
feração de microrganismos e pode provocar assaduras. Procurando
higiene bucal, compete ao profissional de enfermagem lavar-lhe os
estimular a circulação, os movimentos de fricção da pele devem
dentes, gengivas, bochechas, língua e lábios com o auxílio de uma
preferencialmente ser direcionados no sentido do retorno venoso.
espátula envolvida em gaze umedecida em solução dentifrícia ou
Na higiene íntima do sexo feminino, a limpeza deve ser reali‐
solução bicarbonatada a qual deve ser trocada sempre que neces‐
zada no sentido ântero-posterior; no masculino, o prepúcio deve
sário. Após prévia verificação, se necessário, aplicar um lubrificante
ser tracionado, favorecendo a limpeza do meato urinário para a
para prevenir rachaduras e lesões que facilitam a penetração de
base da glande, removendo sujidades (pêlos, esmegma, urina,
microrganismos e dificultam a alimentação. Para a proteção do pro‐ suor) e inibindo a proliferação de microrganismos. A seguir, reco‐
fissional, convém evitar contato direto com as secreções, mediante brir a glande com o prepúcio. Durante todo o banho o profissional
o uso de luvas de procedimento. Após a higiene bucal, colocar o de enfermagem deve observar as condições da pele, mucosas, ca‐
paciente numa posição adequada e confortável, e manter o am‐ belos e unhas do paciente, cuidando para mantê-lo saudável. Ao
biente em ordem. término do banho, abaixar a cabeceira da cama e deixar o paciente
Anotar, no prontuário, o procedimento, reações e anormalida‐ na posição em que se sinta mais confortável, desde que não haja
des observadas. contra-indicação. Avaliar as possibilidades de colocá-lo sentado na
O paciente que faz uso de prótese dentária (dentadura) tam‐ poltrona. Providenciar o registro das condições do paciente e de
bém necessita de cuidados de higiene para manter a integridade suas reações.
da mucosa oral e conservar a prótese limpa. De acordo com seu
grau de dependência, a enfermagem deve auxiliá-lo nesses cuida‐ Lavando os cabelos e o couro cabeludo
dos. A higiene compreende a escovação da prótese e limpeza das A lavagem dos cabelos e do couro cabeludo visa proporcio‐
gengivas, bochechas, língua e lábios - com a mesma freqüência in‐ nar higiene, conforto e estimular a circulação do couro cabeludo.
dicada para as pessoas que possuem dentes naturais. Por sua vez, Quando o paciente não puder ser conduzido até o chuveiro, esta
pacientes inconscientes não devem permanecer com prótese den‐ tarefa deve ser realizada no leito. O procedimento a seguir descrito
tária. Nesses casos, o profissional deve acondicioná-la, identificá-la, é apenas uma sugestão, considerando-se que há várias formas de
realizando anotação de enfermagem do seu destino e guardá-la em realizá-lo. Material necessário: dois jarros com água morna sabão
local seguro ou entregá-la ao acompanhante, para evitar a possibi‐ neutro ou xampu duas bolas de algodão pente toalha grande de
lidade de ocorrer danos ou extravio. A mesma orientação é reco‐ banho (duas, caso necessário) balde bacia luvas de procedimento
mendada para os pacientes encaminhados para cirurgias. Ao mani‐ impermeável / saco plástico
pular a dentadura, a equipe de enfermagem deve sempre utilizar as
luvas de procedimento. Cuidados com a alimentação e hidratação
Como sabemos, a alimentação é essencial para nossa saúde e
Realizando o banho bem-estar. O estado nutricional interfere diretamente nos diversos
Os hábitos relacionados ao banho, como frequência, horário e processos orgânicos como, por exemplo, no crescimento e desen‐
temperatura da água, variam de pessoa para pessoa. Sua finalida‐ volvimento, nos mecanismos de defesa imunológica e resposta às
de precípua, no entanto, é a higiene e limpeza da pele, momento infecções, na cicatrização de feridas e na evolução das doenças.

32
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
A subnutrição consequente de alimentação insuficiente, dese‐ com posicionamento no estômago) ou transpilórica (introduzida
quilibrada ou resultante de distúrbios associados à sua assimilação pelo nariz, com posicionamento no duodeno ou jejuno), ou através
- vem cada vez mais atraindo a atenção de profissionais de saúde de gastrostomia ou jejunostomia. A instalação da sonda tem como
que cuidam de pacientes ambulatoriais ou internados em hospitais, objetivos retirar os fluidos e gases do trato gastrintestinal (des‐
certos de que apenas a terapêutica medicamentosa não é suficien‐ compressão), administrar medicamentos e alimentos (gastróclise)
te para se obter uma resposta orgânica satisfatória. O profissional diretamente no trato gastrintestinal, obter amostra de conteúdo
de enfermagem tem a responsabilidade de acompanhar as pessoas gástrico para estudos laboratoriais e prevenir ou aliviar náuseas e
de quem cuida, tanto no nível domiciliar como no hospitalar, pre‐ vômitos
parando o ambiente e auxiliando-as durante as refeições. É impor‐
tante verificar se os pacientes estão aceitando a dieta e identificar Inserindo a sonda nasogástrica
precocemente problemas como a bandeja de refeição posta fora
do alcance do mesmo e sua posterior retirada sem que ele tenha Material necessário:
tido a possibilidade de tocá-la de fato que se observa com certa - sonda de calibre adequado lubrificante hidrossolúvel (xilocaí‐
frequência. na a 2% sem vasoconstritor)
Os motivos desse tipo de ocorrência são creditados ao insufi‐ -gazes
ciente número de pessoal de enfermagem e ou ao envolvimento - seringa de 20 ml
dos profissionais com atividades consideradas mais urgentes. Além -toalha
de causas estruturais como a falta de recursos humanos e mate‐ -recipiente com água
riais, evidenciam-se valores culturais fortemente arraigados no -estetoscópio
comportamento do profissional, como a supervalorização da tec‐ -luvas de procedimento
nologia e dos procedimentos mais especializados, o que, na prática, - tiras de fita adesiva (esparadrapo, micropore, etc.)
se traduz em dar atenção, por exemplo, ao preparo de uma bomba -sonda de calibre adequado lubrificante hidrossolúvel (xilocaí‐
de infusão ou material para um curativo, ao invés de auxiliar o pa‐ na a 2% sem vasoconstritor) gazes
ciente a alimentar-se.
Coincidentemente, os horários das refeições se aproximam do Ao auxiliar o paciente a alimentar-se, evite atitude de impa‐
início e término do plantão, momentos em que há grande preocu‐ ciência ou pressa o que pode vir a constrangê-lo. Não interrompa
pação da equipe em dar continuidade ao turno anterior ou encerrar a refeição com condutas terapêuticas, pois isso poderá desestimu‐
o turno de plantão, aspecto que representa motivo adicional para lá-lo a comer.
o abandono do paciente. No entanto, os profissionais não devem
eximir-se de tal responsabilidade, que muitas vezes compromete Para conhecimento:
os resultados do próprio tratamento. Gastrostomia - abertura cirúrgica do estômago, para introdu‐
Os pacientes impossibilitados de alimentar-se sozinhos devem ção de uma sonda com a finalidade de alimentar, hidratar e drenar
ser assistidos pela enfermagem, a qual deve providenciar os cuida‐ secreções estomacais.
dos necessários de acordo com o grau de dependência existente. Jejunostomia - abertura cirúrgica do jejuno, proporcionando
Por exemplo, visando manter o conforto do paciente e incentivá-lo comunicação com o meio externo, com o objetivo de alimentar ou
a comer, oferecer-lhe o alimento na boca, na ordem de sua prefe‐ drenar secreções. seringa de 20 ml toalha recipiente com água es‐
rência, em porções pequenas e dadas uma de cada vez. Ao término tetoscópio luvas de procedimento tiras de fita adesiva (esparadra‐
da refeição, servir-lhe água e anotar a aceitação da dieta no pron‐ po, micropore, etc.)
tuário.
Durante o processo, proteger o tórax do paciente com toa‐ Fixação da sonda nasogástrica
lha ou guardanapo, limpando-lhe a boca sempre que necessário, Deve ser segura, sem compressão, para evitar irritação e le‐
são formas de manter a limpeza. Ao final, realizar a higiene oral. são cutânea. O volume e aspecto do conteúdo drenado pela sonda
Visando evitar que o paciente se desidrate, a enfermagem deve aberta deve ser anotado, pois permite avaliar a retirada ou manu‐
observar o atendimento de sua necessidade de hidratação. Desde tenção da mesma e detecta anormalidades.
que não haja impedimento para que receba líquidos por via oral, Sempre que possível, orientar o paciente a manter-se predo‐
cabe ao Serviço de Nutrição e Dietética fornecer água potável em minantemente em decúbito elevado, para evitar a ocorrência de
recipiente apresentável e de fácil limpeza, com tampa, passível de refluxo gastroesofágico durante o período que permanecer com a
higienização e reposição diária, para evitar exposição desnecessá‐ sonda.
ria e possível contaminação. Nem sempre os pacientes atendem
adequadamente à necessidade de hidratação, por falta de hábito
de ingerir suficiente quantidade de água fato que, em situações
de doença, pode levá-lo facilmente à desidratação e desequilíbrio
hidroeletrolítico. Considerando tal fato, é importante que a enfer‐
magem o oriente e incentive a tomar água, ou lhe ofereça auxílio
se apresentar dificuldades para fazê-lo sozinho. A posição sentada
é a mais conveniente, porém, se isto não for possível, devese estar
atento para evitar aspiração acidental de líquido.

Nutrição enteral
Desde que a função do trato gastrintestinal esteja preserva‐
da, a nutrição enteral (NE) é indicada nos casos em que o paciente
está impossibilitado de alimentar-se espontaneamente através de
refeições normais. A nutrição enteral consiste na administração de
nutrientes por meio de sondas nasogástrica (introduzida pelo nariz,

33
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
tores que promovem alterações transitórias da temperatura corpo‐
ral, tais como fator hormonal (durante o ciclo menstrual), banhos
muito quentes ou frios e fator alimentar (ingestão de alimentos e
bebidas muito quentes ou frias).
A alteração patológica da temperatura corporal mais freqüen‐
te caracteriza-se por sua elevação e está presente na maioria dos
processos infecciosos e/ou inflamatórios. É muito difícil delimitar
a temperatura corporal normal porque, além das variações indivi‐
duais e condições ambientais, em um mesmo indivíduo a tempera‐
tura não se distribui uniformemente nas diversas regiões e super‐
fícies do corpo.
Assim, podemos considerar como variações normais de tem‐
peratura29 : n temperatura axilar: 35,8ºC - 37,0ºC; n temperatura
oral: 36,3ºC - 37,4ºC; n temperatura retal: 37ºC - 38ºC.
O controle da temperatura corporal é realizado mediante a uti‐
lização do termômetro - o mais utilizado é o de mercúrio, mas cada
vez mais torna-se freqüente o uso de termômetros eletrônicos em
nosso meio de trabalho.
A temperatura corporal pode ser verificada pelos seguintes
métodos: oral - o termômetro de uso oral deve ser individual e pos‐
suir bulbo alongado e achatado, o qual deve estar posicionado sob
a língua e mantido firme com os lábios fechados, por 3 minutos.
Esse método é contra-indicado em crianças, idosos, doentes gra‐
Medindo a altura e o peso no adulto ves, inconscientes, com distúrbios mentais, portadores de lesões
Material necessário: balança papel para forrar a plataforma orofaríngeas e, transitoriamente, após o ato de fumar e ingestão
da balança A balança a ser utilizada deve ser previamente aferida de alimentos quentes ou frios; retal - o termômetro retal é de uso
(nivelada, tarada) para a obtenção de valores mais exatos e des‐ individual e possui bulbo arredondado e proeminente. Deve ser lu‐
travada somente quando o paciente encontra-se sobre ela. O piso brificado e colocado no paciente em decúbito lateral, inserido cerca
da balança deve estar sempre limpo e protegido com papel-toalha, de 3,5cm, em indivíduo adulto, permanecendo por 3 minutos.
evitando que os pés fiquem diretamente colocados sobre ele. Para A verificação da temperatura retal considerada a mais fide‐
prevenir a ocorrência de quedas, fornecer auxílio ao paciente du‐ digna - é contra-indicada em pacientes submetidos a intervenções
rante todo o procedimento. cirúrgicas do reto e períneo, e/ou que apresentem processos in‐
O paciente deve ser pesado com o mínimo de roupa e sempre flamatórios locais; axilar - é a verificação mais freqüente no nosso
com peças aproximadas em peso. Para obter um resultado correto, meio, embora seja a menos precisa. O termômetro deve permane‐
deve ser orientado a retirar o calçado e manter os braços livres. cer por, no máximo, 7 minutos (cerca de 5 a 7 minutos).
Após terse posicionado adequadamente, o profissional deve deslo‐
As principais alterações da temperatura são: hipotermia - tem‐
car os pesos de quilo e grama até que haja o nivelamento horizontal
peratura abaixo do valor normal; hipertermia - temperatura acima
da régua graduada; a seguir, travar e fazer a leitura e a anotação de
do valor normal; febrícula - temperatura entre 37,2o C e 37,8o C. 29
enfermagem.
Atkinson, 1989. 7 8 Fundamentos de Enfermagem .
Em pacientes internados, com controle diário, o peso deve ser
verificado em jejum, sempre no mesmo horário, para avaliação das
Verificando a temperatura corporal
alterações.
Material necessário: bandeja termômetro clínico bolas de algo‐
Para maior exatidão do resultado na verificação da altura,
dão seco álcool a 70% bloco de papel caneta .
orientar o paciente a manter a posição ereta, de costas para a has‐
te, e os pés unidos e centralizados no piso da balança. Posicionar Para garantir a precisão do dado, recomenda-se deixar o ter‐
a barra sobre a superfície superior da cabeça, sem deixar folga, e mômetro na axila do paciente por 3 a 4 minutos; em seguida, pro‐
travá-la para posterior leitura e anotação. ceder à leitura rápida e confirmar o resultado recolocando o termô‐
metro e reavaliando a informação até a obtenção de duas leituras
Controlando a temperatura corporal consecutivas idênticas30. Coluna de mercúrio Bulbo Corpo .
Vários processos físicos e químicos, sob o controle do hipo‐ O ponto de localização do mercúrio indica a temperatura
tálamo, promovem a produção ou perda de calor, mantendo nosso As orientações seguintes referem-se ao controle de tempera‐
organismo com temperatura mais ou menos constante, indepen‐ tura axilar, considerando-se sua maior utilização. Entretanto, faz-se
dente das variações do meio externo. necessário avaliar esta possibilidade observando-se os aspectos
A temperatura corporal está intimamente relacionada à ati‐ que podem interferir na verificação, como estado clínico e psicoló‐
vidade metabólica, ou seja, a um processo de liberação de energia gico do paciente, existência de lesões, agitação, etc.
através das reações químicas ocorridas nas células. Diversos fatores O bulbo do termômetro deve ser colocado sob a axila seca e o
de ordem psicofisiológica poderão influenciar no aumento ou dimi‐ profissional deve solicitar ao paciente que posicione o braço sobre
nuição da temperatura, dentro dos limites e padrões considerados o peito, com a mão em direção ao ombro oposto. Manter o termô‐
normais ou fisiológicos. metro pelo tempo indicado, lembrando que duas leituras consecu‐
Desta forma, podemos citar o sono e repouso, emoções, des‐ tivas com o mesmo valor reflete um resultado bastante fidedigno.
nutrição e outros como elementos que influenciam na diminuição Para a leitura da temperatura, segurar o termômetro ao nível
da temperatura; e os exercícios (pelo trabalho muscular), emoções dos olhos, o que facilita a visualização. Após o uso, a desinfecção do
(estresse e ansiedade) e o uso de agasalhos (provocam menor dissi‐ termômetro deve ser realizada no sentido do corpo para o bulbo,
pação do calor), por exemplo, no seu aumento. Há ainda outros fa‐ obedecendo o princípio do mais limpo para o mais sujo, mediante

34
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
lavagem com água e sabão ou limpeza com álcool a 70% - processo Para um resultado preciso, é ideal que, antes da verificação,
que diminui os microrganismos e a possibilidade de infecção cru‐ o indivíduo esteja em repouso por 10 minutos ou isento de fatores
zada.] estimulantes (frio, tensão, uso de álcool, fumo). Hipertensão arte‐
rial é o termo usado para indicar pressão arterial acima da normal;
Controlando o pulso e hipotensão arterial para indicar pressão arterial abaixo da normal.
Também consideradas como importante parâmetro dos sinais Quando a pressão arterial se encontra normal, dizemos que
vitais, as oscilações da pulsação, verificadas através do controle de está normotensa. A pressão sangüínea geralmente é mais baixa du‐
pulso, podem trazer informações significativas sobre estado do pa‐ rante o sono e ao despertar. A ingestão de alimentos, exercícios,
ciente. dor e emoções mmHg - milímetro de mercúrio,como medo, ansie‐
Esta manobra, denominada controle de pulso, é possível por‐ dade, raiva e estresse aumentam a pressão arterial.
que o sangue impulsionado do ventrículo esquerdo para a aorta Habitualmente, a verificação é feita nos braços, sobre a artéria
provoca oscilações ritmadas em toda a extensão da parede arterial, braquial. A pressão arterial varia ao longo do ciclo vital, aumentan‐
que podem ser sentidas quando se comprime moderadamente a do conforme a idade. Crianças de 4 anos podem ter pressão em
artéria contra uma estrutura dura. Além da freqüência, é impor‐ torno de 85/ 60mmHg; aos 10 anos, 100/65mmHg34.
tante observar o ritmo e força que o sangue exerce ao passar pela Nos adultos, são considerados normais os parâmetros com
artéria. pressão sistólica variando de 90 a 140mmHg e pressão diastólica
Há fatores que podem provocar alterações passageiras na de 60 a 90mmHg.
freqüência cardíaca, como as emoções, os exercícios físicos e a ali‐ Verificando a pressão arterial
mentação. Ressalte-se, ainda, que ao longo do ciclo vital seus va‐ Material necessário: estetoscópio esfigmomanômetro algo‐
lores vão se modificando, sendo maiores em crianças e menores dão seco álcool a 70% caneta e papel
nos adultos. A frequência do pulso no recém-nascido é, em média,
de 120 batimentos por minuto (bpm), podendo chegar aos limites Segurança do paciente
de 70 a 170 bpm31. Aos 4 anos, a média aproxima-se de 100 bpm, O Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), insti‐
variando entre 80 e 120 bpm, assim se mantendo até os 6 anos; a tuído pela Portaria GM/MS nº 529/2013, objetiva contribuir para
partir dessa idade e até 31com. os 12 anos a média fica em torno a qualificação do cuidado em saúde em todos os estabelecimentos
de 90 bpm, com variação de 70 a 110 bpm. Aos 18 anos, atinge 75 de saúde do território nacional.
bpm nas mulheres e 70 bpm nos homens32. A Segurança do Paciente é um dos seis atributos da qualidade
A partir da adolescência observamos nítida diferenciação entre do cuidado, e tem adquirido, em todo o mundo, grande importân‐
o crescimento físico de mulheres e homens, o que influencia a fre‐ cia para os pacientes, famílias, gestores e profissionais de saúde
qüência do pulso: na fase adulta, de 65 a 80 bpm nas mulheres e de com a finalidade de oferecer uma assistência segura.
60 a 70 bpm, nos homens. Os incidentes associados ao cuidado de saúde, e em particular
Habitualmente, faz-se a verificação do pulso sobre a artéria os eventos adversos (incidentes com danos ao paciente), represen‐
radial e, eventualmente, quando o pulso está filiforme, sobre as tam uma elevada morbidade e mortalidade nos sistemas de saúde.
artérias mais calibrosas - como a carótida e a femoral. Outras ar‐ A Organização Mundial de Saúde (OMS) demonstrando preocupa‐
térias, como a temporal, a facial, a braquial, a poplítea e a dorsal ção com a situação, criou a World Alliance for Patient Safety( Alian‐
do pé também possibilitam a verificação do pulso. O pulso normal ça Mundial pela Segurança do Paciente) que tem como objetivos
- denominado normocardia - é regular, ou seja, o período entre os organizar os conceitos e as definições sobre segurança do paciente
batimentos se mantém constante, com volume perceptível à pres‐ e propor medidas para reduzir os riscos e diminuir os eventos ad‐
são moderada dos dedos. versos.
O pulso apresenta as seguintes alterações: bradicardia: fre‐ As ações do PNSP articulam-se com os objetivos da Aliança
qüência cardíaca abaixo da normal; taquicardia: freqüência cardía‐ Mundial e comtemplam demais políticas de saúde para somar es‐
ca acima da normal; taquisfigmia: pulso fino e taquicárdico; bradis‐ forços aos cuidados em redes de atenção à saúde.
figmia: pulso fino e bradicárdico; filiforme: pulso fino. A RDC/Anvisa nº 36/2013 institui ações para a segurança do
paciente em serviços de saúde e dá outras providências. Esta nor‐
Controlando a pressão arterial mativa regulamenta aspectos da segurança do paciente como a
Outro dado imprescindível na avaliação de saúde de uma pes‐ implantação dos Núcleos de Segurança do Paciente, a obrigatorie‐
soa é o nível de sua pressão arterial, cujo controle é realizado atra‐ dade da notificação dos eventos adversos e a elaboração do Plano
vés de aparelhos próprios. A pressão arterial resulta da tensão que de Segurança do Paciente.
o sangue exerce sobre as paredes das artérias e depende: Os protocolos básicos de segurança do paciente são instrumen‐
a) do débito cardíaco relacionado à capacidade de o coração tos para implantação das ações em segurança do paciente. A Por‐
impulsionar sangue para as artérias e do volume de sangue circu‐ taria GM/MS nº 1.377, de 9 de julho de 2013 e a Portaria nº 2.095,
lante; de 24 de setembro de 2013 aprovam os protocolos básicos de se‐
b) da resistência vascular periférica, determinada pelo lúmen gurança do paciente.
(calibre), elasticidade dos vasos e viscosidade sangüínea, traduzin‐
do uma força oposta ao fluxo sangüíneo; Protocolos Básicos de Segurança do Paciente
c) da viscosidade do sangue, que significa, em outros termos, Duas questões motivaram a OMS a eleger os protocolos de se‐
sua consistência resultante das proteínas e células sangüíneas. gurança do paciente: o pouco investimento necessário para a sua
implantação e a magnitude dos erros e eventos adversos decorren‐
O controle compreende a verificação da pressão máxima ou tes da falta deles.
sistólica e da pressão mínima ou diastólica, registrada em forma de Os protocolos Básicos de Segurança do Paciente tem por ca‐
fração ou usando-se a letra x entre a máxima e a mínima. Por exem‐ racterística:
plo, pressão sistólica de 120mmHg e diastólica de 70mmHg devem - Protocolos Sistêmicos;
ser assim registradas: 120/70mmHg ou 120x70mmHg. - Protocolos Gerenciados;
- Promovem a Melhoria da Comunicação;

35
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- Constituem instrumentos para construir uma prática assisten‐ Observação: o volume de cada batimento cardíaco é igual em
cial segura; condições normais. Quando se exerce uma pressão moderada so‐
- Oportunizam a vivência do trabalho em equipes; bre a artéria e há certa dificuldade de obliterar a artéria, o pulso é
- Gerenciamento de riscos. denominado de cheio. Porém se o volume é pequeno e a artéria
fácil de ser obliterada tem-se o pulso fino ou filiforme.
Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP)
O Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) foi Tensão ou compressibilidade das artérias
criado para contribuir para a qualificação do cuidado em saúde em Macio – fraco
todos os estabelecimentos de saúde do território nacional. A Segu‐ Duro – forte
rança do Paciente é um dos seis atributos da qualidade do cuidado
e tem adquirido, em todo o mundo, grande importância para os pa‐ Terminologia:
cientes, famílias, gestores e profissionais de saúde com a finalidade - Nomocardia: frequência normal
de oferecer uma assistência segura. - Bradicardia: frequência abaixo do normal
- Bradisfigmia: pulso fino e bradicárdico
Sinais Vitais - Taquicardia: frequência acima do normal
- Taquisfigmia: pulso fino e taquicárdico
Pulso
São sinais de vida: Normalmente, a temperatura, pulso e res‐ Material para verificação do pulso:
piração permanecem mais ou menos constantes. São chamados - Relógio com ponteiro de segundos.
“Sinais Vitais”, porque suas variações podem indicar enfermidade.
Devido à importância dos mesmos a enfermagem deve ser bem Procedimento:
exata na sua verificação e anotação. - Lavar as mãos;
Pulso: É o nome que se dá à dilatação pequena e sensível das - Explicar o procedimento ao paciente;
artérias, produzida pela corrente circulatória. Toda vez que o san‐ - Colocá-lo em posição confortável, de preferência deitado ou
gue é lançado do ventrículo esquerdo para a aorta, a pressão e o sentado com o braço apoiado e a palma da mão voltada pra baixo.
volume provocam oscilações ritmadas em toda a extensão da pa‐ - Colocar as polpas dos três dedos médios sobre o local esco‐
rede arterial, evidenciadas quando se comprime moderadamente a lhido pra a verificação;
artéria contra uma estrutura dura. - Pressionar suavemente até localizar os batimentos;
- Procurar sentir bem o pulso, pressionar suavemente a artéria
Locais onde pode ser verificado: Normalmente, faz-se a veri‐ e iniciar a contagem dos batimentos;
ficação do pulso sobre a artéria radial. Quando o pulso radial se - Contar as pulsações durante um minuto (avaliar frequência,
apresenta muito filiforme, artérias mais calibrosas como a carótida tensão, volume e ritmo);
e femoral poderão facilitar o controle. Outras artérias, como a bra‐ - Lavar as mãos;
quial, poplítea e a do dorso do pé (artéria pediosa) podem também - Registrar, anotar as anormalidades e assinar.
ser utilizadas para a verificação.
Frequência Fisiológica: Pulso apical: Verifica-se o pulso apical no ápice do coração à
Homem 60 a 70 altura do quinto espaço intercostal.
Mulher 65 a 80
Crianças 120 a 125 Observações importantes:
Lactentes 125 a 130 - Evitar verificar o pulso em membros afetados de paciente
Observação: Existem fatores que alteram a frequência normal com lesões neurológicas ou vasculares;
do pulso: - Não verificar o pulso em membro com fístula arteriovenosa;
- Nunca usar o dedo polegar na verificação, pois pode confun‐
Fatores Fisiológicos: dir a sua pulsação com a do paciente;
Emoções - digestão - banho frio - exercícios físicos (aceleram) - Nunca verificar o pulso com as mãos frias;
Certas drogas como a digitalina (diminuem) - Em caso de dúvida, repetir a contagem;
- Não fazer pressão forte sobre a artéria, pois isso pode impedir
Fatores Patológicos: de sentir o batimento do pulso.
Febre - doenças agudas (aceleram)
Choque - colapso (diminuem) Temperatura
A temperatura corporal é proveniente do calor produzido pela
Regularidade: atividade metabólica. Vários processos físicos e químicos promo‐
Rítmico - bate com regularidade vem a produção ou perda de calor, mantendo o nosso organismo
Arrítmico - bate sem regularidade com temperatura mais ou menos constante, independente das va‐
O intervalo de tempo entre os batimentos em condições nor‐ riações do meio externo. O equilíbrio entre a produção e a perda
mais é igual e o ritmo nestas condições é denominado normal ou de calor é controlado pelo hipotálamo: quando há necessidade de
sinusal. O pulso irregular é chamado arrítmico. perda de calor, impulsos nervosos provocam vasodilatação perifé‐
rica com aumento do fluxo sanguíneo na superfície corporal e esti‐
Tipos de Pulso: mulação das glândulas sudoriporas, promovendo a saída de calor.
Bradisfigmico – lento Quando há necessidade de retenção de calor, estímulos nervosos
Taquisfígmico – acelerado provocam vaso constrição periférica com diminuição do sangue cir‐
Dicrótico - dá a impressão de dois batimentos culante local e, portanto, menor quantidade de calor é transporta‐
Volume: cheio ou filiforme. da e perdida na superfície corpórea.

36
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Alterações Fisiológicas da Temperatura Pressão Arterial
Fatores que reduzem ou aumentam a taxa metabólica levam A pressão arterial reflete a tensão que o sangue exerce nas
respectivamente a uma diminuição ou aumento da temperatura paredes das artérias. A medida da pressão arterial compreende a
corporal: verificação da pressão máxima ou sistólica e a pressão mínima ou
- sono e repouso diastólica.
- idade A pressão sistólica é a maior força exercida pelo batimento car‐
- exercícios físicos díaco; e a diastólica, a menor.
- emoções
- fator hormonal A Pressão Arterial depende de:
- em jovens, observam-se níveis aumentados de hormônios. - Débito cardíaco: representa a quantidade de sangue ejetado
- desnutrição do ventrículo esquerdo para o leito vascular em um minuto.
- banhos a temperaturas muito quentes ou frias podem provo‐ - Resistência vascular periférica: determinada pelo lúmen (cali‐
car alterações transitórias da temperatura bre), pela elasticidade dos vasos e pela viscosidade sanguínea.
- agasalhos - Viscosidade do sangue: decorre das proteínas e elementos
- fator alimentar figurados do sangue.
A pressão sanguínea varia ao longo do ciclo vital, assim como
Temperatura Corporal Normal: Em média, considera-se a tem‐ ocorre com a respiração, temperatura e pulso.
peratura oral como a normal 37ºC, sendo a temperatura axilar
0,6ºC mais baixa e a temperatura retal 0,6ºC mais alta. Valores Normais
Em indivíduo adulto, são considerados normais os seguintes
Terminologia: parâmetros:
Hipotermia: temperatura abaixo do valor normal. Caracteriza‐ - pressão sistólica: de 90 a 140 mmhg
-se por pele e extremidades frias, cianoses e tremores; - pressão diastólica: de 60 a 90 mmhg
Hipertermia: aumento da temperatura corporal. É uma condi‐ Terminologia
ção em que se verifica: pele quente e seca, sede, secura na boca, - hipertensão arterial: significa pressão arterial elevada;
calafrios, dores musculares generalizadas, sensação de fraqueza, - hipotensão arterial: pressão arterial abaixo do normal
taquicardia, taquipneia, cefaleia, delírios e até convulsões.
Avaliação da Temperatura Corporal: O termômetro deve ser Locais para verificação da Pressão Arterial
colocado em local onde existam rede vascular intensa ou grandes - nos membros superiores, através da artéria braquial;
vasos sanguíneos, e mantido por tempo suficiente para a correta - nos membros inferiores, através da artéria poplítea.
leitura da temperatura. Os locais habitualmente utilizados para a
verificação são: cavidade oral, retal e a região axilar. Mensuração da Altura e do Peso
Tempo de Manutenção do Termômetro no Paciente A altura e o peso normalmente são verificados quando existe
- oral: 3 minutos solicitação médica, não sendo incluídos como medidas de rotina na
- axilar: 03 a 05 minutos maioria das unidades de internação. A verificação da altura e do
peso é muito importante, em pediatria, endocrinologia, nefrologia.
- retal: 3 minutos
Em certas condições patológicas, como no edema, o controle de
peso é fundamental para subsidiar a conduta terapêutica.
Respiração
Por meio da respiração é que se efetua a troca de gases dos
Terminologia
alvéolos, transformando o sangue venoso rico em dióxido de carbo‐
Obesidade: aumento de tecido adiposo devido ao excessivo ar‐
no e o sangue arterial rico em oxigênio. O tronco cerebral é a sede
mazenamento de gordura;
do controle da respiração automática, porém recebe influencias do
- caquexia: estado de extrema magreza, desnutrição.
córtex cerebral, possibilitando também, em parte, um controle vo‐ Observações
luntário. Certos fatores, como exercícios físicos, emoções, choro, - pesar, de preferência sempre no mesmo horário;
variações climáticas, drogas podem provocar alterações respirató‐ - pesar com mínimo de roupa;
rias. - pesar, se possível, antes do desjejum.
Valores Normais Sinais Iminentes de Falecimentos:
Recém nascido: 30 a 40 por minuto - Sistema Circulatório: hipotensão, extremidades frias, pulso ir‐
Adulto: 14 a 20 por minuto regular, pele fria e úmida, hipotermia, cianose, sudorese, sudorese
abundante;
Terminologia - Sistema Respiratório: dificuldade para respirar, a respiração
- bradpneia: frequência respiratória abaixo do normal; torna-se ruidosa (estertor da morte), causada pelo acúmulo de se‐
- taquipneia: frequência respiratória acima do normal; creção;
- dispneia: dificuldade respiratória; - Sistema Digestório: diminuição das atividades fisiológicas e
- ortopneia: respiração facilitada em posição vertical; do reflexo de deglutição para o perigo de regurgitação e aspiração,
- apneia: parada respiratória; incontinência fecal e constipação.
- respiração de Cheyne Stokes: caracteriza-se por aumento gra‐ - Sistema Locomotor: ausência total da coordenação dos mo‐
dual na profundidade, seguido por decréscimo gradual na profundi‐ vimentos;
dade das respirações e, após, segue-se um período de apneia. - Sistema Urinário: retenção ou incontinência urinária;
- respiração estertorosa: respiração ruidosa. - Sistema Neurológico: diminuição dos reflexos até o desapare‐
cimento total, sendo que a audição é o último a desaparecer.
- Face: pálida ou cianótica, olhos e olhar fixo, presença de lágri‐
ma, que significa perda do tônus muscular.

37
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Sinais Evidentes: Existem alguns fatores de risco para o desenvolvimento de
Talvez seja mais sensato caracterizar a morte pelo somatório uma ferida crônica
de uma série de fenômenos: Pacientes com Diabetes Melito (DM) e Hipertensão Arterial
- Perda da consciência; Sistêmica (HAS), possuem alto potencial de desenvolver feridas
- Ausência total de movimentos; crônicas visto que complicações vasculares neste grupo são muito
- Parada Cardíaca e respiratória sem possibilidades de ressus‐ mais que frequentes podendo ser potencializados por outros fato‐
citação; res como o tabagismo e a obesidade. Esses fatores comprometem
- Perda da ação reflexiva a estímulos; a perfusão tecidual, aumentando o risco de desenvolver lesões e
- Parada das funções cerebrais; dificultando a cicatrização quando as mesmas ocorrem.
- Pupilas dilatadas (midríase) não reagindo à presença da luz. Nos casos de pacientes acamados ou em uso de cadeira de
Como esses fatos podem ocorrer isoladamente é fundamental rodas o cuidado deve ser redobrado para evitar o surgimento de
a coincidência deles para se confirmar à morte. Como após a mor‐ lesões por pressão que normalmente surgem devido a pressão con‐
te, alguns tecidos podem manter a vitalidade e mesmo servirem tinua em proeminências ósseas.
para transplantes, exige-se hoje, como prova clínica definitiva da E paralelamente a estes problemas o paciente pode apresentar
morte, a parada definitiva das funções cerebrais, documentada cli‐ problemas que interferem no processo de cicatrização como idade
nicamente e por eletroencefalograma. e o seu estado nutricional que se estiver comprometido dificulta o
processo de cicatrização prolongando seu tratamento.
A tanatologia é o ramo da patologia que estuda a morte. A cicatrização é um processo sistêmico, isso significa que de‐
Morte Aparente: O termo morte aparente é a denominação pende do organismo como um todo. Por tanto, o profissional de
aplicada ao corpo, o qual parece morto, mas tem condições de ser saúde deve se concentrar na avaliação holística do paciente ou seja
reanimado. em seu estado nutricional, emocional, psicossocial e ambiental evi‐
Alterações cadavéricas: São alterações que ocorrem após a tando focar-se apenas na ferida, cabendo-lhe tirar dúvidas e escla‐
constatação da sua morte clínica. Após a morte existe uma série recer a importância de hábitos de vida saudáveis como higiene e
de alterações sequenciais previstas que podem ser modificadas nas controle rigoroso de doenças de base como HAS e DM.
dependências das condições fisiológicas pré-morte, das condições
ambientais e do tipo morte, se intencional, natural ou acidental. Como são classificadas as feridas?
Algor mortis (frigor mortis, frio da morte): é o resfriamento As feridas encontram-se de diversas classificações, sendo ne‐
do corpo em função da parada dos processos metabólicos e perda cessário conhecê-las para melhor abordagem terapêutica.
progressiva das fontes energéticas.
Livor Mortis (livores ou manchas cadavéricas): é o apareci‐ As lesões crônicas mais comuns são:
mento de manchas inicialmente rosadas ou violetas pálidas, tor‐ - Úlceras vasculogênicas (venosas, arteriais ou mistas);
nando-se progressivamente arroxeadas. - Pé diabético;
Putrefação: Estado de grande proliferação bacteriana (pu‐ - Lesão por doenças autoimunes;
trefação). Há liberação de enzimas proteolíticas produzidas pelas - Estomas;
bactérias. Os órgãos irão apresentar como uma massa semissólida, - Feridas oncológicas;
odor muito forte e mudanças de coloração.
Redução esquelética: nela há a completa destruição da pele e
Como o enfermeiro deve avaliar uma ferida?
musculatura, ficando somente ossos.
O enfermeiro ao realizar a avaliação da ferida, deve avaliar
todo seu aspecto a fim de decidir qual o melhor tratamento a ser
Assistência de enfermagem a pacientes graves e agonizantes:
seguido.Alguns elementos devem ser avaliados e registrados para
A assistência de enfermagem são as mesmas medidas do paciente
garantir um tratamento adequado, cada um dos itens a seguir de‐
em estado de coma.
vidamente registrados facilitam posteriormente a avaliação do pro‐
fissional:
Teoria e prática do cuidado de feridas e ostomias
A prática no cuidado ao paciente portador de ferida crônica é
• Área de abrangência e extensão da lesão: define a área
uma especialidade dentro da enfermagem, reconhecida pela Socie- onde está localizada a lesão através de medidas de largura e com‐
dade Brasileira de Enfermagem em Dermatologia (SOBEND) e Asso- primento, devendo ser anotados periodicamente para realização
ciação Brasileira de Estomaterapia (SOBEST). de comparação e evolução da ferida.
A resolução do COFEN nº 0501/2015 regulamenta a competên- • Aspecto da área adjacente: a área que se estende ao re‐
cia da equipe de enfermagem no cuidado as feridas. De acordo com dor da ferida (perilesional) deve ser observada especificando se ela
essa resolução cabe ao enfermeiro capacitado a avaliação e prescri- encontra-se: integra, lacerada, macerada, com presença de ecze‐
ção de coberturas para tratamento das feridas crônicas. ma, celulite, edema, corpos estranhos ou sujidades.
A equipe de enfermagem desempenha um papel importante • Aspecto da lesão: tipo de tecido predominante (granula‐
no tratamento de feridas sendo que 80% dos casos são acompa‐ ção\esfacelo\recrose).
nhados a nível primário ou ambulatorial onde a realização dos cura‐ • Características do Exsudato: importante durante a avalia‐
tivos é feita pela equipe de enfermagem em um processo dinâmico ção, observar a presença de exsudato, a quantidade e a qualidade
e gradativo, sendo necessário domínio no conhecimento teórico tem ligação direta a suas condições, devendo portanto ser eviden‐
para um acompanhamento e tratamento eficaz, pois a escolha de ciado o tipo de exsudato, coloração o volume , se muito ou pouco,
um tratamento equivocado pode prolongar ainda mais o tratamen‐ se fluido ou espesso, purulento, hemático, seroso ou serossanguio
to da ferida. , além da presença ou não de odor.
• Dor: Na pele encontramos uma variada rede de termina‐
ções nervosas sensitivas, nos permitindo a realizar estímulos mecâ‐
nicos, térmicos e dolorosos provenientes de meio externo. Deve-se
ser levado em consideração todos os aspectos relacionados a dor, a

38
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
existência ou não , tipo de dor apresentada ( pontada, queimação, Obesidade: O suprimento sanguíneo menos abundante dos te‐
ardência ou latejante) , tempo e intensidade, se cessa com uso de cidos adiposos impede o envio de nutrientes e elementos celulares
analgésicos e se vem acompanhada de sinais flogísticos. necessários à cicatrização normal;
• Infecção: a pele representa uma barreira consideravel‐ Extensão da lesão: lesões mais profundas, envolvendo maior
mente eficaz contra agentes patogênicos, quando ocorre uma lesão perda de tecido, cicatrizam mais vagarosamente e por segunda in‐
essa barreira é rompida facilitando a penetração de agentes pato‐ tenção, sendo susceptíveis a infecções; imunossupressão.
gênicos. Os mais comuns são Staphylococcus e Streptococcus, sa‐ Redução da defesa imunológica contribui para uma cicatriza‐
be-se que alguns microrganismos estão se tornando cada vez mais ção deficiente;
resistentes como Staphylococcus aureus e Streptococcus aureus, Diabetes: o paciente portador de diabetes tem alteração vas‐
podendo causar graves prejuízos a ferida e ao paciente, retardan‐ cular que prejudica a perfusão dos tecidos e sua oxigenação; além
do o processo de cicatrização. A identificação precoce de infecção disso, a glicemia aumentada altera o processo de cicatrização, ele‐
nas feridas é fundamental para determinar o tratamento com co‐ vando o risco de infecção.
berturas apropriadas e remover os tecidos desvitalizados. Deve-se Curativo: É o tratamento utilizado para promover a cicatriza‐
identificar sinais clínicos de infecção como a presença de exsudato ção de ferida, proporcionando um meio adequado para este pro‐
cesso. Sua escolha dependerá do tipo e condições clínicas da ferida.
purulento com odor. É imprescindível avaliar e registrar a presença
Os critérios para o curativo ideal foram definidos por Turner, citado
dos sinais de inflamação: rubor, calor, edema e febre.
por Dealey:
• Evolução: A maioria dos serviços especializados em tra‐
- Manter alta umidade entre a ferida e o curativo, o que pro‐
tamento de feridas possuem protocolos bem delineados com for‐ move epitelização mais rápida, diminuição significativa da dor e au‐
mulários apropriados com informações do estado geral de saúde mento do processo de destruição natural dos tecidos necrosados.
do paciente proporcionando evolução a resposta do tratamento -Remover o excesso de exsudação, objetivando evitar a mace‐
proposto e possibilitando o detalhamento do aspecto da ferida. ração de tecidos circunvizinhos;
Todos os itens acima descritos devem constar no registro diário da -Permitir troca gasosa ressalte-se que a função do oxigênio em
evolução da lesão. relação às feridas ainda não está muito esclarecida;
-Fornecer isolamento térmico, pois a manutenção da tempera‐
Em modo geral a característica do tecido encontrado na ferida tura constante a 37ºC estimula a atividade da divisão celular duran‐
nos mostra a recuperação ou a piora da ferida com potencial de im‐ te o processo de cicatrização;
pedir novo crescimento celular dificultando o processo de cicatri‐ -Ser impermeável às bactérias, funcionando como uma barrei‐
zação. Alguns tecidos podem ser vitalizados quando vascularizados ra mecânica entre a ferida e o meio ambiente.
apresentam-se de cor viva, clara, brilhante e sensível a dor. Muitas -Estar isento de partículas e substâncias tóxicas contaminado‐
feridas podem apresentar tecidos mistos, devendo ser levado em ras de feridas, o que pode renovar ou prolongar a reação inflama‐
consideração o tecido predominante no leito da lesão. tória, afetando a velocidade de cicatrização;
-Permitir a retirada sem provocar traumas, os quais com fre‐
Quais são os aspectos a serem considerados na realização do quência ocorrem quando o curativo adere à superfície da ferida;
curativo? nessas condições, a remoção provoca uma ruptura considerável de
Alguns princípios básicos devem ser seguidos para realização tecido recém-formado, prejudicando o processo de cicatrização.
de curativos:
- Lavagem das mãos antes e depois do procedimento; O curativo aderido à ferida deve ser retirado após umedeci‐
- Comunicar ao paciente o procedimento que será realizado e mento com solução fisiológica (composta por água e cloreto de só‐
explicar o tratamento em curso; dio), sem esfregá-la ou atritá-la.
- A limpeza da ferida deve ser feita com soro fisiológico 0,9%; Desbridamento - retirada de tecido necrosado, sem vitalidade,
- Avaliar se a técnica deve ser estéril ou limpa; utilizando cobertura com ação desbridante ou retirada mecânica
- Não secar o leito da ferida; com pinça, tesoura ou bisturi.
- Utilizar coberturas que favorecem a cicatrização, mantendo Exsudação - é o extravasamento de líquido da ferida, devido ao
meio úmido ; aumento da permeabilidade capilar.
- Preencher cavidades ; Maceração - refere-se ao amolecimento da pele que geralmen‐
- Proteger as bordas da ferida; te ocorre em torno das bordas da ferida, no mais das vezes devido
- Ocluir com material hipoalergênico; à umidade excessiva.
- Desbridar quando necessário; A troca de curativos pode baixar a temperatura da superfície
- Utilizar cobertura conforme a apresentação do tecido; em vários graus. Por isso, as feridas não devem ser limpas com so‐
- Registrar em prontuário o procedimento realizado e a evolu‐ luções frias e nem permanecerem expostas por longos períodos de
ção da ferida. tempo. Um curativo encharcado ou vazando favorece o movimen‐
to das bactérias em ambas as direções, ferida e meio ambiente,
Curativos devendo, portanto, ser trocado imediatamente. Não se deve usar
algodão ou qualquer gaze desfiada.
Os fatores que influenciam a cicatrização de lesões são:
Tipos de Curativos
Idade: a circulação sanguínea e a concentração de oxigênio no
Atualmente, existem muitos curativos com formas e proprie‐
local da lesão são prejudicadas pelo envelhecimento, e o risco de
dades diferentes. Para se escolher um curativo faz-se necessário,
infecção é maior.
primeiramente, avaliar a ferida, aplicando o que melhor convier ao
Nutrição: a reparação dos tecidos e a resistência às infecções
estágio em que se encontra, a fim de facilitar a cura. Deve-se limpar
dependem de uma dieta equilibrada e a episódios como cirurgias,
as feridas antes da colocação de cobertura com solução fisiológica
traumas graves, infecções e deficiências nutricionais pré-operató‐
a 0,9%, morna, aplicada sob pressão. Algumas coberturas podem
rias aumentam as exigências nutricionais;
permanecer por vários dias e as trocas dependerão da indicação do
fabricante e evolução da ferida.

39
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Alginatos Para completa eficácia, a agulha deve estar o mais próximo
São derivados de algas marinhas e, ao interagirem com a fe‐ possível da ferida. Após a limpeza por esse método, deve-se secar
rida, sofrem alteração estrutural: as fibras de alginato transfor‐ apenas a pele íntegra das bordas e aplicar a cobertura indicada no
mam-se em um gel suave e hidrófilo à medida que o curativo vai leito da ferida, usando técnica asséptica.
absorvendo a exsudação. Esse tipo de cobertura é indicado para
feridas com alta ou moderada exsudação e necessita de cobertura Realizando Curativo com Pinças
secundária com gaze e fita adesiva. Material necessário: bandeja, pacote de curativo composto por
pinças anatômicas e Kely estéreis, gazes estéreis, adesivos (micro‐
Carvão ativado pore, esparadrapo ou similar), cuba-rim, solução fisiológica morna,
Cobertura composta por tecido de carvão ativado, impregnado cobertura ou solução prescrita, luvas de procedimento (devido à
com prata - que exerce ação bactericida e envolto por uma camada presença de secreção, sangue.).
de não-tecido, selada em toda a sua extensão. Muito eficaz em feri‐ Executar o procedimento em condições ambientais favoráveis
das com mau odor, é indicada para cobertura das feridas infectadas (com privacidade, boa iluminação, equipamentos e acessórios dis‐
exsudativas, com ou sem odor. Também necessita de cobertura se‐ poníveis, material devidamente preparado, dentre outros), que
cundária com gaze e fita adesiva. evitem a disseminação de microrganismos. Preparar o paciente e
orientá-lo sobre o procedimento.
Hidrocolóide No desenvolvimento de um curativo, observar o princípio de
As coberturas de hidrocoloides são impermeáveis à água e às assepsia, executando a limpeza da lesão a partir da área menos
bactérias e isolam o leito da ferida do meio externo. Evitam o res‐ contaminada e manuseando o material (pacote de curativo, pinças,
secamento, a perda de calor e mantêm um ambiente úmido ideal luvas estéreis) com técnica asséptica. Ao realizar curativo com pin‐
para a migração de células. Indicada para feridas com pouca ou mo‐ ça, utilizar luvas estéreis se a ferida for extensa ou apresentar muita
derada exsudação, podendo ficar até 7 dias. secreção ou sangue.
Para realizar um curativo de ferida limpa, inicie a limpeza de
Hidrogel dentro para fora (bordas); para um curativo de ferida contaminada
Proporciona um ambiente úmido oclusivo favorável para o o procedimento é inverso, ou seja, de fora para dentro.
processo de cicatrização, evitando o ressecamento do leito da fe‐ Orientar o paciente quanto à técnica de realização do curativo
rida e aliviando a dor. Indicada para uso em feridas limpas e não e suas possíveis adaptações no domicílio é imprescindível à conti‐
infectadas, tem poder de desbridamento nas áreas de necrose. nuidade de seu tratamento e estimula o autocuidado.
Quando do registro do procedimento, o profissional deve ca‐
Filmes racterizar a reação do paciente, condições da pele, aspectos da feri‐
Tipo de cobertura de poliuretano. Promove ambiente de cica‐ da e tipo de curativo aplicado, destacando as substâncias utilizadas.
trização úmido, mas não apresenta capacidade de absorção. Não
deve ser utilizado em feridas infectadas. Realizando o Curativo com Luva Estéril
O material a ser utilizado é o mesmo do curativo com pinça,
Papaína excluindo – se o pacote de curativo.
A papaína é uma enzima proteolítica proveniente do látex Utilizando-se a luva de procedimento, retirar a cobertura do
das folhas e frutos do mamão verde adulto. Agem promovendo a curativo. Em seguida, abrir utilizá-lo como campo estéril. Calçar a
limpeza das secreções, tecidos necróticos, pus e microrganismos luva estéril, mantendo a mão predominante para manipular a gaze
às vezes presentes nos ferimentos, facilitando o processo de cica‐ e a área da ferida, seguindo rigorosamente os princípios de assep‐
trização. Indicada para feridas abertas, com tecido desvitalizado e sia. Com a outra mão, manipular o material e a solução.o pacote de
necrosado. gaze cuidadosamente, para não contaminar seu interior.

Ácidos Graxos Essenciais (AGE)


Produto à base de óleo vegetal possui grande capacidade de
promover a regeneração dos tecidos, acelerando o processo de ci‐ ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS
catrização. Indicada para prevenção de úlcera de pressão e para to‐
dos os tipos de feridas, apresentando melhores resultados quando Fundamentos teóricos e práticos de enfermagem
há desbridamento prévio das lesões.
Métodos, cálculos, vias e cuidados na administração de medi-
Antissépticos camentos, hemocomponentes, hemoderivados e soluções
São formulações cuja função é matar os microrganismos ou
inibir seu crescimento quando aplicadas em tecidos vivos. Os antis‐ Medicamentos
sépticos recomendados são álcool a 70%, clorexidina tópica e PVP-I Uma as principais funções da equipe de Enfermagem no cui‐
tópico. Atualmente, não são recomendados o hexaclorofeno, os dado aos pacientes é a administração de medicamentos. Exige dos
mercuriais orgânicos, o quaternário de amônia, o líquido de Dakin, profissionais: responsabilidade, conhecimentos e habilidades, estes
a água oxigenada e o éter. fatores garantem a segurança do paciente. Constitui-se de várias
etapas e envolve vários profissionais,o risco de ocorrência de erros
Realizando Curativo Através de Irrigação com Solução Fisio- é elevado.
lógica
Hoje, os especialistas adotam e indicam a limpeza de feridas Fármaco
através de irrigação com solução fisiológica morna e sob pressão, Substância química conhecida e de estrutura química definida
utilizando-se seringa de 20 ml conectada à agulha de 40 x 12, o dotada de propriedade farmacológica. Sinônimo de princípio ativo.
que fornece uma pressão capaz de remover partículas, bactérias e
exsudatos.

40
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Nove Certezas
1. usuário certo;
2. dose certa;
3. medicamento certo;
4. hora certa;
5. via certa;
6. anotação certa;
7. orientação ao paciente;
8. compatibilidade medicamentosa;
9. o direito do paciente em recusar a medicação.

41
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Farmacocinética: Ação do Organismo no Fármaco

Absorção de Medicamentos
“refere-se a velocidade com que uma droga deixa o seu local de administração e a extensão com que isso ocorre.” • “ biodisponibili‐
dade: a extensão com que uma droga atinge seu local de ação”.

Farmacocinética – Distribuição
O medicamento será distribuído pelo sistema circulatório, chegando aos tecidos e células para que ocorra ação. • O fármaco circula
ligado a proteínas plasmáticas
• Mas antes ele será matabolizado

Farmacocinética – Metabolização
• É a biotransformação que ocorre no fígado principalmente
• É uma reação química catalizada por enzimas que transformam o fármaco em ATIVO, ou INATIVO

42
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
• A fração ativa, circulará livre ou ligada as proteínas plasmáticas até o receptor para fazer seu efeito.

Vias de Administração

Farmacodinâmica
Estuda os efeitos bioquímicos e fisiológicos dos fármacos e seus mecanismos de ação.
• Só a droga livre se liga ao receptor para fazer efeito
• Absorção
• Distribuição
• Metabolização
• Excreção Interferem na quantidade livre para se ligar aos receptores.

43
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Só neste momento é que começa a fazer efeito farmacológico
A análise dos erros, ocorridos nos Estados Unidos pela FDA (MedWatch Program) e USP-ISMP (Medication Errors Reporting Errors),
mostra que as causas dos erros são multifatoriais. Dentre as principais causas estão:
• falta de conhecimento sobre os medicamentos;
• falta de informação sobre os pacientes;
• violação de regras, deslizes e lapsos de memória;
• erros de transcrição;
• falhas na interação com outros serviços;
• falhas na conferência das doses;
• problemas relacionados à bombas e dispositivos de infusão de medicamentos;
• inadequado monitoramento do paciente;
• erros de preparo e falta de padronização dos medicamentos.

Prejuízos e Danos Medicamentos administrados erroneamente podem causar prejuízos/danos ao cliente devido a fatores como:
• Incompatibilidade farmacológica
• Reações indesejadas
• Interações farmacológicas

Interação Medicamentosa

O que é interação medicamentosa?


• Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a interação medicamentosa é definida como uma resposta farmaco‐
lógica ou clínica à administração de uma combinação de medicamentos, diferente dos efeitos de dois agentes administrados individual‐
mente.
• Existem interações medicamentosas do tipo medicamentomedicamento, medicamento-alimento, medicamento-bebida alcoólica e
medicamento-exames laboratoriais. As interações medicamentosas podem ocorrer entre medicamentos sintéticos, fitoterápicos, chás e
ervas medicinais.

Interação medicamentosa do tipo medicamento-medicamento


Um exemplo comum de interação entre dois medicamentos diferentes é a aquela ocorrida entre antiácidos e anti-inflamatórios. Os
medicamentos antiácidos podem diminuir a absorção dos antiinflamatórios, reduzindo o seu efeito terapêutico. Quando o paciente for
iniciar um tratamento com anti-inflamatórios, verifique todos os medicamentos que utiliza, inclusive os antiácidos.

Interação medicamentosa do tipo medicamento-alimento


O leite e os alimentos lácteos podem reduzir a absorção das tetraciclinas e, consequentemente, diminuir o seu efeito terapêutico.
Oriente que o paciente faça a ingestão desses alimentos uma hora depois ou duas horas antes da administração das tetraciclinas.

Interação medicamentosa do tipo medicamento-bebida alcoólica


As bebidas alcoólicas podem aumentar a toxicidade hepática do paracetamol, provocando problemas no fígado do paciente. Oriente
para o paciente não usar bebidas alcoólicas enquanto estiver em tratamento com paracetamol.

44
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Interação medicamentosa do tipo medicamento-exame labo- Hemocomponentes, Hemoderivados e soluções
ratorial Para entendimento sobre a hemoterapia é necessário com‐
Durante o tratamento com amoxicilina, o exame de urina pode preender a diferença entre Hemocomponentes e Hemoderivados;
encontrar-se alterado, indicando uma falsa presença de glicose na neste caso, o Ministério da Saúde (2008, p. 15) esclarece:
urina. Sempre que for coletar algum tipo de exame laboratorial, ve‐ Hemocomponentes e hemoderivados são produtos distintos.
rifique se o pacientes não estiver utilizando o medicamento. Os produtos gerados um a um nos serviços de hemoterapia, a partir
do sangue total, por meio de processos físicos (centrifugação, con‐
Prejuízos e danos gelamento) são denominados hemocomponentes. Já os produtos
Prejuízos e Danos Estudo feito em instituições hospitalares obtidos em escala industrial, a partir do fracionamento do plasma
americanas demonstrou que erros potencialmente perigosos acon‐ por processos físico-químicos são denominados hemoderivados.
tecem mais de 40 vezes/dia em hospital e que um paciente está Dessa forma, é possível concluir que tanto os hemocomponen‐
sujeito, em média, a dois erros/dia. Mais de 770.000 pacientes hos‐ tes como os hemoderivados são os produtos possíveis resultantes
pitalizados sofrem algum tipo de dano ou morte a cada ano por um do sangue. Existem duas formas possíveis de obtenção de hemo‐
evento medicamentoso adverso. componentes, a mais comum é por meio da coleta de sangue total,
e a outra mais específica é pela aférese (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
Controle na Administração Medicamento 2008).
Ação do profissional de Enfermagem: consciência, segurança, A aférese pode ser compreendida como:
conhecimentos ou acesso às informações necessárias. [...] procedimento caracterizado pela retirada do sangue do
Dúvidas, incerteza e insegurança: fatores de risco para a ocor‐ doador, seguida da separação de seus componentes por um equi‐
rência de erros no processo de administração de medicamentos. pamento próprio, retenção da porção do sangue que se deseja re‐
Enfermeiro: supervisão das atividades de Enfermagem durante tirar na máquina e devolução dos outros componentes ao doador
o preparo e administração de medicamentos (formação com conhe‐ (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008, p. 15).
cimentos suficientes para conduzir tal prática de modo seguro). O sangue total: a centrifugação é um dos procedimentos que
facilita a separação do sangue total, o que permite a formação de
Controle na Administração Medicamento camadas. Após sofrer o processo de centrifugação o sangue total
• Ação do profissional de Enfermagem: consciência, segurança, fica separado em basicamente três camadas, denominadas, plas‐
conhecimentos ou acesso às informações necessárias. ma, buffy-coat e hemácias.
• Dúvidas, incerteza e insegurança: fatores de risco para a ocor‐ Contudo, como é possível que não ocorra a coagulação do san‐
rência de erros no processo de administração de medicamentos. gue? Como já foi descrito anteriormente, a conservação dos produ‐
• Enfermeiro: supervisão das atividades de Enfermagem duran‐ tos sanguíneos é realizada por meio de soluções anticoagulantes‐
te o preparo e administração de medicamentos (formação com co‐ -preservadoras e soluções aditivas, conforme descreve o Ministério
nhecimentos suficientes para conduzir tal prática de modo seguro). da Saúde (2008, p. 17):
Soluções anticoagulantes-preservadoras e soluções aditivas
Diluição de Medicamentos são utilizadas para a conservação dos produtos sanguíneos, pois im‐
• As informações sobre diluição de medicamentos no dia a dia pedem a coagulação e mantêm a viabilidade das células do sangue
durante o armazenamento. A depender da composição das solu‐
não estão disponíveis de forma simples e prática, é necessário pro‐
ções anticoagulantes-preservadoras, a data de validade para a pre‐
tocolo de diluição de medicamentos
servação do sangue total e concentrados de hemácias pode variar.
• Exemplo (1):
A cada doação são coletados cerca de 450 ml de sangue total.
• Nome: Keflin
Cada coleta poderá ser desdobrada em:
• Apresentação: 1gr + água destilada 4ml
• 1 unidade de Concentrado de Hemácias;
• Reconstituição: Próprio diluente (AD)
• 1 unidade de Concentrado de Plaquetas;
• Diluentes/Volumes: Água Destilada 10ml
• 1 unidade de Plasma;
• Tempo mínimo de infusão: 1 minuto • 1 unidade crioprecipitada.
• Forma de administração: Seringa
Assim, são beneficiados, potencialmente, pelo menos quatro
Observações: pacientes. O sangue fresco total é considerado o sangue coletado
• A ação de administrar medicamentos é uma tarefa complexa há no máximo quatro horas. Para a coleta de sangue podem ser
que envolve conhecimento de diversas áreas e a sua prática deve usadas bolsas adequadas contendo anticoagulantes adicionados ou
ser cercada de cuidados e de obediência aos princípios gerais. conservastes para hemácias.
• É importante que a enfermagem desenvolva pesquisas de Quando o volume é pequeno, o sangue pode também ser co‐
competência de sua atuação e atualize-se com pesquisas relacio‐ lhido em seringas heparinizadas. O sangue total armazenado pode
nadas a medicamentos, desenvolvidas por outros profissionais, es‐ ser usado para fornir hemácias, proteínas plasmáticas e fatores de
tando atenta, também, aos medicamentos novos e às formas de coagulação estáveis como o fibrinogênio.
apresentação das drogas com diferentes métodos de introdução no O sangue fresco total pode ser separado em papa de hemácias
organismo que, continuamente, são lançadas no mercado. e plasma por centrifugação ou sedimentação. Depois de separado,
• A falta de conhecimentos e de atualização na temática “ad‐ a papa de hemácias precisa ser posta a uma temperatura que varia
ministração de medicamentos” tem possibilitado a ocorrência de entre 1 e 6°C, o mais rápido possível. É necessário que se utilize so‐
erros no processo da administração levando às IATROGENIAS. lução salina 0,9% para ressuspender as hemácias, não sendo acon‐
• Educação permanente: educação e supervisão contínua, rea‐ selhado outro tipo de solução (REICHMANN; DEARO, 2001).
lizada pelo enfermeiro em seus diversos ambientes de trabalho + Se o sangue total não for processado ligeiramente e o plasma
pesquisa são práticas altamente fecundas. for congelado depois de seis horas da colheita, ele é denominado
• Elaboração de “protocolos” sobre medicamentos pode auxi‐ plasma congelado. O plasma congelado mantém concentrações
liar significativamente a assistência de enfermagem livre de riscos. ajustadas somente dos fatores de coagulação dependentes de vita‐
mina K (II, VII, IX, X) e também de imunoglobulinas (Ig).

45
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
O plasma fresco congelado pode também ser processado em O tempo de infusão de cada unidade de CH deve ser de 60 min
crioprecipitado e crioplasma pobre. O crioprecipitado é o precipi‐ a 120 minutos (min) em pacientes adultos. Em pacientes pediá‐
tado adquirido depois do descongelamento parcial (a temperaturas tricos, não exceder a velocidade de infusão de 20-30ml/kg/hora.
entre 1 e 6°C) do plasma fresco congelado e tem alta concentração A avaliação da resposta terapêutica à transfusão de CH deve ser
do fator de coagulação VIII, do fator de Von Willebrand e de fibri‐ feita através de nova dosagem de HB ou HT 1-2 horas (hs) após a
nogênio. transfusão, considerando também a resposta clínica. Em pacientes
Este componente precisa ser sustentado a -18°C, apresentando ambulatoriais, a avaliação laboratorial pode ser feita 30min após o
assim validade de um ano após a colheita. Depois da preparação término da transfusão e possui resultados comparáveis.
do crioprecipitado, o produto remanescente é denominado de crio‐ Concentrado de plaquetas: as plaquetas são decorrentes dos me‐
plasma pobre. Este componente possui albumina e imunoglobuli‐ gacariócitos, que se localizam na medula óssea. Elas operam na fase pri‐
nas e pode ser armazenado por até um ano a -18°C. mária da coagulação e são conseguidas pela centrifugação do plasma.
O plasma rico em plaquetas também pode ser obtido por cen‐ Precisam ser estocadas à temperatura de 22º C, em agitação contínua.
trifugação diferenciada do plasma fresco. Este precisa ser guardado A indicação para a utilização de concentrado de plaquetas (CP)
a uma temperatura que varie entre 20 e 24°C e em movimentação depende igualmente ao CH de avaliação e protocolos médicos, en‐
constante durante até cinco dias. tretanto é possível ressaltar:
Concentrado de Hemáceas: é adquirido pela centrifugação do Basicamente, as indicações de transfusão de CP estão associa‐
sangue total. Segundo o Ministério da Saúde (2008), a sobrevida das às plaquetopenias desencadeadas por falência medular, rara‐
varia de acordo com a solução preservativa: de 35 a 42 dias. O ar‐ mente indicamos a reposição em plaquetopenias por destruição
mazenamento deve ser de 2ºC a 6º C. periférica ou alterações congênitas de função plaquetária (MINIS‐
Seu volume varia entre 220 e 280 ml. Então, uma bolsa de san‐ TÉRIO DA SAÚDE, 2008, p. 32).
gue total (ST) é submetida à centrifugação, remoção da maior parte A dose indicada é estabelecida por meio do critério de uma
do plasma e como consequência obtém-se 220 a 280 ml de concen‐ unidade de CP para cada 7 a 10 Kg de peso do paciente. Todavia, o
trado de hemácias (CH). médico poderá avaliar também a contagem plaquetária do paciente
A indicação para que seja realizada a transfusão de concen‐ para, posteriormente, realizar a prescrição de dosagem. O tempo
trado de hemácias, deve ser criteriosa e individual, de acordo com de infusão a ser seguido para administração de CP é:
o fator determinante: estado hemodinâmico do paciente, anemia O tempo de infusão da dose de CP deve ser de aproximada‐
aguda, classificação de Baskett. mente 30min em pacientes adultos ou pediátricos, não excedendo
Sobre a indicação de concentrado de hemácias o Ministério da a velocidade de infusão de 20-30ml/kg/hora. A avaliação da res‐
Saúde (2008, p. 29) alerta: posta terapêutica a transfusão de CP deve ser feita através de nova
A transfusão de concentrado de hemácias (CH) deve ser reali‐ contagem das plaquetas 1 hora após a transfusão, porém a resposta
zada para tratar, ou prevenir iminente e inadequada liberação de clínica também deve ser considerada. Em pacientes ambulatoriais,
oxigênio (O2) aos tecidos, ou seja, em casos de anemia, porém nem a avaliação laboratorial 10min após o término da transfusão pode
todo estado de anemia exige a transfusão de hemácias. Em situa‐ facilitar a avaliação da resposta e possui resultados comparáveis
ções de anemia, o organismo lança mão de mecanismos compen‐ (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1998, p. 37).
satórios, tais como a elevação do débito cardíaco e a diminuição Plasma fresco congelado: é obtido depois do fracionamento
da afinidade da Hb pelo O2, o que muitas vezes consegue reduzir o do sangue total, congelar até oito horas depois da coleta. Deve ser
nível de hipóxia tecidual. guardado a uma temperatura de, no mínimo, -20º C, tendo validade
Em algumas ocasiões a transfusão não é indicada, como no de doze meses.
caso de anemia por perda sanguínea crônica, anemia por insuficiên‐ O plasma fresco congelado (PFC) possui albumina, globulina,
cia renal crônica, anemia hemolítica constitucional, Doença Falci‐ fibrinogênia e fatores de coagulação sanguínea. Uma vez que é des‐
forme, Talassemias, etc. congelado precisa ser usado em até quatro horas.
Não se deve valorizar somente os valores de Ht e Hb, pois em A indicação de utilização do Plasma Fresco Congelado é, como
casos de anemia hemolítica autoimune, em geral, não é encontrado nos casos anteriores, dependente da avaliação médica, cabe res‐
sangue compatível e todo sangue que for transfundido é hemolisa‐ saltar o que é preconizado pelo Ministério da Saúde (2008, p. 38):
do, indicado imunossupressão imediata. Transfusão sanguínea, nes‐ As indicações para o uso do plasma fresco congelado são restri‐
ses casos, somente com grande risco de vida. Solicitando sempre tas e correlacionadas a sua propriedade de conter as proteínas da
acompanhamento de um médico Hematologista/Hemoterapeuta. coagulação. O componente deve ser usado, portanto, no tratamen‐
Portanto, a indicação do CH segue critérios médicos, já que é
to de pacientes com distúrbio da coagulação, particularmente na‐
este profissional que realiza a prescrição e indicação da transfusão,
queles em que há deficiência de múltiplos fatores e apenas quando
por este motivo este item não será abordado amplamente, pois
não estiverem disponíveis produtos com concentrados estáveis de
existem protocolos médicos que especificam quais são as situações
fatores da coagulação e menor risco de contaminação viral.
nas quais é indicada a terapia com CH e as contraindicações.
A dose volume a ser transfundida em um paciente vai depen‐
Outra questão importante é a dose a ser infundida no pacien‐
der do peso e das condições hemodinâmicas do paciente, esta ava‐
te, que também é realizada pela avaliação médica. Quanto a isto, o
liação será feita pelo médico. É importante ressaltar que o uso de
Ministério da Saúde (2008, p. 32) descreve:
Deve ser transfundida a quantidade de hemácias suficiente 10-20 ml de PFC por Kg aumenta de 20 a 30% os níveis dos fatores
para a correção dos sinais/sintomas de hipóxia, ou para que a Hb de coagulação do paciente.
atinja níveis aceitáveis. Em indivíduo adulto de estatura média, a Os cuidados antes da administração do PFC devem ser seguidos
transfusão de uma unidade de CH normalmente eleva o Hct em 3% rigorosamente para impedir intercorrências, são eles:
e a Hb em 1 g/dl. Em recém-nascidos, o volume a ser transfundido • Antes da transfusão deve ser completamente descongelado,
não deve exceder 10 a 15ml/kg/hora. para isto pode-se utilizar o banho-maria a 37ºC ou equipamento
O modo de administração é de suma importância e neste a específico;
enfermagem envolve-se diretamente, por isso é necessário ter co‐ • Após ser descongelado deve ser utilizado o mais rápido pos‐
nhecimento. A este respeito o Ministério da Saúde (2008, p. 32) sível, no máximo seis horas após o congelamento em temperatura
esclarece: ambiente ou 24 horas após refrigeração;

46
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
• Depois de ser descongelado não pode mais ser congelado; danos ao paciente, sendo imprescindível que o profissional esteja
• É importante observar atentamente o aspecto das bolsas an‐ preparado para assumir as responsabilidades técnicas e legais de‐
tes de iniciar a transfusão, pois vazamentos e alterações de cor são correntes dos erros que possa vir a incorrer.
alertas para não administração. Geralmente, os medicamentos de uma unidade de saúde são
armazenados em uma área específica, dispostos em armários ou
Também é importante seguir a seguinte orientação: prateleiras de fácil acesso e organizados e protegidos contra poeira,
Na transfusão de plasma, todos os cuidados relacionados à umidade, insetos, raios solares e outros agentes que possam alterar
transfusão de hemocomponentes devem ser seguidos criteriosa‐ seu estado ressalte-se que certos medicamentos necessitam ser ar‐
mente. A conferência da identidade do paciente e rótulo da bolsa mazenados e conservados em refrigerador.
antes do início da infusão e uso de equipo com filtro de 170 a 220 Os recipientes contendo a medicação devem possuir tampa e
nm são medidas obrigatórias. O tempo máximo de infusão deve ser rótulo, identificados com nome (em letra legível) e dosagem do fár‐
de 1 hora (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1998, p. 45). maco.
Crioprecipitado: é a parte insolúvel do plasma, obtido por meio A embalagem com dose unitária, isto é, separada e rotulada
do procedimento de congelamento rápido, descongelamento e em doses individuais, cada vez mais vem sendo adotada em gran‐
centrifugação do plasma. É rico em fator VIII: c (atividade pró-coa‐ des centros hospitalares como meio de promover melhor controle
gulante), Fator VIII:Vwf (Fator von Willebrand), Fibrinogênio, Fator e racionalização dos medicamentos.
XIII e Fibronectina. Os pacientes e/ou familiares necessitam ser esclarecidos quan‐
to à utilização dos medicamentos receitados pelo médico, e orienta‐
Conforme o Ministério da Saúde (2008, p. 45), as indicações dos em relação ao seu armazenamento e cuidados - principalmente
para a utilização do crioprecipitado são: se houver crianças em casa, visando evitar acidentes domésticos.
[...] tratamento de hipofibrinogenemia congênita ou adquirida Os entorpecentes devem ser controlados a cada turno de trabalho e
(<100mg/dl), disfibrinogenemia ou deficiência de fator XIII. A hi‐ sua utilização feita mediante prescrição médica e receita contendo
pofibrinogenemia adquirida pode ser observada após tratamento nome do paciente, quantidade e dose, além da data, nome e assina‐
trombolítico, transfusão maciça ou coagulação intravascular dis‐ tura do médico responsável. Ao notar a falta de um entorpecente,
seminada (CID). Somente 50% do total dos 200mg de fibrinogênio notifique tal fato imediatamente à chefia.
administrados/bolsa no paciente com complicações devido à trans‐ A administração de medicamentos segue normas e rotinas que
fusão maciça são recuperados por meio intravascular. uniformizam o trabalho em todas as unidades de internação, facili‐
E também nos seguintes casos: tando sua organização e controle. Para preparar os medicamentos,
a) Repor fibrinogênio em pacientes com hemorragia e deficiên‐ faz-se necessário verificar qual o método utilizado para se aviar a
cia isolada congênita ou adquirida de fibrinogênio, quando não se prescrição - sistema de cartão, receituário, prescrição médica, folha
dispuser do concentrado de fibrinogênio industrial. impressa em computador.
b) Repor fibrinogênio em pacientes com coagulação intravascu‐ Visando administrar medicamentos de maneira segura, a en‐
lar disseminada-CID e graves hipofibrinogenemias. fermagem tradicionalmente utiliza a regra de administrar o medi‐
c) Repor Fator XIII em pacientes com hemorragias por deficiên‐ camento certo, a dose certa, o paciente certo, a via certa e a hora
cia deste fator, quando não se dispuser do concentrado de Fator XIII certa.
industrial. Durante a fase de preparo, o profissional de enfermagem deve
d) Repor Fator de von Willebrand em pacientes que não têm ter muita atenção para evitar erros, assegurando ao máximo que
indicação de DDAVP ou não respondem ao uso de DDAVP, quando o paciente receba corretamente a medicação. Isto justifica porquê
não se dispuser de concentrados de Fator de von Willebrand ou de o medicamento deve ser administrado por quem o preparou, não
concentrados de Fator VIII ricos em multímeros de von Willebrand. sendo recomendável a administração de medicamentos preparados
por outra pessoa.
O crioprecipitado antes de ser infundido deve ser descongela‐
do em uma temperatura de 30ºC a 35ºC no prazo máximo de quinze As orientações a seguir compreendem medidas de organizati‐
minutos, podendo ser feito por meio de banho-maria. vas e de assepsia que visam auxiliar o profissional nesta fase do tra‐
A transfusão após o descongelamento deve ser imediata, mas balho: lavar sempre as mãos antes do preparo e administração de
poderá também ficar estocado por até seis horas em temperatura medicamentos, e logo após; preparar o medicamento em ambiente
ambiente e entre 20º e 24º C ou por até quatro horas quando o com boa iluminação; concentrar-se no trabalho, evitando distrair
sistema for aberto. a atenção com atividades paralelas e interrupções que podem au‐
Uma das formas para se calcular a dosagem a ser administrada mentar a chance de cometer erros;
de crioprecipitado é 1.0 a 1.5 bolsas de Criopreciptado para cada 10 Ler e conferir o rótulo do medicamento três vezes: ao pegar
Kg de peso do paciente, sendo a intenção de se atingir níveis de fi‐ o frasco, ampola ou envelope de medicamento; antes de colocar
brinogênio de 100mg/dl com reavaliação a cada três ou quatro dias. o medicamento no recipiente próprio para administração e ao re‐
colocar o recipiente na prateleira ou descartar a ampola/frasco ou
Princípios da administração de medicamentos e Cálculo de outra embalagem.
Medicacão Um profissional competente não se deixa levar por comporta‐
A administração de medicamentos é uma das atividades que mentos automatizados, pois tem a consciência de que todo cuidado
o auxiliar de enfermagem desenvolve com muita frequência, re‐ é pouco quando se trata de preparar e administrar medicamentos;
querendo muita atenção e sólida fundamentação técnico-científica Realizar o preparo somente quando tiver a certeza do medica‐
para subsidiá-lo na realização de tarefas correlatas, pois envolve mento prescrito, dosagem e via de administração; as medicações
uma sequência de ações que visam a obtenção de melhores resul‐ devem ser administradas sob prescrição médica, mas em casos de
tados no tratamento do paciente, sua segurança e a da instituição emergência é aceitável fazê-las sob ordem verbal (quando a situa‐
na qual é realizado o atendimento. ção estiver sob controle, todas as medicações usadas devem ser
Assim, é importante compreender que o uso de medicamen‐ prescritas pelo médico e checadas pelo profissional de enfermagem
tos, os procedimentos envolvidos e as próprias respostas orgânicas que fez as aplicações;
decorrentes do tratamento envolvem riscos potenciais de provocar

47
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Identificar o medicamento preparado com o nome do pacien‐ - Agulha
te, número do leito, nome da medicação, via de administração e - Algodão
horário; observar o aspecto e características da medicação, antes - Álcool a 70%
de prepará-la; deixar o local de preparo de medicação em ordem -garrote (aplicação endovenosa)
e limpo, utilizando álcool a 70% para desinfetar a bancada; utilizar - Medicamento (ampola, frasco-ampola)
bandeja ou carrinho de medicação devidamente limpos e desinfe‐
tados com álcool a 70%; quando da preparação de medicamentos A administração de medicamento por via parenteral exige pré‐
para mais de um paciente, é conveniente organizar a bandeja dis‐ vio preparo com técnica asséptica e as orientações a seguir enun‐
pondo-os na seqüência de administração. ciadas visam garantir uma maior segurança e evitar a ocorrência de
Similarmente, seguem-se as orientações relativas à fase de ad‐ contaminação.
ministração: manter a bandeja ou o carrinho de medicação sempre Ao selecionar os medicamentos, observar o prazo de validade,
à vista durante a administração, nunca deixando-os, sozinhos, junto o aspecto da solução ou pó e a integridade do frasco.
ao paciente; antes de administrar o medicamento, esclarecer o pa‐ Certificar-se de que todo o medicamento está contido no corpo
ciente sobre os medicamentos que irá receber, de maneira clara e da ampola, pois muitas vezes o estreitamento do gargalo faz com
compreensível, bem como conferir cuidadosamente a identidade que parte do medicamento fique retida. Observar a integridade dos
do mesmo, para certificar-se de que está administrando o medica‐ invólucros que protegem a seringa e a agulha; colocar a agulha na
mento à pessoa certa, verificando a pulseira de identificação e/ou seringa com cuidado, evitando contaminar a agulha, o êmbolo, a
pedindo-lhe para dizer seu nome, sem induzi-lo a isso; permanecer parte interna do corpo da seringa e sua ponta.
junto ao paciente até que o mesmo tome o medicamento. Desinfetar toda a ampola com algodão embebido em álcool
Deixar os medicamentos para que tome mais tarde ou permitir a 70%, destacando o gargalo no caso de frasco-ampola, levantar a
que dê medicação a outro são práticas indevidas e absolutamente tampa metálica e desinfetar a borracha.
condenáveis; efetuar o registro do que foi fornecido ao paciente, Proteger os dedos com algodão embebido em álcool a 70% na
após administrá-los. hora de quebrar a ampola ou retirar a tampa metálica do frasco-
ampola.
Administrando medicamentos por via oral e sublingual: Para aspirar o medicamento da ampola ou frasco ampola, segu‐
Material necessário: rá-lo com dois dedos de uma das mãos, mantendo a outra mão livre
-bandeja para realizar, com a seringa, a aspiração da solução.
- copinhos descartáveis No caso do frasco-ampola, aspirar o diluente, introduzi-lo den‐
- fita adesiva para identificação tro do frasco e deixar que a força de pressão interna desloque o ar
- material acessório: seringa, gazes, conta-gotas, etc. para o interior da seringa.
- água, leite, suco ou chá trar o medicamento. Homogeneizar o diluente com o pó liofilizado, sem sacudir, e
aspirar. Para aspirar medicamentos de frasco de dose múltipla, inje‐
Administrando medicamentos por via retal tar um volume de ar equivalente à solução e, em seguida, aspirá-lo.
Material necessário: O procedimento de introduzir o ar da seringa para o interior
bandeja do frasco visa aumentar a pressão interna do mesmo, retirando fa‐
luvas de procedimento cilmente o medicamento, haja vista que os líquidos movem-se da
forro de proteção uma área de maior pressão para a de menor pressão. Portanto, ao
aspirar o medicamento, manter o frasco invertido
gazes
Após a remoção do medicamento, retirar o ar com a agulha
medicamento sólido ou líquido
e a seringa voltadas para cima. Recomenda-se puxar um pouco o
comadre (opcional)
êmbolo, para remover a solução contida na agulha, visando evitar
seu respingo quando da remoção do ar
Administrando medicamentos tópicos por via cutânea, ocular,
A agulha deve ser protegida com o protetor e o êmbolo da se‐
nasal,
ringa com o próprio invólucro.
-otológica e vaginal
Identificar o material com fita adesiva, na qual deve constar o
nome do paciente, número de leito/quarto, medicamento, dose e
Material necessário: via de administração.
- bandeja As precauções para administrar medicamentos pela via paren‐
- espátula, conta-gotas, aplicador teral são importantes para evitar danos muitas vezes irreversíveis
- gaze ao paciente. Antes da aplicação, fazer antissepsia da pele, com ál‐
- luvas de procedimento cool a 70%.
-medicamento É importante realizar um rodízio dos locais de aplicação, o que
evita lesões nos tecidos do paciente, decorrentes de repetidas apli‐
Administrando medicamentos por via parenteral cações.
A via parenteral é usualmente utilizada quando se deseja uma Observar a angulação de administração de acordo com a via e
ação mais imediata da droga, quando não há possibilidade de admi‐ comprimento da agulha, que deve ser adequada à via, ao tipo de
nistrá-la por via oral ou quando há interferência na assimilação da medicamento, à idade do paciente e à sua estrutura física.
droga pelo trato gastrintestinal. Após a introdução da agulha no tecido e antes de pressionar o
A enfermagem utiliza comumente as seguintes formas de ad‐ êmbolo da seringa para administrar o medicamento pelas vias sub‐
ministração parenteral: intradérmica, subcutânea, intramuscular e cutânea e intramuscular, deve-se aspirar para ter a certeza de que
endovenosa. não houve punção de vaso sanguíneo.
Caso haja retorno de sangue, retirar a punção, preparar nova‐
Material necessário: mente a medicação, se necessário, e repetir o procedimento. Des‐
- Bandeja ou cuba-rim prezar a seringa, com a agulha junta, em recipiente próprio para
-Seringa materiais perfurocortantes.

48
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Via intradérmica A posição recomendada é o decúbito ventral, com os pés vol‐
É a administração de medicamentos na derme, indicada para tados para dentro, facilitando o relaxamento dos músculos glúteos;
a aplicação de vacina BCG e como auxiliar em testes diagnósticos e caso não seja possível, colocar o paciente em decúbito lateral. O
de sensibilidade local indicado é o quadrante superior externo, cerca de 5cm abaixo
Para testes de hipersensibilidade, o local mais utilizado é a re‐ do ápice da crista ilíaca.
gião escapular e a face interna do antebraço; para aplicação de BCG, Outra maneira de identificar o local de aplicação é traçando
a região deltóide do braço direito. Esticar a pele para inserir a agulha, uma linha imaginária da espinha ilíaca póstero-superior ao trocan‐
o que facilita a introdução do bisel, que deve estar voltado para cima; ter maior do fêmur; a injeção superior ao ponto médio da linha
visando atingir somente a epiderme, formar um ângulo de 15º com a também é segura.
agulha, posicionando-a quase paralela à superfície da mesma. Para a aplicação de injeção no deltóide, recomenda-se que o
Não se faz necessário realizar aspiração, devido à ausência de paciente esteja em posição sentada ou deitada
vaso sanguíneo na epiderme. O volume a ser administrado não Medir 4 dedos abaixo do ombro e segurar o músculo durante
deve ultrapassar a 0,5ml, por ser um tecido de pequena expansi‐ a introdução da agulha ) . O músculo vasto lateral encontra-se na
bilidade, sendo utilizada seringa de 1ml e agulha 10x5 e 13x4,5. região antero-lateral da coxa. Indica-se a aplicação intramuscular no
Quando a aplicação é correta, identifica-se a formação de pápula, terço médio do músculo, em bebês, crianças e adultos
caracterizada por pequena elevação da pele no local onde o medi‐ A região ventroglútea, por ser uma área desprovida de gran‐
camento foi introduzido. des vasos e nervos, é indicada para qualquer idade, principalmente
para crianças. Localiza-se o local da injeção colocando-se o dedo
Via subcutânea indicador sobre a espinha ilíaca antero-superior e, com a palma da
É a administração de medicamentos no tecido subcutâneo, mão sobre a cabeça do fêmur (trocanter), em seguida desliza-se o
cuja absorção é mais lenta do que a da via intramuscular. Doses adjacente (médio) para formar um V. A injeção no centro do V al‐
pequenas são recomendadas, variando entre 0,5ml a 1ml. Também cança os músculos glúteos essos, necrose e lesões de nervo.
conhecida como hipodérmica, é indicada principalmente para vaci‐
nas (ex. anti-rábica), hormônios (ex. insulina), anticoagulantes (ex. Via endovenosa
heparina) e outras drogas que necessitam de absorção lenta e con‐ A via endovenosa é utilizada quando se deseja uma ação rápida
tínua. Seus locais de aplicação são a face externa do braço, região do medicamento ou quando outras vias não são propícias. Sua ad‐
glútea, face anterior e externa da coxa, região periumbilical, região ministração deve ser feita com muito cuidado, considerando-se que
escapular, região inframamária e flanco direito ou esquerdo. a medicação entra diretamente na corrente sangüínea, podendo
ocasionar sérias complicações ao paciente caso as recomendações
Via intramuscular preconizadas não sejam observadas. As soluções administradas por
A via intramuscular é utilizada para administrar medicamentos essa via devem ser cristalinas, não-oleosas e sem flocos em suspen‐
irritantes, por ser menos dolorosa, considerando-se que existe me‐ são. Para a administração de pequenas quantidades de medicamen‐
nor número de terminações nervosas no tecido muscular profundo. tos são satisfatórias as veias periféricas da prega (dobra) do cotove‐
A absorção ocorre mais rapidamente que no caso da aplicação sub‐ lo, do antebraço e do dorso das mãos. A medicação endovenosa
cutânea, devido à maior vascularização do tecido muscular. O volu‐ pode ser tam bém aplicada através de cateteres intravenosos de
me a ser administrado deve ser compatível com a massa muscular, curta/longa permanência e flebotomia. O medicamento pode ainda
que varia de acordo com a idade, localização e estado nutricional. ser aplicado nas veias superficiais de grande calibre: região cubital,
Considerando-se um adulto com peso normal, o volume mais dorso da mão e antebraço. Material necessário: bandeja bolas de
adequado de medicamento em aplicação no deltóide é de aproxi‐ algodão álcool a 70% fita adesiva hipoalergênica garrote escalpe(s)
madamente 2ml; no glúteo, 4 ml e na coxa, 3 ml35, embora exis‐ adequado(s) ao calibre da veia do paciente) seringa e agulha.
tam autores que admitam volumes maiores. De qualquer maneira,
quantidades maiores que 3ml devem ser sempre bem avaliadas Venóclise
pois podem não ter uma adequada absorção3 Venóclise é a administração endovenosa de regular quantidade
Para aplicação em adulto eutrófico, as agulhas apropriadas são de líquido através de gotejamento controlado, para ser infundido
25x7, 25x8, 30x7 e 30x8. No caso de medicamentos irritantes, a num período de tempo pré-determinado. É indicada principalmen‐
agulha que aspirou o medicamento deve ser trocada, visando evitar te para repor perdas de líquidos do organismo e administrar medi‐
a ocorrência de lesões teciduais. camentos.
Orientar o paciente para que adote uma posição confortável, As soluções mais utilizadas são a glicosada a 5% ou 10% e a
relaxando o músculo, processo que facilita a introdução do líquido, fisiológica a 0,9%. Antes de iniciar o procedimento, o paciente deve
evita extravasamento e minimiza a dor. ser esclarecido sobre o período previsto de administração, corre‐
Evite a administração de medicamentos em áreas inflamadas, lacionando-o com a importância do tratamento e da necessidade
hipotróficas, com nódulos, paresias, plegias e outros, pois podem de troca a cada 72 horas. O profissional deve evitar frases do tipo
dificultar a absorção do medicamento. Num movimento único e não dói nada, pois este é um procedimento dolorido que muitas ve‐
com impulso moderado, mantendo o músculo com firmeza, intro‐ zes requer mais de uma tentativa. Isto evita que o paciente sinta-se
duzir a agulha num ângulo de 90º, puxar o êmbolo e, caso não haja enganado e coloque em cheque a competência técnica de quem
retorno de sangue administrar a solução. realiza o procedimento.
Após a introdução do medicamento, retirar a agulha - também Material necessário: o mesmo utilizado na aplicação endoveno‐
num único movimento - e comprimir o local com algodão molhado sa, acrescentando-se frasco com o líquido a ser infundido, suporte,
com álcool a 70%. medicamentos, equipo, garrote, cateter periférico como escalpe,
Os locais utilizados para a administração de medicamentos são gelco ou similar, agulha, seringa, adesivo (esparadrapo, micropore
as regiões do deltóide, dorsoglútea, ventroglútea e antero-lateral ou similar), cortado em tiras e disposto sobre a bandeja, acessórios
da coxa. A região dorsoglútea tem o inconveniente de situar-se pró‐ como torneirinha e bomba de infusão, quando necessária.
xima ao nervo ciático, o que contra-indica esse tipo de aplicação
em crianças.

49
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Tipos de palpação:
COLETA DE MATERIAIS PARA EXAMES Superficial: pressão em profundidade de 1 cm;
Profunda: pressão em profundidade de 4 cm.
EXAME FÍSICO Variações da palpação:
O exame físico de enfermagem é um conjunto de técnicas e
manobras que os profissionais de enfermagem desenvolvem com Palpação com a mão espalmada, usando-se toda a palma de
o intuito de diagnosticar nos pacientes problemas associados a al‐ uma de ambas as mãos;
guma patologia e com isso elaborar o planejamento da assistência Palpação com uma das mãos sobrepondo-se à outra;
de enfermagem. Palpação com a mão espalmada, usando-se apenas as polpas
O exame físico pode ser realizado também por outros profis‐ digitais e a parte ventral dos dedos;
sionais da área da saúde, também com o objetivo de evidenciar si‐ Palpação usando-se o polegar e o indicador formando uma pin‐
nais e sintomas que possam levar a um diagnóstico. ça;
É importante ressaltarmos que muitos profissionais confun‐ Palpação com o dorso dos dedos e das mãos, para avaliar tem‐
dem o exame físico de enfermagem com exame clínico, que é a peratura;
junção de exame físico e anamnese, com a verificação das informa‐ Dígito-pressão: realizada com a polpa do polegar e do indica‐
ções clínicas do paciente, com auxílio da entrevista ou ainda pela dor, consiste na compressão de uma área com o objetivo de pesqui‐
avaliação direta por meio de técnicas específicas. sar dor, detectar edema e/ou avaliar a circulação cutânea;
O exame físico de enfermagem é realizado após a anamnese, Puntipressão: utiliza-se de um objeto pontiagudo, não cortante
que é aquela entrevista básica com o paciente e utilizamos equipa‐ em um ponto do corpo para avaliar a sensibilidade dolorosa;
mentos como: Fricção com algodão: com uma mecha, roçar de leve a pele,
- estetoscópio; procurando verificar a sensibilidade tátil.
- esfigmomanômetro;
- termômetro. 3) Percussão: é a aplicação de pequenos golpes em determi‐
nada superfície do organismo, que emite vibrações específicas de
O objetivo do exame físico de enfermagem é avaliar um órgão acordo com a estrutura anatômica percutida, quanto à intensidade,
ou sistema na busca de alterações anatômicas ou funcionais resul‐ tonalidade e timbre.
tantes da patologia que o paciente apresenta.Em contrapartida, Tipos de percussão mais utilizadas na prática clínica do enfer‐
pode ser utilizado também para comprovar o bom funcionamento meiro:
dos órgãos e sistemas. – Percussão direta: golpeamento diretamente com as pontas
O exame físico de enfermagem divide em quatro etapas: dos dedos a região-alvo. Os dedos devem estar fletidos, imitando a
- inspeção; forma de um martelo e os movimentos de golpear são feitos pela
- ausculta; articulação do punho.
- palpação; – Percussão digito-digital: mais utilizada no nosso cotidiano.
- percussão. Trata-se do golpeamento com o dedo médio ou indicador da mão
dominante, que encontra-se espalmada e apoiada na região de
Um exame físico bem realizado pelo enfermeiro é uma arma interesse. A mão dominante deve ficar em posição confortável e
importante na qualidade da assistência de enfermagem prestada. apenas o dedo que irá percutir deverá ter posição de martelo. A
movimentação da mão deverá ocorrer apenas com a articulação
Técnicas Básicas para o Exame Físico: do punho. O cotovelo deve permanecer fixo e fletido a 90º e com o
1) Inspeção: é o processo de observação do paciente. Devemos braço em semiabdução.
neste momento inspecionar nos segmentos corporais, a presença
de dismorfias, distúrbios no desenvolvimento, lesões cutâneas, se‐ Possíveis sons:
creções e presença de cateteres e tubos ou outros dispositivos. É Maciço: som que transmite a sensação de dureza e resistência,
importante verificar o modo de andar, a postura, o contato visual e em todas as regiões desprovidas de ar, como osso e fígado;
a forma de comunicação verbal e corporal. Esses dados fornecem Submaciço: é uma variação do maciço, é a presença de ar em
“pistas” sobre o estado emocional e mental do paciente. pequena quantidade que lhe confere essa característica peculiar;
Timpânico: obtido em regiões que contêm ar, recobertas por
Tipos de inspeção: membrana flexível, como o estômago. A sensação obtida é de elas‐
Estática: com o paciente parado, observa-se os contornos ana‐ ticidade;
tômicos; Hipertimpânico: obtido em regiões que contêm ar em grande
Dinâmica: pede-se para que o paciente faça alguns movimen‐ quantidade, por exemplo, no abdome em caso de acúmulo de ga‐
tos, observando com atenção e foco no segmento. ses;
O paciente deve ser inspecionado por inteiro. Recomenda-se o Claro pulmonar: som obtido quando se percute uma área so‐
uso de luz natural e caso seja artificial, a branca é a mais recomen‐ bre os pulmões, quando estão normais, com presença de ar dentro
dada. Para a inspeção de cavidades, utiliza-se a lanterna clínica. dos alvéolos.

2) Palpação: é uma técnica utilizada para obtenção de dados Atenção:


por meio do tato (parte mais superficial do corpo) e da pressão Evite dar muitos golpes seguidos para confirmar o som, pois
(parte mais profunda do corpo). A palpação permite a identificação podem interromper a onda vibratória e alterar o som emitido;
de modificações de textura, espessura, consistência, sensibilidade, Em órgãos simétricos como os pulmões, é preciso realizar a
volume e dureza. Permite a percepção de frêmito, flutuação, elas‐ percussão comparada.
ticidade e edema. Punho-percussão: com a mão fechada, golpeia-se com a borda
cubital (utilizada para verificar a sensação dolorosa nos rins);

50
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Percussão com a borda das mãos: os dedos ficam estendidos Decúbito lateral direito : o paciente fica deitado com o lado
e unidos, golpeia-se a região desejada com a borda ulnar (utilizada direito voltado para baixo , pernas levemente fletidas , braço direi‐
para verificar a sensação dolorosa nos rins); to em abdução , o lado esquerdo para cima e o braço repousando
Percussão por piparote: utilizada para pesquisa de ascite. Com sobre a face lateral da coxa. Exemplo : cirurgias re nais , massagens
uma das mãos, o examinador golpeia um lado abdome, enquanto a na s costas .
outra mão, na região contralateral, capta ondas de líquidos que se
chocam com a parede abdominal.

4) Ausculta: procedimento que possibilita ouvir sons produzi‐


dos pelo corpo, que são inaudíveis sem o uso de instrumentos, por
isso utilizamos o estetoscópio para examinarmos os pulmões, cora‐
ção, artérias e intestino.

Atenção:
Para realizar a ausculta, faz-se necessário um ambiente sem
ruídos externos Decúbito lateral esquerdo : o paciente fica deitado com o lado
O estetoscópio deve ser colocado sobre a pele nua; esquerdo para baixo , pernas levemente fletidas , braço esquerdo
Durante a ausculta devem ser observadas as características em abdução , o lado direito para cima e o braço repousando sobre
dos sons, como: intensidade, tom, duração e qualidade. a face lateral da coxa
Considerações finais:
Quando o enfermeiro consegue realizar uma boa avaliação clí‐
nica, ele consegue reconhecer os diagnósticos de enfermagem, que
subsidiam as condutas de enfermagem e possibilita um trabalho
interdependente, associando os cuidados com a equipe multidis‐
ciplinar.
Conseguir associar os dados clínicos e ainda entender os sinais
emitidos pelo paciente, como o significado do adoecer, seus pontos
fortes e fracos é uma arte, que propicia um cuidado digno e profis‐
sionais mais satisfeitos com o resultado do trabalho. Semi decúbito de fowler;Paciente fica se mi sentado. Usado
Cuidados para realizar o exame físico: mãos higienizadas, aque‐ para descanso, conforto,alimentação e patologias respiratórias
cidas e unhas cortadas, instrumentos com a devida desinfecção

Fonte: http://www.enfermeiroaprendiz.com.br/tecnicas-basicas-de-
-exame-fisico

Decúbito dorsal horizontal : o paciente fica deitado na maca


co m ventre para cima , membros superiores e inferiores relaxados
, o paciente deve ser colo cado deitado de co stas com as pernas
estendidas ou ligeiramente fletidas par a provocar o relaxamento
do s músculos abdominais , os braço s devem estar estendidos ao
longo do corpo . Exemplo : cesariana , tireoidectomia. Posição de sims; colocar o paciente e m decúbito lateral es‐
querdo , mantendo a cabeça apoiada no travesseiro , o corpo deve
está ligeiramente inclinado para frente co m o braço esquerdo es‐
ticado para trás , de forma a permitir que p arte do peso do corpo
apoie sobre o peito ,o braço direito deve está posicionado de acor‐
do com a vontade do p acidente e os MMII deve m está flexionados
, o direito, mais para o lado esquerdo .Finalidade (exames retais, la
vage m intestinal, exames vaginais, clister)

Decúbito ventral: o paciente fica deitado com o ventre para


baixo , braços fletidos e mãos soba testa . Exemplo : laminectomia
, cirurgias tórax posterior

Posição sentado: o paciente deve está sentado com as mãos


repousando sobre as coxas .Exemplo : cirurgia de mamoplastia ,
dreno de tórax .

51
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Ginecológica; colocar a paciente em decúbito dorsal; Joelhos


fle xionados e be m separados, co m os pés sobre a cama; Proteger Trendelemburg; o paciente é colocado em decúbito dorsal
a paciente com lençol ate o momento do exame. Exemplo :( exame horizontal ,co m o corpo num campo inclinado , de forma que a
vaginal, exame vulvo, lavagem vaginal,sondagem vesical, tricoto‐ cabeça fique mais baixa e m relação ao corpo .Exemplo : cirurgia da
mia) . região pélvica , estados de choque tromboflebites.

- Litotomia; posição que se assemelha a ginecológica . Colo‐ Ereta ou ortostática: o paciente fica e m pé com os pés um
car o paciente em decúbito dorsal co m a cabeça e os ombros li‐ pouco afastados um do outro e o s membros superiores estendido
geiramente elevados .As coxas devem está b em flexionadas sob s naturalmente junto ao corpo , o peso fica distribuído equitativa‐
o abdômen ,afastadas uma das outras e as pernas sob o abdômen mente nos MMI I.
Exemplo : cirurgia ou exames de períneo , reto , vagina e bexiga .

Posição supina : Paciente fica deitado em decúbito dorsal com


travesseiros sobre a cabeça, braços estendidos ao longo d o corpo ,
pernas estendidas ou ligeiramente fletidas.

Genupeitoral; o paciente deve ser co locado ajoelhado sob re


a cama , com os joelhos afastados as pernas estendidas , e o peito
apoiado sobre a cama , a cabeça deve esta lateralizada apoiada so‐
bre os braços . Exemplo : exames vaginais e retais

52
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Posição prona: Paciente fica e m decúbito ventral com a cabeça logo que tenha capacitação para execução das atividades de coleta.
virada para um dos lados, braços abduzidos par a cima, com cotove‐ Os profissionais de nível universitário do Posto de Coleta deverão
los fletidos e pernas estendidas. estar presentes, diariamente, no interior de suas dependências du‐
rante o período de funcionamento da coleta destes estabelecimen‐
tos. Os procedimentos de coleta de material humano poderão ser
executados pelos seguintes profissionais legalmente habilitados:
- De nível universitário: médicos, enfermeiros, farmacêuticos,
biomédicos, biólogos e químicos que no curso de graduação, e/ou
em caráter extracurricular, frequentaram disciplinas que lhes con‐
feriram capacitação para execução das atividades de coleta.
- De nível técnico: técnicos de enfermagem, assim como técni‐
cos de laboratório, técnicos em patologia clínica e demais profissio‐
nal legalmente habilitados que concluíram curso em nível de ensino
COLETA DE MATERIAL PARA EXAMES LABORATORIAIS médio que no curso de graduação, e /ou em caráter extracurricular
Amostras Biológicas: São consideradas amostras biológicas de frequentaram disciplinas que lhes conferiram capacitação para exe‐
material humano para exames laboratoriais: sangue urina, fezes, cução das atividades de coleta.
suor, lágrima, linfa (lóbulo do pavilhão auricular, muco nasal e lesão - De nível intermediário: auxiliares de enfermagem, assim
cutânea), escarro, esperma, secreção vaginal, raspado de lesão epi‐ como profissionais legalmente habilitados que concluíram curso
dérmico (esfregaço) mucoso oral, raspado de orofaringe, secreção em nível de ensino de fundamental que no curso de graduação, e
de mucosa nasal (esfregaço), conjuntiva tarsal superior (esfregaço), /ou em caráter extracurricular, frequentaram disciplinas que lhes
secreção mamilar (esfregaço), secreção uretral (esfregaço), swab conferiram capacitação para a execução das atividades de coleta.
anal, raspados de bubão inguinal e anal/perianal, coleta por esca‐
rificação de lesão seca/swab em lesão úmida e de pelos e de qual‐ Espaço Físico
quer outro material humano necessário para exame diagnóstico. Sala para coleta de material biológico: De uma forma geral, os
estabelecimentos que são dotados de um único ambiente de co‐
Atualmente a maioria dos procedimentos de coleta são realizados
leta deverão contar com sala específica e exclusiva no horário de
nas próprias Unidades Assistenciais de Saúde da Rede Pública Mu‐
coleta para esta finalidade, com dimensão mínima de 3,6 metros
nicipal.
quadrados, ter pia para lavagem das mãos, mesa, bancada, etc.
para apoiar o material para coleta e o material coletado. O ambien‐
Laboratórios de Análises: São estabelecimentos destinados à
te deve ter janelas, ser arejado, com local para deitar ou sentar o
coleta e ao processamento de material humano visando a reali‐
usuário, as superfícies devem ser laváveis. De acordo com a RDC
zação de exames e testes laboratoriais, que podem funcionar em
50/2002 ANVISA/MS, as dimensões físicas e capacidade instalada
sedes próprias independentes ou, ainda, no interior ou anexadas a
estabelecimentos assistenciais de saúde, cujos ambientes e áreas são as seguintes:
específicas obrigatoriamente devem constituir conjuntos individua‐ - Box de coleta = 1,5 metros. Caso haja apenas um ambiente de
lizados do ponto de vista físico e funcional. coleta, este deve ser do tipo sala, com 3,6 metros quadrados.
- Um dos boxes deve ser destinado à maca e com dimensões
Procedimentos Técnicos Especiais: para tal.
- A execução de procedimentos de coleta de material humano - Os estabelecimentos que contarem com 02 (dois) Boxes de
que exijam a prévia administração, por via oral, de quaisquer subs‐ Coleta, obrigatoriamente, possuirão no mínimo, 01 (um) lavatório
tâncias ou medicamentos, deverá ser supervisionada, “in loco”, por localizado o mais próximo possível dos ambientes de coleta.
profissionais de nível superior pertencentes aos quadros de recur‐ - Área para registro dos usuários.
sos humanos dos estabelecimentos. - Sanitários para usuários.
- Os procedimentos de que trata o item anterior, que sejam de - Número necessário de braçadeiras para realização de coletas
longa duração e que exijam monitoramento durante os processos = 1 para 15 coletas/hora.
de execução, deverão ser supervisionados, “in loco”, por profissio‐ - Para revestir as paredes e pisos do box de coleta e técnica
nais médicos pertencentes aos quadros de recursos humanos dos em geral, deve-se utilizar material de fácil lavagem, manutenção e
estabelecimentos. sem frestas.
- O Setor de Coleta deverá ter acesso aos equipamentos de - Insumos para coleta deverão estar disponibilizados em quan‐
emergência visando propiciar o atendimento de eventuais inter‐ tidade suficiente e de forma organizada.
corrências clínicas.
- O emprego de técnicas de sondagem é permitido, mediante Biossegurança: Entende-se como incorporação do princípio
indicação médica, e somente para casos em que seja realmente ne‐ da biossegurança, a adoção de um conjunto de medidas voltadas
cessária, a adoção de tal conduta para viabilizar a coleta de amos‐ para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes
tras de material dos usuários. às atividades de prestação de serviços, produção, ensino, pesquisa
e desenvolvimento tecnológico, que possam comprometer a saúde
Coleta nas Unidades de Saúde: Os procedimentos de coleta dos do homem, o meio ambiente e, ainda, a qualidade dos trabalhos
exames laboratoriais nos ambulatórios são executados por profis‐ desenvolvidos.
sionais médicos, assim como por profissionais de saúde componen‐ Os Equipamentos de Proteção Individual - EPI e Equipamento
tes de equipes multiprofissionais, com finalidades de investigação de Proteção Coletiva – EPC, destinam-se a proteger os profissio‐
clínica e epidemiológica, de diagnose ou apoio diagnóstico, de ava‐ nais durante o exercício das suas atividades, minimizando o risco
liação pré-operatória, terapêutica e de acompanhamento clínico. de contato com sangue e fluidos corpóreos.
São EPI: óculos, gorros, máscaras, luvas, aventais impermeá‐
Recursos Humanos: O Setor de Coleta obrigatoriamente con‐ veis e sapatos fechados e, são EPC: caixas para material perfurocor‐
tará com pelo menos 01 (um) dos seguintes profissionais de nível tante, placas ilustrativas, fitas antiderrapante, etc... .
universitário: médico, enfermeiro, farmacêutico, biomédico ou bió‐

53
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Os técnicos dos postos de coleta devem usar avental, luvas e Fatores que podem influenciar nos resultados:
outros EPI que devem ser removidos e quando passiveis de esteri‐
lização, guardados em local apropriado antes de deixar a área de Jejum
trabalho. - Para a maioria dos exames um determinado tempo de jejum é
Deve-se usar luvas de procedimentos, adequadas ao trabalho necessário e pode variar de acordo com o exame solicitado deven‐
em todas as atividades que possam resultar em contato acidental do - consultar o quadro: “Exames de sangue solicitados nas unida‐
direto com sangue e materiais biológicos. Depois de usadas as luvas des de saúde sms”.
devem ser descartadas. - Vale lembrar também, que o jejum prolongado (mais que 12
horas para o adulto), pode levar à alterações nos exames, além de
Atenção: ser prejudicial à saúde. Água pode ser tomada com moderação. O
- Observar a integridade do material; quando alterada solicitar excesso interfere nos exames de urina.
substituição.
- Manter cabelos presos e unhas curtas. Dieta: Alguns exames requerem a uma dieta especial antes da
- Não usar adornos (pulseiras, anel, relógio, etc...). coleta de amostra (ex: pesquisa de sangue oculto), caso contrário
- Observar a obrigatoriedade da lavagem das mãos. os hábitos alimentares devem ser mantidos para que os resultados
possam refletir o estado do paciente no dia-a-dia.
Quando houver um acidente com material biológico envolven‐ Atividades Físicas: Não se deve praticar exercícios antes dos
do face, olhos e mucosas deve-se lavar imediatamente todas as exames, exceto quando prescrito. Eles alteram os resultados de
partes atingidas com água corrente. muitas provas laboratoriais, principalmente provas enzimáticas e
bioquímicas. Por isso, recomenda-se repouso e o paciente deve fi‐
Fases que envolvem a realização dos exames: car 15 minutos descansando antes da coleta.
Unidades de saúde: Fase pré - analítica do exame na unidade Medicamentos: A Associação Americana de Química Clínica,
de saúde: além de alguns outros pesquisadores brasileiros, mantém publi‐
- Requisição do exame cações completas em relação às interferências de medicamentos
- Orientação e preparo para a coleta sobre os exames. Por outro lado, alguns pacientes, não podem sus‐
- Coleta pender as medicações devido a patologias específicas.
- Identificação (Solicitar que o usuário realize a conferência dos O médico deverá orientar sobre a possibilidade, ou não, de sus‐
seus dados): nome, idade, sexo). pensão temporária do medicamento. O usuário NUNCA poderá in‐
- Preparação da amostra terromper voluntariamente o uso de medicamentos. Informar sem‐
- Acondicionamento pre na solicitação do exame ao laboratório todos os medicamentos
- Transporte que o usuário fez uso nos 10 dias que antecederam a coleta.
Fumo: Orientar o usuário a não fumar no dia da coleta. O ta‐
Laboratório: bagismo crônico altera vários exames como: leucócitos no sangue,
Fase pré-analítica do exame no laboratório: lipoproteínas, atividades de várias enzimas, hormônios, vitaminas,
- Recepção marcadores tumorais e metais pesados.
- Triagem
- Preparação da Amostra Bebida Alcoólica: Recomenda-se não ingerir bebidas alcoólicas
durante pelo menos 3 (três) dias antes dos exames. O álcool, entre
Fase analítica do exame no laboratório: outras alterações, afeta os teores de enzimas hepáticas, testes de
- Análise da Amostra coagulação, lipídios e outros.

Fase pós - analítica do exame no laboratório: Data da menstruação ou tempo de gestação: Devem ser infor‐
- Conferência mados na solicitação de exames ao laboratório, pois, dependen‐
- Emissão e Remessa de Laudo do da fase do ciclo menstrual ou da gestação ocorrem variações
fisiológicas que alteram a concentração de várias substâncias no
Unidades de Saúde: organismo, como os hormônios e algumas proteínas séricas. Para a
Fase pós - analítica do exame na unidade de saúde: coleta de urina o ideal é realizá-la fora do período menstrual, mas
- Recepção dos Resultados se for urgente, a urina poderá ser colhida, adotando-se dois cuida‐
- Conferência dos: assepsia na hora do exame e o uso de tampão vaginal para o
- Arquivamento dos Laudos sangue menstrual não se misturar à urina.
Orientações ao usuário quanto ao preparo e realização do exa‐ Relações Sexuais: Para alguns exames como, por exemplo, es‐
me: É importante esclarecer com instruções simples e definidas, as permograma e PSA, há necessidade de determinados dias de absti‐
recomendações gerais para o preparo dos usuários para a coleta de nência sexual. Para outros exames, até mesmo urina, recomenda‐
exames laboratoriais, a fim de evitar o mascaramento de resulta‐ -se 24 horas de abstinência sexual.
dos laboratoriais.
Ansiedade e Stress: O paciente deverá relaxar antes da realiza‐
Importante informar e fornecer:
ção do exame. O stress afeta não só a secreção de hormônio adre‐
- Dias e horário de coleta da unidade
nal como de outros componentes do nosso organismo. A ansiedade
- Preparos necessários quanto à necessidade ou não de: jejum,
conduz à distúrbios no equilíbrio ácido-básico, aumenta o lactato
dieta, abstinência sexual, atividade física, medicamentos.
sérico e os ácidos gordurosos plasmáticos livres, entre outras subs‐
- Em casos de material colhido no domicilio a unidade deverá
tâncias.
fornecer os frascos com identificação do material a ser colhido
- Certificar-se de que o usuário entendeu a orientação e anexá‐
-la ao pedido de exame.

54
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Observações Importantes: Conferência das amostras colhidas: Reservar os 15 minutos fi‐
- Quando possível as amostras devem ser coletadas entre 7 e 9 nais do período da coleta para verificar se as amostras estão bem
horas da manhã, pois a concentração plasmática de várias substân‐ tampadas e estão corretamente identificadas. Conferir os pedidos
cias tendem a flutuar no decorrer do dia. Por esta razão, os valores com os frascos. Realizar este procedimento sempre paramentado.
de intervalos de referência, são normalmente obtidos entre estes Preencher a folha de controle (ou planilha de encaminhamen‐
horários. O ritmo biológico também pode ser influenciado pelo rit‐ to) em duas vias: Relacionar na planilha os nomes de todos os usuá‐
mo individual, no que diz respeito à alimentação, exercícios e horas rios atendidos, o nº do registro e os exames solicitados. Não esque‐
de sono. cer de preencher a data da coleta e o nome da unidade. Uma via é
- No monitoramento dos medicamentos considerar o pico an‐ encaminhada ao laboratório acompanhando o material, os pedidos
tes a administração do medicamento e o estágio da fase constante e a outra via fica na unidade para controle do retorno dos resulta‐
depois da próxima dose. dos e relatório estatístico.
- Sempre anotar da coleta no pedido o exato momento. Acondicionamento do material nas caixas de transporte:
- A unidade deverá manter, no mínimo 2 jogos de caixas para
A coleta da amostra feita no momento errado é pior do que a transporte para facilitar a higienização e trocas.
não coleta. - Um jogo de caixa de transporte = 1 cx para transportar sangue
Rotina do setor de coleta de exames laboratoriais: É importan‐ e 1 cx para transportar fezes/urina/escarro.
te a padronização de uma rotina para a coleta dos exames labo‐ - Colocar os tubos nas grades seguindo a ordem de coleta e
ratoriais, devendo todos os profissionais envolvidos no processo organizar as requisições também seguindo o mesmo critério, para
estar cientes da rotina estabelecida. Basicamente os funcionários facilitar a conferência.
da coleta devem estar orientados para: - Verificar se os frascos de urina, fezes e escarro estão com a
- Atender os usuários com cortesia. tampa de rosca bem fechada.
- Manter o box de atendimento dos pacientes sempre em or‐ - Colocar o sangue em caixas de transporte separadas, dos po‐
dem. tes de urina/fezes/escarro.
- Manter todos os materiais necessários para o atendimento de - Certificar-se de que o material não tombará durante o trans‐
forma organizada.
porte (colocar calço ou fixar com fita adesiva).
- Trajar-se convenientemente (sem adornos pendurados e usar
- Todas as solicitações de exames devem ser devidamente
sapato), atendendo às normas de biossegurança.
acondicionadas em envelope plástico com a identificação da unida‐
- Usar luvas e avental durante todo o processo de coleta.
de e fixadas na parte externa da caixa.
- Realizar os procedimentos acima sempre paramentados.
Requisição de exame: Existem impressos próprios (anexá-los)
que são definidos conforme o tipo de exame solicitado. O impresso
Acondicionamento e transporte de material biológico
deverá estar totalmente preenchido com letra legível:
Objetivo: Garantir o acondicionamento, conservação e trans‐
- Nome da unidade solicitante;
- Nome do usuário; porte do material até a recepção pelo laboratório executor dos
- Nº prontuário; exames. As amostras de sangue deverão ser acondicionadas em
- Idade: muitos valores de referência variam conforme a idade; recipientes rígidos, constituídos de materiais apropriados para tal
- Sexo: muitos valores de referência variam conforme o sexo; finalidade, dotados de dispositivos pouco flexíveis e impermeáveis
- Indicação clínica; para fechamento sob pressão. O acondicionamento do material co‐
- Medicamentos em uso; letado deverá ser tecnicamente apropriado, segundo a natureza de
- Data da última menstruação (DUM), quando for o caso; cada material a ser transportado, de forma a impedir a exposição
- Assinatura e carimbo do solicitante; dos profissionais da saúde, assim como dos profissionais da frota
- Nome do responsável pela coleta; que transportam o material.
- Estantes e grades são recipientes de suporte utilizados para
A informação é fundamental para garantir a qualidade do re‐ acondicionar tubos e frascos coletores contendo amostras bioló‐
sultado laboratorial. Devem ser utilizadas para fins de análise de gicas; deverão ser rígidas e resistentes, não quebráveis, que per‐
consistência do resultado laboratorial, e portanto, necessitam ser mitam a fixação em posição vertical, com a extremidade de fecha‐
repassadas aos responsáveis pelas fases analítica e pós-analítica. mento (tampa) voltada para cima e que impeçam o tombamento
do material.
Procedimento de coleta: - Tubete ou Caixa são recipientes utilizados para acondicio‐
- Conferir o nome do usuário com a requisição do exame. namento de lâminas dotadas internamente de dispositivo de se‐
- Indagar sobre o preparo seguido pelo usuário (jejum, dieta e paração (ranhura) e externamente de dispositivo de fechamento
medicação). (tampa ou fecho).
- Separar o material para a coleta conforme solicitação, quanto - Caixas Térmicas são recipientes de segurança para transpor‐
ao tipo de tubo e volume necessário. te, destinados à acomodação das estantes e grades com tubos,
- Os insumos para coleta deverão estar disponibilizados de for‐ frascos e tubetes contendo as amostras biológicas.
ma organizada, em cada Box, no momento da coleta.
- Preencher as etiquetas de identificação do material com Estas caixas térmicas devem obrigatoriamente ser rígidas, re‐
nome, nº do registro, no Com os tubos todos identificados, proce‐ sistentes e impermeáveis, revestidas internamente com material
der à coleta propriamente dita (os tubos com aditivos tipo gel ou lisos, duráveis, impermeáveis, laváveis e resistentes às soluções de‐
anticoagulantes, devem ser homogeneizados por inversão de 5 a sinfetantes devendo, ainda ser, dotadas externamente de disposi‐
8 vezes). tivos de fechamento externo. Como medida de segurança na parte
- Profissional responsável pela coleta deve assinar o pedido e externa das Caixas Térmicas para transporte, deverá ser fixado o
colocar a data da coleta. símbolo de material infectante e inscrito, com destaque, o título de
identificação: Material Infectante. Na parte externa da Caixa Térmi‐

55
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
ca, também deverá ser inscrito o desenho de seta indicativa vertical exames e testes laboratoriais sugestivos de doenças de notificação
apontada para cima, de maneira a caracterizar a disposição vertical, compulsória e de agravos à saúde, em conformidade com as orien‐
com as extremidades de fechamento voltadas para cima. tações específicas das autoridades sanitárias responsáveis pelo Sis‐
Nas inscrições do símbolo de material infectante, do título de tema de Vigilância.
identificação e da frase de alerta, deverão ser empregadas tecno‐
logias ou recursos que possibilitem a higienização da parte externa Exames Laboratoriais
destes recipientes e garantam a legibilidade permanente das ins‐
crições. É vedado, em qualquer hipótese, transportar amostras de Coleta de Sangue em crianças maiores e adultos
material humano, bem como recipientes contendo resíduos infec‐ Posicionamento do braço: O braço do paciente deve ser posi‐
tantes, no compartimento dianteiro dos veículos automotores. cionado em uma linha reta do ombro ao punho, de maneira que as
- É importantes a perfeita sintonia entre remetente, transpor‐ veias fiquem mais acessíveis e o paciente o mais confortável possí‐
tadora e laboratório de destino, a fim de garantir o transporte se‐ vel. O cotovelo não deve estar dobrado e a palma da mão voltada
guro do material e chegada do mesmo em tempo hábil e em boas para cima.
condições.
- Quaisquer acidentes durante o transporte devem ser comu‐ Garroteamento: O garrote é utilizado durante a coleta de san‐
nicados ao remetente, a fim de que providências possam ser toma‐ gue para facilitar a localização das veias, tornando-as proeminen‐
das, com o objetivo de propiciar medidas de segurança aos dife‐ tes. O garrote deve ser colocado no braço do paciente próximo ao
rentes contactuantes. Nunca afixar qualquer guia ou formulário ao local da punção (4 a 5 dedos ou 10 cm acima do local de punção),
material biológico sendo que o fluxo arterial não poderá ser interrompido. Para tal,
- Também não poderão ser transportados dentro da caixa tér‐ basta verificar a pulsação do paciente. Mesmo garroteado, o pulso
mica, devendo ser colocados em sacos, pastas ou envelopes e fixa‐ deverá continuar palpável. O garrote não deve ser deixado no bra‐
dos na parte superior externa da caixa. ço do paciente por mais de um minuto. Deve-se retirar ou afrouxar
- Os funcionários da unidade que conferem e acondicionam os o garrote logo após a venipunção, pois o garroteamento prolon‐
materiais, devem verificar se os frascos coletores, tubos, demais gado pode acarretar alterações nas análises (por exemplo: cálcio).
recipientes, estão firmemente fechados. Seleção da região de punção: A regra básica para uma punção
bem sucedida é examinar cuidadosamente o braço do paciente. As
Laudos Técnicos: Os resultados dos exames e testes realizados, características individuais de cada um poderão ser reconhecidas
obrigatoriamente, serão emitidos em impressos próprios para Lau‐ através de exame visual e/ou apalpação das veias. Deve-se sempre
dos Técnicos que deverão conter os seguintes registros: que for realizar uma venipunção, escolher as veias do braço para
- Identificação clara, precisa e completa dos usuários e estabe‐ a mão, pois neste sentido encontram-se as veias de maior calibre
lecimentos responsáveis pelas análises clínico-laboratoriais; e em locais menos sensíveis a dor. As veias são tubos nos quais
- Data da coleta ou do recebimento das amostras, data da o sangue circula, da periferia para o centro do sistema circulató‐
emissão dos Laudos Técnicos e o nome dos profissionais que os rio, que é o coração. As veias podem ser classificadas em: veias de
assinam e seus respectivos números de inscrições nos Conselhos grande, médio e pequeno calibre, e vênulas. De 1 acordo com a sua
Regionais de Exercício Profissional do Estado de São Paulo; localização, as veias podem ser superficiais ou profundas. As veias
- Nomes do material biológico analisado, do exame realizado e superficiais são subcutâneas e com frequência visível por transpa‐
do método utilizado; rência da pele, sendo mais calibrosas nos membros. Devido à sua
- Valores de referência normais e respectivas unidades. situação subcutânea permitir visualização ou sensação táctil, são
nessas veias que se fazem normalmente à coleta de sangue.
Intervalo/valores de referência: Define 95% dos valores limites As veias mais usuais para a coleta de sangue são: Veia Cefálica
obtidos de uma população definida. / Veia mediana cubital / Veia mediana cefálica / Veia longitudinal
- Valores dos resultados dos exames ou testes laboratoriais e (ou antebraquial) / Veia mediana basílica / Veia do dorso da mão /
respectivas unidades. Veia marginal da mão / Veia basílica
- Deverão ser devidamente assinados pelos seus Responsáveis
Técnicos e/ou por profissionais legalmente habilitados, de nível su‐ Escolher uma região de punção envolve algumas considera‐
perior, pertencente aos quadros de recursos humanos destes esta‐ ções:
belecimentos. - Selecionar uma veia que é facilmente palpável;
- Deverão ser entregues diretamente aos usuários ou seus re‐ - Não selecionar um local no braço ao lado de uma mastecto‐
presentantes legais, se for o caso, e, ainda, indiretamente, através mia;
dos profissionais de estabelecimentos de saúde, no caso de Postos - Não selecionar um local no braço onde o paciente foi subme‐
de Coleta. Podem ainda ser entregues: utilizando-se equipamento tido a uma infusão intravenosa;
de fax-modem e meios de comunicação on line, quando autorizada - Não selecionar um local com hematoma, edema ou contusão;
por escrito pelos próprios usuários e/ou requerida pelos médicos - Não selecionar um local com múltiplas punções.
ou cirurgiões-dentistas solicitantes. No entanto, isto não eximirá os Tente isto, se tiver dificuldade em localizar uma veia:
Responsáveis Técnicos pelos estabelecimentos de garantir a guarda - Recomenda-se utilizar uma bolsa de água quente por mais ou
dos Laudos Técnicos originais. menos cinco minutos sobre o local da punção e em seguida garro‐
- Os Responsáveis Técnicos pelos Laboratórios Clínicos deve‐ tear;
rão garantir a privacidade dos cidadãos, através da implantação de - Nos casos mais complicados, colocar o paciente deitado com
medidas eficazes que confiram caráter confidencial a quaisquer re‐ o braço acomodado ao lado do corpo e garrotear com o esfigmo‐
sultados de exames e testes laboratoriais. manômetro (em P.A. média) por um minuto.
- Nunca aplicar tapinhas no local a ser puncionado, principal‐
Os Responsáveis Técnicos pelos Laboratórios Clínicos Autôno‐ mente em idosos, pois se forem portadores de ateroma poderá
mos e Unidades de Laboratórios Clínicos que executem exames e haver deslocamentos das placas acarretando sérias consequências.
testes microbiológicos e sorológicos informarão os resultados de

56
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Técnica para coleta de sangue a vácuo: Antes de iniciar uma ve‐ Coleta de Sangue Infantil
nipunção, certificar-se de que o material abaixo será de fácil acesso: Sala de espera: A sala de espera é um local próprio para que o
- Tubos necessários à coleta; paciente repouse, mantendo sua fisiologia estável, enquanto aguar‐
- Etiqueta para identificação do paciente; da ser chamado para o procedimento de coleta. Por essa razão, é
- Luvas; conveniente que a criança tenha um ambiente próprio de espera,
- Swabs ou mecha de algodão embebida em álcool etílico a ou seja, sala de espera infantil. Um ambiente agradável com algum
70%; tipo de entretenimento (televisão, revistas, brinquedos) pode ser
- Gaze seca e estéril; providenciado, quando possível, de forma que a criança desvie a
- Agulhas múltiplas; atenção da situação que a levou até lá.
- Adaptador para coleta a vácuo;
- Garrote; Coleta em criança: A coleta de sangue em criança e neonato é
- Bandagem, esparadrapo; frequentemente problemática e difícil, para o coletador, acompa‐
- Descartador de agulhas. nhante e criança. No momento em que a criança é convocada para
Após o material estar preparado, iniciar a venipunção: o procedimento de coleta, deve-se orientar o acompanhante das
- Verificar quais os exames a serem realizados; situações que podem ocorrer:
- Lavar e secar as mãos; - A criança pode se debater e ter que ser contida;
- Calçar luvas; - A maioria das crianças choram muito;
- Fazer antissepsia do local da punção; Primeiro, do centro do - Em casos de crianças rebeldes e/ou de veias difíceis, há pro‐
local de perfuração para fora, em sentido espiral; e após, de baixo babilidade de se ter que fazer mais de uma punção;
para cima, forçando uma vascularização local; - Probabilidade do retorno para uma segunda coleta por neces‐
- Nunca toque o local da punção após antissepsia, exceto com sidade técnica ou diagnóstica.
luvas estéreis.
- Conectá-la ao adaptador. Estar certo de que a agulha esteja A criança deve ser preparada psicologicamente para a coleta,
firme para assegurar que não Solte durante o uso Remover a capa cabendo ao coletador conseguir a confiança da criança. Isto pode
superior da agulha múltipla, mantendo o bisel voltado para cima; ser obtido observando o comportamento da criança na sala de es‐
- Colocar o garrote; pera, verificando se ela traz algum brinquedo ou livro de estórias, e
- O sistema agulha-adaptador deve ser apoiado na palma da qual o nível de relacionamento com o acompanhante. Caso a crian‐
mão e seguro firmemente entre o indicador e o polegar; ça traga algum brinquedo, este deve ser mantido com ela sempre
- No ato da punção, com o indicador ou polegar de uma das que possível, mas sem que haja comprometimento da coleta. Sem‐
mãos esticar a pele do paciente firmando a veia escolhida e com pre que possível evitar que a criança assista a punção.
o sistema agulha-adaptador na outra mão, puncionar a veia com O posicionamento de coleta para crianças maiores do que um
precisão e rapidez (movimento único); ano dependerá muito do nível de entendimento que elas possam
- O sistema agulha-adaptador deve estar em um ângulo de co‐ ter. Como regra básica sugere-se:
leta de 15º em relação ao braço do paciente; - Neonatos e bebês devem ser colocados deitados em maca
- Segurando firmemente o sistema agulha adaptador com própria, solicitando a ajuda de outro profissional para garantir
uma das mãos, com a outra pegar o tubo de coleta a ser utilizado que a coleta aconteça sem dificuldades. Não é aconselhável que
e conectá-lo ao adaptador.Sempre que possível, a mão que estiver o acompanhante participe da coleta, pois o mesmo esta envolvido
puncionando deverá controlar o sistema, pois durante a coleta, a psicologicamente com a criança. O auxiliar deve posicionar-se na
mudança de mão poderá provocar alteração indevida na posição cabeceira da maca no mesmo lado que o coletador, ficando um de
da agulha; frente para o outro. Com uma das mãos conter o braço da criança
- Com o tubo de coleta dentro do adaptador, pressione-o com segurando-a próximo ao pulso e com a outra próximo ao garrote,
o polegar, até que a tampa tenha sido penetrada. Sempre manter apoiando o antebraço no peito ou ombro da criança. O coletador
o tubo pressionado pelo polegar assegurando um ótimo preenchi‐ de frente para o auxiliar faz a venipunção seguindo os mesmos pas‐
mento; sos utilizados para a punção em adulto;
- Tão logo o sangue flua para dentro do tubo coletor, o garrote - Crianças maiores, de forma geral, colaboram para que possa
deve ser retirado. Porém, se a veia for muito fina o garrote poderá fazer uma venipunção sentada. Existem duas maneiras confortá‐
ser mantido; veis de se posicionar uma criança.
- Quando o tubo estiver cheio e o fluxo sanguíneo cessar, re‐
mova-o do adaptador trocando-o pelo seguinte;
Uma delas é colocar a criança de lado, no colo do acompa‐
- Acoplar o tubo subsequente em ordem específica a cada um
nhante, ficando de lado para o coletador. Um dos braços da crian‐
dos exames solicitados, sempre seguindo a sequência correta de
ça ficará abraçando o acompanhante e o outro posicionado para
coleta;
o coletador. Dessa forma, o acompanhante desviará a atenção da
- À medida que forem preenchidos os tubos, homogeneizá-los
criança para si segurando o rosto da mesma com uma das mãos. O
gentilmente por inversão (4 a 6 vezes); Nota: Agitar vigorosamente
auxiliar ficará posicionado ao lado do coletador onde com uma das
pode causar espuma ou hemólise; Não homogeneizar ou homoge‐
mãos segurará o braço da criança próximo ao garrote e com a outra
neizar insuficientemente os tubos de Sorologia pode resultar em
uma demora na coagulação; Nos tubos com anticoagulante, homo‐ mão próximo ao pulso. O coletador de frente para a criança faz a
geneização inadequada pode resultar em agregação plaquetária e/ venipunção seguindo os mesmos passos utilizados para a punção
ou microcoágulos. em adulto;
- Tão logo termine a coleta do último tubo retirar à agulha; A outra, é colocar a criança no colo do acompanhante, de fren‐
- Com uma mecha de algodão exercer pressão sobre o local da te para ele com as pernas abertas e entrelaçadas a seu corpo, na
punção, sem dobrar o braço, até parar de sangrar; altura da cintura. O acompanhante estará abraçado a criança e de
- Uma vez estancado o sangramento aplicar uma bandagem; costas ou de lado para o coletador. O braço da criança ficará es‐
- A agulha deve ser descartada em recipiente próprio para ma‐ tendido na direção do coletador sob o braço do acompanhante. O
teriais infecto contaminantes; auxiliar ficará posicionado ao lado do coletador onde com uma das

57
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
mãos segurará o braço da criança próximo ao garrote e com a outra letar sangue capilar e venoso. Desde que o método tradicional para
mão próximo ao pulso. O coletador de frente para a criança faz a a coleta de sangue a vácuo não seja possível em neonatos e bebês
venipunção seguindo os mesmos passos utilizados para a punção deve-se recorrer ao sistema de microcoleta. A microcoleta pode ser
em adulto realizada de várias formas:
- amostra capilar com microtubos e funil;
Cuidados Básicos com o Paciente após a Coleta - amostra capilar com microtubos e tubo capilar;
- Pacientes idosos ou em uso de anticoagulantes, devem man‐ - amostra venosa com escalpe (butterfly);
ter pressão sobre o local de punção por cerca de 3 minutos ou até - amostra venosa com cânula-Luer.
parar o sangramento.
- Orientar para não carregar peso imediatamente após a co‐ A Técnica para microcoleta de sangue capilar: Antes de iniciar
leta. uma microcoleta, certificar-se de que o material abaixo será de fácil
- Observar se não está usando relógio, pulseira ou mesmo ves‐ acesso:
timenta que possa estar garroteando o braço puncionado. - Microtubos necessários à coleta;
- Orientar para não massagear o local da punção enquanto - Etiquetas para identificação do paciente;
pressiona o local. - Luvas;
- A compressão do local de punção é de responsabilidade do - Swabs de algodão embebida em álcool etílico a 70%;
coletor. Se não puder executá-lo, deverá estar atento à maneira do - Gaze seca e estéril;
paciente fazê-lo. - Lancetas;
- Bandagem, esparadrapo;
Dificuldades na Coleta: Algumas dificuldades podem surgir pela - Descartador de material perfurocortante.
inexperiência do uso do sistema a vácuo, sendo a mais frequente
a falta de fluxo sanguíneo para dentro do tubo. Possíveis causas: Antes de iniciar a punção:
- A punção foi muito profunda e transfixou a veia. Solução: re‐ - Acoplar o microtubo ao tubo carregador ou de transporte.
trair a agulha. - Manter o microtubo conectado ao tubo carregador numa es‐
- A agulha se localizou ao lado da veia, sem atingir a luz do vaso. tante de sustentação.
Solução: apalpar a veia, localizar sua trajetória e corrigir o posicio‐ - Introduzir o funil ou tubo capilar através da tampa de borra‐
namento da agulha, aprofundando-a. cha.
- Aderência do bisel na parede interna da veia. Solução: des‐
conectar o tubo, girar suavemente o adaptador, liberando o bisel Após o material estar preparado, iniciar a punção:
e reiniciar a coleta. - Verificar quais os exames a serem realizados;
- Colabamento da veia. Solução: diminuir a pressão do garrote. - Aquecer a falange distal ou o calcanhar a ser puncionado
usando uma bolsa de água-quente ou friccionando o local da pun‐
ção para estimular a vascularização;
Outras situações podem ser criadas no momento da coleta, di‐ - Lavar e secar as mãos;
ficultando-a: - Calçar luvas;
- Agulha de calibre incompatível com a veia. - Fazer antissepsia do local com algodão embebido em álcool
- Estase venosa devido a garroteamento prolongado. etílico a 70%;
- Bisel voltado para baixo. - Secar o local da punção com uma gaze estéril;
Microcoleta de sangue capilar e venoso para neonatos e bebês - Selecionar a lanceta;
- Segurar firmemente o neonato ou bebê, para evitar movi‐
A microcoleta é um processo de escolha para obtenção de san‐ mentos imprevistos.
gue venoso ou periférico, especialmente em pacientes pediátricos,
quando o volume a ser coletado é menor que o obtido através de Punção digital: Posicionar o dedo e introduzir a lanceta de for‐
tubos a vácuo convencionais. O sangue obtido de punção capilar é ma perpendicular na face lateral interna da falange.
composto por uma mistura de sangue de arteríola e vênulas além
de fluidos intercelular e intersticial. O sangue capilar pode ser assim Punção no calcanhar: Posicionar o calcanhar entre o polegar e
obtido: punção digital - através de perfuração com lanceta na face o indicador e introduzir a lanceta de forma perpendicular na face
palmar interna da falange distal do dedo médio. lateral interna ou externa do calcanhar, evitando a região central.
Punção de calcanhar - através de perfuração com lanceta na A punção deve ser feita perpendicularmente à superfície da pele e
face lateral plantar do calcanhar. Há uma relação linear entre o vo‐ não de outra forma, pois poderá causar inflamações.
lume de sangue coletado e a profundidade da perfuração no local - Desprezar a primeira gota, por conter maior quantidade de
da punção. Portanto, a lanceta, deverá ser selecionada de acordo fluidos celulares do que sangue. Colher a amostra a partir da se‐
com o local a ser puncionado e a quantidade de sangue necessá‐ gunda gota. Nem sempre os neonatos sangram imediatamente; se
ria. Em neonatos e bebês, a profundidade da incisão é crítica, não a gota de sangue não fluir livremente, efetuar uma massagem leve
devendo ultrapassar 2.4 mm., caso contrário, haverá a possibilida‐ para se obter uma gota bem redonda (esta massagem no local da
de de causar sérias lesões no osso calcâneo e falange. Isto pode punção não deve ser firme e nem causar pressão, pois pode ocorrer
ser evitado usando lancetas de aproximadamente 2 - 2.25 mm. de contaminação).
profundidade, com disparo semiautomático com dispositivo de se‐ - As gotas de sangue são captadas pelo funil ou tubo-capilar;
gurança; - Quando o microtubo estiver com o seu volume completo, tro‐
Utilização do Método Microcoleta: A coleta de sangue em be‐ que-o pelo subsequente, na sequência correta de coleta. Atenção:
bês e neonatos é frequentemente problemática e difícil, necessi‐ ao coletar amostras com capilar, o tubo de EDTA sempre deve ser
tando um profissional experiente e capacitado. O sistema de mi‐ o primeiro e em seguida o de sorologia (Esta sequência é oposta ao
crocoleta facilita muito o trabalho, contribuindo para que a coleta da coleta tradicional para sangue venoso, mas minimiza o efeito de
possa ser mais fácil, segura e eficiente. Dessa forma é possível co‐ influência da coagulação nos resultados de análise).

58
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- Após a coleta do último microtubo, o funil ou tubo-capilar - Colher fezes em recipiente limpo de boca larga, tomando
deve ser removido e descartado. Agora o microtubo pode ser gen‐ cuidado de não contaminar as fezes com a urina ou água do vaso
tilmente homogeneizado. Nota: Agitar vigorosamente pode causar sanitário.
espuma e hemólise. Nos microtubos com anticoagulante, homoge‐ Usando uma pazinha, colher uma porção de fezes do tamanho
neização inadequada pode resultar em agregação plaquetária e/ou de uma noz e colocar no frasco coletor. Se for observado presença
microcoágulos. de muco ou sangue, colher também esta porção “feia” das fezes,
- Após a coleta, pressionar o local da punção com gaze seca sendo muito importante para análise. Tampar bem o frasco e iden‐
estéril até parar o sangramento. tificar com seu nome completo e encaminhar ao laboratório.
- Descartar todo o material utilizado na coleta nos descartado‐
res apropriados. Tipos de exames de Fezes
Exame parasitológico simples: Pode ser colhida em qualquer
Técnica para microcoleta de sangue venoso: Os locais de pun‐ horário do dia. Enviar ao laboratório em até 2 horas após a coleta,
se em temperatura ambiente, caso não seja possível, conservá-la
ção em bebês e neonatos, geralmente são as veias na cabeça, dorso
em geladeira no máximo 14 horas até a entrega ao laboratório.
das mãos e dos pés, e do braço. A área escolhida para ser punciona‐
Exame parasitológico com conservante: Paciente irá receber
da deve ser mantida imobilizada onde a visualização da veia pode
um kit contendo 3 frascos coletores (2 com líquido conservante e 1
ser melhorada aplicando um garroteamento por poucos segundos
sem conservante). Seguir o procedimento básico de coleta de fezes
e/ou aquecendo ou friccionando a área.
porém a coleta deverá ser realizada em dias alternados, pelo menos
- Antes de iniciar a punção: acoplar o microtubo ao tubo car‐
1 dia de intervalo entre as coletas. Coletar uma amostra em cada
regador ou de transporte. Introduzir o funil através da tampa de frasco, fechar e agitar para dissolver as fezes no líquido. Conservar
borracha. em geladeira a medida em que forem sendo coletadas. A última
- Puncionar a veia utilizando um butterfly ou cânula luer. amostra deve ser colocada no frasco sem conservante. Tampar
- Deixar que o sangue goteje para dentro do microtubo até bem, identificar com nome completo e encaminhar ao laboratório.
completar o volume. Encaminhar ao laboratório em até 2 horas após a última coleta, se
- Remova a cânula ou butterfly, retire o funil e descarte todo o em temperatura ambiente, ou no máximo 14 horas se refrigerada.
material utilizado na coleta no descartador apropriado. Exame parasitológico seriado: Você vai receber 3 frascos cole‐
- Inverter os microtubos de 4-6 vezes, para uma homogeneiza‐ tores sem conservante. Seguir o procedimento básico de coleta de
ção perfeita. fezes. Colher as fezes em dias alternados. A cada coleta encaminhar
a amostra ao laboratório em até 2 horas em temperatura ambiente
Como coletar Urina ( amostra ocasional): Procedimento Básico. ou no máximo 14 horas se refrigerada.
Utilizar o kit fornecido pelo laboratório gratuitamente com instru‐
ções específicas.- Fazer uma higiene íntima rigorosa em sua casa, Cultura de Fezes: Seguir o procedimento básico de coleta de
usando sabonete e água; enxaguar bem com água abundante e fezes. Após a coleta, encaminhar ao laboratório em até 3 horas,
secar bem com uma toalha limpa.- Coletar a primeira urina da ma‐ se em temperatura ambiente ou em até 6 horas se refrigerada.
nhã ou 2 horas após a última micção.- Desprezar o primeiro jato da Caso esteja usando antibióticos, esperar 7 dias após o término do
urina no vaso sanitário, coletar no copo descartável o jato do meio, medicamento para colher as fezes. Caso seja necessário o uso de
mais ou menos ( até a metade do copo) desprezando o restante da laxantes, são permitidos apenas os à base de sulfato de magnésio.
micção no vaso sanitário.- Imediatamente, passar a urina do copo Consulte seu médico.
para o tubo, até preencher totalmente, fechar e muito bem e iden‐
tificar com seu nome completo e ou etiquetar com etiqueta própria Crianças muito pequenas: Não utilizar as fezes da fralda quando
do laboratório. estiverem diarreicas ou líquidas, solicitar coletores infantis forneci‐
dos. No caso de fezes consistentes, encaminhar condicionalmente
Cuidados para realizar a coleta de Urina: Jejum: não é necessá‐ para o responsável do setor analisar se a quantidade é suficiente.
rio. Retenção Urinária: pode ser a primeira da manhã ou o tempo Encaminhar ao laboratório em até 3 horas se em temperatura am‐
mínimo de 2 horas de retenção. Evite a ingestão excessiva de líqui‐ biente ou em até 6 horas se refrigerada.
dos. Para crianças muito pequenas: usar coletor infantil fornecido
pelo laboratório coleta realizada de acordo com o laboratório. Coleta para pesquisa de sangue oculto: Fazer dieta prévia de 3
dias e no dia da coleta do material; Dieta deve ser com exclusão de:
Tipos de exames de Urina: Exame de Urina tipo I de material Carne (vermelha e branca); Vegetais (rabanete, nabo, couve-flor,
enviado (o procedimento básico de urina deverá ser realizado no brócolis e beterraba);Leguminosas (soja, feijão, ervilha, lentilha,
laboratório de acordo com a solicitação médica). Realizar o proce‐ grão-de-bico e milho); Azeitona, amendoim, nozes, avelã e casta‐
dimento básico de coleta em sua própria residência. Encaminhar nha; Não usar medicamentos irritantes da mucosa gástrica (Aspiri‐
ao laboratório até 2 horas após a coleta. Exame de Urina tipo I com na, anti-inflamatórios, corticoides...). Se utilizar, informar ao Labo‐
assepsia- Cultura de Urina. O procedimento básico de coleta de Uri‐ ratório no momento da entrega do material; Evitar sangramento
na deverá ser realizado no laboratório, de acordo com a solicitação gengival (com escova de dente, palito...).
médica. Se ocorrer, informar ao Laboratório no momento da entrega
do material. Manter refrigerado por no máximo 14 horas.
Crianças muito pequenas: A coleta pode ser realizada no labo‐
ratório, onde haverá troca de coletores e assepsia a cada 30 minu‐ Os exames complementares fornecem informações necessá‐
tos, realizada pela Equipe. Ou pode trazer a Urina colhida em casa,
rias para a realização do diagnóstico de uma determinada alteração
em coletores fornecidos pelos laboratórios. Mas deve-se fazer uma
ou doença. Vale ressaltar que a realização ou solicitação de um exa‐
higiene intima rigorosa na criança, antes de colocar o coletor.
me complementar devem ser direcionar levando-se em considera‐
ção os dados obtidos através da anamnese e exame físico, sabendo
Como coletar Fezes: Procedimento básico.
exatamente o que pretende-se obter e conhecendo corretamente
- Utilizar o kit fornecido pelo laboratório com instruções espe‐
o valor e limitações do exame solicitado.
cíficas.

59
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Exames de Imagem Na anamnese, o dentista deve interrogar sobre a ocorrência
Radiografia: É de uso comum em todas as especialidades e de de hemorragias, analisando fatores importantes como: local, dura‐
uso frequente em odontologia. Para avaliação de lesões bucais é ção e a gravidade da perda de sangue, causa aparente de hemor‐
principalmente utilizada quando afetam tecido ósseo, principal‐ ragia, aparecimento de hematoma e os antecedentes familiares de
mente maxila e mandíbula. Em determinadas situações, a radiogra‐ hemorragia. Ao suspeitar de condição hemorrágica, o profissional
fia será conclusiva, como na detecção de corpos estranhos, dentes deverá solicitar os exames adequados. Caso os exames revelem
retidos, anedotas parciais, fraturas radiculares e anomalias de po‐ alterações de normalidade, o paciente deve ser encaminhado ao
sição. hematologista para que o tratamento seja efetuado.
Sialografia: É o exame radiográfico das glândulas salivares A nível odontológico, a verificação do tempo de coagulação
maiores após a injeção de substância como meio de contraste, re‐ (TC), tempo de sangramento (TS) e realização do teste de fragilida‐
velando detalhadamente o seu sistema excretor. É usada no estudo de capilar (FC), são exames simples, realizáveis no próprio consultó‐
anatômico e funcional das glândulas parótidas e submandibulares rio, de fácil interpretação e suficientes para verificar a presença de
com suspeita de anomalias como síndrome de Sjögren, sialoadeni‐ alterações significativas na hemostasia.
tes crônicas e tumores. O hemograma é uma bateria de exames complementares.
Consiste na contagem de glóbulos vermelhos e brancos, dosagem
Ultrassonografia: A ultrassonografia (US) ou ecografia é um de hemoglobina, determinação do valor globular médio, contagem
método exclusivamente anatômico, propiciando a realização da específica de leucócitos e, eventualmente, na contagem de plaque‐
“macroscópica patológica” in vivo através de vibrações de alta tas. O hemograma está indicado nos processos infecciosos agudos,
frequência 7-10MHz que se refletem nas interfaces de tecidos de nos infecciosos supurativos ou não, nos alérgicos específicos, nas
diferentes densidades. Nas intensidades utilizadas para fins diag‐ moléstias leucopênicas e nas moléstias próprias do aparelho he‐
nósticos não produz alterações nos tecidos que atravessa. A ultras‐ matopoiético. A interferência na série vermelha é pequena nestes
sonografia é utilizada principalmente nas patologias das glândulas processos. Entretanto, o hemograma fornece informações precisas
tireoide e paratireoide, glândulas salivares e massas cervicais. nos estados anêmicos, evidenciando o número, forma, tamanho e
coloração das hemácias, proporcionando melhor identificação das
Tomografia Computadorizada: A tomografia computadorizada anemias.
(TC) foi descoberta em 1972 na Inglaterra por Godfrey Hounsfield
e James Ambrose. O aparelho de TC consiste basicamente de um Exame de Urina: A urina é o resultado da filtração de plasma
tubo de raios X que emite raios em intervalos, enquanto roda 180o pelo glomérulo e dos processos de reabsorção e excreção exerci‐
em torno da cabeça do paciente. A grande vantagem da TC sobre os dos pelos túbulos renais. O exame de urina é outro componente
outros métodos radiográficos é que num mesmo estudo avalia as laboratorial valioso na rotina do complexo pré-operatório. É um
dos demonstradores das numerosas manifestações de doenças sis‐
estruturas ósseas e os componentes de partes moles, usando dose
têmicas. Os elementos de maior importância no exame de urina
de irradiação menor para o paciente do que uma planigrafia linear
e que devem ser analisados são: densidade, volume, cor, aspecto,
ou multidirecional.
pH, glicosúria, acetonúria, piúria, hematúria e bile.
Ressonância Nuclear Magnética: É considerada com um dos
Outros Exames
maiores avanços da medicina em matéria de diagnóstico por ima‐
O dentista pode ainda solicitar outros tipos de exames labora‐
gem neste século. Seus princípios são bastante complexos e envol‐
toriais como: reação do Machado-Guerreiro, na doença de Chagas;
vem conhecimentos nas mais diversas áreas das ciências exatas. A reação de Montenegro, que é uma prova intradérmica, para diag‐
grande vantagem da RNM está segurança, já que não usa radia‐ nóstico de Leishmaniose brasiliense; reação de Sabin e Feldman,
ção ionizante. Os prótons dos tecidos são submetidos a um campo na toxoplasmose; reação de Mantoux, na tuberculose; reação de
magnético e tendem a alinharem-se contra ou a favor desse campo. Mitsuda na hanseníase (lepra).
O Contraste da imagem em RNM é baseado nas diferenças de sinal Além dos anteriormente mencionados, podem ter aplicação
entre distintas áreas ou estruturas que comporão a imagem. na clínica odontológica a taxa de glicemia e exames sorológicos
A RNM tem a capacidade de mostrar características dos dife‐ para lues. São bem conhecidos os problemas que podem aparecer
rentes tecidos do corpo com um contraste superior a Tomografia no tratamento odontológico de um paciente diabético. O dentista
Computadorizada (TC) na resolução de tecidos ou partes moles. deve estar sempre atento, a fim de detectar sinais e sintomas que
Apesar de grande aplicabilidade a RNM tem algumas desvantagens. possam sugerir a presença de tal afecção. A dificuldade de cicatriza‐
Por utilizar campos magnéticos de altíssima magnitude, é poten‐ ção, hálito cetônico, xerostomia, história de poliúria e sede exces‐
cialmente perigosa para aqueles pacientes que possuem implantes siva são dados que indicam a requisição da determinação da taxa
metálicos em seus organismos, sejam marcapassos, pinos ósseos de glicemia. Se esta apresentar alta dosagem, estará confirmada a
de sustentação, clips vasculares e etc. Esses pacientes devem ser hipótese clínica de diabetes e o paciente deve ser encaminhado ao
minuciosamente interrogados e advertidos dos riscos de aproxima‐ médico para tratamento. A presença de úlceras e placas na mucosa
rem-se de um magnético e apenas alguns casos, com muita obser‐ bucal, o clínico deve pensar na possibilidade de etiologia luética e
vação, podem ser permitidos. Outra desvantagem está na pouca requisitar, quando julgar necessário, os exames complementares
definição de imagem que a RNM tem de tecidos ósseos normais, se específicos que irão ou não confirmar tal suspeita.
comparada à TC, pois esses emitem pouco sinal. Citologia Esfoliativa: É um método laboratorial que consiste
basicamente na análise de células que descamam fisiologicamente
Exames Laboratoriais da superfície. Não é um método recente e sua utilização é ante‐
Exames Hematológicos: A maioria das doenças hematológicas rior à metade do século XIX. Deve-se a Papanicolau & Traut, em
determina o aparecimento de significativas manifestações bucais. 1943, com a apresentação e valorização dos achados citológicos em
Muitas vezes estas são as primeiras manifestações clínicas da doen‐ colpocitologia, a aceitação universal do método no diagnóstico do
ça fazendo com que, em muitas ocasiões, o dentista seja o primeiro câncer da genitália feminina. Em 1951, Muller e col. utilizaram a
profissional a suspeitar ou mesmo diagnosticar graves doenças sis‐ citologia na mucosa bucal. Folson e col., em 1972, justificaram bem
têmicas de natureza hematológica. a razão do método útil e válido:

60
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
-sob condições normais, existe uma forte aderência entre as classe III - células sugestivas, mas não conclusivas de maligni‐
camadas mais profundas do epitélio, o que dificulta a sua remoção. dade.
- nas lesões malignas e em alguns processos benignos, essa classe IV - células fortemente sugestivas de malignidade.
aderência ou coesão celular é bastante frágil, o que permite facil‐ classe V - células indicando malignidade.
mente sua remoção.
- nos processos malignos, as células apresentam alterações ca‐ Sempre que o resultado estiver enquadrado nas classes III, IV e
racterísticas especiais que as diferenciam das células normais, tais V se faz necessária a biópsia para confirmar resultado. Atualmente
como: núcleos irregulares e grandes, bordas nucleares irregulares os patologistas preferem descrever a alteração, isto é, presença ou
e proeminentes, hipercromatismo celular, perda da relação núcleo- ausência de células malignas.
citoplasma, nucléolos proeminentes e múltiplos, discrepância de A citologia esfoliativa da mucosa bucal não teve um desenvol‐
maturação em conjunto de células, mitoses anormais e pleomor‐ vimento acentuado, talvez em decorrência do número de resulta‐
fismo celular. dos falsos negativos que podem ocorrer, principalmente pela de‐
- cerca de 90% dos tumores malignos de boca são de origem ficiência, na coleta do material e de citopatologistas experientes.
epitelial, o que vem favorecer o uso de citologia esfoliativa. Considera-se que a citologia esfoliativa não é um método que
propicie o diagnóstico definitivo de uma lesão mas, é de grande va‐
A fidelidade da citologia esfoliativa na detecção do câncer bu‐ lia para orientação diagnóstica, o que equivale a afirmar que deve
cal foi demonstrada em diversos trabalhos. Entre eles, ressalta o ser feita, mas nunca em detrimento da análise histopatológica.
resultado de um estudo citológico e histopatológico realizado com
118.194 indivíduos no programa “Oral Exfoliative Cytology Vetera‐ Biópsia: É um procedimento cirúrgico simples, rápido e seguro,
nis Administration Cooperative Study, Washington, D.C.” publica‐ em que parte da lesão ou toda a lesão de tecido mole ou ósseo
dos por Sandler em 1963. Em 592 lesões encontradas na amostra, é removida, para estudo de suas características microscópicas. A
os resultados citológicos e histopatológicos foram semelhantes em biópsia permite fazer uma correlação entre os achados clínicos e
577 casos, o que conferiu à citologia uma fidelidade de 97%. histopatológicos determinando, na grande maioria dos casos, o
Valor de citologia esfoliativa no diagnóstico de lesões benignas diagnóstico definitivo.
de boca, é revelado por sua aplicação na confirmação de diagnósti‐
co de outras entidades como pênfigos, herpes, paracoccidioidomi‐ Indicações
cose, candidose, lesões císticas por aspiração do conteúdo líquido e - toda lesão cuja história e características clínicas não permi‐
esfregaço do material obtido. tam elaboração do diagnóstico e que não apresente evidência de
cura dentro de um período não superior a duas semanas;
Vantagens - em tecidos retirados cirurgicamente, quando ainda não se
- método simples e praticado sem anestesia; tem um diagnóstico prévio;
- rápida execução; - lesões intraósseas que não possam ser positivamente identi‐
- não leva paciente ao estado de ansiedade provocado, às ve‐ ficadas através de exames de imagem.
zes pela biópsia;
- barato. Contraindicações
- tumores encapsulados (para não provocar difusão para teci‐
Limitações dos vizinhos). Ex: Adenoma pleomórfico em glândula parótida;
- evidencia apenas lesões superficiais; - em lesões angiomatosas (Ex. hemangioma), a indicação de
- o diagnóstico geralmente não é fundamentado num resulta‐ biópsia deve ser criteriosa e quando realizada deve seguir normas
do positivo para malignidade, pois neste caso a biópsia será indis‐ de segurança evitando complicações, principalmente hemorragia.
pensável para confirmação definitiva; A realização de biópsia em lesões pigmentadas da mucosa oral
- em caso de malignidade sempre indica a necessidade de uma não necessita de margem de segurança. Atualmente sabe-se que
biópsia, e em caso de resultado negativo pode permanecer a dú‐ uma lesão pigmentada que foi biopsiada e diagnosticada como me‐
vida. lanoma não tem seu prognóstico alterado por ter sido biopsiada
previamente à cirurgia.
Indicações Não biopsiar áreas de necrose porque não há detalhes celula‐
- infecções fúngicas (candidose, paracoccidioidomicose); res.
- doenças autoimunes (pênfigo);
- infecções virais (herpes primária, herpes recorrente). Tipos de biópsia
Contraindicações Biópsia incisional: apenas parte da lesão é removida. É indicada
- lesões profundas cobertas por mucosa normal; em caso de lesões extensas ou de localização de difícil acesso.
- lesões com necrose superficial; Biópsia excisional: toda a lesão é removida. É indicada em le‐
- lesões ceratóticas. sões pequenas e de fácil acesso.

Procedimento A amostra deve ser enviada ao laboratório para exame histo‐


O exame fundamenta-se na raspagem das células superficiais patológico sempre acompanhada de um relatório onde são discri‐
de uma determinada lesão, confecção do esfregaço sobre a lâmina minados os seguintes dados: data da biópsia, nome, idade e sexo
de vidro, fixação, coloração e exame microscópico. O resultado da do paciente, nome do operador, local da biópsia, descrição breve
citologia esfoliativa é fornecido de acordo com o código de classifi‐ dos aspectos clínicos da lesão e hipóteses diagnósticas. Em caso de
cação de esfregaço apresentado por Papanicolau & Traut e modifi‐ biópsia óssea enviar radiografia.
cado por Folson e col.
classe 0 - material inadequado ou insuficiente para exame. Sequência de biópsia
classe I - células normais. - infiltração da solução anestésica na periferia da lesão ou usar‐
classe II - células atípicas, mas sem evidências de malignidade. -se de anestesia regional.

61
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- incisão do tecido a ser biopsiado (bisturi ou punch); Para a realização do exame utiliza-se o cito-aspirador, que é
- preensão da peça com pinça “dente de rato”; um aparelho onde acopla- se uma seringa de l 0 ml com uma agulha
- corte ou remoção da peça com tesoura ou mesmo bisturi; de 2,0 cm, calibre 24. Após a fixação do nódulo a agulha é introduzi‐
- colocação do tecido removido em vidro com formol 10%; da e movimentada rapidamente com pressão negativa. O material
- sutura da região quando necessário; aspirado é colocado em laminas de vidro que posteriormente serão
- relatório do espécime e envio ao laboratório examinadas. O exame praticamente não provoca nenhum dano te‐
cidual importante e as complicações são raras, limitando-se a pe‐
Biópsia incisional com uso de punch: O punch é um instrumen‐ quenos hematomas e discreta dor local que cessa em geral em al‐
to cilíndrico oco, de extremidade afiada, biselada, com vários diâ‐ gumas horas. Nos casos de biópsia de lesões profundas em órgãos
metros, sendo os mais utilizados de 4,5 e 6 mm. A outra extremi‐ como fígado, pâncreas, pulmões, onde se utiliza agulha mais longa
dade é o cabo que irá auxiliar a pressão e a rotação do instrumento e mais calibrosa, torna-se necessária observação médica e repouso.
sobre o tecido a ser biopsiado. A peça em forma cilíndrica é libera‐
da seccionando-se com um tesoura e tracionando-a com auxílio de Exame de Congelação
uma pinça “dente de rato”. Os espécimes são de muita boa qualida‐ É realizado durante o ato cirúrgico quando houver a necessi‐
de, não macerados, facilitando o trabalho do patologista. dade de se definir a natureza da lesão (benigna ou maligna) ou para
avaliar se as margens de ressecção cirúrgica estão livres ou comprome‐
Biópsia incisional com uso de saca-bocados: Os saca-bocados tidas pela neoplasia. É realizado através do congelamento do fragmen‐
são pinças com parte ativa em ângulo e com a ponta em forma de to a ser analisado, que é cortado e corado em uma lâmina de vidro que
concha que ao ser fechada corta o fragmento de tecido. Por ma‐ será estudada pelo patologista para obter as informações necessárias.
cerarem demasiadamente os tecidos, esses instrumentos são em‐ Este é um procedimento preliminar com indicações precisas uma vez
pregados com muita raridade. São utilizados em lesões de difícil que apresenta restrições devido a limitações próprias do método.
acesso, especialmente na borda lateral posterior da língua e na
orofaringe. Exames Complementares – Objetivos
Complicações das biópsias. Variam de acordo com localização, - Comentar o emprego dos exames complementares no diag‐
tamanho e relação destas com órgãos vizinhos. As complicações nóstico de lesões.
mais frequentes são: hemorragias, infecções e má cicatrização. - Discutir o emprego de exames de imagens radiográficas,
Principais causas de erros e falhas das biópsias: sialográficas, tomografias computadorizadas, ressonância nuclear
- falta de representatividade do material colhido; magnética e ultrassonografia, utilizados no diagnóstico de lesões
- manipulação inadequada da peça; buco-maxilo-faciais.
- fixação inadequada; - Discutir o emprego de exames hematológicos e de urina no
- introdução de anestésico sobre a lesão; diagnóstico de lesões de interesse odontológico.
- uso de substâncias antissépticas corantes; - Discutir o emprego de outros exames laboratoriais solicitados
- informações deficientes; pelo C.D. no diagnóstico de lesões bucais.
- troca de material pelo clínico ou pelo laboratório - Conceituar citologia esfoliativa.
- Descrever as vantagens e limitações da C.E.
Biópsia Aspirativa com Agulha Fina: É um método utilizado - Citar as indicações de C.E.
para análise citológica de material obtido através da aspiração por - Comentar as contraindicações da C.E.
agulha fina. Exige preparação para a realização do procedimento e - Descrever a técnica empregada para obtenção da amostra
principalmente para a interpretação do material colhido. A coleta tecidual na C.E.
do material é realizada a nível ambulatorial dispensando a inter‐ - Demonstrar conhecimento do código de classificação de es‐
nação do paciente, com o mínimo de desconforto e sem a neces‐ fregaço de C.E.
sidade de anestesia em lesões superficiais. Em lesões profundas - Conceituar biópsias.
pode ser realizada anestesia somente na área onde a agulha será - Classificar biópsias.
introduzida. A principal indicação é para diferenciar tumores be‐ - Explicar as indicações e contraindicações da biópsia.
nignos de malignos. No entanto, em várias situações o diagnóstico - Descrever os tipos de biópsias empregados no diagnóstico de
final pode ser estabelecido. De acordo com estudos estatísticos, a lesões bucais.
punção é concordante com o diagnóstico final em 85 a 100% das - Descrever a sequência da biópsia para a obtenção de amostra
histologias, sendo utilizada em alguns casos como único recurso tecidual.
diagnóstico para planejamento do tratamento. - Demonstrar conhecimentos no emprego das biópsias incisio‐
A punção pode ser utilizada em praticamente todas as regiões nais dos tipos punch e saca- bocados.
do corpo. Entretanto, tem maior indicação em locais de difícil aces‐ - Demonstrar conhecimentos no emprego de biópsias do tipo
so, onde a biópsia convencional provocaria maior dificuldade para excisional.
realização. A tireoide e a mama são os dois principais órgãos que
- Descrever as principais causas de erros e falhas de biópsias.
mais são investigados pela técnica da punção aspirativa, pois fre‐
- Conceituar biópsia aspirativa por agulha fina.
quentemente apresentam tumorações com aumento de volume.
- Descrever as indicações da biópsia aspirativa por agulha fina.
Na região de cabeça e pescoço, além da tireoide, é utilizada princi‐
- Conceituar exame de congelação.
palmente em massas cervicais e glândulas salivares maiores..
- Descrever as indicações do exame de congelação.
Em algumas situações, lesões pequenas não palpáveis, são ob‐
servadas apenas através de exames de imagem como ultrassono‐
Eliminações
grafia, mamografia e tomografia computadorizada.
Nestes casos, a biópsia aspirativa dirigida por ultrassom ou to‐ A inconsciência é uma situação em que há uma supressão das
mografia é muito importante. Nos órgãos internos como pulmão, funções cerebrais, variando do estupor ao coma. No estupor o pa‐
fígado e próstata, a punção também pode ser guiada por exames ciente mostra sinais de inquietação quando estimulado por algo de‐
de imagem, principalmente a ultrassonografia e tomografia com‐ sagradável. Ele pode reagir ou fazer movimentos faciais ou proferir
putadorizada. sons ininteligíveis.

62
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
O coma é um estado de inconsciência no qual o paciente não Cuidados de enfermagem a paciente agonizante
percebe a si mesmo e nem ao seu ambiente. O mutismo acinético • Manter o paciente limpo e confortável na unidade;
é um estado em que não há resposta ao meio, não há movimentos, • Manter proteção de grade na cama, se o paciente apresen‐
mas os olhos permanecem abertos algumas vezes. No estado ve‐ ta-se agitado;
getativo, o paciente está acordado, mas sem função mental eficaz. • Manter o ambiente calmo, semipenumbra e boa areação;
Objetivos: • Retirar próteses dentárias;
• Manutenção das vias aéreas permeáveis; • Controlar sinais vitais;
• Avaliação neurológica; • Administrar e controlar oxigênio, se necessário;
• Obtenção de um equilíbrio hidroeletrolítico; • Se o paciente estiver com soluções endovenosas, controlar
• Obtenção de membranas mucosas orais intactas; rigorosamente o gotejamento e observar o local da punção;
• Manter integridade cutânea; • Realizar controle de eliminações urinárias e intestinais;
• Manter integridade dos olhos. • Realizar higiene oral e corporal;
• Lubrificar os lábios com vaselina;
Manutenção das vias aéreas • Realizar massagem com hidratante para ativar circulação;
Uma ventilação adequada assegurará a circulação para o cé‐ • Aplicar solução de escara em proeminências ósseas e outras
rebro. regiões do corpo do paciente;
• O paciente deverá ser colocado de lado para evitar broncoas‐ • Realizar mudança de decúbito de 2 em 2 horas para evitar
piração; formação de escara;
• Aspiração da secreção orofaríngea e traqueobrônquica, sem‐ • Administrar medicação conforme prescrição médica;
pre que necessário; • Realizar relatório de enfermagem;
• Em caso de insuficiência respiratória administrar oxigênio • Manter curativos limpos - se houver;
umidificado; • Realizar compressas úmidas com água destilada em pálpe‐
• Controle rigoroso de sinais vitais; bras, para evitar queratinização de córnea.
• Manter cabeceira no ângulo de 30º.
O trabalho em unidades de terapia intensiva é com pacientes
Nível de consciência críticos, com possibilidades de complicação. E muitas vezes o pa‐
• Verificar o nível de consciência (se está consciente, incons‐ ciente vem a óbito é preciso saber lidar com essa situação. É neces‐
ciente, confuso, desorientado); sário tratar este momento com ética independente de como o pro‐
• Verificar se há abertura ocular espontânea, a um comando de fissional encara a morte. Profissionalismo e ética são fundamentais
voz ou estímulo doloroso; neste momento.
• Avaliar pupilas quanto ao tamanho, igualdade e reatividade;
• Observar movimentos dos olhos; A equipe de Enfermagem deve permitir que os familiares te‐
• Manter os olhos umedecidos com soro fisiológico ou água nham um tempo com o cadáver, deve entregar à família os objetos
boricada para evitar lesão de córnea; pessoais, pedir para assinar o livro de protocolo além de identificar
• Observar reflexos de deglutição, pois quando ineficaz ou au‐ o cadáver com os dados pessoais, preparar o corpo e enviar ao ne‐
sente, apresenta sialorréia; crotério e fazer anotações no prontuário.
• Realizar estímulo doloroso (pressão suave, mas firme), na re‐
gião esternal ou no mamilo, quando o paciente não estiver obede‐ A preparação do corpo antes de levá-lo ao necrotério inclui:
cendo aos comandos; • Dar banho no leito se necessário
• Verificar se apresenta decorticação ou descerebração. • Retirar sondas e drenos
• Fazer curativos se necessário
Cuidados de enfermagem a paciente inconsciente • Fazer tamponamento dos orifícios com algodão ou gaze
• Administrar líquidos por sonda nasogástrica, após dieta e nos • Prender braços e pernas com atadura
intervalos; • Colocar o cadáver identificado no saco para óbito
• Se o paciente estiver com soluções endovenosas, controlar
rigorosamente o gotejamento e observar o local da punção; No prontuário as anotações de enfermagem devem conter:
• Realizar controle hidroeletrolítico; • O horário que o médico constatou o óbito; o nome do médico
• Realizar higiene oral rigorosamente para evitar a formação que constatou o óbito;
de crostas e inflamação; • O horário que avisou o Registro Geral do Hospital;
• Lubrificar os lábios com vaselina; • O tipo de óbito (mal definido, bem definido, caso de polícia,
• Realizar massagem com hidratante para ativar circulação; etc.);
• Aplicar solução de escara em proeminências ósseas e outras • A retirada de cateteres, drenos, equipamentos para suporte;
regiões do corpo do paciente; • O preparo do corpo realizado (limpeza, tamponamento, co‐
• Realizar mudança de decúbito de 2 em 2 horas, para evitar locação de próteses, curativo, vestimenta, identificação do corpo);
formação de escara; • Os pertences encaminhados juntamente com o corpo;
• Colocar bolsa de conforto nas regiões de compressão; • O horário do encaminhamento do corpo ao necrotério, Ins‐
• Apoiar os pés com travesseiros, para evitar hiperextensão; tituto Médico Legal (IML), Serviço de Verificação de Óbitos (SVO);
• Quando apresentar diurese no leito ou evacuação, trocá-lo • O encaminhamento do prontuário do paciente ao Registro
imediatamente; Geral do Hospital.
• Administrar medicação conforme prescrição médica;
• Realizar relatório de enfermagem.

63
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
1. Acolhimento e Classificação de Risco:
ENFERMAGEM NAS SITUAÇÕES DE URGÊNCIA E EMER- O acolhimento do paciente e família na prática das ações de
GÊNCIA. CONCEITOS DE EMERGÊNCIA E URGÊNCIA. atenção e gestão nas unidades de saúde tem sido importante para
ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO PRONTO SOCORRO. uma atenção humanizada e resolutiva.
ATUAÇÃO DO TÉCNICO DE ENFERMAGEM EM SITUA- A classificação de risco vem sendo utilizada em diversos países,
ÇÕES DE CHOQUE, PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA, inclusive no Brasil. Para essa classificação foram desenvolvidos di‐
POLITRAUMA, AFOGAMENTO, QUEIMADURA, INTO- versos protocolos, que objetivam, em primeiro lugar, não demorar
XICAÇÃO, ENVENENAMENTO E PICADA DE ANIMAIS em prestar atendimento àqueles que necessitam de uma conduta
PEÇONHENTOS imediata. Por isso, todos eles são baseados na avaliação primária
do paciente, já bem desenvolvida para o atendimento às situações
Enfermagem em emergência e cuidados intensivos: de catástrofes e adaptada para os serviços de urgência¹. O Enfer‐
meiro deve estar além de acolher o paciente e família, estar habili‐
a. Assistência de enfermagem em situações de urgência e tado a atendê-los utilizando os protocolos de classificação de risco.
emergência:
A urgência é caracterizada como um evento grave, que deve 2. Suporte Básico (SBV) e Avançado de Vida (SAV)
ser resolvido urgentemente, mas que não possui um caráter ime‐ A parada cardiorrespiratória é um dos eventos que requerem
diatista, ou seja, deve haver um empenho para ser tratada e pode atenção imediata por parte da equipe de saúde e o Enfermeiro tan‐
ser planejada para que este paciente não corra risco de morte. to dos serviços móveis quanto dos fixos de urgência e emergência
A emergência é uma situação gravíssima que deve ser tratada devem estar aptos.
imediatamente, caso contrário, o paciente vai morrer ou apresen‐ O protocolo American Heart Association (AHA) é a referência
tará uma sequela irreversível. de SBV e SAV utilizado no Brasil. A AHA enfatiza nessa nova diretriz
Neste contexto, a enfermagem participa de todos os processos, sobre a RCP de alta qualidade e os cuidados Pós-PCR². O SBV é uma
tanto na urgência quanto na emergência. São diversos locais onde sequência de etapas de atendimento ao paciente em risco iminen‐
os profissionais de enfermagem podem atuar como, por exemplo: te de morte sem realização de manobras invasivas e o SAV requer
• Unidades de atendimento pré-hospitalar; procedimentos invasivos e de suporte ventilatório e circulatório³.
• Unidades de saúde 24 horas;
• Pronto socorro; 3. Atendimento à Vítima de Trauma
• Unidades de terapia intensiva; Os acidentes automobilísticos e a violência são as maiores cau‐
• Unidades de dor torácica; sas de morte de indivíduos entre 15 e 49 anos na população das
• Unidade de terapia intensiva neo natal regiões metropolitanas, superando as doenças cardiovasculares e
• E até mesmo em unidades de internação. neoplasias.
Por isso, o enfermeiro vai se deparar com vítimas de trauma
Os profissionais de enfermagem devem estar atentos e prepa‐ nas urgências e emergências e deverá estar habilitado a agir de
rados para atuarem em situações de urgência e emergência, pois a acordo com os protocolos de Atendimento Pré-Hospitalar e Hos‐
capacitação profissional, a dedicação e o conhecimento teórico e pitalar ao Trauma.
prático, irão fazer a diferença no momento crucial do atendimento 4. Assistência ao Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e ao Aci-
ao paciente. dente Vascular Encefálico (AVE)
Muitas vezes estas habilidades não são treinadas e quando As doenças cardiovasculares representam uma das maiores
ocorre a situação de emergência, o que vemos são profissionais causas de mortalidade em todo o mundo e O IAM é uma das princi‐
correndo de uma lado para outro sem objetividade, com dificul‐ pais manifestações clínicas da doença arterial coronária5.
dades para atender o paciente e ainda com medo de aproximar-se O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das maiores causas
da situação. de morte e incapacidade adquirida em todo o mundo. Estatísticas
Por outro lado, quando temos uma equipe treinada, capacita‐ brasileiras indicam que o AVC é a causa mais frequente de óbito
da e motivada, o atendimento é realizado muito mais rapidez e efi‐ na população adulta (10% dos óbitos) e consiste no diagnóstico
ciência, podendo na maioria das vezes, salvar muitas vidas. de 10% das internações hospitalares públicas. O Brasil apresenta
A enfermagem trabalha diariamente com pacientes em risco a quarta taxa de mortalidade por AVC entre os países da América
de morte e que dependem deste cuidado para que mantenham Latina e Caribe.
suas vidas. As ações da equipe de enfermagem visam sempre à as‐ Então, o Enfermeiro precisa estar apto a realização da avalia‐
sistência ao paciente da melhor forma possível, expressando assim, ção clínica para identificação e atendimento precoce do IAM e AVE
a qualidade e a importância da nossa profissão. ou AVC e prevenção de complicações.
Estudar, capacitar, praticar são ações essenciais para o desen‐
volvimento profissional de enfermeiros, técnicos e auxiliares de en‐ 5. Assistência às Emergências Obstétricas
fermagem, portanto estar preocupado com as ações desenvolvidas As principais causas de morte materna no Brasil são por he‐
no dia a dia de trabalho é fundamental. morragias e hipertensão7. O Enfermeiro precisa saber como identi‐
Os serviços de Urgência e Emergência podem ser fixos a exem‐ ficar precocemente a pré-eclâmpsia e eclampsia, bem como as he‐
plo da Unidades de Pronto Atendimento e as emergências de hospi‐ morragias gestacionais e uterinas, pois é uma demanda constante
tais ou móveis como o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência dos serviços de urgência e emergência e até mesmo os que não são
(SAMU). Ainda, podem ter diferentes complexidades para atendi‐ referência em atendimento gestacional.
mento de demandas urgentes e emergentes clínicas e cirúrgicas
em geral ou específicas como unidades cardiológicas, pediátricas 1) suporte de vida em situações de traumatismos em geral;
e traumatológicas. Tem por objetivo identificar graves lesões e instituir medidas
O importante é que, independente da complexidade ou da terapêuticas e emergenciais que controlem e restabeleçam a vida.
classificação do serviço, existem 5 coisas imprescindíveis que todo Consiste em:
Enfermeiro de Urgência e Emergência deve saber. - Preparação

64
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- Triagem
- Avaliação primária
- Reanimação
- Avaliação secundária
- Monitorização e reavaliação contínua
- Tratamento definitivo

Triagem
É utilizado para classificar a gravidade dos problemas. Existe um método de cores para definir:
-VERMELHO
- LARANJA
- AMARELO
- VERDE
- AZUL

* Indica-se sempre do paciente/cliente mais grave para o menos grave.


No caso com ônus de muitos acidentados e pouca equipe/profissional; dar-se a preferência aos graves com maior chance de vida,
dentre estes o que menos utilizará material, tempo, equipamento e pessoal.

Avaliação Primária
Tem por finalidade verificar o estado da vitima e suas condições físicas /emocionais/ neurológicas.
Verifica-se:
- Obstrução das vias aéreas
- Insuficiência Respiratória
- Alterações Hemodinâmicas
- Déficit Neurológico

Usam-se os métodos das seguintes formas: A, B, C, D e E (casos sem comprometimento circulatório).


C, A, B, D e E (casos com comprometimentos circulatórios).
Significados:
A- Vias aéreas e proteção da coluna cervical
B- Respiração e ventilação
C- Circulação
D- Incapacidade neurológica
E- Exposição e controle da temperatura

Letra A: Deve-se aproximar da vitima e verificar se há alguma obstrução das vias aéreas, “a melhor forma é verbalmente, quando
você conversa e a vitima consegui te responder”. Em caso contrário deve fazer da seguinte maneira:
1- Elevação do queixo
2- Elevação da mandíbula
3- Elevação da testa (somente em casos sem trauma)

Existe uma forma mais segura e eficaz, que consiste em realizar a inspeção com cânulas (Guedell) (nasofaringe ou orofaringe).
Deve se atentar quanto o risco de lesão na coluna cervical, faça a devida imobilização.

Letra B: Manter a oxigenação adequada. Pode ser necessário de apoio:


1- Máscara facial ou tubo endotraqueal e insuflador manual.
2 - Ventilação Mecânica
Em caso de dificuldade considerar:
. Obstrução de via aérea – considerar cricotireoidotomia se outras opções falharem.
. Pneumotórax: drenar rapidamente em caso de compromisso respiratório.
. Hemotórax (ver protocolo: trauma torácico)
. Retalho costal: imobilizar rapidamente (ver protocolo: trauma torácico)
. Lesão diafragmática com herniação.

Letra C: Avaliar:
- Pulso: valorizar taquicardia como sinal precoce de hipovolemia
- Temperatura e coloração da pele: hipotermia, sudorese e palidez.
- Preenchimento capilar: leito ungueal
- Pressão arterial: inicialmente estará normotenso
- Estado da consciência: agitação como sinal de hipovolémia
Considerar relação entre % de hemorragia e sinais clínicos:

65
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Atuação:
1- RCP, se necessário.
2- Controle de hemorragia com compressão externa.
3- Reposição de volume, sendo necessários adequados acessos venosos, O traumatizado deve ter 2 acessos e com catéteres G14,
«nunca» com menos do que G16. Eventualmente, poderá ser colocado um catéter numa jugular externa ou utilizada a via intra-¬óssea (a
considerar também no adulto).
4- Em caso de trauma torácico ou abdominal grave: um acesso acima e outro abaixo do diafragma.
5- A escolha entre cristalóides e colóides não deve basear-se necessariamente no grau de choque, não estando provada qualquer
diferença de prognóstico na utilização de um ou outro. O volume a infundir relaciona-se com as perdas e a resposta clínica. Uma relação
de 1:3 e 1:1 no caso de perdas/cristalóides a administrar e perdas/colóides a administrar, respectivamente.
6- Atenção aos TCE, TVM e grávida Politraumatizada sendo à partida, ainda que discutível, de privilegiar colóides.
7- Regra geral, não utilizar soros glicosados no traumatizado, existindo apenas interesse destes no diabético ou na hipoglicemia. Por
norma, os soros administrados na fase pré-hospitalar num adulto politraumatizado não são suficientes para originar um edema pulmonar,
mesmo em doentes cardíacos. Não se deve insistir tanto na recomendação de cuidado com a possibilidade de sobrecarga numa situação
de hipovolémia, mas sim tratar esta última agressivamente.
8- Vigiar estado da consciência e perfusão cutânea, avaliando parâmetros vitais de forma seriada.
Letra D: Normalmente corrido em trauma direto no crânio ou estado de choque.

Avaliar:
- GCS (Escala Coma Glasgow) de uma forma seriada
- Tamanho simetria/assimetria pupilar e reatividade à luz
- Função motora (estímulo à dor)
Atuação:
1- Administrar Oxigênio 10 -12 l/min e atuação de acordo com protocolo específico.
2-Imobilização da coluna vertebral com colar cervical, imobilizadores laterais da cabeça, com plano duro ou maca de vácuo.

Letra E:
1- Despir e avaliar possíveis lesões que possam ter passado despercebidas, mantendo cuidados de imobilização da coluna vertebral.
Utilizar técnicas de rolamento.
2- Evitar a hipotermia. Utilizar manta isotérmica.

Manter:
1- Vigilância parâmetros vitais e imobilização.
2- Analgesia de acordo com as necessidades.

66
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Reanimação = ações para restabelecer as condições vitais do Esses cuidados iniciam-se com atitude correta ao receber os
paciente. pacientes que chegam agitados devido à dor ou ao trauma psíqui‐
co, devendo continuar no decorrer de todo o tratamento até a oca‐
Avaliação secundária sião da alta, quando os doentes e familiares são orientados quanto
Exploração detalhada da cabeça aos pés, antecedentes pes‐ aos cuidados a serem seguidos.
soais se possível. Esta deverá ser completada no hospital com rea‐
valiação e exames radiológicos pertinentes. Assistência Imediata
Muito importante: Pesquisar e presumir lesão associada em A assistência inicial deve ser prestada em ambiente que pro‐
função do mecanismo da lesão, ex. queda sobre calcâneo com fra‐ porcione condições perfeitas de assepsia, tal como uma sala cirúrgi‐
tura da coluna vertebral. ca, tendo sempre presente a importância do problema do controle
da infecção, desde o início e no decorrer do tratamento. Para o
Tipos de trauma primeiro atendimento, um mínimo de material e equipamento se
O trauma pode ser classificado de acordo com seu mecanis‐ fazem necessários na sala:
mo, este pode ser contuso ou penetrante, mas a transferência de
energia e a lesão produzida são semelhantes em ambos os tipos de EQUIPAMENTO E MATERIAL PERMANENTE:
trauma. A única diferença é a perfuração da pele. - Torpedo de oxigênio, se não contar com o sistema canalizado.
Alguns exemplos: - Aspirador de secreção.
. Trauma crânio encefálico (TCE) . Trauma Abdominal - Mesa estofada ou com coxim para receber o paciente.
. Trauma Raquimedular (medula) . Pneumotórax - Mesa auxiliar para colocar material de curativo (tipo Mayo).
. Trauma Facial - Suporte de soro.
. Trauma Torácico (pneumotórax) - Caixa com material de pequena cirurgia.
- Caixa com material de traqueostomia.
Trauma contuso (fechado): - Caixa com material de dissecção de veia.
O trauma contuso ocorre quando há transferência de energia - Material para intubação endotraqueal.
em uma superfície corporal extensa, não penetrando a pele. Exis‐ - Aparelho ressuscitador “Air-viva”.
tem dois tipos de forças envolvidas no trauma contuso: cisalha‐ - Pacotes de curativo (com tesoura, pinça anatômica, pinça
mento e compressão. dente de rato e pinça de Kocher).
O cisalhamento acontece quando há uma mudança brusca de MATERIAL DE CONSUMO
velocidade, deslocando uma estrutura ou parte dela, provocando
- Compressa de gaze de 7,5 cm x 7,5 cm.
sua laceração. É mais encontrado na desaceleração brusca do que
- Atadura de gaze de 90 x 120 cm com 8 dobras longitudinais.
na aceleração brusca.
- Ataduras de rayon e morim.
A compressão é quando o impacto comprime uma estrutura
- Atadura de gaze de malha fina impregnada em vaselina.
ou parte dela sobre outra região provocando a lesão. É freqüente‐
- Algodão hidrófilo.
mente associada a mecanismos que formam cavidade temporária.
- Ataduras de crepe.
- Luvas.
Trauma penetrante (aberto):
O trauma penetrante tem como característica a transferência
de energia em uma área concentrada, com isso há pouca dispersão Pacotes de campos cirúrgicos e aventais.
de energia provocando laceração da pele. - Fita adesiva e esparadrapo.
Podemos encontrar objetos fixados no trauma penetrante, as - Máscara e gorro.
lesões não incluem apenas os tecidos na trajetória do objeto, de‐ - Medicamentos de emergência.
ve-se suspeitar de movimentos circulares do objeto penetrante. As - Antissépticos.
lesões provocadas por transferência de alta energia, por exemplo, - Seringas de vários tamanhos.
arma de fogo, não se resumem apenas na trajetória do PAF (projétil - Agulhas e catéteres de vários calibres.
de arma de fogo), mas também nas estruturas adjacentes que so‐ - Tubos para tipagem de sangue e outras análises laboratoriais.
freram um deslocamento temporário. - Frascos de soro fisiológico.
VERIFICAR ANTES DE TRANSPORTAR
• Via aérea com imobilização cervical PROCEDIMENTO DA ENFERMAGEM
• Ventilação (com tubo orotraqueal se GCS <8) e oxigenação
• Acessos venosos e fluidoterapia EV (soro não glicosado) Na Sala de Cirurgia:
• Avaliação seriada da GCS Aplicar imediatamente sedativo sob prescrição médica, com a
• Equipamentos necessários na ambulância. finalidade de diminuir a dor, de preferência por via intra-venosa.
Ao aplicar o medicamento por esta via, deve-se aproveitar para
Tratamento Definitivo colher amostra de sangue para tipagem, assim como procurar man‐
Caracterizado pela estabilização do paciente/ cliente/ vitima, ter a veia com perfusão de soro fisiológico para posterior transfu‐
será procedido se necessário tratamento após diagnóstico médico são de sangue ou outros líquidos.
e controle de todos os sinais vitais. Retirar a roupa do paciente e colocá-lo na mesa sobre campos
esterilizados e cobrir as lesões também com campos esterilizados.
2) suporte de vida em situações de queimaduras; Preparar material para dissecção de veia ou cateterismo trans‐
O queimado necessita boa assistência de enfermagem para cutâneo “intra-cat”, e auxiliar o médico nestas operações.
que tenha uma recuperação física, funcional e psico-social, precoce Auxiliar ou executar com supervisão médica, tratamento local
A equipe de enfermagem trabalhando paralelamente à equipe de remoção de tecidos desvitalizados, limpeza sumária das áreas
médica, deve ter conhecimentos especializados sobre cuidados a queimadas, oclusão das lesões, ou ainda, preparo das mesmas para
serem prestados aos queimados. mantê-las expostas (método de exposição).

67
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Unidade de Internação: - PESCOÇO:
- Colocar o paciente no leito preparado com campos e arcos de Manter em extensão, com auxílio de coxim no dorso. A presen‐
proteção esterilizados, e também sobre coxim preparado com vá‐ ça de necrose seca ou lesões profundas, poderá provocar compres‐
rias camadas de ataduras de gaze e revestido com rayon, conforme são e garroteamento, com perturbações respiratórias. Nestes casos
a localização das queimaduras. Isto quando o método de tratamen‐ o médico executará a escarotomia.
to é o de exposição.
Controle de diurese e outras perdas de líquidos: executar cate‐ - MEMBROS SUPERIORES:
terismo vesical com sonda de demora (sonda de Foley), anotando o Os curativos oclusivos dos membros superiores, têm a finalida‐
volume urinário. Esta sonda é mantida ocluída, sendo aberta a cada de de proporcionar conforto ao paciente e facilitar atuação de en‐
hora para verificar o aspecto, volume e densidade de urina. Além fermagem. Os membros devem ser mantidos em abdução parcial e
da diurese, controlar as demais perdas líquidas, tais como: vômito, em ligeira elevação.
sudorese, exsudatos e evacuações, observando em cada caso o as‐
pecto, a freqüência e o volume. - TRONCO:
Visando evitar os fatores mecânicos, que possam reduzir a
Esses dados devem ser anotados em folha especial do prontuá‐ expansibilidade do tórax, o método mais indicado é a posição de
rio do paciente (Anexo I). Fowler e semi-Fowler. Entretanto a escolha de decúbito será feita
- Controle de Sinais Vitais: a temperatura, o pulso, a respiração, também de acordo com a área menos atingida. Se a lesão for prin‐
devem ser controlados e anotados cada 4 horas ou mais freqüente‐ cipalmente face posterior, o decúbito será ventral, sobre um coxim,
mente se o caso exigir. que será trocado todas as vezes que se fizer necessário.
Num grande queimado, dificilmente conseguimos adaptar o
manguito do aparelho de pressão, mas esta, deve ser determinada, - PERÍNEO:
sempre que possível. Para as lesões desta região, o tratamento por exposição é uti‐
Além desses sinais vitais, a pressão venosa central, deve ser lizado sistematicamente, devendo as coxas serem mantidas em ab‐
controlada através do cateter venoso. dução parcial. A higiene íntima deve ser feita com água morna e
- Controle de Administração Parenteral de Líquidos: deve ser sabão neutro, ou com solução oleosa. Em nosso serviço utilizamos
exercida vigilância constante da permeabilidade da veia, do goteja‐ a seguinte fórmula de solução oleosa:
mento e da quantidade dos líquidos em perfusão. -Cloroxilenol 0.1%.
O paciente deve receber exatamente as soluções prescritas -Essência de alfazema 1%.
dentro dos horários estabelecidos. Este controle, é facilitado pelo -Óleo de amendoim q.s.p. 100 ml.
uso do esquema adotado pelo Serviço de Queimados do H. C. da
F.M.U.S.P. (Anexo II). - MEMBROS INFERIORES:
- Alimentação: não havendo contra-indicação, oferecer ao pa‐ Manter os membros em posição anatômica, evitar a rotação
ciente uma dieta fracionada, iniciando com líquido em pequena das pernas, e prevenir o pé eqüino.
quantidade. Se o paciente não apresentar vômitos, aumentar gra‐ Também nos membros inferiores o curativo oclusivo é freqüen‐
dativamente a quantidade. Os líquidos podem ser oferecidos em temente utilizado, visando facilitar a movimentação do paciente e
forma de suco, caldo de carne e dieta especial de soja (leite, ovos, atuação da enfermagem.
caseinato de cálcio e farinha de soja). Desde que haja tolerância por Um dos cuidados fundamentais de enfermagem é a mobiliza‐
parte do paciente, passar a oferecer progressivamente dietas mais ção do doente no leito, mudança repetida de decúbito, qualquer
consistentes até chegar à dieta geral. que seja a localização das lesões.
- Higiene: proceder a limpeza diária das áreas não lesadas, com
água e sabão neutro. Manter o couro cabeludo limpo e cortar os Cuidado Relacionado ao Ambiente:
cabelos, principalmente em caso de queimadura na cabeça.Aparar
as unhas e mantê-las limpas.A tricotomia pubiana e axilar deve ser - UNIDADE DO PACIENTE E MATERIAIS DE USO PRIVATIVO:
feita semanalmente, como medida de higiene. Limpar diariamente a unidade do paciente (cama, colchão,
criado mudo e cadeira) com água, sabão, solução de-sinfetante
Cuidados Especiais Dependentes da Localização da Queima- (hipoclorito de sódio a 3%) e solução aromatizante (álcool, essên‐
dura: cia de pinho 1%, essência de alfazema a 1% e essência de lavanda
1%). Esterilizar semanalmente todos os materiais de uso pessoal
CABEÇA: do paciente, tais como: comadre, bacia, cuba rim, copos, garrafas,
- Crânio: proceder a tricotomia total do couro cabeludo. e outros.
- Face: proceder a tricotomia do couro cabeludo, nas áreas pró‐
ximas às lesões. Manter decúbito elevado, para auxiliar a regressão - PISO:
do edema. O único tipo de limpeza permitido é a limpeza úmida. Esta é
- Olhos: limpar com “cotonetes” umedecidos em água boricada facilitada quando o piso é de material lavável. Se o piso for de ma‐
a 3% e após proceder a instilação de colírio antibiótico. deira, deve ser feita a lavagem semanal, após a qual deve-se proce‐
- Ouvidos: limpar conduto auditivo externo com “cotonetes” e der a aplicação de vaselina, para a fixação das partículas de poeira
soro fisiológico. no chão.
- Orelhas: utilizar travesseiro baixo e não muito macio para não
comprimir as cartilagens a fim de prevenir deformidades. - JANELAS:
- Narinas: limpar com “cotonetes” e soro fisiológico. As janelas devem ser amplas para possibilitar iluminação e ae‐
- Boca: limpar com espátula montada com algodão ou gaze em‐ ração natural, protegidas com telas para prevenir penetração de
bebida em água bicarbonatada a 2%. insetos. Devem ser lavadas semanalmente com água, sabão e so‐
- Lábios: passar vaselina para remoção de crostas. lução desinfetante.

68
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- RESÍDUOS E ROUPAS SUJAS:
Devem ser embalados em sacos e transportados em carros fechados.
Medidas Gerais para o Controle de Infecção:
- Pesquisa de germens do ambiente, e uso de desinfetantes específicos.
- Controle de focos de infecção do pessoal da unidade (médicos, enfermeiros e outros).
- Rigoroso controle de circulação do pessoal (parentes e visitantes).
- Utilização de aventais como meio de proteção ao paciente e visitantes.
- Supervisão e controle do uso da técnica asséptica.

Portanto, o atendimento imediato do paciente queimado, visa primeiramente, salvar a sua vida, e concomitantemente, deve-se tra‐
balhar com o objetivo de evitar infecções, deformidades e minorar os traumas psíquicos. Estes objetivos devem estar sempre presentes
em todos os momentos. O primeiro consegue-se com a presença de espírito, presteza, controle e eficiência. O segundo, trabalhando
sempre com técnica asséptica. O terceiro, pensando na recuperação dos movimentos normais do paciente, os quais ele necessitará para
a sua futura reintegração à sociedade. E o último, dando-lhe ânimo, carinho e apoio

3) suporte de vida em situações de dores torácica-abdominais;


Desde os anos 60 que as unidades coronarianas tornaram-se o local ideal para investigar e tratar os pacientes com IAM. Os excelentes
resultados observados nestas unidades, em especial através do reconhecimento precoce e do tratamento eficaz das arritmias e da parada
cardíaca, fizeram com que os médicos começassem a internar também os pacientes com suspeita clínica de isquemia miocárdica aguda. O
resultado desta atitude mais liberal foi que mais da metade dos pacientes internados nas unidades coronarianas não tinham, na verdade,
síndrome coronariana aguda. Conseqüentemente, esses leitos de alta complexidade e alto custo passaram a ser ocupados também por
pacientes de baixa probabilidade de doença e baixo risco, resultando não somente em aumento da demanda desses leitos, com conse‐
qüente saturação das unidades coronarianas, mas também numa utilização sub-ótima dos recursos.
As Unidades de Dor Torácica foram criadas em 1982, e desde então vêm sendo reconhecidas como um aprimoramento da assistência
emergencial. Essas unidades visam a: 1) prover acesso fácil e prioritário ao paciente com dor torácica que procura a sala de emergência; e
2) fornecer uma estratégia diagnóstica e terapêutica organizada na sala de emergência, objetivando rapidez, alta qualidade de cuidados,
eficiência e contenção de custos.
As Unidades de Dor Torácica podem estar localizadas dentro ou adjacente à Sala de Emergência, com uma verdadeira área física e
leitos demarcados, ou somente como uma estratégia operacional padronizada, utilizando protocolos assistenciais específicos, algoritmos
sistematizados ou árvores de decisão clínica por parte da equipe dos médicos emergencistas. Entretanto, é necessário que a equipe de
médicos e enfermeiros esteja treinada e habituada com o manejo das urgências e emergências cardiovasculares.

Diagnóstico

Causas de dor torácica e diagnóstico diferencial


A variedade e possível gravidade das condições clínicas que se manifestam com dor torácica faz com que seja primordial um diagnós‐
tico rápido e preciso das suas causas. Esta diferenciação entre as doenças que oferecem risco de vida (dor torácica com potencial de fata‐
lidade), ou não, é um ponto crítico na tomada de decisão do médico emergencista para definir sobre a liberação ou admissão do paciente
ao hospital e de iniciar o tratamento, imediatamente.
Como a síndrome coronariana aguda (infarto agudo do miocárdico e angina instável) representa quase 1/5 das causas de dor torácica
nas salas de emergência, e por possuir uma significativa morbi-mortalidade, a abordagem inicial desses pacientes é sempre feita no sen‐
tido de confirmar ou afastar este diagnóstico.
Vários estudos têm sido realizados para determinar a acurácia diagnóstica e a utilidade da história clínica e do ECG em pacientes ad‐
mitidos na sala de emergência com dor torácica para o diagnóstico de infarto agudo do. A característica anginosa da dor torácica tem sido
identificada como o dado com maior poder preditivo de doença coronariana aguda.
O exame físico no contexto da doença coronariana aguda não é expressivo. Entretanto, alguns achados podem aumentar a sua pro‐
babilidade, como a presença de uma 4ª bulha, um sopro de artérias carótidas, uma diminuição de pulsos em membros inferiores, um
aneurisma abdominal e os achados de seqüela de acidente vascular encefálico. Da mesma forma, doenças não-coronarianas causadoras
de dor torácica podem ter o seu diagnóstico suspeitado pelo exame físico, como é o caso do prolapso da válvula mitral, da pericardite, da
embolia pulmonar, etc.
A figura 1 descreve as principais causas de dor torácica e que devem ser consideradas no seu diagnóstico diferencial, na dependência
das informações da história clínica, do exame físico e dos dados laboratoriais.

69
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

A descrição clássica da dor torácica na síndrome coronariana aguda é a de uma dor ou desconforto ou queimação ou sensação opres‐
siva localizada na região precordial ou retroesternal, que pode ter irradiação para o ombro e/ou braço esquerdo, braço direito, pescoço
ou mandíbula, acompanhada frequentemente de diaforese, náuseas, vômitos, ou dispnéia. A dor pode durar alguns minutos (geralmente
entre 10 e 20) e ceder, como nos casos de angina instável, ou mais de 30min, como nos casos de infarto agudo do miocárdio. O paciente
pode também apresentar uma queixa atípica como mal estar, indigestão, fraqueza ou apenas sudorese, sem dor. Pacientes idosos e mu‐
lheres frequentemente manifestam dispnéia como queixa principal no infarto agudo do miocárdio, podendo não ter dor ou mesmo não
valorizá-la o suficiente.
A dissecção aguda da aorta ocorre mais frequentemente em hipertensos, em portadores de síndrome de Marfan ou naqueles que so‐
freram um traumatismo torácico recente. Estes pacientes se apresentam com dor súbita, descrita como “rasgada”, geralmente iniciando‐
-se no tórax anterior e com irradiação para dorso, pescoço ou mandíbula. No exame físico podemos encontrar um sopro de regurgitação
aórtica. Pode haver um significativo gradiente de amplitude de pulso ou de pressão arterial entre os braços.
A embolia pulmonar apresenta manifestações clínicas muito variáveis e por isso nem sempre típicas da doença. O sintoma mais co‐
mumente encontrado é a dispnéia, vista em 73% dos pacientes, sendo a dor torácica (geralmente súbita) encontrada em 66% dos casos.
Ao exame clínico, o paciente pode apresentar dispnéia, taquipnéia e cianose.
A dor torácica no pneumotórax espontâneo geralmente é localizada no dorso ou ombros e acompanhada de dispnéia. Grande pneu‐
motórax pode produzir sinais e sintomas de insuficiência respiratória e/ ou colapso cardiovascular (pneumotórax hipertensivo). Ao exame
físico podemos encontrar dispnéia, taquipnéia e ausência de ruídos ventilatórios na ausculta do pulmão afetado.
O sintoma clínico mais comum da pericardite é a dor torácica, geralmente de natureza pleurítica, de localização retroesternal ou no
hemitórax esquerdo, mas que, diferentemente da isquemia miocárdica, piora quando o paciente respira, deita ou deglute, e melhora na
posição sentada e inclinada para frente. No exame físico podemos encontrar febre e um atrito pericárdico (que é um dado patognomô‐
nico).
O prolapso da válvula mitral é uma das causas de dor torácica freqüentemente encontrada no consultório médico e, também, na sala
de emergência. A dor tem localização variável, ocorrendo geralmente em repouso, sem guardar relação nítida com os esforços, e descrita
como pontadas, não apresentando irradiações. O diagnóstico é feito através da ausculta cardíaca típica, na qual encontramos um clique
meso ou telessistólico seguido de um sopro regurgitante mitral e/ou tricúspide.

70
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
A estenose aórtica também produz dor torácica cujas caracte‐ ECG realizado à admissão. Esta sensibilidade poderá ser aumentada
rísticas se assemelham à da doença coronariana. A presença de um para 70%-90% se utilizarmos as alterações de infradesnível de ST
sopro ejetivo aórtico e hipertrofia ventricular esquerda no ECG in‐ e/ou alterações isquêmicas de onda T, e para até 95% quando se
dica a presença da estenose aórtica mas não afasta a possibilidade realizam ECGs seriados com intervalos de 3-4h nas primeiras 12h
de síndrome coronariana aguda. pós-chegada ao hospital.
Na miocardiopatia hipertrófica a dor torácica ocorre em 75% A especificidade do ECG de admissão para ausência de IAM va‐
dos pacientes sintomáticos, e pode ter características anginosas. ria de 80 a 95% 15,31,47-49. Seu valor preditivo positivo para IAM
No exame físico podemos encontrar uma 4 bulha e um sopro sis‐ está ao redor de 75-85% quando se utiliza o supradesnível do seg‐
tólico ejetivo aórtico. O diagnóstico é feito pelo ecocardiograma mento de ST como critério diagnóstico, e o valor preditivo negativo
transtorácico. O ECG geralmente mostra hipertrofia ventricular es‐ é de cerca de 85-95%. Embora a probabilidade de infarto agudo
querda, com ou sem alterações de ST-T. do miocárdio em pacientes com ECG normal seja pequena (5%), o
As doenças do esôfago podem mimetizar a doença coronaria‐ diagnóstico de angina instável é um fato possível (e estes pacientes
na crônica e aguda. Pacientes com refluxo esofagiano podem apre‐ têm uma taxa de 5 a 20% de evolução para infarto agudo do mio‐
sentar desconforto torácico, geralmente em queimação (pirose), cárdio ou morte cardíaca ao final de 1 ano).
mas que às vezes é definido como uma sensação opressiva, loca‐ Se o método não tem acurácia diagnóstica suficiente para IAM
lizada na região retroesternal ou subesternal, podendo se irradiar ou angina instável, ele por si só é capaz de discriminar os pacien‐
para o pescoço, braços ou dorso, às vezes associada à regurgitação tes de alto risco daqueles de não-alto risco de complicações car‐
alimentar, e que pode melhorar com a posição ereta ou com o uso díacas, inclusive em pacientes com síndrome coronariana aguda
de antiácidos, mas também com nitratos, bloqueadores dos canais sem supradesnível de ST. Mesmo em pacientes com supradesnível
de cálcio ou repouso. do segmento ST na admissão, subgrupos de maior risco podem ser
A dor da úlcera péptica geralmente se localiza na região epi‐ identificados pelo ECG.
gástrica ou no andar superior do abdômen mas às vezes pode ser Monitorização da tendência do segmento ST - Em virtude da
referida na região subesternal ou retroesternal. Estas dores geral‐ natureza dinâmica do processo trombótico coronariano, a obten‐
mente ocorrem após uma refeição, melhorando com o uso de an‐ ção de um único ECG geralmente não é suficiente para avaliar um
tiácidos. Na palpação abdominal geralmente encontramos dor na paciente no qual haja forte suspeita clínica de isquemia aguda do
região epigástrica. miocárdio. O recente desenvolvimento e adoção da monitorização
A ruptura do esôfago é uma doença grave e rara na sala de contínua da tendência do segmento ST têm sido demonstrados
emergência. Pode ser causada por vômitos incoersíveis, como na como de valiosa importância na identificação precoce de isquemia
síndrome de Mallory-Weiss. Encontramos dor excruciante em 83% de repouso.
dos casos, de localização retroesternal ou no andar superior do ab‐ Em pacientes com dor torácica, sua sensibilidade para detectar
dômen, geralmente acompanhada de um componente pleurítico à pacientes com IAM foi significativamente maior do que a do ECG
esquerda. Apresenta alta morbi-mortalidade e é de evolução fatal de admissão (68% vs 55%, p<0,0001), com uma elevadíssima es‐
se não tratada. O diagnóstico é firmado quando encontramos à ra‐ pecificidade (95%), o mesmo se observando para o diagnóstico de
diografia de tórax um pneumomediastino, ou um derrame pleural síndrome coronariana aguda (sensibilidade = 34%, especificidade
à esquerda de aparecimento súbito. Enfisema subcutâneo é visto = 99,5%).
em 27% dos casos. A acurácia diagnóstica do monitor de ST também tem se mos‐
Em avaliação prospectiva em pacientes com dor torácica não trado muito boa para detectar reoclusão coronariana pós-terapia
relacionada a trauma, febre ou malignidade, 30% tiveram o seu de reperfusão, com sensibilidade de 90% e especificidade de 92%.
diagnóstico firmado como decorrente de costo-condrites. Geral‐ Além disso, a demonstração de estabilidade do segmento ST mos‐
mente esta dor tem características pleuríticas por ser desencadeada trou 100% de sensibilidade e especificidade para detecção de obs‐
trução coronariana subtotal em relação à obstrução total.
ou exacerbada pelos movimentos dos músculos e/ou articulações
O monitor de ST também tem-se mostrado como método de
produzidos pela respiração. Palpação cuidadosa das articulações ou
grande utilidade para estratificação de risco em pacientes com an‐
músculos envolvidos quase sempre reproduz ou desencadeia a dor.
gina instável ou mesmo com dor torácica de baixo risco e de etiolo‐
A dor psicogênica não tem substrato orgânico, sendo gerada
gia a ser esclarecida, constituindo-se num preditor independente e
por mecanismos psíquicos, tendendo a ser difusa e imprecisa . Ge‐
altamente significativo de morte, infarto agudo do miocárdio não‐
ralmente os sinais de ansiedade são detectáveis e com freqüência
-fatal ou isquemia recorrente.
se observa utilização abusiva e inadequada de medicações analgé‐
Assim é recomendado:
sicas. 1) Todo paciente com dor torácica visto na sala de emergência
deve ser submetido imediatamente a um ECG, o qual deverá ser
O papel do eletrocardiograma e do monitor de tendência do prontamente interpretado (Grau de Recomendação I, Nível de Evi‐
segmento ST dência B e D);
O eletrocardiograma - O eletrocardiograma (ECG) exerce pa‐ 2) Um novo ECG deve ser obtido no máximo 3h após o 1º em
pel fundamental na avaliação de pacientes com dor torácica, tanto pacientes com suspeita clínica de síndrome coronariana aguda ou
pelo seu baixo custo e ampla disponibilidade como pela relativa qualquer outra doença cardiovascular aguda, mesmo que o ECG ini‐
simplicidade de interpretação. cial tenha sido normal, ou a qualquer momento em caso de recor‐
Um ECG absolutamente normal é encontrado na maioria dos rência da dor torácica ou surgimento de instabilidade clínica (Grau
pacientes que se apresenta com dor torácica na sala de emergên‐ de Recomendação I, Nível de Evidência B e D);
cia. A incidência de síndrome coronariana aguda nesses pacientes 3) Devido à sua baixa sensibilidade para o diagnóstico de sín‐
é de cerca de 5%.. drome coronariana aguda, o ECG nunca deve ser o único exame
Diversos estudos têm demonstrado que a sensibilidade do ECG complementar utilizado para confirmar ou afastar o diagnóstico
de admissão para infarto agudo do miocárdio varia de 45% a 60% da doença, necessitando de outros testes simultâneos, como mar‐
quando se utiliza o supradesnível do segmento ST como critério cadores de necrose miocárdica, monitor do segmento ST, ecocar‐
diagnóstico, indicando que perto da metade dos pacientes com in‐ diograma e testes de estresse (Grau de Recomendação I, Nível de
farto agudo do miocárdio não são diagnosticados com um único Evidência B e D);

71
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
4) Se disponível, o monitor de tendência do segmento ST deve -MB. Por este motivo tem-se recomendado que as troponinas se‐
ser utilizado, simultaneamente, ao ECG em pacientes com dor to‐ jam atualmente consideradas como o marcador padrão-ouro para
rácica e suspeita clínica de síndrome coronariana aguda sem supra‐ o diagnóstico de IAM. Entretanto, é preciso frisar que a troponina
desnível do segmento ST para fins diagnóstico e prognóstico (Grau miocárdica pode ser também liberada em situações clínicas não‐
de Recomendação I , Nível de Evidência B); -isquêmicas, que causam necrose do músculo cardíaco, como mio‐
5) Para pacientes com IAM com supradesnível do segmento ST cardites, cardioversão elétrica e trauma cardíaco. Além disso, as
que tenham recebido terapia de reperfusão coronariana o monitor troponinas podem se elevar em doenças não-cardíacas, tais como
do segmento ST poderá ser utilizado para detectar precocemente as miosites, a embolia pulmonar e a insuficiência renal.
a ocorrência de recanalização ou o fenômeno de reoclusão corona‐ A técnica mais apropriada para a dosagem quantitativa das tro‐
riana (Grau de Recomendação IIb, Nível de Evidência poninas cardíacas é o imunoensaio enzimático (método ELISA) mas
técnicas qualitativas rápidas usadas à beira do leito também têm
Papel diagnóstico e prognóstico dos marcadores de necrose sido utilizadas com boa acurácia diagnóstica.
miocárdica A sensibilidade global das troponinas para o diagnóstico de
Os marcadores de necrose miocárdica têm um papel importan‐ IAM depende do tipo de paciente estudado e da sua probabilidade
te não só no diagnóstico como também no prognóstico da síndro‐ pré-teste de doença, da duração do episódio doloroso e do ponto
me coronariana aguda. de corte de anormalidade do nível sérico estipulado, variando de
Mioglobina - Esta é uma proteína encontrada tanto no múscu‐ 85 a 99%.
lo cardíaco como no esquelético, que se eleva precocemente após Como as troponinas são os marcadores de necrose miocárdica
necrose miocárdica, podendo ser detectada no sangue de vários mais lentos para se elevarem após a oclusão coronariana, sua sen‐
pacientes, já na primeira hora pós-oclusão coronariana. sibilidade na admissão é muito baixa (20-40%), aumentando lenta
A mioglobina tem uma sensibilidade diagnóstica para o IAM e progressivamente nas próximas 12h. Sua especificidade global
significativamente maior, que a da creatinofosfoquinase-MB (CK‐ varia de 85 a 95%, e o seu valor preditivo positivo de 75 a 95%. Os
-MB) nos pacientes que procuram a sala de emergência com me‐ resultados falso-positivos encontrados nesses estudos decorrem
nos de 4h de início dos sintomas. Estudos têm demonstrado uma da não classificação de angina instável de alto risco, como IAM, de
sensibilidade para a mioglobina de 60-80% imediatamente após a níveis de corte inapropriadamente baixos e de outras doenças que
chegada do paciente ao hospital 60-62. Sua relativamente baixa es‐ afetam sua liberação e/ou metabolismo. Devido à baixa sensibilida‐
pecificidade (80%), resultante da alta taxa de resultados falso-po‐ de das troponinas nas primeiras horas do infarto, o seu valor predi‐
sitivos, encontrados em pacientes com trauma muscular, convul‐ tivo negativo na chegada ao hospital também é baixo (50-80%), não
sões, cardioversão elétrica ou insuficiência renal crônica, limitam permitindo que se afaste o diagnóstico na admissão.
o seu uso isoladamente. Entretanto, um resultado positivo obtido Além da sua importância diagnóstica, as troponinas tem sido
3-4h após a chegada ao hospital sugere fortemente o diagnóstico identificadas como um forte marcador de prognóstico imediato e
de IAM (valor preditivo positivo ³ 95%). Da mesma forma, um resul‐ tardio em pacientes com síndrome coronariana aguda sem supra‐
tado negativo obtido 3-4h após a chegada torna improvável o diag‐ desnível do segmento ST. Esta estratificação de risco tem importân‐
nóstico de infarto (valor preditivo negativo ³ 90%), principalmente cia também para definir estratégias terapêuticas médicas e/ou in‐
em paciente com baixa probabilidade pré-teste de doença (valor tervencionistas mais agressivas a serem utilizadas nestes pacientes.
preditivo negativo ³ 95%). A baixa sensibilidade diagnóstica da troponina obtida nas primeiras
horas também não permite a avaliação do risco destes pacientes
Creatinofosfoquinase-MB (CK-MB) - A creatinofosfoquinase é na admissão hospitalar, além do que resultados negativos não ex‐
uma enzima que catalisa a formação de moléculas de alta energia e, cluem a ocorrência de eventos imediatos.
por isso, encontrada em tecidos que as consomem (músculos car‐ Assim sendo, esta diretriz recomenda:
1) Marcadores bioquímicos de necrose miocárdica devem ser
díaco e esquelético e tecido nervoso).
mensurados em todos os pacientes com suspeita clínica de síndro‐
A sensibilidade de uma única CK-MB obtida imediatamente na
me coronariana aguda, obtidos na admissão à sala de emergência
chegada ao hospital em pacientes com dor torácica para o diagnós‐
ou à Unidade de Dor Torácica e repetidos, pelo menos, uma vez nas
tico de IAM é baixa (30-50%). Já a sua utilização dentro das primei‐
próximas 6 a 9h (Grau de Recomendação Classe I e Nível de Evi‐
ras 3h de admissão aumenta esta sensibilidade para cerca de 80 a
dência B e D). Pacientes com dor torácica e baixa probabilidade de
85%, alcançando 100% quando utilizada de forma seriada, a cada
doença podem ter o seu período de investigação dos marcadores
3-4h, desde a admissão até a 9ª hora (ou 12h após o início da oclu‐
séricos reduzido a 3h (Grau de Recomendação IIa, Nível de Evidên‐
são coronariana) 17,63-66. cia B);
Da mesma forma, o valor preditivo negativo da CK-MB obti‐ 2) CK-MB massa e/ou troponinas são os marcadores bioquímicos
da até a 3ª hora pós-admissão ainda é sub-ótimo (95%), apesar de de escolha para o diagnóstico definitivo de necrose miocárdica nesses
subgrupos de pacientes com baixa probabilidade de IAM já terem pacientes (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência B e D);
este valor preditivo ³ 97% neste momento 16,17,66. Pacientes com 3) Embora a elevação de apenas um dos marcadores de ne‐
média e alta probabilidade só alcançam 100% de valor preditivo crose citado seja suficiente para o diagnóstico de IAM, pelo menos
negativo ao redor da 9 à 12ª hora. Estes dados apontam para a dois marcadores devem ser utilizados no processo investigativo:
necessidade de uma avaliação por pelo menos 9h para confirmar um marcador precoce (com melhor sensibilidade nas primeiras 6h
ou afastar o diagnóstico de IAM nestes pacientes. A especificidade após o início da dor torácica, como é o caso da mioglobina ou da
da CK-MB de 95% decorre de alguns resultados falso-positivos en‐ CK-MB) e um marcador definitivo tardio (com alta sensibilidade e
contrados principalmente quando a metodologia é a da atividade especificidade global, a ser medido após 6h _ como é o caso da
da CK-MB e não da massa. CK-MB ou das troponinas) (Grau de Recomendação I, Nível de Evi‐
dência B e D);
Troponina - As troponinas cardíacas são proteínas do comple‐ 4) Idealmente, a CK-MB deve ser determinada pelo método
xo miofibrilar encontradas somente no músculo cardíaco. Devido que mede sua massa (e não a atividade) enquanto a troponina deve
à sua alta sensibilidade, discretas elevações são compatíveis com ser pelo método quantitativo imunoenzimático (e não qualitativo)
pequenos (micro) infartos, mesmo em ausência de elevação da CK‐ (Grau de Recomendação IIa, Nível de Evidência B e D);

72
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
5) As amostras de sangue devem ser referenciadas em relação menta importante na avaliação dos pacientes com dor torácica e
ao momento da chegada do paciente ao hospital e, idealmente, ao ECG não-diagnóstico, com sensibilidade variando entre 90 e 100%
momento do início da dor torácica (Grau de Recomendação I, Nível e especificidade entre 65 e 80% para IAM. Uma cintilografia de re‐
de Evidência D); pouso negativa praticamente exclui este diagnóstico nestes pacien‐
6) O resultado de cada dosagem dos marcadores de necrose tes com baixa probabilidade de doença (valor preditivo negativo ³
miocárdica deve estar disponível e ser comunicado ao médico do 98%).
paciente poucas horas após a colheita do sangue para que sejam Além da excelente acurácia diagnóstica a cintilografia fornece
tomadas as medidas clínicas cabíveis (Grau de Recomendação I, Ní‐ importantes informações prognósticas. Aqueles pacientes com per‐
vel de Evidência B e D); fusão miocárdica normal apresentam baixíssima probabilidade de
7) Em pacientes com dor torácica e supradesnivelamento do desenvolvimento de eventos cardíacos sérios nos próximos meses
segmento ST na admissão a coleta de marcadores de necrose mio‐ 45,91.
cárdica é desnecessária para fins de tomada de decisão terapêutica A larga utilização da cintilografia miocárdica imediata de re‐
(p. ex., quando se vai utilizar fibrinolítico ou não) (Grau de Reco‐ pouso é limitada pela indisponibilidade do método nas salas de
mendação I, Nível de Evidência B). emergência, pela demora na sua realização após um episódio de
dor torácica e pelos seus custos. Entretanto, alguns grupos têm
O papel de outros métodos diagnósticos e prognósticos preconizado a realização do exame para pacientes com média ou
Os métodos diagnósticos acessórios, disponíveis nas salas de baixa probabilidade de IAM, já que um exame negativo praticamen‐
emergência para a avaliação de pacientes com dor torácica, são o te afasta este diagnóstico 45,93, permitindo a liberação imediata
teste ergométrico, a cintilografia miocárdica e o ecocardiograma. destes pacientes com conseqüente redução dos custos hospitalares
Estes testes são usados com finalidade diagnóstica - para identifi‐ 94,95.
car os pacientes que ainda não têm seu diagnóstico estabelecido
na admissão ou que tiveram investigação negativa para necrose e Ecocardiograma - O papel do ecocardiograma de repouso na
isquemia miocárdica de repouso, mas que podem ter isquemia sob avaliação de pacientes na sala de emergência com dor torácica se
estresse - e também prognóstica. alicerça em poucos estudos publicados. Para o diagnóstico de IAM
Os protocolos ou algoritmos que recomendam o uso de mé‐ a sensibilidade varia de 70 a 95%, mas a grande taxa de resultados
todos de estresse precocemente, antes da alta hospitalar, o fazem falso-positivos torna o valor preditivo positivo baixo. Já o valor pre‐
para um subgrupo de pacientes com dor torácica considerados de
ditivo negativo varia de 85 a 95%.
baixo a moderado risco. A seleção destes pacientes baseia-se na
Quando se busca também o diagnóstico de angina instável
inexistência de dor recorrente, na ausência de alterações eletrocar‐
(além de infarto) em pacientes com dor torácica e ECG inconclusi‐
diográficas e de elevação de marcadores de necrose miocárdica à
vo, a sensibilidade do ecocardiograma passa a variar de 40 a 90%,
admissão e durante o período de observação.
sendo que o valor preditivo negativo fica entre 50 e 99%. Nesses
pacientes, um ecocardiograma normal não parece agregar infor‐
Teste ergométrico - No modelo das Unidades de Dor Torácica o
mações diagnósticas significativas, além daquelas já fornecidas pela
teste ergométrico tem sido o mais recomendado e utilizado devido
a seu baixo custo e sua ampla disponibilidade nos hospitais, quando história e ECG.
comparado aos outros métodos. Além disso, a segurança do exame Estudos sobre a utilização do ecocardiograma de estresse com
é muito boa quando realizado em uma população de pacientes cli‐ dobutamina na avaliação de uma população heterogênea com dor
nicamente estáveis e de baixo a moderado risco, apresentando bai‐ torácica ainda são pequenos e escassos. Sua sensibilidade para o
xíssima taxa de complicações. Um grupo tem inclusive preconizado diagnóstico de doença coronariana ou isquemia miocárdica detec‐
o seu uso já na primeira hora após a chegada ao hospital em pa‐ tada por outros métodos é de 90%, com especificidade variando de
cientes com baixa probabilidade de doença coronariana, até mes‐ 80 a 90% e valor preditivo negativo de 98%. Para fins prognósticos,
mo sem a avaliação prévia de marcadores bioquímicos de necrose a sensibilidade do teste para a ocorrência de eventos cardíacos tar‐
miocárdica 86. Para estes pacientes a sensibilidade do teste para dios em pacientes com dor torácica varia de 40 a 90%, mas o valor
diagnóstico de doença é pequena (baixa probabilidade pré-teste) preditivo negativo é excelente (97%) 101,102, conferindo seguran‐
mas o valor preditivo negativo é elevadíssimo (³ 98%). ça ao médico emergencista em dispensar a realização de outros
Além da sua importância na exclusão de doença coronariana, testes e liberar imediatamente o paciente para casa.
o principal papel do teste ergométrico é estabelecer o prognóstico Deste modo, recomenda-se:
dos pacientes onde diagnósticos de IAM e angina instável de alto 1) Nos pacientes com dor torácica inicialmente suspeita de
risco já foram afastados durante a investigação na Unidade de Dor etiologia isquêmica, que foram avaliados na sala de emergência e
Torácica. A sensibilidade e a especificidade do teste positivo ou nos quais já se excluem as possibilidades de necrose e de isquemia
inconclusivo para eventos cardíacos está em torno de 75%, sendo miocárdica de repouso, um teste diagnóstico pré-alta deverá ser
que estes resultados identificam um subgrupo de pacientes com realizado para afastar ou confirmar a existência de isquemia mio‐
maior risco de IAM, necessidade de revascularização miocárdica e cárdica esforço-induzida (Grau de Recomendação I, Nível de Evi‐
de readmissão hospitalar 5,50,88,89. O valor preditivo negativo do dência B e D);
teste para eventos também é elevadíssimo (³ 98%). 2) Por ser um exame de ampla disponibilidade, fácil execução
Embora o uso do teste ergométrico possa abreviar o tempo de seguro e de baixo custo, o teste ergométrico é o método de estres‐
hospitalização de pacientes com dor torácica ao identificar aqueles se de escolha para fins diagnóstico e/ou prognóstico em pacientes
de baixo risco (ausência de isquemia miocárdica) a relativamente com dor torácica e com baixa/média probabilidade de doença coro‐
alta taxa de resultados falso-positivos nesta população pode levar à nária (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência B e D);
realização de outros exames para confirmar a positividade, encare‐ 3) O ecocardiograma de estresse ou a cintilografia de estresse
cendo o processo diagnóstico. poderá ser realizado em pacientes nos quais o teste ergométrico foi
inconclusivo ou quando não se pôde realizá-lo (incapacidade moto‐
Cintilografia miocárdica de repouso - A cintilografia de perfu‐ ra, distúrbios da condução no ECG, etc) (Grau de Recomendação I,
são miocárdica de repouso, realizada imediatamente após a che‐ Nível de Evidência B e D);
gada à sala de emergência, também tem se mostrado uma ferra‐

73
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
4) A cintilografia miocárdica imediata de repouso poderá ser Desta forma, recomendações para a realização de métodos de
realizada em pacientes com dor torácica com baixa probabilidade imagem para o diagnóstico da embolia pulmonar são:
de doença coronariana com o objetivo de identificar ou afastar 1) A radiografia de tórax deve ser solicitada a todos os pacien‐
IAM, sendo que aqueles com teste negativo poderão ser liberados tes com suspeita clínica de embolia pulmonar.
para casa sem necessidade de dosagem seriada de marcadores bio‐ 2) O ecocardiograma transtorácico deve ser solicitado a todos os
químicos de necrose miocárdica (Grau de Recomendação IIa, Nível pacientes com suspeita clínica com os objetivos de avaliação da função
de Evidência B). do ventrículo direito e para a possível visualização do trombo.
3) Os pacientes clinicamente estáveis podem ser submetidos à
O papel dos métodos de imagem na dor torácica de origem cintilografia pulmonar de ventilação/perfusão, tomografia compu‐
não-coronariana tadorizada ou ressonância magnética para definição diagnóstica, na
Esta Diretriz somente contemplará a embolia pulmonar e a dissec‐ dependência da sua disponibilidade na instituição.
ção aguda da aorta no diagnóstico da dor torácica de origem não-co‐ 4) Nos pacientes clinicamente instáveis, particularmente naqueles
ronariana devido às suas elevadas mortalidades, apesar da baixíssima em suporte ventilatório mecânico, o ecocardiograma transesofágico
incidência em pacientes com dor torácica na sala de emergência. deve ser realizado em face de sua alta acurácia diagnóstica, principal‐
Embolia pulmonar - Em virtude das múltiplas formas de apre‐ mente naqueles cuja possibilidade de trombo central é elevada.
sentação clínica da embolia pulmonar, da variabilidade da acurácia 5) A tomografia computadorizada e a ressonância magnética são
diagnóstica dos vários métodos de imagem (de acordo com a forma utilizados preferencialmente em pacientes estáveis, havendo limita‐
de apresentação) e da complexidade de realização da arteriografia ção diagnóstica para trombos localizados nos ramos subsegmentares.
pulmonar (método padrão-ouro), esta diretriz não classificará os 6) A indicação de arteriografia pulmonar fica reservada para
graus de recomendação e seus respectivos níveis de evidência para pacientes com alta suspeita clínica onde os métodos diagnósticos
a realização destes métodos. não-invasivos foram inconclusivos.
As alterações radiológicas mais freqüentemente encontradas
na embolia pulmonar são as áreas de atelectasia, a elevação da hemicú‐ Estas estratégias, excetuando-se a radiografia de tórax, visam
pula diafragmática, o derrame pleural e a dilatação do tronco e dos ra‐ exclusivamente à confirmação da existência de trombo na circula‐
mos da artéria pulmonar. Áreas de hipofluxo pulmonar segmentar (sinal ção pulmonar, não se contemplando nesta diretriz os métodos in‐
de Westmark) e infiltrado pulmonar de forma triangular com a base vol‐ diretos, como o Doppler venoso de membros inferiores, a dosagem
tada para a pleura (sinal de Hampton) são os achados mais específicos do D-dímero e a gasometria arterial. Uma abordagem diagnóstica
da embolia pulmonar mas, infelizmente, são pouco sensíveis. mais abrangente de embolia pulmonar poderá ser encontrada na
A ecocardiografia pode contribuir com importantes informações diretriz da SBC sobre este tema.
na suspeita de embolia pulmonar 105. O ecocardiograma transtorá‐ Dissecção aguda da aorta - Quando há suspeita clínica de dis‐
cico informa o tamanho das cavidades cardíacas, a função ventricular secção aguda da aorta a confirmação diagnóstica deve ser rápida e
direita e esquerda, e a presença de hipertensão pulmonar. O ecocar‐ precisa já que a doença tem elevada mortalidade imediata e o trata‐
diograma transesofágico, ao permitir visualizar o trombo na artéria mento definitivo é, geralmente, cirúrgico. A decisão de utilização de
pulmonar, é capaz de estabelecer o diagnóstico. Sua sensibilidade nes‐ um determinado método de imagem na dissecção aguda da aorta
ta situação é de 80% para pacientes com trombo localizado em tron‐ deve ser baseada não só na sua acurácia diagnóstica mas também
co da artéria pulmonar e/ou seu ramo direito, com especificidade de na sua disponibilidade imediata e na experiência dos emergencistas
100% 105. É considerado o método de escolha para a avaliação inicial e ecocardiografistas/radiologistas com este(s) método(s).
dos pacientes hemodinamicamente instáveis. O alargamento do mediastino superior é o achado mais freqüen‐
A cintilografia pulmonar de ventilação e perfusão é o método temente encontrado na radiografia de tórax (60 a 90% dos casos). No
não-invasivo, classicamente utilizado para a estratificação da pro‐ entanto é importante frisar que a normalidade deste exame não exclui
babilidade de embolia pulmonar ao analisar o número de segmen‐ o diagnóstico de dissecção aórtica (valor preditivo negativo de 88%).
tos pulmonares acometidos, permitindo classificar a probabilidade A aortografia já foi considerada como método padrão-ouro
de doença em ausente (normal), baixa, média ou alta 106. Pacien‐ para confirmação do diagnóstico da dissecção aguda da aorta. Com
tes com alta probabilidade à cintilografia e alta suspeita clínica de‐ o aparecimento dos métodos de imagem não-invasivos, como a
vem ser tratados como tendo embolia pulmonar, pois essa asso‐ ecocardiografia transtorácica e transesofágica, a angiotomografia e
ciação apresenta uma sensibilidade de 96%. A cintilografia normal a angiorressonância de tórax, a estratégia diagnóstica desta doen‐
praticamente afasta o diagnóstico de embolia pulmonar em face ça vem mudando. Com eles procuramos confirmar o diagnóstico,
de seu valor preditivo negativo ser muito alto (pouquíssimos casos classificar o tipo da dissecção, diferenciar a verdadeira e a falsa luz
falso-negativos). O grupo de pacientes com baixa e intermediária aórtica, localizar os sítios de entrada e reentrada, distinguir dissec‐
probabilidade necessita da realização de outro método de imagem ção comunicante e não-comunicante, avaliar o envolvimento dos
para definição do diagnóstico. ramos aórticos, detectar e graduar a regurgitação valvar aórtica, e
A angiotomografia computadorizada do tórax tem mostrado avaliar a existência de extravasamento sangüíneo para pericárdio,
boa acurácia diagnóstica para a embolia pulmonar, com sensibilida‐ pleura, mediastino e estruturas peri-aórticas.
de de 90% e especificidade de 80% 107. Entretanto, o método não A utilização do ecocardiograma transtorácico para o diagnósti‐
apresenta boa acurácia diagnóstica, quando a embolia acomete co da dissecção aguda da aorta está limitada pela sua baixa sensibili‐
somente vasos pulmonares de menor diâmetro (subsegmentares). dade (60%) e especificidade (70%). Devido à alta taxa de resultados
Apesar dos recentes avanços no diagnóstico da embolia pul‐ falso-positivos e falso-negativos, este método não é utilizado para
monar, a arteriografia pulmonar permanece como método padrão‐ estabelecer o diagnóstico final, apesar de informar acuradamente
-ouro; entretanto, sua indicação deve ser reservada para pacientes a presença de insuficiência aórtica e a função sistólica do ventrículo
cujos testes diagnósticos não-invasivos foram inconclusivos 106. O esquerdo. O ecocardiograma transesofágico mostra sensibilidade
exame permite uma adequada visualização das artérias pulmona‐ de 99%, especificidade de 90%, valor preditivo positivo de 90% e
res e seus ramos, apresentando baixa taxa de morbimortalidade, e negativo de 99%, entretanto seu uso é limitado pela dificuldade de
é custo-eficiente quando outras estratégias diagnósticas não con‐ visualização de pequenos segmentos de dissecção na parte distal
seguem definir a suspeita clínica. da aorta ascendente e na porção anterior do arco aórtico.

74
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
A angiotomografia computadorizada helicoidal possui sensibilidade > 90% e especificidade > 85%. Determina a extensão, localização
e envolvimento dos ramos arteriais na dissecção aórtica. Tem como limitações a impossibilidade de detectar o envolvimento das artérias
coronárias pela dissecção, além de não poder ser utilizada em pacientes com intolerância ao contraste iodado.
A angiorressonância tem alta acurácia diagnóstica para detecção de todas as formas de dissecção aórtica, com sensibilidade e espe‐
cificidade em torno de 100%. Seu uso é limitado pela presença de instabilidade hemodinâmica e agitação psicomotora devido ao tempo
prolongado para aquisição de imagens.
A aortografia, apesar de ter sido considerada classicamente como o método padrão-ouro para diagnosticar dissecção aórtica, com
especificidade > 95%, tem sido menos utilizada nos últimos anos em virtude dos novos métodos não-invasivos apresentarem maior sensi‐
bilidade para o diagnóstico definitivo. Atualmente, com a tendência de utilização das endopróteses vasculares na fase aguda da dissecção,
sua importância diagnóstica está sendo reavaliada.
Assim, recomenda-se para pacientes com suspeita clínica de dissecção aguda da aorta e que estejam estáveis o uso da angiotomografia com‐
putadorizada helicoidal ou da angiorressonância magnética como o exame padrão-ouro (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência C e D). Para
pacientes instáveis recomenda-se o uso do ecocardiograma transesofágico (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência C e D).

Árvores neurais e fluxogramas diagnósticos


Algoritmos diagnósticos computadorizados, modelos matemáticos probabilísticos usando regressão logística, árvores de decisão clínica e re‐
des neurais são metodologias atualmente disponíveis aos médicos e que têm aumentado a sensibilidade e a especificidade diagnóstica na avalia‐
ção de pacientes que se apresentam na sala de emergência com dor torácica. Alguns desses instrumentos têm sido validados prospectivamente,
mostrando uma redução nas internações nas unidades coronarianas de até 30%. Por outro lado, trabalhos indicam que programas computado‐
rizados validados retrospectivamente se comparam, quando aplicados prospectivamente, à alta sensibilidade e especificidade dos médicos 122.
Além disso, sistematizações das condutas médicas (protocolos assistenciais), sejam elas diagnósticas ou terapêuticas, quando apli‐
cadas de maneira lógica e coerente, em casos previamente definidos, resultam num poderoso e eficiente instrumento de otimização da
qualidade e da relação custo-benefício.
Esta diretriz apresenta os principais modelos diagnósticos preconizados para pacientes com dor torácica na sala de emergência e que
podem ser utilizados de acordo com a sua adequação às características assistenciais de cada instituição.
O modelo Heart ER do Centro Médico da Universidade de Cincinnati é utilizado para pacientes com dor torácica considerados de baixa a
média probabilidade de síndrome coronariana aguda (dor suspeita e ECG não-diagnóstico). A avaliação diagnóstica consiste na realização de
cintilografia miocárdica imediata de repouso com SESTAMIBI naqueles pacientes em que a dor ainda esteja presente e haja condição de se ad‐
ministrar o fármaco radionúcleo imediatamente na sala de emergência. Se o mapeamento no laboratório de medicina nuclear for negativo para
isquemia miocárdica, o paciente é liberado para casa sem mesmo realizar dosagens seriadas dos marcadores de necrose miocárdica. Se o resul‐
tado for positivo, o paciente é hospitalizado e tratado apropriadamente. Se o exame cintilográfico não puder ser realizado, o paciente é investi‐
gado na Unidade de Dor Torácica através da determinação de níveis plasmáticos de CK-MB e de troponina I obtidos na chegada, na 3ª e 6ª horas
seguintes, enquanto o paciente é mantido sob monitorização eletrocardiográfica contínua da tendência do segmento ST. Teste ergométrico ou
cintilografia miocárdica de esforço com SESTAMIBI são realizados naqueles sem evidência de necrose ou isquemia miocárdica persistente (fig. 2).

75
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
O modelo sistematizado de atendimento de pacientes com dor torácica da Clínica Mayo 124 classifica inicialmente os pacientes em
subgrupos de probabilidade baixa, moderada e alta para doença coronariana aguda, de acordo com as diretrizes da Agency of Health Care
Policy Research (AHC PR) 125. Os pacientes de risco moderado são avaliados através de dosagens de CK-MB na chegada, 2 e 4h depois,
enquanto são submetidos à monitorização contínua do segmento ST e ficam em observação durante 6h na Unidade de Dor Torácica.
Se a avaliação resultar negativa, é realizado teste ergométrico, cintilografia de estresse ou ecocardiograma de estresse. Pacientes com
resultado positivo ou inconclusivo são internados, enquanto os que têm avaliação negativa são liberados para a residência com acompa‐
nhamento em 72h (fig. 3).

O modelo diagnóstico da Faculdade de Medicina da Virgínia estratifica inicialmente os pacientes com dor torácica na sala de emer‐
gência em cinco níveis distintos de risco. Os pacientes do nível 1 apresentam elevadíssima probabilidade de IAM pelo critério do ECG, ao
passo que os do nível 5 têm desconforto no peito de origem nitidamente não-cardíaca. Os pacientes dos níveis 2, 3 e 4 correspondem
aos de probabilidade pré-teste de doença alto, médio e baixo, respectivamente. Pacientes com alta probabilidade de angina instável ou
baixa probabilidade de IAM (nível 3) passam por dosagens seriadas de biomarcadores de necrose miocárdica ou são submetidos a uma
cintilografia miocárdica imediata de repouso com SESTAMIBI. Pacientes com média ou baixa probabilidade de angina instável (nível 4) são
submetidos somente à cintilografia imediata de repouso que, se negativa, determina a alta do paciente para casa (fig. 4).

76
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

O modelo diagnóstico do Hospital Pró-Cardíaco usado em sua Unidade de Dor Torácica estratifica a probabilidade pré-teste de sín‐
drome coronariana aguda de acordo com o tipo de dor torácica e o ECG de admissão. A dor é classificada em 4 tipos: definitivamente e
provavelmente anginosa, e provavelmente e definitivamente não-anginosa. Além disso, para pacientes com bloqueio de ramo esquerdo
no ECG, procura-se avaliar se a dor tem ou não características de IAM. A classificação do tipo de dor teve uma sensibilidade e um valor
preditivo negativo para IAM de 94% e 97%, respectivamente, valores estes significativamente melhores que os do ECG (49% e 86%,
respectivamente). A associação do tipo de dor torácica e do ECG de admissão permite a estratificação da probabilidade pré-teste de sín‐
drome coronariana aguda e a alocação dos pacientes em diferentes rotas diagnósticas (fig. 5). Enquanto os da rota 1 têm elevadíssima
probabilidade de IAM (75%) os da rota 5 têm dor não-cardíaca e são liberados. Os pacientes das rotas 2 e 3 têm probabilidade de síndrome
coronariana aguda de 60% e 10%, respectivamente 15 e são avaliados com dosagens de CK-MB seriadas e de troponina I: na rota 2, por 9h;
na rota 3, por 3h. O teste ergométrico é o método de estresse utilizado para avaliação de pacientes sem evidência de necrose miocárdica
ou isquemia de repouso.

77
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

A árvore neural de Goldman é um algoritmo diagnóstico criado para identificar pacientes com IAM utilizando características da dor
torácica e do ECG, que estratifica os pacientes em probabilidades de doença (variando de 1% a 77%) e apresenta sensibilidade e especifi‐
cidade de 90% e 50-95%, respectivamente, com um valor preditivo negativo > 98%, quando se aplica um ponto de corte de 7% na proba‐
bilidade do paciente ter ou não IAM. Entretanto, o modelo não faz recomendações quanto às estratégias diagnósticas a serem utilizadas
nos diversos subgrupos probabilísticos de doença.
Todos estes protocolos ou modelos diagnósticos e de sistematização estratégica trazem um grande benefício para a prática médica
emergencial no manejo de pacientes com dor torácica, devendo por isso serem implantados em todas as salas de emergência, com ou sem
Unidades de Dor Torácica (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência
A escolha do modelo a ser utilizado dependerá das características funcionais de cada instituição.

Tratamento

Tratamento inicial da síndrome coronariana aguda


A abordagem do paciente com suspeita de síndrome coronariana aguda (SCA) na sala de emergência inicia-se pela rápida avaliação
das características da dor torácica e de outros sintomas concomitantes, pelo exame físico e pela imediata realização do ECG (em 5-10min
após a chegada ao hospital).
Se o paciente estiver em vigência de dor e o ECG evidenciar supradesnível do segmento ST deve-se iniciar imediatamente um dos pro‐
cessos de recanalização coronariana: trombolítico ou angioplastia primária. Se o ECG não evidenciar supradesnível do segmento ST mas
apresentar alguma alteração compatível com isquemia miocárdica iniciamos o tratamento anti-isquêmico usual e estratificamos o risco de
complicações, que orientará o tratamento adequado a seguir.
Se o ECG for normal ou inespecífico, mas a dor torácica for sugestiva ou suspeita de isquemia miocárdica, o tratamento anti-isquêmico
pode ser iniciado ou então protelado (principalmente se a dor não mais estiver presente na admissão), mas o uso de aspirina está indicado.
O tratamento inicial tem como objetivo agir sobre os processos fisiopatológicos que ocorrem na SCA e suas conseqüências, e com‐
preende:
1) contenção ou controle da isquemia miocárdica;
2) recanalização coronariana e controle do processo aterotrombótico.

Esta diretriz somente abordará os primeiros passos terapêuticos a serem tomados na sala de emergência. Para condutas seguintes,
realizadas geralmente na unidade coronariana, o leitor deve se dirigir à diretriz de IAM ou de síndrome coronariana aguda da SBC.

Contenção ou controle da isquemia miocárdica


Oxigenioterapia - Pacientes com SCA em vigência de dor ou sintomas e sinais de insuficiência respiratória devem receber oxigênio
suplementar, principalmente se medidas objetivas da saturação de O2(oximetria de pulso ou gasometria arterial) forem < 90% 129-133.
(Grau de Recomendação I, Nível de Evidência C e D).
Analgesia e sedação - Para o controle da dor (se a mesma já não foi aliviada com o uso de nitrato sublingual ou endovenoso) e sedação
utiliza-se o sulfato de morfina EV na dose de 1 a 5mg, podendo-se repetir 5-30min após se não houver alívio (Grau de Recomendação I,
Nível de Evidência C e D).
Nitratos - O uso dos nitratos baseia-se não só no seu mecanismo de ação e experiência clínica mas também numa meta-análise de 22
estudos (incluindo o ISIS-4 e o GISSI-3) que demonstrou uma redução significativa de 5,5% na mortalidade hospitalar. Existem poucos e
pequenos estudos clínicos comprovando seu benefício no alívio dos sintomas. (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência A e D).

78
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
A dose é de 5mg do dinitrato de isossorbida por via SL, po‐ A droga de escolha (pela maior rapidez de ação e mais elevada
dendo ser repetido 5-10min após se não houver alívio da dor, até taxa de recanalização) é o rt-PA, usada na dose de 15mg EV em
o máximo de 15mg. Para a nitroglicerina, pode-se utilizar o spray bolus seguida de infusão inicial de 0,75mg/kg (máximo de 50mg)
nasal, ou a via parenteral na dose de 10 a até 200 microgramas/min durante 30min, e de outra infusão de 0,50mg/kg (máximo de 35mg)
em infusão contínua EV, ajustando-se a mesma a cada 5-10min de durante 60min. Heparinização plena concomitante é necessário por
acordo com a pressão arterial. Para o mononitrato de isossorbida a 48h. A outra droga disponível é a estreptoquinase, administrada na
dose é de 2,5 mg/kg/dia em infusão contínua. dose de 1,5 milhão de unidades em infusão EV durante 30 a 60min,
não requerendo uso concomitante de heparina.
Betabloqueadores - Existem alguns grandes ensaios clínicos
randomizados que demonstraram o benefício da utilização imedia‐ Angioplastia coronariana percutânea primária - Com o aperfei‐
ta dos betabloqueadores no IAM com supradesnível do segmento çoamento da técnica e dos stents coronarianos, não parece haver
ST (redução de mortalidade imediata e tardia, de reinfarto e de is‐ maiores dúvidas de que a angioplastia coronariana percutânea é o
quemia recorrente) 138-140. São utilizados na SCA sem suprades‐ método de eleição para a recanalização coronariana em pacientes
nível do segmento ST baseados em pequenos estudos e numa me‐ com IAM com supradesnível do segmento ST, desde que o proce‐
ta-análise. (Grau de Recomendação IIa, Nível de Evidência A e D). dimento possa ser realizado dentro dos primeiros 60 a 90min após
Os betabloqueadores não podem ser utilizados em pacientes a chegada do paciente à sala de emergência e por uma equipe ex‐
com sinais e/ou sintomas de insuficiência ventricular esquerda periente 129,155. Fator tempo que deve ser cuidadosamente con‐
(mesmo incipiente), com bloqueio AV, com broncoespasmo ou his‐ siderado pelo médico emergencista na tomada de decisão quanto
tória de asma brônquica. ao uso de uma estratégia alternativa de recanalização coronariana
Metoprolol é dado na dose de 5mg EV em 1 a 2min e repetido, (fibrinolíticos) na eventualidade da indisponibilidade ou inexistên‐
se necessário, a cada 5min até completar 15mg (objetivando alcan‐ cia do laboratório de cateterismo cardíaco em seu hospital (Grau de
çar uma freqüência cardíaca 60), passando-se a seguir para a dose
Recomendação I e Nível de Evidência A e D).
oral de 25 a 50mg de 12/12h. O atenolol é administrado na dose
Para pacientes com SCA sem supradesnível de ST uma condu‐
de 5mg EV e repetido em 5min (completando 10mg), seguido da
ta invasiva imediata (cinecoronariografia seguida de recanalização
dose oral de 50-100mg/dia. Quando administrado por via EV é im‐
prescindível uma cuidadosa monitorização da freqüência cardíaca, ou desobstrução) ainda permanece como uma questão em aberto
pressão arterial, ausculta pulmonar e ECG. devido aos resultados divergentes dos 4 ensaios clínicos e um regis‐
tro disponíveis 83,157-160 mas parece haver um certo consenso de
Antagonistas dos canais de cálcio - Os benzotiazepínicos (dil‐ que pacientes classificados como de alto risco de eventos 161,162
tiazem) parecem ter um efeito benéfico no IAM com e sem supra‐ devem ser submetidos à estratégia invasiva imediata enquanto que
desnível do segmento ST e sem insuficiência cardíaca (redução de os de baixo risco devem ser submetidos à estratégia conservadora
mortalidade e reinfarto) e na angina instável, o mesmo se obser‐ (tratamento farmacológico seguido de avaliação funcional de exis‐
vando com as fenilalquilaminas (verapamil) 145,147,151,152. Já os tência de isquemia miocárdica residual) 130,131,163 (Grau de Re‐
dihidropiridínicos (nifedipina, amlodipina) só podem ser utilizados comendação IIa e Nível de Evidência A e D).
concomitantemente com os betabloqueadores, pois isoladamente
aumentam o consumo de O2 miocárdico e causam roubo corona‐ Aspirina - Não havendo contra-indicação (alergia, intolerância
riano. (Grau de recomendação IIb, Nível de Evidência A). Podem ser gástrica, sangramento ativo, hemofilia ou úlcera péptica ativa) a as‐
uma alternativa quando houver contra-indicação ao uso de beta‐ pirina deve ser sempre utilizada em pacientes com suspeita de SCA
bloqueador ou nitrato (Grau de Recomendação I, Nível de Evidên‐ imediatamente após a chegada na sala de emergência. Tem com‐
cia B e D). provação de seu benefício na redução da mortalidade imediata e
As doses a serem utilizadas são de 60mg via oral 3 a 4 vezes/ tardia, infarto e reinfarto na SCA através de vários estudos clínicos
dia para o diltiazem e 80mg via oral 3 vezes/dia para o verapamil. randomizados. (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência A e D).
A dose inicial é de 200-300mg por via oral mastigada, seguida
Recanalização coronária e controle do processo aterotrombó- de uma dose de manutenção de 100 a 200mg/dia.
tico
Fibrinolíticos - Pacientes com dor torácica prolongada suges‐ Tienopiridínicos (clopidogrel, ticlopidina) - Até recentemente
tiva de isquemia miocárdica aguda e que apresentam supradesní‐ a ticlopidina era o antiplaquetário recomendado em caso de con‐
vel do segmento ST no ECG (ou um padrão de bloqueio de ramo tra-indicação para o uso da aspirina ou na intervenção coronária
esquerdo) são candidatos à terapia de recanalização coronariana percutânea 168.
visto que mais de 75% desses pacientes têm IAM e mais de 85%
têm oclusão de uma artéria coronária. Atualmente, o clopidogrel é a droga de primeira escolha na
Diversos estudos já demonstraram que quanto mais preco‐ substituição ou no uso concomitante com a aspirina em pacientes
cemente a terapêutica fibrinolítica é iniciada em relação ao início com SCA sem supradesnível do segmento ST que irão ou não à in‐
da dor (e, conseqüentemente, do fenômeno oclusivo coronariano) tervenção coronariana percutânea, devendo ser iniciada logo após
maiores são os benefícios em relação à taxa de recanalização, de a chegada ao hospital ou quando o diagnóstico de SCA for estabele‐
preservação do miocárdio agudamente isquêmico, de redução de cido. (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência A).
mortalidade hospitalar e tardia, e de complicações intra-hospitala‐ Para o clopidogrel, a dose inicial é de 300-600mg VO, seguida
res. Pacientes tratados dentro da 1ª hora obtêm uma redução da da dose de manutenção de 75mg/dia. Para a ticlopidina, a dose ini‐
mortalidade hospitalar ao redor de 50%. cial é de 500mg VO, seguida de dose de manutenção de 250mg de
Na sala de emergência os pacientes devem ser rapidamente 12/12h.
avaliados quanto aos critérios de inclusão e exclusão para o uso
de fibrinolíticos, principalmente os relacionados às complicações
Anticoagulantes (heparina não-fracionada, heparina de baixo
hemorrágicas atribuídas às drogas. Pacientes com mais de 12h de
peso molecular).
início da dor ininterrupta geralmente não se beneficiam do uso de
Vários ensaios clínicos e metanálises demonstram o indiscutí‐
fibrinolíticos. O tratamento deve ser iniciado na própria sala de
vel benefício do uso das heparinas na SCA.
emergência (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência A e D).

79
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
A heparina não-fracionada requer monitorização laboratorial quando comparada com a heparina não-fracionada e possibilitando
constante do tempo de tromboplastina parcial ativado (PTTa), de‐ maior atividade antitrombótica com menor risco de sangramentos.
vendo ser utilizados regimes terapêuticos ajustados ao peso do pa‐ A enoxaparina deve ser usada por via subcutânea na dose de 1 mg/
ciente. Já as heparinas de baixo peso molecular não necessitam de kg a cada 12h ou 1,5 mg/kg, uma vez ao dia; a nadroparina na dose
controle do PTTa. de 85 U/kg a cada 12h ou 170 U/kg, uma vez ao dia; e a daltepari‐
A heparina não-fracionada é administrada como bolus EV de na na dose de 200 U/kg/dia. (Grau de Recomendação IIa, Nível de
60-70 U/kg (máximo de 5.000 U) seguido de infusão de 12-15 U/ Evidência C).
kg/h (máximo de 1.000 U/h), mantendo-se o PTTa entre 1,5-2 vezes Nos pacientes clinicamente instáveis, nos quais a probabilida‐
o controle. de de embolia pulmonar maciça é grande, deve-se utilizar as drogas
As heparinas de baixo peso molecular não equivalem entre si trombolíticas que permitam lise mais rápida do trombo, promoven‐
em relação às doses. Assim, a enoxaparina é administrada na dose do uma melhora clínica mais efetiva. Utiliza-se a estreptoquinase
de 1mg/kg SC de 12/12h ou 1,5mg/kg uma vez ao dia; a dalteparina por via EV na dose de 250.000 U em bolus seguida de uma infusão
na dose de 200 U/kg/dia SC; e a nadroparina na dose de 85U/kg SC de 100.000 U/h durante 24 a 72h, ou o rt-PA na dose de 100 U EV
de 12/12 h ou 170 U/kg uma vez ao dia. em infusão durante 2h (Grau de Recomendação I, Nível de Evidên‐
Tanto a heparina não-fracionada como as heparinas de baixo cia C). A trombólise na embolia pulmonar, como em qualquer ou‐
peso molecular têm Grau de Recomendação I e Nível de Evidência tra situação clínica, apresenta uma série de contra-indicações que
A e D para uso na SCA. devem ser respeitadas. Além dos pacientes clinicamente instáveis,
um subgrupo de pacientes com estabilidade hemodinâmica e ven‐
Bloqueadores dos receptores da glicoproteína IIb/IIIa (abcixi‐ tilatória, porém com disfunção do ventrículo direito ao ecocardio‐
mab, tirofiban) - Diversos ensaios clínicos têm demonstrado efeitos grama, pode também se beneficiar do uso de trombolíticos. (Grau
benéficos com o uso dos bloqueadores da glicoproteína IIb-IIIa em de Recomendação IIa, Nível de Evidência C).
pacientes com SCA em relação à redução de IAM, reinfarto, isque‐
mia miocárdica recorrente e necessidade de revascularização mio‐ Tratamento inicial da dissecção aguda da aorta
cárdica, não se observando, entretanto, redução da mortalidade No caso de suspeita clínica de dissecção aguda da aorta a te‐
182-188. Firma-se a indicação do tirofiban quando não há uma ati‐ rapêutica farmacológica deve ser instituída o mais rápido possível
tude invasiva planejada em pacientes com alto ou médio risco, ou com objetivo de estabilizar a dissecção e evitar complicações catas‐
seja, com persistência da isquemia, troponina elevada outras variá‐ tróficas, como a ruptura da aorta. Para isso o tratamento padrão é
veis de risco (Grau de Recomendação IIa, Nível de Evidência A). Já o feito através do uso de vasodilatadores, como o nitroprussiato de
abciximab parece ser melhor indicado quando houver uma atitude sódio, em associação com betabloqueadores (propranolol, meto‐
invasiva imediata planejada, independentemente do risco (Grau prolol, esmolol ou atenolol) (preferencialmente venoso), visando a
de Recomendação I, Nível de Evidência A). Os pacientes que ini‐ redução do cronotropismo e do inotropismo, ou utilizar o labetalol
cialmente utilizarem o tirofiban e na evolução optar pela conduta que possui ambos os efeitos (Grau de Recomendação I e Nível de
invasiva, deverão continuar seu uso durante e após o cateterismo Evidência C e D). Nos pacientes com contra-indicação ao uso de be‐
ou intervenção (Grau de Recomendação IIa, Nível de Evidência A). tabloqueadores podemos utilizar o enalaprilato venoso. O controle
Os benefícios obtidos com o uso destas drogas devem ser sempre da dor deve ser feito com sulfato de morfina, que também auxilia
analisados diante de seu alto custo. na redução da pressão arterial e estabilização da dissecção. Os pa‐
Os inibidores da glicoproteína IIb/IIIa podem ser usados, con‐ cientes deverão ser submetidos à monitorização oxi-dinâmica, do
comitantemente, com a aspirina, o clopidogrel e a heparina. débito urinário e da pressão arterial, e encaminhados à unidade de
O tirofiban é administrado na dose de 0,4 microgramas/kg/min terapia intensiva e/ou ao centro cirúrgico tão logo indicado e pos‐
EV por 30min, seguida de 0,1 microgramas/kg/min por 48 a 96h. O sível. Aqueles com instabilidade hemodinâmica deverão ser coloca‐
abciximab é administrado em bolus EV na dose de 0,25mg/kg, se‐ dos em suporte ventilatório e submetidos a monitorização invasiva
guida de 0,125 microgramas/kg/min (máximo de 10 microgramas/ da pressão arterial e das pressões do coração direito para melhor
min) por 12 a 24h. controle das pressões de enchimento e do débito cardíaco, além
das variáveis de oxigenação tissular.
Tratamento inicial da embolia pulmonar O tratamento cirúrgico imediato é reservado para as dissec‐
Uma vez diagnosticada a embolia pulmonar ou havendo evi‐ ções agudas que envolvam a aorta ascendente ou o arco aórtico
dências consistentes de sua provável existência, o tratamento deve (tipo A de DeBakey) e para dissecções distais complicadas (oclusão
ser iniciado imediatamente devido à sua elevada mortalidade hos‐ de um ramo aórtico importante, extensão da dissecção e evidências
pitalar - cerca de 1/3 para os não tratados e de 10% para os trata‐ de ruptura aórtica) ou não estabilizadas com o tratamento clínico.
dos. (Grau de Recomendação I e Nível de Evidência C e D). Em pacien‐
A terapêutica inicial visa a estabilidade clínica oferecendo, se tes com dissecção não complicada que poupem a aorta ascendente
necessário, suporte hemodinâmico e ventilatório. O tratamento (tipo B) e com dissecção crônica da aorta o tratamento clínico é o
essencial da embolia pulmonar é feito com o uso do anticoagulan‐ passo inicial. (Grau de Recomendação I e Nível de Evidência C e D).
te venoso, heparina. Tem como objetivo prevenir a formação de
novos trombos e diminuir a ação de substâncias vasoativas, como 4) suporte de vida em situações de edema agudo de pulmão;
a serotonina e o tromboxane-A2, liberadas pelas plaquetas ativa‐ O edema agudo de pulmão (EAP) é um evento que acontece e
das encontradas no trombo original. A dose de ataque da heparina forma clínica, e que é caracterizado por um acúmulo súbito e anor‐
não-fracionada é de 80 U/kg em bolus EV seguida por uma infusão mal de líquido nos espaços extra vasculares do pulmão, que repre‐
contínua de 18 U/kg/h por 5 a 7 dias, incluindo o período de uso senta uma das mais dolorosas e dramáticas síndromes cardiorres‐
combinado com o anticoagulante oral (Grau de Recomendação I, piratórias, e que ocorre de maneira muito frequente nas unidades
Nível de Evidência C e D) de emergência e de terapia intensiva. Na maioria das vezes é con‐
A utilização das heparinas de baixo peso molecular na embo‐ sequência da insuficiência cardíaca esquerda, onde a elevação da
lia pulmonar vem se ampliando nos últimos anos, possuindo uma pressão no átrio esquerdo e capilar pulmonar é o principal fator
maior ação sobre o fator de coagulação Xa do que sobre o fator IIa responsável pela transpiração de líquido para o interstício e interior

80
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
dos alvéolos, com interferência nas trocas gasosas pulmonares e se sempre broncoespasmo secundário. O quadro clínico agrava-se
redução da pressão parcial de oxigênio no sangue arterial (TARAN‐ progressivamente, culminando com insuficiência respiratória, hipo‐
TINO, 2007). ventilação, confusão mental e morte por hipoxemia (PORTO, 2005).
O fluxo aumentado de líquidos, que são provenientes dos capi‐ Deve-se basear no achado das seguintes alterações: paciente
lares pulmonares para o espaço intersticial e alvéolos, que se acu‐ com queixa de dispnéia, geralmente de início súbito, associada à
mulam nessas regiões ao ultrapassarem a capacidade de drenagem tosse e a sinais de liberação adrenérgica (taquicardia, palidez cutâ‐
dos vasos linfáticos, promovendo uma troca alvéolo-capilar de for‐ nea, sudorese fria, hipertensão e ansiedade). Sinais de esforço
ma inadequada (FARIA ET AL, 2010). da musculatura inspiratória, com uso dos músculos acessórios da
Com base nestes contextos, analisar a participação da equipe respiração, tiragem intercostal e batimento de asas de nariz. Ta‐
de enfermagem no sentido de reabilitação do paciente no decorrer quipnéia e expiração forçada, inclusive com presença de respira‐
deste acontecimento que ocorre de forma frequente, embora seja ção abdominal. Ausculta pulmonar variada, podendo-se encontrar,
ele um evento que requer cuidados minuciosos é imprescindível. mais comumente, estertores inspiratórios e expiratórios de médias
Segundo Marsella (2012), as principais patologias que determinam e grossas bolhas. Também é comum o encontro de murmúrio vesi‐
o EAP são: Isquemia miocárdica aguda (com ou sem infarto prévio), cular mais rude, com roncos e sibilos. Outros achados que podem
hipertensão arterial sistêmica, doença valvar, doença miocárdica ajudar a definir etiologia do EAP são: presença de dor torácica com‐
primária, cardiopatias congênitas e arritmias cardíacas, principal‐ patível com insuficiência coronariana, galope cardíaco (B3 e/ou B4),
mente as de frequência muito elevada. sopros cardíacos e deslocamento da posição do ictus cardíaco (sinal
Sallum (2013) salienta que a causa mais comum do EAP é in‐ de aumento da área cardíaca) (MASELLA, 2012).
suficiência ventricular esquerda, onde há uma incapacidade desta
cavidade em bombear o sangue para fora do coração. Esta pode ACHADOS DIAGNÓSTICOS
ocorrer por diversos motivos, entre eles estão à hipertensão arte‐ Através da ausculta pulmonar revela-se presença de esterto‐
rial, doenças das válvulas cardíacas, doenças do músculo cardíaco, res nas bases pulmonares, que progridem para os ápices dos pul‐
arritmias cardíacas e distúrbios da condução elétrica do coração, mões, sendo estes causados pela movimentação de ar através do
entre outras doenças cardíacas. Sendo que em algumas situações, a líquido alveolar. Pode ocorrer de o paciente apresentar taquicar‐
infusão excessiva de líquidos, pode acarretar um quadro de edema dia, e queda nos valores da oximetria de pulso, e quando analisada
agudo de pulmão. a gasometria verifica-se o agravamento da hipoxemia (BRUNNER
A formação de edema nos pulmões ocorre do mesmo modo &SUDDARTH, 2009).
que em outras partes do corpo. Qualquer fator que faça com que
a pressão do líquido intersticial pulmonar passe de negativa para TRATAMENTO
positiva, provoca uma súbita inundação dos espaços intersticiais e Consiste de medidas medicamentosas como a oxigenioterapia
dos alvéolos, com grande quantidade de líquido livre, tendo como para melhora da saturação de oxigênio, de diuréticos (como a fu‐
causas mais comuns a insuficiência cardíaca esquerda ou doença rosemida) que é fundamental na redução da pré-carga, opióides
valvular mitral com consequente aumento na pressão capilar pul‐ (sendo o mais utilizado a morfina) sendo de extrema eficácia na re‐
monar e inundação dos espaços intersticiais e alveolares. Também dução do retorno venoso e na diminuição no consumo de oxigênio
a lesão da membrana dos capilares pulmonares, causada por in‐ pelo miocárdio, vasodilatador coronariano (dobutamina normal‐
fecções como pneumonias ou pela inalação de substâncias nocivas mente é a droga de escolha) pelo efeito inotrópico positivo, vasodi‐
como os gases cloro ou dióxido de enxofre, acarreta a rápida saí‐ latador venoso e arterial (como o nitroprussiato de sódio) oferece
da de líquido e de proteínas plasmáticas de dentro dos capilares. rápida e segura redução da pressão arterial, e medidas mecânicas
(GUYTON, 2006). como a ventilação mecânica invasiva e não invasiva e a intubação
(SALLUM E PARANHOS, 2013).
EDEMA AGUDO DE PULMÃO Porém Carvalho (2008), demonstra que o tratamento de EAP
O edema pulmonar uma condição definida pelo acúmulo busca diminuir a pressão de preenchimento ventricular e melhorar
anormal de líquido no tecido pulmonar, no espaço alveolar ou em o fornecimento de oxigênio, baseando-se na administração de ni‐
ambos, se apresentando como uma condição grave. Ocorre, na tratos, diuréticos e oxigênio.
maioria dos casos, em consequência do aumento da pressão micro‐
vascular proveniente da função ventricular esquerda inadequada, o CUIDADOS DE ENFERMAGEM
que leva ao refluxo de sangue para dentro da vasculatura pulmonar Conforme Sallum e Paranhos (2013) as ações de enfermagem
(BRUNNER &SUDDARTH, 2009). incluem organização e provimento de recursos materiais e huma‐
nos, mas também descrevem outros cuidados como:
PRINCIPAIS SINTOMAS Posicionar o paciente sentado, elevando a cabeceira a 60° ou
As principais manifestações clínicas do edema agudo de pul‐ 90° deixando os membros inferiores pendentes, assim reduzindo
mão são: dispnéia intensa, ortopnéia, tosse, escarro cor de rosa e retorno venoso e propiciando máxima expansão pulmonar;
espumoso. Em geral o paciente apresenta-se ansioso, agitado,sen‐ Posicionar em Fowler alto.
tado com membros inferiores pendentes e utilizando intensamente Instalar máscara facial de oxigênio com reservatório, selecio‐
a musculatura respiratória acessória. Há dilatação das asas do nariz, nando um fluxo de 10 L/min;
retração intercostal e da fossa supraclavicular. A pele e as mucosas Aspirar às secreções se necessário para manter as vias aéreas
tornam-se frias, acinzentadas, às vezes pálidas e cianóticas, com permeáveis;
sudorese fria sistêmica. Pode haver referência de dor subesternal
irradiada para o pescoço, mandíbula ou face medial do braço es‐ 5) suporte de vida em situações de crise hipertensiva;
querdo em casos de isquemia miocárdica ou IAM. No exame físico, Crise Hipertensiva é uma condição clínica caracterizada por
pode-se constatar taquicardia, ritmo de galope, B2hiperfonética, elevação aguda ou crônica da PA (Níveis de Pressão Diastólica su‐
pressão arterial elevada ou baixa (IAM, choque cardiogênico), es‐ perior a 130 mmHg) em associação ou não com manifestações de
tertores subcreptantes inicialmente nas bases, tornando-se difusos comprometimento de órgãos-alvo (cardiovasculares, neurológicas
com a evolução do quadro. Roncos e sibilos difusos indicam qua‐ e renais). As manifestações clínicas das crises hipertensivas depen‐

81
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
dem do grau de disfunção dos órgãos-alvo. Os níveis pressóricos É importante avaliar a presença de deterioração da função re‐
absolutos podem não ter importância, mas sim a velocidade de ele‐ nal, buscando a presença de edema, diminuição de volume urinário
vação que esta ocorreu. e hematúria; em pacientes com pressão arterial diastólica superior
Pacientes com hipertensão de longa data podem tolerar pres‐ a 130 mmHg, impõe-se a dosagem de creatinina sérica e a análise
sões sistólicas de 200 mm Hg e diastólicas superiores a 150 mm urinária para pesquisar a presença de hematúria e proteinúria; a
Hg, entretanto crianças ou gestantes podem desenvolver encefa‐ estratificação de risco desses pacientes está na confirmação ou na
lopatia com pressões diastólicas de 100 mm Hg. Cerca de 10 a 20% exclusão de existência de lesão aguda (em curso) de um órgão-alvo.
da população adulta em nosso país apresenta Hipertensão Arterial Caso não seja possível excluir a existência de lesão, deve-se assumir
Sistêmica; estudos mostram que emergências hipertensivas ocor‐ a presença de lesão aguda e tratar conforme o órgão lesado.
rem em menos de 1% dos pacientes hipertensos, esses pacientes
desenvolverão um ou mais episódio de emergência hipertensiva. A Crise Hipertensiva é dividida em urgência hipertensiva e
O mecanismo responsável pela elevação da PA não é claramen‐ emergência hipertensiva:
te conhecido, no entanto, elevações dos níveis de renina, adreno‐ • Urgência Hipertensiva: não existe o comprometimento ins‐
modulina e peptídeo atrial natriurético foram encontrados em talado dos órgãos-alvo (coração, artérias, cérebro e rins). Após a
alguns pacientes com emergências hipertensivas. Uma elevação avaliação médica o paciente geralmente recebe medicações por via
súbita da PA secundária a um aumento da resistência vascular peri‐ oral ou sublingual e é tratado ambulatorialmente e em domicílio; o
férica parece estar envolvida nos momentos iniciais; o fumo, possi‐ controle da Pressão Arterial é feito em até 24 horas;
velmente mediando lesão endotelial, é um antigo suspeito de estar • Emergência Hipertensiva: existe o comprometimento ins‐
envolvido na gênese das emergências hipertensivas (fumantes têm talado e iminente dos órgãos-alvo (coração, artérias, cérebro e
5x mais chances de desenvolver hipertensão maligna); fatores ge‐ rins); após a avaliação médica é indicado tratamento hospitalar em
néticos e imunológicos também podem ter papel importante. CTI’s e administração de vasodilatadores endovenosos. Essa crise
Os pacientes portadores de feocromocitoma ou hipertensão é acompanhada por sinais que indicam as lesões nos órgãos-alvo,
renovascular apresentam uma incidência de elevações abruptas de tais como: encefalopatia hipertensiva, edema agudo de pulmão,
pressão arterial mais alta do que o esperado para outras causas de acidente vascular encefálico, infarto agudo do miocárdio ou dissec‐
hipertensão arterial. Alguns autores acreditam que a ativação do ção aguda da aorta, nestes casos há o risco iminente de morte;
sistema renina-angiotensina esteja envolvida no desenvolvimento
das emergências hipertensivas, assim a redução do volume circu‐ Segundo Uenishi (1994), os principais cuidados de enferma‐
lante causada, entre outros motivos, pela ação de diuréticos de alça gem no tratamento das crises hipertensivas são:
– como a furosemida – pode estar associada a elevações abruptas • Manter o paciente em ambiente calmo e tranquilo;
de pressão arterial e à lesão endotelial dos quadros de emergência • Puncionar veia periférica;
hipertensiva. • Monitorizar adequadamente (PA, ECG e Débito Urinário);
Uma vez iniciado o processo lesivo vascular, surge um ciclo vi‐ • Instalar medicação prescrita anti-hipertensiva em bombas de
cioso com secreção de substâncias vasoconstritoras e vasotóxicas, infusão;
como o TNFa, que perpetuam o processo. • Para pacientes com infusão intravenosa de vasodilatadores,
obter parâmetros de sinais vitais a cada cinco minutos até a redu‐
Sintomas e sinais de alerta na crise hipertensiva ção desejada da pressão arterial.
Neurológicos: Relaxamento da Consciência, Sinais Focais (loca‐
lizatórios), Cefaleia Súbita Intensa, Presença de Sinais Meníngeos e Um dos principais medicamentos vasodilatadores utilizados
Alterações agudas no fundo do olho; nas emergências hipertensivas é o nitroprussiato de sódio, que é
Cardiológicos: Dor Torácica Isquêmica, Dor Torácica Intensa, um potente vasodilatador. Sua ação é semelhante ao nitrito, que
Congestão Pulmonar e Presença de 3ª Bulha; atua diretamente sobre o músculo liso dos vasos sanguíneos, pro‐
Renais: Presença de edema recente, diminuição do volume uri‐ vavelmente por causa da porção nitrosa. O metabolismo inicial do
nário, hematúria, proteinúria e elevação dos níveis de creatinina; nitroprussiato envolve a liberação não enzimática de cianogênio, o
Na abordagem do paciente hipertenso grave na emergência qual é rapidamente convertido em tiocinato, por meio de uma ação
médica é necessária uma história e um exame físico direcionados, catalisadora por enzima hepática.
porém acurados na busca da presença de lesão de órgão-alvo, par‐ Embora essa reação seja irreversível, o tiocinato pode ser de
ticularmente na busca de sintomas e sinais de alerta, são cruciais forma lenta convertido em cianeto pela ação de uma tiocinato oxi‐
para a segurança do paciente e para a boa prática clínica; a história dase presente nos eritrócitos. (GUERRA et al.,1988). Muitos dos
deve investigar as características dos sintomas do paciente. Muitos efeitos tóxicos que se observam durante o uso do nitroprussiato
pacientes apresentam-se na emergência apenas após a constata‐ são notados em envenenamento por cianeto e tem sido sugerido
ção da elevação dos níveis pressóricos em uma medida rotineira de que esse último composto seria responsável pelos efeitos tóxicos
pressão arterial. pelo uso prolongado da droga em pacientes. O início da ação do
O exame físico deve incluir a pesquisa da presença de sinais nitroprussiato de sódio é imediato e persiste enquanto perdura a
de irritação meníngea, fundo de olho para buscar edema de pa‐ infusão da droga, atua tanto nos vasos de capacitância como nos
pila, hemorragias e exsudatos; o exame neurológico deve procu‐ vasos de resistência. Produz redução muito rápida nas pressões
rar a presença de rebaixamento de nível de consciência, confusão arterial e venosa central e um aumento moderado na frequência
mental ou agitação psicomotora, presença de sinais neurológicos cardíaca.
focais, particularmente os sinais deficitários; a ausculta cardíaca Também é potente vasodilatador cerebral, causando aumento
deve buscar a presença de 3ª ou 4ª bulha e sopro de insuficiência da pressão intracraniana responsável pela cefaleia pulsátil experi‐
aórtica; a ausculta pulmonar deve procurar a presença de sinais de mentada por alguns pacientes. Os vasos da retina podem relaxar-se
congestão pulmonar; o exame físico deve incluir, ainda, a palpação e aumentar a pressão intraocular, o que favorece a crise aguda do
da aorta abdominal e a pesquisa de pulsos periféricos, incluindo o glaucoma. O nitroprussiato de sódio é indicado nas crises hiperten‐
pulso carotídeo. sivas e também é útil para produzir hipotensão em alguns procedi‐
mentos cirúrgicos, assim como para diminuir a resistência periféri‐

82
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
ca em pacientes com infarto do miocárdio, ocasionando melhora da formação do enfermeiro em atuação nas unidades emergenciais
no desempenho cardíaco, que é acompanhado pelo aumento do apresenta a importância dos procedimentos teóricos que apren‐
volume urinário e excreção de sódio. demos como enfermeiros que o socorro nos momentos após um
A toxidade aguda do Nitroprussiato é secundária à vasodila‐ acidente, principalmente as duas primeiras horas são os mais im‐
tação excessiva e à hipotensão. Podem ocorrer náuseas, vômitos, portantes para se garantir a recuperação ou a sobrevivência das
sudorese, agitação, cefaleia, palpitação, apressão subesternal e sín‐ pessoas feridas.
cope, devido ao deslocamento da massa sanguínea para as áreas Os casos de urgência se caracterizam pela necessidade de tra‐
esplênicas e periféricas, com possível hipóxia cerebral. tamento especifico, o paciente será encaminhado para a especiali‐
dade necessária, ortopedia, cirurgia geral, neurologia e clínica mé‐
. Os principais cuidados de enfermagem na administração des‐ dica. Neste caso o risco de vida é pouco provável. Quanto à atenção
ta medicação são: hospitalar às vítimas de acidentes e violências reúne-se de forma
• Preparo e diluição da medicação conforme padronização e/ complexa a estrutura física, a disponibilidade de insumos, o aporte
ou prescrição médica (geralmente é diluído em 250 ml de solução tecnológico e os recursos humanos especializados para intervir nas
fisiológica ou glicose 5%); situações de emergência decorrentes dos acidentes e violências. As
• Controle rigoroso de gotejamento, instalar preferencialmen‐ emergências são as principais portas de entrada desses pacientes
te em bomba de infusão e verificar continuamente a infusão corre‐ no hospital; considerando a gravidade das lesões, a assistência de‐
ta do medicamento; mandará ações de diferentes serviços e poderá exigir um tempo
• Controle da pressão arterial do paciente (algumas bibliogra‐ considerável de internação, acarretando um custo elevado.
fias indicam controle a cada cinco minutos, outras a cada 15 a 30
minutos. É importante seguir as orientações do enfermeiro na ob‐ Os autores Tacsi e Vendruscolo (2004) consideram que o en‐
servação e aferição da pressão arterial, uma vez que nas primeiras fermeiro no setor de emergência deve adotar estilos de liderança
horas de infusão da medicação será necessária a verificação em in‐ participativa e compartilhar e/ou delegar funções. São as principais
tervalos menores e/ou conforme a apresentação de sinais e sinto‐ habilidades, para o gerenciamento da assistência: a comunicação, o
mas no paciente); o mais indicado é que o paciente esteja monito‐ ao paciente, em casos de emergência, seja direcionado, planejado
rizado com monitor multiparâmetros, que verifica constantemente e livre de quaisquer danos.
o pulso, pressão arterial e oximetria; O Infarto do Miocárdio Segundo Lima (2007), o termo infarto
designa a necrose do miocárdio que se instala secundariamente à
Observação: todos os sinais e resultados obtidos devem obri‐ interrupção aguda do fornecimento de sangue através das coroná‐
gatoriamente ser anotados no prontuário do paciente, bem como rias. A destruição do músculo do coração é motivada, geralmente,
os horários de instalação da medicação e possíveis mudanças em por depósitos de placas de ateroma nas artérias coronárias.
gotejamentos, conforme a orientação médica. Desse modo, essas placas nada mais são do que o amontoado
de células no interior dos vasos sanguíneos. Lesões dos próprios
6) suporte de vida em situações de infarto agudo do miocár- vasos, assim como depósitos de gordura que vão desenvolvendo-se
dio; com o tempo, constituem-se verdadeiras “rolhas” no interior das
As doenças cardiovasculares (DCV) atualmente estão entre as artérias do coração. O infarto do miocárdio está mais repetidamen‐
principais causas de morbidade, incapacidade e morte no Brasil e te unido a uma causa mecânica, ou seja, suspensão do fluxo sanguí‐
no mundo, sendo responsáveis por 39% das mortes registradas em neo para uma área específica por causa da obstrução total parcial
2008. Os gastos com estes pacientes totalizaram 1,2 milhões em da artéria coronária responsável por sua irrigação. A dimensão da
2009 e, com envelhecimento da população e mudança dos hábitos necrose depende de muitos fatores que possam ter ocorrido tais
de vida, a prevalência desta doença tende a aumentar ainda mais como o tamanho da artéria lesada, tempo de desenvolvimento da
futuramente (BRASIL, 2008). A Organização Pan-americana de Saú‐ obstrução e desenvolvimento da circulação colateral (CHIAVENA‐
de (OPAS) reconhece a necessidade de uma ação integrada contra TO, 2010).
as Doenças cardíacas e irá propor aos países membros que estabe‐ O infarto significa a morte de uma parte do músculo cardía‐
leçam a meta global de reduzir a taxa de mortalidade por esta em co (miocárdio), por falta de oxigênio e irrigação sanguínea. A oxi‐
20% na década de 2011-2020 em relação à década precedente. En‐ genação necessária ao funcionamento do coração sucede por um
tre as causas de morte e hospitalização, destacam-se as síndromes conjunto de vasos sanguíneos, as chamadas artérias coronárias.
coronarianas agudas (SCA), incluindo o infarto agudo do miocárdio Quando uma dessas artérias que irrigam o coração impede o abas‐
(IAM) e a angina instável (AI) (ESCOSTEGUY et al., 2005). Em situa‐ tecimento de sangue e oxigênio ao músculo, redundando em um
ções de emergências, ao admitir um paciente grave, o enfermeiro processo de destruição irreversível, podem ocasionar parada car‐
é o profissional que realizará a triagem em serviço de emergência, díaca (morte súbita), morte tardia ou insuficiência cardíaca com
cabe a ele avaliar o paciente, determinar as necessidades de prio‐ sérias limitações de atividades físicas (TEIXEIRA, 2010).
ridade e encaminhá-lo para a área de tratamento. Sendo assim, o Os pacientes que passam por um infarto, são comumente do
enfermeiro é o profissional da equipe de emergência a ter o primei‐ sexo masculino, pois são mais facilmente vulneráveis que as mulhe‐
ro contato com o paciente, cabendo-lhe o papel de orientador nos res. Isso porque, acredita-se que as mulheres possuam uma eficácia
procedimentos que serão prestados. protetora que é a produção de hormônios (estrógeno), tanto que
após a menopausa, pela falta de produção desse hormônio, a cir‐
Importância dos atendimentos de emergência cunstância de infarto na mulher cresce de sobremaneira (SILVEIRA,
A emergência é uma propriedade que uma dada situação assu‐ 2006).
me quando um conjunto de circunstâncias a modifica. A assistência O infarto do miocárdio pode também ocorrer em pessoas que
em situações de emergência e urgência se caracteriza pela neces‐ têm as artérias coronárias normais. Isso acontece quando as co‐
sidade de um paciente ser atendido em um curtíssimo espaço de ronárias apresentam um espasmo, contraindose violentamente e
tempo. A emergência é caracterizada como sendo a situação onde também produzindo um déficit parcial ou total de oferecimento de
não pode haver uma protelação no atendimento, o mesmo deve sangue ao músculo cardíaco irrigado pelo vaso contraído (MALVES‐
ser imediato (CINTRA, 2003). Ressalta este autor, que necessidade TIO, 2002).

83
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Segundo o autor acima os sinais e sintomas do IAM: ventes, cerca de 50% necessitam de cuidados espe¬ciais e auxílios
• Dor intensa e prolongada no peito; para desenvolvimento de suas atividades em longo prazo (CRUZ,
• Dor que se irradia do peito para os ombros, pescoço ou bra‐ 2015).
ços; O Ministério da Saúde (MS), baseado na linha do cuidado do
• Dor prolongada na “boca do estômago”; AVC, instituída pela Portaria MS/GM nº 665 de 12 de abril de 2012,
• Desconforto no tórax e sensação de enfraquecimento; instituiu o Manual de rotinas de atenção ao AVE, o qual tem como
• Respiração curta mesmo no estado de repouso; objetivo apresentar protocolos, escalas e orientações aos profissio‐
• Sentir tonteira; nais de saúde no manejo clínico ao paciente acometido pela doen‐
• Náusea, vômito e intensa sudorese; ça, garan¬tindo assistência de qualidade nos serviços de saúde na‐
• Ataques de dor no peito que não são causados por exercício cionais (BRASIL, 2013).
físico. A utilização de protocolos institucionais pré-definidos de
atendimento a pa¬cientes com AVE requer a participação de uma
Contudo, há de ser levado em consideração que existem em equipe multidisciplinar. Nesta, o en¬fermeiro está inserido como
muitos indivíduos um componente genético importante na susce‐ responsável direto na assistência prestada, permitindo o reconhe‐
tibilidade individual para o desenvolvimento da arteriosclerose, cimento precoce de sinais e sintomas sugestivos da doença e uma
embora sua natureza até o momento não seja entendida, essa sus‐ conduta diagnóstica ou terapêutica de forma segura (MONTEIRO,
cetibilidade genética pode interferir nas características bioquímicas 2015).
e fisiológicas, acelerando o processo da doença. Esse componente Em estudo realizado por Donnellan, Sweetman e Shelley
genético é definido como herança genética ou características não (2013a), no qual foi avaliada a implementação de diretrizes nacio‐
modificáveis. nais de AVE, foi observado que o instru¬mento consiste em um
A assistência da equipe de enfermagem no atendimento à ví‐ conjunto de orientações específicas à conduta terapêutica, con‐
tima de infarto agudo do miocárdio O enfermeiro tem um papel templando o que, quem, quando, onde e como a assistência deve
importante na assistência, tem sido discutido políticas e estratégias ser realizada, porém ressalta que deverá ser adaptado ao uso no
de saúde em relação a doenças cardiovasculares, para que a en‐ ambiente clínico.
fermagem atue na promoção e recuperação da saúde através de Os resultados encontrados por Oostema e outros autores
intervenções as quais objetiva alcançar os resultados esperados, (2014) dão suporte às afirmativas da literatura. Os autores obser‐
estabelecendo protocolos que consiste em passos a serem dados varam que a eficiência dos cuidados hos¬pitalares aos pacientes
para a realização de suas ações sistemática na sequência que de‐ esteve relacionada à utilização das recomendações das dire¬trizes
vem ser executado. O enfermeiro, por meio de seus cuidados, é nacionais, visto que proporcionou chegada em cena precoce, ava‐
um profissional essencial na assistência e recuperação da saúde da liação mais rápida, utilização aumentada da terapia trombolítica e
vítima de IAM (BRANDÃO, 2003). a tempos de porta-agulha re¬duzidos para a administração trom‐
O atendimento de emergência nas Unidades Hospitalares tem bolítica.
importante papel na recuperação e manutenção da saúde do indi‐ Ao ser admitido no serviço de emergência, o paciente deve ser
víduo. Recuperar a saúde e mantê-la se estabelece com uma assis‐ avaliado com base em protocolos que definem as principais ma‐
tência à saúde de qualidade e equipe multidisciplinar voltada para nifestações clínicas da doença e indicam o melhor tratamento no
o indivíduo como um todo na sua integralidade, atentando para as‐ melhor tempo resposta, reduzindo as complicações provenientes
pectos que envolvem a atuação eficaz, eficiente, rápida e com bom do AVE e melhorando o prognóstico do paciente (SANDER, 2013).
conhecimento clínico e científico. A atuação do enfermeiro encai‐ Blomberg e outros autores (2014) constataram que a utiliza‐
xa-se naquela equipe supracitada e é primordial para os serviços de ção de algoritmo específico no atendimento pré-hospitalar (APH)
saúde no tocante à promoção à saúde dos clientes/pacientes que permitiu uma alta precisão no diag¬nóstico do AVE e eficácia na
são assistidos em serviços de Urgência e Emergência. corrente de sobrevivência. Destacaram a utilização de intervenções
específicas, incluindo suporte de oxigênio, inserção de cateteres
7. suporte de vida em situações de acidente vascular ence- veno¬sos periféricos, exame neurológico e reação pupilar, trans‐
fálico; porte imediato com elevada prioridade médica e comunicação pre‐
As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) constituem a coce à instituição que receberá o paciente.
primeira causa de mortalidade na população mundial (CRUZ, 2015). As diretrizes da Associação Americana de AVE recomendam
São responsáveis por um elevado número de mortes prematuras, que a avaliação e o diagnóstico rápidos dos pacientes devem pro‐
diminuição da qualidade de vida e impactos socioe¬conômicos, en‐ porcionar um tempo de porta-agulha não superior a 60 minutos
volvendo a taxa de mortalidade, os custos do tratamento, déficit (BRETHOUR, 2012). Associado a isto, o autor evidenciou que a ad‐
motor e redução cognitiva dos pacientes (STONE, 2013; MALTA et ministração do t-PA dentro das primeiras 3 horas do início do qua‐
al., 2015). dro em uma dose de 0,9 mg/kg proporciona melhora na perfusão
As DCNT incluem neoplasias, doenças respiratórias crônicas, cerebral e reduz significati¬vamente a incapacidade sem aumento
diabetes mellitus e doenças do aparelho circulatório. O Acidente no risco de morte do paciente.
Vascular Encefálico (AVE) é classificado nesta última, sendo um dis‐ As princiais dificuldades para implementação de protocolos
túrbio neurológico no qual ocorre perda da função ence¬fálica em são: falta de adesão pela equipe multiprofissional, conhecimento
decorrência da ruptura do aporte sanguíneo para uma região do deficiente, ausência de estrutura física no ambiente de assistência
encéfalo com instalação súbita de causa vascular (CARNEIRO et al., e falta de investimento em equipamentos e tecnologia avançada
2015; OLIVEIRA et al., 2016). (FRANGIONE-EDFORT, 2014).
O AVE é mais frequente após os 60 anos, sendo responsável Moura e Casulari (2015) defendem que o uso de protocolos no
por 847.694 interna¬ções hospitalares no Brasil nos últimos cin‐ atendimento ao paciente com AVE melhora o atendimento signi‐
co anos, por 27,6% (234.326) na região Nordeste do país e 0,46% ficativamente. Corroborando com a afirmativa, Donnellan, Sweet‐
(3.969) em Sergipe (BRASIL, 2016). Nos anos de 2012, 2013 e 2014 man e Shelley (2013b) afirmam que a adesão aos proto¬colos é as‐
corres¬pondeu a 249.470 óbitos no Brasil, 28,5% (71.279) na região sociada a desfechos favoráveis no tratamento ao AVE, aumentando
Nordeste e 1,02% (2.565) em Sergipe (BRASIL, 2016). Dos sobrevi‐ a sobre¬vida e reduzindo os custos hospitalares.

84
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Atuação do enfermeiro no manejo do AVE 8) suporte de vida em situações de estados de choque;
Durante o período de permanência em internação hospitalar,
o paciente acometido por AVE recebe a assistência de uma equipe
multidisciplinar que desenvolve ações com o objetivo de melhorar
o estado de saúde e consequente alta hospitalar. O enfermeiro,
du¬rante o seu turno de trabalho, é o profissional que possui maior
contato com o paciente, sendo responsável pela maior parte dos
cuidados e procedimentos (SOUZA et al., 2014).
No processo de cuidado ao paciente com AVE, o enfermeiro
deve atuar com o objetivo de minimizar as sequelas provenientes
da doença, além de desenvolver uma assistência com foco no esta‐
do físico, espiritual e mental. Para isso, esse profissional deve iden‐
tificar as principais necessidades do paciente, elaborar um plano de
cuida¬dos individualizado e garantir que o mesmo seja implemen‐
tado de maneira eficaz (BARCELOS et al., 2016).
Hinkle (2014) destaca que estes profissionais devem realizar
e registrar um exame físico eficiente pactuado na escala de AVE
dos Institutos Nacionais de Saúde (NIHSS). Afirma ainda que este
instrumento deva ser empregado continuamente na fase aguda do
AVEi, em pacientes pós-AVEh ou com suspeita de Ataque Isquêmi‐
co Transitório (AIT) a fim de identificar o estado neurológico, avaliar Tipos de choque
eficácia do trata¬mento e prever um desfecho para conduta clínica. - Hipovolêmico – depleção do volume intravascular efetivo.
A escassez de neurologistas prontamente disponíveis em servi‐ - Cardiogênico – falha primária da função cardíaca.
ços hospitalares dos Estados Unidos favoreceu o desenvolvimento - Distributivo – alterações do tônus/permeabilidade vascular.
de práticas avançadas de enferma¬ gem. Estas práticas evidencia‐ - Obstrutivo – obstrução mecânica ao enchimento do coração.
das pelo autor contemplam a atuação dos enfermeiros na identi‐
ficação, tomada de decisão de tratamento e gestão contínua de O paciente em estado de choque exige atenção total da equi‐
pacientes com AVE (BRETHOUR, 2012). pe médica, devido ao risco iminente de morte. Em casos assim, a
Em estudo de Blomberg e colaboradores (2014) foi avaliado o intervenção deve ser imediata. Isso porque o tempo de ação e de
nível de con¬cordância entre enfermeiros e médicos na condução resposta exerce influência direta na recuperação do paciente.
clínica do AVE, evidenciando similaridade entre os profissionais de O procedimento vai na contramão da premissa básica da enfer‐
78% na decisão de monitorização e intervenção precoce e 74% na magem, que preza sempre a prevenção primária. No atendimento
realização da Tomografia Computadorizada (TC) de crânio, porém ao estado de choque, entretanto, o profissional é impelido a agir
os enfermeiros apresentaram nível de precisão em 84%. rapidamente, a fim de evitar danos estruturais ao enfermo.
Bergman e outros autores (2012) defendem que os enfermei‐ Caracterizado por uma síndrome que ocasiona a redução da
ros devem ser ca¬pacitados para reconhecer as manifestações perfusão tecidual sistêmica, o choque leva o corpo a uma disfunção
clínicas de um AVE, visto que esses pro¬fissionais, na maioria das orgânica. Os órgãos deixam de receber suporte, podendo entrar
vezes, são responsáveis pelo acolhimento e avaliação pri¬mária em falência.
desses pacientes no serviço de urgência. O reconhecimento preco‐ Nesse cenário, a atuação da enfermagem tem papel funda‐
ce e escolha da terapêutica adequada são fatores positivos para o mental, sendo importante desde a assistência emergencial até a
prognóstico do paciente. execução do plano de cuidados.
Yang e outros autores (2015), ao questionarem 331 enfermei‐
ros e médicos sobre a capacidade de reconhecimento de um AVE, A abordagem do enfermeiro inclui, pelo menos, sete procedi‐
48% referiram aptidão para reconhecer e gerenciar a situação. Em mentos:
seu estudo, Adelman e colaboradores (2014), ao entrevis¬tarem - Controlar a glicemia capilar
875 enfermeiros sobre os sinais de alerta para o AVE, evidenciaram - Verificar o monitor multiparamêtrico
que 87% dos entrevistados reconheceram dois ou mais sinais da - Coletar exames laboratoriais
doença. - Realizar oxigenoterapia
Conforme afirmam Barcelos e outros autores (2016), as limita‐ - Verificar a dor e realizar o controle
ções físicas e cog¬nitivas impostas pelo AVE são agravantes que po‐ - Determinar o decúbito, sempre de acordo com o tipo de cho‐
dem interferir durante a realização dos cuidados pelo enfermeiro que (hipovolêmico, cardiogênico e circulatório)
aos pacientes. Por este motivo, o profissional deve ser capacitado - Realizar acesso venoso calibroso
para atuar diante das dificuldades que podem surgir durante a as‐
sistência, utilizando estratégias de cuidado que visem proporcionar No choque hipovolêmico, que é o tipo mais frequente, há uma
uma comunicação tera-pêutica efetiva. diminuição no volume intravascular. O problema pode ser ocasio‐
Souza e outros autores (2014) evidenciaram em estudo a im‐ nado pela perda de líquido externa ou, ainda, por deslocamento de
portância da comu¬nicação verbal e não verbal entre o enfermeiro líquidos internos. Aqui, os objetivos da enfermagem no tratamento
e o paciente afásico, a fim de manter uma relação de confiança. No concentram-se em três etapas:
estudo, os enfermeiros relataram usar os gestos (100%), comunica‐ - Restaurar o volume intravascular
ção verbal (33,3%), comunicação escrita (29,6%) e toque (18,5%). - Redistribuir o volume de líquidos corporais
Nesta pers¬pectiva, é essencial que o enfermeiro esteja preparado - Reparar a causa originária da perda de líquido ao lado da
para realizar uma comunicação terapêutica efetiva, com o objetivo equipe médica tão logo for possível.
de prestar assistência adequada e de qualidade.

85
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Para restaurar a saúde do paciente, a atuação da enfermagem consiste em avaliação sistemática do paciente, seja monitorando os
índices glicêmicos ou realizando exames periodicamente. O enfermeiro é, ainda, o profissional que executa o tratamento prescrito, moni‐
tora o paciente e o protege de eventuais complicações.
Ao longo da rotina, o profissional deve conservar a atuação humanizada, que considera a questão emocional como parte integrante
do processo de cuidar. Vale ressaltar que a assistência da enfermagem não se resume à saúde física.
A atuação do enfermeiro no estado de choque deve ser capaz de promover o bem-estar integral do paciente. Além disso, a aproxima‐
ção com o enfermo potencializa o próprio tratamento, propiciando controle e monitorização constantes.

9) suporte de vida em situações de parada cardiorrespiratória;


Parada cardiorrespiratória (PCR) consiste na cessação de atividades do coração, da circulação e da respiração, reconhecida pela au‐
sência de pulso ou sinais de circulação, estando o paciente inconsciente (SILVA; ARAÚJO E ALMEIDA, 2017). Para Nasser e Barbieri (2015),
a parada cardiopulmonar ou parada cardiorrespiratória (PCR) é definida como a ausência de atividade mecânica cardíaca, que é confirma‐
da por ausência de pulso detectável, ausência de responsividade e apneia ou respiração agônica, ofegante.
Já para Zanini, Nascimento e Barra (2006), a PCR é definida como o súbito cessar da atividade miocárdica ventricular útil, associada
à ausência de respiração. Como podemos observar diferentes autores se comunicam com a mesma definição para PCR, utilizam palavras
diferentes com mesmos significados. De acordo com Silva (2004) arada cardiorrespiratória (PCR) é a cessação súbita e inesperada das
funções cardíaca e respiratória. Também pode ser descrita como a inadequação do débito cardíaco que resulta em um volume sistólico
insuficiente para a perfusão tecidual decorrente da interrupção súbita da atividade mecânica ventricular .
Para Guimarães (2005) a RCP é o conjunto de procedimentos destinados a manter a circulação de sangue oxigenado ao cérebro e a
outros órgãos vitais, permitindo a manutenção transitória das funções sistêmicas até que o retorno da circulação espontânea possibilite
o restabelecimento da homeostase. A PCR ocorre com maior frequência em UTI, uma vez que essas unidades assistem pacientes grave‐
mente enfermos. Os profissionais de Enfermagem devem estar aptos para reconhecer quando um paciente está em PCR ou prestes a
desenvolver uma.
A avaliação do paciente não deve levar mais de 10 segundos (ZANINI; NASCIMENTO E BARRA, 2006). Vários estudos têm demonstrado
que quanto menor o tempo entre a parada cardiorrespiratória e o atendimento, maior a chance de sobrevida da vítima (GOMES et al.,
2005 apud MADEIRA E GUEDES, 2010).
Para que o Suporte Básico de Vida (SBV) seja concretizado com eficiência é necessário o reconhecimento rápido e a realização das ma‐
nobras de Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP), utilizando de compressões torácicas de boa qualidade (SILVA; ARAÚJO E ALMEIDA, 2017).
Com o objetivo de reverter este colapso foi desenvolvido o método de Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) que refere-se à tentativas
de recuperar a circulação espontânea, sendo sua aplicação universal (o que independe da causa base da PCR), com atualizações protoco‐
lares sistemáticas (SILVA; ARAÚJO E ALMEIDA, 2017).
A reanimação cardiopulmonar (RCP) é definida como o conjunto de manobras realizadas após uma PCR com o objetivo de manter
artificialmente o fluxo arterial ao cérebro e a outros órgãos vitais, até que ocorra o retorno da circulação espontânea (RCE) (NASSER E BAR‐
BIERI, 2015). Para Madeira e Guedes (2010), a reanimação cardiorrespiratória cerebral é definida pelo conjunto de medidas diagnósticas
e terapêuticas que tem o objetivo de reverter a parada cardiorrespiratória. A RCP tem por finalidade fazer com que o coração e o pulmão
voltem a funcionar de acordo com seu padrão de normalidade, e por ser entendida como um conjunto de manobras destinadas a garantir
a oxigenação para todos os órgãos e tecidos, principalmente ao coração e cérebro.
O enfermeiro é vital nos esforços para reanimar um paciente, sendo ele, frequentemente, quem avalia primeiro o paciente e inicia as
manobras de RCP e aciona a equipe (ARAÚJO et al., 2012). Cabe ao enfermeiro e sua equipe assistir esses pacientes, oferecendo circulação
e ventilação até a chegada da assistência médica, para tanto esses profissionais devem adquirir habilidades para prestar adequadamente
a assistência necessária.
A enfermagem tem papel extremamente importante no atendimento à PCR, evento em que são imprescindíveis a organização, o
equilíbrio emocional, o conhecimento teóricoprático da equipe, bem como a correta distribuição das funções por parte destes profissio‐
nais, que representam, muitas vezes, a maior parte da equipe nos atendimentos de RCP (SILVA, 2006). Silva (2006) relata que na maioria
das vezes, o enfermeiro é o membro da equipe de saúde que primeiro se depara com o paciente/cliente em situação de PCR, devendo,
portanto estar preparado para concentrar esforços e atuar nos acontecimentos que precedem o evento da PCR, e consequentemente, na
sua identificação precoce, no seu atendimento e nos cuidados pós-reanimação.
Para Silva (2017), se a manobra não for realizada corretamente, poderá haver uma necrose nos tecidos musculares do coração, a
diminuição ou ausência de oxigenação no cérebro, levando assim o paciente a óbito ou até lesões irreversíveis cerebrais.

Segundo a American Heart Association 2015, o atendimento à PCR em Suporte Básico de Vida (SBV), compreende:
Um conjunto de técnicas sequenciais caracterizadas por compressões torácicas, abertura das vias aéreas, respiração artificial e des‐
fibrilação ao considerar a PCR como uma emergência clínica, na qual o objetivo do tratamento consiste em preservar a vida, restabelecer
a saúde, aliviar o sofrimento e diminuir incapacidades, o atendimento deve ser realizado por equipe competente, qualificada e apta para
realizar tal tarefa. Neste contexto destaca-se a figura do enfermeiro, profissional muitas vezes responsável por reconhecer a PCR, iniciar
o SBV.
De acordo com as novas recomendações da American Heart Association o correto é que os socorristas aplique uma frequência mínima
de 100 a 120 compressões torácicas por minutos (AHA, 2015). Sendo este um fator determinante do retorno da circulação espontânea.
Desta forma, a pesquisa tem o intuito de identificar a frequência com que os profissionais se atualizam quanto as novas recomendações
da AHA em relação a PCR e aos métodos de RCP, contribuindo para a formulação de estratégias eficazes de incentivos a capacitação em
saúde aos profissionais enfermeiros.

86
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

10) suporte de vida em situações de intoxicações exógenas; e


Intoxicação é o prejuízo causado em sistemas orgânicos (nervoso, respiratório, cardiovascular, etc.) devido à absorção de alguma
substância nociva. “Todas as coisas são venenosas, é a dose que transforma algo em veneno”. (Paracelso, século XVI)
• A maior parte das intoxicações ocorre na faixa-etária de 1 – 4 anos.
• Adultos – medicamentos e drogas lícitas/ilícitas.

Conduta:

87
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

88
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

89
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
• Estado geral
• ABCDE
• Sinais Vitais
• Anamnese – 5 Ws (Quem, o que, onde, quando, por que?)
• Antídoto
• Diluição?
• Êmese
• Lavagem Gástrica

Diluição:
Imediatamente
- Álcalis
- Ácidos fracos
- Hidrocarbonetos

Nunca
- Ácidos concentrados
- Substâncias cáusticas
- Inconsciência
- Reflexo da deglutição diminuído
- Depressão respiratória
- Dor abdominal
Lavagem Gástrica:
• Recém-Nascido: 500 ml
• Lactentes: 2 a 3 litros
• Pré-Escolares: 4 a 5 litros
• Escolares: 5 a 6 litros
• Adultos: 6 a 10 litros.

Solução utilizada: Soro Fisiológico a 0,9%.


• Volume por Vez
Crianças: 5ml/Kg Adultos: 250ml.

Carvão ativado
• Crianças < 12 anos = 1g/kg
• Adultos até 1g/kg
• Dose de ataque = 50 a 60g em 250ml SF
• Manutenção = 0,5g/kg – 4 a 6h

90
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Monóxido de Carbono
• Gás inodoro
• Incolor.
• Tem de 200 a 300 vezes mais afinidade pela hemoglobina que o oxigênio.
• Satura a hemoglobina, impede a chegada de oxigênio em nível celular.

Conduta:
• Retirar do ambiente nocivo
• O2 em alta concentração
- O2 a 100% diminui a meia vida da COHb em cerca de 4 vezes em pressão atmosférica normal - Câmara hiperbárica a 3 atm diminui
a meia vida da COHb em cerca de 13 vezes.
Meia vida da COHb = 5 horas

11) suporte de vida em situações de acidente ofídico.


Acidente por animais por animais peçonhentos é considerado um problema de saúde pública em países tropicais. O aumento do
número de notificações tem sido registrado pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Animais peçonhentos são
descritos pelo Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicos (SINTOX) como o segundo maior agente de intoxicação humana
no Brasil, suplantado apenas por medicamentos1 . Animais peçonhentos são caracterizados como aqueles que possuem glândulas pro‐
dutoras de veneno ou substância tóxica e um aparelho especializado utilizado na inoculação do veneno. Dessa forma, no mundo existem
cerca de 100.000 espécies peçonhentas. Sendo que no Brasil os animais peçonhentos mais comuns são escorpiões, aranhas, abelhas, ar‐
raias, serpentes e vespas. O atendimento médico pré-hospitalar foi criado devido ao aumento exacerbado de enfermidades relacionados
a situações de urgência e emergência, com o objetivo de uma intervenção precoce
A atenção primária às urgências e emergências era considerada um problema para o SUS, devido a isso, em 2000 foi instituída a
Política Nacional de Atendimento às Urgências (PNAU), tendo como componente o Serviço Móvel de Urgência (SAMU) que foi instituído
pela portaria n. 1.863/03 sendo posteriormente fonte da portaria 1.864/0. Os pilares da PNAU foram fundamentados na promoção da
qualidade de vida, operação de centrais de regulação, capacitação e educação continuada, humanização da atenção e organização em
rede. As intoxicações representam grande volume dos atendimentos da emergência tanto de adultos quanto pediátricos.

91
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Os acidentes por animais peçonhentos também são descritos Atuação do Enfermeiro no atendimento pré-hospitalar
como acidentes domésticos em que crianças constituem a parce‐ O atendimento pré-hospitalar (APH) é destinado às vítimas de
la da população mais acometida de acordo com Mota e Andrade trauma, violência urbana, mal súbito e distúrbios psiquiátricos. Visa
(2014). Pacientes que sofreram acidentes por animais peçonhentos estabilizar o paciente de forma eficaz, rápida e com equipe prepa‐
devem ser atendidos por unidade especializada em urgência clínica rada para atuar em qualquer ambiente e remover o paciente para
devido à necessidade de rapidez para neutralização das toxinas ino‐ uma unidade hospitalar.
culadas durante o acidente e introdução de medidas de sustentação Em 2002, tendo em vista o crescimento da demanda por ser‐
das condições. O tempo decorrido entre o acidente e o atendimen‐ viços de urgência e emergência e ao real aumento do número de
to médico é condicionante para a recuperação das vítimas e deter‐ acidentes e da violência urbana, o Ministério da Saúde aprovou
mina a evolução para um quadro mais leve ou mais grave.. Ainda a regulamentação técnica dos sistemas estaduais de Urgência e
há um déficit em relação à presença de um perfil nacional confiável Emergência, por meio da Portaria 2048, ratificando que esta área
devido ao grande número de subnotificações. Dessa forma, a admi‐ constitui-se em um importante componente da assistência à saúde.
nistração da soroterapia é necessária ser realizada o mais precoce No ano seguinte, a Portaria1864/GM deu início à implantação do
possível. Para que isso ocorra é imprescindível o conhecimento da Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU-192) nas mo‐
forma de identificação do animal peçonhento principalmente pelos dalidades suporte básico e avançado de vida, atuação desenvolvi‐
profissionais de atendimento préhospitalar móvel, que tem o con‐ da em todo o território brasileiro pelos Estados em parceria com o
tato mais precoce com esse paciente. Ministério da Saúde e as Secretarias Municipais de Saúde. A Enfer‐
magem ainda conta com a Resolução Cofen 375/2011, que dispõe
Atendimento Pré Hospitalar sobre a presença do enfermeiro no Atendimento Pré-Hospitalar e
O intervalo de tempo entre o acidente e o atendimento é Inter-Hospitalar, em situações de risco conhecido ou desconhecido.
descrito como estar relacionado diretamente com a gravidade e No Brasil, o APH envolve o Corpo de Bombeiros, o SAMU (Ser‐
prognóstico do acidente . O acidente ofídico apresenta maior pre‐ viço de Atendimento Móvel de Urgência) e também as empresas
valência de complicações entre os tipos de acidentes peçonhentos, particulares. A enfermagem participa em todas essas vertentes e
dependendo do quadro do paciente, pode evoluir com complica‐ como em qualquer outra área do cuidar, deve estar alicerçada em
ções como, necrose tecidual, síndrome compartimental, insuficiên‐ conhecimento, capacitação técnica e humanização.
cia renal aguda, choque. Estudo realizado por Ribeiro et al. (1998). A enfermeira Adriana Mandelli Garcia tem em seu currículo a
Ao analisar os óbitos evidenciou que foram pacientes atendidos experiência em atendimento a vítimas de urgências clínicas e trau‐
mais tardiamente. A soroterapia é o único tratamento indicado máticas. Em mais de uma década de atuação no APH, é ela quem
para neutralizar a ação dos venenos dos animais peçonhentos, o nos relata nessa entrevista a atividade prestada pela enfermagem,
soro contém anticorpos específicos para cada tipo de acidente. a importância da equipe nas ruas e os avanços neste serviço. Hoje,
Quando aplicados corretamente e em tempo hábil pode evitar e Adriana Mandelli é enfermeira do Corpo de Bombeiros do Estado
até reverter a maioria dos efeitos dos envenenamentos por esses de São Paulo e também é gerente de Enfermagem da BEM Emer‐
animais. No atendimento dessa urgência clínica tem que ser reali‐ gências Médicas, estando diariamente no serviço público e privado
zada a manutenção dos dados vitais e manobras de suporte básico. do APH.
Os cuidados gerais do local da ferida são recomendados. Sendo a No que consiste o serviço de atendimento pré-hospitalar
reposição hidroeletrolítica, monitorização e observação da função (APH)?
neurológica imprescindível em casos graves. A antibioticoterapia O nome pré-hospitalar caracteriza-se pelo atendimento à víti‐
não é usual, mas pode ser utilizada em acidentes botrópico ou la‐ ma antes da mesma chegar ao hospital, podendo ser em locais ha‐
quético com presença de necrose extensa, podendo por optar por bitados normalmente (ruas, residências, comércios etc.), locais de
penicilina G ou Oxacilina. O atendimento deve incluir a avaliação difícil acesso como buracos, galerias fluviais, escombros e outros,
cardiorrespiratória e identificação de fatores de risco, reconhecen‐ além do atendimento aquático; logicamente, para isso, a equipe
do precocemente a gravidade e agir de forma rápida para garantir requer treinamento. Nestes locais iniciamos a prestação do serviço
a sobrevida. de saúde básico ou avançado. Após estabilização, a vítima é enca‐
Concluímos que o intervalo de tempo entre o acidente por minhada para o hospital por meio do melhor recurso disponível,
animal peçonhento e o atendimento de um acidente é um fator entre eles ambulância, helicóptero ou lancha.
relacionado a gravidade e prognóstico. Dessa forma, medidas como
a soroterapia devem ser instituídas o mais precoce possível. No Quais as principais atribuições do enfermeiro que atua nesta
atendimento pré-hospitalar pode ser realizado a monitorização dos área?
dados vitais, classificação da gravidade, medidas gerais da ferida, A atribuição do enfermeiro dependerá da unidade em que ele
identificação do tipo de acidente e principalmente a administração estiver atuando, porém, para que os internautas do Portal tenham
precoce da soroterapia para uma melhor sobrevida. Os acidentes uma ideia do que o enfermeiro desenvolve na área de APH, apre‐
por animais ofídicos apresentam maiores taxas de casos com o in‐ sento algumas atribuições da minha vivência.
tervalo mais longo entre o acidente e o atendimento, esse tipo de - Supervisionar e avaliar as ações de enfermagem da equipe no
acidente também foi o que mais apresentou classificação de gravi‐ atendimento Pré-Hospitalar Móvel;
dade com taxa moderada e grave. Dessa forma, com o tratamento - Prestar cuidados de enfermagem de qualquer complexidade
instituído no atendimento préhospitalar móvel pode proporcionar técnica a pacientes com ou sem risco de vida, que exijam conhe‐
menor taxa do intervalo entre o acidente e o atendimento e, con‐ cimentos científicos adequados e capacidade de tomar decisões
sequentemente, menores índice de notificações de classificação de imediatas;
gravidade moderada e grave. Maiores estudos são necessários para - Ministrar treinamento e/ou participar dos programas de trei‐
avaliar a significância dessa relação e se zonas rurais e urbanas in‐ namento e aprimoramento de pessoal de saúde em urgências e
fluenciam no tempo entre o acidente e o atendimento. emergências;
- Fazer controle de qualidade do serviço nos aspectos direcio‐
nados a pessoas e equipamentos inerentes à profissão, estabele‐
cendo e controlando indicadores.

92
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Dentro da área de APH, quais os segmentos possíveis de seguida, os cursos começaram a ser ministrados no Brasil em parce‐
atuação do profissional de enfermagem? ria com o Hospital Albert Einstein. Os protocolos estão disponíveis
O mercado de trabalho está cada vez mais diversificado e ele para acesso no site da AHA - www.heart.org .
pode atuar em transporte aéreo, terrestre - que são os mais co‐
muns - além de estádio esportivo, shopping center, academia, re‐ Como é realizado o registro de Enfermagem dos atendimen-
sort, parque de diversões, grupo de turismo de aventura com ra‐ tos prestados?
fting, arvorismo, escaladas, além de comunidades desenvolvendo Ao final do atendimento o registro deve ser feito por todos os
o treinamento da pessoa leiga que gostaria de ser treinada para profissionais envolvidos no caso. Durante a entrega do paciente,
iniciar o atendimento de uma vítima, até mesmo em companhias orienta-se colher assinatura do profissional que dará continuidade
aéreas para desenvolvimento da equipes de voo. Ressalto ainda a ao atendimento à vítima. Este prontuário deve ser preenchido em
importância da presença do APH em eventos futebolísticos. A Lei duas vias, no mínimo, permitindo que uma fique para a instituição
10671/03, conhecida como Estatuto do Torcedor, determina a pre‐ de APH e a segunda via siga para o destino do paciente.
sença de dois enfermeiros e um médico presentes no local de jogo Com relação aos pertences do paciente, vale acrescentar que
a cada dez mil torcedores. documentos, dinheiro, joias etc. deverão ser relacionados e trans‐
feridos a um familiar ou à enfermagem que irá receber o paciente.
Como acontece o chamado do APH? No momento do socorro o enfermeiro é o responsável em cuidar
O fluxo basicamente parte do solicitante, que liga para uma dos pertences do paciente e esse “rol de valores” deve ser feito por
central (192 ou 193) contando o motivo e descrevendo a localiza‐ duas pessoas, o profissional da enfermagem e uma testemunha.
ção do atendimento a ser prestado. No momento do contato com
a central segue-se um questionário de perguntas necessárias para Como deve ser composta uma unidade de APH?
enviar o recurso mais indicado. Simultaneamente, um médico po‐ O mínimo que a unidade deve ter é o que está previsto na
derá iniciar uma conversar com o solicitante, em paralelo ao servi‐ Portaria 2048/2002 do Ministério da Saúde, e serve para todas as
ço indicado estar a caminho do atendimento. A primeira equipe a modalidades, o que difere é a tipo de ambulância que determina o
chegar ao local posiciona a central sobre a atual realidade e as ne‐ que a mesma deve conter, sendo Ambulância de Transporte (Tipo
cessidades para o bom andamento (seja para a suspensão de luz no A), Ambulância de Suporte Básico (Tipo B), Ambulância de Resgate
local, por exemplo, ou uma solicitação de policiamento ou mesmo (Tipo C), Ambulância de Suporte Avançado (Tipo D), Aeronave de
de trânsito). A partir daí, inicia-se o atendimento da vítima deter‐ Transporte Médico (Tipo E), Embarcação de Transporte (Tipo F).
minando à central qual o recurso necessário, se hospital primário Porém, existem peculiaridades tanto no perfil de pacientes que
ou terciário, de acordo com a condição e necessidade da mesma. atendemos como em inovações da indústria farmacológica, de ma‐
“A primeira equipe a chegar ao local posiciona a central sobre a teriais em saúde e tecnologias que facilitam as técnicas aplicadas
atual realidade e as necessidades para o bom andamento” e garantem maior segurança para ambos os lados, agregando na
eficácia e no sucesso do atendimento.
Como é dividido o atendimento?
Básico e avançado. O atendimento básico envolve as mano‐ Como você iniciou a sua atividade profissional e por que par-
bras/técnicas iniciais de atendimento necessárias e fundamentais tiu para esta especialização?
até que se determine a necessidade ou não de acessar o paciente A formação de enfermeira foi praticamente uma escolha dos
com maior “invasão”, seja ela intubação, acesso venoso, adminis‐ meus pais. Realizei teste de aptidão e também segui a opinião de‐
tração de drogas e outras que se fazem necessárias para um bom les. Finalizei a graduação ainda muito nova e iniciei na área hos‐
prognóstico. Todos os estados brasileiros deveriam proporcionar pitalar. Certa vez, fui com minha mãe em uma consulta médica
à população as duas opções, porém a realidade atual não é esta. e no meio da consulta, o médico deixou de nos atender e iniciou
Qual serviço será enviado ao local de atendimento é determinado o socorro a uma paciente de parada cardiorrespiratória. Como a
no momento da triagem, diante da gravidade da situação e o nú‐ equipe estava um tanto atrapalhada, eu me ofereci para ajudar.
mero de vítimas envolvidas. Assim, feita a triagem, determina-se o Coincidentemente, a paciente voltou a viver. Eu me senti extrema‐
melhor recurso a ser enviado, se o básico ou o avançado. mente satisfeita e surpresa, pois eu ainda não havia passado por
esta situação. Decidi, aí, que queria atuar em pronto-socorro. Fui
Existe um protocolo nacional de atendimento? em busca do meu desejo. Após alguns anos nesta atividade, percebi
O Brasil segue é o modelo americano, criado em 1990 por re‐ que eu queria mais do que esperar, eu queria chegar na pior si‐
presentantes da American Heart Association (AHA), da European tuação em que um indivíduo possa estar. Conclui mestrado na USP
Resuscitation Council (ERC), da Heart and Stroke Foundation of Ca‐ voltado para parada cardiorrespiratória e busquei, incansavelmen‐
nada (HSFC) e da Australian Resuscitation Council (ARC). Ele nasceu te, o concurso do GRAU (vinculado ao Corpo de Bombeiros), cujo
da necessidade de se criar nomenclatura na ressuscitação e pela trabalho faço há oito anos. Além disso, também atuo junto à BEM
falta de padronização de linguagem nos relatórios relativos à pa‐ Emergências Médicas há 13 anos.
rada cardíaca em adultos em ambiente extra-hospitalar. Em 1992, “percebi que eu queria mais do que esperar, eu queria chegar
durante a conferência internacional “Resuscitation 92”, Brighton, na pior situação em que um indivíduo possa estar”
na Inglaterra, propôs-se uma cooperação internacional contínua
por meio de um comitê de ligação permanente, multidisciplinar, Como está a especialização em Emergência atualmente no
para diretrizes na área. Assim, ficou determinado que o “LS” life Brasil? Você considera esta uma área promissora?
support seria a maneira de disseminar e padronizar os atendimen‐ As universidades estão evoluindo e este tema atualmente é de‐
tos no APH. Nos dias atuais são esses protocolos que vigoram pelas senvolvido em sua maioria. Existem já muitos cursos lato sensu de
Américas e Europa, claro que cada local com suas peculiaridades. especialização na área. Inclusive os enfermeiros já se mobilizaram e
No Brasil, em 1976, o médico Ari Timerman despertou interesse criaram uma associação específica que se chama COBEEM – Colégio
sobre ressuscitação e teve acesso aos protocolos da AHA. Logo de‐ Brasileiro de Enfermagem em Emergência, da qual fui presidente.
pois, John Cook Lane trouxe ao Brasil os primeiros cursos de res‐ Noto que aumentou a procura pelo campo de estágio nesta área e
suscitação e publicou os primeiros livros na língua portuguesa. Em há muitos profissionais que se identificam com a atuação no APH. O

93
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Brasil tem se adaptado rotineiramente aos protocolos americanos, (linguagem de rádio que caracteriza que a equipe está pronta para
temos legislação aplicável, relativamente atualizada, e órgãos de próximo atendimento). A limpeza geralmente é realizada pela en‐
fiscalizações atuantes neste mercado. fermagem, porém o motorista e o médico muitas vezes colaboram.
A técnica utilizada é a mesma praticada em hospitais e os produtos
Quais são os principais cursos que enfermeiros e técnicos em também são os mesmos. Nós seguimos o procedimento conforme
Enfermagem devem ter em seus currículos? Portaria 2048 do Ministério da Saúde, que diz:
Os cursos para enfermeiros mais recomendados para APH e co‐
nhecidos pela sua qualidade são os LS (life support): BLS (basic life Limpeza e desinfecção da Ambulância:
support), ACLS (Advanced life support), PHTLS (pré-hospital life su‐
pport) e PALS (pediatric advanced life support). Eles são desenvol‐ Limpeza
vidos em vários sítios de treinamento e na sua maioria em grandes a) Remover todos os materiais utilizados no atendimento ao
hospitais como o Albert Einstein, Sírio Libanês, HCor, em São Paulo, paciente;
por exemplo, e em universidades como Anhembi Morumbi e outras b) Desprezar gazes, ataduras úmidas e contaminadas com san‐
instituições que se vincularam a AHA, pois é ela quem controla a gue e/ou outros fluídos corporais em sacos plásticos branco, des‐
qualidade dos cursos. O Funcor, por exemplo, que é credenciado na cartando o mesmo no lixo hospitalar;
AHA, oferece esses cursos. c) Materiais perfurocortante eventualmente utilizados devem
ser desprezados em recipiente adequado;
Quais são as dificuldades vivenciadas pelo serviço? d) Sangue e demais fluídos devem ser cobertos com uma ca‐
Elas se iniciam, em algumas vezes, no próprio endereço da ví‐ mada de organoclorado em pó, removendo-se, após 10 minutos de
tima, devido ao crescimento descontrolado, prejudicando o plane‐ contato, com papel toalha;
jamento viário e, consequentemente, retardando a chegada do so‐ e) Lavar as superfícies internas com água e sabão neutro ini‐
corro no endereço. Outra dificuldade é o acesso à vítima em locais ciando sempre pelo teto, indo para as paredes, mobílias e piso, da
inóspitos, onde lançamos mão de equipamentos para salvamento frente do compartimento de transporte de pacientes em direção à
em altura ou água, ou mesmo necessitamos ter um condicionamen‐ porta traseira.
to físico para transpor as barreiras encontradas. No destino final do
paciente, encontramos dificuldades no treinamento das equipes, Desinfecção
disponibilidades de leitos e recebimento adequado do paciente. a) Friccionar, por três vezes, álcool etílico 70% nas superfícies não
sujeitas à corrosão, exceto superfícies acrílicas ou envernizadas, ou uti‐
O que de novidade e inovação está surgindo direcionado ao lizar outro produto disponível para a completa desinfecção;
atendimento de emergência? b) Periodicamente a cada sete dias realizar uma limpeza e des‐
As máscaras laríngeas são dispositivos que agregam no aten‐ contaminação mais ampla;
dimento, o DEA (desfibrilador externo automático) está cada vez c) Quando efetuar o transporte de pacientes com doenças
mais sedimentado no mercado, e as drogas, como a vasopressina, infectocontagiosas (Aids, hepatite, Tuberculose, Meningites etc)
que têm um efeito espetacular na parada cardiorrespiratória, além realizar, obrigatoriamente, a completa desinfecção da ambulância,
de materiais hemostáticos e dispositivos tecnológicos que facilitam materiais e equipamentos utilizados.
a comunicação.
Quais competências devem ter os profissionais que estão co-
Como é a relação e a atuação da equipe de atendimento pré- meçando a atuar em APH?
-hospitalar e intra-hospitalar? Eles devem ter competências de aspecto cognitivo, técnico, so‐
Infelizmente, não é muito boa. Os motivos são diversos, e de cial e afetivo necessários para a execução desta atividade, além de
ambos os lados. Creio que o maior ‘tendão de Aquiles’ seja a lo‐ equilíbrio emocional e autocontrole para atuar frente aos desafios.
tação dos hospitais públicos e falta de mão-de-obra para atender O enfermeiro, principalmente, para liderar uma equipe em APH,
toda a demanda. Acredito que melhor remuneração, redução da em minha opinião, deve ser participativo, presente e flexível, mas
jornada e melhores condições de trabalho no serviço público são não perder o foco dos resultados qualitativos e quantitativos, bem
fatores que podem, e muito, contribuir para um atendimento pú‐ como utilizar criatividade para inovar e se atualizar.
blico de maior qualidade e melhor entrosamento entre os serviços.

Os riscos ocupacionais estão muito presentes no cotidiano in- c. Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Inten-
tra e extra-hospitalar. Como evitar possíveis riscos no APH? siva.
Quanto aos riscos, realmente são muitos. As instituições de‐
senvolvem treinamentos relacionados e orientações formais, além, RESOLUÇÃO ANVISA Nº 7, DE 24 DE FEVEREIRO DE 2010 DOU
é claro, da entrega do equipamento quando o mesmo é individual. 25.02.2010
As medidas de segurança na saúde estão contempladas na NR-32, e
em situações específicas, como salvamento na água, devemos con‐ Dispõe sobre os requisitos mínimos para funcionamento de
tar com equipamentos próprios de segurança, como apito, boia, Unidades de Terapia Intensiva e dá outras providências.
corda etc. Outro exemplo, para salvamento em altura, é necessário A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitá‐
contar com mosquetões, cordas, fita, baudrier(cadeirinha), descen‐ ria, no uso da atribuição que lhe confere o inciso IV do Art.11 do Re‐
sor etc. gulamento aprovado pelo Decreto nº 3.029, de 16 de abril de 1999,
e tendo em vista o disposto no inciso II e nos §§ 1º e 3º do Art. 54
Após um resgate, é necessário reposição do material, limpe- do Regimento Interno aprovado nos termos do Anexo I da Portaria
za e higienização do veículo. Como se dá este processo? nº 354 da ANVISA, de 11 de agosto de 2006, republicada no D.O.U.,
Esse processo geralmente tem início no hospital de destino de 21 de agosto de 2006, em reunião realizada em 22 de fevereiro
do paciente. Ele é executado pela equipe da ambulância. A repo‐ de 2010; adota a seguinte Resolução da Diretoria Colegiada e eu,
sição é necessária e fundamental para que o veículo esteja no QRV Diretor-Presidente, determino sua publicação:

94
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Art. 1º Ficam aprovados os requisitos mínimos para funciona‐ IX – Humanização da atenção à saúde: valorização da dimen‐
mento de Unidades de Terapia Intensiva, nos termos desta Reso‐ são subjetiva e social, em todas as práticas de atenção e de gestão
lução. da saúde, fortalecendo o compromisso com os direitos do cidadão,
destacando-se o respeito às questões de gênero, etnia, raça, reli‐
CAPÍTULO I gião, cultura, orientação sexual e às populações específicas.
DAS DISPOSIÇÕES INICIAIS X – Índice de gravidade ou Índice prognóstico: valor que reflete
o grau de disfunção orgânica de um paciente.
SEÇÃO I XI – Médico diarista/rotineiro: profissional médico, legalmente
OBJETIVO habilitado, responsável pela garantia da continuidade do plano as‐
sistencial e pelo acompanhamento diário de cada paciente.
Art. 2º Esta Resolução possui o objetivo de estabelecer padrões XII – Médico plantonista: profissional médico, legalmente habi‐
mínimos para o funcionamento das Unidades de Terapia Intensiva, litado, com atuação em regime de plantões.
visando à redução de riscos aos pacientes, visitantes, profissionais XIII – Microrganismos multirresistentes: microrganismos, pre‐
e meio ambiente. dominantemente bactérias, que são resistentes a uma ou mais
classes de agentes amtimicrobianos. Apesar das denominações de
SEÇÃO II alguns microrganismos descreverem resistência a apenas algum
ABRANGÊNCIA agente (exemplo MRSA – Staphylococcus aureus resistente à Oxaci‐
lina; VRE – Enterococo Resistente à Vancomicina), esses patógenos
Art. 3º Esta Resolução se aplica a todas as Unidades de Terapia frequentemente são resistentes à maioria dos agentes antimicro‐
Intensiva gerais do país, sejam públicas, privadas ou filantrópicas; bianos disponíveis.
civis ou militares. XIV – Microrganismos de importância clínico-epidemiológica:
Parágrafo único. Na ausência de Resolução específica, as UTI outros microrganismos definidos pelas CCIH como prioritários para
especializadas devem atender os requisitos mínimos dispostos nes‐ monitoramento, prevenção e controle, com base no perfil da mi‐
te Regulamento, acrescentando recursos humanos e materiais que crobiota nosocomial e na morbi-mortalidade associada a tais mi‐
se fizerem necessários para atender, com segurança, os pacientes crorganismos. Esta definição independe do seu perfil de resistência
que necessitam de cuidados especializados. aos antimicrobianos.
XV – Norma: preceito, regra; aquilo que se estabelece como
SEÇÃO III base a ser seguida.
DEFINIÇÕES XVI – Paciente grave: paciente com comprometimento de um
ou mais dos principais sistemas fisiológicos, com perda de sua au‐
Art. 4º Para efeito desta Resolução, são adotadas as seguintes toregulação, necessitando de assistência contínua.
definições: XVII – Produtos e estabelecimentos submetidos ao controle e
I – Alvará de Licenciamento Sanitário: documento expedido fiscalização sanitária: bens, produtos e estabelecimentos que en‐
pelo órgão sanitário competente Estadual, do Distrito Federal ou volvam risco à saúde pública, descritos no Art.8º da Lei nº. 9782, de
Municipal, que libera o funcionamento dos estabelecimentos que 26 de janeiro de 1999.
exerçam atividades sob regime de Vigilância Sanitária. XVIII – Produtos para saúde: são aqueles enquadrados como
II – Área crítica: área na qual existe risco aumentado para de‐ produto médico ou produto para diagnóstico de uso “in vitro”.
senvolvimento de infecções relacionadas à assistência à saúde, seja XIX – Queixa técnica: qualquer notificação de suspeita de al‐
pela execução de processos envolvendo artigos críticos ou material teração ou irregularidade de um produto ou empresa relacionada
biológico, pela realização de procedimentos invasivos ou pela pre‐ a aspectos técnicos ou legais, e que poderá ou não causar dano à
sença de pacientes com susceptibilidade aumentada aos agentes saúde individual e coletiva.
infecciosos ou portadores de microrganismos de importância epi‐ XX – Regularização junto ao órgão sanitário competente: com‐
demiológica. provação que determinado produto ou serviço submetido ao con‐
III – Centro de Terapia Intensiva (CTI): o agrupamento, numa trole e fiscalização sanitária obedece à legislação sanitária vigente.
mesma área física, de mais de uma Unidade de Terapia Intensiva. XXI – Risco: combinação da probabilidade de ocorrência de um
IV – Comissão de Controle de Infecção Hospitalar – CCIH: de dano e a gravidade de tal dano.
acordo com o definido pela Portaria GM/MS nº 2616, de 12 de maio XXII – Rotina: compreende a descrição dos passos dados para
de 1998. a realização de uma atividade ou operação, envolvendo, geralmen‐
V – Educação continuada em estabelecimento de saúde: pro‐ te, mais de um agente. Favorece o planejamento e racionalização
cesso de permanente aquisição de informações pelo trabalhador, da atividade, evitam improvisações, na medida em que definem
de todo e qualquer conhecimento obtido formalmente, no âmbito com antecedência os agentes que serão envolvidos, propiciando‐
institucional ou fora dele. -lhes treinar suas ações, desta forma eliminando ou minimizando
VI – Evento adverso: qualquer ocorrência inesperada e indese‐ os erros. Permite a continuidade das ações desenvolvidas, além de
jável, associado ao uso de produtos submetidos ao controle e fisca‐ fornecer subsídios para a avaliação de cada uma em particular. As
lização sanitária, sem necessariamente possuir uma relação causal rotinas são peculiares a cada local.
com a intervenção. XXIII – Sistema de Classificação de Necessidades de Cuidados
VII – Gerenciamento de risco: é a tomada de decisões relativas de Enfermagem: índice de carga de trabalho que auxilia a avaliação
aos riscos ou a ação para a redução das conseqüências ou probabi‐ quantitativa e qualitativa dos recursos humanos de enfermagem
lidade de ocorrência. necessários para o cuidado.
VIII – Hospital: estabelecimento de saúde dotado de interna‐ XXIV – Sistema de Classificação de Severidade da Doença: sis‐
ção, meios diagnósticos e terapêuticos, com o objetivo de prestar tema que permite auxiliar na identificação de pacientes graves por
assistência médica curativa e de reabilitação, podendo dispor de meio de indicadores e índices de gravidade calculados a partir de
atividades de prevenção, assistência ambulatorial, atendimento de dados colhidos dos pacientes.
urgência/emergência e de ensino/pesquisa.

95
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
XXV – Teste Laboratorial Remoto (TRL): Teste realizado por II – aprovadas e assinadas pelo Responsável Técnico e pelos
meio de um equipamento laboratorial situado fisicamente fora coordenadores de enfermagem e de fisioterapia;
da área de um laboratório clínico. Também chamado Teste Labo‐ III – revisadas anualmente ou sempre que houver a incorpora‐
ratorial Portátil – TLP, do inglês Point-of-care testing – POCT. São ção de novas tecnologias;
exemplos de TLR: glicemia capilar, hemogasometria, eletrólitos IV – disponibilizadas para todos os profissionais da unidade.
sanguíneos, marcadores de injúria miocárdia, testes de coagulação Art. 9º A unidade deve dispor de registro das normas institucio‐
automatizados, e outros de natureza similar. nais e das rotinas relacionadas a biossegurança, contemplando, no
XXVI – Unidade de Terapia Intensiva (UTI): área crítica destina‐ mínimo, os seguintes itens:
da à internação de pacientes graves, que requerem atenção pro‐ I – condutas de segurança biológica, química, física, ocupacio‐
fissional especializada de forma contínua, materiais específicos e nal e ambiental;
tecnologias necessárias ao diagnóstico, monitorização e terapia. II – instruções de uso para os equipamentos de proteção indi‐
XXVII – Unidade de Terapia Intensiva – Adulto (UTI-A): UTI des‐ vidual (EPI) e de proteção coletiva (EPC);
tinada à assistência de pacientes com idade igual ou superior a 18 III – procedimentos em caso de acidentes;
anos, podendo admitir pacientes de 15 a 17 anos, se definido nas IV – manuseio e transporte de material e amostra biológica.
normas da instituição.
XXVIII – Unidade de Terapia Intensiva Especializada: UTI des‐ SEÇÃO II
tinada à assistência a pacientes selecionados por tipo de doença INFRAESTRUTURA FÍSICA
ou intervenção, como cardiopatas, neurológicos, cirúrgicos, entre
outras. Art. 10 Devem ser seguidos os requisitos estabelecidos na RDC/
XXIX – Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI-N): UTI des‐ Anvisa n. 50, de 21 de fevereiro de 2002.
tinada à assistência a pacientes admitidos com idade entre 0 e 28 Parágrafo único. A infraestrutura deve contribuir para manu‐
dias. tenção da privacidade do paciente, sem, contudo, interferir na sua
XXX – Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTI-P): UTI des‐ monitorização.
tinada à assistência a pacientes com idade de 29 dias a 14 ou 18 Art. 11 As Unidades de Terapia Intensiva Adulto, Pediátricas e
anos, sendo este limite definido de acordo com as rotinas da ins‐ Neonatais devem ocupar salas distintas e exclusivas.
tituição. § 1º Caso essas unidades sejam contíguas, os ambientes de
XXXI – Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica Mista (UTIPm): apoio podem ser compartilhados entre si.
UTI destinada à assistência a pacientes recém-nascidos e pediátri‐ § 2º Nas UTI Pediátricas Mistas deve haver uma separação físi‐
cos numa mesma sala, porém havendo separação física entre os ca entre os ambientes de UTI Pediátrica e UTI Neonatal.
ambientes de UTI Pediátrica e UTI Neonatal.
SEÇÃO III
CAPÍTULO II RECURSOS HUMANOS
DAS DISPOSIÇÕES COMUNS A TODAS AS UNIDADES DE TERA-
PIA INTENSIVA Art. 12 As atribuições e as responsabilidades de todos os pro‐
fissionais que atuam na unidade devem estar formalmente desig‐
SEÇÃO I nadas, descritas e divulgadas aos profissionais que atuam na UTI.
ORGANIZAÇÃO Art. 13 Deve ser formalmente designado um Responsável Téc‐
nico médico, um enfermeiro coordenador da equipe de enferma‐
Art. 5º A Unidade de Terapia Intensiva deve estar localizada gem e um fisioterapeuta coordenador da equipe de fisioterapia,
em um hospital regularizado junto ao órgão de vigilância sanitária assim como seus respectivos substitutos.
municipal ou estadual. § 1º O Responsável Técnico médico, os coordenadores de en‐
Parágrafo único. A regularização perante o órgão de vigilância fermagem e de fisioterapia devem ter título de especialista, confor‐
sanitária local se dá mediante a emissão e renovação de alvará de me estabelecido pelos respectivos conselhos de classe e associa‐
licenciamento sanitário, salvo exceções previstas em lei, e é condi‐ ções reconhecidas por estes para este fim. (NR)
cionada ao cumprimento das disposições especificadas nesta Reso‐ § 2º Revogado”
lução e outras normas sanitárias vigentes. § 3º É permitido assumir responsabilidade técnica ou coorde‐
Art. 6º O hospital no qual a Unidade de Terapia Intensiva está nação em, no máximo, 02 (duas) UTI.
localizada deve estar cadastrado e manter atualizadas as informa‐ Art. 14 Além do disposto no Artigo 13 desta RDC, deve ser de‐
ções referentes a esta Unidade no Cadastro Nacional de Estabeleci‐ signada uma equipe multiprofissional, legalmente habilitada, a qual
mentos de Saúde (CNES). deve ser dimensionada, quantitativa e qualitativamente, de acordo
Art. 7º A direção do hospital onde a UTI está inserida deve ga‐ com o perfil assistencial, a demanda da unidade e legislação vigen‐
rantir: te, contendo, para atuação exclusiva na unidade, no mínimo, os
I – o provimento dos recursos humanos e materiais necessá‐ seguintes profissionais:
rios ao funcionamento da unidade e à continuidade da atenção, em I – Médico diarista/rotineiro: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos
conformidade com as disposições desta RDC; ou fração, nos turnos matutino e vespertino, com título de especia‐
II – a segurança e a proteção de pacientes, profissionais e visi‐ lista em Medicina Intensiva para atuação em UTI Adulto; habilita‐
tantes, inclusive fornecendo equipamentos de proteção individual ção em Medicina Intensiva Pediátrica para atuação em UTI Pediá‐
e coletiva. trica; título de especialista em Pediatria com área de atuação em
Art. 8º A unidade deve dispor de registro das normas institucio‐ Neonatologia para atuação em UTI Neonatal;
nais e das rotinas dos procedimentos assistenciais e administrativos II – Médicos plantonistas: no mínimo 01 (um) para cada 10
realizados na unidade, as quais devem ser: (dez) leitos ou fração, em cada turno.
I – elaboradas em conjunto com os setores envolvidos na assis‐ III - Enfermeiros assistenciais: no mínimo 01 (um) para cada 10
tência ao paciente grave, no que for pertinente, em especial com a (dez) leitos ou fração, em cada turno;(NR)
Comissão de Controle de Infecção Hospitalar.

96
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
IV – Fisioterapeutas: no mínimo 01 (um) para cada 10 (dez) lei‐ XXV – serviço de ultrassonografia portátil;
tos ou fração, nos turnos matutino, vespertino e noturno, perfazen‐ XXVI – serviço de endoscopia digestiva alta e baixa;
do um total de 18 horas diárias de atuação; XXVII – serviço de fibrobroncoscopia;
V - Técnicos de enfermagem: no mínimo 01 (um) para cada 02 XXVIII – serviço de diagnóstico clínico e notificação compulsó‐
(dois) leitos em cada turno;(NR) ria de morte encefálica.
VI – Auxiliares administrativos: no mínimo 01 (um) exclusivo Art. 19 O hospital em que a UTI está inserida deve dispor, na
da unidade; própria estrutura hospitalar, dos seguintes serviços diagnósticos e
VII – Funcionários exclusivos para serviço de limpeza da unida‐ terapêuticos:
de, em cada turno. I – centro cirúrgico;
Art. 15 Médicos plantonistas, enfermeiros assistenciais, fisio‐ II – serviço radiológico convencional;
terapeutas e técnicos de enfermagem devem estar disponíveis em III – serviço de ecodopplercardiografia.
tempo integral para assistência aos pacientes internados na UTI, Art. 20 Deve ser garantido acesso aos seguintes serviços diag‐
durante o horário em que estão escalados para atuação na UTI. nósticos e terapêuticos, no hospital onde a UTI está inserida ou em
Art. 16 Todos os profissionais da UTI devem estar imunizados outro estabelecimento, por meio de acesso formalizado:
contra tétano, difteria, hepatite B e outros imunobiológicos, de I- cirurgia cardiovascular,
acordo com a NR 32. Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços II – cirurgia vascular;
de Saúde estabelecida pela Portaria MTE/GM n.º 485, de 11 de no‐ III – cirurgia neurológica;
vembro de 2005. IV – cirurgia ortopédica;
Art. 17 A equipe da UTI deve participar de um programa de V – cirurgia urológica;
educação continuada, contemplando, no mínimo: VI – cirurgia buco-maxilo-facial;
I – normas e rotinas técnicas desenvolvidas na unidade; VII – radiologia intervencionista;
II – incorporação de novas tecnologias; VIII – ressonância magnética;
III – gerenciamento dos riscos inerentes às atividades desen‐ IX – tomografia computadorizada;
volvidas na unidade e segurança de pacientes e profissionais. X – anatomia patológica;
IV – prevenção e controle de infecções relacionadas à assistên‐ XI – exame comprobatório de fluxo sanguíneo encefálico.
cia à saúde.
§ 1º As atividades de educação continuada devem estar regis‐ SEÇÃO V
tradas, com data, carga horária e lista de participantes. PROCESSOS DE TRABALHO
§ 2º Ao serem admitidos à UTI, os profissionais devem receber
capacitação para atuar na unidade. Art. 21 Todo paciente internado em UTI deve receber assistên‐
cia integral e interdisciplinar.
SEÇÃO IV Art. 22 A evolução do estado clínico, as intercorrências e os cui‐
ACESSO A RECURSOS ASSISTENCIAIS dados prestados devem ser registrados pelas equipes médica, de
enfermagem e de fisioterapia no prontuário do paciente, em cada
Art. 18 Devem ser garantidos, por meios próprios ou terceiriza‐ turno, e atendendo as regulamentações dos respectivos conselhos
dos, os seguintes serviços à beira do leito: de classe profissional e normas institucionais.
I – assistência nutricional; Art. 23 As assistências farmacêutica, psicológica, fonoaudioló‐
II – terapia nutricional (enteral e parenteral); gica, social, odontológica, nutricional, de terapia nutricional enteral
III – assistência farmacêutica; e parenteral e de terapia ocupacional devem estar integradas às
IV – assistência fonoaudiológica; demais atividades assistenciais prestadas ao paciente, sendo discu‐
V – assistência psicológica; tidas conjuntamente pela equipe multiprofissional.
VI – assistência odontológica; Parágrafo único. A assistência prestada por estes profissionais
VII – assistência social; deve ser registrada, assinada e datada no prontuário do paciente,
VIII – assistência clínica vascular; de forma legível e contendo o número de registro no respectivo
IX – assistência de terapia ocupacional para UTI Adulto e Pe‐ conselho de classe profissional.
diátrica Art. 24 Devem ser assegurados, por todos os profissionais que
X – assistência clínica cardiovascular, com especialidade pediá‐ atuam na UTI, os seguintes itens:
trica nas UTI Pediátricas e Neonatais; I – preservação da identidade e da privacidade do paciente,
XI – assistência clínica neurológica; assegurando um ambiente de respeito e dignidade;
XII – assistência clínica ortopédica; II – fornecimento de orientações aos familiares e aos pacien‐
XIII – assistência clínica urológica; tes, quando couber, em linguagem clara, sobre o estado de saúde e
XIV – assistência clínica gastroenterológica; a assistência a ser prestada desde a admissão até a alta;
XV – assistência clínica nefrológica, incluindo hemodiálise; III – ações de humanização da atenção à saúde;
XVI – assistência clínica hematológica; IV – promoção de ambiência acolhedora;
XVII – assistência hemoterápica; V – incentivo à participação da família na atenção ao paciente,
XVIII – assistência oftalmológica; quando pertinente.
XIX – assistência de otorrinolaringológica; Art. 25 A presença de acompanhantes em UTI deve ser norma‐
XX – assistência clínica de infectologia; tizada pela instituição, com base na legislação vigente.
XXI – assistência clínica ginecológica; Art. 26 O paciente consciente deve ser informado quanto aos
XXII – assistência cirúrgica geral em caso de UTI Adulto e cirur‐ procedimentos a que será submetido e sobre os cuidados requeri‐
gia pediátrica, em caso de UTI Neonatal ou UTI Pediátrica; dos para execução dos mesmos.
XXIII – serviço de laboratório clínico, incluindo microbiologia e Parágrafo único. O responsável legal pelo paciente deve ser in‐
hemogasometria; formado sobre as condutas clínicas e procedimentos a que o mes‐
XXIV – serviço de radiografia móvel; mo será submetido.

97
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Art. 27 Os critérios para admissão e alta de pacientes na UTI Art. 36 Os eventos adversos relacionados aos itens dispostos
devem ser registrados, assinados pelo Responsável Técnico e divul‐ no
gados para toda a instituição, além de seguir legislação e normas Art. 35 desta RDC devem ser notificados à gerência de risco
institucionais vigentes. ou outro setor definido pela instituição, de acordo com as normas
Art. 28 A realização de testes laboratoriais remotos (TLR) nas institucionais.
dependências da UTI está condicionada ao cumprimento das dispo‐
sições da Resolução da Diretoria Colegiada da Anvisa – RDC nº 302, SEÇÃO VIII
de 13 de outubro de 2005. PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À
ASSISTÊNCIA À SAÚDE
SEÇÃO VI
TRANSPORTE DE PACIENTES Art. 37 Devem ser cumpridas as medidas de prevenção e con‐
trole de infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) defini‐
Art. 29 Todo paciente grave deve ser transportado com o das pelo Programa de Controle de Infecção do hospital.
acompanhamento contínuo, no mínimo, de um médico e de um Art. 38 As equipes da UTI e da Comissão de Controle de Infec‐
enfermeiro, ambos com habilidade comprovada para o atendimen‐ ção Hospitalar – CCIH – são responsáveis pelas ações de prevenção
to de urgência e emergência. e controle de IRAS.
Art. 30 Em caso de transporte intra-hospitalar para realização Art. 39 A CCIH deve estruturar uma metodologia de busca ativa
de algum procedimento diagnóstico ou terapêutico, os dados do das infecções relacionadas a dispositivos invasivos, dos microrga‐
prontuário devem estar disponíveis para consulta dos profissionais nismos multirresistentes e outros microrganismos de importância
do setor de destino. clínico-epidemiológica, além de identificação precoce de surtos.
Art. 31 Em caso de transporte inter-hospitalar de paciente gra‐ Art. 40 A equipe da UTI deve colaborar com a CCIH na vigilância
ve, devem ser seguidos os requisitos constantes na Portaria GM/ epidemiológica das IRAS e com o monitoramento de microrganis‐
MS n. 2048, de 05 de novembro de 2002. mos multirresistentes na unidade.
Art. 32 Em caso de transferência inter-hospitalar por alta da Art. 41 A CCIH deve divulgar os resultados da vigilância das in‐
UTI, o paciente deverá ser acompanhado de um relatório de trans‐ fecções e perfil de sensibilidade dos microrganismos à equipe mul‐
ferência, o qual será entregue no local de destino do paciente; tiprofissional da UTI, visando a avaliação periódica das medidas de
Parágrafo único. O relatório de transferência deve conter, no prevenção e controle das IRAS.
mínimo: Art. 42 As ações de prevenção e controle de IRAS devem ser
I – dados referentes ao motivo de internação na UTI e diagnós‐ baseadas na avaliação dos indicadores da unidade.
ticos de base; Art. 43 A equipe da UTI deve aderir às medidas de precaução
II – dados referentes ao período de internação na UTI, incluindo padrão, às medidas de precaução baseadas na transmissão (conta‐
realização de procedimentos invasivos, intercorrências, infecções, to, gotículas e aerossóis) e colaborar no estímulo ao efetivo cum‐
transfusões de sangue e hemoderivados, tempo de permanência primento das mesmas.
em assistência ventilatória mecânica invasiva e não-invasiva, reali‐ Art. 44 A equipe da UTI deve orientar visitantes e acompanhan‐
zação de diálise e exames diagnósticos; tes quanto às ações que visam a prevenção e o controle de infec‐
III – dados referentes à alta e ao preparatório para a transfe‐ ções, baseadas nas recomendações da CCIH.
rência, incluindo prescrições médica e de enfermagem do dia, espe‐ Art. 45 A equipe da UTI deve proceder ao uso racional de anti‐
cificando aprazamento de horários e cuidados administrados antes microbianos, estabelecendo normas e rotinas de forma interdisci‐
da transferência; perfil de monitorização hemodinâmica, equilíbrio plinar e em conjunto com a CCIH, Farmácia Hospitalar e Laboratório
ácido-básico, balanço hídrico e sinais vitais das últimas 24 horas. de Microbiologia.
Art. 46 Devem ser disponibilizados os insumos, produtos, equi‐
SEÇÃO VII
pamentos e instalações necessários para as práticas de higieniza‐
GERENCIAMENTO DE RISCOS E NOTIFICAÇÃO DE EVENTOS
ção de mãos de profissionais de saúde e visitantes.
ADVERSOS
§ 1º Os lavatórios para higienização das mãos devem estar dis‐
ponibilizados na entrada da unidade, no posto de enfermagem e
Art. 33 Deve ser realizado gerenciamento dos riscos inerentes
em outros locais estratégicos definidos pela CCIH e possuir dispen‐
às atividades realizadas na unidade, bem como aos produtos sub‐
sador com sabonete líquido e papel toalha.
metidos ao controle e fiscalização sanitária.
Art. 34 O estabelecimento de saúde deve buscar a redução e § 2º As preparações alcoólicas para higienização das mãos de‐
minimização da ocorrência dos eventos adversos relacionados a: vem estar disponibilizadas na entrada da unidade, entre os leitos e
I – procedimentos de prevenção, diagnóstico, tratamento ou em outros locais estratégicos definidos pela CCIH.
reabilitação do paciente; Art. 47 O Responsável Técnico e os coordenadores de enfer‐
II – medicamentos e insumos farmacêuticos; magem e de fisioterapia devem estimular a adesão às práticas de
III – produtos para saúde, incluindo equipamentos; higienização das mãos pelos profissionais e visitantes.
IV – uso de sangue e hemocomponentes;
V – saneantes; SEÇÃO IX
VI – outros produtos submetidos ao controle e fiscalização sa‐ AVALIAÇÃO
nitária utilizados na unidade.
Art. 35 Na monitorização e no gerenciamento de risco, a equi‐ Art. 48 Devem ser monitorados e mantidos registros de avalia‐
pe da UTI deve: ções do desempenho e do padrão de funcionamento global da UTI,
I – definir e monitorar indicadores de avaliação da prevenção assim como de eventos que possam indicar necessidade de melho‐
ou redução dos eventos adversos pertinentes à unidade; ria da qualidade da assistência, com o objetivo de estabelecer me‐
II – coletar, analisar, estabelecer ações corretivas e notificar didas de controle ou redução dos mesmos.
eventos adversos e queixas técnicas, conforme determinado pelo
órgão sanitário competente.

98
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
§ 1º Deve ser calculado o Índice de Gravidade / Índice Prognós‐ II – equipamento para ressuscitação manual do tipo balão au‐
tico dos pacientes internados na UTI por meio de um Sistema de to-inflável, com reservatório e máscara facial: 01(um) por leito,
Classificação de Severidade de Doença recomendado por literatura com reserva operacional de 01 (um) para cada 02 (dois) leitos;
científica especializada. III – estetoscópio;
§ 2º O Responsável Técnico da UTI deve correlacionar a morta‐ IV – conjunto para nebulização;
lidade geral de sua unidade com a mortalidade geral esperada, de V – quatro (04) equipamentos para infusão contínua e contro‐
acordo com o Índice de gravidade utilizado. lada de fluidos (“bomba de infusão”), com reserva operacional de
§ 3º Devem ser monitorados os indicadores mencionados na 01 (um) equipamento para cada 03 (três) leitos:
Instrução Normativa nº 4, de 24 de fevereiro de 2010, da ANVISA VI – fita métrica;
§4º Estes dados devem estar em local de fácil acesso e ser dis‐ VII – equipamentos e materiais que permitam monitorização
ponibilizados à Vigilância Sanitária durante a inspeção sanitária ou contínua de:
quando solicitado. a) freqüência respiratória;
Art. 49 Os pacientes internados na UTI devem ser avaliados por b) oximetria de pulso;
meio de um Sistema de Classificação de Necessidades de Cuidados c) freqüência cardíaca;
de Enfermagem recomendado por literatura científica especializa‐ d) cardioscopia;
da. e) temperatura;
§1º O enfermeiro coordenador da UTI deve correlacionar as f) pressão arterial não-invasiva.
necessidades de cuidados de enfermagem com o quantitativo de Art. 58 Cada UTI Adulto deve dispor, no mínimo, de:
pessoal disponível, de acordo com um instrumento de medida uti‐ I – materiais para punção lombar;
lizado. II – materiais para drenagem liquórica em sistema fechado;
§2º Os registros desses dados devem estar disponíveis mensal‐ III – oftalmoscópio;
mente, em local de fácil acesso. IV – otoscópio;
V – negatoscópio;
SEÇÃO X VI – máscara facial que permite diferentes concentrações de
RECURSOS MATERIAIS Oxigênio: 01 (uma) para cada 02 (dois) leitos;
VII – materiais para aspiração traqueal em sistemas aberto e
Art. 50 A UTI deve dispor de materiais e equipamentos de acor‐ fechado;
do com a complexidade do serviço e necessários ao atendimento VIII – aspirador a vácuo portátil;
de sua demanda. IX – equipamento para mensurar pressão de balonete de tubo/
Art. 51 Os materiais e equipamentos utilizados, nacionais ou cânula endotraqueal (“cuffômetro”);
importados, devem estar regularizados junto à ANVISA, de acordo X – ventilômetro portátil;
com a legislação vigente. XI – capnógrafo: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos;
Art. 52 Devem ser mantidas na unidade instruções escritas XII – ventilador pulmonar mecânico microprocessado: 01 (um)
referentes à utilização dos equipamentos e materiais, que podem para cada 02 (dois) leitos, com reserva operacional de 01 (um) equi‐
ser substituídas ou complementadas por manuais do fabricante em pamento para cada 05 (cinco) leitos, devendo dispor, cada equipa‐
língua portuguesa. mento de, no mínimo, 02 (dois) circuitos completos,
Art. 53 Quando houver terceirização de fornecimento de equi‐ XIII – equipamento para ventilação pulmonar mecânica não
pamentos médico-hospitalares, deve ser estabelecido contrato for‐ invasiva: 01(um) para cada 10 (dez) leitos, quando o ventilador pul‐
mal entre o hospital e a empresa contratante. monar mecânico microprocessado não possuir recursos para reali‐
Art. 54 Os materiais e equipamentos devem estar íntegros, lim‐ zar a modalidade de ventilação não invasiva;
pos e prontos para uso. XIV – materiais de interface facial para ventilação pulmonar
Art. 55 Devem ser realizadas manutenções preventivas e corre‐ não invasiva 01 (um) conjunto para cada 05 (cinco) leitos;
tivas nos equipamentos em uso e em reserva operacional, de acor‐ XV – materiais para drenagem torácica em sistema fechado;
do com periodicidade estabelecida pelo fabricante ou pelo serviço XVI – materiais para traqueostomia;
de engenharia clínica da instituição. XVII – foco cirúrgico portátil;
Parágrafo único. Devem ser mantidas na unidade cópias do XVIII – materiais para acesso venoso profundo;
calendário de manutenções preventivas e o registro das manuten‐ XIX – materiais para flebotomia;
ções realizadas. XX – materiais para monitorização de pressão venosa central;
XXI – materiais e equipamento para monitorização de pressão
CAPÍTULO III arterial invasiva: 01 (um) equipamento para cada 05 (cinco) leitos,
DOS REQUISITOS ESPECÍFICOS PARA UNIDADES DE TERAPIA com reserva operacional de 01 (um) equipamento para cada 10
INTENSIVA ADULTO (dez) leitos;
XXII – materiais para punção pericárdica;
SEÇÃO I XXIII – monitor de débito cardíaco;
RECURSOS MATERIAIS XXIV – eletrocardiógrafo portátil: 01 (um) equipamento para
cada 10 (dez) leitos;
Art. 56 Devem estar disponíveis, para uso exclusivo da UTI XXV – kit (“carrinho”) contendo medicamentos e materiais
Adulto, materiais e equipamentos de acordo com a faixa etária para atendimento às emergências: 01 (um) para cada 05 (cinco)
e biotipo do paciente. leitos ou fração;
Art. 57 Cada leito de UTI Adulto deve possuir, no mínimo, os XXVI – equipamento desfibrilador e cardioversor, com bateria:
seguintes equipamentos e materiais: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos;
I – cama hospitalar com ajuste de posição, grades laterais e XXVII – marcapasso cardíaco temporário, eletrodos e gerador:
rodízios; 01 (um) equipamento para cada 10 (dez) leitos;

99
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
XXVIII – equipamento para aferição de glicemia capilar, especí‐ III – estetoscópio;
fico para uso hospitalar: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos; IV – conjunto para nebulização;
XXIX – materiais para curativos; V – Quatro (04) equipamentos para infusão contínua e contro‐
XXX – materiais para cateterismo vesical de demora em siste‐ lada de fluidos (“bomba de infusão”), com reserva operacional de
ma fechado; 01 (um) para cada 03 (três) leitos;
XXXI – dispositivo para elevar, transpor e pesar o paciente; VI – fita métrica;
XXXII – poltrona com revestimento impermeável, destinada à VII – poltrona removível, com revestimento impermeável, des‐
assistência aos pacientes: 01 (uma) para cada 05 leitos ou fração. tinada ao acompanhante: 01 (uma) por leito;
XXXIII – maca para transporte, com grades laterais, suporte VIII – equipamentos e materiais que permitam monitorização
para soluções parenterais e suporte para cilindro de oxigênio: 1 contínua de:
(uma) para cada 10 (dez) leitos ou fração; a) freqüência respiratória;
XXXIV – equipamento(s) para monitorização contínua de múlti‐ b) oximetria de pulso;
plos parâmetros (oximetria de pulso, pressão arterial não-invasiva; c) freqüência cardíaca;
cardioscopia; freqüência respiratória) específico(s) para transporte, d) cardioscopia;
com bateria: 1 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração; e) temperatura;
XXXV – ventilador mecânico específico para transporte, com f) pressão arterial não-invasiva.
bateria: 1(um) para cada 10 (dez) leitos ou fração; Art. 63 Cada UTI Pediátrica deve dispor, no mínimo, de:
XXXVI – kit (“maleta”) para acompanhar o transporte de pa‐ I – berço aquecido de terapia intensiva: 1(um) para cada 5 (cin‐
cientes graves, contendo medicamentos e materiais para atendi‐ co) leitos;
mento às emergências: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração; II – estadiômetro;
XXXVII – cilindro transportável de oxigênio; III – balança eletrônica portátil;
XXXVIII – relógios e calendários posicionados de forma a permi‐ IV – oftalmoscópio;
tir visualização em todos os leitos. V – otoscópio;
XXXIX – refrigerador, com temperatura interna de 2 a 8°C, de VI – materiais para punção lombar;
uso exclusivo para guarda de medicamentos, com monitorização e VII – materiais para drenagem liquórica em sistema fechado;
registro de temperatura. VIII – negatoscópio;
Art. 59 Outros equipamentos ou materiais podem substituir os IX – capacetes ou tendas para oxigenoterapia;
listados neste regulamento técnico, desde que tenham comprova‐ X – máscara facial que permite diferentes concentrações de
da sua eficácia propedêutica e terapêutica e sejam regularizados Oxigênio: 01 (um) para cada 02 (dois) leitos;
pela Anvisa. XI – materiais para aspiração traqueal em sistemas aberto e
Art. 60 Os kits para atendimento às emergências, referidos nos fechado;
incisos XXV e XXXVI do Art 58, devem conter, no mínimo: ressusci‐ XII – aspirador a vácuo portátil;
tador manual com reservatório, cabos e lâminas de laringoscópio, XIII – equipamento para mensurar pressão de balonete de
tubos/cânulas endotraqueais, fixadores de tubo endotraqueal, câ‐ tubo/cânula endotraqueal (“cuffômetro”);
nulas de Guedel e fio guia estéril. XIV – capnógrafo: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos;
§1º Demais materiais e medicamentos a compor estes kits XV – ventilador pulmonar mecânico microprocessado: 01 (um)
devem seguir protocolos assistenciais para este fim, padronizados para cada 02 (dois) leitos, com reserva operacional de 01 (um) equi‐
pela unidade e baseados em evidências científicas. pamento para cada 05 (cinco) leitos, devendo dispor cada equipa‐
§2º A quantidade dos materiais e medicamentos destes kits mento de, no mínimo, 02 (dois) circuitos completos.
XVI – equipamento para ventilação pulmonar não-invasiva:
deve ser padronizada pela unidade, de acordo com sua demanda.
01(um) para cada 10 (dez) leitos, quando o ventilador pulmonar
§3º Os materiais utilizados devem estar de acordo com a faixa
microprocessado não possuir recursos para realizar a modalidade
etária e biotipo do paciente (lâminas de laringoscópio, tubos endo‐
de ventilação não invasiva;
traqueais de tamanhos adequados, por exemplo);
XVII – materiais de interface facial para ventilação pulmonar
§4º A unidade deve fazer uma lista com todos os materiais e
não-invasiva: 01 (um) conjunto para cada 05 (cinco) leitos;
medicamentos a compor estes kits e garantir que estejam sempre
XVIII – materiais para drenagem torácica em sistema fechado;
prontos para uso.
XIX – materiais para traqueostomia;
XX – foco cirúrgico portátil;
CAPÍTULO IV XXI – materiais para acesso venoso profundo, incluindo catete‐
DOS REQUISITOS ESPECÍFICOS PARA UNIDADES DE TERAPIA rização venosa central de inserção periférica (PICC);
INTENSIVA PEDIÁTRICAS XXII – material para flebotomia;
XXIII – materiais para monitorização de pressão venosa central;
SEÇÃO I XXIV – materiais e equipamento para monitorização de pres‐
RECURSOS MATERIAIS são arterial invasiva: 01 (um) equipamento para cada 05 (cinco)
leitos, com reserva operacional de 01 (um) equipamento para cada
Art. 61 Devem estar disponíveis, para uso exclusivo da UTI 10 (dez) leitos;
Pediátrica, materiais e equipamentos de acordo com a faixa XXV – materiais para punção pericárdica;
etária e biotipo do paciente. XXVI – eletrocardiógrafo portátil;
Art. 62 Cada leito de UTI Pediátrica deve possuir, no mínimo, os XXVII – kit (“carrinho”) contendo medicamentos e materiais
seguintes equipamentos e materiais: para atendimento às emergências: 01 (um) para cada 05 (cinco)
I – berço hospitalar com ajuste de posição, grades laterais e leitos ou fração;
rodízios; XXVIII – equipamento desfibrilador e cardioversor, com bate‐
II – equipamento para ressuscitação manual do tipo balão au‐ ria, na unidade;
to-inflável, com reservatório e máscara facial: 01(um) por leito, XXIX – marcapasso cardíaco temporário, eletrodos e gerador:
com reserva operacional de 01 (um) para cada 02 (dois) leitos; 01 (um) equipamento para a unidade;

100
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
XXX – equipamento para aferição de glicemia capilar, espe‐ Art. 68 Cada leito de UTI Neonatal deve possuir, no mínimo, os
cífico para uso hospitalar: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos ou seguintes equipamentos e materiais:
fração; I – incubadora com parede dupla;
XXXI – materiais para curativos; II – equipamento para ressuscitação manual do tipo balão au‐
XXXII – materiais para cateterismo vesical de demora em sis‐ to-inflável com reservatório e máscara facial: 01(um) por leito, com
tema fechado; reserva operacional de 01 (um) para cada 02 (dois) leitos;
XXXIII – maca para transporte, com grades laterais, com supor‐ III – estetoscópio;
te para equipamento de infusão controlada de fluidos e suporte IV – conjunto para nebulização;
para cilindro de oxigênio: 01 (uma) para cada 10 (dez) leitos ou fra‐ V – Dois (02) equipamentos tipo seringa para infusão contínua
ção; e controlada de fluidos (“bomba de infusão”), com reserva opera‐
XXXIV – equipamento(s) para monitorização contínua de múlti‐ cional de 01 (um) para cada 03 (três) leitos;
plos parâmetros (oximetria de pulso, pressão arterial não-invasiva; VI – fita métrica;
cardioscopia; freqüência respiratória) específico para transporte, VII – equipamentos e materiais que permitam monitorização
com bateria: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração; contínua de:
XXXV – ventilador pulmonar específico para transporte, com a) freqüência respiratória;
bateria: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração; b) oximetria de pulso;
XXXVI – kit (“maleta”) para acompanhar o transporte de pa‐ c) freqüência cardíaca;
cientes graves, contendo medicamentos e materiais para atendi‐ d) cardioscopia;
mento às emergências: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração; e) temperatura;
XXXVII – cilindro transportável de oxigênio; f) pressão arterial não-invasiva.
XXXVIII – relógio e calendário de parede; Art. 69 Cada UTI Neonatal deve dispor, no mínimo, de:
XXXIX – refrigerador, com temperatura interna de 2 a 8°C, de I – berços aquecidos de terapia intensiva para 10% dos leitos;
uso exclusivo para guarda de medicamentos, com monitorização e II – equipamento para fototerapia: 01 (um) para cada 03 (três)
registro de temperatura. leitos;
Art. 64 Outros equipamentos ou materiais podem substituir os lis‐ III – estadiômetro;
tados neste regulamento técnico, desde que tenham comprovada sua IV – balança eletrônica portátil: 01 (uma) para cada 10 (dez)
eficácia propedêutica e terapêutica e sejam regularizados pela Anvisa. leitos;
Art. 65 Os kits para atendimento às emergências, referidos nos V – oftalmoscópio;
incisos XXVII e XXXVI do Art 63, devem conter, no mínimo: ressusci‐ VI – otoscópio;
tador manual com reservatório, cabos e lâminas de laringoscópio, VII – material para punção lombar;
tubos/cânulas endotraqueais, fixadores de tubo endotraqueal, câ‐ VIII – material para drenagem liquórica em sistema fechado;
nulas de Guedel e fio guia estéril. IX – negatoscópio;
§1º Demais materiais e medicamentos a compor estes kits X – capacetes e tendas para oxigenoterapia: 1 (um) equipa‐
devem seguir protocolos assistenciais para este fim, padronizados mento para cada 03 (três) leitos, com reserva operacional de 1 (um)
pela unidade e baseados em evidências científicas. para cada 5 (cinco) leitos;
§2º A quantidade dos materiais e medicamentos destes kits XI – materiais para aspiração traqueal em sistemas aberto e
deve ser padronizada pela unidade, de acordo com sua demanda. fechado;
§3º Os materiais utilizados devem estar de acordo com a faixa XII – aspirador a vácuo portátil;
etária e biotipo do paciente (lâminas de laringoscópio, tubos endo‐ XIII – capnógrafo: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos;
traqueais de tamanhos adequados, por exemplo); XIV – ventilador pulmonar mecânico microprocessado: 01 (um)
§4º A unidade deve fazer uma lista com todos os materiais e para cada 02 (dois) leitos, com reserva operacional de 01 (um) equi‐
medicamentos a compor estes kits e garantir que estejam sempre pamento para cada 05 (cinco) leitos devendo dispor cada equipa‐
prontos para uso. mento de, no mínimo, 02 (dois) circuitos completos.
XV – equipamento para ventilação pulmonar não-invasiva:
SEÇÃO II 01(um) para cada 05 (cinco) leitos, quando o ventilador pulmonar
UTI PEDIÁTRICA MISTA microprocessado não possuir recursos para realizar a modalidade
de ventilação não invasiva;
Art. 66 As UTI Pediátricas Mistas, além dos requisitos comuns XVI – materiais de interface facial para ventilação pulmonar
a todas as UTI, também devem atender aos requisitos relacionados não invasiva (máscara ou pronga): 1 (um) por leito.
aos recursos humanos, assistenciais e materiais estabelecidos para XVII – materiais para drenagem torácica em sistema fechado;
UTI pediátrica e neonatal concomitantemente. XVIII – material para traqueostomia;
Parágrafo único. A equipe médica deve conter especialistas em XIX – foco cirúrgico portátil;
Terapia Intensiva Pediátrica e especialistas em Neonatologia. XX – materiais para acesso venoso profundo, incluindo catete‐
rização venosa central de inserção periférica (PICC);
CAPÍTULO V XXI – material para flebotomia;
DOS REQUISITOS ESPECÍFICOS PARA UNIDADES DE TERAPIA XXII – materiais para monitorização de pressão venosa central;
INTENSIVA NEONATAIS XXIII – materiais e equipamento para monitorização de pressão
arterial invasiva;
SEÇÃO I XXIV – materiais para cateterismo umbilical e exsanguíneo
RECURSOS MATERIAIS transfusão;
XXV – materiais para punção pericárdica;
Art. 67 Devem estar disponíveis, para uso exclusivo da UTI XXVI – eletrocardiógrafo portátil disponível no hospital;
Neonatal, materiais e equipamentos de acordo com a faixa etária e XXVII – kit (“carrinho”) contendo medicamentos e materiais
biotipo do paciente. para atendimento às emergências: 01 (um) para cada 05 (cinco)
leitos ou fração;

101
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
XXVIII – equipamento desfibrilador e cardioversor, com bate‐ Art. 73 O descumprimento das disposições contidas nesta Re‐
ria, na unidade; solução constitui infração sanitária, nos termos da Lei n. 6.437, de
XXIX – equipamento para aferição de glicemia capilar, específi‐ 20 de agosto de 1977, sem prejuízo das responsabilidades civil, ad‐
co para uso hospitalar: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos ou fração, ministrativa e penal cabíveis.
sendo que as tiras de teste devem ser específicas para neonatos; Art. 74 Esta Resolução entra em vigor na data de sua publica‐
XXX – materiais para curativos; ção.
XXXI – materiais para cateterismo vesical de demora em siste‐ d. Condutas de enfermagem para o paciente grave e em fase
ma fechado; terminal.
XXXII – incubadora para transporte, com suporte para equipa‐ Mesmo sabendo que a morte é algo que faz parte do ciclo na‐
mento de infusão controlada de fluidos e suporte para cilindro de tural de vida, os mesmo ainda não conseguem lidar com isso no
oxigênio: 01 (uma) para cada 10 (dez) leitos ou fração; dia-a-dia. Os profissionais de saúde sentem-se responsáveis pela
XXXIII – equipamento(s) para monitorização contínua de múlti‐ manutenção da vida de seus pacientes, e acabam por encarar a
plos parâmetros (oximetria de pulso, cardioscopia) específico para morte como resultado acidental diante do objetivo da profissão,
transporte, com bateria: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fra‐ sendo esta considerada como insucesso de tratamentos, fracasso
ção; da equipe, causando angústia àqueles que a presenciam.A sensa‐
XXXIV – ventilador pulmonar específico para transporte, com ção de fracasso diante da morte não é atribuída apenas ao insuces‐
bateria: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração; so dos cuidados empreendidos, mas a uma derrota diante da morte
XXXV – kit (“maleta”) para acompanhar o transporte de pacien‐ e da missão implícita das profissões de saúde: salvar o indivíduo,
tes graves, contendo medicamentos e materiais para atendimento diminuir sua dor e sofrimento, manter-lhe a vida.
às emergências: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração. Não podemos falar da morte, da formação de um cadáver, sem
XXXVI – cilindro transportável de oxigênio; antes entendermos claramente sobre o que seja a vida.
XXXVII – relógio e calendário de parede; O conhecimento de vida pressupõe processos químicos com‐
XXXVIII – poltronas removíveis, com revestimento impermeá‐ plicados, processos que se desenrolam nos limites de uma cela,
vel, para acompanhante: 01 (uma) para cada 05 leitos ou fração; perfeitamente organizada. No centro desses processos acham-se
XXXIX – refrigerador, com temperatura interna de 2 a 8°C, de as substâncias protéicas; a seguir vêm os elementos graxos e os hi‐
uso exclusivo para guarda de medicamentos: 01 (um) por unidade, dratos de carbonos. Toda vida tem por condição indispensável que
com conferência e registro de temperatura a intervalos máximos na célula se desenvolvam determinadas alterações químicas, os
de 24 horas. verdadeiros fenômenos bioquímicos; essas alterações, por usa vez
Art. 70 Outros equipamentos ou materiais podem substituir os se combinam com o consumo de oxigênio, pois que há dentro da
listados neste regulamento técnico, desde que tenham comprova‐ célula um “combustão”. Contudo, a célula não morre no decorrer
da sua eficácia propedêutica e terapêutica e sejam regularizados desse processo, porque de fora se recebem continuamente novas
pela ANVISA. substâncias que se transformam em substância celular no pequeno
Art. 71 Os kits para atendimento às emergências referidos nos laboratório da própria célula. Desta maneira, há no interior da cé‐
incisos XXVII e XXXV do Art 69 devem conter, no mínimo: ressusci‐ lula um perene metabolismo: as substâncias vivas da célula desin‐
tador manual com reservatório, cabos e lâminas de laringoscópio, tegram-se por combustão e eliminam-se os produtos metabólicos;
tubos/cânulas endotraqueais, fixadores de tubo endotraqueal, câ‐ do exterior, recebe a célula, novas substâncias que servem de subs‐
nulas de Guedel e fio guia estéril. tituto. Toda vida, movimento, alimentação, propagação, o sentir e
§1º Demais materiais e medicamentos a compor estes kits o pensar, se ligam intimamente ao metabolismo; assim. A biologia
devem seguir protocolos assistenciais para este fim, padronizados deve desvendar o problema do metabolismo das células.
pela unidade e baseados em evidências científicas. Ora, se toda vida está ligada ao metabolismo da célula viva,
§2º A quantidade dos materiais e medicamentos destes kits a morte da célulaou o aniquilamento de sua vida significa, indubi‐
deve ser padronizada pela unidade, de acordo com sua demanda. tavelmente, a cessação do metabolismo da célula. Um cadáver é
§3º Os materiais utilizados devem estar de acordo com a faixa portanto, uma célula que deixou de revelar o metabolismo caracte‐
etária e biotipo do paciente (lâminas de laringoscópio, tubos endo‐ rístico. (LIPSCHUTZ 1933).
traqueais de tamanhos adequados, por exemplo); Para caracterizar o cadáver, é oportuno falar de algumas expe‐
§4º A unidade deve fazer uma lista com todos os materiais e riências que nos permitem um olhar mais fundo em tudo quanto se
medicamentos a compor estes kits e garantir que estejam sempre relaciona com a morte e o cadáver.
prontos para uso. Tiramos de um aquário uma gota de água com alguns Infusó‐
rios, minúsculos microscópios seres de uma única célula. Coloca‐
CAPÍTULO VI mos essa gota numa placa de cristal dentro de uma câmara decris‐
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS tal por sob o microscópio. Em seguida, fazemos passar sobre a gota
vapores de álcool. Os animálculos unicelulares, que até então se
Art. 72 Os estabelecimentos abrangidos por esta Resolução agitavam em vivíssimo movimento, correndo para todos os lados
têm o prazo de 180 (cento e oitenta) dias contados a partir da data como flechas, ao cabo de poucos minutos detêm-se. Logo se imo‐
de sua publicação para promover as adequações necessárias do bilizam, estão paralisados, entretanto, não se acham mortos; basta
serviço para cumprimento da mesma. que se deixe penetrar ar fresco na câmara, para que de novo vol‐
§1º Para cumprimento dos artigos 13, 14 e 15 da Seção III – Re‐ tem os Infusórios á atividade anterior.
cursos Humanos, assim como da Seção I – Recursos Materiais dos Acontece, pois que envenenamos ou narcotizamos os bichi‐
Capítulos III, IV e V, estabelece-se o prazo de 03 anos, ressalvados nhos com álcool. Devemos supor que a intoxicação consiste num
os incisos III e V do art. 14, que terão efeitos imediatos. (NR) transtorno do metabolismo. O sintoma exterior dessa perturbação
§ 2º A partir da publicação desta Resolução, os novos estabele‐ do metabolismo é a paralisação da célula, porém se, como vimos,
cimentos e aqueles que pretendem reiniciar suas atividades devem essa paralisação tem em certas condições experimentais, um efeito
atender na íntegra às exigências nela contidas, previamente ao iní‐ apenas transitório, é de supor que o metabolismo sob a influência
cio de seu funcionamento. do álcool não se extinguiria; apenas sofrerá uma alteração, talvez

102
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
um desvio do seu curso normal. Assim justamente é que podemos enfermeiros se confrontam no quotidiano, realizou-se um estudo
distinguir a narcose de que acabamos de falar, da morte: o primei‐ de investigação relacionado com as atitudes do enfermeiro perante
ro caso pode-se reparar o mal, ao passo que no segundo já não há a morte e circunstâncias determinantes, com vista a uma reflexão
remédio. acerca do tema e consequentemente a uma melhor prática profis‐
De maneira ainda mais clara se nos revelam as coisas em outro sional.
exemplo, Lipschutz e Veshnjakoff fizeram estudos sobre o metabo‐ Para melhor entendimento dos vários fatores que interferem
lismo do ovário dos mamíferos fora do organismo, a várias tempe‐ no enfrentamento da morte/morrer, tanto pelos profissionais
raturas. quanto pacientes e familiares, é preciso que antes saibamos um
Ao examinar o consumo de oxigênio do tecido ovariano do por‐ pouco mais sobre as fases da morte e suas possíveis reações causa‐
quinho das índias á temperatura de 38,5 graus, que é a temperatu‐ das pelo impacto da notícia.
ra normal nessa espécie, é a 1 grau e até abaixo disso, verificaram Kübler-Ross (1994), em seu livro Sobre a Morte e o Morrer,
que o tecido continuava a consumir oxigênio no frio, porém, a tão realizou um trabalho com pacientes terminais onde analisou os
baixa temperatura, o tecido ovariano consome vinte mesmo qua‐ sentimentos do paciente e da família no processo e morrer. Ele es‐
renta vezes menos oxigênio do que a 38,5 graus. A temperaturabai‐ clarece que passamos por vários estágios quando nos deparamos
xa, pois o metabolismo é diminuído de um modo assombroso. Não com a morte, sendo que a negação é o primeiro estágio.
obstante, essa diminuição do metabolismo é responsável. Basta A 1° faseé a negação – é caracterizada como defesa temporá‐
trasladar o mesmo tecido para uma câmara com a temperatura do ria, onde a maioria das vezes o discurso pronunciado é “isso não
corpo, para constatar-se imediatamente que o seu consumo de oxi‐ está acontecendo comigo” ou “não pode ser verdade”. Outro com‐
gênio cresce de novo. Mas, setraslada o tecido por alguns minutos portamento comum nessa fase é o agir como se nada estivesse
para uma câmara com temperatura de alguns graus abaixo de zero acontecendo.
para ser examinado depois á temperatura do corpo, então já não “Evidentemente, se negamos a morte, se nos recusarmos a en‐
se restabelece mais, nunca mais, o metabolismo primitivo, o tecido trar em contato com nossos sentimentos, o luto será mal elaborado
morreu por refrigeração. A uma temperatura de alguns décimos de e teremos uma chance maior de adoecermos e cairmos em me‐
grau acima de zero, o metabolismo alterou-se de maneira repará‐ lancolia ou em outros processos substitutivos.” (CASSAROLA 1991).
vel; a uma temperatura abaixo de zero, o metabolismo alterou-se Outros mecanismos de defesa que utilizamos inconsciente‐
de maneira irreparável.Muito interessante é o fato de que, em cer‐ mente ainda citando Kübler-Ross (1994), são:
tos animais, se observa uma vida latente em que permanecem anos A 2° fase, a ira – nesta fase prevalece a revolta, o ressentimen‐
e anos, como nos tardígrados e outras espécies estudadas já por to, e o doente passa a atacar a equipe de saúde e as pessoas mais
Leuwenhook e Spallanzani no século XVIII. próximas a ele. Questionam procedimentos e tratamentos e a per‐
Não podemos falar da morte sem antes tentar conceituá-la. gunta mais comum é “porque eu?” .Podem ainda nesta fase, surgir
Para Vieira (2006, p.21) “a pergunta ‘o que é morte’ tem múltiplas períodos de total descrença.
respostas e nenhuma delas conclusiva, pois a questão transcende A 3° fase é a barganha – o doente faz acordos em troca de
os aspectos naturais ou materialistas e, até biologicamente, é difícil mais um tempo de vida. Nessa fase são comuns as promessas, Deus
uma resposta unânime”. se torna presente em sua vida, faz promessas de mudança se for
Morrer, cientificamente, é deixar de existir; quando o corpo curado.
acometido por uma patologia ou acidente qualquer tem a falência A depressão – após a fase da barganha, o doente percebe sua
de seus órgãos vitais, tendo uma parada progressiva de toda ati‐ doença como incurável e ciente da impossibilidade ou dificuldade
vidade do organismo, podendo ser de uma forma súbita (doenças de cura, deprime-se, sente-se vazio e deixa de intervir no tratamen‐
agudas, acidentes) ou lenta (doenças crônico-degenerativas), se‐ to, relaciona-se pouco com outras pessoas.
guida de uma degeneração dos tecidos.MOREIRA (2006), A 4° fase é a depressão – após a fase da barganha, o doente
“A situação de óbito hospitalar, ocorrência na qual se dá a ma‐ percebe sua doença como incurável e ciente da impossibilidade ou
terialização do processo de morrer e da morte, é, certamente, uma dificuldade de cura, deprime-se, sente-se vazio e deixa de intervir
experiência impregnada de significações cientificas, mas também no tratamento, relaciona-se pouco com outras pessoas.
de significações sociais, culturais e principalmente subjetivas.” (DO‐ A 5° fase é a aceitação – o paciente entende e aceita sua situa‐
MINGUES DO NASCIMENTO, 2006) ção e tenta dar um sentido para sua vida.
Reforça-se ainda que a morte não é somente um fato biológi‐ Segundo Bosco (2008), esses são estágios que sucedem, porém
co, mas um processo construído socialmente, que não se distingue podem não aparecer necessariamente nessa ordem ou alguns indi‐
das outras dimensões do universo das relações sociais. Assim, a víduos não passam por todos eles. Podem inclusive voltar a qual‐
morte está presente em nosso cotidiano e, independente de suas quer fase mais de uma vez. É um processo particular, onde muitos
causas ou formas, seu grande palco continua sendo os hospitais e sentimentos estão envolvidos e que dependem de vários fatores,
instituições de saúde. BRETAS (2006) como religiosidade, estrutura familiar, cultura, por exemplo. As ati‐
A morte propriamente dita é a cessação dos fenômenos vitais, tudes face à morte diferem de cultura para cultura, de país para
por parada das funções cerebral, respiratória e circulatórias, com país, de região para região e, até, de pessoa para pessoa. Tal facto,
surgimento dos fenômenos abióticos, lentos e progressivos, que permite concluir que a forma como reagimos à morte está depen‐
causam lesões irreversíveis nos órgãos e tecidos. dente de uma multiplicidade de factores que se relacionam princi‐
É um tema controverso que suscita nos enfermeiros sentimen‐ palmente com aspectos pessoais, educacionais, sócio-económicos
tos e atitudes diversas. Embora faça parte do ciclo natural da vida, e espacio-temporais.
a morte é, ainda, nos dias de hoje, um assunto polémico, por vezes Os profissionais da saúde, nomeadamente os enfermeiros, en‐
evitado e por muitos não compreendido, gerando medo e ansie‐ frentam todos os dias a morte e, independentemente da experiên‐
dade. Uma vez que a enfermagem tem nos seus ideais o compro‐ cia profissional e de vida, quase todos a encaram com um certo sen‐
misso com a vida, lidar com a morte pode torna-se um aconteci‐ timento de incerteza, desespero e angústia. Incerteza porque não
mento difícil e penoso, gerando uma multiplicidade de atitudes por sabe se está a prestar todos os cuidados possíveis para o bem-estar
parte dos profissionais de enfermagem. Neste contexto, devido à do doente, para lhe prolongar a vida e para lhe evitar a morte; de‐
necessidade de melhor compreender este fenómeno com que os sespero porque se sente impotente para fazer algo que o conser‐

103
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
ve vivo; angústia porque não sabe como comunicar efectivamente Alguns sentimentos como empatia e afeto são necessário para
com o doente e seus familiares. Todos estes factores oneram seve‐ que ao entrar em contato comopaciente e sua família, seja pos‐
ramente o enfermeiro que procura cuidar aqueles cuja morte está sível abordá-lo e compreendê-lo com a sua doença em toda sua
eminente. peculiaridade. Também consideramos ser de fundamental que na
“Oenfermeiro reage a estes sentimentos desligando-se do interdisciplinaridade haja o psicólogo para estruturar o trabalho de
doente e da própria morte e, consciente ou inconscientemente, psicoterapia breve, enfatizando-se o momento, na busca de pro‐
concentra a sua atenção no seu trabalho, no material, no processo porcionar um espaço de reflexão e expressão dos sentimentos,
da doença, talvez até em conversas superficiais, com o intuito de angústias, medos, fantasias, a fim de minimizar o impacto emo‐
afastar expressões de temor e de morte”. Outras vezes, o enfer‐ cional e o estresse vivenciado pelos familiares, pacientes e outros
meiro perante o processo de morte decide evitar todo e qualquer profissionais nesse momento da internação. Aprendemos que, o
contacto com o doente. Nesta perspectiva, o mesmo autor afirma momento de hospitalização significa uma crise para a família, o que
que “afastando-se do doente através de subterfúgios, o que o en‐ causa uma ruptura daquilo que é esperado na dinâmica familiar.
fermeiro faz é escudar-se contra sentimentos que lhe lembrem a Tanto a família quanto o paciente que entra no hospital para qual‐
morte e que lhe causem mal-estar”. Rees (1983), quer tipo de intervenção, não serão mais os mesmo após a sua alta.
Deste modo, sendo a morte inevitável e frequente nos serviços Eles tomam contato com seu limite, com sua fragilidade, com sua
de saúde, nem todos os enfermeiros a compreendem, a acolhem e impotência, mas também é um momento que poderá emergir a
reagem a ela da mesma maneira.Confrontados com a doença grave sua força e capacidade.Não podemos negar que aprendemos mui‐
e com a morte, os enfermeiros tentam proteger-se da angústia que to sobre a vida, doença e morte com nossos pacientes, pois a cada
estas situações geram, adoptando estratégias de adaptação, cons‐ momento vamos aos leito ao encontro de pessoas diferentes, o que
cientes ou inconscientes designadas: mecanismos de defesa. acaba por exigir criatividade em nossa prática diária. Cada casa é
De acordo com Rosado (1991), do confronto com a morte sur‐ um casa e vem revestido de particularidades e, é este o nosso lugar,
gem frequentemente mais problemas psicológicos do que físicos. nosso espaço e nossa função na equipe que requer um exercício
Entre os últimos, fadiga, enxaqueca, dificuldades respiratórias, in‐ de criatividade contínua e, especialmente, de escuta. Em cada leito
sónias e anorexia são alguns dos reconhecidos. No entanto, os mais com cada doente, com as diferentes doenças e com as diversas fa‐
citados são: pensamentos involuntários dedicados ao doente, sen‐ mílias, podemos dizer que crescemos.
timentos de impotência, choro e sensação de abatimento, senti‐ A diferença do outro, de cada indivíduo, relança uma nova pos‐
mento de choque e de incredibilidade perante a perda, dificuldades tura de percepção do mundo, pela qual o nosso convívio e aprendi‐
de concentração, cólera, ansiedade e irritabilidade. Decorrentes zado mútuo são capazes de reconstruir nossas próprias percepções
destas atitudes, registam-se: absentismo, desejo de mudança de e, conseqüentemente nossas representações. (VALENTE 2008)
serviço, isolamento, entre outras práticas e atitudes reveladoras da e. Atendimento de urgência e emergência em desastres na-
situação e de insegurança.Para que o fenômeno da Morte seja en‐ turais e catástrofes.
carado com serenidade pelo enfermeiro, este deve prevê-la como
inevitável. Assim deve ter como atitudes, como: comunicar a situa‐ Vários eventos que ocorreram no Brasil e no mundo, como o
ção terminal do doente, conforme a vontade e capacidade de acei‐ ataque com armas químicas na Síria, o tornado no interior do esta‐
tação do doente, ter respeito pela diferença, cada doente têm o do de São Paulo e o incêndio numa fábrica de fertilizantes em Santa
seu modo de estar na vida, o doente raramente esta isolado, os fa‐ Catarina, que produziu uma volumosa fumaça tóxica, surgem ques‐
miliares podem ajudar ou perturbar, compartilhar, deixar a pessoa tionamentos sobre a atuação dos profissionais de saúde nestes ca‐
expressar os seus temores e desejos, diminuir a dor, o sofrimento e sos emergenciais e diferenciados, por sua natureza e repercussão.
a angustia, auxiliar corretamente o doente a assumir a morte como Acidentes em massa podem ter variadas causas, por fenôme‐
experiência que só ele pode viver, toda a equipa deve ter um com‐ nos naturais como, inundações, tornados, terremotos, avalanches,
portamento idêntico, linguagem, em relação à informação dada ao erupções vulcânicas, entre outros; por ação humana em forças na‐
doente para não existir contradições, promover a vivência da fase turais ou materiais como, acidentes rodoviários, ferroviários, aero‐
final de vida no domicilio sempre que possível. viários e marítimos, por radiação nuclear, desabamentos, incêndios
O apoio da família também é muito importante Apoio da fa‐ e explosões, eletrocussão, entre demais exemplos; e outras origens
mília, já que a família sempre está presente. A definição de família como, causas combinadas e pânico generalizado com pisoteamen‐
tem evoluído ao longo dos tempos, de acordo com vários paradig‐ to.
mas, no entanto aqui adaptar-se-á a definição de“ Família refere‐ A preocupação com tais situações torna-se emergente, me‐
-se a dois ou mais indivíduos que dependem um do outro para dar diante os fatos ocorridos recentemente e os grandes eventos que
apoio emocional, físico e econômico. Os membros da família são estão programados para os próximos meses no Brasil.
auto-definidos.” (Hanson, 2005). A família é, ou devia de ser, a uni‐ Os profissionais e instituições de saúde brasileiros estão pron‐
dade primária dos cuidados de saúde. tos para agir com eficácia e rapidez em casos com estas naturezas
Além de proporcionar o acompanhamento adequado ao doen‐ e magnitudes?
te em fase terminal, deve se insere a família neste processode apoio O papel dos Enfermeiros é indispensável e crucial nestes casos,
para que assim o doente possa usufruir de uma melhor qualidade considerando as especificidades que competem a sua profissão.
de vida, do ponto emocional e afetivo, assim como na diminuição Nestas situações de desastre, com envolvimento de muitas
da dor e angústia. O familiar do paciente crítico ao ter consciência vítimas, um plano de emergência diferenciado precisa ser imple‐
da situação concreta e da possibilidade de morte do seu enfermo mentado.
que está na UTI, expressa o vazio existencial através de sentimen‐
tos como: tristeza, frustração, pessimismo, desorientação, angústia
e falta de sentido para viver.
Para entender a tríade, é necessário definir cada familiar do pa‐
ciente crítico como uma pessoa constituída de unidade e totalidade
em três dimensões: corpo, alma e espírito. (LIMA 2008).

104
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

O ideal é que as instituições de saúde construam e treinem seus funcionários, para que nestes casos cada profissional saiba como
atuar e gerenciar.
Em situações de desastre com múltiplas vítimas, o cliente com alta prioridade no atendimento é diferente do cliente prioritário de
situações emergenciais. Em acidentes catastróficos os insumos e recursos podem ter disponibilidade limitada, fazendo com que a triagem
e classificação das prioridades mudem. As decisões baseiam-se na probabilidade da sobrevida e no consumo dos recursos disponíveis. O
princípio fundamental que direciona o uso dos recursos é o bem máximo para o máximo de pessoas.
A triagem deve ser rapidamente realizada na cena do desastre, sendo imediatamente identificadas as vítimas prioritárias e iniciadas
as intervenções necessárias, com posterior encaminhamento para as unidades de emergência.
Nos Estados Unidos é utilizado um sistema de triagem com cores para classificação da prioridade de atendimento das pessoas aci‐
dentadas (Tabela 1). Conforme a classificação, as pessoas recebem uma pulseira colorida que identifica seu nível de atenção e facilita a
implementação das medidas de preservação da vida.
O Enfermeiro pode desempenhar diferentes funções em eventos catastróficos, sendo seu papel definido mediante as necessidades
específicas que a instituição de saúde e equipes de trabalho apresentam, bem como as particularidades que o desastre gerou. Por exem‐
plo, o Enfermeiro pode atuar na triagem principal das vítimas, realizar procedimentos avançados, caso possua capacitação para tal e
respaldo da instituição, dar assistência no luto as famílias com a identificação dos entes queridos, gerenciar e/ou fornecer as atividades de
cuidado em hospitais de campanha (provisórios) ou mesmo coordenar a distribuição dos recursos materiais e humanos entre as equipes
de atendimento.

105
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Estes são apenas alguns exemplos das atividades que podem • Construir os fluxos de atendimento na urgência/emergência
ser realizadas, mas não contemplam todas as atividades desempe‐ considerando todos os serviços da rede de assistência à saúde;
nhadas nestes eventos. Há ainda as ações voltadas para o controle • Funcionar como um instrumento de ordenação e orientação
e divulgação de informações à mídia e às famílias, o gerenciamento da assistência, sendo um sistema de regulação da demanda dos
de possíveis conflitos internos, como o uso dos recursos disponí‐ serviços de urgência/emergência
veis; de origem étnica/cultural, referente aos hábitos e costumes
particulares dos acidentados e familiares; e de cunho religioso, re‐ EQUIPE
lacionado às crenças e costumes específicos das vítimas envolvidas, Equipe multiprofissional: enfermeiro, auxiliar de enfermagem,
principalmente nos casos de óbito. serviço social, equipe médica, profissionais da portaria/recepção e
Estes exemplos ilustram algumas situações possíveis em casos estagiários.
de acidentes em massa, devendo ser considerados pelos profissio‐
nais de saúde das equipes de atendimento. São casos que podem PROCESSO DE CLASSIFICAÇÃO
acontecer em eventos que envolvam um grande número de turis‐ É a identificação dos pacientes que necessitam de interven‐
tas, sendo do próprio país ou estrangeiros. ção médica e de cuidados de enfermagem, de acordo com o po‐
Concluindo esta primeira parte do artigo, os Enfermeiros de‐ tencial de risco, agravos à saúde ou grau de sofrimento, usando um
vem estar preparados para atuar em novos ambientes e em papéis processo de escuta qualificada e tomada de decisão baseada em
atípicos em casos de desastre. O princípio que deve nortear suas protocolo e aliada à capacidade de julgamento crítico e experiência
ações é o de fazer o bem ao maior número de pessoas que for pos‐ do enfermeiro. A - Usuário procura o serviço de urgência. B - É aco‐
sível. lhido pelos funcionários da portaria/recepção ou estagiários e en‐
caminhado para confecção da ficha de atendimento. C - Logo após
f. Acolhimento com avaliação e classificação de risco é encaminhado ao setor de Classificação de Risco, onde é acolhido
A Portaria 2048 do Ministério da Saúde propõe a implanta‐ pelo auxiliar de enfermagem e enfermeiro que, utilizando informa‐
ção nas unidades de atendimento de urgências o acolhimento e a ções da escuta qualificada e da tomada de dados vitais, se baseia no
“triagem classificatória de risco”. De acordo com esta Portaria, este protocolo e classifica o usuário.
processo “deve ser realizado por profissional de saúde, de nível su‐
perior, mediante treinamento específico e utilização de protocolos CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO
pré-estabelecidos e tem por objetivo avaliar o grau de urgência das 1 - Apresentação usual da doença;
queixas dos pacientes, colocando-os em ordem de prioridade para 2 - Sinais de alerta (choque, palidez cutânea, febre alta, des‐
o atendimento” (BRASIL, 2002). maio ou perda da consciência, desorientação, tipo de dor, etc.);
O Acolhimento com Classificação de Risco – ACCR - se mostra 3 - Situação – queixa principal;
como um instrumento reorganizador dos processos de trabalho na 4 - Pontos importantes na avaliação inicial: sinais vitais – Sat.
tentativa de melhorar e consolidar o Sistema Único de Saúde. Vai de O2 – escala de dor - escala de Glasgow – doenças preexisten‐
estabelecer mudanças na forma e no resultado do atendimento do tes – idade – dificuldade de comunicação (droga, álcool, retardo
usuário do SUS. Será um instrumento de humanização. A estratégia mental, etc.);
de implantação da sistemática do Acolhimento com Classificação 5 - Reavaliar constantemente poderá mudar a classificação.
de Risco possibilita abrir processos de reflexão e aprendizado ins‐
titucional de modo a reestruturar as práticas assistenciais e cons‐ AVALIAÇÃO DO PACIENTE (Dados coletados em ficha de aten-
truir novos sentidos e valores, avançando em ações humanizadas dimento)
e compartilhadas, pois necessariamente é um trabalho coletivo • Queixa principal
e cooperativo. Possibilita a ampliação da resolutividade ao incor‐ • Início – evolução – tempo de doença
porar critérios de avaliação de riscos, que levam em conta toda a • Estado físico do paciente
complexidade dos fenômenos saúde/ doença, o grau de sofrimento • Escala de dor e de Glasgow
dos usuários e seus familiares, a priorização da atenção no tempo, • Classificação de gravidade
diminuindo o número de mortes evitáveis, sequelas e internações. • Medicações em uso, doenças preexistentes, alergias e vícios
A Classificação de Risco deve ser um instrumento para melhor or‐ • Dados vitais: pressão arterial, temperatura, saturação de O2
ganizar o fluxo de pacientes que procuram as portas de entrada
de urgência/emergência, gerando um atendimento resolutivo e
humanizado.

MISSÕES DO ACOLHIMENTO COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO


1 - Ser instrumento capaz de acolher o cidadão e garantir um
melhor acesso aos serviços de urgência/emergência;
2 - Humanizar o atendimento;
3 - Garantir um atendimento rápido e efetivo.

OBJETIVOS
•Escuta qualificada do cidadão que procura os serviços de ur‐
gência/emergência;
• Classificar, mediante protocolo, as queixas dos usuários que
demandam os serviços de urgência/emergência, visando identificar
os que necessitam de atendimento médico mediato ou imediato;

106
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Como é feito o diagnóstico de morte encefálica?
O diagnóstico de morte encefálica é regulamentado pelo Con‐
selho Federal de Medicina. Em 2017, o CFM retirou a exigência do
médico especialista em neurologia para diagnóstico de morte ence‐
fálica, assunto amplamente debatido e acordado com as entidades
médicas.
Deste modo, a constatação da morte encefálica deverá ser fei‐
ta por médicos com capacitação específica, observando o protocolo
estabelecido. Para o diagnóstico de morte encefálica, são utilizados
critérios precisos, padronizados e passiveis de serem realizados em
todo o território nacional.

Quero ser doador de órgãos. O que fazer?


Se você quer ser doador de órgãos, primeiramente avise a sua
família. Os principais passos para doar órgãos são:
Para ser um doador, basta conversar com sua família sobre o
seu desejo de ser doador e deixar claro que eles, seus familiares,
devem autorizar a doação de órgãos.
No Brasil, a doação de órgãos só será feita após a autorização
familiar.
Pela legislação brasileira, não há como garantir efetivamente a
vontade do doador, no entanto, observa-se que, na grande maioria
dos casos, quando a família tem conhecimento do desejo de doar
do parente falecido, esse desejo é respeitado. Por isso a informação
e o diálogo são absolutamente fundamentais, essenciais e necessá‐
rios. Essa é a modalidade de consentimento que mais se adapta à
realidade brasileira. A previsão legal concede maior segurança aos
envolvidos, tanto para o doador quanto para o receptor e para os
serviços de transplantes.
g. Captação, Doação e Transplante de Órgãos e Tecidos. A vontade do doador, expressamente registrada, também
pode ser aceita, caso haja decisão judicial nesse sentido. Em razão
O que é doação de órgãos? disso tudo, orienta-se que a pessoa que deseja ser doador de ór‐
gãos e tecidos comunique sua vontade aos seus familiares.
Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um
transplante e estão aguardando em lista única, definida pela Cen‐
tral de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada estado e con‐
trolada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT).

Existem dois tipos de doador.


1 - O primeiro é o doador vivo. Pode ser qualquer pessoa que
concorde com a doação, desde que não prejudique a sua própria
saúde. O doador vivo pode doar um dos rins, parte do fígado, par‐
Doação de órgãos é um ato nobre que pode salvar vidas. Mui‐ te da medula óssea ou parte do pulmão. Pela lei, parentes até o
tas vezes, o transplante de órgãos pode ser única esperança de vida quarto grau e cônjuges podem ser doadores. Não parentes, só com
ou a oportunidade de um recomeço para pessoas que precisam de autorização judicial.
doação. É preciso que a população se conscientize da importância 2 - O segundo tipo é o doador falecido. São pacientes com mor‐
do ato de doar um órgão. Hoje é com um desconhecido, mas ama‐ te encefálica, geralmente vítimas de catástrofes cerebrais, como
nhã pode ser com algum amigo, parente próximo ou até mesmo traumatismo craniano ou AVC (derrame cerebral).
você. Doar órgãos é doar vida.
O transplante de órgãos é um procedimento cirúrgico que con‐ Qual tempo de isquemia de cada órgão?
siste na reposição de um órgão (coração, fígado, pâncreas, pulmão, O tempo de isquemia é o tempo de retirada de um órgão e
rim) ou tecido (medula óssea, ossos, córneas) de uma pessoa doen‐ transplante deste em outra pessoa. A tabela abaixo demonstra o
te (receptor) por outro órgão ou tecido normal de um doador, vivo tempo de isquemia aceitável para cada órgão a ser considerado
ou morto. para transplante:

O que é morte encefálica? Órgão Tempo de isquemia


A morte encefálica é a perda completa e irreversível das fun‐
ções encefálicas (cerebrais), definida pela cessação das funções Coração 04 horas
corticais e de tronco cerebral, portanto, é a morte de uma pessoa. Pulmão 04 a 06 horas
Após a parada cardiorrespiratória, pode ser realizada a doação
de tecidos (córnea, pele, musculoesquelético, por exemplo). A Lei Rim 48 horas
9.434 estabelece que doação de órgãos pós morte só pode ser feita Fígado 12 horas
quando for constatada a morte encefálica.
Pâncreas 12 horas

107
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Estatísticas
As estatísticas do Sistema Nacional de Transplantes (SNT) são a consolidação dos dados sobre transplantes, com informações cole‐
tadas das diversas partes que compõem o SNT. O fornecimento dos dados é de responsabilidade das secretarias de saúde dos estados e
do Distrito Federal. Os dados estatísticos são essenciais para que o Ministério da Saúde possa tomar conhecimento, registrar e divulgar
a produção das cirurgias realizadas, bem como sistematizar índices que demonstrem o desempenho do setor nas unidades federativas,
regiões e no país como um todo.

Quais são os primeiros socorros em caso de afogamento?


Em caso de afogamento, a primeira coisa a fazer é tirar a vítima da água.
O ideal é socorrer a pessoa que está se afogando sem entrar na água, utilizando uma boia, tábua, colete salva-vidas, corda, galho ou
qualquer outro objeto que a faça flutuar ou lhe permita agarrar para não afundar.
A seguir, providencie um cabo para rebocar a vítima no objeto flutuante. O cabo deve ter um laço para que a pessoa possa prendê-lo
ao corpo, já que a correnteza pode impedi-la de segurar no cabo.
Após retirá-la da água, mantenha-a aquecida e peça ajuda ligando para o número 193. Se a vítima estiver consciente, deixe-a sentada
enquanto aguarda pela chegada da ambulância. Se estiver inconsciente, siga os seguintes primeiros socorros:
1) Deite a vítima de lado e mantenha-a aquecida;
2) Observe se ela está respirando;
3) Ligue e siga as instruções dadas pelo atendente do 193 (leve a vítima ao hospital ou espere pela chegada do socorro).
Se a pessoa não estiver respirando, é necessário fazer a reanimação cardiopulmonar:
1) Posicione a vítima deitada de barriga para cima sobre uma superfície plana e firme (a cabeça não deve estar mais alta que os pés
para não prejudicar o fluxo sanguíneo cerebral);
2) Ajoelhe-se ao lado da vítima, de maneira que os seus ombros fiquem diretamente sobre o meio do tórax dela;
3) Com os braços esticados, coloque as mãos bem no meio do tórax da pessoa (entre os dois mamilos), apoiando uma mão sobre a
outra;
4) Inicie as compressões torácicas, que devem ser fortes, ritmadas e não podem ser interrompidas;
5) Evite a respiração boca a boca se estiver sozinho, não interrompa as compressões cardíacas;
6) O melhor é revezar nas compressões com outra pessoa, mas a troca não deve demorar mais de 1 segundo;
7) A reanimação cardiorrespiratória só deve ser interrompida com a chegada do socorro especializado ou com a reanimação da vítima.

Não tente fazer a ressuscitação dentro da água. Sempre que possível, retire a vítima da água na posição horizontal.
Nunca tente salvar uma vítima de afogamento se não tiver condições para o fazer, mesmo que saiba nadar. É preciso ser um bom
nadador e estar preparado para salvar indivíduos em pânico.

Principais causas de afogamentos


Os afogamentos são comuns durante o verão, época em que as pessoas mais frequentam áreas de rios e mares. Desconhecimento
das condições do local e falta de habilidade do nadador estão entre as principais causas de afogamento.
Além disso, podemos citar como causas de afogamento o mergulho em áreas rasas, que pode levar a traumatismo seguido da aspira‐
ção de água, ingestão de bebidas alcoólicas, crises convulsivas, doenças cardiorrespiratórias e câimbras. Em afogamentos em residências,
destacam-se os de crianças que se afogam em banheiras e outros recipientes com água por ficarem sem a supervisão de um adulto.
Denominamos de afogamento primário aquele em que não se observa nenhum fator que levou ao afogamento. Este ocorre natural‐
mente em virtude da falta de habilidade da vítima, por exemplo. Já o secundário está relacionado com alguma patologia que dificulte que
a vítima mantenha-se na superfície.

108
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Como ocorre o afogamento? Se houver mais alguém, o mais adequado é revezar a massa‐
Quando uma pessoa entra em contato com a água e perce‐ gem a cada 2 minutos, para manter uma compressão eficaz e me‐
be que sofrerá o afogamento, ela geralmente se desespera e inicia lhor resultado;
uma luta para manter-se na superfície. Quando ocorre a submer‐ Mantenha as compressões até a pessoa retomar a consciência
são, instantaneamente a pessoa prende a respiração. Essa parada ou até à chegada do socorro.
da respiração depende da capacidade física de cada indivíduo. Quanto mais rápido for o atendimento à vítima de uma para‐
Quando a pessoa não consegue mais segurar a respiração, uma da cardiorrespiratória, por choque elétrico, menores são os danos
aspiração de líquido pode ocorrer. Em algumas pessoas, isso é um causados ao organismo.
estímulo para que haja um reflexo natural que contrai as vias res‐ Estudos recentes comprovam que a realização de massagem
piratórias e impede que mais água entre no organismo. Essa con‐ cardíaca nos primeiros socorros, possibilita a manutenção do fluxo
tração pode levar à morte por asfixia, um caso que chamamos de sanguíneo e, portanto, oxigenação dos tecidos, inclusive pulmonar
afogamento do tipo seco. e cerebral, mesmo sem mais a indicação de respiração boca-a-bo‐
Na maioria das pessoas, no entanto, não ocorre esse reflexo ca, salvado muitas vidas.
e o que acontece é uma grande aspiração de água por causa de
movimentos respiratórios involuntários. Isso faz com que a água Se o choque elétrico provocar queimaduras, lave a área afeta‐
chegue aos pulmões, levando à perda da substância que promove da com água corrente à temperatura ambiente, até esfriar o local.
a abertura dos alvéolos (surfactante), mudanças na permeabilida‐ Se puder mergulhar a queimadura na água, melhor.
de dos capilares e surgimento de edema pulmonar. Com o tempo,
o pulmão enche-se completamente de água, o indivíduo perde a
consciência, sofre parada respiratória e morre.
ENFERMAGEM EM SAÚDE PÚBLICA. POLÍTICA NACIO-
Primeiros socorros em caso de afogamento NAL DE IMUNIZAÇÃO
Em casos de afogamento, é importante ser muito cauteloso ao
tentar salvar a vítima. Quando uma pessoa está se afogando, sua Conceito e Tipo de Imunidade
tendência é desesperar-se e segurar na pessoa que está tentando
salvá-la, podendo ocasionar outro afogamento. Nesses casos, por‐ Programa de Imunização
tanto, é fundamental jogar algo para que ela se segure, como boias
e pneus. Programa de imunização e rede de frios, conservação de va-
Nesses casos, é fundamental também chamar bombeiros ou cinas
uma ambulância, pois a vítima terá atendimento especializado. Em PNI: essas três letras inspiram respeito internacional entre es‐
pessoas desacordadas e sem sinais de respiração, recomenda-se a pecialistas de saúde pública, pois sabem que se trata do Programa
respiração boca a boca e, quando estiver sem pulso, a massagem Nacional de Imunizações, do Brasil, um dos países mais populosos
cardíaca. Quando acordada, é importante manter a vítima deitada e de território mais extenso no mundo e onde nos últimos 30 anos
de lado e aquecida. foram eliminadas ou são mantidas sob controle as doenças preve‐
níveis por meio da vacinação.
O que fazer em caso de choque elétrico? Na Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), braço da Or‐
Em caso de choque elétrico, os primeiros socorros devem ser
ganização Mundial de Saúde (OMS), o PNI brasileiro é citado como
prestados rapidamente, pois os primeiros 3 minutos após o choque
referência mundial. Por sua excelência comprovada, o nosso PNI or‐
são vitais para socorrer e salvar a vítima.
ganizou duas campanhas de vacinação no Timor Leste, ajudou nos
programas de imunizações na Palestina, na Cisjordânia e na Faixa
A primeira coisa a fazer é interromper o contato da pessoa com
de Gaza. Nós, os brasileiros do PNI, fomos solicitados a dar cursos
a fonte de eletricidade sem encostar diretamente nela. O ideal é
no Suriname, recebemos técnicos de Angola para serem capacita‐
desligar a chave geral de força. Se não for possível, afaste a vítima
dos aqui. Estabelecemos cooperação técnica com Estados Unidos,
utilizando algum material que não conduza corrente elétrica, como
objetos de borracha ou madeira. México, Guiana Francesa, Argentina, Paraguai, Uruguai, Venezuela,
Bolívia, Colômbia, Peru, Israel, Angola, Filipinas. Fizemos doações
A seguir, chame o resgate através do número 192 e verifique para Uruguai, Paraguai, República Dominicana, Bolívia e Argentina.
se a pessoa está respirando, se consegue se mexer ou emitir algum A razão desse destaque internacional é o Programa Nacional
som. Caso não verifique nenhum desses sinais, é provável que a de Imunizações, nascido em 18 de setembro de 1973, chega aos
vítima tenha sofrido uma parada cardíaca ou cadiorrespiratória. 30 anos em condições de mostrar resultados e avanços notáveis. O
que foi alcançado pelo Brasil, em imunizações, está muito além do
Nesse caso, inicie imediatamente a reanimação cardíaca, en‐ que foi conseguido por qualquer outro país de dimensões continen‐
quanto espera pela ambulância: tais e de tão grande diversidade socioeconômica.
No campo das imunizações, somos vistos com respeito e admi‐
Reanimação cardíaca: ração até por países dotados de condições mais propícias para esse
Deite a vítima em local seguro, com a barriga para cima; trabalho, por terem população menor e ou disporem de espectro
Com uma mão sobre a outra, faça 30 compressões fortes e rit‐ social e econômico diferenciado. Desde as primeiras vacinações,
madas no meio do tórax da vítima. Em cada compressão, o peito da em 1804, o Brasil acumulou quase 200 anos de imunizações, sendo
vítima deve afundar cerca de 5 cm. Para isso, recomenda-se usar o que nos últimos 30 anos, com a criação do PNI, desenvolveu ações
peso do próprio corpo para fazer a compressão; planejadas e sistematizadas. Estratégias diversas, campanhas, var‐
Tentando manter um ritmo de aproximadamente 100 a 120 reduras, rotina e bloqueios erradicaram a febre amarela urbana
compressões por minuto em 1942, a varíola em 1973 e a poliomielite em 1989, controlaram
Após as 30 compressões observe se a pessoa está responden‐ o sarampo, o tétano neonatal, as formas graves da tuberculose, a
do ou se encontra algum pulso, no punho ou pescoço da vítima; se difteria, o tétano acidental, a coqueluche. Mais recentemente, im‐
não volte às compressões; plementaram medidas para o controle das infecções pelo Haemo‐

109
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
philus influenzae tipo b, da rubéola e da síndrome da rubéola con‐ do se as coberturas alcançarem índices homogêneos para todos os
gênita, da hepatite B, da influenza e suas complicações nos idosos, subgrupos da população e em níveis considerados suficientes para
também das infecções pneumocócicas. reduzir a morbimortalidade por essas doenças. Essa é a síntese do
Hoje, os quase 180 milhões de cidadãos brasileiros convivem Programa Nacional de Imunizações, que na realidade não pertence
num panorama de saúde pública de reduzida ocorrência de óbitos a nenhum governo, federal, estadual ou municipal. É da sociedade
por doenças imuno preveníveis. O País investiu recursos vultosos brasileira. Novos desafios foram sucessivamente lançados nestes
na adequação de sua Rede de Frio, na vigilância de eventos adver‐ 30 anos, o maior deles sendo a difícil tarefa de manejar um progra‐
sos pós-vacinais, na universalidade de atendimento, nos seus siste‐ ma que trabalha articulado com os 26 estados, o Distrito Federal e
mas de informação, descentralizou as ações e garantiu capacitação os 5.560 municípios, numa vasta extensão territorial, cobrindo uma
e atualização técnico-gerencial para seus gestores em todos os âm‐ população de 174 milhões de habitantes, entre crianças, adolescen‐
bitos. As campanhas nacionais de vacinação, voltadas em cada oca‐ tes, mulheres, adultos, idosos, indígenas e populações especiais.
sião para diferentes faixas etárias, proporcionaram o crescimento Enquanto diversidades culturais, demográficas, sociais e am‐
da conscientização social a respeito da cultura em saúde. bientais são suplantadas para a realização de atividades de vacina‐
Antes, no Brasil, as ações de imunização se voltavam ao con‐ ção de campanha e rotina, novas iniciativas e desafios vão sendo
trole de doenças específicas. Com o PNI, passou a existir uma atua‐ lançados. Desses, vale a pena citar alguns: Programas regionais do
ção abrangente e de rotina: todo dia é dia de estar atento à erradi‐ continente americano – Os programas de erradicação da poliomie‐
cação e ao controle de doenças que sejam possíveis de controlar e lite, eliminação do sarampo, controle da rubéola e prevenção da
erradicar por meio de vacina, e nas campanhas nacionais de vacina‐ síndrome da rubéola congênita e a prevenção do tétano neonatal
ção essa mentalidade é intensificada e dirigida à doença em foco. O são programas regionais que requerem esforços conjuntos dos paí‐
objetivo prioritário do PNI, ao nascer, era promover o controle da ses da região, com definição de metas, estratégias e indicadores,
poliomielite, do sarampo, da tuberculose, da difteria, do tétano, da envolvendo troca contínua e oportuna de informações e realização
coqueluche e manter erradicada a varíola. periódica de avaliações das atividades em âmbito regional.
Hoje, o PNI tem objetivo mais abrangente. Para os próximos O PNI tem desempenhado papel de destaque, sendo pionei‐
cinco anos, estão fixadas as seguintes metas: ro na implementação de estratégias como a vacinação de mulhe‐
- ampliação da auto-suficiência nacional dos produtos adquiri‐ res em idade fértil contra a rubéola e o novo plano de controle do
dos e utilizados pela população brasileira; tétano neonatal. Além disso, em 2003 foi iniciada a estratégia de
- produção da vacina contra Haemophilus influenzae b, da va‐ multivacinação conjunta por todos os países da América do Sul, du‐
cina combinada tetravalente (DTP + Hib), da dupla viral (contra sa‐ rante a Semana Sul-Americana de Vacinação. Atividades de busca
rampo e rubéola) e tríplice viral (contra sarampo, rubéola e caxum‐ ativa de casos, vigilância epidemiológica e vacinação nas fronteiras
ba), da vacina contra pneumococos e da vacina contra influenza e de todo o Brasil foram executadas com sucesso. Essa iniciativa se
da vacina antirrábica em cultivo celular. repetirá nos próximos anos, contando já com a participação de um
número ainda maior de países da América Central, América do Nor‐
As competências do Programa, estabelecidas no Decreto nº te e Espanha.
78.231, de 12 de agosto de 1976 (o mesmo que o institucionalizou),
são ainda válidas até hoje: Quantidades de imuno biológicos: A cada ano são incorpora‐
- implantar e implementar as ações relacionadas com as vaci‐ dos novos imuno biológicos ao calendário do PNI, que são ofereci‐
nações de caráter obrigatório; dos gratuitamente à população, durante campanhas ou na rotina
- estabelecer critérios e prestar apoio técnico a elaboração, im‐ do programa, prezando pelos princípios do SUS de universalidade,
plantação e implementação dos programas de vacinação a cargo equidade e integralidade.
das secretarias de saúde das unidades federadas; Campanhas de vacinação: São extremamente complexas a
- estabelecer normas básicas para a execução das vacinações; coordenação e a logística das campanhas de vacinação. As campa‐
- supervisionar, controlar e avaliar a execução das vacinações nhas anuais contra a poliomielite conseguem o feito de vacinar 15
no território nacional, principalmente o desempenho dos órgãos milhões de crianças em um único dia. A campanha de vacinação de
das secretarias de saúde, encarregados dos programas de vacina‐ mulheres em idade fértil conseguiu vacinar mais de 29 milhões de
ção; mulheres em idade fértil em todo o País, objetivando o controle da
- centralizar, analisar e divulgar as informações referentes ao rubéola e a prevenção da síndrome da rubéola congênita.
PNI. Rede de Frio: A rede de frio do Brasil interliga os municípios
brasileiros em uma complexa rede de armazenamento, distribuição
A institucionalização do Programa se deu sob influência de vá‐ e manutenção de vacinas em temperaturas adequadas nos níveis
rios fatores nacionais e internacionais, entre os quais se destacam nacional, estadual e municipal e local.
os seguintes: Autossuficiência na produção de imuno biológicos: O PNI pro‐
- fim da Campanha da Erradicação da Varíola (CEV) no Brasil, duz grande parte das vacinas utilizadas no País e ainda fornece va‐
com a certificação de desaparecimento da doença por comissão da cinas com qualidade reconhecida e certificada internacionalmente
OMS; pela Organização Mundial da Saúde, com grande potencial de ex‐
- a atuação da Ceme, criada em 1971, voltada para a organiza‐ portação de um número maior de vacinas produzidas no País. O
ção de um sistema de produção nacional e suprimentos de medica‐ Brasil tem a meta ousada de ter auto-suficiência na produção de
mentos essenciais à rede de serviços públicos de saúde; imuno biológicos para uso na população brasileira.
- recomendações do Plano Decenal de Saúde para as Américas, Cooperação internacional: O PNI provê assistência técnica com
aprovado na III Reunião de Ministros da Saúde (Chile, 1972), com envio de profissionais para apoiar atividades de imunizações e vi‐
ênfase na necessidade de coordenar esforços para controlar, no gilância epidemiológica em outros países das Américas. Ainda, por
continente, as doenças evitáveis por imunização. meio da OPAS, são inúmeros os termos de cooperação entre países
do qual o Brasil participa, firmados com o intuito de transferir expe‐
Torna-se cada vez mais evidente, no Brasil, que a vacina é o
riências e conhecimentos entre os países.
único meio para interromper a cadeia de transmissão de algumas
doenças imuno preveníveis. O controle das doenças só será obti‐

110
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Sendo assim, um dos programas de imunizações mais ativos na deiras” – apenas um recipiente isolado por meio de placas de cor‐
região das Américas, o PNI brasileiro tem exportado iniciativas, his‐ tiça, onde eram colocadas pedras de gelo. Essa geladeira ganhou
tórias de sucesso e experiência para diversos países do mundo. É, ares domésticos em 1913.
portanto, um exemplo a ser seguido, de ousadia, de determinação Em 1918, após a invenção da eletricidade, a Kelvinator Co. in‐
e de sucesso.” troduziu no mercado o primeiro refrigerador elétrico com o nome
de Frigidaire. Esses primeiros produtos foram vendidos como apa‐
Rede de Frio relhos para serem colocados dentro das “caixas de gelo”.
A Rede de Frio ou Cadeia de Frio é o processo de recebimento, Uma das vantagens era não precisar tirar o gelo derretido. O
armazenamento, conservação, manipulação, distribuição e trans‐ slogan do refrigerador era “mais frio que o gelo”. Na conservação
porte dos imuno biológicos do Programa Nacional de Imunizações dos alimentos, a utilização da refrigeração destina-se a impedir a
e devem ser mantidos em condições adequadas de refrigeração, multiplicação de microrganismos e sua atividade metabólica, redu‐
desde o laboratório produtor até o momento de sua utilização. zindo, consequentemente, à taxa de produção de toxinas e enzimas
O objetivo da Rede de Frio é assegurar que todos os imuno que poderiam deteriorar os alimentos, mantendo, assim, à qualida‐
biológicos mantenham suas características iniciais, para conferir de dos mesmos.
imunidade. Com a criação do Programa Nacional de Imunizações no Brasil
Imuno biológicos são produtos termolábeis, isto é, se deterio‐ surge a necessidade de equipamento de refrigeração para a con‐
ram depois de determinado tempo quando expostos a tempera‐ servação dos imuno biológicos e inicia-se o uso do refrigerador
turas inadequadas (inativação dos componentes imunogênicos). O doméstico para este fim, adotando-se algumas adaptações e/ou
manuseio inadequado, equipamentos com defeito ou falta de ener‐ modificações que serão demonstradas no capítulo referente aos
gia elétrica podem interromper o processo de refrigeração, com‐ equipamentos da rede de frio.
prometendo a potência e eficácia dos imuno biológicos. Para os imuno biológicos, a refrigeração destina-se exclusiva‐
São componentes da Rede de Frio: equipe qualificada e equi‐ mente à conservação do seu poder imunogênico, pois são produtos
pamentos adequados. termolábeis, isto é, que se deterioram sob a influência do calor.
Sistema de Refrigeração: é composto por um conjunto de com‐
ponentes unidos entre si, cuja finalidade é transferir calor de um Princípios Básicos de Refrigeração
espaço, ou corpo, para outro. Esse espaço pode ser o interior de Calor: é uma forma de energia que pode ser transmitida de um
uma câmara frigorífica de um refrigerador, ou qualquer outro espa‐ corpo a outro em virtude da diferença de temperatura existente
ço fechado onde haja a necessidade de se manter uma temperatu‐ entre eles. A transmissão da energia se dá a partir do corpo com
ra mais baixa que a do ambiente que o cerca. maior temperatura para o de menor temperatura. Um corpo, ao re‐
O primeiro povo a utilizar a refrigeração foi o chinês, muitos ceber ou ceder calor, pode sofrer dois efeitos diferentes: variação
anos antes de Cristo. Os chineses colhiam o gelo nos rios e lagos de temperatura ou mudança de estado físico (fase). A quantidade
durante a estação fria e o conservavam em poços cobertos de palha de calor recebida ou cedida por um corpo que sofre uma variação
durante as estações quentes. de temperatura é denominada calor sensível. E, se ocorrer uma
Este primitivo sistema de refrigeração foi também utilizado de mudança de fase, o calor é chamado latente (palavra derivada do
forma semelhante por outros povos da antiguidade. Servia basica‐ latim que significa escondido).
mente para deixar as bebidas mais saborosas. Até pelo menos o Diz-se que um corpo é mais frio que o outro quando possui
fim do século XVII, esta seria a única aplicação do gelo para a hu‐ menor quantidade de energia térmica ou, temperatura inferior ao
manidade. outro. Com base nesses princípios são, a seguir, apresentadas algu‐
Em 1683, Anton Van Leeuwenhoek, um comerciante de tecidos mas experiências onde os mesmos são aplicados à conservação de
e cientista de Delft, nos Países Baixos, que muito contribuiu para o imuno biológicos.
melhoramento do microscópio e para o progresso da biologia ce‐
lular, detectou microrganismos em cristais de gelo e a partir dessa Transferência de Calor: É a denominação dada à passagem da
observação constatou-se que, em temperaturas abaixo de +10ºC, energia térmica (que durante a transferência recebe o nome de ca‐
estes microrganismos não se multiplicavam, ou o faziam mais vaga‐ lor) de um corpo com temperatura mais alta para outro ou de uma
rosamente, ocorrendo o contrário acima dessa temperatura. parte para outra de um mesmo corpo com temperatura mais baixa.
A observação de Leeuwenhoek continuou sendo alvo de pes‐ Essa transmissão pode se processar de três maneiras diferentes:
quisa no meio científico e no século 18, descobertas científicas re‐ condução, convecção e radiação.
lacionaram o frio à inibição do processo dos alimentos. Além da
neve e do gelo, os recursos eram a salmoura e o ato de curar os Condução: É o processo de transmissão de calor em que a
alimentos. Também havia as loucas de barro que mantinham a fres‐ energia térmica passa de um local para outro através das partícu‐
cura dos alimentos e da água, fato este já observado pelos egípcios las do meio que os separa. Na condução a passagem da energia
antes de Cristo. Mas as dificuldades para obtenção de gelo na natu‐ de uma local para outro se faz da seguinte maneira: no local mais
reza criava a necessidade do desenvolvimento de técnicas capazes quente, as partículas têm mais energia, vibrando com mais inten‐
de produzi-lo artificialmente. sidade; com esta vibração cada partícula transmite energia para a
Apenas em 1824, o físico e químico Michael Faraday descobriu partícula vizinha, que passa a vibrar mais intensamente; esta trans‐
a indução eletromagnética – o princípio da refrigeração. Esse prin‐ mite energia para a seguinte e assim sucessivamente.
cípio seria utilizado dez anos depois, nos Estados Unidos, para fabri‐
car gelo artificialmente e, na Alemanha em 1855. Convecção: Consideremos uma sala na qual se liga um aque‐
Mesmo com o sucesso desses modelos experimentais, a pos‐ cedor elétrico em sua parte inferior. O ar em torno do aquecedor é
sibilidade de produção do gelo para uso doméstico ainda era um aquecido, tornando-se menos denso. Com isso, o ar aquecido sobe
sonho distante. e o ar frio que ocupa a parte superior da sala, e portanto, mais dis‐
Enquanto isso não ocorria, a única possibilidade de utilização tante do aquecedor, desce. A esse movimento de massas de fluido
do frio era tentando ampliar ao máximo a durabilidade do gelo na‐ chamamos convecção e as correntes de ar formadas são correntes
tural. No início do século XIX, surgiram, assim, as primeiras “gela‐ de convecção. Portanto, convecção é um movimento de massas de

111
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
fluido, trocando de posição entre si. Notemos que não tem signifi‐ sorvetes e similares são predominantemente freezers horizontais,
cado falar em convecção no vácuo ou em um sólido, isto é, convec‐ com várias aberturas pequenas na parte superior, visando a maior
ção só ocorre nos fluidos. Exemplos ilustrativos: eficiência na conservação de baixas temperaturas. Um exemplo do
- Os aparelhos condicionadores de ar devem sempre ser insta‐ princípio da densidade é observado quando os evaporadores ou
lados na parte superior do recinto a ser resfriado, para que o ar frio congeladores dos refrigeradores, os aparelhos de ar-condicionado
refrigerado, sendo mais denso, desça e force o ar quente, menos e centrais de refrigeração são instalados na parte superior do local
denso, para cima, tornando o ar de todo o ambiente mais frio e a ser refrigerado Assim o ar frio desce e refrigera todo o ambiente
mais uniforme. mais rapidamente. Já os aquecedores devem ser instalados na par‐
- Os aparelhos condicionadores de ar modernos possuem refri‐ te inferior. Desta forma, o ar quente sobe e aquece o local de forma
geração e aquecimento, mas também devem ser instalados na par‐ mais rápida. Agindo destas formas, garantimos o desempenho cor‐
te superior da sala, pois o período de tempo de maior uso será no reto dos aparelhos e economizamos energia através da utilização
modo ‘refrigeração’, ou seja, no período de verão. Contudo, quan‐ da convecção natural
do o equipamento for utilizado no modo ‘aquecimento’, durante o
inverno, as aletas do equipamento deverão estar direcionadas para Temperatura: O calor é uma forma de energia que não pode
baixo, forçando o ar quente em direção ao solo. ser medida diretamente. Porém, por meio de termômetro, é pos‐
- Os aquecedores de ar, por sua vez, deverão ser sempre insta‐ sível medir sua intensidade. A temperatura de uma substância ou
lados na parte inferior do recinto a ser aquecido, pois o ar quente, de um corpo é a medida de intensidade do calor ou grau de calor
por ser menos denso, subirá e o ar que está mais frio na parte supe‐ existente em sua massa. Existem diversos tipos e marcas de indi‐
rior desce e sofre aquecimento por convecção. cadores de temperatura. Para seu funcionamento, aproveita-se a
propriedade que alguns corpos têm para dilatar-se ou contrair-se
Radiação: É o processo de transmissão de calor através de on‐ conforme ocorra aumento ou diminuição da temperatura. Para
das eletromagnéticas ondas de calor). A energia emitida por um esse funcionamento utilizam-se, também, as variações de pressão
corpo (energia radiante) se propaga até o outro, através do espa‐ que alguns fluidos apresentam quando submetidos a variações de
ço que os separa. Raios infravermelhos; Sol; Terra; O Sol aquece temperatura. Os líquidos mais comumente utilizados são o álcool
a Terra através dos raios infravermelhos. Sendo uma transmissão e o mercúrio, principalmente por não se congelarem a baixas tem‐
de calor através de ondas eletromagnéticas, a radiação não exige peraturas.
a presença do meio material para ocorrer, isto é, a radiação ocorre Existem várias escalas para medição de temperatura, sendo
no vácuo e também em meios materiais. que as mais comuns são a Fahrenheit (ºF), em uso nos países de
Nem todos os materiais permitem a propagação das ondas de língua inglesa, e a Celsius (ºC), utilizada no Brasil.
calor através dele com a mesma velocidade. A caixa térmica, por Nos termômetros em escala Celsius (ºC) ou Centígrados, o pon‐
exemplo, por ser feita de material isolante, dificulta a entrada do to de congelamento da água é 0ºC e o seu ponto de ebulição é de
calor e o frio em seu interior, originário das bobinas de gelo reutili‐ 100ºC, ambos medidos ao nível do mar e à pressão atmosférica.
zável, é conservado por mais tempo. Toda energia radiante, trans‐ Fatores que interferem na manutenção da temperatura no in‐
portada por onda de rádio, infravermelha, ultravioleta, luz visível, terior das caixas térmicas:
raios X, raio gama, etc, pode converter-se em energia térmica por - Temperatura ambiente: Quanto maior for a temperatura am‐
absorção. Porém, só as radiações infravermelhas são chamadas de biente, mais rapidamente a temperatura do interior da caixa tér‐
ondas de calor. Um corpo bom absorvente de calor é um mal refle‐ mica se elevará, em virtude da entrada de ar quente pelas paredes
tor. Um corpo bom refletor de calor é um mal absorvente. Exemplo: da caixa.
Corpos de cor negra são bons absorventes e corpos de cores claras - Material isolante: O tipo, a qualidade e a espessura do mate‐
são bons refletores de calor. rial isolante utilizado na fabricação da caixa térmica interferem na
penetração do calor. Com paredes mais grossas, o calor terá maior
Relação entre temperatura e movimento molecular: Indepen‐ dificuldade para atravessá-las. Com paredes mais finas, o calor pas‐
dentemente do seu estado, as moléculas de um corpo encontram‐ sará mais facilmente. Com material de baixa condutividade térmica
-se em movimento contínuo. Na figura a seguir, verifica-se o com‐ (exemplo: poliuretano ao invés de poliestireno expandido), o calor
portamento das moléculas da água nos estados sólido, líquido e não penetrará na caixa com facilidade.
gasoso. À medida que sofrem incremento de temperatura, essas - Bobinas de Gelo Reutilizável – Quantidade e Temperatura: A
moléculas movimentam-se com maior intensidade. A liberdade quantidade de bobinas de gelo reutilizável colocada no interior da
para se movimentarem aumenta conforme se passa do estado sóli‐ caixa é importante para a correta conservação. A transferência do
do para o líquido; e deste, para o gasoso calor recebido dos imuno biológicos, do ar dentro da caixa e atra‐
Convecção Natural – Densidade: Uma mesma substância, em vés das paredes fará com que o gelo derreta (temperatura próxima
diferentes temperaturas, pode ficar mais ou menos densa. O ar de 0ºC, no caso de as bobinas de gelo serem constituídas de água
quente é menos denso que o ar frio. Assim, num espaço determi‐ pura). Otimizar o espaço interno da caixa para a acomodação de
nado e limitado, ocorre sempre uma elevação do ar quente e uma maior quantidade de bobinas de gelo fará com que a temperatura
queda (precipitação) do ar frio. Sob tal princípio, uma caixa térmica interna do sistema permaneça baixa por mais tempo. Dispor as bo‐
horizontal aberta, contendo bobinas de gelo reutilizável ou outro binas de gelo reutilizável nos espaços vazios no interior da caixa, de
produto em baixa temperatura, só estará recebendo calor do am‐ modo que circundem os imuno biológicos serve ao propósito men‐
biente através da radiação e não pela saída do ar frio existente, cionado acima. Ao dispor de certa quantidade de bobinas de gelo
uma vez que este, sendo mais denso, permanece no fundo da caixa. reutilizável nas paredes laterais da caixa térmica, formamos uma
Ao se abrir a porta de uma geladeira vertical ocorrerá a saída barreira para diminuir a velocidade de entrada de calor, por um
de parte do volume de ar frio contido dentro da mesma, com sua período de tempo. O calor vai continuar atravessando as paredes, e
consequente substituição por parte do ar quente situado no am‐ isso ocorre porque não existe material perfeitamente isolante. Con‐
biente mais próximo do refrigerador. O ar frio, por ser mais denso, tudo, o calor que adentra a caixa atinge primeiro as bobinas de gelo
sai por baixo, permitindo a penetração do ar ambiente (com ca‐ reutilizável, aumentando inicialmente sua temperatura, e, somente
lor e umidade). Os equipamentos utilizados para a conservação de depois, altera a temperatura do interior da caixa.

112
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
A temperatura das bobinas de gelo reutilizável também deve o condensador está exposto ao ambiente, cuja temperatura é infe‐
ser rigorosamente observada. Caso sejam utilizadas bobinas de rior à temperatura do refrigerante em circulação, o calor vai sendo
gelo reutilizável, em temperaturas muito baixas (-20ºC) e em gran‐ dissipado para esse mesmo ambiente. Assim, na medida em que o
de quantidade, há o risco de, em determinado momento, que a fluido refrigerante perde calor ao circular pelo condensador, ele se
temperatura dos imuno biológicos esteja próxima à dessas bobinas. converte em líquido.
Por consequência, os imuno biológicos serão congelados, o que Nos refrigeradores tipo doméstico e freezers utilizados pelo
para alguns tipos, pode comprometer a qualidade, por exemplo: a PNI, são predominantemente utilizados os condensadores estáti‐
vacina contra DTP. cos, nos quais o ar e a temperatura ambiente são os únicos fatores
Além desses fatores, as experiências citadas permitem lembrar de interferência. As placas, ranhuras e pequenos tubos incorpora‐
alguns pontos importantes: dos aos condensadores, visam exclusivamente facilitar a dissipação
- o calor, decorrido algum tempo, passará através das paredes do calor, aumentando a superfície de resfriamento.
da caixa com maior ou menor facilidade, em função das caracterís‐ Olhando-se lateralmente um refrigerador tipo doméstico veri‐
ticas do material utilizado e da espessura das mesmas; fica-se que o condensador está localizado na parte posterior, afas‐
- a temperatura no interior da caixa nem sempre é uniforme. tado do corpo do refrigerador. O calor é dissipado para o ar circu‐
Num determinado momento podemos encontrar temperaturas di‐ lante que sobe em corrente, dos lados do evaporador. Para que
ferentes em vários pontos (a, b e c). O procedimento de envolver este ciclo seja completado com maior facilidade e sem interferên‐
os imuno biológicos com bobinas de gelo reutilizável é entendido cias desfavoráveis, o equipamento com sistema de refrigeração por
como uma proteção ao avanço do calor, que parte sempre do mais compressão (geladeira, freezers, etc.) deve ficar afastado da pare‐
quente para o mais frio, mas que afeta a temperatura dos corpos de, instalado em lugar ventilado, na sombra e longe de qualquer
pelos quais se propaga; fonte de calor, para que o condensador possa ter um rendimento
- no acondicionamento de imuno biológicos em caixas térmicas elevado. Não colocar objetos sobre o condensador. Periodicamen‐
é possível manter ou reduzir a temperatura das mesmas durante te, limpar o mesmo para evitar acúmulo de pó ou outro produto
um tempo determinado utilizando-se, para tal, bobinas de gelo reu‐ que funcione como isolante.
tilizável em diferentes temperaturas e quantidade. Alguns equipamentos (geladeiras comerciais, câmaras frigorífi‐
cas, etc.) utilizam o conjunto de motor, compressor e condensador,
Tipos de Sistema instalado externamente.
Compressão: São sistemas que utilizam a compressão e a ex‐
pansão de uma substância, denominada fluido refrigerante, como Filtro desidratador: Está localizado logo após o condensador.
meio para a retirada de energia térmica de um corpo ou ambiente. Consiste em um filtro dotado de uma substância desidratadora que
Esses sistemas são normalmente alimentados por energia elétrica retém as impurezas ou substâncias estranhas e absorve a umidade
proveniente de centrais hidrelétricas ou térmicas. Alternativamen‐ residual que possa existir no sistema.
te, em regiões remotas, tem-se usado o sistema fotovoltaico como
fonte geradora de energia elétrica. Controle de expansão do fluido refrigerante: A seguir está lo‐
calizado o controlador de expansão do fluido refrigerante. Sua fina‐
Componentes e elementos do sistema de refrigeração por lidade é controlar a passagem e promover a expansão (redução da
compressão: Componentes: compressor, condensador e controle pressão e temperatura) do fluido refrigerante para o evaporador.
do líquido refrigerante. Elementos: evaporador, filtro desidratador, Este dispositivo, em geral, pode ser um tubo capilar usado em pe‐
gás refrigerante e termostato. Os componentes acima descritos es‐ quenos sistemas de refrigeração ou uma válvula de expansão, usual
tão unidos entre si por meio de tubulações, dentro das quais circula em sistemas comerciais e industriais.
um fluido refrigerante ecológico (R-134a - tetrafluoretano, é o mais
comum). A compressão e a expansão desse fluido refrigerante, Evaporador: É a parte do sistema de refrigeração no qual o
dentro de um circuito fechado, o torna capaz de retirar calor de fluido refrigerante, após expandir-se no tubo capilar ou na válvula
um ambiente. Esse circuito deve estar hermeticamente selado, não de expansão, evapora-se a baixa pressão e temperatura, absorven‐
permitindo a fuga do refrigerante. Nos refrigeradores e freezers, do calor do meio. Em um sistema de refrigeração, a finalidade do
o compressor e o motor estão hermeticamente fechados em uma evaporador é absorver calor do ar, da água ou de qualquer outra
mesma carcaça substância que se deseje baixar a temperatura. Essa retirada de
calor ou esfriamento ocorre em virtude de o líquido refrigerante,
Compressor: É um conjunto mecânico constituído de um mo‐ a baixa pressão, se evaporar, absorvendo calor do conteúdo e do
tor elétrico e pistão no interior de um cilindro. Sua função é fazer ambiente interno do refrigerador. À medida que o líquido vai se
o fluido refrigerante circular dentro do sistema de refrigeração.. evaporando, deslocando-se pelas tubulações, este se converte em
Durante o processo de compressão, a pressão e a temperatura do vapor, que será aspirado pelo compressor através da linha de baixa
fluido refrigerante se elevam rapidamente pressão (sucção). Posteriormente, será comprimido e enviado pelo
compressor ao condensador fechando o ciclo.
Condensador: É o elemento do sistema de refrigeração que se Alimentação elétrica dos sistemas de refrigeração por com‐
encontra instalado e conectado imediatamente após o ponto de pressão: Pode ser convencional, quando é proveniente de centrais
descarga do compressor. Sua função é transformar o fluido refri‐ hidrelétricas ou térmicas, ou fotovoltaica, quando utiliza a energia
gerante em líquido. Devido à redução de sua temperatura, ocorre solar. A alimentação elétrica convencional dispensa maiores co‐
mudança de estado físico, passando de vapor superaquecido para mentários, pois é de uso muito comum e conhecida por todos.
líquido saturado. São constituídos por tubos metálicos (cobre, alu‐ Atualmente, muitos países em desenvolvimento estão usando
mínio ou ferro) dispostos sobre chapas ou fixos por aletas (arame o sistema fotovoltaico na rede de frio para conservação de imuno‐
de aço ou lâminas de alumínio), tomando a forma de serpentina. biológicos. É, algumas vezes, a única alternativa em áreas onde não
A circulação do ar através do condensador pode se dar de duas existe disponibilidade de energia elétrica convencional confiável.
maneiras: a) Por circulação natural (sistemas domésticos) b) Por cir‐ A geração de energia elétrica provém de células fotoelétricas ou
culação forçada (sistemas comerciais de grande capacidade). Como fotovoltaicas, instaladas em painéis que recebem luz solar direta,

113
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
armazenando-a em baterias próprias através do controlador de Os sistemas de absorção apresentam algumas desvantagens:
carga para a manutenção do funcionamento do sistema, inclusive - os equipamentos que utilizam combustível líquido na alimen‐
no período sem sol. tação apresentam irregularidade da chama e acúmulo de carvão ou
O sistema utilizado em refrigeradores para conservação de fuligem, necessitando regulagem sistemática e limpeza periódica
imuno biológicos é dimensionado para operação contínua do equi‐ dos queimadores;
pamento (carregado e incluindo as bobinas de gelo reutilizável) - a manutenção do equipamento em operação satisfatória
durante os períodos de menor insolação no ano. Se outras cargas, apresenta maior grau de complexidade em relação aos sistemas de
como iluminação, forem incluídas no sistema, elas devem operar compressão;
através de um banco de baterias separado, independente do que - a qualidade e o abastecimento constante dos combustíveis
fornece energia ao refrigerador. O projeto do sistema deve permitir dificulta o uso de tal equipamento.
uma autonomia de, no mínimo, sete dias de operação contínua.
Em ambientes com temperaturas médias entre +32ºC e +43ºC, Controle de temperatura conforme o tipo de sistema, proce‐
a temperatura interna do refrigerador, devidamente carregado, der das seguintes maneiras: a) aqueles que funcionam com com‐
quando estabilizada, não deve exceder a faixa de +2ºC a +8ºC. A bustíveis líquidos. O controle é efetuado através da diminuição ou
carga recomendada de bobinas de gelo reutilizável contendo água aumento da chama utilizada no aquecimento do sistema, por meio
a temperatura ambiente deve ser aquela que o equipamento é ca‐ de um controle que movimenta o pavio do queimador; b) aqueles
paz congelar em um período de 24 horas. que funcionam com combustíveis gasosos. Nestes sistemas, o con‐
Em virtude de seu alto custo e necessidade de treinamento es‐ trole é feito por um elemento termostático que permite aumentar
pecializado dos responsáveis pela manutenção, alguns critérios são ou diminuir a vazão do gás que alimentará a chama do queimador,
observados para a escolha das localidades para instalação desse provocando as alterações de temperatura desejadas; c) aqueles
tipo de equipamento: que funcionam com eletricidade. O controle é feito através de um
- remotas e de difícil acesso, isoladas com inexistência de fonte termostato para refrigeração simples, que conecta ou desconecta
de energia convencional; a alimentação da resistência elétrica, do mesmo tipo utilizado nos
- que por razões logísticas se necessite dispor de um refrigera‐ refrigeradores à compressão.
dor para armazenamento;
- que, segundo o Ministério de Minas e Energia, não serão al‐ Temperatura: controle e monitoramento
cançadas pela rede elétrica convencional em, pelo menos, 5 anos; O controle diário de temperatura dos equipamentos da Rede
de Frio é imprescindível em todas as instâncias de armazenamento
Absorção: Funciona alimentado por uma fonte de calor que para assegurar a qualidade dos imuno biológicos. Para isso, utili‐
pode ser uma resistência elétrica, gás ou querosene. Em opera‐ zam-se termômetros digitais ou analógicos, de cabo extensor ou
ção com gás ou eletricidade, a temperatura interna é controlada não. Quando for utilizado o termômetro analógico de momento,
automaticamente por um termostato. Nos equipamentos a gás, máxima e mínima, a leitura deve ser rápida, a fim de evitar variação
o termostato dispõe de um dispositivo de segurança que fecha a de temperatura no equipamento. O termômetro de cabo extensor
passagem deste quando a chama se apaga; com querosene, a tem‐ é de fácil leitura e não contribui para essa alteração porque o visor
peratura é controlada manualmente através do ajuste da chama permanece fora do equipamento.
do querosene. O sistema por absorção não é tão eficiente e difere
da configuração do sistema por compressão. Seu funcionamento Termômetro digital de momento, máxima e mínima: É um
depende de uma mistura de água e amoníaco, em presença de um equipamento eletrônico de precisão constituído de um visor de
gás inerte (hidrogênio). Requer atenção constante para garantir o cristal líquido, com cabo extensor, que mensura as temperaturas
desempenho adequado. (do momento, a máxima e a mínima), através de seu bulbo insta‐
lado no interior do equipamento, em um período de tempo. Tam‐
Funcionamento do sistema por absorção: A água tem a pro‐ bém existe disponível um modelo deste equipamento que permite
priedade de absorver amônia (NH3) com muita facilidade e através a leitura das temperaturas de momento, máxima, mínima e do am‐
desta, é possível reduzir e manter baixa a temperatura nos sistemas biente externo, com dispositivo de alarme que é acionado quando
de absorção. A aplicação de calor ao sistema faz com que a solubi‐ a variação de temperatura ultrapassa os limites configurados, ou
lidade da amônia na água, libere o gás da solução. Assim, a amônia seja, +2º e + 8º C (set point) ou sem alarme. Constituído por dois
purificada, em forma gasosa, se desloca do separador até o con‐ visores de cristal líquido, um para temperatura do equipamento e
densador, que é uma serpentina de tubulações com um dispositivo outro para a temperatura do ambiente
de aletas situado na parte superior do circuito. Nesse elemento, Termômetro analógico de momento, máxima e mínima (Ca‐
a amônia se condensa e, em forma líquida, desce por gravidade pela): Este termômetro apresenta duas colunas verticais de mer‐
até o evaporador, localizado abaixo do condensador e dentro do cúrio com escalas inversas e é utilizado para verificar as variações
gabinete. de temperatura ocorridas em determinado ambiente, num período
O esfriamento interno do equipamento ocorre pela perda de de tempo, fornecendo três tipos de informação: a mais fria; a mais
calor para a amônia, que sofre uma mudança de fase da amônia, quente e a do momento.
passando do estado líquido para o gasoso. Termômetro linear: Esse tipo de termômetro só nos dá a tem‐
A presença do hidrogênio mantém uma pressão elevada e uni‐ peratura do momento, por isso seu uso deve ser restrito às caixas
forme no sistema. A mistura amônia-hidrogênio varia de densidade térmicas de uso diário.
ao passar de uma parte do sistema para outra, o que resulta em Colocá-lo no centro da caixa, próximo às vacinas e tampá-la;
um desequilíbrio que provoca a movimentação da amônia até o aguardar meia hora para fazer a leitura da temperatura, verificando
componente absorvente (água). Ao sair do evaporador, a mistura a extremidade superior da coluna.
amônia-hidrogênio passa ao absorvedor, onde somente a amônia é - Na caixa térmica da sala de vacina ou para o trabalho extra‐
retida. Nesse ponto, o calor aplicado permitirá novamente a libera‐ muro, a temperatura deverá ser controlada com frequência, subs‐
ção da amônia até o condensador, fechando o ciclo continuamente. tituindo-se as bobinas de gelo reutilizável quando a temperatura
atingir +8ºC.

114
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- O PNI não recomenda a compra deste modelo de termôme‐ “todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo tra‐
tro, porém onde balhador, destinado á proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a
- O PNI espera cada vez mais que todas as instâncias invistam segurança e a saúde no trabalho”.
na aquisição de termômetros mais precisos e de melhor qualidade
(digital de momento, máxima e mínima). Câmaras Frigoríficas: Também denominadas câmaras frias. São
ambientes especialmente construídos para armazenar produtos
Termômetro analógico de cabo extensor: Este tipo de termô‐ em baixas temperaturas, tanto positivas quanto negativas e em
metro é utilizado para verificar a temperatura do momento, no grandes volumes. Para conservação dos imuno biológicos essas câ‐
transporte, no uso diário da sala de vacina ou no trabalho extra‐ maras funcionam em temperaturas entre +2ºC e +8ºC e -20°C, de
muro. acordo com a especificação dos produtos. Na elaboração de proje‐
tos para construção, ampliação ou reforma, é necessário solicitar
Termômetro a laser: É um equipamento de alta tecnologia, uti‐ assessoria do PNI considerando a complexidade, especificidade e
lizado principalmente para a verificação de temperatura dos imuno custo deste equipamento.
biológicos nos volumes (caixas térmicas), recebidos ou expedidos O seu funcionamento de uma maneira geral obedece aos prin‐
em grandes quantidades. Tem a forma de uma pistola, com um ga‐ cípios básicos de refrigeração, além de princípios específicos, tais
tilho que ao ser pressionado aciona um feixe de raio laser que ao como:
atingir a superfície das bobinas de gelo, registra no visor digital do - paredes, piso e teto montados com painéis em poliuretano
aparelho a temperatura real do momento. Para que seja obtido um injetado de alta densidade revestido nas duas faces em aço inox/
registro de temperatura confiável é necessário que sejam observa‐ alumínio;
dos os procedimentos descritos pelo fabricante quanto à distância - sistema de ventilação no interior da câmara, para facilitar a
e ao tempo de pressão no gatilho do termômetro distribuição do ar frio pelo evaporador;

Situações de Emergência - compressor e condensador dispostos na área externa à câma‐


Os equipamentos de refrigeração podem deixar de funcionar ra, com boa circulação de ar;
por vários motivos. Assim, para evitar a perda dos imuno biológicos, - antecâmara (para câmaras negativas), com temperatura de
precisamos adotar algumas providencias. Quando ocorrer interrup‐ +4°C, objetivando auxiliar o isolamento do ambiente e prevenir a
ção no fornecimento de energia elétrica, manter o equipamento ocorrência de choque térmico aos imuno biológicos;
fechado e monitorar, rigorosamente, a temperatura interna com - alarmes audiovisual de baixa e alta temperaturas para alertar
termômetro de cabo extensor. Se não houver o restabelecimento da ocorrência de oscilação na corrente elétrica ou de defeito no
da energia, no prazo máximo de 2 horas ou quando a temperatura equipamento de refrigeração;
estiver próxima a + 8 C proceder imediatamente a transferência dos - alarme audiovisual indicador de abertura de porta;
imuno biológicos para outro equipamento com temperatura reco‐ - dois sistemas independentes de refrigeração instalados: um
mendada (refrigerador ou caixa térmica). em uso e outro em reserva, para eventual defeito do outro;
O mesmo procedimento deve ser adotado em situação de fa‐ - sistema eletrônico de registro de temperatura (data loggers);
lha no equipamento. - Lâmpada de cor amarela externamente à câmara, com acio‐
O serviço de saúde deverá dispor de bobinas de gelo reutilizá‐ namento interligado à iluminação interna, para alerta da presença
vel congeladas para serem usadas no acondicionamento dos imuno de pessoal no seu interior e evitar que as luzes internas sejam dei‐
biológicos em caixas térmicas. xadas acesas desnecessariamente.
No quadro de distribuição de energia elétrica da Instituição,
é importante identificar a chave especifica do circuito da Rede de Algumas câmaras, devido ao seu nível de complexidade e di‐
Frio e/ou sala de vacinação e colocar um aviso em destaque - “Não mensões utilizam sistema de automação para controle de tempe‐
Desligar”. Estabelecer uma parceria com a empresa local de energia ratura, umidade e funcionamento.
elétrica, a fim de ter informação prévia sobre interrupções progra‐ Organização Interna: As câmaras são dotadas de prateleiras va‐
madas no fornecimento. Nas situações de emergência é necessário zadas, preferencialmente metálicas, em aço inox, nas quais os imu‐
que a unidade comunique a ocorrência à instância superior imedia‐ no biológicos são acondicionados de forma a permitir a circulação
ta para as devidas providências. de ar entre as mesma e organizados de acordo com a especificação
Observação: Recomenda-se a orientação dos agentes respon‐ do produto laboratório produtor, número do lote, prazo de valida‐
sáveis pela vigilância e segurança das centrais de rede de frio na de e apresentação.
identificação de problemas que possam comprometer a qualidade As prateleiras metálicas podem ser substituídas por estrados
dos imuno biológicos, comunicando imediatamente o técnico res‐ de plástico resistente (paletes), em função do volume a ser armaze‐
ponsável, principalmente durante finais de semana e feriados. nado. Os lotes com menor prazo de validade devem ter prioridade
na distribuição, Cuidados básicos para evitar perda de imuno bio‐
Equipamentos da Rede de Frio lógicos:
O PNI utiliza equipamentos que garantem a qualidade dos imu‐ - na ausência de controle automatizado de temperatura, reco‐
no biológicos: câmara frigorífica, freezers ou congeladores, refri‐ menda-se fazer a leitura diariamente, no início da jornada de traba‐
geradores tipo doméstico ou comercial, caminhão frigorífico entre lho, no início da tarde e no final do dia, com equipamento disponí‐
outros. Considerando as atividades executadas no âmbito da cadeia vel e anotar em formulário próprio;
de frio de imuno biológicos, algumas delas podem apresentar um - testar os alarmes antes de sair, ao final da jornada de traba‐
potencial de risco à saúde do trabalhador. Neste sentido, a legisla‐ lho;
ção trabalhista vigente determina o uso de Equipamentos de Pro‐ - usar equipamento de proteção individual;
tecão Individual (EPI), conforme estabelece a Portaria do Ministério - não deixar a porta aberta por mais de um minuto ao colocar
do Trabalho e Emprego n. 3.214, de 08/06/1978 que aprovou, den‐ ou retirar imuno biológico e somente abrir a câmara depois de fe‐
tre outras normas, a Norma Regulamentadora nº 06 - Equipamento chada a antecâmara;
de Proteção Individual - EPI. Segundo esta norma, considera-se EPI,

115
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- somente entrar na câmara positiva se a temperatura interna Lembramos que estes calendários de vacina são do Ministério
registrada no visor externo estiver ≤+5ºC. Essa conduta impede que da Saúde e corresponde a todo o Território Nacional. Mas determi‐
a temperatura interna da câmara ultrapasse +8ºC com a entrada de nados Estados do Brasil, acrescentam outras vacinas e outras do‐
ar quente durante a abertura da porta; ses, devido a necessidade local.
- verificar, uma vez ao mês, se a vedação da porta da câmara
está em boas condições, isto é, se a borracha (gaxeta) não apresen‐ Calendário Nacional de Vacinação
ta ressecamento, não tem qualquer reentrância, abaulamento em
suas bordas e se a trava de segurança está em perfeito funciona‐ Criança
mento. O formulário para registro da revisão mensal encontra-se
em manual específico de manutenção de equipamentos;
- observar para que a luz interna da câmara não permaneça
acesa quando não houver pessoas trabalhando em seu interior. A
luz é grande fonte de calor;
- ao final do dia de trabalho, certificar-se de que a luz interna
foi apagada; de que todas as pessoas saíram e de que a porta da
câmara foi fechada corretamente;
- a limpeza interna das câmaras e prateleiras é feita sempre
com pano úmido, e se necessário, utilizar sabão. Adotar o mesmo
procedimento nas paredes e teto e finalmente secá-los. Remover Para vacinar, basta levar a criança a um posto ou Unidade Bási‐
as estruturas desmontáveis do piso para fora da câmara, lavar com ca de Saúde (UBS) com o cartão/caderneta da criança. O ideal é que
água e sabão, enxaguar, secar e recolocar. Limpar o piso com pano cada dose seja administrada na idade recomendada. Entretanto, se
úmido (pano exclusivo) e sabão, se necessário e secar. Limpar as perdeu o prazo para alguma dose é importante voltar à unidade de
luminárias com pano seco e usando luvas de borracha para preven‐ saúde para atualizar as vacinas. A maioria das vacinas disponíveis
ção de choques elétricos. Recomenda-se a limpeza antes da repo‐ no Calendário Nacional de Vacinação é destinada a crianças. São 15
sição de estoque. vacinas, aplicadas antes dos 10 anos de idade.
- recomenda-se, a cada 6 (seis) meses, proceder a desinfecção
geral das paredes e teto das câmaras frias; Ao nascer
- semanalmente a Coordenação Estadual receberá do respon‐
sável pela Rede de Frio o gráfico de temperatura das câmaras e BCG (Bacilo Calmette-Guerin) – (previne as formas graves de
dará o visto, após análise dos mesmos. tuberculose, principalmente miliar e meníngea) - dose única - dose
A manutenção preventiva e corretiva é indispensável para a única
garantia do bom funcionamento da câmara. Manter o contrato Hepatite B–(previne a hepatite B) - dose ao nascer
atualizado e renovar com antecedência prevenindo períodos sem
cobertura. As orientações técnicas e formulários estão descritos no 2 meses
manual específico de manutenção de equipamentos.
Freezers ou Congeladores: São equipamentos destinados, pre‐ Penta (previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infec‐
ferencialmente, a estocagem de imuno biológicos em temperatu‐ ções causadas pelo Haemophilus influenzae B) – 1ª dose
ras negativas (aproximadamente a -20ºC), mais eficientes e confiá‐ Vacina Poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) - (VIP) (previne a polio‐
veis, principalmente aquele dotado de tampas na parte superior. mielite) – 1ª dose
Estes equipamentos devem ser do tipo horizontal, com isolamento Pneumocócica 10 Valente (conjugada) (previne a pneumonia,
de suas paredes em poliuretano, evaporadores nas paredes (con‐ otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1ª
tato interno) e condensador/compressor em áreas projetadas no dose
corpo, abaixo do gabinete. São também utilizados para congelar as Rotavírus humano (previne diarreia por rotavírus) – 1ª dose
bobinas de gelo reutilizável e nesse caso, a sua capacidade de arma‐
zenamento é de até 80%. 3 meses
Não utilizar o mesmo equipamento para o armazenamento
concomitante de imuno biológicos e bobinas de gelo reutilizável. Meningocócica C (conjugada) - (previne Doença invasiva causa‐
Instalar em local bem arejado, sem incidência da luz solar direta da pela Neisseria meningitidis do sorogrupo C) – 1ª dose
e distante, no mínimo, 40cm de outros equipamentos e 20cm de 4 meses
paredes, uma vez que o condensador necessita dissipar calor para
o ambiente. Colocar o equipamento sobre suporte com rodinhas Penta (previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infec‐
para evitar a oxidação das chapas da caixa em contato direto com o ções causadas pelo Haemophilus influenzae B) – 2ª dose
piso úmido e facilitar sua limpeza e movimentação. Vacina Poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) - (VIP) (previne a polio‐
mielite) – 2ª dose
Calendários de Vacinação Pneumocócica 10 Valente (conjugada) (previne pneumonia,
O Calendário de vacinação brasileiro é aquele definido pelo otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 2ª
Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde (PNI/ dose
MS) e corresponde ao conjunto de vacinas consideradas de interes‐ Rotavírus humano (previne diarreia por rotavírus) – 2ª dose
se prioritário à saúde pública do país. Atualmente é constituído por
12 produtos recomendados à população, desde o nascimento até 5 meses
a terceira idade e distribuídos gratuitamente nos postos de vacina‐
ção da rede pública. Meningocócica C (conjugada) (previne doença invasiva causa‐
da pela Neisseria meningitidis do sorogrupo C) – 2ª dose

116
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
6 meses 11 a 14 anos

Penta (previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infec‐ Meningocócica C (conjugada) (previne doença invasiva causa‐
ções causadas pelo Haemophilus influenzae B) – 3ª dose da por Neisseria meningitidis do sorogrupo C) – Dose única ou re‐
Vacina Poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) - (VIP) - (previne polio‐ forço (a depender da situação vacinal anterior)
mielite) – 3ª dose
10 a 19 anos
9 meses
Hepatite B - 3 doses (a depender da situação vacinal anterior)
Febre Amarela – uma dose (previne a febre amarela) Febre Amarela – 1 dose (a depender da situação vacinal ante‐
rior)
12 meses Dupla Adulto (dT) (previne difteria e tétano) – Reforço a cada
10 anos
Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) – 1ª dose Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) - 2 doses
Pneumocócica 10 Valente (conjugada) - (previne pneumonia, (de acordo com a situação vacinal anterior)
otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – Pneumocócica 23 Valente (previne pneumonia, otite, meningi‐
Reforço te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1 dose (a depen‐
Meningocócica C (conjugada) (previne doença invasiva causa‐ der da situação vacinal anterior) - (está indicada para população
da pela Neisseria meningitidis do sorogrupo C) – Reforço indígena e grupos-alvo específicos)

15 meses Adulto

DTP (previne a difteria, tétano e coqueluche) – 1º reforço


Vacina Poliomielite 1 e 3 (atenuada) (VOP) - (previne poliomie‐
lite) – 1º reforço
Hepatite A – uma dose
Tetra viral – (previne sarampo, rubéola, caxumba e varicela/
catapora) - Uma dose
4 anos

DTP (Previne a difteria, tétano e coqueluche) – 2º reforço


Vacina Poliomielite 1 e 3 (atenuada) (VOP) – (previne poliomie‐ É muito importante que os adultos mantenham suas vacinas
lite) - 2º reforço em dia. Além de se proteger, a vacina também evita a transmissão
Varicela atenuada (previne varicela/catapora) – uma dose para outras pessoas que não podem ser vacinadas. Imunizados, fa‐
Atenção: Crianças de 6 meses a 5 anos (5 anos 11 meses e 29 miliares podem oferecer proteção indireta a bebês que ainda não
dias) de idade deverão tomar uma ou duas doses da vacina influen‐ estão na idade indicada para receber algumas vacinas, além de ou‐
za durante a Campanha Anual de Vacinação da Gripe. tras pessoas que não estão protegidas. Veja lista de vacinas dispo‐
nibilizadas a adultos de 20 a 59 anos:
Adolescente
20 a 59 anos

Hepatite B - 3 doses (a depender da situação vacinal anterior)


Febre Amarela – dose única (a depender da situação vacinal
anterior)
Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) – Verificar
a situação vacinal anterior, se nunca vacinado: receber 2 doses (20
a 29 anos) e 1 dose (30 a 49 anos);
A caderneta de vacinação deve ser frequentemente atualiza‐ Dupla adulto (dT) (previne difteria e tétano) – Reforço a cada
da. Algumas vacinas só são administradas na adolescência. Outras 10 anos
precisam de reforço nessa faixa etária. Além disso, doses atrasadas Pneumocócica 23 Valente (previne pneumonia, otite, menin‐
também podem ser colocadas em dia. Veja as vacinas recomenda‐ gite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1 dose (Está
das a adolescentes: indicada para população indígena e grupos-alvo específicos)

Meninas 9 a 14 anos Idoso

HPV (previne o papiloma, vírus humano que causa cânceres e


verrugas genitais) - 2 doses (seis meses de intervalo entre as doses)

Meninos 11 a 14 anos

HPV (previne o papiloma, vírus humano que causa cânceres e


verrugas genitais) - 2 doses (seis meses de intervalo entre as doses)

117
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
São quatro as vacinas disponíveis para pessoas com 60 anos ou Pneumocócica 10 Valente (previne pneumonia, otite, meningi‐
mais, além da vacina anual contra a gripe: te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1ª dose
Rotavírus (previne diarreia por rotavírus) – 1ª dose
60 anos ou mais
3 meses
Hepatite B - 3 doses (verificar situação vacinal anterior)
Febre Amarela – dose única (verificar situação vacinal anterior) Meningocócica C (previne a doença meningocócica C) – 1ª dose
Dupla Adulto (dT) - (previne difteria e tétano) – Reforço a cada
10 anos 4 meses
Pneumocócica 23 Valente (previne pneumonia, otite, menin‐
gite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – reforço (a de‐ Pentavalente (previne difteria, Tétano, Coqueluche, Hepatite
pender da situação vacinal anterior) - A vacina está indicada para B e Meningite e infecções por Haemóphilus influenzae tipo B) – 2ª
população indígena e grupos-alvo específicos, como pessoas com dose
60 anos e mais não vacinados que vivem acamados e/ou em insti‐ Vacina Inativada Poliomielite (VIP) (Poliomielite ou paralisia
tuições fechadas. infantil) – 2ª dose
Influenza – Uma dose (anual) Pneumocócica 10 Valente (previne pneumonia, otite, meningi‐
te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 2ª dose
Gestante Rotavírus (previne diarreia por rotavírus) – 2ª dose

5 meses

Meningocócica C (previne doença meningocócica C) – 2ª dose

6 meses

Pentavalente (previne Difteria, Tétano, Coqueluche, Hepatite B


e meningite e infecções por HiB) – 3ª dose
Vacina Inativada Poliomielite (VIP) (Poliomielite ou paralisia
A vacina para mulheres grávidas é essencial para prevenir infantil) – 3ª dose
doenças para si e para o bebê. Veja as vacinas indicadas para ges‐
tantes. 9 meses
Hepatite B - 3 doses (a depender da situação vacinal anterior)
Dupla Adulto (dT) (previne difteria e tétano) – 3 doses (a de‐ Febre Amarela – dose única (previne a febre amarela)
pender da situação vacinal anterior) 12 meses
dTpa (Tríplice bacteriana acelular do tipo adulto) – (previne dif‐
teria, tétano e coqueluche) – Uma dose a cada gestação a partir da Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) – 1ª dose
20ª semana de gestação ou no puerpério (até 45 dias após o parto). Pneumocócica 10 valente (previne pneumonia, otite, meningi‐
Influenza – Uma dose (anual) te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – Reforço
Calendário Nacional de Vacinação dos Povos Indígenas Meningocócica C (previne doença meningocócica C) – reforço

Criança 15 meses

DTP (Difteria, tétano e coqueluche) – 1º reforço


Vacina Oral Poliomielite (VOP) - (poliomielite ou paralisia infan‐
til) – 1º reforço
Hepatite A – dose única
Tetra viral ou tríplice viral + varicela – (previne sarampo, rubéo‐
la, caxumba e varicela/catapora) - Uma dose

4 anos

DTP (previne difteria, tétano e coqueluche) – 2º reforço


Ao nascer Vacina Oral Poliomielite (VOP) – (poliomielite ou paralisia in‐
fantil) - 2º reforço
BCG – dose única - (previne as formas graves de tuberculose, Varicela atenuada (varicela/catapora) – uma dose
principalmente miliar e meníngea)
Hepatite B – dose única 5 anos

2 meses Pneumocócica 23 v – uma dose – A vacina está indicada para


grupos-alvo específicos, como a população indígena a partir dos 5
Pentavalente (Previne Difteria, Tétano, Coqueluche, Hepatite B (cinco) anos de idade
e Meningite e infecções por HiB) – 1ª dose
Vacina Inativada Poliomielite (VIP) (poliomielite ou paralisia
infantil) – 1ª dose

118
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
9 anos 60 anos ou mais

HPV (Papiloma vírus humano que causa cânceres e verrugas Hepatite B (previne hepatite B) - 3 doses, de acordo com a si‐
genitais) – 2 doses (meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 tuação vacinal
anos) Febre Amarela (previne febre amarela) – dose única, verificar
situação vacinal
Adolescente Pneumocócica 23 valente (previne pneumonia, otite, menin‐
gite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – reforço a de‐
pender da situação vacinal - A vacina está indicada para grupos-alvo
específicos, como pessoas com 60 anos e mais não vacinados que
vivem acamados e/ou em instituições fechadas.
Dupla Adulto (previne difteria e tétano) – Reforço a cada 10
anos

Gestante

10 e 19 anos

Meningocócica C (doença invasiva causada por Neisseria me‐


ningitidis do sorogrupo C) – 1 reforço ou dose única de 12 a 13 anos
- verificar a situação vacinal
Febre Amarela – dose única (verificar a situação vacinal)
Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) - 2 doses, a
depender da situação vacinal anterior
HPV (Papiloma vírus humano que causa cânceres e verrugas Hepatite B (previne hepatite B) - 3 doses, de acordo com a si‐
genitais) – 2 doses (meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 tuação vacinal
anos) Dupla Adulto (DT) (previne difteria e tétano) – 3 doses, de acor‐
Pneumocócica 23 valente (previne pneumonia, otite, meningi‐ do com a situação vacinal
te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1 dose a depen‐ dTpa (previne difteria, tétano e coqueluche) – Uma dose a cada
der da situação vacinal gestação a partir da 20ª semana
Dupla Adulto (previne difteria e tétano) – Reforço a cada 10
anos
Hepatite B – (previne hepatite B) - 3 doses, de acordo com a
situação vacinal CONTROLE DE DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS, NÃO
TRANSMISSÍVEIS E SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS
Adulto
Doenças transmissíveis mais prevalentes no Brasil
20 a 59 anos Melhorias nas condições de vida da população, aliadas a ini‐
ciativas de saúde pública, como a imunização e o tratamento com
Hepatite B (previne hepatite B) - 3 doses, de acordo com a si‐ antibióticos, contribuíram para a redução da morbimortalidade por
tuação vacinal doenças transmissíveis no Brasil e no mundo (Silva Jr., 2009; Bar‐
Febre Amarela (previne febre amarela) – dose única, verificar reto et al., 2011). Entretanto, apesar da erradicação da varíola, e
situação vacinal da eliminação ou controle de várias doenças transmissíveis, não se
Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) – se nunca concretizou a expectativa de que essas doenças perderiam sua im‐
vacinado: 2 doses (20 a 29 anos) e 1 dose (30 a 49 anos); portância na saúde pública (Silva Jr., 2009).
Pneumocócica 23 valente (previne pneumonia, otite, meningi‐ Na década de 1980, época da criação do Sistema Único de Saú‐
te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1 dose a depen‐ de (SUS) do Brasil, constatava-se, além do surgimento da epidemia
der da situação vacinal do HIV/aids, a persistência de algumas doenças transmissíveis, bem
Dupla adulto (DT) (previne difteria e tétano) – Reforço a cada como a emergência ou reemergência de outras, como a dengue e a
10 anos cólera (Luna, 2002; Tauil, 2006; Silva Jr., 2009).
Com a atuação do SUS, o acesso universal e gratuito à vacina‐
Idoso ção foi garantido, a cobertura da atenção primária à saúde foi am‐
pliada, e as estratégias de vigilância e controle das doenças trans‐
missíveis foram reestruturadas. A morbimortalidade por doenças
transmissíveis apresentou redução importante. Entre 1930 e 2007,
a mortalidade proporcional por doenças transmissíveis declinou de
50% para 5%, contudo, estas ainda constituem importante proble‐
ma de saúde pública no Brasil (Barreto et al., 2011).
No país, observa-se a persistência de diversas doenças trans‐
missíveis, especialmente daquelas relacionadas à pobreza, também
consideradas negligenciadas, por não apresentarem atrativos eco‐
nômicos para o desenvolvimento de fármacos, quer seja por sua
baixa prevalência, ou por atingir populações socialmente desfa‐

119
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
vorecidas (Anvisa, 2007). Estas doenças não apenas ocorrem com 2003, foram notificados 5.762 novos casos da epidemia e, desses,
maior frequência em regiões empobrecidas, como também são 3.693 foram verificados em homens e 2.069 em mulheres, o que
condições promotoras de pobreza (Hotez et al., 2006a). comprova o maior crescimento da aids entre o sexo feminino. Ou‐
As doenças transmissíveis permanecem como agentes impor‐ tro dado não menos preocupante é a crescente incidência da aids
tantes da pobreza debilitante no mundo. A cada ano, essas doenças na faixa etária de 13 a 19 anos, em adolescentes do sexo feminino.
matam quase nove milhões de pessoas, muitas delas crianças com Quanto às principais categorias de transmissão entre os homens, as
menos de cinco anos de idade, além de causar grande carga de in‐ relações sexuais respondem por 58% dos casos de aids, com maior
capacidade por toda a vida. Estas podem prejudicar o crescimento prevalência nas relações heterossexuais, que é de 24%.
infantil e o desenvolvimento intelectual, bem como a produtividade Entre as mulheres, a transmissão do HIV também se dá pre‐
do trabalho. Esforços de pesquisa voltados para sua prevenção po‐ dominantemente pela via sexual (86,7%). As demais formas de
dem ter um impacto enorme na redução da pobreza (OMS, 2012). transmissão, em ambos os sexos, de menor peso na epidemia,
A pobreza cria condições que favorecem a disseminação de são: transfusão, transmissão materno-infantil ou ignoradas pelos
doenças transmissíveis e impede que as pessoas afetadas obte‐ pacientes. No Brasil, a aids foi identificada, pela primeira vez, em
nham acesso adequado à prevenção e à assistência. As doenças 1980. Na década de 90, a situação epidemiológica da doença mu‐
transmissíveis relacionadas à pobreza afetam desproporcionalmen‐ dou. A transmissão se tornou basicamente heterossexual, com par‐
te pessoas que vivem em comunidades pobres ou marginalizadas. ticipação significativa das mulheres, com transmissão materno-in‐
Fatores econômicos, sociais e biológicos interagem para formar um fantil. Nos últimos anos, verificou-se também uma interiorização da
ciclo vicioso de pobreza e doença do qual, para muitas pessoas, não epidemia, com o crescimento da doença em municípios pequenos,
existe escapatória (OMS, 2012). além de sua pauperização. A doença que antes ocorria em camadas
Tendo em vista a relevância das doenças transmissíveis rela‐ sociais de maior instrução, agora atinge as de menor escolaridade.
cionadas à pobreza sobre a saúde no mundo e no Brasil, o controle A missão do Programa Nacional de DST e aids (PN-DST/aids) é
destas pode promover um impacto positivo não apenas sobre os reduzir a incidência do HIV/aids e melhorar a qualidade de vida das
indicadores relacionados diretamente à saúde, mas também sobre pessoas vivendo com HIV/aids. Para isso, foram definidas diretrizes
aqueles relacionados à pobreza e à educação (Hotez et al., 2006b). de melhoria da qualidade dos serviços públicos oferecidos às pessoas
Nesse contexto, estudos sobre desigualdades em saúde são de portadoras de aids e outras DST; de redução da transmissão vertical
grande interesse, visando subsidiar políticas públicas necessárias do HIV e da sífilis; de aumento da cobertura do diagnóstico e do trata‐
para superar a distribuição desigual da saúde na sociedade (OMS, mento das DST e da infecção pelo HIV; de aumento da cobertura das
2011). O uso dos determinantes sociais como fatores analíticos ações de prevenção em mulheres e populações com maior vulnerabili‐
privilegiados permite a identificação de padrões de agregação geo‐ dade; da redução do estigma e da discriminação; e da melhoria da ges‐
gráfica e sobreposição espacial das doenças transmissíveis. A partir tão e da sustentabilidade. Para fomentar a descentralização das ações
desta perspectiva, podem ser vislumbradas estratégias alternativas foi instituída uma política de incentivo com a definição de um conjunto
visando à prevenção e ao controle dessas doenças. Além disso, de municípios que deveriam receber recursos extras para o desenvol‐
quando as doenças estão agrupadas geograficamente, o custo-efe‐ vimento de ações de prevenção e controle ao HIV/ aids e outras DST,
tividade das ações pode ser melhorado (OMS, 2011). com base em critérios epidemiológicos, capacidade instalada e capa‐
O espaço, enquanto território usado, é, simultaneamente, pro‐ cidade gestora das Secretarias de Saúde.
duto e produtor de diferenciações sociais e ambientais, com refle‐ A transferência fundo a fundo na forma de incentivo visa a
sustentabilidade financeira e de estímulo ao desenvolvimento de
xos importantes sobre a saúde dos grupos populacionais envolvi‐
ações de controle de HIV/aids que estão basicamente relacionados
dos. A análise da situação de saúde, como vertente da vigilância em
à própria sustentabilidade da Política Nacional de DST e aids, à ne‐
saúde, prioriza o estudo de grupos populacionais definidos segun‐
cessidade de expansão e à continuidade da capacitação de estados
do suas condições de vida (Barcellos, 2002). Estudos que envolvem
e municípios no enfrentamento da epidemia, com ações adequa‐
a análise da situação de saúde, incorporando elementos espaciais,
das, eficazes e eficientes, de modo que se possa alcançar com su‐
podem contribuir para a identificação, formulação, priorização e
cesso o seu controle.
explicação de problemas de saúde da população que vive em um
território usado. DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS E AIDS
Assim, análises que possibilitem a identificação das áreas de São chamadas de doenças sexualmente transmissíveis (DST)
concentração e sobreposição de doenças transmissíveis, possivel‐ aquelas causadas por vírus, bactérias ou micróbios e que são trans‐
mente associadas a condições de vida precárias, constituem-se mitidas, principalmente, nas relações sexuais.
ferramentas fundamentais da vigilância em saúde, uma vez que Muita gente chama de doenças venéreas, doenças da rua,
fornecem subsídios para o planejamento das ações e para a deter‐ doenças do mundo.
minação de prioridades de ação das ações de vigilância em saúde, São exemplos de doenças sexualmente transmissíveis: gonor‐
assistência em saúde, bem como de políticas sociais. reia, sífilis, hepatite B, Aids, entre outras.
Ter relação sexual faz parte da vida das pessoas. Cada pessoa
Programa Nacional de DST/aids deve poder escolher com quem e como quer ter uma relação se‐
Aaids foi identificada no Brasil, pela primeira vez, em 1980 e xual. Em qualquer relação sexual é possível pegar ou passar uma
apresentou um crescimento na incidência até 1998, quando foram DST. Infelizmente muitas pessoas não sabem o que são as DST.
registrados 25.732 casos novos, com um coeficiente de incidência Outras sabem, mas não tomam cuidado para se proteger dessas
de 15,9 casos/100.000 hab. A partir de então verificou-se uma de‐ doenças.
saceleração nas taxas de incidência de aids no país. Atualmente,
verifica-se uma tendência de heterossexualização, feminização, Como saber se uma pessoa está com uma DST?
envelhecimento e pauperização da epidemia, aproximando-a cada Existem vários sinais (aquilo que a pessoa vê) e sintomas (aqui‐
vez mais do perfil socioeconômico do brasileiro médio. Desde o iní‐ lo que a pessoa sente e manifesta) que levam as pessoas a sus‐
cio da década de 1980 até setembro de 2003, o Ministério da Saú‐ peitarem que estejam com uma DST. Mas somente o médico pode
de notificou 277.154 casos de aids no Brasil. Desse total, 197.340 fazer o diagnóstico e indicar o tratamento, embora você e outros
foram verificados em homens e 79.814 em mulheres. No ano de membros da equipe possam participar desse processo.

120
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Alguns sinais de DST: Portador do vírus HIV:
- Feridas nos órgãos genitais masculinos e femininos; - Orientar que os soropositivos podem viver normalmente,
- Corrimentos na mulher e no homem o “pinga-pinga”; mantendo as mesmas atividades físicas, profissionais e sociais de
- Verrugas. antes do diagnóstico, contanto que sejam seguidas as recomenda‐
- Alguns sintomas de DST: ções da equipe de saúde;
- Ardência ao urinar; - O preservativo deve ser usado em todas as relações sexuais,
- Coceira nos órgãos genitais; mesmo naquelas onde ambos os parceiros estejam infectados, pois
- Dor ou mal-estar nas relações sexuais. existe mais de um tipo de vírus do HIV e durante a relação sem
preservativo ocorre a contaminação por outros vírus, dificultando
Quanto mais cedo for iniciado e não houver interrupção do tra‐ o tratamento pela resistência que pode ser adquirida aos medica‐
tamento, maiores serão as chances de cura. mentos;
As principais situações que aumentam o risco de se pegar uma - Não se devem compartilhar agulhas e seringas nem mesmo
DST são: com outras pessoas sabidamente infectadas pelos motivos já cita‐
- Pessoas que têm relações sexuais sem usar camisinha; dos;
- Pessoas cujo companheiro ou companheira tem relação se‐ - Não doar sangue;
xual com outras pessoas sem usar camisinha; - Comparecer regularmente à UBS para avaliação;
- Pessoas que usam drogas injetáveis, compartilhando agulhas - Orientar a família e comunidade que a convivência com uma
e seringas, isto é, duas ou mais pessoas usando as mesmas agulhas pessoa portadora do HIV deve ser tranquila. Beijos, abraços, de‐
e seringas. monstrações de amor e afeto e compartilhar o mesmo espaço físico
são atitudes a serem incentivadas e que não oferem risco;
Aids - Quanto mais respeito e afeto receber o portador que vive
É uma DST causada por um vírus chamado HIV. Ele age des‐ com HIV/Aids, melhor será a resposta ao tratamento;
truindo as células que fazem a defesa do corpo contra as doenças – - O convívio social é muito importante para o aumento da au‐
os glóbulos brancos. Ao se contaminar, a pessoa pode não apresen‐ toestima. Consequentemente, faz com que essas pessoas cuidem
tar, pelo menos por algum tempo, nenhum sinal ou sintoma. Nesse melhor da saúde;
caso ela é chamada de portadora do HIV ou soropositiva para HIV. - Estimular para que tenha hábitos saudáveis. Se necessitar de
Quando a pessoa soropositiva para HIV começa a apresentar orientações nutricionais, orientar para procurar a UBS.
sintomas, então se diz que ela tem Aids.
Qualquer pessoa pode pegar o HIV: homem ou mulher (homo, Doente de Aids
bi ou heterossexual); gente casada ou solteira; criança, moço ou Além das mesmas orientações dadas à pessoa portadora do
idoso; rico ou pobre. E tanto faz se a pessoa mora na cidade ou no vírus HIV:
campo. - Estimular a adesão ao tratamento e o uso correto dos medi‐
Transmissão: o HIV passa de uma pessoa infectada para outra camentos;
por meio de quatro líquidos produzidos pelo nosso corpo. Esses lí‐ - Explicar que o tratamento é feito com uma combinação de
quidos são: remédios, chamados antirretrovirais. Esses remédios não curam,
- Sangue; mas diminuem a quantidade de vírus HIV no corpo;
- Esperma; - Informar que o tratamento pode ser feito em casa. O hospital
- Líquido da vagina; só é indicado quando a pessoa precisa de tratamento especializa‐
- Leite do peito da mãe infectada para o bebê. do, por estar muito doente.
O vírus do HIV se transmite, principalmente, por meio das rela‐ Pense e reflita...
ções sexuais, sem proteção, por camisinha, por isso a Aids também As pessoas com Aids precisam de dois tipos de tratamento:
é uma doença sexualmente transmissível. - O que é feito com remédios para conter a doença;
- O que é feito de carinho, amor e ajuda da família, dos profis‐
Como podemos nos proteger das DST e do HIV? sionais de saúde, entre eles, de você e dos amigos.
A melhor forma de proteção contra o HIV é a prevenção, que
se faz evitando as situações ou comportamentos de risco. Seu papel como ACS:
Orientações para prevenir as DST e HIV: - A primeira coisa que você precisa fazer é esclarecer suas dúvi‐
- Ter relações seguras, ou seja, usar sempre e corretamente a das a respeito da doença para orientar melhor o portador de HIV ou
camisinha, em qualquer tipo de relação sexual, entre pessoas de um doente Aids, sua família e as pessoas de sua comunidade sem
sexo diferente ou do mesmo sexo; medo e sem preconceito;
- Não compartilhar agulhas e seringas; - Prestar informações de forma clara sobre como o serviço de
- Procurar um serviço de saúde, o mais rapidamente, em caso saúde está organizado para atendimento ao usuário;
de suspeita de DST. - Ser um educador em saúde, orientando como as pessoas po‐
dem se proteger e que, apesar de a Aids não ter cura, é possível
Qual é a orientação que deve ser dada por você para uma pes- viver com qualidade;
soa que está com DST/Aids? - Lembrar que a solidariedade com quem está doente é a me‐
Pessoas com DST: lhor arma na luta contra a doença.
- Não se automedicar;
- Não interromper o tratamento prescrito pelo médico; Causa
- Se não for possível evitar as relações sexuais, utilizar a cami‐ Vários tipos de agentes infecciosos (vírus, fungos, bactérias e
sinha; parasitas) estão envolvidos na contaminação por DST, gerando di‐
- Procurar conversar com o(a) companheiro(a) ou parceiro(a) ferentes manifestações, como feridas, corrimentos, bolhas ou ver‐
sexual sobre a situação e levá-lo(a) até uma UBS. rugas.

121
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Bactérias Cancro mole (Haemophilus ducreyi) jovens 30% são menores de 20 anos. Entre as idades de 14 a 19
Clamídia (Chlamydia trachomatis’) anos, as doenças ocorrem mais em mulheres em uma proporção
Granuloma inguinal (Dovania granulamatis) quase dobrada. Estima-se que cerca de 340 milhões de novos casos
Gonorreia (Neisseria gonorrhoeae) de sífilis, gonorreia, clamídia, tricomoníase ocorreram em todo o
Sífilis (Treponema pallidum) planeta em 1999. A Aids é a maior causa da mortalidade na Áfri‐
Vaginose Bacteriana (Gardnerella vaginalis) ca Subsaariana, sendo que em cinco mortes uma é por causa da
Vírus Hepatite doença. Por causa da situação, o governo do Quênia pediu que a
Herpes simples população deixasse de fazer sexo por dois anos. No Brasil, desde
HIV ou Aids o primeiro caso até junho de 2011 foram registrados mais de sei‐
HPV sentos mil casos da doença. Entre 2000 e 2010, a incidência caiu na
Molusco contagioso Região Sudeste, enquanto nas outras regiões aumentou. A morta‐
Parasitas Piolho-da-púbis lidade também diminuiu. As cidades de São Paulo, Rio de Janeiro,
Protozoários Tricomoníase (Trichomonas vaginalis) Curitiba e Porto Alegre são as que possuem o maior número dos
portadores da doença. Em contrapartida, o país é um dos que mais
Prevenção se destacam no combate, além de ser o líder em distribuição gratui‐
Preservativo: O preservativo, mais conhecido como camisinha ta do Coquetel anti-HIV.
é um dos métodos mais seguros contra as DSTs. Sua matéria pri‐
ma é o latex. Antes de chegar nas lojas, é submetido à vários tes‐ O modelo de Política Pública para DST/Aids do Estado de São
tes de qualidade. Apesar de ser o método mais eficiente contra a Paulo. O Programa Estadual de DST/Aids (PE-DST/Aids) foi criado
transmissão do vírus HIV (causador da epidemia da SIDA), o uso de em 1983, com quatro objetivos básicos: vigilância epidemiológica,
preservativo não é aceito pela Igreja Católica Romana, pelas Igrejas esclarecimento à população para evitar o pânico e discriminação
Ortodoxas e pelos praticantes doHinduísmo. O principal argumento dos grupos considerados vulneráveis na época, garantia de atendi‐
utilizado pelas religiões para sua recusa é que um comportamento mento aos casos verificados e orientação aos profissionais de saú‐
sexual avesso à promiscuidade e à infidelidade conjugal bastaria de. No primeiro momento, a Divisão de Hanseníase e Dermatologia
para a protecção contra DSTs. Sanitária, órgão do Instituto de Saúde da SES/SP, sediou o Progra‐
Vacina: Alguns tipos de HPV, a Hepatite A e B podem ser pre‐ ma e a organização inicial do que seria posteriormente o serviço de
venidas através da vacina. referência.
O Instituto de Infectologia Emílio Ribas (IIER) e o Instituto Adol‐
Abstinência sexual: A abstinência sexual consiste em evitar fo Lutz (IAL) foram designados, respectivamente, como retaguardas
relações sexuais de qualquer espécie. Possui forte ligação com a hospitalar e laboratorial. Em 1988, foi criado o Centro de Referên‐
religião. cia e Treinamento em Aids (CRT-A), vinculado ao gabinete do Secre‐
tário da Saúde. Tinha como metas prioritárias, além da referência
Tratamento técnica, atuar como capacitador e gerador de normas técnicas, com
Algumas DST’s são de fácil tratamento e de rápida resolução vistas a um processo de descentralização das atividades de preven‐
quando tratadas corretamente, contudo outras são de tratamento ção, vigilância e assistência no Estado de São Paulo.
difícil ou permanecem latentes, apesar da falsa sensação de melho‐ Além de capacitação e monitorização técnica, o CRT-A teve,
ra. As mulheres representam um grupo que deve receber especial neste período, um importante papel na implementação de alter‐
atenção, uma vez que em diferentes casos de DST os sintomas le‐ nativas assistenciais, como hospital-dia e assistência domiciliar te‐
vam tempo para tornarem-se perceptíveis ou confundem-se com as rapêutica. Em 1993, ocorre a junção dos programas de aids e DST
reações orgânicas comuns de seu organismo. Isso exige da mulher, e a transformação do CRT em Centro de Referência e Treinamento
em especial aquelas com vida sexual ativa, independente da idade, em DST/Aids (CRT-DST/Aids). Em 1995, o CRT-DST/Aids retoma seu
consultas periódicas ao serviço de saúde. Certas DST, quando não papel de instância de Coordenação do Programa Estadual de DST/
diagnosticadas e tratadas a tempo, podem evoluir para complica‐ Aids, o que delimitou com maior precisão a função estratégica da
ções graves como infertilidade, infecções neonatais, malformações instituição, como referência técnica e como sede da Coordenação
congênitas, aborto, câncer e a morte. Num caso, a primeira reco‐ do Programa Estadual de DST/Aids. Em 1996 o CRT-DST/Aids passa
mendação é procurar um médico, que fará diagnóstico para que a ser vinculado à Coordenação dos Institutos de Pesquisa (CIP), ór‐
seja preparado um tratamento. Também há o controle de cura, ou gão então responsável pela definição das políticas de saúde pública
seja, uma reavaliação clínica. A automedicação é altamente perigo‐ no âmbito da Secretaria de Estado da Saúde-SP.
sa, pois pode até fazer com que a doença seja camuflada. Com a mudança de estrutura ocorrida na Secretaria de Estado
da Saúde em 2005, a Coordenação dos Institutos de Pesquisa pas‐
Epidemiologia: Incidência de DST’s (exceto AIDS) por idade a sou a chamar-se Coordenadoria de Controle de Doenças. A Coor‐
cada 100 mil habitantes em 2004. As taxas de incidência de doen‐ denação do Programa Estadual de DST/Aids, apoiada na estrutura
ças sexualmente transmissíveis continuam a altos níveis em todo do CRTDST/Aids, é responsável pela implementação, articulação,
o mundo, apesar dos avanços de diagnosticação e tratamento. Em supervisão e monitoramento das políticas e estratégias relativas às
muitas culturas, especialmente para as mulheres houve a elimina‐ DST/Aids, nas áreas de Prevenção, Assistência, Vigilância Epidemio‐
ção de restrições sexuais através da mudança na moral e o uso de lógica, em todo o Estado de São Paulo.
contraceptivos, e tanto médicos e pacientes acabam tendo dificul‐ O PE-DST/Aids adota como referências éticas e políticas a luta
dade em lidar de forma aberta e francamente com essas questões. pelos direitos de cidadania dos afetados e contra o estigma e a dis‐
Além disso, o desenvolvimento e a disseminação de bactérias resis‐ criminação, a garantia do acesso universal à assistência gratuita, in‐
tentes aos antibióticos fazem que certas doenças sejam cada vez cluindo medicamentos específicos, e o direito de acesso aos meios
mais difíceis de serem curadas. adequados de prevenção. O PE-DST/Aids atua de forma coordena‐
Em 1996, a OMS estimou que mais de um milhão de pessoas da com outros setores governamentais, como Justiça, Educação
estavam sendo infectadas diariamente, e cerca de 60% dessas in‐ e Promoção Social, e em estreita colaboração com as ONGs que
fecções em jovens menores de 25 anos de idade, e cerca desses atuam nesta área.

122
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
O Estado de São Paulo é dividido em 28 Grupos de Vigilância e interfere na habilidade do organismo lutar contra outras infec‐
Epidemiológica (GVE) que, por sua vez, contam com um interlocu‐ ções (tuberculose, pneumocistose, neurotoxoplasmose, entre ou‐
tor do PE-DST/Aids, responsáveis pela implementação das ações tras). A Aids também facilita a ocorrência de alguns tipos de cân‐
nos níveis regionais e locais. cer, como sarcoma de Kaposi e linfoma, além de provocar perda
A estrutura e a missão do CRT DST/Aids permitem prover aten‐ de peso e diarreia. Apesar de ainda não existir cura para a doença,
dimento, criar e validar procedimentos preventivos e modelos de atualmente há tratamentos retrovirais capazes de aumentar a ex‐
assistência, avaliar e levar adiante pesquisas clínicas e oferecer trei‐ pectativa de vida dos soropositivos.
namentos com maior legitimidade diante dos profissionais e insti‐
tuições do Estado. O que é HIV?
Este modelo organizacional é único no Brasil e na América Lati‐ HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana
na e tem sido umA estrutura e a missão do CRTDST/Aids permitem (human immunodeficiency virus), que é o causador da aids. O HIV
prover atendimento, criar e validar procedimentos preventivos e é uma infecção sexualmente transmissível, que também pode ser
modelos de assistência, avaliar e levar adiante pesquisas clínicas e contraída pelo contato com o sangue infectado e de forma vertical,
oferecer treinamentos com maior legitimidade diante dos profis‐ ou seja, a mulher que é portadora do vírus HIV o transmite para o
sionais e instituições do Estado. Este modelo organizacional é único filho durante a gravidez, parto ou amamentação.
no Brasil e na América Latina e tem sido um dos fatores para os No Brasil, de acordo com o Programa Conjunto das Nações Uni‐
êxitos obtidos pelo Programa Estadual DST/Aids, nos últimos anos. das sobre HIV/Aids (UNAIDS), a incidência do HIV em pessoas de 15
MANUAL DO MINISTÉRIO DA SAÚDE - CONTROLE DE DOENÇAS a 49 anos é de 0,6%, segundo atualização em 2013. De acordo com
SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS AIDS E ENFERMAGEM OBSTÉTRI‐ o mesmo relatório, o Brasil apresenta uma incidência maior que os
CA, HEIMAR DE FÁTIMA, MIRIAN SANTOS PAIVA, SÔNIA MARIA O. seus vizinhos Bolívia e Chile, ambos com 0,3%, Paraguai e Peru, com
DE BARROS – EPU 0,4% e Colômbia, 0,5%, por exemplo. No Haiti a taxa é de 2%, mas
os números são muito mais altos em países africanos como Zimbá‐
HIV/Aids bue (15%), Moçambique (10,8%), Malavi (10,3%), Uganda (7,4%) e
A emergência da aids no mundo, em 1981, foi um fato que Angola (2,4%). No Canadá e na Itália a incidência de infecção pelo
vírus é de 0,3%.
marcou a história da saúde globalmente, devido à sua elevada le‐
talidade, rápida disseminação, produção de epidemias de magnitu‐
Causas
de crescente. No Brasil, os primeiros casos foram detectados logo
Os cientistas acreditam que um vírus similar ao HIV ocorreu
após a identificação desta doença e até 1990 já haviam sido diag‐
pela primeira vez em algumas populações de chimpanzés e ma‐
nosticados 24.514 casos, a grande maioria em indivíduos residen‐
cacos na África, onde eram caçados para servirem de alimento. O
tes nos grandes centros urbanos. Nos anos seguintes, a prevalên‐
contato com o sangue do macaco infectado durante o abate ou no
cia continuou aumentando e a aids se expandiu para o interior do
processo de cozinhá-lo pode ter permitido ao vírus entrar em con‐
país, de modo que, entre 1991 e 2000, foram registrados 226.456
tato com os seres humanos e se tornar o HIV.
casos novos. Embora o número de casos na década seguinte te‐
O HIV é transmitido principalmente por relações sexuais (va‐
nha aumentado, observou-se que a epidemia se estabilizou, sendo
ginais, anais ou orais) desprotegidas, isto é, sem o uso do preser‐
confirmados em média 34.807 casos novos a cada ano. Entre 2007
vativo, e compartilhamento de seringas e agulhas contaminadas
e 2016, houve pouca variação no número de casos, em torno de
com sangue, o que é frequente entre usuários de drogas ilícitas - que
32.321, de modo que a taxa de detecção de Aids tem sido em média
também podem contrair mais doenças, como hepatites. Outras vias de
de 20,7/100.000 habitantes.
O acesso universal e gratuito aos medicamentos antirretro‐ transmissão são por transfusão de sangue, porém é muito raro, uma
virais (TARV) passou a ser garantido pelo SUS em 1996, uma das vez que a testagem do banco de sangue é eficiente, e a vertical, que é a
iniciativas que impactou sobremaneira o comportamento da epi‐ transmissão do vírus da mãe para o filho na gestação, amamentação e
demia de HIV/Aids, principalmente, no que se refere ao aumento principalmente no momento do parto, o que pode ser prevenido com
de sobrevida; redução da transmissão vertical, letalidade e taxa de o tratamento adequado da gestante e do recém-nascido.
mortalidade por esta grave doença. Só entre 1997 e 2003, foram A infecção pelo HIV evolui para Aids quando a pessoa não é
evitadas cerca de 6.000 casos de transmissão vertical. Em 2003, já tratada e sua imunidade vai diminuindo ao longo do tempo, pois,
haviam 150 mil pacientes em tratamento e o Programa Brasileiro de mesmo sem sintomas, o HIV continua se multiplicando e atacando
DST/Aids é reconhecido como um dos melhores do mundo sendo as células de defesa, principalmente os linfócitos TCD4+. Por defi‐
premiado pela Fundação Bill & Melinda Gates. O MS estimou que nição, a pessoas que tem aids apresentam contagem de linfócitos
em 2015 haviam aproximadamente 827 mil pessoas vivendo com TCD4+ menor que 200 células/mm3 ou têm doença definidora de
HIV no país, destes 82% tinham realizado pelo menos um teste de aids, como neurotoxoplasmose, pneumocistose, tuberculose extra‐
carga viral ou contagem de linfócitos T CD4 ou tinham pelo menos pulmonar etc. O tratamento antirretroviral visa impedir a progres‐
uma receita de antirretroviral dispensada e 55% do total (454.850) são da doença para aids.
estão utilizando a terapia antirretroviral. Além do tratamento, este
programa está estruturado para desenvolver ações de vigilância e Quanto tempo demora para os sintomas da Aids se manifes-
controle que englobam notificação universal dos casos de aids, de tarem?
gestantes soropositivas e de crianças expostas ao HIV; vigilância so‐ Uma pessoa pode estar infectada pelo HIV, sendo soropositiva,
rológica em populações-sentinela (clínicas de DST e parturientes); e não necessariamente apresentar comprometimento do sistema
inquéritos sorológicos e comportamentais em populações específi‐ imune com depleção dos linfócitos T, podendo viver por anos sem
cas; mantém uma rede de centros de testagem e aconselhamento manifestar sintomas ou desenvolver a AIDS. Existe também o pe‐
(CTA), dentre outras. ríodo chamado de janela imunológica, que é o período entre o con‐
tágio e o início de produção dos anticorpos pelo organismo. Nesse
DST/AIDS período, não há detecção de positividade nos testes, pois ainda não
Aids (sigla para acquired immunodeficiency syndrome - síndro‐ há anticorpos, e pode variar de 30-60 dias. Embora nesse período a
me da imunodeficiência adquirida, em português) é uma doença pessoa não seja identificada como portadora do HIV, ela já é trans‐
crônica causada pelo vírus HIV, que danifica o sistema imunológico missora.

123
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Sintomas de AIDS alta faz com que o coração tenha que exercer um esforço maior do
Os primeiros sintomas de HIV observáveis para Aids são: que o normal para fazer com que o sangue seja distribuído correta‐
-Fraqueza mente no corpo. A pressão alta é um dos principais fatores de risco
-Febre para a ocorrência de acidente vascular cerebral, enfarte, aneurisma
-Emagrecimento arterial e insuficiência renal e cardíaca.
-Diarreia prolongada sem causa aparente. O problema é herdado dos pais em 90% dos casos, mas há vá‐
rios fatores que influenciam nos níveis de pressão arterial, como os
Nas crianças que nascem infectadas, os efeitos mais comuns hábitos de vida do indivíduo.
são:
-Problemas nos pulmões Causas da pressão alta
-Diarreia Essa doença é herdada dos pais em 90% dos casos, mas há vá‐
-Dificuldades no desenvolvimento. rios fatores que influenciam nos níveis de pressão arterial, entre
Fase sintomática inicial da Aids: eles:
-Candidíase oral • Fumo
-Sensação constante de cansaço • Consumo de bebidas alcoólicas
-aparecimento de gânglios nas axilas, virilhas e pescoço • Obesidade
-Diarreia • Estresse
-Febre • Elevado consumo de sal
-Fraqueza orgânica • Níveis altos de colesterol
-Transpirações noturnas • Falta de atividade física;
-Perda de peso superior a 10%.
Além desses fatores de risco, sabe-se que a incidência da pres‐
Infecção aguda da Aids: são alta é maior na raça negra, em diabéticos, e aumenta com a
• Febre idade.
• Afecções dos gânglios linfáticos
• faringite Sintomas da pressão alta
• dores musculares e nas articulações Os sintomas da hipertensão costumam aparecer somente
• ínguas e manchas na pele que desaparecem após alguns dias quando a pressão sobe muito: podem ocorrer dores no peito, dor
• Feridas na área da boca, esôfago e órgãos genitais de cabeça, tonturas, zumbido no ouvido, fraqueza, visão embaçada
• Falta de apetite e sangramento nasal.
• Estado de prostração
• Dor de cabeça Tratamento
• Sensibilidade à luz A pressão alta não tem cura, mas tem tratamento e pode ser
• Perda de peso controlada. Somente o médico poderá determinar o melhor méto‐
• Náuseas e vômitos. do para cada paciente.
Os sintomas que pessoas com aids podem apresentar incluem: O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente medi‐
• Emagrecimento não intencional camentos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e pelo programa
• Fadiga Farmácia Popular. Para retirar os remédios, basta apresentar um
• Aumento dos linfonodos, ou ínguas documento de identidade com foto, CPF e receita médica dentro
• Sudorese noturna do prazo de validade, que são 120 dias. A receita pode ser emitida
• Calafrios tanto por um profissional do SUS quanto por um médico que aten‐
• Febre superior a 38ºC durante várias semanas de em hospitais ou clínicas privadas.
• Diarreia crônica
• Manchas brancas ou lesões incomuns na língua ou boca
Diagnóstico
• Dores de cabeça
Medir a pressão regularmente é a única maneira de diagnosti‐
• Fadiga persistente e inexplicável
car a hipertensão. Pessoas acima de 20 anos de idade devem medir
• Visão turva e/ou distorcida
a pressão ao menos uma vez por ano. Se houver casos de pessoas
• Erupções cutâneas e/ou inchaços.
com pressão alta na família, deve-se medir no mínimo duas vezes
por ano.
Estes sintomas podem ser agravados sem o tratamento ade‐
quado, além de que, o paciente vivendo com HIV/Aids pode apre‐
sentar outros sinais mais graves dependendo da doença oportunis‐ Prevenção
ta que desenvolver. Além dos medicamentos disponíveis atualmente, é imprescin‐
dível adotar um estilo de vida saudável:
• Manter o peso adequado, se necessário, mudando hábitos
ATENDIMENTO AOS PACIENTES COM HIPERTENSÃO alimentares;
ARTERIAL, DIABETES, DOENÇAS CARDIOVASCULARES, • Não abusar do sal, utilizando outros temperos que ressaltam
OBESIDADE, DOENÇA RENAL CRÔNICA, HANSENÍASE, o sabor dos alimentos;
TUBERCULOSE, DENGUE E DOENÇAS DE NOTIFICA- • Praticar atividade física regular;
ÇÕES COMPULSÓRIAS • Aproveitar momentos de lazer;
• Abandonar o fumo;
A hipertensão arterial ou pressão alta é uma doença crônica • Moderar o consumo de álcool;
caracterizada pelos níveis elevados da pressão sanguínea nas arté‐ • Evitar alimentos gordurosos;
rias. Ela acontece quando os valores das pressões máxima e mínima • Controlar o diabetes.
são iguais ou ultrapassam os 140/90 mmHg (ou 14 por 9). A pressão

124
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Pressão alta na gravidez Por que é importante o rastreamento?
As alterações hipertensivas da gestação estão associadas a A hipertensão é uma condição muito prevalente que contribui
complicações graves fetais e maternas e a um risco maior de mor‐ para efeitos adversos na saúde, incluindo, entre outras, mortes
talidade materna e perinatal. Nos países em desenvolvimento, a prematuras, ataques cardíacos, insuficiência renal e acidente vas‐
hipertensão gestacional é a principal causa de mortalidade mater‐ cular cerebral.
na, sendo responsável por um grande número de internações em
centros de tratamento intensivo. Intervalo de rastreamento:
Não se tem evidência para se recomendar um ótimo interva‐
Prevenção lo para rastrear a hipertensão nos adultos. O 7° JNC (The seventh
Em mulheres com pressão alta, a avaliação pré-concepcional report of the Joint National Committee on Prevention, Detection,
permite a exclusão de hipertensão arterial secundária, aferição dos Evaluation, and Treatment of High Blood Pressure) recomenda o
níveis pressóricos, discussão dos riscos de pré-eclâmpsia e orienta‐ rastreamento a cada dois anos nas pessoas com pressão arterial
ções sobre necessidade de mudanças de medicações no primeiro menor que 120/80 e rastreamento anual se a pressão sistólica es‐
trimestre de gravidez. tiver entre 120 e 139 mmHg ou a diastólica entre 80 e 90 mmHg.
Mulheres com hipertensão dentro da meta pressórica e com
acompanhamento regular geralmente apresentam um desfecho Como realizar?
favorável. Por outro lado, mulheres com controle pressórico insa‐ A aferição ambulatorial com esfigmomanômetro é a mais am‐
tisfatório no primeiro trimestre de gravidez têm um risco conside‐ plamente utilizada. A pressão alta (hipertensão) é usualmente de‐
ravelmente maior de morbimortalidade materna e fetal (JAMES; finida em adultos como sendo a pressão sistólica igual ou superior
NELSON-PIERCY et al., 2004). a 140 mmHg ou uma pressão diastólica maior ou igual a 90 mmHg.
Devido à variabilidade individual da medida da pressão arterial,
Tratamento é recomendado, para se realizar o diagnóstico, que se obtenham
O tratamento da pressão alta leve na grávida deve ser focado duas ou mais aferições em pelo menos duas ou mais visitas ao lon‐
em medidas não farmacológicas, já nas formas moderada e grave go de um período de uma ou mais semanas.
pode-se optar pelo tratamento usual recomendado para cada con‐
dição clínica específica. Como interpretar o resultado?
Independente da etiologia da hipertensão arterial na gestação, A relação entre a pressão diastólica e sistólica com o risco car‐
é fundamental que a equipe de Saúde esteja atenta ao controle diovascular é contínua e gradual.
pressórico e avalie a possibilidade de encaminhamento ao serviço O nível de pressão elevado não deve ser o único valor para
de pré-natal de alto risco. determinar o tratamento. Os médicos devem considerar o perfil
global de risco cardiovascular para tomar a decisão de tratamento.
Profissionais de saúde Estima-se que são necessárias de 274 a 1.307 pessoas rastrea‐
das para hipertensão acompanhadas ao longo de cinco anos com
Atenção Especializada tratamento para evitar uma morte.
O cuidado ao indivíduo portador de pressão alta, com exames O Quadro 6.5 abaixo estratifica as pessoas de acordo com o
e procedimentos mais complexos a complicações provenientes nível pressórico e o Quadro 6.6 orienta quanto às reavaliações sis‐
dessa doença, é realizado no âmbito da média e alta complexidade temáticas de acordo com essas aferições.
do SUS. Estes indivíduos deverão ser encaminhados para pontos de Quadro 6.5 – Estratificação dos níveis pressóricos
atenção de densidade tecnológica equivalente e com equipes de Classificação de PA P. sistólica mmHg P. diastólica mmHg
saúde preparadas para a abordagem. Normal < 120 e < 80
Os métodos diagnósticos e terapêuticos para os quais há evi‐ Pré-hipertensão 120-139 ou 80-89
dências de eficácia e segurança são ofertados pelos SUS, mediante HAS Estágio 1 140-159 ou 90-99
organização da rede pelo gestor local e financiamento via teto de HAS Estágio 2 > 160 ou > 100
Média e Alta Complexidade, e estão disponíveis no Sistema de Ge‐
renciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e Proce‐ Fonte: (Adaptado: NATIONAL HEART LUNG AND BLOOD INSTITUTE,
dimentos e OPM do SUS (SIGTAP). 2004)

Protocolos e Diretrizes Terapêuticas Quadro 6.6 – Recomendação de acompanhamento com base


Além disso, as complicações provenientes da pressão alta, na aferição da PA inicial
como Infarto Agudo do Miocárdio e Acidente Vascular Cerebral, Normal Reavaliar em dois anos
possuem Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT), que Pré-hipertensão Reavaliar em um ano
são documentos que estabelecem critérios para o diagnóstico da HAS Estágio 1 Confirmar em dois meses
doença ou do agravo à saúde; o tratamento preconizado, com os HAS Estágio 2 Avalie e/ou refira para um serviço de cuidados
medicamentos e demais produtos apropriados, quando couber; dentro de um mês. Para aqueles com pressão muito alta (i.e., >
as posologias recomendadas; os mecanismos de controle clínico; 180/110 mmHg), avalie e trate imediatamente ou dentro de uma
e o acompanhamento e a verificação dos resultados terapêuticos, semana, dependendo da situação clínica e complicações. Fonte:
a serem seguidos pelos gestores do SUS. Estes são baseados em (Adaptado: NATIONAL HEART LUNG AND BLOOD INSTITUTE, 2004)
evidência científica e leva em consideração critérios de eficácia, se‐
gurança, efetividade e custo-efetividade das tecnologias recomen‐ Diabetes
dadas. Diabetes é uma doença causada pela produção insuficiente ou
má absorção de insulina, hormônio que regula a glicose no sangue
Rastreamento de hipertensão arterial sistêmica (HAS) e garante energia para o organismo.
Está recomendado o rastreamento da hipertensão arterial nos O diabetes é uma doença crônica onde o pâncreas não produz
adultos (acima de 18 anos) sem o conhecimento de que sejam hi‐ insulina suficiente ou quando o corpo não consegue utilizá-la de
pertensos. Grau de recomendação A. maneira eficaz.

125
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
A insulina é um hormônio que tem a função de quebrar as mo‐ Esse tipo de diabetes afeta entre 2 e 4% de todas as gestantes e
leculas de glicose transformando-a em energia para manutenção implica risco aumentado do desenvolvimento posterior de diabetes
das células do nosso organismo. para a mãe e o bebê.
Altas taxas de glicose podem levar a complicações no coração, Diabetes Latente Autoimune do Adulto (LADA): Atinge basica‐
nas artérias, nos olhos, nos rins e nos nervos. Em casos mais graves, mente os adultos e representa um agravamento do diabetes tipo 2.
o diabetes pode levar à morte. Caracteriza-se, basicamente, no desenvolvimento de um pro‐
De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, existem cesso autoimune do organismo, que começa a atacar as células do
atualmente, no Brasil, mais de 13 milhões de pessoas vivendo com pâncreas.
a doença, o que representa 6,9% da população nacional.
A melhor forma de prevenir é praticando atividades físicas re‐ Sintomas
gularmente, mantendo uma alimentação saudável e evitando con‐ • Fome excessiva.
sumo de álcool, tabaco e outras drogas. • Sede excessiva.
Comportamentos saudáveis evitam não apenas o diabetes, • Cansaço
mas outras doenças crônicas, como o câncer. • Fraqueza.
• Fadiga.
Tipos de diabetes • Nervosismo.
O diabetes mellitus pode se apresentar de diversas formas e • Mudanças de humor.
possui diversos tipos diferentes. Independente do tipo de diabetes, • Náusea e vômito.
com aparecimento de qualquer sintoma é fundamental que o pa‐ • Perda de peso rápida e involuntária;
ciente procure com urgência o atendimento médico especializado • Hálito modificado;
para dar início ao tratamento. • Visão embaçada;
Diabetes Tipo 1: A causa desse tipo de diabetes ainda é des‐ • Vontade de urinar várias vezes ao dia.
conhecida e a melhor forma de preveni-la é com práticas de vida • Frequentes Infecções na bexiga, rins e pele.
saudáveis (alimentação, atividades físicas e evitando álcool, tabaco • Feridas que demoram para cicatriza.
e outras drogas). • Alteração visual.
Diabetes Tipo 2: Ocorre quando o corpo não aproveita ade‐ • Formigamento nos pés e mãos.
quadamente a insulina produzida. Esse tipo de diabetes está dire‐
tamente relacionado ao sobrepeso, sedentarismo e hábitos alimen‐ Fatores de risco para o diabetes
tares inadequados. A ausência de hábitos saudáveis são os principais fatores de
Pessoas com diabetes tipo 1 devem administrar insulina diaria‐ risco, além da genética. Os principais fatores são:
mente para regular a quantidade de glicose no sangue. • Diagnóstico de pré-diabetes.
O diabetes tipo 1 aparece geralmente na infância ou adoles‐ • Pressão alta.
cência, mas pode ser diagnosticado em adultos também. Pessoas • Colesterol alto ou alterações na taxa de triglicérides no san‐
com parentes próximos que têm ou tiveram a doença devem fazer gue.
exames regularmente para acompanhar a glicose no sangue. • Sobrepeso, principalmente se a gordura estiver concentrada
Sabe-se que, via de regra, é uma doença crônica não transmis‐ em volta da cintura.
sível genética, ou seja, é hereditária, que concentra entre 5% e 10% • Pais, irmãos ou parentes próximos com diabetes.
do total de diabéticos no Brasil. Cerca de 90% dos pacientes diabé‐ • Doenças renais crônicas.
ticos no Brasil têm esse tipo. Ele se manifesta mais frequentemente • Mulher que deu à luz criança com mais de 4kg.
em adultos, mas crianças também podem apresentar. • Diabetes gestacional.
Dependendo da gravidade, pode ser controlado com atividade • Síndrome de ovários policísticos.
física e planejamento alimentar. Em outros casos, exige o uso de • Diagnóstico de distúrbios psiquiátricos - esquizofrenia, de‐
insulina e/ou outros medicamentos para controlar a glicose. pressão, transtorno bipolar.
Pré-Diabetes: A Pré-diabetes é caracterizada quando os níveis • Apneia do sono.
de glicose no sangue estão mais altos do que o normal, mas ain‐ • Uso de medicamentos da classe dos glicocorticoides.
da não estão elevados o suficiente para caracterizar um Diabetes
Tipo 1 ou Tipo 2. É um sinal de alerta do corpo, que normalmente Tratamento
aparece em obesos, hipertensos e/ou pessoas com alterações nos Diabetes do Tipo 1 - Os pacientes que apresentam diabetes do
lipídios. Tipo 1 precisam de injeções diárias de insulina para manterem a
Esse alerta do corpo é importante por ser a única etapa do glicose no sangue em valores considerados normais.
diabetes que ainda pode ser revertida, prevenindo a evolução da Para essa medição, é aconselhável ter em casa um aparelho,
doença e o aparecimento de complicações, incluindo o infarto. chamado glicosímetro, que será capaz de medir a concentração
No entanto, 50% dos pacientes que têm o diagnóstico de pré‐ exata de glicose no sangue durante o dia-a-dia do paciente.
-diabetes, mesmo com as devidas orientações médicas, desenvol‐ Os médicos recomendam que a insulina deva ser aplicada di‐
vem a doença. retamente na camada de células de gordura, logo abaixo da pele.
A mudança de hábito alimentar e a prática de exercícios são os Os melhores locais para a aplicação de insulina são barriga, coxa,
principais fatores de sucesso para o controle. braço, região da cintura e glúteo.
Diabetes gestacional: Ocorre temporariamente durante a gra‐
videz. As taxas de açúcar no sangue ficam acima do normal, mas IMPORTANTE: Além de prescrever injeções de insulina para
ainda abaixo do valor para ser classificada como diabetes tipo 2. baixar o açúcar no sangue, alguns médicos solicitam que o pacien‐
Toda gestante deve fazer o exame de diabetes, regularmente, te inclua, também, medicamentos via oral em seu tratamento, de
durante o pré-natal. Mulheres com a doença têm maior risco de acordo com a necessidade de cada caso.
complicações durante a gravidez e o parto.

126
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Diabetes Tipo 2 - Já para os pacientes que apresentam Diabe‐ As canetas podem ser reutilizáveis, em que se compra o refil
tes Tipo 2, o tratamento consiste em identificar o grau de necessi‐ de 3 mL de insulina para se carregar na caneta. Neste caso é impor‐
dade de cada pessoa e indicar, conforme cada caso, os seguintes tante observar que as canetas são específicas para cada fabricante
medicamentos/técnicas: de refil.
• Inibidores da alfaglicosidase: impedem a digestão e absorção Há também canetas descartáveis, que já vêm carregadas com
de carboidratos no intestino. insulina e ao terminar seu uso são dispensadas e pega-se uma nova
• Sulfonilureias: estimulam a produção pancreática de insulina caneta, dispensa portanto a troca de refis, tornando o uso ainda
pelas células. mais simples.
• Glinidas: agem também estimulando a produção de insulina As seringas têm, atualmente, agulhas muito menores, até de
pelo pâncreas. 6 mm. Elas permitem aplicação com mínima dor. Se você precisa
tomar dois tipos de insulina no mesmo horário e elas estão dispo‐
O Diabetes Tipo 2 normalmente vem acompanhado de outros níveis em frascos, pode-se misturar os dois tipos e aplicar apenas
problemas de saúde, como obesidade, sobrepeso, sedentarismo, uma aplicação na mesma seringa.
triglicerídios elevados e hipertensão. Ao se fazer isso deve-se estar atento à dose de cada compo‐
Por isso, é essencial manter acompanhamento médico para nente de insulina, aspirando primeiro a insulina Regular e depois a
tratar, também, dessas outras doenças, que podem aparecer junto insulina N, nesta ordem.
com o diabetes. Bombas de insulina são um modo seguro e eficiente de for‐
Para tratar o diabetes, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece necer insulina para o corpo. Elas são usadas com mais frequência
medicamentos de graça pelo programa Farmácia Popular. São seis por pessoas que precisam de múltiplas injeções ao longo do dia. O
medicamentos financiados pelo Ministério da Saúde e liberados equipamento inclui um pequeno cateter, que é inserido sob a pele.
nas farmácias credenciadas. A ‘bomba’ propriamente dita é usada externamente. Ela tem o
Além disso, os pacientes portadores da doença são acompa‐ tamanho dos antigos ‘pagers’, ou seja, é menor que um smartpho‐
nhados pela Atenção Básica e a obtenção do medicamento para o ne. Seu médico vai indicar qual a melhor opção para você.
tratamento tem sido fundamental para reduzir os desfechos mais
graves da doença. Armazenamento da insulina
Desta forma, os doentes têm assegurado gratuitamente o tra‐ A insulina que ainda não foi aberta deve ser guardada na ge‐
tamento integral no Sistema Único de Saúde, que fornece à população ladeira entre 2 e 8ªC. Depois de aberta, pode ser deixada à tempe‐
as insulinas humana NPH – suspensão injetável 1 e insulina humana ratura ambiente (menor do que 30°C) por 30 dias, com exceção da
regular, além de outros três medicamentos que ajudam a controlar o detemir (Levemir), que pode ficar em temperatura ambiente por
índice de glicose no sangue: Glibenclamida, Metformida e Glicazida. até 42 dias.
Em março de 2017, a Comissão Nacional de Incorporação de É importante manter todos os tipos de insulina longe da luz e
Tecnologias no SUS (CONITEC) incorporou ao SUS duas novas tec‐ do calor. Descarte a insulina que ficou exposta a mais de 30°C ou
nologias para o tratamento do diabetes. congelada. Não use medicamentos após o fim da data de validade.
• A caneta para injeção de insulina, para proporcionar a melhor
comodidade na aplicação, facilidade de transporte, armazenamen‐ Para ajudar a acompanhar a data, o usuário pode anotar no
to e manuseio e maior assertividade no ajuste da dosagem. rótulo o dia em que abriu o frasco ou colocar um pedaço de espara‐
• Insulina análoga de ação rápida, que são insulinas semelhan‐ drapo colado com a data em que foi aberta a insulina pela primeira
tes às insulinas humanas, porém com pequenas alterações nas mo‐ vez.
léculas, que foram feitas para modificar a maneira como as insu‐ Se você for passar um período extenso ao ar livre, em dias mui‐
linas agem no organismo humano, especialmente em relação ao to frios ou quentes, deve armazenar a insulina em um isopor bolsa
tempo para início de ação e duração do efeito. térmica, podendo eventualmente conter placas de gelo, desde que
este não tenha contato direto com a insulina.
Para os que já têm diagnóstico de diabetes, o Sistema Único
de Saúde (SUS) oferta gratuitamente, já na atenção básica, atenção Prevenção do diabetes
integral e gratuita, desenvolvendo ações de prevenção, detecção, O incentivo para uma alimentação saudável e balanceada e a
controle e tratamento medicamentoso, inclusive com insulinas. prática de atividades físicas é prioridade do Governo Federal. O Mi‐
Para monitoramento do índice glicêmico, também está dispo‐ nistério da Saúde adotou internacionalmente metas para frear o
nível nas Unidades Básicas de Saúde reagentes e seringas. O pro‐ crescimento do excesso de peso e obesidade no país.
grama Aqui Tem Farmácia Popular, parceria do Ministério da Saúde O País assumiu como compromisso deter o crescimento da
com mais de 34 mil farmácias privadas em todo o país, também obesidade na população adulta até 2019, por meio de políticas in‐
distribui medicamentos gratuitos, entre eles o cloridrato de metfor‐ tersetoriais de saúde e segurança alimentar e nutricional; reduzir
mina, glibenclamida e insulinas. o consumo regular de refrigerante e suco artificial em pelo menos
30% na população adulta, até 2019; e ampliar pelo menos 17,8% o
Como aplicar a insulina? percentual de adultos que consomem frutas e hortaliças regular‐
Durante o tratamento de diabetes com insulina, é necessário mente até 2019.
checar periodicamente os níveis de glicose no sangue. Essa medida Outra ação para a promoção da alimentação saudável foi a pu‐
é fundamental para avaliar o tratamento e verificar se as metas es‐ blicação do Guia Alimentar para a População Brasileira. Reconheci‐
tabelecidas pelo profissional de saúde, conforme cada caso, estão da mundialmente pela abordagem integral da promoção à nutrição
sendo alcançadas. adequada, a publicação orienta a população com recomendações
O ‘ajuste fino’ dessas metas e das doses de insulina e medica‐ sobre alimentação saudável e para fazer de alimentos in natura ou
mentos leva algum tempo e é afetado pelo estilo de vida e, even‐ minimamente processados a base da alimentação.
tualmente, por outras doenças. Uma boa notícia é que os equi‐ O Governo Federal também incentiva a prática de atividades
pamentos mais novos, com agulhas menores, estão tornando a físicas por meio do Programa Academia da Saúde, com aproxima‐
aplicação de insulina cada vez mais fácil. damente 4 mil polos habilitados e 2.012 com obras concluídos.

127
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Pratique hábitos saudáveis. Esta é a melhor forma de preven‐ preparação do organismo para mais um dia de atividades. O corpo
ção! produz menos insulina e mais glucagon (hormônio que aumenta a
Manter hábitos saudáveis ajudam a prevenir o diabetes e di‐ glicose no sangue), mas as pessoas com diabetes não têm respostas
versas outras doenças. normais de insulina para regular essa onda e a glicemia de jejum
• Comer diariamente verduras, legumes e, pelo menos, três pode subir consideravelmente.
porções de frutas. Para evitar essa condição, valem as dicas: jantar no início da
• Reduzir o consumo de sal, açúcar e gorduras. noite, fazer uma caminhada leve após o jantar, perguntar ao mé‐
• Parar de fumar. dico sobre medicamentos específicos ou ajuste do tratamento do
• Praticar exercícios físicos regularmente, (pelo menos 30 mi‐ diabetes, seja insulina ou outros medicamentos.
nutos todos os dias).
• Manter o peso controlado. Sintomas da hiperglicemia
Os principais sintomas da hiperglicemia são:
Hipoglicemia • Boca seca.
A hipoglicemia é literalmente nível muito baixo de glicose no • Muita Sede.
sangue e é comum em pessoas com diabetes. Para evitar a hipogli‐ • Muita urina.
cemia, além das complicações do diabetes, o segredo é manter os • Muita fome.
níveis de glicose dentro da meta estabelecida pelo profissional da • Cansaço.
saúde para cada paciente. Essa meta varia de acordo com a idade, • Dor de cabeça.
condições gerais de saúde e outros fatores de risco, além de situa‐ • Enjoo.
ções como a gravidez. • Sonolência.
Durante o tratamento, é essencial manter hábitos saudáveis e • Dificuldade para respirar.
estilo de vida ativo, além de seguir as orientações medicamentosas • Hálito de maçã ou acetona.
recomendadas pelo profissional de saúde para manter a meta de
glicose, evitando a hipoglicemia e a hiperglicemia. Tabagismo e diabetes
O que pode causar hipoglicemia em pacientes diabéticos O tabagismo é a maior causa de morte evitável do mundo. Pa‐
• Aumentar quantidade de exerícios físicos sem orientação ou rar de furmar é a medida isolada mais efetiva para reduzir o risco
sem ajuste correspondente na alimentação/medicação. de complicações do diabetes. Por isso, se você fuma, pare imediata‐
• Pular refeições e os horários de refeições. mente. Pratique hábitos saudáveis, isso ajudará a controlar e a pre‐
• Comer menos do que o necessário. venir diversas doenças e problemas de saúde, incluindo o diabetes.
• Exagerar na medicação (essa conduta não traz controle me‐
lhor do diabetes, pelo contrário). Complicações do Diabetes
• Ingestação de álcool. O diabetes, quando não tratado corretamente, pode evoluir
para formas mais graves e apresentar diversas complicações, além
Em situações extremas, a hipoglicemia pode causar desmaios de outros problemas de saúde, que vão comprometer diretamente
a qualidade de vida da pessoa. Algumas situações são críticas e po‐
ou crises convulsivas e necessitam de intervenção médicas ime‐
dem levar à morte. Manter hábitos e estilos de vida saudáveis são a
diata. Tenha cuidado com sua saúde e siga à risca as orientaões
melhor forma de controlar e prevenir a doença.
médicas. Diabetes e hipoglicemia severa podem causar acidentes,
lesões, levar ao estado de coma e até à morte.
Neuropatia Diabética
Você sabe o que são nervos periféricos? Eles carregam as in‐
Sintomas da hipoglicemia:
formações que saem do cérebro e as que chegam até ele, além de
• Tremedeira.
sinais da medula espinhal para o resto do corpo. Os danos a esses
• Nervosismo e ansiedade. nervos, condição chamada de neuropatia periférica, fazem com
• Suores e calafrios. que esse mecanismo não funcione bem. A neuropatia pode afetar
• Irritabilidade e impaciência. um único nervo, um grupo de nervos ou nervos no corpo inteiro.
• Confusão mental e até delírio. A neuropatia costuma vir acompanhada da diminuição da
• Taquicardia, coração batendo mais rápido que o normal. energia, da mobilidade, da satisfação com a vida e do envolvimento
• Tontura ou vertigem. com as atividades sociais.
• Fome e náusea. Tanto as alterações nos vasos sanguíneos quanto as alterações
• Sonolência. no metabolismo podem causar danos aos nervos periféricos. A
• Visão embaçada. glicemia alta reduz a capacidade de eliminar radicais livres e com‐
• Sensação de formigamento ou dormência nos lábios e na lín‐ promete o metabolismo de várias células, principalmente as dos
gua. neurônios.
• Dor de cabeça. Importantíssimo: O diabetes é a causa mais comum da neu‐
• Fraqueza e fadiga. ropatia periférica e merece especial atenção porque a neuropatia
• Raiva ou tristeza. é a complicação crônica mais comum e mais incapacitante do dia‐
• Falta de coordenação motora. betes. Ela é responsável por cerca de dois terços das amputações
• Pesadelos, choro durante o sono. não-traumáticas (que não são causadas por acidentes e fatores ex‐
• Convulsões. ternos).
• Inconsciência. Essa complicação pode ser silenciosa e avançar lentamente,
confundindo-se com outras doenças. O controle inadequado da
O chamado ‘fenômeno do alvorecer’ Todas as pessoas passam glicose, nível elevado de triglicérides, excesso de peso, tabagismo,
por essa condição, tenham ou não diabetes. É uma onda de hor‐ pressão alta, o tempo em que de convivência com o diabetes e a
mônios que o corpo produz entre 4h e 5h da manhã, todos os dias, presença de retinopatia e doença renal são fatores que favorecem
que provocam uma reação do fígado, com liberação de glicose e a progressão da neuropatia.

128
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Os principais sintomas da neuropatia são: Pé Diabético
• Dor contínua e constante. São feridas que podem ocorrer no pé das pessoas com diabe‐
• Sensação de queimadura e ardência. tes e têm difícil cicatrização devido aos níveis elevados de açúcar no
• Formigamento. sangue e/ou circulação sanguínea deficiente. É uma das complica‐
• Dor espontânea que surge de repente, sem uma causa apa‐ ções mais comuns do diabetes mal controlado. Aproximadamente
rente. um quarto dos pacientes com diabetes desenvolver úlceras nos pés
• Dor excessiva diante de um estímulo pequeno, por exemplo, e 85% das amputações de membros inferiores ocorre em pacientes
uma picada de alfinete. com diabetes.
• Dor causada por toques que normalmente não seriam dolo‐
rosos, como encostar no braço de alguém. Cuidados com o pé diabético
• Ao mesmo tempo, em uma segunda etapa dessa complica‐
ção, pode haver redução da sensibilidade protetora. As dores, que Pessoas com pés diabéticos devem ter os seguintes cuidados:
antes eram intensas demais mesmo com pouco estímulo, passam a
• Fazer higiene diária dos pés e secá-los sempre com cuidado.
ser menores do que deveriam. Nesses casos há o risco, por exem‐
• Cortar as unhas em linha reta.
plo, de haver uma queimadura e a pessoa não perceber.
• Usar sapatos macios, meias claras e sem costuras (nunca
• É comum também que o suor diminua e a pele fique mais
apertadas).
seca. O diagnóstico da neuropatia pode ser feito por exames espe‐
• Examinar os pés para identificar precocemente mudanças de
cíficos e muito simples nos pés.
cor, inchaço, dor, rachaduras e sensibilidade na pele.
Destaque: Essa redução da sensibilidade está diretamente li‐ • Controlar os níveis de açúcar no sangue ajuda a prevenir e a
gada ao risco de amputação. tratar as úlceras nos pés.
• Procure um profissional de saúde caso perceba “dormência”
Diabetes e amputações ou ferida nos pés.
Muitas pessoas com diabetes têm a doença arterial periférica,
que reduz o fluxo de sangue para os pés. Além disso, pode haver re‐ Pele e calos
dução de sensibilidade devido aos danos que a falta de controle da gli‐ Uma alteração comum é a pele dos pés, que pode ficar muito
cose causa aos nervos. Essas duas condições fazem com que seja mais seca e favorecer o aparecimento de feridas (rachaduras). Isso acon‐
fácil sofrer com úlceras e infecções, que podem levar à amputação. tece porque os nervos que controlam a produção de óleo e umida‐
No entanto, a maioria das amputações são evitáveis, com cui‐ de estão danificados. É importante massagear os pés com um bom
dados regulares e calçados adequados. Cuidar bem de seus pés e creme após o banho e sempre que sentir a pele desidratada. Evite
visitar o seu médico imediatamente, assim que observar alguma passar creme entre os dedos, porque a umidade extra favorece a
alteração, é muito importante. Pergunte sobre sapatos adequados proliferação de micro-organismos e infecções.
e considere seriamente um plano estratégico, caso seja fumante:
pare de fumar imediatamente! O tabagismo tem sério impacto nos As úlceras ocorrem mais frequentemente na planta do pé ou
pequenos vasos sanguíneos que compõem o sistema circulatório, embaixo do dedão. Quando aparecem nas laterais, geralmente é
causando ainda mais diminuição do fluxo de sangue para os pés. o sapato que está inadequado. O tratamento pode ser feito com a
limpeza e o uso de proteções especiais para os pés, mas pode exigir
Doença renal também a ação de um cirurgião vascular, caso a circulação esteja
Os rins são uma espécie de filtro, compostos por milhões de va‐ muito ruim.
sinhos sanguíneos (capilares), que removem os resíduos do sangue. Em pessoas com diabetes, os calos aparecem com mais fre‐
O diabetes pode trazer danos aos rins, afetando sua capacidade de quência, porque há áreas de alta pressão nessa parte do corpo, que
filtragem. O processo de digestão dos alimentos gera resíduos. Es‐ aguenta o peso o dia inteiro. Calos não-tratados podem transfor‐
sas substâncias que o corpo não vai utilizar geralmente têm molé‐ mar-se em úlceras (feridas abertas). Por isso, uma dica super im‐
culas bem pequenas, que passam pelos capilares e vão compor a portante: não corte os calos você mesmo, nem use agentes quími‐
urina. As substâncias úteis, por sua vez, a exemplo das proteínas, cos, que podem queimar a pele. Também não deixe que a pedicure
têm moléculas maiores e continuam circulando no sangue. ‘dê um jeitinho’. A avaliação médica e a indicação de um bom po‐
O problema é que os altos níveis de açúcar fazem com que dólogo é a postura mais indicada.
os rins filtrem muito sangue, sobrecarregando os órgãos e fazen‐ Sabe-se que o diabetes pode prejudicar a circulação, mas esse
do com moléculas de proteína acabem sendo perdidas na urina. A problema se agrava ainda mais com o uso de cigarro, pressão alta
presença de pequenas quantidades de proteína na urina é chama‐ e desequilíbrio nos níveis de colesterol. E a má circulação, por sua
da de microalbuminúria. Quando a doença renal é diagnosticada vez, prejudica o combate às infecções e atrapalha a recuperação
precocemente, durante a microalbuminúria, diversos tratamentos das úlceras nos pés.
podem evitar o agravamento. Algumas feridas não doem, mas devem ser avaliadas imedia‐
Quando é detectada mais tarde, já na fase da macroalbuminú‐ tamente. Desprezá-las pode abrir as portas para infecções – e elas
ria, a complicação já é chamada de doença renal terminal. Com podem levar até à perda de um membro.
o tempo, o estresse da sobrecarga faz com que os rins percam a
capacidade de filtragem. Os resíduos começam a acumular-se no Problemas nos olhos
sangue e, finalmente, os rins falham. Uma pessoa com doença renal Se você gerencia bem a taxa de glicemia, é bem provável que
terminal vai precisar de um transplante ou de sessões regulares de apresente problemas oculares de menor gravidade ou nem apre‐
hemodiálise. sente. Isso porque quem tem diabetes está mais sujeito à ceguei‐
ra, se não tratá-la corretamente. Fazendo exames regularmente e
Atenção: Nem todas as pessoas que têm diabetes desenvolvem entendendo como funcionam os olhos, fica mais fácil manter essas
a doença renal. Fatores genéticos, baixo controle da taxa glicêmica complicações sob controle. Uma parte da retina é especializada em
e da pressão arterial favorecem o aparecimento da complicação. diferenciar detalhes finos. Essa pequena área é chamada mácula,

129
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
que é irrigada por vasos sanguíneos para garantir seu funcionamen‐ Quem mantém bom controle da glicemia têm chance muito
to. Essas estruturas podem ser alvo de algumas complicações da menor de desenvolver qualquer retinopatia. Nem sempre a retino‐
diabetes. patia apresenta sintomas. A retina pode estar seriamente danifica‐
da antes que o paciente perceba uma alteração na visão. Por isso, é
Glaucoma necessário consultar um oftalmologista anualmente ou a cada dois
Pessoas com diabetes têm 40% mais chance de desenvolver anos, mesmo que esteja se sentindo bem.
glaucoma, que é a pressão elevada nos olhos. Quando mais tem‐
po convivendo com a doença, maior o risco. Na maioria dos casos, Pele mais sensível
a pressão faz com que o sistema de drenagem do humor aquoso Muitas vezes, a pele dá os primeiros sinais de que você pode
se torne mais lento, causando o acúmulo na câmara anterior. Isso estar com diabetes. Ao mesmo tempo, as complicações associadas
comprime os vasos sanguíneos que transportam sangue para a re‐ podem ser facilmente prevenidas. Quem tem diabetes tem mais
tina e o nervo óptico e pode causar a perda gradual da visão. Há chance de ter pele seca, coceira e infecções por fungos e/ou bacté‐
vários tratamentos para o glaucoma – de medicamentos à cirurgia. rias, uma vez que a hiperglicemia favorece a desidratação – a glico‐
se em excesso rouba água do corpo.
Catarata Por outro lado, se já havia algum problema dermatológico an‐
Pessoas com diabetes têm 60% mais chance de desenvolver a terior, pode ser que o diabetes ajude a piorar o quadro. As altas ta‐
catarata, que acontece quando a lente clara do olho, o cristalino, xas glicêmicas prejudicam também os pequenos vasos sanguíneos
fica opaca, bloqueando a luz. Quem tem diabetes costuma desen‐ responsáveis pelo transporte de nutrientes para a pele e os órgãos.
volver a catarata mais cedo e a doença progride mais rápido. Para A pele seca fica suscetível a rachaduras, que evoluem para fe‐
ajudar a lidar com graus leves de catarata, é necessário usar óculos ridas. Diabéticos têm a cicatrização dificultada (em razão da vas‐
de sol e lentes de controle de brilho nos óculos comuns. Quando cularização deficiente). Trata-se, portanto, de um círculo vicioso,
a opacidade atrapalha muito a visão, geralmente é realizada uma cuja consequência mais severa é a amputação do membro afetado.
cirurgia que remove as lentes e implanta novas estruturas. Entre‐ Além de cuidar da dieta e dos exercícios, portanto, a recomendação
tanto, é preciso ter consciência de que, em pessoas com diabetes, a é cuidar bem da pele também. Quando controlada, o diabetes pode
remoção das lentes pode favorecer o desenvolvimento de glauco‐ não apresentar qualquer manifestação cutânea.
ma (complicação anterior) e de retinopatia (próxima complicação).
Pacientes com Problemas Cardiovasculares
Retinopatia O cuidado faz parte da vida do ser humano desde os primór‐
Retinopatia diabética é um termo genérico que designa todas dios da humanidade, como resposta ao atendimento às suas ne‐
os problemas de retina causados pelo diabetes. cessidades. Para realizar o cuidado, o enfermeiro, como membro
Há dois tipos mais comuns: integrante da equipe multidisciplinar, utiliza um conjunto de co‐
• o não-proliferativo; nhecimentos que possibilita a busca de resolutividade às respostas
• o proliferativo. dos fenômenos de saúde, definidos pelo Internacional Council of
Nurses1 como aspectos de saúde relevantes à prática de Enferma‐
O tipo não-proliferativo é o mais comum. Os capilares (peque‐ gem.
nos vasos sanguíneos) na parte de trás do olho incham e formam O instrumento para a realização do cuidado é o processo de
bolsas. Há três estágios - leve, moderado e grave – na medida em cuidar2, mediante uma ação interativa entre o enfermeiro e o pa‐
que mais vasos sanguíneos ficam bloqueados. Em alguns casos, as ciente. Nele, as atividades do profissional são desenvolvidas “para”
paredes dos capilares podem perder o controle sobre a passagem e “com” o paciente, ancoradas no conhecimento científico, habili‐
de substâncias entre o sangue e a retina e o fluido pode vazar den‐ dade, intuição, pensamento crítico e criatividade e acompanhadas
tro da mácula. de comportamentos e atitudes de cuidar/cuidado no sentido de
Isso é o que chamamos de edema macular – a visão embaça e promover, manter e/ou recuperar a totalidade e a dignidade hu‐
pode ser totalmente perdida. Geralmente, a retinopatia não-pro‐ mana.
liferativa não exige tratamento específico, mas o edema macular O desenvolvimento do cuidado ocorre nas suas mais diferentes
sim. Frequentemente o tratamento permite a recuperação da vi‐ especialidades e, neste estudo, abordará o processo de cuidar ao
são. paciente crônico cardíaco.
Depois de alguns anos, a retinopatia pode progredir para um O paciente adulto crônico cardíaco apresenta comprometi‐
tipo mais sério, o proliferativo. Os vasos sanguíneos ficam total‐ mento de seu todo harmônico, seu estado de saúde está alterado,
mente obstruídos e não levam mais oxigênio à retina. Parte dela pois começa a sentir que a força física e a força do coração estão
pode até morrer e novos vasos começam a crescer para tentar re‐ diminuídas. Surge a aterosclerose nos vasos sanguíneos, ocorre a
solver o problema. Esses novos vasinhos são frágeis e podem vazar, perda do tecido ósseo, e há carência na autoestima3. Nessa fase, o
causando hemorragia vítrea. Os novos capilares podem causar tam‐ doente pode apresentar limitações emocionais, financeiras, perdas
bém uma espécie de cicatriz, distorcendo a retina e provocando seu pessoais e sociais e precisará aprender a administrar o seu trata‐
descolamento, ou ainda, glaucoma. mento efetivo. Nessas circunstâncias, quando ele se encontra fra‐
Os fatores de risco da retinopatia são o controle da glicose gilizado, é que o enfermeiro assume um papel importante e muito
no sangue, o controle da pressão, o tempo de convivência com o expressivo para com ele, no sentido de ajudá-lo não só a enfrentar
diabetes e a influência genética. A retinopatia não-proliferativa é as dificuldades em torno da doença, mas também de cuidá-lo nas
muito comum, principalmente entre as pessoas com diabetes Tipo suas necessidades de segurança, carinho e autoconfiança. Desse
1, mas pode afetar aqueles com Tipo 2 também. Cerca de uma em modo, é importante que o enfermeiro compreenda que os pacien‐
cada quatro pessoas com diabetes tem o problema em algum mo‐ tes portadores de doença crônica requerem, do profissional, um
mento da vida. raciocínio clínico e crítico constante, pois uma simples preocupação
Já a retinopatia proliferativa é pouco comum – afeta cerca de que apresentem pode colocar em risco suas vidas.
uma em cada 20 pessoas com diabetes. O enfermeiro tem uma função fundamental na equipe de saú‐
de, já que, por meio da avaliação clínica diária do paciente, poderá

130
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
realizar o levantamento dos vários fenômenos, seja na aparência da glicemia reduz significativamente as complicações macrovas‐
externa ou na subjetividade da multidimensionalidade do ser hu‐ culares, tais como infarto do miocárdio e derrames. Encontrou-se
mano. Igualmente poderá providenciar para que o paciente seja evidência adequada de que os danos de curto prazo devido ao ras‐
atendido nos mais diferentes segmentos da equipe de saúde e/ou treamento da diabete, como a ansiedade, são pequenos. O efeito
de enfermagem. de longo prazo da rotulação e tratamento de uma grande parte da
A Organização Mundial de Saúde, em seu documento “Cui‐ população como sendo diabética é desconhecido, porém é notório
dados inovadores para as condições crônicas”, enfatiza que o pa‐ que o estigma da doença, a preocupação com as complicações co‐
ciente portador de doença crônica carece de cuidados planejados, nhecidas e a perda de confiança na própria saúde (Starfield, 2008),
capazes de prever suas necessidades básicas e proporcionar aten‐ assim como a demanda por mais exames, podem trazer prejuízos à
ção integrada. Essa atenção envolve tempo, cenário da saúde e população e aos serviços de saúde.
cuidadores, além de treinamentos para que o paciente aprenda a
cuidar de si mesmo em sua residência. O paciente e seus familiares Como realizar?
precisam de suporte, de apoio para a prevenção ou administração Por meio de glicemia de jejum de oito horas.
eficaz dos eventos crônicos
Diante do exposto, optou-se por investigar como os enfermei‐ Como interpretar o resultado?
ros conduzem a prática de cuidar ao portador de doença crônica Pessoas com uma glicemia em jejum superiores a 126 mg/dl
cardíaca, a partir da composição de seu método de cuidar. Para devem realizar confirmação do resultado com nova glicemia de je‐
atender esse questionamento, os objetivos da pesquisa foram: jum, para, dependendo do segundo resultado, serem diagnostica‐
identificar os elementos do processo de cuidar realizado pelo en‐ das com Diabetes mellitus. A meta de tratamento para as pessoas
fermeiro ao portador de doença crônica cardíaca e descrever os diabéticas é alcançar uma hemoglobina glicosilada em torno de 7%.
elementos evidenciados no processo de cuidar em enfermagem ao Geralmente, isso corresponde a uma glicemia de jejum menor que
portador de doença crônica cardíaca. 140 mg/dL. Porém, conforme orientação descrita acima, o grande
benefício do tratamento está em se manter um controle mais rigo‐
Rastreamento de Diabetes mellitus tipo II roso dos níveis pressóricos, ou seja, uma pressão arterial menor ou
Está recomendado o rastreamento de diabetes em adultos as‐ igual a 135/80. Dessa forma, pode-se reduzir a morbimortalidade
sintomáticos com PA sustentada maior que 135/80 mmHg, não se cardiovascular nesses pacientes.
aplicando a outros critérios como obesidade, história familiar nem
faixa etária. Grau de recomendação B. Pacientes com Problemas Cardiovasculares
O cuidado faz parte da vida do ser humano desde os primór‐
Por que é importante o rastreamento? dios da humanidade, como resposta ao atendimento às suas ne‐
A prevalência da diabetes do tipo II está aumentando – aproxi‐ cessidades. Para realizar o cuidado, o enfermeiro, como membro
madamente 7% da população adulta brasileira tem esse problema. integrante da equipe multidisciplinar, utiliza um conjunto de co‐
A diabetes lidera como causa de cegueira, doença renal e ampu‐ nhecimentos que possibilita a busca de resolutividade às respostas
tação e expõe a um aumento de mortalidade, principalmente por dos fenômenos de saúde, definidos pelo Internacional Council of
eventos cardiovasculares. Nurses1 como aspectos de saúde relevantes à prática de Enferma‐
É possível por meio do rastreamento da diabetes nas pessoas gem.
com elevação dos níveis pressóricos (acima de 135/80 mmHg) re‐ O instrumento para a realização do cuidado é o processo de
duzir a incidência de mortalidade e dos eventos cardiovasculares, cuidar2, mediante uma ação interativa entre o enfermeiro e o pa‐
por meio de um rigoroso controle da pressão arterial. ciente. Nele, as atividades do profissional são desenvolvidas “para”
Há evidência convincente de que, com o controle intensivo e “com” o paciente, ancoradas no conhecimento científico, habili‐
da glicemia em pessoas com diabetes clinicamente detectada (si‐ dade, intuição, pensamento crítico e criatividade e acompanhadas
tuação oposta ao detectado pelo rastreamento), pode-se redu‐ de comportamentos e atitudes de cuidar/cuidado no sentido de
zir a progressão dos danos microvasculares que ela proporciona. promover, manter e/ou recuperar a totalidade e a dignidade hu‐
Contudo, os benefícios desse controle rigoroso da glicemia sobre mana.
os resultados clínicos dos danos microvasculares, tais como dano O desenvolvimento do cuidado ocorre nas suas mais diferentes
visual severo ou estágio final de doença renal, levam anos para se especialidades e, neste estudo, abordará o processo de cuidar ao
tornar aparentes. Assim, não existe evidência convincente de que o paciente crônico cardíaco.
controle precoce da diabetes como consequência do rastreamento O paciente adulto crônico cardíaco apresenta comprometi‐
adicione benefício aos resultados clínicos microvasculares quando mento de seu todo harmônico, seu estado de saúde está alterado,
comparados com o início do tratamento na fase usual de diagnós‐ pois começa a sentir que a força física e a força do coração estão
tico clínico. Ainda não se conseguiu provar que o controle rigoroso diminuídas. Surge a aterosclerose nos vasos sanguíneos, ocorre a
da glicemia reduz significativamente as complicações perda do tecido ósseo, e há carência na autoestima3. Nessa fase, o
Há evidência convincente de que, com o controle intensivo doente pode apresentar limitações emocionais, financeiras, perdas
da glicemia em pessoas com diabetes clinicamente detectada (si‐ pessoais e sociais e precisará aprender a administrar o seu trata‐
tuação oposta ao detectado pelo rastreamento), pode-se redu‐ mento efetivo. Nessas circunstâncias, quando ele se encontra fra‐
zir a progressão dos danos microvasculares que ela proporciona. gilizado, é que o enfermeiro assume um papel importante e muito
Contudo, os benefícios desse controle rigoroso da glicemia sobre expressivo para com ele, no sentido de ajudá-lo não só a enfrentar
os resultados clínicos dos danos microvasculares, tais como dano as dificuldades em torno da doença, mas também de cuidá-lo nas
visual severo ou estágio final de doença renal, levam anos para se suas necessidades de segurança, carinho e autoconfiança. Desse
tornar aparentes. Assim, não existe evidência convincente de que o modo, é importante que o enfermeiro compreenda que os pacien‐
controle precoce da diabetes como consequência do rastreamento tes portadores de doença crônica requerem, do profissional, um
adicione benefício aos resultados clínicos microvasculares quando raciocínio clínico e crítico constante, pois uma simples preocupação
comparados com o início do tratamento na fase usual de diagnós‐ que apresentem pode colocar em risco suas vidas.
tico clínico. Ainda não se conseguiu provar que o controle rigoroso

131
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
O enfermeiro tem uma função fundamental na equipe de saú‐ Recentemente, o Ministério da Saúde divulgou uma pesquisa
de, já que, por meio da avaliação clínica diária do paciente, poderá que revela que quase metade da população brasileira está acima do
realizar o levantamento dos vários fenômenos, seja na aparência peso. Segundo o estudo, 42,7% da população estava acima do peso
externa ou na subjetividade da multidimensionalidade do ser hu‐ no ano de 2006. Em 2011, esse número passou para 48,5%.
mano. Igualmente poderá providenciar para que o paciente seja O levantamento é da Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e
atendido nos mais diferentes segmentos da equipe de saúde e/ou Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), e os dados
de enfermagem. foram coletados em 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal. (2)
A Organização Mundial de Saúde, em seu documento “Cuida‐
dos inovadores para as condições crônicas”, enfatiza que o pacien‐ Tipos
te portador de doença crônica carece de cuidados planejados, ca‐ A obesidade pode ser classificada de diversas formas, por
pazes de prever suas necessidades básicas e proporcionar atenção exemplo, quanto ao tipo, sendo: (3)
integrada. Essa atenção envolve tempo, cenário da saúde e cuida‐ Homogênea: É aquela em que a gordura está depositada de
dores, além de treinamentos para que o paciente aprenda a cuidar forma homogênea, tanto em membros superiores e inferiores
de si mesmo em sua residência. O paciente e seus familiares preci‐ quanto na região abdominal
sam de suporte, de apoio para a prevenção ou administração eficaz Andróide: É a obesidade em formato de maçã, mais caracterís‐
dos eventos crônicos4 tica do sexo masculino ou e mulheres após a menopausa e nesse
Diante do exposto, optou-se por investigar como os enfermei‐ caso há um acúmulo de gordura na região abdominal e torácica,
ros conduzem a prática de cuidar ao portador de doença crônica aumentando os riscos cardiovasculares
cardíaca, a partir da composição de seu método de cuidar. Para Ginecóide: É a obesidade em formato de pera, mais caracterís‐
atender esse questionamento, os objetivos da pesquisa foram: tica do sexo feminino e nesse caso há um acúmulo de gordura na
identificar os elementos do processo de cuidar realizado pelo en‐ região inferior do corpo, se concentrando nas nádegas, quadril e
fermeiro ao portador de doença crônica cardíaca e descrever os coxas. Está associada a maior prevalência de artrose e varizes.
elementos evidenciados no processo de cuidar em enfermagem ao Além disso, a obesidade pode ser classificada quanto o grau
portador de doença crônica cardíaca. do IMC:
1 - Entre 25 e 29,9 kg/m² = Sobrepeso;
O que é Obesidade? 2 - Entre 30 e 34,9 kg/m² = Obesidade grau I;
A obesidade é o acúmulo de gordura no corpo causado qua‐ 3 - Entre 35 e 39,9 kg/m² =Obesidade Grau II;
se sempre por um consumo excessivo de calorias na alimentação, 4 - = 40 kg/m² = Obesidade Grau III.
superior ao valor usada pelo organismo para sua manutenção e
realização das atividades do dia a dia. Ou seja: a obesidade acon‐ Pode ainda ser classificada como:
Primária: quando o consumo de calorias é maior que o gasto
tece quando a ingestão alimentar é maior que o gasto energético
energético
correspondente.
Secundária quando é resultante de alguma doença.
O excesso de gordura pode levar ao desenvolvimento de dia‐
betes tipo 2, doenças do coração, pressão alta, artrite, apnéia e
Causas
derrame. Por causa do risco envolvido, é bom que você perca peso
Os motivos que podem causar a obesidade em geral são multi‐
mesmo que não esteja se sentindo mal agora. É difícil mudar seus
fatoriais e envolvem fatores genéticos, ambientais, estilo de vida e
hábitos alimentares e fazer exercícios. Mas, se você planejar, pode
fatores emocionais.
conseguir. A obesidade pode às vezes ser atribuída a uma causa médica,
Quando você ingere mais calorias do que gasta, você ganha como a síndrome de Prader-Willi, a síndrome de Cushing e outras
peso. O que você come e as atividades que você faz ao longo do doenças. No entanto, esses distúrbios são raros e, em geral, as prin‐
dia influenciam nisso. Se seus familiares são obesos, você tem mais cipais causas da obesidade são:
chances de também ser. Além disso, a família também ajuda na Inatividade: Se você não é muito ativo, você não queima tantas
formação dos hábitos alimentares. A vida corrida também torna calorias. Com um estilo de vida sedentário, você pode facilmente
mais difícil planejar refeições e fazer alimentações saudáveis. Para ingerir mais calorias todos os dias do que com exercícios e ativida‐
muitos, é mais fácil comprar comidas prontas e comer fora. Não há des diárias normais
soluções de curto prazo para a obesidade. O segredo para perder
peso é ingerir menos calorias do que você gasta. Dieta não saudável e hábitos alimentares: O ganho de peso é
sidade infantil inevitável se você comer regularmente mais calorias do que você
A obesidade infantil acontece quando uma criança está com queima. E a maioria das dietas dos americanos é muito rica em ca‐
peso maior que o recomendado para sua idade e altura. De acordo lorias e está cheia de fast food e bebidas de alto teor calórico.
com o IBGE, atualmente uma em cada três crianças no Brasil está
pesando mais do que o recomendado. As faixas de Índice de Massa Fatores de risco
Corporal (IMC) determinadas para crianças são diferentes dos adul‐ Obesidade geralmente resulta de uma combinação de causas e
tos e variam de acordo com gênero e idade. fatores contribuintes, incluindo:
Os quilos extras podem ter consequências para as crianças até Genética: Seus genes podem afetar a quantidade de gordura
a sua vida adulta, mesmo que a obesidade seja revertida nesse pe‐ corporal que você armazena e onde essa gordura é distribuída. A
ríodo. Doenças como diabetes, hipertensão e colesterol alto são al‐ genética também pode desempenhar um papel na eficiência com
gumas consequências da obesidade infantil não tratada. A condição que seu corpo converte alimentos em energia e como seu corpo
também pode levar a baixa autoestima e depressão nas crianças. queima calorias durante o exercício
Estilo de vida familiar: A obesidade tende a correr em famílias.
Obesidade no Brasil Se um ou ambos os seus pais são obesos, o risco de ser obeso é
Em 2015, o Brasil já tinha cerca de 18 milhões de pessoas con‐ aumentado. Isso não é só por causa da genética. Os membros da
sideradas obesas. Somando o total de indivíduos acima do peso, o família tendem a compartilhar hábitos alimentares e de atividade
montante chega a 70 milhões, o dobro de há três décadas. semelhantes

132
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Inatividade: Se você não é muito ativo, você não queima tantas O acompanhamento médico também é importante para, por
calorias. Com um estilo de vida sedentário, você pode facilmente exemplo, identificar alterações que possam contribuir para o ga‐
ingerir mais calorias todos os dias do que com exercícios e ativida‐ nho de peso. Lembrando que o tratamento da obesidade deve ser
des diárias de rotina. Ter problemas médicos, como artrite, pode le‐ multiprofissional.
var à diminuição da atividade, o que contribui para o ganho de peso
Dieta não saudável: Uma dieta rica em calorias, carente de fru‐ Diagnóstico de Obesidade
tas e vegetais, cheia de fast food e carregada de bebidas hipercaló‐ A obesidade é determinada pelo Índice de Massa Corporal
ricas e porções grandes contribui para o ganho de peso (IMC) que é calculado dividindo-se o peso (em kg) pelo quadrado
Problemas médicos: Em algumas pessoas, a obesidade pode da altura (em metros). O resultado revela se o peso está dentro da
ser atribuída a uma causa médica, como a síndrome de Prader-Wil‐ faixa ideal, abaixo ou acima do desejado - revelando sobrepeso ou
li, a síndrome de Cushing e outras condições. Problemas médicos, obesidade.
como artrite, também podem levar à diminuição da atividade, o Classificação do IMC:
que pode resultar em ganho de peso Menor que 18,5 - Abaixo do peso
Medicamentos: Alguns medicamentos podem levar ao ganho Entre 18,5 e 24,9 - Peso normal
de peso se você não compensar por meio de dieta ou atividade. Entre 25 e 29,9 - Sobrepeso (acima do peso desejado)
Estes medicamentos incluem alguns antidepressivos, medicamen‐ Igual ou acima de 30 - Obesidade.
tos anti-convulsivos, medicamentos para diabetes, medicamentos
antipsicóticos, esteróides e beta-bloqueadores Cálculo do IMC:
Idade: A obesidade pode ocorrer em qualquer idade, mesmo IMC=peso (kg) / altura (m) x altura (m)
em crianças pequenas. Mas à medida que você envelhece, mudan‐ Exemplo: João tem 83 kg e sua altura é 1,75 m
ças hormonais e um estilo de vida menos ativo aumentam o risco Altura x altura = 1,75 x 1,75 = 3.0625
de obesidade. Além disso, a quantidade de músculo em seu corpo IMC = 83 divididos por 3,0625 = 27,10
tende a diminuir com a idade. Esta menor massa muscular leva a O resultado de 27,10 de IMC indica que João está acima do
uma diminuição do metabolismo. Essas mudanças também redu‐ peso desejado (sobrepeso).
zem as necessidades de calorias e podem dificultar a manutenção
do excesso de peso. Se você não controlar conscientemente o que Exames
come e se tornar mais ativo fisicamente com a idade, provavelmen‐ Os exames para o diagnóstico da obesidade geralmente in‐
te ganhará peso cluem:
Gravidez: Durante a gravidez, o peso de uma mulher aumenta -Colesterol total e frações
necessariamente. Algumas mulheres acham difícil perder esse peso -Glicemia de jejum
depois que o bebê nasce. Esse ganho de peso pode contribuir para -Exames de sangue para verificar se desequilíbrios hormonais.
o desenvolvimento da obesidade em mulheres
Parar de fumar: Parar de fumar é frequentemente associado Tratamento de Obesidade
ao ganho de peso. E para alguns, pode levar a ganho de peso sufi‐ O tratamento da obesidade é complexo e envolve várias espe‐
ciente para que a pessoa se torne obesa. No longo prazo, no entan‐ cialidades da saúde. Não existe nenhum tratamento farmacológico
to, parar de fumar ainda é um benefício maior para sua saúde do em longo prazo que não envolva mudança de estilo de vida.
que continuar a fumar Como a obesidade é provocada por uma ingestão de energia
Problemas para dormir: Não dormir o suficiente ou dormir que supera o gasto do organismo, a forma mais simples de trata‐
demais pode causar alterações nos hormônios que aumentam o mento é a adoção de um estilo de vida mais saudável, com menor
apetite. Você também pode desejar alimentos ricos em calorias e ingestão de calorias e aumento das atividades físicas. Essa mudança
carboidratos, o que pode contribuir para o ganho de peso não só provoca redução de peso e reversão da obesidade, como
Substâncias químicas: Os desreguladores endócrinos (DE) ou facilita a manutenção do quadro saudável.
disruptores endócrinos são substâncias químicas são capazes de
exercer efeito semelhante ao de hormônios presentes em nosso Alimentação saudável
Embora a correria do dia a dia dificulte a realização de uma
organismo. De acordo com pesquisa existe uma relação destas
alimentação saudável, pequenas mudanças já podem fazer uma
substâncias com o ganho de peso e a obesidade
grande diferença na sua saúde:
Mesmo se você tiver um ou mais desses fatores de risco, isso
-Invista nas frutas, legumes e vegetais
não significa que você está destinado a se tornar obeso. Você pode
-Prefiro alimentos integrais aos refinados
neutralizar a maioria dos fatores de risco por meio de dieta, ativida‐
-Evite alimentos como biscoitos, bolachas e refeições prontas.
de física e exercícios e mudanças de comportamento.
Elas são ricas em açúcar, sódio e gorduras – tudo o que sua filha ou
filho não pode comer em exagero
Sintomas de Obesidade -Limite o consumo de bebidas adoçadas, incluindo os sucos in‐
A obesidade não causa sinais e sintomas e sim manifestações dustrializados. Essas bebidas são muito calóricas e oferecem pou‐
decorrentes da doença instalada que são cansaço, limitação de mo‐ cos ou nenhum nutriente
vimentos, suor excessivo, dores nas colunas e pernas. -Reduza o número de vezes em que a família vai comer fora,
A obesidade é uma doença que se caracteriza pelo acúmulo especialmente em restaurantes de fast-food
excessivo de gordura no organismo e se diferencia principalmente -Muitas das opções do menu são ricas em gordura e calorias
pela gravidade e pela localização desse acúmulo. (3) -Sirva porções adequadas.
-Prática de atividade física
Buscando ajuda médica -Aumentar a prática de atividade física ou é uma parte essen‐
Se você acha que pode ser obeso e, especialmente, se estiver cial do tratamento da obesidade. A maioria das pessoas que con‐
peocupado com problemas de saúde relacionados ao peso, consul‐ seguem manter a perda de peso por mais de um ano faz exercício
te seu médico. Desta forma, poderá ser avaliado seus riscos à saúde físico regular, mesmo que seja apenas caminhando.Para aumentar
e discutir suas opções de perda de peso. seu nível de atividade:

133
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
-Faça exercícios: pessoas com sobrepeso ou obesas preci‐ Complicações possíveis
sam ter pelo menos 150 minutos por semana de atividade física A obesidade infantil aumenta o risco de uma série de condi‐
de intensidade moderada para evitar mais ganho de peso ou para ções, incluindo: (1,3)
manter a perda de uma quantidade modesta de peso. Para conse‐ -Colesterol alto
guir uma perda de peso mais significativa, você pode precisar se -Hipertensão
exercitar 300 minutos ou mais por semana. Você provavelmente -Doença cardíaca
precisará aumentar gradualmente a quantidade que você exercita -Diabetes tipo 2
à medida que sua resistência e aptidão melhoram -Problemas ósseos
-Caminhe mais: mesmo que o exercício aeróbico regular seja a -Síndrome metabólica
maneira mais eficiente de queimar calorias e perder peso, qualquer -Distúrbios do sono
movimento extra ajuda a queimar calorias. Fazer alterações sim‐ -Esteatose hepática não alcoólica
ples ao longo do dia pode resultar em grandes benefícios. Estacione -Depressão
mais longe das entradas das lojas, aprimore suas tarefas domésti‐ -Asma e outras doenças respiratórias
cas, faça jardinagem, levante-se e mova-se periodicamente, e use -Condições de pele como brotoeja, infecções fúngicas e acne
um pedômetro para acompanhar quantos passos você realmente -Baixa autoestima
toma ao longo de um dia. -Problemas de comportamento.
-Convivendo/ Prognóstico
Como prevenir o aumento de peso após o tratamento?
Infelizmente, é comum recuperar o peso, independentemen‐ Você pode adotar algumas estratégias para lidar melhor com a
te dos métodos de tratamento da obesidade que você tente. Se obesidade, como:
você toma medicamentos para perda de peso, provavelmente irá Não deposite as esperanças do tratamento da obesidade ape‐
recuperar o peso quando parar de tomá-los. Você pode até mes‐ nas no medicamento ou cirurgia, pois o resultado depende prin‐
mo recuperar o peso após a cirurgia de perda de peso se continuar cipalmente das mudanças nos hábitos de vida (dieta e atividade
a comer demais ou abusar de alimentos altamente calóricos. Mas física)
isso não significa que seus esforços de perda de peso sejam fúteis. Com o tempo o medicamento para obesidade pode passar a
Uma das melhores maneiras de evitar recuperar o peso que perder o efeito. Se isso ocorrer, consulte seu médico e nunca au‐
você perdeu é fazer atividade física regularmente, aproximada‐ mente a dose por conta própria
mente 60 minutos por dia. Existem muitas propagandas irregulares de medicamentos
Mantenha o controle de sua atividade física, se isso ajuda você para emagrecer nos meios de comunicação, por isso não acredite
a ficar motivado e em curso. À medida que você perder peso e me‐ em promessas de emagrecimento rápido e fácil
lhorar sua saúde, converse com seu médico sobre quais atividades Não compre medicamentos para obesidade pela internet ou
adicionais você pode fazer e, se apropriado, como estimular sua em academias de ginástica, pois muitos não são autorizados pelo
atividade e exercitar-se. Ministério da Saúde e podem fazer mal a quem utiliza
Você deve sempre ficar atento ao seu peso. Manter uma dieta Clínicas e consultórios não podem vender medicamentos para
saudável e atividades físicas são as melhores maneiras de manter o obesidade. O paciente tem a liberdade de escolher a farmácia de
peso que você perdeu a longo prazo. sua confiança para comprar ou manipular o medicamento prescrito
Fórmulas de emagrecimento com várias substâncias mistura‐
Medicamentos das são proibidas pelo Ministério da Saúde e já provocaram mortes.
A utilização de medicamentos contribui de forma modesta
e temporária no caso da obesidade, e nunca devem ser usados Prevenção
como única forma de tratamento. Boa parte das substâncias usa‐ A estratégia preventiva deve ter início no nascimento, refor‐
das atuam no cérebro e podem provocar reações adversas graves, çando que o leite materno é um fator de prevenção contra a obe‐
como: nervosismo, insônia, aumento da pressão sanguínea, bati‐ sidade e combatendo mitos de que a criança deve comer muito,
mentos cardíacos acelerados, boca seca e intestino preso. Um dos mesmo quando está satisfeita e que criança saudável é aquela com
riscos mais preocupantes dos remédios para obesidade é o de se “dobrinhas”.
tornar dependente. Por isso, o tratamento medicamentoso da obe‐ As medidas de prevenção da obesidade são muito importantes
sidade deve ser acompanhado com rigor e restrito a alguns tipos especialmente pela gravidade das consequências e incluem 2 fato‐
de pacientes. res principais:
1 - Adequação do consumo energético, ou seja é necessário
Cirurgias para Obesidade consumir calorias que estejam de acordo com o gasto calórico e pra
Pessoas com obesidade mórbida e comorbidades, como dia‐ quem precisa perder peso é necessário um planejamento alimentar
betes e hipertensão, podem optar por fazer a cirurgia de redução que priorize alimentos que deem mais saciedade e que tenham o
de estômago para controlar o peso e sair da obesidade. Existem valor calórico menor possível.
quatro técnicas diferentes de cirurgia bariátrica para obesidade re‐ 2 - Incluir atividades físicas na rotina. Atualmente cerca de 80%
conhecidas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM): Banda Gás‐ da população é sedentária e muitos associam as atividades de lazer
trica Ajustável, Gastrectomia Vertical, Bypass Gástrico e Derivação a atividades de baixo gasto calórico, como ver televisão, jogar vi‐
Bileopancreática. A escolha da cirurgia dependerá do quadro do deogame, ficar no computador e isso é um fator relevante para de‐
paciente, do grau de obesidade e das doenças relacionadas. sencadear a obesidade, em contrapartida, o exercício físico intenso
ou de longa duração tem efeito inibitório no apetite.
Obesidade tem cura?
A obesidade é uma doença crônica que pode ser tratada e con‐ O QUE SÃO DOENÇAS RENAIS CRÔNICAS?
trolada com a alimentação e prática de exercícios físicos, mas não As Doenças Renais Crônicas (DRC) são um termo geral para
tem cura. (3) alterações heterogêneas que afetam tanto a estrutura quanto a
função renal, com múltiplas causas e múltiplos fatores de risco.

134
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Trata-se de uma doença de curso prolongado, que pode parecer função excretora. Na prática clínica, a função excretora renal pode
benigno, mas que muitas vezes torna-se grave e que na maior parte ser medida por meio da Taxa de Filtração Glomerular (TFG). Para o
do tempo tem evolução assintomática. diagnóstico das doenças renais crônicas são utilizados os seguintes
Na maior parte do tempo, a evolução da doença renal crônica é parâmetros:
assintomática, fazendo com que o diagnóstico seja feito tardiamen‐ -TFG alterada;
te. Nesses casos, o principal tratamento imediato é o procedimento -TFG normal ou próxima do normal, mas com evidência de
de hemodiálise. dano renal ou alteração no exame de imagem.
-É portador de doença renal crônica qualquer indivíduo que,
IMPORTANTE: Os rins são fundamentais no funcionamento do independente da causa, apresente por pelo menos três meses con‐
corpo. Eles filtram o sangue e auxiliam na eliminação de toxinas secutivos uma TFG<60ml/min/1,73m².
do organismo. A doença renal crônica é silenciosa, não apresenta
sintomas e tem registrado crescente prevalência, alta mortalidade Como é feito o tratamento das doenças renais crônicas?
e elevados custos para os sistemas de saúde no mundo. Para melhor estruturação do tratamento dos pacientes com
doenças renais crônicas é necessário que, após o diagnóstico, todos
Quais são as funções renais (funções do rim)? os pacientes sejam classificados da seguinte maneira:
A principal função do rim é remover os resíduos e o excesso Estágio 1: TFG ³ 90mL/min/1,73m² na presença de proteinúria
de água do organismo. A Doença Crônica Renal leva a uma redução e/ou hematúria ou alteração no exame de imagem.
dessa capacidade, por pelo menos três meses, e é classificada em Estágio 2: TFG ³ 60 a 89 mL/min./1,73m².
seis estágios, conforme a perda renal. Estágio 3a: TFG ³ 45 a 59 mL/min./1,73m².
O rim tem múltiplas funções e todas elas são fundamentais Estágio 3b: TFG ³ 30 a 44 mL/min./1,73m².
para o organismo se manter vivo e funcionando. As principais fun‐ Estágio 4: TFG ³ 15 a 29 mL/min./1,73m².
ções renais são: Estágio 5 – Não Diálitico: TFG < 15 mL/min./1,73m².
-excreção de produtos finais de diversos metabolismos; Estágio 5 - Dialítico: TFG < 15 mL/min./1,73m².
-produção de hormônios;
-controle do equilíbrio hidroeletrolítico; A classificação deve ser aplicada para tomada de decisão no
-controle do metabolismo ácido-básico; que diz respeito ao encaminhamento para os serviços de referên‐
-controle da pressão arterial. cias e para o especialista, conforme cada caso. Para fins de orga‐
nização do atendimento integral ao paciente com doença renal
Quais são os fatores de risco das doenças renais crônicas? crônica (DRC), o tratamento deve ser classificado em conservador,
Os principais fatores de risco para as doenças renais crônicas quando nos estágios de 1 a 3, pré-diálise quando 4 e 5-ND (não
são: dialítico) e Terapia Renal Substitutiva (TRS) quando 5-D (diálitico).
-Pessoas com diabetes (quer seja do tipo 1 ou do tipo 2). O tratamento conservador consiste em controlar os fatores de
-Pessoa hipertensa, definida como valores de pressão arterial risco para a progressão da DRC, bem como para os eventos cardio‐
acima de 140/90 mmHg em duas medidas com um intervalo de 1 vasculares e mortalidade, com o objetivo de conservar a TFG pelo
a 2 semanas. maior tempo de evolução possível.
-Idosos. A pré-diálise consiste na manutenção do tratamento conserva‐
-Portadores de obesidade (IMC > 30 Kg/m²). dor, bem como no preparo adequado para o início da Terapia Renal
-Histórico de doença do aparelho circulatório (doença corona‐ Substitutiva em paciente com DRC em estágios mais avançados.
A Terapia Renal Substitutiva é uma das modalidades de substi‐
riana, acidente vascular cerebral, doença vascular periférica, insu‐
tuição da função renal por meio dos seguintes procedimentos:
ficiência cardíaca).
-hemodiálise;
-Histórico de Doença Renal Crônica na família.
-diálise peritoneal;
-Tabagismo. -transplante renal.
-Uso de agentes nefrotóxicos, principalmente medicações que
necessitam de ajustes em pacientes com alteração da função renal. Para os pacientes com Doença Crônica Renal, o SUS oferta duas
modalidades de Terapia Renal Substitutiva (TRS), tratamentos que
Um dos principais fatores de risco para doença renal crônica substituem a função dos rins: a hemodiálise, que bombeia o sangue
é a diabetes e a hipertensão, ambas cuidadas na Atenção Básica, através de uma máquina e um dialisador, para remover as toxinas
principal porta de entrada para o Sistema Único de Saúde (SUS), em do organismo. O tratamento acontece em clínica especializada três
uma das 42.885 Unidades Básicas de Saúde distribuídas em todo o vezes por semana.
Brasil. A diálise peritoneal feita diariamente na casa do paciente e a
diálise peritoneal, que é feita por meio da inserção de um cateter
IMPORTANTE: Muitos fatores estão associados tanto à etiolo‐ flexível no abdome do paciente, é feita diariamente na casa do pa‐
gia quanto à progressão para a perda de função renal. Por estes ciente, normalmente no período noturno.
motivos, é importante reconhecer quem são os indivíduos que es‐
tão sob o risco de desenvolver a doença renal crônica, com o obje‐ Acesso e regulação das doenças renais crônicas
tivo do diagnóstico precoce e início imediato do tratamento. É papel da Atenção Básica a atuação na prevenção dos fatores
de risco e proteção para a doença renal crônica. Os profissionais de
Como é feito o diagnóstico das doenças renais crônicas? saúde desse nível de atenção devem estar preparados para iden‐
Existem diversas formas de aferir as funções renais, incluindo tificar, por meio da anamnese e do exame clínico, os casos com
um exame de urina e exames detalhados dos rins, conforme cada suspeita e referenciá-los para a Atenção Especializada para investi‐
caso. No entanto, do ponto de vista clínico a função excretora é gação diagnóstica definitiva e tratamento.
aquela que tem maior correlação com os desfechos clínicos. Todas
as funções renais costumam declinar de forma paralela com a sua

135
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
A Atenção Especializada, por sua vez, é composta por unida‐ Tipos mais comuns
des hospitalares e ambulatoriais, serviços de apoio diagnóstico e • Insuficiência renal crônica: Doença prolongada nos rins que
terapêutico responsáveis pelo acesso às consultas e exames espe‐ leva à falência renal.
cializados. • Insuficiência renal aguda: Condição em que os rins deixam,
Logo, o acesso à Atenção Especializada é baseado em proto‐ repentinamente, de filtrar os resíduos do sangue.
colos de regulação gerenciados pelas Secretarias Estaduais e Mu‐
nicipais de Saúde, as quais competem organizar o atendimento dos Sinais de insuficiência renal aguda
pacientes na rede assistencial, definindo os estabelecimentos para Os sintomas mais comuns da insuficiência renal aguda incluem:
os quais os pacientes que precisam do cuidado deverão ser enca‐ • Pouca urina, amarela escura e com cheiro forte;
minhados. • Cansaço fácil e falta de ar;
O Ministério da Saúde - por meio do Departamento de Atenção • Dor na parte inferior das costas, que é onde se localizam os
Especializada e Temática, da Secretaria de Atenção à Saúde (CGAE/ rins;
DAET/SAS) - é o gestor, a nível federal, das ações na Atenção Espe‐ • Inchaço das pernas e pés;
cializada às pessoas com doenças renais crônicas. Compete à pasta • Cansaço fácil com falta de ar;
definir normas e diretrizes gerais para a organização do cuidado • Pressão alta;
e efetuar a homologação da habilitação dos estabelecimentos de • Febre superior a 39ºC;
saúde aptos a ofertarem o tratamento aos doentes renais crônicos, • Tosse com sangue;
de acordo com critérios técnicos estabelecidos previamente. • Falta de apetite e presença náuseas e vômitos;
Além disso, cabe ao Ministério da Saúde ofertar apoio insti‐ • Pequenos caroços na pele.
tucional às Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e • Além disso, podem surgir alterações no exame de sangue e
dos Municípios no processo de qualificação e de consolidação da de urina, surgindo a presença de proteínas na urina e no exame
atenção em saúde, bem como promover mecanismos de monito‐ de sangue, valores de ureia, creatinina e potássio elevadas e sódio
ramento, avaliação e auditoria, com vistas à melhoria da qualidade inferior ao valor normal.
das ações e dos serviços ofertados, considerando as especificidades
dos serviços de saúde e suas responsabilidades. Sinais de insuficiência renal crônica
Os sintomas mais comuns da insuficiência renal crônica são:
Como prevenir as doenças renais crônicas? • Vontade de urinar frequentemente, principalmente à noite,
A prevenção das doenças renais crônicas está diretamente re‐ acordando para urinar;
lacionada a estilos e condições de vida das pessoas. Tratar e con‐ • Urina com cheiro forte e espuma;
trolar os fatores de risco como diabetes, hipertensão, obesidade, • Pressão arterial muito alta que podem causar AVC ou insufi‐
doenças cardiovasculares e tabagismo são as principais formas ciência cardíaca;
de prevenir doenças renais. Essas doenças são classificadas como • Sensação de peso corporal muito elevado;
Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), que respondem por • Tremores principalmente nas mãos;
cerca de 36 milhões, ou 63%, das mortes no mundo, com destaque • Cansaço intenso;
para as doenças do aparelho circulatório, diabetes, câncer e doença • Músculos fracos;
respiratória crônica. No Brasil, corresponderam a 68,9% de todas • Cãibras frequentes;
as mortes, no ano de 2016. A ocorrência é muito influenciada pelos • Formigamentos nas mãos e pés;
estilos e condições de vida. • Perda de sensibilidade;
O tratamento de fatores de risco das Doenças Crônicas Renais • Convulsões;
faz parte das estratégias lideradas pelo governo federal, previstas • Pele amarelada;
no Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das DCNT no • Náuseas e vômitos;
Brasil para 2011-2022. Entre as metas propostas no Plano, desta‐ • Desenvolvimento de uma pequena camada branca na pele,
cam-se aquelas que possuem associação entre fatores de risco e o semelhante a pó, pois a ureia que é elevada cristaliza no suor.
desenvolvimento da DRC, como reduzir a taxa de mortalidade pre‐ • Ao observar estes sintomas é aconselhado uma consulta com
matura (<70 anos) por Doença Renal Crônica em 2% ao ano; deter um médico nefrologista para que ele possa solicitar exames para
o crescimento da obesidade em adultos; aumentar a prevalência de diagnosticar a insuficiência renal e indicar o tratamento adequado.
atividade física no lazer; aumentar o consumo de frutas e hortali‐
ças; e reduzir o consumo médio de sal. Principais causas da insuficiência renal
Para prevenção e tratamento da Doença Renal Crônica, o Siste‐ As causas mais comuns de insuficiência renal aguda e crônica
ma Único de Saúde (SUS) conta com a Rede de Atenção à Saúde das pode ocorrer devido:
Pessoas com Doenças Crônicas, na Atenção Básica e Especializada, • Diminuição da quantidade de sangue no rim, devido a desi‐
com a relização de transplantes. dratação, mau funcionamento dos rins ou pressão baixa;
• Lesão dos rins, devido a pedras nos rins ou substâncias toxi‐
IMPORTANTE: Em relação ao uso de medicamentos, deve-se cas como medicamentos;
orientar que o uso crônico de qualquer tipo de medicação deve ser • Interrupção da passagem de urina, causada por aumento da
realizado apenas com orientação médica e deve-se ter cuidado es‐ próstata ou presença de tumor.
pecífico com agentes com efeito reconhecidamente nefrotóxico.

Insuficiência renal
Condição em que os rins perdem a capacidade de remover re‐
síduos e equilibrar os fluidos.

136
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Algumas causas de mau funcionamento dos rins

Intervenções de Enfermagem
• Manter o equilíbrio hidroeletrolítico.
• Manter o estado nutricional adequado.
• Manter a integridade cutânea.
• Manter a pele limpa e hidratada
• Aplicar pomadas ou cremes para o conforto e para aliviar o prurido.
• Administrar medicamentos para o alívio do prurido, quando indicado.
• Evitar a constipação.
• Estimular dieta rica em fibras lembrando-se do teor de potássio de algumas frutas e vegetais.
• Estimular a atividade conforme a tolerância.
• Administrar analgésicos conforme prescrito,
• Proporcionar massagem para as câimbras musculares intensas.
• Evitar a imobilização porque ela aumenta a desmineralização óssea.
• Administrar medicamentos conforme prescrito.
• Aumentar a compreensão e a aceitação do esquema de tratamento
• Preparar o paciente para diálise ou transplante renal.
• Oferecer esperança de acordo com a realidade.
• Avaliar o conhecimento do paciente a respeito do esquema terapêutico, bem como as complicações e temores.
• Explorar alternativas que possam reduzir ou eliminar os efeitos colaterais do tratamento.
• Ajustar o esquema de tal modo que se possa conseguir o repouso após a diálise.
• Oferecer pequenas refeições a cada 3 horas com a finalidade de reduzir as náuseas e facilitar a administração de medicamentos.
• Estimular o reforço para o sistema de apoio social e mecanismos de adaptação para diminuir o impacto do stress da doença renal
crônica.
• Fornecer indicações de assistência social e apoio da psicologia.
• Discutir as opções da psicoterapia de apoio para a depressão.
• Encorajar e possibilitar que o paciente tome certas decisões.

HANSENÍASE

Características Gerais
Doença crônica granulomatosa, proveniente de infecção causada pelo Mycobacterium leprae. Esse bacilo tem a capacidade de infec‐
tar grande número de indivíduos (alta infectividade), no entanto poucos adoecem (baixa patogenicidade); propriedades essas que não
são em função apenas de suas características intrínsecas, mas que dependem, sobretudo, de sua relação com o hospedeiro e o grau de
endemicidade do meio, entre outros aspectos. O domicílio é apontado como importante espaço de transmissão da doença, embora ainda
existam lacunas de conhecimento quanto aos prováveis fatores de risco implicados, especialmente aqueles relacionados ao ambiente
social. O alto potencial incapacitante da hanseníase está diretamente relacionado ao poder imunogênico do M. leprae. A hanseníase pa‐
rece ser uma das mais antigas doenças que acomete o homem. As referências mais remotas datam de 600 a.C. e procedem da Ásia, que,
juntamente com a África, podem ser consideradas o berço da doença.
A melhoria das condições de vida e o avanço do conhecimento científico modificaram significativamente o quadro da hanseníase,
que atualmente tem tratamento e cura. No Brasil, cerca de 47.000 casos novos são detectados a cada ano, sendo 8% deles em menores
de 15 anos.

137
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Agente Etiológico: O M. leprae é um bacilo álcool-ácido resis‐ Complementar de Investigação Diagnóstica de Casos de Hansenía‐
tente, em forma de bastonete. É um parasita intracelular, sendo a se em Menores de 15 Anos” (Portaria SVS/SAS/MS nº 125, de 26 de
única espécie de micobactéria que infecta nervos periféricos, espe‐ março de 2009). O diagnóstico de hanseníase deve ser recebido de
cificamente células de Schwann. Esse bacilo não cresce em meios modo semelhante ao de outras doenças curáveis. Se vier a causar
de cultura artificiais, ou seja, in vitro. impacto psicológico, tanto a quem adoeceu quanto aos familiares
ou pessoas de sua rede social, essa situação requererá uma abor‐
Reservatório: O ser humano é reconhecido como a única fon‐ dagem apropriada pela equipe de saúde, que permita a aceitação
te de infecção, embora tenham sido identificados animais natural‐ do problema, superação das dificuldades e maior adesão aos tra‐
mente infectados – o tatu, macaco mangabei e o chimpanzé. Os tamentos.
doentes com muitos bacilos (multibacilares-MB) sem tratamento Essa atenção deve ser oferecida no momento do diagnóstico,
– hanseníase virchowiana e hanseníase dimorfa – são capazes de bem como no decorrer do tratamento da doença e, se necessária,
eliminar grande quantidade de bacilos para o meio exterior (car‐ após a alta. A classificação operacional do caso de hanseníase, vi‐
ga bacilar de cerca de 10 milhões de bacilos presentes na mucosa sando o tratamento com poliquimioterapia é baseada no número
nasal). de lesões cutâneas de acordo com os seguintes critérios:
Modo de transmissão: A principal via de eliminação dos bacilos - Paucibacilar (PB) – casos com até 5 lesões de pele;
dos pacientes multibacilares (virchowianos e dimorfos) é a aérea - Multibacilar (MB) – casos com mais de 5 lesões de pele.
superior, sendo, também, o trato respiratório a mais provável via
de entrada do M. leprae no corpo. Diagnóstico Diferencial: As seguintes dermatoses podem se as‐
Período de incubação: A hanseníase apresenta longo período semelhar a algumas formas e reações de hanseníase e exigem segu‐
de incubação; em média, de 2 a 7 anos. Há referências a períodos ra diferenciação: eczemátides, nevo acrômico, pitiríase versicolor,
mais curtos, de 7 meses, como também a mais longos, de 10 anos. vitiligo, pitiríase rósea de Gilbert, eritema solar, eritrodermias e eri‐
Período de transmissibilidade: Os doentes com poucos bacilos temas difusos vários, psoríase, eritema polimorfo, eritema nodoso,
– paucibacilares (PB), indeterminados e tuberculóides – não são eritemas anulares, granuloma anular, lúpus eritematoso, farmaco‐
considerados importantes como fonte de transmissão da doença, dermias, fotodermatites polimorfas, pelagra, sífilis, alopécia areata
devido à baixa carga bacilar. Os pacientes multibacilares, no entan‐ (pelada), sarcoidose, tuberculose, xantomas, hemoblastoses, escle‐
to, constituem o grupo contagiante, assim se mantendo como fon‐ rodermias, neurofibromatose de Von Recklinghausen.
te de infecção, enquanto o tratamento específico não for iniciado.
Suscetibilidade e imunidade: Como em outras doenças infec‐ Diagnóstico Laboratorial
ciosas, a conversão de infecção em doença depende de interações Exame baciloscópico – a baciloscopia de pele (esfregaço intra‐
entre fatores individuais do hospedeiro, ambientais e do próprio dérmico), quando disponível, deve ser utilizada como exame com‐
M. leprae. Devido ao longo período de incubação, a hanseníase é plementar para a classificação dos casos em PB ou MB. A bacilos‐
menos frequente em menores de 15 anos, contudo, em áreas mais copia positiva classifica o caso como MB, independentemente do
endêmicas, a exposição precoce, em focos domiciliares, aumenta a número de lesões.
incidência de casos nessa faixa etária. Embora acometa ambos os
sexos, observa-se predominância do sexo masculino. Atenção: O resultado negativo da baciloscopia não exclui o
diagnóstico de hanseníase.
Aspectos Clínicos e Laboratoriais
Exame histopatológico – indicado como suporte na elucidação
Diagnóstico Clínico diagnóstica e em pesquisas.
O diagnóstico é essencialmente clínico e epidemiológico, reali‐
zado por meio da análise da história e condições de vida do pacien‐ Quadro 1. Sinopse para classificação das formas clínicas da
te, do exame dermatoneurológico, para identificar lesões ou áreas hanseníase
de pele com alteração de sensibilidade e/ou comprometimento de Clínicas Baciloscópicas Formas clínicas Classificação operacio‐
nervos periféricos (sensitivo, motor e/ou autonômico). O diagnós‐ nal vigente para a rede pública
tico é essencialmente clínico e epidemiológico, realizado por meio Áreas de hipo ou anestesia, parestesias, manchas hipocrômicas
da análise da história e condições de vida do paciente, do exame e/ou eritemohipocrômicas, com ou sem diminuição da sudorese e
dermatoneurológico, para identificar lesões ou áreas de pele com rarefação de pelos. Negativa Indeterminada (HI) Paucibacilar (PB)
alteração de sensibilidade e/ou comprometimento de nervos peri‐ Placas eritematosas, eritemato-hipocrômicas, até 5 lesões de
féricos (sensitivo, motor e/ou autonômico). pele bem delimitadas, hipo ou anestésicas, podendo ocorrer com‐
Os casos com suspeita de comprometimento neural, sem lesão prometimento de nervos. Negativa Tuberculóide (HT) Paucibacilar
cutânea (suspeita de hanseníase neural pura), e aqueles que apre‐ (PB)
sentam área com alteração sensitiva e/ou autonômica duvidosa e Lesões pré -foveolares (eritematosas planas com o centro cla‐
sem lesão cutânea evidente deverão ser encaminhados para unida‐ ro). Lesões foveolares (eritematopigmentares de tonalidade ferru‐
des de saúde de maior complexidade para confirmação diagnóstica. ginosa ou pardacenta), apresentando alterações de sensibilidade.
Recomenda-se que nessas unidades os mesmos sejam submetidos Positiva (bacilos e globias ou com raros bacilos) ou negativa Dimor‐
novamente ao exame dermatoneurológico criterioso, à coleta de fa (HD) Multibacilar (MB)
material (baciloscopia ou histopatologia cutânea ou de nervo pe‐ Mais de 5 lesões
riférico sensitivo), a exames eletrofisiológicos e/ou outros mais Eritema e infiltração difusos, placas eritematosas de pele, infil‐
complexos, para identificar comprometimento cutâneo ou neural tradas e de bordas mal definidas, tubérculos e nódulos, madarose,
discreto e para diagnóstico diferencial com outras neuropatias pe‐ lesões das mucosas, com alteração de sensibilidade. ositiva (bacilos
riféricas. abundantes e globias) Virchowiana (HV) ultibacilar (MB)
Em crianças, o diagnóstico da hanseníase exige exame crite‐ Mais de 5 lesões
rioso, diante da dificuldade de aplicação e interpretação dos testes
de sensibilidade. Nesse caso, recomenda-se utilizar o “Protocolo

138
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Avaliação do grau de incapacidade e da função neural - confirmar o diagnóstico de hanseníase e fazer a classificação
É imprescindível avaliar a integridade da função neural e o grau operacional;
de incapacidade física no momento do diagnóstico do caso de han‐ - diferenciar o tipo de reação hansênica;
seníase e do estado reacional. Para determinar o grau de incapa‐ - investigar fatores predisponentes (infecções, infestações, dis‐
cidade física, deve-se realizar o teste da sensibilidade dos olhos, túrbios hormonais, fatores emocionais e outros).
mãos e pés. É recomendada a utilização do conjunto de monofila‐
mentos de Semmes - Weinstein (6 monofilamentos: 0.05g, 0.2g, 2g, O diagnóstico dos estados reacionais é realizado através do
4g, 10g e 300g), nos pontos de avaliação de sensibilidade em mãos exame físico geral e dermatoneurológico do paciente. Tais proce‐
e pés, e do fio dental (sem sabor) para os olhos. dimentos são também fundamentais para o monitoramento do
Considera-se, grau 1 de incapacidade, ausência de resposta ao comprometimento de nervos periféricos e avaliação da terapêuti‐
filamento igual ou mais pesado que o de 2g (cor violeta). O for‐ ca antirreacional. A identificação dos mesmos não contraindica o
mulário para avaliação do grau de incapacidade física (Anexo III da início do tratamento (PQT/OMS). Se os estados reacionais apare‐
Portaria SVS/SAS/MS nº 125, de 26 de março de 2009), deverá ser cerem durante o tratamento, esse não deve ser interrompido, mes‐
preenchido conforme critérios expressos no Quadro 2. mo porque reduz significativamente a frequência e a gravidade dos
mesmos. Se forem observados após o tratamento específico para a
Quadro 2. Critérios de avaliação do grau de incapacidade e da hanseníase, não é necessário reiniciá-lo e sim iniciar a terapêutica
função neural antirreacional.

Grau Características Quadro 4. Síntese das reações hansênicas (tipo 1 e 2) em re-


0 Nenhum problema com os olhos, mãos e pés devido à han‐ lação à classificação operacional da hanseníase: casos paucibaci-
seníase. lares e multibacilares.
1 Diminuição ou perda da sensibilidade nos olhos, diminuição Episódios reacionais Tipo 1
ou perda da sensibilidade nas mãos e ou pés Reação reversa Tipo 2
2 Olhos: lagoftalmo e/ou ectrópio; triquíase; opacidade cor‐ Eritema nodoso hansênico (ENH)
neana central; acuidade visual menor que 0,1 ou não conta dedos Formas clínicas Paucibacilar Multibacilar
a 6m de distância. Início Antes do tratamento PQT ou nos primeiros 6 meses do
Mãos: lesões tróficas e/ou lesões traumáticas; garras; reabsor‐ tratamento. Pode ser a primeira manifestação com PQT. Pode ser a
ção; mão caída. primeira manifestação da doença. Pode ocorrer durante ou após o
Pés: lesões tróficas e/ou traumáticas; garras; reabsorção; pé tratamento da doença.
caído; contratura do tornozelo. Causa Processo de hiperatividade imunológica, em resposta ao
antígeno (bacilo ou fragmento bacilar). Processo de hiperatividade
Para verificar a integridade da função neural recomenda-se imunológica, em resposta ao antígeno (bacilo ou fragmento baci‐
a utilização do formulário de Avaliação Neurológica Simplifica‐ lar).
da (Anexo IV da Portaria SVS/SAS/MS nº 125, de 26 de março de Manifestações clínicas - Aparecimento de novas lesões que po‐
2009). Para avaliação da força motora, preconiza-se o teste manual dem ser eritemato-infiltradas (aspecto erisipilóide).
da exploração da força muscular, a partir da unidade músculo-ten‐ - Reagudização de lesões antigas.
dinosa durante o movimento e da capacidade de oposição à força - Dor espontânea nos nervos periféricos.
da gravidade e à resistência manual, em cada grupo muscular re‐ - Aumento ou aparecimento de áreas hipo ou anestésicas. - As
ferente a um nervo específico. Os critérios de graduação da força lesões preexistentes permanecem inalteradas.
muscular podem ser expressos como forte, diminuída e paralisada - Há aparecimento brusco de nódulos eritematosos, dolorosos
ou de zero a cinco, conforme o Quadro 3. à palpação ou até mesmo espontaneamente que podem evoluir
para vesículas, pústulas, bolhas ou úlceras.
Reações Hansênicas
Os estados reacionais ou reações hansênicas são alterações do Comprometimento sistêmico Não é frequente. É frequente.
sistema imunológico, que se exteriorizam como manifestações in‐ Apresenta febre, astenia, mialgias, náuseas (estado toxêmico) e
flamatórias agudas e subagudas, que podem ocorrer mais frequen‐ dor articular.
temente nos casos MB (Quadro 4). Elas podem ocorrer antes (às Fatores associados - Edema de mãos e pés.
vezes, levando à suspeição diagnóstica de hanseníase), durante ou - Aparecimento brusco de mão em garra e pé caído. - Edema
depois do tratamento com Poliquimioterapia (PQT): de extremidades.
- Reação Tipo 1 ou reação reversa (RR) – caracteriza-se pelo - Irite, epistaxes, orquite, linfadenite.
aparecimento de novas lesões dermatológicas (manchas ou pla‐ - Neurite. Comprometimento gradual dos troncos nervosos.
cas), infiltração, alterações de cor e edema nas lesões antigas, com
ou sem espessamento e dor de nervos periféricos (neurite). Hematologia Pode haver leucocitose. - Leucocitose, com des‐
- Reação Tipo 2, cuja manifestação clínica mais frequente é o vio à esquerda, e aumento de imunoglobinas.
eritema nodoso hansênico (ENH) – caracteriza-se por apresentar - Anemia.
nódulos subcutâneos dolorosos, acompanhados ou não de febre,
dores articulares e mal-estar generalizado, com ou sem espessa‐ Evolução - Lenta.
mento e dor de nervos periféricos (neurite). - Podem ocorrer sequelas neurológicas e complicações, como
Os estdos reacionais são a principal causa de lesões dos nervos abcesso do nervo. - Rápida.
e de incapacidades provocadas pela hanseníase. Portanto, é impor‐ - O aspecto necrótico pode ser contínuo, durar meses e apre‐
tante que o diagnóstico das reações seja feito precocemente, para sentar complicações graves.
se dar início imediato ao tratamento, visando prevenir essas inca‐
pacidades. Frente à suspeita de reação hansênica, recomenda-se:

139
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Tratamento poliquimioterápico – PQT/OMS Quadro 6. Esquemas terapêuticos utilizados para Paucibaci-
O tratamento é eminentemente ambulatorial. Nos serviços bá‐ lar: 6 cartelas
sicos de saúde, administra-se uma associação de medicamentos, a
poliquimioterapia (PQT/OMS). A PQT/OMS mata o bacilo e evita a Adulto
evolução da doença, prevenindo as incapacidades e deformidades
por ela causadas, levando à cura. O bacilo morto é incapaz de infec‐ Rifampicina (RFM): dose mensal de
tar outras pessoas, rompendo a cadeia epidemiológica da doença. 600mg (2 cápsulas de 300mg), com
Assim sendo, logo no início do tratamento a transmissão da doença administração supervisionada.
é interrompida e, se realizado de forma completa e correta, garan‐ Dapsona (DDS): dose mensal de Criança
te a cura da doença. A PQT/OMS é constituída pelo conjunto dos 100mg, supervisionada, e dose
seguintes medicamentos: rifampicina, dapsona e clofazimina, com diária de 100mg, autoadministrada.
administração associada. Essa associação evita a resistência medi‐
camentosa do bacilo que ocorre, com frequência, quando se utiliza Rifampicina (RFM): dose mensal de
apenas um medicamento, impossibilitando a cura da doença. É ad‐ 450mg (1 cápsula de 150mg e 1 cáp‐
ministrada através de esquema padrão, de acordo com a classifica‐ sula de 300mg), com administração
ção operacional do doente em paucibacilar e multibacilar. supervisionada.
Dapsona (DDS): dose mensal de
A informação sobre a classificação do doente é fundamental 50mg, supervisionada, e dose diária
para se selecionar o esquema de tratamento adequado ao seu de 50mg, autoadministrada
caso. Para crianças com hanseníase, a dose dos medicamentos
do esquema padrão é ajustada de acordo com a idade e peso. Já Duração: 6 doses.
no caso de pessoas com intolerância a um dos medicamentos do Seguimento dos casos: comparecimento mensal para dose su‐
esquema padrão, são indicados esquemas alternativos. A alta por pervisionada.
cura é dada após a administração do número de doses preconizado Critério de alta: o tratamento estará concluído com 6 doses
pelo esquema terapêutico, dentro do prazo recomendado. O trata‐ supervisionadas, em até 9 meses. Na 6ª dose, os pacientes deve‐
mento da hanseníase é ambulatorial, utilizando os esquemas tera‐ rão ser submetidos ao exame dermatológico, avaliação neurológica
pêuticos padronizados (Quadro 5). simplificada e do grau de incapacidade física e receber alta por cura.

Quadro 5. Esquemas terapêuticos padronizados Quadro 7. Esquemas terapêuticos utilizados para Multibaci-
lar: 12 cartelas
Faixa Adulto Rifampicina (RFM): dose mensal de 600mg (2 cápsulas
de 300mg), com administração supervisionada.
Cartela PB Dapsona (DDS): dose mensal de 100mg, supervisionada, e uma
Cartela MB Adulto dose diária de 100mg, autoadministrada.
Clofazimina (CFZ): dose mensal de 300mg (3 cápsulas de
Rifampicina (RFM): cápsula de 300mg
100mg), com administração supervisionada, e uma dose diária de
(2)
50mg, autoadministrada.
Rifampicina (RFM): cápsula de 300mg Criança
(2) Dapsona (DDS): comprimido de Criança Rifampicina (RFM): dose mensal de 450mg (1 cápsula
100mg (28) Dapsona (DDS): comprim‐ de 150mg e 1 cápsula de 300 mg), com administração supervisio‐
ido de 100mg (28) - Clofazimina (CFZ): nada.
cápsula de 100mg (3) e cápsula de Dapsona (DDS): dose mensal de 50mg, supervisionada, e uma
50mg (27) dose diária de 50mg, autoadministrada.
Rifampicina (RFM): cápsula de 150mg Clofazimina (CFZ): dose mensal de 150mg (3 cápsulas de
(1) e cápsula de 300mg (1) Dapsona 50mg), com administração supervisionada, e uma dose de 50mg,
(DDS): comprimido de 50mg (28) autoadministrada, em dias alternados.

Rifampicina (RFM): cápsula de 150mg Duração: 12 doses.


(1) e cápsula de 300mg Dapsona (DDS): Seguimento dos casos: comparecimento mensal para dose su‐
comprimido de 50mg (28) - Clofazimina pervisionada.
(CFZ): cápsula de 50mg (16) Critério de alta: o tratamento estará concluído com 12 doses su‐
pervisionadas, em até 18 meses. Na 12ª dose, os pacientes deverão ser
Nota: a gravidez e o aleitamento não contraindicam o trata‐ submetidos ao exame dermatológico, avaliação neurológica simplifica‐
mento PQT. da e do grau de incapacidade física, e receber alta por cura.

Esquemas terapêuticos Os pacientes MB que não apresentarem melhora clínica, ao fi‐


Os esquemas terapêuticos deverão ser utilizados de acordo nal do tratamento preconizado de 12 doses (cartelas), deverão ser
com a classificação operacional (Quadros 6 e 7). encaminhados para avaliação nas unidades de maior complexida‐
de, para verificar a necessidade de um segundo ciclo de tratamen‐
to, com 12 doses.

Notas: Em crianças ou adulto com peso inferior a 30kg, ajustar


a dose de acordo com o peso conforme as orientações do Quadro
8.

140
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Quadro 8. Esquemas terapêuticos utilizados para crianças ou Efeitos colaterais da clofazimina
adultos com peso inferior a 30kg Cutâneos – ressecamento da pele, que pode evoluir para ic‐
Dose mensal Dose diária tiose, alteração na coloração da pele e suor. Nas pessoas de pele
Rifampicina (RFM)- 10 a 20mg/kg escura, a cor pode se acentuar; nas pessoas claras, a pele pode ficar
Dapsona (DDS) – 1,5mg/kg Dapsona (DDS) – 1,5mg/kg com uma coloração avermelhada ou adquirir um tom acinzentado,
Clofazimina (CFZ) – 5mg/kg Clofazimina (CFZ) – 1mg/kg devido à impregnação e ao ressecamento. Esses efeitos ocorrem
mais acentuadamente nas lesões hansênicas e regridem, muito len‐
- Nos casos de hanseníase neural pura, o tratamento com PQT tamente, após a suspensão do medicamento.
dependerá da classificação (PB ou MB), conforme avaliação do Gastrointestinais – diminuição da peristalse e dor abdominal,
centro de referência; além disso, faz-se o tratamento adequado devido ao depósito de cristais de clofazimina nas submucosas e lin‐
do dano neural. Os pacientes deverão ser orientados para retorno fonodos intestinais, resultando na inflamação da porção terminal
imediato à unidade de saúde, em caso de aparecimento de lesões do intestino delgado. Esses efeitos poderão ser encontrados, com
de pele e/ou de dores nos trajetos dos nervos periféricos e/ou pio‐ maior frequência, na utilização de doses de 300mg/dia por perío‐
ra da função sensitiva e/ou motora, mesmo após a alta por cura. dos prolongados, superiores a 90 dias.
- Em mulheres na idade reprodutiva, deve-se atentar ao fato
que a rifampicina pode interagir com anticoncepcionais orais, dimi‐ Efeitos colaterais da dapsona
nuindo a sua ação. Cutâneos – síndrome de Stevens-Johnson, dermatite esfoliati‐
va ou eritrodermia.
Efeitos colaterais dos medicamentos e condutas Hepáticos – icterícias, náuseas e vômitos.
Os medicamentos em geral, aqueles utilizados na poliquimio‐ Hemolíticos – tremores, febre, náuseas, cefaleia, às vezes cho‐
terapia e no tratamento dos estados reacionais, também podem que, podendo também ocorrer icterícia leve, metaemoglobinemia,
provocar efeitos colaterais. No entanto, os trabalhos bem contro‐ cianose, dispneia, taquicardia, fadiga, desmaios, anorexia e vômi‐
lados, publicados na literatura disponível, permitem afirmar que o tos.
tratamento PQT/OMS raramente precisa ser interrompido em vir‐ Outros efeitos colaterais raros podem ocorrer, tais como insô‐
tude de efeitos colaterais. nia e neuropatia motora periférica.
A equipe da unidade básica precisa estar sempre atenta para
essas situações, devendo, na maioria das vezes, encaminhar a pes‐ Efeitos colaterais dos medicamentos utilizados nos episódios
soa à unidade de referência para receber o tratamento adequado. reacionais
A seguir, são apresentados os possíveis efeitos colaterais dos
medicamentos utilizados na PQT/OMS e no tratamento dos esta‐ Efeitos colaterais da talidomida
dos reacionais, bem como as principais condutas a serem adotadas - Teratogenicidade;
para combatê-los. O diagnóstico desses efeitos colaterais é funda‐ - sonolência, edema unilateral de membros inferiores, consti‐
mentalmente baseado nos sinais e sintomas por eles provocados. pação intestinal, secura de mucosas e, mais raramente, linfopenia;
- neuropatia periférica, não comum no Brasil, pode ocorrer em
Efeitos colaterais da rifampicina doses acumuladas acima de 40g, sendo mais frequente em pacien‐
Cutâneos – rubor de face e pescoço, prurido e rash cutâneo tes acima de 65 anos de idade.
generalizado.
Gastrointestinais – diminuição do apetite e náuseas. Ocasio‐ Efeitos colaterais dos corticosteroides
nalmente, podem ocorrer vômitos, diarreias e dor abdominal leve. - Hipertensão arterial;
Hepáticos – mal-estar, perda do apetite, náuseas, podendo - disseminação de infestação por Strongyloides stercoralis;
ocorrer também icterícia. São descritos dois tipos de icterícias: a - disseminação de tuberculose pulmonar;
leve ou transitória e a grave, com danos hepáticos importantes. A - distúrbios metabólicos: redução de sódio e potássio, aumen‐
medicação deve ser suspensa e o paciente encaminhado à unidade to das taxas de glicose no sangue, alteração no metabolismo do
de referência se as transaminases e/ou bilirrubinas aumentarem cálcio, levando à osteoporose e à síndrome de Cushing;
mais de duas vezes o valor normal. - gastrointestinais: gastrite e úlcera péptica;
Hematopoéticos – trombocitopenia, púrpuras ou sangramen‐ - outros efeitos: agravamento de infecções latentes, acne cor‐
tos anormais, como epistaxes. Podem também ocorrer hemorra‐ tisônica e psicoses.
gias gengivais e uterinas. Nesses casos, o paciente deve ser encami‐ Condutas gerais em relação aos efeitos colaterais dos medi-
nhado ao hospital. camentos
Anemia hemolítica – tremores, febre, náuseas, cefaleia e, às A equipe de saúde deve estar sempre atenta para a possibilida‐
vezes, choque, podendo também ocorrer icterícia leve. Raramente de de ocorrência de efeitos colaterais dos medicamentos utilizados
ocorre uma síndrome “pseudogripal”, quando o paciente apresen‐ na PQT e no tratamento dos estados reacionais, devendo realizar
ta: febre, calafrios, astenia, mialgias, cefaleia, dores ósseas. Esse imediatamente a conduta adequada.
quadro pode evoluir com eosinofilia, nefrite intersticial, necrose
tubular aguda, trombocitopenia, anemia hemolítica e choque. Esta Condutas no caso de náuseas e vômitos incontroláveis
síndrome, muito rara, se manifesta a partir da 2ª ou 4ª dose super‐ - Suspender o tratamento;
visionada, devido à hipersensibilidade por formação de anticorpos - encaminhar o paciente para a unidade de referência;
anti-rifampicina, quando o medicamento é utilizado em dose inter‐ - solicitar exames complementares, para realizar diagnóstico
mitente. diferencial com outras causas;
A coloração avermelhada da urina não deve ser confundida - investigar e informar à unidade de referência se os efeitos
com hematúria. A secreção pulmonar avermelhada não deve ser ocorrem após a ingestão da dose supervisionada de rifampicina, ou
confundida com escarros hemoptóicos. A pigmentação conjuntival após as doses autoadministradas de dapsona.
não deve ser confundida com icterícia.

141
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Condutas no caso de icterícia Tratamento de reações hansênicas
- Suspender o tratamento se houver alteração das provas de Para o tratamento das reações hansênicas é imprescindível:
função hepática, com valores superiores a duas vezes os normais; - diferenciar o tipo de reação hansênica;
- encaminhar o paciente à unidade de referência; - avaliar a extensão do comprometimento de nervos periféri‐
- fazer a avaliação da história pregressa: alcoolismo, hepatite e cos, órgãos e outros sistemas;
outras doenças hepáticas; - investigar e controlar fatores potencialmente capazes de de‐
- solicitar exames complementares necessários para realizar sencadear os estados reacionais;
diagnóstico diferencial; - conhecer as contraindicações e os efeitos adversos dos me‐
- investigar se a ocorrência deste efeito está relacionada com a dicamentos utilizados no tratamento da hanseníase e em seus es‐
dose supervisionada de rifampicina ou com as doses autoadminis‐ tados reacionais;
tradas de dapsona. - instituir, precocemente, a terapêutica medicamentosa e me‐
didas coadjuvantes adequadas visando a prevenção de incapacida‐
Condutas no caso de anemia hemolítica des;
- Suspender o tratamento; - encaminhar os casos graves para internação hospitalar.
- encaminhar o paciente à unidade de referência ou ao hema‐
tologista para avaliação e conduta; Atenção: A ocorrência de reações hansênicas não contraindica
- investigar se a ocorrência desse efeito está relacionada com a o início da PQT/OMS, não implica na sua interrupção e não é in‐
dose supervisionada de rifampicina ou com as doses autoadminis‐ dicação de reinício da PQT, se o paciente já houver concluído seu
tradas de dapsona. tratamento.

Condutas no caso de metaemoglobinemia As reações com ou sem neurites devem ser diagnosticadas por
Leve – suspender o medicamento e encaminhar o paciente meio da investigação cuidadosa dos sinais e sintomas específicos,
para unidade de referência; observar, pois geralmente ela desapa‐ valorização das queixas e exame físico geral, com ênfase na ava‐
rece, gradualmente, com a suspensão do medicamento; liação dermatológica e neurológica simplificada. Essas ocorrências
Grave – encaminhar para internação hospitalar. deverão ser consideradas como situações de urgência e encami‐
nhadas às unidades de maior complexidade para tratamento nas
Condutas no caso de síndrome pseudogripal primeiras 24 horas.
- Suspender a rifampicina imediatamente, encaminhar o pa‐ Nas situações onde há dificuldade de encaminhamento ime‐
ciente para unidade de referência e avaliar a gravidade do quadro; diato, os seguintes procedimentos deverão ser aplicados até a ava‐
- nos quadros leves, administrar anti-histamínico, antitérmico liação:
e deixar o paciente sob observação por, pelo menos, 6 horas; - orientar repouso do membro afetado, em caso de suspeita
- nos casos moderados e graves, encaminhar o paciente à uni‐ de neurite;
dade de referência para administrar corticosteróides (hidrocortiso‐ - iniciar prednisona na dose de 1 a 2mg/kg peso/dia, devendo‐
na, 500mg/250ml de soro fisiológico – 30 gotas/minuto, via intrave‐ -se tomar as seguintes precauções para a sua utilização: garantia de
nosa) e, em seguida, (prednisona via oral, com redução progressiva acompanhamento médico, registro do peso, da pressão arterial, da
da dose até a retirada completa. taxa de glicose no sangue, tratamentos profiláticos da estrongiloi‐
díase e da osteoporose.
Condutas no caso de efeitos cutâneos provocados pela clo-
fazimina O acompanhamento dos casos com reação deverá ser reali‐
Prescrever a aplicação diária de óleo mineral ou creme de zado por profissionais com maior experiência ou por unidades de
ureia, após o banho, e orientar para evitar a exposição solar, a fim maior complexidade. Para o encaminhamento, deverá ser utilizada
de minimizar esses efeitos. a ficha de referência/c,*ontrarreferência padronizada pelo municí‐
pio, contendo todas as informações necessárias, incluindo a data
Condutas no caso de farmacodermia leve até síndrome de do início do tratamento, esquema terapêutico, número de doses
Stevens-Johnson, dermatite esfoliativa ou eritrodermia provoca- administradas e o tempo de tratamento.
dos pela dapsona O tratamento dos estados reacionais é geralmente ambulato‐
Interromper definitivamente o tratamento com a dapsona e rial e deve ser prescrito e supervisionado por um médico.
encaminhar o paciente à unidade de referência.
Condutas no caso de efeitos colaterais provocados pelos cor- Reação Tipo 1 ou reação reversa (RR)
ticosteroides - Iniciar prednisona na dose de 1 a 2 mg/kg/dia, conforme ava‐
- Observar as precauções ao uso de corticosteróides; liação clínica;
- encaminhar imediatamente à unidade de referência. - manter a poliquimioterapia, se o doente ainda estiver em tra‐
tamento específico;
Ao referenciar a pessoa em tratamento para outro serviço, en‐ - imobilizar o membro afetado com tala gessada, em caso de
viar, por escrito, todas as informações disponíveis: quadro clínico, neurite associada;
tratamento PQT, resultados de exames laboratoriais (baciloscopia - monitorar a função neural sensitiva e motora;
e outros), número de doses tomadas, se apresentou episódios rea‐ - reduzir a dose de corticóide, conforme resposta terapêutica;
cionais, qual o tipo, se apresentou ou apresenta efeito colateral à - programar e realizar ações de prevenção de incapacidades.
alguma medicação, causa provável do quadro, entre outras.
Na utilização da prednisona, devem ser tomadas algumas pre‐
Esquemas terapêuticos alternativos cauções:
A substituição do esquema padrão por esquemas alternativos - registro do peso, da pressão arterial e da taxa de glicose no
deverá acontecer, quando necessária, sob orientação de serviços sangue para controle;
de saúde de maior complexidade.

142
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- fazer o tratamento antiparasitário com medicamento espe‐ tivas próximas. O paciente deverá ser encaminhado para avaliação
cífico para Strongiloydes stercoralis, prevenindo a disseminação em unidade de referência de maior complexidade, para descom‐
sistêmica desse parasita (Tiabendazol 50mg/kg/dia, em 3 tomadas, pressão neural cirúrgica, de acordo com as seguintes indicações:
por 2 dias, ou 1,5g/dose única; ou Albendazol, na dose de 400mg/ - abscesso de nervo;
dia, durante 3 dias consecutivos). - neurite que não responde ao tratamento clínico padronizado,
- a profilaxia da osteoporose deve ser feita com Cálcio 1.000mg/ em 4 semanas;
dia, Vitamina D 400-800UI/dia ou Bifosfonatos (por exemplo, Alen‐ - neurites subintrantes;
dronato 10 mg/dia, administrado com água, pela manhã, em je‐ - neurite do nervo tibial após avaliação, por ser, geralmente,
jum). silenciosa e, nem sempre, responder bem ao corticóide. A cirurgia
pode auxiliar na prevenção da ocorrência de úlceras plantares.
Recomenda-se que o desjejum ou outra alimentação matinal
ocorra, no mínimo, 30 minutos após a ingestão do comprimido da Dor neural não controlada e/ou crônica – a dor neuropática
alendronato). (neuralgia) pode ocorrer durante o processo inflamatório, associa‐
do ou não à compressão neural, ou por sequela da neurite, deven‐
Reação Tipo 2 ou eritema nodoso hansênico (ENH) do ser contemplada no tratamento da neuropatia. Pacientes com
A talidomida é a droga de escolha na dose de 100 a 400mg/dia, dores persistentes, com quadro sensitivo e motor normal ou sem
conforme a intensidade do quadro (para mulheres em idade fértil, piora, devem ser encaminhados aos centros de referência para o
observar a Lei nº 10.651, de 16 de abril de 2003, que dispõe sobre o tratamento adequado.
uso da talidomida). Na impossibilidade do seu uso, prescrever pred‐ - Para pacientes com quadro neurológico de difícil controle, as
nisona, na dose 1 a 2mg/kg/dia: unidades de referência poderão também adotar protocolo clínico
- manter a poliquimioterapia, se o doente ainda estiver em tra‐ de pulsoterapia com metilprednisolona endovenosa, na dose de 1g
tamento específico; por dia, até melhora acentuada dos sinais e sintomas, até o máximo
- introduzir corticosteróide em caso de comprometimento de 3 pulsos seguidos, em ambiente hospitalar, por profissional ex‐
neural, segundo o esquema já referido; periente, quando será substituída por prednisona via oral.
- imobilizar o membro afetado em caso de neurite associada; - Para pacientes com dor persistente e quadro sensitivo e mo‐
- monitorar a função neural sensitiva e motora; tor normal ou sem piora, poderão ser utilizados antidepressivos tri‐
- reduzir a dose da talidomida e/ou do corticóide, conforme cíclicos (Amitriptilina, Nortriptilina, Imipramina, Clomipramina) ou
resposta terapêutica; fenotiazínicos (Clorpromazina, Levomepromazina) ou anticonvulsi‐
- programar e realizar ações de prevenção de incapacidades. vantes (Carbamazepina, Oxicarbamazepina, Gabapentina, Topira‐
mato).
Outras indicações da corticoterapia para reação tipo 2 (ENH)
- mulheres grávidas e sob risco de engravidar: irite ou iridoci‐ Seguimento de casos
clite; orquiepididimite; Os pacientes devem ser agendados para retorno a cada 28
- mãos e pés reacionais: glomerulonefrite; eritema nodoso ne‐ dias. Nessas consultas, eles tomam a dose supervisionada no servi‐
crotizante; vasculites; ço de saúde e recebem a cartela com os medicamentos das doses
- artrite: contraindicações da talidomida. a serem autoadministradas em domicílio. Essa oportunidade deve
ser aproveitada para avaliação do paciente, esclarecimento de dú‐
Conduta nos casos de reação crônica ou subintrante – a rea‐ vidas e orientações. Além disso, deve-se reforçar a importância do
ção subintrante é a reação intermitente, cujos surtos são tão fre‐ exame dos contatos e agendar o exame clínico e a vacinação dos
quentes que, antes de terminado um, surge o outro. Esses casos contatos.
respondem ao tratamento com corticosteróides e/ou talidomida, O cartão de agendamento deve ser usado para registro da data
mas, tão logo de retorno à unidade de saúde e para o controle da adesão ao tra‐
a dose seja reduzida ou retirada, a fase aguda recrudesce. Nes‐ tamento. Os pacientes que não comparecerem à dose supervisio‐
ses casos recomenda-se: nada deverão ser visitados, no máximo, em 30 dias, nos seus domi‐
- observar a coexistência de fatores desencadeantes, como pa‐ cílios, com o objetivo de manter o tratamento e evitar o abandono.
rasitose intestinal, infecções concomitantes, cárie dentária, estres‐ No retorno para tomar a dose supervisionada, o paciente deve
se emocional; ser submetido à revisão sistemática por médico responsável pelo
- utilizar a clofazimina, associada ao corticosteróide, no seguin‐ monitoramento clínico e terapêutico. Essa medida visa identificar
te esquema: clofazimina em dose inicial de 300mg/dia por 30 dias, reações hansênicas, efeitos adversos aos medicamentos e dano
200mg/dia por mais 30 dias e 100mg/dia por mais 30 dias. neural. Em caso de reações ou outras intercorrências, os pacientes
devem ser examinados em intervalos menores.
Esquema terapêutico alternativo para reação tipo 2 – utilizar a Técnicas de autocuidados devem fazer parte das orientações
pentoxifilina. na dose de 1.200mg/dia, dividida em doses de 400mg de rotina do atendimento mensal, sendo recomendada a organiza‐
de 8/8 horas, associada ou não ao corticóide. Pode ser uma opção ção de grupos de pacientes e familiares ou outras pessoas de sua
para os casos onde a talidomida for contraindicada, como em mu‐ convivência, que possam apoiá-los na execução dos procedimentos
lheres em idade fértil. A pentoxifilina pode beneficiar os quadros recomendados.
com predomínio de vasculites. A prática das técnicas de autocuidado deve ser avaliada siste‐
Reduzir a dose conforme resposta terapêutica, após pelo me‐ maticamente, para evitar piora do dano neural por execução inade‐
nos 30 dias, observando a regressão dos sinais e sintomas gerais e quada. Em todas as situações, o esforço realizado pelos pacientes
dermatoneurológicos. deve ser valorizado para estimular a continuidade das práticas de
Tratamento cirúrgico das neurites – este tratamento é indica‐ autocuidado. Os efeitos adversos às medicações que compõem a
do depois de esgotados todos os recursos clínicos para reduzir a PQT não são frequentes, que, em geral, são bem toleradas. Mais
compressão do nervo periférico por estruturas anatômicas constri‐ de 25 milhões de pessoas já utilizaram a PQT, nos últimos 25 anos.

143
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Nos casos suspeitos de efeitos adversos às drogas da PQT, de‐ Hanseníase e outras doenças – em casos de associação da han‐
ve-se suspender temporariamente o esquema terapêutico, com seníase com doenças hepáticas, renais ou hematológicas, a escolha
imediato encaminhamento do paciente para avaliação em unida‐ do melhor esquema terapêutico para tratar a hanseníase deverá
des de saúde de média ou alta complexidade, que contarão com o ser discutida com especialistas das referidas áreas.
apoio de exames laboratoriais complementares e que farão a pres‐
crição da conduta adequada. Casos de hanseníase que apresentem Prevenção e tratamento de incapacidades físicas
outras doenças associadas (AIDS, tuberculose, nefropatias, hepato‐ A principal forma de prevenir a instalação de deficiências e in‐
patias, endocrinopatias), se necessário, devem ser encaminhados capacidades físicas é o diagnóstico precoce. A prevenção de defi‐
às unidades de saúde de maior complexidade para avaliação. ciências (temporárias) e incapacidades (permanentes) não deve ser
dissociada do tratamento PQT. As ações de prevenção de incapaci‐
Critérios de alta por cura dades e deficiências fazem parte da rotina dos serviços de saúde e
O encerramento da poliquimioterapia deve ser estabelecido recomendadas para todos os pacientes.
segundo os critérios de regularidade ao tratamento: número de A avaliação neurológica deve ser realizada:
doses e tempo de tratamento, de acordo com cada esquema men‐ - no início do tratamento;
cionado anteriormente, sempre com avaliação neurológica simplifi‐ - a cada 3 meses durante o tratamento, se não houver queixas;
cada, avaliação do grau de incapacidade física e orientação para os - sempre que houver queixas, tais como: dor em trajeto de ner‐
cuidados após a alta. Situações a serem observadas: vos, fraqueza muscular, início ou piora de queixas parestésicas;
Condutas para pacientes irregulares – os pacientes que não - no controle periódico de pacientes em uso de corticóides, em
completaram o tratamento preconizado PB (6 doses, em até 9 me‐ estados reacionais e neurites;
ses) e MB (12 doses, em até 18 meses) deverão ser avaliados quan‐ - na alta do tratamento;
to à necessidade de reinício ou possibilidade de aproveitamento - no acompanhamento pós-operatório de descompressão neu‐
de doses anteriores, visando a finalização do tratamento dentro do ral, com 15, 45, 90 e 180 dias.
prazo preconizado.
Condutas para indicação de outro ciclo de tratamento em pa‐ Autocuidados
cientes MB – para o paciente MB sem melhora clínica ao final das A prevenção das incapacidades físicas é realizada através de
12 doses PQT/OMS, a indicação de um segundo ciclo de 12 doses de técnicas simples e de orientação ao paciente para a prática regular de
tratamento deverá ser baseada na associação de sinais de atividade autocuidado. Técnicas simples são procedimentos a serem aplicados
da doença, mediante exame clínico e correlação laboratorial (baci‐ e ensinados ao paciente pelas unidades básicas de saúde, durante o
loscopia e, se indicada, histopatologia), em unidades de referência. acompanhamento do caso e após a alta, com o propósito de prevenir
Hanseníase e gestação – em que pese a recomendação de se incapacidades e deformidades físicas decorrentes da hanseníase. Au‐
restringir a ingestão de drogas no primeiro trimestre da gravidez, os tocuidados são procedimentos que o próprio paciente, devidamente
esquemas PQT/OMS, para tratamento da hanseníase, têm sua uti‐ orientado, deverá realizar regularmente no seu domicílio.
lização recomendada. Contudo, mulheres com diagnóstico de han‐
seníase e não grávidas devem receber aconselhamento para pla‐ Indicação de cirurgia de reabilitação
nejar a gestação após a finalização do tratamento de hanseníase. O paciente com incapacidade instalada, apresentando mão
As alterações hormonais da gravidez causam diminuição da em garra, pé caído e lagoftalmo, bem como outras incapacidades,
imunidade celular, fundamental na defesa contra o M. leprae. Por‐ tais como madarose superciliar, desabamento da pirâmide nasal,
tanto, é comum que os primeiros sinais de hanseníase, em uma queda do lóbulo da orelha, atrofia cutânea da face, deverão ser en‐
pessoa já infectada, apareçam durante a gravidez e no puerpério, caminhados para avaliação e indicação de cirurgia de reabilitação
quando também podem ocorrer os estados reacionais e os episó‐ em centros de referência de alta complexidade, de acordo com os
dios de recidivas. A gestação, nas mulheres portadoras de hansenía‐ seguintes critérios: ter completado o tratamento PQT e estar sem
se, tende a apresentar poucas complicações, exceto pela anemia, apresentar estados inflamatórios reacionais há, pelo menos, 1 ano.
comum em doenças crônicas. Os recém-nascidos, porém, podem
apresentar a pele hiperpigmentada pela clofazimina, ocorrendo a Situações pós-alta por cura
regressão gradual da pigmentação após a parada da PQT/OMS.
Hanseníase e tuberculose – para o paciente com tuberculose Reações pós-alta por cura
e hanseníase deve ser mantido o esquema terapêutico apropriado Pacientes que, no momento da alta por cura, apresentam rea‐
para a tuberculose (lembrando que, nesse caso, a dose de rifam‐ ções ou deficiências sensitivomotoras e/ou incapacidades deverão
picina, de 600mg, será administrada diariamente), acrescido dos ser monitorados. Os pacientes deverão ser orientados para retorno
medicamentos específicos para a hanseníase, nas doses e tempos imediato à unidade de saúde, em caso de aparecimento de novas
previstos no esquema padrão PQT/OMS: lesões de pele e/ou de dores nos trajetos dos nervos periféricos
- para os casos paucibacilares, acrescenta-se a dapsona; e/ou piora da função sensitiva e/ou motora. O acompanhamento
- para os casos multibacilares, acrescenta-se a dapsona e a clo‐ dos casos após a alta consiste no atendimento às possíveis inter‐
fazimina até o término do tratamento da tuberculose, quando de‐ corrências que possam ocorrer com as pessoas que já concluiram o
verá ser acrescida a rifampicina do esquema padrão da hanseníase; tratamento PQT/OMS.
- para os casos que não utilizam a rifampicina no tratamento da
As pessoas que apresentarem intercorrências após a alta de‐
tuberculose, por contraindicação dessa droga, utilizar o esquema
verão ser tratadas na unidade básica de saúde, por profissional de
substitutivo próprio para estes casos, na hanseníase;
saúde capacitado, ou em uma unidade de referência ambulatorial,
- para os casos que não utilizam a rifampicina no tratamento da
por médico treinado. Somente os casos graves, bem como os que
tuberculose por resistência do Mycobacterium tuberculosis a essa
apresentarem reações reversas graves deverão ser encaminhados
droga, utilizar o esquema padrão PQT/OMS da hanseníase.
para hospitalização.
É importante diferenciar um quadro de estado reacional de um
Hanseníase e infecção pelo HIV e/ou Aids – para o paciente
com infecção pelo HIV e/ou aids e hanseníase, deve ser mantido caso de recidiva. No caso de estados reacionais, a pessoa deverá re‐
o esquema PQT/OMS, de acordo com a classificação operacional. ceber tratamento antirreacional, sem reiniciar, porém, o tratamen‐

144
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
to PQT/OMS. No caso de suspeita de recidiva, o paciente deverá ser Frequente durante a PQT
encaminhado para um centro de referência para confirmação da e/ou menos frequente
recidiva e reinício do tratamento PQT/OMS. no período de 2 a 3
anos após término do
Recidiva tratamento.
Os casos de recidiva em hanseníase são raros em pacientes
tratados regularmente, com os esquemas poliquimioterápicos. Em geral, período
Geralmente, ocorrem em período superior a 5 anos após a cura. superior a 5 anos após Surgimento
É considerado um caso de recidiva aquele que completar com êxi‐ término da PQT.
to o tratamento PQT/OMS e que, depois, venha, eventualmente, Súbito e inesperado.
desenvolver novos sinais e sintomas da doença. A maior causa de
recidivas é o tratamento PQT/OMS inadequado ou incorreto. O tra‐ Lento e insidioso. Lesões antigas
tamento, portanto, deverá ser repetido integralmente, de acordo Algumas ou todas podem
com a classificação paucibacilar ou multibacilar. Deve haver a ad‐ se tornar eritematosas,
ministração regular dos medicamentos, pelo tempo estipulado no brilhantes, intumescidas
esquema. e infiltradas.
Nos paucibacilares, muitas vezes é difícil distinguir a recidiva
Geralmente
da reação reversa. No entanto, é fundamental que se faça a iden‐ Lesões recentes
imperceptíveis.
tificação correta da recidiva. Quando se confirmar uma recidiva,
após exame clínico e baciloscópico, a classificação do doente deve Em geral, múltiplas.
ser criteriosamente reexaminada para que se possa reiniciar o tra‐ Poucas. Ulceração
tamento PQT/OMS adequado. Nos multibacilares, a recidiva pode
manifestar-se como uma exacerbação clínica das lesões existentes Pode ocorrer.
e com o aparecimento de lesões novas. Quando se confirmar a re‐ Raramente ocorre. Regressão
cidiva, o tratamento PQT/OMS deve ser reiniciado.
No caso de recidiva, a suspensão da quimioterapia dar-se-á Presença de
quando a pessoa em tratamento tiver completado as doses preco‐ descamação.
nizadas, independente da situação clínica e baciloscópica, e signifi‐ Ausência de Comprometimento
ca, também, a saída do registro ativo, já que não mais será compu‐ descamação. neural
tada no coeficiente de prevalência.
Muitos nervos podem
ser rapidamente
Critérios clínicos para a suspeição de recidiva
envolvidos, ocorrendo
O diagnóstico diferencial entre reação e recidiva deverá ser
dor e alterações
baseado na associação de exames clínico e laboratoriais, especial‐
sensitivo-motoras.
mente, a baciloscopia, nos casos MB. Os casos que não responde‐
rem ao tratamento proposto para os estados reacionais deverão Poucos nervos podem
ser encaminhados a unidades de referência para confirmação de ser envolvidos, com Resposta a
recidiva. alterações sensitivo- medicamentos
Os critérios clínicos, para o diagnóstico de recidiva (Quadro 9), motoras de evolução antirreacionais.
segundo a classificação operacional são: mais lenta.
Paucibacilares (PB) – paciente que, após alta por cura, apre‐ Excelente.
sentar dor no trajeto de nervos, novas áreas com alterações de
sensibilidade, lesões novas e/ou exacerbação de lesões anteriores, Não pronunciada.
que não respondem ao tratamento com corticosteróide, por pelo
menos 90 dias. Apesar da eficácia comprovada dos esquemas PQT/OMS, a vi‐
Multibacilares (MB) – paciente que, após alta por cura, apre‐ gilância da resistência medicamentosa deve ser iniciada. Para tan‐
sentar: lesões cutâneas e/ou exacerbação de lesões antigas; novas to, as unidades de referência devem encaminhar coleta de material
alterações neurológicas, que não respondem ao tratamento com de casos de recidiva confirmada em multibacilares, aos centros na‐
talidomida e/ou corticosteróide nas doses e prazos recomendados; cionais de referência indicados para esse fim.
baciloscopia positiva; ou quadro clínico compatível com pacientes
virgens de tratamento. Tuberculose
A tuberculose - chamada antigamente de “peste cinzenta”, e
Quadro 9. Critérios clínicos para diagnóstico de recidiva conhecida também em português como tísica pulmonar ou “doença
do peito” - é uma das doenças infecciosas documentadas desde mais
longa data e que continua a afligir a Humanidade nos dias atuais. É
Características causada pelo Mycobacterium tuberculosis, também conhecido como
Reação bacilo-de-koch. Estima-se que a bactéria causadora tenha evoluído há
40.000 anos, a partir de outras bactérias do gênero Mycobacterium.
Período de
Recidiva A tuberculose é considerada uma doença socialmente deter‐
ocorrência
minada, pois sua ocorrência está diretamente associada à forma
como se organizam os processos de produção e de reprodução so‐
cial, assim como à implementação de políticas de controle da doen‐
ça. Os processos de produção e reprodução estão diretamente re‐
lacionados ao modo de viver e trabalhar do indivíduo.

145
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
A tuberculose pulmonar é a forma mais frequente e generaliza‐ de drogas injetáveis; infecção recente de tuberculose nos últimos 2
da da doença. Porém, o bacilo da tuberculose pode afetar também anos; raio-x do tórax que sugira a existência de tuberculose (lesões
outras áreas do nosso organismo, como, por exemplo, laringe, os fibróticas e nódulos); diabetes mellitus, silicose, terapia prolongada
ossos e as articulações, a pele (lúpus vulgar), os glânglios linfáticos com corticosteróides e outras terapias imuno-supressivas, câncer
(escrófulo), os intestinos, os rins e o sistema nervoso. A tuberculose na cabeça ou pescoço, doenças no sangue ou reticuloendoteliais
miliar consiste num alastramento da infeção a diversas partes do (leucemia e doença de Hodgkin), doença renal em estágio avan‐
organismo, por via sanguínea. Este tipo de tuberculose pode atin‐ çado, gastrectomia, síndromes de mal-absorção crônicas, ou baixo
gir as meninges (membranas que revestem a medula espinhal e o peso corporal (10% ou mais de peso abaixo do ideal).
encéfalo), causando infecções graves denominadas de “meningite
tuberculosa”. A tuberculose afeta principalmente os pulmões, (75% ou mais)
Em diversos países houve a ideia de que por volta de 2010 a e é chamada de tuberculose pulmonar. Os sintomas incluem tosse
doença estaria praticamente controlada e inexistente. No entan‐ prolongada com duração de mais de três semanas, dor no peito e
to, o advento do HIV e da AIDS mudaram drasticamente esta pers‐ hemoptise. Outros sintomas incluem febre, calafrios, suores notur‐
pectiva. No ano de 1993, em decorrência do número de casos da nos, perda de apetite e de peso, e cansaço fácil. A palavra consun‐
doença, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou estado ção (consumpção, em Portugal) surgiu porque os doentes pareciam
de emergência global e propôs o DOTS (Tratamento Diretamente ter sido “consumidos por dentro” pela doença. Outros locais do
Supervisionado) como estratégia para o controle da doença. corpo que são afetados incluem a pleura, o sistema nervoso cen‐
tral (meninges), o sistema linfático, o sistema genitourinário, ossos
Sintomas mais comuns: Entre seus sintomas, pode-se mencio‐ e articulações, ou pode ser disseminada pelo corpo (tuberculose
nar tosse com secreção, febre (mais comumente ao entardecer), miliar - assim chamada porque as lesões que se formam parecem
suores noturnos, falta de apetite, emagrecimento, cansaço fácil e pequenos grãos de milho). Estas são mais comuns em pessoas com
dores musculares. Dificuldade na respiração, eliminação de sangue supressão imunológica e em crianças. A tuberculose pulmonar tam‐
e acúmulo de pus na pleura pulmonar são característicos em casos bém pode evoluir a partir de uma tuberculose extrapulmonar.
mais graves. Resistência a medicamentos: A tuberculose resistente é trans‐
Contágio e evolução: A tuberculose se dissemina através de mitida da mesma forma que as formas sensíveis a medicamentos.
aerossóis no ar que são expelidas quando pessoas com tuberculose A resistência primária se desenvolve em pessoas infectadas ini‐
infecciosa tossem, espirram. Contactos próximos (pessoas que tem cialmente com microorganismos resistentes. A resistência secun‐
contato freqüente) têm alto risco de se infectarem. A transmissão dária (ou adquirida) surge quando a terapia contra a tuberculose é
ocorre somente a partir de pessoas com tuberculose infecciosa inadequada ou quando não se segue ou se interrompe o regime de
activa (e não de quem tem a doença latente). A probabilidade da tratamento prescrito.
transmissão depende do grau de infecção da pessoa com tubercu‐ Diagnóstico: Uma avaliação médica completa para a tuberculo‐
se ativa inclui um histórico médico, um exame físico, a baciloscopia
lose e da quantidade expelida, forma e duração da exposição ao
de escarro, uma radiografia do tórax e culturas microbiológicas. A
bacilo, e a virulência. A cadeia de transmissão pode ser interrom‐
prova tuberculínica (também conhecida como teste tuberculínico
pida isolando-se pacientes com a doença ativa e iniciando-se uma
ou teste de Mantoux) está indicada para o diagnóstico da infecção
terapia antituberculose eficaz.
latente, mas também auxilia no diagnóstico da doença em situa‐
Notificação: A tuberculose é uma doença de notificação obri‐
ções especiais, como no caso de crianças com suspeita de tubercu‐
gatória (compulsória), ou seja, qualquer caso confirmado tem que
lose. Toda pessoa com tosse por três semanas ou mais é chamada
ser obrigatoriamente notificado.
sintomática respiratória (SR) e pode estar com tuberculose.
Infecção: A infecção pelo M. tuberculosis se inicia quando o Baciloscopia: A baciloscopia é um exame realizado com o es‐
bacilo atinge os alvéolos pulmonares e pode se espalhar para os carro do paciente suspeito de ser vítima de tuberculose, colhido
nódulos linfáticos e daí, através da corrente sanguínea para tecidos em um potinho estéril. Para o exame são necessárias duas amos‐
mais distantes onde a doença pode se desenvolver: a parte supe‐ tras. Uma amostra deve ser colhida no momento da identificação
rior dos pulmões, os rins, o cérebro e os ossos. A resposta imunoló‐ do sintomático respiratório e a outra na manhã do dia seguinte,
gica do organismo mata a maioria dos bacilos, levando à formação com o paciente ainda em jejum após enxaguar a boca com água. É
de um granuloma. Os “tubérculos”, ou nódulos de tuberculose são importante orientar o paciente a não cuspir, mas sim escarrar. Esse
pequenas lesões que consistem em tecidos mortos de cor acinzen‐ exame está disponível no SUS e pode ser solicitado por enfermeiros
tada contendo a bactéria da tuberculose. Normalmente o sistema e médicos.
imunológico é capaz de conter a multiplicação do bacilo, evitando Histórico médico: O histórico médico inclui a obtenção de sin‐
sua disseminação em 90% dos casos. tomas da tuberculose pulmonar:
Evolução: Entretanto, em algumas pessoas, o bacilo da tu‐ - tosse intensa e prolongada por três ou mais semanas;
berculose supera as defesas do sistema imunológico e começa a - dor no peito; e
se multiplicar, resultando na progressão de uma simples infecção - hemoptise.
por tuberculose para a doença em si. Isto pode ocorrer logo após a
infecção (tuberculose primária – 1 a 5% dos casos), ou vários anos Sintomas sistêmicos incluem:
após a infecção (reativação da doença tuberculosa, ou bacilo dor‐ - febre;
mente – 5 a 9 %). Cerca de 5% das pessoas infectadas vão desenvol‐ - calafrios;
ver a doença nos dois primeiros anos, e outras 5% vão desenvolvê‐ - suores noturnos;
-la ainda mais tarde. No total, cerca de 10% dos infectados com sis‐ - perda de apetite e peso; e
tema imunológico normal desenvolverão a doença durante a vida. - cansaço fácil.
Algumas situações aumentam o risco de progressão da tuber‐
culose. Em pessoas infectadas com o HIV ou outras doenças que de‐ Outras partes do histórico médico incluem:
primem o sistema imunológico tem muito mais chances de desen‐ - exposição anterior à tuberculose, na forma de infecção ou
volverem complicações. Outras situações de risco incluem: o abuso doença;

146
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- tratamento anterior de TB; tuberculose. Em situações específicas, como no caso do diagnóstico
- fatores de risco demográficos para a TB; e da doença em crianças, pode auxiliar no diagnóstico. O derivado de
- condições médicas que aumentem o risco de infecção por tu‐ proteína purificada (ou PPD), que é um precipitado obtido de cultu‐
berculoses, tais como a infecção por HIV. ras filtradas e esterilizadas, é injetado de forma intradérmica (isto
é, dentro da pele) e a leitura do exame é feita entre 48 e 96 horas
Deve-se suspeitar de tuberculose quando uma doença respira‐ (idealmente 72 horas) após a aplicação do PPD. Um paciente que
tória persistente - num indivíduo que de outra forma seria saudável foi exposto à bactéria deve apresentar uma resposta imunológica
- não estiver respondendo aos antibióticos regulares. na pele, a chamada “enduração”.
Exame físico: Um exame físico é feito para avaliar a saúde geral Classificação da reação à tuberculina: Os resultados são classi‐
do paciente e descobrir outros fatores que podem afetar o plano de ficados como Reator Forte, Reator Fraco ou Não Reator. Um endu‐
tratamento da tuberculose. Não pode ser usado como diagnostica‐ recimento de mais de 5–15 mm (dependendo dos fatores de risco
dor da Tuberculose. da pessoa) a 10 unidades de Mantoux é considerado um resultado
Radiografia do tórax: A tuberculose cria cavidades visíveis em positivo, indicando infecção pelo M. tuberculosis.
radiografias como esta, na parte superior do pulmão direito. Uma
radiografia postero-anterior do tórax é a tradicionalmente feita; 5 mm ou mais de tamanho são positivos para a TB em:
outras vistas (lateral ou lordótico) ou imagens de tomografia com‐ - pacientes positivos para o HIV
putadorizada podem ser necessárias. - contatos com casos recentes de TB
Em tuberculose pulmonar ativa, infiltrações ou consolidações - pessoas com mudanças nodulares ou fibróticas em raios-x do
e/ou cavidades são frequentemente vistas na parte superior dos tórax, consistentes com casos antigos de TB curada
pulmões com ou sem linfadenopatia (doença nos nódulos linfáti‐ - Pacientes com órgãos transplantados e outros pacientes imu‐
cos) mediastinal ou hilar. No entanto, lesões podem aparecer em no-suprimidos
qualquer lugar nos pulmões. Em pessoas com HIV e outras imuno‐
-supressões, qualquer anormalidade pode indicar a TB, ou o raio-x 10 mm ou mais é positivo em:
dos pulmões pode até mesmo parecer inteiramente normal. Em - Pessoas recém-chegadas (menos de 5 anos) de países com
geral, a tuberculose anteriormente tratada aparece no raio-x como alta incidência da doença (isso inclui quem mora no Brasil)
nódulos pulmonares na área hilar ou nos lóbulos superiores, apre‐ - Utilizadores de drogas injetáveis
sentando ou não marcas fibróticas e perda de volume. Bronquiec‐ - Residentes e empregados de locais de aglomerações de alto
tastia (isto é, dilatação dos brônquios com a presença de catarro) e risco (ex.: prisões, enfermarias, hospitais, abrigos de sem-teto, etc.)
marcas pleurais podem estar presentes. - Pessoal de laboratórios onde se faça testes com Mycobacte‐
Nódulos e cicatrizes fibróticas podem conter bacilos de tuber‐ rium
culose em multiplicação lenta, com potencial para progredirem - Pessoas com condições clínicas de alto risco (ex.:, diabetes,
para uma futura tuberculose ativa. Indivíduos com estas caracterís‐ terapias prolongadas com corticosteróides, leucemia, falência re‐
ticas em seus exames, se tiverem um teste positivo de reação sub‐ nal, síndromes de mal-absorção crônicas, reduzido peso corporal,
cutânea à tuberculina, devem ser consideradas candidatos de alta etc)
prioridade ao tratamento da infecção latente, independente de sua - Crianças com menos de 4 anos de idade, ou crianças e adoles‐
idade. De modo oposto, lesões granulares calcificadas (granulomas centes expostos a adultos nas categorias de alto risco
calcificados) apresentam baixíssimo risco de progressão para uma
tuberculose ativa. Anormalidades detectadas em radiografias do 15 mm ou mais é positivo em:
tórax podem sugerir, porém, nunca são exatamente o diagnóstico, - (Não utilizado no Brasil) Pessoas sem fatores de risco conhe‐
de tuberculose. Entretanto, estas radiografias podem ser usadas cidos para a TB
para descartar a possibilidade de tuberculose pulmonar numa pes‐ - (Nota: programas de testes cutâneos normalmente são con‐
soa que tenha reação positiva ao teste de tuberculina mas que não duzidos entre grupos de alto risco para a doença)
tenha os sintomas da doença.
Estudos microbiológicos: Colônias de M. tuberculosis podem Um teste negativo não exclui tuberculose ativa, especialmente
ser vistas nitidamente nesta cultura. Análises de amostras de es‐ se o teste foi feito entre 6 e 8 semanas após adquirir-se a infecção;
carro e culturas microbiológicas devem ser feitas para detectar o se a infecção for intensa, ou se o paciente tiver comprometimen‐
bacilo, caso o paciente esteja produzindo secreção. Se não estiver to imunológico. Um teste positivo não indica doença ativa, apenas
produzindo-a, uma amostra coletada na laringe, uma broncoscopia que o indivíduo teve contato com o bacilo. Não há relação entre a
ou uma aspiração por agulha fina podem ser consideradas. O ba‐ eficácia da vacina BCG e um teste de Mantoux positivo. Uma BCG é
cilo pode ser cultivado, apesar de crescer lentamente e então, ou suficiente; a revacinação não é útil. Uma vacinação prévia por BCG
imediatamente após colheita da amostra corado (com a técnica de dá, por vezes, resultados falso-positivos. Isto torna o teste de Man‐
Ziehl-Neelsen) e observado ao microscópio óptico. toux pouco útil em pessoas vacinadas por BCG. A fim de melhorar
o Teste de Mantoux, outros testes estão sendo desenvolvidos. Um
Prova Tubberculínica (Teste Tuberculínico ou de Mantoux): dos considerados promissores observa a reação de linfócitos-T aos
Dentre a gama de testes disponíveis para avaliar a possibilidade de antígenos ESAT6 e CFP10.
TB, o teste de Mantoux envolve injeção intradérmica de tuberculi‐
na e a medição do tamanho da envuração provocada após 72 horas Teste de Heaf
(48 a 96 horas). O teste intradérmico de Mantoux é usado no Brasil, O Teste de Heaf é usado no Reino Unido, e também injeta a
nos EUA e no Canadá. O teste de Heaf é usado no Reino Unido. Um proteína purificada (PPD) na pele, observando-se a reação resultan‐
resultado positivo indica que houve contato com o bacilo (infec‐ te. Quando alguém é diagnosticado com tuberculose, todos os seus
ção latente da tuberculose), mas não indica doença, já que, após contatos próximos devem ser investigados com um teste de Man‐
o contágio, o indivíduo apresenta 5% de chances de desenvolver a toux e, principalmente, radiografias de tórax, a critério médico.
doença nos primeiros 2 anos. Este teste é utilizado para fins de con‐
trole epidemiológico e profilaxia em contactantes de pacientes com

147
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Sistema de classificação Uma avaliação para descartar TB ativa é necessária antes que um
O sistema de classificação para a tuberculose mostrado abaixo tratamento para tuberculose latente seja iniciado. Candidatos ao
é baseado no grau de patogenia da doença. Os agentes de saúde tratamento de tuberculose latente são aqueles grupos de muito
devem obedecer às leis de cada país no tocante à notificação de alto risco, com reação positiva à tuberculina de 5 mm ou mais, as‐
casos de tuberculose. As situações descritas em 3 ou 5 na tabe‐ sim como aqueles grupos de alto risco com reações cutâneas de 10
la abaixo devem ser imediatamente notificadas às autoridades de mm ou mais. Veja em inglês na Wikipédia,classification of tubercu‐
saúde locais. lin reaction.
Há vários tipos de tratamento disponíveis, a critério médico.
Sistema de classificação para a tuberculose. (TB) - Contatos próximos: são aqueles que dividem a mesma habi‐
tação ou outros ambientes fechados. Aqueles com riscos maiores
Classe Tipo Descrição são as crianças com idade inferior a 4 anos, pessoas imuno-deprimi‐
Nenhum histórico de das e outros que possam desenvolver a TB logo após uma infecção.
Nenhuma exposição Contatos próximos que tenham tido uma reação negativa ao teste
exposição
0 à TB de tuberculina (menos de 5 mm) devem ser novamente testados
Reação negativa ao teste
Não infectado 10 a 12 semanas após sua última exposição à TB. O tratamento da
de tuberculina dérmico
tuberculose latente pode ser descontinuado a critério médico.
Exposição à TB Histórico de exposição - Crianças com menos de 4 anos de idade têm grande risco
1 Nenhuma evidência de Reação negativa ao teste de progressão de uma infecção para a doença, e de desenvolve‐
infecção dérmico de tuberculina rem formas de TB potencialmente fatais. Estes contatos próximos
Reação positiva ao teste normalmente devem receber tratamento para tuberculose latente
dérmico de tuberculina mesmo quando não os testes de tuberculina ou o raio-x do tórax
Estudos bacteriológicos não sugere TB.
Infecção de TB negativos (caso tenham
2 Um segundo teste de tuberculina normalmente é feito de 10
Sem doença sido feitos)
Nenhuma evidência a 12 semanas após a última exposição à TB infecciosa, para que se
clínica, bacteriológica ou decida se o tratamento será descontinuado ou não.
radiográfica de TB
Tratamento de tuberculose ativa: Os tratamentos recentes
Cultura de M. tuberculosis para a tuberculose ativa incluem uma combinação de drogas e re‐
(caso tenha sido feita) médios, às vezes num total de quatro, que são reduzidas após certo
3 TB clinicamente ativa Evidências clínicas, tempo, a critério médico. Não se utiliza apenas uma droga, pois,
bacteriológicas, ou neste caso, todas as bactérias sensíveis a ela morrem, e, três meses
radiográficas da doença depois, o paciente sofrerá infecção de bactérias que conseguiram
Histórico de episódio(s) resistir a esta primeira droga. Alguns medicamentos matam a bac‐
de TB téria, outros agem contra a bactéria infiltrada em células, e outros,
ou ainda, impedem a sua multiplicação. Ressalve-se que o tratamento
Sinais anormais porém deve seguir uma continuidade com acompanhamento médico, e
estáveis nas radiografias não suspenso pelo paciente após uma simples melhora. Com isto
evita-se que cepas da bactéria mais resistentes sobrevivam no or‐
Reação positiva ao teste
TB ganismo, e retornem posteriormente com uma infecção mais difícil
4 dérmico de tuberculina
não ativa clinicamente de curar. O tratamento pode durar até 5 anos.
Estudos bacteriológicos
negativos (se feitos)
Prevenção: A imunização com vacina BCG dá entre 50% a 80%
e de resistência à doença. Em áreas tropicais onde a incidência de
Nenhuma evidência clínica mycobactérias atípicas é elevada (a exposição a algumas “myco‐
ou radiográfica de presença bacterias” não transmissoras de tuberculose dá alguma proteção
da doença contra a TB), a eficácia da BCG é bem menor. No Reino Unido ado‐
Diagnóstico pendente lescentes de 15 anos são normalmente vacinadas durante o perío‐
A doença deve ser do escolar.
5 Suspeita de TB
confirmada ou descartada
dentro de 3 meses O QUE É DENGUE?
A dengue é uma doença febril aguda causada por um vírus,
Tratamento: Pessoas com infecção de Tuberculose (classes 2 sendo um dos principais problemas de saúde pública no mundo.
ou 4), mas que não têm a doença (como nas classes 3 ou 5), não es‐ É transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que se desenvolve em
palham a infecção para outras pessoas. A infecção por Tuberculose áreas tropicais e subtropicais. Atualmente, a vacina é a melhor for‐
numa pessoa que não tem a doença não é considerada um caso de ma de prevenção da dengue. Segundo o boletim epidemiológico do
Tuberculose e normalmente é relatada como uma infecção latente Ministério da Saúde, divulgado em janeiro de 2018, foram regis‐
de Tuberculose. Esta distinção é importante porque as opções de trados menos casos prováveis de dengue em 2017, 252.054 casos
tratamento são diferentes para quem tem a infecção latente e para contra 1.483.623 em 2016.
quem tem a doença ativa. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que entre 50 a
100 milhões de pessoas se infectem anualmente com a dengue em
Tratamento de infecção latente de tuberculose: O tratamento mais de 100 países de todos os continentes, exceto a Europa. Cerca
da infecção latente é essencial para o controle e eliminação da TB, de 550 mil doentes necessitam de hospitalização e 20 mil morrem
pela redução do risco de a infecção vir a tornar-se doença ativa. em consequência da dengue.

148
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Existem quatro tipos de dengue, de acordo com os quatro so‐ Causas
rotipos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. Quando uma pessoa tem A dengue não é transmitida de pessoa para pessoa. A trans‐
dengue tem uma imunidade relativa contra outro sorotipo. missão se dá pelo mosquito que, após um período de 10 a 14 dias
É uma doença potencialmente grave, porque pode evoluir para contados depois de picar alguém contaminado, pode transportar o
a dengue hemorrágica a síndrome do choque da dengue, caracteri‐ vírus da dengue durante toda a sua vida.
zadas por sangramento e queda de pressão arterial, o que eleva o O ciclo de transmissão ocorre do seguinte modo: a fêmea do
risco de morte. A melhor maneira de combater esse mal é atuando mosquito deposita seus ovos em recipientes com água. Ao saírem
de forma preventiva, impedindo a reprodução do mosquito. dos ovos, as larvas vivem na água por cerca de uma semana. Após
este período, transformam-se em mosquitos adultos, prontos para
Aedes Aegypti picar as pessoas. O Aedes aegypti procria em velocidade prodigiosa
Acredita-se que o mosquito Aedes aegypti chegou ao Bra‐ e o mosquito da dengue adulto vive em média 45 dias. Uma vez
sil pelos navios negreiros, uma vez que as primeiras aparições do que o indivíduo é picado, demora no geral de três a 15 dias para a
mosquito se deram no continente africano. No início do século XX, doença se manifestar, sendo mais comum cinco a seis dias.
o médico Oswaldo Cruz implantou um programa de combate ao A transmissão da dengue raramente ocorre em temperaturas
mosquito, visando reduzir os casos de febre amarela. Essa medi‐ abaixo de 16° C, sendo que a mais propícia gira em torno de 30° a
da chegou a eliminar a dengue no país durante a década de 1950. 32° C - por isso o mosquito se desenvolve em áreas tropicais e sub‐
Segundo o Ministério da Saúde a primeira ocorrência do vírus no tropicais. A fêmea coloca os ovos em condições adequadas (lugar
país, comprovada laboratorialmente, ocorreu em 1981-1982 em quente e úmido) e em 48 horas o embrião se desenvolve. É impor‐
Boa Vista (PR). tante lembrar que os ovos que carregam o embrião do mosquito da
No entanto, a dengue voltou a acontecer no Brasil na década dengue podem suportar até um ano a seca e serem transportados
de 1980. Atualmente, os quatro tipos de vírus circulam no país, sen‐ por longas distâncias, grudados nas bordas dos recipientes. Essa é
do que foram registrados 587,8 mil casos de dengue em 2014, de uma das razões para a difícil erradicação do mosquito. Para passar
acordo com o Ministério da Saúde. da fase do ovo até a fase adulta, o inseto demora dez dias, em mé‐
dia. Os mosquitos acasalam no primeiro ou no segundo dia após
Tipos se tornarem adultos. Depois, as fêmeas passam a se alimentar de
O vírus da dengue possui quatro variações: DEN-1, DEN-2, DEN- sangue, que possui as proteínas necessárias para o desenvolvimen‐
3 e DEN-4. Todos os tipos de dengue causam os mesmo sintomas. to dos ovos.
Caso ocorra um segundo ou terceiro episódio da dengue, há O mosquito Aedes aegypti mede menos de um centímetro,
risco aumentado para formas mais graves da dengue, como a den‐ tem aparência inofensiva, cor café ou preta e listras brancas no
gue hemorrágica e síndrome do choque da dengue corpo e nas pernas. Costuma picar, transmitindo a dengue, nas pri‐
Na maioria dos casos, a pessoa infectada não apresenta sinto‐ meiras horas da manhã e nas últimas da tarde, evitando o sol forte,
mas de dengue, combatendo o vírus sem nem saber que ele está mas, mesmo nas horas quentes, ele pode atacar à sombra, dentro
em seu corpo. Para aqueles que apresentam os sinais, os tipos de ou fora de casa. Há suspeitas de que alguns ataquem durante a
dengue podem se manifestar clinicamente de três formas: noite. O indivíduo não percebe a picada, pois não dói e nem coça
no momento.
Dengue clássica A fêmea do Aedes aegypti também transmite a febre chikun‐
A dengue clássica é a forma mais leve da doença, sendo mui‐ gunya e a febre Zika e a febre amarela urbana.
tas vezes confundida com a gripe. Tem início súbito e os sintomas
podem durar de cinco a sete dias, apresentando sinais como febre Fatores de risco
alta (39° a 40°C), dores de cabeça, cansaço, dor muscular e nas arti‐ Fatores que colocam você em maior risco de desenvolver den‐
culações, indisposição, enjôos, vômitos, entre outros. gue ou uma forma mais grave da doença incluem:
- Vivendo ou viajando em áreas tropicais: Estar em áreas tropi‐
Dengue hemorrágica cais e subtropicais aumenta o risco de exposição ao vírus que causa
A dengue hemorrágica acontece quando a pessoa infectada dengue. As áreas especialmente de alto risco são o Sudeste Asiáti‐
com dengue sofre alterações na coagulação sanguínea. Se a doença co, as ilhas do Pacífico Ocidental, a América Latina e o Caribe.
não for tratada com rapidez, pode levar à morte. No geral, a dengue - Infecção prévia com um vírus da dengue: A infecção anterior
hemorrágica é mais comum quando a pessoa está sendo infecta‐ com um vírus da dengue aumenta o risco de ter sintomas graves se
da pela segunda ou terceira vez. Os sintomas iniciais são parecidos você estiver infectado novamente.
com os da dengue clássica, e somente após o terceiro ou quarto
dia surgem hemorragias causadas pelo sangramento de pequenos Sintomas de Dengue
vasos da pele e outros órgãos. Na dengue hemorrágica, ocorre uma Sintomas de dengue clássica
queda na pressão arterial do paciente, podendo gerar tonturas e Os sintomas de dengue iniciam de uma hora para outra e du‐
quedas. ram entre cinco a sete dias. Normalmente eles surgem entre três a
15 dias após a picada pelo mosquito infectado. Os principais sinais
Síndrome do choque da dengue são:
A síndrome de choque da dengue é a complicação mais séria -Febre alta com início súbito (entre 39º a 40º C)
da dengue, se caracterizando por uma grande queda ou ausência -Forte dor de cabeça
de pressão arterial, acompanhado de inquietação, palidez e per‐ -Dor atrás dos olhos, que piora com o movimento dos mesmos
da de consciência. Uma pessoa que sofreu choque por conta da -Manchas e erupções na pele, pelo corpo todo, normalmente
dengue pode sofrer várias complicações neurológicas e cardiorres‐ com coceiras
piratórias, além de insuficiência hepática, hemorragia digestiva e -Extremo cansaço
derrame pleural. Além disso, a síndrome de choque da dengue não -Moleza e dor no corpo
tratada pode levar a óbito. -Muitas dores nos ossos e articulações
-Náuseas e vômitos

149
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
-Tontura -Hematócrito
-Perda de apetite e paladar. -Enzimas do fígado (TGO, TGP)
-Contagem de plaquetas
Sintomas de dengue hemorrágica -Testes sorológicos (mostram os anticorpos ao vírus da den‐
Os sintomas de dengue hemorrágica são os mesmos da dengue gue)
clássica. A diferença é que a febre diminui ou cessa após o terceiro -Raio X do tórax para demonstrar efusões pleurais.
ou quarto dia da doença e surgem hemorragias em função do san‐
gramento de pequenos vasos na pele e nos órgãos internos. Quan‐ Tratamento de Dengue
do acaba a febre, começam a surgir os sinais de alerta: Não existe tratamento específico contra o vírus da dengue, fa‐
-Dores abdominais fortes e contínuas z-se apenas medicamentos para os sintomas da doença, ou seja,
-Vômitos persistentes fazer um tratamento sintomático. É importante apenas tomar mui‐
-Pele pálida, fria e úmida to líquido para evitar a desidratação. Caso haja dores e febre, pode
-Sangramento pelo nariz, boca e gengivas ser receitado algum medicamento antitérmico, como o paraceta‐
-Manchas vermelhas na pele mol. Em alguns casos, é necessária internação para hidratação en‐
-Comportamento variando de sonolência à agitação dovenosa e, nos casos graves, tratamento em unidade de terapia
-Confusão mental intensiva.
-Sede excessiva e boca seca
-Dificuldade respiratória O que tomar em caso de dengue?
-Queda da pressão arterial:Pulso rápido. Pacientes com dengue ou suspeita de dengue devem evitar
medicamentos à base de ácido acetilsalicílico (aspirina) ou que con‐
Na dengue hemorrágica, o quadro clínico se agrava rapidamen‐ tenham a substância associada. Esses medicamentos têm efeito an‐
te, apresentando sinais de insuficiência circulatória. A baixa circula‐ ticoagulante e podem causar sangramentos. Outros anti-inflamató‐
ção sanguínea pode levar a pessoa a um estado de choque. Embora rios não hormonais (diclofenaco, ibuprofeno e piroxicam) também
a maioria dos pacientes com dengue não desenvolva choque, a pre‐ devem ser evitados. O uso destas medicações pode aumentar o
sença de certos sinais alertam para esse quadro: risco de sangramentos.
-Dor abdominal persistente e muito forte O paracetamol e a dipirona são os medicamentos de escolha
-Mudança de temperatura do corpo e suor excessivo para o alívio dos sintomas de dor e febre devido ao seu perfil de
-Comportamento variando de sonolência à agitação segurança, sendo recomendado tanto pelo Ministério da Saúde,
-Pulso rápido e fraco como pela Organização Mundial da Saúde.
-Palidez
-Perda de consciência. Dengue tem cura?
No caso da dengue clássica, a febre dura sete dias, mas a fra‐
A síndrome de choque da dengue, quando não tratada, pode queza e mal estar podem perdurar por mais tempo, às vezes por
levar a pessoa à morte em até 24 horas. De acordo com estatísticas algumas semanas. Embora seja desagradável, a dengue clássica não
do Ministério da Saúde, cerca de 5% das pessoas com dengue he‐ é fatal. As pessoas com essa doença se recuperam completamente.
morrágica morrem. No entanto, é muito importante ficar atento aos sinais de aler‐
ta da manifestação da dengue hemorrágica, que são, principalmen‐
Diagnóstico de Dengue te, os sangramentos no nariz, boca e gengiva. Essa forma de dengue
Se você suspeita de dengue, vá direto ao hospital ou clínica de quando não tratada rapidamente pode levar a óbito.
saúde mais próxima. Os médicos farão a suspeita clínica com base
nas informações que você prestar, mas o diagnóstico de certeza é Complicações possíveis
feito com o exame de sangue para dengue ou sorologia para den‐ A síndrome de choque da dengue é a complicação mais séria
gue. Ele vai analisar a presença do vírus no seu sangue e leva de três da dengue, se caracterizando por uma grande queda ou ausência
a quatro dias para ficar pronto. No atendimento, outros exames de pressão arterial, acompanhado de inquietação, palidez e per‐
serão realizados para saber se há sinais de gravidade ou se você da de consciência. Uma pessoa que sofreu choque por conta da
pode manter repouso em casa. dengue pode sofrer várias complicações neurológicas e cardiorres‐
O exame físico pode revelar: piratórias, além de insuficiência hepática, hemorragia digestiva e
-Fígado aumentado (hepatomegalia) derrame pleural. Além disso, a síndrome de choque da dengue não
-Pressão baixa tratada pode levar a óbito.
-Erupções cutâneas Outras possíveis complicações da dengue incluem:
-Olhos vermelhos -Convulsões febris em crianças pequenas
-Pulsação fraca e rápida. -Desidratação grave
-Sangramentos.
Além disso, o governo incluiu o uso de testes rápidos para den‐ -Convivendo/ Prognóstico
gue na tabela do Sistema Único de Saúde (SUS). O item irá otimi‐ -Pessoas diagnosticadas com a dengue devem manter cuida‐
zar o diagnóstico laboratorial. Serão disponibilizados aos estados dos básicos como:
e municípios dois milhões de testes rápidos imunocromatografia
qualitativa (IgM/IgG) para dengue. Repouso
Reposição de líquidos, principalmente recorrendo ao soro ca‐
Exames seiro em casos de vômitos
O diagnóstico da dengue pode ser feito com os seguintes exa‐ Uso correto dos medicamentos indicados.
mes:
-Testes de coagulação
-Eletrólitos (sódio e potássio)

150
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Aplicativos para o combate da dengue Seja consciente com seu lixo
Existem vários aplicativos que ajudam no tratamento preven‐ Não despeje lixo em valas, valetas, margens de córregos e ria‐
ção contra dengue . Veja alguns a seguir, sempre lembrando que chos. Assim você garante que eles ficarão desobstruídos, evitando
eles não substituem um bom acompanhamento médico: acúmulo e até mesmo enchentes. Em casa, deixe as latas de lixo
UNA - SUS Dengue: Este aplicativo possibilita que o usuário sempre bem tampadas.
calcule a reposição de líquidos de acordo com suas características
fisiológicas e apresenta dicas relacionadas ao tratamento e preven‐ Coloque desinfetante nos ralos
ção da doença. Avaliado com 4,4 estrelas na Google Play. Ralos pequenos de cozinhas e banheiros raramente tornam‐
Observatório do Aedes Aegypti: O app possibilita que a popula‐ -se foco de dengue devido ao constante uso de produtos químicos,
ção denuncie a suspeita de focos e casos de dengue. Dessa forma, o como xampu, sabão e água sanitária. Entretanto, alguns ralos são
governo poderá ter acesso mais rapidamente às informações para rasos e conservam água estagnada em seu interior. Nesse caso, o
planejar o combate. ideal é que ele seja fechado com uma tela ou que seja higienizado
com desinfetante regularmente.
Prevenção
Limpe as calhas
Tome a vacina Grandes reservatórios, como caixas d’água, são os criadouros
A vacina contra dengue foi criada para prevenir a manifestação mais produtivos de dengue, mas as larvas do mosquito podem ser
do vírus. Atualmente apenas uma vacina foi licenciada no Brasil, a encontradas em pequenas quantidades de água também. Para evi‐
desenvolvida pela empresa francesa Sanofi Pasteur. Ela é feita com tar até essas pequenas poças, calhas e canos devem ser checados
vírus atenuados e é tetravalente, ou seja, protege contra os quatro todos os meses, pois um leve entupimento pode criar reservatórios
sorotipos de dengue existentes. Ela possui a estrutura do vírus va‐ ideais para o desenvolvimento do Aedes aegypti.
cinal da febre amarela, o que lhe dá mais estabilidade e segurança.
Vacinas com o vírus atenuado são aquelas que diminuem a pe‐ Lagos caseiros e aquários
riculosidade do vírus, garantindo que ele não cause doenças, mas Assim como as piscinas, a possibilidade de laguinhos caseiros e
sejam capazes de gerar resposta imunológica, fazendo com que o aquários se tornarem foco de dengue deixou muitas pessoas preo‐
organismo da pessoa reconheça o vírus e saiba como atacá-lo quan‐ cupadas, porém, peixes são grandes predadores de formas aquá‐
do a pessoa for exposta a sua versão convencional. ticas de mosquitos. O cuidado maior deve ser dado, portanto, às
A eficácia na população acima de 9 anos é de, aproximadamen‐ piscinas que não são limpas com frequência.
te, 66% contra os quatro sorotipos de vírus da dengue. Isso significa
que em um grupo de cem pessoas, 66 evitariam contrair a doença. Uso de inseticidas e larvicidas
Além disso, reduz os casos graves - aqueles que levam ao óbito, Tanto os larvicidas quanto os inseticidas distribuídos aos esta‐
como a dengue hemorrágica - em 93% e os índices de hospitaliza‐ dos e municípios pela Secretaria de Vigilância em Saúde têm eficá‐
ções em 80%. cia comprovada, sendo preconizados por um grupo de especialistas
Além dela, o Instituto Butantan está testando uma nova vacina da Organização Mundial da Saúde.
feita no Brasil. O antíduto também é feito com vírus atenuados e Os larvicidas servem para matar as larvas do mosquito da den‐
está na terceira fase de testes, em que mais de 17 mil voluntários gue. São aqueles produtos em pó, ou granulado, que o agente de
serão observados: dois terços deles receberão a vacina verdadeira combate a dengue coloca nos ralos, caixas d’água, enfim, nos luga‐
e um terço receberá um placebo. Antes ela passou por testes clíni‐ res onde há água parada que não pode ser eliminada.
cos nos Estados Unidos em 600 pessoas e depois em São Paulo por Já os inseticidas são líquidos espalhados pelas máquinas de ne‐
mais 300. O plano de fazer os testes agora em todo Brasil é garantir bulização, que matam os insetos adultos enquanto estão voando,
que as pessoas estudadas tenham contato com todos os sorotipos pela manhã e à tarde, porque o mosquito tem hábitos diurnos. O
da doença. fumacê, como é chamado, não é aplicado indiscriminadamente,
sendo utilizado somente quando existe a transmissão da dengue
Evite o acúmulo de água em surtos ou epidemias. Desse modo, a nebulização pode ser con‐
O mosquito coloca seus ovos em água limpa, mas não neces‐ siderada um recurso extremo, porque é utilizada em um momen‐
sariamente potável. Por isso é importante jogar fora pneus velhos, to de alta transmissão, quando as ações preventivas de combate à
virar garrafas com a boca para baixo e, caso o quintal seja propenso dengue falharam ou não foram adotadas.
à formação de poças, realizar a drenagem do terreno. Também é Algumas vezes, os mosquitos e larvas da dengue desenvolvem
necessário lavar a vasilha de água do bicho de estimação regular‐ resistência aos produtos. Sempre que isso é detectado, o produto é
mente e manter fechadas tampas de caixas d’água e cisternas. imediatamente substituído por outro.

Coloque tela nas janelas Uso de repelente


Colocar telas em portas e janelas ajuda a proteger sua família O uso de repelentes, principalmente em viagens ou em locais
contra o mosquito da dengue. O problema é quando o criadouro com muitos mosquitos, é um método importante para se proteger
está localizado dentro da residência. Nesse caso, a estratégia não contra a dengue. Recomenda-se, porém, o uso de produtos indus‐
será bem sucedida. Por isso, não se esqueça de que a eliminação trializados. Os repelentes caseiros, como andiroba, cravo-da-índia,
dos focos da doença é a maneira mais eficaz de proteção. citronela e óleo de soja não possuem grau de repelência forte o
suficiente para manter o mosquito longe por muito tempo. Além
Coloque areia nos vasos de plantas disso, a duração e a eficácia do produto são temporárias, sendo
O uso de pratos nos vasos de plantas pode gerar acúmulo de necessária diversas reaplicações ao longo do dia, o que muitas pes‐
água. Há três alternativas: eliminar esse prato, lavá-lo regularmen‐ soas não costumam fazer.
te ou colocar areia. A areia conserva a umidade e ao mesmo tempo
evita que e o prato se torne um criadouro de mosquitos.

151
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Notificação Compulsória de Doenças e considerando, necessariamente, as condições de vida da popula‐
A informação é instrumento essencial para a tomada de de‐ ção na determinação do processo saúde-doença. O nível local tem,
cisões. Nesta perspectiva, representa imprescindível ferramenta então, responsabilidade não apenas com a alimentação do siste‐
à vigilância epidemiológica, por constituir fator desencadeador do ma de informação em saúde mas também com sua organização e
processo “informação-decisão-ação”, tríade que sintetiza a dinâ‐ gestão. Deste modo, outro aspecto de particular importância é a
mica de suas atividades que, como se sabe, devem ser iniciadas a concepção do sistema de informação, que deve ser hierarquizado
partir da informação de um indício ou suspeita de caso de alguma e cujo fluxo ascendente dos dados ocorra de modo inversamente
doença ou agravo. proporcional à agregação geográfica, ou seja, no nível local faz-se
Dado − é definido como “um valor quantitativo referente a um necessário dispor, para as análises epidemiológicas, de maior nú‐
fato ou circunstância”, “o número bruto que ainda não sofreu qual‐ mero de variáveis.
quer espécie de tratamento estatístico”, ou “a matéria-prima da Felizmente, os atuais recursos do processamento eletrônico
produção de informação”. estão sendo amplamente utilizados pelos sistemas de informação
Informação − é entendida como “o conhecimento obtido a em saúde, aumentando sua eficiência na medida em que possibi‐
partir dos dados”, “o dado trabalhado” ou “o resultado da análise e litam a obtenção e processamento de um volume de dados cada
combinação de vários dados”, o que implica em interpretação, por vez maior, além de permitirem a articulação entre diferentes sub‐
parte do usuário. É “uma descrição de uma situação real, associada sistemas.
a um referencial explicativo sistemático”. Entre os sistemas nacionais de informação em saúde existen‐
Não se deve perder de vista que a informação em saúde é o es‐ tes, alguns se destacam em razão de sua maior relevância para a
teio para a gestão dos serviços, pois orienta a implantação, acom‐ vigilância epidemiológica:
panhamento e avaliação dos modelos de atenção à saúde e das
ações de prevenção e controle de doenças. São também de inte‐ Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan)
resse dados/informações produzidos extra-setorialmente, cabendo O mais importante sistema para a vigilância epidemiológica foi
aos gestores do Sistema a articulação com os diversos órgãos que desenvolvido entre 1990 e 1993, visando sanar as dificuldades do
os produzem, de modo a complementar e estabelecer um fluxo re‐ Sistema de Notificação Compulsória de Doenças (SNCD) e substituí‐
gular de informação em cada nível do setor saúde. -lo, tendo em vista o razoável grau de informatização disponível no
Oportunidade, atualidade, disponibilidade e cobertura são país. O Sinan foi concebido pelo Centro Nacional de Epidemiologia,
características que determinam a qualidade da informação, fun‐ com o apoio técnico do Datasus e da Prefeitura Municipal de Belo
damentais para que todo o Sistema de Vigilância Epidemiológica Horizonte para ser operado a partir das unidades de saúde, con‐
apresente bom desempenho. Dependem da concepção apresenta‐ siderando o objetivo de coletar e processar dados sobre agravos
da pelo Sistema de Informação em Saúde (SIS), e sua sensibilidade de notificação em todo o território nacional, desde o nível local.
para captar o mais precocemente possível as alterações que podem Mesmo que o município não disponha de microcomputadores em
ocorrer no perfil de morbimortalidade de uma área, e também da suas unidades, os instrumentos deste sistema são preenchidos nes‐
organização e cobertura das atividades desenvolvidas pela vigilân‐ te nível e o processamento eletrônico é feito nos níveis centrais das
cia epidemiológica.
secretarias municipais de saúde (SMS), regional ou secretarias esta‐
Entende-se sistema como o “conjunto integrado de partes que
duais (SES). É alimentado, principalmente, pela notificação e inves‐
se articulam para uma finalidade comum.” Para sistema de infor‐
tigação de casos de doenças e agravos constantes da lista nacional
mação existem várias definições, tais como:
de doenças de notificação compulsória, mas é facultado a estados
• “conjunto de unidades de produção, análise e divulgação de
e municípios incluir outros problemas de saúde regionalmente im‐
dados que atuam integradas e articuladamente com o propósito de
portantes Por isso, o número de doenças e agravos contemplados
atender às demandas para o qual foi concebido”;
pelo Sinan, vem aumentando progressivamente desde seu proces‐
• “reunião de pessoas e máquinas, com vistas à obtenção e
so de implementação, em 1993, sem relação direta com a compul‐
processamento de dados que atendam à necessidade de informa‐
ção da instituição que o implementa”; soriedade nacional da notificação, expressando as diferenças regio‐
• “conjunto de estruturas administrativas e unidades de pro‐ nais de perfis de morbidade registradas no Sistema.
dução, perfeitamente articuladas, com vistas à obtenção de dados No Sinan, a entrada de dados ocorre pela utilização de alguns
mediante o seu registro, coleta, processamento,análise, transfor‐ formulários padronizados:
mação em informação e oportuna divulgação”.
Em síntese, um sistema de informação deve disponibilizar o Ficha Individual de Notificação (FIN) − é preenchida para cada
suporte necessário para que o planejamento, decisões e ações dos paciente, quando da suspeita de problema de saúde de notificação
gestores, em determinado nível decisório (municipal, estadual e compulsória (Portaria GM nº 2.325, de 8 de dezembro de 2003) ou
federal), não se baseie em dados subjetivos, conhecimentos ultra‐ de interesse nacional, estadual ou municipal, e encaminhada pelas
passados ou conjecturas. unidades assistenciais aos serviços responsáveis pela informação e/
O SIS é parte dos sistemas de saúde; como tal, integra suas es‐ ou vigilância epidemiológica.
truturas organizacionais e contribui para sua missão. É constituído
por vários sub sistemas e tem como propósito geral facilitar a for‐ É também utilizada para a notificação negativa.
mulação e avaliação das políticas, planos e de saúde, subsidiando Notificação negativa − é a notificação da não-ocorrência de
o processo de tomada de decisões. Para tanto, deve contar com doenças de notificação compulsória na área de abrangência da uni‐
os requisitos técnicos e profissionais necessários ao planejamento, dade de saúde. Indica que os profissionais e o sistema de vigilância
coordenação e supervisão das atividades relativas à coleta, regis‐ da área estão alertas para a ocorrência de tais eventos.
tro, processamento, análise, apresentação e difusão de dados e A notificação de surtos também deve ser feita por esse instru‐
geração de informações. mento, obedecendo os seguintes critérios:
Um de seus objetivos básicos, na concepção do Sistema Úni‐ • casos epidemiologicamente vinculados de agravos inusita‐
co de Saúde (SUS), é possibilitar a análise da situação de saúde no dos. Sua notificação deve estar consoante com a abordagem sin‐
nível local tomando como referencial microrregiões homogêneas drômica, de acordo com as seguintes categorias: síndrome diar‐

152
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
reica aguda, síndrome ictérica aguda, síndrome hemorrágica febril Ao contrário dos demais sistemas, em que as críticas de con‐
aguda, síndrome respiratória aguda, síndrome neurológica aguda e sistência são realizadas antes do seu envio a qualquer outra esfera
síndrome da insuficiência renal aguda, dentre outras; de governo, a necessidade de desencadeamento imediato de uma
• casos agregados, constituindo uma situação epidêmica de ação faz com que, nesse caso, os dados sejam remetidos o mais
doenças não de notificações operacionalmente inviabiliza o seu re‐ rapidamente possível, ficando a sua crítica para um segundo mo‐
gistro individualizado. mento − quando do encerramento do caso e, posteriormente, o da
análise das informações para divulgação. No entanto, apesar desta
Ficha Individual de Investigação (FII) − na maioria das vezes peculiaridade, esta análise é fundamental para que se possa garan‐
configura-se como roteiro de investigação, distinto para cada tipo tir uma base de dados com qualidade, não podendo ser relegada a
de agravo, devendo ser utilizado, preferencialmente, pelos serviços segundo plano, tendo em vista que os dados já foram encaminha‐
municipais de vigilância ou unidades de saúde capacitadas para a dos para os níveis hierárquicos superiores.
realização da investigação epidemiológica. Esta ficha, como refe‐ A partir da alimentação do banco de dados do Sinan, pode-se
rido no tópico sobre investigação de surtos e epidemias, permite calcular a incidência, prevalência, letalidade e mortalidade, bem
obter dados que possibilitam a identificação da fonte de infecção como realizar análises de acordo com as características de pessoa,
e mecanismos de transmissão da doença. Os dados, gerados nas tempo e lugar, particularmente no que tange às doenças transmis‐
áreas de abrangência dos respectivos estados e municípios, devem síveis de notificação obrigatória, além de outros indicadores epide‐
ser consolidados e analisados considerando aspectos relativos à miológicos e operacionais utilizados para as avaliações local, muni‐
organização, sensibilidade e cobertura do próprio sistema de noti‐ cipal, estadual e nacional.
ficação, bem como os das atividades de vigilância epidemiológica. As informações da ficha de investigação possibilitam maior co‐
nhecimento acerca da situação epidemiológica do agravo investi‐
Além notificação compulsória; gado, fontes de infecção, modo de transmissão e identificação de
• casos agregados das doenças constantes da lista de notifica‐ áreas de risco, dentre outros importantes dados para o desenca‐
ção compulsória, mas cujo volume. deamento das atividades de controle. A manutenção periódica da
acompanhamento de surtos, reproduzidos pelos municípios, atualização da base de dados do Sinan é fundamental para o acom‐
e os boletins de acompanhamento de hanseníase e tuberculose, panhamento da situação epidemiológica dos agravos incluídos no
emitidos pelo próprio sistema. Sistema. Dados de má qualidade, oriundos de fichas de notificação
A impressão, distribuição e numeração desses formulários é de ou investigação com a maioria dos campos em branco, inconsistên‐
responsabilidade do estado ou município. O sistema conta, ainda, cias nas informações (casos com diagnóstico laboratorial positivo,
com dessas fichas, o sistema também possui planilha e boletim de porém encerrado como critério clínico) e duplicidade de registros,
constantes da lista de módulos para cadastramento de unidades entre outros problemas frequentemente identificados nos níveis
notificadoras, população e logradouros, dentre outros. estadual ou federal, apontam para a necessidade de uma avalia‐
Após o preenchimento dos referidos formulários, as fontes no‐ ção sistemática da qualidade da informação coletada e digitada no
tificadoras deverão encaminhá-los para o primeiro nível informa‐ primeiro nível hierárquico de entrada de dados no Sistema, que
tizado. A partir daí, os dados serão enviados para os níveis hierár‐ torna possível a obtenção de dados confiáveis, indispensáveis para
quicos superiores por meio magnético (arquivos de transferência o cálculo de indicadores extremamente úteis, tais como as taxas
gerados pelo Sistema). de incidência, letalidade, mortalidade e coeficiente de prevalência,
Casos de hanseníase e tuberculose, além do preenchimento entre outros.
da ficha de notificação/investigação, devem constar do boletim de Roteiros para a realização da análise da qualidade da base de
acompanhamento, visando a atualização de seu acompanhamento dados e cálculos dos principais indicadores epidemiológicos e ope‐
até o encerramento para avaliação da efetividade do tratamento, racionais estão disponíveis para os agravos de notificação compul‐
de acordo com as seguintes orientações: sória, bem como toda a documentação necessária para a correta
• o primeiro nível informatizado deve emitir o Boletim de utilização do Sistema (dicionário de dados e instrucionais de preen‐
Acompanhamento de Hanseníase e Tuberculose, encaminhando-o chimento das fichas Manual de Normas e Rotinas e Operacional).
às unidades para complementação dos dados; Para que o Sinan se consolide como a principal fonte de infor‐
• os meses propostos para a alimentação da informação são, mação de morbidade para as doenças de notificação compulsória,
no mínimo: janeiro, abril, julho e outubro, para a tuberculose; ja‐ faz-se necessário garantir tanto a cobertura como a qualidade das
neiro e julho, para a hanseníase. informações. Sua utilização plena, em todo o território nacional,
• cabe ao 1º nível informatizado emitir o boletim de acompa‐ possivelmente possibilitará a obtenção dos dados indispensáveis
nhamento para os municípios não-informatizados; ao cálculo dos principais indicadores necessários para o monitora‐
• após retornar das unidades os boletins devem ser analisa‐ mento dessas doenças, gerando instrumentos para a formulação e
dos criticamente e as correções devem ser solicitadas de imediato avaliação das políticas, planos e de saúde, subsidiando o processo
à unidade de saúde; de tomada de decisões e contribuindo para a melhoria da situação
• a digitação das informações na tela de acompanhamento e de saúde da população.
arquivamento dos boletins deve ser realizada no 1º nível informa‐ Indicadores são variáveis susceptíveis à mensuração direta,
tizado. produzidos com periodicidade definida e critérios constantes. A
disponibilidade de dados, simplicidade técnica, uniformidade, sin‐
Preconiza-se que em todas as instâncias os dados aportados teticidade e poder discriminatório são requisitos básicos para sua
pelo Sinan sejam consolidados e analisados e que haja uma retroali‐ elaboração. Os indicadores de saúde refletem o estado de saúde da
mentação dos níveis que o precederam, além de sua redistribuição, população de determinada comunidade.
segundo local de residência dos pacientes objetos das notificações.
No nível federal, os dados do Sinan são processados, analisados Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM)
juntamente com aqueles que chegam por outras vias e divulgados Criado em 1975, este sistema iniciou sua fase de descentraliza‐
pelo Boletim Epidemiológico do SUS e informes epidemiológicos ção em 1991, dispondo de dados informatizados a partir de 1979.
eletrônicos, disponibilizados no site www.saude.gov.br.

153
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Seu instrumento padronizado de coleta de dados é a Declara‐ Nos óbitos por causas naturais em localidades sem médicos,
ção de Óbito (DO), impressa em três vias coloridas, cuja emissão e o responsável pelo falecido, acompanhado de duas testemunhas,
distribuição para os estados, em séries prénumeradas, é de compe‐ comparecerá ao Cartório de Registro Civil onde será preenchida a
tência exclusiva do Ministério da Saúde. Para os municípios, a dis‐ DO. A segunda via deste documento ficará retida no cartório e a
tribuição fica a cargo das secretarias estaduais de saúde, devendo primeira e terceira vias serão recolhidas pela secretaria municipal
as secretarias municipais se responsabilizarem por seu controle e de saúde. Nos óbitos por causas acidentais ou violentas, o médico
distribuição entre os profissionais médicos e instituições que a utili‐ legista do Instituto Médico-Legal (IML) deverá preencher a DO (nos
zem, bem como pelo recolhimento das primeiras vias em hospitais locais onde não exista IML um perito é designado para tal finalida‐
e cartórios. de), seguindo-se o mesmo fluxo adotado para os hospitais.
O preenchimento da DO deve ser realizado exclusivamente As SMS realizarão a busca ativa dessas vias em todos os hos‐
por médicos, exceto em locais onde não existam, situação na qual pitais e cartórios, evitando a perda de registro de óbitos no SIM,
poderá ser preenchida por oficiais de Cartórios de Registro Civil, com consequente perfil irreal da mortalidade da sua área de abran‐
assinada por duas testemunhas. A obrigatoriedade de seu preen‐ gência. Nas SMS, as primeiras vias são digitadas e enviadas em dis‐
chimento, para todo óbito ocorrido, é determinada pela Lei Federal quetes para as Regionais, que fazem o consolidado de sua área e o
n° 6.015/73. Em tese, nenhum sepultamento deveria ocorrer sem enviam para as secretarias estaduais de saúde, que consolidam os
prévia emissão da DO. Mas, na prática, sabe-se da ocorrência de dados estaduais e os repassam para o Ministério da Saúde.
sepultamentos irregulares, em cemitérios clandestinos (e eventual‐ Em todos os níveis, sobretudo no municipal, que está mais pró‐
mente mesmo em cemitérios oficiais), o que afeta o conhecimento ximo do evento, deve ser realizada a crítica dos dados, buscando a
do real perfil l de mortalidade, sobretudo nas regiões Norte e Nor‐ existência de inconsistências como, por exemplo, causas de óbito
deste. exclusivas de um sexo sendo registradas em outro, causas perina‐
O registro do óbito deve ser feito no local de ocorrência do tais em adultos, registro de óbitos fetais com causas compatíveis
evento. Embora o local de residência seja a informação comumente apenas com nascidos vivos e idade incompatível com a doença.
mais utilizada, na maioria das análises do setor saúde a ocorrência é A análise dos dados do SIM permite a construção de importan‐
fator importante no planejamento de algumas medidas de contro‐ tes indicadores para o delineamento do perfil de saúde de uma re‐
le, como, por exemplo, no caso dos acidentes de trânsito e doenças gião. Assim, a partir das informações contidas nesse Sistema, pode‐
infecciosas que exijam a adoção de medidas de controle no local -se obter a mortalidade proporcional por causas, faixa etária, sexo,
de ocorrência. Os óbitos ocorridos fora do local de residência serão local de ocorrência e residência e letalidade de agravos dos quais se
redistribuídos, quando do fechamento das estatísticas, pelas secre‐ conheça a incidência, bem como taxas de mortalidade geral, infan‐
tarias estaduais e Ministério da Saúde, permitindo, assim, o acesso til, materna ou por qualquer outra variável contida na DO, uma vez que
aos dados tanto por ocorrência como por residência do falecido. são disponibilizadas várias formas de cruzamento dos dados. Entretan‐
O SIM constitui importante elemento para o Sistema Nacional to, em muitas áreas, o uso dessa rica fonte de dados é prejudicada pelo
de Vigilância Epidemiológica, tanto como fonte principal de da‐ não preenchimento correto das DO, com omissão de dados como, por
dos, quando há falhas de registro de casos no Sinan, quanto como exemplo, estado gestacional ou puerperal, ou pelo registro excessivo
fonte complementar, por também dispor de informações sobre as de causas mal defi nidas, prejudicando o uso dessas informações nas
características de pessoa, tempo e lugar, assistência prestada ao diversas instâncias do sistema de saúde. Estas análises devem ser rea‐
paciente, causas básicas e associadas de óbito, extremamente re‐ lizadas em todos os níveis do sistema, sendo subsídios fundamentais
levantes e muito utilizadas no diagnóstico da situação de saúde da para o planejamento de ações dos gestores.
população.
As informações obtidas pela DO também possibilitam o deli‐ Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc)
neamento do perfil de morbidade de uma área, no que diz respeito O número de nascidos vivos constitui relevante informação
às doenças mais letais e às doenças crônicas não sujeitas à noti‐ para o campo da saúde pública, pois possibilita a constituição de in‐
ficação compulsória, representando, praticamente, a única fonte dicadores voltados para a avaliação de riscos à saúde do segmento
regular de dados. Para as doenças de notificação compulsória, a materno-infantil, a exemplo dos coeficientes de mortalidade infan‐
utilização eficiente desta fonte de dados depende da verificação ro‐ til e materna, nos quais representa o denominador. Antes da im‐
tineira da presença desses agravos no banco de dados do SIM. De‐ plantação do Sinasc, em 1990, esta informação só era conhecida no
ve-se também checar se as mesmas constam no Sinan, bem como a Brasil por estimativas realizadas a partir da informação censitária.
evolução do caso para óbito. Atualmente, são disponibilizados pela SVS, no site www.datasus.
Uma vez preenchida a DO, quando se tratar de óbitos por cau‐ gov.br, dados do Sinasc referentes aos anos de 1994 em diante.
sas naturais, ocorridos em estabelecimento de saúde, a primeira Entretanto, até o presente momento, só pode ser utilizado como
via (branca) será da secretaria municipal de saúde (SMS); a segunda denominador, no cálculo de alguns indicadores, em regiões onde
(amarela) será entregue aos familiares do falecido, para registro em sua cobertura é ampla, substituindo deste modo as estimativas
Cartório de Registro Civil e emissão da Certidão de Óbito (ficando censitárias.
retida no cartório); a terceira (rosa) ficará arquivada no prontuário O Sinasc tem como instrumento padronizado de coleta de da‐
do falecido. Nos óbitos de causas naturais ocorridos fora do esta‐ dos a Declaração de Nascido Vivo (DN), cuja emissão, a exemplo
belecimento de saúde, mas com assistência médica, o médico que da DO, é de competência exclusiva do Ministério da Saúde. Tanto
fornecer a DO deverá levar a primeira e terceira vias para a SMS, a emissão da DN como o seu registro em cartório serão realizados
entregando a segunda para os familiares do falecido. Nos casos de no município de ocorrência do nascimento. Deve ser preenchida
óbitos de causas naturais, sem assistência médica, em locais que nos hospitais e outras instituições de saúde que realizam parto, e
disponham de Serviço de Verificação de Óbitos (SVO), estes serão nos Cartórios de Registro Civil, na presença de duas testemunhas,
responsáveis pela emissão da DO, obedecendo o mesmo fluxo dos quando o nascimento ocorre em domicílio sem assistência de pro‐
hospitais. Em lugares onde não exista SVO, um médico da locali‐ fissional de saúde. Desde 1992 sua implantação ocorre de forma
dade deverá preencher a DO obedecendo o fluxo anteriormente gradual. Atualmente, vem apresentando em muitos municípios
referido para óbitos ocorridos fora do estabelecimento de saúde, um volume maior de registros do que o publicado nos anuários do
com assistência médica. IBGE, com base nos dados dos Cartórios de Registro Civil.

154
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
A DN deve ser preenchida para todos os nascidos vivos no país, Entre os indicadores de interesse para a atenção à saúde ma‐
o que, segundo conceito definido pela OMS, corresponde a “todo terno-infantil, são imprescindíveis as informações contidas na DN:
produto da concepção que, independentemente do tempo de ges‐ proporção de nascidos vivos de baixo peso, proporção de nasci‐
tação ou peso ao nascer, depois de expulso ou extraído do corpo da mentos prematuros, proporção de partos hospitalares, proporção
mãe, respire ou apresente outro sinal de vida tal como batimento de nascidos vivos por faixa etária da mãe, valores do índice Apgar
cardíaco, pulsação do cordão umbilical ou movimentos efetivos dos no primeiro e quinto minutos, número de consultas pré-natal rea‐
músculos de contração voluntária, estando ou não desprendida a lizadas para cada nascido vivo, dentre outros. Além desses, podem
placenta”. A obrigatoriedade desse registro é também dada pela ainda ser calculados indicadores clássicos voltados à caracterização
Lei n° 6.015/73. No caso de gravidez múltipla, deve ser preenchida geral de uma população, como a taxa bruta de natalidade e a taxa
uma DN para cada criança nascida viva. de fecundidade geral.
É sabida a ocorrência de uma proporção razoável de subno-
tificação de nascimentos, estimada em até 35% para alguns esta- Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS)
dos, em 1999, particularmente nas regiões Norte e Nordeste − que O SIH/SUS, que possui dados informatizados desde 1984, não
nesse ano apresentaram cobertura média em torno de 80% do foi concebido sob a lógica epidemiológica, mas sim com o propósi‐
número de nascidos vivos estimado para cada região, motivo que to de operar o sistema de pagamento de internação dos hospitais
levou as áreas responsáveis pelas estatísticas vitais a realizarem contratados pelo Ministério da Previdência. Posteriormente, foi es‐
uma busca ativa nas unidades emissoras de DNs. Entretanto, nes- tendido aos hospitais filantrópicos, universitários e de ensino e aos
se mesmo período, a captação de nascimentos pelo Sinasc encon- hospitais públicos municipais, estaduais e federais. Nesse último
trava-se igual ou superior a 100% em relação às estimativas de- caso, somente aos da administração indireta e de outros ministé‐
mográficas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, com índices rios.
mínimos de 87%, 90% e 96% em três estados. Tais dados revelam Reúne informações de cerca de 70% dos internamentos hospi‐
progressiva melhoria da cobertura desse sistema, o que favorece talares realizados no país, tratando-se, portanto, de grande fonte
sua utilização como fonte de dados para a confecção de alguns das enfermidades que requerem internação, importante para o co‐
indicadores. nhecimento da situação de saúde e gestão de serviços. Ressalte-se
Igualmente à DO, os formulários de Declaração de Nascido Vivo sua gradativa incorporação à rotina de análise e informações de
são pré numerados, impressos em três vias coloridas e distribuídos alguns órgãos de vigilância epidemiológica de estados e municípios.
às SES pela SVS/MS. As SES encarregavam se, até recentemente, e Seu instrumento de coleta de dados é a Autorização de Inter‐
sua distribuição aos estabelecimentos de saúde e cartórios. Apesar nação Hospitalar (AIH), atualmente emitida pelos estados a partir
da preconização de que as SMS devem assumir esse encargo, isto de uma série numérica única definida anualmente em portaria mi‐
ainda não está acontecendo em todo o território nacional. nisterial. Este formulário contém, entre outros, os dados de aten‐
Nos partos ocorridos em estabelecimentos de saúde, a pri‐ dimento, com os diagnósticos de internamento e alta (codificados
meira via (branca) da DN preenchida será para a SMS; a segunda de acordo com a CID), informações relativas às características de
(amarela) deverá ser entregue ao responsável pela criança, para a pessoa (idade e sexo), tempo e lugar (procedência do paciente) das
obtenção da Certidão de Nascimento no Cartório de Registro Civil, internações, procedimentos realizados, valores pagos e dados ca‐
onde ficará retida; a terceira (rosa) será arquivada no prontuário dastrais das unidades de saúde, que permitem sua utilização para
da puérpera. Para os partos domiciliares com assistência médica, fins epidemiológicos.
a primeira via deverá ser enviada para a SMS e a segunda e tercei‐ As séries numéricas de AIHs são mensalmente fornecidas pelo
ra vias entregues ao responsável, que utilizará a segunda via para Ministério da Saúde às secretarias estaduais de saúde , de acordo
registro do nascimento em cartório e a terceira para apresentação com o quantitativo anual estipulado para o estado, que desde o iní‐
em unidade de saúde onde realizar a primeira consulta da criança. cio de 1995 é equivalente ao máximo de 9% da população residente
Nos partos domiciliares sem assistência médica, a DN será preen‐ (estimada pelo IBGE). Quando se trata de município em gestão ple‐
chida no Cartório de Registro Civil, que reterá a primeira via, a ser na do sistema, a cota de AIH definida pela Programação Pactuada e
recolhida pela SMS, e a segunda, para seus arquivos. A terceira via Integrada (PPI) é repassada diretamente pelo Ministério da Saúde
será entregue ao responsável, que a destinará à unidade de saúde para o município. O banco de dados do prestador envia as informa‐
do primeiro atendimento da criança. ções para o Datasus, com cópia para a secretaria estadual de saúde.
Também nesses casos as primeiras vias da DN deverão ser Nos municípios em gestão plena de atenção básica, é o estado que
recolhidas ativamente pelas secretarias municipais de saúde, que faz a gestão da rede hospitalar.
após digitá-las envia o consolidado para as SES, onde os dados são Os números de AIHs têm validade de quatro meses, não sendo
processados e distribuídos segundo o município de residência e, a mais aceitos pelo sistema.
seguir, enviados para o MS, que os reagrupa por estados de resi‐ Tal regra permite certa compensação temporal naqueles es‐
dência, sendo disponibilizados pela SVS através do site www.data- tados em que a sazonalidade da ocorrência de doenças influencia
sus.gov.br e em CD-ROM. Em todos os níveis do sistema, os fortemente o número de internações.
dados deverão ser criticados. As críticas realizadas visam de‐ O banco de dados, correspondente ao cadastro de todas as
tectar possíveis erros de preenchimento da Declaração de Nascido unidades prestadoras de serviços hospitalares ao SUS credencia‐
Vivo ou da digitação de dados. Sua validação é feita pelo cruzamen‐ das, é permanentemente atualizado sempre que há credenciamen‐
to de variáveis para verificação de consistência, como, por exem‐ to, descredenciamento ou qualquer modificação de alguma carac‐
plo, o peso do bebê com o tempo de gestação ou a idade da mãe terística da unidade de saúde.
com a paridade. Os dados produzidos por este Sistema são amplamente dis‐
A utilização dos dados deste sistema para o planejamento e ponibilizados pelo site. datasus.gov.br e pela BBS (Bulletin Board
tomada de decisões nas três esferas de governo ainda é incipiente. System) do Ministério da Saúde, além de CDROMcom produção
Na maioria das vezes, como denominador para o cálculo de taxas mensal e anual consolidadas. Os arquivos disponibilizados podem
como as de mortalidade infantil e materna, por exemplo. Apesar serde dois tipos: o “movimento”, em que constam todos os dados,
disso, alguns indicadores vêm sendo propostos − a grande maioria
e o “reduzido”, em que nãoaparecem os relativos aos serviços pro‐
voltada à avaliação de risco da mortalidade infantil e a qualidade da
fissionais.
rede de atenção à gravidez e ao parto.

155
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
O SIH/SUS foi desenvolvido para propiciar a elaboração de al‐ Outras importantes fontes de dados
guns indicadores de avaliação de desempenho de unidades, além A depender das necessidades dos de controle de algumas
do acompanhamento dos números absolutos relacionados à fre‐ doenças, outros sistemas de informação complementares foram
quência de AIHs e que vêm sendo cada vez mais utilizados pelos desenvolvidos pelo Cenepi, tais como o FAD (Sistema de informa‐
gestores para uma primeira aproximação da avaliação de cobertura ção da febre amarela e dengue), que registra dados de infestação
de sua rede hospitalar, e até para a priorização de ações de caráter pelo Aedes aegypti, a nível municipal, e outros dados operacionais
preventivo. do programa.
Entre suas limitações encontram-se a cobertura dos dados (que Outros sistemas de informação que também podem ser úteis à
depende do grau de utilização e acesso da população aos serviços vigilância epidemiológica, embora restritos a uma área de atuação
da rede pública própria, contratada e conveniada ao SUS), ausên‐ muito específica, quer por não terem uma abrangência nacional ou
cia de críticas informatizadas, possibilidade das informações pouco por não serem utilizados em todos os níveis de gestão, são:
confiáveis sobre o endereço do paciente, distorções decorrentes
de falsos diagnósticos e menor número de internamentos que o Sistema de Informação da Atenção Básica (Siab) – sistema
necessário, em função das restrições de recursos federais – proble‐ de informação territorializado que coleta dados que possibilitam
mas que podem resultar em vieses nas estimativas. a construção de indicadores populacionais referentes a áreas de
Contudo, ao contrário do que ocorre nos bancos de dados dos abrangência bem delimitadas, cobertas pelo Programa de Agentes
sistemas descritos anteriormente, os dados do SIH/SUS, não po‐ Comunitários de Saúde e Programa Saúde da Família.
dem ser corrigidos após terem sido enviados, mesmo após investi‐ Sua base de dados possui três blocos: o cadastramento fami‐
gados e confirmados erros de digitação, codificação ou diagnóstico. liar (indicadores sociodemográficos dos indivíduos e de saneamen‐
O Sistema também não identifica reinternações e transferências de to básico dos domicílios); o acompanhamento de grupos de risco
outros hospitais, o que, eventualmente leva a duplas ou triplas con‐ (menores de dois anos, gestantes, hipertensos, diabéticos, pessoas
tagens de um mesmo paciente. com tuberculose e pessoas com hanseníase); e o registro de ativida‐
Apesar de todas as restrições, essa base de dados é de extrema des, procedimentos e notificações (produção e cobertura de ações
importância para o conhecimento do perfil dos atendimentos na e serviços básicos, notificação de agravos, óbitos e hospitalizações).
rede hospitalar. Adicionalmente, não pode ser desprezada a agili‐ Os níveis de agregação do SIAB são: microárea de atuação do
dade do Sistema. Os dados por ele aportados tornam-se disponíveis agente comunitário de saúde (território onde residem cerca de
aos gestores em menos de um mês, e cerca de dois meses para a 150 famílias), área de abrangência da equipe de Saúde da Família
disponibilização do consolidado Brasil. Para a vigilância epidemio‐ (território onde residem aproximadamente mil famílias), segmen‐
lógica, avaliação e controle de ações, esta é uma importante quali‐ to, zonas urbana e rural, município, estado, regiões e país. Assim,
dade para o estímulo à sua análise rotineira. o Sistema possibilita a microlocalização de problemas de saúde
como, por exemplo, a identificação de áreas com baixas coberturas
Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS) vacinais ou altas taxas de prevalência de doenças (como tuberculo‐
Em 1991, o SIA/SUS foi formalmente implantado em todo o se e hipertensão), permitindo a espacialização das necessidades e
território nacional como instrumento de ordenação do pagamento respostas sociais e constituindo-se em importante ferramenta para
dos serviços ambulatoriais (públicos e conveniados), viabilizando o planejamento e avaliação das ações de vigilância da saúde.
aos gestores apenas a informação do gasto por natureza jurídica do
prestador. O total de consultas e exames realizados era fornecido Sistema de Informações de Vigilância Alimentar e Nutricional
por outro sistema, de finalidade puramente estatística, cujo docu‐ (Sisvan) – instrumento de políticas federais, focalizadas e compen‐
mento de entrada de dados era o Boletim de Serviços Produzidos satórias. Atualmente, encontra-se implantado em aproximada‐
(BSP) e o único produto resultante, a publicação INAMPS em Dados. mente 1.600 municípios considerados de risco para a mortalidade
Embora tenha sofrido algumas alterações com vistas a um infantil.
melhor controle e consistência de dados, o SIA/SUS pouco mudou Disponibiliza informações sobre o programa de recuperação
desde sua implantação. Por obedecer à lógica de pagamento por de crianças desnutridas e gestantes sob risco nutricional.
procedimento, não registra o CID do(s) diagnóstico(s) dos pacien‐
tes e não pode ser utilizado como informação epidemiológica, ou Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunização
seja, seus dados não permitem delinear os perfis de morbidade da (SI-PNI) – implantado em todos os municípios brasileiros, fornece
população, a não ser pela inferência a partir dos serviços utilizados. dados relativos à cobertura vacinal de rotina e, em campanhas, taxa
Entretanto, como sua unidade de registro de informações é o de abandono e controle do envio de boletins de imunização. Além
procedimento ambulatorial realizado, desagregado em atos pro‐ do módulo de avaliação do PNI, este Sistema dispõe de um subsis‐
fissionais, outros indicadores operacionais podem ser importantes tema de estoque e distribuição de imunobiológicos.
como complemento das análises epidemiológicas, por exemplo:
número de consultas médicas por habitante/ano; número de con‐ Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água
sultas médicas por consultório; número de exames/terapias reali‐ para Consumo Humano(Siságua) – fornece informações sobre a
zados pelo quantitativo de consultas médicas. qualidade da água para consumo humano, proveniente dos siste‐
Desde julho de 1994 as informações relacionadas a esse siste‐ mas público e privado, e soluções alternativas de abastecimento.
ma estão disponíveis no site www.datasus.gov.br e por CD-ROM. Objetiva coletar, transmitir e disseminar dados gerados rotineira‐
Ressalte-se como importante módulo o cadastramento de uni‐ mente, de forma a produzir informações necessárias à prática da
dades ambulatoriais contratadas, conveniadas e da rede pública vigilância da qualidade da água de consumo humano (avaliação da
própria dos estados e municípios, bem como as informações sobre problemática da qualidade da água e definição de estratégias para
profissionais por especialidade. prevenir e controlar os processos de sua deterioração e transmis‐
Quando da análise de seus dados, deve-se atentar para as são de enfermidades) por parte das secretarias municipais e esta‐
questões relativas à cobertura, acesso, procedência e fluxo dos duais de saúde, em cumprimento à Portaria nº 36/90, do Ministério
usuários dos serviços de saúde. da Saúde.

156
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Além das informações decorrentes dos sistemas descritos exis‐ Perspectivas atuais
tem outras grandes bases de dados de interesse para o setor saúde, Desde 1992, a SVS vem desenvolvendo, de forma descentrali‐
com padronização e abrangência nacionais. Entre elas destacam‐ zada, uma política de estímulo ao uso da informação e da informá‐
-se: Cadernos de Saúde e Rede Interagencial de Informação para a tica como subsídio à implantação do SUS no país.
Saúde/ Ripsa, da qual um dos produtos é o IDB/Indicadores e Da‐ Para isso, adotou iniciativas junto aos estados e municípios, vi‐
dos Básicos para a Saúde (acesso via www.datasus.gov.br ou www. sando a descentralização do uso do SIM, Sinan e Sinasc, financiou
saude.gov.br), além daquelas disponibilizadas pelo IBGE (particu‐ cursos de informação, epidemiologia e informática, e divulgou os
larmente no que se refere ao Censo Demográfico, à Pesquisa Brasi‐ EPI-Info e Epimap.
leira por Amostragem de Domicílios – Pnad e Pesquisa Nacional de Este processo vem avançando, particularmente, a partir da im‐
Saneamento Básico 2000). É também importante verificar outros plantação da Norma Operacional Básica do Sistema Único de Saúde
bancos de dados de interesse à área da saúde, como os do Ministé‐ (NOB 01/96) e da instituição da transferência de recursos, fundo a
rio do Trabalho (Relação Anual de Informações Sociais/Rais) e os do fundo, para o desenvolvimento de atividades na área de epidemio‐
Sistema Federal de Inspeção do Trabalho (informações sobre riscos logia (Portaria MS nº 1.399/99).
ocupacionais por atividade econômica), bem como fontes de dados
resultantes de estudos e pesquisas realizados por instituições como Considerações finais
o Ipea e relatórios e outras publicações de associações de empresas A compatibilidade das principais bases de dados dos diversos
que atuam no setor médico supletivo (medicina de grupo, segura‐ sistemas de informações em saúde, com vistas à sua utilização con‐
doras, autogestão e planos de administração). junta, é meta há algum tempo buscada pelos profissionais que tra‐
A maioria dos sistemas de informação ora apresentados possui balham com a informação no setor saúde. A uniformização de con‐
manual instrucional e modelos dos instrumentos de coleta (fichas e ceitos e definições do Sinan, Sinasc e SIM é exemplo das iniciativas
declarações) para implantação e utilização em computador – dispo‐ adotadas no sentido de obter a compatibilização destes sistemas
nibilizados pela Secretaria de Vigilância em Saúde. que, entretanto, até o momento ainda não foi totalmente atingida.
A utilização dos sistemas de informações de saúde e de outras
fontes de dados, pelos serviços de saúde e instituições de ensino
e pesquisa, dentre outras, pode ser viabilizada via Internet, propi‐ PORTARIA N° - 204, DE 17 DE FEVEREIRO DE 2016
ciando o acesso a dados nas seguintes áreas:
• demografia – informações sobre população, mortalidade e Define a Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças,
natalidade; agravos e eventos de saúde pública nos serviços de saúde públicos
• morbidade – morbidade hospitalar e ambulatorial, registros e privados em todo o território nacional, nos termos do anexo, e dá
especiais, seguro social, acidentes de trânsito, de trabalho, etc.; outras providências.
meio ambiente: saneamento básico, abastecimento de água, desti‐ O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, INTERINO, no uso das atri‐
no dos dejetos e lixo, poluição ambiental, condições de habitação, buições que lhe conferem os incisos I e II do parágrafo único do art.
estudo de vetores; 87 da Constituição, e
• recursos de saúde e produção de serviços – recursos físicos, Considerando a Lei nº 6.259, de 30 de outubro de 1975, que
humanos, financeiros, produção na rede de serviços básicos de saú‐ dispõe sobre a organização das ações de Vigilância Epidemiológi‐
de e em outras instituições de saúde, vigilância sanitária; no âmbito ca, sobre o Programa Nacional de Imunizações, estabelece normas
documental e administrativo: legislação médico-sanitária, referên‐ relativas à notificação compulsória de doenças, e dá outras provi‐
cias bibliográficas e sistemas administrativos. dências;
Considerando o art. 10, incisos VI a IX, da Lei nº 6.437, de 20
Existem outros dados necessários ao município e não coleta‐ de agosto de 1977, que configura infrações à legislação sanitária fe‐
dos regularmente, que podem ser obtidos mediante de inquéritos deral, estabelece as sanções respectivas, e dá outras providências;
e estudos especiais, de forma eventual e localizada. Considerando a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que dispõe
Contudo, é preciso haver racionalidade na definição dos da‐ sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente;
dos a serem coletados, processados e analisados no SIS, para evitar Considerando a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, que
desperdício de tempo, recursos e descrédito no sistema de infor‐ dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recupera‐
mação, tanto pela população como pelos técnicos. ção da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços corres‐
pondentes e dá outras providências;
Divulgação das informações Considerando a Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, que
A retroalimentação dos sistemas deve ser considerada um dos dispõe sobre o Estatuto do Idoso, alterada pela Lei nº 12.461, de 26
aspectos fundamentais para o contínuo processo de aperfeiçoa‐ de julho de 2011, que determina a notificação compulsória dos atos
mento, gerência e controle da qualidade dos dados. de violência praticados contra o idoso atendido em estabelecimen‐
Tal prática deve ocorrer nos seus diversos níveis, de forma tos de saúde públicos ou privados;
sistemática, com periodicidade previamente definida, de modo a Considerando a Lei nº 10.778, de 24 de novembro de 2003,
permitir a utilização das informações quando da tomada de decisão que estabelece a notificação compulsória, no território nacional, do
e nas atividades de planejamento, definição de prioridades, aloca‐ caso de violência contra a mulher que for atendida em serviços de
ção de recursos e avaliação dos desenvolvidos. Adicionalmente, a saúde, públicos ou privados;
divulgação das informações geradas pelos sistemas assume valor Considerando a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, que
inestimável como instrumento de suporte ao controle social, práti‐ regula o acesso às informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º,
ca que deve ser estimulada e apoiada em todos os níveis e que deve no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição
definir os instrumentos de informação, tanto para os profissionais Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a
de saúde como para a comunidade. Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei nº 8.159,
de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências;

157
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Considerando o Decreto Legislativo nº 395, publicado no Diário a saúde pública, com participação facultativa, segundo norma téc‐
do Senado Federal em 13 de março de 2009, que aprova o texto nica específica estabelecida pela Secretaria de Vigilância em Saúde
revisado do Regulamento Sanitário Internacional, acordado na 58ª (SVS/MS).
Assembleia Geral da Organização Mundial de Saúde, em 23 de maio
de 2005; CAPÍTULO II
Considerando o Decreto nº 7.616, de 17 de novembro de 2011, DA NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA
que dispõe sobre a declaração de Emergência em Saúde Pública de
Importância Nacional (ESPIN) e institui a Força Nacional do Sistema Art. 3º A notificação compulsória é obrigatória para os médi‐
Único de Saúde (FN-SUS); e cos, outros profissionais de saúde ou responsáveis pelos serviços
Considerando a necessidade de padronizar os procedimentos públicos e privados de saúde, que prestam assistência ao paciente,
normativos relacionados à notificação compulsória no âmbito do em conformidade com o art. 8º da Lei nº 6.259, de 30 de outubro
Sistema Único de Saúde (SUS), resolve: de 1975.
§ 1º A notificação compulsória será realizada diante da sus‐
CAPÍTULO I peita ou confirmação de doença ou agravo, de acordo com o es‐
DAS DISPOSIÇÕES INICIAIS tabelecido no anexo, observando-se, também, as normas técnicas
estabelecidas pela SVS/MS.
Art. 1º Esta Portaria define a Lista Nacional de Notificação § 2º A comunicação de doença, agravo ou evento de saúde pú‐
Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública nos blica de notificação compulsória à autoridade de saúde competen‐
serviços de saúde públicos e privados em todo o território nacional, te também será realizada pelos responsáveis por estabelecimentos
nos termos do anexo. públicos ou privados educacionais, de cuidado coletivo, além de
Art. 2º Para fins de notificação compulsória de importância na‐ serviços de hemoterapia, unidades laboratoriais e instituições de
cional, serão considerados os seguintes conceitos: pesquisa.
I - agravo: qualquer dano à integridade física ou mental do in‐ § 3º A comunicação de doença, agravo ou evento de saúde pú‐
divíduo, provocado por circunstâncias nocivas, tais como acidentes, blica de notificação compulsória pode ser realizada à autoridade de
intoxicações por substâncias químicas, abuso de drogas ou lesões saúde por qualquer cidadão que deles tenha conhecimento.
decorrentes de violências interpessoais, como agressões e maus Art. 4º A notificação compulsória imediata deve ser realizada
tratos, e lesão autoprovocada; pelo profissional de saúde ou responsável pelo serviço assistencial
II - autoridades de saúde: o Ministério da Saúde e as Secreta‐ que prestar o primeiro atendimento ao paciente, em até 24 (vinte
e quatro) horas desse atendimento, pelo meio mais rápido dispo‐
rias de Saúde dos Estados, Distrito Federal e Municípios, responsá‐
nível.
veis pela vigilância em saúde em cada esfera de gestão do Sistema
Parágrafo único. A autoridade de saúde que receber a notifi‐
Único de Saúde (SUS);
cação compulsória imediata deverá informa-la, em até 24 (vinte
III - doença: enfermidade ou estado clínico, independente de
e quatro) horas desse recebimento, às demais esferas de gestão
origem ou fonte, que represente ou possa representar um dano
do SUS, o conhecimento de qualquer uma das doenças ou agravos
significativo para os seres humanos;
constantes no anexo.
IV - epizootia: doença ou morte de animal ou de grupo de ani‐
Art. 5º A notificação compulsória semanal será feita à Secre‐
mais que possa apresentar riscos à saúde pública; taria de Saúde do Município do local de atendimento do paciente
V - evento de saúde pública (ESP): situação que pode constituir com suspeita ou confirmação de doença ou agravo de notificação
potencial ameaça à saúde pública, como a ocorrência de surto ou compulsória.
epidemia, doença ou agravo de causa desconhecida, alteração no Parágrafo único. No Distrito Federal, a notificação será feita à
padrão clínico epidemiológico das doenças conhecidas, consideran‐ Secretaria de Saúde do Distrito Federal.
do o potencial de disseminação, a magnitude, a gravidade, a seve‐ Art. 6º A notificação compulsória, independente da forma
ridade, a transcendência e a vulnerabilidade, bem como epizootias como realizada, também será registrada em sistema de informação
ou agravos decorrentes de desastres ou acidentes; em saúde e seguirá o fluxo de compartilhamento entre as esferas
VI - notificação compulsória: comunicação obrigatória à auto‐ de gestão do SUS estabelecido pela SVS/MS.
ridade de saúde, realizada pelos médicos, profissionais de saúde
ou responsáveis pelos estabelecimentos de saúde, públicos ou pri‐ CAPÍTULO III
vados, sobre a ocorrência de suspeita ou confirmação de doença, DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
agravo ou evento de saúde pública, descritos no anexo, podendo
ser imediata ou semanal; Art. 7º As autoridades de saúde garantirão o sigilo das informa‐
VII - notificação compulsória imediata (NCI): notificação com‐ ções pessoais integrantes da notificação compulsória que estejam
pulsória realizada em até 24 (vinte e quatro) horas, a partir do co‐ sob sua responsabilidade
nhecimento da ocorrência de doença, agravo ou evento de saúde Art. 8º As autoridades de saúde garantirão a divulgação atua‐
pública, pelo meio de comunicação mais rápido disponível; lizada dos dados públicos da notificação compulsória para profis‐
VIII - notificação compulsória semanal (NCS): notificação com‐ sionais de saúde, órgãos de controle social e população em geral.
pulsória realizada em até 7 (sete) dias, a partir do conhecimento da Art. 9º A SVS/MS e as Secretarias de Saúde dos Estados, do Dis‐
ocorrência de doença ou agravo; trito Federal e dos Municípios divulgarão, em endereço eletrônico
IX - notificação compulsória negativa: comunicação semanal oficial, o número de telefone, fax, endereço de e-mail institucional
realizada pelo responsável pelo estabelecimento de saúde à autori‐ ou formulário para notificação compulsória.
dade de saúde, informando que na semana epidemiológica não foi Art. 10. A SVS/MS publicará normas técnicas complementares
identificado nenhuma doença, agravo ou evento de saúde pública relativas aos fluxos, prazos, instrumentos, definições de casos sus‐
constante da Lista de Notificação Compulsória; e peitos e confirmados, funcionamento dos sistemas de informação
X - vigilância sentinela: modelo de vigilância realizada a par‐ em saúde e demais diretrizes técnicas para o cumprimento e ope‐
tir de estabelecimento de saúde estratégico para a vigilância de racionalização desta Portaria, no prazo de até 90 (noventa) dias,
morbidade, mortalidade ou agentes etiológicos de interesse para contados a partir da sua publicação.

158
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Art. 11. A relação das doenças e agravos monitorados por meio da estratégia de vigilância em unidades sentinelas e suas diretrizes
constarão em ato específico do Ministro de Estado da Saú- de.
Art. 12. A relação das epizootias e suas diretrizes de notificação constarão em ato específico do Ministro de Estado da Saúde.
Art. 13. Esta Portaria entra em vigor na data de sua pu- blicação. Art. 14.
Fica revogada a Portaria nº 1.271/GM/MS, de 06 de junho de 2014, publicada no Diário Oficial da União, nº 108, Seção 1, do dia 09
de junho de 2014, p. 37.
Art. 14. Fica revogada a Portaria nº 1.271/GM/MS, de 06 de junho de 2014, publicada no Diário Oficial da União, nº 108, Seção 1, do
dia 09 de junho de 2014, p. 37.
JOSÉ AGENOR ÁLVARES DA SILVA

ANEXO
Lista Nacional de Notificação Compulsória

Nº DOENÇA OU AGRAVO (Ordem alfabética) Periodicidade de notificação


Imediata (até 24 horas)
para* Semanal*
MS SES SMS
1 a. Acidente de trabalho com exposição a material biológico X
b. Acidente de trabalho: grave, fatal e em crianças e adolescentes X
2 Acidente por animal peçonhento X
3 Acidente por animal potencialmente transmissor da raiva X
4 Botulismo X X X
5 Cólera X X X
6 Coqueluche X X
7 a. Dengue - Casos X
b. Dengue - Óbitos X X X
8 Difteria X X
9 Doença de Chagas Aguda X X
10 Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) X
11 a. Doença Invasiva por “Haemophilus Influenza” X X
b. Doença Meningocócica e outras meningites X X
Doenças com suspeita de disseminação intencional: a. Antraz pneu‐
12 X X X
mônico b. Tularemia c. Varíola
Doenças febris hemorrágicas emergentes/reemergentes: a. Arenaví‐
13 X X X
rus b. Ebola c. Marburg d. Lassa e. Febre purpúrica brasileira
14 a. Doença aguda pelo vírus Zika X
b. Doença aguda pelo vírus Zika em gestante X X
c. Óbito com suspeita de doença pelo vírus Zika X X X
15 Esquistossomose X
Evento de Saúde Pública (ESP) que se constitua ameaça à saúde públi‐
16 X X X
ca (ver definição no Art. 2º desta portaria)
17 Eventos adversos graves ou óbitos pós-vacinação X X X
18 Febre Amarela X X X
19 a. Febre de Chikungunya X
b. Febre de Chikungunya em áreas sem transmissão X X X
c. Óbito com suspeita de Febre de Chikungunya X X X
Febre do Nilo Ocidental e outras arboviroses de importância em saú‐
20 X X X
de pública
21 Febre Maculosa e outras Riquetisioses X X X
22 Febre Tifoide X X

159
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
23 Hanseníase X
24 Hantavirose X X X

25 Hepatites virais X
26 HIV/AIDS - Infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana ou Sín‐ X
drome da Imunodeficiência Adquirida
27 Infecção pelo HIV em gestante, parturiente ou puérpera e Criança ex‐ X
posta ao risco de transmissão vertical do HIV
28 Infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) X
29 Influenza humana produzida por novo subtipo viral X X X
30 Intoxicação Exógena (por substâncias químicas, incluindo agrotóxi‐ X
cos, gases tóxicos e metais pesados)
31 Leishmaniose Tegumentar Americana X
32 Leishmaniose Visceral X
33 Leptospirose X
34 a. Malária na região amazônica X
b. Malária na região extra Amazônica X X X
35 Óbito: a. Infantil b. Materno X
36 Poliomielite por poliovirus selvagem X X X
37 Peste X X X
38 Raiva humana X X X
39 Síndrome da Rubéola Congênita X X X
40 Doenças Exantemáticas: a. Sarampo b. Rubéola X X X
41 Sífilis: a. Adquirida b. Congênita c. Em gestante X
42 Síndrome da Paralisia Flácida Aguda X X X
43 Síndrome Respiratória Aguda Grave associada a Coronavírus a. SARS‐ X X X
-CoV b. MERS- CoV
44 Tétano: a. Acidental b. Neonatal X
45 Toxoplasmose gestacional e congênita X
46 Tu b e r c u l o s e X
47 Varicela - caso grave internado ou óbito X X
48 a. Violência doméstica e/ou outras violências X
b. Violência sexual e tentativa de suicídio X

* Informação adicional: Notificação imediata ou semanal seguirá o fluxo de compartilhamento entre as esferas de gestão do SUS
estabelecido pela SVS/MS; Legenda: MS (Ministério da Saúde), SES (Secretaria Estadual de Saúde) ou SMS (Secretaria Municipal de
Saúde) A notificação imediata no Distrito Federal é equivalente à SMS.

PROGRAMA DE ASSISTÊNCIA INTEGRADA A SAÚDE DA CRIANÇA, MULHER, HOMEM, ADOLESCENTE E IDOSO

Saúde da criança

Marcos do crescimento e do desenvolvimento


O desenvolvimento da criança é o aumento da capacidade do indivíduo na realização de funções cada vez mais complexas. Para uma
definição mais completa e necessário diferenciar as noções referentes ao crescimento e desenvolvimento:
― crescimento e o aumento do corpo, de ponto de vista físico. Ele pode ser aumento de estatura ou de peso. A unidade de medida
dele vai ser o cm ou a grama. Os processos básicos dele: aumento de tamanho celular (chamado de hipertrofia) ou aumento do numero
das células (hiperplasia);
― maturação e uma noção bem diferente – nesse caso, trata-se de organização progressiva das estruturas morfológicas. Aqui en‐
tra: crescimento e diferenciação celular, mielinização, especialização dos aparelhos e sistemas;

160
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
― desenvolvimento: e um ponto de visto holístico, integran‐ -reunir o material;
te dos processos do crescimento e maturação, mas que junta a isto -lero rótulo da medicação (observar validade, cor, aspecto, do‐
o impacto e o aprendizagem sobre cada evento, e, também, a inte‐ sagem)
gração psíquicos e sociais; -preparar o medicamento na dose certa;
― o desenvolvimento psicossocial – e, de fato a integração -identificar a medicação a ser ministrada – nome da criança,
do aspecto humano – o ser aprende a interagir e mover, respeitar nº do leito, nome da medicação, a via de administração, a dose e o
as regras da sociedade, a rotina diária –praticamente, a criança vai horário e a assinatura de quem prepararam;
seguir os passos que vão ter como finalidade a convivência com a -não deixar ao alcance das crianças os medicamentos;
sociedade cuja pertence. -explicar a criança que entende a relação do medicamento com
a doença;
O recém-nascido e a criança hospitalizada -restringir a criança quando necessário, para garantir a admi‐
As crianças tendem a responder à hospitalização com um nistração correta e segura.
distúrbio emocional, estas respostas geralmente manifestam-se
através de comportamentos agressivos, como choro, retraimento, FARMACOCINETICA E DESENVOLVIMENTO INFANTIL
chute, mordida, tapas, resistência física aos procedimentos, ou ig‐
nora as solicitações. As internações são consideradas ameaças ao Fatores que Afetam a Absorção dos Medicamentos
desenvolvimento da criança e a união familiar.
Vários são os sinais dos transtornos que a criança possa apre‐ - Gastrintestinal
sentar dentre eles destacam-se: Ansiedade de Separação; Perda de O pH gástrico é alto em neonatos, atingindo os valores de adul‐
controle e Medos. to por volta da idade de 2 anos. Os medicamentos ácidos são mais
A unidade de internação é um ambiente ocupado e barulhen‐ biodisponíveis; os medicamentos-base apresentam menor biodis‐
to, cheio de eventos imprevistos e geralmente sem prazer para ponibilidade.
crianças e seus pais. É responsabilidade de todos os membros da A motilidade gástrica e intestinal (tempo de transito) esta dimi‐
equipe de saúde estar atenta e sensível a esses problemas em ge‐ nuída nos neonatos e lactentes menores, mas aumenta nos lacten‐
ral. O profissional bem treinado pode fazer avaliações e elaborar tes maiores e crianças.
intervenções durante a experiência da internação. O uso do brincar A quantidade de ácido biliar e o funcionamento estão dimi‐
terapêutico, atividades de recreação, atividades escolares, visitas nuídos nos recém-nascidos e atingem a sua capacidade máxima ao
hospitalares e grupos de apoio podem fornecer medidas criativas longo dos primeiros meses de vida.
para guiar a criança e a família para longe da experiência negativa e
em direção à experiência benéfica. (BOWDEN; GREENBERG, 2005) - Retal
Somente alguns medicamentos são adequados para adminis‐
Cuidados com as medicações tração retal. Além disso, o tamanho da exposição na mucosa retal
Medicamento é toda a substância que, introduzida no orga‐ afeta a absorção.
nismo, previne e trata doenças, alivia e auxilia no diagnóstico. As
ações de enfermagem relativas aos medicamentos dizem respeito - Intramuscular
ao preparo, à administração e a observação das reações da criança Variável no grupo pediátrico secundário a (a) fluxo sanguíneo e
que se submeteu a este procedimento. instabilidades vasomotoras, (b) contração e tônus muscular insufi‐
Considerar os seis certos tradicionais da administração de me‐ cientes e (c) oxigenação muscular diminuída.
dicamentos (registro certo, dose certa, via certa, droga certa, hora
certa e paciente certo) e de checar o procedimento realizado, em - Percutâneo
pediatria a equipe de enfermagem tem de levar em consideração Diminuído com espessura aumentada do estrato córneo e dire‐
certas peculiaridades durante o procedimento, tais como, a criança tamente relacionado à hidratação da pele.
sentir-se insegura durante a hospitalização e ter medo do que lhe Os neonatos e os lactentes tem a permeabilidade da pele au‐
vai acontecer, não aceitando, muitas vezes, as medicações, princi‐ mentada, permitindo maior penetração da medicação e uma rela‐
palmente as injetáveis. (COLLET; OLIVEIRA, 2002) ção maior de área de superfície – peso corporal com potencial para
Observam-se os seguintes cuidados para administração do me‐ toxicidade.
dicamento em pediatria segundo Collet e Oliveira 2002:
- ler cuidadosamente os rótulos dos medicamentos; - Intraocular
-questionar a administração de vários comprimidos ou frascos As mucosas de neonatos e lactentes são particularmente finas;
para uma única dose; os medicamentos oftalmológicos podem causar efeitos sistêmicos
-estar alerta para medicamentos similares; nos recém-nascidos e nas crianças jovens.
-verificar a vírgula decimal;
-questionar aumento abrupto e excessivo nas doses; Fatores que Afetam a Distribuição
-quando um medicamento novo for prescrito, buscar informa‐ - Os neonatos têm uma maior proporção de água corporal total
ções sobre ele; que rapidamente de reduz durante o primeiro ano de vida. Valores
-não administrar medicamentos prescritos por meio de apeli‐ de adultos são gradualmente alcançados por volta de 12 anos de
dos ou símbolos; idade. Este fator é uma consideração importante relacionado à so‐
-não tentar decifrar letras ilegíveis; lubilidade do medicamento na água.
-procurar conhecer crianças que tem o mesmo nome ou so‐ - As crianças têm uma proporção mais baixa de gordura corpo‐
brenome. ral que os adultos.
Cuidados prévios para a administração de medicamentos: - A capacidade de ligação das proteínas depende da idade.
- orientar a criança e a mãe/acompanhante por meio do brin‐
quedo terapêutico;
-lavar as mãos;

161
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
A concentração de proteína total ao nascimento corresponde Desvantagens:
a somente 80% dos valores de um adulto, o que leva a uma maior ― Lesão da mucosa ;
fração livre ou ativa da droga na circulação com um maior potencial ― Incômodo
para toxicidade. ― Expulsão
- A albumina fetal no período imediato após o parto tem a ca‐ ― Absorção irregular e incompleta
pacidade de ligação a drogas limitada. ― Adesão
- Uma barreira hemato-encefálica imatura durante o período
logo após o parto pode levar a altas concentrações de medicamen‐ Via oftalmológica: A administração de medicamentos nos
tos no cérebro do que em outras idades. olhos se dá na presença de infecções oculares ou para realizações
de exames de pequenas cirurgias. Deixar a criança em decúbito dor‐
Fatores que Afetam o Metabolismo sal elevado; realizar higiene ocular com gaze estéril e soro fisiológi‐
- O sistema microssomal enzimático do recém-nascido é me‐ co; separar as pálpebras para expor o saco conjuntival e instilar as
nos eficaz. gotas prescritas neste local, mantendo-se o conta-gotas a 3 cm de
- A maturação varia entre as pessoas; cada enzima hepática distância e soltar as pálpebras, secando-se a medicação excedente
torna-se funcional a uma frequência diferente. no sentido do canto interno para o externo e de cima para baixo.

Fatores que Afetam a Eliminação ATENÇÃO: Ao utilizar mais de um tipo de colírio no mesmo olho
- A filtração glomerular e a secreção tubular estão reduzidas é necessário aguardar pelo menos 10 minutos entre as aplicações.
no nascimento.
- Existe um aumento gradual na função renal, com os valores Via Inalatória: Este método utiliza o trato respiratório para
de adultos sendo alcançados nos(s) primeiro(s) 1-2 anos de vida. transportar o medicamento através da inalação ou da administra‐
ção direta para dentro da árvore respiratória através do tubo endo‐
Vias de Administração de Medicação Infantil traqueal. O medicamento, depois de inalado ou infundido, se move
Via Oral: Formas Farmacêuticas: cápsulas, comprimidos, xaro- para dentro dos brônquios e, em seguida, atinge os alvéolos do
pes e drágeas. paciente, sendo difundidos para os capilares pulmonares. Os me‐
A administração de medicamentos por via oral consiste no pre‐ dicamentos fornecidos através da via respiratória podem produzir
paro ideal, escolher o material de administração de acordo com a efeitos locais ou sistêmicos.
idade da criança (colher ou copo de medidas, conta-gotas, seringa,
copo descartável, fita crepe ou etiqueta de identificação); orien‐ Vantagens
tar a criança e o acompanhamento se preciso por intermédio do ― Rápido contato com o fármaco.
brinquedo terapêutico, sentar a criança semi-sentada no colo do ― Utilizada principalmente por pacientes com distúrbios
acompanhante ou decúbito dorsal elevado no leito; administra-se respiratórios
o medicamento certificando-se de que a criança engoliu; oferecer ― Pode ser administrada em pacientes inconscientes.
líquidos após o medicamento, registrar aceitação e se houver rea‐ ― A principal vantagem é administrar pequenas doses para
ção comunicar. ação rápida e minimizar os efeitos adversos sistêmicos

Vantagens: Via Tópica: É a via através da qual os medicamentos são admi‐


― Autoadministração, econômica e fácil; nistrados e absorvidos através da pele ou mucosas.
― Confortável, indolor;
― Forma Farmacêutica de fácil conservação Vantagens:
― Possibilidade de remover o medicamento ― É uma via prática;
― Não é dolorosa;
Desvantagens: ― É a única via que pode garantir o efeito apenas no local da
― Absorção variável; aplicação (evita efeito sistêmico). Ex.: Uso de pomada ou gel.
― Período de latência médio a longo;
― Ação dos sucos digestivos; Desvantagens:
― Interação com alimentos; ― Pode causar irritação na pele ou mucosas;
― Pacientes não colaboradores (inconscientes), com náu‐ ― Estímulo a automedicação;
seas e vômitos o incapazes de engolir; ― Ocorre perda do medicamento para o meio ambiente
― pH do trato gastrintestinal
Via Parenteral (injetáveis): Este tipo de procedimento é consi‐
Via Retal: A administração consiste na administração de me‐ derado pela criança como um ato agressivo contra si, pois na maio‐
dicamentos do tipo supositório ou enema no reto. O volume de ria das vezes é acompanhado de dor ou medo, o que se traduz no
líquido a ser administrado varia conforme a idade da criança: em choro e na ansiedade. Existem quatro meios comuns para adminis‐
lactentes, de 150 a 250 ml; em pré-escolar, de 250 a 350ml; em trar medicamentos por esta via: via endovenosa; via subcutânea; a
escolar, de 350 a 500ml e em adolescentes, de 500 a 750ml. intradérmica e a intramuscular.

Vantagens: Vantagens:
― Fármacos não são destruídos ou desativados no Trato ― Efeito farmacológico imediato;
Gastro Intestinal-TGI; ― Evitar a inativação por ação enzimática;
― Preferível quando a VIA ORAL está comprometida ― Administração a pacientes inconscientes
― Pacientes que não cooperam, inconscientes ou incapazes
de aceitar medicação por via oral . Desvantagens:
― Toxicidade local ou sistêmica (alergias, erros)

162
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
― Resistência do paciente (Psicológico) A administração da medicação ocorre por meio de um dispo‐
― Pureza e esterilidade dos medicamentos (Custo) sitivo intravenoso instalado por punção,podendo ser um procedi‐
mento repetitivo,no qual a criança revive as angústias geradas por
Preparo do medicamento em ampola: essa experiência,que pode resultar em traumas.
― Abrir a embalagem da seringa; A equipe deve preparar adequadamente a criança para esse
― Adaptar a agulha ao bico da seringa, zelando para não procedimento para minimizar as consequências e os traumas gera‐
contaminar as duas partes; das pela hospitalização.
― Certificar-se do funcionamento da seringa, verificando se
a agulha está firmemente adaptada; Locais mais utilizados: Dorso da mão (veias metacarpianas
― Manter a seringa com os dedos polegar e indicador e se‐ dorsais, arco venoso dorsal) Antebraço (cefálica acessória, cefálica
gurar a ampola entre os dedos médio e indicador da outra mão; e basílica), Braço (mediana cubital, mediana antebraqueal, basíli‐
― Introduzir a agulha na ampola e proceder a aspiração do ca e cefálica),Dorso do pé: último recurso devido às complicações
conteúdo, invertendo lentamente a agulha, sem encostá-la na bor‐ tromboembólicas (arco venoso dorsal, mediana marginal),tornoze‐
da da ampola; lo (safena interna), Pescoço (jugular externa e interna).
― Virar a seringa com a agulha para cima, em posição verti‐
cal e expelir o ar que tenha penetrado; As Indicações para administração endovenosas:
― Desprezar a agulha usada para aspirar o medicamento; - Manter e repor eletrólitos, vitaminas e líquidos;
― Escolher, para a aplicação, uma agulha de calibre apro‐ - Restabelecer o equilíbrio ácido-básico;
priado à solubilidade da droga e à espessura do tecido subcutâneo - Restabelecer o volume sanguíneo;
do indivíduo; - Ministrar medicamentos;
― Manter a agulha protegida com protetor próprio. - Induzir e manter sedações e bloqueios neuromusculares;
- Manter estabilidade hemodinâmica por infusões contínuas
Via Intradérmica: Consiste na aplicação de solução na der‐ de drogas vasoativas
me(área localizada entre a epiderme e o tecido subcutâneo) Via As soluções utilizadas:
utilizada para realizar testes de sensibilização e vacina BCG é de - Isotônicas-concentração semelhante ao plasma(S.G.5% e
fácil acesso, restrita a pequenos volumes S.F.0,9%) fornecem água e calorias utilizadas para repor perdas
Os efeitos adversos da injeção intradérmica são decorrentes anormais e corrigir desidratação;
de: falha na administração como aplicação profunda subcutânea; - Hipertônicas-concentração maior que a do plasma (S.G.10 %
da dosagem incorreta com maior volume que o necessárioe con‐ ,25% e 50%) indicado para hipoglicemia, combate ao edema e ao
taminação. aumento da pressão intracraniana;
- Hipotônicas-concentração menor que a do plasma(ringer
Via subcutânea: Consiste na aplicação de solução na tela sub‐ lactato) indicado para tratamento de desidratação, alcalose bran‐
cutânea, na hipoderme (tecido adiposo abaixo da pele), Via utili‐ da,hipocloremia,correção de desidratação;
zada principalmente para drogas que necessitam ser lentamente - Fluidos derivados do sangue: sangue total,plasma,papa de
absorvidas, vacinas como a antirrábica, a insulina têm indicação es‐ hemácias,expansoresplasmáticos;
pecífica para esta via. Os locais recomendados para aplicação são: - Nutrição parenteral.
parede abdominal (hipocôndrio, face anterior e externa da coxa,
face anterior e externa do braço, a região glútea, e a região dorsal, As complicações causadas pela administração de medicamen‐
abaixo da cintura) tos por via endovenosa: Infiltrações locais; Reações pirogênicas;
Via intramuscular: Consiste na aplicação de solução no tecido trombose venosa e flebite (ações irritantes dos medicamentos ou
muscular. Procedimento muito comum 46% dos casos atendidos no formação de coágulos); Hematomas e necrose.
PS e no ambulatório resultam em administração de medicamentos
por esta via. A escolha do local deve respeitar os seguintes critérios: Fatores Contribuintes para extravasamento ou infiltração En‐
- Quantidade e característica da droga dovenosa:
- Condição da massa muscular ― Má perfusão periférica-propicia o extravasamento da so‐
- Quantidade de injeções prescritas lução;
- Locais livres de grandes vasos e nervos em camadas superfi‐ ― Visualização inadequada do local da inserção do cateter;
ciais ― Não observação de sinais flogísticos precoce e frequen‐
- Acesso ao local e risco de contaminação temente
-Inserção, tamanho da agulha e ângulo apropriado para apli‐
cação. Sinais de Extravasamento ou Infiltração:
― Edema local que pode se estender por toda extremidade
Locais de aplicação ,os mesmos do adulto : Vasto lateral; Ven‐ afetada;
troglútea; Dorsoglútea; Deltoide. ― Perfusão local diminuída
O risco da aplicação intramusculares em Pediatria: Trauma ou ― Extremidades afetadas frias
compressão aacidental de nervos; Injeção acidental em veia ou ar‐ ― Coloração da pele alterada(escura sugere necrose)
téria; Injeção em músculo contraído; Lesão do músculo por solu‐ ― Bolhas no local.
ções irritantes; Pode provocar dano celular, abscessos e alergias.
Cuidados importantes: Antes da infusão, verificar a permea‐
Via endovenosa: Via de ação rápida, pois o medicamento é mi‐ bilidade do acesso; Não infundir medicação associada a hemode‐
nistrado diretamente no plasma,com ação imediata. rivados; Fazer controle de gotejamento, respeitando o tempo e o
Tipo de medicamento injetado na veia: Solução solúvel no san‐ volume prescritos.
gue; Não oleosos;Não devem conter cristais visíveis.

163
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Técnica e procedimento de cateterização venosa periférica: grupo de sinais vitais; entretanto, procure conhecer a legislação do
- Realizar a seleção da veia; seu estado, porque alguns exigem que a avaliação da dor seja regis‐
- Escolher uma veia visível e que permita a mobilidade da crian‐ trada toda vez que são registrados os sinais vitais.
ça - Avaliar o nível de dor dentro de 1 hora antes e após as inter‐
- Selecionar o dispositivo para punção; venções para seu alivio em criança com doença aguda (o intervalo
- Preparar todo material (soro, equipo ou bureta, cateter de depende da intervenção especifica) para avaliar a resposta aos es‐
dupla via) e retirar o ar do equipo; quemas de tratamento.
- Utilizar foco de 30cm de distância do local da punção para - Os profissionais são responsáveis pela avaliação da dor.
facilitar a visualização epromover a vasodilatação; - O médico, a enfermaria, a técnica ou auxiliar de enfermagem
podem obter relatos subjetivos de dor. Quando a determinação é
Não golpear o local da punção, pode causar dor e medo realizada por técnico ou auxiliar, qualquer variação em relação aos
- Garrotear o local; valores de referencia deve ser comunicada ao profissional.
- Fazer antissepsia do local com álcool 70%,seguindo a direção
da corrente sanguínea; Procedimento
- Solicitar ajuda para restrição dos movimentos;
- Fazer tricotomia; Passos
- Preparar material para fixação (micropore,esparadrapo e - Rever a história da dor inicial da criança e o nível anterior de
tala); dor, quando possível.
- Observar o diagnóstico médico e a história de eventos consi‐
Distender a pele com uma das mãos e com a outra introduzir derados dolorosos ou causadores de traumatismo tecidual.
a agulha com o bisel voltado pra cima e paralelo à veia; Verificar - Determinar se a criança esta tomando quaisquer medicamen‐
refluxo de sangue tos que possam afetar a percepção da dor ou a capacidade de co‐
- Retirar o garrote municar que esta com dor.
- Conectar equipo de soro, verificar o fluxo do gotejamento - Lavar as mãos.
- Fixar e imobilizar a extremidade com tal; - Avaliar a presença de indicadores de dor, considerando a ida‐
- Controlar gotejamento de da criança e o estado de sono:
-Identificar na fixação a data da punção, o horário e o nome do
responsável; Dor Aguda
- Encaminhar a criança para o leito, organizar o ambiente; - Subjetiva: declaração de dor; se for incapaz de relatar, per‐
- Observar e anotar a normalidade da infusão e o local, estar guntar aos pais.
atento aos sinais flogísticos, obstrução e presença de ar no equipo; - Fisiológica: aumento da frequência respiratória ou frequência
- Trocar o equipo de acordo com as normas da instituição 24 cardíaca, respirações superficiais, diminuição da saturação de oxi‐
a 72h; gênio, diaforese, dilatação da pupila.
- Fazer anotações sobre o procedimento, o local e as ocorrên‐ - Comportamental: choro, gemido, inquietação, ansiedade,
cias. raiva, diminuição do nível de atividade, alteração do sono, posição
assumida pela criança (p. ex., deitada imóvel, posição fetal, mem‐
Contenção para procedimentos: É necessária para garantir bro fletido ou rígido) careta facial, posição antálgica, tocar a área
segurança à criança e facilitar o procedimento, podendo ser feita dolorosa.
manualmente ou com dispositivos físicos. Os pais e a criança devem
ser orientados sobre a sua finalidade e objetivo. Pode ser manual, Dor Crônica
executada com o auxílio de outra pessoa ou com a ajuda de lençóis - Sinais vitais estáveis.
e faixas de contenção. - Interrupção do sono.
- Regressão do desenvolvimento.
Sinais Vitais - Alteração dos padrões alimentares.
- Problemas de comportamento ou escolares.
Sinais Vitais: Avaliação da Dor - Afastamento de atividades em grupo.
- Depressão.
Diretrizes Clínicas - Agressão.
- Avaliar o nível de dor na primeira hora após a internação na
unidade de cuidados agudos ou durante a consulta ambulatorial, No caso de uma criança submetida a bloqueio neuromuscu-
para obter dados de referencia sobre o conforto da criança. lar:
- No caso de uma criança com dor crônica, a frequência de ava‐ - Avaliar parâmetros fisiológicos.
liações da dor baseia-se na condição da criança, mas é realizado ao - Avaliar o tamanho da pupila.
menos uma vez por mês. - Interromper agentes paralisantes por um curto período para
- Avaliar o nível da dor a cada 8 a 12 horas em uma criança com avaliar os comportamentos da dor.
doença aguda e com maior frequência, segundo a indicação clinica. - Avaliar o nível de dor utilizando um instrumento de avaliação
A avaliação da dor é um processo continuo; cada cuidador realiza valido, apropriado para o desenvolvimento; usar sempre o mesmo
uma avaliação ampla da dor ao assumir os cuidados com a criança. instrumento para comparar a adequação do controle da dor (p. ex.,
Após a avaliação inicial, se a condição da criança mudar, se a crian‐ o mesmo instrumento ensinado previamente à criança e à família).
ça apresentar sinais de dor ou for submetida a um procedimento - Realizar o exame físico da área dolorosa.
provavelmente doloroso, ou se houver modificação da velocidade - Determinar o nível de dor da criança e as intervenções apro‐
de infusão de medicamentos sedativos, analgésicos ou anestésicos, priadas; considerar a situação especifica (idade, estilo de adapta‐
realizar outra avaliação ampla da dor. Se a criança estiver confortá‐ ção, ambiente) e o tipo e a intensidade da dor. Implementar inter‐
vel, não é necessário realizar uma avaliação ampla da dor com cada venções de controle da dor.

164
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- Realizar ampla reavaliação do nível da dor: Sinais Vitais: Frequência Cardíaca
- Se houver indicadores clínicos de dor.
- Após implementação de intervenções para alivio da dor, com Diretrizes clínicas
modificação da velocidade de infusão de medicamentos sedativos, - A frequência cardíaca é determinada para avaliar o estado ge‐
analgésicos ou anestésicos; a avaliação deve ser realizada em 1 ral de cada paciente na primeira hora após a internação na unidade
hora após a intervenção, mas pode ser realizada mais cedo depen‐ de cuidados agudos.
dendo da intervenção (p. ex., 5 a 20 minutos após injeção em bolo - Monitorar a frequência cardíaca a cada 4 a 8 horas durante
intravenosa). a fase aguda da doença se o paciente estiver na unidade de inter‐
- Lavar as mãos. nação clínica e a cada 1 a 2 horas na unidade de terapia intensiva.
- A frequência cardíaca é reavaliada para monitorar a resposta
Dicas para verificação dos Sinais Vitais na Pediatria aos esquemas de tratamento e conforme indicado pela avaliação
de enfermagem ou médica.
Ordem para Verificação dos Sinais Vitais: - O técnico ou auxiliar de enfermagem e/ou a enfermeira po‐
Frequência Respiratória – FR: Uma maneira prática para se ve‐ dem verificar a frequência cardíaca. Quando a frequência cardíaca
rificar a frequência respiratória é colocando-se a mão levemente é verificada pelo auxiliar, qualquer variação em relação a medidas
sobre o tórax da criança e contando quantas vezes a mão sobe du‐ anteriores deve ser comunicada à enfermeira.
rante um minuto.
Frequência cardíaca – FC: Procure verificar a FC , quando a Determinação da Frequência Cardíaca
criança estiver dormindo ou em repouso. Quando o paciente for
lactente, dê preferência ao pulso apical. A frequência apical é ve‐ Passos
rificada colocando-se o estetoscópio próximo ao mamilo esquerdo - Rever no prontuário do paciente os dados de referencia sobre
por um minuto. a frequência de pulso conhecer a variação para a idade.
Temperatura – T – considera-se febre: acima de 37,8ºC - Determinar o pulso:
- Nas crianças com menos de 2 anos de idade, é mais fácil rea‐
Pressão arterial – PA – a PA deverá estar solicitada na prescri‐ lizar a ausculta apical.
ção médica e verificada quando necessário. - Em crianças maiores, pode ser realizada ausculta apical ou
Variação Normal dos Sinais Vitais em Crianças palpado o pulso periférico.
- Acalmar a criança, se necessário. Sempre que possível, fazer a
Frequência da Pulsação, Respiração medida quando a criança estiver tranquila.
- Lavar as mãos.
Idade Pulso Respiração
Determinação da Frequência Cardíaca por Ausculta do Pulso
Recém-natos 70 -170 30 – 50 Apical
11 meses 80 -160 26 – 40
2 anos 80 -130 20 – 30 Passos
- Limpar o diafragma e as olivas do estetoscópio com um lenço
4 anos 80 -120 20 – 30 embebido em álcool antes e depois do exame.
6 anos 75 -115 20 – 26 - Introduzir os olivas nos ouvidos com as extremidades curvas
8 anos 70 -110 18 – 24 para a frente em direção à face.
- Identificar o pulso. Palpar a parede torácica para determinar
10 anos 70 -110 18 – 24 o ponto de impulso máximo (PIM):
Adolescentes 60 -120 12 – 20 - Em crianças menores de 7 anos – imediatamente à esquerda
da linha hemiclavicular no quarto espaço intercostal.
Pressão Arterial - Em crianças maiores de 7 anos – linha hemiclavicular esquer‐
da no quinto espaço intercostal.
Idade Pressão Pressão - Colocar o diafragma do estetoscópio sobre o PIM e contar a
Sistólica Diastólica FC:
- Se o pulso da criança for regular, contar por 30 segundos e
6m - 1 ano 90 61 multiplicar por 2.
2 - 3 anos 95 61 - Se o pulso for irregular, contar por 1 minuto completo.
- Lavar as mãos.
4 - 5 anos 99 65
- Registrar a frequência cardíaca, o pulso usado e o nível de
6 anos 100 65 atividade da criança (p. ex., adormecida, calma, chorando, inquieta)
8 anos 105 57 no prontuário.
10 anos 109 58 Determinação da Frequência Cardíaca por Palpação de Pulsos
12 anos 113 59 Periféricos

Temperatura (T) Passos


Oral 35,8º - 37,2º C - Identificar o local; os pulsos radial e branquial são usados com
Retal 36,2º C – 38º C maior frequência.
Axilar 35,9º C – 36.7º C - Localizar o pulso da criança e palpar com seus dois ou três
primeiros dedos; não usar pressão excessiva. Observar o ritmo.

165
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- Se o pulso da criança for regular, contar por 30 segundos e - Para a manutenção da saúde, a pressão arterial deveria ser
multiplicar por 2. Se for irregular, contar durante 1 minuto com‐ verificada:
pleto. - Uma vez ao ano nas crianças com idade superior a 3 anos.
- Lavar as mãos. - Em criança de qualquer idade com sintomas de hipertensão,
- Registrar a frequência cardíaca, a região usada e o nível de hipotensão, ou doença renal ou cardíaca.
atividade da criança (p. ex., adormecida, calma, chorando, inquieta) - Um técnico ou auxiliar de enfermagem ou uma enfermeira
no prontuário. podem verificar a pressão arterial. Quando a pressão arterial for ve‐
rificada por um auxiliar ou técnico de enfermagem, qualquer varia‐
Sinais Vitais: Frequência Respiratória ção das medidas anteriores é informada ao enfermeiro ou médico.
- Use o braço direito sempre que possível para haver consis‐
Diretrizes clínicas tência das aferições e comparação com as normas padronizadas.
- Os movimentos respiratórios são medidos inicialmente para - A ausculta é o método de escolha para a verificação da pressão
se obter os dados de referência para avaliar o estado geral de cada arterial nas crianças, porque é necessária uma frequente calibração
paciente dentro da primeira hora da admissão em um ambiente de dos equipamentos automáticos e existe uma falta de padrões de
cuidado agudo. referencia estabelecidos para as crianças. Os equipamentos auto‐
- As respirações são medidas antes e imediatamente após as máticos são aceitos quando a ausculta for difícil (p.ex., em crianças
intervenções respiratórias para avaliar a resposta aos esquemas pequenas) ou quando forem necessárias verificações frequentes.
terapêuticos.
- A mensuração das respirações é feita a cada 4 ou 8 horas em Método de Ausculta
uma criança agudamente doente e mais frequentemente conforme
indicado clinicamente. Passos
- Uma auxiliar ou técnica de enfermagem ou enfermeira po‐ - Rever as leituras da pressão arterial prévias da criança, se dis‐
dem verificar a frequência respiratória. Quando a mensuração é poníveis.
encaminhada à enfermeira ou ao médico. - Analisar o diagnostico da criança e as medições atuais que
provocam efeito sobre a pressão arterial.
Verificação da Frequência Respiratória - Lavar as mãos. Limpar o diafragma do estetoscópio.
- Selecionar o local:
Passos - Usar o braço direito quando possível.
- Rever a frequência respiratória anterior da criança, quando - Verificar no mesmo local e posição das verificações anterio‐
possível. res, quando possível.
- Observar o diagnostico médico da criança e a historia de pro‐ - Não usar a extremidade que tiver uma lesão ou equipamen‐
blemas e dificuldades respiratórias. tos estranhos (p. ex., punção venosa, fistula de diálise arterioveno‐
- Determinar se a criança esta tomando alguma medicação que sa ou renal).
possa afetar a frequência e a profundidade respiratória. - Não usar a extremidade com circulação alterada (p. ex., deri‐
- Lavar as mãos. vação de Blalock-Taussig, coarctação).
- Contar as respirações: - Selecionar manguito de tamanho apropriado:
- Observar o movimento abdominal quando for lactentes e - A largura da câmara deve ser cerca de 40% da circunferência
crianças pequena. do braço e estar a meio caminho entre o olecrânio (cotovelo) e o
- Observar os movimentos torácicos nas crianças mais velhas. acrômio (ombro).
- Se as respirações forem regulares, contar o numero de res‐ - geralmente isto corresponde a um manguito que cobre cerca
pirações em 30 segundos e multiplicar por dois. Se as respirações de 80% a 100% da circunferência do braço.
forem irregulares, contar o numero de respirações em um minuto - Usar a linha do manguito do fabricante como um guia para a
inteiro. Contar as respirações nos lactentes durante 1 minuto. seleção do manguito.
- Observar a profundidade e o padrão das respirações, ocor‐ - Se não for possível obter o manguito do tamanho apropriado,
rência de ansiedade, irritabilidade e posição de conforto. Observar escolha um que seja maior, em vez de um muito pequeno.
a coloração da criança, incluindo extremidades. - Centralizar a câmara do manguito na extremidade proximal
- Lavar as mãos.
do pulso (p, ex., na área branquial, posição cerca de 2,5 a 5 cm aci‐
- Registrar os resultados; a frequência respiratória é registrada
ma da fossa antecubial), e prender o manguito de forma bem justa.
por respirações por minuto.
Não posicionar o manguito sobre a roupa.
- Verificar a PA após 3 a 5 minutos de repouso, quando possí‐
Sinais Vitais: Pressão Arterial
vel. Posicionar o braço (extremidade) da criança ao nível do coração
durante o repouso.
Diretrizes clínicas
- Localizar a posição exata do pulso. Coloque o diafragma do
- A pressão arterial é verificada inicialmente para se obter um
dado de referencia para avaliar o estado hemodinâmico geral de estetoscópio onde o pulso é sentido, abaixo da borda do manguito.
cada paciente dentro da primeira hora de admissão em um am‐ - Fechar a válvula do diafragma e inflar o manguito a uma pres‐
biente de cuidado agudo. são de 30mmHg acima do ponto em que a pulsação da artéria é
- A pressão arterial é verificada para avaliar a resposta aos es‐ obstruída. Estabilizar a extremidade durante a verificação.
quemas terapêuticos. - Desinflar o manguito a uma velocidade de 2 a 3 mmHg por
- Durante a doença aguda, verifique a pressão arterial a cada segundo.
4 ou 8 horas, ou mais frequentemente se houver indicação clínica. - Observe os sons de Korotkoff:
- Nos neonatos, verifique a pressão arterial se houver suspeita - Inicio do som de pancada.
de doença renal ou coarctação da aorta ou se estiverem presentes - Abafamento do som, se aplicado.
sinais clínicos de hipotensão. Não é recomendada uma triagem uni‐ - Desaparecimento do som.
versal dos neonatos.

166
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- Não inflar novamente o manguito durante a desinsuflação. - A mensuração timpânica (infravermelha) não é recomendada
Dar alguns minutos entre as verificações da PA. para ser usada em crianças com idade inferior a 3 meses. Os estu‐
- Desinflar o manguito completamente e removê-lo do braço. dos mostram que as mensurações timpânicas não são tão exatas
- Lavar as mãos. quanto outras formas de mensuração de temperatura e mostram
- Registrar os achados no prontuário do paciente. Registrar uma grande variedade.
também a posição da criança, extremidade e local utilizado, tama‐ - Os termômetros descartáveis (p. ex., Tempa – DOT) são mais
nho do manguito, nível de atividade (p. ex., 90/50 mmHg, supina, exatos para as crianças com idade inferior a 5 anos.
braço direito, branquial, manguito infantil, calma). Se a PA estiver - verificar a temperatura retal dos lactentes após o parto ime‐
muito alta ou baixa, verificar também a frequência cardíaca. diato. Após essa verificação de temperatura retal, usar a via axilar
nos lactentes e nas crianças pequenas. A temperatura retal está
Método com Equipamento Automático contraindicada nas crianças que se submeteram a cirurgia retal e
intestinal, com neutropenia, ou trompocitopenia.
Passos - O auxiliar ou técnico de enfermagem ou a enfermeira podem
- Seguir os 6 primeiros itens no procedimento anterior (Méto‐ verificar a temperatura. Quando a temperatura for verificada pelo
do de Ausculta) para localização da artéria, seleção do manguito e auxiliar ou técnico de enfermagem, qualquer variação do referen‐
colocação. cial, ou desvio da mensuração anterior, deve ser relatada ao médi‐
- Seguir as instruções do fabricante para o uso da maquina. co ou enfermeira.
- Estabilizar a extremidade durante a verificação.
- Lavar as mãos. Verificação da Temperatura Corporal
- Registrar os achados no prontuário do paciente. Registrar
também a posição da criança, extremidade e local utilizado, tama‐ Passos
nho do manguito, nível de atividade. - Rever o prontuário da criança quanto a:
- Sinais vitais das ultimas 24 horas.
Método da Palpação - Avaliação dos problemas médicos atuais.
- Parâmetros de temperatura desejados
Passos
- Seguir os 7 primeiros itens no procedimento anterior (Méto‐ Verificação da Temperatura Oral de uma Criança com Idade
do de Ausculta) para localização da artéria, seleção do manguito e Superior a 5 Anos com Termômetro Eletrônico
colocação.
- Palpar a artéria à medida que infla o manguito. Passos
- Inflar o manguito 30mmHg acima do ponto em que você per‐ - Lavar as mãos
cebeu o pulso da ultima vez. - Remover o cabo do local onde fica guardado e observar no
- Lentamente desinflar o manguito e perceber o ponto em que mostrador se o termômetro esta carregado.
o pulso volta a ser sentido. - Selecionar o cabo apropriado: azul-oral.
- Desinflar completamente o manguito e removê-lo da extre‐ - Colocar o protetor do cabo no cabo.
midade. - Gentilmente inserir o cabo com o protetor no saco sublingual
- Lavar as mãos. posterior da criança até que a unidade emita um sinal.
- Registrar os achados no prontuário do paciente como leitura - Remover o cabo da boca e observar a temperatura do mostra‐
da sistólica por palpação (p. ex., 100/p). Registrar também a posi‐ dor; observar se é em Celsius ou Fahrenheit.
ção da criança, extremidade e local utilizado, tamanho do mangui‐ - Jogue fora o protetor do cabo.
to, nível de atividade. - Retornar a unidade para carregar na base.
- Lavar as mãos.
Sinais Vitais: Temperatura
Verificação da Temperatura Timpânica em Criança com Idade
Diretrizes clínicas Superior a 3 meses
- A temperatura é verificada para avaliar o estado de referencia
de cada paciente dentro da primeira hora após a admissão e para Passos
detectar a mudança no estado do paciente (p. ex., hipotermia, pre‐ - Lavar as mãos.
sença de infecção, ou outras mudanças na condição do paciente). - Remover o cabo do local onde fica guardado e observar no
- A temperatura é avaliada de novo 30 minutos a 1 hora após a mostrador se a unidade está carregada.
intervenção para medir a resposta ao esquema terapêutico. - Garantir que o mostrador indica modo timpânico (as unida‐
- A temperatura deve ser verificada a cada 4 ou 8 horas, ou des podem avaliar temperatura de superfície, retal, central e tim‐
mais frequentemente quando instável ou quando a criança estiver pânica).
agudamente doente ou com problemas de termorregulação. - Colocar o protetor descartável na ponta do cabo.
- Quando utilizar um equipamento para regular a temperatura - Puxar a orelha – retrair a pina posteriormente (empurrar para
(p. ex., incubadora, cobertor para hipotermia, luz de aquecimento cima e para trás).
suspenso), a temperatura da criança deve ser verificada a cada 1 a - Inserir o cabo no conduto auditivo enquanto pressiona o bo‐
3 horas. tão do scan; cheque para garantir que o conduto auditivo esteja
- Os termômetros de mercúrio não devem ser usados (Gold‐ fechado.
man, Shannon & o Committe on Environmental Health, 2001). - Liberar o botão do scan.
- A via oral deve ser usada em crianças com idade superior a 5 - Remover o cabo quando o termômetro emitir sinal. Observar
anos a não ser que seja contraindicado pelas condições médicas ou o mostrador de leitura se a leitura é em Celsius ou Fahrenheit.
de desenvolvimento (convulsões, atraso no desenvolvimento, nível - Jogar fora o protetor do cabo pressionando o botão de libe‐
de consciência alterado). rar.

167
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- Retornar a unidade para carregar na base. Medidas Antropométricas
- Lavar as mãos. A antropometria é importante ferramenta para avaliação do
crescimento infantil e aceita universalmente. Vantagens como bai‐
Verificação da Temperatura Retal com Termômetro Eletrôni- xo custo, facilidade de execução e relativa sensibilidade e especi‐
co ficidade levam à elaboração de índices de crescimento fáceis de
serem avaliados. Esse método pode ser aplicado em todas as fases
Passos do ciclo de vida e permite a classificação de indivíduos e grupos
- Lavar as mãos, colocaras luvas de procedimento. segundo seu estado nutricional.
- Remover o cabo do local onde fica guardado e observar no As medidas antropométricas consistem nos dados sobre peso,
mostrador se o termômetro está carregado. altura, perímetros cefálico e torácico. Sua verificação objetiva o
- Selecionar o cabo apropriado: vermelho-retal. acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança,
- Colocar o protetor do cabo no cabo. vem como a base para a prescrição médica e de enfermagem.
- Lubrificar a ponta com gel hidrossolúvel. É importante que o enfermeiro ao participar do processo de
- Gentilmente abra as pregas interglúteas da criança e introdu‐ avaliação do crescimento da criança tenha o conhecimento de que
za o cabo 1,7 cm no lactente e 2,5 cm na criança maior. os principais aspectos que englobam uma avaliação eficiente e efi‐
- Manter as pregas interglúteas fechadas com uma das mãos e caz ao paciente são:
manter o cabo no lugar com a outra. -Medição dos valores antropométricos de maneira padroniza‐
- Monitorar a mudança de temperatura no mostrador até que da;
a unidade emita um som. Observar a temperatura no mostrador e -Relação dos valores encontrados conforme o sexo e a idade,
se a mensuração é em Celsius ou Fahrenheit. comparando-os com os valores da população de referência;
- Jogue fora o protetor do cabo apertando o botão de liberar. -Verificação da normalidade dos valores encontrados.
- Retornar a unidade para carregar na base.
- Lavar as mãos. 1 – Peso/Idade: as relações entre o peso da criança e sua idade
são de vital importância para uma identificação precoce de casos
Verificação da Temperatura Axilar com Termômetro Eletrô- de desnutrição ou obesidade, ou riscos para ambos. Esta relação
nico também poderá alertar o enfermeiro quanto a outros problemas
relacionados que estejam ocasionando tais perdas ou ganhos anor‐
Passos mais de peso.
- Lavar as mãos. 2 – Estatura/Idade: a mensuração da estatura da criança é
- Remover o cabo do local onde fica guardado e observar no de suma importância para o acompanhamento do crescimento
mostrador se o termômetro esta carregado. considerado dentro dos padrões da normalidade; como foi visto
- Selecionar o cabo apropriado: azul-oral. anteriormente nos fatores que influenciam o crescimento é pos‐
- Colocar o protetor do cabo no cabo. sível verificar que o déficit de crescimento pode estar associado a
- Colocar o cabo protegido na axila da criança e segurar o braço problemas como a desnutrição e/ou socioeconômicos, entretanto
dela firmemente na lateral. quando estes déficits tornarem-se muito elevados é importante a
- Observar a temperatura quando o mostrador digital estabili‐ investigação de um especialista para detectar a real causa.
zou e a unidade emitiu um som; observar se a mensuração foi em 3 – Peso/Estatura: a relação entre o peso e a estatura da criança é uti‐
Celsius ou Fahrenheit. lizada e recomendada pela Organização Mundial da Saúde para detectar
- Retornar a unidade para carregar na base. sobrepeso; também deve ser utilizado para detectar precocemente per‐
- Lavar as mãos. das de peso que indiquem a desnutrição aguda, ou o risco desta.

Verificação da Temperatura com Termômetro Descartável O enfermeiro enquanto integrante da equipe de saúde participa
do processo de avaliação do crescimento da criança, sendo importante
Passos salientar que todas as funções do processo avaliativo são delegadas a
- Lavar as mãos. diferentes profissionais, conforme a especialidade de cada um.
- Remover uma única unidade do pacote. Desta forma, quando se fala em desnutrição e/ou obesidade e
- Retirar a fita protetora do termômetro descartável. obtenção de valores fidedignos é sempre de grande valia a inserção
- Colocar a fita de temperatura segundo as instruções de uso do nutricionista, já que o mesmo possui a responsabilidade de ins‐
do fabricante: truir sobre a alimentação da criança e realizar demais testes antro‐
- Pressionar a fita firmemente na testa ou axila da criança. pométricos necessários para uma análise mais detalhada.
- Colocar no saco sublingual.
- Usar a fita para monitorar a temperatura assim que a cor para Referências:
de mudar. ORLANDI, O. V.; SABRÁ, A. O Recém-Nascido a Termo. In: FILHO, J. R.
- Ler a temperatura de acordo com as instruções do fabricante, Obstetrícia. 10º ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,2005
por exemplo: FERNANDES, K.; KIMURA, A. F. Práticas assistenciais em reanimação
- Ler o bloco indicado pela mudança de cor; verde indica tem‐ do recém-nascido no contexto de um centro de parto normal. Rev. Esc.
peratura registrada. Se o verde não aparecer, a temperatura está a Enferm. USP, São
meio caminho entre o indicado pelo marrom e o azul. Paulo, v.39.n.º 4, p.383-390, 2005.
- O numero de pontos que mudaram de cor. WONG, D. L. Enfermagem Pediátrica elementos essências à interven-
- Se for registrada uma temperatura acima de 37°C, confirmar ção efetiva. 5ª ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999
com a temperatura oral ou retal. BOWDEN, V. R.; GREENBERG, C. S. Procedimentos de enfermagem
- Lavar as mãos. pediátrica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
COLLET, N.; OLIVEIRA, B.R.G. Manual de Enfermagem em Pediatria.
Goiania:AB Editora, 2002.

168
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Higiene Aleitamento Materno
A higiene da criança hospitalizada é um cuidado de necessida‐ Para que o aleitamento materno exclusivo seja bem sucedi‐
de básica, objetiva-se prevenir doenças, proporcionar conforto e do é importante que a mãe esteja motivada e, além disso, que o
bem estar a criança e ainda provocar a recuperação de sua enfer‐ profissional de saúde saiba orientá-la e apresentar propostas para
midade. resolver os problemas mais comuns enfrentados por ela durante a
Possibilita a avaliação do exame físico e promove a educação amamentação.
em saúde aos acompanhantes. Por que as mães oferecem chás, água ou outro alimento? Por‐
Entre os procedimentos de higiene os mais utilizados são: ba‐ que acham que a criança está com sede, para diminuir as cólicas,
nho; higiene das unhas; troca de fraldas; higiene oral e nasal e hi‐ para acalmá-la a fim de que durma mais, ou porque pensam que
giene perineal. seu leite é fraco ou pouco e não está sustentando adequadamente
a criança. Nesse caso, é necessário admitir que as mães não es‐
Banho: É um procedimento de rotina no momento da admis‐ tão tranquilas quanto a sua capacidade para amamentar. É preciso
são, diariamente e sempre que necessário. O banho diário é indis‐ orientá-las:
pensável a saúde, proporciona bem-estar, estimula a circulação -Que o leite dos primeiros dias pós-parto, chamado de colos‐
sanguínea e protege a pele contra diversas doenças. tro, é produzido em pequena quantidade e é o leite ideal nos pri‐
O momento do banho deve ser aproveitado para estimular a meiros dias de vida, inclusive para bebês prematuros, pelo seu alto
criança com (ou através de) estímulos psicoemocionais (acariciar), teor de proteínas.
auditivos (conversar e cantar) e psicomotores (inclusive movimen‐ - Que o leite materno contém tudo o que o bebê necessita até
tos ativos com os membros). o 6º mês de vida, inclusive água. Assim, a oferta de chás, sucos e
- Banho: neste momento pode-se estimular o sistema senso‐ água é desnecessária e pode prejudicar a sucção do bebê, fazen‐
rial, afetivo da criança. Nele deve-se conversar, dar-lhe brinquedos, do com que ele mame menos leite materno, pois o volume desses
estimular o tato e sempre incentivando o acompanhante a acompa‐ líquidos irá substituí-lo. Água, chá e suco representam um meio
nhar este momento. Existem vários tipos de banhos: o de chuveiro, de contaminação que pode aumentar o risco de doenças. A oferta
de leito e de banheira. desses líquidos em chuquinhas ou mamadeiras faz com que o bebê
Tipos de Banho: engula mais ar (aerofagia) propiciando desconforto abdominal pela
Banho de chuveiro: Normalmente é indicado para crianças na formação de gases, e consequentemente, cólicas no bebê. Além
faixa etária pré-escolar, escolar e adolescente, que consigam deam‐ disso, pode-se instalar a confusão de bicos, dificultando a pega cor‐
bular, sem exceder sua capacidade em situação de dor. Sempre que reta da mama e aumentar os riscos de problemas ortodônticos e
possível incentivar a criança a banhar-se sozinha, sob supervisão, fonoaudiólogos.
em caso de adolescentes permitir que tomem banho sozinhos. -A pega errada vai prejudicar o esvaziamento total da mama,
impedindo que o bebê mame o leite posterior (leite do final da ma‐
Incentivar a criança a banhar-se sob supervisão ou, em caso de mada) que é rico em gordura, interferindo na saciedade e encurtan‐
adolescente, que queiram privacidade, permitir que tome banho do os intervalos entre as mamadas. Assim, a mãe pode pensar que
sozinho. seu leite é insuficiente e fraco.
- Quando for possível, ao término, verificar a limpeza da região -Se as mamas não são esvaziadas de modo adequado ficam in‐
atrás do pavilhão auditivo, mãos, pés e genitais. gurgitadas, o que pode diminuir a produção de leite. Isso ocorre
devido ao aumento da concentração de substâncias inibidoras da
Higiene do Coto Umbilical: produção de leite.
Tem como objetivo prevenir infecções e hemorragias, além de -Em média a produção de leite é de um litro por dia, assim é
acelerar o processo de cicatrização. necessário que a mãe reponha em seu organismo a água utilizada
-Manter o coto posicionado para cima, evitando contato com no processo de lactação. É importante que a mãe tome mais água
fezes e urina; efetuar higiene na inserção e em toda extensão do (filtrada e fervida) e evite a ingestão de líquidos com calorias como
coto umbilical, evitando que o excesso de álcool escorra pelo ab‐ refrigerantes e refrescos.
dômen. -As mulheres que precisam se ausentar por determinados pe‐
-Fazer curativo com álcool a 70% até a queda do coto umbilical ríodos, por exemplo, para o trabalho ou lazer, devem ser incentiva‐
ou de acordo coma rotina da unidade. das a realizar a ordenha do leite materno e armazená-lo em frasco
-Observar e registrar as condições do coto (presença de secre‐ de vidro, com tampa plástica de rosca, lavado e fervido. Na gela‐
ção ou sangramento) e região peri umbilical (hiperemia e calor .). deira, pode ser estocado por 12 horas e no congelador ou freezer
por no máximo 15 dias. O leite materno deve ser descongelado e
Higiene Nasal aquecido em banho Maria e pode ser oferecido ao bebê em copo
É a remoção de excesso de secreção (cerúmen) do conduto au‐ ou xícara, pequenos. O leite materno não pode ser descongelado
ditivo externo e a remoção da sujeira do pavilhão auricular. em micro-ondas e não deve ser fervido.
Fazer higiene com cotonete embebido em SF 0,9% ou água
destilada, observar e registrar o aspecto da secreção retirada. É importante que a mãe seja orientada sobre:
O leite materno contém a quantidade de água suficiente para
Higiene Ocular: as necessidades do bebê, mesmo em climas muito quentes.
É a retirada de secreções localizadas na face interna do globo A oferta de água, chás ou qualquer outro alimento sólido ou
ocular. líquido, aumenta a chance do bebê adoecer, além de substituir o
-Fazer higiene ocular com SF 0,9 % ou água destilada, observar volume de leite materno a ser ingerido, que é mais nutritivo.
e registrar o aspecto da secreção retirada. O tempo para esvaziamento da mama depende de cada bebê;
-Proceder à limpeza do ângulo interno do olho ao externo, uti‐ há aquele que consegue fazê-lo em poucos minutos e aquele que o
lizando o lado do cotonete somente uma vez. faz em trinta minutos ou mais.

169
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Ao amamentar: volvimento avaliado. Crescimento é o ganho de peso e altura, um
a) a mãe deve escolher uma posição confortável, podendo fenômeno quantitativo, que termina ao final da adolescência. Por
apoiar as costas em uma cadeira confortável, rede ou sofá e o bebê outro lado, o desenvolvimento é qualitativo, significa aprender a
deve estar com o corpo bem próximo ao da mãe, todo voltado para fazer coisas, evoluir, tornar-se independente e geralmente é um
ela. O uso de almofadas ou travesseiros pode ser útil; processo contínuo.
b) ela não deve sentir dor, se isso estiver ocorrendo, significa
que a pega está errada. DOENÇAS INFECTO CONTAGIOSAS NA INFÂNCIA (ATEN-
A mãe que amamenta precisa ser orientada a beber no mínimo ÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA -
um litro de água filtrada e fervida, além da sua ingestão habitual AIDPI)
diária, considerando que são necessários aproximadamente 900 ml Doenças de etiologia viral que costumam deixar imunidade
de água para a produção do leite. É importante também estimular permanente, sendo a maior incidência na primavera e inverno. Não
o bebê a sugar corretamente e com mais frequência (inclusive du‐ existe tratamento específico, apenas a administração de medica‐
rante a noite) ções para aliviar sintomas, como a febre. porém é importante ficar
atento à criança. Se ela apresentar: sonolência incomum, recusar
Sinais indicativos de que a criança está mamando de forma beber líquidos, dor de ouvido, taquipnéia, respiração ruidosa ou ce‐
adequada: faléia intensa faz-se necessário procurar um médico, pois estes são
alguns sinais de alerta para possíveis complicações dessas doenças.
Boa posição:
- O pescoço do bebê está ereto ou um pouco curvado para trás, Sarampo
semestar distendido Via de Transmissão: aérea, pela mucosa respiratória ou con‐
- A boca está bem aberta juntival
- O corpo da criança está voltado para o corpo da mãe Período de Incubação: 8 a 12 dias
- A barriga do bebê está encostada na barriga da mãe Manifestações Prodrômicas: febre (geralmente elevada, alcan‐
- Todo o corpo do bebê recebe sustentação çando o máximo no aparecimento do exantema), manifestações
- O bebê e a mãe devem estar confortáveis sistêmicas, coriza, conjuntivite, tosse, exantema característico, po‐
dendo apresentar também: cefaléia, dores abdominais, vômitos,
Boa pega: diarréia, artralgias e mialgia, associados a prostração e sonolência,
- O queixo toca a mama quadro que pode dar a impressão de doença grave. Um sinal pa‐
- O lábio inferior está virado para fora tognomônico da doença é o aparecimento das manchas de Koplick
- Há mais aréola visível acima da boca do que abaixo - pontos azulados na mucosa bucal que tendem a desaparecer.
- Ao amamentar, a mãe não sente dor no mamilo Manifestações Clínicas: as lesões cutâneas, aparecem no 14º
dia de contágio, são máculo-papulosas avermelhadas, isoladas uma
Produção versus ejeção do leite materno: das outras e circundadas por pele não comprometida, podendo
A produção adequada de leite vai depender, predominante‐ confluir. Começam no início da orelha, após 24 horas são encontra‐
mente, da sucção do bebê (pega correta, frequência de mamadas), das em: face, pescoço, tronco e braços ,e após 2 ou 3 dias: mem‐
que estimula os níveis de prolactina (hormônio responsável pela bros inferiores e desaparecendo no 6º dia. As lesões evoluem para
produção do leite). manchas pardas residuais com descamação leve. A temperatura
Entretanto, a produção de ocitocina, hormônio responsável tende a se normalizar no quarto dia de exantema.
pela ejeção do leite, é facilmente influenciada pela condição emo‐ Período de Transmissibilidade: começa 2 a 4 dias antes do pe‐
cional da mãe (autoconfiança). A mãe pode referir que está com ríodo prodrômico e vai até o 6º dia do aparecimento do exantema.
pouco leite. Nesses casos, geralmente, o bebê ganha menos de 20 g
e molha menos de seis fraldas por dia. O profissional de saúde pode Rubéola
contribuir para reverter essa situação orientando a mãe a colocar Via de Transmissão: por via respiratória, através de gotículas
a criança mais vezes no peito para amamentar inclusive durante a contaminadas
noite, observando se a pega do bebê está correta. Período de Incubação: 14 a 21 dias
Manifestações Prodrômicas: em crianças não existem pródro‐
Puericultura mos da doença, mas em adolescentes e adultos, o exantema pode
Puericultura é a arte de promover e proteger a saúde das ser precedido por 1 ou 2 dias de mal-estar, febre baixa, dor de gar‐
crianças, através de uma atenção integral, compreendendo a crian‐ ganta e coriza discreta.
ça como um ser em desenvolvimento com suas particularidades. É Manifestações Clínicas: 7 dias antes da erupção cutânea,
uma especialidade médica contida na Pediatria que leva em conta percebe-se um aumento dos gânglios cervicais, retroauriculares
a criança, sua família e o entorno, analisando o conjunto bio-psico‐ e occiptais. As lesões cutâneas são máculo-papulosas, de colora‐
-sócio-cultural. ção rósea e às vezes confluentes. Iniciam na face, pescoço, tronco,
Nas consultas periódicas, o pediatra observa a criança, inda‐ membros superiores e inferiores em menos de 24 horas. Na maio‐
ga aos pais sobre as atividades do filho, reações frente a estímulos ria dos casos, a erupção permanece por 3 dias. Existem muitos indi‐
e realiza o exame clínico. Quanto mais nova a criança, mais frágil víduos que apresentam a infecção inaparente.
e vulnerável, daí a necessidade de consultas mais frequentes. Em Período de Transmissibilidade: começa 1 semana antes do apa‐
cada consulta o pediatra vai pedir informações de como a criança recimento de exantema até 5 dias após o início da erupção cutânea.
se alimenta, se as vacinas estão em dia, como ela brinca, condi‐
ções de higiene, seu cotidiano. O acompanhamento do crescimen‐ Importante: por ser uma doença teratogênica, recomenda-se
to, através da aferição periódica do peso, da altura e do perímetro que os indivíduos acometidos fiquem em casa evitando o contágio
cefálico e sua análise em gráficos, são indicadores das condições de mulheres grávidas.
de saúde das crianças. Sempre, a cada consulta, bebês, pré-esco‐
lares, escolares e jovens devem ter seu crescimento e seu desen‐

170
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Catapora (varicela) Importante: por ser uma patologia bacteriana faz-se neces‐
Via de Transmissão: por contato direto, por meio de gotículas sário a introdução de antibioticoterapia e isolamento respiratório
infectadas, mas em curtas distâncias. Também pode ser transmiti‐ por 5 dias após o início da administração medicamentosa, ou por 3
do por via indireta, através de mãos e roupas. semanas após o começo do estádio paroxístico, se a antibioticote‐
Período de Incubação: 14 a 17 dias rapia for contra-indicada.
Manifestações Prodrômicas: curto (24 horas), constituído de Faz-se necessário a hospitalização de lactentes com problemas
febre baixa e discreto mal-estar. importantes na alimentação, crises de apnéia e cianose, e pacientes
Manifestações Clínicas: exantema é a primeira manifestação com complicações graves.
da doença. As lesões evoluem em menos de 8 horas: máculas > Procurar evitar fatores desencadeantes de crises como temor,
pápulas > vesículas > formação de crosta. As crostas costumam decúbito baixo, permanência em recintos fechados e exercícios físi‐
cair em 7 dias até 3 semanas, se houver contaminação. Neste caso cos. Procurar manter nutrição e hidratação adequada.
ou se houver remoção prematura da crosta deixa cicatriz residual.
As lesões acometem predominantemente tronco, pescoço, face, DOENÇAS DIARREICAS AGUDAS (DDA)
segmentos proximais dos membros, poupando palma das mãos e
planta dos pés. Aparecem em surtos de 3 a 5 dias, por isso pode-se O que é são doenças diarreicas agudas?
visualizar em uma mesma área a presença de todos os estágios de As doenças diarreicas agudas (DDA) correspondem a um gru‐
lesão. A intensidade varia de poucas lesões, surgidas de um único po de doenças infecciosas gastrointestinais. São caracterizadas por
surto, a inúmeras lesões que cubram todo corpo, surgidas em 5 ou uma síndrome em que há ocorrência de no mínimo três episódios
6 surtos, no decurso de 1 semana. A febre costuma ser baixa e sua de diarreia aguda em 24 horas, ou seja, diminuição da consistência
intensidade acompanha a intensidade da erupção cutânea. das fezes e aumento do número de evacuações, quadro que pode
Período de Transmissibilidade: desde 1 dia antes do apareci‐ ser acompanhado de náusea, vômito, febre e dor abdominal. Em
mento de exantema até 5 dias após o aparecimento da última ve‐ geral, são doenças autolimitadas com duração de até 14 dias. Em
sícula. alguns casos, há presença de muco e sangue, quadro conhecido
como disenteria. A depender do agente causador da doença e de
Importante: evite que a criança coce as lesões, evitando a con‐ características individuais dos pacientes, as DDA podem evoluir
taminação local e cicatrizes residuais. Se a coceira for muita, procu‐ clinicamente para quadros de desidratação que variam de leve a
re um médico que indicará métodos para aliviar o prurido. grave.
A diarreia pode ser de origem não infecciosa podendo ser cau‐
Caxumba (Parotidite Epidêmica) sada por medicamentos, como antibióticos, laxantes e quimiote‐
Via de Transmissão: por via respiratória, através de gotículas rápicos utilizados para tratamento de câncer, ingestão de grandes
contaminadas e contato oral com utensílios contaminados quantidades de adoçantes, gorduras não absorvidas, e até uso de
Período de Incubação: 14 a 21 dias bebidas alcoólicas, por exemplo. Além disso, algumas doenças não
Manifestações Prodrômicas: passa desapercebido, só se no‐ infecciosas também podem desencadear diarreia, como a doen‐
tando a doença quando aparecem dor e edema da glândula. ça de Chron, as colites ulcerosas, a doença celíaca, a síndrome do
Manifestações Clínicas: aumento das parótidas, que é uma intestino irritável e intolerâncias alimentares como à lactose e ao
glândula situada no ramo ascendente da mandíbula. Pode afetar glúten.
um ou ambos os lados do rosto. Irá se apresentar mole, dolorosa
a palpação, sem sinais inflamatórios e sem limites nítidos. Com o O que causa as doenças diarreicas agudas?
edema da parótida há uma elevação da febre e dor de gargganta. As doenças diarreicas agudas (DDA) podem ser causadas por
Período de Transmissibilidade: 3 dias antes do edema da paró‐ diferentes microrganismos infecciosos (bactérias, vírus e outros
tida, até 7 dias depois do inchaço ter diminuído. parasitas, como os protozoários) que geram a gastroenterite –
Importante: recomenda-se o repouso, sendo obrigatório para inflamação do trato gastrointestinal – que afeta o estômago e o
adolescentes e adultos, principalmente do sexo masculino. intestino. A infecção é causada por consumo de água e alimentos
Doença infecciosa endêmica e epidêmica, de origem bacteria‐ contaminados, contato com objetos contaminados e também pode
na, sendo uma importante causa de morbi-mortalidade em crian‐ ocorrer pelo contato com outras pessoas, por meio de mãos conta‐
ças de baixa idade, principalmente em crianças não-imunizadas. minadas, e contato de pessoas com animais.
Sua imunidade, também, parece ser permanente após a doença e
não há influência sazonal evidente nos picos de incidência. Quais são os fatores de risco para doenças diarreicas agudas?
Qualquer pessoa, de qualquer faixa etária e gênero, pode ma‐
Coqueluche nifestar sinais e sintomas das doenças diarreicas agudas após a con‐
Via de Transmissão: contato direto através da via respiratória. taminação. No entanto, alguns comportamentos podem colocar as
Período de Incubação: varia entre 6 e 20 dias pessoas em risco e facilitar a contaminação como:
Manifestações Clínicas: dura de 6 a 8 semanas, sendo que o - Ingestão de água sem tratamento adequado;
quadro clínico depende da idade e grau de imunização do indiví‐ - Consumo de alimentos sem conhecimento da procedência,
duo. É dividida em estadios: (1) Estádio catarral - dura de 1 a 2 se‐ do preparo e armazenamento;
manas e é o período de maior contagiosidade. Caracterizado por - Consumo de leite in natura (sem ferver ou pasteurizar) e de‐
secreção nasal, lacrimejamento, tosse discreta, congestão conjuti‐ rivados;
val e febre baixa. (2) Estádio paroxístico - dura de 1 a 4 semanas - Consumo de produtos cárneos e pescados e mariscos crus ou
(ou mais). Há uma intensificação da tosse manifestada em crises, malcozidos;
frequentemente mais numerosas durante a noite. (3) Estádio de - Consumo de frutas e hortaliças sem higienização adequada;
convalescença - acessos são menos intensos e menos frequentes. - Viagem a locais em que as condições de saneamento e de
higiene sejam precárias;
- Falta de higiene pessoal.

171
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
ATENÇÃO ESPECIAL: Crianças e idosos com DDA correm risco Se não houver dificuldade de deglutição e o paciente estiver
de desidratação grave. Nestes casos, a procura ao serviço de saúde consciente, a alimentação habitual deve ser mantida e deve-se au‐
deve ser realizada em caráter de urgência. mentar a ingestão de líquidos, especialmente de água.

Quais são os sinais e sintomas das doenças diarreicas agudas? Plano A


Ocorrência de no mínimo três episódios de diarreia aguda no O plano A consiste em cinco etapas direcionadas ao paciente
período de 24hrs (diminuição da consistência das fezes – fezes lí‐ HIDRATADO para realizar no domicílio:
quidas ou amolecidas – e aumento do número de evacuações) po‐ Aumento da ingestão de água e outros líquidos incluindo so‐
dendo ser acompanhados de: lução de SRO principalmente após cada episódio de diarreia, pois
- Cólicas abdominais. dessa forma evita-se a desidratação;
- Dor abdominal. Manutenção da alimentação habitual; continuidade do aleita‐
- Febre. mento materno;
- Sangue ou muco nas fezes. Retorno do paciente ao serviço, caso não melhore em 2 dias ou
- Náusea. apresente piora da diarreia, vômitos repetidos, muita sede, recusa
- Vômitos. de alimentos, sangue nas fezes ou diminuição da diurese;
Orientação do paciente/responsável/acompanhante para re‐
Como diagnosticar as doenças diarreicas agudas (diarreia)? conhecer os sinais de desidratação; preparar adequadamente e
O diagnóstico das causas etiológicas, ou seja, dos microrganis‐ administrar a solução de SRO e praticar ações de higiene pessoal
mos causadores da DDA é realizado apenas por exame laboratorial e domiciliar (lavagem adequada das mãos, tratamento da água e
por meio de exames parasitológicos de fezes, cultura de bactérias higienização dos alimentos);
(coprocultura) e pesquisa de vírus. O diagnóstico laboratorial é im‐ Administração de Zinco uma vez ao dia, durante 10 a 14 dias.
portante para determinar o perfil de agentes etiológicos circulantes
em determinado local e, na vigência de surtos, para orientar as me‐ Plano B
didas de controle. Em casos de surto, solicitar orientação da equipe O Plano B consiste em três etapas direcionadas ao paciente
de vigilância epidemiológica do município para coleta de amostras. COM DESIDRATAÇÃO, porém sem gravidade, com capacidade de
IMPORTANTE: As fezes devem ser coletadas antes da adminis‐ ingerir líquidos, que deve ser tratado com SRO na Unidade de Saú‐
tração de antibióticos e outros medicamentos ao paciente. Reco‐ de, onde deve permanecer até a reidratação completa.
menda-se a coleta de 2 a 3 amostras de fezes por paciente. Ingestão de solução de SRO, inicialmente em pequenos volu‐
O diagnóstico etiológico das Doenças Diarreicas Agudas nem mes e aumento da oferta e da frequência aos poucos. A quantidade
sempre é possível, uma vez que há uma grande dificuldade para a a ser ingerida dependerá da sede do paciente, mas deve ser admi‐
realização das coletas de fezes, o que se deve, entre outras ques‐ nistrada continuamente até que desapareçam os sinais da desidra‐
tões, à baixa solicitação de coleta de amostras pelos profissionais tação;
de saúde e à reduzida aceitação e coleta pelos pacientes. Reavaliação do paciente constantemente, pois o Plano B ter‐
Desse modo, é importante que o indivíduo doente seja bem mina quando desaparecem os sinais de desidratação, a partir de
esclarecido quanto à relevância da coleta de fezes, especialmente quando se deve adotar ou retornar ao Plano A;
na ocorrência de surtos, casos com desidratação grave, casos que Orientação do paciente/responsável/acompanhante para re‐
apresentam fezes com sangue e casos suspeitos de cólera a fim de conhecer os sinais de desidratação; preparar adequadamente e
possibilitar a identificação do microrganismo que causou diarreia. administrar a solução de SRO e praticar ações de higiene pessoal
Essa informação será útil para prevenir a transmissão da doença e domiciliar (lavagem adequada das mãos, tratamento da água e
para outras pessoas. higienização dos alimentos);
A coleta de fezes para análise laboratorial é de grande impor‐
tância para a identificação de agentes circulantes e, especialmente Plano C
em caso de surtos, para se identificar o agente causador do surto, O Plano C consiste em duas fases de reidratação endovenosa
bem como a fonte da contaminação. destinada ao paciente COM DESIDRATAÇÃO GRAVE. Nessa situação
o paciente deverá ser transferido o mais rapidamente possível. Os
Como tratar as doenças diarreicas agudas? primeiros cuidados na unidade de saúde são importantíssimos e já
O tratamento das doenças diarreicas agudas se fundamenta devem ser efetuados à medida que o paciente seja encaminhado
na prevenção e na rápida correção da desidratação por meio da ao serviço hospitalar de saúde.
ingestão de líquidos e solução de sais de reidratação oral (SRO) ou Realizar reidratação endovenosa no serviço saúde (fases rápi‐
fluidos endovenosos, dependendo do estado de hidratação e da da e de manutenção);
gravidade do caso. Por isso, apenas após a avaliação clínica do pa‐ O paciente deve ser reavaliado após duas horas, se persistirem
ciente, o tratamento adequado deve ser estabelecido, conforme os os sinais de choque, repetir a prescrição; caso contrário, iniciar ba‐
planos A, B e C descritos abaixo. lanço hídrico com as mesmas soluções preconizadas;
Para indicar o tratamento é imprescindível a avaliação clínica Administrar por via oral a solução de SRO em doses pequenas
do paciente e do seu estado de hidratação. A abordagem clínica e frequentes, tão logo o paciente aceite. Isso acelera a sua recupe‐
constitui a coleta de dados importantes na anamnese, como: início ração e reduz drasticamente o risco de complicações.
dos sinais e sintomas, número de evacuações, presença de muco Suspender a hidratação endovenosa quando o paciente estiver
ou sangue nas fezes, febre, náuseas e vômitos; presença de doen‐ hidratado, com boa tolerância à solução de SRO e sem vômitos.
ças crônicas; verificação se há parentes ou conhecidos que também Para tratamento detalhado acesse aqui o Manejo do Paciente
adoeceram com os mesmos sinais/sintomas. com Diarreia.
O exame físico, com enfoque na avaliação do estado de hidra‐ OBSERVAÇÃO: O Tratamento com antibiótico deve ser reserva‐
tação, é importante para avaliar a presença de desidratação e a ins‐ do apenas para os casos de DDA com sangue ou muco nas fezes (di‐
tituição do tratamento adequado, além disso, o paciente deve ser senteria) e comprometimento do estado geral ou em caso de cólera
pesado, sempre que possível. com desidratação grave, sempre com acompanhamento médico.

172
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Quais são as possíveis complicações das doenças diarreicas Use sempre o vaso sanitário, mas se isso não for possível, en‐
agudas? terre as fezes sempre longe dos cursos de água;
A principal complicação é a desidratação, que se não for cor‐ Evite o desmame precoce. Manter o aleitamento materno au‐
rigida rápida e adequadamente, em grande parte dos casos, espe‐ menta a resistência das crianças contra as diarreias.
cialmente em crianças e idosos, pode causar complicações mais
graves. Situação epidemiológica das doenças diarreicas agudas (diar-
O paciente com diarreia deve estar atento e voltar imediata‐ reia aguda)
mente ao serviço de saúde se não melhorar ou se apresentar qual‐ Os casos individuais de DDA são de notificação compulsória em
quer um dos sinais e sintomas: unidades sentinelas para monitorização das DDA (MDDA). O prin‐
- Piora da diarreia. cipal objetivo da Vigilância Epidemiológica das Doenças Diarreicas
- Vômitos repetidos. Agudas (VE-DDA) é monitorar o perfil epidemiológico dos casos,
- Muita sede. visando detectar precocemente surtos, especialmente os relacio‐
- Recusa de alimentos. nados a: acometimento entre menores de cinco anos; agentes etio‐
- Sangue nas fezes. lógicos virulentos e epidêmicos, como é o caso da cólera; situações
- Diminuição da urina. de vulnerabilidade social; seca, inundações e desastres. Os casos
de DDA são notificados no Sistema de Informação de Vigilância
Como ocorre a transmissão das doenças diarreicas agudas? Epidemiológica das DDA (SIVEP_DDA) e o monitoramento é reali‐
A transmissão das doenças diarreicas agudas pode ocorrer pe‐ zado pelo acompanhamento contínuo dos níveis endêmicos para
las vias oral ou fecal-oral. verificar alteração do padrão da doença em localidades e períodos
Transmissão indireta -Pelo consumo de água e alimentos con‐ de tempo determinados. Diante da identificação de alterações no
taminados e contato com objetos contaminados, como por exem‐ comportamento da doença, deve ser realizada investigação e ava‐
plo, utensílios de cozinha, acessórios de banheiros, equipamentos liação de risco para subsidiar as ações necessárias.
hospitalares. Segundo a Organização Mundial de Saúde, as doenças diar‐
Transmissão direta -Pelo contato com outras pessoas, por reicas constituem a segunda principal causa de morte em crianças
meio de mãos contaminadas e contato de pessoas com animais. menores de cinco anos, embora sejam evitáveis e tratáveis. As DDA
Os manipuladores de alimentos e os insetos podem conta‐ são as principais causas de morbimortalidade infantil (em crianças
minar, principalmente, os alimentos, utensílios e objetos capazes menores de um ano) e se constituem um dos mais graves proble‐
de absorver, reter e transportar organismos contagiantes e infec‐ mas de saúde pública global, com aproximadamente 1,7 bilhão de
ciosos. Locais de uso coletivo, como escolas, creches, hospitais e casos e 525 mil óbitos na infância (em crianças menores de 5 anos)
penitenciárias apresentam maior risco de transmissão das doenças por ano. Além disso, as DDA estão entre as principais causas de
diarreicas agudas. desnutrição em crianças menores de cinco anos.
O período de incubação, ou seja, tempo para que os sintomas Uma proporção significativa das doenças diarreicas é transmi‐
comecem a aparecer a partir do momento da contaminação/infec‐ tida pela água e pode ser prevenida através do consumo de água
ção, e o período de transmissibilidade das DDA são específicos para potável, condições adequadas de saneamento e hábitos de higiene.
cada agente etiológico. No Brasil, segundo estatísticas do IBGE, em 2016, 87,3% dos do‐
micílios ligados à rede geral tinham disponibilidade diária de água,
Como prevenir as doenças diarreicas agudas? percentual que era de 66,6% no Nordeste, onde em 16,3% dos do‐
As intervenções para prevenir a diarreia incluem ações institu‐ micílios o abastecimento ocorria de uma a três vezes por semana
cionais de saneamento e de saúde, além de ações individuais que e em 11,2% dos lares, de quatro a seis vezes. A região Norte apre‐
devem ser adotadas pela população: sentava o menor percentual de domicílios em que a principal forma
Lave sempre as mãos com sabão e água limpa principalmente de abastecimento de água era a rede geral de distribuição (59,8%).
antes de preparar ou ingerir alimentos, após ir ao banheiro, após Por outro lado, a região se destacava quando se tratava de abaste‐
utilizar transporte público ou tocar superfícies que possam estar cimento através de poço profundo ou artesiano (20,3%); poço raso,
sujas, após tocar em animais, sempre que voltar da rua, antes e freático ou cacimba (12,7%); e fonte ou nascente (3,1%).
depois de amamentar e trocar fraldas. Outra preocupação é a ocorrência de inundações e secas indu‐
Lave e desinfete as superfícies, os utensílios e equipamentos zidas por mudanças climáticas, que podem afetar as condições de
usados na preparação de alimentos. acesso de muitas famílias aos serviços de abastecimento de água
Proteja os alimentos e as áreas da cozinha contra insetos, ani‐ e saneamento, expondo populações a riscos relacionados à saúde.
mais de estimação e outros animais (guarde os alimentos em reci‐ Além disso, as inundações podem dispersar diversos contaminan‐
pientes fechados). tes fecais, aumentando os riscos de surtos de doenças transmitidas
Trate a água para consumo (após filtrar, ferver ou colocar duas pela água. No caso da escassez de água devido à seca, a utilização
gotas de solução de hipoclorito de sódio a 2,5% para cada litro de de fontes alternativas de água sem tratamento adequado, incluin‐
água, aguardar por 30 minutos antes de usar). do água de caminhão pipa, também aumenta os riscos de adoeci‐
Guarde a água tratada em vasilhas limpas e com tampa, sendo mento por doenças diarreicas.
a “boca” estreita para evitar a recontaminação; A seca e a estiagem são, entre os tipos de desastre, os que mais
Não utilize água de riachos, rios, cacimbas ou poços contami‐ afetam a população brasileira (50,34%), por serem mais recorren‐
nados para banhar ou beber. tes, atingindo mais fortemente as regiões Nordeste, Sul e parte do
Evite o consumo de alimentos crus ou malcozidos (principal‐ Sudeste. As inundações são a segunda tipologia de desastres de
mente carnes, pescados e mariscos) e alimentos cujas condições maior recorrência no Brasil e atingem todas as regiões do país, cau‐
higiênicas, de preparo e acondicionamento, sejam precárias. sando impactos significativos sobre a saúde das pessoas e a infraes‐
Ensaque e mantenha a tampa do lixo sempre fechada; quando trutura de saúde.
não houver coleta de lixo, este deve ser enterrado em local apro‐
priado.

173
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Nesse cenário diversificado das regiões do país, relacionado AMIGDALITES
ao desenvolvimento socioeconômico, às condições de saneamen‐ Muito frequente na infância, principalmente na faixa etária de
to, ao clima e às situações adversas, como os desastres, ocorrem 3 a 6 anos (ALCÂNTARA, 1994). Seu quadro clínico assemelha-se a
anualmente, mais de 4 milhões de casos e mais de 4 mil óbitos por um resfriado comum. Principais sinais e sintomas: febre, mal estar,
DDA, registrados por meio da vigilância epidemiológica em unida‐ prostração ou agitação, anorexia em função da dificuldade de de‐
des sentinelas e pelo Sistema de Informação sobre Mortalidade glutição, presença de gânglios palpáveis, mau hálito, presença ou
(SIM). não de tosse seca, dor e presença de pus na amigdala.
Às orientações de enfermagem acrescentaria-se estimular a fa‐
DOENÇAS RESPIRATÓRIA NA INFÂNCIA mília a ofertar à criança uma alimentação mais semi-líquida, a base
São as doenças mais frequentes durante a infância, acometen‐ de sopas, papas ...
do um número elevado de crianças, de todos os níveis sócio-econô‐
micos e por diversas vezes. Nas classes sociais mais pobres, as in‐ OTITE
fecções respiratórias agudas ainda se constituem como importante Caracterizada por dor, febre, choro frequente, dificuldade para
causa de morte de crianças pequenas, principalmente menores de sugar e alimentar-se e irritabilidade, sendo o diagnóstico confirma‐
1 ano de idade. Os fatores de risco para morbidade e mortalidade do pelo otoscópio. Possui como fatores predisponentes:
são baixa idade, precárias condições sócio-econômicas, desnutri‐ - alimentação em posição horizontal, pois propicia refluxo ali‐
ção, déficit no nível de escolaridade dos pais, poluição ambiental e mentar pela tuba, que é mais curta e horizontal na criança, levando
assistência de saúde de má qualidade (SIGAUD, 1996). à otite média;
A enfermagem precisa estar atenta e orientar a família da - crianças que vivem em ambiente úmido ou flhas de pais fu‐
criança sobre alguns fatores: mantes;
- preparar os alimentos sob a forma pastosa ou líquida, ofere‐ - diminuição da umidade relativa do ar;
cendo em menores quantidades e em intervalos mais curtos, res‐ - limpeza inadequada, com cotonetes, grampos e outros, pre‐
peitando a falta de apetite e não forçando a alimentação; judicando a saída permanente da cera pela formação de rolhas obs‐
- aumentar a oferta de líquidos: água, chás e suco de frutas, trutivas, ou retirando a proteção e facilitando a evolução de otites
levando em consideração a preferência da criança; micóticas ou bacterianas, além de poder provocar acidentes.
- manter a criança em ambiente ventilado, tranquilo e agasa‐
lhada se estiver frio; Orientar sobre a limpeza que deve ser feita apenas com água,
- fluidificar e remover secreções e muco das vias aéreas supe‐ sabonete, toalha e dedo.
riores frequentemente;
- evitar contato com outras crianças; SINUSITE
- havendo febre: até 38,4ºC dar banho, de preferência de imer‐ “Desencadeada pela obstrução dos óstios de drenagem dos
são, morno (por 15 minutos); aplicar compressa com água morna seios da face, favorecendo a retenção de secreção e a infecção bac‐
e álcool nas regiões inguinal e axilar; retirar excessos de roupa. Se teriana secundária” (LEÃO, 1989). Caracteriza-se por tosse noturna,
ultrapassar este valor oferecer antitérmico recomendado pelo pe‐ secreção nasal e com presença ou não de febre, sendo que rara‐
diatra. mente há cefaléia na infância (SAMPAIO, 1994). Casos recidivantes
são geralmente causados por alergia respiratória. Possui como fa‐
RESFRIADO tores predisponentes:
Inflamação catarral da mucosa rinofaríngea e formações lin‐ - episódios muito frequentes de resfriado;
fóides anexas. Possui como causas predisponentes: convívio ou - crianças que vivem em ambiente úmido ou flhas de pais fu‐
contágio ocasional com pessoas infectadas, desnutrição, clima frio mantes;
ou úmido, condições da habitação e dormitório da criança, quedas - diminuição da umidade relativa do ar.
bruscas e acentuadas da temperatura atmosférica, susceptibilida‐
de individual, relacionada à capacidade imunológica (ALCÂNTARA, RINITE
1994). Apresenta como manifestações clínicas a obstrução nasal ou
Principais sinais e sintomas: febre de intensidade variável, coriza, prurido e espirros em salva; a face apresenta “olheiras”;
corrimento nasal mucoso e fluido (coriza), obstrução parcial da dupla prega infra-orbitária; e sulco transversal no nariz, sugerindo
respiração nasal tornando-se ruidosa (trazendo irritação, principal‐ prurido intenso. Pode ser causada por alergia respiratória, neste
mente ao lactente que tem sua alimentação dificultada), tosse (não caso faz-se necessário afastar as substâncias que possam causar
obrigatória), falta de apetite, alteração das fezes e vômitos (quando alergia.
a criança é forçada a comer).
Não existindo contra-indicações recomenda-se a realização de BRONQUITE
exercícios rrespiratórios, tapotagem e dembulação. Se o estado for Inflamação nos brônquios, caracterizada por tosse e aumento
muito grave, sugerindo risco de vida para a criança se ela continuar da secreção mucosa dos brônquios, acompanhada ou não de febre,
em seu domicílio, recomenda-se a hospitalização. predominando em idades menores. Quando apresentam grande
quntidade de secreção pode-se perceber ruído respiratório (“chia‐
PNEUMONIA do” ou “ronqueira”) (RIBEIRO, 1994).
Inflamação das paredes da árvore respiratória causando au‐ Propicia que as crianças portadoras tenham infecções com
mento das secreções mucosas, respiração rápida ou difícil, dificul‐ maior frequência do que outras. Pode se tornar crônica, levando
dade em ingerir alimentos sólidos ou líquidos; piora do estado ge‐ a anorexia a uma perda da progressão de peso e estatura (RIBEI‐
ral, tosse, aumento da frequência respiratória (maior ou igual a 60 RO, 1994). Recomenda-se afastar substâncias que possam causar
batimentos por minuto); tiragem (retração subcostal persistente), alergias.
estridor, sibilância, gemido, períodos de apnéia ou guinchos (tosse
da coqueluche), cianose, batimentos de asa de nariz, distensão ab‐
dominal, e febre ou hipotermia (podendo indicar infecção).

174
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
ASMA O art. 11 do Estatuto da Criança e do Adolescente assegura o
Doença crônica do trato respiratório, sendo uma infecção mui‐ atendimento integral à saúde da criança e do adolescente, por in‐
to frequente na infância. A crise é causada por uma obstrução, de‐ termédio do Sistema Único de Saúde, garantindo o acesso univer‐
vido a contração da musculatura lisa, edema da parede brônquica e sal e igualitário às ações e aos serviços para promoção, proteção e
infiltração de leucócitos polimorfonucleares, eosinófilos e linfócitos recuperação da saúde. A partir da atenção integral à saúde pode-se
(GRUMACH, 1994). intervir de forma satisfatória na implementação de um elenco de
Manifesta-se através de crises de broncoespasmo, com direitos, aperfeiçoando as políticas de atenção a essa população.
dispnéia, acessos de tosse e sibilos presentes à ausculta pulmonar. Uma estratégia de sucesso tem sido a utilização da Caderneta de
São episódios auto-limitados podendo ser controlados por medica‐ Saúde de Adolescente, masculina e feminina, que contém informa‐
mentos com retorno normal das funções na maioria das crianças. ções a respeito do crescimento e desenvolvimento, da alimentação
Em metade dos casos, os primeiros sintomas da doença sur‐ saudável, da prevenção de violências e promoção da cultura de paz,
gem até o terceiro ano de vida e, em muitos pacientes, desapare‐ da saúde bucal e da saúde sexual e saúde reprodutiva desse grupo
cem com a puberdade. Porém a persistência na idade adulta leva a populacional. Traz ainda método e espaço para o registro antro‐
um agravo da doença. pométrico e dos estágios de maturação sexual, das intervenções
Fatores desencadeantes: alérgenos (irritantes alimentares), odontológicas e o calendário vacinal. Profissionais de saúde, educa‐
infecções, agentes irritantes, poluentes atmosféricos e mudanças dores, familiares e os próprios adolescentes encontram nesse ins‐
climáticas, fatores emocionais, exercícios e algumas drogas (ácido trumento um facilitador para a abordagem dos temas de interesse
acetil salicílico e similares). das pessoas jovens e que são, ao mesmo tempo, importantes para
a promoção da saúde e do autocuidado. Os profissionais de saúde
É importante que haja: devem usar a Caderneta como instrumento de apoio à consulta,
- estabelecimento de vínculo entre paciente/ família e equipe registrando os dados relevantes para o acompanhamento dos ado‐
de saúde; lescentes na Atenção Básica.
- controle ambiental, procurando afastar elementos alergêni‐ Entre as forças que podem participar da rede de apoio das
cos; famílias, crianças e adolescentes tem fundamental importância a
- higiene alimentar; Rede de Atenção Primária em Saúde.
- suspensão de alimentos só deverá ocorrer quando existir uma Em situações de conflito no ambiente familiar, escolar e, até
nítida relação com a sintomatologia apresentada; mesmo, comunitário (outros níveis de atenção à saúde, conselhos
- fisioterapia respiratória a fim de melhorar a dinâmica respira‐ tutelares, vara da infância e da adolescência etc.), a rede de aten‐
tória, corrigir deformidades torácicas e vícios posturais, aumentan‐ ção básica quase sempre é a primeira porta de entrada para a busca
do a resistência física. de uma compreensão, seja do comportamento, de um sintoma ou
de uma necessidade de orientação específica (anticoncepção, uso
Durante uma crise o paciente precisa de um respaldo medica‐ de substância psicoativa, violência doméstica ou sexual etc.). Nem
mentoso para interferir na sintomatologia e de uma pessoa segura sempre é o(a) adolescente que procura a Unidade Básica de Saúde.
e tranquila ao seu lado. Para tanto a família precisa ser muito bem Com muita frequência, a família é a primeira a demandar atenção.
esclarecida e em alguns casos faz-se necessário encaminhamento Em outras situações, são as escolas e os órgãos de proteção
psicológico. da criança e do adolescente, ou até mesmo agentes de saúde, que
encaminham a demanda. O primeiro desafio para a Atenção Bá‐
SAÚDE DA CRIANÇA E ADOLESCENTE sica ir além da demanda referenciada é o trabalho interno com a
A população adolescente e jovem vive uma condição social que equipe, conscientizando que o acolhimento de adolescentes e jo‐
é única: uma mesma geração, num mesmo momento social, econô‐ vens é tarefa de todos os profissionais: da recepção à dispensação
mico, político e cultural do seu país e do mundo. Ou seja, a modali‐ de medicamentos, do agente comunitário de saúde ao técnico de
dade de ser adolescente e jovem depende da idade, da geração, da Enfermagem, do dentista aos demais profissionais de saúde com
moratória vital, da classe social e dos marcos institucionais e de gê‐ formação universitária. À gerência destes serviços, cabe o plane‐
nero presentes em dado contexto histórico e cultural (MARGULIS; jamento com a equipe e o acompanhamento das ações ofertadas,
URRESTI, 1996; ABRAMO, 2005). Nesse sentido, a atenção integral da gestão do cuidado ofertado e da articulação da linha de cuidado
à saúde dos adolescentes e jovens apresenta-se como um desafio, interna e externa na Rede de Atenção à Saúde e na rede interseto‐
por tratar-se de um grupo social em fase de grandes e importan‐ rial de assistência.
tes transformações psicobiológicas articuladas a um envolvimen‐ Destaca-se que a assistência ao adolescente começa na assis‐
to social e ao redimensionamento da sua identidade e dos novos tência à criança e sua família. É no atendimento desta faixa etária
papéis sociais que vão assumindo (AYRES; FRANÇA JÚNIOR, 1996). que podemos detectar e problematizar questões como: o estilo
Os universos plurais e múltiplos que representam adolescentes e parental de cuidado, o monitoramento do desenvolvimento e do
jovens intervêm diretamente no modo como eles traçam as suas cuidado tanto no período escolar como no período complementar,
trajetórias de vida. Essas trajetórias bem-sucedidas ou fracassadas os serviços e órgãos de apoio de outros setores e as situações de
são mais que histórias de vida, são “reflexo das estruturas e dos estresse e adversidades que podem comprometer o desenvolvi‐
processos sociais” que ocorrem de maneira imprevisível, vulnerá‐ mento etc.
vel e incerta e que vão interferindo no cuidado com a vida e com a Além do atendimento de todas as referidas demandas, o traba‐
suas demandas de saúde (LEÓN, 2005, p. 17). Tendo essas questões lho com as escolas e com a rede de assistência social é fundamental
no nosso horizonte, a ênfase dada às discussões produzidas nesse para ampliar a procura direta do adolescente pelo serviço de Aten‐
documento focará no grupo populacional denominado de Adoles‐ ção Básica.
cências, que vive o ciclo etário entre os 10 a 19 anos. Portanto, as Parcerias em projetos de Educação e Saúde nas escolas, como
diferenças e as multiplicidades existentes nesta população devem proposto pelo Programa de Saúde na Escola do Ministério da Saú‐
ser orientação para a acolhida, o cuidado e a atenção integral aos de (PSE/MS), qualificação das reuniões intersetoriais para acompa‐
adolescentes que acessam a atenção básica na política pública de nhamento de situações de maior vulnerabilidade e parcerias com
saúde. projetos de Secretarias de Cultura, Esporte e Lazer dos municípios

175
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
são fundamentais neste sentido. A oferta de grupos de encontro personalidade, tinham e que não eram identificadas nas pessoas
para adolescentes e familiares que cuidam de adolescentes e jo‐ que não conseguiam superar satisfatoriamente eventos semelhan‐
vens é uma boa estratégia que deve ser estimulada pelos profissio‐ tes.
nais de saúde e entrar no rol de ações ofertadas no planejamento Identificou uma série de características na personalidade resi‐
à atenção a adolescentes e jovens. Além disso, a leitura de vulnera‐ liente que são significativas:
bilidade e resiliência, como proposto em capítulo específico deste • Criatividade, reconhecimento e desenvolvimento de seus
documento, também deve ser uma prática constante, que propi‐ próprios talentos.
ciaria a identificação das situações que merecerão maior atenção e • Um forte e flexível sentido de autoestima.
projetos terapêuticos singulares e familiares para complementar a • Independência de pensamento e ação.
assistência prestada. • A habilidade de dar e receber nas relações com os outros, e
Promoção de saúde e prevenção de agravos É importante dar um bem estabelecido círculo de amigos pessoais, que inclua alguns
ao jovem a oportunidade dele fazer por ele mesmo. Desenvolver amigos mais íntimos e que podem ser seus confidentes.
o protagonismo juvenil engajando-o em projetos que ele mesmo • Disciplina pessoal e um sentido de responsabilidade.
crie, assuma e administre. Dar-lhe autonomia, apoio e aprovação. • Receptividade a novas ideias
Usar seu potencial de energia em atividades comunitárias que pro‐ • Disposição para sonhar e grande variedade de interesses.
piciem autoconhecimento e altruísmo. Devem-se criar oportunida‐ • Senso de humor alegre.
des de esporte, lazer e cultura. Usar os espaços físicos disponíveis, • Percepção de seus sentimentos e dos sentimentos dos outros
para que eles não sejam apenas expectadores, mas também atores. e capacidade de comunicá-los de forma adequada.
Isso pode ser feito dentro do plano de aula escolar ou ape‐ • Compromisso com a vida e um contexto filosófico no qual as
nas usando o espaço da escola, do clube e praças em horário ex‐ experiências pessoais possam ser interpretadas com significados e
tracurricular. Para incentivar os adolescentes e jovens a participar esperança, até mesmo nos momentos mais desalentadores da vida.
das atividades de promoção de saúde, é interessante a organização Seria impossível esperar de uma pessoa todas estas características
de gincanas, competições e jogos cujos desafios principais sejam de personalidade. Ninguém é perfeito e muito menos invulnerável.
a ênfase na ecologia, alimentação natural, saúde, valores éticos e No entanto, uma composição dessas características é fundamen‐
morais. Outra proposta seria a promoção de eventos festivos de tal para se perseverar na existência. Em alguma intensidade, es‐
acordo com a cultura local, desenvolvendo temas sugeridos pelo sas características estão presentes em todos, não de forma inata,
público-alvo, bem como a criação de oficinas terapêuticas, onde mas podendo ser desenvolvidas em maior ou menor intensidade
o adolescente possa criar vídeos, jornais, arte por intermédio da na interação das pessoas umas com as outras. Esta interação ini‐
informática, modelagem, escultura, música, dança, desenhos, dra‐ cia-se, na maioria das vezes, no interior da família, prossegue na
matizações, entre outras. Estar atento ao que eles hoje valorizam escola, depois no trabalho, na comunidade etc. Ou seja, podem-se
e apoiá-los em suas iniciativas. Ademais, é importante incentivar a identificar, também, elementos de resiliência nas instituições hu‐
construção de um projeto de vida próximo de seus ideais; orientar manas. E, se estivermos atentos na identificação destes elementos,
sobre a busca de oportunidades de emprego e promover o resga‐ iremos detectar padrões diferentes de resiliência nas famílias, nas
te da cidadania, onde o conceito de adolescer não seja entendi‐ instituições, nas organizações e na comunidade. Mangham e cola‐
do como aborrecer, mas respeitá-los e fazer que se respeitem. Em boradores (1996) identificam como elementos chaves da resiliência
suma, trabalhar essas questões na atenção à saúde dos adolescen‐ familiar, de equipes e de outros arranjos grupais:
tes e jovens difere da assistência clínica individual e da simples in‐ • Estabilidade: entendida como resistência à ruptura interna e
formação ou repressão. O modelo a ser desenvolvido deve permitir senso de permanência.
uma discussão sobre as razões da adoção de um comportamento • Coesão: senso de afeto mútuo, companheirismo e segurança.
preventivo e o desenvolvimento de habilidades que permitam a re‐ • Adaptabilidade: habilidade coletiva para adaptar-se às mu‐
sistência às pressões externas, a expressão de sentimentos, as opi‐ danças e continuar funcionando a despeito de condições adversas.
niões, as dúvidas, as inseguranças, os medos e os preconceitos. A • Repertório de estratégias e atitudes para superar situações
proposta é reforçar as condições internas de cada sujeito para o en‐ estressantes.
frentamento e resolução de problemas e dificuldades do dia a dia • Redes de suporte para estender as capacidades da família ou
dos grupos por meio de outros familiares, amigos, vizinhos, com‐
Vulnerabilidade panheiros de trabalho, outros grupos etc. Durante o processo de
O conjunto de forças psicológicas e biológicas exigidas para atendimento, a equipe pode ir construindo com o(a) adolescente
que uma pessoa, ou um grupo de pessoas, supere com sucesso uma leitura de sua resiliência e de sua vulnerabilidade, que poderá
seus percalços, situações adversas ou situações estressantes, que propiciar estratégias de cuidado singularizadas. Daí a importância
modificam muito a vida das pessoas, tem sido chamado de resi‐ de se conhecer as demais políticas desenvolvidas para adolescentes
liência. Esta palavra foi emprestada da Física para a Psicologia em e jovens pela Educação, Assistência Social, Cultura, Esportes, Con‐
meados dos anos 70. Na década de 90, passa a integrar o discurso selho de Direitos etc. 42 Proteger e cuidar da saúde de adolescen‐
da Saúde Coletiva e da Assistência Social. Na Física e na Engenha‐ tes na atenção básica .
ria de materiais, significa uma propriedade da matéria pela qual
a energia armazenada em um corpo deformado por um impacto Crescimento e Desenvolvimento
seja devolvida quando cessa a tensão causadora, possibilitando ao A adolescência é marcada por um complexo processo de cres‐
corpo readquirir sua forma inicial sem desestruturar-se. Frederick cimento e desenvolvimento biopsicossocial. Embora já mencionado
Flach, psiquiatra norte-americano, estudioso dos mecanismos de em outro capítulo deste documento, vale relembrar que, seguindo
produção e superação do estresse, passa a empregar o termo resi‐ a Organização Mundial da Saúde, o Ministério da Saúde considera
liência com o significado acima em suas investigações nos anos 70. que a adolescência compreende a segunda década da vida (10 a 20
Suas pesquisas partiram da observação de que as pessoas superam anos incompletos) e a juventude estende-se dos 15 aos 24 anos.
adversidades semelhantes de forma muito diferente. Passou então Já o Estatuto da Criança e do Adolescente considera adolescência
a tentar identificar quais seriam as forças internas que aqueles que a faixa etária de 12 a 18 anos. Por outro lado, o Estatuto da Juven‐
superavam suas adversidades, sem prejuízos significativos para sua tude preconiza que os jovens estão entre 15 a 29 anos. Os grupos

176
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
etários são explicados pelos diferentes parâmetros usados na sua Composição e proporção corporal
concepção, como por exemplo, o crescimento e desenvolvimento, Todos os órgãos do corpo participam do processo de cresci‐
as questões sociais e econômicas e aquelas relacionadas à inimpu‐ mento da puberdade, exceção feita ao tecido linfoide e à gordura
tabilidade penal. O importante é que essas faixas etárias estejam subcutânea que apresentam um decréscimo absoluto ou relativo.
representadas nos sistemas de informação para que cada setor Há acúmulo de gordura desde os 8 anos até a puberdade, sendo
possa ter dados confiáveis sobre esse grupo populacional. 12.1 De‐ que a diminuição deste depósito de tecido adiposo coincide com o
senvolvimento físico O termo puberdade deriva do latim pubertate pico de velocidade do crescimento.
e significa idade fértil; a palavra pubis (lat.) é traduzida como pelo, Desenvolvimento muscular: Na puberdade, chama atenção a
penugem. hipertrofia e a hiperplasia de células musculares, mais evidentes
A puberdade expressa o conjunto de transformações somáti‐ nos meninos. Este fato justifica a maior força muscular no sexo
cas da adolescência, que, entre outras, englobam: masculino. Medula óssea: Durante a puberdade, ocorre uma dimi‐
• Aceleração (estirão) e desaceleração do crescimento ponde‐ nuição da cavidade da medula óssea, mais acentuada nas meninas
ral e estatural, que ocorrem em estreita ligação com as alterações Este acontecimento explica um volume final maior da cavida‐
puberais. de medular para os meninos, que somado à estimulação da eritro‐
• Modificação da composição e proporção corporal, como re‐ poetina pela testosterona pode representar, para o sexo masculi‐
sultado do crescimento esquelético, muscular e redistribuição do no, um número maior de células vermelhas, maior concentração de
tecido adiposo. hemoglobina e ferro sérico.
• Desenvolvimento de todos os sistemas do organismo, com
ênfase no circulatório e respiratório. Sequência do crescimento
• Maturação sexual com a emergência de caracteres sexuais O crescimento estatural inicia-se pelos pés, seguindo uma
secundários, em uma sequência invariável, sistematizada por Tan‐ ordem invariável que vai das extremidades para o tronco. Os diâ‐
ner (1962). Desenvolvimento C metros biacromial e biilíaco também apresentam variações de
crescimento durante a puberdade, sendo que o biacromial cresce
Crescimento com maior intensidade no sexo masculino. Nas meninas, obser‐
O crescimento estatural é um processo dinâmico de evolução va-se também um alargamento da pelve. Os pelos axilares apare‐
da altura de um indivíduo em função do tempo. Por isto, é somente cem, em média, dois anos após os pelos pubianos. O pelo facial,
por intermédio de repetidas determinações da estatura, realizada no sexo masculino, aparece ao mesmo tempo em que surge o pelo
em intervalos regulares (em média a cada seis meses), e inscritas axilar. O crescimento de pelos pubianos pode corresponder, em
em gráficos padronizados, que se pode avaliar adequadamente o algumas situações, às primeiras manifestações puberais. Durante
crescimento. A velocidade do crescimento, assim obtida, constitui a puberdade, alterações morfológicas ocorrem na laringe; as cor‐
um indicador importante de normalidade, que ajuda o profissional das vocais tornam-se espessas e mais longas e a voz mais grave. A
de saúde a esclarecer o diagnóstico de qualquer transtorno. As ve‐ este momento, mais marcante nos meninos do que nas meninas,
locidades de crescimento da criança e do adolescente normais têm chamamos de muda vocal. Na maioria dos indivíduos a mudança
um padrão linear previsível. Durante a puberdade, o adolescente completa da voz se estabelece em um prazo de aproximadamente
cresce um total de 10 a 30 cm (média de 20 cm). A média de velo‐ seis meses. O crescimento dos pelos da face indica o final deste
cidade de crescimento máxima durante a puberdade é cerca de 10 processo, quando a muda vocal deve estar completa. Adolescen‐
cm/ano para o sexo masculino e 9 cm/ano para o sexo feminino. A tes com uma alteração na voz, que persista por mais de 15 dias, a
velocidade máxima de crescimento em altura ocorre, em média, Equipe de Saúde da Família deve procurar o Núcleo de Apoio à Saú‐
entre 13 e 14 anos no sexo masculino e 11 e 12 anos no sexo femi‐ de da Família (Nasf) que dispõe de um profissional fonoaudiólogo
nino. Atingida a velocidade máxima de crescimento, segue-se uma para realizar uma interconsulta ou uma avaliação multidisciplinar
gradual desaceleração até a parada de crescimento, com duração entre os profissionais visando solucionar o problema em questão. É
em torno de 3 a 4 anos. Após a menarca, as meninas crescem, no de suma importância que o profissional de saúde saiba orientar os
máximo, de 5 a 7 cm. As curvas de crescimento individual seguem adolescentes quanto a comportamentos nocivos a sua saúde, como
um determinado percentil desenhado no gráfico de crescimento. É o uso de tabaco.
importante salientar que, tanto na infância quanto na adolescên‐
cia, podem ocorrer variações no padrão de velocidade de cresci‐ Maturação sexual
mento, ocasionando mudanças de percentil de crescimento, mas A eclosão puberal dá-se em tempo individual por mecanismos
nem sempre refletem uma condição patológica. De um modo geral, ainda não plenamente compreendidos, envolvendo o eixo hipotála‐
o adolescente termina o seu desenvolvimento físico com cerca de mo-hipofisário-gonadal. Em fase inicial da puberdade, o córtex ce‐
20% da estatura final do adulto em um período de 18 a 36 meses. rebral transmite estímulos para receptores hipotalâmicos, que, por
A evolução do peso segue uma curva semelhante à da altura. Na meio de seus fatores liberadores, promovem na hipófise anterior a
puberdade, a velocidade de crescimento ponderal acompanha a do secreção de gonadotrofinas para a corrente sanguínea.
crescimento em altura, com a incorporação final de 50% do peso
do adulto. Sexo masculino
As gonadotrofinas, ou seja, os hormônios folículo-estimulante
Idade óssea e luteinizante (FSH e LH) atuam aumentando os testículos. Os tú‐
A idade óssea ou esquelética corresponde às alterações evo‐ bulos seminíferos passam a ter luz e promover a proliferação das
lutivas da maturação óssea, que acompanham a idade cronológica células intersticiais de Leydig, que liberam a testosterona e elevam
no processo de crescimento, sendo considerada como um indica‐ os seus níveis séricos. Esses eventos determinam o aumento simé‐
dor da idade biológica. Ela é calculada por meio da comparação de trico (simultâneo e semelhante) do volume testicular, que passa
radiografias de punho, de mão e de joelho com padrões definidos a ter dimensões maiores que 4 cm3 , constituindo-se na primeira
de tamanhos e forma dos núcleos dessas estruturas. A idade ós‐ manifestação da puberdade masculina. Segue-se o crescimento
sea pode ser utilizada na predição da estatura final do adolescente, de pelos pubianos, o desenvolvimento do pênis em comprimento
considerando a sua relação com a idade cronológica. e diâmetro, o aparecimento de pelos axilares e faciais e o estirão

177
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
pubertário. O tamanho testicular é critério importante para a ava‐ - Prevenção de Violências e Acidentes: visa propor e/ou de‐
liação das gônadas e da espermatogênese, que costuma ocorrer, senvolver ações que chamem atenção para a grave e contundente
mais frequentemente, no estágio 4 de Tanner. Avaliase o volume relação entre a população masculina e as violências (em especial a
testicular de forma empírica ou utilizando-se o orquímetro e or‐ violência urbana) e acidentes, sensibilizando a população em geral
quidômetro de Prader. Estes instrumentos contêm elipsoides de e os profissionais de saúde sobre o tema.
volumes crescentes de 1 ml a 25 ml. O tamanho testicular adulto
situa-se entre 12 ml e 25 ml. Dos Princípios:
1. Universalidade e equidade nas ações e serviços de saúde vol‐
Critérios de Tanner para classificação dos estágios da puber- tados para a população masculina, abrangendo a disponibilidade
dade masculina de insumos, equipamentos e materiais educativos;
2. Articulação com as diversas áreas do governo, com o setor
Sexo feminino privado e a sociedade, compondo redes de compromisso e corres‐
Os hormônios folículo-estimulante e luteinizante (FSH e LH) ponsabilidade quanto à saúde e a qualidade de vida da população
atuam sobre o ovário e iniciam a produção hormonal de estróge‐ masculina;
no e progesterona, responsáveis pelas transformações puberais 3. Informações e orientação à população masculina, aos fa‐
na menina. A primeira manifestação de puberdade na menina é o miliares e a comunidade sobre a promoção, prevenção, proteção,
surgimento do broto mamário. É seguido do crescimento dos pelos tratamento e recuperação dos agravos e das enfermidades do ho‐
pubianos e pelo estirão puberal. A menarca acontece cerca de um mem;
ano após o máximo de velocidade de crescimento, coincidindo com 4. Captação precoce da população masculina nas atividades de
a fase de sua desaceleração. A ocorrência da menarca não significa prevenção primária relativa às doenças cardiovasculares e cânce‐
que a adolescente tenha atingido o estágio de função reprodutora res, entre outros agravos recorrentes;
completa, pois os ciclos iniciais podem ser anovulatórios. Por outro 5. Capacitação técnica dos profissionais de saúde para o aten‐
lado, é possível acontecer também a gravidez antes da menarca, dimento do homem;
com um primeiro ciclo ovulatório. 6. Disponibilidade de insumos, equipamentos e materiais edu‐
Critérios de Tanner para classificação da puberdade feminina cativos;
Pelos pubianos A evolução da distribuição de pelos pubianos é se‐ 7. Estabelecimento de mecanismos de monitoramento e ava‐
melhante nos dois sexos, de acordo com as alterações progressivas liação continuada dos serviços e do desempenho dos profissionais
relativas à forma, espessura e pigmentação. de saúde, com participação dos usuários; e
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/proteger_cuidar_ 8. Elaboração e análise dos indicadores que permitam aos ges‐
adolescentes_atencao_basica.pdf tores monitorar as ações e serviços e avaliar seu impacto, redefinin‐
do as estratégias e/ou atividades que se fizerem necessárias.
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem
A Política Nacional de Atenção Integral da Saúde do Homem Das Diretrizes:
(PNAISH) tem como diretriz promover ações de saúde que contri‐ - Entender a Saúde do Homem como um conjunto de ações de
buam significativamente para a compreensão da realidade singular promoção, prevenção, assistência e recuperação da saúde, execu‐
masculina nos seus diversos contextos socioculturais e político-e‐ tado nos diferentes níveis de atenção. Deve-se priorizar a atenção
conômicos, respeitando os diferentes níveis de desenvolvimento básica, com foco na Estratégia de Saúde da Família, porta de en‐
e organização dos sistemas locais de saúde e tipos de gestão de trada do sistema de saúde integral, hierarquizado e regionalizado;
Estados e Municípios. - Reforçar a responsabilidade dos três níveis de gestão e do
Para atingir o seu objetivo geral, que é ampliar e melhorar o controle social, de acordo com as competências de cada um, garan‐
acesso da população masculina adulta – 20 a 59 anos – do Brasil tindo condições para a execução da presente Política;
aos serviços de saúde, a Política Nacional de Saúde do Homem é - Nortear a prática de saúde pela humanização e a qualidade
desenvolvida a partir de cinco (05) eixos temáticos: da assistência a ser prestada, princípios que devem permear todas
- Acesso e Acolhimento: objetiva reorganizar as ações de saú‐ as ações;
de, através de uma proposta inclusiva, na qual os homens consi‐ - Integrar a execução da Política Nacional de Atenção Integral
derem os serviços de saúde também como espaços masculinos e, à Saúde do Homem às demais políticas, programas, estratégias e
por sua vez, os serviços reconheçam os homens como sujeitos que ações do Ministério da Saúde;
necessitam de cuidados. - Promover a articulação interinstitucional, em especial com o
- Saúde Sexual e Saúde Reprodutiva: busca sensibilizar gesto‐ setor Educação, como promotor de novas formas de pensar e agir;
res(as), profissionais de saúde e a população em geral para reco‐ - Reorganizar as ações de saúde, através de uma proposta in‐
nhecer os homens como sujeitos de direitos sexuais e reprodutivos, clusiva, na qual os homens considerem os serviços de saúde tam‐
os envolvendo nas ações voltadas a esse fim e implementando es‐ bém como espaços masculinos e, por sua vez, os serviços de saúde
tratégias para aproximá-los desta temática. reconheçam os homens como sujeitos que necessitem de cuidados;
- Paternidade e Cuidado: objetiva sensibilizar gestores(as), pro‐ - Integrar as entidades da sociedade organizada na correspon‐
fissionais de saúde e a população em geral sobre os benefícios do sabilidade das ações governamentais pela convicção de que a saúde
envolvimento ativo dos homens com em todas as fases da gestação não é só um dever do Estado, mas uma prerrogativa da cidadania;
e nas ações de cuidado com seus(uas) filhos(as), destacando como - Incluir na Educação permanente dos trabalhadores do SUS
esta participação pode trazer saúde, bem-estar e fortalecimento temas ligados a Atenção Integral à Saúde do Homem;
de vínculos saudáveis entre crianças, homens e suas (eus) parcei‐
- Aperfeiçoar os sistemas de informação de maneira a possi‐
ras(os).
bilitar um melhor monitoramento que permita tomadas racionais
- Doenças prevalentes na população masculina: busca fortale‐
de decisão; e
cer a assistência básica no cuidado à saúde dos homens, facilitan‐
- Realizar estudos e pesquisas que contribuam para a melho‐
do e garantindo o acesso e a qualidade da atenção necessária ao
ria das ações da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do
enfrentamento dos fatores de risco das doenças e dos agravos à
Homem.
saúde.

178
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
O PNAISH completo está disponível em:
http://www.unfpa.org.br/Arquivos/saude_do_homem.pdf Exames básicos de rotina na prevenção e promoção da saúde
do homem:
Saúde do Homem -Pressão arterial.
A Política Nacional de Atenção Integral da Saúde do Homem -Hemograma completo.
(PNAISH) tem como diretriz promover ações de saúde que contri‐ -Testes de urina.
buam significativamente para a compreensão da realidade singular -Teste de fezes.
masculina nos seus diversos contextos socioculturais e político-e‐ -Teste de glicemia.
conômicos, respeitando os diferentes níveis de desenvolvimento -Atualização da carteira vacinal.
e organização dos sistemas locais de saúde e tipos de gestão de -Verificação do perímetro abdominal.
Estados e Municípios. -Teste de IMC.
Para atingir o seu objetivo geral, que é ampliar e melhorar o
acesso da população masculina adulta – 20 a 59 anos – do Brasil IMPORTANTE: Apesar de o Novembro Azul estar fortemente
aos serviços de saúde, a Política Nacional de Saúde do Homem é vinculado à prevenção do câncer de próstata, o Ministério da Saúde
desenvolvida a partir de cinco (05) eixos temáticos: trabalha com uma visão bem mais ampliada e abrangente. A pasta
Acesso e Acolhimento: objetiva reorganizar as ações de saúde, aproveita a época para chamar atenção sobre os cuidados com a
através de uma proposta inclusiva, na qual os homens considerem saúde masculina em todos os sentidos.
os serviços de saúde também como espaços masculinos e, por sua
vez, os serviços reconheçam os homens como sujeitos que neces‐ Mês de Valorização da Paternidade - Agosto
sitam de cuidados. Promover o engajamento dos homens nas ações do planeja‐
Saúde Sexual e Saúde Reprodutiva: busca sensibilizar gesto‐ mento reprodutivo, no acompanhamento do pré-natal, nos mo‐
res(as), profissionais de saúde e a população em geral para reco‐ mentos do parto de sua parceira e nos cuidados no desenvolvimen‐
nhecer os homens como sujeitos de direitos sexuais e reprodutivos, to da criança, com a possibilidade real de melhoria na qualidade de
os envolvendo nas ações voltadas a esse fim e implementando es‐ vida para todas as pessoas envolvidas e vínculos afetivos saudáveis.
tratégias para aproximá-los desta temática. Esses são os principais objetivos para a criação do Mês de Valoriza‐
Paternidade e Cuidado: objetiva sensibilizar gestores(as), profis‐ ção da Paternidade, que é celebrado anualmente em agosto.
sionais de saúde e a população em geral sobre os benefícios do envol‐ O mês de valorização da paternidade foi instituído pelo Comitê
vimento ativo dos homens com em todas as fases da gestação e nas Vida, grupo de trabalho intersetorial que integra profissionais de
ações de cuidado com seus(uas) filhos(as), destacando como esta par‐ organizações governamentais e não-governamentais, universida‐
ticipação pode trazer saúde, bem-estar e fortalecimento de vínculos des e demais pessoas e instituições interessadas. A Coordenação
saudáveis entre crianças, homens e suas (eus) parceiras(os). Nacional de Saúde do Homem (CNSH) do Ministério da Saúde apoia
Doenças prevalentes na população masculina: busca fortalecer essa inciativa e estimula que seja desenvolvida em todo território
a assistência básica no cuidado à saúde dos homens, facilitando e nacional.
garantindo o acesso e a qualidade da atenção necessária ao enfren‐ A ação é baseada em um dos eixos prioritários da Política Na‐
tamento dos fatores de risco das doenças e dos agravos à saúde. cional de Atenção Integral à Saúde do Homem: o eixo de Paterni‐
Prevenção de Violências e Acidentes: visa propor e/ou desen‐ dade e Cuidado. O eixo da Paternidade e Cuidado consiste em in‐
volver ações que chamem atenção para a grave e contundente re‐ centivar a presença de homens acompanhando suas parceiras nas
lação entre a população masculina e as violências (em especial a
consultas de pré-natal e traz a ideia de que o acesso dos homens
violência urbana) e acidentes, sensibilizando a população em geral
aos serviços de saúde para participar dessas consultas também
e os profissionais de saúde sobre o tema.
pode ser potencializado como momento de promoção do auto cui‐
Novembro azul dado e educação em saúde.
Novembro é o mês de conscientização sobre os cuidados inte‐ Ponto fundamental para implementação desse eixo é a es‐
grais com a saúde do homem. Saúde mental, infecções sexualmen‐ tratégia pré-natal do parceiro, que tem como objetivo sensibilizar
te transmissíveis, doenças crônicas (diabetes, hipertensão) entre trabalhadores de saúde sobre a importância do envolvimento dos
outros pontos devem ser sempre observados pela população mas‐ pais e futuros pais na lógica dos serviços de saúde ofertados, pos‐
culina. Todos os anos, nesse período, 21 países, incluindo o Brasil, sibilitando que eles realizem seus exames preventivos de rotina e
preparam campanhas sobre prevenção e diagnóstico do câncer de também façam testes rápidos de sífilis, hepatite e HIV; atualizem o
próstata, além de levar informações sobre a prevenção e promoção cartão de vacinação; participem de atividade educativas desenvol‐
aos cuidados integrais com o cuidado da saúde masculina. vidas durante o pré-natal; sejam estimulados a participarem dos
momentos do parto e cuidados com a criança e ao mesmo tempo
Entre as informações estão, por exemplo, dicas para manter exerçam uma paternidade ativa.
alimentação saudável, evitar fumar e consumir bebicas alcoólicas,
além de praticar atividades físicas. São atos simples que promo‐ LEI DO ACOMPANHANTE
verm o bem-estar e ajudam a manter mente e corpo em perfeito
funcionamento, prevenindo doenças. A Lei Federal nº 11.108, de 07 de abril de 2005, mais conhecida
No Brasil é tradição que prédios e monumentos históricos re‐ como a Lei do Acompanhante, determina que os serviços de saúde
cebam iluminação azul nesta época do ano, fazendo menção ao do SUS, da rede própria ou conveniada, são obrigados a permitir à
Novembro Azul. O objetvo é chamar atenção para o movimento gestante o direito a acompanhante durante todo o período de tra‐
global, trazendo informações e conscientização sobre o que deve balho de parto, parto e pós-parto. A Lei determina que este acom‐
ser feito em prol da saúde do homem. panhante será indicado pela gestante, podendo ser o pai do bebê,
O Novembro Azul é uma iniciativa criada pelo Instituto Lado o parceiro atual, a mãe, um(a) amigo(a), ou outra pessoa que a ges‐
a Lado pela Vida. A ideia, desde o início, é promover uma mudan‐ tante escolher. A Lei do Acompanhante é válida para parto normal
ça no conceito de ir ao médico, encorajando os homens a fazerem ou cesariana e a presença do(a) acompanhante (inclusive se este
exames de rotina e a cuidarem da saúde constantemente.

179
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
for adolescente) não pode ser impedida pelo hospital ou por qual‐
quer membro da equipe de saúde, nem deve ser exigido que o(a)
acompanhante tenha participado de alguma formação ou grupo.

IMPORTANTE :Se estes direitos não forem respeitados, você


deve entrar em contato com a Ouvidoria do Ministério da Saúde
através do telefone 136. A mulher tem o direito de decidir não ter
acompanhante no momento do parto.

Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem


(PNAISH)

População masculina em seus diversos contextos sociocultu-


rais
Historicamente, o senso comum considera os homens como o
sexo forte. Desde pequenos, os meninos são educados, entre ou‐
tras coisas, para serem competitivos, corajosos, destemidos, po‐
derosos, violentos, invulneráveis, provedores e protetores, sendo
também treinados para suportar, sem chorar, suas dores físicas e
emocionais (WHO, 2000).

Enfim, qualidades que, na maioria das vezes, ainda são repro‐


duzidas na infância e repassadas de geração em geração a partir de
modelos culturais de gênero cristalizados na sociedade patriarcal, O objetivo deste estudo foi compreender as possíveis diferen‐
sem que haja uma visão reflexiva sobre os mandatos compulsórios ças da procura pelos serviços de saúde, em um dado contexto so‐
de vida a serem cumpridos e as consequências implicadas na repli‐
ciocultural, levando em consideração aspectos relacionais de sexo e
cação acrítica de determinados condicionamentos e comportamen‐
gênero (Levorato et al., 2014), sendo possível elencar os principais
tos para a saúde e o bem-estar de homens, mulheres, crianças e co‐
fatores associados a não procura por serviços de saúde, a saber:
munidades. São condicionamentos e qualidades que influenciam e
sexo masculino, horário de funcionamento das unidades de saúde,
são influenciados por todo um imaginário simbólico coletivo social,
horário de trabalho do usuário e não possuir nenhuma doença.
responsável direto por alimentar e sedimentar no núcleo mais ínti‐
É interessante observar também que as noções de poder, de‐
mo da formação da identidade destes meninos, e futuros homens,
sigualdade e iniquidade de gênero, articulados a outras, tais como
o modo supostamente “correto de se viver e sobreviver“ entre os
seus semelhantes nos mais diversos contextos e ambientes sociais, etnia, orientação sexual, classe, geração, religião, etc., são elemen‐
políticos, econômicos, laborais, geográficos, etc. tos para entender os processos de saúde e doença dos diferentes
segmentos de homens (SCHRAIBER et al. 2005).
As condutas varonis que contribuem para construir e reforçar Keijzer (2003) constata que as instituições governamentais e ci‐
esta imagem identitária masculina onipotente de certo modoim‐ vis da América Latina, no campo da saúde e educação, descobriram
pedem cultivar a função essencial de autoconservação, ou seja, os que debater e problematizar a temática “homens e saúde” poderá
valores esperados do que seja considerado um “homem de verda‐ resultar na participação dos homens no alcance dos objetivos pro‐
de” não estimulam a manifestação do afeto e do cuidar, tampouco gramáticos. O autor acredita que se até o momento os homens têm
do cuidado próprio. Os homens são educados para responder às sido uma grande parte do problema, agora é tempo de começarem
expectativas sociais de modo proativo, em que o risco não é algo a a ser parte da solução – e complementa, sugerindo a necessidade
ser evitado, mas sim superado. Assim, a noção de auto cuidado dá de um longo período de reflexão para que a mudança subjetiva do
lugar a um estilo de vida autodestrutivo e, em diversos sentidos, processo cultural e político possa amadurecer e ocorrer.
vulnerável (INSTITUTO PAPAI; RHEG, 2009). No Brasil, a PNAISH reconhece a necessidade de identificar os
elementos psicossociais que acarretam a vulnerabilidade da popu‐
Importante! A compreensão destas premissas e das raízes da lação masculina, além de evidenciar os principais fatores de morbi‐
construção social dos modelos de masculinidades hegemônicas são mortalidade como uma estratégia de atenção integral à saúde, haja
fundamentais para lidar com o fenômeno e colaboram para enten‐ vista que muitos agravos poderiam ser evitados, caso os homens
der um pouco melhor a dificuldade dos homens em procurar ajuda, realizassem, com regularidade, as medidas de prevenção primária
cuidados médicos e espaços de permissão onde possam ser assisti‐ (BRASIL, 2009).
dos e ouvidos a partir dos seus medos, inseguranças e fragilidades. A conclusão corrente é que a internalização, a reprodução e
o culto a determinados modelos de masculinidade e a certos este‐
Contudo, o desafio não é pequeno, haja vista que os valores reótipos de gênero em toda a sociedade, em geral e, em particular,
da cultura masculina envolvem comportamentos de risco à saúde. neste segmento populacional, têm sido responsáveis por uma alta
A forma como os homens constroem e vivenciam suas masculini‐ exposição a riscos desnecessários, taxas elevadas de morbimorta‐
dades encontram-se vinculadas às matrizes dos modos de adoecer lidade e, sobretudo, a exclusão da expressão genuína do cuidado,
e morrer, conforme evidencia Levorato et al. (2014), em um estu‐ da sensibilidade e do afeto na vida destes homens, tanto em família
do transversal, realizado com 320 pessoas, em serviços de saúde como nas comunidades de destino onde encontram-se inseridos,
do município de Ribeirão Preto/SP, ao constatar que as mulheres dificultando o autocuidado com a saúde e o acesso deles às ações
buscaram os serviços de saúde quase duas vezes mais do que os desempenhadas pelos serviços da Atenção Básica.
homens, e que ser do sexo feminino foi um fator preditor de maior A principal estratégia para lidar com a complexidade que este
busca por assistência à saúde, sendo mensurado com magnitude campo apresenta consiste em incluir os homens, com suas especi‐
2,4 vezes em relação a eles. ficidades e necessidades em saúde, na mesa de discussão central

180
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
do planejamento das macro e micro ações do setor Saúde e de outras políticas transversais (Segurança Pública, Transporte, Trabalho,
Desenvolvimento Social, etc.), com o intuito inequívoco de melhorar os indicadores sociais e de saúde desta população, gerando melhor
qualidade de vida para todos.

Contexto histórico do campo de saúde do homem até a PNAISH


A saúde do homem como tema de estudos no Brasil surgiu a partir da década de 1970, com os primeiros debates a respeito da relação
entre o modelo de masculinidade hegemônico na sociedade e os agravos à saúde do homem (GOMES; NASCIMENTO, 2006). No entanto,
do ponto de vista da história das políticas de saúde voltadas a “populações específicas” não se pode dizer que, no período anterior, médi‐
cos, sanitaristas e profissionais de saúde tenham esquecido de tratar da saúde do homem.
Embora não houvesse o recorte de gênero e tenha sido o foco de preocupações por parte das políticas de saúde, existiram campanhas
contra o alcoolismo e contra as chamadas “doenças venéreas” que se destinavam a espaços de socialização masculinos, como bares e
bordéis.
Também no âmbito da luta contra as doenças sexualmente transmissíveis foi pioneiramente proposto no Brasil, nos anos 1930 e
1940, a criação de uma andrologia, mais tarde descartada, definida como a “ciência dos problemas sexuais masculinos” (CARRARA, 2004).
Diferente dos grandes temas da saúde, e por razões sócio-históricas, não se consolidou um movimento social de base que tivesse
o homem como objetivo de atenção no campo da saúde. Keijzer (2003) acredita que a reivindicação de uma política de saúde integral
específica para a população masculina poderia ser mal interpretada e entendida como um movimento contrário aos que lutavam para
promover programas de gênero destinados à saúde da mulher.
Na década de 1990, a saúde do homem torna-se pauta internacional em dois acordos de reconhecida importância: a Conferência
Internacional sobre População e Desenvolvimento, realizada na cidade do Cairo, no Egito, em 1994, e a IV Conferência Mundial sobre a
Mulher, realizada em Pequim, na China, em 1995, que apontam a necessidade de incluir os homens e suas especificidades nas políticas
de saúde.
Em ambos os documentos, discute-se a saúde e os direitos sexuais e reprodutivos, em uma perspectiva de promoção da igualdade
de gênero, reconhecendo-se que as relações de poder entre homens e mulheres são desiguais (LEAL; FIGUEIREDO; NOGUEIRA-DA-SILVA;
2012), sendo lançadas as bases para o consenso internacional de que melhores indicadores sociais e de saúde das mulheres e crianças
podem ser alcançados se os homens estiverem envolvidos na esfera do cuidado, migrando da condição de sujeitos genéricos para a de
sujeitos de cuidados e direitos.
No Brasil, a temática da saúde do homem enquanto política pública passa a ter visibilidade em 2007, quando uma das metas priori‐
tárias elencadas pela gestão federal passa a ser a implantação de uma “política nacional para assistência à saúde do homem” no âmbito
do SUS.
Para viabilizar o projeto, em 2007, o Departamento de Ações Programáticas Estratégicas (DAPES), da Secretaria de Atenção à Saúde
(SAS), do Ministério da Saúde (MS), cria e estrutura a Área Técnica de Saúde do Homem (ATSH), posteriormente renomeada, em 2013,
como Coordenação Nacional de Saúde do Homem (CNSH).
Com a instituição formal da PNAISH, o Brasil passaria a ser o primeiro país das Américas com uma política destinada à saúde do ho‐
mem – e o segundo no mundo, após a Irlanda ter formulado a sua própria política, em 2008 –, que passam a ser sujeitos de foco de ações
em saúde junto com grupos específicos mais antigos, a saber, adolescentes, mulheres, idosos, indivíduos institucionalizados, pessoas com
deficiência, etc. (CARRARA; RUSSO; FARO, 2009).
A formulação da PNAISH A estratégia de elaboração escolhida pela PNAISH foi investigar os principais agravos de saúde que acome‐
tiam os homens, por meio do recorte de sexo, na faixa etária entre 20 a 59 anos, e que, em 2009, correspondia a 41% da população de
homens no Brasil.
A partir das informações coletadas e da definição de um panorama situacional nacional – em que foi diagnosticado que os homens
em geral acessam os serviços de saúde por meio da atenção especializada, quando o agravo já está muito avançado, com possibilidade
de menor resolução, – foram delineadas estratégias e ações para incentivar medidas de prevenção e promoção à saúde e a melhoria do
acesso com qualidade deste segmento populacional, preferencialmente pela AB.
Ressalta-se que, nesta construção, houve o cuidado de alinhar a PNAISH às outras políticas de saúde de maneira transversal, como,
por exemplo, a PNAB e a Política Nacional de Humanização (PNH), para que cada segmento, gestor ou executor, seja corresponsável pela
correta implementação das ações, em benefício da população a ser assistida (BRASIL, 2009).

Princípios da PNAISH
No Brasil, desde a promulgação da Constituição de 1988, a saúde passou a ser reconhecida como um dever do Estado e um direito
social básico de todos os cidadãos, incluindo nesta lógica, obviamente, a saúde do homem que, tal como a saúde de todas as outras po‐
pulações, deve ser regida em consonância com os princípios e as diretrizes do SUS.
Neste sentido, a PNAISH afirma princípios consonantes aos do SUS relacionados, por exemplo, à “humanização, qualidade de vida e
promoção da integralidade do cuidado na população masculina promovendo o reconhecimento e respeito à ética e aos direitos do ho‐
mem, obedecendo às suas peculiaridades socioculturais” (BRASIL, 2009).
E, para que seja possível cumprir esses princípios, oito elementos foram listados a fim de serem considerados. Conheça-os a seguir.

181
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Objetivos
A PNAISH traz como objetivo principal:
þ facilitar e ampliar o acesso com qualidade da população masculina às ações e aos serviços de assistência integral à saúde da Rede
SUS, mediante a atuação nos aspectos socioculturais, sob a perspectiva de gênero, contribuindo de modo efetivo para a redução da mor‐
bidade, da mortalidade e a melhoria das condições de saúde (BRASIL, 2009, p. 53).
Você acabou de conhecer o objetivo principal da PNAISH. Agora, conheça os objetivos específicos. Observe que esses se dividem em
três grandes grupos e trabalham de maneira a garantir a integralidade da atenção por meio da perspectiva de linhas de cuidado, abran‐
gendo os diferentes níveis de atenção em saúde (SCHWARZ et al. 2012).

Ademais, cada objetivo específico será aqui apresentado de forma reduzida justamente por possuir uma lista considerável de subi‐
tens que orientam e estipulam metas a serem alcançadas. Acompanhe!
a) “Organizar, implantar, qualificar e humanizar, em todo território brasileiro, a atenção integral a saúde do homem, dentro dos prin‐
cípios que regem o Sistema Único de Saúde” (BRASIL, 2009, p. 53).
Os subitens deste objetivo específico (a) preocupam-se em garantir o acesso e a qualidade da atenção na perspectiva da integralidade
e em qualificar os profissionais, nbem como promover ações integradas com outras áreas governamentais
b) “Estimular a implantação e implementação da assistência em saúde sexual e reprodutiva, no âmbito da atenção integral à saúde”
(BRASIL, 2009, p. 53).
Os subitens do objetivo específico (b) destinado à saúde sexual e reprodutiva abordam, além de metas mais tradicionais relativas ao
planejamento reprodutivo masculino, a prevenção às IST/AIDS, a atenção às disfunções sexuais masculinas e também a importante mis‐
são de desenvolver estratégias voltadas para a atenção à saúde e a promoção da equidade em grupos sociais como populações indígenas,
negras, quilombolas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, trabalhadores rurais, portadores de deficiência, homens em situação de risco
e privados de liberdade, entre outros
c) “Ampliar, através da educação, o acesso dos homens às informações sobre as medidas preventivas contra os agravos e enfermida‐
des que os atingem” (BRASIL, 2009, p.54).
Os subitens do objetivo específico (c) têm o intuito de promover a parceria com os movimentos sociais e populares e demais áreas
do governo, a fim de somar esforços e recursos para estimular o autocuidado na população masculina, bem como incluir os enfoques
étnico-racial, de gênero e orientação sexual nas ações educativas.
Eixos centrais e diretrizes da PNAISH Em uma política de saúde, as diretrizes funcionam como orientações e/ou guias que devem reger
a elaboração dos planos, programas, projetos e atividades.

Neste contexto, a construção das diretrizes da PNAISH, norteadas pela humanização e qualidade da assistência, foram elaboradas
considerando os quatros elementos a seguir.
O primeiro deles pode ser compreendido por dois ângulos. Acompanhe no quadro 2.

182
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009.

Considerando estes elementos, as diretrizes foram construídas destacando-se um conjunto de ações com foco em promoção, preven‐
ção, assistência e recuperação, nos diferentes níveis de atenção à saúde, priorizando a atenção básica e a integração das ações governa‐
mentais com as da sociedade civil organizada (SCHWARZ et al., 2012).
O desafio de promover um novo olhar na atenção à saúde do homem A PNAISH foi lançada em 2009, juntamente com o seu instru‐
mento norteador para a construção de ações e estratégias voltadas para a saúde do homem: o Plano de Ação Nacional (PAN), triênio
2009-2011.
O PAN, elaborado também de forma participativa como a política, foi essencial no processo inicial de implementação da política ao
disponibilizar uma Matriz de Planejamento que destacava a importância do aperfeiçoamento dos sistemas de informação, do monitora‐
mento das ações e dos processos de avaliação, com o propósito de qualificar o processo de tomadas de decisão (MOURA; LIMA; URDA‐
NETA, 2012).
O PAN serviu de referência para a elaboração de Projeto-Piloto de 26 municípios e Distrito Federal selecionados pelo MS. Assim,
foram elaborados 27 planos-pilotos. Até o final de 2011, 132 municípios em todo país haviam pactuado com a Coordenação Nacional
de Saúde do Homem (CNSH) a implantação da PNAISH por meio do repasse de recursos financeiros estabelecido por normativas do MS
(GOMES, 2013).
No que tange ao quesito avaliação na PNAISH, esta tem como finalidade verificar sua efetividade por meio do cumprimento dos prin‐
cípios e das diretrizes da política. Em outras palavras, significa verificar o seu resultado sobre a saúde dos indivíduos e, consequentemente,
sobre a qualidade de vida da população masculina, sendo o principal item de medida utilizado até 2011, os indicadores do Pacto pela Vida
(Brasil, 2009).
Desta forma, para que possamos compreender como a PNAISH chega aos serviços da AB no SUS e quais são os desafios de promover
as mudanças necessárias, selecionamos dois artigos que fazem parte de dois estudos maiores intitulados: Avaliação das Ações iniciais
da Implantação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (GOMES, 2011) e Fortalecimento da PNAISH: compromisso
versus ação na Atenção Básica (GOMES, 2013), realizados entre 2010 e 2012.

Para coleta de dados, foram selecionadas cinco localidades, uma em cada macrorregião do país, que se constituíram em Projetos-Pi‐
loto para implantação da política em questão. São estes: Goiânia (GO), Joinville (SC), Petrolina (PE), Rio Branco (AC) e Rio de Janeiro (RJ).
Acompanhe a seguir mais informações sobre os estudos e seus resultados.

183
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

A implantação da PNAISH pela ótica dos profissionais Como requisito fundamental para a implementação da política, constatou-se a
necessidade da formação de uma equipe ou um responsável pela nova área, a da Saúde do Homem, haja vista que a alta rotatividade dos
profissionais no cargo de gestão foi apontada como um desafio a ser superado.
Outro fator importante verificado foi a grande diferença em termos do conhecimento das diretrizes contidas na PNAISH por parte dos
gerentes e dos profissionais da assistência. Observou‑se a falta de familiaridade da maioria dos entrevistados com a política que, quando
questionados, elencaram como possíveis motivos: a falta de capacitações específicas, a pouca divulgação da política entre profissionais de
saúde, a ausência de materiais didáticos impressos, etc.
Já na narrativa de profissionais que conheciam a PNAISH, foi enfatizado que a política preconiza a atenção à saúde do homem sem
criar os mecanismos necessários para efetuá-la na prática (LEAL; FIGUEIREDO; NOGUEIRA-DA-SILVA, 2012).
Os profissionais relataram receber pouco apoio, esclarecendo que a gestão ao buscar implementar uma política, espera maior de‐
dicação e amplia tanto a responsabilidade quanto a carga de trabalho dos profissionais, porém quando estes apresentam a iniciativa de
promover ações concretas nos serviços recebem pouco apoio material e financeiro, contando apenas geralmente com a boa vontade dos
colegas ou com recursos próprios (LEAL; FIGUEIREDO; NOGUEIRA- -DA-SILVA, 2012).
Fortalecimento da atenção básica e implantação e expansão do sistema de atenção à saúde do homem
A porcentagem dos serviços de atenção primária que incorporaram as diretrizes de atenção da PNAISH na lógica da AB variou de
18,8% em Rio Branco, 30,6% em Goiânia e 100,0% em Joinville. Embora tenham sido instruídas a utilizar as diretrizes, Petrolina e Rio de
Janeiro não tinham informação sobre este dado. Uma informação relevante a ser destacada consiste na queixa da ausência de diretrizes
de atenção especificamente elaboradas para a saúde do homem pela PNAISH (MOURA; LIMA; URDANETA, 2012).
Com relação ao monitoramento das ações referentes à implantação e expansão do sistema, o desafio inicial foi o de realizar a avalia‐
ção, pois nenhuma localidade soube precisar as informações necessárias para a construção dos indicadores.
Houve, por exemplo, grande dificuldade em calcular: a porcentagem de homens entre 20 e 59 anos de idade atendidos nos serviços
de saúde, nos anos de 2009 e 2010; a proporção de homens de 40 a 59 anos atendidos, no mínimo uma vez ao ano, nas unidades básicas
de saúde; a proporção de homens atendidos no segundo nível em relação aos homens encaminhados; os números de diversos procedi‐
mentos urológicos.

Os maiores problemas identificados foram o uso de numeradores e denominadores errôneos para calcular os indicadores, a ausência
de informações e de fontes confiáveis utilizadas, a falta de integração entre os sistemas de informação e de técnicos responsáveis para
análise sistemática dos dados (MOURA; LIMA; URDANETA, 2012). Embora o estudo de Leal, Figueiredo e Nogueira-da- -Silva (2012) não
analisasse os indicadores que, quando questionados, elencaram como possíveis motivos: a falta de capacitações específicas, a pouca di‐
vulgação da política entre profissionais de saúde, a ausência de materiais didáticos impressos, etc.
Já na narrativa de profissionais que conheciam a PNAISH, foi enfatizado que a política preconiza a atenção à saúde do homem sem
criar os mecanismos necessários para efetuá-la na prática (LEAL; FIGUEIREDO; NOGUEIRA-DA-SILVA, 2012).

184
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Os profissionais relataram receber pouco apoio, esclarecendo São as que mais frequentam os serviços de saúde para o seu
que a gestão ao buscar implementar uma política, espera maior de‐ próprio atendimento mas, sobretudo, acompanhando crianças e
dicação e amplia tanto a responsabilidade quanto a carga de traba‐ outros familiares, pessoas idosas, com deficiência, vizinhos, amigos.
lho dos profissionais, porém quando estes apresentam a iniciativa São também cuidadoras, não só das crianças ou outros membros
de promover ações concretas nos serviços recebem pouco apoio da família, mas também de pessoas da vizinhança e da comunida‐
material e financeiro, contando apenas geralmente com a boa von‐ de. A situação de saúde envolve diversos aspectos da vida, como a
tade dos colegas ou com recursos próprios (LEAL; FIGUEIREDO; NO‐ relação com o meio ambiente, o lazer, a alimentação e as condições
GUEIRA- -DA-SILVA, 2012). de trabalho, moradia e renda. No caso das mulheres, os problemas
Fortalecimento da atenção básica e implantação e expansão são agravados pela discriminação nas relações de trabalho e a so‐
do sistema de atenção à saúde do homem brecarga com as responsabilidades com o trabalho doméstico.
A porcentagem dos serviços de atenção primária que incorpo‐ Outras variáveis como raça, etnia e situação de pobreza real‐
raram as diretrizes de atenção da PNAISH na lógica da AB variou çam ainda mais as desigualdades. As mulheres vivem mais do que
de 18,8% em Rio Branco, 30,6% em Goiânia e 100,0% em Joinville. os homens, porém adoecem mais freqüentemente. A vulnerabili‐
Embora tenham sido instruídas a utilizar as diretrizes, Petrolina e dade feminina frente a certas doenças e causas de morte está mais
Rio de Janeiro não tinham informação sobre este dado. Uma infor‐ relacionada com a situação de discriminação na sociedade do que
mação relevante a ser destacada consiste na queixa da ausência de com fatores biológicos.
diretrizes de atenção especificamente elaboradas para a saúde do Os indicadores epidemiológicos do Brasil mostram uma reali‐
homem pela PNAISH (MOURA; LIMA; URDANETA, 2012). dade na qual convivem doenças dos países desenvolvidos (cardio‐
Com relação ao monitoramento das ações referentes à implan‐ vasculares e crônico-degenerativas) com aquelas típicas do mundo
tação e expansão do sistema, o desafio inicial foi o de realizar a subdesenvolvido (mortalidade materna e desnutrição). Os padrões
avaliação, pois nenhuma localidade soube precisar as informações de morbimortalidade encontrados nas mulheres revelam também
necessárias para a construção dos indicadores. essa mistura de doenças, que seguem as diferenças de desenvolvi‐
Houve, por exemplo, grande dificuldade em calcular: a porcen‐ mento regional e de classe social. Dentro da perspectiva de buscar
tagem de homens entre 20 e 59 anos de idade atendidos nos servi‐ compreender essa imbricação de fatores que condicionam o pa‐
ços de saúde, nos anos de 2009 e 2010; a proporção de homens de drão de saúde da mulher, este documento analisa, sob o enfoque
40 a 59 anos atendidos, no mínimo uma vez ao ano, nas unidades de gênero, os dados epidemiológicos extraídos dos sistemas de in‐
básicas de saúde; a proporção de homens atendidos no segundo ní‐ formação do Ministério da Saúde e de documentos elaborados por
vel em relação aos homens encaminhados; os números de diversos instituições e pessoas que trabalham com esse tema. 10 11 Propõe
procedimentos urológicos. diretrizes para a humanização e a qualidade do atendimento, ques‐
Os maiores problemas identificados foram o uso de numera‐ tões ainda pendentes na atenção à saúde das mulheres.
dores e denominadores errôneos para calcular os indicadores, a
ausência de informações e de fontes confiáveis utilizadas, a falta de Toma como base os dados epidemiológicos e as reivindicações
integração entre os sistemas de informação e de técnicos responsá‐ de diversos segmentos sociais para apresentar os princípios e dire‐
veis para análise sistemática dos dados (MOURA; LIMA; URDANETA, trizes da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher
2012). Embora o estudo de Leal, Figueiredo e Nogueira-da- -Silva para o período de 2004 a 2007
(2012) não analisasse os indicadores descritos na política, a ausên‐ Evolução das Políticas de Atenção à Saúde da Mulher No Brasil,
cia de dados sobre o número de homens que realizaram consultas e a saúde da mulher foi incorporada às políticas nacionais de saúde
exames também foi elencada como fator de dificuldade, revelando nas primeiras décadas do século XX, sendo limitada, nesse período,
a necessidade de aprimoramento dos sistemas de informação nos às demandas relativas à gravidez e ao parto.
três níveis de atenção. Os programas materno-infantis, elaborados nas décadas de
Conforme já ressaltado, em concordância com a política, na 30, 50 e 70, traduziam uma visão restrita sobre a mulher, basea‐
atenção à saúde do homem devemos priorizar a AB. Contudo, da em sua especificidade biológica e no seu papel social de mãe
ao analisarmos os resultados dos estudos, evidencia-se que a AB e doméstica, responsável pela criação, pela educação e pelo cui‐
emerge mais como um cenário ideal do que como um espaço onde dado com a saúde dos filhos e demais familiares. Há análises que
efetivamente foram desenvolvidas as ações preconizadas pela po‐ demonstram que esses programas preconizavam as ações mater‐
lítica. Para muitos profissionais, uma nova política ainda significa no-infantis como estratégia de proteção aos grupos de risco e em
atividades extras no seu cotidiano. que já se encontra muitas vezes situação de maior vulnerabilidade, como era o caso das crianças e
sobrecarregado, mas este cenário precisa e já está mudando. gestantes.
Outro ponto crucial a ser trabalhado - e que é uma das prin‐ Outra característica desses programas era a verticalidade e a
cipais razões deste curso em Saúde do Homem - diz respeito ao falta de integração com outros programas e ações propostos pelo
investimento na qualificação dos profissionais que demonstraram, governo federal. As metas eram definidas pelo nível central, sem
na maioria das vezes, não conhecer a PNAISH, relatando sentimen‐ qualquer avaliação das necessidades de saúde das populações lo‐
to de despreparo para trabalhar e discutir, por exemplo, questões cais.
básicas do enfoque de gênero enquanto determinante social de Um dos resultados dessa prática é a fragmentação da assistên‐
saúde neste contexto. cia (COSTA, 1999) e o baixo impacto nos indicadores de saúde da
mulher. No âmbito do movimento feminista brasileiro, esses pro‐
gramas são vigorosamente criticados pela perspectiva reducionista
Prezado candidato, o documento da íntegraestá disponível no com que tratavam a mulher, que tinha acesso a alguns cuidados
link: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/no‐ de saúde no ciclo gravídico-puerperal, ficando sem assistência na
vembro/07/livroPol--ticas-2018.pdf maior parte de sua vida. Com forte atuação no campo da saúde, o
movimento de mulheres contribuiu para introduzir na agenda po‐
lítica nacional, questões, até então, relegadas ao segundo plano,
SAÚDE DA MULHER por serem consideradas restritas ao espaço e às relações privadas.
As mulheres são a maioria da população brasileira (50,77%) e Naquele momento tratava-se de revelar as desigualdades nas con‐
as principais usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS). dições de vida e nas relações entre os homens e as mulheres, os

185
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
problemas associados à sexualidade e à re- 16 17 produção, as di‐ dessas ações e, embora não se tenha um panorama abrangente da
ficuldades relacionadas à anticoncepção e à prevenção de doenças situação em todos os municípios, pode-se afirmar que a maioria
sexualmente transmissíveis e a sobrecarga de trabalho das mulhe‐ enfrenta ainda dificuldades políticas, técnicas e administrativas. Vi‐
res, responsáveis pelo trabalho doméstico e de criação dos filhos sando ao enfrentamento desses problemas, o Ministério da Saúde
(ÁVILA; BANDLER, 1991). As mulheres organizadas argumentavam editou a Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS 2001),
que as desigualdades nas relações sociais entre homens e mulheres que “amplia as responsabilidades dos municípios na Atenção Bási‐
se traduziam também em problemas de saúde que afetavam parti‐ ca, define 18 19 o processo de regionalização da assistência, cria
cularmente a população feminina mecanismos para fortalecimento da gestão do SUS e atualiza os cri‐
Por isso, fazia-se necessário criticá-los, buscando identificar térios de habilitação para os estados e municípios” (BRASIL, 2001).
e propor processos políticos que promovessem mudanças na so‐ Na área da saúde da mulher, a NOAS estabelece para os municípios
ciedade e conseqüentemente na qualidade de vida da população. a garantia das ações básicas mínimas de pré-natal e puerpério, pla‐
Posteriormente, a literatura vem demonstrar que determinados nejamento familiar e prevenção do câncer de colo uterino e, para
comportamentos, tanto dos homens quanto das mulheres, basea‐ garantir o acesso às ações de maior complexidade, prevê a confor‐
dos nos padrões hegemônicos de masculinidade e feminilidade, mação de sistemas funcionais e resolutivos de assistência à saúde,
são produtores de sofrimento, adoecimento e morte (OPAS, 2000). por meio da organização dos territórios estaduais (COELHO, 2003).
Com base naqueles argumentos, foi proposto que a perspectiva de A delimitação das ações básicas mínimas para o âmbito municipal
mudança das relações sociais entre homens e mulheres prestasse é resultante do reconhecimento das dificuldades para consolidação
suporte à elaboração, execução e avaliação das políticas de saúde do SUS, e das lacunas que ainda existem na atenção à saúde da
da mulher. população. Porém, essa proposta não abrange todo o conjunto de
As mulheres organizadas reivindicaram, portanto, sua condi‐ ações previstas nos documentos que norteiam a Política de Aten‐
ção de sujeitos de direito, com necessidades que extrapolam o mo‐ ção Integral à Saúde da Mulher, que passa a contemplar, a partir de
mento da gestação e parto, demandando ações que lhes propor‐ 2003, a atenção a segmentos da população feminina ainda invisibi‐
cionassem a melhoria das condições de saúde em todas os ciclos lisados e a problemas emergentes que afetam a saúde da mulher
de vida. (BRASIL, 2003d).
Ações que contemplassem as particularidades dos diferentes O nível federal de administração também apresentou, na úl‐
grupos populacionais, e as condições sociais, econômicas, culturais tima década, dificuldades e descontinuidade no processo de as‐
e afetivas, em que estivessem inseridos. Em 1984, o Ministério da sessoria e apoio para implementação do PAISM, observando-se
Saúde elaborou o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mu‐ mudanças a partir de 1998, quando a saúde da mulher passa a ser
lher (PAISM), marcando, sobretudo, uma ruptura conceitual com considerada uma prioridade de governo. O balanço institucional
os princípios norteadores da política de saúde das mulheres e os das ações realizadas no período de 1998 a 2002, elaborado por Cor‐
critérios para eleição de prioridades neste campo (BRASIL, 1984). O rea e Piola, indica que, nesse período, trabalhou-se na perspectiva
PAISM incorporou como princípios e diretrizes as propostas de des‐ de resolução de problemas, priorizando-se a saúde reprodutiva e,
centralização, hierarquização e regionalização dos serviços, bem em particular, as ações para redução da mortalidade materna (pré‐
como a integralidade e a eqüidade da atenção, num período em -natal, assistência ao parto e anticoncepção). Segundo os autores,
que, paralelamente, no âmbito do Movimento Sanitário, se conce‐ embora se tenha mantido como imagem-objetivo a atenção inte‐
bia o arcabouço conceitual que embasaria a formulação do Sistema gral à saúde da mulher, essa definição de prioridades dificultou a
Único de Saúde (SUS). atuação sobre outras áreas estratégicas do ponto de vista da agen‐
O novo programa para a saúde da mulher incluía ações edu‐ da ampla de saúde da mulher.
cativas, preventivas, de diagnóstico, tratamento e recuperação, Essa perspectiva de atuação também comprometeu a trans‐
englobando a assistência à mulher em clínica ginecológica, no pré‐ versalidade de gênero e raça, apesar de se perceber um avanço no
-natal, parto e puerpério, no climatério, em planejamento familiar, sentido da integralidade e uma ruptura com as ações verticalizadas
do passado, uma vez que os problemas não foram tratados de for‐
DST, câncer de colo de útero e de mama, além de outras neces‐
ma isolada e que houve a incorporação de um tema novo como a
sidades identificadas a partir do perfil populacional das mulheres
violência sexual (CORREA; PIOLA, 2002).
(BRASIL, 1984).
Nesse balanço são apontadas ainda várias lacunas como aten‐
O processo de construção do SUS tem grande influência sobre
ção ao climatério/menopausa; queixas ginecológicas; infertilidade
a implementação do PAISM. O SUS vem sendo implementado com
e reprodução assistida; saúde da mulher na adolescência; doenças
base nos princípios e diretrizes contidos na legislação básica:
crônico-degenerativas; saúde ocupacional; saúde mental; doenças
Constituição de 1988, Lei n.º 8.080 e Lei n.º 8.142, Normas
infecto-contagiosas e a inclusão da perspectiva de gênero e raça
Operacionais Básicas (NOB) e Normas Operacionais de Assistência à nas ações a serem desenvolvidas. Em 2003, a Área Técnica de Saú‐
Saúde (NOAS), editadas pelo Ministério da Saúde. Particularmente de da Mulher identifica ainda a necessidade de articulação com ou‐
com a implementação da NOB 96, consolida-se o processo de mu‐ tras áreas técnicas e da proposição de novas ações, quais sejam:
nicipalização das ações e serviços em todo o País. A municipalização atenção às mulheres rurais, com deficiência, negras, indígenas,
da gestão do SUS vem se constituindo num espaço privilegiado de presidiárias e lésbicas e a participação nas discussões e atividades
reorganização das ações e dos serviços básicos, entre os quais se sobre saúde da mulher e meio ambiente.
colocam as ações e os serviços de atenção à saúde da mulher, inte‐
grados ao sistema e seguindo suas diretrizes. Objetivos Específicos e Estratégias da Política Nacional de
O processo de implantação e implementação do PAISM apre‐ Atenção Integral à Saúde da Mulher
senta especificidades no período de 84 a 89 e na década de 90, Ampliar e qualificar a atenção clínico-ginecológica, inclusive
sendo influenciado, a partir da proposição do SUS, pelas caracterís‐ para as portadoras da infecção pelo HIV e outras DST:
ticas da nova política de saúde, pelo processo de municipalização – fortalecer a atenção básica no cuidado com a mulher;
e principalmente pela reorganização da atenção básica, por meio – ampliar o acesso e qualificar a atenção clínico- ginecológica
da estratégia do Programa Saúde da Família. Estudos realizados na rede SUS. Estimular a implantação e implementação da assistên‐
para avaliar os estágios de implementação da política de saúde da cia em planejamento familiar, para homens e mulheres, adultos e
mulher demonstram a existência de dificuldades na implantação adolescentes, no âmbito da atenção integral à saúde:

186
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
– ampliar e qualificar a atenção ao planejamento familiar, in‐ – incluir a abordagem às especificidades da atenção a saúde da
cluindo a assistência à infertilidade; mulher na Política de Atenção à Saúde do Idoso no SUS; – incentivar
– garantir a oferta de métodos anticoncepcionais para a popu‐ a incorporação do enfoque de gênero na Atenção à Saúde do Idoso
lação em idade reprodutiva; no SUS. Promover a atenção à saúde da mulher negra:
– ampliar o acesso das mulheres às informações sobre as op‐ – melhorar o registro e produção de dados; – capacitar pro‐
ções de métodos anticoncepcionais; fissionais de saúde; – implantar o Programa de Anemia Falciforme
– estimular a participação e inclusão de homens e adolescen‐ (PAF/MS), dando ênfase às especificidades das mulheres em idade
tes nas ações de planejamento familiar. Promover a atenção obsté‐ fértil e no ciclo gravídico-puerperal; – incluir e consolidar o recorte
trica e neonatal, qualificada e humanizada, incluindo a assistência racial/étnico nas ações de saúde ;
ao abortamento em condições inseguras, para mulheres e adoles‐ -estimular e fortalecer a interlocução das áreas de saúde da
centes: mulher das SES e SMS com os movimentos e entidades relaciona‐
– construir, em parceria com outros atores, um Pacto Nacional dos à saúde da população negra.
pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal; – qualificar a
assistência obstétrica e neonatal nos estados e municípios; Promover a atenção à saúde das trabalhadoras do campo e
-organizar rede de serviços de atenção obstétrica e neonatal, da cidade:
garantindo atendimento à gestante de alto risco e em situações de – implementar ações de vigilância e atenção à saúde da traba‐
urgência/emergência, incluindo mecanismos de referência e con‐ lhadora da cidade e do campo, do setor formal e informal;
tra-referência; – fortalecer o sistema de formação/capacitação de – introduzir nas políticas de saúde e nos movimentos sociais a
pessoal na área de assistência obstétrica e neonatal; – elaborar e/ noção de direitos das mulheres trabalhadoras relacionados à saú‐
ou revisar, imprimir e distribuir material técnico e educativo de. Promover a atenção à saúde da mulher indígena:
– qualificar e humanizar a atenção à mulher em situação de – ampliar e qualificar a atenção integral à saúde da mulher in‐
abortamento; dígena. Promover a atenção à saúde das mulheres em situação de
– apoiar a expansão da rede laboratorial; – garantir a oferta de prisão, incluindo a promoção das ações de prevenção e controle
ácido fólico e sulfato ferroso para todas as gestantes; de doenças sexualmente transmissíveis e da infecção pelo HIV/aids
– melhorar a informação sobre a magnitude e tendência da
nessa população:
mortalidade materna
– ampliar o acesso e qualificar a atenção à saúde das presi‐
diárias. Fortalecer a participação e o controle social na definição e
Promover a atenção às mulheres e adolescentes em situação
implementação das políticas de atenção integral à saúde das mu‐
de violência doméstica e sexual:
lheres:
– organizar redes integradas de atenção às mulheres em situa‐
– promover a integração com o movimento de mulheres femi‐
ção de violência sexual e doméstica;
nistas no aperfeiçoamento da política de atenção integral à saúde
– articular a atenção à mulher em situação de violência com
da mulherde da mulher, no âmbito do SUS;
ações de prevenção de DST/aids
– promover ações preventivas em relação à violência domés‐
Assistência aos Casais Férteis
tica e sexual.
É o acompanhamento dos casais que não apresentam dificul‐
Promover, conjuntamente com o PN-DST/AIDS, a prevenção e
dades para engravidar, mas que não o desejam. Desta forma, estu‐
o controle das doenças sexualmente transmissíveis e da infecção
daremos os métodos contraceptivos mais conhecidos e os ofereci‐
pelo HIV/aids na população feminina:
dos pelas instituições.
– prevenir as DST e a infecção pelo HIV/aids entre mulheres;
Durante muitos anos, a amamentação representou uma alter‐
– ampliar e qualificar a atenção à saúde das mulheres vivendo
nativa exclusiva e eficaz de espaçar as gestações, pois as mulheres
com HIV e aids. Reduzir a morbimortalidade por câncer na popula‐
apresentam sua fertilidade diminuída neste período, considerando
ção feminina:
que, quanto mais frequentes são as mamadas, mais altos são os ní‐
– organizar em municípios pólos de microrregiões redes de
veis de prolactina e consequentemente menores as possibilidades
referência e contra-referência para o diagnóstico e o tratamento de
de ovulação.
câncer de colo uterino e de mama;
Os fatores que determinam o retorno da ovulação não são pre‐
– garantir o cumprimento da Lei Federal que prevê a cirurgia
cisamente conhecidos, de modo que, mesmo diante dos casos de
de reconstrução mamária nas mulheres que realizaram mastecto‐
aleitamento exclusivo, a partir do 3º mês é recomendada a utiliza‐
mia;
ção de um outro método. Até o 3º mês, se o aleitamento é exclusi‐
– oferecer o teste anti-HIV e de sífilis para as mulheres incluí‐
vo e ainda não ocorreu menstruação, as possibilidades de gravidez
das no Programa Viva Mulher, especialmente aquelas com diagnós‐
são mínimas.
tico de DST, HPV e/ou lesões intra-epiteliais de alto grau/ câncer
Atualmente, com a descoberta e divulgação de novas tecnolo‐
invasor. Implantar um modelo de atenção à saúde mental das mu‐
gias contraceptivas e a mudança nos modos de viver das mulheres
lheres sob o enfoque de gênero:
em relação a sua capacidade de trabalho, o seu desejo de materni‐
– melhorar a informação sobre as mulheres portadoras de
dade, a forma como percebe seu corpo como fonte de prazer e não
transtornos mentais no SUS;
apenas de reprodução foram fatores que incentivaram o abandono
– qualificar a atenção à saúde mental das mulheres; – incluir
e o descrédito do aleitamento como método capaz de controlar a
o enfoque de gênero e de raça na atenção às mulheres portadoras
fertilidade.
de transtornos mentais e promover a integração com setores não‐
Outro método é o coito interrompido, sendo também uma
-governamentais, fomentando sua participação nas definições da
maneira muito antiga de evitar a gravidez. Consiste na retirada do
política de atenção às mulheres portadoras de transtornos mentais.
pênis da vagina e de suas proximidades, no momento em que o ho‐
Implantar e implementar a atenção à saúde da mulher no climaté‐
mem percebe que vai ejacular. Desta forma, evitando o contato do
rio:
sêmen com o colo do útero é que se impede a gravidez.
– ampliar o acesso e qualificar a atenção às mulheres no cli‐
Seu uso está contraindicado para os homens que têm ejacu‐
matério na rede SUS. Promover a atenção à saúde da mulher na
lação precoce ou não conseguem ter controle sobre a ejaculação.
terceira idade:

187
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Os métodos naturais ou de abstinência periódica são aqueles Após a definição do período fértil, a mulher deverá continuar
que utilizam técnicas para evitar a gravidez e se baseiam na auto‐ anotando os seus ciclos, pois poderão surgir alterações relativas ao
-observação de sinais ou sintomas que ocorrem fisiologicamente tamanho do maior e menor ciclo, mudando então o período fértil,
no organismo feminino, ao longo do ciclo menstrual, e que, portan‐ bem como poderá inclusive surgir, inesperadamente, uma irregu‐
to, ajudam a identificar o período fértil. laridade menstrual que contraindique a continuidade do uso do
Quem quer ter filhos, deve ter relações sexuais nos dias férteis, método.
e quem não os quer, deve abster-se das relações sexuais ou nestes Não se pode esquecer que o dia do ciclo menstrual não é igual
dias fazer uso de outro método – os de barreira, por exemplo. ao dia do mês.
A determinação do período fértil baseia-se em três princípios Cada mulher deve fazer sua própria tabela e a tabela de uma
científicos, a saber: mulher não serve para outra.
A ovulação costuma acontecer 14 dias antes da próxima mens‐ No período de 6 meses em que a mulher estiver fazendo as
truação (pode haver uma variação de 2 dias, para mais ou para me‐ anotações dos ciclos, ela deverá utilizar outro método, com exce‐
nos); ção da pílula, pois esta interfere na regularização dos ciclos.
O óvulo, após a ovulação, tem uma vida média de 24 horas; Os ciclos irregulares e a lactação são contraindicações no uso
O espermatozoide, após sua deposição no canal vaginal, tem desse método.
capacidade para fecundar um óvulo até o período de 48-72 horas. Os profissionais de saúde deverão construir a tabela junto com
Os métodos naturais, de acordo com o Ministério da Saúde, a mulher e refazer os cálculos todas as vezes que forem necessá‐
são: rias, até que a mulher se sinta segura para tal, devendo retornar à
unidade dentro de 1 mês e, depois, de 6 em 6 meses.
a) Método de Ogino-Knaus
Esse método é também conhecido como tabela, que ajuda a b) Método da Temperatura Basal Corporal
mulher a descobrir o seu período fértil através do controle dos dias É o método que permite identificar o período fértil por meio
do seu ciclo menstrual. Logo, cada mulher deverá elaborar a sua das oscilações de temperatura que ocorrem durante o ciclo mens‐
própria tabela. trual, com o corpo em repouso.
Sabemos que a tabela foi vulgarizada, produzindo a formula‐ Antes da ovulação, a temperatura do corpo da mulher perma‐
ção de tabelas únicas que supostamente poderiam ser utilizadas nece em nível mais baixo. Após a ovulação, com a formação do cor‐
por qualquer mulher. Isto levou a um grande número de falhas e po lúteo e o consequente aumento da produção de progesterona,
consequente descrédito no método, o que persiste até os dias de que tem efeito hipertérmico, a temperatura do corpo se eleva ligei‐
hoje. ramente e permanece assim até a próxima menstruação.
Para fazer a tabela deve-se utilizar o calendário do ano, ano‐ Como construir a Tabela ou Gráfico de Temperatura?
tando em todos os meses o 1º dia da menstruação. O ciclo mens‐ A partir do 1º dia do ciclo menstrual, deve-se verificar e anotar
trual começa no 1º dia da menstruação e termina na véspera da a temperatura todos os dias, antes de se levantar da cama, depois
menstruação seguinte, quando se inicia um novo ciclo. de um período de repouso de 3 a 5 horas, usando-se sempre o mes‐
A primeira coisa a fazer é certificar-se de que a mulher tem mo termômetro.
os ciclos regulares. Para tal é preciso que se tenha anotado, pelo A temperatura deve ser verificada sempre no mesmo local: na
menos, os seis últimos ciclos. boca, no reto ou na vagina. A temperatura oral deve ser verificada
em um tempo mínimo de 5 minutos e as temperaturas retal e vagi‐
Como identificar se os ciclos são regulares ou não? nal, no mínimo 3 minutos, observando-se sempre o mesmo horário
Depois de anotados os seis últimos ciclos, deve-se contá-los, para que não haja alteração do gráfico de temperatura.
anotando quantos dias durou cada um. Selecionar o maior e o me‐ Caso a mulher esqueça-se de verificar a temperatura um dia,
nor dos ciclos. deve recomeçar no próximo ciclo.
Se a diferença entre o ciclo mais longo e o mais curto for igual Registrar a temperatura a cada dia do ciclo em um papel qua‐
ou superior a 10 dias, os ciclos desta mulher serão considerados driculado comum, em que as linhas horizontais referem-se às tem‐
irregulares e, portanto, ela não deverá utilizar este método. Além peraturas, e as verticais, aos dias do ciclo. Após a marcação, ligar os
do que, devem procurar um serviço de saúde, pois a irregularidade pontos referentes a cada dia, formando uma linha que vai do1º ao
menstrual indica um problema ginecológico que precisa ser inves‐ 2º, do 2º ao 3º, do 3º ao 4ºdia e daí por diante.
tigado e tratado. Em seguida, verificar a ocorrência de um aumento persistente
Se a diferença entre eles for inferior a 10 dias, os ciclos são da temperatura basal por 3 dias seguidos, no período esperado da
considerados regulares e esta mulher poderá fazer uso da tabela. ovulação.
O aumento da temperatura varia entre 0,2ºC a 0,6ºC. A dife‐
Como fazer o cálculo para identificar o período fértil? rença de no mínimo 0,2ºC entre a última temperatura baixa e as
Subtrai-se 18 dias do ciclo mais curto e obtém-se o dia do início três temperaturas altas indica que a ovulação ocorreu e a tempera‐
do período fértil. tura se manterá alta até a época da próxima menstruação.
Subtrai-se 11 dias do ciclo mais longo e obtém-se o último dia O período fértil termina na manhã do 3º dia em que for ob‐
do período fértil. servada a temperatura elevada. Portanto, para evitar gravidez, o
Após a determinação do período fértil, a mulher e seu compa‐ casal deve abster-se de relações sexuais, com penetração, durante
nheiro que não desejam obter gravidez, devem abster-se de rela‐ toda a primeira fase do ciclo até a manhã do 3º dia de temperatura
ções sexuais com penetração, neste período, ou fazer uso de outro elevada.
método. Caso contrário, devem-se intensificar as relações sexuais Após 3 meses de realização do gráfico da temperatura, pode‐
neste período. -se predizer a data da ovulação e, a partir daí, a abstinência sexual
poderá ficar limitada ao período de 4 a 5 dias antes da data prevista
Recomendações Importantes: da ovulação até a manhã do 3º dia de temperatura alta. Os casais
O parceiro deve sempre ser estimulado a participar, ajudando que quiserem engravidar devem manter relações sexuais neste pe‐
com os cálculos e anotações. ríodo.

188
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Durante estes 3 meses, enquanto estiver aprendendo a usar a No período de aprendizagem do método, para identificar os
tabela da temperatura, deverá utilizar outro método contraceptivo, dias em que pode ou não ter relações sexuais, o casal deve observar
com exceção do contraceptivo hormonal. as seguintes recomendações:
A ocorrência de qualquer fator que pode vir a alterar a tem‐ Só deve manter relações sexuais na fase seca posterior à mens‐
peratura deve ser anotada no gráfico. Como exemplo, tem-se: mu‐ truação e, no máximo, dia sim, dia não, para que o sêmen não in‐
dança no horário de verificação da temperatura; perturbações do terfira na avaliação.
sono e/ou emocionais; algumas doenças que podem elevar a tem‐ Evitar relações sexuais nos dias de muco, até três dias após o
peratura; mudanças de ambiente e uso de bebidas alcoólicas. dia ápice.
Esse método é contraindicado em casos de irregularidades É importante ressaltar que o muco não deve ser examinado no
menstruais, amenorreia, estresse, mulheres com períodos de sono dia em que a mulher teve relações sexuais, devido à presença de
irregular ou interrompido (por exemplo, trabalho noturno). esperma; depois de utilizar produtos vaginais ou duchas e lavagens
Assim como no método do calendário, para a construção do vaginais; durante a excitação sexual; ou na presença de leucorreias.
gráfico ou tabela de temperatura, a mulher e/ou casal deverá con‐ É recomendável que durante o 1º ciclo, o casal se abstenha de
tar com a orientação de profissionais de saúde e neste caso em relações sexuais. Os profissionais de saúde devem acompanhar se‐
especial, no decorrer dos três primeiros meses de uso, quando, a manalmente o casal no 1º ciclo e os retornos se darão, no mínimo,
partir daí, já se poderá predizer o período da ovulação. O retorno uma vez ao mês do 2º ao 6º ciclo e semestral a partir daí.
da cliente deverá se dar, pelo menos, em seis meses após o início
do uso do método. Em seguida, os retornos podem ser anuais. d) Método sinto-térmico
Baseia-se na combinação de múltiplos indicadores de ovula‐
c) Método da ovulação ou do muco cervical ou Billings ção, conforme os anteriormente citados, com a finalidade de de‐
É o método que indica o período fértil por meio das caracterís‐ terminar o período fértil com maior precisão e confiabilidade.
ticas do muco cervical e da sensação de umidade por ele provocada Associa a observação dos sinais e sintomas relativos à tem‐
na vulva. peratura basal corporal e ao muco cervical, levando em conta pa‐
O muco cervical é produzido pelo colo do útero, tendo como râmetros subjetivos (físicos ou psicológicos) que possam indicar
função umidificar e lubrificar o canal vaginal. A quantidade de muco ovulação, tais como sensação de peso ou dor nas mamas, dor ab‐
produzida pode oscilar ao longo dos ciclos dominal, variações de humor e da libido, náuseas, acne, aumento
Para evitar a gravidez, é preciso conhecer as características do de apetite, ganho de peso, pequeno sangramento intermenstrual,
muco. Isto pode ser feito observando-se diariamente a presença ou dentre outros.
ausência do muco através da sensação de umidade ou secura no ca‐ Os métodos de barreira são aqueles que não permitem à en‐
nal vaginal ou através da limpeza da vulva com papel higiênico, an‐ trada de espermatozoides no canal cervical.
tes e após urinar. Esta observação pode ser feita visualizando-se a
presença de muco na calcinha ou através do dedo no canal vaginal. e) Condom Masculino
Logo após o término da menstruação, tem-se, em geral, uma Também conhecido como camisinha, camisa de vênus ou pre‐
fase seca (fase pré-ovulatória). Quando aparece muco nesta fase, servativo, é uma capa de látex bem fino, porém resistente, descar‐
geralmente é opaco e pegajoso. tável, que recobre o pênis completamente durante o ato sexual.
Na fase ovulatória, o muco, que inicialmente era esbranqui‐ Evita a gravidez, impedindo que os espermatozoides penetrem
çado, turvo e pegajoso, vai-se tornando a cada dia mais elástico e no canal vaginal, pois retém o sêmen ejaculado. O condom protege
lubrificante, semelhante à clara de ovo, podendo-se puxá-lo em fio. contra as doenças sexualmente transmissíveis e por isso seu uso
Isto ocorre porque neste período os níveis de estrogênio estão ele‐ deve ser estimulado em todas as relações sexuais.
vados e é nesta fase que o casal deve abster-se de relações sexuais,
com penetração, pois há risco de gravidez. Deve ser colocado antes de qualquer contato do pênis com os
O casal que pretende engravidar deve aproveitar este período
genitais femininos, porque alguns espermatozoides podem escapar
para ter relações sexuais.
antes da ejaculação.
O último dia de muco lubrificante, escorregadio e com elastici‐
Deve ser colocado com o pênis ereto, deixando um espaço de
dade máxima, chama-se dia ápice, ou seja, o muco com a máxima
aproximadamente 2 cm na ponta, sem ar, para que o sêmen seja
capacidade de facilitar a espermomigração. Portanto, o dia ápice só
depositado sem que haja rompimento da camisinha.
pode ser identificado a posteriori e significa que em mais ou menos
As camisinhas devem ser guardadas em lugar fresco, seco e de
48 horas a ovulação já ocorreu, está ocorrendo ou vai ocorrer.
fácil acesso ao casal. Não deve ser esticada ou inflada, para efeito de
Na fase pós-ovulatória, já com o predomínio da progesterona,
o muco forma uma verdadeira rolha no colo uterino, impedindo teste. Antes de utilizá-la, certifique-se do prazo de validade. Mes‐
que os espermatozoides penetrem no canal cervical. É um muco mo que esteja no prazo, não utilizá-la quando perceber alterações
pegajoso, branco ou amarelado, grumoso, que dá sensação de se‐ como mudanças na cor, na textura, furo, cheiro diferente, mofo ou
cura no canal vaginal. outras. A camisinha pode ou não já vir lubrificada de fábrica.
No 4º dia após o dia ápice, a mulher entra no período de in‐ A colocação pode ser feita pelo homem ou pela mulher. Sua
fertilidade. manipulação deve ser cuidadosa, evitando-se unhas longas que po‐
As relações sexuais devem ser evitadas desde o dia em que dem danificá-la. Deve-se observar se o canal vaginal está suficien‐
aparece o muco grosso até quatro dias depois do aparecimento do temente úmido para permitir uma penetração que provoque pouca
muco elástico. fricção, evitando- se assim que o condom se rompa.
No início, é bom examinar o muco mais de uma vez ao dia, Lubrificantes oleosos como a vaselina não podem ser utiliza‐
fazendo o registro à noite, preferencialmente, no mesmo horário. É dos. Caso necessário, utilizar lubrificantes a base de água. Cremes,
importante anotar as características do muco e os dias de relações geleias ou óvulos vaginais espermicidas podem ser utilizados em
sexuais. associação com a camisinha. Após a ejaculação, o pênis deve ser re‐
Quando notar, no mesmo dia, mucos com características dife‐ tirado ainda ereto. As bordas da camisinha devem ser pressionadas
rentes, à noite, na hora de registrar, deve considerar o mais indica‐ com os dedos, ao ser retirado, para evitar que o sêmen extravase
tivo de fertilidade (mais elástico e translúcido). ou que o condom se desprenda e fique na vagina. Caso isto ocorra,

189
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
é só puxar com os dedos e colocar espermaticida na vagina, com Para ampliar a eficácia do diafragma, recomenda-se o uso as‐
um aplicador. Caso não consiga retirar a camisinha, coloque esper‐ sociado de um espermaticida que deve ser colocado no diafragma
micida e depois procure um posto de saúde para que a mesma seja em quantidade correspondente a uma colherinha de café no fundo
retirada. Nestes casos, não faça lavagem vaginal pois ela empurra do mesmo, espalhando-se com os dedos. Depois, colocar mais um
ainda mais o espermatozoide em direção ao útero. Após o uso, de‐ pouco por fora, sobre o anel.
ve-se dar um nó na extremidade do condom para evitar o extrava‐ O diafragma impedirá, então, a gravidez por meio da barreira
samento de sêmen e jogá-lo no lixo e nunca no vaso sanitário. O mecânica e, ainda assim, caso algum espermatozoide consiga esca‐
uso do condom é contraindicado em casos de anomalias do pênis e par, se deparará com a barreira química, o espermaticida.
de alergia ao látex. Para colocar e retirar o diafragma, deve-se escolher uma posi‐
ção confortável (deitada, de cócoras ou com um pé apoiado sobre
f) Condom feminino ou camisinha feminina uma superfície qualquer), colocar o espermaticida, pegar o diafrag‐
Feita de poliuretano, a camisinha feminina tem forma de saco, ma pelas bordas e apertá-lo no meio de modo que ele assuma o
de aproximadamente 25 cm de comprimento, com dois anéis flexí‐ formato de um 8.
veis, um em cada extremidade. O anel menor fica na parte fechada Com a outra mão, abrir os lábios da vulva e introduzi-lo profun‐
do saco e é este que, sendo introduzido no canal vaginal, irá se en‐ damente na vagina. Após, fazer um toque vaginal para verificar se
caixar no colo do útero. O anel maior fica aderido às bordas do lado está bem colocado, ou seja, certificar-se de que está cobrindo todo
aberto do saco e ficará do lado de fora, na vulva. Deste modo, a ca‐ o colo do útero.
misinha feminina se adapta e recobre internamente toda a vagina. Se estiver fora do lugar, deverá ser retirado e recolocado até
Assim, impede o contato com o sêmen e consequentemente acertar. Para retirá-lo, é só encaixar o dedo na borda do diafragma
tem ação preventiva contra as DST. e puxá-lo para fora e para baixo.
Já está sendo disponibilizada em nosso meio. Sua divulgação É importante observar os seguintes cuidados, visando o melhor
tem sido maior em algumas regiões do país, sendo ainda pouco co‐ aproveitamento do método: urinar e lavar as mãos antes de colocar
nhecida em outras. o diafragma (a bexiga cheia poderá dificultar a colocação); antes do
uso, observá-lo com cuidado, inclusive contra a luz, para identificar
g) Espermaticida ou Espermicida possíveis furos ou outros defeitos; se a borracha do diafragma ficar
São produtos colocados no canal vaginal, antes da relação enrugada, ele deverá ser trocado imediatamente.
sexual. O espermicida atua formando uma película que recobre o O espermaticida só é atuante para uma ejaculação. Caso acon‐
canal vaginal e o colo do útero, impedindo a penetração dos esper‐ teça mais de uma, deve-se fazer uma nova aplicação do espermati‐
matozoides no canal cervical e, bioquimicamente, imobilizando ou cida, por meio do aplicador vaginal, sem retirar o diafragma.
destruindo os espermatozoides, impedindo desta forma a gravidez. O diafragma só deverá ser retirado de 6 a 8 horas após a última
Podem se apresentar sob a forma de cremes, geleias, óvulos relação sexual, evitando-se o uso de duchas vaginais neste período. O
e espumas. período máximo que o diafragma pode permanecer dentro do canal
Cada tipo vem com suas instruções para uso, as quais devem vaginal é de 24 horas. Mais que isto, poderá favorecer infecções.
ser seguidas. Em nosso meio, a geleia espermicida é a mais conheci‐ Após o uso, deve-se lavá-lo com água fria e sabão neutro, en‐
da. A geleia espermicida deve ser colocada na vagina com o auxílio xáguar bem, secar com um pano macio e polvilhar com amido ou
de um aplicador. A mulher deve estar deitada e após a colocação talco neutro. Não usar água quente. Guardá-lo em sua caixinha,
do medicamento, não deve levantar-se mais, para evitar que esta longe do calor e da luz.
escorra. O aplicador, contendo o espermaticida, deve ser inserido Será necessário reavaliar o tamanho do diafragma depois de
o mais profundamente possível no canal vaginal. Da mesma forma, gravidez, aborto, ganho ou perda de peso (superior a 10 kg) e cirur‐
quando os espermaticidas se apresentarem sob a forma de óvulos, gias de períneo. Deverá ser trocado rotineiramente a cada 2 anos.
estes devem ser colocados com o dedo ou com aplicador próprio As contraindicações para o uso desse método ocorrem no
no fundo do canal vaginal. É recomendável que a aplicação da ge‐ caso de mulheres que nunca tiveram relação sexual, configuração
leia seja feita até, no máximo, 1 hora antes de cada relação sexual, anormal do canal vaginal, prolapso uterino, cistocele e/ou retocele
sendo ideal o tempo de 30 minutos para que o agente esperma‐ acentuada, anteversão ou retroversão uterina acentuada, fístulas
ticida se espalhe adequadamente na vagina e no colo do útero. vaginais, tônus muscular vaginal deficiente, cervicites e outras pa‐
Deve-se seguir a recomendação do fabricante, já que pode haver tologias do colo do útero, leucorreias abundantes, alterações psí‐
recomendação de tempos diferentes de um produto para o outro. quicas graves, que impeçam o uso correto do método.
Os espermicidas devem ser colocados de novo, se houver mais
de uma ejaculação na mesma relação sexual. Se a ejaculação i) Oscontraceptivos hormonais orais
não ocorrer dentro do período de segurança garantido pelo esper‐ Constituem um outro método muito utilizado pela mulher bra‐
micida, deve ser feita outra aplicação. Deve-se evitar o uso de du‐ sileira; são hormônios esteroides sintéticos, similares àqueles pro‐
chas ou lavagens vaginais pelo menos 8 horas após o coito. Caso duzidos pelos ovários da mulher.
se observe algum tipo de leucorréia, prurido e ardência vaginal ou Quando a mulher faz opção pela pílula anticoncepcional, ela
peniana, interromper o uso do espermaticida. Este é contraindica‐ deve ser submetida a uma criteriosa avaliação clínico-ginecológica,
do para mulheres que apresentem alto risco gestacional durante a qual devem ser realizados e solicitados diversos exames,
para avaliação da existência de possíveis contraindicações.
h) Diafragma O contraceptivo hormonal oral só impedirá a gravidez se toma‐
É uma capa de borracha que tem uma parte côncava e uma
do adequadamente. Cada tipo de pílula tem uma orientação espe‐
convexa, com uma borda de metal flexível ou de borracha mais
cífica a considerar.
espessa que pode ser encontrada em diversos tamanhos, sendo
necessária avaliação pelo médico e/ou enfermeiro, identificando a
j) DIU (Dispositivo Intrauterino)
medida adequada a cada mulher
É um artefato feito de polietileno, com ou sem adição de subs‐
A própria mulher o coloca no canal vaginal, antes da relação
tâncias metálicas ou hormonais, que tem ação contraceptiva quan‐
sexual, cobrindo assim o colo do útero, pois suas bordas ficam si‐
do posto dentro da cavidade uterina.
tuadas entre o fundo de saco posterior da vagina e o púbis.

190
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Também podem ser utilizados para fins de tratamento, como é No caso do homem, a cirurgia é a vasectomia, que interrompe
o caso dos DIUs medicados com hormônios. a passagem, pelos canais deferentes, dos espermatozoides produ‐
Podem ser classificados em DIUs não medicados aqueles que zidos nos testículos, impedindo que estes saiam no sêmen. Na mu‐
não contêm substâncias ativas e, portanto, são constituídos apenas lher, é a ligadura de trompas ou laqueadura tubária que impede o
de polietileno; DIUs medicados que além da matriz de polietileno encontro do óvulo com o espermatozoide.
possuem substâncias que podem ser metais, como o cobre, ou hor‐ O serviço que realizar o procedimento deverá oferecer todas
mônios. as alternativas contraceptivas visando desencorajar a esterilização
Os DIUs mais utilizados são os T de cobre (TCu), ou seja, os DIUs precoce.
que têm o formato da letra T e são medicados com o metal cobre. Deverá, ainda, orientar a cliente quanto aos riscos da cirurgia,
O aparelho vem enrolado em um fio de cobre bem fino. efeitos colaterais e dificuldades de reversão. A lei impõe restrições
A presença do DIU na cavidade uterina provoca uma reação in‐ quanto à realização da laqueadura tubária por ocasião do parto ce‐
flamatória crônica no endométrio, como nas reações a corpo estra‐ sáreo, visando coibir o abuso de partos cirúrgicos realizados exclu‐
nho. Esta reação provavelmente determina modificações bioquími‐ sivamente com a finalidade de realizar a esterilização.
cas no endométrio, o que impossibilita a implantação do ovo. Outra A abordagem desta problemática deve ser sempre conjugal.
ação do DIU é o aumento da contratilidade uterina, dificultando Tanto o homem quanto a mulher podem possuir fatores que con‐
o encontro do espermatozoide com o óvulo. O cobre presente no tribuam para este problema, ambos devem ser investigados.
dispositivo tem ação espermicida. A esterilidade é a incapacidade do casal obter gravidez após
A colocação do DIU é simples e rápida. Não é necessário anes‐ pelo menos um ano de relações sexuais frequentes, com ejaculação
tesia. É realizada em consultório e para a inserção é utilizado técni‐ intravaginal, sem uso de nenhum método contraceptivo. Pode ser
ca rigorosamente asséptica. classificada em primária ou secundária. A esterilidade primária é
A mulher deve estar menstruada. A menstruação, além de ser quando nunca houve gravidez. Já a secundária, é quando o casal já
uma garantia de que não está grávida, facilita a inserção, pois neste conseguiu obter, pelo menos, uma gravidez e a partir daí passou a
período o canal cervical está mais permeável. Após a inserção, a ter dificuldades para conseguir uma nova gestação.
mulher é orientada a verificar a presença dos fios do DIU no canal A infertilidade é a dificuldade de o casal chegar ao final da gra‐
vaginal. videz com filhos vivos, ou seja, conseguem engravidar, porém as
Na primeira semana de uso do método, a mulher não deve ter gestações terminam em abortamentos espontâneos ou em nati‐
relações sexuais. O Ministério da Saúde recomenda que após a in‐ mortos. A infertilidade também pode ser classificada em primária
serção do DIU a mulher deva retornar ao serviço para revisões com ou secundária. A infertilidade primária é quando o casal não conse‐
a seguinte periodicidade: 1 semana, 1 mês, 3 meses, 6 meses e 12 guiu gerar nenhum filho vivo. A secundária é quando as dificulda‐
meses. A partir daí, se tudo estiver bem, o acompanhamento será des em gerar filhos vivos acontecem com casais com filhos gerados
anual, com a realização do preventivo. anteriormente.
O DIU deverá ser retirado quando a mulher quiser, quando ti‐ De acordo com o Ministério da Saúde, para esta classificação
ver com a validade vencida ou quando estiver provocando algum não são consideradas as gestações ou os filhos vivos que qualquer
problema. dos membros do casal possa ter tido com outro(a) parceiro(a).
A validade do DIU varia de acordo com o tipo. A validade do A esterilidade/infertilidade, com frequência, impõe um estres‐
DIU Tcu, disponibilizado pelo Ministério da Saúde, varia de 3 a 7 se e tensão no inter-relacionamento. Os clientes costumam admi‐
anos. tir sentimentos de culpa, ressentimentos, suspeita, frustração e
Os problemas que indicam a retirada do DIU são dor severa, outros. Pode haver uma distorção da autoimagem, pois a mulher
sangramento intenso, doença pélvica inflamatória, expulsão par‐ pode considerar-se improdutiva e o homem desmasculinizado.
cial, gravidez (até a 12ª semana de gravidez, se os fios estiverem Portanto, na rede básica caberá aos profissionais de saúde dar
visíveis ao exame especular, pois indica que o saco gestacional está orientações ao casal e encaminhamento para consulta no decorrer
acima do DIU, e se a retirada não apresentar resistência). da qual se iniciará a investigação diagnóstica com posterior encami‐
Assistência aos Casais Portadores de Esterilidade e Infertili- nhamento para os serviços especializados, sempre que necessário.
dade
A esterilização cirúrgica foi maciçamente realizada nas mu‐ Assistência de Enfermagem á Gestante
lheres brasileiras, a partir das décadas de 60 e 70, por entidades
que sob o rótulo de “planejamento familiar” desenvolviam progra‐ Diagnosticando á Gravidez
mas de controle da natalidade em nosso país. O reconhecimento Quanto mais cedo for realizado o diagnóstico de gravidez, mais
da importância e complexidade que envolve as questões relativas fácil será o acompanhamento do desenvolvimento do embrião/
à esterilização cirúrgica tem se refletido no âmbito legal. A Lei do feto e das alterações que ocorrem no organismo e na vida da mu‐
Planejamento Familiar de 1996 e as Portarias 144/97 e 48/99 do lher, possibilitando prevenir, identificar e tratar eventuais situações
Ministério da Saúde normatizam os procedimentos, permitindo de anormalidades que possam comprometer a saúde da grávida e
que o Sistema Único de Saúde (SUS)os realize, em acesso universal. de sua criança (embrião ou feto), desde o período gestacional até
Os critérios legais para a realização da esterilização cirúrgica pelo o puerpério.
Este diagnóstico também pode ser feito tomando-se como
SUS são: ter capacidade civil plena; ter no mínimo 2 filhos vivos
ponto de partida informações trazidas pela mulher. Para tanto, fa‐
ou ter mais de 25 anos de idade, independente do número de fi‐
z-se importante sabermos se ela tem vida sexual ativa e se há re‐
lhos; manifestar, por escrito, a vontade de realizar a esterilização,
ferência de amenorreia (ausência de menstruação). A partir desses
no mínimo 60 dias antes da realização da cirurgia; ter tido acesso a
dados e de um exame clínico são identificados os sinais e sintomas
serviço multidisciplinar de aconselhamento sobre anticoncepção e
físicos e psicológicos característicos, que também podem ser iden‐
prevenção de DST/AIDS, assim como a todos os métodos anticon‐
tificados por exames laboratoriais que comprovem a presença do
cepcionais reversíveis; ter consentimento do cônjuge, no caso da
hormônio gonadotrofina coriônica e/ou exames radiográficos espe‐
vigência de união conjugal.
cíficos, como a ecografia gestacional ou ultrassonografia.

191
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Os sinais e sintomas da gestação dividem-se em três catego‐ Sinais de certeza – são aqueles que efetivamente confirmam
rias que, quando positivas, confirmam o diagnóstico. É importante a gestação:
lembrar que muitos sinais e sintomas presentes na gestação podem a) Batimento cardíaco fetal (BCF) - utilizando-se o estetoscó‐
também aparecer em outras circunstâncias. Visando seu maior co‐ pio de Pinard, pode ser ouvido, frequentemente, por volta da 18a
nhecimento, identificaremos a seguir os sinais e sintomas gestacio‐ semana de gestação; caso seja utilizado um aparelho amplificador
nais mais comuns e que auxiliam o diagnóstico. denominado sonar Doppler, a partir da 12ª semana. A frequência
cardíaca fetal é rápida e oscila de 120 a 160 batimentos por minuto;
Sinais de presunção – são os que sugerem gestação, decorren‐ b) Contornos fetais – ao examinar a região abdominal, fre‐
tes, principalmente, do aumento da progesterona: quentemente após a 20ª semana de gestação, identificamos algu‐
a) Amenorreia - frequentemente é o primeiro sinal que alerta mas partes fetais (polo cefálico, pélvico, dorso fetal);
para uma possível gestação. É uma indicação valiosa para a mulher c) Movimentos fetais ativos – durante o exame, a atividade
que possui menstruação regular; entretanto, também pode ser re‐ fetal pode ser percebida a partir da 18ª/20ª semana de gestação.
sultado de condições como, por exemplo, estresse emocional, mu‐ A utilização da ultrassonografia facilita a detectar mais precoce
danças ambientais, doenças crônicas, menopausa, uso de métodos desses movimentos;
contraceptivos e outros; d) Visualização do embrião ou feto pela ultrassonografia –
b) Náusea com ou sem vômitos - como sua ocorrência é mais pode mostrar o produto da concepção (embrião) com quatro sema‐
frequente pela manhã, é denominada “enjoo matinal”, mas pode nas de gestação, além de mostrar a pulsação cardíaca fetal nessa
ocorrer durante o restante do dia. Surge no início da gestação e, mesma época. Após a 12ª semana de gestação, a ultrassonografia
normalmente, não persiste após 16 semanas; apresenta grande precisão diagnóstica. Durante a evolução da ges‐
c) Alterações mamárias – caracterizam-se pelo aumento da tação normal, verificamos grande número de sinais e sintomas que
sensibilidade, sensação de peso, latejamento e aumento da pig‐ indicam alterações fisiológicas e anatômicas da gravidez. Além dos
mentação dos mamilos e aréola; a partir do segundo mês, as ma‐ já descritos, frequentemente encontrados no primeiro trimestre
mas começam a aumentar de tamanho; gestacional, existem outros como o aumento da salivação (sialor‐
d) Polaciúria – é o aumento da frequência urinária. Na gravi‐ reia) e sangramentos gengivais, decorrentes do edema da mucosa
dez, especialmente no primeiro e terceiro trimestre, dá-se o preen‐ gengival, em vista do aumento da vascularização.
chimento e o consequente crescimento do útero que, por sua vez, Algumas gestantes apresentam essas alterações de forma mais
pressiona a bexiga diminuindo o espaço necessário para realizar a intensa; outras, de forma mais leve - o que pode estar associado
função de reservatório. A esta alteração anatômica soma-se a alte‐ às particularidades psicossocioculturais. Dentre estes casos, pode‐
ração fisiológica causada pela ação da progesterona, que provoca mos observar as perversões alimentares decorrentes de carência
um relaxamento da musculatura lisa da bexiga, diminuindo sua ca‐ de minerais no organismo (ferro, vitaminas), tais como o desejo de
pacidade de armazenamento; ingerir barro, gelo ou comidas extravagantes.
e) Vibração ou tremor abdominal – são termos usados para Para minimizar tais ocorrências, faz-se necessário acompa‐
descrever o reconhecimento dos primeiros movimentos do feto, nhar a evolução da gestação por meio do pré-natal, identificando e
pela mãe, os quais geralmente surgem por volta da 20ª semana. analisando a sintomatologia apresentada, ouvindo a mulher e lhe
Por serem delicados e quase imperceptíveis, podem ser confundi‐ repassando informações que podem indicar mudanças próprias da
dos com gases intestinais. gravidez. Nos casos em que esta sintomatologia se intensificar, in‐
dica-se a referência a algumas medidas terapêuticas.
Sinais de probabilidade – são os que indicam que existe uma
provável gestação: Assistência Pré-Natal
a) Aumento uterino – devido ao crescimento do feto, do útero A assistência pré-natal é o primeiro passo para a vivência da
e da placenta; gestação, parto e nascimento saudável e humanizado. Todas as
b) Mudança da coloração da região vulvar – tanto a vulva mulheres têm o direito constitucional de ter acesso ao pré-natal
como o canal vaginal torna-se bastante vascularizados, o que altera e informações sobre o que está ocorrendo com o seu corpo, como
sua coloração de rosa avermelhado para azul escuro ou vinhosa; minimizar os desconfortos provenientes das alterações gravídicas,
conhecer os sinais de risco e aprender a lidar com os mesmos,
c) Colo amolecido – devido ao aumento do aporte sanguíneo quando a eles estiver exposta.
na região pélvica, o colo uterino torna-se mais amolecido e embe‐ O conceito de humanização da assistência ao parto pressupõe
bido, assim como as paredes vaginais tornam-se mais espessas, en‐ a relação de respeito que os profissionais de saúde estabelecem
rugadas, amolecidas e embebidas. com as mulheres durante todo o processo gestacional, de parturi‐
d) Testes de gravidez - inicialmente, o hormônio gonadotrofi‐ ção e puerpério, mediante um conjunto de condutas, procedimen‐
na coriônica é produzido durante a implantação do ovo no endo‐ tos e atitudes que permitem à mulher expressar livremente seus
métrio; posteriormente, passa a ser produzido pela placenta. Esse sentimentos.
hormônio aparece na urina ou no sangue 10 a 12 dias após a fecun‐ Essa atuação, condutas e atitudes visam tanto promover um
dação, podendo ser identificado mediante exame específico; parto e nascimento saudáveis como prevenir qualquer intercorrên‐
e) Sinal de rebote – é o movimento do feto contra os dedos do cia clínico-obstétrica que possa levar à morbimortalidade materna
examinador, após ser empurrado para cima, quando da realização e perinatal.
de exame ginecológico (toque) ou abdominal; A equipe de saúde desenvolve ações com o objetivo de promo‐
f) Contrações de Braxton-Hicks – são contrações uterinas in‐ ver a saúde no período reprodutivo; prevenir a ocorrência de fato‐
dolores, que começam no início da gestação, tornando-se mais no‐ res de risco; resolver e/ou minimizar os problemas apresentados
táveis à medida que esta avança, sentidas pela mulher como um pela mulher, garantindo-lhe a aderência ao acompanhamento. As‐
aperto no abdome. Ao final da gestação, tornam-se mais fortes, sim, quando de seu contato inicial para um primeiro atendimento
podendo ser confundidas com as contrações do parto. no serviço de saúde, precisa ter suas necessidades identificadas e
resolvidas, tais como, dentre outras: a certeza de que está grávi‐
da o que pode ser comprovado por exame clínico e laboratorial;

192
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
inscrição/registro no pré-natal; marcação de nova consulta com a Visando calcular a idade gestacional e data provável do parto(‐
inscrição no pré-natal e encaminhamento ao serviço de nutrição, DPP), pergunta-se à gestante qual foi à data de sua última mens‐
odontologia e a outros como psicologia e assistência social, quando truação.(DUM), registrando-se sua certeza ou dúvida.
necessários. Existem diversas maneiras para se calcular a idade gestacional,
Durante todo esse período, o auxiliar de enfermagem pode mi‐ considerando-se ou não o conhecimento da data da última mens‐
nimizar-lhe a ansiedade e/ou temores fazendo com que a mulher, truação.
seu companheiro e/ou família participem ativamente do processo,
em todos os momentos, desde o pré-natal até o pós-nascimento. Quando a data da Última Menstruação é Conhecida pela Ges-
Visando promover a compreensão do processo de gestação, infor‐ tante.
mações sobre as diferentes vivências devem ser trocadas entre as a) Utiliza-se o calendário, contando o número de semanas a
mulheres e os profissionais de saúde. Ressalte-se, entretanto, que partir do 1º dia da última menstruação até a data da consulta. A
as ações educativas devem ser prioridades da equipe de saúde. data provável do parto corresponderá ao final da 40ª semana, con‐
tada a partir do 1º dia da última menstruação;
Durante o pré-natal, os conteúdos educativos importantes b) Uma outra forma de cálculo é somar sete dias ao primeiro
para serem abordados, desde que adequados às necessidades das dia da última menstruação e adicionar nove meses ao mês em que
gestantes, são: ela ocorreu.
- Pré-natal e Cartão da Gestante – apresentar a importância,
objetivos e etapas, ouvindo as dúvidas e ansiedades das mulheres; Quando a data da Última Menstruação é Desconhecida pela
- Desenvolvimento da gravidez – apresentar as alterações Gestante
emocionais, orgânicas e da autoimagem; hábitos saudáveis como Nesse caso, uma das formas clínicas para o cálculo da idade
alimentação e nutrição, higiene corporal e dentária, atividades físi‐ gestacional é a verificação da altura uterina, ou a realização de ul‐
cas, sono e repouso; vacinação antitetânica; relacionamento afeti‐ trassonografia.
vo e sexual; direitos da mulher grávida/direitos reprodutivos – no Geralmente, essa medida equivale ao número de semanas
Sistema de Saúde, no trabalho e na comunidade; identificação de gestacionais, mas só deve ser considerada a partir de um exame
mitos e preconceitos relacionados à gestação, parto e maternidade obstétrico detalhado.
– esclarecimentos respeitosos; vícios e hábitos que devem ser evi‐ Outro dado a ser registrado no cartão é a situação vacinal da
tados durante a gravidez; preparo para a amamentação; gestante. Sua imunização com vacina antitetânica é rotineiramente
Tipos de parto – aspectos facilitadores do preparo da mulher; feita no pré-natal, considerando-se que os anticorpos produzidos
exercícios para fortalecer o corpo na gestação e para o parto; pre‐ ultrapassam a barreira placentária, vindo a proteger o concepto
paro psíquico e físico para o parto e maternidade; início do trabalho contra o tétano neonatal - pois a infecção do bebê pelo Clostridium
de parto, etapas e cuidados; tetani pode ocorrer no momento do parto e/ou durante o período
-Participação do pai durante a gestação, parto e maternidade/ de cicatrização do coto umbilical, se não forem observados os ade‐
paternidade – importância para o desenvolvimento saudável da quados cuidados de assepsia.
criança; Ressalte-se que este procedimento também previne o tétano
-Cuidados com a criança recém-nascida, acompanhamento do na mãe, já que a mesma pode vir a infectar-se por ocasião da epi‐
crescimento e desenvolvimento e medidas preventivas e aleita‐ siotomia ou cesariana.
mento materno; A proteção da gestante e do feto é realizada com a vacina du‐
-Anormalidades durante a gestação, trabalho de parto, parto e pla tipo adulto (dT) ou, em sua falta, com o toxóide tetânico (TT).
na amamentação – novas condutas e encaminhamentos.
Gestante Vacinada
O processo gravídico-puerperal é dividido em três grandes fa‐ Esquema básico: na gestante que já recebeu uma ou duas do‐
ses: a gestação, o parto e o puerpério. Cada uma das quais possui ses da vacina contra o tétano (DPT, TT, dT, ou DT), deverão ser apli‐
peculiaridades em relação às alterações anátomo-fisiológicas e psi‐ cadas mais uma ou duas doses da vacina dupla tipo adulto (dT) ou,
cológicas da mulher. na falta desta, o toxoide tetânico (TT), para se completar o esque‐
ma básico de três doses.
O Primeiro Trimestre da Gravidez
No início, algumas gestantes apresentam dúvidas, medos e an‐ Reforços: de dez em dez anos. A dose de reforço deve ser an‐
seios em relação às condições sociais. Será que conseguirei criar tecipada se, após a aplicação da última dose, ocorrer nova gravidez
este filho? em cinco anos ou mais.
Como esta gestação será vista no meu trabalho? Conseguirei O auxiliar de enfermagem deve atentar e orientar para o sur‐
conciliar o trabalho com um futuro filho?) e emocionais (Será que gimento das reações adversas mais comuns, como dor, calor, ru‐
esta gravidez será aceita por meu companheiro e/ou minha famí‐ bor e endurecimento local e febre. Nos casos de persistência e/ou
lia?) que decorrem desta situação. Outras, apresentam modificação reações adversas significativas, encaminhar para consulta médica.
no comportamento sexual, com diminuição ou aumento da libido, A única contraindicação é o relato, muito raro, de reação anafi‐
ou alteração da autoestima, frente ao corpo modificado. lática à aplicação de dose anterior da vacina. Tal fato mostra a im‐
Essas reações são comuns, mas em alguns casos necessitam portância de se valorizar qualquer intercorrência anterior verbali‐
de acompanhamento específico (psicólogo, psiquiatra, assistente zada pela cliente.
social). Na gestação, a mulher tem garantida a realização de exames
Confirmado o diagnóstico, inicia-se o acompanhamento da laboratoriais de rotina, dos quais os mais comuns são:
gestante através da inscrição no pré-natal, com o preenchimen‐ Segundo o Ministério da Saúde, os exames laboratoriais abai‐
to do cartão, onde são registrados seus dados de identificação e xo devem ser solicitados de rotina no pré-natal de baixo risco para
socioeconômicos, motivo da consulta, medidas antropométricas todas as gestantes, não fazendo distinção em suas recomendações
(peso, altura), sinais vitais e dados da gestação atual. entre a gestante atendida no setor público ou privado (1):

193
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
- Tipagem sanguínea: Solicitar na primeira consulta. Quando o Comer bolachas secas antes de se levantar ou tomar um copo de
pai é Rh positivo e a mãe é Rh-negativo, deve-se solicitar Coombs água gelada com algumas gotas de limão, ou ainda chupar laranja,
indireto na primeira consulta e mensalmente a partir de 24 sema‐ ameniza os enjoos.
nas. A positivação do teste de Coombs requer manejo em serviço Nos casos de vômitos frequentes, agendar consulta médica ou
de referência. de enfermagem para avaliar a necessidade de usar medicamentos;
- Hemoglobina e hematócrito (Hb/Ht): na primeira consulta. b) Sialorreia – é a salivação excessiva, comum no início da ges‐
- VDRL: na primeira consulta (repetir no terceiro trimestre). tação.
- Glicemia de jejum: solicitar na primeira consulta de pré-natal Orientar que a dieta deve ser semelhante à indicada para náu‐
(se normal, repetir na 20ª semana). seas e vômitos; que é importante tomar líquidos (água, sucos) em
- EQU e urocultura: solicitar na primeira consulta (repetir na abundância (especialmente em épocas de calor) e que a saliva deve
30ª semana). ser deglutida, pois possui enzimas que auxiliarão na digestão dos
-Anti-HIV: deve ser oferecido na primeira consulta pré-natal alimentos;
(realizar aconselhamento pré e pós-teste). Quando o resultado é
negativo e a paciente se enquadra em uma situação de risco (por‐ c) Fraqueza, vertigens e desmaios - verificar a ingesta e fre‐
tadora de alguma DST, prática de sexo inseguro, usuária ou parceira quência alimentar; orientar quanto à dieta fracionada e o uso de
de usuário de drogas injetáveis), o exame deve ser repetido no in‐ chá ou café com açúcar como estimulante, desde que não estejam
tervalo de três meses. contraindicados; evitar ambientes mal ventilados, mudanças brus‐
- HBsAg: deve ser realizado na primeira consulta para possibi‐ cas de posição e inatividade. Explicar que sentar- se com a cabeça
litar a identificação das gestantes soropositivas cujos bebês, logo abaixada ou deitar-se em decúbito lateral, respirando profunda e
após o nascimento, podem se beneficiar do emprego profilático de pausadamente, minimiza o surgimento dessas sensações;
imunoglobulina e vacina específica. d) Corrimento vaginal - geralmente, a gestante apresenta-se
- Sorologia para toxoplasmose: na primeira consulta, IgM para mais úmida em virtude do aumento da vascularização. Na ocorrên‐
todas as gestantes e IgG, quando houver disponibilidade para rea‐ cia de fluxo de cor amarelada, esverdeada ou com odor fétido, com
lização. prurido ou não, agendar consulta médica ou de enfermagem. Nes‐
- Citopatológico de colo uterino: deve ser colhido, quando não sa circunstância, consultar condutas no Manual de Tratamento e
foi realizado durante o ano precedente. Controle de Doenças Sexualmente Transmissíveis/DST – AIDS/MS;
e) Polaciúria – explicar porque ocorre, reforçando a importân‐
cia da higiene íntima; agendar consulta médica ou de enfermagem
Estes exames, que devem ser realizados no 1° e 3° trimestre
caso exista disúria (dor ao urinar) ou hematúria (sangue na urina),
de gravidez, objetivam avaliar as condições de saúde da gestante,
acompanhada ou não de febre;
ajudando a detecção, prevenindo sequelas, complicações e a trans‐
f) Sangramento nas gengivas - recomendar o uso de escova de
missão de doenças ao RN, possibilitando, assim, que a gestante seja
dente macia e realizar massagem na gengiva. Agendar atendimento
precocemente tratada de qualquer anormalidade que possa vir a
odontológico, sempre que possível.
apresentar.
A enfermagem deve informar acerca da importância de uma Os principais microrganismos que, ao infectarem a gestante,
alimentação balanceada e rica em proteínas, vitaminas e sais mi‐ podem transpor a barreira placentária e infectar o concepto são:
nerais, presentes em frutas, verduras, legumes, tubérculos, grãos, -vírus: principalmente nos três primeiros meses da gravidez, o
castanhas, peixes, carnes e leite - elementos importantes no supri‐ vírus da rubéola pode comprometer o embrião, causando má for‐
mento do organismo da gestante e na formação do novo ser. mação, hemorragias, hepatoesplenomegalia, pneumonias, hepati‐
A higiene corporal e oral deve ser incentivada, pois existe o te, encefalite e outras. Outros vírus que também podem prejudicar
risco de infecção urinária, gengivite e dermatite. Se a gestante o feto são os da varicela, da varíola, do herpes, da hepatite, do sa‐
apresentar reações a odores de pasta de dente, sabonete ou deso‐ rampo e da AIDS;
dorante, entre outros, deve ser orientada a utilizar produtos neu‐ -bactérias: as da sífilis e tuberculose congênita. Caso a infecção
tros ou mesmo água e bucha, conforme permitam suas condições ocorra a partir do quinto mês de gestação, há o risco de óbito fetal,
financeiras. aborto e parto prematuro;
É importante, já no primeiro trimestre, iniciar o preparo das -protozoários:causadores da toxoplasmose congênita. A dife‐
mamas para o aleitamento materno, banho de sol nas mamas é rença da toxoplasmose para a rubéola e sífilis é que, independente‐
uma orientação eficaz. mente da idade gestacional em que ocorra a infecção do concepto,
os danos podem ser irreparáveis.
Outras orientações referem-se a algumas das sintomatologias Considerando-se esses problemas, ressalta-se a importância
mais comuns, a seguir relacionadas, que a gestante pode apresen‐ dos exames sorológicos pré-nupcial e pré-natal, que permitem o
tar no primeiro trimestre e as condutas terapêuticas que podem diagnóstico precoce da(s) doença(s) e a consequente assistência
ser realizadas. imediata.
Essas orientações são válidas para os casos em que os sintomas
são manifestações ocasionais e transitórias, não refletindo doenças O segundo trimestre da gravidez
clínicas mais complexas. Entretanto, a maioria das queixas diminui No segundo trimestre, ou seja, a partir da 14ª até a 27ª semana
ou desaparece sem o uso de medicamentos, que devem ser utiliza‐ de gestação, a grande maioria dos problemas de aceitação da gra‐
dos apenas com prescrição. videz foi amenizada ou sanada e a mulher e/ou casal e/ou família
entram na fase de “curtir o bebê que está por vir”. Começa então a
a) Náuseas e vômitos - explicar que esses sintomas são mui‐ preparação do enxoval.
to comuns no início da gestação. Para diminuí-los, orientar que a Nesse período, o organismo ultrapassou a fase de estresse e
dieta seja fracionada (seis refeições leves ao dia) e que se evite o encontra- se com mais harmonia e equilíbrio. Os questionamen‐
uso de frituras, gorduras e alimentos com odores fortes ou desa‐ tos estão mais voltados para a identificação do sexo (“Menino ou
gradáveis, bem como a ingestão de líquidos durante as refeições menina?”) e condições de saúde da futura criança (“Meu filho será
(os quais devem, preferencialmente, ser ingeridos nos intervalos). perfeito?”).

194
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
A mulher refere percepção dos movimentos fetais, que já po‐ cianose de mucosas) ou agravamento da dificuldade em respirar,
dem ser confirmados no exame obstétrico realizado pelo enfermei‐ pois, embora não frequente, pode tratar-se de doença cardíaca ou
ro ou médico. respiratória; nessa circunstância, agendar consulta médica ou de
Com o auxílio do sonar Doppler ou estetoscópio de Pinnard, enfermagem imediata;
pode-se auscultar os batimentos fetais (BCF). Nesse momento, o e) Desconforto mamário - recomendar o uso constante de su‐
auxiliar de enfermagem deve colaborar, garantindo a presença do tiã, com boa sustentação; persistindo a dor, encaminhar para con‐
futuro papai ou acompanhante. A emoção que ambos sentem ao sulta médica ou de enfermagem;
escutar pela primeira vez o coração do bebê é sempre muito gran‐ f) Lombalgia - recomendar a correção de postura ao sentar-se
de, pois confirma-se a geração de uma nova vida. e ao andar, bem como o uso de sapatos com saltos baixos e con‐
A placenta encontra-se formada, os órgãos e tecidos estão di‐ fortáveis.
ferenciados e o feto começa o amadurecimento de seus sistemas. A aplicação de calor local, por compressas ou banhos mornos,
Reagem ativamente aos estímulos externos, como vibrações, luz é recomendável. Em alguns casos, a critério médico, a gestante
forte, som e outros. pode fazer uso de medicamentos;
Tendo em vista as alterações externas no corpo da gestante –
aumento das mamas, produção de colostro e aumento do abdome g) Cefaleia - conversar com a gestante sobre suas tensões, con‐
- a mulher pode fazer questionamentos tais como: “Meu corpo vai flitos e temores, agendando consulta com o psicólogo, se necessá‐
voltar ao que era antes? Meu companheiro vai perder o interesse rio.
sexual por mim? Verificar a pressão arterial, agendando consulta médica ou de
Como posso viver um bom relacionamento sexual? A penetra‐ enfermagem no sentido de afastar suspeita de hipertensão arterial
ção do pênis machucará a criança?”. Nessas circunstâncias, a equi‐ e pré-eclâmpsia (principalmente se mais de 24 semanas de gesta‐
pe deve proporcionar- lhe o apoio devido, orientando-a, esclare‐ ção);
cendo-a e, principalmente, ajudando-a a manter a autoestima.
A partir dessas modificações e alterações anátomo-fisiológicas, h) Varizes - recomendar que a gestante não permaneça muito
a gestante pode ter seu equilíbrio emocional e físico comprometi‐ tempo em pé ou sentada e que repouse por 20 minutos, várias ve‐
dos, o que lhe gera certo desconforto. Além das sintomatologias zes ao dia, com as pernas elevadas, e não use roupas muito justas e
mencionadas no primeiro trimestre, podemos ainda encontrar nem ligas nas pernas - se possível, deve utilizar meia-calça elástica
queixas frequentes no segundo (abaixo listadas) e até mesmo no especial para gestante;
terceiro trimestre. Assim sendo, o fornecimento das corretas orien‐ i) Câimbras – recomendar, à gestante, que realize massagens
tações e condutas terapêuticas são de grande importância no sen‐ no músculo contraído e dolorido, mediante aplicação de calor local,
tido de minimizar essas dificuldades. e evite excesso de exercícios;
a) Pirose (azia) - orientar para fazer dieta fracionada, evitando j) Hiperpigmentação da pele - explicar que tal fato é muito co‐
frituras, café, qualquer tipo de chá, refrigerantes, doces, álcool e mum na gestação mas costuma diminuir ou desaparecer, em tem‐
fumo. Em alguns casos, a critério médico, a gestante pode fazer uso po variável, após o parto. Pode apresentar como manchas escuras
de medicamentos; no rosto (cloasma gravídico), mamilos escurecidos ou, ainda, es‐
b) Flatulência, constipação intestinal, dor abdominal e cóli- curecimento da linha alva (linha nigra). Para minimizar o cloasma
cas – nos casos de flatulências (gases) e/ou constipação intestinal, gravídico, recomenda-se à gestante, quando for expor-se ao sol, o
orientar dieta rica em fibras, evitando alimentos de alta fermenta‐ uso de protetor solar e chapéu;
ção, e recomendar aumento da ingestão de líquidos (água, sucos). l) Estrias - explicar que são resultado da distensão dos tecidos
Adicionalmente, estimular a gestante a fazer caminhadas, movi‐ e que não existe método eficaz de prevenção, sendo comum no
mentar-se e regularizar o hábito intestinal, adequando, para ir ao abdome, mamas, flancos, região lombar e sacra. As estrias, que no
banheiro, um horário que considere ideal para sua rotina. Agendar início apresentam cor arroxeada, tendem, com o tempo, a ficar de
consulta com nutricionista; se a gestante apresentar flacidez da pa‐ cor semelhante à da pele;
rede abdominal, sugerir o uso de cinta (com exceção da elástica); m) Edemas – explicar que são resultado do peso extra (placen‐
ta, líquido amniótico e feto) e da pressão que o útero aumentado
em alguns casos, a critério médico, a gestante pode fazer uso de
exerce sobre os vasos sanguíneos, sendo sua ocorrência bastante
medicamentos para gases, constipação intestinal e cólicas. Nas si‐
comum nos membros inferiores. Podem ser detectados quando,
tuações em que a dor abdominal ou cólica for persistentes e o ab‐
com a gestante em decúbito dorsal ou sentada, sem meias, se pres‐
dome gravídico apresentar-se endurecido e dolorido, encaminhar
siona a pele na altura do tornozelo (região perimaleolar) e na per‐
para consulta com o enfermeiro ou médico, o mais breve possível;
na, no nível do seu terço médio, na face anterior (região prétibial).
c) Hemorroidas – orientar a gestante para fazer dieta rica em
O edema fica evidenciado mediante presença de uma depres‐
fibras, visando evitar a constipação intestinal, não usar papel higiê‐
são duradoura (cacifo) no local pressionado. Nesses casos, reco‐
nico colorido e/ou muito áspero, pois podem causar irritações, e mendar que a gestante mantenha as pernas elevadas pelo menos
realizar após defecar, higiene perianal com água e sabão neutro. 20 minutos por 3 a 4 vezes ao dia, quando possível, e que use meia
Agendar consulta médica caso haja dor ou sangramento anal per‐ elástica apropriada.
sistente; se necessário, agendar consulta de pré-natal e/ou com o
nutricionista; O terceiro trimestre da gravidez
d) Alteração do padrão respiratório - muito frequente na Muitas mulheres deixam de amamentar seus filhos precoce‐
gestação, em decorrência do aumento do útero que impede a ex‐ mente devido a vários fatores (social, econômico, biológico, psi‐
pansão diafragmática, intensificada por postura inadequada e/ou cológico), nos quais se destacam estilos de vida (urbano ou rural),
ansiedade da gestante. Nesses casos, recomendar repouso em de‐ tipos de ocupação (horário e distância do trabalho), estrutura de
cúbito lateral esquerdo ou direito e o uso de travesseiros altos que apoio ao aleitamento (creches, tempo de licença-aleitamento) e
possibilitem elevação do tórax, melhorando a expansão pulmonar. mitos ou ausência de informação.
Ouvir a gestante e conversar sobre suas angústias, agendando con‐ Por isso, é importante o preparo dessa futura nutriz ainda no
sulta com o psicólogo, quando necessário. Estar atento para asso‐ pré-natal, que pode ser desenvolvido individualmente ou em gru‐
ciação com outros sintomas (ansiedade, cianose de extremidades, po. As orientações devem abranger as vantagens do aleitamento

195
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
para a mãe (prático, econômico e não exige preparo), relacionadas uma vez ao dia. Caso o feto não se movimente durante o período
à involução uterina (retorno e realinhamento das fibras musculares de 24 horas, deve ser orientada a procurar um serviço hospitalar
da parede do útero) e ao desenvolvimento da inter-relação afeti‐ com urgência.
va entre mãe-filho. Para o bebê, as vantagens relacionam-se com Como saber quando será o trabalho de parto? Quais os sinais
a composição do leite, que atende a todas as suas necessidades de trabalho de parto? O que fazer? Essas são algumas das pergun‐
nutricionais nos primeiros 6 meses de vida, é adequada à digestão tas que a mulher/casal e família fazem constantemente, quando
e propicia a passagem de mecanismos de defesa (anticorpos) da aproxima-se a data provável do parto.
mãe; além disso, o ato de sugar auxilia a formação da arcada den‐ A gestante e/ou casal devem ser orientados para os sinais de
tária, o que facilitará, posteriormente, a fala. início do trabalho de parto. O preparo abrange um conjunto de cui‐
No tocante ao ato de amamentar, a mãe deve receber várias dados e medidas de promoção à saúde que devem garantir que
orientações: este deve ocorrer sempre que a criança tiver fome e a mulher vivencie a experiência do parto e nascimento como um
durante o tempo que quiser (livre demanda). Para sua realização, processo fisiológico e natural.
a mãe deve procurar um local confortável e tranquilo, posicionar a A gestante, juntamente com seu acompanhante, deve ser
criança da forma mais cômoda - de forma que lhe permita a aboca‐ orientada para identificar os sinais que indicam o início do trabalho
nhar o mamilo e toda ou parte da aréola, afastando o peito do nariz de parto.
da criança com o auxílio dos dedos – e oferecer-lhe os dois seios Para tanto, algumas orientações importantes devem ser ofe‐
em cada mamada, começando sempre pelo que foi oferecido por recidas, como:
último (o que permitirá melhor esvaziamento das mamas e maior -a bolsa d’água que envolve o feto ainda intra-útero (bolsa de
produção de leite, bem como o fornecimento de quantidade cons‐ líquido amniótico) pode ou não romper-se;
tante de gordura em todas as mamadas). -a barriga pode apresentar contrações, ou seja, uma dor tipo
Ao retirar o bebê do mamilo, nunca puxá-lo, pois isto pode cau‐ cólica que a fará endurecer e que será intermitente, iniciando com
sar rachadura ou fissura. Como prevenção, deve-se orientar a mãe intervalos maiores e diminuindo com a evolução do trabalho de
a introduzir o dedo mínimo na boca do bebê e, quando ele suga-lo, parto;
soltar o mamilo. -no final do terceiro trimestre, às vezes uma semana antes do
Em virtude da proximidade do término da gestação, as expec‐ parto, ocorre a saída de um muco branco (parecendo “catarro”)
tativas estão mais voltadas para os momentos do parto (“Será que o chamado tampão mucoso, o qual pode ter sinais de sangue no
vou sentir e/ou aguentar a dor?”) e de ver o bebê (“Será que é per‐ momento do trabalho de parto;
feito?”). -a respiração deve ser feita de forma tranquila (inspiração pro‐
Geralmente, este é um dos períodos de maior tensão da ges‐ funda e expiração soprando o ar).
tante.
No terceiro trimestre, o útero volumoso e a sobrecarga dos sis‐ A gestante e seu acompanhante devem ser orientados a pro‐
temas cardiovascular, respiratório e locomotor desencadeiam alte‐ curar um serviço de saúde imediatamente ao perceberem qualquer
rações orgânicas e desconforto, pois o organismo apresenta menor intercorrência durante o período gestacional, como, por exemplo,
capacidade de adaptação. Há aumento de estresse, cansaço, e sur‐ perda transvaginal (líquido, sangue, corrimento, outros); presença
gem as dificuldades para movimentar-se e dormir. de dores abdominais, principalmente tipo cólicas, ou dores locali‐
Frequentemente, a gestante refere plenitude gástrica e consti‐ zadas; contração do abdome, abdome duro (hipertônico); parada
pação intestinal, decorrentes tanto da diminuição da área gástrica da movimentação fetal; edema acentuado de membros inferiores e
quanto da diminuição da peristalse devido à pressão uterina sobre superiores (mãos); ganho de peso exagerado; visão turva e presen‐
os intestinos, levando ao aumento da absorção de água no intesti‐ ça de fortes dores de cabeça (cefaleia) ou na nuca.
no, o que colabora para o surgimento de hemorroidas. É comum Enfatizamos que no final do processo gestacional a mulher
observarmos queixas em relação à digestão de alimentos mais pe‐ pode apresentar um quadro denominado “falso trabalho de parto”,
sados. Portanto, é importante orientar dieta fracionada, rica em caracterizando por atividade uterina aumentada (contrações), per‐
verduras e legumes, alimentos mais leves e que favoreçam a diges‐ manecendo, entretanto, um padrão descoordenado de contrações.
tão e evitem constipações. O mais importante é a qualidade dos Algumas vezes, estas contrações são bem perceptíveis. Con‐
alimentos, e não sua quantidade. tudo, cessam em seguida, e a cérvice uterina não apresenta al‐
Observamos que a frequência urinária aumenta no final da terações (amolecimento, apagamento e dilatação). Tal situação
gestação, em virtude do encaixamento da cabeça do feto na cavi‐ promove alto grau de ansiedade e expectativa da premência do
dade pélvica; em contrapartida, a dificuldade respiratória se ame‐ nascimento, sendo um dos principais motivos que levam as gestan‐
niza. Entretanto, enquanto tal fenômeno de descida da cabeça não tes a procurar o hospital. O auxiliar de enfermagem deve orientar
acontece, o desconforto respiratório do final da gravidez pode ser a clientela e estar atento para tais acontecimentos, visando evitar
amenizado adotando a posição de semi fowler durante o descanso. uma admissão precoce, intervenções desnecessárias e estresse fa‐
Ao final do terceiro trimestre, é comum surgirem mais varizes miliar, ocasionando uma experiência negativa de trabalho de parto,
e edema de membros inferiores, tanto pela compressão do útero parto e nascimento.
sobre as veias ilíacas, dificultando o retorno venoso, quanto por Para amenizar o estresse no momento do parto, devemos
efeitos climáticos, principalmente climas quentes. É importante orientar a parturiente para que realize exercícios respiratórios, de
observar a evolução do edema, pesando a gestante e, procurando relaxamento e caminhadas, que diminuirão sua tensão muscular e
evitar complicações vasculares, orientando seu repouso em decú‐ facilitarão maior oxigenação da musculatura uterina. Tais exercícios
bito lateral esquerdo, conforme as condutas terapêuticas anterior‐ proporcionam melhor rendimento no trabalho de parto, pois pro‐
mente mencionadas. piciam uma economia de energia - sendo aconselháveis entre as
Destacamos que no final desse período o feto diminui seus mo‐ metrossístoles.
vimentos pois possui pouco espaço para mexer-se. Assim, a mãe Os exercícios respiratórios consistem em realizar uma inspira‐
deve ser orientada para tal fenômeno, mas deve supervisionar dia‐ ção abdominal lenta e profunda, e uma expiração como se a ges‐
riamente os movimentos fetais – o feto deve mexer pelo menos tante estivesse soprando o vento (apagando a vela), principalmen‐

196
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
te durante as metrossístoles. Na primeira fase do trabalho de parto, -Ameaça de aborto: situação em que há a probabilidade do
são muito úteis para evitar os espasmos dolorosos da musculatura aborto ocorrer. Geralmente, caracteriza-se por sangramento mo‐
abdominal. derado, cólicas discretas e colo uterino com pequena ou nenhuma
dilatação;
Assistência de Enfermagem em Situações Obstétricas de Risco -Espontâneo: pode ocorrer por um ovo defeituoso e o subse‐
Na América Latina, o Brasil é o quinto país com maior índice de quente desenvolvimento de defeitos no feto e placenta. Depen‐
mortalidade materna, estimada em 134 óbitos para 100.000 nasci‐ dendo da natureza do processo, é considerado:
dos vivos. a) Evitável: o colo do útero não se dilata, sendo evitado através
No Brasil, as causas de mortalidade materna se caracterizam de repouso e tratamento conservador;
por elevadas taxas de toxemias, outras causas diretas, hemorragias b) Inevitável: quando o aborto não pode ser prevenido, acon‐
(durante a gravidez, descolamento prematuro de placenta), com‐ tecendo a qualquer momento. Apresenta-se com um sangramento
plicações puerperais e abortos. Essas causas encontram-se pre‐ intenso, dilatação do colo uterino e contrações uterinas regulares.
sentes em todas as regiões, com predominância de incidência em Pode ser subdivido em aborto completo (quando o feto e todos
diferentes estados. os tecidos a ele relacionados são eliminados) e aborto incompleto
A consulta de pré-natal é o espaço adequado para a prevenção (quando algum tecido permanece retido no interior do útero);
e controle dessas intercorrências, como a hipertensão arterial asso‐ -Habitual: quando a mulher apresenta abortamentos repetidos
ciada à gravidez (toxemias), que se caracteriza por ser fator de risco (três ou mais) de causa desconhecida;
para eclampsia e outras complicações. -Terapêutico: é a intervenção médica aprovada pelo Código
Denomina-se fator de risco aquela característica ou circuns‐ Penal Brasileiro (art. 128), praticado com o consentimento da ges‐
tância que se associa à probabilidade maior do indivíduo sofrer tante ou de seu representante legal e realizado nos casos em que
dano à saúde. Os fatores de risco são de natureza diversa, a saber: há risco de vida ou gravidez decorrente de estupro;
biológicos (idade – adolescente ou idosa; estatura - baixa estatura; -Infectado: quando ocorre infecção intra-útero por ocasião do
peso – obesidade ou desnutrição), clínicos (hipertensão, diabetes), abortamento. Acontece, na maioria das vezes, durante as mano‐
ambientais (abastecimento deficiente de água, falta de rede de bras para interromper uma gravidez. A mulher apresenta febre em
grau variável, dores discretas e contínuas, hemorragia com odor fé‐
esgotos), relacionados à assistência (má qualidade da assistência,
tido e secreção cujo aspecto depende do microrganismo, taquicar‐
cobertura insuficiente ao pré-natal), socioculturais (nível de forma‐
dia, desidratação, diminuição dos movimentos intestinais, anemia,
ção) e econômicos (baixa renda).
peritonite, septicemia e choque séptico.
Esses fatores, associados a fatores obstétricos como primeira
gravidez, multiparidade, gestação em idade reprodutiva precoce ou
Podem ocorrer endocardite, miocardite, tromboflebite e em‐
tardia, abortamentos anteriores e desnutrição, aumentam a proba‐
bolia pulmonar;
bilidade de morbimortalidade perinatal.
Devemos considerar que a maioria destas mortes maternas e
Provocado - é a interrupção ilegal da gravidez, com a morte do
fetais poderiam ter sido prevenidas com uma assistência adequada
produto da concepção, haja ou não a expulsão, qualquer que seja
ao pré-natal, parto e puerpério - “98% destas mortes seriam evi‐
o seu estado evolutivo. São praticados na clandestinidade, em clíni‐
tadas se as mulheres tivessem condições dignas de vida e atenção
cas privadas ou residências, utilizando-se métodos anti-higiênicos,
à saúde, especialmente pré-natal realizado com qualidade, assim
materiais perfurantes, medicamentos e substâncias tóxicas. Pode
como bom serviço de parto e pós-parto”.
levar à morte da mulher ou evoluir para um aborto infectado;
Entretanto, há uma pequena parcela de gestantes que, por
terem algumas características ou sofrerem de alguma patologia,
Retido – é quando o feto morre e não é expulso, ocorrendo
apresentam maiores probabilidades de evolução desfavorável, tan‐
a maceração. Não há sinais de abortamento, porém pode ocorrer
to para elas como para o feto. Essa parcela é a que constitui o grupo
mal-estar geral, cefaleia e anorexia.
chamado de gestantes de risco.
O processo de abortamento é complexo e delicado para uma
Dentre as diversas situações obstétricas de risco gestacional,
mulher, principalmente por não ter podido manter uma gravidez,
destacam-se as de maior incidência e maior risco, como aborta‐
sendo muitas vezes julgada e culpabilizada, o que lhe acarreta um
mento, doença hipertensiva específica da gravidez (DHEG) e sofri‐
estigma social, afetando-lhe tanto do ponto de vista biológico como
mento fetal.
psicoemocional.
Independente do tipo de aborto, cada profissional tem papel
Abortamento
importante na orientação, diálogo e auxílio a essa mulher, diante
Conceitua-se como abortamento a morte ovular ocorrida an‐
de suas necessidades. Assim, não deve fazer qualquer tipo de jul‐
tes da 22ª semana de gestação, e o processo de eliminação deste
gamento e a assistência deve ser prestada de forma humanizada e
produto da concepção é chamado de aborto. O abortamento é dito
com qualidade - caracterizando a essência do trabalho da enferma‐
precoce quando ocorre até a 13ª semana; e tardio, quando entre a
gem, que é o cuidar e o acolher, independente dos critérios pes‐
13ª e 22ª semanas.
soais e julgamentos acerca do caso clínico.
Algumas condições favorecem o aborto, entre elas: fatores
Devemos estar atentos para os cuidados imediatos e media‐
ovulares (óvulos ou espermatozoides defeituosos); diminuição do
tos, tais como: controlar os sinais vitais, verificando sinais de cho‐
hormônio progesterona, resultando em sensibilidade uterina e
que hipovolêmico, mediante avaliação da coloração de mucosas,
contrações que podem levar ao aborto; infecções como sífilis, ru‐
hipotensão, pulso fraco e rápido, pele fria e pegajosa, agitação e
béola, toxoplasmose; traumas de diferentes causas; incompetência
apatia; verificar sangramento e presença de partes da placenta ou
istmo cervical; mioma uterino; “útero infantil”; intoxicações (fumo,
embrião nos coágulos durante a troca dos traçados ou absorventes
álcool, chumbo e outros); hipotireoidismo; diabetes mellitus; doen‐
colocados na região vulvar (avaliar a quantidade do sangramento
ças hipertensivas e fatores emocionais.
pelo volume do sangue e número de vezes de troca do absorvente);
Os tipos de aborto são inúmeros e suas manifestações clíni‐
controlar o gotejamento da hidratação venosa para reposição de
cas estão voltadas para a gravidade de cada caso e dependência
líquido ou sangue; administrar medicação (antibioticoterapia, soro
de uma assistência adequada à mulher. Os tipos de aborto são11:

197
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
antitetânico, analgésicos ou antiespasmódicos, ocitócicos) confor‐ Existem vários fatores de risco associados com o aumento da
me prescrição médica; preparar a paciente para qualquer procedi‐ DHEG, tais como: adolescência/idade acima de 35 anos, conflitos
mento (curetagem, microcesariana, e outros); prestar os cuidados psíquicos e afetivos, desnutrição, primeira gestação, história fa‐
após os procedimentos pós-operatórios; procurar tranquilizar a miliar de hipertensão, diabetes mellitus, gestação múltipla e poli‐
mulher; comunicar qualquer anormalidade imediatamente à equi‐ drâmnia.
pe de saúde. A DHEG aparece após a 20a semana de gestação, como um
Nosso papel é orientar a mulher sobre os desdobramentos do quadro de hipertensão arterial, acompanhada ou não de edema
pós-aborto, como reposição hídrica e nutricional, sono e repouso, e proteinúria (pré-eclâmpsia), podendo evoluir para convulsão e
expressão dos seus conflitos emocionais e, psicologicamente, faze‐ coma (DHEG grave ou eclampsia).
-la acreditar na capacidade de o seu corpo viver outra experiência Durante uma gestação sem intercorrências, a pressão perma‐
reprodutiva com saúde, equilíbrio e bem-estar. nece normal e não há proteinúria. É comum a maioria das gestantes
É fundamental a observação do sangramento vaginal, aten‐ apresentarem edema nos membros inferiores, devido à pressão do
tando para os aspectos de quantidade, cor, odor e se está acom‐ útero grávido na veia cava inferior e ao relaxamento da musculatu‐
panhado ou não de dor e alterações de temperatura corporal. As ra lisa dos vasos sanguíneos, não sendo este um sinal diferencial.
mamas precisarão de cuidados como: aplicar compressas frias e Já o edema de face e de mãos é um sinal de alerta diferencial,
enfaixá-las, a fim de prevenir ingurgitamento mamário; não reali‐ pois não é normal, podendo estar associado à elevação da pressão
zar a ordenha nem massagens; administrar medicação para inibir a arterial. Um ganho de peso de mais de 500 g por semana deve ser
lactação de acordo com a prescrição médica. observado e analisado como um sinal a ser investigado.
No momento da alta, a cliente deve ser encaminhada para O exame de urina, cujo resultado demonstre presença de pro‐
acompanhamento ginecológico com o objetivo de fazer a revisão teína, significa diminuição da função urinária. A elevação da pres‐
pós-aborto; identificar a dificuldade de se manter a gestação se for são sistólica em mais de 30 mmhg, ou da diastólica em mais de 15
o caso; e receber orientações acerca da necessidade de um período mmhg, representa outro sinal que deve ser observado com aten‐
de abstinência sexual e, antes de iniciar sua atividade sexual, esco‐ ção. A gestante o companheiro e a família devem estar convenien‐
lher o método contraceptivo que mais se adeque à sua realidade. temente orientados quanto aos sinais e sintomas da DHEG.
Todos esses sinais são motivos de preocupação, devendo ser
Placenta Prévia (PP) pesquisados e avaliados através de marcação de consultas com
É uma intercorrência obstétrica de risco caracterizada pela im‐ maior frequência, para evitar exacerbação dessa complicação em
plantação da placenta na parte inferior do útero. Com o desenvol‐ uma gravidez de baixo risco, tornando-a de alto risco – o que fará
vimento da gravidez, a placenta evolui para o orifício do canal de necessário o encaminhamento e acompanhamento pelo pré-natal
parto. de alto risco.
Pode ser parcial (marginal), quando a placenta cobre parte do A pré-eclâmpsia leve é caracterizada por edema e/ou pro‐
orifício, ou total (oclusiva), quando cobre totalmente o orifício. Am‐ teinúria, e mais hipertensão. À medida que a doença evolui e o
bas as situações provocam risco de vida materna e fetal, em vista vaso espasmo aumenta, surgem outros sinais e sintomas. O siste‐
da hemorragia – a qual apresenta sangramento de cor vermelho ma nervoso central (SNC) sofre irritabilidade crescente, surgindo
vivo, indolor, constante, sem causa aparente, aparecendo a partir cefaleia occipital, tonteiras, distúrbios visuais (moscas volantes). As
da 22a semana de gravidez. manifestações digestivas - dor epigástrica, náuseas e vômitos - são
Após o diagnóstico de PP, na fase crítica, a internação é a con‐ sintomas que revelam comprometimento de outros órgãos.
Com a evolução da doença pode ocorrer a convulsão ou coma,
duta imediata com a intenção de promover uma gravidez a termo
caracterizando a DHEG grave ou eclampsia, uma das complicações
ou o mais próximo disso. A supervisão deve ser constante, sendo a
obstétricas mais graves. Nesta, a proteinúria indica alterações re‐
gestante orientada a fazer repouso no leito com os membros discre‐
nais, podendo ser acompanhada por oligúria ou mesmo anúria.
tamente elevados, evitar esforços físicos e observar os movimentos
Com o vaso espasmo generalizado, o miométrio torna-se hi‐
fetais e características do sangramento (quantidade e frequência).
pertônico, afetando diretamente a placenta que, dependendo da
A conduta na evolução do trabalho de parto dependerá do quadro
intensidade, pode desencadear seu deslocamento prematuro.
clínico de cada gestante, avaliando o bem-estar materno e fetal.
Também a hipertensão materna prolongada afeta a circulação pla‐
centária, ocorrendo o rompimento de vasos e acúmulo de sangue
Prenhez Ectópica ou Extrauterina na parede do útero, representando outra causa do deslocamento
Consiste numa intercorrência obstétrica de risco, caracterizada da placenta.
pela implantação do ovo fecundado fora do útero, como, por exem‐ Um sinal expressivo do descolamento da placenta é a dor ab‐
plo, nas trompas uterinas, ovários e outros. dominal súbita e intensa, seguida por sangramento vaginal de co‐
Como sinais e sintomas, tal intercorrência apresenta forte dor loração vermelha-escuro, levando a uma movimentação fetal au‐
no baixo ventre, podendo estar seguida de sangramento em grande mentada, o que indica sofrimento fetal por diminuição de oxigênio
quantidade. (anoxia) e aumento excessivo das contrações uterinas que surgem
O diagnóstico geralmente ocorre no primeiro trimestre gesta‐ como uma defesa do útero em cessar o sangramento, agravando
cional, através de ultrassonografia. A equipe de enfermagem de‐ o estado do feto. Nesses casos, indica-se a intervenção cirúrgica
verá estar atenta aos possíveis sinais de choque hipovolêmico e de de emergência – cesariana -, para maior chance de sobrevivência
infecção. materna e fetal.
A conduta obstétrica é cirúrgica.
Os fatores de risco que dificultam a oxigenação dos tecidos e,
Doenças Hipertensivas Específicas da Gestação (DHEG) principalmente, o tecido uterino, relacionam-se à: superdistensão
A hipertensão na gravidez é uma complicação comum e poten‐ uterina (gemelar, polidrâmnia, fetos grandes); aumento da tensão
cialmente perigosa para a gestante, o feto e o próprio recém-nas‐ sobre a parede abdominal, frequentemente observado na primeira
cido, sendo uma das causas de maior incidência de morte materna, gravidez; doenças vasculares já existentes, como hipertensão crô‐
fetal e neonatal, de baixo peso ao nascer e prematuridade. Pode nica, neuropatia; estresse emocional, levando à tensão muscular;
apresentar-se de forma leve, moderada ou grave. alimentação inadequada.

198
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
A assistência pré-natal tem como um dos objetivos detectar rompimento de vasos sanguíneos; verificação horária de pressão
precocemente os sinais da doença hipertensiva, antes que evolua. arterial, ou em intervalo menor, e temperatura, pulso e respiração
A verificação do peso e pressão arterial a cada consulta servirá para de duas em duas horas; instalação de cateterismo vesical, visando
a avaliação sistemática da gestante, devendo o registro ser feito no o controle do volume urinário (diurese horária); monitoramento de
Cartão de Pré-Natal, para acompanhamento durante a gestação e balanço hídrico; manutenção de acesso venoso para hidratação e
parto. O exame de urina deve ser feito no primeiro e terceiro tri‐ administração de terapia medicamentosa (anti-hipertensivo, anti‐
mestre, ou sempre que houver queixas urinárias ou alterações dos convulsivos, antibióticos, sedativos) e de urgência; colheita de exa‐
níveis da pressão arterial. mes laboratoriais de urgência; instalação de oxigeno terapia con‐
A equipe de enfermagem deve orientar a gestante sobre a forme prescrição médica, caso a gestante apresente cianose.
importância de diminuir a ingesta calórica (alimentos ricos em Com a estabilização do quadro e as convulsões controladas,
gordura, massa, refrigerantes e açúcar) e não abusar de comidas deve-se preparar a gestante para a interrupção da gravidez (cesá‐
salgadas, bem como sobre os perigos do tabagismo, que provoca rea), pois a conduta mais eficaz para a cura da DHEG é o término
vasoconstrição, diminuindo a irrigação sanguínea para o feto, e do da gestação, o que merece apreciação de todo o quadro clínico e
alcoolismo, que provoca o nascimento de fetos de baixo peso e condição fetal, considerando-se a participação da mulher e família
abortamento espontâneo. nesta decisão.
O acompanhamento pré-natal deve atentar para o apareci‐ É importante que a puérpera tenha uma avaliação contínua
mento de edema de face e dos dedos, cefaleia frontal e occipital nas 48 horas após o parto, pois ainda pode apresentar risco de vida.
e outras alterações como irritabilidade, escotomas, hipersensibili‐
dade a estímulos auditivos e luminosos. A mulher, o companheiro Sofrimento Fetal Agudo (SFA)
e a família devem ser orientados quanto aos sinais e sintomas da O sofrimento fetal agudo (SFA) indica que a saúde e a vida do
DHEG e suas implicações, observando, inclusive, a dinâmica da mo‐ feto estão sob-risco, devido à asfixia causada pela diminuição da
vimentação fetal. chegada do oxigênio ao mesmo, e à eliminação do gás carbônico.
A gestante deve ser orientada quanto ao repouso no leito em As trocas metabólicas existentes entre o sangue materno e o
decúbito lateral esquerdo, para facilitar a circulação, tanto renal fetal, realizadas pela circulação placentária, são indispensáveis para
quanto placentária, reduzindo também o edema e a tensão arte‐ manter o bem-estar do feto. Qualquer fator que, por um período
rial, bem como ser encorajada a exteriorizar suas dúvidas e medos, provisório ou permanente de carência de oxigênio, interfira nessas
visando minimizar o estresse. trocas será causa de SFA.
As condições socioeconômicas desfavoráveis, dificuldade de O sofrimento fetal pode ser diagnosticado através de alguns
acesso aos serviços de saúde, hábitos alimentares inadequados, sinais, como frequência cardíaca fetal acima de 160 batimentos ou
entre outros, são fatores que podem vir a interferir no acompanha‐ abaixo de 120 por minuto, e movimentos fetais inicialmente au‐
mento ambulatorial. Sendo específicos à cada gestante, fazem com mentados e posteriormente diminuídos.
que a eclampsia leve evolua, tornando a internação hospitalar o Durante essa fase, o auxiliar de enfermagem deve estar aten‐
tratamento mais indicado. to aos níveis pressóricos da gestante, bem como aos movimentos
fetais. Nas condutas medicamentosas, deve atuar juntamente com
Durante a internação hospitalar a equipe de enfermagem deve a equipe de saúde.
estar atenta aos agravos dos sinais e sintomas da DHEG. Portanto, Nos casos em que se identifique sofrimento fetal e a gestante
deve procurar promover o bem-estar materno e fetal, bem como esteja recebendo infusão venosa contendo ocitocina, tal fato deve
proporcionar à gestante um ambiente calmo e tranquilo, manter a ser imediatamente comunicado à equipe e a solução imediatamen‐
supervisão constante e atentar para o seu nível de consciência, já te suspensa e substituída por solução glicosada ou fisiológica pura.
que os estímulos sonoros e luminosos podem desencadear as con‐ A equipe responsável pela assistência deve tranquilizar a ges‐
vulsões, pela irritabilidade do SNC. Faz-se necessário, também, con‐ tante, ouvindo-a e explicando - a ela e à família - as característi‐
trolar a pressão arterial e os batimentos cardiofetais (a frequência cas do seu quadro e a conduta terapêutica a ser adotada, o que
será estabelecida pelas condições da gestante), bem como pesar a a ajudará a manter o controle e, consequentemente, cooperar. A
gestante diariamente, manter-lhe os membros inferiores discreta‐ transmissão de calma e a correta orientação amenizarão o medo e
mente elevados, providenciar a colheita dos exames laboratoriais a ansiedade pela situação.
solicitados (sangue, urina), observar e registrar as eliminações fisio‐ A gestante deve ser mantida em decúbito lateral esquerdo,
lógicas, as queixas álgicas, as perdas vaginais e administrar medica‐ com o objetivo de reduzir a pressão que o feto realiza sobre a veia
ções prescritas, observando sua resposta. cava inferior ou cordão umbilical, e melhorar a circulação materno‐
-fetal. Segundo prescrição, administrar oxigênio (O2 úmido) para
Além disso, deve-se estar atento para possíveis episódios de melhorar a oxigenação da gestante e do feto e preparar a partu‐
crises convulsivas, empregando medidas de segurança tais como riente para intervenção cirúrgica, de acordo com a conduta indica‐
manter as grades laterais do leito elevadas (se possível, acolchoa‐ da pela equipe responsável pela assistência.
das), colocar a cabeceira elevada a 30° e a gestante em decúbito
lateral esquerdo (ou lateralizar sua cabeça, para eliminação das Parto e Nascimento Humanizado
secreções); manter próximo à gestante uma cânula de borracha Até o século XVIII, as mulheres tinham seus filhos em casa; o
(Guedel), para colocar entre os dentes, protegendo- lhe a língua de parto era um acontecimento domiciliar e familiar. A partir do mo‐
um eventual traumatismo. Ressalte-se que os equipamentos e me‐ mento em que o parto tornou-se institucionalizado (hospitalar) a
dicações de emergência devem estar prontos para uso imediato, na mulher passou a perder autonomia sobre seu próprio corpo, dei‐
proximidade da unidade de alto risco. xando de ser ativa no processo de seu parto.
Gestantes que apresentam DHEG moderada ou grave devem Segundo a Organização Mundial da Saúde, estima-se que ape‐
ser acompanhadas em serviços de obstetrícia, por profissional mé‐ nas 10% a 20% dos partos têm indicação cirúrgica. Isto significa que
dico, durante todo o período de internação. Os cuidados básicos in‐ deveriam ser indicados apenas para as mulheres que apresentam
cluem: observação de sinais de petequeias, equimoses e/ou sangra‐ problemas de saúde, ou naqueles casos em que o parto normal tra‐
mentos espontâneos, que indicam complicação séria causada por ria riscos ao recém-nascido ou a mãe. Entretanto, o que verificamos

199
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
é a existência de um sistema de saúde voltado para a atenção ao ao estado geral da cliente e sua reserva orgânica para atender ao
parto e nascimento pautado em rotinas de intervenções, que favo‐ esforço do trabalho de parto; e à situação e apresentação fetais
rece e conduz ao aumento de cesáreas e de possíveis iatrogenias (transversa, acromial, pélvica e de face).
que, no pós-parto, geram complicações desnecessárias.
Nós, profissionais de saúde, devemos entender que o parto Admitindo a Parturiente
não é simplesmente “abrir uma barriga”, “tirar um recém-nascido O atendimento da parturiente na sala de admissão de uma ma‐
de dentro”, afastá-lo da “mãe”para colocá-lo num berço solitário, ternidade deve ter como preocupação principal uma recepção aco‐
enquanto a mãe dorme sob o efeito da anestesia. lhedora à mulher e sua família, informando-os da dinâmica da assis‐
A enfermagem possui importante papel como integrante da tência na maternidade e os cuidados pertinentes a esse momento:
equipe, no sentido de proporcionar uma assistência humanizada acompanhá-la na admissão e encaminhá-la ao pré-parto; colher os
e qualificada quando do parto, favorecendo e estimulando a parti‐ exames laboratoriais solicitados (hemograma, VDRL e outros exa‐
cipação efetiva dos principais atores desse fenômeno – a gestante, mes, caso não os tenha realizado durante o pré-natal); promover
seu acompanhante e seu filho recém-nascido. um ambiente tranquilo e com privacidade; monitorar a evolução do
Precisamos valorizar esse momento pois, se vivenciado har‐ trabalho de parto, fornecendo explicações e orientações.
moniosamente, favorece um contato precoce mãe-recém-nasci‐
do, estimula o aleitamento materno e promove a interação com o Assistência Durante o Trabalho de Parto Natural
acompanhante e a família, permitindo à mulher um momento de O trajeto do parto ou canal de parto é a passagem que o feto
conforto e segurança, com pessoas de seu referencial pessoal. percorre ao nascer, desde o útero à abertura vulvar. É formado
Os profissionais devem respeitar os sentimentos, emoções, ne‐ pelo conjunto dos ossos ilíaco, sacro e cóccix - que compõem a pe‐
cessidades e valores culturais, ajudando-a a diminuir a ansiedade e quena bacia pélvica, também denominada de trajeto duro - e pelos
insegurança, o medo do parto, da solidão do ambiente hospitalar e tecidos moles (parte inferior do útero, colo uterino, canal vaginal e
dos possíveis problemas do bebê. períneo) que revestem essa parte óssea, também denominada de
A promoção e manutenção do bem-estar físico e emocional ao trajeto mole.
longo do processo de parto e nascimento ocorre mediante infor‐ No trajeto mole, ocorrem as seguintes alterações: aumento do
mações e orientações permanentes à parturiente sobre a evolução útero; amolecimento do colo para a dilatação e apagamento; hiper‐
do trabalho de parto, reconhecendo-lhe o papel principal nesse vascularização e aumento do tecido elástico da vagina, facilitando
processo e até mesmo aceitando sua recusa a condutas que lhe sua distensão; aumento das glândulas cervicais para lubrificar o tra‐
causem constrangimento ou dor; além disso, deve-se oferecer es‐ jeto do parto.
paço e apoio para a presença do(a) acompanhante que a parturien‐ No trajeto duro, a principal alteração é o aumento da mobilida‐
te deseja. de nas articulações (sacroilíaca, sacrococcígea, lombo-sacral, sínfise
Qualquer indivíduo, diante do desconhecido e sozinho, tende púbica), auxiliado pelo hormônio relaxina.
a assumir uma postura de defesa, gerando ansiedade e medos. A O feto tem importante participação na evolução do trabalho
gestante não preparada desconhece seu corpo e as mudanças que de parto: realiza os mecanismos de flexão, extensão e rotação, per‐
o mesmo sofre. mitindo sua entrada e passagem pelo canal de parto - fenômeno
O trabalho de parto é um momento no qual a mulher se sente facilitado pelo cavalgamento dos ossos do crânio, ocasionando a
desprotegida e frágil, necessitando apoio constante. redução do diâmetro da cabeça e facilitando a passagem pela pelve
O trabalho de parto e o nascimento costumam desencadear materna.
excitação e apreensão nas parturientes, independente do fato de a
gestante ser primípara ou multípara. É um momento de grande ex‐ O Primeiro Período do Trabalho de Parto: a Dilatação
pectativa para todos, gestante, acompanhante e equipe de saúde. Nesse período, após o colo atingir 5 cm de dilatação, as con‐
O início do trabalho de parto é desencadeado por fatores ma‐ trações uterinas progridem e aos poucos aumentam a intensidade,
ternos, fetais e placentários, que se interagem. o intervalo e a duração, provocando a dilatação do colo uterino.
Os sinais do desencadeamento de trabalho de parto são: Como resultado, a cabeça do feto vai gradualmente descendo no
- eliminações vaginais, discreto sangramento, perda de tampão canal pélvico e, nesse processo, rodando lentamente. Essa descida,
mucoso, eliminação de líquido amniótico, presente quando ocorre auxiliada pela pressão da bolsa amniótica, determina uma pressão
a ruptura da bolsa amniótica - em condições normais, apresenta- se maior da cabeça sobre o colo uterino, que vai se apagando. Para
claro, translúcido e com pequenos grumos semelhantes a pedaços possibilitar a passagem do crânio do feto - que mede por volta de
de leite coalhado (vérnix); 9,5 cm - faz-se necessária uma dilatação total de 10 cm. Este é o pe‐
- contrações uterinas inicialmente regulares, de pequena in‐ ríodo em que a parturiente experimenta desconfortos e sensações
tensidade, com duração variável de 20 a 40 segundos, podendo dolorosas e pode apresentar reações diferenciadas como exaustão,
chegar a duas ou mais em dez minutos; impaciência, irritação ou apatia, entre outras.
- desconforto lombar; Além das adaptações no corpo materno, visando o desenrolar
- alterações da cérvice, amolecimento, apagamento e dilatação do trabalho de parto, o feto também se adapta a esse processo: sua
progressiva; cabeça tem a capacidade de flexionar, estender e girar, permitindo
- diminuição da movimentação fetal. entrar dentro do canal do parto e passar pela pelve óssea materna
com mais mobilidade.
A duração de cada trabalho de parto está associada à parida‐ Durante o trabalho de parto, os ossos do crânio se aproximam
de (o número de partos da mulher), pois as primíparas demandam uns dos outros e podem acavalar, reduzindo o tamanho do crânio
maior tempo de trabalho de parto do que as multíparas; à flexibili‐ e, assim, facilitar a passagem pela pelve materna.
dade do canal de parto, pois as mulheres que exercitam a muscula‐ Nesse período, é importante auxiliar a parturiente com alter‐
tura pélvica apresentam maior flexibilidade do que as sedentárias; nativas que possam amenizar-lhe o desconforto. O cuidar envolve
às contrações uterinas, que devem ter intensidade e frequência presença, confiança e atenção, que atenuam a ansiedade da clien‐
apropriadas; à boa condição psicológica da parturiente durante o te, estimulando- a adotar posições alternativas como ficar de cóco‐
trabalho de parto, caso contrário dificultará o nascimento do bebê; ras, de joelho sobre a cama ou deambular. Essas posições, desde

200
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
que escolhidas pela mulher, favorecem o fluxo de sangue para o baixo, visando favorecer a passagem do ombro. Com a saída da ca‐
útero, tornam as contrações mais eficazes, ampliam o canal do par‐ beça e ombros, o corpo desliza facilmente, acompanhado de um
to e facilitam a descida do feto pela ação da gravidade. A mulher jato de líquido amniótico. Sugere-se acomodar o recém-nascido,
deve ser encorajada e encaminhada ao banho de chuveiro, bem com boa vitalidade, sobre o colo materno, ou permitir que a mãe o
como estimulada a fazer uma respiração profunda, realizar massa‐ faça, se a posição do parto favorecer esta prática. Neste momento,
gens na região lombar – o que reduz sua ansiedade e tensão mus‐ o auxiliar de enfermagem deve estar atento para evitar a queda do
cular - e urinar, pois a bexiga cheia dificulta a descida do feto na recém-nascido.
bacia materna. O cordão umbilical só deve ser pinçado e laqueado quando o
Durante a evolução do trabalho de parto, será realizada, pelo recém-nascido estiver respirando. A laqueadura é feita com mate‐
enfermeiro ou médico, a ausculta dos batimentos cardiofetais, rial adequado e estéril, a uns três centímetros da pele. É importan‐
sempre que houver avaliação da dinâmica uterina (DU) antes, du‐ te manter o recém-nascido aquecido, cobrindo-o com um lençol/
rante e após a contração uterina. O controle dos sinais vitais mater‐ campo – o que previne a ocorrência de hipotermia. A mulher deve
nos é contínuo e importante para a detecção precoce de qualquer ser incentivada a iniciar a amamentação nas primeiras horas após
alteração. A verificação dos sinais vitais pode ser realizada de qua‐ o parto, o que facilita a saída da placenta e estimula a involução do
tro em quatro horas, e a tensão arterial de hora em hora ou mais útero, diminuindo o sangramento pós-parto.
frequentemente, se indicado.
O toque vaginal deve ser realizado pelo obstetra ou enfermei‐ O Terceiro Período do Trabalho de Parto: a Dequitação
ra, e tem a finalidade de verificar a dilatação e o apagamento do Inicia-se após a expulsão do feto e termina com a saída da pla‐
colo uterino, visando avaliar a progressão do trabalho de parto. centa e membranas (amniótica e coriônica). Recebe o nome de de‐
Para a realização do procedimento, o auxiliar de enfermagem deve livramento ou dequitação e deve ser espontâneo, sem compressão
preparar o material necessário para o exame, que inclui luvas, ga‐ uterina. Pode durar de alguns minutos a 30 minutos. Nessa fase é
zes com solução anti séptica e comadre. importante atentar para as perdas sanguíneas, que não devem ser
A prévia antissepsia das mãos é condição indispensável para superiores a 500 ml.
o exame. As contrações para a expulsão da placenta ocorrem em menor
Caso a parturiente esteja desanimada, frustrada ou necessite quantidade e intensidade. A placenta deve ser examinada com re‐
permanecer no leito durante o trabalho de parto, devido às compli‐ lação à sua integridade, tipo de vascularização e local de inserção
cações obstétricas ou fetais, deve ser aconselhada a ficar na posi‐ do cordão, bem como verificação do número de vasos sanguíneos
ção de decúbito lateral esquerdo, tanto quanto possível. deste (1 artérias e 2 veias), presença de nós e tumorações. Exa‐
mina-se ainda o canal vaginal, o colo uterino e a região perineal,
O Segundo Período do Trabalho de Parto: a Expulsão com vistas à identificação de rupturas e lacerações; caso tenha sido
O período de expulsão inicia-se com a completa dilatação do realizada episiotomia, proceder à sutura do corte (episiorrafia) e/
colo uterino e termina com o nascimento do bebê. ou das lacerações.
Ao final do primeiro período do trabalho de parto, o sangra‐ A dequitação determina o início do puerpério imediato, onde
mento aumenta com a laceração dos capilares no colo uterino. ocorrerão contrações que permitirão reduzir o volume uterino,
Náuseas e vômitos podem estar presentes, por ação reflexa. A par‐ mantendo-o contraído e promovendo a hemostasia nos vasos que
turiente refere pressão no reto e urgência urinária. Ocorre disten‐ irrigavam a placenta.
são dos músculos perineais e abaulamento do períneo (solicitação Logo após o delivramento, o auxiliar de enfermagem deve veri‐
do períneo), e o ânus dilata-se acentuadamente. ficar a tensão arterial da puérpera, identificando alterações ou não
Esses sinais iminentes do parto devem ser observados pelo au‐ dos valores que serão avaliados pelo médico ou enfermeiro.
xiliar de enfermagem e comunicados à enfermeira obstétrica e ao Antes de transferir a puérpera para a cadeira ou maca, deve‐
obstetra. -se, utilizando luvas estéreis, realizar-lhe antissepsia da área pubia‐
O exame do toque deve ser realizado e, constatada a dilatação na, massagear-lhe as panturrilhas, trocar-lhe a roupa e colocar-lhe
total, o auxiliar de enfermagem deve encaminhar a parturiente à um absorvente sob a região perianal e pubiana. Caso o médico ou
sala de parto, em cadeira de rodas ou deambulando. enfermeiro avalie que a puérpera esteja em boas condições clíni‐
Enquanto estiver sendo conduzida à sala de parto, a parturien‐ cas, será encaminhada, juntamente com o recém-nascido, para o
te deve ser orientada para respirar tranquilamente e não fazer for‐ alojamento conjunto - acompanhados de seus prontuários, prescri‐
ça. É importante auxiliá-la a se posicionar na mesa de parto com se‐ ções e pertences pessoais.
gurança e conforto, respeitando a posição de sua escolha: vertical,
semiverticalizada ou horizontal. Qualquer procedimento realizado O Quarto Período do Trabalho de Parto: Greenberg
deve ser explicado à parturiente e seu acompanhante. Corresponde às primeiras duas horas após o parto, fase em
O profissional (médico e/ou enfermeira obstetra) responsá‐ que ocorre a loquiação e se avalia a involução uterina e recupera‐
vel pela condução do parto deve fazer a escovação das mãos e se ção da genitália materna. É considerado um período perigoso, de‐
paramentar (capote, gorro, máscara e luvas). A seguir, realizar a vido ao risco de hemorragia; por isso, a puérpera deve permanecer
antissepsia vulvoperineal e da raiz das coxas e colocar os campos
no centro obstétrico, para criterioso acompanhamento.
esterilizados sobre a parturiente. Na necessidade de episiotomia,
indica-se a necessidade de anestesia local. Em todo esse processo,
Assistência de Enfermagem Durante o Parto Cesáreo
o auxiliar de enfermagem deve prestar ajuda ao(s) profissional(is).
O parto cesáreo ou cesariana é um procedimento cirúrgico,
Para que ocorra a expulsão do feto, geralmente são necessárias
invasivo, que requer anestesia. Nele, realiza-se uma incisão no ab‐
cinco contrações num período de 10 minutos e com intensidade
dome e no útero, com exposição de vísceras e perda de sangue, por
de 60 segundos cada. O auxiliar de enfermagem deve orientar que
onde o feto é retirado. Ressalte-se que esse procedimento expõe
a parturiente faça respiração torácica (costal) juntamente com as
contrações, repousando nos intervalos para conservar as energias. o organismo às infecções, tanto pela queda de imunidade em vista
Após o coroamento e exteriorização da cabeça, é importante das perdas sanguíneas como pelo acesso de microrganismos atra‐
assistir ao desprendimento fetal espontâneo. Caso esse desprendi‐ vés da incisão cirúrgica (porta de entrada), além de implicar maior
mento não ocorra naturalmente, a cabeça deve ser tracionada para tempo de recuperação.

201
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
A realização do parto cesáreo deve ser baseada nas condições A fadiga e perda de sangue pelo trabalho de parto e outras
clínicas - da gestante e do feto - que contraindiquem o parto nor‐ condições desencadeadas pelo nascimento podem causar compli‐
mal, tais como desproporção cefalopélvica, discinesias, apresenta‐ cações – sua prevenção é o objetivo principal da assistência a ser
ção anômala, descolamento prematuro da placenta, pós-maturida‐ prestada.
de, diabete materno, sofrimento fetal agudo ou crônico, placenta Nos primeiros dias do pós-parto, a puérpera vive um período
prévia total ou parcial, toxemia gravídica, prolapso do cordão um‐ de transição, ficando vulnerável às pressões emocionais. Proble‐
bilical. mas que normalmente enfrentaria com facilidade podem deixá-la
Caso ocorra alguma intercorrência obstétrica (alteração do ansiosa em vista das responsabilidades com o novo membro da fa‐
BCF; a dinâmica uterina, dos sinais vitais maternos; perda trans‐ mília (“Será que vou conseguir amamentá-lo? Por que o bebê chora
vaginal de líquido com presença de mecônio; período de dilatação tanto?”), a casa (“Como vou conciliar os cuidados da casa com o
cervical prolongado) que indique necessidade de parto cesáreo, a bebê?”), o companheiro (“Será que ele vai me ajudar? Como dividir
equipe responsável pela assistência deve comunicar o fato à mu‐ a atenção entre ele e o bebê?”) e a família (“Como dividir a atenção
lher/ família, e esclarecer- lhes sobre o procedimento. com os outros filhos? O que fazer, se cada um diz uma coisa?”).
Nesta intervenção cirúrgica, as anestesias mais utilizadas são a Nesse período, em vista de uma grande labilidade emocional,
raquidiana e a peridural, ambas aplicadas na coluna vertebral. somada à exaustão física, pode surgir um quadro de profunda tris‐
A anestesia raquidiana tem efeito imediato à aplicação, levan‐ teza, sentimento de incapacidade e recusa em cuidar do bebê e
do à perda temporária de sensibilidade e movimentos dos mem‐ de si mesma - que pode caracterizar a depressão puerperal. Essas
bros inferiores, que retornam após passado seu efeito. Entretanto, manifestações podem acontecer sem causa aparente, com dura‐
tem o inconveniente de apresentar como efeito colateral cefaleia ção temporária ou persistente por algum tempo. Esse transtorno
intensa no período pós-anestésico - como prevenção, deve-se man‐ requer a intervenção de profissionais capazes de sua detecção e
ter a puérpera deitada por algumas horas (com a cabeceira a zero tratamento precoce, avaliando o comportamento da puérpera e
grau e sem travesseiro), orientando- a para que não eleve a cabeça proporcionando-lhe um ambiente tranquilo, bem como prestando
e estimulando-a à ingestão hídrica. orientações à família acerca da importância de seu apoio na supe‐
A anestesia peridural é mais empregada, porém demora mais ração deste quadro.
tempo para fazer efeito e não leva à perda total da sensibilidade De acordo com as alterações físicas, o puerpério pode ser clas‐
dolorosa, diminuindo apenas o movimento das pernas – como van‐ sificado em quatro fases distintas: imediato (primeiras 2 horas pós‐
tagem, não produz o incômodo da dor de cabeça. -parto); mediato (da 2ª hora até o 10º dia pós-parto); tardio (do 11º
Na recuperação do pós-parto normal, a criança pode, nas pri‐ dia até o 42º dia pós-parto) e remoto (do 42º dia em diante).
meiras horas, permanecer com a mãe na sala de parto e/ou alo‐ O puerpério imediato, também conhecido como quarto perío‐
jamento conjunto- dependendo da recuperação, a mulher pode do do parto, inicia-se com a involução uterina após a expulsão da
deambular, tomar banho e até amamentar. Tal situação não acon‐ placenta e é considerado crítico, devido ao risco de hemorragia e
tecerá nas puérperas que realizaram cesarianas, pois estarão com infecção.
hidratação venosa, cateter vesical, curativo abdominal, anestesia‐ A infecção puerperal está entre as principais e mais constantes
das, sonolentas e com dor – mais uma razão que justifica a realiza‐ complicações.
ção do parto cesáreo apenas quando da impossibilidade do parto O trabalho de parto e o nascimento do bebê reduzem a re‐
normal. sistência à infecção causada por microrganismos encontrados no
A equipe deve esclarecer as dúvidas da parturiente com re‐ corpo.
lação aos procedimentos pré-operatórios, tais como retirada de Inúmeros são os fatores de risco para o aparecimento de in‐
próteses e de objetos (cordões, anéis, roupa íntima), realização de fecções: o trabalho de parto prolongado com a bolsa amniótica
tricotomia em região pubiana, manutenção de acesso venoso per‐ rompida precocemente, vários toques vaginais, condições socioe‐
meável, realização de cateterismo vesical e colheita de sangue para conômicas desfavoráveis, anemia, falta de assistência pré-natal e
exames laboratoriais (solicitados e de rotina). história de doenças sexualmente transmissível não tratada. O parto
Após verificação dos sinais vitais, a parturiente deve ser en‐ cesáreo tem maior incidência de infecção do que o parto vaginal,
caminhada à sala de cirurgia, onde será confortavelmente posicio‐ pois durante seu procedimento os tecidos uterinos, vasos sanguí‐
nada na mesa cirúrgica, para administração da anestesia. Durante neos, linfáticos e peritônio estão expostos às bactérias existentes
toda a técnica o auxiliar de enfermagem deve estar atento para a na cavidade abdominal e ambiente externo. A perda de sangue e
segurança da parturiente e, juntamente com o anestesista, ajudá‐ consequente diminuição da resistência favorecem o surgimento de
-la a se posicionar para o processo cirúrgico, controlando também infecções.
a tensão arterial. No parto, o auxiliar de enfermagem desenvolve Os sinais e sintomas vão depender da localização e do grau da
ações de circulante ou instrumentador. Após o nascimento, presta infecção, porém a hipertermia é frequente - em torno de 38º C ou
os primeiros cuidados ao bebê e encaminha-o ao berçário. mais. Acompanhando a febre, podem surgir dor, não involução ute‐
A seguir, o auxiliar de enfermagem deve providenciar a trans‐
rina e alteração das características dos lóquios, com eliminação de
ferência da puérpera para a sala de recuperação pós-anestésica,
secreção purulenta e fétida, e diarreia.
prestando- lhe os cuidados relativos ao processo cirúrgico e ao par‐
O exame vaginal, realizado por enfermeiro ou médico, objetiva
to.
identificar restos ovulares; nos casos necessários, deve-se proceder
à curetagem.
Puerpério e suas Complicações
Cabe ao auxiliar de enfermagem monitorar os sinais vitais da
Durante toda a gravidez, o organismo materno sofre altera‐
puérpera, bem como orientá-la sobre a técnica correta de lavagem
ções gradativas - as mais marcantes envolvem o órgão reprodutor.
O puerpério inicia-se logo após a dequitação e termina quando a fi‐ das mãos e outras que ajudem a evitar a propagação das infecções.
siologia materna volta ao estado pré-gravídico. Esse intervalo pode Além disso, visando evitar a contaminação da vagina pelas bacté‐
perdurar por 6 semanas ou ter duração variável, principalmente rias presentes no reto, a puérpera deve ser orientada a lavar as
nas mulheres que estiverem amamentando. regiões da vulva e do períneo após cada eliminação fisiológica, no
O período puerperal é uma fase de grande estresse fisiológico sentido da vulva para o ânus.
e psicológico.

202
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Para facilitar a cicatrização da episiorrafia, deve-se ensinar a No alojamento conjunto, a assistência prestada pelo auxiliar
puérpera a limpar a região com antisséptico, bem como estimular‐ de enfermagem baseia-se em observar e registrar o estado geral da
-lhe a ingesta hídrica e administrar-lhe medicação, conforme pres‐ puérpera, dando continuidade aos cuidados iniciados no puerpério
crição, visando diminuir seu mal-estar e queixas álgicas. Nos casos imediato, em intervalos mais espaçados. Deve também estimular
de curetagem, preparar a sala para o procedimento. a deambulação precoce e exercícios ativos no leito, bem como ob‐
A involução uterina promove a vasoconstrição, controlando a servar o estado das mamas e mamilos, a sucção do recém-nascido
perda sanguínea. Nesse período, é comum a mulher referir cólicas. (incentivando o aleitamento materno), a aceitação da dieta e as ca‐
O útero deve estar mais ou menos 15 cm acima do púbis, duro e racterísticas das funções fisiológicas, em vista da possibilidade de
globoide pela contração, formando o globo de segurança de Pinard em retenção urinária e constipação, orientando sobre a realização da
resposta à contratilidade e retração de sua musculatura. A total invo‐ higiene íntima após cada eliminação e enfatizando a importância
lução uterina demora de 5 a 6 semanas, sendo mais rápida na mulher da lavagem das mãos antes de cuidar do bebê, o que previne in‐
sadia que teve parto normal e está em processo de amamentação. fecções.
Os lóquios devem ser avaliados quanto ao volume (grande ou O alojamento conjunto é um espaço oportuno para o auxiliar
pequeno), aspecto (coloração, presença de coágulos, restos placen‐ de enfermagem desenvolver ações educativas, buscando valorizar
tários) e odor (fétido ou não). Para remoção efetiva dos coágulos, as experiências e vivências das mães e, com as mesmas, realizando
deve-se massagear levemente o útero e incentivar a amamentação atividades em grupo de forma a esclarecer dúvidas e medos. Essa
e deambulação precoces. metodologia propicia a detecção de problemas diversos (emocio‐
De acordo com sua coloração, os lóquios são classificados nais, sociais, etc.), possibilitando o encaminhamento da puérpera
como sanguinolentos (vermelho vivo ou escuro – até quatro dias); e/ou família para uma tentativa de solução.
serosanguinolentos (acastanhado – de 5 a 7 dias) e serosos (seme‐ O profissional deve abordar assuntos com relação ao relacio‐
lhantes à “salmoura” – uma a três semanas). namento mãe-filho-família; estímulo à amamentação, colocando
A hemorragia puerperal é uma complicação de alta incidência em prática a técnica de amamentação; higiene corporal da mãe e
de mortalidade materna, tendo como causas a atonia uterina, la‐ do bebê; curativo da episiorrafia e cicatriz cirúrgica; repouso, ali‐
cerações do canal vaginal e retenção de restos placentários. É im‐ mentação e hidratação adequada para a nutriz; uso de medicamen‐
portante procurar identificar os sinais de hemorragia – de quinze tos nocivos no período da amamentação, bem como álcool e fumo;
em quinze minutos – e avaliar rotineiramente a involução uterina importância da deambulação para a involução uterina e eliminação
através da palpação, identificando a consistência. Os sinais dessa de flatos (gases); e cuidados com recém-nascido.
complicação são útero macio (maleável, grande, acima do umbigo), A mama é o único órgão que após o parto não involui, enchen‐
lóquios em quantidades excessivas (contendo coágulos e escorren‐ do- se de colostro até trinta horas após o parto. A apojadura, que
do num fio constante) e aumento das frequências respiratória e consiste na descida do leite, ocorre entre o 3º ou 4º dia pós-parto.
cardíaca, com hipotensão. A manutenção da lactação depende do estímulo da sucção dos
Caso haja suspeita de hemorragia, o auxiliar de enfermagem mamilos pelo bebê.
deve avisar imediatamente a equipe, auxiliando na assistência para As mamas também podem apresentar complicações:
reverter o quadro instalado, atentando, sempre, para a possibilida‐ -ingurgitamento mamário - em torno do 3º ao 7º dia pós-parto,
de de choque hipovolêmico. Deve, ainda, providenciar um acesso a produção láctea está no auge, ocasionando o ingurgitamento ma‐
venoso permeável para a administração de infusão e medicações; mário. O auxiliar de enfermagem deve estar atento para as seguin‐
bem como aplicar bolsa de gelo sobre o fundo do útero, massa‐ tes condutas: orientar sobre a pega correta da aréola e a posição
geando-o suavemente para estimular as contrações, colher sangue adequada do recém-nascido durante a mamada; o uso do sutiã fir‐
para exames laboratoriais e prova cruzada, certificar-se de que no me e bem ajustado; e a realização de massagens e ordenha sempre
banco de sangue existe sangue compatível (tipo e fator Rh) com o que as mamas estiverem cheias;
da mulher - em caso de reposição - e preparar a puérpera para a -rachaduras e/ou fissuras - podem aparecer nos primeiros dias
intervenção cirúrgica, caso isto se faça necessário. de amamentação, levando a nutriz a parar de amamentar.
Complementando esta avaliação, também há verificação dos Procurando evitar sua ocorrência, o auxiliar de enfermagem
sinais vitais, considerando-se que a frequência cardíaca diminui deve orientar a mãe a manter a amamentação; incentivá-la a não
para 50 a 70 bpm (bradicardia) nos primeiros dias após o parto, usar sabão ou álcool para limpar os mamilos; a expor as mamas
em vista da redução no volume sanguíneo. Uma taquicardia pode ao sol por cerca de 20 minutos (antes das 10 horas ou após às 15
indicar perda sanguínea exagerada, infecção, dor e até ansiedade. horas); e a alternar as mamas em cada mamada, retirando cuidado‐
A pressão sanguínea permanece estável, mas sua diminuição pode samente o bebê. Nesse caso, devem ser aplicadas as mesmas con‐
estar relacionada à perda de sangue excessivo e seu aumento é su‐ dutas adotadas para o ingurgitamento mamário.
gestivo de hipertensão. É também importante observar o nível de -mastite - é um processo inflamatório que costuma se desen‐
consciência da puérpera e a coloração das mucosas. volver após a alta e no qual os microrganismos penetram pelas
Outros cuidados adicionais são: observar o períneo, avaliando rachaduras dos mamilos ou canais lactíferos. Sua sintomatologia é
a integridade, o edema e a episiorrafia; aplicar compressas de gelo dor, hiperemia e calor localizados, podendo ocorrer hipertermia. A
nesta região, pois isto propicia a vasoconstrição, diminuindo o ede‐ puérpera deve ser orientada a realizar os mesmos cuidados adota‐
ma e hematoma e evitando o desconforto e a dor; avaliar os mem‐ dos nos casos de ingurgitamento mamário, rachaduras e fissuras.
bros inferiores (edema e varizes) e oferecer líquidos e alimentos
sólidos à puérpera, caso esteja passando bem. Por ocasião da alta hospitalar, especial atenção deve ser dada
Nos casos de cesárea, atentar para todos os cuidados de um às orientações sobre o retorno à atividade sexual, planejamento
parto normal e mais os cuidados de um pós-operatório, observan‐ familiar, licença-maternidade de 120 dias (caso a mulher possua
do as características do curativo operatório. Se houver sangramen‐ vínculo empregatício) e importância da consulta de revisão de pós‐
to e/ ou queixas de dor, comunicar tal fato à equipe. -natal e puericultura.
No puerpério mediato, a puérpera permanecerá no alojamen‐ A consulta de revisão do puerpério deve ocorrer, preferencial‐
to conjunto até a alta hospitalar. Neste setor, inicia os cuidados mente, junto com a primeira avaliação da criança na unidade de
com o bebê, sob supervisão e orientação da equipe de enferma‐ saúde ou, de preferência, na mesma unidade em que efetuou a as‐
gem – o que lhe possibilita uma assistência e orientação integral. sistência pré-natal, entre o 7º e o 10º dia pós-parto.

203
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Até o momento, foi abordado o atendimento à gestante e ao b) pequenos para a idade gestacional (PIG) - são os neonatos
feto com base nos conhecimentos acumulados nos campos da obs‐ cujas linhas referentes a peso e a IG se encontram abaixo da primei‐
tetrícia e da perinatologia. Com o nascimento do bebê são neces‐ ra curva do gráfico. Esses bebês sofreram desnutrição intrauterina
sários os conhecimentos de um outro ramo do saber – a neonato‐ importante, em geral como consequência de doenças ou desnutri‐
logia. ção maternas.
Surgida a partir da pediatria, a neonatologia é comumente c) grandes para a idade gestacional (GIG) - são os neonatos
definida como um ramo da medicina especializado no diagnóstico cujas linhas referentes ao peso e a IG se encontram acima da se‐
e tratamento dos recém-nascidos (RNs). No entanto, ela abrange gunda curva do gráfico. Frequentemente os bebês grandes para a
mais do que isso — engloba também o conhecimento da fisiologia IG são filhos de mães diabéticas ou de mães Rh negativo sensibili‐
dos neonatos e de suas características. zadas.

Classificação dos Recém-Nascidos (RNS) Características Anatomofisiológicas dos RNS


Os RNs podem ser classificados de acordo com o peso, a idade Os RNs possuem características anatômicas e funcionais pró‐
gestacional (IG) ao nascer e com a relação entre um e outro. prias.
O conhecimento dessas características possibilita que a assis‐
A classificação dos RNs é de fundamental importância pois ao tência aos neonatos seja planejada, executada e avaliada de for‐
permitir a antecipação de problemas relacionados ao peso e/ou à ma a garantir o atendimento de suas reais necessidades. Também
IG quando do nascimento, possibilita o planejamento dos cuidados permite a orientação aos pais a fim de capacitá-los para o cuidado
e tratamentos específicos, o que contribui para a qualidade da as‐ após a alta.
sistência. O peso dos bebês é influenciado por diversas condições asso‐
Classificação de Acordo com o Peso ciadas à gestação, tais como fumo, uso de drogas, paridade e ali‐
A Organização Mundial de Saúde define como RN de baixo-pe‐ mentação materna.
so todo bebê nascido com peso igual ou inferior a 2.500 gramas. Os RNs apresentam durante os cinco primeiros dias de vida
Como nessa classificação não se considera a IG, estão incluídos tan‐ uma diminuição de 5 a 10% do seu peso ao nascimento, chamada
to os bebês prematuros quanto os nascidos a termo. de perda ponderal fisiológica, decorrente da grande eliminação de
Em nosso país, o número elevado de bebês nascidos com peso líquidos e reduzida ingesta.. Entre o 8º (RN a termo) e o 15º dia
igual ou inferior a 2.500 gramas - baixo peso ao nascimento - cons‐ (RNs prematuros) de vida pós-natal, os bebês devem recuperar o
titui- se em importante problema de saúde. Nesse grupo há um ele‐ peso de nascimento.
vado percentual de morbimortalidade neonatal, devido à não dis‐ Estudos realizados para avaliação do peso e estatura dos RNs
ponibilidade de assistência adequada durante o pré-natal, o parto e brasileiros, indicam as seguintes médias no caso dos neonatos a ter‐
o puerpério e/ou pela baixa condição socioeconômica e cultural da mo: 3.500g/ 50cm para os bebês do sexo masculino e 3.280g/49,‐
família, o que pode acarretar graves consequências sociais. 6cm para os do sexo feminino. Tais estudos mostraram também
que a média do perímetro cefálico dos RNs a termo é de 34-35 cm.
Classificação de Acordo com a IG Já o perímetro torácico deve ser sempre 2- 3cm menor que o cefá‐
lico (Navantino, 1995).
Considera-se como IG ao nascer, o tempo provável de gestação
Os sinais vitais refletem as condições de homeostase dos be‐
até o nascimento, medido pelo número de semanas entre o primei‐
bês, ou seja, o bom funcionamento dos seus sistemas respiratório,
ro dia da última menstruação e a data do parto.
cardiocirculatório e metabólico; se os valores encontrados estive‐
O tempo de uma gestação desde a data da última menstruação
rem dentro dos parâmetros de normalidade, temos a indicação de
até seu término é de 40 semanas. Sendo assim, considera-se:
que a criança se encontra em boas condições no que se refere a
a) RN prematuro - toda criança nascida antes de 37 semanas
esses sistemas.
de gestação;
Os RNs são extremamente termolábeis, ou seja, têm dificul‐
b) RN a termo - toda criança nascida entre 37 e 42 semanas de dade de manter estável a temperatura corporal, perdendo rapida‐
gestação; mente calor para o ambiente externo quando exposto ao frio, mo‐
c) RN pós-termo - toda criança nascida após 42 semanas de lhado ou em contato com superfícies frias. Além disso, a superfície
gestação. corporal dos bebês é relativamente grande em relação ao seu peso
e eles têm uma capacidade limitada para produzir calor.
Quanto menor a IG ao nascer, maior o risco de complicações e A atitude e a postura dos RNs, nos primeiros dias de vida, re‐
a necessidade de cuidados neonatais adequados. fletem a posição em que se encontravam no útero materno. Por
Se o nascimento antes do tempo acarreta riscos para a saúde exemplo, os bebês que estavam em apresentação cefálica tendem
dos bebês, o nascimento pós-termo também. Após o período de a manter-se na posição fetal tradicional - cabeça fletida sobre o
gestação considerado como fisiológico, pode ocorrer diminuição da tronco, mãos fechadas, braços flexionados, pernas fletidas sobre as
oferta de oxigênio e de nutrientes e os bebês nascidos após 42 se‐ coxas e coxas, sobre o abdômen.
manas de gestação podem apresentar complicações respiratórias e A avaliação da pele do RN fornece importantes informações
nutricionais importantes no período neonatal. acerca do seu grau de maturidade, nutrição, hidratação e sobre a
presença de condições patológicas.
Classificação de Acordo com a Relação Peso/IG
Essa classificação possibilita a avaliação do crescimento intrau‐ A pele do RN a termo, AIG e que se encontra em bom estado de
terino, uma vez que de acordo com a relação entre o peso e a IG os hidratação e nutrição, tem aspecto sedoso, coloração rosada (nos
bebês são classificados como: RNs de raça branca) e/ou avermelhada (nos RNs de raça negra),
a) adequados para a idade gestacional (AIG) – são os neonatos turgor normal e é recoberta por vernix caseoso.
cujas linhas referentes a peso e a IG se encontram entre as duas Nos bebês prematuros, a pele é fina e gelatinosa e nos bebês
curvas do gráfico. Em nosso meio, 90 a 95% do total de nascimentos nascidos pós-termo, grossa e apergaminhada, com presença de
são de bebês adequados para a IG; descamação — principalmente nas palmas das mãos, plantas dos
pés — e sulcos profundos. Têm também turgor diminuído.

204
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Das inúmeras características observadas na pele dos RNs des‐ a) Cefalematoma - derrame sanguíneo que ocorre em função
tacamos as que se apresentam com maior frequência e sua condi‐ do
ção ou não de normalidade. Rompimento de vasos pela pressão dos ossos cranianos contra
a) Eritema tóxico - consiste em pequenas lesões avermelhadas, a Estrutura da bacia materna. Tem consistência cística (amolecida
emelhantes a picadas de insetos, que aparecem em geral após o 2º com a sensação de presença de líquidos), volume variável e não
dia de vida. São decorrentes de reação alérgica aos medicamentos atravessa as linhas das suturas, ficando restrito ao osso atingido.
usados durante o trabalho de parto ou às roupas e produtos utiliza‐ Aparece com mais frequência na região dos parietais, são dolorosos
dos para a higienização dos bebês. à palpação e podem levar semanas para ser reabsorvidos.
b) Millium - são glândulas sebáceas obstruídas que podem es‐ b) Bossa serossanguínea - consiste em um edema do couro ca‐
tar presentes na face, nariz, testa e queixo sob a forma de peque‐ beludo, com sinal de cacifo positivo cujos limites são indefinidos,
nos pontos brancos. não respeitando as linhas das suturas ósseas. Desaparece nos pri‐
c) Manchas mongólicas - manchas azuladas extensas, que apa‐ meiros dias de vida.
recem nas regiões glútea e lombossacra. De origem racial – apare‐ Os olhos dos RN podem apresentar alterações sem maior signi‐
cem em crianças negras, amarelas e índias - costumam desaparecer ficado, tais como hemorragias conjuntivais e assimetrias pupilares.
com o decorrer dos anos. As orelhas devem ser observadas quanto à sua implantação
d) Petequeias - pequenas manchas arroxeadas, decorrentes de que deve ser na linha dos olhos. Implantação baixa de orelhas é um
fragilidade capilar e rompimento de pequenos vasos. Podem apare‐ achado sugestivo de malformações cromossômicas.
cer como consequência do parto, pelo atrito da pele contra o canal No nariz, a principal preocupação é quanto à presença de
do parto, ou de circulares de cordão — quando presentes na região atresia de coanas, que acarreta insuficiência respiratória grave. A
do pescoço. Estão também associadas a condições patológicas, passagem da sonda na sala de parto, sem dificuldade, afasta essa
como septicemia e doenças hemolíticas graves. possibilidade.
e) Cianose - quando localizada nas extremidades (mãos e pés) A boca deve ser observada buscando-se avaliar a presença de
e/ ou na região perioral e presente nas primeiras horas de vida, dentes precoces, fissura labial e/ou fenda palatina.
é considerada como um achado normal, em função da circulação O pescoço dos RNs é em geral curto, grosso e tem boa mobi‐
periférica, mais lenta nesse período. Pode também ser causada por lidade.
hipotermia, principalmente em bebês prematuros. Quando genera‐ Diminuição da mobilidade e presença de massas indicam pato‐
lizada é uma ocorrência grave, que está em geral associada a distúr‐ logia, o que requer uma avaliação mais detalhada.
bios respiratórios e/ou cardíacos. O tórax, de forma cilíndrica, tem como características princi‐
f) Icterícia - coloração amarelada da pele, que aparece e evolui pais um apêndice xifoide muito proeminente e a pequena espessu‐
no sentido craniocaudal, que pode ter significado fisiológico ou pa‐ ra de sua parede.
tológico de acordo com o tempo de aparecimento e as condições Muitos RNs, de ambos os sexos, podem apresentar hipertrofia
associadas. As icterícias ocorridas antes de 36 horas de vida são em das glândulas mamárias, como consequência da estimulação hor‐
geral patológicas e as surgidas após esse período são chamadas de monal materna recebida pela placenta. Essa hipertrofia é bilateral.
fisiológicas ou próprias do RN. Quando aparece em apenas uma das glândulas mamárias, em
g) Edema - o de membros inferiores, principalmente, é encon‐ geral é consequência de uma infecção por estafilococos.
trado com frequência em bebês prematuros, devido as suas limi‐ O abdômen também apresenta forma cilíndrica e seu diâmetro
tações renais e cardíacas decorrentes da imaturidade dos órgãos. é 2-3 cm menor que o perímetro cefálico. Em geral, é globoso e
O edema generalizado (anasarca) ocorre associado à insuficiência suas paredes finas possibilitam a observação fácil da presença de
cardíaca, insuficiência renal e distúrbios metabólicos. hérnias umbilicais e inguinais, principalmente quando os bebês es‐
tão chorando e nos períodos após a alimentação.
Os cabelos do RN a termo são em geral abundantes e sedosos; A distensão abdominal é um achado anormal e quando ob‐
já nos prematuros são muitas vezes escassos, finos e algodoados. servada deve ser prontamente comunicada, pois está comumente
A implantação baixa dos cabelos na testa e na nuca pode estar associada a condições graves como septicemia e obstruções intes‐
associada à presença de malformações cromossômicas. tinais.
Alguns bebês podem também apresentar lanugem, mais fre‐ O coto umbilical, aproximadamente até o 4º dia de vida, apre‐
quentemente observada em bebês prematuros. senta- se com as mesmas características do nascimento - coloração
As unhas geralmente ultrapassam as pontas dos dedos ou são branca- azulada e aspecto gelatinoso. Após esse período, inicia-se
incompletas e até ausentes nos prematuros. o processo de mumificação, durante o qual o coto resseca e passa
Ao nascimento os ossos da cabeça não estão ainda completa‐ a apresentar uma coloração escurecida. A queda do coto umbilical
mente soldados e são separados por estruturas membranosas de‐ ocorre entre o 6° e o 15º dia de vida.
nominadas suturas. Assim, temos a sagital (situada entre os ossos A observação do abdômen do bebê permite também a avalia‐
parietais), a coronariana (separa os ossos parietais do frontal) e a ção do seu padrão respiratório, uma vez que a respiração do RN é
lambdoide (separa os parietais do occipital). do tipo abdominal.
A cada incursão respiratória pode-se ver a elevação e descida
Entre as suturas coronariana e sagital está localizada a grande
da parede abdominal, com breves períodos em que há ausência de
fontanela ou fontanela bregmática, que tem tamanho variável e só
movimentos.
se fecha por volta do 18º mês de vida. Existe também outra fonta‐
nela, a lambdoide ou pequena fontanela, situada entre as suturas
Esses períodos são chamados de pausas e constituem um acha‐
lambdoide e sagital. É uma fontanela de pequeno diâmetro, que em
do normal, pois a respiração dos neonatos tem um ritmo irregular.
geral se apresenta fechada no primeiro ou segundo mês de vida.
Essa irregularidade é observada principalmente nos prematuros.
A presença dessas estruturas permite a moldagem da cabeça
A genitália masculina pode apresentar alterações devido à pas‐
do feto durante sua passagem no canal do parto. Esta moldagem
sagem de hormônios maternos pela placenta que ocasionam, com
tem caráter transitório e é também fisiológica. Além dessas, outras
frequência, edema da bolsa escrotal, que assim pode manter-se até
alterações podem aparecer na cabeça dos bebês como consequên‐
vários meses após o nascimento, sem necessidade de qualquer tipo
cia de sua passagem pelo canal de parto. Dentre elas temos:
de tratamento.

205
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
A palpação da bolsa escrotal permite verificar a presença dos Por sua vez, a Lei N.º 8.842 – regulamentada pelo Decreto N.º
testículos, pois podem se encontrar nos canais inguinais. A glande 1.948, de 3 de julho de 1996 –, ao definir a atuação do Governo,
está sempre coberta pelo prepúcio, sendo então a fimose uma con‐ indicando as ações específicas das áreas envolvidas, busca criar
dição normal. Deve-se observar a presença de um bom jato urinário condições para que sejam promovidas a autonomia, a integração e
no momento da micção. a participação dos idosos na sociedade, assim consideradas as pes‐
A transferência de hormônios maternos durante a gestação soas com 60 anos de idade ou mais.
também é responsável por várias alterações na genitália feminina. Segundo essa Lei, cabe ao setor saúde, em síntese, prover o
A que mais chama a atenção é a genitália em couve-flor. Pela esti‐ acesso dos idosos aos serviços e às ações voltadas à promoção,
mulação hormonal o hímen e os pequenos lábios apresentam-se proteção e recuperação da saúde, mediante o estabelecimento de
hipertrofiados ao nascimento não sendo recobertos pelos grandes normas específicas para tal; o desenvolvimento da cooperação en‐
lábios. Esse aspecto está presente de forma acentuada nos prema‐ tre as esferas de governo e entre centros de referência em geriatria
turos. e gerontologia; e a inclusão da geriatria como especialidade clínica
É observada com frequência a presença de secreção vaginal, de para efeito de concursos públicos, além da realização de estudos e
aspecto mucoide e leitoso. Em algumas crianças pode ocorrer tam‐ pesquisas na área (inciso II do Art. 10).
bém sangramento via vaginal, denominado de menarca neonatal Ao lado das determinações legais, há que se considerar, por
ou pseudomenstruação. outro lado, que a população idosa brasileira tem se ampliado ra‐
Em relação ao ânus, a principal observação a ser feita diz res‐ pidamente. Em termos proporcionais, a faixa etária a partir de 60
peito à permeabilidade do orifício. Essa avaliação pode ser reali‐ anos de idade é a que mais cresce. No período de 1950 a 2025,
zada pela visualização direta do orifício anal e pela eliminação de segundo as projeções estatísticas da 2 Organização Mundial de Saú‐
mecônio nas primeiras horas após o nascimento. Outro ponto im‐ de – OMS –, o grupo de idosos no Brasil deverá ter aumentado em
portante refere-se às eliminações vesicais e intestinais. O RN elimi‐ 15 vezes, enquanto a população total em cinco. O País ocupará,
na urina várias vezes ao dia. A primeira diurese deve ocorrer antes assim, o sexto lugar quanto ao contingente de idosos, alcançando,
de completadas as primeiras 24 horas de vida, apresentando, como em 2025, cerca de 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de
características, grande volume e coloração amarelo-clara. As pri‐ idade.
meiras fezes eliminadas pelos RNs consistem no mecônio, formado O processo de transição demográfica no Brasil caracteriza-se
intrauterinamente, que apresenta consistência espessa e coloração pela rapidez com que o aumento absoluto e relativo das popula‐
verde-escura. Sua eliminação deve ocorrer até às primeiras 48 ho‐ ções adulta e idosa modificaram a pirâmide populacional. Até os
ras de vida. Quando a criança não elimina mecônio nesse período é anos 60, todos os grupos etários registravam um crescimento qua‐
preciso uma avaliação mais rigorosa pois a ausência de eliminação se igual; a partir daí, o grupo de idosos passou a liderar esse cres‐
de mecônio nos dois primeiros dias de vida pode estar associada cimento.
a condições anormais (presença de rolha meconial, obstrução do Nos países desenvolvidos, essa transição ocorreu lentamente,
reto). realizando-se ao longo de mais de cem anos. Alguns desses países,
Com o início da alimentação, as fezes dos RNs vão assumindo hoje, apresentam um crescimento negativo da sua população, com
as características do que se costuma denominar fezes lácteas ou a taxa de nascimentos mais baixa que a de mortalidade. A transi‐
fezes do leite. ção acompanhou a elevação da qualidade de vida das populações
As fezes lácteas têm consistência pastosa e coloração que pode urbanas e rurais, graças à adequada inserção das pessoas no mer‐
variar do verde, para o amarelo esverdeado, até a coloração ama‐ cado de trabalho e de oportunidades educacionais mais favoráveis,
relada. Evacuam várias vezes ao dia, em geral após a alimentação. além de melhores condições sanitárias, alimentares, ambientais e
de moradia.
Referência:Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Traba- À semelhança de outros países latino-americanos, o envelheci‐
lho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na mento no Brasil é um fenômeno predominantemente urbano, re‐
Saúde. Projeto de profissionalização dos Trabalhadores da Área de En-
sultando, sobretudo do intenso movimento migratório iniciado na
década de 60, motivado pela industrialização desencadeada pelas
fermagem. Profissionalização de auxiliares de enfermagem: cadernos
políticas desenvolvimentistas.
do aluno: saúde da mulher, da criança e do adolescente / Ministério
Esse processo de urbanização propiciou um maior acesso da
da Saúde, Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde,
população a serviços de saúde e saneamento, o que colaborou para
Departamento de Gestão da Educação na Saúde, Projeto de Profis-
a queda verificada na mortalidade. Possibilitou, também, um maior
sionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem. - 2. Ed., 1.a
acesso a programas de planejamento familiar e a métodos anticon‐
reimpr. - Brasília: Ministério da Saúde; Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003.
cepcionais, levando a uma significativa redução da fecundidade.
A persistir a tendência de o envelhecimento como fenômeno
SAÚDE DO IDOSO urbano, as projeções para o início do século XXI indicam que 82%
Parte essencial da Política Nacional de Saúde, a presente Polí‐ dos idosos brasileiros estarão morando nas cidades. As regiões
tica fundamenta a ação do setor saúde na atenção integral à popu‐ mais urbanizadas, como a Sudeste e o Sul, ainda oferecem melho‐
lação idosa e àquela em processo de envelhecimento, na conformi‐ res possibilidades de emprego, disponibilidade de serviços públicos
dade do que determinam a Lei Orgânica da Saúde – N.º 8.080/90 e oportunidades de melhor alimentação, moradia e assistência mé‐
– e a Lei 8.842/94, que assegura os direitos deste segmento popu‐ dica e social.
lacional. Embora grande parte das populações ainda viva na pobreza,
No conjunto dos princípios definidos pela Lei Orgânica, desta‐ nos países menos desenvolvidos, certas conquistas tecnológicas da
ca-se o relativo à “preservação da autonomia das pessoas na defesa medicina moderna, verificadas nos últimos 60 anos – assepsia, va‐
de sua integridade física e moral”, que constitui uma das questões cinas, antibióticos, quimioterápicos e exames complementares de
essenciais enfocadas nesta Política, ao lado daqueles inerentes à in‐ diagnóstico, entre outros –, favoreceram a adoção de meios capa‐
tegralidade da assistência e ao uso da epidemiologia para a fixação zes de prevenir ou curar muitas doenças que eram fatais até então.
de prioridades (Art. 7º, incisos III, II e VII, respectivamente). O conjunto dessas medidas provocou uma queda da mortalidade
infantil e, consequentemente, um aumento da expectativa de vida
ao nascer.

206
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
No Brasil, em 1900, a expectativa de vida ao nascer era de 33,7 três níveis de gestão do SUS, capaz de otimizar o suporte familiar
anos; nos anos 40, de 39 anos; em 50, aumentou para 43,2 anos sem transferir para a família a responsabilidade em relação a este
e, em 60, era de 55,9 anos. De 1960 para 1980, essa expectativa grupo populacional.
ampliou-se para 63,4 anos, isto é, foram acrescidos vinte anos em Além das transformações demográficas descritas anteriormen‐
três décadas, segundo revela o Anuário Estatístico do Brasil de 1982 te, o Brasil tem experimentado uma transição epidemiológica, com
(Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/Fundação alterações relevantes no quadro de morbimortalidade. As doenças
IBGE). infectocontagiosas que, em 1950, representavam 40% das mortes
De 1980 para 2000, o aumento deverá ser em torno de cinco registradas no País, hoje são responsáveis por menos de 10% (RA‐
anos, ocasião em que cada brasileiro, ao nascer, esperará viver 68 DIS: “Mortalidade nas Capitais Brasileiras, 1930-1980”). O oposto
anos e meio. As projeções para o período de 2000 a 2025 permitem ocorreu em relação às doenças cardiovasculares: em 1950, eram
supor que a expectativa média de vida do brasileiro estará próxima responsáveis por 12% das mortes e, atualmente, representam mais
de 80 anos, para ambos os sexos (Kalache et al., 1987). de 40%. Em menos de 40 anos, o Brasil passou de um perfil de mor‐
Paralelamente a esse aumento na expectativa de vida, tem bimortalidade típico de uma população jovem, para um caracteri‐
sido observado, a partir da década de 60, um declínio acentuado zado por enfermidades crônicas, próprias das faixas etárias mais
da fecundidade, levando a um aumento importante da proporção avançadas, com custos diretos e indiretos mais elevados.
de idosos na população brasileira. De 1980 a 2000, o grupo etário Essa mudança no perfil epidemiológico acarreta grandes des‐
com 60 anos e mais de idade deverá crescer 105%; as projeções pesas com tratamentos médicos e hospitalares, ao mesmo tempo
apontam para um crescimento de 130% no período de 2000 a 2025. em que se configura num desafio para as autoridades sanitárias,
Mesmo que se leve em conta que uma parcela do contingente em especial no que tange à implantação de novos modelos e mé‐
de idosos participe da atividade econômica, o crescimento deste todos para o enfrentamento do problema. O idoso consome mais
grupo populacional afeta diretamente a razão de dependência, serviços de saúde, as internações hospitalares são mais frequentes
usualmente definida como a soma das populações jovem e idosa e o tempo de ocupação do leito é maior do que o de outras faixas
em relação à população economicamente ativa total. Esse coefi‐ etárias. Em geral, as doenças dos idosos são crônicas e múltiplas,
ciente é calculado tomando por base a população de menos de 15 perduram por vários anos e exigem acompanhamento médico e de
anos e a de 60 e mais anos de idade em relação àquela considerada
equipes multidisciplinares permanentes e intervenções contínuas.
em idade produtiva (situada na faixa etária dos 15 aos 59 anos de
Tomando-se por base os dados relativos à internação hospita‐
idade).
lar pelo Sistema Único de Saúde – SUS –, em 1997, e a população
O processo de urbanização e a consequente modificação do
estimada pelo IBGE para este mesmo ano, pode-se concluir que o
mercado de trabalho aceleraram a redistribuição da população en‐
idoso, em relação às outras faixas etárias, consome muito mais re‐
tre as zonas rural e urbana do País. Em 1930, dois terços da popula‐
cursos de saúde. Naquele ano, o Sistema arcou com um total de
ção brasileira viviam na zona rural; hoje, mais de três quartos estão
12.715.568 de AIHs (autorizações de internações hospitalares), as‐
em zona urbana. O emprego nas fábricas e as mais diferenciadas
sim distribuídas:
possibilidades de trabalho nas cidades modificaram a estrutura
• 2.471.984 AIHs (19,4%) foram de atendimentos na faixa etá‐
familiar brasileira, transformando a família extensa do campo na
ria de 0-14 anos de idade, que representava 33,9% da população
família nuclear urbana. Com o aumento da expectativa de vida, as
total (aqui também estão incluídas as AIHs dos recém-nascidos em
famílias passaram a ser constituídas por várias gerações, exigindo
ambiente hospitalar, bem como as devidas a parto normal);
os necessários mecanismos de apoio mútuo entre as que comparti‐
• 7.325.525 AIHs (57,6%) foram na faixa etária de 15-59 anos
lham o mesmo domicílio.
de idade (58,2% da população total);
A família, tradicionalmente considerada o mais efetivo sistema
• 2.073.915 AIHs (16,3%) foram na faixa etária de 60 anos ou
de apoio aos idosos, está passando por alterações decorrentes des‐
mais de idade (7,9% da população total);
sas mudanças conjunturais e culturais. O número crescente de di‐
• 480.040 AIHs (3,8%) foram destinadas ao atendimento de in‐
vórcios e segundo ou terceiro casamento, a contínua migração dos
divíduos de idade ignorada; essas hospitalizações, em sua grande
mais jovens em busca de mercados mais promissores e o aumento
maioria, corresponderam a tratamento de enfermidades mentais
no número de famílias em que a mulher exerce o papel de chefe
de longa permanência, geralmente em pessoas acima de 50 anos
são situações que precisam ser levadas em conta na avaliação do
de idade (essa parcela de AIHs foi excluída dos estudos em que se
suporte informal aos idosos na sociedade brasileira. Essas situações
diferencia o impacto de cada faixa etária no sistema hospitalar);
geram o que se convencionou chamar de intimidade à distância,
• a taxa de hospitalização, em um ano, alcançou um total de
em que diferentes gerações ou mesmo pessoas de uma mesma fa‐
46 por 1.000 indivíduos na faixa etária de 0 a 14 anos de idade, 79
mília ocupam residências separadas.
no segmento de 15 a 59 anos de idade e 165 no grupo de 60 anos
Tem sido observada uma feminilização do envelhecimento no
ou mais de idade;
Brasil. O número de mulheres idosas, confrontado com o de ho‐
• o tempo médio de permanência hospitalar foi de 5,1 dias
mens de mais de 60 anos de idade, já é superior há muito tempo.
para o grupo de 0-14 anos de idade, 5,1 dias no de 15-59 e 6,8 dias
Da mesma forma, a proporção de idosas em relação à popula‐
no grupo mais idoso;
ção total de mulheres supera aquela correspondente aos homens
• o índice de hospitalização (número de dias de hospitalização
idosos. No Brasil, desde 1950, as mulheres têm maior esperança de
consumidos, por habitante, a cada ano) correspondeu a 0,23 dias
vida ao nascer, sendo que a diferença está ao redor de sete anos
na faixa de 0-14 anos de idade; a 0,40 dias na faixa de 15-59; e a
e meio.
1,12 dias na faixa de 60 anos ou mais de idade;
De outra parte, o apoio aos idosos praticado no Brasil ainda
• do custo total de R$ 2.997.402.581,29 com despesas de inter‐
é bastante precário. Por se tratar de uma atividade predominan‐
nações hospitalares, 19,7% foram com pacientes da faixa etária de
temente restrita ao âmbito familiar, o cuidado ao idoso tem sido
0-14 anos de idade, 57,1% da faixa de 15-59 anos de idade e 23,9%
ocultado da opinião pública, carecendo de visibilidade maior.
foram de idosos;
O apoio informal e familiar constitui um dos aspectos funda‐
• o custo médio, por hospitalização, foi de R$ 238,67 em rela‐
mentais na atenção à saúde desse grupo populacional Isso não sig‐
ção à faixa etária de 0-14 anos de idade, R$ 233,87 à de 15-59 anos
nifica, no entanto, que o Estado deixa de ter um papel preponde‐
e R$ 334,73 ao grupo de mais de 60 anos de idade;
rante na promoção, proteção e recuperação da saúde do idoso nos

207
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
• o índice de custo (custo de hospitalização por habitante/ano) Decorre daí o conceito de capacidade funcional, ou seja, a ca‐
foi de R$ 10,93 no segmento de 0-14 anos de idade, de R$ 18,48 pacidade de manter as habilidades físicas e mentais necessárias
no de 15-59 anos de idade e de R$ 55,25 no de mais de 60 anos de para uma vida independente e autônoma. Do ponto de vista da
idade. saúde pública, a capacidade funcional surge como um novo concei‐
Estudos têm demonstrado que o idoso, em relação às outras to de saúde, mais adequado para instrumentalizar e operacionali‐
faixas etárias, consome muito mais recursos do sistema de saúde zar a atenção à saúde do idoso. Ações preventivas, assistenciais e
e que este maior custo não reverte em seu benefício. O idoso não de reabilitação devem objetivar a melhoria da capacidade funcional
recebe uma abordagem médica ou psicossocial adequada nos hos‐ ou, no mínimo, a sua manutenção e, sempre que possível, a re‐
pitais, não sendo submetido também a uma triagem rotineira para cuperação desta capacidade que foi perdida pelo idoso. Trata-se,
fins de reabilitação. portanto, de um enfoque que transcende o simples diagnóstico e
A abordagem médica tradicional do adulto hospitalizado – fo‐ tratamento de doenças específicas.
cada em uma queixa principal e o hábito médico de tentar explicar A promoção do envelhecimento saudável e a manutenção da
todas as queixas e os sinais por um único diagnóstico, que é ade‐ máxima capacidade funcional do indivíduo que envelhece pelo
quada no adulto jovem – não se aplica em relação ao idoso. Estudos maior tempo possível – foco central desta Política –, significa a va‐
populacionais demonstram que a maioria dos idosos – 85% – apre‐ lorização da autonomia ou autodeterminação e a preservação da
senta pelo menos uma doença crônica e que uma significativa mi‐ independência física e mental do idoso. Tanto as doenças físicas
noria – 10% – possui, no mínimo, cinco destas patologias (Ramos, quanto as mentais podem levar à dependência e, consequente‐
LR e cols, 1993). A falta de difusão do conhecimento geriátrico jun‐ mente, à perda da capacidade funcional.
to aos profissionais de saúde tem contribuído decisivamente para Na análise da questão relativa à reabilitação da capacidade
as dificuldades na abordagem médica do paciente idoso. funcional, é importante reiterar que a grande maioria dos idosos
A maioria das instituições de ensino superior brasileiras ainda desenvolve, ao longo da vida, algum tipo de doença crônica de‐
não está sintonizada com o atual processo de transição demográ‐ corrente da perda continuada da função de órgãos e aparelhos
fica e suas consequências médico-sociais. Há uma escassez de re‐ biológicos. Essa perda de função pode ou não levar a limitações
cursos técnicos e humanos para enfrentar a explosão desse grupo funcionais que, por sua vez, podem gerar incapacidades, conduzin‐
populacional no terceiro milênio. do, em última instância, à dependência da ajuda de outrem ou de
O crescimento demográfico brasileiro tem características par‐ equipamentos específicos para a realização de tarefas essenciais à
ticulares, que precisam ser apreendidas mediante estudos e dese‐ sobrevivência no dia a dia.
nhos de investigação que deem conta dessa especificidade. O cui‐ Estudos populacionais revelam que cerca de 40% dos indiví‐
dado de saúde destinado ao idoso é bastante caro, e a pesquisa duos com 65 anos ou mais de idade precisam de algum tipo de
corretamente orientada pode propiciar os instrumentos mais ade‐ ajuda para realizar pelo menos uma tarefa do tipo fazer compras,
quados para uma maior eficiência na adoção de prioridades e na cuidar das finanças, preparar refeições e limpar a casa. Uma par‐
alocação de recursos, além de subsidiar a implantação de medidas cela menor, mas significativa – 10% –, requer auxílio para realizar
apropriadas à realidade brasileira. tarefas básicas, como tomar banho, vestir-se, ir ao banheiro, ali‐
A transição demográfica no Brasil exige, na verdade, novas mentar-se e, até, sentar e levantar de cadeiras e camas (Ramos, L.
estratégias para fazer frente ao aumento exponencial do número R. e cols., 1993). É imprescindível que, na prestação dos cuidados
de idosos potencialmente dependentes, com baixo nível socioe‐ aos idosos, as famílias estejam devidamente orientadas e relação
conômico, capazes de consumir uma parcela desproporcional de às atividades de vida diária (AVDs).
recursos da saúde destinada ao financiamento de leitos de longa Tanto a dependência física quanto a mental constituem fatores
permanência. de risco significativos para mortalidade, mais relevantes até que as
A internação dos idosos em asilos, casas de repouso e simi‐ próprias doenças que levaram à dependência, visto que nem todo
lares está sendo questionada até nos países desenvolvidos, onde doente torna-se dependente, conforme revelam estudos popula‐
estes serviços alcançaram níveis altamente sofisticados em termos cionais de segmentos de idosos residentes em diferentes comuni‐
de conforto e eficiência. O custo desse modelo e as dificuldades dades (Ramos, L. R. e cols., 1993). No entanto, nem todo depen‐
de sua manutenção estão requerendo medidas mais resolutivas e dente perde sua autonomia e, neste sentido, a dependência mental
menos onerosas. O retorno ao modelo de cuidados domiciliares, deve ser objeto de atenção especial, na medida em que leva, com
já bastante discutido, não pode ter como única finalidade baratear muito mais frequência, à perda de autonomia.
custos ou transferir responsabilidades. A assistência domiciliar aos Doenças como depressão e demência já estão, em todo mun‐
idosos, cuja capacidade funcional está comprometida, demanda do, entre as principais causas de anos vividos com incapacidade,
programas de orientação, informação e assessoria de especialistas. exatamente por conduzirem à perda da independência e, quase
A maioria das doenças crônicas que acometem o indivíduo ido‐ que necessariamente, à perda da autonomia.
so tem, na própria idade, seu principal fator de risco. Envelhecer Os custos gerados por essa dependência são tão grandes quan‐
sem nenhuma doença crônica é mais exceção do que regra. No en‐ to o investimento de dedicar um membro da família ou um cui‐
tanto, a presença de uma doença crônica não significa que o idoso dador para ajudar continuamente uma pessoa que, muitas vezes,
não possa gerir sua própria vida e encaminhar o seu dia-a-dia de irá viver mais 10 ou 20 anos, requerendo uma atenção que, não
forma totalmente independente. raro, envolve leitos hospitalares e institucionais, procedimentos
A maior parte dos idosos é, na verdade, absolutamente capaz diagnósticos caros e sofisticados, bem como o consenso frequente
de decidir sobre seus interesses e organizar-se sem nenhuma ne‐ de uma equipe multiprofissional e interdisciplinar, capaz de fazer
cessidade de ajuda de quem quer que seja. Consoante aos mais frente à problemática multifacetada do idoso.
modernos conceitos gerontológicos, esse idoso que mantém sua Dentro desse contexto é que são estabelecidas novas priori‐
autodeterminação e prescinde de qualquer ajuda ou supervisão dades dirigidas a esse grupo populacional, que deverão nortear as
para realizar-se no seu cotidiano deve ser considerado um idoso ações em saúde nesta virada de século.
saudável, ainda que seja portador de uma ou mais de uma doença
crônica.

208
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Propósito Tais temas serão objeto de processos educativos e informa‐
Como se pode depreender da análise apresentada no capítulo tivos continuados, em todos os níveis de atuação do SUS, com a
anterior, o crescimento demográfico da população idosa brasileira utilização dos diversos recursos e meios disponíveis, tais como: dis‐
exige a preparação adequada do País para atender às demandas tribuição de cartilhas e folhetos, bem como o desenvolvimento de
das pessoas na faixa etária de mais de 60 anos de idade. Essa pre‐ campanhas em programas populares de rádio; veiculação de filme‐
paração envolve diferentes aspectos que dizem respeito desde a tes na televisão; treinamento de agentes comunitários de saúde e
adequação ambiental e o provimento de recursos materiais e hu‐ profissionais integrantes da estratégia de saúde da família para, no
manos capacitados, até a definição e a implementação de ações de trabalho domiciliar, estimular os cidadãos na adoção de comporta‐
saúde específicas. mentos saudáveis.
Acresce-se, por outro lado, a necessidade de a sociedade en‐ Ênfase especial será dada às orientações dos idosos e seus
tender que o envelhecimento de sua população é uma questão que familiares quanto aos riscos ambientais, que favorecem quedas e
extrapola a esfera familiar e, portanto, a responsabilidade indivi‐ que podem comprometer a capacidade funcional destas pessoas.
dual, para alcançar o âmbito público, neste compreendido o Esta‐ Deverão ser garantidas aos idosos, assim como aos portadores de
do, as organizações não governamentais e os diferentes segmentos deficiência, condições adequadas de acesso aos espaços públicos,
sociais. tais como rampas, corrimões e outros equipamentos facilitadores.
Nesse sentido, a presente Política Nacional de Saúde do Idoso
tem como propósito basilar a promoção do envelhecimento sau‐ Manutenção da Capacidade Funcional
dável, a manutenção e a melhoria, ao máximo, da capacidade fun‐ Ao lado das medidas voltadas à promoção de hábitos saudá‐
cional dos idosos, a prevenção de doenças, a recuperação da saúde veis, serão promovidas ações que visem à prevenção de perdas fun‐
dos que adoecem e a reabilitação daqueles que venham a ter a sua cionais, em dois níveis específicos:
capacidade funcional restringida, de modo a garantir-lhes perma‐ • prevenção de agravos à saúde;
nência no meio em que vivem, exercendo de forma independente • detecção precoce de problemas de saúde potenciais ou já
suas funções na sociedade. instalados, cujo avanço poderá pôr em risco as habilidades e a au‐
Para tanto, nesta Política estão definidas as diretrizes que de‐ tonomia dos idosos.
vem nortear todas as ações no setor saúde, e indicadas às respon‐
sabilidades institucionais para o alcance do propósito acima expli‐ As ações de prevenção envolvidas no primeiro nível estarão
citado. Além disso, orienta o processo contínuo de avaliação que centradas na aplicação de vacinas, medida já consolidada para a
deve acompanhar o desenvolvimento da Política Nacional de Saúde infância, mas com prática ainda limitada e recente entre idosos.
do Idoso, mediante o qual deverá ser possível os eventuais redi‐ Deverão ser aplicadas as vacinas contra o tétano, a pneumonia
mensionamentos que venham a ser ditados pela prática. pneumocócica e a influenza, que representam problemas sérios en‐
A implementação desta Política compreende a definição e ou tre os idosos no Brasil e que são as preconizadas pela Organização
readequação de planos, programas, projetos e atividades do setor Mundial da Saúde – OMS – para este grupo populacional.
saúde, que direta ou indiretamente se relacionem com o seu ob‐ A grande maioria das hospitalizações para o tratamento do
jeto. tétano ocorre em indivíduos acima dos 60 anos de idade. Nesse
O esforço conjunto de toda a sociedade, aqui preconizado, im‐ sentido, essa população será estimulada a fazer doses de reforço da
plica o estabelecimento de uma articulação permanente que, no vacina antitetânica a cada dez anos, tendo em vista a sua compro‐
âmbito do SUS, envolve a construção de contínua cooperação entre vada efetividade, a qual alcança quase os 100%.
o Ministério da Saúde e as Secretarias Estaduais e Municipais de As pneumonias, em especial a de origem pneumocócica, estão
Saúde. entre as patologias infecciosas que mais trazem riscos à saúde dos
idosos, com altas taxas de internação, além de alta letalidade nes‐
Diretrizes ta faixa etária. São apontadas como fatores de descompensação
Para o alcance do propósito desta Política Nacional de Saúde funcional de piora dos quadros de insuficiência cardíaca, desenca‐
do Idoso, são definidas como diretrizes essenciais: deadoras de edema agudo de pulmão e fonte de deterioração nos
• a promoção do envelhecimento saudável; quadros de doenças pulmonares obstrutivas crônicas. Levando em
• a manutenção da capacidade funcional; conta as recomendações técnicas atuais, a vacina antipneumocó‐
• a assistência às necessidades de saúde do idoso; cica deverá ser administrada em dose única nos indivíduos idosos.
• a reabilitação da capacidade funcional comprometida; Embora vista como enfermidade trivial, a influenza – ou gripe
• a capacitação de recursos humanos especializados; –, no grupo dos idosos, pode trazer consequências graves, levan‐
• o apoio ao desenvolvimento de cuidados informais; do a processos pneumônicos ou, ainda, à quebra do equilíbrio, já
• o apoio a estudos e pesquisas. instável, destes indivíduos, portadores de patologias crônicas não
transmissíveis. A vacina antigripal deverá ser aplicada em todos os
Promoção do Envelhecimento Saudável idosos, pelo menos duas semanas antes do início do inverno ou do
O cumprimento dessa diretriz compreenderá o desenvolvi‐ período das chuvas nas regiões mais tropicais.
mento de ações que orientem os idosos e os indivíduos em proces‐
so de envelhecimento quanto à importância da melhoria constante No segundo nível da manutenção da capacidade funcional,
de suas habilidades funcionais, mediante a adoção precoce de há‐ além do reforço das ações dirigidas à detecção precoce de enfer‐
bitos saudáveis de vida e a eliminação de comportamentos nocivos midades não transmissíveis – como a hipertensão arterial, a dia‐
à saúde. betes milito e a osteoporose –, deverão ser introduzidas as novas
Entre os hábitos saudáveis, deverão ser destacados, por exem‐ medidas, de que são exemplos aquelas dirigidas ao hipotireoidismo
plo, a alimentação adequada e balanceada; a prática regular de subclínico – ainda pouco usuais e carentes de sistematização –, me‐
exercícios físicos; a convivência social estimulante; e a busca, em diante o desenvolvimento de atividades específicas, entre as quais
qualquer fase da vida, de uma atividade ocupacional prazerosa e destacam se:
de mecanismos de atenuação do estresse. Em relação aos hábitos • antecipação de danos sensoriais, com o rastreio precoce de
nocivos, merecerão destaque o tabagismo, o alcoolismo e a auto‐ danos auditivos, visuais e propioceptivos;
medicação.

209
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
• utilização dos protocolos próprios para situações comuns en‐ Finalmente, a orientação terapêutica, incluindo mudanças de
tre os idosos, tais como riscos de queda, alterações do humor e estilo de vida, deverá possibilitar que a consulta geriátrica enfren‐
perdas cognitivas; te os problemas identificados, levando a alguma forma de alívio e
• prevenção de perdas dentárias e de outras afecções da cavi‐ atenuação do impacto funcional. Ao mesmo tempo, o médico de‐
dade bucal; verá evitar excessos na prescrição e uso de fármacos com elevado
• prevenção de deficiências nutricionais; potencial iatrogênico.
• avaliação das capacidades e habilidades funcionais no am‐ A orientação terapêutica compreenderá, sempre que neces‐
biente domiciliar, com vistas à prevenção de perda de independên‐ sário, informações aos pacientes e seus acompanhantes sobre as
cia e autonomia; medidas de prevenção dos agravos à saúde e acerca das ações de
• prevenção do isolamento social, com a criação ou uso de reabilitação precoce – ou “preventiva” – e corretiva, levando em
oportunidades sociais, como clubes, grupos de convivência, asso‐ conta, da melhor maneira possível, o ambiente em que vivem e as
ciação de aposentados etc. condições sociais que dispõem.
Já no âmbito hospitalar, a assistência a esse grupo populacional
A operacionalização da maioria dessas medidas dar-se-á nas deverá considerar que a idade é um indicador precário na determi‐
próprias unidades de saúde, com suas equipes mínimas tradicio‐ nação das características especiais do idoso enfermo hospitalizado.
nais, às quais deverão ser incorporados os agentes de saúde ou visi‐ Nesse sentido, o estado funcional constituirá o parâmetro mais
tadores, além do estabelecimento de parcerias nas ações integran‐ fidedigno para o estabelecimento de critérios específicos de aten‐
tes da estratégia de saúde da família e outras congêneres. Além dimento.
disso, na implementação dessa diretriz, buscar-se-á o engajamento Assim, os pacientes classificados como totalmente dependen‐
efetivo dos grupos de convivência, com possibilidades tanto tera‐ tes constituirão o grupo mais sujeito a internações prolongadas,
pêuticas e preventivas, quanto de lazer. reinternações sucessivas e de pior prognóstico e que, por isso, se
enquadram no conceito de vulnerabilidade. Os serviços de saúde
Assistência às necessidades de saúde do idoso deverão estar preparados para identificar esses pacientes, proven‐
A prestação dessa assistência basear-se-á nas orientações do-lhes uma assistência diferenciada.
abaixo descritas, as quais compreendem os âmbitos ambulatorial, Essa assistência será pautada na participação de outros profis‐
hospitalar e domiciliar. sionais, além de médicos e enfermeiros, tais como fisioterapeutas,
No âmbito ambulatorial, a consulta geriátrica constituirá a base assistentes sociais, psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoau‐
dessa assistência. Para tal, deverá ser estabelecido um modelo es‐ diólogos, dentistas e nutricionistas. Dessa forma, a disponibilidade
pecífico, de modo a alcançar-se um impacto expressivo na assistên‐ de equipe mínima, que deve incluir obrigatoriamente um médico
cia, em particular na redução das taxas de internação hospitalar e com formação em geriatria, de equipamentos e de serviços ade‐
em clínicas de repouso – e mesmo asilos –, bem como a diminui‐ quados, será pré-requisito para as instituições públicas estatais ou
ção da demanda aos serviços de emergência e aos ambulatórios de privadas – conveniadas ou contratadas pelo SUS –, que prestarem
especialidades. A consulta geriátrica deverá ser fundamentada na assistência a idosos dependentes internados.
coleta e no registro de informações que possam orientar o diagnós‐ Idosos com graves problemas de saúde, sem possibilidade de
tico a partir da caracterização de problemas e o tratamento ade‐ recuperação ou de recuperação prolongada, poderão demandar in‐
quado, com a utilização rotineira de escalas de rastreamento para ternação hospitalar de longa permanência; forma esta definida na
depressão, perda cognitiva e avaliação da capacidade funcional, Portaria N.º 2.413, editada em 23 de março de 1998. No entanto,
assim como o correto encaminhamento para a equipe multiprofis‐ esses pacientes deverão ser submetidos à tentativa de reabilitação
sional e interdisciplinar. antes e durante a hospitalização, evitando-se que as enfermarias
Considerando que a qualidade da coleta de dados apresen‐ sejam transformadas em locais de acomodação para pacientes ido‐
ta dificuldades peculiares a esse grupo etário, em decorrência de sos com problemas de saúde não resolvidos e, por conseguinte,
elevado índice de morbidade, apresentações atípicas de doenças e aumentando a carga de sofrimento do próprio idoso, bem como o
pela chance aumentada de iatrogenia, o modelo de consulta a ser aumento dos custos dos serviços de saúde.
estabelecido pautar-se-á pela abrangência, sensibilidade diagnos‐ Entre os serviços alternativos à internação prolongada, deverá
tica e orientação terapêutica, nesta incluídas ações não farmaco‐ estar incluída, obrigatoriamente, a assistência domiciliar. A adoção
lógicas. de tal medida constituirá estratégia importante para diminuir o
A abrangência do modelo de consulta geriátrica compreende‐ custo da internação, uma vez que assistência domiciliar é menos
rá a incorporação de informações que permitam a identificação de onerosa do que a internação hospitalar. O atendimento ao idoso
problemas não apenas relacionados aos sistemas cardiorrespirató‐ enfermo, residente em instituições – como, por exemplo, asilos –,
rio, digestivo, hematológico e endócrino-metabólico, como, tam‐ terá as mesmas características da assistência domiciliar Deverá ser
bém, aos transtornos neuropsiquiátricos, nos aparelhos locomotor estimulada, por outro lado, a implantação do hospital-dia geriátri‐
e geniturinário. co, uma forma intermediária de atendimento entre a internação
Essa forma de consulta deverá possibilitar a sensibilização do hospitalar e a assistência domiciliar. Esse serviço terá como objeti‐
profissional para questões sociais eventualmente envolvidas no vo viabilizar a assistência técnica adequada para pacientes cuja ne‐
bem-estar do paciente. cessidade terapêutica – hidratação, uso de medicação endovenosa,
Por sua vez, a sensibilidade diagnóstica deverá implicar a ca‐ quimioterapia e reabilitação – e de orientação para cuidadores não
pacidade de motivar a equipe para a busca de problemas de ele‐ justificarem a permanência em hospital.
vada prevalência, que não são comumente diagnosticados, como Tal medida não poderá ser encarada como justificativa para o
por exemplo: doenças tireoidianas, doença de Parkinson, hipoten‐ simples aumento do tempo de internação. Contudo, a internação
são ortostática, incontinência urinária, demências e depressões. É de idosos em UTI, em especial daqueles com idade igual ou supe‐
importante que informações relacionadas a glaucoma, catarata e rior a 75 anos, deverá obedecer rigorosamente os critérios adota‐
hipoacusia sejam coletadas. A possibilidade de iatrogenia sempre dos em todas as faixas etárias, de potencial de reversibilidade do
deverá ser considerada. estado clínico e não a sua gravidade, quando reconhecidamente
irrecuperável.

210
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
A implantação de forma diferenciada de assistência ao idoso da saúde, sobretudo na condição de agentes facilitadores, tanto na
dependente será gradual, priorizando-se hospitais universitários e observação de novas limitações, quanto no auxílio ao tratamento
públicos estatais. prescrito.
Uma questão que deverá ser considerada refere-se ao fato de
que o idoso tem direito a um atendimento preferencial nos órgãos Capacitação de recursos humanos especializados
estatais e privados de saúde (ambulatórios, hospitais, laboratórios, O desenvolvimento e a capacitação de recursos humanos
planos de saúde, entre outros), na conformidade do que estabelece constituem diretriz que perpassará todas as demais definidas nesta
a Lei N.º 8.842/94, em seu Art. 4º, inciso VIII, e o Art. 17, do Decre‐ Política, configurando mecanismo privilegiado de articulação Inter
to N.º 1.948/96, que a regulamentou. O idoso terá também uma setorial, de forma que o setor saúde possa dispor de pessoal em
autorização para acompanhante familiar em hospitais públicos e qualidade e quantidade adequadas, e cujo provimento é de respon‐
privados – conveniados ou contratados – pelo SUS. sabilidade das três esferas de governo.
Na relação entre o idoso e os profissionais de saúde, um dos Esse componente deverá merecer atenção especial, sobretudo
aspectos que deverá sempre ser observado diz respeito à possibili‐ no tocante ao que define a Lei N.º 8.080/90, em seu Art. 14 e pa‐
dade de maus-tratos, quer por parte da família, quer por parte do rágrafo único, nos quais está estabelecido que a formação e a edu‐
cuidador ou mesmo destes profissionais. É importante que o idoso cação continuada contemplarão ação Inter setorial articulada. A lei
saiba identificar posturas e comportamentos que significam maus‐ estabelece, como mecanismo fundamental, a criação de comissão
-tratos, bem como os fatores de risco neles envolvidos. Esses maus- permanente de integração entre os serviços de saúde e as institui‐
tratos podem ser por negligência – física, psicológica ou financeira ções de ensino profissional e superior, com a finalidade de “propor
–, por abuso – físico, psicológico ou financeiro – ou por violação dos prioridades, métodos e estratégias”.
direitos pessoais. O profissional de saúde, o idoso e a família, quan‐ O trabalho articulado com o Ministério da Educação e as insti‐
do houver indícios de maus-tratos, deverá denunciar a sua suspeita tuições de ensino superior deverão ser viabilizados por intermédio
às autoridades competentes. dos Centros Colaboradores de Geriatria e Gerontologia tendo em
Considerando que a vulnerabilidade à perda de capacidade vista a capacitação de recursos humanos em saúde de acordo com
está ligada a aspectos socioeconômicos, atenção especial deverá as diretrizes aqui fixadas.
ser concedida aos grupos de idosos que estão envelhecendo em Os Centros Colaboradores de Geriatria e Gerontologia serão,
condições mais desfavoráveis, de que são exemplos aqueles resi‐ preferencialmente, localizados em instituições de ensino superior
dentes na periferia dos grandes centros urbanos e os que vivem nas e terão atribuições específicas, conforme as características de cada
zonas rurais desprovidas de recursos de saúde e assistência social, instituição. A indicação desses Centros deverá ser estabelecida pelo
onde também se observa uma intensa migração da população jo‐ Ministério da Saúde, de acordo com as necessidades identificadas
vem. no processo de implantação desta Política Nacional No âmbito da
execução de ações, de forma mais específica, a capacitação busca‐
Reabilitação da capacidade funcional comprometida rá preparar os recursos humanos para a operacionalização de um
As ações nesse contexto terão como foco especial a reabili‐ elenco básico de atividades, que incluirá, entre outras, a prevenção
tação precoce, mediante a qual buscar-se-á prevenir a evolução e de perdas, a manutenção e a recuperação da capacidade funcional
da população idosa e o controle dos fatores que interferem no es‐
recuperar a perda funcional incipiente, de modo a evitar-se que as
tado de saúde desta população.
limitações da capacidade funcional possam avançar e que aquelas
A capacitação de pessoal para o planejamento, coordenação
limitações já avançadas possam ser amenizadas. Esse trabalho en‐
e avaliação de ações deverá constituir as bases para o desenvolvi‐
volverá as práticas de um trabalho multiprofissional de medicina,
mento do processo contínuo de articulação com os demais setores,
enfermagem, fisioterapia, terapia ocupacional, nutrição, fonoau‐
cujas ações estão diretamente relacionadas com o idoso no âmbito
diologia, psicologia e serviço social.
do setor saúde.
Na definição e na implementação das ações, será levado em
Essa capacitação será promovida pelos Centros Colaboradores
conta que, na realidade, as causas de dependência são, em sua de Geriatria e Gerontologia, os quais terão a função específica de
maioria, evitáveis e, em muitos casos, reversíveis por intermédio capacitar os profissionais para prestar a devida cooperação técnica de‐
de técnicas de reabilitação física e mental, tão mais efetivas quanto mandada pelas demais esferas de gestão, no sentido de uniformizar
mais precocemente forem instituídas. conceitos e procedimentos que se tornarão indispensáveis para a efe‐
Além da necessidade de prevenir as doenças crônicas que aco‐ tivação desta Política Nacional de Saúde do Idoso, bem como para o
metem aos que envelhecem, procurar-se-á, acima de tudo, evitar seu processo contínuo de avaliação e acompanhamento.
que estas enfermidades alijem o idoso do convívio social, compro‐
metendo sua autonomia. Apoio ao Desenvolvimento de Cuidados Informais
No conjunto de ações que devem ser implementadas nesse Nesse âmbito, buscar-se-á desenvolver uma parceria entre os
âmbito, estão aquelas relacionadas à reabilitação mediante a pres‐ profissionais da saúde e as pessoas próximas aos idosos, responsá‐
crição adequada e o uso de órteses e próteses como, por exemplo, veis pelos cuidados diretos necessários às suas atividades da vida
óculos, aparelhos auditivos, próteses dentárias e tecnologias assis‐ diária e pelo seguimento das orientações emitidas pelos profissio‐
tivas (como andador, bengala, etc.). nais. Tal parceria, como mostram estudos e pesquisas sobre o en‐
Essas e as outras ações que vierem a ser definidas deverão es‐ velhecimento em dependência, configura a estratégia mais atual e
tar disponíveis em todos os níveis de atenção ao idoso, principal‐ menos onerosa para manter e promover a melhoria da capacidade
mente nos postos e centros de saúde, com vistas à detecção pre‐ funcional das pessoas que se encontram neste processo.
coce e o tratamento de pequenas limitações funcionais capazes de
levar a uma grave dependência. Nos países aonde o envelhecimento da população vem ocor‐
A detecção precoce e o tratamento de pequenas limitações rendo há mais tempo, convencionou-se que há cuidados formais e
funcionais, potenciais causas de formas graves de dependência, informais na atenção às pessoas que envelheceram e que, de alguma
integrarão as atribuições dos profissionais e técnicos que atuam forma, perderam a sua capacidade funcional. Os sistemas formais de
nesses níveis de atenção, e deverão ser alvo de orientação aos cui‐ cuidados são integrados por profissionais e instituições, que realizam
dadores dos idosos para que possam colaborar com os profissionais este atendimento sob a forma de prestação de serviço.

211
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Dessa forma, os cuidados são prestados por pessoa ou agên‐ As linhas de pesquisa deverão concentrar-se em quatro gran‐
cias comunitárias contratadas para tal. Já os sistemas informais são des tópicos de produção de conhecimentos sobre o envelhecimen‐
constituídos por pessoas da família, amigos próximos e vizinhos, to no Brasil, contemplando as particularidades de gênero e extratos
frequentemente mulheres, que exercem tarefas de apoio e cuida‐ sociais nas zonas urbanas e rurais.
dos voluntários para suprir a incapacidade funcional do seu idoso. O primeiro tópico refere-se a estudos de perfil do idoso, nas
Na cultura brasileira, são essas pessoas que assumem para si diferentes regiões do País, e prevalência de problemas de saúde,
as funções de provedoras de cuidados diretos e pessoais. O papel incluindo dados sociais, nas formas de assistência e seguridade,
de mulher cuidadora na família é normativo, sendo quase sempre situação financeira e apoios formais e informais. Nesse contexto,
esperado que ela assuma tal papel. Os responsáveis pelos cuidados será estimulada a sistematização das informações produzidas pelos
diretos aos seus idosos doentes ou dependentes geralmente resi‐ Centros Colaboradores de Geriatria e Gerontologia, em articulação
dem na mesma casa e se incumbem de prestar a ajuda necessária com os dados das agências governamentais, particularmente aque‐
ao exercício das atividades diárias destes idosos, tais como higiene las que lidam com estudos demográficos e populacionais.
pessoal, medicação de rotina, acompanhamento aos serviços de No segundo tópico, deverão estar concentrados estudos vi‐
saúde ou outros serviços requeridos no cotidiano, por exemplo ida sando a avaliação da capacidade funcional; prevenção de doenças,
a bancos ou farmácias. vacinações; estudos de seguimento; e desenvolvimento de instru‐
O modelo de cuidados domiciliares, antes restrito à esfera pri‐ mentos de rastreamento.
vada e à intimidade das famílias, não poderá ter como única finali‐ O terceiro tópico diz respeito aos estudos de modelos de cui‐
dade baratear custos ou transferir responsabilidades. A assistência dado, na assessoria para a implementação e no acompanhamento
domiciliar aos idosos cuja capacidade funcional está comprometida e na avaliação das intervenções.
demanda orientação, informação e assessoria de especialistas. O quarto tópico concentrar-se-á em estudos sobre a hospita‐
Para o desempenho dos cuidados a um idoso dependente, as lização e alternativas de assistência hospitalar, com vistas à maior
pessoas envolvidas deverão receber dos profissionais de saúde os eficiência e à redução dos custos no ambiente hospitalar. Para tal,
esclarecimentos e as orientações necessárias, inclusive em relação a padronização de protocolos para procedimentos clínicos, exames
à doença crônico-degenerativa com a qual está eventualmente li‐ complementares mais sofisticados e medicamentos deverão cons‐
dando, bem como informações sobre como acompanhar o trata‐ tituir pontos prioritários.
mento prescrito. Comporão, ainda, esse último tópico estudos sobre orientação
Essas pessoas deverão, também, receber atenção médica pes‐ e cuidados aos idosos, alta hospitalar e diferentes alternativas de
soal, considerando que a tarefa de cuidar de um adulto dependen‐ assistência – como assistência domiciliar, centro-dia, já utilizados
te é desgastante e implica riscos à saúde do cuidador. Por conse‐ em outros países –, bem como investigações acerca de formas de
guinte, a função de prevenir perdas e agravos à saúde abrangerá, articulação de informações básicas em geriatria e gerontologia para
igualmente, a pessoa do cuidador. os profissionais de todas as especialidades.
Assim, a parceria entre os profissionais de saúde e as pessoas
que cuidam dos idosos deverá possibilitar a sistematização das Responsabilidades Institucionais
tarefas a serem realizadas no próprio domicílio, privilegiando-se Caberá aos gestores do SUS, de forma articulada e na confor‐
aquelas relacionadas à promoção da saúde, à prevenção de incapa‐ midade de suas atribuições comuns e específicas, prover os meios
cidades e à manutenção da capacidade funcional do idoso depen‐ e atuar de modo a viabilizar o alcance do propósito desta Política
dente e do seu cuidador, evitando-se, assim, na medida do possí‐ Nacional de Saúde do Idoso, que é a promoção do envelhecimento
vel, hospitalizações, asilamentos e outras formas de segregação e saudável, a manutenção e a melhoria, ao máximo, da capacidade
isolamento. funcional dos idosos, a prevenção de doenças, a recuperação da
Dessa parceria, deverão resultar formas mais efetivas e efi‐ saúde dos que adoecem e a reabilitação daqueles que venham a ter
cazes de manutenção e de recuperação da capacidade funcional, a sua capacidade funcional restringida.
assim como a participação mais adequada das pessoas envolvidas Considerando, por outro lado, as diretrizes aqui definidas para
com alguém em processo de envelhecimento com dependência. a consecução do propósito fixado, cuja observância implica o de‐
O estabelecimento dessa ação integrada será realizado por meio senvolvimento de um amplo conjunto de ações, entre as quais figu‐
de orientações a serem prestadas pelos profissionais de saúde, do rarão aquelas compreendidas no processo de promoção da saúde
intercâmbio de informações claras e precisas sobre diagnósticos e e que, por isso mesmo, irão requerer o compartilhamento de res‐
tratamentos, bem como relatos de experiências entre pessoas que ponsabilidades específicas tanto no âmbito interno do setor saúde,
estão exercitando o papel de cuidar de idoso dependente. quanto no contexto de outros setores.
Nesse sentido, os gestores do SUS deverão estabelecer, em
Apoio a Estudos e Pesquisas suas respectivas áreas de abrangência, processos de articulação
Esse apoio deverá ser levado a efeito pelos Centros Colabo‐ permanente, visando o estabelecimento de parcerias e a integra‐
radores de Geriatria e Gerontologia, resguardadas, nas áreas de ção institucional que viabilizem a consolidação de compromissos
conhecimento de suas especialidades, as particularidades de cada multilaterais efetivos. Será buscado, igualmente, a participação de
um. diferentes segmentos da sociedade, que estejam direta ou indire‐
Esses Centros deverão se equipar, com o apoio financeiro das tamente relacionadas com a presente Política.
agências de ciência e tecnologia regionais e ou federais, para orga‐
nizar o seu corpo de pesquisadores e atuar em uma ou mais de uma Articulação Intersetorial
linha de pesquisa. Tais grupos incumbir-se-ão de gerar informações No âmbito federal, o Ministério da Saúde buscará estabelecer,
com o intuito de subsidiar as ações de saúde dirigidas à população em especial, articulação com as instâncias a seguir apresentadas,
de mais de 60 anos de idade, em conformidade com esta Política. para as quais estão identificadas as medidas essenciais, segundo as
Caberá ao Ministério da Saúde e ao Ministério Ciência Tecnologia, suas respectivas competências.
em especial, o papel de articuladores, com vistas a garantir a efeti‐
vidade de ações programadas de estudos e pesquisas desta Política
Nacional de Saúde do Idoso.

212
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Ministério da Educação • a promoção da observância das normas relativas à criação
e ao funcionamento de instituições gerontológicas e similares, nas
A parceria com esse Ministério buscará, sobretudo: unidades próprias e naquelas sob a sua supervisão.
• a difusão, junto às instituições de ensino e seus alunos, de
informações relacionadas à promoção da saúde dos idosos e à pre‐ Ministério do Trabalho e Emprego
venção ou recuperação de suas incapacidades; • Com esse Ministério, a parceria a ser estabelecida visará, em
• a adequação de currículos, metodologias e material didático especial:
de formação de profissionais na área da saúde, visando o atendi‐ • a elaboração e a implementação de programas de preparo
mento das diretrizes fixadas nesta Política; para futuros aposentados nos setores públicos e privados;
• o incentivo à criação de Centros Colaboradores de Geriatria e • a melhoria das condições de emprego do idoso, compreen‐
Gerontologia nas instituições de ensino superior, que deverão atuar dendo: a eliminação das discriminações no mercado de trabalho e
de forma integrada com o SUS e os órgãos estaduais e municipais a criação de condições que permitam a inserção do idoso na vida
de assistência social, mediante o estabelecimento de referência e socioeconômica das comunidades.
contra referência de ações e serviços para o atendimento integral
dos idosos e a capacitação de equipes multiprofissionais e interdis‐ Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano
ciplinares, visando a qualificação contínua do pessoal de saúde nas Será estabelecida a parceria com essa Secretaria visando, entre
áreas de gerência, planejamento, pesquisa e assistência ao idoso; outras:
• o estímulo e apoio à realização de estudos que contemplem • a melhoria de condições de habitação e moradia, além da
as quatro linhas de pesquisa definidas como prioritárias por esta diminuição das barreiras arquitetônicas e urbanas que dificultam
Política, visando o desenvolvimento de um sistema de informação ou impedem a manutenção e apoio à independência funcional do
sobre esta população, que subsidie o planejamento, execução e idoso;
avaliação das ações de promoção, proteção, recuperação e reabi‐ • a promoção de ações educativas dirigidas aos agentes execu‐
litação; tores e beneficiários de programas habitacionais quanto aos riscos
• a discussão e a readequação de currículos e programas de ambientais à capacidade funcional dos idosos.
ensino nas instituições de ensino superior abertas para a terceira • o estabelecimento de previsão e a instalação de equipamen‐
idade, consoantes às diretrizes fixadas nesta Política. tos comunitários públicos voltados ao atendimento da população
idosa previamente identificada, residentes na área de abrangência
Ministério da Previdência e Assistência Social dos empreendimentos habitacionais respectivos;
• a promoção de ações na área de transportes urbanos que
A parceria buscará principalmente: permitam e ou facilitem o deslocamento do cidadão idoso, sobre‐
• a realização de estudos e pesquisas epidemiológicas, junto tudo aquele que já apresenta dificuldades de locomoção, tais como
aos seus segurados, relativos às doenças e agravos mais prevalen‐ elevatórias para acesso aos ônibus na porta de hospitais, rampas
tes nesta faixa etária, sobretudo quanto aos seus impactos no in‐ nas calçadas, bancos mais altos nas paradas de ônibus.
divíduo, na família, na sociedade, na previdência social e no setor
saúde; Ministério da Justiça
• a elaboração de programa de trabalho conjunto direcionado Com esse Ministério, a parceria terá por finalidade a promo‐
aos idosos segurados, consoante às diretrizes fixadas nesta Política. ção e a defesa dos direitos da pessoa idosa, no tocante às questões
• Secretaria de Estado da Assistência Social de saúde, mediante o acompanhamento da aplicação das disposi‐
• A parceria com essa Secretaria terá por finalidade principal‐ ções contidas na Lei N.º 8.842/94 e seu regulamento (Decreto N.º
mente: 1.948/96).
• a difusão, junto aos seus serviços e àqueles sob a sua supervi‐
são, de informações relativas à preservação da saúde e à prevenção Ministério do Esporte e Turismo
ou recuperação de incapacidades; Essa parceria buscará, em especial, a elaboração, a implemen‐
• a adequação, na conformidade das diretrizes aqui estabele‐ tação e o acompanhamento de programas esportivos e de exercí‐
cidas, de seus cursos de treinamento ou capacitação de profissio‐ cios físicos destinados às pessoas idosas, bem como de turismo que
nais que atuam nas unidades próprias, conveniadas ou sob a sua propiciem a saúde física e mental deste grupo populacional.
supervisão;
• a promoção da formação e o acompanhamento de grupos Ministério da Ciência e Tecnologia
de autoajuda aos idosos, referentes às doenças e agravos mais co‐ Buscar-se-á, por intermédio do Conselho Nacional de Desen‐
muns nesta faixa etária; volvimento Científico e Tecnológico – CNPq –, o fomento à pesqui‐
• o apoio à criação de Centros Colaboradores de Geriatria e sa na área de geriatria e gerontologia contemplando, preferencial‐
Gerontologia nas instituições de ensino superior, que devem atuar mente, as linhas de estudo definidas nesta Política.
de forma integrada com o SUS e os órgãos estaduais e municipal
de assistência social, mediante o estabelecimento de referência e Responsabilidades do Gestor Federal – Ministério da Saúde
contra referência de ações e serviços para o atendimento integral • Implementar, acompanhar e avaliar a operacionalização des‐
de idosos e o treinamento de equipes multiprofissionais e interdis‐ ta Política Nacional de Saúde do Idoso, bem como os planos, pro‐
ciplinares, visando a capacitação contínua do pessoal de saúde nas gramas, projetos e atividades dela decorrentes.
áreas de gerência, planejamento, pesquisa e assistência ao idoso; • Promover a revisão e o aprimoramento das normas de fun‐
• o apoio à realização de estudos epidemiológicos para detec‐ cionamento de instituições geriátricas e similares (Portaria 810/89).
ção dos agravos à saúde da população idosa, visando o desenvolvi‐ • Elaborar e acompanhar o cumprimento de normas relativas
mento de sistema de informação sobre esta população, destinado aos serviços geriátricos hospitalares.
a subsidiar o planejamento, a execução e a avaliação das ações de • Designar e apoiar os Centros Colaboradores de Geriatria e
promoção, proteção, recuperação e reabilitação; Gerontologia, preferencialmente localizados em instituições de en‐
sino superior envolvidos na capacitação de recursos humanos em

213
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
saúde do idoso e ou na produção de material científico, bem como • Apoiar propostas de estudos e pesquisas estrategicamente
em pesquisa nas áreas prioritárias do envelhecimento e da atenção importantes para a implementação, avaliação ou reorientação das
a este grupo populacional. questões relativas à saúde do idoso.
• Apoiar estudos e pesquisas definidos como prioritários nesta • Promover a adoção de práticas e hábitos saudáveis, por parte
Política visando a ampliar o conhecimento sobre o idoso e a subsi‐ dos idosos, mediante a mobilização de diferentes segmentos da so‐
diar o desenvolvimento das ações decorrentes desta Política. ciedade e por intermédio de campanhas de comunicação.
• Promover a cooperação das Secretarias Estaduais e Muni‐ • Promover o fornecimento de medicamentos, próteses e órte‐
cipais de Saúde com os Centros Colaboradores de Geriatria e Ge‐ ses necessários à recuperação e à reabilitação de idosos.
rontologia com vistas à capacitação de equipes multiprofissionais • Estimular e viabilizar a participação de idosos nas instâncias
e interdisciplinares. de participação social.
• Promover a inclusão da geriatria como especialidade clínica, • Estimular a formação de grupos de autoajuda e de convivên‐
para efeito de concursos públicos. cia, de forma integrada com outras instituições que atuam nesse
• Criar mecanismos que vinculem a transferência de recursos contexto.
às instâncias estadual e municipal ao desenvolvimento de um mo‐ • Criar e estimular a criação, na rede de serviços do SUS, de
delo adequado de atenção à saúde do idoso. unidades de cuidados diurnos – hospital-dia, centro-dia – de aten‐
• Estimular e apoiar a realização de pesquisas consideradas es‐ dimento domiciliar, bem como de outros serviços alternativos para
tratégicas no contexto desta Política. o idoso.
• Promover a disseminação de informações técnico-científicas • Prover o Sistema Nacional de Informação em Saúde com da‐
e de experiências exitosas referentes à saúde do idoso. dos respectivos e análises relacionadas à situação de saúde e às
• Promover a capacitação de recursos humanos para a imple‐ ações dirigidas aos idosos.
mentação desta Política.
• Promover a adoção de práticas, estilos e hábitos de vida sau‐ Responsabilidades do Gestor Municipal – Secretaria Munici-
dáveis, por parte dos idosos, mediante a mobilização de diferentes pal de Saúde ou organismos correspondentes.
segmentos da sociedade e por intermédio de campanhas publicitá‐ • Coordenar e executar as ações decorrentes das Políticas Na‐
rias e de processos educativos permanentes. cional e Estadual, em seu respectivo âmbito, definindo componen‐
• Apoiar estados e municípios, a partir da análise de tendên‐ tes específicos que devem ser implementados pelo município.
cias, no desencadeamento de medidas visando a eliminação ou o • Promover as medidas necessárias para integrar a programa‐
controle de fatores de risco detectados. ção municipal à adotada pelo Estado, submetendo-as à Comissão
• Promover o fornecimento de medicamentos, órteses e próte‐ Inter gestores Biparti-te.
ses necessários à recuperação e à reabilitação do idoso. • Promover articulação necessária com as demais instâncias do
• Estimular a participação do idoso nas diversas instâncias de SUS visando o treinamento e a capacitação de recursos humanos
controle social do SUS. para operacionalizar, de forma produtiva e eficaz, o elenco de ativi‐
• Estimular a formação de grupos de autoajuda e de convivên‐ dades específicas na área de saúde do idoso.
cia, de forma integrada com outras instituições que atuam nesse • Manter o provimento do Sistema Nacional de Informação em
contexto. Saúde com dados e análises relacionadas à situação de saúde e às
• Estimular a criação, na rede de serviços do SUS, de unidades ações dirigidas aos idosos.
de cuidados diurnos – hospital dia, centro-dia – de atendimento • Promover a difusão de conhecimentos e recomendações so‐
domiciliar, bem como de outros serviços alternativos para o idoso. bre práticas, hábitos e estilos de vida saudáveis, junto à população
de idosos, valendo-se, inclusive, da mobilização da a comunidade.
Responsabilidades do Gestor Estadual – Secretaria Estadual • Criar e estimular a criação, na rede de serviços do SUS, de
de Saúde unidades de cuidados diurnos – hospital-dia, centro-dia – de aten‐
• Elaborar, coordenar e executar a política estadual de saúde dimento domiciliar.
do idoso, consoante a esta Política Nacional. • Estimular e apoiar a formação de grupos de autoajuda e de
• Promover a elaboração e ou adequação dos planos, progra‐ convivência, de forma integrada com outras instituições que atuam
mas, projetos e atividades decorrentes desta Política. nesse contexto.
• Promover processo de articulação entre os diferentes seto‐ • Realizar articulação com outros setores visando a promoção
res no Estado, visando a implementação da respectiva política de a qualidade de vida dos idosos.
saúde do idoso. • Promover o acesso a medicamentos, órteses e próteses ne‐
• Acompanhar o cumprimento de normas de funcionamento cessários à recuperação e à reabilitação do idoso.
de instituições geriátricas e similares, bem como de serviços hospi‐ • Aplicar, acompanhar e avaliar o cumprimento de normas de
talares geriátricos. funcionamento de instituições geriátricas e similares, bem como de
• Estabelecer cooperação com os Centros Colaboradores de serviços geriátricos da rede local.
Geriatria e Gerontologia com vistas ao treinamento de equipes • Estimular e viabilizar a participação social de idosos nas di‐
multiprofissionais e interdisciplinares, e promover esta cooperação versas instâncias.
com as Secretarias Municipais de Saúde, de modo a capacitar re‐
cursos humanos necessários à consecução da política estadual de Acompanhamento e Avaliação
saúde do idoso. A operacionalização desta Política compreenderá a sistemati‐
• Promover a capacitação de recursos humanos necessários à zação de processo contínuo de acompanhamento e avaliação, que
consecução da política estadual de saúde do idoso. permita verificar o alcance de seu propósito – e, consequentemen‐
• Adequar os serviços de saúde com a finalidade do atendi‐ te, o seu impacto sobre a saúde dos idosos –, bem como proceder a
mento às necessidades específicas da população idosa. eventuais adequações que se fizerem necessárias.
• Prestar cooperação técnica aos municípios na implementa‐ Esse processo exigirá a definição de critérios, parâmetros, indi‐
ção das ações decorrentes. cadores e metodologia específicos, capazes de evidenciar, também,
a repercussão das medidas levadas a efeito por outros setores, que

214
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
resultaram da ação articulada preconizada nesta Política e que es‐ de recursos humanos em saúde do idoso e ou na produção de ma‐
tão explicitadas no capítulo anterior deste documento, bem como a terial científico para tal finalidade, bem como em pesquisas nas
observância dos compromissos internacionais assumidos pelo País áreas prioritárias do envelhecimento e da atenção a este grupo
em relação à atenção aos idosos. populacional.
É importante considerar que o processo de acompanhamento
e avaliação referido será apoiado, sobretudo para a aferição de re‐ Centro-dia: ambiente destinado ao idoso, que tem como ca‐
sultados no âmbito interno do setor, pelas informações produzidas racterística básica o incentivo à socialização e o desenvolvimento
pelos diferentes planos, programas, projetos, ações e ou atividades de ações de promoção e proteção da saúde.
decorrentes desta Política Nacional.
Além da avaliação nos contextos anteriormente identificados, Cuidador: é a pessoa, membro ou não da família, que, com ou
voltados principalmente para a verificação do impacto das medi‐ sem remuneração, cuida do idoso doente ou dependente no exercí‐
das sobre a saúde dos idosos, buscar-se-á investigar a repercussão cio das suas atividades diárias, tais como alimentação, higiene pes‐
desta Política na qualidade de vida deste segmento populacional. soal, medicação de rotina, acompanhamento aos serviços de saú‐
Nesse particular, buscar-se-á igualmente conhecer em que me‐ de ou outros serviços requeridos no cotidiano – por exemplo, ida
dida a Política Nacional de Saúde do Idoso tem contribuído para a a bancos ou farmácias –, excluídas as técnicas ou procedimentos
concretização dos princípios e diretrizes do SUS, na conformidade identificados com profissões legalmente estabelecidas, particular‐
do Art. 7º, da Lei N.º 8.080/90, entre os quais, destacam-se aqueles mente na área da enfermagem.
relativos à integralidade da atenção, à preservação da autonomia
das pessoas e ao uso da epidemiologia no estabelecimento de prio‐ Deficiência: expressão de um processo patológico, na forma de
ridades (respectivamente incisos II, III e VII). Paralelamente, deverá uma alteração de função de sistemas, órgãos e membros do corpo,
ser observado, ainda, se: que podem ou não gerar uma incapacidade.
• potencial dos serviços de saúde e as possibilidades de uti‐
lização pelo usuário estão sendo devidamente divulgados junto à Demência: conceitua-se demência como uma síndrome pro‐
população de idosos; gressiva e irreversível, composta de múltiplas perdas cognitivas ad‐
• os planos, programas, projetos e atividades que operaciona‐ quiridas, que ocorrem na ausência de um estado de confusão men‐
lizam esta Política estão sendo desenvolvidos de forma descentrali‐ tal aguda (ou seja, de uma desorganização súbita do pensamento).
zada, considerando a direção única em cada esfera de gestão; As funções cognitivas que podem ser afetadas pela demência in‐
• a participação dos idosos nas diferentes instâncias do SUS cluem a memória, a orientação, a linguagem, a práxis, a agnosia, as
está sendo incentivada e facilitada. construções, a prosódia e o controle executivo.

Terminologia Envelhecimento: a maioria dos autores o conceituam como


Ação terapêutica: processo de tratamento de um agravo à saú‐ “uma etapa da vida em que há um comprometimento da homeos‐
de por intermédio de medidas farmacológicas e não farmacológi‐ tase, isto é, o equilíbrio do meio interno, o que fragilizaria o indi‐
cas, tais como: mudanças no estilo de vida, abandono de hábitos víduo, causando uma progressiva vulnerabilidade do indivíduo pe‐
nocivos, psicoterapia, entre outros. rante a uma sobrecarga fisiológica”.

AIH (Autorização de Internação Hospitalar): documento de au‐ Envelhecimento saudável: é o processo de envelhecimento
torização e fatura de serviços hospitalares do SUS, que engloba o com preservação da capacidade funcional, autonomia e qualidade
conjunto de procedimentos realizados em regime de internação. de vida.

Assistência domiciliar: essa assistência engloba a visitação do‐ Geriatria: é o ramo da ciência médica voltado à promoção da
miciliar e cuidados domiciliares que vão desde o fornecimento de saúde e o tratamento de doenças e incapacidades na velhice.
equipamentos, até ações terapêuticas mais complexas.
Gerontologia: área do conhecimento científico voltado para o
Atividades de vida diária (AVDs): termo utilizado para descre‐ estudo do envelhecimento em sua perspectiva mais ampla, em que
ver os cuidados essenciais e elementares à manutenção do bem-es‐ são levados em conta não somente os aspectos clínicos e biológi‐
tar do indivíduo, que compreende aspectos pessoais como: banho, cos, mas também as condições psicológicas, sociais, econômicas e
vestimenta, higiene e alimentação, e aspectos instrumentais como: históricas.
realização de compras e cuidados com finanças.
Dependência: é a condição que requer o auxílio de pessoas
Autodeterminação: capacidade do indivíduo poder exercer para a realização de atividades do dia a dia Centros de convivência:
sua autonomia. locais destinados à permanência do idoso, em um ou dois turnos,
onde são desenvolvidas atividades físicas, laborativas, recreativas,
Autonomia: é o exercício da autodeterminação; indivíduo au‐ culturais, associativas e de educação para a cidadania.
tônomo é aquele que mantém o poder decisório e o controle sobre
sua vida. Habilidade física: refere-se à aptidão ou capacidade para rea‐
lizar algo que exija uma resposta motora, tal como caminhar, fazer
Capacidade funcional: capacidade de o indivíduo manter as um trabalho manual, entre outros.
habilidades físicas e mentais necessárias para uma vida indepen‐
dente e autônoma; a avaliação do grau de capacidade funcional é Hospital-dia geriátrico: refere-se ao ambiente hospitalar, no
feita mediante o uso de instrumentos multidimensionais. qual atua equipe multiprofissional e interdisciplinar, destinado a
pacientes que dele necessitam em regime de um ou dois turnos,
Centros Colaboradores de Geriatria e Gerontologia: centros para complementar tratamentos e promover reabilitação.
localizados de preferência em instituições de ensino superior, que
colaboram com o setor saúde, fundamentalmente na capacitação

215
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Idoso: a Organização das Nações Unidas, desde 1982 considera É imprescindível o conhecimento acerca do manuseio dos EPI,
idoso o indivíduo com idade igual ou superior a 60 anos; o Brasil, na pois eles são as barreiras primárias que protegem a integridade físi‐
Lei Nº 8.842/94, adota essa mesma faixa etária (Art. 2º do capítulo ca e a saúde do profissional .
I). As principais funções dos EPI são a redução da exposição do
operador aos agentes infecciosos, a redução de riscos e danos ao
Incapacidade: quantificação da deficiência; refere-se à falta corpo provocados por agentes físicos ou mecânicos, a redução da
de capacidade para realizar determinada função na extensão, am‐ exposição a produtos químicos tóxicos e a redução da contamina‐
plitude e intensidade consideradas normais; em gerontologia, diz ção de ambientes.
respeito à incapacidade funcional, isto é, à perda da capacidade de Os EPI utilizados em laboratórios são constituídos principal‐
realizar pelo menos um ou mais de um ato de vida diária. mente por:
Calçados de segurança: São destinados à proteção dos pés con‐
Incontinência urinária: refere-se à perda involuntária de urina. tra a exposição a riscosbiológicos, físicos e químicos. O uso de ta‐
mancos, sandálias e chinelos em laboratórios é proibido.
Iatrogenia: qualquer agravo à saúde, causado por uma inter‐ Luvas: previnem a contaminação das mãos do trabalhador du‐
venção médica Psicoterapia: terapêutica que, por métodos psico‐ rante a manipulação de material
lógicos, busca a restauração do equilíbrio emocional do indivíduo. Protetor biológico, produtos químicos e temperaturas extre‐
mas.
Reabilitação física: conjunto de procedimentos terapêuticos fí‐ Protetores auditivos: usados para prevenir a perda auditiva de‐
sicos que visam adaptar ou compensar deficiências motoras (quan‐ corrente de ruídos.
do aplicadas a limitações insipientes pode ser considerada reabili‐ Protetores faciais: oferecem proteção para a face do operador
tação precoce ou “preventiva”). contra partículas sólidas,líquidos, vapores e radiações (raios infra‐
vermelho e ultravioleta);
Rastreamento: um protocolo de aplicação rápida e sistemática Protetores oculares: proteção dos olhos contra impactos, res‐
para detecção de problemas de saúde em uma determinada popu‐ pingos e aerossóis;
lação. Protetores respiratórios: são utilizados para proteger o apare‐
lho respiratório. Existemvários tipos de respiradores, que devem ser
Síndrome: conjunto de sinais e sintomas comuns a diversas selecionados conforme o risco inerente àatividade a ser desenvol‐
enfermidades. vida. Os respiradores com filtros mecânicos destinam-se à proteção
contra partículas suspensas no ar, enquanto os respiradores com
filtros químicos protegem contra gases e vapores orgânicos.
Vestimenta tipo jaleco: utilizados em ambientes laboratoriais
PRINCÍPIOS GERAIS DE SEGURANÇA NO TRABALHO onde ocorre o manejo deanimais e a manipulação de microrganis‐
mos patogênicos e de produtos químicos.
Equipamentos de segurança É proibido utilizar qualquer EPI em ambientes fora do laborató‐
A utilização de equipamentos de segurança reduz significati‐ rio, principalmente os jalecos.
vamente o risco de acidentes em laboratórios. A determinação de Há vários tipos de luvas para uso em laboratório, cada um des‐
quais equipamentos de segurança devem ser utilizados em cada tinado a atividades laboratoriais específicas
laboratório deve ser baseada em análises dos riscos referentes às • Luvas de látex (borracha natural): são denominadas como
atividades desenvolvidas no local, relacionadas aos agentes bioló‐ luvas de procedimento e se destinam aos trabalhos com material
gicos, químicos e físicos. A contenção pode ser classificada como biológico e em procedimentos de diagnóstico que não requeiram o
primária, que visa garantir a proteção do ambiente interno do labo‐ uso de luvas estéreis;
ratório e secundária, que está relacionada à proteção do ambiente • Luvas de cloreto de vinila (PVC): utilizadas para manusear al‐
externo e resulta da combinação de infraestrutura laboratorial e de guns produtos químicos.
práticas operacionais5. Os equipamentos e materiais destinados a • Luvas de fibra de vidro com polietileno reversível: usadas
proteger o trabalhador e o ambiente laboratorial são classificados para proteção contra materiais cortantes;
como equipamento de proteção individual (EPI - óculos, luvas, cal‐ • Luvas de fio de kevlar tricotado: protegem em trabalhos em
çados, jaleco) e equipamento de proteção coletiva (EPC- câmaras temperaturas de até 250ºC;
de exaustão, cabines de segurança biológica, chuveiros de emer‐ • Luvas confeccionada com nylon cordura (criogenia): usadas
gência, lava-olhos e extintores de incêndio). para trabalhos com geloseco, freezer -80º C e nitrogênio líquido
• Luvas de borracha: para serviços gerais de limpeza, processos
Equipamentos de proteção individual de limpeza de instrumentos e descontaminação.
De acordo com a Norma Regulamentadora 6 do MTE, “consi‐
dera-se Equipamento de Proteção Individual - EPI, todo dispositivo Equipamentos de proteção coletiva
ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado Os EPC têm como função proteger o ambiente e a saúde dos
à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde trabalhadores e devem ser instalados em locais de fácil acesso e
no trabalho”. bem sinalizados. Alguns são de uso rotineiro, como as cabines de
segurança biológica e as capelas de exaustão química, e outros são
O equipamento de proteção individual, de fabricação nacio‐ de uso emergencial, como os extintores de incêndio, chuveiro de
nal ou importado, só poderá ser posto à venda ou utilizado, com emergência e lava-olhos
a indicação do Certificado de Aprovação (CA) expedido pelo órgão
nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho
Risco Químico
do MTE6 .
O pessoal de laboratórios está exposto não somente aos mi‐
A consulta sobre o número do certificado de aprovação, o tipo
crorganismos patogênicos como, também, aos produtos químicos
de EPI, o fabricante e o tipo de proteção pode ser realizada no en‐
perigosos. É fundamental que os efeitos tóxicos de produtos quími‐
dereço eletrônico do TEM.

216
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
cos manipulados sejam conhecidos, assim como suas vias de expo‐ 1) contato direto com a pele ou mucosas;
sição e os riscos que possam estar associados à sua manipulação e 2) inoculação parenteral por agulha acoplada a seringas, por
armazenagem . outros materiais perfurocortantes ou por mordedura/hematofagia
O risco está associado à exposição a agentes ou substâncias de animais ou artrópodes;
químicas na forma líquida, gasosa ou como partículas e poeiras mi‐ 3) ingestão de agentes infecciosos presentes em suspensões
nerais e vegetais, presentes nos ambientes ou processos de traba‐ (pipetagem com a boca) ou por meio de contato com a mão/luva
lho, que possam penetrar no organismo pela via respiratória ou que contaminada;
possam ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por inges‐ 4) inalação de aerossóis contendo o agente infeccioso. Quando
tão, como solventes, medicamentos, produtos químicos utilizados há manipulação de animais, a possibilidade de veiculação de agen‐
para limpeza e desinfecção, corantes, dentre outros. tes etiológicos de zoonoses deve ser considerada com rigor, pela
. No Brasil, a rotulagem de produtos químicos deve seguir a norma possibilidade de transmissão via saliva, urina, fezes ou mordedura .
ABNT NBR 14725-1 , que estabelece critérios para inclusão das infor‐ Os agentes biológicos são classificados, de acordo com o risco que
mações de segurança no rótulo de produtos químicos perigosos, de eles apresentam, em classes de risco que variam de 1 a 4.
acordo com a classificação estabelecida no Sistema Globalmente Har‐
monizado de Informação de Segurança de Produtos Químicos (GHS). A definição da classe de risco utiliza como critérios a capaci‐
Para evitar ou minimizar os riscos de acidentes com reagentes dade do agente biológico de infectar e causar doença no homem
químicos é necessário adotar, além das normas básicas de seguran‐ e em animais, a forma de transmissão e a virulência do agente e
ça para laboratório, as precauções específicas descritas a seguir a disponibilidade de medidas preventivas e de tratamento para a
Não permitir o armazenamento de produtos não identificados, enfermidade .
sem data de validade ou com a validade vencida; A informação sobre a classe de risco de um microrganismo é
• Os produtos inflamáveis e explosivos devem ser armazenados fundamental para a determinação do nível de biossegurança que
distantes de produtos oxidantes; dever ser adotado para sua manipulação3 . A classificação de risco
• Não permitir o armazenamento de ácidos ou álcalis concen‐ de agentes biológicos está disponível no Manual de Classificação de
trados nos armários com partes metálicas, pois eles podem causar Risco dos Agentes Biológicos do Ministério da Saúde17 , descrita a
seguir:
corrosão de metais;
Classe de risco 1 (baixo risco individual e para a coletividade):
• Não estocar líquidos inflamáveis em armários fechados, para
inclui os agentes biológicos conhecidos por não causarem doenças
evitar risco de explosão;
em pessoas ou animais adultos sadios. Exemplo: Lactobacillus sp.
• Não estocar produtos químicos voláteis em locais com inci‐
Classe de risco 2 (moderado risco individual e limitado risco
dência de luz solar direta;
para a comunidade): inclui os agentes biológicos que provocam in‐
• Antes de manusear um produto químico é necessário conhe‐
fecções no homem ou nos animais, cujo potencial de propagação
cer suas propriedades e o grau de risco a que se está exposto;
na comunidade e de disseminação no meio ambiente é limitado, e
• Ler o rótulo no recipiente ou na embalagem é a primeira pro‐
para os quais existem medidas terapêuticas e profiláticas eficazes.
vidência a ser tomada, observando a classificação quanto ao tipo de
Exemplo: Schistosoma mansoni.
risco que o reagente oferece;
• Nunca deixar frascos contendo solventes orgânicos próximos Classe de risco 3 (alto risco individual e moderado risco para
à chama, por exemplo álcool, acetona, éter, dentre outros; a comunidade): inclui os agentes biológicos que possuem capaci‐
• Evitar contato de qualquer substância com a pele; ser cui‐ dade de transmissão por via respiratória e que causam patologias
dadoso ao manusear substâncias corrosivas, como ácidos e bases; humanas ou animais, potencialmente letais, para as quais existem,
• Manter seu local de trabalho limpo e não colocar materiais usualmente, medidas de tratamento e/ou de prevenção. Represen‐
nas extremidades da bancada; tam risco se disseminados na comunidade e no meio ambiente, po‐
• Não descartar nas pias materiais sólidos ou líquidos que pos‐ dendo se propagar de pessoa a pessoa. Exemplo: Bacillus anthracis.
sam contaminar o meio ambiente; Classe de risco 4 (alto risco individual e para a comunidade):
• Usar o sistema de gerenciamento de resíduos químicos; inclui os agentes biológicos com grande poder de transmissibilida‐
• O manuseio e o transporte de vidrarias e de outros materiais de por via respiratória ou de transmissão desconhecida. Até o mo‐
devem ser realizados de forma segura; o transporte deve ser firme, mento, não há nenhuma medida profilática ou terapêutica eficaz
evitando-se quedas e derramamentos; contra infecções ocasionadas por eles. Causam doenças humanas e
• Frascos de vidros com produtos químicos têm de ser transpor‐ animais de alta gravidade, com alta capacidade de disseminação na
tados em recipientes de plástico ou de borracha que os protejam de comunidade e no meio ambiente. Esta classe inclui principalmente
vazamento e, quando quebrados, contenham o derramamento; os vírus.
• O manuseio de produtos químicos voláteis, metais, ácidos e bases Exemplo: Vírus Ebola. Classe de risco especial (alto risco de
fortes e outros tem de ser realizado em capela de segurança química; causar doença animal grave e de disseminação no meio ambiente):
• Frascos contendo produtos corrosivos, ácidos ou bases de‐ inclui agentes biológicos de doença animal não existentes no país e
vem ser armazenados em prateleiras baixas, próximas ao chão, e de que, embora não sejam obrigatoriamente patógenos de importân‐
fácil acesso. As substâncias inflamáveis precisam ser manipuladas cia para o homem, podem gerar graves perdas econômicas e/ou na
com extremo cuidado, evitando-se a proximidade de equipamentos produção de alimentos.
e fontes geradoras de calor. Durante o manuseio de produtos quí‐ A não classificação de agentes biológicos nas classes de risco
micos, é obrigatório o uso de equipamentos de proteção individual, 2, 3 e 4 não implica em sua inclusão automática na classe de risco
como óculos de proteção, máscara facial, luvas, jalecos e outros11 . 1. Para isso, deverá ser conduzida uma avaliação de risco baseada
nas propriedades conhecidas e/ou potenciais desses agentes e de
Risco Biológico outros representantes do mesmo gênero ou família.
Está associado ao manuseio ou contato com materiais biológi‐
cos e/ou animais infectados com agentes biológicos que possuam http://www.fmva.unesp.br/Home/pesquisa/comissaodebiosseguran-
a capacidade de produzir efeitos nocivos sobre os seres humanos, caemlaboratorioseambulatorios/manual-biosseguranca-fmva-definiti-
animais e meio ambiente. As vias de transmissão mais frequentes vo-corrigido-em-agosto-de-2017.pdf
em laboratório são:

217
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
NORMA REGULAMENTADORA 32 - NR 32 32.2.3.2 Sempre que houver transferência permanente ou oca‐
SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM SERVIÇOS DE SAÚ- sional de um trabalhador para um outro posto de trabalho, que im‐
DE plique em mudança de risco, esta deve ser comunicada de imediato
ao médico coordenador ou responsável pelo PCMSO.
32.1 Do objetivo e campo de aplicação 32.2.3.3 Com relação à possibilidade de exposição acidental
32.1.1 Esta Norma Regulamentadora - NR tem por finalidade aos agentes biológicos, deve constar do PCMSO:
estabelecer as diretrizes básicas para a implementação de medidas a) os procedimentos a serem adotados para diagnóstico, acom‐
de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços panhamento e prevenção da soro conversão e das doenças;
de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promo‐ b) as medidas para descontaminação do local de trabalho;
ção e assistência à saúde em geral. c) o tratamento médico de emergência para os trabalhadores;
32.1.2 Para fins de aplicação desta NR entende-se por serviços d) a identificação dos responsáveis pela aplicação das medidas
de saúde qualquer edificação destinada à prestação de assistência pertinentes;
à saúde da população, e todas as ações de promoção, recuperação, e) a relação dos estabelecimentos de saúde que podem prestar
assistência, pesquisa e ensino em saúde em qualquer nível de com‐ assistência aos trabalhadores;
plexidade. f) as formas de remoção para atendimento dos trabalhadores;
32.2 Dos Riscos Biológicos g) a relação dos estabelecimentos de assistência à saúde de‐
32.2.1 Para fins de aplicação desta NR, considera-se Risco Bioló‐ positários de imunoglobulinas, vacinas, medicamentos necessários,
gico a probabilidade da exposição ocupacional a agentes biológicos. materiais e insumos especiais.
32.2.1.1 Consideram-se Agentes Biológicos os microrganismos, 32.2.3.4 O PCMSO deve estar à disposição dos trabalhadores,
geneticamente modificados ou não; as culturas de células; os para‐ bem como da inspeção do trabalho.
sitas; as toxinas e os príons. 32.2.3.5 Em toda ocorrência de acidente envolvendo riscos bio‐
32.2.1.2 A classificação dos agentes biológicos encontra-se lógicos, com ou sem afastamento do trabalhador, deve ser emitida
anexa a esta NR. a Comunicação de Acidente de Trabalho - CAT.
32.2.2 Do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA: 32.2.4 Das Medidas de Proteção
32.2.2.1 O PPRA, além do previsto na NR-09, na fase de reco‐ 32.2.4.1 As medidas de proteção devem ser adotadas a partir
nhecimento, deve conter: do resultado da avaliação, previstas no PPRA, observando o dispos‐
I. Identificação dos riscos biológicos mais prováveis, em função to no item 32.2.2.
da localização geográfica e da característica do serviço de saúde e 32.2.4.1.1 Em caso de exposição acidental ou incidental, medi‐
seus setores, considerando: das de proteção devem ser adotadas imediatamente, mesmo que
a) fontes de exposição e reservatórios; não previstas no PPRA.
b) vias de transmissão e de entrada; 32.2.4.2 A manipulação em ambiente laboratorial deve seguir
c) transmissibilidade, patogenicidade e virulência do agente; as orientações contidas na publicação do Ministério da Saúde - Di‐
d) persistência do agente biológico no ambiente; retrizes Gerais para o Trabalho em Contenção com Material Biológi‐
e) estudos epidemiológicos ou dados estatísticos; co, correspondentes aos respectivos microrganismos.
f) outras informações científicas. 32.2.4.3 Todo local onde exista possibilidade de exposição ao
II. Avaliação do local de trabalho e do trabalhador, consideran‐ agente biológico deve ter lavatório exclusivo para higiene das mãos
do: provido de água corrente, sabonete líquido, toalha descartável e
a) a finalidade e descrição do local de trabalho; lixeira provida de sistema de abertura sem contato manual.
b) a organização e procedimentos de trabalho; 32.2.4.3.1 Os quartos ou enfermarias destinados ao isolamento
c) a possibilidade de exposição; de pacientes portadores de doenças infectocontagiosas devem con‐
d) a descrição das atividades e funções de cada local de traba‐ ter lavatório em seu interior.
lho; 32.2.4.3.2 O uso de luvas não substitui o processo de lavagem
e) as medidas preventivas aplicáveis e seu acompanhamento. das mãos, o que deve ocorrer, no mínimo, antes e depois do uso
32.2.2.2 O PPRA deve ser reavaliado 01 (uma) vez ao ano e: das mesmas.
a) sempre que se produza uma mudança nas condições de tra‐ 32.2.4.4 Os trabalhadores com feridas ou lesões nos membros
balho, que possa alterar a exposição aos agentes biológicos; superiores só podem iniciar suas atividades após avaliação médica
b) quando a análise dos acidentes e incidentes assim o deter‐ obrigatória com emissão de documento de liberação para o traba‐
minar. lho.
32.2.2.3 Os documentos que compõem o PPRA deverão estar 32.2.4.5 O empregador deve vedar:
disponíveis aos trabalhadores. a) a utilização de pias de trabalho para fins diversos dos pre‐
32.2.3 Do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional vistos;
- PCMSO b) o ato de fumar, o uso de adornos e o manuseio de lentes de
32.2.3.1 O PCMSO, além do previsto na NR-07, e observando o contato nos postos de trabalho;
disposto no inciso I do item 32.2.2.1, deve contemplar: c) o consumo de alimentos e bebidas nos postos de trabalho;
a) o reconhecimento e a avaliação dos riscos biológicos;
b) a localização das áreas de risco segundo os parâmetros do d) a guarda de alimentos em locais não destinados para este
item 32.2.2; fim;
c) a relação contendo a identificação nominal dos trabalhado‐ e) o uso de calçados abertos.
res, sua função, o local em que desempenham suas atividades e o 32.2.4.6 Todos trabalhadores com possibilidade de exposição a
risco a que estão expostos; agentes biológicos devem utilizar vestimenta de trabalho adequada
d) a vigilância médica dos trabalhadores potencialmente ex‐ e em condições de conforto.
postos; 32.2.4.6.1 A vestimenta deve ser fornecida sem ônus para o
e) o programa de vacinação. empregado.

218
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
32.2.4.6.2 Os trabalhadores não devem deixar o local de traba‐ 32.2.4.13 Os colchões, colchonetes e demais almofadados de‐
lho com os equipamentos de proteção individual e as vestimentas vem ser revestidos de material lavável e impermeável, permitindo
utilizadas em suas atividades laborais. desinfecção e fácil higienização.
32.2.4.6.3 O empregador deve providenciar locais apropriados 32.2.4.13.1 O revestimento não pode apresentar furos, rasgos,
para fornecimento de vestimentas limpas e para deposição das usa‐ sulcos ou reentrâncias.
das. 32.2.4.14 Os trabalhadores que utilizarem objetos perfuro cor‐
32.2.4.6.4 A higienização das vestimentas utilizadas nos cen‐ tantes devem ser os responsáveis pelo seu descarte.
tros cirúrgicos e obstétricos, serviços de tratamento intensivo, uni‐ 32.2.4.15 São vedados o reencape e a desconexão manual de
dades de pacientes com doenças infectocontagiosa e quando hou‐ agulhas.
ver contato direto da vestimenta com material orgânico, deve ser 32.2.4.16 O empregador deve elaborar e implementar Plano de
de responsabilidade do empregador. Prevenção de Riscos de Acidentes com Materiais Perfuro cortantes,
32.2.4.7 Os Equipamentos de Proteção Individual - EPI, descar‐ conforme as diretrizes estabelecidas no Anexo III desta Norma Re‐
táveis ou não, deverão estar à disposição em número suficiente nos gulamentadora.
postos de trabalho, de forma que seja garantido o imediato forne‐ 32.2.4.16 Deve ser assegurado o uso de materiais perfuro cor-
cimento ou reposição. tantes com dispositivo de segurança, conforme cronograma a ser es-
32.2.4.8 O empregador deve: tabelecido pela CTPN. (O cronograma será conformeart. 1º da Por-
a) garantir a conservação e a higienização dos materiais e ins‐ taria MTE 939/2008)(Alteração dada pelaPortaria MTE 1.748/2011)
trumentos de trabalho; 32.2.4.16.1 As empresas que produzem ou comercializam ma‐
b) providenciar recipientes e meios de transporte adequados teriais perfuro cortantes devem disponibilizar, para os trabalhado‐
para materiais infectantes, fluidos e tecidos orgânicos. res dos serviços de saúde, capacitação sobre a correta utilização do
32.2.4.9 O empregador deve assegurar capacitação aos traba‐ dispositivo de segurança.
lhadores, antes do início das atividades e de forma continuada, de‐ 32.2.4.16.1 As empresas que produzem ou comercializam ma-
vendo ser ministrada: teriais perfuro cortantes devem disponibilizar, para os trabalhado-
a) sempre que ocorra uma mudança das condições de exposi‐ res dos serviços de saúde, capacitação sobre a correta utilização
ção dos trabalhadores aos agentes biológicos; do dispositivo de segurança. (Redação dada pelaPortaria MTE
b) durante a jornada de trabalho; 939/2008).(Alteração dada pelaPortaria MTE 1.748/2011)
c) por profissionais de saúde familiarizados com os riscos ine‐ 32.2.4.16.2 O empregador deve assegurar, aos trabalha‐
rentes aos agentes biológicos. dores dos serviços de saúde, a capacitação prevista no subitem
32.2.4.9.1 A capacitação deve ser adaptada à evolução do co‐ 32.2.4.16.1.”
nhecimento e à identificação de novos riscos biológicos e deve in‐ 32.2.4.16.2 O empregador deve assegurar, aos trabalha-
cluir: dores dos serviços de saúde, a capacitação prevista no subitem
a) os dados disponíveis sobre riscos potenciais para a saúde; 32.2.4.16.1. (Redação dada pelaPortaria MTE 939/2008).(Alteração
b) medidas de controle que minimizem a exposição aos agen‐ dada pelaPortaria MTE 1.748/2011)
tes; 32.2.4.17 Da Vacinação dos Trabalhadores
c) normas e procedimentos de higiene; 32.2.4.17.1 A todo trabalhador dos serviços de saúde deve ser
d) utilização de equipamentos de proteção coletiva, individual fornecido, gratuitamente, programa de imunização ativa contra té‐
e vestimentas de trabalho; tano, difteria, hepatite B e os estabelecidos no PCMSO.
e) medidas para a prevenção de acidentes e incidentes; 32.2.4.17.2 Sempre que houver vacinas eficazes contra outros
f) medidas a serem adotadas pelos trabalhadores no caso de agentes biológicos a que os trabalhadores estão, ou poderão estar,
ocorrência de incidentes e acidentes. expostos, o empregador deve fornecê-las gratuitamente.
32.2.4.9.2 O empregador deve comprovar para a inspeção do 32.2.4.17.3 O empregador deve fazer o controle da eficácia da
trabalho a realização da capacitação através de documentos que vacinação sempre que for recomendado pelo Ministério da Saúde e
informem a data, o horário, a carga horária, o conteúdo ministrado, seus órgãos, e providenciar, se necessário, seu reforço.
o nome e a formação ou capacitação profissional do instrutor e dos 32.2.4.17.4 A vacinação deve obedecer às recomendações do
trabalhadores envolvidos. Ministério da Saúde.
32.2.4.10 Em todo local onde exista a possibilidade de exposi‐ 32.2.4.17.5 O empregador deve assegurar que os trabalhado‐
ção a agentes biológicos, devem ser fornecidas aos trabalhadores res sejam informados das vantagens e dos efeitos colaterais, assim
instruções escritas, em linguagem acessível, das rotinas realizadas como dos riscos a que estarão expostos por falta ou recusa de vaci‐
no local de trabalho e medidas de prevenção de acidentes e de nação, devendo, nestes casos, guardar documento comprobatório
doenças relacionadas ao trabalho. e mantê-lo disponível à inspeção do trabalho.
32.2.4.10.1 As instruções devem ser entregues ao trabalhador, 32.2.4.17.6 A vacinação deve ser registrada no prontuário clíni‐
mediante recibo, devendo este ficar à disposição da inspeção do co individual do trabalhador, previsto na NR-07.
trabalho. 32.2.4.17.7 Deve ser fornecido ao trabalhador comprovante
32.2.4.11 Os trabalhadores devem comunicar imediatamente das vacinas recebidas.
todo acidente ou incidente, com possível exposição a agentes bio‐ 32.3 Dos Riscos Químicos
lógicos, ao responsável pelo local de trabalho e, quando houver, ao 32.3.1 Deve ser mantida a rotulagem do fabricante na embala‐
serviço de segurança e saúde do trabalho e à CIPA. gem original dos produtos químicos utilizados em serviços de saú‐
32.2.4.12 O empregador deve informar, imediatamente, aos de.
trabalhadores e aos seus representantes qualquer acidente ou in‐ 32.3.2 Todo recipiente contendo produto químico manipulado
cidente grave que possa provocar a disseminação de um agente ou fracionado deve ser identificado, de forma legível, por etiqueta
biológico suscetível de causar doenças graves nos seres humanos, com o nome do produto, composição química, sua concentração,
as suas causas e as medidas adotadas ou a serem adotadas para data de envase e de validade, e nome do responsável pela manipu‐
corrigir a situação. lação ou fracionamento.

219
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
32.3.3 É vedado o procedimento de reutilização das embala‐ 32.3.7.4 Todos os estabelecimentos que realizam, ou que pre‐
gens de produtos químicos. tendem realizar, esterilização, reesterilização ou reprocessamento
32.3.4 Do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA por gás óxido de etileno, deverão atender o disposto na Portaria
32.3.4.1 No PPRA dos serviços de saúde deve constar inventá‐ Interministerial nº 482/MS/MTE de 16/04/1999.
rio de todos os produtos químicos, inclusive intermediários e resí‐ 32.3.7.5 Nos locais onde se utilizam e armazenam produtos in‐
duos, com indicação daqueles que impliquem em riscos à seguran‐ flamáveis, o sistema de prevenção de incêndio deve prever medidas
ça e saúde do trabalhador. especiais de segurança e procedimentos de emergência.
32.3.4.1.1 Os produtos químicos, inclusive intermediários e re‐ 32.3.7.6 As áreas de armazenamento de produtos químicos de‐
síduos que impliquem riscos à segurança e saúde do trabalhador, vem ser ventiladas e sinalizadas.
devem ter uma ficha descritiva contendo, no mínimo, as seguintes 32.3.7.6.1 Devem ser previstas áreas de armazenamento pró‐
informações: prias para produtos químicos incompatíveis.
a) as características e as formas de utilização do produto; 32.3.8 Dos Gases Medicinais
b) os riscos à segurança e saúde do trabalhador e ao meio am‐ 32.3.8.1 Na movimentação, transporte, armazenamento, ma‐
biente, considerando as formas de utilização; nuseio e utilização dos gases, bem como na manutenção dos equi‐
c) as medidas de proteção coletiva, individual e controle médi‐ pamentos, devem ser observadas as recomendações do fabricante,
co da saúde dos trabalhadores; desde que compatíveis com as disposições da legislação vigente.
d) condições e local de estocagem; 32.3.8.1.1 As recomendações do fabricante, em português, de‐
e) procedimentos em situações de emergência. vem ser mantidas no local de trabalho à disposição dos trabalhado‐
32.3.4.1.2 Uma cópia da ficha deve ser mantida nos locais onde res e da inspeção do trabalho.
o produto é utilizado. 32.3.8.2 É vedado:
32.3.5 Do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional a) a utilização de equipamentos em que se constate vazamento de gás;
- PCMSO b) submeter equipamentos a pressões superiores àquelas para
32.3.5.1 Na elaboração e implementação do PCMSO, devem as quais foram projetados;
ser consideradas as informações contidas nas fichas descritivas ci‐ c) a utilização de cilindros que não tenham a identificação do
tadas no subitem 32.3.4.1.1. gás e a válvula de segurança;
32.3.6 Cabe ao empregador: d) a movimentação dos cilindros sem a utilização dos equipa‐
32.3.6.1 Capacitar, inicialmente e de forma continuada, os tra‐ mentos de proteção individual adequados;
balhadores envolvidos para a utilização segura de produtos quími‐ e) a submissão dos cilindros a temperaturas extremas;
cos. f) a utilização do oxigênio e do ar comprimido para fins diversos
32.3.6.1.1 A capacitação deve conter, no mínimo: aos que se destinam;
g) o contato de óleos, graxas, hidrocarbonetos ou materiais or‐
a) a apresentação das fichas descritivas citadas no subitem
gânicos similares com gases oxidantes;
32.3.4.1.1, com explicação das informações nelas contidas;
h) a utilização de cilindros de oxigênio sem a válvula de reten‐
b) os procedimentos de segurança relativos à utilização;
ção ou o dispositivo apropriado para impedir o fluxo reverso;
c) os procedimentos a serem adotados em caso de incidentes,
i) a transferência de gases de um cilindro para outro, indepen‐
acidentes e em situações de emergência.
dentemente da capacidade dos cilindros;
32.3.7 Das Medidas de Proteção
j) o transporte de cilindros soltos, em posição horizontal e sem
32.3.7.1 O empregador deve destinar local apropriado para a
capacetes.
manipulação ou fracionamento de produtos químicos que impli‐ 32.3.8.3 Os cilindros contendo gases inflamáveis, tais como hi‐
quem riscos à segurança e saúde do trabalhador. drogênio e acetileno, devem ser armazenados a uma distância mí‐
32.3.7.1.1 É vedada a realização destes procedimentos em nima de oito metros daqueles contendo gases oxidantes, tais como
qualquer local que não o apropriado para este fim. oxigênio e óxido nitroso, ou através de barreiras vedadas e resisten‐
32.3.7.1.2 Excetuam-se a preparação e associação de medica‐ tes ao fogo.
mentos para administração imediata aos pacientes. 32.3.8.4 Para o sistema centralizado de gases medicinais de‐
32.3.7.1.3 O local deve dispor, no mínimo, de: vem ser fixadas placas, em local visível, com caracteres indeléveis e
a) sinalização gráfica de fácil visualização para identificação do legíveis, com as seguintes informações:
ambiente, respeitando o disposto na NR-26; a) nominação das pessoas autorizadas a terem acesso ao local
b) equipamentos que garantam a concentração dos produtos e treinadas na operação e manutenção do sistema;
químicos no ar abaixo dos limites de tolerância estabelecidos nas b) procedimentos a serem adotados em caso de emergência;
NR- 09 e NR-15 e observando-se os níveis de ação previstos na NR- c) número de telefone para uso em caso de emergência;
09; d) sinalização alusiva a perigo.
c) equipamentos que garantam a exaustão dos produtos quí‐ 32.3.9 Dos Medicamentos e das Drogas de Risco
micos de forma a não potencializar a exposição de qualquer traba‐ 32.3.9.1 Para efeito desta NR, consideram-se medicamentos e
lhador, envolvido ou não, no processo de trabalho, não devendo ser drogas de risco aquelas que possam causar genotoxicidade, carci‐
utilizado o equipamento tipo coifa; nogenicidade, teratogenicidade e toxicidade séria e seletiva sobre
d) chuveiro e lava-olhos, os quais deverão ser acionados e hi‐ órgãos e sistemas.
gienizados semanalmente; 32.3.9.2 Deve constar no PPRA a descrição dos riscos inerentes
e) equipamentos de proteção individual, adequados aos riscos, às atividades de recebimento, armazenamento, preparo, distribui‐
à disposição dos trabalhadores; ção, administração dos medicamentos e das drogas de risco.
f) sistema adequado de descarte. 32.3.9.3 Dos Gases e Vapores Anestésicos
32.3.7.2 A manipulação ou fracionamento dos produtos quími‐ 32.3.9.3.1 Todos os equipamentos utilizados para a adminis‐
cos deve ser feito por trabalhador qualificado. tração dos gases ou vapores anestésicos devem ser submetidos à
32.3.7.3 O transporte de produtos químicos deve ser realizado manutenção corretiva e preventiva, dando-se especial atenção aos
considerando os riscos à segurança e saúde do trabalhador e ao pontos de vazamentos para o ambiente de trabalho, buscando sua
meio ambiente. eliminação.

220
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
32.3.9.3.2 A manutenção consiste, no mínimo, na verificação 32.3.9.4.6 Com relação aos quimioterápicos antineoplásicos,
dos cilindros de gases, conectores, conexões, mangueiras, balões, compete ao empregador:
traqueias, válvulas, aparelhos de anestesia e máscaras faciais para a) proibir fumar, comer ou beber, bem como portar adornos
ventilação pulmonar. ou maquiar-se;
32.3.9.3.2.1 O programa e os relatórios de manutenção devem b) afastar das atividades as trabalhadoras gestantes e nutrizes;
constar de documento próprio que deve ficar à disposição dos tra‐ c) proibir que os trabalhadores expostos realizem atividades
balhadores diretamente envolvidos e da fiscalização do trabalho. com possibilidade de exposição aos agentes ionizantes;
32.3.9.3.3 Os locais onde são utilizados gases ou vapores anes‐ d) fornecer aos trabalhadores avental confeccionado de mate‐
tésicos devem ter sistemas de ventilação e exaustão, com o objetivo rial impermeável, com frente resistente e fechado nas costas, man‐
de manter a concentração ambiental sob controle, conforme pre‐ ga comprida e punho justo, quando do seu preparo e administração;
visto na legislação vigente. e) fornecer aos trabalhadores dispositivos de segurança que
32.3.9.3.4 Toda trabalhadora gestante só será liberada para o minimizem a geração de aerossóis e a ocorrência de acidentes du‐
trabalho em áreas com possibilidade de exposição a gases ou vapo‐ rante a manipulação e administração;
res anestésicos após autorização por escrito do médico responsável f) fornecer aos trabalhadores dispositivos de segurança para a
pelo PCMSO, considerando as informações contidas no PPRA. prevenção de acidentes durante o transporte.
32.3.9.4 Dos Quimioterápicos Antineoplásicos 3 32.3.9.4.7 Além do cumprimento do disposto na legislação vi‐
2.3.9.4.1 Os quimioterápicos antineoplásicos somente devem gente, os Equipamentos de Proteção Individual - EPI devem atender
ser preparados em área exclusiva e com acesso restrito aos profis‐ as seguintes exigências:
sionais diretamente envolvidos. A área deve dispor no mínimo de: a) ser avaliados diariamente quanto ao estado de conservação
a) vestiário de barreira com dupla câmara; e segurança;
b) sala de preparo dos quimioterápicos; b) estar armazenados em locais de fácil acesso e em quantida‐
c) local destinado para as atividades administrativas; de suficiente para imediata substituição, segundo as exigências do
d) local de armazenamento exclusivo para estocagem. procedimento ou em caso de contaminação ou dano.
32.3.9.4.2 O vestiário deve dispor de: 32.3.9.4.8 Com relação aos quimioterápicos antineoplásicos é
a) pia e material para lavar e secar as mãos; vedado:
b) lava olhos, o qual pode ser substituído por uma ducha tipo a) iniciar qualquer atividade na falta de EPI;
higiênica; b) dar continuidade às atividades de manipulação quando
c) chuveiro de emergência; ocorrer qualquer interrupção do funcionamento da cabine de se‐
d) equipamentos de proteção individual e vestimentas para uso gurança biológica.
e reposição; 32.3.9.4.9 Dos Procedimentos Operacionais em Caso de Ocor‐
e) armários para guarda de pertences; rência de Acidentes Ambientais ou Pessoais.
f) recipientes para descarte de vestimentas usadas. 32.3.9.4.9.1 Com relação aos quimioterápicos, entende-se por
32.3.9.4.3 Devem ser elaborados manuais de procedimentos acidente:
relativos a limpeza, descontaminação e desinfecção de todas as a) ambiental: contaminação do ambiente devido à saída do
áreas, incluindo superfícies, instalações, equipamentos, mobiliário, medicamento do envase no qual esteja acondicionado, seja por
vestimentas, EPI e materiais. derramamento ou por aerodispersóides sólidos ou líquidos;
32.3.9.4.3.1 Os manuais devem estar disponíveis a todos os tra‐ b) pessoal: contaminação gerada por contato ou inalação dos
balhadores e à fiscalização do trabalho. medicamentos da terapia quimioterápica antineoplásica em qual‐
32.3.9.4.4 Todos os profissionais diretamente envolvidos devem la‐ quer das etapas do processo.
var adequadamente as mãos, antes e após a retirada das luvas. 32.3.9.4.9.2 As normas e os procedimentos, a serem adotados
32.3.9.4.5 A sala de preparo deve ser dotada de Cabine de Se‐ em caso de ocorrência de acidentes ambientais ou pessoais, devem
gurança Biológica Classe II B2 e na sua instalação devem ser previs‐ constar em manual disponível e de fácil acesso aos trabalhadores e
tos, no mínimo: à fiscalização do trabalho.
a) suprimento de ar necessário ao seu funcionamento; 32.3.9.4.9.3 Nas áreas de preparação, armazenamento e admi‐
b) local e posicionamento, de forma a evitar a formação de tur‐ nistração e para o transporte deve ser mantido um “Kit” de derra‐
bulência aérea. mamento identificado e disponível, que deve conter, no mínimo:
32.3.9.4.5.1 A cabine deve: luvas de procedimento, avental impermeável, compressas absor‐
a) estar em funcionamento no mínimo por 30 minutos antes ventes, proteção respiratória, proteção ocular, sabão, recipiente
do início do trabalho de manipulação e permanecer ligada por 30 identificado para recolhimento de resíduos e descrição do proce‐
minutos após a conclusão do trabalho; dimento.
b) ser submetida periodicamente a manutenções e trocas de 32.3.10 Da Capacitação
filtros absolutos e pré-filtro de acordo com um programa escrito, 32.3.10.1 Os trabalhadores envolvidos devem receber capaci‐
que obedeça às especificações do fabricante, e que deve estar à tação inicial e continuada que contenha, no mínimo:
disposição da inspeção do trabalho; a) as principais vias de exposição ocupacional;
c) possuir relatório das manutenções, que deve ser mantido a b) os efeitos terapêuticos e adversos destes medicamentos e o
disposição da fiscalização do trabalho; possível risco à saúde, a longo e curto prazo;
d) ter etiquetas afixadas em locais visíveis com as datas da últi‐ c) as normas e os procedimentos padronizados relativos ao ma‐
ma e da próxima manutenção; nuseio, preparo, transporte, administração, distribuição e descarte
e) ser submetida a processo de limpeza, descontaminação e dos quimioterápicos antineoplásicos;
desinfecção, nas paredes laterais internas e superfície de trabalho, d) as normas e os procedimentos a serem adotadas no caso de
antes do início das atividades; ocorrência de acidentes.
f) ter a sua superfície de trabalho submetida aos procedimen‐ 32.3.10.1.1 A capacitação deve ser ministrada por profissionais
tos de limpeza ao final das atividades e no caso de ocorrência de de saúde familiarizados com os riscos inerentes aos quimioterápi‐
acidentes com derramamentos e respingos. cos antineoplásicos.

221
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
32.4 Das Radiações Ionizantes(voltar) c) promover capacitação em proteção radiológica, inicialmente
32.4.1 O atendimento das exigências desta NR, com relação às e de forma continuada, para os trabalhadores ocupacionalmente e
radiações ionizantes, não desobriga o empregador de observar as para-ocupacionalmente expostos às radiações ionizantes;
disposições estabelecidas pelas normas específicas da Comissão d) manter no registro individual do trabalhador as capacitações
Nacional de Energia Nuclear - CNEN e da Agência Nacional de Vigi‐ ministradas;
lância Sanitária - ANVISA, do Ministério da Saúde. e) fornecer ao trabalhador, por escrito e mediante recibo, ins‐
32.4.2 É obrigatório manter no local de trabalho e à disposi‐ truções relativas aos riscos radiológicos e procedimentos de prote‐
ção da inspeção do trabalho o Plano de Proteção Radiológica - PPR, ção radiológica adotados na instalação radiativa;
aprovado pela CNEN, e para os serviços de radiodiagnóstico aprova‐ f) dar ciência dos resultados das doses referentes às exposições
do pela Vigilância Sanitária. de rotina, acidentais e de emergências, por escrito e mediante re‐
32.4.2.1 O Plano de Proteção Radiológica deve: cibo, a cada trabalhador e ao médico coordenador do PCMSO ou
a) estar dentro do prazo de vigência; médico encarregado dos exames médicos previstos na NR- 07.
b) identificar o profissional responsável e seu substituto even‐ 32.4.7 Cada trabalhador da instalação radiativa deve ter um
tual como membros efetivos da equipe de trabalho do serviço; registro individual atualizado, o qual deve ser conservado por 30
c) fazer parte do PPRA do estabelecimento; (trinta) anos após o término de sua ocupação, contendo as seguin‐
d) ser considerado na elaboração e implementação do PCMSO; tes informações:
e) ser apresentado na CIPA, quando existente na empresa, sen‐ a) identificação (Nome, DN, Registro, CPF), endereço e nível de
do sua cópia anexada às atas desta comissão. instrução;
32.4.3 O trabalhador que realize atividades em áreas onde exis‐ b) datas de admissão e de saída do emprego;
tam fontes de radiações ionizantes deve: c) nome e endereço do responsável pela proteção radiológica
a) permanecer nestas áreas o menor tempo possível para a rea‐ de cada período trabalhado;
lização do procedimento; d) funções associadas às fontes de radiação com as respectivas
b) ter conhecimento dos riscos radiológicos associados ao seu áreas de trabalho, os riscos radiológicos a que está ou esteve expos‐
trabalho; to, data de início e término da atividade com radiação, horários e
c) estar capacitado inicialmente e de forma continuada em pro‐ períodos de ocupação;
teção radiológica; e) tipos de dosímetros individuais utilizados;
d) usar os EPI adequados para a minimização dos riscos; f) registro de doses mensais e anuais (doze meses consecuti‐
e) estar sob monitoração individual de dose de radiação ioni‐ vos) recebidas e relatórios de investigação de doses;
zante, nos casos em que a exposição seja ocupacional. g) capacitações realizadas;
32.4.4 Toda trabalhadora com gravidez confirmada deve ser h) estimativas de incorporações;
afastada das atividades com radiações ionizantes, devendo ser re‐ i) relatórios sobre exposições de emergência e de acidente;
manejada para atividade compatível com seu nível de formação. j) exposições ocupacionais anteriores a fonte de radiação.
32.4.5 Toda instalação radiativa deve dispor de monitoração 32.4.7.1 O registro individual dos trabalhadores deve ser man‐
individual e de áreas. tido no local de trabalho e à disposição da inspeção do trabalho.
32.4.5.1 Os dosímetros individuais devem ser obtidos, calibra‐ 32.4.8 O prontuário clínico individual previsto pela NR-07 deve
dos e avaliados exclusivamente em laboratórios de monitoração in‐ ser mantido atualizado e ser conservado por 30 (trinta) anos após o
dividual acreditados pela CNEN. término de sua ocupação.
32.4.5.2 A monitoração individual externa, de corpo inteiro ou 32.4.9 Toda instalação radiativa deve possuir um serviço de
de extremidades, deve ser feita através de dosimetria com perio‐ proteção radiológica.
dicidade mensal e levando-se em conta a natureza e a intensidade 32.4.9.1 O serviço de proteção radiológica deve estar localiza‐
das exposições normais e potenciais previstas. do no mesmo ambiente da instalação radiativa e serem garantidas
32.4.5.3 Na ocorrência ou suspeita de exposição acidental, os as condições de trabalho compatíveis com as atividades desenvolvi‐
dosímetros devem ser encaminhados para leitura no prazo máximo das, observando as normas da CNEN e da ANVISA.
de 24 horas. 32.4.9.2 O serviço de proteção radiológica deve possuir, de
32.4.5.4 Após ocorrência ou suspeita de exposição acidental a acordo com o especificado no PPR, equipamentos para:
fontes seladas, devem ser adotados procedimentos adicionais de a) monitoração individual dos trabalhadores e de área;
monitoração individual, avaliação clínica e a realização de exames b) proteção individual;
complementares, incluindo a dosimetria cito genética, a critério c) medições ambientais de radiações ionizantes específicas
médico. para práticas de trabalho.
32.4.5.5 Após ocorrência ou suspeita de acidentes com fontes 32.4.9.3 O serviço de proteção radiológica deve estar direta‐
não seladas, sujeitas a exposição externa ou com contaminação mente subordinado ao Titular da instalação radiativa.
interna, devem ser adotados procedimentos adicionais de monito‐ 32.4.9.4 Quando o estabelecimento possuir mais de um ser‐
ração individual, avaliação clínica e a realização de exames comple‐ viço, deve ser indicado um responsável técnico para promover a
mentares, incluindo a dosimetria cito genética, a análise in vivo e in integração das atividades de proteção radiológica destes serviços.
vitro, a critério médico. 32.4.10 O médico coordenador do PCMSO ou o encarregado
32.4.5.6 Deve ser elaborado e implementado um programa de pelos exames médicos, previstos na NR-07, deve estar familiarizado
monitoração periódica de áreas, constante do Plano de Proteção com os efeitos e a terapêutica associados à exposição decorrente
Radiológica, para todas as áreas da instalação radiativa. das atividades de rotina ou de acidentes com radiações ionizantes.
32.4.6 Cabe ao empregador: 32.4.11 As áreas da instalação radiativa devem ser classificadas
a) implementar medidas de proteção coletiva relacionadas aos e ter controle de acesso definido pelo responsável pela proteção
riscos radiológicos; radiológica.
b) manter profissional habilitado, responsável pela proteção 32.4.12 As áreas da instalação radiativa devem estar devida‐
radiológica em cada área específica, com vinculação formal com o mente sinalizadas em conformidade com a legislação em vigor, em
estabelecimento; especial quanto aos seguintes aspectos:

222
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
a) utilização do símbolo internacional de presença de radiação 32.4.14 Dos Serviços de Radioterapia 32.4.14.1 Os Serviços de
nos acessos controlados; Radioterapia devem adotar, no mínimo, os seguintes dispositivos
b) as fontes presentes nestas áreas e seus rejeitos devem ter de segurança:
as suas embalagens, recipientes ou blindagens identificadas em re‐ a) salas de tratamento possuindo portas com sistema de inter‐
lação ao tipo de elemento radioativo, atividade e tipo de emissão; travamento, que previnam o acesso indevido de pessoas durante a
c) valores das taxas de dose e datas de medição em pontos de operação do equipamento;
referência significativos, próximos às fontes de radiação, nos locais b) indicadores luminosos de equipamento em operação, loca‐
de permanência e de trânsito dos trabalhadores, em conformidade lizados na sala de tratamento e em seu acesso externo, em posição
com o disposto no PPR; visível.
d) identificação de vias de circulação, entrada e saída para con‐ 32.4.14.2 Da Braquiterapia
dições normais de trabalho e para situações de emergência; 32.4.14.2.1 Na sala de preparo e armazenamento de fontes é
e) localização dos equipamentos de segurança; vedada a prática de qualquer atividade não relacionada com a pre‐
f) procedimentos a serem obedecidos em situações de aciden‐ paração das fontes seladas.
tes ou de emergência; 32.4.14.2.2 Os recipientes utilizados para o transporte de fon‐
g) sistemas de alarme. tes devem estar identificados com o símbolo de presença de radia‐
32.4.13 Do Serviço de Medicina Nuclear ção e a atividade do radionuclídeo a ser deslocado.
32.4.13.1 As áreas supervisionadas e controladas de Serviço 32.4.14.2.3 No deslocamento de fontes para utilização em bra‐
de Medicina Nuclear devem ter pisos e paredes impermeáveis que quiterapia deve ser observado o princípio da otimização, de modo a
permitam sua descontaminação. expor o menor número possível de pessoas.
32.4.13.2 A sala de manipulação e armazenamento de fontes 32.4.14.2.4 Na capacitação dos trabalhadores para manipula‐
radioativas em uso deve: ção de fontes seladas utilizadas em braquiterapia devem ser empre‐
a) ser revestida com material impermeável que possibilite sua gados simuladores de fontes.
descontaminação, devendo os pisos e paredes ser providos de can‐ 32.4.14.2.5 O preparo manual de fontes utilizadas em braqui‐
tos arredondados; terapia de baixa taxa de dose deve ser realizado em sala específica
b) possuir bancadas constituídas de material liso, de fácil des‐ com acesso controlado, somente sendo permitida a presença de
contaminação, recobertas com plástico e papel absorvente; pessoas diretamente envolvidas com esta atividade.
c) dispor de pia com cuba de, no mínimo, 40 cm de profun‐ 32.4.14.2.6 O manuseio de fontes de baixa taxa de dose deve
didade, e acionamento para abertura das torneiras sem controle ser realizado exclusivamente com a utilização de instrumentos e
manual. com a proteção de anteparo plumbífero.
32.4.13.2.1 É obrigatória a instalação de sistemas exclusivos de 32.4.14.2.7 Após cada aplicação, as vestimentas de pacientes
exaustão: e as roupas de cama devem ser monitoradas para verificação da
a) local, para manipulação de fontes não seladas voláteis; presença de fontes seladas.
b) de área, para os serviços que realizem estudos de ventilação 32.4.15 Dos serviços de radiodiagnóstico médico
pulmonar. 32.4.15.1 É obrigatório manter no local de trabalho e à dispo‐
32.4.13.2.2 Nos locais onde são manipulados e armazenados sição da inspeção do trabalho o Alvará de Funcionamento vigente
materiais radioativos ou rejeitos, não é permitido: concedido pela autoridade sanitária local e o Programa de Garantia
a) aplicar cosméticos, alimentar-se, beber, fumar e repousar; da Qualidade.
b) guardar alimentos, bebidas e bens pessoais. 32.4.15.2 A cabine de comando deve ser posicionada de forma
32.4.13.3 Os trabalhadores envolvidos na manipulação de ma‐ a:
teriais radioativos e marcação de fármacos devem usar os equipa‐ a) permitir ao operador, na posição de disparo, eficaz comuni‐
mentos de proteção recomendados no PPRA e PPR. cação e observação visual do paciente;
32.4.13.4 Ao término da jornada de trabalho, deve ser realiza‐ b) permitir que o operador visualize a entrada de qualquer pes‐
da a monitoração das superfícies de acordo com o PPR, utilizando- soa durante o procedimento radiológico.
se monitor de contaminação. 32.4.15.3 A sala de raios X deve dispor de:
32.4.13.5 Sempre que for interrompida a atividade de trabalho, a) sinalização visível na face exterior das portas de acesso, con‐
deve ser feita a monitoração das extremidades e de corpo inteiro tendo o símbolo internacional de radiação ionizante, acompanhado
dos trabalhadores que manipulam radiofármacos. das inscrições: “raios X, entrada restrita” ou “raios X, entrada proi‐
32.4.13.6 O local destinado ao decaimento de rejeitos radioa‐ bida a pessoas não autorizadas”.
tivos deve: b) sinalização luminosa vermelha acima da face externa da por‐
a) ser localizado em área de acesso controlado; ta de acesso, acompanhada do seguinte aviso de advertência:
b) ser sinalizado; “Quando a luz vermelha estiver acesa, a entrada é proibida”. A
c) possuir blindagem adequada; sinalização luminosa deve ser acionada durante os procedimentos
d) ser constituído de compartimentos que possibilitem a segre‐ radiológicos.
gação dos rejeitos por grupo de radionuclídeos com meia-vida física 32.4.15.3.1 As portas de acesso das salas com equipamentos
próxima e por estado físico. de raios X fixos devem ser mantidas fechadas durante as exposi‐
32.4.13.7 O quarto destinado à internação de paciente, para ções.
administração de radiofármacos, deve possuir: 32.4.15.3.2 Não é permitida a instalação de mais de um equi‐
a) blindagem; pamento de raios X por sala.
b) paredes e pisos com cantos arredondados, revestidos de ma‐ 32.4.15.4 A câmara escura deve dispor de:
teriais impermeáveis, que permitam sua descontaminação; a) sistema de exaustão de ar localizado;
c) sanitário privativo; b) pia com torneira.
d) biombo blindado junto ao leito; 32.4.15.5 Todo equipamento de radiodiagnóstico médico deve
e) sinalização externa da presença de radiação ionizante; possuir diafragma e colimador em condições de funcionamento
f) acesso controlado. para tomada radiográfica.

223
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
32.4.15.6 Os equipamentos móveis devem ter um cabo dispa‐ 32.5.3.2 Para os recipientes destinados a coleta de material
rador com um comprimento mínimo de 2 metros. perfuro cortante, o limite máximo de enchimento deve estar locali‐
32.4.15.7 Deverão permanecer no local do procedimento ra‐ zado 5 cm abaixo do bocal.
diológico somente o paciente e a equipe necessária. 32.5.3.2.1 O recipiente para acondicionamento dos perfuro
32.4.15.8 Os equipamentos de fluoroscopia devem possuir: cortantes deve ser mantido em suporte exclusivo e em altura que
a) sistema de intensificação de imagem com monitor de vídeo permita a visualização da abertura para descarte.
acoplado; 32.5.4 O transporte manual do recipiente de segregação deve
b) cortina ou saiote plumbífero inferior e lateral para proteção ser realizado de forma que não exista o contato do mesmo com
do operador contra radiação espalhada; outras partes do corpo, sendo vedado o arrasto.
c) sistema para garantir que o feixe de radiação seja completa‐ 32.5.5 Sempre que o transporte do recipiente de segregação
mente restrito à área do receptor de imagem; possa comprometer a segurança e a saúde do trabalhador, devem
d) sistema de alarme indicador de um determinado nível de ser utilizados meios técnicos apropriados, de modo a preservar a
dose ou exposição. sua saúde e integridade física.
32.4.15.8.1 Caso o equipamento de fluoroscopia não possua o 32.5.6 A sala de armazenamento temporário dos recipientes de
sistema de alarme citado, o mesmo deve ser instalado no ambiente. transporte deve atender, no mínimo, às seguintes características:
32.4.16 Dos Serviços de Radiodiagnóstico Odontológico 3 I -ser dotada de:
2.4.16.1 Na radiologia intra-oral: pisos e paredes laváveis;
a) todos os trabalhadores devem manter-se afastados do cabe‐ b) ralo sifonado;
çote e do paciente a uma distância mínima de 2 metros; c) ponto de água;
b) nenhum trabalhador deve segurar o filme durante a expo‐ d) ponto de luz;
sição; e) ventilação adequada;
c) caso seja necessária a presença de trabalhador para assistir f) abertura dimensionada de forma a permitir a entrada dos
ao paciente, esse deve utilizar os EPIs. recipientes de transporte.
32.4.16.2 Para os procedimentos com equipamentos de radio‐ II - ser mantida limpa e com controle de vetores;
grafia extraoral deverão ser seguidos os mesmos requisitos do ra‐ III - conter somente os recipientes de coleta, armazenamento
diodiagnóstico médico. ou transporte;
32.5 Dos Resíduos IV - ser utilizada apenas para os fins a que se destina;
32.5.1 Cabe ao empregador capacitar, inicialmente e de forma V -estar devidamente sinalizada e identificada.
continuada, os trabalhadores nos seguintes assuntos: 32.5.7 O transporte dos resíduos para a área de armazenamen‐
a) segregação, acondicionamento e transporte dos resíduos; to externo deve atender aos seguintes requisitos:
b) definições, classificação e potencial de risco dos resíduos; a) ser feito através de carros constituídos de material rígido, la‐
c) sistema de gerenciamento adotado internamente no esta‐ vável, impermeável, provido de tampo articulado ao próprio corpo
belecimento; do equipamento e cantos arredondados;
d) formas de reduzir a geração de resíduos; b) ser realizado em sentido único com roteiro definido em ho‐
e) conhecimento das responsabilidades e de tarefas; rários não coincidentes com a distribuição de roupas, alimentos e
f) reconhecimento dos símbolos de identificação das classes de medicamentos, períodos de visita ou de maior fluxo de pessoas.
resíduos; 32.5.7.1 Os recipientes de transporte com mais de 400 litros de
g) conhecimento sobre a utilização dos veículos de coleta; capacidade devem possuir válvula de dreno no fundo.
32.5.8 Em todos os serviços de saúde deve existir local apro‐
h) orientações quanto ao uso de Equipamentos de Proteção
priado para o armazenamento externo dos resíduos, até que sejam
Individual - EPIs.
recolhidos pelo sistema de coleta externa.
32.5.2 Os sacos plásticos utilizados no acondicionamento dos
32.5.8.1 O local, além de atender às características descritas no
resíduos de saúde devem atender ao disposto na NBR 9191 e ainda
item 32.5.6, deve ser dimensionado de forma a permitir a separa‐
ser:
ção dos recipientes conforme o tipo de resíduo.
a) preenchidos até 2/3 de sua capacidade;
32.5.9 Os rejeitos radioativos devem ser tratados conforme dis‐
b) fechados de tal forma que não se permita o seu derrama‐
posto na Resolução CNEN NE-6.05.
mento, mesmo que virados com a abertura para baixo; 32.6 Das Condições de Conforto por Ocasião das Refeições
c) retirados imediatamente do local de geração após o preen‐ 32.6.1 Os refeitórios dos serviços de saúde devem atender ao
chimento e fechamento; disposto na NR-24.
d) mantidos íntegros até o tratamento ou a disposição final do 32.6.2 Os estabelecimentos com até 300 trabalhadores devem
resíduo. ser dotados de locais para refeição, que atendam aos seguintes re‐
32.5.3 A segregação dos resíduos deve ser realizada no local quisitos mínimos:
onde são gerados, devendo ser observado que: a) localização fora da área do posto de trabalho;
a) sejam utilizados recipientes que atendam as normas da b) piso lavável;
ABNT, em número suficiente para o armazenamento; c) limpeza, arejamento e boa iluminação;
b) os recipientes estejam localizados próximos da fonte gera‐ d) mesas e assentos dimensionados de acordo com o número
dora; de trabalhadores por intervalo de descanso e refeição;
c) os recipientes sejam constituídos de material lavável, resis‐ e) lavatórios instalados nas proximidades ou no próprio local;
tente à punctura, ruptura e vazamento, com tampa provida de sis‐ f) fornecimento de água potável;
tema de abertura sem contato manual, com cantos arredondados e
que sejam resistentes ao tombamento; g) possuir equipamento apropriado e seguro para aquecimento
d) os recipientes sejam identificados e sinalizados segundo as de refeições.
normas da ABNT. 32.6.3 Os lavatórios para higiene das mãos devem ser providos
32.5.3.1 Os recipientes existentes nas salas de cirurgia e de par‐ de papel toalha, sabonete líquido e lixeira com tampa, de aciona‐
to não necessitam de tampa para vedação. mento por pedal.

224
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
32.7 Das Lavanderias 32.9.3.1 A inspeção e a manutenção devem ser registradas e
32.7.1 A lavanderia deve possuir duas áreas distintas, sendo estar disponíveis aos trabalhadores envolvidos e à fiscalização do
uma considerada suja e outra limpa, devendo ocorrer na primeira trabalho.
o recebimento, classificação, pesagem e lavagem de roupas, e na 32.9.3.2 As empresas que prestam assistência técnica e manu‐
segunda a manipulação das roupas lavadas. tenção nos serviços de saúde devem cumprir o disposto no item
32.7.2 Independente do porte da lavanderia, as máquinas de 32.9.3.
lavar devem ser de porta dupla ou de barreira, em que a roupa utili‐ 32.9.3.3 O empregador deve estabelecer um cronograma de
zada é inserida pela porta situada na área suja, por um operador e, manutenção preventiva do sistema de abastecimento de gases e
após lavada, retirada na área limpa, por outro operador. das capelas, devendo manter um registro individual da mesma, as‐
32.7.2.1 A comunicação entre as duas áreas somente é permi‐ sinado pelo profissional que a realizou.
tida por meio de visores ou intercomunicadores. 32.9.4 Os equipamentos e meios mecânicos utilizados para
32.7.3 A calandra deve ter: transporte devem ser submetidos periodicamente à manutenção,
a) termômetro para cada câmara de aquecimento, indicando a de forma a conservar os sistemas de rodízio em perfeito estado de
temperatura das calhas ou do cilindro aquecido; funcionamento.
b) termostato; 32.9.5 Os dispositivos de ajuste dos leitos devem ser submeti‐
c) dispositivo de proteção que impeça a inserção de segmentos dos à manutenção preventiva, assegurando a lubrificação perma‐
corporais dos trabalhadores junto aos cilindros ou partes móveis nente, de forma a garantir sua operação sem sobrecarga para os
da máquina. trabalhadores.
32.7.4 As máquinas de lavar, centrífugas e secadoras devem ser 32.9.6 Os sistemas de climatização devem ser submetidos a
dotadas de dispositivos eletromecânicos que interrompam seu fun‐ procedimentos de manutenção preventiva e corretiva para preser‐
cionamento quando da abertura de seus compartimentos. vação da integridade e eficiência de todos os seus componentes.
32.8 Da Limpeza e Conservação 32.9.6.1 O atendimento do disposto no item 32.9.6 não deso‐
32.8.1 Os trabalhadores que realizam a limpeza dos serviços de briga o cumprimento da Portaria GM/MS nº 3.523 de 28/08/98 e
saúde devem ser capacitados, inicialmente e de forma continuada, demais dispositivos legais pertinentes.
quanto aos princípios de higiene pessoal, risco biológico, risco quí‐
32.10 Das Disposições Gerais
mico, sinalização, rotulagem, EPI, EPC e procedimentos em situa‐
32.10.1 Os serviços de saúde devem:
ções de emergência.
a) atender as condições de conforto relativas aos níveis de ruí‐
32.8.1.1 A comprovação da capacitação deve ser mantida no
do previstas na NB 95 da ABNT;
local de trabalho, à disposição da inspeção do trabalho.
b) atender as condições de iluminação conforme NB 57 da
32.8.2 Para as atividades de limpeza e conservação, cabe ao
ABNT;
empregador, no mínimo:
c) atender as condições de conforto térmico previstas na RDC
a) providenciar carro funcional destinado à guarda e transporte
50/02 da ANVISA;
dos materiais e produtos indispensáveis à realização das atividades;
d) manter os ambientes de trabalho em condições de limpeza
b) providenciar materiais e utensílios de limpeza que preser‐
e conservação.
vem a integridade física do trabalhador;
32.10.2 No processo de elaboração e implementação do PPRA
c) proibir a varrição seca nas áreas internas;
e do PCMSO devem ser consideradas as atividades desenvolvidas
d) proibir o uso de adornos.
pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar - CCIH do estabe‐
32.8.3 As empresas de limpeza e conservação que atuam nos
lecimento ou comissão equivalente.
serviços de saúde devem cumprir, no mínimo, o disposto nos itens
32.10.3 Antes da utilização de qualquer equipamento, os ope‐
32.8.1 e 32.8.2.
radores devem ser capacitados quanto ao modo de operação e seus
32.9 Da Manutenção de Máquinas e Equipamentos
riscos.
32.9.1 Os trabalhadores que realizam a manutenção, além do
32.10.4 Os manuais do fabricante de todos os equipamentos e
treinamento específico para sua atividade, devem também ser sub‐
máquinas, impressos em língua portuguesa, devem estar disponí‐
metidos a capacitação inicial e de forma continuada, com o objetivo
veis aos trabalhadores envolvidos.
de mantê-los familiarizados com os princípios de:
32.10.5 É vedada a utilização de material médico-hospitalar em
a) higiene pessoal;
desacordo com as recomendações de uso e especificações técnicas
b) riscos biológico (precauções universais), físico e químico;
descritas em seu manual ou em sua embalagem.
c) sinalização;
32.10.6 Em todo serviço de saúde deve existir um programa
d) rotulagem preventiva;
de controle de animais sinantrópicos, o qual deve ser comprovado
e) tipos de EPC e EPI, acessibilidade e seu uso correto.
sempre que exigido pela inspeção do trabalho.
32.9.1.1 As empresas que prestam assistência técnica e manu‐
32.10.7 As cozinhas devem ser dotadas de sistemas de exaus‐
tenção nos serviços de saúde devem cumprir o disposto no item
tão e outros equipamentos que reduzam a dispersão de gorduras e
32.9.1.
vapores, conforme estabelecido na NBR 14518.
32.9.2 Todo equipamento deve ser submetido à prévia descon‐
32.10.8 Os postos de trabalho devem ser organizados de forma
taminação para realização de manutenção.
a evitar deslocamentos e esforços adicionais.
32.9.2.1 Na manutenção dos equipamentos, quando a descon‐
32.10.9 Em todos os postos de trabalho devem ser previstos
tinuidade de uso acarrete risco à vida do paciente, devem ser ado‐
dispositivos seguros e com estabilidade, que permitam aos traba‐
tados procedimentos de segurança visando a preservação da saúde
lhadores acessar locais altos sem esforço adicional.
do trabalhador.
32.10.10 Nos procedimentos de movimentação e transporte de
32.9.3 As máquinas, equipamentos e ferramentas, inclusive
pacientes deve ser privilegiado o uso de dispositivos que minimi‐
aquelas utilizadas pelas equipes de manutenção, devem ser sub‐
zem o esforço realizado pelos trabalhadores.
metidos à inspeção prévia e às manutenções preventivas de acordo
32.10.11 O transporte de materiais que possa comprometer a
com as instruções dos fabricantes, com a norma técnica oficial e
segurança e a saúde do trabalhador deve ser efetuado com auxílio
legislação vigentes.
de meios mecânicos ou eletromecânicos.

225
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
32.10.12 Os trabalhadores dos serviços de saúde devem ser: A partir daí, verificou-se a necessidade de se utilizar formas de
a) capacitados para adotar mecânica corporal correta, na movi‐ prevenção de acidentes, para uma melhor conscientização e for‐
mentação de pacientes ou de materiais, de forma a preservar a sua mação de trabalhadores em seu local de trabalho, acrescentando
saúde e integridade física; a isso a aplicação de medidas de segurança coletivas e individuais
b) orientados nas medidas a serem tomadas diante de pacien‐ inerentes à atividade desenvolvida, pois os custos dos acidentes de
tes com distúrbios de comportamento. trabalho são consideravelmente elevados, tanto para os trabalha‐
32.10.13 O ambiente onde são realizados procedimentos que dores, quanto para os empregados, ou seja, a melhor alternativa
provoquem odores fétidos deve ser provido de sistema de exaustão a ser tomada em relação a esse assunto é por meio da prevenção.
ou outro dispositivo que os minimizem.
32.10.14 É vedado aos trabalhadores pipetar com a boca. Identificação de EPI e EPC de uso geral e da área da saúde
32.10.15 Todos os lavatórios e pias devem:
a) possuir torneiras ou comandos que dispensem o contato das Vamos conhecer um pouco da história dos EPIs?
mãos quando do fechamento da água; Desde os primórdios do tempo, o homem busca a proteção in‐
b) ser providos de sabão líquido e toalhas descartáveis para se‐ dividual por meio dos seus instintos. Os primeiros equipamentos de
cagem das mãos. proteção individual (EPIs) foram registrados na época das cavernas,
32.10.16 As edificações dos serviços de saúde devem atender em que o homem primata vestia-se com pele de animais a fim de se
ao disposto na RDC 50 de 21 de fevereiro de 2002 da ANVISA. proteger das intempéries do clima e empunhava suas clavas contra
32.11 Das Disposições Finais animais da região hostil que habitava.
32.11.1 A observância das disposições regulamentares cons‐ Já na idade média, houve uma evolução significativa, no que se
tantes dessa Norma Regulamentadora - NR, não desobriga as em‐ refere aos cavaleiros medievais, eles começaram a se proteger das
presas do cumprimento de outras disposições que, com relação à lanças de ataque dos inimigos por detrás das armaduras.
matéria, sejam incluídas em códigos ou regulamentos sanitários Por sua vez, os povos indígenas utilizavam roupas de couro de
dos Estados, Municípios e do Distrito Federal, e outras oriundas de animais e penas de aves e ainda empregavam arco e flechas nos
convenções e acordos coletivos de trabalho, ou constantes nas de‐ combates e nas caçadas.
mais NR e legislação federal pertinente à matéria. Houve a Revolução Industrial, a Primeira e Segunda grandes
32.11.2 Todos os atos normativos mencionados nesta NR, Guerras Mundiais. A humanidade foi então evoluindo e com isso as
quando substituídos ou atualizados por novos atos, terão a refe‐ atividades artesanais deram espaço às mineradoras, metalúrgicas
rência automaticamente atualizada em relação ao ato de origem. e fundições. A partir daí, os EPIs foram melhorando cada vez mais.
32.11.3 Ficam criadas a Comissão Tripartite Permanente Nacio‐ A cada dia, são descobertos novos materiais, novos parâme‐
nal da NR-32, denominada CTPN da NR-32, e as Comissões Tripar‐ tros, tecnologias que contribuem para a sua evolução e buscam
tites Permanentes Regionais da NR-32, no âmbito das Unidades da proteger a vida, o bem mais valioso que se pode ter.
Federação, denominadas CTPR da NR-32. Com isso, a ciência e a tecnologia colocaram à nossa disposição
32.11.3.1 As dúvidas e dificuldades encontradas durante a im‐ uma série de medidas e equipamentos para prevenir os acidentes
plantação e o desenvolvimento continuado desta NR deverão ser e as doenças decorrentes do trabalho. Esses equipamentos ficaram
encaminhadas à CTPN. conhecidos como EPI e EPC.
32.11.4 A responsabilidade é solidária entre contratantes e O EPI é definido pela legislação como todo meio ou dispositivo
contratados quanto ao cumprimento desta NR. de uso pessoal destinado a proteger a integridade física do traba‐
lhador durante a atividade de trabalho, tendo como função neu‐
tralizar ou atenuar um possível agente agressivo contra o corpo do
trabalhador que o usa.
PREVENÇÃO E CAUSAS DOS ACIDENTES DO TRABALHO Esses equipamentos evitam lesões ou minimizam sua gravida‐
de, em casos de acidente ou exposição a riscos, também protegem
Acidente é um evento inesperado e quase sempre indesejável, o corpo contra os efeitos de substâncias tóxicas, alérgicas ou agres‐
que ocorre de modo não intencional e causa danos pessoais, mate‐ sivas, que causam doenças ocupacionais.
riais (danos ao patrimônio) e financeiros. Alguns tipos de EPI utilizados em trabalhos de usos gerais po‐
Em se tratando de acidentes ocorridos no trabalho, conforme dem ser definidos como:
dispõe o art. 19 da Lei no 8.8.213/1991, podem ser definidos como • Protetores faciais;
aqueles que ocorrem pelo exercício do trabalho a serviço da empre‐ • Capacetes;
sa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso • Óculos de segurança;
VII do art. 11 desta lei, provocando lesão corporal ou perturbação • Botas;
funcional que cause a morte ou a perda ou ainda a redução, perma‐ • Luvas, entre outros.
nente ou temporária, da capacidade para o trabalho.
Anualmente, as altas taxas de acidentes e doenças registradas Esses e outros equipamentos também podem ser utilizados na
pelas estatísticas oficiais expõem os elevados custos e prejuízos hu‐ área da saúde, são eles:
manos, sociais e econômicos que oneram muito os cofres públicos, • Aventais;
isto considerando apenas os dados do trabalho formal. O somatório • Máscaras faciais ou protetores faciais;
das perdas decorrentes destes tipos de acidentes, muitas vezes ir‐ • Luvas de proteção ao frio ou ao calor;
reparáveis, é avaliado e determinado mediante a consideração dos • Macacão e traje de pressão positiva;
danos causados à integridade mental do trabalhador, os prejuízos • Toucas ou gorros etc.
da empresa e os demais custos para a sociedade.
Desse modo, o elevado número de acidentes de trabalho, as Além dos EPIs, existem os equipamentos de proteção coletiva
doenças profissionais e a falta de consciência levam a concluir que ou EPCs, que são utilizados para proteção enquanto um grupo de
ainda existe um longo caminho a percorrer até que as pessoas sin‐ pessoas realiza determinada tarefa ou atividade.
tam bem-estar na sua atividade profissional.

226
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Esses equipamentos não são necessariamente para proteção do EPI, é também cabível ao empregador fornecer os equipamentos
de um coletivo. Uma máscara de solda ou um cinto de segurança adequados ao uso, com Certificado de Aprovação, emitido pelo De‐
para alturas, muitas vezes são apenas de uso coletivo. partamento de Segurança e Saúde do trabalhador, que deve ates‐
Quais são os tipos de EPCs utilizados? Bom, alguns exemplos tar que o equipamento reúne condições de servir ao fim a que se
podem ser citados: presta.
• Redes de proteção; É de responsabilidade do empregador:
• Sinalizadores de segurança; • Instruir e treinar os trabalhadores quanto ao uso e à higieni‐
• Extintores de incêndio; zação dos EPIs;
• Lava-olhos; • Fiscalizar e exigir o uso dos EPIs;
• Chuveiros de segurança; • Repor os EPIs danificados.
• Exaustores;
• Kit de primeiros socorros. Cabe ao empregado:
• Usar os EPIs apenas para as finalidades a que se destinam;
Os EPCs auxiliam na segurança do trabalhador nos serviços de • Responsabilizar-se pela sua guarda e conservação;
saúde e laboratórios, na proteção ambiental e também na proteção • Comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne
do produto ou pesquisa desenvolvida. A escolha correta, o uso e a impróprio para uso.
manutenção do equipamento de segurança permitem ao trabalha‐
dor da área de saúde a contenção apropriada contra os inúmeros É importante saber que o que o EPI não é o principal recurso
riscos aos quais estão envolvidos no seu dia a dia. adotado para proteger o trabalhador. A principal proteção do tra‐
Como exemplo, podemos citar alguns EPCs utilizados na área balhador em qualquer atividade é um ambiente livre de riscos à
da saúde, são eles: integridade física e adequado às condições necessárias para se pre‐
• Autoclaves; servar a saúde e o meio ambiente.
• Forno Pasteur; Espera-se que as empresas apresentem ambientes de trabalho
• Chuveiro de emergência; projetados para preservar um ambiente salubre e que preserve o
• Lava-olhos; meio ambiente, além de atender às suas necessidades produtivas.
• Microincineradores; E cabe ao empregado se preocupar com sua saúde e integrida‐
• Caixas ou contêineres de aço; de física, para proteger sua principal fonte de renda, que é a capa‐
• Caixa descartável para perfurocortante; cidade de trabalho, além de contribuir para a utilização adequada
dos EPIs e manutenção de um ambiente de trabalho adequado às
• Agitadores e misturadores;
funções e aos riscos inerentes a elas.
• Centrífuga;
O que será que pode acontecer com o funcionário caso ele não
• Sinalização laboratorial, entre outros.
cumpra as suas obrigações quanto ao uso do EPI?
Conhecendo um pouco mais sobre o uso e as necessidades
Que lei ou norma atribui essas condições?
do EPI
O funcionário está sujeito a sanções trabalhistas e pode até ser
O uso do EPI está especificado na NR-6, aprovada pela Lei no
demitido por justa causa. Conforme o item 1.8.b. da NR-1, constitui
6.514, de 22 de dezembro de 1977, da Portaria n° 3.214, de 8 de ju‐ ato faltoso pelo empregado a recusa injustificada do uso do EPI.
nho de 1978, que apresenta as condições de funcionamento de um
EPI como instrumento neutralizador da insalubridade, levando em Mas o que acontece com o empregador se agir com negligên-
conta o fator da adequabilidade ao risco, garantindo uma escolha cia ou não fornecer o EPI?
com critérios, os quais devem ser especificados por um profissional Além de ser multado pelo Ministério do Trabalho, pode res‐
competente (engenheiro, técnico em saúde e segurança do traba‐ ponder na área criminal ou cível. Mas onde se deve usar a proteção
lho e outros). do EPI?
O EPI é usado em conformidade com a parte do corpo que ne‐
Quando usar EPI? cessita ser protegida. Pode ser usada para resguardar a cabeça, o
• Quando as medidas de proteção coletiva forem tecnicamente tronco, os membros superiores, inferiores, a pele e o aparelho res‐
inviáveis ou não oferecerem completa proteção contra os riscos de piratório do indivíduo
acidentes do trabalho e/ou doenças profissionais; Alguns empregadores, hoje em dia, tem uma má concepção de
• Quando há a necessidade de complementar a proteção co‐ que o uso dos EPIs é caro. Estudos comprovam de que os gastos
letiva; com esses equipamentos representam, em média, menos de 0,05%
• Na existência de trabalhos eventuais ou emergenciais; dos investimentos necessários para cumprir o seu planejamento,
• Em exposição de curto período. sendo que em alguns casos, o custo cai para menos de 0,01.
Por sua vez, o não cumprimento da legislação, quanto ao uso
Esses equipamentos são fornecidos pelo empregador ao em‐ dos EPIs, pode acarretar multas e ações trabalhistas, o que acaba se
pregado que, pela função exercida na empresa, necessita para se tornando bem mais custoso para o empregador, além das perdas de
proteger. Sendo que, mediante as duas primeiras circunstâncias ci‐ produção com os afastamentos.
tadas anteriormente, a empresa é obrigada a fornecer aos empre‐ Cabe lembrar que esses equipamentos devem ser fornecidos
gados, gratuitamente, o EPI adequado ao risco e em perfeito estado de acordo com as necessidades individuais.
de conservação e funcionamento. Segundo a NR-6 (Norma Regulamentadora, 1998, p. 78-80), os
EPIs podem ser classificados em diferentes grupos:
Como escolher EPIs?
A escolha dos EPIs deve ser feita por pessoal especializado, que I – Proteção para a cabeça
conhece o equipamento e o trabalho que será executado. Além de • Protetores faciais destinados à proteção dos olhos e da face
estar ciente do tipo de risco em que o trabalhador estará disposto, contra lesões ocasionadas por partículas, respingos, vapores dos
a parte do corpo atingida, as características e qualidades técnicas produtos químicos e radiações luminosas intensas;

227
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
• Capacetes para trabalhos em obras de construção e reformas, IX – Proteção de pele
onde exista a possibilidade, mesmo que remota de quedas de par‐
tes soltas e restos de materiais; • Cremes protetores.
• Óculos de segurança para trabalhos que possam causar feri‐ Diferente dos EPIs, que apenas uma pessoa por vez pode utili‐
mentos nos olhos, provenientes de impacto de partículas; zar, protegendo assim o colaborador, os EPCs devem proteger todos
• Óculos de segurança contra respingos, para trabalhos que os trabalhadores expostos a determinados riscos em locais defini‐
possam causar irritação nos olhos e outras lesões decorrentes da dos de trabalho ou ambiente com um trânsito grande de pessoas.
ação de líquidos agressivos; Como exemplo, podemos citar a ventilação doslocais de traba‐
• Óculos de segurança para trabalhos que possam causar irri‐ lho, a proteção de partes móveis de máquinas e equipamentos, a
tação nos olhos, provenientes de poeiras e ação de radiações peri‐ sinalização de segurança, a cabine de segurança biológica, capelas
gosas. químicas, cabine para manipulação de radioisótopos, extintores de
• Protetores de olhos e nariz Protetores auditivos tipo concha incêndio, locais de atendimentos em hospitais, entre outros.
ou plugues de inserção
• Óculos de segurança são exigidos para trabalhos que possam Veja a seguir, alguns modelos de EPCs.
causar irritação nos olhos e outras lesões decorrentes da exposição
do trabalhador ao risco. • Cone de sinalização
Com certeza, em algum momento e local, você já viu este cone.
II – Proteção para membros superiores Ele possui a finalidade de sinalizar as áreas de trabalho e obras em
• Luvas e/ou mangas de proteção e/ou cremes protetores que vias públicas ou rodovias e orientação de trânsito de veículos e de
devem ser usados em trabalhos em que haja perigo de lesão pro‐ pedestres, podendo ser utilizado em conjunto com a fita zebrada,
vocada por: materiais ou objetos escoriantes, abrasivos, cortantes sinalizador STROBO (exemplo de lâmpada utilizada pela polícia que
ou perfurantes; produtos químicos corrosivos, cáusticos, tóxicos, fica piscando), bandeirola etc.
alergênicos, oleosos, graxos, solventes orgânicos e derivados de pe‐
tróleo; materiais ou objetos aquecidos; choque elétrico; radiações • Fita de sinalização
perigosas; frio e agentes biológicos; Esta fita tem a função de delimitar uma área de trabalho ou
isolar.
III – Proteção para membros inferiores
• Calçados ou botas impermeáveis para trabalhos realizados • Grade metálica dobrável
em lugares úmidos, lamacentos ou encharcados; Tem a função de isolar e sinalizar áreas de trabalho, poços de
• Calçados impermeáveis e resistentes a agentes químicos e inspeção, entrada de galerias subterrâneas e situações semelhantes.
agressivos;
• Calçados de proteção contra agentes biológicos agressivos; • Sinalizador strobo
• Calçados de proteção contra riscos de origem elétrica. Serve para identificar serviços, obras, acidentes e atendimen‐
tos em ruas e rodovias.
IV – Proteção contra quedas com diferença de nível
• Cinto de segurança; • Banqueta isolante
• Cadeira suspensa; Tem a função de isolar o operador do solo durante a operação
• Trava-quedas de segurança. do equipamento guindauto, em regime de linha energizada.

• Manta isolante
V – Proteção auditiva
Isola as partes energizadas da rede durante a execução de tare‐
• Protetores auriculares do tipo espuma e concha para traba‐
fas que envolva risco de choque.
lhos ruidosos que necessitam atenuação do nível de pressão sonoro
para garantir a salubridade ocupacional.
• Cobertura isolante
Tem a função de isolar as partes energizadas da rede durante a
VI – Proteção respiratória
execução de tarefas.
Para exposição a agentes ambientais em concentrações preju‐
diciais à saúde do trabalhador: Princípios básicos na prevenção de acidentes de trabalho
• Respiradores contra poeiras; Como podemos perceber ao longo da lição, se não tomarmos
• Respiradores e máscaras de filtro químico para exposição a uma medida de segurança no decorrer da realização de algumas
agentes químicos prejudiciais à saúde; tarefas, nos expormos a riscos, que muitas vezes podem ser irre‐
• Aparelhos de isolamento (autônomo ou de adução de ar), paráveis.
para locais de trabalho onde o teor de oxigênio seja inferior a 18% Diante disso, percebeu-se que é preciso eliminar ou controlar
em volume. esses riscos, evitando danos à saúde dos trabalhadores, ao meio
ambiente e à saúde da população em geral. E assim, a melhor me‐
VII – Proteção do tronco dida a ser adotada é a prevenção.
• Aventais, capas, jaquetas e outras vestimentas especiais de Essa prevenção pode ser definida como o conjunto de medidas
proteção para trabalhos em que haja perigo de lesões provocadas objetivas que buscam evitar a ocorrência de danos à saúde dos tra‐
por riscos de origem radioativa, biológica e química. balhadores, pela eliminação e pelo controle dos riscos nos proces‐
sos e ambientes de trabalho.
VIII – Proteção do corpo inteiro
• Aparelhos de isolamento para locais de trabalho onde haja Um papel fundamental dos trabalhadores nas organizações é
exposição a agentes químicos, absorvíveis pela pele, pelas vias res‐ lutar para que a prevenção em todos os locais de trabalho evolua
piratórias e digestiva, prejudiciais à saúde. continuamente e atinja os níveis mais elevados de defesa da saúde
dos trabalhadores e do meio ambiente.

228
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Com isso, mostraremos três fases básicas de atuação da pre‐
venção de acordo com o momento de evolução do próprio risco. PRINCÍPIOS DE ERGONOMIA NO TRABALHO
As três fases são definidas como:
i) projeto e planejamento, Confere abaixo os 7 principais fundamentos da ergonomia para
ii) situações reais de trabalho e de risco; e um melhor desempenho no trabalho.
iii) remediação.
Princípio 1. Mantenha a postura neutra
A primeira fase é fundamental, pois quando o projeto e o pla‐ A postura neutra é quando o corpo está alinhado e balanceado
nejamento são feitos de forma errada, o surgimento ou agravamen‐ seja na postura sentado ou em pé. Com as articulações alinhadas,
to de riscos é muito maior, às vezes, eles são irreversíveis ou inviá‐ a sobrecarga é reduzida nos músculos, tendões, nervos, ossos, fa‐
veis economicamente, por isso uma atenção especial deve ser dada cilitando a biomecânica do movimento com o máximo controle e
a essa etapa. produção de força, sendo menor o risco de lesões.
A segunda fase ocorre com a empresa em funcionamento, Como aplicar os “olhos da ergonomia” nesse caso: Sempre
nesta hora, os riscos permanecem ou decorrem da primeira eta‐ que você observar trabalhos onde a biomecânica exija do indivíduo
pa, transformando-se em situações reais de risco vividas pelos tra‐ desvios posturais (articulação fora da posição neutra, como a colu‐
balhadores. Em outras palavras, o trabalhador pode ainda não ter na curvada ou o punho em desvio) você deve acender seu sinal de
se acidentado ou adoecido, mas o risco está presente numa dada
alerta e fazer as 4 perguntas básicas: qual a duração nessa postura,
situação, e pode gerar um efeito ao trabalhador a qualquer mo‐
qual a frequência de movimentos, a intensidade da força aplicada e
mento. Para evitar isso, a empresa será obrigada a controlar essas
se há algum mecanismo de regulação (pausas e rodízios, por exem‐
situações permanentemente por meio do gerenciamento dos riscos
existentes. Esta fase envolve uma ampla legislação técnica e fiscali‐ plo). Para saber mais sobre esses 4 fatores vai aqui.
zação por parte das autoridades responsáveis no cumprimento da
legislação. Princípio 2. Respeite a zona de conforto
E, a última fase, remediação, refere-se quando uma situação Existe uma relação estreita entre manter a postura neutra e
de risco se transforma num evento, como um acidente ou doen‐ respeitar a zona de conforto. De qualquer forma, vale a pena tratar‐
ça. Neste caso, as medidas de prevenção têm o objetivo de evitar mos desse princípio de forma individual.
que um dano maior ocorra. No caso de acidentes, esta fase remete De forma geral, esse princípio é fácil de ser aplicado. As ex‐
a medidas como o planejamento de emergências (evacuação, pri‐ pressões do inglês: “hand shake zone” o que traduzindo seria mais
meiros socorros, remoção e tratamento de feridos); e no caso dos ou menos a zona onde o trabalhador pode mexer as mãos e “con‐
riscos com efeitos crônicos de médio ou longo prazo, que produzem fort zone”, zona de conforto, resumem bem as áreas que devem
determinados efeitos ou sintomas, são necessárias medidas como ser respeitadas. Os objetos, ferramentas, comandos de máquinas,
o monitoramento médico dos trabalhadores expostos, a retirada devem estar entre a linha dos ombros e a cintura de forma que o
imediata dos locais de trabalho dos trabalhadores afetados e o con‐ trabalhador possa mexer as mãos e movimentar objetos sem elevar
sequente tratamento médico adequado. os braços acima da linha dos ombros ou curvar a coluna, mantendo
Muitas vezes o pior ocorre justamente pela ausência destas dessa forma uma postura mais próxima do neutro.
medidas. Qual a lição que os “olhos da ergonomia” nos deixa com rela‐
Existe sim, e como uma forma de estabelecer uma metodolo‐ ção a esse princípio? Sempre que você observar um posto de traba‐
gia de ação que garanta a preservação da saúde e integridade dos lho onde o trabalhador tenha que elevar os braços acima da linha
trabalhadores, frente aos riscos dos ambientes de trabalho, a NR-9, dos ombros ou curvar a coluna para frente, para trás ou para os
estabelece o PPRA. À primeira vista, logo se pensa que é um pro‐ lados, esse posto deve ser repensado.
grama sobre meio ambiente, mas na verdade ele visa à proteção do
trabalhador no “ambiente” de trabalho. Princípio 3. Facilite a movimentação
Resumindo, o PPRA é um programa que visa, pela antecipação O sistema musculoesquelético possui um “design” que facilita a
dos riscos, buscar meios de evitar acidentes de trabalho e doenças movimentação do corpo humano. Trabalhos em posturas estáticas
ocupacionais. favorecem a fadiga dos músculos.
Exemplos de atividades estáticas: permanecer com os braços
Quais são os riscos ambientais? elevados acima da linha dos ombros, permanecer em pé a maior
Para efeito do PPRA, os riscos ambientais são os agentes físicos, parte da jornada de trabalho, trabalhar com a coluna flexionada por
químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, longo tempo ou de forma repetida (abaixar e levantar o tronco).
em função de sua natureza, concentração, intensidade e tempo de Os primeiros minutos passam despercebidos, porém com o
exposição, são capazes de causar danos à saúde dos trabalhadores. tempo essas estruturas mantidas de forma estáticas vão sofrendo
Assim, o programa se estrutura nas seguintes etapas: um efeito acumulativo se tornando vulneráveis à sobrecarga e fadi‐
• Antecipação e reconhecimento dos riscos; ga, podendo evoluir para lesões.
• Estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e con‐ Dessa forma mantenha os “olhos de ergonomia” abertos à ativi‐
trole; dades estáticas e busque por programas onde o trabalhador possa rea‐
• Avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores; lizar pausas e alongamentos antes, durante e/ou depois do trabalho.
• Implantação de medidas de controle e avaliação de sua efi‐
cácia; Princípio 4. Reduza o excesso de força
• Monitoramento da exposição aos riscos; Esse talvez seja um dos princípios mais básicos da ergonomia.
• Registro e divulgação dos dados. Assim como a postura estática, a solicitação de força por parte de
uma atividade pode ocasionar sobrecarga e até mesmo evoluir para
Seguindo essas etapas, é possível prevenir os acidentes de tra‐ um Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho ou D.O.R.T.
balho, reduzir a perda de material e de pessoal, permitir o ganho Existem milhares de condições onde a aplicação de força ele‐
na otimização dos custos, diminuir gastos com saúde e aumentar a
vada por parte do trabalhador é requerida, mas a ideia aqui é cha‐
qualidade, produtividade e competitividade entre os trabalhadores.
marmos a atenção para que essas atividades sejam observadas e ao

229
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
identificar que existe a aplicação de força de forma repetida ou in‐ NR 17-NORMA REGULAMENTADORA 17
tensa, sejam trabalhadas ações que reduzam esse esforço. Quando ERGONOMIA
você reduz a força aplicada em determinada atividade você reduz,
consequentemente, a fadiga e os riscos de D.O.R.T. 17.1. Esta Norma Regulamentadora visa a estabelecer parâme‐
Formas de você aplicar os conceitos dos “olhos de ergonomia” tros que permitam a adaptação das condições de trabalho às carac‐
para reduzir o esforço nas atividades: Use sistemas mecanizados, terísticas psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcio‐
ajuste as alturas de mesas e postos de trabalho, disponibilize equi‐ nar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente.
pamentos e ferramentas ergonômicas, melhore o braço de alavanca 17.1.1. As condições de trabalho incluem aspectos relaciona‐
de ferramentas. dos ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mo‐
biliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de
Princípio 5. Reduza o excesso de movimentos trabalho e à própria organização do trabalho.
Esse definitivamente é um dos princípios mais básicos e primá‐ 17.1.2. Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às
rios da ergonomia: movimentos repetitivos. características psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empre‐
Muitos processos produtivos são repetitivos pela própria natu‐ gador realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo a mesma
reza da atividade seja por ciclos curtos, pela repetitividade de mo‐ abordar, no mínimo, as condições de trabalho, conforme estabele‐
vimentos de um mesmo grupo muscular ou por metas de produção cido nesta Norma Regulamentadora.
agressivas e mal calculadas. Essas atividades são realizadas por ho‐ 17.2. Levantamento, transporte e descarga individual de ma‐
ras ou dias sem o devido tempo de repouso para recuperação. teriais.(voltar)
Além disso, é comum esse fator ser combinado com os demais 17.2.1. Para efeito desta Norma Regulamentadora:
citados anteriormente, como por exemplo: repetição, excesso de 17.2.1.1. Transporte manual de cargas designa todo transporte
força e desvios posturais. no qual o peso da carga é suportado inteiramente por um só tra‐
Dessa forma, é fundamental uma análise mais técnica, “olhos balhador, compreendendo o levantamento e a deposição da carga.
de ergonomia” mais apurados, para identificar as condições dos 17.2.1.2. Transporte manual regular de cargas designa toda
postos de trabalho onde haja demanda de movimentos repetitivos atividade realizada de maneira contínua ou que inclua, mesmo de
e eliminar os demais fatores associados bem como rever os ciclos forma descontínua, o transporte manual de cargas.
de trabalho; efetivo de trabalhadores, recursos, metas, fatores que 17.2.1.3. Trabalhador jovem designa todo trabalhador com ida‐
deixam claro a importância do trabalho multi e interdisciplinar. de inferior a dezoito anos e maior de quatorze anos.
Além da adequada recomendação de rodízios com demais ativida‐ 17.2.2. Não deverá ser exigido nem admitido o transporte ma‐
des (job rotation). nual de cargas, por um trabalhador cujo peso seja suscetível de
comprometer sua saúde ou sua segurança.
Princípio 6. Minimize as fontes de estresse 17.2.3. Todo trabalhador designado para o transporte manual
Existe uma preocupação com relação às bordas de mesas não regular de cargas, que não as leves, deve receber treinamento ou
arredondadas, podemos chamar alguns documentos de “laudos instruções satisfatórias quanto aos métodos de trabalho que deverá
das quinas vivas”, uma vez que o foco todo da análise está na obser‐ utilizar, com vistas a salvaguardar sua saúde e prevenir acidentes.
vação desse aspecto. Porém, outros fatores são tão ou mais graves, 17.2.4. Com vistas a limitar ou facilitar o transporte manual de
tais como: a distância correta entre máquinas e equipamentos, ou cargas deverão ser usados meios técnicos apropriados.
o contato de partes duras de máquinas e equipamentos com estru‐ 17.2.5. Quando mulheres e trabalhadores jovens forem desig‐
turas ósseas do corpo como: cotovelo, quadril, antebraço, punho, nados para o transporte manual de cargas, o peso máximo destas
palma das mãos. Esse contato gera estresse, uma vez que dificulta a cargas deverá ser nitidamente inferior àquele admitido para os ho‐
correta circulação sanguínea. mens, para não comprometer a sua saúde ou a sua segurança.
Exemplos de situações onde você pode utilizar seus “olhos de 17.2.6. O transporte e a descarga de materiais feitos por impul‐
ergonomia”: mesas sem cantos arredondados, ferramentas sem um são ou tração de vagonetes sobre trilhos, carros de mão ou qual‐
suporte que facilite a pega (manopla), objetos de pega pobre, falta quer outro aparelho mecânico deverão ser executados de forma
de espaço para acomodar os membros inferiores (contato do tam‐ que o esforço físico realizado pelo trabalhador seja compatível com
po da mesa ou bancada com os joelhos, por exemplo). sua capacidade de força e não comprometa a sua saúde ou a sua
segurança.
Princípio 7. Iluminação adequada 17.2.7. O trabalho de levantamento de material feito com equi‐
Iluminação pobre é um dos fatores mais comuns encontrados pamento mecânico de ação manual deverá ser executado de forma
nos ambientes de trabalho. Além de causar desconforto, fadiga e que o esforço físico realizado pelo trabalhador seja compatível com
dores de cabeça, a falta ou o excesso de iluminação afetam também sua capacidade de força e não comprometa a sua saúde ou a sua
a produtividade e a precisão do trabalhador, fatores crucias em de‐ segurança.
terminadas atividades como controles de qualidade, por exemplo. 17.3. Mobiliário dos postos de trabalho.
Além do risco de acidentes, afetando a segurança dos trabalhado‐ 17.3.1. Sempre que o trabalho puder ser executado na posição
res. Quando falamos em iluminância, não devemos esquecer que sentada, o posto de trabalho deve ser planejado ou adaptado para
não é só a falta de luz, mas o excesso que traz problemas, além esta posição.
de reflexos no campo de visão do trabalhador ou problemas com 17.3.2. Para trabalho manual sentado ou que tenha de ser feito
contrates no plano de fundo (objeto branco sendo trabalhado sobre em pé, as bancadas, mesas, escrivaninhas e os painéis devem pro‐
um tampo da mesa bege, por exemplo). porcionar ao trabalhador condições de boa postura, visualização e
Os “olhos da ergonomia”, nesse caso, devem estar atentos para operação e devem atender aos seguintes requisitos mínimos:
uma análise de iluminância combinada com uma análise ergonô‐ a) ter altura e características da superfície de trabalho compa‐
mica adequada, onde sejam identificados fatores como os citados tíveis com o tipo de atividade, com a distância requerida dos olhos
acima. ao campo de trabalho e com a altura do assento;
b) ter área de trabalho de fácil alcance e visualização pelo tra‐
balhador;

230
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
c) ter características dimensionais que possibilitem posiciona‐ a) níveis de ruído de acordo com o estabelecido na NBR 10152,
mento e movimentação adequados dos segmentos corporais. norma brasileira registrada no INMETRO;
17.3.2.1. Para trabalho que necessite também da utilização dos b) índice de temperatura efetiva entre 20oC (vinte) e 23oC (vin‐
pés, além dos requisitos estabelecidos no subitem 17.3.2, os pedais te e três graus centígrados);
e demais comandos para acionamento pelos pés devem ter posi‐ c) velocidade do ar não superior a 0,75m/s;
cionamento e dimensões que possibilitem fácil alcance, bem como d) umidade relativa do ar não inferior a 40 (quarenta) por cen‐
ângulos adequados entre as diversas partes do corpo do trabalha‐ to.
dor, em função das características e peculiaridades do trabalho a 17.5.2.1. Para as atividades que possuam as características
ser executado. definidas no subitem 17.5.2, mas não apresentam equivalência ou
17.3.3. Os assentos utilizados nos postos de trabalho devem correlação com aquelas relacionadas na NBR 10152, o nível de ruí‐
atender aos seguintes requisitos mínimos de conforto: do aceitável para efeito de conforto será de até 65 dB (A) e a curva
a) altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da de avaliação de ruído (NC) de valor não superior a 60 dB.
função exercida; 17.5.2.2. Os parâmetros previstos no subitem 17.5.2 devem ser
b) características de pouca ou nenhuma conformação na base medidos nos postos de trabalho, sendo os níveis de ruído determi‐
do assento; nados próximos à zona auditiva e as demais variáveis na altura do
c) borda frontal arredondada; tórax do trabalhador.
d) encosto com forma levemente adaptada ao corpo para pro‐ 17.5.3. Em todos os locais de trabalho deve haver iluminação
teção da região lombar. adequada, natural ou artificial, geral ou suplementar, apropriada à
17.3.4. Para as atividades em que os trabalhos devam ser reali‐ natureza da atividade.
zados sentados, a partir da análise ergonômica do trabalho, poderá 17.5.3.1. A iluminação geral deve ser uniformemente distribuí‐
ser exigido suporte para os pés, que se adapte ao comprimento da da e difusa.
perna do trabalhador. 17.5.3.2. A iluminação geral ou suplementar deve ser projeta‐
17.3.5. Para as atividades em que os trabalhos devam ser reali‐ da e instalada de forma a evitar ofuscamento, reflexos incômodos,
zados de pé, devem ser colocados assentos para descanso em locais sombras e contrastes excessivos.
17.5.3.3. Os níveis mínimos de iluminamento a serem observa-
em que possam ser utilizados por todos os trabalhadores durante
dos nos locais de trabalho são os valores de iluminâncias estabeleci-
as pausas.
dos na NBR 5413, norma brasileira registrada no INMETRO.
17.4. Equipamentos dos postos de trabalho.
17.5.3.3 Os métodos de medição e os níveis mínimos de ilumi‐
17.4.1. Todos os equipamentos que compõem um posto de tra-
namento a serem observados nos locais de trabalho são os estabe‐
balho devem estar adequados às características psicofisiológicas dos
lecidos na Norma de Higiene Ocupacional nº 11 (NHO 11) da Fun‐
trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado.
dacentro - Avaliação dos Níveis de Iluminamento em Ambientes de
17.4.2. Nas atividades que envolvam leitura de documentos
Trabalho Internos. (Nova redação dada pelaPortaria MTB 876/2018)
para digitação, datilografia ou mecanografia deve:
17.5.3.4. A medição dos níveis de iluminamento previstos no
a) ser fornecido suporte adequado para documentos que possa
subitem 17.5.3.3 deve ser feita no campo de trabalho onde se reali-
ser ajustado proporcionando boa postura, visualização e operação,
za a tarefa visual, utilizando-se de luxímetro com fotocélula corrigi-
evitando movimentação frequente do pescoço e fadiga visual;
da para a sensibilidade do olho humano e em função do ângulo de
b) ser utilizado documento de fácil legibilidade sempre que
incidência.(Revogada pelaPortaria MTB 876/2018)
possível, sendo vedada a utilização do papel brilhante, ou de qual‐
quer outro tipo que provoque ofuscamento. 17.5.3.5. Quando não puder ser definido o campo de trabalho
17.4.3. Os equipamentos utilizados no processamento eletrô‐ previsto no subitem 17.5.3.4, este será um plano horizontal a 0,75m
nico de dados com terminais de vídeo devem observar o seguinte: (setenta e cinco centímetros) do piso.(Revogada pelaPortaria MTB
a) condições de mobilidade suficientes para permitir o ajuste 876/2018)
da tela do equipamento à iluminação do ambiente, protegendo-a 17.6. Organização do trabalho
contra reflexos, e proporcionar corretos ângulos de visibilidade ao 17.6.1. A organização do trabalho deve ser adequada às carac‐
trabalhador; terísticas psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do traba‐
b) o teclado deve ser independente e ter mobilidade, permi‐ lho a ser executado.
tindo ao trabalhador ajustá-lo de acordo com as tarefas a serem 17.6.2. A organização do trabalho, para efeito desta NR, deve
executadas; levar em consideração, no mínimo:
c) a tela, o teclado e o suporte para documentos devem ser a) as normas de produção;
colocados de maneira que as distâncias olho-te lá, olho- teclado e b) o modo operatório;
olho-documento sejam aproximadamente iguais; c) a exigência de tempo;
d) serem posicionados em superfícies de trabalho com altura d) a determinação do conteúdo de tempo;
ajustável. e) o ritmo de trabalho;
17.4.3.1. Quando os equipamentos de processamento eletrô‐ f) o conteúdo das tarefas.
nico de dados com terminais de vídeo forem utilizados eventual‐ 17.6.3. Nas atividades que exijam sobrecarga muscular estática
mente poderão ser dispensadas as exigências previstas no subitem ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso e membros superiores e
17.4.3, observada a natureza das tarefas executadas e levando-se inferiores, e a partir da análise ergonômica do trabalho, deve ser
em conta a análise ergonômica do trabalho. observado o seguinte:
17.5. Condições ambientais de trabalho. 17.5.1. As condições am‐ a) todo e qualquer sistema de avaliação de desempenho para
bientais de trabalho devem estar adequadas às características psicofi‐ efeito de remuneração e vantagens de qualquer espécie deve levar
siológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado. em consideração as repercussões sobre a saúde dos trabalhadores;
17.5.2. Nos locais de trabalho onde são executadas atividades b) devem ser incluídas pausas para descanso;
que exijam solicitação intelectual e atenção constantes, tais como: c) quando do retorno do trabalho, após qualquer tipo de afas‐
salas de controle, laboratórios, escritórios, salas de desenvolvimen‐ tamento igual ou superior a 15 (quinze) dias, a exigência de produ‐
to ou análise de projetos, dentre outros, são recomendadas as se‐ ção deverá permitir um retorno gradativo aos níveis de produção
guintes condições de conforto: vigentes na época anterior ao afastamento.

231
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
17.6.4. Nas atividades de processamento eletrônico de dados, Bom, também existem as NRs, normas regulamentadoras. Nas
deve-se, salvo o disposto em convenções e acordos coletivos de tra‐ 36 normas existentes, existem muitos códigos espalhados, e iremos
balho, observar o seguinte: aprendê-los.
a) o empregador não deve promover qualquer sistema de ava‐ Você deve estar se perguntando agora:
liação dos trabalhadores envolvidos nas atividades de digitação, ba‐ Mas por que preciso aprender os códigos utilizados nestas nor‐
seado no número individual de toques sobre o teclado, inclusive o mas, isso realmente é importante?
automatizado, para efeito de remuneração e vantagens de qualquer Muito! Imagine trabalhar em um ambiente hospitalar que pos‐
espécie; sui muitos riscos para a sua saúde.
b) o número máximo de toques reais exigidos pelo empregador Riscos como contato com bactérias, fungos, bacilos, parasitas,
não deve ser superior a 8.000 por hora trabalhada, sendo conside‐ protozoários, vírus, os chamados riscos biológicos. Além de outros ris‐
rado toque real, para efeito desta NR, cada movimento de pressão cos, como a radiação ionizante proveniente de máquinas de raio-x.
sobre o teclado; Desse modo, no local em que vocês estarão diariamente tra‐
c) o tempo efetivo de trabalho de entrada de dados não deve balhando, existirão placas advertindo dos riscos e da proibição, por
exceder o limite máximo de 5 (cinco) horas, sendo que, no período exemplo, de permanência em determinadas áreas. E é lógico que
de tempo restante da jornada, o trabalhador poderá exercer outras vocês precisam conhecer especialmente os códigos ou símbolos
atividades, observado o disposto no art. 468 da Consolidação das para se protegerem destes riscos e adotarem as medidas corretas.
Leis do Trabalho, desde que não exijam movimentos repetitivos, A seguir, serão listados alguns códigos ou símbolos de SST.
nem esforço visual; • SST – Segurança e Saúde no Trabalho
d) nas atividades de entrada de dados deve haver, no mínimo, • SMT – Segurança e Medicina do Trabalho
uma pausa de 10 minutos para cada 50 minutos trabalhados, não • NR – Norma Regulamentadora
deduzidos da jornada normal de trabalho; • CLT – Consolidação das Leis do Trabalho
e) quando do retorno ao trabalho, após qualquer tipo de afas‐ • MTE – Ministério do Trabalho e Emprego
tamento igual ou superior a 15 (quinze) dias, a exigência de produ‐ • CTPS – Carteira de Trabalho e Previdência Social
ção em relação ao número de toques deverá ser iniciado em níveis • SIT – Secretaria de Inspeção do Trabalho
inferiores do máximo estabelecido na alínea “b” e ser ampliada pro‐ • PAT – Programa de Alimentação do Trabalhador
gressivamente. • CANPAT – Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do
Trabalho
• CAT – Comunicação de Acidente do Trabalho
• DEFIT – Departamento de Fiscalização do Trabalho
CÓDIGOS E SÍMBOLOS ESPECÍFICOS DE SAÚDE • DSST – Departamento de Segurança e Saúde do Trabalho
E SEGURANÇA NO TRABALHO. • SSST – Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho
• SRTE – Superintendência Regional do Trabalho e Emprego
Como aprendemos anteriormente, a NR-6 é a norma que esta‐ • DRT – Delegacia Regional do Trabalho
belece e define os tipos de EPIs que as empresas estão obrigadas a • AFT – Auditor Fiscal do Trabalho
fornecer a seus empregados, sempre que as condições de trabalho • AI – Auto de Infração
o exigir, a fim de resguardar a saúde e a integridade física dos tra‐ • Sinmetro – Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e
balhadores. Qualidade Industrial.
De acordo com o dicionário Aurélio, código é o sistema de sím‐ • ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
bolos que permite a representação de uma informação; e sigla é • Inmetro – Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tec‐
o conjunto dasletrasiniciais dos vocábulos que formam um nome nologia
próprio, normalmente utilizado como abreviaturas, por exemplo, • EPI – Equipamento de Proteção Individual
NR, que representa Norma Regulamentadora. • EPC – Equipamento de Proteção Coletiva
Os códigos, os símbolos, as abreviaturas, as siglas são bastante • CA – Certificado de Aprovação
usados quando se trata de saúde e segurança do trabalho. As espe‐ • OIT – Organização Internacional do Trabalho
cificações previstas nas leis de segurança do trabalho são fiscaliza‐ • ACGIH – American Conference of Governmental Industrial
das pelos órgãos competentes, neste caso, o MTE é o órgão federal Hygienists
fiscalizador. • CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Tra‐
Caro aluno, agora, imagine você trabalhando em um ambiente balho
hospitalar. Um ambiente destes oferece muitos riscos para a sua • SIPAT – Semana Interna de Prevenção de Acidentes
saúde, como o contato com bactérias, fungos, bacilos, parasitas, • SESMT – Serviço Especializado em Segurança e Medicina do
protozoários, vírus, considerados riscos biológicos. Além de ou‐ Trabalho
tros riscos, como a radiação ionizante proveniente de máquinas de • EST – Engenheiro de Segurança no Trabalho
raio-x. Lembre-se, no local em que você pode estar trabalhando, • TST – Técnico de Segurança do Trabalho
existem placas avisando dos riscos e da proibição. E você precisa • GR – Grau de Risco
conhecer estes riscos para se proteger e adotar as medidas cabíveis. • CCIH – Comissão de Controle de Infecção Hospitalar
O tema que estamos tratando, formas de prevenção de aciden‐ • OS – Ordem de Serviço
tes, aborda muitos símbolos e códigos. Você sabe de quais códigos • DDS – Diálogo Diário de Segurança
estamos falando? Vamos conhecer um pouco mais de cada símbolo • CAI – Certificado de Aprovação das Instalações
utilizado nesta disciplina. • PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
O primeiro é o SST. Este é o código da disciplina chamada Segu‐ • PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacio‐
rança e Saúde no Trabalho, que visa, por meio de leis e princípios, nal
buscar a diminuição dos riscos existentes no ambiente de trabalho, • ASO – Atestado de Saúde Ocupacional.
conseguir um meio ambiente de trabalho saudável e que não propi‐ • IBMP – Índice Biológico Máximo Permitido
cie acidentes e doenças de trabalho. • EE – Exposição Excessiva

232
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
• CRM – Conselho Regional de Medicina
• Pair – Perda Auditiva Induzida pelo Ruído
• Pairo – Perda Auditiva Induzida pelo Ruído Ocupacional
• CNAE – Classificação Nacional de Atividade Econômica
• PCMAT – Programa de Condições do Meio Ambiente do Trabalho
• PGRSS – Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde
• PCA – Programa de Conservação Auditiva
• LT – Limite de Tolerância
• PPR – Programa de Proteção Radiológica
• CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear
• Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
• IOE – Indivíduo Ocupacionalmente Exposto
• AET – Análise Ergonômica do Trabalho
• PPEOB – Programa de Prevenção da Exposição Ocupacional ao Benzeno
• PAM – Plano de Ajuda Mútua
• PCE – Plano de Controle de Emergência
• AR – Análise de Risco
• APR – Análise Preliminar de Risco
• PT – Permissão de Trabalho
• PET – Permissão de Entrada e Trabalho
• IPVS – Atmosfera Imediatamente Perigosa à Vida ou à Saúde
• PGR – Programa de Gerenciamento de Riscos
• CIPAmin – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho na Mineração
• SEP – Sistema Elétrico de Potência
• AT – Alta Tensão
• BT – Baixa Tensão
• CCS – Controlador Configurável de Segurança
• CLP – Controlador Lógico Programável
• PMTA – Pressão Máxima de Trabalho Admissível
• RGI – Risco Grave e Iminente
• PH – Profissional Habilitado
• GHS – Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de
• Produtos Químicos
• FISPQ – Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos

Caro aluno, vamos conhecer agora alguns dos símbolos utilizados como forma de orientação na prevenção de riscos nos diversos
ambientes de trabalho:

233
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Símbolos com forma circular de cor azul no fundo e o desenho na cor branca indicam uma atitude de obrigatoriedade para garantir a
segurança dentro do espaço:

Veja a seguir os símbolos que representam sinalização de incêndio e/ou emergência

234
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

PORTARIA Nº 2.436/2017: APROVA A POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA – PNAB

PORTARIA Nº 2.436, DE 21 DE SETEMBRO DE 2017

Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no
âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso das atribuições que lhe conferem os incisos I e II do parágrafo único do art. 87 da Consti‐
tuição, e
Considerando a Lei nº 8.080, de 19 de setembro 1990, que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da
saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes, e dá outras providências, considerando:
Considerando a experiência acumulada do Controle Social da Saúde à necessidade de aprimoramento do Controle Social da Saúde no
âmbito nacional e as reiteradas demandas dos Conselhos Estaduais e Municipais referentes às propostas de composição, organização e
funcionamento, conforme o art. 1º, § 2º, da Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990;
Considerando a Portaria nº 971/GM/MS, de 3 de maio de 2006, que aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complemen‐
tares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde;
Considerando a Portaria nº 2.715/GM/MS, de 17 de novembro de 2011, que atualiza a Política Nacional de Alimentação e Nutrição;
Considerando a Portaria Interministerial Nº 1, de 2 de janeiro de 2014, que institui a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das
Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS);
Considerando as Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal;
Considerando a Lei nº 12.871, de 22 de outubro de 2013, que Institui o Programa Mais Médicos, alterando a Lei no 8.745, de 9 de
dezembro de 1993, e a Lei no 6.932, de 7 de julho de 1981;
Considerando o Decreto nº 7.508, de 21 de junho de 2011, que regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispor
sobre a organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde, e a articulação interfederativa;
Considerando a Portaria nº 204/GM/MS, de 29 de janeiro de 2007, que regulamenta o financiamento e a transferência de recursos
federais para as ações e serviços de saúde, na forma de blocos de financiamento, com respectivo monitoramento e controle;
Considerando a Portaria nº 687, de 30 de março de 2006, que aprova a Política de Promoção da Saúde;
Considerando a Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro de 2010, que estabelece diretrizes para a organização da Rede de Aten- ção à
Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS);
Considerando a Resolução CIT Nº 21, de 27 de julho de 2017 Consulta Pública sobre a proposta de revisão da Política Nacional de
Atenção Básica (PNAB). agosto de 2017; e
Considerando a pactuação na Reunião da Comissão Intergestores Tripartite do dia 31 de agosto de 2017, resolve:

Art. 1º Esta Portaria aprova a Política Nacional de Atenção Básica - PNAB, com vistas à revisão da regulamentação de implantação e
operacionalização vigentes, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS, estabelecendo-se as diretrizes para a organização do componente
Atenção Básica, na Rede de Atenção à Saúde - RAS.

235
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Parágrafo único. A Política Nacional de Atenção Básica consi‐ CAPÍTULO I
dera os termos Atenção Básica - AB e Atenção Primária à Saúde - DAS RESPONSABILIDADES
APS, nas atuais concepções, como termos equivalentes, de forma
a associar a ambas os princípios e as diretrizes definidas neste do‐ Art. 7º São responsabilidades comuns a todas as esferas de go‐
cumento. verno:
Art. 2º A Atenção Básica é o conjunto de ações de saúde indi‐ I - contribuir para a reorientação do modelo de atenção e de
viduais, familiares e coletivas que envolvem promoção, prevenção, gestão com base nos princípios e nas diretrizes contidas nesta por‐
proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos, taria;
cuidados paliativos e vigilância em saúde, desenvolvida por meio de II - apoiar e estimular a adoção da Estratégia Saúde da Família
práticas de cuidado integrado e gestão qualificada, realizada com - ESF como estratégia prioritária de expansão, consolidação e quali‐
equipe multiprofissional e dirigida à população em território defini‐ ficação da Atenção Básica;
do, sobre as quais as equipes assumem responsabilidade sanitária. III - garantir a infraestrutura adequada e com boas condições
§1º A Atenção Básica será a principal porta de entrada e centro para o funcionamento das UBS, garantindo espaço, mobiliário e
de comunicação da RAS, coordenadora do cuidado e ordenadora equipamentos, além de acessibilidade de pessoas com deficiência,
das ações e serviços disponibilizados na rede. de acordo com as normas vigentes;
§ 2º A Atenção Básica será ofertada integralmente e gratui‐ IV - contribuir com o financiamento tripartite para fortaleci‐
tamente a todas as pessoas, de acordo com suas necessidades e mento da Atenção Básica;
demandas do território, considerando os determinantes e condicio‐ V - assegurar ao usuário o acesso universal, equânime e orde‐
nantes de saúde. nado às ações e serviços de saúde do SUS, além de outras atribui‐
§ 3º É proibida qualquer exclusão baseada em idade, gênero, ções que venham a ser pactuadas pelas Comissões Intergestores;
raça/cor, etnia, crença, nacionalidade, orientação sexual, identida‐ VI - estabelecer, nos respectivos Planos Municipais, Estaduais e
de de gênero, estado de saúde, condição socioeconômica, escolari‐ Nacional de Saúde, prioridades, estratégias e metas para a organi‐
dade, limitação física, intelectual, funcional e outras. zação da Atenção Básica;
§ 4º Para o cumprimento do previsto no § 3º, serão adotadas VII -desenvolver mecanismos técnicos e estratégias organiza‐
estratégias que permitam minimizar desigualdades/iniquidades, de cionais de qualificação da força de trabalho para gestão e atenção
modo a evitar exclusão social de grupos que possam vir a sofrer à saúde, estimular e viabilizar a formação, educação permanente e
estigmatização ou discriminação, de maneira que impacte na auto‐ continuada dos profissionais, garantir direitos trabalhistas e previ‐
nomia e na situação de saúde. denciários, qualificar os vínculos de trabalho e implantar carreiras
Art. 3º São Princípios e Diretrizes do SUS e da RAS a serem ope‐ que associem desenvolvimento do trabalhador com qualificação
racionalizados na Atenção Básica: dos serviços ofertados às pessoas;
I - Princípios: VIII - garantir provimento e estratégias de fixação de profissio‐
a) Universalidade; nais de saúde para a Atenção Básica com vistas a promover ofertas
b) Equidade; e de cuidado e o vínculo;
c) Integralidade. IX - desenvolver, disponibilizar e implantar os Sistemas de In‐
II - Diretrizes: formação da Atenção Básica vigentes, garantindo mecanismos que
a) Regionalização e Hierarquização: assegurem o uso qualificado dessas ferramentas nas UBS, de acor‐
b) Territorialização; do com suas responsabilidades;
c) População Adscrita; X - garantir, de forma tripartite, dispositivos para transporte em
d) Cuidado centrado na pessoa; saúde, compreendendo as equipes, pessoas para realização de pro‐
e) Resolutividade; cedimentos eletivos, exames, dentre outros, buscando assegurar a
f) Longitudinalidade do cuidado; resolutividade e a integralidade do cuidado na RAS, conforme ne‐
g) Coordenação do cuidado; cessidade do território e planejamento de saúde;
h) Ordenação da rede; e XI - planejar, apoiar, monitorar e avaliar as ações da Atenção
i) Participação da comunidade. Básica nos territórios;
Art. 4º A PNAB tem na Saúde da Família sua estratégia prioritá‐ XII - estabelecer mecanismos de autoavaliação, controle, regu‐
ria para expansão e consolidação da Atenção Básica. lação e acompanhamento sistemático dos resultados alcançados
Parágrafo único. Serão reconhecidas outras estratégias de pelas ações da Atenção Básica, como parte do processo de planeja‐
Atenção Básica, desde que observados os princípios e diretrizes mento e programação;
previstos nesta portaria e tenham caráter transitório, devendo ser XIII - divulgar as informações e os resultados alcançados pelas
estimulada sua conversão em Estratégia Saúde da Família. equipes que atuam na Atenção Básica, estimulando a utilização dos
Art. 5º A integração entre a Vigilância em Saúde e Atenção Bá‐ dados para o planejamento das ações;
sica é condição essencial para o alcance de resultados que atendam XIV - promover o intercâmbio de experiências entre gestores
às necessidades de saúde da população, na ótica da integralidade e entre trabalhadores, por meio de cooperação horizontal, e esti‐
da atenção à saúde e visa estabelecer processos de trabalho que mular o desenvolvimento de estudos e pesquisas que busquem o
considerem os determinantes, os riscos e danos à saúde, na pers‐ aperfeiçoamento e a disseminação de tecnologias e conhecimentos
pectiva da intra e intersetorialidade. voltados à Atenção Básica;
Art. 6º Todos os estabelecimentos de saúde que prestem ações XV - estimular a participação popular e o controle social;
e serviços de Atenção Básica, no âmbito do SUS, de acordo com XVI - garantir espaços físicos e ambientes adequados para a for‐
esta portaria serão denominados Unidade Básica de Saúde - UBS. mação de estudantes e trabalhadores de saúde, para a formação
Parágrafo único. Todas as UBS são consideradas potenciais espaços em serviço e para a educação permanente e continuada nas Unida‐
de educação, formação de recursos humanos, pesquisa, ensino em des Básicas de Saúde;
serviço, inovação e avaliação tecnológica para a RAS. XVII - desenvolver as ações de assistência farmacêutica e do
uso racional de medicamentos, garantindo a disponibilidade e aces‐
so a medicamentos e insumos em conformidade com a RENAME,

236
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
os protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas, e com a relação es‐ VI - divulgar periodicamente os relatórios de indicadores da
pecífica complementar estadual, municipal, da união, ou do distrito Atenção Básica, com intuito de assegurar o direito fundamental de
federal de medicamentos nos pontos de atenção, visando a integra‐ acesso à informação;
lidade do cuidado; VII - prestar apoio institucional aos municípios no processo de
XVIII - adotar estratégias para garantir um amplo escopo de implantação, acompanhamento e qualificação da Atenção Básica e
ações e serviços a serem ofertados na Atenção Básica, compatíveis de ampliação e consolidação da Estratégia Saúde da Família;
com as necessidades de saúde de cada localidade; VIII - definir estratégias de articulação com as gestões munici‐
XIX - estabelecer mecanismos regulares de auto avaliação para pais, com vistas à institucionalização do monitoramento e avaliação
as equipes que atuam na Atenção Básica, a fim de fomentar as prá‐ da Atenção Básica;
ticas de monitoramento, avaliação e planejamento em saúde; e IX - disponibilizar aos municípios instrumentos técnicos e peda‐
XX -articulação com o subsistema Indígena nas ações de Educa‐ gógicos que facilitem o processo de formação e educação perma‐
ção Permanente e gestão da rede assistencial. nente dos membros das equipes de gestão e de atenção;
Art. 8º Compete ao Ministério da Saúde a gestão das ações de X - articular instituições de ensino e serviço, em parceria com
Atenção Básica no âmbito da União, sendo responsabilidades da as Secretarias Municipais de Saúde, para formação e garantia de
União: educação permanente aos profissionais de saúde das equipes que
I -definir e rever periodicamente, de forma pactuada, na Co‐ atuam na Atenção Básica; e
missão Intergestores Tripartite (CIT), as diretrizes da Política Nacio‐ XI -fortalecer a Estratégia Saúde da Família na rede de serviços
nal de Atenção Básica; como a estratégia prioritária de organização da Atenção Básica.
II - garantir fontes de recursos federais para compor o financia‐ Art. 10 Compete às Secretarias Municipais de Saúde a coorde‐
mento da Atenção Básica; nação do componente municipal da Atenção Básica, no âmbito de
III - destinar recurso federal para compor o financiamento tri‐ seus limites territoriais, de acordo com a política, diretrizes e priori‐
partite da Atenção Básica, de modo mensal, regular e automático, dades estabelecidas, sendo responsabilidades dos Municípios e do
prevendo, entre outras formas, o repasse fundo a fundo para cus‐ Distrito Federal:
teio e investimento das ações e serviços; I -organizar, executar e gerenciar os serviços e ações de Aten‐
IV - prestar apoio integrado aos gestores dos Estados, do Distri‐ ção Básica, de forma universal, dentro do seu território, incluindo as
to Federal e dos municípios no processo de qualificação e de conso‐ unidades próprias e as cedidas pelo estado e pela União;
lidação da Atenção Básica; II - programar as ações da Atenção Básica a partir de sua base
V - definir, de forma tripartite, estratégias de articulação junto territorial de acordo com as necessidades de saúde identificadas
às gestões estaduais e municipais do SUS, com vistas à instituciona‐ em sua população, utilizando instrumento de programação nacio‐
lização da avaliação e qualificação da Atenção Básica; nal vigente;
VI - estabelecer, de forma tripartite, diretrizes nacionais e dis‐ III - organizar o fluxo de pessoas, inserindo-as em linhas de
ponibilizar instrumentos técnicos e pedagógicos que facilitem o cuidado, instituindo e garantindo os fluxos definidos na Rede de
processo de gestão, formação e educação permanente dos gestores Atenção à Saúde entre os diversos pontos de atenção de diferentes
e profissionais da Atenção Básica; configurações tecnológicas, integrados por serviços de apoio logís‐
VII - articular com o Ministério da Educação estratégias de tico, técnico e de gestão, para garantir a integralidade do cuidado.
indução às mudanças curriculares nos cursos de graduação e pós‐ IV -estabelecer e adotar mecanismos de encaminhamento res‐
graduação na área da saúde, visando à formação de profissionais e ponsável pelas equipes que atuam na Atenção Básica de acordo
gestores com perfil adequado à Atenção Básica; e com as necessidades de saúde das pessoas, mantendo a vinculação
VIII -apoiar a articulação de instituições, em parceria com as e coordenação do cuidado;
Secretarias de Saúde Municipais, Estaduais e do Distrito Federal, V - manter atualizado mensalmente o cadastro de equipes, pro‐
para formação e garantia de educação permanente e continuada fissionais, carga horária, serviços disponibilizados, equipamentos e
para os profissionais de saúde da Atenção Básica, de acordo com as
outros no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
necessidades locais.
Saúde vigente, conforme regulamentação específica;
Art. 9º Compete às Secretarias Estaduais de Saúde e ao Distrito
VI - organizar os serviços para permitir que a Atenção Básica
Federal a coordenação do componente estadual e distrital da Aten‐
atue como a porta de entrada preferencial e ordenadora da RAS;
ção Básica, no âmbito de seus limites territoriais e de acordo com
VII - fomentar a mobilização das equipes e garantir espaços
as políticas, diretrizes e prioridades estabelecidas, sendo responsa‐
para a participação da comunidade no exercício do controle social;
bilidades dos Estados e do Distrito Federal:
VIII - destinar recursos municipais para compor o financiamen‐
I - pactuar, na Comissão Intergestores Bipartite (CIB) e Colegia‐
do de Gestão no Distrito Federal, estratégias, diretrizes e normas to tripartite da Atenção Básica;
para a implantação e implementação da Política Nacional de Aten‐ IX - ser corresponsável, junto ao Ministério da Saúde, e Secreta‐
ção Básica vigente nos Estados e Distrito Federal; ria Estadual de Saúde pelo monitoramento da utilização dos recur‐
II - destinar recursos estaduais para compor o financiamento sos da Atenção Básica transferidos aos município;
tripartite da Atenção Básica, de modo regular e automático, pre‐ X - inserir a Estratégia de Saúde da Família em sua rede de servi‐
vendo, entre outras formas, o repasse fundo a fundo para custeio e ços como a estratégia prioritária de organização da Atenção Básica;
investimento das ações e serviços; XI -prestar apoio institucional às equipes e serviços no processo
III - ser corresponsável pelo monitoramento das ações de Aten‐ de implantação, acompanhamento, e qualificação da Atenção Bási‐
ção Básica nos municípios; ca e de ampliação e consolidação da Estratégia Saúde da Família;
IV - analisar os dados de interesse estadual gerados pelos sis‐ XII - definir estratégias de institucionalização da avaliação da
temas de informação, utilizá-los no planejamento e divulgar os re‐ Atenção Básica;
sultados obtidos; XIII -desenvolver ações, articular instituições e promover aces‐
V -verificar a qualidade e a consistência de arquivos dos sis‐ so aos trabalhadores, para formação e garantia de educação perma‐
temas de informação enviados pelos municípios, de acordo com nente e continuada aos profissionais de saúde de todas as equipes
prazos e fluxos estabelecidos para cada sistema, retornando infor‐ que atuam na Atenção Básica implantadas;
mações aos gestores municipais;

237
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
XIV - selecionar, contratar e remunerar os profissionais que o planejamento e a implementação de ações públicas para a pro‐
compõem as equipes multiprofissionais de Atenção Básica, em con‐ teção da saúde da população, a prevenção e o controle de riscos,
formidade com a legislação vigente; agravos e doenças, bem como para a promoção da saúde.
XV -garantir recursos materiais, equipamentos e insumos sufi‐ Destaca-se ainda o desafio de superar compreensões simplistas,
cientes para o funcionamento das UBS e equipes, para a execução nas quais, entre outras, há dicotomia e oposição entre a assistência
do conjunto de ações propostas; e a promoção da saúde. Para tal, deve-se partir da compreensão de
XVI - garantir acesso ao apoio diagnóstico e laboratorial neces‐ que a saúde possui múltiplos determinantes e condicionantes e que
sário ao cuidado resolutivo da população; a melhora das condições de saúde das pessoas e coletividades pas‐
XVII -alimentar, analisar e verificar a qualidade e a consistência sa por diversos fatores, os quais grande parte podem ser abordados
dos dados inseridos nos sistemas nacionais de informação a serem na Atenção Básica.
enviados às outras esferas de gestão, utilizá-los no planejamento
das ações e divulgar os resultados obtidos, a fim de assegurar o di‐ 1 - PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DA ATENÇÃO BÁSICA
reito fundamental de acesso à informação; Os princípios e diretrizes, a caracterização e a relação de servi‐
XVIII - organizar o fluxo de pessoas, visando à garantia das re‐ ços ofertados na Atenção Básica serão orientadores para a sua orga‐
ferências a serviços e ações de saúde fora do âmbito da Atenção nização nos municípios, conforme descritos a seguir:
Básica e de acordo com as necessidades de saúde das mesmas; e
IX - assegurar o cumprimento da carga horária integral de todos 1.1 - Princípios
os profissionais que compõem as equipes que atuam na Atenção - Universalidade: possibilitar o acesso universal e contínuo a
Básica, de acordo com as jornadas de trabalho especificadas no Sis‐ serviços de saúde de qualidade e resolutivos, caracterizados como
tema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde vigente e a porta de entrada aberta e preferencial da RAS (primeiro contato),
a modalidade de atenção. acolhendo as pessoas e promovendo a vinculação e corresponsabi‐
Art. 11 A operacionalização da Política Nacional de Atenção Bá‐ lização pela atenção às suas necessidades de saúde. O estabeleci‐
sica está detalhada no Anexo a esta Portaria. mento de mecanismos que assegurem acessibilidade e acolhimento
Art. 12 Fica revogada a Portaria nº 2.488/GM/MS, de 21 de ou‐ pressupõe uma lógica de organização e funcionamento do serviço
tubro de 2011. de saúde que parte do princípio de que as equipes que atuam na
Art. 13. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. Atenção Básica nas UBS devem receber e ouvir todas as pessoas
RICARDO BARROS que procuram seus serviços, de modo universal, de fácil acesso e
sem diferenciações excludentes, e a partir daí construir respostas
para suas demandas e necessidades.
ANEXO - Equidade: ofertar o cuidado, reconhecendo as diferenças
POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA OPERACIONA- nas condições de vida e saúde e de acordo com as necessidades
LIZAÇÃO das pessoas, considerando que o direito à saúde passa pelas dife‐
renciações sociais e deve atender à diversidade. Ficando proibida
CAPÍTULO I qualquer exclusão baseada em idade, gênero, cor, crença, naciona‐
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS DA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE lidade, etnia, orientação sexual, identidade de gênero, estado de
saúde, condição socioeconômica, escolaridade ou limitação física,
A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) é resultado da intelectual, funcional, entre outras, com estratégias que permitam
experiência acumulada por um conjunto de atores envolvidos his‐ minimizar desigualdades, evitar exclusão social de grupos que pos‐
toricamente com o desenvolvimento e a consolidação do Sistema sam vir a sofrer estigmatização ou discriminação; de maneira que
Único de Saúde (SUS), como movimentos sociais, população, tra‐ impacte na autonomia e na situação de saúde.
balhadores e gestores das três esferas de governo. Esta Portaria, - Integralidade: É o conjunto de serviços executados pela equi‐
conforme normatização vigente no SUS, que define a organização pe de saúde que atendam às necessidades da população adscrita
em Redes de Atenção à Saúde (RAS) como estratégia para um cuida‐ nos campos do cuidado, da promoção e manutenção da saúde, da
do integral e direcionado às necessidades de saúde da população, prevenção de doenças e agravos, da cura, da reabilitação, redução
destaca a Atenção Básica como primeiro ponto de atenção e porta de danos e dos cuidados paliativos. Inclui a responsabilização pela
de entrada preferencial do sistema, que deve ordenar os fluxos e oferta de serviços em outros pontos de atenção à saúde e o reco‐
contra fluxos de pessoas , produtos e informações em todos os pon‐ nhecimento adequado das necessidades biológicas, psicológicas,
tos de atenção à saúde. ambientais e sociais causadoras das doenças, e manejo das diversas
Esta Política Nacional de Atenção Básica tem na Saúde da Famí‐ tecnologias de cuidado e de gestão necessárias a estes fins, além da
lia sua estratégia prioritária para expansão e consolidação da Aten‐ ampliação da autonomia das pessoas e coletividade.
ção Básica. Contudo reconhece outras estratégias de organização
da Atenção Básica nos territórios, que devem seguir os princípios 1.2 - Diretrizes
e diretrizes da Atenção Básica e do SUS, configurando um processo - Regionalização e Hierarquização: dos pontos de atenção da
progressivo e singular que considera e inclui as especificidades loco RAS, tendo a Atenção Básica como ponto de comunicação entre
regionais, ressaltando a dinamicidade do território e a existência de esses. Considera-se regiões de saúde como um recorte espacial es‐
populações específicas, itinerantes e dispersas, que também são de tratégico para fins de planejamento, organização e gestão de redes
responsabilidade da equipe enquanto estiverem no território, em de ações e serviços de saúde em determinada localidade, e a hierar‐
consonância com a política de promoção da equidade em saúde. quização como forma de organização de pontos de atenção da RAS
A Atenção Básica considera a pessoa em sua singularidade e entre si, com fluxos e referências estabelecidos.
inserção sociocultural, buscando produzir a atenção integral, incor‐ - Territorialização e Adstrição: de forma a permitir o planeja‐
porar as ações de vigilância em saúde - a qual constitui um processo mento, a programação descentralizada e o desenvolvimento de
contínuo e sistemático de coleta, consolidação, análise e dissemina‐ ações setoriais e intersetoriais com foco em um território específi‐
ção de dados sobre eventos relacionados à saúde - além disso, visa co, com impacto na situação, nos condicionantes e determinantes

238
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
da saúde das pessoas e coletividades que constituem aquele es‐ vés de articulação e integração das ações intersetoriais na organi‐
paço e estão, portanto, adstritos a ele. Para efeitos desta portaria, zação e orientação dos serviços de saúde, a partir de lógicas mais
considerasse Território a unidade geográfica única, de construção centradas nas pessoas e no exercício do controle social.
descentralizada do SUS na execução das ações estratégicas destina‐
das à vigilância, promoção, prevenção, proteção e recuperação da 2 - A ATENÇÃO BÁSICA NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE
saúde. Os Territórios são destinados para dinamizar a ação em saú‐ Esta portaria, conforme normatização vigente do SUS, define
de pública, o estudo social, econômico, epidemiológico, assisten‐ a organização na RAS, como estratégia para um cuidado integral e
cial, cultural e identitário, possibilitando uma ampla visão de cada direcionado às necessidades de saúde da população. As RAS cons‐
unidade geográfica e subsidiando a atuação na Atenção Básica, de tituem-se em arranjos organizativos formados por ações e serviços
forma que atendam a necessidade da população adscrita e ou as de saúde com diferentes configurações tecnológicas e missões as‐
populações específicas. sistenciais, articulados de forma complementar e com base terri‐
- População Adscrita: população que está presente no território torial, e têm diversos atributos, entre eles, destaca-se: a Atenção
da UBS, de forma a estimular o desenvolvimento de relações de vín‐ Básica estruturada como primeiro ponto de atenção e principal
culo e responsabilização entre as equipes e a população, garantindo porta de entrada do sistema, constituída de equipe multidisciplinar
a continuidade das ações de saúde e a longitudinalidade do cuidado que cobre toda a população, integrando, coordenando o cuidado e
e com o objetivo de ser referência para o seu cuidado. atendendo as necessidades de saúde das pessoas do seu território.
- Cuidado Centrado na Pessoa: aponta para o desenvolvimento O Decreto nº 7.508, de 28 de julho de 2011, que regulamenta
de ações de cuidado de forma singularizada, que auxilie as pessoas a Lei nº 8.080/90, define que “o acesso universal, igualitário e orde‐
a desenvolverem os conhecimentos, aptidões, competências e a nado às ações e serviços de saúde se inicia pelas portas de entrada
confiança necessária para gerir e tomar decisões embasadas sobre do SUS e se completa na rede regionalizada e hierarquizada”.
sua própria saúde e seu cuidado de saúde de forma mais efetiva. O Para que a Atenção Básica possa ordenar a RAS, é preciso reco‐
cuidado é construído com as pessoas, de acordo com suas neces‐ nhecer as necessidades de saúde da população sob sua responsabi‐
sidades e potencialidades na busca de uma vida independente e lidade, organizando-as em relação aos outros pontos de atenção à
plena. A família, a comunidade e outras formas de coletividade são saúde, contribuindo para que a programação dos serviços de saúde
elementos relevantes, muitas vezes condicionantes ou determinan‐ parta das necessidades das pessoas, com isso fortalecendo o plane‐
tes na vida das pessoas e, por consequência, no cuidado. jamento ascendente.
- Resolutividade: reforça a importância da Atenção Básica ser A Atenção Básica é caracterizada como porta de entrada pre‐
resolutiva, utilizando e articulando diferentes tecnologias de cuida‐ ferencial do SUS, possui um espaço privilegiado de gestão do cui‐
dado das pessoas e cumpre papel estratégico na rede de atenção,
do individual e coletivo, por meio de uma clínica ampliada capaz de
servindo como base para o seu ordenamento e para a efetivação
construir vínculos positivos e intervenções clínica e sanitariamente
da integralidade. Para tanto, é necessário que a Atenção Básica
efetivas, centrada na pessoa, na perspectiva de ampliação dos graus
tenha alta resolutividade, com capacidade clínica e de cuidado e
de autonomia dos indivíduos e grupos sociais. Deve ser capaz de incorporação de tecnologias leves, leve duras e duras (diagnósticas
resolver a grande maioria dos problemas de saúde da população, e terapêuticas), além da articulação da Atenção Básica com outros
coordenando o cuidado do usuário em outros pontos da RAS, quan‐ pontos da RAS.
do necessário. Os estados, municípios e o distrito federal, devem articular
- Longitudinalidade do cuidado: pressupõe a continuidade da ações intersetoriais, assim como a organização da RAS, com ênfase
relação de cuidado, com construção de vínculo e responsabilização nas necessidades locorregionais, promovendo a integração das re‐
entre profissionais e usuários ao longo do tempo e de modo per‐ ferências de seu território.
manente e consistente, acompanhando os efeitos das intervenções Recomenda-se a articulação e implementação de processos
em saúde e de outros elementos na vida das pessoas , evitando a que aumentem a capacidade clínica das equipes, que fortaleçam
perda de referências e diminuindo os riscos de iatrogenia que são práticas de microrregulação nas Unidades Básicas de Saúde, tais
decorrentes do desconhecimento das histórias de vida e da falta de como gestão de filas próprias da UBS e dos exames e consultas des‐
coordenação do cuidado. centralizados/programados para cada UBS, que propiciem a comu‐
VII - Coordenar o cuidado: elaborar, acompanhar e organizar nicação entre UBS, centrais de regulação e serviços especializados,
o fluxo dos usuários entre os pontos de atenção das RAS. Atuando com pactuação de fluxos e protocolos, apoio matricial presencial e/
como o centro de comunicação entre os diversos pontos de aten‐ ou a distância, entre outros.
ção, responsabilizando-se pelo cuidado dos usuários em qualquer Um dos destaques que merecem ser feitos é a consideração e
destes pontos através de uma relação horizontal, contínua e inte‐ a incorporação, no processo de referenciamento, das ferramentas
grada, com o objetivo de produzir a gestão compartilhada da aten‐ de telessaúde articulado às decisões clínicas e aos processos de re‐
ção integral. Articulando também as outras estruturas das redes de gulação do acesso. A utilização de protocolos de encaminhamento
saúde e intersetoriais, públicas, comunitárias e sociais. servem como ferramenta, ao mesmo tempo, de gestão e de cuida‐
- Ordenar as redes: reconhecer as necessidades de saúde da do, pois tanto orientam as decisões dos profissionais solicitantes
população sob sua responsabilidade, organizando as necessidades quanto se constituem como referência que modula a avaliação das
desta população em relação aos outros pontos de atenção à saú‐ solicitações pelos médicos reguladores.
de, contribuindo para que o planejamento das ações, assim como, Com isso, espera-se que ocorra uma ampliação do cuidado clí‐
nico e da resolutividade na Atenção Básica, evitando a exposição
a programação dos serviços de saúde, parta das necessidades de
das pessoas a consultas e/ou procedimentos desnecessários. Além
saúde das pessoas.
disso, com a organização do acesso, induz-se ao uso racional dos
- Participação da comunidade: estimular a participação das
recursos em saúde, impede deslocamentos desnecessários e traz
pessoas, a orientação comunitária das ações de saúde na Atenção
maior eficiência e equidade à gestão das listas de espera.
Básica e a competência cultural no cuidado, como forma de ampliar
A gestão municipal deve articular e criar condições para que a
sua autonomia e capacidade na construção do cuidado à sua saúde referência aos serviços especializados ambulatoriais, sejam realiza‐
e das pessoas e coletividades do território. Considerando ainda o dos preferencialmente pela Atenção Básica, sendo de sua respon‐
enfrentamento dos determinantes e condicionantes de saúde, atra‐ sabilidade:

239
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
a) Ordenar o fluxo das pessoas nos demais pontos de atenção rilização, sala de observação e sala de atividades coletivas para os
da RAS; profissionais da Atenção Básica. Se forem compostas por profissio‐
b) Gerir a referência e contrarreferência em outros pontos de nais de saúde bucal, será necessário consultório odontológico com
atenção; e equipo odontológico completo;
c) Estabelecer relação com os especialistas que cuidam das a. área de recepção, local para arquivos e registros, sala mul‐
pessoas do território. tiprofissional de acolhimento à demanda espontânea , sala de ad‐
ministração e gerência, banheiro público e para funcionários, entre
3 - INFRAESTRUTURA, AMBIÊNCIA E FUNCIONAMENTO DA outros ambientes conforme a necessidade.
ATENÇÃO BÁSICA
Este item refere-se ao conjunto de procedimentos que objetiva b) Unidade Básica de Saúde Fluvial
adequar a estrutura física, tecnológica e de recursos humanos das Recomenda-se os seguintes ambientes:
UBS às necessidades de saúde da população de cada território a. consultório médico; consultório de enfermagem; área para
assistência farmacêutica, laboratório, sala de vacina; sala de proce‐
3.1 Infraestrutura e ambiência dimentos; e, se forem compostas por profissionais de saúde bucal,
A infraestrutura de uma UBS deve estar adequada ao quanti‐ será necessário consultório odontológico com equipo odontológico
tativo de população adscrita e suas especificidades, bem como aos completo;
processos de trabalho das equipes e à atenção à saúde dos usuá‐ b. área de recepção, banheiro público; banheiro exclusivo para
rios. Os parâmetros de estrutura devem, portanto, levar em consi‐ os funcionários; expurgo; cabines com leitos em número suficiente
deração a densidade demográfica, a composição, atuação e os tipos para toda a equipe; cozinha e outro ambientes conforme necessi‐
de equipes, perfil da população, e as ações e serviços de saúde a dade.
serem realizados. É importante que sejam previstos espaços físicos
e ambientes adequados para a formação de estudantes e trabalha‐ c) Unidade Odontológica Móvel
dores de saúde de nível médio e superior, para a formação em ser‐ Recomenda-se veículo devidamente adaptado para a finalida‐
viço e para a educação permanente na UBS. de de atenção à saúde bucal, equipado com:
As UBS devem ser construídas de acordo com as normas sanitá‐ Compressor para uso odontológico com sistema de filtragem;
rias e tendo como referência as normativas de infraestrutura vigen‐ aparelho de raios-x para radiografias periapicais e interproximais;
tes, bem como possuir identificação segundo os padrões visuais da aventais de chumbo; conjunto peças de mão contendo micro-motor
Atenção Básica e do SUS. Devem, ainda, ser cadastradas no Sistema com peça reta e contra ângulo, e alta rotação; gabinete odontológi‐
de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES), de co; cadeira odontológica, equipo odontológico e refletor odontoló‐
acordo com as normas em vigor para tal. gico; unidade auxiliar odontológica; mocho odontológico; autocla‐
As UBS poderão ter pontos de apoio para o atendimento de ve; amalgamador; fotopolimerizador; e refrigerador.
populações dispersas (rurais, ribeirinhas, assentamentos, áreas
pantaneiras, etc.), com reconhecimento no SCNES, bem como nos 3.3 - Funcionamento
instrumentos de monitoramento e avaliação. A estrutura física dos Recomenda-se que as Unidades Básicas de Saúde tenham seu
pontos de apoio deve respeitar as normas gerais de segurança sa‐ funcionamento com carga horária mínima de 40 horas/semanais,
nitária. no mínimo 5 (cinco) dias da semana e nos 12 meses do ano, possi‐
A ambiência de uma UBS refere-se ao espaço físico (arquitetô‐ bilitando acesso facilitado à população.
nico), entendido como lugar social, profissional e de relações inter‐ Horários alternativos de funcionamento podem ser pactuados
pessoais, que deve proporcionar uma atenção acolhedora e huma‐ através das instâncias de participação social, desde que atendam
na para as pessoas, além de um ambiente saudável para o trabalho expressamente a necessidade da população, observando, sempre
dos profissionais de saúde. que possível, a carga horária mínima descrita acima.
Para um ambiente adequado em uma UBS, existem componen‐ Como forma de garantir a coordenação do cuidado, ampliando
tes que atuam como modificadores e qualificadores do espaço, re‐ o acesso e resolutividade das equipes que atuam na Atenção Bási‐
comenda-se contemplar: recepção sem grades (para não intimidar ca, recomenda-se :
ou dificultar a comunicação e também garantir privacidade à pes‐ i) - População adscrita por equipe de Atenção Básica (eAB) e de
soa), identificação dos serviços existentes, escala dos profissionais, Saúde da Família (eSF) de 2.000 a 3.500 pessoas, localizada dentro
horários de funcionamento e sinalização de fluxos, conforto térmi‐ do seu território, garantindo os princípios e diretrizes da Atenção
co e acústico, e espaços adaptados para as pessoas com deficiência Básica.
em conformidade com as normativas vigentes. Além dessa faixa populacional, podem existir outros arranjos
Além da garantia de infraestrutura e ambiência apropriadas, de adscrição, conforme vulnerabilidades, riscos e dinâmica comu‐
para a realização da prática profissional na Atenção Básica, é neces‐ nitária, facultando aos gestores locais, conjuntamente com as equi‐
sário disponibilizar equipamentos adequados, recursos humanos pes que atuam na Atenção Básica e Conselho Municipal ou Local de
capacitados, e materiais e insumos suficientes à atenção à saúde Saúde, a possibilidade de definir outro parâmetro populacional de
prestada nos municípios e Distrito Federal. responsabilidade da equipe, podendo ser maior ou menor do que
o parâmetro recomendado, de acordo com as especificidades do
3.2 Tipos de unidades e equipamentos de Saúde território, assegurando-se a qualidade do cuidado.
São considerados unidades ou equipamentos de saúde no âm‐ ii) - 4 (quatro) equipes por UBS (Atenção Básica ou Saúde da
bito da Atenção Básica: Família), para que possam atingir seu potencial resolutivo.
a) Unidade Básica de Saúde iii) - Fica estipulado para cálculo do teto máximo de equipes de
Recomenda-se os seguintes ambientes: Atenção Básica (eAB) e de Saúde da Família (eSF), com ou sem os
Consultório médico e de enfermagem, consultório com sani‐ profissionais de saúde bucal, pelas quais o Município e o Distrito
tário, sala de procedimentos, sala de vacinas, área para assistência Federal poderão fazer jus ao recebimento de recursos financeiros
farmacêutica, sala de inalação coletiva, sala de procedimentos, sala específicos, conforme a seguinte fórmula: População/2.000.
de coleta/exames, sala de curativos, sala de expurgo, sala de este‐

240
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
iv) - Em municípios ou territórios com menos de 2.000 habitan‐ com as necessidades apresentadas, articulando-se com outros ser‐
tes, que uma equipe de Saúde da Família (eSF) ou de Atenção Básica viços de forma resolutiva, em conformidade com as linhas de cui‐
(eAB) seja responsável por toda população; dado estabelecidas.
Deverá estar afixado em local visível, próximo à entrada da UBS:
Reitera-se a possibilidade de definir outro parâmetro popula‐ - Identificação e horário de atendimento;
cional de responsabilidade da equipe de acordo com especificida‐ - Mapa de abrangência, com a cobertura de cada equipe;
des territoriais, vulnerabilidades, riscos e dinâmica comunitária res‐ - Identificação do Gerente da Atenção Básica no território e dos
peitando critérios de equidade, ou, ainda, pela decisão de possuir componentes de cada equipe da UBS;
um número inferior de pessoas por equipe de Atenção Básica (eAB) - Relação de serviços disponíveis; e
e equipe de Saúde da Família (eSF) para avançar no acesso e na - Detalhamento das escalas de atendimento de cada equipe.
qualidade da Atenção Básica.
Para que as equipes que atuam na Atenção Básica possam atin‐ 3.4 - Tipos de Equipes:
gir seu potencial resolutivo, de forma a garantir a coordenação do 1 - Equipe de Saúde da Família (eSF): É a estratégia prioritária
cuidado, ampliando o acesso, é necessário adotar estratégias que de atenção à saúde e visa à reorganização da Atenção Básicano país,
permitam a definição de um amplo escopo dos serviços a serem de acordo com os preceitos do SUS. É considerada como estratégia
ofertados na UBS, de forma que seja compatível com as necessi‐ de expansão, qualificação e consolidação da Atenção Básica, por
dades e demandas de saúde da população adscrita, seja por meio favorecer uma reorientação do processo de trabalho com maior po‐
da Estratégia Saúde da Família ou outros arranjos de equipes de tencial de ampliar a resolutividade e impactar na situação de saúde
Atenção Básica (eAB), que atuem em conjunto, compartilhando o das pessoas e coletividades, além de propiciar uma importante re‐
cuidado e apoiando as práticas de saúde nos territórios. Essa oferta lação custo-efetividade.
de ações e serviços na Atenção Básica devem considerar políticas e Composta no mínimo por médico, preferencialmente da espe‐
programas prioritários, as diversas realidades e necessidades dos cialidade medicina de família e comunidade, enfermeiro, preferen‐
territórios e das pessoas, em parceria com o controle social. cialmente especialista em saúde da família; auxiliar e/ou técnico de
As ações e serviços da Atenção Básica, deverão seguir padrões enfermagem e agente comunitário de saúde (ACS). Podendo fazer
essenciais e ampliados: parte da equipe o agente de combate às endemias (ACE) e os pro‐
Padrões Essenciais - ações e procedimentos básicos relaciona‐ fissionais de saúde bucal: cirurgião-dentista, preferencialmente es‐
dos a condições básicas/essenciais de acesso e qualidade na Aten‐ pecialista em saúde da família, e auxiliar ou técnico em saúde bucal.
ção Básica; e O número de ACS por equipe deverá ser definido de acordo
- Padrões Ampliados -ações e procedimentos considerados es‐ com base populacional, critérios demográficos, epidemiológicos e
tratégicos para se avançar e alcançar padrões elevados de acesso e socioeconômicos, de acordo com definição local.
qualidade na Atenção Básica, considerando especificidades locais, Em áreas de grande dispersão territorial, áreas de risco e vulne‐
indicadores e parâmetros estabelecidos nas Regiões de Saúde. rabilidade social, recomenda-se a cobertura de 100% da população
com número máximo de 750 pessoas por ACS.
Para equipe de Saúde da Família, há a obrigatoriedade de carga
A oferta deverá ser pública, desenvolvida em parceria com o
horária de 40 (quarenta) horas semanais para todos os profissio‐
controle social, pactuada nas instâncias interfederativas, com finan‐
nais de saúde membros da ESF. Dessa forma, os profissionais da
ciamento regulamentado em normativa específica.
ESF poderão estar vinculados a apenas 1 (uma) equipe de Saúde da
Caberá a cada gestor municipal realizar análise de demanda do
Família, no SCNES vigente.
território e ofertas das UBS para mensurar sua capacidade resoluti‐
va, adotando as medidas necessárias para ampliar o acesso, a quali‐
2 - Equipe da Atenção Básica (eAB): esta modalidade deve aten‐
dade e resolutividade das equipes e serviços da sua UBS. der aos princípios e diretrizes propostas para a AB. A gestão munici‐
A oferta de ações e serviços da Atenção Básica deverá estar dis‐ pal poderá compor equipes de Atenção Básica (eAB) de acordo com
ponível aos usuários de forma clara, concisa e de fácil visualização, características e necessidades do município. Como modelo priori‐
conforme padronização pactuada nas instâncias gestoras. tário é a ESF, as equipes de Atenção Básica (eAB) podem posterior‐
Todas as equipes que atuam na Atenção Básica deverão garan‐ mente se organizar tal qual o modelo prioritário.
tir a oferta de todas as ações e procedimentos do Padrão Essencial As equipes deverão ser compostas minimamente por médicos
e recomenda-se que também realizarem ações e serviços do Padrão preferencialmente da especialidade medicina de família e comu‐
Ampliado, considerando as necessidades e demandas de saúde das nidade, enfermeiro preferencialmente especialista em saúde da
populações em cada localidade. Os serviços dos padrões essenciais, família, auxiliares de enfermagem e ou técnicos de enfermagem.
bem como os equipamentos e materiais necessários, devem ser ga‐ Poderão agregar outros profissionais como dentistas, auxiliares de
rantidos igualmente para todo o país, buscando uniformidade de saúde bucal e ou técnicos de saúde bucal, agentes comunitários de
atuação da Atenção Básica no território nacional. Já o elenco de saúde e agentes de combate à endemias.
ações e procedimentos ampliados deve contemplar de forma mais A composição da carga horária mínima por categoria pro-fis‐
flexível às necessidades e demandas de saúde das populações em sional deverá ser de 10 (dez) horas, com no máximo de 3 (três)
cada localidade, sendo definido a partir de suas especificidades lo‐ profissionais por categoria, devendo somar no mínimo 40 horas/
corregionais. semanais.
As unidades devem organizar o serviço de modo a otimizar os O processo de trabalho, a combinação das jornadas de trabalho
processos de trabalho, bem como o acesso aos demais níveis de dos profissionais das equipes e os horários e dias de funcionamento
atenção da RAS. devem ser organizados de modo que garantam amplamente aces‐
Toda UBS deve monitorar a satisfação de seus usuários, ofere‐ so, o vínculo entre as pessoas e profissionais, a continuidade, coor‐
cendo o registro de elogios, críticas ou reclamações, por meio de denação e longitudinalidade do cuidado.
livros, caixas de sugestões ou canais eletrônicos. As UBS deverão A distribuição da carga horária dos profissionais é de responsa‐
assegurar o acolhimento e escuta ativa e qualificada das pessoas, bilidade do gestor, devendo considerar o perfil demográfico e epi‐
mesmo que não sejam da área de abrangência da unidade, com demiológico local para escolha da especialidade médica, estes de‐
classificação de risco e encaminhamento responsável de acordo vem atuar como generalistas nas equipes de Atenção Básica (eAB).

241
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Importante ressaltar que para o funcionamento a equipe deve‐ Compete especificamente à Equipe do Núcleo Ampliado de
rá contar também com profissionais de nível médio como técnico Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf- AB):
ou auxiliar de enfermagem. a. Participar do planejamento conjunto com as equipes que
atuam na Atenção Básica à que estão vinculadas;
3 - Equipe de Saúde Bucal (eSB): Modalidade que pode compor b. Contribuir para a integralidade do cuidado aos usuários do
as equipes que atuam na atenção básica, constituída por um cirur‐ SUS principalmente por intermédio da ampliação da clínica, auxi‐
gião-dentista e um técnico em saúde bucal e/ou auxiliar de saúde liando no aumento da capacidade de análise e de intervenção so‐
bucal. bre problemas e necessidades de saúde, tanto em termos clínicos
Os profissionais de saúde bucal que compõem as equipes de quanto sanitários; e
Saúde da Família (eSF) e de Atenção Básica (eAB) e de devem estar c. Realizar discussão de casos, atendimento individual, compar‐
vinculados à uma UBS ou a Unidade Odontológica Móvel, podendo tilhado, interconsulta, construção conjunta de projetos terapêuti‐
se organizar nas seguintes modalidades: cos, educação permanente, intervenções no território e na saúde
Modalidade I: Cirurgião-dentista e auxiliar em saúde bucal de grupos populacionais de todos os ciclos de vida, e da coletivida‐
(ASB) ou técnico em saúde bucal (TSB) e; de, ações intersetoriais, ações de prevenção e promoção da saúde,
Modalidade II: Cirurgião-dentista, TSB e ASB, ou outro TSB. discussão do processo de trabalho das equipes dentre outros, no
território.
Independente da modalidade adotada, os profissionais de Saú‐
de Bucal são vinculados a uma equipe de Atenção Básica (eAB) ou Poderão compor os NASF-AB as ocupações do Código Brasileiro
equipe de Saúde da Família (eSF), devendo compartilhar a gestão e de Ocupações - CBO na área de saúde: Médico Acupunturista; Assis‐
o processo de trabalho da equipe, tendo responsabilidade sanitária tente Social; Profissional/Professor de Educação Física; Farmacêuti‐
pela mesma população e território adstrito que a equipe de Saúde co; Fisioterapeuta; Fonoaudiólogo; Médico Ginecologista/Obstetra;
da Família ou Atenção Básica a qual integra. Médico Homeopata; Nutricionista; Médico Pediatra; Psicólogo; Mé‐
Cada equipe de Saúde de Família que for implantada com os dico Psiquiatra; Terapeuta Ocupacional; Médico Geriatra; Médico
profissionais de saúde bucal ou quando se introduzir pela primei‐ Internista (clinica médica), Médico do Trabalho, Médico Veterinário,
ra vez os profissionais de saúde bucal numa equipe já implantada, profissional com formação em arte e educação (arte educador) e
modalidade I ou II, o gestor receberá do Ministério da Saúde os profissional de saúde sanitarista, ou seja, profissional graduado na
equipamentos odontológicos, através de doação direta ou o repas‐ área de saúde com pós-graduação em saúde pública ou coletiva ou
se de recursos necessários para adquiri-los (equipo odontológico graduado diretamente em uma dessas áreas conforme normativa
completo). vigente.
A definição das categorias profissionais é de autonomia do ges‐
4 - Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica tor local, devendo ser escolhida de acordo com as necessidades do
(Nasf-AB) territórios.
Constitui uma equipe multiprofissional e interdisciplinar com‐
posta por categorias de profissionais da saúde, complementar àse‐ 5 - Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde (EACS):
quipes que atuam na Atenção Básica. É formada por diferentes ocu‐ É prevista a implantação da Estratégia de Agentes Comunitá‐
pações (profissões e especialidades) da área da saúde, atuando de rios de Saúde nas UBS como uma possibilidade para a reorganiza‐
maneira integrada para dar suporte (clínico, sanitário e pedagógico) ção inicial da Atenção Básica com vistas à implantação gradual da
aos profissionais das equipes de Saúde da Família (eSF) e de Aten‐ Estratégia de Saúde da Família ou como uma forma de agregar os
ção Básica (eAB). agentes comunitários a outras maneiras de organização da Atenção
Busca-se que essa equipe seja membro orgânico da Atenção Básica. São itens necessários à implantação desta estratégia:
Básica, vivendo integralmente o dia a dia nas UBS e trabalhando a.a existência de uma Unidade Básica de Saúde, inscrita no SC‐
de forma horizontal e interdisciplinar com os demais profissionais, NES vigente que passa a ser a UBS de referência para a equipe de
garantindo a longitudinalidade do cuidado e a prestação de serviços agentes comunitários de saúde;
diretos à população. Os diferentes profissionais devem estabelecer b.o número de ACS e ACE por equipe deverá ser definido de
e compartilhar saberes, práticas e gestão do cuidado, com uma vi‐ acordo com base populacional (critérios demográficos, epidemioló‐
são comum e aprender a solucionar problemas pela comunicação, gicos e socioeconômicos), conforme legislação vigente.
de modo a maximizar as habilidades singulares de cada um. c.o cumprimento da carga horária integral de 40 horas sema‐
Deve estabelecer seu processo de trabalho a partir de pro‐ nais por toda a equipe de agentes comunitários, por cada membro
blemas, demandas e necessidades de saúde de pessoas e grupos da equipe; composta por ACS e enfermeiro supervisor;
sociais em seus territórios, bem como a partir de dificuldades dos d.o enfermeiro supervisor e os ACS devem estar cadastrados
profissionais de todos os tipos de equipes que atuam na Atenção no SCNES vigente, vinculados à equipe;
Básica em suas análises e manejos. Para tanto, faz-se necessário o e.cada ACS deve realizar as ações previstas nas regulamenta‐
compartilhamento de saberes, práticas intersetoriais e de gestão do ções vigentes e nesta portaria e ter uma microárea sob sua respon‐
cuidado em rede e a realização de educação permanente e gestão sabilidade, cuja população não ultrapasse 750 pessoas;
de coletivos nos territórios sob responsabilidade destas equipes. f. a atividade do ACS deve se dar pela lógica do planejamen‐
Ressalta-se que os Nasf-AB não se constituem como serviços to do processo de trabalho a partir das necessidades do território,
com unidades físicas independentes ou especiais, e não são de livre com priorização para população com maior grau de vulnerabilidade
acesso para atendimento individual ou coletivo (estes, quando ne‐ e de risco epidemiológico;
cessários, devem ser regulados pelas equipes que atuam na Aten‐ g. a atuação em ações básicas de saúde deve visar à integralida‐
ção Básica). Devem, a partir das demandas identificadas no traba‐ de do cuidado no território; e h.cadastrar, preencher e informar os
lho con-junto com as equipes, atuar de forma integrada à Rede de dados através do Sistema de Informação em Saúde para a Atenção
Atenção à Saúde e seus diversos pontos de atenção, além de outros Básica vigente.
equipamentos sociais públicos/privados, redes sociais e comunitá‐
rias.

242
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
EQUIPES DE ATENÇÃO BÁSICA PARA POPULAÇÕES ESPECÍFI- Para as comunidades distantes da UBS de referência, as eSFR
CAS adotarão circuito de deslocamento que garanta o atendimento a to‐
Todos os profissionais do SUS e, especialmente, da Atenção das as comunidades assistidas, ao menos a cada 60 (sessenta) dias,
Básica são responsáveis pela atenção à saúde de populações que para assegurar a execução das ações de Atenção Básica. Caso ne‐
apresentem vulnerabilidades sociais específicas e, por consequên‐ cessário, poderão possuir unidades de apoio, estabelecimentos que
cia, necessidades de saúde específicas, assim como pela atenção servem para atuação das eSFR e que não possuem outras equipes
à saúde de qualquer outra pessoa. Isso porque a Atenção Básica de Saúde da Família vinculadas.
possui responsabilidade direta sobre ações de saúde em determi‐ Para operacionalizar a atenção à saúde das comunidades ri‐
nado território, considerando suas singularidades, o que possibilita beirinhas dispersas no território de abrangência, a eSFR receberá
intervenções mais oportunas nessas situações específicas, com o incentivo financeiro de custeio para logística, que considera a exis‐
objetivo de ampliar o acesso à RAS e ofertar uma atenção integral tência das seguintes estruturas:
à saúde. a) até 4 (quatro) unidades de apoio (ou satélites), vinculadas e
Assim, toda equipe de Atenção Básica deve realizar atenção à informadas no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde vi‐
saúde de populações específicas. Em algumas realidades, contudo, gente, utilizada(s) como base(s) da(s) equipe(s), onde será realizada
ainda é possível e necessário dispor, além das equipes descritas an‐ a atenção de forma descentralizada; e
teriormente, de equipes adicionais para realizar as ações de saúde b) até 4 (quatro) embarcações de pequeno porte exclusivas
à populações específicas no âmbito da Atenção Básica, que devem para o deslocamento dos profissionais de saúde da(s) equipe(s) vin‐
atuar de forma integrada para a qualificação do cuidado no terri‐ culada(s)s ao Estabelecimento de Saúde de Atenção Básica.
tório. Aponta-se para um horizonte em que as equipes que atuam
na Atenção Básica possam incorporar tecnologias dessas equipes Todas as unidades de apoio ou satélites e embarcações devem
específicas, de modo que se faça uma transição para um momento estar devidamente informadas no Cadastro Nacional de Estabeleci‐
em que não serão necessárias essas equipes específicas, e todas as mento de Saúde vigente, a qual as eSFR estão vinculadas.
pessoas e populações serão acompanhadas pela eSF. Equipes de Saúde da Família Fluviais (eSFF): São equipes que
São consideradas equipes de Atenção Básica para Populações desempenham suas funções em Unidades Básicas de Saúde Fluviais
Específicas: (UBSF), responsáveis por comunidades dispersas, ribeirinhas e per‐
tencentes à área adstrita, cujo acesso se dá por meio fluvial.
ESPECIFICIDADES DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA A eSFR será formada por equipe multiprofissional composta
1 - Equipes de Saúde da Família para o atendimento da Popu‐ por, no mínimo: 1 (um) médico, preferencialmente da especialida‐
lação Ribeirinha da Amazônia Legal e Pantaneira: Considerando as de de Família e Comunidade, 1 (um) enfermeiro, preferencialmente
especificidades locorregionais, os municípios da Amazônia Legal e especialista em Saúde da Família e 1 (um) auxiliar ou técnico de
Pantaneiras podem optar entre 2 (dois) arranjos organizacionais enfermagem, podendo acrescentar a esta composição, como parte
para equipes Saúde da Família, além dos existentes para o restante da equipe multiprofissional, o ACS e ACE e os profissionais de saúde
do país: bucal:1 (um) cirurgião dentista, preferencialmente especialista em
a. Equipe de Saúde da Família Ribeirinha (eSFR): São equipes saúde da família e 1 (um) técnico ou auxiliar em saúde bucal.
que desempenham parte significativa de suas funções em UBS Devem contar também, com um (01) técnico de laboratório e/
construídas e/ou localizadas nas comunidades pertencentes à área ou bioquímico. Estas equipes poderão incluir, na composição míni‐
adstrita e cujo acesso se dá por meio fluvial e que, pela grande dis‐ ma, os profissionais de saúde bucal, um (1) cirurgião dentista, pre‐
persão territorial, necessitam de embarcações para atender as co‐
ferencialmente especialista em saúde da família, e um (01) Técnico
munidades dispersas no território. As eSFR são vinculadas a uma
ou Auxiliar em Saúde Bucal.
UBS, que pode estar localizada na sede do Município ou em alguma
Poderão, ainda, acrescentar até 2 (dois) profissionais da área
comunidade ribeirinha localizada na área adstrita.
da saúde de nível superior à sua composição, dentre enfermeiros
A eSFR será formada por equipe multiprofissional composta
ou outros profissionais previstos para os Nasf - AB
por, no mínimo: 1 (um) médico, preferencialmente da especialida‐
Para as comunidades distantes da Unidade Básica de Saúde de
de de Família e Comunidade, 1 (um) enfermeiro, preferencialmente
referência, a eSFF adotará circuito de deslocamento que garanta o
especialista em Saúde da Família e 1 (um) auxiliar ou técnico de
atendimento a todas as comunidades assistidas, ao menos a cada
enfermagem, podendo acrescentar a esta composição, como parte
da equipe multiprofissional, o ACS e ACE e os profissionais de saúde 60 (sessenta) dias, para assegurar a execução das ações de Atenção
bucal:1 (um) cirurgião dentista, preferencialmente especialista em Básica.
saúde da família e 1 (um) técnico ou auxiliar em saúde bucal. Para operacionalizar a atenção à saúde das comunidades ribei‐
Nas hipóteses de grande dispersão populacional, as ESFR po‐ rinhas dispersas no território de abrangência, onde a UBS Fluvial
dem contar, ainda, com: até 24 (vinte e quatro) Agentes Comunitá‐ não conseguir aportar, a eSFF poderá receber incentivo financeiro
rios de Saúde; até 12 (doze) microscopistas, nas regiões endêmicas; de custeio para logística, que considera a existência das seguintes
até 11 (onze) Auxiliares/Técnicos de enfermagem; e 1 (um) Auxiliar/ estruturas:
Técnico de saúde bucal. As ESFR poderão, ainda, acrescentar até 2 a. até 4 (quatro) unidades de apoio (ou satélites), vinculadas e
(dois) profissionais da área da saúde de nível superior à sua com‐ informadas no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde vi‐
posição, dentre enfermeiros ou outros profissionais previstos nas gente, utilizada(s) como base(s) da(s) equipe(s), onde será realizada
equipes de Nasf-AB. a atenção de forma descentralizada; e
Os agentes comunitários de saúde, os auxiliares/técnicos de b. até 4 (quatro) embarcações de pequeno porte exclusivas
enfermagem extras e os auxiliares/técnicos de saúde bucal cumpri‐ para o deslocamento dos profissionais de saúde da(s) equipe(s) vin‐
rão carga horária de até 40 (quarenta) horas semanais de trabalho e culada(s)s ao Estabelecimento de Saúde de Atenção Básica.
deverão residir na área de atuação.
As eSFR prestarão atendimento à população por, no mínimo, 1 - Equipe de Consultório na Rua (eCR) -equipe de saúde com
14 (quatorze) dias mensais, com carga horária equivalente a 8 (oito) composição variável, responsável por articular e prestar atenção in‐
horas diárias. tegral à saúde de pessoas em situação de rua ou com características

243
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
análogas em determinado território, em unidade fixa ou móvel, po‐ denadora das ações e serviços de saúde, devendo realizar suas ati‐
dendo ter as modalidades e respectivos regramentos descritos em vidades nas unidades prisionais ou nas Unidades Básicas de Saúde
portaria específica. a que estiver vinculada, conforme portaria específica.
São itens necessários para o funcionamento das equipes de
Consultório na Rua (eCR): 4 - ATRIBUIÇÕES DOS PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO BÁSICA
a. Realizar suas atividades de forma itinerante, desenvolven‐ As atribuições dos profissionais das equipes que atuam na
do ações na rua, em instalações específicas, na unidade móvel e Atenção Básica deverão seguir normativas específicas do Ministério
também nas instalações de Unidades Básicas de Saúde do territó‐ da Saúde, bem como as definições de escopo de práticas, proto‐
rio onde está atuando, sempre articuladas e desenvolvendo ações colos, diretrizes clínicas e terapêuticas, além de outras normativas
em parceria com as demais equipes que atuam na atenção básica técnicas estabelecidas pelos gestores federal, estadual, municipal
do território (eSF/eAB/UBS e Nasf-AB), e dos Centros de Atenção ou do Distrito Federal.
Psicossocial, da Rede de Urgência/Emergência e dos serviços e ins‐
tituições componentes do Sistema Único de Assistência Social entre 4.1 Atribuições Comuns a todos os membros das Equipes que
outras instituições públicas e da sociedade civil; atuam na Atenção Básica:
b. Cumprir a carga horária mínima semanal de 30 horas. Porém - Participar do processo de territorialização e mapeamento da
seu horário de funcionamento deverá ser adequado às demandas área de atuação da equipe, identificando grupos, famílias e indiví‐
das pessoas em situação de rua, podendo ocorrer em período diur‐ duos expostos a riscos e vulnerabilidades;
no e/ou noturno em todos os dias da semana; e - Cadastrar e manter atualizado o cadastramento e outros
c. As eCR poderão ser compostas pelas categorias profissionais dados de saúde das famílias e dos indivíduos no sistema de infor‐
especificadas em portaria específica. mação da Atenção Básica vigente, utilizando as informações siste‐
maticamente para a análise da situação de saúde, considerando as
Na composição de cada eCR deve haver, preferencialmente, o características sociais, econômicas, culturais, demográficas e epide‐
máximo de dois profissionais da mesma profissão de saúde, seja miológicas do território, priorizando as situações a serem acompa‐
de nível médio ou superior. Todas as modalidades de eCR poderão nhadas no planejamento local;
agregar agentes comunitários de saúde. - Realizar o cuidado integral à saúde da população adscrita,
O agente social, quando houver, será considerado equivalente prioritariamente no âmbito da Unidade Básica de Saúde, e quando
ao profissional de nível médio. Entende-se por agente social o pro‐ necessário, no domicílio e demais espaços comunitários (escolas,
-fissional que desempenha atividades que visam garantir a atenção, associações, entre outros), com atenção especial às populações que
a defesa e a proteção às pessoas em situação de risco pessoal e so‐ apresentem necessidades específicas (em situação de rua, em me‐
cial, assim como aproximar as equipes dos valores, modos de vida e dida socioeducativa, privada de liberdade, ribeirinha, fluvial, etc.).
cultura das pessoas em situação de rua. - Realizar ações de atenção à saúde conforme a necessidade de
Para vigência enquanto equipe, deverá cumprir os seguintes saúde da população local, bem como aquelas previstas nas priori‐
requisitos: dades, protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, assim como, na
oferta nacional de ações e serviços essenciais e ampliados da AB;
I - demonstração do cadastramento da eCR no Sistema de Ca‐
V. Garantir a atenção à saúde da população adscrita, buscan‐
dastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES); e
do a integralidade por meio da realização de ações de promoção,
II - alimentação de dados no Sistema de Informação da Atenção
proteção e recuperação da saúde, prevenção de doenças e agravos
Básica vigente, conforme norma específica.
e da garantia de atendimento da demanda espontânea, da realiza‐
ção das ações programáticas, coletivas e de vigilância em saúde, e
Em Municípios ou áreas que não tenham Consultórios na Rua,
incorporando diversas racionalidades em saúde, inclusive Práticas
o cuidado integral das pessoas em situação de rua deve seguir sen‐
Integrativas e Complementares;
do de responsabilidade das equipes que atuam na Atenção Básica, VI. Participar do acolhimento dos usuários, proporcionando
incluindo os profissionais de saúde bucal e os Núcleos Ampliados à atendimento humanizado, realizando classificação de risco, identi‐
Saúde da Família e equipes de Atenção Básica (Nasf-AB) do territó‐ ficando as necessidades de intervenções de cuidado, responsabili‐
rio onde estas pessoas estão concentradas. zando-se pela continuidade da atenção e viabilizando o estabeleci‐
Para cálculo do teto das equipes dos Consultórios na Rua de mento do vínculo;
cada município, serão tomados como base os dados dos censos po‐ VII. Responsabilizar-se pelo acompanhamento da população
pulacionais relacionados à população em situação de rua realizados adscrita ao longo do tempo no que se refere às múltiplas situações
por órgãos oficiais e reconhecidos pelo Ministério da Saúde. de doenças e agravos, e às necessidades de cuidados preventivos,
As regras estão publicadas em portarias específicas que disci‐ permitindo a longitudinalidade do cuidado;
plinam composição das equipes, valor do incentivo financeiro, dire‐ VIII. Praticar cuidado individual, familiar e dirigido a pessoas,
trizes de funcionamento, monitoramento e acompanhamento das famílias e grupos sociais, visando propor intervenções que possam
equipes de consultório na rua entre outras disposições. influenciar os processos saúde-doença individual, das coletividades
1 - Equipe de Atenção Básica Prisional (eABP): São compostas e da própria comunidade;
por equipe multiprofissional que deve estar cadastrada no Sistema IX. Responsabilizar-se pela população adscrita mantendo a
Nacional de Estabelecimentos de Saúde vigente, e com responsabi‐ coordenação do cuidado mesmo quando necessita de atenção em
lidade de articular e prestar atenção integral à saúde das pessoas outros pontos de atenção do sistema de saúde;
privadas de liberdade. X. Utilizar o Sistema de Informação da Atenção Básica vigente
Com o objetivo de garantir o acesso das pessoas privadas de li‐ para registro das ações de saúde na AB, visando subsidiar a gestão,
berdade no sistema prisional ao cuidado integral no SUS, é previsto planejamento, investigação clínica e epidemiológica, e à avaliação
na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Priva‐ dos serviços de saúde;;
das de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP), que os serviços de XI. Contribuir para o processo de regulação do acesso a partir
saúde no sistema prisional passam a ser ponto de atenção da Rede da Atenção Básica, participando da definição de fluxos assistenciais
de Atenção à Saúde (RAS) do SUS, qualificando também a Atenção na RAS, bem como da elaboração e implementação de protocolos
Básica no âmbito prisional como porta de entrada do sistema e or‐ e diretrizes clínicas e terapêuticas para a ordenação desses fluxos;

244
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
XII. Realizar a gestão das filas de espera, evitando a prática do XXVII. Realizar outras ações e atividades, de acordo com as
encaminhamento desnecessário, com base nos processos de regu‐ prioridades locais, definidas pelo gestor local.
lação locais (referência e contrarreferência), ampliando-a para um
processo de compartilhamento de casos e acompanhamento lon‐ 4.2. São atribuições específicas dos profissionais das equipes
gitudinal de responsabilidade das equipes que atuam na atenção que atuam na Atenção Básica:
básica;
XIII. Prever nos fluxos da RAS entre os pontos de atenção de 4.2.1 - Enfermeiro:
diferentes configurações tecnológicas a integração por meio de ser‐ I - Realizar atenção à saúde aos indivíduos e famílias vinculadas
viços de apoio logístico, técnico e de gestão, para garantir a integra‐ às equipes e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos
lidade do cuidado; demais espaços comunitários (escolas, associações entre outras),
XIV. Instituir ações para segurança do paciente e propor medi‐ em todos os ciclos de vida;
das para reduzir os riscos e diminuir os eventos adversos; II - Realizar consulta de enfermagem, procedimentos, solicitar
XV. Alimentar e garantir a qualidade do registro das atividades exames complementares, prescrever medicações conforme proto‐
nos sistemas de informação da Atenção Básica, conforme normati‐ colos, diretrizes clínicas e terapêuticas, ou outras normativas téc‐
va vigente; nicas estabelecidas pelo gestor federal, estadual, municipal ou do
XVI. Realizar busca ativa e notificar doenças e agravos de no‐ Distrito Federal, observadas as disposições legais da profissão;
tificação compulsória, bem como outras doenças, agravos, surtos, III - Realizar e/ou supervisionar acolhimento com escuta qua‐
acidentes, violências, situações sanitárias e ambientais de impor‐ lificada e classificação de risco, de acordo com protocolos estabe‐
tância local, considerando essas ocorrências para o planejamento lecidos;
de ações de prevenção, proteção e recuperação em saúde no ter‐ IV - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuidados
ritório; para as pessoas que possuem condições crônicas no território, jun‐
XVII. Realizar busca ativa de internações e atendimentos de ur‐ to aos demais membros da equipe;
gência/emergência por causas sensíveis à Atenção Básica, a fim de V - Realizar atividades em grupo e encaminhar, quando neces‐
estabelecer estratégias que ampliem a resolutividade e a longitudi‐ sário, usuários a outros serviços, conforme fluxo estabelecido pela
nalidade pelas equipes que atuam na AB; rede local;
XVIII. Realizar visitas domiciliares e atendimentos em domicílio VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos
às famílias e pessoas em residências, Instituições de Longa Perma‐ técnicos/auxiliares de enfermagem, ACS e ACE em conjunto com os
nência (ILP), abrigos, entre outros tipos de moradia existentes em outros membros da equipe;
seu território, de acordo com o planejamento da equipe, necessida‐ VII - Supervisionar as ações do técnico/auxiliar de enfermagem
des e prioridades estabelecidas; e ACS;
XIX. Realizar atenção domiciliar a pessoas com problemas de VIII - Implementar e manter atualizados rotinas, protocolos e
saúde controlados/compensados com algum grau de dependência fluxos relacionados a sua área de competência na UBS; e
para as atividades da vida diária e que não podem se deslocar até a IX - Exercer outras atribuições conforme legislação profissional,
Unidade Básica de Saúde; e que sejam de responsabilidade na sua área de atuação.
XX. Realizar trabalhos interdisciplinares e em equipe, inte‐
grando áreas técnicas, profissionais de diferentes formações e até 4.2.2 - Técnico e/ou Auxiliar de Enfermagem:
mesmo outros níveis de atenção, buscando incorporar práticas de I - Participar das atividades de atenção à saúde realizando pro‐
vigilância, clínica ampliada e matriciamento ao processo de traba‐ cedimentos regulamentados no exercício de sua profissão na UBS
lho cotidiano para essa integração (realização de consulta compar‐ e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais
tilhada reservada aos profissionais de nível superior, construção espaços comunitários (escolas, associações, entre outros);
de Projeto Terapêutico Singular, trabalho com grupos, entre outras II - Realizar procedimentos de enfermagem, como curativos,
estratégias, em consonância com as necessidades e demandas da administração de medicamentos, vacinas, coleta de material para
população); exames, lavagem, preparação e esterilização de materiais, entre ou‐
XXI. Participar de reuniões de equipes a fim de acompanhar tras atividades delegadas pelo enfermeiro, de acordo com sua área
e discutir em conjunto o planejamento e avaliação sistemática das de atuação e regulamentação; e
ações da equipe, a partir da utilização dos dados disponíveis, visan‐ III - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
do a readequação constante do processo de trabalho; na sua área de atuação.
XXII. Articular e participar das atividades de educação perma‐
nente e educação continuada; 4.2.1 - Médico:
XXIII. Realizar ações de educação em saúde à população ads‐ I - Realizar a atenção à saúde às pessoas e famílias sob sua res‐
trita, conforme planejamento da equipe e utilizando abordagens ponsabilidade;
adequadas às necessidades deste público; II - Realizar consultas clínicas, pequenos procedimentos cirúrgi‐
XXIV.Participar do gerenciamento dos insumos necessários cos, atividades em grupo na UBS e, quando indicado ou necessário,
para o adequado funcionamento da UBS; no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, asso‐
XIV. Promover a mobilização e a participação da comunidade, ciações entre outros); em conformidade com protocolos, diretrizes
estimulando conselhos/colegiados, constituídos de gestores locais, clínicas e terapêuticas, bem como outras normativas técnicas es‐
profissionais de saúde e usuários, viabilizando o controle social na tabelecidas pelos gestores (federal, estadual, municipal ou Distrito
gestão da Unidade Básica de Saúde; Federal), observadas as disposições legais da profissão;
XXV. Identificar parceiros e recursos na comunidade que pos‐ III - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuidados
sam potencializar ações intersetoriais; para as pessoas que possuem condições crônicas no território, jun‐
XXVI. Acompanhar e registrar no Sistema de Informação da to aos demais membros da equipe;
Atenção Básica e no mapa de acompanhamento do Programa Bolsa IV - Encaminhar, quando necessário, usuários a outros pontos
Família (PBF), e/ou outros pro-gramas sociais equivalentes, as con‐ de atenção, respeitando fluxos locais, mantendo sob sua responsa‐
dicionalidades de saúde das famílias beneficiárias;e bilidade o acompanhamento do plano terapêutico prescrito;

245
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
V - Indicar a necessidade de internação hospitalar ou domiciliar, VIII - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde
mantendo a responsabilização pelo acompanhamento da pessoa; bucal;
VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos IX - Fazer remoção do biofilme, de acordo com a indicação téc‐
ACS e ACE em conjunto com os outros membros da equipe; e nica definida pelo cirurgião-dentista;
VII - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade X - Realizar fotografias e tomadas de uso odontológico exclusi‐
na sua área de atuação. vamente em consultórios ou clínicas odontológicas;
XI - Inserir e distribuir no preparo cavitário materiais odontoló‐
4.2.2 - Cirurgião-Dentista: gicos na restauração dentária direta, sendo vedado o uso de mate‐
I - Realizar a atenção em saúde bucal (promoção e proteção da riais e instrumentos não indicados pelo cirurgião-dentista;
saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, acompanha‐ XII - Auxiliar e instrumentar o cirurgião-dentista nas interven‐
mento, reabilitação e manutenção da saúde) individual e coletiva a ções clínicas e procedimentos demandados pelo mesmo;
todas as famílias, a indivíduos e a grupos específicos, atividades em XIII - Realizar a remoção de sutura conforme indicação do Ci‐
grupo na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou rurgião Dentista;
nos demais espaços comunitários (escolas, associações entre ou‐ XIV - Executar a organização, limpeza, assepsia, desinfecção e
tros), de acordo com planejamento da equipe, com resolubilidade e esterilização do instrumental, dos equipamentos odontológicos e
em conformidade com protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, do ambiente de trabalho;
bem como outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor XV - Proceder à limpeza e à antissepsia do campo operatório,
federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal, observadas as antes e após atos cirúrgicos;
disposições legais da profissão; XVI - Aplicar medidas de biossegurança no armazenamento,
II - Realizar diagnóstico com a finalidade de obter o perfil epi‐ manuseio e descarte de produtos e resíduos odontológicos;
demiológico para o planejamento e a programação em saúde bucal XVII - Processar filme radiográfico;
no território; XVIII - Selecionar moldeiras;
III - Realizar os procedimentos clínicos e cirúrgicos da AB em XIX - Preparar modelos em gesso;
saúde bucal, incluindo atendimento das urgências, pequenas ci‐ XX - Manipular materiais de uso odontológico.
rurgias ambulatoriais e procedimentos relacionados com as fases XXI - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
clínicas de moldagem, adaptação e acompanhamento de próteses na sua área de atuação.
dentárias (elementar, total e parcial removível);
IV - Coordenar e participar de ações coletivas voltadas à pro‐ 4.2.4 - Auxiliar em Saúde Bucal (ASB):
moção da saúde e à prevenção de doenças bucais; I - Realizar ações de promoção e prevenção em saúde bucal
V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes para as famílias, grupos e indivíduos, mediante planejamento local
à saúde com os demais membros da equipe, buscando aproximar e protocolos de atenção à saúde;
saúde bucal e integrar ações de forma multidisciplinar; II - Executar organização, limpeza, assepsia, desinfecção e es‐
VI - Realizar supervisão do técnico em saúde bucal (TSB) e auxi‐ terilização do instrumental, dos equipamentos odontológicos e do
liar em saúde bucal (ASB); ambiente de trabalho;
VII - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos III - Auxiliar e instrumentar os profissionais nas intervenções
ACS e ACE em conjunto com os outros membros da equipe; clínicas,
VIII - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuida‐ IV - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde
dos para as pessoas que possuem condições crônicas no território, bucal;
junto aos demais membros da equipe; e V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à
IX - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade saúde bucal com os demais membros da equipe de Atenção Básica,
na sua área de atuação. buscando aproximar e integrar ações de saúde de forma multidis‐
ciplinar;
4.2.3 - Técnico em Saúde Bucal (TSB): VI - Aplicar medidas de biossegurança no armazenamento,
I - Realizar a atenção em saúde bucal individual e coletiva das transporte, manuseio e descarte de produtos e resíduos odonto‐
famílias, indivíduos e a grupos específicos, atividades em grupo lógicos;
na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos VII - Processar filme radiográfico;
demais espaços comunitários (escolas, associações entre outros), VIII - Selecionar moldeiras;
segundo programação e de acordo com suas competências técnicas IX - Preparar modelos em gesso;
e legais; X - Manipular materiais de uso odontológico realizando manu‐
II - Coordenar a manutenção e a conservação dos equipamen‐ tenção e conservação dos equipamentos;
tos odontológicos; XI - Participar da realização de levantamentos e estudos epide‐
III - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à miológicos, exceto na categoria de examinador; e
saúde bucal com os demais membros da equipe, buscando aproxi‐ XII - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
mar e integrar ações de saúde de forma multidisciplinar; na sua área de atuação.
IV - Apoiar as atividades dos ASB e dos ACS nas ações de pre‐
venção e promoção da saúde bucal; 4.2.5 - Gerente de Atenção Básica
V - Participar do treinamento e capacitação de auxiliar em saú‐ Recomenda-se a inclusão do Gerente de Atenção Básica com o
de bucal e de agentes multiplicadores das ações de promoção à objetivo de contribuir para o aprimoramento e qualificação do pro‐
saúde; cesso de trabalho nas Unidades Básicas de Saúde, em especial ao
VI - Participar das ações educativas atuando na promoção da fortalecer a atenção à saúde prestada pelos profissionais das equi‐
saúde e na prevenção das doenças bucais; pes à população adscrita, por meio de função técnico-gerencial. A
VII - Participar da realização de levantamentos e estudos epide‐ inclusão deste profissional deve ser avaliada pelo gestor, segundo a
miológicos, exceto na categoria de examinador; necessidade do território e cobertura de AB.

246
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Entende-se por Gerente de AB um profissional qualificado, pre‐ XV - Exercer outras atribuições que lhe sejam designadas pelo
ferencialmente com nível superior, com o papel de garantir o plane‐ gestor municipal ou do Distrito Federal, de acordo com suas com‐
jamento em saúde, de acordo com as necessidades do território e petências.
comunidade, a organização do processo de trabalho, coordenação
e integração das ações. Importante ressaltar que o gerente não seja 4.2.6 - Agente Comunitário de Saúde (ACS) e Agente de Com-
profissional integrante das equipes vinculadas à UBS e que possua bate a Endemias (ACE)
experiência na Atenção Básica, preferencialmente de nível superior, Seguindo o pressuposto de que Atenção Básica e Vigilância em
e dentre suas atribuições estão: Saúde devem se unir para a adequada identificação de problemas
I - Conhecer e divulgar, junto aos demais profissionais, as dire‐ de saúde nos territórios e o planejamento de estratégias de inter‐
trizes e normas que incidem sobre a AB em âmbito nacional, esta‐ venção clínica e sanitária mais efetivas e eficazes, orienta-se que as
dual, municipal e Distrito Federal, com ênfase na Política Nacional atividades específicas dos agentes de saúde (ACS e ACE) devem ser
de Atenção Básica, de modo a orientar a organização do processo integradas.
de trabalho na UBS; Assim, além das atribuições comuns a todos os profissionais da
II - Participar e orientar o processo de territorialização, diagnós‐ equipe de AB, são atribuições dos ACS e ACE:
tico situacional, planejamento e programação das equipes, avalian‐
do resultados e propondo estratégias para o alcance de metas de a) Atribuições comuns do ACS e ACE
saúde, junto aos demais profissionais; I - Realizar diagnóstico demográfico, social, cultural, ambiental,
III - Acompanhar, orientar e monitorar os processos de trabalho epidemiológico e sanitário do território em que atuam, contribuin‐
das equipes que atuam na AB sob sua gerência, contribuindo para do para o processo de territorialização e mapeamento da área de
implementação de políticas, estratégias e programas de saúde, bem atuação da equipe;
como para a mediação de conflitos e resolução de problemas; II - Desenvolver atividades de promoção da saúde, de preven‐
IV - Mitigar a cultura na qual as equipes, incluindo profissionais ção de doenças e agravos, em especial aqueles mais prevalentes no
envolvidos no cuidado e gestores assumem responsabilidades pela território, e de vigilância em saúde, por meio de visitas domiciliares
sua própria segurança de seus colegas, pacientes e familiares, enco‐ regulares e de ações educativas individuais e coletivas, na UBS, no
rajando a identificação, a notificação e a resolução dos problemas domicílio e outros espaços da comunidade, incluindo a investigação
relacionados à segurança; epidemiológica de casos suspeitos de doenças e agravos junto a ou‐
V - Assegurar a adequada alimentação de dados nos sistemas tros profissionais da equipe quando necessário;
de informação da Atenção Básica vigente, por parte dos profissio‐ III - Realizar visitas domiciliares com periodicidade estabelecida
nais, verificando sua consistência, estimulando a utilização para no planejamento da equipe e conforme as necessidades de saúde
análise e planejamento das ações, e divulgando os resultados ob‐ da população, para o monitoramento da situação das famílias e indi‐
tidos; víduos do território, com especial atenção às pessoas com agravos e
VI - Estimular o vínculo entre os profissionais favorecendo o condições que necessitem de maior número de visitas domiciliares;
trabalho em equipe; IV - Identificar e registrar situações que interfiram no curso das
VII - Potencializar a utilização de recursos físicos, tecnológicos e doenças ou que tenham importância epidemiológica relacionada
equipamentos existentes na UBS, apoiando os processos de cuida‐ aos fatores ambientais, realizando, quando necessário, bloqueio de
do a partir da orientação à equipe sobre a correta utilização desses transmissão de doenças infecciosas e agravos;
recursos; V - Orientar a comunidade sobre sintomas, riscos e agentes
VIII - Qualificar a gestão da infraestrutura e dos insumos (ma‐ transmissores de doenças e medidas de prevenção individual e co‐
nutenção, logística dos materiais, ambiência da UBS), zelando pelo letiva;
bom uso dos recursos e evitando o desabastecimento; VI - Identificar casos suspeitos de doenças e agravos, encami‐
IX - Representar o serviço sob sua gerência em todas as ins‐ nhar os usuários para a unidade de saúde de referência, registrar e
tâncias necessárias e articular com demais atores da gestão e do comunicar o fato à autoridade de saúde responsável pelo território;
território com vistas à qualificação do trabalho e da atenção à saúde VII - Informar e mobilizar a comunidade para desenvolver me‐
realizada na UBS; didas simples de manejo ambiental e outras formas de intervenção
X - Conhecer a RAS, participar e fomentar a participação dos no ambiente para o controle de vetores;
profissionais na organização dos fluxos de usuários, com base em VIII - Conhecer o funcionamento das ações e serviços do seu
protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, apoiando a referência território e orientar as pessoas quanto à utilização dos serviços de
e contrarreferência entre equipes que atuam na AB e nos diferentes saúde disponíveis;
pontos de atenção, com garantia de encaminhamentos responsá‐ IX - Estimular a participação da comunidade nas políticas públi‐
veis; cas voltadas para a área da saúde;
XI - Conhecer a rede de serviços e equipamentos sociais do ter‐ X - Identificar parceiros e recursos na comunidade que possam
ritório, e estimular a atuação intersetorial, com atenção diferencia‐ potencializar ações intersetoriais de relevância para a promoção da
da para as vulnerabilidades existentes no território; qualidade de vida da população, como ações e programas de edu‐
XII - Identificar as necessidades de formação/qualificação dos cação, esporte e lazer, assistência social, entre outros; e
profissionais em conjunto com a equipe, visando melhorias no XI - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le‐
processo de trabalho, na qualidade e resolutividade da atenção, gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo
e promover a Educação Permanente, seja mobilizando saberes na gestor federal, municipal ou do Distrito Federal.
própria UBS, ou com parceiros;
XIII - Desenvolver gestão participativa e estimular a participa‐ b) Atribuições do ACS:
ção dos profissionais e usuários em instâncias de controle social; I - Trabalhar com adscrição de indivíduos e famílias em base
XIV - Tomar as providências cabíveis no menor prazo possível geográfica definida e cadastrar todas as pessoas de sua área, man‐
quanto a ocorrências que interfiram no funcionamento da unidade; -tendo os dados atualizados no sistema de informação da Atenção
e Básica vigente, utilizando-os de forma sistemática, com apoio da
equipe, para a análise da situação de saúde, considerando as carac‐

247
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
terísticas sociais, econômicas, culturais, demográficas e epidemio‐ IV - Coordenar e participar de ações coletivas voltadas à pro‐
lógicas do território, e priorizando as situações a serem acompa‐ moção da saúde e à prevenção de doenças bucais;
nhadas no planejamento local; V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes
II - Utilizar instrumentos para a coleta de informações que à saúde com os demais membros da equipe, buscando aproximar
apoiem no diagnóstico demográfico e sociocultural da comunidade; saúde bucal e integrar ações de forma multidisciplinar;
III - Registrar, para fins de planejamento e acompanhamento VI - Realizar supervisão do técnico em saúde bucal (TSB) e auxi‐
das ações de saúde, os dados de nascimentos, óbitos, doenças e liar em saúde bucal (ASB);
outros agravos à saúde, garantido o sigilo ético; VII - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos
IV - Desenvolver ações que busquem a integração entre a equi‐ ACS e ACE em conjunto com os outros membros da equipe;
pe de saúde e a população adscrita à UBS, considerando as caracte‐ VIII - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuida‐
rísticas e as finalidades do trabalho de acompanhamento de indiví‐ dos para as pessoas que possuem condições crônicas no território,
duos e grupos sociais ou coletividades; junto aos demais membros da equipe; e
V - Informar os usuários sobre as datas e horários de consultas IX - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
e exames agendados; na sua área de atuação.
VI - Participar dos processos de regulação a partir da Atenção
Básica para acompanhamento das necessidades dos usuários no 4.2.3 - Técnico em Saúde Bucal (TSB):
que diz respeito a agendamentos ou desistências de consultas e I - Realizar a atenção em saúde bucal individual e coletiva das
exames solicitados; famílias, indivíduos e a grupos específicos, atividades em grupo
VII - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le‐ na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos
gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo demais espaços comunitários (escolas, associações entre outros),
gestor federal, municipal ou do Distrito Federal. segundo programação e de acordo com suas competências técnicas
e legais;
Poderão ser consideradas, ainda, atividades do Agente Comu‐ II - Coordenar a manutenção e a conservação dos equipamen‐
nitário de Saúde, a serem realizadas em caráter excepcional, assis‐ tos odontológicos;
tidas por profissional de saúde de nível superior, membro da equi‐ III - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à
pe, após treinamento específico e fornecimento de equipamentos saúde bucal com os demais membros da equipe, buscando aproxi‐
adequados, em sua base geográfica de atuação, encaminhando o mar e integrar ações de saúde de forma multidisciplinar;
paciente para a unidade de saúde de referência. IV - Apoiar as atividades dos ASB e dos ACS nas ações de pre‐
I - aferir a pressão arterial, inclusive no domicílio, com o objeti‐ venção e promoção da saúde bucal;
vo de promover saúde e prevenir doenças e agravos; V - Participar do treinamento e capacitação de auxiliar em saú‐
II - realizar a medição da glicemia capilar, inclusive no domicí‐ de bucal e de agentes multiplicadores das ações de promoção à
lio, para o acompanhamento dos casos diagnosticados de diabetes saúde;
mellitus e segundo projeto terapêutico prescrito pelas equipes que VI - Participar das ações educativas atuando na promoção da
atuam na Atenção Básica; saúde e na prevenção das doenças bucais;
III - aferição da temperatura axilar, durante a visita domiciliar; VII - Participar da realização de levantamentos e estudos epide‐
IV - realizar técnicas limpas de curativo, que são realizadas com miológicos, exceto na categoria de examinador;
material limpo, água corrente ou soro fisiológico e cobertura estéril, VIII - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde
com uso de coberturas passivas, que somente cobre a ferida; e bucal;
V - Indicar a necessidade de internação hospitalar ou domiciliar, IX - Fazer remoção do biofilme, de acordo com a indicação téc‐
mantendo a responsabilização pelo acompanhamento da pessoa; nica definida pelo cirurgião-dentista;
VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos X - Realizar fotografias e tomadas de uso odontológico exclusi‐
ACS e ACE em conjunto com os outros membros da equipe; e vamente em consultórios ou clínicas odontológicas;
VII - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade XI - Inserir e distribuir no preparo cavitário materiais odontoló‐
na sua área de atuação. gicos na restauração dentária direta, sendo vedado o uso de mate‐
riais e instrumentos não indicados pelo cirurgião-dentista;
4.2.2 - Cirurgião-Dentista: XII - Auxiliar e instrumentar o cirurgião-dentista nas interven‐
I - Realizar a atenção em saúde bucal (promoção e proteção da ções clínicas e procedimentos demandados pelo mesmo;
saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, acompanha‐ XIII - Realizar a remoção de sutura conforme indicação do Ci‐
mento, reabilitação e manutenção da saúde) individual e coletiva a rurgião Dentista;
todas as famílias, a indivíduos e a grupos específicos, atividades em XIV - Executar a organização, limpeza, assepsia, desinfecção e
grupo na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou esterilização do instrumental, dos equipamentos odontológicos e
nos demais espaços comunitários (escolas, associações entre ou‐ do ambiente de trabalho;
tros), de acordo com planejamento da equipe, com resolubilidade e XV - Proceder à limpeza e à antissepsia do campo operatório,
em conformidade com protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, antes e após atos cirúrgicos;
bem como outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor XVI - Aplicar medidas de biossegurança no armazenamento,
federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal, observadas as manuseio e descarte de produtos e resíduos odontológicos;
disposições legais da profissão; XVII - Processar filme radiográfico;
II - Realizar diagnóstico com a finalidade de obter o perfil epi‐ XVIII - Selecionar moldeiras;
demiológico para o planejamento e a programação em saúde bucal XIX - Preparar modelos em gesso;
no território; XX - Manipular materiais de uso odontológico.
III - Realizar os procedimentos clínicos e cirúrgicos da AB em XXI - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
saúde bucal, incluindo atendimento das urgências, pequenas ci‐ na sua área de atuação.
rurgias ambulatoriais e procedimentos relacionados com as fases
clínicas de moldagem, adaptação e acompanhamento de próteses
dentárias (elementar, total e parcial removível);

248
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
4.2.4 - Auxiliar em Saúde Bucal (ASB): V - Assegurar a adequada alimentação de dados nos sistemas
I - Realizar ações de promoção e prevenção em saúde bucal de informação da Atenção Básica vigente, por parte dos profissio‐
para as famílias, grupos e indivíduos, mediante planejamento local nais, verificando sua consistência, estimulando a utilização para
e protocolos de atenção à saúde; análise e planejamento das ações, e divulgando os resultados ob‐
II - Executar organização, limpeza, assepsia, desinfecção e es‐ tidos;
terilização do instrumental, dos equipamentos odontológicos e do VI - Estimular o vínculo entre os profissionais favorecendo o
ambiente de trabalho; trabalho em equipe;
III - Auxiliar e instrumentar os profissionais nas intervenções VII - Potencializar a utilização de recursos físicos, tecnológicos e
clínicas, equipamentos existentes na UBS, apoiando os processos de cuida‐
IV - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde do a partir da orientação à equipe sobre a correta utilização desses
bucal; recursos;
V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à VIII - Qualificar a gestão da infraestrutura e dos insumos (ma‐
saúde bucal com os demais membros da equipe de Atenção Básica, nutenção, logística dos materiais, ambiência da UBS), zelando pelo
buscando aproximar e integrar ações de saúde de forma multidis‐ bom uso dos recursos e evitando o desabastecimento;
ciplinar; IX - Representar o serviço sob sua gerência em todas as ins‐
VI - Aplicar medidas de biossegurança no armazenamento, tâncias necessárias e articular com demais atores da gestão e do
transporte, manuseio e descarte de produtos e resíduos odonto‐ território com vistas à qualificação do trabalho e da atenção à saúde
lógicos; realizada na UBS;
VII - Processar filme radiográfico; X - Conhecer a RAS, participar e fomentar a participação dos
VIII - Selecionar moldeiras; profissionais na organização dos fluxos de usuários, com base em
IX - Preparar modelos em gesso; protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, apoiando a referência
X - Manipular materiais de uso odontológico realizando manu‐ e contrarreferência entre equipes que atuam na AB e nos diferentes
tenção e conservação dos equipamentos; pontos de atenção, com garantia de encaminhamentos responsá‐
XI - Participar da realização de levantamentos e estudos epide‐ veis;
miológicos, exceto na categoria de examinador; e XI - Conhecer a rede de serviços e equipamentos sociais do ter‐
XII -. Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade ritório, e estimular a atuação intersetorial, com atenção diferencia‐
na sua área de atuação. da para as vulnerabilidades existentes no território;
XII - Identificar as necessidades de formação/qualificação dos
4.2.5 - Gerente de Atenção Básica profissionais em conjunto com a equipe, visando melhorias no
Recomenda-se a inclusão do Gerente de Atenção Básica com o processo de trabalho, na qualidade e resolutividade da atenção,
objetivo de contribuir para o aprimoramento e qualificação do pro‐ e promover a Educação Permanente, seja mobilizando saberes na
cesso de trabalho nas Unidades Básicas de Saúde, em especial ao própria UBS, ou com parceiros;
fortalecer a atenção à saúde prestada pelos profissionais das equi‐ XIII - Desenvolver gestão participativa e estimular a participa‐
pes à população adscrita, por meio de função técnico-gerencial. A ção dos profissionais e usuários em instâncias de controle social;
inclusão deste profissional deve ser avaliada pelo gestor, segundo a XIV -Tomar as providências cabíveis no menor prazo possível
necessidade do território e cobertura de AB. quanto a ocorrências que interfiram no funcionamento da unidade;
Entende-se por Gerente de AB um profissional qualificado, pre‐ e
ferencialmente com nível superior, com o papel de garantir o plane‐ XV - Exercer outras atribuições que lhe sejam designadas pelo
jamento em saúde, de acordo com as necessidades do território e gestor municipal ou do Distrito Federal, de acordo com suas com‐
comunidade, a organização do processo de trabalho, coordenação petências.
e integração das ações. Importante ressaltar que o gerente não seja
profissional integrante das equipes vinculadas à UBS e que possua 4.2.6 - Agente Comunitário de Saúde (ACS) e Agente de Com-
experiência na Atenção Básica, preferencialmente de nível superior, bate a Endemias (ACE)
e dentre suas atribuições estão: Seguindo o pressuposto de que Atenção Básica e Vigilância em
I - Conhecer e divulgar, junto aos demais profissionais, as dire‐ Saúde devem se unir para a adequada identificação de problemas
trizes e normas que incidem sobre a AB em âmbito nacional, esta‐ de saúde nos territórios e o planejamento de estratégias de inter‐
dual, municipal e Distrito Federal, com ênfase na Política Nacional venção clínica e sanitária mais efetivas e eficazes, orienta-se que as
de Atenção Básica, de modo a orientar a organização do processo atividades específicas dos agentes de saúde (ACS e ACE) devem ser
de trabalho na UBS; integradas.
II - Participar e orientar o processo de territorialização, diagnós‐ Assim, além das atribuições comuns a todos os profissionais da
tico situacional, planejamento e programação das equipes, avalian‐ equipe de AB, são atribuições dos ACS e ACE:
do resultados e propondo estratégias para o alcance de metas de a) Atribuições comuns do ACS e ACE
saúde, junto aos demais profissionais; I - Realizar diagnóstico demográfico, social, cultural, ambiental,
III - Acompanhar, orientar e monitorar os processos de trabalho epidemiológico e sanitário do território em que atuam, contribuin‐
das equipes que atuam na AB sob sua gerência, contribuindo para do para o processo de territorialização e mapeamento da área de
implementação de políticas, estratégias e programas de saúde, bem atuação da equipe;
como para a mediação de conflitos e resolução de problemas; II - Desenvolver atividades de promoção da saúde, de preven‐
IV - Mitigar a cultura na qual as equipes, incluindo profissionais ção de doenças e agravos, em especial aqueles mais prevalentes no
envolvidos no cuidado e gestores assumem responsabilidades pela território, e de vigilância em saúde, por meio de visitas domiciliares
sua própria segurança de seus colegas, pacientes e familiares, enco‐ regulares e de ações educativas individuais e coletivas, na UBS, no
rajando a identificação, a notificação e a resolução dos problemas domicílio e outros espaços da comunidade, incluindo a investigação
relacionados à segurança; epidemiológica de casos suspeitos de doenças e agravos junto a ou‐
tros profissionais da equipe quando necessário;

249
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
III - Realizar visitas domiciliares com periodicidade estabelecida I - aferir a pressão arterial, inclusive no domicílio, com o objeti‐
no planejamento da equipe e conforme as necessidades de saúde vo de promover saúde e prevenir doenças e agravos;
da população, para o monitoramento da situação das famílias e indi‐ II - realizar a medição da glicemia capilar, inclusive no domicí‐
víduos do território, com especial atenção às pessoas com agravos e lio, para o acompanhamento dos casos diagnosticados de diabetes
condições que necessitem de maior número de visitas domiciliares; mellitus e segundo projeto terapêutico prescrito pelas equipes que
IV - Identificar e registrar situações que interfiram no curso das atuam na Atenção Básica;
doenças ou que tenham importância epidemiológica relacionada III - aferição da temperatura axilar, durante a visita domiciliar;
aos fatores ambientais, realizando, quando necessário, bloqueio de IV - realizar técnicas limpas de curativo, que são realizadas com
transmissão de doenças infecciosas e agravos; material limpo, água corrente ou soro fisiológico e cobertura estéril,
V - Orientar a comunidade sobre sintomas, riscos e agentes com uso de coberturas passivas, que somente cobre a ferida; e
transmissores de doenças e medidas de prevenção individual e co‐ V - orientação e apoio, em domicílio, para a correta adminis‐
letiva; tração da medicação do paciente em situação de vulnerabilidade.
VI - Identificar casos suspeitos de doenças e agravos, encami‐
nhar os usuários para a unidade de saúde de referência, registrar e Importante ressaltar que os ACS só realizarão a execução dos
comunicar o fato à autoridade de saúde responsável pelo território; procedimentos que requeiram capacidade técnica específica se de‐
VII - Informar e mobilizar a comunidade para desenvolver me‐ tiverem a respectiva formação, respeitada autorização legal.
didas simples de manejo ambiental e outras formas de intervenção
no ambiente para o controle de vetores; c) Atribuições do ACE:
VIII - Conhecer o funcionamento das ações e serviços do seu I - Executar ações de campo para pesquisa entomológica, mala‐
território e orientar as pessoas quanto à utilização dos serviços de cológica ou coleta de reservatórios de doenças;
saúde disponíveis; II - Realizar cadastramento e atualização da base de imóveis
IX.-Estimular a participação da comunidade nas políticas públi‐ para planejamento e definição de estratégias de prevenção, inter‐
cas voltadas para a área da saúde; venção e controle de doenças, incluindo, dentre outros, o recensea‐
X - Identificar parceiros e recursos na comunidade que possam mento de animais e levantamento de índice amostral tecnicamente
potencializar ações intersetoriais de relevância para a promoção da indicado;
qualidade de vida da população, como ações e programas de edu‐ III - Executar ações de controle de doenças utilizando as me‐
cação, esporte e lazer, assistência social, entre outros; e didas de controle químico, biológico, manejo ambiental e outras
XI - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le‐ ações de manejo integrado de vetores;
gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo IV - Realizar e manter atualizados os mapas, croquis e o reco‐
gestor federal, municipal ou do Distrito Federal. nhecimento geográfico de seu território; e
V - Executar ações de campo em projetos que visem avaliar
b)Atribuições do ACS: novas metodologias de intervenção para prevenção e controle de
I - Trabalhar com adscrição de indivíduos e famílias em base doenças; e
geográfica definida e cadastrar todas as pessoas de sua área, man‐ VI - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le‐
-tendo os dados atualizados no sistema de informação da Atenção gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo
Básica vigente, utilizando-os de forma sistemática, com apoio da gestor federal, municipal ou do Distrito Federal.
equipe, para a análise da situação de saúde, considerando as carac‐
terísticas sociais, econômicas, culturais, demográficas e epidemio‐
O ACS e o ACE devem compor uma equipe de Atenção Básica
lógicas do território, e priorizando as situações a serem acompa‐
(eAB) ou uma equipe de Saúde da Família (eSF) e serem coordena‐
nhadas no planejamento local;
dos por profissionais de saúde de nível superior realizado de forma
II - Utilizar instrumentos para a coleta de informações que
compartilhada entre a Atenção Básica e a Vigilância em Saúde. Nas
apoiem no diagnóstico demográfico e sociocultural da comunidade;
localidades em que não houver cobertura por equipe de Atenção
III - Registrar, para fins de planejamento e acompanhamento
Básica (eAB) ou equipe de Saúde da Família (eSF), o ACS deve se
das ações de saúde, os dados de nascimentos, óbitos, doenças e
vincular à equipe da Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde
outros agravos à saúde, garantido o sigilo ético;
IV - Desenvolver ações que busquem a integração entre a equi‐ (EACS). Já o ACE, nesses casos, deve ser vinculado à equipe de vi‐
pe de saúde e a população adscrita à UBS, considerando as caracte‐ gilância em saúde do município e sua supervisão técnica deve ser
rísticas e as finalidades do trabalho de acompanhamento de indiví‐ realizada por profissional com comprovada capacidade técnica,
duos e grupos sociais ou coletividades; podendo estar vinculado à equipe de atenção básica, ou saúde da
V - Informar os usuários sobre as datas e horários de consultas família, ou a outro serviço a ser definido pelo gestor local.
e exames agendados;
VI - Participar dos processos de regulação a partir da Atenção 5. DO PROCESSO DE TRABALHO NA ATENÇÃO BÁSICA
Básica para acompanhamento das necessidades dos usuários no A Atenção Básica como contato preferencial dos usuários na
que diz respeito a agendamentos ou desistências de consultas e rede de atenção à saúde orienta-se pelos princípios e diretrizes do
exames solicitados; SUS, a partir dos quais assume funções e características específicas.
VII - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le‐ Considera as pessoas em sua singularidade e inserção sociocultural,
gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo buscando produzir a atenção integral, por meio da promoção da
gestor federal, municipal ou do Distrito Federal. saúde, da prevenção de doenças e agravos, do diagnóstico, do tra‐
tamento, da reabilitação e da redução de danos ou de sofrimentos
Poderão ser consideradas, ainda, atividades do Agente Comu‐ que possam comprometer sua autonomia.
nitário de Saúde, a serem realizadas em caráter excepcional, assis‐ Dessa forma, é fundamental que o processo de trabalho na
tidas por profissional de saúde de nível superior, membro da equi‐ Atenção Básica se caracteriza por:
pe, após treinamento específico e fornecimento de equipamentos I - Definição do território e Territorialização - A gestão deve de‐
adequados, em sua base geográfica de atuação, encaminhando o finir o território de responsabilidade de cada equipe, e esta deve co‐
paciente para a unidade de saúde de referência. nhecer o território de atuação para programar suas ações de acordo

250
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
com o perfil e as necessidades da comunidade, considerando dife‐ horários alternativos de funcionamento que atendam expressa‐
rentes elementos para a cartografia: ambientais, históricos, demo‐ mente a necessidade da população podem ser pactuados através
gráficos, geográficos, econômicos, sanitários, sociais, culturais, etc. das instâncias de participação social e gestão local.
Importante refazer ou complementar a territorialização sempre que Importante ressaltar também que para garantia do acesso é
necessário, já que o território é vivo. Nesse processo, a Vigilância necessário acolher e resolver os agravos de maior incidência no ter‐
em Saúde (sanitária, ambiental, epidemiológica e do trabalhador) ritório e não apenas as ações programáticas, garantindo um amplo
e a Promoção da Saúde se mostram como referenciais essenciais escopo de ofertas nas unidades, de modo a concentrar recursos e
para a identificação da rede de causalidades e dos elementos que maximizar ofertas.
exercem determinação sobre o processo saúde-doença, auxiliando VI - O acolhimento deve estar presente em todas as relações de
na percepção dos problemas de saúde da população por parte da cuidado, nos encontros entre trabalhadores de saúde e usuários,
equipe e no planejamento das estratégias de intervenção. nos atos de receber e escutar as pessoas, suas necessidades, pro‐
Além dessa articulação de olhares para a compreensão do ter‐ blematizando e reconhecendo como legítimas, e realizando avalia‐
ritório sob a responsabilidade das equipes que atuam na AB, a inte‐ ção de risco e vulnerabilidade das famílias daquele território, sendo
gração entre as ações de Atenção Básica e Vigilância em Saúde deve que quanto maior o grau de vulnerabilidade e risco, menor deverá
ser concreta, de modo que se recomenda a adoção de um território ser a quantidade de pessoas por equipe, com especial atenção para
único para ambas as equipes, em que o Agente de Combate às En‐ as condições crônicas.
demias trabalhe em conjunto com o Agente Comunitário de Saúde Considera-se condição crônica aquela de curso mais ou me-nos
e os demais membros da equipe multiprofissional de AB na identifi‐ longo ou permanente que exige resposta e ações contínuas, proati‐
cação das necessidades de saúde da população e no planejamento vas e integradas do sistema de atenção à saúde, dos profissionais de
das intervenções clínicas e sanitárias. saúde e das pessoas usuárias para o seu controle efetivo, eficiente
Possibilitar, de acordo com a necessidade e conformação do e com qualidade.
território, através de pactuação e negociação entre gestão e equi‐ Ressalta-se a importância de que o acolhimento aconteça du‐
pes, que o usuário possa ser atendido fora de sua área de cobertu‐ rante todo o horário de funcionamento da UBS, na organização dos
ra, mantendo o diálogo e a informação com a equipe de referência. fluxos de usuários na unidade, no estabelecimento de avaliações
II - Responsabilização Sanitária - Papel que as equipes devem de risco e vulnerabilidade, na definição de modelagens de escuta
assumir em seu território de referência (adstrição), considerando (individual, coletiva, etc), na gestão das agendas de atendimento
questões sanitárias, ambientais (desastres, controle da água, solo, individual, nas ofertas de cuidado multidisciplinar, etc.
ar), epidemiológicas (surtos, epidemias, notificações, controle de A saber, o acolhimento à demanda espontânea na Atenção Bá‐
agravos), culturais e socioeconômicas, contribuindo por meio de sica pode se constituir como:
intervenções clínicas e sanitárias nos problemas de saúde da popu‐ a. Mecanismo de ampliação/facilitação do acesso - a equipe
lação com residência fixa, os itinerantes (população em situação de deve atender todos as pessoas que chegarem na UBS, conforme sua
rua, ciganos, circenses, andarilhos, acampados, assentados, etc) ou necessidade, e não apenas determinados grupos populacionais, ou
mesmo trabalhadores da área adstrita. agravos mais prevalentes e/ou fragmentados por ciclo de vida. Des‐
III - Porta de Entrada Preferencial - A responsabilização é fun‐ sa forma a ampliação do acesso ocorre também contemplando a
damental para a efetivação da Atenção Básica como contato e porta agenda programada e a demanda espontânea, abordando as situa‐
de entrada preferencial da rede de atenção, primeiro atendimento ções con-forme suas especificidades, dinâmicas e tempo.
às urgências/emergências, acolhimento, organização do escopo de b. Postura, atitude e tecnologia do cuidado - se estabelece nas
ações e do processo de trabalho de acordo com demandas e neces‐ relações entre as pessoas e os trabalhadores, nos modos de escuta,
sidades da população, através de estratégias diversas (protocolos e na maneira de lidar com o não previsto, nos modos de construção
diretrizes clínicas, linhas de cuidado e fluxos de encaminhamento de vínculos (sensibilidade do trabalhador, posicionamento ético si‐
para os outros pontos de atenção da RAS, etc). Caso o usuário aces‐ tuacional), podendo facilitar a continuidade do cuidado ou facilitan‐
se a rede através de outro nível de atenção, ele deve ser referencia‐ do o acesso sobretudo para aqueles que procuram a UBS fora das
do à Atenção Básica para que siga sendo acompanhado, asseguran‐ consultas ou atividades agendadas.
do a continuidade do cuidado. c. Dispositivo de (re)organização do processo de trabalho em
IV - Adscrição de usuários e desenvolvimento de relações de equipe - a implantação do acolhimento pode provocar mudanças
vínculo e responsabilização entre a equipe e a população do seu no modo de organização das equipes, relação entre trabalhadores
território de atuação, de forma a facilitar a adesão do usuário ao e modo de cuidar. Para acolher a demanda espontânea com equi‐
cuidado compartilhado com a equipe (vinculação de pessoas e/ou dade e qualidade, não basta distribuir senhas em número limita‐
famílias e grupos a profissionais/equipes, com o objetivo de ser re‐ do, nem é possível encaminhar todas as pessoas ao médico, aliás
ferência para o seu cuidado). o acolhimento não deve se restringir à triagem clínica. Organizar a
V - Acesso - A unidade de saúde deve acolher todas as pessoas partir do acolhimento exige que a equipe reflita sobre o conjunto
do seu território de referência, de modo universal e sem diferencia‐ de ofertas que ela tem apresentado para lidar com as necessidades
ções excludentes. Acesso tem relação com a capacidade do serviço de saúde da população e território. Para isso é importante que a
em responder às necessidades de saúde da população (residente e equipe defina quais profissionais vão receber o usuário que chega;
itinerante). Isso implica dizer que as necessidades da população de‐ como vai avaliar o risco e vulnerabilidade; fluxos e protocolos para
vem ser o principal referencial para a definição do escopo de ações encaminhamento; como organizar a agenda dos profissionais para
e serviços a serem ofertados, para a forma como esses serão orga‐ o cuidado; etc.
nizados e para o todo o funcionamento da UBS, permitindo diferen‐ Destacam-se como importantes ações no processo de avalia‐
ciações de horário de atendimento (estendido, sábado, etc), formas ção de risco e vulnerabilidade na Atenção Básica o Acolhimento
de agendamento (por hora marcada, por telefone, e-mail, etc), e com Classificação de Risco (a) e a Estratificação de Risco (b).
outros, para assegurar o acesso. Pelo mesmo motivo, recomenda‐ a) Acolhimento com Classificação de Risco: escuta qualificada e
-se evitar barreiras de acesso como o fechamento da unidade du‐ comprometida com a avaliação do potencial de risco, agravo à saú‐
rante o horário de almoço ou em períodos de férias, entre outros, de e grau de sofrimento dos usuários, considerando dimensões de
impedindo ou restringindo a acesso da população. Destaca-se que expressão (física, psíquica, social, etc) e gravidade, que possibilita

251
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
priorizar os atendimentos a eventos agudos (condições agudas e Entende-se por ferramentas de Gestão da Clínica um con-junto
agudizações de condições crônicas) conforme a necessidade, a par‐ de tecnologias de microgestão do cuidado destinado a promover
tir de critérios clínicos e de vulnerabilidade disponíveis em diretri‐ uma atenção à saúde de qualidade, como protocolos e diretrizes
zes e protocolos assistenciais definidos no SUS. clínicas, planos de ação, linhas de cuidado, projetos terapêuticos
O processo de trabalho das equipes deve estar organizado de singulares, genograma, ecomapa, gestão de listas de espera, audi‐
modo a permitir que casos de urgência/emergência tenham priori‐ toria clínica, indicadores de cuidado, entre outras. Para a utilização
dade no atendimento, independentemente do número de consul‐ dessas ferramentas, deve-se considerar a clínica centrada nas pes‐
tas agendadas no período. Caberá à UBS prover atendimento ade‐ soas; efetiva, estruturada com base em evidências científicas; se‐
quado à situação e dar suporte até que os usuários sejam acolhidos gura, que não cause danos às pessoas e aos profissionais de saúde;
em outros pontos de atenção da RAS. eficiente, oportuna, prestada no tempo certo; equitativa, de forma
As informações obtidas no acolhimento com classificação de a reduzir as desigualdades e que a oferta do atendimento se dê de
risco deverão ser registradas em prontuário do cidadão (físico ou forma humanizada.
preferencialmente eletrônico). VIII - Promover atenção integral, contínua e organizada à popu‐
Os desfechos do acolhimento com classificação de risco pode‐ lação adscrita, com base nas necessidades sociais e de saúde, atra‐
rão ser definidos como: 1- consulta ou procedimento imediato; vés do estabelecimento de ações de continuidade informacional,
1. consulta ou procedimento em horário disponível no mesmo interpessoal e longitudinal com a população. A Atenção Básica deve
dia; buscar a atenção integral e de qualidade, resolutiva e que contri‐
2. agendamento de consulta ou procedimento em data futura, bua para o fortalecimento da autonomia das pessoas no cuidado à
para usuário do território; saúde, estabelecendo articulação orgânica com o conjunto da rede
3. procedimento para resolução de demanda simples prevista de atenção à saúde. Para o alcance da integralidade do cuidado, a
em protocolo, como renovação de receitas para pessoas com condi‐ equipe deve ter noção sobre a ampliação da clínica, o conhecimen‐
ções crônicas, condições clínicas estáveis ou solicitação de exames to sobre a realidade local, o trabalho em equipe multiprofissional e
para o seguimento de linha de cuidado bem definida; transdisciplinar, e a ação intersetorial.
4. encaminhamento a outro ponto de atenção da RAS, median‐ Para isso pode ser necessário realizar de ações de atenção à
te contato prévio, respeitado o protocolo aplicável; e saúde nos estabelecimentos de Atenção Básica à saúde, no domi‐
5. orientação sobre territorialização e fluxos da RAS, com indi‐ cílio, em locais do território (salões comunitários, escolas, creches,
cação específica do serviço de saúde que deve ser procurado, no praças, etc.) e outros espaços que comportem a ação planejada.
município ou fora dele, nas demandas em que a classificação de IX - Realização de ações de atenção domiciliar destinada a
risco não exija atendimento no momento da procura do serviço. usuários que possuam problemas de saúde controlados/compen‐
b) Estratificação de risco: É o processo pelo qual se utiliza cri‐ sados e com dificuldade ou impossibilidade física de locomoção até
térios clínicos, sociais, econômicos, familiares e outros, com base uma Unidade Básica de Saúde, que necessitam de cuidados com
em diretrizes clínicas, para identificar subgrupos de acordo com a menor frequência e menor necessidade de recursos de saúde, para
complexidade da condição crônica de saúde, com o objetivo de di‐ famílias e/ou pessoas para busca ativa, ações de vigilância em saú‐
ferenciar o cuidado clínico e os fluxos que cada usuário deve seguir de e realizar o cuidado compartilhado com as equipes de atenção
na Rede de Atenção à Saúde para um cuidado integral. domiciliar nos casos de maior complexidade.
A estratificação de risco da população adscrita a determinada X - Programação e implementação das atividades de atenção à
UBS é fundamental para que a equipe de saúde organize as ações saúde de acordo com as necessidades de saúde da população, com
que devem ser oferecidas a cada grupo ou estrato de risco/vulne‐ a priorização de intervenções clínicas e sanitárias nos problemas
rabilidade, levando em consideração a necessidade e adesão dos de saúde segundo critérios de frequência, risco, vulnerabilidade e
usuários, bem como a racionalidade dos recursos disponíveis nos resiliência. Inclui-se aqui o planejamento e organização da agenda
serviços de saúde. de trabalho compartilhada de todos os profissionais, e recomen‐
VII - Trabalho em Equipe Multiprofissional - Considerando a di‐ da- se evitar a divisão de agenda segundo critérios de problemas
versidade e complexidade das situações com as quais a Atenção Bá‐ de saúde, ciclos de vida, gênero e patologias dificultando o acesso
sica lida, um atendimento integral requer a presença de diferentes dos usuários. Recomenda-se a utilização de instrumentos de plane‐
formações profissionais trabalhando com ações compartilhadas, jamento estratégico situacional em saúde, que seja ascendente e
assim como, com processo interdisciplinar centrado no usuário, envolva a participação popular (gestores, trabalhadores e usuários).
incorporando práticas de vigilância, promoção e assistência à saú‐ XI - Implementação da Promoção da Saúde como um princípio
de, bem como matriciamento ao processo de trabalho cotidiano. É para o cuidado em saúde, entendendo que, além da sua importân‐
possível integrar também profissionais de outros níveis de atenção. cia para o olhar sobre o território e o perfil das pessoas, conside‐
VIII - Resolutividade - Capacidade de identificar e intervir nos rando a determinação social dos processos saúde-doença para o
riscos, necessidades e demandas de saúde da população, atingindo planejamento das intervenções da equipe, contribui também para
a solução de problemas de saúde dos usuários. A equipe deve ser a qualificação e diversificação das ofertas de cuidado. A partir do
resolutiva desde o contato inicial, até demais ações e serviços da respeito à autonomia dos usuários, é possível estimular formas de
AB de que o usuário necessite. Para tanto, é preciso garantir amplo andar a vida e comportamentos com prazer que permaneçam den‐
escopo de ofertas e abordagens de cuidado, de modo a concentrar tro de certos limites sensíveis entre a saúde e a doença, o saudável
recursos, maximizar as ofertas e melhorar o cuidado, encaminhan‐ e o prejudicial, que sejam singulares e viáveis para cada pessoa. Ain‐
do de forma qualificada o usuário que necessite de atendimento es‐ da, numa acepção mais ampla, é possível estimular a transformação
pecializado. Isso inclui o uso de diferentes tecnologias e abordagens das condições de vida e saúde de indivíduos e coletivos, através de
de cuidado individual e coletivo, por meio de habilidades das equi‐ estratégias transversais que estimulem a aquisição de novas atitu‐
pes de saúde para a promoção da saúde, prevenção de doenças e
des entre as pessoas, favorecendo mudanças para modos de vida
agravos, proteção e recuperação da saúde, e redução de danos. Im‐
mais saudáveis e sustentáveis.
portante promover o uso de ferramentas que apoiem e qualifiquem
Embora seja recomendado que as ações de promoção da saú‐
o cuidado realizado pelas equipes, como as ferramentas da clínica
de estejam pautadas nas necessidades e demandas singulares do
ampliada, gestão da clínica e promoção da saúde, para ampliação
território de atuação da AB, denotando uma ampla possibilidade
da resolutividade e abrangência da AB.

252
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
de temas para atuação, destacam-se alguns de relevância geral na XV - Implementação de diretrizes de qualificação dos modelos
população brasileira, que devem ser considerados na abordagem de atenção e gestão, tais como, a participação coletiva nos proces‐
da Promoção da Saúde na AB: alimentação adequada e saudável; sos de gestão, a valorização, fomento a autonomia e protagonismo
práticas corporais e atividade física; enfrentamento do uso do ta‐ dos diferentes sujeitos implicados na produção de saúde, autocui‐
baco e seus derivados; enfrentamento do uso abusivo de álcool; dado apoiado, o compromisso com a ambiência e com as condi‐
promoção da redução de danos; promoção da mobilidade segura ções de trabalho e cuidado, a constituição de vínculos solidários, a
e sustentável; promoção da cultura de paz e de direitos humanos; identificação das necessidades sociais e organização do serviço em
promoção do desenvolvimento sustentável. função delas, entre outras;
XII - Desenvolvimento de ações de prevenção de doenças e agra‐ XVI - Participação do planejamento local de saúde, assim como
vos em todos os níveis de acepção deste termo (primária, secundária, do monitoramento e a avaliação das ações na sua equipe, unidade
terciária e quartenária), que priorizem determinados perfis epidemio‐ e município; visando à readequação do processo de trabalho e do
lógicos e os fatores de risco clínicos, comportamentais, alimentares planejamento frente às necessidades, realidade, dificuldades e pos‐
e/ou ambientais, bem como aqueles determinados pela produção e sibilidades analisadas.
circulação de bens, prestação de serviços de interesse da saúde, am‐ O planejamento ascendente das ações de saúde deverá ser
bientes e processos de trabalho. A finalidade dessas ações é prevenir elaborado de forma integrada nos âmbitos das equipes, dos mu‐
o aparecimento ou a persistência de doenças, agravos e complicações nicípios, das regiões de saúde e do Distrito Federal, partindo-se do
preveníveis, evitar intervenções desnecessárias e iatrogênicas e ainda reconhecimento das realidades presentes no território que influen‐
estimular o uso racional de medicamentos. ciam a saúde, condicionando as ofertas da Rede de Atenção Saúde
Para tanto é fundamental a integração do trabalho entre Aten‐ de acordo com a necessidade/demanda da população, com base
ção Básica e Vigilância em Saúde, que é um processo contínuo e em parâmetros estabelecidos em evidências científicas, situação
sistemático de coleta, consolidação, análise e disseminação de da‐ epidemiológica, áreas de risco e vulnerabilidade do território ads‐
dos sobre eventos relacionados à saúde, visando ao planejamento crito.
e a implementação de medidas de saúde pública para a proteção As ações em saúde planejadas e propostas pelas equipes deve‐
da saúde da população, a prevenção e controle de riscos, agravos e rão considerar o elenco de oferta de ações e de serviços prestados
doenças, bem como para a promoção da saúde. na AB, os indicadores e parâmetros, pactuados no âmbito do SUS.
As ações de Vigilância em Saúde estão inseridas nas atribuições As equipes que atuam na AB deverão manter atualizadas as in‐
de todos os profissionais da Atenção Básica e envolvem práticas e formações para construção dos indicadores estabelecidos pela ges‐
processos de trabalho voltados para: tão, com base nos parâmetros pactuados alimentando, de forma
a. vigilância da situação de saúde da população, com análises digital, o sistema de informação de Atenção Básica vigente;
que subsidiem o planejamento, estabelecimento de prioridades e XVII - Implantar estratégias de Segurança do Paciente na AB,
estratégias, monitoramento e avaliação das ações de saúde pública;
estimulando prática assistencial segura, envolvendo os pacientes na
b. detecção oportuna e adoção de medidas adequadas para a
segurança, criando mecanismos para evitar erros, garantir o cuida‐
resposta de saúde pública;
do centrado na pessoa, realizando planos locais de segurança do
c. vigilância, prevenção e controle das doenças transmissíveis;
paciente, fornecendo melhoria contínua relacionando a identifica‐
e
d. vigilância das violências, das doenças crônicas não transmis‐ ção, a prevenção, a detecção e a redução de riscos.
síveis e acidentes. XVIII - Apoio às estratégias de fortalecimento da gestão local
e do controle social, participando dos conselhos locais de saúde
A AB e a Vigilância em Saúde deverão desenvolver ações inte‐ de sua área de abrangência, assim como, articular e incentivar a
gradas visando à promoção da saúde e prevenção de doenças nos participação dos trabalhadores e da comunidade nas reuniões dos
territórios sob sua responsabilidade. Todos profissionais de saúde conselhos locais e municipal; e
deverão realizar a notificação compulsória e conduzir a investigação XIX - Formação e Educação Permanente em Saúde, como parte
dos casos suspeitos ou confirmados de doenças, agravos e outros do processo de trabalho das equipes que atuam na Atenção Básica.
eventos de relevância para a saúde pública, conforme protocolos e Considera-se Educação Permanente em Saúde (EPS) a aprendiza‐
normas vigentes. gem que se desenvolve no trabalho, onde o aprender e o ensinar se
Compete à gestão municipal reorganizar o território, e os pro‐ incorporam ao cotidiano das organizações e do trabalho, baseando‐
cessos de trabalho de acordo com a realidade local. -se na aprendizagem significativa e na possibilidade de transformar
A integração das ações de Vigilância em Saúde com Atenção as práticas dos trabalhadores da saúde. Nesse contexto, é impor‐
Básica, pressupõe a reorganização dos processos de trabalho da tante que a EPS se desenvolva essencialmente em espaços institu‐
equipe, a integração das bases territoriais (território único), pre‐ cionalizados, que sejam parte do cotidiano das equipes (reuniões,
ferencialmente e rediscutir as ações e atividades dos agentes co‐ fóruns territoriais, entre outros), devendo ter espaço garantido na
munitários de saúde e do agentes de combate às endemias, com carga horária dos trabalhadores e contemplar a qualificação de to‐
definição de papéis e responsabilidades. dos da equipe multiprofissional, bem como os gestores.
A coordenação deve ser realizada por profissionais de nível su‐ Algumas estratégias podem se aliar a esses espaços institucio‐
perior das equipes que atuam na Atenção Básica. nais em que equipe e gestores refletem, aprendem e transformam
XIII - Desenvolvimento de ações educativas por parte das equi‐ os processos de trabalho no dia-a-dia, de modo a potencializá-los,
pes que atuam na AB, devem ser sistematizadas de forma que pos‐ tais como Cooperação Horizontal, Apoio Institucional, Tele Educa‐
sam interferir no processo de saúde-doença da população, no de‐ ção, Formação em Saúde.
senvolvimento de autonomia, individual e coletiva, e na busca por
Entende-se que o apoio institucional deve ser pensado como
qualidade de vida e promoção do autocuidado pelos usuários.
uma função gerencial que busca a reformulação do modo tradicio‐
XIV - Desenvolver ações intersetoriais, em interlocução com
nal de se fazer coordenação, planejamento, supervisão e avaliação
escolas, equipamentos do SUAS, associações de moradores, equi‐
em saúde. Ele deve assumir como objetivo a mudança nas organi‐
pamentos de segurança, entre outros, que tenham relevância na
comunidade, integrando projetos e redes de apoio social, voltados zações, tomando como matéria-prima os problemas e tensões do
para o desenvolvimento de uma atenção integral; cotidiano Nesse sentido, pressupõe-se o esforço de transformar

253
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
os modelos de gestão verticalizados em relações horizontais que Os critérios de alocação dos recursos da AB deverão se ajustar
ampliem a democratização, autonomia e compromisso dos traba‐ conforme a regulamentação de transferência de recursos federais
lhadores e gestores, baseados em relações contínuas e solidárias. para o financiamento das ações e serviços públicos de saúde no âm‐
A Formação em Saúde, desenvolvida por meio da relação entre bito do SUS, respeitando especificidades locais, e critério definido
trabalhadores da AB no território (estágios de graduação e residên‐ na LC 141/2012.
cias, projetos de pesquisa e extensão, entre outros), beneficiam AB
e instituições de ensino e pesquisa, trabalhadores, docentes e dis‐ I - Recurso per capita:
centes e, acima de tudo, a população, com profissionais de saúde O recurso per capita será transferido mensalmente, de forma
mais qualificados para a atuação e com a produção de conhecimen‐ regular e automática, do Fundo Nacional de Saúde aos Fundos Mu‐
to na AB. Para o fortalecimento da integração entre ensino, serviços nicipais de Saúde e do Distrito Federal com base num valor multipli‐
e comunidade no âmbito do SUS, destaca-se a estratégia de cele‐ cado pela população do Município.
bração de instrumentos contratuais entre instituições de ensino e A população de cada município e do Distrito Federal será a po‐
serviço, como forma de garantir o acesso a todos os estabelecimen‐ pulação definida pelo IBGE e publicada em portaria específica pelo
tos de saúde sob a responsabilidade do gestor da área de saúde Ministério da Saúde.
como cenário de práticas para a formação no âmbito da graduação
e da residência em saúde no SUS, bem como de estabelecer atri‐ II - Recursos que estão condicionados à implantação de estraté‐
buições das partes relacionadas ao funcionamento da integração gias e programas da Atenção Básica
ensino-serviço- comunidade. 1. Equipe de Saúde da Família (eSF): os valores dos incentivos
Além dessas ações que se desenvolvem no cotidiano das equi‐ financeiros para as equipes de Saúde da Família implantadas serão
pes, de forma complementar, é possível oportunizar processos for‐ prioritário e superior, transferidos a cada mês, tendo como base o
mativos com tempo definido, no intuito de desenvolver reflexões, número de equipe de Saúde da Família (eSF) registrados no sistema
conhecimentos, competências, habilidades e atitudes específicas, de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da respectiva com‐
através dos processos de Educação Continuada, igualmente como petência financeira.
estratégia para a qualificação da AB. As ofertas educacionais de‐ O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio das equi‐
vem, de todo modo, ser indissociadas das temáticas relevantes para pes de Saúde da Família será publicado em portaria específica
a Atenção Básica e da dinâmica cotidiana de trabalho dos profissio‐ 2. Equipe de Atenção Básica (eAB): os valores dos incentivos
nais. financeiros para as equipes de Atenção Básica (eAB) implantadas
serão transferidos a cada mês, tendo como base o número de equi‐
6. DO FINANCIAMENTO DAS AÇÕES DE ATENÇÃO BÁSICA pe de Atenção Básica (eAB) registrados no Sistema de Cadastro Na‐
O financiamento da Atenção Básica deve ser tripartite e com cional de Estabelecimentos de Saúde vigente no mês anterior ao da
detalhamento apresentado pelo Plano Municipal de Saúde garan‐ respectiva competência financeira.
tido nos instrumentos conforme especificado no Plano Nacional, O percentual de financiamento das equipes de Atenção Básica
Estadual e Municipal de gestão do SUS. No âmbito federal, o mon‐ (eAB), será definido pelo Ministério da Saúde, a depender da dispo‐
tante de recursos financeiros destinados à viabilização de ações de nibilidade orçamentária e demanda de credenciamento.
Atenção Básica à saúde compõe o bloco de financiamento de Aten‐ 1. Equipe de Saúde Bucal (eSB): Os valores dos incentivos finan‐
ção Básica (Bloco AB) e parte do bloco de financiamento de inves‐ ceiros quando as equipes de Saúde da Família (eSF) e/ou Atenção
timento e seus recursos deverão ser utilizados para financiamento Básica (eAB) forem compostas por profissionais de Saúde Bucal,
das ações de Atenção Básica. serão transferidos a cada mês, o valor correspondente a modali‐
Os repasses dos recursos da AB aos municípios são efetuados dade, tendo como base o número de equipe de Saúde Bucal (eSB)
em conta aberta especificamente para este fim, de acordo com a registrados no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos
normatização geral de transferências de recursos fundo a fundo do de Saúde vigente no mês anterior ao da respectiva competência fi‐
Ministério da Saúde com o objetivo de facilitar o acompanhamento nanceira.
pelos Conselhos de Saúde no âmbito dos municípios, dos estados e 1. O repasse mensal dos recursos para o custeio das Equipes de
do Distrito Federal. Saúde Bucal será publicado em portaria específica.
O financiamento federal para as ações de Atenção Básica deve‐ 1. Equipe Saúde da Família comunidades Ribeirinhas e Fluviais
rá ser composto por: 4.1. Equipes Saúde da Família Ribeirinhas (eSFR): os valores dos
I - Recursos per capita; que levem em consideração aspectos incentivos financeiros para as equipes de Saúde da Família Ribeiri‐
sociodemográficos e epidemiológicos; nhas (eSFR) implantadas serão transferidos a cada mês, tendo como
II - Recursos que estão condicionados à implantação de estra‐ base o número de equipe de Saúde da Família Ribeirinhas (eSFR) re‐
tégias e programas da Atenção Básica, tais como os recursos espe‐ gistrados no sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior
cíficos para os municípios que implantarem, as equipes de Saúde ao da respectiva competência financeira.
da Família (eSF), as equipes de Atenção Básica (eAB), as equipes de O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio das equi‐
Saúde Bucal (eSB), de Agentes Comunitários de Saúde (EACS), dos pes de Saúde da Família Ribeirinhas (eSFR) será publicado em por‐
Núcleos Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf-AB), taria específica e poderá ser agregado um valor nos casos em que a
dos Consultórios na Rua (eCR), de Saúde da Família Fluviais (eSFF) equipe necessite de transporte fluvial para acessar as comunidades
e Ribeirinhas (eSFR) e Programa Saúde na Escola e Programa Aca‐ ribeirinhas adscritas para execução de suas atividades.
demia da Saúde; 4.2. Equipes de Saúde da Família Fluviais (eSFF): os valores dos
III - Recursos condicionados à abrangência da oferta de ações incentivos financeiros para as equipes de Saúde da Família Fluviais
e serviços; (eSFF) implantadas serão transferidos a cada mês, tendo como base
IV - Recursos condicionados ao desempenho dos serviços de o número de Unidades Básicas de Saúde Fluviais (UBSF) registrados
Atenção Básica com parâmetros, aplicação e comparabilidade na‐ no sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da res‐
cional, tal como o Programa de Melhoria de Acesso e Qualidade; pectiva competência financeira.
V - Recursos de investimento;

254
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio das Uni‐ Parágrafo único: No caso do Distrito Federal a proposta de pro‐
dades Básicas de Saúde Fluviais será publicado em portaria especí‐ jeto de credenciamento das equipes que atuam na Atenção Básica
fica. Assim como, os critérios mínimos para o custeio das Unidades deverá ser diretamente encaminhada ao Departamento de Atenção
preexistentes ao Programa de Construção de Unidades Básicas de Básica do Ministério da Saúde.
Saúde Fluviais. III - O Ministério da Saúde realizará análise do pleito da Reso‐
4.3. Equipes Consultório na Rua (eCR) lução CIB ou do Distrito Federal de acordo com o teto de equipes,
Os valores do incentivo financeiro para as equipes dos Con‐ critérios técnicos e disponibilidade orçamentária; e
sultórios na Rua (eCR) implantadas serão transferidos a cada mês, IV - Após a publicação de Portaria de credenciamento das no‐
tendo como base a modalidade e o número de equipes cadastradas vas equipes no Diário Oficial da União, a gestão municipal deverá
no sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da res‐ cadastrar a(s) equipe(s) no Sistema de Cadastro Nacional de Esta‐
pectiva competência financeira. belecimento de Saúde , num prazo máximo de 4 (quatro) meses, a
Os valores do repasse mensal que as equipes dos Consultórios contar a partir da data de publicação da referida Portaria, sob pena
na Rua (eCR) farão jus será definido em portaria específica. de descredenciamento da(s) equipe(s) caso esse prazo não seja
5. Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NAS‐ cumprido.
F-AB) O valor do incentivo federal para o custeio de cada NASFAB, Para recebimento dos incentivos correspondentes às equipes
dependerá da sua modalidade (1, 2 ou 3) e será determinado em que atuam na Atenção Básica, efetivamente credenciadas em por‐
portaria específica. Os valores dos incentivos financeiros para os taria e cadastradas no Sistema de Cadastro Nacional de Estabeleci‐
NASF-AB implantados serão transferidos a cada mês, tendo como mentos de Saúde, os Municípios/Distrito Federal, deverão alimen‐
base o número de NASF-AB cadastrados no SCNES vigente. tar os dados no sistema de informação da Atenção Básica vigente,
6. Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) comprovando, obrigatoriamente, o início e execução das atividades.
Os valores dos incentivos financeiros para as equipes de ACS 1. Suspensão do repasse de recursos do Bloco da Atenção Bá‐
(EACS) implantadas são transferidos a cada mês, tendo como base sica
o número de Agentes Comunitários de Saúde (ACS), registrados no O Ministério da Saúde suspenderá o repasse de recursos da
sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da respec‐ Atenção Básica aos municípios e ao Distrito Federal, quando:
tiva competência financeira. Será repassada uma parcela extra, no I - Não houver alimentação regular, por parte dos municípios e
último trimestre de cada ano, cujo valor será calculado com base no do Distrito Federal, dos bancos de dados nacionais de informação,
número de Agentes Comunitários de Saúde, registrados no cadas‐ como:
tro de equipes e profissionais do SCNES, no mês de agosto do ano a. inconsistência no Sistema de Cadastro Nacional de Estabele‐
vigente. cimentos de Saúde (SCNES) por duplicidade de profissional, ausên‐
A efetivação da transferência dos recursos financeiros descritos cia de profissional da equipe mínima ou erro no registro, conforme
no item B tem por base os dados de alimentação obrigatória do normatização vigente; e
Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, cuja b. não envio de informação (produção) por meio de Sistema de
responsabilidade de manutenção e atualização é dos gestores dos Informação da Atenção Básica vigente por três meses consecutivos,
estados, do Distrito Federal e dos municípios, estes devem transfe‐ conforme normativas específicas.
rir os dados mensalmente, para o Ministério da Saúde, de acordo - identificado, por meio de auditoria federal, estadual e munici‐
com o cronograma definido anualmente pelo SCNES. pal, malversação ou desvio de finalidade na utilização dos recursos.
III - Do credenciamento Sobre a suspensão do repasse dos recursos referentes ao item
Para a solicitação de credenciamento dos Serviços e de todas as II: O Ministério da Saúde suspenderá os repasses dos incentivos
equipes que atuam na Atenção Básica, pelos Municípios e Distrito referentes às equipes e aos serviços citados acima, nos casos em
Federal, deve-se obedecer aos seguintes critérios: que forem constatadas, por meio do monitoramento e/ou da su‐
I - Elaboração da proposta de projeto de credenciamento das pervisão direta do Ministério da Saúde ou da Secretaria Estadual
equipes que atuam na Atenção Básica, pelos Municípios/Distrito de Saúde ou por auditoria do DENASUS ou dos órgãos de controle
Federal; competentes, qualquer uma das seguintes situações:
a. O Ministério da Saúde disponibilizará um Manual com as I - inexistência de unidade básica de saúde cadastrada para o
orientações para a elaboração da proposta de projeto, consideran‐ trabalho das equipes e/ou;
do as diretrizes da Atenção Básica; II - ausência, por um período superior a 60 dias, de qualquer
b. A proposta do projeto de credenciamento das equipes que um dos profissionais que compõem as equipes descritas no item B,
atuam na Atenção Básica deverá estar aprovada pelo respectivo com exceção dos períodos em que a contratação de profissionais
Conselho de Saúde Municipal ou Conselho de Saúde do Distrito Fe‐ esteja impedida por legislação específica, e/ou;
deral; e III - descumprimento da carga horária mínima prevista para os
c. As equipes que atuam na Atenção Básica que receberão in‐ profissionais das equipes; e < >- ausência de alimentação regular de
centivo de custeio fundo a fundo devem estar inseridas no plano de dados no Sistema de Informação da Atenção Básica vigente.
saúde e programação anual. Especificamente para as equipes de saúde da família (eSF) e
II - Após o recebimento da proposta do projeto de credencia‐ equipes de Atenção Básica (eAB) com os profissionais de saúde bu‐
mento das eABs, as Secretarias Estaduais de Saúde, conforme prazo cal.
a ser publicado em portaria específica, deverão realizar: As equipes de Saúde da Família (eSF) e equipes de Atenção
a. Análise e posterior encaminhamento das propostas para Básica (eAB) que sofrerem suspensão de recurso, por falta de pro‐
aprovação da Comissão Intergestores Bipartite (CIB); e fissional conforme previsto acima, poderão manter os incentivos
b. após aprovação na CIB, encaminhar, ao Ministério da Saúde, financeiros específicos para saúde bucal, conforme modalidade de
a Resolução com o número de equipes por estratégia e modalida‐ implantação.
des, que pleiteiam recebimento de incentivos financeiros da aten‐ Parágrafo único: A suspensão será mantida até a adequação
ção básica. das irregularidades identificadas.

255
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
6.2-Solicitação de crédito retroativo dos recursos suspensos (D) HIV, Hepatite A e Tularemia.
Considerando a ocorrência de problemas na alimentação do (E) Hepatite A, tricomoníase e HIV.
SCNES e do sistema de informação vigente, por parte dos estados,
Distrito Federal e dos municípios, o Ministério da Saúde poderá efe‐ 3. (PREFEITURA DE JUIZ DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI‐
tuar crédito retroativo dos incentivos financeiros deste recurso va‐ RO-2018) Programa Nacional de Imunizações (PNI) organiza toda a
riável. A solicitação de retroativo será válida para análise desde que política nacional de vacinação da população brasileira e tem como
a mesma ocorra em até 6 meses após a competência financeira de missão
suspensão. Para solicitar os créditos retroativos, os municípios e o (A) vacinar todas as crianças de todo território Nacional até
Distrito Federal deverão: 2020.
- preencher o formulário de solicitação, conforme será disponi‐ (B) o controle, a erradicação e a eliminação de doenças imu‐
bilizado em manual específico;- realizar as adequações necessárias nopreveníveis.
nos sistemas vigentes (SCNES e/ou SISAB) que justifiquem o plei‐ (C)vacinar crianças e adultos vulneráveis.
to de retroativo; enviar ofício à Secretaria de Saúde de seu estado, (D) o controle de doenças imunossupressoras.
pleiteando o crédito retroativo , acompanhado do anexo referido (E) vacinar crianças e idosos combatendo as doenças de risco
no item I e documentação necessária a depender do motivo da sus‐ controlável.
pensão.
Parágrafo único: as orientações sobre a documentação a ser 4. (PREFEITURA DE JUIZ DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI‐
encaminhada na solicitação de retroativo constarão em manual es‐ RO-2018) Segundo o Programa Nacional de Imunizações, na sala
pecífico a ser publicado. de vacinação, é importante que todos os procedimentos desenvol‐
As Secretarias Estaduais de Saúde, após analisarem a docu‐ vidos promovam a máxima segurança. Com relação a esse local, é
mentação recebida dos municípios, deverão encaminhar ao Depar‐ correto afirmar que
tamento de Atenção Básica da Secretaria de Atenção à Saúde, Mi‐ (A) deve ser destinado à administração dos imunobiológicos e
nistério da Saúde (DAB/SAS/MS), a solicitação de complementação demais medicações intramusculares.
de crédito dos incentivos tratados nesta Portaria, acompanhada dos (B) é importante que todos os procedimentos desenvolvidos
documentos referidos nos itens I e II. Nos casos em que o solicitante promovam a segurança, propiciando o risco de contaminação.
de crédito retroativo for o Distrito Federal, o ofício deverá ser enca‐ (C) a sala deve ter área mínima de 3 metros quadrados, para o
minhado diretamente ao DAB/SAS/MS. adequado fluxo de movimentação em condições ideais para a
O DAB/SAS/MS procederá à análise das solicitações recebidas, realização das atividades.
verificando a adequação da documentação enviada e dos sistemas (D) a sala de vacinação é classificada como área semicrítica.
de informação vigentes (SCNES e/ou SISAB), bem como a pertinên‐ (E) deve ter piso e paredes lisos, com frestas e laváveis
cia da justificativa do gestor, para deferimento ou não da solicitação
5. (PREFEITURA DE JUIZ DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEIRO-2018)
São vias de administração de imunobiológicos, EXCETO a via
EXERCÍCIOS (A) oral.
(B)subcutânea.
1. (PREFEITURA DE JUIZ DE FORA – MG- ENFERMEIRO-AO‐ (C)intraóssea.
CP-2018) O que é vigilância? (D) endovenosa.
(A) Um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou pre‐ (E)intramuscular
venir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários de‐
correntes do meio ambiente, da produção e circulação de bens 6. (PREFEITURA DE JUIZ DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI‐
e da prestação de serviços de interesse da saúde. RO-2018) Segundo o código de ética da enfermagem, o enfermeiro,
(B) Um conjunto de atividades que se destina à promoção e nas relações com o ser humano, tem
proteção da saúde, assim como visa à recuperação e reabilita‐ (A) o dever de salvaguardar os direitos da pessoa idosa, promo‐
ção da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agra‐ vendo a sua dependência física e psíquica e com o objetivo de
vos advindos das condições de trabalho. melhorar a sua qualidade de vida.
(C) Um conjunto de ações que proporciona a detecção ou pre‐ (B) o dever de respeitar as opções políticas, culturais, morais
venção de qualquer mudança da saúde individual ou coletiva, e religiosas da pessoa, sem criar condições para que ela possa
com a finalidade de avaliar o impacto que as tecnologias pro‐ exercer, nessas áreas, os seus direitos.
vocam à saúde. (C) o direito de abster-se de juízos de valor sobre o comporta‐
(D) Um conjunto de atividades que se destina ao controle de mento da pessoa assistida e lhe impor os seus próprios crité‐
bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem rios e valores no âmbito da consciência.
com a saúde. (D) o dever de cuidar da pessoa com discriminação econômica,
(E) Um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, social, política, étnica, ideológica ou religiosa.
a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores de‐ (E) o direito de recusar-se a executar atividades que não sejam
terminantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, de sua competência técnica, cientifica, ética e legal ou que não
com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de pre‐ ofereçam segurança ao profissional, à pessoa, à família e à co‐
venção e controle das doenças ou agravo letividade.

2. (PREFEITURA DE JUIZ DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI‐ 7. (PREFEITURA DE JUIZ DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI‐
RO-2018) O controle e o rastreamento das ISTs são de grande im‐ RO-2018) O auxiliar de enfermagem executa as atividades auxiliares,
portância. No caso das gestantes, todas devem ser rastreadas para: de nível médio, atribuídas à equipe de enfermagem, cabendo-lhe
(A) HIV, Hepatite A e difiteria. (A) prescrição da assistência de enfermagem.
(B)HIV, Sífilis e Hepatite B. (B) cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com
(C) Hepatite B, Gonorreia e Hepatite A. risco de vida.

256
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
(C)participação em bancas examinadoras, em matérias especí‐ (E) higienizar também os punhos utilizando movimento circu‐
ficas de enfermagem, nos concursos para provimento de cargo lar, ao esfregá-los com a palma da mão oposta.
ou contratação de pessoal técnico e auxiliar de Enfermagem.
(D) consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria 12. (PREF DE MACAPÁ- TÉCNICO DE ENFERMAGEM- FCC- 2018)
de Enfermagem. Processo físico ou químico que destrói microrganismos patogêni‐
(E) prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente e zelar cos na forma vegetativa, micobactérias, a maioria dos vírus e dos
por sua segurança. fungos, de objetos inanimados e superfícies. Essa é a definição de
(A) desinfecção pós limpeza de alto nível.
8. CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL - TÉCNICO EM (B) desinfecção de alto nível.
ENFERMAGEM- FCC-2018) Ao orientar um paciente adulto sobre os (C) esterilização de baixo nível.
cuidados com a dieta a ser administrada pela sonda nasoenteral no (D) barreira técnica.
domicílio, o profissional de saúde deve orientar que (E) desinfecção de nível intermediário.
(A) antes de administrar a dieta, deverá aquecê-la em banho‐
-maria ou em micro-ondas. 13. (PREFEITURA DE MACAPÁ- TÉCNICO EM ENFERMAGEM-
(B) após o preparo da dieta caseira, deverá guardá-la na gela‐ FCC- 2018) Foi prescrito pelo médico uma solução glicosada a 10%.
deira e, 40 minutos antes do horário estabelecido para a admi‐ Na solução glicosada, disponível na instituição, a concentração é de
nistração, retirar somente a quantidade que for utilizar. 5%. Ao iniciar o cálculo para a transformação do soro, o técnico de
(C) no caso de ter pulado um horário de administração da die‐ enfermagem deve saber que, em 500 mL de Soro Glicosado a 5%, o
ta, o volume do próximo horário deve ser aumentado em, pelo total de glicose, em gramas, é de
menos, 50%. (A)5.
(D) a dieta enteral industrializada deve ser guardada fora da (B) 2,5.
geladeira e, após aberta, tem validade de 72 horas. (C) 50.
(D) 25.
9. (CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL- TÉCNICO EM (E) 500
ENFERMAGEM- FCC-2018) Dentre as medidas de controle de infec‐
ção de corrente sanguínea relacionadas a cateteres intravasculares 14. (TRT REGIÃO SÃO PAULO- TÉCNICO EM ENFERMAGEM-
encontra-se FCC-2018) Com relação à Sistematização da Assistência de Enfer‐
(A) o uso de cateteres periféricos para infusão contínua de pro‐ magem, considerando as atribuições de cada categoria profissional
dutos vesicantes. de enfermagem, compete ao técnico de enfermagem, realizar
(B) a higienização das mãos com preparação alcoólica (70 a (A) a prescrição de enfermagem, na ausência do enfermeiro.
90%), quando as mesmas estiverem visivelmente sujas. (B) o exame físico.
(C) o uso de novo cateter periférico a cada tentativa de punção (C) a anotação de enfermagem.
no mesmo paciente. (D) a consulta de enfermagem.
(D) a utilização de agulha de aço acoplada ou não a um coletor, (E) a evolução de enfermagem dos pacientes de menor com‐
para coleta de amostra sanguínea e administração de medica‐ plexidade.
mento em dose contínua.
(E) o uso de luvas de procedimentos para tocar o sítio de inser‐ 15. (TRT REGIÃO SÃO PAULO- TÉCNICO EM ENFERMAGEM-
ção do cateter intravascular após a aplicação do antisséptico. FCC-2018) O profissional de enfermagem, para executar correta‐
mente a técnica de administração de medicamento por via intra‐
10. (CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL- TÉCNICO dérmica, deve, dentre outros cuidados, estar atento ao volume a
EM ENFERMAGEM- FCC-2018) A equipe de saúde, ao realizar o ser injetado. O volume máximo indicado a ser introduzido por esta
acolhimento com escuta qualificada a uma mulher apresentando via é, em mL, de
queixas de perda urinária, deve atentar-se para, dentre outros si‐ (A) 1,0.
nais de alerta: (B) 5,0.
(A) amenorreia. (C) 0,1.
(B)dismenorreia. (D) 1,5.
(C) mastalgia. (E) 0,5.
(D) prolapso uterino sintomático.
(E) ataxia. 16. (TRT REGIÃO SÃO PAULO- TÉCNICO EM ENFERMAGEM-
FCC-2018) Em um ambulatório, o técnico de enfermagem que auxi‐
11. (PREF DE MACAPÁ- TÉCNICO DE ENFERMAGEM- FCC- 2018) lia o enfermeiro na gestão de materiais realizou a provisão de ma‐
As técnicas de higienização das mãos, para profissionais que atuam teriais de consumo, que corresponde a
em serviços de saúde, podem variar dependendo do objetivo ao (A) estabelecer a estimativa de material necessário para o fun‐
qual se destinam. Na técnica de higienização simples das mãos, re‐ cionamento da unidade.
comenda-se (B) realizar o levantamento das necessidades de recursos,
(A) limpar sob as unhas de uma das mãos, friccionando o local identificando a quantidade e a especificação.
com auxílio das unhas da mão oposta, evitando-se limpá-las (C)repor os materiais necessários para a realização das ativida‐
com as cerdas da escova. des da unidade.
(B)respeitar o tempo de duração do procedimento que varia de (D) atualizar a cota de material previsto para as necessidades
20 a 35 segundos. diárias da unidade.
(C) executar o procedimento com antisséptico degermante du‐ (E) sistematizar o mapeamento de consumo de material.
rante 30 segundos.
(D) utilizar papel toalha para secar as mãos, após a fricção an‐
tisséptica das mãos com preparações alcoólicas.

257
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
17. (TRT REGIÃO SÃO PAULO- TÉCNICO EM ENFERMAGEM- (C) retenção urinária: dificuldade do paciente para urinar,
FCC-2018) Na pessoa idosa com depressão, um dos sintomas/sinais abaulamento em região suprapúbica e diurese profusa.
indicativo do chamado suicídio passivo é (D) complicações respiratórias: acúmulo de secreções, ocasio‐
(A) o distúrbio cognitivo intermitente. nado pela maior expansibilidade pulmonar devido à dor, exa‐
(B) a recusa alimentar. cerbação da tosse e eliminação de secreções.
(C) o aparecimento de discinesia tardia. (E) hipotermia: confusão, apatia, coordenação prejudicada,
(D) a adesão a tratamentos alternativos. mudança na coloração da pele e tremores.
(E) a súbita hiperatividade.
21. (TRT REGIÃO SÃO PAULO- TÉCNICO EM ENFERMAGEM-
18. (TRT Região São Paulo- Técnico em enfermagem- FCC- FCC-2018) Um adulto de porte médio apresenta uma parada car‐
2018) Após o término de um pequeno procedimento cirúrgico, o diorrespiratória (PCR) durante o período de trabalho em um Tri‐
técnico de enfermagem recolhe os materiais utilizados e separa bunal, onde recebe o suporte básico de vida (SBV), conforme as
aqueles que podem ser reprocessados daqueles que devem ser recomendações da American Heart Association (AHA), 2015. Nessa
descartados, observando os princípios de biossegurança. A fim de situação, ao proceder à ressuscitação cardiopulmonar (RCP) ma‐
destinar corretamente cada um dos referidos materiais, o técnico nual, recomenda-se aplicar compressões torácicas até uma profun‐
de enfermagem deve considerar como materiais a serem reproces‐ didade de
sados aqueles destinados à (A) 4,5 cm, no máximo, sendo esse limite de profundidade da
(A) diérese, como tesoura de aço inox; e descarta na caixa de compressão necessário, devido à recomendação de que se
perfurocortante, materiais como agulhas com fio de sutura. deve comprimir com força para que a mesma seja eficaz.
(B) hemostasia, como pinça de campo tipo Backaus; e descarta (B) 5 cm, no mínimo, atentando para evitar apoiar-se sobre o
no saco de lixo branco, materiais com sangue, como compres‐ tórax da vítima entre as compressões, a fim de permitir o retor‐
sas de gaze. no total da parede do tórax a cada compressão.
(C) diérese como porta-agulhas; e descarta no lixo comum par‐ (C) 6,5 cm, no mínimo, a fim de estabelecer um fluxo sanguíneo
te dos fios cirúrgicos absorvíveis utilizados, como o categute adequado, sem provocar aumento da pressão intratorácica.
simples. (D) 4 cm, no mínimo, objetivando que haja fluxo sanguíneo
(D) síntese, como lâminas de bisturi; e descarta as agulhas na suficiente para fornecer oxigênio para o coração e cérebro.
caixa de perfurocortante, após terem sido devidamente desco‐ (E) 5 cm, ou menos, porque uma profundidade maior lesa a
nectadas das seringas. estrutura torácica e cardíaca.
(E)diérese, como cânula de uso único; e descarta no saco de
lixo branco luvas de látex utilizadas. 22. (PREFEITURA DE JUIZA DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI‐
RO-2018) Paciente chega à Unidade Básica de Saúde (UBS) com
19. (TRT REGIÃO SÃO PAULO- TÉCNICO EM ENFERMAGEM- história de lesões na pele, com alteração da sensibilidade térmica e
FCC-2018) Na desinfecção da superfície de uma mesa de aço inox, dolorosa. É provável que esse paciente tenha qual doença?
onde será colocado uma bandeja com um pacote de curativo esté‐ (A) Síndrome de Mono like.
ril, o técnico de enfermagem, de acordo com as recomendações da (B) Tuberculose.
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) pode optar pela (C) Hepatite A.
utilização dos seguintes produtos: (D) Hanseníase.
(A) álcool a 70% aplicado sem fricção, por ser esporicida, desde (E) Varicela.
que aguardado o tempo de evaporação recomendado, porém
tem a desvantagem de ser inflamável. 23. (PREFEITURA DE JUIZA DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI‐
(B) ácido peracético a 0,2% por não ser corrosivo para metais, RO-2018) Paciente chega à UBS e, após a coleta de exames e anam‐
nese, observa-se uma cervicite mucopurulenta e o agente etiológi‐
tendo como desvantagem não ser efetivo na presença de ma‐
co encontrado no exame foi a Chlamydia trachomatis. O possível
téria orgânica.
diagnóstico médico para essa paciente é
(C) hipoclorito de sódio a 1,0% por ser de amplo espectro, ter
(A) gonorreia.
baixo custo e ação lenta, apresentando a desvantagem de não
(B) sífilis.
ter efeito tuberculocida.
(C) lúpus.
(D) álcool a 70% por ser, dentre outros, fungicida e tubercu‐
(D) difteria.
locida, porém apresenta a desvantagem de não ser esporicida,
(E) tularemia.
além de ser poluente ambiental.
(E) hipoclorito de sódio a 0,02% por não ser corrosivo para 24. (PREF. PAULISTA-PE- ASSISTENTE DE SAÚDE - TÉCNICO DE
metais nesta concentração, ser fungicida de primeira escolha, ENFERMAGEM- UPENET/UPE-2018) Sobre as doenças cardiovascu‐
tendo a desvantagem da instabilidade do produto na presença lares, analise as afirmativas abaixo:
de luz solar. I. A Aterosclerose é uma doença arterial complexa, na qual de‐
posição de colesterol, inflamação e formação de trombo desempe‐
20. (TRT REGIÃO SÃO PAULO- TÉCNICO EM ENFERMAGEM- nham papéis importantes.
FCC-2018) NO pós-operatório imediato de uma colaboradora que II. A Angina é a expressão clínica mais frequente da isquemia
foi submetida a uma intervenção de colecistectomia, e já se encon‐ miocárdica; é desencadeada pela atividade física e aliviada pelo re‐
tra com respiração espontânea e sem sonda vesical, a assistência pouso.
prestada pelo técnico de enfermagem inclui verificar e comunicar III. O Infarto Agudo do Miocárdio é avaliado, apenas, por méto‐
ao enfermeiro sinais e sintomas associados a seguinte alteração: dos clínicos e eletrocardiográficos.
(A) complicações do sistema digestório: náuseas e vômitos de‐
corrente da administração de antieméticos. Está(ão) CORRETA(S)
(B) hipertermia: coloração da pele, sudorese, elevação da tem‐ (A)I e II, apenas.
peratura, bradipneia e bradicardia. (B) I e III, apenas.

258
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
(C) II e III, apenas. 28. São vias parenterais utilizada para a administração de me‐
(D) I, II e III. dicamentos e imunobiológicos, EXCETO:
(E) III, apenas (A)Sublingual.
(B) Intramuscular.
25. (PREF. PAULISTA/PE- ASSISTENTE DE SAÚDE - TÉCNICO DE (C) Intradérmica.
ENFERMAGEM- UPENET/UPE-2018) O paciente cirúrgico recebe as‐ (D) Subcutânea.
sistência de enfermagem nos períodos pré, trans e pós-operatório.
Sobre o período pré-operatório e pós-operatório, analise as afirma‐ 29. (PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO BERNARDO-MA- TÉCNI‐
tivas abaixo: CO EM ENFERMAGEM- INST. MACHADO DE ASSIS- 2018). Analise as
I. O preparo pré-operatório, mediante utilização dos instru‐ afirmativas abaixo sobre o Aleitamento materno
mentos de observação e avaliação das necessidades individuais, I. O aleitamento materno deve ser exclusivo até os seis meses
objetiva identificar alterações físicas e emocionais do paciente, pois de vida. Isso significa que, até completar essa idade, o bebê deve
estas podem interferir nas condições para o ato cirúrgico, compro‐ receber somente o leite materno, não deve ser oferecida qualquer
metendo o bom êxito da cirurgia ou, até mesmo, provocar sua sus‐ outro tipo de comida ou bebida, nem mesmo água ou chá.
pensão. II. O leite materno contém todos os nutrientes essenciais para
II. São fatores físicos que podem diminuir o risco operatório o crescimento e o desenvolvimento ótimos da criança pequena,
tabagismo, desnutrição, obesidade, faixa etária elevada, hiperten‐ além de ser mais bem digerido, quando comparado com leites de
são arterial. outras espécies.
III. No pós-operatório, os objetivos do atendimento ao pacien‐ III. O leite do início da mamada é mais rico em energia (calo‐
te são identificar, prevenir e tratar os problemas comuns aos proce‐ rias) e sacia melhor a criança.
dimentos anestésicos e cirúrgicos, tais como dor, náuseas, vômitos, O número de afirmativas INCORRETAS corresponde a:
retenção urinária, com a finalidade de restabelecer o seu equilíbrio. (A) Zero.
IV. No pós-operatório, aos pacientes submetidos à anestesia (B) Uma.
geral recomenda-se o decúbito ventral horizontal sem travesseiro, (C) Duas.
com a cabeça lateralizada para evitar aspiração de vômito.
(D) Três.
Estão CORRETAS
30. (PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO BERNARDO-MA- TÉCNI‐
(A)I e II, apenas.
CO EM ENFERMAGEM- INST. MACHADO DE ASSIS- 2018) No Brasil,
(B) I e III, apenas
o Programa Nacional de Imunização (PNI) se destaca por ser um dos
(C) II e III, apenas
melhores programas de imunização do mundo, atuando na preven‐
(D) I, II, III e IV.
ção e na erradicação de várias doenças. São doenças que podem
(E) I e IV, apenas
ser prevenidas através da vacinação, EXCETO:
(A) Hanseníase.
26. (PREF. PAULISTA-PE- ASSISTENTE DE SAÚDE - TÉCNICO DE
(B) Rubéola.
ENFERMAGEM- UPENET/UPE-2018) Prescrever e administrar um
(C) Tuberculose.
medicamento não são um ato simples, pois exigem responsabilida‐
(D) Coqueluche.
de, conhecimentos em geral e, principalmente, os cuidados ineren‐
tes à enfermagem. Sobre isso, analise as afirmações abaixo:
I. Na administração por via sublingual, é importante oferecer
água ao paciente, para facilitar a absorção do medicamento.
GABARITO
II. A vantagem da via parenteral consiste na absorção e ação
rápida do medicamento, e o medicamento não sofre ação do suco
gástrico. 1 E
III. A via intradérmica é considerada uma via diagnóstica, pois 2 B
se presta aos testes diagnósticos e testes alérgicos.
IV. Hipodermóclise é uma infusão de fluidos no tecido subcutâ‐ 3 B
neo para a correção de distúrbio hidroeletrolítico. 4 D

Somente está CORRETO o que se afirma em 5 C


(A) I e II. 6 E
(B) I, II e III
7 E
(C) II, III e IV
(D) I e IV.. 8 B
(E) I e III 9 C
27. PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO BERNARDO-MA- TÉCNICO 10 D
EM ENFERMAGEM- INST. MACHADO DE ASSIS- 2018). Assinale a 11 E
alternativa que apresenta apenas artigos médico hospitalares clas‐
12 E
sificados como não-críticos:
(A) Espéculo nasal e bisturi. 13 D
(B) Termômetro e cubas. 14 E
(C) Ambu e mamadeiras.
(D) Inaladores e tecido para procedimento cirúrgico. 15 E
16 C

259
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
17 B ANOTAÇÕES
18 A
19 D ______________________________________________________
20 E ______________________________________________________
21 B
______________________________________________________
22 C
23 A ______________________________________________________
24 A ______________________________________________________
25 B
______________________________________________________
26 C
______________________________________________________
27 B
28 A ______________________________________________________
29 B ______________________________________________________
30 A
______________________________________________________

______________________________________________________
ANOTAÇÕES ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ _____________________________________________________

______________________________________________________ _____________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

260

Você também pode gostar