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SL-092JN-21

CÓD: 7908433200321

TJ-SP
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Escrevente Técnico Judiciário


A APOSTILA PREPARATÓRIA É ELABORADA
ANTES DA PUBLICAÇÃO DO EDITAL OFICIAL COM BASE NO EDITAL
ANTERIOR, PARA QUE O ALUNO ANTECIPE SEUS ESTUDOS.
DICA

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação.
É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa
encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.
Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou este artigo com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!

• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho.
• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área.
• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total.
• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo.
• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.
• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame.
• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

Se prepare para o concurso público


O concurseiro preparado não é aquele que passa o dia todo estudando, mas está com a cabeça nas nuvens, e sim aquele que se
planeja pesquisando sobre o concurso de interesse, conferindo editais e provas anteriores, participando de grupos com enquetes sobre
seu interesse, conversando com pessoas que já foram aprovadas, absorvendo dicas e experiências, e analisando a banca examinadora do
certame.
O Plano de Estudos é essencial na otimização dos estudos, ele deve ser simples, com fácil compreensão e personalizado com sua
rotina, vai ser seu triunfo para aprovação, sendo responsável pelo seu crescimento contínuo.
Além do plano de estudos, é importante ter um Plano de Revisão, ele que irá te ajudar na memorização dos conteúdos estudados até
o dia da prova, evitando a correria para fazer uma revisão de última hora.
Está em dúvida por qual matéria começar a estudar? Vai mais uma dica: comece por Língua Portuguesa, é a matéria com maior
requisição nos concursos, a base para uma boa interpretação, indo bem aqui você estará com um passo dado para ir melhor nas outras
disciplinas.

Vida Social
Sabemos que faz parte algumas abdicações na vida de quem estuda para concursos públicos, mas sempre que possível é importante
conciliar os estudos com os momentos de lazer e bem-estar. A vida de concurseiro é temporária, quem determina o tempo é você,
através da sua dedicação e empenho. Você terá que fazer um esforço para deixar de lado um pouco a vida social intensa, é importante
compreender que quando for aprovado verá que todo o esforço valeu a pena para realização do seu sonho.
Uma boa dica, é fazer exercícios físicos, uma simples corrida por exemplo é capaz de melhorar o funcionamento do Sistema Nervoso
Central, um dos fatores que são chaves para produção de neurônios nas regiões associadas à aprendizagem e memória.
DICA

Motivação
A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.
Caso você não seja aprovado de primeira, é primordial que você PERSISTA, com o tempo você irá adquirir conhecimento e experiência.
Então é preciso se motivar diariamente para seguir a busca da aprovação, algumas orientações importantes para conseguir motivação:
• Procure ler frases motivacionais, são ótimas para lembrar dos seus propósitos;
• Leia sempre os depoimentos dos candidatos aprovados nos concursos públicos;
• Procure estar sempre entrando em contato com os aprovados;
• Escreva o porquê que você deseja ser aprovado no concurso. Quando você sabe seus motivos, isso te da um ânimo maior para seguir
focado, tornando o processo mais prazeroso;
• Saiba o que realmente te impulsiona, o que te motiva. Dessa maneira será mais fácil vencer as adversidades que irão aparecer.
• Procure imaginar você exercendo a função da vaga pleiteada, sentir a emoção da aprovação e ver as pessoas que você gosta felizes
com seu sucesso.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.
A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Se você quer aumentar as suas chances
de passar, conheça os nossos materiais, acessando o nosso site: www.apostilasolucao.com.br

Vamos juntos!
ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Análise, compreensão e interpretação de diversos tipos de textos verbais, não verbais, literários e não literários. Informações literais
e inferências possíveis. Ponto de vista do autor. Estruturação do texto: relações entre ideias; recursos de coesão . . . . . . . . . . . . . 01
2. Significação contextual de palavras e expressões. Sinônimos e antônimos. Sentido próprio e figurado das palavras . . . . . . . . . . . 15
3. Classes de palavras: emprego e sentido que imprimem às relações que estabelecem: substantivo, adjetivo, artigo, numeral, pronome,
verbo, advérbio, preposição e conjunção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
4. Concordância verbal e nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
5. Regência verbal e nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
6. Colocação pronominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
7. Crase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
8. Pontuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

Conhecimentos em Direito Penal


1. Código Penal - artigos 293 a 305; 307; 308; 311-A; 312 a 317; 319 a 333; 335 a 337; 339 a 347; 350; 357 e 359 . . . . . . . . . . . . . . . 01

Conhecimentos em Direito Processual Penal


1. Código de Processo Penal - artigos 251 a 258; 261 a 267; 274; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. 351 a 372; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
3. 394 a 497; 531 a 538; 541 a 548; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
4. 574 a 667 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
5. Lei nº 9.099 de 26.09.1995 (artigos 60 a 83; 88 e 89). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

Conhecimentos em Direito Processual Civil


1. Código de Processo Civil - artigos 144 a 155 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. 188 a 275 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
3. 294 a 311 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
4. Do 318 a 538 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
5. 994 a 1026 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
6. Lei nº 9.099 de 26.09.1995 (artigos 3º ao 19) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
7. Lei nº 12.153 de 22.12.2009 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

Conhecimentos em Direito Constitucional


1. Título II - Capítulos I, II e III; e Título III . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Capítulo VII com Seções I e II; e também o artigo 92 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

Conhecimentos em Direito Administrativo


1. Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado de São Paulo (Lei n.º 10.261/68) - artigos 239 a 323 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Lei Federal nº 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07

Normas da Corregedoria Geral da Justiça


1. Tomo I – Capítulo II: Seção I – subseções I e II; Tomo I - Capítulo III: Seções I, II, V, VI, VII; Tomo I - Capítulo III: Seção VIII – subseções I,
II e III; Tomo I – Capitulo III: Seções IX a XV, XVII a XIX; Tomo I – Capítulo XI: Seções I, IV e V; Tomo I – Capitulo XI: Seção VI – subseções
I, III, V e XII . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
ÍNDICE

Atualidades
1. Questões relacionadas a fatos políticos, econômicos, sociais e culturais, nacionais e internacionais, ocorridos a partir do 2.° semestre
de 2017, divulgados na mídia local e/ou nacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Artigos 1º ao 13; 34 ao 38 da Lei nº 13.146/2015 – Estatuto da Pessoa com Deficiência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3. Resolução nº 230/2016 do CNJ, com as alterações vigentes até a publicação deste edital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

Matemática
1. Operações com números reais. Mínimo múltiplo comum e máximo divisor comum . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Razão e proporção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08
3. Porcentagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
4. Regra de três simples e composta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
5. Média aritmética simples e ponderada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
6. Juros simples . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
7. Equação do 1.º e 2.º graus. 9. Sistema de equações do 1.º grau . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
8. Relação entre grandezas: tabelas e gráficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
9. Sistemas de medidas usuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
10. Noções de geometria: forma, perímetro, área, volume, ângulo, teorema de Pitágoras. Resolução de situações-problema . . . . . . . 37

Informática
1. MS-Windows 10: conceito de pastas, diretórios, arquivos e atalhos, área de trabalho, área de transferência, manipulação de arquivos
e pastas, uso dos menus, programas e aplicativos, interação com o conjunto de aplicativos MS-Office 2016 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. MS-Word 2016: estrutura básica dos documentos, edição e formatação de textos, cabeçalhos, parágrafos, fontes, colunas, marcadores
simbólicos e numéricos, tabelas, impressão, controle de quebras e numeração de páginas, legendas, índices, inserção de objetos,
campos predefinidos, caixas de texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
3. MS-Excel 2016: estrutura básica das planilhas, conceitos de células, linhas, colunas, pastas e gráficos, elaboração de tabelas e gráficos,
uso de fórmulas, funções e macros, impressão, inserção de objetos, campos predefinidos, controle de quebras e numeração de
páginas, obtenção de dados externos, classificação de dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
4. Correio Eletrônico: uso de correio eletrônico, preparo e envio de mensagens, anexação de arquivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
5. Internet: navegação internet, conceitos de URL, links, sites, busca e impressão de páginas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

Raciocínio Lógico
1. Visa avaliar a habilidade do candidato em entender a estrutura lógica das relações arbitrárias entre pessoas, lugares, coisas, eventos
fictícios; deduzir novas informações das relações fornecidas e avaliar as condições usadas para estabelecer a estrutura daquelas
relações. Visa também avaliar se o candidato identifica as regularidades de uma sequência, numérica ou figural, de modo a indicar
qual é o elemento de uma dada posição. As questões desta prova poderão tratar das seguintes áreas: estruturas lógicas, lógicas de
argumentação, diagramas lógicos, sequências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01

Prova Anterior
1. Língua Portuguesa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Conhecimentos em direito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08
3. Conhecimentos Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
4. Matemática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
5. Informática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
6. Raciocínio Lógico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
LÍNGUA PORTUGUESA
1. Análise, compreensão e interpretação de diversos tipos de textos verbais, não verbais, literários e não literários. Informações literais
e inferências possíveis. Ponto de vista do autor. Estruturação do texto: relações entre ideias; recursos de coesão . . . . . . . . . . . . . 01
2. Significação contextual de palavras e expressões. Sinônimos e antônimos. Sentido próprio e figurado das palavras . . . . . . . . . . . 15
3. Classes de palavras: emprego e sentido que imprimem às relações que estabelecem: substantivo, adjetivo, artigo, numeral, pronome,
verbo, advérbio, preposição e conjunção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
4. Concordância verbal e nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
5. Regência verbal e nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
6. Colocação pronominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
7. Crase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
8. Pontuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
LÍNGUA PORTUGUESA
• Linguagem Mista (ou híbrida) é aquele que utiliza tanto as pa-
ANÁLISE, COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE DI- lavras quanto as imagens. Ou seja, é a junção da linguagem verbal
VERSOS TIPOS DE TEXTOS VERBAIS, NÃO VERBAIS, com a não-verbal.
LITERÁRIOS E NÃO LITERÁRIOS. INFORMAÇÕES LITE-
RAIS E INFERÊNCIAS POSSÍVEIS. PONTO DE VISTA DO
AUTOR. ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO: RELAÇÕES ENTRE
IDEIAS; RECURSOS DE COESÃO

Compreensão e interpretação de textos


Chegamos, agora, em um ponto muito importante para todo o
seu estudo: a interpretação de textos. Desenvolver essa habilidade
é essencial e pode ser um diferencial para a realização de uma boa
prova de qualquer área do conhecimento.
Mas você sabe a diferença entre compreensão e interpreta-
ção?
A compreensão é quando você entende o que o texto diz de
forma explícita, aquilo que está na superfície do texto.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Por meio dessa frase, podemos entender que houve um tempo
que Jorge era infeliz, devido ao cigarro. Além de saber desses conceitos, é importante sabermos iden-
A interpretação é quando você entende o que está implícito, tificar quando um texto é baseado em outro. O nome que damos a
nas entrelinhas, aquilo que está de modo mais profundo no texto este processo é intertextualidade.
ou que faça com que você realize inferências.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz. Interpretação de Texto
Já compreendemos que Jorge era infeliz quando fumava, mas Interpretar um texto quer dizer dar sentido, inferir, chegar a
podemos interpretar que Jorge parou de fumar e que agora é feliz. uma conclusão do que se lê. A interpretação é muito ligada ao su-
Percebeu a diferença? bentendido. Sendo assim, ela trabalha com o que se pode deduzir
de um texto.
Tipos de Linguagem A interpretação implica a mobilização dos conhecimentos pré-
Existem três tipos de linguagem que precisamos saber para vios que cada pessoa possui antes da leitura de um determinado
que facilite a interpretação de textos. texto, pressupõe que a aquisição do novo conteúdo lido estabeleça
• Linguagem Verbal é aquela que utiliza somente palavras. Ela uma relação com a informação já possuída, o que leva ao cresci-
pode ser escrita ou oral. mento do conhecimento do leitor, e espera que haja uma aprecia-
ção pessoal e crítica sobre a análise do novo conteúdo lido, afetan-
do de alguma forma o leitor.
Sendo assim, podemos dizer que existem diferentes tipos de
leitura: uma leitura prévia, uma leitura seletiva, uma leitura analíti-
ca e, por fim, uma leitura interpretativa.

É muito importante que você:


- Assista os mais diferenciados jornais sobre a sua cidade, esta-
do, país e mundo;
- Se possível, procure por jornais escritos para saber de notícias
(e também da estrutura das palavras para dar opiniões);
- Leia livros sobre diversos temas para sugar informações orto-
gráficas, gramaticais e interpretativas;
- Procure estar sempre informado sobre os assuntos mais po-
lêmicos;
• Linguagem não-verbal é aquela que utiliza somente imagens, - Procure debater ou conversar com diversas pessoas sobre
fotos, gestos... não há presença de nenhuma palavra. qualquer tema para presenciar opiniões diversas das suas.

Dicas para interpretar um texto:


– Leia lentamente o texto todo.
No primeiro contato com o texto, o mais importante é tentar
compreender o sentido global do texto e identificar o seu objetivo.

– Releia o texto quantas vezes forem necessárias.


Assim, será mais fácil identificar as ideias principais de cada pa-
rágrafo e compreender o desenvolvimento do texto.

– Sublinhe as ideias mais importantes.


Sublinhar apenas quando já se tiver uma boa noção da ideia
principal e das ideias secundárias do texto.
– Separe fatos de opiniões.

1
LÍNGUA PORTUGUESA
O leitor precisa separar o que é um fato (verdadeiro, objetivo CACHORROS
e comprovável) do que é uma opinião (pessoal, tendenciosa e mu-
tável). Os zoólogos acreditam que o cachorro se originou de uma es-
– Retorne ao texto sempre que necessário. pécie de lobo que vivia na Ásia. Depois os cães se juntaram aos
Além disso, é importante entender com cuidado e atenção os seres humanos e se espalharam por quase todo o mundo. Essa ami-
enunciados das questões. zade começou há uns 12 mil anos, no tempo em que as pessoas
precisavam caçar para se alimentar. Os cachorros perceberam que,
– Reescreva o conteúdo lido. se não atacassem os humanos, podiam ficar perto deles e comer a
Para uma melhor compreensão, podem ser feitos resumos, tó- comida que sobrava. Já os homens descobriram que os cachorros
picos ou esquemas. podiam ajudar a caçar, a cuidar de rebanhos e a tomar conta da
casa, além de serem ótimos companheiros. Um colaborava com o
Além dessas dicas importantes, você também pode grifar pa- outro e a parceria deu certo.
lavras novas, e procurar seu significado para aumentar seu vocabu-
lário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas são uma Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o pos-
distração, mas também um aprendizado. sível assunto abordado no texto. Embora você imagine que o texto
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a com- vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente o que ele
preensão do texto e ajudar a aprovação, ela também estimula nos- falaria sobre cães. Repare que temos várias informações ao longo
sa imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem dos cães, a asso-
nosso foco, cria perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além ciação entre eles e os seres humanos, a disseminação dos cães pelo
de melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de memória. mundo, as vantagens da convivência entre cães e homens.
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias se- As informações que se relacionam com o tema chamamos de
letas e organizadas, através dos parágrafos que é composto pela subtemas (ou ideias secundárias). Essas informações se integram,
ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão ou seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer uma unida-
do texto. de de sentido. Portanto, pense: sobre o que exatamente esse texto
O primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é a fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certamente você chegou à
identificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-se as conclusão de que o texto fala sobre a relação entre homens e cães.
ideias secundárias, ou fundamentações, as argumentações, ou ex- Se foi isso que você pensou, parabéns! Isso significa que você foi
plicações, que levem ao esclarecimento das questões apresentadas capaz de identificar o tema do texto!
na prova.
Compreendido tudo isso, interpretar significa extrair um sig- Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-ideias-
nificado. Ou seja, a ideia está lá, às vezes escondida, e por isso o -secundarias/
candidato só precisa entendê-la – e não a complementar com al-
gum valor individual. Portanto, apegue-se tão somente ao texto, e IDENTIFICAÇÃO DE EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM
nunca extrapole a visão dele. TEXTOS VARIADOS

IDENTIFICANDO O TEMA DE UM TEXTO Ironia


O tema é a ideia principal do texto. É com base nessa ideia Ironia é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que
principal que o texto será desenvolvido. Para que você consiga está pensando ou sentindo (ou por pudor em relação a si próprio ou
identificar o tema de um texto, é necessário relacionar as diferen- com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem).
tes informações de forma a construir o seu sentido global, ou seja, A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou ex-
você precisa relacionar as múltiplas partes que compõem um todo pressão que, em um outro contexto diferente do usual, ganha um
significativo, que é o texto. novo sentido, gerando um efeito de humor.
Em muitas situações, por exemplo, você foi estimulado a ler Exemplo:
um texto por sentir-se atraído pela temática resumida no título.
Pois o título cumpre uma função importante: antecipar informa-
ções sobre o assunto que será tratado no texto.
Em outras situações, você pode ter abandonado a leitura por-
que achou o título pouco atraente ou, ao contrário, sentiu-se atraí-
do pelo título de um livro ou de um filme, por exemplo. É muito
comum as pessoas se interessarem por temáticas diferentes, de-
pendendo do sexo, da idade, escolaridade, profissão, preferências
pessoais e experiência de mundo, entre outros fatores.
Mas, sobre que tema você gosta de ler? Esportes, namoro, se-
xualidade, tecnologia, ciências, jogos, novelas, moda, cuidados com
o corpo? Perceba, portanto, que as temáticas são praticamente in-
finitas e saber reconhecer o tema de um texto é condição essen-
cial para se tornar um leitor hábil. Vamos, então, começar nossos
estudos?
Propomos, inicialmente, que você acompanhe um exercício
bem simples, que, intuitivamente, todo leitor faz ao ler um texto:
reconhecer o seu tema. Vamos ler o texto a seguir?

2
LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplo:

Na construção de um texto, ela pode aparecer em três modos:


ironia verbal, ironia de situação e ironia dramática (ou satírica).

Ironia verbal ANÁLISE E A INTERPRETAÇÃO DO TEXTO SEGUNDO O GÊ-


Ocorre quando se diz algo pretendendo expressar outro sig- NERO EM QUE SE INSCREVE
nificado, normalmente oposto ao sentido literal. A expressão e a Compreender um texto trata da análise e decodificação do que
intenção são diferentes. de fato está escrito, seja das frases ou das ideias presentes. Inter-
Exemplo: Você foi tão bem na prova! Tirou um zero incrível! pretar um texto, está ligado às conclusões que se pode chegar ao
conectar as ideias do texto com a realidade. Interpretação trabalha
Ironia de situação com a subjetividade, com o que se entendeu sobre o texto.
A intenção e resultado da ação não estão alinhados, ou seja, o Interpretar um texto permite a compreensão de todo e qual-
resultado é contrário ao que se espera ou que se planeja. quer texto ou discurso e se amplia no entendimento da sua ideia
Exemplo: Quando num texto literário uma personagem plane- principal. Compreender relações semânticas é uma competência
ja uma ação, mas os resultados não saem como o esperado. No imprescindível no mercado de trabalho e nos estudos.
livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, a Quando não se sabe interpretar corretamente um texto po-
personagem título tem obsessão por ficar conhecida. Ao longo da de-se criar vários problemas, afetando não só o desenvolvimento
vida, tenta de muitas maneiras alcançar a notoriedade sem suces- profissional, mas também o desenvolvimento pessoal.
so. Após a morte, a personagem se torna conhecida. A ironia é que
planejou ficar famoso antes de morrer e se tornou famoso após a Busca de sentidos
morte. Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo
os tópicos frasais presentes em cada parágrafo. Isso auxiliará na
Ironia dramática (ou satírica) apreensão do conteúdo exposto.
A ironia dramática é um dos efeitos de sentido que ocorre nos Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem uma
textos literários quando a personagem tem a consciência de que relação hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias já
suas ações não serão bem-sucedidas ou que está entrando por um citadas ou apresentando novos conceitos.
caminho ruim, mas o leitor já tem essa consciência. Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram explici-
Exemplo: Em livros com narrador onisciente, que sabe tudo o tadas pelo autor. Textos argumentativos não costumam conceder
que se passa na história com todas as personagens, é mais fácil apa- espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas
recer esse tipo de ironia. A peça como Romeu e Julieta, por exem- entrelinhas. Deve-se ater às ideias do autor, o que não quer dizer
plo, se inicia com a fala que relata que os protagonistas da história que o leitor precise ficar preso na superfície do texto, mas é fun-
irão morrer em decorrência do seu amor. As personagens agem ao damental que não sejam criadas suposições vagas e inespecíficas.
longo da peça esperando conseguir atingir seus objetivos, mas a
plateia já sabe que eles não serão bem-sucedidos. Importância da interpretação
A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para se
Humor informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e a inter-
Nesse caso, é muito comum a utilização de situações que pare- pretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de conteúdos
çam cômicas ou surpreendentes para provocar o efeito de humor. específicos, aprimora a escrita.
Situações cômicas ou potencialmente humorísticas comparti- Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros fa-
lham da característica do efeito surpresa. O humor reside em ocor- tores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos dos detalhes pre-
rer algo fora do esperado numa situação. sentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz sufi-
Há diversas situações em que o humor pode aparecer. Há as ciente. Interpretar exige paciência e, por isso, sempre releia o texto,
tirinhas e charges, que aliam texto e imagem para criar efeito cômi- pois a segunda leitura pode apresentar aspectos surpreendentes que
co; há anedotas ou pequenos contos; e há as crônicas, frequente- não foram observados previamente. Para auxiliar na busca de senti-
mente acessadas como forma de gerar o riso. dos do texto, pode-se também retirar dele os tópicos frasais presen-
Os textos com finalidade humorística podem ser divididos em tes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará na apreensão do
quatro categorias: anedotas, cartuns, tiras e charges. conteúdo exposto. Lembre-se de que os parágrafos não estão organi-
zados, pelo menos em um bom texto, de maneira aleatória, se estão
no lugar que estão, é porque ali se fazem necessários, estabelecen-
do uma relação hierárquica do pensamento defendido, retomando
ideias já citadas ou apresentando novos conceitos.

3
LÍNGUA PORTUGUESA
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo au- Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como objetivo
tor: os textos argumentativos não costumam conceder espaço para de informar, aconselhar, ou seja, recomendam dando uma certa
divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas. liberdade para quem recebe a informação.
Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer que você
precise ficar preso na superfície do texto, mas é fundamental que DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO SOBRE ESSE FATO
não criemos, à revelia do autor, suposições vagas e inespecíficas.
Ler com atenção é um exercício que deve ser praticado à exaustão, Fato
assim como uma técnica, que fará de nós leitores proficientes. O fato é algo que aconteceu ou está acontecendo. A existência
do fato pode ser constatada de modo indiscutível. O fato pode é
Diferença entre compreensão e interpretação uma coisa que aconteceu e pode ser comprovado de alguma ma-
A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do neira, através de algum documento, números, vídeo ou registro.
texto e verificar o que realmente está escrito nele. Já a interpreta- Exemplo de fato:
ção imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade. O A mãe foi viajar.
leitor tira conclusões subjetivas do texto.
Interpretação
Gêneros Discursivos É o ato de dar sentido ao fato, de entendê-lo. Interpretamos
Romance: descrição longa de ações e sentimentos de perso- quando relacionamos fatos, os comparamos, buscamos suas cau-
nagens fictícios, podendo ser de comparação com a realidade ou sas, previmos suas consequências.
totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e uma Entre o fato e sua interpretação há uma relação lógica: se
novela é a extensão do texto, ou seja, o romance é mais longo. No apontamos uma causa ou consequência, é necessário que seja
romance nós temos uma história central e várias histórias secun- plausível. Se comparamos fatos, é preciso que suas semelhanças ou
dárias. diferenças sejam detectáveis.

Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmente Exemplos de interpretação:
A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
imaginário. Com linguagem linear e curta, envolve poucas perso-
tro país.
nagens, que geralmente se movimentam em torno de uma única
A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
ação, dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas ações
do que com a filha.
encaminham-se diretamente para um desfecho.
Opinião
Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferencia-
A opinião é a avaliação que se faz de um fato considerando um
do por sua extensão. Ela fica entre o conto e o romance, e tem
juízo de valor. É um julgamento que tem como base a interpretação
a história principal, mas também tem várias histórias secundárias. que fazemos do fato.
O tempo na novela é baseada no calendário. O tempo e local são Nossas opiniões costumam ser avaliadas pelo grau de coerên-
definidos pelas histórias dos personagens. A história (enredo) tem cia que mantêm com a interpretação do fato. É uma interpretação
um ritmo mais acelerado do que a do romance por ter um texto do fato, ou seja, um modo particular de olhar o fato. Esta opinião
mais curto. pode alterar de pessoa para pessoa devido a fatores socioculturais.
Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações Exemplos de opiniões que podem decorrer das interpretações
que nós mesmos já vivemos e normalmente é utilizado a ironia para anteriores:
mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica o tempo não A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
é relevante e quando é citado, geralmente são pequenos intervalos tro país. Ela tomou uma decisão acertada.
como horas ou mesmo minutos. A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
do que com a filha. Ela foi egoísta.
Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da lin-
guagem, fazendo-o de maneira particular, refletindo o momento, Muitas vezes, a interpretação já traz implícita uma opinião.
a vida dos homens através de figuras que possibilitam a criação de Por exemplo, quando se mencionam com ênfase consequên-
imagens. cias negativas que podem advir de um fato, se enaltecem previsões
positivas ou se faz um comentário irônico na interpretação, já esta-
Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a mos expressando nosso julgamento.
opinião do editor através de argumentos e fatos sobre um assunto É muito importante saber a diferença entre o fato e opinião,
que está sendo muito comentado (polêmico). Sua intenção é con- principalmente quando debatemos um tema polêmico ou quando
vencer o leitor a concordar com ele. analisamos um texto dissertativo.

Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de um Exemplo:


entrevistador e um entrevistado para a obtenção de informações. A mãe viajou e deixou a filha só. Nem deve estar se importando
Tem como principal característica transmitir a opinião de pessoas com o sofrimento da filha.
de destaque sobre algum assunto de interesse.
ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS
Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materiali- Uma boa redação é dividida em ideias relacionadas entre si
za em uma concretude da realidade. A cantiga de roda permite as ajustadas a uma ideia central que norteia todo o pensamento do
crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita, ajudan- texto. Um dos maiores problemas nas redações é estruturar as
do os professores a identificar o nível de alfabetização delas. ideias para fazer com que o leitor entenda o que foi dito no texto.
Fazer uma estrutura no texto para poder guiar o seu pensamento
e o do leitor.

4
LÍNGUA PORTUGUESA
Parágrafo Língua escrita e língua falada
O parágrafo organizado em torno de uma ideia-núcleo, que é A língua escrita não é a simples reprodução gráfica da língua
desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser forma- falada, por que os sinais gráficos não conseguem registrar grande
do por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. No texto parte dos elementos da fala, como o timbre da voz, a entonação,
dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar todos rela- e ainda os gestos e a expressão facial. Na realidade a língua falada
cionados com a tese ou ideia principal do texto, geralmente apre- é mais descontraída, espontânea e informal, porque se manifesta
sentada na introdução. na conversação diária, na sensibilidade e na liberdade de expressão
do falante. Nessas situações informais, muitas regras determinadas
Embora existam diferentes formas de organização de parágra- pela língua padrão são quebradas em nome da naturalidade, da li-
fos, os textos dissertativo-argumentativos e alguns gêneros jorna- berdade de expressão e da sensibilidade estilística do falante.
lísticos apresentam uma estrutura-padrão. Essa estrutura consiste
em três partes: a ideia-núcleo, as ideias secundárias (que desenvol- Linguagem popular e linguagem culta
vem a ideia-núcleo) e a conclusão (que reafirma a ideia-básica). Em Podem valer-se tanto da linguagem popular quanto da lingua-
parágrafos curtos, é raro haver conclusão. gem culta. Obviamente a linguagem popular é mais usada na fala,
nas expressões orais cotidianas. Porém, nada impede que ela esteja
Introdução: faz uma rápida apresentação do assunto e já traz presente em poesias (o Movimento Modernista Brasileiro procu-
uma ideia da sua posição no texto, é normalmente aqui que você rou valorizar a linguagem popular), contos, crônicas e romances em
irá identificar qual o problema do texto, o porque ele está sendo que o diálogo é usado para representar a língua falada.
escrito. Normalmente o tema e o problema são dados pela própria
prova. Linguagem Popular ou Coloquial
Usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se qua-
Desenvolvimento: elabora melhor o tema com argumentos e se sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de
ideias que apoiem o seu posicionamento sobre o assunto. É possí- linguagem (solecismo – erros de regência e concordância; barbaris-
vel usar argumentos de várias formas, desde dados estatísticos até mo – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia;
pleonasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela coorde-
citações de pessoas que tenham autoridade no assunto.
nação, que ressalta o caráter oral e popular da língua. A linguagem
popular está presente nas conversas familiares ou entre amigos,
Conclusão: faz uma retomada breve de tudo que foi abordado
anedotas, irradiação de esportes, programas de TV e auditório, no-
e conclui o texto. Esta última parte pode ser feita de várias ma-
velas, na expressão dos esta dos emocionais etc.
neiras diferentes, é possível deixar o assunto ainda aberto criando
uma pergunta reflexiva, ou concluir o assunto com as suas próprias
A Linguagem Culta ou Padrão
conclusões a partir das ideias e argumentos do desenvolvimento.
É a ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que
se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pessoas ins-
Outro aspecto que merece especial atenção são  os conecto- truídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediên-
res. São responsáveis pela coesão do texto e tornam a leitura mais cia às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem
fluente, visando estabelecer um encadeamento lógico entre as escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial,
ideias e servem de ligação entre o parágrafo, ou no interior do pe- mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas,
ríodo, e o tópico que o antecede. conferências, sermões, discursos políticos, comunicações científi-
Saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase, quanto cas, noticiários de TV, programas culturais etc.
ao passar de um enunciado para outro, é uma exigência também
para a clareza do texto. Gíria
Sem os conectores (pronomes relativos, conjunções, advér- A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais como
bios, preposições, palavras denotativas) as ideias não fluem, muitas arma de defesa contra as classes dominantes. Esses grupos utilizam
vezes o pensamento não se completa, e o texto torna-se obscuro, a gíria como meio de expressão do cotidiano, para que as mensa-
sem coerência. gens sejam decodificadas apenas por eles mesmos.
Esta estrutura é uma das mais utilizadas em textos argumenta- Assim a gíria é criada por determinados grupos que divulgam
tivos, e por conta disso é mais fácil para os leitores. o palavreado para outros grupos até chegar à mídia. Os meios de
Existem diversas formas de se estruturar cada etapa dessa es- comunicação de massa, como a televisão e o rádio, propagam os
trutura de texto, entretanto, apenas segui-la já leva ao pensamento novos vocábulos, às vezes, também inventam alguns. A gíria pode
mais direto. acabar incorporada pela língua oficial, permanecer no vocabulário
de pequenos grupos ou cair em desuso.
NÍVEIS DE LINGUAGEM Ex.: “chutar o pau da barraca”, “viajar na maionese”, “galera”,
“mina”, “tipo assim”.
Definição de linguagem
Linguagem é qualquer meio sistemático de comunicar ideias Linguagem vulgar
ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos, Existe uma linguagem vulgar relacionada aos que têm pouco
gestuais etc. A linguagem é individual e flexível e varia dependendo ou nenhum contato com centros civilizados. Na linguagem vulgar
da idade, cultura, posição social, profissão etc. A maneira de arti- há estruturas com “nóis vai, lá”, “eu di um beijo”, “Ponhei sal na
cular as palavras, organizá-las na frase, no texto, determina nossa comida”.
linguagem, nosso estilo (forma de expressão pessoal).
As inovações linguísticas, criadas pelo falante, provocam, com Linguagem regional
o decorrer do tempo, mudanças na estrutura da língua, que só as Regionalismos são variações geográficas do uso da língua pa-
incorpora muito lentamente, depois de aceitas por todo o grupo so- drão, quanto às construções gramaticais e empregos de certas pa-
cial. Muitas novidades criadas na linguagem não vingam na língua lavras e expressões. Há, no Brasil, por exemplo, os falares amazôni-
e caem em desuso. co, nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino.

5
LÍNGUA PORTUGUESA
Tipos e genêros textuais Tipo textual expositivo
Os tipos textuais configuram-se como modelos fixos e abran- A dissertação é o ato de apresentar ideias, desenvolver racio-
gentes que objetivam a distinção e definição da estrutura, bem cínio, analisar contextos, dados e fatos, por meio de exposição, dis-
como aspectos linguísticos de narração, dissertação, descrição e cussão, argumentação e defesa do que pensamos. A dissertação
explicação. Eles apresentam estrutura definida e tratam da forma pode ser expositiva ou argumentativa.
como um texto se apresenta e se organiza. Existem cinco tipos clás- A dissertação-expositiva é caracterizada por esclarecer um as-
sicos que aparecem em provas: descritivo, injuntivo, expositivo (ou sunto de maneira atemporal, com o objetivo de explicá-lo de ma-
dissertativo-expositivo) dissertativo e narrativo. Vejamos alguns neira clara, sem intenção de convencer o leitor ou criar debate.
exemplos e as principais características de cada um deles.
Características principais:
Tipo textual descritivo • Apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão.
A descrição é uma modalidade de composição textual cujo • O objetivo não é persuadir, mas meramente explicar, infor-
objetivo é fazer um retrato por escrito (ou não) de um lugar, uma mar.
pessoa, um animal, um pensamento, um sentimento, um objeto, • Normalmente a marca da dissertação é o verbo no presente.
um movimento etc. • Amplia-se a ideia central, mas sem subjetividade ou defesa
Características principais: de ponto de vista.
• Os recursos formais mais encontrados são os de valor adje- • Apresenta linguagem clara e imparcial.
tivo (adjetivo, locução adjetiva e oração adjetiva), por sua função
caracterizadora. Exemplo:
• Há descrição objetiva e subjetiva, normalmente numa enu- O texto dissertativo consiste na ampliação, na discussão, no
meração. questionamento, na reflexão, na polemização, no debate, na ex-
• A noção temporal é normalmente estática. pressão de um ponto de vista, na explicação a respeito de um de-
• Normalmente usam-se verbos de ligação para abrir a defini- terminado tema.
ção. Existem dois tipos de dissertação bem conhecidos: a disserta-
• Normalmente aparece dentro de um texto narrativo. ção expositiva (ou informativa) e a argumentativa (ou opinativa).
• Os gêneros descritivos mais comuns são estes: manual, anún- Portanto, pode-se dissertar simplesmente explicando um as-
cio, propaganda, relatórios, biografia, tutorial. sunto, imparcialmente, ou discutindo-o, parcialmente.

Exemplo: Tipo textual dissertativo-argumentativo


Era uma casa muito engraçada Este tipo de texto — muito frequente nas provas de concur-
Não tinha teto, não tinha nada sos — apresenta posicionamentos pessoais e exposição de ideias
Ninguém podia entrar nela, não apresentadas de forma lógica. Com razoável grau de objetividade,
Porque na casa não tinha chão clareza, respeito pelo registro formal da língua e coerência, seu in-
Ninguém podia dormir na rede tuito é a defesa de um ponto de vista que convença o interlocutor
Porque na casa não tinha parede (leitor ou ouvinte).
Ninguém podia fazer pipi
Porque penico não tinha ali Características principais:
Mas era feita com muito esmero • Presença de estrutura básica (introdução, desenvolvimento
Na rua dos bobos, número zero e conclusão): ideia principal do texto (tese); argumentos (estraté-
(Vinícius de Moraes) gias argumentativas: causa-efeito, dados estatísticos, testemunho
de autoridade, citações, confronto, comparação, fato, exemplo,
TIPO TEXTUAL INJUNTIVO enumeração...); conclusão (síntese dos pontos principais com su-
A injunção indica como realizar uma ação, aconselha, impõe, gestão/solução).
instrui o interlocutor. Chamado também de texto instrucional, o • Utiliza verbos na 1ª pessoa (normalmente nas argumenta-
tipo de texto injuntivo é utilizado para predizer acontecimentos e ções informais) e na 3ª pessoa do presente do indicativo (normal-
comportamentos, nas leis jurídicas. mente nas argumentações formais) para imprimir uma atemporali-
dade e um caráter de verdade ao que está sendo dito.
Características principais: • Privilegiam-se as estruturas impessoais, com certas modali-
• Normalmente apresenta frases curtas e objetivas, com ver- zações discursivas (indicando noções de possibilidade, certeza ou
bos de comando, com tom imperativo; há também o uso do futuro probabilidade) em vez de juízos de valor ou sentimentos exaltados.
do presente (10 mandamentos bíblicos e leis diversas). • Há um cuidado com a progressão temática, isto é, com o de-
• Marcas de interlocução: vocativo, verbos e pronomes de 2ª senvolvimento coerente da ideia principal, evitando-se rodeios.
pessoa ou 1ª pessoa do plural, perguntas reflexivas etc.
Exemplo:
Exemplo: A maioria dos problemas existentes em um país em desenvol-
Impedidos do Alistamento Eleitoral (art. 5º do Código Eleito- vimento, como o nosso, podem ser resolvidos com uma eficiente
ral) – Não podem alistar-se eleitores: os que não saibam exprimir-se administração política (tese), porque a força governamental certa-
na língua nacional, e os que estejam privados, temporária ou defi- mente se sobrepõe a poderes paralelos, os quais – por negligência
nitivamente dos direitos políticos. Os militares são alistáveis, desde de nossos representantes – vêm aterrorizando as grandes metró-
que oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-marinha, subtenentes ou poles. Isso ficou claro no confronto entre a força militar do RJ e os
suboficiais, sargentos ou alunos das escolas militares de ensino su- traficantes, o que comprovou uma verdade simples: se for do desejo
perior para formação de oficiais. dos políticos uma mudança radical visando o bem-estar da popula-
ção, isso é plenamente possível (estratégia argumentativa: fato-
-exemplo). É importante salientar, portanto, que não devemos ficar

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LÍNGUA PORTUGUESA
de mãos atadas à espera de uma atitude do governo só quando o Dissertativo-argumentativo Editorial Jornalístico
caos se estabelece; o povo tem e sempre terá de colaborar com uma Carta de opinião
cobrança efetiva (conclusão). Resenha
Artigo
Tipo textual narrativo Ensaio
O texto narrativo é uma modalidade textual em que se conta Monografia, dissertação de
um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e mestrado e tese de doutorado
lugar, envolvendo certos personagens. Toda narração tem um en-
redo, personagens, tempo, espaço e narrador (ou foco narrativo). Narrativo Romance
Novela
Características principais: Crônica
• O tempo verbal predominante é o passado. Contos de Fada
• Foco narrativo com narrador de 1ª pessoa (participa da his- Fábula
tória – onipresente) ou de 3ª pessoa (não participa da história – Lendas
onisciente).
• Normalmente, nos concursos públicos, o texto aparece em Sintetizando: os tipos textuais são fixos, finitos e tratam da
prosa, não em verso. forma como o texto se apresenta. Os gêneros textuais são fluidos,
infinitos e mudam de acordo com a demanda social.
Exemplo:
Solidão INTERTEXTUALIDADE
João era solteiro, vivia só e era feliz. Na verdade, a solidão era A  intertextualidade  é um recurso realizado entre textos, ou
o que o tornava assim. Conheceu Maria, também solteira, só e fe- seja, é a influência e relação que um estabelece sobre o outro. As-
liz. Tão iguais, a afinidade logo se transforma em paixão. Casam-se. sim, determina o fenômeno relacionado ao processo de produção
Dura poucas semanas. Não havia mesmo como dar certo: ao se uni- de textos que faz referência (explícita ou implícita) aos elementos
rem, um tirou do outro a essência da felicidade. existentes em outro texto, seja a nível de conteúdo, forma ou de
Nelson S. Oliveira ambos: forma e conteúdo.
Fonte: https://www.recantodasletras.com.br/contossur- Grosso modo, a intertextualidade é o diálogo entre textos, de
reais/4835684 forma que essa relação pode ser estabelecida entre as produções
textuais que apresentem diversas linguagens (visual, auditiva, escri-
GÊNEROS TEXTUAIS ta), sendo expressa nas artes (literatura, pintura, escultura, música,
Já os gêneros textuais (ou discursivos) são formas diferentes dança, cinema), propagandas publicitárias, programas televisivos,
de expressão comunicativa. As muitas formas de elaboração de um provérbios, charges, dentre outros.
texto se tornam gêneros, de acordo com a intenção do seu pro-
dutor. Logo, os gêneros apresentam maior diversidade e exercem Tipos de Intertextualidade
funções sociais específicas, próprias do dia a dia. Ademais, são • Paródia: perversão do texto anterior que aparece geralmen-
passíveis de modificações ao longo do tempo, mesmo que preser- te, em forma de crítica irônica de caráter humorístico. Do grego
vando características preponderantes. Vejamos, agora, uma tabela (parodès), a palavra “paródia” é formada pelos termos “para” (se-
que apresenta alguns gêneros textuais classificados com os tipos melhante) e “odes” (canto), ou seja, “um canto (poesia) semelhan-
textuais que neles predominam. te a outro”. Esse recurso é muito utilizado pelos programas humo-
rísticos.
• Paráfrase: recriação de um texto já existente mantendo a
Tipo Textual Predominante Gêneros Textuais
mesma ideia contida no texto original, entretanto, com a utilização
Descritivo Diário de outras palavras. O vocábulo “paráfrase”, do grego (paraphrasis),
Relatos (viagens, históricos, etc.) significa a “repetição de uma sentença”.
Biografia e autobiografia • Epígrafe: recurso bastante utilizado em obras e textos cientí-
Notícia ficos. Consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha
Currículo alguma relação com o que será discutido no texto. Do grego, o ter-
Lista de compras mo “epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior)
Cardápio e “graphé” (escrita).
Anúncios de classificados • Citação: Acréscimo de partes de outras obras numa produção
Injuntivo Receita culinária textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem expressa
Bula de remédio entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro autor.
Manual de instruções Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação sem re-
Regulamento lacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o termo
Textos prescritivos “citação” (citare) significa convocar.
• Alusão: Faz referência aos elementos presentes em outros
Expositivo Seminários textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois
Palestras termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).
Conferências • Outras formas de intertextualidade menos discutidas são
Entrevistas o pastiche, o sample, a tradução e a bricolagem.
Trabalhos acadêmicos
Enciclopédia
Verbetes de dicionários

7
LÍNGUA PORTUGUESA
ARGUMENTAÇÃO confiável do que os concorrentes porque existe desde a chegada
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma informa- da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-nos que um
ção a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem positiva banco com quase dois séculos de existência é sólido e, por isso,
de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, ou inteligente, confiável. Embora não haja relação necessária entre a solidez de
ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz seja admitido como uma instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso argu-
verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de convencer, ou seja, tem mentativo na afirmação da confiabilidade de um banco. Portanto é
o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e faça o que ele provável que se creia que um banco mais antigo seja mais confiável
propõe. do que outro fundado há dois ou três anos.
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante en-
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo tender bem como eles funcionam.
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
vista defendidos. acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o auditó-
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas rio, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fácil quanto
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a mais os argumentos estiverem de acordo com suas crenças, suas
veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse expectativas, seus valores. Não se pode convencer um auditório
acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocu- pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas que ele abomi-
tor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o na. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas que ele considera
que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem com frequência
da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recur- associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos Estados Unidos,
sos de linguagem. essa associação certamente não surtiria efeito, porque lá o futebol
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom não é valorizado da mesma forma que no Brasil. O poder persuasi-
voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa vo de um argumento está vinculado ao que é valorizado ou desva-
obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem lorizado numa dada cultura.
de escolher entre duas ou mais coisas”.
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma des- Tipos de Argumento
vantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argumentar. Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a fa-
Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas zer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um argu-
coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, pre- mento. Exemplo:
cisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O argu-
Argumento de Autoridade
mento pode então ser definido como qualquer recurso que torna
É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas
uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua no
pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber, para
domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor crer
servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse re-
que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais pos-
curso produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do pro-
sível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra.
dutor do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de
texto a garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do
um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o texto um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente
enunciador está propondo. e verdadeira. Exemplo:
Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação. “A imaginação é mais importante do que o conhecimento.”
O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende
demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das pre- Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para
missas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos postulados ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há conhe-
admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não dependem de cimento. Nunca o inverso.
crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadea- Alex José Periscinoto.
mento de premissas e conclusões. In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2
Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento:
A é igual a B. A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais im-
A é igual a C. portante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir a
Então: C é igual a A. ela, o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo.
Se um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem
Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamen- acreditar que é verdade.
te, que C é igual a A.
Outro exemplo: Argumento de Quantidade
Todo ruminante é um mamífero. É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior nú-
A vaca é um ruminante. mero de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior
Logo, a vaca é um mamífero. duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento
desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz
Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão largo uso do argumento de quantidade.
também será verdadeira.
No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele, Argumento do Consenso
a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-se É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se
mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais plau- em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como
sível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-se mais verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que

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LÍNGUA PORTUGUESA
o objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia de - Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em
que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao indiscu- conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve
tível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que não por bem determinar o internamento do governador pelo período
desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, as de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de que - Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque al-
as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. Ao guns deles são barrapesada, a gente botou o governador no hospi-
confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos argu- tal por três dias.
mentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as frases
carentes de qualquer base científica. Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumen-
tativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, para ser
Argumento de Existência ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunicação
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que pretenda ser,
aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas um texto tem sempre uma orientação argumentativa.
provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o ar- A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante
gumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na mão traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um
do que dois voando”. homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza.
(fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas con- O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto
cretas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. Duran- dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos episó-
te a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o exér- dios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e não
cito americano era muito mais poderoso do que o iraquiano. Essa outras, etc. Veja:
afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia ser “O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras troca-
vista como propagandística. No entanto, quando documentada vam abraços afetuosos.”
pela comparação do número de canhões, de carros de combate, de
navios, etc., ganhava credibilidade.
O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras
e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse
Argumento quase lógico
fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até,
É aquele que opera com base nas relações lógicas, como cau-
que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada.
sa e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios
Além dos defeitos de argumentação mencionados quando tra-
são chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios
tamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros:
lógicos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias en-
- Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão am-
tre os elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis,
plausíveis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a plo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu contrá-
C”, “então A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade rio. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, pode
lógica. Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu ser usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras podem ter
amigo” não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade valor positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) ou vir carre-
provável. gadas de valor negativo (autoritarismo, degradação do meio am-
Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente biente, injustiça, corrupção).
aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que con- - Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas
correm para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir do por um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos
tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se são ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para des-
fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais truir o argumento.
com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generaliza- - Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do
ções indevidas. contexto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as
e atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso,
Argumento do Atributo por exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não per-
É aquele que considera melhor o que tem propriedades típicas mite que outras crescam”, em que o termo imperialismo é desca-
daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais bido, uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a
raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o reduzir outros à sua dependência política e econômica”.
que é mais grosseiro, etc.
Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, ce- A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situa-
lebridades recomendando prédios residenciais, produtos de beleza, ção concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvi-
alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o consumidor ten- dos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação,
de a associar o produto anunciado com atributos da celebridade. o assunto, etc).
Uma variante do argumento de atributo é o argumento da Convém ainda alertar que não se convence ninguém com ma-
competência linguística. A utilização da variante culta e formal da nifestações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo
língua que o produtor do texto conhece a norma linguística social- mentir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas
mente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um texto feitas (como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é evi-
em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o modo de dente, afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, em seu
dizer dá confiabilidade ao que se diz. texto, sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador
Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saúde deve construir um texto que revele isso. Em outros termos, essas
de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas maneiras qualidades não se prometem, manifestam-se na ação.
indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais adequada A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer
para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria certa estra- verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a
nheza e não criaria uma imagem de competência do médico: que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a
ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro
a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. Ar- regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma
gumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações para che- série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca
gar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é um processo da verdade:
de convencimento, por meio da argumentação, no qual procura-se - evidência;
convencer os outros, de modo a influenciar seu pensamento e seu - divisão ou análise;
comportamento. - ordem ou dedução;
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão válida, - enumeração.
expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia ou propo-
sição, e o interlocutor pode questionar cada passo do raciocínio A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão
empregado na argumentação. A persuasão não válida apoia-se em e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o
argumentos subjetivos, apelos subliminares, chantagens sentimen- encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo.
tais, com o emprego de “apelações”, como a inflexão de voz, a mí- A forma de argumentação mais empregada na redação acadê-
mica e até o choro. mica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, que
Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades, contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e a con-
expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a fa- clusão. As três proposições são encadeadas de tal forma, que a con-
vor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apre- clusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A premissa
senta dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois alguns não
dos dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam caracteriza a universalidade.
uma “tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na dis- Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução (silo-
sertação, ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. gística), que parte do geral para o particular, e a indução, que vai do
Desse ponto de vista, a dissertação pode ser definida como discus- particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo é o
são, debate, questionamento, o que implica a liberdade de pensa- silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se em
mento, a possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A uma conexão descendente (do geral para o particular) que leva à
liberdade de questionar é fundamental, mas não é suficiente para conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais, de
organizar um texto dissertativo. É necessária também a exposição verdades universais, pode-se chegar à previsão ou determinação
dos fundamentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai da causa
de vista. para o efeito. Exemplo:
Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude argu-
mentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de dis- Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal)
curso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia. Fulano é homem (premissa menor = particular)
Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posi- Logo, Fulano é mortal (conclusão)
ções, é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista
e seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas ve- A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseia-
zes, a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre, se em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nes-
essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício para se caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja,
aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em desenvol- parte de fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desco-
ver as seguintes habilidades: nhecidos. O percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa.
- argumentação: anotar todos os argumentos a favor de uma Exemplo:
ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição total- O calor dilata o ferro (particular)
mente contrária; O calor dilata o bronze (particular)
- contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os O calor dilata o cobre (particular)
argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresenta- O ferro, o bronze, o cobre são metais
ria contra a argumentação proposta; Logo, o calor dilata metais (geral, universal)
- refutação: argumentos e razões contra a argumentação oposta.
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido
A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, argu- e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas
mentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões váli- também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fatos,
das, como se procede no método dialético. O método dialético não pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma conclu-
envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas. Trata- são falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição inexata,
-se de um método de investigação da realidade pelo estudo de sua uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa analogia são
ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno em questão e algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe má fé, intenção
da mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade. deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o sofisma não tem
Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou o essas intenções propositais, costuma-se chamar esse processo de
método de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que parte do argumentação de paralogismo. Encontra-se um exemplo simples
simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência são a mes- de sofisma no seguinte diálogo:
ma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a conclusões - Você concorda que possui uma coisa que não perdeu?
verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em partes, co- - Lógico, concordo.
meçando-se pelas proposições mais simples até alcançar, por meio - Você perdeu um brilhante de 40 quilates?
de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio cartesiana, - Claro que não!
é fundamental determinar o problema, dividi-lo em partes, ordenar - Então você possui um brilhante de 40 quilates...
os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os seus elementos
e determinar o lugar de cada um no conjunto da dedução.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplos de sofismas: A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabe-
lece as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as
Dedução partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se
Todo professor tem um diploma (geral, universal) confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos:
Fulano tem um diploma (particular) análise é decomposição e classificação é hierarquisação.
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa) Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenôme-
nos por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a
Indução classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou me-
O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. (parti- nos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores são
cular) empregados de modo mais ou menos convencional. A classificação,
Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular) no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, gêneros e
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades. espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas caracterís-
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral ticas comuns e diferenciadoras. A classificação dos variados itens
– conclusão falsa) integrantes de uma lista mais ou menos caótica é artificial.

Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, cami-
pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são pro- nhão, canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo,
fessores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Reden- relógio, sabiá, torradeira.
tor. Comete-se erro quando se faz generalizações apressadas ou Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá.
infundadas. A “simples inspeção” é a ausência de análise ou análise Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo.
superficial dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, ba- Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira.
seados nos sentimentos não ditados pela razão. Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus.
Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não fundamen-
tais, que contribuem para a descoberta ou comprovação da verda- Os elementos desta lista foram classificados por ordem alfabé-
tica e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer critérios de
de: análise, síntese, classificação e definição. Além desses, existem
classificação das ideias e argumentos, pela ordem de importância, é
outros métodos particulares de algumas ciências, que adaptam os
uma habilidade indispensável para elaborar o desenvolvimento de
processos de dedução e indução à natureza de uma realidade par-
uma redação. Tanto faz que a ordem seja crescente, do fato mais
ticular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu método próprio
importante para o menos importante, ou decrescente, primeiro o
demonstrativo, comparativo, histórico etc. A análise, a síntese, a
menos importante e, no final, o impacto do mais importante; é in-
classificação a definição são chamadas métodos sistemáticos, por-
dispensável que haja uma lógica na classificação. A elaboração do
que pela organização e ordenação das ideias visam sistematizar a
plano compreende a classificação das partes e subdivisões, ou seja,
pesquisa. os elementos do plano devem obedecer a uma hierarquização.
Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados; (Garcia, 1973, p. 302304.)
a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para o Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na
todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma de- introdução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para ex-
pende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto a pressar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara e
síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém, racionalmente as posições assumidas e os argumentos que as jus-
que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém tificam. É muito importante deixar claro o campo da discussão e a
reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu posição adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também
o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstrui- os pontos de vista sobre ele.
ria todo se as partes estivessem organizadas, devidamente com- A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da lingua-
binadas, seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, gem e consiste na enumeração das qualidades próprias de uma
então, o relógio estaria reconstruído. ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento conforme a
Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo por espécie a que pertence, demonstra: a característica que o diferen-
meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num con- cia dos outros elementos dessa mesma espécie.
junto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a análise, Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição
que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma decompo- é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. A
sição organizada, é preciso saber como dividir o todo em partes. As definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às pa-
operações que se realizam na análise e na síntese podem ser assim lavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou
relacionadas: metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica
Análise: penetrar, decompor, separar, dividir. tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos:
Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir. - o termo a ser definido;
- o gênero ou espécie;
A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias - a diferença específica.
a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação
de abordagens possíveis. A síntese também é importante na esco- O que distingue o termo definido de outros elementos da mes-
lha dos elementos que farão parte do texto. ma espécie. Exemplo:
Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou in-
formal. A análise formal pode ser científica ou experimental; é ca- Na frase: O homem é um animal racional classifica-se:
racterística das ciências matemáticas, físico-naturais e experimen-
tais. A análise informal é racional ou total, consiste em “discernir”
por vários atos distintos da atenção os elementos constitutivos de
um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou fenômeno. Elemento especie diferença
a ser definido específica

11
LÍNGUA PORTUGUESA
É muito comum formular definições de maneira defeituosa, Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é explicar
por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em par- ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar
tes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando é esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpreta-
advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é ção. Na explicitação por definição, empregamse expressões como:
forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importan- quer dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista,
te é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973, ou melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme,
p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”. segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no
Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos: entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela
- o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: pare-
que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está ce, assim, desse ponto de vista.
realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de
ou instalação”; elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração
- o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são
os exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restri- frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, de-
to para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade; pois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, de-
- deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade,
pois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente,
definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”;
respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de
- deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui
espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí,
definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem”
além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no
não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem);
interior, nas grandes cidades, no sul, no leste...
- deve ser breve (contida num só período). Quando a definição,
Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de
ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos
se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar uma
ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição ex-
ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da mesma
pandida;d
- deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) + forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente. Para esta-
cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos belecer contraste, empregam-se as expressões: mais que, menos
(as diferenças). que, melhor que, pior que.
Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar
As definições dos dicionários de língua são feitas por meio de o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se:
paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística que Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade
consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a pala- reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma afir-
vra e seus significados. mação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a credi-
A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. Sem- bilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais no
pre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira e corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao fazer
necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos na li-
com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional do nha de raciocínio que ele considera mais adequada para explicar ou
mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma funda- justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento tem mais
mentação coerente e adequada. caráter confirmatório que comprobatório.
Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica clás- Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam expli-
sica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o julgamento cação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido por
da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara e pode re- consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural. Nesse
conhecer-se facilmente seus elementos e suas relações; outras ve- caso, incluem-se
zes, as premissas e as conclusões organizam-se de modo livre, mis- - A declaração que expressa uma verdade universal (o homem,
turando-se na estrutura do argumento. Por isso, é preciso aprender mortal, aspira à imortalidade);
a reconhecer os elementos que constituem um argumento: premis- - A declaração que é evidente por si mesma (caso dos postula-
sas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar se tais elementos dos e axiomas);
são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar se o argumento está - Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de nature-
expresso corretamente; se há coerência e adequação entre seus za subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria razão
elementos, ou se há contradição. Para isso é que se aprende os desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto não se
processos de raciocínio por dedução e por indução. Admitindo-se discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda que
que raciocinar é relacionar, conclui-se que o argumento é um tipo parece absurdo).
específico de relação entre as premissas e a conclusão.
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimen- Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de
tos argumentativos mais empregados para comprovar uma afirma- um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados
ção: exemplificação, explicitação, enumeração, comparação. concretos, estatísticos ou documentais.
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação se
de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns nes- realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica: cau-
se tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de maior sa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência.
relevância que. Empregam-se também dados estatísticos, acompa- Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações,
nhados de expressões: considerando os dados; conforme os dados julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opi-
apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela apresentação de niões pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade compro-
causas e consequências, usando-se comumente as expressões: por- vada, e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo
que, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, por causa de, em que expresse uma opinião pessoal só terá validade se fundamen-
virtude de, em vista de, por motivo de. tada na evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas,

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LÍNGUA PORTUGUESA
validade dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio - a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologica-
da contra-argumentação ou refutação. São vários os processos de mente desenvolvida e a dependência tecnológica dos países sub-
contra-argumentação: desenvolvidos;
Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação demonstran- - enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social;
do o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a contraargu- - comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do pas-
mentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o cordeiro”; sado; apontar semelhanças e diferenças;
Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses - analisar as condições atuais de vida nos grandes centros ur-
para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga ver- banos;
dadeira; - como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar
Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento à opi- mais a sociedade.
nião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a universali-
dade da afirmação; Conclusão
Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: con- - a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/conse-
siste em refutar um argumento empregando os testemunhos de quências maléficas;
autoridade que contrariam a afirmação apresentada; - síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos
Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em de- apresentados.
sautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador baseou-se
em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou inconsequentes. Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de reda-
Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por meio de dados ção: é um dos possíveis.
estatísticos, que “o controle demográfico produz o desenvolvimen-
to”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois baseia-se em Coesão e coerência fazem parte importante da elaboração de
uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada. Para con- um texto com clareza. Ela diz respeito à maneira como as ideias são
traargumentar, propõese uma relação inversa: “o desenvolvimento organizadas a fim de que o objetivo final seja alcançado: a com-
é que gera o controle demográfico”. preensão textual. Na redação espera-se do autor capacidade de
Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para mobilizar conhecimentos e opiniões, argumentar de modo coeren-
desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas ao te, além de expressar-se com clareza, de forma correta e adequada.
desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em segui-
da, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados para a Coerência
elaboração de um Plano de Redação. É uma rede de sintonia entre as partes e o todo de um texto.
Conjunto de unidades sistematizadas numa adequada relação se-
Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolu- mântica, que se manifesta na compatibilidade entre as ideias. (Na
ção tecnológica linguagem popular: “dizer coisa com coisa” ou “uma coisa bate com
- Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, respon- outra”).
der a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da Coerência é a unidade de sentido resultante da relação que se
resposta, justificar, criando um argumento básico; estabelece entre as partes do texto. Uma ideia ajuda a compreen-
- Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e der a outra, produzindo um sentido global, à luz do qual cada uma
construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação das partes ganha sentido. Coerência é a ligação em conjunto dos
que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la elementos formativos de um texto.
(rever tipos de argumentação); A coerência não é apenas uma marca textual, mas diz respeito
aos conceitos e às relações semânticas que permitem a união dos
- Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias
elementos textuais.
que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias po-
A coerência de um texto é facilmente deduzida por um falante
dem ser listadas livremente ou organizadas como causa e conse-
de uma língua, quando não encontra sentido lógico entre as propo-
quência);
sições de um enunciado oral ou escrito. É a competência linguística,
- Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o
tomada em sentido lato, que permite a esse falante reconhecer de
argumento básico;
imediato a coerência de um discurso.
- Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que
poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se A coerência:
em argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do - assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do texto;
argumento básico; - situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão concei-
- Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma se- tual;
quência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo às - relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o todo, com
partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou o aspecto global do texto;
menos a seguinte: - estabelece relações de conteúdo entre palavras e frases.
Introdução Coesão
- função social da ciência e da tecnologia; É um conjunto de elementos posicionados ao longo do texto,
- definições de ciência e tecnologia; numa linha de sequência e com os quais se estabelece um vínculo
- indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico. ou conexão sequencial. Se o vínculo coesivo se faz via gramática,
fala-se em coesão gramatical. Se se faz por meio do vocabulário,
Desenvolvimento tem-se a coesão lexical.
- apresentação de aspectos positivos e negativos do desenvol- A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre pala-
vimento tecnológico; vras, expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por elementos
- como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as gramaticais, que servem para estabelecer vínculos entre os compo-
condições de vida no mundo atual; nentes do texto.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Existem, em Língua Portuguesa, dois tipos de coesão: a lexical, A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros tex-
que é obtida pelas relações de sinônimos, hiperônimos, nomes ge- tos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por isso é objeto
néricos e formas elididas, e a gramatical, que é conseguida a partir de interesse para os estudiosos da língua e das artes. Ocorre, aqui,
do emprego adequado de artigo, pronome, adjetivo, determinados um choque de interpretação, a voz do texto original é retomada
advérbios e expressões adverbiais, conjunções e numerais. para transformar seu sentido, leva o leitor a uma reflexão crítica
A coesão: de suas verdades incontestadas anteriormente, com esse proces-
- assenta-se no plano gramatical e no nível frasal; so há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos e uma busca
- situa-se na superfície do texto, estabele conexão sequencial; pela verdade real, concebida através do raciocínio e da crítica. Os
- relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as partes programas humorísticos fazem uso contínuo dessa arte, frequente-
componentes do texto; mente os discursos de políticos são abordados de maneira cômica
- Estabelece relações entre os vocábulos no interior das frases. e contestadora, provocando risos e também reflexão a respeito da
demagogia praticada pela classe dominante.
Intertextualidade é o nome dado à relação que se estabelece
entre dois textos, quando um texto já criado exerce influência na A Epígrafe é um recurso bastante utilizado em obras, textos
criação de um novo texto. Pode-se definir, então, a intertextuali- científicos, desde artigos, resenhas, monografias, uma vez que con-
dade como sendo a criação de um texto a partir de outro texto já siste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha alguma re-
existente. Dependendo da situação, a intertextualidade tem fun- lação com o que será discutido no texto. Do grego, o termo “epígra-
ções diferentes que dependem muito dos textos/contextos em que fhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) e “graphé”
ela é inserida. (escrita). Como exemplo podemos citar um artigo sobre Patrimônio
O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento, Cultural e a epígrafe do filósofo Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.): “A
não se restringindo única e exclusivamente a textos literários. cultura é o melhor conforto para a velhice”.
Em alguns casos pode-se dizer que a intertextualidade assume
a função de não só persuadir o leitor como também de difundir a A Citação é o Acréscimo de partes de outras obras numa pro-
cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura, dução textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem ex-
escultura, literatura etc). Intertextualidade é a relação entre dois pressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro
textos caracterizada por um citar o outro. autor. Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação
A  intertextualidade  é o diálogo entre textos. Ocorre quando sem relacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o
um texto (oral, escrito, verbal ou não verbal), de alguma maneira, termo “citação” (citare) significa convocar.
se utiliza de outro na elaboração de sua mensagem. Os dois textos
– a fonte e o que dialoga com ela – podem ser do mesmo gênero ou A Alusão faz referência aos elementos presentes em outros
de gêneros distintos, terem a mesma finalidade ou propósitos dife- textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois
rentes. Assim, como você constatou, uma história em quadrinhos termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).
pode utilizar algo de um texto científico, assim como um poema
pode valer-se de uma letra de música ou um artigo de opinião pode Pastiche é uma recorrência a um gênero.
mencionar um provérbio conhecido.
Há várias maneiras de um texto manter intertextualidade com A Tradução está no campo da intertextualidade porque implica
outro, entre elas, ao citá-lo, ao resumi-lo, ao reproduzi-lo com ou- a recriação de um texto.
tras palavras, ao traduzi-lo para outro idioma, ao ampliá-lo, ao to-
má-lo como ponto de partida, ao defendê-lo, ao criticá-lo, ao ironi- Evidentemente, a intertextualidade está ligada ao “conheci-
zá-lo ou ao compará-lo com outros. mento de mundo”, que deve ser compartilhado, ou seja, comum ao
Os estudiosos afirmam que em todos os textos ocorre algum produtor e ao receptor de textos.
grau de intertextualidade, pois quando falamos, escrevemos, de- A intertextualidade pressupõe um universo cultural muito am-
senhamos, pintamos, moldamos, ou seja, sempre que nos expres- plo e complexo, pois implica a identificação / o reconhecimento de
samos, estamos nos valendo de ideias e conceitos que já foram remissões a obras ou a textos / trechos mais, ou menos conhecidos,
formulados por outros para reafirmá-los, ampliá-los ou mesmo além de exigir do interlocutor a capacidade de interpretar a função
contradizê-los. Em outras palavras, não há textos absolutamente daquela citação ou alusão em questão.
originais, pois eles sempre – de maneira explícita ou implícita –
mantêm alguma relação com algo que foi visto, ouvido ou lido. Intertextualidade explícita e intertextualidade implícita
A intertextualidade pode ser caracterizada como explícita ou
Tipos de Intertextualidade implícita, de acordo com a relação estabelecida com o texto fonte,
A intertextualidade acontece quando há uma referência ex- ou seja, se mais direta ou se mais subentendida.
plícita ou implícita de um texto em outro. Também pode ocorrer
com outras formas além do texto, música, pintura, filme, novela A intertextualidade explícita:
etc. Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a intertex- – é facilmente identificada pelos leitores;
tualidade. – estabelece uma relação direta com o texto fonte;
Por isso é importante para o leitor o conhecimento de mundo, – apresenta elementos que identificam o texto fonte;
um saber prévio, para reconhecer e identificar quando há um diálo- – não exige que haja dedução por parte do leitor;
go entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando as – apenas apela à compreensão do conteúdos.
mesmas ideias da obra citada ou contestando-as.
A intertextualidade implícita:
Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia do texto – não é facilmente identificada pelos leitores;
é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para atualizar, rea- – não estabelece uma relação direta com o texto fonte;
firmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer com – não apresenta elementos que identificam o texto fonte;
outras palavras o que já foi dito. – exige que haja dedução, inferência, atenção e análise por
parte dos leitores;

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LÍNGUA PORTUGUESA
– exige que os leitores recorram a conhecimentos prévios para A coerência de um texto é facilmente deduzida por um falante
a compreensão do conteúdo. de uma língua, quando não encontra sentido lógico entre as propo-
sições de um enunciado oral ou escrito. É a competência linguística,
Ponto de Vista tomada em sentido lato, que permite a esse falante reconhecer de
O modo como o autor narra suas histórias provoca diferentes imediato a coerência de um discurso.
sentidos ao leitor em relação à uma obra. Existem três pontos de
vista diferentes. É considerado o elemento da narração que com- A coerência:
preende a perspectiva através da qual se conta a história. Trata-se - assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do texto;
da posição da qual o narrador articula a narrativa. Apesar de existir - situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão concei-
diferentes possibilidades de Ponto de Vista em uma narrativa, con- tual;
sidera-se dois pontos de vista como fundamentais: O narrador-ob- - relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o todo, com
servador e o narrador-personagem. o aspecto global do texto;
- estabelece relações de conteúdo entre palavras e frases.
Primeira pessoa
Coesão
Um personagem narra a história a partir de seu próprio pon-
É um conjunto de elementos posicionados ao longo do texto,
to de vista, ou seja, o escritor usa a primeira pessoa. Nesse caso,
numa linha de sequência e com os quais se estabelece um vínculo
lemos o livro com a sensação de termos a visão do personagem
ou conexão sequencial. Se o vínculo coesivo se faz via gramática,
podendo também saber quais são seus pensamentos, o que causa fala-se em coesão gramatical. Se se faz por meio do vocabulário,
uma leitura mais íntima. Da mesma maneira que acontece nas nos- tem-se a coesão lexical.
sas vidas, existem algumas coisas das quais não temos conhecimen- A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre pala-
to e só descobrimos ao decorrer da história. vras, expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por elementos
gramaticais, que servem para estabelecer vínculos entre os compo-
Segunda pessoa nentes do texto.
O autor costuma falar diretamente com o leitor, como um diá- Existem, em Língua Portuguesa, dois tipos de coesão: a lexical,
logo. Trata-se de um caso mais raro e faz com que o leitor se sinta que é obtida pelas relações de sinônimos, hiperônimos, nomes ge-
quase como outro personagem que participa da história. néricos e formas elididas, e a gramatical, que é conseguida a partir
do emprego adequado de artigo, pronome, adjetivo, determinados
Terceira pessoa advérbios e expressões adverbiais, conjunções e numerais.
Coloca o leitor numa posição externa, como se apenas obser-
vasse a ação acontecer. Os diálogos não são como na narrativa em A coesão:
primeira pessoa, já que nesse caso o autor relata as frases como - assenta-se no plano gramatical e no nível frasal;
alguém que estivesse apenas contando o que cada personagem - situa-se na superfície do texto, estabele conexão sequencial;
disse. - relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as partes
componentes do texto;
Sendo assim, o autor deve definir se sua narrativa será transmi- - Estabelece relações entre os vocábulos no interior das frases.
tida ao leitor por um ou vários personagens. Se a história é contada
por mais de um ser fictício, a transição do ponto de vista de um para
outro deve ser bem clara, para que quem estiver acompanhando a SIGNIFICAÇÃO CONTEXTUAL DE PALAVRAS E EXPRES-
leitura não fique confuso. SÕES. SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS. SENTIDO PRÓPRIO
E FIGURADO DAS PALAVRAS
Coesão e Coerência
Coesão e coerência fazem parte importante da elaboração de
Significação de palavras
um texto com clareza. Ela diz respeito à maneira como as ideias são
As palavras podem ter diversos sentidos em uma comunicação.
organizadas a fim de que o objetivo final seja alcançado: a compre-
E isso também é estudado pela Gramática Normativa: quem cuida
ensão textual. Na redação espera-se do autor capacidade de mo-
dessa parte é a Semântica, que se preocupa, justamente, com os
bilizar conhecimentos e opiniões, argumentar de modo coerente, significados das palavras. Veremos, então, cada um dos conteúdos
além de expressar-se com clareza, de forma correta e adequada. que compõem este estudo.
Coerência Antônimo e Sinônimo
É uma rede de sintonia entre as partes e o todo de um texto. Começaremos por esses dois, que já são famosos.
Conjunto de unidades sistematizadas numa adequada relação se-
mântica, que se manifesta na compatibilidade entre as ideias. (Na O Antônimo são palavras que têm sentidos opostos a outras.
linguagem popular: “dizer coisa com coisa” ou “uma coisa bate com Por exemplo, felicidade é o antônimo de tristeza, porque o signi-
outra”). ficado de uma é o oposto da outra. Da mesma forma ocorre com
Coerência é a unidade de sentido resultante da relação que se homem que é antônimo de mulher.
estabelece entre as partes do texto. Uma ideia ajuda a compreen-
der a outra, produzindo um sentido global, à luz do qual cada uma Já o sinônimo são palavras que têm sentidos aproximados
das partes ganha sentido. Coerência é a ligação em conjunto dos e que podem, inclusive, substituir a outra. O uso de sinônimos é
elementos formativos de um texto. muito importante para produções textuais, porque evita que você
A coerência não é apenas uma marca textual, mas diz respeito fique repetindo a mesma palavra várias vezes. Utilizando os mes-
aos conceitos e às relações semânticas que permitem a união dos mos exemplos, para ficar claro: felicidade é sinônimo de alegria/
elementos textuais. contentamento e homem é sinônimo de macho/varão.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Hipônimos e Hiperônimos
Estes conceitos são simples de entender: o hipônimo designa uma palavra de sentido mais específico, enquanto que o hiperônimo
designa uma palavra de sentido mais genérico. Por exemplo, cachorro e gato são hipônimos, pois têm sentido específico. E animais domés-
ticos é uma expressão hiperônima, pois indica um sentido mais genérico de animais. Atenção: não confunda hiperônimo com substantivo
coletivo. Hiperônimos estão no ramo dos sentidos das palavras, beleza?!?!

Outros conceitos que agem diretamente no sentido das palavras são os seguintes:

Conotação e Denotação
Observe as frases:
Amo pepino na salada.
Tenho um pepino para resolver.

As duas frases têm uma palavra em comum: pepino. Mas essa palavra tem o mesmo sentido nos dois enunciados? Isso mesmo, não!
Na primeira frase, pepino está no sentido denotativo, ou seja, a palavra está sendo usada no sentido próprio, comum, dicionarizado.
Já na segunda frase, a mesma palavra está no sentindo conotativo, pois ela está sendo usada no sentido figurado e depende do con-
texto para ser entendida.
Para facilitar: denotativo começa com D de dicionário e conotativo começa com C de contexto.

Por fim, vamos tratar de um recurso muito usado em propagandas:

Ambiguidade
Observe a propaganda abaixo:

https://redacaonocafe.wordpress.com/2012/05/22/ambiguidade-na-propaganda/

Perceba que há uma duplicidade de sentido nesta construção. Podemos interpretar que os móveis não durarão no estoque da loja,
por estarem com preço baixo; ou que por estarem muito barato, não têm qualidade e, por isso, terão vida útil curta.
Essa duplicidade acontece por causa da ambiguidade, que é justamente a duplicidade de sentidos que podem haver em uma palavra,
frase ou textos inteiros.

CLASSES DE PALAVRAS: EMPREGO E SENTIDO QUE IMPRIMEM ÀS RELAÇÕES QUE ESTABELECEM: SUBSTANTIVO, AD-
JETIVO, ARTIGO, NUMERAL, PRONOME, VERBO, ADVÉRBIO, PREPOSIÇÃO E CONJUNÇÃO

CLASSES GRAMATICAIS
As palavras costumam ser divididas em classes, segundo suas funções e formas. Palavras que se apresentam sempre com a mesma
forma chamam-se invariáveis; são variáveis, obviamente, as que apresentam flexão ou variação de forma.

Artigo
É a palavra que antecede os substantivos, de forma determinada (o, a, os, as) ou indeterminada (um, uma, uns, umas).

Classificação
Definidos: Determinam o substantivo de modo particular.
Ex.: Liguei para o advogado.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Indefinidos: Determinam o substantivo de modo geral.
Ex.: Liguei para um advogado.

Substantivo
É a palavra que nomeia o que existe, seja ele animado ou inanimado, real ou imaginário, concreto ou abstrato.

Classificação
Concreto: Dá nome ao ser de natureza independente, real ou imaginário.
Abstrato: Nomeia ação, estado, qualidade, sensação ou sentimento e todos os seres que não tem existência independente de outros.
Comum: Dá nome ao ser genericamente, como pertencente a uma determinada classe.
Ex.: cavalo, menino, rio, cidade.
Próprio: Dá nome ao ser particularmente, dentro de uma espécie.
Ex.: Pedro, Terra, Pacífico, Belo Horizonte.

Primitivo: É o que deriva uma série de palavras de mesma família etimológica; não se origina de nenhum
outro nome.
Ex.: pedra, pobre.

Derivado: Origina-se de um primitivo.


Ex.: pedrada, pobreza.

Simples: Apresenta apenas um radical.


Ex.: pedra, tempo, roupa.

Composto: Apresenta mais de um radical.


Ex.: pedra-sabão, guarda-chuva.

Coletivo: Embora no singular, expressa pluralidade.


Ex.: enxame, cardume, frota

Adjetivo
Palavra que modifica um substantivo, dando-lhe uma qualidade.

Exemplo:
Cadeira confortável

Locução adjetiva
Expressão formada de preposição mais substantivo com valor e emprego de adjetivo. A preposição faz com que um substantivo se
junte a outro para qualificá-lo:
menina (substantivo)      de sorte (substantivo)
    Menina de sorte
                 = sortuda (qualifica o substantivo)

Flexão do adjetivo - gênero


Uniformes: Uma forma única para ambos os gêneros.
Ex.: O livro comum – a receita comum

Biformes: Duas formas, para o masculino e outra para o feminino.


Ex.: homem mau – mulher má
Flexão do adjetivo - número
Adjetivos simples: plural seguindo as mesmas regras dos substantivos simples.
Ex.: menino gentil – meninos gentis

Adjetivos compostos: plural com a flexão do último elemento.


Ex.: líquido doce-amargo – líquidos doce-amargos

Observações
Havendo a ideia de cor no adjetivo composto, far-se-á o plural mediante a análise morfológica dos elementos do composto:

– se o último elemento do adjetivo composto for adjetivo, haverá apenas a flexão desse último elemento.

Ex.: tecido verde-claro – tecidos verde-claros

– se o último elemento do adjetivo composto for substantivo, o adjetivo fica invariável.


Ex.: terno amarelo-canário – ternos amarelo-canário

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LÍNGUA PORTUGUESA
Exceção
– azul-marinho (invariável):
carro azul-marinho – carros azul-marinho

Flexão do adjetivo -grau


Há dois graus: comparativo (indica se o ser é superior, inferior ou igual na qualificação) superlativo (uma qualidade é levada ao seu
mais alto grau de intensidade).

Comparativo de superioridade Superlativo absoluto


Adjetivo
Analítico Sintético Analítico Sintético
Bom mais bom melhor muito bom ótimo
Mau mais mau pior muito mau péssimo
Grande mais grande maior muito grande máximo
Pequeno mais pequeno menor muito pequeno mínimo
Alto mais alto superior muito alto supremo
Baixo mais baixo inferior muito baixo ínfimo

Numeral
Palavra que exprime quantidade, ordem, fração e multiplicação, em relação ao substantivo.

Classificação
Numeral cardinal: indica quantidade.

Exemplos
duas casas
dez anos

Numeral ordinal: indica ordem.

Exemplos
segunda rua
quadragésimo lugar

Numeral fracionário: indica fração.

Exemplos
um quinto da população
dois terços de água

Numeral multiplicativo: indica multiplicação.

Exemplos
o dobro da bebida
o triplo da dose

Ordinal Cardinal Ordinal Cardinal


Um Primeiro Vinte Vigésimo
Dois Segundo Trinta Trigésimo
Três Terceiro Cinquenta Quinquagésimo
Quatro Quarto Sessenta Sexagésimo
Cinco Quinto Oitenta Octogésimo
Seis Sexto Cem Centésimo
Sete Sétimo Quinhentos Quingentésimo
Oito Oitavo Setecentos Setingentésimo
Nove Nono Novecentos Noningentésimo
Dez Décimo Mil Milésimo

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LÍNGUA PORTUGUESA
Pronome
Palavra que designa os seres ou a eles se refere, indicando-os apenas como pessoas do discurso, isto é:
– 1ª pessoa, o emissor da mensagem (eu, nós);
– 2ª pessoa, o receptor da mensagem (tu, você, vós, vocês);
– 3ª pessoa, o referente da mensagem, (ele, eles, ela, elas).
O pronome pode acompanhar um substantivo, ou substitui-lo.

Pessoais

Pronomes Pessoais
Pronomes do caso reto Pronomes do caso oblíquo
(função de sujeito) (função de complemento)
átonos (sem preposição) tônicos (com preposição)
eu me mim, comigo
singular tu te ti, contigo
ele/ela o, a, lhe, se si, ele, ela, consigo
nós nos nós, conosco
plural vós vos vós, convosco
eles/elas os, as, lhes, se si, eles, elas, consigo

Tratamento (trato familiar, cortes, cerimonioso)


Você – tratamento familiar
O Senhor, a Senhora – tratamento cerimonioso
Vossa Alteza (V. A.) – príncipes, duques
Vossa Eminência (V. Ema.) – cardeais
Vossa Excelência (V. Exa.) – altas autoridades
Vossa Magnificência – reitores de universidades
Vossa Majestade (V. M.) – reis
Vossa Majestade Imperial (V. M. I.) – imperadores
Vossa Santidade (V. S.) – papas
Vossa Senhoria (V. Sa.) – tratamento geral cerimonioso
Vossa Reverendíssima (V. Revma.) – sacerdotes
Vossa Excelência Reverendíssima – bispos e arcebispos

Esses pronomes, embora usados no tratamento com o interlocutor (2ª pessoa), levam o verbo para a 3ª pessoa.
Quando se referem a 3ª pessoa, apresentam-se com a forma: Sua Senhoria (S. Sa.), Sua Excelência (S. Exa.), Sua Santidade (S. S.) etc.

Possessivos
Exprimem posse:

1.ªpessoa: meu(s), minha(s)


Singular 2.ªpessoa: teu(s), tua(s)
3.ª pessoa: seu(s), sua(s)
1.ªpessoa: nosso(s), nossa(s)
Plural 2.ªpessoa: vosso(s), vossa(s)
3.ª pessoa: seu(s), sua(s)

Observação: Dele, dela, deles, delas são considerados possessivos também.

Demonstrativos
Indicam posição:
1.ª pessoa: este(s), esta(s), isto, estoutro(a)(s).
2.ª pessoa: esse(s), essa(s), isso, essoutro(a)(s).
3.ª pessoa: aquele(s), aquela(s), aquilo, aqueloutro(a)(s).

Também são considerados demonstrativos os pronomes:


– o, a, os, as
– mesmo(s), mesma(s)
– próprio(s), própria(s)
– tal, tais
– semelhante(s)

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LÍNGUA PORTUGUESA
Relativos Ênclise
Os pronomes relativos ligam orações, retomam uma palavra Na ênclise, o pronome é colocado depois do verbo.
já expressa antes e exercem função sintática na oração que eles
introduzem. Verbo no início da oração, desde que não esteja no futuro do
São relativos os pronomes que, o qual (e suas variações), indicativo: Trago-te flores.
quem, cujo (e suas variações), onde (advérbio relativo com o senti- Verbo no imperativo afirmativo: Amigos, digam-me a verdade!
do de em que), quanto. Verbo no gerúndio, desde que não esteja precedido pela pre-
posição em: Saí, deixando-a aflita.
Verbo no infinitivo impessoal regido da preposição a. Com
Indefinidos outras preposições é facultativo o emprego de ênclise ou próclise:
Vagamente, referem-se à 3ª pessoa: Apressei-me a convidá-los.
todo(s), toda(s), tudo
algum(ns), alguma(s), alguém, algo Mesóclise
nenhum(ns), nenhuma(s), ninguém, nada Na mesóclise, o pronome é colocado no meio do verbo.
outro(s), outra(s), outrem
muito(s), muita(s), muito É obrigatória somente com verbos no futuro do presente ou no
pouco(s), pouca(s), pouco futuro do pretérito que iniciam a oração.
mais, menos, bastante(s) Dir-lhe-ei toda a verdade.
certo(s), certa(s) Far-me-ias um favor?
cada, qualquer, quaisquer
tanto(s), tanta(s) Se o verbo no futuro vier precedido de pronome reto ou de
os demais, as demais qualquer outro fator de atração, ocorrerá a próclise.
vários, várias Eu lhe direi toda a verdade.
um, uma, uns, umas, que, quem Tu me farias um favor?

COLOCAÇÃO PRONOMINAL Colocação do pronome átono nas locuções verbais


A colocação do pronome átono está relacionada à harmonia da Verbo principal no infinitivo ou gerúndio: Se a locução verbal
frase. A tendência do português falado no Brasil é o uso do prono- não vier precedida de um fator de próclise, o pronome átono deve-
me antes do verbo – próclise. No entanto, há casos em que a norma rá ficar depois do auxiliar ou depois do verbo principal.
culta prescreve o emprego do pronome no meio – mesóclise – ou Exemplos:
após o verbo – ênclise. Devo-lhe dizer a verdade.
De acordo com a norma culta, no português escrito não se ini- Devo dizer-lhe a verdade.
cia um período com pronome oblíquo átono. Assim, se na lingua-
gem falada diz-se “Me encontrei com ele”, já na linguagem escrita, Havendo fator de próclise, o pronome átono deverá ficar antes
formal, usa-se “Encontrei-me’’ com ele. do auxiliar ou depois do principal.
Sendo a próclise a tendência, é aconselhável que se fixem bem Exemplos:
as poucas regras de mesóclise e ênclise. Assim, sempre que estas Não lhe devo dizer a verdade.
não forem obrigatórias, deve-se usar a próclise, a menos que preju- Não devo dizer-lhe a verdade.
dique a eufonia da frase.
Verbo principal no particípio: Se não houver fator de próclise,
Próclise o pronome átono ficará depois do auxiliar.
Na próclise, o pronome é colocado antes do verbo. Exemplo: Havia-lhe dito a verdade.

Palavra de sentido negativo: Não me falou a verdade. Se houver fator de próclise, o pronome átono ficará antes do
Advérbios sem pausa em relação ao verbo: Aqui te espero pa- auxiliar.
cientemente. Exemplo: Não lhe havia dito a verdade.
Havendo pausa indicada por vírgula, recomenda-se a ênclise:
Ontem, encontrei-o no ponto do ônibus. Haver de e ter de + infinitivo: Pronome átono deve ficar depois
Pronomes indefinidos: Ninguém o chamou aqui. do infinitivo.
Pronomes demonstrativos: Aquilo lhe desagrada. Exemplos:
Orações interrogativas: Quem lhe disse tal coisa? Hei de dizer-lhe a verdade.
Orações optativas (que exprimem desejo), com sujeito ante- Tenho de dizer-lhe a verdade.
posto ao verbo: Deus lhe pague, Senhor!
Orações exclamativas: Quanta honra nos dá sua visita! Observação
Orações substantivas, adjetivas e adverbiais, desde que não Não se deve omitir o hífen nas seguintes construções:
sejam reduzidas: Percebia que o observavam. Devo-lhe dizer tudo.
Verbo no gerúndio, regido de preposição em: Em se plantando, Estava-lhe dizendo tudo.
tudo dá. Havia-lhe dito tudo.
Verbo no infinitivo pessoal precedido de preposição: Seus in-
tentos são para nos prejudicarem. Verbo
Conjugação
São três:
1ª conjugação: AR (cantar)
2ª conjugação: ER (comer)

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LÍNGUA PORTUGUESA
3ª conjugação: IR (dormir) Advérbio
O advérbio é uma palavra invariável que modifica o verbo, ad-
Observação: O verbo  pôr  (bem como seus derivados:  com- jetivo, outro advérbio ou toda uma oração.
por,  depor  etc.) é considerado verbo da 2.ª conjugação, pois, no
português arcaico, era poer. Exemplos
Ele fala bem. (verbo)
Número e pessoas Ele fala muito bem. (advérbio)
Ele é muito inteligente. (adjetivo)
Eu Realmente ele viajou. (oração)
Singular tu
ele / ela / você
Locução adverbial
nós O advérbio também pode ser formado por mais de um vocábu-
Plural vós lo (normalmente expressa por preposição + substantivo), com valor
eles / elas / vocês e emprego de advérbio.

Tempos verbais Exemplos


Presente: pode indicar referência a fatos que se passam no às pressas, por prazer, sem dúvida, de graça, com carinho etc.
momento em que falamos, uma verdade geral, sendo comum em
expressões proverbiais, pode também indicar um hábito. É comum, Classificação
empregarmos o presente ao invés do futuro para indicar a realiza- Tempo:  hoje, amanhã, depois, já, ontem, sempre, nunca, ja-
ção próxima de uma ação. mais, antes, cedo, tarde, etc.
Passado: que usamos em referência aos fatos que se pas- Lugar: acima, além, aquém, atrás, dentro, perto, etc.
sam antes do momento em que falamos. São eles: Intensidade: muito, pouco, bastante, mais, menos, tão, meio,
Perfeito: (eu trabalhei), que indica uma ação concluída. completamente, demais etc.
Imperfeito: (eu trabalhava), se trata de uma ação anterior ao Modo: bem, mal, assim, depressa, como, melhor, pior, calma-
momento em que se fala, mas que tem uma certa duração no pas- mente, apressadamente, etc.
sado. Afirmação: sim, certamente, deveras, realmente, efetivamente
Mais-que-perfeito simples e composto: (eu trabalhara ou tinha etc.
trabalhado) que denota uma ação concluída antes de outra que já Negação: não.
era passada, passado anterior a outro. Dúvida: talvez, quiçá, provavelmente etc.
Futuro do presente: (eu trabalharei), refere-se ao momento Interrogativo:  onde (aonde, donde), quando, como, por que
que falamos. (nas interrogativas diretas e indiretas).
Futuro do pretérito: (eu trabalharia) refere-se a um momento
do passado. Graus do advérbio
Alguns advérbios de modo, tempo, lugar e intensidade podem,
Modos verbais algumas vezes, assim como os adjetivos e substantivos, sofrer a fle-
Indicativo: Exprime o que realmente aconteceu. xão gradual.
Exemplo
Eu estudei bastante. Comparativo:
De igualdade: O homem falava tão alto quanto o irmão.
Subjuntivo: Exprime algo possível, provável. De superioridade: O homem falava mais alto (do) que o irmão.
Exemplos De inferioridade:  O homem falava  menos alto (do) que o ir-
Se eu estudasse bastante. mão.

Imperativo: Exprime ordem, pedido, instrução. Superlativo:


Exemplo Absoluto analítico: O homem falava muito alto.
Estude bastante. Absoluto sintético: O homem falava altíssimo.

Formas nominais Preposição


As três formas (gerúndio, particípio e infinitivo), além de seu Serve de conectivo de subordinação entre palavras e orações.
valor verbal, podem desempenhar função de substantivo. Vem antes da palavra por ela subordinada a outra.

Exemplos Exemplos
O andar do menino trazia alegria aos pais. (infinitivo com valor O carro de Ana é novo. (A preposição de subordina o substan-
de substantivo). tivo Ana ao substantivo carro; carro é
Mulher sabida (particípio com valor de adjetivo, qualificando o subordinante e Ana, palavra subordinada.)
substantivo mulher.
Recebemos uma proposta contendo o valor. (gerúndio com va- O antecedente da preposição pode ser:
lor de adjetivo). - Substantivo: relógio de ouro;
As formas têm duplo estado: são verbos (indicam processos: - Adjetivo: contente com a sorte;
andar, saber, conter; tem voz ativa ou passiva), mas ao mesmo - Pronome: quem de nós?;
tempo tem características e comportamentos dos nomes (flexão de - Verbo: gosto de você.
gênero e número).

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LÍNGUA PORTUGUESA
Locução prepositiva Conjunção
Geralmente formada de  advérbio + preposição, com valor Conectivo de coordenação entre palavras e orações e o conec-
e emprego de preposição:  acima de,  atrás de,  através de,  antes tivo de subordinação entre orações.
de, depois de, de acordo com, devido a, para com, a fim de, etc. As locuções com valor e emprego de conjunção (para que, a
fim de que, à proporção que, logo que, depois que) são chamadas
Exemplo de locuções conjuntivas.
O senhor ficou atrás de mim.
Classificação
Classificação Conjunções coordenativas: Ligam termos oracionais ou ora-
Essenciais: guardam, o valor de preposição. São seguidas de ções de igual valor ou função no período.
pronome obliquo: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em,
entre, para, perante, por, sem, sob, sobre. Aditivas (adição):  e, nem, e as correlações entre  não só, não
Acidentais: palavras essencialmente de outras classes gramati- somente, não apenas, mas também, mas ainda, senão etc.
cais que, acidentalmente, funcionam como preposição: como, con- Adversativas (posição contrária):  mas, porém, contudo, toda-
forme, durante, exceto, feito, mediante, segundo, etc. via, entretanto, no entanto, não obstante etc.
Alternativas (alternância): ou… ou, ora… ora, quer… quer, já…
Combinação e contração já etc.
As preposições a, de, per, em podem juntar-se com outras pa- Conclusivas (conclusão):  logo, portanto, por  conseguinte,
lavras. Então, teremos: pois (posposto ao verbo).
Explicativas (explicação): que, porque, por quanto, pois (ante-
Combinação: sem alteração fônica. posto ao verbo).

Exemplos Conjunções subordinativas: Ligam uma oração principal a uma


ao (a + o), aonde (a + onde) oração subordinada com o verbo flexionado.

Classificação
Contração: com alteração fônica.
Integrantes (iniciam oração subordinada substantiva): que, se,
como (= que).
Exemplos
Temporais (tempo): quando, enquanto, logo que, mal, apenas,
à  (a + a),  àquele  (a + aquele),  do  (de + o),  donde  (de +
sempre que, assim que, desde que, antes que etc.
onde), no (em + o), naquele (em + aquele), pelo (per + o), coa (com
Finais (finalidade): para que, a fim de que, que (= para que), por-
+ a).
que (= para que).
Proporcionais (proporcionalidade): à proporção que, à medida
Interjeição que, quanto mais ... mais, quanto menos ... menos.
Palavra que exprime nossos estados emotivos. Causais (causa):  porque, como, porquanto, visto  que, já que,
uma vez que etc.
Exemplos: Condicionais (condição): se, caso, contanto que, desde que, sal-
ah! (admiração) vo se, sem que (= se não) etc.
viva! (exaltação) Comparativas (comparação): como, que, do que, quanto, que
ufa! eh! (alivio) nem etc.
coragem! (animação) Conformativas (conformidade):  como, conforme,  segundo,
bravo! (aplauso) consoante, etc.
ai! (dor) Consecutivas (consequência):  que  (precedido dos termos in-
bis! (repetição) tensivos: tal, tão, tanto, de tal forma etc.), de forma que etc.
psiu! (silencio) Concessivas (concessão): embora, conquanto, ainda que, mes-
cuidado! atenção! (advertência) mo que, posto que, por mais que, se bem que etc.
vai! (desapontamento)
oxalá! tomara! (desejo)
perdão! (desculpa) CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
adeus! (saudação)
arre! (desagrado, alivio) Concordância Nominal
claro! pudera! ótimo! (assentimento) Os adjetivos, os pronomes adjetivos, os numerais e os artigos
concordam em gênero e número com os substantivos aos quais se
Locuções interjetivas referem.
Expressões formadas por mais de um vocábulo, com valor e Os nossos primeiros contatos começaram de maneira amis-
emprego de interjeição. tosa.

Exemplos Casos Especiais de Concordância Nominal


Ora bolas! • Menos e alerta são invariáveis na função de advérbio:
Valha-me Deus! Colocou menos roupas na mala./ Os seguranças continuam
Raios te partam! alerta.
Nossa Senhora!
• Pseudo e todo são invariáveis quando empregados na forma-
ção de palavras compostas:
Cuidado com os pseudoamigos./ Ele é o chefe todo-poderoso.

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Mesmo, próprio, anexo, incluso, quite e obrigado variam de Isto pertence a todos.
acordo com o substantivo a que se referem:
Elas mesmas cozinhavam./ Guardou as cópias anexas.

• Muito, pouco, bastante, meio, caro e barato variam quando


pronomes indefinidos adjetivos e numerais e são invariáveis quan-
do advérbios:
Muitas vezes comemos muito./ Chegou meio atrasada./ Usou
meia dúzia de ovos.

• Só varia quando adjetivo e não varia quando advérbio:


Os dois andavam sós./ A respostas só eles sabem.

• É bom, é necessário, é preciso, é proibido variam quando o


substantivo estiver determinado por artigo:
É permitida a coleta de dados./ É permitido coleta de dados.

Concordância Verbal
O verbo concorda com seu sujeito em número e pessoa:
O público aplaudiu o ator de pé./ A sala e quarto eram enor-
mes.

Concordância ideológica ou silepse


• Silepse de gênero trata-se da concordância feita com o gêne-
ro gramatical (masculino ou feminino) que está subentendido no
contexto.
Vossa Excelência parece satisfeito com as pesquisas.
Blumenau estava repleta de turistas.
• Silepse de número trata-se da concordância feita com o nú-
mero gramatical (singular ou plural) que está subentendido no con-
texto.
O elenco voltou ao palco e [os atores] agradeceram os aplau-
sos.
• Silepse de pessoa trata-se da concordância feita com a pes-
soa gramatical que está subentendida no contexto.
O povo temos memória curta em relação às promessas dos po-
líticos.

REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL

Regência Nominal e Verbal

• Regência Nominal 
A regência nominal estuda os casos em que nomes (substan-
tivos, adjetivos e advérbios) exigem outra palavra para completar-
-lhes o sentido. Em geral a relação entre um nome e o seu comple-
mento é estabelecida por uma preposição.

• Regência Verbal COLOCAÇÃO PRONOMINAL


A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre o
verbo (termo regente) e seu complemento (termo regido).  A colocação do pronome átono está relacionada à harmonia da
frase. A tendência do português falado no Brasil é o uso do prono-
me antes do verbo – próclise. No entanto, há casos em que a norma
culta prescreve o emprego do pronome no meio – mesóclise – ou
após o verbo – ênclise.
De acordo com a norma culta, no português escrito não se ini-
cia um período com pronome oblíquo átono. Assim, se na lingua-
gem falada diz-se “Me encontrei com ele”, já na linguagem escrita,
formal, usa-se “Encontrei-me’’ com ele.
Sendo a próclise a tendência, é aconselhável que se fixem bem
as poucas regras de mesóclise e ênclise. Assim, sempre que estas
não forem obrigatórias, deve-se usar a próclise, a menos que preju-
dique a eufonia da frase.

23
LÍNGUA PORTUGUESA
Próclise Se houver fator de próclise, o pronome átono ficará antes do
Na próclise, o pronome é colocado antes do verbo. auxiliar.
Exemplo: Não lhe havia dito a verdade.
Palavra de sentido negativo: Não me falou a verdade.
Advérbios sem pausa em relação ao verbo: Aqui te espero pa- Haver de e ter de + infinitivo: Pronome átono deve ficar depois
cientemente. do infinitivo.
Havendo pausa indicada por vírgula, recomenda-se a ênclise: Exemplos:
Ontem, encontrei-o no ponto do ônibus. Hei de dizer-lhe a verdade.
Pronomes indefinidos: Ninguém o chamou aqui. Tenho de dizer-lhe a verdade.
Pronomes demonstrativos: Aquilo lhe desagrada.
Orações interrogativas: Quem lhe disse tal coisa? Observação
Orações optativas (que exprimem desejo), com sujeito ante- Não se deve omitir o hífen nas seguintes construções:
posto ao verbo: Deus lhe pague, Senhor! Devo-lhe dizer tudo.
Orações exclamativas: Quanta honra nos dá sua visita! Estava-lhe dizendo tudo.
Orações substantivas, adjetivas e adverbiais, desde que não Havia-lhe dito tudo.
sejam reduzidas: Percebia que o observavam.
Verbo no gerúndio, regido de preposição em: Em se plantando,
tudo dá. CRASE
Verbo no infinitivo pessoal precedido de preposição: Seus in-
tentos são para nos prejudicarem. A crase é a fusão de duas vogais idênticas. A primeira vogal a
é uma preposição, a segunda vogal a é um artigo ou um pronome
Ênclise demonstrativo.
Na ênclise, o pronome é colocado depois do verbo. a (preposição) + a(s) (artigo) = à(s)

Verbo no início da oração, desde que não esteja no futuro do • Devemos usar crase:
indicativo: Trago-te flores. – Antes palavras femininas:
Verbo no imperativo afirmativo: Amigos, digam-me a verdade! Iremos à festa amanhã
Verbo no gerúndio, desde que não esteja precedido pela pre- Mediante à situação.
posição em: Saí, deixando-a aflita. O Governo visa à resolução do problema.
Verbo no infinitivo impessoal regido da preposição a. Com
outras preposições é facultativo o emprego de ênclise ou próclise: – Locução prepositiva implícita “à moda de, à maneira de”
Apressei-me a convidá-los. Devido à regra, o acento grave é obrigatoriamente usado nas
locuções prepositivas com núcleo feminino iniciadas por a:
Mesóclise Os frangos eram feitos à moda da casa imperial.
Na mesóclise, o pronome é colocado no meio do verbo. Às vezes, porém, a locução vem implícita antes de substanti-
vos masculinos, o que pode fazer você pensar que não rola a crase.
É obrigatória somente com verbos no futuro do presente ou no Mas... há crase, sim!
futuro do pretérito que iniciam a oração. Depois da indigestão, farei uma poesia à Drummond, vestir-
Dir-lhe-ei toda a verdade. -me-ei à Versace e entregá-la-ei à tímida aniversariante.
Far-me-ias um favor?
– Expressões fixas
Se o verbo no futuro vier precedido de pronome reto ou de Existem algumas expressões em que sempre haverá o uso de
qualquer outro fator de atração, ocorrerá a próclise. crase:
Eu lhe direi toda a verdade. à vela, à lenha, à toa, à vista, à la carte, à queima-roupa, à von-
Tu me farias um favor? tade, à venda, à mão armada, à beça, à noite, à tarde, às vezes, às
pressas, à primeira vista, à hora certa, àquela hora, à esquerda, à
direita, à vontade, às avessas, às claras, às escuras, à mão, às escon-
Colocação do pronome átono nas locuções verbais didas, à medida que, à proporção que.
Verbo principal no infinitivo ou gerúndio: Se a locução verbal
não vier precedida de um fator de próclise, o pronome átono deve- • NUNCA devemos usar crase:
rá ficar depois do auxiliar ou depois do verbo principal. – Antes de substantivos masculinos:
Exemplos: Andou a cavalo pela cidadezinha, mas preferiria ter andado a pé.
Devo-lhe dizer a verdade.
Devo dizer-lhe a verdade. – Antes de substantivo (masculino ou feminino, singular ou
plural) usado em sentido generalizador:
Havendo fator de próclise, o pronome átono deverá ficar antes Depois do trauma, nunca mais foi a festas.
do auxiliar ou depois do principal. Não foi feita menção a mulher, nem a criança, tampouco a ho-
Exemplos: mem.
Não lhe devo dizer a verdade.
Não devo dizer-lhe a verdade. – Antes de artigo indefinido “uma”
Iremos a uma reunião muito importante no domingo.
Verbo principal no particípio: Se não houver fator de próclise,
o pronome átono ficará depois do auxiliar. – Antes de pronomes
Exemplo: Havia-lhe dito a verdade. Obs.: A crase antes de pronomes possessivos é facultativa.

24
LÍNGUA PORTUGUESA
Fizemos referência a Vossa Excelência, não a ela. Travessão ( — )
A quem vocês se reportaram no Plenário? Não confundir o travessão com o traço de união ou hífen e com
Assisto a toda peça de teatro no RJ, afinal, sou um crítico. o traço de divisão empregado na partição de sílabas (ab-so-lu-ta-
-men-te) e de palavras no fim de linha. O travessão pode substituir
– Antes de verbos no infinitivo vírgulas, parênteses, colchetes, para assinalar uma expressão inter-
A partir de hoje serei um pai melhor, pois voltei a trabalhar. calada e pode indicar a mudança de interlocutor, na transcrição de
um diálogo, com ou sem aspas.
Ex: Estamos — eu e meu esposo — repletos de gratidão.
PONTUAÇÃO
Parênteses e colchetes ( ) – [ ]
Pontuação Os parênteses assinalam um isolamento sintático e semântico
Com Nina Catach, entendemos por pontuação um “sistema mais completo dentro do enunciado, além de estabelecer maior
de reforço da escrita, constituído de sinais sintáticos, destinados intimidade entre o autor e o seu leitor. Em geral, a inserção do
a organizar as relações e a proporção das partes do discurso e das parêntese é assinalada por uma entonação especial. Intimamente
pausas orais e escritas. Estes sinais também participam de todas as ligados aos parênteses pela sua função discursiva, os colchetes são
funções da sintaxe, gramaticais, entonacionais e semânticas”. (BE- utilizados quando já se acham empregados os parênteses, para in-
CHARA, 2009, p. 514) troduzirem uma nova inserção.
A partir da definição citada por Bechara podemos perceber a Ex: Vamos estar presentes na festa (aquela organizada pelo
importância dos sinais de pontuação, que é constituída por alguns governador)
sinais gráficos assim distribuídos: os separadores (vírgula [ , ], pon-
to e vírgula [ ; ], ponto final [ . ], ponto de exclamação [ ! ], reti- Aspas ( “ ” )
cências [ ... ]), e os de comunicação ou “mensagem” (dois pontos As aspas são empregadas para dar a certa expressão sentido
[ : ], aspas simples [‘ ’], aspas duplas [ “ ” ], travessão simples [ – ], particular (na linguagem falada é em geral proferida com entoação
travessão duplo [ — ], parênteses [ ( ) ], colchetes ou parênteses especial) para ressaltar uma expressão dentro do contexto ou para
retos [ [ ] ], chave aberta [ { ], e chave fechada [ } ]). apontar uma palavra como estrangeirismo ou gíria. É utilizada, ain-
da, para marcar o discurso direto e a citação breve.
Ponto ( . ) Ex: O “coffe break” da festa estava ótimo.
O ponto simples final, que é dos sinais o que denota maior pau-
sa, serve para encerrar períodos que terminem por qualquer tipo Vírgula
de oração que não seja a interrogativa direta, a exclamativa e as São várias as regras que norteiam o uso das vírgulas. Eviden-
reticências. ciaremos, aqui, os principais usos desse sinal de pontuação. Antes
Estaremos presentes na festa. disso, vamos desmistificar três coisas que ouvimos em relação à
vírgula:
Ponto de interrogação ( ? ) 1º – A vírgula não é usada por inferência. Ou seja: não “senti-
Põe-se no fim da oração enunciada com entonação interrogati- mos” o momento certo de fazer uso dela.
va ou de incerteza, real ou fingida, também chamada retórica. 2º – A vírgula não é usada quando paramos para respirar. Em
Você vai à festa? alguns contextos, quando, na leitura de um texto, há uma vírgula, o
leitor pode, sim, fazer uma pausa, mas isso não é uma regra. Afinal,
Ponto de exclamação ( ! ) cada um tem seu tempo de respiração, não é mesmo?!?!
Põe-se no fim da oração enunciada com entonação exclama- 3º – A vírgula tem sim grande importância na produção de tex-
tiva. tos escritos. Não caia na conversa de algumas pessoas de que ela é
Ex: Que bela festa! menos importante e que pode ser colocada depois.
Agora, precisamos saber que a língua portuguesa tem uma or-
Reticências ( ... ) dem comum de construção de suas frases, que é Sujeito > Verbo >
Denotam interrupção ou incompletude do pensamento (ou Objeto > Adjunto, ou seja, (SVOAdj).
porque se quer deixar em suspenso, ou porque os fatos se dão com Maria foi à padaria ontem.
breve espaço de tempo intervalar, ou porque o nosso interlocutor Sujeito Verbo Objeto Adjunto
nos toma a palavra), ou hesitação em enunciá-lo.
Ex: Essa festa... não sei não, viu. Perceba que, na frase acima, não há o uso de vírgula. Isso ocor-
re por alguns motivos:
Dois-pontos ( : ) 1) NÃO se separa com vírgula o sujeito de seu predicado.
Marcam uma supressão de voz em frase ainda não concluída. 2) NÃO se separa com vírgula o verbo e seus complementos.
Em termos práticos, este sinal é usado para: Introduzir uma citação 3) Não é aconselhável usar vírgula entre o complemento do
(discurso direto) e introduzir um aposto explicativo, enumerativo, verbo e o adjunto.
distributivo ou uma oração subordinada substantiva apositiva.
Ex: Uma bela festa: cheia de alegria e comida boa. Podemos estabelecer, então, que se a frase estiver na ordem
comum (SVOAdj), não usaremos vírgula. Caso contrário, a vírgula é
Ponto e vírgula ( ; ) necessária:
Representa uma pausa mais forte que a vírgula e menos que o Ontem, Maria foi à padaria.
ponto, e é empregado num trecho longo, onde já existam vírgulas, Maria, ontem, foi à padaria.
para enunciar pausa mais forte, separar vários itens de uma enu- À padaria, Maria foi ontem.
meração (frequente em leis), etc.
Ex: Vi na festa os deputados, senadores e governador; vi tam-
bém uma linda decoração e bebidas caras.

25
LÍNGUA PORTUGUESA
Além disso, há outros casos em que o uso de vírgulas é neces- Mudou o mundo e mudou o jeito de viver. Mudou o jeito de
sário: namorar, de vestir, de procurar emprego, de andar na rua e de se
• Separa termos de mesma função sintática, numa enumera- locomover pela cidade. Mudou o corpo. Mudou o jeito de escrever,
ção. de estudar, de morar e de se divertir. Mudou o valor da vida, do
Simplicidade, clareza, objetividade, concisão são qualidades a dinheiro e das pessoas...
serem observadas na redação oficial. Outros tempos. E, quando um jeito de viver muda, ele não
• Separa aposto. tem volta. Não se pode ter a experiência dele nunca mais. Por isso,
Aristóteles, o grande filósofo, foi o criador da Lógica. meus alunos e eu só podemos compartilhar o tempo atual. Não po-
• Separa vocativo. demos compartilhar um tempo que, para eles, é passado, mas, para
Brasileiros, é chegada a hora de votar. mim, ainda é presente. Os fatos de 30 anos atrás não são passado
• Separa termos repetidos. na minha vida. Para mim, meu passado não passou e minha história
Aquele aluno era esforçado, esforçado. não envelhece. Minha memória pode alcançar os acontecimentos
que vivi a qualquer momento, e posso revivê-los como se ocorres-
• Separa certas expressões explicativas, retificativas, exempli- sem agora. Mas, se eu os narrar, quem me ouve não pode, como
ficativas, como: isto é, ou seja, ademais, a saber, melhor dizendo, eu, vivenciá-los. Por isso, para meus alunos, são contos o que para
ou melhor, quer dizer, por exemplo, além disso, aliás, antes, com mim é vida.
efeito, digo. Mas é assim que corre o rio da vida dos homens, transforman-
O político, a meu ver, deve sempre usar uma linguagem clara, do em palavras o que hoje é ação. Se não forem narrados, os acon-
ou seja, de fácil compreensão. tecimentos e os nossos feitos passam sem deixar rastros. Faladas
ou escritas, são as palavras que salvam o já vivido e o conservam
• Marca a elipse de um verbo (às vezes, de seus complemen- entre nós. Salvam os feitos e os acontecimentos da sua total desin-
tos). tegração no esquecimento.
O decreto regulamenta os casos gerais; a portaria, os particula- A memória do já vivido e a sua narração numa história é o que
res. (= ... a portaria regulamenta os casos particulares) possibilita a construção da História e das nossas histórias pessoais.
Só os feitos e os acontecimentos narrados em histórias são capazes
• Separa orações coordenadas assindéticas.
de salvaguardar nossa existência e nossa identidade.
Levantava-me de manhã, entrava no chuveiro, organizava as
Só conservados pela lembrança é que os feitos e os aconteci-
ideias na cabeça...
mentos podem entrar no tempo e fazer parte de um passado. Re-
cente ou antigo.
• Isola o nome do lugar nas datas.
(CRITELLI, Dulce. In cronicasbrasil.blogspot.com/search/ label/
Rio de Janeiro, 21 de julho de 2006.
Dulce%20 Critelli) 
• Isolar conectivos, tais como: portanto, contudo, assim, dessa
forma, entretanto, entre outras. E para isolar, também, expressões O título “Lembrança e esquecimento” constitui uma antítese
conectivas, como: em primeiro lugar, como supracitado, essas in- que está relacionada a uma oposição de ideias presentes no texto,
formações comprovam, etc. correspondente:
Fica claro, portanto, que ações devem ser tomadas para ame- (A) as gerações mais velhas e os mais jovens.
nizar o problema. (B) os feitos e acontecimentos passados e a vida presente.
(C) a geração dos professores e a geração dos alunos.
A vírgula realmente tem uma quantidade maior de regras, mas (D) as mudanças do passado e a permanência do presente.
nada impossível de saber, não é?!?! Bom, já vimos muita coisa até (E) o passado narrado e o passado sem narração.
aqui e não vamos parar agora.

2. (CORE-MT – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – INSTITUTO EX-


EXERCÍCIOS
CELÊNCIA – 2019)

1. (PREFEITURA DE ARACRUZ - ES – CONTADOR - IBADE - 2019) Morte

LEMBRANÇA E ESQUECIMENTO Sou, em princípio, contra a pena de morte, mas admito algu-
mas exceções. Por exemplo: pessoas que contam anedotas como
“Como é antigo o passado recente!” Gostaria que a frase fosse se fossem experiências reais vividas por elas e só no fim você des-
minha, mas ela é de Nelson Rodrigues numa crônica de “A Menina cobre que é anedota. Estas deviam ser fuziladas.
sem Estrela”. Também fico perplexa com esse fenômeno rápido e Todos os outros crimes puníveis com a pena capital, na minha
turbulento que é o tempo da vida. Não são poucas as vezes em opinião, têm a ver, de alguma maneira, com telefone.
que me volto para algum acontecimento acreditando que ele ainda Cadeira elétrica para as telefonistas que perguntam: “Da
é atual e descubro que ele faz parte do passado para outros. Um onde?”
exemplo é quando, em sala de aula, refiro-me a eventos que se Forca para pessoas que estendem o polegar e o dedinho ao
passaram nos anos 70 e meus alunos me olham como se eu falasse lado da cabeça quando querem imitar um telefone. Curiosamente,
da Idade Média... E eu nem contei para eles que andei de bonde! uma mímica desenvolvida há pouco. Ninguém, misericordiosamen-
 A distância entre nós não é apenas uma questão de gerações. te, tinha pensado nela antes, embora o telefone, o polegar e o min-
Eles nasceram em um mundo já transformado pela tecnologia e pela dinho existam há anos.
informática. Uma transformação que começou nos anos 50 e que Garrote vil para os donos de telefone celular em geral e garro-
não nos trouxe somente mais eletrodomésticos e aparelhos digitais. te seguido de desmembramento para os donos de telefone celular
Ela instalou uma transformação radical do nosso modo de vida. que gostam de falar no meio de multidões e fazem questão de que

26
LÍNGUA PORTUGUESA
todos saibam que se atrasou para a reunião porque o furúnculo exemplares – ou pelo menos cidadãos comuns – por absoluta
infeccionou. Claro, a condenação só viria depois de um julgamento, incompetência na administração do êxito. Principalmente porque
mas com o Aristides Junqueira na defesa. o sucesso no esporte costuma chegar muito antes do que acontece
(L. F. Veríssimo, “Morte”, Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, com outras profissões.       
22/12/1994. Caderno Opinião, p. 11) 9. Bruno não foi formado no Flamengo. A ele chegou pronto,
para o melhor e para o pior. O que fez de sua vida não é culpa do
O texto lido é uma crônica. Assinale a alternativa em que a de- clube, mas serve como advertência para todos os clubes,
finição contraria a justificativa inicial: 10. Cartolas, cuidem de seu patrimônio, cuidem de seus
(A) Porque se ocupa em relatar e expor determinada pessoa, garotos.
objeto, lugar ou acontecimento. Luiz Garcia – Cronista do Jornal O Globo Falecido em abril de
(B) Porque é um tipo de texto narrativo curto, geralmente, pro- 2018 
duzido para meios de comunicação, por exemplo, jornais, revistas,
etc. A crônica é um tipo de texto:
(C) Porque se encarrega de expor um tema ou assunto por (A) narrativo longo.
meio de argumentações. (B) narrativo curto.
(D) Porque é um tipo de texto que apresenta uma linguagem (C) descritivo curto.
simples. (D) descritivo longo.
(E) Nenhuma das alternativas. (E) expositivo.

3. (PREFEITURA DE ARACRUZ - ES - PROFESSOR DE CIÊNCIA - 4. (Prefeitura de Bom Repouso - MG - Cirurgião-Dentista - MDS


IBADE - 2019) - 2019)

CUIDEM DOS GAROTOS Partindo do pressuposto de que um texto tem estrutura a par-
tir de características gerais de um determinado gênero, identifique
1. O problema de Bruno está resolvido. Rapidamente, mas não os gêneros descritos a seguir:
poderia se diferente: raras vezes um comportamento criminoso é
identificado e provado em pouco tempo com tanta abundância de I. Tem como principal característica transmitir a opinião de
provas, tanta escassez de atenuantes. O ex-goleiro e ex-ídolo do pessoas de destaque sobre algum assunto de interesse. Algumas
Flamengo mostrou ser tudo que um atleta popular não pode ser. revistas têm uma seção dedicada a esse gênero;
2. Seus ex-patrões, e não falo só do flamengo, bem que po- II. Caracteriza-se por apresentar um trabalho voltado para o
deriam fazer um exame de consciência e perguntar a si mesmos estudo da linguagem, fazendo-o de maneira particular, refletindo o
se, antes de matar a companheira com repugnantes requintes de momento, a vida dos homens através de figuras que possibilitam a
violência, Bruno já não teria dado sinais ou mesmo provas de que criação de imagens;
alguma coisa estava errada com ele. III. Gênero que apresenta uma narrativa informal ligada à vida
3. Talvez não, mas o que está mesmo em questão é a possível cotidiana. Apresenta certa dose de lirismo e sua principal caracte-
necessidade de uma política preventiva a respeito dos jogadores.  rística é a brevidade;
4. Profissionais do futebol não são funcionários comuns de IV. Linguagem linear e curta, envolve poucas personagens, que
uma empresa. Ao assinarem contrato com o clube, passam a ser geralmente se movimentam em torno de uma única ação, dada em
parte de sua história e de sua imagem, o que significa tanto com- um só espaço, eixo temático e conflito. Suas ações encaminham-se
promisso como honra – e implica responsabilidades especiais, den- diretamente para um desfecho;
tro das quatro linhas e fora delas. V. Esse gênero é predominantemente utilizado em manuais de
5. A condição de ídolo popular tem tantas responsabilidades eletrodomésticos, jogos eletrônicos, receitas, rótulos de produtos,
quanto prazeres. Sei que estou apenas citando lugares-comuns, entre outros.
o que pode ser cansativo para o leitor, mas peço um pouco de
paciência: eles só ficam comuns por serem verdadeiros e resistirem São, respectivamente:
ao tempo. (A) texto instrucional, crônica, carta, entrevista e carta argu-
6. O Flamengo agiu com rapidez e eficiência, tanto quanto a mentativa.
polícia, no caso do Bruno, mas o torcedor tem o direito de perguntar: (B) carta, bula de remédio, narração, prosa, crônica.
o que o clube e os outros estão dispostos a fazer, não para reagir a (C) entrevista, poesia, crônica, conto, texto instrucional.
episódios semelhantes, mas simplesmente para evitá-los? (D) entrevista, poesia, conto, crônica, texto instrucional.
7. É comum, e absolutamente desejável, que rapazes, muitos
ainda adolescentes, mostrem nos gramados um grau de excelência 5. (PREF. DE RONDONÓPOLIS - MT – PROCURADOR – PREF. DE
no exercício da profissão prematuro e incomum em outras RONDONÓPOLIS - MT - 2019)
profissões. As leis da concorrência mandam que sejam regiamente
pagos por isso, mas o sucesso antes da maturidade tem riscos Instrução: Leia atentamente o texto a seguir e responda à
óbvios. Talvez deva partir dos clubes, tanto por razões éticas como questão.   
em defesa de sua própria imagem, a iniciativa de preparar suas  
jovens estrelas para a administração correta do sucesso. Dá traba- A gente se torna (ou acha que se torna) um pouco mais senhor
lho com certeza, mas, em prazo não muito longo, trata-se da defesa de si, de seus limites, e até faz algumas escolhas acertadas. Esse
de seus interesses e de seu patrimônio, sem falar no aspecto ético é um dos dons da maturidade. Com sorte e sabedoria, mais tarde
de uma política nesse sentido. poderemos descobrir que também faz parte do envelhecer.
8. O caso de Bruno é, obviamente, uma aberração. Não O tempo não é mais apenas o futuro, quando vou crescer,
conheço outro craque assassino, mas não faltam exemplos de bons quando vou ser independente, quando vou casar, transar, ter fi-
jogadores que jogaram fora suas carreiras e não foram cidadãos lhos, viajar, quando? Agora existe um passado: quando eu era

27
LÍNGUA PORTUGUESA
criança, quando fiz vestibular, quando transei, quando me casei, Assinale a alternativa em que, com a mudança da posição do
quando comecei a trabalhar ... e nos damos conta de que estamos pronome em relação ao verbo, conforme indicado nos parênteses,
no auge da juventude, a maturidade logo ali, e tantos compromis- a redação permanece em conformidade com a norma-padrão de
sos, tanto desejo, já tanta frustração. colocação dos pronomes.
(LUFT, Lya. O tempo é um rio que corre. Rio de Janeiro: Record, (A) ... há melhora nas escolas quando se incluem alunos com
2014.) deficiência. (incluem-se)
(B) ... em educação especial inclusiva, contam-se  não muito
A respeito do texto, analise as afirmativas. I- Por ser curto, or- mais que 100 mil deles no país. (se contam)
ganizado em torno de um único foco temático, com poeticidade na (C) Não se concebe que possa haver um especialista em cada
construção da linguagem, esse texto pertence ao gênero crônica. II- sala de aula. (concebe-se)
A reflexão presente no texto volta-se a um tempo de maturidade, (D) Aí, ao menos um profissional preparado  se encarrega de
em que o passado, hoje, seria o futuro ontem. III- O tom irônico do receber o aluno... (encarrega-se)
texto busca prender a atenção do leitor, envolvendo -o na temáti- (E) ... que não se confunde com incapacidade, como felizmente
ca, mesmo sem muitos detalhes. IV- O texto, escrito em primeira já vamos aprendendo. (confunde-se)
pessoa do singular (vou, eu era, me casei), utiliza linguagem simples
com predominância de oralidade. 7. (Prefeitura de Caranaíba - MG - Agente Comunitário de Saú-
de - FCM - 2019)
Estão corretas as afirmativas
(A) I, II e III, apenas. Dieta salvadora
(B) II, III e IV, apenas. A ciência descobre um micróbio adepto de um
(C) I e IV, apenas. alimento abundante: o lixo plástico no mar.
(D) I e II, apenas.
O ser humano revelou-se capaz de dividir o átomo, derrotar o
6. (Prefeitura de Piracicaba - SP - Professor - Educação Infantil câncer e produzir um “Dom Quixote”. Só não consegue dar um des-
- VUNESP - 2020) tino razoável ao lixo que produz. E não se contenta em brindar os
mares, rios e lagoas com seus próprios dejetos. Intoxica-os também
Escola inclusiva com garrafas plásticas, pneus, computadores, sofás e até carcaças
de automóveis. Tudo que perde o uso é atirado num curso d’água,
É alvissareira a constatação de que 86% dos brasileiros subterrâneo ou a céu aberto, que se encaminha inevitavelmente
concordam que há melhora nas escolas quando se incluem alunos para o mar. O resultado está nas ilhas de lixo que se formam, da
com deficiência. Guanabara ao Pacífico.
Uma década atrás, quando o país aderiu à Convenção sobre De repente, uma boa notícia. Cientistas da Grécia, Suíça, Itália,
os Direitos das Pessoas com Deficiência e assumiu o dever de uma China e dos Emirados Árabes descobriram em duas ilhas gregas um
educação inclusiva, era comum ouvir previsões negativas para tal micróbio marinho que se alimenta do carbono contido no plástico
perspectiva generosa. Apesar das dificuldades óbvias, ela se tornou jogado ao mar. Parece que, depois de algum tempo ao sol e ata-
lei em 2015 e criou raízes no tecido social. cado pelo sal, o plástico, seja mole, como o das sacolas, ou duro,
A rede pública carece de profissionais satisfatoriamente qua- como o das embalagens, fica quebradiço – no ponto para que os
lificados até para o mais básico, como o ensino de ciências; o que micróbios, de guardanapo ao pescoço, o decomponham e façam a
dizer então de alunos com gama tão variada de dificuldades. festa. Os cientistas estão agora criando réplicas desses micróbios,
Os empecilhos vão desde o acesso físico à escola, como o en- para que eles ajudem os micróbios nativos a devorar o lixo. Haja
frentado por cadeirantes, a problemas de aprendizado criados por estômago.
limitações sensoriais – surdez, por exemplo – e intelectuais. Em “A Guerra das Salamandras”, romance de 1936 do tcheco
Bastaram alguns anos de convívio em sala, entretanto, para Karel Čapek (pronuncia-se tchá-pek), um explorador descobre na
minorar preconceitos. A maioria dos entrevistados (59%), hoje, dis- costa de Sumatra uma raça de lagartos gigantes, hábeis em colher
corda de que crianças com deficiência devam aprender só na com- pérolas e construir diques submarinos. Em troca das pérolas que as
panhia de colegas na mesma condição. salamandras lhe entregam, ele lhes fornece facas para se defende-
Tal receptividade decerto não elimina o imperativo de contar rem dos tubarões. O resto, você adivinhou: as salamandras se re-
com pessoal capacitado, em cada estabelecimento, para lidar com produzem, tornam-se milhões, ocupam os litorais, aprendem a fa-
necessidades específicas de cada aluno. O censo escolar indica 1,2 lar e inundam os continentes. São agora bilhões e tomam o mundo.
milhão de alunos assim categorizados. Embora tenha triplicado o nú- Não quero dizer que os micróbios comedores de lixo podem
mero de professores com alguma formação em educação especial se tornar as salamandras de Čapek. É que, no livro, as salamandras
inclusiva, contam-se não muito mais que 100 mil deles no país. Não aprendem a gerir o mundo melhor do que nós. Com os micróbios
se concebe que possa haver um especialista em cada sala de aula. no comando, nossos mares, pelo menos, estarão a salvo.
As experiências mais bem-sucedidas criaram na escola uma es- Ruy Castro, jornalista, biógrafo e escritor brasileiro. Folha de S.
trutura para o atendimento inclusivo, as salas de recursos. Aí, ao Paulo. Caderno Opinião, p. A2, 20 mai. 2019.
menos um profissional preparado se encarrega de receber o aluno
e sua família para definir atividades e de auxiliar os docentes do Os pronomes pessoais oblíquos átonos, em relação ao verbo,
período regular nas técnicas pedagógicas. possuem três posições: próclise (antes do verbo), mesóclise (no
Não faltam casos exemplares na rede oficial de ensino. Compe- meio do verbo) e ênclise (depois do verbo).
te ao Estado disseminar essas iniciativas exitosas por seus estabele- Avalie as afirmações sobre o emprego dos pronomes oblíquos
cimentos. Assim se combate a tendência ainda existente a segregar nos trechos a seguir.
em salas especiais os estudantes com deficiência – que não se con- I – A próclise se justifica pela presença da palavra negativa: “E
funde com incapacidade, como felizmente já vamos aprendendo. não se contenta em brindar os mares, rios e lagoas com seus pró-
(Editorial. Folha de S.Paulo, 16.10.2019. Adaptado) prios dejetos.”

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LÍNGUA PORTUGUESA
II – A ênclise ocorre por se tratar de oração iniciada por verbo: Uma nuvem de problematização supostamente filosófica tam-
“Intoxica-os também com garrafas plásticas, pneus, computadores, bém rondaria a discussão. / Alguma ingenuidade conceitual pode-
sofás e até carcaças de automóveis.” ria marcar o ambientalismo apologético.
III – A próclise é sempre empregada quando há locução verbal: (A) ... lhe rondaria ... o poderia marcar
“Não quero dizer que os micróbios comedores de lixo podem se (B) ... rondá-la-ia ... poderia marcar ele
tornar as salamandras de Čapek.” (C) ... rondaria-a ... podê-lo-ia marcar
IV – O sujeito expresso exige o emprego da ênclise: “O ser hu- (D) ... rondaria-lhe ... poderia o marcar
mano revelou-se capaz de dividir o átomo, derrotar o câncer e pro- (E) ... a rondaria ... poderia marcá-lo
duzir um ‘Dom Quixote’”.
9. (Prefeitura de Cabo de Santo Agostinho - PE - Técnico em
Está correto apenas o que se afirma em Saneamento - IBFC - 2019)
(A) I e II.
(B) I e III. Vou-me embora pra Pasárgada,
(C) II e IV. lá sou amigo do Rei”.
(D) III e IV. (M.Bandeira)

8. (Prefeitura de Birigui - SP - Educador de Creche - VUNESP -


2019) Quanto à regra de colocação pronominal utilizada, assinale a
alternativa correta.
Certo discurso ambientalista tradicional recorrentemente bus- (A) Ênclise: em orações iniciadas com verbos no presente ou
ca indícios de que o problema ambiental seja universal (e de fato é), pretérito afirmativo, o pronome oblíquo deve ser usado posposto
atemporal (nem tanto) e generalizado (o que é desejável). Alguma ao verbo.
ingenuidade conceitual poderia marcar o ambientalismo apologéti- (B) Próclise: em orações iniciadas com verbos no presente ou
co; haveria dilemas ambientais em todos os lugares, tempos, cultu- pretérito afirmativo, o pronome oblíquo deve ser usado posposto
ras. É a bambificação(*) da natureza. Necessária, no entanto, como ao verbo.
condição de sobrevivência. Há quem tenha encontrado normas (C) Mesóclise: em orações iniciadas com verbos no presente ou
ambientais na Bíblia, no Direito grego, e até no Direito romano. São pretérito afirmativo, o pronome oblíquo deve ser usado posposto
Francisco de Assis, nessa linha, prosaica, seria o santo padroeiro ao verbo.
das causas ambientais; falava com plantas e animais. (E) Próclise: em orações iniciadas com verbos no imperativo
A proteção do meio ambiente seria, nesse contexto, instintiva, afirmativo, o pronome oblíquo deve ser usado posposto ao verbo.
predeterminando objeto e objetivo. Por outro lado, e este é o meu
argumento, quando muito, e agora utilizo uma categoria freudiana, 10. (Prefeitura de Peruíbe - SP - Inspetor de Alunos - VUNESP
a pretensão de proteção ambiental seria pulsional, dado que resis- - 2019)
te a uma pressão contínua, variável na intensidade. Assim, numa
dimensão qualitativa, e não quantitativa, é que se deveria enfren- Pelo fim das fronteiras
tar a questão, que também é cultural. E que culturalmente pode
ser abordada. Imigração é um fenômeno estranho. Do ponto de vista pura-
O problema, no entanto, é substancialmente econômico. O mente racional, ela é a solução para vários problemas globais. Mas,
dilema ambiental só se revela como tal quando o meio ambiente como o mundo é um lugar menos racional do que deveria, pessoas
passa a ser limite para o avanço da atividade econômica. É nesse que buscam refúgio em outros países costumam ser recebidas com
sentido que a chamada internalização da externalidade negativa desconfiança quando não com violência, o que diminui o valor da
exige justificativa para uma atuação contra-fática. imigração como remédio multiuso.
Uma nuvem de problematização supostamente filosófica tam- No plano econômico, a plena mobilidade da mão de obra se-
bém rondaria a discussão. Antropocêntricos acreditam que a prote- ria muito bem-vinda. Segundo algumas estimativas, ela faria o PIB
ção ambiental seria narcisística, centrada e referenciada no próprio mundial aumentar em até 50%. Mesmo que esses cálculos estejam
homem. Os geocêntricos piamente entendem que a natureza deva inflados, só uma fração de 10% já significaria um incremento da
ser protegida por próprios e intrínsecos fundamentos e caracterís- ordem de US$ 10 trilhões (uns cinco Brasis).
ticas. Posições se radicalizam. Uma das principais razões para o mundo ser mais pobre do
A linha de argumento do ambientalista ingênuo lembra-nos o que poderia é que enormes contingentes de humanos vivem sob
“salto do tigre” enunciado pelo filósofo da cultura Walter Benja- sistemas que os impedem de ser produtivos. Um estudo de 2016
min, em uma de suas teses sobre a filosofia da história. Qual um de Clemens, Montenegro e Pritchett estimou que só tirar um tra-
tigre mergulhamos no passado, e apenas apreendemos o que inte- balhador macho sem qualificação de seu país pobre de origem e
ressa para nossa argumentação. É o que se faz, a todo tempo. transportá-lo para os EUA elevaria sua renda anual em US$ 14 mil.
(Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy. Disponível em: https:// A imigração se torna ainda mais tentadora quando se conside-
www.conjur.com.br/2011. Acesso em: 10.08.2019. Adaptado)
ra que é a resposta perfeita para países desenvolvidos que enfren-
tam o problema do envelhecimento populacional.
(*) Referência ao personagem Bambi, filhote de cervo conhe-
Não obstante tantas virtudes, imigrantes podem ser maltrata-
cido como “Príncipe da Floresta”, em sua saga pela sobrevivência
dos e até perseguidos quando cruzam a fronteira, especialmente
na natureza. 
se vêm em grandes números. Isso está acontecendo até no Brasil,
que não tinha histórico de xenofobia. Desconfio de que estão em
Assinale a alternativa que reescreve os trechos destacados em-
operação aqui vieses da Idade da Pedra, tempo em que membros
pregando pronomes, de acordo com a norma-padrão de regência e
de outras tribos eram muito mais uma ameaça do que uma solução.
colocação.

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LÍNGUA PORTUGUESA
De todo modo, caberia às autoridades incentivar a imigração, 13. (Prefeitura de Blumenau - SC - Professor - Português – Ma-
tomando cuidado para evitar que a chegada dos estrangeiros dê tutino - FURB – 2019)
pretexto para cenas de barbárie. Isso exigiria recebê-los com inte-
ligência, minimizando choques culturais e distribuindo as famílias Determinado, batalhador, estudioso, dedicado e inquieto.
por regiões e cidades em que podem ser mais úteis. É tudo o que Muitos são os adjetivos que encontramos nos livros de história para
não estamos fazendo. definir Hermann Blumenau. Desde os primeiros anos da colônia, es-
(Hélio Schwartsman. Disponível em: https://www1.folha.uol. teve determinado a construir uma casa melhor para viver com sua
com.br/colunas/.28.08.2018. Adaptado) família, talvez em um terreno que lhe pertencia no morro do aipim.
Considere as frases: Infelizmente, nunca concretizou este sonho, porém, nunca deixou
• países desenvolvidos que enfrentam o problema do envelhe- de zelar por tudo aquilo que lhe dizia respeito.[...]
cimento populacional. (4º parágrafo) Disponível em: <https://www.blumenau.sc.gov.br/secretarias/
• ... minimizando choques culturais e distribuindo  as famí- fundacao-cultural/fcblu/memaoria-digital-ao-comemoraacaao-
lias por regiões e cidades em que podem ser mais -200-anos-dr-blumenau85>. Acesso em: 05 set. 2019. [adaptado]
úteis. (6º parágrafo)
Sobre a colocação dos pronomes átonos nos excertos: “...tal-
A substituição das expressões em destaque por pronomes está vez em um terreno que  lhe pertencia no morro do aipim.” e “...
de acordo com a norma-padrão de emprego e colocação em: zelar por tudo aquilo que lhe dizia respeito.”, podemos afirmar que
(A) enfrentam-no; distribuindo-lhes. ambas as próclises estão corretas, pois o verbo está precedido de
(B) o enfrentam; lhes distribuindo. palavras que atraem o pronome para antes do verbo. Assinale a
(C) o enfrentam; distribuindo-as. alternativa que identifica essas palavras atrativas dos excertos:
(D) enfrentam-no; lhes distribuindo. (A) palavras de sentido negativo
(E) lhe enfrentam; distribuindo-as. (B) advérbios
(C) conjunções subordinativas
(D) pronomes demonstrativos
11. (Prefeitura de Peruíbe - SP – Secretário de escola - VUNESP
(E) pronomes relativos
- 2019)
Considere a frase a seguir. Como as crianças são naturalmen-
14. (TRF - 4ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA
te agitadas, cabe aos adultos  impor às crianças  limites que  ga-
- FCC - 2019)
rantam às crianças  um desenvolvimento saudável. Para eliminar
as repetições da frase, as expressões destacadas devem ser
[Pai e filho]
substituídas, em conformidade com a norma-padrão da língua,
respectivamente, por No romance Paradiso o grande escritor cubano José Lezama Lima
(A) impor-nas ... lhes garantam diz que um ser humano só começa a envelhecer depois da morte do
(B) impor-lhes ... as garantam pai. Freud atribui a essa morte um dos grandes traumas de um filho.
(C) impô-las ... lhes garantam A amizade e a cumplicidade quase sempre prevalecem sobre as
(D) impô-las ... as garantam discussões, discórdias e outras asperezas de uma relação às vezes
(E) impor-lhes ... lhes garantam complicada, mas sempre profunda. Às vezes você lamenta não ter
conversado mais com o seu pai, não ter convivido mais tempo com
12. (Prefeitura de Blumenau - SC - Professor - Geografia – Ma- ele. Mas há também pais terríveis, opressores e tirânicos.
tutino - FURB – 2019) Exemplo desse caso está na literatura, na  Carta ao pai, de
Franz Kafka. É esse um dos exemplos notáveis do pai castrador, que
O tradicional desfile do aniversário de Blumenau, que comple- interfere nas relações amorosas e na profissão do filho. Um pai que
ta 169 anos de fundação nesta segunda-feira, teve outra data es- não se conforma com um grão de felicidade do jovem Franz. A Car-
pecial para comemorar: os 200 anos de nascimento do Doutor Her- ta é o inventário de uma vida infernal. É difícil saber até que ponto
mann Blumenau. __________ 15 mil pessoas que estiveram na Rua o pai de Kafka na  Carta  é totalmente verdadeiro. Pode se tratar
XV de Novembro nesta manhã acompanhando o desfile, de acordo de uma construção ficcional ou um pai figurado, mais ou menos
com estimativa da Fundação Cultural, conheceram um pouco mais próximo do verdadeiro. Mas isso atenua o sofrimento do narrador?
da vida do fundador do município. [...] O desfile também apresen- O leitor acredita na figuração desse pai. Em cada página, o que
tou aspectos da colonização alemã no Vale do Itajaí. Dessa forma, prevalece é uma alternância de sofrimento e humilhação, imposta
as bandeiras e moradores das 42 cidades do território original de por um homem prepotente e autoritário.
Blumenau, que foi fundado por Hermann, também estiveram re- (Adaptado de: HATOUM, Milton. Um solitário à espreita. São
presentadas na Rua XV de Novembro. [...] Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 204-205) 
Disponível em: <https://www.nsctotal.com.br/noticias/desfile-
-em-blumenau-comemora-o-aniversario-da-cidade-e-os-200-anos- Ao supor que a Carta seja uma construção ficcional, o autor
-do-fundador>.Acesso em: 02 set. 2019.[adaptado] (A) nem por isso esvazia a possibilidade de que o sofrimento e
a humilhação nela expostos atinjam o leitor.
No mesmo excerto “Dessa forma, as bandeiras e moradores (B) desse modo acentua o evidente exagero das páginas cruéis
das 42 cidades do território original de Blumenau, que foi fundado em que o filho atormentado acusa a malignidade do pai.
por Hermann, também estiveram representadas na Rua XV de No- (C) ressalva assim o fato de que o narrador forjou inteiramente
vembro.”, a palavra destacada pertence à classe gramatical: seus sofrimentos para ganhar a adesão emocional do leitor.
(A) conjunção (D) lembra por isso que a literatura vive de invenções que pou-
(B) pronome co têm a ver com situações que se possam comprovar na vida real.
(C) preposição (E) mostra com isso que nessa suposta carta, provinda de um
(D) advérbio impostor literário, não há mais que a projeção de um filho e de um
(E) substantivo pai hipotéticos.

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LÍNGUA PORTUGUESA
15. (UFGD - ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO - UFGD - 2019) 16. (CÂMARA DE FORTALEZA - CE – REDATOR - FCC - 2019)

O ESCRETE DE LOUCOS Sobre a presença daquele que é possivelmente seu mais famoso
e lido livro, Pedagogia do oprimido, Paulo Freire critica aquilo que
[...] chama de uma visão “bancária” da educação, em que os educado-
Amigos, ninguém pode imaginar a frustração dos times euro- res mantêm com os alunos uma relação que detém informações que
peus. Eles trouxeram, para 62, a enorme experiência de 58. Joga- são “depositadas” numa sala de aula, que está ali para memorizar,
ram contra o Brasil na Suécia, trataram de desmontar o nosso fute- e não aprender. “Em lugar de comunicar-se, o educador faz ‘comu-
bol, peça por peça. Toda a nossa técnica e toda a nossa tática foram nicados’ e depósitos que os educandos, meras incidências, recebem
estudadas com sombrio élan. Sobre Garrincha, eis o que diziam os pacientemente, memorizam e repetem. Eis aí a concepção ‘bancária’
técnicos do Velho Mundo: — “Só dribla para a direita!” Era a falsa da educação, em que a única margem de ação que se oferece aos
verdade que se tornaria universal. O próprio Pelé parecia um mis- educandos é a de receberem os depósitos, guardá-los e arquivá-los.”
tério dominado. (ALMEIDA, Carol. Disponível em: Suplemento Pernambuco, p.
Após quatro anos de meditação sobre o nosso futebol, o euro- 12, janeiro de 201
peu desembarca no Chile. Vinha certo, certo, da vitória. Havia, po-
rém, em todos os seus cálculos, um equívoco pequenino e fatal. De Quanto ao gênero a que pertence, é correto afirmar que o texto
fato, ele viria a apurar que o forte do Brasil não é tanto o futebol, (A) é argumentativo e crítico, uma vez que apresenta e desen-
mas o homem. Jogado por outro homem o mesmíssimo futebol, volve ideias.
seria o desastre. Eis o patético da questão: — a Europa podia imitar (B) é informativo, pois faz referências aos fatos relevantes
o nosso jogo e nunca a nossa qualidade humana. Jamais, em toda acerca do cotidiano da autora.
a experiência do Chile, o tcheco ou o inglês entendeu os nossos pa- (C) mescla objetividade e subjetividade sobre o tema da edu-
trícios. Para nos vencer, o alemão ou o suíço teria de passar várias cação brasileira.
encarnações aqui. Teria que nascer em Vila Isabel, ou Vaz Lobo. (D) é laudatório, de maneira que o uso da citação constitui pro-
Precisaria ser camelô no largo da Carioca. Precisaria de toda uma vi- cedimento característico.
vência de botecos, de gafieira, de cachaça, de malandragem geral. (E) explora enunciados em que predomina a conotação, evi-
Aí está: — no Velho Mundo os sujeitos se parecem, como sol- denciando seu caráter literário.
dadinhos de chumbo. A dessemelhança que possa existir de um
tcheco para um belga, ou um suíço, é de feitio os sul-americanos. 17. (PREFEITURA DE RONDONÓPOLIS – MT – PROCURADOR JU-
Repito: o brasileiro é uma nova experiência humana. RÍDICO – PREFEITURA DE RONDONÓPOLIS – 2019)
O homem do Brasil entra na história com um elemento inédi-
to, revolucionário e criador: a molecagem. Citei a brincadeira de
Instrução: Leia atentamente os dois primeiros parágrafos do
Garrincha num final dramático de jogo. Era a molecagem. Aqueles
texto Panta rei?, do filósofo Mario Sergio Cortella e responda à
quatro ou cinco tchecos, parados diante de Mané, magnetizados,
questão.
representavam a Europa. Diante de um valor humano insuspeitado
e deslumbrante, a Europa emudecia, com os seus túmulos, as suas
Novo ano, vida nova? Esperança não delirante? Então, mais
torres, os seus claustros, os seus rios.
uma vez, cante -se a primeira estrofe da marcha-rancho “Até quar-
[...]
ta-feira” (composta por H. Silva e Paulo Setti), grande sucesso em
E mesmo fora do futebol, o europeu faz uma imitação da vida,
enquanto que o brasileiro vive de verdade e ferozmente. Ninguém 1967 na voz do sambista Noite Ilustrada: “este ano não vai ser igual
compreenderá que foi a nossa qualidade humana que nos deu esta àquele que passou”. Então, novamente, levanta, sacode a poeira
Copa tão alta, tão erguida, de fronte de ouro. E mais: — foi o misté- e dá a volta por cima! Em meados do século 20, o mesmo Noite
rio de nossos botecos, e a graça das nossas esquinas, e o soluço dos Ilustrada gravou esse clássico do cientista Paulo Vanzolini e, desde
nossos cachaças, e a euforia dos nossos cafajestes. Jogamos no Chi- aquela época, amiúde recordamos da fundamental – em todos os
le com ardente seriedade. Mas a última jogada de Mané, no adeus sentidos – “Volta por cima”. Afinal em vários momentos e de mui-
aos Andes, foi uma piada, tão linda e tão plástica. No mais patético tas maneiras, cada um do seu jeito, sempre podemos dizer que “ali
das batalhas, o escrete soube brincar. Esse toque de molecagem onde eu chorei / qualquer um chorava / dar a volta por cima que eu
brasileira é que deu à vitória uma inconcebível luz. dei / quero ver quem dava”.
RODRIGUES, Nélson. A Pátria de Chuteiras. 2013. (Fragmento). Este ano não vai ser igual àquele que passou! Aliás, daria para
ser de outro modo? Há possibilidade de algum ano, mês ou dia ser
Assinale a alternativa que indica o gênero desse texto. idêntico a outro qualquer, como se ficássemos aprisionados no
(A) Conto, por ser uma narrativa breve e concisa, contendo um “feitiço do tempo”? Eis aí a chave para abrir um dos pensamentos
só conflito, uma única ação (com espaço limitado a um ambiente), mais instigantes quando se deseja refletir sobre a vida no dia a dia
unidade de tempo e número restrito de personagens. e as intercorrências dela advindas; fala-se com frequência uma fra-
(B) Crônica, pois não há o recurso da arte em si, e também se que pareceria máxima popular: “Nenhum homem toma banho
trabalha com o cotidiano. A principal característica de uma crônica duas vezes no mesmo rio, pois, quando volta a ele, nem o rio é o
é o aspecto cronológico. mesmo e nem mais o homem o é”. [...]
(C) Romance, já que é uma forma literária do gênero narrativo (CORTELLA, M. S. Não espere pelo epitáfio. Provocações filosó-
que transpõe para a ficção a experiência humana, dividida em ca- ficas. Petrópolis: Vozes, 2014.)
pítulos, com personagens variados em torno das quais acontece a
história principal e também as histórias paralelas a essa. Entre os recursos linguísticos empregados na construção de
(D) Artigo científico, já que tem autoria declarada, apresenta um texto está a intertextualidade. Qual trecho desse texto NÃO é
linguagem técnica, ideias, objetivos, métodos, processos e resulta- exemplo de intertextualidade explícita?
dos em uma determinada área de conhecimento. (A) este ano não vai ser igual àquele que passou.
(E) Poesia, pois é uma composição em versos com associações (B) um dos pensamentos mais instigantes quando se deseja re-
harmoniosas de palavras, ritmos e imagens. fletir sobre a vida no dia a dia.

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LÍNGUA PORTUGUESA
(C) levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima. Não há programa de merenda escolar no México, por isso as
(D) ali onde eu chorei / qualquer um chorava / dar a volta por crianças comem o que trazem de casa. Batata chips é um petisco
cima que eu dei / comum entre os alunos, sendo acompanhada – pela maior parte
quero ver quem dava. das crianças – por refrigerante.  Poucas escolhem algo mais
saudável, como frutas, sanduíche natural e suco. Não é à toa que
18. (CS-UFG – TÉCNICO DE ENGENHARIA – SANEAGO – 2018) 1/3 das crianças em idade escolar estão com sobrepeso ou obesas.
As cenouras são o segundo legume predileto dos ingleses, e
são cultivadas no próprio país. Rosbife ou carne assada com molho
é a receita do prato tradicional inglês. O  yorkshire pudding  é um
bolinho assado e depois frito, que era servido de acompanhamento
para reforçar o jantar das famílias mais pobres, e hoje alunos
ingleses de baixa renda podem comer de graça nas escolas.
(Adaptado de: https://revistacrescer.globo.com/Criancas/Ali-
mentacao/noticia/2015/08/livro-hora-do-lanche-avalia-merendas-
-pelo-mundo.html) 
 
As palavras dal, borsch e kash estão em itálico com a
finalidade de:
(A) destacar que essas palavras podem esclarecer dúvidas.
(B) justificar uma nomenclatura científica.
(C) explicitar as características de cada prato.
(D) ressaltar que são nomes próprios.
(E) enfatizar que são palavras estrangeiras.

21. (PREFEITURA DE VÁRZEA – PB – PROFESSOR DE EDUCAÇÃO


RUCKE. Disponível em:  <http://hfgeografia.blogspot.com. BÁSICA II – LÍNGUA PORTUGUESA – EDUCA – 2019)
br/2011/10/?m=0>. Acesso em: 20 jan. 2018. [...] é uma referência ou uma incorporação de um elemento
discursivo a outro, podendo-se reconhecê-lo quando um autor
Quanto à construção de sentido do texto, o principal recurso constrói a sua obra com referências a textos, imagens ou a sons
empregado foi a: de outras obras e autores e até por si mesmo, como uma forma
ambiguidade. de reverência, de complemento e de elaboração do nexo e sentido
intertextualidade. deste texto/imagem.
inferência.
pressuposição. Esse conceito caracteriza
(A) Parataxe.
19. (TJ-CE – TÉCNICO JUDICIÁRIO- ÁREA JUDICIÁRIA – FGV – (B) Estilística.
2019)3. (C) Intertextualidade.
Algumas frases são construídas tendo por base outras já formula- (D) Polissemia.
das e conhecidas (intertextualidade); isso só NÃO ocorre em: (E) Multimodalidade.
(A) Em dentadura dada não se olham os dentes;
(B) A justiça pode ser cega, mas não devemos fazê-la paralítica; 22. (PREFEITURA DE QUATRO BARRAS -PR – AGENTE DE COM-
(C) Água mole em pedra dura tanto bate até que causa um rombo; BATE A ENDEMIAS – NC-UFPR – 2019)
(D) A pressa é inimiga da refeição;
(E) Para mim, o verdadeiro valor é a prudência. Considere o seguinte texto: Cuide de sua ligação de água!

20. (PREFEITURA DE QUATRO BARRAS – PR – AGENTE DE COM- A responsabilidade pela integridade do cavalete e do hidrôme-
BATE A ENDEMIAS – NC- UFPR-2019) tro é do cliente a partir da adesão ao serviço. Vale lembrar que o
cliente está sujeito a sanções administrativas e custos de regulari-
Livro “A Hora do Lanche” avalia merendas pelo mundo zação nos casos de violação, furto, perda, quebra ou adulteração
do padrão da ligação. 
_______________ seja recomendada a presença de verduras (http://site.sanepar.com.br/sites/site.sanepar.com.br/files/
nas merendas, as escolas indianas dependem muito do custo clientes2012/guia-do-cliente.pdf)
governamental, que é bastante precário, e logo não dispõem de
recursos financeiros para comprá-las. Conhecido como  dal, esse O trecho retirado do site da Sanepar faz referência a:
prato de lentilha, ervilha ou grão de bico cozido, é uma das refei- (A) solicitação de serviço.
ções mais comuns na Índia, rico em proteína, ferro e fibras, e ide- (B) deveres do cliente em relação ao hidrômetro.
al para os indianos que seguem a religião hinduísta e não comem (C) aplicação de multa ao cliente.
carnes. (D) denúncia de violação de hidrômetro.
A sopa colorida chama-se borsch e a cor intensa vem da (E) oferta de venda de hidrômetro.
beterraba, rica em fibras e excelente fonte de nutrientes. A kasha é
um mingau feito de trigo ou outros cereais, como farinha e aveia,
temperado com sal, manteiga e cebola frita. O pão está sempre
presente no prato dos russos, que chegam a comer em média 60
kg de pão por ano.

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LÍNGUA PORTUGUESA
23. (PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO - SP -AUDITOR 25. (PREFEITURA DE RIO DE JANEIRO - RJ – PROFESSOR - PRE-
FISCAL TRIBUTÁRIO MUNICIPAL – FCC – 2019) FEITURA DE RIO DE JANEIRO - RJ- 2019)

Custos da ciência Texto I: As línguas do passado eram como as de hoje? (trecho)

Peça a um congressista dos Estados Unidos para destinar um Quando os linguistas afirmam que as línguas khoisan1 , ou as
milhão de dólares adicional à Fundação Nacional da Ciência de seu línguas indígenas americanas, são tão avançadas quanto as grandes
país a fim de financiar pesquisas elementares, e ele, compreensi- línguas europeias, eles estão se referindo ao sistema linguístico.
velmente, perguntará se o dinheiro não seria mais bem utilizado Todas as características fundamentais das línguas faladas no
para financiar a capacitação de professores ou para conceder uma mundo afora são as mesmas. Cada língua tem um conjunto de sons
necessária isenção de impostos a uma fábrica em seu distrito que distintivos que se combinam em palavras significativas. Cada língua
vem enfrentando dificuldades. tem modos de denotar noções gramaticais como pessoa (“eu, você,
Para destinar recursos limitados, precisamos responder a per- ela”), singular ou plural, presente ou passado etc. Cada língua tem
guntas do tipo “O que é mais importante?” e “O que é bom?”. E regras que governam o modo como as palavras devem ser combi-
essas não são perguntas científicas. A ciência pode explicar o que nadas para formar enunciados completos.
existe no mundo, como as coisas funcionam e o que poderia haver T. JANSON (A história das línguas: uma introdução. Trad. de
no futuro. Por definição, não tem pretensões de saber o que  de- Marcos Bagno. São Paulo: Parábola, 2015, p. 23)
veria  haver no futuro. Somente religiões e ideologias procuram 1
  Refere-se à família linguística africana cuja característica
responder a essas perguntas. destacada nos estudos de linguagem se vincula à presença de
(Adaptado de: HARARI, Yuval Noah. Sapiens − Uma breve his- cliques
tória da humanidade. Trad. Janaína Marcoantonio. Porto Alegre:
L&PM, 2018, p. 283) Na discussão proposta, o autor adota uma concepção de língua
fundamentada na abordagem:
No segundo parágrafo, o autor do texto (A) prescritiva
(A) lembra que os procedimentos científicos não se confundem (B) estrutura
com projeções de valor religioso ou ideológico. (C) histórica
(B) admite que a ideologia e a religião podem ser determinan- (D) informal
tes para a metodologia de projetos científicos.
(C) postula que os valores subjetivos de determinada cultura 26. (PREFEITURA DE CAMPINAS - SP – INSTRUTOR SURDO –
podem ser parâmetros para a boa pesquisa acadêmica. VUNESP – 2019)
(D) mostra que as perguntas feitas pela ciência, sendo as mes- Leia a charge.
mas que fazem a religião e a ideologia, têm respostas distintas.
(E) assegura que os achados de uma pesquisa científica não são
necessariamente mais limitados que os da religião.

24. (PREFEITURA DE RIO DE JANEIRO - RJ – PROFESSOR - PRE-


FEITURA DE RIO DE JANEIRO - RJ – 2019)

Texto I: As línguas do passado eram como as de hoje? (trecho)

Quando os linguistas afirmam que as línguas khoisan1, ou as


línguas indígenas americanas, são tão avançadas quanto as gran-
des línguas europeias, eles estão se referindo ao sistema linguís-
tico. Todas as características fundamentais das línguas faladas no
mundo afora são as mesmas. Cada língua tem um conjunto de sons
distintivos que se combinam em palavras significativas. Cada língua
tem modos de denotar noções gramaticais como pessoa (“eu, você,
ela”), singular ou plural, presente ou passado etc. Cada língua tem
regras que governam o modo como as palavras devem ser combi-
nadas para formar enunciados completos.
T. JANSON (A história das línguas: uma introdução. Trad. de A charge apresenta
Marcos Bagno. São Paulo: Parábola, 2015, p. 23)
1
  Refere-se à família linguística africana cuja característica (A) a distinção entre duas atitudes saudáveis.
destacada nos estudos de linguagem se vincula à presença de (B) a diferença entre duas posturas opostas
cliques (C) os resultados positivos de uma ação.
(D) a comparação entre dois comportamentos semelhantes.
O uso do pronome “cada” no texto pressupõe uma ideia de: (E) o impacto de cada ato isolado sobre o ambiente.
(A) conjunto
(B) tempo
(C) dúvida
(D) localização

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LÍNGUA PORTUGUESA
27. (PREFEITURA DE CAMPINAS - SP – AGENTE FISCAL TRIBUTÁ- 28. (TJ-MA – OFICIAL DE JUSTIÇA – FCC -2019)
RIO – VUNESP – 2019)
[Os nomes e os lugares]
Redes antissociais
É sempre perigoso usar termos geográficos no discurso histórico.
Para além do hábito, as redes sociais se transformaram em pai- É preciso ter muita cautela, pois a cartografia dá um ar de espúria
xão. Toda paixão nos torna cegos, incapazes de ver o que nos cerca objetividade a termos que, com frequência, talvez geralmente,
com bom senso, para não dizer lógica e racionalidade. Nesse mo- pertencem à política, ao reino dos programas, mais que à realidade.
mento de nossa experiência com as redes sociais, convém prestar Historiadores e diplomatas sabem com que frequência a ideologia e
atenção no seu caráter antissocial e psicopatológico. Ele é cada vez a política se fazem passar por fatos. Rios, representados nos mapas
mais evidente. por linhas claras, são transformados não apenas em fronteiras
O que estava escondido, aquilo que ficava oculto nas microrre- entre países, mas fronteiras “naturais”. Demarcações linguísticas
lações, no âmbito das casas e das famílias, digamos que a neurose justificam fronteiras estatais.
particular de cada um, tornou-se público. O termo neurose tem um A própria escolha dos nomes nos mapas costuma criar para
caráter genérico e serve para apontar algum sofrimento psíquico. os cartógrafos a necessidade de tomar decisões políticas. Como
Há níveis de sofrimento e suportabilidade por parte das pessoas. devem chamar lugares ou características geográficas que já têm
Buscar apoio psicológico para amenizar neuroses faz parte do his- vários nomes, ou aqueles cujos nomes foram mudados oficialmen-
tórico de todas as linhagens da medicina ao longo do tempo. Ela te? Se for oferecida uma lista alternativa, que nomes são indicados
encontra nas redes sociais o seu lugar, pois toda neurose é um dis- como principais? Se os nomes mudaram, por quanto tempo devem
túrbio que envolve algum aspecto relacional. As nossas neuroses os nomes antigos ser lembrados?
têm, inevitavelmente, relação com o que somos em relação a ou- (HOBSBAWM, Eric.  Tempos fraturados. Trad. Berilo Vargas.
tros. Assim como é o outro que nos perturba na neurose, é também São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 109)
ele que pode nos curar. Contudo, há muita neurose não tratada e
ela também procura seu lugar. Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sen-
A rede social poderia ter se tornado um lugar terapêutico para tido de um segmento do primeiro parágrafo do texto em:
acolher as neuroses? Nesse sentido, poderia ser um lugar de apoio, (A) um ar de espúria objetividade  = um aspecto de pretensa
um lugar que trouxesse alento e desenvolvimento emocional? Nas verdade.
redes sociais, trata-se de convívios em grupo. Poderíamos pensar (B) reino dos programas = domínio das ciências.
nelas no sentido potencial de terapias de grupo que fizessem bem (C) se fazem passar por fatos = subestimam a potência do que
a quem delas participa; no entanto, as redes sociais parecem mais é real.
favorecer uma espécie de “enlouquecimento coletivo”. Nesse sen- (D) sabem com que frequência = conhecem o quanto é raro.
tido, o caráter antissocial das redes precisa ser analisado. (E) demarcações linguísticas = atribulações da linguagem.
                                                                                (Cult, junho de 2019)
Leia a charge. 29. (TJ-MA – TÉCNICO JUDICIÁRIO – TÉCNICO EM EDIFICA-
ÇÕES – FCC -2019)

Como assistiremos a filmes daqui a 20 anos?

Com muitos cineastas trocando câmeras tradicionais por câ-


meras 360 (que capturam vistas de todos os ângulos), o momento
atual do cinema é comparável aos primeiros anos intensamente
experimentais dos filmes no final do século 19 e início do século 20.
Uma série de tecnologias em rápido desenvolvimento oferece
um potencial incrível para o futuro dos filmes – como a realidade
aumentada, a inteligência artificial e a capacidade cada vez maior
de computadores de criar mundos digitais detalhados.
Como serão os filmes daqui a 20 anos? E como as histórias
cinematográficas do futuro diferem das experiências disponíveis
hoje? De acordo com o guru da realidade virtual e artista Chris Milk,
os filmes do futuro oferecerão experiências imersivas sob medi-
A partir da leitura do texto e da charge, é correto afirmar que da.  Eles  serão capazes de “criar uma história em tempo real que
(A) as pessoas têm buscado apoio psicológico nas redes sociais. é só para você, que satisfaça exclusivamente a você e o que você
(B) as relações pessoais e familiares se fortalecem nas redes gosta ou não”, diz ele.
sociais. (Adaptado de: BUCKMASTER, Luke. Disponível em:  www.bbc.
(C) as redes sociais têm promovido certo enlouquecimento co- com) 
letivo.
(D) as redes sociais são lugares terapêuticos para acolher as O pronome “Eles”, em destaque no 3° parágrafo, faz referên-
neuroses. cia aos
(E) as pessoas vivem confusas e desagregadas sem as redes
sociais. (A) artistas individualistas do futuro.
(B) filmes da atualidade.
(C) espectadores do futuro.
(D) diretores hoje renomados.
(E) filmes do futuro.

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LÍNGUA PORTUGUESA
30. (PREFEITURA DE CAMPINAS - SP – AGENTE ADMINISTRATIVO – VUNESP – 2019)

Leia a tira.

De acordo com a fala da personagem no último quadrinho, o diálogo


(A) contrapõe-se à tolerância.
(B) decorre da tolerância.
(C) depende da tolerância.
(D) aumenta a tolerância.
(E) abre espaço para a tolerância.

31. ( PREFEITURA DE ITAPEVI - SP – ORIENTADOR SOCIAL – VUNESP – 2019)


Leia a tira para responder à questão.

No contexto da tira, emprega-se a frase

(A) “O mundo é uma máquina...”, em sentido próprio, para fazer referência ao atual estágio de evolução tecnológica em que se en-
contra a humanidade.
(B) “... é uma máquina de moer corações.”, em sentido figurado, para expressar a ideia de que, nas relações sociais, predominam o
respeito e o altruísmo.
(C) “Como alguém tem coragem de operar...”, em sentido figurado, para condenar a apatia de algumas pessoas em um contexto de
transformações sociais.
(D) “Certamente é gente...”, em sentido próprio, para negar que possam existir pessoas indiferentes ao fato de o mundo ser um am-
biente hostil.
(E) “... gente que não tem coração.”, em sentido figurado, para se referir à insensibilidade de pessoas cujas ações tornam o mundo
um lugar opressivo.

32. (CESGRANRIO – FINEP – TÉCNICO – 2011) A vírgula pode ser retirada sem prejuízo para o significado e mantendo a norma padrão
na seguinte sentença:
(A) Mário, vem falar comigo depois do expediente.
(B) Amanhã, apresentaremos a proposta de trabalho.
(C) Telefonei para o Tavares, meu antigo chefe.
(D) Encomendei canetas, blocos e crachás para a reunião.
(E) Entrou na sala, cumprimentou a todos e iniciou o discurso.

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LÍNGUA PORTUGUESA
33. (CESGRANRIO – PETROBRAS – TÉCNICO DE ENFERMAGEM DO TRABALHO – 2011) Há ERRO quanto ao emprego dos sinais de
pontuação em:
(A) Ao dizer tais palavras, levantou-se, despediu-se dos convidados e retirou-se da sala: era o final da reunião.
(B) Quem disse que, hoje, enquanto eu dormia, ela saiu sorrateiramente pela porta?
(C) Na infância, era levada e teimosa; na juventude, tornou-se tímida e arredia; na velhice, estava sempre alheia a tudo.
(D) Perdida no tempo, vinham-lhe à lembrança a imagem muito branca da mãe, as brincadeiras no quintal, à tarde, com os irmãos e
o mundo mágico dos brinquedos.
(E) Estava sempre dizendo coisas de que mais tarde se arrependeria. Prometia a si própria que da próxima vez, tomaria cuidado com
as palavras, o que entretanto, não acontecia.

34. (FCC – INFRAERO – ADMINISTRADOR – 2011) Está inteiramente correta a pontuação do seguinte período:
(A) Os personagens principais de uma história, responsáveis pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes, de pequenas provi-
dências que, tomadas por figurantes aparentemente sem importância, ditam o rumo de toda a história.
(B) Os personagens principais, de uma história, responsáveis pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes, de pequenas provi-
dências que tomadas por figurantes, aparentemente sem importância, ditam o rumo de toda a história.
(C) Os personagens principais de uma história, responsáveis pelo sentido maior dela dependem muitas vezes de pequenas providên-
cias, que, tomadas por figurantes aparentemente, sem importância, ditam o rumo de toda a história.
(D) Os personagens principais, de uma história, responsáveis pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes de pequenas provi-
dências, que tomadas por figurantes aparentemente sem importância, ditam o rumo de toda a história.
(E) Os personagens principais de uma história, responsáveis, pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes de pequenas providên-
cias, que tomadas por figurantes, aparentemente, sem importância, ditam o rumo de toda a história.

35. (CESGRANRIO – BNDES – ADVOGADO – 2004) No título do artigo “A tal da demanda social”, a classe de palavra de “tal” é:
(A) pronome;
(B) adjetivo;
(C) advérbio;
(D) substantivo;
(E) preposição.

36. Assinale a alternativa que apresenta a correta classificação morfológica do pronome “alguém” (l. 44).
(A) Pronome demonstrativo.
(B) Pronome relativo.
(C) Pronome possessivo.
(D) Pronome pessoal.
(E) Pronome indefinido.

37. Em relação à classe e ao emprego de palavras no texto, na oração “A abordagem social constitui-se em um processo de trabalho
planejado de aproximação” (linhas 1 e 2), os vocábulos sublinhados classificam-se, respectivamente, em
(A) preposição, pronome, artigo, adjetivo e substantivo.
(B) pronome, preposição, artigo, substantivo e adjetivo.
(C) conjunção, preposição, numeral, substantivo e pronome.
(D) pronome, conjunção, artigo, adjetivo e adjetivo.
(E) conjunção, conjunção, numeral, substantivo e advérbio.

38. (VUNESP – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2011) Assinale a alternativa em que a concordância verbal está correta.
(A) Haviam cooperativas de catadores na cidade de São Paulo.
(B) O lixo de casas e condomínios vão para aterros.
(C) O tratamento e a destinação corretos do lixo evitaria que 35% deles fosse despejado em aterros.
(D) Fazem dois anos que a prefeitura adia a questão do lixo.
(E) Somos nós quem paga a conta pelo descaso com a coleta de lixo.

39. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – 2012) Assinale a opção que fornece a correta justificativa para as relações

36
LÍNGUA PORTUGUESA
de concordância no texto abaixo. questão: até que ponto essa exuberância econômica no Brasil é
O bom desempenho do lado real da economia proporcionou sustentável ou é apenas mais uma bolha? – o termo em destaque
um período de vigoroso crescimento da arrecadação. A maior lucra- tem como antônimo:
tividade das empresas foi decisiva para os resultados fiscais favo- (A) fortuna;
ráveis. Elevaram-se, de forma significativa e em valores reais, de- (B) opulência;
flacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), as (C) riqueza;
receitas do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), a Contribuição (D) escassez;
Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), e a Contribuição para o Finan- (E) abundância.
ciamento da Seguridade Social (Cofins). O crescimento da massa de
salários fez aumentar a arrecadação do Imposto de Renda Pessoa
Física (IRPF) e a receita de tributação sobre a folha da previdência
social. Não menos relevantes foram os elevados ganhos de capital, GABARITO
responsáveis pelo aumento da arrecadação do IRPF.
(A) O uso do plural em “valores” é responsável pela flexão de
plural em “deflacionados”. 1 E
(B) O plural em “resultados” é responsável pela flexão de plural
2 C
em “Elevaram-se”.
(C) Emprega-se o singular em “proporcionou” para respeitar as 3 B
regras de concordância com “economia”. 4 C
(D) O singular em “a arrecadação” é responsável pela flexão de
singular em “fez aumentar”. 5 D
(E) A flexão de plural em “foram” justifica-se pela concordância 6 D
com “relevantes”.
7 A
40. (FCC – TRE/MG – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2005) As liberda- 8 E
des ...... se refere o autor dizem respeito a direitos ...... se ocupa
a nossa Constituição. Preenchem de modo correto as lacunas da 9 A
frase acima, na ordem dada, as expressões: 10 C
(A) a que – de que;
(B) de que – com que; 11 E
(C) a cujas – de cujos; 12 B
(D) à que – em que;
13 E
(E) em que – aos quais.
14 A
41. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – 2008) 15 B
Assinale o trecho que apresenta erro de regência.
(A) Depois de um longo período em que apresentou taxas de 16 A
crescimento econômico que não iam além dos 3%, o Brasil fecha o 17 B
ano de 2007 com uma expansão de 5,3%, certamente a maior taxa
registrada na última década. 18 B
(B) Os dados ainda não são definitivos, mas tudo sugere que 19 E
serão confirmados. A entidade responsável pelo estudo foi a co-
nhecida Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL). 20 E
(C) Não há dúvida de que os números são bons, num momento 21 C
em que atingimos um bom superávit em conta-corrente, em que se
revela queda no desemprego e até se anuncia a ampliação de nossas 22 B
reservas monetárias, além da descoberta de novas fontes de petróleo. 23 A
(D) Mesmo assim, olhando-se para os vizinhos de continente, 24 A
percebe-se que nossa performance é inferior a que foi atribuída a
Argentina (8,6%) e a alguns outros países com participação menor 25 B
no conjunto dos bens produzidos pela América Latina. 26 D
(E) Nem é preciso olhar os exemplos da China, Índia e Rússia,
27 C
com crescimento acima desses patamares. Ao conjunto inteiro da
América Latina, o organismo internacional está atribuindo um cresci- 28 A
mento médio, em 2007, de 5,6%, um pouco maior do que o do Brasil. 29 E
42. (CESGRANRIO – SEPLAG/BA – PROFESSOR PORTUGUÊS –
2010) Estabelece relação de hiperonímia/hiponímia, nessa ordem, 30 A
o seguinte par de palavras: 31 E
(A) estrondo – ruído; 32 B
(B) pescador – trabalhador;
(C) pista – aeroporto; 33 E
(D) piloto – comissário; 34 A
(E) aeronave – jatinho.
35 A
43. (VUNESP – SEAP/SP – AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA 36 E
PENITENCIÁRIA – 2012) No trecho – Para especialistas, fica uma 37 B

37
LÍNGUA PORTUGUESA
38 E ______________________________________________________

39 A ______________________________________________________
40 A
______________________________________________________
41 D
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42 E
43 D ______________________________________________________

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ANOTAÇÕES ______________________________________________________
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CONHECIMENTOS EM DIREITO PENAL
1. Código Penal - artigos 293 a 305; 307; 308; 311-A; 312 a 317; 319 a 333; 335 a 337; 339 a 347; 350; 357 e 359 . . . . . . . . . . . . . . . 01
CONHECIMENTOS EM DIREITO PENAL
Petrechos de falsificação
CÓDIGO PENAL - ARTIGOS 293 A 305; 307; 308; 311-A; Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar ob-
312 A 317; 319 A 333; 335 A 337; 339 A 347; 350; 357 E jeto especialmente destinado à falsificação de qualquer dos papéis
359. referidos no artigo anterior:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
DECRETO-LEI NO 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940. Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete o crime
prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
Código Penal.
CAPÍTULO III
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe DA FALSIDADE DOCUMENTAL
confere o art. 180 da Constituição, decreta a seguinte Lei:
Falsificação do selo ou sinal público
PARTE ESPECIAL Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
CAPÍTULO II I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de
DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS Estado ou de Município;
II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público,
Falsificação de papéis públicos ou a autoridade, ou sinal público de tabelião:
Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
I – selo destinado a controle tributário, papel selado ou qual- § 1º - Incorre nas mesmas penas:
quer papel de emissão legal destinado à arrecadação de tributo; I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado;
(Redação dada pela Lei nº 11.035, de 2004) II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em
II - papel de crédito público que não seja moeda de curso legal;
prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio.
III - vale postal;
III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logoti-
IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econô-
pos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identificado-
mica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de direito
res de órgãos ou entidades da Administração Pública. (Incluído pela
público;
V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento re- Lei nº 9.983, de 2000)
lativo a arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou caução § 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime pre-
por que o poder público seja responsável; valecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte Falsificação de documento público
administrada pela União, por Estado ou por Município: Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público,
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. ou alterar documento público verdadeiro:
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei nº Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
11.035, de 2004) § 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime pre-
I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsifi- valecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
cados a que se refere este artigo; (Incluído pela Lei nº 11.035, de § 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento pú-
2004) blico o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou
II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os li-
guarda, fornece ou restitui à circulação selo falsificado destinado a vros mercantis e o testamento particular.
controle tributário; (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) § 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: (In-
III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém cluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
em depósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, de I – na folha de pagamento ou em documento de informações
qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício que seja destinado a fazer prova perante a previdência social, pes-
de atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria: (Inclu- soa que não possua a qualidade de segurado obrigatório;(Incluído
ído pela Lei nº 11.035, de 2004) pela Lei nº 9.983, de 2000)
a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado
tributário, falsificado; (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) ou em documento que deva produzir efeito perante a previdência
b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária de- social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita;
termina a obrigatoriedade de sua aplicação. (Incluído pela Lei nº (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
11.035, de 2004)
III – em documento contábil ou em qualquer outro documento
§ 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos,
relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência
com o fim de torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal indi-
social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. (In-
cativo de sua inutilização:
cluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, § 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos
qualquer dos papéis a que se refere o parágrafo anterior. mencionados no § 3o, nome do segurado e seus dados pessoais, a
§ 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo de boa- remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação
-fé, qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem de serviços.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade ou altera- Falsificação de documento particular (Redação dada pela Lei
ção, incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, ou nº 12.737, de 2012) Vigência
multa. Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular
§ 5o Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso ou alterar documento particular verdadeiro:
III do § 1o, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
inclusive o exercido em vias, praças ou outros logradouros públicos Falsificação de cartão (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)
e em residências. (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) Vigência

1
CONHECIMENTOS EM DIREITO PENAL
Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se CAPÍTULO IV
a documento particular o cartão de crédito ou débito. (Incluído DE OUTRAS FALSIDADES
pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
Falsidade ideológica Falsificação do sinal empregado no contraste de metal precio-
Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, decla- so ou na fiscalização alfandegária, ou para outros fins
ração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir de- Art. 306 - Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, marca ou si-
claração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de nal empregado pelo poder público no contraste de metal precioso
prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato ou na fiscalização alfandegária, ou usar marca ou sinal dessa natu-
juridicamente relevante: reza, falsificado por outrem:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
é público, e reclusão de um a três anos, e multa, de quinhentos mil Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado é o que usa a
réis a cinco contos de réis, se o documento é particular. (Vide Lei autoridade pública para o fim de fiscalização sanitária, ou para au-
nº 7.209, de 1984) tenticar ou encerrar determinados objetos, ou comprovar o cum-
Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete primento de formalidade legal:
o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração Pena - reclusão ou detenção, de um a três anos, e multa.
é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta Falsa identidade
parte. Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para
Falso reconhecimento de firma ou letra obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar
Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercício de fun- dano a outrem:
ção pública, firma ou letra que o não seja: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é não constitui elemento de crime mais grave.
público; e de um a três anos, e multa, se o documento é particular. Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, ca-
Certidão ou atestado ideologicamente falso derneta de reservista ou qualquer documento de identidade alheia
Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão de função ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa natu-
pública, fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo pú- reza, próprio ou de terceiro:
blico, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o
outra vantagem: fato não constitui elemento de crime mais grave.
Pena - detenção, de dois meses a um ano. Fraude de lei sobre estrangeiro
Falsidade material de atestado ou certidão Art. 309 - Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer no
§ 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão, ou território nacional, nome que não é o seu:
alterar o teor de certidão ou de atestado verdadeiro, para prova Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
de fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, Parágrafo único - Atribuir a estrangeiro falsa qualidade para
isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra promover-lhe a entrada em território nacional: (Incluído pela Lei nº
vantagem: 9.426, de 1996)
Pena - detenção, de três meses a dois anos. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Incluído pela
§ 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se, além Lei nº 9.426, de 1996)
da pena privativa de liberdade, a de multa. Art. 310 - Prestar-se a figurar como proprietário ou possuidor
Falsidade de atestado médico de ação, título ou valor pertencente a estrangeiro, nos casos em
Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado que a este é vedada por lei a propriedade ou a posse de tais bens:
falso: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Pena - detenção, de um mês a um ano. Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. (Redação
Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro, dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
aplica-se também multa. Adulteração de sinal identificador de veículo automotor (Re-
Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica dação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica que te- Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer
nha valor para coleção, salvo quando a reprodução ou a alteração sinal identificador de veículo automotor, de seu componente ou
está visivelmente anotada na face ou no verso do selo ou peça: equipamento:(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996))
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. (Redação dada
Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para fins de pela Lei nº 9.426, de 1996)
comércio, faz uso do selo ou peça filatélica. § 1º - Se o agente comete o crime no exercício da função pú-
Uso de documento falso blica ou em razão dela, a pena é aumentada de um terço. (Incluído
Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alte- pela Lei nº 9.426, de 1996)
rados, a que se referem os arts. 297 a 302: § 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público que
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. contribui para o licenciamento ou registro do veículo remarcado
Supressão de documento ou adulterado, fornecendo indevidamente material ou informação
Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio oficial. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou parti-
cular verdadeiro, de que não podia dispor:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o documento
é público, e reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento
é particular.

2
CONHECIMENTOS EM DIREITO PENAL
CAPÍTULO V Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Incluído
(INCLUÍDO PELA LEI 12.550. DE 2011) pela Lei nº 9.983, de 2000)
DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO Modificação ou alteração não autorizada de sistema de infor-
(INCLUÍDO PELA LEI 12.550. DE 2011) mações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de in-
Fraudes em certames de interesse público (Incluído pela Lei formações ou programa de informática sem autorização ou solici-
12.550. de 2011) tação de autoridade competente: (Incluído pela Lei nº 9.983, de
Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de 2000)
beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade do Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.
certame, conteúdo sigiloso de: (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
I - concurso público; (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até
II - avaliação ou exame públicos; (Incluído pela Lei 12.550. a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Ad-
de 2011) ministração Pública ou para o administrado.(Incluído pela Lei nº
III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou (In- 9.983, de 2000)
cluído pela Lei 12.550. de 2011) Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento
IV - exame ou processo seletivo previstos em lei: (Incluído Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que
pela Lei 12.550. de 2011) tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído parcialmente:
pela Lei 12.550. de 2011) Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por crime mais grave.
qualquer meio, o acesso de pessoas não autorizadas às informa- Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
ções mencionadas no caput. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à administração pú- estabelecida em lei:
blica: (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído Concussão
pela Lei 12.550. de 2011) Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamen-
§ 3o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é come- te, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão
tido por funcionário público. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Re-
TÍTULO XI dação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Excesso de exação
CAPÍTULO I § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que
sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na co-
DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CON-
brança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: (Redação
TRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação
Peculato
dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de ou-
ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem
trem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres pú-
a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou
blicos:
alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. Corrupção passiva
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embo- Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta
ra não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou con- ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la,
corre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valen- mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
do-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. vantagem:
Peculato culposo Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Re-
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de dação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
outrem: § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência
Pena - detenção, de três meses a um ano. da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de prati-
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se car qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato
posterior, reduz de metade a pena imposta. de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou
Peculato mediante erro de outrem influência de outrem:
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: Facilitação de contrabando ou descaminho
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática
Inserção de dados falsos em sistema de informações (Incluído de contrabando ou descaminho (art. 334):
pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Reda-
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inser- ção dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
ção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corre-
tos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administra-
ção Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para
outrem ou para causar dano: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000))

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CONHECIMENTOS EM DIREITO PENAL
Prevaricação Violação do sigilo de proposta de concorrência
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência públi-
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato ca, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:
de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satis- Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.
fazer interesse ou sentimento pessoal: Funcionário público
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos pe-
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente pú- nais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce
blico, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho cargo, emprego ou função pública.
telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com ou- § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo,
tros presos ou com o ambiente externo: (Incluído pela Lei nº emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para
11.466, de 2007). empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. execução de atividade típica da Administração Pública. (Incluído
Condescendência criminosa pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabi- § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores
lizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em
quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da
autoridade competente: administração direta, sociedade de economia mista, empresa pú-
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. blica ou fundação instituída pelo poder público. (Incluído pela Lei
Advocacia administrativa nº 6.799, de 1980)
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse pri-
vado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de CAPÍTULO II
funcionário: DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa. Usurpação de função pública
Violência arbitrária Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pre- Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
texto de exercê-la: Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena cor-
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
respondente à violência.
Resistência
Abandono de função
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos
ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem
em lei:
lhe esteja prestando auxílio:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público:
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fron-
teira: § 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. correspondentes à violência.
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado Desobediência
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de sa- Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
tisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autori- Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
zação, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, Desacato
substituído ou suspenso: Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. ou em razão dela:
Violação de sigilo funcional Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo Tráfico de Influência (Redação dada pela Lei nº 9.127, de
e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: 1995)
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para ou-
não constitui crime mais grave. trem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (Incluído em ato praticado por funcionário público no exercício da função:
pela Lei nº 9.983, de 2000) (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação
empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pesso- dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
as não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente
da Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcioná-
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Incluído pela rio. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
Lei nº 9.983, de 2000)
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Públi- Corrupção ativa
ca ou a outrem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcio-
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído nário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato
pela Lei nº 9.983, de 2000) de ofício:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação
dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)

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CONHECIMENTOS EM DIREITO PENAL
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em ra- § 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é
zão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. (Incluído pela
de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência
Descaminho Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou venda em hasta pública, promovida pela administração federal,
ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de estadual ou municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou pro-
mercadoria (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) curar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, grave
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação dada ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, além da
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei nº pena correspondente à violência.
13.008, de 26.6.2014) Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abstém de
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos concorrer ou licitar, em razão da vantagem oferecida.
em lei; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) Inutilização de edital ou de sinal
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho; (Re- Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspur-
dação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) car edital afixado por ordem de funcionário público; violar ou inuti-
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qual- lizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por ordem
quer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de de funcionário público, para identificar ou cerrar qualquer objeto:
atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência es- Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
trangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou Subtração ou inutilização de livro ou documento
fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandes- Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro ofi-
tina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte cial, processo ou documento confiado à custódia de funcionário,
de outrem; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) em razão de ofício, ou de particular em serviço público:
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui
no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de crime mais grave.
procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal Sonegação de contribuição previdenciária (Incluído pela Lei
nº 9.983, de 2000)
ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos. (Redação
Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciá-
dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
ria e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: (Incluído
§ 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos des-
pela Lei nº 9.983, de 2000)
te artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de
I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento
mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. (Re-
de informações previsto pela legislação previdenciária segurados
dação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autô-
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é
nomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços; (Incluído pela
praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. (Redação dada Lei nº 9.983, de 2000)
pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da con-
Contrabando tabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: (Incluí- as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços; (Incluído
do pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. (Incluído pela Lei III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos,
nº 13.008, de 26.6.2014) remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Incluído pela Lei nº contribuições sociais previdenciárias: (Incluído pela Lei nº 9.983, de
13.008, de 26.6.2014) 2000)
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando; (In- Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído
cluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) pela Lei nº 9.983, de 2000)
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que de- § 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente,
penda de registro, análise ou autorização de órgão público compe- declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e pres-
tente; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) ta as informações devidas à previdência social, na forma definida
III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira desti- em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. (Incluído pela
nada à exportação; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) Lei nº 9.983, de 2000)
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qual- § 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar so-
quer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de mente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes,
atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei bra- desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
sileira; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) I – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja
no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proi- igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, admi-
bida pela lei brasileira. (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)§ nistrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas
2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste arti- execuções fiscais. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
go, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de merca- § 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pa-
dorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. (Incluído gamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos e
pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965) dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade
§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos ou aplicar apenas a de multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino § 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajus-
de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. tado nas mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos be-
(Incluído pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965) nefícios da previdência social. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

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CONHECIMENTOS EM DIREITO PENAL
CAPÍTULO II-A Comunicação falsa de crime ou de contravenção
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 10.467, DE 11.6.2002) Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A AD- ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter veri-
MINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA ficado:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Corrupção ativa em transação comercial internacional Auto-acusação falsa
Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexisten-
vantagem indevida a funcionário público estrangeiro, ou a terceira te ou praticado por outrem:
pessoa, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofí- Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
cio relacionado à transação comercial internacional: (Incluído pela Falso testemunho ou falsa perícia
Lei nº 10467, de 11.6.2002) Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade
Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa. (Incluído como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em
pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se, em arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
razão da vantagem ou promessa, o funcionário público estrangeiro Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Reda-
retarda ou omite o ato de ofício, ou o pratica infringindo dever fun- ção dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência)
cional. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) § 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o cri-
Tráfico de influência em transação comercial internacional me é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de
(Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em
Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para ou- processo civil em que for parte entidade da administração pública
trem, direta ou indiretamente, vantagem ou promessa de vanta- direta ou indireta.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
gem a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público § 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no pro-
estrangeiro no exercício de suas funções, relacionado a transação cesso em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a ver-
comercial internacional: (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) dade.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído
vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete,
pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimen-
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o agente
to, perícia, cálculos, tradução ou interpretação: (Redação dada pela
alega ou insinua que a vantagem é também destinada a funcionário
Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
estrangeiro. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.(Redação dada
Funcionário público estrangeiro (Incluído pela Lei nº 10467,
pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
de 11.6.2002)
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a um ter-
Art. 337-D. Considera-se funcionário público estrangeiro, para
ço, se o crime é cometido com o fim de obter prova destinada a
os efeitos penais, quem, ainda que transitoriamente ou sem remu- produzir efeito em processo penal ou em processo civil em que for
neração, exerce cargo, emprego ou função pública em entidades parte entidade da administração pública direta ou indireta. (Reda-
estatais ou em representações diplomáticas de país estrangeiro. ção dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
(Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) Coação no curso do processo
Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público estrangeiro Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de
quem exerce cargo, emprego ou função em empresas controladas, favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou
diretamente ou indiretamente, pelo Poder Público de país estran- qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em
geiro ou em organizações públicas internacionais. (Incluído pela Lei processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral:
nº 10467, de 11.6.2002) Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena
correspondente à violência.
CAPÍTULO III Exercício arbitrário das próprias razões
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pre-
tensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite:
Reingresso de estrangeiro expulso Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da
Art. 338 - Reingressar no território nacional o estrangeiro que pena correspondente à violência.
dele foi expulso: Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se
Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de nova procede mediante queixa.
expulsão após o cumprimento da pena. Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria,
Denunciação caluniosa que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou con-
Art. 339. Dar causa à instauração de inquérito policial, de pro- venção:
cedimento investigatório criminal, de processo judicial, de processo Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbi- Fraude processual
dade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime, infração Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo
ético-disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente: (Reda- civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa,
ção dada pela Lei nº 14.110, de 2020) com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em
de anonimato ou de nome suposto. processo penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se em do-
§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prá- bro.
tica de contravenção.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO PENAL
Favorecimento pessoal Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública Exploração de prestígio
autor de crime a que é cominada pena de reclusão: Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra uti-
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. lidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério
§ 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão: Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou tes-
Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa. temunha:
§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena. Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, se o
Favorecimento real agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também se
Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou destina a qualquer das pessoas referidas neste artigo.
de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do cri- Violência ou fraude em arrematação judicial
me: Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação judicial;
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de
Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facili- violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
tar a entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel, de rá- Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa, além da
dio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento prisional. pena correspondente à violência.
(Incluído pela Lei nº 12.012, de 2009). Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Incluído pela de direito
Lei nº 12.012, de 2009). Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autoridade ou
Exercício arbitrário ou abuso de poder múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão judicial:
Art. 350 - (Revogado pela Lei nº 13.869, de 2019) (Vigência) Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança
Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente CAPÍTULO IV
presa ou submetida a medida de segurança detentiva: DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
§ 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais de
uma pessoa, ou mediante arrombamento, a pena é de reclusão, de Contratação de operação de crédito
dois a seis anos. Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de crédi-
§ 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, aplica-se tam- to, interno ou externo, sem prévia autorização legislativa: (Incluído
bém a pena correspondente à violência. pela Lei nº 10.028, de 2000)
§ 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o crime é Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº
praticado por pessoa sob cuja custódia ou guarda está o preso ou
10.028, de 2000)
o internado.
Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena, autoriza
§ 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da custódia
ou realiza operação de crédito, interno ou externo: (Incluído pela
ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de três meses a um ano,
Lei nº 10.028, de 2000)
ou multa.
I – com inobservância de limite, condição ou montante estabe-
Evasão mediante violência contra a pessoa
lecido em lei ou em resolução do Senado Federal; (Incluído pela Lei
Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo
nº 10.028, de 2000)
submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência
contra a pessoa: II – quando o montante da dívida consolidada ultrapassa o limi-
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena corres- te máximo autorizado por lei. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
pondente à violência. Inscrição de despesas não empenhadas em restos a pagar (In-
Arrebatamento de preso cluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do poder de Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos a pagar,
quem o tenha sob custódia ou guarda: de despesa que não tenha sido previamente empenhada ou que
Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena correspon- exceda limite estabelecido em lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de
dente à violência. 2000)
Motim de presos Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Incluído
Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a ordem ou dis- pela Lei nº 10.028, de 2000)
ciplina da prisão: Assunção de obrigação no último ano do mandato ou legisla-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena cor- tura (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
respondente à violência. Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos
Patrocínio infiel dois últimos quadrimestres do último ano do mandato ou legislatu-
Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o de- ra, cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício financeiro
ver profissional, prejudicando interesse, cujo patrocínio, em juízo, ou, caso reste parcela a ser paga no exercício seguinte, que não te-
lhe é confiado: nha contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa: (Incluído
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. pela Lei nº 10.028, de 2000)
Patrocínio simultâneo ou tergiversação Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.(Incluído pela Lei
Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advogado ou nº 10.028, de 2000)
procurador judicial que defende na mesma causa, simultânea ou Ordenação de despesa não autorizada (Incluído pela Lei nº
sucessivamente, partes contrárias. 10.028, de 2000)
Sonegação de papel ou objeto de valor probatório Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei: (Incluído
Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de restituir pela Lei nº 10.028, de 2000)
autos, documento ou objeto de valor probatório, que recebeu na Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei
qualidade de advogado ou procurador: nº 10.028, de 2000)

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CONHECIMENTOS EM DIREITO PENAL
Prestação de garantia graciosa (Incluído pela Lei nº 10.028, O bem jurídico protegido é a fé pública, ou seja, a segurança da
de 2000) sociedade em relação à moeda, ao meio circulante e à circulação
Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito sem que monetária.
tenha sido constituída contragarantia em valor igual ou superior ao Moeda de curso legal é aquela de recebimento obrigatório, por
valor da garantia prestada, na forma da lei: (Incluído pela Lei nº força de lei, que não pode ser recusada no comércio. Ela pode se
10.028, de 2000) referir tanto a moeda metálica quanto ao papel-moeda. Se o aceite
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Incluído pela de outra moeda for meramente convencional, não restará caracte-
Lei nº 10.028, de 2000) rizado o crime (pode haver, em tese, o estelionato).
Não cancelamento de restos a pagar (Incluído pela Lei nº
10.028, de 2000) O crime se consuma com a simples contrafação ou alteração,
Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de promover o sendo indiferente se houve ou não a efetiva introdução das moedas
cancelamento do montante de restos a pagar inscrito em valor su- falsificadas em circulação; tampouco se exige dano a terceiro.
perior ao permitido em lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) A ação penal é pública incondicionada, de competência da Jus-
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Incluído tiça Federal. Como o crime deixa vestígios, exige-se prova pericial.
pela Lei nº 10.028, de 2000)
Aumento de despesa total com pessoal no último ano do Não se admite, predominantemente, a aplicação do princípio
mandato ou legislatura (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) da insignificância, sendo irrelevante o número de cédulas, seu valor
Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que acarrete ou o número de pessoas eventualmente lesadas.
aumento de despesa total com pessoal, nos cento e oitenta dias Não se aplica o princípio da insignificância ao crime de moeda
anteriores ao final do mandato ou da legislatura: (Incluído pela Lei falsa, pois se trata de delito contra a fé pública, logo não há que
nº 10.028, de 2000)) falar em desinteresse estatal à sua repressão
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei
nº 10.028, de 2000) Circulação de Moeda Falsa (art. 289, § 1º)
Oferta pública ou colocação de títulos no mercado (Incluído § 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou
pela Lei nº 10.028, de 2000)
alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta,
Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta pública ou
guarda ou introduz na circulação moeda falsa.
a colocação no mercado financeiro de títulos da dívida pública sem
Nesse caso, não se exige que a moeda falsa seja a de curso legal
que tenham sido criados por lei ou sem que estejam registrados em
no país, podendo ser moeda estrangeira.
sistema centralizado de liquidação e de custódia: (Incluído pela Lei
O autor pode ser qualquer pessoa, menos o autor da falsifica-
nº 10.028, de 2000)
ção. É um tipo subsidiário, podendo o agente responder por uma
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei
destas condutas caso não seja determinada a autoria da falsifica-
nº 10.028, de 2000)
ção.
O tipo se caracteriza por ser misto alternativo. Evidentemente
CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA. que se o agente falsifica a moeda e a faz circular, responderá por
um só crime, já que a circulação é mero exaurimento.
Crimes Contra a Fé Pública O agente precisa ter conhecimento da falsidade. Se ele recebe
Os crimes contra a fé pública são crimes de perigo abstrato, a moeda e a faz circular sem saber, não responde pelo crime.
porque neles o tipo não faz referência ao perigo. Assim, há de se Aliás, o dolo é algo muito difícil de se comprovar nesses crimes.
questionar, por exemplo, o seguinte: alguém falsificou uma cédula, Isso porque o agente sempre nega a autoria, alegando que desco-
mas é uma cédula de três reais, existiu o crime de falso de moeda? nhecia a falsidade. O juiz deve se atentar para as máximas da expe-
Poderia se levar a pensar que sim, o legislador não fala que a riência, para o modus operandi do agente, a fim de captar a prática
moeda tenha que ser essencialmente correspondente a uma que do crime. É o que ocorre, por exemplo, quando o agente utiliza a
exista. Mas a resposta seria não, inclusive a súmula 73 do STJ nos moeda na calada da noite, com pessoas humildes, quando já tenha
auxiliaria a dizer isto. A súmula 73 diz assim: o papel moeda gros- tentado trocar a moeda anteriormente etc. Baltazar sugere que se
seiramente falsificado não configura crime de moeda falsa, mas sim atente para os seguintes dados:
estelionato em tese, de competência da JE. Qual o raciocínio que a) Quantidade de cédulas encontradas com o agente;
se emprega? b) Modo de introdução em circulação;
Malgrado seja um crime de perigo abstrato, a conduta prati- c) Existência de outras cédulas de menor valor em poder do
cada não dispensa a idoneidade para a demonstração da possibi- agente;
lidade de o perigo acontecer. As condutas têm que ter idoneidade d) Verossimilhança da versão do réu para a origem das cédulas;
suficiente a produzir perigo, o que não significa dizer que o perigo e) Grau de instrução do agente;
seja exigido, são coisas diversas. Há como descaracterizar a ido- f) Local onde guarda as cédulas.
neidade em termos abstratos, e não concretos, como seria o caso.
Uma cédula de três reais pode expor a risco a fé pública? Não, nem Trata-se de crime formal e de perigo abstrato, sendo irrelevan-
em abstrato. tes, para a consumação, a obtenção da vantagem indevida para o
agente ou de prejuízo para terceiros.
Moeda Falsa (art. 289) Concurso de Crimes
Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metá- Se o agente introduz em circulação várias cédulas ou moedas,
lica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro: no mesmo contexto, há crime único.
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa. Se ele introduz moedas em locais próximos, num mesmo con-
A fabricação é ação conhecida como contrafação; nela, se inse- texto, há entendimento de ser crime único e crime continuado.
re materialmente o objeto em circulação. Já a alteração pressupõe Se o agente obtém vantagem econômica indevida, O ESTELIO-
a existência de um suporte, o qual o agente modifica de alguma NATO É ABSORVIDO PELO DELITO DE MOEDA FALSA, por aplicação
forma, geralmente para que valha mais. do princípio da consunção ou da especialidade.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO PENAL
Competência Concurso de Crimes
É da Justiça Federal, já que afeta a fé pública da União, ainda que a) Falsificação de documento público e estelionato: para o STF,
tenha por objeto moeda estrangeira. ambos os crimes coexistiriam, mas em concurso formal. Para o STJ:
A competência para processar e julgar esses crimes de moeda fal- b) Falsificação e uso de documento falso (art. 304): o uso será
sa é da JF, desde que haja idoneidade, desde que se trate de crime de absorvido, já que é mero pós fato impunível. Isso, entretanto, se o
moeda falsa. Se não houver idoneidade haverá o falso inócuo. A figura falsário for a mesma pessoa que usa o documento.
do falso inócuo, então, é aquela em que a falsificação existiu, mas com
as características dela não se apresenta capaz a iludir um número in- Causas de Aumento de Pena (art. 297, 13º)
determinado de agentes. § 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime pre-
valecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
Forma Privilegiada (art. 289, § 2º)
§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda Falsidade de Documento e Sonegação Fiscal
falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a falsida- Nos crimes de sonegação fiscal há causas extintivas de punibi-
de, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa. lidade, assim como também há o entendimento do STF no sentido
Adquirir a moeda falsa sem ter conhecimento do vício não é cri- de que eles são sujeitos a uma condição objetiva de punibilidade,
me. Entretanto, o é o fato de colocar novamente em circulação após que significa o esgotamento da via administrativa.
conhecer da falsidade.
Esse crime somente se consuma com a reintrodução da moeda à Falsificação de Documento Particular (art. 298)
circulação. Logo, é material, admitindo a tentativa. Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular
ou alterar documento particular verdadeiro:
Forma Qualificada (art. 289, § 3º) Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o O conceito de documento particular é dado por exclusão. Parti-
funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão cular é todo documento que não é público. São exemplos:
que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão: a) Cheque devolvido pelo banco: é documento particular, pois
I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei;
após devolvido o cheque, não mais poderá ser transmitido por en-
II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.
dosso.
§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moe-
b) Documento endereçado à autoridade pública: não é docu-
da, cuja circulação não estava ainda autorizada.
mento público, já que não foi feito por autoridade pública.
Falsificação de Documento Público (art. 297)
Falsidade Ideológica (art. 299)
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou
Art. 299 - Omitir, EM DOCUMENTO PÚBLICO OU PARTICULAR,
alterar documento público verdadeiro:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir
São requisitos da falsificação: declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de
a) Que ela seja idônea: é a falsificação apta a iludir, capaz de enga- prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato
nar qualquer pessoa normal; para a jurisprudência, a falsificação gros- juridicamente relevante:
seira não constitui crime, pois não é capaz de enganar as pessoas em Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento
geral. Poderia ser, no máximo, estelionato; é público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o documento
b) Que tenha capacidade de causar prejuízo a alguém: é particular.
Disquete, cd, xerox etc. não são documentos. Documento é toda Trata-se de um crime formal, bastando a possibilidade de dano
peça escrita que condensa o pensamento de alguém, capaz de provar para ser punível.
um fato ou a realização de um ato de relevância jurídica. A falsidade ideológica é voltada para a declaração que compõe
o documento, para o conteúdo do que se quer falsificar. Nela, o do-
Requisitos do Documento Público cumento é formalmente perfeito e falso seu conteúdo intelectual.
a) Deve ser elaborado por agente público; O agente declara e faz constar no documento algo que sabe não ser
b) O agente público deve estar no exercício da função, tendo atri- verdadeiro.
buição para tanto; Na falsidade material o vício incide sobre a parte exterior do
c) Deve obedecer às formalidades legais exigidas para a validade documento, recaindo sobre o elemento físico do papel escrito e
do documento. verdadeiro. O sujeito modifica as características originais do ob-
Pode um documento estrangeiro ser considerado público? Sim, jeto material por meio de rasuras, borrões, emendas, substituição
desde que seja considerado público no país de origem e que satisfaça de palavras ou letras, números, etc. Na falsidade ideológica (ou
os requisitos de validade previstos no ordenamento brasileiro. pessoa) o vício incide sobre as declarações que o objeto material
deveria possuir, sobre o conteúdo das ideias. Inexistem rasuras,
Documentos Públicos por Equiparação (art. 297, § 2º) emendas, omissões ou acréscimos. O documento, sob o aspecto
Trata-se de documentos particulares que, pela sua importância, material é verdadeiro; falsa é a ideia que ele contém. Daí também
foram equiparados pela lei a documento público. São eles: chamar-se ideal
a) Documentos emitidos por entidade paraestatal;
b) Título ao portador ou transmissível por endosso; Requisitos para a Configuração, Conforme Jurisprudência
c) Livros mercantis; a) Que a declaração tenha valor por si mesma: se a declaração
d) Testamento particular. tiver de ser investigada pela autoridade pública, não há crime (v.g.,
e) Ação de Sociedade Comercial declaração de pobreza falsa). Nesse sentido:
b) Que a declaração faça parte do objeto do documento: as
Consumação e Tentativa
declarações irrelevantes, como o endereço da testemunha num
A consumação ocorre quando realizada a falsificação ou altera-
contrato, não caracterizam o crime.
ção. É um crime formal, bastando o resultado jurídico, sendo perfeita-
mente possível a tentativa.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO PENAL
Casuísticas Para o MP, evidentemente que não se trata de autodefesa, já
a) Se alguém pega a assinatura de um amigo em uma folha em que a conduta do agente é comissiva, tentando enganar a autori-
branco e preenche como confissão de dívida, pratica o crime de dade pública, se afastando em muito do simples direito à não au-
falsidade ideológica; toincriminação.
b) Pegar uma folha e falsificar a assinatura de outrem é falsi-
dade material; CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
c) Se, em um B.O., o escrivão inserir fatos que não foram narra- O Capítulo I do Título XI do Código Penal trata dos crimes fun-
dos, haverá falsidade ideológica; cionais, praticados por determinado grupo de pessoas no exercício
A cópia sem autenticação não pode ser considerada documen- de sua função, associado ou não com pessoa alheia aos quadros
to para fins penais. administrativos, prejudicando o correto funcionamento dos órgãos
do Estado.
Elemento Subjetivo, Consumação e Tentativa A Administração Pública deste modo, em geral direta, indireta
O crime exige o especial fim de prejudicar direito ou criar obri- e empresas privadas prestadoras de serviços públicos, contratadas
gação, ou ainda, alterar a verdade sobre fato juridicamente rele- ou conveniadas será vítima primária e constante, podendo, secun-
vante. dariamente, figurar no polo passivo eventual administrado preju-
Na MODALIDADE OMISSIVA, consuma-se com a omissão e não dicado.
cabe tentativa.
Na comissiva, ocorre quando o agente insere ou faz terceiro O agente, representante de um poder estatal, tem por função
inserir, sendo a tentativa perfeitamente possível. principal cumprir regularmente seus deveres, confiados pelo povo.
A traição funcional faz com que todos tenhamos interesse na sua
Causa de Aumento de Pena punição, até porque, de certa forma, somos afetados por elas. Den-
Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete tro desse espírito, mesmo quando praticado no estrangeiro, logo,
o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração fora do alcance da soberania nacional, o delito funcional será alcan-
é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta çado, obrigatoriamente, pela lei penal.
parte.
Não bastasse, a Lei 10.763, de 12 de novembro de 2003, con-
Uso de Documento Falso (art. 304) dicionou a progressão de regime prisional nos crimes contra a Ad-
Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alte- ministração Pública à prévia reparação do dano causado, ou à de-
rados, a que se referem os arts. 297 a 302: volução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais.
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. A lei em comento não impede a progressão aos crimes funcio-
Trata-se de crime com preceito penal secundário remetido. nais, mas apenas acrescenta uma nova condição objetiva, de cum-
Fazer uso é utilizar documento falso como se verdadeiro fosse. primento obrigatório para que o reeducando conquiste o referido
O uso deve ser efetivo, não bastando mencionar que possui o do- benefício.
cumento. Se o agente falsifica e usa documento, há simplesmente
progressão criminosa, e o uso se torna um post factum impunível. Crimes Funcionais
Não haverá o crime se o documento for encontrado pela au-
toridade em revista pessoal do agente; se o documento é apresen- Espécies
tado mediante solicitação ou exigência da autoridade policial, há Os delitos funcionais são divididos em duas espécies: próprios
controvérsia. e impróprios.
Nos crimes funcionais próprios, na qualidade de funcionário
Competência público ao autor, o fato passa a ser tratado como um tipo penal
Se o documento utilizado for passaporte, a competência será descrito.
da Justiça Federal do lugar onde apresentado: Já nos impróprios desaparecendo a qualidade de servidor pu-
blico, desaparece também o crime funcional, desclassificando a
Falsa Identidade (art. 307) conduta para outro delito, de natureza diversa.
Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para
obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar Conceito de Funcionário Público para Efeitos Penais
dano a outrem: Art. 327. Considera-se funcionário público, para os efeitos pe-
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato nais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce
não constitui elemento de crime mais grave. cargo, emprego ou função pública.
Trata-se de um delito formal e expressamente subsidiário. § 1º Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, em-
Identidade se refere às características que uma pessoa possui prego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para
capazes de a individualizarem na sociedade. Está ligada intimamen- empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a
te à noção de estado civil. execução de atividade típica da Administração Pública.
A falsidade tem de ser idônea e deve haver relevância jurídica § 2º A pena será aumentada da terça parte quando os autores
na imputação falsa, capacidade de causar dano. dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em
O silêncio não pode configurar falsa identidade, já que o crime comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da
é comissivo. administração direta, sociedade de economia mista, empresa pú-
blica ou fundação instituída pelo poder público.
Falsa Identidade e Autodefesa Contudo, ao considerar o que seja funcionário público para
Para concursos de Defensoria Pública, o preso em flagrante ou fins penais, nosso Código Penal nos dá um conceito unitário, sem
interrogado em juízo que se dá outro nome para se eximir da con- atender aos ensinamentos do Direito Administrativo, tomando a
denação simplesmente exerce a autodefesa, em seu sentido mais expressão no sentido amplo.
amplo, aplicando-se o brocardo nemo tenetur se detegere.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO PENAL
Dessa forma, para os efeitos penais, considera-se funcionário Corrupção Passiva
público não apenas o servidor legalmente investido em cargo pú- Art. 317 C.P., o Objeto jurídico é a probidade administrativa.
blico, mas também o que servidor publico efetivo ou temporário. Sujeito ativo: funcionário público. A vítima é o Estado e apenas na
conduta solicitar é que a vítima será, além do Estado a pessoa ao
Tipos penais Contra Administração Pública qual foi solicitada.
O crime de Peculato, Peculato apropriação, Peculato desvio, Condutas: Solicitar, receber e aceitar promessa, aumenta-se
Peculato furto, Peculato culposo, Peculato mediante erro de ou- a pena se o funcionário retarda ou deixa de praticar atos de ofício.
trem, Concussão, Excesso de exação, Corrupção passiva e Prevari- Não admite-se a tentativa, é no caso de privilegiado, onde cede ao
cação, são os crimes tipificado com praticados por agentes públicos. pedido ou influência de 3a pessoa. Só se consuma pela prática do
ato do servidor público.
Peculato
Previsto no artigo 312 do C.P., a objetividade jurídica do pecula- Prevaricação
to é a probidade da administração pública. É um crime próprio onde Art. 319 C.P., aqui também tutela-se a probidade administrati-
o sujeito ativo será sempre o funcionário público e o sujeito passivo va. É um crime próprio, cometido por funcionário público e a vítima
o Estado e em alguns casos o particular. Admite-se a participação. é o Estado. A conduta é: retardar ou deixar de praticar ato de ofício.
O Crime consuma-se com o retardamento ou a omissão, é doloso
Peculato Apropriação e o objetivo do agente é buscar satisfação ou vantagem pessoal.
É uma apropriação indébita e o objeto pode ser dinheiro, valor Os crimes contra a Administração Pública é demasiadamente
ou bem móvel. É de extrema importância que o funcionário tenha prejudicial, pois refletem e afetam a todos os cidadãos dependen-
a posse da coisa em razão do seu cargo. Consumação: Se dá no tes do serviço publico, colocando em crédito e a prova a credibili-
momento da apropriação, em que ele passa a agir como o titular da dade das instituições públicas, para apenas satisfazer o egoismo e
coisa apropriada. Admite-se a tentativa. egocentrismo desses agentes corruptos.
Tais mecanismos de combate devem ser aplicas com rigor e
Peculato Desvio aperfeiçoados para que estes desviantes do serviço publico, te-
O servidor desvia a coisa em vez de apropriar-se. Aqui o sujeito nham suas praticas de errôneas coibidas e extintas, podem assim
ativo além do servidor pode tem participação de uma 3a pessoa. fortalecer as instituições publica e valorizar os servidores.
Consumação: No momento do desvio e admite-se a tentativa.
EXERCÍCIOS
Peculato Furto
Previsto no Art. 312 CP., aqui o funcionário público não detêm
a posse, mas consegue deter a coisa em razão da facilidade de ser 1. Código Penal, julgue os itens a seguir:
servidor público. Ex: Diretor de escola pública que tem a chave de I- Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda
todas as salas da escola, aproveita-se da sua função e facilidade e falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a falsi-
subtrai algo que não estava sob sua posse, tem-se o peculato furto. dade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Peculato Culposo II- Falsificar, fabricando-a, alterando-a, moeda metálica ou pa-
Aproveitando o exemplo da escola, neste caso o diretor esque- pel-moeda de curso legal no país. Pena: reclusão, de três a doze
ce a porta aberta e alguém entra no colégio e subtrai um bem. A anos, e multa. Se o tipo penal ocorrer no estrangeiro: Pena (reclu-
consumação se dá no momento em que o 3o subtrai a coisa. Não são, de cinco a quinze anos).
admite-se a tentativa. III- Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, vale ou tí-
tulo que contenha promessa de pagamento em dinheiro ao porta-
Peculato mediante Erro de Outrem dor ou a que falte indicação do nome da pessoa a quem deva ser
Art. 313 C.P., o seu objeto jurídico é a probidade administra- pago: Pena: detenção, de um a seis meses, ou multa.
tiva. Sujeito ativo: funcionário público; sujeito passivo: Estado e o Está CORRETO o que se diz:
particular lesado. A modalidade de peculato mediante erro de ou- A. I e III.
trem, é um peculato estelionato, onde a pessoa é induzida a erro. B. Apenas II.
Ex: Um fiscal vai aplicar uma multa a um determinado contribuinte C. Apenas I.
e esse contribuinte paga o valor direto a esse fiscal, que embolsa D. I, II e III.
o dinheiro. Só que na verdade nunca existiu multa alguma e esse
dinheiro não tinha como destino os cofres públicos e sim o favoreci- 2. A respeito dos crimes contra a fé pública, previstos no Códi-
mento pessoal do agente. É um crime doloso e sua consumação se go Penal, assinale a alternativa correta.
dá quando ele passa a ser o titular da coisa. Admite-se a tentativa. A. Aquele que suprimir sinal legítimo indicativo de inutilização
em papel público, com o fim de torná-lo novamente utilizável, in-
Concussão correrá nas mesmas penas previstas para o crime de falsificação de
Art. 316 C.P., é uma espécie de extorsão praticada pelo servidor papéis públicos (art. 293, “caput”, do CP).
público com abuso de autoridade. O objeto jurídico é a probidade da B. Aquele que restitui à circulação papéis públicos falsificados
administração pública. Sujeito ativo: Crime próprio praticado pelo ser- ou alterados, ainda que culposamente, incorrerá nas mesmas pe-
vidor e o seu jeito passivo é o Estado e a pessoa lesada. A conduta é nas previstas para o crime de falsificação de papéis públicos (art.
exigir. Trata-se de crime formal pois consuma-se com a exigência, se 293, “caput”, do CP).
houver entrega de valor há exaurimento do crime e a vítima não res- C. O crime de falsificação de documento público (art. 297, do
ponde por corrupção ativa porque foi obrigada a agir dessa maneira. CP) é próprio de funcionário público.
D. O crime de falsidade ideológica (art. 299, do CP), se pratica-
Excesso de Exação do em documento público, é próprio de funcionário público.
A exigência vai para os cofres públicos, isto é, recolhe aos co- E. Os crimes de falso reconhecimento de firma ou letra (art.
fres valor não devido, ou era para recolher aos cofres públicos, po- 300, do CP) e de certidão ou atestado ideologicamente falso (art.
rém o funcionário se apropria do valor. 301, do CP) são próprios de funcionários públicos.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO PENAL
3. Falsificar recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento 8. De acordo com o Código Penal, assinale a alternativa que
relativo a arrecadação de rendas públicas constitui o crime previsto traz o crime que prevê a conduta típica de “Deixar de ordenar, de
no artigo 293 do Código Penal, isto é: autorizar ou de promover o cancelamento do montante de restos a
A. Falsificação de selo ou sinal público. pagar inscrito em valor superior ao permitido em lei”:
B. Falsificação de documento público. A. Ordenação de despesa não autorizada.
C. Falsificação de papéis públicos. B. Prestação de garantia graciosa.
D. Falsidade ideológica. C. Oferta pública ou colocação de títulos no mercado.
E. Crime assimilado ao de moeda falsa. D. Não cancelamento de restos a pagar.

4.Assinale a alternativa INCORRETA: 9. Assinale a alternativa que corresponde ao tipo penal do cri-
A. O artigo 149 do Código Penal tipifica, na seção dos crimes me de Resistência de acordo com o Código Penal:
contra a liberdade pessoal, a conduta de reduzir alguém à condição A. Desobedecer à ordem legal de funcionário público.
análoga à de escravo, incluindo o exercício do trabalho forçado, em B. Desacatar funcionário público no exercício da função ou em
condições degradantes, em jornada exaustiva ou com restrição, por razão dela.
qualquer meio, da locomoção, em razão de dívida contraída com o C. Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou
empregador ou preposto. ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe
B. A pena relativa ao crime de redução a condição análoga à esteja prestando auxílio.
de escravo é aumentada se o crime é cometido contra criança ou D. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem,
adolescente. vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato
C. O crime de falso testemunho ou falsa perícia é crime pró- praticado por funcionário público no exercício da função.
prio cometido por testemunha, intérprete, contador ou perito em
processo judicial, administrativo, inquérito policial ou juízo arbitral. 10. No que tange aos crimes praticados por funcionário público
D. Comete falsificação de documento particular, previsto no arti- contra a administração geral, é CORRETO afirmar que:
go 298 do Código Penal, aquele que insere ou faz inserir declaração fal- A. No peculato culposo, se o sujeito ativo do delito repara o dano
após a sentença penal definitiva, sua pena será reduzida em um terço.
sa ou diversa da que deveria ter sido escrita na CTPS do empregado ou
B. Quando o funcionário público exigir, para si ou para outrem,
em documento que deva produzir efeito perante a Previdência Social.
direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de as-
sumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, incide na prática
5. Sobre o delito de fraude em certames de interesse público,
do crime de corrupção ativa.
é INCORRETO afirmar que:
C. No peculato doloso, se o sujeito ativo do delito reparar o dano
A. Nas mesmas penas do delito de fraude em certames de inte-
antes da sentença penal irrecorrível, fica extinta a sua punibilidade.
resse público incorre quem permite ou facilita, por qualquer meio, o D. Quando deixar o funcionário, por indulgência, de responsabili-
acesso de pessoas não autorizadas às informações sobre concurso zar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quan-
público; avaliação ou exame públicos; processo seletivo para ingres- do lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autori-
so no ensino superior; exame ou processo seletivo previstos em lei. dade competente, ele incide na prática de condescendência criminosa.
B. Ser a fraude em certames de interesse público cometida por
funcionário público não é causa de aumento de pena.
C. Constitui fraude em certame de interesse público divulgar,
GABARITO
indevidamente, com o fim de beneficiar outrem, conteúdo sigiloso
de processo seletivo para ingresso no ensino superior.
D. Constitui fraude em certame de interesse público divulgar,
indevidamente, em benefício próprio, conteúdo sigiloso de proces- 1 A
so seletivo para ingresso no ensino superior. 2 E
E. Constitui fraude em certame de interesse público divulgar,
indevidamente, em benefício próprio, conteúdo sigiloso de avalia- 3 C
ção ou exames públicos. 4 D
5 B
6. Nos Termos do Código Penal Brasileiro, utilizar ou divulgar,
indevidamente, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de 6 A
comprometer a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de 7 A
concurso público, avaliação ou exame públicos, processo seletivo
8 D
para ingresso no ensino superior e exame ou processo seletivo pre-
vistos em lei, incorre na pena de multa e reclusão de quantos anos? 9 C
A. 1 (um) a 4 (quatro). 10 D
B. 1 (um) a 2 (dois).
C. 1 (um) a 3 (três).
D. 2 (um) a 5 (cinco).
E. 1 (um) a 5 (cinco).

7. Assinale o único crime que, para a sua configuração, exige do


agente a condição de funcionário público.
A. crime de excesso de exação
B. crime de corrupção ativa
C. crime de violência abusiva
D. crime de descaminho
E. crime de usurpação de função pública

12
CONHECIMENTOS EM DIREITO PROCESSUAL PENAL
1. Código de Processo Penal - artigos 251 a 258; 261 a 267; 274; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. 351 a 372; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
3. 394 a 497; 531 a 538; 541 a 548; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06
4. 574 a 667 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
5. Lei nº 9.099 de 26.09.1995 (artigos 60 a 83; 88 e 89). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
CONHECIMENTOS EM DIREITO PROCESSUAL PENAL
Há se tomar cuidado, neste prumo, com as hipóteses previstas
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL - ARTIGOS 251 nestes dois artigos. Aqui, veda-se ao juiz o exercício de jurisdição.
A 258; 261 A 267; 274 Algo totalmente diferente do art. 254, que traz causas de suspei-
ção/impedimento. Enquanto nos arts. 252 e 253 se disciplina um
Juiz “não atuar” do juiz (já que o dispositivo é claro ao falar que o jul-
gador “não exercerá jurisdição”), no art. 254, que se verá a seguir,
De acordo com o art. 251, do Código de Processo Penal, ao juiz até pode o magistrado receber o processo para julgar, embora não
incumbirá prover a regularidade do processo e manter a ordem no deva (ou melhor, não possa) fazê-lo por questão de vício de impar-
curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força cialidade.
pública.
Assim, para garantir a regularidade do processo, o juiz exerce Hipóteses de suspeição/impedimento do juiz
os seguintes poderes: São elas (art. 254, CPP):
a) de polícia: para garantir o desenvolvimento regular e impe- A) Se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles (in-
dir atos capazes de perturbar o bom andamento do processo; ciso I);
b) jurisdicionais: que compreendem atos ordinatórios, que or- B) Se ele, seu cônjuge (convivente), ascendente ou descenden-
denam e impulsionam o processo; e te, estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo ca-
c) instrutórios: que compreendem a colheita de provas. ráter criminoso haja controvérsia (inciso II);
C) Se ele, seu cônjuge (convivente), ou parente, consanguíneo,
Garantias ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou res-
São elas, de acordo com o art. 95, da Constituição Federal: ponder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das par-
A) Vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após tes (inciso III);
dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse perío- D) Se tiver aconselhado qualquer das partes (inciso IV);
do, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos E) Se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das
demais casos, de sentença judicial transitada em julgado (inciso I); partes (inciso V);
B) Inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na F) Se for sócio, acionista ou administrador de sociedade inte-
forma do art. 93, VIII, da Constituição Federal (inciso II); ressada no processo (inciso VI).
C) Irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. Urge ressaltar que o impedimento ou suspeição decorrente
37, X e XI, 39, §4º, 150, II, 153, III, e 153, §2º, I, todos da CF (inciso de parentesco por afinidade cessará pela dissolução do casamento
IV). (união estável) que lhe tiver dado causa, salvo sobrevindo descen-
dentes; mas, ainda que dissolvido o casamento sem descendentes,
Vedações impostas aos juízes não funcionará como juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, o genro
Aos juízes é vedado (parágrafo único, do art. 95, da Constitui- ou enteado de quem for parte no processo (art. 255, CPP).
ção): Urge ressalvar, por fim, que a suspeição não poderá ser decla-
A) Exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou fun- rada nem reconhecida, quando a parte injuriar o juiz ou de propósi-
ção, salvo uma de magistério (inciso I); to der motivo para criá-la (art. 256, CPP).
B) Receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participa-
ção em processo (inciso II); TÍTULO VIII
C) Dedicar-se à atividade político-partidária (inciso III); DO JUIZ, DO MINISTÉRIO PÚBLICO, DO ACUSADO E DEFEN-
D) Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribui- SOR,
ções de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas DOS ASSISTENTES E AUXILIARES DA JUSTIÇA
as exceções previstas em lei (inciso IV); CAPÍTULO I
E) Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, DO JUIZ
antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposen-
tadoria ou exoneração (inciso V). Art. 251. Ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo
e manter a ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal
Hipóteses em que o juiz não poderá exercer jurisdição fim, requisitar a força pública.
De acordo com o art. 252, do Código de Processo Penal, o juiz
não poderá exercer jurisdição no processo em que: Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em
A) Tiver funcionado seu cônjuge (convivente) ou parente, con- que:
sanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou
inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, como
autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito (inciso I); defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade po-
B) Ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções licial, auxiliar da justiça ou perito;
ou servido como testemunha (inciso II); II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções
C) Tiver funcionado como juiz de outra instância, pronuncian- ou servido como testemunha;
do-se, de fato ou de direito, sobre a questão (inciso III); III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronuncian-
D) Ele próprio ou seu cônjuge (convivente) ou parente, con- do-se, de fato ou de direito, sobre a questão;
sanguíneo ou afim em linha reta ou colateral até o terceiro grau, IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou
inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito (inciso IV). afim em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for
Ademais, nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo parte ou diretamente interessado no feito.
processo os juízes que forem entre si parentes, consanguíneos ou Art. 253. Nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo
afins, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive (art. processo os juízes que forem entre si parentes, consanguíneos ou
253, CPP). afins, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive.

1
CONHECIMENTOS EM DIREITO PROCESSUAL PENAL
Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá E) Exercer atividade político-partidária, em regra (alínea “e”);
ser recusado por qualquer das partes: F) Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribui-
I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles; ções de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas
II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver res- as exceções previstas em lei (alínea “f”).
pondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso
haja controvérsia; Suspeição/impedimento/proibição do exercício de jurisdição
III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim, até do membro do Ministério Público
o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a pro- Consoante o art. 258, CPP, os órgãos do Ministério Público não
cesso que tenha de ser julgado por qualquer das partes; funcionarão nos processos em que o juiz ou qualquer das partes for
IV - se tiver aconselhado qualquer das partes; seu cônjuge (convivente), ou parente, consanguíneo ou afim, em li-
V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das nha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, e a eles se esten-
partes; dem, no que lhe for aplicável, as prescrições relativas à suspeição e
Vl - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade inte- aos impedimentos dos juízes.
ressada no processo.
Art. 255. O impedimento ou suspeição decorrente de parentes- CAPÍTULO II
co por afinidade cessará pela dissolução do casamento que Ihe tiver DO MINISTÉRIO PÚBLICO
dado causa, salvo sobrevindo descendentes; mas, ainda que dissol-
vido o casamento sem descendentes, não funcionará como juiz o Art. 257. Ao Ministério Público cabe:
sogro, o padrasto, o cunhado, o genro ou enteado de quem for parte I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma
no processo. estabelecida neste Código; e
Art. 256. A suspeição não poderá ser declarada nem reconhe- II - fiscalizar a execução da lei.
cida, quando a parte injuriar o juiz ou de propósito der motivo para
criá-la. Art. 258. Os órgãos do Ministério Público não funcionarão nos
processos em que o juiz ou qualquer das partes for seu cônjuge, ou
Ministério Público parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o ter-
ceiro grau, inclusive, e a eles se estendem, no que Ihes for aplicável,
A atividade do Ministério Público é de suma importância na as prescrições relativas à suspeição e aos impedimentos dos juízes.
seara penal, seja porque titular da ação penal pública (art. 129, I,
CF), seja porque fiscal da lei. Eis as duas funções que lhe são expres- Acusado E Seu Defensor
samente atribuídas em rol meramente exemplificativo pelos dois
incisos do art. 257, do Diploma Processual Penal. Conforme o art. 261, CPP, nenhum acusado, ainda que ausente
O Ministério Público é instituição permanente, essencial à fun- ou foragido, será processado ou julgado sem defensor. Nesta fre-
ção jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem ju- quência, de acordo com a Súmula nº 523, do Supremo Tribunal Fe-
rídica, do regime democrático, e dos interesses sociais e individuais deral, no processo penal, a falta de defesa constitui nulidade abso-
indisponíveis. Neste diapasão, são seus princípios institucionais, luta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo
previstos no primeiro parágrafo, do art. 127, da Constituição Fede- para o réu.
ral: Com isso, deve ficar superado qualquer entendimento quanto
A) A unidade. Todos os membros do Ministério Público formam à possibilidade de se imaginar um réu no processo penal, qualquer
um órgão único; que seja a gravidade do delito, desprovido de defesa e de defen-
B) A indivisibilidade. Todos os membros do Ministério Público sor. Uma prova dessa necessidade pode ser observada no segundo
formam um órgão indivisível; parágrafo, do art. 396-A, CPP, segundo o qual não apresentada a
C) A independência funcional. A independência funcional de- resposta à acusação no prazo legal, ou se o acusado, citado, não
corre da autonomia do Ministério Público, que é tanto administrati- constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, conce-
va, como normativa e financeira. dendo-lhe vista dos autos pelo prazo de dez dias.
Ato contínuo, a defesa do acusado divide-se em autodefesa
Garantias atribuídas aos membros do Ministério Público (que é aquela exercida pelo próprio acusado, como quando sim-
São elas (art. 128, §5º, I, CF): plesmente assinala no mandado de intimação o seu interesse de
A) Vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo recorrer da decisão) e em defesa técnica (que é aquela feita por
perder o cargo senão por sentença judicial transitada em julgado profissional competente e especializado). Neste sentido, consoante
(alínea “a”); o parágrafo único, do art. 261, CPP, a defesa técnica, quando reali-
B) Inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, me- zada por defensor público ou dativo, será sempre exercida através
diante decisão da maioria absoluta de órgão colegiado do Ministé- de manifestação fundamentada.
rio Público, assegurada ampla defesa, obviamente (alínea “b”); Se o acusado não tiver defensor, lhe será nomeado um pelo
C) Irredutibilidade de subsídio, em regra (alínea “c”). juiz, ressalvado o seu direito de, a todo tempo, nomear outro de
sua confiança, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habilitação
Vedações aos membros do Ministério Público (art. 263, caput, CPP).
São elas (art. 128, §5º, II, CF): A constituição de defensor independerá de instrumento de
A) Receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorá- mandato, se o acusado o indicar por ocasião do interrogatório (art.
rios, percentagens ou custas processuais (alínea “a”); 266, CPP). Este defensor tanto poderá ser um advogado particular,
B) Exercer a advocacia (alínea “b”); como um advogado dativo, como um defensor público.
C) Participar de sociedade comercial, na forma de lei (alínea
“c”);
D) Exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra fun-
ção pública, salvo uma de magistério (alínea “d”);

2
CONHECIMENTOS EM DIREITO PROCESSUAL PENAL
Ainda, o defensor não poderá abandonar o processo senão por
motivo imperioso, comunicando previamente o juiz, sob pena de 351 A 372
multa de dez a cem salários mínimos, sem prejuízo das demais san-
ções cabíveis (art. 265, caput, CPP). A audiência poderá ser adiada Citação
se o defensor, por motivo justificado, não puder comparecer (art.
265, §1º, CPP). De acordo com o art. 363, do Código de Processo Penal, o pro-
cesso terá completada a sua formação quando realizada a citação
CAPÍTULO III do acusado.
DO ACUSADO E SEU DEFENSOR Neste contexto, considerando o entendimento importado do
Direito Processual Civil, segundo o qual o processo começa antes,
Art. 259. A impossibilidade de identificação do acusado com o com o mero despacho da decisão que recebe a petição inicial (o
seu verdadeiro nome ou outros qualificativos não retardará a ação que, aqui no Processo Penal, funcionaria com o recebimento da de-
penal, quando certa a identidade física. A qualquer tempo, no cur- núncia, guardadas as devidas proporções), há se entender a citação
so do processo, do julgamento ou da execução da sentença, se for como o ato que formaliza a participação do acusado no processo
descoberta a sua qualificação, far-se-á a retificação, por termo, nos em curso instaurado exatamente contra ele, o que torna a citação
autos, sem prejuízo da validade dos atos precedentes. um pressuposto processual de validade.
Art. 260. Se o acusado não atender à intimação para o interro-
gatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não Citação por mandado.
possa ser realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua Quando o réu estiver em território sujeito à jurisdição da auto-
presença. ridade que a ordenar, a citação será feita por mandado, via oficial
Parágrafo único. O mandado conterá, além da ordem de condu- de justiça, o qual indicará, conforme o art. 352, da Lei Processual
ção, os requisitos mencionados no art. 352, no que Ihe for aplicável. Penal:
Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, A) O nome do juiz (inciso I);
será processado ou julgado sem defensor. B) O nome do querelante nas ações iniciadas por queixa (inciso II);
Parágrafo único. A defesa técnica, quando realizada por defen- C) O nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais carac-
sor público ou dativo, será sempre exercida através de manifestação terísticos (inciso III);
fundamentada. D) A residência do réu, se for conhecida (inciso IV);
Art. 262. Ao acusado menor dar-se-á curador. E) O fim para que é feita a citação (inciso V);
Art. 263. Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado defensor F) O juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá compa-
pelo juiz, ressalvado o seu direito de, a todo tempo, nomear outro recer (inciso VI);
de sua confiança, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habilita- G) A subscrição do escrivão e a rubrica do juiz (inciso VII).
ção. O mandado de citação deve ser acompanhado de cópia da de-
Parágrafo único. O acusado, que não for pobre, será obrigado a núncia/queixa-crime (a chamada “contrafé”), para permitir ao acu-
pagar os honorários do defensor dativo, arbitrados pelo juiz. sado defender-se dos fatos que lhe são imputados.
Art. 264. Salvo motivo relevante, os advogados e solicitadores Ademais, quando da prática do ato, deve o oficial de justiça ler
serão obrigados, sob pena de multa de cem a quinhentos mil-réis, o mandado ao citando. Se houver aceitação ou recusa em receber a
a prestar seu patrocínio aos acusados, quando nomeados pelo Juiz. citação, isso deve constar da certidão de entrega da contrafé.
Art. 265. O defensor não poderá abandonar o processo senão Por fim, há se lembrar que o processo seguirá sem a presença
por motivo imperioso, comunicado previamente o juiz, sob pena de do acusado que, citado ou intimado pessoalmente para qualquer
multa de 10 (dez) a 100 (cem) salários mínimos, sem prejuízo das ato, deixar de comparecer sem motivo justificado, ou, no caso de
demais sanções cabíveis. mudança de residência, não comunicar o novo endereço ao juízo
§1º A audiência poderá ser adiada se, por motivo justificado, o (art. 367, CPP).
defensor não puder comparecer.
§2º Incumbe ao defensor provar o impedimento até a abertura Citação por carta precatória.
da audiência. Não o fazendo, o juiz não determinará o adiamento A citação por carta precatória será utilizada quando o réu es-
de ato algum do processo, devendo nomear defensor substituto, tiver fora do território da jurisdição do juiz processante, devendo
ainda que provisoriamente ou só para o efeito do ato. constar na precatória, de acordo com o art. 354, CPP:
Art. 266. A constituição de defensor independerá de instrumen- A) O juiz deprecado e o juiz deprecante (inciso I);
to de mandato, se o acusado o indicar por ocasião do interrogatório. B) A sede da jurisdição de um e de outro (inciso II);
Art. 267. Nos termos do art. 252, não funcionarão como defen- C) O fim para que é feita a citação, com todas as especificações
sores os parentes do juiz. (inciso III);
D) O juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu deverá compa-
CAPÍTULO V recer (inciso IV).
DOS FUNCIONÁRIOS DA JUSTIÇA
A precatória será devolvida ao juiz deprecante, independente-
Art. 274. As prescrições sobre suspeição dos juízes estendem-se mente de traslado, depois de lançado o “cumpra-se” e de feita a
aos serventuários e funcionários da justiça, no que Ihes for aplicável. citação por mandado do juiz deprecado (art. 355, caput, CPP). Ve-
rificando que o réu se encontra em território sujeito à jurisdição de
outro juiz, a este remeterá o juiz deprecado os autos para efetiva-
ção da diligência, desde que haja tempo para fazer-se a citação (a
chamada “carta precatória itinerante”) (art. 355, §1º, CPP). Certifi-
cado pelo oficial de justiça que o réu se oculta para não ser citado, a
precatória será imediatamente devolvida, para efeito de citação por
hora certa (art. 355, §2º, CPP).

3
CONHECIMENTOS EM DIREITO PROCESSUAL PENAL
Citação por carta rogatória. não comparece nem constitui defensor há incidência da suspensão
Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será cita- do processo e do prazo prescricional.
do mediante carta rogatória, suspendendo-se o curso do prazo de Como o art. 366, do CPP apenas dispõe que a prescrição deve
prescrição até o seu cumprimento (art. 368, CPP). Disso infere-se ficar suspensa durante a suspensão do processo, sem indicar por
que a carta rogatória somente será utilizada se o réu estiver no quanto tempo, doutrina e jurisprudência debruçaram-se sobre a
estrangeiro, mas em lugar sabido. Eis um detalhe que merece ser questão, na busca de uma solução hermenêutica para a omissão
observado. legislativa.
Por fim, as citações que houverem de ser feitas em legações es- Para um primeiro entendimento, com grande força no STF, o
trangeiras serão efetuadas mediante carta rogatória (art. 369, CPP). processo e o curso do prazo prescricional ficam suspensos por prazo
As cartas rogatórias serão, pelo respectivo juiz, remetidas ao indeterminado; para um segundo entendimento, consagrado na Sú-
Ministro da Justiça, a fim de ser pedido o seu cumprimento, por mula nº 415, do Superior Tribunal de Justiça, o prazo de suspensão
via diplomática, às vias estrangeiras competentes (art. 783, CPP). regula-se pelo máximo da pena cominada ao delito.
As cartas rogatórias emanadas de autoridades estrangeiras compe-
tentes não dependem de homologação e serão atendidas se enca- Súmula 415: “O período de suspensão do prazo prescricional é
minhadas por via diplomática e desde que o crime, segundo a lei regulado pelo máximo da pena cominada”.
brasileira, não exclua a extradição (art. 784, caput, CPP).
Assim, se o delito prescreve, abstratamente, em 12 anos, é por
Citação por carta de ordem. esse tempo que a contagem da prescrição deve ficar suspensa, após
É a maneira como se cita quando o processo tramita nos tribu- o que volta a correr pelo saldo restante. Esse entendimento, além
nais. A carta de ordem é uma forma de citação semelhante à carta de evitar, na prática, a imprescritibilidade dos delitos, afigura-se
precatória. proporcional, na medida em que o prazo de prescrição ficará sus-
penso por mais ou menos tempo, de acordo com a maior ou me-
Formas especiais de citação. nor gravidade do delito. Um mesmo prazo de suspensão da pres-
São elas: crição para todos os delitos violaria, flagrantemente, o princípio
A) Citação do militar. Far-se-á por intermédio do chefe do res- da proporcionalidade.
pectivo serviço (art. 358, CPP); Conforme a Súmula nº 455, do Superior Tribunal de Justiça,
B) Citação do réu preso. Se o réu estiver preso, será pessoal- a decisão que determina a produção antecipada de provas com
mente citado (art. 360, CPP); base no art. 366, CPP, deve ser concretamente fundamentada, não
C) Citação do funcionário público. O dia designado para o fun- se justificando meramente o decurso do tempo.
cionário público comparecer em juízo, como acusado, será feita a Desta maneira, a simples incidência da hipótese de suspensão
ele bem como ao chefe de sua repartição (art. 359, CPP); do processo/prazo prescricional não é suficiente para se determi-
D) Citação por hora certa. A citação por hora certa é inovação nar a perpetuação da memória da prova. É preciso que haja algum
trazida ao processo penal pela Lei nº 11.719/08, e encontra-se con- risco de que a prova se perca durante o período de suspensão,
templada no art. 362, CPP, segundo o qual, se o oficial de justiça como por exemplo, o falecimento de uma testemunha.
verificar que o réu se oculta para não ser citado, certificará a ocor-
rência e agirá nos moldes do que preveem os arts. 227 a 229 do Intimação e Notificação
Código do Processo Civil.
E) Citação por edital. Se o réu não for encontrado, será citado Consoante o art. 370, da Lei Processual Penal, nas intimações
por edital, com o prazo de quinze dias (art. 361, CPP). dos acusados, das testemunhas, e demais pessoas que devam to-
Consoante o art. 365, CPP, o edital de citação indicará o nome mar conhecimento de qualquer ato, será observado, no que for
do juiz que a determinar (inciso I), o nome do réu, ou, se não for aplicável, o que se falou para a citação. Desta maneira, a intima-
conhecido, os seus sinais característicos, bem como sua residência ção do réu preso será feita em seu nome, bem como será possível
e profissão, se constarem do processo (inciso II), o fim para que é
à intimação por hora certa, como exemplos.
feita a citação (inciso III), o juízo e o dia, a hora e o lugar em que
Enquanto a citação é um ato de formalização processual por
o réu deverá comparecer (inciso IV), e o prazo, que será contado
intermédio da ciência do acusado, a intimação vale para ambas
do dia da publicação do edital na imprensa, se houver, ou de sua
as partes da relação jurídica, consistindo em avisos coercitivos ou
afixação (inciso V).
em meros ônus às partes acerca do que deve acontecer para que
Ademais, o edital será afixado à porta do edifício onde funcio-
a marcha procedimental chegue ao seu fim.
nar o juízo e será publicado pela imprensa, onde houver, devendo
Doutrinariamente diferencia-se intimação de notificação, dis-
a afixação ser certificada pelo oficial que a tiver feito e a publicação
tinção não observada no Código de Processo Penal e, exatamente
provada por exemplar do jornal ou certidão do escrivão, da qual
conste a página do jornal com a data da publicação (parágrafo úni- por isso, desconhecida pela maioria dos operadores do Direito. Na
co, do art. 365, do CPP). prática, não há qualquer relevância na distinção entre intimação e
notificação. Na verdade, pelo que se percebe da própria redação
Suspensão do processo e do prazo prescricional. do CPP e da legislação especial, é comum a utilização equivocada
Segundo o art. 366, da Lei Processual Penal, se o acusado, ci- de tais expressões. Geralmente, o que se costuma denominar de
tado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão intimação se trata de notificação, pois intimação é a comunicação
suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o de ato processual já efetuado, enquanto que a notificação serve
juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas ur- para comunicar ato ainda a ser realizado. Assim, intima-se de algo
gentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do já produzido e notifica-se para ato a ser cumprido. A intimação
art. 312, do Código de Processo Penal. volta-se ao passado, ao passo que a notificação volta-se ao futuro.
Disso infere-se, preliminarmente, que a revelia no processo pe- Exemplificando, intima-se de uma decisão judicial, enquanto que
nal somente se aplica para quem foi citado regularmente e ainda se notifica uma testemunha ou um perito para depor.
assim insiste em manter-se inerte. Para que é citado por edital e

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CONHECIMENTOS EM DIREITO PROCESSUAL PENAL
Intimação do Ministério Público e do defensor nomeado. Art. 356. Se houver urgência, a precatória, que conterá em re-
A intimação do Ministério Público e do defensor nomeado será sumo os requisitos enumerados no art. 354, poderá ser expedida
pessoal (art. 370, §4º, CPP). Apesar da ausência de expressa previ- por via telegráfica, depois de reconhecida a firma do juiz, o que a
são legal, também a intimação do Defensor Público será pessoal. estação expedidora mencionará.
Intimação do defensor constituído, do advogado do querelan- Art. 357. São requisitos da citação por mandado:
te, e do assistente. I - leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da con-
A intimação do defensor constituído, do advogado do quere- trafé, na qual se mencionarão dia e hora da citação;
lante, e do assistente far-se-á por publicação no órgão incumbido II - declaração do oficial, na certidão, da entrega da contrafé, e
da publicidade dos atos judiciais da comarca, incluindo, sob pena sua aceitação ou recusa.
de nulidade, o nome do acusado (art. 370, §1º, CPP). Caso não haja Art. 358. A citação do militar far-se-á por intermédio do chefe do
órgão de publicação de atos judiciais na comarca, a intimação far- respectivo serviço.
-se-á diretamente pelo escrivão, por mandado, ou via postal com Art. 359. O dia designado para funcionário público comparecer
comprovante de recebimento, ou por qualquer outro meio idôneo em juízo, como acusado, será notificado assim a ele como ao chefe
(art. 370, §2º, CPP). de sua repartição.
Não podemos esquecer da Súmula nº 310, do STF, segundo Art. 360. Se o réu estiver preso, será pessoalmente citado.
Art. 361. Se o réu não for encontrado, será citado por edital, com
a qual quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publica-
o prazo de 15 (quinze) dias.
ção com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial terá
Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o
início na segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente,
oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá à citação com
caso em que começará no primeiro dia útil que se seguir. E ainda, hora certa, na forma estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei nº 5.869,
da Súmula nº 710, do STF, que dispõe que no processo penal, con- de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.
tam-se os prazos da data da intimação, e não da juntada aos autos Parágrafo único. Completada a citação com hora certa, se o acu-
do mandado ou da carta precatória ou de ordem. sado não comparecer, ser-lhe-á nomeado defensor dativo.
Vamos em seguida efetuar a leitura atenta e detalhada dos Art. 363. O processo terá completada a sua formação quando
dispositivos contidos no Código de Processo Penal que tratam do realizada a citação do acusado.
o tema: I - (revogado);
II - (revogado);
TÍTULO X § 1º Não sendo encontrado o acusado, será procedida a citação
DAS CITAÇÕES E INTIMAÇÕES por edital.
CAPÍTULO I § 2º (VETADO)
DAS CITAÇÕES § 3º (VETADO)
§ 4º Comparecendo o acusado citado por edital, em qualquer
Art. 351. A citação inicial far-se-á por mandado, quando o réu tempo, o processo observará o disposto nos arts. 394 e seguintes des-
estiver no território sujeito à jurisdição do juiz que a houver orde- te Código.
nado. Art. 364. No caso do artigo anterior, nº I, o prazo será fixado pelo
Art. 352. O mandado de citação indicará: juiz entre 15 (quinze) e 90 (noventa) dias, de acordo com as circuns-
I - o nome do juiz; tâncias, e, no caso de nº II, o prazo será de trinta dias.
II - o nome do querelante nas ações iniciadas por queixa; Art. 365. O edital de citação indicará:
III - o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais ca- I - o nome do juiz que a determinar;
racterísticos; II - o nome do réu, ou, se não for conhecido, os seus sinais ca-
IV - a residência do réu, se for conhecida; racterísticos, bem como sua residência e profissão, se constarem do
V - o fim para que é feita a citação; processo;
VI - o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá com- III - o fim para que é feita a citação;
IV - o juízo e o dia, a hora e o lugar em que o réu deverá comparecer;
parecer;
V - o prazo, que será contado do dia da publicação do edital na
VII - a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz.
imprensa, se houver, ou da sua afixação.
Art. 353. Quando o réu estiver fora do território da jurisdição do
Parágrafo único. O edital será afixado à porta do edifício onde
juiz processante, será citado mediante precatória. funcionar o juízo e será publicado pela imprensa, onde houver, deven-
Art. 354. A precatória indicará: do a afixação ser certificada pelo oficial que a tiver feito e a publica-
I - o juiz deprecado e o juiz deprecante; ção provada por exemplar do jornal ou certidão do escrivão, da qual
II - a sede da jurisdição de um e de outro; conste a página do jornal com a data da publicação.
Ill - o fim para que é feita a citação, com todas as especifica- Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem
ções; constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo
IV - o juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu deverá com- prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das
parecer. provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preven-
Art. 355. A precatória será devolvida ao juiz deprecante, inde- tiva, nos termos do disposto no art. 312.
pendentemente de traslado, depois de lançado o “cumpra-se” e de Art. 367. O processo seguirá sem a presença do acusado que, ci-
feita a citação por mandado do juiz deprecado. tado ou intimado pessoalmente para qualquer ato, deixar de compa-
§ 1º Verificado que o réu se encontra em território sujeito à recer sem motivo justificado, ou, no caso de mudança de residência,
jurisdição de outro juiz, a este remeterá o juiz deprecado os autos não comunicar o novo endereço ao juízo.
para efetivação da diligência, desde que haja tempo para fazer-se Art. 368. Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido,
a citação. será citado mediante carta rogatória, suspendendo-se o curso do
§ 2º Certificado pelo oficial de justiça que o réu se oculta para prazo de prescrição até o seu cumprimento.
não ser citado, a precatória será imediatamente devolvida, para o Art. 369. As citações que houverem de ser feitas em legações
fim previsto no art. 362. estrangeiras serão efetuadas mediante carta rogatória.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO PROCESSUAL PENAL
CAPÍTULO II (no caso de citação por edital, dispõe o parágrafo único do aludido
DAS INTIMAÇÕES dispositivo, o prazo para a defesa começará a fluir a partir do compa-
recimento pessoal do acusado ou do defensor constituído);
Art. 370. Nas intimações dos acusados, das testemunhas e de-
mais pessoas que devam tomar conhecimento de qualquer ato, será Hipóteses de rejeição da inicial acusatória.
observado, no que for aplicável, o disposto no Capítulo anterior. Conforme o art. 395, do Código de Processo, a denúncia ou a
§ 1º A intimação do defensor constituído, do advogado do que- queixa será rejeitada quando for manifestamente inepta (inciso I);
relante e do assistente far-se-á por publicação no órgão incumbido quando faltar pressuposto processual ou condição para o exercício
da publicidade dos atos judiciais da comarca, incluindo, sob pena de da ação penal (inciso II); ou quando faltar justa causa para o exercí-
nulidade, o nome do acusado. cio da ação penal (inciso III);
§ 2º Caso não haja órgão de publicação dos atos judiciais na co-
marca, a intimação far-se-á diretamente pelo escrivão, por mandado, Resposta à acusação.
ou via postal com comprovante de recebimento, ou por qualquer ou- Na resposta à acusação, defesa máxima neste procedimento e
tro meio idôneo. grande objetivo a ser implementado quando da reforma processual
§ 3º A intimação pessoal, feita pelo escrivão, dispensará a aplica- de 2008, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo o que
ção a que alude o § 1º. interesse à sua defesa, bem como oferecer documentos e justifi-
§ 4º A intimação do Ministério Público e do defensor nomeado cações, especificar provas pretendidas e arrolar testemunhas, qua-
será pessoal. lificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário (art.
Art. 371. Será admissível a intimação por despacho na petição 396-A, caput, CPP).Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se
em que for requerida, observado o disposto no art. 357. o acusado, citado, não constituir defensor, o juiz nomeará defensor
Art. 372. Adiada, por qualquer motivo, a instrução criminal, o para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por dez dias (art.
juiz marcará desde logo, na presença das partes e testemunhas, dia 396-A, §2º, CPP).
e hora para seu prosseguimento, do que se lavrará termo nos autos. Tem a resposta à acusação conteúdo amplíssimo. Tudo nela
pode ser alegado, em prol da absolvição sumária do agente. Apenas
não se pode esquecer que, se houver a oposição de exceções, isto
394 A 497; 531 A 538; 541 A 548 deve se dar em apartado (art. 396-A, §1º, CPP).Ademais, trata-se de
peça obrigatória. Caso não seja apresentada no prazo legal, o juiz
Procedimento comum nomeará defensor para oferecê-la, no prazo de dez dias. A não-no-
meação de defensor, pelo juiz, para oferecê-la, é causa de nulidade
O procedimento comum será ordinário, sumário, ou sumaríssi- absoluta.
mo:
A) Será ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção má- D) Confirmação do recebimento da denúncia.
xima cominada for igual ou superior a quatro anos de pena privativa Após receber a resposta à acusação, diz o art. 397, do Código
de liberdade (art. 394, §1º, I, CPP); de Processo, que o juiz deverá absolver sumariamente o acusado
B) Será sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção má- quando verificar a existência manifesta de causa excludente da ili-
xima cominada seja inferior a quatro anos de pena privativa de liber- citude do fato (inciso I); quando verificar a existência manifesta de
dade (art. 394, §1º, II, CPP); causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilida-
C) Será sumaríssimo, para as infrações penais de menor poten- de (inciso II); quando verificar que o fato narrado evidentemente
cial ofensivo (art. 394, §1º, III, CPP). não constitui crime (inciso III); ou quando extinta a punibilidade do
agente (inciso IV) (valendo lembrar que a existência de causa ex-
Com efeito, o procedimento comum terá incidência geral, sal- tintiva da punibilidade pode ser reconhecida a qualquer momento,
vo disposição em contrário prevista no CPP ou em legislação espe- inclusive de ofício).
cial (art. 394, §2º, CPP). Ademais, as disposições do procedimento
comum ordinário se aplicarão subsidiariamente aos procedimentos E) Audiência de instrução, debates e julgamento.
especial, sumário, e sumaríssimo, em caso de lacuna normativa. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para
Por fim, lembra-se de quatro questões fundamentais: que a in- a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor,
fluência das qualificadoras interfere no procedimento, por alterarem do Ministério Público, e, se for o caso, do querelante e do assistente
os limites mínimo e máximo de pena; que a influência das causas (art. 399, caput, CPP). O acusado preso será requisitado para com-
de aumento e diminuição de pena interfere no procedimento, por parecer ao interrogatório, devendo o poder público providenciar
modificarem os limites mínimo e máximo de pena; que a existência sua apresentação (art. 399, §1º, CPP).O juiz que presidiu a instru-
de agravantes e atenuantes não interfere no procedimento, por não ção deverá proferir sentença (eis, aqui, a consagração do “Princípio
alterarem os limites das penas (neste sentido, há se observar a Súmu- da Identidade Física do Juiz”, tal como já há no processo civil) (art.
la nº 231, do Superior Tribunal de Justiça); e que, caso ocorra conexão 399, §2º, CPP).
entre infrações de procedimentos distintos, prevalece na doutrina Na audiência de instrução e julgamento (valendo lembrar que
que deve ser aplicado aquele procedimento previsto para a infração esta audiência será una), a ser realizada no prazo máximo de ses-
mais grave, se não houver a incidência do rito do júri. senta dias (no procedimento comum sumário esse prazo é de trinta
dias), se procederá à tomada de declarações do ofendido, à inquiri-
Procedimento comum ordinário ção das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa (nesta
ordem, valendo lembrar que a inobservância desta ordem é cau-
Vejamos suas etapas: sa de nulidade, salvo a incidência da hipótese prevista no art. 222,
Oferecimento da inicial acusatória (denúncia ou queixa). CPP), bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e
Neste diapasão, consoante o art. 396, da Lei Processual, se o juiz ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em segui-
não rejeitá-la liminarmente, receberá a inicial e ordenará a citação do da, o acusado (agora, veja-se, o interrogatório do acusado passou
acusado para responder à acusação por escrito, no prazo de dez dias a ser o último ato, e não mais o primeiro, como o era antes da Lei

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CONHECIMENTOS EM DIREITO PROCESSUAL PENAL
nº 11.719/08, o que somente confirma a tendência de considerar o - Resposta à acusação. - Vale o que já foi dito para o procedi-
interrogatório do acusado, em verdade, um “meio de defesa”) (art. mento comum ordinário;
400, caput, CPP). - Confirmação do recebimento da denúncia. - Vale o que já foi
As provas serão produzidas numa só audiência (o que confirma dito para o procedimento comum ordinário;
a ideia de audiência una), podendo o juiz indeferir as consideradas - Audiência de instrução, debates e julgamento - Vale o que já
irrelevantes, impertinentes ou protelatórias (aqui, consagra-se o foi dito para o procedimento comum ordinário, com a diferença de
juiz como verdadeiro “gestor da prova”) (art. 400, §1º, CPP). Os es- que, de acordo com o art. 531, do Código de Processo Penal, esta
clarecimentos dos peritos dependerão de prévio requerimento das audiência deverá ser realizada no prazo máximo de trinta dias;
partes (art. 400, §2º, CPP).Do ocorrido em audiência será lavrado - Número de testemunhas na audiência de instrução, debates
em livro próprio, assinado pelo juiz e pelas partes, contendo breve e julgamento - Vale o que já foi dito para o procedimento comum
resumo dos fatos relevantes nela ocorridos (art. 405, caput, CPP). ordinário, com a diferença de que esse número cai para cinco teste-
munhas por fato, para cada parte (art. 532, CPP);
F) Número de testemunhas na audiência de instrução, deba- - Alegações finais orais - Vale o que foi dito para o procedimen-
tes e julgamento. to comum ordinário (art. 534, CPP);
Na instrução, poderão ser inquiridas até oito testemunhas, por - Substituição das alegações finais orais por memoriais escri-
cada parte (no procedimento comum sumário esse número cai para tos - Apesar da omissão legislativa neste sentido, entende-se que
cinco, e no sumaríssimo, para três) (art. 401, caput, CPP). isso é perfeitamente possível, embora excepcional, utilizando o pro-
Esse número de testemunhas é “por fato”, e não por agente, cedimento comum ordinário como conjunto subsidiário de normas;
frisa-se. Assim, se um agente tiver praticado dois fatos (duas condu- - Adiamento de atos - Esta é uma particularidade do procedi-
tas delitivas) absolutamente distintos, cada parte poderá arguir até mento comum sumário. De acordo com o art. 535, do Código de
dezesseis testemunhas (oito mais oito). Por sua vez, se dois agentes Processo Penal, nenhum ato será adiado, salvo quando imprescin-
praticarem um mesmo fato, o número de testemunhas será comum dível a prova faltante, determinando o juiz a condução coercitiva de
de oito para estes dois agentes. quem deva comparecer (art. 535, CPP);
Ademais, nesse número não se compreendem as que não pres- - Inquirição da testemunha que comparecer. - Esta é outra
tem compromisso e as referidas (art. 401, §1º, CPP); particularidade do procedimento comum sumário. De acordo com
o art. 536, da Lei Processual, a testemunha que comparecer será
G) Requerimento de diligências. inquirida, independentemente da suspensão da audiência, obser-
Produzidas as provas, ao final da audiência, o Ministério Pú- vando-se, obviamente, a ordem de inquirição de testemunhas (pri-
blico, o querelante e o assistente, e, a seguir, o acusado poderão meiro as da acusação, depois as da defesa) prevista no art. 531, do
requerer diligências cuja necessidade se origine de circunstâncias Código de Processo.
ou fatos apurados na infração (desde que não sejam meramente
protelatórias) (art. 402, CPP). Procedimento comum sumaríssimo
Ordenada diligência considerada imprescindível, de ofício ou
a requerimento da parte, a audiência será concluída sem as ale- Trata-se do procedimento adotado para o julgamento de infra-
gações finais (404, caput, CPP). Realizada, em seguida, a diligência ções de menor potencial ofensivo, quais sejam, as contravenções
determinada, as partes apresentarão, no prazo sucessivo de cinco penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a
dias, suas alegações finais, por memorial, e no prazo de dez dias o 2 anos, cumulada ou não com multa.
juiz proferirá sentença (art. 404, parágrafo único, CPP); Para o julgamento deste tipo de infrações, a Constituição Fede-
ral instituiu em seu artigo 98, inciso I, a possibilidade de criação de
H) Alegações finais orais. Juizados Especiais, mediante a preponderância dos procedimentos
Não havendo requerimento de diligências, ou sendo estas in- oral e sumaríssimo. Como ressalva, no parágrafo primeiro do mes-
deferidas, serão oferecidas alegações finais orais por vinte minutos, mo dispositivo, a Constituição prevê que lei federal disporá sobre
prorrogáveis por mais dez minutos, para cada parte (art. 403, caput, a criação de juizados especiais no âmbito da Justiça Federal, senão
CPP). vejamos:
Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a defesa
de cada um será individual (art. 403, §1º, CPP). Ao assistente do Mi- CF - Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os
nistério Público, após a manifestação desse, serão concedidos dez Estados criarão:
minutos, prorrogando-se por igual período o tempo de manifesta- I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados
ção da defesa (art. 403, §2º, CPP); e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execu-
ção de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de
I) Substituição das alegações finais orais por memoriais. menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e suma-
O juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o núme- riíssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o
ro de acusados, conceder às partes o prazo de cinco dias sucessiva- julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau;
mente para a apresentação de memoriais, caso em que terá o prazo (...)
de dez dias para proferir sentença (art. 403, §3º, CPP); § 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no
âmbito da Justiça Federal.
J) Sentença. Vale o que já foi estudado para o tema.
Assim, em âmbito estadual, o inciso I do artigo 98, da CF/88
Procedimento comum sumário foi regulamentado pela Lei nº. 9.099/95, já em âmbito federal, o
Vejamos suas etapas: parágrafo primeiro do respectivo artigo foi regulamentado pela Lei
- Oferecimento da inicial acusatória - Vale o que já foi dito para nº. 10.259/2001.
o procedimento comum ordinário; Os Juizados Especiais Federais Criminais têm competência para
- Hipóteses de rejeição da inicial acusatória - Vale o que já foi processar e julgar os feitos de competência da Justiça Federal rela-
dito para o procedimento comum ordinário; tivos às infrações de menor potencial ofensivo, assim considerados

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CONHECIMENTOS EM DIREITO PROCESSUAL PENAL
os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a dois anos, § 2o Aplica-se a todos os processos o procedimento comum, sal-
ou multa. É o que dispõe o artigo 2º, da Lei nº 10.529/2001, que vo disposições em contrário deste Código ou de lei especial.
disciplina a aplicação dos Juizados Especiais Criminais no âmbito da § 3o Nos processos de competência do Tribunal do Júri, o proce-
Justiça Federal. dimento observará as disposições estabelecidas nos arts. 406 a 497
Importante ainda destacar que na reunião de processos, pe- deste Código.
rante o juízo comum ou o tribunal do júri, decorrente da aplicação § 4o As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se
das regras de conexão e continência, observar-se-ão os institutos da a todos os procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não re-
transação penal e da composição dos danos civis. gulados neste Código.
Já no âmbito estadual a competência, bem como os procedi- § 5o Aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos especial,
mentos são determinados pela Lei nº 9.099/95. Assim, aos Juizados sumário e sumaríssimo as disposições do procedimento ordinário.
Especiais Estaduais Criminais compete para processar e julgar os
Art. 394-A. Os processos que apurem a prática de crime hedion-
feitos da Justiça Estadual relativos às infrações de menor potencial
do terão prioridade de tramitação em todas as instâncias. (Incluído
ofensivo. De acordo o art. 61 da Lei nº 9.099/95: “consideram-se
pela Lei nº 13.285, de 2016).
infrações penais de menor potencial ofensivo as contravenções pe-
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:
nais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a dois
anos, cumulada ou não com multa”. I - for manifestamente inepta;
Como exceção, o Estatuto do Idoso (Lei nº. 10.741/03) prevê II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da
que todos os seus crimes cuja pena máxima não seja superior a 04 ação penal; ou
(quatro) anos, devem se submeter ao procedimento estatuído na III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.
Lei dos Juizados Especiais Criminais, visando com isso garantir uma Parágrafo único. (Revogado).
maior celeridade à apuração, processo e julgamento das infrações Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a de-
praticadas contra em respeito à sua dignidade. núncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e
Importante salientar, que o procedimento comum sumaríssimo ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escri-
nos Juizados Especiais Criminais será sempre orientado pelos crité- to, no prazo de 10 (dez) dias.
rios da celeridade, oralidade, informalidade e economia processual, Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para a de-
tendo ainda como objetivos primordiais, a conciliação, a transação, fesa começará a fluir a partir do comparecimento pessoal do acusado
a reparação dos danos sofridos pela vítima e aplicação de pena não ou do defensor constituído.
privativa de liberdade. Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e
Como ressalva, o art. 90-A, da Lei nº 9.099/95 prevê que as alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e jus-
disposições desta lei não se aplicam no âmbito da Justiça Militar. tificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas,
Nos termos do art. 66 da Lei 9.099/1995 as citações nos Jui- qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário.
zados Especiais Federais serão realizadas de forma pessoal, não se § 1o A exceção será processada em apartado, nos termos dos
admitindo a citação editalícia. arts. 95 a 112 deste Código.
Caso o acusado não seja encontrado para ser citado, as peças § 2o Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado,
serão encaminhadas ao juízo comum, observando-se o procedi- citado, não constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-
mento sumário, nos termos do artigo 538 do CPP. -la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 (dez) dias.
Já o artigo 63 da Lei nº. 9.099/95 estabelece que a competên- Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e pará-
cia dos Juizados Especiais Criminais será sempre determinada pelo grafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado
lugar em que foi praticada a infração penal.
quando verificar:
O procedimento penal nos Juizados Especiais Criminais seguirá
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato;
as seguintes etapas: a) Termo circunstanciado; b) Audiência prelimi-
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade
nar; c) Composição dos danos civis; d) Transação penal; e) Denúncia
do agente, salvo inimputabilidade;
oral; f) Suspensão condicional do processo; g) Audiência de instru-
ção, debates e julgamento. h) Sentença. III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou
IV - extinta a punibilidade do agente.
Dispositivos do Código de Processo Penal do assunto: Art. 398.(Revogado).
Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e
LIVRO II hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu
DOS PROCESSOS EM ESPÉCIE defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do
TÍTULO I assistente.
DO PROCESSO COMUM § 1o O acusado preso será requisitado para comparecer ao inter-
CAPÍTULO I rogatório, devendo o poder público providenciar sua apresentação.
DA INSTRUÇÃO CRIMINAL § 2o O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença.
Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realiza-
Art. 394. O procedimento será comum ou especial. da no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada
§ 1o O procedimento comum será ordinário, sumário ou suma- de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas
ríssimo: pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no
I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às
cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-
de liberdade; -se, em seguida, o acusado.
II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxi- § 1o As provas serão produzidas numa só audiência, podendo o
ma cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de juiz indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protela-
liberdade; tórias.
III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial § 2o Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio re-
ofensivo, na forma da lei. querimento das partes.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO PROCESSUAL PENAL
Art. 401. Na instrução poderão ser inquiridas até 8 (oito) teste- Art. 407. As exceções serão processadas em apartado, nos ter-
munhas arroladas pela acusação e 8 (oito) pela defesa. mos dos arts. 95 a 112 deste Código. (Redação dada pela Lei nº
§ 1o Nesse número não se compreendem as que não prestem 11.689, de 2008)
compromisso e as referidas. Art. 408. Não apresentada a resposta no prazo legal, o juiz no-
§ 2o A parte poderá desistir da inquirição de qualquer das teste- meará defensor para oferecê-la em até 10 (dez) dias, concedendo-
munhas arroladas, ressalvado o disposto no art. 209 deste Código. -lhe vista dos autos.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 402. Produzidas as provas, ao final da audiência, o Ministé- Art. 409. Apresentada a defesa, o juiz ouvirá o Ministério Públi-
rio Público, o querelante e o assistente e, a seguir, o acusado pode- co ou o querelante sobre preliminares e documentos, em 5 (cinco)
rão requerer diligências cuja necessidade se origine de circunstân- dias.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
cias ou fatos apurados na instrução. Art. 410. O juiz determinará a inquirição das testemunhas e a
Art. 403. Não havendo requerimento de diligências, ou sendo realização das diligências requeridas pelas partes, no prazo máximo
indeferido, serão oferecidas alegações finais orais por 20 (vinte) mi- de 10 (dez) dias. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
nutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis Art. 411. Na audiência de instrução, proceder-se-á à tomada de
por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença. declarações do ofendido, se possível, à inquirição das testemunhas
§ 1o Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, bem como aos
defesa de cada um será individual. esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento
§ 2o Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado e pro-
desse, serão concedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-se por igual cedendo-se o debate.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
período o tempo de manifestação da defesa. § 1o Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio re-
§ 3o O juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o querimento e de deferimento pelo juiz.(Incluído pela Lei nº 11.689,
número de acusados, conceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias de 2008)
sucessivamente para a apresentação de memoriais. Nesse caso, § 2o As provas serão produzidas em uma só audiência, poden-
terá o prazo de 10 (dez) dias para proferir a sentença. do o juiz indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou
Art. 404. Ordenado diligência considerada imprescindível, de protelatórias.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
ofício ou a requerimento da parte, a audiência será concluída sem § 3o Encerrada a instrução probatória, observar-se-á, se for
as alegações finais. o caso, o disposto no art. 384 deste Código.(Incluído pela Lei nº
Parágrafo único. Realizada, em seguida, a diligência determi- 11.689, de 2008)
nada, as partes apresentarão, no prazo sucessivo de 5 (cinco) dias, § 4o As alegações serão orais, concedendo-se a palavra, res-
suas alegações finais, por memorial, e, no prazo de 10 (dez) dias, o pectivamente, à acusação e à defesa, pelo prazo de 20 (vinte) mi-
juiz proferirá a sentença. nutos, prorrogáveis por mais 10 (dez).(Incluído pela Lei nº 11.689,
Art. 405. Do ocorrido em audiência será lavrado termo em livro de 2008)
próprio, assinado pelo juiz e pelas partes, contendo breve resumo § 5o Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo previsto para
dos fatos relevantes nela ocorridos. a acusação e a defesa de cada um deles será individual.(Incluído
§ 1oSempre que possível, o registro dos depoimentos do inves- pela Lei nº 11.689, de 2008)
tigado, indiciado, ofendido e testemunhas será feito pelos meios § 6o Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação
ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica deste, serão concedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-se por igual
similar, inclusive audiovisual, destinada a obter maior fidelidade das período o tempo de manifestação da defesa.(Incluído pela Lei nº
informações. 11.689, de 2008)
§ 2o No caso de registro por meio audiovisual, será encaminha- § 7o Nenhum ato será adiado, salvo quando imprescindível à
do às partes cópia do registro original, sem necessidade de trans- prova faltante, determinando o juiz a condução coercitiva de quem
crição. deva comparecer.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 8o A testemunha que comparecer será inquirida, indepen-
CAPÍTULO II dentemente da suspensão da audiência, observada em qualquer
(REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 11.689, DE 2008) caso a ordem estabelecida no caput deste artigo.(Incluído pela Lei
DO PROCEDIMENTO RELATIVO AOS PROCESSOS DA COMPE- nº 11.689, de 2008)
TÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI § 9o Encerrados os debates, o juiz proferirá a sua decisão, ou o
SEÇÃO I fará em 10 (dez) dias, ordenando que os autos para isso lhe sejam
DA ACUSAÇÃO E DA INSTRUÇÃO PRELIMINAR conclusos.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 412. O procedimento será concluído no prazo máximo de
Art. 406. O juiz, ao receber a denúncia ou a queixa, ordenará 90 (noventa) dias.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
a citação do acusado para responder a acusação, por escrito, no Seção II
prazo de 10 (dez) dias.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) Da Pronúncia, da Impronúncia e da Absolvição Sumária
§ 1o O prazo previsto no caput deste artigo será contado a par- (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
tir do efetivo cumprimento do mandado ou do comparecimento, Art. 413. O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado,
em juízo, do acusado ou de defensor constituído, no caso de citação se convencido da materialidade do fato e da existência de indícios
inválida ou por edital. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) suficientes de autoria ou de participação.(Redação dada pela Lei nº
§ 2o A acusação deverá arrolar testemunhas, até o máximo de 11.689, de 2008)
8 (oito), na denúncia ou na queixa. § 1o A fundamentação da pronúncia limitar-se-á à indicação
§ 3o Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e ale- da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de
gar tudo que interesse a sua defesa, oferecer documentos e justi- autoria ou de participação, devendo o juiz declarar o dispositivo le-
ficações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, gal em que julgar incurso o acusado e especificar as circunstâncias
até o máximo de 8 (oito), qualificando-as e requerendo sua intima- qualificadoras e as causas de aumento de pena.(Incluído pela Lei nº
ção, quando necessário.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 11.689, de 2008)

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CONHECIMENTOS EM DIREITO PROCESSUAL PENAL
§ 2o Se o crime for afiançável, o juiz arbitrará o valor da fiança § 1o Ainda que preclusa a decisão de pronúncia, havendo
para a concessão ou manutenção da liberdade provisória.(Incluído circunstância superveniente que altere a classificação do crime, o
pela Lei nº 11.689, de 2008) juiz ordenará a remessa dos autos ao Ministério Público.(Incluído
§ 3o O juiz decidirá, motivadamente, no caso de manuten- pela Lei nº 11.689, de 2008)
ção, revogação ou substituição da prisão ou medida restritiva de § 2o Em seguida, os autos serão conclusos ao juiz para decisão.
liberdade anteriormente decretada e, tratando-se de acusado sol- (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
to, sobre a necessidade da decretação da prisão ou imposição de
quaisquer das medidas previstas no Título IX do Livro I deste Códi- SEÇÃO III
go.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) DA PREPARAÇÃO DO PROCESSO PARA JULGAMENTO EM
Art. 414. Não se convencendo da materialidade do fato ou PLENÁRIO
da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, (REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 11.689, DE 2008)
o juiz, fundamentadamente, impronunciará o acusado.(Redação Art. 422. Ao receber os autos, o presidente do Tribunal do
dada pela Lei nº 11.689, de 2008) Júri determinará a intimação do órgão do Ministério Público ou do
Parágrafo único. Enquanto não ocorrer a extinção da punibi- querelante, no caso de queixa, e do defensor, para, no prazo de 5
lidade, poderá ser formulada nova denúncia ou queixa se houver (cinco) dias, apresentarem rol de testemunhas que irão depor em
prova nova.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) plenário, até o máximo de 5 (cinco), oportunidade em que poderão
Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo juntar documentos e requerer diligência. (Redação dada pela Lei nº
o acusado, quando:(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 11.689, de 2008)
I – provada a inexistência do fato;(Redação dada pela Lei nº Art. 423. Deliberando sobre os requerimentos de provas a
11.689, de 2008) serem produzidas ou exibidas no plenário do júri, e adotadas as
II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato;(Redação providências devidas, o juiz presidente:(Redação dada pela Lei nº
dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 11.689, de 2008)
III – o fato não constituir infração penal;(Redação dada pela I – ordenará as diligências necessárias para sanar qualquer nu-
Lei nº 11.689, de 2008) lidade ou esclarecer fato que interesse ao julgamento da causa;(In-
IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do cluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
crime.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) II – fará relatório sucinto do processo, determinando sua inclu-
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV do caput são em pauta da reunião do Tribunal do Júri.(Incluído pela Lei nº
deste artigo ao caso de inimputabilidade prevista no caput do art. 11.689, de 2008)
Art. 424. Quando a lei local de organização judiciária não atri-
26 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código
buir ao presidente do Tribunal do Júri o preparo para julgamento,
Penal, salvo quando esta for a única tese defensiva.(Incluído pela
o juiz competente remeter-lhe-á os autos do processo preparado
Lei nº 11.689, de 2008)
até 5 (cinco) dias antes do sorteio a que se refere o art. 433 deste
Art. 416. Contra a sentença de impronúncia ou de absolvi-
Código.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
ção sumária caberá apelação.(Redação dada pela Lei nº 11.689,
Parágrafo único. Deverão ser remetidos, também, os proces-
de 2008)
sos preparados até o encerramento da reunião, para a realização de
Art. 417. Se houver indícios de autoria ou de participação de
julgamento.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
outras pessoas não incluídas na acusação, o juiz, ao pronunciar
ou impronunciar o acusado, determinará o retorno dos autos ao
SEÇÃO IV
Ministério Público, por 15 (quinze) dias, aplicável, no que couber, DO ALISTAMENTO DOS JURADOS
o art. 80 deste Código.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) (REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 11.689, DE 2008)
Art. 418. O juiz poderá dar ao fato definição jurídica diversa
da constante da acusação, embora o acusado fique sujeito a pena Art. 425. Anualmente, serão alistados pelo presidente do Tri-
mais grave.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) bunal do Júri de 800 (oitocentos) a 1.500 (um mil e quinhentos)
Art. 419. Quando o juiz se convencer, em discordância com jurados nas comarcas de mais de 1.000.000 (um milhão) de habi-
a acusação, da existência de crime diverso dos referidos no § 1o tantes, de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) nas comarcas de mais
do art. 74 deste Código e não for competente para o julgamento, de 100.000 (cem mil) habitantes e de 80 (oitenta) a 400 (quatrocen-
remeterá os autos ao juiz que o seja.(Redação dada pela Lei nº tos) nas comarcas de menor população.(Redação dada pela Lei nº
11.689, de 2008) 11.689, de 2008)
Parágrafo único. Remetidos os autos do processo a outro § 1o Nas comarcas onde for necessário, poderá ser aumentado
juiz, à disposição deste ficará o acusado preso.(Incluído pela Lei o número de jurados e, ainda, organizada lista de suplentes, depo-
nº 11.689, de 2008) sitadas as cédulas em urna especial, com as cautelas mencionadas
Art. 420. A intimação da decisão de pronúncia será feita:(Re- na parte final do § 3o do art. 426 deste Código.(Incluído pela Lei nº
dação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 11.689, de 2008)
I – pessoalmente ao acusado, ao defensor nomeado e ao Mi- § 2o O juiz presidente requisitará às autoridades locais, asso-
nistério Público;(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) ciações de classe e de bairro, entidades associativas e culturais, ins-
II – ao defensor constituído, ao querelante e ao assistente do tituições de ensino em geral, universidades, sindicatos, repartições
Ministério Público, na forma do disposto no § 1o do art. 370 deste públicas e outros núcleos comunitários a indicação de pessoas que
Código.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) reúnam as condições para exercer a função de jurado.(Incluído pela
Parágrafo único. Será intimado por edital o acusado solto que Lei nº 11.689, de 2008)
não for encontrado.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) Art. 426. A lista geral dos jurados, com indicação das respecti-
Art. 421. Preclusa a decisão de pronúncia, os autos serão en- vas profissões, será publicada pela imprensa até o dia 10 de outu-
caminhados ao juiz presidente do Tribunal do Júri.(Redação dada bro de cada ano e divulgada em editais afixados à porta do Tribunal
pela Lei nº 11.689, de 2008) do Júri.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)

10
CONHECIMENTOS EM DIREITO PROCESSUAL PENAL
§ 1o A lista poderá ser alterada, de ofício ou mediante reclama- I – os acusados presos;(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
ção de qualquer do povo ao juiz presidente até o dia 10 de novem- II – dentre os acusados presos, aqueles que estiverem há mais
bro, data de sua publicação definitiva.(Incluído pela Lei nº 11.689, tempo na prisão;(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
de 2008) III – em igualdade de condições, os precedentemente pronun-
§ 2o Juntamente com a lista, serão transcritos os arts. 436 a ciados.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
446 deste Código.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) § 1o Antes do dia designado para o primeiro julgamento da re-
§ 3o Os nomes e endereços dos alistados, em cartões iguais, união periódica, será afixada na porta do edifício do Tribunal do Júri
após serem verificados na presença do Ministério Público, de advo- a lista dos processos a serem julgados, obedecida a ordem prevista
gado indicado pela Seção local da Ordem dos Advogados do Brasil no caput deste artigo.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
e de defensor indicado pelas Defensorias Públicas competentes, § 2o O juiz presidente reservará datas na mesma reunião pe-
permanecerão guardados em urna fechada a chave, sob a respon- riódica para a inclusão de processo que tiver o julgamento adiado.
sabilidade do juiz presidente.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 4o O jurado que tiver integrado o Conselho de Sentença nos Art. 430. O assistente somente será admitido se tiver requeri-
12 (doze) meses que antecederem à publicação da lista geral fica do sua habilitação até 5 (cinco) dias antes da data da sessão na qual
dela excluído.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) pretenda atuar.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 5o Anualmente, a lista geral de jurados será, obrigatoriamen- Art. 431. Estando o processo em ordem, o juiz presidente man-
te, completada.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) dará intimar as partes, o ofendido, se for possível, as testemunhas
e os peritos, quando houver requerimento, para a sessão de instru-
SEÇÃO V ção e julgamento, observando, no que couber, o disposto no art.
DO DESAFORAMENTO 420 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
(REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 11.689, DE 2008)
Art. 427. Se o interesse da ordem pública o reclamar ou houver SEÇÃO VII
dúvida sobre a imparcialidade do júri ou a segurança pessoal do DO SORTEIO E DA CONVOCAÇÃO DOS JURADOS
acusado, o Tribunal, a requerimento do Ministério Público, do assis- (INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.689, DE 2008)
tente, do querelante ou do acusado ou mediante representação do
juiz competente, poderá determinar o desaforamento do julgamen- Art. 432. Em seguida à organização da pauta, o juiz presidente
to para outra comarca da mesma região, onde não existam aqueles determinará a intimação do Ministério Público, da Ordem dos Ad-
motivos, preferindo-se as mais próximas.(Redação dada pela Lei nº vogados do Brasil e da Defensoria Pública para acompanharem, em
11.689, de 2008) dia e hora designados, o sorteio dos jurados que atuarão na reunião
§ 1o O pedido de desaforamento será distribuído imediata- periódica.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
mente e terá preferência de julgamento na Câmara ou Turma com- Art. 433. O sorteio, presidido pelo juiz, far-se-á a portas aber-
petente.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) tas, cabendo-lhe retirar as cédulas até completar o número de 25
§ 2o Sendo relevantes os motivos alegados, o relator poderá (vinte e cinco) jurados, para a reunião periódica ou extraordinária.
determinar, fundamentadamente, a suspensão do julgamento pelo (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
júri.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) § 1o O sorteio será realizado entre o 15o (décimo quinto) e o
§ 3o Será ouvido o juiz presidente, quando a medida não tiver 10o (décimo) dia útil antecedente à instalação da reunião.(Incluído
sido por ele solicitada.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 4o Na pendência de recurso contra a decisão de pronúncia § 2o A audiência de sorteio não será adiada pelo não compare-
ou quando efetivado o julgamento, não se admitirá o pedido de de- cimento das partes.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
saforamento, salvo, nesta última hipótese, quanto a fato ocorrido § 3o O jurado não sorteado poderá ter o seu nome novamente
durante ou após a realização de julgamento anulado.(Incluído pela incluído para as reuniões futuras. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
Lei nº 11.689, de 2008) Art. 434. Os jurados sorteados serão convocados pelo correio
Art. 428. O desaforamento também poderá ser determinado, ou por qualquer outro meio hábil para comparecer no dia e hora
em razão do comprovado excesso de serviço, ouvidos o juiz presi- designados para a reunião, sob as penas da lei.(Redação dada pela
dente e a parte contrária, se o julgamento não puder ser realizado Lei nº 11.689, de 2008)
no prazo de 6 (seis) meses, contado do trânsito em julgado da deci- Parágrafo único. No mesmo expediente de convocação serão
são de pronúncia.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) transcritos os arts. 436 a 446 deste Código.(Incluído pela Lei nº
§ 1o Para a contagem do prazo referido neste artigo, não se 11.689, de 2008)
computará o tempo de adiamentos, diligências ou incidentes de in- Art. 435. Serão afixados na porta do edifício do Tribunal do
teresse da defesa.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) Júri a relação dos jurados convocados, os nomes do acusado e dos
§ 2o Não havendo excesso de serviço ou existência de pro- procuradores das partes, além do dia, hora e local das sessões de
cessos aguardando julgamento em quantidade que ultrapasse a instrução e julgamento. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
possibilidade de apreciação pelo Tribunal do Júri, nas reuniões pe-
riódicas previstas para o exercício, o acusado poderá requerer ao SEÇÃO VIII
Tribunal que determine a imediata realização do julgamento.(Incluí- DA FUNÇÃO DO JURADO
do pela Lei nº 11.689, de 2008) (INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.689, DE 2008)

SEÇÃO VI Art. 436. O serviço do júri é obrigatório. O alistamento com-


DA ORGANIZAÇÃO DA PAUTA preenderá os cidadãos maiores de 18 (dezoito) anos de notória ido-
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.689, DE 2008) neidade.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 1o Nenhum cidadão poderá ser excluído dos trabalhos do júri
Art. 429. Salvo motivo relevante que autorize alteração na or- ou deixar de ser alistado em razão de cor ou etnia, raça, credo, sexo,
dem dos julgamentos, terão preferência:(Redação dada pela Lei nº profissão, classe social ou econômica, origem ou grau de instrução.
11.689, de 2008) (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)

11
CONHECIMENTOS EM DIREITO PROCESSUAL PENAL
§ 2o A recusa injustificada ao serviço do júri acarretará multa Art. 445. O jurado, no exercício da função ou a pretexto de exer-
no valor de 1 (um) a 10 (dez) salários mínimos, a critério do juiz, de cê-la, será responsável criminalmente nos mesmos termos em que
acordo com a condição econômica do jurado.(Incluído pela Lei nº o são os juízes togados.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
11.689, de 2008) Art. 446. Aos suplentes, quando convocados, serão aplicáveis
Art. 437. Estão isentos do serviço do júri:(Redação dada pela os dispositivos referentes às dispensas, faltas e escusas e à equipa-
Lei nº 11.689, de 2008) ração de responsabilidade penal prevista no art. 445 deste Código.
I – o Presidente da República e os Ministros de Estado;(Incluído (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
pela Lei nº 11.689, de 2008)
II – os Governadores e seus respectivos Secretários;(Incluído SEÇÃO IX
pela Lei nº 11.689, de 2008) DA COMPOSIÇÃO DO TRIBUNAL DO JÚRI E DA FORMAÇÃO
III – os membros do Congresso Nacional, das Assembléias Le- DO CONSELHO DE SENTENÇA
gislativas e das Câmaras Distrital e Municipais;(Incluído pela Lei nº (INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.689, DE 2008)
11.689, de 2008)
IV – os Prefeitos Municipais;(Incluído pela Lei nº 11.689, de Art. 447. O Tribunal do Júri é composto por 1 (um) juiz togado,
2008) seu presidente e por 25 (vinte e cinco) jurados que serão sorteados
V – os Magistrados e membros do Ministério Público e da De- dentre os alistados, 7 (sete) dos quais constituirão o Conselho de
fensoria Pública;(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) Sentença em cada sessão de julgamento.(Redação dada pela Lei nº
VI – os servidores do Poder Judiciário, do Ministério Público e 11.689, de 2008)
da Defensoria Pública;(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) Art. 448. São impedidos de servir no mesmo Conselho:(Reda-
VII – as autoridades e os servidores da polícia e da segurança ção dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
pública;(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) I – marido e mulher;(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
VIII – os militares em serviço ativo;(Incluído pela Lei nº 11.689, II – ascendente e descendente;(Incluído pela Lei nº 11.689, de
de 2008) 2008)
IX – os cidadãos maiores de 70 (setenta) anos que requeiram III – sogro e genro ou nora;(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
IV – irmãos e cunhados, durante o cunhadio;(Incluído pela Lei
sua dispensa;(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
nº 11.689, de 2008)
X – aqueles que o requererem, demonstrando justo impedi-
V – tio e sobrinho;(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
mento.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
VI – padrasto, madrasta ou enteado.(Incluído pela Lei nº
Art. 438. A recusa ao serviço do júri fundada em convicção
11.689, de 2008)
religiosa, filosófica ou política importará no dever de prestar serviço
§ 1o O mesmo impedimento ocorrerá em relação às pessoas
alternativo, sob pena de suspensão dos direitos políticos, enquanto
que mantenham união estável reconhecida como entidade familiar.
não prestar o serviço imposto.(Redação dada pela Lei nº 11.689,
(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
de 2008)
§ 2o Aplicar-se-á aos jurados o disposto sobre os impedimen-
§ 1o Entende-se por serviço alternativo o exercício de ativida- tos, a suspeição e as incompatibilidades dos juízes togados. (Incluí-
des de caráter administrativo, assistencial, filantrópico ou mesmo do pela Lei nº 11.689, de 2008)
produtivo, no Poder Judiciário, na Defensoria Pública, no Ministério Art. 449. Não poderá servir o jurado que:(Redação dada pela
Público ou em entidade conveniada para esses fins.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
Lei nº 11.689, de 2008) I – tiver funcionado em julgamento anterior do mesmo pro-
§ 2o O juiz fixará o serviço alternativo atendendo aos princí- cesso, independentemente da causa determinante do julgamento
pios da proporcionalidade e da razoabilidade.(Incluído pela Lei nº posterior; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
11.689, de 2008) II – no caso do concurso de pessoas, houver integrado o Con-
Art. 439. O exercício efetivo da função de jurado constituirá selho de Sentença que julgou o outro acusado;(Incluído pela Lei nº
serviço público relevante e estabelecerá presunção de idoneidade 11.689, de 2008)
moral.(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). III – tiver manifestado prévia disposição para condenar ou ab-
Art. 440. Constitui também direito do jurado, na condição do solver o acusado . (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
art. 439 deste Código, preferência, em igualdade de condições, nas Art. 450. Dos impedidos entre si por parentesco ou relação de
licitações públicas e no provimento, mediante concurso, de cargo convivência, servirá o que houver sido sorteado em primeiro lugar.
ou função pública, bem como nos casos de promoção funcional ou (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
remoção voluntária.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) Art. 451. Os jurados excluídos por impedimento, suspeição ou
Art. 441. Nenhum desconto será feito nos vencimentos ou sa- incompatibilidade serão considerados para a constituição do núme-
lário do jurado sorteado que comparecer à sessão do júri.(Redação ro legal exigível para a realização da sessão.(Redação dada pela Lei
dada pela Lei nº 11.689, de 2008) nº 11.689, de 2008)
Art. 442. Ao jurado que, sem causa legítima, deixar de compa- Art. 452. O mesmo Conselho de Sentença poderá conhecer de
recer no dia marcado para a sessão ou retirar-se antes de ser dis- mais de um processo, no mesmo dia, se as partes o aceitarem, hipó-
pensado pelo presidente será aplicada multa de 1 (um) a 10 (dez) tese em que seus integrantes deverão prestar novo compromisso.
salários mínimos, a critério do juiz, de acordo com a sua condição (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
econômica. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 443. Somente será aceita escusa fundada em motivo re- SEÇÃO X
levante devidamente comprovado e apresentada, ressalvadas as DA REUNIÃO E DAS SESSÕES DO TRIBUNAL DO JÚRI
hipóteses de força maior, até o momento da chamada dos jurados. (INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.689, DE 2008)
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) Art. 453. O Tribunal do Júri reunir-se-á para as sessões de ins-
Art. 444. O jurado somente será dispensado por decisão moti- trução e julgamento nos períodos e na forma estabelecida pela lei
vada do juiz presidente, consignada na ata dos trabalhos.(Redação local de organização judiciária.(Redação dada pela Lei nº 11.689,
dada pela Lei nº 11.689, de 2008) de 2008)

12
CONHECIMENTOS EM DIREITO PROCESSUAL PENAL
Art. 454. Até o momento de abertura dos trabalhos da sessão, Art. 463. Comparecendo, pelo menos, 15 (quinze) jurados, o
o juiz presidente decidirá os casos de isenção e dispensa de jurados juiz presidente declarará instalados os trabalhos, anunciando o pro-
e o pedido de adiamento de julgamento, mandando consignar em cesso que será submetido a julgamento.(Redação dada pela Lei nº
ata as deliberações.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 11.689, de 2008)
Art. 455. Se o Ministério Público não comparecer, o juiz pre- § 1o O oficial de justiça fará o pregão, certificando a diligência
sidente adiará o julgamento para o primeiro dia desimpedido da nos autos.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
mesma reunião, cientificadas as partes e as testemunhas.(Redação § 2o Os jurados excluídos por impedimento ou suspeição serão
dada pela Lei nº 11.689, de 2008) computados para a constituição do número legal.(Incluído pela Lei nº
Parágrafo único. Se a ausência não for justificada, o fato será 11.689, de 2008)
imediatamente comunicado ao Procurador-Geral de Justiça com a Art. 464. Não havendo o número referido no art. 463 deste Có-
data designada para a nova sessão.(Incluído pela Lei nº 11.689, de digo, proceder-se-á ao sorteio de tantos suplentes quantos necessá-
2008) rios, e designar-se-á nova data para a sessão do júri.(Redação dada
Art. 456. Se a falta, sem escusa legítima, for do advogado do pela Lei nº 11.689, de 2008)
acusado, e se outro não for por este constituído, o fato será ime- Art. 465. Os nomes dos suplentes serão consignados em ata,
diatamente comunicado ao presidente da seccional da Ordem dos remetendo-se o expediente de convocação, com observância do dis-
Advogados do Brasil, com a data designada para a nova sessão.(Re- posto nos arts. 434 e 435 deste Código.(Redação dada pela Lei nº
dação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 11.689, de 2008)
§ 1o Não havendo escusa legítima, o julgamento será adiado Art. 466. Antes do sorteio dos membros do Conselho de Senten-
somente uma vez, devendo o acusado ser julgado quando chamado ça, o juiz presidente esclarecerá sobre os impedimentos, a suspeição
novamente.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) e as incompatibilidades constantes dos arts. 448 e 449 deste Código.
§ 2o Na hipótese do § 1o deste artigo, o juiz intimará a De- (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
fensoria Pública para o novo julgamento, que será adiado para o § 1o O juiz presidente também advertirá os jurados de que, uma
primeiro dia desimpedido, observado o prazo mínimo de 10 (dez) vez sorteados, não poderão comunicar-se entre si e com outrem,
dias.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) nem manifestar sua opinião sobre o processo, sob pena de exclusão
Art. 457. O julgamento não será adiado pelo não compareci- do Conselho e multa, na forma do § 2o do art. 436 deste Código.(Re-
mento do acusado solto, do assistente ou do advogado do quere-
dação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
lante, que tiver sido regularmente intimado.(Redação dada pela Lei
§ 2o A incomunicabilidade será certificada nos autos pelo oficial
nº 11.689, de 2008)
de justiça.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 1o Os pedidos de adiamento e as justificações de não com-
Art. 467. Verificando que se encontram na urna as cédulas rela-
parecimento deverão ser, salvo comprovado motivo de força maior,
tivas aos jurados presentes, o juiz presidente sorteará 7 (sete) dentre
previamente submetidos à apreciação do juiz presidente do Tribu-
eles para a formação do Conselho de Sentença.(Redação dada pela
nal do Júri.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
Lei nº 11.689, de 2008)
§ 2o Se o acusado preso não for conduzido, o julgamento será
Art. 468. À medida que as cédulas forem sendo retiradas da
adiado para o primeiro dia desimpedido da mesma reunião, salvo
se houver pedido de dispensa de comparecimento subscrito por ele urna, o juiz presidente as lerá, e a defesa e, depois dela, o Ministério
e seu defensor.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) Público poderão recusar os jurados sorteados, até 3 (três) cada parte,
Art. 458. Se a testemunha, sem justa causa, deixar de com- sem motivar a recusa.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
parecer, o juiz presidente, sem prejuízo da ação penal pela deso- Parágrafo único. O jurado recusado imotivadamente por qual-
bediência, aplicar-lhe-á a multa prevista no § 2o do art. 436 deste quer das partes será excluído daquela sessão de instrução e julga-
Código. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) mento, prosseguindo-se o sorteio para a composição do Conselho de
Art. 459. Aplicar-se-á às testemunhas a serviço do Tribunal do Sentença com os jurados remanescentes.(Incluído pela Lei nº 11.689,
Júri o disposto no art. 441 deste Código.(Redação dada pela Lei nº de 2008)
11.689, de 2008) Art. 469. Se forem 2 (dois) ou mais os acusados, as recusas po-
Art. 460. Antes de constituído o Conselho de Sentença, as tes- derão ser feitas por um só defensor.(Redação dada pela Lei nº 11.689,
temunhas serão recolhidas a lugar onde umas não possam ouvir de 2008)
os depoimentos das outras.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de § 1o A separação dos julgamentos somente ocorrerá se, em ra-
2008) zão das recusas, não for obtido o número mínimo de 7 (sete) jurados
Art. 461. O julgamento não será adiado se a testemunha deixar para compor o Conselho de Sentença.(Incluído pela Lei nº 11.689,
de comparecer, salvo se uma das partes tiver requerido a sua inti- de 2008)
mação por mandado, na oportunidade de que trata o art. 422 deste § 2o Determinada a separação dos julgamentos, será julgado em
Código, declarando não prescindir do depoimento e indicando a sua primeiro lugar o acusado a quem foi atribuída a autoria do fato ou,
localização.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) em caso de co-autoria, aplicar-se-á o critério de preferência disposto
§ 1o Se, intimada, a testemunha não comparecer, o juiz pre- no art. 429 deste Código.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
sidente suspenderá os trabalhos e mandará conduzi-la ou adiará o Art. 470. Desacolhida a argüição de impedimento, de suspeição
julgamento para o primeiro dia desimpedido, ordenando a sua con- ou de incompatibilidade contra o juiz presidente do Tribunal do Júri,
dução.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) órgão do Ministério Público, jurado ou qualquer funcionário, o julga-
§ 2o O julgamento será realizado mesmo na hipótese de a tes- mento não será suspenso, devendo, entretanto, constar da ata o seu
temunha não ser encontrada no local indicado, se assim for certi- fundamento e a decisão.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
ficado por oficial de justiça.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) Art. 471. Se, em conseqüência do impedimento, suspeição, in-
Art. 462. Realizadas as diligências referidas nos arts. 454 a 461 compatibilidade, dispensa ou recusa, não houver número para a for-
deste Código, o juiz presidente verificará se a urna contém as cédu- mação do Conselho, o julgamento será adiado para o primeiro dia
las dos 25 (vinte e cinco) jurados sorteados, mandando que o es- desimpedido, após sorteados os suplentes, com observância do dis-
crivão proceda à chamada deles.(Redação dada pela Lei nº 11.689, posto no art. 464 deste Código.(Redação dada pela Lei nº 11.689,
de 2008) de 2008)

13
CONHECIMENTOS EM DIREITO PROCESSUAL PENAL
Art. 472. Formado o Conselho de Sentença, o presidente, le- § 1o O assistente falará depois do Ministério Público.(Incluído
vantando-se, e, com ele, todos os presentes, fará aos jurados a se- pela Lei nº 11.689, de 2008)
guinte exortação:(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) § 2o Tratando-se de ação penal de iniciativa privada, falará
Em nome da lei, concito-vos a examinar esta causa com impar- em primeiro lugar o querelante e, em seguida, o Ministério Públi-
cialidade e a proferir a vossa decisão de acordo com a vossa consciên- co, salvo se este houver retomado a titularidade da ação, na forma
cia e os ditames da justiça. do art. 29 deste Código.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
Os jurados, nominalmente chamados pelo presidente, res- § 3o Finda a acusação, terá a palavra a defesa.(Incluído pela
ponderão: Lei nº 11.689, de 2008)
Assim o prometo. § 4o A acusação poderá replicar e a defesa treplicar, sendo
Parágrafo único. O jurado, em seguida, receberá cópias da pro-
admitida a reinquirição de testemunha já ouvida em plenário.(In-
núncia ou, se for o caso, das decisões posteriores que julgaram ad-
cluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
missível a acusação e do relatório do processo.(Incluído pela Lei nº
11.689, de 2008) Art. 477. O tempo destinado à acusação e à defesa será de
uma hora e meia para cada, e de uma hora para a réplica e outro
SEÇÃO XI tanto para a tréplica.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
DA INSTRUÇÃO EM PLENÁRIO § 1o Havendo mais de um acusador ou mais de um defen-
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.689, DE 2008) sor, combinarão entre si a distribuição do tempo, que, na falta de
acordo, será dividido pelo juiz presidente, de forma a não exceder
Art. 473. Prestado o compromisso pelos jurados, será iniciada a o determinado neste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
instrução plenária quando o juiz presidente, o Ministério Público, o § 2o Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo para a acusa-
assistente, o querelante e o defensor do acusado tomarão, sucessiva ção e a defesa será acrescido de 1 (uma) hora e elevado ao dobro
e diretamente, as declarações do ofendido, se possível, e inquirirão o da réplica e da tréplica, observado o disposto no § 1o deste arti-
as testemunhas arroladas pela acusação.(Redação dada pela Lei nº go.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
11.689, de 2008) Art. 478. Durante os debates as partes não poderão, sob pena
§ 1o Para a inquirição das testemunhas arroladas pela defesa, de nulidade, fazer referências:(Redação dada pela Lei nº 11.689,
o defensor do acusado formulará as perguntas antes do Ministério de 2008)
Público e do assistente, mantidos no mais a ordem e os critérios esta- I – à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que julga-
belecidos neste artigo.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) ram admissível a acusação ou à determinação do uso de algemas
§ 2o Os jurados poderão formular perguntas ao ofendido e às
como argumento de autoridade que beneficiem ou prejudiquem
testemunhas, por intermédio do juiz presidente.(Incluído pela Lei nº
o acusado;(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
11.689, de 2008)
§ 3o As partes e os jurados poderão requerer acareações, reco- II – ao silêncio do acusado ou à ausência de interrogatório
nhecimento de pessoas e coisas e esclarecimento dos peritos, bem por falta de requerimento, em seu prejuízo.(Incluído pela Lei nº
como a leitura de peças que se refiram, exclusivamente, às provas 11.689, de 2008)
colhidas por carta precatória e às provas cautelares, antecipadas ou Art. 479. Durante o julgamento não será permitida a leitura
não repetíveis.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado
Art. 474. A seguir será o acusado interrogado, se estiver presen- aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dan-
te, na forma estabelecida no Capítulo III do Título VII do Livro I deste do-se ciência à outra parte.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de
Código, com as alterações introduzidas nesta Seção.(Redação dada 2008)
pela Lei nº 11.689, de 2008) Parágrafo único. Compreende-se na proibição deste artigo a
§ 1o O Ministério Público, o assistente, o querelante e o defen- leitura de jornais ou qualquer outro escrito, bem como a exibi-
sor, nessa ordem, poderão formular, diretamente, perguntas ao acu- ção de vídeos, gravações, fotografias, laudos, quadros, croqui ou
sado.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) qualquer outro meio assemelhado, cujo conteúdo versar sobre a
§ 2o Os jurados formularão perguntas por intermédio do juiz matéria de fato submetida à apreciação e julgamento dos jurados.
presidente. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 3o Não se permitirá o uso de algemas no acusado durante o Art. 480. A acusação, a defesa e os jurados poderão, a qual-
período em que permanecer no plenário do júri, salvo se absoluta- quer momento e por intermédio do juiz presidente, pedir ao ora-
mente necessário à ordem dos trabalhos, à segurança das testemu-
dor que indique a folha dos autos onde se encontra a peça por ele
nhas ou à garantia da integridade física dos presentes.(Incluído pela
lida ou citada, facultando-se, ainda, aos jurados solicitar-lhe, pelo
Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 475. O registro dos depoimentos e do interrogatório será feito mesmo meio, o esclarecimento de fato por ele alegado.(Redação
pelos meios ou recursos de gravação magnética, eletrônica, estenotipia dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
ou técnica similar, destinada a obter maior fidelidade e celeridade na co- § 1o Concluídos os debates, o presidente indagará dos jura-
lheita da prova.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) dos se estão habilitados a julgar ou se necessitam de outros escla-
Parágrafo único. A transcrição do registro, após feita a degrava- recimentos.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
ção, constará dos autos.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) § 2o Se houver dúvida sobre questão de fato, o presidente
prestará esclarecimentos à vista dos autos.(Incluído pela Lei nº
SEÇÃO XII 11.689, de 2008)
DOS DEBATES § 3o Os jurados, nesta fase do procedimento, terão acesso
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.689, DE 2008) aos autos e aos instrumentos do crime se solicitarem ao juiz presi-
dente.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 476. Encerrada a instrução, será concedida a palavra ao Mi- Art. 481. Se a verificação de qualquer fato, reconhecida como
nistério Público, que fará a acusação, nos limites da pronúncia ou das essencial para o julgamento da causa, não puder ser realizada
decisões posteriores que julgaram admissível a acusação, sustentan- imediatamente, o juiz presidente dissolverá o Conselho, ordenan-
do, se for o caso, a existência de circunstância agravante.(Redação do a realização das diligências entendidas necessárias.(Redação
dada pela Lei nº 11.689, de 2008) dada pela Lei nº 11.689, de 2008)

14
CONHECIMENTOS EM DIREITO PROCESSUAL PENAL
Parágrafo único. Se a diligência consistir na produção de pro- Art. 484. A seguir, o presidente lerá os quesitos e indagará das
va pericial, o juiz presidente, desde logo, nomeará perito e formu- partes se têm requerimento ou reclamação a fazer, devendo qual-
lará quesitos, facultando às partes também formulá-los e indicar quer deles, bem como a decisão, constar da ata.(Redação dada pela
assistentes técnicos, no prazo de 5 (cinco) dias.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Lei nº 11.689, de 2008) Parágrafo único. Ainda em plenário, o juiz presidente explicará
aos jurados o significado de cada quesito.(Redação dada pela Lei nº
SEÇÃO XIII 11.689, de 2008)
DO QUESTIONÁRIO E SUA VOTAÇÃO Art. 485. Não havendo dúvida a ser esclarecida, o juiz presi-
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.689, DE 2008) dente, os jurados, o Ministério Público, o assistente, o querelante,
o defensor do acusado, o escrivão e o oficial de justiça dirigir-se-ão
Art. 482. O Conselho de Sentença será questionado sobre ma- à sala especial a fim de ser procedida a votação.(Redação dada pela
téria de fato e se o acusado deve ser absolvido.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Lei nº 11.689, de 2008) § 1o Na falta de sala especial, o juiz presidente determinará
Parágrafo único. Os quesitos serão redigidos em proposições que o público se retire, permanecendo somente as pessoas mencio-
afirmativas, simples e distintas, de modo que cada um deles possa nadas no caput deste artigo.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
ser respondido com suficiente clareza e necessária precisão. Na sua § 2o O juiz presidente advertirá as partes de que não será per-
elaboração, o presidente levará em conta os termos da pronúncia mitida qualquer intervenção que possa perturbar a livre manifesta-
ou das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação, ção do Conselho e fará retirar da sala quem se portar inconvenien-
do interrogatório e das alegações das partes.(Incluído pela Lei nº temente.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
11.689, de 2008) Art. 486. Antes de proceder-se à votação de cada quesito, o
Art. 483. Os quesitos serão formulados na seguinte ordem, in- juiz presidente mandará distribuir aos jurados pequenas cédulas,
dagando sobre:(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) feitas de papel opaco e facilmente dobráveis, contendo 7 (sete) de-
I – a materialidade do fato;(Incluído pela Lei nº 11.689, de las a palavra sim, 7 (sete) a palavra não.(Redação dada pela Lei nº
2008) 11.689, de 2008)
II – a autoria ou participação;(Incluído pela Lei nº 11.689, de Art. 487. Para assegurar o sigilo do voto, o oficial de justiça re-
2008) colherá em urnas separadas as cédulas correspondentes aos votos
III – se o acusado deve ser absolvido;(Incluído pela Lei nº e as não utilizadas.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
11.689, de 2008) Art. 488. Após a resposta, verificados os votos e as cédulas
IV – se existe causa de diminuição de pena alegada pela defe- não utilizadas, o presidente determinará que o escrivão registre no
sa;(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) termo a votação de cada quesito, bem como o resultado do julga-
V – se existe circunstância qualificadora ou causa de aumen- mento.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
to de pena reconhecidas na pronúncia ou em decisões posteriores Parágrafo único. Do termo também constará a conferência das
que julgaram admissível a acusação.(Incluído pela Lei nº 11.689, de cédulas não utilizadas.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
2008) Art. 489. As decisões do Tribunal do Júri serão tomadas por
§ 1o A resposta negativa, de mais de 3 (três) jurados, a qual- maioria de votos.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
quer dos quesitos referidos nos incisos I e II do caput deste artigo Art. 490. Se a resposta a qualquer dos quesitos estiver em con-
encerra a votação e implica a absolvição do acusado. (Incluído pela tradição com outra ou outras já dadas, o presidente, explicando aos
Lei nº 11.689, de 2008) jurados em que consiste a contradição, submeterá novamente à vo-
§ 2o Respondidos afirmativamente por mais de 3 (três) jura- tação os quesitos a que se referirem tais respostas.(Redação dada
dos os quesitos relativos aos incisos I e II do caput deste artigo será pela Lei nº 11.689, de 2008)
formulado quesito com a seguinte redação:(Incluído pela Lei nº Parágrafo único. Se, pela resposta dada a um dos quesitos, o
11.689, de 2008) presidente verificar que ficam prejudicados os seguintes, assim o
O jurado absolve o acusado? declarará, dando por finda a votação.(Incluído pela Lei nº 11.689,
§ 3o Decidindo os jurados pela condenação, o julgamento de 2008)
prossegue, devendo ser formulados quesitos sobre:(Incluído pela Art. 491. Encerrada a votação, será o termo a que se refere
Lei nº 11.689, de 2008) o art. 488 deste Código assinado pelo presidente, pelos jurados e
I – causa de diminuição de pena alegada pela defesa;(Incluído pelas partes.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
pela Lei nº 11.689, de 2008)
II – circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena, SEÇÃO XIV
reconhecidas na pronúncia ou em decisões posteriores que julga- DA SENTENÇA
ram admissível a acusação.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) (INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.689, DE 2008)
§ 4o Sustentada a desclassificação da infração para outra de
competência do juiz singular, será formulado quesito a respeito, Art. 492. Em seguida, o presidente proferirá sentença que:(Re-
para ser respondido após o 2o (segundo) ou 3o (terceiro) quesito, dação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
conforme o caso.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) I – no caso de condenação:(Redação dada pela Lei nº 11.689,
§ 5o Sustentada a tese de ocorrência do crime na sua forma de 2008)
tentada ou havendo divergência sobre a tipificação do delito, sendo a) fixará a pena-base;(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
este da competência do Tribunal do Júri, o juiz formulará quesito b) considerará as circunstâncias agravantes ou atenuantes ale-
acerca destas questões, para ser respondido após o segundo quesi- gadas nos debates;(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
to.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) c) imporá os aumentos ou diminuições da pena, em atenção
§ 6o Havendo mais de um crime ou mais de um acusado, os às causas admitidas pelo júri;(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
quesitos serão formulados em séries distintas. (Incluído pela Lei nº d) observará as demais disposições do art. 387 deste Códi-
11.689, de 2008) go;(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)

15
CONHECIMENTOS EM DIREITO PROCESSUAL PENAL
e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão Art. 495. A ata descreverá fielmente todas as ocorrências,
em que se encontra, se presentes os requisitos da prisão preventi- mencionando obrigatoriamente:(Redação dada pela Lei nº 11.689,
va, ou, no caso de condenação a uma pena igual ou superior a 15 de 2008)
(quinze) anos de reclusão, determinará a execução provisória das I – a data e a hora da instalação dos trabalhos;(Redação dada
penas, com expedição do mandado de prisão, se for o caso, sem pela Lei nº 11.689, de 2008)
prejuízo do conhecimento de recursos que vierem a ser interpostos; II – o magistrado que presidiu a sessão e os jurados presen-
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) tes;(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
f) estabelecerá os efeitos genéricos e específicos da condena- III – os jurados que deixaram de comparecer, com escusa ou
ção;(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) sem ela, e as sanções aplicadas;(Redação dada pela Lei nº 11.689,
II – no caso de absolvição:(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
de 2008) IV – o ofício ou requerimento de isenção ou dispensa ; (Reda-
a) mandará colocar em liberdade o acusado se por outro mo- ção dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
tivo não estiver preso;(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) V – o sorteio dos jurados suplentes;(Redação dada pela Lei nº
b) revogará as medidas restritivas provisoriamente decreta- 11.689, de 2008)
das;(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) VI – o adiamento da sessão, se houver ocorrido, com a indica-
c) imporá, se for o caso, a medida de segurança cabível.(Reda- ção do motivo;(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
ção dada pela Lei nº 11.689, de 2008) VII – a abertura da sessão e a presença do Ministério Público,
§ 1o Se houver desclassificação da infração para outra, de com- do querelante e do assistente, se houver, e a do defensor do acusa-
petência do juiz singular, ao presidente do Tribunal do Júri caberá do; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
proferir sentença em seguida, aplicando-se, quando o delito resul- VIII – o pregão e a sanção imposta, no caso de não compareci-
tante da nova tipificação for considerado pela lei como infração pe- mento;(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
nal de menor potencial ofensivo, o disposto nos arts. 69 e seguintes IX – as testemunhas dispensadas de depor;(Redação dada pela
da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995.(Redação dada pela Lei Lei nº 11.689, de 2008)
nº 11.689, de 2008) X – o recolhimento das testemunhas a lugar de onde umas não
§ 2o Em caso de desclassificação, o crime conexo que não seja pudessem ouvir o depoimento das outras;(Redação dada pela Lei
doloso contra a vida será julgado pelo juiz presidente do Tribunal do
nº 11.689, de 2008)
Júri, aplicando-se, no que couber, o disposto no § 1o deste artigo.
XI – a verificação das cédulas pelo juiz presidente;(Redação
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 3º O presidente poderá, excepcionalmente, deixar de autori-
XII – a formação do Conselho de Sentença, com o registro dos
zar a execução provisória das penas de que trata a alínea e do inciso
nomes dos jurados sorteados e recusas;(Redação dada pela Lei nº
I do caput deste artigo, se houver questão substancial cuja resolu-
11.689, de 2008)
ção pelo tribunal ao qual competir o julgamento possa plausivel-
XIII – o compromisso e o interrogatório, com simples referência
mente levar à revisão da condenação. (Incluído pela Lei nº 13.964,
ao termo;(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
de 2019)
§ 4º A apelação interposta contra decisão condenatória do Tri- XIV – os debates e as alegações das partes com os respectivos
bunal do Júri a uma pena igual ou superior a 15 (quinze) anos de fundamentos;(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
reclusão não terá efeito suspensivo. (Incluído pela Lei nº 13.964, XV – os incidentes;(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
de 2019) XVI – o julgamento da causa;(Redação dada pela Lei nº 11.689,
§ 5º Excepcionalmente, poderá o tribunal atribuir efeito sus- de 2008)
pensivo à apelação de que trata o § 4º deste artigo, quando verifi- XVII – a publicidade dos atos da instrução plenária, das diligên-
cado cumulativamente que o recurso: (Incluído pela Lei nº 13.964, cias e da sentença.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
de 2019) Art. 496. A falta da ata sujeitará o responsável a sanções admi-
I - não tem propósito meramente protelatório; e (Incluído pela nistrativa e penal.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Lei nº 13.964, de 2019)
II - levanta questão substancial e que pode resultar em absol- SEÇÃO XVI
vição, anulação da sentença, novo julgamento ou redução da pena DAS ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE DO TRIBUNAL DO JÚRI
para patamar inferior a 15 (quinze) anos de reclusão. (INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.689, DE 2008)
§ 6º O pedido de concessão de efeito suspensivo poderá ser fei-
to incidentemente na apelação ou por meio de petição em separa- Art. 497. São atribuições do juiz presidente do Tribunal do Júri,
do dirigida diretamente ao relator, instruída com cópias da sentença além de outras expressamente referidas neste Código:(Redação
condenatória, das razões da apelação e de prova da tempestivida- dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
de, das contrarrazões e das demais peças necessárias à compreen- I – regular a polícia das sessões e prender os desobedien-
são da controvérsia. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) tes;(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 493. A sentença será lida em plenário pelo presidente an- II – requisitar o auxílio da força pública, que ficará sob sua ex-
tes de encerrada a sessão de instrução e julgamento.(Redação dada clusiva autoridade;(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
pela Lei nº 11.689, de 2008) III – dirigir os debates, intervindo em caso de abuso, excesso de
linguagem ou mediante requerimento de uma das partes;(Redação
SEÇÃO XV dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
DA ATA DOS TRABALHOS IV – resolver as questões incidentes que não dependam de pro-
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.689, DE 2008) nunciamento do júri;(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
V – nomear defensor ao acusado, quando considerá-lo inde-
Art. 494. De cada sessão de julgamento o escrivão lavrará ata, feso, podendo, neste caso, dissolver o Conselho e designar novo
assinada pelo presidente e pelas partes.(Redação dada pela Lei nº dia para o julgamento, com a nomeação ou a constituição de novo
11.689, de 2008) defensor;(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)

16
CONHECIMENTOS EM DIREITO PROCESSUAL PENAL
VI – mandar retirar da sala o acusado que dificultar a realização Art. 536. A testemunha que comparecer será inquirida, inde-
do julgamento, o qual prosseguirá sem a sua presença;(Redação pendentemente da suspensão da audiência, observada em qual-
dada pela Lei nº 11.689, de 2008) quer caso a ordem estabelecida no art. 531 deste Código. (Redação
VII – suspender a sessão pelo tempo indispensável à realização dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
das diligências requeridas ou entendidas necessárias, mantida a in- Art. 537. (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
comunicabilidade dos jurados;(Redação dada pela Lei nº 11.689, de Art. 538. Nas infrações penais de menor potencial ofensivo,
2008) quando o juizado especial criminal encaminhar ao juízo comum as
VIII – interromper a sessão por tempo razoável, para proferir peças existentes para a adoção de outro procedimento, observar-
sentença e para repouso ou refeição dos jurados;(Redação dada -se-á o procedimento sumário previsto neste Capítulo. (Redação
pela Lei nº 11.689, de 2008) dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
IX – decidir, de ofício, ouvidos o Ministério Público e a defesa, § 1o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
ou a requerimento de qualquer destes, a argüição de extinção de § 2o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
punibilidade;(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) § 3o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 4o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
X – resolver as questões de direito suscitadas no curso do julga-
Art. 539. (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
mento;(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 540. (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
XI – determinar, de ofício ou a requerimento das partes ou de
qualquer jurado, as diligências destinadas a sanar nulidade ou a
CAPÍTULO VI
suprir falta que prejudique o esclarecimento da verdade;(Redação DO PROCESSO DE RESTAURAÇÃO DE AUTOS EXTRAVIADOS
dada pela Lei nº 11.689, de 2008) OU DESTRUÍDOS
XII – regulamentar, durante os debates, a intervenção de uma
das partes, quando a outra estiver com a palavra, podendo con- Art. 541. Os autos originais de processo penal extraviados ou
ceder até 3 (três) minutos para cada aparte requerido, que serão destruídos, em primeira ou segunda instância, serão restaurados.
acrescidos ao tempo desta última.(Incluído pela Lei nº 11.689, de § 1o Se existir e for exibida cópia autêntica ou certidão do pro-
2008) cesso, será uma ou outra considerada como original.
§ 2o Na falta de cópia autêntica ou certidão do processo, o juiz
CAPÍTULO V mandará, de ofício, ou a requerimento de qualquer das partes, que:
DO PROCESSO SUMÁRIO a) o escrivão certifique o estado do processo, segundo a sua
lembrança, e reproduza o que houver a respeito em seus protocolos
Art. 531. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realiza- e registros;
da no prazo máximo de 30 (trinta) dias, proceder-se-á à tomada de b) sejam requisitadas cópias do que constar a respeito no Insti-
declarações do ofendido, se possível, à inquirição das testemunhas tuto Médico-Legal, no Instituto de Identificação e Estatística ou em
arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o estabelecimentos congêneres, repartições públicas, penitenciárias
disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimen- ou cadeias;
tos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e c) as partes sejam citadas pessoalmente, ou, se não forem en-
coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado e procedendo-se, contradas, por edital, com o prazo de dez dias, para o processo de
finalmente, ao debate. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). restauração dos autos.
Art. 532. Na instrução, poderão ser inquiridas até 5 (cinco) tes- § 3o Proceder-se-á à restauração na primeira instância, ainda
temunhas arroladas pela acusação e 5 (cinco) pela defesa. (Redação que os autos se tenham extraviado na segunda.
dada pela Lei nº 11.719, de 2008). Art. 542. No dia designado, as partes serão ouvidas, mencio-
Art. 533. Aplica-se ao procedimento sumário o disposto nos nando-se em termo circunstanciado os pontos em que estiverem
acordes e a exibição e a conferência das certidões e mais reprodu-
parágrafos do art. 400 deste Código. (Redação dada pela Lei nº
ções do processo apresentadas e conferidas.
11.719, de 2008).
Art. 543. O juiz determinará as diligências necessárias para a
§ 1o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
restauração, observando-se o seguinte:
§ 2o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
I - caso ainda não tenha sido proferida a sentença, reinquirir-se-
§ 3o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). -ão as testemunhas podendo ser substituídas as que tiverem faleci-
§ 4o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). do ou se encontrarem em lugar não sabido;
Art. 534. As alegações finais serão orais, concedendo-se a pa- II - os exames periciais, quando possível, serão repetidos, e de
lavra, respectivamente, à acusação e à defesa, pelo prazo de 20 preferência pelos mesmos peritos;
(vinte) minutos, prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a III - a prova documental será reproduzida por meio de cópia
seguir, sentença. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). autêntica ou, quando impossível, por meio de testemunhas;
§ 1o Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a IV - poderão também ser inquiridas sobre os atos do processo,
defesa de cada um será individual. (Incluído pela Lei nº 11.719, de que deverá ser restaurado, as autoridades, os serventuários, os pe-
2008). ritos e mais pessoas que tenham nele funcionado;
§ 2o Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação V - o Ministério Público e as partes poderão oferecer testemu-
deste, serão concedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-se por igual nhas e produzir documentos, para provar o teor do processo extra-
período o tempo de manifestação da defesa. (Incluído pela Lei nº viado ou destruído.
11.719, de 2008). Art. 544. Realizadas as diligências que, salvo motivo de força
Art. 535. Nenhum ato será adiado, salvo quando imprescin- maior, deverão concluir-se dentro de vinte dias, serão os autos con-
dível a prova faltante, determinando o juiz a condução coercitiva clusos para julgamento.
de quem deva comparecer. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de Parágrafo único. No curso do processo, e depois de subirem os
2008). autos conclusos para sentença, o juiz poderá, dentro em cinco dias,
§ 1o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). requisitar de autoridades ou de repartições todos os esclarecimen-
§ 2o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). tos para a restauração.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO PROCESSUAL PENAL
Art. 545. Os selos e as taxas judiciárias, já pagos nos autos ori- i. Agravo em execução;
ginais, não serão novamente cobrados. ii. Recurso em sentido estrito;
Art. 546. Os causadores de extravio de autos responderão pe- iii. Correição parcial;
las custas, em dobro, sem prejuízo da responsabilidade criminal. iv. Embargos infringentes;
Art. 547. Julgada a restauração, os autos respectivos valerão v. Carta testemunhável.
pelos originais. d) Efeito extensivo: ocorre na hipótese de concurso de agentes,
Parágrafo único. Se no curso da restauração aparecerem os au- quando a decisão do recurso interposto por um dos réus, se funda-
tos originais, nestes continuará o processo, apensos a eles os autos do em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal,
da restauração. aproveita aos demais corréus (art. 580, CPP).
Art. 548. Até à decisão que julgue restaurados os autos, a sen-
tença condenatória em execução continuará a produzir efeito, des- Competência Recursal
de que conste da respectiva guia arquivada na cadeia ou na peni- Os recursos serão julgados pelos Tribunais, exceto no caso de
tenciária, onde o réu estiver cumprindo a pena, ou de registro que Juizados Especiais, em que serão pelas Turmas Recursais, e dos em-
torne a sua existência inequívoca. bargos de declaração em face de juízo singular, que serão julgados
pelo próprio juízo.
Interpostos, eles serão distribuídos, no âmbito dos Tribunais de
574 A 667 Justiça, a uma de suas Câmaras Criminais; no âmbito dos TRF´s, a
uma de suas Turmas. No STJ e no STF, também irão para as Turmas,
RECURSOS EM GERAL salvo se algum caso provocar a competência direta da Seção ou do
Pleno.
Recurso é o meio voluntário destinado à impugnação das deci- Há algumas exceções: se um RESE ou um Habeas Corpus for im-
sões. Ele é admitido somente dentro da mesma relação processual petrado perante o Tribunal, ficará o órgão colegiado prevento para
e possui a finalidade de invalidar, esclarecer ou reformar a decisão conhecer dos recursos que forem interpostos em face da decisão
impugnada, sendo o direito recursal um verdadeiro direito potes- final do órgão a quo.
tativo. Por exemplo, se um juiz federal prolata sentença, a Turma do
Os Fundamentos dos recursos são: falibilidade das pessoas; TRF a que vinculado, que antes conhecera de RESE, deverá conhecer
fundamento político reside na maior confiabilidade nas decisões da apelação. Ignorada essa regra, ter-se-á caso de nulidade relativa.
colegiadas; duplo grau de jurisdição.
O princípio do duplo grau de jurisdição suscita a dúvida se tem APELAÇÃO
ou não assento constitucional. A posição majoritária é a de que ele
APELAÇÃO
tem respaldo constitucional, apesar de não ter caráter absoluto, já
(arts. 593 a 603, CPP)
que pode ser limitado por lei (EXEMPLO: turma recursal nos juiza-
dos, ela é órgão de 1ª instância).
A apelação é um recurso residual em relação ao Recurso em
Argumentos para confirmação de sua natureza constitucional:
Sentido Estrito, uma vez que deve se deve-se certificar que da deci-
a. Previsão do Recurso Especial na Constituição Federal de
são que se quer recorrer não cabe RESE. Somente após será cabível,
1.988
em tese, apelação.
b. Previsão do devido processo legal, com todos os recursos
A apelação é recurso manejável pela parte para o fim de que
(em sentido estrito) e meios a ele inerentes.
seja uma decisão ou sentença reformada ou anulada pelo órgão de
c. Artigo 5º, § 2º, prevê que os direitos e garantias de tratados jurisdição de segundo grau.
internacionais não será excluído pelos outros previstos no mesmo Porém, em relação ao júri, o Tribunal não poderá reformar o
artigo. O pacto de São José da Costa Rica prevê o duplo grau de mérito da decisão.
jurisdição. Entendem que o tratado ingressaria como regra consti- O tribunal ad quem se restringirá, na apelação da decisão do
tucional e não como infra-constitucional. O STF entende que o in- Conselho de Sentença, a reformar a aplicação do direito que foi
gresso é em nível infra-constitucional. dada pelo juiz-presidente do tribunal popular, não modificando o
A Convenção Interamericana de Direitos Humanos (Pacto de que decidido pelos jurados. Quando for a hipótese de modificação
San José da Costa Rica) prevê em seu artigo 8o o direito do réu ao do que o Conselho decidiu, o órgão de segundo grau deverá nulifi-
duplo grau de jurisdição. car a decisão para mandar o acusado a novo julgamento.
No direito brasileiro, somente não cabe recurso de apelação A apelação poderá ser plena ou ampla ou parcial, limitada ou
nas condenações proferidas em exercício de competência originária restrita, dependendo do objeto recursal ser todos os pontos decidi-
dos tribunais. Essa é posição firme do STF. dos na decisão ou não.
A corrente majoritária define recurso como um desdobramen- A extensão do recurso será medida pela petição de interposi-
to do direito de ação ou de defesa. Trata-se de uma continuidade da ção; se nesta não for feita a delimitação do objeto recursal, presu-
relação jurídica processual, a qual persistirá em fase recursal. me-se que a parte apelou de forma ampla, sendo vedada a limita-
ção do apelo nas razões recursais, podendo o tribunal analisar todo
Efeitos Recursais o julgado
a) Efeito devolutivo: trata-se da devolução ao juízo da matéria
recorrida, sendo apreciada por órgão de superior hierarquia. Interposição
b) Efeito suspensivo: aquele que paralisa a eficácia da decisão A apelação será interposta por petição ou termo nos autos ,
recorrida. como regra, no prazo de 05 dias, sendo aferida sua tempestividade
c) Efeito regressivo, iterativo, reiterativo ou diferido: aquele pela data da interposição.
pelo qual a lei autoriza, em alguns recursos, que o mesmo órgão Súmula 320, STF: “A apelação despachada pelo juiz no prazo
prolator da decisão exerça o juízo de retratação. É cabível nos se- legal não fica prejudicada pela demora da juntada por culpa do Car-
guintes recursos: tório”.

18
CONHECIMENTOS EM DIREITO PROCESSUAL PENAL
Súmula 428, STF: “Não fica prejudicada a apelação entregue O apelante, se não quiser arrazoar perante o juízo de primeiro
em Cartório no prazo legal, embora despachada tardiamente”. grau, poderá, se requerer expressamente na petição de interposi-
A interposição poderá ou não ser acompanhada das razões. ção no no termo, arrazoar diretamente perante o tribunal, o qual
Caso não, o apelante e apelado terão, nessa ordem, o prazo de 08 abrirá vistas às partes (art. 600, § 4º).
dias para arrazoar, salvo nos processos de contravenção penal, em A competência para julgar a apelação é do tribunal ao qual está
que o prazo será de 03 dias. Havendo assistente de acusação, este vinculado o juiz prolator da sentença, podendo ser um TJ ou TRF. Ao
arrazoará no prazo de 03 dias após o MP (art. 600, caput e § 1º). chegar ao tribunal, o processo é distribuído por sorteio a um relator,
o qual, caso não tenha subido o recurso já com as razões, abrirá
Cabimento prazo para serem ofertadas.
A verificação do cabimento, em processo penal, não deve se No tribunal, será aberta vista ao MP para oferecer parecer, no
basear na natureza do ato processual recorrido. Isso porque em prazo de 05 dias, o qual poderá opinar pelo seguimento ou não e
muitos casos em que se prolata sentença caberá RESE, e não apela- pelo provimento ou não.
ção. As hipóteses de cabimento do recurso estão elencadas no art. Sobre esse parecer do MP, a defesa sempre se insurge alegando
593 do CPP, que são: que ofende ao princípio do contraditório, pois o órgão quase sem-
a) Das sentenças definitivas de condenação ou absolvição pro- pre corroboraria a tese da acusação
feridas por juiz singular;
b) Das decisões definitivas, ou com força de definitivas, pro- RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
feridas por juiz singular nos casos em que não couber RESE; essa
hipótese é estranha RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
c) Das decisões do Tribunal do Júri, quando: (arts. 581 a 591)
i. Ocorrer nulidade posterior à pronúncia: hipótese de error in
procedendo. Deverá o tribunal anular o procedimento e todos os O RESE é o recurso cabível nas taxativas hipóteses do art. 581
atos decisórios posteriores, determinando a renovação dos atos. do CPP. Ele tem por características principais permitir o juízo de re-
ii. For a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou tratação (efeito regressivo ou iterativo); logo, poderá ser reformado
pelo próprio juízo a quo ou pelo órgão ad quem.
à decisão dos jurados: hipótese de error in procedendo. Deverá o
A prazo de interposição do Recurso em sentido estrito é de 05
próprio tribunal corrigir a decisão.
dias, podendo ser por petição de interposição ou por termo nos
iii. Houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou
autos. Na petição, deve-se pedir o juízo de retratação. As razões
da medida de segurança: hipótese de error in procedendo. Deverá
poderá ser apresentadas imediatamente ou em separado.
o tribunal corrigir a própria decisão.
Se em separado, o prazo para arrazoar será de 02 dias, conta-
iv. For a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova
dos da interposição do recurso ou do dia em que o escrivão, extraí-
dos autos: hipótese de error in judicando. Nesse caso, se os jurados
do o traslado, o fizer com vista ao recorrente (art. 588).
reconhecerem qualificadora, poderá a mesma ser excluída pelo Tri- Se o recorrido for o réu, será intimado na pessoa de seu de-
bunal, em sede de apelação, se manifestamente contrária a decisão fensor.
à prova dos autos.
d) Contra a sentença de impronúncia ou absolvição sumária Cabimento
(art. 415): nessa hipótese cabia, antes, RESE. Ele é cabível contra decisão, despacho ou sentença, nos termos
Enquanto nas sentenças definitivas de condenação ou absol- do art. 581, e sempre que a lei especial não excepcionar a aplicação
vição prolatadas por juiz singular o tribunal poderá apreciar am- do sistema recursal do CPP. Hipóteses (decisão, despacho ou sen-
plamente as questões decididas, no tribunal do Júri não se poderá tença que):
adentrar em matéria fática. Assim, na hipótese IV acima, haverá a) Não receber a denúncia ou a queixa: se for o caso de recebi-
anulação do julgamento e novo Júri será marcado para o réu. mento, cabe também HC. O não recebimento no JECrim enseja ape-
Caso o tribunal verifique a existência de qualquer qualificadora lação. Nessa hipótese, o recurso sobre nos próprios autos. Também
não acatada pelos jurados, sendo a apelação da acusação, deverá caberá RESE se rejeitada a denúncia ou queixa.
anular o julgamento com base na decisão manifestamente contrária b) Concluir pela incompetência do juízo: trata-se da decisão de-
à prova dos autos. clinatória de competência, como no caso da decisão desclassifica-
De acordo com o art. 593, § 4º, quando cabível a apelação, não tória no rito do júri. Se concluir pela competência não cabe o RESE.
poderá ser usado o recurso em sentido estrito, ainda que somente c) Julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição: inclui-
de parte da decisão se recorra. Assim, vê-se que, apesar de a apela- -se aqui as exceções de litispendência, de coisa julgada e de legiti-
ção ser recurso residual em relação ao RESE, já que não caberá nas midade de parte. Se rejeitadas tais exceções, a decisão será irrecor-
hipóteses em que ele for cabível, ela prevalecerá se a decisão for rível. Nessa hipótese, o recurso sobre nos próprios autos.
hipótese de apelação e de RESE ao mesmo tempo. d) Pronunciar o réu: contra a impronúncia cabe apelação. Nessa
Por isso que se fala que a apelação goza de primazia em relação hipótese, o recurso sobre nos próprios autos, salvo se houver mais
ao RESE. de um réu e ele não quiser recorrer/não tiver sido ainda intimado.
e) Conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança,
Processamento indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conce-
Inicialmente, deve-se ater à questão do juízo de admissibili- der liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante: note-se
dade recursal, devendo-se analisar o cabimento, tempestividade, que essa hipótese se refere a recurso colocado à disposição do MP
legitimidade e interesse. para combater a negativa/não manutenção da prisão. Ou seja, é
Recebida a apelação pelo órgão de primeiro grau, serão atri- um recurso eminentemente acusatório. Nos casos de concessão da
buídos, em regra, os efeitos devolutivo e suspensivo (art. 597), liberdade, o RESE não será recebido com efeito suspensivo.
ressalvada a fundamentação em sentido contrário. Porém, se ab- f) Julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor: hipótese na
solvido o réu, a apelação do MP não impedirá que ele seja posto qual o recurso terá efeito suspensivo apenas para impedir a imple-
imediatamente m liberdade (art. 596, caput), caso estivesse preso mentação da sanção pecuniária, qual seja, perda de metade ou de
provisoriamente. toda a fiança.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO PROCESSUAL PENAL
g) Decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a neou um instrumento que possa ser identificado como habeas corpus
punibilidade: não caberá RESE, entretanto se a hipótese se der no a partir da “Magna Carta”, em 1.215, imposta pelos barões ingleses
curso da fase de execução. Nessa hipótese, o recurso sobe nos pró- ao rei João Sem-Terra, especialmente com o writ of habeas corpus ad
prios autos. subjiciendum, daí evoluindo cada vez mais por meio do habeas corpus
h) Indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de Act de 1.679 e do habeas corpus Act de 1.816. Do direito inglês foi
outra causa extintiva da punibilidade: idem do anterior. levado para as colônias da América do Norte, sendo, posteriormente,
i) Conceder ou negar a ordem de habeas corpus: somente no incorporado na Constituição de 1.787 dos Estados Unidos da América.
caso de decisão de juiz singular. Trata-se do HC dirigido contra ato No Brasil o habeas corpus entrou, pela primeira vez, na nossa
de autoridade policial a ser julgado pelo juiz (se fosse contra ato do legislação, de forma expressa, com a promulgação do Código de Pro-
juiz, seria julgado pelo tribunal). Porém, nesse caso, é admitido HC cesso Criminal, em 1.832 (art. 340), embora estivesse contido impli-
substitutivo ao RESE endereçado ao próprio tribunal, já que o pro- citamente na Constituição do Império de 1.824 (art. 179, § 8º). Atual-
cessamento do RESE é muito demorado. Nessa hipótese, o recurso mente, na Constituição da República de 1988, o habeas corpus está
sobre nos próprios autos. previsto no art. 5º, inciso LXVII.
j) Que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em O HC é uma ação constitucional de natureza jurídica de ação pe-
parte; nal destinada especificamente à proteção da liberdade de locomoção
k) Denegar a apelação ou a julgar deserta; quando ameaçada ou violada por ilegalidade ou abuso de poder.
l) Ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão Está previsto na Constituição da República, e será concedido
prejudicial: se não ordenar, não cabe RESE. sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violação
m) Decidir o incidente de falsidade; ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso
Todos os demais casos do art. 581 são, agora, julgados median- de poder.
te agravo em execução, não sendo mais cabível o RESE. Preventivamente, o HC é ajuizado quando o cerceio de liberdade
estiver em vias de se concretizar. Repressivamente, quando a viola-
Processamento ção da liberdade de locomoção já tiver se concretizado.
Regra geral, a petição do recurso é dirigida ao juiz da decisão A ação do HC é de conhecimento, podendo dela resultar uma
recorrida, enquanto as razões e contrarrazões são dirigidas ao tribu- tutela declaratória, constitutiva ou, até mesmo, condenatória, mas
nal (isso significa que elas são apresentadas perante o próprio juiz, sempre tendo caráter mandamental, já que desnecessária e inexis-
mas o advogado deve “dialogar” com o tribunal). tente fase posterior de execução para dar efetividade à ordem.
Quando o recurso tiver que subir por instrumento, a parte de-
verá indicar, na petição ou no termo, as peças dos autos que preten- Condições da Ação
da traslado (art. 587). As condições de ação devem ser vistas da mesma forma que nas
Recebendo o recurso, o juiz apontará os efeitos que lhe atri- demais ações.
bui, os quais são, em geral, o devolutivo e o regressivo. Depois de Assim, temos como primeira condição de ação a possibilidade
devidamente instruído o RESE, aí sim o juiz se manifestará sobre a jurídica do pedido, que consiste na ausência de vedação legal a deter-
retratação ou não, no prazo de 02 dias, mandando instruir o recurso minada demanda, como ocorre com a vedação constitucional ao HC
com os traslados que lhe parecerem necessários. para combater punições disciplinares militares (art. 142, § 2º, CR/88).
Na remota hipótese do juiz exercer o juízo de retratação, a par- Admite-se a utilização do HC como sucedâneo recursal, quan-
te contrária, por simples petição, poderá recorrer da nova decisão, do não houver recurso apto a proteger a liberdade da pessoa. Nesse
se couber recurso, não podendo mais o juiz modificá-la. Indepen- caso, a sentença que decidir o HC terá efeitos em outro processo.
dentemente de novas razões, o recurso subirá (art. 589, p. único). Logo, para tal, este último processo não pode já ter sido encerrado.
Isso quer dizer que, se tiver sido interposto RESE e o juiz exer- A causa de pedir no Habeas Corpus é a violação à liberdade de ir
ceu a retratação, esta somente será efetiva se a parte contrária não e vir do indivíduo. O HC pode se dirigir contra a prisão ilegal, contra a
se manifestar. Se ela “chiar”, deverá o recuso obrigatoriamente ser ameaça de prisão e contra inquérito policial, procedimento criminal
remetido ao tribunal. ou processo penal cuja conclusão possa resultar em pena privativa
No caso do RESE contra decisão de pronúncia, que será recebi- de liberdade.
do também com efeito suspensivo, tal efeito suspenderá somente
o julgamento misto do Conselho de sentença, não suspendendo De acordo com o art. 648 do CPP, a coação considerar-se-á ilegal
eventual ordem de prisão dela decorrente. quando:
a) Não houver justa causa;
Julgamento b) Alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
Será semelhante ao da apelação, com a ressalva de que não c) Quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
haverá, em hipótese alguma, a figura do revisor. Os autos serão dis- d) Houver cessado o motivo que autorizou a coação;
tribuídos a um relator, seguindo para o Procurador emitir parecer e) Não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que
no prazo de 05 dias. Depois retornam ao relator novamente, que a lei autoriza;
pede dia de julgamento e sua inclusão na pauta. f) O processo for manifestamente nulo;
Caberá sustentação oral por 10 minutos. Caso o relator seja g) Estiver extinta a punibilidade.
vencido, o primeiro votante que abriu a dissidência será o respon-
sável por elaborar o relatório. MANDADO DE SEGURANÇA

HABEAS CORPUS Propõe-se o presente trabalho fazer uma abordagem sucinta do


instituto do Mandado de Segurança no processo penal, abordando
O habeas corpus teria sua origem remota no direito romano, questões como a possibilidade da aplicação do mesmo, o seu rito de
onde todo o cidadão podia reclamar a exibição do homem livre de- processamento, a competência para conhecer e apreciar o mesmo,
tido ilegalmente por meio de uma ação privilegiada, conhecida por bem como alguns exemplos práticos de aplicação do mesmo nas
interdictum de libero homine exhibendo. Entretanto, somente se deli- fases da investigação preliminar, ação penal e da execução penal.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO PROCESSUAL PENAL
Consiste o Mandado de Segurança em uma ação civil impugna- observância a se tratar de uma garantia de cunho constitucional,
tiva, de caráter de garantia constitucional [1], utilizável para a pro- regra concessiva de direito que sempre deverá ter interpretação
teção de um direito líquido e certo, perante uma lesão ou ameaça extensiva, nunca podendo se negar garantia ante uma lesão a di-
proveniente de ato de autoridade pública ou pessoa jurídica inves- reito tão incontroverso, sob a mesquinha alegação supra atacada.
tida no poder público. Presente os requisitos, qualquer ato que não comporte recur-
Por direito liquido e certo, entende o saudoso mestre JÚLIO so poderá ser impugnado por via do Mandado de Segurança, que
FABRINI MIRABETE, ser o“direito que não desperta dúvidas, que também aplica-se para, havendo recurso e o mesmo não possuindo
está isento de obscuridade, que não precisa ser aclarado com o o condão de suspender a decisão impugnada, fornecer-se,ope judi-
exame de provas em dilações , que é em si mesmo, concludente ce, tal efeito, fundamentando-se em dano de difícil ou impossível
e inconcusso”[2]. reparação para a parte, se o recurso interposto possuir efeito me-
Para auferir-se a existência do direito violado, bastam as pro- ramente devolutivo.
vas pré-constituídas que acompanham a petição inicial, não se fa- A Legitimidade Ativa é da pessoa que encontra seu direito li-
zendo necessárias demais provas. quido e certo violado pelo ato, podendo tanto ser o Acusado, o
Importante ressaltar que tal direito não pode ter incidência Ofendido, o Ministério Público ou algum terceiro estranho á rela-
direta sobre a liberdade do indivíduo, caso no qual o remédio se- ção processual penal, mas que fora de modo reflexo atingido por
ria o Habeas Corpus, muito menos direito á obtenção e/ou retifi- um ato decisório nele proferido. Ressalte-se que a parte deverá ter
cação de informações, amparado pelo Habeas Data. capacidade postulatória, ou seja: não se tratando do Ministério Pú-
Lesionando ou ameaçando de lesão esse direito, deve haver blico, quando seu membro possui capacidade postulatória, deverá
um ato emanado de uma autoridade pública ou de um particular o Mandado de Segurança ser subscrito por Advogado devidamente
investido em poder público, sendo inadmissível a impetração ante constituído e inscrito perante a OAB, à diferença do Habeas Corpus
ato puramente de particular. onde qualquer individuo poderá fazê-lo.
Esse ato lesivo deve ter ocorrido por meio de ilegalidade ou Já a Legitimidade Passiva é da Autoridade Coatora, necessaria-
abuso de poder, porque pressupõe o legislador que apenas quan- mente pessoa jurídica de direito público(a Administração) ou parti-
do há um excesso ou ilegalidade por parte do ato, o mesmo é tem cular investida no poder público(quem lhe faça às vezes), porquan-
potencialidade lesiva, em clara homenagem á presunção de legi- to vedado à impetração do MS contra ato de particular.
timidade dos atos emanados da Administração Pública, direta ou Tal determinação em sede de processo penal não traz demais
indireta. dificuldades, ante a exclusividade estatal na persecutio criminis,
De tão óbvia a existência do direito, e da lesão, o rito da ação pois em todas as fases da mesma estarão sob o comando de uma
em tela, de regulamentação infraconstitucional trazida pela Lei autoridade pública [6];
1.553/51, caracteriza-se pelo caráter essencialmente sumário, Existindo, também, deve figurar na condição de litisconsorte
pois, entendendo-se pela existência tão cristalina de um direito passivo, a parte com a qual o impetrante litiga no processo penal,
lesionado, deverá o Estado-Juiz,incontinenti, pronunciar-se pela porquanto salvo raríssimas exceções, a procedência do mandamus
concessão ou não da segurança, pois consoante registra o emi- representará inexoravelmente um gravame á situação da parte ad-
nente mestre PAULO RANGEL:“o fato apresentado pelo impetran- versa.
te é tão claro,certo, induvidoso que o direito o socorre, tamanha Existe, inclusive súmula recente do Pretório Excelso, de núme-
sua liquidez. Por isso a sumariedade do rito do MS”[3] ro 701 que dispõe de modo peremptório que“No Mandado de Se-
Em que pese cuidar-se de instituto de natureza eminente- gurança impetrado pelo Ministério Público contra decisão proferida
mente civil, possuindo regulamentação nessa área, pode perfeita- em sede de processo penal, é obrigatória a citação do réu como
mente ser utilizado em qualquer área do direito, pois o que enseja litisconsorte passivo”(sem grifos no original);
a demanda (lesão a direito líquido e certo por pessoa investida Tal disposição tem por fim a observância do principio constitu-
direta ou indiretamente no Poder Público), pode ocorrer em qual- cional do contraditório, pois na maioria das vezes, a parte mais inte-
quer matéria. ressada na improcedência do Mandado de Segurança não é a auto-
É perfeitamente possível que uma autoridade com competên- ridade tida por Coatora, mas sim a parte adversária do impetrante.
cia ou atribuições na área criminal, a exemplo da Autoridade Poli- Como exemplo temos o Mandado de Segurança impetrado
cial ou Judiciária, venha a cometer lesão a direito liquido e certo, pelo Ministério Público visando à concessão do efeito suspensivo
ato que não poderá permanecer impune, ante alegação de que do recurso interposto ante decisão favorável ao Acusado, como
incabe o Mandado de Segurança por ser um instituto de natureza uma concessão de liberdade provisória ou livramento condicional.
civil. É obvio que em se julgando procedente o MS, impor-se-á uma der-
Nesse sentido trazemos á guisa a opinião da mais qualificada rota ao Acusado e nada mais justo que sua faculdade de contestar
doutrina: tal pretensão adversária.
O sempre sensato JÚLIO FABRINI MIRABETE, em sua obra Entende-se que tal mister se estende aos demais casos, por-
anota que:“Tendo o mandado de segurança fundamento consti- quanto se admitir a interpretação analógica como fonte do proces-
tucional, tanto pode ser impetrado contra ato da autoridade civil so penal.
como criminal desde que implique violação de direito líquido e O juízo competente para conhecer e apreciar omanda mus é o
certo”[4] Opondo-se à vedação do MS em matéria criminal por que teria a função do reexame dos atos decisórios da Autoridade
cuidar-se de uma ação civil, PAULO RANGEL nos leciona que:“não Coatora.
podemos confundir a natureza da matéria tratada no MS com a Tendo sido o ato atacado proferido por um Juiz, não restam
origem da regulamentação e disciplina do instituto. Em outras pa- dúvidas de que a autoridade competente para a apreciação do MS
lavras: trata-se de um instituto regulamentado e disciplinado no será o Tribunal ao qual esse se encontra subordinado.
âmbito civil (Lei 1.553/51), mas com perfeita aplicação nas maté- Já em caso de Autoridade Policial, surge um questionamento:
rias de natureza criminal”[5]; seria competente a vara dos feitos criminais ou da fazenda pública?
Depreende-se desses dois raciocínios que, em existindo o di- Sendo uma autoridade administrativa, uma análise apressada
reito liquido e certo violado, pouco importa o fato de ter origem faria entender ser competente a vara da fazenda pública Estadual
e regulamentação civil, aplicar-se-á o Mandado de Segurança, em ou Federal, entretanto entendemos no sentido de ser competente

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CONHECIMENTOS EM DIREITO PROCESSUAL PENAL
para a apreciação a vara crime, por ser essa, além de ser dotada de Data vêniaousamos discordar de tão ilustre doutrinador por
um magistrado de maior conhecimento na área em questão que entendermos que o remédio que deverá ser impetrado em socorro
seu colega acostumado a julgar a administração pública por atos ao acusado é o Habeas Corpus.
comuns(critério da especialidade), bem como por já caber ao juiz Primeiro porque tem se admitido o remédio heróico mesmo
criminal o exame da legalidade dos atos proferidos pela Autoridade quando a ameaça á liberdade do individuo configura-se distante,
Policial, a exemplo da prisão em flagrante. posto que o referido writ tem sido utilizado até para o trancamento
Então, em matéria criminal, desde o inicio da investigação pre- e inquérito policial. Ora, ao ser obrigado a produzir uma prova que
liminar, até a fase da execução penal, não pairam dúvidas de que sabe ser contrária ao seu interesse, está o acusado praticamente as-
cabe o Mandado de Segurança, se preenchidos os requisitos acima sinando sua nota de culpa, tornando a pretensão punitiva do Estado
expostos. mais plausível, havendo uma concreta ameaça ao direito á liberda-
Controvérsia surge quanto á possibilidade de se impetrar de do individuo nesse caso.
omandamusante decisão judicial com trânsito em julgado. Segundo que, consoante anteriormente afirmamos, o Man-
Há um entendimento do STF que em sua súmula 268 declara dado de Segurança carece de formalidades maiores que o Habeas
que“não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com Corpus, a exemplo do mister de um advogado constituído e regular-
transito em julgado”. mente inscrito perante a OAB. Entendemos, destarte que em que
Tal disposição sumular deve ser questionada, e o foi pela mais em homenagem aostatus libertatisdo individuo, indubitavelmente
douta doutrina que, reunida nas famigeradas Mesas de Processo ameaçado pela produção da indigitada prova, devemos adotar a
Penal da USP, proclamou o entendimento no sentido de que pode forma menos rigorosa, optando-se pelo remédio heróico.
ser perfeitamente interposto o Mandado de Segurança contra deci-
são com trânsito em julgado, caso no qual terá a ação efeito resci- Na fase da execução penal, pode-se impetrar o MS ante atos
sório, desconstituindo os efeitos da sentença transitada em julgado. restritivos de direito liquido e certo não ligados á liberdade nem a
[7]; informação, por parte do Diretor do Estabelecimento que venham
Na fase da investigação preliminar, onde se apura a procedên- a cercear de modo injustificado um direito do custodiado, a exem-
cia da noticia-crime, ato em regra materializado mediante Inquérito plo da denegação injustificada em prestar assistência médica a um
Policial capitaneado por Delegado de Policia, se teria como exem- interno que diz sentir-se mal, ou do direito de entrevistar-se pessoal
plos práticos de aplicação da referida ação, visando garantir ao ad- e reservadamente com o advogado do mesmo.
vogado do investigado o direito á acesso aos autos do Inquérito, Cabe também contra qualquer das decisões do Juiz de Execu-
considerado sigiloso, bem como a possibilidade do Ofendido impe- ções Penais, pois o recurso para tais decisões, qual seja, o Agravo
trar o MS em face á um indeferimento do pedido de instauração de em Execução, não comporta efeito suspensivo de acordo com o Art.
Inquérito Policial em um crime de ação penal de iniciativa privada. 197 da Lei de Execução Penal, podendo-se impetrar o mandamus
Já instaurado o processo criminal, podemos citar como exem- em busca do referido efeito.
plos de cabimento do Mandado de Segurança, a impetração por Entendimento firmado anteriormente é o de que pode o Man-
terceiro de boa-fé, em caso de apreensão de bens que encontra- dado de Segurança ser interposto contra decisão com transito em
vam-se em sua posse, cujo embargo deverá aguardar o pronuncia- julgado, funcionando verdadeiramente como uma ação rescisória,
mento definitivo acerca do crime, consoante infere-se do parágrafo desconstituindo uma decisão que pode ter sido proferida em todas
único do Art 130 do CPP:“não poderá ser pronunciada decisão nes- as fases do processo, desde que presentes os indigitados requisitos.
ses embargos antes de passar em julgado a sentença condenatória”. Portanto a qualquer tempo poderá ser impetrado Mandado de
Absurdo exigir-se que o terceiro que nada teve a ver com a Segurança ante uma decisão violadora de direito liquido e certo,
conduta delituosa aguarde dois, três anos por um pronunciamento pouco importando a fase em que a mesma foi proferida(desde a
definitivo acerca do delito para, então, ter de volta o bem desneces- investigação preliminar até a execução da pena), bem como a exis-
sária e injustamente apreendido! Tal lesão a direito liquido e certo é tência ou não de transito em julgado da mesma.
passível de impugnação por via do MS. Fonte: https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/1925/Do-
Outro caso de aplicação é o de indeferimento para que o ofen- -mandado-de-seguranca-em-materia-criminal
dido habilite assistente de acusação do Ministério Público, hipótese
não abrangida por recurso no código e que se tem admitido, doutri- Senão vejamos:
nária e jurisprudencialmente a impetração do MS visando o socorro
de tal direito. CÓDIGO PROCESSUAL PENAL
Ainda citando hipótese de clara aplicação do Mandado de Segu-
rança, tem-se a impetração quando o civilmente identificado é obri-
gado a ser identificado criminalmente, mediante impressão digital TÍTULO II
e fotografia, não estando incurso nas hipóteses da lei 10.054/2000. DOS RECURSOS EM GERAL
Evidentes a lesão a direito liquido e certo, bem como o cabi- CAPÍTULO I
mento da referida ação. DISPOSIÇÕES GERAIS
Questão interessante diz respeito ao direito do acusado de não
produzir prova contra si, constante do Pacto de São José da Costa Art.  574. Os recursos serão voluntários, excetuando-se os
Rica, do qual o Brasil é signatário[8]. seguintes casos, em que deverão ser interpostos, de ofício, pelo
Surge o questionamento: em caso de uma decisão que viole juiz:
tal direito, a exemplo de uma intimação para fornecer material gra- I - da sentença que conceder habeas corpus;
fotécnico á autoridade policial visando perícia, ou a participar de II - da que absolver desde logo o réu com fundamento na
reprodução simulada do delito, de previsão legal no Art. 7 º do CPP existência de circunstância que exclua o crime ou isente o réu de
[9], qual o remédio cabível? pena, nos termos do art. 411.
Entende respeitável doutrina do professor Paulo Rangel, em Art. 575. Não serão prejudicados os recursos que, por erro,
sua obra citada nesse trabalho, que o remédio cabível é o Mandado falta ou omissão dos funcionários, não tiverem seguimento ou
de Segurança. não forem apresentados dentro do prazo.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO PROCESSUAL PENAL
Art. 576. O Ministério Público não poderá desistir de recurso XX - que impuser medida de segurança por transgressão de
que haja interposto. outra;
Art.  577. O recurso poderá ser interposto pelo Ministério XXI - que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos
Público, ou pelo querelante, ou pelo réu, seu procurador ou seu casos do art. 774;
defensor. XXII - que revogar a medida de segurança;
Parágrafo único. Não se admitirá, entretanto, recurso da XXIII  -  que deixar de revogar a medida de segurança, nos
parte que não tiver interesse na reforma ou modificação da casos em que a lei admita a revogação;
decisão. XXIV  -  que converter a multa em detenção ou em prisão
Art. 578. O recurso será interposto por petição ou por termo simples.
nos autos, assinado pelo recorrente ou por seu representante. XXV - que recusar homologação à proposta de acordo de
§ 1o Não sabendo ou não podendo o réu assinar o nome, não persecução penal, previsto no art. 28-A desta Lei.  (Incluído
o termo será assinado por alguém, a seu rogo, na presença de pela Lei nº 13.964, de 2019)
duas testemunhas. Art.  582  -  Os recursos serão sempre para o Tribunal de
§ 2o A petição de interposição de recurso, com o despacho Apelação, salvo nos casos dos ns. V, X e XIV.
do juiz, será, até o dia seguinte ao último do prazo, entregue ao Parágrafo único. O recurso, no caso do no XIV, será para o
escrivão, que certificará no termo da juntada a data da entrega. presidente do Tribunal de Apelação.
§ 3o Interposto por termo o recurso, o escrivão, sob pena de Art. 583. Subirão nos próprios autos os recursos:
suspensão por dez a trinta dias, fará conclusos os autos ao juiz, I - quando interpostos de oficio;
até o dia seguinte ao último do prazo. II - nos casos do art. 581, I, III, IV, VI, VIII e X;
Art.  579. Salvo a hipótese de má-fé, a parte não será III  -  quando o recurso não prejudicar o andamento do
prejudicada pela interposição de um recurso por outro. processo.
Parágrafo único. Se o juiz, desde logo, reconhecer a Parágrafo único. O recurso da pronúncia subirá em traslado,
impropriedade do recurso interposto pela parte, mandará quando, havendo dois ou mais réus, qualquer deles se conformar
processá-lo de acordo com o rito do recurso cabível. com a decisão ou todos não tiverem sido ainda intimados da
Art.  580. No caso de concurso de agentes (Código Penal, pronúncia.
art.  25), a decisão do recurso interposto por um dos réus, se Art.  584. Os recursos terão efeito suspensivo nos casos
fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente de perda da fiança, de concessão de livramento condicional e
pessoal, aproveitará aos outros. dos ns. XV, XVII e XXIV do art. 581.
§ 1o Ao recurso interposto de sentença de impronúncia ou
CAPÍTULO II no caso do no VIII do art. 581, aplicar-se-á o disposto nos arts.
DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 596 e 598.
§  2o O recurso da pronúncia suspenderá tão-somente o
Art.  581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão,
julgamento.
despacho ou sentença:
§  3o O recurso do despacho que julgar quebrada a fiança
I - que não receber a denúncia ou a queixa;
suspenderá unicamente o efeito de perda da metade do seu
II - que concluir pela incompetência do juízo;
valor.
III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição;
Art.  585. O réu não poderá recorrer da pronúncia senão
IV – que pronunciar o réu; (Redação dada pela Lei nº 11.689,
de 2008) depois de preso, salvo se prestar fiança, nos casos em que a lei
V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a a admitir.
fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, Art.  586. O recurso voluntário poderá ser interposto no
conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante; prazo de cinco dias.
(Redação dada pela Lei nº 7.780, de 22.6.1989) Parágrafo único. No caso do art. 581, XIV, o prazo será de
VI - (Revogado pela Lei nº 11.689, de 2008) vinte dias, contado da data da publicação definitiva da lista de
VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor; jurados.
VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, Art. 587. Quando o recurso houver de subir por instrumento,
extinta a punibilidade; a parte indicará, no respectivo termo, ou em requerimento
IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição avulso, as peças dos autos de que pretenda traslado.
ou de outra causa extintiva da punibilidade; Parágrafo único. O traslado será extraído, conferido e
X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus; concertado no prazo de cinco dias, e dele constarão sempre
XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional a decisão recorrida, a certidão de sua intimação, se por outra
da pena; forma não for possível verificar-se a oportunidade do recurso, e
XII - que conceder, negar ou revogar livramento condicional; o termo de interposição.
XIII - que anular o processo da instrução criminal, no todo Art. 588. Dentro de dois dias, contados da interposição do
ou em parte; recurso, ou do dia em que o escrivão, extraído o traslado, o fizer
XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir; com vista ao recorrente, este oferecerá as razões e, em seguida,
XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta; será aberta vista ao recorrido por igual prazo.
XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude de Parágrafo único. Se o recorrido for o réu, será intimado do
questão prejudicial; prazo na pessoa do defensor.
XVII - que decidir sobre a unificação de penas; Art.  589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o
XVIII - que decidir o incidente de falsidade; recurso concluso ao juiz, que, dentro de dois dias, reformará ou
XIX - que decretar medida de segurança, depois de transitar sustentará o seu despacho, mandando instruir o recurso com os
a sentença em julgado; traslados que Ihe parecerem necessários.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO PROCESSUAL PENAL
Parágrafo único. Se o juiz reformar o despacho recorrido, Art. 597. A apelação de sentença condenatória terá efeito
a parte contrária, por simples petição, poderá recorrer da nova suspensivo, salvo o disposto no art. 393, a aplicação provisória
decisão, se couber recurso, não sendo mais lícito ao juiz modificá- de interdições de direitos e de medidas de segurança (arts.
la. Neste caso, independentemente de novos arrazoados, subirá 374 e 378), e o caso de suspensão condicional de pena.
o recurso nos próprios autos ou em traslado. Art. 598. Nos crimes de competência do Tribunal do Júri,
Art.  590. Quando for impossível ao escrivão extrair o ou do juiz singular, se da sentença não for interposta apelação
traslado no prazo da lei, poderá o juiz prorrogá-lo até o dobro. pelo Ministério Público no prazo legal, o ofendido ou qualquer
Art.  591. Os recursos serão apresentados ao juiz ou das pessoas enumeradas no art.  31, ainda que não se tenha
tribunal ad quem, dentro de cinco dias da publicação da resposta habilitado como assistente, poderá interpor apelação, que não
do juiz a quo, ou entregues ao Correio dentro do mesmo prazo. terá, porém, efeito suspensivo.
Art. 592. Publicada a decisão do juiz ou do tribunal ad quem, Parágrafo único. O prazo para interposição desse recurso
deverão os autos ser devolvidos, dentro de cinco dias, ao juiz a será de quinze dias e correrá do dia em que terminar o do
quo. Ministério Público.
  Art.  599. As apelações poderão ser interpostas quer em
CAPÍTULO III relação a todo o julgado, quer em relação a parte dele.
DA APELAÇÃO Art.  600. Assinado o termo de apelação, o apelante e,
depois dele, o apelado terão o prazo de oito dias cada um para
Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias: oferecer razões, salvo nos processos de contravenção, em que
(Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) o prazo será de três dias.
I  -  das sentenças definitivas de condenação ou absolvição § 1o Se houver assistente, este arrazoará, no prazo de três
proferidas por juiz singular; (Redação dada pela Lei nº 263, de dias, após o Ministério Público.
23.2.1948) §  2o Se a ação penal for movida pela parte ofendida, o
II  -  das decisões definitivas, ou com força de definitivas, Ministério Público terá vista dos autos, no prazo do parágrafo
proferidas por juiz singular nos casos não previstos no Capítulo anterior.
anterior; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) § 3o Quando forem dois ou mais os apelantes ou apelados,
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando: (Redação dada os prazos serão comuns.
pela Lei nº 263, de 23.2.1948) §  4o Se o apelante declarar, na petição ou no termo, ao
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; (Redação dada
interpor a apelação, que deseja arrazoar na superior instância
pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
serão os autos remetidos ao tribunal ad quem onde será
b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa
aberta vista às partes, observados os prazos legais, notificadas
ou à decisão dos jurados; (Redação dada pela Lei nº 263, de
as partes pela publicação oficial. (Incluído pela Lei nº 4.336, de
23.2.1948)
1º.6.1964)
c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena
Art.  601. Findos os prazos para razões, os autos serão
ou da medida de segurança;  (Redação dada pela Lei nº 263, de
23.2.1948) remetidos à instância superior, com as razões ou sem elas,
d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à no prazo de 5 (cinco) dias, salvo no caso do art. 603, segunda
prova dos autos. (Incluído pela Lei nº 263, de 23.2.1948) parte, em que o prazo será de trinta dias.
§  1o Se a sentença do juiz-presidente for contrária à lei § 1o Se houver mais de um réu, e não houverem todos sido
expressa ou divergir das respostas dos jurados aos quesitos, o julgados, ou não tiverem todos apelado, caberá ao apelante
tribunal ad quem fará a devida retificação. (Incluído pela Lei nº promover extração do traslado dos autos, o qual deverá ser
263, de 23.2.1948) remetido à instância superior no prazo de trinta dias, contado
§ 2o Interposta a apelação com fundamento no no III, c, deste da data da entrega das últimas razões de apelação, ou do
artigo, o tribunal  ad quem, se Ihe der provimento, retificará a vencimento do prazo para a apresentação das do apelado.
aplicação da pena ou da medida de segurança. (Incluído pela Lei § 2o As despesas do traslado correrão por conta de quem
nº 263, de 23.2.1948) o solicitar, salvo se o pedido for de réu pobre ou do Ministério
§  3o Se a apelação se fundar no no  III,  d, deste artigo, e o Público.
tribunal  ad quem  se convencer de que a decisão dos jurados Art.  602. Os autos serão, dentro dos prazos do artigo
é manifestamente contrária à prova dos autos, dar-lhe-á anterior, apresentados ao tribunal  ad quem  ou entregues ao
provimento para sujeitar o réu a novo julgamento; não se admite, Correio, sob registro.
porém, pelo mesmo motivo, segunda apelação. (Incluído pela Art. 603. A apelação subirá nos autos originais e, a não ser
Lei nº 263, de 23.2.1948) no Distrito Federal e nas comarcas que forem sede de Tribunal
§  4o Quando cabível a apelação, não poderá ser usado de Apelação, ficará em cartório traslado dos termos essenciais
o recurso em sentido estrito, ainda que somente de parte da do processo referidos no art. 564, n. III.
decisão se recorra. (Parágrafo único renumerado pela Lei nº Art. 604.  (Revogado pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
263, de 23.2.1948) Art. 605. (Revogado pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
Art. 594.  (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). Art. 606. (Revogado pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
Art. 595.  (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 596. A apelação da sentença absolutória não impedirá  CAPÍTULO IV
que o réu seja posto imediatamente em liberdade. (Redação DO PROTESTO POR NOVO JÚRI
dada pela Lei nº 5.941, de 22.11.1973) (Revogado pela Lei nº 11.689, de 2008)
Parágrafo único. A apelação não suspenderá a execução da
medida de segurança aplicada provisoriamente. (Redação dada Art. 607.  (Revogado pela Lei nº 11.689, de 2008)
pela Lei nº 5.941, de 22.11.1973) Art. 608.  (Revogado pela Lei nº 11.689, de 2008)

24
CONHECIMENTOS EM DIREITO PROCESSUAL PENAL
CAPÍTULO V CAPÍTULO VI
DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS RECURSOS EM DOS EMBARGOS
SENTIDO ESTRITO
E DAS APELAÇÕES, NOS TRIBUNAIS DE APELAÇÃO Art. 619. Aos acórdãos proferidos pelos Tribunais de
Apelação, câmaras ou turmas, poderão ser opostos embargos
Art. 609. Os recursos, apelações e embargos serão julgados de declaração, no prazo de dois dias contados da sua publicação,
pelos Tribunais de Justiça, câmaras ou turmas criminais, de quando houver na sentença ambiguidade, obscuridade,
acordo com a competência estabelecida nas leis de organização contradição ou omissão.
judiciária. (Redação dada pela Lei nº 1.720-B, de 3.11.1952) Art.  620. Os embargos de declaração serão deduzidos em
Parágrafo único. Quando não for unânime a decisão de requerimento de que constem os pontos em que o acórdão é
segunda instância, desfavorável ao réu, admitem-se embargos ambíguo, obscuro, contraditório ou omisso.
infringentes e de nulidade, que poderão ser opostos dentro § 1o O requerimento será apresentado pelo relator e julgado,
de 10 (dez) dias, a contar da publicação de acórdão, na forma independentemente de revisão, na primeira sessão.
do  art.  613. Se o desacordo for parcial, os embargos serão §  2o Se não preenchidas as condições enumeradas neste
artigo, o relator indeferirá desde logo o requerimento.
restritos à matéria objeto de divergência. (Incluído pela Lei nº
1.720-B, de 3.11.1952)
CAPÍTULO VII
Art. 610. Nos recursos em sentido estrito, com exceção do DA REVISÃO
de habeas corpus, e nas apelações interpostas das sentenças
em processo de contravenção ou de crime a que a lei comine Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida:
pena de detenção, os autos irão imediatamente com vista I  -  quando a sentença condenatória for contrária ao texto
ao procurador-geral pelo prazo de cinco dias, e, em seguida, expresso da lei penal ou à evidência dos autos;
passarão, por igual prazo, ao relator, que pedirá designação de II  -  quando a sentença condenatória se fundar em
dia para o julgamento. depoimentos, exames ou documentos comprovadamente
Parágrafo único. Anunciado o julgamento pelo presidente, falsos;
e apregoadas as partes, com a presença destas ou à sua revelia, III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas
o relator fará a exposição do feito e, em seguida, o presidente de inocência do condenado ou de circunstância que determine
concederá, pelo prazo de 10 (dez) minutos, a palavra aos ou autorize diminuição especial da pena.
advogados ou às partes que a solicitarem e ao procurador- Art.  622. A revisão poderá ser requerida em qualquer
geral, quando o requerer, por igual prazo. tempo, antes da extinção da pena ou após.
Art.  612. Os recursos de  habeas corpus, designado o Parágrafo único. Não será admissível a reiteração do pedido,
relator, serão julgados na primeira sessão. salvo se fundado em novas provas.
Art. 613. As apelações interpostas das sentenças proferidas Art. 623. A revisão poderá ser pedida pelo próprio réu ou
em processos por crime a que a lei comine pena de reclusão, por procurador legalmente habilitado ou, no caso de morte do
deverão ser processadas e julgadas pela forma estabelecida réu, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
no Art. 610, com as seguintes modificações: Art. 624. As revisões criminais serão processadas e julgadas:
I - exarado o relatório nos autos, passarão estes ao revisor, (Redação dada pelo Decreto-lei nº 504, de 18.3.1969)
que terá igual prazo para o exame do processo e pedirá I - pelo Supremo Tribunal Federal, quanto às condenações
designação de dia para o julgamento; por ele proferidas; (Redação dada pelo Decreto-lei nº 504, de
II - os prazos serão ampliados ao dobro; 18.3.1969)
III - o tempo para os debates será de um quarto de hora. II - pelo Tribunal Federal de Recursos, Tribunais de Justiça ou
Art.  614. No caso de impossibilidade de observância de de Alçada, nos demais casos. (Redação dada pelo Decreto-lei nº
504, de 18.3.1969)
qualquer dos prazos marcados nos arts. 610 e 613, os motivos
§  1o No Supremo Tribunal Federal e no Tribunal Federal
da demora serão declarados nos autos.
de Recursos o processo e julgamento obedecerão ao que for
Art. 615. O tribunal decidirá por maioria de votos.
estabelecido no respectivo regimento interno. (Incluído pelo
§ 1o Havendo empate de votos no julgamento de recursos, Decreto-lei nº 504, de 18.3.1969)
se o presidente do tribunal, câmara ou turma, não tiver §  2o Nos Tribunais de Justiça ou de Alçada, o julgamento
tomado parte na votação, proferirá o voto de desempate; no será efetuado pelas câmaras ou turmas criminais, reunidas
caso contrário, prevalecerá a decisão mais favorável ao réu. em sessão conjunta, quando houver mais de uma, e, no caso
§ 2o O acórdão será apresentado à conferência na primeira contrário, pelo tribunal pleno. (Incluído pelo Decreto-lei nº 504,
sessão seguinte à do julgamento, ou no prazo de duas sessões, de 18.3.1969)
pelo juiz incumbido de lavrá-lo. § 3o Nos tribunais onde houver quatro ou mais câmaras ou
Art. 616. No julgamento das apelações poderá o tribunal, turmas criminais, poderão ser constituídos dois ou mais grupos
câmara ou turma proceder a novo interrogatório do acusado, de câmaras ou turmas para o julgamento de revisão, obedecido o
reinquirir testemunhas ou determinar outras diligências. que for estabelecido no respectivo regimento interno. (Incluído
Art. 617. O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas pelo Decreto-lei nº 504, de 18.3.1969)
decisões ao disposto nos  arts. 383,  386 e 387, no que for Art. 625. O requerimento será distribuído a um relator e a
aplicável, não podendo, porém, ser agravada a pena, quando um revisor, devendo funcionar como relator um desembargador
somente o réu houver apelado da sentença. que não tenha pronunciado decisão em qualquer fase do
Art.  618. Os regimentos dos Tribunais de Apelação processo.
estabelecerão as normas complementares para o processo e § 1o O requerimento será instruído com a certidão de haver
julgamento dos recursos e apelações. passado em julgado a sentença condenatória e com as peças
necessárias à comprovação dos fatos argüidos.

25
CONHECIMENTOS EM DIREITO PROCESSUAL PENAL
§ 2o O relator poderá determinar que se apensem os autos CAPÍTULO IX
originais, se daí não advier dificuldade à execução normal da DA CARTA TESTEMUNHÁVEL
sentença.
§ 3o Se o relator julgar insuficientemente instruído o pedido Art. 639. Dar-se-á carta testemunhável:
e inconveniente ao interesse da justiça que se apensem os autos I - da decisão que denegar o recurso;
originais, indeferi-lo-á in limine, dando recurso para as câmaras II  -  da que, admitindo embora o recurso, obstar à sua
reunidas ou para o tribunal, conforme o caso (art. 624, parágrafo expedição e seguimento para o juízo ad quem.
único). Art. 640. A carta testemunhável será requerida ao escrivão,
§ 4o Interposto o recurso por petição e independentemente ou ao secretário do tribunal, conforme o caso, nas quarenta
de termo, o relator apresentará o processo em mesa para o e oito horas seguintes ao despacho que denegar o recurso,
julgamento e o relatará, sem tomar parte na discussão. indicando o requerente as peças do processo que deverão ser
§ 5o Se o requerimento não for indeferido in limine, abrir-se-á trasladadas.
vista dos autos ao procurador-geral, que dará parecer no prazo Art. 641. O escrivão, ou o secretário do tribunal, dará recibo
de dez dias. Em seguida, examinados os autos, sucessivamente, da petição à parte e, no prazo máximo de cinco dias, no caso
em igual prazo, pelo relator e revisor, julgar-se-á o pedido na de recurso no sentido estrito, ou de sessenta dias, no caso de
sessão que o presidente designar. recurso extraordinário, fará entrega da carta, devidamente
Art. 626. Julgando procedente a revisão, o tribunal poderá conferida e concertada.
alterar a classificação da infração, absolver o réu, modificar a Art.  642. O escrivão, ou o secretário do tribunal, que se
pena ou anular o processo. negar a dar o recibo, ou deixar de entregar, sob qualquer
Parágrafo único. De qualquer maneira, não poderá ser pretexto, o instrumento, será suspenso por trinta dias. O juiz, ou
agravada a pena imposta pela decisão revista. o presidente do Tribunal de Apelação, em face de representação
Art.  627. A absolvição implicará o restabelecimento de do testemunhante, imporá a pena e mandará que seja extraído
todos os direitos perdidos em virtude da condenação, devendo o instrumento, sob a mesma sanção, pelo substituto do escrivão
o tribunal, se for caso, impor a medida de segurança cabível. ou do secretário do tribunal. Se o testemunhante não for
Art. 628. Os regimentos internos dos Tribunais de Apelação atendido, poderá reclamar ao presidente do tribunal ad quem,
estabelecerão as normas complementares para o processo e que avocará os autos, para o efeito do julgamento do recurso e
julgamento das revisões criminais. imposição da pena.
Art.  629. À vista da certidão do acórdão que cassar a Art. 643. Extraído e autuado o instrumento, observar-se-á
sentença condenatória, o juiz mandará juntá-la imediatamente o disposto nos arts. 588 a 592, no caso de recurso em sentido
aos autos, para inteiro cumprimento da decisão. estrito, ou o processo estabelecido para o recurso extraordinário,
Art.  630. O tribunal, se o interessado o requerer, poderá se deste se tratar.
reconhecer o direito a uma justa indenização pelos prejuízos Art.  644. O tribunal, câmara ou turma a que competir o
sofridos. julgamento da carta, se desta tomar conhecimento, mandará
§ 1o Por essa indenização, que será liquidada no juízo cível, processar o recurso, ou, se estiver suficientemente instruída,
responderá a União, se a condenação tiver sido proferida pela decidirá logo, de meritis.
justiça do Distrito Federal ou de Território, ou o Estado, se o tiver Art.  645. O processo da carta testemunhável na instância
sido pela respectiva justiça. superior seguirá o processo do recurso denegado.
§ 2o A indenização não será devida:  Art. 646. A carta testemunhável não terá efeito suspensivo.
a) se o erro ou a injustiça da condenação proceder de ato
ou falta imputável ao próprio impetrante, como a confissão ou a CAPÍTULO X
ocultação de prova em seu poder; DO HABEAS CORPUS E SEU PROCESSO
b) se a acusação houver sido meramente privada.
Art.  631. Quando, no curso da revisão, falecer a pessoa, Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer
cuja condenação tiver de ser revista, o presidente do tribunal ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua
nomeará curador para a defesa. liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.

CAPÍTULO VIII Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:


DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO I - quando não houver justa causa;
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que de-
Art. 632. (Revogado pela Lei nº 3.396, de 2.6.1958): termina a lei;
Art. 633. (Revogado pela Lei nº 3.396, de 2.6.1958): III - quando quem ordenar a coação não tiver competência
Art. 634. (Revogado pela Lei nº 3.396, de 2.6.1958): para fazê-lo;
Art. 635. (Revogado pela Lei nº 3.396, de 2.6.1958): IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
Art. 636. (Revogado pela Lei nº 3.396, de 2.6.1958): V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos
Art. 637. O recurso extraordinário não tem efeito suspensivo, em que a lei a autoriza;
e uma vez arrazoados pelo recorrido os autos do traslado, os VI - quando o processo for manifestamente nulo;
originais baixarão à primeira instância, para a execução da VII - quando extinta a punibilidade.
sentença. Art. 649. O juiz ou o tribunal, dentro dos limites da sua jurisdi-
Art. 638. O recurso extraordinário e o recurso especial ção, fará passar imediatamente a ordem impetrada, nos casos em
serão processados e julgados no Supremo Tribunal Federal e que tenha cabimento, seja qual for a autoridade coatora.
no Superior Tribunal de Justiça na forma estabelecida por leis Art. 650. Competirá conhecer, originariamente, do pedido de
especiais, pela lei processual civil e pelos respectivos regimentos habeas corpus:
internos. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) I - ao Supremo Tribunal Federal, nos casos previstos no Art.
101, I, g, da Constituição;

26
CONHECIMENTOS EM DIREITO PROCESSUAL PENAL
II - aos Tribunais de Apelação, sempre que os atos de violência Parágrafo único. O juiz poderá ir ao local em que o paciente se
ou coação forem atribuídos aos governadores ou interventores dos encontrar, se este não puder ser apresentado por motivo de doença.
Estados ou Territórios e ao prefeito do Distrito Federal, ou a seus Art. 658. O detentor declarará à ordem de quem o paciente es-
secretários, ou aos chefes de Polícia. tiver preso.
§ 1o A competência do juiz cessará sempre que a violência ou Art. 659. Se o juiz ou o tribunal verificar que já cessou a violência
coação provier de autoridade judiciária de igual ou superior juris- ou coação ilegal, julgará prejudicado o pedido.
dição. Art. 660. Efetuadas as diligências, e interrogado o paciente, o juiz
§ 2o Não cabe o habeas corpus contra a prisão administrativa, decidirá, fundamentadamente, dentro de 24 (vinte e quatro) horas.
atual ou iminente, dos responsáveis por dinheiro ou valor perten- § 1o Se a decisão for favorável ao paciente, será logo posto em
cente à Fazenda Pública, alcançados ou omissos em fazer o seu re- liberdade, salvo se por outro motivo dever ser mantido na prisão.
colhimento nos prazos legais, salvo se o pedido for acompanhado § 2o Se os documentos que instruírem a petição evidenciarem a
de prova de quitação ou de depósito do alcance verificado, ou se a ilegalidade da coação, o juiz ou o tribunal ordenará que cesse imedia-
prisão exceder o prazo legal. tamente o constrangimento.
Art. 651. A concessão do habeas corpus não obstará, nem porá § 3o Se a ilegalidade decorrer do fato de não ter sido o paciente
termo ao processo, desde que este não esteja em conflito com os admitido a prestar fiança, o juiz arbitrará o valor desta, que poderá
fundamentos daquela. ser prestada perante ele, remetendo, neste caso, à autoridade os res-
Art. 652. Se o habeas corpus for concedido em virtude de nuli- pectivos autos, para serem anexados aos do inquérito policial ou aos
dade do processo, este será renovado. do processo judicial.
Art. 653. Ordenada a soltura do paciente em virtude de habeas § 4o Se a ordem de habeas corpus for concedida para evitar
corpus, será condenada nas custas a autoridade que, por má-fé ou ameaça de violência ou coação ilegal, dar-se-á ao paciente salvo-con-
evidente abuso de poder, tiver determinado a coação. duto assinado pelo juiz.
Parágrafo único. Neste caso, será remetida ao Ministério Públi- § 5o Será incontinenti enviada cópia da decisão à autoridade
co cópia das peças necessárias para ser promovida a responsabili- que tiver ordenado a prisão ou tiver o paciente à sua disposição, a fim
dade da autoridade. de juntar-se aos autos do processo.
Art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer § 6o Quando o paciente estiver preso em lugar que não seja o
da sede do juízo ou do tribunal que conceder a ordem, o alvará de
pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério Pú-
soltura será expedido pelo telégrafo, se houver, observadas as for-
blico.
malidades estabelecidas no art. 289, parágrafo único, in fine, ou por
§ 1o A petição de habeas corpus conterá:
via postal.
a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer
Art. 661. Em caso de competência originária do Tribunal de
violência ou coação e o de quem exercer a violência, coação ou
Apelação, a petição de habeas corpus será apresentada ao secretá-
ameaça;
rio, que a enviará imediatamente ao presidente do tribunal, ou da
b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de
câmara criminal, ou da turma, que estiver reunida, ou primeiro tiver
simples ameaça de coação, as razões em que funda o seu temor; de reunir-se.
c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quan- Art. 662. Se a petição contiver os requisitos do art. 654, § 1o, o
do não souber ou não puder escrever, e a designação das respecti- presidente, se necessário, requisitará da autoridade indicada como
vas residências. coatora informações por escrito. Faltando, porém, qualquer daque-
§ 2o Os juízes e os tribunais têm competência para expedir les requisitos, o presidente mandará preenchê-lo, logo que Ihe for
de ofício ordem de habeas corpus, quando no curso de processo apresentada a petição.
verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação Art. 663. As diligências do artigo anterior não serão ordenadas,
ilegal. se o presidente entender que o habeas corpus deva ser indeferido
Art. 655. O carcereiro ou o diretor da prisão, o escrivão, o oficial in limine. Nesse caso, levará a petição ao tribunal, câmara ou turma,
de justiça ou a autoridade judiciária ou policial que embaraçar ou para que delibere a respeito.
procrastinar a expedição de ordem de habeas corpus, as informa- Art. 664. Recebidas as informações, ou dispensadas, o habeas
ções sobre a causa da prisão, a condução e apresentação do pacien- corpus será julgado na primeira sessão, podendo, entretanto, adiar-
te, ou a sua soltura, será multado na quantia de duzentos mil-réis a -se o julgamento para a sessão seguinte.
um conto de réis, sem prejuízo das penas em que incorrer. As mul- Parágrafo único. A decisão será tomada por maioria de votos.
tas serão impostas pelo juiz do tribunal que julgar o habeas corpus, Havendo empate, se o presidente não tiver tomado parte na votação,
salvo quando se tratar de autoridade judiciária, caso em que caberá proferirá voto de desempate; no caso contrário, prevalecerá a deci-
ao Supremo Tribunal Federal ou ao Tribunal de Apelação impor as são mais favorável ao paciente.
multas. Art. 665. O secretário do tribunal lavrará a ordem que, assinada
Art. 656. Recebida a petição de habeas corpus, o juiz, se julgar pelo presidente do tribunal, câmara ou turma, será dirigida, por ofício
necessário, e estiver preso o paciente, mandará que este Ihe seja ou telegrama, ao detentor, ao carcereiro ou autoridade que exercer
imediatamente apresentado em dia e hora que designar. ou ameaçar exercer o constrangimento.
Parágrafo único. Em caso de desobediência, será expedido Parágrafo único. A ordem transmitida por telegrama obedecerá
mandado de prisão contra o detentor, que será processado na for- ao disposto no art. 289, parágrafo único, in fine.
ma da lei, e o juiz providenciará para que o paciente seja tirado da Art. 666. Os regimentos dos Tribunais de Apelação estabelece-
prisão e apresentado em juízo. rão as normas complementares para o processo e julgamento do pe-
Art. 657. Se o paciente estiver preso, nenhum motivo escusará dido de habeas corpus de sua competência originária.
a sua apresentação, salvo: Art. 667. No processo e julgamento do habeas corpus de com-
I - grave enfermidade do paciente; petência originária do Supremo Tribunal Federal, bem como nos de
Il - não estar ele sob a guarda da pessoa a quem se atribui a recurso das decisões de última ou única instância, denegatórias de
detenção; habeas corpus, observar-se-á, no que Ihes for aplicável, o disposto
III - se o comparecimento não tiver sido determinado pelo juiz nos artigos anteriores, devendo o regimento interno do tribunal es-
ou pelo tribunal. tabelecer as regras complementares.

27
CONHECIMENTOS EM DIREITO PROCESSUAL PENAL
Parágrafo único. Dos atos praticados em audiência considerar-
LEI Nº 9.099 DE 26.09.1995 (ARTIGOS 60 A 83; 88 E 89) -se-ão desde logo cientes as partes, os interessados e defensores.
Art. 68. Do ato de intimação do autor do fato e do mandado de
citação do acusado, constará a necessidade de seu comparecimen-
LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995. to acompanhado de advogado, com a advertência de que, na sua
falta, ser-lhe-á designado defensor público.
Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá
outras providências. SEÇÃO II
DA FASE PRELIMINAR
CAPÍTULO III
DOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da
DISPOSIÇÕES GERAIS ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imedia-
tamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-
Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados -se as requisições dos exames periciais necessários.
ou togados e leigos, tem competência para a conciliação, o julga- Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do ter-
mento e a execução das infrações penais de menor potencial ofen- mo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o com-
sivo, respeitadas as regras de conexão e continência. (Redação dada promisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante,
pela Lei nº 11.313, de 2006) nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá
Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo co- determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domi-
mum ou o tribunal do júri, decorrentes da aplicação das regras de cílio ou local de convivência com a vítima. (Redação dada pela Lei nº
conexão e continência, observar-se-ão os institutos da transação 10.455, de 13.5.2002))
penal e da composição dos danos civis. (Incluído pela Lei nº 11.313, Art. 70. Comparecendo o autor do fato e a vítima, e não sendo
de 2006) possível a realização imediata da audiência preliminar, será desig-
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial nada data próxima, da qual ambos sairão cientes.
ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os Art. 71. Na falta do comparecimento de qualquer dos envolvi-
crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, dos, a Secretaria providenciará sua intimação e, se for o caso, a do
cumulada ou não com multa. (Redação dada pela Lei nº 11.313, de responsável civil, na forma dos arts. 67 e 68 desta Lei.
2006)
Art. 72. Na audiência preliminar, presente o representante do
Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á
Ministério Público, o autor do fato e a vítima e, se possível, o res-
pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, econo-
ponsável civil, acompanhados por seus advogados, o Juiz esclarece-
mia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a
rá sobre a possibilidade da composição dos danos e da aceitação da
reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não
proposta de aplicação imediata de pena não privativa de liberdade.
privativa de liberdade. (Redação dada pela Lei nº 13.603, de 2018)
Art. 73. A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por concilia-
dor sob sua orientação.
SEÇÃO I
Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da Justiça, re-
DA COMPETÊNCIA E DOS ATOS PROCESSUAIS
crutados, na forma da lei local, preferentemente entre bacharéis
Art. 63. A competência do Juizado será determinada pelo lugar em Direito, excluídos os que exerçam funções na administração da
em que foi praticada a infração penal. Justiça Criminal.
Art. 64. Os atos processuais serão públicos e poderão realizar- Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e,
-se em horário noturno e em qualquer dia da semana, conforme homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia
dispuserem as normas de organização judiciária. de título a ser executado no juízo civil competente.
Art. 65. Os atos processuais serão válidos sempre que preen- Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa priva-
cherem as finalidades para as quais foram realizados, atendidos os da ou de ação penal pública condicionada à representação, o acor-
critérios indicados no art. 62 desta Lei. do homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou repre-
§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha ha- sentação.
vido prejuízo. Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis, será dada
§ 2º A prática de atos processuais em outras comarcas poderá imediatamente ao ofendido a oportunidade de exercer o direito de
ser solicitada por qualquer meio hábil de comunicação. representação verbal, que será reduzida a termo.
§ 3º Serão objeto de registro escrito exclusivamente os atos ha- Parágrafo único. O não oferecimento da representação na au-
vidos por essenciais. Os atos realizados em audiência de instrução diência preliminar não implica decadência do direito, que poderá
e julgamento poderão ser gravados em fita magnética ou equiva- ser exercido no prazo previsto em lei.
lente. Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de
Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamen-
sempre que possível, ou por mandado. to, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para adoção § 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o
do procedimento previsto em lei. Juiz poderá reduzi-la até a metade.
Art. 67. A intimação far-se-á por correspondência, com aviso § 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
de recebimento pessoal ou, tratando-se de pessoa jurídica ou firma I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de cri-
individual, mediante entrega ao encarregado da recepção, que será me, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva;
obrigatoriamente identificado, ou, sendo necessário, por oficial de II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de
justiça, independentemente de mandado ou carta precatória, ou cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos
ainda por qualquer meio idôneo de comunicação. deste artigo;

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CONHECIMENTOS EM DIREITO PROCESSUAL PENAL
III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a perso- § 1º Todas as provas serão produzidas na audiência de instru-
nalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser ção e julgamento, podendo o Juiz limitar ou excluir as que conside-
necessária e suficiente a adoção da medida. rar excessivas, impertinentes ou protelatórias.
§ 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, § 2º De todo o ocorrido na audiência será lavrado termo, as-
será submetida à apreciação do Juiz. sinado pelo Juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos
§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo au- relevantes ocorridos em audiência e a sentença.
tor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, § 3º A sentença, dispensado o relatório, mencionará os ele-
que não importará em reincidência, sendo registrada apenas para mentos de convicção do Juiz.
impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos. Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sen-
§ 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apela- tença caberá apelação, que poderá ser julgada por turma composta
ção referida no art. 82 desta Lei. de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos
§ 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não na sede do Juizado.
constará de certidão de antecedentes criminais, salvo para os fins § 1º A apelação será interposta no prazo de dez dias, contados
previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo da ciência da sentença pelo Ministério Público, pelo réu e seu de-
aos interessados propor ação cabível no juízo cível. fensor, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido
do recorrente.
SEÇÃO III
§ 2º O recorrido será intimado para oferecer resposta escrita
DO PROCEDIMENTO SUMARIÍSSIMO
no prazo de dez dias.
Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não hou- § 3º As partes poderão requerer a transcrição da gravação da
ver aplicação de pena, pela ausência do autor do fato, ou pela não fita magnética a que alude o § 3º do art. 65 desta Lei.
ocorrência da hipótese prevista no art. 76 desta Lei, o Ministério § 4º As partes serão intimadas da data da sessão de julgamento
Público oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver pela imprensa.
necessidade de diligências imprescindíveis. § 5º Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos,
§ 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com a súmula do julgamento servirá de acórdão.
base no termo de ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dis- Art. 83. Cabem embargos de declaração quando, em sentença
pensa do inquérito policial, prescindir-se-á do exame do corpo de ou acórdão, houver obscuridade, contradição ou omissão. (Redação
delito quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim dada pela Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência)
médico ou prova equivalente. § 1º Os embargos de declaração serão opostos por escrito ou
§ 2º Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permiti- oralmente, no prazo de cinco dias, contados da ciência da decisão.
rem a formulação da denúncia, o Ministério Público poderá reque- § 2o Os embargos de declaração interrompem o prazo para a
rer ao Juiz o encaminhamento das peças existentes, na forma do interposição de recurso. (Redação dada pela Lei nº 13.105, de 2015)
parágrafo único do art. 66 desta Lei. (Vigência)
§ 3º Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá ser ofe- § 3º Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício.
recida queixa oral, cabendo ao Juiz verificar se a complexidade e
as circunstâncias do caso determinam a adoção das providências SEÇÃO VI
previstas no parágrafo único do art. 66 desta Lei. DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 78. Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a termo,
entregando-se cópia ao acusado, que com ela ficará citado e ime- Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação
diatamente cientificado da designação de dia e hora para a audiên- especial, dependerá de representação a ação penal relativa aos cri-
cia de instrução e julgamento, da qual também tomarão ciência o mes de lesões corporais leves e lesões culposas.
Ministério Público, o ofendido, o responsável civil e seus advogados. Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual
§ 1º Se o acusado não estiver presente, será citado na forma ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministé-
dos arts. 66 e 68 desta Lei e cientificado da data da audiência de
rio Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do
instrução e julgamento, devendo a ela trazer suas testemunhas ou
processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja
apresentar requerimento para intimação, no mínimo cinco dias an-
sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime,
tes de sua realização.
§ 2º Não estando presentes o ofendido e o responsável civil, se- presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão con-
rão intimados nos termos do art. 67 desta Lei para comparecerem à dicional da pena (art. 77 do Código Penal).
audiência de instrução e julgamento. § 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presen-
§ 3º As testemunhas arroladas serão intimadas na forma pre- ça do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o pro-
vista no art. 67 desta Lei. cesso, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes
Art. 79. No dia e hora designados para a audiência de instrução condições:
e julgamento, se na fase preliminar não tiver havido possibilidade I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
de tentativa de conciliação e de oferecimento de proposta pelo Mi- II - proibição de frequentar determinados lugares;
nistério Público, proceder-se-á nos termos dos arts. 72, 73, 74 e 75 III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem au-
desta Lei. torização do Juiz;
Art. 80. Nenhum ato será adiado, determinando o Juiz, quando IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmen-
imprescindível, a condução coercitiva de quem deva comparecer. te, para informar e justificar suas atividades.
Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor § 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica su-
para responder à acusação, após o que o Juiz receberá, ou não, a bordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação
denúncia ou queixa; havendo recebimento, serão ouvidas a vítima pessoal do acusado.
e as testemunhas de acusação e defesa, interrogando-se a seguir § 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o bene-
o acusado, se presente, passando-se imediatamente aos debates ficiário vier a ser processado por outro crime ou não efetuar, sem
orais e à prolação da sentença. motivo justificado, a reparação do dano.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO PROCESSUAL PENAL
§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser C. é possível a prisão em flagrante de magistrado estadual por
processado, no curso do prazo, por contravenção, ou descumprir delegado de polícia estadual, quando se tratar de crime inafian-
qualquer outra condição imposta. çável, sendo obrigatória apenas a comunicação ao presidente do
§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a tribunal de justiça a que estiver vinculado para evitar vício do ato.
punibilidade. D. a lei processual penal tem aplicação aos processos em trâ-
§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do mite no território brasileiro, contudo, uma hipótese de exclusão da
processo. jurisdição pátria é a imunidade dos agentes diplomáticos e seus fa-
§ 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, miliares que com eles vivam.
o processo prosseguirá em seus ulteriores termos. E. a lei processual penal atende a regra do tempus reígit actum,
porém a repetição de atos processuais anteriores é exigida por lei
em observância da interpretação constitucional, além disso, não é
EXERCÍCIOS possível alcançar os processos que apuram condutas delitivas con-
sumadas antes da sua vigência.

1. Acerca da aplicação da lei processual no tempo e no espaço 04. Em relação ao direito processual penal, assinale a opção
e em relação às pessoas, julgue os itens a seguir. correta.
I O Brasil adota, no tocante à aplicação da lei processual penal A. De acordo com o procedimento especial de apuração dos
no tempo, o sistema da unidade processual. crimes de responsabilidade dos funcionários públicos contra a ad-
II Em caso de normas processuais materiais — mistas ou híbri- ministração pública, previsto no CPP, recebida a denúncia e cumpri-
das —, aplica-se a retroatividade da lei mais benéfica. da a citação, o juiz notificará o acusado para responder a acusação
III Para o regular processamento judicial de governador de es- por escrito, dentro do prazo legal.
tado ou do Distrito Federal, é necessária a autorização da respectiva B. A interceptação telefônica será determinada pelo juiz na hi-
casa legislativa — assembleia legislativa ou câmara distrital. pótese de o fato investigado constituir infração penal punida com
Assinale a opção correta. pena de detenção.
A. Apenas o item I está certo. C. A decisão que autoriza a interceptação telefônica deve ser
B. Apenas o item II está certo. fundamentada, indicando a forma de execução da diligência, que
C. Apenas os itens I e III estão certos. não poderá exceder o prazo legal nem ser prorrogada, sob pena de
D. Apenas os itens II e III estão certos. nulidade.
E. Todos os itens estão certos. D. A lei processual penal brasileira adota o princípio da absolu-
ta territorialidade em relação a sua aplicação no espaço: não cabe
2. Sobre a aplicação da lei processual penal no tempo e no es- adotar lei processual de país estrangeiro no cumprimento de atos
paço, analise os itens a seguir. processuais no território nacional.
I. A lei processual penal entra em vigor e passa a ser aplicada E. A lei processual penal não admite o uso da analogia ou da
imediatamente, mesmo nas hipóteses em que o delito já tenha sido interpretação extensiva, em estrita observância ao princípio da le-
cometido, o acusado já esteja sendo processado e extinga modali- galidade.
dade de defesa.
II. Aplica-se a lei processual penal brasileira quando o crime é 5. Acerca dos princípios aplicáveis ao direito processual penal
cometido por cidadão brasileiro no exterior e ali o autor passa a ser e da aplicação da lei processual no tempo, no espaço, analise as
processado. assertivas e indique a alternativa correta:
III. Nos crimes cometidos em embarcações estrangeiras priva- I - A lei processual penal tem aplicação imediata, nos termos
das estacionadas em portos brasileiros, aplica-se a lei processual do art. 2º do Código de Processo Penal. O legislador pátrio adotou
penal de seu país de origem. o princípio do tempus reget actum, não existindo efeito retroativo.
IV. O cumprimento de sentença penal condenatória emitida II - A lei processual penal se submete ao princípio da retroati-
por autoridade estrangeira não se submete a exame de legalidade vidade in mellius, devendo ter incidência imediata sobre todos os
e correspondência de crimes, cabendo ao juiz criminal aplica-la de processos em andamento, independentemente de o crime haver
imediato. sido cometido antes ou depois de sua vigência, desde que seja mais
Assinale a alternativa correta. benéfica.
A. Apenas I e II estão corretos III - A busca pela verdade real constitui princípio que rege o
B. Apenas I e IV estão incorretos Direito Processual Penal. A produção das provas, porque constitui
C. Apenas II e III estão incorretos garantia constitucional, pode ser determinada, inclusive pelo Juiz,
D. Apenas III e IV estão corretos de ofício, quando julgar necessário.
E. I, II, III e IV estão incorretos IV - O princípio da verdade real comporta algumas exceções,
como o descabimento de revisão criminal contra sentença absolu-
3. Com relação às regras da lei processual no espaço e no tem- tória.
po, o Código de Processo Penal vigente adota, respectivamente, os V - A lei processual penal não admitirá interpretação extensi-
princípios da lex fori e da aplicação imediata. Com base nessa infor- va e aplicação analógica, mas admitirá o suplemento dos princípios
mação, é correto afirmar que gerais do direito.
A. as normas do Código de Processo Penal vigente são inaplicá-
veis, ainda que subsidiariamente, no âmbito da Justiça Militar e aos A. Apenas as assertivas II, III e IV são verdadeiras.
processos da competência do tribunal especial. B. Apenas as assertivas I, II e IV são verdadeiras.
B. delegado de polícia estadual, que é informado , sobre a prá- C. Apenas as assertivas I, III e IV são verdadeiras.
tica de crime cometido por promotor de justiça estadual, está au- D. Apenas as assertivas III, IV e V são verdadeiras.
torizado expressamente por lei, a instaurar inquérito policial para a E. Apenas as alternativas I, III, e V são verdadeiras.
apuração dos fatos.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO PROCESSUAL PENAL
6. (PC-MA - Perito Criminal – CESPE/2018) A respeito do inqué- 10. (PC/PE - Escrivão de Polícia - CESPE/2016) O inquérito
rito policial, assinale a opção correta. policial
(A) O inquérito policial poderá ser iniciado apenas com base (A) não pode ser iniciado se a representação não tiver sido ofe-
em denúncia anônima que indique a ocorrência do fato criminoso e recida e a ação penal dela depender.
a sua provável autoria, ainda que sem a verificação prévia da proce- (B) é válido somente se, em seu curso, tiver sido assegurado o
dência das informações. contraditório ao indiciado.
(B) Contra o despacho da autoridade policial que indeferir a (C) será instaurado de ofício pelo juiz se tratar-se de crime de
instauração do inquérito policial a requerimento do ofendido cabe- ação penal pública incondicionada.
rá reclamação ao Ministério Público. (D) será requisitado pelo ofendido ou pelo Ministério Público
(C) Sendo o inquérito policial a base da denúncia, o Ministério se tratar-se de crime de ação penal privada.
Público não poderá alterar a classificação do crime definida pela
(E) é peça prévia e indispensável para a instauração de ação
autoridade policial.
penal pública incondicionada.
(D) O inquérito policial pode ser definido como um procedi-
mento administrativo pré-processual destinado à apuração das in-
frações penais e da sua autoria. 11. (TJ-MS - Analista Judiciário - Área Fim - PUC-PR/2017) So-
(E) Por ser instrumento de informação pré-processual, o inqué- bre a prova no direito processual penal, marque a alternativa COR-
rito policial é imprescindível ao oferecimento da denúncia. RETA.
(A) São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas,
7. (PC-SC - Escrivão de Polícia Civil – FEPESE/2017) É correto inclusive aquelas que evidenciam nexo de causalidade entre umas e
afirmar sobre o inquérito policial. outras, bem como aquelas que puderem ser obtidas por uma fonte
(A) A notitia criminis deverá ser por escrito, obrigatoriamente, independente das primeiras.
quando apresentada por qualquer pessoa do povo (B) A confissão será indivisível e irretratável, sem prejuízo do
(B) A representação do ofendido é condição indispensável para livre convencimento do juiz, fundado no exame das provas em con-
a abertura de inquérito policial para apurar a prática de crime de junto.
ação penal pública condicionada. (C) Considera-se indício a circunstância conhecida e provada,
(C) O Ministério Público é parte legítima e universal para reque- que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a
rer a abertura de inquérito policial afim de investigar a prática de existência de outra ou outras circunstâncias; entretanto, tal espécie
crime de ação penal pública ou privada. de prova não é aceita nos tribunais superiores por violar o princípio
(D) Apenas o agressor poderá requerer à autoridade policial a constitucional da ampla defesa.
abertura de investigação para apurar crimes de ação penal privada.
(D) A prova emprestada, quando obedecidos os requisitos le-
(E) O inquérito policial somente poderá ser iniciado de ofício
gais, tem sua condição de prova perfeitamente aceita no processo
pela autoridade policial ou a requerimento do ofendido.
penal; no entanto, ela não tem o mesmo valor probatório da prova
8. (SEJUS/PI - Agente Penitenciário - NUCEPE/2016) Pode-se originalmente produzida.
afirmar que a autoridade policial, assim que tiver conhecimento da (E) O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da pro-
prática da infração penal deverá: va produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar
(A) intimar às partes para formular quesitos sobre que diligên- sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos
cias periciais pretendem fazer. na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e
(B) telefonar para o local, a fim de determinar que não se alte- antecipadas.
rem o estado e a conservação das coisas, até sua chegada.
(C) apreender os objetos que tiverem relação com o fato, de- 12. (PC/GO - Agente de Polícia Substituto - CESPE/2016) No
pois que já tiverem sido liberados pelos peritos criminais. que diz respeito às provas no processo penal, assinale a opção cor-
(D) entregar os pertences do ofendido e do indiciado para seus reta.
respectivas familiares. (A) Para se apurar o crime de lesão corporal, exige-se prova pe-
(E) preparar um relatório assinado por, pelo menos, três teste- ricial médica, que não pode ser suprida por testemunho.
munhas que presenciaram o fato. (B) Se, no interrogatório em juízo, o réu confessar a autoria,
ficará provada a alegação contida na denúncia, tornando-se desne-
9. (PC/GO - Escrivão de Polícia Substituto - CESPE/2016) Acer- cessária a produção de outras provas.
ca de aspectos diversos pertinentes ao IP, assinale a opção correta.
(C) As declarações do réu durante o interrogatório deverão ser
(A) O IP, em razão da complexidade ou gravidade do delito a ser
avaliadas livremente pelo juiz, sendo valiosas para formar o livre
apurado, poderá ser presidido por representante do MP, mediante
convencimento do magistrado, quando amparadas em outros ele-
prévia determinação judicial nesse sentido.
(B) A notitia criminis é denominada direta quando a própria mentos de prova.
vítima provoca a atuação da polícia judiciária, comunicando a ocor- (D) São objetos de prova testemunhal no processo penal fatos
rência de fato delituoso diretamente à autoridade policial. relativos ao estado das pessoas, como, por exemplo, casamento,
(C) O indiciamento é ato próprio da autoridade policial a ser menoridade, filiação e cidadania.
adotado na fase inquisitorial. (E) O procedimento de acareação entre acusado e testemunha
(D) O prazo legal para o encerramento do IP é relevante inde- é típico da fase pré-processual da ação penal e deve ser presidido
pendentemente de o indiciado estar solto ou preso, visto que a pelo delegado de polícia.
superação dos prazos de investigação tem o efeito de encerrar a
persecução penal na esfera policial. 13. (PC/DF - Perito Criminal - IADES/2016) O Código de Pro-
(E) Do despacho da autoridade policial que indeferir requeri- cesso Penal elenca um conjunto de regras que regulamentam a pro-
mento de abertura de IP feito pelo ofendido ou seu representante dução das provas no âmbito do processo criminal. No tocante às
legal é cabível, como único remédio jurídico, recurso ao juiz criminal perícias em geral, as normas estão previstas nos artigos 158 a 184
da comarca onde, em tese, ocorreu o fato delituoso. da lei em comento. Quanto ao exame de corpo de delito, nos crimes

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CONHECIMENTOS EM DIREITO PROCESSUAL PENAL
(A) que deixam vestígios, quando estes desaparecerem, a pro- (C) o exame de corpo de delito e outras perícias serão realiza-
va testemunhal não poderá suprir-lhe a falta. dos por perito oficial, portador de diploma de curso superior. Na
(B) que deixam vestígios, esse exame só pode ser realizado du- falta de perito oficial, o exame será realizado por uma pessoa idô-
rante o dia. nea, portadora de diploma de curso superior preferencialmente na
(C) de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido área específica.
incompleto, proceder-se-á a exame complementar apenas por de- (D) no caso de autópsia, esta será feita pelo menos seis horas
terminação da autoridade judicial. depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de
(D) que deixam vestígios, será indispensável o exame de corpo morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que de-
de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do clararão no auto.
acusado. (E) não sendo possível o exame de corpo delito, por haverem
(E) que deixam vestígios, será indispensável que as perícias se- desaparecido os vestígios, a prova testemunhal não poderá suprir-
jam realizadas por dois peritos oficiais. -lhe a falta.

14. (PC/GO - Escrivão de Polícia Substituto - CESPE/2016) 17. (PC/PE - Escrivão de Polícia - CESPE/2016) Com relação ao
Quanto à prova pericial, assinale a opção correta. exame de corpo de delito, assinale a opção correta.
(A) A confissão do acusado suprirá a ausência de laudo pericial (A) O exame de corpo de delito poderá ser suprido indireta-
para atestar o rompimento de obstáculo nos casos de furto median- mente pela confissão do acusado se os vestígios já tiverem desa-
te arrombamento, prevalecendo em tais situações a qualificadora parecido.
do delito. (B) Não tendo a infração deixado vestígios, será realizado o exa-
(B) O exame de corpo de delito somente poderá realizar-se du- me de corpo de delito de modo indireto.
rante o dia, de modo a não suscitar qualquer tipo de dúvida, sendo (C) Tratando-se de lesões corporais, a falta de exame comple-
vedada a sua realização durante a noite. mentar poderá ser suprida pela prova testemunhal.
(C) Prevê a legislação processual penal a obrigatória participa- (D) Depende de mandado judicial a realização de exame de cor-
ção da defesa na produção da prova pericial na fase investigatória, po de delito durante o período noturno.
antes do encerramento do IP e da elaboração do laudo pericial. (E) Requerido, pelas partes, o exame de corpo de delito, o juiz
(D) Os exames de corpo de delito serão realizados por um pe- poderá negar a sua realização, se entender que é desnecessário ao
rito oficial e, na falta deste, admite a lei que duas pessoas idôneas, esclarecimento da verdade.
portadoras de diploma de curso superior e dotadas de habilidade
técnica relacionada com a natureza do exame, sejam nomeadas 18. (TJ/RS - Juiz de Direito Substituto – VUNESP/2018) A res-
para tal atividade. peito das provas, assinale a alternativa correta.
(E) Em razão da especificidade da prova pericial, o seu resulta- (A) São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do proces-
do vincula o juízo; por isso, a sentença não poderá ser contrária à so, as provas ilegítimas, assim entendidas as obtidas em violação a
conclusão do laudo pericial. normas constitucionais ou legais.
(B) A pessoa que nada souber que interesse à decisão da causa
15. (AL/MS - Agente de Polícia Legislativo - FCC/2016) Sobre o será computada como testemunha.
exame de corpo de delito e as perícias em geral, nos termos preco- (C) O exame para o reconhecimento de escritos, tal como o re-
nizados pelo Código de Processo Penal, é INCORRETO afirmar: conhecimento fotográfico, não tem previsão legal.
(A) Na falta de perito oficial, o exame será realizado necessa- (D) O juiz não tem iniciativa probatória.
riamente por três pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso (E) A falta de exame complementar, em caso de lesões corpo-
superior preferencialmente na área específica, dentre as que tive- rais, poderá ser suprida pela prova testemunhal.
rem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame.
(B) Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de 19. (PC-SC - Escrivão de Polícia Civil – FEPESE/2017) De acordo
obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, com a norma processual penal, a busca e apreensão:
além de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, (A) será apenas domiciliar, não podendo ter como objeto pes-
por que meios e em que época presumem ter sido o fato praticado. soa.
(C) O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou (B) deverá sempre ser precedida de mandado judicial.
rejeitá-lo, no todo ou em parte. (C) quando feita em mulher, somente poderá ser realizada por
(D) Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o outra mulher.
exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo (D) poderá ser determinada de ofício ou a requerimento de
a confissão do acusado. qualquer das partes.
(E) Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a auto- (E) deverá ocorrer na presença, indispensável, do Ministério
ridade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não Público.
for necessária ao esclarecimento da verdade.
20. (PC/SP - Investigador de Polícia – VUNESP/2018) No que
16. (PC/PA - Escrivão de Polícia Civil - FUNCAB/2016) A prova concerne ao regramento específico das provas no CPP,
em matéria processual penal tem por finalidade formar a convicção (A) o “reconhecimento de pessoas” em sede policial é diligên-
do magistrado sobre a materialidade e a autoria de um fato tido cia que não requer qualquer formalidade, sendo facultado ao Dele-
como criminoso. No que tange aos meios de prova, o Código de gado, caso deseje, alinhar várias pessoas para que o reconhecedor
Processo Penal dispõe: aponte o autor do crime.
(A) o exame de corpo de delito não poderá ser feito em qual- (B) a “acareação” é meio de prova expressamente previsto em
quer dia e a qualquer hora. lei, mas não se a admite entre acusados, sendo possível, apenas,
(B) quando a infração não deixar vestígios, será indispensável o entre testemunhas.
exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo (C) o ascendente pode se recusar a ser “testemunha”, mas,
a confissão do acusado. caso não o faça, deverá prestar compromisso de dizer a verdade.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO PROCESSUAL PENAL
(D) consideram-se “documentos” para fins de prova quaisquer 25. Assinale a alternativa correta com relação às disposições
escritos, instrumentos ou papéis públicos, excluídos, expressamente, processuais penais especiais.
os particulares. A. A transação penal prevista na Lei dos Juizados Especiais Crimi-
(E) a pessoa vítima de crime pode ser objeto de “busca e apreen- nais é aplicável aos crimes praticados contra a violência doméstica.
são”. B. Na colaboração premiada em crimes de organização crimi-
nosa, o juiz poderá reduzir a pena privativa de liberdade em até 1/3,
21. De acordo com a Lei n.º 9.296/1996, a interceptação de co- desde que a personalidade do colaborador, a natureza, as circuns-
municações telefônicas tâncias, a gravidade e a repercussão social do fato criminoso sejam
A. poderá ser determinada de ofício por delegado. adequadas à benesse.
B. não será admitida se a prova puder ser obtida por outros C. O juiz está adstrito às condições previstas na Lei na hipó-
meios disponíveis. tese de oferecimento de proposta de suspensão condicional do
C. será admitida somente nos casos de crimes em que a pena processo.
mínima for igual ou superior a dois anos de detenção. D. Nos crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valo-
D. será conduzida por membro do Ministério Público, com vistas res deve ser observado o procedimento processual especial previs-
ao delegado, que poderá acompanhar os procedimentos. to na legislação em vigor.
E. poderá ser prorrogada a cada trinta dias, desde que respeita- E. Não será deferida a interceptação de comunicações telefô-
do o prazo máximo legal de trezentos e sessenta dias. nicas quando o fato criminoso investigado for punido, no máximo,
com pena de detenção.
22. Em relação à prova obtida por meio de interceptação tele-
fônica e ao sigilo telefônico, assinale a opção correta, tendo como 26. (Câmara de Campo Limpo Paulista/SP - Procurador Jurídi-
referência a Lei n.º 9.296/1996 e o entendimento doutrinário e juris- co – VUNESP/2018) Nos expressos e literais termos do artigo 295
prudencial dos tribunais superiores. do CPP, têm direito à prisão especial – que nada mais é do que o
A. A prova obtida por força de interceptação telefônica judicial- recolhimento em local distinto da prisão comum – entre outros,
mente autorizada poderá, a título de prova emprestada, subsidiar de- (A) o Vereador, o Magistrado e o Ministro de Confissão Reli-
núncia em outro feito que investigue crime apenado com detenção. giosa.
B. A quebra do sigilo de dados telefônicos pertinentes aos dados
(B) o Ministro de Estado, o Governador e o Agente Municipal
cadastrais de assinante e aos números das linhas chamadas e recebi-
de Trânsito.
das submete-se à disciplina da referida legislação.
(C) o Prefeito Municipal, o Praça das Forças Armadas e o Minis-
C. A referida lei de regência condiciona a possibilidade de impo-
sição da medida de interceptação telefônica na fase de investigação tro do Tribunal de Contas.
criminal à instauração do inquérito policial competente. (D) o Agente Fiscal de Posturas Públicas, o membro da Assem-
D. Para a determinação da interceptação telefônica, é necessário bleia Legislativa dos Estados e os Delegados de Polícia.
juízo de certeza a respeito do envolvimento da pessoa a ser investiga- (E) o Oficial das Forças Armadas, o diplomado por qualquer das
da na prática do delito em apuração. faculdades superiores da República e o Agente Fiscal de Rendas.
E. Gravação telefônica realizada por um dos interlocutores sem
o conhecimento do outro e sem autorização judicial caracteriza meio 27. (PC/AC - Agente de Polícia Civil - IBADE/2017) Sobre o
ilícito de prova por violar o direito à intimidade constitucionalmente tema prisão preventiva assinale a alternativa correta.
protegido. (A) Não será permitido o emprego de força, salvo a indispensá-
vel no caso de resistência, de tentativa de fuga do preso, dos reinci-
23. No que tange a interceptação das comunicações telefônicas dentes e dos presos de alta periculosidade por terem passado pelo
e a disposições relativas a esse meio de prova, previstas na Lei n.º regime disciplinar diferenciado.
9.296/1996, assinale a opção correta.
(B) O mandado de prisão, na ausência do juiz, poderá ser lavra-
A. A referida medida poderá ser determinada no curso da inves-
tigação criminal ou da instrução processual destinada à apuração de do e assinado pelo escrivão, ad referendum do juiz.
infração penal punida, ao menos, com pena de detenção. (C) O mandado de prisão mencionará a infração penal e neces-
B. A existência de outros meios para obtenção da prova não im- sariamente a quantidade da pena privativa e de multa, bem como
pedirá o deferimento da referida medida. eventual pena pecuniária.
C. O deferimento da referida medida exige a clara descrição do (D) A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer
objeto da investigação, com indicação e qualificação dos investiga- hora, respeitadas as restrições relativas à inviolabilidade do domi-
dos, salvo impossibilidade manifesta justificada. cílio.
D. A utilização de prova obtida a partir da referida medida para (E) A autoridade que ordenar a prisão fará expedir o respec-
fins de investigação de fato delituoso diverso imputado a terceiro não tivo mandado, salvo quando, por questão de urgência, nos crimes
é admitida. inafiançáveis, poderá a prisão ocorrer por ordem verbal do juiz.
E. A decisão judicial autorizadora da referida medida não poderá
exceder o prazo máximo de quinze dias, prorrogável uma única vez 28. (PRF - Policial Rodoviário Federal – CESPE/2019) Em de-
pelo mesmo período.
corrência de um homicídio doloso praticado com o uso de arma
de fogo, policiais rodoviários federais foram comunicados de que o
24. Nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
investigação criminal ou instrução processual penal, a quebra do sigi- autor do delito se evadira por rodovia federal em um veículo cuja
lo de comunicações telefônicas pode ser determinada placa e características foram informadas. O veículo foi abordado por
A. pelo Poder Judiciário e pelo Ministério Público. policiais rodoviários federais em um ponto de bloqueio montado
B. pelo Poder Judiciário, somente. cerca de 200 km do local do delito e que os policiais acreditavam
C. por autoridade policial e pelo Ministério Público. estar na rota de fuga do homicida. Dada voz de prisão ao condutor
D. pela fiscalização tributária, somente. do veículo, foi apreendida arma de fogo que estava em sua posse e
E. pelo Ministério Público, somente. que, supostamente, tinha sido utilizada no crime.

33
CONHECIMENTOS EM DIREITO PROCESSUAL PENAL
Considerando essa situação hipotética, julgue o seguinte item. (D) Flagrante esperado é a hipótese viável de autorizar a pri-
De acordo com a classificação doutrinária dominante, a situa- são em flagrante e a constituição válida do crime. Não há agente
ção configura hipótese de flagrante presumido ou ficto. provocador, mas simplesmente chega à polícia a notícia de que um
( )Certo ( )Errado crime será cometido, deslocando agentes para o local, aguardan-
do-se a ocorrência do delito, para realizara prisão.
29. (PRF - Policial Rodoviário Federal – CESPE/2019) Com re- (E) Flagrante impróprio refere-se ao caso em que a polícia se
lação aos meios de prova e os procedimentos inerentes a sua co- utiliza de um agente provocador, induzindo ou instigando o autor a
lheita, no âmbito da investigação criminal, julgue o próximo item. praticar um determinado delito, para descobrir a real autoridade e
A entrada forçada em determinado domicílio é lícita, mesmo materialidade de outro.
sem mandado judicial e ainda que durante a noite, caso esteja
ocorrendo, dentro da casa, situação de flagrante delito nas moda-
lidades próprio, impróprio ou ficto. GABARITO
( )Certo ( ) Errado

30. (SEJUS/PI - Agente Penitenciário - NUCEPE/2016) Samuel


teve voz de prisão dada por Agostinho, seu vizinho que é alfaiate, 1 B
quando tentava esfaquear sua madrasta. Neste caso é possível di- 2 E
zer:
3 D
(A) Agostinho jamais poderia prender Samuel, pois não é po-
licial. 4 D
(B) Agostinho poderia prender Samuel em 48 (quarenta e 5 C
oito) horas depois, se a polícia não tivesse chegado ao local. 6 D
(C) Em face do flagrante delito, Agostinho poderia sim ter
dado voz de prisão a Samuel. 7 B
(D) Agostinho somente poderia dar voz de prisão a Samuel, se 8 C
este tivesse cometido o crime contra sua genitora. 9 C
(E) Samuel somente poderia ser preso em flagrante, se ele ti-
10 A
vesse levado para a Delegacia de Polícia a faca com a qual tentara
esfaquear sua madrasta. 11 E
31. (PC/AC - Delegado de Polícia Civil - IBADE/2017) Tendo 12 C
em vista a correta classificação, considera-se em flagrante delito
13 D
quem:
(A) é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, ob- 14 D
jetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração, ou 15 A
seja, flagrante impróprio. 16 D
(B) acaba de cometer a infração penal, ou seja, flagrante pró-
prio. 17 C
(C) é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido 18 E
ou por qualquer pessoa em situação que faça presumir ser autor 19 D
da infração, ou seja, flagrante presumido.
(D) é preso por flagrante provocado. 20 E
(E) está cometendo a infração penal, ou seja, crime imper- 21 B
feito. 22 A
23 C
32. (PC/PA - Investigador de Polícia Civil - FUNCAB/2016) A
prisão em flagrante consiste em medida restritiva de liberdade de 24 B
natureza cautelar e processual. Em relação às espécies de flagran- 25 E
te, assinale a alternativa correta.
26 A
(A) Flagrante próprio constitui-se na situação do agente que,
logo depois, da prática do crime, embora não tenha sido persegui- 27 D
do, é encontrado portando instrumentos, armas, objetos ou pa- 28 CERTO
péis que demonstrem, por presunção, ser ele o autor da infração. 29 CERTO
(B) Flagrante preparado é a possibilidade que a polícia possui
de retardar a realização da prisão em flagrante, para obter maio- 31 C
res dados e informações a respeito do funcionamento, compo- 31 B
nentes e atuação de uma organização criminosa. 32 D
(C) Flagrante presumido consiste na hipótese em que o agen-
te concluiu a infração penal, ou é interrompido pela chegada de
terceiros, mas sem ser preso no local do delito, pois consegue
fugir, fazendo com que haja perseguição por parte da polícia, da
vítima ou de qualquer pessoa do povo.

34
CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
1. Código de Processo Civil - artigos 144 a 155 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. 188 a 275 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
3. 294 a 311 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
4. Do 318 a 538 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
5. 994 a 1026 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
6. Lei nº 9.099 de 26.09.1995 (artigos 3º ao 19) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
7. Lei nº 12.153 de 22.12.2009 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
§ 2º Será ilegítima a alegação de suspeição quando:
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL - ARTIGOS 144 A 155 I - houver sido provocada por quem a alega;
II - a parte que a alega houver praticado ato que signifique ma-
LEI Nº 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015 nifesta aceitação do arguido.
Art. 146. No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conheci-
Código de Processo Civil. mento do fato, a parte alegará o impedimento ou a suspeição, em
petição específica dirigida ao juiz do processo, na qual indicará o
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- fundamento da recusa, podendo instruí-la com documentos em
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: que se fundar a alegação e com rol de testemunhas.
§ 1º Se reconhecer o impedimento ou a suspeição ao receber a
CAPÍTULO II petição, o juiz ordenará imediatamente a remessa dos autos a seu
DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO substituto legal, caso contrário, determinará a autuação em apar-
tado da petição e, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentará suas
Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer razões, acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas, se
suas funções no processo: houver, ordenando a remessa do incidente ao tribunal.
I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como § 2º Distribuído o incidente, o relator deverá declarar os seus
perito, funcionou como membro do Ministério Público ou prestou efeitos, sendo que, se o incidente for recebido:
depoimento como testemunha; I - sem efeito suspensivo, o processo voltará a correr;
II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo profe- II - com efeito suspensivo, o processo permanecerá suspenso
rido decisão; até o julgamento do incidente.
III - quando nele estiver postulando, como defensor público, § 3º Enquanto não for declarado o efeito em que é recebido
advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou com- o incidente ou quando este for recebido com efeito suspensivo, a
panheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha tutela de urgência será requerida ao substituto legal.
reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; § 4º Verificando que a alegação de impedimento ou de suspei-
IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou ção é improcedente, o tribunal rejeitá-la-á.
companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou § 5º Acolhida a alegação, tratando-se de impedimento ou de
colateral, até o terceiro grau, inclusive; manifesta suspeição, o tribunal condenará o juiz nas custas e re-
V - quando for sócio ou membro de direção ou de administra- meterá os autos ao seu substituto legal, podendo o juiz recorrer da
ção de pessoa jurídica parte no processo; decisão.
VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador § 6º Reconhecido o impedimento ou a suspeição, o tribunal
de qualquer das partes; fixará o momento a partir do qual o juiz não poderia ter atuado.
VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual § 7º O tribunal decretará a nulidade dos atos do juiz, se pratica-
tenha relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação dos quando já presente o motivo de impedimento ou de suspeição.
de serviços; Art. 147. Quando 2 (dois) ou mais juízes forem parentes, con-
VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advo- sanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau,
cacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou inclusive, o primeiro que conhecer do processo impede que o outro
afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mes- nele atue, caso em que o segundo se escusará, remetendo os autos
mo que patrocinado por advogado de outro escritório; ao seu substituto legal.
IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado. Art. 148. Aplicam-se os motivos de impedimento e de suspei-
§ 1º Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica ção:
quando o defensor público, o advogado ou o membro do Ministério I - ao membro do Ministério Público;
Público já integrava o processo antes do início da atividade judican- II - aos auxiliares da justiça;
te do juiz. III - aos demais sujeitos imparciais do processo.
§ 2º É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracte- § 1º A parte interessada deverá arguir o impedimento ou a
rizar impedimento do juiz. suspeição, em petição fundamentada e devidamente instruída, na
§ 3º O impedimento previsto no inciso III também se verifica primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos.
no caso de mandato conferido a membro de escritório de advocacia § 2º O juiz mandará processar o incidente em separado e sem
que tenha em seus quadros advogado que individualmente ostente suspensão do processo, ouvindo o arguido no prazo de 15 (quinze)
a condição nele prevista, mesmo que não intervenha diretamente dias e facultando a produção de prova, quando necessária.
no processo. § 3º Nos tribunais, a arguição a que se refere o § 1º será disci-
Art. 145. Há suspeição do juiz: plinada pelo regimento interno.
I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus § 4º O disposto nos §§ 1º e 2º não se aplica à arguição de impe-
advogados; dimento ou de suspeição de testemunha.
II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na
causa antes ou depois de iniciado o processo, que aconselhar algu- CAPÍTULO III
ma das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar meios DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA
para atender às despesas do litígio;
III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, Art. 149. São auxiliares da Justiça, além de outros cujas atri-
de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes destes, em linha buições sejam determinadas pelas normas de organização judiciá-
reta até o terceiro grau, inclusive; ria, o escrivão, o chefe de secretaria, o oficial de justiça, o perito, o
IV - interessado no julgamento do processo em favor de qual- depositário, o administrador, o intérprete, o tradutor, o mediador,
quer das partes. o conciliador judicial, o partidor, o distribuidor, o contabilista e o
§ 1º Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro ínti- regulador de avarias.
mo, sem necessidade de declarar suas razões.

1
CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
SEÇÃO I VI - certificar, em mandado, proposta de autocomposição apre-
DO ESCRIVÃO, DO CHEFE DE SECRETARIA E DO OFICIAL DE sentada por qualquer das partes, na ocasião de realização de ato de
JUSTIÇA comunicação que lhe couber.
Parágrafo único. Certificada a proposta de autocomposição
Art. 150. Em cada juízo haverá um ou mais ofícios de justiça, prevista no inciso VI, o juiz ordenará a intimação da parte contrá-
cujas atribuições serão determinadas pelas normas de organização ria para manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sem prejuízo do
judiciária. andamento regular do processo, entendendo-se o silêncio como
Art. 151. Em cada comarca, seção ou subseção judiciária ha- recusa.
verá, no mínimo, tantos oficiais de justiça quantos sejam os juízos. Art. 155. O escrivão, o chefe de secretaria e o oficial de justiça
Art. 152. Incumbe ao escrivão ou ao chefe de secretaria: são responsáveis, civil e regressivamente, quando:
I - redigir, na forma legal, os ofícios, os mandados, as cartas I - sem justo motivo, se recusarem a cumprir no prazo os atos
precatórias e os demais atos que pertençam ao seu ofício; impostos pela lei ou pelo juiz a que estão subordinados;
II - efetivar as ordens judiciais, realizar citações e intimações, II - praticarem ato nulo com dolo ou culpa.
bem como praticar todos os demais atos que lhe forem atribuídos
pelas normas de organização judiciária; A Constituição Federal não menciona expressamente o dever
III - comparecer às audiências ou, não podendo fazê-lo, desig- de imparcialidade, mas garante ao jurisdicionado o direito ao juiz
nar servidor para substituí-lo; natural, e essa qualidade só pode ser atribuída àquele órgão que
IV - manter sob sua guarda e responsabilidade os autos, não seja o competente e ao juiz que possa apreciar o conflito submetido
permitindo que saiam do cartório, exceto: à sua decisão com imparcialidade. A lei enumera as situações em
a) quando tenham de seguir à conclusão do juiz; que o juiz não terá isenção de ânimos suficiente para julgar o litígio.
b) com vista a procurador, à Defensoria Pública, ao Ministério Em outras palavras, estabelece as situações em que o juiz deverá se
Público ou à Fazenda Pública; afastar do processo por ser impedido ou suspeito.
c) quando devam ser remetidos ao contabilista ou ao partidor; No impedimento o grau de comprometimento é mais intenso,
d) quando forem remetidos a outro juízo em razão da modifi- ao passo que na suspeição é menor, mas em ambos o esperado
cação da competência; é que o magistrado se afaste do julgamento do processo. É mais
V - fornecer certidão de qualquer ato ou termo do processo, fácil provar o impedimento, detectável por documentos do que a
independentemente de despacho, observadas as disposições refe- suspeição.
rentes ao segredo de justiça; Ambos podem ser alegados por petição simples no processo na
VI - praticar, de ofício, os atos meramente ordinatórios. primeira oportunidade que se tiver conhecimento do fato, tal como
§ 1º O juiz titular editará ato a fim de regulamentar a atribuição na contestação.
prevista no inciso VI. Não obstante, a consequência de se prolatar uma sentença em
§ 2º No impedimento do escrivão ou chefe de secretaria, o juiz impedimento é mais grave do que em suspeição. Embora a lei fale
convocará substituto e, não o havendo, nomeará pessoa idônea em exceção tanto para o impedimento quanto para a suspeição, a
para o ato. verdade é que a exceção de impedimento tem natureza de objeção
Art. 153. O escrivão ou o chefe de secretaria atenderá, prefe- e pode ser proposta a qualquer momento no processo – aliás, se
rencialmente, à ordem cronológica de recebimento para publicação proferida a sentença por juiz impedido poderá ser anulada por ação
e efetivação dos pronunciamentos judiciais. (Redação dada pela Lei rescisória.
Por sua vez, a exceção de suspeição é de fato uma exceção e, se
nº 13.256, de 2016) (Vigência)
não apresentada no prazo legal há preclusão. A arguição de suspei-
§ 1º A lista de processos recebidos deverá ser disponibilizada,
ção deve ser suscitada na primeira oportunidade em que couber à
de forma permanente, para consulta pública.
parte interessada se manifestar nos autos. Ultrapassado o prazo, a
§ 2º Estão excluídos da regra do caput :
situação se convalida.
I - os atos urgentes, assim reconhecidos pelo juiz no pronuncia-
Disciplina o Código de Processo Civil:
mento judicial a ser efetivado;
Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer
II - as preferências legais.
suas funções no processo:
§ 3º Após elaboração de lista própria, respeitar-se-ão a ordem
I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como
cronológica de recebimento entre os atos urgentes e as preferên- perito, funcionou como membro do Ministério Público ou prestou
cias legais. depoimento como testemunha;
§ 4º A parte que se considerar preterida na ordem cronológica II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo profe-
poderá reclamar, nos próprios autos, ao juiz do processo, que re- rido decisão;
quisitará informações ao servidor, a serem prestadas no prazo de III - quando nele estiver postulando, como defensor público, ad-
2 (dois) dias. vogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou compa-
§ 5º Constatada a preterição, o juiz determinará o imediato nheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta
cumprimento do ato e a instauração de processo administrativo ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
disciplinar contra o servidor. IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou
Art. 154. Incumbe ao oficial de justiça: companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou
I - fazer pessoalmente citações, prisões, penhoras, arrestos e colateral, até o terceiro grau, inclusive;
demais diligências próprias do seu ofício, sempre que possível na V - quando for sócio ou membro de direção ou de administra-
presença de 2 (duas) testemunhas, certificando no mandado o ção de pessoa jurídica parte no processo;
ocorrido, com menção ao lugar, ao dia e à hora; VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador
II - executar as ordens do juiz a que estiver subordinado; de qualquer das partes;
III - entregar o mandado em cartório após seu cumprimento; VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual
IV - auxiliar o juiz na manutenção da ordem; tenha relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação
V - efetuar avaliações, quando for o caso; de serviços;

2
CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advoca- Art. 147. Quando 2 (dois) ou mais juízes forem parentes, con-
cia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, sanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau,
em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que inclusive, o primeiro que conhecer do processo impede que o outro
patrocinado por advogado de outro escritório; nele atue, caso em que o segundo se escusará, remetendo os autos
IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado. ao seu substituto legal.
§ 1o  Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica Art. 148. Aplicam-se os motivos de impedimento e de suspei-
quando o defensor público, o advogado ou o membro do Ministério ção:
Público já integrava o processo antes do início da atividade judican- I - ao membro do Ministério Público;
te do juiz. II - aos auxiliares da justiça;
§ 2o É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracte- III - aos demais sujeitos imparciais do processo.
rizar impedimento do juiz. § 1o A parte interessada deverá arguir o impedimento ou a sus-
§ 3o O impedimento previsto no inciso III também se verifica no peição, em petição fundamentada e devidamente instruída, na pri-
caso de mandato conferido a membro de escritório de advocacia meira oportunidade em que lhe couber falar nos autos.
que tenha em seus quadros advogado que individualmente ostente § 2o O juiz mandará processar o incidente em separado e sem
a condição nele prevista, mesmo que não intervenha diretamente suspensão do processo, ouvindo o arguido no prazo de 15 (quinze)
no processo. dias e facultando a produção de prova, quando necessária.
Art. 145. Há suspeição do juiz: § 3o Nos tribunais, a arguição a que se refere o § 1o será discipli-
I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus nada pelo regimento interno.
advogados; § 4o O disposto nos §§ 1o e 2o não se aplica à arguição de impe-
II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na dimento ou de suspeição de testemunha.
causa antes ou depois de iniciado o processo, que aconselhar algu- É interessante observar que as hipóteses de configuração do
ma das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar meios impedimento e da suspeição são as mesmas para os juízes e para
para atender às despesas do litígio; demais sujeitos imparciais do processo, inclusive Ministério Públi-
III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, co, Defensoria Pública e auxiliares da justiça em geral. A mudança se
de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes destes, em linha dá em relação ao procedimento, posto que o incidente para apurar
reta até o terceiro grau, inclusive; o impedimento e a suspeição será instalado pelo próprio magistra-
IV - interessado no julgamento do processo em favor de qual- do, em separado nos autos, que continuarão a andar normalmente,
quer das partes. sem suspensão.
§ 1o Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro ínti- Deve ser adotado o seguinte procedimento para impedimento/
mo, sem necessidade de declarar suas razões. suspeição do juiz:
§ 2o Será ilegítima a alegação de suspeição quando: - Petição específica/alegação na contestação, na qual se indi-
I - houver sido provocada por quem a alega; que o fundamento da recusa, instruída com documentos e rol de
II - a parte que a alega houver praticado ato que signifique ma- testemunhas – Prazo: 15 dias da ciência do fato que motivou a ale-
nifesta aceitação do arguido. gação de impedimento ou suspeição – Dirigida ao juiz do processo.
Art. 146. No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conheci- Situação 1: O juiz pode reconhecer a alegação de impedimento
mento do fato, a parte alegará o impedimento ou a suspeição, em ou suspeição e ordenar a remessa dos autos ao substituto legal.
petição específica dirigida ao juiz do processo, na qual indicará Situação 2: Caso o juiz não se afaste voluntariamente, determi-
o fundamento da recusa, podendo instruí-la com documentos em nará a autuação em apartado da petição e apresentará suas razões
que se fundar a alegação e com rol de testemunhas. em 15 dias, com documentos e rol de testemunhas. Em seguida,
§ 1o Se reconhecer o impedimento ou a suspeição ao receber a remeterá ao Tribunal para julgamento.
petição, o juiz ordenará imediatamente a remessa dos autos a seu - No Tribunal, o relator decidirá sobre o recebimento do inci-
substituto legal, caso contrário, determinará a autuação em apar- dente com ou sem efeito suspensivo. Se conceder o efeito, o pro-
tado da petição e, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentará suas cesso ficará parado até o julgamento do incidente. Se negar, conti-
razões, acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas, se nuará andando normalmente.
houver, ordenando a remessa do incidente ao tribunal. - Se o Tribunal julgar a favor do juiz, o processo seguirá seu
§ 2o Distribuído o incidente, o relator deverá declarar os seus rumo. Se o Tribunal entender que era caso de impedimento ou sus-
efeitos, sendo que, se o incidente for recebido: peição, condenará o juiz às custas e remeterá os autos ao substituto
I - sem efeito suspensivo, o processo voltará a correr; legal, fixando ainda a partir de qual momento o juiz não poderia ter
II - com efeito suspensivo, o processo permanecerá suspenso atuado e anulando atos que possam ter sido praticados de forma
até o julgamento do incidente. parcial.
§ 3o  Enquanto não for declarado o efeito em que é recebido Auxiliares da justiça são todos aqueles que participam do pro-
o incidente ou quando este for recebido com efeito suspensivo, a cesso no sentido de implementar a prestação jurisdicional. Suas
tutela de urgência será requerida ao substituto legal. atribuições são determinadas pelas normas de organização judiciá-
§ 4o Verificando que a alegação de impedimento ou de suspei- ria. Se encontram especificados no artigo 149, CPC:
ção é improcedente, o tribunal rejeitá-la-á. Art. 149. São auxiliares da Justiça, além de outros cujas atribui-
§ 5o  Acolhida a alegação, tratando-se de impedimento ou de ções sejam determinadas pelas normas de organização judiciária,
manifesta suspeição, o tribunal condenará o juiz nas custas e re- o escrivão, o chefe de secretaria, o oficial de justiça, o perito, o
meterá os autos ao seu substituto legal, podendo o juiz recorrer da depositário, o administrador, o intérprete, o tradutor, o mediador,
decisão. o conciliador judicial, o partidor, o distribuidor, o contabilista e o
§ 6o Reconhecido o impedimento ou a suspeição, o tribunal fi- regulador de avarias.
xará o momento a partir do qual o juiz não poderia ter atuado. Desse conceito se encontram excluídas as partes, as testemu-
§ 7o O tribunal decretará a nulidade dos atos do juiz, se pratica- nhas, o Ministério Público e os advogados. São permanentes ou
dos quando já presente o motivo de impedimento ou de suspeição. eventuais. Os permanentes são os auxiliares que aparecem em to-
dos ou quase todos os processos, por exemplo, o escrivão, o ofi-

3
CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
cial de justiça e o distribuidor. Já os eventuais são os auxiliares que II - que versem sobre casamento, separação de corpos, di-
atuam em certos tipos de processos, aparecendo nas relações pro- vórcio, separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de
cessuais de forma esporádica, como, por exemplo, os intérpretes crianças e adolescentes;
ou os peritos. III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucio-
nal à intimidade;
a) Escrivão e Chefe de Secretaria IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento
O escrivão ou o chefe de secretaria devem redigir os ofícios, de carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbi-
os mandados, as cartas precatórias e os demais atos que perten- tragem seja comprovada perante o juízo.
çam ao seu ofício; efetivar as ordens judiciais, realizar citações e § 1º O direito de consultar os autos de processo que tramite
intimações; comparecer às audiências; manter sob sua guarda e em segredo de justiça e de pedir certidões de seus atos é restrito às
responsabilidade os autos; fornecer certidão dos atos e termos do partes e aos seus procuradores.
processo; praticar atos processuais ordinatórios (artigo 152, CPC). § 2º O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode reque-
No cumprimento de suas atribuições, deve dar preferência à ordem rer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de inven-
cronológica de recebimento para publicação e efetivação dos pro- tário e de partilha resultantes de divórcio ou separação.
nunciamentos (artigo 153, CPC).
Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam au-
b) Oficial de Justiça tocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipular mu-
Os oficiais de justiça são responsáveis por fazer pessoalmente danças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa
citações, prisões, penhoras, arrestos e demais diligências próprias e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres
do seu ofício; pela execução das ordens judiciais; por entregar man- processuais, antes ou durante o processo.
dado em cartório após cumprido; por auxiliar o juiz a manter a or- Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará
dem; efetuar avaliações; e certificar eventual proposta de autocom- a validade das convenções previstas neste artigo, recusando-lhes
posição apresentada por parte nos atos de intimação ou citação aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção abusiva
(artigo 154, CPC). em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em
Estes auxiliares são responsáveis pelo cumprimento de seus manifesta situação de vulnerabilidade.
atos nos prazos e formas legais:
Art. 155. O escrivão, o chefe de secretaria e o oficial de justiça Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar ca-
são responsáveis, civil e regressivamente, quando: lendário para a prática dos atos processuais, quando for o caso.
I - sem justo motivo, se recusarem a cumprir no prazo os atos § 1º O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos nele
impostos pela lei ou pelo juiz a que estão subordinados; previstos somente serão modificados em casos excepcionais, devi-
II - praticarem ato nulo com dolo ou culpa. damente justificados.
Assim, cabe a responsabilização civil e regressiva do escrivão, § 2º Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato
do chefe de secretaria e do oficial de justiça, quando: sem justo mo- processual ou a realização de audiência cujas datas tiverem sido de-
signadas no calendário.
tivo, se recusarem a cumprir no prazo os atos impostos pela lei ou
pelo juiz a que estão subordinados; praticarem ato nulo com dolo
Art. 192. Em todos os atos e termos do processo é obrigatório
ou culpa. Trata-se de responsabilidade subjetiva, pois depende de
o uso da língua portuguesa.
dolo ou culpa, em que pese o Estado responder pelos danos causa-
Parágrafo único. O documento redigido em língua estrangeira
dos de forma objetiva.
somente poderá ser juntado aos autos quando acompanhado de
versão para a língua portuguesa tramitada por via diplomática ou
pela autoridade central, ou firmada por tradutor juramentado.
188 A 275
SEÇÃO II
DA PRÁTICA ELETRÔNICA DE ATOS PROCESSUAIS
LIVRO IV
DOS ATOS PROCESSUAIS Art. 193. Os atos processuais podem ser total ou parcialmente
digitais, de forma a permitir que sejam produzidos, comunicados,
TÍTULO I armazenados e validados por meio eletrônico, na forma da lei.
DA FORMA, DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS Parágrafo único. O disposto nesta Seção aplica-se, no que for
cabível, à prática de atos notariais e de registro.
CAPÍTULO I
DA FORMA DOS ATOS PROCESSUAIS Art. 194. Os sistemas de automação processual respeitarão
a publicidade dos atos, o acesso e a participação das partes e de
SEÇÃO I seus procuradores, inclusive nas audiências e sessões de julgamen-
DOS ATOS EM GERAL to, observadas as garantias da disponibilidade, independência da
plataforma computacional, acessibilidade e interoperabilidade dos
Art. 188. Os atos e os termos processuais independem de for- sistemas, serviços, dados e informações que o Poder Judiciário ad-
ma determinada, salvo quando a lei expressamente a exigir, con- ministre no exercício de suas funções.
siderando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe preen-
cham a finalidade essencial. Art. 195. O registro de ato processual eletrônico deverá ser
feito em padrões abertos, que atenderão aos requisitos de auten-
Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam ticidade, integridade, temporalidade, não repúdio, conservação e,
em segredo de justiça os processos: nos casos que tramitem em segredo de justiça, confidencialidade,
I - em que o exija o interesse público ou social; observada a infraestrutura de chaves públicas unificada nacional-
mente, nos termos da lei.

4
CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
Art. 196. Compete ao Conselho Nacional de Justiça e, supleti- Art. 204. Acórdão é o julgamento colegiado proferido pelos
vamente, aos tribunais, regulamentar a prática e a comunicação tribunais.
oficial de atos processuais por meio eletrônico e velar pela compa-
tibilidade dos sistemas, disciplinando a incorporação progressiva Art. 205. Os despachos, as decisões, as sentenças e os acórdãos
de novos avanços tecnológicos e editando, para esse fim, os atos serão redigidos, datados e assinados pelos juízes.
que forem necessários, respeitadas as normas fundamentais deste § 1º Quando os pronunciamentos previstos no caput forem
Código. proferidos oralmente, o servidor os documentará, submetendo-os
aos juízes para revisão e assinatura.
Art. 197. Os tribunais divulgarão as informações constantes de § 2º A assinatura dos juízes, em todos os graus de jurisdição,
seu sistema de automação em página própria na rede mundial de pode ser feita eletronicamente, na forma da lei.
computadores, gozando a divulgação de presunção de veracidade § 3º Os despachos, as decisões interlocutórias, o dispositivo
e confiabilidade. das sentenças e a ementa dos acórdãos serão publicados no Diário
Parágrafo único. Nos casos de problema técnico do sistema e de Justiça Eletrônico.
de erro ou omissão do auxiliar da justiça responsável pelo registro
dos andamentos, poderá ser configurada a justa causa prevista no SEÇÃO V
art. 223, caput e § 1o. DOS ATOS DO ESCRIVÃO OU DO CHEFE DE SECRETARIA

Art. 198. As unidades do Poder Judiciário deverão manter gra- Art. 206. Ao receber a petição inicial de processo, o escrivão ou
tuitamente, à disposição dos interessados, equipamentos necessá- o chefe de secretaria a autuará, mencionando o juízo, a natureza
rios à prática de atos processuais e à consulta e ao acesso ao siste- do processo, o número de seu registro, os nomes das partes e a
ma e aos documentos dele constantes. data de seu início, e procederá do mesmo modo em relação aos
Parágrafo único. Será admitida a prática de atos por meio não volumes em formação.
eletrônico no local onde não estiverem disponibilizados os equipa-
mentos previstos no caput. Art. 207. O escrivão ou o chefe de secretaria numerará e rubri-
cará todas as folhas dos autos.
Art. 199. As unidades do Poder Judiciário assegurarão às pes- Parágrafo único. À parte, ao procurador, ao membro do Mi-
soas com deficiência acessibilidade aos seus sítios na rede mundial nistério Público, ao defensor público e aos auxiliares da justiça é
de computadores, ao meio eletrônico de prática de atos judiciais, à facultado rubricar as folhas correspondentes aos atos em que in-
comunicação eletrônica dos atos processuais e à assinatura eletrô- tervierem.
nica.
Art. 208. Os termos de juntada, vista, conclusão e outros se-
SEÇÃO III melhantes constarão de notas datadas e rubricadas pelo escrivão
DOS ATOS DAS PARTES ou pelo chefe de secretaria.

Art. 200. Os atos das partes consistentes em declarações uni- Art. 209. Os atos e os termos do processo serão assinados
laterais ou bilaterais de vontade produzem imediatamente a consti- pelas pessoas que neles intervierem, todavia, quando essas não
tuição, modificação ou extinção de direitos processuais. puderem ou não quiserem firmá-los, o escrivão ou o chefe de secre-
Parágrafo único. A desistência da ação só produzirá efeitos taria certificará a ocorrência.
após homologação judicial. § 1º Quando se tratar de processo total ou parcialmente docu-
mentado em autos eletrônicos, os atos processuais praticados na
Art. 201. As partes poderão exigir recibo de petições, arrazoa- presença do juiz poderão ser produzidos e armazenados de modo
dos, papéis e documentos que entregarem em cartório. integralmente digital em arquivo eletrônico inviolável, na forma da
lei, mediante registro em termo, que será assinado digitalmente
Art. 202. É vedado lançar nos autos cotas marginais ou interli- pelo juiz e pelo escrivão ou chefe de secretaria, bem como pelos
neares, as quais o juiz mandará riscar, impondo a quem as escrever advogados das partes.
multa correspondente à metade do salário-mínimo. § 2º Na hipótese do § 1º, eventuais contradições na transcri-
ção deverão ser suscitadas oralmente no momento de realização
SEÇÃO IV do ato, sob pena de preclusão, devendo o juiz decidir de plano e
DOS PRONUNCIAMENTOS DO JUIZ ordenar o registro, no termo, da alegação e da decisão.

Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em senten- Art. 210. É lícito o uso da taquigrafia, da estenotipia ou de
ças, decisões interlocutórias e despachos. outro método idôneo em qualquer juízo ou tribunal.
§ 1º Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos
especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, Art. 211. Não se admitem nos atos e termos processuais espaços
com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do em branco, salvo os que forem inutilizados, assim como entrelinhas,
procedimento comum, bem como extingue a execução. emendas ou rasuras, exceto quando expressamente ressalvadas.
§ 2º Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de
natureza decisória que não se enquadre no § 1º. CAPÍTULO II
§ 3º São despachos todos os demais pronunciamentos do juiz DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS
praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte.
§ 4º Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista SEÇÃO I
obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de DO TEMPO
ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessário.
Art. 212. Os atos processuais serão realizados em dias úteis,
das 6 (seis) às 20 (vinte) horas.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
§ 1º Serão concluídos após as 20 (vinte) horas os atos iniciados - Despacho ou despachos de mero expediente – são os atos
antes, quando o adiamento prejudicar a diligência ou causar grave desprovidos de conteúdo decisório, dos quais não cabe recurso al-
dano. gum.
§ 2º Independentemente de autorização judicial, as citações, - Decisões interlocutórias – quando o juiz, no curso do proces-
intimações e penhoras poderão realizar-se no período de férias fo- so, resolve uma questão incidente, profere decisão durante o trâ-
renses, onde as houver, e nos feriados ou dias úteis fora do horário mite processual.
estabelecido neste artigo, observado o disposto no art. 5º, inciso XI, - Sentenças – art. 203, §1º – é o ato do juiz que implica numa
da Constituição Federal. das situações, isto é, que contém uma das matérias, previstas nos
§ 3º Quando o ato tiver de ser praticado por meio de petição artigos 485 ou 487, desde que coloque fim ao processo todo ou à
em autos não eletrônicos, essa deverá ser protocolada no horário fase de cognição.
de funcionamento do fórum ou tribunal, conforme o disposto na lei - Acórdãos – decisões tomadas por um órgão colegiado.
de organização judiciária local. - Decisões monocráticas – as proferidas por um dos integran-
tes do colegiado, por exemplo, relator do acórdão. Cabe recurso, o
Art. 213. A prática eletrônica de ato processual pode ocorrer agravo interno (mesmo os embargos de declaração, se interpostos,
em qualquer horário até as 24 (vinte e quatro) horas do último dia poderão ser recebidos como agravo interno), no prazo de 5 dias.
do prazo.
Parágrafo único. O horário vigente no juízo perante o qual o c) Atos dos servidores
ato deve ser praticado será considerado para fins de atendimento Os auxiliares da justiça também praticam atos processuais.
do prazo. Ex.: Oficial de justiça praticando o ato de penhora, citação ou
intimação.
Art. 214. Durante as férias forenses e nos feriados, não se pra-
ticarão atos processuais, excetuando-se: 3. Formas e requisitos
I - os atos previstos no art. 212, § 2o; A lei buscou conciliar o princípio da liberdade de forma com o
II - a tutela de urgência. da legalidade.
Em regra, os atos processuais não dependem de forma deter-
Art. 215. Processam-se durante as férias forenses, onde as minada. Contudo, há casos em que a lei impõe determinada forma
houver, e não se suspendem pela superveniência delas: para o ato processual, cominando a pena de nulidade para o seu
I - os procedimentos de jurisdição voluntária e os necessários desrespeito. Por seu turno, a nulidade só será declarada se o ato
à conservação de direitos, quando puderem ser prejudicados pelo não preencher a sua finalidade.
adiamento;
São requisitos gerais:
II - a ação de alimentos e os processos de nomeação ou remo-
- redação no vernáculo, exigindo-se tradução juramentada se
ção de tutor e curador;
não estiverem em português;
III - os processos que a lei determinar.
- atos orais também praticados em português, podendo se fa-
zer presente intérprete;
Art. 216. Além dos declarados em lei, são feriados, para efeito
- atos datilografados ou escritos (salvo a possibilidade de grava-
forense, os sábados, os domingos e os dias em que não haja expe-
ção fonográfica nos juizados especiais);
diente forense.
- veda-se o uso de abreviaturas e de espaços em branco;
SEÇÃO II - necessária a conferência de publicidade em regra (salvo se-
DO LUGAR gredo de justiça – interesse público e ações de família); praticados
na sede do juízo;
Art. 217. Os atos processuais realizar-se-ão ordinariamente na - praticados no prazo determinado;
sede do juízo, ou, excepcionalmente, em outro lugar em razão de - realizados em dias úteis (sábado – predomina que é possível
deferência, de interesse da justiça, da natureza do ato ou de obstá- praticar atos externos com autorização do juiz como penhora e ci-
culo arguido pelo interessado e acolhido pelo juiz. tação, mas a contagem de prazos não pode começar nem terminar
nele porque não existe expediente forense), no curso do dia (das
1. Conceito 6 às 20 horas, sendo que o protocolo pode fechar antes conforme
Atos são condutas humanas que geram repercussão no Direi- previsão da lei de organização judiciária do órgão); nas férias foren-
to. Os atos processuais são os atos que possuem ligação com um ses, que somente existem em órgãos da 1ª instância, atos urgentes
processo e repercutem nele. Na verdade, por definição, o processo e excepcionais podem ser praticados.
é um conjunto de atos que se sucedem no tempo e que têm por
objetivo a obtenção da tutela jurisdicional. CAPÍTULO III
DOS PRAZOS
2. Classificação quanto ao sujeito processual
a) Atos da parte SEÇÃO I
- Declarações unilaterais de vontade – postulações em geral e DISPOSIÇÕES GERAIS
manifestações de vontade. Ex: petição inicial e impugnação à con-
testação para o autor; contestação, exceções, impugnações e ações Art. 218.  Os atos processuais serão realizados nos prazos pres-
declaratórias incidentais pelo réu. critos em lei.
- Declarações bilaterais de vontade – transações, acordos. § 1o Quando a lei for omissa, o juiz determinará os prazos em
consideração à complexidade do ato.
b) Atos do juiz § 2o Quando a lei ou o juiz não determinar prazo, as intimações
No âmbito dos atos do juiz estão diversos provimentos ou pro- somente obrigarão a comparecimento após decorridas 48 (quaren-
nunciamentos, notadamente: ta e oito) horas.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
§ 3o Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo juiz, III - as sentenças no prazo de 30 (trinta) dias.
será de 5 (cinco) dias o prazo para a prática de ato processual a
cargo da parte. Art. 227.  Em qualquer grau de jurisdição, havendo motivo jus-
§ 4o Será considerado tempestivo o ato praticado antes do ter- tificado, pode o juiz exceder, por igual tempo, os prazos a que está
mo inicial do prazo. submetido.

Art. 219.  Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei Art. 228.  Incumbirá ao serventuário remeter os autos conclu-
ou pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis. sos no prazo de 1 (um) dia e executar os atos processuais no prazo
Parágrafo único.  O disposto neste artigo aplica-se somente aos de 5 (cinco) dias, contado da data em que:
prazos processuais. I - houver concluído o ato processual anterior, se lhe foi imposto
pela lei;
Art. 220.  Suspende-se o curso do prazo processual nos dias II - tiver ciência da ordem, quando determinada pelo juiz.
compreendidos entre 20 de dezembro e 20 de janeiro, inclusive. § 1o Ao receber os autos, o serventuário certificará o dia e a
§ 1o Ressalvadas as férias individuais e os feriados instituídos hora em que teve ciência da ordem referida no inciso II.
por lei, os juízes, os membros do Ministério Público, da Defensoria § 2o Nos processos em autos eletrônicos, a juntada de petições
Pública e da Advocacia Pública e os auxiliares da Justiça exercerão ou de manifestações em geral ocorrerá de forma automática, inde-
suas atribuições durante o período previsto no caput. pendentemente de ato de serventuário da justiça.
§ 2o Durante a suspensão do prazo, não se realizarão audiên-
cias nem sessões de julgamento. Art. 229.  Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores,
de escritórios de advocacia distintos, terão prazos contados em do-
Art. 221.  Suspende-se o curso do prazo por obstáculo criado bro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribu-
em detrimento da parte ou ocorrendo qualquer das hipóteses do nal, independentemente de requerimento.
art. 313, devendo o prazo ser restituído por tempo igual ao que fal- § 1o Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas
tava para sua complementação. 2 (dois) réus, é oferecida defesa por apenas um deles.
Parágrafo único.  Suspendem-se os prazos durante a execução § 2o Não se aplica o disposto no caput aos processos em autos
de programa instituído pelo Poder Judiciário para promover a auto- eletrônicos.
composição, incumbindo aos tribunais especificar, com antecedên-
cia, a duração dos trabalhos. Art. 230.  O prazo para a parte, o procurador, a Advocacia Pú-
blica, a Defensoria Pública e o Ministério Público será contado da
Art. 222.  Na comarca, seção ou subseção judiciária onde for citação, da intimação ou da notificação.
difícil o transporte, o juiz poderá prorrogar os prazos por até 2 (dois)
meses. Art. 231.  Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia
§ 1o Ao juiz é vedado reduzir prazos peremptórios sem anuência do começo do prazo:
das partes. I - a data de juntada aos autos do aviso de recebimento, quan-
§ 2o Havendo calamidade pública, o limite previsto no caput do a citação ou a intimação for pelo correio;
para prorrogação de prazos poderá ser excedido. II - a data de juntada aos autos do mandado cumprido, quando
a citação ou a intimação for por oficial de justiça;
Art. 223.  Decorrido o prazo, extingue-se o direito de praticar III - a data de ocorrência da citação ou da intimação, quando
ou de emendar o ato processual, independentemente de declaração ela se der por ato do escrivão ou do chefe de secretaria;
judicial, ficando assegurado, porém, à parte provar que não o rea- IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz,
lizou por justa causa. quando a citação ou a intimação for por edital;
§ 1o Considera-se justa causa o evento alheio à vontade da par- V - o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação ou da inti-
te e que a impediu de praticar o ato por si ou por mandatário. mação ou ao término do prazo para que a consulta se dê, quando a
§ 2o Verificada a justa causa, o juiz permitirá à parte a prática citação ou a intimação for eletrônica;
do ato no prazo que lhe assinar. VI - a data de juntada do comunicado de que trata o art. 232
ou, não havendo esse, a data de juntada da carta aos autos de ori-
Art. 224.  Salvo disposição em contrário, os prazos serão con- gem devidamente cumprida, quando a citação ou a intimação se
tados excluindo o dia do começo e incluindo o dia do vencimento. realizar em cumprimento de carta;
§ 1o Os dias do começo e do vencimento do prazo serão protraí- VII - a data de publicação, quando a intimação se der pelo Diá-
dos para o primeiro dia útil seguinte, se coincidirem com dia em que rio da Justiça impresso ou eletrônico;
o expediente forense for encerrado antes ou iniciado depois da hora VIII - o dia da carga, quando a intimação se der por meio da
normal ou houver indisponibilidade da comunicação eletrônica. retirada dos autos, em carga, do cartório ou da secretaria.
§ 2o Considera-se como data de publicação o primeiro dia útil § 1o Quando houver mais de um réu, o dia do começo do prazo
seguinte ao da disponibilização da informação no Diário da Justiça para contestar corresponderá à última das datas a que se referem
eletrônico. os incisos I a VI do caput.
§ 3o A contagem do prazo terá início no primeiro dia útil que § 2o Havendo mais de um intimado, o prazo para cada um é
seguir ao da publicação. contado individualmente.
§ 3o Quando o ato tiver de ser praticado diretamente pela par-
Art. 225.  A parte poderá renunciar ao prazo estabelecido ex- te ou por quem, de qualquer forma, participe do processo, sem a
clusivamente em seu favor, desde que o faça de maneira expressa. intermediação de representante judicial, o dia do começo do prazo
para cumprimento da determinação judicial corresponderá à data
Art. 226.  O juiz proferirá: em que se der a comunicação.
I - os despachos no prazo de 5 (cinco) dias; § 4o Aplica-se o disposto no inciso II do caput à citação com
II - as decisões interlocutórias no prazo de 10 (dez) dias; hora certa.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
Art. 232.  Nos atos de comunicação por carta precatória, ro- Já os atos impostos ao juiz e aos seus auxiliares não são preclu-
gatória ou de ordem, a realização da citação ou da intimação será sivos, não há perda da faculdade e nem desaparecimento da obriga-
imediatamente informada, por meio eletrônico, pelo juiz deprecado ção de praticar o ato. Por exemplo, o juiz não se exime do dever de
ao juiz deprecante. sentenciar porque passou o prazo de 10 dias previsto em lei.
Nos prazos impróprios, sanções administrativas e outras são
SEÇÃO II possíveis, mas não sanções processuais.
DA VERIFICAÇÃO DOS PRAZOS E DAS PENALIDADES A lei fixa o prazo – em anos, meses, dias, horas ou minutos. Em
casos excepcionais as partes podem convencionar os prazos.
Art. 233.  Incumbe ao juiz verificar se o serventuário excedeu, Os prazos legais se classificam em peremptórios, que não po-
sem motivo legítimo, os prazos estabelecidos em lei. dem ser modificados pela vontade das partes (ex: resposta, recurso,
§ 1o Constatada a falta, o juiz ordenará a instauração de pro- incidente de falsidade, nomeação de bens à penhora, embargos do
cesso administrativo, na forma da lei. devedor, ajuizamento de ação principal após cautelar), e dilatórios,
§ 2o Qualquer das partes, o Ministério Público ou a Defensoria que podem ser reduzidos ou prorrogados por convenção das par-
Pública poderá representar ao juiz contra o serventuário que injusti- tes (ex: arrolar testemunhas, formular quesitos, manifestar sobre a
ficadamente exceder os prazos previstos em lei. produção de provas).
Na contagem de prazo, exclui-se o dia do começo e inclui-se o
Art. 234.  Os advogados públicos ou privados, o defensor pú- dia do vencimento, mas o prazo não pode iniciar e nem terminar
blico e o membro do Ministério Público devem restituir os autos no em dia que não seja dia útil.
prazo do ato a ser praticado. O prazo pode ser suspenso (hipóteses do artigo 221, CPC) ou
§ 1o É lícito a qualquer interessado exigir os autos do advogado interrompido (quando o réu requerer desmembramento do proces-
que exceder prazo legal. so em virtude de litisconsórcio multitudinário).
§ 2o Se, intimado, o advogado não devolver os autos no prazo Na falta de determinação legal, o prazo é de 5 dias.
de 3 (três) dias, perderá o direito à vista fora de cartório e incorrerá
em multa correspondente à metade do salário-mínimo. TÍTULO II
§ 3o Verificada a falta, o juiz comunicará o fato à seção local DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS
da Ordem dos Advogados do Brasil para procedimento disciplinar e
imposição de multa. CAPÍTULO I
§ 4o Se a situação envolver membro do Ministério Público, da DISPOSIÇÕES GERAIS
Defensoria Pública ou da Advocacia Pública, a multa, se for o caso,
será aplicada ao agente público responsável pelo ato. Os atos processuais serão comunicados a quem de interesse
§ 5o Verificada a falta, o juiz comunicará o fato ao órgão com- – partes, testemunhas, Ministério Público, intervenientes. A lei pro-
petente responsável pela instauração de procedimento disciplinar cessual regula como se dá a comunicação destes atos.
contra o membro que atuou no feito.
Art. 236.  Os atos processuais serão cumpridos por ordem ju-
Art. 235.  Qualquer parte, o Ministério Público ou a Defensoria dicial.
Pública poderá representar ao corregedor do tribunal ou ao Conse- § 1o Será expedida carta para a prática de atos fora dos limites
lho Nacional de Justiça contra juiz ou relator que injustificadamente territoriais do tribunal, da comarca, da seção ou da subseção judi-
exceder os prazos previstos em lei, regulamento ou regimento in-
ciárias, ressalvadas as hipóteses previstas em lei.
terno.
§ 2o O tribunal poderá expedir carta para juízo a ele vinculado,
§ 1o Distribuída a representação ao órgão competente e ouvido
se o ato houver de se realizar fora dos limites territoriais do local de
previamente o juiz, não sendo caso de arquivamento liminar, será
sua sede.
instaurado procedimento para apuração da responsabilidade, com
§ 3o Admite-se a prática de atos processuais por meio de video-
intimação do representado por meio eletrônico para, querendo,
conferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e
apresentar justificativa no prazo de 15 (quinze) dias.
imagens em tempo real.
§ 2o Sem prejuízo das sanções administrativas cabíveis, em até
48 (quarenta e oito) horas após a apresentação ou não da justifica-
tiva de que trata o § 1o, se for o caso, o corregedor do tribunal ou O juiz determina a prática do ato processual que deva ser le-
o relator no Conselho Nacional de Justiça determinará a intimação vado a conhecimento alheio. Ex.: manifestar-se sobre determinado
do representado por meio eletrônico para que, em 10 (dez) dias, assunto ou comparecer a uma audiência. Logo, para que o ato seja
pratique o ato. praticado é preciso dar ciência da determinação judicial neste sen-
§ 3o Mantida a inércia, os autos serão remetidos ao substituto tido.
legal do juiz ou do relator contra o qual se representou para decisão Contudo, o juiz possui competência limitada porque a jurisdi-
em 10 (dez) dias. ção, ainda que seja una, é dividida em parcelas. Cada juiz possui
uma parcela de jurisdição e não pode ingressar na parcela alheia.
Prazo é a distância de tempo entre dois atos. No processo é ne- Então, se o juiz determinar a prática de um ato processual fora dos
cessário o estabelecimento de prazos para que ele não se eternize. limites de sua jurisdição precisará solicitar a cooperação do juízo
Quando o prazo tem a capacidade de gerar preclusão, trata-se de competente mediante carta (precatória entre juízos dentro do Bra-
prazo próprio; quando não existe a possibilidade de preclusão pelo sil, rogatória para juízo fora do Brasil, de ordem quando partir do
desrespeito, o prazo é impróprio. Tribunal para juízo de primeira instância).
De modo geral, a natureza dos prazos impostos às partes é
preclusiva, significa que o desrespeito implica na perda da facul- Art. 237.  Será expedida carta:
dade processual de praticar o ato. Por exemplo, se não contestar a I - de ordem, pelo tribunal, na hipótese do § 2o do art. 236;
ação será revel. Contudo, nem todos os prazos são preclusivos. Por II - rogatória, para que órgão jurisdicional estrangeiro pratique
exemplo, se não se manifestar sobre os documentos juntados pelo ato de cooperação jurídica internacional, relativo a processo em
réu pode fazê-lo depois. curso perante órgão jurisdicional brasileiro;

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
III - precatória, para que órgão jurisdicional brasileiro pratique § 2o Rejeitada a alegação de nulidade, tratando-se de processo
ou determine o cumprimento, na área de sua competência territo- de:
rial, de ato relativo a pedido de cooperação judiciária formulado por I - conhecimento, o réu será considerado revel;
órgão jurisdicional de competência territorial diversa; II - execução, o feito terá seguimento.
IV - arbitral, para que órgão do Poder Judiciário pratique ou de-
termine o cumprimento, na área de sua competência territorial, de A citação válida gera efeitos determinados:
ato objeto de pedido de cooperação judiciária formulado por juízo a) Induz litispendência: a ação considera-se proposta quando
arbitral, inclusive os que importem efetivação de tutela provisória. distribuída, eis que o artigo 312 do CPC/2015 prevê que “considera-
Parágrafo único.  Se o ato relativo a processo em curso na justi- -se proposta a ação quando a petição inicial for protocolada, toda-
ça federal ou em tribunal superior houver de ser praticado em local via, a propositura da ação só produz quanto ao réu os efeitos men-
onde não haja vara federal, a carta poderá ser dirigida ao juízo cionados no art. 240 depois que for validamente citado”. Uma vez
estadual da respectiva comarca. proposta, existe lide pendente. Contudo, o efeito da litispendência
somente se opera com a citação válida. Por isso, se existirem, em
O CPC/2015 inova ao criar uma modalidade de carta denomi- curso, duas ou mais demandas idênticas, deverá permanecer ape-
nada arbitral, que serve para que um juízo de arbitragem solicite ao nas aquela em que se aperfeiçoou a primeira citação válida. As de-
Judiciário as providências para fazer com que a decisão arbitral seja mais deverão ser extintas.
cumprida. A Lei nº 9307/1996 reformulou o instituto da arbitragem b) Faz litigiosa a coisa: é com a citação válida que o objeto do
no Brasil, de modo que a sentença arbitral não estaria mais sujeita à processo se torna litigioso. Isso é muito importante para fins de
homologação pelo Poder Judiciário, tendo caráter definitivo, sendo fraude contra credores e fraude À execução, porque a alienação de
que a escolha do juízo arbitral geraria extinção do processo sem jul- bem, quando sobre ele pender ação fundada em direito real, ou de
gamento do mérito. Logo, para fins de dizer o direito o juízo arbitral bens, quando correr contra o devedor demanda capaz de reduzi-lo
tem bastante força, mas a lei não transfere a ele o poder de coação à insolvência, será em fraude à execução, desde que o devedor já
que só o Estado tem. Então, para que o juízo arbitral faça valer na tenha sido citado.
prática suas decisões, satisfazendo o credor, precisa da colaboração c) Constitui em mora o devedor: o devedor reputa-se em mora
do Judiciário e o instrumento para fazê-lo é a carta arbitral. desde o momento em que citado, salvo se tiver sido constituído em
mora anteriormente. Há obrigações que possuem termo certo de
CAPÍTULO II vencimento nas quais o devedor está em mora transcorrido o prazo
DA CITAÇÃO para adimplemento (ex.: contratos com prazo); além de casos em
que a lei fixa termo anterior para a mora, como no caso dos atos
Art. 238.  Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o ilícitos, constituindo-se em mora da data do fato. Não obstante, é
executado ou o interessado para integrar a relação processual. possível constituir em mora antes da citação, por exemplo, median-
te notificação extrajudicial.
Citação é o ato pelo qual se dá ciência ao réu, ao executado d) Interrompe a prescrição: a citação válida interrompe a pres-
(na ação de execução autônoma, pois quando a execução se dá em crição, ainda quando ordenada por juízo incompetente. Tal efeito se
fase seguida ao processo de conhecimento ou no curso dele – exe- estende aos prazos decadenciais. Frisa-se que para o efeito retroa-
cução provisória – não é necessária nova citação) ou ao interessado tivo à propositura da ação se operar é preciso que a citação ocorra
dentro de 10 dias da propositura, mas se houver demora que não
(interveniente. Ex.: denunciação da lide; chamamento ao proces-
se justifique por culpa do autor (ex: ele recolheu as custas e o oficial
so) da existência do processo, concedendo-lhe a possibilidade de
de justiça demorou pra fazer a diligência, ou a carta de citação se
se defender. A finalidade da citação é cientificar o réu, o executado
extraviou) o efeito se opera mesmo ultrapassado o prazo. Caso não
ou o interessado de que há um processo em curso e que eles têm
seja interrompida a tempo e se consume, o juiz declarará a prescri-
oportunidade para defender-se.
ção de ofício, extinguindo o processo.
A citação é um ato essencial no processo, porque ela que com-
pleta a relação jurídico-processual. Até que ocorra a citação válida o
Art. 240.  A citação válida, ainda quando ordenada por juízo in-
processo existe apenas para autor e juiz, mas não para o réu. Neste competente, induz litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui
sentido, a citação é pressuposto processual de existência. Por seu em mora o devedor, ressalvado o disposto nos arts. 397 e 398 da
turno, é preciso lembrar que no início da fase postulatória o réu ain- Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil).
da não foi chamado ao processo, como quando a inicial é indeferida § 1o A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que
ou quando se dá a improcedência liminar do pedido sem interposi- ordena a citação, ainda que proferido por juízo incompetente, re-
ção de apelação. Além disso, mesmo que a citação se dê contrária troagirá à data de propositura da ação.
à forma estabelecida em lei, se convalidará com o comparecimento § 2o Incumbe ao autor adotar, no prazo de 10 (dez) dias, as pro-
do citando ao processo. Em outras palavras, se o citando compa- vidências necessárias para viabilizar a citação, sob pena de não se
recer ao processo para arguir a nulidade ele será tido como citado aplicar o disposto no § 1o.
(a citação não precisa se renovar) e se sua arguição for acolhida se § 3o A parte não será prejudicada pela demora imputável ex-
abrirá novo prazo para resposta (se não for acolhida será tido como clusivamente ao serviço judiciário.
revel no processo de conhecimento e perderá o prazo para opor § 4o O efeito retroativo a que se refere o § 1o aplica-se à deca-
embargos à execução no processo de execução). dência e aos demais prazos extintivos previstos em lei.

Art. 239.  Para a validade do processo é indispensável a citação Quanto às modalidades de citação, a regra é que seja pessoal
do réu ou do executado, ressalvadas as hipóteses de indeferimento (mediante correio ou oficial de justiça), aceitando-se excepcional-
da petição inicial ou de improcedência liminar do pedido. mente que seja ficta (por hora certa pelo oficial de justiça ou por
§ 1o O comparecimento espontâneo do réu ou do executado edital mediante publicação).
supre a falta ou a nulidade da citação, fluindo a partir desta data A citação pessoal pode ser direta, quando feita na pessoa do
o prazo para apresentação de contestação ou de embargos à exe- citando ou de seu representante legal (se for capaz o citando será
cução. citado pessoalmente, se absolutamente incapaz pelo seu represen-

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
tante, se relativamente incapaz tanto pessoalmente quanto pelo A citação deve ser real, aceitando-se a ficta excepcionalmente.
seu representante), ou indireta, quando feita a alguém que tenha Então, primeiro serão tomadas providências para localizar o citando
poderes de vincular o réu (procurador legalmente habilitado ou ter- caso faltem informações neste sentido, viabilizando a citação real.
ceiro que por força de lei ou contrato tenha poderes de vincular Em regra, a citação real se fará por correio com AR (aviso de rece-
o réu, como seu empregado ou preposto, aceitando-se quanto a bimento), mas a lei prevê casos em que a citação deve ser feita por
pessoas jurídicas a dispensa da formalidade de entrega direta ao oficial de justiça e assegura que quando a citação por correio for
destinatário/sócio ou administrador). infrutífera será feita nova tentativa por oficial de justiça. Também
ocorre citação real quando feita por meio eletrônico para pessoas
Art. 242.  A citação será pessoal, podendo, no entanto, ser feita devidamente cadastradas no sistema para recebê-la.
na pessoa do representante legal ou do procurador do réu, do exe- Quando não for possível a citação real, por exemplo, porque o
cutado ou do interessado. réu não foi encontrado apesar das diligências ou porque ele está se
§ 1o Na ausência do citando, a citação será feita na pessoa de esquivando propositalmente de recebê-la, parte-se para a citação
seu mandatário, administrador, preposto ou gerente, quando a ficta. A citação ficta por hora certa é realizada por oficial de justiça
ação se originar de atos por eles praticados. munido de mandado quando por duas vezes ele tenta encontrar o
§ 2o O locador que se ausentar do Brasil sem cientificar o lo- citando e não consegue, percebendo que ele na verdade está se
catário de que deixou, na localidade onde estiver situado o imó- ocultando (requisitos cumulativos: não encontrar + intenção de
vel, procurador com poderes para receber citação será citado na ocultação), de modo que ele deixa avisado que voltará em dia e
pessoa do administrador do imóvel encarregado do recebimento hora seguintes para citar, mesmo que o citando não esteja presen-
dos aluguéis, que será considerado habilitado para representar o te. A citação ficta por edital mediante publicação na internet é feita
locador em juízo. quando o réu não é encontrado apesar de inúmeras tentativas, não
§ 3o A citação da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos sendo o caso de citar por hora certa porque não se tem certeza do
Municípios e de suas respectivas autarquias e fundações de direito endereço e nem se percebe a ocultação, ou quando a lei determina
público será realizada perante o órgão de Advocacia Pública respon- a citação geral de réus indeterminados.
sável por sua representação judicial.
Art. 246.  A citação será feita:
Art. 243.  A citação poderá ser feita em qualquer lugar em que I - pelo correio;
se encontre o réu, o executado ou o interessado.
II - por oficial de justiça;
Parágrafo único.  O militar em serviço ativo será citado na uni-
III - pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citando compa-
dade em que estiver servindo, se não for conhecida sua residência
recer em cartório;
ou nela não for encontrado.
IV - por edital;
Art. 244. Não se fará a citação, salvo para evitar o perecimento V - por meio eletrônico, conforme regulado em lei.
do direito: § 1o Com exceção das microempresas e das empresas de peque-
I - de quem estiver participando de ato de culto religioso; no porte, as empresas públicas e privadas são obrigadas a manter
II - de cônjuge, de companheiro ou de qualquer parente do mor- cadastro nos sistemas de processo em autos eletrônicos, para efei-
to, consanguíneo ou afim, em linha reta ou na linha colateral em to de recebimento de citações e intimações, as quais serão efetua-
segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes; das preferencialmente por esse meio.
III - de noivos, nos 3 (três) primeiros dias seguintes ao casa- § 2o O disposto no § 1o aplica-se à União, aos Estados, ao Dis-
mento; trito Federal, aos Municípios e às entidades da administração in-
IV - de doente, enquanto grave o seu estado. direta.
§ 3o Na ação de usucapião de imóvel, os confinantes serão cita-
Art. 245.  Não se fará citação quando se verificar que o citando dos pessoalmente, exceto quando tiver por objeto unidade autôno-
é mentalmente incapaz ou está impossibilitado de recebê-la. ma de prédio em condomínio, caso em que tal citação é dispensada.
§ 1o O oficial de justiça descreverá e certificará minuciosamen-
te a ocorrência. Art. 247.  A citação será feita pelo correio para qualquer co-
§ 2o Para examinar o citando, o juiz nomeará médico, que apre- marca do país, exceto:
sentará laudo no prazo de 5 (cinco) dias. I - nas ações de estado, observado o disposto no art. 695, § 3o;
§ 3o Dispensa-se a nomeação de que trata o § 2o se pessoa da II - quando o citando for incapaz;
família apresentar declaração do médico do citando que ateste a III - quando o citando for pessoa de direito público;
incapacidade deste. IV - quando o citando residir em local não atendido pela entre-
§ 4o Reconhecida a impossibilidade, o juiz nomeará curador ao ga domiciliar de correspondência;
citando, observando, quanto à sua escolha, a preferência estabele- V - quando o autor, justificadamente, a requerer de outra for-
cida em lei e restringindo a nomeação à causa. ma.
§ 5o A citação será feita na pessoa do curador, a quem incum-
birá a defesa dos interesses do citando.
Art. 248.  Deferida a citação pelo correio, o escrivão ou o chefe
de secretaria remeterá ao citando cópias da petição inicial e do
Por sua vez, a lei processual estabelece quatro tipos de citação:
despacho do juiz e comunicará o prazo para resposta, o endereço
pelo correio, por oficial de justiça, por edital e por meio eletrônico.
Distinguem-se, entre essas espécies, formas de citação real e ficta. do juízo e o respectivo cartório.
É real quando se tem certeza de que ela chegou a conhecimento do § 1o A carta será registrada (AR)para entrega ao citando, exi-
réu e é ficta aquela que não é recebida diretamente pelo réu (moti- gindo-lhe o carteiro, ao fazer a entrega, que assine o recibo.
vo pelo qual, se ele não comparece, é nomeado curador especial). § 2o Sendo o citando pessoa jurídica, será válida a entrega do
A citação por edital e a citação por hora certa (que é uma espé- mandado a pessoa com poderes de gerência geral ou de adminis-
cie de citação por mandado – oficial de justiça) são as duas espécies tração ou, ainda, a funcionário responsável pelo recebimento de
de citação ficta. A citação real se dá por correio ou por mandado. correspondências.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
§ 3o Da carta de citação no processo de conhecimento consta- Art. 254.  Feita a citação com hora certa, o escrivão ou chefe
rão os requisitos do art. 250. de secretaria enviará ao réu, executado ou interessado, no prazo
§ 4o Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com con- de 10 (dez) dias, contado da data da juntada do mandado aos au-
trole de acesso, será válida a entrega do mandado a funcionário tos, carta, telegrama ou correspondência eletrônica, dando-lhe de
da portaria responsável pelo recebimento de correspondência, que, tudo ciência.
entretanto, poderá recusar o recebimento, se declarar, por escrito,
sob as penas da lei, que o destinatário da correspondência está au- Art. 255.  Nas comarcas contíguas de fácil comunicação e nas
sente. que se situem na mesma região metropolitana, o oficial de justiça
poderá efetuar, em qualquer delas, citações, intimações, notifica-
Art. 249.  A citação será feita por meio de oficial de justiça nas ções, penhoras e quaisquer outros atos executivos.
hipóteses previstas neste Código ou em lei, ou quando frustrada a
citação pelo correio. Art. 256.  A citação por edital será feita:
I - quando desconhecido ou incerto o citando;
Art. 250.  O mandado que o oficial de justiça tiver de cumprir II - quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se
conterá: encontrar o citando;
I - os nomes do autor e do citando e seus respectivos domicílios III - nos casos expressos em lei.
ou residências; § 1o Considera-se inacessível, para efeito de citação por edital,
II - a finalidade da citação, com todas as especificações cons- o país que recusar o cumprimento de carta rogatória.
tantes da petição inicial, bem como a menção do prazo para contes- § 2o No caso de ser inacessível o lugar em que se encontrar o
tar, sob pena de revelia, ou para embargar a execução; réu, a notícia de sua citação será divulgada também pelo rádio, se
III - a aplicação de sanção para o caso de descumprimento da na comarca houver emissora de radiodifusão.
ordem, se houver; § 3o O réu será considerado em local ignorado ou incerto se
IV - se for o caso, a intimação do citando para comparecer, infrutíferas as tentativas de sua localização, inclusive mediante
acompanhado de advogado ou de defensor público, à audiência de requisição pelo juízo de informações sobre seu endereço nos cadas-
conciliação ou de mediação, com a menção do dia, da hora e do tros de órgãos públicos ou de concessionárias de serviços públicos.
lugar do comparecimento;
V - a cópia da petição inicial, do despacho ou da decisão que Art. 257.  São requisitos da citação por edital:
deferir tutela provisória; I - a afirmação do autor ou a certidão do oficial informando a
VI - a assinatura do escrivão ou do chefe de secretaria e a de- presença das circunstâncias autorizadoras;
claração de que o subscreve por ordem do juiz. II - a publicação do edital na rede mundial de computadores,
no sítio do respectivo tribunal e na plataforma de editais do Conse-
Art. 251.   Incumbe ao oficial de justiça procurar o citando e, lho Nacional de Justiça, que deve ser certificada nos autos;
onde o encontrar, citá-lo: III - a determinação, pelo juiz, do prazo, que variará entre 20
I - lendo-lhe o mandado e entregando-lhe a contrafé; (vinte) e 60 (sessenta) dias, fluindo da data da publicação única ou,
II - portando por fé se recebeu ou recusou a contrafé; havendo mais de uma, da primeira;
III - obtendo a nota de ciente ou certificando que o citando IV - a advertência de que será nomeado curador especial em
não a apôs no mandado. caso de revelia.
Parágrafo único.  O juiz poderá determinar que a publicação
Art. 252.  Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver do edital seja feita também em jornal local de ampla circulação ou
procurado o citando em seu domicílio ou residência sem o encon- por outros meios, considerando as peculiaridades da comarca, da
trar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer pes- seção ou da subseção judiciárias.
soa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil
imediato, voltará a fim de efetuar a citação, na hora que designar. Art. 258.  A parte que requerer a citação por edital, alegando
Parágrafo único.  Nos condomínios edilícios ou nos loteamen- dolosamente a ocorrência das circunstâncias autorizadoras para
tos com controle de acesso, será válida a intimação a que se refere o sua realização, incorrerá em multa de 5 (cinco) vezes o salário-mí-
caput feita a funcionário da portaria responsável pelo recebimento nimo.
de correspondência. Parágrafo único.  A multa reverterá em benefício do citando.

Art. 253.  No dia e na hora designados, o oficial de justiça, inde- Art. 259.  Serão publicados editais: 
pendentemente de novo despacho, comparecerá ao domicílio ou à I - na ação de usucapião de imóvel;
residência do citando a fim de realizar a diligência. II - na ação de recuperação ou substituição de título ao por-
§ 1o Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça pro- tador;
curará informar-se das razões da ausência, dando por feita a ci- III - em qualquer ação em que seja necessária, por determina-
tação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca, ção legal, a provocação, para participação no processo, de interes-
seção ou subseção judiciárias. sados incertos ou desconhecidos.
§ 2o A citação com hora certa será efetivada mesmo que a pes-
soa da família ou o vizinho que houver sido intimado esteja au- CAPÍTULO III
sente, ou se, embora presente, a pessoa da família ou o vizinho se DAS CARTAS
recusar a receber o mandado.
§ 3o Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará con- Art. 260.  São requisitos das cartas de ordem, precatória e ro-
trafé com qualquer pessoa da família ou vizinho, conforme o caso, gatória:
declarando-lhe o nome. I - a indicação dos juízes de origem e de cumprimento do ato;
§ 4o O oficial de justiça fará constar do mandado a advertência II - o inteiro teor da petição, do despacho judicial e do instru-
de que será nomeado curador especial se houver revelia. mento do mandato conferido ao advogado;

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
III - a menção do ato processual que lhe constitui o objeto; § 1o O escrivão ou o chefe de secretaria, no mesmo dia ou no
IV - o encerramento com a assinatura do juiz. dia útil imediato, telefonará ou enviará mensagem eletrônica ao se-
§ 1o O juiz mandará trasladar para a carta quaisquer outras cretário do tribunal, ao escrivão ou ao chefe de secretaria do juízo
peças, bem como instruí-la com mapa, desenho ou gráfico, sempre deprecante, lendo-lhe os termos da carta e solicitando-lhe que os
que esses documentos devam ser examinados, na diligência, pelas confirme.
partes, pelos peritos ou pelas testemunhas. § 2o Sendo confirmada, o escrivão ou o chefe de secretaria sub-
§ 2o Quando o objeto da carta for exame pericial sobre docu- meterá a carta a despacho.
mento, este será remetido em original, ficando nos autos reprodu-
ção fotográfica. Art. 266.  Serão praticados de ofício os atos requisitados por
§ 3o A carta arbitral atenderá, no que couber, aos requisitos a meio eletrônico e de telegrama, devendo a parte depositar, contu-
que se refere o caput e será instruída com a convenção de arbitra- do, na secretaria do tribunal ou no cartório do juízo deprecante, a
gem e com as provas da nomeação do árbitro e de sua aceitação importância correspondente às despesas que serão feitas no juízo
da função. em que houver de praticar-se o ato.

Entre os requisitos essenciais das cartas estão a menção do juí- A carta emitida por meio eletrônico tem os mesmos requisitos
zo deprecante e do deprecado, a íntegra do ato judicial sobre o qual da carta impressa. Por uma questão de celeridade processual o ato
se refere a carta, além do mandato dos advogados e da assinatura é praticado de ofício e depois a parte pagará por ele.
do juiz.
Art. 267.  O juiz recusará cumprimento a carta precatória ou
Art. 261.  Em todas as cartas o juiz fixará o prazo para cumpri- arbitral, devolvendo-a com decisão motivada quando:
mento, atendendo à facilidade das comunicações e à natureza da I - a carta não estiver revestida dos requisitos legais;
diligência. II - faltar ao juiz competência em razão da matéria ou da hie-
§ 1o As partes deverão ser intimadas pelo juiz do ato de expe- rarquia;
dição da carta. III - o juiz tiver dúvida acerca de sua autenticidade.
§ 2o Expedida a carta, as partes acompanharão o cumprimento Parágrafo único.  No caso de incompetência em razão da ma-
da diligência perante o juízo destinatário, ao qual compete a prática téria ou da hierarquia, o juiz deprecado, conforme o ato a ser pra-
dos atos de comunicação. ticado, poderá remeter a carta ao juiz ou ao tribunal competente.
§ 3o A parte a quem interessar o cumprimento da diligência
cooperará para que o prazo a que se refere o caput seja cumprido. Art. 268. Cumprida a carta, será devolvida ao juízo de origem
no prazo de 10 (dez) dias, independentemente de traslado, pagas as
Toda carta tem fixado prazo para ser cumprido. No mais, a car-
custas pela parte.
ta não se cumprirá automaticamente, caberá à parte interessada
tomar providências para tanto. Sempre que a carta é distribuída se
A carta poderá ser cumprida e devolvida ao juízo de origem ou
cria um número de acompanhamento do processo, cadastrando-se
então o juízo deprecado poderá se recusar a cumpri-la, apresentan-
os advogados, que irão praticar atos no curso da carta.
do justificativas. Não cabe recusa desmotivada ou justificada fora
das hipóteses do artigo 267.
Art. 262.  A carta tem caráter itinerante, podendo, antes ou
depois de lhe ser ordenado o cumprimento, ser encaminhada a juízo
CAPÍTULO IV
diverso do que dela consta, a fim de se praticar o ato.
Parágrafo único.  O encaminhamento da carta a outro juízo DAS INTIMAÇÕES
será imediatamente comunicado ao órgão expedidor, que intima-
rá as partes. Art. 269.  Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém
dos atos e dos termos do processo.
Nos termos da legislação, se o juízo deprecado não tiver como § 1o É facultado aos advogados promover a intimação do ad-
cumprir a Carta porque esta deve ser cumprida em outro lugar de- vogado da outra parte por meio do correio, juntando aos autos, a
verá remetê-la ao juízo competente e não devolvê-la não cumpri- seguir, cópia do ofício de intimação e do aviso de recebimento.
da ao juízo deprecante. Na prática, sabemos que nem sempre isso § 2o O ofício de intimação deverá ser instruído com cópia do
ocorre. despacho, da decisão ou da sentença.
§ 3o A intimação da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Art. 263.  As cartas deverão, preferencialmente, ser expedidas Municípios e de suas respectivas autarquias e fundações de direito
por meio eletrônico, caso em que a assinatura do juiz deverá ser público será realizada perante o órgão de Advocacia Pública res-
eletrônica, na forma da lei. ponsável por sua representação judicial.

Art. 264.  A carta de ordem e a carta precatória por meio eletrô- Art. 270.  As intimações realizam-se, sempre que possível, por
nico, por telefone ou por telegrama conterão, em resumo substan- meio eletrônico, na forma da lei.
cial, os requisitos mencionados no art. 250, especialmente no que Parágrafo único.  Aplica-se ao Ministério Público, à Defensoria
se refere à aferição da autenticidade. Pública e à Advocacia Pública o disposto no § 1o do art. 246.

Art. 265.  O secretário do tribunal, o escrivão ou o chefe de se- Art. 271.  O juiz determinará de ofício as intimações em pro-
cretaria do juízo deprecante transmitirá, por telefone, a carta de cessos pendentes, salvo disposição em contrário.
ordem ou a carta precatória ao juízo em que houver de se cumprir o
ato, por intermédio do escrivão do primeiro ofício da primeira vara, Art. 272.  Quando não realizadas por meio eletrônico, consi-
se houver na comarca mais de um ofício ou de uma vara, observan- deram-se feitas as intimações pela publicação dos atos no órgão
do-se, quanto aos requisitos, o disposto no art. 264. oficial.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
§ 1o Os advogados poderão requerer que, na intimação a eles Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e
dirigida, figure apenas o nome da sociedade a que pertençam, des- termos do processo, geralmente para que faça ou deixe de fazer
de que devidamente registrada na Ordem dos Advogados do Brasil. alguma coisa. A intimação pode ser voltada às partes, aos auxilia-
§ 2o Sob pena de nulidade, é indispensável que da publicação res da justiça (peritos, depositários, testemunhas) ou a terceiros a
constem os nomes das partes e de seus advogados, com o respec- quem cumpre realizar determinado ato no processo. A intimação é
tivo número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil, ou, se necessária sempre que o destinatário não tome ciência do ato dire-
assim requerido, da sociedade de advogados. tamente (ex.: se está na audiência não precisa ser intimado). Quase
§ 3o A grafia dos nomes das partes não deve conter abrevia- sempre a intimação é feita na pessoa do advogado.
turas. São pessoais à parte aquelas intimações em que há determi-
§ 4o A grafia dos nomes dos advogados deve corresponder ao nação judicial para que ela própria cumpra determinado ato para o
nome completo e ser a mesma que constar da procuração ou que qual não se exige capacidade postulatória. Os demais atos devem
estiver registrada na Ordem dos Advogados do Brasil. ser comunicados ao advogado porque em geral ele que toma ciên-
§ 5o Constando dos autos pedido expresso para que as comuni- cia das decisões, das designações de audiência, das provas determi-
cações dos atos processuais sejam feitas em nome dos advogados nadas e da sentença.
indicados, o seu desatendimento implicará nulidade. Sempre que possível a intimação se faz por meio eletrônico,
§ 6o A retirada dos autos do cartório ou da secretaria em carga com publicação no Diário Oficial eletrônico (portal próprio disponí-
pelo advogado, por pessoa credenciada a pedido do advogado ou vel na Internet). Dispensa-se a publicação no Diário Oficial impres-
da sociedade de advogados, pela Advocacia Pública, pela Defenso- so. A intimação deve conter os nomes das partes (salvo segredo de
ria Pública ou pelo Ministério Público implicará intimação de qual- justiça, resumindo-se às iniciais) e dos advogados com o número da
quer decisão contida no processo retirado, ainda que pendente de OAB, informações suficientes para a identificação. O prazo corre da
publicação. data da publicação, excluído o dia de início e incluído o do final. É
§ 7o O advogado e a sociedade de advogados deverão requerer nestes moldes que se faz a intimação do advogado.
o respectivo credenciamento para a retirada de autos por prepos- Determinados órgãos têm o Direito de serem intimados pes-
to. soalmente com abertura de vistas, como o Ministério Público, a De-
§ 8o A parte arguirá a nulidade da intimação em capítulo pre- fensoria Pública, a Fazenda Pública.
liminar do próprio ato que lhe caiba praticar, o qual será tido por Já o modo prioritário de intimação das partes e dos seus repre-
tempestivo se o vício for reconhecido. sentantes legais é a intimação pelo correio, cabendo, no entanto,
§ 9o Não sendo possível a prática imediata do ato diante da a intimação em cartório se eles se fizerem presentes. Frustrada a
necessidade de acesso prévio aos autos, a parte limitar-se-á a ar- intimação pelo correio, se faz por oficial de justiça.
guir a nulidade da intimação, caso em que o prazo será contado da
intimação da decisão que a reconheça. - Nulidades
Quando a lei estabelece forma, a sua inobservância pode
Art. 273.  Se inviável a intimação por meio eletrônico e não acarretar ineficácia do ato processual. O mesmo ocorre se houver
houver na localidade publicação em órgão oficial, incumbirá ao es- desrespeito a requisitos quanto ao seu modo, tempo e lugar. Tais
crivão ou chefe de secretaria intimar de todos os atos do processo imperfeições podem ser reduzidas a três categorias: meras irregu-
os advogados das partes: laridades, nulidades e inexistência.
I - pessoalmente, se tiverem domicílio na sede do juízo; Os atos meramente irregulares derivam da não observância de
II - por carta registrada, com aviso de recebimento, quando fo- formalidades que não são tão relevantes, não gerando nenhuma
rem domiciliados fora do juízo. consequência no processo. Ex.: usou tinta clara e não escura na prá-
tica do ato.
Art. 274.  Não dispondo a lei de outro modo, as intimações se- Nulidades processuais são as que decorrem da não observân-
rão feitas às partes, aos seus representantes legais, aos advogados cia de requisitos de validade. A nulidade sana-se com o decurso do
e aos demais sujeitos do processo pelo correio ou, se presentes em tempo. No processo civil, não existem nulidades de pleno direito.
cartório, diretamente pelo escrivão ou chefe de secretaria. Sendo assim, a nulidade deve ser declarada. Reconhecida, faz com
Parágrafo único.  Presumem-se válidas as intimações dirigidas que sejam refeitos os atos processuais prejudicados pela nulidade.
ao endereço constante dos autos, ainda que não recebidas pes- As nulidades podem ser absolutas, quando atingirem interesse de
soalmente pelo interessado, se a modificação temporária ou defi- ordem pública (podendo ser reconhecidas de ofício e alegadas por
nitiva não tiver sido devidamente comunicada ao juízo, fluindo os qualquer das partes e pelo Ministério Público), e relativas, quando
prazos a partir da juntada aos autos do comprovante de entrega da somente atingirem os interesses das partes (somente a parte inte-
correspondência no primitivo endereço. ressada poderá alegar). Independente do tipo de nulidade, o siste-
ma processual adota o critério da instrumentalidade das formas e
Art. 275.  A intimação será feita por oficial de justiça quando da preservação dos atos processuais – sendo assim, não há nulida-
frustrada a realização por meio eletrônico ou pelo correio. de sem prejuízo. Se buscará a regularização das nulidades repetindo
§ 1o  A certidão de intimação deve conter: apenas os atos visivelmente prejudicados por ela.
I - a indicação do lugar e a descrição da pessoa intimada, men- Atos inexistentes são aqueles sem os quais o processo nem ao
cionando, quando possível, o número de seu documento de identi- menos existe. Por exemplo, se a citação não respeitar os requisitos
dade e o órgão que o expediu; e o réu não comparecer ao processo, para ele este é inexistente. Ele
II - a declaração de entrega da contrafé; poderá entrar com ação declaratória de inexistência.
III - a nota de ciente ou a certidão de que o interessado não a
apôs no mandado.
§ 2o Caso necessário, a intimação poderá ser efetuada com
hora certa ou por edital.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
Obs.: A principal diferença entre a executiva lato sensu e a
294 A 311 mandamental é que na mandamental quem tem que cumprir é o
devedor, ao passo que na executiva, se o devedor não cumprir es-
Tipos e formas de tutela jurisdicional pontaneamente, o Estado o fará.
- Tutelas de conhecimento: nos processos de conhecimento Não obstante, há quem defenda uma sexta categoria. A catego-
é possível detectar 5 espécies de tutela jurisdicional que podem ria “f” seria a das sentenças determinativas ou dispositivas (norma-
ser prestadas, conforme a classificação de Pontes de Miranda. Esta tização) – Alguns autores estabelecem esta categoria – É aquela em
classificação doutrinária fixa as tutelas cuja eficácia prepondera na que o juiz, com sua vontade, complementa a vontade do legislador
sentença que presta a jurisdição. e cria uma norma jurídica específica para o caso concreto. Ex.: regu-
a) Meramente declaratórias (certificação) – É aquela pela qual lamentação de visitas, revisão de cláusula contratual.
o juiz atesta ou certifica a existência ou não de uma relação / si- Marcus Vinícius Rios Gonçalves, contra a classificação de Pon-
tuação jurídica controvertida ou a falsidade / autenticidade de um tes de Miranda, diz que mandamental e executiva são 2 espécies de
documento. Natureza ex tunc. Não forma título executivo. Ex.: in- tutela condenatória.
vestigatória de paternidade, usucapião, nulidade de negócio jurídi- - Tutelas de urgência: existem tutelas jurisdicionais que serão
co, sentenças de improcedência, interdição (posição majoritária). prestadas em caráter de urgência, podendo ser cautelar ou anteci-
Obs.: Em toda sentença, mesmo que o pedido tenha por essên- pada.
cia outro cunho, o juiz declara quem tem razão. Então, toda senten- a) Cautelar – A tutela jurisdicional cautelar é aquela que serve
ça é declaratória, ainda que não em sua essência. Contudo, algumas para proteger pessoas, provas e bens em situação de risco: as medi-
são exclusivamente declaratórias. das para assegurar bens compreendem as que visam garantir uma
b) Constitutivas ou desconstitutivas (inovação) – É aquela pela futura execução forçada e as que somente procuram manter um
qual o juiz cria (positivas, constituem), modifica (modificativas, al- estado de coisa; as medidas para assegurar pessoas compreendem
teram) ou extingue (negativas, desconstituem) uma relação ou si- providências relativas à guarda provisória de pessoas e as destina-
tuação jurídica. Natureza ex nunc. Não forma título executivo. Ex.: das a satisfazer suas necessidades urgentes; as medidas para asse-
adoção, adjudicação compulsória, ação de revisão de cláusula con- gurar provas compreendem a antecipação de coleta de elementos
tratual, modificação de guarda, divórcio, desconstituição do poder de convicção a serem utilizadas na futura instrução do processo
familiar, ação rescisória e rescisão de contrato. Perceba-se que a principal.
ação constitutiva pode ser voluntária (há litígio) ou necessária (não b) Antecipada – A tutela jurisdicional antecipada é aquela que
há litígio mas a lei obriga). antecipa o resultado útil do processo e confere ao postulante aquilo
c) Condenatórias (execução forçada) – É aquela em que se re- que somente teria quando da decisão final transitada em julgado.
conhece um dever de prestar cujo inadimplemento autoriza o início - Tutela inibitória: Esta forma de tutela tem por objetivo, prote-
da fase de cumprimento e de execução. Resulta na formação de um ger o direito, a pretensão antes que efetivamente venha ser lesado
título executivo judicial. O juiz não só declara a existência do direito ou mesmo ameaçado, sendo, portanto, forma preventiva de tutela.
em favor do autor, mas concede a ele a possibilidade de valer-se Trata-se de tutela anterior à sua prática, e não de uma tutela volta-
de sanção executiva, fornecendo-lhe meios para tanto. A eficácia é da para o passado, como a tradicional tutela ressarcitória.
ex tunc, retroagindo à data da propositura da ação. Ex.: cobrança,
indenizatória, repetição de indébito, ação de regresso. Tutela definitiva
Em geral, as sentenças condenatórias já indicam qual o bem Foi aprofundada anteriormente.
devido pelo réu e sua quantidade. No entanto, admitem-se senten-
ças condenatórias alternativas (decide pela existência de uma obri- Tutela provisória
gação de dar coisa incerta ou de uma obrigação alternativa, reco- LIVRO V
nhecendo ambas, embora só uma deva ser cumprida), genéricas ou DA TUTELA PROVISÓRIA
ilíquidas (é necessário propor uma fase de liquidação da sentença
determinando o quantum), e condicionais (exigência condicionada TÍTULO I
de evento futuro certo – termo – ou incerto – condição). DISPOSIÇÕES GERAIS
d) Executivas lato sensu (autoexecutoriedade) – É aquela que
contém mecanismos que permitem a imediata satisfação do ven- Art. 294.  A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência
cedor sem a necessidade de início da nova fase no processo. Têm ou evidência.
natureza condenatória e dispensam a fase de execução para que o Parágrafo único.  A tutela provisória de urgência, cautelar ou
comando da sentença seja cumprido, isto é, a satisfação não é obti- antecipada, pode ser concedida em caráter antecedente ou inci-
da em 2 fases, mas em uma só. Logo que transita em julgado, é ex- dental.
pedido mandado judicial para cumprir a sentença, sem que se exija A tutela de urgência é baseada na necessidade de se assegurar
outro ato processual. Ex.: despejo, reintegração de posse, todas as o provimento jurisdicional, retirando do risco o bem jurídico; já a
demandas para entrega de coisa que sejam procedentes. tutela de evidência se baseia apenas no fato de ser autoevidente a
e) Mandamentais ou injuncionais (ordem) – São aquelas que alegação ou no fato de persistir uma conduta protelatória no feito.
contêm uma ordem que deve ser cumprida pelo próprio destina- Sendo assim, a primeira pode ser antecedente ou incidental, ao pas-
tário (e não por um serventuário), sob pena de crime ou multa e so que a segunda somente será incidental.
penas do artigo 14. Enfim, o juiz profere uma declaração reconhe-
cendo o direito, condena o réu, aplicando uma sanção, que não é Art. 295. A tutela provisória requerida em caráter incidental
simplesmente a condenação, é também a imposição de uma me- independe do pagamento de custas.
dida, um comando, que permite a tomada de medidas concretas e Se requeria a tutela provisória (cautelar ou de mérito) no curso
efetivas para o vencedor satisfazer seu direito sem a necessidade do processo de conhecimento dispensa-se o recolhimento de custas.
de processo autônomo de execução. Descumprida a ordem, o juiz
pode determinar providências que pressionem o devedor, como a Art. 296.  A tutela provisória conserva sua eficácia na pendên-
fixação de multa diária, conhecidas como astreintes. Ex.: mandado cia do processo, mas pode, a qualquer tempo, ser revogada ou mo-
de segurança, obrigações de fazer ou não fazer. dificada.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
Parágrafo único.  Salvo decisão judicial em contrário, a tutela CAPÍTULO II
provisória conservará a eficácia durante o período de suspensão DO PROCEDIMENTO DA TUTELA ANTECIPADA REQUERIDA
do processo. EM CARÁTER ANTECEDENTE

Art. 297.  O juiz poderá determinar as medidas que considerar Art. 303.  Nos casos em que a urgência for contemporânea à
adequadas para efetivação da tutela provisória. propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se ao requeri-
Parágrafo único.  A efetivação da tutela provisória observará mento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela fi-
as normas referentes ao cumprimento provisório da sentença, no nal, com a exposição da lide, do direito que se busca realizar e do
que couber. perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo.
§ 1o Concedida a tutela antecipada a que se refere o caput des-
Art. 298.  Na decisão que conceder, negar, modificar ou revogar te artigo:
a tutela provisória, o juiz motivará seu convencimento de modo I - o autor deverá aditar a petição inicial, com a complemen-
claro e preciso. tação de sua argumentação, a juntada de novos documentos e a
confirmação do pedido de tutela final, em 15 (quinze) dias ou em
Art. 299.  A tutela provisória será requerida ao juízo da causa outro prazo maior que o juiz fixar;
e, quando antecedente, ao juízo competente para conhecer do pe- II - o réu será citado e intimado para a audiência de conciliação
dido principal. ou de mediação na forma do art. 334;
Parágrafo único.  Ressalvada disposição especial, na ação de III - não havendo autocomposição, o prazo para contestação
competência originária de tribunal e nos recursos a tutela provisó- será contado na forma do art. 335.
ria será requerida ao órgão jurisdicional competente para apreciar § 2o Não realizado o aditamento a que se refere o inciso I do §
o mérito. 1o deste artigo, o processo será extinto sem resolução do mérito.
§ 3o O aditamento a que se refere o inciso I do § 1o deste ar-
TÍTULO II tigo dar-se-á nos mesmos autos, sem incidência de novas custas
DA TUTELA DE URGÊNCIA processuais.
§ 4o Na petição inicial a que se refere o caput deste artigo, o
CAPÍTULO I autor terá de indicar o valor da causa, que deve levar em conside-
DISPOSIÇÕES GERAIS ração o pedido de tutela final.
§ 5o O autor indicará na petição inicial, ainda, que pretende va-
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver ler-se do benefício previsto no caput deste artigo.
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo § 6o Caso entenda que não há elementos para a concessão de
de dano ou o risco ao resultado útil do processo. tutela antecipada, o órgão jurisdicional determinará a emenda da
§ 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, confor- petição inicial em até 5 (cinco) dias, sob pena de ser indeferida e de
me o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir o processo ser extinto sem resolução de mérito.
os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser
dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder Art. 304.  A tutela antecipada, concedida nos termos do art.
oferecê-la. 303, torna-se estável se da decisão que a conceder não for interpos-
§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou to o respectivo recurso.
após justificação prévia. § 1o No caso previsto no caput, o processo será extinto.
§ 3o A tutela de urgência de natureza antecipada não será con- § 2o Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intui-
cedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da to de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada
decisão. nos termos do caput.
§ 3o A tutela antecipada conservará seus efeitos enquanto não
Art. 301.  A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser revista, reformada ou invalidada por decisão de mérito proferida na
efetivada mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, regis- ação de que trata o § 2o.
tro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra medida § 4o Qualquer das partes poderá requerer o desarquivamento
idônea para asseguração do direito. dos autos em que foi concedida a medida, para instruir a petição
inicial da ação a que se refere o § 2o, prevento o juízo em que a tute-
Art. 302.  Independentemente da reparação por dano proces- la antecipada foi concedida.
sual, a parte responde pelo prejuízo que a efetivação da tutela de § 5o  O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela anteci-
urgência causar à parte adversa, se: pada, previsto no § 2o deste artigo, extingue-se após 2 (dois) anos,
I - a sentença lhe for desfavorável; contados da ciência da decisão que extinguiu o processo, nos ter-
II - obtida liminarmente a tutela em caráter antecedente, não mos do § 1o.
fornecer os meios necessários para a citação do requerido no prazo § 6o A decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas
a estabilidade dos respectivos efeitos só será afastada por decisão
de 5 (cinco) dias;
que a revir, reformar ou invalidar, proferida em ação ajuizada por
III - ocorrer a cessação da eficácia da medida em qualquer hi-
uma das partes, nos termos do § 2o deste artigo.
pótese legal;
IV - o juiz acolher a alegação de decadência ou prescrição da
CAPÍTULO III
pretensão do autor.
DO PROCEDIMENTO DA TUTELA CAUTELAR REQUERIDA EM
Parágrafo único.  A indenização será liquidada nos autos em
CARÁTER ANTECEDENTE
que a medida tiver sido concedida, sempre que possível.
Art. 305.  A petição inicial da ação que visa à prestação de tute-
la cautelar em caráter antecedente indicará a lide e seu fundamen-
to, a exposição sumária do direito que se objetiva assegurar e o
perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
Parágrafo único.  Caso entenda que o pedido a que se refere 1. Tutela provisória: cautelar e antecipada de mérito
o caput tem natureza antecipada, o juiz observará o disposto no Basicamente, o pedido cautelar e o pedido de antecipação de
art. 303. tutela1 visam preservar os possíveis resultados finais a serem obti-
dos pelas vias de conhecimento e de execução. Tratam-se de ins-
Art. 306.  O réu será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, trumentos de que a atividade jurisdicional dispõe para contornar
contestar o pedido e indicar as provas que pretende produzir. os efeitos deletérios do tempo sobre o processo: por exemplo, de
nada valeria condenar o obrigado a entregar a coisa devida se ela
Art. 307.  Não sendo contestado o pedido, os fatos alegados não existisse com o término do processo ou garantir à parte o di-
pelo autor presumir-se-ão aceitos pelo réu como ocorridos, caso reito de recolher o depoimento de uma testemunha se ela já tiver
em que o juiz decidirá dentro de 5 (cinco) dias. falecido antes da fase instrutória, tal como de nada adianta obrigar
Parágrafo único.  Contestado o pedido no prazo legal, observar- o autor a esperar que seja proferida a decisão final transitada em
-se-á o procedimento comum. julgado se ele não tiver condições de esperar este momento e aca-
be exposto a risco, ou então se a justiça tardar em excesso.
Art. 308.  Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de No código de processo civil existem duas tutelas provisórias,
ser formulado pelo autor no prazo de 30 (trinta) dias, caso em que a tutela antecipada de mérito e a medida cautelar. A diferença é
será apresentado nos mesmos autos em que deduzido o pedido de que na tutela antecipada de mérito o juiz concede (total ou parcial-
tutela cautelar, não dependendo do adiantamento de novas custas mente) o provimento jurisdicional, ainda que em caráter provisório,
processuais. antes do momento em que normalmente o faria (sentença). Então,
§ 1o  O pedido principal pode ser formulado conjuntamente na tutela antecipada o juiz adianta a resposta de mérito que, caso
com o pedido de tutela cautelar. contrário, apenas viria na sentença.
§ 2o A causa de pedir poderá ser aditada no momento de for- Diferentemente, na medida cautelar são tomadas providên-
mulação do pedido principal. cias que visam afastar um risco existente para garantir a eficácia
§ 3o  Apresentado o pedido principal, as partes serão intima- do provimento jurisdicional. Logo, não há adiantamento do pedi-
das para a audiência de conciliação ou de mediação, na forma do do. A cautelar serve para proteger pessoas, provas e bens em si-
art. 334, por seus advogados ou pessoalmente, sem necessidade de
tuação de risco: as medidas para assegurar bens compreendem as
nova citação do réu.
que visam garantir uma futura execução forçada e as que somente
§ 4o Não havendo autocomposição, o prazo para contestação
procuram manter um estado de coisa; as medidas para assegurar
será contado na forma do art. 335.
pessoas compreendem providências relativas à guarda provisória
de pessoas e as destinadas a satisfazer suas necessidades urgentes;
Art. 309.  Cessa a eficácia da tutela concedida em caráter an-
as medidas para assegurar provas compreendem a antecipação de
tecedente, se:
coleta de elementos de convicção a serem utilizadas na futura ins-
I - o autor não deduzir o pedido principal no prazo legal;
trução do processo principal.
II - não for efetivada dentro de 30 (trinta) dias;
III - o juiz julgar improcedente o pedido principal formulado Tanto o pedido cautelar quando o pedido de tutela antecipada
pelo autor ou extinguir o processo sem resolução de mérito. podem ser feitos em processo autônomo, antes do processo de co-
Parágrafo único.  Se por qualquer motivo cessar a eficácia da nhecimento principal (caráter antecipado), ou dentro do processo
tutela cautelar, é vedado à parte renovar o pedido, salvo sob novo principal (caráter incidental). A tutela cautelar cabe enquanto hou-
fundamento. ver risco ao provimento jurisdicional, antes ou durante o processo
de conhecimento. Cabe na execução somente para assegurar a sa-
Art. 310. O indeferimento da tutela cautelar não obsta a que a tisfação do crédito.
parte formule o pedido principal, nem influi no julgamento desse,
salvo se o motivo do indeferimento for o reconhecimento de deca- 2. Da fungibilidade à unificação das tutelas provisórias
dência ou de prescrição. A distinção entre as duas tutelas de urgência – tutela antecipa-
da de mérito e tutela cautelar – era mais importante até a criação
TÍTULO III da fungibilidade, segundo a qual o juiz pode conceder uma medida
DA TUTELA DA EVIDÊNCIA pela outra. Basicamente, o juiz, diante de um pedido de tutela pro-
visória cautelar pode entender que é mais adequado conferir uma
Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independente- tutela provisória de antecipação, e vice-versa, optando por uma tu-
mente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resulta- tela cautelar quando a parte solicitou uma tutela de antecipação de
do útil do processo, quando:
1 Destaca-se que popularmente a “tutela antecipada de mérito” é conhecida
I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o mani- como “liminar”. A popularidade decorre do fato de que apenas com a Lei nº
festo propósito protelatório da parte; 8.952, de 13.12.1994, que alterou o CPC/1973, é que foi criada a expressão “tu-
II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas do- tela antecipada de mérito”, aplicável a toda espécie de ação em que se fizessem
cumentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos re- presentes os requisitos. Até este momento, a única possibilidade de o juiz ante-
petitivos ou em súmula vinculante; cipar o resultado útil do processo decorria da chamada “liminar” prevista para
III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova do- as ações possessórias. O CPC/1973 utilizava a expressão “liminar” também, em
cumental adequada do contrato de depósito, caso em que será de- outros momentos, para se referir ao momento processual em que uma decisão
era tomada – e o mesmo ocorre no CPC/2015. No último caso, “liminar” corres-
cretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação ponde a uma circunstância em que o juiz pode decidir numa fase muito inicial
de multa; do processo, antes mesmo de ouvir o réu. Logo, quando se fala em concessão de
IV - a petição inicial for instruída com prova documental sufi- tutela antecipada de mérito de forma liminar, refere-se tecnicamente à situação
ciente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não em que o juiz dá a medida antes de permitir o pleno exercício do contraditório
oponha prova capaz de gerar dúvida razoável. pelo réu: “inaudita altera pars” ou após audiência de justificação. Com efeito, a
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá expressão “liminar”, apesar de popular, não é tecnicamente a mais correta para
decidir liminarmente. ser empregada, devendo-se preferir pelas expressões “antecipação de tutela”,
“tutela antecipada” ou “tutela antecipada de mérito”.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
mérito. Não se exige requerimento expresso da parte, trata-se de dano irreparável ou de difícil reparação” no que tange às tutelas
liberdade do juiz que se insere em seu poder-dever geral de cautela antecipadas e em “fundado receio de que uma parte, antes do jul-
e antecipação. gamento da lide, cause ao direito da outra lesão grave e de difícil
A fungibilidade já vinha prevista no artigo 273 do CPC/1973, reparação” no que tange às cautelares – a redação era bastante se-
mas o novo CPC foi além, tratando de ambas em um título único melhante e queria dizer a mesma coisa: é preciso perigo decorrente
(“tutela de urgência e tutela de evidência”). Isso é a unificação das da demora. O novo Código opta por expressar “periculum in mora”
tutelas. Não significa que as tutelas deixaram de ser fungíveis, ainda com a redação “perigo de dano ou o risco ao resultado útil do pro-
o são. Contudo, hoje, mais que fungíveis, são unificadas e se sujei- cesso”. O provimento final deve estar correndo um risco, não sendo
tam a regime jurídico muito semelhante e, em alguns pontos, como possível aguardar o julgamento. O temor deve ser fundado e objeti-
em relação aos requisitos para a concessão, idêntico. Destaca-se a vo, mesmo que se trate de cognição sumária. Basicamente, há o ris-
previsão sobre a fungibilidade de tutelas no artigo 305, parágrafo co de perecimento, destruição, desvio, deterioração ou de qualquer
único, permitindo que o juiz siga outro procedimento na tutela pe- mutação das pessoas, bens ou provas que sejam necessários para a
perfeita e eficaz atuação do provimento final do processo principal.
dida em caráter antecedente se pensar que se trata de tutela ante-
O dano deve ser fundado (trata-se de um receio objetivo de
cipada e não cautelar.
que ele ocorrerá, demonstrado por um fato concreto), iminente (o
dano ocorrerá em breve) e de grave ou de difícil reparação (deve
3. Tutelas de urgência e de evidência: requisitos e traços co-
afetar o objeto da ação principal a ponto de tornar impossível a re-
muns
paração, impedindo ou dificultando imensamente a restituição ao
Disciplina o artigo 294, CPC: “A tutela provisória pode funda-
estado original).
mentar-se em urgência ou evidência”. Com efeito, existem duas
modalidades de tutela provisória previstas no Código de Processo Com efeito, as tutelas de urgência se baseiam, fundamental-
Civil, cada qual se voltando a circunstâncias específicas e exigindo mente, na existência de risco. A elas não basta que a parte consiga
também requisitos próprios. Em comum, tem-se que ambas são provar com clareza, desde logo, o seu direito. É preciso mais, é exi-
providências de caráter provisório, que serão substituídas em algum gido que se prove que a não concessão da medida gerará risco de
momento pela tutela definitiva, que vem apenas com a sentença ou dano ou perigo ao resultado útil do processo. Eis o principal traço
acórdão transitado em julgado, do qual não caiba mais recurso. Am- distintivo das tutelas de evidência, eis que nestas há um conten-
bas conservam eficácia durante todo o processo, embora possam tamento com o requisito da aparência do direito, dispensada por
a qualquer momento ser revogadas (artigo 296, parágrafo único). completo a existência de perigo. No entanto, as tutelas de evidên-
Quanto aos requisitos das tutelas de urgência, tem-se o caput cia, como o próprio nome diz, exigem mais do que um direito que
do artigo 300, CPC: “A tutela de urgência será concedida quando seja aparente: o direito deve ser praticamente certo, garantido. Ba-
houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o sicamente, o juiz sabe que é muito difícil que o resultado útil con-
perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”. Como o ferido em tutela definitiva sofra qualquer alteração em relação à
próprio nome diz, quando a tutela é de urgência, significa que a tutela provisória de evidência.
sua concessão é de necessidade premente, sob pena de se criar um Disciplina, sobre as tutelas de evidência, o artigo 311: “A tutela
risco ou um dano ao resultado do processo. Aqui, se expressam os da evidência será concedida, independentemente da demonstra-
requisitos clássicos da tutela cautelar, com pequenas adaptações ção de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo,
terminológicas: “fumus boni iuris” e “periculum in mora”. quando: I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o
O objeto da tutela de urgência consiste na pretensão de que o manifesto propósito protelatório da parte; II - as alegações de fato
juiz afaste a crise de segurança, a situação de perigo, motivo pelo puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese
qual o “fumus boni juris” e o “periculum in mora” constituem o mé- firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vincu-
rito a ser discutido, em cognição sumária. Sem estes, o pedido deve lante; III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova
ser rejeitado, embora tal rejeição não impeça, em regra, a conces- documental adequada do contrato de depósito, caso em que será
são da tutela definitiva. decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob comina-
a) “Fumus boni juris”: é a aparência do bom direito ou, melhor ção de multa; IV - a petição inicial for instruída com prova documen-
dizendo, conforme a redação do novo Código, é a probabilidade do tal suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu
direito. O juiz precisa verificar se o provimento no processo princi- não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável”.
pal tem probabilidade de ser deferido. O juiz deve valer-se da pro- A primeira coisa a se notar é a expressa dispensa da demons-
porcionalidade, sobrepesando as consequências da concessão ou tração do “periculum in mora” quando se utiliza a expressão “inde-
não da medida. O CPC/1973, como não unificava as tutelas anteci- pendentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco
pada e cautelar, utilizava expressões diversas ao fixar os requisitos ao resultado útil do processo”. Exige-se, contudo, a aparência do
destas: falava-se, para a tutela antecipada, em verossimilhança da direito, mas esta não se consubstancia simplesmente com a “pro-
alegação. Na época, alguns doutrinadores defendiam que o grau de babilidade do direito”, é preciso ir além. O “fumus boni iuris” é mais
certeza para a concessão da tutela antecipada deveria ser maior, eis rigoroso, e exige a caracterização de uma das seguintes situações:
que verossimilhança da alegação é mais forte do que aparência do a) “ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o mani-
direito. Hoje, com a unificação das tutelas, a discussão perde o sen- festo propósito protelatório da parte” (inciso I): as expressões são
tido: o requisito é o mesmo, tanto para as cautelares quanto para bastante vagas, abrindo margem para a interpretação do julgador
as tutelas antecipadas, bastando a probabilidade do direito. Ressal- no caso concreto. Geralmente, abusa do direito de defesa aquele
ta-se, nos dizeres de Theodoro Jr, que “incertezas ou imprecisões que apenas se defende com o fim de protelar o processo. O proces-
a respeito do direito material do requerente não podem assumir a so estaria sendo usado de forma indevida, apenas para atender aos
força de impedir-lhe o acesso à tutela cautelar. [...] Somente é de interesses escusos do réu. Não importa se há sucesso ou não com o
cogitar-se da ausência do ‘fumus boni juris’ quando, pela aparência abuso, gerando efetiva proteção do feito. Basta o abuso em si. São
exterior da pretensão substancial, se divise a fatal carência de ação exemplos de situação em que isso ocorre: a defesa de pontos de
ou a inevitável rejeição do pedido, pelo mérito”. vista antagônicos relativos ao mesmo negócio jurídico em proces-
b) “Periculum in mora”: é o perigo da demora, ou, conforme sos diferentes, defesa contra ato incontroverso, defesa carecedora
a redação do novo Código, o perigo de dano ou o risco ao resulta- de consistência, fato alegado somente em grau de apelação de for-
do útil do processo. No CPC/1973, falava-se em “fundado receio de

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
ma injustificada, legações infundadas que contrariam documentos d) Cognição sumária: a cognição nas tutelas provisórias é su-
juntados ou apresentados pelo próprio réu, recurso que contradiz perficial, bastando a aparência do direito para a sua proteção, isto
laudo que o próprio réu trouxe ao processo, interposição de recurso é, a possibilidade de que o perigo se concretize.
claramente impróprio. e) Provisoriedade: as decisões cautelares não se tornam defini-
b) “as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas do- tivas, não se sujeitam à preclusão e à coisa julgada material; regra
cumentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos re- que no geral vale para as tutelas antecipadas, salvo quando ocorrer
petitivos ou em súmula vinculante” (inciso II): exige-se, de um lado, estabilização definitiva da tutela concedida em caráter anteceden-
que o autor consiga provar seu direito apenas por provas documen- te. Em regra, no momento oportuno, serão proferidas decisões em
tais, o que caracteriza a essência probatória do “direito líquido e sede de tutela definitiva.
certo”; e, ainda, que exista bastante consistência de que a decisão f) Revogabilidade: por serem provisórias, as tutelas provisórias
lhe será favorável porque há entendimentos firmados em grau su- podem ser revogadas ou modificadas a qualquer tempo, inclusive
perior em julgamentos de casos repetitivos (recursos extraordinário de ofício, conforme cesse ou não a situação de risco ou de evidência.
e especial repetitivos, incidente de resolução de demandas repetiti- Com o fim do processo principal, a decisão provisória é substituída
vas) ou há súmula vinculante (emanada do STF). por uma definitiva: se improcedente, perde a eficácia a medida; se
c) “se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova docu- procedente o provimento provisório é substituído pelo definitivo.
mental adequada do contrato de depósito, caso em que será decre- g) Inexistência de coisa julgada material: as decisões provisó-
tada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de rias não se sujeitam à coisa julgada material. Contudo, se sujeitam
multa” (inciso III): trata-se de pedido de devolução da coisa deposi- à coisa julgada formal, senão o processo não se encerraria nunca.
tada, fundado em prova documental – que deve ser um contrato de Então, a decisão provisória pode ser modificada em outro processo,
depósito. O juiz determinará que o depositário entregue o objeto, até mesmo no principal. Mesmo no caso de estabilização da tutela
fixando multa. Vale destacar que o depositário que se recusa a en- antecipada conferida em caráter antecedente, o Código é expresso
tregar a coisa depositada é também conhecido como depositário em afirmar que não há coisa julgada.
infiel. Não cabe mais a sua prisão civil, considerada ilícita pela sú- h) Fungibilidade: as tutelas provisórias são fungíveis entre si,
mula vinculante nº 25. Entretanto, o legislador viu por bem criar de modo que o juiz pode conceder uma medida distinta da reque-
uma hipótese de tutela de evidência para estas situações. rida sem que sua decisão seja considerada ultra ou extrapetita, ou
d) “a petição inicial for instruída com prova documental sufi- mesmo dar uma tutela antecipada pela cautelar, ou uma cautelar
ciente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não pela antecipada.
oponha prova capaz de gerar dúvida razoável” (inciso IV): mais uma
vez exige-se, de um lado, que o autor consiga provar seu direito 5. Poder-dever geral da cautela e de antecipação: art. 297,
apenas por provas documentais, o que caracteriza a essência pro- caput
batória do “direito líquido e certo”; e, cumulativamente, que o réu Prevê o artigo 297, caput, CPC: “O juiz poderá determinar as
não tenha oposto provas com capacidade de gerar dúvida razoável medidas que considerar adequadas2 para efetivação da tutela pro-
em sua defesa. visória”. Trata-se da previsão expressa do poder-dever geral de cau-
tela e antecipação do juiz.
ATENÇÃO: o parágrafo único do artigo 311 prevê que “nas hipó- No CPC/1973 apenas se falava em “poder geral de cautela”. O
teses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente”, o que CPC/2015 permite claramente perceber que existe, na verdade, um
significa que o juiz poderá decidir independentemente da oitiva do “dever-poder” que pode ser empregado tanto para fins de caute-
réu, ficando o contraditório diferido para um momento processual lar, isto é, para assegurar o resultado útil do processo, como tam-
futuro após a concessão da tutela de evidência. O motivo é bastan- bém para fins de satisfação imediata de um direito que, pelo que se
te óbvio: no caso do inciso I, para que ocorra abuso de direito de de- pode depreender do art. 294, é caso de “tutela antecipada”. Neste
fesa/intuito protelatório é preciso que o processo já tenha durado sentido, e tendo em conta o texto do próprio caput do art. 297, é
algum tempo e que o réu nele já esteja se defendendo; no caso do irrecusável que a nova regra quer também desempenhar o papel
inciso IV, o juiz é obrigado a dar oportunidade para que o réu gere que deriva do art. 273, caput, do CPC atual, e, portanto, do “dever-
“dúvida razoável”, o que não ocorreria se a tutela de evidência fosse -poder geral de antecipação”.
concedida imediatamente. Nos casos dos incisos II e III, a existência Fala-se, ainda, em dever-poder porque o juiz tem limites para
de defesa do réu é dispensável. o seu exercício, entre eles destaca-se o dever de fundamentação
previsto no artigo 298: “na decisão que conceder, negar, modificar
4. Características gerais das tutelas provisórias ou revogar a tutela provisória, o juiz motivará seu convencimento
a) Acessoriedade ou instrumentalidade das cautelares: as me- de modo claro e preciso”. Apesar do dever de motivar as decisões
didas cautelares não possuem natureza satisfativa e não existem nem ao menos precisar estar expresso no CPC, até porque decorre
por si mesmas. Ainda que seja autônomo o processo cautelar, ele da própria Constituição Federal (artigo 93, IX, CPC), busca-se evitar
será acessório. Quanto às tutelas antecipadas de mérito, como que práticas comuns no Judiciário voltem a se repetir, tendo a nor-
adiantam o provimento jurisdicional, podem ser satisfativas, tanto mativa um efeito pedagógico. Quer se escapar do juiz que se limita
é que se estabilizam (situação na qual o processo autônomo ante- a julgar as tutelas provisórias dizendo apenas que “estão presentes
cipado de antecipação de tutela não vai ter caráter acessório e sim os requisitos” ou que “estão ausentes os requisitos” sem fazer a de-
principal). vida apreciação deles. Abre-se margem para a oposição de embar-
b) Autonomia: se a medida cautelar for requerida em um pro- gos de declaração da decisão do juiz em sede de tutela provisória
cesso próprio, ele será autônomo, há uma relação jurídico-proces- que não aprecie o pedido de forma suficiente.
sual própria. Ainda, é possível que a parte que logrou êxito em sede O poder-dever geral de cautela e de antecipação abrange:
de tutela provisória saia vencida na tutela definitiva, ou vice-versa. a) O poder que o magistrado tem de tomar todas as medidas
c) Urgência ou evidência: a cautelar é uma tutela de urgência, que entender necessárias para efetivar a tutela provisória conce-
pressupondo uma situação de risco que deve ser afastada o mais dida;
rápido possível (em sede de processo autônomo, a urgência será 2 Obs.: no projeto da Câmara dos Deputados se proibia a efetivação da medida
o próprio mérito da cautelar); já a tutela antecipada pode ser de provisória mediante bloqueio e penhora de dinheiro, de aplicação financeira e
outros ativos financeiros. No Senado, após inúmeras críticas da doutrina proces-
urgência ou evidência, verificados os requisitos legais. sualista, o dispositivo caiu.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
b) O poder de conceder medida provisória diversa da solicitada 7. Perigo de dano reverso na tutela antecipada de urgência
caso entenda ser outra mais adequada (dando a cautelar pela ante- Nos termos do artigo 300, § 3º, CPC, “a tutela de urgência de
cipada e vice-versa); natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de
c) A possibilidade de o juiz conceder qualquer outra medida irreversibilidade dos efeitos da decisão”. A disciplina especificamen-
provisória, além das expressamente mencionadas no art. 301 do te se volta às tutelas de urgência, não de evidência, até mesmo por-
CPC, para proteger os direitos das partes; que nas últimas as chances de alteração da decisão da tutela provi-
d) O poder de revogar, a qualquer tempo, a medida conferida, sória para a tutela definitiva são mínimas. Ainda, precisamente se
inclusive de ofício (artigo 296); volta à tutela antecipada, não à cautelar. Afinal, a medida cautelar
e) O dever de fundamentar todas as decisões tomadas neste não antecipa o resultado útil do processo.
âmbito (artigo 298). A preocupação é que se conceda uma tutela de urgência an-
tecipada e a medida seja irreversível, que seus efeitos não possam
O CPC nada menciona sobre a possibilidade de o juiz exercer de ser mudados. Em outras palavras, preocupa-se em dar ao autor o
ofício o poder-dever geral de cautela ou de antecipação. Quando a que ele quer no início do processo e, ao final, caso ele perca, não
disciplina era regida pelo CPC/1973, o legislador permitia que o juiz tenha como restituir o réu ao estado anterior em que estava antes
agisse de ofício na tutela cautelar de forma excepcional, vedando a de cumprir o determinado na decisão concessiva da tutela anteci-
ação de ofício na tutela antecipada de mérito. Apesar da disciplina, pada. Imagine o seguinte exemplo: um pai pede à justiça que supra
a doutrina majoritária criticava de forma veemente a possibilidade o consentimento da mãe e autorize um menor a viajar ao exterior,
de ação de ofício do juiz. Por outro lado, alguns precedentes come- pedindo a concessão da tutela antecipada; a mãe alega ao juiz que
çaram a flexibilizar a norma, inclusive admitindo em casos extremos não deu a autorização por receio de que o menor não voltasse e
a tutela antecipada de mérito de ofício se o risco for muito alto e o genitor se fixasse em definitivo no exterior – mesmo que o pai
houver verossimilhança. demonstre a fumaça do direito e o perigo da demora, o juiz não
Então, surge o novo CPC, que nada menciona sobre a questão: poderá dar a medida devido à dúvida razoável levantada pela mãe,
não exige e nem dispensa o requerimento da parte para a conces- pois mesmo a remota possibilidade dela estar certa deve ser consi-
são de tutela provisória. Abre-se espaço para as opiniões doutriná- derada devido ao perigo do dano reverso (se ao final o juiz decidir
rias divergentes. Os que entendem que o juiz pode agir de ofício que a criança deveria ficar no país, de nada adiantaria, pois ela já
alegam que o CPC/2015 não reproduz o art. 2º do CPC/73, segundo teria viajado).
o qual “nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando Por isso, o juiz deve analisar no caso concreto se a medida é
a parte ou o interessado a requerer, nos casos e forma legais”, exi- reversível, pois se não for e surgir o risco de que ela seja definitiva,
gindo de forma mais comedida apenas o requerimento para que não poderá concedê-la. Mesmo que exista urgência, deverá guardar
tenha início o processo, mas não a concessão da tutela (art. 2º do sua decisão para a cognição exauriente, não podendo tomá-la em
CPC/2015). Os que entendem que o juiz não pode agir de ofício cognição sumária.
alegam, primeiramente, que o art. 141 do CPC/2015 veda que o
juiz conheça de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exija 8. Contracautela
iniciativa da parte; em segundo lugar, que a tutela provisória está Nos termos do artigo 300, §1º, “para a concessão da tutela de
cercada por um regime de responsabilidade objetiva do requeren- urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fide-
te (art. 302 do CPC/2015), não sendo razoável que o juiz conceda jussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir
a medida de ofício colocando em risco a parte que não quis cor- a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economica-
rê-lo (conscientemente ou não); e, por fim, que o art. 932, II, do mente hipossuficiente não puder oferecê-la”. O dispositivo trata
CPC/2015, segundo o qual incumbe ao relator “apreciar o pedido da denominada contracautela, que é uma contramedida que visa
de tutela provisória nos recursos e nos processos de competência prevenir os possíveis efeitos danosos da concessão de tutela de ur-
originária do tribunal”, faz crer que a medida é sempre antecedida gência. Basicamente, exterioriza a preocupação de que a decisão
por um pedido3. concessiva da tutela de urgência em sede de cognição sumária seja
alterada e o autor não tenha condições de ressarcir o réu dos prejuí-
6. Reversibilidade das tutelas provisórias zos causados durante o período em que a tutela provisória produziu
Preconiza o artigo 296, CPC: “A tutela provisória conserva sua efeitos.
eficácia na pendência do processo, mas pode, a qualquer tempo, A contracautela se opera como a prestação de caução por parte
ser revogada ou modificada. Parágrafo único. Salvo decisão judi- do autor ao réu. Tal caução pode ser real, operada em garantia na
cial em contrário, a tutela provisória conservará a eficácia durante forma de bem, ou fidejussória, operada em garantia pessoal, como
o período de suspensão do processo”. Uma vez concedida, a tutela a de um fiador ou a de uma seguradora. A caução deve correspon-
provisória permanece produzindo seus efeitos, inclusive nos perío- der ao valor dos prejuízos que o réu irá, eventualmente, sofrer du-
dos de suspensão do processo. rante o período em que a medida produzir efeitos.
En. 140, FPPC: “a decisão que julga improcedente o pedido fi- Destaca-se que somente existe a previsão de contracautela
nal gera a perda de eficácia da tutela antecipada”. para as tutelas de urgência, não se aplicando às tutelas de evidên-
Entretanto, é da essência das tutelas provisórias que elas se- cia.
jam reversíveis ou modificáveis, a qualquer tempo. Logo, é possível Ainda, é preciso que o juiz analise as circunstâncias do caso
reverter, caçando a medida anteriormente concedida ou conceden- concreto, notadamente os efetivos riscos de danos ao réu que exis-
do medida previamente negada, bem como é possível modificar, tem e as condições de ambas partes.
substituindo uma medida por outra ou alterando os seus termos. O Vale tomar nota que a mera hipossuficiência da parte autora,
magistrado pode fazer isso de ofício ou a requerimento das partes. impedindo-a de prestar a caução idônea, não deve ser motivo para
barrar a concessão da tutela provisória. Se for possível o pagamen-
to de caução, o juiz irá determinar, mas se não for ele apenas irá
dispensá-la, concedendo a tutela provisória mesmo assim. Trata-se
3 Vide: DONOSO, Denis. Tutela Provisória de ofício? Carta Capital, 23 nov. 2015. de medida de acesso à justiça, pois caso contrário se estaria prejudi-
Disponível em: <http://justificando.cartacapital.com.br/2015/11/23/tutela-pro- cando uma pessoa que preenche os requisitos para a concessão da
visoria-de-oficio/>. Acesso em: 13 fev. 2017.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
medida apenas pelo fato dela não ter condições econômicas. Afinal, a) “a sentença lhe for desfavorável” (inciso I): sentença de im-
os requisitos para a tutela provisória são apenas “fumus boni iuris” procedência ao pedido formulado pela parte;
e “periculum in mora” – em nenhum momento o legislador exige b) “obtida liminarmente a tutela em caráter antecedente, não
que a pessoa tenha condições financeiras de prestar caução para fornecer os meios necessários para a citação do requerido no pra-
conseguir a tutela provisória. Se não é requisito legal, não pode ser zo de 5 (cinco) dias” (inciso II): autor que pede a tutela provisória
exigido. em caráter antecedente (processo autônomo) e não providencia a
citação;
9. Momento processual: possibilidade de concessão da medi- c) “ocorrer a cessação da eficácia da medida em qualquer hi-
da “inaudita altera pars” ou após justificação pótese legal” (inciso III): cessa a medida quando, pedida em cará-
Quanto às tutelas de urgência, o artigo 300, §2º, CPC prevê: “a ter antecedente, perde seus efeitos devido à inércia do autor que
tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justifi- a solicitou;
cação prévia”. Por concessão liminarmente, entende-se a que se dá d) “o juiz acolher a alegação de decadência ou prescrição da
antes mesmo da oitiva do réu, isto é, “inaudita altera pars” – sem pretensão do autor” (inciso IV): se a pretensão antecipada decaiu
ouvir a parte contrária. Em que pese o teor do dispositivo não dei- ou prescreveu, há dever de indenizar se os efeitos da tutela provi-
xar isso claro, a liminar “inaudita altera pars” é excepcional e pode sória causaram prejuízo.
ser concedida se a urgência for tamanha que não haja tempo hábil Destaca-se, pelo artigo 302, parágrafo único, CPC, que “a inde-
para citar o réu ou se a citação for prejudicar a eficácia da medida. nização será liquidada nos autos em que a medida tiver sido conce-
O juiz deve viabilizar o mínimo de contraditório se sentir que não há dida, sempre que possível”. Logo, não há necessidade de promover
prejuízo em fazê-lo. um processo autônomo para apurar a indenização se for possível
Já a justificação prévia é alternativa àqueles casos em que os fazê-lo nos próprios autos por meio de liquidação.
pressupostos para a concessão da tutela de urgência não são pas-
síveis de demonstração com a própria petição inicial (prova docu- 11. Procedimento para a concessão em caráter antecedente:
mental, ata notarial ou estudo técnico), sendo o caso, por exemplo, processo autônomo
de ouvir testemunhas ou o próprio requerente da medida. Nesta A primeira questão procedimental que merece menção se refe-
hipótese, o mais correto não é indeferir o pedido de tutela de ur- re à competência, regra prevista no artigo 299 que vale tanto para
gência, mas designar a referida audiência para colheita da prova. a solicitação incidental quanto para a antecedente: “a tutela pro-
Em regra, o réu não participa da justificação prévia, não fazendo visória será requerida ao juízo da causa e, quando antecedente,
contraprova. Pode apenas comparecer à audiência e arguir even- ao juízo competente para conhecer do pedido principal. Parágrafo
tuais testemunhas ou buscar acordo. único. Ressalvada disposição especial, na ação de competência ori-
Quanto às tutelas de evidência, relembra-se que o parágrafo ginária de tribunal e nos recursos a tutela provisória será requeri-
único do artigo 311 prevê que “nas hipóteses dos incisos II e III, o da ao órgão jurisdicional competente para apreciar o mérito”. No
juiz poderá decidir liminarmente”, o que significa que o juiz poderá mais, a competência jurisdicional para a formulação do pedido de
decidir independentemente da oitiva do réu, ficando o contraditó- tutela provisória observa as regras comuns.
rio diferido para um momento processual futuro após a concessão O pedido de tutela provisória deve ser requerido ao juízo da
da tutela de evidência. Logo, é possível a concessão de tutela de causa sempre que já houver causa tramitando (pedido incidental).
evidência “inaudita altera pars” apenas em dois casos, nos outros Nesta circunstância, a requisição de tutela provisória será processa-
dois o juiz deve fazê-lo apenas depois do direito de defesa ser exer- da como qualquer outra requisição feita no curso de processo prin-
cido. cipal – feita a requisição, se possível, o juiz ouvirá a parte contrária
Por fim, destaca-se que embora o juiz possa, em alguns casos, antes de decidir, ou decidirá liminarmente ou após justificação se a
conceder a medida de forma liminar, este não é o único modo que oitiva da parte contrária puder colocar em risco a eficácia da medi-
pode dar a tutela provisória, afinal, são medidas que podem ser da ou se a urgência for tamanha que não seja possível aguardá-la.
modificadas, revogadas ou concedidas a qualquer tempo no pro- Vale destacar que se a ação estiver tramitando no âmbito de Tribu-
cesso, desde que se façam presentes os requisitos. nal (seja pela pendência de recurso, seja pela competência originá-
ria), é dele a competência de apreciar o pedido de tutela provisória.
10. Responsabilidade objetiva por danos causados pela tutela Se ainda não houver causa em trâmite, tratando-se assim de
de urgência pedido antecedente de tutela de urgência (pois não existe tutela
O artigo 302, CPC fixa um regime jurídico de responsabilização de evidência antecedente), deve ser solicitada perante o juízo que
civil objetiva do solicitante da tutela de urgência quando esta cau- terá competência para apreciar o pedido principal feito em tutela
sar prejuízos à parte adversa. Não será analisada a culpa, bastando definitiva.
que a ação (solicitação da medida), o nexo causal (solicitação que Vale destacar, independentemente de se tratar de decisão em
dê causa ao prejuízo) e o dano (prejuízo). Este dano é autônomo processo antecedente ou em pedido incidental, que é cabível re-
em relação ao dano processual e às penas de litigância de má-fé ou curso da decisão do juiz sobre a tutela provisória, qual seja, agravo
ato atentatório à dignidade da justiça. É o que se deduz do teor do de instrumento: “Art. 1.015, CPC. Cabe agravo de instrumento con-
caput: “Independentemente da reparação por dano processual, a tra as decisões interlocutórias que versarem sobre: I - tutelas pro-
parte responde pelo prejuízo que a efetivação da tutela de urgência visórias”. Ainda, é possível fazer a execução provisória da decisão,
causar à parte adversa, se: [...]”. mediante cumprimento provisório, com vistas a efetivar a medida
O prejuízo será reparado por aquele que solicitou a tutela de (artigo 297, parágrafo único).
urgência em detrimento daquele que sofreu seus efeitos. Na maior Parte-se, então, para o aprofundamento da questão procedi-
parte dos casos, será o autor que pediu a tutela de urgência em sua mental. O CPC estabelece dois procedimentos para os pedidos de
petição inicial ou em momento posterior. Entretanto, pode ser o tutelas provisórias: os artigos 303 e 304 regulam o procedimento
réu reconvinte que pediu a antecipação da tutela pedida em recon- da tutela antecipada requerida em caráter antecedente, ao passo
venção ou o réu em qualquer outra condição no processo quando que os artigos 305 a 310 regulam o procedimento da tutela cautelar
ele pedir tutela cautelar. Deve se caracterizar uma das seguintes requerida em caráter antecedente. São, respectivamente, os capí-
hipóteses: tulos II e III da disciplina do título II, sobre tutelas de urgência. Com

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
efeito, ambos são procedimentos de pedidos antecedentes, não in- Quanto ao procedimento da tutela cautelar requerida em ca-
cidentais, feitos com relação a uma das duas espécies de tutela de ráter antecedente, além de reafirmar a fungibilidade desta tutela
urgência – antecipada ou cautelar. em relação à antecipada, o legislador fixa o seguinte procedimento:
Em resumo, quanto à tutela antecipada requerida em caráter 1) Apresentação de petição inicial que deve indicar a lide e o
antecedente, que se apresenta bastante útil sempre que o autor da seu fundamento, com exposição sumária do direito que se preten-
ação carecer de provas documentais essenciais e não tiver condi- de assegurar, perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo
ções de espera-las para acostar à inicial e entrar com pedido princi- (artigo 305, caput).
pal devido à urgência da situação (ex.: certidão de nascimento para 2) Citação do réu para, no prazo de 5 (cinco) dias, contestar
entrar com a ação de alimentos), adota-se o seguinte procedimen- o pedido e indicar as provas que pretende produzir (artigo 306).
to: Destaca-se aqui a primeira grande diferença em relação à tutela an-
1) Indicação na petição inicial do pedido principal que será feito tecipada pedida em caráter antecedente, pois naquela não há con-
em tutela definitiva, com o pedido de tutela antecipada, com expo- testação na fase antecedente, enquanto nesta há. Logo, o réu será
sição da lide (mérito), do direito a ser realizado e do perigo de dano citado para contestar o pedido cautelar e, futuramente, intimado
ou risco ao resultado útil do processo (artigo 303, caput). para comparecer à audiência de conciliação e, se o caso, contestar o
pedido definitivo, nos termos do rito do processo de conhecimento.
ATENÇÃO: Nesta petição inicial deve constar o valor da causa,
o qual vai ser calculado não com base no pedido de tutela anteci- Neste sentido, prevê o artigo 307: “Não sendo contestado o
pada, mas com base no pedido principal que será feito em tutela pedido, os fatos alegados pelo autor presumir-se-ão aceitos pelo
definitiva (artigo 303, §4º). réu como ocorridos, caso em que o juiz decidirá dentro de 5 (cinco)
ATENÇÃO: O autor deve indicar expressamente que se trata de dias. Parágrafo único. Contestado o pedido no prazo legal, obser-
pedido de tutela antecipada em caráter antecedente, senão o juiz var-se-á o procedimento comum”. Com efeito, a não apresentação
vai presumir que já se trata de pedido feito em tutela definitiva e da contestação impõe ao juiz que julgue o pedido cautelar. Se apre-
tratará como tal (artigo 303, §5º). sentada, o juiz seguirá com a realização de audiência de conciliação
após a emenda de inicial para elaborar o pedido principal (artigo
2) Em 15 dias ou em prazo maior fixado pelo juiz o autor aditará 308, §3º).
a inicial com argumentos, provas e confirmação do pedido de tutela 2) Se a tutela cautelar for concedida, o autor terá um prazo de
final (artigo 303, §1º). Esta emenda à petição inicial não tem por 30 (trinta) dias para propor o pedido principal a contar de sua efe-
objetivo a correção de vícios, mas serve para aprofundar e especi- tivação (artigo 308). Quando o pedido principal for reformulado ca-
ficar os fundamentos da lide principal. Com efeito, a emenda terá berá o aditamento da causa de pedir (artigo 308, §2º). Ocorre aqui
verdadeiro caráter de petição inicial do processo de conhecimento. uma apresentação de emenda à inicial, também apresentada nos
Se a emenda não for apresentada, o processo será extinto sem mesmos autos em que foi deduzido o pedido cautelar, não depen-
resolução do mérito (artigo 303, §2º). Entretanto, vale destacar que dendo da mesma forma de pagamento de novas custas. A alteração
se esgotar o prazo para recurso do réu, mesmo que a emenda não principal em relação ao pedido antecedente de tutela antecipada
tenha sido apresentada, estabiliza-se a tutela. é que naquele caso o prazo é de 15 dias e, neste caso, de 30 dias.
ATENÇÃO: O aditamento é feito nos próprios autos, que se-
guem como lide principal. Não há novo processo quando feito o ATENÇÃO: Nada impede que o pedido principal seja formulado
pedido principal através da emenda. Por isso mesmo, não incidem junto com o pedido cautelar, quando haverá tutela cautelar reque-
novas custas (artigo 303, §3º). rida em caráter incidental (artigo 308, §1º).
ATENÇÃO: O §6º do artigo 303 fala em outro tipo de emenda ATENÇÃO: Mesmo que o pedido cautelar feito em caráter ante-
à inicial, este sim serve para a correção de vícios da petição inicial cedente seja indeferido, caso em que não haverá efetivação da cau-
apresentada para pedir tutela antecipada em caráter antecedente. telar e, por lógica, não existirá o prazo de 30 dias aqui mencionado,
Também serve para que o juiz permita ao autor complementar seus nada impede que a parte formule o pedido principal, nos termos do
argumentos e convencê-lo a dar a tutela antecipada, não podendo artigo 310 (“o indeferimento da tutela cautelar não obsta a que a
assim indeferir tal tutela liminarmente. (“Caso entenda que não há parte formule o pedido principal, nem influi no julgamento desse,
elementos para a concessão de tutela antecipada, o órgão juris- salvo se o motivo do indeferimento for o reconhecimento de deca-
dicional determinará a emenda da petição inicial em até 5 (cinco) dência ou de prescrição”).
dias, sob pena de ser indeferida e de o processo ser extinto sem ATENÇÃO: Mesmo que obtida a tutela cautelar em caráter an-
resolução de mérito”). tecedente, é possível que esta perca seus efeitos se o autor não
3) Concedida a tutela, o réu será intimado para a audiência de tomar providências para efetivá-la, ou se perder o prazo de 30 dias
conciliação, abrindo-se prazo para contestação se ela restar infru- para emenda à inicial contados da efetivação, ou se o pedido prin-
tífera. Esta conciliação e posterior contestação já se referem à lide cipal formulado for julgado improcedente ou extinto sem resolução
principal, não apenas à tutela antecipada. Além disso, para a dou- do mérito, conforme prevê o artigo 309 (“Art. 309. Cessa a eficácia
trina majoritária, independentemente de comparecimento à conci- da tutela concedida em caráter antecedente, se: I - o autor não de-
liação e apresentação de contestação, se não houver interposição duzir o pedido principal no prazo legal; II - não for efetivada dentro
de recurso da decisão que concedeu a tutela por parte do réu, ela de 30 (trinta) dias; III - o juiz julgar improcedente o pedido princi-
se estabiliza e o processo é extinto (artigo 304). pal formulado pelo autor ou extinguir o processo sem resolução de
mérito. Parágrafo único. Se por qualquer motivo cessar a eficácia da
ATENÇÃO: qualquer das partes, autor ou réu, pode demandar tutela cautelar, é vedado à parte renovar o pedido, salvo sob novo
com o intuito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada fundamento”).
estabilizada, no prazo de dois anos. Enquanto isso não ocorrer, a tu- ATENÇÃO: A medida cautelar concedida em caráter anteceden-
tela estabilizada conservará seus efeitos e, passado o prazo de dois te nunca se estabiliza. A razão disso é que somente faz sentido esta-
anos, se estabilizará em definitivo. Apesar disso, não formará coisa bilizar uma tutela que seja satisfativa. A cautelar jamais é satisfativa,
julgada em hipótese alguma. se o fosse seria tutela antecipada e o juiz teria que tratá-la como tal,
sendo eventualmente possível a estabilização.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
3) Apenas depois que for apresentado o pedido principal que De outro lado, o CPC menciona expressamente algumas medi-
se realizará a audiência de conciliação do processo de conhecimen- das cautelares, embora não se aprofunde fixando procedimentos
to nos moldes do artigo 334 (artigo 308, §3º). Como o réu já foi próprios, conforme o teor do artigo 301, CPC: “A tutela de urgência
citado, dispensa-se nova intimação. Se as partes não chegarem a de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto, seques-
acordo, o réu terá prazo para resposta, sendo contestação obriga- tro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de
toriamente e, se quiser, reconvenção e exceções (artigo 308, §4º). bem e qualquer outra medida idônea para asseguração do direito”.
a) Arresto: é a apreensão e depósito judiciais de bens perten-
12. Estabilização da tutela satisfativa antecipada centes ao devedor, com o objetivo de garantir a obrigação por ele
A decisão concessiva da tutela antecipada requerida em cará- assumida. Aqui, não interessa ao credor qual bem será apreendido,
ter antecedente, nos termos do art. 303, CPC, torna-se estável se desde que seja suficiente ao pagamento do débito.
não houver interposição do respectivo recurso, qual seja, agravo de b) Sequestro: é apreensão judicial para a garantia do cumpri-
instrumento. Interpreta-se a palavra “recurso” em sentido estrito, mento da obrigação assumida pelo devedor. Aqui, interessa um
como a maior parte da doutrina. Contudo, para a doutrina de Da- bem em específico ao credor.
niel Mitidiero, a contestação ou manifestação no sentido da reali- c) Arrolamento de bens: Acontecerá sempre que houver fun-
zação da audiência de conciliação/mediação, no prazo do recurso, dado receio de extravio ou dissipação de bens, direito que assistirá
surtiria o mesmo efeito do agravo de instrumento e impediria a es- a todo aquele que tenha interesse na conservação dos bens, ex-
tabilização da tutela antecipada. cetuadas as pretensões de garantia de crédito (para isso existem
O processo será extinto, independentemente da apresentação o arresto e o sequestro). Costuma ser utilizado quanto a massas
de emenda à inicial por parte do autor. É possível que uma parte patrimoniais deixadas por pessoas físicas falecidas (inventário) ou
demande a outra, por seu turno, para rever, reformar ou invalidar a pessoas jurídicas falidas (falência).
tutela antecipada estabilizada (requerer o desarquivamento dos au- d) Registro de protesto contra a alienação de bens: o regis-
tos, juízo que concedeu a tutela é prevento), no prazo de dois anos trador responsável pelo registro de bem imóvel ou, quando existir
(após ele, o direito de demandar se extingue e a tutela se estabiliza registro próprio, móvel (ex.: veículos, navios e aeronaves) pode-
em definitivo). rá averbar protesto contra alienação de bens, tornando pública a
Tal prazo será tratado como prazo decadencial e, se não ajuiza- condição daquele bem como objeto que futuramente irá garantir
da a ação em tal prazo, ter-se-á a estabilização definitiva da decisão o pagamento de dívida. Referida publicidade é relevante, pois em
sumária, mas mesmo assim sem formar a coisa julgada. O legisla- caso de alienação a situação será tratada como fraude à execução
dor, mesmo considerando a hipótese do art. 304, §5º, CPC, expres- e não como fraude contra credores, presumindo-se a má-fé do ad-
samente indicou logo a seguir, no §6º, que tal decisão de cognição quirente.
sumária não faz coisa julgada, então nem mesmo após estes dois
anos ela se formaria. Contudo, há sim uma certa estabilidade de 14. Tutela provisória contra a Fazenda Pública
efeitos. Neste sentido, o Código diz que não faz coisa julgada, mas Em seu art. 1.059 o CPC determina que “à tutela provisória re-
a doutrina é controversa – os que associam julgamento de mérito querida contra a Fazenda Pública aplica-se o disposto nos arts. 1º
a coisa julgada dizem que se este julgamento for de mérito há sim a 4º da Lei nº 8.437, de 30 de junho de 1992, e no art. 7º, § 2º, da
coisa julgada, então a extinção teria que ser sem resolver o mérito. Lei nº 12.016, de 7 de agosto de 2009”. Trata-se da disciplina que
É preciso ficar atento que a previsão de estabilização de tutela limita a fixação de tutela de urgência contra o poder público, com
apenas vale para a tutela de urgência antecipada requerida em ca- o seguinte teor:
ráter antecedente. As demais tutelas provisórias não se estabilizam: Art. 1°, Lei nº 8.437/1992. Não será cabível medida liminar con-
a de evidência porque nunca é antecedente e sempre é incidental; a tra atos do Poder Público, no procedimento cautelar ou em quais-
de urgência cautelar porque não tem caráter satisfativo (logicamen- quer outras ações de natureza cautelar ou preventiva, toda vez que
te, não é possível estabilizar algo que não satisfaz a parte). providência semelhante não puder ser concedida em ações de man-
dado de segurança, em virtude de vedação legal.
13. Exclusão do rol de cautelares específicas § 1° Não será cabível, no juízo de primeiro grau, medida cau-
Muitos dos procedimentos cautelares específicos são realoca- telar inominada ou a sua liminar, quando impugnado ato de au-
dos em todo o CPC, sendo desformalizados ou descautelarizados. toridade sujeita, na via de mandado de segurança, à competência
A produção antecipada de provas, que ainda absorve o arrola- originária de tribunal.
mento de bens, e a exibição de documento ou coisa foram remeti- § 2° O disposto no parágrafo anterior não se aplica aos proces-
dos ao estudo do direito probatório, se inserindo na abordagem das sos de ação popular e de ação civil pública.
provas no CPC. § 3° Não será cabível medida liminar que esgote, no todo ou
O atentado foi realocado como dever da parte de não praticar em qualquer parte, o objeto da ação.
inovação legal no estado do bem ou direito litigioso, acompanhado § 4° Nos casos em que cabível medida liminar, sem prejuízo da
de procedimento próprio e caracterizando ato atentatório à digni- comunicação ao dirigente do órgão ou entidade, o respectivo repre-
dade da justiça (art. 77, VI e §7º). sentante judicial dela será imediatamente intimado.
A caução foi alocada entre as despesas processuais (art. 83). § 5º Não será cabível medida liminar que defira compensação
A busca e apreensão se consolidou como medida de execução, de créditos tributários ou previdenciários.
o que faz bastante sentido devido ao seu cunho satisfativo. Art. 2º, Lei nº 8.437/1992. No mandado de segurança coletivo e
Colocaram-se entre os procedimentos especiais a homologa- na ação civil pública, a liminar será concedida, quando cabível, após
ção de penhor legal e a notificação e interpelação. a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito
Outras medidas foram simplesmente omitidas, embora pos- público, que deverá se pronunciar no prazo de setenta e duas horas.
sam se inserir no âmbito do poder-dever geral de cautela e de ante- Art. 3°, Lei nº 8.437/1992. O recurso voluntário ou ex officio,
cipação, como alimentos provisionais, posse em nome do nascituro, interposto contra sentença em processo cautelar, proferida contra
separação de corpos, apreensão de títulos, etc. Afinal, o juiz pode pessoa jurídica de direito público ou seus agentes, que importe em
adotar qualquer medida idônea para a asseguração do direito, seja outorga ou adição de vencimentos ou de reclassificação funcional,
ela de caráter antecipado ou cautelar. terá efeito suspensivo.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
Art. 4°, Lei nº 8.437/1992. Compete ao presidente do tribunal, - Processo é o procedimento no qual há contraditório.
ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso, suspender, - Relação jurídico-processual é o vínculo que se forma entre
em despacho fundamentado, a execução da liminar nas ações mo- autor, juiz e réu, criando direitos e deveres entre eles no processo.
vidas contra o Poder Público ou seus agentes, a requerimento do Mais que isso, criando situações jurídicas no processo, que podem
Ministério Público ou da pessoa jurídica de direito público interes- ser ativas (poderes, direitos e faculdades) ou passivas (estado de
sada, em caso de manifesto interesse público ou de flagrante ilegi- sujeição, deveres e ônus).
timidade, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança - Procedimento é uma sequência de atos.
e à economia públicas.
§ 1° Aplica-se o disposto neste artigo à sentença proferida em b) Quais são os tipos de processo?
processo de ação cautelar inominada, no processo de ação popular Processo de conhecimento; processo de execução; processo de
e na ação civil pública, enquanto não transitada em julgado. urgência.
§ 2º O Presidente do Tribunal poderá ouvir o autor e o Ministé- - O ato fim do processo de conhecimento é a sentença, certifi-
rio Público, em setenta e duas horas. cando a existência de um direito.
§ 3º Do despacho que conceder ou negar a suspensão, caberá - O ato fim do processo de execução é a satisfação do credor.
agravo, no prazo de cinco dias, que será levado a julgamento na - O ato fim do processo de urgência é a medida cautelar ou uma
sessão seguinte a sua interposição. medida de antecipação de efeitos de sentença futura, assegurando
§ 4º Se do julgamento do agravo de que trata o § 3º resultar a utilidade e a efetividade de outro processo de conhecimento.
a manutenção ou o restabelecimento da decisão que se pretende
suspender, caberá novo pedido de suspensão ao Presidente do Tri- Obs.: Tanto o processo de conhecimento quanto o processo de
bunal competente para conhecer de eventual recurso especial ou urgência possuem natureza cognitiva, enquanto que o processo de
extraordinário. execução possui natureza executiva.
§ 5º É cabível também o pedido de suspensão a que se refere o Obs. 2: Vale lembrar que as atividades destes processos se mis-
§ 4º, quando negado provimento a agravo de instrumento interpos- turam, no chamado sincretismo processual. Logo, nada impede que
to contra a liminar a que se refere este artigo. se inicie uma fase de execução após o processo de conhecimento,
§ 6º A interposição do agravo de instrumento contra liminar nem que a medida de urgência seja requerida incidentalmente nes-
concedida nas ações movidas contra o Poder Público e seus agentes te em vez de feita em autos apartados.
não prejudica nem condiciona o julgamento do pedido de suspen-
são a que se refere este artigo. c) Quais são as espécies de procedimento?
§ 7º O Presidente do Tribunal poderá conferir ao pedido efeito Comum
suspensivo liminar, se constatar, em juízo prévio, a plausibilidade do Especial – Contenciosa ou Voluntária
direito invocado e a urgência na concessão da medida. - A regra é a do procedimento comum. Por isso, às regras pro-
§ 8º As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspen- cedimentais específicas se aplicam as regras do procedimento co-
sas em uma única decisão, podendo o Presidente do Tribunal esten- mum. Além disso, quando a lei não diz que um procedimento é es-
der os efeitos da suspensão a liminares supervenientes, mediante pecífico, segue-se ele.
simples aditamento do pedido original.
§ 9º A suspensão deferida pelo Presidente do Tribunal vigorará d) Qual a consequência de se desrespeitar um procedimento?
até o trânsito em julgado da decisão de mérito na ação principal. Procedimento é matéria de ordem pública, por isso, o desres-
Art. 7º, §2º, Lei nº 12.016/2009. Não será concedida medida peito gera nulidade, cabendo ao juiz controlar o respeito às regras
liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários, procedimentais. No entanto, não há nulidade sem prejuízo.
a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclas-
sificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de e) Qual a estrutura básica do processo de conhecimento?
aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer Fase postulatória – Petição inicial, audiência de conciliação, ci-
natureza. tação, respostas do réu.
* Providências preliminares – especificação de provas, réplica,
ação declaratória incidental.
* Julgamento conforme o estado do processo.
DO 318 A 538 Fase de saneamento (ordinatória) – saneamento.
Fase instrutória – produção de provas.
Art. 318. Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, Fase decisória – sentença.
salvo disposição em contrário deste Código ou de lei.
Parágrafo único. O procedimento comum aplica-se subsidia- f) Quais os requisitos mínimos da petição inicial?
riamente aos demais procedimentos especiais e ao processo de Endereçamento a juízo competente.
execução. Qualificação das partes.
Causa de pedir (fatos + fundamentos jurídicos).
Observação inicial: O Novo CPC (Lei nº 13.105/2015) entrou Pedido (imediato, que tem natureza processual, no qual pede-
em vigor dia 17 de março de 2016. Entre suas inovações, tece al- -se a tutela jurisdicional – conhecimento ou execução, declaratório,
gumas bastante substanciais em termos de procedimento, como a condenatório ou constitutivo / mediato, que tem natureza material,
unificação de prazos (em geral de 15 dias) e a adoção de um único no qual pede-se o bem da vida que de fato se quer).
procedimento comum (não há mais divisão entre ordinário e su- Valor da causa.
mário). Requerimento de provas.
Antes de estudarmos os detalhes de cada fase do procedimen- Pedido de citação do réu.
to, vamos buscar construir uma noção geral do tema. Indicação sobre a vontade de não realizar prévia audiência de
a) O que é o processo? conciliação, se for o caso.
Processo é o procedimento animado por relação jurídico-pro-
cessual.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
g) Recebida a petição, o que o juiz faz? Algumas destas provas serão colhidas logo após o saneador e
Se estiver tudo certo, recebe e determina a citação do réu. outras na própria audiência de instrução.
Se não estiver tudo certo, mas for possível consertar, o juiz
manda emendar no prazo de 15 dias e, somente se isso não for o) O que acontece na audiência de instrução?
feito, indefere. Apregoadas as partes, tenta-se uma nova conciliação entre as
Se não estiver tudo certo e o vício for insanável, indefere. partes.
Frustrada, passa-se à colheita de prova (1º perito e assistentes,
ATENÇÃO: Contra o indeferimento da petição inicial cabe ape- 2º depoimentos pessoais, 3º oitiva das testemunhas do autor, 4º
lação, aceito juízo de retratação em 5 dias (efeito regressivo) e não oitiva das testemunhas da defesa).
havendo participação do réu. Se a matéria for repetitiva e a ação Encerrada a instrução, entra-se na fase de julgamento e rea-
só de direito (não discute fatos), havendo posicionamentos dos tri- lizam-se debates orais (20 minutos prorrogáveis por mais 10 mi-
bunais superiores ou do próprio Tribunal ao qual o juízo se vincula, nutos) ou então (o que é muito comum) abre-se prazo para apre-
pode proferir sentença liminar de improcedência. ATENÇÃO: Contra sentação de memoriais escritos (prazo sucessivo – primeiro autor e
a improcedência de plano cabe recurso de apelação, com juízo de depois réu – de 15 dias).
retratação a ser exercido em 5 dias. Se o juiz não se retratar, o réu Feitos debates, o juiz profere sentença na própria audiência ou
é cita então escolhe proferir sentença por escrito.
do para oferecer contrarrazões.
h) Citado e não sendo frutífera eventual audiência de concilia- 1. Formação do processo
ção, quais respostas o réu pode apresentar? O CPC/1973 era impreciso neste capítulo que abordava a for-
Principalmente, contestação, reconvenção (natureza de ação) mação do processo, notadamente porque incluía dispositivo sobre
e exceção (impedimento e suspeição remanescem, as demais ex- a alteração do pedido. O CPC/2015 somente traz um dispositivo
ceções – notadamente de incompetência – e as impugnações – ao neste capítulo, seu artigo 312.
valor da causa e à assistência judiciária – foram excluídas no novo Neste sentido, o artigo 2º do CPC/2015, correspondente ao ar-
CPC/2015). O prazo para resposta é de 15 dias. tigo 262 do CPC/1973, prevê que “o processo começa por iniciati-
va da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções
i) Na contestação, quais espécies de defesa podem ser apre- previstas em lei”. Basicamente, se traz o princípio da demanda, de
sentadas? modo que o Judiciário não pode agir de ofício para iniciar a ativi-
Defesas processuais – preliminares, inclusive exceção de in- dade jurisdicional, devendo ser provocado. Uma vez provocada a
competência, impugnação ao valor da causa e impugnação ao pe- jurisdição, o Judiciário poderá tocar o processo, fazendo com que
dido de assistência judiciária (antes alegáveis em peça apartada). ele siga seu rumo, o que se denomina impulso oficial.
Defesas materiais – de mérito, que atacam o direito material Por seu turno, o artigo 312 do CPC/2015, em igual teor que o
alegado. artigo 263 do CPC/1973, dispõe que “considera-se proposta a ação
quando a petição inicial for protocolada, todavia, a propositura da
j) Se o réu não contesta, o que acontece? ação só produz quanto ao réu os efeitos mencionados no art. 240
É revel, sendo consequências da revelia a presunção da veraci- depois que for validamente citado”. Basicamente, o dispositivo nos
dade dos fatos alegados e o julgamento antecipado da lide. lembra que a citação, ato que chama o réu ao processo, é um pres-
suposto de existência. Com efeito, a ação é considerada proposta
k) Após a contestação, quais as providências preliminares? com a petição inicial, mas a relação jurídico-processual só estará
Chama-se o autor para se manifestar em 15 dias se o réu tiver completa quando o réu for validamente citado para compô-la.
alegado fato novo (réplica, impugnação à contestação). Deixa-se o estudo da alteração do pedido para o momento
oportuno, notadamente quando da sua análise enquanto elemento
l) Quando haverá julgamento conforme o estado do processo? da inicial.
Sempre que não for necessário fazer o processo seguir todas
as fases ordinárias. CPC/1973 CPC/2015
- Extinção do processo.
- Julgamento antecipado da lide – além da revelia, quando a Artigo 262 Artigo 2º
matéria for só de direito ou quando, sendo de fato, não se mostre Artigo 263 Artigo 312
necessário produzir provas em audiência.
Artigo 264 Artigo 329
m) Não sendo o caso de julgar conforme o estado do proces-
2. Suspensão do processo
so, o que o juiz faz?
É a suspensão do curso do procedimento, a paralisação pro-
Profere o despacho saneador, fixando os pontos controvertidos
cessual. Pode dizer respeito à prática de apenas alguns atos pro-
e distribuindo o ônus da prova. Pode fazer isso de forma colaborati-
cessuais.
va com as partes, notadamente determinando que as partes se ma-
nifestem sobre as provas que pretendem produzir. Após, segue-se
Art. 313. Suspende-se o processo:
para a instrução.
I - pela morte ou pela perda da capacidade processual de qual-
quer das partes, de seu representante legal ou de seu procurador;
n) Quais as provas que poderão ser produzidas?
II - pela convenção das partes;
Poderão ser produzidas todas as provas admitidas em Direito,
III - pela arguição de impedimento ou de suspeição;
isto é, que não violem a lei e não contrariem a moral e os bons
IV- pela admissão de incidente de resolução de demandas re-
costumes.
petitivas;
Existem provas típicas tratadas no CPC, que são: depoimento
V - quando a sentença de mérito:
pessoal, confissão, exibição de documento ou coisa, prova docu-
mental, prova testemunhal, inspeção judicial, prova pericial.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
a) depender do julgamento de outra causa ou da declaração § 2º Proposta a ação penal, o processo ficará suspenso pelo
de existência ou de inexistência de relação jurídica que constitua o prazo máximo de 1 (um) ano, ao final do qual aplicar-se-á o disposto
objeto principal de outro processo pendente; na parte final do § 1º.
b) tiver de ser proferida somente após a verificação de determi-
nado fato ou a produção de certa prova, requisitada a outro juízo; 3. Extinção do processo
VI - por motivo de força maior; Extinção é o fim do processo. Todo processo precisa de uma de-
VII - quando se discutir em juízo questão decorrente de aciden- cisão final, que será uma sentença ou um acórdão, que a ela equi-
tes e fatos da navegação de competência do Tribunal Marítimo; vale. Quando o artigo 316 utiliza a expressão sentença se refere a
VIII - nos demais casos que este Código regula. este sentido genérico.
IX - pelo parto ou pela concessão de adoção, quando a advoga- O novo Código exige do juiz genuíno esforço para correção dos
da responsável pelo processo constituir a única patrona da causa; vícios processuais, buscando a decisão de mérito. Apenas excepcio-
X - quando o advogado responsável pelo processo constituir o nalmente deverá o juiz extinguir o processo diante da presença de
único patrono da causa e tornar-se pai. vícios, abstendo-se de julgar a pretensão levada a juízo.
§ 1º Na hipótese do inciso I, o juiz suspenderá o processo, nos
termos do art. 689. Art. 316. A extinção do processo dar-se-á por sentença.
§ 2º Não ajuizada ação de habilitação, ao tomar conhecimento
da morte, o juiz determinará a suspensão do processo e observará Art. 317. Antes de proferir decisão sem resolução de mérito, o juiz
o seguinte: deverá conceder à parte oportunidade para, se possível, corrigir o vício.
I - falecido o réu, ordenará a intimação do autor para que pro-
mova a citação do respectivo espólio, de quem for o sucessor ou, 1. Petição inicial
se for o caso, dos herdeiros, no prazo que designar, de no mínimo 2 Petição inicial é o ato que dá início ao processo, é a peça por
(dois) e no máximo 6 (seis) meses; meio da qual se faz a propositura da ação. Ela é extremamente im-
II - falecido o autor e sendo transmissível o direito em litígio, portante porque fixa os limites subjetivos (partes) e objetivos (cau-
determinará a intimação de seu espólio, de quem for o sucessor ou, sa de pedir e pedido) da demanda.
se for o caso, dos herdeiros, pelos meios de divulgação que reputar Neste viés, “o registro ou a distribuição da petição inicial tor-
mais adequados, para que manifestem interesse na sucessão pro- na prevento o juízo” (artigo 59, CPC). Prevenção é um critério de
cessual e promovam a respectiva habilitação no prazo designado, confirmação e manutenção da competência do juiz que conheceu a
sob pena de extinção do processo sem resolução de mérito. causa em primeiro lugar, perpetuando a sua jurisdição e excluindo
§ 3º No caso de morte do procurador de qualquer das partes, possíveis competências concorrentes de outros juízos. Por se tratar
ainda que iniciada a audiência de instrução e julgamento, o juiz de- de matéria de ordem pública, não se sujeita à preclusão, podendo
terminará que a parte constitua novo mandatário, no prazo de 15 ser alegada a qualquer tempo.
(quinze) dias, ao final do qual extinguirá o processo sem resolução Os artigos 319 e 320 do CPC fixam os requisitos da petição ini-
de mérito, se o autor não nomear novo mandatário, ou ordenará o
cial, no geral de maneira bem semelhante ao que faziam os artigos
prosseguimento do processo à revelia do réu, se falecido o procu-
282 e 283 do CPC/1973.
rador deste.
Art. 319. A petição inicial indicará:
§ 4º O prazo de suspensão do processo nunca poderá exceder 1
I - o juízo a que é dirigida;
(um) ano nas hipóteses do inciso V e 6 (seis) meses naquela prevista
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união
no inciso II.
estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas
§ 5º O juiz determinará o prosseguimento do processo assim
Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço ele-
que esgotados os prazos previstos no § 4º.
§ 6º No caso do inciso IX, o período de suspensão será de 30 trônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;
(trinta) dias, contado a partir da data do parto ou da concessão da III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
adoção, mediante apresentação de certidão de nascimento ou do- IV - o pedido com as suas especificações;
cumento similar que comprove a realização do parto, ou de termo V - o valor da causa;
judicial que tenha concedido a adoção, desde que haja notificação VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade
ao cliente. dos fatos alegados;
§ 7º No caso do inciso X, o período de suspensão será de 8 VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de
(oito) dias, contado a partir da data do parto ou da concessão da conciliação ou de mediação.
adoção, mediante apresentação de certidão de nascimento ou do- [...]
cumento similar que comprove a realização do parto, ou de termo Art. 320.  A petição inicial será instruída com os documentos
judicial que tenha concedido a adoção, desde que haja notificação indispensáveis à propositura da ação.
ao cliente. Exige-se, ainda, que a petição inicial seja escrita em linguagem
correta e adequada, bem como que esteja ao final assinada pelo
Art. 314. Durante a suspensão é vedado praticar qualquer ato advogado do autor.
processual, podendo o juiz, todavia, determinar a realização de atos
urgentes a fim de evitar dano irreparável, salvo no caso de arguição a) Juízo e qualificação das partes
de impedimento e de suspeição. A petição inicial deve indicar “o juízo a que é dirigida” (artigo
319, I, CPC). O juízo é o órgão ao qual a petição inicial é dirigida.
Art. 315. Se o conhecimento do mérito depender de verificação Para a delimitação do juízo é preciso observar as regras de compe-
da existência de fato delituoso, o juiz pode determinar a suspensão tência. Se houver erro na indicação e a demanda for proposta pe-
do processo até que se pronuncie a justiça criminal. rante juízo ou Tribunal incompetente, nem por isso a inicial deverá
§ 1º Se a ação penal não for proposta no prazo de 3 (três) me- ser indeferida, mas apenas remetida ao competente.
ses, contado da intimação do ato de suspensão, cessará o efeito Não obstante, a petição inicial indicará a qualificação das par-
desse, incumbindo ao juiz cível examinar incidentemente a questão tes: “os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união
prévia. estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço ele- O juiz não pode decidir fora dos limites objetivos traçados no
trônico, o domicílio e a residência do autor e do réu” (artigo 319, pedido. Será extra petita a sentença em que o juiz apreciar pedido
II, CPC). Nota-se um aprofundamento em relação ao mesmo dispo- diverso ou fundamento distinto dos formulados na inicial (ex.: pede
sitivo no CPC/1973: “os nomes, prenomes, estado civil, profissão, apenas dano material e o juiz dá também dano moral); ultra petita
domicílio e residência do autor e do réu” (artigo 282, II, CPC/1973). a sentença em que conceder o pedido feito mas em quantia maior
As partes constituem um dos elementos identificadores da que a pedida (ex.: pede 10.000 de dano material e o juiz dá 15.000);
ação. Pequenos equívocos na indicação do nome ou da qualificação citra petita a sentença em que deixar de apreciar um dos pedidos
das partes são considerados meros erros materiais, não implicando feitos (ex.: pede dano material e dano moral e ele só julga o dano
nulidade desde que não tragam prejuízo. material – atenção: não julgar é uma coisa, julgar improcedente é
Se houver dificuldade para nomear e qualificar os réus se admi- outra, caso em que não é citra petita).
te a propositura contra réus desconhecidos ou incertos (ex.: ocupa- Em regra, o pedido deve ser certo e determinado. Certo é o que
ção do MST, não sabendo o nome de todos os invasores para cons- identifica seu objeto, individualizando-o perfeitamente; determina-
tar no polo passivo da ação possessória). do é o pedido líquido, no qual o autor indica a quantidade dos bens
Evidentemente que a ampliação da exigência de requisitos na que pretende haver.
qualificação das partes gerou uma maior possibilidade de que o Nos incisos do art. 324 estão algumas exceções que autorizam
autor não obtenha todas estas informações. Por isso, o legislador o pedido ilíquido ou genérico: ações universais, quais sejam as que
regulamentou nos parágrafos do dispositivo as consequências da têm por objeto uma universalidade de direito (como herança e pa-
não obtenção de informações: trimônio), não sendo possível individualizar os bens demandados;
§ 1o Caso não disponha das informações previstas no inciso II, quando não for possível determinar em definitivo as consequências
poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências neces- do ato ou fato, pois no ingresso da ação ainda não se sabe a exten-
sárias a sua obtenção. são do dano sofrido, incluindo neste inciso a cobrança de dano mo-
§ 2o A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta ral; quando a determinação do objeto ou do valor da condenação
de informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do depender de ato que deva ser praticado pelo réu, como na ação de
réu. exigir contas.
§ 3o A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento Em regra, os pedidos devem ser interpretados restritivamente,
ao disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais infor- não cabendo ao juiz decidir extra, ultra ou citra petita: além, fora
mações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à ou menos que o pedido. Contudo, existem casos de pedidos implíci-
justiça. tos, que o juiz deve conceder mesmo que o autor não peça expres-
O primeiro parágrafo se refere à adoção de diligências em bus- samente, notadamente juros legais, correção monetária, custas e
ca de informações sobre o réu. Por exemplo, se a pessoa tem o CPF despesas processuais e prestações periódicas.
do réu, ainda que não tenha seu endereço, não poderá requerer Para a cumulação de pedidos é preciso que os pedidos se re-
desde logo a citação por edital e sim deverá pedir diligências para lacionem, justificando-se o julgamento conjunto na mesma ação.
que o endereço seja encontrado a partir do CPF, o que também é Haverá cumulação subjetiva no caso da demanda ser proposta con-
possível pelo nome completo do réu e de sua genitora. tra mais de um réu (litisconsórcio passivo) e cumulação objetiva
O segundo parágrafo esclarece que as exigências de maiores havendo fundamentos ou pedidos múltiplos. Aqui se fala da cumu-
informações não podem ser um óbice ao acesso à justiça, de modo lação objetiva de pedidos, que pode ser simples, quando o autor
que ainda que não constem todas as informações, se a citação for formula múltiplos pedidos e deseja obter êxito em todos, mas um
possível a inicial não será indeferida (por exemplo, se tem o ende- pedido não depende do outro; sucessiva, quando o autor formula
reço não faz sentido exigir o CPF ou o e-mail). múltiplos pedidos e deseja obter êxito em todos, mas o resultado
Da mesma forma, pelo terceiro parágrafo, a inicial não será in- do exame de um repercute no do outro; alternativa, quando o autor
deferida se a obtenção de tais informações, ainda que possível, seja formula mais de um pedido mas o acolhimento de um exclui o do
extremamente onerosa ou inviabilize o acesso à justiça. outro, não havendo assim soma de pedidos; eventual ou subsidiá-
ria, idêntica à alternativa, mas havendo uma ordem de preferência.
b) Causa de pedir Para cumular pedidos, eles devem ser compatíveis entre si, o juízo
Nos moldes do artigo 319, III do CPC/2015, cabe à petição indi- competente deve ser o mesmo e o procedimento escolhido deve
car “o fato e os fundamentos jurídicos do pedido”, ou seja, a causa ser adequado a todos os pedidos.
de pedir. A sua importância para o processo é a de dar os limites Quanto à alteração do pedido, o artigo 329 do CPC traz: “O au-
objetivos dentro dos quais será dado o provimento jurisdicional. O tor poderá: I - até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa
que efetivamente vincula o juiz é a descrição dos fatos, e não os de pedir, independentemente de consentimento do réu; II - até o
fundamentos jurídicos, pois ele conhece o direito e deve aplicá-lo saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e a causa de
corretamente. Não basta ao autor narrar a violação de seu direito, pedir, com consentimento do réu, assegurado o contraditório me-
mas é preciso que ele descreva também os fatos em que ele está diante a possibilidade de manifestação deste no prazo mínimo de
fundado (teoria da substanciação). 15 (quinze) dias, facultado o requerimento de prova suplementar.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo à reconvenção e à
c) Pedido e suas especificações respectiva causa de pedir”.
Além disso, a petição inicial indicará “o pedido com as suas es- Basicamente, proposta a inicial o autor pode alterar o pedido
pecificações” (artigo 319, IV, CPC). O pedido é o núcleo essencial ou a causa de pedir até a citação sem consentimento do réu; da
da petição inicial porque delimita os limites objetivos da demanda citação até o saneamento pode fazê-lo como consentimento do
ao lado da causa de pedir. Nele o autor deve indicar o provimento réu; e a partir do saneamento não pode mais fazê-lo. Inversamen-
jurisdicional postulado (pedido imediato – julgar procedente a ação te, caso o réu apresente reconvenção, poderá alterar sua causa de
para declarar/constituir/condenar) e o bem da vida que se quer ob- pedir ou pedido até que o autor seja intimado para contestá-la; da
ter (pedido mediato – direito material – ex.: alimentos no valor X, intimação ao saneamento pode fazê-lo com anuência do autor; e a
indenização no valor Y, resolução do contrato...). partir do saneamento não pode mais fazê-lo.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
d) Valor da causa § 3o O juiz corrigirá, de ofício e por arbitramento, o valor da
Toda causa tem um valor certo ainda que seu objeto não tenha causa quando verificar que não corresponde ao conteúdo patrimo-
conteúdo economicamente aferível. Se o objeto da ação não tiver nial em discussão ou ao proveito econômico perseguido pelo autor,
valor econômico ou o seu valor for inestimável fixa-se por estimati- caso em que se procederá ao recolhimento das custas correspon-
va ou outros critérios. Se o objeto tiver valor econômico o valor será dentes.
fixado por critérios objetivos e legais. Art. 293.  O réu poderá impugnar, em preliminar da contesta-
O valor da causa pode influir principalmente na questão da ção, o valor atribuído à causa pelo autor, sob pena de preclusão, e o
competência (até 40 salários mínimos a ação pode ser proposta no juiz decidirá a respeito, impondo, se for o caso, a complementação
Juizado Especial Cível) e do recolhimento de custas e do preparo (o das custas.
valor da causa é a base de cálculo).
A lei fixa para algumas causas critérios determinados de fixação e) Requerimento de produção de provas
do valor da causa. Quando o faz, aborda a questão das prestações Nos termos do artigo 319, VI, CPC, “a petição inicial indicará:
vincendas, que irão vencer no curso do processo, mas que, por con- [...] as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos
ta do litígio, vencem antecipadamente com a constituição da mora fatos alegados”. Tem havido tolerância quanto ao desrespeito des-
(ex.: busca e apreensão de veículo financiado) – no caso, devem ser te requisito, de modo que sua ausência não gera indeferimento da
tidas por incluídas as vincendas no valor da causa, até o máximo de inicial. Destaca-se que o requerimento de produção de provas da
12 prestações. inicial (e também o da contestação) são genéricos, sendo que no
O CPC manteve a disciplina sobre o valor da causa quanto aos momento oportuno as partes se manifestarão sobre as provas que
critérios de atribuição, inovando apenas ao incluir valor específico desejam produzir.
na ação de indenização. Contudo, inovou bastante ao prever a pos-
sibilidade de correção de ofício e por arbitramento pelo juiz se ve- f) Requerimento de citação do réu
rificar que não corresponde ao conteúdo patrimonial em discussão Embora o CPC tenha excluído o inciso que exigia o requerimen-
ou ao proveito econômico perseguido pelo autor, caso em que se to de citação do réu, este é decorrência lógica do pedido em jurisdi-
procederá ao recolhimento das custas correspondentes. Também ção contenciosa e deve ser feito. O pedido de citação está implícito,
inovou ao prever que a impugnação ao valor da causa pelo réu não não havendo motivo para o juiz indeferir a demanda por sua au-
mais precisaria ser feita em instrumento apartado, mas sim em pre- sência, mas é da melhor técnica mantê-lo. Contudo, não se deverá
liminar na própria contestação (não há mais o incidente de impug- requerer que se cite o réu para que conteste à ação, mas para que
nação ao valor da causa). compareça à audiência de conciliação e, caso esta seja infrutífera,
A respeito da impugnação ao valor da causa, agora por preli- que conteste à ação (salvo, evidente, que o autor requeira que não
minar de contestação, visa fazer com que ele seja reduzido equi- aconteça tal audiência).
tativamente pelo juiz a valores moderados, que não constituam
mais empecilho ao exercício das faculdades processuais pela parte g) Outros requerimentos possíveis
contrária. Mas o juiz, ao examinar a impugnação, não deve pronun- Existem outros requerimentos possíveis, como o pedido de
ciar-se sobre a pretensão do autor, nem decidir se ela é ou não ex- assistência judiciária gratuita quando o autor não tiver condições
cessiva pois se o fizer estará antecipando o julgamento. de arcar com despesas e custas processuais sem prejuízo de sua
Neste sentido, os artigos 291 a 293 do CPC:
subsistência e de sua família. Ainda, o autor pode solicitar uma me-
Art. 291. A toda causa será atribuído valor certo, ainda que
dida cautelar incidental ou pedir a tutela antecipada do mérito por
não tenha conteúdo econômico imediatamente aferível.
fundamento de urgência ou evidência.
Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da re-
convenção e será:
h) Documentos indispensáveis
I - na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente cor-
Nos termos do artigo 320 do CPC, “a petição inicial será instruí-
rigida do principal, dos juros de mora vencidos e de outras penalida-
da com os documentos indispensáveis à propositura da ação”. Os
des, se houver, até a data de propositura da ação;
documentos indispensáveis à propositura da ação são um requisito
II - na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o cum-
primento, a modificação, a resolução, a resilição ou a rescisão de extrínseco da petição inicial. Um exemplo é a procuração, que deve
ato jurídico, o valor do ato ou o de sua parte controvertida; ser juntada, outro são as custas judiciais recolhidas com a inicial. Se
III - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações men- ausente um documento indispensável, o juiz dará prazo para jun-
sais pedidas pelo autor; tada (emenda à inicial), sob pena de indeferimento. Os documen-
IV - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, o tos dispensáveis podem ser juntados posteriormente. Documentos
valor de avaliação da área ou do bem objeto do pedido; meramente úteis são dispensáveis.
V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral,
o valor pretendido; 1.1 Indeferimento da petição inicial
VI - na ação em que há cumulação de pedidos, a quantia cor- Compete ao juiz fazer um exame cuidadoso da admissibilidade
respondente à soma dos valores de todos eles; da petição inicial. Verificando que a petição inicial está em termos,
VII - na ação em que os pedidos são alternativos, o de maior o juiz a recebe e determina a citação do réu. Do contrário, concede
valor; prazo para regularização. Se o vício não for solucionado, o juiz a
VIII - na ação em que houver pedido subsidiário, o valor do pe- rejeita. Sendo assim, na fase inicial é que eventuais defeitos e irre-
dido principal. gularidades poderão ser danados, devendo o juiz conceder prazo ao
§ 1o Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, con- autor para que a regularize.
siderar-se-á o valor de umas e outras. Marcus Vinícius Rios Gonçalves4 entende que “é preciso que
§ 2o O valor das prestações vincendas será igual a uma pres- ele lhe conceda a possibilidade de manifestar-se, ainda que o vício
tação anual, se a obrigação for por tempo indeterminado ou por da inicial seja aparentemente insanável, porque o princípio do con-
tempo superior a 1 (um) ano, e, se por tempo inferior, será igual à
soma das prestações. 4 GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Direito Processual Civil Esquematizado.
10. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
traditório assim o exige. Não se pode extinguir o processo sem ouvir de que trata o art. 326 .
o autor, pois ele pode, ao manifestar-se, convencer o juiz ou de que Art. 328. Na obrigação indivisível com pluralidade de credores,
o vício apontado não existe, ou de que ele é sanável”. aquele que não participou do processo receberá sua parte, deduzi-
Prevê o artigo 321 do CPC, de forma semelhante ao artigo 284 das as despesas na proporção de seu crédito.
do CPC/1973 (salvo quanto ao prazo antes de 10 e agora de 15 dias): Art. 329. O autor poderá:
Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preen- I - até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir,
che os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e independentemente de consentimento do réu;
irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, de- II - até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido
terminará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou e a causa de pedir, com consentimento do réu, assegurado o con-
a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou traditório mediante a possibilidade de manifestação deste no pra-
completado. zo mínimo de 15 (quinze) dias, facultado o requerimento de prova
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz in- suplementar.
deferirá a petição inicial. Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo à reconven-
ção e à respectiva causa de pedir.
SEÇÃO II
DO PEDIDO Quanto a estes defeitos e irregularidades, o CPC discrimina ca-
Art. 322. O pedido deve ser certo. sos de indeferimento da inicial no art. 330:
§ 1º Compreendem-se no principal os juros legais, a correção Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:
monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os honorários ad- I - for inepta;
vocatícios. II - a parte for manifestamente ilegítima;
§ 2º A interpretação do pedido considerará o conjunto da pos- III - o autor carecer de interesse processual;
tulação e observará o princípio da boa-fé. IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 (advogado em
Art. 323. Na ação que tiver por objeto cumprimento de obri- causa própria) e 321 (emenda).
gação em prestações sucessivas, essas serão consideradas incluídas § 1o Considera-se inepta a petição inicial quando:
no pedido, independentemente de declaração expressa do autor, I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;
e serão incluídas na condenação, enquanto durar a obrigação, se II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais
o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consig- em que se permite o pedido genérico;
ná-las. III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a con-
Art. 324. O pedido deve ser determinado. clusão;
§ 1º É lícito, porém, formular pedido genérico: IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.
I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens § 2o Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação
demandados; decorrente de empréstimo, de financiamento ou de alienação de
II - quando não for possível determinar, desde logo, as conse- bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, discriminar na petição
quências do ato ou do fato; inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende
III - quando a determinação do objeto ou do valor da condena- controverter, além de quantificar o valor incontroverso do débito.
ção depender de ato que deva ser praticado pelo réu. § 3o Na hipótese do § 2o, o valor incontroverso deverá conti-
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se à reconvenção. nuar a ser pago no tempo e modo contratados.
Art. 325. O pedido será alternativo quando, pela natureza da A maior inovação, além da compactação de hipóteses, é a abor-
obrigação, o devedor puder cumprir a prestação de mais de um dagem da inépcia da inicial por não apontamento de valores discri-
modo. minados no pedido de revisão contratual.
Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha Quanto ao procedimento em caso de indeferimento, por não
couber ao devedor, o juiz lhe assegurará o direito de cumprir a pres- ter sido sanado o vício no prazo de emenda, preconiza o art. 331,
tação de um ou de outro modo, ainda que o autor não tenha formu- CPC:
lado pedido alternativo. Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar,
Art. 326. É lícito formular mais de um pedido em ordem subsi- facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco) dias, retratar-se.
diária, a fim de que o juiz conheça do posterior, quando não acolher § 1o Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu para
o anterior. responder ao recurso.
Parágrafo único. É lícito formular mais de um pedido, alternati- § 2o Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo para a
vamente, para que o juiz acolha um deles. contestação começará a correr da intimação do retorno dos autos,
Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo, contra observado o disposto no art. 334.
o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja co- § 3o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito
nexão. em julgado da sentença.
§ 1º São requisitos de admissibilidade da cumulação que: Uma mudança se dá quanto ao prazo do juízo de retratação,
I - os pedidos sejam compatíveis entre si; não mais de 48 horas e sim de 5 dias. Em regra, a extinção será
II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo; sem julgamento do mérito, mas excepcionalmente poderá ser com
III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedi- julgamento do mérito (prescrição e decadência). A diferença com
mento. relação à regra geral da apelação é que, interposta a apelação, o
§ 2º Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de juiz tem o prazo de 5 dias para reformar sua própria sentença, isto
procedimento, será admitida a cumulação se o autor empregar o é, cabe juízo de retratação. Se o juiz não voltar atrás, receberá a
procedimento comum, sem prejuízo do emprego das técnicas pro- apelação e mandará subir ao Tribunal após citar o réu.
cessuais diferenciadas previstas nos procedimentos especiais a que Contudo, a maior alteração procedimental com o CPC veio da
se sujeitam um ou mais pedidos cumulados, que não forem incom- exigência de que o réu seja citado para apresentar contrarrazões.
patíveis com as disposições sobre o procedimento comum. Antes, tal exigência apenas existia no caso de improcedência limi-
§ 3º O inciso I do § 1º não se aplica às cumulações de pedidos nar do pedido. Agora, mesmo que o juiz indefira a petição inicial,

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
deverá o réu ser citado em caso de apelação e intimado em caso de § 3o Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cin-
trânsito em julgado da sentença de indeferimento. co) dias.
Caso o autor apele e o juiz não se retrate, após as contrarrazões § 4o Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento
do réu, subirão os autos ao Tribunal. O Tribunal poderá manter ou do processo, com a citação do réu, e, se não houver retratação, de-
reformar a sentença. Se reformar, volta para a 1ª instância e conti- terminará a citação do réu para apresentar contrarrazões, no prazo
nua a correr. O réu não mais poderá alegar o argumento que serviu de 15 (quinze) dias.
de fundamento ao indeferimento da petição inicial e foi afastado Interposta a apelação, há juízo de retratação, no prazo de 5
pelo Tribunal, mas poderá apresentar contestação e reconvenção dias. Se o juiz se retratar o processo continua, se não se retratar,
normalmente, com todos os argumentos que tiver em relação aos antes de remeter ao Tribunal, deverá mandar citar o réu para apre-
fatos alegados pelo autor. sentar suas contrarrazões. A apelação subirá com as alegações do
autor e com as alegações do réu.
1.2 Improcedência liminar do pedido O Tribunal poderá: manter a sentença (condenando o autor a
A improcedência liminar do pedido permite que o juiz, baseado pagar honorários advocatícios, pois já houve contraditório); anular
na existência de entendimento uniformizado sobre o caso, que trata a sentença, devolvendo para prosseguimento (bastará intimar o réu
de matéria exclusivamente de direito ou cuja prova documental é para oferecer contestação, porque já foi citado); reformar a senten-
suficiente, julgue improcedente o pedido do autor desde logo, an- ça julgando totalmente procedente a ação (não será procedência
tes mesmo do réu apresentar defesa. Neste caso, está tudo certo de plano porque o réu já exerceu o contraditório), caso a causa já
com a petição do autor, nisso se diferindo do indeferimento da pe- esteja madura ou envolva matéria de direito.
tição inicial. Apesar da petição conforme, o pedido não merece ser
acolhido, então é julgado improcedente de plano – a extinção se dá 2. Audiência de conciliação ou de mediação
com julgamento do mérito. A mediação é uma forma de solução de conflitos na qual uma
A agora denominada improcedência liminar do pedido corres- terceira pessoa, neutra e imparcial, facilita o diálogo entre as par-
ponde à improcedência de plano, também conhecida como súmula tes, para que elas construam, com autonomia e solidariedade, a
do juízo, ora prevista no artigo 285-A do CPC/1973 (alteração do melhor solução para o problema. Em regra, é utilizada em conflitos
ano de 2007). Ocorre que a disciplina se alterou substancialmente, multidimensionais, ou complexos. A mediação é um procedimento
porque não mais se coloca a improcedência liminar do pedido como estruturado, não tem um prazo definido, e pode terminar ou não
decorrência de decisões repetitivas daquele juízo, mas sim como em acordo, pois as partes têm autonomia para buscar soluções que
a aplicação da lógica dos tribunais (súmula do TJ ou TRF local ou compatibilizem seus interesses e necessidades.
então entendimentos repetitivos de tribunais superiores). Em ver- A conciliação é um método utilizado em conflitos mais simples,
dade, acata-se o que a doutrina já recomendava que o dispositivo ou restritos, no qual o terceiro facilitador pode adotar uma posição
objetivasse desde o início, a uniformização de decisões não ape- mais ativa, porém neutra com relação ao conflito e imparcial. É um
nas do juízo, mas de todo o Judiciário. O processamento continua processo consensual breve, que busca uma efetiva harmonização
o mesmo, o que mudou foram os requisitos para a improcedência social e a restauração, dentro dos limites possíveis, da relação social
liminar. das partes.
Permanece o requisito da matéria exclusivamente de Direi- A conciliação resolve tudo em um único ato, sem necessidade
to ou que, sendo de fato, seja provada apenas pelos documentos de produção de provas. Também é barata porque as partes evitam
acostados à inicial; acrescido do requisito de que a sentença seja de gastos com documentos e deslocamentos aos fóruns. E é eficaz por-
improcedência, ou seja, não existe procedência de plano (o que vio- que as próprias partes chegam à solução dos seus conflitos, sem a
laria o contraditório e a ampla defesa), mas apenas improcedência imposição de um terceiro (juiz). É, ainda, pacífica por se tratar de
de plano (afinal, é benéfico para o réu não ser incomodado para se um ato espontâneo, voluntário e de comum acordo entre as partes.
defender no processo quando desde logo ele é julgado a seu favor O direito de acesso à Justiça, previsto no art. 5º, XXXV, da Cons-
– se o autor não apelar e transitar em julgado a favor deste réu, ele tituição Federal, além da vertente formal perante os órgãos judiciá-
será notificado da decisão). rios, implica acesso à ordem jurídica justa. Por isso, cabe ao Poder
Com efeito, a citação do réu é dispensada para que o juiz julgue Judiciário estabelecer política pública de tratamento adequado dos
improcedente liminarmente o pedido. Contudo, se o autor apelar problemas jurídicos e dos conflitos de interesses, que ocorrem em
da decisão o réu será citado para apresentar contrarrazões. Se o larga e crescente escala na sociedade, de forma a organizar, em âm-
autor não apelar, o réu será apenas informado após o trânsito em bito nacional, não somente os serviços prestados nos processos ju-
julgado. diciais, como também os que possam sê-lo mediante outros meca-
Sobre a improcedência liminar do pedido, preconiza o CPC: nismos de solução de conflitos, em especial dos consensuais, como
Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, a mediação e a conciliação.
independentemente da citação do réu, julgará liminarmente im- A conciliação e a mediação são instrumentos efetivos de paci-
procedente o pedido que contrariar: ficação social, solução e prevenção de litígios, e a sua apropriada
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do disciplina nos programas já implementados no país tem reduzido a
Superior Tribunal de Justiça; excessiva judicialização dos conflitos de interesses, a quantidade de
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo recursos e de execução de sentenças. 
Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; O legislador brasileiro incentiva a conciliação no país e não há
III - entendimento firmado em incidente de resolução de de- novidades nisso. Várias são as campanhas desenvolvidas no país em
mandas repetitivas ou de assunção de competência; prol da conciliação. Basicamente, conciliação é o ato no qual autor
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito e réu dialogam sobre o litígio e buscam alcançar a transação, cada
local. qual abrindo mão ou não de parcelas dos direitos postulados con-
§ 1o O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente forme o caso concreto. A audiência de conciliação é um momento
o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de no qual isso pode ocorrer.
prescrição. Art. 3o Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou
§ 2o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito lesão a direito.
em julgado da sentença, nos termos do art. 241. § 1o É permitida a arbitragem, na forma da lei.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
§ 2o O Estado promoverá, sempre que possível, a solução con- § 11.  A autocomposição obtida será reduzida a termo e homo-
sensual dos conflitos. logada por sentença.
§ 3o  A conciliação, a mediação e outros métodos de solução § 12.  A pauta das audiências de conciliação ou de mediação
consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advo- será organizada de modo a respeitar o intervalo mínimo de 20 (vin-
gados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclu- te) minutos entre o início de uma e o início da seguinte.
sive no curso do processo judicial.
Nota-se que o legislador processual quer que a conciliação seja 3. Resposta do réu
estimulada e por isso facilita a sua realização no processo. A audiên- Entre as respostas que o réu pode apresentar estão: contes-
cia de conciliação não é o único momento que as partes têm para tação, reconvenção e exceções de impedimento/suspeição. O
conciliar, nada impede que elas entrem em acordo fora dos autos CPC/1973 criava uma gama maior de respostas do réu, por exem-
e juntem petição escrita ou que conciliem na própria audiência de plo, ação declaratória incidental (agora extinta) e impugnações ao
instrução. Até a sentença, todo momento é um possível momento valor da causa e à assistência judiciária (agora alegáveis em prelimi-
de conciliação. nar de contestação), além das exceções de incompetência (agora
Um dos requisitos da petição inicial é a indicação do interesse tanto absoluta quanto relativa são alegáveis em contestação por
em realizar ou não a audiência de conciliação (artigo 319, VII, CPC). preliminar).
Trata-se de inovação do CPC de 2015. Não se quer desmerecer a Nota-se que o CPC/2015 trouxe uma maior concentração de
conciliação, mas sim evitar que o processo se prolongue por mo- defesas possíveis na contestação, o que a torna ainda mais relevan-
tivos desnecessários, sabendo-se que as partes não entrarão em te. De qualquer forma, a contestação é a peça mais relevante que o
acordo. réu apresenta no processo. Dentre as respostas possíveis, é a única
O legislador evidencia a importância da conciliação ao colocar a obrigatória. Apresentar reconvenção ou exceções é uma faculdade,
audiência de conciliação como o primeiro ato após a citação do réu, mas apresentar a contestação é obrigatório.
antecedendo a sua resposta. Era assim que ocorria no agora extinto O réu pode simplesmente se defender das alegações contidas
procedimento sumário e ainda ocorre nos juizados especiais, prá- na petição inicial por meio da contestação, mas pode também con-
tica que era transferida no cotidiano do Judiciário também para os tra-atacar formulando pretensões em face do autor por meio de
procedimentos ordinários e que agora se formaliza. nova lide no mesmo processo, o que se denomina reconvenção. A
Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e resposta do réu deve vir na forma escrita.
não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará
audiência de conciliação ou de mediação com antecedência míni- 3.1 Contestação
ma de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 a) Contagem do prazo
(vinte) dias de antecedência. O prazo de resposta é de 15 dias, mas Fazenda Pública, Ministé-
§ 1o O conciliador ou mediador, onde houver, atuará necessa- rio Público, Defensoria Pública e litisconsortes que tiverem diferen-
riamente na audiência de conciliação ou de mediação, observando tes procuradores possuem prazo em dobro. No caso de litisconsor-
tes, caso o prazo comece a correr de dias diferentes para cada um
o disposto neste Código, bem como as disposições da lei de organi-
deles, conta-se do último, ou seja, do fim do ciclo citatório.
zação judiciária.
Art. 335.  O réu poderá oferecer contestação, por petição, no
§ 2o Poderá haver mais de uma sessão destinada à conciliação
prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo inicial será a data:
e à mediação, não podendo exceder a 2 (dois) meses da data de I - da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última
realização da primeira sessão, desde que necessárias à composição sessão de conciliação, quando qualquer parte não comparecer ou,
das partes. comparecendo, não houver autocomposição;
§ 3o A intimação do autor para a audiência será feita na pessoa II - do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de
de seu advogado. conciliação ou de mediação apresentado pelo réu, quando ocorrer
§ 4o A audiência não será realizada: a hipótese do art. 334, § 4o, inciso I; (ambas as partes manifestando
I - se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinte- desinteresse na composição)
resse na composição consensual; III - prevista no art. 231, de acordo com o modo como foi feita
II - quando não se admitir a autocomposição. (ex.: MP em ação a citação, nos demais casos. (data da juntada aos autos do aviso de
de improbidade administrativa). recebimento ou do mandado cumprido por oficial de justiça, dia
§ 5o O autor deverá indicar, na petição inicial, seu desinteres- útil seguinte do vencimento do prazo do edital, dia útil seguinte à
se na autocomposição, e o réu deverá fazê-lo, por petição, apre- citação eletrônica, data de ocorrência da citação quando se der por
sentada com 10 (dez) dias de antecedência, contados da data da ato do escrivão ou do chefe de secretaria)
audiência. § 1o No caso de litisconsórcio passivo, ocorrendo a hipótese do
§ 6o Havendo litisconsórcio, o desinteresse na realização da au- art. 334, § 6o, o termo inicial previsto no inciso II será, para cada
diência deve ser manifestado por todos os litisconsortes. um dos réus, a data de apresentação de seu respectivo pedido de
§ 7o A audiência de conciliação ou de mediação pode realizar- cancelamento da audiência.
-se por meio eletrônico, nos termos da lei. § 2o Quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4o, inciso II, ha-
§ 8o O não comparecimento injustificado do autor ou do réu à vendo litisconsórcio passivo e o autor desistir da ação em relação
audiência de conciliação é considerado ato atentatório à dignidade a réu ainda não citado, o prazo para resposta correrá da data de
da justiça e será sancionado com multa de até dois por cento da intimação da decisão que homologar a desistência.
vantagem econômica pretendida ou do valor da causa, revertida
em favor da União ou do Estado. b) Princípio da eventualidade e ônus da impugnação especí-
§ 9o As partes devem estar acompanhadas por seus advogados fica
Art. 336. Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a ma-
ou defensores públicos.
téria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com que
§ 10.   A parte poderá constituir representante, por meio de
impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende
procuração específica, com poderes para negociar e transigir. (pre-
produzir.
posto) O artigo 336 consagra o princípio da eventualidade, que per-

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
mite ao réu apresentar na contestação todas as matérias que possa XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como
invocar em sua defesa, ainda que elas não sejam necessariamente preliminar;
compatíveis entre si. Pode apresentá-las em ordem sucessiva, sen- XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.
do as últimas para hipóteses de não acolhimento das primeiras. § 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se
É fundamental que o réu apresente todas as defesas que tiver na reproduz ação anteriormente ajuizada.
própria contestação, sob pena de preclusão. Neste sentido, prevê § 2o  Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas
o artigo 342, CPC: partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido.
Art. 342. Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir novas § 3o Há litispendência quando se repete ação que está em curso.
alegações quando: § 4o Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida
I - relativas a direito ou a fato superveniente; por decisão transitada em julgado.
II - competir ao juiz conhecer delas de ofício; § 5o Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência
III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas relativa, o juiz conhecerá de ofício das matérias enumeradas neste
em qualquer tempo e grau de jurisdição. artigo.
O princípio da eventualidade se liga ao ônus da impugnação § 6o A ausência de alegação da existência de convenção de
específica que exterioriza a responsabilidade que tem o réu de, em arbitragem, na forma prevista neste Capítulo, implica aceitação da
sua defesa, impugnar de forma especificada e precisa cada um dos jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral.
fatos narrados pelo autor na inicial, sob pena de, não o fazendo, Nota-se uma ampliação das matérias alegáveis na contestação.
consumar-se a preclusão. O ônus da impugnação específica é um Em geral, o juiz pode reconhecer de ofício as matérias alegáveis em
verdadeiro encargo processual, do qual decorre a necessidade de preliminar, salvo no que tange a arbitragem e incompetência relativa.
atenção e cuidados extremos por parte do advogado do réu ao ofer-
tar uma contestação. Ele não se aplica, contudo, ao defensor dativo. d) Adaptação da nomeação à autoria
Sobre o ônus de impugnação específica, destaca-se o artigo 341, O CPC excluiu a modalidade de nomeação à autoria do rol de
CPC: intervenção de terceiros, mas não retirou a possibilidade do réu de
Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente indicar quem seja a parte legítima para figurar no polo passivo. O
sobre as alegações de fato constantes da petição inicial, presumin- que muda é que isso será feito na própria contestação e não me-
do-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se: diante modalidade de intervenção de terceiros. Basicamente, o réu
I - não for admissível, a seu respeito, a confissão; indicará aquele que deveria figurar no polo passivo e o autor terá 15
II - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento dias para emendar a inicial se acolher a indicação, nada impedindo
que a lei considerar da substância do ato; que mantenha este réu ali e acresça o indicado em litisconsórcio
III - estiverem em contradição com a defesa, considerada em passivo.
seu conjunto. Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima
Parágrafo único.  O ônus da impugnação especificada dos fatos ou não ser o responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará
não se aplica ao defensor público, ao advogado dativo e ao cura- ao autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da petição inicial para
dor especial. substituição do réu.
Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor reembolsará
c) Matérias alegáveis as despesas e pagará os honorários ao procurador do réu excluído,
A contestação não amplia os limites objetivos da lide, o obje- que serão fixados entre três e cinco por cento do valor da causa ou,
to litigioso, tendo em vista o seu caráter defensivo. Contudo, pode sendo este irrisório, nos termos do art. 85, § 8o.
ampliar a cognição do juiz, obrigando-o a apreciar as questões nela Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu in-
alegadas, na parte da fundamentação da sentença. Isso ocorre sem- dicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida sempre que
pre que o réu arguir fato impeditivo, modificativo ou extintivo do tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais
direito do autor. e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indi-
As defesas do réu podem ser divididas em três grandes grupos: cação.
a) as processuais, cujo acolhimento implique a extinção do proces- § 1o O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15
so sem resolução do mérito; b) as processuais que não impliquem (quinze) dias, à alteração da petição inicial para a substituição do
a extinção do processo mas a sua dilação; c) as substanciais ou de
réu, observando-se, ainda, o parágrafo único do art. 338.
mérito, sendo que a defesa de mérito direta é aquela em que o réu
§ 2o No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por alterar
nega os fatos narrados na petição inicial ou o efeito que o autor
a petição inicial para incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito
pretende deles tirar, enquanto que a defesa indireta é a que o réu
indicado pelo réu.
contrapõe aos fatos constitutivos do direito do autor fatos impedi-
tivos, extintivos ou modificativos. As duas primeiras são as defesas
e) Alegação de incompetência
preliminares e a terceira é a defesa de mérito.
Na disciplina do CPC/1973 a alegação de incompetência ab-
Art. 337.  Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:
I - inexistência ou nulidade da citação; soluta se dava em preliminar de contestação, mas a alegação de
II - incompetência absoluta e relativa; incompetência relativa deveria se dar por exceção de incompetên-
III - incorreção do valor da causa; cia. O CPC/2015 unificou as duas situações, de modo que tanto a
IV - inépcia da petição inicial; incompetência absoluta quanto a relativa devem ser alegadas por
V - perempção; preliminar de contestação.
VI - litispendência; O artigo 340 do CPC regula o procedimento que será seguido:
VII - coisa julgada; Art. 340. Havendo alegação de incompetência relativa ou ab-
VIII - conexão; soluta, a contestação poderá ser protocolada no foro de domicílio
IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta do réu, fato que será imediatamente comunicado ao juiz da causa,
de autorização; preferencialmente por meio eletrônico.
X - convenção de arbitragem; § 1o A contestação será submetida a livre distribuição ou, se o
XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual; réu houver sido citado por meio de carta precatória, juntada aos

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
autos dessa carta, seguindo-se a sua imediata remessa para o juízo Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção
da causa. para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou
§ 2o Reconhecida a competência do foro indicado pelo réu, o com o fundamento da defesa.
juízo para o qual for distribuída a contestação ou a carta precató- § 1o Proposta a reconvenção, o autor será intimado, na pessoa
ria será considerado prevento. de seu advogado, para apresentar resposta no prazo de 15 (quinze)
§ 3o Alegada a incompetência nos termos do caput, será sus- dias.
pensa a realização da audiência de conciliação ou de mediação, se § 2o A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva
tiver sido designada. que impeça o exame de seu mérito não obsta ao prosseguimento
§ 4o  Definida a competência, o juízo competente designará do processo quanto à reconvenção.
nova data para a audiência de conciliação ou de mediação. § 3o A reconvenção pode ser proposta contra o autor e tercei-
Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente ro.
sobre as alegações de fato constantes da petição inicial, presumin- § 4o A reconvenção pode ser proposta pelo réu em litisconsór-
do-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se: cio com terceiro.
I - não for admissível, a seu respeito, a confissão; § 5o Se o autor for substituto processual, o reconvinte deverá
II - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento afirmar ser titular de direito em face do substituído, e a reconven-
que a lei considerar da substância do ato; ção deverá ser proposta em face do autor, também na qualidade de
III - estiverem em contradição com a defesa, considerada em substituto processual.
seu conjunto. § 6o O réu pode propor reconvenção independentemente de
Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos oferecer contestação.
não se aplica ao defensor público, ao advogado dativo e ao curador
especial. 3.3 Revelia
Art. 342. Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir no- A não apresentação de contestação pelo réu gera revelia, que
vas alegações quando: pode gerar efeitos como o da presunção da veracidade dos fatos
I - relativas a direito ou a fato superveniente; alegados na inicial. Revel é aquele que, citado, permanece inerte,
II - competir ao juiz conhecer delas de ofício; que não se contrapõe ao pedido formulado pelo autor. Logo, so-
III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em mente o réu pode ser revel. No mais, somente há revelia em proces-
qualquer tempo e grau de jurisdição. so de conhecimento e de urgência, não na execução.
Quando o autor que deixa de cumprir ônus que lhe incumbe,
3.2 Reconvenção diz-se que há contumácia. Também há contumácia quando o réu
É a ação incidente aforada pelo réu em face do autor, ao en- deixa de cumprir ônus que lhe incumbe, diverso da contestação.
sejo de sua resposta. Citado, o demandado pode se limitar a con- É preciso cuidado para não confundir revelia com os efeitos
testar, ficando na posição passiva, ou então assumir uma posição que decorrem dela, pois há hipóteses em que a revelia não produz
ativa, formulando pretensões conexas em face do autor. Trata-se os seus efeitos tradicionais
de nova ação que ocupa o mesmo processo. Ela sempre amplia os Quando se limitar a reconvir, mas trouxer na reconvenção fatos
limites objetivos da lide, porque o juiz terá de decidir não só sobre e alegações que tornem controvertidos os fatos alegados na inicial
a pretensão originária, mas sobre aquela formulada pelo réu. Even- (a revelia advém da completa inércia do réu), não é revel.
tualmente, pode ampliar os limites subjetivos, se proposta contra o São dois os efeitos gerados pela revelia: desnecessidade de in-
autor e um terceiro, ou em conjunto entre réu e o terceiro. timação do revel, pois ele demonstrou desinteresse pelo processo
O réu se denomina reconvinte e o autor se denomina recon- e vontade de permanecer omisso, embora ele possa intervir a qual-
vindo. O prazo é o mesmo da contestação, 15 dias. Na condição de quer momento no curso do processo (caso em que demonstrado o
nova ação, deve preencher as condições da ação e os pressupostos interesse em participar o juiz passará a intimá-lo); e presunção de
processuais, além dos requisitos da inicial, com as devidas adapta- veracidade dos fatos alegados pelo autor.
ções. Não obstante, existem requisitos específicos para a reconven- A presunção de veracidade, o principal efeito que a revelia
ção: conexidade, competência, procedimentos compatíveis e que o gera, torna desnecessária a produção de provas e conduz ao julga-
autor não seja legitimado extraordinário. mento antecipado da lide. Tal presunção não é, contudo, absoluta.
A reconvenção não é possível nem em processo cautelar nem Neste sentido, o juiz presume a verdade dos fatos, mas pode retirar
em processo de execução, ocorrendo apenas no processo de co- deles a consequência jurídica que entender correta.
nhecimento. Também não cabe em embargos do devedor e em pro- Ainda, a lei cria casos em que a presunção de veracidade não
cessos de liquidação, nem em procedimentos especiais incompatí- será aplicada, mesmo que o réu seja revel: a) pluralidade de réus
veis. Caso seja aceito o pedido contraposto (pedido contra o autor em litisconsórcio unitário, sendo que um deles conteste a ação
formulado na própria inicial), como nos juizados especiais, também (apesar do CPC não falar é preciso litisconsórcio unitário porque
só nele a defesa de um beneficia os demais já que a sentença tem
não cabe reconvenção. Em tese, não há óbice à reconvenção su-
que ser igual para todos); b) litígio que verse sobre direitos indis-
cessiva.
poníveis, que são, em geral, aqueles de natureza extrapatrimonial
Quanto ao procedimento, a reconvenção é analisada pelo juiz
ou pública (ex.: estado e capacidade de pessoas); c) petição inicial
como se fosse uma petição inicial quanto à sua admissibilidade, sen-
desacompanhada de instrumento essencial ao ato (ex.: contrato de
do o autor citado para contestar na pessoa de seu procurador. Se o
compra e venda quando a ação versa sobre o reconhecimento da
autor-reconvindo não contestar a ação nem por isso se presumirão
obrigação que decorra de tal contrato); e d) quando as alegações de
verdadeiros os fatos alegados na reconvenção, afinal, ele ajuizou a
fato formuladas pelo autor forem inverossímeis ou estiverem em
demanda e já trouxe seus fatos, que provavelmente se opõem aos contradição com prova constante dos autos, hipótese incluída neste
narrados pelo réu. Abre-se para a réplica do réu conforma a maté- dispositivo pelo CPC/2015 e antes dispersa na lei.
ria alegada na contestação. A instrução será conjunta e a sentença Art. 344. Se o réu não contestar a ação, será considerado re-
única, julgando ação e reconvenção. Nada impede a extinção da re- vel e presumir-se-ão verdadeiras as alegações de fato formuladas
convenção sem julgamento de mérito. Caso a ação originária venha pelo autor.
a ser extinta prematuramente, a reconvenção prosseguirá. Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 se:

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
I - havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação; SEÇÃO III
II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis; DAS ALEGAÇÕES DO RÉU
III - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento Art. 351. Se o réu alegar qualquer das matérias enumeradas
que a lei considere indispensável à prova do ato; no art. 337 , o juiz determinará a oitiva do autor no prazo de 15
IV - as alegações de fato formuladas pelo autor forem inverossí- (quinze) dias, permitindo-lhe a produção de prova.
meis ou estiverem em contradição com prova constante dos autos. Art. 352. Verificando a existência de irregularidades ou de ví-
Art. 346. Os prazos contra o revel que não tenha patrono nos cios sanáveis, o juiz determinará sua correção em prazo nunca su-
autos fluirão da data de publicação do ato decisório no órgão ofi- perior a 30 (trinta) dias.
cial. Art. 353. Cumpridas as providências preliminares ou não ha-
Parágrafo único. O revel poderá intervir no processo em qual- vendo necessidade delas, o juiz proferirá julgamento conforme o
quer fase, recebendo-o no estado em que se encontrar. estado do processo, observando o que dispõe o Capítulo X.
Não obstante, prevê o CPC/2015: Dos artigos 347 a 353 do CPC são descritas as providências pre-
liminares que antecedem a fase saneatória, notadamente: a mais
CAPÍTULO IX comum, sempre tomada se o réu apresenta contestação, que é a
DAS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES E DO SANEAMENTO abertura de prazo para o autor apresentar a impugnação à contes-
Art. 347. Findo o prazo para a contestação, o juiz tomará, con- tação no prazo de 15 dias; e a menos comum, que é a abertura de
forme o caso, as providências preliminares constantes das seções prazo para o autor se manifestar sobre a produção de provas devido
deste Capítulo. à revelia do réu por não poderem ser aplicados os efeitos da revelia.
Tomadas as providências preliminares, o juiz terá duas opções:
SEÇÃO I proferir o julgamento conforme o estado do processo, também co-
DA NÃO INCIDÊNCIA DOS EFEITOS DA REVELIA nhecido como julgamento antecipado da lide; ou seguir para a fase
Art. 348. Se o réu não contestar a ação, o juiz, verificando a instrutória após o saneamento do processo.
inocorrência do efeito da revelia previsto no art. 344, ordenará que O saneamento serve para decidir questões processuais penden-
o autor especifique as provas que pretenda produzir, se ainda não tes, fixar pontos controvertidos e definir os rumos da fase probató-
as tiver indicado. ria. O despacho saneador já assumia uma relevância no CPC/1973,
Art. 349. Ao réu revel será lícita a produção de provas, con- mas muitas vezes era ignorado pelos magistrados na prática. O sa-
trapostas às alegações do autor, desde que se faça representar nos neamento possui verdadeiro caráter decisório, tanto que contra ele
autos a tempo de praticar os atos processuais indispensáveis a essa pode ser interposto agravo de instrumento. Contudo, inegável que
produção.
ganha maior importância no CPC/2015, que a ele dedica extenso
Neste sentido, se não aplicado o efeito da presunção de veraci-
dispositivo, sendo inevitável que o juiz se atenha a ele com os devi-
dade dos fatos alegados pelo autor, este apresentará as provas que
dos cuidados para não gerar nulidades processuais. Ressalta-se que
pretende produzir. Se o réu for revel e comparecer depois no pro-
com a criação da regra dinâmica de distribuição do ônus da prova
cesso poderá produzir provas (ex.: perdeu o prazo para contestar,
o saneamento assumiu ainda maior importância, pois é no sanea-
mas está ciente do feito e quer acompanhá-lo).
dor que o juiz deverá fazê-lo (nada impede, contudo, que as partes
apresentem acordo decidindo por si como se dará a distribuição do
4. Contumácia
“Incorre em contumácia qualquer das partes que deixa de exer- ônus da prova).
cer atividade no processo num momento em que, em tese, deve- Do saneador as partes possuem 5 dias para apresentar ques-
ria atuar. Por isso, tanto o autor como o réu podem incorrer em tionamentos sobre seu conteúdo, pedindo esclarecimentos e suge-
contumácia. Além disso, a contumácia pode se dar em qualquer rindo alterações, e 15 dias para apresentar rol de testemunhas se
momento processual. Assim, por exemplo, incorre em contumácia o juiz determinar (no máximo 10, sendo 3 o máximo por cada fato
o autor ou o réu que, no prazo para se manifestar sobre o laudo pe- a ser provado – o juiz pode reduzir o número se achar que o fato
ricial, permanece em silêncio; o autor ou o réu que, no prazo para não é complexo a este ponto) e para arguir impedimento/suspeição
arrolar testemunhas, nada faz; o autor que, no prazo assinado pelo do perito nomeado pelo juízo se este ordenar prova pericial, bem
juiz, não corrige um defeito da petição inicial; e o réu que, intimado como indicar assistente técnico e apresentar quesitos.
para se manifestar sobre um documento apresentado pelo autor, Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítu-
silencia. Já a revelia é a contumácia do réu no momento em que ele lo, deverá o juiz, em decisão de saneamento e de organização do
deveria apresentar a contestação”5. A contumácia é mais abrangen- processo:
te que a revelia, considerando que se configura tanto para o autor I - resolver as questões processuais pendentes, se houver;
quanto para o réu em caso de descumprimento de ônus processual. II - delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a ativi-
A revelia é um tipo específico de contumácia, que apenas se confi- dade probatória, especificando os meios de prova admitidos;
gura se o réu descumprir o ônus de apresentar contestação. III - definir a distribuição do ônus da prova, observado o art.
373;
5. Providências preliminares e saneamento IV - delimitar as questões de direito relevantes para a decisão
SEÇÃO II do mérito;
DO FATO IMPEDITIVO, MODIFICATIVO OU EXTINTIVO DO V - designar, se necessário, audiência de instrução e julgamen-
DIREITO DO AUTOR to.
Art. 350. Se o réu alegar fato impeditivo, modificativo ou ex- § 1º Realizado o saneamento, as partes têm o direito de pedir
tintivo do direito do autor, este será ouvido no prazo de 15 (quinze) esclarecimentos ou solicitar ajustes, no prazo comum de 5 (cinco)
dias, permitindo-lhe o juiz a produção de prova. dias, findo o qual a decisão se torna estável.
§ 2º As partes podem apresentar ao juiz, para homologação,
delimitação consensual das questões de fato e de direito a que se
5 VIANA, Salomão. Qual a relação entre contumácia e revelia? O autor pode referem os incisos II e IV, a qual, se homologada, vincula as partes
incorrer em contumácia? Disponível em: <https://salomaoviana.jusbrasil.com. e o juiz.
br/artigos/182920234/qual-a-relacao-entre-contumacia-e-revelia-o-autor-po- § 3º Se a causa apresentar complexidade em matéria de fato
de-incorrer-em-contumacia>. Acesso em: 25 abr. 2019.

33
CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
ou de direito, deverá o juiz designar audiência para que o sanea- por agravo de instrumento.
mento seja feito em cooperação com as partes, oportunidade em Supondo que a causa conte com cumulação de pedidos, não
que o juiz, se for o caso, convidará as partes a integrar ou esclarecer pairando controvérsia sobre um deles, ou estando o mesmo em
suas alegações. condições de julgamento de imediato independente de outras pro-
§ 4º Caso tenha sido determinada a produção de prova teste- vas, o juiz poderá julgá-lo desde logo. Por exemplo, se um casal quer
munhal, o juiz fixará prazo comum não superior a 15 (quinze) dias se divorciar, mas ainda há litígio sobre bens, guarda e alimentos,
para que as partes apresentem rol de testemunhas. pode sentenciar parcialmente pelo divórcio e seguir o processo no
§ 5º Na hipótese do § 3º, as partes devem levar, para a audiên- restante. Não interposto recurso, a decisão transitará em julgado.
cia prevista, o respectivo rol de testemunhas. Contudo, não cabe recorrer como se fosse uma sentença qualquer,
§ 6º O número de testemunhas arroladas não pode ser superior eis que o processo terá que continuar, razão pela qual cabe agravo
a 10 (dez), sendo 3 (três), no máximo, para a prova de cada fato. de instrumento e não apelação. A parte incontroversa pode ser exe-
§ 7º O juiz poderá limitar o número de testemunhas levando cutada desde logo, mediante cumprimento de sentença provisório.
em conta a complexidade da causa e dos fatos individualmente con-
siderados. 7. Audiência de instrução e julgamento
§ 8º Caso tenha sido determinada a produção de prova peri- A audiência de instrução e julgamento ocorrerá sempre que for
cial, o juiz deve observar o disposto no art. 465 e, se possível, esta- necessária a produção de provas em audiência, como depoimentos
belecer, desde logo, calendário para sua realização. das partes, oitiva de peritos e, principalmente, testemunhal. Será,
§ 9º As pautas deverão ser preparadas com intervalo mínimo assim, o ato derradeiro da produção de provas, que encerrará a fase
de 1 (uma) hora entre as audiências. probatória para dar abertura à fase de julgamento.
Art. 358. No dia e na hora designados, o juiz declarará aberta
6. Julgamento conforme o estado do processo a audiência de instrução e julgamento e mandará apregoar as par-
O juiz poderá proferir sentença sempre que for o caso de ex- tes e os respectivos advogados, bem como outras pessoas que dela
tinção sem resolução do mérito ou, no caso de extinção com reso- devam participar.
lução do mérito, para homologar acordo ou afim, para reconhecer Art. 359. Instalada a audiência, o juiz tentará conciliar as par-
tes, independentemente do emprego anterior de outros métodos de
prescrição ou decadência ou para se dar por satisfeito quanto às
solução consensual de conflitos, como a mediação e a arbitragem.
provas produzidas, julgando procedente ou improcedente. É o que
Art. 360. O juiz exerce o poder de polícia, incumbindo-lhe:
se extrai do artigo 354, CPC:
I - manter a ordem e o decoro na audiência;
Art. 354. Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts.
II - ordenar que se retirem da sala de audiência os que se com-
485 e 487, incisos II e III, o juiz proferirá sentença.
portarem inconvenientemente;
Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput pode dizer
III - requisitar, quando necessário, força policial;
respeito a apenas parcela do processo, caso em que será impugná-
IV - tratar com urbanidade as partes, os advogados, os mem-
vel por agravo de instrumento. bros do Ministério Público e da Defensoria Pública e qualquer pes-
O CPC inova ao permitir que esta sentença que julga antecipa- soa que participe do processo;
damente a lide seja parcial, no que se denomina julgamento anteci- V - registrar em ata, com exatidão, todos os requerimentos
pado parcial do mérito. apresentados em audiência.
Quanto ao julgamento antecipado da lide, coloca-se ser cabível Art. 361. As provas orais serão produzidas em audiência, ouvin-
quando não for necessário seguir adiante com a fase instrutória ou do-se nesta ordem, preferencialmente:
probatória (fatos que não dependam de outras provas ou matéria I - o perito e os assistentes técnicos, que responderão aos que-
exclusivamente de direito), bem como no caso de revelia, de acordo sitos de esclarecimentos requeridos no prazo e na forma do art. 477,
com o artigo 355: caso não respondidos anteriormente por escrito;
Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo II - o autor e, em seguida, o réu, que prestarão depoimentos
sentença com resolução de mérito, quando: pessoais;
I - não houver necessidade de produção de outras provas; III - as testemunhas arroladas pelo autor e pelo réu, que serão
II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não inquiridas.
houver requerimento de prova, na forma do art. 349. Parágrafo único. Enquanto depuserem o perito, os assistentes
Em relação ao julgamento antecipado parcial do mérito, dispõe técnicos, as partes e as testemunhas, não poderão os advogados e
o artigo 356: o Ministério Público intervir ou apartear, sem licença do juiz.
Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou Art. 362. A audiência poderá ser adiada:
mais dos pedidos formulados ou parcela deles: I - por convenção das partes;
I - mostrar-se incontroverso; II - se não puder comparecer, por motivo justificado, qualquer
II - estiver em condições de imediato julgamento, nos termos pessoa que dela deva necessariamente participar;
do art. 355. III - por atraso injustificado de seu início em tempo superior a
§ 1º A decisão que julgar parcialmente o mérito poderá reco- 30 (trinta) minutos do horário marcado.
nhecer a existência de obrigação líquida ou ilíquida. § 1o O impedimento deverá ser comprovado até a abertura da
§ 2º A parte poderá liquidar ou executar, desde logo, a obri- audiência, e, não o sendo, o juiz procederá à instrução.
gação reconhecida na decisão que julgar parcialmente o mérito, § 2o O juiz poderá dispensar a produção das provas requeridas
independentemente de caução, ainda que haja recurso contra essa pela parte cujo advogado ou defensor público não tenha compare-
interposto. cido à audiência, aplicando-se a mesma regra ao Ministério Público.
§ 3º Na hipótese do § 2º, se houver trânsito em julgado da de- § 3o Quem der causa ao adiamento responderá pelas despesas
cisão, a execução será definitiva. acrescidas.
§ 4º A liquidação e o cumprimento da decisão que julgar par- Art. 363. Havendo antecipação ou adiamento da audiência, o
cialmente o mérito poderão ser processados em autos suplemen- juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinará a intima-
tares, a requerimento da parte ou a critério do juiz. ção dos advogados ou da sociedade de advogados para ciência da
§ 5º A decisão proferida com base neste artigo é impugnável nova designação.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
Art. 364. Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao advogado Quanto ao objeto, podem ser diretas, quando mantiverem uma
do autor e do réu, bem como ao membro do Ministério Público, relação imediata com o fato a ser provado (ex.: recibo prova o pa-
se for o caso de sua intervenção, sucessivamente, pelo prazo de 20 gamento), ou indiretas, que se referem a fato distinto do que pre-
(vinte) minutos para cada um, prorrogável por 10 (dez) minutos, tende provas (ex.: prova que estava em outro lugar para provar que
a critério do juiz. não estava no local do fato).
§ 1o Havendo litisconsorte ou terceiro interveniente, o prazo, Quanto ao sujeito, pode ser pessoal, quando consistir em de-
que formará com o da prorrogação um só todo, dividir-se-á entre os claração ou afirmação de pessoa (como a prova testemunhal ou o
do mesmo grupo, se não convencionarem de modo diverso. depoimento pessoal), ou real, quando obtida de exame de coisa ou
§ 2o Quando a causa apresentar questões complexas de fato pessoa (prova pericial ou documental, por exemplo).
ou de direito, o debate oral poderá ser substituído por razões finais Quanto à forma, pode ser oral (ex.: depoimento) ou escrita
escritas, que serão apresentadas pelo autor e pelo réu, bem como (ex.: laudo pericial e documento).
pelo Ministério Público, se for o caso de sua intervenção, em prazos
sucessivos de 15 (quinze) dias, assegurada vista dos autos. 1.2 Vedação das provas ilícitas
Art. 365. A audiência é una e contínua, podendo ser excepcio- Nos termos do artigo 5º, LVI, CF, “são inadmissíveis, no proces-
nal e justificadamente cindida na ausência de perito ou de testemu- so, as provas obtidas por meios ilícitos”. Ainda, prevê o artigo 369,
nha, desde que haja concordância das partes. CPC: “as partes têm o direito de empregar todos os meios legais,
Parágrafo único. Diante da impossibilidade de realização da bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados
instrução, do debate e do julgamento no mesmo dia, o juiz marcará neste Código, para provar a verdade dos fatos em que se funda o
seu prosseguimento para a data mais próxima possível, em pauta pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz”.
preferencial. Compreende-se a consagração de um sistema de provas atípi-
Art. 366. Encerrado o debate ou oferecidas as razões finais, cas, de modo que podem ser produzidas não apenas as provas ar-
o juiz proferirá sentença em audiência ou no prazo de 30 (trinta) roladas como tais no Código de Processo Civil, mas todas as outras
dias. que não contrariem a lei, inclusive os direitos e garantias funda-
Art. 367. O servidor lavrará, sob ditado do juiz, termo que con- mentais assegurados na Constituição, a moral e os bons costumes.
terá, em resumo, o ocorrido na audiência, bem como, por extenso, A ilicitude da prova pode advir ou do modo como ela foi obtida,
os despachos, as decisões e a sentença, se proferida no ato. ou do meio empregado para a demonstração do fato. A causa mais
§ 1o Quando o termo não for registrado em meio eletrônico, o frequente de ilicitude é a obtenção de prova por meio antijurídico,
juiz rubricar-lhe-á as folhas, que serão encadernadas em volume como a interceptação telefônica fora das hipóteses legais e a viola-
próprio. ção do sigilo de correspondência, entre outros.
§ 2o Subscreverão o termo o juiz, os advogados, o membro do Contudo, não se resume à violação da lei, se estendendo à
Ministério Público e o escrivão ou chefe de secretaria, dispensadas desobediência da moral e dos bons costumes. “Moralmente legí-
as partes, exceto quando houver ato de disposição para cuja prática timas” seria algo próximo da não ofensa ao que a sociedade, de
os advogados não tenham poderes. modo geral, considera como padrão de comportamento. O conhe-
§ 3o O escrivão ou chefe de secretaria trasladará para os autos cido adágio moral e bons costumes. Trata-se de uma regra aberta,
cópia autêntica do termo de audiência. por meio da qual o julgador irá interpretar, em cada situação, quais
§ 4o Tratando-se de autos eletrônicos, observar-se-á o disposto meios de provas seriam moralmente aceitáveis para o processo no
neste Código, em legislação específica e nas normas internas dos qual são produzidas.
tribunais. A preocupação com a utilização da prova ilícita é tal que o Su-
§ 5o A audiência poderá ser integralmente gravada em ima- premo Tribunal Federal tem adotado a teoria dos frutos da árvore
gem e em áudio, em meio digital ou analógico, desde que assegure contaminada, estendendo a ilicitude às provas advindas de um des-
o rápido acesso das partes e dos órgãos julgadores, observada a dobramento da produção da prova proibida, conforme se extrai do
legislação específica. Informativo nº 35 do STF:
§ 6o A gravação a que se refere o § 5o também pode ser reali- Examinando novamente o problema da validade de provas cuja
zada diretamente por qualquer das partes, independentemente de obtenção não teria sido possível sem o conhecimento de informa-
autorização judicial. ções provenientes de escuta telefônica autorizada por juiz – prova
Art. 368. A audiência será pública, ressalvadas as exceções le- que o STF considera ilícita, até que seja regulamentado o art. 5º, XII,
gais. da CF (“é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações
1. Teoria Geral das Provas telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no úl-
A prova é fundamental no processo civil. Embora existam mui- timo caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei es-
tos processos em que a questão controvertida seja exclusivamente tabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual
de direito, não cabendo a produção de produção de provas, diver- penal”) –, o Tribunal, por maioria de votos, aplicando a doutrina dos
sos são os que exigem a apuração de fatos mediante provas especí- “frutos da árvore envenenada”, concedeu habeas corpus impetrado
ficas. Com efeito, é por meio das atividades probatórias que o juiz em favor de advogado acusado do crime de exploração de prestígio
terá elementos para decidir sobre a veracidade e a credibilidade das (CP, art. 357, par. único), por haver solicitado a seu cliente (preso em
alegações. Basicamente, pelas provas se forma o convencimento do penitenciária) determinada importância em dinheiro, a pretexto de
magistrado sobre a existência de fatos controvertidos que tenham entregá-la ao juiz de sua causa. Entendeu-se que o testemunho do
relevância para o processo. cliente – ao qual se chegara exclusivamente em razão da escuta –,
A prova pode ser examinada sob o aspecto objetivo e subjetivo. confirmando a solicitação feita pelo advogado na conversa telefô-
Sob o objetivo, é o conjunto de meios que produz a certeza jurídica; nica, estaria “contaminado” pela ilicitude da prova originária. Ven-
sob o subjetivo, é a convicção que se forma no espírito do julgador. cidos os Ministros Carlos Velloso, Octavio Gallotti, Sydney Sanches,
Néri da Silveira e Moreira Alves, que indeferiam o habeas corpus,
1.1 Classificação da prova ao fundamento de que somente a prova ilícita – no caso, a escuta –
As provas classificam-se de acordo com o objeto, o sujeito e a deveria ser desprezada. Precedentes citados: AHC 69912-RS (DJ de
forma pela qual são produzidas. 26.11.93), HC 73351-SP (Pleno, 09.05.96; v. Informativo nº 30). HC

35
CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
72.588-PB, rel. Min. Maurício Corrêa, 12.06.96. Ocorre que tradicionalmente a doutrina relaciona o conteúdo
A doutrina defende a aplicação da teoria da proporcionalidade, do princípio dispositivo com a atividade do magistrado no campo
não se levando aos extremos a teoria dos frutos da árvore envene- das provas. A doutrina clássica tem por hábito vincular os poderes
nada. instrutórios do juiz à natureza da relação de Direito Material trazida
ao processo, afirmando-se que se for de direito disponível a inicia-
1.3 Objeto da prova tiva e a condução do feito são praticamente exclusivas das partes,
O objeto da prova são exclusivamente os fatos, devendo estes enquanto se for de direito indisponível a amplitude de poderes do
ser relevantes para o processo. julgador é potencializada.
O Direito não deve ser provado, em regra, pois o juiz conhece Ocorre que a ideia de dicotomia entre os princípios mencio-
o Direito – jura novit curia. Contudo, o juiz não tem como conhecer nados é derivada de mentalidade atrasada e relativa à fase em que
o Direito do mundo inteiro e de cada região. Neste sentido, prevê o Direito Processual Civil não possuía o reconhecimento e autono-
o art. 376, CPC: “a parte que alegar direito municipal, estadual, es- mia científica dos dias atuais. Hoje em dia não se pode mais manter
trangeiro ou consuetudinário provar-lhe-á o teor e a vigência, se posições herméticas como a mencionada. É preciso que seja feita
assim o juiz determinar”. Logo, a parte deverá provar a vigência e o a conjugação entre os diversos institutos jurídicos envolvidos nos
teor do direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário. questionamentos, a fim de que deles seja extraído o resultado mais
Voltando aos fatos, mesmo entre os fatos relevantes, há alguns útil para o sistema. Com o princípio dispositivo não é diferente.
que não precisam ser provados, conforme prevê o CPC: Deve ele ser encarado com base na visão publicista do processo,
Art. 374. Não dependem de prova os fatos: sem deixar de notar que o papel do julgador mudou e não é mais
I - notórios; aquele de mero expectador do embate travado entre as partes.
II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrá- Os sujeitos processuais têm a capacidade de estabelecer limi-
ria; tações quanto aos fatos a serem examinados pelo juiz, porém não
III - admitidos no processo como incontroversos; têm o poder de definir quais meios de prova serão utilizados para
IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de tanto, ou seja, não podem delimitar os meios de prova que o julga-
veracidade. dor irá entender necessários para a formação do convencimento
Os notórios são aqueles de conhecimento geral na região em
dele. E quanto a essa atuação do julgador, não se trata de simples
que o processo tramita (ex.: há intenso tráfego de veículos em São
conduta supletiva, pois ele deve atuar de forma dinâmica, visando a
Paulo); os afirmados por uma parte e confessados pela contrária
reproduzir nos autos um retrato fiel da realidade jurídico-material.
são incontroversos; os incontroversos, de modo que a terceira hi-
A atividade instrutória do juiz, como se nota, está diretamente vin-
pótese se relaciona com a segunda, ampliando-a; e os presumidos,
culada aos limites da demanda, que, ao menos em princípio, não
absoluta ou relativamente.
podem ser ampliados de ofício. Nessa medida, à luz dos fatos de-
Os fatos negativos, por seu turno, não precisam ser provados
duzidos pelas partes, deve o julgador desenvolver toda a atividade
no caso de negações absolutas, mas o precisam no caso de nega-
ções relativas. Exemplo: não é possível provar que não estava num possível para atingir os escopos do processo, limitado apenas aos
determinado local, mas é possível provar que se estava em outro no fatos, porém não impedido de lançar mão de todos os meios de
mesmo momento, gerando álibi. prova necessários para a solução da demanda.
Assim sendo, a interpretação que se deve dar ao princípio dis-
1.4 Poderes instrutórios do juiz positivo é no sentido de que ele limita a atividade do julgador ape-
Os juristas têm o hábito de tentar escapar da problemática das nas em relação às possibilidades das partes abrirem mão do direito
provas e verdade recorrendo à distinção entre verdade formal, ju- material em si, jamais alcançando o instrumento processual, sob
dicial ou processual e material, de um lado, e histórica, empírica pena de perda da sua utilidade e isso, caso venha ocorrer, é extre-
ou simplesmente verdade, de outro. É comum, também a distinção mamente prejudicial para a efetividade e a justiça dos provimen-
entre uma chamada verdade relativa, que é aquela típica do pro- tos jurisdicionais, pois se correria o risco de deixar ao alvedrio das
cesso, e uma verdade absoluta, a qual existiria em algum lugar fora partes o controle da instrução do processo, quando na verdade o
dos autos. Outra questão interessante é a correspondência, ou não, magistrado é o destinatário das provas e ninguém melhor do que
entre a realidade dos fatos e a verdade processual. ele para definir quais devem ser produzidas, a fim de que se consiga
A distinção entre verdade formal e verdade material é inacei- atingir o grau de certeza necessário para que a decisão seja profe-
tável por várias razões que a doutrina menos superficial tem pos- rida com segurança.
to em evidência desde algum tempo. Afinal, a existência de regras
jurídicas e de limites de distinta natureza serve, no máximo, para Em termos de fundamentação jurídica, o Código de Processo
excluir a possibilidade de obter verdades absolutas, mas não é sufi- Civil segue a toada da Constituição Federal e garante ao juiz ampla
ciente para diferenciar totalmente a verdade que se estabelece no liberdade para determinar, de ofício, as provas que lhe pareçam ne-
processo daquela que se fala fora do mesmo. cessárias para apuração da verdade e para assegurar a igualdade
Na época em que se defendia a duplicidade de verdade, con- real de tratamento entre as partes:
forme acima exposto, não se falava em processo como instrumento Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os meios
público voltado a entregar a prestação jurisdicional com qualidade, legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especifi-
eficiência e segurança. Do mesmo modo, o estudo dos poderes ins- cados neste Código, para provar a verdade dos fatos em que se fun-
trutórios do julgador não merecia a atenção de hoje, sobretudo no da o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz.
Brasil, após a segunda metade do século passado. Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte,
Sempre que se fala sobre poderes instrutórios do julgador os determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito.
princípios que vêm à mente são o dispositivo e inquisitivo. De um Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão fundamentada,
lado, diz-se que o primeiro limita os poderes instrutórios do julga- as diligências inúteis ou meramente protelatórias.
dor, uma vez que a iniciativa em termos de ação e provas caberia, As provas formarão o convencimento do juiz, de modo que ele
de forma exclusiva, às partes. De outra banda, o segundo quer fazer encontre e verdade e não tenha dúvidas sobre os fatos, evitando
crer que cabe ao julgador perquirir sobre as provas acerca dos fatos que ele tenha que se utilizar das regras de julgamento do ônus da
sobre os quais a demanda está assentada. prova para decidir. Por sua vez, ele deverá apreciar tais provas e

36
CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
indicar como o fez na decisão, que deverá ser fundamentada. a demanda.
Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, inde- Por meio do que se extrai do Código de Processo Civil brasileiro,
pendentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na de- o legislador pátrio optou por não prever, em rol fechado, todos os
cisão as razões da formação de seu convencimento. meios de prova. Preferiu, e nisso andou bem, estabelecer alguns
Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida meios de prova de forma exemplificativa, deixando consignado no
em outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, art. 332 do Código de Processo Civil que são aceitos no processo to-
observado o contraditório. dos os meios legais, bem como moralmente legítimos, mesmo que
Art. 373. O ônus da prova incumbe: não especificados em Lei.
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; A título de exemplo, tem-se como meios de prova típicos o tes-
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo temunhal, documental, confissão, depoimento pessoal, inspeção
ou extintivo do direito do autor. judicial e perícias em geral. Não serão estudados, um a um, pois isto
§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da acabaria por subverter o objetivo da presente pesquisa. Em vista do
causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de rol não ser taxativo, costuma-se dizer que existem provas atípicas
cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de no sistema brasileiro.
obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus O CPC/2015 inovou ao mencionar expressamente a possibilida-
da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamen- de de se buscar provas em outros processos, no que se denomina
tada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desin- prova emprestada, conforme art. 372: “o juiz poderá admitir a utili-
cumbir do ônus que lhe foi atribuído. zação de prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor
§ 2º A decisão prevista no § 1º deste artigo não pode gerar que considerar adequado, observado o contraditório”. Quando a
situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja im- prova vier de outro processo o juiz deve garantir que tenha havido
possível ou excessivamente difícil. contraditório em sua produção ou suprir a ausência deste nos autos
§ 3º A distribuição diversa do ônus da prova também pode principais.
ocorrer por convenção das partes, salvo quando:
I - recair sobre direito indisponível da parte; 1.6 Dever de colaboração com a justiça
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do di- O dever de cooperação justifica a intervenção do julgador
reito. quanto à produção de provas, pois revela que todos os sujeitos
§ 4º A convenção de que trata o § 3º pode ser celebrada antes processuais devem se ajudar, mutuamente, com o objeto único de
ou durante o processo. provocar a melhor decisão possível.
Art. 374. Não dependem de prova os fatos: É certo que cada uma das partes defende, em primeiro plano,
I - notórios; interesses individuais, mas em segundo deve haver essa coope-
II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária; ração, sobretudo no aspecto relativo às provas, e para tanto é de
III - admitidos no processo como incontroversos; suma relevância a intervenção do Estado, pois o magistrado, como
IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de sujeito processual imparcial, pode e deve servir de fiel da balança,
veracidade. quanto ao cumprimento desse dever.
Art. 375. O juiz aplicará as regras de experiência comum sub- Atrelado ao dever de cooperação entre os sujeitos processuais,
ministradas pela observação do que ordinariamente acontece e, está o princípio da aquisição processual ou da comunhão da prova,
ainda, as regras de experiência técnica, ressalvado, quanto a estas, o qual, em síntese, indica que a prova na verdade não pertence às
o exame pericial. partes, mas sim ao processo, pois em última análise, a prova tem
Art. 376. A parte que alegar direito municipal, estadual, estran- como destinatário natural o julgador.
geiro ou consuetudinário provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim Quando se parte da premissa de que as provas, após serem
o juiz determinar. produzidas, pertencem ao processo, fica evidente que existe, antes
Art. 377. A carta precatória, a carta rogatória e o auxílio direto de tudo, o dever de cooperação entre os sujeitos processuais, tendo
suspenderão o julgamento da causa no caso previsto no art. 313, o julgador como o fiscal natural do jogo de ônus e sujeições existen-
inciso V, alínea “b”, quando, tendo sido requeridos antes da decisão te entre todos os participantes da relação jurídico-processual.
de saneamento, a prova neles solicitada for imprescindível. Art. 378. Ninguém se exime do dever de colaborar com o Poder
Podem viger num sistema processual três sistemas de decisão Judiciário para o descobrimento da verdade.
quanto às provas: o da prova legal, em que é estabelecida uma hie- Art. 379. Preservado o direito de não produzir prova contra si
rarquia entre as provas à qual o juiz fica vinculado (ex.: prova peri- própria, incumbe à parte:
cial vale mais que prova testemunhal); o do convencimento íntimo, I - comparecer em juízo, respondendo ao que lhe for interro-
no qual o juiz decide como quiser e não precisa dizer quais provas gado;
usou para fazê-lo; e o do livre convencimento motivado, adotado II - colaborar com o juízo na realização de inspeção judicial que
nos Estados Democráticos de Direito, obrigando o juiz a apontar os for considerada necessária;
fundamentos jurídicos e fáticos de sua decisão, que é tomada pelo III - praticar o ato que lhe for determinado.
seu livre convencimento. Logo, não há hierarquia entre as provas, Art. 380. Incumbe ao terceiro, em relação a qualquer causa:
mas o juiz precisa dizer por que valorou mais uma do que a outra, I - informar ao juiz os fatos e as circunstâncias de que tenha
fundamentando juridicamente sua decisão. conhecimento;
II - exibir coisa ou documento que esteja em seu poder.
1.5 Meios e fontes de provas Parágrafo único. Poderá o juiz, em caso de descumprimento,
Meios de prova são os instrumentos por meio dos quais os su- determinar, além da imposição de multa, outras medidas indutivas,
jeitos processuais buscam comprovar os fatos controvertidos deba- coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias.
tidos nos autos. Não se confundem com as fontes das provas, pois
estas são os objetos e pessoas sobre os quais recaem as alegações e 1.7 Distribuição do ônus da prova
fatos que precisam ser demonstrados nos autos. Os meios, por sua O Código de Processo Civil de 2015 consagra uma sistemática
vez, são os procedimentos adotados para instruir o processo com as de distribuição do ônus da prova bastante diversa da que foi consa-
informações necessárias sobre os fatos nos quais se fundamentam
grada no Código de Processo Civil de 1973, admitindo sua dinami-

37
CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
zação, tal como já o faziam diplomas como o Código de Defesa do ceder às partes a oportunidade de produzir as provas sobre o que
Consumidor. Para melhor entender tais regras, primeiro vale com- lhes interessa, bem como ao se fixar regras de distribuição do ônus,
preender a abrangência e a importância do ônus da prova. com consequências processuais para o descumprimento, o pano de
fundo de tal estrutura é na verdade a tentativa de se conceder à
- Diferença entre ônus e dever parte o sentimento de que teve oportunidade de influir na decisão
No presente tópico, discutiremos uma questão de nomenclatu- que lhe diga respeito. Entra em tal estrutura, como se nota, o efei-
ra muito relevante: por que se falar em ônus da prova? É incorreto to psicológico da parte ter, efetivamente à sua disposição, meios
se falar num dever de provar? De início, vale apontar os critérios de participar da produção e valoração da prova, o que, em tese,
doutrinários que implicam em se falar em ônus da prova e não em confere sentimento de justiça para os pronunciamentos judiciais,
dever ou em obrigação da prova. legitimando-os.
Ônus é o imperativo do próprio interesse; é a necessidade de Sobre as regras de distribuição do ônus da prova, quando uma
que seja adotado certo comportamento como condição para que questão de fato se apresenta como irredutivelmente incerta no pro-
seja alcançado ou mantido algum benefício para sujeito onerado. cesso, o juiz poderá, teoricamente, deixar de resolvê-la ou então
Dever é a necessidade de se observar certas ordens ou comandos, insistir em resolvê-la. Adotada a segunda postura, será possível:
sob pena de sanção (no ônus não há sanção, se não cumprir a par- que o problema seja adiado por uma decisão provisória, que seja
te sofre consequências não sancionatórias). Obrigação é o vínculo utilizado um meio mecânico de prova (como o duelo ou o juramen-
jurídico pelo qual o credor pode exigir do devedor uma prestação. to) ou então, o que parece mais adequado, empregar as regras de
O cerne da questão está no fato de que ao se considerar algo como distribuição do ônus da prova. Trata-se do único critério equânime
ônus, será um imperativo do próprio interesse. Não se pode impor e racional. A premissa do ônus da prova é a de que a parte que
a ninguém cumprir um ônus, embora consequências possam advir deseje obter sucesso numa demanda judicial irá buscar de todas as
da inércia. formas convencer o magistrado. Assim, as partes não têm apenas o
Ônus são aquelas atividades que a parte realiza no processo encargo de alegar, mas também de provar. Faz-se uma distribuição
em seu próprio benefício. A lei não obriga as partes a fazer prova, porque não seria justo que apenas uma das partes tivesse o ônus.
mas, se elas o fizerem, obterão a vantagem de demonstrar suas ale-
Não se pode olvidar ainda que as regras sobre ônus da pro-
gações, e, se se omitirem, sofrerão as consequências da ausência
va são imprescindíveis dentro da sistemática do Direito Processual
disso.
Civil, porém, nos dias atuais, podem ser conceituadas como meca-
nismos processuais a serem levados a cabo de forma subsidiária,
Além disso, se a prova fosse considerada um dever, caberia
isso com o fim de se obter, o mais próximo possível, uma decisão
coagir uma parte a produzi-la, aplicando sanções à pessoa em caso
que espelhe sentimento de justiça no seio da sociedade. Com isso,
de descumprimento. Se tomarmos como pressuposto que a um de-
o que se pretende dizer é que as regras de ônus da prova somente
ver corresponde um direito, haveria direito da parte contrária de
devem ser aplicadas ao final do pleito judicial, como forma de se so-
ver a prova produzida. lucionar eventual defeito ou desídia das partes no que toca às pro-
Talvez seja exatamente o ponto citado logo acima que configu- vas que lhes incumbiam, isso em razão do magistrado se deparar,
re a questão primordial para se distinguir ônus de dever, ou seja, no de um lado com a perplexidade de provas inconclusivas e de outro
dever, por existir uma responsabilidade, há o correspondente meio com o dever de dar a resposta judicial ao caso que lhe fora apresen-
de coerção que pode ser utilizado para fazer com que a parte seja
tado, dever esse que deriva do conhecido adágio non liquet, o qual
coagida a cumprir a obrigação que lhe incumbe, lembrando, confor-
indica que o Judiciário não pode se eximir de dar resposta ao caso
me nos ensina a doutrina civilista que as obrigações são compostas
apresentado alegando deficiência na Lei ou mesmo deficiência no
pelos elementos subjetivo (sujeitos das obrigações), objetivo (pres-
processo. Ainda que não seja uma resposta de mérito, incumbe ao
tação) e vínculo jurídico (responsabilidade que sujeita o devedor a
magistrado ou aos órgãos colegiados dar uma resposta à demanda.
cumprir determinada prestação em favor do credor). É justamente
Considerando o aspecto objetivo, o ônus serve quando a con-
esse último elemento que o ônus não possui, de modo que não é
vicção do juiz não tiver sido formada a ponto de ter certeza do
tecnicamente possível se falar em dever ou obrigação de provar.
Basicamente, a implicância em se falar num dever de provar é ocorrido e, como o juiz não pode se eximir de julgar, precisará de
a de permitir a coação, bem como a sanção pelo não cumprimento. uma regra que direcione sua ação quando as provas produzidas não
Na prática, não há nenhum dos dois no ônus. Basta pensar que é forem suficientes para julgar a ação. Mas, considerando o aspecto
reconhecido o direito de não produzir prova contra si mesmo de subjetivo do ônus, entende-se que tais regras são um norte para as
maneira pacífica nas cortes brasileiras, do que se extrai a ausência partes, no sentido de que elas sabem o que deverá ser comprovado
de dever, de obrigação de produzir esta ou aquela prova. Trata-se no processo, bem como quem tem a incumbência de fazê-lo, além
de faculdade, a qual, caso colocada em prática, somente à parte de ficarem estabelecidas, desde o início, quem poderá ser prejudi-
que detém o ônus beneficia. Além disso, é possível que uma parte cado pelo não atendimento das regras sobre os ônus da prova.
que não atenda ao ônus não sofra qualquer consequência: basta
pensar num réu que não comprove um fato modificativo alegado, - Disciplina Jurídica no CPC
ele poderá não ser condenado se o autor não comprovar o fato No âmbito processual civil, o principal dispositivo que trata do
constitutivo de seu direito. ônus da prova é o artigo 373 do CPCerior:
Art. 373. O ônus da prova incumbe:
- Premissas teóricas do ônus da prova I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
O ônus da prova, como o próprio processo, em nosso sentir II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo
busca sua razão de ser, seu fundamento, no escopo da jurisdição, ou ou extintivo do direito do autor.
seja, na necessidade do Estado intervir nas relações travadas entre § 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades
particulares, a fim de que seja possível a estabilização das relações da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade
jurídicas e, em última escala, a pacificação social, sempre com o de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade
máximo de segurança para os pronunciamentos jurisdicionais, pois de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o
acreditamos que a razão de existir as regras de distribuição do ônus ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fun-
da prova é a legitimação das decisões judiciais, ou seja, ao se con- damentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. prudência a denominada teoria dinâmica do ônus da prova, a qual
§ 2º A decisão prevista no § 1º deste artigo não pode gerar foi divulgada de forma ampla no meio hispânico-americano e inter-
situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja im- nacional por Jorge Walter Peyrano, jurista argentino, o qual mencio-
possível ou excessivamente difícil. nou a teoria pela primeira vez em 19816.
§ 3º A distribuição diversa do ônus da prova também pode A teoria em questão tem o mérito de alterar a forma pela qual
ocorrer por convenção das partes, salvo quando: se interpreta a produção probatória, uma vez que fomenta a inter-
I - recair sobre direito indisponível da parte; pretação das regras de distribuição do ônus da prova não apenas
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do di- sob o prisma de preenchimento de regras formais e abstratas, mas
reito. sim por meio de interpretação que busque fazer incidir sobre tais
§ 4º A convenção de que trata o § 3º pode ser celebrada antes regras o critério da justiça, o que seria feito, principalmente, lan-
ou durante o processo. çando-se mão dos princípios gerais do processo e das garantias
Numa interpretação literal do caput do artigo 373, CPC, reti- processuais, sendo, por tal motivo, ela interpretada em nosso país
ram-se as seguintes assertivas: 1) o autor só poderá dar consistên- sempre em consonância com o prisma constitucional do processo,
cia de objeto à sua pretensão se afirmar a existência ou não de fatos objetivando-se uma valoração maior dos elementos e sujeitos do
pertinentes ao Direito pleiteado que se pretende ver reconhecido; processo no que diz respeito ao acesso efetivo à justiça7.
2) se o réu, ao se defender, fizer afirmações em sentido contrário, Como podemos notar, a teoria dinâmica do ônus da prova traz
terá o dever de prová-las, mas se não o fizer a ele não caberá ne- em seu bojo, em sua essência, a evolução do próprio Direito Proces-
nhum ônus. sual Civil contemporâneo, isso na tentativa de se suprir as imper-
Fato constitutivo é aquele que dá vida a uma vontade concreta feições, lacunas e injustiças que poderiam surgir da aplicação fria
da lei, que tem essa função específica e que normalmente produz e formal das regras de distribuição do ônus da prova previstas na
esse efeito. Extintivo, porque faz cessar essa vontade. Impeditivo é legislação de regência.
inexistência do fato que deve concorrer com o constitutivo, a fim
de que ele produza normalmente os seus efeitos; enquanto o fato - Inversão do ônus da prova
constitutivo é causa eficiente, o impeditivo é a ausência de uma Em geral, ônus é de quem alega, de quem tem interesse na
comprovação, regra que se altera na inversão. A inversão do ônus
causa concorrente.
pode ser:
- Convencional, quando decorrer da vontade das partes no
Constitutivo é aquele fato que dá fundamento ao pedido, ao
contrato, não sendo permitido se dificultar demais o direito de de-
direito postulado. Impeditivo é aquele que, existente, desconfigura
fesa (artigo 373, §3º, CPC).
algum elemento do fato constitutivo, não permitindo que o direito
- Legal, quando decorrer da lei, se verificando quando for pre-
seja garantido. Extintivo é aquele fato que fez cessar o fato consti-
vista em lei alguma presunção relativa (por exemplo, quem ostenta
tutivo, por exemplo, pagamento numa ação de cobrança. Modifica-
o título, presumivelmente, o pagou). Somente na presunção relati-
tivo é aquele que confere nova roupagem à situação fática. va há inversão porque o adversário pode provar a ausência de vera-
O resultado da atividade probatória, em regra, decorre do que cidade do fato presumido (as simples decorrem da observação do
contribuíram as partes, com sua atividade, para o processo. Há ex- que acontece, as legais da lei).
ceções, por exemplo, quem alega um fato positivo deve prová-lo
prioritariamente a quem alega um fato negativo, salvo se o fato ne- Sobre a inversão do ônus da prova como decorrência de pre-
gativo trouxer uma afirmativa a ele inerente. Ainda, não cabe inci- sunções, considerando a já apontada inconveniência da aplicação
dência do ônus da prova sobre fatos que dispensam a prova. dos critérios de distribuição do ônus da prova, previsto no art. 373
Marinoni e Arenhart asseveram que há dúvida sobre a inci- do CPC, em algumas situações (tornando difícil ou até mesmo im-
dência do artigo 333 nas ações declaratórias negativas, nas quais o possível o exercício do direito à prova), afirma parte da doutrina
autor postula que o juiz declare inexistente um direito, cabendo ao nacional a possibilidade de o julgador do caso valer-se das presun-
autor provar que existe um estado de incerteza objetivo (não mera- ções simples (também conhecidas como presunções judiciais), bem
mente subjetivo) que paira sobre o direito. Se o réu contesta que o como da teoria dos fatos ordinários e extraordinários para estipular,
direito existe, cabe-lhe provar o fato que embasa o direito, ou seja, de acordo com a realidade fática e o direito material, o ônus da
o fato constitutivo do direito que o autor alega ser inexistente. As- prova no caso concreto. De acordo com tal técnica, os fatos ordiná-
sim, a prova da inexistência com base numa dúvida concretamente rios são presumidos, enquanto os fatos extraordinários devem ser
verificável não é considerada fato constitutivo, de modo que não se provados. Tal modalidade de distribuição do ônus da prova é mani-
estaria aplicando em sentido estrito o disposto no artigo 333.
festamente fundada em critérios lógicos baseados em máximas de
Relembra-se o teor do §3º do artigo 373 do CPC, pelo qual “é
experiência, ou seja, o normal conhecimento da vida e das coisas.
nula a convenção que distribui de maneira diversa o ônus da prova
Neste sentido, preconiza o artigo 375, CPC: “O juiz aplicará as
quando:
regras de experiência comum subministradas pela observação do
I - recair sobre direito indisponível da parte;
que ordinariamente acontece e, ainda, as regras de experiência téc-
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do di-
nica, ressalvado, quanto a estas, o exame pericial”.
reito”.
Através da presunção, permite-se inferir, do conhecimento da
Como a regra do caput, na maioria das vezes, é dispositiva, esta- ocorrência de um fato, a grande probabilidade de que tenha ocor-
belecida no interesse das partes, estas podem modificar livremente rido outro fato. Interessa, para a atividade probatória, a presunção
os critérios legais adotados, sem que isto viole garantia legal ou cons- relativa, já que a presunção absoluta é ficção legal que não admite
titucional. Excepcionam a regra de liberdade de regulamentação do prova em contrário. Estabelecida uma presunção relativa, inverte-
ônus da prova os incisos § 3º. -se o ônus da prova. Um exemplo seria a presunção da paternidade
Entretanto, o CPC/2015 inova ao incorporar a regra da distri- do réu que recusa se submeter ao exame de DNA, conforme vere-
buição dinâmica do ônus da prova. Em virtude também da preo- 6 GUILHERME, Thiago Azevedo. Regras de distribuição do ônus da prova e de
cupação com a efetivação dos direitos fundamentais e do acesso efetivação do acesso à justiça. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 2011.
à justiça, sobretudo no que diz respeito à aplicação das regras de 7 GUILHERME, Thiago Azevedo. Regras de distribuição do ônus da prova e de
distribuição do ônus da prova, é reconhecida pela doutrina e juris- efetivação do acesso à justiça. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 2011.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
mos em detalhes mais adiante. I - haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou
muito difícil a verificação de certos fatos na pendência da ação;
- Judicial, a decidida pelo juiz quando autorizado pela lei, como II - a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a auto-
no caso em que o juiz pode inverter o ônus em favor do consumidor, composição ou outro meio adequado de solução de conflito;
de acordo com a previsão do artigo 6o, VIII, CDC: “São direitos bási- III - o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o
cos do consumidor: [...] VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, ajuizamento de ação.
inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo § 1º O arrolamento de bens observará o disposto nesta Seção
civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando quando tiver por finalidade apenas a realização de documentação e
for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiên- não a prática de atos de apreensão.
cias”. Cabe ao juiz decidir se será ou não concedida a inversão do § 2º A produção antecipada da prova é da competência do juízo
ônus da prova, adotando um dos seguintes critérios: verossimilhan- do foro onde esta deva ser produzida ou do foro de domicílio do
ça da alegação ou hipossuficiência do consumidor. Não se admite a réu.
incidência do dispositivo de não comprovada a existência de rela- § 3º A produção antecipada da prova não previne a competên-
ção de consumo ou se inexistente justificativa convincente quanto cia do juízo para a ação que venha a ser proposta.
à pertinência e verossimilhança dos fatos alegados. Logo, a inversão § 4º O juízo estadual tem competência para produção anteci-
do ônus da prova nas relações de consumo não é automática8. pada de prova requerida em face da União, de entidade autárquica
Para parte da doutrina, como Watanabe9, quando a lei deter- ou de empresa pública federal se, na localidade, não houver vara
mina ou autoriza a inversão do ônus da prova não caberia falar federal.
em prevalência dos poderes instrutórios do juiz, determinando de § 5º Aplica-se o disposto nesta Seção àquele que pretender jus-
ofício a produção das provas que entender necessárias à formação tificar a existência de algum fato ou relação jurídica para simples
de seu convencimento. Para outra, como Bedaque10, o magistrado documento e sem caráter contencioso, que exporá, em petição cir-
não pode pautar sua atuação processual com fulcro em garantir cunstanciada, a sua intenção.
eventual direito que tenha a parte a favor da qual se inverteu o Art. 382. Na petição, o requerente apresentará as razões que
ônus, devendo o juiz buscar sempre um resultado justo, que deve justificam a necessidade de antecipação da prova e mencionará
ser necessariamente o que mais se aproxime da verdade real, não
com precisão os fatos sobre os quais a prova há de recair.
havendo que se falar em alteração de postura devido à quebra do
§ 1º O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte,
ônus da prova.
a citação de interessados na produção da prova ou no fato a ser
provado, salvo se inexistente caráter contencioso.
2. Provas em espécie
§ 2º O juiz não se pronunciará sobre a ocorrência ou a inocor-
O Código de Processo Civil delimita as provas no capítulo XII
rência do fato, nem sobre as respectivas consequências jurídicas.
inserido no título I do livro I da parte especial do Código de Processo
§ 3º Os interessados poderão requerer a produção de qualquer
Civil, voltado ao procedimento comum. Depois de uma seção intro-
prova no mesmo procedimento, desde que relacionada ao mesmo
dutória, discorre em seções específicas sobre cada uma das provas
em espécie. fato, salvo se a sua produção conjunta acarretar excessiva demora.
§ 4º Neste procedimento, não se admitirá defesa ou recurso,
2.1 Produção Antecipada de Provas salvo contra decisão que indeferir totalmente a produção da prova
Não raras vezes, a parte se vê na necessidade de produzir pro- pleiteada pelo requerente originário.
vas antecipadamente para a justa composição da lide a fim de evitar Art. 383. Os autos permanecerão em cartório durante 1 (um)
ou superar o perigo de tornar impossível ou deficiente a produção mês para extração de cópias e certidões pelos interessados.
da prova se tiver que aguardar a propositura da ação principal e a Parágrafo único. Findo o prazo, os autos serão entregues ao
chegada da fase instrutória, isto é, o perigo de perderem os vestí- promovente da medida.
gios necessários à comprovação de fatos que sejam de vital impor-
tância do julgamento da lide. 2.2 Ata Notarial
Basicamente a produção antecipada de provas tem cabimento Art. 384. A existência e o modo de existir de algum fato podem
quando existe o fundado receio que não se possa fazê-la no mo- ser atestados ou documentados, a requerimento do interessado,
mento processual oportuno, ou porque o fato é passageiro, ou por- mediante ata lavrada por tabelião.
que a coisa ou a pessoa podem desaparecer ou perecer. Em não Parágrafo único. Dados representados por imagem ou som
existindo este risco, não há de se falar em cabimento da produção gravados em arquivos eletrônicos poderão constar da ata notarial.
antecipada de provas, tornando a produção antecipada desneces- A ata notarial é um dos instrumentos notariais mais antigos.
sária e onerosa. Na antiguidade remota, os eventos, em primeiro momento, eram
Embora a produção antecipada de provas se encontre discipli- fixados pela memória. Em seguida, vieram as testemunhas; após,
nada no novo Código de Processo Civil em meio à disciplina das testemunhos privilegiados; e por fim, os documentos escritos, isso
provas, não perde a sua natureza, que é de medida cautelar. em razão da complexidade que foram ganhando as relações huma-
A disciplina do CPC/2015 é bem mais extensa do que a dos ar- nas. Em seguida, os escritos passaram a ser elaborados por pessoas
tigos 846 a 851 do antigo CPC, antes localizada entre as cautelares com testemunho privilegiado, quando surge então a função nota-
específicas. rial, com o que se confunde o próprio surgimento da ata notarial,
Art. 381. A produção antecipada da prova será admitida nos já que os primeiros atos notariais eram feitos em forma de relato,
inclusive os contratos, sendo que, posteriormente, com a evolução
casos em que:
da teoria contratual, a ata é substituída pela escritura pública.11
8 MEDINA, José Miguel Garcia; WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. Parte geral e No Direito pátrio, a ata notarial está prevista de forma expressa
processo de conhecimento. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. no artigo 7º da Lei n. 8.935/94 (Lei dos Notários e Registradores),
9 WATANABE, Kazuo. CDC comentado pelos autores do anteprojeto. São Paulo: como ato a ser praticado de forma exclusiva pelos tabeliães de no-
Forense Universitária, 2001.
10 BEDAQUE, José Roberto dos Santos. Poderes instrutórios do juiz. 5. ed. São 11 KOLLET, Ricardo Guimarães. Manual do Tabelião de Notas Para Concursos e
Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. Profissionais. Rio de Janeiro: Forense, 2008, p. 191.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
tas. O instrumento ganha força no meio jurídico, em especial com o parados, permitindo-lhe o juiz, todavia, a consulta a notas breves,
CPC/2015, como forma de perpetuar situações jurídicas, conferindo desde que objetivem completar esclarecimentos.
a elas fé pública e produzindo-se um documento capaz de ser utili- A ideia é de que a parte responda cada questionamento de
zado como meio de prova. forma sincera, atestando a forma como percebeu os fatos na reali-
A ata notarial aproxima-se, em termos de estrutura, muito de dade. Em razão disso, não pode consultar as petições apresentadas
uma escritura pública, porém dela se distancia em relação ao con- por seu advogado ou os documentos dos autos. O juiz, se quiser,
teúdo, pois diferentemente desta, na ata não se estabelece relação pode consultar notas breves para completar esclarecimentos.
jurídica entre duas ou mais pessoas, bem como a declaração feita Art. 388. A parte não é obrigada a depor sobre fatos:
não é em virtude dos elementos negociais travados entre os nego- I - criminosos ou torpes que lhe forem imputados;
ciantes, mas sim em virtude do que o próprio tabelião comprova e II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar si-
conclui. Trata-se, como se nota, de um ato unilateral e declaratório gilo;
do notário, um relato escrito, elaborado com segurança e fé públi- III - acerca dos quais não possa responder sem desonra pró-
ca, devendo ser rico em detalhes, capazes de esclarecer e caracteri- pria, de seu cônjuge, de seu companheiro ou de parente em grau
zar o fato ocorrido e certificado por meio de simples leitura12. sucessível;
Na ata notarial, segundo o artigo 384, CPC, pode ser registrada IV - que coloquem em perigo a vida do depoente ou das pes-
a existência ou o modo de existir de um fato, podendo inclusive o soas referidas no inciso III.
tabelião reproduzir e transcrever imagens e sons (ex.: escrever por Parágrafo único. Esta disposição não se aplica às ações de es-
escrito áudios do WhatsApp). tado e de família.
Existem situações em que a parte pode se recusar a depor so-
2.3 Depoimento Pessoal bre fatos determinados. Uma delas é o direito à não incriminação,
O depoimento pessoal consiste na deposição ou arguição da isto é, não se pode obrigar alguém a confessar fatos criminosos ou
parte contrária em juízo. Não cabe à própria parte, por meio de seu torpes que lhe forem imputados. Outra delas é o dever de sigilo,
advogado, requerer depoimento pessoal de si mesma. O que cabe é não podendo a parte depor sobre fatos que deva guardar sigilo.
que uma parte, intermediada por advogado, requeira o depoimen- Além disso, o CPC/2015 situa duas novas situações em relação ao
to pessoal da outra. Tal requerimento é facultativo, mas é importan- seu antecessor, permitindo a recusa de depor sobre fatos que ge-
te destacar que, ainda que não seja feito, o magistrado pode optar rem desonra ou exponham a vida a perigo do depoente e de seu
por ouvir a parte em depoimento pessoal para a formação de seu cônjuge, de seu companheiro ou de parente em grau sucessível.
convencimento, ordenando a produção de prova de ofício. Tais escusas não se aplicam às ações de estado e de família (ex.:
Art. 385. Cabe à parte requerer o depoimento pessoal da ou- divórcio, separação, guarda, visitas, filiação, etc.).
tra parte, a fim de que esta seja interrogada na audiência de ins-
trução e julgamento, sem prejuízo do poder do juiz de ordená-lo 2.4 Confissão
de ofício. Confissão é a admissão da verdade de fato contrário ao seu
§ 1o Se a parte, pessoalmente intimada para prestar depoi- interesse e favorável ao interesse de seu adversário. Pode ser feita
mento pessoal e advertida da pena de confesso, não comparecer judicialmente, no bojo do processo ou mesmo em depoimento pes-
ou, comparecendo, se recusar a depor, o juiz aplicar-lhe-á a pena. soal, ou extrajudicialmente.
§ 2o É vedado a quem ainda não depôs assistir ao interroga- Art. 389. Há confissão, judicial ou extrajudicial, quando a parte
tório da outra parte. admite a verdade de fato contrário ao seu interesse e favorável ao
§ 3o O depoimento pessoal da parte que residir em comarca, se- do adversário.
ção ou subseção judiciária diversa daquela onde tramita o processo Art. 390.  A confissão judicial pode ser espontânea ou provo-
poderá ser colhido por meio de videoconferência ou outro recurso cada.
tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, o § 1o A confissão espontânea pode ser feita pela própria parte
que poderá ocorrer, inclusive, durante a realização da audiência de ou por representante com poder especial.
instrução e julgamento. § 2o A confissão provocada constará do termo de depoimento
A intimação da parte para prestar o depoimento pessoal deve pessoal.
ser feita pessoalmente, não por intermédio de advogado, com o É possível confessar por meio de representante, desde que ele
alerta de que o não comparecimento ou a recusa gerarão a pena tenha poderes expressos para tanto, ou pessoalmente. A confissão
de confissão. pode ser um ato espontâneo, que surja da parte de forma conscien-
Se ambas partes forem depor, a que ficar por último não pode- te e deliberada, ou pode ser provocada, quando a parte é questio-
rá ouvir o depoimento da primeira. nada e pela sua resposta acaba, inconscientemente, por confessar
Nada impede a colheita do depoimento por meio de videocon- (por exemplo, quando arguida no depoimento pessoal).
ferência ou outro recurso tecnológico, caso a parte resida em outra Art. 391. A confissão judicial faz prova contra o confitente, não
comarca ou seção. prejudicando, todavia, os litisconsortes.
Art. 386.   Quando a parte, sem motivo justificado, deixar de Parágrafo único.  Nas ações que versarem sobre bens imóveis
responder ao que lhe for perguntado ou empregar evasivas, o juiz, ou direitos reais sobre imóveis alheios, a confissão de um cônjuge
ou companheiro não valerá sem a do outro, salvo se o regime de
apreciando as demais circunstâncias e os elementos de prova, de-
casamento for o de separação absoluta de bens.
clarará, na sentença, se houve recusa de depor.
A confissão judicial faz prova contra aquele que confessou, de
Se a parte prestar depoimento, mas deixar de responder ou
forma que os fatos confessados não precisam ser provados por ou-
responder de forma evasiva, o juiz apreciará o caso para verificar se
tros meios. Contudo, a confissão não pode prejudicar litisconsortes
o comportamento pode ser considerado uma recusa de depor. Se o
ou cônjuges. Daí se dizer que no litisconsórcio a confissão de um
for, poderá considerar o depoente confesso.
não pode afetar o outro – em se tratando de litisconsórcio unitário,
Art. 387. A parte responderá pessoalmente sobre os fatos ar-
o magistrado não poderá usar da confissão para prejudicar o litis-
ticulados, não podendo servir-se de escritos anteriormente pre- consorte. Também por isso se exige do cônjuge ou companheiro
12 CENEVIVA, Walter. Lei dos Notários e dos Registradores Comentada. 6. ed. a confissão conjunta, salvo se tratar de casamento em regime de
São Paulo: Saraiva, 2008, p. 65. separação absoluta de bens.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
Art. 392. Não vale como confissão a admissão, em juízo, de qualquer meio, que a declaração não corresponde à verdade.
fatos relativos a direitos indisponíveis. O requerido terá oportunidade de se manifestar sobre o re-
§ 1o A confissão será ineficaz se feita por quem não for capaz querimento. Se for feito de forma autônoma por via cautelar, será
de dispor do direito a que se referem os fatos confessados. citado. Já no bojo de processo, será intimado. Se o requerido alegar
§ 2o A confissão feita por um representante somente é eficaz que não possui o documento ou a coisa, o requerente terá oportu-
nos limites em que este pode vincular o representado. nidade de se manifestar, provando ser falta a alegação.
Em se tratando de direitos indisponíveis, mesmo que exista Art. 399. O juiz não admitirá a recusa se:
confissão, é dever do magistrado promover toda a instrução do pro- I - o requerido tiver obrigação legal de exibir;
cesso, buscando atestar a veracidade da confissão por outras pro- II - o requerido tiver aludido ao documento ou à coisa, no pro-
vas. Assim, pura e simplesmente, a confissão não vale como prova cesso, com o intuito de constituir prova;
contra direitos indisponíveis. III - o documento, por seu conteúdo, for comum às partes.
Da mesma forma, é ineficaz a confissão por quem não tenha Havendo obrigação legal de exibir, tendo o requerido aludido
capacidade para dispor do direito. Além disso, a confissão feita por ao documento ou à coisa no processo ou sendo comum às partes
representante somente vale nos limites que que puder vincular o o documento (documento que se refira a ambas partes), não será
representado. aceita pelo juiz a recusa de exibir documento ou coisa).
Art. 393.  A confissão é irrevogável, mas pode ser anulada se Art. 400. Ao decidir o pedido, o juiz admitirá como verdadeiros
decorreu de erro de fato ou de coação. os fatos que, por meio do documento ou da coisa, a parte pretendia
Parágrafo único. A legitimidade para a ação prevista no caput provar se:
é exclusiva do confitente e pode ser transferida a seus herdeiros se I - o requerido não efetuar a exibição nem fizer nenhuma de-
ele falecer após a propositura. claração no prazo do art. 398;
A confissão é irrevogável, quer dizer, não é possível voltar atrás II - a recusa for havida por ilegítima.
da confissão feita. Contudo, se houve erro de fato ou coação, cabe Parágrafo único. Sendo necessário, o juiz pode adotar medidas
ação anulatória, que apenas pode ser proposta por aquele que con- indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias para que
fessou. Caso quem confessou faleça no curso do processo, cabe a o documento seja exibido.
transferência da ação aos herdeiros. Contudo, os herdeiros não pos-
suem legitimidade ativa para propor a ação.
Conferido prazo para a exibição do documento ou coisa, se não
Art. 394. A confissão extrajudicial, quando feita oralmente, só
efetuada, ou se a recusa de apresentação for ilegítima, haverá pre-
terá eficácia nos casos em que a lei não exija prova literal.
sunção de que os fatos alegados pela parte requerente quanto ao
A confissão extrajudicial verbal apenas tem validade se a lei
documento ou à coisa são verdadeiros.
não exigir de forma expressa a forma escrita.
Art. 401.  Quando o documento ou a coisa estiver em poder de
Art. 395.  A confissão é, em regra, indivisível, não podendo a
terceiro, o juiz ordenará sua citação para responder no prazo de 15
parte que a quiser invocar como prova aceitá-la no tópico que a be-
neficiar e rejeitá-la no que lhe for desfavorável, porém cindir-se-á (quinze) dias.
quando o confitente a ela aduzir fatos novos, capazes de constituir Se o documento ou coisa estiver em poder de terceiro, este
fundamento de defesa de direito material ou de reconvenção. será citado para responder no prazo de 15 dias. Afinal, o terceiro
A confissão é indivisível, isto é, não pode a parte que se bene- não está participando do processo e para que passe a participar
ficie dela aceitar apenas partes de seu conteúdo – ou utiliza todos tem que ser citado.
os tópicos, ou nenhum. Já a parte que confessou pode utilizar-se Art. 402. Se o terceiro negar a obrigação de exibir ou a posse
de um dos tópicos da confissão, desde que traga fatos novos, para do documento ou da coisa, o juiz designará audiência especial, to-
eventualmente ajuizar reconvenção ou fundamentar sua defesa mando-lhe o depoimento, bem como o das partes e, se necessário,
material. o de testemunhas, e em seguida proferirá decisão.
Antes de decidir sobre o dever de exibir ou a posse do docu-
2.5 Da Exibição de Documento ou Coisa mento ou coisa por parte do terceiro, o juiz designará audiência
Pela exibição de documento ou coisa o juiz determina que a especial para a colheita de provas.
parte exiba documento ou coisa que se encontre em seu poder. Per- Art. 403. Se o terceiro, sem justo motivo, se recusar a efetuar
cebe-se que nada impede que tal exibição seja requisitada cautelar- a exibição, o juiz ordenar-lhe-á que proceda ao respectivo depósito
mente, pela via da produção antecipada de provas. em cartório ou em outro lugar designado, no prazo de 5 (cinco)
Art. 396. O juiz pode ordenar que a parte exiba documento ou dias, impondo ao requerente que o ressarça pelas despesas que ti-
coisa que se encontre em seu poder. ver.
Art. 397.  O pedido formulado pela parte conterá: Parágrafo único. Se o terceiro descumprir a ordem, o juiz ex-
I - a individuação, tão completa quanto possível, do documento pedirá mandado de apreensão, requisitando, se necessário, força
ou da coisa; policial, sem prejuízo da responsabilidade por crime de desobediên-
II - a finalidade da prova, indicando os fatos que se relacionam cia, pagamento de multa e outras medidas indutivas, coercitivas,
com o documento ou com a coisa; mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar a efe-
III - as circunstâncias em que se funda o requerente para afir- tivação da decisão.
mar que o documento ou a coisa existe e se acha em poder da parte Se o terceiro se recusar à exibição, o juiz pode requerer que
contrária. seja feito o depósito em 5 dias. Não efetuado, o juiz pode determi-
O documento ou a coisa devem ser descritos de forma específi- nar medidas coercitivas, expedindo mandado de apreensão.
ca. O requerente deve justificar o porquê da necessidade da prova, Art. 404.  A parte e o terceiro se escusam de exibir, em juízo, o
tal como indicar os motivos para acreditar que o documento ou coi- documento ou a coisa se:
sa está com o requerido. I - concernente a negócios da própria vida da família;
Art. 398. O requerido dará sua resposta nos 5 (cinco) dias sub- II - sua apresentação puder violar dever de honra;
sequentes à sua intimação. III - sua publicidade redundar em desonra à parte ou ao tercei-
Parágrafo único. Se o requerido afirmar que não possui o do- ro, bem como a seus parentes consanguíneos ou afins até o tercei-
cumento ou a coisa, o juiz permitirá que o requerente prove, por ro grau, ou lhes representar perigo de ação penal;

42
CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
IV - sua exibição acarretar a divulgação de fatos a cujo respei- II - desde a morte de algum dos signatários;
to, por estado ou profissão, devam guardar segredo; III - a partir da impossibilidade física que sobreveio a qualquer
V - subsistirem outros motivos graves que, segundo o prudente dos signatários;
arbítrio do juiz, justifiquem a recusa da exibição; IV - da sua apresentação em repartição pública ou em juízo;
VI - houver disposição legal que justifique a recusa da exibição. V - do ato ou do fato que estabeleça, de modo certo, a anterio-
Parágrafo único. Se os motivos de que tratam os incisos I a VI ridade da formação do documento.
do caput disserem respeito a apenas uma parcela do documento, a Surgindo controvérsia sobre a data do documento particular,
parte ou o terceiro exibirá a outra em cartório, para dela ser extraí- caberá prova desta. Quanto a terceiros, considera-se nos termos do
da cópia reprográfica, de tudo sendo lavrado auto circunstanciado. parágrafo único.
Não há dever de exibir o documento ou coisa se ocorrer viola- Art. 410. Considera-se autor do documento particular:
ção aos direitos à intimidade, à honra, à não incriminação ou deson- I - aquele que o fez e o assinou;
ra própria ou de familiares, ou pela subsistência de motivos graves, II - aquele por conta de quem ele foi feito, estando assinado;
nada impedindo a exibição parcial. III - aquele que, mandando compô-lo, não o firmou porque,
conforme a experiência comum, não se costuma assinar, como li-
2.6 Prova Documental vros empresariais e assentos domésticos.
A disciplina sobre a prova documental, que consiste naquela O autor do documento particular é aquele que o fez e o assi-
extraída de documentos públicos ou particulares juntados ao pro- nou, ou aquele por conta de quem ele foi feito com assinatura, ou
cesso, se divide em três subseções: força probante dos documen- aquele que mandar compor e que não tenha assinado por não ser
tos, arguição de falsidade e produção de prova documental. A prova costumeiro.
documental é fundamental ao processo e são raros os processos Art. 411. Considera-se autêntico o documento quando:
que, mesmo com matéria de direito, não contem, pelo menos, com I - o tabelião reconhecer a firma do signatário;
documentos fundamentais juntados à inicial. II - a autoria estiver identificada por qualquer outro meio le-
gal de certificação, inclusive eletrônico, nos termos da lei;
III - não houver impugnação da parte contra quem foi produ-
zido o documento.
O documento é considerado autêntico quando houver reco-
- Da Força Probante dos Documentos
nhecimento de firma, quando houver certificação ou quando não
O legislador tratou nos artigos 405 a 429 do Código de Proces-
houver impugnação. Nos dois primeiros casos, a autenticidade é
so Civil da força probante dos documentos. No entanto, os valores
inquestionável. No último, não foi questionada.
ali estabelecidos devem ser harmonizados com o princípio do livre
Art. 412. O documento particular de cuja autenticidade não se
convencimento motivado, não se pretendendo resgatar o sistema
duvida prova que o seu autor fez a declaração que lhe é atribuída.
da prova legal ou tarifada.
Parágrafo único. O documento particular admitido expressa
Art. 405. O documento público faz prova não só da sua forma- ou tacitamente é indivisível, sendo vedado à parte que pretende
ção, mas também dos fatos que o escrivão, o chefe de secretaria, utilizar-se dele aceitar os fatos que lhe são favoráveis e recusar os
o tabelião ou o servidor declarar que ocorreram em sua presença. que são contrários ao seu interesse, salvo se provar que estes não
O escrivão, o chefe de secretaria, o tabelião e o servidor pos- ocorreram.
suem fé pública, razão pela qual os fatos que eles atestem terem A ausência de questionamento quanto à autenticidade de do-
ocorrido em sua presença são presumidos verdadeiros. cumento, tanto público quanto particular, gera presunção de sua
Art. 406. Quando a lei exigir instrumento público como da veracidade. O que muda é que nos documentos públicos há casos
substância do ato, nenhuma outra prova, por mais especial que em que nem ao menos cabe questionamento.
seja, pode suprir-lhe a falta. A indivisibilidade também se aplica aos documentos, o que im-
Quando a lei exige expressamente forma determinada para a plica na impossibilidade de se utilizar apenas parte do documento
prática de um ato, apenas documento que preencha os requisitos por qualquer das partes a seu favor.
formais será aceito como tal. Ex.: Registro do Imóvel prova a pro- Art. 413. O telegrama, o radiograma ou qualquer outro meio
priedade, escritura pública não registrada não prova. de transmissão tem a mesma força probatória do documento par-
Art. 407. O documento feito por oficial público incompeten-
ticular se o original constante da estação expedidora tiver sido assi-
te ou sem a observância das formalidades legais, sendo subscri-
nado pelo remetente.
to pelas partes, tem a mesma eficácia probatória do documento
Parágrafo único. A firma do remetente poderá ser reconhecida
particular.
pelo tabelião, declarando-se essa circunstância no original deposi-
Para ter eficácia probatória de documento público, o documen-
tado na estação expedidora.
to deve ser feito por oficial competente e com observância das for-
Art. 414.  O telegrama ou o radiograma presume-se conforme
malidades legais. Contudo, se for subscrito pelas partes, tem força
com o original, provando as datas de sua expedição e de seu rece-
probatória de documento particular.
Art. 408. As declarações constantes do documento particular bimento pelo destinatário.
escrito e assinado ou somente assinado presumem-se verdadeiras Pela amplitude do que se considera documento particular, po-
em relação ao signatário. de-se aqui incluir também e-mails, mensagens eletrônicas, etc.
Parágrafo único. Quando, todavia, contiver declaração de ciên- Art. 415. As cartas e os registros domésticos provam contra
cia de determinado fato, o documento particular prova a ciência, quem os escreveu quando:
mas não o fato em si, incumbindo o ônus de prová-lo ao interessa- I - enunciam o recebimento de um crédito;
do em sua veracidade. II - contêm anotação que visa a suprir a falta de título em favor
Art. 409.  A data do documento particular, quando a seu res- de quem é apontado como credor;
peito surgir dúvida ou impugnação entre os litigantes, provar-se-á III - expressam conhecimento de fatos para os quais não se exi-
por todos os meios de direito. ja determinada prova.
Parágrafo único.  Em relação a terceiros, considerar-se-á data- Os documentos de que as pessoas se utilizam para guardar a
do o documento particular: memória de fatos de sua vida pessoal ou profissional, como é o caso
I - no dia em que foi registrado; de diários, agendas, orçamentos, servem de prova caso enunciem

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
o recebimento de um crédito (pagamento recebido), ou para suprir gráficas ou obtidas por outros processos de repetição, valem como
a prova de um título (ex.: empréstimo que só é registrado nestes e certidões sempre que o escrivão ou o chefe de secretaria certificar
não por contrato), ou para expressar o conhecimento de fatos que sua conformidade com o original.
possam ser provados por qualquer meio. Art. 424. A cópia de documento particular tem o mesmo valor
Art. 416. A nota escrita pelo credor em qualquer parte de do- probante que o original, cabendo ao escrivão, intimadas as partes,
cumento representativo de obrigação, ainda que não assinada, faz proceder à conferência e certificar a conformidade entre a cópia e
prova em benefício do devedor. o original.
Parágrafo único. Aplica-se essa regra tanto para o documento Art. 425.  Fazem a mesma prova que os originais:
que o credor conservar em seu poder quanto para aquele que se I - as certidões textuais de qualquer peça dos autos, do pro-
achar em poder do devedor ou de terceiro. tocolo das audiências ou de outro livro a cargo do escrivão ou do
Nota escrita pelo credor faz prova em benefício do devedor, chefe de secretaria, se extraídas por ele ou sob sua vigilância e por
estando o documento em poder de qualquer um deles. ele subscritas;
Art. 417. Os livros empresariais provam contra seu autor, sen- II - os traslados e as certidões extraídas por oficial público de
do lícito ao empresário, todavia, demonstrar, por todos os meios instrumentos ou documentos lançados em suas notas;
permitidos em direito, que os lançamentos não correspondem à III - as reproduções dos documentos públicos, desde que au-
verdade dos fatos. tenticadas por oficial público ou conferidas em cartório com os res-
Art. 418. Os livros empresariais que preencham os requisitos exigi- pectivos originais;
dos por lei provam a favor de seu autor no litígio entre empresários. IV - as cópias reprográficas de peças do próprio processo judi-
Art. 419. A escrituração contábil é indivisível, e, se dos fatos que cial declaradas autênticas pelo advogado, sob sua responsabilida-
resultam dos lançamentos, uns são favoráveis ao interesse de seu de pessoal, se não lhes for impugnada a autenticidade;
autor e outros lhe são contrários, ambos serão considerados em V - os extratos digitais de bancos de dados públicos e priva-
conjunto, como unidade. dos, desde que atestado pelo seu emitente, sob as penas da lei, que
Art. 420. O juiz pode ordenar, a requerimento da parte, a exibi- as informações conferem com o que consta na origem;
ção integral dos livros empresariais e dos documentos do arquivo:
I - na liquidação de sociedade; VI - as reproduções digitalizadas de qualquer documento pú-
II - na sucessão por morte de sócio; blico ou particular, quando juntadas aos autos pelos órgãos da jus-
III - quando e como determinar a lei. tiça e seus auxiliares, pelo Ministério Público e seus auxiliares, pela
Art. 421. O juiz pode, de ofício, ordenar à parte a exibição par- Defensoria Pública e seus auxiliares, pelas procuradorias, pelas re-
cial dos livros e dos documentos, extraindo-se deles a suma que partições públicas em geral e por advogados, ressalvada a alegação
interessar ao litígio, bem como reproduções autenticadas. motivada e fundamentada de adulteração.
O livro empresarial é o local onde o empresário deve efetuar os § 1o Os originais dos documentos digitalizados mencionados no
lançamentos em geral, sendo que tais lançamentos se presumem inciso VI deverão ser preservados pelo seu detentor até o final do
verdadeiros. O autor pode, contudo, provar que são inverídicos. prazo para propositura de ação rescisória.
Aplica-se a indivisibilidade, o que significa que não se pode pedir § 2o Tratando-se de cópia digital de título executivo extrajudi-
que apenas parte dos fatos sejam tidos como verídicos a seu favor. cial ou de documento relevante à instrução do processo, o juiz pode-
Em situações determinadas, o juiz pode determinar a exibição inte- rá determinar seu depósito em cartório ou secretaria.
gral. Noutras, pode determinar a exibição parcial. Reproduções e cópias são válidas se certificada a autenticida-
Art. 422. Qualquer reprodução mecânica, como a fotográfica, de. Também fazem mesma prova que os originais as certidões e os
a cinematográfica, a fonográfica ou de outra espécie, tem aptidão traslados feitos por oficial público, além de reproduções autentica-
para fazer prova dos fatos ou das coisas representadas, se a sua das de documentos públicos, cópias do processo certificadas autên-
conformidade com o documento original não for impugnada por ticas pelo advogado, extratos digitais e reproduções digitalizadas de
aquele contra quem foi produzida. documentos.
§ 1o As fotografias digitais e as extraídas da rede mundial de Art. 426. O juiz apreciará fundamentadamente a fé que deva
computadores fazem prova das imagens que reproduzem, deven- merecer o documento, quando em ponto substancial e sem ressalva
do, se impugnadas, ser apresentada a respectiva autenticação ele- contiver entrelinha, emenda, borrão ou cancelamento.
trônica ou, não sendo possível, realizada perícia. Art. 427.  Cessa a fé do documento público ou particular sen-
§ 2o Se se tratar de fotografia publicada em jornal ou revista, do-lhe declarada judicialmente a falsidade.
será exigido um exemplar original do periódico, caso impugnada a Parágrafo único.  A falsidade consiste em:
veracidade pela outra parte. I - formar documento não verdadeiro;
§ 3o Aplica-se o disposto neste artigo à forma impressa de men- II - alterar documento verdadeiro.
sagem eletrônica. Há falsidade do documento público sempre que ele não for ver-
Silva13 alega que “sempre que se faz alusão a documento ou, dadeiro ou que o documento verdadeiro for alterado, declarando-
em direito processual, a prova documental, imagina-se que estas -se judicialmente a falsidade e fazendo cessar a fé pública.
categorias de direito probatório equivalham ao conceito de prova Art. 428. Cessa a fé do documento particular quando:
literal, elaborada e produzida por meio da escrita (littera, a letra, I - for impugnada sua autenticidade e enquanto não se com-
aquilo que está escrito). O conceito de documento, todavia, é bem provar sua veracidade;
mais amplo, abrangendo outras formas de representação além II - assinado em branco, for impugnado seu conteúdo, por
das formas gráficas ou simplesmente literais”. Como imagens, se preenchimento abusivo.
incluem aquelas extraídas da rede mundial de computadores, in- Parágrafo único. Dar-se-á abuso quando aquele que recebeu
clusive de mensagens, cabendo autenticação ou, caso impossível, documento assinado com texto não escrito no todo ou em parte
perícia. formá-lo ou completá-lo por si ou por meio de outrem, violando o
Art. 423. As reproduções dos documentos particulares, foto- pacto feito com o signatário.
A parte contra quem foi produzido um documento particular
13 SILVA, Ovídio Araújo Baptista da. Curso de processo civil. 7. ed. São Paulo: poderá impugnar a autenticidade da assinatura e a veracidade do
Forense, 2006, v. 1, p. 358.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
contexto, bem como eventual preenchimento abusivo do docu- ram produzidos nos autos.
mento. Parágrafo único. Admite-se também a juntada posterior de do-
Art. 429. Incumbe o ônus da prova quando: cumentos formados após a petição inicial ou a contestação, bem
I - se tratar de falsidade de documento ou de preenchimento como dos que se tornaram conhecidos, acessíveis ou disponíveis
abusivo, à parte que a arguir; após esses atos, cabendo à parte que os produzir comprovar o mo-
II - se tratar de impugnação da autenticidade, à parte que pro- tivo que a impediu de juntá-los anteriormente e incumbindo ao juiz,
duziu o documento. em qualquer caso, avaliar a conduta da parte de acordo com o art.
O ônus da prova é da parte que arguir falsidade do documento 5o.
ou preenchimento abusivo. O ônus da prova é da parte que produ- Art. 436. A parte, intimada a falar sobre documento constante
ziu o documento em caso de impugnação de autenticidade. dos autos, poderá:
I - impugnar a admissibilidade da prova documental;
- Da Arguição de Falsidade II - impugnar sua autenticidade;
Se for declarada pela Justiça a falsidade de um documento, ele III - suscitar sua falsidade, com ou sem deflagração do inciden-
perderá sua força probante. A arguição de falsidade tem natureza te de arguição de falsidade;
jurídica de questão prejudicial, sendo seu objetivo declarar que o IV - manifestar-se sobre seu conteúdo.
documento juntado aos autos é falso. Como questão prejudicial, é Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, a impugnação
possível tanto que a parte requeira que seja julgada como tal, ape- deverá basear-se em argumentação específica, não se admitindo
nas servindo de fundamentação na sentença, mas sobre ela não alegação genérica de falsidade.
recaindo os efeitos da coisa julgada; ou que a parte requeira que Art. 437. O réu manifestar-se-á na contestação sobre os do-
seja tratada como se questão principal fosse, constando sobre ela cumentos anexados à inicial, e o autor manifestar-se-á na réplica
no dispositivo da sentença e havendo afetação pelo fenômeno da sobre os documentos anexados à contestação.
coisa julgada. § 1o Sempre que uma das partes requerer a juntada de docu-
O prazo é de 15 dias da juntada do documento. Quanto aos mento aos autos, o juiz ouvirá, a seu respeito, a outra parte, que
documentos acostados à inicial, deve ser arguida na contestação. disporá do prazo de 15 (quinze) dias para adotar qualquer das pos-
Quanto aos documentos acostados à contestação, deve ser arguida turas indicadas no art. 436.
na impugnação. A parte contrária será ouvida e, após, no prazo de § 2o Poderá o juiz, a requerimento da parte, dilatar o prazo
15 dias, se fará o exame pericial, salvo se a parte que produziu o para manifestação sobre a prova documental produzida, levando
documento concordar em retirá-lo. em consideração a quantidade e a complexidade da documentação.
Art. 430. A falsidade deve ser suscitada na contestação, na ré- Na oportunidade em que for intimada para se manifestar sobre
plica ou no prazo de 15 (quinze) dias, contado a partir da intimação os documentos, a parte também poderá impugnar a admissibilida-
da juntada do documento aos autos. de da prova (por exemplo, apegando que deveria ter sido juntada
Parágrafo único. Uma vez arguida, a falsidade será resolvida anteriormente), impugnar a autenticidade (alegando que o docu-
como questão incidental, salvo se a parte requerer que o juiz a deci- mento não provém daquele autor), suscitar a falsidade (mediante
da como questão principal, nos termos do inciso II do art. 19. incidente ou sem) e manifestar-se sobre seu conteúdo.
Art. 431. A parte arguirá a falsidade expondo os motivos em A oportunidade se dá, para o réu, na contestação, para o autor,
que funda a sua pretensão e os meios com que provará o alegado. na impugnação à contestação, em se tratando dos documentos jun-
Art. 432.  Depois de ouvida a outra parte no prazo de 15 (quin- tados até aquele momento. Quanto aos documentos posteriores, o
ze) dias, será realizado o exame pericial. juiz deverá intimar a parte contrária para se manifestar ou tomar a
Parágrafo único.  Não se procederá ao exame pericial se a par- providência que entenda devida no prazo de 15 dias.
te que produziu o documento concordar em retirá-lo. Art. 438. O juiz requisitará às repartições públicas, em qual-
Art. 433.  A declaração sobre a falsidade do documento, quan- quer tempo ou grau de jurisdição:
do suscitada como questão principal, constará da parte dispositi- I - as certidões necessárias à prova das alegações das partes;
va da sentença e sobre ela incidirá também a autoridade da coisa II - os procedimentos administrativos nas causas em que forem
julgada. interessados a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios
ou entidades da administração indireta.
- Da Produção da Prova Documental § 1o Recebidos os autos, o juiz mandará extrair, no prazo má-
A prova documental, em regra, é apresentada na primeira ximo e improrrogável de 1 (um) mês, certidões ou reproduções
oportunidade em que as partes falam nos autos. Isto é, o autor jun- fotográficas das peças que indicar e das que forem indicadas pelas
ta à petição inicial e o réu à contestação. As partes podem juntar partes, e, em seguida, devolverá os autos à repartição de origem.
documentos em outros momentos, caso sejam posteriores à peti- § 2o As repartições públicas poderão fornecer todos os docu-
ção inicial ou à contestação (ou caso venham a se tornar conheci- mentos em meio eletrônico, conforme disposto em lei, certifican-
dos e acessíveis depois delas), ou simplesmente para contrapor os do, pelo mesmo meio, que se trata de extrato fiel do que consta em
documentos novos juntados pela parte contrária. Se o documento seu banco de dados ou no documento digitalizado.
juntado for reprodução cinematográfica ou fonográfica, a exposição Sem prejuízo dos documentos juntados pelas partes, o juiz
ocorrerá em audiência. pode requisitar documentos de repartições públicas, que poderão
Art. 434.  Incumbe à parte instruir a petição inicial ou a con- enviar cópia física ou disponibilizar o acesso por meio eletrônico.
testação com os documentos destinados a provar suas alegações.
Parágrafo único.  Quando o documento consistir em reprodu- 2.7 Documentos Eletrônicos
ção cinematográfica ou fonográfica, a parte deverá trazê-lo nos Tradicionalmente, o conceito de documento adquire um senti-
termos do caput, mas sua exposição será realizada em audiência, do estrito, envolvendo a retratação materializada de algum fato, ou
intimando-se previamente as partes. seja, a princípio, a legislação exigiria que um documento fosse fir-
Art. 435. É lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos au- mado no plano ordinário das relações sociais, consubstanciando-as
tos documentos novos, quando destinados a fazer prova de fatos em escrito, em papel, constando a participação direta ou indireta
ocorridos depois dos articulados ou para contrapô-los aos que fo- das partes da relação jurídica em questão. Tal sentido se depreende

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
da doutrina e da legislação, muito embora tanto os estudiosos do Art. 443. O juiz indeferirá a inquirição de testemunhas sobre
Direito quanto o legislador estejam se aplicando para incorporar ao fatos:
tradicional conceito de documento a questão informática14. I - já provados por documento ou confissão da parte;
Nesta linha, surge o chamado documento eletrônico, que pode II - que só por documento ou por exame pericial puderem ser
ser tomado em dois sentidos: o primeiro enquanto meio de exte- provados.
riorização de alguma relação jurídica ou de certo ato processual, Se o fato não for incontroverso ou bastar documento ou perícia
seguindo as diretrizes da infraestrutura de chaves públicas e da as- para prová-lo, o juiz indeferirá a prova testemunhal. Ex.: foi feito
sinatura digital; o segundo, como qualquer prova de algum aconte- DNA e constatada a paternidade, não faria sentido o juiz deferir de-
cimento na Internet relacionado com a discussão do processo, de poimento de testemunha para sustentar o fato alegado pelo pai em
maneira direta ou indireta, que algum dos envolvidos na relação defesa de que não haveria vínculo com o autor.
jurídico-processual trouxe aos autos por qualquer meio, como o im- Art. 444. Nos casos em que a lei exigir prova escrita da obri-
presso, a descrição de um link ou o relato em ata notarial15. Nesta gação, é admissível a prova testemunhal quando houver começo
segunda perspectiva, pode-se falar também que são documentos de prova por escrito, emanado da parte contra a qual se pretende
eletrônicos aqueles que foram reproduzidos eletronicamente, em produzir a prova.
processos administrativos ou judiciais eletrônicos ou em vias admi- A prova testemunhal pode complementar a prova escrita exi-
nistrativas do Estado, ora transcritos nos autos. gida por lei.
Art. 439. A utilização de documentos eletrônicos no processo Art. 445. Também se admite a prova testemunhal quando o
convencional dependerá de sua conversão à forma impressa e da credor não pode ou não podia, moral ou materialmente, obter a
verificação de sua autenticidade, na forma da lei. prova escrita da obrigação, em casos como o de parentesco, de
Art. 440. O juiz apreciará o valor probante do documento ele- depósito necessário ou de hospedagem em hotel ou em razão das
trônico não convertido, assegurado às partes o acesso ao seu teor. práticas comerciais do local onde contraída a obrigação.
Se o processo for eletrônico, o documento eletrônico poderá Em situações em que a prova escrita de obrigação não seja
simplesmente ser anexado. Se o processo for físico, deverá ser im- usual, impedindo que o credor obtenha prova escrita da obrigação,
presso e ter sua autenticidade verificada. Isso não afetará o valor aceita-se a prova testemunhal.
probatório do documento. Art. 446. É lícito à parte provar com testemunhas:
Art. 441.  Serão admitidos documentos eletrônicos produzidos I - nos contratos simulados, a divergência entre a vontade real
e conservados com a observância da legislação específica. e a vontade declarada;
Castro16 conceitua documento eletrônico como “[...] a repre- II - nos contratos em geral, os vícios de consentimento.
sentação de um fato concretizada por meio de um computador e Havendo simulação de contrato, é possível usar a prova teste-
armazenado em formato específico (organização singular de bits e munhal para demonstrar que a vontade manifestada por escrito no
bytes), capaz de ser traduzido ou apreendido pelos sentidos me- contrato não corresponde à intenção das partes que o celebraram.
diante o emprego de programa (software) apropriado”. Em com- Da mesma forma, é possível usar a prova testemunhal para provar
plemento, destaca-se que no processo informatizado o documento que o contrato foi celebrado com vício de consentimento, como
virá aos autos de maneira diversa (geralmente mídia de CD ou cópia erro, dolo, coação, estado de perigo ou lesão.
do registro eletrônico aos autos), perdendo menos a sua estrutu- Art. 447. Podem depor como testemunhas todas as pessoas,
ra original; ao passo que no processo comum o que tem se visto, exceto as incapazes, impedidas ou suspeitas.
geralmente, é a impressão de páginas da rede mundial de compu- § 1o São incapazes:
tadores. Como visto, o CPC/2015 adota conceito semelhante ao do I - o interdito por enfermidade ou deficiência mental;
autor, prevendo de forma expressa a possibilidade de conversão do II - o que, acometido por enfermidade ou retardamento men-
documento digital em documento físico. tal, ao tempo em que ocorreram os fatos, não podia discerni-los,
ou, ao tempo em que deve depor, não está habilitado a transmitir
2.8 Prova Testemunhal as percepções;
A prova testemunhal é a declaração perante juízo a respeito III - o que tiver menos de 16 (dezesseis) anos;
de fato relevante à questão litigiosa, feita por pessoa diferente das IV - o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender dos
partes do processo, que tenha visto ou ouvido algo relevante. A dis- sentidos que lhes faltam.
ciplina se divide em duas seções, a primeira sobre a admissibilidade § 2o São impedidos:
e o valor da prova testemunhal, a segunda sobre a produção da I - o cônjuge, o companheiro, o ascendente e o descendente
prova testemunhal. em qualquer grau e o colateral, até o terceiro grau, de alguma das
partes, por consanguinidade ou afinidade, salvo se o exigir o inte-
- Da Admissibilidade e do Valor da Prova Testemunhal resse público ou, tratando-se de causa relativa ao estado da pessoa,
Art. 442. A prova testemunhal é sempre admissível, não dis- não se puder obter de outro modo a prova que o juiz repute neces-
pondo a lei de modo diverso. sária ao julgamento do mérito;
A prova testemunhal é sempre admissível, salvo se a lei não a II - o que é parte na causa;
permitir. Por exemplo, em alguns procedimentos é vedada a oitiva III - o que intervém em nome de uma parte, como o tutor, o
de testemunha, como no caso do mandado de segurança, em que representante legal da pessoa jurídica, o juiz, o advogado e outros
o direito líquido e certo tem que ser provado de plano apenas com que assistam ou tenham assistido as partes.
documentos. § 3o São suspeitos:
14 GARCIA, Bruna Pinotti; SANTOS, Cássio Roberto dos. Prova documental e a
I - o inimigo da parte ou o seu amigo íntimo;
evolução informática: força probante da ata notarial de páginas da Internet e II - o que tiver interesse no litígio.
dos impressos da web. Revista Dialética de Direito Processual, n. 113, p. 9-26, § 4o Sendo necessário, pode o juiz admitir o depoimento das
ago. 2012. testemunhas menores, impedidas ou suspeitas.
15 Ibid. § 5o Os depoimentos referidos no § 4o serão prestados inde-
16 CASTRO, Aldemario Araujo. O Documento Eletrônico e a Assinatura Digital. pendentemente de compromisso, e o juiz lhes atribuirá o valor que
Disponível em: <http://www.aldemario.adv.br/doceleassdig.htm>. Acesso em: possam merecer.
15 jan. 2012.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
Art. 448. A testemunha não é obrigada a depor sobre fatos: II - os ministros de Estado;
I - que lhe acarretem grave dano, bem como ao seu cônjuge ou III - os ministros do Supremo Tribunal Federal, os conselheiros
companheiro e aos seus parentes consanguíneos ou afins, em linha do Conselho Nacional de Justiça e os ministros do Superior Tribu-
reta ou colateral, até o terceiro grau; nal de Justiça, do Superior Tribunal Militar, do Tribunal Superior
II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar si- Eleitoral, do Tribunal Superior do Trabalho e do Tribunal de Contas
gilo. da União;
A pessoa pode se recusar a depor sobre fatos que causem a IV - o procurador-geral da República e os conselheiros do Con-
si ou à sua família (até colateral de terceiro grau) grave dano, bem selho Nacional do Ministério Público;
como sobre fatos que deva guardar sigilo. V - o advogado-geral da União, o procurador-geral do Estado,
Art. 449. Salvo disposição especial em contrário, as testemu- o procurador-geral do Município, o defensor público-geral federal
nhas devem ser ouvidas na sede do juízo. e o defensor público-geral do Estado;
Parágrafo único. Quando a parte ou a testemunha, por enfer- VI - os senadores e os deputados federais;
midade ou por outro motivo relevante, estiver impossibilitada de VII - os governadores dos Estados e do Distrito Federal;
comparecer, mas não de prestar depoimento, o juiz designará, con- VIII - o prefeito;
forme as circunstâncias, dia, hora e lugar para inquiri-la. IX - os deputados estaduais e distritais;
As testemunhas serão ouvidas na sede do juízo, salvo se por X - os desembargadores dos Tribunais de Justiça, dos Tribunais
enfermidade ou outro motivo relevante estiver impossibilitada de Regionais Federais, dos Tribunais Regionais do Trabalho e dos Tribu-
comparecer, quando o juiz por designar dia, hora e local diverso. nais Regionais Eleitorais e os conselheiros dos Tribunais de Contas
dos Estados e do Distrito Federal;
- Da Produção da Prova Testemunhal XI - o procurador-geral de justiça;
Art. 450. O rol de testemunhas conterá, sempre que possível, o XII - o embaixador de país que, por lei ou tratado, concede
nome, a profissão, o estado civil, a idade, o número de inscrição no idêntica prerrogativa a agente diplomático do Brasil.
Cadastro de Pessoas Físicas, o número de registro de identidade e § 1o O juiz solicitará à autoridade que indique dia, hora e local
o endereço completo da residência e do local de trabalho. a fim de ser inquirida, remetendo-lhe cópia da petição inicial ou da
defesa oferecida pela parte que a arrolou como testemunha.
O rol de testemunhas deve apresentar a qualificação completa § 2o Passado 1 (um) mês sem manifestação da autoridade, o
de cada testemunha. juiz designará dia, hora e local para o depoimento, preferencial-
Art. 451. Depois de apresentado o rol de que tratam os §§ 4o e mente na sede do juízo.
5 do art. 357, a parte só pode substituir a testemunha:
o
§ 3o O juiz também designará dia, hora e local para o depoi-
I - que falecer; mento, quando a autoridade não comparecer, injustificadamente,
II - que, por enfermidade, não estiver em condições de depor; à sessão agendada para a colheita de seu testemunho no dia, hora
III - que, tendo mudado de residência ou de local de trabalho, e local por ela mesma indicados.
não for encontrada. Prestarão depoimento em dia, hora e local de sua escolha: che-
Pode ser substituída após a apresentação do rol: a testemunha fes do Executivo federal e estadual, vice-presidente, ministros de
que falecer, não tiver condições de depor por doença ou tiver se Estado; chefe do Executivo estadual; representantes legislativos fe-
mudado e não for encontrada. derais; conselheiros do CNJ/CNMP; chefes das funções essenciais à
Art. 452. Quando for arrolado como testemunha, o juiz da cau- justiça no âmbito federal, estadual e municipal; desembargadores;
sa: prefeitos; representantes diplomáticos estrangeiros.
I - declarar-se-á impedido, se tiver conhecimento de fatos que Art. 455. Cabe ao advogado da parte informar ou intimar a tes-
possam influir na decisão, caso em que será vedado à parte que o temunha por ele arrolada do dia, da hora e do local da audiência
incluiu no rol desistir de seu depoimento; designada, dispensando-se a intimação do juízo.
II - se nada souber, mandará excluir o seu nome. § 1o A intimação deverá ser realizada por carta com aviso de
Se o juiz da causa for arrolado como testemunha, mandará ex- recebimento, cumprindo ao advogado juntar aos autos, com ante-
cluir seu nome, salvo se tiver conhecimento dos fatos que possam cedência de pelo menos 3 (três) dias da data da audiência, cópia da
influir em sua decisão, quando se declarará impedido. correspondência de intimação e do comprovante de recebimento.
Art. 453. As testemunhas depõem, na audiência de instrução e § 2o A parte pode comprometer-se a levar a testemunha à
julgamento, perante o juiz da causa, exceto: audiência, independentemente da intimação de que trata o § 1o,
I - as que prestam depoimento antecipadamente; presumindo-se, caso a testemunha não compareça, que a parte de-
II - as que são inquiridas por carta. sistiu de sua inquirição.
§ 1o A oitiva de testemunha que residir em comarca, seção ou § 3o A inércia na realização da intimação a que se refere o § 1o
subseção judiciária diversa daquela onde tramita o processo poderá importa desistência da inquirição da testemunha.
ser realizada por meio de videoconferência ou outro recurso tec- § 4o A intimação será feita pela via judicial quando:
nológico de transmissão e recepção de sons e imagens em tempo I - for frustrada a intimação prevista no § 1o deste artigo;
real, o que poderá ocorrer, inclusive, durante a audiência de instru-
II - sua necessidade for devidamente demonstrada pela parte
ção e julgamento.
ao juiz;
§ 2o Os juízos deverão manter equipamento para a transmis-
III - figurar no rol de testemunhas servidor público ou militar,
são e recepção de sons e imagens a que se refere o § 1o.
hipótese em que o juiz o requisitará ao chefe da repartição ou ao
Na audiência de instrução e julgamento, serão ouvidas as tes-
comando do corpo em que servir;
temunhas pelo juiz da causa, salvo se ouvidas antecipadamente ou
IV - a testemunha houver sido arrolada pelo Ministério Público
por carta (é o caso de precatória ou rogatória enviada para oitiva de
ou pela Defensoria Pública;
testemunha).
V - a testemunha for uma daquelas previstas no art. 454.
Art. 454. São inquiridos em sua residência ou onde exercem
sua função: § 5o A testemunha que, intimada na forma do § 1o ou do § 4o,
I - o presidente e o vice-presidente da República; deixar de comparecer sem motivo justificado será conduzida e res-

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
ponderá pelas despesas do adiamento. rem repetitivas. Se indeferir, constará o indeferimento no termo da
Cabe ao advogado realizar a intimação da testemunha por audiência. As testemunhas devem ser tratadas com urbanidade e
meio de carta, com aviso de recebimento, ou se comprometer a respeito. O juiz pode complementar a arguição feita pelas partes ou
levá-la na audiência independente de intimação. Caso o advogado começar arguindo. Entre as partes, começa arguindo a que arrolou
efetue tal intimação e a testemunha não compareça, o juiz efetuará a testemunha.
a intimação judicial e poderá determinar sua condução. Art. 460. O depoimento poderá ser documentado por meio de
Não é preciso intimação por carta com AR, cabendo ao juízo gravação.
promover: frustração da intimação feita por advogado; demonstra- § 1o Quando digitado ou registrado por taquigrafia, estenoti-
ção de necessidade de intimação judicial pela parte; testemunha pia ou outro método idôneo de documentação, o depoimento será
que seja servidora pública ou militar; testemunha arrolada pelo MP assinado pelo juiz, pelo depoente e pelos procuradores.
ou DP; autoridades com direito de depor em residência pessoal ou § 2o Se houver recurso em processo em autos não eletrônicos, o
oficial no dia e hora designados. depoimento somente será digitado quando for impossível o envio
de sua documentação eletrônica.
Art. 456. O juiz inquirirá as testemunhas separada e sucessi-
§ 3o Tratando-se de autos eletrônicos, observar-se-á o disposto
vamente, primeiro as do autor e depois as do réu, e providenciará
neste Código e na legislação específica sobre a prática eletrônica de
para que uma não ouça o depoimento das outras.
atos processuais.
Parágrafo único. O juiz poderá alterar a ordem estabelecida no
Evidentemente, o depoimento da testemunha tem que ser re-
caput se as partes concordarem. gistrado e, se possível, assinado pelo depoente, pelo juiz e pelos
As testemunhas serão ouvidas de forma separada e em ordem procuradores.
sucessiva, primeiro as do autor e depois as do réu, não podendo Art. 461. O juiz pode ordenar, de ofício ou a requerimento da
uma ouvir o depoimento da outra. Se as partes concordarem, o juiz parte:
pode inverter a ordem de oitiva. I - a inquirição de testemunhas referidas nas declarações da
Art. 457. Antes de depor, a testemunha será qualificada, de- parte ou das testemunhas;
clarará ou confirmará seus dados e informará se tem relações de II - a acareação de 2 (duas) ou mais testemunhas ou de algu-
parentesco com a parte ou interesse no objeto do processo. ma delas com a parte, quando, sobre fato determinado que possa
influir na decisão da causa, divergirem as suas declarações.
§ 1o É lícito à parte contraditar a testemunha, arguindo-lhe a § 1o Os acareados serão reperguntados para que expliquem os
incapacidade, o impedimento ou a suspeição, bem como, caso a pontos de divergência, reduzindo-se a termo o ato de acareação.
testemunha negue os fatos que lhe são imputados, provar a contra- § 2o A acareação pode ser realizada por videoconferência ou
dita com documentos ou com testemunhas, até 3 (três), apresen- por outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em
tadas no ato e inquiridas em separado. tempo real.
§ 2o Sendo provados ou confessados os fatos a que se refere o O juiz pode ordenar de ofício ou a requerimento da parte a
§ 1o, o juiz dispensará a testemunha ou lhe tomará o depoimento inquirição de testemunhas referidas (pessoas mencionadas nos de-
como informante. poimentos de outras testemunhas e que não tenham sido arroladas
§ 3o A testemunha pode requerer ao juiz que a escuse de de- originalmente) e a acareação de testemunhas (havendo pontos de
por, alegando os motivos previstos neste Código, decidindo o juiz de divergência entre seus depoimentos).
plano após ouvidas as partes. Art. 462. A testemunha pode requerer ao juiz o pagamento da
A testemunha, antes de depor, poderá pedir ao juiz que seja despesa que efetuou para comparecimento à audiência, devendo
escusada de depor, por ser incapaz, suspeita ou impedida. Também a parte pagá-la logo que arbitrada ou depositá-la em cartório den-
é possível que a parte contrária contradite a testemunha, alegan- tro de 3 (três) dias.
do ser incapaz, impedida ou suspeita, podendo provar a contradita Cabe à parte que arrolou pagar as despesas que a testemunha
efetuou para comparecer à audiência.
com documentos e testemunhas. Acolhida a contradita, o juiz ouvi-
Art. 463. O depoimento prestado em juízo é considerado ser-
rá a testemunha como informante ou a dispensará.
viço público.
Art. 458. Ao início da inquirição, a testemunha prestará o com-
Parágrafo único. A testemunha, quando sujeita ao regime da
promisso de dizer a verdade do que souber e lhe for perguntado.
legislação trabalhista, não sofre, por comparecer à audiência, per-
Parágrafo único. O juiz advertirá à testemunha que incorre em
da de salário nem desconto no tempo de serviço.
sanção penal quem faz afirmação falsa, cala ou oculta a verdade.
O depoimento prestado em juízo é serviço público e a testemu-
A testemunha prestará compromisso de dizer a verdade. Caso
a falseie, cale ou oculte, poderá responder por falso testemunho nha que comparecer em juízo para depor e, em razão disso, perder
(artigo 342, CP). dia de trabalho, não sofrerá perda de salário ou desconto no tempo
Art. 459. As perguntas serão formuladas pelas partes direta- de serviço.
mente à testemunha, começando pela que a arrolou, não admi-
tindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem 2.9 Prova Pericial
relação com as questões de fato objeto da atividade probatória ou A prova pericial é um exame técnico, uma vistoria ou uma ava-
importarem repetição de outra já respondida. liação, que é realizada por um profissional especializado da área, o
§ 1o O juiz poderá inquirir a testemunha tanto antes quanto qual será responsável por emitir um laudo técnico com a exposição
depois da inquirição feita pelas partes. do objeto da perícia, complementada pela análise realizada em re-
§ 2o As testemunhas devem ser tratadas com urbanidade, não lação a ele, bem como indicação de método e resposta aos quesitos
se lhes fazendo perguntas ou considerações impertinentes, capcio- apresentados pelo juiz e pelas partes.
sas ou vexatórias. Art. 464. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou ava-
§ 3o As perguntas que o juiz indeferir serão transcritas no ter- liação.
mo, se a parte o requerer. § 1o O juiz indeferirá a perícia quando:
O advogado da parte apresentará a pergunta diretamente à I - a prova do fato não depender de conhecimento especial de
testemunha, mas o juiz pode indeferir caso busquem induzir res- técnico;
posta, não se relacionarem às questões de fato do processo ou fo- II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas;

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
III - a verificação for impraticável. § 2o O perito deve assegurar aos assistentes das partes o acesso
§ 2o De ofício ou a requerimento das partes, o juiz poderá, em e o acompanhamento das diligências e dos exames que realizar,
substituição à perícia, determinar a produção de prova técnica sim- com prévia comunicação, comprovada nos autos, com antecedên-
plificada, quando o ponto controvertido for de menor complexidade. cia mínima de 5 (cinco) dias.
§ 3o A prova técnica simplificada consistirá apenas na inquiri- Art. 467. O perito pode escusar-se ou ser recusado por impedi-
ção de especialista, pelo juiz, sobre ponto controvertido da causa mento ou suspeição.
que demande especial conhecimento científico ou técnico. Parágrafo único. O juiz, ao aceitar a escusa ou ao julgar proce-
§ 4o Durante a arguição, o especialista, que deverá ter formação dente a impugnação, nomeará novo perito.
acadêmica específica na área objeto de seu depoimento, poderá va- Art. 468. O perito pode ser substituído quando:
ler-se de qualquer recurso tecnológico de transmissão de sons e ima- I - faltar-lhe conhecimento técnico ou científico;
gens com o fim de esclarecer os pontos controvertidos da causa. II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo
[...] que lhe foi assinado.
Art. 472. O juiz poderá dispensar prova pericial quando as par- § 1o No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a ocorrên-
tes, na inicial e na contestação, apresentarem, sobre as questões de cia à corporação profissional respectiva, podendo, ainda, impor
fato, pareceres técnicos ou documentos elucidativos que conside- multa ao perito, fixada tendo em vista o valor da causa e o possível
rar suficientes. prejuízo decorrente do atraso no processo.
Nem sempre a perícia será necessária ou possível. Em razão § 2o O perito substituído restituirá, no prazo de 15 (quinze)
disso, o juiz pode indeferir a perícia se: não for necessário conheci- dias, os valores recebidos pelo trabalho não realizado, sob pena de
mento técnico, se desnecessária em face de outras provas ou se for ficar impedido de atuar como perito judicial pelo prazo de 5 (cinco)
impraticável (impossível). Tal disposição expressa é uma inovação anos.
que o CPC/2015 trouxe. § 3o Não ocorrendo a restituição voluntária de que trata o § 2o,
Destaca-se que já havia previsão no CPC/1973 acerca da possi- a parte que tiver realizado o adiantamento dos honorários poderá
bilidade de o juiz dispensar a produção de prova pericial se as par- promover execução contra o perito, na forma dos arts. 513 e se-
tes já apresentarem com a inicial pareceres técnicos ou documen- guintes deste Código, com fundamento na decisão que determinar
tos elucidativos suficientes.
a devolução do numerário.
O CPC/2015 também inova ao prever de forma expressa a pro-
Art. 469. As partes poderão apresentar quesitos suplementa-
va técnica simplificada em relação a ponto controvertido de menor
res durante a diligência, que poderão ser respondidos pelo perito
complexidade. Nestes casos, o juiz se limitará a arguir o especialista
previamente ou na audiência de instrução e julgamento.
sobre o ponto controvertido que exija conhecimento científico ou
Parágrafo único. O escrivão dará à parte contrária ciência da
técnico.
juntada dos quesitos aos autos.
Do art. 465 ao 480, CPC, estão descritos aspectos inerentes ao
Art. 470. Incumbe ao juiz:
procedimento de produção da prova pericial:
I - indeferir quesitos impertinentes;
Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto da pe-
II - formular os quesitos que entender necessários ao esclare-
rícia e fixará de imediato o prazo para a entrega do laudo.
cimento da causa.
§ 1o Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias contados da
Art. 471. As partes podem, de comum acordo, escolher o perito,
intimação do despacho de nomeação do perito:
indicando-o mediante requerimento, desde que:
I - arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se for o caso;
I - sejam plenamente capazes;
II - indicar assistente técnico; II - a causa possa ser resolvida por autocomposição.
III - apresentar quesitos. § 1º As partes, ao escolher o perito, já devem indicar os respec-
§ 2o Ciente da nomeação, o perito apresentará em 5 (cinco) tivos assistentes técnicos para acompanhar a realização da perícia,
dias: que se realizará em data e local previamente anunciados.
I - proposta de honorários; § 2º O perito e os assistentes técnicos devem entregar, respecti-
II - currículo, com comprovação de especialização; vamente, laudo e pareceres em prazo fixado pelo juiz.
III - contatos profissionais, em especial o endereço eletrônico, § 3º A perícia consensual substitui, para todos os efeitos, a que
para onde serão dirigidas as intimações pessoais. seria realizada por perito nomeado pelo juiz.
§ 3o As partes serão intimadas da proposta de honorários para, Art. 472. O juiz poderá dispensar prova pericial quando as par-
querendo, manifestar-se no prazo comum de 5 (cinco) dias, após tes, na inicial e na contestação, apresentarem, sobre as questões de
o que o juiz arbitrará o valor, intimando-se as partes para os fins fato, pareceres técnicos ou documentos elucidativos que considerar
do art. 95. suficientes.
§ 4o O juiz poderá autorizar o pagamento de até cinquenta Art. 473. O laudo pericial deverá conter:
por cento dos honorários arbitrados a favor do perito no início dos I - a exposição do objeto da perícia;
trabalhos, devendo o remanescente ser pago apenas ao final, de- II - a análise técnica ou científica realizada pelo perito;
pois de entregue o laudo e prestados todos os esclarecimentos ne- III - a indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demons-
cessários. trando ser predominantemente aceito pelos especialistas da área
§ 5o Quando a perícia for inconclusiva ou deficiente, o juiz po- do conhecimento da qual se originou;
derá reduzir a remuneração inicialmente arbitrada para o trabalho. IV - resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo
§ 6o Quando tiver de realizar-se por carta, poder-se-á proceder juiz, pelas partes e pelo órgão do Ministério Público.
à nomeação de perito e à indicação de assistentes técnicos no juí- § 1o No laudo, o perito deve apresentar sua fundamentação em
zo ao qual se requisitar a perícia. linguagem simples e com coerência lógica, indicando como alcan-
Art. 466. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que çou suas conclusões.
lhe foi cometido, independentemente de termo de compromisso. § 2o É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua desig-
§ 1o Os assistentes técnicos são de confiança da parte e não nação, bem como emitir opiniões pessoais que excedam o exame
estão sujeitos a impedimento ou suspeição. técnico ou científico do objeto da perícia.
§ 3o Para o desempenho de sua função, o perito e os assistentes

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
técnicos podem valer-se de todos os meios necessários, ouvindo - Juiz nomeará perito especializado e fixará prazo para entrega
testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que do laudo (cabendo, uma única vez, concessão pelo juiz de prorro-
estejam em poder da parte, de terceiros ou em repartições públicas, gação por metade do prazo originalmente fixado por justo motivo)
bem como instruir o laudo com planilhas, mapas, plantas, dese- – é possível que em perícias complexas, que exijam conhecimento
nhos, fotografias ou outros elementos necessários ao esclareci- técnico e especializado em mais de uma área, o juiz nomeie mais
mento do objeto da perícia. de um perito (por consequência, as partes poderão nomear mais
Art. 474. As partes terão ciência da data e do local designa- de um assistente técnico) – será priorizada a escolha de técnicos
dos pelo juiz ou indicados pelo perito para ter início a produção da dos estabelecimentos oficiais especializados em perícias de caráter
prova. médico-legal.
Art. 475. Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de - Se o perito não entregar no prazo, além da comunicação ao
uma área de conhecimento especializado, o juiz poderá nomear órgão de classe e de imposição de multa, o perito poderá ser subs-
mais de um perito, e a parte, indicar mais de um assistente técnico. tituído, tal como se provado que não detém o conhecimento técni-
Art. 476. Se o perito, por motivo justificado, não puder apresen- co-científico necessário para promover a perícia – o perito substi-
tar o laudo dentro do prazo, o juiz poderá conceder-lhe, por uma tuído deverá restituir eventual valor adiantado no prazo de 15 dias,
vez, prorrogação pela metade do prazo originalmente fixado. sob pena de ficar impedido de atuar como perito por 5 anos, sem
Art. 477. O perito protocolará o laudo em juízo, no prazo fi- prejuízo da promoção de cumprimento de sentença pela parte que
xado pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) dias antes da audiência de adiantou os honorários;
instrução e julgamento. - As partes serão intimadas do despacho e poderão, no prazo
§ 1o As partes serão intimadas para, querendo, manifestar-se de 15 dias: arguir impedimento ou suspeição do perito, se o caso
sobre o laudo do perito do juízo no prazo comum de 15 (quinze) (o juiz julgará e, se for o caso, nomeará novo perito); indicar as-
dias, podendo o assistente técnico de cada uma das partes, em sistente técnico (se for indicado, o perito deve promover acesso e
igual prazo, apresentar seu respectivo parecer. acompanhamento das diligências, comunicando previamente com
§ 2o O perito do juízo tem o dever de, no prazo de 15 (quinze) antecedência de 5 dias o assistente – a tal assistente não se aplicam
dias, esclarecer ponto: as causas de impedimento e suspeição, até mesmo por ser pessoa
I - sobre o qual exista divergência ou dúvida de qualquer das
de confiança da parte); apresentar quesitos (é possível a apresen-
partes, do juiz ou do órgão do Ministério Público;
tação de quesitos suplementares durante e após a diligência, que
II - divergente apresentado no parecer do assistente técnico
serão respondidos pelo perito nos próprios autos ou na audiência
da parte.
de instrução);
§ 3o Se ainda houver necessidade de esclarecimentos, a parte
- O perito nomeado será intimado da nomeação e poderá de-
requererá ao juiz que mande intimar o perito ou o assistente técnico
clarar-se impedido ou suspeito (se o fizer, o juiz irá julgar e, even-
a comparecer à audiência de instrução e julgamento, formulando,
tualmente, nomeará novo perito) ou apresentará, no prazo de 5
desde logo, as perguntas, sob forma de quesitos.
§ 4o O perito ou o assistente técnico será intimado por meio dias: proposta de honorários, currículo com prova de especialização
eletrônico, com pelo menos 10 (dez) dias de antecedência da au- e contatos profissionais;
diência. - Se quiserem, as partes podem se manifestar sobre a proposta
Art. 478. Quando o exame tiver por objeto a autenticidade ou de honorários, no prazo de 5 dias, após o qual o juiz arbitrará os
a falsidade de documento ou for de natureza médico-legal, o peri- honorários, podendo autorizar o pagamento de 50% do valor desde
to será escolhido, de preferência, entre os técnicos dos estabeleci- logo e 50% ao final e podendo, ainda, reduzir o valor arbitrado se a
mentos oficiais especializados, a cujos diretores o juiz autorizará a perícia for inconclusiva ou deficiente;
remessa dos autos, bem como do material sujeito a exame.
§ 1o Nas hipóteses de gratuidade de justiça, os órgãos e as - O juiz apresentará quesitos para que sejam respondidos pelo
repartições oficiais deverão cumprir a determinação judicial com perito, podendo ainda indeferir quesitos impertinentes apresenta-
preferência, no prazo estabelecido. dos pelas partes;
§ 2o A prorrogação do prazo referido no § 1o pode ser requerida - As partes serão comunicadas do dia e local da realização da
motivadamente. perícia;
§ 3o Quando o exame tiver por objeto a autenticidade da letra - O perito protocolará o laudo em juízo, no prazo fixado pelo
e da firma, o perito poderá requisitar, para efeito de comparação, juiz, com pelo menos 20 dias de antecedência da audiência de ins-
documentos existentes em repartições públicas e, na falta destes, trução;
poderá requerer ao juiz que a pessoa a quem se atribuir a autoria - As partes terão 15 dias para se manifestarem sobre a perícia,
do documento lance em folha de papel, por cópia ou sob ditado, podendo no mesmo prazo o assistente técnico apresentar parecer;
dizeres diferentes, para fins de comparação. - O perito terá 15 dias para esclarecer divergências e dúvidas
Art. 479. O juiz apreciará a prova pericial de acordo com o dis- das partes, do juiz, do MP ou apresentadas pelo assistente técnico;
posto no art. 371, indicando na sentença os motivos que o levaram - O juiz poderá intimar, com 10 dias de antecedência, o perito
a considerar ou a deixar de considerar as conclusões do laudo, le- para comparecer à audiência de instrução e julgamento para escla-
vando em conta o método utilizado pelo perito. recer aspectos relacionados à perícia, apresentando desde logo os
Art. 480. O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da quesitos;
parte, a realização de nova perícia quando a matéria não estiver - Conteúdo do laudo pericial: exposição do objeto da perícia,
suficientemente esclarecida. análise técnica ou científica, indicação do método utilizado, res-
§ 1o A segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre posta conclusiva a todos quesitos – a linguagem deve ser simples e
os quais recaiu a primeira e destina-se a corrigir eventual omissão coerente o perito não pode emitir opiniões pessoais nem exceder
ou inexatidão dos resultados a que esta conduziu. os limites de sua designação – o laudo poderá ser instruído com pla-
§ 2o A segunda perícia rege-se pelas disposições estabelecidas nilhas, mapas, plantas, desenhos, fotografias ou outros elementos,
para a primeira. sem prejuízo da oitiva de testemunhas, obtenção de informações e
§ 3o A segunda perícia não substitui a primeira, cabendo ao solicitação de documentos;
juiz apreciar o valor de uma e de outra. - Embora não exista um sistema de tarifação de provas, há que

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
se firmar que o convencimento do juiz não é totalmente livre e, para proferido o julgamento por meio da sentença.
que ele afaste a conclusão de um laudo pericial, deverá justificar de A sentença se insere dentro dos atos do juiz (expressão utili-
forma motivada e específica, até mesmo porque é difícil sobrepor zada em sentido amplo, abrangendo ministros, desembargadores,
seu entendimento ao conhecimento técnico exposto no laudo; etc.).
- É possível a realização de segunda perícia, caso a primeira não O CPC de 1973 havia acabado com as controvérsias do CPC
tenha esclarecido de forma suficiente todos os aspectos necessá- de 1939 ao definir sentença como o ato que põe fim ao processo.
rios sobre os fatos, mas tal perícia não substitui a primeira, e sim Contudo, a Lei n. 11.232/05 alterou a redação do artigo 162, §1º
a complementa, e o juiz deve considerar ambas em sua sentença. (alguma das situações dos artigos 267 e 269 – a sentença voltou
Art. 471. As partes podem, de comum acordo, escolher o peri- a ser considerada conforme o seu conteúdo). Não importava mais
to, indicando-o mediante requerimento, desde que: em necessária extinção do processo. O recurso cabível ainda seria
I - sejam plenamente capazes; o de apelação, ao menos em todos os casos em que os autos de
II - a causa possa ser resolvida por autocomposição. processo possam integralmente subir à segunda instância. A razão
§ 1o As partes, ao escolher o perito, já devem indicar os respec- da alteração do texto legal é que a partir da Lei n. 11.232/05 o pro-
tivos assistentes técnicos para acompanhar a realização da perícia, cesso não mais se encerrava com a sentença, mas apenas a fase
que se realizará em data e local previamente anunciados. de conhecimento, podendo continuar com uma fase de execução
§ 2o O perito e os assistentes técnicos devem entregar, respecti- (processo sincrético).
vamente, laudo e pareceres em prazo fixado pelo juiz. O artigo 203, §1º do novo Código de Processo Civil mantém
§ 3o A perícia consensual substitui, para todos os efeitos, a que em partes o referido conceito de sentença, agora fazendo menção
seria realizada por perito nomeado pelo juiz. aos artigos 485 e 487, que no novo CPC correspondem aos artigos
O CPC/2015 inova ao prever a possibilidade de perícia consen- 267 e 269 do CPC/1973: “§ 1º Ressalvadas as disposições expres-
sual, quando em vez do juiz nomear um perito as partes escolhem sas dos procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por
consensualmente quem será o perito que realizará a perícia. Tal meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim
escolha apenas não é possível se as partes não forem plenamente à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a
capazes e se for vedada a autocomposição na causa. Na perícia con- execução”. O dispositivo inova ao colocar como sentença também
ato que ponha fim ao processo de execução com base nos arts. 485
sensual será possível indicar assistentes técnicos, da mesma forma.
e 487, por exemplo, caso acolhidos embargos do devedor.
2.10 Inspeção Judicial
a) Espécies de atos do juiz
A inspeção judicial consiste no comparecimento do juiz para
No âmbito dos atos do juiz estão diversos provimentos ou pro-
inspecionar pessoas ou coisas, esclarecendo fato que interesse à
nunciamentos, notadamente:
decisão da causa. É preciso garantir o contraditório na inspeção,
a) Despacho ou despachos de mero expediente – são os atos
razão pela qual as partes possuem o direito de estarem presentes,
desprovidos de conteúdo decisório, dos quais não cabe recurso al-
assistindo-a, prestando esclarecimentos e fazendo observações. gum.
O juiz fará inspeção judicial se considerar necessário para a ve- b) Decisões interlocutórias – quando o juiz, no curso do pro-
rificação e interpretação dos fatos, se a coisa não puder ser apre- cesso, resolve uma questão incidente, profere decisão durante o
sentada em juízo sem consideráveis despesas ou graves dificulda- trâmite processual.
des e para reconstituir fatos. c) Sentenças – art. 203, §1º – é o ato do juiz que implica numa
A inspeção judicial pode ser determinada de ofício ou a reque- das situações, isto é, que contém uma das matérias, previstas nos
rimento da parte. O juiz poderá ser assistido por um ou mais peri- artigos 485 ou 487, desde que coloque fim ao processo todo ou à
tos. Ao final, o juiz mandará redigir laudo circunstanciado. fase de cognição ou de execução.
Art. 481. O juiz, de ofício ou a requerimento da parte, pode, em d) Acórdãos – decisões tomadas por um órgão colegiado.
qualquer fase do processo, inspecionar pessoas ou coisas, a fim de e) Decisões monocráticas – as proferidas por um dos integran-
se esclarecer sobre fato que interesse à decisão da causa. tes do colegiado, por exemplo, relator do acórdão. Cabe recurso, o
Art. 482. Ao realizar a inspeção, o juiz poderá ser assistido por agravo interno ou regimental (mesmo os embargos de declaração,
um ou mais peritos. se interpostos, poderão ser recebidos como agravo interno).
Art. 483. O juiz irá ao local onde se encontre a pessoa ou a
coisa quando: b) Classificação das sentenças
I - julgar necessário para a melhor verificação ou interpreta-
ção dos fatos que deva observar; - Quanto à resolução do mérito
II - a coisa não puder ser apresentada em juízo sem considerá- a) Terminativas ou processuais – artigo 485, CPC/2015.
veis despesas ou graves dificuldades; b) Definitivas ou de mérito – artigo 487, CPC/2015 – Podem
III - determinar a reconstituição dos fatos. ser típicas ou próprias (no caso do inciso I, em que se acolhe ou se
Parágrafo único. As partes têm sempre direito a assistir à ins- rejeita o pedido) e atípicas ou impróprias (incisos II a V). Em sentido
peção, prestando esclarecimentos e fazendo observações que con- estrito, só é de mérito a sentença que decide a pretensão formula-
siderem de interesse para a causa. da. Contudo, o legislador optou por um conceito mais amplo.
Art. 484. Concluída a diligência, o juiz mandará lavrar auto Enfim, são duas as espécies de sentença, ou acórdãos, que po-
circunstanciado, mencionando nele tudo quanto for útil ao julga- dem ser proferidas no processo de conhecimento: as que apreciam
mento da causa. a pretensão formulada, seja em sentido afirmativo ou negativo, e
Parágrafo único. O auto poderá ser instruído com desenho, que por isso são denominadas de mérito; e aquelas em que não foi
gráfico ou fotografia. possível, pelas mais variadas razões, apreciar a pretensão do autor
1. Sentença em face do réu, que são as de extinção sem resolução do mérito.
A disciplina acerca da sentença e da coisa julgada se encontra O objetivo natural do processo é atingir uma sentença com re-
como etapa final do processo de conhecimento, denominada fase solução do mérito. As sentenças sem resolução do mérito são anô-
do julgamento. Com efeito, o processo já passou pelo saneamento, malas, pois ele foi encerrado sem ter cumprido sua finalidade.
pela produção de provas (dentro e fora de audiência) e agora será

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
I - indeferir a petição inicial;
Trata-se do não preenchimento dos requisitos da petição inicial. Se o vício é sanável, antes de extinguir o juiz manda emendar em 15
dias. Se o vício é insanável, extingue o processo, mas deve dar à parte o direito de se manifestar. Na sentença de indeferimento da inicial o
juiz nem sequer determinou a citação do réu.
Obs.: O juiz pode indeferir a petição inicial em razão de prescrição e decadência, mas nestes casos a extinção é com resolução do mérito.
II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;
A hipótese é rara, pois devido ao princípio do impulso oficial, dificilmente o juiz deixará o processo parado por mais de 1 ano. É neces-
sário que o processo não possa seguir, que exista omissão da prática de um ato indispensável e que o autor, conforme o §1º, seja intimado
a dar andamento ao feito em 5 dias sob pena de extinção (vide §2º deste artigo quanto às custas).
III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;
É necessário que o processo não possa seguir, que exista omissão da prática de um ato indispensável pelo autor e, conforme §1º, que ele seja
intimado pessoalmente a dar andamento ao feito em 5 dias sob pena de extinção (vide §2º deste artigo quanto às custas). Nos termos da súmula 240
do STJ, o processo não será extinto nestes termos sem que tenha havido prévio requerimento do réu. Neste sentido, o §6º do artigo no novo CPC:
“Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa pelo autor depende de requerimento do réu”.
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo;
Há pressupostos cuja inobservância pode acarretar a extinção do processo, mas antes o juiz deve permitir a regularização. Por exem-
plo, capacidade processual ou capacidade postulatória.
Todavia, há pressupostos processuais cuja ausência é insanável e levará irremediavelmente à extinção do processo. Por exemplo,
capacidade para ser parte.
Se a inicial for recebida e, após citação do réu, se verificar que ela estava irregular, entende-se que deixou de haver pressuposto pro-
cessual de desenvolvimento válido do processo, aplicando-se este inciso.
Por vezes, a ausência de um pressuposto gerará nulidade, não extinção do processo. Por exemplo, juízo competente (declara-se nuli-
dade e remete-se ao juízo competente).
A falta de um pressuposto processual é matéria de ordem pública, devendo ser declarada de ofício pelo juiz a qualquer tempo e grau
de jurisdição, salvo em sede de recurso especial e extraordinário.
V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada;
Abrange o inciso anterior, pois são todos pressupostos processuais negativos. Perempção é quando por 3 vezes o juiz extingue a causa
do autor por abandono, não se permitindo ajuizar uma quarta vez (perda do direito de ação).
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
Estas matérias não se sujeitam à preclusão. Alterada a redação, excluindo-se a possibilidade jurídica do pedido, conforme doutrina
mais moderna sobre as condições da ação.
VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência;
Se já foi resolvido em arbitragem, não pode ser resolvido pelo Estado. O STF ainda discute a constitucionalidade desta hipótese.
VIII - homologar a desistência da ação;
A desistência pode ser proferida a qualquer momento, desde que não proferida a sentença de mérito. Desistência não é o mesmo que
renúncia porque possui caráter processual, não material.
Vide §4º. Se o prazo correr in albis (em branco), a desistência não depende do assentimento do réu (revel). Justifica-se a necessidade de
consentimento, pois a desistência não impede a repropositura da demanda. Cabe a desistência até a sentença (previsão do §5º).
Pode haver desistência parcial do autor em relação a um dos litisconsortes passivos, mas o litisconsórcio não pode ser necessário. Se
a desistência for só em relação a um, somente ele deve consentir.
O réu não pode se opor à desistência de maneira injustificada, deve fundamentar sua oposição.
IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e;
Certas ações possuem cunho personalíssimo, como separação e divórcio, anulação de casamento, interdição.
X - nos demais casos prescritos neste Código.

Art. 486.  O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta a que a parte proponha de novo a ação.
§ 1o No caso de extinção em razão de litispendência e nos casos dos incisos I, IV, VI e VII do art. 485, a propositura da nova ação depen-
de da correção do vício que levou à sentença sem resolução do mérito.
§ 2o A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do pagamento ou do depósito das custas e dos honorários de advo-
gado.
§ 3o Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, a sentença fundada em abandono da causa, não poderá propor nova ação contra o réu
com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direito.
Nota-se que a principal diferença entre a extinção sem julgamento do mérito em relação à extinção com julgamento do mérito é que
nada obsta que a ação seja proposta novamente. Afinal, as decisões são terminativas, apenas encerram aquele processo, não colocam
fim ao litígio que surgiu entre as partes. A única exceção é o inciso V, pois uma vez que ocorrer perempção, litispendência ou coisa julgada
torna-se impossível sanar o vício.
O único óbice é a exigência de que custas e honorários do processo anteriormente extinto sem resolver o mérito tenham sido quita-
dos; bem como, evidentemente, a correção dos vícios que geraram a extinção.
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:
I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;
Somente esta é a verdadeira sentença de mérito, na qual o pedido é apreciado. Trata-se da sentença de mérito típica.
II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição;
A rigor, seria meramente terminativa, mas como jamais deixará de decair ou de estar prescrita, faz sentido ser com resolução do mé-

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
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rito. Podem ser alegadas em qualquer tempo ou grau de jurisdição.
III - homologar:
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção;
Não precisa da anuência da outra parte, como a sentença tem o mérito resolvido.
b) a transação;
É o acordo celebrado entre as partes, mesmo que extrajudicial. Não pode haver desistência unilateral, no máximo, arrependimento
bilateral (distrato, que nada mais é que outra transação). Dispensa-se a participação de advogados.
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.
A renúncia unilateral, diferente da desistência, atinge o próprio direito material em discussão. Dispensa a anuência da outra parte.
Art. 488. Desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pro-
nunciamento nos termos do art. 485 .

- Quanto à eficácia preponderante


A classificação de Pontes de Miranda é dividida em 5 categorias.
a) Meramente declaratórias (certificação) – É aquela pela qual o juiz atesta ou certifica a existência ou não de uma relação / situação
jurídica controvertida ou a falsidade / autenticidade de um documento. Natureza ex tunc. Não forma título executivo. Ex.: investigatória de
paternidade, usucapião, nulidade de negócio jurídico, sentenças de improcedência, interdição (posição majoritária).
Obs.: Em toda sentença, mesmo que o pedido tenha por essência outro cunho, o juiz declara quem tem razão. Então, toda sentença é
declaratória, ainda que não em sua essência.
b) Constitutivas ou desconstitutivas (inovação) – É aquela pela qual o juiz cria (positivas, constituem), modifica (modificativas, alte-
ram) ou extingue (negativas, desconstituem) uma relação ou situação jurídica. Natureza ex nunc. Não forma título executivo. Ex.: adoção,
adjudicação compulsória, ação de revisão de cláusula contratual, modificação de guarda, divórcio, desconstituição do poder familiar, ação
rescisória e rescisão de contrato. Perceba-se que a ação constitutiva pode ser voluntária (há litígio) ou necessária (não há litígio mas a lei
obriga).
c) Condenatórias (execução forçada) – É aquela em que se reconhece um dever de prestar cujo inadimplemento autoriza o início da
fase de cumprimento e de execução. Resulta na formação de um título executivo judicial. O juiz não só declara a existência do direito em
favor do autor, mas concede a ele a possibilidade de valer-se de sanção executiva, fornecendo-lhe meios para tanto. A eficácia é ex tunc,
retroagindo à data da propositura da ação. Ex.: cobrança, indenizatória, repetição de indébito, ação de regresso.
Em geral, as sentenças condenatórias já indicam qual o bem devido pelo réu e sua quantidade. No entanto, admitem-se sentenças
condenatórias alternativas (decide pela existência de uma obrigação de dar coisa incerta ou de uma obrigação alternativa, reconhecendo
ambas, embora só uma deva ser cumprida), genéricas ou ilíquidas (é necessário propor uma fase de liquidação da sentença determinando
o quantum), e condicionais (exigência condicionada de evento futuro certo – termo – ou incerto – condição).

d) Executivas lato sensu (autoexecutoriedade) – É aquela que contém mecanismos que permitem a imediata satisfação do vencedor
sem a necessidade de início da nova fase no processo. Têm natureza condenatória e dispensam a fase de execução para que o comando da
sentença seja cumprido, isto é, a satisfação não é obtida em 2 fases, mas em uma só. Logo que transita em julgado, é expedido mandado
judicial para cumprir a sentença, sem que se exija outro ato processual. Ex.: despejo, reintegração de posse, todas as demandas para en-
trega de coisa que sejam procedentes.
e) Mandamentais ou injuncionais (ordem) – São aquelas que contêm uma ordem que deve ser cumprida pelo próprio destinatário (e
não por um serventuário), sob pena de crime ou multa e penas do artigo 14. Enfim, o juiz profere uma declaração reconhecendo o direito,
condena o réu, aplicando uma sanção, que não é simplesmente a condenação, é também a imposição de uma medida, um comando, que
permite a tomada de medidas concretas e efetivas para o vencedor satisfazer seu direito sem a necessidade de processo autônomo de exe-
cução. Descumprida a ordem, o juiz pode determinar providências que pressionem o devedor, como a fixação de multa diária, conhecidas
como astreintes. Ex.: mandado de segurança, obrigações de fazer ou não fazer.
Obs.: A principal diferença entre a executiva lato sensu e a mandamental é que na mandamental quem tem que cumprir é o devedor,
ao passo que na executiva, se o devedor não cumprir espontaneamente, o Estado o fará.
Não obstante, há quem defenda uma sexta categoria. A categoria “f” seria a das sentenças determinativas ou dispositivas (normatiza-
ção) – Alguns autores estabelecem esta categoria – É aquela em que o juiz, com sua vontade, complementa a vontade do legislador e cria
uma norma jurídica específica para o caso concreto. Ex.: regulamentação de visitas, revisão de cláusula contratual.
Marcus Vinícius Rios Gonçalves, contra a classificação de Pontes de Miranda, diz que mandamental e executiva são 2 espécies de
tutela condenatória.

Declaratória Constitutiva ou Condenatória Executivas lato Mandamental


Desconstitutiva sensu
Declaratória X
Constitutiva ou X X
Desconstitutiva
Condenatória X X
Executivas lato X X X
sensu
Mandamental X X X

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
c) Elementos da sentença funda a sentença e são insuperáveis. Quando ocorrem, a sentença é
- Relatório – É onde se relata tudo que ocorreu no processo até inexistente em termos jurídicos. Mesmo que passe o prazo da ação
o momento de forma resumida. Dispensa-se no JEC (procedimento rescisória, o vício não se convalida. No caso, caberá ação declarató-
sumaríssimo). Indicar-se-á o nome das partes, o resumo da preten- ria de inexistência.
são do autor e seus fundamentos, a defesa do réu, as principais Em regra, a alteração da sentença somente cabe nas hipóteses
ocorrências do processo (como incidentes processuais e provas pro- do art. 494 do CPC/2015: “Art. 494. Publicada a sentença, o juiz só
duzidas) e o conteúdo das alegações finais. poderá alterá-la: I - para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento
- Fundamentação ou motivação – É onde o juiz explica o porquê da parte, inexatidões materiais ou erros de cálculo; II - por meio
de ter tomado aquela decisão, afinal, é dever do juiz expor o racio- de embargos de declaração”. A correção pode ser feita a qualquer
cínio que adotou. Enfim, são os fundamentos de fato e de direito tempo no caso do inciso I e não suspende ou interrompe o prazo
sobre os quais o juiz apoiará sua decisão. A Constituição Federal dos recursos. Já a hipótese do inciso II é um recurso em si, servindo
determina que os atos judiciais sejam fundamentados (artigo 93, para sanar obscuridades ou omissões na sentença. Além destes dois
IX, CF). A motivação deve ser coerente, isto é, manter vínculo com o
casos, somente se corrige sentença via ação rescisória.
relatório e com o dispositivo.
Nem sempre o juiz precisará apreciar todos os fundamentos
f) Cumprimento da sentença
levantados pelas partes. Por vezes, o reconhecimento ou a rejeição
A sentença forma título executivo judicial, caso transite em jul-
de um fundamento, logicamente, exclui a obrigação de apreciação
do outro. O importante é a sentença apreciar exatamente os pedi- gado, e deverá ser cumprida. A fase de cumprimento da sentença
dos feitos no processo, sob pena de ser citra petita, logo, nula. A objetiva promover a obediência ao comando jurisdicional caso o
fundamentação também não precisa ser extensa, mas deve deixar réu não o faça de forma voluntária. O assunto será aprofundado
claro porque o julgador tomou a decisão. adiante no tópico sobre execuções.
- Dispositivo – Decisão ou decisum – Pelo que já foi dito, é aqui
onde o juiz julga procedente, improcedente, com ou sem resolução 2. Coisa julgada
do mérito. O dispositivo deve manter estreita correspondência lógi- Basicamente, coisa julgada é o fenômeno que impede a propo-
ca com as partes anteriores. É sobre o dispositivo da sentença que situra de uma ação que já foi anteriormente julgada em seu mérito,
recairá a coisa julgada material quando não couber mais recurso. transitando em julgado a decisão, diga-se, não cabendo mais recur-
Falta de relatório e de fundamentação gera nulidade, ao passo so da decisão.
que falta de dispositivo gera inexistência da sentença. Art. 502, CPC/2015. Denomina-se coisa julgada material a au-
toridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não
d) Oportunidades em que pode ser proferida a sentença mais sujeita a recurso.
A sentença pode ser proferida em diversas situações, sendo Esgotados os recursos, a sentença transita em julgado, e não
que a ocasião propícia levará em conta sua natureza (terminativa pode mais ser modificada. Até então, a decisão não terá se tornado
ou definitiva) e a necessidade ou não de produção de provas. definitiva, podendo ser substituída por outra. Sem a coisa julgada,
As sentenças terminativas podem ser proferidas a qualquer não haveria segurança jurídica nas decisões, que sempre poderiam
momento no processo, inclusive logo após a propositura da deman- ser modificadas.
da, a partir da detecção do vício insanável, impossibilitando pros- A coisa julgada é um fenômeno único ao qual correspondem
seguir com o exame de mérito. As matérias que geram este tipo de dois aspectos: um meramente processual ou formal, que ocorre no
extinção são de ordem pública, podendo ser reconhecidas de ofício processo em que a sentença é proferida, independentemente dela
a qualquer momento no processo, de ofício ou a requerimento. ser de mérito ou não, apenas impedindo outro recurso daquela
Já as sentenças definitivas, em regra, são proferidas após a au- sentença naquele processo (endoprocessual); outro que se projeta
diência de instrução e debates, exceto em dois casos: a) aplicação
para fora do processo e torna definitivos os efeitos da decisão, cha-
da improcedência liminar do pedido; b) julgamento antecipado da
mado de coisa julgada material, impedindo que a mesma preten-
lide, quando a matéria for somente de direito ou, sendo de direito
são seja rediscutida posteriormente em outro processo, que ocorre
e de fato, não forem mais necessárias provas a serem produzidas.
apenas nas sentenças de mérito (extraprocessual) (se a sentença
e) Defeitos da sentença irrecorrível não for de mérito, a pretensão pode ser objeto de outra
A inobservância de requisitos de forma e substância gera a nu- demanda). Assim, num processo sempre haverá coisa julgada for-
lidade da sentença. Em processo civil, as nulidades podem ser de mal, mas nem sempre coisa julgada material.
duas naturezas: absoluta ou relativa.
Somente a nulidade absoluta permite a rescisão da sentença. E a) Aspectos da coisa julgada
mesmo as nulidades absolutas acabam por sanar-se, passado o pra- Em resumo, tem-se o seguinte:
zo de 2 anos da ação rescisória. Assim, a sentença nula se reveste a) Coisa julgada formal: consiste na imutabilidade da sentença
da autoridade da coisa julgada, mas pode ser rescindida. A nulidade contra a qual não caiba mais recurso dentro do processo em que
absoluta pode decorrer de vícios intrínsecos da própria sentença, foi proferida. Mesmo que não caiba mais recurso, que a sentença
ou se vícios processuais anteriores, não sanados, que nela reper- coloque fim ao processo, isso não significa que a matéria não possa
cutem. ser colocada em discussão noutro processo – isso é a produção de
Os vícios intrínsecos são aqueles que se encontram nos três coisa julgada formal. Em toda sentença encontramos a coisa julga-
elementos fundamentais da sentença: relatório, fundamentação e da formal, que pode ou não estar acompanhada da coisa julgada
dispositivo. A falta (não inclusão na sentença) ou deficiência (au- material.
sência de correlação lógica, julgamento ultra ou extra petita) de b) Coisa julgada material: é própria dos julgamentos de mérito,
relatório ou fundamentação geram nulidade, ao passo que a falta podendo ser definida como a imutabilidade não mais da sentença,
de dispositivo gera inexistência. A sentença citra petita é válida no mas de seus efeitos. Projeta-se para fora do processo em que ela
que decide, cabendo ao autor propor nova ação na parte em que o foi proferida, impedindo que a pretensão seja novamente posta em
juiz deixou de julgar. juízo. Aquilo não pode mais ser discutido em juízo, não apenas na-
Há, no entanto, vícios que comprometem de forma mais pro- quele processo, mas em qualquer outro.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
Evidencia-se a natureza substancial deste aspecto da coisa jul- CPC/2015, no entanto, excluiu a ação declaratória incidental do sis-
gada, além do meramente processual decorrente da coisa julgada tema, mas estabeleceu casos em que a questão prejudicial pode ser
formal. O fundamento constitucional da coisa julgada material é o julgada com força de coisa julgada em seu artigo 503.
art. 5º, XXXVI, CF: “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato Art. 503.  A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito
jurídico perfeito e a coisa julgada”. tem força de lei nos limites da questão principal expressamente de-
cidida.
b) Eficácia preclusiva da coisa julgada material § 1o O disposto no caput aplica-se à resolução de questão preju-
Em outras palavras, devido à sua eficácia preclusiva, a coisa jul- dicial, decidida expressa e incidentemente no processo, se:
gada material impede não só a repropositura da mesma demanda, I - dessa resolução depender o julgamento do mérito;
mas a discussão, em qualquer outro processo com mesmas partes, II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não
das questões decididas, conforme art. 508, CPC/2015: “Transitada se aplicando no caso de revelia;
em julgado a decisão de mérito, considerar-se-ão deduzidas e repe- III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa
lidas todas as alegações e as defesas que a parte poderia opor tanto para resolvê-la como questão principal.
ao acolhimento quanto à rejeição do pedido”. Essa regra é deno- § 2o A hipótese do § 1o não se aplica se no processo houver res-
minada por alguns de princípio do “deduzido e do dedutível”, pois trições probatórias ou limitações à cognição que impeçam o apro-
a autoridade da coisa julgada material impede a rediscussão não fundamento da análise da questão prejudicial.
apenas das questões que tenham sido expressamente decididas no
dispositivo, porque expressamente alegadas pelas partes, mas tam- e) Julgamento antecipado parcial de mérito e coisa julgada
bém das que poderiam ter sido alegadas, mas não foram. parcial
Em outras palavras, se mantida a mesma pretensão e a mesma Tradicionalmente se estudou a coisa julgada como um fenôme-
no único, que ocorria apenas uma vez no processo. Significa que
causa de pedir, resolvidos e discutidos estarão todos os argumentos
enquanto houvessem controvérsias não se formaria coisa julgada
expressos quanto os que lá poderiam ser levantados e não foram.
com relação a nada e tudo no processo transitaria em julgado a um
Por exemplo, se alegou pagamento da dívida e ele não foi reconhe-
só tempo. No entanto, atendendo ao dinamismo demandado nas
cido na ação que produziu a coisa julgada material, não poderá no
relações jurídico-sociais levadas em litígio ao Judiciário, o CPC/2015
futuro propor ação semelhante na qual alegue remissão da dívida
criou o julgamento antecipado parcial de mérito, que possibilitará
(deveria ter alegado as duas coisas antes).
a formação de coisa julgada parcial antes da extinção do processo.
Seção III
c) Limites objetivos e subjetivos da coisa julgada Do Julgamento Antecipado Parcial do Mérito
A coisa julgada material possui limites objetivos e subjetivos Art. 356.  O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou
que se relacionam com os elementos da ação. mais dos pedidos formulados ou parcela deles:
a) Limites objetivos: de todas as partes da sentença, somente o I - mostrar-se incontroverso;
dispositivo, que contém o comando emitido pelo juiz, fica revestido II - estiver em condições de imediato julgamento, nos termos
da autoridade da coisa julgada material. do art. 355.
Como se depreende do artigo 504 do CPC/2015, “não fazem § 1o A decisão que julgar parcialmente o mérito poderá reco-
coisa julgada: I - os motivos, ainda que importantes para determinar nhecer a existência de obrigação líquida ou ilíquida.
o alcance da parte dispositiva da sentença; II - a verdade dos fatos, § 2o A parte poderá liquidar ou executar, desde logo, a obriga-
estabelecida como fundamento da sentença”. Aquilo que serviu de ção reconhecida na decisão que julgar parcialmente o mérito, in-
fundamento de uma sentença torna-se imutável apenas no proces- dependentemente de caução, ainda que haja recurso contra essa
so em que foi utilizado, mas não projeta seus efeitos para outros, interposto.
como ocorre com o dispositivo. § 3o Na hipótese do § 2o, se houver trânsito em julgado da deci-
b) Limites subjetivos: a sentença faz coisa julgada às partes en- são, a execução será definitiva.
tre as quais é dada, não beneficiando nem prejudicando terceiros. § 4o A liquidação e o cumprimento da decisão que julgar par-
São incluídos autores, réus, denunciados, chamados ao processo, cialmente o mérito poderão ser processados em autos suplementa-
opoentes e nomeados que tenham sido admitidos, bem como o as- res, a requerimento da parte ou a critério do juiz.
sistente litisconsorcial que tenha ou não intervindo e o assistente § 5o A decisão proferida com base neste artigo é impugnável
simples que tenha participado do processo. São excluídos os ter- por agravo de instrumento.
ceiros que não participaram do processo, até porque não puderam
se manifestar e nem defender ou expor suas razões. Neste sentido: f) Relativização da coisa julgada
“Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é Destaca-se que não são somente as sentenças sem resolução
dada, não prejudicando terceiros”. de mérito que não se sujeitam à coisa julgada material. Há ainda as
sentenças de jurisdição voluntária, as que conferem tutela cautelar
d) Questão prejudicial e coisa julgada (por sua natureza provisória) e as que se referem a relações conti-
Segundo Carnelutti, questão é um ponto duvidoso, de fato ou nuativas.
de direito. Já prejudicial é aquilo que deve ser julgado antes. Logo, Art. 505. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já deci-
questão prejudicial é aquela que deve ser julgada antes no processo didas relativas à mesma lide, salvo:
para poder ser apreciada a matéria que é objeto central da lide. Ex.: I - se, tratando-se de relação jurídica de trato continuado, so-
a ação reivindicatória discute propriedade, se o réu argumenta que breveio modificação no estado de fato ou de direito, caso em que
é proprietário porque usucapiu, então a usucapião é uma questão poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença;
prejudicial que deverá ser decidida antes da reivindicatória em si. II - nos demais casos prescritos em lei.
Antes do CPC/2015, as questões prejudiciais não eram atingi- A autoridade da coisa julgada material sempre foi considerada
das pela coisa julgada, salvo quando expressamente houvesse re- um dogma absoluto no processo. A lei estabelece expressamente
querimento neste sentido mediante ação declaratória incidental. apenas um mecanismo apto a relativizá-la, cabível em situações
Significa que o juiz decidiria a questão para julgar o mérito, mas excepcionais e no limite temporal de 2 anos, a ação rescisória. Pas-
que se tal questão fosse levantada em outro processo poderia. O sado tal prazo, eventual nulidade se convalida, não cabendo mais

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
rediscutir a sentença. valor devido por liquidação.
Contudo, entende-se que a coisa julgada material, em situa- § 2º O disposto no caput também se aplica quando o acórdão
ções excepcionais, pode ser relativizada. Isso só ocorrerá caso o alterar a sentença.
respeito à coisa julgada material vá acarretar grave ofensa a valores Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa
éticos e garantias constitucionais (tais valores ultrapassam a coisa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou
julgada material e a segurança jurídica em termos de importância). em objeto diverso do que lhe foi demandado.
A aplicação da relativização deve ser vista com reservas e somente Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda que resolva
reconhecida em situações teratológicas. É o exemplo das investiga- relação jurídica condicional.
ções de paternidade improcedentes da época em que não havia o Art. 493. Se, depois da propositura da ação, algum fato cons-
exame de DNA e dos laudos periciais fraudulentos de valor extre- titutivo, modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento
mamente elevado em ações de desapropriação. do mérito, caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a
Em geral, as sentenças condenatórias já indicam qual o bem requerimento da parte, no momento de proferir a decisão.
devido pelo réu e sua quantidade. No entanto, admitem-se senten- Parágrafo único. Se constatar de ofício o fato novo, o juiz ouvirá
ças condenatórias genéricas ou ilíquidas, caso em que é necessário as partes sobre ele antes de decidir.
propor uma fase de liquidação da sentença determinando o quan- Art. 494. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la:
tum. I - para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento da parte, ine-
xatidões materiais ou erros de cálculo;
SEÇÃO II II - por meio de embargos de declaração.
DOS ELEMENTOS E DOS EFEITOS DA SENTENÇA Art. 495. A decisão que condenar o réu ao pagamento de pres-
Art. 489. São elementos essenciais da sentença: tação consistente em dinheiro e a que determinar a conversão de
I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação prestação de fazer, de não fazer ou de dar coisa em prestação pecu-
do caso, com a suma do pedido e da contestação, e o registro das niária valerão como título constitutivo de hipoteca judiciária.
principais ocorrências havidas no andamento do processo; § 1º A decisão produz a hipoteca judiciária:
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato I - embora a condenação seja genérica;
e de direito; II - ainda que o credor possa promover o cumprimento provisó-
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais rio da sentença ou esteja pendente arresto sobre bem do devedor;
que as partes lhe submeterem. III - mesmo que impugnada por recurso dotado de efeito sus-
§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, pensivo.
seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: § 2º A hipoteca judiciária poderá ser realizada mediante apre-
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato sentação de cópia da sentença perante o cartório de registro imobi-
normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão de- liário, independentemente de ordem judicial, de declaração expres-
cidida; sa do juiz ou de demonstração de urgência.
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar § 3º No prazo de até 15 (quinze) dias da data de realização da
o motivo concreto de sua incidência no caso; hipoteca, a parte informá-la-á ao juízo da causa, que determinará a
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer ou- intimação da outra parte para que tome ciência do ato.
tra decisão; § 4º A hipoteca judiciária, uma vez constituída, implicará, para o
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo credor hipotecário, o direito de preferência, quanto ao pagamento,
capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; em relação a outros credores, observada a prioridade no registro.
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, § 5º Sobrevindo a reforma ou a invalidação da decisão que
sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar impôs o pagamento de quantia, a parte responderá, independen-
que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; temente de culpa, pelos danos que a outra parte tiver sofrido em
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou razão da constituição da garantia, devendo o valor da indenização
precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de ser liquidado e executado nos próprios autos.
distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.
§ 2º No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o SEÇÃO III
objeto e os critérios gerais da ponderação efetuada, enunciando as DA REMESSA NECESSÁRIA
razões que autorizam a interferência na norma afastada e as pre- Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produ-
missas fáticas que fundamentam a conclusão. zindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença:
§ 3º A decisão judicial deve ser interpretada a partir da conju- I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os
gação de todos os seus elementos e em conformidade com o prin- Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito pú-
cípio da boa-fé. blico;
Art. 490. O juiz resolverá o mérito acolhendo ou rejeitando, no II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos
todo ou em parte, os pedidos formulados pelas partes. à execução fiscal.
Art. 491. Na ação relativa à obrigação de pagar quantia, ain- § 1º Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação
da que formulado pedido genérico, a decisão definirá desde logo no prazo legal, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, e, se
a extensão da obrigação, o índice de correção monetária, a taxa de não o fizer, o presidente do respectivo tribunal avocá-los-á.
juros, o termo inicial de ambos e a periodicidade da capitalização § 2º Em qualquer dos casos referidos no § 1º, o tribunal julgará
dos juros, se for o caso, salvo quando: a remessa necessária.
I - não for possível determinar, de modo definitivo, o montante § 3º Não se aplica o disposto neste artigo quando a condena-
devido; ção ou o proveito econômico obtido na causa for de valor certo e
II - a apuração do valor devido depender da produção de prova líquido inferior a:
de realização demorada ou excessivamente dispendiosa, assim re- I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas
conhecida na sentença. autarquias e fundações de direito público;
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, seguir-se-á a apuração do II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distri-

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
to Federal, as respectivas autarquias e fundações de direito público ce da parte dispositiva da sentença;
e os Municípios que constituam capitais dos Estados; II - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sen-
III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municí- tença.
pios e respectivas autarquias e fundações de direito público. Art. 505. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já deci-
§ 4º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a didas relativas à mesma lide, salvo:
sentença estiver fundada em: I - se, tratando-se de relação jurídica de trato continuado, so-
I - súmula de tribunal superior; breveio modificação no estado de fato ou de direito, caso em que
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença;
Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; II - nos demais casos prescritos em lei.
III - entendimento firmado em incidente de resolução de de- Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é
mandas repetitivas ou de assunção de competência; dada, não prejudicando terceiros.
IV - entendimento coincidente com orientação vinculante fir- Art. 507. É vedado à parte discutir no curso do processo as
mada no âmbito administrativo do próprio ente público, consolida- questões já decididas a cujo respeito se operou a preclusão.
da em manifestação, parecer ou súmula administrativa. Art. 508. Transitada em julgado a decisão de mérito, conside-
rar-se-ão deduzidas e repelidas todas as alegações e as defesas que
SEÇÃO IV a parte poderia opor tanto ao acolhimento quanto à rejeição do
DO JULGAMENTO DAS AÇÕES RELATIVAS ÀS PRESTAÇÕES DE pedido.
FAZER, DE NÃO FAZER E DE ENTREGAR COISA
Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer CAPÍTULO XIV
ou de não fazer, o juiz, se procedente o pedido, concederá a tutela DA LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
específica ou determinará providências que assegurem a obtenção
de tutela pelo resultado prático equivalente. Art. 509.  Quando a sentença condenar ao pagamento de quan-
Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica destina- tia ilíquida, proceder-se-á à sua liquidação, a requerimento do cre-
da a inibir a prática, a reiteração ou a continuação de um ilícito, ou dor ou do devedor:
a sua remoção, é irrelevante a demonstração da ocorrência de dano I - por arbitramento, quando determinado pela sentença, con-
ou da existência de culpa ou dolo. vencionado pelas partes ou exigido pela natureza do objeto da li-
Art. 498. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o quidação;
juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para o cumpri- II - pelo procedimento comum, quando houver necessidade de
mento da obrigação. alegar e provar fato novo.
Parágrafo único. Tratando-se de entrega de coisa determinada § 1o Quando na sentença houver uma parte líquida e outra
pelo gênero e pela quantidade, o autor individualizá-la-á na petição ilíquida, ao credor é lícito promover simultaneamente a execução
inicial, se lhe couber a escolha, ou, se a escolha couber ao réu, este daquela e, em autos apartados, a liquidação desta.
a entregará individualizada, no prazo fixado pelo juiz. § 2o Quando a apuração do valor depender apenas de cálculo
Art. 499. A obrigação somente será convertida em perdas e da- aritmético, o credor poderá promover, desde logo, o cumprimento
nos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a da sentença.
obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente. § 3o O Conselho Nacional de Justiça desenvolverá e colocará
Art. 500. A indenização por perdas e danos dar-se-á sem preju- à disposição dos interessados programa de atualização financeira.
ízo da multa fixada periodicamente para compelir o réu ao cumpri- § 4o Na liquidação é vedado discutir de novo a lide ou modificar
mento específico da obrigação. a sentença que a julgou.
Art. 501. Na ação que tenha por objeto a emissão de declara- Art. 510.   Na liquidação por arbitramento, o juiz intimará as
ção de vontade, a sentença que julgar procedente o pedido, uma partes para a apresentação de pareceres ou documentos elucidati-
vez transitada em julgado, produzirá todos os efeitos da declaração vos, no prazo que fixar, e, caso não possa decidir de plano, nomea-
não emitida. rá perito, observando-se, no que couber, o procedimento da prova
pericial.
SEÇÃO V Art. 511.  Na liquidação pelo procedimento comum, o juiz de-
DA COISA JULGADA terminará a intimação do requerido, na pessoa de seu advogado
Art. 502. Denomina-se coisa julgada material a autoridade que ou da sociedade de advogados a que estiver vinculado, para, que-
torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita rendo, apresentar contestação no prazo de 15 (quinze) dias, obser-
a recurso. vando-se, a seguir, no que couber, o disposto no Livro I da Parte
Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o méri- Especial deste Código.
to tem força de lei nos limites da questão principal expressamente Art. 512.   A liquidação poderá ser realizada na pendência de
decidida. recurso, processando-se em autos apartados no juízo de origem,
§ 1º O disposto no caput aplica-se à resolução de questão pre- cumprindo ao liquidante instruir o pedido com cópias das peças
judicial, decidida expressa e incidentemente no processo, se: processuais pertinentes.
I - dessa resolução depender o julgamento do mérito;
II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo,
não se aplicando no caso de revelia; TÍTULO II
III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa DO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA
para resolvê-la como questão principal.
§ 2º A hipótese do § 1º não se aplica se no processo houver res- CAPÍTULO I
trições probatórias ou limitações à cognição que impeçam o apro- DISPOSIÇÕES GERAIS
fundamento da análise da questão prejudicial.
Art. 504. Não fazem coisa julgada: Art. 513.   O cumprimento da sentença será feito segundo as
I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcan- regras deste Título, observando-se, no que couber e conforme a na-

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
tureza da obrigação, o disposto no Livro II da Parte Especial deste levada a protesto, nos termos da lei, depois de transcorrido o prazo
Código. para pagamento voluntário previsto no art. 523.
§ 1o O cumprimento da sentença que reconhece o dever de § 1o Para efetivar o protesto, incumbe ao exequente apresentar
pagar quantia, provisório ou definitivo, far-se-á a requerimento do certidão de teor da decisão.
exequente. § 2o A certidão de teor da decisão deverá ser fornecida no prazo
É indispensável o requerimento do exequente. de 3 (três) dias e indicará o nome e a qualificação do exequente e
§ 2o O devedor será intimado para cumprir a sentença: do executado, o número do processo, o valor da dívida e a data de
I - pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advogado constituí- decurso do prazo para pagamento voluntário.
do nos autos; § 3o O executado que tiver proposto ação rescisória para im-
II - por carta com aviso de recebimento, quando representado pugnar a decisão exequenda pode requerer, a suas expensas e sob
pela Defensoria Pública ou quando não tiver procurador constituído sua responsabilidade, a anotação da propositura da ação à margem
nos autos, ressalvada a hipótese do inciso IV; do título protestado.
III - por meio eletrônico, quando, no caso do § 1o do art. 246, § 4o A requerimento do executado, o protesto será cancelado por
não tiver procurador constituído nos autos (pela via do cadastro determinação do juiz, mediante ofício a ser expedido ao cartório, no pra-
eletrônico de empresas); zo de 3 (três) dias, contado da data de protocolo do requerimento, desde
IV - por edital, quando, citado na forma do art. 256, tiver sido que comprovada a satisfação integral da obrigação.
revel na fase de conhecimento. O artigo 517 disciplina a possibilidade de protesto do título exe-
§ 3o Na hipótese do § 2o, incisos II e III, considera-se realizada cutivo judicial, sendo mais uma forma de constranger o devedor a
a intimação quando o devedor houver mudado de endereço sem arcar com a sua obrigação.
prévia comunicação ao juízo, observado o disposto no parágrafo
único do art. 274. Art. 518.   Todas as questões relativas à validade do procedi-
§ 4o Se o requerimento a que alude o § 1o for formulado após 1 mento de cumprimento da sentença e dos atos executivos subse-
(um) ano do trânsito em julgado da sentença, a intimação será feita quentes poderão ser arguidas pelo executado nos próprios autos e
na pessoa do devedor, por meio de carta com aviso de recebimento nestes serão decididas pelo juiz.
encaminhada ao endereço constante dos autos, observado o dis- É possível interpor petições nos autos arguindo sobre seu fun-
posto no parágrafo único do art. 274 e no § 3o deste artigo. cionamento.
A intimação pode ser direcionada ao advogado, em regra. Ca-
berá, excepcionalmente, intimação pessoal por carta com AR (nota- Art. 519.  Aplicam-se as disposições relativas ao cumprimento
damente se for representado pela Defensoria, não tiver procurador da sentença, provisório ou definitivo, e à liquidação, no que couber,
constituído ou já tiver se passado um ano da decisão sem nenhuma às decisões que concederem tutela provisória.
providência do credor), por meio eletrônico (no caso de empresa O cumprimento provisório das decisões que concedam tutela
cadastrada que não tenha procurador constituído nos autos) ou por provisória se dá nos termos destes dispositivos.
edital (no caso de réu revel na fase de conhecimento).
§ 5o O cumprimento da sentença não poderá ser promovido em CAPÍTULO II
face do fiador, do coobrigado ou do corresponsável que não tiver DO CUMPRIMENTO PROVISÓRIO DA SENTENÇA QUE RECO-
participado da fase de conhecimento. NHECE A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA
Não significa que não é cabível a execução, mas terá que ser CERTA
feita por processo autônomo.
Art. 520.  O cumprimento provisório da sentença impugnada
Art. 514.  Quando o juiz decidir relação jurídica sujeita a condi- por recurso desprovido de efeito suspensivo será realizado da mes-
ção ou termo, o cumprimento da sentença dependerá de demons- ma forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte
tração de que se realizou a condição ou de que ocorreu o termo. regime:
Se somente é possível executar após condição ou termo, é pre- I - corre por iniciativa e responsabilidade do exequente, que
ciso provar que ocorreu. se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos que o
executado haja sofrido;
Art. 515.   São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento II - fica sem efeito, sobrevindo decisão que modifique ou anule
dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título: [...] (ques- a sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado
tão abordada quando do estudo de títulos) anterior e liquidando-se eventuais prejuízos nos mesmos autos;
§ 1o Nos casos dos incisos VI a IX (sentença penal condenatória, III - se a sentença objeto de cumprimento provisório for modifi-
sentença arbitral, sentença estrangeira ou decisão interlocutória es- cada ou anulada apenas em parte, somente nesta ficará sem efeito
trangeira devidamente homologada), o devedor será citado no juízo a execução;
cível para o cumprimento da sentença ou para a liquidação no prazo IV - o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos
de 15 (quinze) dias. que importem transferência de posse ou alienação de propriedade
§ 2o A autocomposição judicial pode envolver sujeito estranho ou de outro direito real, ou dos quais possa resultar grave dano ao
ao processo e versar sobre relação jurídica que não tenha sido de- executado, dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de
duzida em juízo. plano pelo juiz e prestada nos próprios autos.
Destaca-se que quando o título judicial se originar de instância § 1o No cumprimento provisório da sentença, o executado po-
ou esfera diversa, como a criminal, arbitral ou estrangeira, ainda derá apresentar impugnação, se quiser, nos termos do art. 525.
será caso de cumprimento de sentença, mas será preciso citação, § 2o A multa e os honorários a que se refere o § 1o do art. 523
não bastando intimação. são devidos no cumprimento provisório de sentença condenatória
ao pagamento de quantia certa.
[...] § 3o Se o executado comparecer tempestivamente e depositar
o valor, com a finalidade de isentar-se da multa, o ato não será havi-
Art. 517.  A decisão judicial transitada em julgado poderá ser do como incompatível com o recurso por ele interposto.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
§ 4o A restituição ao estado anterior a que se refere o inciso II VI - especificação dos eventuais descontos obrigatórios reali-
não implica o desfazimento da transferência de posse ou da alie- zados;
nação de propriedade ou de outro direito real eventualmente já VII - indicação dos bens passíveis de penhora, sempre que pos-
realizada, ressalvado, sempre, o direito à reparação dos prejuízos sível.
causados ao executado. § 1o Quando o valor apontado no demonstrativo aparentemen-
§ 5o Ao cumprimento provisório de sentença que reconheça te exceder os limites da condenação, a execução será iniciada pelo
obrigação de fazer, de não fazer ou de dar coisa aplica-se, no que valor pretendido, mas a penhora terá por base a importância que o
couber, o disposto neste Capítulo. juiz entender adequada.
Art. 521.  A caução prevista no inciso IV do art. 520 poderá ser § 2o Para a verificação dos cálculos, o juiz poderá valer-se de
dispensada nos casos em que: contabilista do juízo, que terá o prazo máximo de 30 (trinta) dias
I - o crédito for de natureza alimentar, independentemente de para efetuá-la, exceto se outro lhe for determinado.
sua origem; § 3o Quando a elaboração do demonstrativo depender de da-
II - o credor demonstrar situação de necessidade; dos em poder de terceiros ou do executado, o juiz poderá requisitá-
III - pender o agravo do art. 1.042; (negativa de admissibilidade -los, sob cominação do crime de desobediência.
de REsp/RExt)  § 4o Quando a complementação do demonstrativo depender
IV - a sentença a ser provisoriamente cumprida estiver em con- de dados adicionais em poder do executado, o juiz poderá, a reque-
sonância com súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Fe- rimento do exequente, requisitá-los, fixando prazo de até 30 (trinta)
deral ou do Superior Tribunal de Justiça ou em conformidade com dias para o cumprimento da diligência.
acórdão proferido no julgamento de casos repetitivos. § 5o Se os dados adicionais a que se refere o § 4o não forem
Parágrafo único.  A exigência de caução será mantida quando apresentados pelo executado, sem justificativa, no prazo designa-
da dispensa possa resultar manifesto risco de grave dano de difícil do, reputar-se-ão corretos os cálculos apresentados pelo exequente
ou incerta reparação. apenas com base nos dados de que dispõe.
Art. 522.  O cumprimento provisório da sentença será requeri- [...] (art. 525 = impugnação à execução)
do por petição dirigida ao juízo competente. Art. 526.  É lícito ao réu, antes de ser intimado para o cumpri-
Parágrafo único.   Não sendo eletrônicos os autos, a petição mento da sentença, comparecer em juízo e oferecer em pagamento
será acompanhada de cópias das seguintes peças do processo, cuja o valor que entender devido, apresentando memória discriminada
autenticidade poderá ser certificada pelo próprio advogado, sob do cálculo.
sua responsabilidade pessoal: § 1o O autor será ouvido no prazo de 5 (cinco) dias, podendo
I - decisão exequenda; impugnar o valor depositado, sem prejuízo do levantamento do de-
II - certidão de interposição do recurso não dotado de efeito pósito a título de parcela incontroversa.
suspensivo; § 2o Concluindo o juiz pela insuficiência do depósito, sobre a di-
III - procurações outorgadas pelas partes;
ferença incidirão multa de dez por cento e honorários advocatícios,
IV - decisão de habilitação, se for o caso;
também fixados em dez por cento, seguindo-se a execução com pe-
V - facultativamente, outras peças processuais consideradas
nhora e atos subsequentes.
necessárias para demonstrar a existência do crédito.
§ 3o Se o autor não se opuser, o juiz declarará satisfeita a obri-
gação e extinguirá o processo.
CAPÍTULO III
Art. 527.  Aplicam-se as disposições deste Capítulo ao cumpri-
DO CUMPRIMENTO DEFINITIVO DA SENTENÇA QUE RECO-
mento provisório da sentença, no que couber.
NHECE A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA
CERTA
Já a execução por quantia certa de devedor solvente de título
extrajudicial começa com uma petição inicial, acompanhada do tí-
Art. 523.  No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada
tulo, comprovante de custas, memorial de cálculo e procuração. O
em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela incontroversa,
o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do valor da causa será o do débito atualizado. Devem ser requeridas as
exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no intimações do cônjuge e do credor com garantia real, se for o caso.
prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver. Se estiver em termos, o juiz determina a citação para pagamen-
§ 1o Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, to. Se o devedor pagar, extingue-se a execução, se não o fizer, seus
o débito será acrescido de multa de dez por cento e, também, de bens serão penhorados, mas o credor também poderá indicar os
honorários de advogado de dez por cento. bens a serem penhorados na inicial. O devedor será intimado da
§ 2o Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput, penhora na pessoa do advogado, a não ser que não o tenha. Sem
a multa e os honorários previstos no § 1o incidirão sobre o restante. prejuízo da penhora, fluirá o prazo de 15 dias para interposição de
§ 3o Não efetuado tempestivamente o pagamento voluntário, embargos a partir da juntada do mandado de citação.
será expedido, desde logo, mandado de penhora e avaliação, se-
guindo-se os atos de expropriação. Execução de Alimentos
Art. 524.  O requerimento previsto no art. 523 será instruído A execução de alimentos é outra espécie de execução sujeita a
com demonstrativo discriminado e atualizado do crédito, devendo regime especial. O credor de alimentos tem duas possibilidades: a
a petição conter: de promover a execução por quantia certa comum e a de executar
I - o nome completo, o número de inscrição no Cadastro de pelo rito da prisão civil.
Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica do exe- O CPC aborda uma terceira forma de execução da pensão ali-
quente e do executado, observado o disposto no art. 319, §§ 1o a 3o; mentícia, mediante expedição de ofício ao empregador para efe-
II - o índice de correção monetária adotado; tuar o desconto na folha de pagamento do alimentante.
III - os juros aplicados e as respectivas taxas; Diferente do antigo CPC, o novo CPC claramente distingue os
IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção mo- ritos de cumprimento de sentença e execução autônoma que te-
netária utilizados; nham por objeto prestação de alimentos.
V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso; O quarto capítulo do título que trata do cumprimento de sen-

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
tença aborda o cumprimento de sentença que reconheça a exigibi- vro, Título II, Capítulo III, caso em que não será admissível a prisão
lidade de prestar alimentos. do executado, e, recaindo a penhora em dinheiro, a concessão de
Art. 528.  No cumprimento de sentença que condene ao paga- efeito suspensivo à impugnação não obsta a que o exequente le-
mento de prestação alimentícia ou de decisão interlocutória que vante mensalmente a importância da prestação.
fixe alimentos, o juiz, a requerimento do exequente, mandará inti- É possível optar desde logo pelo rito da penhora, previsto no
mar o executado pessoalmente para, em 3 (três) dias, pagar o dé- capítulo anterior sobre cumprimento definitivo de sentença que re-
bito, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo. conhece a exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa. Feita
§ 1o Caso o executado, no prazo referido no caput, não efetue a escolha, não se admitirá a prisão civil. Ainda que se suspenda o
o pagamento, não prove que o efetuou ou não apresente justifi- cumprimento por impugnação, caberá o levantamento mensal das
cativa da impossibilidade de efetuá-lo, o juiz mandará protestar prestações que forem vencendo no curso da suspensão.
o pronunciamento judicial, aplicando-se, no que couber, o disposto § 9o Além das opções previstas no art. 516, parágrafo único, o
no art. 517. exequente pode promover o cumprimento da sentença ou decisão
Nota-se que o procedimento é o mesmo para alimentos defini- que condena ao pagamento de prestação alimentícia no juízo de
tivos, determinados em sentença, e provisórios, determinados em seu domicílio.
decisão interlocutória. Se o devedor, intimado (não há citação, pois Quanto ao local da propositura, a competência é do juízo da
anteriormente já foi citado), não pagar e nem justificar a impossibi- sentença, do domicílio do credor ou, no caso da execução por
lidade de fazê-lo, o juiz determinará o protesto judicial da dívida e penhora, do local dos bens, conforme opção do credor. O fato do
decretará a prisão civil. credor optar por cumprir a sentença em juízo diverso, em seu do-
Atenção: Os únicos alimentos que serão executados por esta micílio, não gera mudanças no rito de cumprimento de sentença
modalidade são os de direito de família, não os decorrentes de atos – exceto pelo fato de ser preciso citar o devedor.
ilícitos. Quanto aos últimos cabem os outros ritos. Art. 529.  Quando o executado for funcionário público, militar,
Contra a decisão que determina a prisão cabe agravo de ins- diretor ou gerente de empresa ou empregado sujeito à legislação
trumento (sem o efeito suspensivo o devedor pode ser preso até o do trabalho, o exequente poderá requerer o desconto em folha de
julgamento do recurso) ou “habeas corpus” se houver ilicitude no pagamento da importância da prestação alimentícia.
decreto (ilegalidade da prisão ou ausência de contraditório). § 1o Ao proferir a decisão, o juiz oficiará à autoridade, à empre-
§ 2o Somente a comprovação de fato que gere a impossibilida- sa ou ao empregador, determinando, sob pena de crime de desobe-
de absoluta de pagar justificará o inadimplemento. diência, o desconto a partir da primeira remuneração posterior do
No tocante à justificativa do devedor, se plausível, não exime executado, a contar do protocolo do ofício.
o devedor do pagamento, mas da prisão, prosseguindo a execu- § 2o O ofício conterá o nome e o número de inscrição no Cadas-
ção pelo rito de penhora. Se necessário, o juiz pode determinar a tro de Pessoas Físicas do exequente e do executado, a importância
produção de provas no bojo da execução, como a audiência de ins- a ser descontada mensalmente, o tempo de sua duração e a conta
trução. Deve-se buscar a verdade sobre a situação do devedor, de na qual deve ser feito o depósito.
modo a não decretar uma prisão injusta. § 3o Sem prejuízo do pagamento dos alimentos vincendos, o
§ 3o Se o executado não pagar ou se a justificativa apresentada débito objeto de execução pode ser descontado dos rendimentos
não for aceita, o juiz, além de mandar protestar o pronunciamento ou rendas do executado, de forma parcelada, nos termos do caput
judicial na forma do § 1o, decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 deste artigo, contanto que, somado à parcela devida, não ultra-
(um) a 3 (três) meses. passe cinquenta por cento de seus ganhos líquidos.
Quanto ao prazo, nos termos do CPC, é de 1 a 3 meses; nos Esta modalidade é utilizada sempre que possível, pois assegura
termos da Lei de Alimentos é de até 60 dias. Na prática, é comum o o adimplemento da pensão alimentícia de maneira eficaz. Há gran-
decreto por 30 dias. de inovação do CPC neste ponto ao permitir que mesmo os alimen-
§ 4o A prisão será cumprida em regime fechado, devendo o tos que estão sendo cobrados judicialmente já vencidos possam ser
preso ficar separado dos presos comuns. descontados em folha.
A prisão não pode ser domiciliar, em regra, mas o devedor não Ex.: se um alimentante tem desconto em folha de 30%, mas
pode ficar com os presos comuns. tem dívidas pretéritas com relação ao alimentado, é possível des-
§ 5o O cumprimento da pena não exime o executado do paga- contar o débito de forma parcelada, limitado a 50% dos ganhos lí-
mento das prestações vencidas e vincendas. quidos do devedor empregado (isto é, 20% naquele mês).
§ 6o Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumpri- Art. 530.  Não cumprida a obrigação, observar-se-á o disposto
mento da ordem de prisão. nos arts. 831 e seguintes.
Esta prisão civil não é uma pena, mas um meio de coerção, de Não cumprida a obrigação, mesmo adotado o rito de prisão,
modo que será suspenso o cumprimento da ordem de prisão assim converte-se o rito para penhora com relação às parcelas em que
que o devedor pagar o débito. Também por isso que o cumprimen- houve decreto de prisão.
to da prisão não exime o devedor de pagar pela dívida, apesar de Art. 531.  O disposto neste Capítulo aplica-se aos alimentos de-
não ser possível novo decreto de prisão pelas mesmas prestações. finitivos ou provisórios.
§ 7o O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimen- § 1o A execução dos alimentos provisórios, bem como a dos
tante é o que compreende até as 3 (três) prestações anteriores ao alimentos fixados em sentença ainda não transitada em julgado,
ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do pro- se processa em autos apartados.
cesso.
Sobre as prestações abrangidas, sempre deve ser observado o § 2o O cumprimento definitivo da obrigação de prestar alimen-
teor da súmula 309, STJ: “o débito alimentar que autoriza a prisão tos será processado nos mesmos autos em que tenha sido profe-
civil do alimentante é o que compreende as três prestações anterio- rida a sentença.
res à citação e as que vencerem no curso do processo”. As demais Cabe execução provisória dos alimentos, caso em que o proces-
prestações devem ser executadas pelo rito de penhora. samento deve se dar em separado dos autos principais para não ser
§ 8o O exequente pode optar por promover o cumprimento da prejudicado o andamento regular destes. No cumprimento definiti-
sentença ou decisão desde logo, nos termos do disposto neste Li- vo, o procedimento é fase nos mesmos autos.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
Art. 532.  Verificada a conduta procrastinatória do executado, so, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de fazê-lo.
o juiz deverá, se for o caso, dar ciência ao Ministério Público dos Parágrafo único.  Aplicam-se, no que couber, os §§ 2o a 7o do
indícios da prática do crime de abandono material. art. 528.
Disciplina o Código Penal: Basicamente, segue-se o mesmo procedimento para o rito da
Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do prisão civil. A diferença é que aqui ocorrerá citação. Destaca-se que
cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o como o título é extrajudicial, há mudanças quanto ao mecanismo
trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos, de defesa, aqui cabendo embargos e não impugnação à execução.
não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao Art. 912.  Quando o executado for funcionário público, militar,
pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada diretor ou gerente de empresa, bem como empregado sujeito à
ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou legislação do trabalho, o exequente poderá requerer o desconto
ascendente, gravemente enfermo: em folha de pagamento de pessoal da importância da prestação
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, de uma a alimentícia.
dez vezes o maior salário mínimo vigente no País. § 1o Ao despachar a inicial, o juiz oficiará à autoridade, à em-
Parágrafo único - Nas mesmas penas incide quem, sendo sol- presa ou ao empregador, determinando, sob pena de crime de de-
vente, frustra ou ilide, de qualquer modo, inclusive por abandono sobediência, o desconto a partir da primeira remuneração posterior
injustificado de emprego ou função, o pagamento de pensão ali- do executado, a contar do protocolo do ofício.
mentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada. § 2o O ofício conterá os nomes e o número de inscrição no
A responsabilidade penal não excluirá o dever de pagar os ali- Cadastro de Pessoas Físicas do exequente e do executado, a im-
mentos. portância a ser descontada mensalmente, a conta na qual deve ser
Art. 533.  Quando a indenização por ato ilícito incluir prestação feito o depósito e, se for o caso, o tempo de sua duração.
de alimentos, caberá ao executado, a requerimento do exequente, Repete-se a previsão do artigo 533, exceto quanto ao descon-
constituir capital cuja renda assegure o pagamento do valor men- to em folha de valores pretéritos vencidos de forma parcelada no
sal da pensão. limite de 50%.
§ 1o O capital a que se refere o caput, representado por imóveis Art. 913.  Não requerida a execução nos termos deste Capítu-
ou por direitos reais sobre imóveis suscetíveis de alienação, títulos lo, observar-se-á o disposto no art. 824 e seguintes, com a ressal-
da dívida pública ou aplicações financeiras em banco oficial, será va de que, recaindo a penhora em dinheiro, a concessão de efeito
inalienável e impenhorável enquanto durar a obrigação do execu- suspensivo aos embargos à execução não obsta a que o exequente
tado, além de constituir-se em patrimônio de afetação. levante mensalmente a importância da prestação.
§ 2o O juiz poderá substituir a constituição do capital pela in- Não se optando pelo rito da prisão ou restando este inócuo, se-
clusão do exequente em folha de pagamento de pessoa jurídica de
gue-se o rito da penhora. Destaca-se que se for apresentada defesa,
notória capacidade econômica ou, a requerimento do executado,
consistente em embargos à execução, atribuindo-se a estes o efeito
por fiança bancária ou garantia real, em valor a ser arbitrado de
suspensivo tal efeito não atingirá as prestações que vencerem men-
imediato pelo juiz.
salmente no curso da suspensão, que deverão ser pagas.
§ 3o Se sobrevier modificação nas condições econômicas, po-
derá a parte requerer, conforme as circunstâncias, redução ou au-
4. Execução contra a Fazenda Pública
mento da prestação.
A execução contra a Fazenda Pública tem no polo passivo pes-
§ 4o A prestação alimentícia poderá ser fixada tomando por
base o salário-mínimo. soa jurídica de direito público (autarquias, fundações públicas, UE-
§ 5o Finda a obrigação de prestar alimentos, o juiz mandará DFM...). Um aspecto essencial desta modalidade de execução é o
liberar o capital, cessar o desconto em folha ou cancelar as garan- de que não é possível a penhora de bens, considerada a natureza
tias prestadas. pública do débito (artigo 100, CF).
A previsão de constituição de capital que consta no artigo 533 Nas execuções de maior valor, a execução é feita por meio de
repete a disciplina do artigo 475-Q do antigo Código. precatórios judiciais, sem a prática de atos de constrição e expro-
Pode a constituição ser representada por imóveis, títulos da dí- priação de bens. Assim, precatório é o instrumento pelo qual o Po-
vida pública ou aplicações financeiras em banco oficial, cuja renda der Judiciário requisita, à Fazenda Pública, o pagamento a que esta
assegure o pagamento do valor mensal da pensão. Estes bens per- tenha sido condenada em processo judicial. Grosso modo, é o do-
manecerão no domínio do alimentante, mas se tornarão impenho- cumento pelo qual o Presidente de Tribunal, por solicitação do Juiz
ráveis e inalienáveis para os demais credores. da causa, determina o pagamento de dívida da União, de Estado,
A referida técnica pode ser substituída pela inclusão do bene- Distrito Federal ou do Município, por meio da inclusão do valor do
ficiário em folha de pagamento de entidade de direito público ou débito no orçamento público.
empresa de notória capacidade econômica, ou ainda, por fiança Os créditos alimentícios têm preferência (súmula 144, STJ).
bancária ou garantia real. Assim, existem os precatórios ordinários para as dívidas comuns e
O valor pode sofrer alterações, tanto para majoração quanto os extraordinários para as alimentares. O desrespeito a esta ordem
para redução, sendo ainda permitida a utilização do salário mínimo autoriza o judiciário a tomar providências para a efetiva execução.
como indexador. O artigo 100 da CF trata de maneira pormenorizada da matéria,
Uma vez extinta a obrigação alimentar o juiz mandará, a reque- esclarecendo que o presidente do Tribunal só atuará nas questões
rimento ou de ofício, liberar o capital, fazendo cessar a inalienabili- relacionadas à expedição do precatório, à ordem cronológica, ao
dade e impenhorabilidade do capital. sequestro e à eventual proposta de intervenção.
Adiante, o capítulo VI do título que aborda as diversas espécies Artigo 100, CF. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas
de execução traz disciplina específica sobre a execução de alimen- Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença
tos fundada em título extrajudicial. judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apre-
Art. 911.  Na execução fundada em título executivo extrajudi- sentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proi-
cial que contenha obrigação alimentar, o juiz mandará citar o exe- bida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentá-
cutado para, em 3 (três) dias, efetuar o pagamento das parcelas rias e nos créditos adicionais abertos para este fim. 
anteriores ao início da execução e das que se vencerem no seu cur- § 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aque-

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
les decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas § 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus crédi-
complementações, benefícios previdenciários e indenizações por tos em precatórios a terceiros, independentemente da concordân-
morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em vir- cia do devedor, não se aplicando ao cessionário o disposto nos §§
tude de sentença judicial transitada em julgado, e serão pagos com 2º e 3º. 
preferência sobre todos os demais débitos, exceto sobre aqueles re- § 14. A cessão de precatórios somente produzirá efeitos após
feridos no § 2º deste artigo.  comunicação, por meio de petição protocolizada, ao tribunal de ori-
§ 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares, origi- gem e à entidade devedora. 
nários ou por sucessão hereditária, tenham 60 (sessenta) anos de § 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei complementar a
idade, ou sejam portadores de doença grave, ou pessoas com defi- esta Constituição Federal poderá estabelecer regime especial para
ciência, assim definidos na forma da lei, serão pagos com preferên- pagamento de crédito de precatórios de Estados, Distrito Federal e
cia sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente ao triplo Municípios, dispondo sobre vinculações à receita corrente líquida e
fixado em lei para os fins do disposto no § 3º deste artigo, admitido forma e prazo de liquidação. 
o fracionamento para essa finalidade, sendo que o restante será § 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União poderá
pago na ordem cronológica de apresentação do precatório..  assumir débitos, oriundos de precatórios, de Estados, Distrito Fede-
§ 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expe- ral e Municípios, refinanciando-os diretamente. 
dição de precatórios não se aplica aos pagamentos de obrigações § 17. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
definidas em leis como de pequeno valor que as Fazendas referidas aferirão mensalmente, em base anual, o comprometimento de
devam fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado. suas respectivas receitas correntes líquidas com o pagamento de
§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, por precatórios e obrigações de pequeno valor.
leis próprias, valores distintos às entidades de direito público, se- § 18. Entende-se como receita corrente líquida, para os fins
gundo as diferentes capacidades econômicas, sendo o mínimo igual de que trata o § 17, o somatório das receitas tributárias, patrimo-
ao valor do maior benefício do regime geral de previdência social. niais, industriais, agropecuárias, de contribuições e de serviços, de
§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de transferências correntes e outras receitas correntes, incluindo as
direito público, de verba necessária ao pagamento de seus débi- oriundas do § 1º do art. 20 da Constituição Federal, verificado no
tos, oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de período compreendido pelo segundo mês imediatamente anterior
precatórios judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o ao de referência e os 11 (onze) meses precedentes, excluídas as du-
pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus va- plicidades, e deduzidas:
lores atualizados monetariamente. I - na União, as parcelas entregues aos Estados, ao Distrito Fe-
§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão deral e aos Municípios por determinação constitucional;
consignados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Presi- II - nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por deter-
dente do Tribunal que proferir a decisão exequenda determinar o minação constitucional;
pagamento integral e autorizar, a requerimento do credor e exclusi- III - na União, nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios,
vamente para os casos de preterimento de seu direito de precedên- a contribuição dos servidores para custeio de seu sistema de previ-
cia ou de não alocação orçamentária do valor necessário à satisfa- dência e assistência social e as receitas provenientes da compensa-
ção do seu débito, o sequestro da quantia respectiva.  ção financeira referida no § 9º do art. 201 da Constituição Federal.
§ 7º O Presidente do Tribunal competente que, por ato comissi- § 19. Caso o montante total de débitos decorrentes de con-
vo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a liquidação regular de denações judiciais em precatórios e obrigações de pequeno valor,
precatórios incorrerá em crime de responsabilidade e responderá, em período de 12 (doze) meses, ultrapasse a média do comprome-
também, perante o Conselho Nacional de Justiça.  timento percentual da receita corrente líquida nos 5 (cinco) anos
§ 8º É vedada a expedição de precatórios complementares ou imediatamente anteriores, a parcela que exceder esse percentual
suplementares de valor pago, bem como o fracionamento, repar- poderá ser financiada, excetuada dos limites de endividamento
tição ou quebra do valor da execução para fins de enquadramento
de que tratam os incisos VI e VII do art. 52 da Constituição Federal
de parcela do total ao que dispõe o § 3º deste artigo. 
e de quaisquer outros limites de endividamento previstos, não se
§ 9º No momento da expedição dos precatórios, independen-
aplicando a esse financiamento a vedação de vinculação de receita
temente de regulamentação, deles deverá ser abatido, a título de
prevista no inciso IV do art. 167 da Constituição Federal.
compensação, valor correspondente aos débitos líquidos e certos,
§ 20. Caso haja precatório com valor superior a 15% (quinze
inscritos ou não em dívida ativa e constituídos contra o credor origi-
por cento) do montante dos precatórios apresentados nos termos
nal pela Fazenda Pública devedora, incluídas parcelas vincendas de
do § 5º deste artigo, 15% (quinze por cento) do valor deste pre-
parcelamentos, ressalvados aqueles cuja execução esteja suspensa
em virtude de contestação administrativa ou judicial.  catório serão pagos até o final do exercício seguinte e o restante
§ 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal solicitará em parcelas iguais nos cinco exercícios subsequentes, acrescidas
à Fazenda Pública devedora, para resposta em até 30 (trinta) dias, de juros de mora e correção monetária, ou mediante acordos di-
sob pena de perda do direito de abatimento, informação sobre os retos, perante Juízos Auxiliares de Conciliação de Precatórios, com
débitos que preencham as condições estabelecidas no § 9º, para os redução máxima de 40% (quarenta por cento) do valor do crédito
fins nele previstos. atualizado, desde que em relação ao crédito não penda recurso ou
§ 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em lei da defesa judicial e que sejam observados os requisitos definidos na
entidade federativa devedora, a entrega de créditos em precató- regulamentação editada pelo ente federado.
rios para compra de imóveis públicos do respectivo ente federado. 
§ 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a Há casos em que os precatórios são dispensados, consideran-
atualização de valores de requisitórios, após sua expedição, até o do-se de baixo valor a execução contra a Fazenda Pública (art. 100,
efetivo pagamento, independentemente de sua natureza, será feita §§3º e 4º, CF), assim sendo:
pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupan- a) 60 (sessenta) salários mínimos, perante a Fazenda Federal
ça, e, para fins de compensação da mora, incidirão juros simples no (art. 17, § 1º, da Lei nº 10.259/2001);
mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de pou- b) 40 (quarenta) salários mínimos, ou outro valor definido em
pança, ficando excluída a incidência de juros compensatórios. lei local, perante a Fazenda dos Estados ou do Distrito Federal (art.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
87, I, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias); e posto nos arts. 146 e 148.
c) 30 (trinta) salários mínimos, ou outro valor definido em lei § 2o Quando se alegar que o exequente, em excesso de exe-
local, perante a Fazenda dos Municípios (art. 87, II, do Ato das Dis- cução, pleiteia quantia superior à resultante do título, cumprirá à
posições Constitucionais Transitórias). executada declarar de imediato o valor que entende correto, sob
Nestas situações, é feita requisição de pequeno valor – RPV, pena de não conhecimento da arguição.
que se trata de uma requisição de pagamento de quantia que a Fa- São as mesmas hipóteses do artigo 525, §1º, CPC para a impug-
zenda Pública, condenada em processo judicial, é obrigada a rea- nação à execução geral, exceto o inciso IV (como não existe penho-
lizar em prazo de 60 (sessenta) dias. O objetivo foi conferir maior ra no rito contra a Fazenda, não pode existir penhora ou avaliação
celeridade e efetividade às execuções contra o poder público, ao errônea). A regra sobre excesso de execução permanece a mesma.
menos àquelas cujo valor tem baixo impacto financeiro aos cofres Atenção: Aqui está a maior inovação nas execuções contra a
públicos. Fazenda Pública, uma vez que ela não mais apresentará embargos,
Embora a disciplina aqui introduzida não esteja prevista no Có- mas sim impugnação. O prazo será em dobro, 30 dias, em vez de
digo de Processo Civil, é essencial conhecê-la para compreender a 15 dias.
forma como as execuções contra a Fazenda Pública são instrumen- § 3o Não impugnada a execução ou rejeitadas as arguições da
talizadas no CPC. Afinal, estes aspectos influenciam muito no proce- executada:
dimento adotado nesta modalidade executiva. I - expedir-se-á, por intermédio do presidente do tribunal com-
Diferente do antigo CPC, o novo CPC se preocupa em distinguir petente, precatório em favor do exequente, observando-se o dis-
os casos de cumprimento de sentença, atribuído aos títulos judi- posto na Constituição Federal;
ciais contra a Fazenda Pública, dos casos de execução autônoma, II - por ordem do juiz, dirigida à autoridade na pessoa de quem
atribuída aos títulos extrajudiciais contra a Fazenda Pública. o ente público foi citado para o processo, o pagamento de obriga-
ção de pequeno valor será realizado no prazo de 2 (dois) meses
CAPÍTULO V contado da entrega da requisição, mediante depósito na agência
DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGI- de banco oficial mais próxima da residência do exequente.
BILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA PELA O CPC traz aqui as duas situações introduzidas na explicação:
FAZENDA PÚBLICA precatórios e RPV.
§ 4o Tratando-se de impugnação parcial, a parte não questio-
Art. 534.  No cumprimento de sentença que impuser à Fazenda nada pela executada será, desde logo, objeto de cumprimento.
Pública o dever de pagar quantia certa, o exequente apresentará Havendo parte incontroversa, será desde logo processado o
demonstrativo discriminado e atualizado do crédito contendo: pagamento.
I - o nome completo e o número de inscrição no Cadastro de § 5o Para efeito do disposto no inciso III do caput deste artigo,
Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica do exe- considera-se também inexigível a obrigação reconhecida em título
quente; executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado
II - o índice de correção monetária adotado; inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em
III - os juros aplicados e as respectivas taxas; aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Su-
IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção mo- premo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição Fe-
netária utilizados; deral, em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso.
V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso; § 6o No caso do § 5o, os efeitos da decisão do Supremo Tribunal
VI - a especificação dos eventuais descontos obrigatórios rea- Federal poderão ser modulados no tempo, de modo a favorecer a
lizados. segurança jurídica.
§ 1o Havendo pluralidade de exequentes, cada um deverá apre- § 7o A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 5o
sentar o seu próprio demonstrativo, aplicando-se à hipótese, se for deve ter sido proferida antes do trânsito em julgado da decisão
o caso, o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 113. exequenda.
§ 2o A multa prevista no § 1o do art. 523 não se aplica à Fazenda § 8o Se a decisão referida no § 5o for proferida após o trânsito
Pública. em julgado da decisão exequenda, caberá ação rescisória, cujo pra-
A primeira exigência no procedimento é que o exequente apre- zo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo
sente demonstrativo do crédito com todos os elementos especifica- Supremo Tribunal Federal.
dos nos incisos do artigo 534. Tal demonstrativo deve ser individual Os 5º a 8º repetem a disciplina dos §§ 12 a 15 do artigo 525,
mesmo quando houver litisconsórcio. CPC, aplicável ao procedimento geral de cumprimento de sentença
Não se aplica multa de 10%, típica das demais formas de cum- de obrigação de pagar quantia.
primento de sentença que determina pagamento de quantia. [...]
Art. 535.  A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu re-
presentante judicial, por carga, remessa ou meio eletrônico, para, CAPÍTULO V
querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e nos próprios autos, impug- DA EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA
nar a execução, podendo arguir:
I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o Art. 910.   Na execução fundada em título extrajudicial, a Fa-
processo correu à revelia; zenda Pública será citada para opor embargos em 30 (trinta) dias.
II - ilegitimidade de parte;
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; § 1o Não opostos embargos ou transitada em julgado a decisão
IV - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções; que os rejeitar, expedir-se-á precatório ou requisição de pequeno
V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução; valor em favor do exequente, observando-se o disposto no art. 100
VI - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, da Constituição Federal.
como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, § 2o Nos embargos, a Fazenda Pública poderá alegar qualquer
desde que supervenientes ao trânsito em julgado da sentença. matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa no processo de
§ 1o A alegação de impedimento ou suspeição observará o dis- conhecimento.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
§ 3o Aplica-se a este Capítulo, no que couber, o disposto nos juízo de sua responsabilização por crime de desobediência.
artigos 534 e 535. O descumprimento de ordem judicial para cumprir a obrigação
No caso de execução contra a Fazenda baseada em título ex- acarreta em pena de litigância de má-fé (sanção processual) e em
trajudicial, caberão embargos à execução, processados com o prazo crime de desobediência (sanção penal).
dobrado (30 dias), nos quais toda matéria de defesa poderá ser ale- § 4o No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilida-
gada devido à natureza de processo autônomo. de de obrigação de fazer ou de não fazer, aplica-se o art. 525, no
A disciplina do cumprimento de sentença contra a Fazenda Pú- que couber.
blica se aplica subsidiariamente às execuções autônomas. Quanto ao exercício do direito de defesa no cumprimento de
O capítulo VI do título que aborda o cumprimento de sentença obrigação de fazer ou não fazer, vale a mesma regra sobre a impug-
se volta à preocupação com as obrigações específicas de fazer, não nação à execução.
fazer ou entregar coisa, que bastante se diferenciam das obrigações § 5o O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao cum-
por quantia certa. A execução poderá ser mediata ou imediata, mas primento de sentença que reconheça deveres de fazer e de não fa-
sempre será específica se abranger obrigação de fazer ou não fazer. zer de natureza não obrigacional.
Vale destacar que na obrigação de fazer o devedor comprome- Art. 537.  A multa independe de requerimento da parte e po-
te-se a uma prestação, consistente em atos ou serviços. Difere-se derá ser aplicada na fase de conhecimento, em tutela provisória
da obrigação de dar, porque o interesse do credor recai sobre a con- ou na sentença, ou na fase de execução, desde que seja suficiente
duta do devedor e não sobre a coisa em si. Deste modo, havendo e compatível com a obrigação e que se determine prazo razoável
diferença, as obrigações de fazer ou não fazer são tratadas na pri- para cumprimento do preceito.
meira seção do capítulo, enquanto que as obrigações de entrega de § 1o O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, modificar o
coisa são abordadas na segunda. valor ou a periodicidade da multa vincenda ou excluí-la, caso ve-
A seção que aborda o cumprimento das obrigações de fazer ou rifique que:
não fazer se inicia no artigo 536, CPC: I - se tornou insuficiente ou excessiva;
Art. 536.  No cumprimento de sentença que reconheça a exigi- II - o obrigado demonstrou cumprimento parcial supervenien-
bilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofí- te da obrigação ou justa causa para o descumprimento.
cio ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a § 2o O valor da multa será devido ao exequente.
obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente, determinar § 3º   A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento
as medidas necessárias à satisfação do exequente. provisório, devendo ser depositada em juízo, permitido o levanta-
A começar pela primeira seção, voltada ao cumprimento de mento do valor após o trânsito em julgado da sentença favorável
obrigações de fazer e não fazer, se destaca desde logo uma distinção à parte.
essencial: as obrigações poderão ser fungíveis (com possibilidade § 4o A multa será devida desde o dia em que se configurar o
de cumprimento por um terceiro que não o devedor) ou infungíveis descumprimento da decisão e incidirá enquanto não for cumprida
(somente podendo ser cumpridas pelo devedor). Nas fungíveis, é a decisão que a tiver cominado.
possível usar meios de coerção e de sub-rogação; nas infungíveis, § 5o O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao cum-
somente meios de coerção. primento de sentença que reconheça deveres de fazer e de não fa-
Se a obrigação é personalíssima (infungível) e os meios falha- zer de natureza não obrigacional.
rem, nada resta senão a conversão em perdas e danos. Logo, quan- Quanto à multa, será devida mesmo quando ocorrer a conver-
do no artigo 536 se menciona que o juiz pode conceder “tutela pelo são em perdas e danos pelo tempo que perdurou; que poderá ser
resultado prático equivalente” isso não se aplica nos casos em que a determinada em tutela antecipada, na sentença ou no curso da exe-
obrigação for infungível – nestas situações apenas caberá a obriga- cução.
ção propriamente devida ou a conversão em perdas e danos. Exige-se da multa que ela seja: necessária e compatível. O juiz
Se o devedor é condenado a uma obrigação de fazer o não não deve então determinar caso não haja necessidade e ela deve
fazer, não cumprindo a obrigação específica, o juiz determinará guardar compatibilidade e proporcionalidade com a obrigação a ser
providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do cumprida.
adimplemento. Eventualmente, caberá conversão em perdas e da- Como a multa pode se tornar desnecessária, excessiva ou in-
nos, que somente ocorrerá se não for possível o cumprimento nos compatível no curso de sua vigência, o juiz poderá revogá-la a qual-
moldes específicos ou de forma equivalente, embora o credor não quer tempo. Não sendo revogada, a multa incide do momento em
que a decisão é descumprida até o momento em que é cumprida.
precise esgotar os meios de coerção/sub-rogação.
No caso da multa excessiva, é muito importante a possibilidade
§ 1o Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá determi-
de revogação para evitar o enriquecimento ilícito do exequente, afi-
nar, entre outras medidas, a imposição de multa, a busca e apreen-
nal, a multa é paga a ele.
são, a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o
Art. 814. Na execução de obrigação de fazer ou de não fazer
impedimento de atividade nociva, podendo, caso necessário, re-
fundada em título extrajudicial, ao despachar a inicial, o juiz fixará
quisitar o auxílio de força policial.
multa por período de atraso no cumprimento da obrigação e a data
§ 2o O mandado de busca e apreensão de pessoas e coisas será
a partir da qual será devida.
cumprido por 2 (dois) oficiais de justiça, observando-se o disposto
Parágrafo único. Se o valor da multa estiver previsto no título e
no art. 846, §§ 1o a 4o, se houver necessidade de arrombamento. for excessivo, o juiz poderá reduzi-lo.
Além da multa, outras medidas poderão ser adotadas pelo Especificamente quanto à multa, sua fixação é obrigatória des-
juiz para assegurar o exato adimplemento da obrigação: busca e de o despacho da petição inicial nas obrigações de fazer ou não fa-
apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e zer quando se tratar de execução autônoma de título extrajudicial.
impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de Caso a multa esteja prevista no próprio título, o juiz deverá segui-la,
força policial. salvo se o valor for excessivo, quando poderá reduzi-la.
§ 3o O executado incidirá nas penas de litigância de má-fé Se quanto ao cumprimento das sentenças que fixam obriga-
quando injustificadamente descumprir a ordem judicial, sem pre- ções de fazer ou não fazer se aplica em matéria de defesa o mesmo

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
rito do cumprimento de sentença de obrigação de pagar quantia e tas.
quanto às demais questões as regras acima; quanto às execuções Art. 820.  Se o exequente quiser executar ou mandar executar,
de título extrajudicial segue-se o rito a seguir discriminado, que sob sua direção e vigilância, as obras e os trabalhos necessários à
consta no capítulo III do título destinado às execuções de título ex- realização da prestação, terá preferência, em igualdade de condi-
trajudicial. ções de oferta, em relação ao terceiro.
Art. 815.  Quando o objeto da execução for obrigação de fazer, Parágrafo único.  O direito de preferência deverá ser exercido
o executado será citado para satisfazê-la no prazo que o juiz lhe de- no prazo de 5 (cinco) dias, após aprovada a proposta do terceiro.
signar, se outro não estiver determinado no título executivo. O exequente tem preferência em relação ao terceiro para con-
Quando o objeto da execução for obrigação de fazer, o devedor tratar e executar a obrigação a ser adimplida, podendo fazê-lo pes-
será citado para satisfazê-la no prazo que o juiz lhe assinar, se ou- soalmente ou coordenar uma equipe sob sua direção e vigilância
tro não estiver determinado no título executivo. Então, o devedor para tanto. Para exercer a preferência, tem um prazo de 5 dias após
é citado para cumprir a obrigação no prazo do título ou, se ele não aprovação da proposta do terceiro.
existir, no que o juiz achar razoável. Da juntada do mandado citató- Art. 821.  Na obrigação de fazer, quando se convencionar que o
rio aos autos, o devedor terá 15 dias para embargar, sem prejuízo executado a satisfaça pessoalmente, o exequente poderá requerer
do prazo para cumprir a obrigação. ao juiz que lhe assine prazo para cumpri-la.
Art. 816.  Se o executado não satisfizer a obrigação no prazo Parágrafo único.  Havendo recusa ou mora do executado, sua
designado, é lícito ao exequente, nos próprios autos do processo, obrigação pessoal será convertida em perdas e danos, caso em que
requerer a satisfação da obrigação à custa do executado ou perdas se observará o procedimento de execução por quantia certa.
e danos, hipótese em que se converterá em indenização. Assinalado prazo para cumprimento da obrigação, não o fa-
Parágrafo único.  O valor das perdas e danos será apurado em zendo o devedor, e inviabilizando-se o exato adimplemento, haverá
liquidação, seguindo-se a execução para cobrança de quantia certa. conversão em perdas e danos.
Não sendo eficazes os meios coativos, o credor poderá optar Art. 822.  Se o executado praticou ato a cuja abstenção estava
pela sub-rogação ou requerer a conversão em perdas e danos: se, obrigado por lei ou por contrato, o exequente requererá ao juiz que
no prazo fixado, o devedor não satisfizer a obrigação, é lícito ao cre- assine prazo ao executado para desfazê-lo.
dor, nos próprios autos do processo, requerer que ela seja executa- Art. 823.  Havendo recusa ou mora do executado, o exequente
da à custa do devedor, ou haver perdas e danos; caso em que ela se requererá ao juiz que mande desfazer o ato à custa daquele, que
converte em indenização. Se houver conversão em perdas e danos, responderá por perdas e danos.
há liquidação incidente, seguindo-se para a execução por quantia Parágrafo único.  Não sendo possível desfazer-se o ato, a obri-
certa do valor apurado. gação resolve-se em perdas e danos, caso em que, após a liquida-
Art. 817.  Se a obrigação puder ser satisfeita por terceiro, é ção, se observará o procedimento de execução por quantia certa.
lícito ao juiz autorizar, a requerimento do exequente, que aquele a O mesmo vale para as obrigações de não fazer, só que o deve-
satisfaça à custa do executado. dor será citado para desfazer o ato praticado em contrariedade com
Parágrafo único.  O exequente adiantará as quantias previstas uma abstenção assumida. Se não o desfizer, o credor pode exigir
na proposta que, ouvidas as partes, o juiz houver aprovado. que o ato seja desfeito por terceiro às custas do devedor. Se isso
Na obrigação infungível, não é possível o cumprimento da obri- não for possível, a obrigação resolve-se em perdas e danos.
gação às custas do devedor, que é um meio de sub-rogação. Somen-
te resta a conversão em perdas e danos e o meio de coerção for 2. Execução de obrigação de entregar coisa
ineficaz (multa diária). No mesmo capítulo VI que trata do cumprimento das obriga-
Se o credor optar pelo cumprimento da obrigação por terceiro ções de fazer ou não fazer, é dedicada a segunda seção à aborda-
às custas do devedor, deverá efetuar o adiantamento das despesas. gem do cumprimento de sentença de obrigação de entregar coisa.
Apresentada a proposta pelo terceiro, as partes se manifestarão e A disciplina é bastante sumária, descrita no artigo 538.
o juiz a examinará. Art. 538.  Não cumprida a obrigação de entregar coisa no pra-
Art. 818.  Realizada a prestação, o juiz ouvirá as partes no pra- zo estabelecido na sentença, será expedido mandado de busca e
zo de 10 (dez) dias e, não havendo impugnação, considerará satis- apreensão ou de imissão na posse em favor do credor, conforme
feita a obrigação. se tratar de coisa móvel ou imóvel.
Parágrafo único.  Caso haja impugnação, o juiz a decidirá. § 1o A existência de benfeitorias deve ser alegada na fase de
Prestado o serviço, as partes serão ouvidas. Não havendo ou conhecimento, em contestação, de forma discriminada e com atri-
não sendo pertinentes as impugnações, o juiz dará por cumprida a buição, sempre que possível e justificadamente, do respectivo valor.
obrigação. § 2o O direito de retenção por benfeitorias deve ser exercido na
Art. 819.  Se o terceiro contratado não realizar a prestação no contestação, na fase de conhecimento.
prazo ou se o fizer de modo incompleto ou defeituoso, poderá o § 3o Aplicam-se ao procedimento previsto neste artigo, no que
exequente requerer ao juiz, no prazo de 15 (quinze) dias, que o au- couber, as disposições sobre o cumprimento de obrigação de fazer
torize a concluí-la ou a repará-la à custa do contratante. ou de não fazer.
Parágrafo único.  Ouvido o contratante no prazo de 15 (quinze) Neste sentido, não havendo o cumprimento da obrigação de
dias, o juiz mandará avaliar o custo das despesas necessárias e o entregar coisa no prazo assinalado, cabe a expedição de mandado
condenará a pagá-lo. de busca e apreensão para bens móveis e de imissão na posse para
bens imóveis em favor do credor.
Se o terceiro não cumprir a obrigação contratada ou o fizer de Não é possível neste momento apresentar defesa quanto a
forma incompleta ou defeituosa, o exequente pode pedir ao juiz eventuais benfeitorias realizadas, questão que deveria ter sido dis-
que autorize que ele mesmo a conclua ou a repare à custa dele. O cutida na fase de conhecimento – o mesmo quanto ao direito de
juiz determinará as despesas necessárias e condenará o terceiro a retenção que pode eventualmente ser exercido pelo possuidor de
arcar com elas. boa-fé. São assim matérias não alegáveis nesta fase processual.
Da mesma forma, se o devedor cumprir, mas a prestação for No mais, aplica-se subsidiariamente o rito do cumprimento das
inadequada, o credor poderá concluir ou reparar a obra às suas cus- sentenças de obrigação de fazer ou não fazer. De outro lado, o ca-

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
pítulo II do título sobre as diversas espécies de execução aprofunda Art. 1.002. A decisão pode ser impugnada no todo ou em par-
questões sobre a execução para a entrega de coisa quando tal en- te.
trega for prevista em título extrajudicial. No caso, o capítulo é dividi- Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da
do em duas seções, uma sobre o procedimento na entrega de coisa data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia
certa e outro sobre o procedimento na entrega de coisa incerta. Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados
da decisão.
§ 1º Os sujeitos previstos no caput considerar-se-ão intimados
em audiência quando nesta for proferida a decisão.
994 A 1026 § 2º Aplica-se o disposto no art. 231 , incisos I a VI, ao prazo de
interposição de recurso pelo réu contra decisão proferida anterior-
TÍTULO II mente à citação.
DOS RECURSOS § 3º No prazo para interposição de recurso, a petição será pro-
CAPÍTULO I tocolada em cartório ou conforme as normas de organização judici-
DISPOSIÇÕES GERAIS ária, ressalvado o disposto em regra especial.
Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos: § 4º Para aferição da tempestividade do recurso remetido pelo
I - apelação; correio, será considerada como data de interposição a data de pos-
II - agravo de instrumento; tagem.
III - agravo interno; § 5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo para inter-
IV - embargos de declaração; por os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias.
V - recurso ordinário; § 6º O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no
VI - recurso especial; ato de interposição do recurso.
VII - recurso extraordinário; Art. 1.004. Se, durante o prazo para a interposição do recurso,
VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário; sobrevier o falecimento da parte ou de seu advogado ou ocorrer
IX - embargos de divergência. motivo de força maior que suspenda o curso do processo, será tal
Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo prazo restituído em proveito da parte, do herdeiro ou do sucessor,
disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso. contra quem começará a correr novamente depois da intimação.
Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser sus- Art. 1.005. O recurso interposto por um dos litisconsortes a to-
pensa por decisão do relator, se da imediata produção de seus efei- dos aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus interesses.
tos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso in-
ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso. terposto por um devedor aproveitará aos outros quando as defesas
Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, opostas ao credor lhes forem comuns.
pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou Art. 1.006. Certificado o trânsito em julgado, com menção ex-
como fiscal da ordem jurídica. pressa da data de sua ocorrência, o escrivão ou o chefe de secre-
Parágrafo único. Cumpre ao terceiro demonstrar a possibili- taria, independentemente de despacho, providenciará a baixa dos
dade de a decisão sobre a relação jurídica submetida à apreciação autos ao juízo de origem, no prazo de 5 (cinco) dias.
judicial atingir direito de que se afirme titular ou que possa discutir Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente
em juízo como substituto processual. comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o respec-
Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, tivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de
no prazo e com observância das exigências legais. deserção.
§ 1º Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por § 1º São dispensados de preparo, inclusive porte de remessa
qualquer deles poderá aderir o outro. e de retorno, os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela
§ 2º O recurso adesivo fica subordinado ao recurso indepen- União, pelo Distrito Federal, pelos Estados, pelos Municípios, e res-
dente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste quanto aos re- pectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal.
quisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo disposi- § 2º A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de re-
ção legal diversa, observado, ainda, o seguinte: messa e de retorno, implicará deserção se o recorrente, intimado
I - será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente na pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no prazo de 5 (cinco)
fora interposto, no prazo de que a parte dispõe para responder; dias.
II - será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no § 3º É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de
recurso especial; retorno no processo em autos eletrônicos.
III - não será conhecido, se houver desistência do recurso prin- § 4º O recorrente que não comprovar, no ato de interposição
cipal ou se for ele considerado inadmissível. do recurso, o recolhimento do preparo, inclusive porte de remessa
Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anu- e de retorno, será intimado, na pessoa de seu advogado, para reali-
ência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso. zar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção.
Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a análi- § 5º É vedada a complementação se houver insuficiência par-
se de questão cuja repercussão geral já tenha sido reconhecida e cial do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, no recolhi-
daquela objeto de julgamento de recursos extraordinários ou espe- mento realizado na forma do § 4º.
ciais repetitivos. § 6º Provando o recorrente justo impedimento, o relator rele-
Art. 999. A renúncia ao direito de recorrer independe da acei- vará a pena de deserção, por decisão irrecorrível, fixando-lhe prazo
tação da outra parte. de 5 (cinco) dias para efetuar o preparo.
Art. 1.000. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a deci- § 7º O equívoco no preenchimento da guia de custas não impli-
são não poderá recorrer. cará a aplicação da pena de deserção, cabendo ao relator, na hipó-
Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem tese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o recorrente para
nenhuma reserva, de ato incompatível com a vontade de recorrer. sanar o vício no prazo de 5 (cinco) dias.
Art. 1.001. Dos despachos não cabe recurso. Art. 1.008. O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
decisão impugnada no que tiver sido objeto de recurso.
Todos os recursos interpostos no mesmo processo devem ser
CAPÍTULO II julgados pela mesma câmara/turma, julgando-se primeiro o agravo
DA APELAÇÃO eventualmente pendente e depois a apelação (pois se o agravo for
Art. 1.009. Da sentença cabe apelação. provido à sentença não terá eficácia e a apelação ficara prejudica-
§ 1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a de- da). Isso vale inclusive se a parte não apelar.
cisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são - Os recursos servem para corrigir o error in procedendo e o er-
cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de ror in judicando, isto é, erros em relação ao procedimento adequado e
apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas erro em relação ao julgamento (erro de forma ou erro de fundo).
contrarrazões. - Como regra geral, não é possível inovar nos recursos: não
§ 2º Se as questões referidas no § 1º forem suscitadas em con- se pode invocar em fase recursal matéria que não foi discutida ou
trarrazões, o recorrente será intimado para, em 15 (quinze) dias, questionada no juízo inferior.
manifestar-se a respeito delas.
§ 3º O disposto no caput deste artigo aplica-se mesmo quan- Exceções:
do as questões mencionadas no art. 1.015 integrarem capítulo da a) Artigo 493, CPC17 – Fato modificativo, constitutivo ou extin-
sentença. tivo do direito que influa no julgamento da lide posterior à propo-
Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo situra da ação.
de primeiro grau, conterá: b) Artigo 1014, CPC18 – Se a parte provar que não suscitou a
I - os nomes e a qualificação das partes; questão antes da apelação por motivo de força maior.
II - a exposição do fato e do direito; c) Matérias de ordem pública e prescrição podem ser alegadas
III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nuli- a qualquer momento.
dade; - O órgão que proferiu a decisão impugnada é o a quo e o que
IV - o pedido de nova decisão. vai julgar é o ad quem. Nos embargos de declaração é o próprio juí-
§ 1º O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no zo a quo que julga. Os recursos são interpostos perante o juízo a quo
prazo de 15 (quinze) dias. e remetidos ao juízo ad quem, exceto no caso de agravo de instru-
§ 2º Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz intimará o mento. O juízo a quo processa o recurso, adiantando o trabalho do
apelante para apresentar contrarrazões. Tribunal. Perante o juízo ad quem é feito o juízo de admissibilidade
§ 3º Após as formalidades previstas nos §§ 1º e 2º, os autos (conhece ou não conhece o recurso e, uma vez conhecido, julgara o
serão remetidos ao tribunal pelo juiz, independentemente de juízo mérito do recurso, isto é, dará ou negará provimento).
de admissibilidade.
Art. 1.011. Recebido o recurso de apelação no tribunal e distri- 2. Atos processuais sujeitos a recursos
buído imediatamente, o relator: Só cabe recurso contra atos processuais que possuam conteú-
I - decidi-lo-á monocraticamente apenas nas hipóteses do art. do decisório. Os atos das partes, dos serventuários da justiça ou do
932, incisos III a V ; MP não se sujeitam a ele. Contra despachos, espécie de atos do juiz,
II - se não for o caso de decisão monocrática, elaborará seu também não cabe recurso.
voto para julgamento do recurso pelo órgão colegiado. Contra as sentenças cabe apelação. Contra decisões interlocu-
Recurso é uma manifestação de inconformismo da parte que tórias, agravo. Contra ambas, embargos de declaração. Contra acór-
busca um novo pronunciamento judicial, em regra, por parte de ou- dãos, cabem embargos de declaração, além de recurso especial e
tro órgão judicial, modificando a decisão a qual lhe foi desfavorável. extraordinário.
Recursos são remédios processuais de que podem se valer as
partes, o MP e os terceiros interessados prejudicados para subme- 3. Juízo de admissibilidade e juízo de mérito dos recursos
ter uma decisão judicial a nova apreciação, modificando-a, invali- Antes de apreciar o mérito dos recursos, é preciso que sejam
dando-a, esclarecendo-a ou complementando-a, sanando, assim, examinados os requisitos de admissibilidade. São pressupostos in-
eventuais vícios desta, enfim, purgando-a de erros. Em regra, é dispensáveis para que o recurso possa ser conhecido. A matéria é
apreciado por órgão diverso de que proferiu a decisão. de ordem pública.
Se denegado o prosseguimento de um recurso por falta de re-
1. Características quisito de admissibilidade, cabe desta decisão agravo.
- Todo recurso é interposto em relação jurídica-processual exis- Os requisitos podem ser reexaminados até que se passe ao mé-
tente. Não cria um novo processo. Mandado de segurança, ação rito do julgamento do recurso.
rescisória e habeas corpus não são recursos.
- É da essência dos recursos impedir que a decisão/sentença se 4. Requisitos de admissibilidade
torne definitiva. Logo, ainda pode ser alterada. Impede-se a preclu- A doutrina varia ao trazer os requisitos de admissibilidade, mas
são (com relação às decisões interlocutórias) e o trânsito em julga- a lista mais completa deles é a de Barbosa Moreira, que os divide
do (com relação às decisões definitivas). em intrínsecos (cabimento, legitimidade, interesse) e extrínsecos
Enquanto há recurso pendente, as decisões não são definiti- (tempestividade, regularidade formal, preparo, inexistência de fato
vas nem imutáveis. Para que isso ocorra, é preciso que se esgote o impeditivo ou extintivo).
prazo para interpor recursos ou então que os recursos interpostos a) Intrínsecos
tenham sido apreciados. 17 “Art. 493. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, mo-
dificativo ou extintivo do direito influir no julgamento do mérito, caberá ao juiz
Obs.: Se tiver agravo de instrumento correndo no Tribunal e tomá-lo em consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento
chegar o momento de juiz sentenciar não poderá deixar de fazê-lo. de proferir a decisão. Parágrafo único. Se constatar de ofício o fato novo, o juiz
Assim, o juiz sentencia e se o agravo for improvido a sentença de ouvirá as partes sobre ele antes de decidir”.
convalida. Contudo, se o agravo for provido todos os atos posterio- 18 “Art. 1.014. As questões de fato não propostas no juízo inferior poderão ser
res à decisão agravada serão anulados. suscitadas na apelação, se a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de
força maior”.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
Dizem respeito à decisão recorrida em si mesma, seu conteúdo O recurso deve ser interposto dentro do prazo previsto em lei,
e forma. Os requisitos intrínsecos se assemelham às condições da notadamente: embargos de declaração em 5 dias, demais recursos
ação: cabimento – possibilidade jurídica; legitimidade – legitimida- em 15 dias.
de; interesse – interesse de agir. Para a contagem do prazo, inclui-se o dia do final e exclui-se o
dia do início. Além disso, contam-se apenas os dias úteis.
- Cabimento Exceções: artigos 180, 183, 186 e 229, CPC (dobro para Fazenda
Recurso cabível é aquele que tem previsão legal. Cada recurso Pública, Ministério Público, Defensoria Pública e litisconsortes com
é típico e adequado para certas circunstâncias. O rol legal dos recur- procuradores diversos).
sos é taxativo (numerus clausus), tanto é que o Código de Processo Atenção: Embargos de declaração, quando opostos, interrom-
Civil, no artigo 994, enumera os recursos nele previstos. Além disso, pem o prazo para interposição de outros recursos. Opondo de má-
leis especiais podem prever outros recursos. -fé, apenas protelatórios para ganhar tempo, o juiz não pode retirar
a eficácia interruptiva dos embargos de declaração, mas pode apli-
- Legitimidade car multa (1% a 10% do valor da causa, ou 10 vezes o salário mínimo
É das partes, intervenientes, Ministério Público (parte/fiscal), se o valor for insuficiente). Não há efeito interruptivo se os próprios
terceiro prejudicado (mesma pessoa que antes poderia ser assis- embargos de declaração forem opostos fora do prazo (só embargos
tente simples). de declaração tempestivos interrompem o prazo).
Quando o juiz submete um processo ao reexame necessário,
também conhecido como recurso de ofício, significa que está recor- - Preparo
rendo? Não, apesar do nome, o recurso de ofício não é um recurso, São as custas com o processamento do recurso, destinadas à
então o juiz não pode recorrer. Fazenda Pública da esfera da federação em que se encontra a jus-
Predomina que perito só pode discutir seus honorários em tiça (federal – União, estadual – Estados). Embargos de declaração
ação própria, não em recurso. Então, não pode recorrer. não têm preparo. Leis estaduais podem eximir o preparo de outros
O advogado também tem legitimidade de recorrer, em nome recursos no âmbito de seus Judiciários.
próprio, mas apenas no tocante aos honorários advocatícios. O STJ Para Recurso Especial e Recurso Extraordinário, além do prepa-
reconhece este direito devido à previsão da Lei nº 8.906/1994, que ro, exige-se porte de remessa e retorno, todos previstos nos regi-
no artigo 23 diz que os honorários de sucumbência, fixados na sen- mentos internos do STJ e do STF, respectivamente.
tença, pertencem ao advogado, podendo ele executá-los em nome Fazenda Pública é dispensada do preparo por ser a beneficiária
próprio. Também é possível recorrer sobre honorários em nome da do mesmo.
parte, conforme for mais conveniente ao advogado (vamos supor Ministério Público é dispensado por sua natureza.
que tenha que recorrer de outros aspectos, não apenas dos hono- Também são dispensados os beneficiários da Lei nº 1.060/1950.
rários advocatícios). Calcula-se com base no valor da causa ou no valor da conde-
nação.
- Interesse No ato de interposição do recurso deve ser comprovado o reco-
Para o interesse é preciso sucumbência. Isto é, para se recorrer lhimento do preparo, sob pena de não ser admitido – artigo 1007,
é necessário ter sucumbido. Tecnicamente, sucumbir é não obter o CPC. O STJ tem dado ao artigo 1007 uma interpretação rigorosa,
melhor resultado que seria possível naquele caso concreto. não bastando que o preparo seja recolhido no prazo recursal, sendo
Por exemplo, se A pediu 120 e o juiz deu 100, pode recorrer. preciso que já esteja recolhido no ato de interposição (se esquecer
Ou então, se A pediu 100 e o juiz deu 120, também pode re- de juntar a guia, mas tiver pago antes da interposição, aceita-se jun-
correr, pois apesar de ter recebido mais que o pedido, a sentença é tada posterior).
ultra petita, logo, nula e, se A não recorrer, pode se arriscar a sofrer Pelo artigo 1007, §2º, CPC, se o preparo for recolhido a menor,
ação rescisória no futuro. é concedido o prazo de 5 dias para recolher a diferença. Não dá
As partes podem recorrer da extinção sem julgamento do méri- para aplicar o dispositivo se ao menos uma parte do preparo não
to? Sim, pois para elas pode ser melhor uma sentença de procedên- for recolhida. A diferença não pode ser tamanha que caracterize
cia ou improcedência, que fazem coisa julgada material. erro grosseiro.
Em regra, não há interesse para recorrer da fundamentação,
apenas do resultado, sendo exceções: as ações civis públicas e - Regularidade formal
ações populares – nelas, se a improcedência for por insuficiência Para um recurso ser admitido, deve preencher os requisitos de
de provas, a sentença não faz coisa julgada material (chamada coisa forma. Por exemplo, forma escrita (em regra, salvo agrado retido
julgada secundum eventun litis, que só faz coisa julgada material se em audiência da instrução e julgamento); acompanhamento das
o fundamento for diverso de insuficiência de provas, por exemplo, razões no ato de interposição (sob pena de preclusão consumativa,
melhor se reconhecer a inexistência do dano do que a insuficiência isto é, de não ser possível complementar posteriormente o recurso
de provas da autoria). interposto, salvo se tiver apelado antes do julgamento dos embar-
Não há interesse em recorrer de sentença que homologa acor- gos de declaração opostos pela outra parte que mudem a sentença,
do, pois recorrer de acordo é ato logicamente incompatível (preclu- devendo o aditamento versar sobre os aspectos alterados).
são lógica), a não ser que o juiz vá além do acordo celebrado.
Se o autor formula pedidos alternativos (quer um ou outro sem - Inexistência de fato impeditivo ou extintivo do direito de re-
ordem e preferência), não pode recorrer se um for concedido; mas correr
se os pedidos forem subsidiários (prefere um ao outro), pode recor- Normalmente, a doutrina enumera como fatos extintivos a
rer para obter o que mais queria. renúncia e a aquiescência, e como impeditivos a desistência. A fi-
nalidade da distinção é que os fatos extintivos são prévios à inter-
b) Extrínsecos posição do recurso, ao passo que os impeditivos exigem recurso
São fatos externos ao recurso em si, nem é preciso ler o recurso interposto (só dá para desistir do recurso interposto).
para analisa-los. Renúncia é um ato unilateral irrevogável do interessado pelo
- Tempestividade qual ele manifesta a vontade de não recorrer (o que se ganha com

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
isso é a antecipação do trânsito em julgado). A remessa necessária foi estudada anteriormente em tópico
Aquiescência é a prática de um ato incompatível com a vontade autônomo.
de recorrer (ex: pagamento no prazo do recurso).
Desistência, tal como a renúncia e a aquiescência, é sempre - Pedidos de reconsideração
ato unilateral, não dependendo da concordância da parte contrária; Significa pedir para que o juiz mude de ideia e volte atrás em
também é sempre ato irrevogável; se desistir, transita em julgado. É sua decisão. Contudo, a regra é que a decisão do juiz é irretratável.
possível desistir de um recurso até o início do julgamento. Então, o juiz só pode conceder o pedido de reconsideração se recair
sobre decisão da qual possa se retratar, notadamente: agravo, ape-
5. Princípios fundamentais do direito recursal lação de sentença de improcedência liminar do pedido, apelação
a) Princípio da taxatividade de sentença de extinção sem julgamento do mérito por inépcia da
O rol dos recursos previsto em lei é taxativo, numerus clausus. inicial.
Tanto é que o Código de Processo Civil, no artigo 994, enumera os Quer dizer que o juiz sempre pode mudar de ideia nestas deci-
recursos cabíveis. Há também outros recursos em leis especiais, por sões? Ou não, que apenas pode fazê-lo se a parte recorrer? Enfim,
exemplo, o recurso inominado dos juizados especiais cíveis. entende-se que somente pode mudar a decisão, retratando-se, se a
No entanto, somente é recurso o que a lei diz que é recurso, parte recorrer ou então se expressamente fizer o pedido de recon-
sendo necessário cuidado para não confundir com estes outros in- sideração, senão a decisão se convalida, houve preclusão. Contudo,
cidentes processuais, notadamente: existem as matérias de ordem pública e, com relação a elas, o juiz
pode mudar de decisão independentemente de ter sido ou não in-
- Recurso adesivo terposto recurso.
É uma forma de interposição de alguns recursos, que são: ape- O pedido de reconsideração não é recurso, será examinado
lação, recurso extraordinário e recurso especial. Assim, recurso é pelo mesmo juiz (que pode nem recebe-lo) e não impede que a
a apelação, o recurso extraordinário e o recurso especial, sendo decisão preclua por si só (se o juiz não mudar a decisão, não pode
“adesivo” apenas uma forma de interpor estes recursos de maneira recorrer depois). O comum – e correto – que tem sido feito é cons-
acessória à forma principal. tar o pedido de reconsideração na petição de interposição ao juízo
O requisito essencial para utilizar esta forma é a sucumbência a quo ou então na petição de informação ao juízo a quo do agravo
recíproca, isto é, ambas as partes teriam interesse para recorrer de instrumento interposto perante o juízo ad quem, então se o juiz
porque o resultado não foi o mais favorável possível para nenhuma não mudar de ideia não há preclusão da decisão.
delas.
No entanto, mesmo quando o resultado não é o mais favorá- - Correição parcial
vel possível, é comum que a parte se conforme em perder parte Tem natureza administrativa. Contudo, no CPC/1939 a jurispru-
do desejado para obter em troca a finalização da lide, com o seu dência aceitava em alguns casos como recurso. É que nele o siste-
trânsito em julgado. Ex.: Pediu danos materiais e morais, mas o juiz ma recursal não era perfeito, ao passo que no atual CPC o agravo
só deu os danos materiais, contentando-se a parte com isso desde e a apelação cobrem todas as possibilidades, não sobrando espaço
que o processo acabe e receba a parte que o juiz considerou devida. para a correição parcial.
Perceba-se que quem recorre adesivamente é aquele que, em prin-
cípio, estava conformado com a decisão. Contudo, a outra parte, b) Singularidade ou unirrecorribilidade
que também sucumbiu, recorre, deixando de existir a expectativa Contra cada tipo de ato judicial só cabe um tipo de recurso pos-
do trânsito em julgado do processo, caindo por terra o fundamento tulando a sua reforma. Os embargos de declaração cabem contra
que levou uma das partes a não recorrer. Assim, já que o outro está qualquer decisão, mas não se confundem com o recurso específico
recorrendo, decide legitimamente também o fazer. para modificá-la. A única exceção ao princípio é que contra o mes-
O recurso adesivo é interposto no prazo das contrarrazões mo acórdão pode caber recurso especial e recurso extraordinário (a
(apresenta-se duas peças, uma com as contrarrazões e outra com rigor, nem seria exceção, pois cada qual trata de uma parte especí-
as razões do recurso adesivo e a respectiva folha de interposição, fica da decisão, respectivamente, violação de lei federal e violação
sendo que na primeira se pede a manutenção do que foi concedi- de Constituição Federal).
do e na segunda o que ainda não foi concedido). E, já que a parte Devido ao princípio da singularidade é preciso ficar atento nas
preferiria o trânsito em julgado em vez de recorrer, seu recurso é audiências de instrução e julgamento: das decisões interlocutórias
considerado acessório ao recurso principal interposto pela outra tomadas em seu curso cabe agravo, mas da sentença cabe apela-
parte, de modo que somente será apreciado se o recurso principal ção, sendo necessário interpor ambos recursos se de interesse, sob
for admitido. pena de preclusão da decisão interlocutória caso se interponha
Se apresentado o recurso adesivamente, abre-se prazo para apenas a apelação. Por isso mesmo, cabe interpor agravo retido
contrarrazões. oralmente e reiterar o pedido de sua apreciação na apelação.
O recurso adesivo se sujeita aos mesmos requisitos de admissi-
bilidade que o recurso principal. c) Fungibilidade
Quem recorreu sob a forma convencional exauriu seu direito Expressão que remonta a coisa que pode ser substituída por
de recorrer, não podendo recorrer de novo na forma adesiva, há outra. Há institutos processuais fungíveis entre si, por exemplo,
preclusão consumativa. ações possessórias, cautelares. Existe também a fungibilidade en-
A Fazenda Pública tem prazo em dobro para recorrer, mas o tre os recursos, mas o CPC/1973 não a previu de forma expressa
prazo para contrarrazões é simples. Então, deve interpor recurso e nem o CPC/2015 o faz, ao contrário do CPC/1939, que trazia a
adesivo no prazo em dobro ou no prazo simples? Para o STJ, como fungibilidade de maneira expressa, exigindo que não houvesse erro
se trata de forma de interposição de recurso, o prazo dobra, ha- grosseiro e nem má-fé. Mas o sistema de recursos atual é muito
vendo descompasso entre o prazo das contrarrazões e do recurso mais organizado, sendo raros os casos de dúvida objetiva quanto ao
adesivo. recurso a ser interposto, de modo que o autor do projeto conside-
rou que a fungibilidade era dispensável.
- Reexame necessário Ainda assim, surgiram situações de dúvida na jurisprudência,

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
por exemplo, impugnação à concessão de justiça gratuita, sendo §2º). Se não houverem elementos necessários (no exemplo, não
necessário ressuscitar o princípio da fungibilidade, enquanto prin- há elementos para apreciar a coação porque o juiz não instruiu o
cípio implícito. processo), para que o Tribunal aprecie o outro fundamento deverá
Hoje, se exige dúvida objetiva sobre o recurso cabível (a dúvi- anular a sentença e devolver o processo a 1º grau para produzir as
da subjetiva é a que só a pessoa tem e decorre de uma ignorância, provar e proferir nova sentença (que agora excluirá um dos funda-
ao passo que a dúvida objetiva pressupõe controvérsia na doutrina mentos e só apreciará a questão da coação). Sendo assim, o aspecto
e na jurisprudência em decorrência da lei). da extensão tem a ver com a causa de pedir, com os fundamentos
dos pedidos feitos no processo.
d) Proibição da reformatio in pejus Nos termos do artigo 1013, §3º, o juiz extingue sem julgamen-
Quanto o Tribunal examina recurso de um dos litigantes não to do mérito e, havendo apelação, o Tribunal pode julgar o méri-
pode piorar a situação dele. Afinal, no recurso só se pede a melhora to, se presentes todos os elementos, por exemplo, réu já citado,
e o Tribunal fica restrito ao recurso. Claro, pode piorar ao exami- contestação. Se julgar improcedente, o Tribunal estará piorando a
nar recurso do adversário. Entretanto, há a questão das matérias situação do autor? Não, pois reformatio in pejus pressupõe que as
de ordem pública, que devem ser reconhecidas de ofício, podendo duas instâncias tenham examinado o mérito, e no caso da sentença
o Tribunal piorar a situação de quem recorreu. meramente extintiva não houve este exame.
Obs.: apesar de a sentença que reconhece a prescrição ser sen-
e) Duplo grau de jurisdição tença de mérito, apenas o é para formar a coisa julgada material e
Não há nenhum dispositivo expresso determinando o respeito evitar reproposituras, na prática se aproximando mais da sentença
ao duplo grau de jurisdição. Ele está implícito na Constituição Fede- sem julgamento do mérito. Sob o efeito em estudo, cabe ao Tribu-
ral, que criou juízes e Tribunais, atribuindo à 2ª instância a compe- nal, se afastá-la, apreciar o mérito propriamente dito, ou julgando
tência para rever as decisões de 1ª. Não há triplo/quádruplo grau pelo artigo 1013, §3º ou determinando que volte à 1ª instância.
pois os recursos ao STJ e ao STF são excepcionais.
Como não há disposição expressa, o sistema admite, excepcio- b) Suspensivo
nalmente, situações em que não há duplo grau de jurisdição. Ex.: Aptidão que alguns recursos tem de paralisar a eficácia da de-
ações de competência originária do STF; execuções da Fazenda Pú- cisão recorrida. Todo recurso adota uma regra (tem ou não) e tem
blica contra particulares de pequeno valor. exceções (não ou tem). Em regra:

6. Efeitos dos recursos TEM NÃO TEM


Em regra, quem dá é a lei e quanto o juiz recebe num ou noutro
efeito nada faz senão declarar os efeitos atribuídos na lei. Se o juiz • Apelação • Agravo
se equivocar quanto ao efeito atribuído pela lei pode a qualquer • Embargos de declaração
tempo mudar (matéria de ordem pública não sujeita a preclusão). • Recursos aos Tribunais Su-
Dos efeitos, a parte pode agravar de instrumento (não agrava o re- periores (Recurso Ordinário,
cebimento de apelação, mas os efeitos atribuídos ao recurso). Recurso Especial, Recurso
Extraordinário e Embargos
a) Devolutivo de Divergência)
Todos os recursos têm. Consiste na aptidão de devolver à
apreciação do Judiciário a matéria questionada. Em regra, o órgão Se a apelação é parcial, o efeito suspensivo de que é dotada
julgador é diverso do que proferiu a decisão (salvo embargos de será total ou parcial? O efeito suspensivo será total ou parcial con-
declaração). O efeito devolutivo deve ser examinado em 2 planos – forme a extensão do efeito devolutivo do recurso? Se os pedidos
extensão e profundidade. da inicial forem autônomos entre si, o capítulo da sentença que os
No aspecto extensão, se houver cumulação de pedidos o juiz analisa terá partes autônomas e independentes, assim, parte tran-
deve apreciar todos, mas se o réu recorrer de apenas um deles irá sita em julgado e parte não. Se os pedidos forem inter-relacionados,
limitar o que será examinado pelo Tribunal. Assim, O RECORRENTE o capítulo será uno, o trânsito em julgado não será parcial, pois se
CONFERE A EXTENSÃO DO RECURSO, devolvendo ao Tribunal a par- o Tribunal reformar um pedido terá que reformar o outro. Neste
te da decisão que impugnou. Isto é, o efeito devolutivo no aspecto caso, embora a apelação seja parcial, o efeito suspensivo é total.
da extensão é a qualidade do recurso de devolver ao órgão ad quem Em suma: quando houver cumulação de pedidos na inicial o juiz
o conhecimento apenas da matéria impugnada – tantum devolu- deve decidir todos no dispositivo se eles gozarem de autonomia e,
tum quantum appelatum. se houver apelação parcial, o efeito suspensivo será parcial; se eles
No aspecto profundidade, imagine-se ação proposta com um forem independentes, ainda que a apelação seja parcial, o efeito
único pedido (por exemplo, anulação de contrato) mas com dois suspensivo será total.
fundamentos (por exemplo, anulabilidade por ser relativamente Uma apelação pode ser parcial mesmo que o pedido seja único,
incapaz e por coação), sendo que cada fundamento pode, por si por exemplo, condenado a 100 apela só de 40. Do capítulo único,
só, gerar a procedência do pedido se o juiz constatar que um deles recorreu só de uma parte. Existe risco de o autor ficar sem nada?
ficou provado desde logo poderá julgar sem nem ao menos abrir Sim, por causa do efeito translativo, que permite o reconhecimento
a instrução. Se ao final julgar improcedente, deverá apreciar os 2 de matérias de ordem pública. Então, cabe executar a parte da qual
fundamentos. Se for julgar procedente, pode apreciar apenas 1 fun- não se recorreu, mas a execução será provisória.
damento, acolhendo o pedido (claro, se feitos 2 pedidos cumulados Resumo:
tem que apreciar os 2). No exemplo, se o réu apelar e o Tribunal - Há pedido único ou cumulação de pedidos?
rejeitar a tese da incapacidade relativa, ele não deve desde logo - Havendo cumulação, os pedidos são autônomos ou interliga-
reformar a sentença de procedente para improcedente, pois é ne- dos?
cessário apreciar o outro fundamento (tese da coação). O recurso
permite que o Tribunal aprecie não só os fundamentos da senten- Se autônomos, o efeito suspensivo é parcial, se não é total. Se
ça, mas todos os fundamentos discutidos no processo (artigo 1013, pedido único, a execução é provisória, isto é, efeito suspensivo par-

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
cial com ressalvas. proferida nos termos dos artigos 485 ou 487, CPC (antigos 267 ou
Se a apelação for interposta somente no 15º dia, antes disso 269, CPC/1973), proferida em 1ª instância.
poderia ter sido executada? Não, pois o efeito suspensivo existe Há exceções nas leis especiais, casos em que apesar de se ter
desde antes da interposição, bastando a possibilidade de interpo- sentença o recurso cabível não é apelação – por exemplo, sentença
sição. que decreta falência, da qual cabe agravo; ou sentença dos juiza-
Apelação contra sentença cautelar não tem efeito suspensivo, dos especiais cíveis ou federais, da qual cabe agravo inominado; ou
mas apelação no processo principal sim. Se o juiz der só uma sen- ainda, no novo Código, a decisão do julgamento antecipado parcial
tença, tem que discriminar no recebimento os efeitos. de mérito.
c) Translativo Ressalta-se, contudo, que a partir do CPC/2015 não apenas
É a aptidão dos recursos em geral de permitir ao órgão ad a sentença será objeto da apelação, eis que o §1º do artigo 1009
quem examinar matérias de ordem pública, mesmo não suscitadas prevê que “as questões resolvidas na fase de conhecimento, se a
no recurso (exame de ofício). De maneira geral, todos os recursos decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não
ordinários são dotados de efeito translativo. são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar
de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou
ATENÇÃO: Recursos extraordinários lato sensu (Recurso Ex- nas contrarrazões”. Antes qualquer decisão interlocutória no pro-
traordinário, Recurso Especial e Embargos de Divergência) não pos- cesso da qual não coubesse agravo de instrumento deveria ser im-
suem este efeito. STF e STJ são pacíficos no sentido de que Recurso pugnada em agravo retido e o pedido de apreciação reiterado na
Extraordinário e Recurso Especial não possuem o efeito: só se co- apelação, mas como o recurso foi extinto caberá a alegação em pre-
nhece do que foi questionado, não importando o que esteja fora liminar de apelação. No caso, se abrirá prazo de 15 dias para con-
disso, ainda que se trate de matéria de ordem pública. trarrazões (artigo 1009, §2º, CPC). A disposição “aplica-se mesmo
Quer dizer, inclui o agravo. Se nele verificada a falta de uma quando as questões mencionadas no art. 1.015 integrarem capítulo
condição da ação ou a prescrição, por exemplo, pode o Tribunal ex- da sentença” (artigo 1009, §3º, CPC).
tinguir o processo. Os embargos de declaração também possuem
este efeito, podendo gerar uma reviravolta no processo. 2. Tempestividade
O prazo para interposição é de 15 dias.
d) Regressivo
É a aptidão de alguns recursos de permitir que o órgão a quo 3. Preparo
reconsidere a sua decisão, tornando com isso o recurso prejudi- Em regra, há preparo, a ser apurado na perspectiva da lei esta-
cado. Por essência, por natureza, o recurso que sempre tem este dual de custas (TJ) ou da lei federal de custas (TRF). Não há porte de
efeito é o agravo (retido, regimental ou de instrumento), isto é, no remessa e retorno.
agravo sempre é possível o juízo de retratação.
Em duas hipóteses específicas a apelação tem efeito regressivo: 4. Regularidade formal
a) sentença de indeferimento de petição inicial – o juiz nem Somente é possível interpor recurso de apelação na forma es-
sequer mandou citar o réu – geralmente, o processo foi extinto sem crita, contendo petição de interposição ao juízo “a quo”, que profe-
o julgamento do mérito (exceto prescrição e decadência) e, confor- riu a decisão recorrida, e petição de razões ao juízo “ad quem”, que
me artigo 331, havendo a apelação o juiz poderá reconsiderar a sua poderá reformá-la (TJ na justiça estadual e TRF na justiça federal).
sentença no prazo de 5 dias; Há preclusão consumativa se as razões não são apresentadas junto
b) sentença de improcedência liminar – artigo 332 – no caso, o com a petição de interposição.
pedido da inicial foi examinado e julgado no mérito improcedente A apelação deverá conter, nos termos do artigo 1010, CPC:
de plano, sendo que se houver apelação o juiz tem 5 dias para re- I - os nomes e a qualificação das partes;
considerar. II - a exposição do fato e do direito;
III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade;
e) Expansivo IV - o pedido de nova decisão.
O efeito expansivo pode ser visto sob duas perspectivas: obje-
Não se pode inovar na apelação, salvo motivo de força maior
tivo e subjetivo.
(artigo 1014, CPC).
No efeito expansivo objetivo, embora o recurso só tenha um
objeto, o Tribunal poderá apreciar outros pedidos inter-relacio-
5. Improcedência ou procedência em julgamento monocrático
nados com aquele que foi objeto, isto é, aumenta-se o objeto do
Aplicam-se à apelação todos os requisitos gerais de admissibili-
recurso. Pressupõe que na petição inicial tenham sido formulados
dade e uma especificidade prevista nos artigos 1011, I, CPC c/c 932,
pedidos interligados. Por exemplo, o acolhimento de alimentos de-
III e IV, CPC: “IV - negar provimento a recurso que for contrário a:
pende do resultado positivo na investigação de paternidade nesta
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal
ação cumulada. Se a parte só apelar da investigação de paternidade de Justiça ou do próprio tribunal;
e o Tribunal acolher, modificará a questão dos alimentos. b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo
No efeito expansivo subjetivo, pressupõe-se a existência de li- Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
tisconsórcio unitário (aquele em que forçosamente o resultado final c) entendimento firmado em incidente de resolução de deman-
do processo tem que ser o mesmo para todos os litisconsortes). das repetitivas ou de assunção de competência;
Apelação V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar
provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a:
1. Cabimento a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal
Apelação é o recurso que cabe contra sentença (artigo 1009, de Justiça ou do próprio tribunal;
CPC). Sentença, até 2005, era o ato capaz de por fim ao processo b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo
em 1º grau de jurisdição; a partir de 2005, passou a ser o ato capaz Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
de por fim à fase de conhecimento, isto é, a decisão de extinção c) entendimento firmado em incidente de resolução de deman-

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
das repetitivas ou de assunção de competência”. tutela provisória é impugnável na apelação.

É como se fosse uma “súmula impeditiva”. Toda vez que a ape- 7. Processamento – regra geral
lação visar contrariar a súmula do STF ou do STJ, o juiz relator a - A apelação é apresentada em 1º grau (juízo “a quo”), que a
julgará monocraticamente. Esta súmula impeditiva não é necessa- recebe e dá processamento. Dos efeitos indevidamente concedidos
riamente súmula vinculante. Por isso, a regra não é absoluta, o juiz à apelação cabe pedido de concessão do efeito suspensivo ou en-
pode dar regular processamento se achar que a súmula merece ser tão agravo de instrumento para pedido de retirada do efeito sus-
revista. pensivo.
6. Efeitos - Recebida, o juiz intimará o apelado para as contrarrazões e
Há efeito devolutivo (artigo 1013, CPC). depois encaminhará ao Tribunal.
Em regra, há efeito suspensivo, mas se a lei quiser pode ex- - Chegando em 2º grau, a apelação é distribuída para alguma
pressamente retirá-lo – por exemplo, o faz no artigo 1002, §1º, CPC das câmaras do Tribunal. Se já houver recurso anterior no mesmo
(sentença produzirá efeitos imediatos mesmo que se apele), que processo, a apelação será distribuída por dependência. Após, será
traz casos como o de sentença que concede alimentos, sentença escolhido um relator.
cautelar, sentença que mantém liminar e sentença de improcedên- - O relator tem poderes, inclusive o de negar de plano o segui-
cia a embargos à execução. Mesmo nestes casos em que a lei retira mento à apelação fazendo juízo negativo de admissibilidade e o de
o efeito suspensivo, a parte pode pedir ao juiz que o conceda (art. negar ou dar provimento de plano ao recurso caso contrarie súmula
1002, §2º). Se o efeito for somente devolutivo, cabe execução pro- de Tribunal superior ou julgamento em recurso repetitivo do STF
visória. ou STJ. Contra a decisão neste sentido cabe agravo interno, sendo
Art. 1.012.  A apelação terá efeito suspensivo. julgado pela câmara julgadora do recurso principal.
§ 1o Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a pro- - Se o relator entender que não é caso de julgar de plano, fará
duzir efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença que: relatório e encaminhará ao julgamento pela câmara.
I - homologa divisão ou demarcação de terras; - No julgamento, a apelação é examinada por 3 juízes e a deci-
II - condena a pagar alimentos; são é tomada por maioria de votos, tanto na admissibilidade quan-
III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes to no mérito. De início, será efetuado novo juízo de admissibilidade
os embargos do executado; (conhece ou não conhece). Cada requisito de admissibilidade que
IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem; for questionado deve ser votado individualmente (a maioria dos vo-
V - confirma, concede ou revoga tutela provisória; tos deve ser alcançada isoladamente pelo requisito).
VI - decreta a interdição.
§ 2o Nos casos do § 1o, o apelado poderá promover o pedido de 8. Processamento – regras específicas
cumprimento provisório depois de publicada a sentença. Há duas hipóteses em que o processamento regra geral sofre
§ 3o O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses modificações, notadamente em seus estágios iniciais:
do § 1o poderá ser formulado por requerimento dirigido ao: a) Apelação contra sentença de indeferimento de inicial – art.
I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da 331, CPC
apelação e sua distribuição, ficando o relator designado para seu Em regra, a extinção será sem julgamento do mérito (artigo
exame prevento para julgá-la; 485), mas excepcionalmente poderá ser com julgamento do mérito
II - relator, se já distribuída a apelação. (prescrição e decadência, artigo 487).
§ 4o Nas hipóteses do § 1o, a eficácia da sentença poderá ser A diferença procedimental com relação à regra geral é que, in-
suspensa pelo relator se o apelante demonstrar a probabilidade de terposta a apelação, o juiz tem o prazo de 5 dias para reformar sua
provimento do recurso ou se, sendo relevante a fundamentação, própria sentença, isto é, cabe juízo de retratação.
houver risco de dano grave ou de difícil reparação. Se o juiz voltar atrás, receberá a apelação e mandará subir ao
Art. 1.013.  A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento Tribunal sem contrarrazões.
da matéria impugnada. O Tribunal poderá manter ou reformar a sentença. Se reformar,
§ 1o Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tri- volta para a 1ª instância e continua a correr. O réu poderá alegar na
bunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda contestação o mesmo fundamento que havia embasado o indeferi-
que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo mento da inicial, apesar da reforma do Tribunal (pois o afastamento
impugnado. que o Tribunal faz é “inaudita altera parte”, ou seja, sem oitiva da
§ 2o Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamen- outra parte, sem contraditório, possuindo por natureza caráter pro-
to e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribu- visório), trazendo argumentos e provas de que o Tribunal deveria
nal o conhecimento dos demais. ter mantido a decisão de indeferimento da inicial, ou trazer outro
§ 3o Se o processo estiver em condições de imediato julgamen- fundamento favorável ao indeferimento da inicial.
to, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando: Em ambos os casos, sendo o argumento acatado pelo juiz, cabe
I - reformar sentença fundada no art. 485; recurso de apelação, que agora tramitará pelo procedimento ge-
II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente ral, sem especificidades, pois já não se trata mais propriamente de
com os limites do pedido ou da causa de pedir; inépcia da inicial, mas de extinção sem julgamento do mérito.
III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese
em que poderá julgá-lo; b) Apelação contra sentença de improcedência de plano – art.
IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamenta- 332, CPC
ção. Aqui, a sentença é de improcedência, que é proferida desde
§ 4o Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou logo.
a prescrição, o tribunal, se possível, julgará o mérito, examinando as Interposta a apelação, também há juízo de retratação, no prazo
demais questões, sem determinar o retorno do processo ao juízo de de 5 dias. Se o juiz se retratar o processo continua, se não se retra-
primeiro grau. tar, antes de remeter ao Tribunal, deverá mandar citar o réu para
§ 5o O capítulo da sentença que confirma, concede ou revoga a apresentar suas contrarrazões. A apelação subirá com as alegações

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
do autor e com as alegações do réu. 3.2 Formação do instrumento
O Tribunal poderá: manter a sentença (condenando o autor a Este é o único recurso do ordenamento jurídico interposto no
pagar honorários advocatícios, pois já houve contraditório); anular órgão “ad quem”.
a sentença, devolvendo para prosseguimento (bastará intimar o réu Art. 1.016. O agravo de instrumento será dirigido diretamente
para oferecer contestação, porque já foi citado); reformar a senten- ao tribunal competente, por meio de petição com os seguintes re-
ça julgando totalmente procedente a ação (não será procedência quisitos:
de plano porque o réu já exerceu o contraditório), caso a causa já I - os nomes das partes;
esteja madura ou envolva matéria de direito. II - a exposição do fato e do direito;
Agravos. III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da deci-
Agravo é um recurso que pode ser interposto de mais de uma são e o próprio pedido;
maneira, sempre contra decisões de natureza interlocutória. IV - o nome e o endereço completo dos advogados constantes
do processo.
1. Cabimento O instrumento formado é composto de cópias do processo, que
Cabe contra decisões de 1º grau e contra decisões proferidas ainda está em trâmite, para que o Tribunal conheça o necessário do
nos Tribunais. processo. Quem forma o instrumento é o agravante.
Em 1º grau, cabe agravo contra decisões interlocutórias profe- Art. 1.017. A petição de agravo de instrumento será instruída:
ridas pelo juiz (são atos de conteúdo decisório que não põem fim ao I - obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da con-
processo). Nos Tribunais, cabe agravo contra decisões unilaterais do testação, da petição que ensejou a decisão agravada, da própria
relator ou do presidente/vice-presidente do órgão. decisão agravada, da certidão da respectiva intimação ou outro do-
cumento oficial que comprove a tempestividade e das procurações
2. Formas outorgadas aos advogados do agravante e do agravado;
- 1º grau – agravo de instrumento. II - com declaração de inexistência de qualquer dos documentos
- Decisão do relator que julgou um recurso sozinho (decisão referidos no inciso I, feita pelo advogado do agravante, sob pena de
monocrática) – agravo regimental ou agravo interno (são as 2 ex- sua responsabilidade pessoal;
pressões usadas). III - facultativamente, com outras peças que o agravante re-
- Decisão de inadmissibilidade em Recurso Especial e Recurso putar úteis.
Extraordinário proferida pelo presidente ou vice-presidente do STF § 1º Acompanhará a petição o comprovante do pagamento das
ou STJ – agravo em recurso especial ou extraordinário. respectivas custas e do porte de retorno, quando devidos, confor-
me tabela publicada pelos tribunais.
3. Agravo de instrumento Bastam cópias, não precisam ser autenticadas.

3.1 Cabimento 3.3 Processamento


Forma de interposição do agravo que exige previsão expressa - O agravo de instrumento é sempre escrito.
da lei, destacando-se o artigo 1015: - Prazo: 15 dias, para razões e contrarrazões.
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões in- - É possível protocolar no Tribunal direto, enviar por correio ou
terlocutórias que versarem sobre: faz e utilizar o protocolo integrado no próprio fórum (artigo 1017, §
I - tutelas provisórias; 2o: “No prazo do recurso, o agravo será interposto por:
Possibilidade de perigo de prejuízo irreparável ou de difícil re- I - protocolo realizado diretamente no tribunal competente
paração (situações de urgência). para julgá-lo;
II - mérito do processo; II - protocolo realizado na própria comarca, seção ou subseção
judiciárias;
A exemplo a sentença que decreta falência.
III - postagem, sob registro, com aviso de recebimento;
III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;
IV - transmissão de dados tipo fac-símile, nos termos da lei;
IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;
V - outra forma prevista em lei”).
V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento
do pedido de sua revogação;
- Em princípio, existe preparo, mas isso pode variar de um Tri-
VI - exibição ou posse de documento ou coisa;
bunal para outro.
VII - exclusão de litisconsorte;
- Interposto o agravo, o agravante deve, no prazo de 3 dias, co-
VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio; municar a interposição ao órgão “a quo”. É um ônus do agravante.
IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros; Sem esta comunicação:
X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo a) o juiz não saberia que sai decisão não está preclusa;
aos embargos à execução; b) o juiz não teria ciência da possibilidade de exercer juízo de
XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § retratação.
1º;
XII - (VETADO); A consequência para o agravante do não cumprimento da ta-
XIII - outros casos expressamente referidos em lei. refa – cabendo ao agravado informar este fato – é o não conheci-
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento con- mento do recurso pelo Tribunal (mas o Tribunal não pode de ofício
tra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sen- não conhecer do agravo pela falta de cumprimento deste ônus, é o
tença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e agravado que deve comunicar o órgão “ad quem”).
no processo de inventário. Art. 1.018.  O agravante poderá requerer a juntada, aos au-
Pois se o agravo fosse retido, jamais seria julgado, já que os tos do processo, de cópia da petição do agravo de instrumento, do
autos somente sobem no momento da apelação, recurso interposto comprovante de sua interposição e da relação dos documentos que
ao final da fase de conhecimento em 1º grau, e já se está na fase de instruíram o recurso.
execução, quando não mais poderia ser interposta. § 1o Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão,
o relator considerará prejudicado o agravo de instrumento.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
§ 2o Não sendo eletrônicos os autos, o agravante tomará a pro- ao agravado multa fixada entre um e cinco por cento do valor atua-
vidência prevista no  caput, no prazo de 3 (três) dias a contar da lizado da causa.
interposição do agravo de instrumento. § 5o A interposição de qualquer outro recurso está condiciona-
§ 3o O descumprimento da exigência de que trata o § 2o, desde da ao depósito prévio do valor da multa prevista no § 4o, à exceção
que arguido e provado pelo agravado, importa inadmissibilidade do da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que
agravo de instrumento. farão o pagamento ao final.
- No Tribunal, o primeiro passo é a designação de um relator
(não há revisor). O relator tem o poder de:
a) negar ou dar provimento de plano quando verificar que é 5. Agravo em recurso especial e extraordinário
contrário a súmula de tribunal superior ou julgamento em deman- Cabe contra decisões de inadmissibilidade do recurso especial
da repetitiva do STF ou STJ (artigo 932, III e IV, CPC) – decisão esta ou extraordinário proferidas pelo presidente ou vice-presidente do
unilateral, da qual cabe agravo interno; b) em regra, o agravo de STJ ou do STF. Será estudado a parte quando do estudo dos recursos
instrumento não tem os efeitos suspensivo e ativo, mas é permitido nos tribunais superiores.
ao agravante pedir a concessão destes efeitos, cabendo ao relator
unilateralmente decidir; d) não sendo o caso das hipóteses anterio- Embargos de Declaração
res, o relator intimará o agravado, na pessoa de seu advogado, para
oferecer contrarrazões em 15 dias; e) o relator deve abrir vista ao 1. Cabimento e sucumbência
Ministério Público de 2ª instância se for o caso para manifestação O CPC diz que os embargos de declaração são recurso, disci-
em 15 dias (artigo 1019, CPC) (após o MP se manifestar, é designada plinando-os nos artigos 1022 e seguintes do CPC, então não faria
data para o julgamento do recurso). “O relator solicitará dia para sentido dizer que não são. No entanto, inegável que se tratam de
julgamento em prazo não superior a 1 (um) mês da intimação do recurso que prestam a função diversa daquela que os demais recur-
agravado” (artigo 1020, CPC). sos possuem, que é a alteração da decisão judicial.
Basicamente, a finalidade dos embargos é a de aclarar ou in-
- Juízo de retratação – o juiz tomará conhecimento da interposi- tegrar a decisão judicial. Busca-se um esclarecimento do juízo por
ção do agravo de instrumento, bem como do seu teor. Quando isso alguma omissão, obscuridade ou contradição. Em regra, não se pre-
ocorrer, querendo, o juiz de 1º grau pode alterar sua decisão. O juiz tende qualquer alteração.
pode se retratar até o agravo ser julgado. Havendo retratação, deve Por isso, não se exige que o embargante seja sucumbente. O
ser imediatamente comunicada ao Tribunal. Se houver retratação vencedor pode embargar de declaração.
parcial o Tribunal declarará o agravo parcialmente prejudicado e só
julgará a parte que o juiz manteve. Se a retratação for completa, 2. Decisão recorrida
o agravo ficará inteiramente prejudicado – neste caso, cabe ainda Conforme o artigo 1022, embargos de declaração cabem con-
novo agravo.
tra qualquer ato decisório (de qualquer processo – conhecimento,
cautelar, execução, juizados especiais, jurisdição voluntária e pro-
4. Agravo interno ou regimental
cessos administrativos), não importa se decisão interlocutória, sen-
Há críticas à nomenclatura agravo regimental, pois não está
tença, acórdão, decisão monocrática.
previsto em regimento, mas em lei. Contudo, é regulado pelo regi-
Além disso, os embargos de declaração se justificam até contra
mento. O novo CPC adota a nomenclatura agravo interno, que tec-
a fundamentação, pois a Constituição Federal determina que todas
nicamente é a mais correta.
as decisões devem ser fundamentadas.
Cabe contra decisões unilaterais do relator que julguem o re-
curso: não conhece/conhece e nega provimento/conhece e dá pro-
vimento. 3. Fundamentos
O prazo para interposição é de 15 dias. Os embargos devem se fundamentar em obscuridade, contra-
O relator poderá se retratar quando de sua interposição. Se dição ou omissão. O CPC anterior falava em dúvida, expressão que
não o fizer, o recurso será julgado pela Câmara julgadora. foi eliminada devido ao seu cunho subjetivo. Na fundamentação do
Se não for interposto este agravo, a decisão transita em julga- recurso, deve-se apontar o vício, independente de dizer se há obs-
do, sendo que não caberá Recurso Especial ou Recurso Extraordiná- curidade, contradição ou omissão.
rio, pois não se respeitou o esgotamento das instâncias. a) Obscuridade: falta de clareza, duplo sentido, ambiguidade.
Caso seja considerado inadmissível ou improcedente em vota- Ex.: citação em alemão de 4 páginas e procedência abaixo.
ção unânime, cabe 1% a 5% de multa sobre o valor da causa estabe- b) Contradição: falta de coerência, aspectos que se excluem,
lecida em decisão fundamentada do órgão julgador. entre duas partes da fundamentação, entre duas partes do disposi-
Art. 1.021.  Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo tivo ou entre uma parte da fundamentação e outra do dispositivo.
interno para o respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao Não há contradição entre a lei externa e a aplicação dela ao caso,
processamento, as regras do regimento interno do tribunal. isso é manifestação de inconformismo.
§ 1o Na petição de agravo interno, o recorrente impugnará es- c) Omissão: o juiz deixa de se manifestar sobre algo que seja
pecificadamente os fundamentos da decisão agravada. relevante ao processo, sobre algo a respeito do qual o juiz deveria
§ 2o O agravo será dirigido ao relator, que intimará o agravado se manifestar.
para manifestar-se sobre o recurso no prazo de 15 (quinze) dias, ao
final do qual, não havendo retratação, o relator levá-lo-á a julga- 4. Embargos de declaração com efeito infringente ou modifi-
mento pelo órgão colegiado, com inclusão em pauta. cativo
§ 3o É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos fundamen- Pode ser que o juiz altere a decisão para sanar vício existente.
tos da decisão agravada para julgar improcedente o agravo interno. Aliás, em alguns casos, é uma consequência natural, embora indire-
§ 4o Quando o agravo interno for declarado manifestamente ta. Ex.: juiz fundamenta a decisão dizendo que o autor tem razão e
inadmissível ou improcedente em votação unânime, o órgão cole- julga improcedente.
giado, em decisão fundamentada, condenará o agravante a pagar Se a parte não apontar nenhum destes vícios e opor embargos

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
de declaração para modificar a decisão, não obterá sucesso. O juiz uma delas.
não pode modificar a decisão nos embargos com exclusivo efeito in-
fringente. Há pouquíssimas exceções. Só cabem embargos de decla- 7. Embargos protelatórios
ração com efeito infringente exclusivo quando houver erro de fato Para existir a eficácia interruptiva, não importa se os embargos
comprovável de plano. Ex.: acórdão faz contagem errada do prazo e foram opostos de má-fé (apenas para interromper o prazo) ou não
não admite o recurso, a parte opõe embargos de declaração e eles foram acolhidos. A jurisprudência só admite uma hipótese na qual
são admitidos, o que modifica a decisão sem que haja obscuridade, os embargos de declaração não possuem eficácia interruptiva: se os
contradição ou omissão, mas sim ERRO DE FATO (não se trata de próprios embargos de declaração estiverem fora do prazo (senão,
erro de julgamento). Ex.: houve desistência ou acordo antes da sen- a pessoa sempre teria um meio para afastar a intempestividade
tença, não foi juntada contestação tempestiva e decisão decretou de qualquer recurso). Nos casos de oposição com má-fé é prevista
revelia – nos dois casos, há erro de fato. uma multa se o juiz verificar o caráter protelatório – 2% do valor da
causa, chegando a 10% em caso de reiteração. Também não serão
5. Procedimento admitidos novos se os dois anteriores tiverem sido considerados
Nos juizados especiais cíveis, são orais; nos demais casos, são protelatórios.
escritos, devendo ser opostos em 5 dias. O prazo corre em dobro
para Fazenda Pública, Ministério Público, Defensoria Pública e litis- 8. Complementação da apelação
consortes com advogados diversos. Deverão ser opostos contra o Se uma parte interpõe apelação sem razões, há preclusão con-
mesmo órgão que proferiu a decisão, de preferência com aprecia- sumativa. Então, se o fizer antes de a outra parte opor embargos
ção pelo mesmo juiz (salvo aposentadoria ou morte). de declaração, quando sobrevier a decisão dos embargos, poderá
Cabe embargos de declaração de embargos de declaração se o complementar as razões da apelação, mas este aditamento deverá
juiz não esclarecer o suficiente ou trouxer mais dúvidas. ficar restrito ao conteúdo modificado nos embargos.
Como em regra eles não modificam a decisão, não há sentido
em abrir para contrarrazões. Contudo, o novo CPC/2015 prevê que 9. Embargos de declaração como pré-questionamento
deve ser aberto prazo para a parte contrária contrarrazoar faculta- A súmula 98 do STJ diz que embargos de declaração podem ser-
vir de pré-questionamento, requisito essencial de admissibilidade
tivamente, caso sinta que os embargos podem gerar alteração na
nos recursos extraordinário e especial.
decisão que a desfavoreça.
Art. 1.025, CPC. Consideram-se incluídos no acórdão os elemen-
Art. 1.024.  O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias.
tos que o embargante suscitou, para fins de pré-questionamento,
§ 1o Nos tribunais, o relator apresentará os embargos em mesa
ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou rejei-
na sessão subsequente, proferindo voto, e, não havendo julgamen-
tados, caso o tribunal superior considere existentes erro, omissão,
to nessa sessão, será o recurso incluído em pauta automaticamente.
contradição ou obscuridade.
§ 2o Quando os embargos de declaração forem opostos contra
Art. 1.026. Os embargos de declaração não possuem efeito sus-
decisão de relator ou outra decisão unipessoal proferida em tribu-
pensivo e interrompem o prazo para a interposição de recurso.
nal, o órgão prolator da decisão embargada decidi-los-á monocra-
§ 1º A eficácia da decisão monocrática ou colegiada poderá ser
ticamente.
suspensa pelo respectivo juiz ou relator se demonstrada a probabi-
§ 3o O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração
lidade de provimento do recurso ou, sendo relevante a fundamenta-
como agravo interno se entender ser este o recurso cabível, desde
ção, se houver risco de dano grave ou de difícil reparação.
que determine previamente a intimação do recorrente para, no pra-
§ 2º Quando manifestamente protelatórios os embargos de de-
zo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo a
claração, o juiz ou o tribunal, em decisão fundamentada, condenará
ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1o.
o embargante a pagar ao embargado multa não excedente a dois
§ 4o Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique
por cento sobre o valor atualizado da causa.
modificação da decisão embargada, o embargado que já tiver in-
§ 3º Na reiteração de embargos de declaração manifestamente
terposto outro recurso contra a decisão originária tem o direito de
protelatórios, a multa será elevada a até dez por cento sobre o va-
complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da modifi-
lor atualizado da causa, e a interposição de qualquer recurso ficará
cação, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação da deci-
condicionada ao depósito prévio do valor da multa, à exceção da
são dos embargos de declaração.
Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que a
§ 5o Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não al-
recolherão ao final.
terarem a conclusão do julgamento anterior, o recurso interposto
§ 4º Não serão admitidos novos embargos de declaração se os
pela outra parte antes da publicação do julgamento dos embargos
2 (dois) anteriores houverem sido considerados protelatórios.
de declaração será processado e julgado independentemente de
ratificação.

6. Efeitos LEI Nº 9.099 DE 26.09.1995 (ARTIGOS 3º AO 19)


a) Devolutivo: devolve para o mesmo juiz a matéria específica
para nova decisão.
LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995
b) Suspensivo: não há, a decisão pode ser executada.
c) Translativo: existe, permitindo o exame de ofício de matéria
Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá
de ordem pública.
outras providências.
d) Interruptivo: os embargos de declaração tem efeito exclu-
sivo de interromper o prazo para outros recursos. O legislador o
CAPÍTULO II
estabeleceu porque aquele que entra com embargos de declaração
DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS
quer sanar um vício e não manifestar seu inconformismo. Não há,
então, prejuízo ao recurso que manifestará o inconformismo, pos-
SEÇÃO I
sibilitando ainda que ele seja interposto de uma decisão clara. O
DA COMPETÊNCIA
prazo é interrompido para todas as partes, ainda que por apenas

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
III - as pessoas jurídicas qualificadas como Organização da So-
Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência para concilia- ciedade Civil de Interesse Público, nos termos da Lei no 9.790, de 23
ção, processo e julgamento das causas cíveis de menor complexida- de março de 1999; (Incluído pela Lei nº 12.126, de 2009)
de, assim consideradas: IV - as sociedades de crédito ao microempreendedor, nos ter-
I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mos do art. 1o da Lei no 10.194, de 14 de fevereiro de 2001. (Incluí-
mínimo; do pela Lei nº 12.126, de 2009)
II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Processo § 2º O maior de dezoito anos poderá ser autor, independente-
Civil; mente de assistência, inclusive para fins de conciliação.
III - a ação de despejo para uso próprio; Art. 9º Nas causas de valor até vinte salários mínimos, as partes
IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não ex- comparecerão pessoalmente, podendo ser assistidas por advoga-
cedente ao fixado no inciso I deste artigo. do; nas de valor superior, a assistência é obrigatória.
§ 1º Compete ao Juizado Especial promover a execução: § 1º Sendo facultativa a assistência, se uma das partes com-
I - dos seus julgados; parecer assistida por advogado, ou se o réu for pessoa jurídica ou
II - dos títulos executivos extrajudiciais, no valor de até quaren- firma individual, terá a outra parte, se quiser, assistência judiciária
ta vezes o salário mínimo, observado o disposto no § 1º do art. 8º prestada por órgão instituído junto ao Juizado Especial, na forma
desta Lei. da lei local.
§ 2º Ficam excluídas da competência do Juizado Especial as § 2º O Juiz alertará as partes da conveniência do patrocínio por
causas de natureza alimentar, falimentar, fiscal e de interesse da advogado, quando a causa o recomendar.
Fazenda Pública, e também as relativas a acidentes de trabalho, a § 3º O mandato ao advogado poderá ser verbal, salvo quanto
resíduos e ao estado e capacidade das pessoas, ainda que de cunho aos poderes especiais.
patrimonial. § 4o O réu, sendo pessoa jurídica ou titular de firma individual,
§ 3º A opção pelo procedimento previsto nesta Lei importará poderá ser representado por preposto credenciado, munido de car-
em renúncia ao crédito excedente ao limite estabelecido neste arti- ta de preposição com poderes para transigir, sem haver necessida-
go, excetuada a hipótese de conciliação. de de vínculo empregatício. (Redação dada pela Lei nº 12.137, de
Art. 4º É competente, para as causas previstas nesta Lei, o Jui- 2009)
zado do foro: Art. 10. Não se admitirá, no processo, qualquer forma de inter-
I - do domicílio do réu ou, a critério do autor, do local onde venção de terceiro nem de assistência. Admitir-se-á o litisconsórcio.
aquele exerça atividades profissionais ou econômicas ou mantenha Art. 11. O Ministério Público intervirá nos casos previstos em lei.
estabelecimento, filial, agência, sucursal ou escritório;
II - do lugar onde a obrigação deva ser satisfeita; SEÇÃO IV
III - do domicílio do autor ou do local do ato ou fato, nas ações DOS ATOS PROCESSUAIS
para reparação de dano de qualquer natureza.
Parágrafo único. Em qualquer hipótese, poderá a ação ser pro- Art. 12. Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-
posta no foro previsto no inciso I deste artigo. -se em horário noturno, conforme dispuserem as normas de orga-
nização judiciária.
SEÇÃO II Art. 12-A. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei
DO JUIZ, DOS CONCILIADORES E DOS JUÍZES LEIGOS ou pelo juiz, para a prática de qualquer ato processual, inclusive
para a interposição de recursos, computar-se-ão somente os dias
Art. 5º O Juiz dirigirá o processo com liberdade para determinar úteis. (Incluído pela Lei nº 13.728, de 2018)
as provas a serem produzidas, para apreciá-las e para dar especial Art. 13. Os atos processuais serão válidos sempre que preen-
valor às regras de experiência comum ou técnica. cherem as finalidades para as quais forem realizados, atendidos os
Art. 6º O Juiz adotará em cada caso a decisão que reputar mais critérios indicados no art. 2º desta Lei.
justa e equânime, atendendo aos fins sociais da lei e às exigências § 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha ha-
do bem comum. vido prejuízo.
Art. 7º Os conciliadores e Juízes leigos são auxiliares da Justiça, § 2º A prática de atos processuais em outras comarcas poderá
recrutados, os primeiros, preferentemente, entre os bacharéis em ser solicitada por qualquer meio idôneo de comunicação.
Direito, e os segundos, entre advogados com mais de cinco anos de § 3º Apenas os atos considerados essenciais serão registrados
experiência. resumidamente, em notas manuscritas, datilografadas, taquigrafa-
Parágrafo único. Os Juízes leigos ficarão impedidos de exercer a das ou estenotipadas. Os demais atos poderão ser gravados em fita
advocacia perante os Juizados Especiais, enquanto no desempenho magnética ou equivalente, que será inutilizada após o trânsito em
de suas funções. julgado da decisão.
SEÇÃO III § 4º As normas locais disporão sobre a conservação das peças
DAS PARTES
do processo e demais documentos que o instruem.
Art. 8º Não poderão ser partes, no processo instituído por esta
SEÇÃO V
Lei, o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de direito público, as
DO PEDIDO
empresas públicas da União, a massa falida e o insolvente civil.
§ 1o Somente serão admitidas a propor ação perante o Juizado
Art. 14. O processo instaurar-se-á com a apresentação do pedi-
Especial: (Redação dada pela Lei nº 12.126, de 2009)
do, escrito ou oral, à Secretaria do Juizado.
I - as pessoas físicas capazes, excluídos os cessionários de direi-
to de pessoas jurídicas; (Incluído pela Lei nº 12.126, de 2009) § 1º Do pedido constarão, de forma simples e em linguagem
II - as pessoas enquadradas como microempreendedores indi- acessível:
viduais, microempresas e empresas de pequeno porte na forma da I - o nome, a qualificação e o endereço das partes;
Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006; (Redação II - os fatos e os fundamentos, de forma sucinta;
dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014) III - o objeto e seu valor.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
§ 2º É lícito formular pedido genérico quando não for possível dos, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, até o valor
determinar, desde logo, a extensão da obrigação. de 60 (sessenta) salários mínimos.
§ 3º O pedido oral será reduzido a escrito pela Secretaria do § 1oNão se incluem na competência do Juizado Especial da Fa-
Juizado, podendo ser utilizado o sistema de fichas ou formulários zenda Pública:
impressos. I – as ações de mandado de segurança, de desapropriação, de
Art. 15. Os pedidos mencionados no art. 3º desta Lei poderão divisão e demarcação, populares, por improbidade administrativa,
ser alternativos ou cumulados; nesta última hipótese, desde que execuções fiscais e as demandas sobre direitos ou interesses difu-
conexos e a soma não ultrapasse o limite fixado naquele dispositivo. sos e coletivos;
Art. 16. Registrado o pedido, independentemente de distribui- II – as causas sobre bens imóveis dos Estados, Distrito Federal,
ção e autuação, a Secretaria do Juizado designará a sessão de con- Territórios e Municípios, autarquias e fundações públicas a eles vin-
ciliação, a realizar-se no prazo de quinze dias. culadas;
Art. 17. Comparecendo inicialmente ambas as partes, instau- III – as causas que tenham como objeto a impugnação da pena
rar-se-á, desde logo, a sessão de conciliação, dispensados o registro de demissão imposta a servidores públicos civis ou sanções discipli-
prévio de pedido e a citação. nares aplicadas a militares.
Parágrafo único. Havendo pedidos contrapostos, poderá ser § 2oQuando a pretensão versar sobre obrigações vincendas,
dispensada a contestação formal e ambos serão apreciados na mes- para fins de competência do Juizado Especial, a soma de 12 (doze)
ma sentença. parcelas vincendas e de eventuais parcelas vencidas não poderá ex-
ceder o valor referido no caput deste artigo.
SEÇÃO VI § 3o(VETADO)
DAS CITAÇÕES E INTIMAÇÕES § 4oNo foro onde estiver instalado Juizado Especial da Fazenda
Pública, a sua competência é absoluta.
Art. 18. A citação far-se-á: Art. 3oO juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes,
I - por correspondência, com aviso de recebimento em mão própria; deferir quaisquer providências cautelares e antecipatórias no curso
II - tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, median- do processo, para evitar dano de difícil ou de incerta reparação.
te entrega ao encarregado da recepção, que será obrigatoriamente Art. 4oExceto nos casos do art. 3o, somente será admitido recur-
identificado; so contra a sentença.
III - sendo necessário, por oficial de justiça, independentemen- Art. 5oPodem ser partes no Juizado Especial da Fazenda Pública:
te de mandado ou carta precatória. I – como autores, as pessoas físicas e as microempresas e em-
§ 1º A citação conterá cópia do pedido inicial, dia e hora para presas de pequeno porte, assim definidas na Lei Complementar no
comparecimento do citando e advertência de que, não compare- 123, de 14 de dezembro de 2006;
cendo este, considerar-se-ão verdadeiras as alegações iniciais, e II – como réus, os Estados, o Distrito Federal, os Territórios e os
será proferido julgamento, de plano. Municípios, bem como autarquias, fundações e empresas públicas
§ 2º Não se fará citação por edital. a eles vinculadas.
§ 3º O comparecimento espontâneo suprirá a falta ou nulidade Art. 6oQuanto às citações e intimações, aplicam-se as disposi-
da citação. ções contidas na Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de
Art. 19. As intimações serão feitas na forma prevista para cita- Processo Civil.
ção, ou por qualquer outro meio idôneo de comunicação. Art. 7oNão haverá prazo diferenciado para a prática de qual-
§ 1º Dos atos praticados na audiência, considerar-se-ão desde quer ato processual pelas pessoas jurídicas de direito público, inclu-
logo cientes as partes. sive a interposição de recursos, devendo a citação para a audiência
§ 2º As partes comunicarão ao juízo as mudanças de endereço ocor- de conciliação ser efetuada com antecedência mínima de 30 (trinta)
ridas no curso do processo, reputando-se eficazes as intimações envia- dias.
das ao local anteriormente indicado, na ausência da comunicação. Art. 8oOs representantes judiciais dos réus presentes à audiên-
cia poderão conciliar, transigir ou desistir nos processos da compe-
tência dos Juizados Especiais, nos termos e nas hipóteses previstas
na lei do respectivo ente da Federação.
LEI Nº 12.153 DE 22.12.2009 Art. 9oA entidade ré deverá fornecer ao Juizado a documenta-
ção de que disponha para o esclarecimento da causa, apresentan-
LEI Nº 12.153, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2009 do-a até a instalação da audiência de conciliação.
Art. 10.Para efetuar o exame técnico necessário à conciliação
Dispõe sobre os Juizados Especiais da Fazenda Pública no âmbi- ou ao julgamento da causa, o juiz nomeará pessoa habilitada, que
to dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios. apresentará o laudo até 5 (cinco) dias antes da audiência.
Art. 11.Nas causas de que trata esta Lei, não haverá reexame
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- necessário.
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 12.O cumprimento do acordo ou da sentença, com trânsito
Art. 1oOs Juizados Especiais da Fazenda Pública, órgãos da jus- em julgado, que imponham obrigação de fazer, não fazer ou entrega
tiça comum e integrantes do Sistema dos Juizados Especiais, serão de coisa certa, será efetuado mediante ofício do juiz à autoridade
criados pela União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Es- citada para a causa, com cópia da sentença ou do acordo.
tados, para conciliação, processo, julgamento e execução, nas cau- Art. 13.Tratando-se de obrigação de pagar quantia certa, após o
sas de sua competência. trânsito em julgado da decisão, o pagamento será efetuado:
Parágrafo único.O sistema dos Juizados Especiais dos Estados I – no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, contado da entrega
e do Distrito Federal é formado pelos Juizados Especiais Cíveis, Jui- da requisição do juiz à autoridade citada para a causa, independen-
zados Especiais Criminais e Juizados Especiais da Fazenda Pública. temente de precatório, na hipótese do § 3o do art. 100 da Consti-
Art. 2oÉ de competência dos Juizados Especiais da Fazenda Pú- tuição Federal; ou
blica processar, conciliar e julgar causas cíveis de interesse dos Esta- II – mediante precatório, caso o montante da condenação exce-

77
CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
da o valor definido como obrigação de pequeno valor. quando houver divergência entre decisões proferidas por Turmas
§ 1oDesatendida a requisição judicial, o juiz, imediatamente, Recursais sobre questões de direito material.
determinará o sequestro do numerário suficiente ao cumprimento § 1oO pedido fundado em divergência entre Turmas do mesmo
da decisão, dispensada a audiência da Fazenda Pública. Estado será julgado em reunião conjunta das Turmas em conflito,
§ 2oAs obrigações definidas como de pequeno valor a serem sob a presidência de desembargador indicado pelo Tribunal de Jus-
pagas independentemente de precatório terão como limite o que tiça.
for estabelecido na lei do respectivo ente da Federação. § 2oNo caso do § 1o, a reunião de juízes domiciliados em cida-
des diversas poderá ser feita por meio eletrônico.
§ 3oAté que se dê a publicação das leis de que trata o § 2o, os § 3oQuando as Turmas de diferentes Estados derem a lei fede-
valores serão: ral interpretações divergentes, ou quando a decisão proferida esti-
I – 40 (quarenta) salários mínimos, quanto aos Estados e ao ver em contrariedade com súmula do Superior Tribunal de Justiça,
Distrito Federal; o pedido será por este julgado.
II – 30 (trinta) salários mínimos, quanto aos Municípios. Art. 19.Quando a orientação acolhida pelas Turmas de Unifor-
§ 4oSão vedados o fracionamento, a repartição ou a quebra do mização de que trata o § 1o do art. 18 contrariar súmula do Superior
valor da execução, de modo que o pagamento se faça, em parte, Tribunal de Justiça, a parte interessada poderá provocar a manifes-
na forma estabelecida no inciso I do caput e, em parte, mediante tação deste, que dirimirá a divergência.
expedição de precatório, bem como a expedição de precatório com- § 1oEventuais pedidos de uniformização fundados em questões
plementar ou suplementar do valor pago. idênticas e recebidos subsequentemente em quaisquer das Turmas
§ 5oSe o valor da execução ultrapassar o estabelecido para pa- Recursais ficarão retidos nos autos, aguardando pronunciamento
gamento independentemente do precatório, o pagamento far-se-á, do Superior Tribunal de Justiça.
sempre, por meio do precatório, sendo facultada à parte exequente § 2oNos casos do caput deste artigo e do § 3o do art. 18, presen-
a renúncia ao crédito do valor excedente, para que possa optar pelo te a plausibilidade do direito invocado e havendo fundado receio de
pagamento do saldo sem o precatório. dano de difícil reparação, poderá o relator conceder, de ofício ou a
§ 6oO saque do valor depositado poderá ser feito pela parte requerimento do interessado, medida liminar determinando a sus-
autora, pessoalmente, em qualquer agência do banco depositário, pensão dos processos nos quais a controvérsia esteja estabelecida.
independentemente de alvará. § 3oSe necessário, o relator pedirá informações ao Presidente
§ 7oO saque por meio de procurador somente poderá ser feito da Turma Recursal ou Presidente da Turma de Uniformização e, nos
na agência destinatária do depósito, mediante procuração específi- casos previstos em lei, ouvirá o Ministério Público, no prazo de 5
ca, com firma reconhecida, da qual constem o valor originalmente (cinco) dias.
depositado e sua procedência. § 4o(VETADO)
Art. 14.Os Juizados Especiais da Fazenda Pública serão insta- § 5oDecorridos os prazos referidos nos §§ 3o e 4o, o relator in-
lados pelos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal. cluirá o pedido em pauta na sessão, com preferência sobre todos os
Parágrafo único.Poderão ser instalados Juizados Especiais Ad- demais feitos, ressalvados os processos com réus presos, os habeas
juntos, cabendo ao Tribunal designar a Vara onde funcionará. corpus e os mandados de segurança.
Art. 15.Serão designados, na forma da legislação dos Estados § 6oPublicado o acórdão respectivo, os pedidos retidos referi-
e do Distrito Federal, conciliadores e juízes leigos dos Juizados Es- dos no § 1o serão apreciados pelas Turmas Recursais, que poderão
peciais da Fazenda Pública, observadas as atribuições previstas nos exercer juízo de retratação ou os declararão prejudicados, se veicu-
arts. 22, 37 e 40 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995. larem tese não acolhida pelo Superior Tribunal de Justiça.
§ 1oOs conciliadores e juízes leigos são auxiliares da Justiça, Art. 20.Os Tribunais de Justiça, o Superior Tribunal de Justiça e
recrutados, os primeiros, preferentemente, entre os bacharéis em o Supremo Tribunal Federal, no âmbito de suas competências, ex-
Direito, e os segundos, entre advogados com mais de 2 (dois) anos pedirão normas regulamentando os procedimentos a serem adota-
de experiência. dos para o processamento e o julgamento do pedido de uniformiza-
§ 2oOs juízes leigos ficarão impedidos de exercer a advocacia ção e do recurso extraordinário.
perante todos os Juizados Especiais da Fazenda Pública instalados Art. 21.O recurso extraordinário, para os efeitos desta Lei, será
em território nacional, enquanto no desempenho de suas funções. processado e julgado segundo o estabelecido no art. 19, além da
Art. 16.Cabe ao conciliador, sob a supervisão do juiz, conduzir a observância das normas do Regimento.
audiência de conciliação. Art. 22.Os Juizados Especiais da Fazenda Pública serão insta-
§ 1oPoderá o conciliador, para fins de encaminhamento da lados no prazo de até 2 (dois) anos da vigência desta Lei, podendo
composição amigável, ouvir as partes e testemunhas sobre os con- haver o aproveitamento total ou parcial das estruturas das atuais
tornos fáticos da controvérsia. Varas da Fazenda Pública.
§ 2oNão obtida a conciliação, caberá ao juiz presidir a instrução Art. 23.Os Tribunais de Justiça poderão limitar, por até 5 (cin-
do processo, podendo dispensar novos depoimentos, se entender co) anos, a partir da entrada em vigor desta Lei, a competência dos
suficientes para o julgamento da causa os esclarecimentos já cons- Juizados Especiais da Fazenda Pública, atendendo à necessidade da
tantes dos autos, e não houver impugnação das partes. organização dos serviços judiciários e administrativos.
Art. 17.As Turmas Recursais do Sistema dos Juizados Especiais Art. 24.Não serão remetidas aos Juizados Especiais da Fazenda
são compostas por juízes em exercício no primeiro grau de jurisdi- Pública as demandas ajuizadas até a data de sua instalação, assim
ção, na forma da legislação dos Estados e do Distrito Federal, com como as ajuizadas fora do Juizado Especial por força do disposto no
mandato de 2 (dois) anos, e integradas, preferencialmente, por juí- art. 23.
zes do Sistema dos Juizados Especiais. Art. 25.Competirá aos Tribunais de Justiça prestar o suporte ad-
§ 1oA designação dos juízes das Turmas Recursais obedecerá ministrativo necessário ao funcionamento dos Juizados Especiais.
aos critérios de antiguidade e merecimento. Art. 26.O disposto no art. 16 aplica-se aos Juizados Especiais
§ 2oNão será permitida a recondução, salvo quando não houver Federais instituídos pela Lei no 10.259, de 12 de julho de 2001.
outro juiz na sede da Turma Recursal. Art. 27.Aplica-se subsidiariamente o disposto nas Leis nos 5.869,
Art. 18.Caberá pedido de uniformização de interpretação de lei de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil, 9.099, de 26 de

78
CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
setembro de 1995, e 10.259, de 12 de julho de 2001. (B). I e IV.
Art. 28.Esta Lei entra em vigor após decorridos 6 (seis) meses (C). II e III.
de sua publicação oficial. (D). I, III e IV.
Brasília,22de dezembro de 2009; 188o da Independência e 121o (E). II, III e IV.
da República.
5. Atenção: Considere o novo Código de Processo Civil para
responder às questões de números 47 a 51. São incumbências do
Oficial de Justiça
EXERCÍCIOS (A). executar as ordens do juiz a que estiver subordinado, bem
como auxiliar o juiz na manutenção da ordem; no entanto,
1. No que se refere ao impedimento e à suspeição, é correto não lhe cabe fazer pessoalmente prisões, providência que
afirmar que: incumbe somente à polícia.
(A) o juiz pode declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, (B). praticar, de ofício, os atos meramente ordinatórios, bem
sendo-lhe obrigatório, para tanto, indicar as suas razões; como entregar o mandado em cartório após seu cumpri-
(B). é vedada a criação de fato superveniente a fim de caracte- mento; no entanto, só lhe cabe fazer avaliações quando não
rizar o impedimento do juiz; houver na comarca perito habilitado a realizá-las.
(C) os motivos de impedimento e suspeição do juiz não se (C). fazer pessoalmente citações, penhoras, arrestos, bem
aplicam aos oficiais de justiça; como auxiliar o juiz na manutenção da ordem; no entanto,
(D). a suspeição do juiz pode dar azo à propositura de ação não lhe cabe certificar, em mandado, eventual proposta de
rescisória da sentença de mérito por ele proferida; autocomposição apresentada pela parte, por se tratar de ato
E. se o tribunal acolher a arguição de impedimento do juiz, privativo de advogado.
formulada pela parte, determinará a remessa dos autos ao (D). fazer pessoalmente prisões, bem como certificar, em man-
seu substituto legal, sem condenar o magistrado nas custas. dado, proposta de autocomposição apresentada por qualquer
das partes; no entanto, não lhe cabe redigir os mandados e as
2. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inve- cartas precatórias, providência que incumbe ao escrivão ou ao
rídicas chefe de secretaria.
(A). ficará inabilitado, por dois anos, a funcionar em outras (E). fornecer certidão de qualquer ato ou termo do proces-
perícias. so, independentemente de despacho, bem como efetuar
(B) ficará inabilitado, por um ano, a funcionar em outras avaliações, quando for o caso; no entanto, não lhe cabe fazer
perícias. pessoalmente prisões, providência que incumbe somente à
(C). ficará inabilitado, por cinco anos, a funcionar em outras polícia.
perícias.
(D). ficará inabilitado a funcionar em qualquer perícia por 6. Acerca dos impedimentos e suspeições do juiz, segundo o
prazo indeterminado. novo Código de Processo Civil, considere:
(E). não ficará inabilitado a funcionar em outras perícias. I. Há suspeição do juiz quando promover ação contra a parte
ou seu advogado.
3. Em relação aos poderes, deveres e à responsabilidade do II. Há impedimento do juiz que for amigo íntimo ou inimigo de
juiz, é correto afirmar: qualquer das partes ou de seus advogados.
(A). Quando houver lacuna ou obscuridade no ordenamento III. Há impedimento do juiz quando qualquer das partes for sua
jurídico, caberá ao juiz remeter as partes ao juízo arbitral, de credora ou devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de paren-
ofício ou a requerimento da parte. tes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive.
(B). Não é possível ao juiz diminuir ou dilatar os prazos proces- IV. Há impedimento do juiz no processo em que figure como
suais, que são peremptórios. parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companhei-
(C). Cabe ao juiz determinar todas as medidas indutivas, ro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até
coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para o terceiro grau, inclusive.
assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas V. Há suspeição do juiz interessado no julgamento do processo
ações que tenham por objeto prestação pecuniária. em favor de qualquer das partes.
(D). O julgamento por equidade, no atual ordenamento
processual civil, tornou-se regra geral, em busca da melhor Está correto o que consta APENAS em
(A). I e III.
realização da justiça.
(B). I e II.
(E). Mesmo quando a lei exigir iniciativa das partes, deverá o
(C). II e IV.
juiz conhecer de quaisquer questões, ainda que não suscita-
(D). III e V.
das por elas, em razão do princípio publicístico do processo.
(E). IV e V.
4. De acordo com o Código de Processo Civil, o(a)
7. Analise as proposições abaixo, acerca dos impedimentos e
I perito, para o desempenho de sua função, poderá ouvir tes-
da suspeição:
temunhas, faculdade que não se estende aos assistentes técnicos. I. Há impedimento quando o juiz promover ação contra a parte
II laudo pericial deverá conter a indicação do método utilizado. ou seu advogado.
III perito poderá ser intimado para audiência por meio eletrô- II. Há impedimento quando o primo do juiz estiver postulando
nico. como advogado.
IV escolha do perito é prerrogativa exclusiva do juiz. III. Há suspeição quando o juiz for amigo íntimo ou inimigo das
partes ou seus advogados.
Estão certos apenas os itens IV. Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo,
(A). I e II. sem necessidade de declarar suas razões.

79
CONHECIMENTOS EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL

Está correto o que se afirma APENAS em GABARITO


(A). I, II e III.
(B). III e IV.
1 B
(C). I, III e IV.
(D). I e II. 2 B
(E). II e IV. 3 C
8. A respeito do amicus curiae, é correto afirmar que 4 C
(A). sua admissibilidade não é pautada por seu interesse 5 D
jurídico ou extrajurídico na solução da causa, sendo por este
motivo vedado o ingresso quando houver interesse no resulta- 6 E
do do processo. 7 C
(B). é um auxiliar do juízo, equiparável a terceiros que prestam
8 C
colaboração instrutória pontual no processo.
(C). passou a ser modalidade de intervenção de terceiro no 9 B
processo, com poder de interpor recurso de decisão que julgar 10 E
o incidente de resolução de demandas repetitivas.
(D). é terceiro admitido no processo para fornecer subsídios
instrutórios à solução de causa revestida de especial relevân-
cia ou complexidade, passando a titularizar posições subjeti-
vas relativas às partes, como o assistente simples.
(E). assume papel de fiscal da lei ou do interesse público no
curso do processo, ficando investido das prerrogativas proces-
suais conferidas ao Ministério Público.

9. São auxiliares da Justiça, além de outros cujas atribuições


sejam determinadas pelas normas de organização judiciária:
(A). o escrivão, o chefe de secretaria, o oficial de justiça, o
perito, o depositário, o administrador, o intérprete, o tradutor,
o mediador, o conciliador judicial, o partidor, o distribuidor, o
contabilista, o regulador de avarias, o porteiro e o motorista
particular do juiz.
(B). o escrivão, o chefe de secretaria, o oficial de justiça, o
perito, o depositário, o administrador, o intérprete, o tradutor,
o mediador, o conciliador judicial, o partidor, o distribuidor, o
contabilista e o regulador de avarias.
(C). o escrivão, o chefe de secretaria, o oficial de justiça, o
perito, o depositário, o administrador, o intérprete, o tradutor,
o mediador, o conciliador judicial, o partidor, o distribuidor e o
contabilista.
(D). o escrivão, o chefe de secretaria, o oficial de justiça, o
perito, o depositário, o administrador, o intérprete, o tradutor,
o mediador, o conciliador judicial, o distribuidor, o contabilista
e o regulador de avarias.

10. No processo A o juiz é empregador do autor. No processo


B o juiz é amigo íntimo do réu. No processo C o juiz é sobrinho do
autor. No processo D o autor é devedor da esposa do juiz. E, no
processo E o advogado do autor é seu cunhado.
Nestes casos, de acordo com o Código de Processo Civil bra-
sileiro, fica o juiz impedido de exercer as suas funções apenas nos
processos
(A). B e C.
(B). A, B e C.
(C). A, B, D e E.
(D). B, C e E.
(E). C e E.

80
CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
1. Título II - Capítulos I, II e III; e Título III . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Capítulo VII com Seções I e II; e também o artigo 92 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
h) Relatividade: os direitos fundamentais não podem ser uti-
TÍTULO II - CAPÍTULOS I, II E III lizados como um escudo para práticas ilícitas ou como argumento
para afastamento ou diminuição da responsabilidade por atos ilíci-
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA tos, assim estes direitos não são ilimitados e encontram seus lim-
FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 ites nos demais direitos igualmente consagrados como humanos.

PREÂMBULO Direitos e deveres individuais e coletivos

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assem- O capítulo I do título II é intitulado “direitos e deveres indi-
bléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, viduais e coletivos”. Da própria nomenclatura do capítulo já se ex-
destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, trai que a proteção vai além dos direitos do indivíduo e também
a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igual- abrange direitos da coletividade. A maior parte dos direitos enu-
dade e a justiça como valores supremos de uma sociedade frater- merados no artigo 5º do texto constitucional é de direitos individ-
na, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e uais, mas são incluídos alguns direitos coletivos e mesmo remédios
comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução constitucionais próprios para a tutela destes direitos coletivos (ex.:
pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, mandado de segurança coletivo).
a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
1) Brasileiros e estrangeiros
TÍTULO II O caput do artigo 5º aparenta restringir a proteção conferida
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS pelo dispositivo a algumas pessoas, notadamente, “aos brasileiros
e aos estrangeiros residentes no País”. No entanto, tal restrição é
O título II da Constituição Federal é intitulado “Direitos e Ga- apenas aparente e tem sido interpretada no sentido de que os dire-
rantias fundamentais”, gênero que abrange as seguintes espécies itos estarão protegidos com relação a todas as pessoas nos limites
de direitos fundamentais: direitos individuais e coletivos (art. 5º, da soberania do país.
CF), direitos sociais (genericamente previstos no art. 6º, CF), direi- Em razão disso, por exemplo, um estrangeiro pode ingressar
tos da nacionalidade (artigos 12 e 13, CF) e direitos políticos (artigos com habeas corpus ou mandado de segurança, ou então intentar
14 a 17, CF). ação reivindicatória com relação a imóvel seu localizado no Brasil
Em termos comparativos à clássica divisão tridimensional dos (ainda que não resida no país).
direitos humanos, os direitos individuais (maior parte do artigo 5º,
CF), os direitos da nacionalidade e os direitos políticos se encaixam Somente alguns direitos não são estendidos a todas as pessoas.
na primeira dimensão (direitos civis e políticos); os direitos sociais A exemplo, o direito de intentar ação popular exige a condição de
se enquadram na segunda dimensão (direitos econômicos, sociais cidadão, que só é possuída por nacionais titulares de direitos políti-
e culturais) e os direitos coletivos na terceira dimensão. Contu- cos.
do, a enumeração de direitos humanos na Constituição vai além
dos direitos que expressamente constam no título II do texto con- 2) Relação direitos-deveres
stitucional. O capítulo em estudo é denominado “direitos e garantias de-
Os direitos fundamentais possuem as seguintes características veres e coletivos”, remetendo à necessária relação direitos-de-
principais: veres entre os titulares dos direitos fundamentais. Acima de tudo,
a) Historicidade: os direitos fundamentais possuem antece- o que se deve ter em vista é a premissa reconhecida nos direitos
dentes históricos relevantes e, através dos tempos, adquirem no- fundamentais de que não há direito que seja absoluto, correspon-
vas perspectivas. Nesta característica se enquadra a noção de di- dendo-se para cada direito um dever. Logo, o exercício de direitos
mensões de direitos. fundamentais é limitado pelo igual direito de mesmo exercício por
b) Universalidade: os direitos fundamentais pertencem a to- parte de outrem, não sendo nunca absolutos, mas sempre relativos.
dos, tanto que apesar da expressão restritiva do caput do artigo 5º Explica Canotilho1 quanto aos direitos fundamentais: “a id-
aos brasileiros e estrangeiros residentes no país tem se entendido eia de deveres fundamentais é suscetível de ser entendida como
pela extensão destes direitos, na perspectiva de prevalência dos di- o ‘outro lado’ dos direitos fundamentais. Como ao titular de um
reitos humanos. direito fundamental corresponde um dever por parte de um outro
c) Inalienabilidade: os direitos fundamentais não possuem titular, poder-se-ia dizer que o particular está vinculado aos direitos
conteúdo econômico-patrimonial, logo, são intransferíveis, inego- fundamentais como destinatário de um dever fundamental. Neste
ciáveis e indisponíveis, estando fora do comércio, o que evidencia sentido, um direito fundamental, enquanto protegido, pressuporia
uma limitação do princípio da autonomia privada. um dever correspondente”. Com efeito, a um direito fundamental
d) Irrenunciabilidade: direitos fundamentais não podem ser conferido à pessoa corresponde o dever de respeito ao arcabouço
renunciados pelo seu titular devido à fundamentalidade material de direitos conferidos às outras pessoas.
destes direitos para a dignidade da pessoa humana.
e) Inviolabilidade: direitos fundamentais não podem deixar de 3) Direitos e garantias
ser observados por disposições infraconstitucionais ou por atos das A Constituição vai além da proteção dos direitos e estabelece
autoridades públicas, sob pena de nulidades. garantias em prol da preservação destes, bem como remédios
f) Indivisibilidade: os direitos fundamentais compõem um úni- constitucionais a serem utilizados caso estes direitos e garantias
co conjunto de direitos porque não podem ser analisados de ma- não sejam preservados. Neste sentido, dividem-se em direitos e
neira isolada, separada. garantias as previsões do artigo 5º: os direitos são as disposições
g) Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não se perdem declaratórias e as garantias são as disposições assecuratórias.
com o tempo, não prescrevem, uma vez que são sempre exercíveis 1 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria
e exercidos, não deixando de existir pela falta de uso (prescrição). da constituição. 2. ed. Coimbra: Almedina, 1998, p. 479.

1
CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
O legislador muitas vezes reúne no mesmo dispositivo o direito No entanto, com o passar dos tempos, se percebeu que não
e a garantia, como no caso do artigo 5º, IX: “é livre a expressão da bastava igualar todos os homens em direitos e deveres para torná-
atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, inde- los iguais, pois nem todos possuem as mesmas condições de ex-
pendentemente de censura ou licença” – o direito é o de liberdade ercer estes direitos e deveres. Logo, não é suficiente garantir um
de expressão e a garantia é a vedação de censura ou exigência de direito à igualdade formal, mas é preciso buscar progressivamente
licença. Em outros casos, o legislador traz o direito num dispositivo a igualdade material. No sentido de igualdade material que apa-
e a garantia em outro: a liberdade de locomoção, direito, é coloca- rece o direito à igualdade num segundo momento, pretendendo-se
da no artigo 5º, XV, ao passo que o dever de relaxamento da prisão do Estado, tanto no momento de legislar quanto no de aplicar e ex-
ilegal de ofício pelo juiz, garantia, se encontra no artigo 5º, LXV2. ecutar a lei, uma postura de promoção de políticas governamentais
Em caso de ineficácia da garantia, implicando em violação de voltadas a grupos vulneráveis.
direito, cabe a utilização dos remédios constitucionais. Assim, o direito à igualdade possui dois sentidos notáveis: o
Atenção para o fato de o constituinte chamar os remédios con- de igualdade perante a lei, referindo-se à aplicação uniforme da lei
stitucionais de garantias, e todas as suas fórmulas de direitos e ga- a todas as pessoas que vivem em sociedade; e o de igualdade ma-
rantias propriamente ditas apenas de direitos. terial, correspondendo à necessidade de discriminações positivas
com relação a grupos vulneráveis da sociedade, em contraponto à
4) Direitos e garantias em espécie igualdade formal.
Preconiza o artigo 5º da Constituição Federal em seu caput:
Ações afirmativas
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem dis- Neste sentido, desponta a temática das ações afirmativas,que
tinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos são políticas públicas ou programas privados criados temporari-
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, amente e desenvolvidos com a finalidade de reduzir as desigual-
à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos dades decorrentes de discriminações ou de uma hipossuficiência
seguintes [...]. econômica ou física, por meio da concessão de algum tipo de van-
tagem compensatória de tais condições.
O caput do artigo 5º, que pode ser considerado um dos princi-
Quem é contra as ações afirmativas argumenta que, em uma
pais (senão o principal) artigos da Constituição Federal, consagra o
sociedade pluralista, a condição de membro de um grupo específ-
princípio da igualdade e delimita as cinco esferas de direitos indi-
ico não pode ser usada como critério de inclusão ou exclusão de
viduais e coletivos que merecem proteção, isto é, vida, liberdade,
benefícios.
igualdade, segurança e propriedade. Os incisos deste artigos delim-
Ademais, afirma-se que elas desprivilegiam o critério republi-
itam vários direitos e garantias que se enquadram em alguma des-
cano do mérito (segundo o qual o indivíduo deve alcançar determi-
tas esferas de proteção, podendo se falar em duas esferas especí-
nado cargo público pela sua capacidade e esforço, e não por pert-
ficas que ganham também destaque no texto constitucional, quais
sejam, direitos de acesso à justiça e direitos constitucionais-penais. encer a determinada categoria); fomentariam o racismo e o ódio;
bem como ferem o princípio da isonomia por causar uma discrim-
- Direito à igualdade inação reversa.
Abrangência Por outro lado, quem é favorável às ações afirmativas defende
Observa-se, pelo teor do caput do artigo 5º, CF, que o constitu- que elas representam o ideal de justiça compensatória (o objeti-
inte afirmou por duas vezes o princípio da igualdade: vo é compensar injustiças passadas, dívidas históricas, como uma
compensação aos negros por tê-los feito escravos, p. ex.); repre-
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem dis- sentam o ideal de justiça distributiva (a preocupação, aqui, é com
tinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos o presente. Busca-se uma concretização do princípio da igualdade
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, material); bem como promovem a diversidade.
à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos Neste sentido, as discriminações legais asseguram a verdadei-
seguintes [...]. ra igualdade, por exemplo, com as ações afirmativas, a proteção
especial ao trabalho da mulher e do menor, as garantias aos por-
Não obstante, reforça este princípio em seu primeiro inciso: tadores de deficiência, entre outras medidas que atribuam a pes-
soas com diferentes condições, iguais possibilidades, protegendo
Artigo 5º, I, CF. Homens e mulheres são iguais em direitos e e respeitando suas diferenças3. Tem predominado em doutrina e
obrigações, nos termos desta Constituição. jurisprudência, inclusive no Supremo Tribunal Federal, que as ações
afirmativas são válidas.
Este inciso é especificamente voltado à necessidade de igual-
dade de gênero, afirmando que não deve haver nenhuma distinção - Direito à vida
sexo feminino e o masculino, de modo que o homem e a mulher Abrangência
possuem os mesmos direitos e obrigações. O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção do
Entretanto, o princípio da isonomia abrange muito mais do que direito à vida. A vida humana é o centro gravitacional em torno do
a igualdade de gêneros, envolve uma perspectiva mais ampla. qual orbitam todos os direitos da pessoa humana, possuindo reflex-
O direito à igualdade é um dos direitos norteadores de inter- os jurídicos, políticos, econômicos, morais e religiosos. Daí existir
pretação de qualquer sistema jurídico. O primeiro enfoque que foi uma dificuldade em conceituar o vocábulo vida. Logo, tudo aquilo
dado a este direito foi o de direito civil, enquadrando-o na primei- que uma pessoa possui deixa de ter valor ou sentido se ela perde a
ra dimensão, no sentido de que a todas as pessoas deveriam ser vida. Sendo assim, a vida é o bem principal de qualquer pessoa, é o
garantidos os mesmos direitos e deveres. Trata-se de um aspecto primeiro valor moral inerente a todos os seres humanos4.
relacionado à igualdade enquanto liberdade, tirando o homem do
arbítrio dos demais por meio da equiparação. Basicamente, estaria 3 SANFELICE, Patrícia de Mello. Comentários aos artigos I e II. In: BA-
se falando na igualdade perante a lei. LERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos Direitos
do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 08.
2 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas em teleconferência. 4 BARRETO, Ana Carolina Rossi; IBRAHIM, Fábio Zambitte. Comentá-

2
CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
No tópico do direito à vida tem-se tanto o direito de nascer/ - Direito à liberdade
permanecer vivo, o que envolve questões como pena de morte, O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção do
eutanásia, pesquisas com células-tronco e aborto; quanto o direito direito à liberdade, delimitada em alguns incisos que o seguem.
de viver com dignidade, o que engloba o respeito à integridade físi- Liberdade e legalidade
ca, psíquica e moral, incluindo neste aspecto a vedação da tortura, Prevê o artigo 5º, II, CF:
bem como a garantia de recursos que permitam viver a vida com
dignidade. Artigo 5º, II, CF. Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
Embora o direito à vida seja em si pouco delimitado nos inci- fazer alguma coisa senão em virtude de lei.
sos que seguem o caput do artigo 5º, trata-se de um dos direitos
mais discutidos em termos jurisprudenciais e sociológicos. É no di- O princípio da legalidade se encontra delimitado neste inciso,
reito à vida que se encaixam polêmicas discussões como: aborto de prevendo que nenhuma pessoa será obrigada a fazer ou deixar de
anencéfalo, pesquisa com células tronco, pena de morte, eutaná- fazer alguma coisa a não ser que a lei assim determine. Assim, salvo
sia, etc. situações previstas em lei, a pessoa tem liberdade para agir como
considerar conveniente.
Vedação à tortura Portanto, o princípio da legalidade possui estrita relação com
De forma expressa no texto constitucional destaca-se a ve- o princípio da liberdade, posto que, a priori, tudo à pessoa é lícito.
dação da tortura, corolário do direito à vida, conforme previsão no Somente é vedado o que a lei expressamente estabelecer como
inciso III do artigo 5º: proibido. A pessoa pode fazer tudo o que quiser, como regra, ou
Artigo 5º, III, CF. Ninguém será submetido a tortura nem a seja, agir de qualquer maneira que a lei não proíba.
tratamento desumano ou degradante.
A tortura é um dos piores meios de tratamento desumano, Liberdade de pensamento e de expressão
expressamente vedada em âmbito internacional, como visto no O artigo 5º, IV, CF prevê:
tópico anterior. No Brasil, além da disciplina constitucional, a Lei nº
9.455, de 7 de abril de 1997 define os crimes de tortura e dá outras Artigo 5º, IV, CF. É livre a manifestação do pensamento, sendo
providências, destacando-se o artigo 1º: vedado o anonimato.
Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave Consolida-se a afirmação simultânea da liberdade de pensam-
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: ento e da liberdade de expressão.
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da Em primeiro plano tem-se a liberdade de pensamento. Afinal,
vítima ou de terceira pessoa; “o ser humano, através dos processos internos de reflexão, formu-
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; la juízos de valor. Estes exteriorizam nada mais do que a opinião
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; de seu emitente. Assim, a regra constitucional, ao consagrar a livre
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, manifestação do pensamento, imprime a existência jurídica ao
com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento chamado direito de opinião”5. Em outras palavras, primeiro existe
físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida o direito de ter uma opinião, depois o de expressá-la.
de caráter preventivo. No mais, surge como corolário do direito à liberdade de pen-
Pena - reclusão, de dois a oito anos. samento e de expressão o direito à escusa por convicção filosófica
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou ou política:
sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por motivo
intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se
de medida legal. as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e rec-
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando usar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei.
tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de de-
tenção de um a quatro anos. Trata-se de instrumento para a consecução do direito assegu-
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, rado na Constituição Federal – não basta permitir que se pense dif-
a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a re- erente, é preciso respeitar tal posicionamento.
clusão é de oito a dezesseis anos. Com efeito, este direito de liberdade de expressão é limita-
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: do. Um destes limites é o anonimato, que consiste na garantia de
I - se o crime é cometido por agente público; atribuir a cada manifestação uma autoria certa e determinada, per-
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de mitindo eventuais responsabilizações por manifestações que con-
deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; trariem a lei.
III - se o crime é cometido mediante sequestro. Tem-se, ainda, a seguinte previsão no artigo 5º, IX, CF:
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou em-
prego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo Artigo 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade intelectual,
da pena aplicada. artística, científica e de comunicação, independentemente de cen-
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça sura ou licença.
ou anistia.
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese Consolida-se outra perspectiva da liberdade de expressão,
do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado. referente de forma específica a atividades intelectuais, artísticas,
científicas e de comunicação. Dispensa-se, com relação a estas,
a exigência de licença para a manifestação do pensamento, bem
como veda-se a censura prévia.
rios aos Artigos III e IV. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à De- 5 ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. Curso
claração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 15. de direito constitucional. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.

3
CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
A respeito da censura prévia, tem-se não cabe impedir a divul- Artigo 5º, XIV, CF. É assegurado a todos o acesso à informação
gação e o acesso a informações como modo de controle do poder. e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício
A censura somente é cabível quando necessária ao interesse públi- profissional.
co numa ordem democrática, por exemplo, censurar a publicação Trata-se da liberdade de informação, consistente na liberdade
de um conteúdo de exploração sexual infanto-juvenil é adequado. de procurar e receber informações e ideias por quaisquer meios,
O direito à resposta (artigo 5º, V, CF) e o direito à indenização independente de fronteiras, sem interferência.
(artigo 5º, X, CF) funcionam como a contrapartida para aquele que A liberdade de informação tem um caráter passivo, ao passo
teve algum direito seu violado (notadamente inerentes à privaci- que a liberdade de expressão tem uma característica ativa, de for-
dade ou à personalidade) em decorrência dos excessos no exercício ma que juntas formam os aspectos ativo e passivo da exteriorização
da liberdade de expressão. da liberdade de pensamento: não basta poder manifestar o seu
próprio pensamento, é preciso que ele seja ouvido e, para tanto, há
Liberdade de crença/religiosa necessidade de se garantir o acesso ao pensamento manifestado
Dispõe o artigo 5º, VI, CF: para a sociedade.
Por sua vez, o acesso à informação envolve o direito de todos
Artigo 5º, VI, CF. É inviolável a liberdade de consciência e de obterem informações claras, precisas e verdadeiras a respeito de
crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e fatos que sejam de seu interesse, notadamente pelos meios de co-
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas municação imparciais e não monopolizados (artigo 220, CF).
liturgias.
Cada pessoa tem liberdade para professar a sua fé como bem No entanto, nem sempre é possível que a imprensa divulgue
entender dentro dos limites da lei. Não há uma crença ou religião com quem obteve a informação divulgada, sem o que a segurança
que seja proibida, garantindo-se que a profissão desta fé possa se desta poderia ficar prejudicada e a informação inevitavelmente não
realizar em locais próprios. chegaria ao público.
Nota-se que a liberdade de religião engloba 3 tipos distintos, Especificadamente quanto à liberdade de informação no âmbi-
porém intrinsecamente relacionados de liberdades: a liberdade de to do Poder Público, merecem destaque algumas previsões.
crença; a liberdade de culto; e a liberdade de organização religiosa. Primeiramente, prevê o artigo 5º, XXXIII, CF:
Artigo 5º, XXXIII, CF. Todos têm direito a receber dos órgãos
Consoante o magistério de José Afonso da Silva6, entra na liber-
públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse
dade de crença a liberdade de escolha da religião, a liberdade de
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
aderir a qualquer seita religiosa, a liberdade (ou o direito) de mudar
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindív-
de religião, além da liberdade de não aderir a religião alguma, assim
el à segurança da sociedade e do Estado.
como a liberdade de descrença, a liberdade de ser ateu e de ex-
A respeito, a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 reg-
primir o agnosticismo, apenas excluída a liberdade de embaraçar o
ula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º, CF,
livre exercício de qualquer religião, de qualquer crença. A liberdade
também conhecida como Lei do Acesso à Informação.
de culto consiste na liberdade de orar e de praticar os atos próprios
das manifestações exteriores em casa ou em público, bem como a Não obstante, estabelece o artigo 5º, XXXIV, CF:
de recebimento de contribuições para tanto. Por fim, a liberdade Artigo 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados, independente-
de organização religiosa refere-se à possibilidade de estabeleci- mente do pagamento de taxas:
mento e organização de igrejas e suas relações com o Estado. a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de dire-
Como decorrência do direito à liberdade religiosa, asseguran- itos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
do o seu exercício, destaca-se o artigo 5º, VII, CF: b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para def-
Artigo 5º, VII, CF. É assegurada, nos termos da lei, a prestação esa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal.
de assistência religiosa nas entidades civis e militares de inter-
nação coletiva. Quanto ao direito de petição, de maneira prática, cumpre ob-
servar que o direito de petição deve resultar em uma manifestação do
O dispositivo refere-se não só aos estabelecimentos prisionais Estado, normalmente dirimindo (resolvendo) uma questão proposta,
civis e militares, mas também a hospitais. em um verdadeiro exercício contínuo de delimitação dos direitos e
Ainda, surge como corolário do direito à liberdade religiosa o obrigações que regulam a vida social e, desta maneira, quando “di-
direito à escusa por convicção religiosa: ficulta a apreciação de um pedido que um cidadão quer apresentar”
Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por motivo (muitas vezes, embaraçando-lhe o acesso à Justiça); “demora para
de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se responder aos pedidos formulados” (administrativa e, principal-
as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e rec- mente, judicialmente) ou “impõe restrições e/ou condições para a
usar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei. formulação de petição”, traz a chamada insegurança jurídica, que
traz desesperança e faz proliferar as desigualdades e as injustiças.
Sempre que a lei impõe uma obrigação a todos, por exemplo, Dentro do espectro do direito de petição se insere, por exem-
a todos os homens maiores de 18 anos o alistamento militar, não plo, o direito de solicitar esclarecimentos, de solicitar cópias repro-
cabe se escusar, a não ser que tenha fundado motivo em crença re- gráficas e certidões, bem como de ofertar denúncias de irregular-
ligiosa ou convicção filosófica/política, caso em que será obrigado a idades. Contudo, o constituinte, talvez na intenção de deixar clara
cumprir uma prestação alternativa, isto é, uma outra atividade que a obrigação dos Poderes Públicos em fornecer certidões, trouxe a
não contrarie tais preceitos. letra b) do inciso, o que gera confusões conceituais no sentido do
direito de obter certidões ser dissociado do direito de petição.
Liberdade de informação Por fim, relevante destacar a previsão do artigo 5º, LX, CF:
O direito de acesso à informação também se liga a uma dimensão
do direito à liberdade. Neste sentido, prevê o artigo 5º, XIV, CF: Artigo 5º, LX, CF. A lei só poderá restringir a publicidade dos
atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse so-
6 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 25.
cial o exigirem.
ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
Logo,o processo, em regra, não será sigiloso. Apenas o será Tal dever remonta-se a questões de segurança coletiva. Im-
quando a intimidade merecer preservação (ex: processo criminal agine uma grande reunião de pessoas por uma causa, a exemplo da
de estupro ou causas de família em geral) ou quando o interesse Parada Gay, que chega a aglomerar milhões de pessoas em algumas
social exigir (ex: investigações que possam ser comprometidas pela capitais: seria absurdo tolerar tal tipo de reunião sem o prévio aviso
publicidade). A publicidade é instrumento para a efetivação da do poder público para que ele organize o policiamento e a assistên-
liberdade de informação. cia médica, evitando algazarras e socorrendo pessoas que tenham
algum mal-estar no local. Outro limite é o uso de armas, totalmente
Liberdade de locomoção vedado, assim como de substâncias ilícitas (Ex: embora a Marcha
Outra faceta do direito à liberdade encontra-se no artigo 5º, da Maconha tenha sido autorizada pelo Supremo Tribunal Federal,
XV, CF: vedou-se que nela tal substância ilícita fosse utilizada).

Artigo 5º, XV, CF. É livre a locomoção no território nacional em Liberdade de associação
tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele No que tange à liberdade de reunião, traz o artigo 5º, XVII, CF:
entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.
A liberdade de locomoção é um aspecto básico do direito à Artigo 5º, XVII, CF. É plena a liberdade de associação para fins
liberdade, permitindo à pessoa ir e vir em todo o território do país lícitos, vedada a de caráter paramilitar.
em tempos de paz (em tempos de guerra é possível limitar tal liber-
dade em prol da segurança). A liberdade de sair do país não signifi- A liberdade de associação difere-se da de reunião por sua pe-
ca que existe um direito de ingressar em qualquer outro país, pois renidade, isto é, enquanto a liberdade de reunião é exercida de
caberá à ele, no exercício de sua soberania, controlar tal entrada. forma sazonal, eventual, a liberdade de associação implica na for-
Classicamente, a prisão é a forma de restrição da liberdade. mação de um grupo organizado que se mantém por um período de
Neste sentido, uma pessoa somente poderá ser presa nos casos au- tempo considerável, dotado de estrutura e organização próprias.
torizados pela própria Constituição Federal. A despeito da norma- Por exemplo, o PCC e o Comando vermelho são associações
tiva específica de natureza penal, reforça-se a impossibilidade de ilícitas e de caráter paramilitar, pois possuem armas e o ideal de
realizar sua própria justiça paralelamente à estatal.
se restringir a liberdade de locomoção pela prisão civil por dívida.
O texto constitucional se estende na regulamentação da liber-
Prevê o artigo 5º, LXVII, CF:
dade de associação.
O artigo 5º, XVIII, CF, preconiza:
Artigo 5º, LXVII, CF. Não haverá prisão civil por dívida, salvo
a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de
Artigo 5º, XVIII, CF. A criação de associações e, na forma da
obrigação alimentícia e a do depositário infiel.
lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a
interferência estatal em seu funcionamento.
Nos termos da Súmula Vinculante nº 25 do Supremo Tribunal
Federal, “é ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que Neste sentido, associações são organizações resultantes da re-
seja a modalidade do depósito”. Por isso, a única exceção à regra união legal entre duas ou mais pessoas, com ou sem personalidade
da prisão por dívida do ordenamento é a que se refere à obrigação jurídica, para a realização de um objetivo comum; já cooperativas
alimentícia. são uma forma específica de associação, pois visam a obtenção de
vantagens comuns em suas atividades econômicas.
Liberdade de trabalho Ainda, tem-se o artigo 5º, XIX, CF:
O direito à liberdade também é mencionado no artigo 5º, XIII,
CF: Artigo 5º, XIX, CF. As associações só poderão ser compulsoria-
mente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judi-
Artigo 5º, XIII, CF. É livre o exercício de qualquer trabalho, cial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado.
ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a
lei estabelecer. O primeiro caso é o de dissolução compulsória, ou seja, a as-
sociação deixará de existir para sempre. Obviamente, é preciso o
O livre exercício profissional é garantido, respeitados os lim- trânsito em julgado da decisão judicial que assim determine, pois
ites legais. Por exemplo, não pode exercer a profissão de advogado antes disso sempre há possibilidade de reverter a decisão e per-
aquele que não se formou em Direito e não foi aprovado no Exame mitir que a associação continue em funcionamento. Contudo, a
da Ordem dos Advogados do Brasil; não pode exercer a medicina decisão judicial pode suspender atividades até que o trânsito em
aquele que não fez faculdade de medicina reconhecida pelo MEC e julgado ocorra, ou seja, no curso de um processo judicial.
obteve o cadastro no Conselho Regional de Medicina. Em destaque, a legitimidade representativa da associação
quanto aos seus filiados, conforme artigo 5º, XXI, CF:
Liberdade de reunião
Sobre a liberdade de reunião, prevê o artigo 5º, XVI, CF: Artigo 5º, XXI, CF. As entidades associativas, quando expressa-
mente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados
Artigo 5º, XVI, CF. Todos podem reunir-se pacificamente, sem judicial ou extrajudicialmente.
armas, em locais abertos ao público, independentemente de au-
torização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente Trata-se de caso de legitimidade processual extraordinária,
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso pela qual um ente vai a juízo defender interesse de outra(s) pes-
à autoridade competente. soa(s) porque a lei assim autoriza.
Pessoas podem ir às ruas para reunirem-se com demais na A liberdade de associação envolve não somente o direito de
defesa de uma causa, apenas possuindo o dever de informar tal criar associações e de fazer parte delas, mas também o de não as-
reunião. sociar-se e o de deixar a associação, conforme artigo 5º, XX, CF:

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CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 5º, XX, CF. Ninguém poderá ser compelido a associar-se Quanto ao sigilo de correspondência e das comunicações, pre-
ou a permanecer associado. vê o artigo 5º, XII, CF:
- Direitos à privacidade e à personalidade
Artigo 5º, XII, CF. É inviolável o sigilo da correspondência e das
Abrangência comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefôni-
Prevê o artigo 5º, X, CF: cas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na
forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou
Artigo 5º, X, CF. São invioláveis a intimidade, a vida privada, a instrução processual penal.
honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. O sigilo de correspondência e das comunicações está melhor
regulamentado na Lei nº 9.296, de 1996.
O legislador opta por trazer correlacionados no mesmo dispos-
itivo legal os direitos à privacidade e à personalidade. Personalidade jurídica e gratuidade de registro
Reforçando a conexão entre a privacidade e a intimidade, ao Quando se fala em reconhecimento como pessoa perante a lei
abordar a proteção da vida privada – que, em resumo, é a privaci- desdobra-se uma esfera bastante específica dos direitos de person-
dade da vida pessoal no âmbito do domicílio e de círculos de ami- alidade, consistente na personalidade jurídica. Basicamente, con-
gos –, Silva7 entende que “o segredo da vida privada é condição siste no direito de ser reconhecido como pessoa perante a lei. Para
de expansão da personalidade”, mas não caracteriza os direitos de ser visto como pessoa perante a lei mostra-se necessário o registro.
personalidade em si. Por ser instrumento que serve como pressuposto ao exercício de
A união da intimidade e da vida privada forma a privacidade, direitos fundamentais, assegura-se a sua gratuidade aos que não
sendo que a primeira se localiza em esfera mais estrita. É possível tiverem condição de com ele arcar.
ilustrar a vida social como se fosse um grande círculo no qual há
um menor, o da vida privada, e dentro deste um ainda mais restrito Aborda o artigo 5º, LXXVI, CF:
e impenetrável, o da intimidade. Com efeito, pela “Teoria das Es- Artigo 5º, LXXVI, CF. São gratuitos para os reconhecidamente
feras” (ou “Teoria dos Círculos Concêntricos”), importada do direito pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nascimento; b) a cer-
alemão, quanto mais próxima do indivíduo, maior a proteção a ser tidão de óbito.
conferida à esfera (as esferas são representadas pela intimidade,
pela vida privada, e pela publicidade). O reconhecimento do marco inicial e do marco final da person-
“O direito à honra distancia-se levemente dos dois anteriores, alidade jurídica pelo registro é direito individual, não dependendo
podendo referir-se ao juízo positivo que a pessoa tem de si (honra de condições financeiras. Evidente, seria absurdo cobrar de uma
subjetiva) e ao juízo positivo que dela fazem os outros (honra ob- pessoa sem condições a elaboração de documentos para que ela
jetiva), conferindo-lhe respeitabilidade no meio social. O direito à seja reconhecida como viva ou morta, o que apenas incentivaria a
imagem também possui duas conotações, podendo ser entendido indigência dos menos favorecidos.
em sentido objetivo, com relação à reprodução gráfica da pessoa,
por meio de fotografias, filmagens, desenhos, ou em sentido subje- Direito à indenização e direito de resposta
tivo, significando o conjunto de qualidades cultivadas pela pessoa e Com vistas à proteção do direito à privacidade, do direito à per-
reconhecidas como suas pelo grupo social”8. sonalidade e do direito à imagem, asseguram-se dois instrumentos,
o direito à indenização e o direito de resposta, conforme as neces-
Inviolabilidade de domicílio e sigilo de correspondência sidades do caso concreto.
Correlatos ao direito à privacidade, aparecem a inviolabilidade
do domicílio e o sigilo das correspondências e comunicações. Com efeito, prevê o artigo 5º, V, CF:
Neste sentido, o artigo 5º, XI, CF prevê:
Artigo 5º, V, CF. É assegurado o direito de resposta, propor-
Artigo 5º, XI, CF. A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém cional ao agravo, além da indenização por dano material, moral
nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em ou à imagem.
caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, “A manifestação do pensamento é livre e garantida em nível
durante o dia, por determinação judicial. constitucional, não aludindo a censura prévia em diversões e es-
petáculos públicos. Os abusos porventura ocorridos no exercício
O domicílio é inviolável, razão pela qual ninguém pode nele en- indevido da manifestação do pensamento são passíveis de exame
trar sem o consentimento do morador, a não ser EM QUALQUER e apreciação pelo Poder Judiciário com a consequente responsab-
HORÁRIO no caso de flagrante delito (o morador foi flagrado na ilidade civil e penal de seus autores, decorrentes inclusive de pub-
prática de crime e fugiu para seu domicílio) ou desastre (incêndio, licações injuriosas na imprensa, que deve exercer vigilância e con-
enchente, terremoto...) ou para prestar socorro (morador teve trole da matéria que divulga”9.
ataque do coração, está sufocado, desmaiado...), e SOMENTE DU- O direito de resposta é o direito que uma pessoa tem de
RANTE O DIA por determinação judicial. se defender de críticas públicas no mesmo meio em que foram
publicadas garantida exatamente a mesma repercussão. Mesmo
quando for garantido o direito de resposta não é possível reverter
plenamente os danos causados pela manifestação ilícita de pen-
samento, razão pela qual a pessoa inda fará jus à indenização.
A manifestação ilícita do pensamento geralmente causa um
dano, ou seja, um prejuízo sofrido pelo agente, que pode ser indi-
7 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 25.
vidual ou coletivo, moral ou material, econômico e não econômico.
ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
8 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de direito constitucional. 9 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 26. ed. São Pau-
Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. lo: Malheiros, 2011.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
Dano material é aquele que atinge o patrimônio (material ou Artigo 5º, XXII, CF. É garantido o direito de propriedade.
imaterial) da vítima, podendo ser mensurado financeiramente e in-
denizado. A seguir, no inciso XXIII do artigo 5º, CF estabelece o principal
“Dano moral direto consiste na lesão a um interesse que visa fator limitador deste direito:
a satisfação ou gozo de um bem jurídico extrapatrimonial contido
nos direitos da personalidade (como a vida, a integridade corporal, Artigo 5º, XXIII, CF. A propriedade atenderá a sua função social.
a liberdade, a honra, o decoro, a intimidade, os sentimentos afe-
tivos, a própria imagem) ou nos atributos da pessoa (como o nome, A propriedade, segundo Silva12, “[...] não pode mais ser consid-
a capacidade, o estado de família)”10. erada como um direito individual nem como instituição do direito
Já o dano à imagem é delimitado no artigo 20 do Código Civil: privado. [...] embora prevista entre os direitos individuais, ela não
mais poderá ser considerada puro direito individual, relativizan-
Artigo 20, CC. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à admin- do-se seu conceito e significado, especialmente porque os princípi-
istração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação os da ordem econômica são preordenados à vista da realização de
de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição seu fim: assegurar a todos existência digna, conforme os ditames
ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, da justiça social. Se é assim, então a propriedade privada, que, ade-
a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se mais, tem que atender a sua função social, fica vinculada à con-
lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se secução daquele princípio”.
destinarem a fins comerciais. Com efeito, a proteção da propriedade privada está limitada
ao atendimento de sua função social, sendo este o requisito que
- Direito à segurança a correlaciona com a proteção da dignidade da pessoa humana. A
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção do propriedade de bens e valores em geral é um direito assegurado na
direito à segurança. Na qualidade de direito individual liga-se à se- Constituição Federal e, como todos os outros, se encontra limitado
gurança do indivíduo como um todo, desde sua integridade física e pelos demais princípios conforme melhor se atenda à dignidade do
mental, até a própria segurança jurídica. ser humano.
No sentido aqui estudado, o direito à segurança pessoal é o
direito de viver sem medo, protegido pela solidariedade e liberto Uso temporário
de agressões, logo, é uma maneira de garantir o direito à vida. No mais, estabelece-se uma terceira limitação ao direito de
Nesta linha, para Silva11, “efetivamente, esse conjunto de di- propriedade que não possui o caráter definitivo da desapropriação,
reitos aparelha situações, proibições, limitações e procedimentos mas é temporária, conforme artigo 5º, XXV, CF:
destinados a assegurar o exercício e o gozo de algum direito individ-
ual fundamental (intimidade, liberdade pessoal ou a incolumidade Artigo 5º, XXV, CF. No caso de iminente perigo público, a autor-
física ou moral)”. idade competente poderá usar de propriedade particular, assegu-
Especificamente no que tange à segurança jurídica, tem-se o rada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano.
disposto no artigo 5º, XXXVI, CF:
Artigo 5º, XXXVI, CF. A lei não prejudicará o direito adquirido, Se uma pessoa tem uma propriedade, numa situação de peri-
o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. go, o poder público pode se utilizar dela (ex: montar uma base para
capturar um fugitivo), pois o interesse da coletividade é maior que
Pelo inciso restam estabelecidos limites à retroatividade da lei. o do indivíduo proprietário.
Define o artigo 6º da Lei de Introdução às Normas do Direito Direito sucessório
Brasileiro: O direito sucessório aparece como uma faceta do direito à pro-
Artigo 6º, LINDB. A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, priedade, encontrando disciplina constitucional no artigo 5º, XXX e
respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa jul- XXXI, CF:
gada.
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a Artigo 5º, XXX, CF. É garantido o direito de herança;
lei vigente ao tempo em que se efetuou.
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu tit- Artigo 5º, XXXI, CF.A sucessão de bens de estrangeiros situados
ular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou
do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei
inalterável, a arbítrio de outrem. pessoal do de cujus.
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial
de que já não caiba recurso. O direito à herança envolve o direito de receber – seja devido a
uma previsão legal, seja por testamento – bens de uma pessoa que
- Direito à propriedade faleceu. Assim, o patrimônio passa para outra pessoa, conforme a
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção do vontade do falecido e/ou a lei determine. A Constituição estabe-
direito à propriedade, tanto material quanto intelectual, delimitada lece uma disciplina específica para bens de estrangeiros situados
em alguns incisos que o seguem. no Brasil, assegurando que eles sejam repassados ao cônjuge e fil-
hos brasileiros nos termos da lei mais benéfica (do Brasil ou do país
Função social da propriedade material estrangeiro).
O artigo 5º, XXII, CF estabelece:

10 ZANNONI, Eduardo. El daño en la responsabilidad civil. Buenos Ai-


res: Astrea, 1982.
11 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo... 12 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 25.
Op. Cit., p. 437. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
Direito do consumidor Os direitos morais do autor, que são imprescritíveis, inal-
Nos termos do artigo 5º, XXXII, CF: ienáveis e irrenunciáveis, envolvem, basicamente, o direito de
reivindicar a autoria da obra, ter seu nome divulgado na utilização
Artigo 5º, XXXII, CF. O Estado promoverá, na forma da lei, a desta, assegurar a integridade desta ou modificá-la e retirá-la de
defesa do consumidor. circulação se esta passar a afrontar sua honra ou imagem.
Já os direitos patrimoniais do autor, nos termos dos artigos
O direito do consumidor liga-se ao direito à propriedade a 41 a 44 da Lei nº 9.610/98, prescrevem em 70 anos contados do
partir do momento em que garante à pessoa que irá adquirir bens primeiro ano seguinte à sua morte ou do falecimento do último co-
e serviços que estes sejam entregues e prestados da forma ade- autor, ou contados do primeiro ano seguinte à divulgação da obra
quada, impedindo que o fornecedor se enriqueça ilicitamente, se se esta for de natureza audiovisual ou fotográfica. Estes, por sua
aproveite de maneira indevida da posição menos favorável e de vez, abrangem, basicamente, o direito de dispor sobre a repro-
vulnerabilidade técnica do consumidor. dução, edição, adaptação, tradução, utilização, inclusão em bases
O Direito do Consumidor pode ser considerado um ramo re- de dados ou qualquer outra modalidade de utilização; sendo que
cente do Direito. No Brasil, a legislação que o regulamentou foi estas modalidades de utilização podem se dar a título oneroso ou
promulgada nos anos 90, qual seja a Lei nº 8.078, de 11 de setem- gratuito.
bro de 1990, conforme determinado pela Constituição Federal de “Os direitos autorais, também conhecidos como copyright
(direito de cópia), são considerados bens móveis, podendo ser al-
1988, que também estabeleceu no artigo 48 do Ato das Disposições
ienados, doados, cedidos ou locados. Ressalte-se que a permissão
Constitucionais Transitórias:
a terceiros de utilização de criações artísticas é direito do autor.
[...] A proteção constitucional abrange o plágio e a contrafação. En-
Artigo 48, ADCT. O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte
quanto que o primeiro caracteriza-se pela difusão de obra criada
dias da promulgação da Constituição, elaborará código de defesa
ou produzida por terceiros, como se fosse própria, a segunda con-
do consumidor.
figura a reprodução de obra alheia sem a necessária permissão do
autor”[13].
A elaboração do Código de Defesa do Consumidor foi um
grande passo para a proteção da pessoa nas relações de consumo
- Direitos de acesso à justiça
que estabeleça, respeitando-se a condição de hipossuficiente técni- A formação de um conceito sistemático de acesso à justiça se
co daquele que adquire um bem ou faz uso de determinado serviço, dá com a teoria de Cappelletti e Garth, que apontaram três ondas
enquanto consumidor. de acesso, isto é, três posicionamentos básicos para a realização
efetiva de tal acesso. Tais ondas foram percebidas paulatinamente
Propriedade intelectual com a evolução do Direito moderno conforme implementadas as
Além da propriedade material, o constituinte protege também bases da onda anterior, quer dizer, ficou evidente aos autores a
a propriedade intelectual, notadamente no artigo 5º, XXVII, XXVIII emergência de uma nova onda quando superada a afirmação das
e XXIX, CF: premissas da onda anterior, restando parcialmente implementada
(visto que até hoje enfrentam-se obstáculos ao pleno atendimento
Artigo 5º, XXVII, CF. Aos autores pertence o direito exclusivo de em todas as ondas).
utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível Primeiro, Cappelletti e Garth[14] entendem que surgiu uma
aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; onda de concessão de assistência judiciária aos pobres, partindo-se
Artigo 5º, XXVIII, CF. São assegurados, nos termos da lei: da prestação sem interesse de remuneração por parte dos advoga-
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e dos e, ao final, levando à criação de um aparato estrutural para a
à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades prestação da assistência pelo Estado.
desportivas; Em segundo lugar, no entender de Cappelletti e Garth[15], veio
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das a onda de superação do problema na representação dos interesses
obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intér- difusos, saindo da concepção tradicional de processo como algo re-
pretes e às respectivas representações sindicais e associativas; strito a apenas duas partes individualizadas e ocasionando o surgi-
mento de novas instituições, como o Ministério Público.
Artigo 5º, XXIX, CF. A lei assegurará aos autores de inventos Finalmente, Cappelletti e Garth[16] apontam uma terceira
industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como pro- onda consistente no surgimento de uma concepção mais ampla de
teção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes acesso à justiça, considerando o conjunto de instituições, mecan-
de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o inter- ismos, pessoas e procedimentos utilizados: “[...] esse enfoque en-
esse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País. coraja a exploração de uma ampla variedade de reformas, incluin-
do alterações nas formas de procedimento, mudanças na estrutura
Assim, a propriedade possui uma vertente intelectual que deve dos tribunais ou a criação de novos tribunais, o uso de pessoas
ser respeitada, tanto sob o aspecto moral quanto sob o patrimoni- leigas ou paraprofissionais, tanto como juízes quanto como defen-
al. No âmbito infraconstitucional brasileiro, a Lei nº 9.610, de 19 sores, modificações no direito substantivo destinadas a evitar lití-
de fevereiro de 1998, regulamenta os direitos autorais, isto é, “os gios ou facilitar sua solução e a utilização de mecanismos privados
direitos de autor e os que lhes são conexos”. ou informais de solução dos litígios. Esse enfoque, em suma, não
O artigo 7° do referido diploma considera como obras intelec- receia inovações radicais e compreensivas, que vão muito além da
tuais que merecem a proteção do direito do autor os textos de esfera de representação judicial”.
obras de natureza literária, artística ou científica; as conferências, Assim, dentro da noção de acesso à justiça, diversos aspectos
sermões e obras semelhantes; as obras cinematográficas e televi- podem ser destacados: de um lado, deve criar-se o Poder Judiciário
sivas; as composições musicais; fotografias; ilustrações; programas e se disponibilizar meios para que todas as pessoas possam bus-
de computador; coletâneas e enciclopédias; entre outras. cá-lo; de outro lado, não basta garantir meios de acesso se estes

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CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
forem insuficientes, já que para que exista o verdadeiro acesso à Artigo 5º, XXXVIII. É reconhecida a instituição do júri, com a
justiça é necessário que se aplique o direito material de maneira organização que lhe der a lei, assegurados:
justa e célere. a) a plenitude de defesa;
Relacionando-se à primeira onda de acesso à justiça, prevê a b) o sigilo das votações;
Constituição em seu artigo 5º, XXXV: c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra
Artigo 5º, XXXV, CF. A lei não excluirá da apreciação do Poder a vida.
Judiciário lesão ou ameaça a direito. O Tribunal do Júri é formado por pessoas do povo, que julgam
os seus pares. Entende-se ser direito fundamental o de ser julgado
O princípio da inafastabilidade da jurisdição é o princípio de por seus iguais, membros da sociedade e não magistrados, no caso
Direito Processual Público subjetivo, também cunhado como Princí- de determinados crimes que por sua natureza possuem fortes fa-
pio da Ação, em que a Constituição garante a necessária tutela es- tores de influência emocional.
tatal aos conflitos ocorrentes na vida em sociedade. Sempre que Plenitude da defesa envolve tanto a autodefesa quanto a def-
uma controvérsia for levada ao Poder Judiciário, preenchidos os esa técnica e deve ser mais ampla que a denominada ampla defesa
requisitos de admissibilidade, ela será resolvida, independente- assegurada em todos os procedimentos judiciais e administrativos.
mente de haver ou não previsão específica a respeito na legislação. Sigilo das votações envolve a realização de votações secretas,
Também se liga à primeira onda de acesso à justiça, no que preservando a liberdade de voto dos que compõem o conselho que
tange à abertura do Judiciário mesmo aos menos favorecidos eco- irá julgar o ato praticado.
nomicamente, o artigo 5º, LXXIV, CF: A decisão tomada pelo conselho é soberana. Contudo, a so-
berania dos veredictos veda a alteração das decisões dos jurados,
Artigo 5º, LXXIV, CF. O Estado prestará assistência jurídica in- não a recorribilidade dos julgamentos do Tribunal do Júri para que
tegral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos. seja procedido novo julgamento uma vez cassada a decisão recor-
rida, haja vista preservar o ordenamento jurídico pelo princípio do
O constituinte, ciente de que não basta garantir o acesso ao duplo grau de jurisdição.
Por fim, a competência para julgamento é dos crimes dolosos
Poder Judiciário, sendo também necessária a efetividade proces-
(em que há intenção ou ao menos se assume o risco de produção
sual, incluiu pela Emenda Constitucional nº 45/2004 o inciso LXXVIII
do resultado) contra a vida, que são: homicídio, aborto, induzimen-
ao artigo 5º da Constituição:
to, instigação ou auxílio a suicídio e infanticídio. Sua competência
Artigo 5º, LXXVIII, CF. A todos, no âmbito judicial e administra-
não é absoluta e é mitigada, por vezes, pela própria Constituição
tivo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios
(artigos 29, X /102, I, b) e c) / 105, I, a) / 108, I).
que garantam a celeridade de sua tramitação.
Anterioridade e irretroatividade da lei
Com o tempo se percebeu que não bastava garantir o acesso
O artigo 5º, XXXIX, CF preconiza:
à justiça se este não fosse célere e eficaz. Não significa que se deve
acelerar o processo em detrimento de direitos e garantias assegu- Artigo5º, XXXIX, CF. Não há crime sem lei anterior que o defina,
rados em lei, mas sim que é preciso proporcionar um trâmite que nem pena sem prévia cominação legal.
dure nem mais e nem menos que o necessário para a efetiva real-
ização da justiça no caso concreto. É a consagração da regra do nullum crimen nulla poena sine
praevia lege. Simultaneamente, se assegura o princípio da legali-
- Direitos constitucionais-penais dade (ou reserva legal), na medida em que não há crime sem lei que
o defina, nem pena sem prévia cominação legal, e o princípio da an-
Juiz natural e vedação ao juízo ou tribunal de exceção terioridade, posto que não há crime sem lei anterior que o defina.
Quando o artigo 5º, LIII, CF menciona: Ainda no que tange ao princípio da anterioridade, tem-se o ar-
tigo 5º, XL, CF:
Artigo 5º, LIII, CF. Ninguém será processado nem sentencia-
do senão pela autoridade competente”, consolida o princípio do Artigo 5º, XL, CF. A lei penal não retroagirá, salvo para benefi-
juiz natural que assegura a toda pessoa o direito de conhecer pre- ciar o réu.
viamente daquele que a julgará no processo em que seja parte,
revestindo tal juízo em jurisdição competente para a matéria espe- O dispositivo consolida outra faceta do princípio da anteriori-
cífica do caso antes mesmo do fato ocorrer. dade: se, por um lado, é necessário que a lei tenha definido um fato
como crime e dado certo tratamento penal a este fato (ex.: pena de
Por sua vez, um desdobramento deste princípio encontra-se detenção ou reclusão, tempo de pena, etc.) antes que ele ocorra;
no artigo 5º, XXXVII, CF: por outro lado, se vier uma lei posterior ao fato que o exclua do rol
de crimes ou que confira tratamento mais benéfico (diminuindo a
Artigo 5º, XXXVII, CF. Não haverá juízo ou tribunal de exceção. pena ou alterando o regime de cumprimento, notadamente), ela
será aplicada. Restam consagrados tanto o princípio da irretroativ-
Juízo ou Tribunal de Exceção é aquele especialmente criado idade da lei penal in pejus quanto o da retroatividade da lei penal
para uma situação pretérita, bem como não reconhecido como mais benéfica.
legítimo pela Constituição do país.
Menções específicas a crimes
Tribunal do júri O artigo 5º, XLI, CF estabelece:
A respeito da competência do Tribunal do júri, prevê o artigo
5º, XXXVIII, CF: Artigo 5º, XLI, CF. A lei punirá qualquer discriminação aten-
tatória dos direitos e liberdades fundamentais.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
Sendo assim confere fórmula genérica que remete ao princí-
pio da igualdade numa concepção ampla, razão pela qual práticas Individualização da pena
discriminatórias não podem ser aceitas. No entanto, o constituinte A individualização da pena tem por finalidade concretizar o
entendeu por bem prever tratamento específico a certas práticas princípio de que a responsabilização penal é sempre pessoal, de-
criminosas. vendo assim ser aplicada conforme as peculiaridades do agente.
Neste sentido, prevê o artigo 5º, XLII, CF: A primeira menção à individualização da pena se encontra no
artigo 5º, XLVI, CF:
Artigo 5º, XLII, CF. A prática do racismo constitui crime inafi-
ançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da Artigo 5º, XLVI, CF. A lei regulará a individualização da pena e
lei. adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 define os crimes result- b) perda de bens;
antes de preconceito de raça ou de cor. Contra eles não cabe fiança c) multa;
(pagamento de valor para deixar a prisão provisória) e não se aplica d) prestação social alternativa;
o instituto da prescrição (perda de pretensão de se processar/punir e) suspensão ou interdição de direitos.
uma pessoa pelo decurso do tempo).
Não obstante, preconiza ao artigo 5º, XLIII, CF: Pelo princípio da individualização da pena, a pena deve ser in-
dividualizada nos planos legislativo, judiciário e executório, evitan-
Artigo 5º, XLIII, CF. A lei considerará crimes inafiançáveis e in- do-se a padronização a sanção penal. A individualização da pena
suscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito significa adaptar a pena ao condenado, consideradas as carac-
de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como terísticas do agente e do delito.
crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os execu- A pena privativa de liberdade é aquela que restringe, com
tores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. maior ou menor intensidade, a liberdade do condenado, consist-
ente em permanecer em algum estabelecimento prisional, por um
Anistia, graça e indulto diferenciam-se nos seguintes termos: a determinado tempo.
anistia exclui o crime, rescinde a condenação e extingue totalmente A pena de multa ou patrimonial opera uma diminuição do pat-
a punibilidade, a graça e o indulto apenas extinguem a punibilidade, rimônio do indivíduo delituoso.
podendo ser parciais; a anistia, em regra, atinge crimes políticos, a A prestação social alternativa corresponde às penas restritivas
graça e o indulto, crimes comuns; a anistia pode ser concedida pelo de direitos, autônomas e substitutivas das penas privativas de liber-
Poder Legislativo, a graça e o indulto são de competência exclusiva dade, estabelecidas no artigo 44 do Código Penal.
do Presidente da República; a anistia pode ser concedida antes da Por seu turno, a individualização da pena deve também se faz-
sentença final ou depois da condenação irrecorrível, a graça e o in- er presente na fase de sua execução, conforme se depreende do
dulto pressupõem o trânsito em julgado da sentença condenatória; artigo 5º, XLVIII, CF:
graça e o indulto apenas extinguem a punibilidade, persistindo os
efeitos do crime, apagados na anistia; graça é em regra individual e Artigo 5º, XLVIII, CF. A pena será cumprida em estabelecimen-
solicitada, enquanto o indulto é coletivo e espontâneo. tos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo
Não cabe graça, anistia ou indulto (pode-se considerar que o do apenado.
artigo o abrange, pela doutrina majoritária) contra crimes de tortu-
ra, tráfico, terrorismo (TTT) e hediondos (previstos na Lei nº 8.072 A distinção do estabelecimento conforme a natureza do delito
de 25 de julho de 1990). Além disso, são crimes que não aceitam visa impedir que a prisão se torne uma faculdade do crime. Infeliz-
fiança. mente, o Estado não possui aparato suficiente para cumprir tal di-
Por fim, prevê o artigo 5º, XLIV, CF: retiva, diferenciando, no máximo, o nível de segurança das prisões.

Artigo 5º, XLIV, CF. Constitui crime inafiançável e imprescritível Quanto à idade, destacam-se as Fundações Casas, para cumpri-
a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem con- mento de medida por menores infratores. Quanto ao sexo, prisões
stitucional e o Estado Democrático. costumam ser exclusivamente para homens ou para mulheres.
Também se denota o respeito à individualização da pena nesta
Personalidade da pena faceta pelo artigo 5º, L, CF:
A personalidade da pena encontra respaldo no artigo 5º, XLV, Artigo 5º, L, CF. Às presidiárias serão asseguradas condições
CF: para que possam permanecer com seus filhos durante o período
de amamentação.
Artigo 5º, XLV, CF. Nenhuma pena passará da pessoa do conde-
nado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do Preserva-se a individualização da pena porque é tomada a
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos suces- condição peculiar da presa que possui filho no período de ama-
sores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio mentação, mas também se preserva a dignidade da criança, não
transferido. a afastando do seio materno de maneira precária e impedindo a
formação de vínculo pela amamentação.
O princípio da personalidade encerra o comando de o crime ser
imputado somente ao seu autor, que é, por seu turno, a única pes- Vedação de determinadas penas
soa passível de sofrer a sanção. Seria flagrante a injustiça se fosse O constituinte viu por bem proibir algumas espécies de penas,
possível alguém responder pelos atos ilícitos de outrem: caso con- consoante ao artigo 5º, XLVII, CF:
trário, a reação, ao invés de restringir-se ao malfeitor, alcançaria in- Artigo 5º, XLVII, CF. não haverá penas:
ocentes. Contudo, se uma pessoa deixou patrimônio e faleceu, este a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do
patrimônio responderá pelas repercussões financeiras do ilícito. art. 84, XIX;

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CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
b) de caráter perpétuo; Pelo princípio do devido processo legal a legislação deve ser
c) de trabalhos forçados; respeitada quando o Estado pretender punir alguém judicialmente.
d) de banimento; Logo, o procedimento deve ser livre de vícios e seguir estritamente
e) cruéis. a legislação vigente, sob pena de nulidade processual.
Surgem como corolário do devido processo legal o contra-
Em resumo, o inciso consolida o princípio da humanidade, pelo ditório e a ampla defesa, pois somente um procedimento que os
qual o “poder punitivo estatal não pode aplicar sanções que atin- garanta estará livre dos vícios. Neste sentido, o artigo 5º, LV, CF:
jam a dignidade da pessoa humana ou que lesionem a constituição Artigo 5º, LV, CF. Aos litigantes, em processo judicial ou admin-
físico-psíquica dos condenados”[17] . istrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório
Quanto à questão da pena de morte, percebe-se que o consti- e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.
tuinte não estabeleceu uma total vedação, autorizando-a nos casos
de guerra declarada. Obviamente, deve-se respeitar o princípio da O devido processo legal possui a faceta formal, pela qual se
anterioridade da lei, ou seja, a legislação deve prever a pena de deve seguir o adequado procedimento na aplicação da lei e, sendo
assim, respeitar o contraditório e a ampla defesa. Não obstante,
morte ao fato antes dele ser praticado. No ordenamento brasilei-
o devido processo legal tem sua faceta material que consiste na
ro, este papel é cumprido pelo Código Penal Militar (Decreto-Lei nº
tomada de decisões justas, que respeitem os parâmetros da razoa-
1.001/1969), que prevê a pena de morte a ser executada por fuzil-
bilidade e da proporcionalidade.
amento nos casos tipificados em seu Livro II, que aborda os crimes
militares em tempo de guerra. Vedação de provas ilícitas
Por sua vez, estão absolutamente vedadas em quaisquer cir- Conforme o artigo 5º, LVI, CF:
cunstâncias as penas de caráter perpétuo, de trabalhos forçados,
de banimento e cruéis. Artigo 5º, LVI, CF. São inadmissíveis, no processo, as provas ob-
No que tange aos trabalhos forçados, vale destacar que o tra- tidas por meios ilícitos.
balho obrigatório não é considerado um tratamento contrário à
dignidade do recluso, embora o trabalho forçado o seja. O trabalho Provas ilícitas, por força da nova redação dada ao artigo 157
é obrigatório, dentro das condições do apenado, não podendo ser do CPP, são as obtidas em violação a normas constitucionais ou
cruel ou menosprezar a capacidade física e intelectual do condena- legai, ou seja, prova ilícita é a que viola regra de direito material,
do; como o trabalho não existe independente da educação, cabe in- constitucional ou legal, no momento da sua obtenção. São vedadas
centivar o aperfeiçoamento pessoal; até mesmo porque o trabalho porque não se pode aceitar o descumprimento do ordenamento
deve se aproximar da realidade do mundo externo, será remunera- para fazê-lo cumprir: seria paradoxal.
do; além disso, condições de dignidade e segurança do trabalhador,
como descanso semanal e equipamentos de proteção, deverão ser Presunção de inocência
respeitados. Prevê a Constituição no artigo 5º, LVII:

Respeito à integridade do preso Artigo 5º, LVII, CF. Ninguém será considerado culpado até o
Prevê o artigo 5º, XLIX, CF: trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
Consolida-se o princípio da presunção de inocência, pelo qual
Artigo 5º, XLIX, CF. É assegurado aos presos o respeito à integ- uma pessoa não é culpada até que, em definitivo, o Judiciário assim
ridade física e moral. decida, respeitados todos os princípios e garantias constitucionais.

Obviamente, o desrespeito à integridade física e moral do pre- Ação penal privada subsidiária da pública
so é uma violação do princípio da dignidade da pessoa humana. Nos termos do artigo 5º, LIX, CF:
Dois tipos de tratamentos que violam esta integridade estão
Artigo 5º, LIX, CF. Será admitida ação privada nos crimes de
mencionados no próprio artigo 5º da Constituição Federal. Em
ação pública, se esta não for intentada no prazo legal.
primeiro lugar, tem-se a vedação da tortura e de tratamentos de-
sumanos e degradantes (artigo 5º, III, CF), o que vale na execução
A chamada ação penal privada subsidiária da pública encon-
da pena. tra respaldo constitucional, assegurando que a omissão do poder
No mais, prevê o artigo 5º, LVIII, CF: público na atividade de persecução criminal não será ignorada, for-
necendo-se instrumento para que o interessado a proponha.
Artigo 5º, LVIII, CF.O civilmente identificado não será subme-
tido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei. Prisão e liberdade
O constituinte confere espaço bastante extenso no artigo 5º
Se uma pessoa possui identificação civil, não há porque fazer em relação ao tratamento da prisão, notadamente por se tratar
identificação criminal, colhendo digitais, fotos, etc. Pensa-se que de ato que vai contra o direito à liberdade. Obviamente, a prisão
seria uma situação constrangedora desnecessária ao suspeito, sen- não é vedada em todos os casos, porque práticas atentatórias a
do assim, violaria a integridade moral. direitos fundamentais implicam na tipificação penal, autorizando a
restrição da liberdade daquele que assim agiu.
Devido processo legal, contraditório e ampla defesa No inciso LXI do artigo 5º, CF, prevê-se:
Estabelece o artigo 5º, LIV, CF:
Artigo 5º, LXI, CF. Ninguém será preso senão em flagrante del-
Artigo 5º, LIV, CF. Ninguém será privado da liberdade ou de ito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária
seus bens sem o devido processo legal. competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime pro-
priamente militar, definidos em lei.

11
CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
Logo, a prisão somente se dará em caso de flagrante delito 5) Direitos fundamentais implícitos
(necessariamente antes do trânsito em julgado), ou em caráter Nos termos do § 2º do artigo 5º da Constituição Federal:
temporário, provisório ou definitivo (as duas primeiras independ-
ente do trânsito em julgado, preenchidos requisitos legais e a últi- Artigo 5º, §2º, CF. Os direitos e garantias expressos nesta Con-
ma pela irreversibilidade da condenação). stituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípi-
Aborda-se no artigo 5º, LXII o dever de comunicação ao juiz e à os por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a Repú-
família ou pessoa indicada pelo preso: blica Federativa do Brasil seja parte.

Artigo 5º, LXII, CF. A prisão de qualquer pessoa e o local onde Daí se depreende que os direitos ou garantias podem estar
se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente expressos ou implícitos no texto constitucional. Sendo assim, o rol
e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. enumerado nos incisos do artigo 5º é apenas exemplificativo, não
taxativo.
Não obstante, o preso deverá ser informado de todos os seus
direitos, inclusive o direito ao silêncio, podendo entrar em contato 6) Tratados internacionais incorporados ao ordenamento in-
com sua família e com um advogado, conforme artigo 5º, LXIII, CF: terno
Estabelece o artigo 5º, § 2º, CF que os direitos e garantias po-
Artigo 5º, LXIII, CF. O preso será informado de seus direitos, dem decorrer, dentre outras fontes, dos “tratados internacionais
entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a as- em que a República Federativa do Brasil seja parte”.
sistência da família e de advogado.
Para o tratado internacional ingressar no ordenamento jurídi-
Estabelece-se no artigo 5º, LXIV, CF: co brasileiro deve ser observado um procedimento complexo, que
exige o cumprimento de quatro fases: a negociação (bilateral ou
Artigo 5º, LXIV, CF. O preso tem direito à identificação dos re- multilateral, com posterior assinatura do Presidente da República),
sponsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial. submissão do tratado assinado ao Congresso Nacional (que dará
referendo por meio do decreto legislativo), ratificação do tratado
Por isso mesmo, o auto de prisão em flagrante e a ata do depo- (confirmação da obrigação perante a comunidade internacional) e
imento do interrogatório são assinados pelas autoridades envolvi- a promulgação e publicação do tratado pelo Poder Executivo[18].
das nas práticas destes atos procedimentais. Notadamente, quando o constituinte menciona os tratados inter-
Ainda, a legislação estabelece inúmeros requisitos para que a nacionais no §2º do artigo 5º refere-se àqueles que tenham por
prisão seja validada, sem os quais cabe relaxamento, tanto que as-
fulcro ampliar o rol de direitos do artigo 5º, ou seja, tratado inter-
sim prevê o artigo 5º, LXV, CF:
nacional de direitos humanos.
O §1° e o §2° do artigo 5° existiam de maneira originária na Con-
Artigo 5º, LXV, CF. A prisão ilegal será imediatamente relaxada
stituição Federal, conferindo o caráter de primazia dos direitos hu-
pela autoridade judiciária.
manos, desde logo consagrando o princípio da primazia dos direitos
humanos, como reconhecido pela doutrina e jurisprudência major-
Desta forma, como decorrência lógica, tem-se a previsão do
itários na época. “O princípio da primazia dos direitos humanos nas
artigo 5º, LXVI, CF:
relações internacionais implica em que o Brasil deve incorporar os
Artigo 5º, LXVI, CF. Ninguém será levado à prisão ou nela man- tratados quanto ao tema ao ordenamento interno brasileiro e res-
tido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança. peitá-los. Implica, também em que as normas voltadas à proteção
da dignidade em caráter universal devem ser aplicadas no Brasil em
Mesmo que a pessoa seja presa em flagrante, devido ao princí- caráter prioritário em relação a outras normas”[19].
pio da presunção de inocência, entende-se que ela não deve ser Regra geral, os tratados internacionais comuns ingressam com
mantida presa quando não preencher os requisitos legais para força de lei ordinária no ordenamento jurídico brasileiro porque
prisão preventiva ou temporária. somente existe previsão constitucional quanto à possibilidade da
equiparação às emendas constitucionais se o tratado abranger
Indenização por erro judiciário matéria de direitos humanos. Antes da emenda alterou o quadro
A disciplina sobre direitos decorrentes do erro judiciário en- quanto aos tratados de direitos humanos, era o que acontecia, mas
contra-se no artigo 5º, LXXV, CF: isso não significa que tais direitos eram menos importantes devido
ao princípio da primazia e ao reconhecimento dos direitos implíci-
Artigo 5º, LXXV, CF. O Estado indenizará o condenado por erro tos.
judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na Por seu turno, com o advento da Emenda Constitucional nº
sentença. 45/04 se introduziu o §3º ao artigo 5º da Constituição Federal, de
modo que os tratados internacionais de direitos humanos foram
Trata-se do erro em que incorre um juiz na apreciação e jul- equiparados às emendas constitucionais, desde que houvesse a
gamento de um processo criminal, resultando em condenação de aprovação do tratado em cada Casa do Congresso Nacional e ob-
alguém inocente. Neste caso, o Estado indenizará. Ele também in- tivesse a votação em dois turnos e com três quintos dos votos dos
denizará uma pessoa que ficar presa além do tempo que foi conde- respectivos membros:
nada a cumprir.
Art. 5º, § 3º, CF. Os tratados e convenções internacionais sobre
direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congres-
so Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respec-
tivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

12
CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
Logo, a partir da alteração constitucional, os tratados de direi- Trata-se de ação gratuita, nos termos do artigo 5º, LXXVII, CF.
tos humanos que ingressarem no ordenamento jurídico brasileiro, a) Antecedentes históricos: A Magna Carta inglesa, de 1215, foi
versando sobre matéria de direitos humanos, irão passar por um o primeiro documento a mencionar este remédio eo Habeas Cor-
processo de aprovação semelhante ao da emenda constitucional. pus Act, de 1679, o regulamentou.
Contudo, há posicionamentos conflituosos quanto à possib- b) Escopo: ação que serve para proteger a liberdade de loco-
ilidade de considerar como hierarquicamente constitucional os moção. Antes de haver proteção no Brasil por outros remédios con-
tratados internacionais de direitos humanos que ingressaram no stitucionais de direitos que não este, o habeas-corpus foi utilizado
ordenamento jurídico brasileiro anteriormente ao advento da para protegê-los. Hoje, apenas serve à lesão ou ameaça de lesão ao
referida emenda. Tal discussão se deu com relação à prisão civil direito de ir e vir.
do depositário infiel, prevista como legal na Constituição e ilegal c) Natureza jurídica: ação constitucional de cunho predomi-
no Pacto de São José da Costa Rica (tratado de direitos humanos nantemente penal, pois protege o direito de ir e vir e vai contra a
aprovado antes da EC nº 45/04), sendo que o Supremo Tribunal restrição arbitrária da liberdade.
Federal firmou o entendimento pela supralegalidade do tratado d) Espécies: preventivo, para os casos de ameaça de violação
de direitos humanos anterior à Emenda (estaria numa posição que ao direito de ir e vir, conferindo-se um “salvo conduto”, ou repres-
paralisaria a eficácia da lei infraconstitucional, mas não revogaria a sivo, para quando ameaça já tiver se materializado.
Constituição no ponto controverso). e) Legitimidade ativa: qualquer pessoa pode manejá-lo, em
próprio nome ou de terceiro, bem como o Ministério Público (ar-
7) Tribunal Penal Internacional
tigo 654, CPP). Impetrante é o que ingressa com a ação e paciente
Preconiza o artigo 5º, CF em seu § 4º:
é aquele que está sendo vítima da restrição à liberdade de loco-
Artigo 5º, §4º, CF. O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal moção. As duas figuras podem se concentrar numa mesma pessoa.
Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. f) Legitimidade passiva: pessoa física, agente público ou priva-
do.
O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional foi prom- g) Competência: é determinada pela autoridade coatora, sen-
ulgado no Brasil pelo Decreto nº 4.388 de 25 de setembro de 2002. do a autoridade imediatamente superior a ela. Ex.: Delegado de
Ele contém 128 artigos e foi elaborado em Roma, no dia 17 de julho Polícia é autoridade coatora, propõe na Vara Criminal Estadual; Juiz
de 1998, regendo a competência e o funcionamento deste Tribu- de Direito de uma Vara Criminal é a autoridade coatora, impetra no
nal voltado às pessoas responsáveis por crimes de maior gravidade Tribunal de Justiça.
com repercussão internacional (artigo 1º, ETPI). h) Conceito de coação ilegal: encontra-se no artigo 648, CPP:
“Ao contrário da Corte Internacional de Justiça, cuja jurisdição Artigo 648, CPP. A coação considerar-se-á ilegal: I - quando não
é restrita a Estados, ao Tribunal Penal Internacional compete o pro- houver justa causa; II - quando alguém estiver preso por mais tem-
cesso e julgamento de violações contra indivíduos; e, distintamente po do que determina a lei; III - quando quem ordenar a coação não
dos Tribunais de crimes de guerra da Iugoslávia e de Ruanda, cria- tiver competência para fazê-lo; IV - quando houver cessado o mo-
dos para analisarem crimes cometidos durante esses conflitos, sua tivo que autorizou a coação; V - quando não for alguém admitido a
jurisdição não está restrita a uma situação específica”[20]. prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza; VI - quando o pro-
Resume Mello[21]: “a Conferência das Nações Unidas sobre a
cesso for manifestamente nulo; VII - quando extinta a punibilidade.
criação de uma Corte Criminal Internacional, reunida em Roma, em
1998, aprovou a referida Corte. Ela é permanente. Tem sede em
i) Procedimento: regulamentado nos artigos 647 a 667 do Códi-
Haia. A corte tem personalidade internacional. Ela julga: a) crime
de genocídio; b) crime contra a humanidade; c) crime de guerra; go de Processo Penal.
d) crime de agressão. Para o crime de genocídio usa a definição da
convenção de 1948. Como crimes contra a humanidade são citados: Habeas Data
assassinato, escravidão, prisão violando as normas internacionais, O artigo 5º, LXXII, CF prevê:
violação tortura, apartheid, escravidão sexual, prostituição forçada,
esterilização, etc. São crimes de guerra: homicídio internacional, Artigo 5º, LXXII, CF. Conceder-se-á habeas data: a) para asse-
destruição de bens não justificada pela guerra, deportação, forçar gurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impe-
um prisioneiro a servir nas forças inimigas, etc.”. trante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de da-
3.2 Habeas corpus, mandado de segurança, mandado de in- dos, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
junção e habeas data. administrativo.

Remédios constitucionais são as espécies de ações judiciári- Tal como o habeas corpus, trata-se de ação gratuita (artigo 5º,
as que visam proteger os direitos fundamentais reconhecidos no LXXVII, CF).
texto constitucional quando a declaração e a garantia destes não a) Antecedente histórico: Freedom of Information Act, de 1974.
se mostrar suficiente. Assim, o Poder Judiciário será acionado para b) Escopo: proteção do acesso a informações pessoais con-
sanar o desrespeito a estes direitos fundamentais, servindo cada
stantes de registros ou bancos de dados de entidades governa-
espécie de ação para uma forma de violação.
mentais ou de caráter público, para o conhecimento ou retificação
(correção).
Habeas Corpus
c) Natureza jurídica: ação constitucional que tutela o acesso a
No que tange à disciplina do habeas corpus, prevê a Constitu-
ição em seu artigo 5º, LXVIII: informações pessoais.
d) Legitimidade ativa: pessoa física, brasileira ou estrangeira,
Artigo 5º, LXVIII, CF. Conceder-se-á habeas corpus sempre que ou por pessoa jurídica, de direito público ou privado, tratando-se
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação de ação personalíssima – os dados devem ser a respeito da pessoa
em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. que a propõe.

13
CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
e) Legitimidade passiva: entidades governamentais da Admin- a) Origem: Constituição Federal de 1988.
istração Pública Direta e Indireta nas três esferas, bem como insti- b) Escopo: preservação ou reparação de direito líquido e certo
tuições, órgãos, entidades e pessoas jurídicas privadas prestadores relacionado a interesses transindividuais (individuais homogêneos
de serviços de interesse público que possuam dados relativos à pes- ou coletivos), e devido à questão da legitimidade ativa, pertencente
soa do impetrante. a partidos políticos e determinadas associações.
f) Competência: Conforme o caso, nos termos da Constituição, c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza civil, inde-
do Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “d”), do Superior Tribunal pendente da natureza do ato, de caráter coletivo.
de Justiça (art. 105, I, “b”), dos Tribunais Regionais Federais (art. d) Objeto: o objeto do mandado de segurança coletivo são os
108, I, “c”), bem como dos juízes federais (art. 109, VIII). direitos coletivos e os direitos individuais homogêneos. Tal instituto
g) Regulamentação específica: Lei nº 9.507, de 12 de novembro não se presta à proteção dos direitos difusos, conforme posiciona-
de 1997. mento amplamente majoritário, já que, dada sua difícil individual-
h) Procedimento: artigos 8º a 19 da Lei nº 9.507/1997. ização, fica improvável a verificação da ilegalidade ou do abuso do
Mandado de segurança individual poder sobre tal direito (art. 21, parágrafo único, Lei nº 12.016/09).
Dispõe a Constituição no artigo 5º, LXIX: e) Legitimidade ativa: como se extrai da própria disciplina con-
stitucional, aliada ao artigo 21 da Lei nº 12.016/09, é de partido
Artigo 5º, LXIX, CF. Conceder-se-á mandado de segurança para político com representação no Congresso Nacional, bem como de
proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas-corpus organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente
ou habeas-data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em
de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no defesa de direitos líquidos e certos que atinjam diretamente seus
exercício de atribuições do Poder Público. interesses ou de seus membros.
f) Disciplina específica na Lei nº 12.016/09:
a) Origem: Veio com a finalidade de preencher a lacuna decor- Art. 22, Lei nº 12.016/09. No mandado de segurança coletivo,
rente da sistemática do habeas corpus e das liminares possessórias. a sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros do grupo
b) Escopo: Trata-se de remédio constitucional com natureza ou categoria substituídos pelo impetrante.
subsidiária pelo qual se busca a invalidação de atos de autoridade § 1ºO mandado de segurança coletivo não induz litispendência
ou a suspensão dos efeitos da omissão administrativa, geradores de para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada não bene-
lesão a direito líquido e certo, por ilegalidade ou abuso de poder. São ficiarão o impetrante a título individual se não requerer a desistên-
protegidos todos os direitos líquidos e certos à exceção da proteção cia de seu mandado de segurança no prazo de 30 (trinta) dias a con-
de direitos humanos à liberdade de locomoção e ao acesso ou retifi- tar da ciência comprovada da impetração da segurança coletiva.
cação de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes § 2ºNo mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá
de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de ser concedida após a audiência do representante judicial da pessoa
caráter público, ambos sujeitos a instrumentos específicos.
jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72
c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza civil, in-
(setenta e duas) horas.
dependente da natureza do ato impugnado (administrativo, jurisdi-
cional, eleitoral, criminal, trabalhista).
Mandado de Injunção
d) Espécies: preventivo, quando se estiver na iminência de vio-
Regulamenta o artigo 5º, LXXI, CF:
lação a direito líquido e certo, ou reparatório, quando já consuma-
do o abuso/ilegalidade.
Artigo 5º, LXXI, CF. Conceder-se-á mandado de injunção sem-
e) Direito líquido e certo: é aquele que pode ser demonstra-
do de plano mediante prova pré-constituída, sem a necessidade pre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o ex-
de dilação probatória, isto devido à natureza célere e sumária do ercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
procedimento. inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.
f) Legitimidade ativa: a mais ampla possível, abrangendo não
só a pessoa física como a jurídica, nacional ou estrangeira, residen- a) Escopo: os dois requisitos constitucionais para que seja
te ou não no Brasil, bem como órgãos públicos despersonalizados e proposto o mandado de injunção são a existência de norma con-
universalidades/pessoas formais reconhecidas por lei. stitucional de eficácia limitada que prescreva direitos, liberdades
g) Legitimidade passiva: A autoridade coatora deve ser au- constitucionais e prerrogativas inerentes à nacionalidade, à sobera-
toridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de nia e à cidadania; além da falta de norma regulamentadores, im-
atribuições do Poder Público. Neste viés, o art. 6º, §3º, Lei nº possibilitando o exercício dos direitos, liberdades e prerrogativas
12.016/09, preceitua que “considera-se autoridade coatora aquela em questão. Assim, visa curar o hábito que se incutiu no legislador
que tenha praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem brasileiro de não regulamentar as normas de eficácia limitada para
para a sua prática”. que elas não sejam aplicáveis.
h) Competência: Fixada de acordo com a autoridade coatora. b) Natureza jurídica: ação constitucional que objetiva a regula-
i) Regulamentação específica: Lei nº 12.016, de 07 de agosto mentação de normas constitucionais de eficácia limitada.
de 2009. c) Legitimidade ativa: qualquer pessoa, nacional ou estrangei-
j) Procedimento: artigos 6º a 19 da Lei nº 12.016/09. ra, física ou jurídica, capaz ou incapaz, que titularize direito funda-
mental não materializável por omissão legislativa do Poder público,
Mandado de segurança coletivo bem como o Ministério Público na defesa de seus interesses in-
A Constituição Federal prevê a possibilidade de ingresso com stitucionais. Não se aceita a legitimidade ativa de pessoas jurídicas
mandado de segurança coletivo, consoante ao artigo 5º, LXX: de direito público.
Artigo 5º, LXX, CF. O mandado de segurança coletivo pode ser d) Competência: Supremo Tribunal Federal, quando a elabo-
impetrado por: a) partido político com representação no Congresso ração de norma regulamentadora for atribuição do Presidente da
Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do
ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados. Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do

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CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
próprio Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “q”, CF); ao Superior Por seu turno, embora no capítulo específico do Título II que abor-
Tribunal de Justiça, quando a elaboração da norma regulamentado- da os direitos sociais não se perceba uma intensa regulamentação
ra for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da ad- destes, à exceção dos direitos trabalhistas, o Título VIII da Constituição
ministração direta ou indireta, excetuados os casos da competên- Federal, que aborda a ordem social, se concentra em trazer norma-
cia do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da tivas mais detalhadas a respeitos de direitos indicados como sociais.
Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal (art.
105, I, “h”, CF); ao Tribunal Superior Eleitoral, quando as decisões 1.1) Direito individual do trabalho
dos Tribunais Regionais Eleitorais denegarem habeas corpus, man- O artigo 7º da Constituição enumera os direitos individuais dos
dado de segurança, habeas data ou mandado de injunção (art. 121, trabalhadores urbanos e rurais. São os direitos individuais tipica-
§4º, V, CF); e aos Tribunais de Justiça Estaduais, frente aos entes a mente trabalhistas, mas que não excluem os demais direitos funda-
ele vinculados. mentais (ex.: honra é um direito no espaço de trabalho, sob pena
e) Procedimento: Regulamentado pela Lei nº 13.300/2016. de se incidir em prática de assédio moral).
Ação Popular Artigo 7º, I, CF. Relação de emprego protegida contra despedi-
Prevê o artigo 5º, LXXIII, CF: da arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar,
que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos.
Artigo 5º, LXXIII, CF. Qualquer cidadão é parte legítima para Significa que a demissão, se não for motivada por justa causa,
propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio pú- assegura ao trabalhador direitos como indenização compensatória,
blico ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade ad- entre outros, a serem arcados pelo empregador.
ministrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, Artigo 7º, II, CF. Seguro-desemprego, em caso de desemprego
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais involuntário.
e do ônus da sucumbência. Sem prejuízo de eventual indenização a ser recebida do empre-
gador, o trabalhador que fique involuntariamente desempregado
a) Origem: Constituição Federal de 1934. – entendendo-se por desemprego involuntário o que tenha origem
b) Escopo: é instrumento de exercício direto da democracia, num acordo de cessação do contrato de trabalho – tem direito ao
permitindo ao cidadão que busque a proteção da coisa pública, ou seguro-desemprego, a ser arcado pela previdência social, que tem
seja, que vise assegurar a preservação dos interesses transindivid- o caráter de assistência financeira temporária.
uais.
Artigo 7º, III, CF. Fundo de garantia do tempo de serviço.
c) Natureza jurídica: trata-se de ação constitucional, que visa
Foi criado em 1967 pelo Governo Federal para proteger o tra-
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o
balhador demitido sem justa causa. O FGTS é constituído de contas
Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e
vinculadas, abertas em nome de cada trabalhador, quando o empre-
ao patrimônio histórico e cultural
gador efetua o primeiro depósito. O saldo da conta vinculada é for-
d) Legitimidade ativa: deve ser cidadão, ou seja, aquele nacion-
mado pelos depósitos mensais efetivados pelo empregador, equiva-
al que esteja no pleno gozo dos direitos políticos.
lentes a 8,0% do salário pago ao empregado, acrescido de atualização
e) Legitimidade passiva: ente da Administração Pública, direta
monetária e juros. Com o FGTS, o trabalhador tem a oportunidade de
ou indireta, ou então pessoa jurídica que de algum modo lide com
formar um patrimônio, que pode ser sacado em momentos especi-
a coisa pública. ais, como o da aquisição da casa própria ou da aposentadoria e em
f) Competência: Será fixada de acordo com a origem do ato ou situações de dificuldades, que podem ocorrer com a demissão sem
omissão a serem impugnados (artigo 5º, Lei nº 4.717/65). justa causa ou em caso de algumas doenças graves.
g) Regulamentação específica: Lei nº 4.717, de 29 de junho de Artigo 7º, IV, CF. Salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente
1965. unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às
h) Procedimento: artigos 7º a 19, Lei nº 4.717/65. de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer,
vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes
1) Direitos sociais periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua
A Constituição Federal, dentro do Título II, aborda no capítulo II vinculação para qualquer fim.
a categoria dos direitos sociais, em sua maioria normas programáti- Trata-se de uma visível norma programática da Constituição que
cas e que necessitam de uma postura interventiva estatal em prol tem por pretensão um salário mínimo que atenda a todas as necessi-
da implementação. dades básicas de uma pessoa e de sua família. Em pesquisa que tomou
Os direitos assegurados nesta categoria encontram menção por parâmetro o preceito constitucional, detectou-se que “o salário
genérica no artigo 6º, CF: mínimo do trabalhador brasileiro deveria ter sido de R$ 2.892,47 em
abril para que ele suprisse suas necessidades básicas e da família, se-
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, gundo estudo divulgado nesta terça-feira, 07, pelo Departamento In-
o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previ- tersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese)” .
dência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência
aos desamparados, na forma desta Constituição. Artigo 7º, V, CF. Piso salarial proporcional à extensão e à com-
plexidade do trabalho.
Trata-se de desdobramento da perspectiva do Estado Social Cada trabalhador, dentro de sua categoria de emprego, seja
de Direito. Em suma, são elencados os direitos humanos de 2ª di- ele professor, comerciário, metalúrgico, bancário, construtor civ-
mensão, notadamente conhecidos como direitos econômicos, soci- il, enfermeiro, recebe um salário base, chamado de Piso Salarial,
ais e culturais. Em resumo, os direitos sociais envolvem prestações que é sua garantia de recebimento dentro de seu grau profission-
positivas do Estado (diferente dos de liberdade, que referem-se à al. O Valor do Piso Salarial é estabelecido em conformidade com a
postura de abstenção estatal), ou seja, políticas estatais que visem data base da categoria, por isso ele é definido em conformidade
consolidar o princípio da igualdade não apenas formalmente, mas com um acordo, ou ainda com um entendimento entre patrão e
materialmente (tratando os desiguais de maneira desigual). trabalhador.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 7º, VI, CF. Irredutibilidade do salário, salvo o disposto Artigo 7º, XIII, CF. duração do trabalho normal não superior a
em convenção ou acordo coletivo. oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a com-
pensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou
O salário não pode ser reduzido, a não ser que anão redução convenção coletiva de trabalho.
implique num prejuízo maior, por exemplo, demissão em massa Artigo 7º, XVI, CF. Remuneração do serviço extraordinário su-
durante uma crise, situações que devem ser negociadas em con- perior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal.
venção ou acordo coletivo. A legislação trabalhista vigente estabelece que a duração nor-
Artigo 7º, VII, CF. Garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, mal do trabalho, salvo os casos especiais, é de 8 (oito) horas diárias
para os que percebem remuneração variável. e 44 (quarenta e quatro) semanais, no máximo. Todavia, poderá a
O salário mínimo é direito de todos os trabalhadores, mesmo jornada diária de trabalho dos empregados maiores ser acrescida
daqueles que recebem remuneração variável (ex.: baseada em de horas suplementares, em número não excedentes a duas, no
comissões por venda e metas); máximo, para efeito de serviço extraordinário, mediante acordo
Artigo 7º, VIII, CF. Décimo terceiro salário com base na remu- individual, acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença norma-
neração integral ou no valor da aposentadoria. tiva. Excepcionalmente, ocorrendo necessidade imperiosa, poderá
Também conhecido como gratificação natalina, foi instituída ser prorrogada além do limite legalmente permitido. A remuner-
no Brasil pela Lei nº 4.090/1962 e garante que o trabalhador receba ação do serviço extraordinário, desde a promulgação da Constitu-
o correspondente a 1/12 (um doze avos) da remuneração por mês ição Federal, deverá constar, obrigatoriamente, do acordo, con-
trabalhado, ou seja, consiste no pagamento de um salário extra ao venção ou sentença normativa, e será, no mínimo, 50% (cinquenta
trabalhador e ao aposentado no final de cada ano. por cento) superior à da hora normal.

Artigo 7º, IX, CF. Remuneração do trabalho noturno superior Artigo 7º, XIV, CF. Jornada de seis horas para o trabalho real-
à do diurno. izado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação
O adicional noturno é devido para o trabalho exercido durante coletiva.
a noite, de modo que cada hora noturna sofre a redução de 7 minu- O constituinte ao estabelecer jornada máxima de 6 horas para
tos e 30 segundos, ou ainda, é feito acréscimo de 12,5% sobre o os turnos ininterruptos de revezamento, expressamente ressalvan-
valor da hora diurna. Considera-se noturno, nas atividades urba- do a hipótese de negociação coletiva, objetivou prestigiar a atu-
nas, o trabalho realizado entre as 22:00 horas de um dia às 5:00 ação da entidade sindical. Entretanto, a jurisprudência evoluiu para
horas do dia seguinte; nas atividades rurais, é considerado noturno uma interpretação restritiva de seu teor, tendo como parâmetro o
o trabalho executado na lavoura entre 21:00 horas de um dia às fato de que o trabalho em turnos ininterruptos é por demais des-
5:00 horas do dia seguinte; e na pecuária, entre 20:00 horas às 4:00 gastante, penoso, além de trazer malefícios de ordem fisiológica
horas do dia seguinte. para o trabalhador, inclusive distúrbios no âmbito psicossocial já
que dificulta o convívio em sociedade e com a própria família.
Artigo 7º, X, CF. Proteção do salário na forma da lei, constituin-
do crime sua retenção dolosa. Artigo 7º, XV, CF. Repouso semanal remunerado, preferencial-
Quanto ao possível crime de retenção de salário, não há no mente aos domingos.
Código Penal brasileiro uma norma que determina a ação de re- O Descanso Semanal Remunerado é de 24 (vinte e quatro) ho-
tenção de salário como crime. Apesar do artigo 7º, X, CF dizer que é ras consecutivas, devendo ser concedido preferencialmente aos
crime a retenção dolosa de salário, o dispositivo é norma de eficácia domingos, sendo garantido a todo trabalhador urbano, rural ou
limitada, pois depende de lei ordinária, ainda mais porque qualquer doméstico. Havendo necessidade de trabalho aos domingos, desde
norma penal incriminadora é regida pela legalidade estrita (artigo que previamente autorizados pelo Ministério do Trabalho, aos tra-
5º, XXXIX, CF). balhadores é assegurado pelo menos um dia de repouso semanal
Artigo 7º, XI, CF. Participação nos lucros, ou resultados, des- remunerado coincidente com um domingo a cada período, depen-
vinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na dendo da atividade (artigo 67, CLT).
gestão da empresa, conforme definido em lei.
A Participação nos Lucros e Resultado (PLR), que é conhecida Artigo 7º, XVII, CF. Gozo de férias anuais remuneradas com,
também por Programa de Participação nos Resultados (PPR), está pelo menos, um terço a mais do que o salário normal.
prevista na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) desde a Lei nº O salário das férias deve ser superior em pelo menos um
10.101, de 19 de dezembro de 2000. Ela funciona como um bônus, terço ao valor da remuneração normal, com todos os adicionais e
que é ofertado pelo empregador e negociado com uma comissão benefícios aos quais o trabalhador tem direito. A cada doze meses
de trabalhadores da empresa. A CLT não obriga o empregador a de trabalho – denominado período aquisitivo – o empregado terá
fornecer o benefício, mas propõe que ele seja utilizado. direito a trinta dias corridos de férias, se não tiver faltado injustifi-
cadamente mais de cinco vezes ao serviço (caso isso ocorra, os dias
Artigo 7º, XII, CF. Salário-família pago em razão do dependente das férias serão diminuídos de acordo com o número de faltas).
do trabalhador de baixa renda nos termos da lei. Artigo 7º, XVIII, CF. Licença à gestante, sem prejuízo do empre-
Salário-família é o benefício pago na proporção do respectivo go e do salário, com a duração de cento e vinte dias.
número de filhos ou equiparados de qualquer condição até a idade O salário da trabalhadora em licença é chamado de salário-ma-
de quatorze anos ou inválido de qualquer idade, independente de ternidade, é pago pelo empregador e por ele descontado dos recol-
carência e desde que o salário-de-contribuição seja inferior ou igual himentos habituais devidos à Previdência Social. A trabalhadora
ao limite máximo permitido. De acordo com a Portaria Interminis- pode sair de licença a partir do último mês de gestação, sendo que
terial MPS/MF nº 19, de 10/01/2014, valor do salário-família será o período de licença é de 120 dias. A Constituição também garante
de R$ 35,00, por filho de até 14 anos incompletos ou inválido, para que, do momento em que se confirma a gravidez até cinco meses
quem ganhar até R$ 682,50. Já para o trabalhador que receber de após o parto, a mulher não pode ser demitida.
R$ 682,51 até R$ 1.025,81, o valor do salário-família por filho de até
14 anos de idade ou inválido de qualquer idade será de R$ 24,66. Artigo 7º, XIX, CF. Licença-paternidade, nos termos fixados em lei.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
O homem tem direito a 5 dias de licença-paternidade para es- adicional de periculosidade será o salário do empregado acrescido
tar mais próximo do bebê recém-nascido e ajudar a mãe nos pro- de 30%, sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou
cessos pós-operatórios. participações nos lucros da empresa.
Artigo 7º, XX, CF. Proteção do mercado de trabalho da mulher, O Tribunal Superior do Trabalho ainda não tem entendimento
mediante incentivos específicos, nos termos da lei. unânime sobre a possibilidade de cumulação destes adicionais.

Embora as mulheres sejam maioria na população de 10 anos Artigo 7º, XXIV, CF. Aposentadoria.
ou mais de idade, elas são minoria na população ocupada, mas es- A aposentadoria é um benefício garantido a todo trabalhador
tão em maioria entre os desocupados. Acrescenta-se ainda, que brasileiro que pode ser usufruído por aquele que tenha contribuído
elas são maioria também na população não economicamente ativa. ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) pelos prazos estip-
Além disso, ainda há relevante diferença salarial entre homens e ulados nas regras da Previdência Social e tenha atingido as idades
mulheres, sendo que os homens recebem mais porque os empre- mínimas previstas. Aliás, o direito à previdência social é considera-
gadores entendem que eles necessitam de um salário maior para do um direito social no próprio artigo 6º, CF.
manter a família. Tais disparidades colocam em evidência que o
mercado de trabalho da mulher deve ser protegido de forma es- Artigo 7º, XXV, CF. Assistência gratuita aos filhos e depend-
pecial. entes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches
e pré-escolas.
Artigo 7º, XXI, CF. Aviso prévio proporcional ao tempo de Todo estabelecimento com mais de 30 funcionárias com mais
serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei. de 16 anos tem a obrigação de oferecer um espaço físico para que
as mães deixem o filho de 0 a 6 meses, enquanto elas trabalham.
Nas relações de emprego, quando uma das partes deseja re- Caso não ofereçam esse espaço aos bebês, a empresa é obrigada a
scindir, sem justa causa, o contrato de trabalho por prazo indeter- dar auxílio-creche a mulher para que ela pague uma creche para o
minado, deverá, antecipadamente, notificar à outra parte, através bebê de até 6 meses. O valor desse auxílio será determinado con-
do aviso prévio. O aviso prévio tem por finalidade evitar a surpresa forme negociação coletiva na empresa (acordo da categoria ou con-
na ruptura do contrato de trabalho, possibilitando ao empregador venção). A empresa que tiver menos de 30 funcionárias registradas
o preenchimento do cargo vago e ao empregado uma nova colo- não tem obrigação de conceder o benefício. É facultativo (ela pode
cação no mercado de trabalho, sendo que o aviso prévio pode ser oferecer ou não). Existe a possibilidade de o benefício ser estendido
trabalhado ou indenizado. até os 6 anos de idade e incluir o trabalhador homem. A duração
do auxílio-creche e o valor envolvido variarão conforme negociação
Artigo 7º, XXII, CF. Redução dos riscos inerentes ao trabalho, coletiva na empresa.
por meio de normas de saúde, higiene e segurança. Artigo 7º, XXVI, CF. Reconhecimento das convenções e acordos
coletivos de trabalho.
Trata-se ao direito do trabalhador a um meio ambiente do tra- Neste dispositivo se funda o direito coletivo do trabalho, que
balho salubre. Fiorillo destaca que o equilíbrio do meio ambiente encontra regulamentação constitucional nos artigo 8º a 11 da Con-
do trabalho está sedimentado na salubridade e na ausência de stituição. Pelas convenções e acordos coletivos, entidades repre-
agentes que possam comprometer a incolumidade físico-psíquica sentativas da categoria dos trabalhadores entram em negociação
dos trabalhadores. com as empresas na defesa dos interesses da classe, assegurando o
respeito aos direitos sociais;
Artigo 7º, XXIII, CF. Adicional de remuneração para as ativi- Artigo 7º, XXVII, CF. Proteção em face da automação, na forma
dades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei. da lei.
Trata-se da proteção da substituição da máquina pelo homem,
Penoso é o trabalho acerbo, árduo, amargo, difícil, molesto, que pode ser feita, notadamente, qualificando o profissional para
trabalhoso, incômodo, laborioso, doloroso, rude, que não é peri- exercer trabalhos que não possam ser desempenhados por uma
goso ou insalubre, mas penosa, exigindo atenção e vigilância acima máquina (ex.: se criada uma máquina que substitui o trabalhador,
do comum. Ainda não há na legislação específica previsão sobre o deve ser ele qualificado para que possa operá-la).
adicional de penosidade. Artigo 7º, XXVIII, CF. Seguro contra acidentes de trabalho, a
São consideradas atividades ou operações insalubres as que se cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está
desenvolvem excesso de limites de tolerância para: ruído contínuo obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.
ou intermitente, ruídos de impacto, exposição ao calor e ao frio, Atualmente, é a Lei nº 8.213/91 a responsável por tratar do
radiações, certos agentes químicos e biológicos, vibrações, umi- assunto e em seus artigos 19, 20 e 21 apresenta a definição de
dade, etc. O exercício de trabalho em condições de insalubridade doenças e acidentes do trabalho. Não se trata de legislação espe-
assegura ao trabalhador a percepção de adicional, incidente sobre cífica sobre o tema, mas sim de uma norma que dispõe sobre as
o salário base do empregado (súmula 228 do TST), ou previsão mais modalidades de benefícios da previdência social. Referida Lei, em
benéfica em Convenção Coletiva de Trabalho, equivalente a 40% seu artigo 19 da preceitua que acidente do trabalho é o que ocorre
(quarenta por cento), para insalubridade de grau máximo; 20% pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício
(vinte por cento), para insalubridade de grau médio; 10% (dez por do trabalho, provocando lesão corporal ou perturbação funcional
cento), para insalubridade de grau mínimo. que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou tem-
O adicional de periculosidade é um valor devido ao emprega- porária, da capacidade para o trabalho.
do exposto a atividades perigosas. São consideradas atividades ou Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) é uma contribuição com
operações perigosas, aquelas que, por sua natureza ou métodos natureza de tributo que as empresas pagam para custear benefícios
de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição do INSS oriundos de acidente de trabalho ou doença ocupacion-
permanente do trabalhador a inflamáveis, explosivos ou energia al, cobrindo a aposentadoria especial. A alíquota normal é de um,
elétrica; e a roubos ou outras espécies de violência física nas ativi- dois ou três por cento sobre a remuneração do empregado, mas as
dades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. O valor do empresas que expõem os trabalhadores a agentes nocivos quím-

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CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
icos, físicos e biológicos precisam pagar adicionais diferenciados. principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas
Assim, quanto maior o risco, maior é a alíquota, mas atualmente o peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII,
Ministério da Previdência Social pode alterar a alíquota se a empre- bem como a sua integração à previdência social.
sa investir na segurança do trabalho. 1.2) Direito coletivo do trabalho
Neste sentido, nada impede que a empresa seja responsabi- Os artigos 8º a 11 trazem os direitos sociais coletivos dos
lizada pelos acidentes de trabalho, indenizando o trabalhador. trabalhadores, que são os exercidos pelos trabalhadores, coleti-
Na atualidade entende-se que a possibilidade de cumulação do vamente ou no interesse de uma coletividade, quais sejam: asso-
benefício previdenciário, assim compreendido como prestação ga- ciação profissional ou sindical, greve, substituição processual, par-
rantida pelo Estado ao trabalhador acidentado (responsabilidade ticipação e representação classista .
objetiva) com a indenização devida pelo empregador em caso de A liberdade de associação profissional ou sindical tem escopo
culpa (responsabilidade subjetiva), é pacífica, estando amplamente no artigo 8º, CF:
difundida na jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho; Art. 8º, CF. É livre a associação profissional ou sindical, obser-
Artigo 7º, XXIX, CF. Ação, quanto aos créditos resultantes das vado o seguinte:
relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação
os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas
extinção do contrato de trabalho. ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização
Prescrição é a perda da pretensão de buscar a tutela jurisdi- sindical;
cional para assegurar direitos violados. Sendo assim, há um perío- II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical,
do de tempo que o empregado tem para requerer seu direito na em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou
Justiça do Trabalho. A prescrição trabalhista é sempre de 2 (dois) econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos tra-
anos a partir do término do contrato de trabalho, atingindo as balhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferi-
parcelas relativas aos 5 (cinco) anos anteriores, ou de 05 (cinco) or à área de um Município;
anos durante a vigência do contrato de trabalho. III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses cole-
Artigo 7º, XXX, CF. Proibição de diferença de salários, de ex- tivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou
ercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo,
administrativas;
idade, cor ou estado civil.
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratan-
Há uma tendência de se remunerar melhor homens brancos
do de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio
na faixa dos 30 anos que sejam casados, sendo patente a diferença
do sistema confederativo da representação sindical respectiva, in-
remuneratória para com pessoas de diferente etnia, faixa etária ou
dependentemente da contribuição prevista em lei;
sexo. Esta distinção atenta contra o princípio da igualdade e não
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a
é aceita pelo constituinte, sendo possível inclusive invocar a eq-
sindicato;
uiparação salarial judicialmente.
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações
Artigo 7º, XXXI, CF. Proibição de qualquer discriminação no to-
cante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de coletivas de trabalho;
deficiência. VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas
A pessoa portadora de deficiência, dentro de suas limitações, organizações sindicais;
possui condições de ingressar no mercado de trabalho e não pode VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a par-
ser preterida meramente por conta de sua deficiência. tir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação
Artigo 7º, XXXII, CF. Proibição de distinção entre trabalho man- sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do
ual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos. mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.
Os trabalhos manuais, técnicos e intelectuais são igualmente Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à or-
relevantes e contribuem todos para a sociedade, não cabendo a ganização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendi-
desvalorização de um trabalho apenas por se enquadrar numa ou das as condições que a lei estabelecer.
outra categoria.
Artigo 7º, XXXIII, CF. proibição de trabalho noturno, perigoso O direito de greve, por seu turno, está previsto no artigo 9º, CF:
ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a meno- Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos tra-
res de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de balhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os
quatorze anos. interesses que devam por meio dele defender.
Trata-se de norma protetiva do adolescente, estabelecendo-se § 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá
uma idade mínima para trabalho e proibindo-se o trabalho em sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
condições desfavoráveis. § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas
Artigo 7º, XXXIV, CF. Igualdade de direitos entre o trabalhador da lei.
com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso. A respeito, conferir a Lei nº 7.783/89, que dispõe sobre o ex-
Avulso é o trabalhador que presta serviço a várias empresas, ercício do direito de greve, define as atividades essenciais, regula o
mas é contratado por sindicatos e órgãos gestores de mão-de-obra, atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, e dá out-
possuindo os mesmos direitos que um trabalhador com vínculo em- ras providências. Enquanto não for disciplinado o direito de greve
pregatício permanente. dos servidores públicos, esta é a legislação que se aplica, segundo
A Emenda Constitucional nº 72/2013, conhecida como PEC das o STF.
domésticas, deu nova redação ao parágrafo único do artigo 7º:
Artigo 7º, parágrafo único, CF. São assegurados à categoria dos O direito de participação é previsto no artigo 10, CF:
trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, Artigo 10, CF. É assegurada a participação dos trabalhadores e
VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus in-
XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e ob- teresses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão
servada a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, e deliberação.

18
CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
Por fim, aborda-se o direito de representação classista no ar- 2.2) Naturalidade e naturalização
tigo 11, CF: O artigo 12 da Constituição Federal estabelece quem são os
Artigo 11, CF. Nas empresas de mais de duzentos empregados, nacionais brasileiros, dividindo-os em duas categorias: natos e nat-
é assegurada a eleição de um representante destes com a finali- uralizados. Percebe-se que naturalidade é diferente de nacionali-
dade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os dade – naturalidade é apenas o local de nascimento, nacionalidade
empregadores. é um efetivo vínculo com o Estado.
Uma pessoa pode ser considerada nacional brasileira tanto por
2) Nacionalidade ter nascido no território brasileiro quanto por voluntariamente se
O capítulo III do Título II aborda a nacionalidade, que vem a ser naturalizar como brasileiro, como se percebe no teor do artigo 12,
corolário dos direitos políticos, já que somente um nacional pode CF. O estrangeiro, num conceito tomado à base de exclusão, é todo
adquirir direitos políticos. aquele que não é nacional brasileiro.
Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga um indivíduo
a determinado Estado, fazendo com que ele passe a integrar o povo a) Brasileiros natos
daquele Estado, desfrutando assim de direitos e obrigações. Art. 12, CF. São brasileiros:
Povo é o conjunto de nacionais. Por seu turno, povo não é a I - natos:
mesma coisa que população. População é o conjunto de pessoas a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de
residentes no país – inclui o povo, os estrangeiros residentes no pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu
país e os apátridas. país;
2.1) Nacionalidade como direito humano fundamental b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasilei-
Os direitos humanos internacionais são completamente con- ra, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federa-
trários à ideia do apátrida – ou heimatlos –, que é o indivíduo que tiva do Brasil;
não possui o vínculo da nacionalidade com nenhum Estado. Logo, a c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe bra-
nacionalidade é um direito da pessoa humana, o qual não pode ser sileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira com-
privado de forma arbitrária. Não há privação arbitrária quando res- petente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e
peitados os critérios legais previstos no texto constitucional no que optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
tange à perda da nacionalidade. Em outras palavras, o constituinte nacionalidade brasileira.
brasileiro não admite a figura do apátrida. Tradicionalmente, são possíveis dois critérios para a atribuição
Contudo, é exatamente por ser um direito que a nacionalidade da nacionalidade primária – nacional nato –, notadamente: ius soli,
não pode ser uma obrigação, garantindo-se à pessoa o direito de direito de solo, o nacional nascido em território do país indepen-
deixar de ser nacional de um país e passar a sê-lo de outro, mu- dentemente da nacionalidade dos pais; e ius sanguinis, direito de
dando de nacionalidade, por um processo conhecido como natu- sangue, que não depende do local de nascimento mas sim da de-
ralização. scendência de um nacional do país (critério comum em países que
Prevê a Declaração Universal dos Direitos Humanos em seu tiveram êxodo de imigrantes).
artigo 15: “I) Todo homem tem direito a uma nacionalidade. II) Nin- O brasileiro nato, primeiramente, é aquele que nasce no ter-
guém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do ritório brasileiro – critério do ius soli, ainda que filho de pais es-
direito de mudar de nacionalidade”. trangeiros, desde que não sejam estrangeiros que estejam a serviço
A Convenção Americana sobre Direitos Humanos aprofunda-se de seu país ou de organismo internacional (o que geraria um con-
em meios para garantir que toda pessoa tenha uma nacionalidade flito de normas). Contudo, também é possível ser brasileiro nato
desde o seu nascimento ao adotar o critério do jus solis, explic- ainda que não se tenha nascido no território brasileiro.
itando que ao menos a pessoa terá a nacionalidade do território No entanto, a Constituição reconhece o brasileiro nato também
onde nasceu, quando não tiver direito a outra nacionalidade por pelo critério do ius sanguinis. Se qualquer dos pais estiver a serviço
previsões legais diversas. do Brasil, é considerado brasileiro nato, mesmo que nasça em out-
“Nacionalidade é um direito fundamental da pessoa humana. ro país. Se qualquer dos pais não estiverem a serviço do Brasil e a
Todos a ela têm direito. A nacionalidade de um indivíduo não pode pessoa nascer no exterior é exigido que o nascido do exterior venha
ficar ao mero capricho de um governo, de um governante, de um ao território brasileiro e aqui resida ou que tenha sido registrado
poder despótico, de decisões unilaterais, concebidas sem regras em repartição competente, caso em que poderá, aos 18 anos, man-
prévias, sem o contraditório, a defesa, que são princípios funda- ifestar-se sobre desejar permanecer com a nacionalidade brasileira
mentais de todo sistema jurídico que se pretenda democrático. A ou não.
questão não pode ser tratada com relativismos, uma vez que é mui-
to séria” . b) Brasileiros naturalizados
Não obstante, tem-se no âmbito constitucional e internacion-
al a previsão do direito de asilo, consistente no direito de buscar Art. 12, CF. São brasileiros: [...]
abrigo em outro país quando naquele do qual for nacional estiver II - naturalizados:
sofrendo alguma perseguição. Tal perseguição não pode ter mo- a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasilei-
tivos legítimos, como a prática de crimes comuns ou de atos at- ra, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas
entatórios aos princípios das Nações Unidas, o que subverteria a residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
própria finalidade desta proteção. Em suma, o que se pretende b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na
com o direito de asilo é evitar a consolidação de ameaças a direi- República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterrup-
tos humanos de uma pessoa por parte daqueles que deveriam pro- tos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade
tegê-los – isto é, os governantes e os entes sociais como um todo –, brasileira.
e não proteger pessoas que justamente cometeram tais violações.
A naturalização deve ser voluntária e expressa.
O Estatuto do Estrangeiro, Lei nº 6.815/1980, rege a questão
da naturalização em mais detalhes, prevendo no artigo 112:

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CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 112, Lei nº 6.815/1980. São condições para a concessão da ente este assume o Presidente da Câmara; também este ausente,
naturalização: em seguida, exerce o cargo o Presidente do Senado; e, por fim, o
I - capacidade civil, segundo a lei brasileira; Presidente do Supremo pode assumir a presidência na ausência
II - ser registrado como permanente no Brasil; dos anteriores – e como o Presidente do Supremo é escolhido num
III - residência contínua no território nacional, pelo prazo mín- critério de revezamento nenhum membro pode ser naturalizado);
imo de quatro anos, imediatamente anteriores ao pedido de natu- ou a de que o cargo ocupado possui forte impacto em termos de
ralização; representação do país ou de segurança nacional.
IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as Outras exceções são: não aceitação, em regra, de brasileiro
condições do naturalizando; naturalizado como membro do Conselho da República (artigos 89 e
V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à ma- 90, CF); impossibilidade de ser proprietário de empresa jornalística,
nutenção própria e da família; de radiodifusão sonora e imagens, salvo se já naturalizado há 10
VI - bom procedimento; anos (artigo 222, CF); possibilidade de extradição do brasileiro nat-
VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação no uralizado que tenha praticado crime comum antes da naturalização
Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja cominada pena ou, depois dela, crime de tráfico de drogas (artigo 5º, LI, CF).
mínima de prisão, abstratamente considerada, superior a 1 (um)
ano; e 2.3) Quase-nacionalidade: caso dos portugueses
VIII - boa saúde. Nos termos do artigo 12, § 1º, CF:

Destaque vai para o requisito da residência contínua. Em re- Artigo 12, §1º, CF. Aos portugueses com residência perma-
gra, o estrangeiro precisa residir no país por 4 anos contínuos, con- nente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros,
forme o inciso III do referido artigo 112. No entanto, por previsão serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos
constitucional do artigo 12, II, “a”, se o estrangeiro foi originário previstos nesta Constituição.
de país com língua portuguesa o prazo de residência contínua é re-
duzido para 1 ano. Daí se afirmar que o constituinte estabeleceu É uma regra que só vale se os brasileiros receberem o mes-
a naturalização ordinária no artigo 12, II, “b” e a naturalização ex- mo tratamento, questão regulamentada pelo Tratado de Amizade,
traordinária no artigo 12, II, “a”. Cooperação e Consulta entre a República Federativa do Brasil e a
Outra diferença sensível é que à naturalização ordinária se apli- República Portuguesa, assinado em 22 de abril de 2000 (Decreto
ca o artigo 121 do Estatuto do Estrangeiro, segundo o qual “a satis- nº 3.927/2001).
fação das condições previstas nesta Lei não assegura ao estrangei- As vantagens conferidas são: igualdade de direitos civis, não
ro direito à naturalização”. Logo, na naturalização ordinária não há sendo considerado um estrangeiro; gozo de direitos políticos se re-
direito subjetivo à naturalização, mesmo que preenchidos todos os sidir há 3 anos no país, autorizando-se o alistamento eleitoral. No
requisitos. Trata-se de ato discricionário do Ministério da Justiça. O caso de exercício dos direitos políticos nestes moldes, os direitos
mesmo não vale para a naturalização extraordinária, quando há di- desta natureza ficam suspensos no outro país, ou seja, não exerce
reito subjetivo, cabendo inclusive a busca do Poder Judiciário para simultaneamente direitos políticos nos dois países.
fazê-lo valer .
2.4) Perda da nacionalidade
c) Tratamento diferenciado Artigo 12, § 4º, CF. Será declarada a perda da nacionalidade do
A regra é que todo nacional brasileiro, seja ele nato ou natural- brasileiro que:
izado, deverá receber o mesmo tratamento. Neste sentido, o artigo I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em
12, § 2º, CF: virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
Artigo 12, §2º, CF. A lei não poderá estabelecer distinção entre a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei es-
brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta trangeira;
Constituição. b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao
brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para
Percebe-se que a Constituição simultaneamente estabelece a permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.
não distinção e se reserva ao direito de estabelecer as hipóteses de
distinção. A respeito do inciso I do §4º do artigo 12, a Lei nº 818, de 18
Algumas destas hipóteses de distinção já se encontram enu- de setembro de 1949 regula a aquisição, a perda e a reaquisição da
meradas no parágrafo seguinte. nacionalidade, e a perda dos direitos políticos. No processo deve
ser respeitado o contraditório e a iniciativa de propositura é do
Artigo 12, § 3º, CF. São privativos de brasileiro nato os cargos: Procurador da República.
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; No que tange ao inciso II do parágrafo em estudo, percebe-se
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; a aceitação da figura do polipátrida. Na alínea “a” aceita-se que a
III - de Presidente do Senado Federal; pessoa tenha nacionalidade brasileira e outra se ao seu nascimento
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; tiver adquirido simultaneamente a nacionalidade do Brasil e outro
V - da carreira diplomática; país; na alínea “b” é reconhecida a mesma situação se a aquisição
VI - de oficial das Forças Armadas; da nacionalidade do outro país for uma exigência para continuar lá
VII - de Ministro de Estado da Defesa. permanecendo ou exercendo seus direitos civis, pois se assim não
o fosse o brasileiro seria forçado a optar por uma nacionalidade e,
A lógica do dispositivo é a de que qualquer pessoa no exercício provavelmente, se ver privado da nacionalidade brasileira.
da presidência da República ou de cargo que possa levar a esta
posição provisoriamente deve ser natural do país (ausente o Presi-
dente da República, seu vice-presidente desempenha o cargo; aus-

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CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
2.5) Deportação, expulsão e entrega Art. 76. A extradição poderá ser concedida quando o governo
A deportação representa a devolução compulsória de um es- requerente se fundamentar em tratado, ou quando prometer ao
trangeiro que tenha entrado ou esteja de forma irregular no terri- Brasil a reciprocidade.
tório nacional, estando prevista na Lei nº 6.815/1980, em seus arti-
gos 57 e 58. Neste caso, não houve prática de qualquer ato nocivo Art. 77. Não se concederá a extradição quando:
ao Brasil, havendo, pois, mera irregularidade de visto. I - se tratar de brasileiro, salvo se a aquisição dessa nacionali-
A expulsão é a retirada “à força” do território brasileiro de um dade verificar-se após o fato que motivar o pedido;
estrangeiro que tenha praticado atos tipificados no artigo 65 e seu II - o fato que motivar o pedido não for considerado crime no
parágrafo único, ambos da Lei nº 6.815/1980: Brasil ou no Estado requerente;
III - o Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar o
Art. 65, Lei nº 6.815/1980. É passível de expulsão o estrangei- crime imputado ao extraditando;
ro que, de qualquer forma, atentar contra a segurança nacional, a IV - a lei brasileira impuser ao crime a pena de prisão igual ou
ordem política ou social, a tranquilidade ou moralidade pública e a inferior a 1 (um) ano;
economia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo à conven- V - o extraditando estiver a responder a processo ou já houver
iência e aos interesses nacionais. sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato em que se
Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o estrangeiro fundar o pedido;
que: VI - estiver extinta a punibilidade pela prescrição segundo a lei
a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou permanência brasileira ou a do Estado requerente;
no Brasil; VII - o fato constituir crime político; e
b) havendo entrado no território nacional com infração à lei, VIII - o extraditando houver de responder, no Estado requer-
dele não se retirar no prazo que lhe for determinado para fazê-lo, ente, perante Tribunal ou Juízo de exceção.
não sendo aconselhável a deportação; § 1° A exceção do item VII não impedirá a extradição quando
c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou o fato constituir, principalmente, infração da lei penal comum, ou
d) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei para quando o crime comum, conexo ao delito político, constituir o fato
estrangeiro. principal.
§ 2º Caberá, exclusivamente, ao Supremo Tribunal Federal, a
A entrega (ou surrender) consiste na submissão de um nacion- apreciação do caráter da infração.
al a um tribunal internacional do qual o próprio país faz parte. É § 3° O Supremo Tribunal Federal poderá deixar de considerar
o que ocorreria, por exemplo, se o Brasil entregasse um brasileiro crimes políticos os atentados contra Chefes de Estado ou quaisquer
para julgamento pelo Tribunal Penal Internacional (competência autoridades, bem assim os atos de anarquismo, terrorismo, sab-
reconhecida na própria Constituição no artigo 5º, §4º). otagem, sequestro de pessoa, ou que importem propaganda de
guerra ou de processos violentos para subverter a ordem política
2.6) Extradição ou social.
A extradição é ato diverso da deportação, da expulsão e da en-
trega. Extradição é um ato de cooperação internacional que con- Art. 78. São condições para concessão da extradição:
siste na entrega de uma pessoa, acusada ou condenada por um ou I - ter sido o crime cometido no território do Estado requerente
mais crimes, ao país que a reclama. O Brasil, sob hipótese alguma, ou serem aplicáveis ao extraditando as leis penais desse Estado; e
extraditará brasileiros natos mas quanto aos naturalizados assim II - existir sentença final de privação de liberdade, ou estar a
permite caso tenham praticado crimes comuns (exceto crimes prisão do extraditando autorizada por Juiz, Tribunal ou autoridade
políticos e/ou de opinião) antes da naturalização, ou, mesmo de- competente do Estado requerente, salvo o disposto no artigo 82.
pois da naturalização, em caso de envolvimento com o tráfico ilícito
de entorpecentes (artigo 5º, LI e LII, CF). Art. 79. Quando mais de um Estado requerer a extradição da
Aplicam-se os seguintes princípios à extradição: mesma pessoa, pelo mesmo fato, terá preferência o pedido daque-
a) Princípio da Especialidade: Significa que o estrangeiro só le em cujo território a infração foi cometida.
pode ser julgado pelo Estado requerente pelo crime objeto do pedi- § 1º Tratando-se de crimes diversos, terão preferência, suces-
do de extradição. O importante é que o extraditado só seja subme- sivamente:
tido às penas relativas aos crimes que foram objeto do pedido de I - o Estado requerente em cujo território haja sido cometido o
extradição. crime mais grave, segundo a lei brasileira;
b) Princípio da Dupla Punibilidade: O fato praticado deve ser II - o que em primeiro lugar houver pedido a entrega do extra-
punível no Estado requerente e no Brasil. Logo, além do fato ser ditando, se a gravidade dos crimes for idêntica; e
típico em ambos os países, deve ser punível em ambos (se houve III - o Estado de origem, ou, na sua falta, o domiciliar do extra-
prescrição em algum dos países, p. ex., não pode ocorrer a ex- ditando, se os pedidos forem simultâneos.
tradição). § 2º Nos casos não previstos decidirá sobre a preferência o
c) Princípio da Retroatividade dos Tratados: O fato de um trata- Governo brasileiro.
do de extradição entre dois países ter sido celebrado após a ocor- § 3º Havendo tratado ou convenção com algum dos Estados
rência do crime não impede a extradição. requerentes, prevalecerão suas normas no que disserem respeito à
d) Princípio da Comutação da Pena (Direitos Humanos): Se o preferência de que trata este artigo.
crime for apenado por qualquer das penas vedadas pelo artigo 5º, Art. 80.A extradição será requerida por via diplomática ou,
XLVII da CF, a extradição não será autorizada, salvo se houver a quando previsto em tratado, diretamente ao Ministério da Justiça,
comutação da pena, transformação para uma pena aceita no Brasil. devendo o pedido ser instruído com a cópia autêntica ou a certidão
Por ser tema incidente, vale observar a disciplina da Lei nº da sentença condenatória ou decisão penal proferida por juiz ou
6.815/1980 a respeito da extradição e de seu procedimento: autoridade competente.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 1oO pedido deverá ser instruído com indicações precisas so- § 3º O prazo referido no parágrafo anterior correrá da data da
bre o local, a data, a natureza e as circunstâncias do fato criminoso, notificação que o Ministério das Relações Exteriores fizer à Missão
a identidade do extraditando e, ainda, cópia dos textos legais sobre Diplomática do Estado requerente.
o crime, a competência, a pena e sua prescrição. Art. 86. Concedida a extradição, será o fato comunicado através
§ 2oO encaminhamento do pedido pelo Ministério da Justiça do Ministério das Relações Exteriores à Missão Diplomática do Es-
ou por via diplomática confere autenticidade aos documentos. tado requerente que, no prazo de sessenta dias da comunicação,
§ 3oOs documentos indicados neste artigo serão acompanha- deverá retirar o extraditando do território nacional.
dos de versão feita oficialmente para o idioma português. Art. 87. Se o Estado requerente não retirar o extraditando do
território nacional no prazo do artigo anterior, será ele posto em
Art. 81.O pedido, após exame da presença dos pressupostos liberdade, sem prejuízo de responder a processo de expulsão, se o
formais de admissibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado, será motivo da extradição o recomendar.
encaminhado pelo Ministério da Justiça ao Supremo Tribunal Fed- Art. 88. Negada a extradição, não se admitirá novo pedido ba-
eral. seado no mesmo fato.
Parágrafo único.Não preenchidos os pressupostos de que trata Art. 89. Quando o extraditando estiver sendo processado, ou
o caput, o pedido será arquivado mediante decisão fundamenta- tiver sido condenado, no Brasil, por crime punível com pena priva-
da do Ministro de Estado da Justiça, sem prejuízo de renovação do
tiva de liberdade, a extradição será executada somente depois da
pedido, devidamente instruído, uma vez superado o óbice apon-
conclusão do processo ou do cumprimento da pena, ressalvado,
tado.
entretanto, o disposto no artigo 67.
Art. 82.O Estado interessado na extradição poderá, em caso de
urgência e antes da formalização do pedido de extradição, ou con- Parágrafo único. A entrega do extraditando ficará igualmente
juntamente com este, requerer a prisão cautelar do extraditando adiada se a efetivação da medida puser em risco a sua vida por
por via diplomática ou, quando previsto em tratado, ao Ministério causa de enfermidade grave comprovada por laudo médico oficial.
da Justiça, que, após exame da presença dos pressupostos formais Art. 90. O Governo poderá entregar o extraditando ainda que
de admissibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado, representará responda a processo ou esteja condenado por contravenção.
ao Supremo Tribunal Federal.(Redação dada pela Lei nº 12.878, de Art. 91. Não será efetivada a entrega sem que o Estado requer-
2013) ente assuma o compromisso:
§ 1oO pedido de prisão cautelar noticiará o crime cometido e I - de não ser o extraditando preso nem processado por fatos
deverá ser fundamentado, podendo ser apresentado por correio, anteriores ao pedido;
fax, mensagem eletrônica ou qualquer outro meio que assegure II - de computar o tempo de prisão que, no Brasil, foi imposta
a comunicação por escrito.(Redação dada pela Lei nº 12.878, de por força da extradição;
2013) III - de comutar em pena privativa de liberdade a pena corporal
§ 2oO pedido de prisão cautelar poderá ser apresentado ao ou de morte, ressalvados, quanto à última, os casos em que a lei
Ministério da Justiça por meio da Organização Internacional de brasileira permitir a sua aplicação;
Polícia Criminal (Interpol), devidamente instruído com a documen- IV - de não ser o extraditando entregue, sem consentimento do
tação comprobatória da existência de ordem de prisão proferida Brasil, a outro Estado que o reclame; e
por Estado estrangeiro.(Redação dada pela Lei nº 12.878, de 2013) V - de não considerar qualquer motivo político, para agravar
§ 3oO Estado estrangeiro deverá, no prazo de 90 (noventa) a pena.
dias contado da data em que tiver sido cientificado da prisão do ex- Art. 92. A entrega do extraditando, de acordo com as leis bra-
traditando, formalizar o pedido de extradição. (Redação dada pela sileiras e respeitado o direito de terceiro, será feita com os objetos
Lei nº 12.878, de 2013) e instrumentos do crime encontrados em seu poder.
§ 4oCaso o pedido não seja formalizado no prazo previsto no § Parágrafo único. Os objetos e instrumentos referidos neste
3o, o extraditando deverá ser posto em liberdade, não se admitin- artigo poderão ser entregues independentemente da entrega do
do novo pedido de prisão cautelar pelo mesmo fato sem que a ex- extraditando.
tradição haja sido devidamente requerida. (Redação dada pela Lei
Art. 93. O extraditando que, depois de entregue ao Estado re-
nº 12.878, de 2013)
querente, escapar à ação da Justiça e homiziar-se no Brasil, ou por
Art. 83. Nenhuma extradição será concedida sem prévio pro-
ele transitar, será detido mediante pedido feito diretamente por
nunciamento do Plenário do Supremo Tribunal Federal sobre sua
legalidade e procedência, não cabendo recurso da decisão. via diplomática, e de novo entregue sem outras formalidades.
Art. 84. Efetivada a prisão do extraditando (artigo 81), o pedido Art. 94. Salvo motivo de ordem pública, poderá ser permitido,
será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal. pelo Ministro da Justiça, o trânsito, no território nacional, de pes-
Parágrafo único. A prisão perdurará até o julgamento final do soas extraditadas por Estados estrangeiros, bem assim o da respec-
Supremo Tribunal Federal, não sendo admitidas a liberdade vigia- tiva guarda, mediante apresentação de documentos comprobatóri-
da, a prisão domiciliar, nem a prisão albergue. os de concessão da medida.
Art. 85. Ao receber o pedido, o Relator designará dia e hora 2.7) Idioma e símbolos
para o interrogatório do extraditando e, conforme o caso, dar-lhe-á Art. 13, CF. A língua portuguesa é o idioma oficial da República
curador ou advogado, se não o tiver, correndo do interrogatório o Federativa do Brasil.
prazo de dez dias para a defesa. § 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira,
§ 1º A defesa versará sobre a identidade da pessoa reclamada, o hino, as armas e o selo nacionais.
defeito de forma dos documentos apresentados ou ilegalidade da § 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter
extradição. símbolos próprios.
§ 2º Não estando o processo devidamente instruído, o Tri- Idioma é a língua falada pela população, que confere caráter
bunal, a requerimento do Procurador-Geral da República, poderá diferenciado em relação à população do resto do mundo. Sendo
converter o julgamento em diligência para suprir a falta no prazo assim, é manifestação social e cultural de uma nação.
improrrogável de 60 (sessenta) dias, decorridos os quais o pedido Os símbolos, por sua vez, representam a imagem da nação e
será julgado independentemente da diligência. permitem o seu reconhecimento nacional e internacionalmente.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
Por esta intrínseca relação com a nacionalidade, a previsão é Artigo 14, § 1º, CF. O alistamento eleitoral e o voto são:
feito dentro do capítulo do texto constitucional que aborda o tema. I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
3) Direitos políticos II - facultativos para:
Como mencionado, a nacionalidade é corolário dos direitos a) os analfabetos;
políticos, já que somente um nacional pode adquirir direitos políti- b) os maiores de setenta anos;
cos. No entanto, nem todo nacional é titular de direitos políticos. c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
Os nacionais que são titulares de direitos políticos são denomina-
dos cidadãos. Significa afirmar que nem todo nacional brasileiro é No mais, esta obrigatoriedade se aplica aos nacionais brasilei-
um cidadão brasileiro, mas somente aquele que for titular do dire- ros, já que, nos termos do artigo 14, §2º, CF:
ito de sufrágio universal. Artigo 14, §2º, CF. Não podem alistar-se como eleitores os es-
3.1) Sufrágio universal trangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, os
A primeira parte do artigo 14, CF, prevê que “a soberania pop- conscritos.
ular será exercida pelo sufrágio universal [...]”. Quanto aos conscritos, são aqueles que estão prestando
Sufrágio universal é a soma de duas capacidades eleitorais, a serviço militar obrigatório, pois são necessárias tropas disponíveis
capacidade ativa – votar e exercer a democracia direta – e a ca- para os dias da eleição.
pacidade passiva – ser eleito como representante no modelo da 3.4) Elegibilidade
democracia indireta. Ou ainda, sufrágio universal é o direito de to- O artigo 14, §§ 3º e 4º, CF, descrevem as condições de elegib-
dos cidadãos de votar e ser votado. O voto, que é o ato pelo qual se ilidade, ou seja, os requisitos que devem ser preenchidos para que
exercita o sufrágio, deverá ser direto e secreto. uma pessoa seja eleita, no exercício de sua capacidade passiva do
Para ter capacidade passiva é necessário ter a ativa, mas não sufrágio universal.
apenas isso, há requisitos adicionais. Sendo assim, nem toda pes- Artigo 14, § 3º, CF. São condições de elegibilidade, na forma
soa que tem capacidade ativa tem também capacidade passiva, da lei:
embora toda pessoa que tenha capacidade passiva tenha neces- I - a nacionalidade brasileira;
sariamente a ativa. II - o pleno exercício dos direitos políticos;
3.2) Democracia direta e indireta III - o alistamento eleitoral;
Art. 14, CF. A soberania popular será exercida pelo sufrágio IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, V - a filiação partidária;
e, nos termos da lei, mediante: VI - a idade mínima de:
I - plebiscito; a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da
II - referendo; República e Senador;
III - iniciativa popular b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e
A democracia brasileira adota a modalidade semidireta, porque do Distrito Federal;
possibilita a participação popular direta no poder por intermédio c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual
de processos como o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular. ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
Como são hipóteses restritas, pode-se afirmar que a democracia in- d) dezoito anos para Vereador.
direta é predominantemente adotada no Brasil, por meio do sufrá- Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os analfabe-
gio universal e do voto direto e secreto com igual valor para todos. tos.
Quanto ao voto direto e secreto, trata-se do instrumento para o Dos incisos I a III denotam-se requisitos correlatos à nacional-
exercício da capacidade ativa do sufrágio universal. idade e à titularidade de direitos políticos. Logo, para ser eleito é
Por seu turno, o que diferencia o plebiscito do referendo é o preciso ser cidadão.
momento da consulta à população: no plebiscito, primeiro se con- O domicílio eleitoral é o local onde a pessoa se alista como
sulta a população e depois se toma a decisão política; no referendo, eleitor e, em regra, é no município onde reside, mas pode não o
primeiro se toma a decisão política e depois se consulta a popu- ser caso analisados aspectos como o vínculo de afeto com o local
lação. Embora os dois partam do Congresso Nacional, o plebiscito (ex.: Presidente Dilma vota em Porto Alegre – RS, embora resida
é convocado, ao passo que o referendo é autorizado (art. 49, XV, em Brasília – DF). Sendo assim, para se candidatar a cargo no mu-
CF), ambos por meio de decreto legislativo. O que os assemelha nicípio, deve ter domicílio eleitoral nele; para se candidatar a cargo
é que os dois são “formas de consulta ao povo para que delibere no estado, deve ter domicílio eleitoral em um de seus municípios;
sobre matéria de acentuada relevância, de natureza constitucional, para se candidatar a cargo nacional, deve ter domicílio eleitoral em
legislativa ou administrativa” . uma das unidades federadas do país. Aceita-se a transferência do
Na iniciativa popular confere-se à população o poder de apre- domicílio eleitoral ao menos 1 ano antes das eleições.
sentar projeto de lei à Câmara dos Deputados, mediante assinatura A filiação partidária implica no lançamento da candidatura por
de 1% do eleitorado nacional, distribuído por 5 Estados no mínimo, um partido político, não se aceitando a filiação avulsa.
com não menos de 0,3% dos eleitores de cada um deles. Em com- Finalmente, o §3º do artigo 14, CF, coloca o requisito etário,
plemento, prevê o artigo 61, §2°, CF: com faixa etária mínima para o desempenho de cada uma das
Art. 61, § 2º, CF. A iniciativa popular pode ser exercida pela funções, a qual deve ser auferida na data da posse.
apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito 3.5) Inelegibilidade
por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído Atender às condições de elegibilidade é necessário para poder
pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por ser eleito, mas não basta. Além disso, é preciso não se enquadrar
cento dos eleitores de cada um deles. em nenhuma das hipóteses de inelegibilidade.
3.3) Obrigatoriedade do alistamento eleitoral e do voto A inelegibilidade pode ser absoluta ou relativa. Na absoluta,
O alistamento eleitoral e o voto para os maiores de dezoito são atingidos todos os cargos; nas relativas, são atingidos determi-
anos são, em regra, obrigatórios. Há facultatividade para os anal- nados cargos.
fabetos, os maiores de setenta anos e os maiores de dezesseis e Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os anal-
menores de dezoito anos. fabetos.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
O artigo 14, §4º, CF traz duas hipóteses de inelegibilidade, que Artigo 14, §9º, CF. Lei complementar estabelecerá outros casos
são absolutas, atingem todos os cargos. Para ser elegível é preciso de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a
ser alfabetizado (os analfabetos têm a faculdade de votar, mas não probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato
podem ser votados) e é preciso possuir a capacidade eleitoral ativa considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legit-
– poder votar (inalistáveis são aqueles que não podem tirar o título imidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o
de eleitor, portanto, não podem votar, notadamente: os estrangei- abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração
ros e os conscritos durante o serviço militar obrigatório). direta ou indireta.
Artigo 14, §5º, CF. O Presidente da República, os Governadores O rol constitucional de inelegibilidades dos parágrafos do ar-
de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver suce- tigo 14 não é taxativo, pois lei complementar pode estabelecer
dido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos outros casos, tanto de inelegibilidades absolutas como de ineleg-
para um único período subsequente. ibilidades relativas. Neste sentido, a Lei Complementar nº 64, de
Descreve-se no dispositivo uma hipótese de inelegibilidade rel- 18 de maio de 1990, estabelece casos de inelegibilidade, prazos de
ativa. Se um Chefe do Poder Executivo de qualquer das esferas for cessação, e determina outras providências. Esta lei foi alterada por
substituído por seu vice no curso do mandato, este vice somente aquela que ficou conhecida como Lei da Ficha Limpa, Lei Comple-
poderá ser eleito para um período subsequente. mentar nº 135, de 04 de junho de 2010, principalmente em seu
Ex.: Governador renuncia ao mandato no início do seu último artigo 1º, que segue.
ano de governo para concorrer ao Senado Federal e é substituído Art. 1º, Lei Complementar nº 64/1990. São inelegíveis:
pelo seu vice-governador. Se este se candidatar e for eleito, não I - para qualquer cargo:
poderá ao final deste mandato se reeleger. Isto é, se o mandato o a) os inalistáveis e os analfabetos;
candidato renuncia no início de 2010 o seu mandato de 2007-2010, b) os membros do Congresso Nacional, das Assembleias Leg-
assumindo o vice em 2010, poderá este se candidatar para o man- islativas, da Câmara Legislativa e das Câmaras Municipais, que ha-
dato 2011-2014, mas caso seja eleito não poderá se reeleger para jam perdido os respectivos mandatos por infringência do disposto
o mandato 2015-2018 no mesmo cargo. Foi o que aconteceu com nos incisos I e II do art. 55 da Constituição Federal, dos dispositivos
o ex-governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia, que assumiu equivalentes sobre perda de mandato das Constituições Estadu-
em 2010 no lugar de Aécio Neves o governo do Estado de Minas ais e Leis Orgânicas dos Municípios e do Distrito Federal, para as
Gerais e foi eleito governador entre 2011 e 2014, mas não pode se eleições que se realizarem durante o período remanescente do
candidatar à reeleição, concorrendo por isso a uma vaga no Senado mandato para o qual foram eleitos e nos oito anos subsequentes
Federal. ao término da legislatura;
Artigo 14, §6º, CF. Para concorrerem a outros cargos, o Presi- d) os que tenham contra sua pessoa representação julgada pro-
dente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Fed- cedente pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada em julgado ou
eral e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até proferida por órgão colegiado, em processo de apuração de abuso
seis meses antes do pleito. do poder econômico ou político, para a eleição na qual concorrem
São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, os chef- ou tenham sido diplomados, bem como para as que se realizarem
es do Executivo que não renunciarem aos seus mandatos até seis nos 8 (oito) anos seguintes; (Redação dada pela Lei Complementar
meses antes do pleito eleitoral, antes das eleições. Ex.: Se a eleição nº 135, de 2010)
aconteceu em 05/10/2014, necessário que tivesse renunciado até e) os que forem condenados, em decisão transitada em julga-
04/04/2014. do ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação
Artigo 14, §7º, CF. São inelegíveis, no território de jurisdição do até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da
titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o se- pena, pelos crimes: (Redação dada pela Lei Complementar nº 135,
gundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Gover- de 2010)
nador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de 1. contra a economia popular, a fé pública, a administração pú-
quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao plei- blica e o patrimônio público; (Incluído pela Lei Complementar nº
to, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. 135, de 2010)
São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, cônjuge 2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o merca-
e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por do de capitais e os previstos na lei que regula a falência; (Incluído
adoção, dos Chefes do Executivo ou de quem os tenha substituído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
ao final do mandato, a não ser que seja já titular de mandato eletivo 3. contra o meio ambiente e a saúde pública; (Incluído pela Lei
e candidato à reeleição. Complementar nº 135, de 2010)
Artigo 14, §8º, CF. O militar alistável é elegível, atendidas as 4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de liber-
seguintes condições: dade; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se 5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver conde-
da atividade; nação à perda do cargo ou à inabilitação para o exercício de função
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela pública; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato 6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; (Incluí-
da diplomação, para a inatividade. do pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, os 7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura,
militares que não podem se alistar ou os que podem, mas não terrorismo e hediondos;
preenchem as condições do §8º do artigo 14, CF, ou seja, se não 8. de redução à condição análoga à de escravo; (Incluído pela
se afastar da atividade caso trabalhe há menos de 10 anos, se não Lei Complementar nº 135, de 2010)
for agregado pela autoridade superior (suspenso do exercício das 9. contra a vida e a dignidade sexual; e (Incluído pela Lei Com-
funções por sua autoridade sem prejuízo de remuneração) caso plementar nº 135, de 2010)
trabalhe há mais de 10 anos (sendo que a eleição passa à condição 10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando;
de inativo). (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)

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CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
f) os que forem declarados indignos do oficialato, ou com ele o) os que forem demitidos do serviço público em decorrência
incompatíveis, pelo prazo de 8 (oito) anos; (Redação dada pela Lei de processo administrativo ou judicial, pelo prazo de 8 (oito) anos,
Complementar nº 135, de 2010) contado da decisão, salvo se o ato houver sido suspenso ou anula-
g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos do pelo Poder Judiciário; (Incluído pela Lei Complementar nº 135,
ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que de 2010)
configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão p) a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas re-
irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido sus- sponsáveis por doações eleitorais tidas por ilegais por decisão tran-
pensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se re- sitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Elei-
alizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data da toral, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão, observando-se o
decisão, aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71 da Constitu- procedimento previsto no art. 22; (Incluído pela Lei Complementar
ição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de nº 135, de 2010)
mandatários que houverem agido nessa condição; (Redação dada q) os magistrados e os membros do Ministério Público que
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) forem aposentados compulsoriamente por decisão sancionatória,
que tenham perdido o cargo por sentença ou que tenham pedido
h) os detentores de cargo na administração pública direta, in-
exoneração ou aposentadoria voluntária na pendência de proces-
direta ou fundacional, que beneficiarem a si ou a terceiros, pelo
so administrativo disciplinar, pelo prazo de 8 (oito) anos; (Incluído
abuso do poder econômico ou político, que forem condenados em
pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial cole-
II - para Presidente e Vice-Presidente da República:
giado, para a eleição na qual concorrem ou tenham sido diploma- a) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente de
dos, bem como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguin- seus cargos e funções:
tes; (Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010) 1. os Ministros de Estado:
i) os que, em estabelecimentos de crédito, financiamento ou 2. os chefes dos órgãos de assessoramento direto, civil e mili-
seguro, que tenham sido ou estejam sendo objeto de processo de tar, da Presidência da República;
liquidação judicial ou extrajudicial, hajam exercido, nos 12 (doze) 3. o chefe do órgão de assessoramento de informações da
meses anteriores à respectiva decretação, cargo ou função de di- Presidência da República;
reção, administração ou representação, enquanto não forem exon- 4. o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas;
erados de qualquer responsabilidade; 5. o Advogado-Geral da União e o Consultor-Geral da Repúbli-
j) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ca;
ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, por corrupção 6. os chefes do Estado-Maior da Marinha, do Exército e da Aer-
eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por doação, captação ou onáutica;
gastos ilícitos de recursos de campanha ou por conduta vedada aos 7. os Comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica;
agentes públicos em campanhas eleitorais que impliquem cassação 8. os Magistrados;
do registro ou do diploma, pelo prazo de 8 (oito) anos a contar da 9. os Presidentes, Diretores e Superintendentes de autarquias,
eleição; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações pú-
k) o Presidente da República, o Governador de Estado e do Dis- blicas e as mantidas pelo poder público;
trito Federal, o Prefeito, os membros do Congresso Nacional, das 10. os Governadores de Estado, do Distrito Federal e de Terri-
Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa, das Câmaras Mu- tórios;
nicipais, que renunciarem a seus mandatos desde o oferecimen- 11. os Interventores Federais;
to de representação ou petição capaz de autorizar a abertura de 12. os Secretários de Estado;
processo por infringência a dispositivo da Constituição Federal, da 13. os Prefeitos Municipais;
Constituição Estadual, da Lei Orgânica do Distrito Federal ou da Lei 14. os membros do Tribunal de Contas da União, dos Estados e
Orgânica do Município, para as eleições que se realizarem durante do Distrito Federal;
15. o Diretor-Geral do Departamento de Polícia Federal;
o período remanescente do mandato para o qual foram eleitos e
16. os Secretários-Gerais, os Secretários-Executivos, os
nos 8 (oito) anos subsequentes ao término da legislatura; (Incluído
Secretários Nacionais, os Secretários Federais dos Ministérios e as
pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
pessoas que ocupem cargos equivalentes;
l) os que forem condenados à suspensão dos direitos políticos,
b) os que tenham exercido, nos 6 (seis) meses anteriores à
em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial eleição, nos Estados, no Distrito Federal, Territórios e em qualquer
colegiado, por ato doloso de improbidade administrativa que im- dos poderes da União, cargo ou função, de nomeação pelo Presi-
porte lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito, desde dente da República, sujeito à aprovação prévia do Senado Federal;
a condenação ou o trânsito em julgado até o transcurso do prazo c) (Vetado);
de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena; (Incluído pela Lei d) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tiverem com-
Complementar nº 135, de 2010) petência ou interesse, direta, indireta ou eventual, no lançamento,
m) os que forem excluídos do exercício da profissão, por de- arrecadação ou fiscalização de impostos, taxas e contribuições de
cisão sancionatória do órgão profissional competente, em decor- caráter obrigatório, inclusive parafiscais, ou para aplicar multas rel-
rência de infração ético-profissional, pelo prazo de 8 (oito) anos, acionadas com essas atividades;
salvo se o ato houver sido anulado ou suspenso pelo Poder Ju- e) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tenham exercido
diciário; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) cargo ou função de direção, administração ou representação nas
n) os que forem condenados, em decisão transitada em julga- empresas de que tratam os arts. 3° e 5° da Lei n° 4.137, de 10 de
do ou proferida por órgão judicial colegiado, em razão de terem setembro de 1962, quando, pelo âmbito e natureza de suas ativi-
desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal ou de união estável dades, possam tais empresas influir na economia nacional;
para evitar caracterização de inelegibilidade, pelo prazo de 8 (oito) f) os que, detendo o controle de empresas ou grupo de empre-
anos após a decisão que reconhecer a fraude; (Incluído pela Lei sas que atuem no Brasil, nas condições monopolísticas previstas no
Complementar nº 135, de 2010) parágrafo único do art. 5° da lei citada na alínea anterior, não apre-

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CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
sentarem à Justiça Eleitoral, até 6 (seis) meses antes do pleito, a b) em cada Estado e no Distrito Federal, os inelegíveis para os
prova de que fizeram cessar o abuso apurado, do poder econômico, cargos de Governador e Vice-Governador, nas mesmas condições
ou de que transferiram, por força regular, o controle de referidas estabelecidas, observados os mesmos prazos;
empresas ou grupo de empresas; VI - para a Câmara dos Deputados, Assembleia Legislativa e Câ-
g) os que tenham, dentro dos 4 (quatro) meses anteriores ao mara Legislativa, no que lhes for aplicável, por identidade de situ-
pleito, ocupado cargo ou função de direção, administração ou rep- ações, os inelegíveis para o Senado Federal, nas mesmas condições
resentação em entidades representativas de classe, mantidas, total estabelecidas, observados os mesmos prazos;
ou parcialmente, por contribuições impostas pelo poder Público ou VII - para a Câmara Municipal:
com recursos arrecadados e repassados pela Previdência Social; a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações, os
h) os que, até 6 (seis) meses depois de afastados das funções, inelegíveis para o Senado Federal e para a Câmara dos Deputados,
tenham exercido cargo de Presidente, Diretor ou Superintendente observado o prazo de 6 (seis) meses para a desincompatibilização;
de sociedades com objetivos exclusivos de operações financeiras b) em cada Município, os inelegíveis para os cargos de Prefeito
e façam publicamente apelo à poupança e ao crédito, inclusive e Vice-Prefeito, observado o prazo de 6 (seis) meses para a desin-
através de cooperativas e da empresa ou estabelecimentos que compatibilização .
gozem, sob qualquer forma, de vantagens asseguradas pelo poder § 1° Para concorrência a outros cargos, o Presidente da Repú-
público, salvo se decorrentes de contratos que obedeçam a cláusu- blica, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefei-
las uniformes; tos devem renunciar aos respectivos mandatos até 6 (seis) meses
i) os que, dentro de 6 (seis) meses anteriores ao pleito, ha- antes do pleito.
jam exercido cargo ou função de direção, administração ou rep- § 2° O Vice-Presidente, o Vice-Governador e o Vice-Prefeito
resentação em pessoa jurídica ou em empresa que mantenha poderão candidatar-se a outros cargos, preservando os seus man-
contrato de execução de obras, de prestação de serviços ou de datos respectivos, desde que, nos últimos 6 (seis) meses anteriores
fornecimento de bens com órgão do Poder Público ou sob seu con- ao pleito, não tenham sucedido ou substituído o titular.
trole, salvo no caso de contrato que obedeça a cláusulas uniformes; § 3° São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o côn-
j) os que, membros do Ministério Público, não se tenham juge e os parentes, consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou
afastado das suas funções até 6 (seis) meses anteriores ao pleito; por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado
I) os que, servidores públicos, estatutários ou não, dos órgãos ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja
ou entidades da Administração direta ou indireta da União, dos Es- substituído dentro dos 6 (seis) meses anteriores ao pleito, salvo se
tados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos Territórios, inclu-
já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
sive das fundações mantidas pelo Poder Público, não se afastarem
§ 4º A inelegibilidade prevista na alínea e do inciso I deste ar-
até 3 (três) meses anteriores ao pleito, garantido o direito à per-
tigo não se aplica aos crimes culposos e àqueles definidos em lei
cepção dos seus vencimentos integrais;
como de menor potencial ofensivo, nem aos crimes de ação penal
III - para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito
privada. (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
Federal;
§ 5º A renúncia para atender à desincompatibilização com vis-
a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presidente
tas a candidatura a cargo eletivo ou para assunção de mandato não
da República especificados na alínea a do inciso II deste artigo e, no
tocante às demais alíneas, quando se tratar de repartição pública, gerará a inelegibilidade prevista na alínea k, a menos que a Justiça
associação ou empresas que operem no território do Estado ou do Eleitoral reconheça fraude ao disposto nesta Lei Complementar.
Distrito Federal, observados os mesmos prazos; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010).
b) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente de 3.6) Impugnação de mandato
seus cargos ou funções: Encerrando a disciplina, o artigo 14, CF, aborda a impugnação
1. os chefes dos Gabinetes Civil e Militar do Governador do Es- de mandato.
tado ou do Distrito Federal; Artigo 14, § 10, CF. O mandato eletivo poderá ser impugnado
2. os comandantes do Distrito Naval, Região Militar e Zona ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplo-
Aérea; mação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico,
3. os diretores de órgãos estaduais ou sociedades de assistên- corrupção ou fraude.
cia aos Municípios; Artigo 14, § 11, CF. A ação de impugnação de mandato trami-
4. os secretários da administração municipal ou membros de tará em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei,
órgãos congêneres; se temerária ou de manifesta má-fé.
IV - para Prefeito e Vice-Prefeito: 3.7) Perda e suspensão de direitos políticos
a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações, os Art. 15, CF. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda
inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presidente da Repú- ou suspensão só se dará nos casos de:
blica, Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Fed- I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em
eral, observado o prazo de 4 (quatro) meses para a desincompati- julgado;
bilização; II - incapacidade civil absoluta;
b) os membros do Ministério Público e Defensoria Pública em III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto du-
exercício na Comarca, nos 4 (quatro) meses anteriores ao pleito, rarem seus efeitos;
sem prejuízo dos vencimentos integrais; IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação
c) as autoridades policiais, civis ou militares, com exercício no alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
Município, nos 4 (quatro) meses anteriores ao pleito; V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
V - para o Senado Federal: O inciso I refere-se ao cancelamento da naturalização, o que
a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presidente faz com que a pessoa deixe de ser nacional e, portanto, deixe de ser
da República especificados na alínea a do inciso II deste artigo e, no titular de direitos políticos.
tocante às demais alíneas, quando se tratar de repartição pública, O inciso II trata da incapacidade civil absoluta, ou seja, da inter-
associação ou empresa que opere no território do Estado, observa- dição da pessoa para a prática de atos da vida civil, entre os quais
dos os mesmos prazos; obviamente se enquadra o sufrágio universal.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
O inciso III refere-se a um dos possíveis efeitos da condenação Quanto ao financiamento das campanhas e o acesso à mídia,
criminal, que é a suspensão de direitos políticos. preveem os §§3º e 5º do artigo 17 da CF:
O inciso IV trata da recusa em cumprir a obrigação militar ou a Art. 17, §3º, CF. Somente terão direito a recursos do fundo par-
prestação substitutiva imposta em caso de escusa moral ou religiosa. tidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei, os
O inciso V se refere à ação de improbidade administrativa, que partidos políticos que alternativamente:
tramita para apurar a prática dos atos de improbidade administrativa, I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no
na qual uma das penas aplicáveis é a suspensão dos direitos políticos. mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo
Os direitos políticos somente são perdidos em dois casos, quais menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de
sejam cancelamento de naturalização por sentença transitada em 2% (dois por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou
julgado (o indivíduo naturalizado volta à condição de estrangeiro) e II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais dis-
perda da nacionalidade brasileira em virtude da aquisição de outra tribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação.
(brasileiro se naturaliza em outro país e assim deixa de ser con- Art. 17, §5º, CF. Ao eleito por partido que não preencher os
siderado um cidadão brasileiro, perdendo direitos políticos). Nos requisitos previstos no § 3º deste artigo é assegurado o mandato
demais casos, há suspensão. Nota-se que não há perda de direitos e facultada a filiação, sem perda do mandato, a outro partido que
políticos pela prática de atos atentatórios contra a Administração os tenha atingido, não sendo essa filiação considerada para fins de
Pública por parte do servidor, mas apenas suspensão. distribuição dos recursos do fundo partidário e de acesso gratuito
A cassação de direitos políticos, consistente na retirada dos di- ao tempo de rádio e de televisão.
reitos políticos por ato unilateral do poder público, sem observân-
cia dos princípios elencados no artigo 5º, LV, CF (ampla defesa e
contraditório), é um procedimento que só existe nos governos di- TÍTULO III - CAPÍTULO VII COM SEÇÕES I E II;
tatoriais e que é absolutamente vedado pelo texto constitucional. E TAMBÉM O ARTIGO 92
3.8) Anterioridade anual da lei eleitoral
Art. 16, CF. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vig- TÍTULO III
or na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
até um ano da data de sua vigência. CAPÍTULO VII
É necessário que a lei eleitoral entre em vigor pelo menos 1 DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ano antes da próxima eleição, sob pena de não se aplicar a ela, mas
somente ao próximo pleito. 1) Princípios da Administração Pública
O pluripartidarismo é uma das facetas do pluralismo político Os valores éticos inerentes ao Estado, os quais permitem que ele
e encontra respaldo enquanto direito fundamental, já que regu- consolide o bem comum e garanta a preservação dos interesses da co-
lamentado no Título II, “Dos Direitos e Garantias Fundamentais”, letividade, se encontram exteriorizados em princípios e regras. Estes,
capítulo V, “Dos Partidos Políticos”. por sua vez, são estabelecidos na Constituição Federal e em legislações
O caput do artigo 17 da Constituição prevê: infraconstitucionais, a exemplo das que serão estudadas neste tópico,
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de quais sejam: Decreto n° 1.171/94, Lei n° 8.112/90 e Lei n° 8.429/92.
partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime de- Todas as diretivas de leis específicas sobre a ética no setor públi-
mocrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa co partem da Constituição Federal, que estabelece alguns princípios
humana [...]. fundamentais para a ética no setor público. Em outras palavras, é o
Consolida-se, assim a liberdade partidária, não estabelecen- texto constitucional do artigo 37, especialmente o caput, que per-
do a Constituição um limite de números de partidos políticos que mite a compreensão de boa parte do conteúdo das leis específicas,
possam ser constituídos, permitindo também que sejam extintos, porque possui um caráter amplo ao preconizar os princípios funda-
fundidos e incorporados. mentais da administração pública. Estabelece a Constituição Federal:
Os incisos do artigo 17 da Constituição indicam os preceitos Artigo 37, CF. A administração pública direta e indireta de qual-
a serem observados na liberdade partidária: caráter nacional, ou quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
seja, terem por objetivo o desempenho de atividade política no Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
âmbito interno do país; proibição de recebimento de recursos fi- moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: [...]
nanceiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação
a estes, logo, o Poder Público não pode financiar campanhas elei- São princípios da administração pública, nesta ordem:
torais; prestação de contas à Justiça Eleitoral, notadamente para Legalidade
resguardar a mencionada vedação; e funcionamento parlamentar Impessoalidade
de acordo com a lei. Ainda, a lei veda a utilização de organização Moralidade
paramilitar por parte dos partidos políticos (artigo 17, §4º, CF). Publicidade
O respeito a estes ditames permite o exercício do partidarismo Eficiência
de forma autônoma em termos estruturais e organizacionais, con-
forme o §1º do artigo 17, CF: Para memorizar: veja que as iniciais das palavras formam o vo-
Art. 17, §1º, CF. § 1º É assegurada aos partidos políticos au- cábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da Administração Pú-
tonomia para definir sua estrutura interna e estabelecer regras blica. É de fundamental importância um olhar atento ao significado
sobre escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e de cada um destes princípios, posto que eles estruturam todas as
provisórios e sobre sua organização e funcionamento e para adotar regras éticas prescritas no Código de Ética e na Lei de Improbidade
os critérios de escolha e o regime de suas coligações nas eleições Administrativa, tomando como base os ensinamentos de Carvalho
majoritárias, vedada a sua celebração nas eleições proporcionais, Filho13 e Spitzcovsky14:
sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmb-
ito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatu-
tos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária.
13CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 23.
Os estatutos que tecem esta regulamentação devem ser regis-
ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
trados no Tribunal Superior Eleitoral (artigo 17, §2º, CF).
14SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Método, 2011.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
a) Princípio da legalidade: Para o particular, legalidade signifi- I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos
ca a permissão de fazer tudo o que a lei não proíbe. Contudo, como em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento
a administração pública representa os interesses da coletividade, ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade
ela se sujeita a uma relação de subordinação, pela qual só poderá dos serviços;
fazer o que a lei expressamente determina (assim, na esfera esta- II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a infor-
tal, é preciso lei anterior editando a matéria para que seja preser- mações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X
vado o princípio da legalidade). A origem deste princípio está na e XXXIII;
criação do Estado de Direito, no sentido de que o próprio Estado III - a disciplina da representação contra o exercício negligente
ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública.
deve respeitar as leis que dita.
b) Princípio da impessoalidade: Por força dos interesses que
e) Princípio da eficiência: A administração pública deve man-
representa, a administração pública está proibida de promover
ter o ampliar a qualidade de seus serviços com controle de gastos.
discriminações gratuitas. Discriminar é tratar alguém de forma di- Isso envolve eficiência ao contratar pessoas (o concurso público
ferente dos demais, privilegiando ou prejudicando. Segundo este seleciona os mais qualificados ao exercício do cargo), ao manter
princípio, a administração pública deve tratar igualmente todos tais pessoas em seus cargos (pois é possível exonerar um servidor
aqueles que se encontrem na mesma situação jurídica (princípio público por ineficiência) e ao controlar gastos (limitando o teto de
da isonomia ou igualdade). Por exemplo, a licitação reflete a im- remuneração), por exemplo. O núcleo deste princípio é a procura
pessoalidade no que tange à contratação de serviços. O princípio por produtividade e economicidade. Alcança os serviços públicos
da impessoalidade correlaciona-se ao princípio da finalidade, pelo e os serviços administrativos internos, se referindo diretamente à
qual o alvo a ser alcançado pela administração pública é somente conduta dos agentes.
o interesse público. Com efeito, o interesse particular não pode in-
fluenciar no tratamento das pessoas, já que deve-se buscar somen- Além destes cinco princípios administrativo-constitucionais
te a preservação do interesse coletivo. diretamente selecionados pelo constituinte, podem ser apontados
c) Princípio da moralidade: A posição deste princípio no artigo como princípios de natureza ética relacionados à função pública a
37 da CF representa o reconhecimento de uma espécie de morali- probidade e a motivação:
dade administrativa, intimamente relacionada ao poder público. A a) Princípio da probidade: um princípio constitucional incluído
administração pública não atua como um particular, de modo que dentro dos princípios específicos da licitação, é o dever de todo o
administrador público, o dever de honestidade e fidelidade com o
enquanto o descumprimento dos preceitos morais por parte deste
Estado, com a população, no desempenho de suas funções. Possui
particular não é punido pelo Direito (a priori), o ordenamento jurí-
contornos mais definidos do que a moralidade. Diógenes Gasparii15
dico adota tratamento rigoroso do comportamento imoral por par-
alerta que alguns autores tratam veem como distintos os princípios
te dos representantes do Estado. O princípio da moralidade deve da moralidade e da probidade administrativa, mas não há carac-
se fazer presente não só para com os administrados, mas também terísticas que permitam tratar os mesmos como procedimentos
no âmbito interno. distintos, sendo no máximo possível afirmar que a probidade ad-
Está indissociavelmente ligado à noção de bom administra- ministrativa é um aspecto particular da moralidade administrativa.
dor, que não somente deve ser conhecedor da lei, mas também b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida ao admi-
dos princípios éticos regentes da função administrativa. TODO ATO nistrador de motivar todos os atos que edita, gerais ou de efeitos
IMORAL SERÁ DIRETAMENTE ILEGAL OU AO MENOS IMPESSOAL, concretos. É considerado, entre os demais princípios, um dos mais
daí a intrínseca ligação com os dois princípios anteriores. importantes, uma vez que sem a motivação não há o devido pro-
d) Princípio da publicidade: A administração pública é obriga- cesso legal, uma vez que a fundamentação surge como meio inter-
da a manter transparência em relação a todos seus atos e a todas pretativo da decisão que levou à prática do ato impugnado, sendo
informações armazenadas nos seus bancos de dados. Daí a publi- verdadeiro meio de viabilização do controle da legalidade dos atos
cação em órgãos da imprensa e a afixação de portarias. Por exem- da Administração.
plo, a própria expressão concurso público (art. 37, II, CF) remonta Motivar significa mencionar o dispositivo legal aplicável ao caso
ao ideário de que todos devem tomar conhecimento do processo concreto e relacionar os fatos que concretamente levaram à aplica-
seletivo de servidores do Estado. Diante disso, como será visto, se ção daquele dispositivo legal. Todos os atos administrativos devem
ser motivados para que o Judiciário possa controlar o mérito do ato
negar indevidamente a fornecer informações ao administrado ca-
administrativo quanto à sua legalidade. Para efetuar esse controle,
racteriza ato de improbidade administrativa.
devem ser observados os motivos dos atos administrativos.
No mais, prevê o §1º do artigo 37, CF, evitando que o princípio
Em relação à necessidade de motivação dos atos administra-
da publicidade seja deturpado em propaganda político-eleitoral: tivos vinculados (aqueles em que a lei aponta um único comporta-
mento possível) e dos atos discricionários (aqueles que a lei, dentro
Artigo 37, §1º, CF. A publicidade dos atos, programas, obras, dos limites nela previstos, aponta um ou mais comportamentos
serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter edu- possíveis, de acordo com um juízo de conveniência e oportunida-
cativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo de), a doutrina é uníssona na determinação da obrigatoriedade de
constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção motivação com relação aos atos administrativos vinculados; toda-
pessoal de autoridades ou servidores públicos. via, diverge quanto à referida necessidade quanto aos atos discri-
Somente pela publicidade os indivíduos controlarão a legali- cionários.
dade e a eficiência dos atos administrativos. Os instrumentos para Meirelles16 entende que o ato discricionário, editado sob os limi-
proteção são o direito de petição e as certidões (art. 5°, XXXIV, CF), tes da Lei, confere ao administrador uma margem de liberdade para
além do habeas data e - residualmente - do mandado de seguran- fazer um juízo de conveniência e oportunidade, não sendo necessária
ça. Neste viés, ainda, prevê o artigo 37, CF em seu §3º: 15GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São Paulo: Saraiva,
Artigo 37, §3º, CF. A lei disciplinará as formas de participação 2004.
do usuário na administração pública direta e indireta, regulando 16MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São Paulo: Ma-
especialmente: lheiros, 1993.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
a motivação. No entanto, se houver tal fundamentação, o ato deve- Artigo 37, III, CF. O prazo de validade do concurso público será
rá condicionar-se a esta, em razão da necessidade de observância da de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período.
Teoria dos Motivos Determinantes. O entendimento majoritário da Artigo 37, IV, CF. Durante o prazo improrrogável previsto no
doutrina, porém, é de que, mesmo no ato discricionário, é necessária edital de convocação, aquele aprovado em concurso público de pro-
a motivação para que se saiba qual o caminho adotado pelo adminis- vas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre
trador. Gasparini17, com respaldo no art. 50 da Lei n. 9.784/98, aponta novos concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira.
inclusive a superação de tais discussões doutrinárias, pois o referido
artigo exige a motivação para todos os atos nele elencados, compreen- Prevê o artigo 12 da Lei nº 8.112/1990:
dendo entre estes, tanto os atos discricionários quanto os vinculados. Artigo 12, Lei nº 8.112/1990. O concurso público terá validade
de até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado uma única vez, por
2) Regras mínimas sobre direitos e deveres dos servidores igual período.
O artigo 37 da Constituição Federal estabelece os princípios §1º O prazo de validade do concurso e as condições de sua rea-
da administração pública estudados no tópico anterior, aos quais lização serão fixados em edital, que será publicado no Diário Oficial
estão sujeitos servidores de quaisquer dos Poderes em qualquer da União e em jornal diário de grande circulação.
das esferas federativas, e, em seus incisos, regras mínimas sobre o § 2º Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato
serviço público: aprovado em concurso anterior com prazo de validade não expirado.

Artigo 37, I, CF. Os cargos, empregos e funções públicas são O edital delimita questões como valor da taxa de inscrição, casos
acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabeleci- de isenção, número de vagas e prazo de validade. Havendo candida-
dos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei. tos aprovados na vigência do prazo do concurso, ele deve ser cha-
mado para assumir eventual vaga e não ser realizado novo concurso.
Aprofundando a questão, tem-se o artigo 5º da Lei nº
8.112/1990, que prevê: Destaca-se que o §2º do artigo 37, CF, prevê:
Artigo 5º, Lei nº 8.112/1990. São requisitos básicos para inves- Artigo 37, §2º, CF. A não-observância do disposto nos incisos II
tidura em cargo público: e III implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade respon-
I - a nacionalidade brasileira; sável, nos termos da lei.
II - o gozo dos direitos políticos; Com efeito, há tratamento rigoroso da responsabilização da-
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais; quele que viola as diretrizes mínimas sobre o ingresso no serviço
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo; público, que em regra se dá por concurso de provas ou de provas
V - a idade mínima de dezoito anos; e títulos.
VI - aptidão física e mental. Artigo 37, V, CF. As funções de confiança, exercidas exclusiva-
§ 1º As atribuições do cargo podem justificar a exigência de mente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em
outros requisitos estabelecidos em lei. [...] comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos ca-
§ 3º As universidades e instituições de pesquisa científica e sos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-
tecnológica federais poderão prover seus cargos com professores, -se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento.
técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os
procedimentos desta Lei. Observa-se o seguinte quadro comparativo18:
Destaca-se a exceção ao inciso I do artigo 5° da Lei nº
8.112/1990 e do inciso I do artigo 37, CF, prevista no artigo 207
Função de Confiança Cargo em Comissão
da Constituição, permitindo que estrangeiros assumam cargos no
ramo da pesquisa, ciência e tecnologia. Exercidas exclusivamente por Qualquer pessoa, observado o
servidores ocupantes de cargo percentual mínimo reservado
Artigo 37, II, CF. A investidura em cargo ou emprego público efetivo. ao servidor de carreira.
depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou Com concurso público, já que Sem concurso público, res-
de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do somente pode exercê-la o salvado o percentual mínimo
cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomea- servidor de cargo efetivo, mas reservado ao servidor de
ções para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação a função em si não prescindível carreira.
e exoneração. de concurso público.
Preconiza o artigo 10 da Lei nº 8.112/1990:
Artigo 10, Lei nº 8.112/90. A nomeação para cargo de carreira Somente são conferidas atri- É atribuído posto (lugar) num
ou cargo isolado de provimento efetivo depende de prévia habilita- buições e responsabilidade dos quadros da Administração
ção em concurso público de provas ou de provas e títulos, obedeci- Pública, conferida atribuições
dos a ordem de classificação e o prazo de sua validade. e responsabilidade àquele que
Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e o de- irá ocupá-lo
senvolvimento do servidor na carreira, mediante promoção, serão Destinam-se apenas às atri- Destinam-se apenas às atri-
estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de carreira buições de direção, chefia e buições de direção, chefia e
na Administração Pública Federal e seus regulamentos. assessoramento assessoramento
No concurso de provas o candidato é avaliado apenas pelo seu De livre nomeação e exonera- De livre nomeação e exone-
desempenho nas provas, ao passo que nos concursos de provas e ção no que se refere à função ração
títulos o seu currículo em toda sua atividade profissional também e não em relação ao cargo
é considerado. Cargo em comissão é o cargo de confiança, que não efetivo.
exige concurso público, sendo exceção à regra geral.
17GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São Paulo: Saraiva, 18http://direitoemquadrinhos.blogspot.com.br/2011/03/quadro-compa-
2004. rativo-funcao-de-confianca.html

29
CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 37, VI, CF. É garantido ao servidor público civil o direito à Artigo 37, §10, CF. É vedada a percepção simultânea de pro-
livre associação sindical. ventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42
e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função pública,
A liberdade de associação é garantida aos servidores públicos ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os
tal como é garantida a todos na condição de direito individual e de cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de livre
direito social. nomeação e exoneração.
Artigo 37, VII, CF. O direito de greve será exercido nos termos e
nos limites definidos em lei específica. Sobre a questão, disciplina a Lei nº 8.112/1990 nos artigos 40
e 41:
O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores públicos Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de
possuem o direito de greve, devendo se atentar pela preservação cargo público, com valor fixado em lei.
da sociedade quando exercê-lo. Enquanto não for elaborada uma Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acres-
legislação específica para os funcionários públicos, deverá ser obe- cido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei.
decida a lei geral de greve para os funcionários privados, qual seja a
§ 1º A remuneração do servidor investido em função ou cargo
Lei n° 7.783/89 (Mandado de Injunção nº 20).
em comissão será paga na forma prevista no art. 62.
Artigo 37, VIII, CF. A lei reservará percentual dos cargos e em-
§ 2º O servidor investido em cargo em comissão de órgão ou
pregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e defini-
rá os critérios de sua admissão. entidade diversa da de sua lotação receberá a remuneração de
acordo com o estabelecido no § 1º do art. 93.
Neste sentido, o §2º do artigo 5º da Lei nº 8.112/1990: § 3º O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens
Artigo 5º, Lei nº 8.112/90. Às pessoas portadoras de deficiên- de caráter permanente, é irredutível.
cia é assegurado o direito de se inscrever em concurso público para § 4º É assegurada a isonomia de vencimentos para cargos de
provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a de- atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre ser-
ficiência de que são portadoras; para tais pessoas serão reservadas vidores dos três Poderes, ressalvadas as vantagens de caráter indi-
até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso. vidual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho.
§ 5º Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao salá-
Prossegue o artigo 37, CF: rio mínimo.
Artigo 37, IX, CF. - a lei estabelecerá os casos de contratação Ainda, o artigo 37 da Constituição:
por tempo determinado para atender a necessidade temporária de Artigo 37, XI, CF. A remuneração e o subsídio dos ocupantes
excepcional interesse público;(Vide Emenda constitucional nº 106, de cargos, funções e empregos públicos da administração direta,
de 2020) autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos
A Lei nº 8.745/1993 regulamenta este inciso da Constituição, detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e
definindo a natureza da relação estabelecida entre o servidor con- os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos
tratado e a Administração Pública, para atender à “necessidade cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de
temporária de excepcional interesse público”. qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal,
“Em se tratando de relação subordinada, isto é, de relação que em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplican-
comporta dependência jurídica do servidor perante o Estado, duas do-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos
opções se ofereciam: ou a relação seria trabalhista, agindo o Esta- Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no
do iure gestionis, sem usar das prerrogativas de Poder Público, ou âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e
institucional, estatutária, preponderando o ius imperii do Estado. Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desem-
Melhor dizendo: o sistema preconizado pela Carta Política de 1988
bargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e
é o do contrato, que tanto pode ser trabalhista (inserindo-se na
vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em es-
esfera do Direito Privado) quanto administrativo (situando-se no
pécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do
campo do Direito Público). [...] Uma solução intermediária não dei-
xa, entretanto, de ser legítima. Pode-se, com certeza, abonar um Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério
sistema híbrido, eclético, no qual coexistam normas trabalhistas e Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos.
estatutárias, pondo-se em contiguidade os vínculos privado e admi-
nistrativo, no sentido de atender às exigências do Estado moderno, Artigo 37, XII, CF. Os vencimentos dos cargos do Poder Legis-
que procura alcançar os seus objetivos com a mesma eficácia dos lativo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos
empreendimentos não-governamentais”19. pelo Poder Executivo.

Artigo 37, X, CF. A remuneração dos servidores públicos e o Prevê a Lei nº 8.112/1990 em seu artigo 42:
subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixa- Artigo 42, Lei nº 8.112/90. Nenhum servidor poderá perce-
dos ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa ber, mensalmente, a título de remuneração, importância superior
em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma à soma dos valores percebidos como remuneração, em espécie, a
data e sem distinção de índices. qualquer título, no âmbito dos respectivos Poderes, pelos Minis-
Artigo 37, XV, CF. O subsídio e os vencimentos dos ocupantes tros de Estado, por membros do Congresso Nacional e Ministros do
de cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o dis- Supremo Tribunal Federal. Parágrafo único. Excluem-se do teto de
posto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, remuneração as vantagens previstas nos incisos II a VII do art. 61.
153, III, e 153, § 2º, I. Com efeito, os §§ 11 e 12 do artigo 37, CF tecem aprofunda-
19 VOGEL NETO, Gustavo Adolpho. Contratação de servidores para aten-
mentos sobre o mencionado inciso XI:
Artigo 37, § 11, CF. Não serão computadas, para efeito dos li-
der a necessidade temporária de excepcional interesse público. Disponível em:
mites remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo,
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_39/Artigos/Art_Gustavo.
as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei.
htm>. Acesso em: 23 dez. 2014.

30
CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 37, § 12, CF. Para os fins do disposto no inciso XI do caput § 3o Considera-se acumulação proibida a percepção de venci-
deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, mento de cargo ou emprego público efetivo com proventos da ina-
em seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constituições e tividade, salvo quando os cargos de que decorram essas remunera-
Lei Orgânica, como limite único, o subsídio mensal dos Desembar- ções forem acumuláveis na atividade.
gadores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa in-
teiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos Art. 119, Lei nº 8.112/1990. O servidor não poderá exercer
Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o disposto mais de um cargo em comissão, exceto no caso previsto no pará-
neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais grafo único do art. 9o, nem ser remunerado pela participação em
e dos Vereadores. órgão de deliberação coletiva.
Por seu turno, o artigo 37 quanto à vinculação ou equiparação Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à remu-
salarial: neração devida pela participação em conselhos de administração
Artigo 37, XIII, CF. É vedada a vinculação ou equiparação de e fiscal das empresas públicas e sociedades de economia mista,
quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração suas subsidiárias e controladas, bem como quaisquer empresas ou
de pessoal do serviço público. entidades em que a União, direta ou indiretamente, detenha par-
ticipação no capital social, observado o que, a respeito, dispuser
Os padrões de vencimentos são fixados por conselho de políti-
legislação específica.
ca de administração e remuneração de pessoal, integrado por ser-
vidores designados pelos respectivos Poderes (artigo 39, caput e §
Art. 120, Lei nº 8.112/1990. O servidor vinculado ao regime
1º), sem qualquer garantia constitucional de tratamento igualitário desta Lei, que acumular licitamente dois cargos efetivos, quando
aos cargos que se mostrem similares. investido em cargo de provimento em comissão, ficará afastado de
Artigo 37, XIV, CF. Os acréscimos pecuniários percebidos por ambos os cargos efetivos, salvo na hipótese em que houver compa-
servidor público não serão computados nem acumulados para fins tibilidade de horário e local com o exercício de um deles, declarada
de concessão de acréscimos ulteriores. pelas autoridades máximas dos órgãos ou entidades envolvidos.
A preocupação do constituinte, ao implantar tal preceito, foi
de que não eclodisse no sistema remuneratório dos servidores, ou “Os artigos 118 a 120 da Lei nº 8.112/90 ao tratarem da acu-
seja, evitar que se utilize uma vantagem como base de cálculo de mulação de cargos e funções públicas, regulamentam, no âmbito
um outro benefício. Dessa forma, qualquer gratificação que venha do serviço público federal a vedação genérica constante do art. 37,
a ser concedida ao servidor só pode ter como base de cálculo o pró- incisos VXI e XVII, da Constituição da República. De fato, a acumu-
prio vencimento básico. É inaceitável que se leve em consideração lação ilícita de cargos públicos constitui uma das infrações mais co-
outra vantagem até então percebida. muns praticadas por servidores públicos, o que se constata obser-
vando o elevado número de processos administrativos instaurados
Artigo 37, XVI, CF. É vedada a acumulação remunerada de car- com esse objeto. O sistema adotado pela Lei nº 8.112/90 é relati-
gos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, vamente brando, quando cotejado com outros estatutos de alguns
observado em qualquer caso o disposto no inciso XI: Estados, visto que propicia ao servidor incurso nessa ilicitude diver-
a) a de dois cargos de professor; sas oportunidades para regularizar sua situação e escapar da pena
b) a de um cargo de professor com outro, técnico ou científico; de demissão. Também prevê a lei em comentário, um processo ad-
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de ministrativo simplificado (processo disciplinar de rito sumário) para
saúde, com profissões regulamentadas. a apuração dessa infração – art. 133” 21.
Artigo 37, XVII, CF. A proibição de acumular estende-se a em- Artigo 37, XVIII, CF. A administração fazendária e seus servidores
pregos e funções e abrange autarquias, fundações, empresas pú- fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, prece-
blicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e socie- dência sobre os demais setores administrativos, na forma da lei.
dades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público.
Artigo 37, XXII, CF. As administrações tributárias da União, dos
Segundo Carvalho Filho20, “o fundamento da proibição é im-
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao
pedir que o cúmulo de funções públicas faça com que o servidor
funcionamento do Estado, exercidas por servidores de carreiras especí-
não execute qualquer delas com a necessária eficiência. Além disso,
ficas, terão recursos prioritários para a realização de suas atividades
porém, pode-se observar que o Constituinte quis também impedir e atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de
a cumulação de ganhos em detrimento da boa execução de tarefas cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio.
públicas. [...] Nota-se que a vedação se refere à acumulação remu-
nerada. Em consequência, se a acumulação só encerra a percepção “O Estado tem como finalidade essencial a garantia do bem-
de vencimentos por uma das fontes, não incide a regra constitucio- -estar de seus cidadãos, seja através dos serviços públicos que dis-
nal proibitiva”. ponibiliza, seja através de investimentos na área social (educação,
saúde, segurança pública). Para atingir esses objetivos primários,
A Lei nº 8.112/1990 regulamenta intensamente a questão: deve desenvolver uma atividade financeira, com o intuito de obter
Artigo 118, Lei nº 8.112/1990. Ressalvados os casos previstos recursos indispensáveis às necessidades cuja satisfação se compro-
na Constituição, é vedada a acumulação remunerada de cargos meteu quando estabeleceu o “pacto” constitucional de 1988. [...]
públicos. A importância da Administração Tributária foi reconhecida
§ 1o A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos expressamente pelo constituinte que acrescentou, no artigo 37 da
e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas, Carta Magna, o inciso XVIII, estabelecendo a sua precedência e de
sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal, dos seus servidores sobre os demais setores da Administração Pública,
Estados, dos Territórios e dos Municípios. dentro de suas áreas de competência”22.
§ 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condiciona-
da à comprovação da compatibilidade de horários. 21MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores Públicos da União.
Disponível em: <http://www.canaldosconcursos.com.br/artigos/almirmorga-
20CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 23. do_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.
ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. 22http://www.sindsefaz.org.br/parecer_administracao_tributaria_sao_

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CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 37, XIX, CF. Somente por lei específica poderá ser criada simples, podemos dizer que o governo deve comprar e contratar
autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de socie- serviços seguindo regras de lei, assim a licitação é um processo for-
dade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complemen- mal onde há a competição entre os interessados.
tar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação.
Artigo 37, XX, CF. Depende de autorização legislativa, em cada Artigo 37, §5º, CF. A lei estabelecerá os prazos de prescrição
caso, a criação de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que
anterior, assim como a participação de qualquer delas em empresa causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de res-
privada. sarcimento.

Órgãos da administração indireta somente podem ser criados A prescrição dos ilícitos praticados por servidor encontra disci-
por lei específica e a criação de subsidiárias destes dependem de plina específica no artigo 142 da Lei nº 8.112/1990:
autorização legislativa (o Estado cria e controla diretamente deter- Art. 142, Lei nº 8.112/1990. A ação disciplinar prescreverá:
minada empresa pública ou sociedade de economia mista, e estas, I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demis-
por sua vez, passam a gerir uma nova empresa, denominada subsi- são, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de
diária. Ex.: Transpetro, subsidiária da Petrobrás). “Abrimos um pa- cargo em comissão;
rêntese para observar que quase todos os autores que abordam o II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
assunto afirmam categoricamente que, a despeito da referência no III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência.
texto constitucional a ‘subsidiárias das entidades mencionadas no § 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em que o
inciso anterior’, somente empresas públicas e sociedades de eco- fato se tornou conhecido.
nomia mista podem ter subsidiárias, pois a relação de controle que § 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às
existe entre a pessoa jurídica matriz e a subsidiária seria própria de infrações disciplinares capituladas também como crime.
pessoas com estrutura empresarial, e inadequada a autarquias e § 3o A abertura de sindicância ou a instauração de processo
fundações públicas. OUSAMOS DISCORDAR. Parece-nos que, se o disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida por
legislador de um ente federado pretendesse, por exemplo, auto- autoridade competente.
rizar a criação de uma subsidiária de uma fundação pública, NÃO § 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a
haveria base constitucional para considerar inválida sua autoriza- correr a partir do dia em que cessar a interrupção.
ção”23.
Ainda sobre a questão do funcionamento da administração in- Prescrição é um instituto que visa regular a perda do direito
direta e de suas subsidiárias, destaca-se o previsto nos §§ 8º e 9º de acionar judicialmente. No caso, o prazo é de 5 anos para as in-
do artigo 37, CF: frações mais graves, 2 para as de gravidade intermediária (pena de
Artigo 37, §8º, CF. A autonomia gerencial, orçamentária e fi- suspensão) e 180 dias para as menos graves (pena de advertência),
nanceira dos órgãos e entidades da administração direta e indireta contados da data em que o fato se tornou conhecido pela adminis-
poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus tração pública. Se a infração disciplinar for crime, valerão os prazos
administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação prescricionais do direito penal, mais longos, logo, menos favoráveis
de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei ao servidor. Interrupção da prescrição significa parar a contagem
dispor sobre: do prazo para que, retornando, comece do zero. Da abertura da
I - o prazo de duração do contrato; sindicância ou processo administrativo disciplinar até a decisão fi-
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direi- nal proferida por autoridade competente não corre a prescrição.
tos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; Proferida a decisão, o prazo começa a contar do zero. Passado o
III - a remuneração do pessoal. prazo, não caberá mais propor ação disciplinar.
Artigo 37, § 9º, CF. O disposto no inciso XI aplica-se às empre- Artigo 37, §7º, CF. A lei disporá sobre os requisitos e as restri-
sas públicas e às sociedades de economia mista e suas subsidiá- ções ao ocupante de cargo ou emprego da administração direta e
rias, que receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito Fe- indireta que possibilite o acesso a informações privilegiadas.
deral ou dos Municípios para pagamento de despesas de pessoal ou
de custeio em geral. A Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013 dispõe sobre o conflito
Continua o artigo 37, CF: de interesses no exercício de cargo ou emprego do Poder Executivo
Artigo 37, XXI, CF. Ressalvados os casos especificados na legis- federal e impedimentos posteriores ao exercício do cargo ou em-
lação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados prego; e revoga dispositivos da Lei nº 9.986, de 18 de julho de 2000,
mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de e das Medidas Provisórias nºs 2.216-37, de 31 de agosto de 2001, e
condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam 2.225-45, de 4 de setembro de 2001.
obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da pro- Neste sentido, conforme seu artigo 1º:
posta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências Artigo 1º, Lei nº 12.813/2013. As situações que configuram
de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do conflito de interesses envolvendo ocupantes de cargo ou emprego
cumprimento das obrigações. no âmbito do Poder Executivo federal, os requisitos e restrições a
A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, regulamenta o art. 37, ocupantes de cargo ou emprego que tenham acesso a informações
inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e privilegiadas, os impedimentos posteriores ao exercício do cargo ou
contratos da Administração Pública e dá outras providências. Licita- emprego e as competências para fiscalização, avaliação e preven-
ção nada mais é que o conjunto de procedimentos administrativos ção de conflitos de interesses regulam-se pelo disposto nesta Lei.
(administrativos porque parte da administração pública) para as
compras ou serviços contratados pelos governos Federal, Estadual 3) Atos de improbidade administrativa
ou Municipal, ou seja todos os entes federativos. De forma mais A Lei n° 8.429/1992 trata da improbidade administrativa, que
é uma espécie qualificada de imoralidade, sinônimo de desones-
paulo.htm
tidade administrativa. A improbidade é uma lesão ao princípio da
23ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Administrativo Descomplicado. São
moralidade, que deve ser respeitado estritamente pelo servidor
Paulo: GEN, 2014.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
público. O agente ímprobo sempre será um violador do princípio b) Ato de improbidade administrativa que importe lesão ao
da moralidade, pelo qual “a Administração Pública deve agir com erário (artigo 10, Lei nº 8.429/1992)
boa-fé, sinceridade, probidade, lhaneza, lealdade e ética”24. O grupo intermediário de atos de improbidade administrativa
A atual Lei de Improbidade Administrativa foi criada devido ao se caracteriza pelos elementos: causar dano ao erário ou aos co-
amplo apelo popular contra certas vicissitudes do serviço público fres públicos + gerando perda patrimonial ou dilapidação do pa-
que se intensificavam com a ineficácia do diploma então vigente, o trimônio público. Assim como o artigo anterior, o caput descreve
Decreto-Lei nº 3240/41. Decorreu, assim, da necessidade de acabar a fórmula genérica e os incisos algumas atitudes específicas que
com os atos atentatórios à moralidade administrativa e causadores exemplificam o seu conteúdo26.
de prejuízo ao erário público ou ensejadores de enriquecimento ilí- Perda patrimonial é o gênero, do qual são espécies: desvio, que
cito, infelizmente tão comuns no Brasil. é o direcionamento indevido; apropriação, que é a transferência in-
Com o advento da Lei nº 8.429/1992, os agentes públicos devida para a própria propriedade; malbaratamento, que significa
passaram a ser responsabilizados na esfera civil pelos atos de im- desperdício; e dilapidação, que se refere a destruição27.
probidade administrativa descritos nos artigos 9º, 10 e 11, fican- O objeto da tutela é a preservação do patrimônio público, em
do sujeitos às penas do art. 12. A existência de esferas distintas de todos seus bens e valores. O pressuposto exigível é a ocorrência de
responsabilidade (civil, penal e administrativa) impede falar-se em dano ao patrimônio dos sujeitos passivos.
bis in idem, já que, ontologicamente, não se trata de punições idên- Este artigo admite expressamente a variante culposa, o que
ticas, embora baseadas no mesmo fato, mas de responsabilização muitos entendem ser inconstitucional. O STJ, no REsp n° 939.142/
em esferas distintas do Direito. RJ, apontou alguns aspectos da inconstitucionalidade do artigo.
Destaca-se um conceito mais amplo de agente público previsto Contudo, “a jurisprudência do STJ consolidou a tese de que é in-
pela lei nº 8.429/1992 em seus artigos 1º e 2º porque o agente pú- dispensável a existência de dolo nas condutas descritas nos arti-
blico pode ser ou não um servidor público. Ele poderá estar vincu- gos 9º e 11 e ao menos de culpa nas hipóteses do artigo 10, nas
lado a qualquer instituição ou órgão que desempenhe diretamente quais o dano ao erário precisa ser comprovado. De acordo com o
o interesse do Estado. Assim, estão incluídos todos os integrantes ministro Castro Meira, a conduta culposa ocorre quando o agente
da administração direta, indireta e fundacional, conforme o preâm- não pretende atingir o resultado danoso, mas atua com negligên-
bulo da legislação. cia, imprudência ou imperícia (REsp n° 1.127.143)”28. Para Carva-
Pode até mesmo ser uma entidade privada que desempenhe lho Filho29, não há inconstitucionalidade na modalidade culposa,
tais fins, desde que a verba de criação ou custeio tenha sido ou lembrando que é possível dosar a pena conforme o agente aja com
seja pública em mais de 50% do patrimônio ou receita anual. Caso dolo ou culpa.
a verba pública que tenha auxiliado uma entidade privada a qual O ponto central é lembrar que neste artigo não se exige que
o Estado não tenha concorrido para criação ou custeio, também o sujeito ativo tenha percebido vantagens indevidas, basta o dano
haverá sujeição às penalidades da lei. Em caso de custeio/criação ao erário. Se tiver recebido vantagem indevida, incide no artigo an-
pelo Estado que seja inferior a 50% do patrimônio ou receita anual, terior. Exceto pela não percepção da vantagem indevida, os tipos
a legislação ainda se aplica. Entretanto, nestes dois casos, a sanção exemplificados se aproximam muito dos previstos nos incisos do
patrimonial se limitará ao que o ilícito repercutiu sobre a contri- art. 9°.
buição dos cofres públicos. Significa que se o prejuízo causado for
maior que a efetiva contribuição por parte do poder público, o res- c) Ato de Improbidade Administrativa Decorrentes de Conces-
sarcimento terá que ser buscado por outra via que não a ação de são ou Aplicação Indevida de Benefício Financeiro ou Tributário
improbidade administrativa. (Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016)
A legislação em estudo, por sua vez, divide os atos de improbi- Uma das alterações recentes à disciplina do ISS visou evitar a
dade administrativa em três categorias: continuidade da guerra fiscal entre os municípios, fixando-se a alí-
a) Ato de improbidade administrativa que importe enriqueci- quota mínima em 2%.
mento ilícito (artigo 9º, Lei nº 8.429/1992) Com efeito, os municípios não poderão fixar dentro de sua
O grupo mais grave de atos de improbidade administrativa se competência constitucional alíquotas inferiores a 2% para atrair e
caracteriza pelos elementos: enriquecimento + ilícito + resultante fomentar investimentos novos (incentivo fiscal), prejudicando os
de uma vantagem patrimonial indevida + em razão do exercício de municípios vizinhos.
cargo, mandato, emprego, função ou outra atividade nas entida- Em razão disso, tipifica-se como ato de improbidade adminis-
des do artigo 1° da Lei nº 8.429/1992. trativa a eventual concessão do benefício abaixo da alíquota míni-
O enriquecimento deve ser ilícito, afinal, o Estado não se opõe ma.
que o indivíduo enriqueça, desde que obedeça aos ditames morais,
notadamente no desempenho de função de interesse estatal. d) Ato de improbidade administrativa que atente contra os
Exige-se que o sujeito obtenha vantagem patrimonial ilícita. princípios da administração pública (artigo 11, Lei nº 8.429/1992)
Contudo, é dispensável que efetivamente tenha ocorrido dano aos Nos termos do artigo 11 da Lei nº 8.429/1992, “constitui ato
cofres públicos (por exemplo, quando um policial recebe propina de improbidade administrativa que atenta contra os princípios
pratica ato de improbidade administrativa, mas não atinge direta- da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os
mente os cofres públicos). deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade
Como fica difícil imaginar que alguém possa se enriquecer ilici- 26Ibid.
tamente por negligência, imprudência ou imperícia, todas as con- 27 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo.
dutas configuram atos dolosos (com intenção). Não cabe prática 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
por omissão.25 28BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Improbidade administrativa: de-
sonestidade na gestão dos recursos públicos. Disponível em: <http://www.stj.
24LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado. 15. ed. gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=103422>.
São Paulo: Saraiva, 2011. Acesso em: 26 mar. 2013.
25SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Método, 29CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 23.
2011. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
às instituições [...]”. O grupo mais ameno de atos de improbida- Carvalho Filho32 tece considerações a respeito de algumas das
de administrativa se caracteriza pela simples violação a princípios sanções:
da administração pública, ou seja, aplica-se a qualquer atitude do - Perda de bens e valores: “tal punição só incide sobre os bens
sujeito ativo que viole os ditames éticos do serviço público. Isto é, acrescidos após a prática do ato de improbidade. Se alcançasse an-
o legislador pretende a preservação dos princípios gerais da admi- teriores, ocorreria confisco, o que restaria sem escora constitucio-
nistração pública30. nal. Além disso, o acréscimo deve derivar de origem ilícita”.
O objeto de tutela são os princípios constitucionais. Basta a - Ressarcimento integral do dano: há quem entenda que engloba
vulneração em si dos princípios, sendo dispensáveis o enriqueci- dano moral. Cabe acréscimo de correção monetária e juros de mora.
mento ilícito e o dano ao erário. Somente é possível a prática de - Perda de função pública: “se o agente é titular de mandato,
algum destes atos com dolo (intenção), embora caiba a prática por a perda se processa pelo instrumento de cassação. Sendo servidor
ação ou omissão. estatutário, sujeitar-se-á à demissão do serviço público. Havendo
Será preciso utilizar razoabilidade e proporcionalidade para contrato de trabalho (servidores trabalhistas e temporários), a per-
não permitir a caracterização de abuso de poder, diante do conteú- da da função pública se consubstancia pela rescisão do contrato
do aberto do dispositivo. Na verdade, trata-se de tipo subsidiário, com culpa do empregado. No caso de exercer apenas uma função
ou seja, que se aplica quando o ato de improbidade administrativa pública, fora de tais situações, a perda se dará pela revogação da
não tiver gerado obtenção de vantagem designação”. Lembra-se que determinadas autoridades se sujeitam
Com efeito, os atos de improbidade administrativa não são a procedimento especial para perda da função pública, ponto em
crimes de responsabilidade. Trata-se de punição na esfera cível, que não se aplica a Lei de Improbidade Administrativa.
não criminal. Por isso, caso o ato configure simultaneamente um - Multa: a lei indica inflexibilidade no limite máximo, mas fle-
ato de improbidade administrativa desta lei e um crime previsto na xibilidade dentro deste limite, podendo os julgados nesta margem
legislação penal, o que é comum no caso do artigo 9°, responderá o optar pela mais adequada. Há ainda variabilidade na base de cál-
agente por ambos, nas duas esferas. culo, conforme o tipo de ato de improbidade (a base será o valor
do enriquecimento ou o valor do dano ou o valor da remuneração
Em suma, a lei encontra-se estruturada da seguinte forma: ini- do agente). A natureza da multa é de sanção civil, não possuindo
cialmente, trata das vítimas possíveis (sujeito passivo) e daqueles caráter indenizatório, mas punitivo.
que podem praticar os atos de improbidade administrativa (sujeito - Proibição de receber benefícios: não se incluem as imunida-
ativo); ainda, aborda a reparação do dano ao lesionado e o ressar- des genéricas e o agente punido deve ser ao menos sócio majoritá-
cimento ao patrimônio público; após, traz a tipologia dos atos de rio da instituição vitimada.
improbidade administrativa, isto é, enumera condutas de tal natu- - Proibição de contratar: o agente punido não pode participar
reza; seguindo-se à definição das sanções aplicáveis; e, finalmente, de processos licitatórios.
descreve os procedimentos administrativo e judicial.
No caso do art. 9°, categoria mais grave, o agente obtém um 4) Responsabilidade civil do Estado e de seus servidores
enriquecimento ilícito (vantagem econômica indevida) e pode ain- O instituto da responsabilidade civil é parte integrante do di-
da causar dano ao erário, por isso, deverá não só reparar even- reito obrigacional, uma vez que a principal consequência da prática
tual dano causado mas também colocar nos cofres públicos tudo de um ato ilícito é a obrigação que gera para o seu auto de reparar
o que adquiriu indevidamente. Ou seja, poderá pagar somente o o dano, mediante o pagamento de indenização que se refere às
que enriqueceu indevidamente ou este valor acrescido do valor do perdas e danos. Afinal, quem pratica um ato ou incorre em omissão
prejuízo causado aos cofres públicos (quanto o Estado perdeu ou que gere dano deve suportar as consequências jurídicas decorren-
deixou de ganhar). No caso do artigo 10, não haverá enriquecimen- tes, restaurando-se o equilíbrio social.33
to ilícito, mas sempre existirá dano ao erário, o qual será reparado A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, podendo re-
(eventualmente, ocorrerá o enriquecimento ilícito, devendo o valor cair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os limites da herança,
adquirido ser tomado pelo Estado). Na hipótese do artigo 10-A, não embora existam reflexos na ação que apure a responsabilidade civil
se denota nem enriquecimento ilícito e nem dano ao erário, pois conforme o resultado na esfera penal (por exemplo, uma absolvi-
no máximo a prática de guerra fiscal pode gerar. Já no artigo 11, ção por negativa de autoria impede a condenação na esfera cível,
o máximo que pode ocorrer é o dano ao erário, com o devido res- ao passo que uma absolvição por falta de provas não o faz).
sarcimento. Além disso, em todos os casos há perda da função pú- A responsabilidade civil do Estado acompanha o raciocínio de
blica. Nas três categorias, são estabelecidas sanções de suspensão que a principal consequência da prática de um ato ilícito é a obrigação
dos direitos políticos, multa e vedação de contratação ou percep- que gera para o seu auto de reparar o dano, mediante o pagamento
ção de vantagem, graduadas conforme a gravidade do ato. É o que de indenização que se refere às perdas e danos. Todos os cidadãos se
se depreende da leitura do artigo 12 da Lei nº 8.929/1992 como sujeitam às regras da responsabilidade civil, tanto podendo buscar o
§4º do artigo 37, CF, que prevê: “Os atos de improbidade adminis- ressarcimento do dano que sofreu quanto respondendo por aqueles
trativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da danos que causar. Da mesma forma, o Estado tem o dever de indeni-
função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao zar os membros da sociedade pelos danos que seus agentes causem
erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação durante a prestação do serviço, inclusive se tais danos caracteriza-
penal cabível”. A única sanção que se encontra prevista na Lei nº rem uma violação aos direitos humanos reconhecidos.
8.429/1992 mas não na Constituição Federal é a de multa. (art. 37,
§4°, CF). Não há nenhuma inconstitucionalidade disto, pois nada Trata-se de responsabilidade extracontratual porque não de-
impediria que o legislador infraconstitucional ampliasse a relação pende de ajuste prévio, basta a caracterização de elementos gené-
mínima de penalidades da Constituição, pois esta não limitou tal ricos pré-determinados, que perpassam pela leitura concomitante
possibilidade e porque a lei é o instrumento adequado para tanto31. do Código Civil (artigos 186, 187 e 927) com a Constituição Federal
30SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Método,
(artigo 37, §6°).
2011. 32Ibid.
31CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 23. 33GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 9. ed. São Paulo:
ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. Saraiva, 2005.

34
CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
Genericamente, os elementos da responsabilidade civil se en- Assim, o Estado responde pelos danos que seu agente causar
contram no art. 186 do Código Civil: aos membros da sociedade, mas se este agente agiu com dolo ou
Artigo 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, culpa deverá ressarcir o Estado do que foi pago à vítima. O agente
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, causará danos ao praticar condutas incompatíveis com o compor-
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. tamento ético dele esperado.34
A responsabilidade civil do servidor exige prévio processo ad-
Este é o artigo central do instituto da responsabilidade civil, ministrativo disciplinar no qual seja assegurado contraditório e am-
que tem como elementos: ação ou omissão voluntária (agir como pla defesa. Trata-se de responsabilidade civil subjetiva ou com cul-
não se deve ou deixar de agir como se deve), culpa ou dolo do agen- pa. Havendo ação ou omissão com culpa do servidor que gere dano
te (dolo é a vontade de cometer uma violação de direito e culpa é ao erário (Administração) ou a terceiro (administrado), o servidor
a falta de diligência), nexo causal (relação de causa e efeito entre a terá o dever de indenizar.
ação/omissão e o dano causado) e dano (dano é o prejuízo sofrido Não obstante, agentes públicos que pratiquem atos violadores
pelo agente, que pode ser individual ou coletivo, moral ou material, de direitos humanos se sujeitam à responsabilidade penal e à res-
econômico e não econômico). ponsabilidade administrativa, todas autônomas uma com relação
1) Dano - somente é indenizável o dano certo, especial e anor- à outra e à já mencionada responsabilidade civil. Neste sentido, o
mal. Certo é o dano real, existente. Especial é o dano específico, artigo 125 da Lei nº 8.112/90:
individualizado, que atinge determinada ou determinadas pessoas. Artigo 125, Lei nº 8.112/1990. As sanções civis, penais e admi-
Anormal é o dano que ultrapassa os problemas comuns da vida em nistrativas poderão cumular-se, sendo independentes entre si.
sociedade (por exemplo, infelizmente os assaltos são comuns e o
Estado não responde por todo assalto que ocorra, a não ser que na
No caso da responsabilidade civil, o Estado é diretamente acio-
circunstância específica possuía o dever de impedir o assalto, como
nado e responde pelos atos de seus servidores que violem direitos
no caso de uma viatura presente no local - muito embora o direito
humanos, cabendo eventualmente ação de regresso contra ele.
à segurança pessoal seja um direito humano reconhecido).
Contudo, nos casos da responsabilidade penal e da responsabili-
2) Agentes públicos - é toda pessoa que trabalhe dentro da ad-
dade administrativa aciona-se o agente público que praticou o ato.
ministração pública, tenha ingressado ou não por concurso, possua
São inúmeros os exemplos de crimes que podem ser prati-
cargo, emprego ou função. Envolve os agentes políticos, os servido-
cados pelo agente público no exercício de sua função que violam
res públicos em geral (funcionários, empregados ou temporários) e
direitos humanos. A título de exemplo, peculato, consistente em
os particulares em colaboração (por exemplo, jurado ou mesário).
apropriação ou desvio de dinheiro público (art. 312, CP), que viola
3) Dano causado quando o agente estava agindo nesta qualida-
de - é preciso que o agente esteja lançando mão das prerrogativas o bem comum e o interesse da coletividade; concussão, que é a
do cargo, não agindo como um particular. exigência de vantagem indevida (art. 316, CP), expondo a vítima a
uma situação de constrangimento e medo que viola diretamente
Sem estes três requisitos, não será possível acionar o Estado sua dignidade; tortura, a mais cruel forma de tratamento huma-
para responsabilizá-lo civilmente pelo dano, por mais relevante no, cuja pena é agravada quando praticada por funcionário público
que tenha sido a esfera de direitos atingida. Assim, não é qualquer (art. 1º, §4º, I, Lei nº 9.455/97); etc.
dano que permite a responsabilização civil do Estado, mas somente Quanto à responsabilidade administrativa, menciona-se, a tí-
aquele que é causado por um agente público no exercício de suas tulo de exemplo, as penalidades cabíveis descritas no art. 127 da
funções e que exceda as expectativas do lesado quanto à atuação Lei nº 8.112/90, que serão aplicadas pelo funcionário que violar a
do Estado. ética do serviço público, como advertência, suspensão e demissão.
É preciso lembrar que não é o Estado em si que viola os direitos Evidencia-se a independência entre as esferas civil, penal e
humanos, porque o Estado é uma ficção formada por um grupo de administrativa no que tange à responsabilização do agente público
pessoas que desempenham as atividades estatais diversas. Assim, que cometa ato ilícito.
viola direitos humanos não o Estado em si, mas o agente que o Tomadas as exigências de características dos danos acima co-
representa, fazendo com que o próprio Estado seja responsabili- lacionadas, notadamente a anormalidade, considera-se que para o
zado por isso civilmente, pagando pela indenização (reparação dos Estado ser responsabilizado por um dano, ele deve exceder expec-
danos materiais e morais). Sem prejuízo, com relação a eles, caberá tativas cotidianas, isto é, não cabe exigir do Estado uma excepcio-
ação de regresso se agiram com dolo ou culpa. nal vigilância da sociedade e a plena cobertura de todas as fatalida-
Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal: des que possam acontecer em território nacional.
Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito público e as de Diante de tal premissa, entende-se que a responsabilidade civil
direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos do Estado será objetiva apenas no caso de ações, mas subjetiva
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, no caso de omissões. Em outras palavras, verifica-se se o Estado se
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos omitiu tendo plenas condições de não ter se omitido, isto é, ter dei-
de dolo ou culpa. xado de agir quando tinha plenas condições de fazê-lo, acarretando
em prejuízo dentro de sua previsibilidade.
Este artigo deixa clara a formação de uma relação jurídica au- São casos nos quais se reconheceu a responsabilidade omissiva
tônoma entre o Estado e o agente público que causou o dano no do Estado: morte de filho menor em creche municipal, buracos não
desempenho de suas funções. Nesta relação, a responsabilidade sinalizados na via pública, tentativa de assalto a usuário do metrô
civil será subjetiva, ou seja, caberá ao Estado provar a culpa do resultando em morte, danos provocados por enchentes e escoa-
agente pelo dano causado, ao qual foi anteriormente condenado mento de águas pluviais quando o Estado sabia da problemática e
a reparar. Direito de regresso é justamente o direito de acionar o não tomou providência para evitá-las, morte de detento em prisão,
causador direto do dano para obter de volta aquilo que pagou à incêndio em casa de shows fiscalizada com negligência, etc.
vítima, considerada a existência de uma relação obrigacional que se
34SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Método,
forma entre a vítima e a instituição que o agente compõe.
2011.

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CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
Logo, não é sempre que o Estado será responsabilizado. Há ex- § 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão
cludentes da responsabilidade estatal, notadamente: a) caso for- anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos cargos e
tuito (fato de terceiro) ou força maior (fato da natureza) fora dos empregos públicos.
alcances da previsibilidade do dano; b) culpa exclusiva da vítima. § 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
pios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários provenien-
5) Exercício de mandato eletivo por servidores públicos tes da economia com despesas correntes em cada órgão, autarquia
A questão do exercício de mandato eletivo pelo servidor pú- e fundação, para aplicação no desenvolvimento de programas de
blico encontra previsão constitucional em seu artigo 38, que nota- qualidade e produtividade, treinamento e desenvolvimento, mo-
damente estabelece quais tipos de mandatos geram incompatibi- dernização, reaparelhamento e racionalização do serviço público,
lidade ao serviço público e regulamenta a questão remuneratória: inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade.
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em
Artigo 38, CF. Ao servidor público da administração direta, au- carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º.
tárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-
-se as seguintes disposições: Artigo 40, CF. O regime próprio de previdência social dos ser-
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, vidores titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e so-
ficará afastado de seu cargo, emprego ou função; lidário, mediante contribuição do respectivo ente federativo, de
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, em- servidores ativos, de aposentados e de pensionistas, observados
prego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração; critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. (Re-
III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibili- dação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
dade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego § 1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência
ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não social será aposentado: (Redação dada pela Emenda Constitu-
havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior; cional nº 103, de 2019)
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício I - por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em
de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos que estiver investido, quando insuscetível de readaptação, hipótese
os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento; em que será obrigatória a realização de avaliações periódicas para
V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de afasta- verificação da continuidade das condições que ensejaram a conces-
mento, os valores serão determinados como se no exercício estivesse. são da aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente federa-
tivo; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de
6) Regime de remuneração e previdência dos servidores públicos 2019)
Regulamenta-se o regime de remuneração e previdência dos II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo
servidores públicos nos artigo 39 e 40 da Constituição Federal: de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta
e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar; (Re-
Artigo 39, CF. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu- dação dada pela Emenda Constitucional nº 88, de 2015) (Vide
nicípios instituirão conselho de política de administração e remu- Lei Complementar nº 152, de 2015)
neração de pessoal, integrado por servidores designados pelos res- III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade,
pectivos Poderes. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem,
de 1998 e aplicação suspensa pela ADIN nº 2.135-4, destacando-se e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na
a redação anterior: “A União, os Estados, o Distrito Federal e os idade mínima estabelecida mediante emenda às respectivas Cons-
Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurí- tituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição e os
dico único e planos de carreira para os servidores da administração demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo
pública direta, das autarquias e das fundações públicas”). ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais com- nº 103, de 2019)
ponentes do sistema remuneratório observará: § 2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser inferiores
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos ao valor mínimo a que se refere o § 2º do art. 201 ou superiores
cargos componentes de cada carreira; ao limite máximo estabelecido para o Regime Geral de Previdência
II - os requisitos para a investidura; Social, observado o disposto nos §§ 14 a 16. (Redação dada
III - as peculiaridades dos cargos. pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas § 3º As regras para cálculo de proventos de aposentadoria se-
de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores
rão disciplinadas em lei do respectivo ente federativo. (Reda-
públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requisi-
ção dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
tos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração
§ 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados
de convênios ou contratos entre os entes federados.
para concessão de benefícios em regime próprio de previdência so-
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o
cial, ressalvado o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º. (Reda-
disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV,XVI, XVII, XVIII, XIX,
ção dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de
§ 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do res-
admissão quando a natureza do cargo o exigir.
pectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferencia-
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os
dos para aposentadoria de servidores com deficiência, previamente
Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão
submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por equipe multi-
remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela úni-
profissional e interdisciplinar. (Incluído pela Emenda Constitu-
ca, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono,
cional nº 103, de 2019)
prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória,
obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. § 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do res-
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- pectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferencia-
cípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor remu- dos para aposentadoria de ocupantes do cargo de agente peniten-
neração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer caso, o ciário, de agente socioeducativo ou de policial dos órgãos de que
disposto no art. 37, XI. tratam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput do art.

36
CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
52 e os incisos I a IV do caput do art. 144. (Incluído pela Emen- ção definida, observará o disposto no art. 202 e será efetivado por
da Constitucional nº 103, de 2019) intermédio de entidade fechada de previdência complementar ou
§ 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do res- de entidade aberta de previdência complementar.(Redação dada
pectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferencia- pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)§
dos para aposentadoria de servidores cujas atividades sejam exer- 16. Somente mediante sua prévia e expressa opção, o disposto
cidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver ingressado
prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a carac- no serviço público até a data da publicação do ato de instituição do
terização por categoria profissional ou ocupação. (Incluído pela correspondente regime de previdência complementar.
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 17. Todos os valores de remuneração considerados para o
§ 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade mínima cálculo do benefício previsto no § 3° serão devidamente atualiza-
reduzida em 5 (cinco) anos em relação às idades decorrentes da dos, na forma da lei.
aplicação do disposto no inciso III do § 1º, desde que comprovem § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias
tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que supe-
infantil e no ensino fundamental e médio fixado em lei complemen- rem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral
tar do respectivo ente federativo. (Redação dada pela Emenda de previdência social de que trata o art. 201, com percentual igual ao
Constitucional nº 103, de 2019) estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos.
§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos § 19. Observados critérios a serem estabelecidos em lei do
acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção de respectivo ente federativo, o servidor titular de cargo efetivo que
mais de uma aposentadoria à conta de regime próprio de previdên- tenha completado as exigências para a aposentadoria voluntária e
cia social, aplicando-se outras vedações, regras e condições para a que opte por permanecer em atividade poderá fazer jus a um abo-
acumulação de benefícios previdenciários estabelecidas no Regime no de permanência equivalente, no máximo, ao valor da sua con-
Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda tribuição previdenciária, até completar a idade para aposentadoria
Constitucional nº 103, de 2019) compulsória.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de
§ 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quando se tratar 2019)
da única fonte de renda formal auferida pelo dependente, o bene- § 20. É vedada a existência de mais de um regime próprio de
fício de pensão por morte será concedido nos termos de lei do res- previdência social e de mais de um órgão ou entidade gestora des-
pectivo ente federativo, a qual tratará de forma diferenciada a hi- se regime em cada ente federativo, abrangidos todos os poderes,
pótese de morte dos servidores de que trata o § 4º-B decorrente de órgãos e entidades autárquicas e fundacionais, que serão responsá-
agressão sofrida no exercício ou em razão da função. (Redação veis pelo seu financiamento, observados os critérios, os parâmetros
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)§ 8º É assegura- e a natureza jurídica definidos na lei complementar de que trata o
do o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter § 22. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de
permanente, o valor real, conforme critérios estabelecidos em lei. 2019)
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual, distrital ou § 21. (Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitucional
municipal será contado para fins de aposentadoria, observado o nº 103, de 2019)
disposto nos §§ 9º e 9º-A do art. 201, e o tempo de serviço corres- § 22. Vedada a instituição de novos regimes próprios de previ-
pondente será contado para fins de disponibilidade. (Redação dada dência social, lei complementar federal estabelecerá, para os que
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) já existam, normas gerais de organização, de funcionamento e de
§ 10. A lei não poderá estabelecer qualquer forma de conta- responsabilidade em sua gestão, dispondo, entre outros aspectos,
gem de tempo de contribuição fictício. sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 11. Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos I - requisitos para sua extinção e consequente migração para o
proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da acumu- Regime Geral de Previdência Social; (Incluído pela Emenda
lação de cargos ou empregos públicos, bem como de outras ativi- Constitucional nº 103, de 2019)
dades sujeitas a contribuição para o regime geral de previdência II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utilização dos re-
social, e ao montante resultante da adição de proventos de inativi- cursos; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
dade com remuneração de cargo acumulável na forma desta Cons- III - fiscalização pela União e controle externo e social; (In-
tituição, cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e cluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
exoneração, e de cargo eletivo. IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial; (Incluído
§ 12. Além do disposto neste artigo, serão observados, em regi- pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
me próprio de previdência social, no que couber, os requisitos e cri- V - condições para instituição do fundo com finalidade previ-
térios fixados para o Regime Geral de Previdência Social.(Redação denciária de que trata o art. 249 e para vinculação a ele dos recur-
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) sos provenientes de contribuições e dos bens, direitos e ativos de
§ 13. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente, de qualquer natureza; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103,
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exonera- de 2019)
ção, de outro cargo temporário, inclusive mandato eletivo, ou de VI - mecanismos de equacionamento do deficit atuarial;
emprego público, o Regime Geral de Previdência Social.(Redação (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do regime, ob-
§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios ins- servados os princípios relacionados com governança, controle in-
tituirão, por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, regime terno e transparência; (Incluído pela Emenda Constitucional
de previdência complementar para servidores públicos ocupantes nº 103, de 2019)
de cargo efetivo, observado o limite máximo dos benefícios do Re- VIII - condições e hipóteses para responsabilização daqueles
gime Geral de Previdência Social para o valor das aposentadorias e que desempenhem atribuições relacionadas, direta ou indireta-
das pensões em regime próprio de previdência social, ressalvado mente, com a gestão do regime; (Incluído pela Emenda Cons-
o disposto no § 16.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº titucional nº 103, de 2019)
103, de 2019) IX - condições para adesão a consórcio público; (Incluído
§ 15. O regime de previdência complementar de que trata o § pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
14 oferecerá plano de benefícios somente na modalidade contribui- X - parâmetros para apuração da base de cálculo e definição de

37
CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
alíquota de contribuições ordinárias e extraordinárias. (Incluí- O estágio probatório pode ser definido como um lapso de tem-
do pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) po no qual a aptidão e capacidade do servidor serão avaliadas de
7) Estágio probatório e perda do cargo acordo com critérios de assiduidade, disciplina, capacidade de ini-
Estabelece a Constituição Federal em seu artigo 41, a ser lido ciativa, produtividade e responsabilidade. O servidor não aprovado
em conjunto com o artigo 20 da Lei nº 8.112/1990: no estágio probatório será exonerado ou, se estável, reconduzido
ao cargo anteriormente ocupado. Não existe vedação para um ser-
Artigo 41, CF. São estáveis após três anos de efetivo exercício vidor em estágio probatório exercer quaisquer cargos de provimen-
os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em vir- to em comissão ou funções de direção, chefia ou assessoramento
no órgão ou entidade de lotação.
tude de concurso público.
Desde a Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a disciplina do
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
estágio probatório mudou, notadamente aumentando o prazo de 2
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado; anos para 3 anos. Tendo em vista que a norma constitucional pre-
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegu- valece sobre a lei federal, mesmo que ela não tenha sido atualiza-
rada ampla defesa; da, deve-se seguir o disposto no artigo 41 da Constituição Federal.
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desem- Uma vez adquirida a aprovação no estágio probatório, o ser-
penho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa. vidor público somente poderá ser exonerado nos casos do §1º do
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor artigo 40 da Constituição Federal, notadamente: em virtude de
estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se sentença judicial transitada em julgado; mediante processo admi-
estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indeniza- nistrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; ou mediante
ção, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma
remuneração proporcional ao tempo de serviço. de lei complementar, assegurada ampla defesa (sendo esta lei com-
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o ser- plementar ainda inexistente no âmbito federal.
vidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração propor-
cional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em 8) Dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios
outro cargo. Prevê o artigo 42, CF:
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obriga- Art. 42. Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombei-
tória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída ros Militares, instituições organizadas com base na hierarquia e disci-
plina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
para essa finalidade.
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições do art.
Art. 20, Lei nº 8.112/1990. Ao entrar em exercício, o servidor 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual
nomeado para cargo de provimento efetivo ficará sujeito a estágio específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as
probatório por período de 24 (vinte e quatro) meses, durante o qual patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos governadores.
a sua aptidão e capacidade serão objeto de avaliação para o de- § 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito Fe-
sempenho do cargo, observados os seguinte fatores: deral e dos Territórios aplica-se o que for fixado em lei específica do
I - assiduidade; respectivo ente estatal.
II - disciplina; § 3º Aplica-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e
III - capacidade de iniciativa; dos Territórios o disposto no art. 37, inciso XVI, com prevalência
IV - produtividade; da atividade militar.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 101,
V - responsabilidade. de 2019)
§ 1º 4 (quatro) meses antes de findo o período do estágio pro-
batório, será submetida à homologação da autoridade competen- TÍTULO IV
te a avaliação do desempenho do servidor, realizada por comissão DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
constituída para essa finalidade, de acordo com o que dispuser a lei CAPÍTULO III
ou o regulamento da respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo da DO PODER JUDICIÁRIO
continuidade de apuração dos fatores enumerados nos incisos I a V
Poder judiciário
do caput deste artigo.
O Poder Judiciário tem por função essencial aplicar a lei ao caso
§ 2º O servidor não aprovado no estágio probatório será exo-
concreto, julgar os casos levados à sua apreciação. O artigo 92 da
nerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormente ocupa-
Constituição disciplina os órgãos que compõem o Poder Judiciário,
do, observado o disposto no parágrafo único do art. 29. sendo que os artigos posteriores delimitam a competência de cada
§ 3º O servidor em estágio probatório poderá exercer quaisquer um deles. Os órgãos que ficam no topo do sistema possuem sede
cargos de provimento em comissão ou funções de direção, chefia ou na Capital Federal, Brasília, e são dotados de jurisdição em todo o
assessoramento no órgão ou entidade de lotação, e somente poderá território nacional.
ser cedido a outro órgão ou entidade para ocupar cargos de Nature- Artigo 92, CF. São órgãos do Poder Judiciário:
za Especial, cargos de provimento em comissão do Grupo-Direção e I - o Supremo Tribunal Federal;
Assessoramento Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou equivalentes. I-A - o Conselho Nacional de Justiça;
§ 4º Ao servidor em estágio probatório somente poderão ser II - o Superior Tribunal de Justiça;
concedidas as licenças e os afastamentos previstos nos arts. 81, in- II-A - o Tribunal Superior do Trabalho;
cisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afastamento para participar III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
de curso de formação decorrente de aprovação em concurso para IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
outro cargo na Administração Pública Federal. V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
§ 5º O estágio probatório ficará suspenso durante as licenças e VI - os Tribunais e Juízes Militares;
os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o, 86 e 96, bem assim VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e
na hipótese de participação em curso de formação, e será retomado Territórios.
a partir do término do impedimento. § 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justi-

38
CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
ça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal. trabalho; e exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm e dos trabalhadores, está cumprida a:
jurisdição em todo o território nacional. A. Função econômica.
B. Reforma agrária.
1) Estatuto da Magistratura C. Desapropriação.
A Lei Complementar nº 35, de 14 de março de 1979, dispõe so- D. Função social.
bre a Lei Orgânica da Magistratura Nacional, que faz as vezes de Esta-
tuto da Magistratura. A lei foi recepcionada pela Constituição Federal 3. Assinale a única alternativa que não contemple um direito
no que for compatível com este artigo 93, que segue abaixo. Com social previsto na Constituição Federal.
efeito, a Lei Complementar nº 35/1979 foi sendo atualizada pelas A. direito ao lazer
Leis Complementares nº 37/1979, 54/1986 e 60/1989 e Resoluções B. direito à previdência social
do Senado Federal nº 12/9031/93. Contudo, somente com a edição C. direito à alimentação
da Constituição Federal de 1988 e, principalmente, com a Emenda D. direito à ampla defesa
Constitucional nº 45/2004, abriu-se um horizonte mais promissor. E. direito à educação
A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), inclusive, ela-
borou em fevereiro de 2005 uma Proposta de Anteprojeto de Lei 4. Segundo as disposições do Art. 12 da Constituição Federal, é
Complementar versando sobre o Estatuto da Magistratura Nacio- privativo de brasileiro nato o cargo de:
nal (LOMAN) de forma mais compatível com o atual contexto da A. Ministro do Supremo Tribunal Federal.
Constituição Federal. Mais recentemente, ao final de 2014, o Presi- B. Ministro de Estado da Justiça e da Segurança Pública.
dente do Supremo Tribunal Federal divulgou minuta do Estatuto da C. Ministro do Superior Tribunal de Justiça.
Magistratura, anteprojeto que pode ser apresentado ao Congresso D. Deputado Federal.
Nacional no ano de 201535. A edição do Estatuto, entretanto, vem E. Senador da República.
tardando. Ainda assim, prevalece o entendimento pela autoaplica-
bilidade do artigo 93 da Constituição Federal, o que reforça garan- 5. Com base nas disposições constitucionais sobre os direitos e
tias essenciais ao exercício da atividade judicante. garantias fundamentais, analise as afirmativas a seguir:
I. Os cargos de Vice-Presidente da República e Senador são pri-
vativos de brasileiro nato.
EXERCÍCIOS II. São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
III. Os partidos políticos não estão subordinados a nenhum tipo
1. [...] não se pode deduzir que todos os direitos fundamen- de governo, mas podem receber recursos financeiros de entidades
tais possam ser aplicados e protegidos da mesma forma, embora nacionais ou estrangeiras.
todos eles estejam sob a guarda de um regime jurídico reforçado,
conferido pelo legislador constituinte. (HACHEM, Daniel Wunder. Assinale
Mandado de Injunção e Direitos Fundamentais, 2012.) A. se somente a afirmativa I estiver correta.
Sobre o tema, assinale a alternativa correta. B. se somente a afirmativa II estiver correta.
A. É compatível com a posição do autor inferir-se que, não obs- C. se somente a afirmativa III estiver correta
tante o reconhecimento do princípio da aplicabilidade imediata das D. se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
normas definidoras de direitos e garantias fundamentais, há pe- E. se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
culiaridades nas consequências jurídicas extraíveis de cada direito
fundamental, haja vista existirem distintos níveis de proteção. 6. Doutrinariamente, o conceito e a classificação das constituições
B. É compatível com a posição do autor a recusa ao reconhe- podem variar de acordo com o sentido e o critério adotados para sua
cimento do princípio da aplicabilidade imediata das normas defi- definição. A respeito dessa temática, leia as afirmativas abaixo:
nidoras de direitos e garantias fundamentais no sistema constitu- I. Para o sociólogo Ferdinand Lassalle, “Constituição” seria a
cional brasileiro. somatória dos fatores reais de poder dentro de uma sociedade,
C. O autor se refere particularmente à distinção existente en- enquanto reflexo do embate das forças econômicas, sociais, polí-
tre direitos fundamentais políticos e direitos fundamentais sociais, ticas e religiosas de um Estado. Nesse sentido, por ser uma norma
haja vista a mais ampla proteção constitucional aos primeiros, que jurídica, ainda que não efetiva, uma Constituição legítima é aquela
não estão limitados ao mínimo existencial. escrita em uma “folha de papel”.
D. O autor se refere particularmente à distinção entre os direi- II. O alemão Carl Schmitt define “Constituição” como sendo
tos fundamentais que consistem em cláusulas pétreas e os direitos uma decisão política fundamental, cuja finalidade precípua é orga-
fundamentais que não estão protegidos por essa cláusula, sendo nizar e estruturar os elementos essenciais do Estado. Trata-se do
que a maior proteção dada aos primeiros os torna imunes à inci- sentido político delineado na teoria decisionista ou voluntarista,
dência da reserva do possível. em que a Constituição é um produto da vontade do titular do Po-
E. O autor se refere particularmente à distinção entre os direitos der Constituinte.
fundamentais que estão expressos na Constituição de 1988 e aque- III. Embasada em uma concepção jurídica, “Constituição” é
les que estão implícitos, decorrendo dos princípios por ela adotados, uma norma pura, a despeito de fundamentações oriundas de ou-
haja vista o expresso regime diferenciado de proteção estabelecido tras disciplinas. Através do sentido jurídico-positivo, Hans Kelsen
em nível constitucional para esses dois grupos de direitos. define a Constituição como norma positiva suprema, dentro de um
sistema escalonado e hierarquizado de normas, em que aquela ser-
2. De acordo com a Constituição Federal de 1988, é certo di- ve de fundamento de validade para todas as demais.
zer que quando a propriedade rural atende, simultaneamente, se- IV. “Constituição-dirigente ou registro” é aquela que traça di-
gundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos se- retrizes objetivando nortear a ação estatal, mediante a previsão de
guintes requisitos: aproveitamento racional e adequado; utilização normas programáticas. Marcante em nações socialistas, visa reger
adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio o ordenamento jurídico de um Estado durante certo período de
ambiente; observância das disposições que regulam as relações de tempo nela estabelecido, cujo decurso implicará a elaboração de
35http://jota.info/o-que-o-stf-quer-mudar-estatuto-da-magistratura

39
CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
uma nova Constituição ou adaptação de seu texto. 9. A Constituição de 1988 foi batizada de “Constituição Cida-
V. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é dã” pelo presidente da Assembleia Constituinte Ulisses Guimarães.
classificada, pela doutrina majoritária, como sendo de ordem de- Dentre as razões para tal denominação, destaca-se
mocrática, nominativa, analítica, material e super-rígida. A. a existência de um conjunto de normas que garantiam um
mínimo existencial para os cidadãos por meio dos direitos sociais.
Assinale a alternativa correta. B. a garantia de uma economia liberal para melhor promover a
A. Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas diversidade econômica e a promoção do bem-estar
B. Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas C. a promoção de uma sociedade igualitária e totalitária para
C. Apenas as afirmativas II, III e V estão corretas promover o socialismo e o comunismo.
D. Apenas as afirmativas II e III estão corretas D. a existência de um Estado pequeno que promovesse a au-
tonomia dos cidadãos frente ao Estado intervencionista historica-
7. A respeito da democracia, participação e soberania popular, mente existente.
assinale a opção INCORRETA.
A. A Constituição Federal poderá ser emendada mediante pro- 10. Conforme o art. 5º da Constituição da República Federativa
posta de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Depu- do Brasil de 1988, todos são iguais perante a lei, sem distinção de
tados ou do Senado Federal. qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
B. A obrigatoriedade do voto não é considerada cláusula pétrea. residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
C .O Supremo Tribunal Federal tem posicionamento no sentido igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
de ser possível nova assembleia constituinte revisora, desde que edi- I. A propriedade atenderá a sua função social.
tada emenda constitucional convocando a revisão da constituição. II. A lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por
D. O plebiscito e o referendo, consultas formuladas ao povo necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante
para que delibere sobre matéria de acentuada relevância, devem justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previs-
ser convocados mediante decreto legislativo, por proposta de um tos nesta Constituição.
terço, no mínimo, dos membros que compõe qualquer das Casas III. No caso de iminente perigo público, a autoridade compe-
do Congresso Nacional. tente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao pro-
E. A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à prietário indenização ulterior, se houver dano.
Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, mínimo, um IV. A pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde
por cento do eleitorado nacional, distribuídos pelo menos por cinco que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para paga-
Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de mento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispon-
cada um deles. do a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento.

8. Sobre a aplicabilidade das normas constitucionais, examine Está correto o que se afirma em:
as assertivas seguintes: A. Somente I e II.
I – Para Hans Kelsen, eficácia é a possibilidade de a norma jurí- B. Somente I e III.
dica, a um só tempo, ser aplicada e não obedecida, obedecida e não C. Somente II, III e IV.
aplicada. Para se considerar um preceito como eficaz deve existir a D. Todas as afirmativas.
possibilidade de uma conduta em desarmonia com a norma. Uma E. Somente III e IV.
norma que preceituasse um certo evento que de antemão se sabe
que necessariamente se tem de verificar, sempre e em toda parte, 11. A respeito dos direitos individuais e coletivos, segundo a
por força de uma lei natural, será tão absurda como uma norma que Constituição Federal, assinale a alternativa correta.
preceituasse um certo fato que de antemão se sabe que de forma A. É livre a locomoção no território nacional em qualquer tem-
alguma se poderá verificar, igualmente por força de uma lei natural. po, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, per-
II – O fenômeno relativo à desconstitucionalização, ou seja, a manecer ou dele sair com seus bens.
retirada de temas do sistema constitucional e a sua inserção em B. No caso de iminente perigo público, a autoridade competen-
sede de legislação ordinária, pode ser observado no Brasil. te poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietá-
III – A norma constitucional com eficácia relativa restringível tem rio indenização ulterior, se houver dano.
aplicabilidade direta e imediata, podendo, todavia, ter a amplitude re- C. É plena a liberdade de associação de caráter paramilitar.
duzida em razão de sobrevir texto legislativo ordinário ou mesmo sen- D. A criação de associações e, na forma da lei, a de cooperati-
tença judicial que encurte o espectro normativo, como é, por exemplo, vas depende de autorização, sendo vedada a interferência estatal
o direito individual à inviolabilidade do domicílio, desde que é possível, em seu funcionamento.
por determinação judicial, que se lhe promova restrição. E. O direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direi-
tos ou contra ilegalidade ou abuso de poder é assegurado mediante
Assinale a alternativa CORRETA: pagamento de taxa.
A. Apenas as assertivas I e II estão corretas.
B. Apenas as assertivas I e III estão corretas. 12. Acerca das normas constitucionais relativas à Administra-
C. Apenas as assertivas II e III estão corretas. ção Pública, assinale a alternativa correta.
D. Todas as assertivas estão corretas. A. São estáveis após dois anos de efetivo exercício os servido-
res nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de con-
curso público.
B. Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor está-
vel, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável,
reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, apro-
veitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com remune-
ração proporcional ao tempo de serviço.

40
CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL
C. É assegurado o reajustamento das remunerações dos servi-
dores públicos para preservar-lhes o valor nominal, conforme crité- GABARITO
rios estabelecidos pelo Poder Executivo.
D. Em qualquer caso que exija o afastamento do servidor públi- 1 A
co para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será
contado para todos os efeitos legais, inclusive para promoção por 2 D
merecimento. 3 D
4 A
13. Os cinco princípios básicos da Administração Pública estão 5 B
presentes no artigo 37 da Constituição Federal de 1988 e condicionam 6 D
o padrão que as organizações administrativas devem seguir. São eles:
A. Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e 7 C
Eficiência. 8 B
B. Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficácia. 9 A
C. Legitimidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Efi- 10 D
ciência. 11 B
D. Legalidade, Razoabilidade, Moralidade, Publicidade e Efi-
ciência. 12 B
13 A
14. Não é órgão do Poder Judiciário o 14 A
A. Superior Tribunal de Justiça Desportiva. 15 B
B. Conselho Nacional de Justiça.
C. Tribunal Militar instituído por lei.
D. Superior Tribunal Militar.
E. Tribunal Regional Eleitoral.

15. Referente ao Poder Judiciário, assinale a alternativa correta.


A. O ato de remoção ou de disponibilidade do magistrado, por
interesse público, fundar-se-á em decisão por voto da maioria do
respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada
ampla defesa.
B. Nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgado-
res, poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo de onze
e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das atribui-
ções administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do
tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por antiguidade e a
outra metade por eleição pelo tribunal pleno.
C.Aos juízes é vedado exercer a advocacia no juízo ou tribunal
do qual se afastou, antes de decorridos 02 (dois) anos do afasta-
mento do cargo por aposentadoria ou exoneração.
D. As custas e emolumentos serão destinados, preferencialmen-
te, ao custeio dos serviços afetos às atividades específicas da Justiça.
E. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze)
membros com mandato de 2 (dois) anos, vedada a recondução.

41
CONHECIMENTOS EM DIREITO CONSTITUCIONAL

ANOTAÇÕES

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CONHECIMENTOS EM
DIREITO ADMINISTRATIVO
1. Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado de São Paulo (Lei n.º 10.261/68) - artigos 239 a 323 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Lei Federal nº 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
CONHECIMENTOS EM
DIREITO ADMINISTRATIVO
XIII - estar em dia com as leis, regulamentos, regimentos, ins-
ESTATUTO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS CIVIS DO truções e ordens de serviço que digam respeito às suas funções; e
ESTADO DE SÃO PAULO (LEI N.º 10.261/68) - ARTIGOS XIV - proceder na vida pública e privada na forma que dignifi-
239 A 323 que a função pública.

LEI Nº 10.261, DE 28 DE OUTUBRO DE 1968 SEÇÃO II


DAS PROIBIÇÕES
Dispõe sobre o Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Es-
tado. Artigo 242 - Ao funcionário é proibido:
I - (Revogado pela Lei Complementar nº 1.096, de 24/09/2009).
TÍTULO V II - retirar, sem prévia permissão da autoridade competente,
DOS DIREITOS E VANTAGENS EM GERAL qualquer documento ou objeto existente na repartição;
III - entreter-se, durante as horas de trabalho, em palestras, lei-
CAPÍTULO VII turas ou outras atividades estranhas ao serviço;
DO DIREITO DE PETIÇÃO IV - deixar de comparecer ao serviço sem causa justificada;
V - tratar de interesses particulares na repartição;
Artigo 239 - É assegurado a qualquer pessoa, física ou jurídica, VI - promover manifestações de apreço ou desapreço dentro da
independentemente de pagamento, o direito de petição contra ile- repartição, ou tornar-se solidário com elas;
galidade ou abuso de poder e para defesa de direitos. VII - exercer comércio entre os companheiros de serviço, pro-
§ 1º - Qualquer pessoa poderá reclamar sobre abuso, erro, mover ou subscrever listas de donativos dentro da repartição; e
omissão ou conduta incompatível no serviço público. VIII - empregar material do serviço público em serviço particular.
§ 2º - Em nenhuma hipótese, a Administração poderá recusar-
-se a protocolar, encaminhar ou apreciar a petição, sob pena de res- Artigo 243 - É proibido ainda, ao funcionário:
ponsabilidade do agente. I - fazer contratos de natureza comercial e industrial com o Go-
verno, por si, ou como representante de outrem;
Artigo 240 - Ao servidor é assegurado o direito de requerer ou II - participar da gerência ou administração de empresas ban-
representar, bem como, nos termos desta lei complementar, pedir cárias ou industriais, ou de sociedades comerciais, que mantenham
reconsideração e recorrer de decisões, no prazo de 30 (trinta) dias, relações comerciais ou administrativas com o Governo do Estado,
salvo previsão legal específica. sejam por este subvencionadas ou estejam diretamente relaciona-
das com a finalidade da repartição ou serviço em que esteja lotado;
TÍTULO VI III - requerer ou promover a concessão de privilégios, garantias
DOS DEVERES, DAS PROIBIÇÕES E DAS RESPONSABILIDADES de juros ou outros favores semelhantes, federais, estaduais ou mu-
nicipais, exceto privilégio de invenção própria;
CAPÍTULO I IV - exercer, mesmo fora das horas de trabalho, emprego ou
DOS DEVERES E DAS PROIBIÇÕES função em empresas, estabelecimentos ou instituições que tenham
relações com o Governo, em matéria que se relacione com a finali-
dade da repartição ou serviço em que esteja lotado;
SEÇÃO I
V - aceitar representação de Estado estrangeiro, sem autoriza-
DOS DEVERES
ção do Presidente da República;
VI - comerciar ou ter parte em sociedades comerciais nas con-
Artigo 241 - São deveres do funcionário:
dições mencionadas no item II deste artigo, podendo, em qualquer
I - ser assíduo e pontual;
caso, ser acionista, quotista ou comanditário;
II - cumprir as ordens superiores, representando quando forem
VII - incitar greves ou a elas aderir, ou praticar atos de sabota-
manifestamente ilegais;
gem contra o serviço público;
III - desempenhar com zelo e presteza os trabalhos de que for VIII - praticar a usura;
incumbido; IX - constituir-se procurador de partes ou servir de intermediá-
IV - guardar sigilo sobre os assuntos da repartição e, especial- rio perante qualquer repartição pública, exceto quando se tratar de
mente, sobre despachos, decisões ou providências; interesse de cônjuge ou parente até segundo grau;
V - representar aos superiores sobre todas as irregularidades X - receber estipêndios de firmas fornecedoras ou de entidades
de que tiver conhecimento no exercício de suas funções; fiscalizadas, no País, ou no estrangeiro, mesmo quando estiver em
VI - tratar com urbanidade as pessoas; missão referente à compra de material ou fiscalização de qualquer
VII - residir no local onde exerce o cargo ou, onde autorizado; natureza;
VIII - providenciar para que esteja sempre em ordem, no assen- XI - valer-se de sua qualidade de funcionário para desempe-
tamento individual, a sua declaração de família; nhar atividade estranha às funções ou para lograr, direta ou indire-
IX - zelar pela economia do material do Estado e pela conserva- tamente, qualquer proveito; e
ção do que for confiado à sua guarda ou utilização; XII - fundar sindicato de funcionários ou deles fazer parte.
X - apresentar -se convenientemente trajado em serviço ou Parágrafo único - Não está compreendida na proibição dos itens
com uniforme determinado, quando for o caso; II e VI deste artigo, a participação do funcionário em sociedades em
XI - atender prontamente, com preferência sobre qualquer ou- que o Estado seja acionista, bem assim na direção ou gerência de
tro serviço, às requisições de papéis, documentos, informações ou cooperativas e associações de classe, ou como seu sócio.
providências que lhe forem feitas pelas autoridades judiciárias ou
administrativas, para defesa do Estado, em Juízo; Artigo 244 - É vedado ao funcionário trabalhar sob as ordens
XII - cooperar e manter espírito de solidariedade com os com- imediatas de parentes, até segundo grau, salvo quando se tratar de
panheiros de trabalho, função de confiança e livre escolha, não podendo exceder a 2 (dois)
o número de auxiliares nessas condições.

1
CONHECIMENTOS EM
DIREITO ADMINISTRATIVO
CAPÍTULO II TÍTULO VII
DAS RESPONSABILIDADES DAS PENALIDADES, DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE E DAS
PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES
Artigo 245 - O funcionário é responsável por todos os prejuízos
que, nessa qualidade, causar à Fazenda Estadual, por dolo ou culpa, CAPÍTULO I
devidamente apurados. DAS PENALIDADES E DE SUA APLICAÇÃO
Parágrafo único - Caracteriza-se especialmente a responsabi-
lidade: Artigo 251 - São penas disciplinares:
I - pela sonegação de valores e objetos confiados à sua guar- I - repreensão;
da ou responsabilidade, ou por não prestar contas, ou por não as II - suspensão;
tomar, na forma e no prazo estabelecidos nas leis, regulamentos, III - multa;
regimentos, instruções e ordens de serviço; IV - demissão;
II - pelas faltas, danos, avarias e quaisquer outros prejuízos que V - demissão a bem do serviço público; e
sofrerem os bens e os materiais sob sua guarda, ou sujeitos a seu VI - cassação de aposentadoria ou disponibilidade
exame ou fiscalização;
III - pela falta ou inexatidão das necessárias averbações nas Artigo 252 - Na aplicação das penas disciplinares serão consi-
notas de despacho, guias e outros documentos da receita, ou que deradas a natureza e a gravidade da infração e os danos que dela
tenham com eles relação; e provierem para o serviço público.
IV - por qualquer erro de cálculo ou redução contra a Fazenda
Estadual. Artigo 253 - A pena de repreensão será aplicada por escrito,
nos casos de indisciplina ou falta de cumprimento dos deveres.
Artigo 246 - O funcionário que adquirir materiais em desacor-
do com disposições legais e regulamentares, será responsabilizado Artigo 254 - A pena de suspensão, que não excederá de 90 (no-
pelo respectivo custo, sem prejuízo das penalidades disciplinares venta) dias, será aplicada em caso de falta grave ou de reincidência.
cabíveis, podendo-se proceder ao desconto no seu vencimento ou § 1º - O funcionário suspenso perderá todas as vantagens e
remuneração. direitos decorrentes do exercício do cargo.
§ 2º - A autoridade que aplicar a pena de suspensão poderá
Artigo 247 - Nos casos de indenização à Fazenda Estadual, o converter essa penalidade em multa, na base de 50% (cinquenta
funcionário será obrigado a repor, de uma só vez, a importância do por cento) por dia de vencimento ou remuneração, sendo o funcio-
prejuízo causado em virtude de alcance, desfalque, remissão ou nário, nesse caso, obrigado a permanecer em serviço.
omissão em efetuar recolhimento ou entrada nos prazos legais.
Artigo 255 - A pena de multa será aplicada na forma e nos casos
Artigo 248 - Fora dos casos incluídos no artigo anterior, a im- expressamente previstos em lei ou regulamento.
portância da indenização poderá ser descontada do vencimento ou
remuneração não excedendo o desconto à 10ª (décima) parte do Artigo 256 - Será aplicada a pena de demissão nos casos de:
valor destes. I - abandono de cargo;
Parágrafo único - No caso do item IV do parágrafo único do art. II - procedimento irregular, de natureza grave;
245, não tendo havido má-fé, será aplicada a pena de repreensão e, III - ineficiência no serviço;
na reincidência, a de suspensão. IV - aplicação indevida de dinheiros públicos, e
V - ausência ao serviço, sem causa justificável, por mais de 45
Artigo 249 - Será igualmente responsabilizado o funcionário (quarenta e cinco) dias, interpoladamente, durante 1 (um) ano.
que, fora dos casos expressamente previstos nas leis, regulamen- § 1º - Considerar-se-á abandono de cargo, o não compareci-
tos ou regimentos, cometer a pessoas estranhas às repartições, o mento do funcionário por mais de (30) dias consecutivos ex-vi do
desempenho de encargos que lhe competirem ou aos seus subor- art. 63.
dinados. § 2º - A pena de demissão por ineficiência no serviço, só será
aplicada quando verificada a impossibilidade de readaptação.
Artigo 250 - A responsabilidade administrativa não exime o fun-
cionário da responsabilidade civil ou criminal que no caso couber, Artigo 257 - Será aplicada a pena de demissão a bem do serviço
nem o pagamento da indenização a que ficar obrigado, na forma público ao funcionário que:
dos arts. 247 e 248, o exame da pena disciplinar em que incorrer. I - for convencido de incontinência pública e escandalosa e de
§ 1º - A responsabilidade administrativa é independente da ci- vício de jogos proibidos;
vil e da criminal. II - praticar crime contra a boa ordem da administração pública,
§ 2º - Será reintegrado ao serviço público, no cargo que ocupa- a fé pública e a Fazenda Estadual, ou previsto nas leis relativas à
va e com todos os direitos e vantagens devidas, o servidor absolvido segurança e à defesa nacional.
pela Justiça, mediante simples comprovação do trânsito em julgado II - praticar ato definido como crime contra a administração pú-
de decisão que negue a existência de sua autoria ou do fato que deu blica, a fé pública e a Fazenda Estadual, ou previsto nas leis relativas
origem à sua demissão. à segurança e à defesa nacional; (Inciso II com redação dada pela Lei
§ 3º - O processo administrativo só poderá ser sobrestado para Complementar n° 942, de 06/06/2003).
aguardar decisão judicial por despacho motivado da autoridade III - revelar segredos de que tenha conhecimento em razão do
competente para aplicar a pena. cargo, desde que o faça dolosamente e com prejuízo para o Estado
ou particulares;
IV - praticar insubordinação grave;
V - praticar, em serviço, ofensas físicas contra funcionários ou
particulares, salvo se em legítima defesa;

2
CONHECIMENTOS EM
DIREITO ADMINISTRATIVO
VI - lesar o patrimônio ou os cofres públicos; § 4º - A prescrição não corre:
VII - receber ou solicitar propinas, comissões, presentes ou 1 - enquanto sobrestado o processo administrativo para aguar-
vantagens de qualquer espécie, diretamente ou por intermédio de dar decisão judicial, na forma do § 3º do artigo 250;
outrem, ainda que fora de suas funções mas em razão delas; 2 - enquanto insubsistente o vínculo funcional que venha a ser
VIII - pedir, por empréstimo, dinheiro ou quaisquer valores a restabelecido.
pessoas que tratem de interesses ou o tenham na repartição, ou § 5º - Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade julga-
estejam sujeitos à sua fiscalização; dora determinará o registro do fato nos assentamentos individuais
IX - exercer advocacia administrativa; e do servidor.
X - apresentar com dolo declaração falsa em matéria de salário- § 6º - A decisão que reconhecer a existência de prescrição de-
-família, sem prejuízo da responsabilidade civil e de procedimento verá desde logo determinar, quando for o caso, as providências ne-
criminal, que no caso couber. cessárias à apuração da responsabilidade pela sua ocorrência.
XI - praticar ato definido como crime hediondo, tortura, tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins e terrorismo; Artigo 262 - O funcionário que, sem justa causa, deixar de aten-
XII - praticar ato definido como crime contra o Sistema Finan- der a qualquer exigência para cujo cumprimento seja marcado pra-
ceiro, ou de lavagem ou ocultação de bens, direitos ou valores; zo certo, terá suspenso o pagamento de seu vencimento ou remu-
XIII - praticar ato definido em lei como de improbidade. neração até que satisfaça essa exigência.
Parágrafo único - Aplica-se aos aposentados ou em disponibili-
Artigo 258 - O ato que demitir o funcionário mencionará sem- dade o disposto neste artigo.
pre a disposição legal em que se fundamenta.
Artigo 263 - Deverão constar do assentamento individual do
Artigo 259 - Será aplicada a pena de cassação de aposentadoria funcionário todas as penas que lhe forem impostas.
ou disponibilidade, se ficar provado que o inativo:
I - praticou, quando em atividade, falta grave para a qual é co- CAPÍTULO II
minada nesta lei a pena de demissão ou de demissão a bem do DAS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES
serviço público;
II - aceitou ilegalmente cargo ou função pública; Artigo 264 - A autoridade que, por qualquer meio, tiver conhe-
III - aceitou representação de Estado estrangeiro sem prévia cimento de irregularidade praticada por servidor é obrigada a ado-
autorização do Presidente da República; e tar providências visando à sua imediata apuração, sem prejuízo das
IV - praticou a usura em qualquer de suas formas. medidas urgentes que o caso exigir.

Artigo 260 - Para aplicação das penalidades previstas no artigo Artigo 265 - A autoridade realizará apuração preliminar, de na-
251, são competentes: tureza simplesmente investigativa, quando a infração não estiver
I - o Governador; suficientemente caracterizada ou definida autoria.
II - os Secretários de Estado, o Procurador Geral do Estado e os § 1º - A apuração preliminar deverá ser concluída no prazo de
Superintendentes de Autarquia; 30 (trinta) dias.
III - os Chefes de Gabinete, até a de suspensão; § 2º - Não concluída no prazo a apuração, a autoridade deve-
rá imediatamente encaminhar ao Chefe de Gabinete relatório das
IV - os Coordenadores, até a de suspensão limitada a 60 (ses-
diligências realizadas e definir o tempo necessário para o término
senta) dias; e
dos trabalhos.
V - os Diretores de Departamento e Divisão, até a de suspensão
§ 3º - Ao concluir a apuração preliminar, a autoridade deverá
limitada a 30 (trinta) dias.
opinar fundamentadamente pelo arquivamento ou pela instaura-
Parágrafo único - Havendo mais de um infrator e diversidade de
ção de sindicância ou de processo administrativo.
sanções, a competência será da autoridade responsável pela impo-
sição da penalidade mais grave.
Artigo 266 - Determinada a instauração de sindicância ou pro-
cesso administrativo, ou no seu curso, havendo conveniência para a
Artigo 261 - Extingue-se a punibilidade pela prescrição: instrução ou para o serviço, poderá o Chefe de Gabinete, por despa-
I - da falta sujeita à pena de repreensão, suspensão ou multa, cho fundamentado, ordenar as seguintes providências:
em 2 (dois) anos; I - afastamento preventivo do servidor, quando o recomendar
II - da falta sujeita à pena de demissão, de demissão a bem do a moralidade administrativa ou a apuração do fato, sem prejuízo de
serviço público e de cassação da aposentadoria ou disponibilidade, vencimentos ou vantagens, até 180 (cento e oitenta) dias, prorrogá-
em 5 (cinco) anos; veis uma única vez por igual período;
III - da falta prevista em lei como infração penal, no prazo de II - designação do servidor acusado para o exercício de ativida-
prescrição em abstrato da pena criminal, se for superior a 5 (cinco) des exclusivamente burocráticas até decisão final do procedimento;
anos. III - recolhimento de carteira funcional, distintivo, armas e al-
§ 1º - A prescrição começa a correr: gemas;
1 - do dia em que a falta for cometida; IV - proibição do porte de armas;
2 - do dia em que tenha cessado a continuação ou a permanên- V - comparecimento obrigatório, em periodicidade a ser esta-
cia, nas faltas continuadas ou permanentes. belecida, para tomar ciência dos atos do procedimento.
§ 2º - Interrompem a prescrição a portaria que instaura sindi- § 1º - A autoridade que determinar a instauração ou presidir
cância e a que instaura processo administrativo. sindicância ou processo administrativo poderá representar ao Che-
§ 3º - O lapso prescricional corresponde: fe de Gabinete para propor a aplicação das medidas previstas neste
1 - na hipótese de desclassificação da infração, ao da pena efe- artigo, bem como sua cessação ou alteração.
tivamente aplicada; § 2º - O Chefe de Gabinete poderá, a qualquer momento, por
2 - na hipótese de mitigação ou atenuação, ao da pena em tese despacho fundamentado, fazer cessar ou alterar as medidas previs-
cabível. tas neste artigo.

3
CONHECIMENTOS EM
DIREITO ADMINISTRATIVO
Artigo 267 - O período de afastamento preventivo computa-se § 1º - Da portaria deverão constar o nome e a identificação
como de efetivo exercício, não sendo descontado da pena de sus- do acusado, a infração que lhe é atribuída, com descrição sucinta
pensão eventualmente aplicada. dos fatos, a indicação das normas infringidas e a penalidade mais
elevada em tese cabível.
TÍTULO VIII § 2º - Vencido o prazo, caso não concluído o processo, o Procu-
DO PROCEDIMENTO DISCIPLINAR rador do Estado que o presidir deverá imediatamente encaminhar
ao seu superior hierárquico relatório indicando as providências fal-
CAPÍTULO I tantes e o tempo necessário para término dos trabalhos.
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS § 3º - O superior hierárquico dará ciência dos fatos a que se
refere o parágrafo anterior e das providências que houver adotado
Artigo 268 - A apuração das infrações será feita mediante sin- à autoridade que determinou a instauração do processo.
dicância ou processo administrativo, assegurados o contraditório e
a ampla defesa. Artigo 278 - Autuada a portaria e demais peças preexistentes,
designará o presidente dia e hora para audiência de interrogatório,
Artigo 269 - Será instaurada sindicância quando a falta discipli- determinando a citação do acusado e a notificação do denunciante,
nar, por sua natureza, possa determinar as penas de repreensão, se houver.
suspensão ou multa. § 1º - O mandado de citação deverá conter:
1 - cópia da portaria;
Artigo 270 - Será obrigatório o processo administrativo quando 2 - data, hora e local do interrogatório, que poderá ser acompa-
a falta disciplinar, por sua natureza, possa determinar as penas de nhado pelo advogado do acusado;
demissão, de demissão a bem do serviço público e de cassação de 3 - data, hora e local da oitiva do denunciante, se houver, que
aposentadoria ou disponibilidade. deverá ser acompanhada pelo advogado do acusado;
4 - esclarecimento de que o acusado será defendido por advo-
Artigo 271 - Os procedimentos disciplinares punitivos serão gado dativo, caso não constitua advogado próprio;
realizados pela Procuradoria Geral do Estado e presididos por Pro- 5 - informação de que o acusado poderá arrolar testemunhas
curador do Estado confirmado na carreira. e requerer provas, no prazo de 3 (três) dias após a data designada
para seu interrogatório;
CAPÍTULO II 6 - advertência de que o processo será extinto se o acusado
DA SINDICÂNCIA pedir exoneração até o interrogatório, quando se tratar exclusiva-
mente de abandono de cargo ou função, bem como inassiduidade.
Artigo 272 - São competentes para determinar a instauração de § 2º - A citação do acusado será feita pessoalmente, no mínimo
sindicância as autoridades enumeradas no artigo 260. 2 (dois) dias antes do interrogatório, por intermédio do respectivo
Parágrafo único - Instaurada a sindicância, o Procurador do Es- superior hierárquico, ou diretamente, onde possa ser encontrado.
tado que a presidir comunicará o fato ao órgão setorial de pessoal. § 3º - Não sendo encontrado em seu local de trabalho ou no
endereço constante de seu assentamento individual, furtando-se o
Artigo 273 - Aplicam-se à sindicância as regras previstas nesta acusado à citação ou ignorando-se seu paradeiro, a citação far-se-á
lei complementar para o processo administrativo, com as seguintes por edital, publicado uma vez no Diário Oficial do Estado, no míni-
modificações: mo 10 (dez) dias antes do interrogatório.
I - a autoridade sindicante e cada acusado poderão arrolar até
3 (três) testemunhas; Artigo 279 - Havendo denunciante, este deverá prestar declara-
II - a sindicância deverá estar concluída no prazo de 60 (sessen- ções, no interregno entre a data da citação e a fixada para o interro-
ta) dias; gatório do acusado, sendo notificado para tal fim.
III - com o relatório, a sindicância será enviada à autoridade § 1º - A oitiva do denunciante deverá ser acompanhada pelo
competente para a decisão. advogado do acusado, próprio ou dativo.
§ 2º - O acusado não assistirá à inquirição do denunciante; an-
CAPÍTULO III tes porém de ser interrogado, poderá ter ciência das declarações
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO que aquele houver prestado.
Artigo 274 - São competentes para determinar a instauração de
Artigo 280 - Não comparecendo o acusado, será, por despacho,
processo administrativo as autoridades enumeradas no artigo 260,
decretada sua revelia, prosseguindo-se nos demais atos e termos
até o inciso IV, inclusive.
do processo.
Artigo 275 - Não poderá ser encarregado da apuração, nem
Artigo 281 - Ao acusado revel será nomeado advogado dativo.
atuar como secretário, amigo íntimo ou inimigo, parente consanguí-
neo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau inclusive,
cônjuge, companheiro ou qualquer integrante do núcleo familiar do Artigo 282 - O acusado poderá constituir advogado que o re-
denunciante ou do acusado, bem assim o subordinado deste. presentará em todos os atos e termos do processo.
§ 1º - É faculdade do acusado tomar ciência ou assistir aos atos
Artigo 276 - A autoridade ou o funcionário designado deverão comu- e termos do processo, não sendo obrigatória qualquer notificação.
nicar, desde logo, à autoridade competente, o impedimento que houver. § 2º - O advogado será intimado por publicação no Diário Ofi-
cial do Estado, de que conste seu nome e número de inscrição na
Artigo 277 - O processo administrativo deverá ser instaurado Ordem dos Advogados do Brasil, bem como os dados necessários à
por portaria, no prazo improrrogável de 8 (oito) dias do recebimen- identificação do procedimento.
to da determinação, e concluído no de 90 (noventa) dias da citação § 3º - Não tendo o acusado recursos financeiros ou negando-se
do acusado. a constituir advogado, o presidente nomeará advogado dativo.

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CONHECIMENTOS EM
DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 4º - O acusado poderá, a qualquer tempo, constituir advoga- § 1º - As informações necessárias à instrução do processo serão
do para prosseguir na sua defesa. solicitadas diretamente, sem observância de vinculação hierárqui-
ca, mediante ofício, do qual cópia será juntada aos autos.
Artigo 283 - Comparecendo ou não o acusado ao interrogató- § 2º - Sendo necessário o concurso de técnicos ou peritos ofi-
rio, inicia-se o prazo de 3 (três) dias para requerer a produção de ciais, o presidente os requisitará, observados os impedimentos do
provas, ou apresentá-las. artigo 275
§ 1º - O presidente e cada acusado poderão arrolar até 5 (cinco)
testemunhas. Artigo 289 - Durante a instrução, os autos do procedimento ad-
§ 2º - A prova de antecedentes do acusado será feita exclusiva- ministrativo permanecerão na repartição competente.
mente por documentos, até as alegações finais. § 1º - Será concedida vista dos autos ao acusado, mediante
§ 3º - Até a data do interrogatório,será designada a audiência simples solicitação, sempre que não prejudicar o curso do proce-
de instrução. dimento.
§ 2º - A concessão de vista será obrigatória, no prazo para ma-
Artigo 284 - Na audiência de instrução, serão ouvidas, pela or- nifestação do acusado ou para apresentação de recursos, mediante
dem, as testemunhas arroladas pelo presidente e pelo acusado. publicação no Diário Oficial do Estado.
Parágrafo único - Tratando-se de servidor público, seu compa- § 3º - Não corre o prazo senão depois da publicação a que se
recimento poderá ser solicitado ao respectivo superior imediato refere o parágrafo anterior e desde que os autos estejam efetiva-
com as indicações necessárias. mente disponíveis para vista.
§ 4º - Ao advogado é assegurado o direito de retirar os autos da
Artigo 285 - A testemunha não poderá eximir-se de depor, sal- repartição, mediante recibo, durante o prazo para manifestação de
vo se for ascendente, descendente, cônjuge, ainda que legalmente seu representado, salvo na hipótese de prazo comum, de processo
separado, companheiro, irmão, sogro e cunhado, pai, mãe ou fi- sob regime de segredo de justiça ou quando existirem nos autos
lho adotivo do acusado, exceto quando não for possível, por outro documentos originais de difícil restauração ou ocorrer circunstância
modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstân- relevante que justifique a permanência dos autos na repartição, re-
cias. conhecida pela autoridade em despacho motivado.
§ 1º - Se o parentesco das pessoas referidas for com o denun-
ciante, ficam elas proibidas de depor, observada a exceção deste Artigo 290 - Somente poderão ser indeferidos pelo presidente,
artigo. mediante decisão fundamentada, os requerimentos de nenhum in-
§ 2º - Ao servidor que se recusar a depor, sem justa causa, será teresse para o esclarecimento do fato, bem como as provas ilícitas,
pela autoridade competente adotada a providência a que se refere impertinentes, desnecessárias ou protelatórias.
o artigo 262, mediante comunicação do presidente.
§ 3º - O servidor que tiver de depor como testemunha fora da Artigo 291 - Quando, no curso do procedimento, surgirem fatos
sede de seu exercício, terá direito a transporte e diárias na forma da novos imputáveis ao acusado, poderá ser promovida a instauração
legislação em vigor, podendo ainda expedir-se precatória para esse de novo procedimento para sua apuração, ou, caso conveniente,
efeito à autoridade do domicílio do depoente. aditada a portaria, reabrindo-se oportunidade de defesa.
§ 4º - São proibidas de depor as pessoas que, em razão de fun-
ção, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo Artigo 292 - Encerrada a fase probatória, dar-se-á vista dos au-
se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu teste- tos à defesa, que poderá apresentar alegações finais, no prazo de 7
munho. (sete) dias.
Parágrafo único - Não apresentadas no prazo as alegações fi-
Artigo 286 - A testemunha que morar em comarca diversa po- nais, o presidente designará advogado dativo, assinando-lhe novo
derá ser inquirida pela autoridade do lugar de sua residência, ex- prazo.
pedindo-se, para esse fim, carta precatória, com prazo razoável,
intimada a defesa. Artigo 293 - O relatório deverá ser apresentado no prazo de 10
§ 1º - Deverá constar da precatória a síntese da imputação e (dez) dias, contados da apresentação das alegações finais.
os esclarecimentos pretendidos, bem como a advertência sobre a § 1º - O relatório deverá descrever, em relação a cada acusado,
necessidade da presença de advogado. separadamente, as irregularidades imputadas, as provas colhidas e
§ 2º - A expedição da precatória não suspenderá a instrução do as razões de defesa, propondo a absolvição ou punição e indicando,
procedimento. nesse caso, a pena que entender cabível.
§ 3º - Findo o prazo marcado, o procedimento poderá prosse- § 2º - O relatório deverá conter, também, a sugestão de quais-
guir até final decisão; a todo tempo, a precatória, uma vez devolvi- quer outras providências de interesse do serviço público.
da, será juntada aos autos.
Artigo 294 - Relatado, o processo será encaminhado à autorida-
Artigo 287 - As testemunhas arroladas pelo acusado compare- de que determinou sua instauração.
cerão à audiência designada independente de notificação.
§ 1º - Deverá ser notificada a testemunha cujo depoimento for Artigo 295 - Recebendo o processo relatado, a autoridade que
relevante e que não comparecer espontaneamente. houver determinado sua instauração deverá, no prazo de 20 (vinte)
§ 2º - Se a testemunha não for localizada, a defesa poderá subs- dias, proferir o julgamento ou determinar a realização de diligência,
tituí-la, se quiser, levando na mesma data designada para a audiên- sempre que necessária ao esclarecimento de fatos.
cia outra testemunha, independente de notificação.
Artigo 296 - Determinada a diligência, a autoridade encarrega-
Artigo 288 - Em qualquer fase do processo, poderá o presiden- da do processo administrativo terá prazo de 15 (quinze) dias para
te, de ofício ou a requerimento da defesa, ordenar diligências que seu cumprimento, abrindo vista à defesa para manifestar-se em 5
entenda convenientes. (cinco) dias.

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CONHECIMENTOS EM
DIREITO ADMINISTRATIVO
Artigo 297 - Quando escaparem à sua alçada as penalidades e CAPÍTULO IV
providências que lhe parecerem cabíveis, a autoridade que deter- DO PROCESSO POR ABANDONO DO CARGO OU FUNÇÃO E
minou a instauração do processo administrativo deverá propô-las, POR INASSIDUIDADE
justificadamente, dentro do prazo para julgamento, à autoridade
competente. Artigo 308 - Verificada a ocorrência de faltas ao serviço que ca-
racterizem abandono de cargo ou função, bem como inassiduidade,
Artigo 298 - A autoridade que proferir decisão determinará os o superior imediato comunicará o fato à autoridade competente
atos dela decorrentes e as providências necessárias a sua execução. para determinar a instauração de processo disciplinar, instruindo a
representação com cópia da ficha funcional do servidor e atestados
Artigo 299 - As decisões serão sempre publicadas no Diário Ofi- de frequência.
cial do Estado, dentro do prazo de 8 (oito) dias, bem como averba-
das no registro funcional do servidor. Artigo 309 - Não será instaurado processo para apurar abando-
no de cargo ou função, bem como inassiduidade, se o servidor tiver
Artigo 300 - Terão forma processual resumida, quando possível, pedido exoneração
todos os termos lavrados pelo secretário, quais sejam: autuação,
juntada, conclusão, intimação, data de recebimento, bem como Artigo 310 - Extingue-se o processo instaurado exclusivamente
certidões e compromissos. para apurar abandono de cargo ou função, bem como inassiduida-
§ 1º - Toda e qualquer juntada aos autos se fará na ordem cro- de, se o indiciado pedir exoneração até a data designada para o
nológica da apresentação, rubricando o presidente as folhas acres- interrogatório, ou por ocasião deste.
cidas.
§ 2º - Todos os atos ou decisões, cujo original não conste do Artigo 311 - A defesa só poderá versar sobre força maior, coa-
processo, nele deverão figurar por cópia. ção ilegal ou motivo legalmente justificável.

Artigo 301 - Constará sempre dos autos da sindicância ou do CAPÍTULO V


processo a folha de serviço do indiciado. DOS RECURSOS

Artigo 302 - Quando ao funcionário se imputar crime, praticado Artigo 312 - Caberá recurso, por uma única vez, da decisão que
na esfera administrativa, a autoridade que determinou a instaura- aplicar penalidade.
ção do processo administrativo providenciará para que se instaure, § 1º - O prazo para recorrer é de 30 (trinta) dias, contados da
simultaneamente, o inquérito policial. publicação da decisão impugnada no Diário Oficial do Estado ou da
Parágrafo único - Quando se tratar de crime praticado fora da intimação pessoal do servidor, quando for o caso.
esfera administrativa, a autoridade policial dará ciência dele à auto- § 2º - Do recurso deverá constar, além do nome e qualificação
ridade administrativa. do recorrente, a exposição das razões de inconformismo.
§ 3º - O recurso será apresentado à autoridade que aplicou a
Artigo 303 - As autoridades responsáveis pela condução do pena, que terá o prazo de 10 (dez) dias para, motivadamente, man-
processo administrativo e do inquérito policial se auxiliarão para ter sua decisão ou reformá-la.
que os mesmos se concluam dentro dos prazos respectivos. § 4º - Mantida a decisão, ou reformada parcialmente, será ime-
diatamente encaminhada a reexame pelo superior hierárquico.
Artigo 304 - Quando o ato atribuído ao funcionário for conside- § 5º - O recurso será apreciado pela autoridade competente
rado criminoso, serão remetidas à autoridade competente cópias ainda que incorretamente denominado ou endereçado.
autenticadas das peças essenciais do processo.
Artigo 313 - Caberá pedido de reconsideração, que não poderá
Artigo 305 - Não será declarada a nulidade de nenhum ato pro- ser renovado, de decisão tomada pelo Governador do Estado em
cessual que não houver influído na apuração da verdade substan- única instância, no prazo de 30 (trinta) dias.
cial ou diretamente na decisão do processo ou sindicância.
Artigo 306 - É defeso fornecer à imprensa ou a outros meios Artigo 314 - Os recursos de que trata esta lei complementar
de divulgação notas sobre os atos processuais, salvo no interesse não têm efeito suspensivo; os que forem providos darão lugar às
da Administração, a juízo do Secretário de Estado ou do Procurador retificações necessárias, retroagindo seus efeitos à data do ato pu-
Geral do Estado. nitivo.

Artigo 307 - Decorridos 5 (cinco) anos de efetivo exercício, con- CAPÍTULO VI


tados do cumprimento da sanção disciplinar, sem cometimento de DA REVISÃO
nova infração, não mais poderá aquela ser considerada em prejuízo
do infrator, inclusive para efeito de reincidência. Artigo 315 - Admitir-se-á, a qualquer tempo, a revisão de pu-
Parágrafo único - A demissão e a demissão a bem do serviço nição disciplinar de que não caiba mais recurso, se surgirem fatos
público acarretam a incompatibilidade para nova investidura em ou circunstâncias ainda não apreciados, ou vícios insanáveis de
cargo, função ou emprego público, pelo prazo de 5 (cinco) e 10 (dez) procedimento, que possam justificar redução ou anulação da pena
anos, respectivamente. aplicada.
§ 1º - A simples alegação da injustiça da decisão não constitui
fundamento do pedido.
§ 2º - Não será admitida reiteração de pedido pelo mesmo fun-
damento.
§ 3º - Os pedidos formulados em desacordo com este artigo
serão indeferidos.

6
CONHECIMENTOS EM
DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 4º - O ônus da prova cabe ao requerente. cáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no
exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração
Artigo 316 - A pena imposta não poderá ser agravada pela re- pública direta, indireta ou fundacional.”
visão. A lei 8.429/92 pune os atos de improbidade praticados por
qualquer agente público, servidor ou não, contra a administração.
Artigo 317 - A instauração de processo revisional poderá ser Agente público, para os efeitos desta lei, é todo aquele que exer-
requerida fundamentadamente pelo interessado ou, se falecido ou ce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
incapaz, por seu curador, cônjuge, companheiro, ascendente, des- nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de
cendente ou irmão, sempre por intermédio de advogado. investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função. Con-
Parágrafo único - O pedido será instruído com as provas que o tudo, a lei também poderá ser aplicada, àquele que, mesmo não
requerente possuir ou com indicação daquelas que pretenda pro- sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de
duzir. improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou in-
direta.
Artigo 318 - A autoridade que aplicou a penalidade, ou que a ti- Os atos que constituem improbidade administrativa podem ser
ver confirmado em grau de recurso, será competente para o exame divididos em quatro espécies:
da admissibilidade do pedido de revisão, bem como, caso deferido 1. Ato de improbidade administrativa que importa enriqueci-
o processamento, para a sua decisão final. mento ilícito (art. 9º)
2) Ato de improbidade administrativa que importa lesão ao erá-
Artigo 319 - Deferido o processamento da revisão, será este rio (art. 10)
realizado por Procurador de Estado que não tenha funcionado no 3) Ato de improbidade administrativa decorrente de concessão
procedimento disciplinar de que resultou a punição do requerente. ou aplicação indevida de benefício financeiro ou tributário (art. 10-
A)
Artigo 320 - Recebido o pedido, o presidente providenciará o 4) Ato de improbidade administrativa que atenta contra os
apensamento dos autos originais e notificará o requerente para, no princípios da administração pública (art. 11).
prazo de 8 (oito) dias, oferecer rol de testemunhas, ou requerer ou-
tras provas que pretenda produzir.
Parágrafo único - No processamento da revisão serão obser- LEI Nº 8.429/1992 E SUAS ALTERAÇÕES (IMPROBIDADE ADMI-
vadas as normas previstas nesta lei complementar para o processo NISTRATIVA)
administrativo.
LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992
Artigo 321 - A decisão que julgar procedente a revisão pode-
rá alterar a classificação da infração, absolver o punido, modificar Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos
a pena ou anular o processo, restabelecendo os direitos atingidos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo,
pela decisão reformada. emprego ou função na administração pública direta, indireta ou
fundacional e dá outras providências
DISPOSIÇÕES FINAIS
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Congresso
Artigo 322 - O dia 28 de outubro será consagrado ao “Funcio- Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
nário Público Estadual”.
CAPÍTULO I
Artigo 323 - Os prazos previstos neste Estatuto serão todos con- DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
tados por dias corridos.
Parágrafo único - Não se computará no prazo o dia inicial, pror- Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente
rogando-se o vencimento, que incidir em sábado, domingo, feriado
público, servidor ou não, contra a administração direta, indireta ou
ou facultativo, para o primeiro dia útil seguinte.
fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis-
trito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada
ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio
LEI FEDERAL Nº 8.429/92 (LEI DE IMPROBIDADE ADMI- o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por
NISTRATIVA) cento do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na forma
desta lei.
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades des-
A improbidade administrativa é a falta de probidade do servi- ta lei os atos de improbidade praticados contra o patrimônio de
dor no exercício de suas funções ou de governantes no desempe- entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou
nho das atividades próprias de seu cargo. Os atos de improbidade creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação
administrativa importam a suspensão dos direitos políticos, a perda ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de cin-
da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento qüenta por cento do patrimônio ou da receita anual, limitando-se,
do Erário (patrimônio da administração), na forma e gradação pre- nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a
vistas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. contribuição dos cofres públicos.
Com a inclusão do princípio da moralidade administrativa no
texto constitucional houve um reflexo da preocupação com a ética Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo
na Administração Pública, para evitar a corrupção de servidores. aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remunera-
A matéria é regulada no plano constitucional pelo art. 37, §4º, ção, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer
da Constituição Federal, e no plano infraconstitucional pela Lei Fe- outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou
deral Nº 8.429, de 02.06.1992, que dispõe sobre “as sanções apli- função nas entidades mencionadas no artigo anterior.

7
CONHECIMENTOS EM
DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta
àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra ou indireta, para fazer declaração falsa sobre medição ou avaliação
para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qual- em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre quantidade,
quer forma direta ou indireta. peso, medida, qualidade ou característica de mercadorias ou bens
fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta
Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são lei;
obrigados a velar pela estrita observância dos princípios de legalida- VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato,
de, impessoalidade, moralidade e publicidade no trato dos assun- cargo, emprego ou função pública, bens de qualquer natureza cujo
tos que lhe são afetos. valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à renda do
agente público;
Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de con-
omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-se-á o sultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que te-
integral ressarcimento do dano. nha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou
omissão decorrente das atribuições do agente público, durante a
Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente pú- atividade;
blico ou terceiro beneficiário os bens ou valores acrescidos ao seu IX - perceber vantagem econômica para intermediar a libera-
patrimônio. ção ou aplicação de verba pública de qualquer natureza;
X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta
Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimô- ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou declara-
nio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a autoridade ção a que esteja obrigado;
administrativa responsável pelo inquérito representar ao Ministério XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens,
Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado. rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das en-
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput tidades mencionadas no art. 1° desta lei;
deste artigo recairá sobre bens que assegurem o integral ressar- XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores
cimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no
enriquecimento ilícito. art. 1° desta lei.

Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio pú- SEÇÃO II


blico ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações desta DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE CAUSAM
lei até o limite do valor da herança. PREJUÍZO AO ERÁRIO

CAPÍTULO II Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa


DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que
enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou
SEÇÃO I dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º
DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE IMPOR- desta lei, e notadamente:
TAM ENRIQUECIMENTO ILÍCITO I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorpora-
ção ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica, de bens,
Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importan- rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das en-
do enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patri- tidades mencionadas no art. 1º desta lei;
monial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica pri-
emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta vada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo
lei, e notadamente: patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis
imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indire- à espécie;
ta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente desper-
quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido sonalizado, ainda que de fins educativos ou assistências, bens, ren-
ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do das, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das entidades
agente público; mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades
II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para fa- legais e regulamentares aplicáveis à espécie;
cilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de
a contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades referidas
preço superior ao valor de mercado; no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas,
III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar por preço inferior ao de mercado;
a alienação, permuta ou locação de bem público ou o fornecimento de V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem
serviço por ente estatal por preço inferior ao valor de mercado; ou serviço por preço superior ao de mercado;
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, VI - realizar operação financeira sem observância das normas
equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidô-
ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° nea;
desta lei, bem como o trabalho de servidores públicos, empregados VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a obser-
ou terceiros contratados por essas entidades; vância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à es-
V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta pécie;
ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar, VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo
de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qual- seletivo para celebração de parcerias com entidades sem fins lucra-
quer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem; tivos, ou dispensá-los indevidamente;

8
CONHECIMENTOS EM
DIREITO ADMINISTRATIVO
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autoriza- I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou
das em lei ou regulamento; diverso daquele previsto, na regra de competência;
X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;
bem como no que diz respeito à conservação do patrimônio públi- III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão
co; das atribuições e que deva permanecer em segredo;
XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas IV - negar publicidade aos atos oficiais;
pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irre- V - frustrar a licitude de concurso público;
gular; VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enri- VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de tercei-
queça ilicitamente; ro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veí- econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.
culos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização
de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencio- e aprovação de contas de parcerias firmadas pela administração pú-
nadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor público, blica com entidades privadas.
empregados ou terceiros contratados por essas entidades. IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de acessibilida-
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por de previstos na legislação.
objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão associa- X - transferir recurso a entidade privada, em razão da prestação
da sem observar as formalidades previstas na lei; de serviços na área de saúde sem a prévia celebração de contrato,
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem sufi- convênio ou instrumento congênere, nos termos do parágrafo úni-
ciente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as formali-
co do art. 24 da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. (Incluído
dades previstas na lei
pela Lei nº 13.650, de 2018)
XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a incor-
poração, ao patrimônio particular de pessoa física ou jurídica, de
CAPÍTULO III
bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela adminis-
DAS PENAS
tração pública a entidades privadas mediante celebração de parce-
rias, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares
Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e ad-
aplicáveis à espécie;
XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica ministrativas previstas na legislação específica, está o responsável
privada utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que po-
pela administração pública a entidade privada mediante celebração dem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a
de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regula- gravidade do fato:
mentares aplicáveis à espécie; I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores acrescidos
XVIII - celebrar parcerias da administração pública com entida- ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral do dano, quando
des privadas sem a observância das formalidades legais ou regula- houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos
mentares aplicáveis à espécie; de oito a dez anos, pagamento de multa civil de até três vezes o va-
XIX - agir negligentemente na celebração, fiscalização e análise lor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o Poder
das prestações de contas de parcerias firmadas pela administração Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, di-
pública com entidades privadas; reta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica
XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos;
pública com entidades privadas sem a estrita observância das nor- II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, per-
mas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação da dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se
irregular. concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão
XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa civil
pública com entidades privadas sem a estrita observância das nor- de até duas vezes o valor do dano e proibição de contratar com o
mas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou credití-
irregular. cios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa
jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;
SEÇÃO II-A III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se
DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA DECORREN- houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos
TES DE CONCESSÃO OU APLICAÇÃO INDEVIDA DE BENEFÍCIO de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até cem vezes o
FINANCEIRO OU TRIBUTÁRIO valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de contra-
tar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais
Art. 10-A. Constitui ato de improbidade administrativa qual- ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio
quer ação ou omissão para conceder, aplicar ou manter benefício de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três
financeiro ou tributário contrário ao que dispõem o caput e o § 1º anos.
do art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. IV - na hipótese prevista no art. 10-A, perda da função pública,
suspensão dos direitos políticos de 5 (cinco) a 8 (oito) anos e multa
SEÇÃO III civil de até 3 (três) vezes o valor do benefício financeiro ou tributá-
DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE ATEN- rio concedido.
TAM CONTRA OS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o juiz
levará em conta a extensão do dano causado, assim como o provei-
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que aten- to patrimonial obtido pelo agente.
ta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou
omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, lega-
lidade, e lealdade às instituições, e notadamente:

9
CONHECIMENTOS EM
DIREITO ADMINISTRATIVO
CAPÍTULO IV § 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o exa-
DA DECLARAÇÃO DE BENS me e o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações financeiras
mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos da lei e dos trata-
Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam condicio- dos internacionais.
nados à apresentação de declaração dos bens e valores que com-
põem o seu patrimônio privado, a fim de ser arquivada no serviço Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será pro-
de pessoal competente. posta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada,
§ 1° A declaração compreenderá imóveis, móveis, semoventes, dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar.
dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra espécie de bens e valores § 1º As ações de que trata este artigo admitem a celebração d
patrimoniais, localizado no País ou no exterior, e, quando for o caso, e acordo de não persecução cível, nos termos desta Lei. (Redação
abrangerá os bens e valores patrimoniais do cônjuge ou compa- dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
nheiro, dos filhos e de outras pessoas que vivam sob a dependência § 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá as ações
econômica do declarante, excluídos apenas os objetos e utensílios necessárias à complementação do ressarcimento do patrimônio
de uso doméstico. público.
§ 2º A declaração de bens será anualmente atualizada e na data § 3o No caso de a ação principal ter sido proposta pelo Minis-
em que o agente público deixar o exercício do mandato, cargo, em- tério Público, aplica-se, no que couber, o disposto no § 3o do art. 6o
prego ou função. da Lei no 4.717, de 29 de junho de 1965.
§ 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço § 4º O Ministério Público, se não intervir no processo como
público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente público parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de nu-
que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do prazo de- lidade.
terminado, ou que a prestar falsa. § 5o A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para
§ 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da de- todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma
claração anual de bens apresentada à Delegacia da Receita Federal causa de pedir ou o mesmo objeto.
na conformidade da legislação do Imposto sobre a Renda e proven- § 6o A ação será instruída com documentos ou justificação que
tos de qualquer natureza, com as necessárias atualizações, para su- contenham indícios suficientes da existência do ato de improbidade
prir a exigência contida no caput e no § 2° deste artigo . ou com razões fundamentadas da impossibilidade de apresentação
de qualquer dessas provas, observada a legislação vigente, inclusi-
CAPÍTULO V ve as disposições inscritas nos arts. 16 a 18 do Código de Processo
DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E DO PROCESSO JUDI- Civil.
CIAL § 7o Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará au-
tuá-la e ordenará a notificação do requerido, para oferecer mani-
Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade ad- festação por escrito, que poderá ser instruída com documentos e
ministrativa competente para que seja instaurada investigação des- justificações, dentro do prazo de quinze dias.
tinada a apurar a prática de ato de improbidade. § 8o Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta dias,
§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se convencido da ine-
assinada, conterá a qualificação do representante, as informações xistência do ato de improbidade, da improcedência da ação ou da
sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de que tenha inadequação da via eleita.
conhecimento. § 9o Recebida a petição inicial, será o réu citado para apresen-
§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação, em tar contestação.
despacho fundamentado, se esta não contiver as formalidades es- § 10. Da decisão que receber a petição inicial, caberá agravo
tabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição não impede a represen- de instrumento.
§ 10-A. Havendo a possibilidade de solução consensual, pode-
tação ao Ministério Público, nos termos do art. 22 desta lei.
rão as partes requerer ao juiz a interrupção do prazo par a contes-
§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a autoridade
tação, por prazo não superior a 90 (noventa) dias. (Incluído pela Lei
determinará a imediata apuração dos fatos que, em se tratando de
nº 13.964, de 2019)
servidores federais, será processada na forma prevista nos arts. 148
§ 11. Em qualquer fase do processo, reconhecida a inadequa-
a 182 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 e, em se tratan-
ção da ação de improbidade, o juiz extinguirá o processo sem julga-
do de servidor militar, de acordo com os respectivos regulamentos
mento do mérito.
disciplinares.
§ 12. Aplica-se aos depoimentos ou inquirições realizadas nos
Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao Minis-
processos regidos por esta Lei o disposto no art. 221, caput e § 1o,
tério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da existência de do Código de Processo Penal.
procedimento administrativo para apurar a prática de ato de im- § 13. Para os efeitos deste artigo, também se considera pessoa
probidade. jurídica interessada o ente tributante que figurar no polo ativo da
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou Conselho obrigação tributária de que tratam o § 4º do art. 3º e o art. 8º-A da
de Contas poderá, a requerimento, designar representante para Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003.
acompanhar o procedimento administrativo.
Art. 17-A. VETADO: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a co-
missão representará ao Ministério Público ou à procuradoria do Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil de repa-
órgão para que requeira ao juízo competente a decretação do se- ração de dano ou decretar a perda dos bens havidos ilicitamente
qüestro dos bens do agente ou terceiro que tenha enriquecido ilici- determinará o pagamento ou a reversão dos bens, conforme o caso,
tamente ou causado dano ao patrimônio público. em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito.
§ 1º O pedido de sequestro será processado de acordo com o
disposto nos arts. 822 e 825 do Código de Processo Civil.

10
CONHECIMENTOS EM
DIREITO ADMINISTRATIVO
CAPÍTULO VI
DAS DISPOSIÇÕES PENAIS EXERCÍCIOS

Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbida- 01 (UFF - Assistente em Administração - COSEAC – 2019) A
de contra agente público ou terceiro beneficiário, quando o autor posse e o exercício de agente público ficam condicionados à apre-
da denúncia o sabe inocente. sentação de declaração dos bens e valores que compõem o seu pa-
Pena: detenção de seis a dez meses e multa. trimônio privado. O agente público que se recusar a prestar declara-
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está su- ção dos bens, dentro do prazo determinado, ou que a prestar falsa,
jeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais ou à será punido com a pena de:
imagem que houver provocado. A) detenção de seis a dez meses e multa.
B) advertência verbal e por escrito.
Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos C) ressarcimento ao erário, em igual período que extrapolar o
políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença con- prazo determinado para entrega da declaração.
denatória. D) demissão, a bem do serviço público, sem prejuízo de outras
Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa com- sanções cabíveis.
petente poderá determinar o afastamento do agente público do E) suspensão dos direitos políticos.
exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remune-
ração, quando a medida se fizer necessária à instrução processual. 02. (Prefeitura de São João do Oeste - SC - Secretário Legislati-
vo - AMEOSC – 2019) Analise o trecho a seguir e assinale a alterna-
Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei independe: tiva que completa corretamente a lacuna:
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo “A Lei nº 8.429/1992 dispõe sobre as sanções aplicáveis aos
quanto à pena de ressarcimento; agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle mandato, cargo, emprego ou função na administração pública dire-
interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas. ta, indireta ou fundacional e dá outras providências. De acordo com
a referida Lei, existem situações em que há prescrição das ações
Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta lei, o Minis- destinadas a levar a efeitos as sanções previstas. Uma destas hipó-
tério Público, de ofício, a requerimento de autoridade administrati- teses de prescrição consiste no fato que as podem ser propostas até
va ou mediante representação formulada de acordo com o disposto __________________ após o término do exercício de mandato, de
no art. 14, poderá requisitar a instauração de inquérito policial ou cargo em comissão ou de função de confiança.”
procedimento administrativo. A) Três anos.
B) Dois anos.
CAPÍTULO VII C) Cinco anos.
DA PRESCRIÇÃO D) Quatro anos.

Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previs- 03. (UFRB - Assistente em Administração - UFRB – 2019) A Lei
tas nesta lei podem ser propostas: 8.429/1992 dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos
I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, car-
cargo em comissão ou de função de confiança; go, emprego ou função na administração pública direta, indireta ou
II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para fundacional e dá outras providências. A respeito da Lei 8.429/1992,
faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço públi- assinale a alternativa correta.
co, nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego. A) Apenas quando o ato de improbidade causar lesão ao patri-
III - até cinco anos da data da apresentação à administração mônio público caberá à autoridade administrativa responsável pelo
pública da prestação de contas final pelas entidades referidas no inquérito representar ao Ministério Público, para a indisponibilida-
parágrafo único do art. 1o desta Lei. de dos bens do indiciado.
B) Reputa-se agente público, para os efeitos da Lei 8.429/1992,
CAPÍTULO VIII todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem re-
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS muneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo,
Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo 1° da Lei
8.429/1992.
Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de junho de C) A posse e o exercício de agente público não são condiciona-
1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demais disposições dos à apresentação de declaração dos bens e valores que compõem
em contrário. o seu patrimônio privado.
D) A perda da função pública só se efetiva com o trânsito em
Rio de Janeiro, 2 de junho de 1992; 171° da Independência e julgado da sentença condenatória, ao contrário da suspensão dos
104° da República. direitos políticos que independe do trânsito em julgado da sentença
condenatória.

04. (Prefeitura de Campinas - SP - Agente Administrativo - VU-


NESP – 2019) Com relação à declaração de bens prevista na Lei n°
8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa), é correto afirmar que
A) a declaração compreenderá apenas bens imóveis e móveis,
localizados no território brasileiro, e, quando for o caso, abrangerá
os bens e valores patrimoniais do cônjuge ou companheiro.

11
CONHECIMENTOS EM
DIREITO ADMINISTRATIVO
B) o declarante deverá obrigatoriamente entregar cópia inte- (C) proibida, pois o funcionário público pode exercer o direito
gral da declaração anual de Imposto de Renda apresentada à Dele- de petição perante quaisquer repartições públicas, mas somente
gacia da Receita Federal, além de mídia contendo fotografias atua- em nome próprio, não podendo representar terceiros.
lizadas dos imóveis. (D) indiferente ao Estatuto, que nada prevê em relação à possi-
C) a declaração de bens será semestralmente atualizada e na bilidade do funcionário público peticionar, em nome próprio ou de
data em que o agente público deixar o exercício do mandato, cargo, terceiros, perante repartições públicas.
emprego ou função. (E) permitida, pois o Estatuto expressamente permite que o
D) a posse e o exercício de agente público não ficam condicio- funcionário público exerça o direito de petição em nome próprio ou
nados à apresentação de declaração dos bens e valores que com- de qualquer terceiro.
põem o seu patrimônio privado.
E) será punido com a pena de demissão, a bem do serviço pú- 08. (TJ/SP - Escrevente -VUNESP/2017) Considere a seguinte
blico, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente público que situação hipotética:
se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do prazo determi- Funcionário público comete erro de cálculo, o que leva ao re-
nado, ou que a prestar falsa. colhimento de valor menor do que o devido para a Fazenda Pública
Estadual. A responsabilização prescrita pelo Estatuto dos Funcioná-
05. (Prefeitura de Viana - ES – Procurador - CONSULPAM – rios Públicos Civis do Estado de São Paulo, nesse caso, determina
2019) A respeito da improbidade administrativa, marque a alterna- que
tiva INCORRETA: (A) o funcionário seja obrigado a repor, de uma só vez, a im-
A) Constitui ato de improbidade administrativa que atenta con- portância do prejuízo causado, sem prejuízo das sanções penais
tra os princípios da administração pública qualquer ação ou omis- cabíveis.
são que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalida- (B) haja instauração de processo administrativo disciplinar e,
de, e lealdade às instituições. comprovado o prejuízo, seja aplicada a pena de demissão, indepen-
B) Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio dentemente de ter agido o funcionário com má-fé ou não.
público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a autoridade ad- (C) seja o caso remetido aos juízos civil e criminal, aguardando
ministrativa responsável pelo inquérito representar ao Ministério a resolução de ambos para decidir acerca da conduta administrativa
Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado. cabível.
C) O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público (D) o valor do prejuízo seja apurado e descontado do venci-
ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações até 30% mento ou remuneração mensal, não excedendo o desconto a 30%
do valor da herança. (trinta por cento) do valor desses.
D) Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são (E) não tendo havido má-fé, seja aplicada a pena de repreensão
obrigados a velar pela estrita observância dos princípios de lega- e, na reincidência, a de suspensão.
lidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no trato dos as-
suntos que lhe são afetos. 9. (MPE-SP - Oficial de Promotoria I-VUNESP) O Estatuto dos
Funcionários Públicos Civis do Estado de São Paulo prevê, entre ou-
06 (TJ/SP - Escrevente -VUNESP/2017) Dentre os deveres es- tras, como penas disciplinares:
tabelecidos pelo Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado (A) readmissão e transferência.
de São Paulo, encontra-se previsto expressamente o dever de (B) reversão ao serviço ativo e transferência.
(A) levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do (C) multa e reversão ao serviço ativo.
cargo ao conhecimento da primeira autoridade com a qual tiver (D) repreensão e multa.
contato. (E) reintegração e demissão.
(B) prestar, ao público em geral, as informações requeridas no
prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas. 10. (TJ/SP - Estatístico Judiciário -VUNESP) A Lei n° 10.261/68
(C) estar em dia com as leis, regulamentos, regimentos, instru- dispõe que ao funcionário público é proibido:
ções e ordens de serviço que digam respeito às suas funções.
(A) fazer parte dos quadros sociais de qualquer tipo de socie-
(D) atender com urgência e preferência à expedição de certi-
dade comercial.
dões requeridas para defesa de direito ou para esclarecimento de
(B) deixar de comparecer ao serviço, mesmo que por causa jus-
situações de interesse pessoal.
tificada.
(E) cumprir as ordens superiores, mesmo quando manifesta-
(C) participar da gerência de sociedades comerciais, mesmo
mente ilegais, cabendo, nesse caso, todavia, representar contra
daquelas que não mantenham relações comerciais ou administra-
elas.
tivas com o Governo do Estado.
07. (TJ/SP - Escrevente -VUNESP/2017) Escrevente Técnico Ju- (D) exercer, mesmo fora das horas de trabalho, emprego ou
diciário apresenta recurso de multa de trânsito, recebida por seu função em qualquer tipo de empresa.
esposo, perante o Departamento de Trânsito do Estado de São Pau- (E) empregar material do serviço público em serviço particular.
lo - DETRAN.
De acordo com o Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do 11. (TJ-SP - Enfermeiro Judiciário - VUNESP – 2019) Nos termos
Estado de São Paulo, a conduta descrita é da Lei nº 10.261/68, será aplicada a pena de demissão a bem do
(A) permitida, pois o funcionário pode, excepcionalmente, ser serviço público ao funcionário que
procurador ou servir de intermediário perante qualquer repartição A) apresentar ineficiência no serviço público.
pública, quando se tratar de interesse de cônjuge ou parente até B) apresentar procedimento irregular de qualquer natureza.
segundo grau. C) aplicar indevidamente dinheiro público.
(B) proibida, pois ao funcionário público é vedado peticionar D) abandonar o cargo.
perante qualquer repartição pública, não podendo requerer, repre- E) lesar o patrimônio ou os cofres públicos.
sentar, pedir reconsideração ou recorrer de decisões, ainda que em
nome próprio.

12
CONHECIMENTOS EM
DIREITO ADMINISTRATIVO
12. (TJ-SP - Contador Judiciário - VUNESP – 2019) Nos termos
8 E
da Lei n° 10.261/68, constitui um dos deveres do funcionário, den-
tre vários outros, 9 D
A) residir no local onde exerce o cargo ou onde for autorizado. 10 E
B) abandonar o local de trabalho quando sofrer ofensas físicas
ou morais. 11 E
C) participar de todas as reuniões convocadas pelo sindicato 12 A
de classe.
13 A
D) omitir-se diante das irregularidades cometidas pelo seu che-
fe imediato. 14 B
E) retirar, ainda que com a anuência do seu superior imediato, 15 D
qualquer objeto existente na repartição.

13 (MPE-SP - Auxiliar de Promotoria I – Administrativo - VU- ANOTAÇÕES


NESP – 2019) Segundo a Lei Estadual n° 10.261/1968, o funcionário
público estadual tem como um dos seus deveres:
A) residir no local onde exerce o cargo ou onde autorizado. ______________________________________________________
B) protelar o atendimento às requisições feitas pelas autorida-
des judiciárias ou administrativas. ______________________________________________________
C) proceder na vida pública e privada da maneira que julgar
melhor. ______________________________________________________
D) tornar público os assuntos da repartição.
______________________________________________________
E) deixar de cumprir as ordens superiores, quando entender
necessário. ______________________________________________________
14. (SEDUC-SP - Oficial Administrativo - VUNESP – 2019) Nos ______________________________________________________
termos da Lei n° 10.261, de 28.10.1968 (Estatuto dos Funcionários
Públicos Civis do Estado), assinale a alternativa que contempla ape- ______________________________________________________
nas hipóteses de provimento de cargos públicos.
A) Readmissão, reintegração e movimentação. ______________________________________________________
B) Nomeação, reversão e readmissão.
C) Transferência, acesso e exoneração. ______________________________________________________
D) Movimentação, aproveitamento e acesso.
______________________________________________________
E) Exoneração, reversão e nomeação.
______________________________________________________
15. (TJ-SP - Médico Judiciário - VUNESP – 2019) O funcionário
é responsável por todos os prejuízos que, nessa qualidade, causar à _____________________________________________________
Fazenda Estadual, por dolo ou culpa, devidamente apurados. Con-
forme disciplinado na Lei n° 10.261/68, caracteriza-se especialmen- _____________________________________________________
te a responsabilidade quando o funcionário
A) valer-se de sua qualidade para desempenhar atividade es- ______________________________________________________
tranha às suas funções para lograr qualquer proveito.
______________________________________________________
B) retirar, sem prévia permissão da autoridade competente,
qualquer documento ou objeto existente na repartição. ______________________________________________________
C) fundar sindicatos de funcionários ou dele fazer parte.
D) cometer faltas, danos, avarias e quaisquer outros prejuízos ______________________________________________________
que sofrerem os bens e os materiais sob a sua guarda, ou sujeitos a
seu exame ou fiscalização. ______________________________________________________
E) incitar greves ou a elas aderir.
______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

1 D ______________________________________________________
2 C ______________________________________________________
3 B
______________________________________________________
4 E
5 C ______________________________________________________

6 C ______________________________________________________
7 A ______________________________________________________

13
CONHECIMENTOS EM
DIREITO ADMINISTRATIVO
ANOTAÇÕES ANOTAÇÕES

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14
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA
1. Tomo I – Capítulo II: Seção I – subseções I e II; Tomo I - Capítulo III: Seções I, II, V, VI, VII; Tomo I - Capítulo III: Seção VIII – subseções I,
II e III; Tomo I – Capitulo III: Seções IX a XV, XVII a XIX; Tomo I – Capítulo XI: Seções I, IV e V; Tomo I – Capitulo XI: Seção VI – subseções
I, III, V e XII . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA
Art. 7º A Corregedoria Permanente será exercida pelo juiz a
TOMO I – CAPÍTULO II: SEÇÃO I – SUBSEÇÕES I E II; que a normatividade correcional cometer tal atribuição.
TOMO I - CAPÍTULO III: SEÇÕES I, II, V, VI, VII; TOMO I - § 1º O Corregedor Geral da Justiça, com aprovação do Con-
CAPÍTULO III: SEÇÃO VIII – SUBSEÇÕES I, II E III; TOMO selho Superior da Magistratura, poderá, por motivo de interesse
I – CAPITULO III: SEÇÕES IX A XV, XVII A XIX; TOMO I – público ou conveniência da administração, alterar a designação do
CAPÍTULO XI: SEÇÕES I, IV E V; TOMO I – CAPITULO XI: Corregedor Permanente.
SEÇÃO VI – SUBSEÇÕES I, III, V E XII § 2º Se não houver alteração no início do ano judiciário, preva-
lecerão as designações do ano anterior.
NORMAS DE SERVIÇO Art. 8º O Juiz Corregedor Permanente efetuará, uma vez por
OFÍCIOS DE JUSTIÇA ano, de preferência no mês de dezembro, correição ordinária em
TOMO I todas as serventias, repartições e demais estabelecimentos sujeitos
CAPÍTULO II à sua fiscalização correcional, lavrando-se o correspondente termo
DA FUNÇÃO CORRECIONAL no livro próprio.
SEÇÃO I § 1º A correição ordinária será anunciada por edital, afixado
DAS ATRIBUIÇÕES no átrio do fórum e publicado no Diário da Justiça Eletrônico, com
pelo menos quinze dias de antecedência, bem como comunicada à
Art. 5º A função correcional consiste na orientação, reorgani- Ordem dos Advogados do Brasil da respectiva subseção.
zação e fiscalização dos órgãos e serviços judiciários de primeira § 2º O Juiz Corregedor Permanente seguirá o termo padrão de
instância, bem como na fiscalização da polícia judiciária, dos esta- correição disponibilizado pela Corregedoria Geral da Justiça.
belecimentos prisionais e dos demais estabelecimentos em relação Art. 9º Em até 30 (trinta) dias depois de assumir a corregedoria
aos quais, por imposição legal, esses deveres forem atribuídos ao permanente em caráter definitivo, o juiz fará visita correcional às
Poder Judiciário e é exercida, no Estado de São Paulo, pelo Correge- unidades sob sua corregedoria, com o intuito de constatar a regula-
dor Geral da Justiça e, nos limites de suas atribuições, pelos Juízes ridade dos serviços, observado o modelo disponibilizado.
de Primeiro Grau. § 1º A visita correcional independe de edital ou qualquer ou-
§ 1º No desempenho da função correcional, poderão ser edita- tra providência e dela se lançará sucinto termo no livro de visitas e
das ordens de serviço e demais atos administrativos de orientação correições, no qual também constarão as determinações que o Juiz
e disciplina, corrigidos os erros e sancionadas as infrações, após Corregedor Permanente eventualmente fizer no momento.
regular procedimento administrativo disciplinar, sem prejuízo de § 2º Se o juiz assumir a corregedoria permanente em caráter
apurações civis e criminais. definitivo a partir do mês de novembro, a correição geral ordinária
§ 2º As ordens de serviço e demais atos administrativos edita- prescindirá da visita correcional.
dos pelo Juiz Corregedor Permanente serão encaminhados à Corre- Art. 10. O escrivão auxiliará o Juiz Corregedor Permanente nas
gedoria Geral da Justiça para revisão hierárquica. diligências correcionais, facultada a nomeação de escrivão ‘ad hoc’
§ 3º Consultas sobre aplicação ou interpretação destas Nor- entre os demais servidores da unidade.
mas de Serviço serão apreciadas pelo Juiz Corregedor Permanente
Art. 11. Durante os serviços correcionais, todos os funcioná-
que, a requerimento do interessado ou de ofício se houver dúvida
rios da unidade permanecerão à disposição do Corregedor Geral da
fundada devidamente justificada, submeterá suas decisões à Corre-
Justiça, dos Juízes Assessores da Corregedoria Geral ou do Juiz Cor-
gedoria Geral da Justiça.
regedor Permanente, sem prejuízo de requisição de auxílio externo
ou de requisição de força policial.
SUBSEÇÃO I
Art. 12. Os livros e classificadores obrigatórios previstos nestas
DA CORREGEDORIA PERMANENTE E DAS CORREIÇÕES ORDI-
Normas de Serviço serão submetidos ao Juiz Corregedor Perma-
NÁRIAS, EXTRAORDINÁRIAS E VISITAS CORRECIONAIS
nente para visto por ocasião das correições ordinárias ou extraordi-
Art. 6º A função correcional será exercida em caráter perma- nárias e sempre que forem por este requisitados.
nente e mediante correições ordinárias ou extraordinárias e visitas Parágrafo único. No caso de registros controlados exclusiva-
correcionais. mente pela via eletrônica, os relatórios de pendências gerados pelo
§ 1º A correição ordinária consiste na fiscalização prevista e sistema informatizado serão vistados pelo juiz.
efetivada segundo estas normas e leis de organização judiciária. Art. 13. Os estabelecimentos prisionais e outros destinados ao
§ 2º A correição extraordinária consiste em fiscalização excep- recolhimento de pessoas, sujeitos à atividade correcional do juízo,
cional, realizada a qualquer momento e sem prévio anúncio e po- serão visitados uma vez por mês (art. 66, inciso VII, da LEP).
derá ser geral ou parcial, conforme as necessidades e conveniência § 1º Realizará a visita o Juiz Corregedor Permanente ou o juiz a
do serviço correcional. quem, por decisão do Corregedor Geral da Justiça, essa atribuição
§ 3º A visita correcional consiste na fiscalização direcionada à for delegada.
verificação da regularidade de funcionamento da unidade, do sane- § 2º A inspeção mensal será registrada em termo sucinto no
amento de irregularidades constatadas em correições ou ao exame Livro de Visitas e Correições, podendo conter unicamente o regis-
de algum aspecto da regularidade ou da continuidade dos serviços tro da presença, sem prejuízo do cadastro eletrônico da inspeção
e atos praticados. perante o Conselho Nacional de Justiça e, após sua lavratura, cópia
§ 4º As atas das correições e visitas serão encaminhadas à Cor- será encaminhada à autoridade administrativa da unidade prisio-
regedoria Geral da Justiça nos prazos que seguem: nal, para arquivamento em livro de folhas soltas.
I - correição ordinária – até 60 (sessenta) dias após realizada; § 3º Ressalvado o afastamento deferido por prazo igual ou su-
II - correição extraordinária ou visita correcional – até 15 (quin- perior a trinta dias, ou motivo relevante devidamente comunicado
ze) dias após realizada. à Corregedoria Geral da Justiça, o Juiz Corregedor Permanente rea-
§ 5º A Corregedoria Geral da Justiça implementará, gradativa- lizará, pessoalmente, as visitas mensais, vedada a atribuição dessa
mente, a correição virtual, com vistas ao controle permanente das atividade ao juiz que estiver respondendo pela vara por período
atividades subordinadas à sua disciplina. inferior.

1
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA
Art. 14. A sistemática prevista no art. 13 não desobriga a visita II - das sindicâncias e dos processos administrativos, pela Se-
mensal às Cadeias Públicas, sob responsabilidade tanto dos Juízes cretaria de Gestão de Pessoas – SGP.
de Varas Privativas de Execuções Criminais como daqueles que acu- Parágrafo único. Revogado.
mulem outros serviços anexos. Art. 16-A. Havendo alteração do posto de trabalho dos servido-
res a que se refere o artigo 15, com procedimento disciplinar digital
SUBSEÇÃO II em curso, este será redistribuído ao Juiz Corregedor respectivo, ob-
DAS APURAÇÕES PRELIMINARES, SINDICÂNCIAS E PROCES- servadas as seguintes regras:
SOS ADMINISTRATIVOS I – Se o novo posto de trabalho corresponder a uma das uni-
dades de que trata o artigo 1°, incisos I, II e VI do Provimento CSM
Art. 15. As apurações preliminares, as sindicâncias e os proces- nº 2.460/2017, alterado pelo Provimento CSM nº 2.496/2019, os
sos administrativos relativos ao pessoal das serventias judiciais tra- procedimentos disciplinares deverão ser encaminhados ao distri-
mitarão no formato digital e serão instaurados e processados pelos buidor em fila própria para envio à unidade de destino utilizando
Juízes Corregedores Permanentes a que, na atualidade do procedi- a funcionalidade de redistribuição, preservando-se o número do
mento, estiverem subordinados os servidores de que trata o artigo processo, os andamentos já inseridos pela unidade de origem e a
1°, incisos I e II, do Provimento CSM nº 2.460/2017, alterado pelo tramitação digital.
Provimento CSM nº 2.496/2019, devendo ser observado o tipo de II – Se o novo posto de trabalho corresponder a uma das Unida-
procedimento disciplinar: des de que trata o artigo 1°, incisos III, IV e V do Provimento CSM nº
I – Apuração preliminar: quando a infração não estiver sufi- 2.460/2017, alterado pelo Provimento CSM nº 2.496/2019, a Uni-
cientemente caracterizada ou definida a autoria. Ao final, poderá dade de tramitação deverá materializar, imprimir e encaminhar os
ser arquivada ou ensejar a instauração de Sindicância ou Processo procedimentos disciplinares, mediante carga ao distribuidor, que
Administrativo; providenciará o envio à Unidade de destino utilizando-se da funcio-
II – Sindicância: quando a falta disciplinar, por sua natureza, nalidade de movimentação unitária para as anotações necessárias.
possa determinar as penas de repreensão, suspensão ou multa; 5 Art. 17. Eventuais recursos serão interpostos eletronicamente
III – Processo Administrativo: quando a falta disciplinar, por e, após mantida a decisão, ou reformada parcialmente (art. 312, §
sua natureza, possa determinar as penas de demissão ou dispen- 3°, da Lei Estadual n° 10.261/68), remetidos à Corregedoria Geral
sa, demissão ou dispensa a bem do serviço público e cassação de da Justiça, excepcionalmente por funcionalidade de redistribuição.
aposentadoria. Parágrafo único. Nos casos de proposta de demissão ou dis-
§ 1° Os procedimentos disciplinares previstos nos incisos I, II e pensa, demissão ou dispensa a bem do serviço público, ou cassação
III serão instaurados por Portaria, dispensado o registro em livro, de aposentadoria, os autos serão sempre redistribuídos à Correge-
com a descrição dos fatos e a identificação do servidor (nome com- doria Geral para apreciação, independentemente da não interposi-
pleto, matrícula, cargo e posto de trabalho), exceto nas apurações ção de recurso.
preliminares em que não houver autoria definida. Art. 18. Sem prejuízo da atribuição ao Juiz Corregedor Perma-
§ 2° Instaurado o procedimento, o Juiz Corregedor Permanente nente, o Corregedor Geral da Justiça poderá aplicar, originariamen-
determinará o encaminhamento do ofício de comunicação ao dis- te, as sanções cabíveis e, enquanto não prescrita a infração, reexa-
tribuidor, por e-mail institucional e no formato pdf, com as seguin- minar, de ofício ou mediante provocação, decisões absolutórias ou
tes informações: dados de qualificação do servidor (nome comple- de arquivamento.
to, número de inscrição no CPF, endereço residencial ou domiciliar
– inclusive CEP) e classe processual de acordo com o procedimento CAPÍTULO III
instaurado. DOS OFÍCIOS DE JUSTIÇA EM GERAL
§ 3° Recebido o ofício, o Distribuidor providenciará o cadas- SEÇÃO I
tro no sistema informatizado com distribuição por direcionamento, DISPOSIÇÕES INICIAIS
cabendo à Unidade Judicial inserir no processo digital a Portaria
devidamente instruída. Em razão da natureza da ação, a anotação Art. 26. As disposições deste capítulo têm caráter geral e apli-
de segredo de justiça será gerada automaticamente pelo sistema cam-se a todos os ofícios de justiça, no que não contrariarem as
informatizado na distribuição dos procedimentos disciplinares. disposições específicas contidas em capítulo próprio.
§ 4° Nos procedimentos disciplinares decorrentes de reclama- Art. 27. Os servidores da justiça darão atendimento prioritário
ção apresentada fisicamente, após a instauração e a distribuição do às pessoas portadoras de deficiência, aos idosos, às gestantes, às
procedimento a Unidade de tramitação digitalizará e juntará as pe- lactantes e às pessoas acompanhadas por crianças de colo, median-
ças devidamente categorizadas no sistema informatizado, conce- te garantia de lugar privilegiado em filas, distribuição de senhas
dendo-se o prazo de 45 dias para sua retirada pelo reclamante, sob com numeração adequada ao atendimento preferencial, alocação
pena de inutilização, vedado o peticionamento eletrônico inicial. de espaço para atendimento exclusivo no balcão, ou implantação
§ 5° O Corregedor Geral da Justiça poderá avocar procedimen- de qualquer outro sistema que, observadas as peculiaridades exis-
to disciplinar em qualquer fase, ou instaurá-lo originariamente, tentes, assegure a prioridade.
a pedido ou de ofício, designar Juiz Corregedor Processante para Art. 27-A. A prioridade de que trata o artigo 27 se aplica às
todos os atos pertinentes e atribuir serviços auxiliares a unidade advogadas públicas e privadas, promotoras e procuradoras do Mi-
diversa daquela a que estiver vinculado o servidor. nistério Público gestantes ou lactantes, e a qualquer pessoa com
Art. 16. Os Juízes Corregedores Permanentes comunicarão criança de colo, inclusive para preferência nas audiências de pri-
à Corregedoria Geral da Justiça a instauração e a decisão final de meiro grau de jurisdição e nas sessões de julgamento dos Colégios
qualquer procedimento administrativo de natureza disciplinar, por Recursais, desde que haja requerimento prévio, observada a ordem
meio de mensagem eletrônica, informando o número do proces- dos requerimentos e respeitados os demais beneficiários da Lei nº
so (e a senha de acesso aos autos digitais, no caso de instauração) 10.048/2000 que disciplina o atendimento prioritário.
para processamento do expediente de acompanhamento:
I - das apurações preliminares, pela Diretoria da Corregedoria
– DICOGE;

2
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA
SEÇÃO II idosos, gestantes, entre outros), assegurarão o tratamento educa-
DAS ATRIBUIÇÕES do e condigno aos usuários e zelarão pela qualidade e rapidez dos
serviços prestados pela unidade judicial.
Art. 28. Atribuir-se-ão aos ofícios de justiça os serviços ineren- Art. 31. Os escrivães judiciais implementarão, mediante cola-
tes à competência das respectivas varas e da Corregedoria Perma- boração de todos servidores do ofício de justiça e fiscalização do
nente. Juiz Corregedor Permanente, o sistema de gestão por atividades
Art. 29. Competem aos ofícios de justiça os serviços do foro previsto no Capítulo I destas Normas de Serviço, observado o se-
judicial, atribuindo-se-lhes a numeração ordinal e a denominação guinte procedimento:
da respectiva vara, onde houver mais de uma. I - identificação dos serviços menos desenvolvidos ou defici-
§ 1º Nas comarcas e foros distritais com mais de uma vara, ha- tários;
verá um ofício ou seção de distribuição judicial, ao qual incumbem II - propositura e definição das medidas necessárias ao seu
os serviços de distribuição, de contadoria e partidoria e, nos termos aprimoramento;
da lei, do arquivo geral.3 III - execução dos métodos e meios escolhidos;
§ 2º Nas comarcas em que existir uma única vara e um único IV - avaliação periódica das medidas implantadas, decidindo-se
ofício de justiça, a este competem as atribuições dos serviços de por sua manutenção, aprimoramento ou substituição por outras
distribuição, de contadoria e partidoria. que se mostrarem mais eficazes aos resultados pretendidos.
Art. 32. São ainda deveres do escrivão judicial:
SEÇÃO III I - distribuir os serviços entre os servidores do ofício de justiça
DOS ESCRIVÃES JUDICIAIS E DEMAIS SERVIDORES segundo a categoria funcional de cada um;
II - consultar diariamente o Diário da Justiça Eletrônico, exigin-
Art. 30. Para o aprimoramento dos serviços judiciais, os escri- do o mesmo procedimento dos demais servidores;
vães judiciais dos ofícios de justiça de primeira instância: III - abrir diariamente a caixa postal (e-mails) própria e o do
I - criarão ambiente de motivação, demonstrando à equipe de ofício de justiça, pelo menos uma vez no início e uma vez antes
trabalho a importância do Poder Judiciário para a sociedade; do término dos trabalhos, e proceder ao periódico esvaziamento,
II - fomentarão a melhoria permanente e contínua dos serviços exigindo o mesmo procedimento dos demais servidores quanto às
desempenhados, estimulando a participação de todos os servido- respectivas caixas postais.
res nessa busca; Art. 33. Os servidores registrarão diariamente, na entrada e sa-
III - assegurarão o compartilhamento de conhecimentos rela- ída, o ponto biométrico, salvo exceções definidas pela Presidência
tivos ao serviço entre os membros da equipe, bem como incenti- do Tribunal de Justiça e observada a regulamentação pertinente.
varão o constante aperfeiçoamento e aprendizado dos servidores; Art. 34. Por ocasião das ausências ou afastamentos, de qual-
IV - estimularão relações baseadas na ética, confiança e coope-
quer ordem, dos servidores, o escrivão ou gestor da unidade, ou
ração dentro do ambiente de trabalho;
seu substituto legal, efetuará as regularizações pertinentes no pon-
V - tratarão respeitosamente aqueles que lhes são subordina-
to biométrico, consignando o motivo do afastamento ou a natureza
dos e assegurarão o tratamento respeitoso entre os servidores;
da falta.
VI - orientarão os servidores no adequado desempenho de
Parágrafo único. Os documentos que gerarem as regulariza-
suas funções, supervisionarão o serviço sob seu comando e adota-
ções serão arquivadas na unidade judicial pelo prazo de cinco anos,
rão as medidas necessárias em caso de faltas funcionais;
findo o qual serão entregues ao servidor para guarda.
VII - alinharão ações e atividades do ofício de justiça à missão
e aos objetivos institucionais do Tribunal de Justiça de São Paulo;
VIII - levarão ao conhecimento dos órgãos competentes as difi- SEÇÃO IV
culdades encontradas e as melhorias sugeridas, quando lhes faltar DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA NÃO SERVENTUÁRIO
competência para resolvêlas;
IX - agirão com proatividade, antecipando possíveis problemas Art. 35. A prestação de serviços por peritos, tradutores, intér-
e adotando medidas corretivas; pretes, administradores, administradores judiciais em falências e
X - desempenharão suas funções com assertividade, responsa- recuperações judiciais, liquidantes, inventariantes dativos, leilo-
bilidade, imparcialidade, dinamismo e empatia; eiros e outros auxiliares da Justiça Estadual observará o disposto
XI - otimizarão e zelarão pelos recursos materiais postos à dis- nesta Seção.
posição da unidade judicial; § 1º Os peritos serão nomeados entre os profissionais legal-
XII - manterão permanente diálogo com os juízes, informando- mente habilitados e os órgãos técnicos ou científicos devidamente
-os sobre eventuais problemas e dificuldades concernentes: inscritos no cadastro mantido pelo Tribunal de Justiça.
a) ao atendimento do público externo; § 2º É livre a nomeação do profissional ou órgão técnico ou
b) à existência de superposição de atribuições, procedimentos científico pelo magistrado e sua contínua obrigação de fiscalizar a
desarticulados e interações deficientes entre os diversos ór- atuação do auxiliar da justiça.
gãos; § 3º A escolha se dará entre os peritos cadastrados, por nome-
c) a procedimentos muito complexos ou pouco organizados; ação direta do profissional ou por sorteio eletrônico, a critério do
d) à defasagem de normas expedidas pelo Tribunal de Justiça; magistrado.6
e) ao treinamento ou insuficiência do número de funcionários; § 4º O juiz poderá selecionar profissionais de sua confiança,
f) aos recursos materiais disponibilizados; entre aqueles que estejam regularmente cadastrados no Portal de
g) à utilização do sistema informatizado oficial; Auxiliares da Justiça, para atuação em sua unidade jurisdicional, de-
h) ao cumprimento dos objetivos institucionais do Tribunal de vendo, entre os selecionados, observar o critério equitativo de no-
Justiça de São Paulo; meação em se tratando de profissionais da mesma especialidade.
XIII - atentarão ao bom atendimento do público externo (par- § 5º O administrador judicial em falências e recuperações judi-
tes, advogados e população em geral), de modo a facilitar o aces- ciais poderá ser pessoa jurídica, mas, nesse caso, deverá declarar,
so de pessoas em situações de vulnerabilidade (deficientes físicos, nos termos de que trata o art. 33 da Lei n. 11.101/2005, o nome de

3
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA
profissional responsável pela condução do processo de falência ou § 5º O auxiliar indicará os Foros e Varas de interesse e todas
de recuperação judicial, que não poderá ser substituído sem auto- as áreas de atuação a que estiver apto, indicações essas que não
rização do juiz. vinculam o magistrado.
§ 6º Ao detentor de cargo público no âmbito do Poder Judiciá- § 6º Somente estará apto a constar da lista de candidatos às
rio é vedado o exercício do encargo de perito, exceto nas hipóteses nomeações o auxiliar que preencher integralmente o cadastro, com
do art. 95, § 3º, I, do Código de Processo Civil. todos os campos, declarações e documentos obrigatórios.
§ 7º É vedada, em qualquer hipótese, a nomeação de profissio- § 7º As informações pessoais e documentos inseridos no siste-
nal que seja cônjuge, companheiro, parente em linha colateral até ma ficarão disponíveis em ambiente de Internet a todos os interes-
o terceiro grau de magistrado, de advogado com atuação no pro- sados. A opção de Foro/Vara/Área de atuação e as nomeações do
cesso ou de servidor do juízo em que tramita o processo, devendo auxiliar ficarão disponíveis em ambiente de Intranet aos magistra-
declarar, se o caso, seu impedimento ou suspeição. dos e funcionários autorizados.
§ 8º Para inscrição e atualização do cadastro, os peritos/órgãos § 8º A visibilidade do cadastro do auxiliar da justiça na consulta
deverão informar a ocorrência de prestação de serviços na condi- pública somente será possível após a primeira nomeação do pro-
ção de assistente técnico, apontando sua especialidade, a unidade fissional.
jurisdicional em que tenha atuado, o número do processo, o perío- § 9º Os documentos referidos no § 2º poderão ser substituídos
do de trabalho e o nome do contratante. por atestado de cadastramento expedido pelos órgãos oficiais de
§ 9º Não poderá atuar como perito judicial o profissional que classe a que pertençam os profissionais mencionados no art. 35,
tenha servido como assistente técnico de qualquer das partes, nos mediante prévio convênio a ser celebrado com o Tribunal de Justiça
3 (três) anos anteriores. do Estado de São Paulo.
§ 10 Não havendo profissional ou órgão detentor da especiali- § 10 O cadastramento e/ou efetiva atuação do profissional,
dade necessária com cadastro ou quando indicado conjuntamente não gera vínculo empregatício ou estatutário, nem obrigação de
pelas partes, o magistrado poderá nomear profissional ou órgão natureza previdenciária.9
não cadastrado. Nesta hipótese, o profissional ou órgão será notifi- § 11 Para os tradutores, intérpretes e leiloeiros, é obrigatória a
cado, no mesmo ato que lhe der ciência da nomeação, para fins de indicação de matrícula perante a Junta Comercial.
proceder ao cadastro, no prazo de 30 (trinta) dias, do recebimento Art. 37. O profissional ou o órgão poderá ter seu nome suspen-
da notificação, sob pena de não processamento do pagamento pe- so ou excluído do Portal de Auxiliares da Justiça, por até 05 (cinco)
los serviços prestados. anos, pela Corregedoria Geral da Justiça, a pedido ou por represen-
§ 11 O perito consensual, indicado pelas partes, na forma do tação de magistrado, observados os direitos à ampla defesa e ao
artigo 471 do CPC fica sujeito às mesmas normas e deve reunir as contraditório.
mesmas qualificações exigidas do perito judicial. § 1º A representação de que trata o caput dar-se-á por ocasião
§ 12 O magistrado poderá substituir o perito no curso do pro- do descumprimento da Resolução nº 233/2016 do CNJ ou por outro
cesso, mediante decisão fundamentada. motivo relevante. Será autuada pela DICOGE – Diretoria da Corre-
§ 13 Os peritos serão intimados da nomeação e demais atos gedoria Geral da Justiça, cujo processamento e decisão, observados
pelo e-mail fornecido e deverão confirmar o recebimento do cor- os princípios do contraditório e da ampla defesa, ficarão a cargo de
reio eletrônico no prazo de 5 (cinco) dias da sua emissão, sob pena um Juiz Assessor da Corregedoria, observadas as regras ordinárias
de destituição. de distribuição de expedientes.
§ 14 Em caso de destituição do auxiliar da justiça, a unidade ju- § 2º Da decisão, caberá recurso ao Corregedor Geral da Justiça,
dicial deverá providenciar o cancelamento da senha de acesso aos em duplo efeito, no prazo de 15 (quinze) dias, contados da data da
autos eletrônicos. intimação da decisão.
Art. 36. O Tribunal de Justiça desenvolverá e disponibilizará § 3º No caso de descredenciamento, encaminhar-se-á e-mail
portal próprio na rede mundial de computadores para o cadastra- aos magistrados e escrivães informando o ocorrido e o seu prazo de
mento dos interessados e na Intranet para anotações das nomea- duração, procedendo se as anotações necessárias junto ao Portal
ções e demais intercorrências. dos Auxiliares da Justiça.
§ 1º Os interessados em prestar os serviços referidos no art. 35 § 4º A exclusão ou a suspensão do Portal de Auxiliares da Jus-
efetuarão o cadastro e anexarão os documentos, exclusivamente tiça não desonerará o profissional ou o órgão de seus deveres nos
pela Internet, no sítio do Tribunal de Justiça do Estado de São Pau- processos ou nos procedimentos para os quais tenha sido nomea-
lo, mediante login e senha. do, salvo determinação expressa do magistrado.
§ 2º - O cadastramento será realizado pelo profissional ou ór- § 5º A permanência do profissional ou do órgão no Portal de
gão interessado, que incluirá seus dados de qualificação pessoal, Auxiliares da Justiça fica condicionada à ausência de impedimentos
prestará as declarações pertinentes e anexará os documentos (cur- ou de restrições ao exercício profissional.
rículo com informações sobre formação profissional, foto recente, § 6º As entidades, os conselhos e os órgãos de fiscalização pro-
qualificação pessoal com indicação de CPF/CNPJ, técnica ou científi- fissional deverão informar à Corregedoria Geral da Justiça sobre
ca, experiência e área de atuação para as quais esteja efetivamente suspensões e outras situações que importem empecilho ao exercí-
apto e e-mail por meio do qual será intimado), conforme ANEXO cio da atividade profissional, mensalmente ou em prazo inferior e,
I do Provimento CSM nº 2.427/2017. No ato do cadastramento, o ainda, sempre que lhes for requisitado.
interessado deverá apresentar as certidões dos distribuidores cí- § 7º Informações comunicadas pelos magistrados acerca do
veis, executivos fiscais e criminais das comarcas da capital e de seu desempenho dos profissionais e dos órgãos credenciados serão
domicílio, dos últimos 10 (dez) anos. anotadas no Portal de Auxiliares da Justiça.
§ 3º O juiz do processo, a seu critério, poderá solicitar ao auxi- § 8º Os atos de comunicação processual serão realizados no
liar da justiça outros documentos. endereço eletrônico indicado pelo profissional no momento do ca-
§ 4º O interessado, anualmente, deverá atualizar toda a docu- dastro, observado o disposto no art. 5º da Lei 11.419/06 quanto à
mentação mencionada no § 2º, além de juntar outros documentos contagem do prazo, que será em dias corridos, sendo que ao seu
de seu interesse, sob pena de impedimento de novas nomeações. término, sem regular manifestação, o feito seguirá à sua revelia.

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NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA
Art. 38. O Portal de Auxiliares da Justiça na Intranet será ali- Art. 44. A remuneração de perito, intérprete, tradutor, liqui-
mentado pelo Escrivão Judicial, Oficial Maior, Chefe de Seção Judi- dante, administrador judicial ou inventariante dativo será fixada
ciário ou por outro funcionário autorizado pelo juiz da Vara. pelo juiz em decisão fundamentada.
§ 1º A cada nomeação, o Portal de Auxiliares da Justiça será Parágrafo único. Cópias das guias de levantamento expedidas
alimentado com a indicação do número do processo, nome do juiz, no sistema MLJ – Mandado de Levantamento Judicial em favor dos
área de atuação e a data de nomeação. profissionais mencionados no art. 35 serão arquivadas em classi-
§ 2º Serão anotados e armazenados no Portal de Auxiliares da ficador próprio. Após o decurso do prazo de dois anos do arqui-
Justiça, com acesso exclusivo dos magistrados, dos escrivães judi- vamento, as cópias das guias poderão ser inutilizadas, mediante
ciais e da Corregedoria Geral da Justiça, as intercorrências úteis autorização do juiz corregedor permanente.
(não observância dos deveres previstos no artigo 40 destas Normas Art. 45. Aplicam-se as disposições desta Seção, no que coube-
de Serviço ou punições que digam respeito à atuação do Auxiliar da rem, à Segunda Instância e aos Colégios Recursais.
Justiça), bem como as destituições, sempre a critério do magistra-
do, bastando, para tanto, a anexação de cópia da decisão exarada SEÇÃO V
nos autos. DO SISTEMA INFORMATIZADO OFICIAL
§ 3º Caso reste reformada a decisão mencionada no § 2º, o SUBSEÇÃO I
magistrado ou os servidores mencionados no “caput” procederão DISPOSIÇÕES GERAIS
à exclusão da decisão do sistema, bem como a inativação da ano-
tação. Art. 46. Os procedimentos de registro e documentação dos
§ 4º Serão inseridos no Portal de Auxiliares da Justiça, no cam- processos judiciais e administrativos realizar-se-ão diretamente no
po de cadastro da nomeação, os valores dos honorários sempre sistema informatizado oficial ou em livros e classificadores, confor-
que o magistrado fixá-los de forma definitiva em cada processo. me disciplina destas Normas de Serviço, e destinam-se:
Art. 39. Revogado. I - à preservação da memória de dados extraídos dos feitos e da
Art. 40. São deveres dos profissionais e dos órgãos cadastra- respectiva movimentação processual;
dos, a observância das determinações judiciais e o estrito cumpri- II - ao controle dos processos, de modo a garantir a segurança,
mento dos prazos legais, bem como: assegurar a pronta localização física, verificar o andamento e per-
I - atuar com diligência; mitir a elaboração de estatísticas e outros instrumentos de aprimo-
II – cumprir os deveres previstos em lei; ramento da prestação jurisdicional.
III - observar o sigilo devido nos processos em segredo de jus- Art. 47. Os servidores dos ofícios de justiça deverão se adap-
tiça; tar continuamente às evoluções do sistema informatizado oficial,
IV – observar, rigorosamente, a data e horários designados utilizando plenamente as funcionalidades disponibilizadas para a
para a realização das perícias e dos atos técnicos ou científicos; realização dos atos pertinentes ao serviço (emissão de certidões,
V - apresentar os laudos periciais e/ou complementares no ofícios, mandados, cargas de autos etc.).
prazo legal ou em outro fixado pelo magistrado; Parágrafo único. Para efeito de divisão do trabalho entre os
VI – manter seus dados cadastrais e informações correlatas escreventes técnicos judiciários, oficiais de justiça e juízes, e outras
anualmente atualizados; providências necessárias à ordem do serviço, o sistema informati-
VII – providenciar a imediata devolução dos autos judiciais zado atribuirá a cada processo distribuído um número de controle
quando determinado pelo magistrado; interno da unidade judicial, sem prejuízo do número do processo
VIII - cumprir as determinações do magistrado quanto ao tra- (número do protocolo que seguirá série única).
balho a ser desenvolvido; Art. 48. Iniciada a operação do SAJ/PG, de utilização obrigató-
IX – nas perícias: ria pelas varas e ofícios de justiça, serão excluídos todos os progra-
a) responder fielmente aos quesitos, bem como prestar os es- mas eventualmente em uso.
clarecimentos complementares que se fizerem necessários;
b) identificar-se ao periciando ou à pessoa que acompanhará a SUBSEÇÃO II
perícia, informando os procedimentos técnicos que serão adotados DA SEGURANÇA DO SISTEMA
na atividade pericial;
c) devolver ao periciando ou à pessoa que acompanhará a pe- Art. 49. Os níveis de acesso às informações e o respectivo creden-
rícia toda a documentação utilizada. ciamento (senha) dos funcionários, para operação do SAJ/PG, serão
Art. 41. O administrador judicial, nos termos da lei, deverá estabelecidos em expediente interno pela Corregedoria Geral da Justi-
atuar com eficiência, zelando pela condução do processo em prazo ça, com a participação da Secretaria de Tecnologia da Informação - STI.
razoável e, inclusive, pela fiscalização do cumprimento de prazos § 1º É vedado ao funcionário credenciado ceder a respectiva
pelos falidos, pelas empresas recuperandas, pelos credores e de- senha ou permitir que outrem, funcionário ou não, use-a para aces-
mais partes interessadas e envolvidas no processo. sar indevidamente o sistema informatizado.
Art. 42. A pedido do interessado ou das partes poderá ser ex- § 2º Os escrivães judiciais comunicarão prontamente à STI as
pedida certidão ou cópia do ato judicial de nomeação. alterações no quadro funcional da unidade, para o processamento
Art. 43. Para verificação de eventual impedimento ou motivo da revogação ou novo credenciamento.
de suspeição, o juiz solicitará do órgão técnico ou científico nomea- Art. 50. As alterações, exclusões e retificações feitas de modo
do para realização da perícia os nomes e dados de qualificação dos geral nos dados registrados pelo sistema serão definidas por níveis
profissionais que participarão da atividade, os quais não poderão de criticidade, cujo acesso a Corregedoria Geral da Justiça estabe-
ter sofrido punição administrativa ou penal em razão do ofício. lecerá. Os dados retificados, alterados ou excluídos serão conser-
Parágrafo único. Os profissionais ou os órgãos nomeados nos vados pelo sistema e todas as operações realizadas vinculadas ao
termos deste Provimento deverão dar cumprimento aos encargos usuário que as realiza.
que lhes forem atribuídos, salvo justo motivo previsto em lei ou Art. 51. Os escrivães judiciais do serviço de distribuição e dos
no caso de força maior, justificado pelo perito, a critério do magis- ofícios de justiça realizarão auditoria semanal no sistema, de acor-
trado, sob pena de sanção, nos termos da lei e dos regulamentos do com os níveis de criticidade definidos, comunicando à Correge-
próprios. doria Geral da Justiça qualquer irregularidade.

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NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA
SUBSEÇÃO III § 1º Todos os litisconsortes, intervenientes e terceiros interes-
DO CADASTRAMENTO, MOVIMENTAÇÃO E CONTROLE ELE- sados, bem como seus respectivos representantes, serão cadastra-
TRÔNICO DE PROCESSOS E INCIDENTES PROCESSUAIS dos.2
§ 2º Não será admitida exclusão de parte no processo, proce-
Art. 52. Os distribuidores e os ofícios de justiça deverão, no dendo-se à sua baixa, quando necessário.
sistema informatizado oficial, observadas suas respectivas atribui- Art. 55. A qualificação das partes será lançada no sistema infor-
ções: matizado oficial da forma mais completa possível, com os seguintes
I - cadastrar todos os feitos distribuídos ao respectivo juízo; dados disponíveis nas postulações iniciais ou intermediárias:
II - anotar a movimentação e a prática dos atos processuais I - em relação às partes nos procedimentos cíveis e aos autores
(citações, intimações, juntadas de mandados e respectiva data, ter- de ação penal privada:
mos, despachos, cargas, sentenças, remessas à instância superior a) se pessoa natural, o nome completo, o número de inscrição
para recurso, entrega ou remessa de autos que não importem em no CPF, nacionalidade, o estado civil, a profissão, bem como o en-
devolução etc.); dereço residencial ou domiciliar completo, inclusive CEP;
III - consignar os serviços administrativos pertinentes (desar- b) se pessoa jurídica ou assemelhada, sua firma ou denominação,
quivamentos, inutilização ou destruição de autos etc.). o número de inscrição no CNPJ e o endereço da sede, inclusive CEP;
Art. 53. A inserção de dados no sistema informatizado oficial II - em relação aos acusados em ações penais públicas ou pri-
será a mais completa e abrangente possível, de modo que todas vadas:
as ocorrências do processo físico constem do ambiente virtual, for- a) se pessoa natural, o nome completo, a filiação, a data de
mando banco de dados que servirá de memória permanente. nascimento, nacionalidade, naturalidade, sexo, cor, estado civil,
§ 1º O cadastro conterá as principais informações a respeito do profissão, o endereço completo da residência e trabalho, ou dos
processo, de modo a individualizá-lo com exatidão (qualificação das locais em que o réu possa ser encontrado, acompanhados do res-
partes e de eventuais representantes, advogados e os respectivos pectivo CEP, bem como, se houver, o número de inscrição no CPF,
números de inscrição na OAB, valor da causa, objeto da ação etc). o número do RG, o número do RGC (disponível na folha de antece-
§ 2º As anotações de movimentação processual devem ser fi- dentes do réu), além de outros nomes e alcunhas utilizadas pelo
dedignas, claras e atualizadas, de forma a refletir o atual estado do acusado;
processo e a garantir a utilidade do sistema. b) se pessoa jurídica ou assemelhada, sua firma ou denominação,
§ 3º O arquivamento dos autos será precedido da conferência o número de inscrição no CNPJ, e o endereço da sede, inclusive CEP.
e eventual atualização do cadastro, para que nele figurem os dados § 1º Quaisquer outros dados de qualificação que auxiliem na
necessários à extração de certidão. precisa identificação das partes (RG, título de eleitor, nome da mãe
Art. 54. Constarão do sistema informatizado: etc) também serão lançados no sistema informatizado oficial.
§ 2º Incumbirá aos distribuidores e aos ofícios de justiça o ca-
I - nos processos cíveis, de família e sucessões, da fazenda pú-
dastramento dos dados constantes das petições iniciais.
blica, da infância e juventude, de acidentes do trabalho e do juiza-
§ 3º As vítimas identificadas na denúncia ou queixa, e também
do especial cível: o número do processo; o nome e a qualificação
as testemunhas de processo criminal – sejam estas de acusação,
do autor e do réu; a natureza do feito; a data da distribuição; o
defesa ou comuns –, terão suas qualificações lançadas no sistema
número, livro e folhas do registro da sentença, quando adotado;
informatizado oficial, exceto quando, ao darem conta de coação ou
o inteiro teor de pronunciamentos judiciais (despachos, decisões
grave ameaça, após deferimento do juiz, pedirem para não haver
interlocutórias, sentenças e acórdãos); anotações sobre recursos; a
identificação de seus dados de qualificação e endereço.
data do trânsito em julgado; o arquivamento (data e caixa) e outras
Art. 56. Os dados obrigatórios previstos no art. 55 serão apre-
observações que se entenderem relevantes; sentados pelos requerentes, na petição inicial, e pelos requeridos,
II - nos processos criminais, do júri e do juizado especial crimi- na primeira oportunidade de postulação em juízo (contestação,
nal: o número do processo; o nome e qualificação do réu; a data do juntada de procuração, pedido de vista, defesa preliminar, pedido
fato; a data do recebimento ou rejeição da denúncia; o artigo de lei de revogação de prisão preventiva etc.).
em que o réu foi incurso; a data da suspensão do processo (art. 366 § 1º Não se impõe a obrigação prevista neste artigo:
do Código de Processo Penal e juizado especial criminal); a data da I - para as ações nas quais essas exigências comprometam o
prisão; o número, livro e folhas do registro da sentença, quando acesso à Justiça, conforme prudente arbítrio do juiz a quem for dis-
adotado; o inteiro teor de pronunciamentos judiciais (despachos, tribuído o feito;
decisões interlocutórias, sentenças e acórdãos); anotações sobre II - quando a parte não estiver inscrita no CPF ou CNPJ, caso em
recursos; a data da decisão confirmatória da pronúncia; a data do que deverá firmar declaração expressa nesse sentido, respondendo
trânsito em julgado; a data da expedição da guia de recolhimento, pela veracidade da afirmação.
de tratamento ou de internação; o arquivamento (data e caixa) e § 2º Em qualquer hipótese prevista no § 1º, caberá às partes o
outras observações que se entenderem relevantes; fornecimento de outros dados conducentes à sua perfeita individu-
III - nos processos de execução criminal: o nome e qualificação alização (por exemplo, RG, título de eleitor, filiação etc.), para que
do sentenciado, com a filiação e sempre que possível o número do o ofício de justiça efetue o devido cadastramento.
RG; as guias de recolhimento registradas, a discriminação das pe- Art. 57. Nos ofícios de justiça, o registro e controle da movi-
nas impostas em ordem sequencial; os incidentes de execução da mentação dos feitos realizar-se-ão exclusivamente pelo sistema in-
pena; anotações sobre recursos; o inteiro teor dos julgamentos; as formatizado oficial, vedadas a elaboração de fichário por nome de
progressões de regime; o cadastro de comparecimento de alberga- autor e a utilização de fichas individuais materializadas em papel ou
dos; os benefícios concedidos; as remições de pena e outras obser- constantes de outros sistemas informatizados.
vações que se entenderem relevantes; § 1º Os ofícios de justiça conservarão as fichas que compõem
IV - nas cartas precatórias, especialmente: indicação completa o fichário por nome de autor, até então materializadas em papel,
do juízo deprecante, com número do processo de origem conforme podendo inutilizá-las desde que todos os dados que delas constem
padrão estabelecido pela Resolução nº 65 do CNJ, da natureza da sejam anotados no sistema, de forma a possibilitar a extração de
ação e da diligência deprecada. certidões.

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NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA
§ 2º As fichas individuais serão encerradas e mantidas em local § 2º O segredo de justiça poderá, ainda, ser gerado automatica-
próprio no oficio de justiça, até a extinção dos processos a que se mente pelo sistema informatizado, a depender da natureza da ação.
referem, e serão grampeadas na contracapa dos autos, por ocasião Art. 62. Quando a mesma parte estiver vinculada a processos
de seu arquivamento, podendo, no entanto, ser inutilizadas desde que tramitam em outros ofícios de justiça, as eventuais retificações
que anotados no sistema informatizado oficial todos os dados que de seus dados não serão aplicadas aos feitos de outro juízo.
delas constem de forma a possibilitar a extração de certidões.
§ 3º O procedimento de inutilização das fichas em nome do SEÇÃO VI
autor e das fichas individuais será realizado no âmbito e sob a res- DOS LIVROS E CLASSIFICADORES OBRIGATÓRIOS
ponsabilidade do Juiz Corregedor Permanente, o qual verificará a SUBSEÇÃO I
pertinência da medida, a presença de registro eletrônico de todas DOS LIVROS OBRIGATÓRIOS
as fichas, conservação dos documentos de valor histórico, a segu-
rança de todo o processo em vista das informações contidas nos Art. 63. Os ofícios de justiça em geral possuirão os seguintes
documentos e demais providências administrativas correlatas. livros:
Art. 58. As cartas precatórias serão cadastradas no sistema I - Visitas e Correições;
informatizado seguindo as mesmas regras dos processos comuns, II - Protocolo de Autos e Papéis em Geral;
consignando-se, ainda, a indicação completa do juízo deprecante, e III - Revogado;
não apenas da comarca de origem, os nomes das partes, a natureza IV - Registro de Feitos Administrativos (sindicâncias, procedi-
da ação e a diligência deprecada. mentos disciplinares, representações, etc.);
Parágrafo único. As movimentações pertinentes, como a de- V - Registro das decisões terminativas proferidas em feitos ad-
volução à origem ou o retorno para novas diligências, e respectivas ministrativos;
datas, também serão anotadas no sistema. VI - pertinentes à Corregedoria Permanente, previstos no art.
Art. 59. A extinção do processo, em caso de improcedência 23, quando for o caso e no que couber.
total da demanda, por força do acolhimento de impugnação do Art. 64. Os Ofícios de Justiça manterão também:
devedor (art. 1.015, parágrafo único, do CPC) ou em razão da es- I - Livro de Cargas de Mandados, salvo se as respectivas va-
ras forem atendidas pelas Seções Administrativa de Distribuição de
tabilização da tutela (art. 304 do CPC), e a extinção do processo de
Mandados;
execução, por força de procedência de embargos de devedor, serão
II - controle, pela utilização de livros de folhas soltas ou outro
cadastradas no sistema diretamente pelo ofício de justiça assim que
meio idôneo, da remessa e recebimento de feitos aos Tribunais, até
as respectivas sentenças transitarem em julgado (ou quando retor-
que seja implementado no sistema informatizado oficial o controle
narem de superior instância com trânsito em julgado). No mais, a
eletrônico;
extinção será cadastrada apenas quando encerrado definitivamen-
III - controle do horário de entrada e saída por intermédio do
te o processo, nada restando a ser deliberado ou cumprido pelo ofí-
livro ponto ou do relógio mecânico, caso existam servidores não
cio de justiça (sentença ou acordo), considerando-se isoladamente,
cadastrados no sistema de ponto biométrico;
para tanto, a ação principal, a reconvenção, o pedido contraposto, IV - Livro de Registro Geral de Feitos, com índice, se não estive-
a ação declaratória incidental, a oposição, os embargos de devedor rem integrados ao sistema informatizado oficial;
(à execução, à execução fiscal, à adjudicação, à alienação ou à arre- V - Livro de Registro de Sentença, salvo se cadastrada no siste-
matação) e os embargos de terceiro. ma informatizado oficial, com assinatura digital ou com outro siste-
Art. 60. A entrega definitiva dos autos de notificação, interpe- ma de segurança aprovado pela Corregedoria Geral da Justiça e que
lação, protesto ou produção antecipada de provas, quando os pro- também impeça a sua adulteração.
cessos ainda tramitarem sob a forma física, será cadastrada pelo Art. 65. Nos ofícios de justiça integrados ao sistema informa-
ofício de justiça, no sistema informatizado, em campos distintos, tizado oficial, os registros de remessa e recebimento de feitos e
observada a permanência em cartório durante 1 (um) mês para ex- petições formalizar-se-ão exclusivamente pelas vias eletrônicas.
tração de cópias e certidões pelos interessados no caso de produ- Art. 66. Os livros em geral, inclusive de folhas soltas, serão aber-
ção antecipada de prova. tos, numerados, autenticados e encerrados pelo escrivão judicial,
Art. 61. Compete aos ofícios de justiça: sempre na mesma oportunidade, podendo ser utilizado, para este
I - cadastrar diretamente no sistema informatizado oficial qual- fim, processo mecânico de autenticação previamente aprovado pelo
quer dos dados constantes dos arts. 54 e 55, quando forem conhe- Juiz Corregedor Permanente, vedada a substituição de folhas.
cidas, necessitarem de retificação ou sofrerem alteração após a Parágrafo único. As folhas soltas, uma vez completado o uso,
distribuição; serão imediatamente encaminhadas para encadernação.
II - na hipótese de expedição de certidão de homonímia, a in- Art. 67. O Livro de Visitas e Correições será organizado em
serção, no sistema informatizado oficial, dos eventuais dados de folhas soltas, iniciado por termo padrão de abertura, disponibili-
qualificação ainda não lançados no sistema, também certificando a zado no Portal da Corregedoria - modelos e formulários -, lavrado
adoção dessa providência no documento; pelo Escrivão e formado gradativamente pelos originais das atas de
III - cadastrar, no sistema informatizado oficial, a decretação do correições e visitas realizados na unidade, devidamente assinadas
segredo de justiça, a concessão da justiça gratuita, o deferimento e rubricadas pelo Juiz Corregedor Permanente, Escrivão e demais
da tramitação prioritária do processo (idosos, pessoa com deficiên- funcionários da unidade.
cia, portadores de doenças graves), ou o reconhecimento de qual- § 1º Os originais das atas que formarão o Livro de Visitas e Cor-
quer benefício processual a alguma das partes; reições serão numeradas e chanceladas pelo Escrivão Judicial após
IV- proceder às alterações devidas no sistema, na hipótese de a sua anexação ao Livro.
determinação judicial de retificação do procedimento da ação para § 2º O Livro de Visitas e Correições não excederá 100 (cem) fo-
ordinário ou sumário. lhas, salvo determinação judicial em contrário ou para a manuten-
§ 1º Na hipótese constante do inciso II deste artigo, tratando- ção da continuidade da peça correcional, podendo, nestes casos,
-se de feito não cadastrado, a providência será precedida de espe- ser encerrado por termo contemporâneo à última ata, com mais
cífico cadastramento.6 ou menos folhas.

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NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA
Art. 68. O Livro Protocolo de Autos e Papéis em Geral, com § 8º Registra-se como sentença a decisão que extingue o pro-
tantos desdobramentos quantos recomendem a natureza e o mo- cesso em que houve estabilização da lide, na forma do artigo 304
vimento do ofício de justiça, destina-se ao registro da entrega ou do Código de Processo Civil.
remessa, que não impliquem devolução e, excepcionalmente, para Art. 73. Manter-se-á rigoroso controle sobre os livros em geral,
o uso estabelecido no artigo 69, § 3°. incumbindo-se o Juiz Corregedor Permanente de coibir eventuais
Art. 69. A carga e descarga de autos entre os usuários inter- abusos ou excessos.
nos do sistema informatizado oficial serão feitas eletronicamente e Art. 74. Os livros em andamento ou findos serão bem conser-
controladas exclusivamente por intermédio do sistema, onde serão vados, em local adequado e seguro dentro do ofício de justiça, de-
registrados, obrigatoriamente, no campo próprio, o envio, o rece- vidamente ordenados e, quando for o caso, encadernados, classifi-
bimento e a devolução, com indicação de data e de usuário respon- cados ou catalogados.
sável por cada ato. § 1º O desaparecimento e a danificação de qualquer livro se-
§ 1º Para os usuários externos (Ministério Público, Defensoria rão comunicados imediatamente ao Juiz Corregedor Permanente.
Pública, Procuradorias etc.) as cargas serão efetuadas no sistema A sua restauração será feita desde logo, sob a supervisão do juiz e à
informatizado e terão recebimento automático, devendo ser im- vista dos elementos existentes.
presso relatório da carga em duas vias para que haja o lançamento § 2º Após revisados e decorridos 2 (dois) anos do último re-
efetivo do recebimento pelo destinatário, com posterior arquiva- gistro efetuado, os livros de cargas de autos e mandados, desde
mento no classificador previsto no artigo 75, inciso VII ou juntada que reputados sem utilidade para conservação em arquivo pelo
aos autos, na forma do art. 162. escrivão judicial, poderão ser inutilizados, mediante prévia autori-
§ 2º Poderá o juiz indicar servidor autorizado a receber no sis- zação do Juiz Corregedor Permanente. A autorização consignará os
tema informatizado as cargas de autos remetidos à conclusão. elementos indispensáveis à identificação do livro, e será arquivada
§ 3º Em caso de indisponibilidade do sistema informatizado em classificador próprio, com certidão da data e da forma de inu-
as cargas serão registradas no Livro Protocolo de Autos e Papéis tilização.
em Geral (artigo 63, inciso II). Restabelecido o sistema, será feito
o registro da carga no sistema para controle, anotando-se no livro. SUBSEÇÃO II
DOS CLASSIFICADORES OBRIGATÓRIOS
Art. 70. O Livro de Carga de Mandados poderá ser desdobrado
em número equivalente ao dos oficiais de justiça em exercício, des-
Art. 75. Os ofícios de justiça possuirão os seguintes classifica-
tinando-se um para cada qual.
dores:
Parágrafo único. Serão também registradas no Livro de Carga
I - para atos normativos e decisões da Corregedoria Permanen-
de Mandados as petições que, por despacho judicial, sirvam como
te, com índice por assunto;
tal.
II - para cópias de ofícios expedidos;
Art. 71. Todas as cargas receberão as correspondentes baixas,
III - para ofícios recebidos;
assim que restituídos os autos ou mandados, na presença do inte-
IV - para GRD - guias de recolhimento de diligências do oficial
ressado, sempre que possível ou por este exigido. de justiça;
Parágrafo único. Quando não utilizada a carga eletrônica, será V - para cópias de guias de levantamento expedidas em favor
lançada certidão nos autos, mencionado a data da carga e da resti- dos auxiliares da justiça não funcionários na Justiça Estadual;
tuição, de acordo com os assentamentos do livro protocolo. VI - Revogado;
Art. 72. O Livro Registro de Sentenças formar-se-á pelas vias VII - para relatórios de cargas eletrônicas;
emitidas para tal fim, numeradas em série anual renovável (1/80, VIII - para petições e documentos desentranhados;
2/80, 3/80, ... , 1/82, 2/82 etc.) e autenticadas pelo escrivão judi- IX - para autorizações e certidões de inutilização de livros e
cial, o qual certificará sua correspondência com o teor da sentença classificadores obrigatórios.
constante dos autos. Art. 76. Os atos normativos, decisões e comunicados do Con-
§ 1º O registro previsto neste artigo far-se-á em até 5 (cinco) selho Superior da Magistratura e da Corregedoria Geral da Justiça
dias após a baixa dos autos em cartório pelo juiz. de interesse do ofício de justiça serão arquivados e indexados, com
§ 2º A decisão relativa a embargos de declaração e a que li- índice por assunto, mediante utilização do sistema informatizado,
quidar sentença condenatória cível, proferida no âmbito do Poder facultada a manutenção de classificadores próprios.
Judiciário do Estado de São Paulo, serão averbadas ao registro da Art. 77. O classificador referido no inciso II do art. 75 destina-se
sentença embargada ou liquidada, com utilização do sistema infor- ao arquivamento, em ordem cronológica, das cópias de ofícios que
matizado. não se refiram a feito do próprio ofício de justiça.
§ 3º A decisão que liquidar outros títulos executivos judiciais § 1º Esse classificador será aberto com folha(s) para o registro
(por exemplo, a sentença penal condenatória) será registrada no de todos os ofícios, com numeração sequencial e renovável anual-
livro de registro de sentença, porquanto impossível, neste caso, a mente, na(s) qual(is) consignarse-ão, ao lado do número de regis-
averbação.5 tro, o número do processo ou a circunstância de não se referir a
§ 4º Todas as sentenças terão seu teor integralmente registra- nenhum feito e o destino.
do no sistema informatizado oficial e no livro tratado neste artigo. § 2º No presente classificador poderão ser arquivados os res-
§ 5º O registro da sentença, com indicação do número de or- pectivos recibos de correspondência, se for o caso.
dem, do livro e da folha em que realizado o assento, será certifica- Art. 78. Os ofícios e mensagens eletrônicas expedidos e recebi-
do nos autos, na última folha da sentença registranda. dos, mencionados nos incisos II, III e VI do art. 75, serão conserva-
§ 6º As sentenças cadastradas no sistema informatizado ofi- das pelo prazo de 1 (um) ano, a partir da data de expedição ou do
cial com assinatura digital ficam dispensadas da funcionalidade do recebimento pelo ofício de justiça.
registro, bem como da elaboração de livro próprio e da certidão Paragrafo único. Decorrido o prazo estabelecido, e desde que
prevista no § 5º deste artigo. reputados sem utilidade para conservação pelo escrivão judicial,
§ 7º Aplicam-se as disposições deste artigo, no que couber, às serão inutilizados, mediante a autorização do Juiz Corregedor Per-
decisões terminativas proferidas em feitos administrativos. manente, nos termos do § 2º do art. 74.

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NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA
Art. 79. As guias de recolhimento de diligências do oficial de Art. 84. Os instrumentos de ordens, requisições, precatórias,
justiça serão conservadas pelo prazo mínimo de dois anos contados ofícios e autorizações judiciais, bem como dos demais atos e ter-
do arquivamento, aplicandose, quanto à inutilização, o disposto no mos processuais (sentenças, decisões e despachos), conterão, de
do § 2º do art. 74. forma legível, o nome completo, o cargo ou função da autoridade
judiciária e dos servidores que os lavrem, confiram e subscrevam, a
SEÇÃO VII fim de se permitir a rápida identificação.
DA ESCRITURAÇÃO § 1º O escrivão certificará a autenticidade da firma do juiz que
subscreveu o documento, indicando-lhe o nome, o cargo e o exer-
Art. 80. Na lavratura de atos, termos, requisições, ordens, au- cício no juízo, nas seguintes hipóteses:
torizações, informações, certidões ou traslados, que constarão de I - na expedição de alvarás de soltura, mandados ou contra-
livros, autos de processo, ou papéis avulsos, excluídas as autuações mandados de prisão, requisições de preso e demais atos para os
e capas, serão observados os seguintes requisitos: quais a lei exige certificação de autenticidade;
I - o papel utilizado terá fundo inteiramente branco ou ser reci- II - quando houver dúvida sobre a autenticidade da firma.
clado, salvo disposição expressa em contrário; § 2º Nos ofícios de justiça contemplados com sistema informa-
II - a escrituração será sempre feita em vernáculo, preferen- tizado oficial, que permita a utilização da ferramenta consistente
cialmente por meio eletrônico, com tinta preta ou azul, indelével; na assinatura por certificação digital, dispensa-se a certificação de
III - os numerais serão expressos em algarismos e por extenso; autenticidade da assinatura do juiz.
IV - os espaços em branco e não aproveitados, nos livros e au- Art. 85. Os mandados, as cartas postais, os ofícios gerais de
tos de processo, serão inutilizados; comunicação, expedidos em cumprimento de ato judicial, em não
V - as assinaturas deverão ser colhidas imediatamente após a havendo determinação do juiz em sentido contrário, serão assina-
lavratura do ato ou termo, e identificadas com o nome por extenso dos pelos escrivães, declarando que o fazem por ordem do juiz.
do signatário. § 1º A subscrição do juiz é obrigatória quando:
Art. 81. Na escrituração serão evitadas as seguintes práticas: I - a lei ou estas Normas de Serviço expressamente o exigirem
I - entrelinhas, erros de digitação, omissões, emendas, rasuras (por exemplo, busca e apreensão cautelar, prisão, contramandado
ou borrões;
de prisão e alvará de soltura, alvarás em geral, levantamento de de-
II - anotações de “sem efeito”;
pósito judicial, ordem de arrombamento explícita ou implícita etc);
III - anotações a lápis nos livros e autos de processo, mesmo
II - houver determinação de desconto de pensão alimentícia;
que a título provisório.
III - os documentos ou papéis forem dirigidos a autoridades
§ 1º Na ocorrência das irregularidades previstas no inciso I, far-
(por exemplo, membros do Poder Judiciário, do Ministério Público
-se-ão as devidas ressalvas, antes da subscrição do ato, de forma
e do Poder Legislativo; chefe do Poder Executivo; Delegados de Po-
legível e autenticada.
lícia; Comandantes da Polícia Militar e das Forças Armadas).
§ 2º As anotações previstas no inciso II, quando estritamente
§ 2º A emissão de cartas postais, considerada inclusive a expe-
necessárias, sempre serão datadas e autenticadas com a assinatura
de quem as haja lançado nos autos. dição por meio eletrônico, independerão da assinatura do escrivão
Art. 82. Na escrituração é vedada: ou escreventes, desde que do documento conste o nome e o cargo
I - a utilização de borracha ou raspagem por outro meio me- do funcionário emitente, inexista determinação do juiz em sentido
cânico, bem como a uso de corretivo, detergente ou outro meio contrário, a hipótese não se enquadre nas disposições contidas no
químico de correção; § 1º deste artigo e seja observado o disposto no parágrafo úni-
II - a assinatura de atos ou termos em branco, total ou parcial- co do art. 94.7
mente; Art. 86. As disposições previstas nesta seção, relativas à escri-
III - a utilização de abreviaturas, abreviações, acrônimos, siglas turação em meio físico, aplicam-se, no que couber, à escrituração
ou símbolos, excetuando-se as formas consagradas pelo Vocabu- no sistema informatizado oficial, especialmente:
lário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de I - no cadastramento de dados;
Letras, as adotadas por órgãos oficiais e as convencionadas por de- II - na movimentação processual;
terminada área do conhecimento humano; III - na lavratura e expedição de documentos, sejam ou não jun-
IV - a utilização de chancela, ou de qualquer recurso que propi- tados a autos de processo.
cie a reprodução mecânica da assinatura do juiz.
Art. 83. A escrituração de termos, atos e papéis em geral ob- SEÇÃO VIII
servará os critérios da clareza, objetividade e síntese, sem descui- DA ORDEM DOS SERVIÇOS DOS PROCESSOS EM GERAL
dar da perfeita individualização de pessoas, fatos ou coisas, quando SUBSEÇÃO I
necessária. DA AUTUAÇÃO, ABERTURA DE VOLUMES
§ 1º A qualificação das pessoas trará os elementos necessários E NUMERAÇÃO DE FEITOS
à sua identificação:
I – tratando-se de pessoa física, constarão o nome completo e Art. 87. Ao receber a petição inicial ou a denúncia, o ofício de
o número de inscrição no CPF ou o número do RG ou, faltante este justiça providenciará, em 24 (vinte e quatro) horas, a autuação,
último, a filiação, sem prejuízo de outros dados que auxiliem na sua nela afixando a etiqueta que, gerada pelo sistema informatizado e
identificação; oriunda do distribuidor, atribui número ao processo e traz outros
II – tratando-se de pessoa jurídica, constarão a firma ou deno- dados relevantes (juízo, natureza do feito, nomes das partes, data
minação, o número de inscrição no CNPJ e o endereço da sede, sem etc.).
prejuízo de outros dados que auxiliem na sua identificação. Parágrafo único. É dispensada a lavratura de certidão, no inte-
§ 2º Nos ofícios e cartas precatórias expedidas, constarão a rior dos autos, da autuação e do registro do processo.2
comarca, a vara e o endereço completo do Fórum remetente, in- Art. 88. O ofício de justiça afixará nas autuações tarjas colori-
clusive com o número do código de endereçamento postal (CEP), das, na posição horizontal, para assinalar situações especiais descri-
telefone e o correio eletrônico (e-mail) institucional. tas nestas Normas de Serviço.

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NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA
Art. 89. Os autos de processos não excederão de 200 (duzen- mandados, etc.), por original ou por cópia, rubricado pelo emiten-
tas) folhas em cada volume, salvo determinação judicial expressa te. A data constante do documento deverá corresponder à de sua
em contrário ou para manter peça processual com seus documen- efetiva emissão.
tos anexos, podendo, nestes casos, ser encerrado com mais ou me- Art. 95. Ressalvado o disposto no art. 140, é vedado o lança-
nos folhas. mento de termos no verso de petições, documentos, guias etc., de-
§ 1º O encerramento e a abertura dos novos volumes serão vendo ser usada, quando necessária, outra folha, com inutilização
certificados em folhas regularmente numeradas, prosseguindo-se a dos espaços em branco.
numeração sem solução de continuidade no volume subsequente. Art. 96. São vedados o lançamento de cotas marginais ou inter-
§ 2º A numeração ordinal indicativa de novos volumes será lineares nos autos, a prática de sublinhar palavras à tinta ou a lápis,
destacada nas respectivas autuações e anotada na autuação do pri- ou o emprego de expressões injuriosas nos escritos apresentados
meiro volume. no processo, incumbindo ao serventuário, ao constatar a irregulari-
Art. 90. Nos feitos antecedidos por procedimentos preparató- dade, comunicá-la imediatamente ao juiz.
rios, a peça inaugural (petição inicial de ação civil pública, repre-
sentação em procedimento afeto à área infracional da infância e SUBSEÇÃO III
juventude, denúncia em ação penal pública etc.) terá numeração DA MOVIMENTAÇÃO DOS AUTOS
própria, apondo-se o número da folha, seguido da letra “i” (1-i;
2-i; 3-i...), de tal forma que a numeração dos mencionados pro- Art. 97. Deverá ser feita conclusão dos autos no prazo de 1 (um)
cedimentos preparatórios (inquéritos civis, comunicações de atos dia e executados os atos processuais no prazo de 5 (cinco) dias.
infracionais, inquéritos policiais etc) seja sempre aproveitada inte- § 1º Os juízes atenderão, preferencialmente, à ordem cronoló-
gralmente. gica de conclusão para proferir sentença ou acórdão
Art. 91. Os escrivães judiciais ou, sob sua supervisão, os escre- § 2º O escrivão atenderá, preferencialmente, a ordem crono-
ventes zelarão pela correta numeração das folhas dos autos. lógica de recebimento para publicação e efetivação dos pronuncia-
§ 1º Em caso de erro na numeração, certificar-se-á a ocorrên- mentos judiciais.
cia, sendo vedada a renumeração. § 3º Serão considerados para fins do que dispõe o art. 12 do
§ 2º Na hipótese de numeração repetida, acrescentar-se-á Código de Processo Civil os processos físicos com movimentação
apenas uma letra do alfabeto, em sequência (188-a, 188-b, 188-c “Conclusos para Sentença”.
etc.), certificando-se. Art. 98. Constarão dos termos de movimentação dos processos
a data do efetivo encaminhamento dos autos e, sempre que possí-
SUBSEÇÃO II
vel, os nomes, por extenso, dos juízes, representantes do Ministé-
DA RECEPÇÃO E JUNTADA DE PETIÇÕES, DOS ATOS E TER-
rio Público, advogados ou daqueles a quem se refiram.
MOS JUDICIAIS E DAS COTAS NOS AUTOS
§ 1º São vedados, sob qualquer pretexto, termos de conclusão
ou de vista sem data ou, ainda, a permanência dos autos em cartó-
Art. 92. É vedado aos ofícios de justiça receber e juntar peti-
rio depois de assinados os respectivos termos.
ções que não tenham sido encaminhadas pelo setor de protocolo,
§ 2º Nenhum processo será entregue com termo de vista, a
salvo:
I – quanto às petições de requerimento de juntada de procu- promotor de justiça ou advogado, sem prévia assinatura no relató-
ração ou de substabelecimento apresentadas pelo interessado di- rio de carga eletrônica, e correspondente andamento no sistema
retamente ao ofício de justiça, caso em que o termo de juntada informatizado, ou no livro protocolo.
mencionará esta circunstância; § 3º Todas as conclusões ao juiz serão anotadas no sistema in-
II – quando houver, em cada caso concreto, expressa decisão formatizado, acrescendo-se a carga, em meio físico ou eletrônico,
fundamentada do juiz do feito dispensando o protocolo no setor somente quanto aos autos conclusos que não receberem despacho
próprio. ou não forem sentenciados até o final do expediente do dia.
Art. 93. Por ocasião da juntada de petições e documentos (ofí- § 4º Se o juiz se recusar a assinar, consignar-se-á essa ocorrên-
cios recebidos, laudos, mandados, precatórias etc.), lavrar-se-á o cia no assentamento da carga.
respectivo termo de juntada. § 5º A conclusão dos autos ao juiz será efetuada diariamente,
§ 1º Para a juntada, na mesma oportunidade, de duas ou mais sem limitação de número.
petições ou documentos, será confeccionado um único termo de Art. 99. Nenhum processo permanecerá paralisado em cartó-
juntada com a relação das peças. rio, além dos prazos legais ou fixados, ou ficará sem andamento por
§ 2º É vedado o lançamento do termo de juntada na própria mais de 30 (trinta) dias, no aguardo de diligências (informações,
petição ou documento a serem encartados aos autos. respostas a ofícios ou requisições, providências das partes etc.).
§ 3º Recebidas petições via fac-símile ou por correio eletrônico Parágrafo único. Decorrido o prazo de 30 (trinta) dias, o ofício
(e-mail) diretamente no ofício de justiça ou na vara, será imediata- de justiça reiterará a diligência uma única vez e, em caso de não
mente lançado número de protocolo no corpo do documento, para atendimento, será aberta conclusão ao juiz, para as providências
oportuno controle dos prazos previstos no caput e parágrafo único cabíveis.
do art. 2º da Lei Federal nº 9.800, de 26.05.1999.
§ 4º Recebida petição inicial ou intermediária acompanhada SUBSEÇÃO IV
de objetos de inviável entranhamento aos autos do processo, o es- DO CONTROLE DE PRAZOS
crivão deverá conferir, arrolar e quantificá-los, lavrando certidão,
sempre que possível na presença do interessado, mantendo-os sob Art. 100. O escrivão judicial manterá rigoroso controle sobre os
sua guarda e responsabilidade até encerramento da demanda. prazos dos processos, adotando o seguinte procedimento:
Art. 94. Todos os atos e termos do processo serão certificados I - em todos os ofícios de justiça, o controle dos prazos dos pro-
nos autos e anotados no sistema informatizado oficial. cessos será efetuado mediante o uso de escaninhos numerados de
Parágrafo único. Dispensa-se a certificação e anotação de que 01 a 31, correspondentes aos dias do mês, nos quais os autos serão
trata o caput com relação à emissão de documento que passe a acondicionados de acordo com a data de vencimento do prazo que
fazer imediatamente parte integrante dos autos (ofícios expedidos, estiver fluindo;

10
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA
II - os prazos serão verificados diariamente, de acordo com as IV – zelarão pelo correto encaminhamento dos autos.
datas de vencimento, certificando-se o decurso para adoção das V – indicarão, obrigatoriamente, na certidão de remessa, a in-
providências cabíveis; clusão de mídia(s), ou sua eventual inexistência.
III - nos escaninhos, os autos dos processos serão acondiciona- VI. Certificarão o valor do preparo e a quantia efetivamente
dos na posição vertical, em ordem numeral crescente, de forma a recolhida com a vinculação da utilização do documento ao núme-
permitir rápida localização e perfeita identificação e visualização; ro do processo, nos termos do art.1093 das NSCGJ, deixando para
IV - serão acondicionados nos escaninhos de prazo os autos apreciação da instância superior eventuais irregularidades.
dos processos que aguardam o cumprimento de diligências (cum-
primento e devolução de cartas precatórias, respostas a ofícios SEÇÃO IX
expedidos, cumprimento de mandados, realização de inspeções e DOS PAPÉIS EM ANDAMENTO OU FINDOS
perícias etc.);
V - mensalmente, até o décimo dia do mês subsequente ou Art. 103. Os papéis em andamento ou findos serão bem con-
útil seguinte, o escrivão relacionará os procedimentos e processos servados e, quando for o caso, encadernados, classificados ou ca-
em que há réu preso, por prisão em flagrante, temporária ou pre- talogados, aplicando-se, quanto ao seu descarte, o disposto no §
ventiva, bem como menor internado provisoriamente, em razão da 2º do art. 74.
prática de ato infracional, indicando seu nome, filiação, número do
processo, data e natureza da prisão, unidade prisional, data e con- SEÇÃO X
teúdo do último movimento processual, enviando relatório à Cor- DAS CERTIDÕES
regedoria Geral da Justiça;
VI - sem prejuízo da observância do art. 99, os inquéritos e pro- Art. 104. A expedição de certidões em breve relatório ou de
cessos de réu preso e menores internados provisoriamente, parali- inteiro teor compete exclusivamente aos ofícios de justiça.
sados em seu andamento há mais de 3 (três) meses, serão levados § 1º Sempre que possível, as certidões serão expedidas com
à análise do juiz, que informará à Corregedoria Geral da Justiça por base nos assentamentos constantes do sistema informatizado, ca-
meio de relatório. bendo ao escrivão dar a sua fé pública do que nele constar ou não,
§ 1º Para guarda dos processos nos escaninhos do prazo, será admitida, de qualquer forma, a consulta aos autosde processos em
incluído, no cálculo da data de vencimento, o interregno de tempo
andamento ou findos, livros ou papéis a seu cargo, caso em que se
para recebimento das petições do protocolo integrado, a ser fixado
designará o número e a página do livro ou processo onde se encon-
entre 15 (quinze) e 30 (trinta) dias, de acordo com o fluxo de entre-
tra o assentamento.
ga normalmente observado na comarca.
§ 2º As certidões serão expedidas no prazo de 5 (cinco) dias,
§ 2º Faculta-se aos ofícios de justiça a manutenção de escani-
contados da data do recebimento do respectivo pedido pelo ofício
nhos destinados a acondicionar autos de processos que aguardam
de justiça, fornecido ao interessado protocolo de requerimento.3
a publicação de despachos e sentenças no Diário da Justiça Eletrô-
§ 3º Serão atendidos em 5 (cinco) dias úteis os pedidos de cer-
nico (imprensa já remetida), organizados por data de remessa, bem
tidões de objeto e pé formulados pelo correio eletrônico (e-mail)
como escaninhos destinados a autos de processos que aguardam a
realização de audiências, desde que inteiramente cumpridos, orga- institucional de um ofício de justiça para outro. A certidão será ela-
nizados por data. borada e encaminhada pelo ofício de Justiça diretamente à unidade
§ 3º Os autos dos processos em que houver algum ato penden- solicitante.4
te de execução pelos serventuários não poderão ser colocados nos § 4º Se houver necessidade de requisição de autos do Arquivo
escaninhos de prazo. Geral, os prazos deste artigo contar-se-ão do recebimento do feito
§ 4º O controle de prazos poderá ser efetuado por sistema in- pelo ofício de justiça.
formatizado que permita a emissão de relatórios diários dos pro- § 5º A expedição de certidão de processos que correm em se-
cessos com o prazo vencido. gredo de justiça dependerá de despacho do juiz competente.
Art. 101. O escrivão judicial acompanhará, com regularidade, Art. 104-A. A requerimento escrito do credor, tratando-se de
a devolução dos avisos de recebimento das cartas postadas pelo decisão judicial, transitada em julgado, que reconheça a existência
Correio, providenciando para que sejam juntados aos autos imedia- de obrigação de pagar quantia certa ou alimentos, expedir-se-á cer-
tamente após a devolução. tidão de teor da decisão para fins de protesto extrajudicial, a qual
deverá indicar:
SUBSEÇÃO V I - nome; número de inscrição no cadastro do Ministério da
DA REMESSA DE AUTOS À INSTÂNCIA SUPERIOR Fazenda (CPF e CNPJ), no registro geral de identidade (RG) ou no
registro nacional de estrangeiro (RNE); e endereço do credor;
Art. 102. Antes da remessa dos autos à instância superior, os II - nome; número de inscrição no cadastro do Ministério da
escrivães judiciais ou, sob sua supervisão, os escreventes: Fazenda (CPF e CNPJ), no registro geral de identidade (RG) ou no
I - revisarão a numeração das folhas dos autos, nos termos do registro nacional de estrangeiro (RNE); e endereço do devedor;
art. 91; III- número do processo judicial;
II - certificarão nos autos eventuais suspensões de expediente IV - o valor da dívida;
havidas no período que vai da data da intimação, às partes, da sen- V - a data em que, após intimação do executado, decorreu o
tença ou do despacho que provocou o inconformismo, até a data prazo legal para pagamento voluntário.
em que foi protocolada a petição que contém o recurso, com as § 1º As certidões serão expedidas no prazo de três (03) dias,
especificações e motivações respectivas; contados da data do recebimento do respectivo pedido pelo ofício
III - formarão autos suplementares, se o processo envolver de justiça.1
questão de alto risco, conforme determinação judicial, facultada a § 2º A expedição de certidão de processos que correm em se-
digitalização das peças processuais, as quais serão armazenadas em gredo de justiça dependerá de despacho do juiz competente.2
disco rígido (estação de trabalho), com cópia de segurança (backup) § 3º Em todos os casos, a certidão será levada a protesto sob a
em pen drive, sob a responsabilidade do escrivão judicial; responsabilidade do credor.3

11
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA
§ 4º A requerimento do executado, o protesto será cancelado II - os ofícios que não se refiram a feito do próprio ofício de
por determinação do juiz, mediante ofício a ser expedido ao car- justiça serão numerados sequencialmente, em série renovável anu-
tório, no prazo de 3 (três) dias, contado da data de protocolo do almente, de acordo com as respectivas datas de expedição, arqui-
requerimento, desde que comprovada a satisfação integral da obri- vada uma cópia no classificador próprio.
gação.
§ 5º Nas ações monitórias, havendo conversão do mandado SEÇÃO XIII
monitório em título executivo judicial, na forma do artigo 701, §2º DAS COMUNICAÇÕES OFICIAIS, TRANSMISSÃO DE INFORMA-
do CPC, a certidão para fins de protesto deverá conter: ÇÕES PROCESSUAIS E PRÁTICA DE ATOS PROCESSUAIS POR
a) o conteúdo do mandado monitório, com a obrigação de pa- MEIO ELETRÔNICO
gar quantia certa, sob as penas da lei;
b) a data do trânsito em julgado da decisão, que deverá ser Art. 112. Ressalvada a utilização dos meios convencionais no
considerada a data do decurso do prazo para oposição dos embar- caso de indisponibilidade do sistema informatizado e do sistema de
gos sem pagamento; e malote digital, quando implantado, as comunicações oficiais que
c) a data do decurso do prazo para pagamento voluntário, nos transitem entre os ofícios de justiça serão por meio eletrônico, ob-
termos do artigo 523 do CPC. servadas as regras estabelecidas nesta Seção.
Art. 113. Serão transmitidas eletronicamente:
SEÇÃO XI I - informações que devam ser prestadas à segunda instância,
DOS MANDADOS conforme determinação do relator;
II - ofícios;
Art. 105. Constarão de todos os mandados expedidos: III - comunicações;
I - o número do respectivo processo; IV - solicitações;
II - o número de ordem da carga correspondente registrada no
V - pedidos e encaminhamento de certidões de objeto e pé,
livro próprio;
certidões criminais e certidões de distribuição;
III - o seguinte texto, ao pé do instrumento: “É vedado ao oficial
VI - cartas precatórias, nos casos de urgência.
de justiça o recebimento de qualquer numerário diretamente da
Art. 114. A transmissão eletrônica de informações e documen-
parte. A identificação do oficial de justiça, no desempenho de suas
funções, será feita mediante apresentação de carteira funcional, tos será realizada por dirigente, escrivão judicial, chefe de seção e
obrigatória em todas as diligências.”. escrevente técnico judiciário.
§1º Nos mandados em geral, constarão todos os endereços Art. 115. O remetente da comunicação eletrônica deverá:
dos destinatários da ordem judicial, declinados ou existentes nos I - utilizar seu correio eletrônico (e-mail) institucional, e não o
autos, inclusive do local de trabalho. da unidade em que lotado, para enviar a mensagem;
§ 2º Aos mandados e contramandados de prisão e alvarás de II - preencher o campo “para” com o endereço eletrônico da
soltura aplicam-se as disposições constantes na Seção XII do Capí- unidade destinatária e o campo “assunto” com o número do pro-
tulo IV, no que couberem. cesso e a especificação de uma hipótese do art. 113;
Art. 106. Na hipótese do mandado anterior não consignar ele- III - digitar, no corpo do texto da mensagem eletrônica, os da-
mentos essenciais para o cumprimento da nova diligência, será dos do processo (número, unidade judiciária, comarca e partes) e
dispensado o seu desentranhamento e aditamento, expedindo-se o endereço do correio eletrônico (e-mail) institucional da unidade
novo mandado. em que lotado;
Art. 107. Os mandados serão entregues ou encaminhados aos IV - juntar aos autos cópia da mensagem eletrônica enviada,
encarregados das diligências mediante a respectiva carga. dispensadas a impressão e a juntada de anexos que consistirem em
Art. 108. Os mandados que devam ser cumpridos pelos oficiais peças do processo, ou, quando a mensagem não se referir a feito
de justiça serão distribuídos, na forma regulada pela Corregedoria do próprio ofício de justiça, arquivá-la no classificador correspon-
Geral da Justiça, aos que estiverem lotados ou à disposição das res- dente;
pectivas comarcas ou varas. V - anexar à mensagem os documentos necessários, no padrão
Parágrafo único. Os mandados de prisão não serão entregues PDF e sem restrição de impressão ou salvamento;
aos oficiais de justiça, mas encaminhados ao Instituto de Identifica- VI - selecionar as opções de confirmação de entrega e de con-
ção Ricardo Gumbleton Daunt - IIRGD. firmação de leitura da mensagem;
Art. 109. Nas certidões de expedição e de entrega dos man- VII - assinar a mensagem com seu certificado digital;
dados, constarão o nome do oficial de justiça a quem confiado o VIII - imprimir os comprovantes de confirmação de entrega e
mandado e a data da respectiva carga. de leitura, para juntada aos autos, assim que recebê-los;
Art. 110. Mensalmente, o escrivão relacionará os mandados
IX - inserir no sistema informatizado de andamento processual
em poder dos oficiais de justiça, além dos prazos legais ou fixados,
a informação de envio da mensagem eletrônica.
comunicando ao Juiz Corregedor Permanente, para as providências
Art. 116. O ofício de justiça que receber a mensagem deverá:2
cabíveis.
I - expedir eletronicamente as confirmações de entrega e de
SEÇÃO XII leitura da mensagem, que valerão como protocolo;
DOS OFÍCIOS II - imprimir a mensagem, bem como os eventuais anexos, para
juntada aos autos do processo ou arquivamento em classificador
Art. 111. A lavratura de ofícios observará as regras de escritura- próprio, se for o caso;
ção dispostas na Seção VII do presente capítulo e o seguinte: III - inserir no sistema informatizado de andamento processu-
I – os ofícios extraídos de processos serão datados e identi- al a informação de recebimento da mensagem eletrônica, se for o
ficados com o número dos autos respectivos e nome das partes, caso;
dispensando-se a numeração em ordem cronológica, anexada uma IV - promover a conclusão, no prazo legal, quando a mensagem
cópia exclusivamente nos autos; se referir a providências a cargo do juiz;

12
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA
V - encaminhar eletronicamente a mensagem, no mesmo pra- presencialmente para viabilizar ato posterior remoto (por exemplo:
zo da conclusão, ao correio eletrônico (e-mail) institucional do juiz, intimação presencial de testemunha que será ouvida remotamente
se este assim o determinar, ou ao correio eletrônico (e-mail) insti- em teleaudiência).
tucional do funcionário, a quem couber o envio da resposta. Art. 123. Constatado que o ato pode ser cumprido em endere-
Art. 117. A resposta aos e-mails deverá ser dada eletronica- ço de jurisdição diversa daquela constante da carta precatória, ou
mente, cabendo ao juiz, a quem a mensagem houver sido encami- ainda, que o endereço originário pertence à outra jurisdição, deve-
nhada nos termos do inciso rá o juízo deprecado encaminhá-la ao juízo competente, comuni-
V do art. 116, ou ao funcionário, encarregado do envio da res- cando tal fato ao juízo deprecante.
posta, preencher no campo “para” o endereço do correio eletrônico Art. 124. O juízo deprecado devolverá a carta precatória, inde-
(e-mail) da unidade cartorária do remetente da mensagem original. pendentemente de cumprimento, quando não devidamente instru-
Art. 118. Na ausência da expedição de confirmação de entrega ída5 e não houver regularização no prazo determinado.
e leitura pelo destinatário da mensagem, presumir-se-ão recebidas Art. 125. As cartas precatórias não serão autuadas, servindo os
e lidas as mensagens no primeiro dia útil subsequente ao do envio. encartes remetidos pelo juízo deprecante como face das mesmas,
Parágrafo único. Tratando-se de medidas urgentes, se frustra- sobre os quais o ofício de justiça deprecado afixará a etiqueta ade-
da a entrega, ou se não confirmados o recebimento e a leitura até siva remetida pelo ofício do distribuidor, que servirá de identifica-
o dia seguinte à transmissão, o remetente entrará em contato te- ção das partes e da natureza do feito, cuidando também anotar no
lefônico com o destinatário e, se o caso, reenviará a mensagem, de alto, à direita, o número do processo.
tudo lavrando-se certidão nos autos. Art. 126. As cartas precatórias, quando possível, servirão como
Art. 119. Em se tratando de documentos que devam ser jun- mandado.
tados em processo digital, será feita em PDF a impressão de que Art. 127. Não atendidos pedidos de informações sobre o cum-
cuidam os incisos IV e VIII do art. 115 e o inciso II do art. 116. primento do ato, cumprirá ao ofício de justiça do juízo deprecante
Art. 120. Nos casos de inoperância do certificado digital ou reiterar a solicitação e estabelecer contato telefônico com o escri-
enquanto não for disponibilizado, o remetente materializará o do- vão do juízo deprecado, de tudo certificando nos autos.
cumento em papel, colherá a assinatura, digitalizará o documento Parágrafo único. Em caso de inércia, os autos serão conclusos
assinado e o enviará como anexo da mensagem eletrônica. ao juiz do feito para as providências cabíveis.
Art. 121. Cumpridas as providências dos arts. 115, 116 e 117, as Art. 128. É permitida a retirada da carta cumprida junto ao ju-
mensagens eletrônicas e seus anexos serão deletados. ízo deprecado, para a entrega ao juízo deprecante, desde que nela
conste o nome do advogado da parte que tiver interesse no cum-
SUBSEÇÃO I primento do ato, com o número da respectiva inscrição na Ordem
DAS INFORMAÇÕES ELETRÔNICAS dos Advogados do Brasil.
OBTIDAS POR MEIO DO SISTEMA INFOJUD Art. 129. Ao retornar cumprida a precatória, o escrivão judicial
juntará, aos autos principais, apenas as peças essenciais, impres-
Art. 121-A. A solicitação e o recebimento de informações da cindíveis à compreensão das diligências realizadas no juízo depre-
Receita Federal do Brasil relacionadas a endereço ou a situação cado, especialmente as certidões de lavra dos oficiais de justiça e
econômico-financeira da parte em processo judicial serão realiza- os termos do que foi deprecado, salvo determinação judicial em
das pelo sistema Infojud, diretamente pelos Magistrados ou servi- contrário.
dores indicados, sendo obrigatório o uso do Certificado Digital - ICP Art. 130. Havendo urgência, transmitir-se-á a carta precatória
Brasil, Padrão A-3. por fac-símile (fax), telegrama, telefone, radiograma ou correio ele-
Art. 121-B. As informações relacionadas à situação econômi- trônico (e-mail), observando-se as cautelas previstas nos arts. 264
co-financeira serão juntadas aos autos, passando a tramitar sob e 265 do Código de Processo Civil e nos arts. 354 e 356 do Código
segredo de justiça nos termos do artigo 189, inciso I, do Código de de Processo Penal.
Processo Civil. Parágrafo único. A via original da carta não será encaminhada
Art. 121-C. Serão igualmente juntadas aos autos as informa- ao juízo deprecado. Será encartada aos autos, juntamente com a
ções que versarem apenas sobre o endereço da parte, não será ne- certidão de sua transmissão, tão-logo ocorra o pedido de confirma-
cessária a tramitação sob segredo de justiça. ção de seu teor por parte do juízo destinatário.
Art. 131. As cartas rogatórias cíveis e criminais serão expedi-
SEÇÃO XIV das conforme o procedimento, modelos e formulários aprovados e
DAS CARTAS PRECATÓRIAS, ROGATÓRIAS E ARBITRAIS divulgados pela Corregedoria Geral da Justiça3 no sítio do Tribunal
de Justiça na internet.
Art. 122. A carta precatória será confeccionada em 3 (três) vias,
servindo, uma delas, de contrafé. SEÇÃO XV
§ 1º O pagamento da taxa judiciária, devida em razão do cum- DAS INTIMAÇÕES
primento, deverá ser demonstrado até o momento da distribuição,
mediante a juntada da 1ª via original do respectivo comprovante Art. 132. A intimação dos atos e termos do processo ou de ex-
de recolhimento. pediente administrativo far-se-á, sempre que possível, por meio
§ 2º Quando o ato deprecado for a citação, será instruída com eletrônico e mediante publicação no Diário da Justiça Eletrônico.
tantas cópias da petição inicial quantas sejam as pessoas a citar. Parágrafo único. É vedado ao servidor dos ofícios de justiça
§ 3º Exclusivamente em matéria criminal e de Infância e Juven- prestar informações por telefone aos advogados, aos membros do
tude para atos infracionais, se a ordem judicial puder ser cumprida Ministério Público, às partes e ao público em geral acerca dos atos
na forma remota, o ato não será deprecado, salvo na hipótese de e termos do processo.
tentativa frustrada de cumprimento remoto ou na hipótese do art. Art. 133. Os despachos, decisões interlocutórias e sentenças
995, § 10, NSCGJ. Não se aplica esta vedação aos atos de matéria cí- devem ser encaminhados à publicação no Diário da Justiça Eletrôni-
vel, e aqueles a serem cumpridos em outro Estado da Federação ou co, dentro do prazo máximo de 3 (três) dias, a contar da devolução
por outro Tribunal; e também aos atos que devam ser cumpridos dos autos em cartório.

13
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA
Parágrafo único. O mesmo prazo deverá ser observado para I - extraído o edital, conferido e assinado, serão autenticadas
fins de cumprimento da intimação por meio eletrônico. as respectivas folhas com a chancela do ofício de justiça, devendo
Art. 134. As intimações de atos ordinatórios, despachos, deci- escrivão rubricar cada uma delas;
sões interlocutórias e sentenças, qualquer que seja o meio empre- II - as publicações de edital feitas no Diário da Justiça Eletrô-
gado, consumar-se-ão de maneira objetiva e precisa, sem ambigui- nico, na rede mundial de computadores, no sítio do respectivo tri-
dades e omissões, e conterão: bunal ou na plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça
I – o número dos autos, o objeto do processo, segundo a tabela comprovam-se mediante certidão, independentemente da juntada
vigente, e o nome das partes; do exemplar impresso;
II – o resumo ou transcrição daquilo que deva ser dado conhe- III - a publicação de edital em jornal de ampla circulação local será
cimento, suficientes para o entendimento dos respectivos conteú- providenciada pela parte ou por agência de publicidade de sua escolha
dos; e comprovada nos autos mediante a juntada do exemplar original;
III - o nome dos advogados das partes com o número de suas IV - a entrega da minuta, para fins de publicação, sempre me-
respectivas inscrições na Ordem dos Advogados do Brasil. diante recibo, poderá ser feita a estagiário ou advogado com pro-
Art. 135. Nas intimações pela imprensa: curação nos autos.
I - quando qualquer das partes estiver representada nos au- Parágrafo único. Quando o processo tramitar sob segredo de
tos por mais de 1 (um) advogado, o ofício de justiça fará constar o justiça, os editais de citação deverão conter o nome completo do
nome de qualquer subscritor da petição inicial, da contestação ou réu e apenas o conteúdo indispensável à finalidade do ato, sem as
da primeira intervenção nos autos, com o número da respectiva especificações da petição inicial, abreviandose os nomes das de-
inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil, a não ser que a parte mais partes envolvidas a fim de resguardar o segredo de justiça.
indique outro ou, no máximo, 2 (dois) nomes, ou indique o nome da Art. 142. Caberá aos escrivães judiciais velar pelo adequado
sociedade de advogados a que seu advogado pertença. cumprimento das normas atinentes às publicações ou às intima-
II - as decisões interlocutórias e sentenças serão publicadas so- ções por carta, conferindo diariamente seu teor, sem prejuízo da
mente na sua parte dispositiva; os atos ordinatórios e despachos de fiscalização ordinária dos Juízes Corregedores Permanentes.
mero expediente serão transcritos ou resumidos com os elementos
SEÇÃO XVI
necessários à explicitação do conteúdo da ordem judicial (quem e
DAS AUDIÊNCIAS EM GERAL
sobre o que se deve manifestar, ter ciência, providenciar, etc.).
SUBSEÇÃO I
Parágrafo único. Será publicada apenas a parte dispositiva das
DISPOSIÇÕES GERAIS
decisões proferidas em procedimentos de natureza disciplinar ou
em processos de dúvida, podendo o Corregedor Geral da Justiça, se
Art. 143. A designação de audiências é atribuição exclusiva e
entender necessário, determinar a sua publicação integral, após o
indelegável do juiz, salvo nos juizados especiais.5
trânsito em julgado.2
Art. 144. Havendo adiamento, ou nova designação para conti-
Art. 136. A publicação omissa em relação aos requisitos cons-
nuação, a nova data será marcada no próprio termo, com ciência
tantes dos arts. 134 e 135 e que cause efetivo prejuízo a qualquer imediata aos comparecentes.
das partes será considerada nula. Parágrafo único. Os acordos extrajudiciais, desistências e os
Art. 137. Quando ocorrer erro ou omissão de elemento indis- pedidos de suspensão poderão ser homologados ou deferidos in-
pensável na publicação, independentemente de despacho ou de dependentemente da realização da audiência já designada, com
reclamação da parte, proceder-seá imediatamente à retificação e aproveitamento da data para ato diverso.
nova publicação, encartando-se aos autos cópia do ato incorreta- Art. 145. Os termos de audiência serão:
mente publicado. I - lavrados sob ditado do juiz;
Art. 138. Da publicação no Diário da Justiça Eletrônico a respei- II - rubricados em todas as suas folhas pelo juiz;
to de processos sujeitos ao segredo de justiça constarão as iniciais III - subscritos pelo juiz, advogados, órgão do Ministério Públi-
das partes. co e o escrevente, cujas assinaturas deverão ser identificadas com
Art. 139. Os escrivães judiciais farão publicar no Diário da Jus- o lançamento dos nomes ou cargos das pessoas a que pertencem;
tiça, juntamente com as respectivas intimações, o valor da taxa ju- IV - juntados aos autos, em sua versão original.
diciária que deve ser recolhida pelas partes, bem como o valor das Art. 146. Os termos de audiência conterão em resumo, todo o
importâncias que, objeto de cálculo, devam ser depositadas, em ocorrido durante a audiência, inclusive, por extenso, os despachos
quaisquer processos e a qualquer título. e a sentença, quando proferida no ato.
Parágrafo único. Todas as intimações, publicadas para que as Art. 147. Em todos os depoimentos ou declarações tomados nos
partes se manifestem sobre cálculos e contas, conterão os respec- autos, aqueles que os prestam serão qualificados fazendo-se constar:
tivos valores, em resumo, limitando-se a publicação ao que baste nome, filiação, nacionalidade, data e local de nascimento, estado civil,
para a perfeita ciência das partes sobre o objeto do cálculo ou da profissão, endereço residencial e do local onde exerce a profissão, nú-
conta. mero do respectivo RG ou de outro documento hábil de identificação.
Art. 140. A publicação de atos ordinatórios, despachos, deci- Art. 148. O servidor encarregado dos registros e audiências exa-
sões interlocutórias e sentenças, no Diário da Justiça Eletrônico, minará, 10 (dez) dias antes das datas designadas para audiências,
será documentada pelo encarte, aos autos, da respectiva certidão os respectivos processos, para verificar se todas as providências de
gerada automaticamente pelo sistema informatizado oficial ou, na intimação ou requisição de partes e testemunhas foram tomadas;
impossibilidade, pela certidão aposta na mesma folha, ao pé, ou, havendo irregularidade ou omissão, fará imediata comunicação ao
se não houver espaço, no verso da folha em que lançado o ato pu- servidor responsável para as medidas necessárias.
blicado. Art. 149. Faculta-se aos juízos de primeiro grau o emprego de
Parágrafo único. As publicações feitas no Diário da Justiça Ele- meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou
trônico comprovam-se mediante certidão, independentemente da técnica similar, inclusive audiovisual, como meio de documentação
juntada do exemplar impresso. de depoimentos prestados em audiência, destinados a obter maior
Art. 141. Nas intimações por edital: fidelidade das informações.

14
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA
Parágrafo único. A adoção desses meios de registro e docu- Parágrafo único. Os escrivães judiciais e os chefes de seção ju-
mentação será anotada no termo de audiência, lançando-se, por diciária manterão, pessoalmente ou mediante servidor designado,
escrito e em separado, as qualificações dos depoentes, que serão rigorosa vigilância sobre osautos dos processos, sobretudo quando
repetidas verbalmente quando da gravação, de modo a não deixar do seu exame, por qualquer pessoa, no balcão do ofício de justiça
dúvidas quanto à identidade da pessoa ouvida. ou seção administrativa.
§ 2º Revogado. Art. 158. Para garantia do direito de acesso aos autos que não
Art. 149-A O exercício, pela parte, da faculdade de que trata o corram em segredo de justiça, poderão os advogados ou estagiários
artigo 367 de Direito, regularmente inscritos na OAB, que não tenham sido
§6º do Código de Processo Civil será comunidada ao Magistra- constituídos procuradores de quaisquer das partes, retirar os autos
do previamente ao início da gravação. O Magistrado consignará no para cópia, pelo período de 1 (uma) hora, mediante controle de
termo de audiência o nome da parte e o meio de registro adotado movimentação física, devendo o serventuário consultar ao sítio da
para a gravação. Ordem dos Advogados do Brasil da Internet, à vista da Carteira da
Parágrafo único. Para utilização da gravação nos autos, caberá OAB apresentada pelo advogado ou estagiário de Direito interes-
à parte ou seu patrono realizar a integral transcrição dos atos, dan- sado, com impressão dos dados obtidos, os quais serão conferidos
do-se ciência à parte contrária do teor transcrito para manifestação pelo servidor antes da entrega dos autos, observadas, ainda, as de-
no prazo de 5 (cinco) dias. mais cautelas previstas para a carga rápida, conforme o disposto
no art. 165.
SUBSEÇÃO II Parágrafo único. A carga rápida de que trata este artigo tam-
DA GRAVAÇÃO DE AUDIÊNCIAS bém seráconcedida à pessoa credenciada pelo advogado ou socie-
dade de advogados, não sendo dispensada a consulta ao sítio da
Art. 150. As fitas magnéticas ou outra forma de armazenamen- Ordem dos Advogados do Brasil dos dados referentes ao advogado
to do conteúdo captado pelo registro audiovisual, aferida a qua- ou sociedade de advogados que autorizar a retirada dos autos. O
lidade da gravação quando do início e ao término dos trabalhos, preposto deverá apresentar, além da autorização prevista no § 7º
serão identificados e juntados aos autos, conservando-se no ofício do artigo 272 do Código de Processo Civil, o respectivo documento
de justiça outra cópia dos registros, devidamente identificada. de identidade.
Art. 151. Revogado. Art. 159. Nos casos complexos ou com pluralidade de interes-
Art. 152. Os depoimentos registrados em meio audiovisual não ses, a fim de que não seja prejudicado nem o andamento do feito e
serão objeto de transcrição. Se for interposto recurso da sentença, nem o acesso aos autos, fica autorizada a retirada de cópias de todo
quando da elaboração de certidão de remessa dos autos ao Tribunal, o feito, que ficarão à disposição para consulta dos interessados.
o escrivão judicial certificará nos autos que o registro audiovisual se Art. 160. Na hipótese de os processos correrem em segredo de
encontra em perfeito estado, de modo a possibilitar sua reprodução. justiça, o seu exame, em cartório, será restrito às partes e a seus
Parágrafo único. A transcrição dos depoimentos gravados em procuradores devidamente constituídos.
audiência somente será feita pelo respectivo ofício se houver in- § 1º As entidades que reconhecidamente prestam serviços de
terposição de recurso e for impossível o envio da documentação
assistência judiciária poderão, por intermédio de advogado com
eletrônica.
procuração nos autos, autorizar a consulta de processos que trami-
Art. 153. Depois do trânsito em julgado, a cópia do registro
tam em segredo de justiça em cartório pelos acadêmicos de Direito
mantida no ofício de justiça permanecerá guardada até o decurso
não inscritos na OAB. Referida autorização deverá conter o nome
do prazo para o ajuizamento de ação rescisória no processo de na-
do acadêmico, o número de seu RG e o número e/ou nome das
tureza civil e após a extinção da pena no processo penal.
partes do processo a que se refere a autorização, que será juntada
Art. 154. Havendo solicitação, a parte interessada receberá có-
posteriormente aos autos.
pia do termo de audiência, que será impresso logo após a conclusão
§ 2º É vedado o acesso a autos de processos que correm em
do ato, bem como cópia do registro audiovisual.
Art. 155. O registro audiovisual dos depoimentos serão grava- segredo de justiça por estagiários não inscritos ou com inscrição
dos em mídia adequada, em arquivos individuais, identificados, de vencida na OAB.
forma abreviada, pelo nome da pessoa ouvida e sua condição no pro- Art. 161. A carga de autos judiciais e administrativos em anda-
cesso (réu, testemunha de acusação, vítima, testemunha defesa). mento no cartório é reservada unicamente a advogados ou estagi-
Art. 156. Cabe à Secretaria de Tecnologia da Informação (STI) ários de Direito regularmente inscritos na OAB, constituídos procu-
do Tribunal de Justiça editar e manter atualizadas orientações téc- radores de alguma das partes, ressalvado, nos processos findos e
nicas quanto a sistemas, forma de gravação, mídias e equipamen- que não estejam sujeitos a segredo de justiça, a carga por advogado
tos referentes a registros audiovisuais (digitais) de depoimentos e mesmo sem procuração, pelo prazo de 10 (dez) dias.
termos de audiência. Parágrafo único. A carga de autos também poderá ser realizada
por pessoa credenciada a pedido do advogado ou da sociedade de
SEÇÃO XVII advogados, pela Advocacia Pública, pela Defensoria Pública ou pelo
DA CONSULTA E DA CARGA DOS AUTOS Ministério Público, o que implicará intimação de qualquer decisão
contida no processo retirado, ainda que pendente de publicação.
Art. 157. O acesso aos autos judiciais e administrativos de pro- Art. 162. O escrivão ou o escrevente responsável pelo aten-
cessos em andamento ou findos, mesmo sem procuração, quan- dimento registrará a retirada e a devolução de autos, mediante
do não estejam sujeitos a segredo de justiça, é assegurado aos anotação no sistema informatizado oficial e no relatório de carga
advogados, estagiários de Direito e ao público em geral, por meio emitido pelo sistema (carga eletrônica), observadas as seguintes
do exame em balcão do ofício de justiça ou seção administrativa, cautelas:
podendo ser tomados apontamentos, solicitadas cópias reprográ- I – na retirada dos autos, o advogado, estagiário de Direito ou
ficas, bem como utilizado escâner portátil ou máquina fotográfica, pessoa credenciada lançará sua assinatura no relatório de carga
vedado, nestas hipóteses, o desencarte das peças processuais para emitido pelo sistema informatizado, arquivando-se o documento
reprodução. provisoriamente em classificador próprio;

15
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA
II - na devolução do feito, o servidor do ofício de justiça ou da I - os requerimentos serão recepcionados e atendidos desde
seção administrativa efetuará a baixa no relatório de carga, juntan- que formulados até às 18h;
do-o imediatamente aos autos. II - o formulário de controle de movimentação física será jun-
§ 1º O Livro Protocolo de Autos e Papéis em Geral será utiliza- tado aos autos no exato momento de sua devolução ao ofício de
do quando não for possível a utilização do sistema informatizado, justiça, certificando-se o respectivo período de vista;
caso em que serão lançados, no livro, a assinatura do destinatário III - na hipótese dos autos não serem restituídos no período
e, nos autos, o termo de carga e recebimento. fixado, competirá ao escrivão judicial representar, no prazo de 24
§ 2º No relatório eletrônico ou no livro de protocolo constarão (vinte e quatro) horas, ao Juiz Corregedor Permanente, inclusive
o número da carteira profissional e respectiva seção, expedida pela para fins de providências competentes junto à Ordem dos Advoga-
OAB, em nome do destinatário ou o número da carteira de identi- dos do Brasil (EOAB, arts. 34, inciso XXII, e 37, inciso I).
dade, quando tratar-se de pessoa credenciada pelo advogado ou Art. 166. É vedada a retenção do documento de identificação
sociedade de advogados, facultado ao servidor, na dúvida, solicitar do advogado ou do estagiário de Direito no ofício de justiça, para a
a exibição dos documentos. finalidade de controle de carga de autos, em qualquer modalidade
§ 3º A baixa da carga de autos, constante de relatório eletrôni- ou circunstância.
co ou de livro protocolo, far-se-á imediatamente, à vista do interes- Art. 167. O advogado deve restituir, no prazo legal, os autos
sado, sendo-lhe facultada a obtenção de recibo de autos, assinado que tiver retirado do ofício de justiça. Se intimado pessoalmente, o
pelo servidor, em instrumento previamente confeccionado pelo in- advogado não devolver os autos no prazo de 3 (três) dias, perderá o
teressado e do qual constarão designação do ofício de justiça ou da direito à vista fora de cartório e incorrerá em multa correspondente
seção administrativa, número do processo, tipo de demanda, nome à metade do salário mínimo.
das partes e data da devolução. A cada auto processual correspon- § 1º Verificada a falta, o juiz comunicará o fato à seção local
derá um recibo e a subscrição pelo servidor não implica reconheci- da Ordem dos Advogados do Brasil para procedimento disciplinar e
mento da respectiva regularidade interna. imposição das penalidades.
§ 4º Revogado. § 2º O expediente de cobrança de autos receberá autuação sin-
Art. 163. Os advogados, a sociedade de advogados, os repre- gela, sem necessidade de registro.
sentantes judiciais da Fazenda Pública e os membros do Ministério
§ 3º Devolvidos os autos, o ofício de justiça, depois de seu mi-
Público e da Defensoria Pública, mediante petição dirigida ao Juiz
nucioso exame, juntará o expediente de cobrança de autos, certifi-
Corregedor Permanente, poderão indicar prepostos, funcionários
cando a data e o nome de quem os retirou e devolveu.
ou estagiários autorizados a retirarem, em nome daqueles, os au-
§ 4º Na hipótese de extravio dos autos, o expediente de co-
tos em carga.
brança instruirá o respectivo procedimento de restauração.
§ 1º Da petição, que será arquivada em pasta própria, consta-
Art. 168. O escrivão ou o chefe de seção deverá, mensalmente,
rão os nomes completos, os números dos documentos de identida-
até o décimo dia útil do mês subsequente, verificar o cumprimento
de, do CPF e os números das identificações funcionais, se o caso.
§ 2º O funcionário ou estagiário deverá portar o documento dos prazos de devolução dos autos retirados, relacionar, em duas
de identidade e a cédula ou crachá funcional, conforme o caso, no vias, os autos em poder das partes além dos prazos legais ou fixa-
momento da retirada dos autos, para que o ofício de justiça possa dos, a primeira encaminhada, sob forma de representação, ao Juiz
verificar, mediante conferência das petições arquivadas, se a pes- Corregedor Permanente, para as providências previstas no art. 167
soa encontra-se autorizada a subscrever a carga. e a segunda via, para acompanhamento e controle, arquivada em
§ 3º A carga dos autos será feita em nome da pessoa que subs- pasta própria.
creveu a autorização e dela constarão os dados da pessoa que esti- Art. 169. O disposto nesta seção aplica-se, no que couber, a
ver retirando os autos. todos os demais destinatários de carga.
§ 4º Qualquer alteração no rol de pessoas autorizadas a retirar
os autos deverá ser imediatamente comunicada ao Juiz Corregedor SEÇÃO XVIII
Permanente. DO DESENTRANHAMENTO DE
Art. 164. Não havendo fluência de prazo, os autos somente se- PEÇAS E DOCUMENTOS DOS AUTOS
rão retirados em carga mediante requerimento.
§ 1º Na fluência de prazo, os autos não sairão do ofício de jus- Art. 170. O desentranhamento de peças e de documentos, fa-
tiça, salvo nas hipóteses expressamente previstas na legislação vi- cultada a substituição por cópia simples, poderá ser requerido pelo
gente, ressalvado, porém, em seu curso ou em outras hipóteses de interessado ou determinado de ofício pelo juiz.
impossibilidade de retirada dos autos, o direito de requisição de Art. 171. Não haverá substituição das peças ou dos documen-
cópias quando houver justificada urgência na extração respectiva, tos desentranhados por cópia quando, a critério do juiz do proces-
mediante autorização judicial, observando-se o procedimento pró- so, referirem-se a:
prio. I - manifestação intempestiva do peticionário;
§ 2º Na fluência de prazo comum, só em conjunto ou mediante II - documentação evidentemente estranha aos autos;
prévio ajuste por petição nos autos os procuradores das partes ou III - documentos que não tenham servido de base para funda-
seus prepostos retirarão os autos, ressalvada a obtenção de cópias mentação de qualquer decisão proferida nos autos ou para a mani-
para a qual cada procurador ou preposto poderá retirá-los pelo pra- festação da parte contrária.
zo de 2 (duas) a 6 (seis) horas, mediante carga, independentemente § 1º Nestas hipóteses, será colocada uma folha em branco no
de ajuste, observado o término do expediente forense. lugar das peças ou documentos desentranhados, anotando-se a
Art. 165. A carga rápida dos autos será concedida pelo escri- folha dos autos em que lançada a certidão de desentranhamento,
vão ou o escrevente responsável pelo atendimento, pelo período vedada a renumeração das folhas do processo.
de uma hora, mediante controle de movimentação física dos autos, § 2º As peças e documentos juntados por equívoco aos autos
conforme formulário a ser preenchido e assinado por advogado ou serão imediatamente desentranhados e juntados aos autos corre-
estagiário de Direito devidamente constituído no processo, ou ain- tos ou, quando não digam respeito a feitos da vara ou ofício de
da por pessoa credenciada pelo advogado ou sociedade de advoga- justiça, devolvidos ao setor de protocolo, de tudo lavrando-se cer-
dos, respeitado o seguinte procedimento: tidão.

16
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA
Art. 172. Deferido ou determinado de ofício o desentranha- Art. 179. É autorizado o arquivo provisório de processos que se
mento, caberá ao ofício de justiça: encontrem em fase de execução de título judicial há mais de 1 (um)
I - desentranhar as peças, certificando-se; ano e nos quais não tenham sido localizados bens do executado,
II - manter os documentos em local adequado, para sua pos- mantido o nome das partes no Cartório Distribuidor. Os processos
terior entrega; arquivados provisoriamente deverão ser excluídos das estatísticas
III - intimar o interessado a retirar a documentação no prazo de mensais.
5 (cinco) dias, se outro não for assinalado pelo Juiz. Art. 180. Fica vedada às partes e advogados a consulta ou reti-
§ 1º A certidão de desentranhamento mencionará a numera- rada de processos nos depósitos do Arquivo Terceirizado.
ção das folhas desentranhadas e, quando o caso, daquela na qual Art. 181. O interessado consultará o processo no ofício de
se determinou o ato e a eventual substituição por cópias simples. justiça onde tramitou o processo objeto do pedido de desarquiva-
§ 2º As peças desentranhadas dos autos, enquanto não entre- mento, promovendo a unidade judicial a requisição no sistema da
gues ao interessado, serão guardadas em classificador próprio, sen- empresa terceirizada (SGDAU), observando o prévio recolhimento
do vedado grampeá-las na contracapa dos autos. da taxa de desarquivamento dos autos, quando não se tratar de
§ 3º A devolução de peças desentranhadas efetuar-se-á me- pedidos abrangidos pela gratuidade judiciária ou isenção.8
diante termo nos autos, lançado imediatamente após a certidão Parágrafo único. O interessado no desarquivamento será inti-
de desentranhamento, constando o nome e documento de iden- mado, por qualquer meio idôneo de comunicação, da chegada dos
tificação de quem as recebeu em devolução, além do competente autos ao cartório e do prazo de 30 (trinta) dias para manifestação,
recibo. bem como de que, decorrido o prazo sem manifestação, os autos
Art. 173. Salvo motivada determinação judicial em sentido retornarão ao arquivo.
contrário e os títulos de crédito, fica dispensada a certificação do Art. 182. É expressamente vedado o manuseio de autos pro-
número do processo nas peças e documentos desentranhados dos cessados em segredo de justiça, exceção feita às partes e aos advo-
autos. gados por elas constituídos, ou mediante ordem judicial expressa.
Art. 174. Transitada em julgado a sentença, os objetos ane- Parágrafo único. A extração de cópia reprográfica ou certidão
xados às manifestações processuais serão devolvidos às partes ou de processos com segredo de justiça, bem como o desentranha-
seus procuradores, mediante solicitação ou intimação para retirada mento de documentos, dependerão de despacho do juiz compe-
em até 30 (trinta) dias, sob pena de destruição.
tente.
Art. 175. O escrivão verificará periodicamente o classificador
Art. 183. Permite-se a pesquisa histórica, em local apropriado,
para arquivamento provisório de petições e documentos desentra-
mediante solicitação prévia para a Coordenadoria de Gestão Docu-
nhados:
mental e Arquivos que fará os encaminhamentos necessários para
I - quando constatar a existência de peças não retiradas há 1
autorizar o acesso ao processo objeto da pesquisa.
(um) ano do desentranhamento, reiterará a intimação dos advoga-
dos para retirá-las;
SUBSEÇÃO II
II - decorridos 2 (dois) anos do desentranhamento, as petições
DO ARQUIVAMENTO
e documentos não retirados pelos advogados serão encaminhadas
à Ordem dos Advogados do Brasil local, anotando-se no sistema
informatizado oficial. Art. 184. O arquivo de processos, primeiro arquivamento, será
Parágrafo único. Nas demais hipóteses, o escrivão remeterá à feito individualmente dispensando-se o uso de caixas e adotando-
conclusão as petições e documentos desentranhados e não retira- -se as seguintes cautelas:
dos, para que o juiz determine a destinação adequada. I – indexar no sistema da empresa terceirizada (SGDAU) cada
processo e, se for o caso, seus volumes, separadamente;
SEÇÃO XIX II – no caso de processos com mais de um volume, indicar o
DO ARQUIVAMENTO, REARQUIVAMENTO, DESARQUIVA- número d volume que está sendo internado;
MENTO DE PROCESSOS E PESQUISA HISTÓRICA DE ACERVO III – afixar na capa do processo, no canto superior esquerdo, a
ARQUIVADO1 etiqueta de indexação do processo (volume a volume);
SUBSEÇÃO I IV – indicar no sistema a quantidade de apensos existentes
DISPOSIÇÕES GERAIS para o processo ou volumes objeto da indexação;
V - se for o caso de apenso com número autônomo de distri-
Art. 176. Nenhum processo será arquivado sem sentença defi- buição, realizar a indexação do processo apenso, informando a vin-
nitiva ou decisão terminativa, incluindo nesse último caso a hipóte- culação (apensamento).
se de decisão de extinção do processo em razão da estabilização da Parágrafo único. No sistema informatizado oficial todos os da-
tutela de que trata o art. 304, § 1º do Código de Processo Civil, salvo dos do processo deverão estar anotados, processo baixado (extin-
os casos legais de suspensão do processo por prazo indeterminado, ção) ou com decisão terminativa.
quando não será comunicada a sua extinção. Art. 185. A remessa de processos para guarda em Arquivo Ter-
Art. 177. Após a publicação da decisão que determinou o ar- ceirizado será feita pelos ofícios de justiça de acordo com a escala
quivamento, os processos permanecerão no ofício de justiça por de retirada periodicamente publicada no Diário da Justiça Eletrô-
30 (trinta) dias, findo o prazo, serão arquivados após realizadas as nico.
anotações e atos necessários no sistema informatizado oficial e no
sistema da empresa terceirizada (SGDAU). SUBSEÇÃO III
Art. 178. Quando o cumprimento da sentença condenatória DO REARQUIVAMENTO
cível se der em juízo diverso daquele que a proferiu (art. 516, pará-
grafo único, do CPC), o arquivamento dos autos, no âmbito do Po- Art. 186. Para rearquivamento de processos, os ofícios de jus-
der Judiciário do Estado de São Paulo, deverá ser promovido pelo tiça informarão no sistema da empresa terceirizada (SGDAU) os
juízo da execução, que realizará todos os cadastramentos pertinen- dados necessários para propiciar a coleta do processo para guarda:
tes à extinção do processo, quando for o caso. I – Vara/Secretaria (unidade produtora);

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NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA
II – Número de registro, compreendendo todos os números Art. 189-B. Para realização da pesquisa é necessário o creden-
que o processo possui; ciamento junto à Coordenadoria de Gestão Documental e Arquivos
III – Classe e Assunto; – SPI 2.4, através do endereço eletrônico institucional: (spi.gestao-
IV – Nome das partes ativa e passiva, sem abreviações; documental@tjsp.jus.br).
V – Número de documentos, quando houver; Art. 189-C. No pedido de credenciamento deverá constar o
VI - Nome dos advogados das partes ativa e passiva, sem abre- tema da pesquisa e a lista de processos com indicação da Comarca,
viações e número da OAB; Vara de Origem, número(s) de cada processo, o nome das partes e
VII – Objeto da ação; número da caixa – arquivo (pacote) onde foi guardado.
VIII – Data da decisão final (compreende todos os recursos, Art. 189-D. Deverá ainda ser preenchido e encaminhado o ter-
data de Acórdão, quando houver); mo de compromisso, sigilo e confidencialidade, conforme modelo
IX – Resultado da ação (procedente, improcedente, condena- oficial disponível no site do Tribunal de Justiça do Estado de São
do, absolvido, sem julgamento do mérito); Paulo (http://www.tjsp.jus.br/PrimeiraInstancia/GestaoDocumen-
X – Data do trânsito em julgado; tal).1
XI – Data da extinção (baixa definitiva). Art. 189-E. Recebido o pedido de credenciamento e o termo de
Art. 187. Os processos destinados ao rearquivamento dispen- compromisso de sigilo e confidencialidade devidamente assinado,
sam a utilização de caixas/pacotes, malotes e submalotes, contudo após autorizada a pesquisa pelo Presidente da Comissão Perma-
deverão estar separados de forma distinta, possibilitando identi- nente de Avaliação Documental (CPAD), o pesquisador e a empresa
ficar no momento da coleta, quais são novos arquivamentos (pri- terceirizada serão comunicados da autorização.2
meiro arquivamento) e quais são os de retorno para arquivamento Art. 189-F. A autorização do credenciamento poderá ser pelo
(rearquivamento). prazo de 30 (trinta), 60 (sessenta) ou no máximo 90 (noventa) dias,
renováveis desde que justificado o motivo.
SUBSEÇÃO IV Art. 189-G. Para pesquisa científica, busca e fornecimento da
DO DESARQUIVAMENTO informação não haverá incidência do pagamento da taxa de desar-
quivamento, mas deverão ser ressarcidos eventuais custos gerados
Art. 188. Os requerimentos de desarquivamento de autos, res- com serviços de extração de cópias reprográficas e os referentes a
salvadas as exceções legais, serão instruídos com o comprovante materiais utilizados, eventualmente, nos termos do art. 12 da Lei
de recolhimento da respectiva taxa. 12.527/2011 – Lei de Acesso à Informação Pública.
Parágrafo único. Na ausência da guia de recolhimento, o advo-
gado (subscritor ou responsável indicado) será intimado a recolher CAPÍTULO XI
as respectivas custas, no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de não DO PROCESSO ELETRÔNICO
prosseguimento da solicitação. SEÇÃO I
Art. 189. Os ofícios de justiça requisitarão, quando necessário, DO SISTEMA DE PROCESSAMENTO ELETRÔNICO
os processos depositados no Arquivo Terceirizado, emitindo a soli-
citação diretamente no sistema da empresa terceirizada (SGDAU) e Art. 1.189. Processo eletrônico é o processo judicial cujas pe-
anotando no sistema informatizado oficial a data em que solicitado ças, documentos e atos processuais constituem um conjunto de
o desarquivamento do processo. arquivos digitais, que tramitam e são transmitidos, comunicados,
§ 1º Se o interesse recair sobre processo em apenso, no mo- armazenados e consultados por meio eletrônico, nos termos da Lei
mento da requisição deverá ser informado no sistema o processo nº 11.419, de 19 de dezembro de 2006.
principal ao qual ele se encontra apensado. Art. 1.190. O sistema de processamento eletrônico do Tribunal
§ 2º Antes de requisitar o processo, os ofícios de justiça veri- de Justiça do Estado de São Paulo será utilizado como meio eletrô-
ficarão se o processo foi de fato remetido para guarda no Arquivo nico de tramitação de processos judiciais, comunicação de atos e
Terceirizado, mediante consulta prévia no sistema da empresa ter- transmissão de peças processuais··
ceirizada (SGDAU), sem prejuízo de certificar-se de que o processo Art. 1.191. O acesso ao sistema de processamento eletrônico
objeto da solicitação não se encontra no próprio ofício. será feito:
§ 3º Quando se tratar de requisição de processos por parte I - no sítio eletrônico do Tribunal de Justiça do Estado de São
dos ofícios de justiça integrantes de Foro Regional, o requisitante Paulo na internet, por qualquer pessoa credenciada, mediante uso
deverá mencionar na requisição, se for o caso, a que vara distrital de certificação digital (ICPBrasil – Padrão A3);
pertencia o processo ora solicitado. II - pelos entes conveniados, por meio seguro da integração de
§ 4º Não será permitida a reiteração de requisição antes de sistemas;
decorridos 10 (dez) dias úteis contados da data de requisição no III - nos sistemas internos, por magistrados, servidores, funcio-
sistema da empresa terceirizada (SGDAU). nários e terceiros autorizados pelo Tribunal de Justiça do Estado de
§ 5º Assim que recebidos os autos do Arquivo Terceirizado, o São Paulo.
ofício de justiça lançará o recebimento no sistema informatizado Parágrafo único. O uso inadequado do sistema de processa-
oficial e no sistema da empresa terceirizada (SGDAU), evitando-se mento eletrônico do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo que
novas requisições de processos que já se encontram nas unidades venha a causar prejuízo às partes ou à atividade jurisdicional im-
judiciais. portará bloqueio do cadastro do usuário, sem prejuízo das demais
cominações legais.
SUBSEÇÃO V Art. 1.192. A autenticidade e integridade dos atos e peças pro-
DA PESQUISA HISTÓRICA cessuais serão garantidas por sistema de segurança eletrônica, me-
diante uso de certificação digital (ICP-Brasil – Padrão A3).
Art. 189-A. Permite-se a pesquisa científica nos processos que § 1º Os documentos produzidos de forma eletrônica serão as-
se encontram arquivados nas dependências da empresa terceiriza- sinados digitalmente por seu autor, como garantia da origem e de
da responsável pela guarda. seu signatário.

18
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA
§ 2º Os documentos digitalizados serão assinados ou rubrica- cautelar através de petição intermediária ou no relatório final, caso
dos6; em que deverá o magistrado determinar que a autoridade policial
I - no momento da digitalização, para fins de autenticação; providencie a correta distribuição.
II - no momento da transmissão, caso não tenham sido previa- Parágrafo único. Com a chegada do expediente principal (in-
mente assinados ou rubricados. quérito policial, termo circunstanciado, auto de prisão em flagran-
§ 3º Fazem a mesma prova que os originais as reproduções di- te, boletim de ocorrência circunstanciado, auto de apreensão em
gitalizadas de qualquer documento, público ou particular, quando flagrante ou relatório de investigações) a cautelar deverá ser a este
juntados aos autos pelos órgãos da Justiça e seus auxiliares, pelo apensada.
Ministério Público e seus auxiliares, pelas procuradorias, pelas Art. 1.198. Os atos processuais das partes consideram-se rea-
autoridades policiais, pelas repartições públicas em geral e por lizados no dia e na hora de seu recebimento no sistema de proces-
advogados públicos ou privados, ressalvada a alegação motivada samento eletrônico do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
e fundamentada de adulteração antes ou durante o processo de § 1º A petição será considerada tempestiva quando recebida
digitalização. até as 24 (vinte e quatro horas) do último dia do prazo, considerada
§ 4º Os originais dos documentos digitalizados, mencionados a hora oficial de Brasília.
no § 3º deste artigo, deverão ser preservados pelo seu detentor § 2º Considera-se prorrogado o prazo até as 24 (vinte e quatro)
até o final do prazo para interposição de ação rescisória1, obser- horas do primeiro dia útil subsequente ao vencimento quando este
vadas, quanto aos ofícios de justiça, as disposições destas Normas ocorrer em dia sem expediente forense.
de Serviço. § 3º As petições recebidas em dias sem expediente forense se-
Art. 1.193. É de exclusiva responsabilidade do titular de cer- rão consideradas protocoladas no primeiro dia útil seguinte.6
tificação digital o uso e sigilo da chave privada da sua identidade Art. 1.199. Será fornecido, pelo sistema de processamento ele-
digital, não sendo oponível, em nenhuma hipótese, alegação de seu trônico do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, recibo ele-
uso indevido. trônico dos atos processuais praticados pelos peticionários e que
Art. 1.194. Todos os atos processuais do processo eletrônico conterá informações relativas à data, à hora da prática do ato e à
serão assinados eletronicamente, por meio de certificação digital. identificação do processo.
Art. 1.195. Será considerada original a versão armazenada no Art. 1.200. O sistema de processamento eletrônico do Tribunal
servidor do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, enquanto o de Justiça do Estado de São Paulo estará ininterruptamente dispo-
processo estiver em tramitação ou arquivado nível para acesso, salvo nos períodos de sua manutenção.
Art. 1.201. A suspensão dos prazos processuais não impedirá
SEÇÃO II o encaminhamento de petições e a movimentação de processos
DO PETICIONAMENTO ELETRÔNICO eletrônicos.
SUBSEÇÃO I Parágrafo único. Os pedidos decorrentes dos atos praticados
DISPOSIÇÕES GERAIS durante a suspensão dos prazos processuais serão apreciados após
seu término, ressalvados os casos de urgência.
Art. 1.196. As petições referentes a processos eletrônicos se-
rão produzidas eletronicamente e enviadas pelo sistema de proces- SUBSEÇÃO II
samento do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, ressalvada DA INDISPONIBILIDADE DO SISTEMA
a utilização do meio físico nos casos expressamente previstos neste
Capítulo. Art. 1.202. Caracteriza indisponibilidade do sistema ou impos-
Art. 1.197. A correta formação do processo eletrônico constitui sibilidade técnica por parte do Tribunal de Justiça do Estado de São
responsabilidade do advogado ou procurador, que deverá carregar Paulo a falta de oferta ao público externo dos seguintes serviços:
as peças essenciais e documentos na ordem que devam aparecer I - consulta aos autos digitais;
no processo: II - transmissão eletrônica de peças processuais, inclusive da
I – petição; petição eletrônica;
II - procuração; III – acesso a citações, intimações ou notificações eletrônicas.
III – documentos pessoais e/ou atos constitutivos; Parágrafo único. As falhas de transmissão de dados entre as
IV - documentos necessários à instrução da causa e; estações de trabalho do público externo e a rede de comunicação
V - comprovante do recolhimento das despesas processuais, pública, assim como a impossibilidade técnica que decorrerem de
se o caso. falhas nos equipamentos ou programas dos usuários, não caracte-
§ 1º Os documentos digitalizados e anexados às petições ele- rizarão indisponibilidade.
trônicas serão classificados e organizados de forma a facilitar o exa- Art. 1.203. A indisponibilidade definida no art. 1.202 será aferi-
me dos autos eletrônicos. da por sistema de auditoria estabelecido pela Secretaria de Tecno-
§ 2º Quando a forma de apresentação dos documentos ensejar logia da Informação.
prejuízo ao exercício do contraditório e da ampla defesa, poderá o § 1º O sistema de auditoria verificará a disponibilidade externa
juiz determinar nova apresentação. dos serviços referidos no art. 1.202, em intervalos não superiores a
Art. 1.197-A. Compete à autoridade policial o correto cadastro 5 (cinco) minutos.
do expediente encaminhado por meio eletrônico, devendo classifi- § 2º As indisponibilidades do sistema ou impossibilidades téc-
car os documentos com observância da exata nomenclatura. nicas por parte do Tribunal de Justiça serão registradas em relatório
Parágrafo único. Os termos eletrônicos de oitivas e interroga- de interrupções de funcionamento, a ser divulgado ao público na
tórios da fase policial serão assinados digitalmente pela autoridade rede mundial de computadores, devendo conter, pelo menos, as
policial e os termos físicos assinados por todos permanecerão na seguintes informações:
delegacia de polícia, podendo ser solicitados a qualquer tempo. I - data, hora e minuto do início e do término da indisponibili-
Art. 1.197-B. As medidas cautelares criminais e da Infância e dade;
da Juventude infracional tramitarão digitalmente com numeração II - o período total de indisponibilidade ocorrido entre as 6h00
própria e independente, sendo vedada a apresentação de pedido e as 23h00;

19
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA
III - serviços que ficaram indisponíveis. Art. 1.205-C. Na situação do artigo anterior, sem prejuízo da
Art. 1.204. A indisponibilidade de sistema ou impossibilidade divulgação na página do Tribunal de Justiça da situação de indispo-
técnica serão reconhecidas no sítio do Tribunal de Justiça do Estado nibilidade severa, será publicada diariamente no Diário da Justiça
de São Paulo na internet (www.tjsp.jus.br). Eletrônico a suspensão dos prazos processuais nos termos do Pro-
Art. 1.205. Nos casos de indisponibilidade do sistema ou im- vimento CSM nº 2.537/2019, enquanto perdurar.
possibilidade técnica por parte do Tribunal de Justiça do Estado de Parágrafo único – Encerrado o período de indisponibilidade
São Paulo: severa, serão publicados de forma discriminada os termos inicial e
I - prorroga-se, automaticamente, para o primeiro dia útil se- final da suspensão.
guinte à solução do problema, o termo final para a prática de ato Art. 1.205-D. A suspensão dos prazos processuais prevista no
processual sujeito a prazo que vencer no dia da ocorrência da indis- artigo
ponibilidade, desde que ela; 1.205-B não alcança o curso do período de graça (10 dias) para
a) seja superior a 60 (sessenta) minutos, ininterruptos ou não, ciência dos entes que recebem intimação via Portal e-SAJ.
se ocorrida entre as 6h00 e 23h00;
b) ocorra entre as 23h e 24h. SUBSEÇÃO III
II - serão permitidos o encaminhamento de petições e a prática DAS EXCEÇÕES AO PETICIONAMENTO ELETRÔNICO
de outros atos processuais em meio físico, nos casos de risco de
perecimento de direito. Art. 1.206. Poderão ser recepcionados pedidos formulados pe-
§ 1º As indisponibilidades ocorridas entre a 0h00 e às 6h00 dos las partes, em meio físico, nas hipóteses legais em que for dispen-
dias de expediente forense e as ocorridas em feriados e finais de sada e não houver assistência de advogado.
semana, a qualquer hora, não produzirão o efeito do inciso I deste Parágrafo único. A parte deverá apresentar cópias legíveis dos
artigo. documentos, vedado o recebimento de documentos originais, sem
§ 2º Os prazos fixados em hora ou minuto serão prorrogados prejuízo de determinação ulterior e em sentido contrário pelo juiz
até às 24h00 do dia útil seguinte quando: do feito.
I – ocorrer indisponibilidade superior a 60 (sessenta) minutos, Art. 1.206-A. Quando não oferecidas através de peticionamen-
ininterruptos ou não, nas últimas 24 (vinte e quatro) horas do prazo to eletrônico, a ser preferencialmente utilizado, as informações,
ou petições, ofícios, documentos e demais interações oriundas de
II – ocorrer indisponibilidade nos 60 (sessenta) minutos ante- autoridades ou órgãos auxiliares da justiça que não devam obriga-
riores ao seu término. toriamente intervir através de advogado serão encaminhadas em
§ 3º A prorrogação de que trata este artigo será feita automati- arquivo eletrônico no formato PDF, conforme as especificações téc-
camente pelo sistema que eventualmente controle o prazo. nicas estabelecidas pelo Tribunal de Justiça, ao correio eletrônico
§ 4º As petições urgentes em papel, previstas no inciso II deste institucional do ofício de justiça, devendo constar no campo ‘assun-
artigo, serão recebidas: to’ o número do processo.
I - durante o horário de funcionamento do fórum, no dia em Parágrafo Único. Após o recebimento do documento, o ofício
que ocorrida a indisponibilidade do sistema; de justiça providenciará a devida classificação e vinculação em pdf
II - desde que previamente admitidas pelo Juiz Corregedor Per- ao processo eletrônico.
manente do Distribuidor ou pelo juiz do feito, após confirmadas Art. 1.207. Nas unidades perante as quais tramitam proces-
a indisponibilidade do sistema e a existência de situação que, em sos eletrônicos da competência da Família e Sucessões, o pedido
tese, demande a apreciação judicial em razão de risco de pereci- de alimentos formulado pelo credor sem assistência de advogado
mento de direito, e; (‘alimentos de balcão’) será, depois de recepcionado ou reduzido
III - instruídas com cópias legíveis dos documentos, vedado o a termo pelo ofício de justiça, encaminhado ao distribuidor para
recebimento de documentos originais, sem prejuízo de determina- cadastro e digitalização, com cópia dos documentos apresentados.
ção ulterior e em sentido contrário pelo juiz do feito. § 1º Após a digitalização, a petição física e os documentos se-
Art. 1.205-A. Na hipótese de “indisponibilidade severa” a in- rão devolvidos ao ofício de justiça, onde aguardará, pelo prazo de
disponibilidade, lentidão ou intermitência superior a 3 (três) ho- 45 (quarenta e cinco) dias, a retirada pelo autor, findo o qual serão
ras, ininterruptas ou não, no período entre 9h00 e 19h00, em dias inutilizados.
úteis, de qualquer dos serviços indicados no Artigo 1.202, que será § 2º No momento do comparecimento pessoal para deduzir
aferida conforme o estabelecido no parágrafo 2º do Artigo 1.203 sua pretensão, o autor será cientificado do prazo previsto no § 1º
e Artigo 1.204, acrescentando-se que quanto à ela a informação para retirada da documentação.
deverá ser desde logo divulgada na internet, complementando-se a Art. 1.208. (Revogado).
informação com a hora de seu término quando este ocorrer. § 1º (Revogado).
Art. 1.205-B. A indisponibilidade severa por dois ou mais dias § 2º (Revogado).
consecutivos implica, nos feitos digitais e para os atos de intimação § 3º (Revogado).
eletrônica eventualmente feitos em processos físicos, suspensão § 4º (Revogado).
automática dos prazos processuais a partir do segundo dia de in-
disponibilidade. Seção III
§ 1º - Os prazos suspensos nos termos supra retomam auto- DA DISTRIBUIÇÃO
maticamente seu curso a partir do primeiro dia útil sem a indispo-
nibilidade severa. Art. 1.209. O peticionamento inicial, para distribuição às Varas
§ 2º - A indisponibilidade severa não exclui a caracterização e Judiciais, exclusivamente digitais ou híbridas, será feito eletronica-
os efeitos da indisponibilidade comum, nos termos dos normativos mente, por meio do Portal eSAJ do Tribunal de Justiça do Estado de
existentes. São Paulo na internet.
§ 3º - A suspensão dos prazos processuais na forma deste ar- Parágrafo único. As ações de competência da Infância e Ju-
tigo não prejudica a realização de audiências ou outros atos pro- ventude e do Juizado Especial Cível, enviadas pelo peticionamento
cessuais. eletrônico, serão distribuídas pelo Distribuidor e os expedientes

20
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA
recebidos em cartório (Autorização de Viagem, Conselho Tutelar, 4 Prov. CG 47/2015.
Cadastramento para fins de adoção, atermação, etc.) serão cadas- c) em seguida realizará a distribuição do processo no sistema
trados e distribuídos pelo respectivo ofício de justiça da Infância e informatizado no formato eletrônico por direcionamento à Vara
Juventude ou do Juizado Especial, conforme o caso, que se encar- sorteada, indicando o motivo no campo “observação”;
regará da digitalização de eventuais documentos para tramitação d) devolverá a petição e os documentos ao ofício de justiça,
no formato digital. que cadastrará os andamentos e digitalizará os expedientes emi-
Art. 1.209-A. Os expedientes da área criminal e infracional en- tidos.
caminhados eletronicamente pela delegacia de polícia receberão III - a petição e documentos deverão ser retirados pelo reque-
a numeração única da Resolução n° 65 do CNJ e serão distribuídos rente no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, após o qual serão
automaticamente ao cartório. inutilizados.
Parágrafo único. As delegacias de polícia utilizarão as classes § 3º Em nenhuma hipótese será recebida a petição inicial em
e assuntos processuais da Tabela Unificada Processual – CNJ, tam- papel, quando indeferida sua distribuição.
bém utilizada por este Tribunal de Justiça. Art. 1.213. Na hipótese descrita no inciso II do artigo 1.205, o
Art. 1.210. Nos Foros em que não estiver configurada a fun- expediente físico de origem da delegacia de polícia, sujeito à distri-
cionalidade de distribuição automática, o Serviço de Distribuição buição, deverá ser encaminhado ao cartório distribuidor acompa-
verificará a correta formação do processo, procedendo ao cance- nhado de ofício padrão assinado pela autoridade policial apontando
lamento do protocolo do peticionamento eletrônico, com registro a indisponibilidade do sistema informatizado ou a impossibilidade
do motivo no sistema de processamento eletrônico, intimando-se técnica e, ainda, o número de controle único do Registro Digital de
o peticionário pelo Diário da Justiça Eletrônico – DJE, nos seguintes Ocorrência - RDO.
casos: § 1º (Revogado).
I - petição dirigida a varas ou competências não digitais; § 2º (Revogado).
II - petição dirigida a juízo diverso daquele indicado no peticio- Art. 1.214. Os embargos à execução e de terceiros, o cumpri-
namento eletrônico; mento de sentença e a restauração de autos estão sujeitos, inde-
III - envio de documentos desprovidos de petição inicial e; pendentemente do meio de tramitação do processo principal, ao
IV – petição intermediária encaminhada por meio do peticiona- peticionamento eletrônico obrigatório e tramitarão no formato
mento eletrônico de iniciais. digital.
§ 1º O Serviço de Distribuição deverá confrontar os dados da Parágrafo único. Anotar-se-á na capa dos autos principais físi-
petição inicial e os informados pelo advogado, procedendo ao com- cos a interposição dos embargos e que estes tramitam em formato
plemento do cadastro e promovendo eventuais correções quanto eletrônico, certificandose, ainda, em ambos (autos físicos e eletrô-
ao preenchimento dos campos necessários (tipos de distribuição, nicos) o número dos processos e a forma de tramitação.
valor da ação e os campos da tela “Partes e Representantes”) antes § 2º Revogado.
de sua distribuição. Art. 1.215. A reconvenção está sujeita ao peticionamento ele-
§ 2º O Serviço de Distribuição não deverá alterar os campos trônico, podendo esta forma de distribuição ser utilizada ainda que
competência, classe e assunto, ressalvados os casos de manifesta o processo principal tramite no formato físico. Neste último caso, o
divergência entre o cadastro realizado e os dados constantes na Distribuidor procederá ao cadastro e à distribuição por dependên-
petição inicial, submetendo eventuais dúvidas ao Juiz Corregedor cia ao processo principal, cabendo ao ofício de justiça de destino a
Permanente. materialização e impressão das peças.
Art. 1.211. As petições iniciais anotadas como urgentes ou as- Parágrafo único. Revogado.
sim reconhecidas por lei deverão ser distribuídas com prioridade. Art. 1.216. Tratando-se de distribuição automática, nas hipóte-
Art. 1.212. A petição inicial instrumentalizada em papel será ses em que o expediente houver sido distribuído pela delegacia de
distribuída desde que observados os requisitos do § 4º do artigo polícia equivocadamente para o Foro competente ao invés do Foro
1.205 destas Normas de Serviço. Plantão, ou vice-versa, deverá ser realizada, de maneira excepcio-
§ 1º Deferida a distribuição, e quando inoperante apenas o nal, a redistribuição do expediente através de ato ordinatório, sen-
peticionamento eletrônico, o Serviço de Distribuição protocolará a do dispensada, nestes casos, a determinação judicial, certificando-
petição através do SAJ/PRO na tela “Protocolo – Petições Iniciais”; -se a ocorrência nos autos.
e procederá ao cadastro dos dados, realizando a digitalização das Art. 1.217. (Revogado).
peças, sua categorização e a distribuição no formato eletrônico. Em Art. 1.218 (Revogado).
seguida, a petição em papel será encaminhada ao respectivo ofício Parágrafo único. (Revogado).
de justiça, ficando o requerente cientificado de que terá 45 (qua- Art. 1.219. Em razão do Banco Nacional de Monitoramento de
renta e cinco) dias para retirá-la, sob pena de inutilização da peça Prisões – BNMP 2.0, havendo duplicidade na distribuição do ex-
e dos documentos. pediente deverá ser mantida a numeração do expediente em que
§ 2º No caso de inoperância do sistema no Distribuidor: foram emitidos documentos (mandado de prisão, ordem de libera-
I - a distribuição será realizada por sorteio, sob a presidência ção, alvará de soltura etc.), cancelando-se o outro.
do Juiz Corregedor Permanente, lavrando-se termo nos autos, en- § 1º As peças produzidas no expediente a ser cancelado que
caminhando-se a petição ao ofício de justiça da Vara para a qual foi não constem no outro expediente deverão ser trasladadas a este
distribuída. último, certificando-se. 2
II - regularizado o serviço eletrônico, o ofício de justiça remete- § 2º O expediente a ser cancelado deverá ser encaminhado ao
rá o processo ao Distribuidor respectivo, que: distribuidor, com determinação de cancelamento do mesmo, resti-
a) protocolará a petição através do SAJ/PRO na tela “Protocolo tuindo-se depois ao cartório, se físico.
– Petições Iniciais”;
b) providenciará a digitalização das peças e sua categorização;
1 Prov. CG 28/2019.
2 Prov. CG 28/2019.
3 Prov. CG 28/2019.

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NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA
SEÇÃO IV § 1° A indicação de que um processo está submetido a segredo
DO PROTOCOLO DE PETIÇÕES INTERMEDIÁRIAS de justiça deverá ser incluída no sistema de processamento eletrô-
nico do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo:
Art. 1.220. As petições intermediárias serão apresentadas pelo I - no ato do ajuizamento por indicação do advogado, procura-
peticionamento eletrônico e encaminhadas diretamente ao ofício dor ou autoridade policial;
de justiça correspondente. II - no ato da transmissão, quando se tratar de recurso inter-
Parágrafo único. Na hipótese de materialização do processo, posto em primeiro grau, pelo órgão judicial de origem;
cuja tramitação era em meio eletrônico, passarão a ser admitidas III – por determinação do juiz ou do relator;
petições em meio físico. Retomada a tramitação no meio eletrôni- IV – automaticamente, por expressa previsão legal, conforme
co, não mais serão admitidas petições em meio físico. tabela de classes e assuntos padronizadas no sistema.
Art. 1.221. Ressalvado o disposto neste Capítulo, os Setores de § 2° A indicação implica impossibilidade de consulta dos autos
Protocolo do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo não pode- por quem não seja parte no processo, nos termos da legislação es-
rão receber petições em papel dirigidas aos processos que trami- pecífica, e é presumida válida, até decisão judicial em sentido con-
tam eletronicamente. trário, de ofício ou a requerimento da parte.
§ 1º Em caso de recebimento indevido, caberá ao Setor de § 3º A indicação proveniente do advogado ou procurador será
Protocolo de origem cancelar o protocolo e intimar o peticionário submetida à imediata análise pelo juiz.
pelo Diário da Justiça Eletrônico – DJE para retirada da petição. Se Art. 1.226. A consulta da íntegra de processos eletrônicos na
o Ofício de Justiça verificar o recebimento indevido antes do cadas- internet observará as seguintes regras:
tramento, devolverá a petição ao protocolo de origem. Se a verifi- I - os advogados, após cadastramento no Portal E-Saj, e me-
cação ocorrer após o cadastramento da petição pelo Ofício de Jus- diante uso da certificação digital ou login e senha, poderão consul-
tiça, caberá a este adotar as providências necessárias para a devida tar a íntegra de processos públicos e a íntegra de processos em que
regularização. decretado o segredo de justiça, desde que, no último caso, estejam
§ 2º Admitir-se-á, nos Foros Digitais, o protocolo integrado de vinculados por força de procuração nos autos;
petições em papel dirigidas a processos físicos em tramitação nas II - às partes será fornecida senha para acesso à íntegra de seu
demais Comarcas do Estado. processo eletrônico juntamente com a citação ou quando solicita-
Art. 1.222. Em caso de indisponibilidade do serviço de peticio- da, sendo possível o requerimento e a retirada pelo advogado cons-
namento eletrônico ou impossibilidade técnica, a petição interme- tituído, circunstância essa que deverá ser certificada nos autos;
diária em papel será recebida desde que observados os requisitos III - para consulta da íntegra dos autos digitais na internet será
do § 4º do artigo 1.205 destas Normas de Serviço. fornecida senha de acesso a peritos, assistentes e outros auxiliares
§ 1º Deferida a juntada pelo juiz do feito, o ofício de justiça da justiça nomeados nos autos, de acordo com o tipo de participa-
protocolará a petição, dispensada a remessa para o Setor de Proto- ção no processo.
colo, e caso verifique o funcionamento do sistema informatizado, IV - nos processos eletrônicos de execução criminal, inclusive
procederá à digitalização das peças e o trâmite eletrônico regular no caso de segredo de justiça, salvo determinação judicial em senti-
do processo. do contrário, quando solicitada, será fornecida senha à vítima pelo
§ 2º Caso inoperante o sistema, o processamento seguirá fisi- tempo da pena imposta ou, a depender do montante, renovável
camente, devendo o ofício de justiça proceder à digitalização tão até o término, sendo possível o requerimento e a retirada pelo ad-
logo seja restabelecido o funcionamento. vogado constituído, circunstância essa que deverá ser certificada
§ 3º Nos casos dos parágrafos anteriores, cientificar-se-á o re- nos autos.
querente de que terá 45 (quarenta e cinco) dias, a partir da digitali- Parágrafo único. As senhas de acesso serão fornecidas exclusi-
zação, para retirar a petição, sob pena de inutilização da peça e dos vamente pelo respectivo ofício de justiça, sendo necessária a com-
documentos pelo ofício de justiça. provação documental da condição de parte, na hipótese do reque-
Art. 1.223. Revogado. rimento previsto no inciso II, e a autorização do magistrado, nas
Parágrafo único. Revogado. hipóteses do inciso III.
Art. 1.226-A. O acesso à integra dos processos digitais que não
SEÇÃO V tramitem sob segredo de justiça a terceiro interessado será fran-
DA CONSULTA ÀS MOVIMENTAÇÕES queado mediante uso de senha pessoal e intransferível, disponibili-
PROCESSUAIS E DECISÕES zada para utilização pelo período de 24 (vinte e quatro) horas após
a sua emissão.
Art. 1.224. É livre a consulta, no sítio do Tribunal de Justiça do § 1º O terceiro interessado apresentará requerimento próprio
Estado de São Paulo, às movimentações processuais, inteiro teor contendo sua qualificação e a declaração de responsabilidade pes-
das decisões, sentenças, votos, acórdãos e aos mandados de prisão soal pelo conteúdo das informações acessadas.
registrados no BNMP.3 § 2º A impressão da senha será providenciada pela unidade
§ 1º O advogado, o defensor público, as partes e o membro judicial por onde tramita o feito, sendo uma senha por processo/
do Ministério Público, cadastrados e habilitados nos autos, terão interessado.
acesso a todo o conteúdo do processo eletrônico. § 3º Após digitalizados e importados para os autos, os requeri-
§ 2º Os advogados, defensores públicos, procuradores e mem- mentos serão arquivados em classificador próprio.
bros do Ministério Público, não vinculados a processo, previamente § 4º Decorridos 45 (quarenta e cinco) dias da emissão da se-
identificados, poderão acessar todos os atos e documentos proces- nha, os documentos mencionados no parágrafo anterior poderão
suais armazenados, salvo nos casos de processos em sigilo ou se- ser inutilizados, observadas as diretrizes do Comunicado SAD nº
gredo de justiça. 11/2010.
Art. 1.225. Os processos que tramitam no sistema de proces- Art. 1.227. Sempre que possível, os documentos serão disponi-
samento eletrônico do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, bilizados na internet para impressão pelo advogado ou interessado.
em segredo de justiça, só poderão ser consultados pelas partes e Parágrafo único: Revogado.
procuradores habilitados a atuar no processo.

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NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA
SEÇÃO VI d) Indicação, no cadastro ou no nome do modelo, das informa-
DA TRAMITAÇÃO DOS PROCESSOS ELETRÔNICOS ções do prazo a ser cumprido em decorrência da publicação do ato
SUBSEÇÃO I judicial no Diário Oficial;7
DISPOSIÇÃO INICIAL e) Vinculação da movimentação específica, a fim de permitir a
extração de dados estatísticos para o Tribunal;8
Art. 1.228. Aplicam-se aos Ofícios de Justiça Digitais e ao pro- f) Vinculação dos atos de encaminhamento aos Portais de in-
cesso eletrônico, subsidiariamente, e no que compatível, os dispo- timação eletrônica, tais como do Ministério Público, da Defensoria
sitivos previstos nos demais capítulos destas Normas de Serviço. Pública e da Fazenda Pública, preferindo-se a forma automática,
sempre que possível;9
SUBSEÇÃO III g) Marcação do teor do documento para fins de publicação e
DA ELABORAÇÃO DE EXPEDIENTES PELO OFÍCIO DE JUSTIÇA emissão de atos (Ctrl + M).10
Art. 1.239. O juiz somente lançará no documento assinatura
Art. 1.237. Na elaboração dos documentos, serão utilizados os eletrônica, mesmo que o ato deva ser praticado junto à unidade
modelos de expediente institucionais padronizados, autorizados e judicial ou extrajudicial de outro Estado da Federação.
aprovados pela Corregedoria Geral da Justiça.
Parágrafo único. Os modelos institucionais possuirão a respec- SUBSEÇÃO V
tiva movimentação vinculada, a fim de garantir estatísticas fidedig- DO CUMPRIMENTO DE ORDENS JUDICIAIS
nas.
Art. 1.238. A criação de modelos de grupo ou usuário realizar- Art. 1.243. Nos ofícios de justiça onde implantado o fluxo por
-se-á a partir dos modelos institucionais ou da autoria intelectual do atos, o cumprimento das ordens judiciais dar-se-á pelos subfluxos
magistrado e somente será permitida para as seguintes categorias: de documentos.
I - ajuizamentos;
II - atos ordinatórios; SUBSEÇÃO XII
III - autos; DAS INFORMAÇÕES OBTIDAS POR MEIO DO INFOJUD, BA-
IV - cartas precatórias/rogatórias; CENJUD, RENAJUD E OUTROS SIMILARES
V - certidões de cartório;
VI - decisões; Art. 1.263. As informações relacionadas à consulta de endere-
VII - despachos; ço ou à situação econômico-financeira das partes, obtidas por meio
VIII - editais; do Infojud ou outro meio similar serão juntadas aos autos.
IX - expedientes do Distribuidor; Parágrafo único. Tratando-se de informações econômico-fi-
X - formais; nanceiras (declaração de imposto de renda), e após a juntada, o
XI - mandados - outros; feito passará a tramitar sob segredo de justiça, a fim de preservar
XII - ofícios; o sigilo. As partes também serão responsáveis pela preservação da
XIII - requerimentos; cláusula de sigilo.
XIV - sentenças; Art. 1.264. As informações prestadas pelo Bacenjud, que se
XV - Setor Técnico - Assistente Social; restrinjam a declinar o bloqueio ou não dos valores determinados
XVI - Setor Técnico - Psicologia; pelo Juízo, ou pelo Renajud, que se limitem a declinar quais veícu-
XVII - termo; los foram bloqueados, ou por qualquer outro sistema similar serão
XVIII - termos de audiência. importadas do sistema – ou digitalizadas se enviadas em meio físico
§ 1º Na configuração dos modelos de grupo ou usuário, o ofício –, e em seguida liberadas nos autos digitais, praticando o ofício de
de justiça preencherá: justiça o ato ordinatório pertinente.
I - na aba “Informações”, o nome, tipo, área e a classificação
“grupo”;
II - na aba “Movimentações”, a movimentação que reflita o ANOTAÇÕES
teor do expediente;
III - na aba “Compartilhamentos”, o tipo “grupo”; ______________________________________________________
IV - na aba “Assinaturas”, o(s) agente(s) que assinará(ão) o do-
cumento; ______________________________________________________
V - na aba “Atos do documento”, o tipo de ato, a forma, o códi-
______________________________________________________
go do modelo se o caso, o prazo, o tipo de seleção (partes a que se
destina o documento) e o modo de finalização. ______________________________________________________
§ 2º Em relação às cartas rogatórias deverá ser observado o
procedimento estabelecido no artigo 131. ______________________________________________________
§ 3º - Sempre que cabível, a fim de possibilitar trabalho em
lote e filtro nas filas de trabalho pela serventia judicial, deverão ser ______________________________________________________
utilizados modelos de grupo, que conterão, obrigatoriamente, as
seguintes características: ______________________________________________________
a) Vinculação de atos correspondentes, nos termos do artigo
______________________________________________________
1.235;4
b) Nomeação do modelo com termos que correspondam ao ______________________________________________________
teor do documento, inclusive com a informação do ato a ele vincu-
lado, se o caso; ______________________________________________________
c) Indicação, no cadastro ou no nome do modelo, quanto à ne-
cessidade de análise e cumprimento do ato judicial pelo cartório;6 ______________________________________________________

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NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA
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ATUALIDADES
1. Questões relacionadas a fatos políticos, econômicos, sociais e culturais, nacionais e internacionais, ocorridos a partir do 2.° semestre
de 2017, divulgados na mídia local e/ou nacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Artigos 1º ao 13; 34 ao 38 da Lei nº 13.146/2015 – Estatuto da Pessoa com Deficiência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3. Resolução nº 230/2016 do CNJ, com as alterações vigentes até a publicação deste edital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
ATUALIDADES
Renovação após 5 anos
QUESTÕES RELACIONADAS A FATOS POLÍTICOS, ECO- Neste mês, quando o Acordo de Paris completa cinco anos,
NÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS, NACIONAIS E INTER- todos os países signatários estão apresentando novas versões dos
NACIONAIS, OCORRIDOS A PARTIR DO 2.° SEMESTRE compromissos já assumidos em 2015.
DE 2017, DIVULGADOS NA MÍDIA LOCAL E/OU NACIO- Além da meta que estipula um percentual de redução nas emis-
NAL sões até 2030, o Brasil ainda tem outra intermediária: a de chegar
em 2025 com redução de 37% em relação aos níveis de 2005.
BRASIL Para atingir tanto a meta de 2030 quanto a de 2025, o gover-
no anunciou compromissos como o de zerar o desmatamento ilegal
Novas metas de Salles para o Acordo de Paris liberam mais até 2030, reflorestar 12 milhões de hectares e assegurar 45% de
emissões no Brasil, aponta Observatório do Clima fontes renováveis na matriz energética nacional, mas não informou
A nova meta climática apresentada pelo Brasil ao Acordo de um plano detalhado de como executará tais ambições.
Paris na terça-feira (08/12/2020) permitirá ao país chegar a 2030 Em nota publicada nesta quarta-feira (9), o Ministério das Rela-
emitindo 400 milhões de toneladas de gases do efeito estufa a mais ções Exteriores afirmou que a Contribuição Nacionalmente Deter-
do que o previsto na meta original, de acordo com uma análise do minada (NDC, em inglês), nome técnico para as metas do Brasil no
Observatório do Clima, rede de 56 organizações da sociedade civil. Acordo de Paris, é uma das mais ambiciosas do mundo.
A meta, agora atualizada pelo Ministério do Meio Ambiente, foi “A NDC brasileira é uma das mais ambiciosas do mundo em
definida em dezembro de 2015, quando o Acordo de Paris reuniu razão de quatro características principais. Primeiro, por se referir
países que aceitaram se comprometer com o esforço de limitar o a emissões absolutas, e não fatores relativos como intensidade de
aquecimento global a 1,5ºC. Cinco anos depois, o Brasil cumpre a carbono ou tendências históricas de crescimento, como a maioria
entrega da renovação das metas por ele mesmo estipuladas, mas das NDCs de países em desenvolvimento. Segundo, por se referir
especialistas fazem alertas. a toda a economia, e não a setores específicos. Terceiro, pela mag-
Segundo o secretário-executivo do Observatório do Clima, nitude das metas (37% e 43%), que supera inclusive a de muitos
Marcio Astrini, o ministério manteve na meta o mesmo percentual países desenvolvidos. Quarto, por incluir uma meta intermediária
de redução definido cinco anos atrás: reduzir em 43% as emissões para 2025, obrigando a trajetória de reduções em toda a década e
até 2030. Entretanto, não considerou que a base de cálculo utilizada não apenas em 2030”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores.
mudou e ficou ainda maior.
“A meta de redução de 2015 era baseada no Segundo Inventá- ‘Imoral e insuficiente’
rio de Emissões de Gases de Efeito Estufa. Já a meta atual tem como Outra ambição apresentada por Salles na terça foi a de neutrali-
base o Terceiro Inventário, que atualizou o valor absoluto dos gases zar as emissões de gases causadores do efeito estufa até 2060. Esta
emitidos em 2005 de 2,1 bilhões de toneladas para 2,8 bilhões de não é uma meta, mas um indicativo feito pelo governo brasileiro.
toneladas de gases emitidos” - Marcio Astrini, secretário-executivo O Observatório do Clima destacou que a ambição é dez anos
do Observatório do Clima. mais longa que a meta da maioria dos países do Acordo, que devem
A meta climática do Brasil no Acordo de Paris utiliza como re- zerar o saldo de emissões de gás carbônico em 2050. Além disso,
ferência o valor total de gases emitidos no ano de 2005. De acordo a entidade lembrou que somente a China apresentou meta igual à
com Tasso Azevedo, coordenador do MapBiomas e especialista do brasileira.
Observatório do Clima, tal valor é calculado pelo relatório chamado “A NDC [meta] anunciada é insuficiente e imoral. A redução de
“Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa”, que é editado 43% nas emissões em 2030 não está em linha com nenhuma das
pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. O documento revisa perio- metas do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a menos
dicamente o valor absoluto de emissões de gases usado no cálculo. de 2º C ou a 1,5º C. Ela nos levaria a um mundo cerca de 3º C mais
“O Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa de 2005 quente se todos os países tivessem a mesma ambição” - Observató-
costuma ser revisado a cada 4 anos, quando é publicado um novo rio do Clima, nota em 8/12.
inventário”, explica Azevedo. No mesmo documento, a entidade classificou como chantagem
Com a revisão mais recente, o valor absoluto de gases emitidos a afirmação do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, de que
em 2005 foi ajustado de 2,1 bilhões de toneladas para mais de 2,8 o prazo para alcançar a neutralidade de carbono nos próximos 40
bilhões de toneladas. anos poderá ser antecipado caso os países desenvolvidos transfi-
Na prática, se em 2015 a meta de redução dos 43% significa- ram US$ 10 bilhões anuais para projetos brasileiros a partir de 2021.
va emitir 1,2 bilhões de toneladas de gases até 2030, a nova meta Esta não é a primeira vez que Salles fala em pedir US$ 10 bi-
apresentada pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, com a lhões anuais aos países ricos para investir em ações de conservação
mesma taxa de redução, permitirá agora o Brasil emitir 1,6 bilhões no Brasil. Ainda em 2019, nas reuniões preparativas para a Confe-
de toneladas no mesmo período. rência Internacional do Clima (COP 25) em Madri, o ministro citou
“Sem o reajuste na base de cálculo, a nova meta da proposta a cifra – que corresponderia a 10% do total previsto no Acordo de
climática está cerca de 400 milhões de toneladas de carbono maior Paris de repasses de países desenvolvidos para países subdesenvol-
do que era em 2015” - Marcio Astrini, Observatório do Clima vidos.
Por isso, segundo os especialistas, para apenas manter a meta Apesar dessas declarações, mesmo o dinheiro que o Brasil já
climática já assumida anteriormente pelo Brasil no Acordo de Paris, recebe de países europeus está paralisado. O Fundo Amazônia, um
o ministro do Meio Ambiente deveria ter se comprometido a dimi- dos principais instrumentos para essas remessas, está interditado
nuir 57% das emissões até 2030, e não apenas 43%. há mais de um ano.
“Uma coisa é diminuirmos 43% de um valor x, outra coisa é Além da meta de redução de emissões, o Observatório do Cli-
cortarmos a mesma porcentagem de um valor y. O número final ma também propõe que o Brasil adote uma série de políticas públi-
será diferente”, afirma Astrini. cas que facilitam o cumprimento do compromisso, entre elas:
- Eliminar o desmatamento em todos os seus biomas até 2030;
- Restaurar 14 milhões de hectares em áreas de reserva legal e
áreas de preservação permanente entre 2021 e 2030;

1
ATUALIDADES
- Restaurar e recuperar 27 mil hectares em áreas de apicuns e Junto com o alerta, a Agência publicou o Comunicado de Ris-
manguezais entre 2021 e 2030; co, contendo orientações para a vigilância laboratorial, encaminha-
- Recuperar 23 milhões de hectares de pastagens degradadas mento de isolados para laboratórios de referência e medidas de
entre 2021 e 2030; prevenção e controle de infecções pela C. auris.
- Aumentar em 2 milhões de hectares a área de florestas plan- A força-tarefa nacional foi organizada para acompanhar o caso
tadas no período entre 2021 e 2030; e prevenir a disseminação do microrganismo no país. As autorida-
- Ampliar a pelo menos 20% a mistura de biodiesel no diesel de des de saúde também investigam se o caso de Salvador é isolado ou
petróleo (B20) até 2030; se o fungo já se espalhou.
- Eliminar os subsídios a combustíveis fósseis até 2030; (Fonte: https://catracalivre.com.br/saude-bem-estar/super-
- Eliminar a entrada em circulação de novos veículos de trans- fungo-encontrado-no-brasil-mata-39-dos-contaminados/)
porte urbano de passageiros movidos por motor a diesel até 2030; Com aglomerações diárias, Brás detém a 2ª maior taxa de
- Recuperar ou queimar pelo menos 50% de todo o biogás ge- mortes por Covid-19 em SP
rado nos aterros sanitários; Tradicional região do comércio popular na capital paulista, o
- Erradicar todos os lixões do país até 2024. Brás (Região Central) possui uma taxa de 267 mortes por Covid-19
por 100 mil habitantes, a segunda mais alta da cidade de São Paulo,
Principais pontos do acordo do Acordo de Paris atrás apenas do Belém, distrito vizinho ao Brás, na Zona Leste (271
O Acordo de Paris foi assinado em 2015, durante a Conferência mortes para cada grupo de 100 mil pessoas).
das Nações Unidas sobre as Mudanças Climática. O texto fala em É o que aponta um levantamento feito pela GloboNews e pelo
manter a temperatura do planeta com uma elevação “muito abaixo G1 com base em dados do Programa de Aprimoramento das In-
de 2°C” mas “perseguindo esforços para limitar o aumento de tem- formações de Mortalidade (PRO-AIM), da Secretaria Municipal da
peratura a 1,5°C”. Saúde.
São os principais pontos do Acordo de Paris: Dada a proximidade do Natal, o Brás, por concentrar lojas que
- Países devem trabalhar para que aquecimento fique muito comercializam uma série de produtos no varejo e no atacado, como
abaixo de 2ºC, buscando limitá-lo a 1,5ºC; roupas, por exemplo, tem registrado aglomerações praticamente
- Países ricos devem garantir financiamento de US$ 100 bilhões diárias, nas primeiras horas da manhã.
por ano; De acordo com os números do PRO-AIM atualizados até o dia 3
- Não há menção à porcentagem de corte de emissão de gases- deste mês, o Brás registrou desde o início da pandemia 78 mortes
-estufa necessária; confirmadas ou suspeitas decorrentes do novo coronavírus. Vivem
- Texto não determina quando emissões precisam parar de su- no distrito 29.265 pessoas, segundo o censo mais recente do IBGE.
bir; O Belém, com a mais taxa de óbitos pela Covid-19 em toda a
- Acordo deve ser revisto a cada 5 anos. capital paulista, contabilizou um total 122 mortes ante uma popula-
ção estimada em 45.057 pessoas. O ranking das cinco maiores taxas
(Fonte: https://g1.globo.com/natureza/noticia/2020/12/10/novas-me- de mortes pelo novo coronavírus é o seguinte:
tas-de-salles-para-o-acordo-de-paris-liberam-mais-emissoes-no-brasil-
-aponta-observatorio-do-clima.ghtml) Maiores taxas de mortes por Covid-19 em SP
Óbitos confirmados ou suspeitos por 100 mil habitantes
Superfungo encontrado no Brasil mata 39% dos contaminados - Belém (Zona Leste) – 271
O superfungo Candida auris que acendeu o alerta vermelho da - Brás (Centro) – 267
Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) tem uma taxa de - Água Rasa (Zona Leste) – 265
mortalidade alta. Segundo um estudo publicado na BMC Infectious - Freguesia do Ó (Zona Norte) – 252
Diseases, 39% dos contaminados acabam perdendo a vida. - Moóca (Zona Leste) – 250
Ainda de acordo com o artigo, há ao menos 4,7 mil casos de
infecção pela Candida auris já registrados em 33 países, como Espa- Fonte: PRO-AIM/Secretaria Municipal da Saúde e IBGE
nha, Venezuela, Índia, Paquistão e Estados Unidos.
A prefeitura disse por meio de nota que “fortaleceu todos os
Por ser um fungo letal e que se espalha facilmente, principal- seus Equipamentos e ações com foco na prevenção, diagnóstico,
mente em ambientes hospitalares, o surgimento de novos casos atendimento, garantia de leitos e internações em função da Co-
preocupa autoridades em todo o mundo. vid-19 em todos os 96 distritos administrativos da cidade, focando
No Brasil, o microrganismo foi identificado na última sexta-fei- com especial atenção as áreas mais vulneráveis”. Afirmou ainda que
ra, 4, no cateter de um paciente internado com covid-19 na UTI de a Coordenadoria Regional de Saúde Sudeste, a que pertencem os
um hospital privado de Salvador, na Bahia. distritos de Belém, Brás, Água Rasa e Mooca, “contempla 217 servi-
Foram realizadas duas contraprovas, sendo uma no Laboratório ços de Saúde municipais”.
Central de Saúde Pública da Bahia (Lacen-BA) e outra na Universida- Dos cinco distritos com as taxas mais altas na cidade, três ficam
de de São Paulo, que é a referência nacional do Ministério da Saúde, na Zona Leste e se localizam próximos uns dos outros. Além deles, e
testando positivo em todas as ocasiões. do Brás, figura no ranking a Freguesia do Ó, na Zona Norte.
Desde 2017, laboratórios brasileiros de referência analisam
amostras suspeitas que são encaminhadas pelos estados, mas nun- Na avaliação do epidemiologista Paulo Lotufo, professor titu-
ca antes houve o registro de nenhum caso de infecção por C. auris. lar da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP),
as aglomerações frequentes na região do Brás são um motivo de
Alerta e prevenção preocupação em relação à propagação ainda mais intensa do novo
A Anvisa chegou a emitir um alerta na última terça-feira, 8, coronavírus.
afirmando que o Candida auris é um fungo que representa grave “O Brás é um local onde você tem o metrô, o trem, você tem
ameaça à saúde global e que algumas cepas dele são resistentes a muita saída [pontos] de ônibus e é o local de comércio intenso, en-
todas as principais classes de fármacos antifúngicos. tão, o que nós estamos observando que o fator determinante para

2
ATUALIDADES
casos e para óbitos tem sido muito mais o deslocamento do que, de De acordo com o epidemiologista Paulo Lotufo, o que houve
fato, o local de moradia, a qualidade da moradia. As pessoas que em Paraisópolis “um trabalho de saúde pública efetivo e houve um
estão se movimentando mais estão contaminando mais as outras”, sistema de defesa da comunidade. Grajaú também está um pouco
explica o especialista. nisso, houve uma atuação da saúde pública em conter isso e tam-
Outro aspecto preocupante relacionado às aglomerações no bém uma mobilidade um pouco menor do que existiu em outros
Brás, diz Lotufo, é a possibilidade de um contágio naquela região locais”.
acabar tendo como efeito a contaminação de pessoas até fora do
estado, dado o fato de as lojas do Brás serem frequentadas por con- O que diz a Prefeitura de SP
sumidores de praticamente todo o Brasil. Procurada, a Secretaria Municipal da Saúde enviou o seguinte
“Brás, Pari, a região do Bom Retiro, são centros nacionais de posicionamento à reportagem:
comércio. O que preocupa é que são pessoas que estão vindo de “A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da
outros estados e trazem o contágio para cá e pessoas que estão Saúde (SMS), informa que, desde o início da pandemia, fortaleceu
vindo para cá sem estarem contaminadas e acabam ficando conta- todos os seus Equipamentos e ações com foco na prevenção, diag-
minadas e levam [o vírus] para os seus estados. O famoso ônibus da nóstico, atendimento, garantia de leitos e internações em função da
madrugada, que chega de vários lugares, com certeza, é um proble- Covid-19 em todos os 96 distritos administrativos da cidade, focan-
ma seríssimo”, diz ele. do com especial atenção as áreas mais vulneráveis.
De acordo com os dados do PRO-AIM, da Secretaria Municipal A Coordenadoria Regional de Saúde Sudeste, a que pertencem
da Saúde, a cidade de São Paulo possui uma taxa de 190 mortes os distritos do Belém, Brás, Água Rasa, Mooca, Carrão, Vila Pruden-
por Covid-19 por 100 mil habitantes. Há na cidade de São Paulo 45 te, Artur Alvim e Vila Formosa, informa que a região contempla 217
distritos com taxas acima desse patamar e 51 com índices inferiores serviços de Saúde municipais. São 15 serviços pré-hospitalares, 10
à média de toda a capital paulista. hospitais, 73 Unidades Básicas de Saúde, 22 AMA-UBSs Integradas
e 3 AMAS, entre outros serviços ofertados à população.
Aceleração O início da realização do Inquérito Sorológico evidenciou o per-
Após um longo período de estabilidade e queda, a cidade de fil da população mais atingida pelo novo Coronavírus. Após a rea-
São Paulo voltou a registrar alta de mortes por coronavírus. Nos lização de 8 fases da pesquisa (0 + 7), em especial com relação aos
últimos sete dias, houve aumento de mais de 30%. dados referentes à adesão ao isolamento social e às medidas pre-
Nesta quinta-feira (10/12/2020), a capital chegou a 14.868 óbitos ventivas (como a utilização das máscaras), notou-se um aumento
pela Covid-19 desde o início da pandemia, segundo dados da Fundação da população que confirmou não estar se protegendo. Ainda com
Seade do governo estadual. A média móvel diária de mortes na capital, relação aos resultados obtidos na pesquisa, evidenciou-se uma me-
que leva em consideração os registros dos últimos 7 dias, é de 38 nesta nor adesão entre os jovens, que se contaminam e acabam por con-
quinta (10). O valor é 31% maior do que o registrado há 14 dias, o que taminar demais membros da família.
para especialistas indica tendência de alta. A última fase da pesquisa, a Fase 7, foi feita em 5.704 domicí-
As ruas do Brás, no Centro de São Paulo, registram lotação e lios da cidade de São Paulo e realizou 2.016 coletas de sangue. Entre
congestionamento na manhã desta quarta-feira (9). Vendedores as pessoas que testaram positivo, 35,3% eram assintomáticas. Os
ambulantes ocupam as calçadas das vias para conseguir comercia- índices de prevalência permaneceram maiores em cidadãos de até
lizar os mercadores. 49 anos de idade, especialmente na faixa de 35 a 49 anos (19,2%).
A menos de 20 dias do Natal, milhares de pessoas se aglomera- O total de contaminados durante as fases do inquérito variou da
vam pelas vias do bairro. Além das filas na porta dos comércios, era seguinte forma nas regiões do município: de 10,7% a 19,9 % na
possível ver pessoas circulando no local sem máscara ou fazendo Coordenadoria Regional de Saúde Sul; de 10% a 19,6% na Leste;
uso incorreto dela. de 7,9% a 13,8% na Norte; de 8,4% a 11,9% no Sudeste e de 3,7% a
Por conta da proximidade das festas de final de ano, o número 10,3% na Oeste.
de pessoas circulando na região é cada dia mais intenso. O local re- Os índices de prevalência também seguem de 2 a 6 vezes maio-
cebe excursões de lojistas de fora do estado, que chegam de ônibus res em pessoas das classes D e E, em comparação às classes A e B.
todas as manhãs no bairro. No levantamento por raça e cor, os pretos e pardos seguem com um
maior índice de prevalência da infecção em comparação aos bran-
Paraisópolis, 2ª menor taxa de óbitos da cidade cos - chegando ao dobro de incidência nas fases 4 e 7.
Motivo de grande preocupação entre especialistas no início da Em todas as fases do estudo, os residentes em domicílios com
pandemia, dada a maior dificuldade para muitos moradores faze- um ou dois moradores se infectaram muito menos do que as outras
rem o isolamento social, Vila Andrade, onde fica a favela Paraisópo- faixas de moradores.
lis, na Zona Sul, possui a segunda menor taxa de mortes por 100 mil Vale destacar que a Pasta tem fortalecido as ações de monito-
habitantes da cidade (108), atrás apenas de Anhanguera, na Zona ramento na capital, e a Atenção Básica, enquanto ordenadora do
Norte, dona do melhor índice de toda a cidade (109 mortes por 100
cuidado, destaca-se em seu papel no monitoramento e cuidado da
mil pessoas).
população de seu território. Com relação à Covid-19, a Unidade Bá-
Figuram ainda no ranking das cinco menores taxas de mortes
sica de Saúde (UBS) destaca-se nas ações de promoção e preven-
por Covid-19 o Grajaú, na Zona Sul (128 mortes por 100 mil habi-
ção, monitoramento e acompanhamento dos casos sintomáticos
tantes), Parque São Rafael, na Zona Leste, e Pedreira, na Zona Sul.
leves e encaminhamento de casos para os hospitais de referência.
Menores taxas de mortes por Covid-19 em SP
Este trabalho é desenvolvido pelas equipes de Saúde, e entre
Óbitos confirmados ou suspeitos por 100 mil habitantes
o dia 24 de abril até 27 de novembro, foram monitorados 815.332
- Anhanguera (Zona Norte) – 109
- Vila Andrade (Zona Sul) – 118 pacientes entre pessoas com sintomas leves e moderados diagnos-
- Grajaú (Zona Leste) – 128 ticadas com a Covid-19 e 595.056 receberam alta. Outros 170.903
- São Rafael (Zona Norte) – 131 seguem em monitoramento.
- Pedreira (Zona Leste) – 134 A atuação consiste no monitoramento telefônico diário dos
casos, por um período de 14 dias. Se não há contato, as equipes
Fonte: PRO-AIM/Secretaria Municipal da Saúde e IBGE realizam visitas domiciliares.

3
ATUALIDADES
Além disso, citamos as ações comunitárias, de grande impor- O secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, disse que
tância para as medidas preventivas e de atendimento oportuno à o aumento da média móvel de mortes, de internações e de casos
Covid-19. Foram 3 milhões de pessoas abordadas em 24,5 mil ações no Brasil mostra que “infelizmente nós ainda estamos vivenciando
em comunidades, até o dia 30 de novembro. uma pandemia”.
Sobre o inquérito sorológico - Com o objetivo de identificar o “O Brasil contabiliza hoje 6 milhões 728 mil 452 casos, já com
grau de contágio da população e conhecer a real letalidade da Co- 178 mil 995 casos, mostrando que infelizmente nós ainda estamos vi-
vid-19 e, assim, nortear a atuação da Saúde Pública no enfrenta- venciando uma pandemia e uma pandemia que tem mostrado nos últi-
mento da pandemia pelo novo Coronavírus, a Secretaria da Saúde mos dias, nas últimas 3 semanas um aumento da média móvel de mor-
realizou um estudo analítico no município com oito fases, em muní- tes, de internações e de casos. Portanto não só nós não estamos no
cipes a partir de 18 anos”. final da pandemia, mas temos que estar vigilantes com a velocidade da
instalação de novos casos e mortes e internações”, disse Gorinchteyn.
(Fonte: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/12/11/com- O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), se disse preocu-
-aglomeracoes-diarias-bras-detem-a-2a-maior-taxa-de-mortes-por-co- pado com a situação e anunciou que uma nova coletiva de impren-
vid-19-em-sp.ghtml) sa foi agendada para sexta-feira (11) para tratar sobre aumento no
número de casos e mortes por Covid-19 no estado.
Governo de SP diz que contágio por Covid é maior em dezem- “Estamos sim preocupados, quero antecipar que há uma preo-
bro do que no 1º pico: troque ‘boas festas’ por ‘fique em casa’ cupação do governo do estado de São Paulo em relação ao país,
O governo de São Paulo disse nesta quinta-feira (10/12/2020) mas há obviamente a nossa responsabilidade em São Paulo em re-
que a chance de contágio por Covid-19 está maior em dezembro do lação ao aumento de infecções, de ocupação dos leitos de UTI e
que no primeiro pico da pandemia, em julho. também de óbitos. Tudo isso será apresentado amanhã como ope-
“Do ponto de vista médico, cada um de nós tem observado racionalizar”, disse.
um número crescente de pessoas com Covid ao seu redor. Então, a
chance de contágio é muito maior do que quando teve o primeiro Festas de fim de ano
pico”, disse José Medina, coordenador do centro de contingência A menos de 20 dias do Natal, milhares de pessoas se aglomera-
vam pelas vias do Brás, no Centro de São Paulo, na quarta-feira (9).
da Covid-19.
Além das filas na porta dos comércios, era possível ver pessoas cir-
“Então isso requer um cuidado muito grande no mês de de-
culando no local sem máscara ou fazendo uso incorreto dela. Ven-
zembro. Primeiro nós temos que retomar a questão do fique em
dedores ambulantes ocupam as calçadas das vias para conseguir
casa e aquela saudação que nós fazemos normalmente “boas fes-
comercializar as mercadorias.
tas”, nós temos que abolir, nós temos que trocar ‘boas festas’ por
Doria também pediu a ajuda de comerciantes e empreendedo-
‘fique em casa’. Temos que utilizar aquele feliz natal, feliz ano novo
res para que aglomerações sejam evitadas e que as pessoas não se
como nós utilizávamos no passado, sem muita festa, sem troca de
esqueçam da importância do uso da máscara e do álcool gel.
presente e sem aglomeração de pessoas”, disse o coordenador do “Sobretudo quero aproveitar a oportunidade aqui para pedir a
centro de contingência da Covid-19. solidariedade das pessoas, das famílias, pais, mães, avós, também
Ainda, de acordo com Medina, a média de novos casos da os que são empreendedores, empresários, por favor nos ajudem,
doença cresceu de 20 para 40 mil casos entre novembro e dezem- nos ajudem a salvar vidas, não promovam aglomerações, estimu-
bro no Brasil, e que levou três meses para acontecer o mesmo au- lem o uso de máscaras, a máscara é obrigatória no estado de São
mento no primeiro pico da pandemia. Paulo em qualquer situação”, disse Doria.
“Se nós observarmos a curva de crescimento no número de ca- O coordenador do Centro de Contingência da Covid-19, José
sos no Brasil para chegar de 20 a 40 mil, dobrar o número de casos Medina disse também que as pessoas podem visitar seus parentes
no Brasil, isso demorou quase três meses, nesse segundo pico que durante esse período, mas que não esqueçam do protocolo que in-
começou a acontecer em novembro até dezembro demorou um clui o uso de máscara, álcool gel e o distanciamento social.
mês para chegar de 20 a 40 mil casos”, disse Medina. “Isso não significa que nós não podemos visitar nossos avós,
No dia 1º de novembro a média móvel de novos casos registra- nossos pais durante esse período. Desde que seja feito essa visita
dos no Brasil nos últimos 7 dias era de 21.579, por dia. No dia 9 de com determinado protocolo, como o comércio em geral segue: uti-
dezembro a média móvel de novos casos nos últimos 7 dias subiu lizo máscara, mantenho o distanciamento e um tempo de exposição
para 41.926. curto que faz com que a chance e contágio seja menor”, disse.
Medina diz que o crescimento ocorreu em 3 meses, mas da-
dos coletados pelo G1 mostram que o crescimento no pico ocorreu (Fonte: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/12/10/gover-
em menos de 2 meses, ou seja, mais rápido do que o coordenador no-de-sp-diz-que-contagio-por-covid-e-maior-em-dezembro-do-que-
disse, mas mais demorado do que o contágio agora em dezembro. -no-1o-pico-troque-boas-festas-por-fique-em-casa.ghtml)
A maior média móvel de casos registrada até o momento foi de
46.393 no dia 27 de julho. O dado leva em consideração os registros Cantor Ubirany, do grupo Fundo de Quintal, morre de Co-
dos últimos 7 dias e minimiza as diferenças das notificações. vid-19 no Rio
O coordenador do Centro de contingência da Covid-19 atribuiu O cantor Ubirany Félix Do Nascimento, do grupo Fundo de
o crescimento mais rápido no último mês a um maior número de Quintal, morreu de Covid-19 nesta sexta-feira (11/12/2020) em um
infectantes. hospital do Rio de Janeiro.
“Então, o crescimento desse segundo pico é muito mais acen- Ele tinha 80 anos e estava internado havia mais de uma semana
tuado porque a base de infectantes é muito maior. Todos nós lem- na Casa São Bernardo, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste da cidade.
bramos que no começo tenha uma região que tinha um determina- O sambista chegou a ter uma breve melhora no quadro clínico, mas
do número de casos, enquanto outros estados, outras regiões do não resistiu.
estado de São Paulo não tinha nem um caso. Hoje, todas as cidades Ubirany foi o responsável por introduzir o repique de mão no
brasileiras tem pelo menos um paciente, tem muito mais do que mundo do samba, instrumento que deu identificação ao Fundo de
um paciente que tá contagiado e que é um paciente infectante”., Quintal. O cantor também foi um dos fundadores do grupo na dé-
disse. cada de 1970.

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ATUALIDADES
O grupo divulgou uma nota lamentando o falecimento do in- Alta de casos e de mortes
tegrante “por complicações decorrentes de sua contaminação por Os números são os mais claros de que a pandemia não só está
Covid-19”. no fim como há tendência de piora: as médias móveis de casos e de
Em abril, o cantor Sereno, também integrante do grupo, foi mortes pelo coronavírus estiveram em alta nesta quinta-feira (10).
diagnosticado com coronavírus. E as curvas nos gráficos mostram que há dias o país vive um repique
da Covid-19.
DVD com Diogo Nogueira O infectologista da Unesp avaliou um aumento no número de
No dia 26 de novembro, o grupo Fundo de Quintal participou casos e mortes da Covid-19 no Brasil, depois de uma tendência
da gravação do DVD “Samba de Verão” do também sambista Diogo acentuada de redução na taxa de transmissão do coronavírus entre
Nogueira. os meses de agosto e outubro deste ano.
A filmagem foi feita em uma balsa em Niterói, com a Baía de “A cada dia, mais brasileiros se infectam”, diz Naime. “Existe
Guanabara ao fundo. um número bem subestimado de 6,5 milhões a 7 milhões de no-
O DVD só será lançado no verão do ano que vem. tificados, mas isso deve ser de 3 a 4 vezes menor que o total de
infecções, porque muitos não são testados.”
Origem do Fundo de Quintal Ao todo, 21 estados e o Distrito Federal apresentaram alta na
Toda a nova geração de sambistas e pagodeiros tem influência média móvel de mortes: PR, RS, SC, ES, MG, RJ, SP, DF, GO, MS, MT,
do Fundo de Quintal. AC, RO, RR, TO, BA, CE, PB, PE, PI, RN e SE. É o segundo dia seguido
O grupo surgiu em 1977, no Cacique de Ramos — um dos mais em que tantos estados aparecem simultaneamente com tendência
conhecidos e tradicionais blocos de carnaval do Rio —, com ajuda de alta nas mortes pela doença desde que o consórcio começou a
da cantora Beth Carvalho (que morreu em abril de 2019). acompanhar essas tendências, em 9 de julho. Antes disso, o máxi-
Em 1978, Beth Carvalho lançou “De pé no chão”, pela extinta mo de estados em alta ao mesmo tempo havia sido de 18.
gravadora RCA-Victor, com participação do grupo. Foi a partir daí Com isso, o Brasil se aproxima da triste marca de 180 mil mor-
que o grupo ganhou projeção nacional. tos pela Covid-19. Só os Estados Unidos têm mais vítimas no mun-
Em 2018, o grupo lançou um DVD para comemorar 40 anos de do, em números absolutos. Além disso, o país registra mais de 6,7
formação. Na época, em entrevista ao “Fantástico”, Ubirany disse milhões de casos confirmados da doença desde o início da pande-
que o grupo começou por acaso, e com ajuda de Beth de Carvalho. mia.
“Nós ficávamos por ali, curtindo uma ‘pelada’, uma comida, os
instrumentos iam chegando, cada um trazendo o seu, os amigos Hospitais cada vez mais lotados
chegando, se aproximando, jogadores de futebol... E isso virou uma A tendência de aumento nas ocupações de leitos já era senti-
festa, passou a ser um ponto de encontro. [...] E a grande culpada da há algumas semanas. Em meados de novembro, por exemplo, o
disso, por nos transformar em profissional, foi a Beth de Carvalho.” governo de São Paulo admitiu que as internações por Covid-19 es-
tavam aumentando, revertendo a sensação de melhora percebida
Mortes aumentam, cidades retomam restrições, hospitais lo- em outubro.
tados: os sinais de que a pandemia de coronavírus não está no A microbiologista da Universidade de São Paulo (USP) Natalia
‘finalzinho’ Pasternak aponta que há um aumento no número de casos e hos-
Aumento de mortes, cidades voltando a impor restrições e hos- pitalizações por complicações do novo coronavírus e alerta para o
pitais cada vez mais lotados escancaram a realidade: a pandemia de risco de sobrecarga do sistema de saúde.
Covid-19 ainda não acabou e o número de casos e vítimas pode pio- “Os hospitais estão lotados, estão correndo o risco de realmen-
rar nas próximas semanas se as pessoas não adotarem as medidas te não dar conta dos atendimentos”, ressalta Pasternak. “Isso não é
de prevenção contra o novo coronavírus. o ‘finalzinho da pandemia’, o finalzinho da pandemia vai acontecer
Nesta quinta-feira (10/12/2020), o presidente Jair Bolsonaro quando a gente observar o contrário disso.”
disse em evento que “estamos vivendo um finalzinho de pande- Com o passar dos dias, as notícias sobre ocupação de leitos por
mia”. Embora as vacinas cada vez mais próximas sejam uma espe- causa do coronavírus pioraram. Nesta quinta-feira (10), a fila de es-
rança para que, enfim, a crise do coronavírus acabe, a transmissão pera por um leito para a Covid-19 no Rio de Janeiro era mais de três
da Covid-19 continua e vem crescendo nas últimas semanas. vezes maior do que o observado em 23 de novembro.
E ainda levará algumas semanas ou meses até que a vacina- Para o infectologista da Unesp, ainda que os médicos da linha
ção comece no Brasil — a Agência Nacional de Vigilância Sanitária de frente já conheçam um pouco mais sobre o vírus que no início
(Anvisa) ainda não autorizou o uso de nenhum imunizante no país. da pandemia, um alto número de infectados reflete em mais inter-
Assim, por enquanto, os médicos e outros cientistas da área da nações e mortes por complicações da Covid-19.
saúde recomendam continuar com o uso da máscara, a ventilação A situação nesta primeira quinzena de dezembro é grave em
dos ambientes compartilhados com outras pessoas, a boa higiene diversas cidades e estados, com ocupação total nas UTIs em alguns
das mãos e que se evite aglomerações e locais muito cheios. hospitais da rede pública de saúde.
“Não há a menor possibilidade de acreditar em um discurso,
por mais otimista que seja, de fim de pandemia”, diz, em entrevis- Governos voltam a impor restrições
ta ao G1, o chefe de infectologia da Universidade Estadual Paulista Preocupados com a lotação nos hospitais e com o aumento no
(Unesp), Alexandre Naime. número de vítimas da pandemia, governos municipais e estaduais
E mesmo com a vacinação, alertou o especialista, a diminuição retomaram restrições impostas para conter o contágio do novo co-
no número de casos vai ser gradativa, e não imediata. Segundo ele, ronavírus.
é possível que o Brasil continue a registrar um número alto de no- A pneumologista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Marga-
vos casos no primeiro semestre de 2021 se as medidas básicas de reth Dalcolmo, alertou para a transmissão da Covid-19 mesmo en-
higiene e isolamento não forem respeitadas. tre pessoas que mantêm o isolamento social. Ela explica que muitos
são infectados dentro de casa por familiares que descumpriram as
normas sanitárias.

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ATUALIDADES
“Estamos internando pessoas que nunca saíram de casa, que ficaram doentes porque alguém chegou em casa com a doença. Esse é
que é o panorama do que nós estamos vivendo”, disse Dalcolmo.
Nesta quinta (10), a prefeitura do Rio de Janeiro suspendeu áreas de lazer e proibiu estacionamento na orla nos fins de semanas e
feriados. Além disso, haverá escalonamento no horário das atividades: indústria, serviço e comércio.
Além disso, o prefeito de Salvador, ACM Neto, cancelou a festa virtual “Live da Virada”, que teria apresentações de Ivete Sangalo e
Gusttavo Lima sem presença de público no Forte São Marcel. Segundo o prefeito, a medida foi tomada para dar um recado à população
com relação ao aumento do número de casos da Covid-19 na capital. Outro anúncio feito por ACM Neto foi que a orla da Barra será fisica-
mente interditada para evitar aglomerações na virada do ano.
Outros estados e municípios chegaram a anunciar toque de recolher: o estado do Paraná e a prefeitura de Campo Grande (MS) impu-
seram restrições severas à circulação noturna. O governo de Mato Grosso do Sul ainda estuda ampliar a medida para o restante do estado.

Mundo vive pior fase da pandemia


Segundo a Universidade Johns Hopkins, que monitora os números do coronavírus no planeta, as curvas de casos e de mortes diários
estão nos patamares mais elevados na comparação com outros momentos da pandemia.
A Europa viu que a segunda onda da doença foi ainda pior do que a primeira em alguns países. Por isso, governos decretaram um novo
lockdown em novembro e ainda manterão as restrições pelas próximas semanas. Nos Estados Unidos, onde a situação é ainda mais grave,
o número de mortos em um só dia passou de 3 mil nesta quinta.
A médica australiana Margaret Harris, porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS), reforçou nesta sexta (11) que a agência de
saúde da ONU ainda não declarou o fim da pandemia de Covid-19 e que ela segue ativa pelo mundo.
“Para nós [OMS], a pandemia continua em todos os lugares”, disse Harris.
Ao todo, o mundo registra quase 70 milhões de diagnósticos de Covid-19 desde o começo da pandemia — dado que não inclui subno-
tificações. O número de vítimas da doença em todo o planeta passa de 1,58 milhão.

(Fonte: https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/12/11/mortes-aumentam-cidades-retomam-restricoes-hospitais-lotados-os-si-
nais-de-que-a-pandemia-de-coronavirus-nao-esta-no-finalzinho.ghtml)

Polícia indicia seis por morte de João Alberto no Carrefour em Porto Alegre
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul indiciou nesta sexta-feira (11/12/2020) seis pessoas por homicídio triplamente qualificado - por
motivo torpe, asfixia e recurso que impossibilitou a defesa da vítima - no Caso João Alberto Silveira Freitas, cidadão negro morto após
ser espancado por dois seguranças brancos no dia 19 de novembro em um supermercado em Porto Alegre. Não houve indiciamento por
racismo, mas a delegada falou em “racismo estrutural” ao comentar o caso.
Veja os nomes dos indiciados:
- Giovane Gaspar da Silva, segurança autor da agressão
- Magno Braz Borges, segurança autor da agressão
- Adriana Alves Dutra, funcionária que tenta impedir gravação e tem, segundo a polícia, comando sobre os demais funcionários
- Paulo Francisco da Silva, funcionário da empresa de segurança Vector que impede acesso da esposa à vítima que agonizava
- Kleiton Silva Santos, funcionário do mercado que auxilia na imobilização da vítima
- Rafael Rezende, funcionário do mercado que auxilia na imobilização da vítima

O G1 tenta contato com a defesa dos acusados. O Carrefour informou que ainda não teve acesso ao inquérito policial. Já a empresa de
segurança Vector repudiou os atos de violência e disse os colaboradores envolvidos foram desligados do quadro de funcionários.
Segundo a polícia, a partir da análise das provas coletadas, é possível identificar que houve um exagero nas agressões impostas à
vítima. Sendo, para a polícia, resultado da fragilidade socioeconômica da vítima.
Apesar disso, os indiciados não vão responder pelo crime de injúria racial, após o racismo ter sido apontado como causa do crime pela
família de João Alberto.
“Nós fizemos uma análise conjuntural de todos os aspectos probatórios e doutrinários e concluímos, portanto, que o racismo estru-
tural que são aquelas concepções arraigadas na sociedade foram sim, fundamentais, no determinar da conduta dessas pessoas naquele
caso. Sejam elas, de que cor forem, já que entre os seis, existiam também pessoas negras, e portanto, tiveram também, a mesma forma de
comportamento. Ou seja, arraigado dentro do seu íntimo, concepções já antigas de discriminação por conta, não só, da sua cor de pele, da
cor de pele da vítima, no caso. Mas também pela sua condição socioeconômica. Nós entendemos que, uma outra pessoa estando naquele
momento, naquele lugar, poderia ter um tratamento diferenciado”, disse a delegada Roberta Bertoldo.
De acordo com o inquérito, os depoimentos mostraram que houve indiferença dos funcionários vinculados ao Carrefour e à empresa
de segurança Vector quanto às ações que cometiam contra a vítima. A situação foi classificada como “degradante” e “desumana”.
Para a polícia, além dos seguranças agressores, os outros quatro indiciados contribuíram para a morte por manterem os populares e
a esposa da vítima afastados, inviabilizando qualquer ajuda à vítima.
“A vítima não apresentava sinais vitais, Giovane, Magno, Adriana e Paulo se mantiveram inertes, mesmo tendo uma unidade hospita-
lar próxima, ou seja, distante apenas1,2 km, ou a três minutos dali. E, mesmo assim, aguardou-se equipe do Samu que chegou ao local 14
minutos após ser cientificada”, cita trecho do inquérito.

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ATUALIDADES

Presos
Estão presos, desde o dia do crime em flagrante, os seguranças Giovane Gaspar da Silva, de 24 anos, e Magno Borges Braz, de 30 anos.
Além deles, a agente de fiscalização do mercado, Adriana Alves Dutra, 51 anos, que acompanhou a ação dos seguranças, também foi presa.
O inquérito ainda traz a conclusão da causa da morte de João Alberto. De acordo com necropsia feita pelos legistas do Departamento
Médico Legal, a vítima foi morta por asfixia.
“Neste caso, o tempo que o laudo levou foi devido sua grande complexidade. Trabalharam três legistas, patologistas, peritos. O traba-
lho foi de alta complexidade. Análise do local do crime, análise da vítima, do corpo, na necropsia. Exames complementares e protocolares”,
explica Heloisa Helena Kuser, diretora do Instituto Geral de Perícias.
A polícia pediu a prisão preventiva de Adriana Alves Dutra, Paulo Francisco da Silva, Rafael Rezende e Kleiton Silva Santos. Ainda re-
presentou à Justiça pela manutenção da prisão preventiva de Giovane Gaspar da Silva e Magno Braz.

Depoimentos
À polícia, o funcionário Kleiton Silva Santos, um dos indiciados, contou que uma funcionária que ficava no setor conhecido como
‘frente de caixa’, informou via rádio uma alteração em seu setor. Ela adiantou que a situação não envolvia furto de bens da loja, o que não
requer acionamento imediato da segurança. Segundo ele, após alguns minutos, a supervisora da loja, Adriana Alves Dutra, gritou no rádio
que era para a central de segurança acionar a Brigada Militar.
O motivo relatado pela funcionária para o pedido de apoio foi ter considerado que o olhar de João Alberto, que ela disse que a encara-
va, era “agressivo”. Alegou também que a vítima tinha falado alguma coisa que ela não havia entendido. Disse também que saiu de perto e
João Alberto se aproximou novamente, gesticulando -- ela não soube explicar que gestos eram esses e alegou estar tensa com a situação.
Essa funcionária não está entre os indiciados.
Em depoimento à polícia, Paulo Francisco da Silva, funcionário da Vector, outro responsabilizado pelo crime, narrou que, no dia do
crime, estava no segundo piso do supermercado quando, por volta das 20h30min foi informado de que um homem estaria causando de-
sordem no estabelecimento.
Ao chegar no local se deparou com a vítima caída no chão com sinais vitais fracos, mas ainda com vida.
Citou que, naquela mesma semana, João Alberto havia ingressado no supermercado, com sinais de embriaguez e/ou drogadição e que
alguns clientes reportaram para funcionários do mercado importunações causadas por ele.
A polícia mostrou a Paulo o vídeo em que ele aparece dizendo: “não faz cena, (...) a gente te avisou da outra vez” a João Alberto.
Explicou que, alguns dias antes, a vítima teria estado no supermercado bastante alterado e que, inclusive, andou de pés descalços pelo
interior da loja. Além disso, ele fazia gestos com as mãos, como se denotasse estar com uma arma de fogo, e, também, se aproximava das
pessoas, forçando um abraço.
“Dois dias antes do fato, João Alberto foi ao supermercado e há indicação de ações de importunação a outros clientes. Seguranças o
abordaram, ele dissuadiu do comportamento e deixou o supermercado. Mas eram outros funcionários e esse evento em nada implicou
nesse desfecho depois”, concluiu a delegada.

Nota do Carrefour
Até o momento, o Carrefour informa que não teve acesso a conclusão do inquérito da Polícia Civil a respeito do caso ocorrido na noite
do dia 19 de novembro, em Porto Alegre. Seguimos à disposição dos órgãos para contribuir com todas as informações necessárias e refor-
çamos nosso repúdio a qualquer tipo de violência e agressão em nossas unidades.

7
ATUALIDADES
Nota da Vector
O Grupo VECTOR manifesta seu repúdio a qualquer ato de violência e lamenta o fato ocorrido na noite de 19/11/2020. A Vector
reforça que não compactua com ações de violência, independentemente do tipo, caráter e objeto alvo da violência. Os colaboradores
envolvidos com os acontecimentos foram desligados do quadro de funcionários da Vector.
A Vector possui seus valores a fundados na Cordialidade e Empatia para desempenho de suas ações, respeitando a vida. No presente
momento, a prioridade da Vector é contribuir integralmente com as investigações e ações da Justiça. Garantir que qualquer fato semelhan-
te jamais aconteça novamente é o principal compromisso da Vector, através da transformação ao qual a empresa se encontra, mantido
pelo diálogo transparente estabelecido com a sociedade.

(Fonte: https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2020/12/11/policia-indicia-seis-por-morte-de-cidadao-negro-no-carrefour-em-porto-
-alegre-rs.ghtml)

Onça queimada em incêndio no Pantanal se cura dos ferimentos, mas não consegue mais caçar e não voltará à natureza
A onça-pintada Amanaci, que recebeu tratamento para queimaduras nas patas em Corumbá de Goiás, se recuperou dos ferimentos
e foi para uma “casa nova”, um ambiente criado especialmente para ela dentro do Instituto Nex, onde recebeu o tratamento. Segundo
profissionais do local, o animal teve danos permanentes nas patas que o impedem de voltar ao Pantanal.
Amanaci retirou as botas que protegiam as patas e recebeu alta dos tratamentos na terça-feira (08/12/2020). O veterinário Thiago
Luczinski, que acompanha o caso dela desde o início, contou que ela já explorou o ambiente, caminhou pelo espaço novo, está se alimen-
tando bem e tem quadro geral muito bom.
Luczinski disse que o local onde ela está foi projetado especialmente para Amananci. O ambiente foi pensando, segundo ele, para que
ela tenha uma vida confortável, com um lago do qual ela possa entrar e sair sem dificuldade, por exemplo.
O profissional também explicou que os tendões que ela precisa para expor e usar as garras foram queimados, por isso, mesmo recu-
perada, ela não pode voltar à vida livre.
“Tem tendões que fazem a unha ser exposta quando ela precisa caçar, escalar, segurar uma presa - como os gatos domésticos fazem.
Todos foram queimados. Então, ela perdeu a capacidade de usar essas garras. Isso compromete muito o retorno dela para a natureza”,
explicou.
Símbolo da resistência das queimadas, Amanaci foi levada o Instituto Nex no final de agosto, logo após sofrer as queimaduras nas pa-
tas durante um incêndio no Pantanal. Foram feitas mais de 30 aplicações de células-tronco para ajudá-la na recuperação das queimaduras
graves que sofreu.

Ousado
Além de Amanaci, outra onça-pintada queimada no Pantanal foi levada a Corumbá de Goiás para receber tratamento contra queima-
dura nas patas: o macho batizado de Ousado. Com ferimentos menos graves, ele passou por sessões de laser e ozônio para se recuperar.

Depois de tratado os ferimentos, o felino foi solto no dia 20 de outubro, no mesmo local onde foi socorrido, na região de Porto Jofre,
na cidade de Poconé, em Mato Grosso.
Um vídeo mostra quando ousado sai da caixa de transporte. Após olhar em volta, ele deixa a estrutura de forma calma e corre em
direção à mata (assista acima). Dias depois, o Instituo Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) informou que ele parecia estar se readap-
tando bem.

(Fonte: https://g1.globo.com/go/goias/noticia/2020/12/11/onca-ferida-em-incendio-no-pantanal-se-recupera-de-ferimentos-e-vai-para-nova-
-casa-dentro-de-instituto-em-goias.ghtml)

Vacinas contra a Covid-19: veja comparativo das candidatas em estágio mais avançado
Abaixo, confira o status das vacinas mais promissoras em desenvolvimento contra a Covid-19. Veja quais são, os países que já fizeram
compras, a situação do registro e o que se sabe sobre eficácia.

COMPRAS E REGISTRO
Situação das vacinas: compras e registro

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ATUALIDADES
STATUS DOS TESTES
Status das vacinas: estágio dos testes

CARACTERÍSTICAS E CUSTOS
Status das vacinas: custos e características

(Fonte: https://g1.globo.com/bemestar/vacina/noticia/2020/12/10/vacinas-contra-a-covid-19-veja-comparativo-das-candidatas-em-estagio-
-mais-avancado.ghtml)

Governo define meta fiscal de déficit de R$ 232 bilhões em 2021


O governo decidiu enviar ao Congresso uma meta fiscal para 2021 de um déficit de R$ 232 bilhões, informou ao blog uma fonte que
participou da definição do número, na noite desta quinta-feira (10/12/2020). O número é fechado pela JEO (Junta de Execução Orçamen-
tária), comandada pela Casa Civil.
A primeira discussão, desde que a equipe econômica passou a estudar qual meta fiscal estabelecer para o ano posterior ao orçamento
de guerra da pandemia, era de um déficit em torno de R$ 210 bilhões. Mas o fato de o Tribunal de Contas da União (TCU) ter autorizado o
pagamento de restos a pagar de 2020 ao longo do próximo ano ampliou a previsão de despesas.
Quando enviou a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) em abril, o governo propôs ao Congresso que 2021 tivesse uma meta fiscal
flexível, pela indefinição de como a economia reagiria no pós-pandemia. O TCU, entretanto, exigiu uma meta fixa.
A LDO deve ser votada pelo Congresso no próximo dia 16.
A meta fiscal é calculada com base nas despesas totais previstas para o ano e a expectativa de receitas do governo. Ao calcular a meta
fiscal, a equipe econômica estimou um crescimento do PIB entre 3,5% e 4% em 2021.
A previsão de déficit primário do governo enviada em agosto ao Congresso já era de R$ 233,6 bilhões.

(Fonte: https://g1.globo.com/economia/blog/ana-flor/post/2020/12/11/governo-define-meta-fiscal-de-deficit-de-r-232-bilhoes-em-2021.ghtml)

Fundeb: entenda o que muda se escolas ligadas a igrejas forem beneficiadas pelo fundo de educação
No Brasil, existe um fundo, chamado “Fundeb”, que redistribui recursos para a educação básica pública: é um cofre abastecido por
impostos municipais e estaduais, com contribuições do governo federal. Para reduzir desigualdades, ele garante um valor mínimo que
deve ser investido em cada aluno das escolas de ensino infantil, fundamental e médio, e da educação de jovens e adultos (EJA). É usado
principalmente na remuneração de professores.
Na quinta-feira (10/12/2020), no entanto, a Câmara dos Deputados decidiu que escolas ligadas a igrejas também poderiam ser bene-
ficiadas. A proposta ainda precisa passar pelo Senado.
Abaixo, entenda o que pode mudar caso a mudança seja realmente aprovada:

9
ATUALIDADES
Por que o Fundeb está em discussão? tituições privadas? A maioria está em municípios mais ricos. Isso
Fundeb é a sigla para Fundo de Manutenção e Desenvolvimen- faz com que o Fundeb perca um pouco o caráter distributivo que o
to da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais de Edu- dinheiro da União traria”, afirma Costin.
cação. Ele existe desde 2007 e só estava garantido até o fim deste Lucas Fernandes Hoogerbrugge, líder de relações governamen-
ano. Em agosto, o Congresso Nacional aprovou o novo Fundeb, que tais no Todos Pela Educação, vê com preocupação dois pontos do
passou a fazer parte da Constituição Federal - ou seja, não tem mais texto: pagar salários de pessoas que não são da educação com re-
um prazo de vigência. cursos do Fundeb e repassar recursos para as entidades filantrópi-
Mas faltava uma etapa importante: regulamentar o texto do cas e confessionais.
fundo, para que o dinheiro pudesse ser usado a partir de janeiro “O número de confessionais e filantrópicas nos municípios
de 2021. mais ricos é 18 vezes maior do que nos municípios mais pobres.
Na quinta, a Câmara dos Deputados aprovou este texto-base Isso é o principal elemento que nos leva à conclusão de que no mo-
do projeto de lei. Ele ainda vai ser analisado e votado pelo Senado. mento que começar a computar as matrículas [nessas instituições],
já começa a tirar recurso dos mais pobres para os mais ricos”, avalia
O que diz o texto sobre o benefício a escolas da igreja? Hoogerbrugge.
Uma emenda destacou-se: a possibilidade de destinar os recur- Daniel Cara, dirigente da Campanha Nacional Pelo Direito à
sos do Fundeb para instituições: Educação e professor da Faculdade de Educação da Universidade
- filantrópicas comunitárias - cooperativas educacionais manti- de São Paulo (USP), criticou a inclusão das entidades filantrópicas
das por um grupo da comunidade, sem fins lucrativos; no Fundeb.
- confessionais - orientadas por uma equipe ligada a alguma “Quando você aumenta o número de escolas que podem ser
ideologia específica, como escolas em igrejas; beneficiadas pelo recurso público, que já é pouco, você está preju-
- profissionalizantes - turmas articuladas à EJA ou ao ensino dicando ainda mais as escolas públicas”, disse.
médio e cursos técnicos integrados a escolas, como os do Sistema S O especialista em educação afirmou, ainda, que escolas confes-
(Senac, Sesi e Senai). sionais são, muitas vezes, administradas por ordens religiosas “ex-
tremamente ricas”. “Elas já teriam condição de fazer suas atividades
No funcionamento atual, apenas as escolas públicas e a EJA re- filantrópicas sem o apoio do Estado.”
cebem os recursos do Fundeb. Nenhuma das instituições listadas Em nota, a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas
acima é beneficiada. Pela Constituição, elas só receberiam repasses (Ubes) também se pronunciou contra o texto aprovado pela Câma-
se faltassem vagas no ensino fundamental ou médio - o que não ra.
ocorre no momento. “É uma decisão arbitrária e que causa um ‘apartheid educacio-
nal’ no país – penaliza os mais pobres, explorados e excluídos da
Como o dinheiro seria usado pelas instituições filantrópicas? sociedade”, afirma a Ubes.
Segundo o texto-base aprovado pela Câmara, as instituições Sonia Dias, especialista em educação e coordenadora de Imple-
filantrópicas, confessionais e profissionalizantes poderiam usar a mentação Regional do Itaú Social, afirma que “é um ganho” o novo
verba do Fundeb para pagar salários de: Fundeb ter sido aprovado e a regulamentação passar pela Câmara,
mas ainda há detalhes a serem acertados.
- professores;
“Foi aprovado, é um ganho, e vai agora para o Senado, mas
- profissionais das áreas administrativas;
ainda tem as letras miúdas do que precisa entrar no Fundeb e do
- psicólogos e assistentes sociais;
que precisa ser regulamentado. Quanto mais tempo demora, maior
- terceirizados
o impacto em nossas crianças”, alerta Dias.
Para ela, a discussão sobre as instituições confessionais e filan-
Qual o argumento da Câmara para incluir as instituições filan-
trópicas pode ofuscar o debate sobre o custo aluno-qualidade, por
trópicas?
exemplo, que está no novo Fundeb e ainda precisa ser detalhado.
A Câmara afirma que é importante acrescentar as instituições
filantrópicas ao Fundeb para “garantir de forma universal a moda- O que acontece agora?
lidade da educação especial e do campo” e a “educação infantil”. O texto segue para o Senado. Se não tiver alteração, poderá ser
Segundo o Censo Escolar 2019, 71,4% das matrículas na educa- aprovado como está.
ção infantil estão na rede municipal, que já eram beneficiadas pelo Se tiver alteração, volta para a Câmara, que vai analisar as mu-
Fundeb. O fundo, inclusive, é essencial para o funcionamento des- danças.
sas escolas - representa mais de 80% da verba em 2.022 cidades, se- Caso o ano termine sem que o Fundeb seja regulamentado, é
gundo levantamento do Laboratório de Dados Educacionais (LDE). possível que uma medida provisória (MP) seja publicada para per-
O restante das matrículas está na esfera privada. Do total, ape- mitir a operacionalização no início do ano que vem.
nas 8,2% dos alunos dessa etapa de ensino pertencem a instituições A regra atual expira em 31 de dezembro.
comunitárias, confessionais e filantrópicas conveniadas.
(Fonte: https://g1.globo.com/educacao/noticia/2020/12/11/fundeb-
O que especialistas pensam sobre a mudança? -entenda-o-que-muda-se-escolas-ligadas-a-igrejas-forem-beneficia-
Claudia Costin, diretora do Centro de Políticas Educacionais da das-pelo-fundo-de-educacao.ghtml)
Fundação Getúlio Vargas no Rio (FGV/RJ), afirma que a nova regra,
se passar pelo Senado, vai impactar o caráter distributivo de recur- Brasil vence prêmio Fóssil do Ano por ‘calar sociedade civil’ e
sos do Fundeb. ‘desproteger povos indígenas’
“Reservar recursos para entidades filantrópicas e privadas para O governo brasileiro foi escolhido nesta sexta-feira (11/12/2020)
além da educação infantil, que é onde já está permitido, tem dois como vencedor em duas categorias do prêmio “Fóssil do Ano”. Ao
efeitos ruins. Primeiro, vai financiar a iniciativa privada. Não faz sen- todo, a premiação concedeu cinco “estatuetas” e o Brasil teve a
tido tirar recurso das escolas públicas, que já são insuficientes, e companhia de Austrália e Estados Unidos entre os vencedores.
dar para outras instituições. Outro ponto é: onde estão essas ins-

10
ATUALIDADES
O prêmio é tradicionalmente concedido durante as conferên- Veja abaixo a íntegra da carta dos servidores da Anvisa:
cias do clima da ONU e é organizado pela Climate Action Network
(CAN). Por causa da pandemia, a conferência não foi realizada em CARTA ABERTA À SOCIEDADE BRASILEIRA EM DEFESA DA
2020, mas a CAN celebrou uma edição especial para destacar os AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA
países que “fizeram seu melhor para serem os piores” nos últimos Nós, servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
cinco anos. (Anvisa), reafirmamos, por meio desta carta aberta, o caráter téc-
O Brasil venceu na categoria “Não proteger as pessoas dos nico e independente dos trabalhos e das atividades desenvolvidos
Impactos Climáticos”. A escolha foi justificada pelos organizadores pelos servidores da Agência na promoção e na proteção da saúde
diante do que apontam como um esforço do governo Bolsonaro em da população. Por se tratar de uma autarquia sob regime especial,
destruir os ecossistemas brasileiros e não proteger os povos indíge- conforme define a própria lei de criação da Anvisa, a Agência não
nas das queimadas e dos efeitos da mudança do clima. serve aos interesses de governos, de pessoas, de organizações ou
O segundo prêmio foi concedido na categoria “Reduzir o es- de partidos políticos.
paço da sociedade civil”. Os organizadores destacam a repressão Pressões externas são inerentes ao trabalho desenvolvido por
aos grupos da sociedade civil que resistem às políticas de desmonte nós, servidores da Anvisa, mas o trabalho técnico está acima de
ambiental e lutam pelos direitos das comunidades indígenas. qualquer pressão. A Anvisa é um órgão do Estado brasileiro e está a
No quesito, o destaque foi para o plano do Conselho Nacional serviço do povo brasileiro. Ao longo dos seus 20 anos de existência,
da Amazônia Legal, coordenado pelo vice-presidente, general Ha- a Agência consolidou-se como uma referência no setor de saúde
milton Mourão, que pretende, por meio de um marco regulatório, justamente pelo trabalho desenvolvido por seus servidores, que re-
ter o “controle” de 100% das ONGs que atuam na região até 2022. sultou na reconhecida excelência da sua atuação regulatória e na
“A sociedade civil, apesar das ameaças, precisa se fortalecer credibilidade de suas ações e decisões, baseadas exclusivamente
para pressionar, nacional e internacionalmente, por medidas efeti- em critérios técnicos e científicos.
vas de redução nas emissões, pela preservação das florestas e pro- Deve-se destacar que a Anvisa foi classificada como Agên-
teção dos indígenas”, disse Nayara Castiglioni Amaral, coordenado- cia Reguladora Nacional de Referência Regional pela Organização
ra-geral do Engajamundo, que recebeu os prêmios. Pan-Americana da Saúde (Opas). Em 2019, também foi eleita para
ocupar a última vaga disponível no Comitê Gestor do Conselho In-
Austrália e Estados Unidos ternacional de Harmonização de Requisitos Técnicos para Registro
A Austrália foi a vencedora na categoria “Não honrar a meta de Medicamentos de Uso Humano (ICH). O Comitê Gestor do ICH
de 1,5°C” por defender o carvão mineral e se recusar a adotar uma é composto pelos membros permanentes (Estados Unidos, União
meta de neutralização de emissões. Europeia, Japão, Canadá e Suíça) e há quatro vagas para membros
Os EUA venceram por “não prover financiamento climático” e eleitos, das quais três foram ocupadas em 2018 (Coreia do Sul, Chi-
ainda levaram o prêmio máximo “Fóssil Colossal” por terem abando- na e Singapura) e, agora, pelo Brasil, cujo mandato vai até 2021.
nado o Acordo de Paris. No ano passado, o grande prêmio ficou com o Além disso, em 30 de novembro deste ano, a Anvisa foi for-
Brasil, por “culpar ambientalistas pelas queimadas na Amazônia” malmente comunicada da conclusão, com sucesso, do processo de
adesão da Agência ao Esquema de Cooperação em Inspeção Far-
(Fonte: https://g1.globo.com/natureza/noticia/2020/12/11/brasil-ven- macêutica (PIC/S, do inglês Pharmaceutical Inspection Co-opera-
ce-premio-fossil-do-ano-por-calar-sociedade-civil-e-desproteger-po- tion Scheme). Assim, a Anvisa se tornou o 54º membro da iniciativa
vos-indigenas.ghtml) internacional em inspeção farmacêutica, passando a contar com o
reconhecimento internacional da excelência das inspeções em Boas
Funcionários da Anvisa afirmam em carta que agência ‘não Práticas de Fabricação (BPF) de medicamentos e insumos farmacêu-
serve aos interesses de governos’ ticos de uso humano. O cumprimento das Boas Práticas de Fabrica-
Funcionários da Agência Nacional de Vigilância Sanitária ção Farmacêuticas por parte das empresas fabricantes é requisito
(Anvisa) publicaram no início da madrugada desta sexta-feira prévio fundamental para a aprovação e a comercialização desses
(11/12/2020) uma carta aberta para afirmar que eles atuam com insumos de saúde no Brasil.
base em critérios científicos e que não servem “aos interesses de É importante ressaltar, ainda, que o corpo técnico da Anvisa
governos, de pessoas, de organizações ou de partidos políticos”. Os é constituído por servidores de carreira. Ademais, o Comitê cria-
servidores estão no meio de uma disputa política provocada pela do para se dedicar exclusivamente à análise dos pacotes de dados
corrida para a obtenção de vacinas contra a Covid-19. contidos nos pedidos de registro e de autorização para uso emer-
A Associação dos Servidores da Anvisa (Univisa) reforça no gencial das vacinas contra a Covid-19, doença caracterizada como
texto que o trabalho técnico da autarquia está “acima de qualquer pandemia pela OMS desde março de 2020 e que já vitimou dra-
pressão”. maticamente mais de 178 mil brasileiros, tem seguido e respeita-
“Pressões externas são inerentes ao trabalho desenvolvido por do preceitos técnicos previstos no arcabouço regulatório sanitário
nós, servidores da Anvisa, mas o trabalho técnico está acima de vigente no país.
qualquer pressão”, diz trecho do documento. Nesse sentido, tal comitê tem trabalhado incansavelmente, por
A Anvisa acabou sendo envolvida no embate entre o governa- meio de avaliação técnica criteriosa, que inclui uma análise rigorosa
dor de São Paulo, João Doria, e o presidente Jair Bolsonaro, que dos dados laboratoriais, de produção, de estabilidade e clínicos, de
divergem sobre os prazos e a forma de liberação das vacinas. forma isenta e sem se submeter a qualquer tipo de pressão política
Na carta, os funcionários da Anvisa informam que foi criado e no menor tempo possível, com o objetivo de assegurar que as va-
um comitê especial durante a pandemia para se dedicar exclusiva-
cinas contra a Covid-19 que venham a ser registradas pela Agência
mente à análise de dados contidos nos pedidos de registros e auto-
sejam seguras, eficazes e produzidas com qualidade. Somos sen-
rização para uso emergencial de vacinas contra o novo coronavírus.
síveis e solidários a este momento crítico que todos nós estamos
“Tal comitê tem trabalhado incansavelmente, por meio de ava-
atravessando e temos trabalhado de forma ativa no enfrentamento
liação técnica criteriosa, que inclui uma análise rigorosa dos dados
da pandemia desde o início e em diversas frentes, como no controle
laboratoriais, de produção, de estabilidade e clínicos, de forma isen-
sanitário de portos, aeroportos e fronteiras, no registro de kits de
ta e sem se submeter a qualquer tipo de pressão política e no me-
diagnóstico da doença, na agilização do registro de respiradores,
nor tempo possível”.

11
ATUALIDADES
na elaboração de protocolos de segurança em serviços de saúde, Entenda a importância dos cabos submarinos
na flexibilização de normas para disponibilização de álcool gel e sa- É bastante provável que você já tenha ouvido falar de cabos
neantes, entre outros. submarinos. Eles são usados em trechos de mar para ligar estações
Por isso tudo, neste momento de pandemia, ratificamos nos- terrestres e, assim, transmitir sinais de telecomunicações por lon-
so compromisso com a saúde, com o povo brasileiro e com uma gas distâncias. Para isso, são instalados no assoalho oceânico.
atuação ética, obrigação de todos os servidores públicos, frente a Esses cabos recebem proteção mecânica adicional para que
qualquer tipo de pressão ou intervenção política no desenvolvi- sejam instalados sob a água: normalmente, têm interior de aço e
mento de nossas atividades. Estamos cientes da importância e das isolamento especial. Eles podem ser metálicos, coaxiais ou ópticos
expectativas em torno das atividades que desenvolvemos na análi- — os mais utilizados atualmente.
se da qualidade, da segurança e da eficácia das vacinas para a Co-
vid-19. Sentimos orgulho de contribuir para enfrentar esta situação (Fonte: https://olhardigital.com.br/2020/12/14/noticias/cabo-subma-
inédita de pandemia e estamos cientes de que o nosso trabalho irá rino-brasil-europa-ancorado-fortaleza/)
reverberar em cada família brasileira, inclusive nas nossas próprias.
Afinal, também somos cidadãos e somos igualmente afetados pelas Governo de SP muda de estratégia e decide pedir o registro
decisões da Anvisa. definitivo da CoronaVac
Por fim, prestamos nossa solidariedade a todos os familiares e O governo de São Paulo decidiu adiar em uma semana o envio
pessoas que perderam entes queridos em razão da Covid-19 e pres- dos estudos da fase 3 da CoronaVac para a Anvisa. E, em vez de
tamos também nossa homenagem aos trabalhadores da saúde que pedir o registro emergencial, vai solicitar a permissão definitiva às
se encontram na linha de frente de atuação no enfrentamento da agências chinesa e brasileira.
pandemia. Podem ter certeza de que nós, servidores da Anvisa, não Antes de correr pelas “artérias” da fábrica do Instituto Butan-
faltaremos ao povo brasileiro e daremos nossas melhores energias tan, a CoronaVac passou por provas. Nas duas primeiras fases dos
e todo o nosso conhecimento técnico para aprovar, com segurança estudos clínicos, foi testada em 743 pacientes. Primeiro, mostrou
e com a urgência que a situação exige, as vacinas que o país aguarda que é segura. Depois, que é capaz de gerar anticorpos contra o co-
com tanta ansiedade. Mantemos o nosso compromisso de atuar em ronavírus. O último teste é a fase 3 com 12.400 mil profissionais de
prol dos interesses da saúde pública, honrando a missão da Agência saúde, como voluntários no Brasil. Metade recebeu a vacina. Meta-
de tomou placebo, soro sem imunizante. É nessa fase que a vacina
de “proteger e promover a saúde da população, mediante a inter-
prova ou não se protege de fato contra a doença.
venção nos riscos decorrentes da produção e do uso de produtos e
O governo paulista diz que o número mínimo de contaminados
serviços sujeitos à vigilância sanitária, em ação coordenada e inte-
já foi ultrapassado e chegou a 170 voluntários. Com isso, é possível já
grada no âmbito do Sistema Único de Saúde”.
quebrar o sigilo dos estudos, e dizer quais deles receberam placebo e
quais tomaram a vacina. Só então será possível saber a taxa de eficácia
(Fonte: https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/12/11/funciona-
da CoronaVac. É o que falta para que a vacina da chinesa Sinovac, pro-
rios-da-anvisa-afirmam-em-carta-que-agencia-nao-serve-aos-interes-
duzida em parceria com o Instituto Butantan, seja submetida à aprova-
ses-de-governos.ghtml)
ção emergencial nas agências sanitárias. A entrega dos resultados esta-
va prevista para acontecer nesta terça (15/12/2020), mas o governo de
Cabo submarino que ligará Brasil e Europa é ancorado em For- São Paulo decidiu pedir o registro definitivo e, por isso, transferiu para
taleza semana que vem, para o dia 23 deste mês.
O Brasil ganhará mais um ponto de conexão de internet de alta Os técnicos do governo de São Paulo não esconderam que
velocidade com a Europa. Um cabo submarino de fibra óptica ligará adiar a entrega na verdade é uma forma de correr contra o tem-
as cidades de Fortaleza, no Ceará, a Sines, em Portugal, e permitirá po. O pedido será feito à Anvisa e à agência de vigilância sanitária
o tráfego de dados de 72 terabits por segundo e latência de 60 mi- chinesa. Se a agência chinesa aprovar o registro definitivo, pela lei
lissegundos. brasileira a Anvisa terá 72 horas para se manifestar.
A ancoragem do cabo aconteceu nesta segunda-feira “Na prática, optar por registrar a vacina com o estudo conclusi-
(14/12/2020), na Praia do Futuro, e o projeto tem expectativa de vo garantirá agilidade no pedido de reconhecimento desta vacina”,
conclusão para meados de 2021. Segundo o Ministério das Comu- diz João Doria, governador de São Paulo.
nicações, o cabo ainda se estenderá para pontos no Rio de Janeiro “É a primeira vacina que terá seus estudos clínicos concluídos.
e em São Paulo, além de conexões na África e em outros países Os demais estão sendo usados no esquema de uso emergencial,
europeus, ilhas do Atlântico e Guiana Francesa. ainda dentro de estudos experimentais “, afirma Dimas Covas, pre-
“Temos hoje um cabo que já faz essa conexão, mas de voz, en- sidente do Instituto Butantan.
tre Brasil e Europa, que passa pelos Estados Unidos, mas que já tem O infectologista Renato Kfouri não viu com surpresa a mudança
mais de 20 anos. A vida útil de um cabo de fibra óptica que faz esse de planos. Para ele, o andamento do estudo gerou dados para que
tipo de tráfego, ele tem uma durabilidade em torno de 25 anos”, os técnicos pudessem buscar um registro definitivo.
explica o ministro das Comunicações, Fábio Faria. “Ao analisar parte do processo de uma análise interina, duran-
A instalação do cabo submarino será feita por uma empresa te a análise mais dados surgiram, trazendo mais robustez a esses
privada, a Ellalink, e custará R$ 1 bilhão. O cabo tem 6 mil quilôme- dados. O fabricante, no caso o Instituto Butantan decidiu por aguar-
tros de extensão, podendo chegar a 5 quilômetros de profundidade dar, somar esses dados a esses novos para que seja entregue um
em alguns locais. Atualmente, a comunicação entre Brasil e Europa dossiê de uma qualidade melhor “, diz Renato Kfouri, da Associação
passa antes pelos Estados Unidos, o que dobra o caminho percorri- Brasileira de Imunizantes.
do: 12 mil quilômetros. A expectativa do Governo de São Paulo é de que o registro de-
“O Brasil é um dos países que mais produz dados no mundo, e finitivo seja aprovado até o fim do ano. A vacina está sendo pro-
com o 5G nós teremos um aumento ainda maior. Então, nós preci- duzida no Instituo Butantan, que já fez 1 milhão de doses com a
samos de escoamento”, completa Faria. matéria prima que chegou da China. De acordo com o governo, a a
farmacêutica Sinovac vai mandar, no total, 6 milhões vacinas pron-
tas e insumos para que o Butantan produza 40 milhões de doses até
o começo de 2021.

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ATUALIDADES
(Fonte: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2020/12/14/governo-de-sp-muda-de-estrategia-e-decide-pedir-o-registro-definitivo-da-co-
ronavac.ghtml)

Veja ordem dos desfiles do grupo especial do carnaval 2021 do RJ


Nesta segunda-feira (14) foi definida a ordem dos desfiles das escolas de samba do Grupo Especial no carnaval de 2021, que, por causa
da pandemia, estão previstos para acontecer no segundo semestre do ano que vem, no Rio. O sorteio foi realizado pela Liga Independente
das Escolas de Samba (Liesa).
Domingo (11)
1. Imperatriz
2. Mangueira
3. Salgueiro
4. São Clemente
5. Viradouro
6. Beija-flor

Segunda (12)
1. Paraíso do Tuiuti
2. Portela
3. Mocidade
4. Unidos da Tijuca
5. Grande Rio
6. Vila Isabel

Mudança no calendário
Por conta da pandemia do novo coronavírus, o carnaval não vai acontecer em fevereiro e foi transferido para o meio do ano.
As agremiações e a Liesa, entretanto, condicionaram a realização da festa à descoberta da vacina e campanha de imunização contra a
Covid-19, entre outras questões burocráticas, como a discussão de um projeto de lei para definir um feriado.
Os desfiles inicialmente estão previstos para os dias 11 e 12 de julho.
“Se não tiver vacina, não terá desfile em julho”, disse Jorge Castanheira, presidente da Liesa.

(Fonte: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/carnaval/2021/noticia/2020/12/14/veja-ordem-dos-desfiles-do-grupo-especial-do-carnaval-
-2021-do-rj.ghtml)

7 milhões de pessoas atingidas e 2 toneladas de ração doadas: a campanha de marketing que viralizou nas redes sociais

“Cada vez que o dog for compartilhado, 1 kg de ração será doado”. Quem usou as redes sociais, principalmente o Instagram e o Face-
book, neste final de semana provavelmente se deparou com esta frase seguida da imagem de um (fofo) labrador. A publicação é fruto de
uma campanha de marketing que viralizou e atingiu 7 milhões de pessoas em apenas dois dias, gerando uma doação de 2 toneladas de
ração no total.
A campanha foi criada pelo escritório Moresco Contabilidade, de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, às 10h do último sábado, 12 de de-
zembro. A meta era doar, no máximo, 2 toneladas, mas em menos de duas horas, metade disso já havia sido batido. “Ficamos apavorados
e felizes”, conta Morgana Moresco, 33, diretora do escritório, com exclusividade a PEGN.
A executiva conta que a ideia da campanha surgiu ainda em 2012, fruto de uma história curiosa. Ela, que já trabalhava no escritório
fundado por sua família, conta que dificilmente gostava dos presentes que ganhava de aniversário. “Ou trocava, ou não usava”, diz. A so-
lução? Pedir 1 kg de ração para os seus cachorrinhos.

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ATUALIDADES
A brincadeira foi crescendo e os colegas do escritório come- O relator também disse considerar que a finalidade da isenção
çaram a dar o valor em dinheiro, ao invés de carregar um saco de é pouco evidente, sendo que “há razões para entender que seus ob-
ração no seu aniversário. Daí surgiu a ideia de transformar a brinca- jetivos podem não se coadunar com os mecanismos de legitimação
deira pessoal em uma ação social do escritório. constitucional e a diligência devida”.
Em 2015, fizeram um planejamento estratégico com uma agên- Fachin ressaltou que a segurança dos cidadãos deve primeira-
cia de marketing e lançaram a campanha no mesmo formato, só mente ser garantida pelo Estado, e não pelos indivíduos.
que no Facebook. A cada compartilhamento, 1 kg de ração doado. “É possível concluir que não há, por si só, um direito irrestrito ao
No primeiro ano, foram 400 kg, no segundo, 700 kg, e em 2017, 1,5 acesso às armas, ainda que sob o manto de um direito à legítima defe-
tonelada. Em 2019, no entanto, Moresco se decepcionou: apenas sa. O direito de comprar uma arma, caso eventualmente o Estado opte
380 kg. Aí surgiu o plano de fazer em 2020 uma ação mais consis- por concedê-lo, somente alcança hipóteses excepcionais, naturalmente
tente, com um novo parceiro de marketing. limitadas pelas obrigações que o Estado tem de proteger a vida”, disse.
“A agência sugeriu fazermos no Instagram também, porque O ministro ponderou ainda sobre os efeitos da medida no mer-
nosso escritório ainda não tinha uma conta lá”, afirma. Para viabi- cado nacional.
lizar, firmaram uma parceria com a ONG Sítio da Vovó, que abriga “É inegável que, ao permitir a redução do custo de importação
mais de 600 cachorros abandonados, em Arroio dos Ratos, no inte- de pistolas e revólveres, o incentivo fiscal contribui para a compo-
rior do Rio Grande do Sul. sição dos preços das armas importadas e, por conseguinte, perda
Quando a campanha viralizou em menos de duas horas, a automática de competitividade da indústria nacional; o que afronta
executiva conta que ficou tensa. “Começamos a ficar apavorados. o mercado interno, considerado patrimônio nacional”.
Passamos o sábado inteiro no WhatsApp acompanhando e tivemos
uma reunião de duas horas no domingo para pensar em tudo”, diz. A decisão do governo
A solução foi limitar a doação a 2 toneladas, meta original. Mas para A isenção da alíquota não se aplica a alguns tipos de armas,
não pausar aí, Moresco também decidiu fazer uma parceria com a como as que são carregadas exclusivamente pela boca, pistolas lan-
agência para oferecer ao Sítio da Vovó uma “consultoria de marke- ça-foguetes, revólveres para tiros de festim e armas de ar compri-
ting”. Juntas, vão criar redes sociais para a ONG e organizar novas mido ou de gás.
campanhas. Esta medida se junta a outras tomadas no sentido da flexibili-
Ela também conta que ficou um pouco chateada com parte da zação nas regras de armamento, que vêm sendo adotadas desde o
repercussão na internet. “Muita gente desacreditando da campa- início do governo de Jair Bolsonaro – o presidente é declaradamen-
nha. Sou muito amante da causa, confesso que tive até dificuldade te favorável ao armamento da população.
para dormir. Mas depois refleti e fiquei feliz, porque também teve
muita gente apoiando.” (Fonte: https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/12/14/fachin-sus-
A entrega ainda está sendo planejada, mas deve acontecer no pende-aliquota-zero-para-importacao-de-revolveres-e-pistolas.ghtml)
próximo sábado, dia 19. “Estamos ansiosos para brincar com os ca-
chorros”, diz. Governo ignorou recomendação da Anvisa sobre testes de
viajantes que chegam ao Brasil
(Fonte: https://revistapegn.globo.com/Banco-de-ideias/Pet/noti- O governo Jair Bolsonaro decidiu ignorar uma recomendação,
cia/2020/12/7-milhoes-de-pessoas-atingidas-e-2-toneladas-de-racao- publicada em nota técnica da Agência Nacional de Vigilância Sani-
-doadas-campanha-de-marketing-que-viralizou-nas-redes-sociais. tária (Anvisa), sobre medidas de controle a serem adotadas para a
html) entrada de pessoas que chegam ao Brasil por aeroportos.
Na nota, a Anvisa sugeriu, entre vários outros pontos, que o passa-
Fachin suspende alíquota zero para importação de revólveres geiro só embarcasse para o Brasil mediante a apresentação de um docu-
e pistolas mento que comprovasse o resultado negativo do teste de coronavírus.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin
A Nota Técnica 238/2020 propôs: “Apresentação, antes do em-
suspendeu, nesta segunda-feira (14/12/2020), a alíquota zero para
barque, de documento comprobatório de realização de teste labo-
a importação de revólveres e pistolas. A isenção tinha sido defini-
ratorial (RT-PCR), para rastreio de infecção por SARS-CoV-2, com re-
da na última semana pela Câmara de Comércio Exterior (Camex),
sultado negativo/não reagente, realizado com 72 horas anteriores
vinculada ao Ministério da Economia, mas só passaria a valer no
ao momento do embarque.”
próximo dia 1º de janeiro.
Ao publicar a Portaria 615/2020, que trata da restrição para es-
Com a decisão de Fachin, fica mantido o imposto de impor-
trangeiros entrarem no Brasil, o governo ignorou a recomendação.
tação atual, que é de 20% sobre o valor da arma. Fachin também
determinou que a decisão individual seja submetida à análise do
plenário do Supremo, em data a ser definida. Medidas sanitárias
A suspensão atende a um pedido do PSB, que contestou o ato Outra recomendação ignorada pelo governo foi a declaração
do governo em ação apresentada na semana passada. Após a de- de saúde do viajante, no qual ele deveria informar ter concordância
cisão, o advogado Rafael Carneiro, que assinou a ação do partido, com as medidas sanitárias que devem ser cumpridas no período em
afirmou que o decreto colocava em risco a segurança da sociedade que estiver no Brasil.
e que não havia nenhum interesse social em zerar a alíquota. A nota técnica da Anivsa ressaltou que somente Brasil e México
Na decisão, Fachin diz que “o risco de um aumento dramáti- não adotam restrições desse tipo para a entrada de viajantes de
co da circulação de armas de fogo, motivado pela indução causada outros países.
por fatores de ordem econômica, parece-me suficiente para que a A nota sugeriu ainda que fossem analisados outros dois pontos:
projeção do decurso da ação justifique o deferimento da medida - necessidade de isolamento
liminar [decisão provisória]”. - exigência de seguro-saúde dos viajantes.
O ministro afirmou que a redução a zero da alíquota do im-
posto de importação sobre pistolas e revólveres, por contradizer o (Fonte: https://g1.globo.com/politica/blog/gerson-camarotti/
direito à vida e o direito à segurança, viola o ordenamento consti- post/2020/12/15/governo-ignorou-recomendacao-da-anvisa-sobre-
tucional brasileiro. -testes-de-viajantes-que-chegam-ao-brasil.ghtml)

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ATUALIDADES
Paulinho, vocalista do Roupa Nova, morre no Rio aos 68 anos Deflagradas pela Polícia Federal nesta segunda-feira
após contrair Covid-19 (14/12/2020), as 6ª e 7ª fases da operação investigam um suposto
O cantor Paulo César Santos, o Paulinho, vocalista do Roupa esquema criminoso de venda de decisões judiciais.
Nova, morreu na noite desta segunda-feira (14/12/2020), aos 68 Maria do Socorro Santiago está presa desde novembro do ano
anos. Ele estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do passado, quando foi alvo de um desdobramento da Operação Fa-
Hospital Copa D’or, na Zona Sul do Rio, onde fazia tratamento para roeste.
se recuperar de complicações da Covid-19. Amanda Santiago foi citada na delação premiada de um dos ad-
A informação da morte foi confirmada pela assessoria de im- vogados acusados de negociar compras de sentenças. Ao Ministério
prensa da banda e pela unidade de saúde. O hospital disse ainda Público Federal (MPF), ele denunciou a existência de cinco grupos
que não tem autorização da família para divulgar mais detalhes. Em de atuação no esquema: “Orcrim da desembargadora Lígia Cunha”,
mensagem enviada ao G1, a assessoria do Roupa Nova informou “Orcrim da desembargadora Ilona Reis”, “Grupo criminoso do de-
que o artista “já não estava mais infectado [com coronavírus], po- sembargador Ivanilton da Silva”, “Orcrim do desembargador Gesi-
rém, em decorrência do vírus, outros fatores complicaram”. valdo Britto” e o “Orcrim da desembargadora Maria do Socorro”.
Paulinho foi diagnosticado com coronavírus enquanto se recu- As investigações apontaram que Amanda Santiago apresentou
perava de um transplante de medula óssea que havia feito em se- movimentação financeira de mais de R$ 8 milhões no período anali-
tembro para tratar um linfoma – no procedimento, foram utilizadas sado pelas autoridades, apesar de declarar R$ 1 mil em renda neste
as próprias células do paciente, que respondeu bem ao tratamento. mesmo tempo.
No entanto, em novembro, ele precisou ser novamente internado, A análise da movimentação bancária da artista também apon-
desta vez com Covid-19. tou transferências “vultuosas” para a desembargadora Maria do
Em uma postagem nas redes sociais mais cedo nesta segunda, Socorro Barreto Santiago, que variavam entre R$ 25 mil e R$ 80 mil.
a banda tinha informado que o quadro de saúde do artista era de- Maria do Socorro Barreto Santiago é ré na operação e está pre-
licado. sa por envolvimento na organização criminosa.
No documento do Superior Tribunal de Justiça (STJ), foi revela-
Trajetória do que a desembargadora teria feito o pagamento de um imóvel na
Nascido no Rio em 1952, Paulo César Santos se apresentava em Praia do Forte à francesa Marie Agnês, que acusa a ex-presidente de
bailes cariocas antes de se juntar à banda Os Famks, nos anos 1970. ter se apropriado ilegalmente da casa - uma das parcelas quitadas
O grupo depois mudaria o nome Os Motokas, antes de receber o foi de R$ 275 mil.
nome definitivo, Roupa Nova, após assinar um contrato de grava- Segundo o STJ, Amanda Santiago também teria realizado ope-
ção, já na década de 1980. rações financeira com Adailton Maturino (acusado de ser chefe do
Sua voz se tornou uma das principais marcas da banda. Pauli- esquema de venda de sentenças em processos sobre posse de ter-
nho faz os vocais principais em hits como “Canção de verão”, “Sen- ras no oeste da Bahia) e a esposa dele, Geciane Maturino, em valo-
sual”, “Volta pra mim”, “Asas do prazer” e “Meu universo é você”. res que podem chegar a R$ 1 milhão, fazendo saque de R$ 500 mil
Foi também percussionista do grupo, além de autor de músicas para dificultar a vinculação criminosa entre os investigados.
como “Assim como eu” e “Fora do ar”, ao lado de outros integran- Através de nota, a defesa da desembargadora Maria do Socorro
tes. afirma que a busca e apreensão realizada na casa de Amanda tem
Com Serginho Herval, Kiko, Nando, Ricardo Feghali e Cleberson a finalidade de “inviabilizar o julgamento do agravo regimental em
Horsth, ajudou a transformar o Roupa Nova em fenômeno já no que se discute a real necessidade da prorrogação de uma prisão
início dos anos 80. cautelar que já ultrapassa um ano”.
O grupo se consagrou a partir do segundo disco da carreira, A nota diz ainda que Amanda “jamais recebeu qualquer valor
lançado em 1982, com a clássica “Clarear”, que se tornou tema da advindo de qualquer prática de crime, seja em nome próprio ou de
novela “Jogo da vida” (TV Globo). sua mãe”. Destaca também que, durante a prisão da desembarga-
Era o início de uma trajetória que transformaria o Roupa Nova dora Maria do Socorro, “detém procuração para receber os rendi-
em recordista de trilhas de novelas, com mais de 30 músicas sele- mentos da magistrada e arcar com as respectivas defesas”.
cionadas para tramas de TV. Os outros 34 mandados de busca e apreensão das 6ª e 7ª fases
Com o grupo, Paulinho já dividiu os vocais com nomes como da operação Faroeste foram cumpridos em Salvador, em outras três
Ivete Sangalo, Zélia Duncan, Elba Ramalho, Zezé di Camargo e Lucia- cidades baianas — Barreiras, Catu, Uibaí — e um em Brasília (DF).
no e artistas internacionais, como a banda de Soul americana The
Commodores. Nova etapa da operação Faroeste
Paulinho deixa dois filhos: Pepê, baterista da banda Jamz, reve- Na etapa realizada nesta segunda-feira (14), as desembargado-
lada no programa SuperStar (TV Globo), e a cantora Twigg. ras Lígia Maria Ramos Cunha Lima e Ilona Márcia Reis, do Tribunal
de Justiça da Bahia, foram alvos de mandados de prisão temporária.
(Fonte: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2020/12/14/ Um mandado de prisão preventiva também foi emitido para Ronil-
paulinho-integrante-do-roupa-nova-morre-no-rio.ghtml) son Pires de Carvalho. O pedido não detalha o cargo de Ronilson,
mas afirma que o pagamento da propina era pago na conta dele.
Operação Faroeste: filha de desembargadora, ex-cantora da A defesa de Lígia Ramos informou que a prisão temporária “é
Timbalada foi alvo de busca e apreensão medida por demais grave e precipitada” e que “a desembargadora
A ex-cantora da banda Timbalada, Amanda Santiago, filha da nunca foi chamada para ser ouvida”. O G1 não conseguiu contato
desembargadora Maria do Socorro Barreto Santiago, ex-presidente com a defesa de Ilona Reis. Até a publicação desta reportagem, a
do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), foi um dos 35 alvos de man- Polícia Federal não tinha confirmado se as duas já foram detidas.
dados de busca e apreensão da nova etapa da operação Faroeste. Outros alvos da operação foram o secretário de Segurança
Por meio de nota, a defesa da desembargadora Maria do Socorro Pública (SSP) da Bahia, Maurício Barbosa, e a delegada chefe de
afirmou que Amanda não tem qualquer envolvimento no esquema gabinete da pasta, Gabriela Caldas Rosa de Macêdo. Ambos foram
investigado. afastados do cargo por decisão do Superior Tribunal de Justiça. O
subsecretário da SSP, Ary Pereira de Oliveira, assumiu a pasta.

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ATUALIDADES
A investigação aponta a existência de um suposto esquema de (Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2020-12/anvi-
venda de decisões judiciais por juízes e desembargadores da Bahia, sa-certifica-farmaceutica-chinesa-que-desenvolveu-coronavac)
com a participação de membros de outros poderes, que operavam
a blindagem institucional da fraude. Defesa de Marcelo Crivella pede que prefeito do Rio seja solto
O esquema, segundo a denúncia, consistia na legalização de e responda em liberdade
terras griladas no oeste do estado. A organização criminosa inves- Os advogados do prefeito do Rio, Marcelo Crivella (Republica-
tigada contava ainda com laranjas e empresas para dissimular os nos), entraram com uma ação no Superior Tribunal de Justiça (STJ)
benefícios obtidos ilicitamente. pedindo que ele seja solto e responda em liberdade.
Há suspeitas de que a área objeto de grilagem supere os 360 O pedido foi feito nesta terça-feira (22/12/2020), horas após a
mil hectares e de que o grupo envolvido na dinâmica ilícita tenha prisão, enquanto Crivella ainda aguardava a audiência de custódia.
movimentado cifras bilionárias. A investigação aponta a existência de um “QG da Propina” na
Prefeitura do Rio. No esquema, de acordo com as apurações do MP,
Operação Faroeste empresários pagavam para ter acesso a contratos e para receber
Antes da operação desta segunda (14), a quinta fase da Ope- valores que eram devidos pela gestão municipal.
ração Faroeste ocorreu no dia 24 de março. Na ocasião, a Polícia De acordo com a investigação, Crivella seria o líder da quadrilha
Federal cumpriu 11 mandados expedidos, três deles de prisão tem- e o esquema teria direcionado ao menos R$ 50 milhões em propina.
porária e outros oito de busca e apreensão. A defesa de Crivella argumenta que:
A primeira fase da operação ocorreu em 19 de novembro de - não há provas de que Crivella se beneficiava com a propina ou
2019, com a prisão de quatro advogados, o cumprimento de 40 que a autorizava
mandados de busca e apreensão e o afastamento dos seis magis- - prefeito está a dias do fim do mandato e não oferece risco à
trados. ordem pública
- possibilidade de aplicação de outras medidas cautelares, em
(Fonte: https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2020/12/14/operacao- meio a “notória pandemia”
-faroeste-filha-de-desembargadora-ex-cantora-da-timbalada-foi-alvo-
-de-busca-e-apreensao.ghtml) Após ser preso, Crivella disse que é vítima de “perseguição polí-
tica” e que espera “justiça”. Na denúncia, o MP listou 24 pontos que
Anvisa certifica farmacêutica chinesa que desenvolveu Corona- ligariam Crivella ao esquema:
Vac 1. Depoimento do colaborador Paulo Roberto de Souza Cruz, que
A Sinovac, fábrica que desenvolveu a vacina CoronaVac contra revelou o pagamento de antecipação de propina a Mauro Macedo
o novo coronavírus, em parceria com o Instituto Butantan, de São 2. Nomeação de Marcelo Alves como presidente da Riotur, que
Paulo, recebeu a certificação de boas práticas da Agência Nacional seria o cumprimento de um acordo feito, ainda durante a campa-
de Vigilância Sanitária (Anvisa). nha eleitoral, com o empresário Rafael Alves, irmão de Marcelo
A resolução foi publicada pela Anvisa nesta segunda-feira 3. Permissão da utilização da sede da Riotur como um “quartel
(21/12/2020) no Diário Oficial da União, tem validade de dois anos general da propina”.
e diz respeito à linha de produção do Insumo Farmacêutico Ativo 4. Livre atuação de Rafael Alves dentro da Riotur, o que permi-
(IFA) - matéria-prima para a produção do imunizante e de produtos
tiu direcionar licitações e fraudar contratos
estéreis usados na formulação.
5. Troca de mensagens entre Rafael Alves e o doleiro Sérgio Mi-
“A etapa finalizada é um dos pré-requisitos para a continuidade
zrahy sobre uma operação de lavagem de dinheiro que deveria ser
do processo de registro da vacina da Sinovac e de um eventual pedi-
entregue ao “zero um”, que seria uma clara referência ao prefeito
do de autorização”, ressaltou a agência, em nota divulgada na noite
6. Intimidade de Marcelo Crivella com Rafael Alves, compro-
de ontem. O pedido de registro, no entanto, depende da divulgação
vada pela presença do prefeito em festas de aniversário da filha do
de resultados sobre a eficácia da vacina pelo Butantan, o que deve
empresário e caminhadas matinais que faziam juntos no condomí-
ocorrer amanhã (23), segundo a agência.
nio onde Crivella mora
Histórico 7. Registros de mensagens por aplicativo entre o prefeito e o
A certificação da farmacêutica chinesa foi dada a cerca de 10 empresário Rafael Alves - várias delas fazem parte da investigação
dias antes do prazo previsto inicialmente. Antes de conceder o do- 8. A existência de um “inegável” esquema de corrupção para
cumento, uma equipe de técnicos da agência foi a Pequim, na Chi- burlar os pagamentos do Tesouro Municipal
na, fazer inspeção em uma fábrica da Sinovac para avaliar a quali- 9. Pagamentos milionários para empresas com a interferência
dade da linha de produção. Após a visita , que ocorreu entre os dias de Rafael Alves
30 de novembro e 4 de dezembro, foi encaminhado um relatório à 10. Localização de documentos assinados pelo prefeito que au-
Sinovac e ao Instituto Butantan com as conclusões. torizam a antecipação de pagamentos para empresas comprovada-
“O plano de ação foi enviado pelo Instituto Butantan para a mente pagadoras de propina
Anvisa na última quarta-feira (16). Já a avaliação técnica da equipe 11. Indicação feita por Rafael Alves para o cargo de subprefeito
inspetora e a revisão técnica foram realizadas e concluídas no final da Barra da Tijuca, acatada por Crivella
desta semana. Assim, foram antecipados em cerca de 10 dias da 12. Indicação para o cargo da Previ-Rio pelo empresário, tam-
previsão inicial a publicação da decisão sobre a certificação”, infor- bém acatada pelo prefeito
mou a Anvisa. 13. Permissão do prefeito para que Rafael Alves participasse de
reuniões estratégicas com a alta cúpula da administração municipal
Oxford 14. Decisão do prefeito de impedir a demolição da casa do sena-
Na mesma viagem à China, os técnicos da Anvisa também ins- dor Romário, construída em área irregular, a pedido de Rafael Alves
pecionaram a fábrica que produzirá a matéria-prima que será envia- 15. Decisão do prefeito, também a pedido do empresário, para
da ao Brasil para a produção da vacina de Oxford/AstraZeneca, pela interferência no resultado do carnaval de 2018, quando o prefeito
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Nesse caso, a certificação deve redigiu carta à Liesa pedindo para que nenhuma escola fosse re-
sair até o início de janeiro, segundo a agência. baixada

16
ATUALIDADES
16. “Postura complacente” de Crivella diante de mensagens de 5. Monitoramento dos procedimentos de limpeza e desinfec-
Rafael Alves ameaçando romper o que havia sido acordado entre ção da aeronave
eles 6. Acompanhamento do trânsito dos passageiros até a área de
17. Mensagem de Rafael Alves afirmando ter conhecimento do imigração, orientando o distanciamento social e evitando a aglo-
esquema de corrupção, além de ter provas que comprovariam o meração
envolvimento do ex-tesoureiro de campanha, Mauro Macedo
18. Mensagem de Rafael Alves dizendo que não tinha interesse Outras medidas estão em andamento, como restrições de
em cargos na prefeitura, mas no retorno do investimento feito em acesso ao Duty Free.
acordo com o prefeito antes do início do mandato
19. A existência de ostensivos esquemas de corrupção instala- (Fonte: https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noti-
dos dentro da Previ-rio e da Riotur. cia/2020/12/22/anvisa-comeca-a-fiscalizar-voos-vindos-do-reino-uni-
20. Troca do número de telefone do prefeito Marcelo Crivella do.ghtml)
por pelo menos três vezes durante as investigações
21. Mensagens de Rafael Alves explicitando insatisfação com Vacina de Oxford começa a ser entregue em fevereiro ao mi-
os espaços da prefeitura e indicação de ter conhecimento de fatos nistério, diz presidente da Fiocruz
gravíssimos envolvendo o prefeito, a família dele e a igreja A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) começará a entregar a vaci-
22. Ligação de Marcelo Crivella para Rafael Alves no momento na de Oxford ao Ministério da Saúde a partir do dia 8 de fevereiro,
em que policiais cumpriam mandado de busca e apreensão na casa afirmou a presidente do instituto, Nísia Trindade, durante uma au-
do empresário durante a Operação Hades diência sobre o combate à Covid-19 realizada pela Comissão Exter-
23. Mensagem de Marcelo Crivella a Rafael Alves desejando na da Câmara dos Deputados.
boa viagem quando o empresário seguia para Miami para se en- A vacina de Oxford é desenvolvida pela farmacêutica AstraZe-
contrar com Arthur Soares para tratar da captação ilícita de valores neca e pela Universidade de Oxford. No contrato firmado pelo go-
24. Mensagem telefônica fornecida pelo Ex-secretário da Casa verno federal, o Brasil receberá o chamado “ingrediente farmacêu-
Civil da Prefeitura, Paulo Messina, em que fica clara a interferência tico ativo” (IFA) para processamento e envase das doses na fábrica
pessoal e direta de Marcelo Crivella para o pagamento a uma em- de vacinas Bio-Manguinhos, da Fiocruz.
presa, mesmo com a decisão contrária dos secretários de Fazenda O cronograma da Fiocruz derruba ao menos parte da mais re-
e da Casa Civil. cente previsão do ministro Eduardo Pazuello. No dia 17, o ministro
disse prever a entrega de 24,7 milhões de doses ainda em janeiro,
(Fonte: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2020/12/22/
sendo 15 milhões delas da vacina de Oxford.
defesa-de-marcelo-crivella-pede-que-prefeito-do-rio-seja-solto-e-res-
ponda-em-liberdade.ghtml)
Previsão atualizada da Fiocruz
De acordo com Nísia Trindade, serão entregues 1 milhão de do-
Anvisa começa a fiscalizar voos vindos do Reino Unido
ses entre 8 a 12 de fevereiro ao Programa Nacional de Imunização
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou
(PNI) e mais 1 milhão na semana seguinte.
nesta segunda-feira (21/12/2020) medidas de controle sanitário
A partir da terceira semana, a meta do instituto é produzir 700
para fiscalizar voos que chegam do Reino Unido aos aeroportos
mil doses diárias da vacina que será chamada de Covid-Fiocruz.
internacionais de São Paulo (Cumbica/Guarulhos) e Rio de Janeiro
(Galeão/Tom Jobim). “A grande angústia da nossa sociedade é com relação ao início da
As medidas foram tomadas após países em todo o mundo proi- vacinação. Então, vou só informar a todos que, no caso da Fiocruz, nós
birem voos do Reino Unido, onde uma nova variante do corona- estaremos recebendo ingrediente farmacêutico ativo para o início da
vírus, mais transmissível, foi detectada. O Brasil segue recebendo produção no mês de janeiro” - Nísia Trindade, presidente da Fiocruz
voos do país, mas, a partir de agora, com ações de controle no de- A presidente da fundação lembrou ainda que a tanto o imuni-
sembarque. zante da AstraZeneca/Oxford quanto o próprio processo de produ-
Na segunda, um voo proveniente do país europeu passou pela ção na Fiocruz ainda precisarão, respectivamente, obter o registro
fiscalização da Anvisa no Rio de Janeiro. Segundo a nota da agência, e a certificação da Anvisa antes que as doses sejam entregues ao
o avião chegou ao Galeão por volta das 19h40. Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Entre as medidas adotadas estão: fiscalização no interior da ae-
ronave, antes do desembarque; solicitação de informações sobre Busca por doses já prontas
passageiros e tripulantes à empresa aérea; acompanhamento do Durante a sessão, Nísia foi questionada pelo deputado Luiz An-
trânsito dos passageiros até a área de imigração para orientar sobre tônio Teixeira Jr. se haveria possibilidade de o Brasil receber doses já
distanciamento social. prontas para acelerar o início da campanha de vacinação.
No dia 17 de dezembro, o governo federal publicou uma porta- A presidente da Fiocruz disse que não há previsão, mas que
ria exigindo que brasileiros ou estrangeiros que quiserem entrar no participa de esforços junto com o Ministério da Saúde para, se pos-
país apresentem um teste RT-PCR negativo para Covid-19 ao embar- sível, antecipar a vacinação com doses produzidas em outros países.
car. A medida começa a valer no dia 30 de dezembro. “Não é simples. A vacina ainda está sendo produzida. São 11
Veja as medidas adotadas pela Anvisa: fábricas contratadas em todo o mundo, mas, por exemplo, nos EUA
1. Leitura de mensagem sonora no voo, já em solo brasileiro tem uma determinação para que o que é produzido lá para Covid não
com a presença da autoridade sanitária pode ser exportado. Mas estamos nessa busca junto com todos os
2. Fiscalização no interior da aeronave, antes do desembarque produtores e teremos uma reunião com o CEO da AstraZeneca Global
3. Orientação aos passageiros e tripulantes sobre o monitora- na semana que vem para ver essas possibilidades”, disse Nísia.
mento dos viajantes em solo nacional por autoridades brasileiras “O prazo concreto com que nós estamos comprometidos é
de saúde esse, porque é da nossa produção, mas estamos em um esforço
4. Solicitação de informações sobre os passageiros e tripulan- nacional para aumentar a possibilidade de uma proteção o mais
tes à empresa aérea. Essas informações já foram enviadas às auto- cedo possível para nossa população” - Nísia Trindade, presidente
ridades competentes da Fiocruz.

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ATUALIDADES
Início de 2021 com vacina O novo coronavírus tem passado por quase duas mutações por
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que fez uma breve mês, e estas geram subgrupos de vírus, as cepas.
participação na audiência, disse que o país “está caminhando forte Por isso o sequenciamento genético é tão importante para pro-
para poder ter vacinas de várias matizes” e para entregar as doses var uma reinfecção: ele demonstra que se trata de duas infecções
“o mais rápido possível.” diferentes, e não do “ressurgimento” ou fortalecimento do mesmo
“Estamos nos preparando para iniciar 2021 com a vacina. Se agente infeccioso em um primeiro adoecimento.
Deus quiser, assim que registrada pela Anvisa, (...)nós vamos vaci- Em um país que onde o coronavírus já adoeceu mais de 7,2 mi-
nar a nossa população como um todo”, afirmou Pazuello. lhões de pessoas e tirou a vida de mais de 187 mil, como devemos
“Previsão nossa como sempre é final de janeiro, na melhor hi- encarar a confirmação das reinfecções? Que riscos elas represen-
pótese, indo até meio de fevereiro, final de fevereiro na pior hipó- tam para as pessoas individualmente e para os rumos da pandemia?
tese”, disse Pazuello. Confira as respostas obtidas com especialistas, órgãos governa-
mentais e pesquisas publicadas recentemente.
(Fonte: https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noti-
cia/2020/12/22/vacina-contra-a-covid-19-comeca-a-ser-entregue-em- 1. Casos registrados no Brasil e no mundo
-fevereiro-ao-ministerio-da-saude-diz-fiocruz.ghtml) Por enquanto, os poucos dados existentes a nível mundial mos-
tram que a reinfecção é rara.
Primeira biblioteca indígena de MT é inaugurada com livros A agência de notícias holandesa BNO News está reunindo e pu-
históricos e artesanatos blicando diariamente dados globais sobre isso — até esta segunda-
A primeira biblioteca indígena de Mato Grosso foi inaugura- -feira (21/12), a plataforma Covid-19 Reinfection Tracker registrava
da em Juína, a 737 km de Cuiabá, no último sábado (19/12/2020). 30 casos confirmados de reinfecção no mundo e 2.049 sob suspeita.
Além do acervo de livros temáticos, o local conta com galeria de Dos 30 casos confirmados, o intervalo médio entre a primeira
memória das lideranças indígenas do povo Rickbaktsa, redário lite- e a segunda infecção foi de 80 dias. Um deles resultou em morte.
rário e espaço para comercialização de artesanatos. O primeiro caso confirmado no mundo, em agosto, foi o de um
O prédio da ‘BiblioÓCA’ foi construído pelos próprios indígenas, morador de Hong Kong de 33 anos. Ele teve covid-19 primeiro em
mantendo a arquitetura tradicional da comunidade. março, e depois em agosto — foram 142 dias de intervalo. Na pri-
O secretário de Cultura do município, Adriano Souza, contou ao G1 meira ocasião, ele teve sintomas leves; na seguinte, foi assintomá-
que a ‘BiblioÓCA’ tem um acervo de livros sobre a história do Brasil, dos tico e só ficou sabendo da doença pois foi testado no aeroporto.
povos indígenas e histórias em geral. A partir de janeiro, o espaço também Suas amostras foram submetidas a testes PCR e ao sequenciamento
terá laboratório de informática com acesso à internet para a população. genômico.
“No próximo ano também teremos as monografias, teses de Já no Brasil, o Ministério da Saúde confirmou o primeiro caso
doutorado e dissertações de mestrado feitas pela UFMT e UNEMAT, de reinfecção em 10 de dezembro. Uma profissional de saúde de 37
referentes ao povo Rikbaktsa. Além disso, serão compradas mais obras anos, moradora de Natal (RN), teve sintomas leves e PCR positivo
referentes à temática indígena através da Lei Aldir Blanc”, contou. em junho e outubro. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde Pú-
Neste fim de ano, a biblioteca estará aberta de quinta-feira a blica do RN, ela passa bem.
domingo, das 14h às 21h. A partir de janeiro, será aberta todos os Depois, foi confirmado um segundo caso no país, de uma au-
dias das 8h às 18h. xiliar de enfermagem de Fernandópolis (SP) de 41 anos. Ela teve
A entrada é gratuita e o local é aberto ao público em geral. sintomas em ambas infecções e, segundo o secretário de saúde do
“O desejo é trazer a cultura indígena para perto dos não indíge- município, Ivan Veronesi, passa bem.
nas e minimizar o preconceito”, disse Adriano. Vários munícipios e Estados estão divulgando episódios de
De acordo com o secretário, o espaço acomoda até 30 pessoas, reinfecção que não foram computados ainda pelo ministério — que
mas, devido ao período de pandemia, funcionará com 50% da capa- só o faz após a análise por seus laboratórios nacionais de referência,
cidade, conforme determina o decreto municipal. conforme fez para os casos de Natal e Fernandópolis.
O espaço é parte integrante do Sistema Municipal de Biblio- Entretanto, de acordo com Paola Cristina Resende, pesquisado-
tecas de Juína (SMBJ) que conta com financiamento da Prefeitura ra do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto
Municipal, Governo do Estado por meio da Secretaria Estadual de Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), muitos casos de reinfecção nunca se-
Cultura (Secel), Justiça do Trabalho e Ministério Público do Traba- rão registrados. Para começar, muitas pessoas no país nunca fizeram
lho, além de outros parceiros institucionais. testes PCR — quem dirá dois, e com armazenamento satisfatório.
“Para realizar o sequenciamento genômico, é importante uma
(Fonte: https://g1.globo.com/mt/mato-grosso/noticia/2020/12/22/ boa qualidade da amostra, com carga viral suficiente. Às vezes, essa
primeira-biblioteca-indigena-de-mt-e-inaugurada-com-livros-histori- primeira amostra coletada lá em abril, por exemplo, foi armazenada
cos-e-artesanatos.ghtml) em um freezer que varia muito a temperatura, porque não tinha
mais freezer (adequado); ou foi deixada em temperatura ambiente
4 pontos para entender a reinfecção por covid-19, agora con- em algum momento. Isso pode degradar o material genético viral —
firmada no Brasil é fácil ocorrer a deterioração deste material”, explica Resende, que
Aproximando-se da marca de 200 mil mortes por covid-19, o atua diretamente com o sequenciamento genético do vírus.
Brasil se deparou no início de dezembro com um novo número rela- “É uma realidade do nosso país a dificuldade de armazenar
tivo à doença: o de casos de reinfecção. muitas amostras. Muitas delas estão sendo descartadas.”
De acordo com o Ministério da Saúde, até esta segunda-feira Para os casos de amostras em que há qualidade satisfatória
(21/12/2020), o país tinha dois casos de reinfecção confirmados e e que são encaminhadas para os laboratórios nacionais para con-
pelo menos 58 casos suspeitos em análise. firmação da reinfecção, o intervalo entre a primeira infecção e a
O ministério define como reinfecção a situação de uma pessoa segunda deve ser de no mínimo 90 dias — mas segundo a pesquisa-
que recebeu positivo em um teste do tipo PCR para coronavírus e, dora, esse número ainda está em debate.
90 dias depois ou mais, novamente testou positivo — e, além disso, Isto porque já há pelo mundo relatos de reinfecções mais lon-
o sequenciamento do genoma das amostras apresentou duas cepas gas e curtas — no levantamento da BNO News, há casos com inter-
virais diferentes. valo que variam entre 10 dias e 185 dias.

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ATUALIDADES
2. Os riscos — individuais e coletivos Para Paola Cristina Resende, tudo indica que o problema da
Outro indicador para o qual não há um padrão é o de gravidade reinfecção está mais relacionado à resposta imunológica do pacien-
na comparação entre a primeira e segunda infecção. te do que com o vírus em si.
“Há relatos publicados de reinfecção mais grave do que a pri- “A reinfecção não se dá tanto pelo vírus e o quanto ele evolui,
meira vez, mas também casos como o primeiro registrado, assin- mas pelo indivíduo e sua capacidade de produção de anticorpos
tomático (na segunda infecção, em Hong Kong)”, aponta a infec- contra o vírus”, diz a pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz.
tologista Raquel Stucchi, professora da Universidade Estadual de “A quantidade de vírus circulando na população é grande, e a
Campinas (Unicamp) e consultora da Sociedade Brasileira de Infec- possibilidade de um indivíduo que já teve o coronavírus ser exposto
tologia (SBI). (ao patógeno, novamente), também.”
De fato, um dos primeiros estudos que compilou casos de rein-
fecção no mundo, publicado em outubro no periódico científico The 4. Lições
Lancet Infectious Diseases, mostrou quadros muito variados — des- Para as entrevistadas pela BBC News Brasil, ainda que raras, as
de um homem de 25 anos que teve sintomas leves na primeira vez e reinfecções reforçam uma lição para todos.
na segunda precisou ser hospitalizado nos EUA, a uma mulher de 51 “Muita gente que acha que já pegou covid-19 e está imune, e
que teve manifestações leves em ambos os casos na Bélgica. que isso seria como um passaporte para largar todas as medidas
Stucchi lembra que, com sintomas ou não, um paciente rein- preventivas. A confirmação de casos de reinfecção (no Brasil) mos-
fectado pode continuar transmitindo a doença para outras pessoas tra que não: enquanto houver circulação do vírus, precisaremos
normalmente. manter as medidas preventivas e vai demorar um pouco mais para
Entretanto, por serem aparentemente raras, especialistas acre- voltarmos à nossa vida normal”, destaca Resende.
ditam que as reinfecções não serão capazes de protagonizar algo Raquel Stucchi concorda.
como uma segunda ou terceira onda de covid-19 por si só — até “Quem teve e quem não teve covid-19 deve continuar usando
agora, estas estão sendo capitaneadas por novos casos. máscaras, evitando aglomerações, entre outras medidas preventi-
vas”, conclui a infectologista.
3. O enigma da imunidade
“Se há algo ainda misterioso ou que a gente tem pouco conhe- (Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/geral-55407219)
cimento sobre a covid-19 é em relação à imunidade. Há pergun-
tas que não foram ainda adequadamente respondidas, como por Em mensagem de Natal, Bolsonaro agradece a profissionais
exemplo por que quem tem quadro leve pode não desenvolver an- de saúde e diz se solidarizar com famílias de vítimas da Covid-19
ticorpos”, diz a professora da Unicamp. O presidente Jair Bolsonaro fez um pronunciamento em cadeia
E, nos casos de reinfecção, esse parece ser justamente o caso. de rádio e TV acompanhado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro,
“Quem tem quadro leve às vezes não faz nem proteção contra na noite desta quinta-feira (24/12/2020).
a doença, ou se faz, faz uma quantidade pequena de anticorpo que Na mensagem, Bolsonaro agradeceu o trabalho dos profissio-
dura muito pouco tempo”, explica a infectologista, apontando que nais de saúde e disse se solidarizar com as famílias que perderam
os casos de reinfecção têm acontecido em geral com pessoas sau- entes queridos durante a pandemia. O presidente não falou sobre
dáveis, sem deficiências anteriores na imunidade (pessoas imunos- vacinação ou sobre a manutenção de estratégias de isolamento e
suprimidas), por exemplo. combate à disseminação da Covid-19.
Nosso sistema imunológico se defende em duas frentes. “Agradeço e reconheço o empenho dos nossos profissionais
A primeira está sempre pronta para agir, assim que um agente de saúde que continuaram exercendo suas atribuições”, declarou
estranho é detectado no corpo: é a resposta imune inata, que inclui Bolsonaro (leia a íntegra do pronunciamento ao final desta repor-
as células brancas e substâncias que levam à inflamação no corpo. tagem).
Mas esta é uma estratégia “genérica”, diferente da resposta “No dia 25 de dezembro, celebraremos uma das maiores e mais
imune adaptativa, que se adequa a um invasor específico — como o importantes festas do cristianismo: o Natal. Nessa ocasião, solida-
coronavírus. Um dos soldados dessa frente são os linfócitos T, capa- rizo-me particularmente com as famílias que perderam seus entes
zes de atacar apenas as células infectadas pelo vírus. queridos neste ano. Externo meus sentimentos, pedindo a Deus
Acontece que o desenvolvimento dessa resposta adaptativa que conforte os corações de todos”, afirmou, em outro momento
toma tempo — alguns estudos referentes à covid-19 sugerem que do pronunciamento.
a produção de anticorpos começa após 10 dias. Por isso, há dúvidas A primeira-dama agradeceu “a união e os esforços dos nossos
se pessoas assintomáticas ou com sintomas leves chegam a desen- voluntários em diversas áreas, principalmente aqueles que estavam
volver este tipo de estratégia. na linha de frente”, além de expressar votos de feliz Natal e ano
Caso seja de fato desenvolvida, a imunidade adaptativa pode deixar novo.
uma memória no corpo que evitará infecções como aquela no futuro.
Essa memória dura mais ou menos, a depender da doença. O Pronunciamentos em 2020
sarampo é altamente memorável — uma infecção pelo vírus é ca- A mensagem de Natal foi o sétimo pronunciamento de Bolso-
paz de gerar imunidade para toda a vida. Por outro lado, o vírus naro em rede nacional neste ano. Cinco foram relacionados à pan-
sincicial respiratório (VSR) pode infectar crianças várias vezes no demia da Covid-19.
mesmo inverno. No início da crise sanitária, em março, o presidente fez quatro
Não se sabe ainda quanto tempo dura a imunidade para o Sar- pronunciamentos. Nos dois primeiros, Bolsonaro pediu que a popu-
s-CoV-2, mas outros seis coronavírus podem dar uma pista. Quatro lação seguisse as recomendações das autoridades sanitárias.
deles produzem sintomas de um resfriado comum e têm uma res- Mas virou a chave no terceiro pronunciamento. Pediu o fim do
posta imune de vida curta, com pacientes podendo ser reinfectados “confinamento em massa”, a “volta da normalidade” e disse que os
um ano depois. meios de comunicação espalhavam “pavor”.
Já um estudo do King’s College London sobre o novo corona- 6 de março - No primeiro pronunciamento, Bolsonaro disse que
vírus sugeriu que os níveis de anticorpos contra ele diminuíram ao não havia motivo para pânico e pediu união ainda que o problema
longo de três meses. pudesse se agravar. Naquele dia, o Brasil tinha 13 casos de Covid-19

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ATUALIDADES
confirmados. “O momento é de união. Ainda que o problema pos- Não poupamos esforços, trabalhamos dia e noite para encontrar e
sa se agravar, não há motivo para pânico. Seguir rigorosamente as implementar as melhores soluções para o bem-estar do nosso povo.
recomendações dos especialistas é a melhor medida de proteção”, Várias medidas foram tomadas: instituímos o auxílio emer-
declarou o presidente. gencial, que ajudou milhões de famílias. Facilitamos e ampliamos
12 de março - Na segunda fala deste ano, Bolsonaro pediu que o crédito para as pequenas e micro empresas, custeamos parte dos
seus apoiadores repensassem manifestações marcadas para 15 de salários dos trabalhadores, salvando milhões de empregos.
março. Em 12 de março, o Brasil tinha 77 casos confirmados de Na saúde, não faltaram recursos e equipamentos para todos
Covid-19. “Há recomendação das autoridades sanitárias para que os estados e municípios no combate ao coronavírus, dentre outras
evitemos grandes concentrações populares. Queremos um povo ações. Essas ações têm ajudado nosso Brasil a seguir rumo ao pro-
atuante e zeloso com a coisa pública, mas jamais podemos colocar gresso e ao desenvolvimento; sendo, inclusive, referência para ou-
em risco a saúde da nossa gente”, afirmou o presidente. tras nações.
24 de março - Contrariando os discursos anteriores e as re- Agradeço e reconheço o empenho dos nossos profissionais de
comendações de especialistas e autoridades sanitárias, Bolsonaro saúde, que continuaram exercendo suas atribuições. Reafirmo a mi-
criticou o pedido para que, se possível, as pessoas ficassem em nha confiança no Brasil. Continuarei cumprindo essa nobre missão,
casa. E culpou os meios de comunicação por espalharem, segundo com a mesma firmeza e disposição, sobretudo com transparência e
ele, uma sensação de “pavor”. Foi nesse depoimento que Bolsona- verdade, para bem servir a nossa Nação.
ro afirmou que, se contrair o vírus, não pegará mais do que uma No dia 25 de dezembro, celebraremos uma das maiores e mais
“gripezinha”. Em seguida, ele repetiria a frase em uma coletiva no importantes festas do cristianismo: o Natal. Nessa ocasião, solidari-
Palácio do Planalto. A fala de Bolsonaro gerou reação de políticos. zo-me, particularmente, com as famílias que perderam seus entes
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) afirmou que a queridos neste ano. Externo meus sentimentos, pedindo a Deus
fala era “grave” e que país precisava de “liderança séria”. que conforte os corações de todos.
31 de março - O quarto pronunciamento em cadeia de rádio e Eu e minha família desejamos que o espírito natalino se faça
TV marcou a mudança definitiva de tom do presidente, que se disse presente em todos os lares. Que em 2021 continuemos juntos, com
“preocupado com a vida” e também com a “manutenção dos em- as esperanças renovadas e fortalecidas.
Primeira-dama, Michelle Bolsonaro: Há um ano estávamos pla-
pregos”. Afirmou que o “remédio” para conter o vírus não pode ser
nejando nossas ações para 2020. Porém, nossos planos foram inter-
pior que os efeitos que a pandemia provocará, embora não tenha
rompidos por uma pandemia. E Deus, em sua grandeza e ternura,
feito crítica direta ao isolamento. Bolsonaro utilizou falas do diretor-
nos encorajou e nos presenteou com nobres missões e ações. O
-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, momento é oportuno para dizer: Gratidão!
para defender que precisava olhar para a economia. “O que será do Gratidão a Deus e a todos que nos ajudaram nessa caminhada.
camelô, do ambulante, do vendedor de churrasquinho, da diarista, Agora, chegou o Natal, momento que nos leva a refletir sobre nos-
do ajudante de pedreiro, do caminhoneiro e dos outros autônomos, sas atitudes. Sempre confiando em Deus e fazendo a nossa parte.
com quem venho mantendo contato durante toda minha vida pú- 2021 renasce com o desejo de fazer o bem; de valorizar pequenos
blica?”, disse. gestos; de agir e dar mais valor ao próximo.
8 de abril - Bolsonaro pediu a volta ao trabalho, “observadas Agradecemos a união e os esforços dos nossos voluntários em
as normas do Ministério da Saúde”, e disse que as medidas de diversas áreas, principalmente aqueles que estavam na linha de
isolamento são “responsabilidade exclusiva” dos governadores. O frente. Desejamos um Natal repleto de bênçãos para você e sua
presidente disse ter “certeza” que a “grande maioria” quer voltar a família. E um ano novo cheio de paz, saúde, amor e solidariedade.
trabalhar. Segundo pesquisa Datafolha, na época, 76% das pessoas Jair Bolsonaro: Um feliz Natal e próspero ano novo.
achava que era melhor ficar em casa. O presidente também usou Michelle Bolsonaro: Que Deus abençoe o nosso Brasil.
a cadeia de rádio e TV para defender o uso da hidroxicloroquina –
substância que, passados mais de oito meses, ainda não teve eficá- (Fonte: https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/12/24/em-mensa-
cia comprovada no tratamento da Covid-19. gem-de-natal-bolsonaro-agradece-a-profissionais-de-saude-e-diz-se-
7 de setembro - O sexto pronunciamento foi exibido no dia da -solidarizar-com-familias-que-perderam-entes-queridos.ghtml)
Independência do Brasil. Bolsonaro afirmou que tem compromisso
com a Constituição, com a preservação da soberania, com a demo- ‘Se vírus continuar circulando livremente, risco de ele se adap-
cracia e com a liberdade. “No momento em que celebramos essa tar melhor aumenta’, diz brasileiro que descobriu nova mutação do
data tão especial, reitero, como presidente da República, meu amor coronavírus
à Pátria e meu compromisso com a Constituição e com a preserva- “Se deixarmos o vírus continuar circulando livremente, damos
ção da soberania, democracia e liberdade, valores dos quais nosso muita chance para ele se adaptar melhor à transmissão nos huma-
país jamais abrirá mão”, afirmou o presidente. nos”, diz à BBC News Brasil Tulio de Oliveira, o brasileiro por trás da
descoberta de uma nova mutação “mais transmissível” do coronaví-
rus que vem causando preocupação ao redor do mundo.
Íntegra
Oliveira é diretor do laboratório Krisp, na escola de Medicina
Confira abaixo a íntegra do pronunciamento de Natal do presi-
Nelson Mandela, na Universidade KwaZulu-Natal, em Durban, na
dente Jair Bolsonaro e da primeira-dama, Michelle:
África do Sul, onde vive desde 1997. Ele chefiou a equipe que des-
Presidente Jair Bolsonaro: Boa noite a todos! Inicialmente, gos- cobriu a nova variante do coronavirus no país e compartilhou os
taria de agradecer a Deus e a cada brasileiro por este ano que está dados com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o que, por sua
se encerrando. 2020 foi um ano de grandes desafios para nosso Bra- vez, permitiu ao Reino Unido descobrir a sua própria variante.
sil e para o mundo. As famílias, as empresas, os trabalhadores, for- As duas variantes são mais transmissíveis do que a original,
mais e informais, tiveram que mudar suas rotinas e modo de viver. mas, por enquanto, não se sabe se são mais letais, assinala Oliveira.
Essa pandemia que impactou o planeta exigiu responsabilida- Elas compartilham algumas semelhanças, mas evoluíram sepa-
de, coragem e esforço de todos os líderes mundiais. Nossos esfor- radamente. Ambas têm uma mutação — chamada N501Y — loca-
ços sempre tiveram como foco principal a preservação da vida e de lizada em uma parte crucial do vírus, usada para infectar as células
empregos, pois saúde e economia caminham juntas, lado a lado. do corpo humano.

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ATUALIDADES
Na África do Sul, a nova variante identificada por Oliveira e sua Então, minha sugestão para o Brasil — e trabalhamos muito
equipe estaria por trás da segunda onda da pandemia no país. Ela com a Fiocruz [que divulgou em junho novo protocolo de sequen-
se espalhou rapidamente e se tornou a forma dominante do vírus ciamento, usado pelos cientistas que estão fazendo a vigilância ge-
em algumas partes do território, o que resultou na saturação do nética no país], o Ministério da Saúde, a Universidade Federal de
sistema de saúde. Minas Gerais — é aumentar a parte de sequenciamento do vírus
Já a variante do Reino Unido, também mais contagiosa, se para tentar entender melhor quais são as linhagens circulantes e
disseminou pelo sudeste da Inglaterra, gerando novas restrições e tentar detectar ora uma linhagem que circule muito mais rapida-
quarentenas para a população local. mente ou uma introdução externa de uma linhagem que tenda a
Segundo o secretário da Saúde (equivalente a ministro) britâni- circular e causar mais infecções.
co, Matt Hancock, essa mutação está “fora de controle”.
Na quarta-feira (23/12), o governo brasileiro decidiu proibir (Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-55439884)
temporariamente voos internacionais que tenham origem ou pas-
sagem pelo Reino Unido, na esteira do que mais de 40 países já CoronaVac não atingiu 90% de eficácia em testes no Brasil, diz
tinham feito. secretário da Saúde de SP
A proibição começa a valer nesta sexta-feira (25/12). O secretário estadual da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn,
No início da semana, o governo havia decidido manter os voos, disse nesta quinta-feira (24/12/2020) que a CoronaVac não atingiu
mas informou que acompanhava a situação. 90% de eficácia em testes realizados no Brasil, diferentemente do
Confira abaixo os principais trechos da entrevista com Oliveira. anunciado pela Turquia.
BBC News Brasil - Em que consiste essa nova variante? Há mo- “Não atingiu 90% (nos testes no Brasil), mas está em níveis que
tivo para pânico? nos permitem fazer uma redução de impacto de doença na nossa
Tulio de Oliveira - Na África do Sul, descobrimos uma variante população”, afirmou Gorinchteyn, citando que o percentual é supe-
que parece estar expandindo as infecções muito mais rapidamen- rior ao mínimo de 50% recomendado pela Organização Mundial da
te. Descobrimos essa variante em Nelson Mandela Bay, uma das Saúde (OMS).
regiões mais turísticas da África do Sul. Essa variante expandiu rapi- A taxa obtida no Brasil deveria ter sido divulgada na quarta-fei-
damente para a Cidade do Cabo e para Durban. ra (23) pelo Instituto Butantan mas, segundo o instituto, o labora-
Quando sequenciamos o código genético, descobrimos que ela ti- tório chinês Sinovac pediu adiamento do anúncio. A empresa quer
nha muitas mutações, principalmente na proteína spike, a proteína do ví- analisar os dados dos testes para entender percentuais diferentes
rus que vai no receptor humano para entrar dentro das células humanas. obtidos nos países onde o imunizante é testado.
Algumas das mutações nessa proteína ocorreram na posição Em entrevista a Rodrigo Bocardi, no programa Ponto Final, da
501, em um aminoácido chamado tirosina. CBN, Jean Gorinchteyn disse que, considerando a técnica usada no
Essa mutação também foi achada numa cepa completamente desenvolvimento da vacina, não havia expectativa de chegar a esse
diferente no Reino Unido, mas que tem uma mutação [em comum] percentual. “Nós sabíamos que a efetividade jamais atingiria 90%”,
entre elas. E é exatamente essa mutação que achamos estar rela- disse Gorinchteyn.
cionada a uma maior transmissibilidade do vírus. O secretário justificou a expectativa citando que vacinas formu-
Até o momento, a maior causa do perigo é que, como as trans- ladas com fragmentos de vírus, os chamados vírus inativados, como
missões são mais rápidas, nossos hospitais estão completamente sa- é o caso da CoronaVac, acabam produzindo um percentual de defe-
turados com pacientes que necessitam de cuidados intensivos. Então, sa inferior ao daquelas que usam, por exemplo, a técnica chamada
no momento, não conseguimos receber mais pacientes nos hospitais. de vírus atenuado (veja especial sobre os tipos de vacinas).
Tanto nós quanto os britânicos achamos que potencialmente “O que nós não imaginávamos é que a empresa (Sinovac) que-
essas duas variantes não são mais letais, mas estão afetando muito ria, e objetivava, uma unicidade, um resultado muito próximo em
os hospitais do Reino Unido e da África do Sul. todos os países, e não somente em um ou outro país”, disse o secre-
BBC News Brasil - Qual seria a sua recomendação para os brasi- tário, justificando o adiamento da divulgação dos dados.
leiros, de forma a evitar que essa mutação circule?
Oliveira - Primeiro, não sabemos se a mesma variante já está no Dados preliminares na Turquia
Brasil. Principalmente porque a parte genômica do Brasil não é tão Durante a entrevista, Gorinchteyn não explicou como a Tur-
forte quanto na África do Sul e do Reino Unido. quia, usando a mesma vacina, chegou ao percentual de 91,25% de
Por isso, não nos causará surpresa se vários países no mundo, eficácia. Mas o secretário afirmou que é normal haver alguma di-
ao passarem a sequenciar mais os genomas de suas cepas, achem ferença entre testes. “A gente não vai ter a mesma resposta para
vírus mais adaptados à transmissão. diferentes populações, porque são populações muito peculiares do
Segundo, o Brasil nunca chegou a controlar a pandemia de co- ponto de vista genético, racial”, disse Gorinchteyn.
vid-19 e, então, a chance de se ter outra cepa desenvolvida no Brasil Procurado mais cedo pelo G1, o Instituto Butantan disse que
ou importada é alta. “não comenta informações relativas a contratos da Sinovac com ou-
Para o Brasil, seria importante controlar a pandemia, ter cer- tros países”.
teza de que há leitos nos hospitais e tentar diminuir o número de De acordo com as agências de notícias, os dados da Turquia
pessoas que estão morrendo dessa doença. são conclusões preliminares da fase 3 do estudo, que ainda está em
BBC News Brasil - Ou seja, uma vez que o Brasil não é forte andamento. O resultado considera 29 pessoas infectadas em um
em sequenciamento genético do vírus, não sabemos se essa mu- grupo menor de voluntários, sendo três casos entre os que toma-
tação já chegou ao Brasil, ou se qualquer outra mutação já chegou ram a vacina e 26 no grupo placebo.
ao Brasil, ou mesmo se há mutações do próprio vírus que ainda não No Brasil, o Butantan já tinha verificado mais de 170 infectados
tenham sido descobertas em outras partes do mundo… até a metade de dezembro entre os seus 13 mil voluntários, o que
Oliveira - É exatamente isso. A principal mensagem é que, se aponta que o estudo brasileiro está em fase mais avançada. Ainda
deixarmos esse vírus circulando em nível médio ou alto, damos antes, em 23 de novembro, o Butantan já tinha alcançado o mínimo
muita chance para o vírus se adaptar melhor à transmissão nos hu- de infectados caso desejasse divulgar uma análise prévia equivalen-
manos. te a da Turquia.

21
ATUALIDADES
No fim de novembro, já havia 74 casos de Covid-19 entre os 13 Dos atuais 10% sobre o total depositado por estados e muni-
mil voluntários brasileiros. Apesar disso, na ocasião, os pesquisado- cípios, a participação da União vai subir ano a ano, até atingir 23%
res brasileiros não divulgaram os percentuais e preferiram aguardar daqui a seis anos. Quarenta por cento desse dinheiro novo terão
a continuidade dos estudos para apresentar o resultado final em 23 que ir para garantir creches e aulas na pré-escola para crianças de
de dezembro, plano que acabou adiado. zero a seis anos.
Apesar do adiamento na divulgação dos dados e, como conse- Com a nova distribuição do dinheiro do Fundeb, a expectativa
quência, no envio dos estudos para a Agência Nacional de Vigilância é de que até 2026 todas as escolas públicas tenham biblioteca, la-
Sanitária (Anvisa), Gorinchteyn reafirmou que o governo paulista boratório de ciências, quadra poliesportiva, alimentação nutritiva e
mantém a previsão de início da vacinação em 25 de janeiro. transporte escolar digno.
O Todos pela Educação calcula que o valor mínimo de investi-
(Fonte: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/12/24/secre- mento por aluno ao ano deve passar dos atuais R$ 3.700 para cerca
tario-da-saude-de-sp-diz-que-coronavac-nao-atingiu-90percent-de-efi- de R$ 5.700 em 2026.
cacia-em-testes-feitos-no-brasil.ghtml) O novo Fundeb também procura valorizar o professor ao de-
terminar que 70% do valor total do fundo sejam usados para pagar
‘Preso’ na Inglaterra com proibição dos voos do país ao Brasil, salários dos profissionais de educação. Ficam de fora aposentado-
turista de Campinas fala em ‘desespero’ rias e pensões.
Um turista de Campinas (SP) está “preso” com a família na In- Especialistas veem no Fundeb um importante mecanismo para
glaterra depois do governo brasileiro proibir, desde o Natal, a che- tentar reduzir as diferenças entre estados e municípios mais ricos e
gada ao país de voos que tenham origem ou escala no Reino Unido. mais pobres.
A medida foi tomada porque há, na região, uma nova variante do “Sem dúvida, exatamente, eu acho que essa é a maior come-
coronavírus. moração e a maior vitória. O Fundeb, que já existe há muitos anos, e
Apesar da determinação não restringir brasileiros, William Mo- antes dele era o Fundev, há mais de 30 anos nós temos essa política,
retti e outros cidadãos não conseguem alternativas para voltar ao
ele permitiu o acesso à escola. Nós avançamos muito em garantir o
Brasil.
acesso à escola. Agora o nosso grande desafio é garantir que todos
O assessor que viajou para passar o fim do ano em Liverpool,
possam aprender. E o aluno possa aprender independentemente da
com a mulher, o filho e um amigo, tinha passagens de retorno com-
pradas para o dia 31 de dezembro, que já foram canceladas. Ele fala cidade onde ele nasce, do estado onde ele nasce, do nível escolar
em “desespero”. e cultural das famílias, do nível socioeconômico. Quando nós esta-
“Está todo mundo voltando pra casa, ou para casa de amigos, mos falando de Fundeb nós estamos falando do dia a dia da escola.
porque já não tem mais a casa, a casa já foi alugada novamente. Estamos falando de pagamento dos professores, estamos falando
Então é essa a situação nossa aqui, de desespero, porque o governo de recursos didáticos, estamos falando de formação de professores,
não responde, as companhias aéreas só dizem que não podem fazer que é fundamental para que os alunos possam aprender. Então é
nada, porque é uma determinação do governo”, diz. um dinheiro fundamental que chega diretamente nas escolas e para
Em nota, a Latam, companhia pela qual o turista tinha as pas- os alunos”, disse Anna Helena Altenfelder, presidente do Centro de
sagens, informou que entrará em contato com o passageiro para Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária.
buscar uma alternativa.
A empresa informa que, em função da portaria do governo (Fonte: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2020/12/26/
federal, suspendeu temporariamente suas operações e venda de bolsonaro-sanciona-sem-vetos-lei-que-regulamenta-o-novo-fundeb.
passagens do trecho entre São Paulo e Londres ghtml)
Segundo a Latam, clientes com passagens emitidas “para ou
de” Londres podem optar pelo reembolso completo (sem multa) Programa de redução de salário e suspensão de contratos de
ou remarcação de origem/destino (sem multa e sujeito a diferença trabalho chega ao fim nesta quinta; veja como ficam os trabalha-
tarifária). dores
O chamado Benefício Emergencial de Preservação do Empre-
(Fonte: https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noti- go e da Renda (BEm), que entrou em vigor em abril, termina nesta
cia/2020/12/26/preso-na-inglaterra-com-proibicao-do-voos-do-pais- quinta-feira (31/12/2020). Assim, as empresas devem encerrar os
-ao-brasil-turista-de-campinas-fala-em-desespero.ghtml) acordos feitos com os funcionários, seja de redução de jornada e
salário ou suspensão dos contratos.
Bolsonaro sanciona sem vetos lei que regulamenta o novo De acordo com advogados trabalhistas, as empresas terão que
Fundeb voltar à jornada normal a partir do dia 1º de janeiro, a não ser que
O governo federal publicou numa edição extraordinária do
o programa seja prorrogado pelo governo federal.
Diário Oficial a sanção presidencial ao projeto que regulamentou o
“Isso porque, pela lei trabalhista, a suspensão ou redução de
novo Fundeb. As mudanças passam a valer em janeiro.
jornada e de salário não são permitidas, mas foram permitidas por
O novo Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica foi
aprovado em agosto, mas faltava a lei de regulamentação, com re- uma excepcionalidade criada pela pandemia e o estado de calami-
gras que detalham a operacionalização e a distribuição do dinheiro dade”, diz Daniel Moreno, sócio do escritório Magalhães & Moreno
para estados e municípios. Advogados.
Essa lei, aprovada pelo Congresso e sancionada sem vetos pelo Ele destaca que os empregados que tiveram o contrato suspen-
presidente Jair Bolsonaro, estabelece novos critérios para distribui- so ou o salário reduzido têm direito à estabilidade no emprego pelo
ção dos recursos do ensino básico, com mais enfoque para reduzir a mesmo período em que tiveram o contrato suspenso ou a redução
desigualdade regional e estimular o aprendizado nas redes públicas de salário – a não ser que sejam demitidos por justa causa.
de ensino. Danilo Pieri Pereira, especialista em Direito e Processo do Tra-
O Fundeb é um fundo de quase R$ 170 bilhões que financia as balho e sócio do Baraldi Mélega Advogados, exemplifica com um
escolas públicas no país. Ele aumenta os recursos que serão repas- trabalhador que teve o contrato suspenso por 60 dias: neste caso,
sados pelo governo federal. ele teve o direito de permanecer no emprego durante esse prazo

22
ATUALIDADES
e terá mais 60 dias após o restabelecimento da relação contratual. Veja como ficaram os pagamentos dos benefícios para preser-
Se houver uma redução de jornada durante 3 meses, o trabalhador vação de emprego:
tem direito de continuar na empresa por mais 3 meses. - Suspensão do contrato de trabalho: recebe 100% da parcela
Segundo Ricardo Pereira de Freitas Guimarães, doutor e mes- do seguro-desemprego, que pode variar de R$ 1.045 a R$ 1.813,03
tre em Direito do Trabalho e professor da pós-graduação da PUC-SP, (exceto no caso de funcionário de empresa com receita bruta supe-
o empregador que dispensar o funcionário sem justa causa durante rior a R$ 4,8 milhões – neste caso: recebe 30% do salário + 70% da
o período de estabilidade provisória responderá pela indenização parcela do seguro-desemprego)
que varia de 50% a 100% do salário, a depender do caso: - Redução de 25% na jornada: recebe 75% do salário + 25% da
- 50% do salário a que o empregado teria direito no período de parcela do seguro-desemprego
garantia provisória no emprego, na hipótese de redução de jornada - Redução de 50% na jornada: recebe 50% do salário + 50% da
de trabalho e de salário igual ou superior a 25% e inferior a 50%; parcela do seguro-desemprego
- 75% do salário a que o empregado teria direito no período de - Redução de 70% na jornada: recebe 30% do salário + 70% da
garantia provisória no emprego, na hipótese de redução de jornada parcela do seguro-desemprego
de trabalho e de salário igual ou superior a 50% e inferior a 70%; - Nenhum trabalhador vai ganhar menos do que um salário mí-
- 100% do salário a que o empregado teria direito no período nimo
de garantia provisória no emprego, nas hipóteses de redução de
jornada de trabalho e de salário em percentual superior a 70% ou (Fonte: https://g1.globo.com/economia/concursos-e-emprego/noti-
de suspensão temporária do contrato de trabalho. cia/2020/12/28/programa-de-reducao-de-salario-e-suspensao-de-con-
tratos-de-trabalho-chega-ao-fim-veja-como-ficam-os-trabalhadores.
ghtml)
Já os trabalhadores que não fizeram esses acordos podem ser
dispensados normalmente, observa Moreno.
Após 38 anos em condições de escravidão, mulher passa Na-
De acordo com o advogado e professor de Direito do Traba-
tal em liberdade: ‘Aprendendo a viver’
lho, Fernando de Almeida Prado, sócio do BFAP Advogados, após
No último domingo (20/12/2020), o Fantástico contou a história
o período de estabilidade provisória, as empresas que decidirem
de Madalena Gordiano, que viveu 38 de seus 46 anos em uma casa
demitir os funcionários devem pagar as verbas rescisórias e indeni-
de Minas Gerais em condições análogas à escravidão - sem salários,
zatórias normalmente, com os mesmos valores previstos antes da
sem férias, sem folgas. A história correu e emocionou o Brasil. Por
adesão ao programa do governo (aviso prévio, multa do FGTS, férias isso, voltamos a conversar com ela, que passou seu primeiro Natal
vencidas e proporcionais, 13º proporcional, 40% de multa do FGTS). em liberdade. E, entre tantas emoções novas, Madalena destacou:
Prado ressalta que a Constituição exige um acordo coletivo “É a primeira vez que eu arrumo (uma árvore de Natal). Montei pela
para fins de redução de jornada e de salário. primeira vez. No lugar que eu morava, não deixava”.
“Os funcionários deverão voltar para as jornadas e salários nor- Madalena fez, neste Natal, o que nunca pode fazer quando
mais. É possível que haja redução de jornada de salário no próxi- criança. Ela passou a ceia na casa da assistente social com quem
mo ano através de acordos coletivos, com autorização de empresa está aprendendo a olhar para si mesma. Madalena foi libertada por
e sindicato, mesmo que o governo federal não dê nenhum auxílio fiscais do trabalho quando ficou comprovado que vivia em situação
emergencial”, diz. análoga à da escravidão. Embora seja viúva e tenha direito a duas
Caso a empresa decida manter os contratos com redução da pensões, era o patrão de Madalena, Dalton César Milagres Rigueira,
jornada ou suspensos após o prazo do dia 31, Pereira recomenda que controlava a conta dela. Agora em liberdade, Madalena voltou
que os empregados busquem esclarecimentos junto ao emprega- a falar ao Fantástico: “Tô aprendendo a viver! Graças a Deus”.
dor para resolução de eventuais impasses. “Se não houver sucesso,
o trabalhador pode sempre buscar a Justiça do Trabalho a fim de (Fonte: https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2020/12/27/apos-
obter as reparações que entenda cabíveis”, diz. -38-anos-em-condicoes-de-escravidao-mulher-passa-natal-em-liberda-
“Não acreditamos na hipótese de a empresa insistir em man- de-aprendendo-a-viver.ghtml)
ter as hipóteses de suspensão ou de redução após o término do
período, sob pena de contrariar a legislação, podendo sofrer conse- Aeroporto de Trancoso tem ‘congestionamento’ de jatinhos
quências administrativas e judiciais, seja pela atuação do Ministério O aeroporto particular de Trancoso, distrito de Porto Seguro e
Público do Trabalho, auditores fiscais, sindicatos ou mesmo ações famoso destino turístico do sul da Bahia, teve congestionamento de
individuais”, diz Ricardo Pereira de Freitas Guimarães. jatinhos particulares no último sábado (26/12/2020).
“Após o dia 31 de dezembro, a jornada normal ou o contrato Alguns pilotos chegaram a relatar que ficaram mais de 1h30
de trabalho devem ser retomados no prazo de 2 dias nos moldes sobrevoando o céu de Porto Seguro, esperando autorização para
anteriores à pandemia firmados entre as partes”, diz. pouso.
Estimativa de preservar 10 milhões de empregos Somente na tarde de sábado, 47 pequenas aeronaves pousa-
A estimativa do governo era de preservar 10 milhões de em- ram no aeroporto de Trancoso. No aeroporto internacional de Porto
pregos com o programa. Segundo balanço do governo, quase me- Seguro, só no sábado, foram registrados pousos de 95 aeronaves
tade dos acordos celebrados englobou a suspensão dos contratos pequenas e 48 voos regulares.
de trabalho. O setor de serviços, o mais atingido pela pandemia, O aeroporto de Porto Seguro possui 16 vagas para pequenas
respondeu por mais da metade dos acordos celebrados. aeronaves pernoitarem. Com isso, muitas delas tem que abastecer
No caso dos contratos suspensos, os salários são cobertos pelo e deixar o local.
governo federal até o limite do teto do seguro-desemprego (R$
1.813,03) para funcionários de empresas com receita bruta até R$ Festas encerradas pela polícia
4,8 milhões. Já quem teve a jornada reduzida recebe o salário pro- Uma festa com cerca de 200 pessoas foi encerrada pela polícia
porcional da empresa e um complemento relativo a uma parte do em um condomínio de luxo no distrito de Trancoso, na noite de sá-
valor do seguro-desemprego. bado. A Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) divulgou
Em ambos os casos, os trabalhadores têm direito à estabilidade que os policiais foram até a festa, chamada “Sarará”, após um card
pelo tempo equivalente à suspensão ou redução. postado em uma rede social sobre o evento.

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ATUALIDADES
De acordo com a Polícia Militar, equipes do 8º batalhão da PM
encerraram o evento. O responsável pela festa fugiu com a chegada
da polícia, mas já foi identificado e é procurado. Segundo a PM, os
convidados deixaram o imóvel após terem sido informados sobre
as consequências do descumprimento do decreto do Governo da
Bahia, que proíbe a realização de eventos dessa natureza em todo
o estado.
Além de Trancoso, ainda no sul da Bahia, só que em Caraíva,
outro distrito de Porto Seguro, imagens registradas por morado-
res mostram uma multidão sem máscara circulando pelas ruas. A
situação foi registrada na madrugada de domingo (27). Segundo
moradores da comunidade, centenas de pessoas se aglomeraram
principalmente onde ficam os bares e restaurantes.
Ainda de acordo com os moradores, alguns estabelecimentos
estavam em funcionamento mesmo depois do horário estipulado
por decreto municipal.

(Fonte: https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2020/12/28/aeropor-
to-de-distrito-de-porto-seguro-tem-congestionamento-de-jatinhos-sai-
ba-mais.ghtml)

Governo publica MP e define salário mínimo de R$ 1.100 em


2021
O governo federal publicou nesta quinta-feira (31/12/2020) no
“Diário Oficial da União” a medida provisória (MP) que define o sa-
lário mínimo de R$ 1.100 em 2021.
O anúncio do valor foi feito nesta quarta (30) pelo presidente
Jair Bolsonaro. O valor atual do salário mínimo é de R$ 1.045, e o
novo valor vale a partir de 1º janeiro de 2021.
Para o reajuste, o governo usou uma previsão de alta de 5,22%
para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que serve
de base para a correção anual do salário mínimo. Isso significa que
não haverá aumento real no salário mínimo em 2021 mas sim a O que explica a diferença?
correção pela inflação Na proposta, o governo revisou de R$ 1.067 para R$ 1.088 em
Medidas provisórias entram em vigor assim que publicadas no razão do crescimento da inflação nos últimos meses.
“Diário Oficial da União”. Precisam, contudo, de aprovação do Con- O crescimento da inflação fez a área econômica do governo au-
gresso Nacional para se tornar leis em definitivo. mentar a previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor
O salário mínimo de R$ 1.100 está acima dos R$ 1.088 pre- (INPC), base para a correção anual do salário mínimo.
vistos pelo governo na proposta de alteração da Lei de Diretrizes De acordo com informações do Departamento Intersindical de
Orçamentárias (LDO), enviada em 15 de dezembro ao Congresso Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o salário mínimo
Nacional. serve de referência para 49 milhões de trabalhadores no Brasil.
Em entrevista na quarta (30), o secretário-executivo do Minis-
tério da Economia, Marcelo Guaranys, disse que o reajuste do salá-
rio mínimo está em linha com o que foi feito em 2019.
Para o reajuste, o governo usou uma previsão de alta de 5,22%
para o INPC. Segundo Guaranys, esse valor leva em consideração o
valor fechado do índice até novembro e a última estimativa do bole-
tim Focus, divulgado pelo Banco Central na segunda-feira (28). Com
isso, será mais um ano sem alta real no salário mínimo.
Se o INPC superar a previsão do governo, o salário mínimo
pode ter que ser novamente reajustado, como ocorreu em janeiro
deste ano.

Impacto nas contas públicas


Ao conceder um reajuste maior para o salário mínimo, o gover-
no federal também gasta mais. Isso porque os benefícios previden-
ciários não podem ser menores que o valor do mínimo.
De acordo com o secretário da Fazenda do Ministério da Econo-
mia, Waldery Rodrigues, a cada R$ 1 de aumento do salário mínimo,
cria-se a despesa em 2021 de aproximadamente R$ 351,1 milhões.
Segundo o secretário de Política Econômica, Adolfo Sashcida,
a revisão no salário mínimo com relação aos R$ 1.088 previstos na
LDO de 2021 levará a uma despesa extra de cerca de R$ 4 bilhões
no próximo ano.

24
ATUALIDADES
Ainda segundo ele, esse valor está dentro do espaço do teto de heroico de resistência, em um momento em que a ciência vive um
gastos e não causa preocupação. “Esmos bem embasados nisso, no momento de politização. Claro que poderíamos estar fazendo mui-
respeito ao teto. Todas as regras fiscais serão respeitadas”, disse. to mais”, acrescenta Vasconcelos.

(Fonte: https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/12/31/governo- Falta de recursos


-publica-mp-e-define-salario-minimo-de-r-1100-em-2021.ghtml) Anderson Brito, virologista brasileiro baseado nos Estados Uni-
dos, concorda. Ele assinala que o sequenciamento do vírus permite
Coronavírus: Brasil sequencia genoma do vírus 99% menos “captar mutações mais raras com mais facilidade”.
que Reino Unido e desconhece mutações da covid-19 em circu- “Não vemos os mesmos esforços de acompanhamento no Bra-
lação sil, por meio dessa vigilância genômica. Evidentemente existe inte-
Desde o início da pandemia de covid-19, o Brasil sequenciou resse, mas não há verbas nem pessoal suficiente para fazer isso”, diz
1.768 genomas do vírus Sars-CoV-2, pouco mais de 1% dos 134.859 Brito, que faz pós-doutorado na Universidade de Yale, nos Estados
sequenciamentos feitos no Reino Unido, indicam dados da platafor- Unidos.
ma de ciência colaborativa online Gisaid acessados e compartilha- Brito cita como exemplo a falta de equipamentos, como rea-
dos com a BBC News Brasil na semana passada. gentes, necessários para realizar o sequenciamento. Esse material,
Segundo virologistas, esse número baixo de sequenciamentos explica ele, é importado, já que o Brasil não tem produção própria.
impede o Brasil de saber com precisão quantas mutações, de fato, O especialista também diz acreditar que o governo brasileiro
circulam no país e, por consequência, se são mais perigosas ou até agiu “tarde demais” ao suspender os voos de e para o Reino Uni-
mesmo mais transmissíveis, como é caso da variante do coronavírus do. O veto entrou em vigor na última sexta-feira (25/12), apesar de
detectada recentemente no Reino Unido que vem causando preo- o anúncio do governo britânico ter acontecido quase uma semana
cupação ao redor do mundo. antes, no sábado (19/12).
Eles assinalam que o problema não é só a falta de estrutura, “Se as pessoas continuam a ir de um país para o outro, eviden-
mas de investimentos, devido aos seguidos cortes na área da ciên- temente existe a possibilidade de que essa mutação já esteja no
cia e da tecnologia desde 2015. A título de exemplo, naquele ano, Brasil”, diz ele.
os gastos com pesquisa científica no Brasil somaram R$ 14 bilhões. “Também acredito que ainda não detectamos muitas variantes
Neste ano, a previsão é de apenas R$ 5 bilhões, queda de 65%. virais que circulam no nosso país”, acrescenta.
O sequenciamento do genoma de um vírus permite identificar Em entrevista recente à BBC News Brasil, o brasileiro Tulio de
suas características, como age e de qual região veio. Oliveira, responsável pela descoberta da nova mutação “mais trans-
Como os vírus se adaptam a partir de mutações, dizem os espe- missível” do coronavírus, sugeriu que o Brasil aumentasse “a parte
cialistas, esse monitoramento constante é importante, influencian- de sequenciamento do vírus para tentar entender melhor quais são
do a formulação de políticas públicas e também o desenvolvimento as linhagens circulantes e tentar detectar ora uma linhagem que
de vacinas. circule muito mais rapidamente ou uma introdução externa de uma
“Tem alterações em algumas partes do genoma que não acon- linhagem que tenda a circular e causar mais infecções”.
tece nada. Mas se ocorre em um local chave que afeta a ligação (do Oliveira é diretor do laboratório Krisp, na escola de Medicina
patógeno) com o sistema imune, aí é preocupante”, diz à BBC News Nelson Mandela, na Universidade KwaZulu-Natal, em Durban, na
Brasil Ana Tereza Ribeiro de Vasconcelos, à frente da pesquisa com África do Sul, onde vive desde 1997. Ele chefiou a equipe que des-
genomas do Rio e coordenadora do Laboratório de Bioinformática cobriu a nova variante do coronavírus no país e compartilhou os
do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC). dados com a OMS (Organização Mundial de Saúde), o que, por sua
Vasconcelos esteve envolvida na descoberta de uma nova li- vez, permitiu ao Reino Unido descobrir a sua própria variante.
As duas variantes são mais transmissíveis do que a original,
nhagem do coronavírus na semana passada. A cepa, que derivou
mas, por enquanto, não se sabe se são mais letais, segundo Oliveira.
de outra variante que já circulava no Brasil, a B.1.1.28, originada na
Elas compartilham algumas semelhanças, mas evoluíram sepa-
Europa, foi identificada pela primeira vez em amostras do Estado
radamente. Ambas têm uma mutação — chamada N501Y — loca-
do Rio de Janeiro. Segundo Vasconcelos, na linhagem identificada
lizada em uma parte crucial do vírus, usada para infectar as células
no Rio de Janeiro, não há indícios que o vírus tenha tido esta peri-
do corpo humano.
culosidade aumentada.
Na África do Sul, a nova variante identificada por Oliveira e sua
Já a variante britânica, identificada como B.1.1.7, fez vários paí-
equipe estaria por trás da segunda onda da pandemia no país. Ela
ses fecharem suas fronteiras com o Reino Unido, inclusive o Brasil.
se espalhou rapidamente e se tornou a forma dominante do vírus
Pesquisadores e governantes britânicos alertaram que a variante em algumas partes do território, o que resultou na saturação do
se tornou predominante em boa parte do território, incluindo Lon- sistema de saúde.
dres, sofrendo mais de dez mutações que podem ter facilitado sua
transmissão. (Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-55469012)
Essa cepa também já foi encontrada na Espanha, França, Sué-
cia, Austrália, Dinamarca, Itália, Islândia e Holanda, entre outros. Laboratório detecta primeiros casos da nova variante do coro-
Segundo o secretário de Saúde do Reino Unido (equivalente a mi- navírus em São Paulo
nistro), Matt Hancock, ela está fora de controle. O laboratório de diagnóstico Dasa informou nesta quinta-feira
No Brasil, uma pesquisa realizada pelo laboratório de diag- (31/12/2020) que encontrou dois casos da nova variante do corona-
nóstico Dasa em parceira com o Instituto de Medicina Tropical da vírus em São Paulo. Segundo a empresa, essa é a mesma cepa que
Universidade de São Paulo detectou os dois primeiros casos de co- surgiu no Reino Unido. A descoberta foi comunicada ao Instituto
vid-19 provocados pela variante B.1.1.7 no país. Adolfo Lutz e à Vigilância Sanitária.
“Das amostras do Rio de Janeiro não tinha nenhuma variante A empresa afirmou que foram analisadas 400 amostras de sali-
igual à da Inglaterra. Mas se eu sequenciar o Brasil inteiro, pode ser va, coletadas por testes de RT-PCR. Esse tipo de teste, considerado
que eu ache essa ou outras mutações. Não temos os recursos que padrão ouro de diagnóstico, detecta o código genético (RNA, nesse
o Reino Unido tem. O que estamos fazendo é praticamente um ato caso) do vírus nas amostras.

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ATUALIDADES
A confirmação da cepa foi feita por meio de sequenciamento Embora reconhecesse o conceito de soberania de cada Estado-
genético, em parceria com o Instituto de Medicina Tropical da Fa- -membro, a ONU, um órgão que na época tinha apenas três anos
culdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IMT-FMUSP). de existência, se dispôs a assegurar que o respeito pelos direitos
humanos deveria fazer parte da sua missão primordial.
Mutação Assim, criou em 1946 a Comissão de Direitos Humanos, res-
A variante, chamada de B.1.1.7, já foi registrada em pelo me- ponsável por elaborar os parâmetros universais para os direitos
nos outros 17 países. Ela tem mutações que afetam a maneira como que, ao menos em teoria, deveriam ser compartilhados por todos
o vírus se fixa nas células humanas e é 56% mais contagiosa. Não os indivíduos na Terra.
há evidências de que a variante provoque casos mais graves ou com Segundo a ONU, a Declaração está hoje disponível em mais de
maior índice de mortes, nem mesmo que seja resistente às vacinas. 500 idiomas — tornando-se o documento mais traduzido do mun-
No Reino Unido, ela já representa mais de 50% dos novos ca- do.
sos diagnosticados, de acordo com a Organização Mundial da Saúde A Declaração Universal é uma expressão de princípios de com-
(OMS). promisso com os direitos humanos, e não uma lei em si própria
O estudo do laboratório brasileiro que identificou essa versão — embora muitos de seus artigos tenham se convertido em lei ao
do coronavírus foi iniciado em meados de dezembro, quando o redor do mundo.
Reino Unido publicou as primeiras informações científicas sobre a Desde sua criação, foram criados também mecanismos de con-
variante. trole no âmbito da ONU, como relatorias, órgãos fiscalizadores e
comissões especiais para tentar garantir que esses direitos sejam
Preocupação com testes de fato assegurados. Isso não impede, no entanto, que a Declaração
O laboratório disse que está trabalhando com o Instituto de seja violada diariamente, de múltiplas formas, em inúmeros países.
Medicina Tropical da USP para gerar material que permita testar A seguir, veja na íntegra a Declaração Universal dos Direitos Hu-
a eficiência de alguns tipos de testes do coronavírus. (Isso não se manos em português:
aplica aos testes PCR, que são capazes de detectar o vírus mesmo
na nova variante). Preâmbulo
A preocupação é que alguns atuais possam apresentar falsos Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a
negativos – quando uma pessoa está doente mas o exame não todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e
aponta a presença do vírus. inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no
“Alguns testes de imunologia e de sorologia que só identificam mundo.
a proteína S podem apresentar resultados falso negativos nos diag- Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos hu-
nósticos dessa nova variante”, explicou o diretor médico da Dasa, manos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência
Gustavo Campana. da humanidade e que o advento de um mundo em que mulheres e
“Estamos antecipando a avaliação para definir os exames que homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de
sofram menos interferência em seu desempenho de diagnóstico, viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a
numa eventual expansão desta variante no Brasil”, acrescentou. mais alta aspiração do ser humano comum,
Para a cientista Ester Sabino, do IMT da USP, a nova variante Considerando ser essencial que os direitos humanos sejam pro-
reforça a necessidade da quarentena. tegidos pelo império da lei, para que o ser humano não seja compe-
“Dado seu alto poder de transmissão, esse resultado reforça a
lido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão,
importância da quarentena, e de manter o isolamento de 10 dias,
Considerando ser essencial promover o desenvolvimento de
especialmente para quem estiver vindo ou acabado de chegar da
relações amistosas entre as nações,
Europa”, disse.
Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram,
Em nota, o Instituto Adolfo Lutz disse que está analisando as
na Carta, sua fé nos direitos fundamentais do ser humano, na dig-
amostras e que fará o sequenciamento genético para identificação
nidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos do
da linhagem em até 48h.
homem e da mulher e que decidiram promover o progresso social e
“Independentemente disso, a Vigilância Epidemiológica da Se-
cretaria de Estado da Saúde de São Paulo, em parceria com o muni- melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla,
cípio da Capital, já tomou todas as providências quanto ao monito- Considerando que os Países-Membros se comprometeram a
ramento dos casos confirmados e dos seus contactantes”, afirmou. promover, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito uni-
versal aos direitos e liberdades fundamentais do ser humano e a
(Fonte: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/12/31/labo- observância desses direitos e liberdades,
ratorio-detecta-primeiro-caso-da-nova-variante-do-coronavirus-em- Considerando que uma compreensão comum desses direitos
-sao-paulo.ghtml) e liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento
desse compromisso,
MUNDO Agora portanto a Assembleia Geral proclama a presente Decla-
ração Universal dos Direitos Humanos como o ideal comum a ser
‘Todos iguais em dignidade e direitos’: o que diz a Declaração atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de
Universal dos Direitos Humanos, celebrada em 10 de dezembro que cada indivíduo e cada órgão da sociedade tendo sempre em
Até a Segunda Guerra Mundial, cabia apenas a cada país deci- mente esta Declaração, esforce-se, por meio do ensino e da educa-
dir como era aceitável tratar seus próprios cidadãos. Mas as atrocida- ção, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela
des cometidas pelo regime nazista mobilizaram a comunidade interna- adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacio-
cional do pós-guerra a decidir que o respeito a direitos humanos não nal, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância uni-
poderia mais ser deixado apenas a cargo de cada governo. versais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Países-Mem-
Esse é o contexto por trás da Declaração Universal dos Direitos bros quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.
Humanos, conjunto de 30 artigos proclamados há exatos 72 anos,
em 10 de dezembro de 1948, “como o ideal comum a ser atingido
por todos os povos e todas as nações”.

26
ATUALIDADES
Artigo 1 Artigo 12
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e Ninguém será sujeito à interferência na sua vida privada, na sua
direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em rela- família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataque à sua
ção uns aos outros com espírito de fraternidade. honra e reputação. Todo ser humano tem direito à proteção da lei
contra tais interferências ou ataques.
Artigo 2
1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as Artigo 13
liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qual- 1. Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e
quer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política residência dentro das fronteiras de cada Estado.
ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimen- 2. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, in-
to, ou qualquer outra condição. clusive o próprio e a esse regressar.
2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na con-
dição política, jurídica ou internacional do país ou território a que Artigo 14
pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, 1. Todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de
sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limi- procurar e de gozar asilo em outros países.
tação de soberania. 2. Esse direito não pode ser invocado em caso de perseguição
legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos
Artigo 3 contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas.
Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança
pessoal. Artigo 15
1. Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade.
Artigo 4 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade,
Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravi- nem do direito de mudar de nacionalidade.
dão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas.
Artigo 16
1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restri-
Artigo 5
ção de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair ma-
Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou casti-
trimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação
go cruel, desumano ou degradante.
ao casamento, sua duração e sua dissolução.
2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno con-
Artigo 6
sentimento dos nubentes.
Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares,
3. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e
reconhecido como pessoa perante a lei. tem direito à proteção da sociedade e do Estado.
Artigo 7 Artigo 17
Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer dis- 1. Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em socie-
tinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção dade com outros.
contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.
contra qualquer incitamento a tal discriminação.
Artigo 18
Artigo 8 Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, cons-
Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais ciência e religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de reli-
competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos gião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença
fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela pelo ensino, pela prática, pelo culto em público ou em particular.
lei.
Artigo 19
Artigo 9 Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expres-
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado. são; esse direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opi-
niões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por
Artigo 10 quaisquer meios e independentemente de fronteiras.
Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa
e pública audiência por parte de um tribunal independente e im- Artigo 20
parcial, para decidir seus direitos e deveres ou fundamento de qual- 1. Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e asso-
quer acusação criminal contra ele. ciação pacífica.
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.
Artigo 11
1. Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito Artigo 21
de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido 1. Todo ser humano tem o direito de tomar parte no governo de seu país
provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe te- diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos.
nham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa. 2. Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço pú-
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão blico do seu país.
que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional 3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo;
ou internacional. Também não será imposta pena mais forte de que essa vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por
aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso. sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que
assegure a liberdade de voto.

27
ATUALIDADES
Artigo 22 Artigo 29
Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à 1. Todo ser humano tem deveres para com a comunidade, na
segurança social, à realização pelo esforço nacional, pela coopera- qual o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é pos-
ção internacional e de acordo com a organização e recursos de cada sível.
Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis 2. No exercício de seus direitos e liberdades, todo ser humano
à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade. estará sujeito apenas às limitações determinadas pela lei, exclusiva-
mente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito
Artigo 23 dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer as justas exigên-
1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de cias da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade
emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção democrática.
contra o desemprego. 3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma,
2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual ser exercidos contrariamente aos objetivos e princípios das Nações
remuneração por igual trabalho. Unidas.
3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remune-
ração justa e satisfatória que lhe assegure, assim como à sua famí- Artigo 30
lia, uma existência compatível com a dignidade humana e a que se Nenhuma disposição da presente Declaração poder ser inter-
acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social. pretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pes-
4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles soa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer
ingressar para proteção de seus interesses. ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades
aqui estabelecidos.
Artigo 24
Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a li- (Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-55262372)
mitação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas pe-
riódicas. O experimento em que a água é separada em ‘dois líquidos’
Diferente dos outros líquidos, ao congelar, a água se expande;
Artigo 25 quando está quente, congela mais rápido do que quando está fria.
1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de Além de essencial, a água é estranhamente única — conta-se
assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar, inclusive alimen- mais de 70 propriedades que a diferenciam de outros líquidos.
tação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais Na verdade, para alguns especialistas, o comportamento físico
indispensáveis e direito à segurança em caso de desemprego, doen- e químico da água é tão estranho que ela chega a se comportar, em
ça invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de condições extremas, como se fosse dois líquidos diferentes — ou o
subsistência em circunstâncias fora de seu controle. mesmo líquido em duas configurações distintas, uma mais densa e
2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistên- outra menos densa.
cia especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matri- Um cientista que defende isso é Anders Nilsson, professor de
mônio, gozarão da mesma proteção social. Química e Física da Universidade de Estocolmo. Em um experimen-
to recente, ele afirma ter demonstrado essa “vida dupla” da água
Artigo 26 — que, no entanto, só aparece em temperaturas baixíssimas e sob
1. Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será pressão alta, e não na água como a conhecemos no dia-a-dia.
gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A ins- “Não é que a água seja um líquido complexo”, explicou o pes-
trução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional quisador à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC.
será acessível a todos, bem como a instrução superior, está baseada “Na verdade, ela é como a mistura de dois líquidos simples.”
no mérito. Essa hipótese não é nova: foi proposta nos anos 1990 pelo
2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvi- professor Harry Eugene Stanley, da Universidade de Boston, e vem
mento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito sendo aprimorada com simulações de computador por Nilsson e
pelos direitos do ser humano e pelas liberdades fundamentais. A sua equipe.
instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre À primeira vista, a água parece um líquido uniforme; entretan-
todas as nações e grupos raciais ou religiosos e coadjuvará as ativi- to, nos experimentos, a nível microscópico, suas moléculas flutuam,
dades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. separando-se em duas configurações marcadas por diferentes den-
3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de sidades. Em condições normais, porém, esses dois formatos encon-
instrução que será ministrada a seus filhos. tram-se misturados.
Isso, de acordo com os trabalhos de Nilsson, é o que explica as
Artigo 27 “estranhezas” da água.
1. Todo ser humano tem o direito de participar livremente da Em um experimento recente, ele e sua equipe analisaram uma
vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do amostra de água ultrapura sob temperatura de -63 ºC e com pres-
progresso científico e de seus benefícios. são até 3 mil vezes superior à atmosférica.
2. Todo ser humano tem direito à proteção dos interesses mo- Assim, foi possível observar, através de raios X, como grupos de
rais e materiais decorrentes de qualquer produção científica literá- moléculas se formaram e se deslocaram de um lado para o outro.
ria ou artística da qual seja autor. A equipe também notou que essa “anomalia” se torna mais
evidente quanto mais baixa a temperatura.
Artigo 28 “O que vemos são dois líquidos fingindo ser um só, por meio da
Todo ser humano tem direito a uma ordem social e interna- flutuação”, aponta Nilsson.
cional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente Os pesquisadores manipularam as condições de pressão, con-
Declaração possam ser plenamente realizados. duzindo-a a diferentes níveis em questão de nanossegundos, mas
sempre evitando que a amostra congelasse.

28
ATUALIDADES
Professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Eficácia
(UFRGS), a física Marcia Cristina Bernardes Barbosa explicou à BBC Na terça-feira (8), a AstraZeneca e a Universidade de Oxford
News Brasil por e-mail por que esse controle milimétrico foi neces- publicaram, em revista científica, o estudo que mostrava a eficácia
sário. de sua vacina contra a Covid-19. Segundo os dados, a eficácia foi de
“Estas duas estruturas de água líquida sobrevivem por um tem- até 90% em voluntários que tomaram a dose menor da vacina – um
po muito pequeno, pois nesta temperatura a água em equilíbrio resultado que intrigou os próprios cientistas.
congela”, escreveu Barbosa, também diretora da Academia Brasilei- Na prática, se uma vacina tem 90% de eficácia, isso significa
ra de Ciências (ABC). dizer que 90% das pessoas que são vacinadas com ela ficam prote-
“A ideia é antiga e vem de Stanley. Nilsson faz, no entanto, ex- gidas contra aquela doença.
perimentos deslumbrantes que mostram em poucos segundos a A Sputnik V, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya, ainda não
existência das duas fases líquidas que só sobrevivem rapidamente, teve seus dados de eficácia publicados em revista científica. Segun-
dando lugar ao gelo.” do o último anúncio dos pesquisadores, no fim de novembro, a vaci-
Na verdade, a equipe de Nilsson defende que suas descobertas na teve eficácia “acima de 95%” 21 dias após a segunda dose.
podem explicar fenômenos não só relativos à água em si, mas tudo
que é ligado a ela na natureza. Testes no Brasil
Fivos Perakis, um dos pesquisadores da Universidade de Esto- A vacina da AstraZeneca, criada em parceria com a Universida-
colmo que faz parte do grupo, menciona por exemplo o que isso de de Oxford, é uma das quatro que estão sendo testadas no Brasil.
implica para os seres vivos. O país tem contrato de compra de doses e repasse da tecnologia
“Eu me pergunto se os dois estados líquidos podem ser um para a Fiocruz, para que o imunizante possa ser produzido em solo
fator importante nos processos biológicos das células”, questiona brasileiro. O investimento será de R$ 1,9 bilhão.
Perakis. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse nesta semana que
Ele também vislumbra avanços como na dessalinização da a previsão é que o registro da vacina esteja pronto no fim de feve-
água, afinal, “o acesso à água potável será um dos maiores desafios reiro.
diante das mudanças climáticas”, lembra. Já o governo russo firmou parcerias com os governos do Paraná
e da Bahia para produção da Sputnik V em solo brasileiro.
(Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/geral-55254403) As outras vacinas em testes no Brasil são a da Johnson, a da
Pfizer e a da Sinovac. Veja a situação de cada uma:
AstraZeneca vai investigar uso combinado de sua vacina para - Pfizer: publicou resultados. Governo federal diz que a vaci-
Covid-19 com a Sputnik V, da Rússia nação pode começar ainda neste mês ou em janeiro se a empresa
A farmacêutica AstraZeneca anunciou nesta sexta-feira conseguisse aprovação emergencial na Anvisa. Nesta semana, o
(11/12/2020) que vai estudar a possibilidade de combinar sua vaci- Reino Unido começou a aplicar a vacina na população. Também já
na experimental contra a Covid-19, desenvolvida em parceria com foi aprovada no Canadá, Bahrein e teve aprovação recomendada
a Universidade de Oxford, com a Sputnik V, desenvolvida pelo Insti- nos Estados Unidos.
tuto Gamaleya, na Rússia. - Sinovac: não publicou resultados nem divulgou dados prelimi-
A vacina da AstraZeneca é uma das quatro que estão sendo nares. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse que a
testadas no Brasil. vacinação no estado com o imunizante vai começar em 25 de janei-
O anúncio foi feito depois que os próprios desenvolvedores ro, mas a vacina ainda não foi aprovada pela Anvisa.
da Sputnik V sugeriram, no Twitter, que a AstraZeneca tentasse a - Johnson: ainda não publicou resultados de eficácia nem divul-
combinação para aumentar a eficácia da vacina. Os pesquisadores gou dados preliminares. A previsão é que os dados fiquem disponí-
russos ainda não publicaram dados da eficácia de seu imunizante veis no fim de janeiro.
em revista científica; já Oxford e a AstraZeneca, sim.
(Fonte: https://g1.globo.com/bemestar/vacina/noticia/2020/12/11/
Tecnologia astrazeneca-vai-testar-uso-de-sua-vacina-para-covid-19-combinado-
Ambas as vacinas usam um vetor viral. Nesse tipo de vacina, -com-a-da-russia.ghtml)
os pesquisadores usam um outro vírus, modificado, para introduzir
parte do material genético do novo coronavírus (Sars-CoV-2) no or- Argentina começa vacinação contra a Covid-19
ganismo e induzir a resposta do sistema de defesa do corpo. A Argentina começou, nesta terça-feira (29/12/2020), a vacinar
Nas duas vacinas, o tipo de vírus que “carrega” o coronavírus a população contra a Covid-19. Os primeiros imunizados serão pro-
para o corpo é um adenovírus. As duas também são aplicadas em fissionais de saúde. O país vai usar a Sputnik V, vacina desenvolvida
duas doses. por cientistas russos contra a doença.
A diferença é que, na vacina de Oxford, os adenovírus usados As primeiras 300 mil doses da vacina foram entregues na se-
nas duas doses são iguais. Na Sputnik V, eles são diferentes. Segun- mana passada. Desse total, 123 mil – o equivalente a 41% – foram
do os cientistas russos, isso é uma grande vantagem da vacina. para a província de Buenos Aires, vizinha à capital, segundo o jornal
No Twitter, os pesquisadores disseram que “o uso de dois veto- argentino “La Nación”.
res diferentes para duas injeções vai resultar em uma eficácia maior A cidade de Buenos Aires recebeu 23,1 mil doses. As outras
do que usar o mesmo vetor para as duas injeções”. foram divididas entre Santa Fe (24,1 mil), Córdoba (21,9 mil), Tu-
cumán (11,5 mil), Mendoza (11 mil), Entre Ríos (10,1 mil) e Salta
Kirill Dmitriev, o líder do fundo RDIF, que financiou a Sputnik (8,3 mil).
V, disse que isso mostra a força da tecnologia da vacina e “a nossa De acordo com o “La Nación”, ao longo de janeiro e fevereiro,
disposição e desejo para fazer parcerias com outras vacinas para mais 20 milhões de doses chegarão ao país para completar a vacina-
combater a Covid-19 juntos”. ção das equipes de saúde e das forças de segurança.
O acordo argentino com a Rússia prevê a entrega de 25 milhões
de doses da Sputnik V, que precisa ser aplicada em duas doses.

29
ATUALIDADES
No sábado (26), ao anunciar o lançamento da campanha, o pre- Câmara dos Deputados da Argentina aprova descriminaliza-
sidente Alberto Fernández disse que a intenção era ter a “maior ção do aborto; projeto segue para o Senado
parte da população de risco vacinada” até o outono. A Câmara dos Deputados da Argentina aprovou um projeto de
“Enquanto isso, vamos nos cuidar e que todos entendam que lei que legaliza o aborto no país nesta sexta-feira (11/12/2020). O
o risco existe e que é preciso evitar aglomerações”, completou Fer- texto, agora, será avaliado pelo Senado do país.
nández. Ainda não há data marcada para a votação no Senado.
O presidente argentino disse, também, que, para ampliar a A aprovação se deu com 131 votos favoráveis ao projeto, 117
confiança da população na vacina russa, ele mesmo seria o primei- contrários e 6 abstenções.
ro a ser vacinado. Em 2018, um projeto semelhante passou pelos deputados, mas
Para abril, o país aguarda, ainda, a chegada de 22,4 milhões foi rejeitado no Senado. Naquela ocasião, a margem da aprovação
de doses da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford em foi menor que a desta sexta: foram 129 a favor e 125 contra.
parceria com a AstraZeneca.
O México, o Chile e a Costa Rica são os outros países da Améri- Antes da votação, houve 20 horas de debates e discursos so-
ca Latina que já começaram a vacinar a população. bre o tema.
Do lado de fora do prédio, grupos favoráveis ao projeto de lei
Início em Belarus fizeram uma vigília que atravessou a madrugada.
Além da Argentina, Belarus também começou, nesta terça (29), O projeto foi enviado ao Congresso pelo presidente Alberto
a aplicar a Sputnik V na população. Os países estão entre os primei- Fernández, mas recebeu apoio de políticos que não compõem a
ros, fora a própria Rússia, a usarem a vacina para campanhas em base de governo.
massa.
Com o início da vacinação na Argentina e em Belarus, já são ao Interrupção até a 14ª semana
menos 44 países ao redor do mundo que já começaram a vacinar a A lei atual só prevê a interrupção voluntária da gravidez quan-
população contra a Covid. do há um risco de vida para a mãe ou quando a concepção foi fruto
A Sputnik V foi a primeira a ser registrada no mundo contra a de um estupro.
Covid-19, em agosto. Há cerca de duas semanas, a Rússia divulgou O projeto autoriza a interrupção da gravidez até a 14ª semana
dados com o resultado final da eficácia da vacina, que ficou em cer- de gestação. Ele deverá ser feito no prazo de até dez dias do pedido
ca de 91%. ao serviço de saúde.
Na prática, se uma vacina tem 91% de eficácia, isso significa O texto prevê que os médicos que são contra o aborto não são
dizer que 91% das pessoas vacinadas ficam protegidas contra uma obrigados a executar o procedimento, mas os serviços de saúde
doença. precisam apontar um outro profissional que se disponha a fazê-lo.
Se a paciente tiver menos de 16 anos, ela precisará de consen-
(Fonte: https://g1.globo.com/bemestar/vacina/noticia/2020/12/29/ timento dos pais.
argentina-comeca-vacinacao-contra-a-covid-19.ghtml) O que acontece com as grávidas com mais de 16 anos e menos
de 18 foi tema de debate. Inicialmente, o texto dizia que elas mes-
Wuhan, epicentro da pandemia de Covid-19, pode ter tido 10 mas poderiam pedir o procedimento.
vezes mais casos de infecção do que o número oficial, diz pesquisa Depois de uma discussão, adicionou-se um parágrafo em que
Um estudo feito pelo Centro de Controle e Prevenção de Doen-
se diz que, nessa situação, se houver conflito de interesses com os
ças (CDC) da China, divulgado na segunda-feira (28/12/2020), apon-
pais, as pacientes receberão auxílio jurídico.
ta que o número de pessoas infectadas pelo coronavírus em Wuhan,
cidade epicentro da pandemia, pode ter sido 10 vezes maior do que
Projeto paralelo
o registrado oficialmente.
Há um projeto de lei paralelo que prevê um auxílio para as mu-
A estimativa é de que quase 500 mil pessoas se infectaram com
lheres que quiserem seguir com a gravidez, mas podem enfrentar
o coronavírus em Wuhan, mas os dados oficiais apontam 50,3 mil
dificuldades econômicas e sociais severas.
casos.
Os pesquisadores chegaram à estimativa a partir de amostras
de sangue de 34 mil pessoas de Wuhan e de outras cidades chine- Verde e azul
sas, como Pequim, Liaoning, Xangai, Jiangsu, Guangdong e Sichuan. Desde 2018, grupos de apoiadores da descriminalização do
Os dados apontam que 4,43% da população de Wuhan havia aborto, compostos principalmente por mulheres, adotaram o verde
sido infectada pelo coronavírus (taxa de prevalência de anticorpos) como a cor que os simboliza. Em resposta, as pessoas contrárias
um mês após o país conter a primeira onda de casos. adotaram a cor azul celeste.
O percentual equivale a cerca de 487 mil pessoas na cidade que Os dois grupos foram às ruas nesta semana.
tem 11 milhões de habitantes. Até o domingo (27), as autoridades País natal do Papa Francisco, a Argentina tem população pre-
locais haviam relatado um total de 50.354 casos confirmados da dominantemente católica. O segundo artigo da Constituição diz
doença na cidade. que o governo federal “apoia o culto apostólico católico romano”.
Fora de Wuhan, a taxa de prevalência de anticorpos para Covid Até o governo de Carlos Menem, em 1989, era exigido que o pre-
é menor, e chega a 0,44%, segundo o CDC. De acordo com o órgão, sidente fosse católico (Menem era muçulmano e se converteu ao
isso indica que a China conseguiu conter o avanço de casos. catolicismo na juventude). Grupos de cristãos se posicionam contra
O CDC não informou se publicou o estudo em revistas científi- o projeto.
cas. Quando um estudo sai em publicações especializadas, os dados
são revisados por outros especialistas para verificar a consistência (Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/12/11/camara-de-
das informações e da metodologia. -deputados-da-argentina-aprova-descriminalizacao-do-aborto-proje-
to-segue-para-o-senado.ghtml)
(Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/12/29/wuhan-epi-
centro-da-pandemia-de-covid-19-pode-ter-tido-10-vezes-mais-casos-
-de-infeccao-do-que-o-numero-oficial-diz-pesquisa.ghtml)

30
ATUALIDADES
Enigma da pandemia: os genes que ajudam a entender por O interferon poderia ser administrado como tratamento, mas
que algumas pessoas ficam mais doentes que outras um ensaio clínico da Organização Mundial da Saúde concluiu que
Um dos maiores enigmas da pandemia é entender por que ele não ajudou pacientes em estado grave. No entanto, o professor
algumas pessoas com coronavírus não apresentam sintomas, en- Casanova diz que o contexto é importante.
quanto outras ficam extremamente doentes. Ele explicou: “Eu espero que, se administrado nos primeiros
Um estudo com mais de 2.200 pacientes de terapia intensiva dois, três, ou quatro dias de infecção, o interferon funcione, porque
publicado na revista Nature identificou genes específicos que po- ele essencialmente forneceria a molécula que o [paciente] não pro-
dem trazer a resposta. duz por si mesmo”.
Eles tornam algumas pessoas mais suscetíveis aos sintomas
graves de Covid-19. ‘Quando as coisas dão errado’
As descobertas lançam luz sobre onde o sistema imunológico Vanessa Sancho-Shimizu, uma geneticista do Imperial College
falha, o que pode ajudar a identificar novos tratamentos. de Londres, disse que as descobertas genéticas oferecem uma visão
Os tratamentos continuarão a ser necessários mesmo com as sem precedentes sobre a biologia da doença.
vacinas sendo desenvolvidas, diz Kenneth Baillie, consultor em me- “É realmente um exemplo de medicina de precisão, no qual po-
dicina da Royal Infirmary em Edimburgo, que liderou o projeto de- demos realmente identificar o momento em que as coisas deram
nominado Genomicc. errado para aquele indivíduo”, disse ela à BBC News.
“As vacinas devem diminuir drasticamente o número de casos, “As descobertas desses estudos genéticos nos ajudarão a iden-
mas é provável que os médicos ainda precisem tratar a doença em tificar caminhos moleculares específicos que podem ser alvos de
cuidados intensivos por vários anos em todo o mundo. Por isso exis- intervenção terapêutica”, disse ela.
te uma necessidade urgente de encontrar novos tratamentos.” Mas o genoma ainda guarda alguns mistérios.
O estudo Genomicc - e vários outros - revelou um grupo de
Céluas ‘irritadas’ genes no cromossomo 3 fortemente ligado a sintomas graves. No
Os cientistas analisaram o DNA de pacientes em mais de 200 entanto, a biologia por trás disso ainda não é compreendida pelos
unidades de terapia intensiva em hospitais do Reino Unido. cientistas.
Todos os pacientes tiveram análises minuciosas em seus genes, Mais pacientes serão convidados a participar da pesquisa.
que por sua vez abrigam instruções para todos os processos bioló- “Precisamos de todos, mas estamos particularmente interes-
gicos - incluindo como combater um vírus. sados em recrutar pessoas de grupos étnicos minoritários que apa-
Os genomas dessas pessoas foram então comparados com o recem de maneira mais ampla na população gravemente doente”,
DNA de pessoas saudáveis na tentativa de identificar diferenças. Al- afirmou Baillie.
gumas foram encontradas - a primeira delas em um gene chamado Ele acrescentou: “Ainda há uma necessidade urgente de en-
TYK2. contrar novos tratamentos para esta doença e temos que fazer as
“Ele é parte do sistema que torna as células imunológicas mais escolhas certas sobre os próximos tratamentos, porque não temos
irritadas e mais inflamatórias”, explicou o Baillie. tempo para cometer erros”.
Se o gene estiver imperfeito, essa resposta imune pode entrar
em exaustão, colocando os pacientes em risco de séria inflamação (Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-55293510)
pulmonar.
Um tipo de medicamento anti-inflamatório já usado para doen- Na Escócia, artefatos medievais são encontrados após demo-
ças como a artrite reumatóide tem como alvo exatamente esse me- lição de antiga loja
canismo biológico. É o caso de um remédio chamado Baricitinib. Durante obras de demolição para a construção de um novo
“Isso o torna esse remédio candidato muito plausível para no- conjunto habitacional, na cidade de Inverness, Escócia, trabalha-
vos tratamentos”, disse Baillie. “Mas, é claro, precisamos fazer tes- dores encontraram artefatos valiosos, datados da Idade Média. Ar-
tes clínicos em grande escala para descobrir se isso se confirma ou queólogos foram acionados para escavar o local e fazer uma análise
não.” especializada sobre o passado da região de Highland.
“Esta é uma descoberta muito importante para a cidade e, uma
Pouco ‘interferon’ vez que o trabalho no local foi concluído, todas as amostras e ar-
Diferenças genéticas também foram encontradas em um gene tefatos recuperados são analisados”, disse a arqueóloga municipal,
chamado DPP9, que desempenha um papel em inflamações, e em Kirsty Cameron.
um gene chamado OAS, que ajuda a impedir que o vírus se multi- Apesar de descreverem a descoberta como “muito importan-
plique. te”, os pesquisadores, juntamente com as autoridades, não revela-
Além disso, variações em um gene chamado IFNAR2 também ram mais detalhes sobre os itens medievais. Apenas comunicaram
foram identificadas nos pacientes de terapia intensiva. que eles serão estudados e catalogados, para que, num futuro pró-
O IFNAR2 está ligado a uma molécula antiviral potente chama- ximo, sejam revelados ao público.
da interferon, que ajuda a ativar o sistema imunológico assim que Até o momento, sabe-se que o local já abrigou uma antiga loja
uma infecção é detectada. na Church Street. Porém agora, dará lugar para novos condomínios,
Acredita-se que a produção de pouco interferon pode dar ao parte de um projeto para remodelar o município. De acordo com
vírus uma vantagem inicial, permitindo que ele se replique rapida- Allan Maguire, chefe de desenvolvimento e regeneração do lugar, o
mente, levando a quadros mais graves. objetivo principal das obras é “a recuperação do centro da cidade
Dois outros estudos recentes publicados na revista Science
de Inverness”.
também relacionaram o interferon a casos de Covid, por meio de
mutações genéticas e um distúrbio autoimune que afeta sua pro-
Sobre arqueologia
dução.
Descobertas arqueológicas milenares sempre impressionam,
O professor Jean-Laurent Casanova, que realizou a pesquisa, da
pois, além de revelar objetos inestimáveis, elas também, de certa
Universidade Rockefeller em Nova York, disse: “[Interferon] foi res-
forma, nos ensinam sobre como tal sociedade estudada se desen-
ponsável por quase 15% dos casos críticos de Covid-19 registrados
volveu e se consolidou ao longo da história.
internacionalmente segundo nosso estudo.”

31
ATUALIDADES
Sem dúvida nenhuma, uma das que mais chamam a atenção O que se sabe sobre a nova variante do coronavírus que levou
ainda hoje é a dos egípcios antigos. Permeados por crendices em a novo lockdown na Inglaterra
supostas maldições e pela completa admiração em grandes figu- Autoridades da União Europeia (UE) estão discutindo uma res-
ras como Cleópatra e Tutancâmon, o Egito gera curiosidade por ser posta conjunta a uma nova variante do Sars-CoV-2 que é mais infec-
berço de uma das civilizações que foram uma das bases da história ciosa e foi detectada no Reino Unido.
humana e, principalmente, pelos diversos achados de pesquisado- Mais de 40 países já fecharam suas fronteiras com o país até o
res e arqueólogos nas últimas décadas. momento, por receio da disseminação da nova variante.
(Fonte: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/histo- Um aumento de casos de coronavírus no sudeste e leste inglês,
ria-hoje/na-escocia-artefatos-medievais-sao-encontrados-apos-de- incluindo Londres, está ligado à disseminação desta nova variante
molicao-de-antiga-loja.phtml) — embora ela já seja encontrada em todo o país, de acordo com o
governo britânico.
Mesmo com quase 140 mil pessoas vacinadas no Reino Unido Isso fez com que o primeiro-ministro Boris Johnson anunciasse
contra a Covid-19, Londres fecha cinemas, teatros e restaurantes medidas mais rígidas de isolamento para 20 milhões de pessoas na
Hotéis, restaurantes e locais de entretenimento voltaram a fe- Inglaterra e em todo o País de Gales.
char as portas em Londres nesta quarta-feira (16/12/2020), apenas A nova variante, surgida após mutações, se tornou a forma
duas semanas depois que a Inglaterra saiu do segundo confinamen- mais comum do vírus em algumas partes da Inglaterra em ques-
to. tão de meses. O governo britânico diz que há motivos para acredi-
Houve uma disparada dos contágios do coronavírus. tar que ela seja bem mais contaminante, possivelmente 70% mais
Quase 140 mil pessoas no Reino Unido foram vacinadas con- transmissível.
tra a Covid-19 na primeira semana de imunização com a vacina da O estudo dessa nova forma do coronavírus ainda está em um
Pfizer e da BioNTech, disse Nadhim Zahawi , o ministro responsável estágio inicial, contém grandes incertezas e uma longa lista de per-
pela campanha de vacinação. guntas sem resposta.
Dessas, 108 mil foram na Inglaterra. Os vírus sofrem mutações o tempo todo e é vital entender se
Cada pessoa receberá duas doses da vacina. essas mutações estão ou não mudando o comportamento do vírus
e alterando a doença. Essa variante específica está causando preo-
Fechamento em Londres cupação por três motivos principais:
A cidade de Londres e áreas do sudeste da Inglaterra entraram • Ela está substituindo rapidamente outras versões do vírus
no nível máximo de alerta contra a Covid-19 nesta quarta-feira, mas • Ela possui mutações que afetam partes do vírus que são pro-
regiões do norte da Inglaterra já estavam nessas condições. vavelmente importantes
• Já se verificou em laboratório que algumas dessas mutações po-
Isso implica o fechamento de hotéis, bares e restaurantes - que
dem aumentar a capacidade do vírus de infectar células do corpo.
só podem vender comida para retirada -, locais culturais, como ci-
nemas, teatros e museus e locais de lazer, como as pistas de boliche.
Tudo isso constrói um cenário preocupante, mas ainda não há
O governo recomenda o trabalho remoto para quem tiver con-
certeza. Novas cepas podem se tornar mais comuns simplesmente
dições e que as pessoas evitem os deslocamentos não essenciais.
por estarem no lugar certo na hora certa — como a cidade de Lon-
As medidas incluem ainda a limitação dos contatos sociais: está
dres, que tinha poucas restrições até recentemente.
proibido encontrar pessoas com quem você não convive em locais
fechados e os contatos em áreas a céu aberto, como parques e “Experimentos de laboratório são necessários, mas é desejável
praias, não podem superar seis pessoas, incluindo as crianças. esperar semanas ou meses para ver os resultados e tomar medidas
Lojas, salões de beleza e academias podem permanecer aber- para limitar a propagação? Provavelmente não nessas circunstân-
tas, assim como as escolas. cias”, diz Nick Loman, professor do Instituto de Microbiologia e In-
Dois distritos da capital, Greenwich e Islington, administrados fecção da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, que defen-
pela oposição trabalhista, optaram por fechar os centros de ensino, de as restrições para tentar conter essa versão do vírus.
o que provocou um conflito com o governo do primeiro-ministro
conservador Boris Johnson. Quão rápido ela está se espalhando?
A Inglaterra saiu em 2 de dezembro de quatro semanas de con- Essa cepa foi detectada pela primeira vez em setembro. Em no-
finamento, o segundo após o que vigorou entre março e junho, e o vembro, cerca de um quarto dos casos em Londres eram causados
país entrou em um sistema reforçado de restrições locais. por essa nova variante, aumentando para quase dois terços dos ca-
Na capital, restaurantes e teatros retomaram as atividades, sos em meados de dezembro.
com a esperança de que o movimento frenético das semanas ante- Pesquisadores têm calculado a dispersão de diferentes varian-
riores ao Natal permitisse recuperar parte da receita perdida desde tes na tentativa de estabelecer o quão infecciosas elas são. Mas
o início da pandemia em março. separar o que é devido ao comportamento das pessoas e o que é
O anúncio obrigou os restaurantes a cancelar todas as reservas devido ao vírus é difícil.
para as próximas semanas. Pedidos de produtos repassados aos for- O dado citado pelo primeiro-ministro do Reino Unido, Boris
necedores agora correm o risco de estragar. Johnson, é que a variante pode ser até 70% mais transmissível — é
“Sei que é uma notícia difícil e que para os negócios afetados um dado que havia aparecido em apresentação do pesquisador Erik
será um revés considerável”, afirmou na segunda-feira o ministro da Volz, do Imperial College de Londres, na sexta-feira.
Saúde, Matt Hancock, ao anunciar a medida, que classificou de “ab- Durante a palestra, ele disse: “É realmente muito cedo para
solutamente essencial”, pois o número de infectados dobra a cada dizer... Mas pelo que vimos até agora, está crescendo muito rapida-
sete dias em algumas áreas do sudeste da Inglaterra. mente, está crescendo mais rápido do que [uma variante anterior]
jamais cresceu. É importante ficar de olho.”
(Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/12/16/mesmo- Não há um número “certeiro” de quão mais infecciosa pode
-com-quase-140-mil-pessoas-vacinadas-no-reino-unido-contra-a-covi- ser essa variante. Números muito mais altos e muito mais baixos
d-19-londres-fecha-cinemas-teatros-e-restaurantes.ghtml) do que 70% estão aparecendo em pesquisas ainda não publicadas
integralmente.

32
ATUALIDADES
Inclusive ainda há dúvidas se essa versão é realmente mais in- outros momentos da pandemia. Entretanto, ele reconheceu que as
fecciosa. medidas preventivas decididas pelos países em resposta à cepa en-
“A quantidade de evidências em domínio público é inadequada contrada no Reino Unido são “prudentes”.
para chegar a conclusões firmes sobre se o vírus realmente aumen- No momento, apenas ser mais transmissível já seria suficiente
tou sua transmissibilidade”, diz o virologista Jonathan Ball, profes- para a variante causar problemas nos hospitais. Se pessoas forem
sor da Universidade de Nottingham. infectadas mais rapidamente, mais pessoas vão precisar de trata-
mento hospitalar em menos tempo.
Como ela surgiu e se espalhou?
Acredita-se que a variante surgiu em um paciente no Reino As vacinas funcionarão contra a nova variante?
Unido ou foi importada de um país com menor capacidade de mo- Acredita-se que sim, pelo menos por enquanto.
nitorar as mutações do coronavírus. Mutações na proteína spike levantam perguntas porque as três
Atualmente, ela pode ser encontrada em todo o Reino Unido, principais vacinas — Pfizer, Moderna e Oxford — treinam o sistema
exceto na Irlanda do Norte, e está fortemente concentrada em Lon- imunológico para atacar a proteína spike.
dres, sudeste e leste da Inglaterra. Os casos em outras partes do No entanto, o corpo aprende a atacar várias partes dessa pro-
país não parecem ter decolado. teína. É por isso que as autoridades de saúde continuam convenci-
Dados da Nextstrain, que monitora os códigos genéticos das das de que a vacina funcionará contra essa nova variante.
amostras virais em todo o mundo, sugerem que casos com essa va- “Mas se deixarmos essa variante se espalhar e sofrer mais mu-
riante na Dinamarca e na Austrália vieram do Reino Unido. A Holan- tações, isso pode se tornar preocupante”, diz Gupta. “Este vírus está
da também relatou casos. potencialmente em vias de se tornar resistente à vacina, ele deu os
Uma variante semelhante que surgiu na África do Sul compar- primeiros passos nesse sentido.”
tilha algumas das mesmas mutações, mas parece não estar relacio- O vírus consegue se tornar resistente à vacina quando, ao mu-
nada a esta. dar de formato, se esquiva dos efeitos da imunização e continua a
infectar as pessoas.
Isso já aconteceu antes? O coronavírus evoluiu em animais e passou a infectar os huma-
Sim. O vírus que foi detectado pela primeira vez em Wuhan, nos há cerca de um ano. Desde então, tem passado por quase duas
China, não é o mesmo que você encontrará na maioria dos cantos mutações por mês — entre uma amostra colhida hoje e as primei-
do mundo. ras da cidade chinesa de Wuhan há cerca de 25 mutações.
A mutação D614G surgiu na Europa em fevereiro e se tornou a Ao longo de sua trajetória, o coronavírus ainda está “testan-
forma globalmente dominante do vírus. Outra, chamada A222V, se do” diferentes combinações de mutações para infectar humanos de
espalhou pela Europa e estava ligada às férias de verão na Espanha. maneira adequada. Já vimos isso acontecer antes: o surgimento e o
domínio global de outra variante (G614) é visto por muitos como o
O que sabemos sobre as novas mutações? momento em que o vírus aprimorou sua capacidade de se espalhar.
Uma análise inicial da nova variante foi publicada e identifica Mas logo a vacinação em massa colocará um tipo diferente de
17 alterações potencialmente importantes. pressão sobre o vírus, porque ele terá que mudar para infectar as
Houve mudanças na proteína spike — que é a “chave” que o pessoas que foram imunizadas. Se isso impulsionar a evolução do
vírus usa para abrir a porta de entrada nas células do nosso corpo vírus, talvez tenhamos de atualizar regularmente as vacinas, como
e sequestrá-las. A mutação N501 altera a parte mais importante do fazemos anualmente com a gripe sazonal, para manter o ritmo.
spike, conhecida como “domínio de ligação ao receptor”. É aqui que Segundo Anderson Brito, virologista do departamento de epi-
o spike faz o primeiro contato com a superfície das células do nosso demiologia da Escola de Saúde Pública da Universidade de Yale,
corpo. Quaisquer alterações que tornem mais fácil a entrada do ví- nos Estados Unidos, “os coronavírus evoluem principalmente por
rus provavelmente serão uma vantagem para o patógeno. substituições de nucleotídeos” e “não fazem rearranjos genômicos
“Parece ser uma adaptação importante”, disse Loman. como o vírus da gripe”.
A outra mutação — batizada de H69/V70 — apareceu algumas “Mas, e as vacinas? Provavelmente serão efetivas por mais de
vezes antes, incluindo nos visons infectados na Dinamarca. um ano”, escreveu em seu perfil no Twitter.
A preocupação era que os anticorpos do sangue daqueles que
sobreviveram ao novo coronavírus fossem menos eficazes na defe- (Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/geral-55390502)
sa contra a nova variante do vírus. Mais uma vez, serão necessários
mais estudos de laboratório para realmente entender o que está Suspensão de voos do Reino Unido vira 1ª medida de euro-
acontecendo. peus na reação contra mutação do coronavírus
O trabalho de Ravi Gupta, professor da Universidade de Cam- Países da Europa impuseram ou anunciaram que avaliam im-
bridge, sugeriu em laboratório que essa mutação aumenta em duas por restrições para viajantes do Reino Unido. As medidas adotadas
vezes a capacidade do vírus de infectar células. neste domingo (19/12/2020) são a primeira reação dos vizinhos
“Estamos preocupados, a maioria dos cientistas está preocu- europeus contra a disseminação de uma nova cepa do coronavírus
pada”, diz Gupta. Sars-Cov-2 que os britânicos disseram estar em circulação em seu
território e que seria até 70% mais transmissível.
Isso torna a infecção mais mortal? A Bélgica disse que fechará suas fronteiras para trens e aviões
Ainda não há evidências de que a variante seja mais mortal, vindos do Reino Unido, seguindo a Holanda, que foi o primeiro país
a suspender os voos depois que descobriu um caso associado à mu-
disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, mas
tação chamada de VUI202012/01. A Itália disse que está planejando
governos e pesquisadores estão monitorando a questão.
uma proibição semelhante.
Em uma entrevista coletiva posterior à fala de Ghebreyesus,
Na Bélgica, a suspensão será por um período mínimo de 24 ho-
Michael Ryan, diretor do programa de emergências da OMS, afir-
ras a partir da meia-noite como uma “precaução”, de acordo com o
mou que a nova variante não representa uma situação “fora de
primeiro-ministro Alexander de Croo. Ele afirma que o prazo pode
controle”, pois a taxa de reprodução do vírus já foi bem maior em
ser estendido após estudos mais conclusivos.

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ATUALIDADES
A Itália anunciou que adotará a restrição e que estava fazendo Espanha
a notificação ao governo britânico. O governo da Espanha informou neste domingo (20) que pediu
a Bruxelas uma resposta “coordenada” sobre os voos com o Reino
“Como governo temos o dever de proteger os italianos, por Unido, depois que vários países da região anunciaram que suspen-
isso, depois de notificar o governo britânico, estamos prestes a as- derão suas conexões aéreas com este país devido a uma nova cepa
sinar a cláusula de suspensão de voos com a Grã-Bretanha”, disse do coronavírus.
o ministro das Relações Exteriores, Luigi di Maio Di Maio. “Nossa “O objetivo é proteger os direitos dos cidadãos comunitários a
prioridade é proteger a Itália e nossos compatriotas.” partir da coordenação, evitando a unilateralidade”, explicou o go-
verno espanhol em um comunicado, no qual disse que se não hou-
A Alemanha estuda ‘seriamente’ suspender voos do Reino Uni- ver uma atuação conjunta, Madri tomará medidas “em defesa dos
do e África do Sul após a descoberta de uma variante da Covid-19 interesses e direitos dos cidadãos espanhóis.”
nesses países. Na França, de acordo com a rede de televisão BFM, a
mesma decisão é considerada pelas autoridades do país. Lockdown no Reino Unido
Londres e o sudeste da Inglaterra amanheceram neste domin-
Veja quais foram o que fizeram cada um dos países que rea- go (20) com o comércio fechado, às vésperas do Natal. O novo lock-
giram ao: down decretado às pressas pelo primeiro-ministro britânico, Boris
Johnson, tenta conter a propagação dessa variante. Segundo ele,
Bélgica esta cepa é 70% mais contagiosa. “Mas nada indica que ela seja
A proibição entrará em vigor na Bélgica a partir da meia-noite mais letal, nem que cause uma forma grave da Covid-19 ou redu-
de domingo. As pessoas que chegam do Reino Unido são obrigadas za a eficácia da vacinação” iniciada na semana passada, diz Boris
a fazer uma quarentena - algo que enfrentaram de qualquer manei- Johnson.
ra sob as regras de viagens existentes da Bélgica -, e as autoridades Mais de 20 milhões de pessoas estão confinadas na Inglaterra
vão aumentar as verificações de conformidade. desde este domingo, quando medidas restritivas estritas entraram
O governo belga disse que dialoga com a França para monitorar em vigor.
de perto as pessoas que chegam do Reino Unido de carro e vai au- O primeiro-ministro britânico Boris Johnson impôs medidas
mentar os controles na fronteira. draconianas para Londres e grandes áreas do sudeste da Inglaterra,
que até hoje estão em nível de risco 4 - grave -, com o fechamento
França de lojas não essenciais, academias, cabeleireiros, também como a
O país vai impedir a entrada de todas as pessoas que saírem do proibição de ir para outras áreas do país.
Reino Unido por 48 horas, a partir da noite deste domingo. Com estas regras, os planos flexíveis que o governo tinha auto-
Estará proibida a entrada por carro, via aérea, marítima ou por rizado entre os dias 22 e 28 de dezembro também foram alterados
trem. Mesmo as pessoas que trabalham com transporte de cargas para que familiares e amigos pudessem reunir-se no Natal.
não poderão entrar nesse período. Aqueles que moram no nível 4 não poderão se juntar a outras
pessoas que moram em níveis inferiores, enquanto o resto da Ingla-
Holanda terra que está entre os níveis 1 a 3 - baixo, moderado e substancial
Em um comunicado à imprensa publicado na madrugada de sá- -, essa flexibilidade será reservada apenas para o dia de Natal, uma
bado a domingo (20), o governo holandês indica que restrições adi- medida que também se aplicará na Escócia e no País de Gales.
cionais podem ser decididas de acordo com a evolução da situação. (Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/12/20/
A nota recomenda aos holandeses para não viajar, a menos que seja apos-holanda-belgica-suspende-voos-e-trens-provenientes-do-rei-
absolutamente necessário, a fim de evitar a propagação vírus. no-unido-alemanha-estuda-medidas.ghtml)

Alemanha A famosa experiência que revolucionou a psiquiatria, mas


“Restringir o tráfego aéreo procedente do Reino Unido e África acabou desmascarada
do Sul é uma opção séria” que o governo está estudando, disse à Em 1973, o psicólogo americano David Rosenhan publicou um
AFP uma fonte próxima ao Ministério da Saúde da Alemanha. artigo na revista científica Science que abalou as bases da psiquia-
tria.
Itália Seu trabalho, intitulado Sobre Ser São em Lugares Insanos, re-
O país bloqueou todos os voos com origem no Reino Unido e sumia as conclusões de uma experiência que realizou entre 1969
proibiu que qualquer um que tenha passado por lá nos últimos 14 e 1972, e que se tornou uma das mais famosas da história da psi-
dias entre na Itália. quiatria.
O experimento consistia em colocar pessoas saudáveis em hos-
Áustria pitais psiquiátricos.
O ministro de Saúde da Áustria disse à agência APA que tem Rosenhan e sete outros voluntários, todos sem questões de
planos para proibir os voos. saúde mental, se apresentaram a vários hospitais psiquiátricos nos
Estados Unidos.
Suécia Usando identidades falsas, eles disseram ter relatado o mesmo
Tem plano para proibir a entrada de pessoas vindas do Reino sintoma: diziam que ouviram uma voz falando uma das três pala-
Unido. vras: “golpe”, “vazio” ou “oco”.
Como o professor da Universidade Stanford, nos EUA, escreveu
Irlanda em seu famoso artigo, isso teria bastado para que todos fossem in-
A Irlanda deverá impor restrições ao transporte de carga e aos ternados.
voos com origem no Reino Unido. O trabalho também indica que, embora todos tenham se com-
portado normalmente após serem admitidos, vários (incluindo ele)
foram detidos por diversos dias.

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ATUALIDADES
Rosenham teve uma das mais longas hospitalizações. Apesar O ‘pseudopaciente’ excluído
de dizer aos médicos que estava se sentindo melhor e queria ir em- Cahalan tentou rastrear os sete “pseudopacientes” que partici-
bora, eles o mantiveram ali por 52 dias. param do experimento junto com Rosenhan, que morreu em 2012.
O psicólogo também denunciou abusos e negligência que ele Ela diz que foi como “perseguir fantasmas”. Nem mesmo a con-
e o restante dos voluntários receberam das equipes psiquiátricas. tratação de um detetive particular funcionou para localizá-los.
Embora todos tenham sido finalmente liberados, nenhum foi Finalmente, depois de anos de pesquisa, ela encontrou um: Bill
considerado são. Underwood, que na época do experimento era estudante de gra-
Sete dos 8 supostos pacientes acabaram diagnosticados com duação em Stanford, onde Rosenhan lecionava no Departamento
esquizofrenia. de Psicologia.
Underwood relatou uma experiência semelhante à que Rose-
Crise nhan havia descrito.
O experimento de Rosenhan e suas conclusões geraram um No entanto, Cahalan descobriu que havia um nono “pseudo-
amplo questionamento da psiquiatria. Em particular, a capacidade paciente” que participou do experimento, mas não foi incluído nos
do campo de fazer diagnósticos e distinguir entre insanidade e sa- resultados finais.
nidade. Harry Lando também era aluno de graduação em Stanford, re-
O trabalho de Rosenhan teve forte influência na sociedade e crutado por Rosenhan por seu famoso trabalho.
gerou um grande impacto cultural. Como o resto dos voluntários, ele foi hospitalizado, diagnos-
Dois anos depois de publicar seu artigo, Hollywood produziu ticado erroneamente com esquizofrenia e passou 19 dias em um
um dos mais famosos e mais críticos filmes sobre a vida em um hospital psiquiátrico em San Francisco.
hospital psiquiátrico: Um Estranho no Ninho. Mas quando Cahalan conseguiu encontrá-lo, descobriu que sua
Estrelado por Jack Nicholson como um criminoso que finge ter experiência tinha sido muito diferente das demais.
uma doença mental para cumprir sua detenção em um hospital psi- Longe de criticar sua hospitalização, Lando a descreveu como
quiátrico em vez de na prisão, o filme ganhou o Oscar em 1976. uma experiência positiva.
O movimento antimanicomial alimentado pelo estudo Rose- “Ele estava profundamente deprimido quando era estudante,
nhan levou ao fechamento de instituições psiquiátricas e mudou seu casamento era ruim, ele morava longe do campus e não tinha
o diagnóstico de saúde mental nos EUA, levando à compilação de amigos”, disse Cahalan.
uma nova edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtor- “Enquanto David Rosenhan descreveu um submundo de abuso
nos Mentais (DSM-III, por sua sigla em inglês). e negligência, Harry Lando descreveu sua experiência como quase
O psicólogo da Universidade Stanford se tornou uma celebrida- mágica”, prosseguiu. “Ele saiu de sua hospitalização de 19 dias uma
de e ganhou muito dinheiro para escrever um livro para promover pessoa transformada.”
sua pesquisa. Segundo a autora, “Harry Lando acredita que seu caso não foi
No entanto, estranhamente, ele nunca concluiu aquele projeto incluído porque não se encaixava na teoria de David Rosenhan de
potencialmente muito lucrativo. que as instituições psiquiátricas são locais prejudiciais que deve-
riam ser fechados”.
“O grande farsante” Em seu livro, The Great Pretender, ele também questiona se
Quase meio século depois, uma investigação de uma jornalista todos os outros voluntários que supostamente participaram do ex-
perimento realmente existiram.
americana sugere que o motivo pelo qual Rosenhan nunca publicou
aquele livro é que o experimento original seria uma farsa.
Mentiras e omissões
Susannah Cahalan se interessou pelo tema da psiquiatria por
Cahalan também conta em seu trabalho que descobriu que o
um motivo muito pessoal: há alguns anos ela foi internada em um
próprio Rosenhan omitiu (ou distorceu) detalhes importantes sobre
hospital psiquiátrico após ser diagnosticada com esquizofrenia, mas
sua hospitalização.
descobriu-se que ela não sofria desse transtorno.
O jornalista encontrou as notas escritas pelo psiquiatra Frank
Na verdade, ele sofria de uma doença autoimune rara, um tipo
Bartlett, o homem que decidiu internar Rosenhan, sobre a primeira
incomum de encefalite, ou inflamação do cérebro, e foi isso que ela entrevista que tiveram.
apresentava sintomas parecidos com a esquizofrenia. Lá, ele revela que Rosenhan não apenas relatou ter alucinações
A jornalista de 35 anos, que trabalhava para o New York Post, auditivas (as palavras “golpe”, “vazio”, “oco”), como escreveu em
escreveu um livro sobre sua experiência chamado Brain on Fire (ou seu artigo.
Cérebro em Chamas). Rosenhan também disse a Bartlett que era sensível a ondas de
Seu interesse por assuntos psiquiátricos a levou a conhecer o rádio e que podia ouvir o que as pessoas estavam pensando. Mas o
famoso experimento de Rosenhan, que a interessou porque narra- mais sério, diz Cahalan, é que ele também afirmou ter tendências
va algo semelhante ao que ela havia experimentado. suicidas.
Ele decidiu pesquisar e escrever sobre o trabalho de Rosenhan. Isso justificaria uma decisão de interná-lo.
Ela ficou inicialmente bastante impressionada com o artigo do “O dr. Bartlett não foi um mau médico que tomou uma má de-
famoso psicólogo. cisão... Ele foi um bom médico e fez o melhor que podia com as
“É tão bem escrito, é evocativo, é cativante, é cheio de detalhes informações que recebeu”, diz Cahalan.
reveladores sobre como é ser um paciente psiquiátrico. Eu realmen- Apesar de suas críticas a Rosenhan e seu experimento falho, a
te não tive a sensação de que algo estava errado”, disse Cahalan ao jornalista acredita que ele teve um impacto positivo na medicina da
programa de rádio BBC Inside Science. época ao ajudar a melhorar o diagnóstico de doenças mentais por
“Foi só quando rastreei seu livro não publicado e comecei a meio da terceira edição do DSM.
mergulhar em suas memórias que comecei a perceber que havia “Esse manual conseguiu reunir os diagnósticos em um texto
inconsistências entre o que ele publicou em seu artigo e o que ele confiável, que os médicos poderiam usar para mapear vários sinto-
escreveu neste livro não publicado”, disse. mas que poderiam levar a um diagnóstico, de modo que alguém no
“Então encontrei os registros médicos de David Rosenhan e foi Arkansas tivesse o mesmo diagnóstico que alguém na Pensilvânia”,
aí que os problemas começaram a aparecer”, revelou. disse ela à BBC.

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ATUALIDADES
“O trabalho de David Rosenhan deu a essa abordagem do tipo O segredo é não levar o positivismo ao extremo.
lista de verificação um impulso para que ela se tornasse parte da “O conceito de psicologia positiva ficou um pouco distorcido
corrente dominante da psiquiatria.” com o tempo”, diz Rodellar. “Focar nos aspectos positivos das dife-
rentes situações que ocorrem na vida pode ser terapêutico e cons-
(Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/geral-55332999) trutivo. O problema é que levado ao extremo pode gerar uma baixa
capacidade de enfrentar situações negativas.”
O surpreendente efeito da positividade tóxica na saúde mental “A psicologia positiva aplicada corretamente é uma prática
Pode parecer contraditório, mas a positividade pode ser tóxica. muito útil, mas usada indiscriminadamente gera uma visão muito
“Qualquer tentativa de escapar do negativo — evitá-lo, sufo- parcial da realidade e um sentimento de desamparo. Negar situa-
cá-lo ou silenciá-lo — falha. Evitar o sofrimento é uma forma de ções dolorosas e prejudiciais na vida é como ver a realidade com um
sofrimento”, escreveu o escritor americano Mark Manson em seu só olho”, acrescenta Rodellar.
livro A Arte Sutil de Ligar o Foda-se.
É precisamente nisso que consiste a positividade tóxica ou po- Como a positividade tóxica nos afeta?
sitivismo extremo: impor a nós mesmos — ou aos outros — uma Bloquear ou ignorar emoções “negativas” pode ter consequên-
atitude falsamente positiva, generalizar um estado feliz e otimista cias para a saúde.
seja qual for a situação, silenciar nossas emoções “negativas” ou as “Todas as emoções que reprimimos são somatizadas, expres-
dos outros. sas através do corpo, muitas vezes na forma de doença. Quando
Já aconteceu de você contar algo negativo sobre sua vida para negamos uma emoção, ela encontrará uma forma alternativa de se
alguém e, em vez de ouvir e acolher, a pessoa dizer: “Mas pelo me- expressar”, diz Rodellar.
nos...” ou então “É só você pensar positivo”? “Suprimir as emoções afeta sua saúde. Se você esconder suas
O psicólogo da saúde Antonio Rodellar, especialista em trans- dificuldades mentais por trás de uma fachada de positividade, elas
tornos de ansiedade e hipnose clínica, prefere falar em “emoções se refletirão de maneiras alternativas em seu corpo, de problemas
desreguladas” do que “negativas”. de pele à síndrome do intestino irritável”, explica Sally Baker.
“A paleta de cores emocionais engloba emoções desreguladas, “Quando ignoramos nossas emoções negativas, nosso corpo
como tristeza, frustração, raiva, ansiedade ou inveja. Não podemos ig- aumenta o volume para chamar nossa atenção para esse problema.
norar que, como seres humanos, temos aquela gama de emoções que Suprimir as emoções nos esgota mental e fisicamente. Não é saudá-
têm uma utilidade e que nos dão informações sobre o que acontece vel e não é sustentável a longo prazo”, diz a terapeuta.
no nosso meio e no nosso corpo”, explica Rodellar à BBC News Mundo. Uma segunda consequência, diz Rodellar, é que “quando nos con-
Para a terapeuta e psicóloga britânica Sally Baker, “o problema centramos apenas nas emoções positivas, obtemos uma versão mais
com a positividade tóxica é que ela é uma negação de todos os as- ingênua ou infantil das situações que podem nos acontecer na vida,
pectos emocionais que sentimos diante de qualquer situação que de modo que nos tornamos mais vulneráveis aos momentos difíceis”.
nos represente um desafio.” Teresa Gutiérrez, psicopedagoga e especialista em neuropsico-
“É desonesto em relação a quem somos permitir-nos apenas logia, considera que “o positivismo tóxico tem consequências psico-
expressões positivas”, diz Baker. “Negar constantemente tudo o que lógicas e psiquiátricas mais graves do que a depressão”.
é ‘negativo’ que sentimos em situações difíceis é exaustivo e não “Pode levar a uma vida irreal que prejudica nossa saúde men-
nos permite construir resiliência [a capacidade de nos adaptarmos tal. Tanto positivismo não é positivo para ninguém. Se não houver
a situações adversas].” frustração e fracasso, não aprendemos a desenvolver em nossas vi-
“Isso nos isola de nós mesmos, de nossas verdadeiras emo-
das”, disse ele à BBC Mundo.
ções. Nós nos escondemos atrás da positividade para manter outras
‘É ok não estar bem’
pessoas longe de uma imagem que nos mostra imperfeitos.”
O positivismo tóxico está na moda? Baker pensa que sim e atri-
bui isso às redes sociais, “que nos obrigam a comparar nossas vidas
Psicologia positiva vs. positividade tóxica
com as vidas perfeitas que vemos online”.
Para entender a positividade tóxica, devemos primeiro diferen-
“Há uma tendência constante nas redes sociais de nos mostrar-
ciá-la da psicologia positiva, um conceito que parece semelhante,
mos perfeitos e felizes. Mas isso é desgastante e não é real.”
mas é diferente.
“A psicologia positiva foi popularizada pelo psicólogo Martin “Se houvesse mais honestidade sobre as vulnerabilidades, nos
Seligman, que trabalhou muito com os problemas da depressão e sentiríamos mais livres para experimentar todos os tipos de emoções.
deu uma perspectiva diferente para lidar com diferentes proble- Somos humanos e devemos nos permitir sentir todo o espectro de emo-
mas, situações ou patologias”, explica Rodellar. ções. É ok não estar bem. Não podemos ser positivos o tempo todo.”
Na década de 1990, Seligman, então presidente da Associação Gutiérrez acredita que houve um aumento do positivismo tó-
Psicológica Americana (APA), disse em uma conferência que a psi- xico “nos últimos anos”, mas principalmente durante a pandemia.
cologia precisava dar um novo passo para estudar do ponto de vista “Vivemos um momento atípico e estranho em que muita gente
científico tudo o que torna o ser humano feliz. está sofrendo muito. Ansiedade, incerteza, frustração, medo... são
Em seu famoso livro The Optimistic Child (A Criança Otimista, sentimentos comuns. Porém, há um excesso de positivismo tóxico
sem edição no Brasil), o psicólogo americano explicou que o pessi- que é perigoso”, afirma a psicoterapeuta.
mista não nasce, mas é criado. “Aprendemos a ser pessimistas pelas Rodellar diz que vê “uma certa tendência ao bem-estar rápido,
circunstâncias da vida.” de querer se sentir bem imediatamente, como um direito natural”.
No entanto, ele também disse que podemos lutar contra esse “É muito bom pensar que tudo vai dar certo, mas isso não sig-
pessimismo e transformar nossos pensamentos negativos em mais nifica que todo o processo para que aconteça tenha que ser agradá-
positivos. vel. É mais realista dizer ‘isso também vai acontecer, mas vai passar’
Mas isso não quer dizer que, se você se sente triste, tem que quando estamos em um momento de bloqueio”, diz a psicóloga.
se concentrar em ser feliz. Na verdade, fazer isso provavelmente “Todas as emoções são como ondas: ganham intensidade e de-
cairá na armadilha da positividade tóxica porque, para trabalhar as pois descem e tornam-se espuma, até desaparecer aos poucos. O
emoções negativas, você não pode ignorá-las. Primeiro você deve problema é quando não as queremos sentir porque nos tornamos
reconhecê-las e aceitá-las. mais dóceis perante uma ‘onda’ que se aproxima”.

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ATUALIDADES
Validar em vez de ignorar Reino Unido (Pfizer/BioNTech)
Os psicólogos concordam que o ideal — em termos gerais — O país foi o primeiro a começar a imunização, no dia 8 de de-
é aceitar todas as emoções, em vez de suprimir aquelas que nos zembro. A vacina usada no Reino Unido é a da Pfizer/BioNTech. Au-
fazem mal. toridades britânicas disseram no dia 16 de dezembro que mais de
Não se trata de não ser positivo, mas de validar como nos senti- 140 mil pessoas já tinham sido vacinadas contra a Covid-19.
mos a cada momento mesmo quando não estamos bem.
“Seja mais honesto, mais autêntico, não tenha medo de expres- Estados Unidos (Pfizer/BioNTech e Moderna)
sar que está triste, deprimido ou ansioso. Reconheça que está mal A vacinação nos EUA começou no dia 14 de dezembro. Uma
e saiba que isso vai acontecer. Experimente essas emoções e apren- enfermeira da cidade de Long Island, no estado de Nova York, foi a
da com elas a ser mais resiliente”, explica Baker, que esclarece que primeira a receber a vacina desenvolvida pela Pfizer e BioNTech. No
essas dicas excluem pessoas com depressão clínica (um distúrbio dia 21 de dezembro, os EUA começaram a aplicar as primeiras doses
grave que, na verdade, costuma piorar se não for tratado). da vacina da Moderna. O presidente eleito, Joe Biden, já recebeu a
Stephanie Preston, professora de psicologia da Universidade de primeira dose da vacina.
Michigan, nos EUA, acredita que a melhor maneira de validar as
emoções é “apenas ouvi-las”. Canadá (Pfizer/BioNTech)
“Quando alguém compartilha sentimentos negativos com você, Também no dia 14 de dezembro, o país foi o terceiro a começar a
em vez de correr para fazer essa pessoa se sentir melhor ou pensar imunização com a vacina da Pfizer/BioNTech. Uma assistente de um asilo
mais positivamente (“Tudo vai ficar bem”), tente levar um segundo médico na cidade de Toronto foi a primeira pessoa a receber a vacina.
para refletir sobre seu desconforto ou medo e faça o possível para
ouvir”, aconselha a especialista. Arábia Saudita (Pfizer/BioNTech)
“Estar em uma situação emocionalmente difícil já faz as pes- O país começou a imunização com a vacina da Pfizer/BioNTech
soas se sentirem sozinhas e isoladas. Quando outros tentam silen- no dia 17 de dezembro. O ministro da Saúde, Tawfiq al-Rabiah, foi
ciar essas emoções, especialmente amigos e familiares, dói muito. uma das primeiras pessoas a receber a vacina.
Ouvir alguém que está sofrendo pode fazer uma grande diferença
na vida da pessoa.” Israel (Pfizer/BioNTech)
Preston diz que diversos estudos mostram como o altruísmo A campanha no país começou no dia 19 de dezembro. O pri-
beneficia e influencia positivamente a nossa própria saúde. meiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, recebeu a vacina da
E se você é quem está mal, “o mais importante é fazer um exer- Pfizer/BioNTech contra a Covid-19. A população israelense deve co-
cício de consciência”, propõe Rodellar. meçar a ser imunizada no dia 27 de dezembro.
“Esteja atento à situação e à emoção que está vivenciando.
Não negue que algo ruim está acontecendo, não olhe para o outro Suíça (Pfizer/BioNTech)
lado, mas não fique preso a essa emoção negativa.” Uma senhora de 90 anos, que mora em uma casa de saúde no
“As emoções são informações que temos que ler e entender cantão de Lucerna, foi a primeira vacinada contra a Covid-19 na Suí-
para depois aplicar uma perspectiva construtiva e ver quais lições ça. Ela recebeu a dose da Pfizer/BioNTech no dia 23 de dezembro.
A Suiça foi o primeiro país do mundo a aprovar uma vacina contra a
podemos aprender e como podemos gerar mudanças no futuro.”
Covid-19 sob procedimento padrão – e não para uso emergencial,
Como aplicar isso na prática? Em vez de dizer “não pense nisso,
como foi o caso de outras aprovações concedidas.
seja positivo”, diga “me diz o que você está sentindo, eu te escuto”.
Em vez de falar “poderia ser pior”, diga “sinto muito que está pas-
China (Sinovac e Sinopharm)
sando por isso”. Em de vez “não se preocupe, seja feliz”, diga “estou
A China é o país que mais vacinou até o momento. E planeja
aqui para você”.
vacinar até 50 milhões de pessoas até fevereiro de 2021 com os
“Temos que assumir a responsabilidade por nossa própria feli-
imunizantes feitos pela Sinopharm e pela Sinovac.
cidade a partir da psicologia construtiva”, diz Rodellar.
“Tudo bem olhar para o copo meio cheio, mas aceitando que Rússia (Sputnik V)
pode haver situações em que o copo está meio vazio e, a partir daí, A Rússia já vacinou mais de 200 mil pessoas. A imunização está
assumir a responsabilidade de como construímos nossas vidas”. sendo feita com a Sputnik V, registrada pelo país em agosto e ainda
Para Baker, o que devemos lembrar é que “todas as nossas em testes de última fase. Moscou começou a vacinar os trabalhado-
emoções são autênticas e reais, e todas elas são válidas”. res mais expostos ao coronavírus no dia 5 de dezembro.
(Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/geral-55278174) Argentina (Sputnik V)
O país vizinho ao Brasil se tornou um dos primeiros fora da
Vacina contra a Covid-19: veja países que já começaram a Rússia a aplicar a Sputnik V a partir de terça-feira (29), iniciando a
imunização imunização com profissionais de saúde. As primeiras 300 mil doses
Mais de 40 países já começaram a imunizar a população contra da vacina foram entregues na semana passada.
a Covid-19. O Reino Unido foi o primeiro país a usar a vacina da Pfi- Ao longo de janeiro e fevereiro, mais 20 milhões de doses che-
zer/BioNTech, seguido de Estados Unidos, Canadá, Arábia Saudita, garão ao país. Para abril, o país aguarda, ainda, a chegada de 22,4
Israel e os 27 países da União Europeia. Em todo o mundo, mais de milhões de doses da vacina desenvolvida pela Universidade de Ox-
12 milhões de doses já foram aplicadas: a China já administrou mais ford em parceria com a AstraZeneca.
de 4,5 milhões de doses, seguida pelos EUA, com 4,2 milhões.
A Rússia usa a vacina Sputnik V, do Instituto Gamaleya, para Emirados Árabes Unidos (Sinopharm)
imunização em massa. O governo disse que mais de 200 mil pessoas Os Emirados Árabes Unidos usam a vacina da Sinopharm desde
foram vacinadas. A China usa doses das candidatas da Sinovac e setembro. A autorização de uso emergencial visa proteger trabalha-
Sinopharm (as duas são fabricadas no país). dores da linha de frente, com mais risco de contrair a Covid-19. O
Veja a lista de países que já começaram a vacinar a população: país registrou a vacina em 9 de dezembro e afirmou que a eficácia
após análise preliminar é de 86%.

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ATUALIDADES
México (Pfizer/BioNTech) Belarus (Sputnik V)
O México foi o primeiro país latino-americano a imunizar a po- Assim como a Argentina, a ex-república soviética de Belarus
pulação. O país vai aplicar a vacina desenvolvida em conjunto pela também começou em 29 de dezembro a aplicar a vacina russa. Se-
Pfizer e BioNTech. A primeira dose foi aplicada em Maria Irene Ra- gundo o Ministério da Saúde, as primeiras doses serão destinadas
mirez, de 59 anos, chefe de enfermagem da unidade de terapia in- a “equipes médicas, professores e aqueles que tenham contato
tensiva do Hospital Geral Ruben Leñero, na Cidade do México. com muitas pessoas devido ao seu trabalho”. O país conduziu seu
próprio teste da Sputnik V com 100 voluntários e concedeu a apro-
Chile (Pfizer/BioNTech) vação regulatória à vacina em 21 de dezembro, dois dias antes da
O Chile foi o segundo país latino-americano a imunizar a popu- Argentina.
lação com a vacina desenvolvida em conjunto pela Pfizer e BioNTe-
ch. A primeira dose foi aplicada na auxiliar de enfermagem Zulema Singapura (Pfizer/BioNTech)
Riquelme, de 46 anos, no Hospital Sótero del Río, em Santiago. A enfermeira Sarah Lim, de 46 anos, se tornou a primeira pessoa
no país asiático a receber a vacina, em 30 de dezembro. Ela trabalha na
Costa Rica (Pfizer/BioNTech) linha de frente de combate à Covid-19, na triagem de casos suspeitos,
A Costa Rica iniciou a vacinação de parte de sua população nes- e por isso foi selecionada para receber a primeira dose.
ta quinta-feira (24). O país centro-americano havia anunciado na
semana passada a aprovação do uso das vacinas Pfizer/BioNTech (Fonte: https://g1.globo.com/bemestar/vacina/noticia/2020/12/22/
contra Covid-19 para seus habitantes. As primeiras vacinas serão vacina-contra-a-covid-19-veja-paises-que-ja-comecaram-a-imuniza-
aplicadas em profissionais de saúde e idosos. cao.ghtml)

Bahrein (Sinopharm) Encontro de gigantes: assim se verá a grande conjunção de


O Bahrein começou a sua campanha no dia 24 de dezembro. Júpiter e Saturno nesta segunda
Toda a campanha de imunização será gratuita para seus cidadãos e Na noite desta segunda-feira, 21 de dezembro, logo depois do
residentes. O país conta com uma população de de pouco mais de pôr do sol, poderá ser observada a espetacular conjunção de Jú-
1,5 milhão de pessoas. piter e Saturno. O encontro dos dois planetas, que coincide com
o solstício de verão no hemisfério sul e com o começo do inverno
Kuwait (Pfizer/BioNTech) no hemisfério norte, não ocorria desde 16 de julho de 1623 e só
No Kuwait, as 150 mil doses iniciais da Pfizer/BioNTech estão voltará a ser visto em 15 de março de 2080, segundo os cálculos da
sendo aplicadas desde o dia 24 de dezembro. Federação de Associações Astronômicas da Espanha.
Observadas pela primeira vez as pequenas explosões que es-
Sérvia (Pfizer/BioNTech) clarecem o principal mistério do Sol
A Sérvia foi o terceiro país europeu a começar a imunização. A As outras vezes que pensamos ter encontrado vida extrater-
primeira-ministra da Sérvia foi vacinada publicamente para dar o restre
exemplo para a população no dia 24 de dezembro. A vacinação usa Segundo a federação, os astrônomos amadores e os cidadãos
doses da Pfizer/BioNTech. comuns poderão desfrutar do encontro sem nenhum equipamento
especial. Bastará olhar para o céu a sudoeste assim que anoitecer.
União Europeia (Pfizer/BioNTech) A olho nu, diz o site criado para compartilhar informação científica
O bloco de 27 países começou a campanha no dia 27 de dezem- sobre a conjunção, os planetas estarão visíveis mais ou menos a
bro, exceto pela Holanda, que iniciará a aplicação em 8 de janeiro. 30 graus de altura e muito perto do lugar onde o Sol se põe: dois
Juntas, as populações têm cerca de 450 milhões de pessoas. A meta pontos luminosos grudados, quase um em cima do outro: Júpiter,
é vacinar todos os adultos em 2021. o mais brilhante, estará abaixo, e Saturno, acima. A cor também
Abaixo, os 26 dos 27 países que compõem o bloco e que já servirá para distingui-los: Júpiter é amarelo pálido, e Saturno, ala-
começaram a proteger seus moradores: ranjado.
Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Croácia, Dinamar- Com binóculos ou um telescópio simples será possível enxergar
ca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Gré- claramente os dois planetas e, além disso, dará para ver os anéis
cia, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, de Saturno, as faixas de Júpiter e as principais luas dos dois astros,
Polônia, Portugal, República Checa, Romênia e Suécia. tudo no mesmo campo visual. “A distância aparente entre Júpiter
e Saturno chegará a ser de apenas 1/10 de grau, quase uma quinta
Catar (Pfizer/BioNTech) parte da largura da lua cheia que se vê no nosso céu”, explicam os
O Catar lançou uma campanha de vacinação gratuita contra o astrônomos.
coronavírus. A primeira fase, que começou no dia 23 de dezembro, Miguel Ángel López Valverde, do Instituto de Astrofísica da An-
vai priorizar pessoas com mais de 70 anos, profissionais de saúde e daluzia (sul da Espanha), afirma que os dois planetas “aparecerão
portadores de doenças crônicas. tão juntos que poderão ser tampados com a ponta de uma caneta
segurada com o braço esticado”. Entretanto, os dois planetas esta-
Omã (Pfizer/BioNTech) rão na verdade a centenas de milhões de quilômetros de distância
Omã começou a campanha no dia 27 de dezembro. O plano é um do outro, aproximadamente cinco vezes mais que a distância da
vacinar 60% da população. Terra ao Sol.
Omã, que recebeu as vacinas da Pfizer/BioNTech, é o último Após meses se aproximando lentamente, a grande conjunção
país do Conselho de Cooperação do Golfo (que inclui também Ará- de Júpiter e Saturno será inconfundível porque nessa zona do céu e
bia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Catar e Kuwait) a ini- nesta época do ano não há estrelas com um brilho similar. A Terra
ciar uma campanha de vacinação. leva um ano para dar a volta no Sol, Júpiter demora 12 anos, e Sa-
turno, 30. Por isso é difícil que o encontro ocorra com regularidade.
Os planetas parecerão estar tão perto porque ficarão alinhados com
a Terra em suas trajetórias ao redor do Sol, como se vê no diagrama.

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ATUALIDADES

Juan Diego Soler, astrofísico do Instituto Max Planck da Alemanha, conta por telefone que a conjunção que se verá hoje é muito sin-
gular. “São dois planetas que têm um período de translação bastante lento, demoram muito para dar a volta ao Sol. Por isso é raro que
aconteça este encontro”, diz Soler. E acrescenta: “Em geral essa conjunção acontece a cada 20 anos, mas nunca foram vistos tão pertinho
como neste 21 de dezembro”.
O astrofísico afirma que uma conjunção acontece quando dois planetas parecem estar “muito juntos” no céu. “A conjunção mais
famosa, a que mais se repete, é o eclipse da Lua com o Sol”. Segundo o pesquisador, para a astronomia as conjunções são como o relógio
cósmico. “O fato de vermos as mesmas conjunções a cada determinado intervalo de tempo nos confirma que há princípios básicos no
universo.”
Os cientistas insistem em que, além de ver os dois planetas tão perto, o interessante deste encontro é que com um telescópio é pos-
sível observar algumas das luas que serão alvo de missões espaciais nos próximos anos. “Espera-se que no futuro próximo se explore a lua
Europa de Júpiter, porque se acredita que talvez haja condições da vida nos mares de água que há sob a superfície”, diz Soler.
Segundo López Valverde, algo muito parecido ocorre em Encélado, um dos satélites de Saturno que também poderá ser visto com
um telescópio. “Essa lua tem um interior quente, com água líquida sob uma crosta gelada. Nos próximos anos a missão espacial Juice, da
Agência Espacial Europeia, e a norte-americana Europa Clipper, cujos lançamentos estão previstos para 2022-2024, explorarão estes mun-
dos gelados investigando seu potencial para o desenvolvimento da vida sob sua superfície”.
López insiste em que a observação deste fenômeno será uma oportunidade de estimular os jovens a aprenderem astronomia e se di-
vertirem com ela. “A conjunção planetária é uma boa desculpa para fomentar a observação do céu noturno e os belos espetáculos naturais
que nos oferece”, afirma. Essa aproximação estará visível em praticamente todo o mundo. Só é preciso ter um bom horizonte, totalmente
limpo. Procurar um lugar sem nuvens, sem montanhas e sem edifícios será essencial para ver esta conjunção.

(Fonte: https://brasil.elpais.com/ciencia/2020-12-21/encontro-de-gigantes-assim-se-vera-hoje-a-grande-conjuncao-de-jupiter-e-saturno.html)

BioNTech afirma que pode fornecer em seis semanas vacina adaptada a mutação do vírus
O laboratório alemão BioNTech, que em parceria com a americana Pfizer produziu uma vacina contra a Covid-19, anunciou nesta ter-
ça-feira (22/12/2020) que pode fornecer em seis semanas uma vacina adaptada à nova cepa do vírus registrada no Reino Unido.
“Tecnicamente somos capazes de fornecer uma nova vacina em seis semanas”, disse Ugur Sahin, cofundador do laboratório alemão.
“A beleza da tecnologia do RNA mensageiro é que podemos diretamente começar a conceber uma vacina que imita fielmente a nova
mutação”, disse, em uma entrevista coletiva, um dia depois da aprovação da União Europeia a sua vacina.
Esse tipo de vacina funciona da seguinte forma: injeta-se no paciente uma cópia de parte do código genético do vírus. É uma espécie
de receita para que o corpo produza uma proteína do vírus. A presença dessa proteína desencadeia a produção de anticorpos.

12,5 milhões de doses da vacina aprovada


BioNTech e Pfizer vão fornecer 12,5 milhões de doses da vacina contra Covid-19 para os países da União Europeia até o fim do ano,
segundo o diretor de negócios da empresa alemã, Sean Marett.
A vacina exige duas doses, com três semanas de intervalo entre elas. Portanto, isso significa que, nesse primeiro momento, será pos-
sível imunizar 6,25 milhões de pessoas.
Os 27 países membros da União Europeia vão começar a campanha no dia 27 de dezembro.
Em setembro, a empresa alemã comprou uma fábrica na cidade de Marburg, na Alemanha. Em fevereiro de 2021, a produção deverá
começar lá também. A unidade terá capacidade para 750 milhões de doses por ano.

(Fonte: https://g1.globo.com/bemestar/vacina/noticia/2020/12/22/biontech-afirma-que-pode-fornecer-em-seis-semanas-vacina-adaptada-a-
-mutacao-do-virus.ghtml)

39
ATUALIDADES
A imagem de centenas de caminhões presos que reflete o caos ‘Tudo praticamente normal’, diz brasileiro que mora em
vivido no Reino Unido pela nova variante do coronavírus Wuhan, primeiro epicentro da pandemia de covid-19
“Aqui está tudo praticamente normal”, diz o paulistano Kenyiti
Shindo, de 27 anos, à BBC News Brasil por telefone da cidade chine-
sa de Wuhan, onde vive.
“Usamos máscara quando entramos em locais fechados, como
bares, restaurantes ou shopping centers. Claro que existe uma
preocupação de que o vírus volte, mas tudo já funciona como an-
tes”, acrescenta ele.
Um ano após o novo coronavírus ter sido descoberto, a situa-
ção no local onde ocorreu o primeiro surto de Covid-19 é bastante
diferente da do restante do mundo ocidental.
Segundo a Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos,
não há registros de novos casos e de novas mortes do vírus na pro-
víncia de Hubei, da qual Wuhan é a capital.
Desde o início da pandemia, foram 68 mil casos e 4,5 mil mor-
França anunciou fechamento de sua fronteira com Reino Unido tes na região.
por 48 horas, impedindo saída de caminhões do porto de Dover — Já na Europa, vários países decidiram confinar novamente suas
Foto: Getty Images/via BBC populações devido ao aumento significativo no número de casos,
frustrando os planos de Natal de milhões de pessoas e cancelando
A imagem de centenas de caminhões fazendo fila na autoestra- as festividades de Ano Novo.
da para chegar ao porto inglês de Dover se tornou um símbolo do A descoberta de uma mutação do vírus no Reino Unido, anun-
isolamento do Reino Unido desde o fim de semana. ciada no último sábado (19/12) pelo primeiro-ministro britânico,
No sábado, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anun- Boris Johnson, reforçou ainda mais esse temor entre as autorida-
ciou novas restrições devido à disseminação de uma nova variante des.
do coronavírus no sudeste da Inglaterra — que parece mais conta- Essa nova variante é mais contagiosa e está “fora de controle”,
giosa do que outras, embora não seja mais letal — e logo depois, segundo o secretário de Saúde do país, Matt Hancock.
dezenas de países cancelaram voos para o país. Como resultado, vários países suspenderam voos de e para o
A França anunciou o fechamento de sua fronteira com o Reino Reino Unido.
Unido por 48 horas, medida que impedia a saída de caminhões do No Brasil, a pandemia também não dá sinais de arrefecimento
porto de Dover. — são quase 200 mil mortos desde o primeiro caso, em 26 de feve-
Por causa disso, filas quilômétricas de caminhões estão sendo reiro. O número de óbitos é superior a 500 por dia.
observadas nas estradas e rodovias da região inglesa de Kent, trans-
formando alguns trechos em estacionamentos improvisados. ‘Preocupação’
Durante meses, as autoridades britânicas ensaiaram a Opera- Shindo já vive na China há sete anos e chegou ao país por meio
ção Stack, destinada a lidar com problemas de fronteira que pode- de uma bolsa que conseguiu ao estudar no Instituto Confúcio, da
riam surgir com o Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia, Unesp (Universidade Estadual Paulista). Ele acaba de terminar o
que deve ser concluído em 31 de dezembro. bacharelado em Relações Internacionais e se prepara para se can-
O repentino fechamento da fronteira com a França fez com que didatar ao mestrado.
os mesmos planos fossem colocados em prática para minimizar o O brasileiro estava de férias na Malásia com a namorada em
caos no transporte de mercadorias. janeiro quando os dois foram pegos de surpresa com o lockdown
em Wuhan.
Desabastecimento? Naquela época, imagens da cidade, com suas ruas totalmente
A França poderia restaurar o tráfego entre os dois países em desertas e isolada do restante da China, correram o mundo.
poucas horas, testando os caminhoneiros para o coronavírus antes Até então, não havia sinais de que o vírus se alastraria, muito
de cruzarem a fronteira. menos de que se tornaria uma pandemia.
Embora seja permitido viajar da França para o Reino Unido, Sem poder voltar para casa, o casal passou dois meses fora de
muitas empresas não querem correr o risco de ficar presas em solo Wuhan até sua reabertura, em março.
britânico. Ainda assim, Shindo foi um dos que pressionou o governo de
Isso significa que há um temor de desabastecimento de produ- Jair Bolsonaro a retirar os cidadãos brasileiros de Wuhan, em feve-
tos em lojas e supermercados nos dias antes do Natal, embora as reiro.
autoridades tenham instado os cidadãos para evitar a compra por A China adotou uma estratégia de combate ao vírus que se pro-
pânico, porque, segundo elas, não haverá falta de comida. vou bem-sucedida — o país não só confinou sua população, mas
A rede de supermercados Sainsbury’s, a segunda maior do Rei- adotou um sistema de identificação e rastreamento de infectados
no Unido, alertou que pode haver uma escassez “de alface, outras que facilitou o controle do espalhamento da doença.
saladas, couve-flor, brócolis e frutas cítricas nos próximos dias”. Como resultado, as atividades em Wuhan começaram a ser re-
tomadas progressivamente a partir de março. Com a melhora do
(Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/12/22/a-imagem- quadro, em outubro, a província de Hubei chegou a atrair mais de
-de-centenas-de-caminhoes-presos-que-reflete-o-caos-vivido-no-reino- 52 milhões de turistas apenas entre os dias 1 a 7, durante a Semana
-unido-pela-nova-variante-do-coronavirus.ghtml) Dourada, período festivo do gigante asiático.
Wuhan recebeu quase 19 milhões de visitantes, segundo dados
do Departamento de Cultura e Turismo da Província.

40
ATUALIDADES
O país também foi criticado, entretanto, por ter escondido in- Em Roma, esse processo levou ao colapso da vida política na
formações sobre o avanço da covid-19 e acumulado erros de ges- república. Depois que as estruturas legais e de costume foram subs-
tão, segundo documentos confidenciais do Centro Provincial de tituídas por uma república de violência, nunca houve uma crença
Controle e Prevenção de Doenças de Hubei obtidos pela rede ame- duradoura em que o vencedor ou perdedor de um conflito político
ricana CNN. pudesse compreender exatamente o resultado.
Shindo se diz preocupado com a situação da família que vive O que temos agora nos Estados Unidos é uma situação em
no Brasil. que muitas das normas sobre como conduzir a discussão e a dis-
“Meu pai é do grupo de risco e depende do SUS. Uma das mi- puta política estão começando a ser rompidas. Este é um momento
nhas irmãs é professora e não pode trabalhar de casa. Fico preocu- alarmante em que podemos ver que o presidente em exercício e
pado”. o presidente eleito discutem sobre as regras básicas que regem o
Ele conta que deve passar o Natal com um grupo de brasileiros, processo eleitoral e a transição de um regime para o próximo.
apesar de a festa não ser celebrada na China. O que Roma mostra é que isso representa um desafio funda-
“Vamos nos reunir em casa e fazer uma ceia”, diz. mental para o Estado de Direito.
Uma realidade muito diferente da do restante do mundo.
BBC News Mundo - Como começou a erosão das instituições
Origem ainda incerta políticas em Roma?
Apesar de uma relutância inicial do governo chinês, em janeiro Watts - A dinâmica política começou a mudar em grande parte
uma equipe de dez cientistas de várias partes do mundo viajará a porque houve uma enorme e crescente desigualdade na distribui-
Wuhan para investigar as origens da covid-19, segundo informou a ção de riquezas que emergiu ao longo do século 2 a.C., um siste-
Organização Mundial de Saúde (OMS). ma no qual poucas pessoas se beneficiavam muito mais do que a
O biólogo alemão Fabian Leendertz, do Instituto Robert Koch, maioria dos outros romanos. A República Romana não conseguiu
que fará parte do grupo, afirmou na última semana que a intenção se mexer com rapidez suficiente para lidar com essa desigualdade.
não é buscar culpados, mas prevenir futuros surtos. Assim, depois de uma geração, teve um político reformador
A missão, que durará entre quatro e cinco semanas, tentará populista (Tibério Graco) que fez promessas de reforma emocional-
responder, por exemplo, quando o vírus começou a circular e se ele mente atraentes. E ele fez isso de forma alheia ao processo político
passou a infectar de fato humanos inicialmente em Wuhan. tradicional. Dá para enxergar o cansaço dos cidadãos romanos com
Um mercado de alimentos na cidade foi apontado desde o iní- uma república que entendia que havia um problema que o povo
cio como a possível origem da covid-19, onde o coronavírus teria queria resolver, mas não tinha capacidade de fazer algo substancial
migrado de animais e começado a contaminar humanos. para resolvê-lo.
Mas há alguns pesquisadores que, hoje, acreditam que o pató-
geno possa apenas ter se multiplicado ali, mas que o “salto” entre BBC News Mundo - O sr. vê semelhança entre isso e o que está
as espécies não necessariamente pode ter ocorrido no local. acontecendo nos Estados Unidos agora?
Watts - Definitivamente podemos ver semelhanças no amplo
(Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/12/22/tudo-prati- alcance do problema. Podemos ver nos Estados Unidos, por toda
camente-normal-diz-brasileiro-que-mora-em-wuhan-primeiro-epicen- Europa Ocidental e no mundo um rápido aumento semelhante na
tro-da-pandemia-de-covid-19.ghtml) desigualdade de distribuição de riqueza, que está criando tensões
significativas nas democracias representativas.
‘É um momento alarmante’: o professor que compara a crise E, nos Estados Unidos, em particular, estamos vendo divisões
nos EUA com a queda da República Romana entre grupos econômicos e entre pessoas com diferentes níveis de
Uma república considerada o primeiro exemplo de democracia escolaridade que de alguma maneira refletem essa ideia de que o
representativa, que se tornou uma potência dominante, de repen- sistema não funciona, que o sistema econômico não luta pelos in-
te enfrenta desafios internos como a deterioração da convivência teresses de todos.
política, a desigualdade econômica e o surgimento de um líder po-
pulista. BBC News Mundo - Qual é a principal lição que os Estados
Estamos falando dos Estados Unidos no século 21? Não, de Unidos podem tirar para evitar a degradação da República Roma-
Roma entre 509 a.C. e 27 a.C.. na?
Mas a antiga República Romana e seu colapso oferecem várias
lições para os Estados Unidos hoje, diz Edward Watts, professor de
Watts - Cícero assinalou algo nos últimos anos da República
História na Universidade da Califórnia, em San Diego, e autor de-
Romana: disse que uma república é regida pela lei, mas uma repú-
Mortal Republic: How Rome Fell Into Tyranny (“República Mortal:
blica dominada pela violência não é de forma alguma uma repúbli-
Como Roma Caiu na Tirania”, em tradução livre).
ca. Indicava que há mecanismos estabelecidos sobre como nossa
Em entrevista à BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC,
república deveria funcionar, mecanismos legais, mas também con-
Watts cita alguns episódios — como a contestação por parte do pre-
suetudinários. Eles estabelecem regras para que a disputa política
sidente Donald Trump dos resultados da eleição que deu vitória ao
nunca se torne violenta.
democrata Joe Biden e os recentes atos de violência em protestos
de rua — como sintomas da deterioração política que Roma viveu. E acredito que, nos Estados Unidos, temos que dar um passo
BBC News Mundo - Os EUA vivem um momento político ex- atrás e dizer: estas são as regras sobre como a dinâmica política
traordinário após as eleições. Poderíamos olhar para a história de se desenvolve neste país. Se alguém ganha uma eleição, então, ga-
Roma como uma referência sobre o que fazer ou o que evitar? nhou a eleição, você deve aceitar e seguir adiante.
Edward Watts - Roma oferece um ponto de referência muito Creio que os Estados Unidos deveriam se afastar coletivamente
interessante para os Estados Unidos, em parte porque mostra o pe- dessa disputa política intensa e, às vezes, violenta, e olhar em troca
rigo de uma dinâmica política disfuncional. O que mais me preocu- para os costumes e as estruturas legais que governam nossa repú-
pa é o surgimento de uma cultura de ameaça e, em certa medida, blica. Estas são as coisas que garantem que a violência não irrompa
inclusive de violência política no período prévio e, até certo ponto, ou continue a emergir quando há discussões políticas.
subsequente às eleições.

41
ATUALIDADES
Roma mostra a grande importância que devemos dar a esta BBC News Mundo - Alguém pode dizer que estamos compa-
cultura do direito e de costumes. Porque é isso que mantém uma rando duas repúblicas em tempos muito diferentes, que a política
república estável. E é o que torna efetiva uma democracia repre- e as sociedades evoluíram tanto que esse paralelo não tem senti-
sentativa. do. Qual seria sua resposta?
Watts - Absolutamente correto: Roma e os Estados Unidos são
BBC News Mundo - Na República Romana, houve graves atos diferentes em muitos aspectos. Mas também é importante enten-
de violência política: Tibério foi assassinado, um século depois der que a arquitetura dos Estados Unidos foi criada por seus fundado-
houve uma série de guerras civis e o assassinato de Júlio César res com base em sua compreensão da república romana, como uma
em uma conspiração liderada por Brutus. Nos Estados Unidos, não estrutura política incrivelmente bem-sucedida para um Estado em ex-
vemos esse tipo de violência, e as eleições foram pacíficas, apesar pansão, que queria incorporar mais territórios e mais cidadãos.
de toda a tensão e temores que existiam. Então, por que marcar Assim, vemos uma arquitetura política que descende com muita força
esse ponto? da República Romana. Isso significa que há suscetibilidades semelhantes a
Watts - O início da violência política na República Romana con- condições desse tipo, especialmente à condição de uma república que se
sistiu em ameaças e intimidações, não em brigas de rua. Mas cres- degenera rumo à violência política. Isso é o que causou o colapso da Repú-
ceu até esse ponto, porque as ameaças eram uma tática política blica Romana. E devemos estar particularmente cientes disso.
eficaz para conseguir coisas. Os políticos em Roma se tornam cada As arquiteturas são similares. Portanto, algumas fraquezas es-
vez melhores no uso dessa nova técnica. truturais também são parecidas, mesmo que as sociedades sejam
Portanto, a violência começa com pessoas assustadoras ten- muito diferentes.
tando intimidar o povo para que votem de uma maneira, finalmen-
te se converte em assassinatos seletivos e, com o passar do tempo, (Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-55133041)
em violência nas ruas e brigas entre apoiadores de diferentes atores
políticos. No fim das contas, se degenera em exércitos organizados ‘Devemos mudar a forma como medimos o que fazemos e dar
que lutam entre si em guerras civis. menos importância ao que dizem os economistas’, diz Joan Martí-
Acho que, nos Estados Unidos, o que se vê são as ameaças e nez Alier, economista ecológico
intimidações. Os eventos em Kenosha e Portland (protestos contra Existem muitos ceconomistas no mundo, mas são raros os eco-
o racismo e violência policial que terminaram em morte) no verão nomistas ecológicos — o catalão Joan Martínez Alier é um deles.
mostram que estamos começando a ver a violência política, em que Um dos fundadores da Sociedade Internacional de Economia
seguidores de diferentes ideias se enfrentam nas ruas e pessoas co- Ecológica e seu ex-presidente, ele é um dos mais conceituados es-
meçam a morrer. pecialistas da área. Dedicou toda sua vida acadêmica ao estudo da
relação entre os desafios ambientais e a economia, contribuindo
É por isso que estou particularmente alarmado com a progres-
ativamente para a promoção do conceito de justiça ambiental.
são nos Estados Unidos. Não é assim que uma democracia repre-
Professor emérito e pesquisador do Instituto de Ciência e Tec-
sentativa estável e segura deve funcionar.
nologia Ambiental da Universidade Autônoma de Barcelona (ICTA-
-UAB) desde 2010, Martínez Alier teve seu trabalho aclamado re-
BBC News Mundo - Roma finalmente se tornou uma tirania,
centemente ao conquistar o Prêmio Balzan.
e o sr. escreveu um livro sobre isso. Tem medo de que algo seme-
A honraria, concedida desde 1961, é considerada por muitos
lhante aconteça nos Estados Unidos?
como o primeiro passo para obter na sequência o reconhecimento
Watts - Acho que há um perigo real de que, se os Estados Uni- da Academia Sueca. A prova disso é que vários vencedores do Prê-
dos não abraçarem o Estado de Direito e os costumes que torna- mio Balzan posteriormente ganharam o Nobel.
ram a república forte, a república vai se degenerar. E é provável que Martínez Alier conquistou o Balzan pela “excepcional qualidade
primeiro se degenere em confrontos violentos entre partidários de das suas contribuições para a criação da economia ecológica”, entre
diferentes correntes políticas. outras razões.
Mas, em geral, quando isso acontece, é muito difícil evitar que
apareça uma pessoa que trate de estabilizar as coisas. Cícero disse BBC News Mundo - O que é exatamente economia ecológica?
que em uma república de violência, às vezes, alguém se torna pode- Joan Martínez Alier - É uma crítica à ciência econômica tradi-
roso o suficiente para estabilizar temporariamente o sistema. Mas cional. Há dois pontos principais: você precisa olhar a economia fisi-
essa estabilidade é ilusória e efêmera, porque dura apenas enquan- camente, contar os fluxos de energia e matéria-prima (em calorias,
to todos se sentem intimidados pela pessoa que estabeleceu a paz. joules e toneladas) e não dar importância ao Produto Interno Bruto
Em Roma, essa dinâmica se desenrolou repetidas vezes. (PIB), que mistura o que é produção com o que é destruição. O PIB
Se caminharmos para uma situação nos Estados Unidos em que cresce, mas destrói a biodiversidade. Usa carvão, petróleo e gás que
a violência política seja algo comum, correremos o risco de a popu- produzem excesso de dióxido de carbono e, consequentemente, as
lação apelar para um indivíduo poderoso o suficiente para detê-la. mudanças climáticas. Os danos não são subtraídos do PIB.
Isso é algo que me preocupa. Não acho que seja iminente, mas o
que Roma mostra é uma progressão que começa com essa violência BBC News Mundo - Por que a economia e a ecologia tradicio-
política. nalmente se dão tão mal?
E então, em 50 ou 100 anos, resulta em um sistema que está Alier - Porque, quando a economia industrial cresce, os ecossis-
tão corrompido que as pessoas começam a apelar para indivíduos temas são destruídos.
poderosos para estabilizá-lo, não porque querem uma ditadura,
uma tirania ou uma autocracia, mas porque estão desesperadas BBC News Mundo - Você se considera mais economista ou
para preservar suas vidas e suas propriedades, e não acham que ecologista?
um sistema legal baseado em leis como a república seja capaz de Alier - Sou um economista ecológico, um dos fundadores da
continuar fazendo isso. Sociedade Internacional de Economia Ecológica em 1990, autor já
em 1987 do livro Economia Ecológica (em inglês, espanhol, japonês
etc.) e cofundador das revistas Ecological Economics e Ecología Po-
lítica em 1990.

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ATUALIDADES
BBC News Mundo - O atual modelo econômico está claramen- Centenas de ambientalistas são vítimas todos os anos, não
te exacerbando o problema das mudanças climáticas e da deterio- acho que o número vai diminuir. Mas, se tornarmos esses conflitos
ração do meio ambiente. Como a economia ecológica pode ajudar mais visíveis, talvez possamos ajudar a reduzir a repressão contra
nesse sentido? ambientalistas em alguns países.
Alier - Mudando a forma como medimos o que fazemos e dimi-
nuindo a importância do que dizem os economistas, que mandam BBC News Mundo - Nos últimos 120 anos, a população huma-
demais na política. na quintuplicou, enquanto a quantidade de produtos usados por
ano pela economia global no processo de produção (da biomassa
BBC News Mundo - Desde 2012, você lidera o projeto Atlas da aos combustíveis fósseis, passando por materiais de construção e
Justiça Ambiental, um levantamento que reúne os conflitos am- metais) aumentou quase 13 vezes. O que isso significa e quais são
bientais que existem no mundo e que somam atualmente 3.310. as consequências?
O que gera esses conflitos? Alier - Obviamente, a economia não se “desmaterializa”, muito
Alier - Precisamente o fato de que a economia industrial não pelo contrário. É um bom sinal que o crescimento da população se
é, e tampouco pode ser, circular, mas sim entrópica. Ela busca con- freie por conta própria— a população humana atingirá um pico de
tinuamente novas matérias-primas nas fronteiras de extração, da cerca de 9,5 bilhões de pessoas até 2060 e, então, diminuirá um
Amazônia ao Ártico. Seja petróleo, carvão, gás natural, minério de pouco, me parece. Mas o consumo está crescendo muito mais do
ferro, cobre, soja, eucalipto para celulose, o que for... que a população, pelo menos até este ano pandêmico de 2020.
Como se sabe, se você queimar carvão ou óleo, não pode quei-
mar duas vezes, não é reciclável. Isso é o que queremos dizer com BBC News Mundo - Cada vez se recicla mais, há mais econo-
a expressão mais fundamental da economia ecológica: a economia mia verde, mais economia circular, mais energias alternativas. Isso
industrial não é circular, mas entrópica. A entropia é uma palavra significa que estamos no caminho certo?
de origem grega que os físicos começaram a usar por volta de 1870 Alier - É que não há mais do que isso, palavras. Há mais energia
para provar que a energia não se recicla. eólica e fotovoltaica, sem dúvida, mas globalmente elas se somam
Quando a economia industrial está em curso, ela inevitavel- às fontes anteriores, carvão, petróleo, gás. O uso do carvão aumen-
mente perde energia e matéria-prima. E isso acontece porque a tou sete vezes no século 20 e continuou a crescer até 2020. Petróleo
energia que usamos há 200 anos — petróleo, carvão e gás natural e gás, muito mais. A nível mundial.
— só pode ser usada uma vez.
Vou te dar um exemplo: se você esquentar água na sua cozi- BBC News Mundo - A epidemia de gripe espanhola de 1918
nha e deixar ferver, pouco tempo depois de desligar o fogão, a água e 1919 deu lugar aos ‘anos loucos’ de 1920. Será que devemos
esfria, e para requentá-la, é preciso ligar o fogão novamente. Isso esperar um consumo desenfreado e selvagem depois que o coro-
acontece porque a energia se dissipa. E o mesmo acontece com as navírus for derrotado? E, caso sim, que consequências isso teria
matérias-primas. do ponto de vista da economia ecológica?
O alumínio, por exemplo, é obtido por meio de uma rocha cha- Alier - Acredito que a pandemia colocou a renda básica univer-
mada bauxita, que é bombardeada com muita eletricidade. O alu- sal na mesa do debate político. Porque se a economia não cresce
mínio é usado, entre outras coisas, em latas de conserva, das quais (e acredito que não deva crescer mesmo nos países ricos, porque
apenas 10% a 20% são recicladas, e no caso de outras matérias-pri- é um crescimento falso), aumenta o desemprego. As pessoas não
mas, o percentual é bem menor. Os materiais de construção usados têm a renda dos salários. Portanto, você deve dar a elas uma renda
em obras quase não são reciclados. que não seja proveniente de salários. Isso deve ser garantido pelos
Além disso, deve-se ter em mente que, ao queimar combustí- governos federais ou regionais, uma Renda Básica Universal.
veis fósseis como carvão, gás ou petróleo, produzimos dióxido de
carbono. E estamos colocando tanto CO2 na atmosfera que ele está BBC News Mundo - O confinamento mostrou que podemos
se acumulando e produzindo o chamado efeito estufa. viver consumindo muito menos e também resultou em melhorias
O embate entre economistas ecológicos e economistas aconte- para o meio ambiente, ao reduzir a produção e o impacto do ho-
ce porque os economistas agem como se não soubessem de nada mem na natureza. Devemos continuar nessa linha ou o consumo é
disso. Eles falam, por exemplo, de crescimento econômico, quando necessário para sustentar o atual modelo econômico?
as reservas de petróleo e gás diminuem, o efeito estufa aumenta e Alier - É preciso aumentar o “consumo” social de assistência
a biodiversidade desaparece. médica, de habitação popular. O consumo da moradia social deve-
ria crescer, sem endividar as pessoas e sem despejos criminosos,
BBC News Mundo - Quais são os conflitos ambientais mais não acha? O consumo de viagens de avião deve diminuir. A agroe-
urgentes? cologia deve crescer em detrimento das monoculturas que usam
Alier - Acredito que são aqueles que acontecem onde há po- agrotóxicos.
pulação mais vulnerável, população indígena, gente pobre que não
tem poder político para se defender das empresas extrativistas. O BBC News Mundo - Você argumenta que a pandemia revelou
pior que eu vi foi a exploração de petróleo da Chevron-Texaco no que o PIB é um índice de medida com muitas deficiências. Que
Equador e da Shell no Delta do Níger, na Nigéria. Mas há centenas deficiências são essas na sua opinião?
de casos semelhantes. Alier - O PIB se esquece de contabilizar o trabalho gratuito de
BBC News Mundo - Você prevê que os conflitos ambientais cuidar das pessoas, o afeto gratuito e as obrigações familiares e
vão continuar crescendo nos próximos anos? Quais serão os mais sociais gratuitas, isso não entra no somatório porque não se paga
relevantes? no mercado; tampouco o tomate ou o feijão que cultivo na minha
Alier - Acho que vão seguir aumentando. As fronteiras da ex- horta, caso eu tenha uma, para consumo da minha família e amigos,
tração e da poluição continuam avançando. Chegam a territórios isso não é somado. O PIB não adiciona atividades que são realizadas
onde há pessoas, que protestam. Em 22 de outubro, mataram uma fora do mercado e não subtrai os danos ambientais. As empresas
senhora ecologista, Fikile Ntshangase, em Somkhele, na região sul- quase nunca pagam seus passivos ambientais, é óbvio.
-africana de KwaZulu-Natal.

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ATUALIDADES
BBC News Mundo - E se o PIB não é um bom indicador, que ín- (Fonte: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2020/12/26/
dice deveria ser usado para avaliar a riqueza gerada por um país? aumenta-lista-de-paises-que-confirmaram-casos-da-nova-variante-do-
Alier - Esta é fácil: devemos usar vários indicadores físicos e so- -coronavirus.ghtml)
ciais. Não apenas um único índice. E não usar a expressão “riqueza
gerada”, porque colocar mais CO² na atmosfera e destruir a biodi- A mãe da vacina contra a covid-19: “No segundo semestre,
versidade não é exatamente gerar riqueza vital. poderemos provavelmente voltar à vida normal”
(Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/geral-55223871) Uma mulher que nasceu em uma pequena cidade húngara e
cresceu feliz em uma casa de adobe sem água corrente nem eletri-
Aumenta lista de países que confirmaram casos da nova va- cidade é hoje uma das cientistas mais influentes do planeta. Suas
riante do coronavírus descobertas foram fundamentais para tornar possíveis as duas prin-
Aumentou a lista de países que confirmaram casos da nova va- cipais vacinas que podem nos tirar desta pandemia.
riante do coronavírus identificada no Reino Unido. “Eu era uma menina feliz. Meu pai era açougueiro e eu gostava
A confirmação da variante na França ilustra como uma epide- de vê-lo trabalhar, observar as vísceras, os corações dos animais,
mia se espalha. talvez daí tenha vindo minha veia científica”, conta Karikó ao EL
A primeira vez que o Reino Unido culpou a linhagem pelo surto PAÍS de sua casa nos arredores de Filadélfia, EUA. Depois de estudar
na Inglaterra foi na segunda retrasada. Uma semana atrás, o chefe de Biologia na Hungria, Karikó foi fazer doutorado nos EUA em 1985
governo britânico reforçou a mesma mensagem do ministro da Saúde. e nunca mais voltou. “Estive a ponto de ir para a Espanha com o
Enquanto Boris Johnson discursava, a cidadã ou cidadão fran- grupo de Luis Carrasco, que estava interessado em meu trabalho, e
cês infectado partia de Londres. Um dia depois, a França proibiu a também para a França, mas a Hungria comunista dificultava muito
entrada no país de quem saísse do Reino Unido. as coisas”, explica.
No dia 21, o teste da pessoa deu positivo: era a variante que Agora parece inacreditável, mas, durante toda uma década, a
predomina no sul da Inglaterra. Ela está isolada e sem sintomas. de 1990, ninguém apoiou a ideia de Karikó: fazer tratamentos e va-
Foram seis dias entre o alarme do governo britânico e o fe- cinas com base na molécula de RNA, exatamente a mesma usada
chamento das fronteiras da França e de outros países. Mas desde pela Moderna e a BioNTech contra o coronavírus. “Recebia uma car-
novembro o Reino Unido já sabia que essa linhagem representava ta de rejeição atrás da outra de instituições e empresas farmacêuti-
mais de um quarto dos casos detectados em Londres, onde fica um cas quando lhes pedia dinheiro para desenvolver essa ideia”, explica
dos aeroportos mais conectados do mundo. a bioquímica de 65 anos nascida em Kisújszállás, a 100 quilômetros
Não à toa outros países já detectaram casos da variante. Cana- de Budapeste. Ela mostra uma carta da farmacêutica Merck rejei-
dá, Suécia e Espanha também confirmaram neste sábado (26). Ja- tando seu pedido de 10.000 dólares (52.000 reais) para financiar
pão, na sexta (25). Austrália, Islândia, Dinamarca, Holanda e Líbano sua pesquisa. Agora, a Moderna e a BioNTech receberam centenas
detectaram antes a linhagem nos seus territórios. de milhões de euros de fundos públicos para desenvolver em tem-
Muitos desses países agora exigem teste negativo recente para po recorde suas vacinas de RNA mensageiro, a mesma ideia que
deixarem entrar passageiros do Reino Unido. Karikó e outro pequeno grupo de cientistas tentaram impulsionar
Ester Sabino, imunologista da USP, explica que todo vírus muda há 30 anos sem sucesso.
de forma. Às vezes a alteração é ruim e joga contra o vírus. Mas A ideia era boa, mas não estava na moda. Queriam usar uma
em outras, a mudança melhora a capacidade de infecção e ajuda o molécula frágil e efêmera para curar doenças ou evitar infecções de
vírus a se multiplicar. A variante britânica passou por 17 mutações, forma permanente. O RNA é uma molécula sem a qual não poderia
e muitas delas no espinho, a chave que abre a célula para o vírus. existir a vida na Terra. É o mensageiro encarregado de entrar no nú-
“O que se sabe, as indicações são de essa nova cepa cause uma cleo de nossas células, ler a informação contida em nosso manual
transmissão mais rápida, mas não tem nenhuma indicação de que de instruções genético, o DNA, e sair com a receita para produzir
ela possa causar piora no quadro clínico. O jeito que a gente tem todas as proteínas de que necessitamos para nos mover, ver, respi-
para controlar isso é tentar diminuir ao máximo a transmissão. É rar, reproduzir-nos, viver.
fazer os cuidados que a gente vem falando desde fevereiro: distan- Karikó queria usar as células do próprio paciente para que fa-
ciamento social, uso de máscara. Esse tem que ser o foco até que as bricassem a proteína que os curaria, injetando-lhes uma pequena
vacinas sejam usadas em larga escala”, diz Ester Sabino. mensagem de RNA. “Todo mundo entende isso agora, mas naquela
A comunidade científica internacional concorda que tudo in- época, não”, lamenta a cientista.
dica que as vacinas funcionem contra as variantes catalogadas do Naqueles anos, o que triunfava era a terapia genética, basea-
novo coronavírus. A União Europeia começou a distribuir neste sá- da em mudar o DNA de forma permanente para corrigir doenças.
bado as vacinas da Pfizer/BioNTech. E tem gente já recebendo SMS Essa visão começou a ser relativizada quando se demonstrou que a
chamando para vacinação. A mensagem de Portugal explica que a modificação do DNA pode gerar mutações letais e quando alguns
dose é facultativa, mas recomendada e gratuita. pacientes morreram em ensaios clínicos.
A Itália faz a escolta da vacina ultragelada; a Espanha já des- Outros poucos cientistas que tiveram a ideia de desenvolver
trancou o caminhão com os lotes; os franceses raspam o gelo das vacinas de RNA bateram no mesmo muro que Karikó. “Todo mundo
caixas; a Grécia confere os termômetros a 70 graus negativos. Toda pensava que era uma loucura, que não funcionaria”, lembra Pier-
a União Europeia combinou de sair junta dessa. O bloco já fechou re Meulien, chefe da Iniciativa de Remédios Inovadores, financiada
contratos que garantem vacina para todos os 450 milhões de cida- pela União Europeia. “Em 1993, nossa equipe do Instituto Nacio-
dãos europeus. nal de Saúde da França desenvolveu um método para usar o RNA
Ursula von der Leyen declarou que é hora de virar a página de mensageiro como terapia. Conseguimos, mas não pudemos chegar
um ano difícil. A presidente da Comissão Europeia disse que o mo- à fase industrial, em parte porque faltou financiamento”, conta.
mento é de tocante união: os 27 países-membros combinaram de “Nossa equipe foi a primeira a desenvolver uma vacina de RNA
começar a vacinação neste domingo (27/12/2020). e também a primeira a obter ajuda dos institutos nacionais de saú-
Mas a Hungria não fez cerimônia e vacinou pessoas tão logo de para conseguir financiamento de empresas e testá-la em huma-
recebeu o primeiro lote. Eslováquia não demorou para abrir os fras- nos”, afirma David Curiel, da Escola de Medicina da Universidade de
cos e a Alemanha seguiu o mesmo caminho. Um sintoma de pressa Washington em St. Louis. “Mas a empresa interessada, a Ambion,
e também de certa desunião no bloco. disse-nos que a vacina não tinha futuro”, acrescenta.

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ATUALIDADES
As vacinas de RNA geravam dúvidas. “A nossa só produzia efei- Karikó entende que haja pessoas com dúvidas sobre esses imu-
tos em alguns animais, em outros não”, lembra Frédéric Martinon, nizantes, “porque nunca foi aprovada uma vacina baseada no RNA.
co-pesquisador do projeto francês. “Graças ao trabalho de Katalin, Mas os protótipos são usados há mais de 10 anos, por exemplo con-
agora sabemos o motivo.” As vacinas de RNA apresentavam dois tra o câncer, em ensaios clínicos, e provaram ser seguros. O RNA
problemas aparentemente insolúveis. Por um lado, não conse- mensageiro que usamos tem a mesma composição que o fabricado
guiam produzir proteína suficiente. Por outro, o RNA mensageiro por você mesmo, em suas próprias células. É algo completamente
podia gerar uma forte inflamação causada pelo sistema imunoló- natural, feito a partir de nucleotídeos de plantas. Não há nada ex-
gico, que pensava que o RNA introduzido era de um vírus. Como é tra desconhecido e não são usadas células de nenhum animal, nem
que uma molécula 50 vezes mais abundante do que o próprio DNA bactérias, nada”, destaca.
no nosso corpo podia gerar rejeição? Há algumas semanas, Derrick Rossi, um dos fundadores da Mo-
No início da década de 2000, Karikó continuava acumulando derna, disse à revista STAT que Karikó e Weissman deveriam rece-
rejeições, já como pesquisadora da Universidade da Pensilvânia. ber o Nobel de Química. Kenneth Chien, biólogo cardiovascular do
Um dia, foi à fotocopiadora e se encontrou com Drew Weissman, Instituto Karolinska, na Suécia, e também cofundador da Moderna,
um cientista recém-chegado que vinha da equipe de Anthony Fauci, concorda: “Todas as empresas de RNA mensageiro, incluindo a Mo-
uma eminência em HIV que comanda atualmente o instituto pú- derna, existem graças ao trabalho original de Karikó e Weissman.
blico americano que desenvolveu a vacina juntamente com a Mo- Merecem a parte do leão porque, sem suas descobertas, as vacinas
derna. Weissman queria a vacina contra o vírus da Aids e recebeu de RNA não estariam tão avançadas para poder enfrentar esta pan-
Karikó em seu laboratório para que ela tentasse fazer isso com o demia”, ressalta.
RNA mensageiro. Mas, em uma história tão incrível como a desta vacina, nem
Em 2005, descobriram que modificando uma única letra na tudo são luzes. Karikó tem seus adversários, que discutem a impor-
sequência genética do RNA era possível evitar que houvesse infla- tância de seu trabalho. “Kati não é a pioneira, seria ridículo consi-
mação. “Essa mudança de uridina para pseudouridina permitiu que derá-la como tal”, alfineta Hans-Georg Rammensee, imunologista
não fosse gerada uma resposta imunológica exagerada e, além dis- da Universidade de Tubinga. Ele afirma que sua equipe demonstrou
so, facilitou a produção de proteína em grandes quantidades. Sabia em 2000 que uma injeção de RNA sem modificação gerava uma
que funcionaria”, diz Karikó. resposta imunológica positiva em ratos. “Buscávamos uma vacina
Seu trabalho voltou a ser ignorado durante anos. Os dois cien- contra o câncer”, assinala. Naquele mesmo ano, Rammensee co-
tistas patentearam suas técnicas para criar RNA modificado, mas a -fundou uma empresa para desenvolver a vacina, “mas o projeto
Universidade da Pensilvânia decidiu vendê-las à empresa Cellscript. demorou muito para decolar porque não havia financiamento”,
“Queriam dinheiro rápido e as venderam por 300.000 dólares [1,5 conta. Essa empresa se chama CureVac e atualmente é a terceira
bilhão de reais]”, explica Karikó. competidora na corrida de vacinas de RNA mensageiro contra a co-
Em 2010, um grupo de pesquisadores dos EUA fundou uma em- vid-19. A União Europeia pretende comprar 225 milhões de doses
presa que comprou os direitos sobre as patentes de Karikó e Weis- da vacina da CureVac, se for demonstrada sua eficácia. Essa empre-
sman. Seu nome era um acrônimo de “RNA modificado”: Moderna. sa não usa RNA modificado e Rammensee acredita que nem esse
Em poucos anos, quase sem publicar estudos científicos, receberam nem nenhum dos outros avanços de Karikó foram decisivos. Ainda
centenas de milhões de dólares de capital privado, incluindo 420 assim, reconhece o inevitável: “Sem nosso estudo do ano 2000 não
milhões de dólares (2,2 bilhões de reais) da Astrazeneca. A empresa teriam sido fundadas a Moderna e a BioNTech, mas elas foram mais
prometia ser capaz de tratar doenças infecciosas com RNA men- rápidas no desenvolvimento”.
sageiro. Quase ao mesmo tempo, outra pequena empresa alemã Karikó recusa os reconhecimentos com uma mistura de humil-
fundada por dois cientistas de origem turca, a BioNTech, adquiriu dade e orgulho. “Nos últimos 40 anos, não tive nenhuma recom-
várias das patentes sobre RNA modificado de Karikó e Weissman pensa pelo meu trabalho, nem mesmo um tapinha nas costas. Não
para desenvolver vacinas contra o câncer. Em 2013, depois de qua- preciso disso. Sei o que faço. Sei que é importante. E estou muito
se 40 anos de trabalho praticamente anônimo, Karikó foi contratada velha para mudar. Isso não me subiu à cabeça. Não uso joias e te-
pela BioNTech, da qual hoje é vice-presidenta. nho o mesmo carro velho de sempre”, comenta. Quando era uma
“Senti que era o momento de mudar e pensei que podia aceitar jovem cientista ainda em sua Hungria natal, sua mãe lhe dizia que
o cargo para garantir que as coisas fossem na direção correta”, diz algum dia ganharia o Nobel. “Eu lhe respondia: ‘Mas se não posso
Karikó. As vacinas da Moderna e BioNTech, desenvolvidas com a conseguir nem uma bolsa de estudos, não tenho nem mesmo um
Pfizer, demonstraram ter uma eficácia de pelo menos 94%. emprego fixo na universidade!’.”
Há poucos dias, Karikó e Weissman voltaram a se reunir para
receber a primeira dose da vacina da BioNTech. “Não me provoca (Fonte: https://brasil.elpais.com/ciencia/2020-12-27/a-mae-da-vaci-
nenhum medo”, diz a cientista. “Se não fosse ilegal, já teria me vaci- na-contra-a-covid-19-no-segundo-semestre-poderemos-provavelmen-
nado no laboratório, mas sempre gostei de seguir as regras”, expli- te-voltar-a-vida-normal.html)
ca. “A vacina protege a partir de apenas 10 dias depois da primeira
dose, quando a proteção é de 88,9%. Com a segunda dose, aumen- A Capela Sistina como só Michelangelo havia visto, num livro
ta para 95%. Há uma coisa muito importante. Coletamos sangue de 115.000 reais
dos vacinados nos ensaios clínicos e criamos réplicas de todas as Nas palavras do próprio Michelangelo Buonarroti: “Minha alma
variantes do coronavírus que existem pelo mundo. O sangue desses não encontra escada para o céu, a menos que seja pela beleza da
pacientes, que contém anticorpos, foi capaz de neutralizar 20 va- Terra.” Ele se referia ao seu trabalho na abóbada da Capela Sistina,
riantes do vírus”, ressalta. que ocupou quase cinco anos de sua vida (1508 a 1512). “Após qua-
“Estas vacinas vão nos tirar desta pandemia. No verão [boreal, tro anos de torturas e mais de 400 figuras de tamanho real, me senti
inverno austral, do fim de junho ao fim de setembro], provavelmen- tão velho e exausto quanto Jeremias. Tinha 37 anos e nem sequer
te poderemos voltar à praia, à vida normal. E, com mais de 3.000 meus amigos já reconheciam o ancião no qual eu havia me trans-
mortes por dia nos EUA, não tenho dúvida de que as pessoas vão se formado”, disse o artista depois de concluir o trabalho. Num espaço
vacinar. Principalmente os idosos”, opina. de mais de 1.000 metros quadrados e a 20 metros de altura, Miche-
langelo criou uma série de afrescos de arquitetura simulada onde

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ATUALIDADES
incluiu o desenvolvimento das histórias do Gênesis com aquelas A outra epidemia: EUA têm recorde de mortes por overdose
mais de 400 figuras em tamanho natural. Uma criação monumen- em ano de covid-19
tal, encomendada pelo papa Júlio II, que extrapolou as característi- Enquanto as atenções continuam voltadas para a covid-19, que
cas próprias da arte renascentista, mas que ninguém pôde observar já deixou mais de 340 mil mortos nos Estados Unidos, uma outra
com o nível de detalhes criado pelo pintor, a não ser subindo com epidemia com efeitos devastadores se agrava no país e deverá re-
sua própria escada até o céu. presentar um dos principais desafios de saúde pública para o presi-
A editora Callaway Arts and Entertainment, em colaboração dente eleito Joe Biden, que toma posse em 20 de janeiro: as mortes
com os Museus Vaticanos e a editora italiana Scripta Maneant, su- por overdose de drogas.
biu por essa escada num projeto fotográfico que exigiu mais tempo Segundo dados divulgados neste mês pelo CDC (Centros de
de trabalho que a própria obra de Michelangelo, cinco anos, e que Controle e Prevenção de Doenças, agência de pesquisa em saúde
oferece um olhar inédito da Capela Sistina em sua plenitude. Após pública ligada ao Departamento de Saúde), pelo menos 81,2 mil
vender todos os exemplares em italiano, a editora lança agora a ver- pessoas morreram por overdose entre junho de 2019 e maio de
são em inglês. 2020.
Graças às mais novas tecnologias da fotografia digital, The Sis- Esse é o maior número já registrado em um período de 12 me-
tine Chapel apresenta em três volumes as imagens com alta reso- ses, e representa alta de 18,2% sobre os 12 meses anteriores.
lução, tamanho natural e uma precisão de cor de 99,4% da abóba- Todas as regiões do país registraram aumento no número de
da de Michelangelo e dos afrescos pintados ao lado do altar por mortes, provocadas principalmente por opioides sintéticos (espe-
Sandro Botticelli, Perugino e Ghirlandaio, entre outros artistas do cialmente fentanil fabricado ilegalmente), com alta de 38,4% sobre
Renascimento, por ordem do papa Sisto IV. É uma das peças mais os 12 meses anteriores. Também houve aumento nas mortes por
extravagantes do universo editorial, que custa 22.000 dólares (cerca overdose de estimulantes como metanfetamina (34,8%) e cocaína
de 115.000 reais), incluindo envio e manuseio. (26,5%).
“Acreditamos que se trate de uma compra por impulso, possi- Em algumas cidades, como San Francisco, o número de mortes
velmente a mais cara do mundo editorial”, reconheceu em nota o por overdose de drogas neste ano já é bem maior do que o número
fundador da Callaway, Nicholas Callaway. Mas justificou: “Podemos de óbitos por covid-19. Até o fechamento desta reportagem, a cida-
dizer, sem exagerar, que este é o livro definitivo sobre a Capela Sis- de californiana registrava 182 mortes em decorrência do coronaví-
tina.” A publicação pode ser reservada no site da Callaway, e parte rus e 621 por overdose.
dos lucros serão destinados aos Museus Vaticanos. Quando os dados finais de 2020 estiverem disponíveis, a ex-
Com design tipográfico de Jerry Kelly, os textos são assinados pectativa é de que este tenha sido o ano mais mortal de uma epide-
por Antonio Paolucci, ex-diretor dos Museus Vaticanos e ex-diretor mia que assola os Estados Unidos há décadas e que, segundo espe-
geral de Patrimônio Cultural de Toscana, que relata a história por cialistas, foi agravada pela pandemia de covid-19.
trás das cenas de A Criação do Mundo, A Criação de Adão e Eva, O Apesar de ressaltar que as mortes por overdose já vinham au-
Pecado Original, O Sacrifício de Noé e O Dilúvio. Na opinião de seus mentando antes mesmo da chegada do coronavírus, o CDC afirma
criadores, no entanto, o que confere a The Sistine Chapel um valor que a pandemia e as medidas adotadas para conter a doença tive-
de conservação são as mais de 270.000 imagens feitas para poder ram impacto negativo.
reproduzir as obras. “O aumento nas mortes por overdose de drogas parece ter sido
“A captura digital dos afrescos sobreviverá aos próprios livros”, acelerado pela pandemia de covid-19”, diz a agência. “O maior au-
afirma Callaway no comunicado. Em seu formato impresso, “tra- mento foi registrado de março a maio de 2020, coincidindo com a
ta-se de uma obra voltada aos historiadores da arte, estudantes, implementação de amplas medidas de mitigação da pandemia de
colecionadores e curadores, que poderão estudar as obras apre- covid-19.”
sentadas com um detalhe sem precedentes.” Eles poderão exami-
nar, por exemplo, o profundo conhecimento da anatomia humana Epidemia em ondas
demonstrado pelas figuras de Michelangelo: arquitetônicas, gigan- Segundo o CDC, mais de 750 mil pessoas morreram por over-
tescas, robustas, enérgicas e muito elegantes, que evidenciavam dose de drogas nos Estados Unidos desde 1999. Especialistas cos-
ao mesmo tempo o momento histórico vivido pela Itália na época. tumam dividir a epidemia de opioides em ondas, a primeira delas
“Os leitores”, acrescenta a diretora editorial da Callaway, Manue- iniciada na década de 1990 e provocada por analgésicos opiáceos
la Roosevelt, “poderão ver os afrescos como ninguém pôde fazer obtidos com receita médica.
desde que foram pintados, já que os visitantes da Capela observam Com o tempo, diante das evidências de que esses remédios
as obras a uma distância de mais de 20 metros, e em paredes nas
contra a dor provocavam dependência e estavam gerando uma cri-
quais quase não se podem apreciar os detalhes.”
se de saúde pública, médicos passaram a ter mais cautela ao pres-
Assim, a escala real permite apreciar do jogo de luzes no rosto
crever. Sem acesso a prescrição médica, muitos dependentes come-
da Sibila Délfica até o uso do pontilhismo no nariz da Virgem, repre-
çaram a recorrer à heroína, mais barata e fácil de obter, levando a
sentada na cena do Juízo Final, passando por cerca de 220 detalhes
uma segunda onda.
dos afrescos de Michelangelo e dos mestres italianos do século XV.
A terceira onda de mortes por overdose começou a partir de
“Consideramos que os livros podem ser e são objetos de arte
2016, quando opioides sintéticos, especialmente o fentanil fabrica-
em si mesmos”, diz Callaway. E justamente desse modo é tratada
esta edição de três volumes de 60 x 17,78 centímetros, somando do de maneira ilícita, começaram a entrar com força no mercado
822 páginas encadernadas em capas de seda com impressões em ilegal de drogas. Inicialmente concentradas na Costa Leste, essas
lâminas de prata, ouro e platina. Os Museus Vaticanos restringiram drogas se espalharam por todo o país.
a tiragem a 1.999 cópias (1.000 em italiano, 600 em inglês e as de- Produzido em laboratórios clandestinos, o fentanil é extrema-
mais em russo e polonês). “Se você a inserir no âmbito das coisas mente potente e muitas vezes usado para adulterar heroína. Há
únicas, ou se a colocar no contexto do mercado de arte, 20.000 eu- também comprimidos falsificados vendidos como analgésicos e
ros não é uma obra de arte cara”, afirma Callaway. contendo fentanil. Em outros casos, os usuários optam pelo fentanil
de maneira intencional.
(Fonte: https://brasil.elpais.com/cultura/2020-12-23/a-capela-sistina-
-como-so-michelangelo-havia-visto-num-livro-de-115000-reais.html)

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ATUALIDADES
“(A epidemia de drogas) é semelhante à covid-19. Falamos “Hoje ouvimos muito, de ambos os partidos, que este é um
em mutação do vírus. Mas a crise de opioides também continua problema médico e que os dependentes precisam de tratamento,
evoluindo e se transformando”, diz à BBC News Brasil o professor não de cadeia. E não é só da boca para fora, é sincero. Mas (apesar
de medicina Dan Ciccarone, da Universidade da Califórnia em San disso) ainda não estamos tratando como um problema de saúde
Francisco. pública”, afirma.
“Neste momento, enquanto conversamos, está se transfor- No início de seu mandato, o presidente Donald Trump declarou
mando novamente, desta vez em uma epidemia de metanfetamina. a epidemia de drogas uma emergência nacional de saúde e adotou
Estamos entrando na quarta onda desta crise”, afirma Ciccarone, medidas para ampliar o acesso a tratamentos e medicamentos con-
que estuda a epidemia de opioides há vários anos. tra dependência, especialmente em áreas rurais.
O agravamento atual da crise ocorre depois de um breve pe- Seu governo reservou US$ 3,4 bilhões (cerca de R$ 17,7 bi-
ríodo de melhora. Em 2018, o número de mortes por overdose nos lhões) para prevenção e tratamento nos Estados e focou em ações
Estados Unidos caiu pela primeira vez em 25 anos. Naquele ano, para restringir a oferta de drogas. Nos últimos anos, houve amplia-
foram registrados 67.367 óbitos, redução de 4,1% sobre 2017. ção do uso de naloxona, medicamento para reverter overdoses, e
“As mortes por fentanil ainda estavam crescendo, mas a redu- de programas de troca de seringas.
ção no número de mortes envolvendo analgésicos e heroína levou a Mas as medidas não foram suficientes para reverter a crise, e o
essa leve queda em 2018”, diz à BBC News Brasil médico especialis- novo governo terá de enfrentar o desafio duplo na área de saúde,
ta em abuso de drogas Andrew Kolodny, da Universidade Brandeis, com o agravamento da epidemia de drogas ao mesmo tempo em
no Estado de Massachusetts. que a pandemia de coronavírus continua a assolar o país.
“Eu tinha esperança de que fosse o início de uma tendência Durante suas quatro décadas no Senado, Biden assumiu posi-
positiva. Infelizmente, eu estava errado”, observa Kolodny. ções que favoreciam medidas duras de lei e ordem no combate às
drogas, incluindo longas penas de prisão. Ele teve papel importante
O impacto do coronavírus na aprovação de leis que, segundo críticos, levaram a disparidades
As mortes voltaram a crescer em 2019, ultrapassando 70 mil raciais no sistema de justiça. Mas, nos últimos anos, mudou de pos-
e impulsionadas pelo fentanil fabricado ilegalmente e por outros tura.
opioides sintéticos ilícitos. Especialistas acreditam que essa alta, Na campanha, Biden falou sobre a luta do filho, Hunter, con-
reiniciada no ano passado, tenha sido acelerada pela pandemia de tra o abuso de drogas. Ele divulgou um plano de distribuir US$ 125
coronavírus. bilhões (cerca de R$ 650 bilhões) para que os Estados invistam em
O impacto só poderá ser completamente analisado quando os prevenção, tratamento e recuperação, e prometeu ampliar o acesso
dados finais de 2020 forem divulgados, dentro de alguns meses. a tratamentos com medicação, acabar com penas de prisão para
Mas há várias maneiras pelas quais a pandemia pode ter agravado uso de drogas e responsabilizar empresas farmacêuticas por seu
a crise e interferido na capacidade de tratar os dependentes. papel na epidemia.
Os lockdowns e medidas de distanciamento adotados para Especialistas dizem que, para que o número de mortes comece
combater o coronavírus levaram a interrupções em serviços sociais a cair, é necessário um investimento pesado e de longo prazo.
e de saúde. Consultas médicas e sessões de aconselhamento em “Precisamos de uma expansão dramática no acesso a trata-
grupo foram reduzidas. O isolamento pode ter levado muitos a usa- mento eficaz, e ainda não vimos isso”, ressalta Kolodny. “É neces-
rem drogas sozinhos, sem ter a quem recorrer em caso de overdo- sário que seja mais fácil para um dependente conseguir tratamento
se, o que aumenta o risco de morte. do que conseguir drogas.”
Alguns especialistas lembram que a crise econômica e a alta no
desemprego afetaram a renda de muitos usuários. Sem dinheiro, (Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-55490161)
podem ter reduzido o uso e, assim, diminuído sua tolerância à dro-
ga, o que aumenta o risco de overdose quando voltam a consumir Como um silêncio resolveu os estranhos problemas matemá-
como antes. ticos dos buracos negros
“Não questiono que a pandemia de covid-19 tenha tido um Em um dia fresco de setembro de 1964, Roger Penrose recebeu
grande impacto, já que seres humanos são suscetíveis a problemas a visita de um velho amigo. O cosmologista britânico Ivor Robinson
de saúde mental durante isolamento”, afirma Ciccarone. estava de volta à Inglaterra vindo de Dallas, no Estado americano do
“Mas quero ressaltar que a epidemia de opioides nunca desa- Texas, onde morava e trabalhava.
pareceu. As mortes por overdose voltaram a aumentar em 2019, Sempre que os dois se encontravam, nunca faltava assunto — e
bem antes do coronavírus. E quando a covid-19 deixar de dominar a conversa deles, naquela ocasião, era ininterrupta e bem abran-
as manchetes, vamos acordar para o fato de que temos uma crise gente.
de opioides contínua e em evolução.” Enquanto eles caminhavam pela vizinhança do escritório de
Ciccarone diz esperar que o novo governo “passe de retórica Penrose, que ficava na Universidade de Birkbeck, em Londres, para-
para ação” ao tratar a epidemia de drogas primeiramente como ram brevemente na calçada, à espera de uma brecha no trânsito. A
uma questão médica e de saúde pública. interrupção momentânea do passeio coincidiu com uma pausa na
“(Já) temos boa retórica, que diz que deve ser tratada como conversa, e ambos ficaram em silêncio ao atravessar a rua.
uma crise de saúde pública. Mas certamente ainda não foi feito o Naquele momento, a mente de Penrose começou a vagar. Ele
suficiente”, afirma. “Sabemos o que é necessário fazer. Precisamos viajou 2,5 bilhões de anos-luz pelo vácuo do espaço sideral até a
de recursos.” massa fervilhante de um quasar giratório.
Ele imaginou como o colapso gravitacional assumia o controle,
Desafios para o novo governo puxando uma galáxia inteira cada vez mais para perto do seu cen-
Kolodny também diz que, apesar de atualmente políticos libe- tro. Como um patinador artístico que rodopia encolhendo os braços
rais e conservadores concordarem que este é um problema de saú- para aumentar a velocidade, a massa giraria cada vez mais rápido à
de pública, as medidas adotadas para enfrentar a crise de opioides medida que se contraía.
ainda são insuficientes. Essa breve reflexão mental levou a uma descoberta — que 56
anos depois renderia a ele o Prêmio Nobel de Física.

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ATUALIDADES
Como muitos relativistas — físicos teóricos que se dedicam a No Universo, disseram eles, os colapsos de nuvens de poeira ou
testar, explorar e ampliar a Teoria Geral da Relatividade de Albert estrelas se expandiriam novamente muito antes de atingir o ponto
Einstein — Penrose passou o início dos anos 1960 estudando uma de singularidade. Tinha de haver alguma outra explicação para os
contradição estranha, mas particularmente complicada, conhecida quasares.
como “o problema da singularidade”. Penrose seguia cético.
Einstein publicou sua Teoria Geral em 1915, revolucionando o “Tive a forte sensação de que, com os métodos que eles esta-
entendimento dos cientistas sobre espaço, tempo, gravidade, ma- vam usando, era improvável que pudessem chegar a uma conclusão
téria e energia. Na década de 1950, sua teoria era extremamente sólida sobre isso”, diz ele.
bem-sucedida, mas muitas de suas previsões ainda eram considera- “Me parecia que o problema precisava ser visto de maneira
das improváveis e intestáveis. mais abrangente do que eles estavam fazendo, que tinha um foco
Suas equações mostravam, por exemplo, que era teoricamente um tanto limitado.”
possível para o colapso gravitacional forçar matéria suficiente em
uma região bastante pequena que se tornaria infinitamente densa, Silêncio revelador
formando uma “singularidade” da qual nem mesmo a luz poderia Embora rejeitasse seus argumentos, ele ainda não tinha conse-
escapar. Foi o que ficou conhecido como buraco negro. guido desenvolver uma solução geral para o problema da singulari-
Mas dentro de tal singularidade, as leis conhecidas da física dade. Até a visita de Robinson.
— incluindo a própria teoria da relatividade de Einstein — não se Embora Robinson também estivesse pesquisando o problema
aplicariam mais. da singularidade, a dupla não discutiu o tema durante aquela con-
As singularidades eram fascinantes para os relativistas mate- versa no outono de 1964 em Londres.
máticos exatamente por esse motivo. A maioria dos físicos, entre- Durante o breve silêncio daquela fatídica travessia, no entanto,
tanto, concordava que nosso Universo era muito organizado para Penrose percebeu que os russos estavam errados.
conter de fato tais regiões. E mesmo que as singularidades existis- Toda aquela energia, movimento e massa encolhendo em con-
sem, não haveria como observá-las. junto criaria um calor tão intenso que emanaria radiação em todos
“Houve um grande ceticismo por muito tempo”, diz Penrose. os comprimentos de onda, em todas as direções. Quanto menor e
“As pessoas esperavam que houvesse um ricochete: que um mais rápido ficasse, mais brilhante seria.
objeto colapsaria e giraria em volta de uma maneira complicada, e Ele imaginou mentalmente seus desenhos no quadro-negro e
voltaria sibilante para fora de novo.” esboços de artigo sobre aqueles objetos distantes, procurando na
No fim da década de 1950, as observações do então emergente sua cabeça o ponto que os russos previram, em que essa nuvem
campo da radioastronomia abalaram esse entendimento. Radioas- explodiria novamente.
trônomos detectaram novos objetos cósmicos que pareciam ser Esse ponto não existia. Em sua mente, Penrose finalmente viu
muito brilhantes, muito distantes e muito pequenos. como o colapso continuaria sem impedimentos.
Conhecidos inicialmente como “objetos quase estelares” — Fora do centro de densificação, o objeto brilharia com uma luz
mais tarde abreviados para “quasares” —, esses objetos pareciam mais intensa do que todas as estrelas de nossa galáxia. E, nas suas
apresentar muita energia em um espaço muito pequeno. profundezas, a luz se curvaria em ângulos dramáticos, distorcendo
Embora parecesse impossível, cada nova observação apontava o espaço-tempo até que todas as direções convergissem umas nas
em direção à ideia de que os quasares eram galáxias antigas em outras.
processo de colapsar em singularidades. Chegaria a um ponto sem volta. Luz, espaço e tempo chegariam
Os cientistas foram obrigados a se perguntar se as singularida- a um ponto final. Um buraco negro.
des não eram então tão improváveis quanto todos pensavam. Esta Naquele momento, Penrose sabia que uma singularidade não
previsão da relatividade era mais do que apenas uma elucubração exigia nenhuma circunstância especial. Em nosso Universo, as sin-
matemática? gularidades não eram impossíveis. Elas eram inevitáveis.
Chegando ao outro lado da rua, ele retomou a conversa com
Abordagem diferente Robinson e imediatamente se esqueceu do que estava pensando.
Em Austin, Princeton e Moscou, em Cambridge e Oxford, na Eles se despediram, e Penrose voltou para as nuvens de poeira
África do Sul, na Nova Zelândia, na Índia e em outros lugares, cos- de giz e as pilhas de papel em seu escritório.
mologistas, astrônomos e matemáticos se debruçaram para en- O resto da tarde transcorreu normalmente, exceto pelo fato
contrar uma teoria definitiva que pudesse explicar a natureza dos de que Penrose se encontrava excessivamente bem-humorado. Ele
quasares. não conseguia entender por quê. E começou a rever seu dia, anali-
A maioria dos cientistas abordou o desafio tentando identificar sando o que poderia estar alimentando sua euforia.
circunstâncias altamente específicas nas quais uma singularidade Sua mente voltou para aquele momento de silêncio atraves-
poderia se formar. sando a rua. E tudo veio à tona novamente. Ele havia resolvido o
Penrose, então professor da Universidade de Birkbeck, em Lon- problema da singularidade.
dres, adotou uma abordagem diferente. Seu instinto natural sem- Ele começou a escrever equações, testar, editar, reorganizar. O
pre foi o de buscar soluções gerais, princípios básicos e estruturas argumento ainda estava bruto, mas funcionava.
matemáticas essenciais. Um colapso gravitacional exigia apenas algumas condições de
energia bastante genéricas e fáceis de encontrar, para colapsar em
Ele passou longas horas em Birkbeck, trabalhando em um gran-
densidade infinita. Penrose sabia que naquele momento deveria
de quadro-negro coberto de diagramas repletos de curvas que ele
haver bilhões de singularidades espalhadas pelo cosmos.
próprio desenvolveu.
Em 1963, uma equipe de teóricos russos liderados por Isaac
Moldando o universo
Khalatnikov publicou um artigo aclamado que confirmou o que a
Foi uma ideia que mudaria nossa compreensão do Universo e
maioria dos cientistas ainda acreditava — as singularidades não fa-
moldaria o que agora sabemos sobre ele.
ziam parte de nosso Universo físico.

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ATUALIDADES
Em dois meses, Penrose começou a dar palestras sobre o teo- O telefone, ele explica, não para de tocar, com gente dando
rema. Em meados de dezembro, ele submeteu um artigo à revista os parabéns, e jornalistas pedindo entrevistas. E todo esse clamor
acadêmica Physical Review Letters, que foi publicado em 18 de ja- acaba sendo uma distração, que o impede de se concentrar em suas
neiro de 1965 — apenas quatro meses depois de atravessar a rua últimas teorias.
com Ivor Robinson. Penrose sabe melhor do que ninguém o poder do silêncio e os
A repercussão não foi exatamente a que ele esperava. O Teo- lampejos de inspiração que ele é capaz de proporcionar.
rema da Singularidade de Penrose foi debatido. Refutado. Contes-
tado. (Fonte: https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2021/01/03/
O debate atingiu seu ápice durante o Congresso Internacional como-um-silencio-resolveu-os-estranhos-problemas-matematicos-dos-
sobre Relatividade Geral e Gravidade, em Londres, no fim daquele -buracos-negros.ghtml)
ano.
“Não foi muito amigável. Os russos ficaram muito irritados, e
as pessoas relutaram em admitir que estavam enganadas”, diz Pen-
ARTIGOS 1º AO 13; 34 AO 38 DA LEI Nº 13.146/2015 –
rose.
ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA
A conferência terminou com o debate em aberto.
Mas pouco tempo depois, descobriu-se que o artigo russo ti-
nha erros de cálculo —a matemática era fatalmente falha, e sua LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015
tese não se sustentava mais.
“Havia um erro na maneira como eles estavam fazendo”, diz Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência
Penrose. (Estatuto da Pessoa com Deficiência).
No fim de 1965, o Teorema da Singularidade de Penrose co-
meçou a ganhar força em todo o mundo. Seu singular lampejo de A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
inspiração se tornou uma força motriz na cosmologia. cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Ele havia feito mais do que explicar o que era um quasar — ele
revelou uma grande verdade sobre a realidade subjacente do nosso LIVRO I
Universo. PARTE GERAL
Quaisquer modelos do Universo que surgiram a partir de en-
tão, tiveram que incluir singularidades, o que significa incluir a ciên- TÍTULO I
cia que vai além da relatividade. DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
As singularidades também começaram a se infiltrar no ima-
CAPÍTULO I
ginário popular, em parte graças ao fato de terem se tornado co-
DISPOSIÇÕES GERAIS
nhecidas como “buracos negros”, termo usado publicamente pela
primeira vez pela jornalista americana Ann Ewing.
Art. 1º É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Stephen Hawking notoriamente usou o teorema de Penrose
Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a as-
para derrubar teorias sobre a origem do Universo depois que os
segurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos
dois trabalharam juntos nas singularidades.
direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência,
As singularidades se tornaram centrais para todas as teorias re- visando à sua inclusão social e cidadania.
lacionadas à natureza, história e futuro do Universo. Parágrafo único. Esta Lei tem como base a Convenção sobre os
Experimentalistas identificaram outras singularidades — in- Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo,
cluindo aquela no coração do buraco negro supermassivo no centro ratificados pelo Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo
de nossa própria galáxia, descoberto por Reinhard Genzel e Andrea nº 186, de 9 de julho de 2008 , em conformidade com o procedi-
Ghez, que dividiram o Prêmio Nobel de Física com Penrose em 2020. mento previsto no § 3º do art. 5º da Constituição da República Fe-
O próprio Penrose desenvolveu uma alternativa para a Teoria derativa do Brasil , em vigor para o Brasil, no plano jurídico externo,
do Big Bang, conhecida como Cosmologia Cíclica Conforme, cuja desde 31 de agosto de 2008, e promulgados pelo Decreto nº 6.949,
evidência poderia vir dos sinais remanescentes de antigos buracos de 25 de agosto de 2009 , data de início de sua vigência no plano
negros. interno.
Em 2013, a engenheira e cientista da computação Katie Bou- Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem
man liderou uma equipe de pesquisadores que desenvolveu um impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual
algoritmo na tentativa de permitir que buracos negros fossem fo- ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode
tografados. obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade
Em abril de 2019, o telescópio Event Horizons usou esse al- de condições com as demais pessoas.
goritmo para capturar as primeiras imagens de um buraco negro, § 1º A avaliação da deficiência, quando necessária, será biopsi-
fornecendo uma dramática confirmação visual das outrora contro- cossocial, realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar e
versas teorias de Einstein e Penrose. considerará: (Vigência)
Embora Penrose, agora com 89 anos, esteja satisfeito por ter I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo;
recebido a mais alta honraria da física, o Prêmio Nobel, há outra II - os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais;
coisa que não sai da sua cabeça. III - a limitação no desempenho de atividades; e
“É uma sensação esquisita. Só estou tentando me acostumar. IV - a restrição de participação.
Fico muito lisonjeado, é uma grande honra e agradeço muito”, ele § 2º O Poder Executivo criará instrumentos para avaliação da
me disse algumas horas após receber a notícia. deficiência. (Vide Lei nº 13.846, de 2019)
“Mas, por outro lado, estou tentando escrever três artigos Art. 3º Para fins de aplicação desta Lei, consideram-se:
(científicos) diferentes ao mesmo tempo, e isso torna mais difícil I - acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para uti-
do que era antes.” lização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equi-
pamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comuni-

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ATUALIDADES
cação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros IX - pessoa com mobilidade reduzida: aquela que tenha, por
serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou priva- qualquer motivo, dificuldade de movimentação, permanente ou
dos de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa temporária, gerando redução efetiva da mobilidade, da flexibilida-
com deficiência ou com mobilidade reduzida; de, da coordenação motora ou da percepção, incluindo idoso, ges-
II - desenho universal: concepção de produtos, ambientes, pro- tante, lactante, pessoa com criança de colo e obeso;
gramas e serviços a serem usados por todas as pessoas, sem neces- X - residências inclusivas: unidades de oferta do Serviço de Aco-
sidade de adaptação ou de projeto específico, incluindo os recursos lhimento do Sistema Único de Assistência Social (Suas) localizadas
de tecnologia assistiva; em áreas residenciais da comunidade, com estruturas adequadas,
III - tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos, equipa- que possam contar com apoio psicossocial para o atendimento das
mentos, dispositivos, recursos, metodologias, estratégias, práticas necessidades da pessoa acolhida, destinadas a jovens e adultos
e serviços que objetivem promover a funcionalidade, relacionada à com deficiência, em situação de dependência, que não dispõem de
atividade e à participação da pessoa com deficiência ou com mobili- condições de autossustentabilidade e com vínculos familiares fragi-
dade reduzida, visando à sua autonomia, independência, qualidade lizados ou rompidos;
de vida e inclusão social; XI - moradia para a vida independente da pessoa com deficiên-
IV - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou compor- cia: moradia com estruturas adequadas capazes de proporcionar
tamento que limite ou impeça a participação social da pessoa, bem serviços de apoio coletivos e individualizados que respeitem e am-
como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilida- pliem o grau de autonomia de jovens e adultos com deficiência;
de, à liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao XII - atendente pessoal: pessoa, membro ou não da família,
acesso à informação, à compreensão, à circulação com segurança, que, com ou sem remuneração, assiste ou presta cuidados básicos
entre outros, classificadas em: e essenciais à pessoa com deficiência no exercício de suas ativida-
a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos espaços des diárias, excluídas as técnicas ou os procedimentos identificados
públicos e privados abertos ao público ou de uso coletivo; com profissões legalmente estabelecidas;
b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios públicos XIII - profissional de apoio escolar: pessoa que exerce ativida-
e privados; des de alimentação, higiene e locomoção do estudante com defi-
c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e meios ciência e atua em todas as atividades escolares nas quais se fizer
de transportes; necessária, em todos os níveis e modalidades de ensino, em insti-
d) barreiras nas comunicações e na informação: qualquer tuições públicas e privadas, excluídas as técnicas ou os procedimen-
entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que dificulte ou tos identificados com profissões legalmente estabelecidas;
impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens e de XIV - acompanhante: aquele que acompanha a pessoa com de-
informações por intermédio de sistemas de comunicação e de tec- ficiência, podendo ou não desempenhar as funções de atendente
nologia da informação; pessoal.
e) barreiras atitudinais: atitudes ou comportamentos que im-
peçam ou prejudiquem a participação social da pessoa com defi- CAPÍTULO II
ciência em igualdade de condições e oportunidades com as demais DA IGUALDADE E DA NÃO DISCRIMINAÇÃO
pessoas;
f) barreiras tecnológicas: as que dificultam ou impedem o aces- Art. 4º Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de
so da pessoa com deficiência às tecnologias; oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma es-
V - comunicação: forma de interação dos cidadãos que abran- pécie de discriminação.
ge, entre outras opções, as línguas, inclusive a Língua Brasileira de § 1º Considera-se discriminação em razão da deficiência toda
Sinais (Libras), a visualização de textos, o Braille, o sistema de sina- forma de distinção, restrição ou exclusão, por ação ou omissão, que
lização ou de comunicação tátil, os caracteres ampliados, os dispo- tenha o propósito ou o efeito de prejudicar, impedir ou anular o
sitivos multimídia, assim como a linguagem simples, escrita e oral, reconhecimento ou o exercício dos direitos e das liberdades funda-
os sistemas auditivos e os meios de voz digitalizados e os modos, mentais de pessoa com deficiência, incluindo a recusa de adapta-
meios e formatos aumentativos e alternativos de comunicação, in- ções razoáveis e de fornecimento de tecnologias assistivas.
cluindo as tecnologias da informação e das comunicações;
§ 2º A pessoa com deficiência não está obrigada à fruição de
VI - adaptações razoáveis: adaptações, modificações e ajustes
benefícios decorrentes de ação afirmativa.
necessários e adequados que não acarretem ônus desproporcional
Art. 5º A pessoa com deficiência será protegida de toda forma
e indevido, quando requeridos em cada caso, a fim de assegurar
de negligência, discriminação, exploração, violência, tortura, cruel-
que a pessoa com deficiência possa gozar ou exercer, em igualdade
dade, opressão e tratamento desumano ou degradante.
de condições e oportunidades com as demais pessoas, todos os di-
Parágrafo único. Para os fins da proteção mencionada no caput
reitos e liberdades fundamentais;
deste artigo, são considerados especialmente vulneráveis a criança,
VII - elemento de urbanização: quaisquer componentes de
obras de urbanização, tais como os referentes a pavimentação, sa- o adolescente, a mulher e o idoso, com deficiência.
neamento, encanamento para esgotos, distribuição de energia elé- Art. 6º A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pes-
trica e de gás, iluminação pública, serviços de comunicação, abaste- soa, inclusive para:
cimento e distribuição de água, paisagismo e os que materializam I - casar-se e constituir união estável;
as indicações do planejamento urbanístico; II - exercer direitos sexuais e reprodutivos;
VIII - mobiliário urbano: conjunto de objetos existentes nas vias III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de
e nos espaços públicos, superpostos ou adicionados aos elemen- ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planeja-
tos de urbanização ou de edificação, de forma que sua modifica- mento familiar;
ção ou seu traslado não provoque alterações substanciais nesses IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização
elementos, tais como semáforos, postes de sinalização e similares, compulsória;
terminais e pontos de acesso coletivo às telecomunicações, fontes V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comu-
de água, lixeiras, toldos, marquises, bancos, quiosques e quaisquer nitária; e
outros de natureza análoga;

50
ATUALIDADES
VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, Parágrafo único. O consentimento da pessoa com deficiência
como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com em situação de curatela poderá ser suprido, na forma da lei.
as demais pessoas. Art. 12. O consentimento prévio, livre e esclarecido da pessoa
Art. 7º É dever de todos comunicar à autoridade competente com deficiência é indispensável para a realização de tratamento,
qualquer forma de ameaça ou de violação aos direitos da pessoa procedimento, hospitalização e pesquisa científica.
com deficiência. § 1º Em caso de pessoa com deficiência em situação de cura-
Parágrafo único. Se, no exercício de suas funções, os juízes e os tela, deve ser assegurada sua participação, no maior grau possível,
tribunais tiverem conhecimento de fatos que caracterizem as viola- para a obtenção de consentimento.
ções previstas nesta Lei, devem remeter peças ao Ministério Público § 2º A pesquisa científica envolvendo pessoa com deficiência
para as providências cabíveis. em situação de tutela ou de curatela deve ser realizada, em cará-
Art. 8º É dever do Estado, da sociedade e da família assegurar ter excepcional, apenas quando houver indícios de benefício direto
à pessoa com deficiência, com prioridade, a efetivação dos direitos para sua saúde ou para a saúde de outras pessoas com deficiência e
referentes à vida, à saúde, à sexualidade, à paternidade e à materni- desde que não haja outra opção de pesquisa de eficácia comparável
dade, à alimentação, à habitação, à educação, à profissionalização, com participantes não tutelados ou curatelados.
ao trabalho, à previdência social, à habilitação e à reabilitação, ao Art. 13. A pessoa com deficiência somente será atendida sem
transporte, à acessibilidade, à cultura, ao desporto, ao turismo, ao seu consentimento prévio, livre e esclarecido em casos de risco de
lazer, à informação, à comunicação, aos avanços científicos e tecno- morte e de emergência em saúde, resguardado seu superior inte-
lógicos, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar resse e adotadas as salvaguardas legais cabíveis.
e comunitária, entre outros decorrentes da Constituição Federal, da
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Pro- CAPÍTULO VI
tocolo Facultativo e das leis e de outras normas que garantam seu DO DIREITO AO TRABALHO
bem-estar pessoal, social e econômico.
SEÇÃO I
SEÇÃO ÚNICA DISPOSIÇÕES GERAIS
DO ATENDIMENTO PRIORITÁRIO
Art. 34. A pessoa com deficiência tem direito ao trabalho de
Art. 9º A pessoa com deficiência tem direito a receber atendi- sua livre escolha e aceitação, em ambiente acessível e inclusivo, em
mento prioritário, sobretudo com a finalidade de: igualdade de oportunidades com as demais pessoas.
I - proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; § 1º As pessoas jurídicas de direito público, privado ou de qual-
II - atendimento em todas as instituições e serviços de atendi- quer natureza são obrigadas a garantir ambientes de trabalho aces-
mento ao público; síveis e inclusivos.
III - disponibilização de recursos, tanto humanos quanto tec- § 2º A pessoa com deficiência tem direito, em igualdade de
nológicos, que garantam atendimento em igualdade de condições oportunidades com as demais pessoas, a condições justas e favorá-
com as demais pessoas; veis de trabalho, incluindo igual remuneração por trabalho de igual
IV - disponibilização de pontos de parada, estações e terminais valor.
acessíveis de transporte coletivo de passageiros e garantia de segu- § 3º É vedada restrição ao trabalho da pessoa com deficiência e
rança no embarque e no desembarque; qualquer discriminação em razão de sua condição, inclusive nas etapas
V - acesso a informações e disponibilização de recursos de co- de recrutamento, seleção, contratação, admissão, exames admissional
municação acessíveis; e periódico, permanência no emprego, ascensão profissional e reabili-
VI - recebimento de restituição de imposto de renda; tação profissional, bem como exigência de aptidão plena.
VII - tramitação processual e procedimentos judiciais e admi- § 4º A pessoa com deficiência tem direito à participação e ao
nistrativos em que for parte ou interessada, em todos os atos e di- acesso a cursos, treinamentos, educação continuada, planos de car-
ligências. reira, promoções, bonificações e incentivos profissionais oferecidos
§ 1º Os direitos previstos neste artigo são extensivos ao acom- pelo empregador, em igualdade de oportunidades com os demais
panhante da pessoa com deficiência ou ao seu atendente pessoal, empregados.
exceto quanto ao disposto nos incisos VI e VII deste artigo.
§ 5º É garantida aos trabalhadores com deficiência acessibilida-
§ 2º Nos serviços de emergência públicos e privados, a priori-
de em cursos de formação e de capacitação.
dade conferida por esta Lei é condicionada aos protocolos de aten-
Art. 35. É finalidade primordial das políticas públicas de traba-
dimento médico.
lho e emprego promover e garantir condições de acesso e de per-
manência da pessoa com deficiência no campo de trabalho.
TÍTULO II
Parágrafo único. Os programas de estímulo ao empreendedo-
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
rismo e ao trabalho autônomo, incluídos o cooperativismo e o asso-
CAPÍTULO I ciativismo, devem prever a participação da pessoa com deficiência
DO DIREITO À VIDA e a disponibilização de linhas de crédito, quando necessárias.

Art. 10. Compete ao poder público garantir a dignidade da pes- ÇÃO II


soa com deficiência ao longo de toda a vida. DA HABILITAÇÃO PROFISSIONAL E REABILITAÇÃO PRO-
Parágrafo único. Em situações de risco, emergência ou estado FISSIONAL
de calamidade pública, a pessoa com deficiência será considerada
vulnerável, devendo o poder público adotar medidas para sua pro- Art. 36. O poder público deve implementar serviços e progra-
teção e segurança. mas completos de habilitação profissional e de reabilitação profis-
Art. 11. A pessoa com deficiência não poderá ser obrigada a sional para que a pessoa com deficiência possa ingressar, continuar
se submeter a intervenção clínica ou cirúrgica, a tratamento ou a ou retornar ao campo do trabalho, respeitados sua livre escolha,
institucionalização forçada. sua vocação e seu interesse.

51
ATUALIDADES
§ 1º Equipe multidisciplinar indicará, com base em critérios
previstos no § 1º do art. 2º desta Lei, programa de habilitação ou de RESOLUÇÃO Nº 230/2016 DO CNJ, COM AS ALTERA-
reabilitação que possibilite à pessoa com deficiência restaurar sua ÇÕES VIGENTES ATÉ A PUBLICAÇÃO DESTE EDITAL
capacidade e habilidade profissional ou adquirir novas capacidades
e habilidades de trabalho. RESOLUÇÃO Nº 230 DE 22/06/2016
§ 2º A habilitação profissional corresponde ao processo des-
tinado a propiciar à pessoa com deficiência aquisição de conheci- O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, no uso
mentos, habilidades e aptidões para exercício de profissão ou de de suas atribuições,
ocupação, permitindo nível suficiente de desenvolvimento profis- CONSIDERANDO que, conforme o art. 5º, caput, da Constitui-
sional para ingresso no campo de trabalho. ção de 1988, todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual-
§ 3º Os serviços de habilitação profissional, de reabilitação pro- quer natureza, garantindo-se a inviolabilidade do direito à igualda-
fissional e de educação profissional devem ser dotados de recursos de;
necessários para atender a toda pessoa com deficiência, indepen- CONSIDERANDO os princípios gerais estabelecidos pelo art. 3º
dentemente de sua característica específica, a fim de que ela possa da aludida Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas
ser capacitada para trabalho que lhe seja adequado e ter perspecti- com Deficiência, quais sejam: a) o respeito pela dignidade inerente,
vas de obtê-lo, de conservá-lo e de nele progredir. a autonomia individual, inclusive a liberdade de fazer as próprias
§ 4º Os serviços de habilitação profissional, de reabilitação pro- escolhas, e a independência das pessoas; b) a não discriminação; c)
fissional e de educação profissional deverão ser oferecidos em am- a plena e efetiva participação e inclusão na sociedade; d) o respeito
bientes acessíveis e inclusivos. pela diferença e pela aceitação das pessoas com deficiência como
§ 5º A habilitação profissional e a reabilitação profissional de- parte da diversidade humana e da humanidade; e) a igualdade de
vem ocorrer articuladas com as redes públicas e privadas, espe- oportunidades; f) a acessibilidade; g) a igualdade entre o homem
cialmente de saúde, de ensino e de assistência social, em todos os e a mulher; e h) o respeito pelo desenvolvimento das capacidades
níveis e modalidades, em entidades de formação profissional ou das crianças com deficiência e pelo direito das crianças com defi-
diretamente com o empregador. ciência de preservar sua identidade;
§ 6º A habilitação profissional pode ocorrer em empresas por CONSIDERANDO a Convenção sobre os Direitos das Pessoas
meio de prévia formalização do contrato de emprego da pessoa com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, adotada em 13 de de-
com deficiência, que será considerada para o cumprimento da re- zembro de 2006, por meio da Resolução 61/106, durante a 61ª ses-
serva de vagas prevista em lei, desde que por tempo determinado e são da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU);
concomitante com a inclusão profissional na empresa, observado o CONSIDERANDO a ratificação pelo Estado Brasileiro da Con-
disposto em regulamento. venção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e de seu Pro-
§ 7º A habilitação profissional e a reabilitação profissional aten- tocolo Facultativo com equivalência de emenda constitucional, por
derão à pessoa com deficiência. meio do Decreto Legislativo nº 186, de 9 de julho de 2008, com
a devida promulgação pelo Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de
SEÇÃO III 2009;
DA INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO TRABA- CONSIDERANDO que nos termos desse novo tratado de direi-
LHO tos humanos a deficiência é um conceito em evolução, que resulta
da interação entre pessoas com deficiência e as barreiras relativas
Art. 37. Constitui modo de inclusão da pessoa com deficiência às atitudes e ao ambiente que impedem a sua plena e efetiva par-
no trabalho a colocação competitiva, em igualdade de oportunida- ticipação na sociedade em igualdade de oportunidades com as de-
des com as demais pessoas, nos termos da legislação trabalhista
mais pessoas;
e previdenciária, na qual devem ser atendidas as regras de aces-
CONSIDERANDO que a acessibilidade foi reconhecida na Con-
sibilidade, o fornecimento de recursos de tecnologia assistiva e a
venção como princípio e como direito, sendo também considerada
adaptação razoável no ambiente de trabalho.
garantia para o pleno e efetivo exercício de demais direitos;
Parágrafo único. A colocação competitiva da pessoa com defi-
CONSIDERANDO que a Convenção determina que os Estados
ciência pode ocorrer por meio de trabalho com apoio, observadas
Partes devem reafirmar que as pessoas com deficiência têm o di-
as seguintes diretrizes:
reito de ser reconhecidas em qualquer lugar como pessoas perante
I - prioridade no atendimento à pessoa com deficiência com
maior dificuldade de inserção no campo de trabalho; a lei e que gozam de capacidade legal em igualdade de condições
II - provisão de suportes individualizados que atendam a neces- com as demais pessoas em todos os aspectos da vida, sendo que
sidades específicas da pessoa com deficiência, inclusive a disponi- deverão ser tomadas medidas apropriadas para prover o acesso de
bilização de recursos de tecnologia assistiva, de agente facilitador e pessoas com deficiência ao apoio que necessitarem no exercício de
de apoio no ambiente de trabalho; sua capacidade legal;
III - respeito ao perfil vocacional e ao interesse da pessoa com CONSIDERANDO que os artigos 3º e 5º da Constituição Federal
deficiência apoiada; de 1988 têm a igualdade como princípio e a promoção do bem de
IV - oferta de aconselhamento e de apoio aos empregadores, todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quais-
com vistas à definição de estratégias de inclusão e de superação de quer outras formas de discriminação, como um objetivo fundamen-
barreiras, inclusive atitudinais; tal da República Federativa do Brasil, do que decorre a necessidade
V - realização de avaliações periódicas; de promoção e proteção dos direitos humanos de todas as pessoas,
VI - articulação intersetorial das políticas públicas; com e sem deficiência, em igualdade de condições;
VII - possibilidade de participação de organizações da socieda- CONSIDERANDO o disposto na Lei nº 7.853, de 24 de outu-
de civil. bro de 1989, Decreto nº 3.298, de 21 de dezembro de 1999, Lei nº
Art. 38. A entidade contratada para a realização de processo 10.048, de 08 de novembro de 2000, Lei nº 10.098, de 19 de dezem-
seletivo público ou privado para cargo, função ou emprego está bro de 2000, e no Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004, que
obrigada à observância do disposto nesta Lei e em outras normas estabelecem normas gerais e critérios básicos para a promoção da
de acessibilidade vigentes. acessibilidade das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida,

52
ATUALIDADES
mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias, espaços outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou
e serviços públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por
de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação, com pra- pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida;
zos determinados para seu cumprimento e implementação; III - “barreiras” significa qualquer entrave, obstáculo, atitude
CONSIDERANDO que ao Poder Público e seus órgãos cabe as- ou comportamento que limite ou impeça a participação social da
segurar às pessoas com deficiência o pleno exercício de seus direi- pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à
tos, inclusive o direito ao trabalho, e de outros que, decorrentes da acessibilidade, à liberdade de movimento e de expressão, à comu-
Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e nicação, ao acesso à informação, à compreensão, à circulação com
econômico, cabendo aos órgãos e entidades da administração di- segurança, entre outros, classificadas em:
reta e indireta dispensar, no âmbito de sua competência e finalida- a) “barreiras urbanísticas”: as existentes nas vias e nos espaços
de, aos assuntos objetos desta Resolução, tratamento prioritário e públicos e privados abertos ao público ou de uso coletivo;
adequado, tendente a viabilizar, sem prejuízo de outras, medidas b) “barreiras arquitetônicas”: as existentes nos edifícios públi-
que visem garantir o acesso aos serviços concernentes, o empenho cos e privados;
quanto ao surgimento e à manutenção de empregos e a promoção c) “barreiras nos transportes”: as existentes nos sistemas e
de ações eficazes que propiciem a inclusão e a adequada ambienta- meios de transportes;
ção, nos locais de trabalho, de pessoas com deficiência; d) “barreiras nas comunicações e na informação”: qualquer
CONSIDERANDO que a efetiva prestação de serviços públicos e entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que dificulte ou im-
de interesse público depende, no caso das pessoas com deficiência, possibilite a expressão ou o recebimento de mensagens e de infor-
da implementação de medidas que assegurem a ampla e irrestrita mações por intermédio de sistemas de comunicação e de tecnolo-
acessibilidade física, arquitetônica, comunicacional e atitudinal; gia da informação;
CONSIDERANDO que a Administração Pública tem papel pre- e) “barreiras atitudinais”: atitudes ou comportamentos que
ponderante na criação de novos padrões de consumo e produção e impeçam ou prejudiquem a participação social da pessoa com defi-
na construção de uma sociedade mais inclusiva, razão pela qual de- ciência em igualdade de condições e oportunidades com as demais
tém a capacidade e o dever de potencializar, estimular e multiplicar pessoas; e
a utilização de recursos e tecnologias assistivas com vistas à garan- f) “barreiras tecnológicas”: as que dificultam ou impedem o
tia plena da acessibilidade e a inclusão das pessoas com deficiência; acesso da pessoa com deficiência às tecnologias.
CONSIDERANDO a necessidade de aperfeiçoamento da Reco- IV - “adaptação razoável” significa as modificações e os ajustes
mendação CNJ 27/2009 pelo advento da Lei 13.146/2015 (Lei Bra- necessários e adequados que não acarretem ônus desproporcional
sileira de Inclusão); ou indevido, quando requeridos em cada caso, a fim de assegurar
CONSIDERANDO a ratificação unânime da medida limi- que as pessoas com deficiência possam gozar ou exercer, em igual-
nar concedida nos autos dos Pedidos de Providências 0004258- dade de oportunidades com as demais pessoas, todos os direitos
58.2015.2.00.0000 e 0004756-57.2015.2.00.0000, pelo Plenário do humanos e liberdades fundamentais;
Conselho Nacional de Justiça; V - “desenho universal” significa a concepção de produtos,
CONSIDERANDO a deliberação do Plenário do CNJ no Proce- ambientes, programas e serviços a serem usados, na maior medi-
dimento de Comissão 006029-71.2015.2.00.0000, na 232ª Sessão da possível, por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação
Ordinária, realizada em 31 de maio de 2016; ou projeto específico. O “desenho universal” não excluirá as ajudas
técnicas para grupos específicos de pessoas com deficiência, quan-
RESOLVE: do necessárias;
VI - “tecnologia assistiva” (ou “ajuda técnica”) significa produ-
CAPÍTULO I tos, equipamentos, dispositivos, recursos, metodologias, estraté-
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES gias, práticas e serviços que objetivem promover a funcionalidade,
relacionada à atividade e à participação da pessoa com deficiência
Art. 1º Esta Resolução orienta a adequação das atividades dos ou com mobilidade reduzida, visando à sua autonomia, indepen-
órgãos do Poder Judiciário e de seus serviços auxiliares em relação dência, qualidade de vida e inclusão social;
às determinações exaradas pela Convenção Internacional sobre os VII - “comunicação” significa forma de interação dos cidadãos
Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo que abrange, entre outras opções, as línguas, inclusive a Língua Bra-
(promulgada por meio do Decreto nº 6.949/2009) e pela Lei Bra- sileira de Sinais (Libras), a visualização de textos, o Braille, o sistema
sileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015). de sinalização ou de comunicação tátil, os caracteres ampliados, os
Parágrafo único. Para tanto, entre outras medidas, convola-se, dispositivos multimídia, assim como a linguagem simples, escrita
em resolução, a Recomendação CNJ 27, de 16/12/2009, bem como e oral, os sistemas auditivos e os meios de voz digitalizados e os
institui-se as Comissões Permanentes de Acessibilidade e Inclusão. modos, meios e formatos aumentativos e alternativos de comuni-
Art. 2º Para fins de aplicação desta Resolução, consideram-se: cação, incluindo as tecnologias da informação e das comunicações;
I - “discriminação por motivo de deficiência” significa qualquer VIII - “atendente pessoal” significa pessoa, membro ou não da
diferenciação, exclusão ou restrição, por ação ou omissão, baseada família, que, com ou sem remuneração, assiste ou presta cuidados
em deficiência, com o propósito ou efeito de impedir ou impossi- básicos e essenciais à pessoa com deficiência no exercício de suas
bilitar o reconhecimento, o desfrute ou o exercício, em igualdade atividades diárias, excluídas as técnicas ou os procedimentos iden-
de oportunidades com as demais pessoas, de direitos humanos e tificados com profissões legalmente estabelecidas; e
liberdades fundamentais nos âmbitos político, econômico, social, IX - “acompanhante” significa aquele que acompanha a pessoa
cultural, civil ou qualquer outro, incluindo a recusa de adaptações com deficiência, podendo ou não desempenhar as funções de aten-
razoáveis e de fornecimento de tecnologias assistivas; dente pessoal.
II - “acessibilidade” significa possibilidade e condição de alcan-
ce para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliá-
rios, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e
comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de

53
ATUALIDADES
CAPÍTULO II § 7º Mesmo se todas as vagas disponíveis estiverem ocupadas,
DAS DISPOSIÇÕES RELACIONADAS A TODAS AS PESSOAS a Administração deverá agir com o máximo de empenho para, na
COM DEFICIÊNCIA medida do possível, facilitar o acesso do usuário com deficiência
às suas dependências, ainda que, para tanto, seja necessário dar
SEÇÃO I acesso a vaga destinada ao público interno do órgão.
DA IGUALDADE E SUAS IMPLICAÇÕES Art. 5º É proibido ao Poder Judiciário e seus serviços auxiliares
impor ao usuário com deficiência custo anormal, direto ou indireto,
SUBSEÇÃO I para o amplo acesso a serviço público oferecido.
DA IGUALDADE E DA INCLUSÃO Art. 6º Todos os procedimentos licitatórios do Poder Judiciário
deverão se ater para produtos acessíveis às pessoas com deficiên-
Art. 3º A fim de promover a igualdade, adotar-se-ão, com ur- cia, sejam servidores ou não.
gência, medidas apropriadas para eliminar e prevenir quaisquer § 1º O desenho universal será sempre tomado como regra de
barreiras urbanísticas, arquitetônicas, nos transportes, nas comu- caráter geral.
nicações e na informação, atitudinais ou tecnológicas, devendo-se § 2º Nas hipóteses em que comprovadamente o desenho uni-
garantir às pessoas com deficiência – servidores, serventuários ex- versal não possa ser empreendido, deve ser adotada adaptação ra-
trajudiciais, terceirizados ou não – quantas adaptações razoáveis zoável.
ou mesmo tecnologias assistivas sejam necessárias para assegurar Art. 7º Os órgãos do Poder Judiciário deverão, com urgência,
acessibilidade plena, coibindo qualquer forma de discriminação por proporcionar aos seus usuários processo eletrônico adequado e
motivo de deficiência. acessível a todos os tipos de deficiência, inclusive às pessoas que
tenham deficiência visual, auditiva ou da fala.
SUBSEÇÃO II § 1º Devem ser oferecidos todos os recursos de tecnologia as-
DA ACESSIBILIDADE COM SEGURANÇA E AUTONOMIA sistiva disponíveis para que a pessoa com deficiência tenha garan-
tido o acesso à justiça, sempre que figure em um dos polos da ação
Art. 4º Para promover a acessibilidade dos usuários do Poder ou atue como testemunha, partícipe da lide posta em juízo, advoga-
Judiciário e dos seus serviços auxiliares que tenham deficiência, a do, defensor público, magistrado ou membro do Ministério Público.
qual não ocorre sem segurança ou sem autonomia, dever-se-á, en- § 2º A pessoa com deficiência tem garantido o acesso ao con-
tre outras atividades, promover: teúdo de todos os atos processuais de seu interesse, inclusive no
I - atendimento ao público – pessoal, por telefone ou por qual- exercício da advocacia.
quer meio eletrônico – que seja adequado a esses usuários, inclusi- Art. 8º Os serviços notariais e de registro não podem negar ou
ve aceitando e facilitando, em trâmites oficiais, o uso de línguas de criar óbices ou condições diferenciadas à prestação de seus servi-
sinais, braille, comunicação aumentativa e alternativa, e de todos ços em razão de deficiência do solicitante, devendo reconhecer sua
os demais meios, modos e formatos acessíveis de comunicação, à capacidade legal plena, garantida a acessibilidade.
escolha das pessoas com deficiência; Parágrafo único. O descumprimento do disposto no caput des-
II - adaptações arquitetônicas que permitam a livre e autôno- te artigo constitui discriminação em razão de deficiência.
ma movimentação desses usuários, tais como rampas, elevadores Art. 9º Os Tribunais relacionados nos incisos II a VII do art. 92
e vagas de estacionamento próximas aos locais de atendimento; e da Constituição Federal de 1988 e os serviços auxiliares do Poder
III - acesso facilitado para a circulação de transporte público Judiciário devem adotar medidas para a remoção de barreiras físi-
nos locais mais próximos possíveis aos postos de atendimento. cas, tecnológicas, arquitetônicas, de comunicação e atitudinais para
§ 1º A fim de garantir a atuação da pessoa com deficiência em promover o amplo e irrestrito acesso de pessoas com deficiência às
todo o processo judicial, o poder público deve capacitar os mem- suas respectivas carreiras e dependências e o efetivo gozo dos ser-
bros, os servidores e terceirizados que atuam no Poder Judiciário viços que prestam, promovendo a conscientização de servidores e
quanto aos direitos da pessoa com deficiência. jurisdicionados sobre a importância da acessibilidade para garantir
§ 2º Cada órgão do Poder Judiciário deverá dispor de, pelo me- o pleno exercício de direitos.
nos, cinco por cento de servidores, funcionários e terceirizados ca-
pacitados para o uso e interpretação da Libras. SUBSEÇÃO III
§ 3º As edificações públicas já existentes devem garantir aces- DAS COMISSÕES PERMANENTES DE ACESSIBILIDADE E INCLU-
sibilidade à pessoa com deficiência em todas as suas dependências SÃO
e serviços, tendo como referência as normas de acessibilidade vi-
gentes. Art. 10. Serão instituídas por cada Tribunal, no prazo máximo
§ 4º A construção, a reforma, a ampliação ou a mudança de uso de 45 (quarenta e cinco) dias, Comissões Permanentes de Acessibi-
de edificações deverão ser executadas de modo a serem acessíveis. lidade e Inclusão, com caráter multidisciplinar, com participação de
§ 5º A formulação, a implementação e a manutenção das ações magistrados e servidores, com e sem deficiência, objetivando que
de acessibilidade atenderão às seguintes premissas básicas: essas Comissões fiscalizem, planejem, elaborem e acompanhem os
I - eleição de prioridades, elaboração de cronograma e reserva projetos arquitetônicos de acessibilidade e projetos “pedagógicos”
de recursos para implementação das ações; e de treinamento e capacitação dos profissionais e funcionários que
II - planejamento contínuo e articulado entre os setores envol- trabalhem com as pessoas com deficiência, com fixação de metas
vidos. anuais, direcionados à promoção da acessibilidade para pessoas
§ 6º Para atender aos usuários externos que tenham deficiên- com deficiência, tais quais as descritas a seguir:
cia, dever-se-á reservar, nas áreas de estacionamento abertas ao I – construção e/ou reforma para garantir acessibilidade para
público, vagas próximas aos acessos de circulação de pedestres, de- pessoas com termos da normativa técnica em vigor (ABNT 9050),
vidamente sinalizadas, para veículos que transportem pessoas com inclusive construção de rampas, adequação de sanitários, instala-
deficiência e com comprometimento de mobilidade, desde que de- ção de elevadores, reserva de vagas em estacionamento, instalação
vidamente identificados, em percentual equivalente a 2% (dois por de piso tátil direcional e de alerta, sinalização sonora para pessoas
cento) do total, garantida, no mínimo, 1 (uma) vaga. com deficiência visual, bem como sinalizações visuais acessíveis a

54
ATUALIDADES
pessoas com deficiência auditiva, pessoas com baixa visão e pes- Art. 12. É indispensável parecer da Comissão Permanente de
soas com deficiência intelectual, adaptação de mobiliário (incluindo Acessibilidade e Inclusão em questões relacionadas aos direitos das
púlpitos), portas e corredores em todas as dependências e em toda pessoas com deficiência e nos demais assuntos conexos à acessibi-
a extensão (Tribunais, Fóruns, Juizados Especiais etc); lidade e inclusão no âmbito dos Tribunais.
II – locação de imóveis, aquisição ou construções novas somen- Art. 13. Os prazos e as eventuais despesas decorrentes da im-
te deverão ser feitas se com acessibilidade; plementação desta Resolução serão definidos pelos tribunais, ouvi-
III – permissão de entrada e permanência de cães-guias em to- da a respectiva Comissão Permanente de Acessibilidade e o órgão
das as dependências dos edifícios e sua extensão; interno responsável pela elaboração do Planejamento Estratégico,
IV – habilitação de servidores em cursos oficiais de Linguagem com vistas à sua efetiva implementação.
Brasileira de Sinais, custeados pela Administração, formados por
professores oriundos de instituições oficialmente reconhecidas no SEÇÃO II
ensino de Linguagem Brasileira de Sinais para ministrar os cursos DA NÃO DISCRIMINAÇÃO
internos, a fim de assegurar que as secretarias e cartórios das Va-
ras e Tribunais disponibilizem pessoal capacitado a atender surdos, Art. 14. É proibida qualquer forma de discriminação por mo-
prestando-lhes informações em Linguagem Brasileira de Sinais; tivo de deficiência, devendo-se garantir às pessoas com deficiên-
V – nomeação de tradutor e intérprete de Linguagem Brasileira cia – servidores, serventuários extrajudiciais, terceirizados ou não
de Sinais, sempre que figurar no processo pessoa com deficiência – igual e efetiva proteção legal contra a discriminação por qualquer
auditiva, escolhido dentre aqueles devidamente habilitados e apro- motivo.
vados em curso oficial de tradução e interpretação de Linguagem
Brasileira de Sinais ou detentores do certificado de proficiência em SEÇÃO III
Linguagem Brasileira de Sinais – PROLIBRAS, nos termos do art. 19 DA PROTEÇÃO DA INTEGRIDADE FÍSICA E PSÍQUICA
do Decreto 5.626/2005, o qual deverá prestar compromisso e, em
qualquer hipótese, será custeado pela administração dos órgãos do Art. 15. Toda pessoa com deficiência – servidor, serventuário
Judiciário; extrajudicial, terceirizado ou não – tem o direito a que sua inte-
VI – sendo a pessoa com deficiência auditiva partícipe do pro- gridade física e mental seja respeitada, em igualdade de condições
cesso oralizado e se assim o preferir, o Juiz deverá com ela se comu- com as demais pessoas.
nicar por anotações escritas ou por meios eletrônicos, o que inclui a Art. 16. A pessoa com deficiência tem direito a receber atendi-
legenda em tempo real, bem como adotar medidas que viabilizem mento prioritário, sobretudo com a finalidade de:
a leitura labial; I - proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
VII – nomeação ou permissão de utilização de guia-intérprete, II - atendimento em todos os serviços de atendimento ao pú-
sempre que figurar no processo pessoa com deficiência auditiva e blico;
visual, o qual deverá prestar compromisso e, em qualquer hipótese, III - disponibilização de recursos, tanto humanos quanto tec-
será custeado pela administração dos órgãos do Judiciário; nológicos, que garantam atendimento em igualdade de condições
VIII – registro da audiência, caso o Juiz entenda necessário, por com as demais pessoas;
filmagem de todos os atos nela praticados, sempre que presente IV - acesso a informações e disponibilização de recursos de co-
pessoa com deficiência auditiva; municação acessíveis;
IX – aquisição de impressora em Braille, produção e manuten- V - tramitação processual e procedimentos judiciais e adminis-
ção do material de comunicação acessível, especialmente o websi- trativos em que for parte ou interessada, em todos os atos e dili-
te, que deverá ser compatível com a maioria dos softwares livres e gências.
gratuitos de leitura de tela das pessoas com deficiência visual; Parágrafo único. Os direitos previstos neste artigo são exten-
X – inclusão, em todos os editais de concursos públicos, da pre- sivos ao acompanhante da pessoa com deficiência ou ao seu aten-
visão constitucional de reserva de cargos para pessoas com defi- dente pessoal, exceto quanto ao disposto no inciso V deste artigo.
ciência, inclusive nos que tratam do ingresso na magistratura (CF,
art. 37, VIII); CAPÍTULO III
XI – anotação na capa dos autos da prioridade concedida à tra- DAS DISPOSIÇÕES RELACIONADAS AOS SERVIDORES COM
mitação de processos administrativos cuja parte seja uma pessoa DEFICIÊNCIA
com deficiência e de processos judiciais se tiver idade igual ou supe-
rior a 60 (sessenta) anos ou portadora de doença grave, nos termos SEÇÃO I
da Lei n. 12.008, de 06 de agosto de 2009; DA APLICABILIDADE DOS CAPÍTULOS ANTERIORES
XII – realização de oficinas de conscientização de servidores e
magistrados sobre os direitos das pessoas com deficiência; Art. 17. Aplicam-se aos servidores, aos serventuários extraju-
XIII – utilização de intérprete de Linguagem Brasileira de Sinais, diciais e aos terceirizados com deficiência, no que couber, todas as
legenda, audiodescrição e comunicação em linguagem acessível em disposições previstas nos Capítulos anteriores desta Resolução.
todas as manifestações públicas, dentre elas propagandas, pronun-
ciamentos oficiais, vídeos educativos, eventos e reuniões; SEÇÃO II
XIV – disponibilização de equipamentos de autoatendimento DA AVALIAÇÃO
para consulta processual acessíveis, com sistema de voz ou de lei-
tura de tela para pessoas com deficiência visual, bem como, com Art. 18. A avaliação da deficiência, quando necessária, será
altura compatível para usuários de cadeira de rodas. biopsicossocial, realizada por equipe multiprofissional e interdisci-
Art. 11. Os órgãos do Poder Judiciário relacionados nos incisos plinar e considerará:
II a VII do art. 92 da Constituição Federal de 1988 devem criar uni- I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo;
dades administrativas específicas, diretamente vinculadas à Presi- II - os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais;
dência de cada órgão, responsáveis pela implementação das ações III - a limitação no desempenho de atividades; e
da respectiva Comissão Permanente de Acessibilidade e Inclusão. IV - a restrição de participação.

55
ATUALIDADES
SEÇÃO III admissional e periódico, permanência no emprego, ascensão pro-
DA INCLUSÃO DE PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO SERVIÇO fissional e reabilitação profissional, bem como exigência de aptidão
PÚBLICO plena.
§ 4º A pessoa com deficiência tem direito à participação e ao
Art. 19. Os editais de concursos públicos para ingresso nos qua- acesso a cursos, treinamentos, educação continuada, planos de car-
dros do Poder Judiciário e de seus serviços auxiliares deverão pre- reira, promoções, bonificações e incentivos profissionais oferecidos
ver, nos objetos de avaliação, disciplina que abarque os direitos das pelo empregador, em igualdade de oportunidades com os demais
pessoas com deficiência. empregados.
Art. 20. Imediatamente após a posse de servidor, serventuário § 5º É garantida aos trabalhadores com deficiência acessibilida-
extrajudicial ou contratação de terceirizado com deficiência, dever- de em cursos de formação e de capacitação.
-se-á informar a ele de forma detalhada sobre seus direitos e sobre Art. 24. É garantido à pessoa com deficiência acesso a produ-
a existência desta Resolução. tos, recursos, estratégias, práticas, processos, métodos e serviços
Art. 21. Cada órgão do Poder Judiciário deverá manter um ca- de tecnologia assistiva que maximizem sua autonomia, mobilidade
dastro dos servidores, serventuários extrajudiciais e terceirizados pessoal e qualidade de vida.
com deficiência que trabalham no seu quadro. Art. 25. Se houver qualquer tipo de estacionamento interno,
§ 1º Esse cadastro deve especificar as deficiências e as neces- será garantido ao servidor com deficiência que possua comprome-
sidades particulares de cada servidor, terceirizado ou serventuário timento de mobilidade vaga no local mais próximo ao seu local de
extrajudicial. trabalho.
§ 2º A atualização do cadastro deve ser permanente, devendo § 1º O percentual aplicável aos estacionamentos externos a
ocorrer uma revisão detalhada uma vez por ano. que se referem o art. 4º, § 6º, desta Resolução e o art. 47 da Lei
§ 3º Na revisão anual, cada um dos servidores, serventuários 13.146/2015 não é aplicável ao estacionamento interno do órgão,
extrajudiciais ou terceirizado com deficiência deverá ser pessoal- devendo-se garantir vaga no estacionamento interno a cada servi-
mente questionado sobre a existência de possíveis sugestões ou dor com mobilidade comprometida.
adaptações referentes à sua plena inclusão no ambiente de traba- § 2º O caminho existente entre a vaga do estacionamento in-
lho. terno e o local de trabalho do servidor com mobilidade comprome-
§ 4º Para cada sugestão dada, deverá haver uma resposta for- tida não deve conter qualquer tipo de barreira que impossibilite ou
mal do Poder Judiciário em prazo razoável. mesmo dificulte o seu acesso.
Art. 22. Constitui modo de inclusão da pessoa com deficiência Art. 26. Se o órgão possibilitar aos seus servidores a realização
no trabalho a colocação competitiva, em igualdade de oportunida- de trabalho por meio do sistema “home office”, dever-se-á dar prio-
des com as demais pessoas, nos termos da legislação trabalhista ridade aos servidores com mobilidade comprometida que manifes-
e previdenciária, na qual devem ser atendidas as regras de aces- tem interesse na utilização desse sistema.
sibilidade, o fornecimento de recursos de tecnologia assistiva e a § 1º A Administração não poderá obrigar o servidor com mo-
adaptação razoável no ambiente de trabalho. bilidade comprometida a utilizar o sistema “home office”, mesmo
Parágrafo único. A colocação competitiva da pessoa com defi- diante da existência de muitos custos para a promoção da acessibi-
ciência pode ocorrer por meio de trabalho com apoio, observadas lidade do servidor em seu local de trabalho.
as seguintes diretrizes: § 2º Os custos inerentes à adaptação do servidor com deficiên-
I - prioridade no atendimento à pessoa com deficiência com cia ao sistema “home office” deverão ser suportados exclusivamen-
maior dificuldade de inserção no campo de trabalho; te pela Administração.
II - provisão de suportes individualizados que atendam a neces- Art. 27. Ao servidor ou terceirizado com deficiência é garantida
sidades específicas da pessoa com deficiência, inclusive a disponi- adaptação ergonômica da sua estação de trabalho.
bilização de recursos de tecnologia assistiva, de agente facilitador e Art. 28. Se houver serviço de saúde no órgão, aos servidores
de apoio no ambiente de trabalho; com deficiência será garantido atendimento compatível com as
III - respeito ao perfil vocacional e ao interesse da pessoa com suas deficiências.
deficiência apoiada;
IV - oferta de aconselhamento e de apoio aos empregadores, SEÇÃO IV
com vistas à definição de estratégias de inclusão e de superação de DO HORÁRIO ESPECIAL
barreiras, inclusive atitudinais;
V - realização de avaliações periódicas; Art. 29. A concessão de horário especial conforme o art. 98, §
VI - articulação intersetorial das políticas públicas; e 2º, da Lei 8.112/1990 a servidor com deficiência não justifica qual-
VII - possibilidade de participação de organizações da socieda- quer atitude discriminatória.
de civil. § 1º Admitindo-se a possibilidade de acumulação de banco de
Art. 23. A pessoa com deficiência tem direito ao trabalho de horas pelos demais servidores do órgão, também deverá ser admi-
sua livre escolha e aceitação, em ambiente acessível e inclusivo, em tida a mesma possibilidade em relação ao servidor com horário es-
igualdade de oportunidades com as demais pessoas. pecial, mas de modo proporcional.
§ 1º Os órgãos do Poder Judiciário são obrigados a garantir am- § 2º Ao servidor a quem se tenha concedido horário especial
bientes de trabalho acessíveis e inclusivos. não poderá ser negado ou dificultado, colocando-o em situação de
§ 2º A pessoa com deficiência tem direito, em igualdade de desigualdade com os demais servidores, o exercício de função de
oportunidades com as demais pessoas, a condições justas e favorá- confiança ou de cargo em comissão.
veis de trabalho, incluindo igual remuneração por trabalho de igual § 3º O servidor com horário especial não será obrigado a rea-
valor. lizar, conforme o interesse da Administração, horas extras, se essa
§ 3º É vedada restrição ao trabalho da pessoa com deficiência extensão da sua jornada de trabalho puder ocasionar qualquer
e qualquer discriminação em razão de sua condição, inclusive nas dano à sua saúde.
etapas de recrutamento, seleção, contratação, admissão, exames

56
ATUALIDADES
§ 4º Se o órgão, por sua liberalidade, determinar a diminuição § 1º Também incorrerá em pena de advertência o servidor ou o
da jornada de trabalho dos seus servidores, ainda que por curto serventuário extrajudicial que, tendo conhecimento do descumpri-
período, esse mesmo benefício deverá ser aproveitado de forma mento de um dos incisos do caput deste artigo, deixar de comuni-
proporcional pelo servidor a quem tenha sido concedido horário cá-lo à autoridade competente, para que esta promova a apuração
especial. do fato.
§ 2º O fato de a conduta ter ocorrido em face de usuário ou
CAPÍTULO IV contra servidor do mesmo quadro, terceirizado ou serventuário ex-
DAS DISPOSIÇÕES RELACIONADAS AOS SERVIDORES QUE TE- trajudicial é indiferente para fins de aplicação da advertência.
NHAM CÔNJUGE, FILHO OU DEPENDENTE COM DEFICIÊNCIA § 3º Em razão da prioridade na tramitação dos processos admi-
nistrativos destinados à inclusão e à não discriminação de pessoa
SEÇÃO I com deficiência, a grande quantidade de processos a serem concluí-
DA FACILITAÇÃO DOS CUIDADOS dos não justifica o afastamento de advertência pelo descumprimen-
to dos deveres descritos neste artigo.
Art. 30. Se o órgão possibilitar aos seus servidores a realiza- § 4º As práticas anteriores da Administração Pública não justifi-
ção de trabalho por meio do sistema “home office”, dever-se-á dar cam o afastamento de advertência pelo descumprimento dos deve-
prioridade aos servidores que tenham cônjuge, filho ou dependen- res descritos neste artigo.
te com deficiência e que manifestem interesse na utilização desse Art. 34. Esta Resolução entra em vigor na data da sua publica-
sistema. ção.
Art. 31. Se houver serviço de saúde no órgão, ao cônjuge, filho Ministro Ricardo Lewandowski
ou dependente com deficiência de servidor será garantido atendi-
mento compatível com as suas deficiências.
EXERCÍCIOS
SEÇÃO II
DO HORÁRIO ESPECIAL
1. (PREFEITURA DE LOUVEIRA - SP - PROFESSOR ENSINO
Art. 32. A concessão de horário especial conforme o art. 98, BÁSICO - AVANÇA SP – 2020) No início do mês de janeiro de 2020,
§ 3º, da Lei 8.112/1990 a servidor que tenha cônjuge, filho ou de- um problema envolvendo substância tóxica na fabricação de cerve-
pendente com deficiência não justifica qualquer atitude discrimi- jas tem causado preocupações nas autoridades do Estado de:
natória. (A) Amazonas.
§ 1º Admitindo-se a possibilidade de acumulação de banco de (B) Rio Grande do Sul.
horas pelos demais servidores do órgão, também deverá ser admi- (C) Sergipe.
tida a mesma possibilidade em relação ao servidor com horário es- (D) Amapá.
pecial, em igualdade de condições com os demais. (E) Minas Gerais.
§ 2º Ao servidor a quem se tenha concedido horário especial
não poderá ser negado ou dificultado, colocando-o em situação de 2. (PREFEITURA DE LOUVEIRA - SP - PROFESSOR ENSINO
desigualdade com os demais servidores, o exercício de função de BÁSICO - AVANÇA SP – 2020) No final de dezembro de 2019, um
confiança ou de cargo em comissão. incêndio florestal atingiu um país localizado na América do Sul, obri-
§ 3º O servidor com horário especial não será obrigado a reali- gando dezenas de moradores a abandonarem suas casas. Assinale a
zar, conforme o interesse da Administração, horas extras, se essa ex- alternativa que aponta corretamente o nome de referido país:
tensão da sua jornada de trabalho puder ocasionar qualquer dano (A) Paraguai.
relacionado ao seu cônjuge, filho ou dependente com deficiência. (B) Argentina.
§ 4º Se o órgão, por sua liberalidade, determinar a diminuição (C) Brasil.
da jornada de trabalho dos seus servidores, ainda que por curto pe- (D) Chile.
ríodo, esse mesmo benefício deverá ser aproveitado pelo servidor a (E) Equador.
quem tenha sido concedido horário especial.
3. (PREFEITURA DE PEDRA LAVRADA - PB - AGENTE ADMI-
CAPÍTULO V NISTRATIVO - CONTEMAX – 2020) Leia atentamente a notícia a
DISPOSIÇÕES FINAIS seguir, publicada no início deste ano, e marque a opção que apre-
senta o nome que preenche corretamente a lacuna. “Alvo de críti-
Art. 33. Incorre em pena de advertência o servidor, terceirizado cas, o ministro da Educação, ______________, recebeu hoje uma
ou o serventuário extrajudicial que: carta de apoio de um grupo de parlamentares. A carta foi elaborada
I - conquanto possua atribuições relacionadas a possível elimi- depois de ele ter ido ao Senado prestar esclarecimentos sobre erros
nação e prevenção de quaisquer barreiras urbanísticas, arquitetôni- no Exame Nacional do Ensino Médio. A falha no processo seletivo
cas, nos transportes, nas comunicações e na informação, atitudinais foi um dos motivos que levaram um outro grupo de congressistas
ou tecnológicas, não se empenhe, com a máxima celeridade possí- a protocolar um pedido de impeachment no Supremo Tribunal Fe-
vel, para a supressão e prevenção dessas barreiras; deral contra o economista”. (Congresso em Foco, 18/02/20, com
II - embora possua atribuições relacionadas à promoção de adaptações).
adaptações razoáveis ou ao oferecimento de tecnologias assistivas (A) Abraham Weintraub
necessárias à acessibilidade de pessoa com deficiência – servidor, (B) Aloizio Mercadante
serventuário extrajudicial ou não –, não se empenhe, com a máxima (C) Cid Gomes
celeridade possível, para estabelecer a condição de acessibilidade; (D) Fernando Haddad
III - no exercício das suas atribuições, tenha qualquer outra es- (E) Mendonça Filho
pécie de atitude discriminatória por motivo de deficiência ou des-
cumpra qualquer dos termos desta Resolução.

57
ATUALIDADES
4. (PREFEITURA DE PEDRA LAVRADA - PB - AGENTE ADMI- Assinale a alternativa que aponta corretamente os sintomas do
NISTRATIVO - CONTEMAX – 2020) Segundo a Constituição brasi- coronavírus:
leira, o Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se (A) Os sintomas mais prevalentes são febre, tosse e falta de ar.
compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Marque a Alguns pacientes apresentam coriza e diarreia. Casos graves podem
alternativa que indica o nome do político que ocupa atualmente o evoluir para pneumonia, síndrome respiratória aguda grave e insu-
cargo de Presidente do Senado Federal. ficiência renal.
(A) Davi Alcolumbre. (B) Os sintomas mais prevalentes são febre, desconforto geral,
(B) Eduardo Cunha. dor de cabeça, fadiga severa, dores nas costas, vômitos. Poucos
(C) Rodrigo Maia. dias depois, manchas vermelhas começam a aparecer no rosto, nas
(D) José Sarney. mãos, nos antebraços e, posteriormente, no tronco também.
(E) Renan Calheiros. (C) Os sintomas mais prevalentes são ocorrência de sangue
nas fezes, perda de peso, olhos amarelados, fadiga, falta de apeti-
5. (PREFEITURA DE MORRO AGUDO - SP - MÉDICO CAR- te, tonturas, apatia, vontade de comer substâncias não alimentares
DIOLOGISTA - VUNESP – 2020) O plano, batizado de “Agenda de como arroz cru, areia ou gelo, palidez, gengivas esbranquiçadas.
Transformação de Estado”, prevê a mais profunda reestruturação (D) Os sintomas mais prevalentes são febre até 38ºC, secreção
da máquina pública brasileira desde a promulgação da Constituição nasal, tosse e espirros, dor de cabeça, mal estar, gânglios aumen-
Federal de 1988. O tamanho da mudança constitucional sugerida tados, especialmente próximos ao pescoço, conjuntivite, manchas
pelo governo pode ser medido pela quantidade de dispositivos que vermelhas na pele que causam coceira.
podem ser alterados. Juntos, os projetos somam 30 páginas.
(https://glo.bo/2Cw3VOJ. Publicado em 08.11.2019) 8. (PREFEITURA DE CUNHA PORÃ - SC - AGENTE ADMINIS-
TRATIVO INSTITUTO UNIFIL – 2020) Em setembro de 2019 ini-
O plano a que o texto se refere, defende como objetivo ciou-se um incêndio em um país, que passou a durar até janeiro
(A) ampliar a agenda social do Estado de forma a adequá-la aos de 2020, onde o fogo colocou em risco a vida de 327 espécies de
propósitos da Constituição de 1988. plantas e animais, e destruiu grande parte do habitat de muitos ani-
(B) centralizar os gastos públicos no âmbito da federação, de mais incluindo mamíferos, aves e répteis. A lista inclui 272 espécies
forma a diminuir a autonomia dos gastos estaduais. de plantas, dezesseis mamíferos, catorze de sapos, nove de aves,
(C) ampliar o número de municípios, garantindo maior distri- sete de répteis, quatro de insetos, quatro de peixes e uma de ara-
buição e melhor gestão de gastos públicos. nha. Destas espécies, 31 foram classificadas como “ameaçadas de
(D) diminuir a possibilidade de manobrar recursos por parte do extinção”, outras 110 como “em perigo” e 186 como “vulneráveis”.
município. De acordo com essas informações, assinale a alternativa que corres-
(E) ampliar a responsabilidade fiscal, buscando diminuir o in- ponde a esse país.
chaço dos gastos públicos estatais. (A) Austrália.
(B) Estados Unidos (EUA).
6. (PREFEITURA DE ARAPONGAS - PR - FISCAL AMBIENTAL (C) Brasil.
- FAFIPA – 2020) Um produção cinematográfica brasileira, dirigida (D) África do Sul.
por Petra Costa, foi indicada ao Oscar 2020 na categoria Documen-
tário. Assinale a alternativa que contém o nome dessa obra: 9. (PREFEITURA DE CUNHA PORÃ - SC - MOTORISTA DE
(A) Democracia em Vertigem. ÔNIBUS - INSTITUTO UNIFIL – 2020) No dia 09 de janeiro de 2020,
(B) Dois Papas. foi publicado uma notícia no site do Ministério da Saúde onde diz
(C) O Auto da Compadecida. que, o próprio Ministério começou a distribuir nessa mesma data,
(D) Bacurau. um total de 1,7 milhão de doses da vacina pentavalente para os
(E) Minha Mãe é uma Peça. estados. Após recebimento pelo Estado, o produto passa a ser en-
caminhado aos municípios. Essa vacina garante a proteção contra 5
7. (PREFEITURA DE BARRA BONITA - SC - AUXILIAR ADMI- doenças. Marque a alternativa que corresponde a essas doenças.
NISTRATIVO - AMEOSC – 2020) Leia a notícia para responder a (A) Rubéola, difteria, dengue, caxumba e a bactéria Staphylo-
questão: coccus aureus.
Estudo estima que coronavírus infectou mais de 75 mil pessoas (B) Botulismo, tétano, coqueluche, hepatite B, e a bactéria Es-
“Com base em dados de deslocamento, pesquisadores es- cherichia coli.
timam que número de pessoas infectadas seja maior do que o já (C) Hidrocefalia, coqueluche, hepatite, raiva e a bateria Clostri-
reportado. dium botulinum.
O novo coronavírus pode ter contaminado 75.815 pessoas, de (D) Difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e a bactéria hae-
acordo com um estudo que analisou dados coletados do início da mophilus influenzae tipo b (responsável por infecções no nariz e
epidemia até o dia 25 de janeiro deste ano. O número é quase qua- garganta).
tro vezes maior do que o reportado por autoridades de saúde da
China. Atualmente, segundo dados oficiais, 20 mil pessoas foram 10. (PREFEITURA DE CUNHA PORÃ - SC - AUXILIAR DE SER-
contagiadas com o novo vírus. VIÇOS GERAIS (FEMININO) - INSTITUTO UNIFIL – 2020) O Jornal
Segundo os pesquisadores, o motivo da discrepância dos da- O Povo, publicou uma notícia no dia 28 de fevereiro de 2020 infor-
dos estaria relacionado com o tempo que o vírus leva para ser de- mando que, cientistas estão em busca de um tratamento especifico
tectado. O tempo entre o contágio e a apresentação de sintomas para o coronavírus. De acordo com essa informação, marque a al-
também está entre as razões apontadas pelos pesquisadores para a ternativa que corresponde a esses cientistas.
diferença nos números.” A) Italianos
(Fonte adaptada: https://exame.abril.com.br/ciencia/> Acesso em 05 B) Ingleses
de Fevereiro de 2020). C) Chineses
D) Japoneses

58
ATUALIDADES

GABARITO ANOTAÇÕES

1 E ______________________________________________________
2 D ______________________________________________________
3 A
______________________________________________________
4 A
______________________________________________________
5 E
6 A ______________________________________________________
7 A ______________________________________________________
8 A
______________________________________________________
9 D
10 A ______________________________________________________

______________________________________________________

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ANOTAÇÕES
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59
ATUALIDADES
ANOTAÇÕES ANOTAÇÕES

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60
MATEMÁTICA

1. Operações com números reais. Mínimo múltiplo comum e máximo divisor comum . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Razão e proporção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08
3. Porcentagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
4. Regra de três simples e composta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
5. Média aritmética simples e ponderada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
6. Juros simples . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
7. Equação do 1.º e 2.º graus. 9. Sistema de equações do 1.º grau . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
8. Relação entre grandezas: tabelas e gráficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
9. Sistemas de medidas usuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
10. Noções de geometria: forma, perímetro, área, volume, ângulo, teorema de Pitágoras. Resolução de situações-problema . . . . . . . 37
MATEMÁTICA

Subconjuntos do conjunto  :
OPERAÇÕES COM NÚMEROS REAIS. MÍNIMO MÚLTI- 1)Conjunto dos números inteiros excluindo o zero
PLO COMUM E MÁXIMO DIVISOR COMUM
Z*={...-2, -1, 1, 2, ...}
Números Naturais
Os números naturais são o modelo matemático necessário 2) Conjuntos dos números inteiros não negativos
para efetuar uma contagem.
Começando por zero e acrescentando sempre uma unidade, Z+={0, 1, 2, ...}
obtemos o conjunto infinito dos números naturais
3) Conjunto dos números inteiros não positivos

Z-={...-3, -2, -1}


- Todo número natural dado tem um sucessor
a) O sucessor de 0 é 1. Números Racionais
b) O sucessor de 1000 é 1001. Chama-se de número racional a todo número que pode ser ex-
c) O sucessor de 19 é 20. presso na forma , onde a e b são inteiros quaisquer, com b≠0
São exemplos de números racionais:
Usamos o * para indicar o conjunto sem o zero. -12/51
-3

-(-3)
- Todo número natural dado N, exceto o zero, tem um anteces- -2,333...
sor (número que vem antes do número dado).
Exemplos: Se m é um número natural finito diferente de zero. As dízimas periódicas podem ser representadas por fração,
a) O antecessor do número m é m-1. portanto são consideradas números racionais.
b) O antecessor de 2 é 1. Como representar esses números?
c) O antecessor de 56 é 55.
d) O antecessor de 10 é 9. Representação Decimal das Frações
Temos 2 possíveis casos para transformar frações em decimais
Expressões Numéricas
Nas expressões numéricas aparecem adições, subtrações, mul- 1º) Decimais exatos: quando dividirmos a fração, o número de-
tiplicações e divisões. Todas as operações podem acontecer em cimal terá um número finito de algarismos após a vírgula.
uma única expressão. Para resolver as expressões numéricas utili-
zamos alguns procedimentos:

Se em uma expressão numérica aparecer as quatro operações,


devemos resolver a multiplicação ou a divisão primeiramente, na
ordem em que elas aparecerem e somente depois a adição e a sub-
tração, também na ordem em que aparecerem e os parênteses são
resolvidos primeiro.

Exemplo 1
10 + 12 – 6 + 7 2º) Terá um número infinito de algarismos após a vírgula, mas
22 – 6 + 7 lembrando que a dízima deve ser periódica para ser número racio-
16 + 7 nal
23
OBS: período da dízima são os números que se repetem, se
Exemplo 2 não repetir não é dízima periódica e assim números irracionais, que
40 – 9 x 4 + 23 trataremos mais a frente.
40 – 36 + 23
4 + 23
27

Exemplo 3
25-(50-30)+4x5
25-20+20=25

Números Inteiros
 Podemos dizer que este conjunto é composto pelos números
naturais, o conjunto dos opostos dos números naturais e o zero. Representação Fracionária dos Números Decimais
Este conjunto pode ser representado por: 1ºcaso) Se for exato, conseguimos sempre transformar com o
Z={...-3, -2, -1, 0, 1, 2,...} denominador seguido de zeros.
O número de zeros depende da casa decimal. Para uma casa,
um zero (10) para duas casas, dois zeros(100) e assim por diante.

1
MATEMÁTICA

Exemplo:  :  =  = 2  e 2 é um número racional.

- O produto de dois números irracionais, pode ser um número


racional.

Exemplo:  .  =  = 7 é um número racional.

Exemplo:radicais( a raiz quadrada de um número na-


tural, se não inteira, é irracional.

Números Reais

2ºcaso) Se dízima periódica é um número racional, então como


podemos transformar em fração?

Exemplo 1
Transforme a dízima 0, 333... .em fração
Sempre que precisar transformar, vamos chamar a dízima dada
de x, ou seja
X=0,333...
Se o período da dízima é de um algarismo, multiplicamos por
10.

10x=3,333...

E então subtraímos:

10x-x=3,333...-0,333... Fonte: www.estudokids.com.br


9x=3
X=3/9 Representação na reta
X=1/3

Agora, vamos fazer um exemplo com 2 algarismos de período.

Exemplo 2
Seja a dízima 1,1212...
Façamos x = 1,1212...
100x = 112,1212... .
Subtraindo: INTERVALOS LIMITADOS
100x-x=112,1212...-1,1212... Intervalo fechado – Números reais maiores do que a ou iguais
99x=111 a e menores do que b ou iguais a b.
X=111/99

Números Irracionais
Intervalo:[a,b]
Identificação de números irracionais Conjunto: {x∈R|a≤x≤b}
- Todas as dízimas periódicas são números racionais.
- Todos os números inteiros são racionais. Intervalo aberto – números reais maiores que a e menores que
- Todas as frações ordinárias são números racionais. b.
- Todas as dízimas não periódicas são números irracionais.
- Todas as raízes inexatas são números irracionais.
- A soma de um número racional com um número irracional é Intervalo:]a,b[
sempre um número irracional. Conjunto:{x∈R|a<x<b}
- A diferença de dois números irracionais, pode ser um número
racional. Intervalo fechado à esquerda – números reais maiores que a
-Os números irracionais não podem ser expressos na forma , ou iguais a a e menores do que b.
com a e b inteiros e b≠0.

Exemplo:  -  = 0 e 0 é um número racional.


Intervalo:{a,b[
- O quociente de dois números irracionais, pode ser um núme- Conjunto {x∈R|a≤x<b}
ro racional.

2
MATEMÁTICA

Intervalo fechado à direita – números reais maiores que a e 3) Todo número negativo, elevado ao expoente par, resulta
menores ou iguais a b. em um número positivo.

Intervalo:]a,b]
Conjunto:{x∈R|a<x≤b}

INTERVALOS IIMITADOS 4) Todo número negativo, elevado ao expoente ímpar, resul-


Semirreta esquerda, fechada de origem b- números reais me- ta em um número negativo.
nores ou iguais a b.

Intervalo:]-∞,b]
Conjunto:{x∈R|x≤b}

Semirreta esquerda, aberta de origem b – números reais me- 5) Se o sinal do expoente for negativo, devemos passar o si-
nores que b. nal para positivo e inverter o número que está na base. 

Intervalo:]-∞,b[
Conjunto:{x∈R|x<b}

Semirreta direita, fechada de origem a – números reais maio-


res ou iguais a a.

6) Toda vez que a base for igual a zero, não importa o valor
do expoente, o resultado será igual a zero. 
Intervalo:[a,+ ∞[
Conjunto:{x∈R|x≥a}

Semirreta direita, aberta, de origem a – números reais maiores


que a.

Propriedades

Intervalo:]a,+ ∞[ 1) (am . an = am+n) Em uma multiplicação de potências de mesma


Conjunto:{x∈R|x>a} base, repete-se a base e  soma os expoentes.

Potenciação Exemplos:
Multiplicação de fatores iguais 24 . 23 = 24+3= 27
(2.2.2.2) .( 2.2.2)= 2.2.2. 2.2.2.2= 27
2³=2.2.2=8

Casos
1) Todo número elevado ao expoente 0 resulta em 1.
2) (am: an = am-n). Em uma divisão de potência de mesma base.
Conserva-se a base e subtraem os expoentes.

Exemplos:
96 : 92 = 96-2 = 94

2) Todo número elevado ao expoente 1 é o próprio número.

3) (am)n Potência de potência. Repete-se a base e multiplica-se


os expoentes.

3
MATEMÁTICA

Exemplos: O radical de índice inteiro e positivo de um produto indicado


(52)3 = 52.3 = 56 é igual ao produto dos radicais de mesmo índice dos fatores do ra-
dicando.

Raiz quadrada de frações ordinárias

4) E uma multiplicação de dois ou mais fatores elevados a um 1 1


expoente, podemos elevar cada um a esse mesmo expoente. 2 2 2 2 2
2
(4.3)²=4².3² =  = 1 =
5) Na divisão de dois fatores elevados a um expoente, pode- 3 3 3
mos elevar separados. Observe: 32

De modo geral,

a ∈ R+ , b ∈ R *+ , n ∈ N * ,
Radiciação se
Radiciação é a operação inversa a potenciação
então:

a na
n =
b nb

O radical de índice inteiro e positivo de um quociente indicado


é igual ao quociente dos radicais de mesmo índice dos termos do
radicando.

Técnica de Cálculo Raiz quadrada números decimais


A determinação da raiz quadrada de um número torna-se mais
fácil quando o algarismo se encontra fatorado em números primos.
Veja: 
Operações

Operações

Multiplicação

Exemplo

64=2.2.2.2.2.2=26 Divisão

Como é raiz quadrada a cada dois números iguais “tira-se” um


e multiplica.

Exemplo

Observe: 1 1
1
3.5 = (3.5) = 3 .5 = 3. 5
2 2 2

De modo geral, se Adição e subtração


*
a ∈ R+ , b ∈ R+ , n ∈ N ,
então:

n
a.b = n a .n b

4
MATEMÁTICA

Para fazer esse cálculo, devemos fatorar o 8 e o 20. Critérios de divisibilidade


São regras práticas que nos possibilitam dizer se um número é
ou não divisível por outro, sem que seja necessário efetuarmos a di-
visão. No quadro abaixo temos um resumo de alguns dos critérios:

Caso tenha:

Não dá para somar, as raízes devem ficar desse modo.

Racionalização de Denominadores
Normalmente não se apresentam números irracionais com ra-
dicais no denominador. Ao processo que leva à eliminação dos ra-
dicais do denominador chama-se racionalização do denominador.
1º Caso:Denominador composto por uma só parcela

2º Caso: Denominador composto por duas parcelas.

(Fonte: https://www.guiadamatematica.com.br/criterios-de-divisi-
bilidade/ - reeditado)

Devemos multiplicar de forma que obtenha uma diferença de Vale ressaltar a divisibilidade por 7: Um número é divisível por
quadrados no denominador: 7 quando o último algarismo do número, multiplicado por 2, sub-
traído do número sem o algarismo, resulta em um número múltiplo
de 7. Neste, o processo será repetido a fim de diminuir a quantida-
de de algarismos a serem analisados quanto à divisibilidade por 7.
Outros critérios
MÚLTIPLOS E DIVISORES Divisibilidade por 12: Um número é divisível por 12 quando é
divisível por 3 e por 4 ao mesmo tempo.
Múltiplos Divisibilidade por 15: Um número é divisível por 15 quando é
Dizemos que um número é múltiplo de outro quando o primei- divisível por 3 e por 5 ao mesmo tempo.
ro é resultado da multiplicação entre o segundo e algum número
natural e o segundo, nesse caso, é divisor do primeiro. O que sig- Fatoração numérica
nifica que existem dois números, x e y, tal que x é múltiplo de y se Trata-se de decompor o número em fatores primos. Para de-
existir algum número natural n tal que: compormos este número natural em fatores primos, dividimos o
mesmo pelo seu menor divisor primo, após pegamos o quociente
x = y·n e dividimos o pelo seu menor divisor, e assim sucessivamente até
obtermos o quociente 1. O produto de todos os fatores primos re-
Se esse número existir, podemos dizer que y é um divisor de x presenta o número fatorado. Exemplo:
e podemos escrever: x = n/y

Observações:
1) Todo número natural é múltiplo de si mesmo.
2) Todo número natural é múltiplo de 1.
3) Todo número natural, diferente de zero, tem infinitos múl-
tiplos.
4) O zero é múltiplo de qualquer número natural.
5) Os múltiplos do número 2 são chamados de números pares,
e a fórmula geral desses números é 2k (k ∈ N). Os demais são cha-
mados de números ímpares, e a fórmula geral desses números é 2k
+ 1 (k ∈ N).
6) O mesmo se aplica para os números inteiros, tendo k ∈ Z.

5
MATEMÁTICA

Divisores O MMC é o produto dos FATORES COMUNS E NÃO-COMUNS,


Os divisores de um número n, é o conjunto formado por todos cada um deles elevado ao SEU MAIOR EXPOENTE.
os números que o dividem exatamente. Tomemos como exemplo Pegando o exemplo anterior, teríamos:
o número 12. MMC (18,24,42) =
Fatores comuns e não-comuns= 2,3 e 7

Com maiores expoentes: 2³x3²x7 = 8x9x7 = 504. Logo o Mínimo


Múltiplo Comum entre 18,24 e 42 é 504.
Temos ainda que o produto do MDC e MMC é dado por: MDC
(A,B). MMC (A,B)= A.B

Um método para descobrimos os divisores é através da fato-


ração numérica. O número de divisores naturais é igual ao produto EXERCÍCIOS
dos expoentes dos fatores primos acrescidos de 1.
Logo o número de divisores de 12 são: 01. (Prefeitura de Salvador /BA - Técnico de Nível Superior
II - Direito – FGV/2017) Em um concurso, há 150 candidatos em
�2 . 3
2 �1 apenas duas categorias: nível superior e nível médio.
2+1 1+1 = (2 + 1).(1 + 1) = 3.2 = 6 divisores naturais Sabe-se que:
• dentre os candidatos, 82 são homens;
Para sabermos quais são esses 6 divisores basta pegarmos • o número de candidatos homens de nível superior é igual ao
cada fator da decomposição e seu respectivo expoente natural que de mulheres de nível médio;
varia de zero até o expoente com o qual o fator se apresenta na • dentre os candidatos de nível superior, 31 são mulheres.
decomposição do número natural.
12 = 22 . 31 = O número de candidatos homens de nível médio é
22 = 20,21 e 22 ; 31 = 30 e 31, teremos:
20 . 30=1 (A) 42.
20 . 31=3 (B) 45.
21 . 30=2 (C) 48.
21 . 31=2.3=6 (D) 50.
22 . 31=4.3=12 (E) 52.
22 . 30=4
02. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária - MSCON-
O conjunto de divisores de 12 são: D (12)={1, 2, 3, 4, 6, 12} CURSOS/2017) Raoni, Ingrid, Maria Eduarda, Isabella e José foram
A soma dos divisores é dada por: 1 + 2 + 3 + 4 + 6 + 12 = 28 a uma prova de hipismo, na qual ganharia o competidor que obti-
vesse o menor tempo final. A cada 1 falta seriam incrementados 6
MÁXIMO DIVISOR COMUM (MDC) segundos em seu tempo final. Ingrid fez 1’10” com 1 falta, Maria
É o maior número que é divisor comum de todos os números Eduarda fez 1’12” sem faltas, Isabella fez 1’07” com 2 faltas, Raoni
dados. Para o cálculo do MDC usamos a decomposição em fatores fez 1’10” sem faltas e José fez 1’05” com 1 falta. Verificando a colo-
primos. Procedemos da seguinte maneira: cação, é correto afirmar que o vencedor foi:
Após decompor em fatores primos, o MDC é o produto dos (A) José
FATORES COMUNS obtidos, cada um deles elevado ao seu MENOR (B) Isabella
EXPOENTE. (C) Maria Eduarda
(D) Raoni
Exemplo:
MDC (18,24,42) = 03. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária - MSCON-
CURSOS/2017) O valor de √0,444... é:
(A) 0,2222...
(B) 0,6666...
(C) 0,1616...
(D) 0,8888...

04. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário - VUNESP/2017) Se,


numa divisão, o divisor e o quociente são iguais, e o resto é 10, sen-
do esse resto o maior possível, então o dividendo é
(A) 131.
(B) 121.
Observe que os fatores comuns entre eles são: 2 e 3, então (C) 120.
pegamos os de menores expoentes: 2x3 = 6. Logo o Máximo Divisor (D) 110.
Comum entre 18,24 e 42 é 6. (E) 101.

MINIMO MÚLTIPLO COMUM (MMC) 05. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) As expressões nu-
É o menor número positivo que é múltiplo comum de todos méricas abaixo apresentam resultados que seguem um padrão es-
os números dados. A técnica para acharmos é a mesma do MDC, pecífico:
apenas com a seguinte ressalva:

6
MATEMÁTICA

1ª expressão: 1 x 9 + 2 09. (IBGE – Agente Censitário Municipal e Supervisor –


FGV/2017) Suponha que a # b signifique a - 2b .
2ª expressão: 12 x 9 + 3
Se 2#(1#N)=12 , então N é igual a:
3ª expressão: 123 x 9 + 4 (A) 1;
(B) 2;
... (C) 3;
(D) 4;
7ª expressão: █ x 9 + ▲ (E) 6.

Seguindo esse padrão e colocando os números adequados no 10. (IBGE – Agente Censitário Municipal e Supervisor –
lugar dos símbolos █ e ▲, o resultado da 7ª expressão será FGV/2017) Uma equipe de trabalhadores de determinada empresa
(A) 1 111 111. tem o mesmo número de mulheres e de homens. Certa manhã, 3/4
(B) 11 111. das mulheres e 2/3 dos homens dessa equipe saíram para um aten-
(C) 1 111. dimento externo.
(D) 111 111.
(E) 11 111 111. Desses que foram para o atendimento externo, a fração de mu-
lheres é
06. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) Durante um trei- (A) 3/4;
namento, o chefe da brigada de incêndio de um prédio comercial (B) 8/9;
informou que, nos cinquenta anos de existência do prédio, nunca (C) 5/7;
houve um incêndio, mas existiram muitas situações de risco, feliz- (D) 8/13;
mente controladas a tempo. Segundo ele, 1/13 dessas situações (E) 9/17.
deveu-se a ações criminosas, enquanto as demais situações haviam
sido geradas por diferentes tipos de displicência. Dentre as situa- GABARITO
ções de risco geradas por displicência,

− 1/5 deveu-se a pontas de cigarro descartadas inadequada- 01.Resposta: B.


mente; 150-82=68 mulheres
− 1/4 deveu-se a instalações elétricas inadequadas; Como 31 mulheres são candidatas de nível superior, 37 são de
− 1/3 deveu-se a vazamentos de gás e nível médio.
− as demais foram geradas por descuidos ao cozinhar. Portanto, há 37 homens de nível superior.
82-37=45 homens de nível médio.
De acordo com esses dados, ao longo da existência desse pré-
dio comercial, a fração do total de situações de risco de incêndio 02. Resposta: D.
geradas por descuidos ao cozinhar corresponde à Como o tempo de Raoni foi 1´10” sem faltas, ele foi o vencedor.
(A) 3/20.
(B) 1/4. 03. Resposta: B.
(C) 13/60. Primeiramente, vamos transformar a dízima em fração
(D) 1/5. X=0,4444....
(E) 1/60. 10x=4,444...
9x=4

07. (ITAIPU BINACIONAL - Profissional Nível Técnico I - Técni-


co em Eletrônica – NCUFPR/2017) Assinale a alternativa que apre-
senta o valor da expressão

(A) 1.
(B) 2. 04. Resposta: A.
(C) 4. Como o maior resto possível é 10, o divisor é o número 11 que
(D) 8. é igua o quociente.
(E) 16. 11x11=121+10=131

08. (UNIRV/GO – Auxiliar de Laboratório – UNIRVGO/2017) 05. Resposta: E.


A 7ª expressão será: 1234567x9+8=11111111
Qual o resultado de ?
(A) 3 06. Resposta: D.
(B) 3/2
(C) 5
(D) 5/2

7
MATEMÁTICA

Gerado por descuidos ao cozinhar:

Mas, que foram gerados por displicência é 12/13(1-1/13) Proporção

Proporção é a igualdade entre duas razões. A proporção entre


A/B e C/D é a igualdade:

07.Resposta: C.

Propriedade fundamental das proporções


Numa proporção:

Os números A e D são denominados extremos enquanto os nú-


08. Resposta: D. meros B e C são os meios e vale a propriedade: o produto dos meios
é igual ao produto dos extremos, isto é:
AxD=BxC

Exemplo: A fração 3/4 está em proporção com 6/8, pois:

09. Resposta: C.
2-2(1-2N)=12
2-2+4N=12
4N=12 Exercício: Determinar o valor de X para que a razão X/3 esteja
N=3 em proporção com 4/6.

10. Resposta: E. Solução: Deve-se montar a proporção da seguinte forma:


Como tem o mesmo número de homens e mulheres:

.
Dos homens que saíram:
Segunda propriedade das proporções
Qualquer que seja a proporção, a soma ou a diferença dos dois
primeiros termos está para o primeiro, ou para o segundo termo,
assim como a soma ou a diferença dos dois últimos termos está
para o terceiro, ou para o quarto termo. Então temos:
Saíram no total

ou

Ou

RAZÃO E PROPORÇÃO
ou
Razão

Chama-se de razão entre dois números racionais a e b, com b 0,


ao quociente entre eles. Indica-se a razão de a para b por a/bou a : b. Terceira propriedade das proporções
Qualquer que seja a proporção, a soma ou a diferença dos
Exemplo: antecedentes está para a soma ou a diferença dos consequentes,
Na sala do 1º ano de um colégio há 20 rapazes e 25 moças. assim como cada antecedente está para o seu respectivo conse-
Encontre a razão entre o número de rapazes e o número de moças. quente. Temos então:
(lembrando que razão é divisão)

8
MATEMÁTICA

Diretamente Proporcionais
Para decompor um número M em partes X1, X2, ..., Xn direta-
mente proporcionais a p1, p2, ..., pn, deve-se montar um sistema
ou com n equações e n incógnitas, sendo as somas X1+X2+...+Xn=M e
p1+p2+...+pn=P.

Ou

A solução segue das propriedades das proporções:


ou

Grandezas Diretamente Proporcionais Exemplo


Carlos e João resolveram realizar um bolão da loteria. Carlos
Duas grandezas variáveis dependentes são diretamente pro- entrou com R$ 10,00 e João com R$ 15,00. Caso ganhem o prêmio
porcionais quando a razão entre os valores da 1ª grandeza é igual a de R$ 525.000,00, qual será a parte de cada um, se o combinado
razão entre os valores correspondentes da 2ª, ou de uma maneira entre os dois foi de dividirem o prêmio de forma diretamente pro-
mais informal, se eu pergunto: porcional?
Quanto mais.....mais....

Exemplo
Distância percorrida e combustível gasto

Distância(km) Combustível(litros)
13 1
26 2
Carlos ganhará R$210000,00 e Carlos R$315000,00.
39 3
52 4 Inversamente Proporcionais
Para decompor um número M em n partes X1, X2, ..., Xn inver-
Quanto MAIS eu ando, MAIS combustível? samente proporcionais a p1, p2, ..., pn, basta decompor este número
Diretamente proporcionais M em n partes X1, X2, ..., Xn diretamente proporcionais a 1/p1, 1/p2,
Se eu dobro a distância, dobra o combustível ..., 1/pn. A montagem do sistema com n equações e n incógnitas,
assume que X1+X2+...+ Xn=M e além disso
Grandezas Inversamente Proporcionais

Duas grandezas variáveis dependentes são inversamente pro-


porcionais quando a razão entre os valores da 1ª grandeza é igual
ao inverso da razão entre os valores correspondentes da 2ª.
Quanto mais....menos... cuja solução segue das propriedades das proporções:

Exemplo
velocidadextempo a tabela abaixo:
EXERCÍCIOS
Velocidade (m/s) Tempo (s)
5 200 01. (DESENBAHIA – Técnico Escriturário - INSTITUTO AOCP/2017)
8 125 João e Marcos resolveram iniciar uma sociedade para fabricação e ven-
da de cachorro quente. João iniciou com um capital de R$ 30,00 e Mar-
10 100 cos colaborou com R$ 70,00. No primeiro final de semana de trabalho,
16 62,5 a arrecadação foi de R$ 240,00 bruto e ambos reinvestiram R$ 100,00
do bruto na sociedade, restando a eles R$ 140,00 de lucro. De acordo
20 50 com o que cada um investiu inicialmente, qual é o valor que João e
Marcos devem receber desse lucro, respectivamente?
Quanto MAIOR a velocidade MENOS tempo?? (A) 30 e 110 reais.
Inversamente proporcional (B) 40 e 100 reais.
Se eu dobro a velocidade, eu faço o tempo pela metade. (C)42 e 98 reais.
(D) 50 e 90 reais.
(E) 70 e 70 reais.

9
MATEMÁTICA

02. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) Em uma empresa, 07. (IPRESB/SP – Agente Previdenciário – VUNESP/2017) A ta-
trabalham oito funcionários, na mesma função, mas com cargas bela, onde alguns valores estão substituídos por letras, mostra os
horárias diferentes: um deles trabalha 32 horas semanais, um tra- valores, em milhares de reais, que eram devidos por uma empresa
balha 24 horas semanais, um trabalha 20 horas semanais, três tra- a cada um dos três fornecedores relacionados, e os respectivos va-
balham 16 horas semanais e, por fim, dois deles trabalham 12 horas lores que foram pagos a cada um deles.
semanais. No final do ano, a empresa distribuirá um bônus total de
R$ 74.000,00 entre esses oito funcionários, de forma que a parte de Fornecedor A B C
cada um seja diretamente proporcional à sua carga horária sema-
nal. Dessa forma, nessa equipe de funcionários, a diferença entre o Valor pago 22,5 X 37,5
maior e o menor bônus individual será, em R$, de Valor devido Y 40 z
(A) 10.000,00.
(B) 8.000,00. Sabe-se que os valores pagos foram diretamente proporcionais
(C) 20.000,00. a cada valor devido, na razão de 3 para 4. Nessas condições, é cor-
(D) 12.000,00. reto afirmar que o valor total devido a esses três fornecedores era,
(E) 6.000,00. antes dos pagamentos efetuados, igual a
03. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário – VUNESP/2017) Para (A) R$ 90.000,00.
uma pesquisa, foram realizadas entrevistas nos estados da Região (B) R$ 96.500,00.
Sudeste do Brasil. A amostra foi composta da seguinte maneira: (C) R$ 108.000,00.
– 2500 entrevistas realizadas no estado de São Paulo; (D) R$ 112.500,00.
– 1500 entrevistas realizadas nos outros três estados da Região (E) R$ 120.000,00.
Sudeste.
08. (DPE/RS - Analista - FCC/2017) A razão entre as alturas de
Desse modo, é correto afirmar que a razão entre o número de dois irmãos era 3/4 e, nessa ocasião, a altura do irmão mais alto era
entrevistas realizadas em São Paulo e o número total de entrevistas 1,40 m. Hoje, esse irmão mais alto cresceu 10 cm. Para que a razão
realizadas nos quatro estados é de entre a altura do irmão mais baixo e a altura do mais alto seja hoje,
(A) 8 para 5. igual a 4/5 , é necessário que o irmão mais baixo tenha crescido,
(B) 5 para 8. nesse tempo, o equivalente a
(C) 5 para 7. (A) 13,5 cm.
(D) 3 para 5. (B) 10,0 cm.
(E) 3 para 8. (C) 12,5 cm.
(D) 14,8 cm.
04. (UNIRV/60 – Auxiliar de Laboratório – UNIRVGO/2017) (E) 15,0 cm.
Em relação à prova de matemática de um concurso, Paula acertou
32 das 48 questões da prova. A razão entre o número de questões 09. (CRBIO – Auxiliar Administrativo – VUNESP/2017) O trans-
que ela errou para o total de questões da prova é de porte de 1980 caixas iguais foi totalmente repartido entre dois
(A) 2/3 veículos, A e B, na razão direta das suas respectivas capacidades
(B) 1/2 de carga, em toneladas. Sabe-se que A tem capacidade para trans-
(C) 1/3 portar 2,2 t, enquanto B tem capacidade para transportar somente
(D) 3/2 1,8 t. Nessas condições, é correto afirmar que a diferença entre o
número de caixas carregadas em A e o número de caixas carregadas
05. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPEGO/2017) José, em B foi igual a
pai de Alfredo, Bernardo e Caetano, de 2, 5 e 8 anos, respectiva- (A) 304.
mente, pretende dividir entre os filhos a quantia de R$ 240,00, em (B) 286.
partes diretamente proporcionais às suas idades. Considerando o (C) 224.
intento do genitor, é possível afirmar que cada filho vai receber, em (D) 216.
ordem crescente de idades, os seguintes valores: (E) 198.
(A) R$ 30,00, R$ 60,00 e R$150,00.
10. (EMDEC – Assistente Administrativo – IBFC/2016) Paulo vai
(B) R$ 42,00, R$ 58,00 e R$ 140,00.
dividir R$ 4.500,00 em partes diretamente proporcionais às idades
(C) R$ 27,00, R$ 31,00 e R$ 190,00.
de seus três filhos com idades de 4, 6 e 8 anos respectivamente. Des-
(D)R$ 28,00, R$ 84,00 e R$ 128,00.
se modo, o total distribuído aos dois filhos com maior idade é igual a:
(E) R$ 32,00, R$ 80,00 e R$ 128,00.
(A) R$2.500,00
(B) R$3.500,00
06. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VUNESP/2017) Sa-
(C) R$ 1.000,00
be-se que 16 caixas K, todas iguais, ou 40 caixas Q, todas também
(D) R$3.200,00
iguais, preenchem totalmente certo compartimento, inicialmente
vazio. Também é possível preencher totalmente esse mesmo com-
partimento completamente vazio utilizando 4 caixas K mais certa GABARITO
quantidade de caixas Q. Nessas condições, é correto afirmar que o
número de caixas Q utilizadas será igual a
01. Resposta: C.
(A) 10.
30k+70k=140
(B) 28.
100k=140
(C) 18.
K=1,4
(D) 22.
30⋅1,4=42
(E) 30.
70⋅1,4=98

10
MATEMÁTICA

02. Resposta: A. 09. Resposta: E.


Vamos dividir o prêmio pelas horas somadas 2,2k+1,8k=1980
32+24+20+3⋅16+2⋅12=148 4k=1980
74000/148=500 K=495
O maior prêmio foi para quem fez 32 horas semanais 2,2x495=1089
32⋅500=16000 1980-1089=891
12⋅500=6000 1089-891=198
A diferença é: 16000-6000=10000
10. Resposta: B.
03. Resposta:B.
2500+1500=4000 entrevistas

A+B+C=4500
4p+6p+8p=4500
04. Resposta: C. 18p=4500
Se Paula acertou 32, errou 16. P=250
B=6p=6x250=1500
C=8p=8x250=2000
1500+2000=3500

05. Resposta: E.
2k+5k+8k=240 PORCENTAGEM
15k=240
K=16
Alfredo: 2⋅16=32 Porcentagem é uma fração cujo denominador é 100, seu sím-
Bernardo: 5⋅16=80 bolo é (%). Sua utilização está tão disseminada que a encontramos
Caetano: 8⋅16=128 nos meios de comunicação, nas estatísticas, em máquinas de cal-
06. Resposta: E. cular, etc.
Se, com 16 caixas K, fica cheio e já foram colocadas 4 caixa,
faltam 12 caixas K, mas queremos colocar as caixas Q, então vamos Os acréscimos e os descontos é importante saber porque ajuda
ver o equivalente de 12 caixas K muito na resolução do exercício.

Acréscimo
Se, por exemplo, há um acréscimo de 10% a um determina-
Q=30 caixas do valor, podemos calcular o novo valor apenas multiplicando esse
valor por 1,10, que é o fator de multiplicação. Se o acréscimo for
07. Resposta: E. de 20%, multiplicamos por 1,20, e assim por diante. Veja a tabela
abaixo:

Acréscimo ou Lucro Fator de Multiplicação


Y=90/3=30
10% 1,10
15% 1,15

X=120/4=30 20% 1,20


47% 1,47
67% 1,67
Z=150/3=50
Portanto o total devido é de: 30+40+50=120000 Exemplo: Aumentando 10% no valor de R$10,00 temos:

08. Resposta: E.
Desconto
No caso de haver um decréscimo, o fator de multiplicação será:
Fator de Multiplicação =1 - taxa de desconto (na forma deci-
X=1,05 mal)
Seo irmão mais alto cresceu 10cm, está com 1,50

X=1,20
Ele cresceu: 1,20-1,05=0,15m=15cm

11
MATEMÁTICA

Veja a tabela abaixo: 02. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) A equipe de segu-
rança de um Tribunal conseguia resolver mensalmente cerca de
Desconto Fator de Multiplicação 35% das ocorrências de dano ao patrimônio nas cercanias desse
prédio, identificando os criminosos e os encaminhando às autori-
10% 0,90 dades competentes. Após uma reestruturação dos procedimentos
25% 0,75 de segurança, a mesma equipe conseguiu aumentar o percentual
de resolução mensal de ocorrências desse tipo de crime para cer-
34% 0,66 ca de 63%. De acordo com esses dados, com tal reestruturação, a
60% 0,40 equipe de segurança aumentou sua eficácia no combate ao dano
ao patrimônio em
90% 0,10
(A) 35%.
(B) 28%.
Exemplo: Descontando 10% no valor de R$10,00 temos: (C) 63%.
(D) 41%.
(E) 80%.
Chamamos de lucro em uma transação comercial de compra e 03. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) Três irmãos, André,
venda a diferença entre o preço de venda e o preço de custo. Beatriz e Clarice, receberam de uma tia herança constituída pelas
Lucro=preço de venda -preço de custo seguintes joias: um bracelete de ouro, um colar de pérolas e um
par de brincos de diamante. A tia especificou em testamento que
Podemos expressar o lucro na forma de porcentagem de duas as joias não deveriam ser vendidas antes da partilha e que cada um
formas: deveria ficar com uma delas, mas não especificou qual deveria ser
dada a quem. O justo, pensaram os irmãos, seria que cada um re-
cebesse cerca de 33,3% da herança, mas eles achavam que as joias
tinham valores diferentes entre si e, além disso, tinham diferentes
opiniões sobre seus valores. Então, decidiram fazer a partilha do
seguinte modo:
− Inicialmente, sem que os demais vissem, cada um deveria
escrever em um papel três porcentagens, indicando sua avaliação
(DPE/RR – Analista de Sistemas – FCC/2015) Em sala de aula com sobre o valor de cada joia com relação ao valor total da herança.
25 alunos e 20 alunas, 60% desse total está com gripe. Se x% das meni- − A seguir, todos deveriam mostrar aos demais suas avaliações.
nas dessa sala estão com gripe, o menor valor possível para x é igual a − Uma partilha seria considerada boa se cada um deles rece-
(A) 8. besse uma joia que avaliou como valendo 33,3% da herança toda
(B) 15. ou mais.
(C) 10. As avaliações de cada um dos irmãos a respeito das joias foi a
(D) 6. seguinte:
(E) 12.

Resolução
45------100%
X-------60%
X=27
O menor número de meninas possíveis para ter gripe é se to- Assim, uma partilha boa seria se André, Beatriz e Clarice rece-
dos os meninos estiverem gripados, assim apenas 2 meninas estão. bessem, respectivamente,
(A) o bracelete, os brincos e o colar.
(B) os brincos, o colar e o bracelete.
(C) o colar, o bracelete e os brincos.
(D) o bracelete, o colar e os brincos.
Resposta: C. (E) o colar, os brincos e o bracelete.

EXERCÍCIOS 04. (UTFPR – Técnico de Tecnologia da Informação –


UTFPR/2017) Um retângulo de medidas desconhecidas foi altera-
do. Seu comprimento foi reduzido e passou a ser 2/ 3 do compri-
01. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária - MSCON- mento original e sua largura foi reduzida e passou a ser 3/ 4 da
CURSOS/2017) Um aparelho de televisão que custa R$1600,00 es- largura original.
tava sendo vendido, numa liquidação, com um desconto de 40%. Pode-se afirmar que, em relação à área do retângulo original, a
Marta queria comprar essa televisão, porém não tinha condições área do novo retângulo:
de pagar à vista, e o vendedor propôs que ela desse um cheque (A)foi aumentada em 50%.
para 15 dias, pagando 10% de juros sobre o valor da venda na liqui- (B) foi reduzida em 50%.
dação. Ela aceitou e pagou pela televisão o valor de: (C) aumentou em 25%.
(A) R$1120,00 (D) diminuiu 25%.
(B)R$1056,00 (E)foi reduzida a 15%.
(C)R$960,00
(D) R$864,00

12
MATEMÁTICA

05. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPEGO/2017) Paulo, Se a capacidade de cada tanque menor fosse 50% maior do que
dono de uma livraria, adquiriu em uma editora um lote de apostilas a sua capacidade original, o grande tanque seria cheio, sem exces-
para concursos, cujo valor unitário original é de R$ 60,00. Por ter sos, após receber todo o conteúdo de
cadastro no referido estabelecimento, ele recebeu 30% de descon- (A) 4 tanques menores
to na compra. Para revender os materiais, Paulo decidiu acrescen- (B) 6 tanques menores
tar 30% sobre o valor que pagou por cada apostila. Nestas condi- (C) 7 tanques menores
ções, qual será o lucro obtido por unidade? (D) 8 tanques menores
(A) R$ 4,20. (E) 10 tanques menores
(B) R$ 5,46.
(C) R$ 10,70.
(D) R$ 12,60. GABARITO
(E) R$ 18,00.

06. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPEGO/2017) Joana 01. Resposta:B.


foi fazer compras. Encontrou um vestido de R$ 150,00 reais. Des- Como teve um desconto de 40%, pagou 60% do produto.
cobriu que se pagasse à vista teria um desconto de 35%. Depois de
muito pensar, Joana pagou à vista o tal vestido. Quanto ela pagou? 1600⋅0,6=960
(A) R$ 120,00 reais Como vai pagar 10% a mais:
(B) R$ 112,50 reais 960⋅1,1=1056
(C) R$ 127,50 reais
(D) R$ 97,50 reais 02. Resposta: E.
(E) R$ 90 reais 63/35=1,80
Portanto teve um aumento de 80%.
07. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VUNESP/2017) A
empresa Alfa Sigma elaborou uma previsão de receitas trimestrais 03. Resposta: D.
para 2018. A receita prevista para o primeiro trimestre é de 180 mi- Clarice obviamente recebeu o brinco.
lhões de reais, valor que é 10% inferior ao da receita prevista para Beatriz recebeu o colar porque foi o único que ficou acima de
o trimestre seguinte. A receita prevista para o primeiro semestre é 30% e André recebeu o bracelete.
5% inferior à prevista para o segundo semestre. Nessas condições,
é correto afirmar que a receita média trimestral prevista para 2018 04. Resposta: B.
é, em milhões de reais, igual a A=b⋅h
(A) 200.
(B) 203.
(C) 195.
(D) 190.
(E) 198. Portanto foi reduzida em 50%

08. (CRM/MG – Técnico em Informática- FUNDEP/2017) Veja, 05. Resposta: D.


a seguir, a oferta da loja Magazine Bom Preço: Como ele obteve um desconto de 30%, pagou 70% do valor:
60⋅0,7=42
Aproveite a Promoção! Ele revendeu por:
Forno Micro-ondas 42⋅1,3=54,60
De R$ 720,00 Teve um lucro de: 54,60-42=12,60
Por apenas R$ 504,00
06. Resposta: D.
Nessa oferta, o desconto é de: Como teve um desconto de 35%. Pagou 65%do vestido
(A) 70%. 150⋅0,65=97,50
(B) 50%.
(C) 30%. 07. Resposta: C.
(D) 10%. Como a previsão para o primeiro trimestre é de 180 milhões e
é 10% inferior, no segundo trimestre temos uma previsão de
09 (CODAR – Recepcionista – EXATUS/2016) Considere que 180-----90%
uma caixa de bombom custava, em novembro, R$ 8,60 e passou a x---------100
custar, em dezembro, R$ 10,75. O aumento no preço dessa caixa x=200
de bombom foi de:
(A) 30%. 200+180=380 milhões para o primeiro semestre
(B) 25%. 380----95
(C)20%. x----100
(D) 15% x=400 milhões

10. (ANP – Técnico em Regulação de Petróleo e Derivados – Somando os dois semestres: 380+400=780 milhões
CESGRANRIO/2016) Um grande tanque estava vazio e foi cheio de 780/4trimestres=195 milhões
óleo após receber todo o conteúdo de 12 tanques menores, idên-
ticos e cheios.

13
MATEMÁTICA

08. Resposta: C. Regra de três composta


Regra de três composta é utilizada em problemas com mais de
duas grandezas, direta ou inversamente proporcionais.

Exemplos:
Ou seja, ele pagou 70% do produto, o desconto foi de 30%. 1) Em 8 horas, 20 caminhões descarregam 160m³ de areia. Em
OBS: muito cuidado nesse tipo de questão, para não errar con- 5 horas, quantos caminhões serão necessários para descarregar
forme a pergunta feita. 125m³?
09. Resposta: B.
8,6(1+x)=10,75 Solução: montando a tabela, colocando em cada coluna as
8,6+8,6x=10,75 grandezas de mesma espécie e, em cada linha, as grandezas de es-
8,6x=10,75-8,6 pécies diferentes que se correspondem:
8,6x=2,15
X=0,25=25% Horas --------caminhões-----------volume
8↑----------------20↓----------------------160↑
10. Resposta: D. 5↑------------------x↓----------------------125↑
50% maior quer dizer que ficou 1,5
Quantidade de tanque: x A seguir, devemos comparar cada grandeza com aquela onde
A quantidade que aumentaria deve ficar igual a 12 tanques está o x.
1,5x=12
X=8 Observe que:
Aumentando o número de horas de trabalho, podemos dimi-
REGRA DE TRÊS SIMPLES E COMPOSTA nuir o número de caminhões. Portanto a relação é inversamente
proporcional (seta para cima na 1ª coluna).
Aumentando o volume de areia, devemos aumentar o número
Regra de três simples é um processo prático para resolver pro- de caminhões. Portanto a relação é diretamente proporcional (seta
blemas que envolvam quatro valores dos quais conhecemos três para baixo na 3ª coluna). Devemos igualar a razão que contém o
deles. Devemos, portanto, determinar um valor a partir dos três já termo x com o produto das outras razões de acordo com o sentido
conhecidos. das setas.
Montando a proporção e resolvendo a equação temos:
Passos utilizados numa regra de três simples:
1º) Construir uma tabela, agrupando as grandezas da mesma Horas --------caminhões-----------volume
espécie em colunas e mantendo na mesma linha as grandezas de 8↑----------------20↓----------------------160↓
espécies diferentes em correspondência. 5↑------------------x↓----------------------125↓
2º) Identificar se as grandezas são diretamente ou inversamen-
te proporcionais. Obs.: Assim devemos inverter a primeira coluna ficando:
3º) Montar a proporção e resolver a equação.
Um trem, deslocando-se a uma velocidade média de 400Km/h, Horas --------caminhões-----------volume
faz um determinado percurso em 3 horas. Em quanto tempo faria 5----------------20----------------------160
esse mesmo percurso, se a velocidade utilizada fosse de 480km/h? 8------------------x----------------------125

Solução: montando a tabela:

1) Velocidade (Km/h) Tempo (h)


400-----------------3 Logo, serão necessários 25 caminhões
480---------------- x

2) Identificação do tipo de relação:


Velocidade----------tempo EXERCÍCIOS
400↓-----------------3↑
480↓---------------- x↑ 01. (IPRESB/SP - Analista de Processos Previdenciários- VU-
NESP/2017) Para imprimir 300 apostilas destinadas a um curso,
Obs.: como as setas estão invertidas temos que inverter os nú- uma máquina de fotocópias precisa trabalhar 5 horas por dia du-
meros mantendo a primeira coluna e invertendo a segunda coluna rante 4 dias. Por motivos administrativos, será necessário imprimir
ou seja o que está em cima vai para baixo e o que está em baixo na 360 apostilas em apenas 3 dias. O número de horas diárias que essa
segunda coluna vai para cima máquina terá que trabalhar para realizar a tarefa é
Velocidade----------tempo (A) 6.
400↓-----------------X↓ (B) 7.
480↓---------------- 3↓ (C) 8.
(D) 9.
480x=1200 (E) 10.
X=25

14
MATEMÁTICA

02. (SEPOG – Analista em Tecnologia da Informação e Comu- 07. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPEGO/2017) Duran-
nicação – FGV/2017) Uma máquina copiadora A faz 20% mais có- te 90 dias, 12 operários constroem uma loja. Qual o número míni-
pias do que uma outra máquina B, no mesmo tempo. mo de operários necessários para fazer outra loja igual em 60 dias?
A máquina B faz 100 cópias em uma hora. (A) 8 operários.
A máquina A faz 100 cópias em (B) 18 operários.
(A) 44 minutos. (C) 14 operários.
(B) 46 minutos. (D) 22 operários.
(C) 48 minutos. (E) 25 operários
(D) 50 minutos.
(E) 52 minutos. 08. (FCEP – Técnico Artístico – AMAUC/2017) A vazão de uma
torneira é de 50 litros a cada 3 minutos. O tempo necessário para
03. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária - MSCON- essa torneira encher completamente um reservatório retangular,
CURSOS/2017) Para a construção de uma rodovia, 12 operários tra- cujas medidas internas são 1,5 metros de comprimento, 1,2 metros
balham 8 horas por dia durante 14 dias e completam exatamente de largura e 70 centímetros de profundidade é de:
a metade da obra. Porém, a rodovia precisa ser terminada daqui a (A) 1h 16min 00s
exatamente 8 dias, e então a empresa contrata mais 6 operários de (B) 1h 15min 36s
mesma capacidade dos primeiros. Juntos, eles deverão trabalhar (C) 1h 45min 16s
quantas horas por dia para terminar o trabalho no tempo correto? (D) 1h 50min 05s
(A) 6h 8 min (E) 1h55min 42s
(B)6h 50min
(C) 9h 20 min 09. (CRMV/SC – Assistente Administrativo – IESES/2017) Tra-
(D) 9h 33min balhando durante 6 dias, 5 operários produzem 600 peças. Deter-
mine quantas peças serão produzidas por sete operários trabalhan-
04. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário – VUNESP/2017 ) Um do por 8 dias:
restaurante “por quilo” apresenta seus preços de acordo com a ta- (A) 1120 peças
bela: (B)952 peças
(C) 875 peças
(D) 1250 peças

10. (MPE/SP – Oficial de Promotoria I – VUNESP/2016) Para


organizar as cadeiras em um auditório, 6 funcionários, todos com
a mesma capacidade de produção, trabalharam por 3 horas. Para
Rodolfo almoçou nesse restaurante na última sexta-feira. Se fazer o mesmo trabalho, 20 funcionários, todos com o mesmo ren-
a quantidade de alimentos que consumiu nesse almoço custou R$ dimento dos iniciais, deveriam trabalhar um total de tempo, em
21,00, então está correto afirmar que essa quantidade é, em gra- minutos, igual a
mas, igual a (A) 48.
(B) 50.
(A) 375. (C) 46.
(B) 380. (D) 54.
(C) 420. (E) 52.
(D) 425.
(E) 450.

05. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário – VUNESP/2017 ) Um


carregamento de areia foi totalmente embalado em 240 sacos, com GABARITO
40 kg em cada saco. Se fossem colocados apenas 30 kg em cada
saco, o número de sacos necessários para embalar todo o carrega- 01. Resposta: C.
mento seria igual a ↑Apostilas↑ horasdias↓
(A) 420. 300------------------5--------------4
(B) 375. 360-----------------x----------------3
(C) 370.
(D) 345. ↑Apostilas↑ horasdias↑
(E) 320. 300------------------5--------------3
360-----------------x----------------4
06. (UNIRV/GO – Auxiliar de Laboratório – UNIRVGO/2017)
Quarenta e oito funcionários de uma certa empresa, trabalhando
12 horas por dia, produzem 480 bolsas por semana. Quantos fun-
cionários a mais, trabalhando 15 horas por dia, podem assegurar
uma produção de 1200 bolsas por semana? 900x=7200
(A) 48 X=8
(B) 96
(C) 102 02. Resposta: D.
(D) 144 Como a máquina A faz 20% a mais:
Em 1 hora a máquina A faz 120 cópias.

15
MATEMÁTICA

120------60 minutos 08. Resposta: B.


10-------x V=1,5⋅1,2⋅0,7=1,26m³=1260litros
X=50 minutos 50litros-----3 min
1260--------x
03. Resposta: C. X=3780/50=75,6min
↑Operário↓horas dias↑ 0,6min=36s
12--------------8------------14 75min=60+15=1h15min
18----------------x------------8
Quanto mais horas, menos operários 09. Resposta: A.
Quanto mais horas, menos dias ↑Dias↑ operáriospeças↑
6-------------5---------------600
8--------------7---------------x

8⋅18x=14⋅12⋅8
X=9,33h
9 horas e 1/3 da hora 30x=33600
1/3 de hora é equivalente a 20 minutos X=1120
9horas e 20 minutos
10. Resposta: D.
Como o exercício pede em minutos, vamos transformar 3 horas
04. Resposta:C. em minutos
12,50------250
21----------x 3x60=180 minutos
X=5250/12,5=420 gramas ↑Funcionários minutos↓
05. Resposta: E. 6------------180
Sacoskg 20-------------x
240----40
x----30 As Grandezas são inversamente proporcionais, pois quanto
mais funcionários, menos tempo será gasto.
Quanto mais sacos, menos areia foi colocada(inversamente) Vamos inverter os minutos
↑Funcionários minutos↑
6------------x
20-------------180
20x=6.180
30x=9600 20x=1040
X=320 X=54 minutos

06. Resposta: A.
↓Funcionários↑ horasbolsas↓ MÉDIA ARITMÉTICA SIMPLES E PONDERADA
48------------------------12-----------480
x-----------------------------15----------1200
Quanto mais funcionários, menos horas precisam MÉDIA ARITMÉTICA
Quanto mais funcionários, mais bolsas feitas
Média aritmética de um conjunto de números é o valor que se
obtém dividindo a soma dos elementos pelo número de elementos
do conjunto.
Representemos a média aritmética por .
X=96 funcionários A média pode ser calculada apenas se a variável envolvida na
Precisam de mais 48 funcionários pesquisa for quantitativa. Não faz sentido calcular a média aritmé-
tica para variáveis quantitativas.
07. Resposta: B. Na realização de uma mesma pesquisa estatística entre di-
Operários dias ferentes grupos, se for possível calcular a média, ficará mais fácil
12-----------90 estabelecer uma comparação entre esses grupos e perceber ten-
x--------------60 dências.
Quanto mais operários, menos dias (inversamente proporcio- Considerando uma equipe de basquete, a soma das alturas dos
nal) jogadores é:

60x=1080
X=18

16
MATEMÁTICA

Se dividirmos esse valor pelo número total de jogadores, obte- Exemplo 1:


remos a média aritmética das alturas: O conjunto de dados 3, 3, 8, 8, 8, 6, 9, 31 tem moda igual a 8,
isto é, Mo=8.

Exemplo 2:
O conjunto de dados 1, 2, 9, 6, 3, 5 não tem moda.
A média aritmética das alturas dos jogadores é 2,02m.
Medidas de dispersão
Média Ponderada
Duas distribuições de frequência com medidas de tendência
A média dos elementos do conjunto numérico A relativa à adi- central semelhantes podem apresentar características diversas.
ção e na qual cada elemento tem um “determinado peso” é chama- Necessita-se de outros índices numéricas que informem sobre o
da média aritmética ponderada. grau de dispersão ou variação dos dados em torno da média ou de
qualquer outro valor de concentração. Esses índices são chamados
medidas de dispersão.

Variância
Mediana (Md)
Há um índice que mede a “dispersão” dos elementos de um
Sejam os valores escritos em rol: conjunto de números em relação à sua média aritmética, e que é
chamado de variância. Esse índice é assim definido:
Sendo n ímpar, chama-se mediana o termo Seja o conjunto de números , tal que é sua
tal que o número de termos da sequência que precedem é igual média aritmética. Chama-se variância desse conjunto, e indica-se
ao número de termos que o sucedem, isto é, é termo médio da por , o número:
sequência ( ) em rol.
Sendo n par, chama-se mediana o valor obtido pela média arit-
mética entre os termos e , tais que o número de termos que
precedem é igual ao número de termos que sucedem , isto
é, a mediana é a média aritmética entre os termos centrais da se- Isto é:
quência ( ) em rol.

Exemplo 1:
Determinar a mediana do conjunto de dados:
{12, 3, 7, 10, 21, 18, 23} E para amostra

Solução:
Escrevendo os elementos do conjunto em rol, tem-se: (3, 7, 10,
12, 18, 21, 23). A mediana é o termo médio desse rol. Logo: Md=12 Exemplo 1:
Resposta: Md=12. Em oito jogos, o jogador A, de bola ao cesto, apresentou o se-
guinte desempenho, descrito na tabela abaixo:
Exemplo 2:
Determinar a mediana do conjunto de dados: Jogo Número de pontos
{10, 12, 3, 7, 18, 23, 21, 25}.
1 22
2 18
Solução:
Escrevendo-se os elementos do conjunto em rol, tem-se: 3 13
(3, 7, 10, 12, 18, 21, 23, 25). A mediana é a média aritmética 4 24
entre os dois termos centrais do rol.
5 26
Logo: 6 20
7 19
Resposta: Md=15
8 18
Moda (Mo)
a) Qual a média de pontos por jogo?
Num conjunto de números: , chama-se moda b) Qual a variância do conjunto de pontos?
aquele valor que ocorre com maior frequência.

Observação:
A moda pode não existir e, se existir, pode não ser única.

17
MATEMÁTICA

Solução:
EXERCÍCIOS
a) A média de pontos por jogo é:

01. (CRBIO – Auxiliar Administrativo – VUNESP/2017) Uma


empresa tem 120 funcionários no total: 70 possuem curso superior
e 50 não possuem curso superior. Sabe-se que a média salarial de
toda a empresa é de R$ 5.000,00, e que a média salarial somen-
b) A variância é: te dos funcionários que possuem curso superior é de R$ 6.000,00.
Desse modo, é correto afirmar que a média salarial dos funcioná-
rios dessa empresa que não possuem curso superior é de

(A) R$ 4.000,00.
(B) R$ 3.900,00.
(C) R$ 3.800,00.
(D) R$ 3.700,00.
Desvio médio (E) R$ 3.600,00.

Definição 02. (TJM/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VUNESP/2017)


Leia o enunciado a seguir para responder a questão.
Medida da dispersão dos dados em relação à média de uma se- A tabela apresenta o número de acertos dos 600 candidatos
quência. Esta medida representa a média das distâncias entre cada que realizaram a prova da segunda fase de um concurso, que conti-
elemento da amostra e seu valor médio. nha 5 questões de múltipla escolha

Número de Número de candi-


acertos datos
Desvio padrão 5 204
4 132
Definição
3 96
Seja o conjunto de números , tal que é sua 2 78
média aritmética. Chama-se desvio padrão desse conjunto, e indi-
1 66
ca-se por , o número:
0 24

A média de acertos por prova foi de

Isto é: (A) 3,57.


(B) 3,43
(C) 3,32.
(D) 3,25.
(E) 3,19.
Exemplo:
As estaturas dos jogadores de uma equipe de basquetebol são:
2,00 m; 1,95 m; 2,10 m; 1,90 m e 2,05 m. Calcular: 03. (PREF. GUARULHOS/SP – Assistente de Gestão Escolar –
a) A estatura média desses jogadores. VUNESP/2016) Certa escola tem 15 classes no período matutino e
b) O desvio padrão desse conjunto de estaturas. 10 classes no período vespertino. O número médio de alunos por
classe no período matutino é 20, e, no período vespertino, é 25.
Solução: Considerando os dois períodos citados, a média aritmética do nú-
mero de alunos por classe é
Sendo a estatura média, temos:
(A) 24,5.
(B) 23.
(C) 22,5.
(D) 22.
(E) 21.

Sendo o desvio padrão, tem-se: 04. (SEGEP/MA – Técnico da Receita Estadual – FCC/2016)
Para responder à questão, considere as informações abaixo.
Três funcionários do Serviço de Atendimento ao Cliente de
uma loja foram avaliados pelos clientes que atribuíram uma nota
(1; 2; 3; 4; 5) para o atendimento recebido. A tabela mostra as no-
tas recebidas por esses funcionários em um determinado dia.

18
MATEMÁTICA

(A) II, apenas.


(B) III, apenas.
(C) I e II, apenas.
(D) I e III, apenas.
(E) I, II e III.

Considerando a avaliação média individual de cada funcionário 07. (COSANPA - Químico – FADESP/2017) Algumas Determina-
nesse dia, a diferença entre as médias mais próximas é igual a ções do teor de sódio em água (em mg L-1) foram executadas (em
triplicata) paralelamente por quatro laboratórios e os resultados
(A) 0,32. são mostrados na tabela abaixo.
(B) 0,21.
(C) 0,35.
Replicatas Laboratório
(D) 0,18.
(E) 0,24. 1 2 3 4
1 30,3 30,9 30,3 30,5
05. (UFES – Assistente em Administração – UFES/2017) Consi-
dere n números x1, x2, … , xn, em que x1 ≤ x2 ≤ ⋯ ≤ xn . A mediana 2 30,4 30,8 30,7 30,4
desses números é igual a x(n + 1)/2, se n for ímpar, e é igual à média 3 30,0 30,6 30,4 30,7
aritmética de xn ⁄ 2 e x(n + 2)/2, se n for par. Uma prova composta
por 5 questões foi aplicada a uma turma de 24 alunos. A tabela Média 30,20 30,77 30,47 30,53
seguinte relaciona o número de acertos obtidos na prova com o Desvio Padrão 0,20 0,15 0,21 0,15
número de alunos que obtiveram esse número de acertos.
Utilize essa tabela para responder à questão.
Número de acertos Número de alunos O laboratório que apresenta o maior erro padrão é o de número
(A) 1.
0 4 (B) 2.
1 5 (C) 3.
(D) 4.
2 4
3 3 08. (ANAC – Analista Administrativo- ESAF/2016) Os valores a
seguir representam uma amostra
4 5 331546248
5 3
Então, a variância dessa amostra é igual a
A penúltima linha da tabela acima, por exemplo, indica que 5 (A) 4,0
alunos tiveram, cada um, um total de 4 acertos na prova. A media- (B) 2,5.
na dos números de acertos é igual a (C) 4,5.
(D) 5,5
(A) 1,5 (E) 3,0
(B) 2
(C) 2,5 09. (MPE/SP – Oficial de Promotoria I – VUNESP/2016) A
(D) 3 média de salários dos 13 funcionários de uma empresa é de R$
(E) 3,5 1.998,00. Dois novos funcionários foram contratados, um com o
salário 10% maior que o do outro, e a média salarial dos 15 funcio-
06. (UFAL – Auxiliar de Biblioteca – COPEVE/2016) A tabela nários passou a ser R$ 2.013,00. O menor salário, dentre esses dois
apresenta o número de empréstimos de livros de uma biblioteca novos funcionários, é igual a
setorial de um Instituto Federal, no primeiro semestre de 2016. (A) R$ 2.002,00.
(B) R$ 2.006,00.
(C) R$ 2.010,00.
Mës Empréstimos (D) R$ 2.004,00.
Janeiro 15 (E) R$ 2.008,00.
Fevereiro 25 10. (PREF. DE NITERÓI – Agente Fazendário – FGV/2015) Os 12
Março 22 funcionários de uma repartição da prefeitura foram submetidos a
um teste de avaliação de conhecimentos de computação e a pon-
Abril 30 tuação deles, em uma escala de 0 a 100, está no quadro abaixo.
Maio 28 50 55 55 55 55 60
62 63 65 90 90 100
Junho 15
O número de funcionários com pontuação acima da média é:
Dadas as afirmativas, (A) 3;
I. A biblioteca emprestou, em média, 22,5 livros por mês. (B) 4;
II. A mediana da série de valores é igual a 26. (C) 5;
III. A moda da série de valores é igual a 15. (D) 6;
Verifica-se que está(ão) correta(s) (E) 7.

19
MATEMÁTICA

Mediana
GABARITO Vamos colocar os números em ordem crescente

15,15,22,25,28,30
01. Resposta: E.
S=cursam superior
M=não tem curso superior Moda é o número que mais aparece, no caso o 15.

07. Resposta: C.
Como o desvio padrão é maior no 3, o erro padrão é proporcio-
S+M=600000 nal, portanto também é maior em 3.

08. Resposta: C.

S=420000
M=600000-420000=180000

02. Resposta:B.

09. Resposta: C.
03. Resposta: D. Vamos chamar de x a soma dos salários dos 13 funcionários
x/13=1998
X=13.1998
X=25974
Vamos chamar de y o funcionário contratado com menor valor
M=300 e, portanto, 1,1y o com 10% de salário maior, pois ele ganha y+10%
de y
Y+0,1y=1,1y
(x+y+1,1y)/15=2013
V=250 25974+2,1y=15∙2013
2,1y=30195-25974
2,1y=4221
Y=2010

04. Resposta: B. 10. Resposta: A.

M=66,67
Apenas 3 funcionários estão acima da média.

JUROS SIMPLES

3,36-3,15=0,21 Matemática Financeira


A Matemática Financeira possui diversas aplicações no atual
05.Resposta: B. sistema econômico. Algumas situações estão presentes no cotidia-
Como 24 é um número par, devemos fazer a segunda regra: no das pessoas, como financiamentos de casa e carros, realizações
de empréstimos, compras a crediário ou com cartão de crédito,
aplicações financeiras, investimentos em bolsas de valores, entre
outras situações. Todas as movimentações financeiras são base-
adas na estipulação prévia de taxas de juros. Ao realizarmos um
06. Resposta: D. empréstimo a forma de pagamento é feita através de prestações
mensais acrescidas de juros, isto é, o valor de quitação do emprés-
timo é superior ao valor inicial do empréstimo. A essa diferença
damos o nome de juros.

20
MATEMÁTICA

Capital (A) 5,0%


O Capital é o valor aplicado através de alguma operação finan- (B) 5,9%
ceira. Também conhecido como: Principal, Valor Atual, Valor Pre- (C) 7,5%
sente ou Valor Aplicado. Em inglês usa-se Present Value (indicado (D) 10,0%
pela tecla PV nas calculadoras financeiras). (E) 12,5%
Resposta Letra “e”.
Taxa de juros e Tempo
A taxa de juros indica qual remuneração será paga ao dinheiro O juros incidiu somente sobre a segunda parcela, pois a pri-
emprestado, para um determinado período. Ela vem normalmente meira foi à vista. Sendo assim, o valor devido seria R$40 (85-45) e a
expressa da forma percentual, em seguida da especificação do pe- parcela a ser paga de R$45.
ríodo de tempo a que se refere: Aplicando a fórmula M = C + J:
8 % a.a. - (a.a. significa ao ano). 45 = 40 + J
10 % a.t. - (a.t. significa ao trimestre). J=5
Aplicando a outra fórmula J = C i n:
Outra forma de apresentação da taxa de juros é a unitária, que 5 = 40 X i X 1
é igual a taxa percentual dividida por 100, sem o símbolo %: i = 0,125 = 12,5%
0,15 a.m. - (a.m. significa ao mês).
0,10 a.q. - (a.q. significa ao quadrimestre)
Juros Compostos
Montante o juro de cada intervalo de tempo é calculado a partir do saldo
Também conhecido como valor acumulado é a soma do Capi- no início de correspondente intervalo. Ou seja: o juro de cada in-
tal Inicial com o juro produzido em determinado tempo. tervalo de tempo é incorporado ao capital inicial e passa a render
Essa fórmula também será amplamente utilizada para resolver juros também.
questões.
M=C+J
Quando usamos juros simples e juros compostos?
M = montante
A maioria das operações envolvendo dinheiro utilizajuros com-
C = capital inicial
postos. Estão incluídas: compras a médio e longo prazo, compras
J = juros
com cartão de crédito, empréstimos bancários, as aplicações finan-
M=C+C.i.n
ceiras usuais como Caderneta de Poupança e aplicações em fundos
M=C(1+i.n)
de renda fixa, etc. Raramente encontramos uso para o regime de
juros simples: é o caso das operações de curtíssimo prazo, e do pro-
Juros Simples
Chama-se juros simples a compensação em dinheiro pelo em- cesso de desconto simples de duplicatas.
préstimo de um capital financeiro, a uma taxa combinada, por um
prazo determinado, produzida exclusivamente pelo capital inicial. O cálculo do montante é dado por:
Em Juros Simples a remuneração pelo capital inicial aplicado
é diretamente proporcional ao seu valor e ao tempo de aplicação.
A expressão matemática utilizada para o cálculo das situações
envolvendo juros simples é a seguinte: Exemplo
J = C i n, onde: Calcule o juro composto que será obtido na aplicação de
J = juros R$25000,00 a 25% ao ano, durante 72 meses
C = capital inicial C=25000
i = taxa de juros i=25%aa=0,25
n = tempo de aplicação (mês, bimestre, trimestre, semestre, i=72 meses=6 anos
ano...)
Observação importante: a taxa de juros e o tempo de aplica-
ção devem ser referentes a um mesmo período. Ou seja, os dois
devem estar em meses, bimestres, trimestres, semestres, anos...
O que não pode ocorrer é um estar em meses e outro em anos, ou
qualquer outra combinação de períodos.
Dica: Essa fórmula J = C i n, lembra as letras das palavras “JU-
ROS SIMPLES” e facilita a sua memorização.
Outro ponto importante é saber que essa fórmula pode ser tra-
balhada de várias maneiras para se obter cada um de seus valores,
ou seja, se você souber três valores, poderá conseguir o quarto, ou M=C+J
seja, como exemplo se você souber o Juros (J), o Capital Inicial (C) J=95367,50-25000=70367,50
e a Taxa (i), poderá obter o Tempo de aplicação (n). E isso vale para
qualquer combinação. QUESTÕES
EXERCÍCIOS
Exemplo
Maria quer comprar uma bolsa que custa R$ 85,00 à vista. 01. (TRE/PR – Analista Judiciário – FCC/2017) Uma geladeira
Como não tinha essa quantia no momento e não queria perder a está sendo vendida nas seguintes condições:
oportunidade, aceitou a oferta da loja de pagar duas prestações − Preço à vista = R$ 1.900,00;
de R$ 45,00, uma no ato da compra e outra um mês depois. A taxa − Condições a prazo = entrada de R$ 500,00 e pagamento de
de juros mensal que a loja estava cobrando nessa operação era de: uma parcela de R$ 1.484,00 após 60 dias da data da compra.

21
MATEMÁTICA

A taxa de juros simples mensal cobrada na venda a prazo é de (A) 30


(A) 1,06% a.m. (B) 32
(B) 2,96% a.m. (C) 34
(C) 0,53% a.m. (D) 36
(D) 3,00% a.m. (E) 38
(E) 6,00% a.m.
08. (PREF. DE NITERÓI/RJ – Agente Fazendário – FGV/2016)
02. (FUNAPEP - Analista em Gestão Previdenciária-FCC/2017) Para pagamento de boleto com atraso em período inferior a um
João emprestou a quantia de R$ 23.500,00 a seu filho Roberto. Tra- mês, certa instituição financeira cobra, sobre o valor do boleto,
taram que Roberto pagaria juros simples de 4% ao ano. Roberto multa de 2% mais 0,4% de juros de mora por dia de atraso no re-
pagou esse empréstimo para seu pai após 3 anos. O valor total dos gime de juros simples. Um boleto com valor de R$ 500,00 foi pago
juros pagos por Roberto foi com 18 dias de atraso.
(A) 3.410,00. O valor total do pagamento foi:
(B) R$ 2.820,00. (A) R$ 542,00;
(C) R$ 2.640,00. (B) R$ 546,00;
(D) R$ 3.120,00. (C) R$ 548,00;
(E) R$ 1.880,00. (D) R$ 552,00;
(E) R$ 554,00.
03. (IFBAIANO – Técnico em Contabilidade – FCM/2017) O
montante acumulado ao final de 6 meses e os juros recebidos a 09. (CASAN – Assistente Administrativo – INSTITUTO
partir de um capital de 10 mil reais, com uma taxa de juros de 1% AOCP/2016) Para pagamento um mês após a data da compra, certa
ao mês, pelo regime de capitalização simples, é de loja cobrava juros de 25%. Se certa mercadoria tem preço a prazo
(A) R$ 9.400,00 e R$ 600,00. igual a R$ 1500,00, o preço à vista era igual a
(B) R$ 9.420,00 e R$ 615,20. (A) R$ 1200,00.
(C) R$ 10.000,00 e R$ 600,00. (B) R$ 1750,00.
(D) R$ 10.600,00 e R$ 600,00. (C) R$ 1000,00.
(E) R$ 10.615,20 e R$ 615,20. (D) R$ 1600,00.
(E) R$ 1250,00.
04. (CEGAS – Assistente Técnico – IESES/2017)O valor dos ju-
ros simples em uma aplicação financeira de $ 3.000,00 feita por 10. (CASAN – Técnico de Laboratório – INSTITUTO AOCP/2016)
dois trimestres a taxa de 2% ao mês é igual a: A fatura de um certo cartão de crédito cobra juros de 12% ao mês
(A) $ 360,00 por atraso no pagamento. Se uma fatura de R$750,00 foi paga com
(B) $ 240,00 um mês de atraso, o valor pago foi de
(C)$ 120,00 (A) R$ 970,00.
(D) $ 480,00 (B) R$ 777,00.
(C) R$ 762,00.
05. (IPRESB/SP - Analista de Processos Previdenciários- VU- (D) R$ 800,00.
NESP/2017) Um capital foi aplicado a juros simples, com taxa de 9% (E) R$ 840,00.
ao ano, durante 4 meses. Após esse período, o montante (capital +
juros) resgatado foi de R$ 2.018,80. O capital aplicado era de 11. (DPE/PR – Contador – INAZ DO PARÁ/2017) Em 15 de ju-
(A) R$ 2.010,20. nho de 20xx, Severino restituiu R$ 2.500,00 do seu imposto de ren-
(B) R$ 2.000,00. da. Como estava tranquilo financeiramente, resolveu realizar uma
(C) R$ 1.980,00. aplicação financeira para retirada em 15/12/20xx, período que vai
(D) R$ 1.970,40. realizar as compras de natal. A uma taxa de juros de 3% a.m., qual
(E) R$ 1.960,00. é o montante do capital, sabendo-se que a capitalização é mensal:
(A) R$ 2.985,13
06. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPEGO/2017) Em um (B) R$ 2.898,19
investimento no qual foi aplicado o valor de R$ 5.000,00, em um (C) R$ 3.074,68
ano foi resgatado o valor total de R$ 9.200,00. Considerando estes (D) R$ 2.537,36
apontamentos e que o rendimento se deu a juros simples, é verda- (E) R$ 2.575,00
deiro afirmar que a taxa mensal foi de:
(A) 1,5% 12. (TRE/PR – Analista Judiciário- FCC/2017) A Cia. Escocesa,
(B) 2 % não tendo recursos para pagar um empréstimo de R$ 150.000,00
(C) 5,5% na data do vencimento, fez um acordo com a instituição financeira
(D) 6% credora para pagá-la 90 dias após a data do vencimento. Sabendo
(E) 7% que a taxa de juros compostos cobrada pela instituição financeira
foi 3% ao mês, o valor pago pela empresa, desprezando-se os cen-
07. (UFES – Assistente em Administração – UFES/2017) No tavos, foi, em reais,
regime de juros simples, os juros em cada período de tempo são (A) 163.909,00.
calculados sobre o capital inicial. Um capital inicial C0 foi aplicado a (B) 163.500,00.
juros simples de 3% ao mês. Se Cn é o montante quando decorridos (C) 154.500,00.
n meses, o menor valor inteiro para n, tal que Cn seja maior que o (D) 159.135,00.
dobro de C0, é

22
MATEMÁTICA

13. (FUNAPE – Analista em Gestão Previdenciária – FCC/2017) 06. Resposta: E.


O montante de um empréstimo de 4 anos da quantia de R$ M=C(1+in)
20.000,00, do qual se cobram juros compostos de 10% ao ano, será 9200=5000(1+12i)
igual a 9200=5000+60000i
(A) R$ 26.000,00. 4200=60000i
(B) R$ 28.645,00. I=0,07=7%
(C) R$ 29.282,00.
(D) R$ 30.168,00. 07. Resposta: C.
(E) R$ 28.086,00. M=C(1+in)
Cn=Co(1+0,03n)
14. (IFBAIANO - Técnico em Contabilidade- FCM/2017) A em- 2Co=Co(1+0,03n)
presa Good Finance aplicou em uma renda fixa um capital de 100 2=1+0,03n
mil reais, com taxa de juros compostos de 1,5% ao mês, para resga- 1=0,03n
te em 12 meses. O valor recebido de juros ao final do período foi de N=33,33
(A) R$ 10.016,00. Ou seja, maior que 34
(B) R$ 15.254,24. 08. Resposta: C.
(C) R$ 16.361,26. M=C(1+in)
(D) R$ 18.000,00. C=500+500x0,02=500+10=510
(E) R$ 19.561,82. M=510(1+0,004x18)
M=510(1+0,072)=546,72
15. (POLICIA CIENTIFICA – Perito Criminal – IBFC/2017) Assi-
nale a alternativa correta. Uma empresa recebeu um empréstimo 09. Resposta: A.
bancário de R$ 120.000,00 por 1 ano, pagando o montante de R$ M=C(1+in)
180.000,00. A taxa anual de juros desse empréstimo foi de: 1500=C(1+0,25x1)
(A) 0,5% ao ano 1500=C(1,25)
(B) 5 % ao ano C=1500/1,25
(C) 5,55 % ao ano C=1200
(D) 150% ao ano
(E) 50% ao ano 10. Resposta: E.
M=C(1+in)
GABARITO M=750(1+0,12)
M=750x1,12=840

01. Resposta: D. 11. Resposta: A.


J=500+1484-1900=84 D junho a dezembro: 6 meses
C=1900-500=1400 M=C(1+i)t
J=Cin M=2500(1+0,03)6
84=1400.i.2 M=2500⋅1,194=2985
I=0,03=3%
12. Resposta: A.
02. Resposta: B. 90 dias=3 meses
J=Cin M=C(1+i)t
J=23500⋅0,04⋅3 M=150000(1+0,03)3
J= 2820 M=150000⋅1,092727=163909,05
Desprezando os centavos: 163909
03. Resposta: D.
J=Cin 13. Resposta: C.
J=10000⋅0,01⋅6=600 M=C(1+i)t
M=C+J M=20000(1+0,1)4
M=10000+600=10600 M=20000⋅1,4641=29282

04. Resposta: A. 14. Resposta: E.


2 trimestres=6meses J=Cin
J=Cin J=10000⋅0,015⋅12=18000
J=3000⋅0,02⋅6
J=360 Não, ninguém viu errado.
Como ficaria muito difícil de fazer sem calculadora, a tática é
05. Resposta: E. fazer o juro simples, e como sabemos que o composto vai dar maior
4meses=1/3ano que esse valor, só nos resta a alternativa E. Você pode se perguntar,
M=C(1+in) e se houver duas alternativas com números maiores? Olha pessoal,
2018,80=C(1+0,09⋅1/3) não creio que a banca fará isso, e sim que eles fizeram mais para
2018,80=C+0,03C usar isso mesmo.
1,03C=2018,80
C=1960

23
MATEMÁTICA

15. Resposta: E. Resolução


M=C(1+i)t A ideia de resolver as equações é literalmente colocar na lin-
180000=120000(1+i) guagem matemática o que está no texto.
180000=120000+120000i “Pierre é três anos mais velho do que Paulo”
60000=120000i Pi=Pa+3
i=0,5=50% “Daqui a dez anos, a idade de Pierre será a metade da idade
que Pedro tem hoje.”
EQUAÇÃO DO 1.º E 2.º GRAUS. SISTEMA DE EQUAÇÕES
DO 1.º GRAU

Equação 1º grau A idade de Pedro hoje, em anos, é igual ao dobro da soma das
Equação é toda sentença matemática aberta representada por idades de seus dois filhos,
uma igualdade, em que exista uma ou mais letras que representam Pe=2(Pi+Pa)
números desconhecidos. Pe=2Pi+2Pa
Equação do 1º grau, na incógnita x, é toda equação redutível
à forma ax+b=0, em que a e b são números reais, chamados coefi- Lembrando que:
cientes, com a≠0. Pi=Pa+3

Uma raiz da equação ax+b =0(a≠0) é um valor numérico de x Substituindo em Pe


que, substituindo no 1º membro da equação, torna-se igual ao 2º Pe=2(Pa+3)+2Pa
membro. Pe=2Pa+6+2Pa
Pe=4Pa+6
Nada mais é que pensarmos em uma balança.

Pa+3+10=2Pa+3
Pa=10
Pi=Pa+3
Pi=10+3=13
Pe=40+6=46
Soma das idades: 10+13+46=69
Resposta: B.

Equação 2º grau
A balança deixa os dois lados iguais para equilibrar, a equação
também. A equação do segundo grau é representada pela fórmula geral:
No exemplo temos:
3x+300
Outro lado: x+1000+500
E o equilíbrio? Onde a, b e c são números reais,
3x+300=x+1500
Discussão das Raízes

Quando passamos de um lado para o outro invertemos o sinal


3x-x=1500-300
2x=1200
X=600

Exemplo Se for negativo, não há solução no conjunto dos números


(PREF. DE NITERÓI/RJ – Fiscal de Posturas – FGV/2015) A ida- reais.
de de Pedro hoje, em anos, é igual ao dobro da soma das idades de
seus dois filhos, Paulo e Pierre. Pierre é três anos mais velho do que Se for positivo, a equação tem duas soluções:
Paulo. Daqui a dez anos, a idade de Pierre será a metade da idade
que Pedro tem hoje.
A soma das idades que Pedro, Paulo e Pierre têm hoje é:
(A) 72;
(B) 69;
(C) 66;
(D) 63;
(E) 60.

24
MATEMÁTICA

Exemplo Composição de uma equação do 2ºgrau, conhecidas as raízes

Podemos escrever a equação da seguinte maneira:

x²-Sx+P=0

Exemplo
Dada as raízes -2 e 7. Componha a equação do 2º grau.

, portanto não há solução real. Solução


S=x1+x2=-2+7=5
P=x1.x2=-2.7=-14
Então a equação é: x²-5x-14=0

Exemplo
(IMA – Analista Administrativo Jr – SHDIAS/2015) A soma das
idades de Ana e Júlia é igual a 44 anos, e, quando somamos os qua-
drados dessas idades, obtemos 1000. A mais velha das duas tem:
(A) 24 anos
(B) 26 anos
(C) 31 anos
(D) 33 anos

Resolução
A+J=44
A²+J²=1000
A=44-J
(44-J)²+J²=1000
1936-88J+J²+J²=1000
Se não há solução, pois não existe raiz quadrada real de 2J²-88J+936=0
um número negativo. Dividindo por2:
J²-44J+468=0
Se , há duas soluções iguais: ∆=(-44)²-4.1.468
∆=1936-1872=64

Se , há soluções reais diferentes:

Relações entre Coeficientes e Raízes

Dada as duas raízes:


Substituindo em A
A=44-26=18
Ou A=44-18=26
Soma das Raízes
Resposta: B.

Inequação
Uma inequação é uma sentença matemática expressa por uma
Produto das Raízes ou mais incógnitas, que ao contrário da equação que utiliza um si-
nal de igualdade, apresenta sinais de desigualdade. Veja os sinais
de desigualdade:
>: maior
<: menor
≥: maior ou igual
≤: menor ou igual

O princípio resolutivo de uma inequação é o mesmo da equa-


ção, onde temos que organizar os termos semelhantes em cada
membro, realizando as operações indicadas. No caso das inequa-

25
MATEMÁTICA

ções, ao realizarmos uma multiplicação de seus elementos por Sistema de Inequação do 1º Grau
–1com o intuito de deixar a parte da incógnita positiva, invertemos Um sistema de inequação do 1º grau é formado por duas ou
o sinal representativo da desigualdade. mais inequações, cada uma delas tem apenas uma variável sendo
que essa deve ser a mesma em todas as outras inequações envol-
Exemplo 1 vidas.
4x + 12 > 2x – 2 Veja alguns exemplos de sistema de inequação do 1º grau:
4x – 2x > – 2 – 12
2x > – 14
x > –14/2
x>–7

Inequação-Produto

Quando se trata de inequações-produto, teremos uma desi- Vamos achar a solução de cada inequação.
gualdade que envolve o produto de duas ou mais funções. Portan- 4x + 4 ≤ 0
to, surge a necessidade de realizar o estudo da desigualdade em 4x ≤ - 4
cada função e obter a resposta final realizando a intersecção do x≤-4:4
conjunto resposta das funções. x≤-1

Exemplo

S1 = {x R | x ≤ - 1}

Fazendo o cálculo da segunda inequação temos:


x+1≤0
x≤-1
a)(-x+2)(2x-3)<0

A “bolinha” é fechada, pois o sinal da inequação é igual.

Inequação -Quociente S2 = { x R | x ≤ - 1}
Na inequação- quociente, tem-se uma desigualdade de fun- Calculando agora o CONJUTO SOLUÇÃO da inequação
ções fracionárias, ou ainda, de duas funções na qual uma está divi- Temos:
dindo a outra. Diante disso, deveremos nos atentar ao domínio da S = S1 ∩ S2
função que se encontra no denominador, pois não existe divisão
por zero. Com isso, a função que estiver no denominador da ine-
quação deverá ser diferente de zero.
O método de resolução se assemelha muito à resolução de
uma inequação-produto, de modo que devemos analisar o sinal das
funções e realizar a intersecção do sinal dessas funções.

Exemplo
Resolva a inequação a seguir:

x-2≠0 Portanto:

S = { x R | x ≤ - 1} ou S = ] - ∞ ; -1]

Inequação 2º grau
Chama-se inequação do 2º grau, toda inequação que pode ser
escrita numa das seguintes formas:
ax²+bx+c>0
ax²+bx+c≥0
x≠2 ax²+bx+c<0
ax²+bx+c<0
ax²+bx+c≤0
ax²+bx+c≠0

26
MATEMÁTICA

Exemplo (A) R$ 225,00.


Vamos resolver a inequação3x² + 10x + 7 < 0. (B) R$ 200,00.
(C) R$ 175,00.
Resolvendo Inequações (D) R$ 150,00.
Resolver uma inequação significa determinar os valores reais (E) R$ 125,00.
de x que satisfazem a inequação dada.
Assim, no exemplo, devemos obter os valores reais de x que 04. (ITAIPU BINACIONAL -Profissional Nível Técnico I - Técnico
tornem a expressão 3x² + 10x +7negativa. em Eletrônica – NCUFPR/2017) Considere a equação dada por 2x²
+ 12x + 3 = -7. Assinale a alternativa que apresenta a soma das duas
soluções dessa equação.
(A) 0.
(B) 1.
(C) -1.
(D) 6.
(E) -6.

05. (UNIRV/GO – Auxiliar de Laboratório – UNIRVGO/2017)


Num estacionamento encontram-se 18 motos, 15 triciclos e alguns
carros. Se Pedrinho contou um total de 269 rodas, quantos carros
tem no estacionamento?
(A) 45
(B) 47
(C)50
(D) 52

06. (UNIRV/GO – Auxiliar de Laboratório – UNIRVGO/2017)


O valor de m para que a equação (2m -1) x² - 6x + 3 = 0 tenha duas
raízes reais iguais é
(A) 3
S = {x ∈ R / –7/3 < x < –1} (B) 2
(C) −1
(D) −6
EXERCÍCIOS
07. (IPRESB - Agente Previdenciário – VUNESP/2017) Em se-
tembro, o salário líquido de Juliano correspondeu a 4/5 do seu salá-
01. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária - MSCON- rio bruto. Sabe-se que ele destinou 2/5 do salário líquido recebido
CURSOS/2017) O dobro do quadrado de um número natural au- nesse mês para pagamento do aluguel, e que poupou 2/5 do que
mentado de 3 unidades é igual a sete vezes esse número. Qual é restou. Se Juliano ficou, ainda, com R$ 1.620,00 para outros gastos,
esse número? então o seu salário bruto do mês de setembro foi igual a
(A) 2 (A) R$ 6.330,00.
(B) 3 (B) R$ 5.625,00.
(C) 4 (C) R$ 5.550,00.
(D) 5 (D) R$ 5.125,00.
(E) R$ 4.500,00.
02. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário -VUNESP/2017) Um
carro parte da cidade A em direção à cidade B pela rodovia que liga 8. (SESAU/RO – Técnico em Informática – FUNRIO/2017) Da-
as duas cidades, percorre 1/3 do percurso total e para no ponto P. qui a 24 anos, Jovelino terá o triplo de sua idade atual. Daqui a cinco
Outro carro parte da cidade B em direção à cidade A pela mesma anos, Jovelino terá a seguinte idade:
rodovia, percorre 1/4 do percurso total e para no ponto Q. Se a (A) 12.
soma das distâncias percorridas por ambos os carros até os pontos (B) 14.
em que pararam é igual a 28 km, então a distância entre os pontos (C) 16.
P e Q, por essa rodovia, é, em quilômetros, igual a (D) 17.
(A) 26. (E) 18.
(B) 24.
(C) 20. 09. (PREF. DE FAZENDA RIO GRANDE/PR – Professor –
(D) 18. PUC/2017) A equação 8x² – 28x + 12 = 0 possui raízes iguais a x1 e
(E) 16. x2. Qual o valor do produto x1 . x2?
(A) 1/2 .
03. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário -VUNESP/2017) Nel-
(B) 3.
son e Oto foram juntos a uma loja de materiais para construção.
(C) 3/2 .
Nelson comprou somente 10 unidades iguais do produto P, todas
(D) 12.
de mesmo preço. Já Oto comprou 7 unidades iguais do mesmo pro-
(E) 28.
duto P, e gastou mais R$ 600,00 na compra de outros materiais. Se
os valores totais das compras de ambos foram exatamente iguais,
então o preço unitário do produto P foi igual a

27
MATEMÁTICA

10 (PREF.DO RIO DE JANEIRO – Agente de Administração – 06. Resposta: B


PREF. DO RIO DE JANEIRO/2016) Ao perguntar para João qual era a ∆=-(-6)²-4⋅(2m-1) ⋅3=0
sua idade atual, recebi a seguinte resposta: 36-24m+12=0
- O quíntuplo da minha idade daqui a oito anos, diminuída do -24m=-48
quíntuplo da minha idade há três anos atrás representa a minha M=2
idade atual.A soma dos algarismos do número que representa, em
anos, a idade atual de João, corresponde a: 07. Resposta: B.
(A) 6 Salário liquido: x
(B) 7
(C) 10
(D) 14

GABARITO
10x+6x+40500=25x
01. Resposta: B. 9x=40500
2x²+3=7x X=4500
2x²-7x+3=0
∆=49-24=25 Salariofração
y---------------1
4500---------4/5

Como tem que ser natural, apenas o número 3 convém. 08. Resposta: D.
Idade atual: x
02. Resposta: C. X+24=3x
2x=24
X=12
Ele tem agora 12 anos, daqui a 5 anos: 17.
Mmc(3,4)=12 09. Resposta: C.
4x+3x=336 ∆=(-28)²-4.8.12
7x=336 ∆=784-384
X=48 ∆=400
A distância entre A e B é 48km
Como já percorreu 28km
48-28=20 km entre P e Q.

03. Resposta:B.
Sendo x o valor do material P
10x=7x+600
3x=600
X=200

04. Resposta: E.
2x²+12x+10=0
∆=12²-4⋅2⋅10 10. Resposta: C.
∆=144-80=64 Atual:x
5(x+8)-5(x-3)=x
5x+40-5x+15=x
X=55
Soma: 5+5=10

RELAÇÃO ENTRE GRANDEZAS: TABELAS E GRÁFICOS


A soma das duas é -1-5=-6

05. Resposta:B. GRÁFICOS E TABELAS


Vamos fazer a conta de rodas:
Motos tem 2 rodas, triciclos 3 e carros 4 Os gráficos e tabelas apresentam o cruzamento entre dois da-
18⋅2+15⋅3+x⋅4=269 dos relacionados entre si.
4x=269-36-45 A escolha do tipo e a forma de apresentação sempre vão de-
4x=188 pender do contexto, mas de uma maneira geral um bom gráfico
X=47 deve:

28
MATEMÁTICA

-Mostrar a informação de modo tão acurado quanto possível. Histogramas


-Utilizar títulos, rótulos, legendas, etc. para tornar claro o con-
texto, o conteúdo e a mensagem. São gráfico de barra que mostram a frequência de uma variável
-Complementar ou melhorar a visualização sobre aspectos específica e um detalhe importante que são faixas de valores em x.
descritos ou mostrados numericamente através de tabelas.
-Utilizar escalas adequadas.
-Mostrar claramente as tendências existentes nos dados.

Tipos de gráficos

Barras- utilizam retângulos para mostrar a quantidade.

Barra vertical

Fonte: tecnologia.umcomo.com.br

Barra horizontal
Setor ou pizza- Muito útil quando temos um total e queremos
demonstrar cada parte, separando cada pedaço como numa pizza.

Fonte: educador.brasilescola.uol.com.br

Linhas- É um gráfico de grande utilidade e muito comum na


representação de tendências e relacionamentos de variáveis
Fonte: mundoeducacao.bol.uol.com.br

29
MATEMÁTICA

Pictogramas – são imagens ilustrativas para tornar mais fácil a 02. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário -VUNESP/2017) A
compreensão de todos sobre um tema. tabela seguinte, incompleta, mostra a distribuição, percentual e
quantitativa, da frota de uma empresa de ônibus urbanos, de acor-
do com o tempo de uso destes.

O número total de ônibus dessa empresa é


Da mesma forma, as tabelas ajudam na melhor visualização de (A) 270.
dados e muitas vezes é através dela que vamos fazer os tipos de (B) 250.
gráficos vistos anteriormente. (C) 220
(D) 180.
Podem ser tabelas simples: (E) 120.

Quantos aparelhos tecnológicos você tem na sua casa? 03. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário -VUNESP/2017) O
gráfico mostra o número de carros vendidos por uma concessio-
aparelho quantidade nária nos cinco dias subsequentes à veiculação de um anúncio pro-
mocional.
televisão 3
celular 4
Geladeira 1

Até as tabelas que vimos nos exercícios de raciocínio lógico

EXERCÍCIOS

01. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Na Pesquisa Na-


cional por Amostra de Domicílios Contínua, realizada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram obtidos os dados
da taxa de desocupação da população em idade para trabalhar. Es-
ses dados, em porcentagem, encontram-se indicados na apresenta- O número médio de carros vendidos por dia nesse período foi
ção gráfica abaixo, ao longo de trimestres de 2014 a 2017. igual a
(A) 10.
(B) 9.
(C) 8.
(D) 7.
(E) 6.

04. (CRBIO – Auxiliar Administrativo – VUNESP/2017) Uma


professora elaborou um gráfico de setores para representar a dis-
tribuição, em porcentagem, dos cinco conceitos nos quais foram
agrupadas as notas obtidas pelos alunos de uma determinada clas-
se em uma prova de matemática. Observe que, nesse gráfico, as
porcentagens referentes a cada conceito foram substituídas por x
Dentre as alternativas abaixo, assinale a que apresenta a me- ou por múltiplos e submúltiplos de x.
lhor aproximação para o aumento percentual da taxa de desocupa-
ção do primeiro trimestre de 2017 em relação à taxa de desocupa-
ção do primeiro trimestre de 2014.
(A) 15%.
(B) 25%.
(C) 50%.
(D) 75%.
(E) 90%.

30
MATEMÁTICA

06. (BRDE – Assistente Administrativo – FUNDATEC/2015) As-


sinale a alternativa que representa a nomenclatura dos três gráfi-
cos abaixo, respectivamente.

Analisando o gráfico, é correto afirmar que a medida do ângulo


interno correspondente ao setor circular que representa o conceito
BOM é igual a
(A) 144º.
(B) 135º.
(C) 126º
(D) 117º
(E) 108º.

05. (TCE/PR – Conhecimentos Básicos – CESPE/2016)

Tendo como referência o gráfico precedente, que mostra os


valores, em bilhões de reais, relativos à arrecadação de receitas e (A) Gráfico de Setores – Gráfico de Barras – Gráfico de Linha.
aos gastos com despesas do estado do Paraná nos doze meses do (B) Gráfico de Pareto – Gráfico de Pizza – Gráfico de Tendência.
ano de 2015, assinale a opção correta. (C) Gráfico de Barras – Gráfico de Setores – Gráfico de Linha.
(A) No ano considerado, o segundo trimestre caracterizou-se (D) Gráfico de Linhas – Gráfico de Pizza – Gráfico de Barras.
por uma queda contínua na arrecadação de receitas, situação que (E) Gráfico de Tendência – Gráfico de Setores – Gráfico de Li-
se repetiu no trimestre seguinte. nha.
(B) No primeiro quadrimestre de 2015, houve um período de
queda simultânea dos gastos com despesas e da arrecadação de 07. (TJ/SP – Estatístico Judiciário – VUNESP/2015) A distribui-
receitas e dois períodos de aumento simultâneo de gastos e de ar- ção de salários de uma empresa com 30 funcionários é dada na
recadação. tabela seguinte.
(C) No último bimestre do ano de 2015, foram registrados tan-
to o maior gasto com despesas quanto a maior arrecadação de re- Salário (em salários mínimos) Funcionários
ceitas.
(D) No ano em questão, janeiro e dezembro foram os únicos 1,8 10
meses em que a arrecadação de receitas foi ultrapassada por gas- 2,5 8
tos com despesas.
3,0 5
(E) A menor arrecadação mensal de receitas e o menor gasto
mensal com despesas foram verificados, respectivamente, no pri- 5,0 4
meiro e no segundo semestre do ano de 2015. 8,0 2
15,0 1

31
MATEMÁTICA

Pode-se concluir que


(A) o total da folha de pagamentos é de 35,3 salários.
(B) 60% dos trabalhadores ganham mais ou igual a 3 salários.
(C) 10% dos trabalhadores ganham mais de 10 salários.
(D) 20% dos trabalhadores detêm mais de 40% da renda total.
(E) 60% dos trabalhadores detêm menos de 30% da renda total.

08. (TJ/SP – Estatístico Judiciário – VUNESP/2015) Considere a tabela de distribuição de frequência seguinte, em que xi é a variável
estudada e fi é a frequência absoluta dos dados.

xi fi
30-35 4
35-40 12
40-45 10
45-50 8
50-55 6
TOTAL 40

Assinale a alternativa em que o histograma é o que melhor representa a distribuição de frequência da tabela.

(A)

(B)

(C)

(D)

(E)

32
MATEMÁTICA

09. (DEPEN – Agente Penitenciário Federal – CESPE/2015)

Ministério da Justiça — Departamento Penitenciário Nacional — Sistema Integrado de Informações Penitenciárias – InfoPen, Relató-
rio Estatístico Sintético do Sistema Prisional Brasileiro, dez./2013 Internet:<www.justica.gov.br>(com adaptações)

A tabela mostrada apresenta a quantidade de detentos no sistema penitenciário brasileiro por região em 2013. Nesse ano, o déficit
relativo de vagas — que se define pela razão entre o déficit de vagas no sistema penitenciário e a quantidade de detentos no sistema
penitenciário — registrado em todo o Brasil foi superior a 38,7%, e, na média nacional, havia 277,5 detentos por 100 mil habitantes.
Com base nessas informações e na tabela apresentada, julgue o item a seguir.
Em 2013, mais de 55% da população carcerária no Brasil se encontrava na região Sudeste.

( )certo( ) errado

10. (DEPEN – Agente Penitenciário Federal – CESPE/2015)

A partir das informações e do gráfico apresentados, julgue o item que se segue.


Se os percentuais forem representados por barras verticais, conforme o gráfico a seguir, então o resultado será denominado histo-
grama.

33
MATEMÁTICA

( ) Certo( ) Errado

GABARITO

01. Resposta: E.
13,7/7,2=1,90
Houve um aumento de 90%.

02. Resposta:D
81+27=108
108 ônibus somam 60%(100-35-5)
108-----60
x--------100
x=10800/60=180

03. Resposta: C.

04. Resposta: A.

X+0,5x+4x+3x+1,5x=360
10x=360
X=36
Como o conceito bom corresponde a 4x: 4x36=144°

05. Resposta: B.
Analisando o primeiro quadrimestre, observamos que os dois primeiros meses de receita diminuem e os dois meses seguintes aumen-
tam, o mesmo acontece com a despesa.

34
MATEMÁTICA

06. Resposta: C.
Como foi visto na teoria, gráfico de barras, de setores ou pizza e de linha

07. Resposta: D.
(A) 1,8x10+2,5x8+3,0x5+5,0x4+8,0x2+15,0x1=104 salários
(B) 60% de 30=18 funcionários e se juntarmos quem ganha mais de 3 salários (5+4+2+1=12)
(C)10% de 30=0,1x30=3 funcionários
E apenas 1 pessoa ganha
(D) 40% de 104=0,4x104= 41,6
20% de 30=0,2x30=6
5x3+8x2+15x1=46, que já é maior.
(E) 60% de 30=0,6x30=18
30% de 104=0,3x104=31,20da renda: 31,20

08. Resposta: A.
Colocando em ordem crescente: 30-35, 50-55, 45-50, 40-45, 35-40,

09. Resposta: CERTA.


555----100%
x----55%
x=305,25
Está correta, pois a região sudeste tem 306 pessoas.

10. Resposta: ERRADO.


Como foi visto na teoria, há uma faixa de valores no eixo x e não simplesmente um dado.

Referências
http://www.galileu.esalq.usp.br

SISTEMAS DE MEDIDAS USUAIS

SISTEMA DE MEDIDAS

Unidades de Comprimento
km hm dam m dm cm mm
Quilômetro Hectômetro Decâmetro Metro Decímetro Centímetro Milímetro
1000m 100m 10m 1m 0,1m 0,01m 0,001m

Os múltiplos do metro são utilizados para medir grandes distâncias, enquanto os submúltiplos, para pequenas distâncias. Para medi-
das milimétricas, em que se exige precisão, utilizamos:

mícron (µ) = 10-6 m angströn (Å) = 10-10 m

Para distâncias astronômicas utilizamos o Ano-luz (distância percorrida pela luz em um ano):
Ano-luz = 9,5 · 1012 km

Exemplos de Transformação
1m=10dm=100cm=1000mm=0,1dam=0,01hm=0,001km
1km=10hm=100dam=1000m

Ou seja, para transformar as unidades, quando “ andamos” para direita multiplica por 10 e para a esquerda divide por 10.

Superfície
A medida de superfície é sua área e a unidade fundamental é o metro quadrado(m²).

Para transformar de uma unidade para outra inferior, devemos observar que cada unidade é cem vezes maior que a unidade imedia-
tamente inferior. Assim, multiplicamos por cem para cada deslocamento de uma unidade até a desejada.

35
MATEMÁTICA

Unidades de Área
km 2
hm 2
dam 2
m2 dm2 cm2 mm2
Quilômetro Hectômetro Decâmetro Metro Decímetro Centímetro Milímetro
Quadrado Quadrado Quadrado Quadrado Quadrado Quadrado Quadrado
1000000m2 10000m2 100m2 1m2 0,01m2 0,0001m2 0,000001m2

Exemplos de Transformação
1m²=100dm²=10000cm²=1000000mm²
1km²=100hm²=10000dam²=1000000m²

Ou seja, para transformar as unidades, quando “ andamos” para direita multiplica por 100 e para a esquerda divide por 100.

Volume
Os sólidos geométricos são objetos tridimensionais que ocupam lugar no espaço. Por isso, eles possuem volume. Podemos encontrar
sólidos de inúmeras formas, retangulares, circulares, quadrangulares, entre outras, mas todos irão possuir volume e capacidade.

Unidades de Volume
km3 hm3 dam3 m3 dm3 cm3 mm3
Quilômetro Hectômetro Decâmetro Metro Decímetro Centímetro Milímetro
Cúbico Cúbico Cúbico Cúbico Cúbico Cúbico Cúbico
1000000000m3 1000000m3 1000m3 1m3 0,001m3 0,000001m3 0,000000001m3

Capacidade
Para medirmos a quantidade de leite, sucos, água, óleo, gasolina, álcool entre outros utilizamos o litro e seus múltiplos e submúlti-
plos, unidade de medidas de produtos líquidos.
Se um recipiente tem 1L de capacidade, então seu volume interno é de 1dm³

1L=1dm³

Unidades de Capacidade
kl hl dal l dl cl ml
Quilolitro Hectolitro Decalitro Litro Decilitro Centilitro Mililitro
1000l 100l 10l 1l 0,1l 0,01l 0,001l

Massa

Toda vez que andar 1 casa para direita, multiplica por 10 e quando anda para esquerda divide por 10.
E uma outra unidade de massa muito importante é a tonelada
1 tonelada=1000kg

Tempo
A unidade fundamental do tempo é o segundo(s).
É usual a medição do tempo em várias unidades, por exemplo: dias, horas, minutos

36
MATEMÁTICA

Transformação de unidades
Deve-se saber: EXERCÍCIOS
1 dia=24horas
1hora=60minutos
1 minuto=60segundos 01. (IPRESB/SP - Analista de Processos Previdenciários- VU-
1hora=3600s NESP/2017) Uma gráfica precisa imprimir um lote de 100000 fo-
lhetos e, para isso, utiliza a máquina A, que imprime 5000 folhetos
Adição de tempo em 40 minutos. Após 3 horas e 20 minutos de funcionamento, a
Exemplo: Estela chegou ao 15h 35minutos. Lá, bateu seu recor- máquina A quebra e o serviço restante passa a ser feito pela má-
de de nado livre e fez 1 minuto e 25 segundos. Demorou 30 minu- quina B, que imprime 4500 folhetos em 48 minutos. O tempo que
tos para chegar em casa. Que horas ela chegou? a máquina B levará para imprimir o restante do lote de folhetos é
(A) 14 horas e 10 minutos.
(B) 14 horas e 05 minutos.
(C) 13 horas e 45 minutos.
(D) 13 horas e 30 minutos.
(E) 13 horas e 20 minutos.

02. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário – VUNESP/2017) Re-


Não podemos ter 66 minutos, então temos que transferir para nata foi realizar exames médicos em uma clínica. Ela saiu de sua
as horas, sempre que passamos de um para o outro tem que ser na casa às 14h 45 min e voltou às 17h 15 min. Se ela ficou durante uma
mesma unidade, temos que passar 1 hora=60 minutos hora e meia na clínica, então o tempo gasto no trânsito, no trajeto
Então fica: 16h6 minutos 25segundos de ida e volta, foi igual a
Vamos utilizar o mesmo exemplo para fazer a operação inversa. (A) 1/2h.
(B) 3/4h.
Subtração (C) 1h.
Vamos dizer que sabemos que ela chegou em casa as 16h6 mi- (D) 1h 15min.
nutos 25 segundos e saiu de casa às 15h 35 minutos. Quanto tempo (E) 1 1/2h.
ficou fora?
03. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário – VUNESP/2017) Uma
indústria produz regularmente 4500 litros de suco por dia. Sabe-se
que a terça parte da produção diária é distribuída em caixinhas P,
que recebem 300 mililitros de suco cada uma. Nessas condições, é
correto afirmar que a cada cinco dias a indústria utiliza uma quanti-
dade de caixinhas P igual a
(A) 25000.
Não podemos tirar 6 de 35, então emprestamos, da mesma (B) 24500.
forma que conta de subtração. (C) 23000.
1hora=60 minutos (D) 22000.
(E) 20500.

04. (UNIRV/GO – Auxiliar de Laboratório – UNIRVGO/2017)


Uma empresa farmacêutica distribuiu 14400 litros de uma substân-
cia líquida em recipientes de 72 cm3 cada um. Sabe-se que cada
recipiente, depois de cheio, tem 80 gramas. A quantidade de to-
Multiplicação neladas que representa todos os recipientes cheios com essa subs-
Pedro pensou em estudar durante 2h 40 minutos, mas demo- tância é de
rou o dobro disso. Quanto tempo durou o estudo? (A) 16
(B) 160
(C) 1600
(D) 16000

05. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPEGO/2017) João


estuda à noite e sua aula começa às 18h40min. Cada aula tem dura-
ção de 45 minutos, e o intervalo dura 15 minutos. Sabendo-se que
nessa escola há 5 aulas e 1 intervalo diariamente, pode-se afirmar
Divisão que o término das aulas de João se dá às:
5h 20 minutos :2 (A) 22h30min
(B) 22h40min
(C) 22h50min
(D) 23h
(E) Nenhuma das anteriores

1h 20 minutos, transformamos para minutos :60+20=80minutos

37
MATEMÁTICA

06. (IBGE – Agente Censitário Administrativo- FGV/2017)


Quando era jovem, Arquimedes corria 15km em 1h45min. Agora GABARITO
que é idoso, ele caminha 8km em 1h20min.
Para percorrer 1km agora que é idoso, comparado com a épo- 01. Resposta: E.
ca em que era jovem, Arquimedes precisa de mais: 3h 20 minutos-200 minutos
(A) 10 minutos; 5000-----40
(B) 7 minutos; x----------200
(C) 5 minutos; x=1000000/40=25000
(D) 3 minutos;
(E) 2 minutos. Já foram impressos 25000, portanto faltam ainda 75000
4500-------48
07. (IBGE – Agente Censitário Administrativo- FGV/2017) Lu- 75000------x
cas foi de carro para o trabalho em um horário de trânsito intenso e X=3600000/4500=800 minutos
gastou 1h20min. Em um dia sem trânsito intenso, Lucas foi de carro 800/60=13,33h
para o trabalho a uma velocidade média 20km/h maior do que no 13 horas e 1/3 hora
dia de trânsito intenso e gastou 48min. 13h e 20 minutos
A distância, em km, da casa de Lucas até o trabalho é:
(A) 36;
(B) 40;
(C) 48;
(D) 50;
(E) 60.

08. (EMDEC - Assistente Administrativo Jr – IBFC/2016) Carlos 02. Resposta: C.


almoçou em certo dia no horário das 12:45 às 13:12. O total de Como ela ficou 1hora e meia na clínica o trajeto de ida e volta
segundos que representa o tempo que Carlos almoçou nesse dia é: demorou 1 hora.
(A) 1840
(B) 1620 03. Resposta:A.
(C) 1780 4500/3=1500 litros para as caixinhas
(D) 2120 1500litros=1500000ml
1500000/300=5000 caixinhas por dia
09. (ANP – Técnico Administrativo – CESGRANRIO/2016) Um 5000.5=25000 caixinhas em 5 dias
caminhão-tanque chega a um posto de abastecimento com 36.000
litros de gasolina em seu reservatório. Parte dessa gasolina é trans- 04. Resposta:A.
ferida para dois tanques de armazenamento, enchendo-os comple- 14400litros=14400000 ml
tamente. Um desses tanques tem 12,5 m3, e o outro, 15,3 m3, e
estavam, inicialmente, vazios.
Após a transferência, quantos litros de gasolina restaram no
caminhão-tanque? 200000⋅80=16000000 gramas=16 toneladas
(A) 35.722,00 05. Resposta: B.
(B) 8.200,00 5⋅45=225 minutos de aula
(C) 3.577,20 225/60=3 horas 45 minutos nas aulas mais 15 minutos de in-
(D) 357,72 tervalo=4horas
(E) 332,20 18:40+4h=22h:40

10. (DPE/RR – Auxiliar Administrativo – FCC/2015) Raimundo 06. Resposta: D.


tinha duas cordas, uma de 1,7 m e outra de 1,45 m. Ele precisava 1h45min=60+45=105 minutos
de pedaços, dessas cordas, que medissem 40 cm de comprimento 15km-------105
cada um. Ele cortou as duas cordas em pedaços de 40 cm de com- 1--------------x
primento e assim conseguiu obter X=7 minutos
(A) 6 pedaços.
(B) 8 pedaços. 1h20min=60+20=80min
(C) 9 pedaços.
(D) 5 pedaços. 8km----80
(E) 7 pedaços. 1-------x
X=10minutos
A diferença é de 3 minutos

07. Resposta: B.
V------80min
V+20----48
Quanto maior a velocidade, menor o tempo(inversamente)

38
MATEMÁTICA

Ângulo Agudo: É o ângulo, cuja medida é menor do que 90º.

80v=48V+960
32V=960
V=30km/h
30km----60 min
x-----------80

60x=2400
X=40km

08 Resposta: B. Ângulo Obtuso: É o ângulo cuja medida é maior do que 90º.


12:45 até 13:12 são 27 minutos
27x60=1620 segundos

09. Resposta: B.
1m³=1000litros
36000/1000=36 m³
36-12,5-15,3=8,2 m³x1000=8200 litros

10.Resposta: E.
1,7m=170cm Ângulo Raso:
1,45m=145 cm - É o ângulo cuja medida é 180º;
170/40=4 resta 10 - É aquele, cujos lados são semi-retas opostas.
145/40=3 resta 25
4+3=7

NOÇÕES DE GEOMETRIA: FORMA, PERÍMETRO, ÁREA,


VOLUME, ÂNGULO, TEOREMA DE PITÁGORAS. RESO-
LUÇÃO DE SITUAÇÕES-PROBLEMA
Ângulo Reto:
GEOMETRIA PLANA - É o ângulo cuja medida é 90º;
- É aquele cujos lados se apoiam em retas perpendiculares.
Ângulos
Denominamos ângulo a região do plano limitada por duas se-
mirretas de mesma origem. As semirretas recebem o nome de la-
dos do ângulo e a origem delas, de vértice do ângulo.

Triângulo

Elementos

Mediana
Mediana de um triângulo é um segmento de reta que liga um
vértice ao ponto médio do lado oposto.
Na figura, é uma mediana do ABC.
Um triângulo tem três medianas.

39
MATEMÁTICA

Um triângulo tem três mediatrizes.

A bissetriz de um ângulo interno de um triângulo intercepta o


lado oposto

Bissetriz interna de um triângulo é o segmento da bissetriz de


um ângulo do triângulo que liga um vértice a um ponto do lado
Classificação
oposto.
Na figura, é uma bissetriz interna do .
Quanto aos lados
Um triângulo tem três bissetrizes internas.
Triângulo escaleno:três lados desiguais.

Triângulo isósceles: Pelo menos dois lados iguais.

Altura de um triângulo é o segmento que liga um vértice a um


ponto da reta suporte do lado oposto e é perpendicular a esse lado.

Na figura, é uma altura do .

Um triângulo tem três alturas.

Triângulo equilátero: três lados iguais.

Mediatriz de um segmento de reta é a reta perpendicular a


esse segmento pelo seu ponto médio.

Na figura, a reta m é a mediatriz de . Quanto aos ângulos


Triângulo acutângulo:tem os três ângulos agudos

Mediatriz de um triângulo é uma reta do plano do triângulo


que é mediatriz de um dos lados desse triângulo.
Na figura, a reta m é a mediatriz do lado do .

40
MATEMÁTICA

Triângulo retângulo:tem um ângulo reto Áreas

1- Trapézio: , onde B é a medida da base maior, b


é a medida da base menor e h é medida da altura.
2- Paralelogramo: A = b.h, onde b é a medida da base e h é
a medida da altura.
3- Retângulo: A = b.h

4- Losango: , onde D é a medida da diagonal maior e


d é a medida da diagonal menor.
Triângulo obtusângulo: tem um ângulo obtuso 5- Quadrado: A = l2, onde l é a medida do lado.

Polígono
Chama-se polígono a união de segmentos que são chamados
lados do polígono, enquanto os pontos são chamados vértices do
polígono.

Desigualdade entre Lados e ângulos dos triângulos


Num triângulo o comprimento de qualquer lado é menor que
a soma dos outros dois.Em qualquer triângulo, ao maior ângulo
opõe-se o maior lado, e vice-versa.

QUADRILÁTEROS Diagonal de um polígono é um segmento cujas extremidades


Quadrilátero é todo polígono com as seguintes propriedades: são vértices não-consecutivos desse polígono.
- Tem 4 lados.
- Tem 2 diagonais.
- A soma dos ângulos internos Si = 360º
- A soma dos ângulos externos Se = 360º
Trapézio: É todo quadrilátero tem dois paralelos.

Número de Diagonais
- é paralelo a
- Losango: 4 lados congruentes
- Retângulo: 4 ângulos retos (90 graus)
- Quadrado: 4 lados congruentes e 4 ângulos retos.

- Observações: Ângulos Internos


A soma das medidas dos ângulos internos de um polígono con-
- No retângulo e no quadrado as diagonais são congruentes vexo de n lados é (n-2).180
(iguais) Unindo um dos vértices aos outros n-3, convenientemente es-
- No losango e no quadrado as diagonais são perpendiculares colhidos, obteremos n-2 triângulos. A soma das medidas dos ângu-
entre si (formam ângulo de 90°) e são bissetrizes dos ângulos inter- los internos do polígono é igual à soma das medidas dos ângulos
nos (dividem os ângulos ao meio). internos dos n-2 triângulos.

41
MATEMÁTICA

Casos de Semelhança

1º Caso:AA(ângulo-ângulo)
Se dois triângulos têm dois ângulos congruentes de vértices
correspondentes, então esses triângulos são congruentes.

Ângulos Ex
ternos

2º Caso: LAL(lado-ângulo-lado)
Se dois triângulos têm dois lados correspondentes proporcio-
nais e os ângulos compreendidos entre eles congruentes, então es-
ses dois triângulos são semelhantes.
A soma dos ângulos externos=360°

Teorema de Tales
Se um feixe de retas paralelas tem duas transversais, então a
razão de dois segmentos quaisquer de uma transversal é igual à
razão dos segmentos correspondentes da outra.
Dada a figura anterior, O Teorema de Tales afirma que são vá-
lidas as seguintes proporções:

3º Caso: LLL(lado-lado-lado)
Se dois triângulos têm os três lado correspondentes proporcio-
Exemplo nais, então esses dois triângulos são semelhantes.

Semelhança de Triângulos
Dois triângulos são semelhantes se, e somente se, os seus ân-
gulos internos tiverem, respectivamente, as mesmas medidas, e os
lados correspondentes forem proporcionais.

42
MATEMÁTICA

Razões Trigonométricas no Triângulo Retângulo Neste triângulo, temos que: c²=a²+b²


Considerando o triângulo retângulo ABC. Dividindo os membros por c²

Como

Todo triângulo que tem um ângulo reto é denominado trian-


gulo retângulo.
O triângulo ABC é retângulo em A e seus elementos são:

Temos:

a: hipotenusa
b e c: catetos
h:altura relativa à hipotenusa
m e n: projeções ortogonais dos catetos sobre a hipotenusa

Relações Métricas no Triângulo Retângulo


Chamamos relações métricas as relações existentes entre os
diversos segmentos desse triângulo. Assim:

1. O quadrado de um cateto é igual ao produto da hipotenu-


sa pela projeção desse cateto sobre a hipotenusa.

Fórmulas Trigonométricas

Relação Fundamental 2. O produto dos catetos é igual ao produto da hipotenusa


Existe uma outra importante relação entre seno e cosseno de pela altura relativa à hipotenusa.
um ângulo. Considere o triângulo retângulo ABC.

3. O quadrado da altura é igual ao produto das projeções


dos catetos sobre a hipotenusa.

4. O quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados


dos catetos (Teorema de Pitágoras).

Posições Relativas de Duas Retas


Duas retas no espaço podem pertencer a um mesmo plano. Nes-
se caso são chamadas retas coplanares. Podem também não estar
no mesmo plano. Nesse caso, são denominadas retas reversas.

43
MATEMÁTICA

Retas Coplanares Sabendo-se que EF = 36 m e que a área do lote 1 é 864 m², o


a) Concorrentes: r e s têm um único ponto comum perímetro do lote 2 é
(A) 100 m.
(B) 108 m.
(C) 112 m.
(D) 116 m.
(E) 120 m.

02. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Considere um


triângulo retângulo de catetos medindo 3m e 5m. Um segundo
-Duas retas concorrentes podem ser: triângulo retângulo, semelhante ao primeiro, cuja área é o dobro
da área do primeiro, terá como medidas dos catetos, em metros:
1. Perpendiculares: r e s formam ângulo reto. (A) 3 e 10.
(B) 3√2 e 5√2 .
2. Oblíquas:r e s não são perpendiculares. (C) 3√2 e 10√2 .
(D)5 e 6.
(E) 6 e 10.

03. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Na figura abai-


xo, encontra-se representada uma cinta esticada passando em tor-
no de três discos de mesmo diâmetro e tangentes entre si.

b) Paralelas: r e s não têm ponto comum ou r e s são coinci-


dentes.

Considerando que o diâmetro de cada disco é 8, o comprimen-


to da cinta acima representada é
(A) 8/3 π + 8 .
(B) 8/3 π + 24.
(C) 8π + 8 .
(D) 8π + 24.
(E) 16π + 24.

04. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Na figura abai-


xo, ABCD é um quadrado de lado 10; E, F, G e H são pontos médios
EXERCÍCIOS dos lados do quadrado ABCD e são os centros de quatro círculos
tangentes entre si.
01. (IPRESB/SP - Analista de Processos Previdenciários- VU-
NESP/2017) Um terreno retangular ABCD, com 40 m de largura por
60 m de comprimento, foi dividido em três lotes, conforme mostra
a figura.

44
MATEMÁTICA

A área da região sombreada, da figura acima apresentada, é Sabendo-se que a razão entre as medidas dos lados correspon-
(A)100 - 5π . dentes do retângulo ABCD e da região R é igual a 5/2 , é correto
(B) 100 - 10π . afirmar que as medidas, em centímetros, dos lados da região R, in-
(C) 100 - 15π . dicadas por x e y na figura, são, respectivamente,
(D)100 - 20π . (A) 80 e 64.
(E)100 - 25π . (B) 80 e 62.
(C) 62 e 80.
05. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) No cubo de ares- (D) 60 e 80.
ta 10, da figura abaixo, encontra-se representado um plano passan- (E) 60 e 78.
do pelos vértices B e C e pelos pontos P e Q, pontos médios, respecti-
vamente, das arestas EF e HG, gerando o quadrilátero BCQP. 08. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário – VUNESP/2017) O
piso de um salão retangular, de 6 m de comprimento, foi totalmen-
te coberto por 108 placas quadradas de porcelanato, todas inteiras.
Sabe-se que quatro placas desse porcelanato cobrem exatamente
1 m2 de piso. Nessas condições, é correto afirmar que o perímetro
desse piso é, em metros, igual a
(A) 20.
(B) 21.
(C) 24.
(D) 27.
(E) 30.

A área do quadrilátero BCQP, da figura acima, é 09. (IBGE – Agente Censitário Municipal e Supervisor –
FGV/2017) O proprietário de um terreno retangular resolveu cer-
(A) 25√5. cá-lo e, para isso, comprou 26 estacas de madeira. Colocou uma
(B) 50√2. estaca em cada um dos quatro cantos do terreno e as demais igual-
(C) 50√5. mente espaçadas, de 3 em 3 metros, ao longo dos quatro lados do
(D)100√2 . terreno.
(E) 100√5. O número de estacas em cada um dos lados maiores do terreno,
incluindo os dois dos cantos, é o dobro do número de estacas em
06. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária - MSCON- cada um dos lados menores, também incluindo os dois dos cantos.
CURSOS/2017) O triângulo retângulo em B, a seguir, de vértices A,
B e C, representa uma praça de uma cidade. Qual é a área dessa A área do terreno em metros quadrados é:
praça? (A) 240;
(B) 256;
(C) 324;
(D) 330;
(E) 372.

10. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário- VUNESP/2017) A fi-


gura seguinte, cujas dimensões estão indicadas em metros, mostra
as regiões R1 e R2 , ambas com formato de triângulos retângulos,
(A) 120 m² situadas em uma praça e destinadas a atividades de recreação in-
(B)90 m² fantil para faixas etárias distintas.
(C) 60 m²
(D) 30 m²

07. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário – VUNESP/2017) A


figura, com dimensões indicadas em centímetros, mostra um pai-
nel informativo ABCD, de formato retangular, no qual se destaca a
região retangular R, onde x > y.

Se a área de R1 é 54 m², então o perímetro de R2 é, em metros,


igual a
(A) 54.
(B) 48.
(C) 36.
(D) 40.
(E) 42.

45
MATEMÁTICA

11. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária – MSCON- 02. Resposta: B.


CURSOS/2017)

Seja a expressão definida em 0< x <


π/2 . Ao simplificá-la, obteremos:
(A) 1
(B) sen²x
(C)cos²x
(D)0

12. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária – MSCON-


CURSOS/2017) Fábio precisa comprar arame para cercar um ter-
reno no formato a seguir, retângulo em B e C. Considerando que
ele dará duas voltas com o arame no terreno e que não terá per-
das, quantos metros ele irá gastar? (considere √3 =1,7; sen30º=0,5;
cos30º=0,85; tg30º=0,57). Lado=3√2
Outro lado =5√2

03. Resposta: D.

Observe o triângulo do meio, cada lado é exatamente a mesma


medida da parte reta da cinta.

(A) 64,2 m Que é igual a 2 raios, ou um diâmetro, portanto o lado esticado


(B) 46,2 m tem 8x3=24 m
(C)92,4 m A parte do círculo é igual a 120°, pois é 1/3 do círculo, como são
(D) 128,4 m três partes, é a mesma medida de um círculo.
O comprimento do círculo é dado por: 2πr=8π
GABARITO Portanto, a cinta tem 8π+24

04. Resposta: E.
01. Resposta: D. Como o quadrado tem lado 10,a área é 100.

O ladao AF e AE medem 5, cada um, pois F e E é o ponto Médio


X²=5²+5²
X²=25+25
X²=50
X=5√2
X é o diâmetro do círculo, como temos 4 semi círculos, temos
96h=1728 2 círculos inteiros.
H=18
Como I é um triângulo: A área de um círculo é
60-36=24
X²=24²+18²
X²=576+324
X²=900
X=30
Como h=18 e AD é 40, EG=22
Perímetro lote 2: 40+22+24+30=116 A sombreada=100-25π

46
MATEMÁTICA

05. Resposta: C. 10. Resposta: B.


CQ é hipotenusa do triângulo GQC.
01. CQ²=10²+5²
CQ²=100+25
CQ²=125
CQ=5√5
A área do quadrilátero seria CQ⋅BC
A=5√5⋅10=50√5
9x=108
06. Resposta: C X=12
Para saber a área, primeiro precisamos descobrir o x. Para encontrar o perímetro do triângulo R2:

17²=x²+8²
289=x²+64
X²=225
X=15

07. Resposta: A.

5y=320
Y=64 Y²=16²+12²
Y²=256+144=400
Y=20

5x=400 Perímetro: 16+12+20=48


X=80
11. Resposta: C.

1-cos²x=sen²x
08. Resposta: B.
108/4=27m²
6x=27
X=27/6
O perímetro seria 12. Resposta: D.

09. Resposta: C.
Número de estacas: x
X+x+2x+2x-4=26 obs: -4 é porque estamos contando duas ve-
zes o canto
6x=30
X=5
Temos 5 estacas no lado menor, como são espaçadas a cada 3m
4 espaços de 3m=12m X=6
Lado maior 10 estacas
9 espaços de 3 metros=27m
A=12⋅27=324 m²

Y=10,2
2 voltas=2(12+18+10,2+6+18)=128,4m

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MATEMÁTICA

ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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INFORMÁTICA
1. MS-Windows 10: conceito de pastas, diretórios, arquivos e atalhos, área de trabalho, área de transferência, manipulação de arquivos
e pastas, uso dos menus, programas e aplicativos, interação com o conjunto de aplicativos MS-Office 2016 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. MS-Word 2016: estrutura básica dos documentos, edição e formatação de textos, cabeçalhos, parágrafos, fontes, colunas, marcadores
simbólicos e numéricos, tabelas, impressão, controle de quebras e numeração de páginas, legendas, índices, inserção de objetos,
campos predefinidos, caixas de texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
3. MS-Excel 2016: estrutura básica das planilhas, conceitos de células, linhas, colunas, pastas e gráficos, elaboração de tabelas e gráficos,
uso de fórmulas, funções e macros, impressão, inserção de objetos, campos predefinidos, controle de quebras e numeração de
páginas, obtenção de dados externos, classificação de dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
4. Correio Eletrônico: uso de correio eletrônico, preparo e envio de mensagens, anexação de arquivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
5. Internet: navegação internet, conceitos de URL, links, sites, busca e impressão de páginas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
INFORMÁTICA

MS-WINDOWS 10: CONCEITO DE PASTAS, DIRETÓRIOS, ARQUIVOS E ATALHOS, ÁREA DE TRABALHO, ÁREA DE TRANS-
FERÊNCIA, MANIPULAÇÃO DE ARQUIVOS E PASTAS, USO DOS MENUS, PROGRAMAS E APLICATIVOS, INTERAÇÃO
COM O CONJUNTO DE APLICATIVOS MS-OFFICE 2016

Lançado em 2015, O Windows 10 chega ao mercado com a proposta ousada, juntar todos os produtos da Microsoft em uma única
plataforma. Além de desktops e notebooks, essa nova versão equipará smartphones, tablets, sistemas embarcados, o console Xbox One
e produtos exclusivos, como o Surface Hub e os óculos de realidade aumentada HoloLens1.

Versões do Windows 10

– Windows 10 Home: edição do sistema operacional voltada para os consumidores domésticos que utilizam PCs (desktop e note-
book), tablets e os dispositivos “2 em 1”.
– Windows 10 Pro: o Windows 10 Pro também é voltado para PCs (desktop e notebook), tablets e dispositivos “2 em 1”, mas traz
algumas funcionalidades extras em relação ao Windows 10 Home, os quais fazem com que essa edição seja ideal para uso em pequenas
empresas, apresentando recursos para segurança digital, suporte remoto, produtividade e uso de sistemas baseados na nuvem.
– Windows 10 Enterprise: construído sobre o Windows 10 Pro, o Windows 10 Enterprise é voltado para o mercado corporativo. Os
alvos dessa edição são as empresas de médio e grande porte, e o Sistema apresenta capacidades que focam especialmente em tecnologias
desenvolvidas no campo da segurança digital e produtividade.
– Windows 10 Education: Construída a partir do Windows 10 Enterprise, essa edição foi desenvolvida para atender as necessidades
do meio escolar.
– Windows 10 Mobile: o Windows 10 Mobile é voltado para os dispositivos de tela pequena cujo uso é centrado no touchscreen,
como smartphones e tablets
– Windows 10 Mobile Enterprise: também voltado para smartphones e pequenos tablets, o Windows 10 Mobile Enterprise tem como
objetivo entregar a melhor experiência para os consumidores que usam esses dispositivos para trabalho.
– Windows 10 IoT: edição para dispositivos como caixas eletrônicos, terminais de autoatendimento, máquinas de atendimento para
o varejo e robôs industriais – todas baseadas no Windows 10 Enterprise e Windows 10 Mobile Enterprise.
– Windows 10 S: edição otimizada em termos de segurança e desempenho, funcionando exclusivamente com aplicações da Loja
Microsoft.
– Windows 10 Pro – Workstation: como o nome sugere, o Windows 10 Pro for Workstations é voltado principalmente para uso pro-
fissional mais avançado em máquinas poderosas com vários processadores e grande quantidade de RAM.

Área de Trabalho (pacote aero)


Aero é o nome dado a recursos e efeitos visuais introduzidos no Windows a partir da versão 7.

Área de Trabalho do Windows 10.2

1 https://estudioaulas.com.br/img/ArquivosCurso/materialDemo/SlideDemo-4147.pdf
2 https://edu.gcfglobal.org/pt/tudo-sobre-o-windows-10/sobre-a-area-de-trabalho-do-windows-10/1/

1
INFORMÁTICA
Aero Glass (Efeito Vidro)
Recurso que deixa janelas, barras e menus transparentes, parecendo um vidro.

Efeito Aero Glass.3

Aero Flip (Alt+Tab)


Permite a alternância das janelas na área de trabalho, organizando-as de acordo com a preferência de uso.

Efeito Aero Flip.

3 https://www.tecmundo.com.br/windows-10/64159-efeito-aero-glass-lancado-mod-windows-10.htm

2
INFORMÁTICA
Aero Shake (Win+Home)
Ferramenta útil para quem usa o computador com multitarefas. Ao trabalhar com várias janelas abertas, basta “sacudir” a janela
ativa, clicando na sua barra de título, que todas as outras serão minimizadas, poupando tempo e trabalho. E, simplesmente, basta sacudir
novamente e todas as janelas serão restauradas.

Efeito Aero Shake (Win+Home)

Aero Snap (Win + Setas de direção do teclado)


Recurso que permite melhor gerenciamento e organização das janelas abertas.
Basta arrastar uma janela para o topo da tela e a mesma é maximizada, ou arrastando para uma das laterais a janela é dividida de
modo a ocupar metade do monitor.

Efeito Aero Snap.

3
INFORMÁTICA
Aero Peek (Win+Vírgula – Transparência / Win+D – Minimizar Tudo)
O Aero Peek (ou “Espiar área de trabalho”) permite que o usuário possa ver rapidamente o desktop. O recurso pode ser útil quando
você precisar ver algo na área de trabalho, mas a tela está cheia de janelas abertas. Ao usar o Aero Peek, o usuário consegue ver o que
precisa, sem precisar fechar ou minimizar qualquer janela. Recurso pode ser acessado por meio do botão Mostrar área de trabalho (parte
inferior direita do Desktop). Ao posicionar o mouse sobre o referido botão, as janelas ficam com um aspecto transparente. Ao clicar sobre
ele, as janelas serão minimizadas.

Efeito Aero Peek.

Menu Iniciar
Algo que deixou descontente grande parte dos usuários do Windows 8 foi o sumiço do Menu Iniciar.
O novo Windows veio com a missão de retornar com o Menu Iniciar, o que aconteceu de fato. Ele é dividido em duas partes: na direita,
temos o padrão já visto nos Windows anteriores, como XP, Vista e 7, com a organização em lista dos programas. Já na direita temos uma
versão compacta da Modern UI, lembrando muito os azulejos do Windows Phone 8.

4
INFORMÁTICA
Menu Iniciar no Windows 10.4
Nova Central de Ações
A Central de Ações é a nova central de notificações do Windows 10. Ele funciona de forma similar à Central de Ações das versões
anteriores e também oferece acesso rápido a recursos como modo Tablet, Bloqueio de Rotação, Luz noturna e VPN.

Central de ações do Windows 10.5

Paint 3D
O novo App de desenhos tem recursos mais avançados, especialmente para criar objetos em três dimensões. As ferramentas antigas
de formas, linhas e pintura ainda estão lá, mas o design mudou e há uma seleção extensa de funções que prometem deixar o programa
mais versátil.
Para abrir o Paint 3D clique no botão Iniciar ou procure por Paint 3D na caixa de pesquisa na barra de tarefas.

Paint 3D.

Cortana
Cortana é um/a assistente virtual inteligente do sistema operacional Windows 10.
Além de estar integrada com o próprio sistema operacional, a Cortana poderá atuar em alguns aplicativos específicos. Esse é o caso
do Microsoft Edge, o navegador padrão do Windows 10, que vai trazer a assistente pessoal como uma de suas funcionalidades nativas. O
assistente pessoal inteligente que entende quem você é, onde você está e o que está fazendo. O Cortana pode ajudar quando for solicita-
do, por meio de informações-chave, sugestões e até mesmo executá-las para você com as devidas permissões.
Para abrir a Cortana selecionando a opção na Barra de Tarefas. Podendo teclar ou falar o
tema que deseja.

4 https://pplware.sapo.pt/microsoft/windows/windows-10-5-dicas-usar-melhor-menu-iniciar
5 Fonte: https://support.microsoft.com/pt-br/help/4026791/windows-how-to-open-action-center

5
INFORMÁTICA

Cortana no Windows 10.6

Microsot Edge
O novo navegador do Windows 10 veio para substituir o Internet Explorer como o browser-padrão do sistema operacional da Mi-
crosoft. O programa tem como características a leveza, a rapidez e o layout baseado em padrões da web, além da remoção de suporte a
tecnologias antigas, como o ActiveX e o Browser Helper Objects.
Dos destaques, podemos mencionar a integração com serviços da Microsoft, como a assistente de voz Cortana e o serviço de arma-
zenamento na nuvem OneDrive, além do suporte a ferramentas de anotação e modo de leitura.
O Microsoft Edge é o primeiro navegador que permite fazer anotações, escrever, rabiscar e realçar diretamente em páginas da Web.
Use a lista de leitura para salvar seus artigos favoritos para mais tarde e lê-los no modo de leitura . Focalize guias abertas para
visualizá-las e leve seus favoritos e sua lista de leitura com você quando usar o Microsoft Edge em outro dispositivo.
O Internet Explorer 11, ainda vem como acessório do Windows 10. Devendo ser descontinuado nas próximas atualizações.
Para abrir o Edge clique no botão Iniciar , Microsoft Edge ou clique no ícone na barra de tarefas.

Microsoft Edge no Windows 10.

Windows Hello
O Windows Hello funciona com uma tecnologia de credencial chamada Microsoft Passport, mais fácil, mais prática e mais segura do
que usar uma senha, porque ela usa autenticação biométrica. O usuário faz logon usando face, íris, impressão digital, PIN, bluetooth do
celular e senha com imagem.
Para acessar o Windows Hello, clique no botão , selecione Configurações > Contas > Opções de entrada. Ou procure por
Hello ou Configurações de entrada na barra de pesquisa.
6 https://www.tecmundo.com.br/cortana/76638-cortana-ganhar-novo-visual-windows-10-rumor.htm

6
INFORMÁTICA

Windows Hello.

Bibliotecas
As Bibliotecas são um recurso do Windows 10 que permite a exibição consolidada de arquivos relacionados em um só local. Você pode
pesquisar nas Bibliotecas para localizar os arquivos certos rapidamente, até mesmo quando esses arquivos estão em pastas, unidades ou em
sistemas diferentes (quando as pastas são indexadas nos sistemas remotos ou armazenadas em cache localmente com Arquivos Offline).

Tela Bibliotecas no Windows 10.7

7 https://agorafunciona.wordpress.com/2017/02/12/como-remover-as-pastas-imagens-da-camera-e-imagens-salvas

7
INFORMÁTICA
One Drive
O OneDrive é serviço um de armazenamento e compartilhamento de arquivos da Microsoft. Com o Microsoft OneDrive você pode
acessar seus arquivos em qualquer lugar e em qualquer dispositivo.
O OneDrive é um armazenamento on-line gratuito que vem com a sua conta da Microsoft. É como um disco rígido extra que está
disponível para todos os dispositivos que você usar.

OneDivre.8

Manipulação de Arquivos
É um conjunto de informações nomeadas, armazenadas e organizadas em uma mídia de armazenamento de dados. O arquivo está
disponível para um ou mais programas de computador, sendo essa relação estabelecida pelo tipo de arquivo, identificado pela extensão
recebida no ato de sua criação ou alteração.
Há arquivos de vários tipos, identificáveis por um nome, seguido de um ponto e um sufixo com três (DOC, XLS, PPT) ou quatro letras
(DOCX, XLSX), denominado extensão. Assim, cada arquivo recebe uma denominação do tipo arquivo.extensão. Os tipos mais comuns são
arquivos de programas (executavel.exe), de texto (texto.docx), de imagens (imagem.bmp, eu.jpg), planilhas eletrônicas (tabela.xlsx) e
apresentações (monografia.pptx).

Pasta
As pastas ou diretórios: não contém informação propriamente dita e sim arquivos ou mais pastas. A função de uma pasta é organizar
tudo o que está dentro das unidades.
O Windows utiliza as pastas do computador para agrupar documentos, imagens, músicas, aplicações, e todos os demais tipos de
arquivos existentes.
Para visualizar a estrutura de pastas do disco rígido, bem como os arquivos nela armazenados, utiliza-se o Explorador de Arquivos.

Manipulação de arquivos e/ou pastas (Recortar/Copiar/Colar)


Existem diversas maneiras de manipular arquivos e/ou pastas.
1. Através dos botões RECORTAR, COPIAR E COLAR. (Mostrados na imagem acima – Explorador de arquivos).
2. Botão direito do mouse.
3. Selecionando e arrastando com o uso do mouse (Atenção com a letra da unidade e origem e destino).

8 Fonte: https://tecnoblog.net/286284/como-alterar-o-local-da-pasta-do-onedrive-no-windows-10

8
INFORMÁTICA

Central de Segurança do Windows Defender


A Central de Segurança do Windows Defender fornece a área de proteção contra vírus e ameaças.
Para acessar a Central de Segurança do Windows Defender, clique no botão , selecione Configurações > Atualização e segu-
rança > Windows Defender. Ou procure por Windows Defender na barra de pesquisa.

Windows Defender.9

Lixeira
A Lixeira armazena temporariamente arquivos e/ou pastas excluídos das unidades internas do computador (c:\).
Para enviar arquivo para a lixeira:
- Seleciona-lo e pressionar a tecla DEL.
- Arrasta-lo para a lixeira.
- Botão direito do mouse sobre o arquivo, opção excluir.
- Seleciona-lo e pressionar CTRL+D.

Arquivos apagados permanentemente:


- Arquivos de unidades de rede.
- Arquivos de unidades removíveis (pen drive, ssd card...).
- Arquivos maiores do que a lixeira. (Tamanho da lixeira é mostrado em MB (megabytes) e pode variar de acordo com o tamanho do
HD (disco rígido) do computador).
- Deletar pressionando a tecla SHIFT.
- Desabilitar a lixeira (Propriedades).
9 Fonte: https://answers.microsoft.com/pt-br/protect/forum/all/central-de-seguran%C3%A7a-do-windows-defender/9ae1b77e-de7c-4ee7-b90f-
-4bf76ad529b1

9
INFORMÁTICA

Para acessar a Lixeira, clique no ícone correspondente na MS-OFFICE 2016, MS-WORD 2016: ESTRUTURA BÁSICA
área de trabalho do Windows 10. DOS DOCUMENTOS, EDIÇÃO E FORMATAÇÃO DE TEX-
TOS, CABEÇALHOS, PARÁGRAFOS, FONTES, COLUNAS,
Outros Acessórios do Windows 10 MARCADORES SIMBÓLICOS E NUMÉRICOS, TABELAS,
IMPRESSÃO, CONTROLE DE QUEBRAS E NUMERAÇÃO
Existem outros, outros poderão ser lançados e incrementados, DE PÁGINAS, LEGENDAS, ÍNDICES, INSERÇÃO DE OBJE-
mas os relacionados a seguir são os mais populares: TOS, CAMPOS PREDEFINIDOS, CAIXAS DE TEXTO
– Alarmes e relógio.
– Assistência Rápida.
– Bloco de Notas. Essa versão de edição de textos vem com novas ferramentas e
– Calculadora. novos recursos para que o usuário crie, edite e compartilhe docu-
– Calendário. mentos de maneira fácil e prática10.
– Clima. O Word 2016 está com um visual moderno, mas ao mesmo
– E-mail. tempo simples e prático, possui muitas melhorias, modelos de do-
– Facilidade de acesso (ferramenta destinada a deficientes fí- cumentos e estilos de formatações predefinidos para agilizar e dar
sicos). um toque de requinte aos trabalhos desenvolvidos. Trouxe pou-
– Ferramenta de Captura. quíssimas novidades, seguiu as tendências atuais da computação,
– Gravador de passos. permitindo o compartilhamento de documentos e possuindo inte-
– Internet Explorer. gração direta com vários outros serviços da web, como Facebook,
– Mapas. Flickr, Youtube, Onedrive, Twitter, entre outros.
– Mapa de Caracteres.
– Paint. Novidades no Word 2016
– Windows Explorer. – Diga-me o que você deseja fazer: facilita a localização e a
– WordPad. realização das tarefas de forma intuitiva, essa nova versão possui
– Xbox. a caixa Diga-me o que deseja fazer, onde é possível digitar um ter-
mo ou palavra correspondente a ferramenta ou configurações que
Principais teclas de atalho procurar.
CTRL + F4: fechar o documento ativo.
CTRL + R ou F5: atualizar a janela.
CTRL + Y: refazer.
CTRL + ESC: abrir o menu iniciar.
CTRL + SHIFT + ESC: gerenciador de tarefas.
WIN + A: central de ações.
WIN + C: cortana.
WIN + E: explorador de arquivos.
WIN + H: compartilhar.
WIN + I: configurações.
WIN + L: bloquear/trocar conta.
WIN + M: minimizar as janelas.
WIN + R: executar.
WIN + S: pesquisar.
WIN + “,”: aero peek.
WIN + SHIFT + M: restaurar as janelas.
WIN + TAB: task view (visão de tarefas).
WIN + HOME: aero shake.
ALT + TAB: alternar entre janelas.
WIN + X: menu de acesso rápido. – Trabalhando em grupo, em tempo real: permite que vários
F1: ajuda. usuários trabalhem no mesmo documento de forma simultânea.

10 http://www.popescolas.com.br/eb/info/word.pdf

10
INFORMÁTICA
Ao armazenar um documento on-line no OneDrive ou no SharePoint e compartilhá-lo com colegas que usam o Word 2016 ou Word
On-line, vocês podem ver as alterações uns dos outros no documento durante a edição. Após salvar o documento on-line, clique em Com-
partilhar para gerar um link ou enviar um convite por e-mail. Quando seus colegas abrem o documento e concordam em compartilhar
automaticamente as alterações, você vê o trabalho em tempo real.

– Pesquisa inteligente: integra o Bing, serviço de buscas da Microsoft, ao Word 2016. Ao clicar com o botão do mouse sobre qualquer
palavra do texto e no menu exibido, clique sobre a função Pesquisa Inteligente, um painel é exibido ao lado esquerdo da tela do programa
e lista todas as entradas na internet relacionadas com a palavra digitada.
– Equações à tinta: se utilizar um dispositivo com tela sensível ao toque é possível desenhar equações matemáticas, utilizando o dedo
ou uma caneta de toque, e o programa será capaz de reconhecer e incluir a fórmula ou equação ao documento.

– Histórico de versões melhorado: vá até Arquivo > Histórico para conferir uma lista completa de alterações feitas a um documento
e para acessar versões anteriores.
– Compartilhamento mais simples: clique em Compartilhar para compartilhar seu documento com outras pessoas no SharePoint, no
OneDrive ou no OneDrive for Business ou para enviar um PDF ou uma cópia como um anexo de e-mail diretamente do Word.

– Formatação de formas mais rápida: quando você insere formas da Galeria de Formas, é possível escolher entre uma coleção de
preenchimentos predefinidos e cores de tema para aplicar rapidamente o visual desejado.
– Guia Layout: o nome da Guia Layout da Página na versão 2010/2013 do Microsoft Word mudou para apenas Layout11.

11 CARVALHO, D. e COSTA, Renato. Livro Eletrônico.

11
INFORMÁTICA
Interface Gráfica

Guia de Início Rápido.12

Ao clicar em Documento em branco surgirá a tela principal do Word 201613.

Área de trabalho do Word 2016.

Barra de Ferramentas de Acesso Rápido


Permite adicionar atalhos, de funções comumente utilizadas no trabalho com documentos que podem ser personalizados de acordo
com a necessidade do usuário.

12 Fonte: https://www.udesc.br/arquivos/udesc/id_cpmenu/5297/Guia_de_Inicio_Rapido___Word_2016_14952206861576.pdf
13 Melo, F. INFORMÁTICA. MS-Word 2016.

12
INFORMÁTICA

Faixa de Opções
Faixa de Opções é o local onde estão os principais comandos do Word, todas organizadas em grupos e distribuídas por meio de guias,
que permitem fácil localização e acesso. As faixas de Opções são separadas por nove guias: Arquivos; Página Inicial, Inserir, Design, Layout,
Referências, Correspondências, Revisão e Exibir.

– Arquivos: possui diversas funcionalidades, dentre algumas:


– Novo: abrir um Novo documento ou um modelo (.dotx) pré-formatado.
– Abrir: opções para abrir documentos já salvos tanto no computador como no sistema de armazenamento em nuvem da Microsoft,
One Drive. Além de exibir um histórico dos últimos arquivos abertos.
– Salvar/Salvar como: a primeira vez que irá salvar o documento as duas opções levam ao mesmo lugar. Apenas a partir da segunda
vez em diante que o Salvar apenas atualiza o documento e o Salvar como exibe a janela abaixo. Contém os locais onde serão armazenados
os arquivos. Opções locais como na nuvem (OneDrive).
– Imprimir: opções de impressão do documento em edição. Desde a opção da impressora até as páginas desejadas. O usuário tanto
pode imprimir páginas sequenciais como páginas alternadas.

– Página Inicial: possui ferramentas básicas para formatação de texto, como tamanho e cor da fonte, estilos de marcador, alinhamen-
to de texto, entre outras.

13
INFORMÁTICA

Grupo Área de Transferência


Para acessá-la basta clicar no pequeno ícone de uma setinha para baixo no canto inferior direito, logo à frente de Área de Transfe-
rência.
Colar (CTRL + V): cola um item (pode ser uma letra, palavra, imagem) copiado ou recortado.
Recortar (CTRL + X): recorta um item (pode ser uma letra, palavra, imagem) armazenando-o temporariamente na Área de Transfe-
rência para em seguida ser colado no local desejado.
Copiar (CTRL+C): copia o item selecionado (cria uma cópia na Área de Transferência).
Pincel de Formatação (CTRL+SHIFT+C / CTRL+SHIFT+V): esse recurso (principalmente o ícone) cai em vários concursos. Ele permite
copiar a formatação de um item e aplicar em outro.

Grupo Fonte

Fonte: permite que selecionar uma fonte, ou seja, um tipo de letra a ser exibido em seu texto. Em cada texto
pode haver mais de um tipo de fontes diferentes.

Tamanho da fonte: é o tamanho da letra do texto. Permite escolher entre diferentes tamanhos de fonte na lista
ou que digite um tamanho manualmente.

Negrito: aplica o formato negrito (escuro) ao texto selecionado. Se o cursor estiver sobre uma palavra, ela ficará
toda em negrito. Se a seleção ou a palavra já estiver em negrito, a formatação será removida.

Itálico: aplica o formato itálico (deitado) ao texto selecionado. Se o cursor estiver sobre uma palavra, ela ficará
toda em itálico. Se a seleção ou palavra já estiver em itálico, a formatação será removida.

Sublinhado: sublinha, ou seja, insere ou remove uma linha embaixo do texto selecionado. Se o cursor não está
em uma palavra, o novo texto inserido será sublinhado.

Tachado: risca uma linha, uma palavra ou apenas uma letra no texto selecionado ou, se o cursor somente estiver
sobre uma palavra, esta palavra ficará riscada.

Subscrito: coloca a palavra abaixo das demais.

Sobrescrito: coloca a palavra acima das demais.

Cor do realce do texto: aplica um destaque colorido sobre a palavra, assim como uma caneta marca texto.

Cor da fonte: permite alterar a cor da fonte (letra).

Grupo Parágrafo

14
INFORMÁTICA

Marcadores: permite criar uma lista com diferentes marcadores.

Numeração: permite criar uma lista numerada.

Lista de vários itens: permite criar uma lista numerada em níveis.

Diminuir Recuo: diminui o recuo do parágrafo em relação à margem esquerda.

Aumentar Recuo: aumenta o recuo do parágrafo em relação à margem esquerda.

Classificar: organiza a seleção atual em ordem alfabética ou numérica.

Mostrar tudo: mostra marcas de parágrafos e outros símbolos de formatação ocultos.

Alinhar a esquerda: alinha o conteúdo com a margem esquerda.

Centralizar: centraliza seu conteúdo na página.

Alinhar à direita: alinha o conteúdo à margem direita.

Justificar: distribui o texto uniformemente entre as margens esquerda e direita.

Espaçamento de linha e parágrafo: escolhe o espaçamento entre as linhas do texto ou entre parágrafos.

Sombreamento: aplica uma cor de fundo no parágrafo onde o cursor está posicionado.

Bordas: permite aplicar ou retirar bordas no trecho selecionado.

Grupo Estilo
Possui vários estilos pré-definidos que permite salvar configurações relativas ao tamanho e cor da fonte, espaçamento entre linhas
do parágrafo.

15
INFORMÁTICA
Grupo Edição

CTRL+L: ao clicar nesse ícone é aberta a janela lateral, denominada navegação, onde é possível localizar
um uma palavra ou trecho dentro do texto.
CTRL+U: pesquisa no documento a palavra ou parte do texto que você quer mudar e o substitui por
outro de seu desejo.

Seleciona o texto ou objetos no documento.

Inserir: a guia inserir permite a inclusão de elementos ao texto, como: imagens, gráficos, formas, configurações de quebra de página,
equações, entre outras.

Adiciona uma folha inicial em seu documento, parecido como uma capa.

Adiciona uma página em branco em qualquer lugar de seu documento.

Uma seção divide um documento em partes determinadas pelo usuário para que sejam aplicados dife-
rentes estilos de formatação na mesma ou facilitar a numeração das páginas dentro dela.

Permite inserir uma tabela, uma planilha do Excel, desenhar uma tabela, tabelas rápidas ou converter o texto em tabela
e vice-versa.

Design: esta guia agrupa todos os estilos e formatações disponíveis para aplicar ao layout do documento.

Layout: a guia layout define configurações características ao formato da página, como tamanho, orientação, recuo, entre outras.

Referências: é utilizada para configurações de itens como sumário, notas de rodapé, legendas entre outros itens relacionados a iden-
tificação de conteúdo.

16
INFORMÁTICA
Correspondências: possui configuração para edição de cartas, mala direta, envelopes e etiquetas.

Revisão: agrupa ferramentas úteis para realização de revisão de conteúdo do texto, como ortografia e gramática, dicionário de sinô-
nimos, entre outras.

Exibir: altera as configurações de exibição do documento.

Formatos de arquivos
Veja abaixo alguns formatos de arquivos suportados pelo Word 2016:
.docx: formato xml.
.doc: formato da versão 2003 e anteriores.
.docm: formato que contém macro (vba).
.dot: formato de modelo (carta, currículo...) de documento da versão 2003 e anteriores.
.dotx: formato de modelo (carta, currículo...) com o padrão xml.
.odt: formato de arquivo do Libre Office Writer.
.rtf: formato de arquivos do WordPad.
.xml: formato de arquivos para Web.
.html: formato de arquivos para Web.
.pdf: arquivos portáteis.

MS-EXCEL 2016: ESTRUTURA BÁSICA DAS PLANILHAS, CONCEITOS DE CÉLULAS, LINHAS, COLUNAS, PASTAS E GRÁ-
FICOS, ELABORAÇÃO DE TABELAS E GRÁFICOS, USO DE FÓRMULAS, FUNÇÕES E MACROS, IMPRESSÃO, INSERÇÃO
DE OBJETOS, CAMPOS PREDEFINIDOS, CONTROLE DE QUEBRAS E NUMERAÇÃO DE PÁGINAS, OBTENÇÃO DE DADOS
EXTERNOS, CLASSIFICAÇÃO DE DADOS

O Microsoft Excel 2016 é um software para criação e manutenção de Planilhas Eletrônicas.


A grande mudança de interface do aplicativo ocorreu a partir do Excel 2007 (e de todos os aplicativos do Office 2007 em relação as
versões anteriores). A interface do Excel, a partir da versão 2007, é muito diferente em relação as versões anteriores (até o Excel 2003). O
Excel 2016 introduziu novas mudanças, para corrigir problemas e inconsistências relatadas pelos usuários do Excel 2010 e 2013.
Na versão 2016, temos uma maior quantidade de linhas e colunas, sendo um total de 1.048.576 linhas por 16.384 colunas.
O Excel 2016 manteve as funcionalidades e recursos que já estamos acostumados, além de implementar alguns novos, como14:
- 6 tipos novos de gráficos: Cascata, Gráfico Estatístico, Histograma, Pareto e Caixa e Caixa Estreita.
- Pesquise, encontra e reúna os dados necessários em um único local utilizando “Obter e Transformar Dados” (nas versões anteriores
era Power Query disponível como suplemento.
- Utilize Mapas 3D (em versões anteriores com Power Map disponível como suplemento) para mostrar histórias junto com seus dados.

14 https://ninjadoexcel.com.br/microsoft-excel-2016/

17
INFORMÁTICA
Especificamente sobre o Excel 2016, seu diferencial é a criação e edição de planilhas a partir de dispositivos móveis de forma mais fácil
e intuitivo, vendo que atualmente, os usuários ainda não utilizam de forma intensa o Excel em dispositivos móveis.

Tela Inicial do Excel 2016.

Ao abrir uma planilha em branco ou uma planilha, é exibida a área de trabalho do Excel 2016 com todas as ferramentas necessárias
para criar e editar planilhas15.

15 https://juliobattisti.com.br/downloads/livros/excel_2016_basint_degusta.pdf

18
INFORMÁTICA
As cinco principais funções do Excel são16:
– Planilhas: Você pode armazenar manipular, calcular e analisar dados tais como números, textos e fórmulas. Pode acrescentar grá-
fico diretamente em sua planilha, elementos gráficos, tais como retângulos, linhas, caixas de texto e botões. É possível utilizar formatos
pré-definidos em tabelas.
– Bancos de dados: você pode classificar pesquisar e administrar facilmente uma grande quantidade de informações utilizando ope-
rações de bancos de dados padronizadas.
– Gráficos: você pode rapidamente apresentar de forma visual seus dados. Além de escolher tipos pré-definidos de gráficos, você
pode personalizar qualquer gráfico da maneira desejada.
– Apresentações: Você pode usar estilos de células, ferramentas de desenho, galeria de gráficos e formatos de tabela para criar
apresentações de alta qualidade.
– Macros: as tarefas que são frequentemente utilizadas podem ser automatizadas pela criação e armazenamento de suas próprias
macros.

Planilha Eletrônica
A Planilha Eletrônica é uma folha de cálculo disposta em forma de tabela, na qual poderão ser efetuados rapidamente vários tipos de
cálculos matemáticos, simples ou complexos.
Além disso, a planilha eletrônica permite criar tabelas que calculam automaticamente os totais de valores numéricos inseridos, impri-
mir tabelas em layouts organizados e criar gráficos simples.

Barra de ferramentas de acesso rápido


Essa barra localizada na parte superior esquerdo, ajudar a deixar mais perto os comandos mais utilizados, sendo que ela pode ser
personalizada. Um bom exemplo é o comando de visualização de impressão que podemos inserir nesta barra de acesso rápido.

Barra de ferramentas de acesso rápido.

Barra de Fórmulas
Nesta barra é onde inserimos o conteúdo de uma célula podendo conter fórmulas, cálculos ou textos, mais adiante mostraremos
melhor a sua utilidade.

Barra de Fórmulas.

Guia de Planilhas
Quando abrirmos um arquivo do Excel, na verdade estamos abrindo uma pasta de trabalho onde pode conter planilhas, gráficos,
tabelas dinâmicas, então essas abas são identificadoras de cada item contido na pasta de trabalho, onde consta o nome de cada um.
Nesta versão quando abrimos uma pasta de trabalho, por padrão encontramos apenas uma planilha.

Guia de Planilhas.
16 http://www.prolinfo.com.br

19
INFORMÁTICA
– Coluna: é o espaçamento entre dois traços na vertical. As colunas do Excel são representadas em letras de acordo com a ordem
alfabética crescente sendo que a ordem vai de “A” até “XFD”, e tem no total de 16.384 colunas em cada planilha.
– Linha: é o espaçamento entre dois traços na horizontal. As linhas de uma planilha são representadas em números, formam um total
de 1.048.576 linhas e estão localizadas na parte vertical esquerda da planilha.

Linhas e colunas.

Célula: é o cruzamento de uma linha com uma coluna. Na figura abaixo podemos notar que a célula selecionada possui um endereço
que é o resultado do cruzamento da linha 4 e a coluna B, então a célula será chamada B4, como mostra na caixa de nome logo acima da
planilha.

Células.

Faixa de opções do Excel (Antigo Menu)


Como na versão anterior o MS Excel 2013 a faixa de opções está organizada em guias/grupos e comandos. Nas versões anteriores ao
MS Excel 2007 a faixa de opções era conhecida como menu.
1. Guias: existem sete guias na parte superior. Cada uma representa tarefas principais executadas no Excel.
2. Grupos: cada guia tem grupos que mostram itens relacionados reunidos.
3. Comandos: um comando é um botão, uma caixa para inserir informações ou um menu.

Faixa de opções do Excel.

Pasta de trabalho
É denominada pasta todo arquivo que for criado no MS Excel. Tudo que for criado será um arquivo com extensão: xls, xlsx, xlsm, xltx
ou xlsb.

Fórmulas
Fórmulas são equações que executam cálculos sobre valores na planilha. Uma fórmula sempre inicia com um sinal de igual (=).
Uma fórmula também pode conter os seguintes itens: funções, referências, operadores e constantes.

– Referências: uma referência identifica uma célula ou um intervalo de células em uma planilha e informa ao Microsoft Excel onde
procurar os valores ou dados a serem usados em uma fórmula.

20
INFORMÁTICA
– Operadores: um sinal ou símbolo que especifica o tipo de cálculo a ser executado dentro de uma expressão. Existem operadores
matemáticos, de comparação, lógicos e de referência.

– Constantes: é um valor que não é calculado, e que, portanto, não é alterado. Por exemplo: =C3+5.
O número 5 é uma constante. Uma expressão ou um valor resultante de uma expressão não é considerado uma constante.

Níveis de Prioridade de Cálculo


Quando o Excel cria fórmulas múltiplas, ou seja, misturar mais de uma operação matemática diferente dentro de uma mesma fórmu-
la, ele obedece a níveis de prioridade.
Os Níveis de Prioridade de Cálculo são os seguintes:
Prioridade 1: Exponenciação e Radiciação (vice-versa).
Prioridade 2: Multiplicação e Divisão (vice-versa).
Prioridade 3: Adição e Subtração (vice-versa).
Os cálculos são executados de acordo com a prioridade matemática, conforme esta sequência mostrada, podendo ser utilizados pa-
rênteses “ () ” para definir uma nova prioridade de cálculo.

Criando uma fórmula


Para criar uma fórmula simples como uma soma, tendo como referência os conteúdos que estão em duas células da planilha, digite
o seguinte:

Funções
Funções são fórmulas predefinidas que efetuam cálculos usando valores específicos, denominados argumentos, em uma determina-
da ordem ou estrutura. As funções podem ser usadas para executar cálculos simples ou complexos.

21
INFORMÁTICA
Assim como as fórmulas, as funções também possuem uma estrutura (sintaxe), conforme ilustrado abaixo:

Estrutura da função.

NOME DA FUNÇÃO: todas as funções que o Excel permite usar em suas células tem um nome exclusivo.
Para obter uma lista das funções disponíveis, clique em uma célula e pressione SHIFT+F3.
ARGUMENTOS: os argumentos podem ser números, texto, valores lógicos, como VERDADEIRO ou FALSO, matrizes, valores de erro
como #N/D ou referências de célula. O argumento que você atribuir deve produzir um valor válido para esse argumento. Os argumentos
também podem ser constantes, fórmulas ou outras funções.

Função SOMA
Esta função soma todos os números que você especifica como argumentos. Cada argumento pode ser um intervalo, uma referência
de célula, uma matriz, uma constante, uma fórmula ou o resultado de outra função. Por exemplo, SOMA (A1:A5) soma todos os números
contidos nas células de A1 a A5. Outro exemplo: SOMA (A1;A3; A5) soma os números contidos nas células A1, A3 e A5.

Função MÉDIA

Esta função calcula a média aritmética de uma determinada faixa de células contendo números. Para tal, efetua o cálculo somando
os conteúdos dessas células e dividindo pela quantidade de células que foram somadas.

22
INFORMÁTICA

Função MÁXIMO e MÍNIMO


Essas funções dado um intervalo de células retorna o maior e menor número respectivamente.

Função SE
A função SE é uma função do grupo de lógica, onde temos que tomar uma decisão baseada na lógica do problema. A função SE verifica
uma condição que pode ser Verdadeira ou Falsa, diante de um teste lógico.

Sintaxe
SE (teste lógico; valor se verdadeiro; valor se falso)

Exemplo:
Na planilha abaixo, como saber se o número é negativo, temos que verificar se ele é menor que zero.
Na célula A2 digitaremos a seguinte formula:

Função SOMASE
A função SOMASE é uma junção de duas funções já estudadas aqui, a função SOMA e SE, onde buscaremos somar valores desde que
atenda a uma condição especificada:

Sintaxe
SOMASE (intervalo analisado; critério; intervalo a ser somado)
Onde:

23
INFORMÁTICA
Intervalo analisado (obrigatório): intervalo em que a função vai
analisar o critério. CORREIO ELETRÔNICO: USO DE CORREIO ELETRÔNI-
Critério (obrigatório): Valor ou Texto a ser procurado no inter- CO, PREPARO E ENVIO DE MENSAGENS, ANEXAÇÃO
valo a ser analisado. DE ARQUIVOS
Intervalo a ser somado (opcional): caso o critério seja atendido
é efetuado a soma da referida célula analisada. Não pode conter E-mail
texto neste intervalo. O e-mail revolucionou o modo como as pessoas recebem men-
sagem atualmente17. Qualquer pessoa que tenha um e-mail pode
mandar uma mensagem para outra pessoa que também tenha
e-mail, não importando a distância ou a localização.
Um endereço de correio eletrônico obedece à seguinte estru-
tura: à esquerda do símbolo @ (ou arroba) fica o nome ou apelido
do usuário, à direita fica o nome do domínio que fornece o acesso.
O resultado é algo como:

maria@editorasolucao.com.br

Atualmente, existem muitos servidores de webmail – correio


eletrônico – na Internet, como o Gmail e o Outlook.
Exemplo: Para possuir uma conta de e-mail nos servidores é necessário
Vamos calcular a somas das vendas dos vendedores por Gêne- preencher uma espécie de cadastro. Geralmente existe um conjun-
ro. Observando a planilha acima, na célula C9 digitaremos a função to de regras para o uso desses serviços.
=SOMASE (B2:B7;”M”; C2:C7) para obter a soma dos vendedores.
Correio Eletrônico
Função CONT.SE Este método utiliza, em geral, uma aplicação (programa de cor-
Esta função conta quantas células se atender ao critério solici- reio eletrônico) que permite a manipulação destas mensagens e um
tado. Ela pede apenas dois argumentos, o intervalo a ser analisado protocolo (formato de comunicação) de rede que permite o envio
e o critério para ser verificado. e recebimento de mensagens18. Estas mensagens são armazenadas
no que chamamos de caixa postal, as quais podem ser manipuladas
Sintaxe por diversas operações como ler, apagar, escrever, anexar, arqui-
CONT.SE (intervalo analisado; critério) vos e extração de cópias das mensagens.
Onde:
Intervalo analisado (obrigatório): intervalo em que a função vai Funcionamento básico de correio eletrônico
analisar o critério. Essencialmente, um correio eletrônico funciona como dois
Critério (obrigatório): Valor ou Texto a ser procurado no inter- programas funcionando em uma máquina servidora:
valo a ser analisado. – Servidor SMTP (Simple Mail Transfer Protocol): protocolo de
transferência de correio simples, responsável pelo envio de men-
sagens.
– Servidor POP3 (Post Office Protocol – protocolo Post Office)
ou IMAP (Internet Mail Access Protocol): protocolo de acesso de cor-
reio internet), ambos protocolos para recebimento de mensagens.

Para enviar um e-mail, o usuário deve possuir um cliente de


e-mail que é um programa que permite escrever, enviar e receber
e-mails conectando-se com a máquina servidora de e-mail. Inicial-
mente, um usuário que deseja escrever seu e-mail, deve escrever
sua mensagem de forma textual no editor oferecido pelo cliente
de e-mail e endereçar este e-mail para um destinatário que possui
Aproveitando o mesmo exemplo da função anterior, podemos o formato “nome@dominio.com.br“. Quando clicamos em enviar,
contar a quantidade de homens e mulheres. nosso cliente de e-mail conecta-se com o servidor de e-mail, comu-
Na planilha acima, na célula C9 digitaremos a função =CONT.SE nicando-se com o programa SMTP, entregando a mensagem a ser
(B2:B7;”M”) para obter a quantidade de vendedores. enviada. A mensagem é dividida em duas partes: o nome do desti-
natário (nome antes do @) e o domínio, i.e., a máquina servidora
de e-mail do destinatário (endereço depois do @). Com o domínio,
o servidor SMTP resolve o DNS, obtendo o endereço IP do servidor
do e-mail do destinatário e comunicando-se com o programa SMTP
deste servidor, perguntando se o nome do destinatário existe na-
quele servidor. Se existir, a mensagem do remetente é entregue
ao servidor POP3 ou IMAP, que armazena a mensagem na caixa de
e-mail do destinatário.
17 https://cin.ufpe.br/~macm3/Folders/Apostila%20Internet%20-%20
Avan%E7ado.pdf
18 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/11/correio-eletronico-
-webmail-e-mozilla-thunderbird/

24
INFORMÁTICA
Ações no correio eletrônico
Independente da tecnologia e recursos empregados no correio eletrônico, em geral, são implementadas as seguintes funções:
– Caixa de Entrada: caixa postal onde ficam todos os e-mails recebidos pelo usuário, lidos e não-lidos.
– Lixeira: caixa postal onde ficam todos os e-mails descartados pelo usuário, realizado pela função Apagar ou por um ícone de Lixeira.
Em geral, ao descartar uma mensagem ela permanece na lixeira, mas não é descartada, até que o usuário decida excluir as mensagens de-
finitivamente (este é um processo de segurança para garantir que um usuário possa recuperar e-mails apagados por engano). Para apagar
definitivamente um e-mail é necessário entrar, de tempos em tempos, na pasta de lixeira e descartar os e-mails existentes.
– Nova mensagem: permite ao usuário compor uma mensagem para envio. Os campos geralmente utilizados são:
– Para: designa a pessoa para quem será enviado o e-mail. Em geral, pode-se colocar mais de um destinatário inserindo os e-mails de
destino separados por ponto-e-vírgula.
– CC (cópia carbono): designa pessoas a quem também repassamos o e-mail, ainda que elas não sejam os destinatários principais da
mensagem. Funciona com o mesmo princípio do Para.
– CCo (cópia carbono oculta): designa pessoas a quem repassamos o e-mail, mas diferente da cópia carbono, quando os destinatários
principais abrirem o e-mail não saberão que o e-mail também foi repassado para os e-mails determinados na cópia oculta.
– Assunto: título da mensagem.
– Anexos: nome dado a qualquer arquivo que não faça parte da mensagem principal e que seja vinculada a um e-mail para envio ao
usuário. Anexos, comumente, são o maior canal de propagação de vírus e malwares, pois ao abrirmos um anexo, obrigatoriamente ele
será “baixado” para nosso computador e executado. Por isso, recomenda-se a abertura de anexos apenas de remetentes confiáveis e, em
geral, é possível restringir os tipos de anexos que podem ser recebidos através de um e-mail para evitar propagação de vírus e pragas. Al-
guns antivírus permitem analisar anexos de e-mails antes que sejam executados: alguns serviços de webmail, como por exemplo, o Gmail,
permitem analisar preliminarmente se um anexo contém arquivos com malware.
– Filtros: clientes de e-mail e webmails comumente fornecem a função de filtro. Filtros são regras que escrevemos que permitem que,
automaticamente, uma ação seja executada quando um e-mail cumpre esta regra. Filtros servem assim para realizar ações simples e pa-
dronizadas para tornar mais rápida a manipulação de e-mails. Por exemplo, imagine que queremos que ao receber um e-mail de “joao@
blabla.com”, este e-mail seja diretamente descartado, sem aparecer para nós. Podemos escrever uma regra que toda vez que um e-mail
com remetente “joao@blabla.com” chegar em nossa caixa de entrada, ele seja diretamente excluído.

Fonte: https://support.microsoft.com/pt-br/office/ler-e-enviar-emails-na-vers%C3%A3o-light-do-outlook-582a8fdc-152c-4b61-85fa-
-ba5ddf07050b

Respondendo uma mensagem


Os ícones disponíveis para responder uma mensagem são:
– Responder ao remetente: responde à mensagem selecionada para o autor dela (remetente).
– Responde a todos: a mensagem é enviada tanto para o autor como para as outras pessoas que estavam na lista de cópias.
– Encaminhar: envia a mensagem selecionada para outra pessoa.

Clientes de E-mail
Um cliente de e-mail é essencialmente um programa de computador que permite compor, enviar e receber e-mails a partir de um ser-
vidor de e-mail, o que exige cadastrar uma conta de e-mail e uma senha para seu correto funcionamento. Há diversos clientes de e-mails
no mercado que, além de manipular e-mails, podem oferecer recursos diversos.
– Outlook: cliente de e-mails nativo do sistema operacional Microsoft Windows. A versão Express é uma versão mais simplificada e
que, em geral, vem por padrão no sistema operacional Windows. Já a versão Microsoft Outlook é uma versão que vem no pacote Micro-
soft Office possui mais recursos, incluindo, além de funções de e-mail, recursos de calendário.
– Mozilla Thunderbird: é um cliente de e-mails e notícias Open Source e gratuito criado pela Mozilla Foundation (mesma criadora do
Mozilla Firefox).

25
INFORMÁTICA
Webmails
Webmail é o nome dado a um cliente de e-mail que não necessita de instalação no computador do usuário, já que funciona como uma
página de internet, bastando o usuário acessar a página do seu provedor de e-mail com seu login e senha. Desta forma, o usuário ganha
mobilidade já que não necessita estar na máquina em que um cliente de e-mail está instalado para acessar seu e-mail. A desvantagem da
utilização de webmails em comparação aos clientes de e-mail é o fato de necessitarem de conexão de Internet para leitura dos e-mails,
enquanto nos clientes de e-mail basta a conexão para “baixar” os e-mails, sendo que a posterior leitura pode ser realizada desconectada
da Internet.
Exemplos de servidores de webmail do mercado são:
– Gmail
– Yahoo!Mail
– Microsoft Outlook: versão on-line do Outlook. Anteriormente era conhecido como Hotmail, porém mudou de nome quando a Mi-
crosoft integrou suas diversas tecnologias.

Fonte: https://www.dialhost.com.br/ajuda/abrir-uma-nova-janela-para-escrever-novo-email

Diferença entre webmail e correio eletrônico


O webmail (Yahoo ou Gmail) você acessa através de seu navegador (Firefox ou Google Chrome) e só pode ler conectado na internet.
Já o correio eletrônico (Thunderbird ou Outlook) você acessa com uma conexão de internet e pode baixar seus e-mails, mas depois pode
ler na hora que quiser sem precisar estar conectado na internet.

INTERNET: NAVEGAÇÃO INTERNET, CONCEITOS DE URL, LINKS, SITES, BUSCA E IMPRESSÃO DE PÁGINAS

Internet
A Internet é uma rede mundial de computadores interligados através de linhas de telefone, linhas de comunicação privadas, cabos
submarinos, canais de satélite, etc19. Ela nasceu em 1969, nos Estados Unidos. Interligava originalmente laboratórios de pesquisa e se cha-
mava ARPAnet (ARPA: Advanced Research Projects Agency). Com o passar do tempo, e com o sucesso que a rede foi tendo, o número de
adesões foi crescendo continuamente. Como nesta época, o computador era extremamente difícil de lidar, somente algumas instituições
possuíam internet.
No entanto, com a elaboração de softwares e interfaces cada vez mais fáceis de manipular, as pessoas foram se encorajando a par-
ticipar da rede. O grande atrativo da internet era a possibilidade de se trocar e compartilhar ideias, estudos e informações com outras
pessoas que, muitas vezes nem se conhecia pessoalmente.

Conectando-se à Internet
Para se conectar à Internet, é necessário que se ligue a uma rede que está conectada à Internet. Essa rede é de um provedor de aces-
so à internet. Assim, para se conectar você liga o seu computador à rede do provedor de acesso à Internet; isto é feito por meio de um
conjunto como modem, roteadores e redes de acesso (linha telefônica, cabo, fibra-ótica, wireless, etc.).

19 https://cin.ufpe.br/~macm3/Folders/Apostila%20Internet%20-%20Avan%E7ado.pdf

26
INFORMÁTICA
World Wide Web URL
A web nasceu em 1991, no laboratório CERN, na Suíça. Seu Um URL (de Uniform Resource Locator), em português, Locali-
criador, Tim Berners-Lee, concebeu-a unicamente como uma lin- zador-Padrão de Recursos, é o endereço de um recurso (um arqui-
guagem que serviria para interligar computadores do laboratório e vo, uma impressora etc.), disponível em uma rede; seja a Internet,
outras instituições de pesquisa, e exibir documentos científicos de ou uma rede corporativa, uma intranet.
forma simples e fácil de acessar. Uma URL tem a seguinte estrutura: protocolo://máquina/ca-
Hoje é o segmento que mais cresce. A chave do sucesso da minho/recurso.
World Wide Web é o hipertexto. Os textos e imagens são interli-
gados por meio de palavras-chave, tornando a navegação simples HTTP
e agradável. É o protocolo responsável pelo tratamento de pedidos e res-
postas entre clientes e servidor na World Wide Web. Os endereços
Protocolo de comunicação web sempre iniciam com http:// (http significa Hypertext Transfer
Transmissão e fundamentalmente por um conjunto de proto- Protocol, Protocolo de transferência hipertexto).
colos encabeçados pelo TCP/IP. Para que os computadores de uma
rede possam trocar informações entre si é necessário que todos os Hipertexto
computadores adotem as mesmas regras para o envio e o recebi- São textos ou figuras que possuem endereços vinculados a
mento de informações. Este conjunto de regras é conhecido como eles. Essa é a maneira mais comum de navegar pela web.
Protocolo de Comunicação. No protocolo de comunicação estão
definidas todas as regras necessárias para que o computador de Navegadores
destino, “entenda” as informações no formato que foram enviadas Um navegador de internet é um programa que mostra infor-
pelo computador de origem. mações da internet na tela do computador do usuário.
Existem diversos protocolos, atualmente a grande maioria das Além de também serem conhecidos como browser ou web
redes utiliza o protocolo TCP/IP já que este é utilizado também na browser, eles funcionam em computadores, notebooks, dispositi-
Internet. vos móveis, aparelhos portáteis, videogames e televisores conec-
O protocolo TCP/IP acabou se tornando um padrão, inclusive tados à internet.
para redes locais, como a maioria das redes corporativas hoje tem Um navegador de internet condiciona a estrutura de um site
acesso Internet, usar TCP/IP resolve a rede local e também o acesso e exibe qualquer tipo de conteúdo na tela da máquina usada pelo
externo. internauta.
Esse conteúdo pode ser um texto, uma imagem, um vídeo, um
TCP / IP jogo eletrônico, uma animação, um aplicativo ou mesmo servidor.
Sigla de Transmission Control Protocol/Internet Protocol (Pro- Ou seja, o navegador é o meio que permite o acesso a qualquer
tocolo de Controle de Transmissão/Protocolo Internet). página ou site na rede.
Embora sejam dois protocolos, o TCP e o IP, o TCP/IP aparece Para funcionar, um navegador de internet se comunica com
nas literaturas como sendo: servidores hospedados na internet usando diversos tipos de pro-
- O protocolo principal da Internet; tocolos de rede. Um dos mais conhecidos é o protocolo HTTP, que
- O protocolo padrão da Internet; transfere dados binários na comunicação entre a máquina, o nave-
- O protocolo principal da família de protocolos que dá suporte gador e os servidores.
ao funcionamento da Internet e seus serviços.
Funcionalidades de um Navegador de Internet
Considerando ainda o protocolo TCP/IP, pode-se dizer que: A principal funcionalidade dos navegadores é mostrar para o
A parte TCP é responsável pelos serviços e a parte IP é res- usuário uma tela de exibição através de uma janela do navegador.
ponsável pelo roteamento (estabelece a rota ou caminho para o Ele decodifica informações solicitadas pelo usuário, através de
transporte dos pacotes). códigos-fonte, e as carrega no navegador usado pelo internauta.
Ou seja, entender a mensagem enviada pelo usuário, solicitada
Domínio através do endereço eletrônico, e traduzir essa informação na tela
Se não fosse o conceito de domínio quando fossemos acessar do computador. É assim que o usuário consegue acessar qualquer
um determinado endereço na web teríamos que digitar o seu en- site na internet.
dereço IP. Por exemplo: para acessar o site do Google ao invés de O recurso mais comum que o navegador traduz é o HTML, uma
você digitar www.google.com você teria que digitar um número IP linguagem de marcação para criar páginas na web e para ser inter-
– 74.125.234.180. pretado pelos navegadores.
É através do protocolo DNS (Domain Name System), que é pos- Eles também podem reconhecer arquivos em formato PDF,
sível associar um endereço de um site a um número IP na rede. imagens e outros tipos de dados.
O formato mais comum de um endereço na Internet é algo como Essas ferramentas traduzem esses tipos de solicitações por
http://www.empresa.com.br, em que: meio das URLs, ou seja, os endereços eletrônicos que digitamos na
www: (World Wide Web): convenção que indica que o ende- parte superior dos navegadores para entrarmos numa determinada
reço pertence à web. página.
empresa: nome da empresa ou instituição que mantém o ser- Abaixo estão outros recursos de um navegador de internet:
viço. – Barra de Endereço: é o espaço em branco que fica localizado
com: indica que é comercial. no topo de qualquer navegador. É ali que o usuário deve digitar
br: indica que o endereço é no Brasil. a URL (ou domínio ou endereço eletrônico) para acessar qualquer
página na web.
– Botões de Início, Voltar e Avançar: botões clicáveis básicos
que levam o usuário, respectivamente, ao começo de abertura do
navegador, à página visitada antes ou à página visitada seguinte.

27
INFORMÁTICA
– Favoritos: é a aba que armazena as URLs de preferência do – One Box: recurso já conhecido entre os usuários do Google
usuário. Com um único simples, o usuário pode guardar esses en- Chrome, agora está na versão mais recente do Internet Explorer.
dereços nesse espaço, sendo que não existe uma quantidade limite Através dele, é possível realizar buscas apenas informando a pala-
de links. É muito útil para quando você quer acessar as páginas mais vra-chave digitando-a na barra de endereços.
recorrentes da sua rotina diária de tarefas.
– Atualizar: botão básico que recarrega a página aberta naque- Microsoft Edge
le momento, atualizando o conteúdo nela mostrado. Serve para Da Microsoft, o Edge é a evolução natural do antigo Explorer20.
mostrar possíveis edições, correções e até melhorias de estrutura O navegador vem integrado com o Windows 10. Ele pode receber
no visual de um site. Em alguns casos, é necessário limpar o cache aprimoramentos com novos recursos na própria loja do aplicativo.
para mostrar as atualizações. Além disso, a ferramenta otimiza a experiência do usuário con-
– Histórico: opção que mostra o histórico de navegação do vertendo sites complexos em páginas mais amigáveis para leitura.
usuário usando determinado navegador. É muito útil para recupe-
rar links, páginas perdidas ou revisitar domínios antigos. Pode ser
apagado, caso o usuário queira.
– Gerenciador de Downloads: permite administrar os downlo-
ads em determinado momento. É possível ativar, cancelar e pausar
por tempo indeterminado. É um maior controle na usabilidade do
navegador de internet.
– Extensões: já é padrão dos navegadores de internet terem
um mecanismo próprio de extensões com mais funcionalidades.
Com alguns cliques, é possível instalar temas visuais, plug-ins com Outras características do Edge são:
novos recursos (relógio, notícias, galeria de imagens, ícones, entre – Experiência de navegação com alto desempenho.
outros. – Função HUB permite organizar e gerenciar projetos de qual-
– Central de Ajuda: espaço para verificar a versão instalada do quer lugar conectado à internet.
navegador e artigos (geralmente em inglês, embora também exis- – Funciona com a assistente de navegação Cortana.
tam em português) de como realizar tarefas ou ações específicas – Disponível em desktops e mobile com Windows 10.
no navegador. – Não é compatível com sistemas operacionais mais antigos.

Firefox, Internet Explorer, Google Chrome, Safari e Opera são Firefox


alguns dos navegadores mais utilizados atualmente. Também co- Um dos navegadores de internet mais populares, o Firefox é
nhecidos como web browsers ou, simplesmente, browsers, os na- conhecido por ser flexível e ter um desempenho acima da média.
vegadores são uma espécie de ponte entre o usuário e o conteúdo Desenvolvido pela Fundação Mozilla, é distribuído gratuita-
virtual da Internet. mente para usuários dos principais sistemas operacionais. Ou seja,
Internet Explorer mesmo que o usuário possua uma versão defasada do sistema ins-
Lançado em 1995, vem junto com o Windows, está sendo talado no PC, ele poderá ser instalado.
substituído pelo Microsoft Edge, mas ainda está disponível como
segundo navegador, pois ainda existem usuários que necessitam
de algumas tecnologias que estão no Internet Explorer e não foram
atualizadas no Edge.
Já foi o mais navegador mais utilizado do mundo, mas hoje per-
deu a posição para o Google Chrome e o Mozilla Firefox.

Algumas características de destaque do Firefox são:


– Velocidade e desempenho para uma navegação eficiente.
– Não exige um hardware poderoso para rodar.
– Grande quantidade de extensões para adicionar novos recur-
Principais recursos do Internet Explorer: sos.
– Transformar a página num aplicativo na área de trabalho, – Interface simplificada facilita o entendimento do usuário.
permitindo que o usuário defina sites como se fossem aplicativos – Atualizações frequentes para melhorias de segurança e pri-
instalados no PC. Através dessa configuração, ao invés de apenas vacidade.
manter os sites nos favoritos, eles ficarão acessíveis mais facilmen- – Disponível em desktop e mobile.
te através de ícones.
– Gerenciador de downloads integrado. Google Chorme
– Mais estabilidade e segurança. É possível instalar o Google Chrome nas principais versões do
– Suporte aprimorado para HTML5 e CSS3, o que permite uma sistema operacional Windows e também no Linux e Mac.
navegação plena para que o internauta possa usufruir dos recursos O Chrome é o navegador de internet mais usado no mundo.
implementados nos sites mais modernos. É, também, um dos que têm melhor suporte a extensões, maior
– Com a possibilidade de adicionar complementos, o navega- compatibilidade com uma diversidade de dispositivos e é bastante
dor já não é apenas um programa para acessar sites. Dessa forma, convidativo à navegação simplificada.
é possível instalar pequenos aplicativos que melhoram a navegação
e oferecem funcionalidades adicionais.
20 https://bit.ly/2WITu4N

28
INFORMÁTICA
O Safari também se destaca em:
– Sincronização de dados e informações em qualquer disposi-
tivo Apple (iOS).
– Tem uma tecnologia anti-rastreio capaz de impedir o dire-
cionamento de anúncios com base no comportamento do usuário.
– Modo de navegação privada não guarda os dados das páginas
visitadas, inclusive histórico e preenchimento automático de cam-
pos de informação.
Principais recursos do Google Chrome: – Compatível também com sistemas operacionais que não seja
– Desempenho ultra veloz, desde que a máquina tenha recur- da Apple (Windows e Linux).
sos RAM suficientes. – Disponível em desktops e mobile.
– Gigantesca quantidade de extensões para adicionar novas
funcionalidades. Intranet
– Estável e ocupa o mínimo espaço da tela para mostrar con- A intranet é uma rede de computadores privada que assenta
teúdos otimizados. sobre a suíte de protocolos da Internet, porém, de uso exclusivo de
– Segurança avançada com encriptação por Certificado SSL um determinado local, como, por exemplo, a rede de uma empre-
(HTTPS). sa, que só pode ser acessada pelos seus utilizadores ou colabora-
– Disponível em desktop e mobile. dores internos21.
Pelo fato, a sua aplicação a todos os conceitos emprega-se à
Opera intranet, como, por exemplo, o paradigma de cliente-servidor. Para
Um dos primeiros navegadores existentes, o Opera segue evo- tal, a gama de endereços IP reservada para esse tipo de aplicação
luindo como um dos melhores navegadores de internet. situa-se entre 192.168.0.0 até 192.168.255.255.
Ele entrega uma interface limpa, intuitiva e agradável de usar. Dentro de uma empresa, todos os departamentos possuem
Além disso, a ferramenta também é leve e não prejudica a qualida- alguma informação que pode ser trocada com os demais setores,
de da experiência do usuário. podendo cada sessão ter uma forma direta de se comunicar com as
demais, o que se assemelha muito com a conexão LAN (Local Area
Network), que, porém, não emprega restrições de acesso.
A intranet é um dos principais veículos de comunicação em cor-
porações. Por ela, o fluxo de dados (centralização de documentos,
formulários, notícias da empresa, etc.) é constante, pretendendo
reduzir os custos e ganhar velocidade na divulgação e distribuição
de informações.
Apesar do seu uso interno, acessando aos dados corporativos,
a intranet permite que computadores localizados numa filial, se co-
Outros pontos de destaques do Opera são: nectados à internet com uma senha, acessem conteúdos que este-
– Alto desempenho com baixo consumo de recursos e de ener- jam na sua matriz. Ela cria um canal de comunicação direto entre
gia. a empresa e os seus funcionários/colaboradores, tendo um ganho
– Recurso Turbo Opera filtra o tráfego recebido, aumentando a significativo em termos de segurança.
velocidade de conexões de baixo desempenho.
– Poupa a quantidade de dados usados em conexões móveis Redes Sociais
(3G ou 4G).
– Impede armazenamento de dados sigilosos, sobretudo em Redes sociais são estruturas formadas dentro ou fora da inter-
páginas bancárias e de vendas on-line. net, por pessoas e organizações que se conectam a partir de inte-
– Quantidade moderada de plug-ins para implementar novas resses ou valores comuns22. Muitos confundem com mídias sociais,
funções, além de um bloqueador de publicidade integrado. porém as mídias são apenas mais uma forma de criar redes sociais,
– Disponível em desktop e mobile. inclusive na internet.
O propósito principal das redes sociais é o de conectar pessoas.
Safari Você preenche seu perfil em canais de mídias sociais e interage com
O Safari é o navegador oficial dos dispositivos da Apple. Pela as pessoas com base nos detalhes que elas leem sobre você. Pode-se
sua otimização focada nos aparelhos da gigante de tecnologia, ele dizer que redes sociais são uma categoria das mídias sociais.
é um dos navegadores de internet mais leves, rápidos, seguros e Mídia social, por sua vez, é um termo amplo, que abrange
confiáveis para usar. diferentes mídias, como vídeos, blogs e as já mencionadas redes
sociais. Para entender o conceito, pode-se olhar para o que com-
preendíamos como mídia antes da existência da internet: rádio, TV,
jornais, revistas. Quando a mídia se tornou disponível na internet,
ela deixou de ser estática, passando a oferecer a possibilidade de
interagir com outras pessoas.
No coração das mídias sociais estão os relacionamentos, que
são comuns nas redes sociais — talvez por isso a confusão. Mídias
sociais são lugares em que se pode transmitir informações para ou-
tras pessoas.
21 https://centraldefavoritos.com.br/2018/01/11/conceitos-basicos-fer-
ramentas-aplicativos-e-procedimentos-de-internet-e-intranet-parte-2/
22 https://resultadosdigitais.com.br/especiais/tudo-sobre-redes-sociais/

29
INFORMÁTICA
Estas redes podem ser de relacionamento, como o Facebook, O Instagram foi uma das primeiras redes sociais exclusivas para
profissionais, como o Linkedin ou mesmo de assuntos específicos acesso por meio do celular. E, embora hoje seja possível visualizar
como o Youtube que compartilha vídeos. publicações no desktop, seu formato continua sendo voltado para
As principais são: Facebook, WhatsApp, Youtube, Instagram, dispositivos móveis.
Twitter, Linkedin, Pinterest, Snapchat, Skype e agora mais recente- É possível postar fotos com proporções diferentes, além de ou-
mente, o Tik Tok. tros formatos, como vídeos, stories e mais.
Os stories são os principais pontos de inovação do aplicativo. Já
Facebook são diversos formatos de post por ali, como perguntas, enquetes,
Seu foco principal é o compartilhamento de assuntos pessoais vídeos em sequência e o uso de GIFs.
de seus membros. Em 2018, foi lançado o IGTV. E em 2019 o Instagram Cenas,
uma espécie de imitação do TikTok: o usuário pode produzir vídeos
de 15 segundos, adicionando música ou áudios retirados de outro
clipezinho. Há ainda efeitos de corte, legendas e sobreposição para
transições mais limpas – lembrando que esta é mais uma das fun-
cionalidades que atuam dentro dos stories.

Twitter
O Facebook é uma rede social versátil e abrangente, que reúne Rede social que funciona como um microblog onde você pode
muitas funcionalidades no mesmo lugar. Serve tanto para gerar ne- seguir ou ser seguido, ou seja, você pode ver em tempo real as atu-
gócios quanto para conhecer pessoas, relacionar-se com amigos e alizações que seus contatos fazem e eles as suas.
família, informar-se, dentre outros23.

WhatsApp
É uma rede para mensagens instantânea. Faz também ligações
telefônicas através da internet gratuitamente.

O Twitter atingiu seu auge em meados de 2009 e de lá para cá


está em declínio, mas isso não quer dizer todos os públicos pararam
de usar a rede social.
A maioria das pessoas que têm um smartphone também o têm A rede social é usada principalmente como segunda tela em
instalado. Por aqui, aliás, o aplicativo ganhou até o apelido de “zap que os usuários comentam e debatem o que estão assistindo na
zap”. TV, postando comentários sobre noticiários, reality shows, jogos de
Para muitos brasileiros, o WhatsApp é “a internet”. Algumas futebol e outros programas.
operadoras permitem o uso ilimitado do aplicativo, sem debitar Nos últimos anos, a rede social acabou voltando a ser mais uti-
do consumo do pacote de dados. Por isso, muita gente se informa lizada por causa de seu uso por políticos, que divulgam informações
através dele. em primeira mão por ali.
YouTube LinkedIn
Rede que pertence ao Google e é especializada em vídeos. Voltada para negócios. A pessoa que participa desta rede quer
manter contatos para ter ganhos profissionais no futuro, como um
emprego por exemplo.

O YouTube é a principal rede social de vídeos on-line da atuali-


dade, com mais de 1 bilhão de usuários ativos e mais de 1 bilhão de
horas de vídeos visualizados diariamente. A maior rede social voltada para profissionais tem se tornado
cada vez mais parecida com outros sites do mesmo tipo, como o
Instagram Facebook.
Rede para compartilhamento de fotos e vídeos. A diferença é que o foco são contatos profissionais, ou seja: no
lugar de amigos, temos conexões, e em vez de páginas, temos com-
panhias. Outro grande diferencial são as comunidades, que reúnem
interessados em algum tema, profissão ou mercado específicos.
É usado por muitas empresas para recrutamento de profissio-
nais, para troca de experiências profissionais em comunidades e
outras atividades relacionadas ao mundo corporativo

23 https://bit.ly/32MhiJ0

30
INFORMÁTICA
Pinterest O Skype é uma versão renovada e mais tecnológica do extinto
Rede social focada em compartilhamento de fotos, mas tam- MSN Messenger.
bém compartilha vídeos. Contudo, o usuário também pode contratar mais opções de
uso – de forma pré-paga ou por meio de uma assinatura – para
realizar chamadas para telefones fixos e chamadas com vídeo em
grupo ou até mesmo enviar SMS.
É possível, no caso, obter um número de telefone por meio
próprio do Skype, seja ele local ou de outra região/país, e fazer liga-
ções a taxas reduzidas.
Tudo isso torna o Skype uma ferramenta válida para o mundo
corporativo, sendo muito utilizado por empresas de diversos nichos
O Pinterest é uma rede social de fotos que traz o conceito de e tamanhos.
“mural de referências”. Lá você cria pastas para guardar suas inspi-
rações e também pode fazer upload de imagens assim como colo- Tik Tok
car links para URLs externas. O TikTok, aplicativo de vídeos e dublagens disponível para iOS
Os temas mais populares são: e Android, possui recursos que podem tornar criações de seus usu-
– Moda; ários mais divertidas e, além disso, aumentar seu número de segui-
– Maquiagem; dores24.
– Casamento;
– Gastronomia;
– Arquitetura;
– Faça você mesmo;
– Gadgets;
– Viagem e design.

Seu público é majoritariamente feminino em todo o mundo.


Além de vídeos simples, é possível usar o TikTok para postar
Snapchat duetos com cantores famosos, criar GIFs, slideshow animado e sin-
Rede para mensagens baseado em imagens. cronizar o áudio de suas dublagens preferidas para que pareça que
é você mesmo falando.
O TikTok cresceu graças ao seu apelo para a viralização. Os
usuários fazem desafios, reproduzem coreografias, imitam pessoas
famosas, fazem sátiras que instigam o usuário a querer participar
da brincadeira — o que atrai muito o público jovem.

EXERCÍCIOS
O Snapchat é um aplicativo de compartilhamento de fotos, ví-
deos e texto para mobile. Foi considerado o símbolo da pós-moder- 1. (PREFEITURA DE SENTINELA DO SUL/RS - FISCAL - OBJETI-
nidade pela sua proposta de conteúdos efêmeros conhecidos como VA/2020) Considerando-se o Internet Explorer 11, marcar C para as
snaps, que desaparecem algumas horas após a publicação. afirmativas Certas, E para as Erradas e, após, assinalar a alternativa
A rede lançou o conceito de “stories”, despertando o interesse que apresenta a sequência CORRETA:
de Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, que diversas vezes tentou (---) No Windows 10, é necessário instalar o aplicativo do In-
adquirir a empresa, mas não obteve sucesso. Assim, o CEO lançou ternet Explorer.
a funcionalidade nas redes que já haviam sido absorvidas, criando (---) É possível fixar o aplicativo do Internet Explorer na barra
os concorrentes WhatsApp Status, Facebook Stories e Instagram de tarefas do Windows 10.
Stories. (A) C - C.
Apesar de não ser uma rede social de nicho, tem um público (B) C - E.
bem específico, formado por jovens hiperconectados. (C) E - E.
(D) E – C
Skype
O Skype é um software da Microsoft com funções de video- 2. (PREFEITURA DE SÃO FRANCISCO/MG - ASSISTENTE SOCIAL
conferência, chat, transferência de arquivos e ligações de voz. O - COTEC/2020) Um usuário de computador realiza comumente um
serviço também opera na modalidade de VoIP, em que é possível conjunto de atividades como copiar, recortar e colar arquivos uti-
efetuar uma chamada para um telefone comum, fixo ou celular, por lizando o Windows Explorer. Dessa forma, existe um conjunto de
um aparelho conectado à internet ações de usuários, como realizar cliques com o mouse e utilizar-se
de atalhos de teclado, que deve ser seguido com o fim de realizar o
trabalho desejado. Assim, para mover um arquivo entre partições
diferentes do sistema operacional Windows 10, é possível adotar o
seguinte conjunto de ações:
(A) Clicar sobre o arquivo com o botão direito do mouse, man-
tendo-o pressionado e mover o arquivo para a partição de destino
e escolher a ação de colar.
24 https://canaltech.com.br/redes-sociais/tiktok-dicas-e-truques/

31
INFORMÁTICA
(B) Clicar sobre o arquivo com o botão esquerdo do mouse, 6. (PREFEITURA DE JAHU/SP - AUXILIAR DE DESENVOLVIMEN-
mantendo-o pressionado e mover o arquivo para a partição de des- TO INFANTIL - OBJETIVA/2019) Considerando-se o Word 2007,
tino. Por fim soltar o botão do mouse. analisar os itens abaixo:
(C) Clicar sobre o arquivo com o botão direito do mouse, man- I. O botão “Formatar Pincel”, na guia “Início”, copia a formata-
tendo-o pressionado e mover o arquivo para a partição de destino. ção de um local para aplicá-lo a outro.
Por fim soltar o botão do mouse. II. Na guia “Exibição”, além da opção “Régua”, são opções que
(D) Clicar uma vez sobre o arquivo com o botão direito do mou- podem ser habilitadas: “Linhas de Grade”, “Mapa do Documento”,
se e mover o arquivo para a partição de destino. “Miniaturas”.
(E) Clicar sobre o arquivo com o botão direito do mouse, man- III. O botão “Dividir”, na guia “Exibição”, exibe dois documen-
tendo-o pressionado e mover o arquivo para a partição de destino tos distintos do Word lado a lado para poder comparar os respec-
e escolher a ação de mover. tivos conteúdos.

3. (PREFEITURA DE BRASÍLIA DE MINAS/MG - ENGENHEIRO Estão CORRETOS:


AMBIENTAL - COTEC/2020) Sobre organização e gerenciamento (A) Somente os itens I e II.
de informações, arquivos, pastas e programas, analise as seguintes (B) Somente os itens I e III.
afirmações e assinale V para as verdadeiras e F para as falsas. (C) Somente os itens II e III.
( ) - Arquivos ocultos são arquivos que normalmente são re- (D) Todos os itens.
lacionados ao sistema. Eles ficam ocultos, pois alterações podem
danificar o Sistema Operacional. 7. (TJ/DFT - ESTÁGIO - CIEE/2018) A tecla de atalho Ctrl+I, no
( ) - Existem vários tipos de arquivos, como arquivos de textos, Word 2007, serve para aplicar:
arquivos de som, imagem, planilhas, sendo que o arquivo .rtf só é (A) Subscrito.
aberto com o WordPad. (B) Itálico
( ) - Nas versões Vista, 7, 8 e 10 do Windows, é possível usar (C) Sobrescrito.
criptografia para proteger todos os arquivos que estejam armaze- (D) Tachado.
nados na unidade em que o Windows esteja instalado.
( ) - O Windows Explorer é um gerenciador de informações, 8. (PREFEITURA DE ARUANÃ/GO - PROFESSOR - ITAME/2018)
arquivos, pastas e programas do sistema operacional Windows da A opção de salvar o documento é algo comum para quem trabalha
Microsoft. com o pacote Office. Podemos executar atalhos via teclado para fa-
( ) - São bibliotecas padrão do Windows: Programas, Documen- cilitar a utilização do software. Em relação ao Microsoft Word 2007,
tos, Imagens, Músicas, Vídeos. qual atalho abaixo é utilizado para salvar o documento:
(A) CRTL + S
A sequência CORRETA das afirmações é: (B) CRTL + B
(A) F, V, V, F, F. (C) CRTL + A
(B) V, F, V, V, F. (D) CRTL + E
(C) V, F, F, V, V.
(D) F, V, F, F, V. 9. (PREFEITURA DE PORTÃO/RS - MÉDICO - OBJETIVA/2019)
(E) V, V, F, V, F. Em relação aos comandos utilizados no Word 2010, analisar os
itens abaixo:
4. (PREFEITURA DE PORTÃO/RS - ASSISTENTE SOCIAL - OBJE- I. O comando Ctrl + S é utilizado para deletar o conteúdo sele-
TIVA/2019) Em relação ao sistema operacional Windows 10, anali- cionado.
sar os itens abaixo: II. Ao utilizar o comando Ctrl + U, o conteúdo selecionado será
I. Possibilita o gerenciamento do tempo de tela. sublinhado.
II. Disponibiliza somente uma atualização de segurança por III. O comando Ctrl + I é utilizado para a impressão rápida do
ano. conteúdo selecionado.
III. Possibilita a conexão de contas da Microsoft entre usuários. IV. O comando Ctrl + Z é utilizado para desfazer a última ação
IV. Possui recursos de segurança integrados, incluindo firewall realizada.
e proteção de internet para ajudar a proteger contra vírus, malware
e ransomware. Está(ão) CORRETO(S):
(A) Somente o item III.
Estão CORRETOS: (B) Somente o item IV.
(A) Somente os itens I, II e III. (C) Somente os itens I, II e IV.
(B) Somente os itens I, III e IV. (D) Somente os itens II, III e IV.
(C) Somente os itens II, III e IV
(D) Todos os itens. 10. (PREFEITURA DE AVELINÓPOLIS/GO - TÉCNICO EM ENFER-
MAGEM - ITAME/2019) No Microsoft Word 2010 ao selecionar um
5. (PREFEITURA DE PORTO XAVIER/RS - TÉCNICO EM ENFER- texto e pressionar CTRL + G o que ocorre:
MAGEM - FUNDATEC/2018) A tecla de atalho Ctrl+A, no sistema (A) O texto é alinhado à direita.
operacional Microsoft Windows 10, possui a função de: (B) O texto é copiado para área de transferência
(A) Selecionar tudo. (C) O texto recebe o comando go-back.
(B) Imprimir. (D) O texto fica com a fonte grande.
(C) Renomear uma pasta.
(D) Finalizar o programa.
(E) Colocar em negrito.

32
INFORMÁTICA
11. (PREFEITURA DE PORTO XAVIER/RS - TÉCNICO EM ENFERMAGEM - FUNDATEC/2018)
Os ícones , pertencentes ao programa Microsoft Word 2013, são chamados, respectivamente, de:
(A) Maiúsculas e Minúsculas.
(B) Subscrito e Sobrescrito.
(C) Negrito e Itálico.
(D) Imprimir e Substituir.
(E) Itálico e Imprimir.

12. (FUNDATEC - CONTADOR - FUNDATEC/2018) Em que Guia do programa Microsoft Word 2013, em sua configuração padrão, está
localizado o recurso Inserir Nota de Rodapé?
(A) Inserir.
(B) Página inicial.
(C) Referências.
(D) Revisão.
(E) Layout da Página.

13. (PREFEITURA DE SÃO FRANCISCO/MG - ASSISTENTE SOCIAL - COTEC/2020) No processador de texto Microsoft Word, perten-
cente à suíte de Escritório Microsoft Office 2016, um rodapé permite a inclusão de informações na parte inferior da página. Por padrão,
rodapés são incluídos:
(A) Na primeira página.
(B) Na última página.
(C) Em todas as páginas.
(D) Em páginas ímpares.
(E) Em páginas pares.

14. (PREFEITURA DE TAUBATÉ/SP - AUDITOR PLENO - INSTITUTO EXCELÊNCIA/2019) Utilizando o Microsoft Word 2016 para forma-
tar o texto em um documento como colunas. Qual das alternativas contém o caminho certo para realizar essa ação?
(A) Selecione o texto - Guia Inserir - Opção Colunas.
(B) Selecionar o texto - Guia Layout - Opção Colunas.
(C) Selecione o texto - Guia Página Inicial - Opção Colunas.
(D) Nenhuma das alternativas.

15. (PREFEITURA DE TIBAGI/PR - AGENTE DE DEFESA CIVIL - FAFIPA/2019) O Microsoft Word Pt-Br versão 2016 possui guias que
facilitam e organizam a utilização do Software. Por padrão, as guias que vêm disponíveis no programa são exatamente essas apresentadas
abaixo, com exceção da:
(A) Exibir.
(B) Layout.
(C) Design.
(D) Corrigir.

16. (PREFEITURA DE SÃO JOAQUIM DO/PE - AUDITOR DE CONTROLE INTERNO - ADM&TEC/2018) Leia as afirmativas a seguir:
I. As funções “OU” e “SE”, no Microsoft Excel, são funções lógicas.
II. A dinâmica de transmissão de informação na internet não permite que as ações se sucedam concomitantemente.

Marque a alternativa CORRETA:


(A) As duas afirmativas são verdadeiras.
(B) A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.
(C) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa.
(D) As duas afirmativas são falsas.

17. (TJ/DFT - ESTÁGIO - CIEE/2019) Toda função do Excel deverá ser iniciada com o seguinte sinal:
(A) Igual.
(B) Soma.
(C) Média.
(D) Menor.

18. (GHC/RS - CONTADOR -: MS CONCURSOS/2018) O Excel possui a utilização de macros. Dentre as alternativas, assinale a que cor-
retamente explica o que vem a ser “macro”.
(A) Uma sequência de comandos utilizados em linguagem de máquina que corrigem as células.
(B) Uma programação cuja função é gerenciar os recursos do sistema Excel, fornecendo uma interface entre o computador e o usuário.
(C) Um programa do Excel que tem por objetivo ajudar o seu usuário a desempenhar uma tarefa específica, em geral ligada à edito-
ração dos dados.
(D) Um programa que executa o cruzamento de uma linha com uma coluna e nela são inseridas as informações necessárias do seu
documento.
(E) Uma sequência de comandos, que podem ser cliques, toques no teclado ou até mesmo pequenas linhas de códigos com funções
mais avançadas. Essas sequências são gravadas em um módulo VBA e são executadas sempre que forem necessárias.

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INFORMÁTICA
19. (CÂMARA DE MONTES CLAROS/MG - AGENTE DO LEGISLATIVO - COTEC/2020) Dado o recorte de tabela a seguir, as fórmulas
necessárias para se obter a quantidade de alunos aprovados, conforme exposto na célula B16 e a média de notas da Prova 1, disposta na
célula B13, estão na alternativa:

(A) B16=CONT.APROVADO (F2:F11) e B13=MÉDIA (B2:B11).


(B) B16=SOMA (APROVADO) e B13=MÉDIA (B2:B11).
(C) B16=CONT.APROVADO (F2:F11) e B13=MED (B13).
(D) B16=CONT.SE (F2:F11;”APROVADO”) e B13=MÉDIA (B2:B11).
(E) B16=SOMA (F2:F11) –(F4+F5+F6+F7) e B13=MED(B13).

20. (TJ/RN - TÉCNICO DE SUPORTE SÊNIOR - COMPERVE/2020) Um técnico de suporte recebeu uma planilha elaborada no Microsoft Excel,
com os quantitativos de equipamentos em 3 setores diferentes e o valor unitário em reais de cada equipamento, conforme imagem abaixo.

Para que uma célula mostre o valor em reais do somatório dos valores de todos os equipamentos do departamento de informática,
seria necessário utilizar a fórmula:
(A) =SOMA(B3:B8 + C3:C8)
(B) =SOMA(B3:B8 * C3:C8)
(C) =SOMA(B3:B8 * D3:D8)
(D) =SOMA(B3:B8 + D3:D8)

21. (PREFEITURA DE SÃO CARLOS/SP - MÉDICO - INSTITUTO EXCELÊNCIA/2018) Tendo por base o programa Microsoft Excel na sua
configuração padrão e versão mais recente, responda: Qual operador aritmético é utilizado quando for preciso inserir uma potenciação?
(A) !
(B) $
(C) *
(D) @
(E) ^

22. (PREFEITURA DE SÃO FRANCISCO/MG - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO - COTEC/2020) Em observação aos conceitos e compo-
nentes de e-mail, faça a relação da denominação de item, presente na 1.ª coluna, com a sua definição, na 2.ª coluna.
Item
1- Spam
2- IMAP
3- Cabeçalho
4- Gmail

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INFORMÁTICA
Definição Todas as três colaboradoras receberam o e-mail de Angélica e
( ) Protocolo de gerenciamento de correio eletrônico. o responderam através do comando “Responder a todos”. Conside-
( ) Um serviço gratuito de webmail. rando a situação ilustrada, é correto afirmar que:
( ) Mensagens de e-mail não desejadas e enviadas em massa (A) somente Angélica recebeu todas as respostas.
para múltiplas pessoas. (B) Tatiana não recebeu nenhuma das respostas.
( ) Uma das duas seções principais das mensagens de e-mail. (C) somente Luíza e Rafaela receberam todas as respostas.
(D) todas receberam as respostas umas das outras.
A alternativa CORRETA para a correspondência entre colunas é:
(A) 1, 2, 3, 4. 27. (PREFEITURA DE AREAL - RJ - TÉCNICO EM INFORMÁTICA -
(B) 3, 1, 2, 4. GUALIMP/2020) São características exclusivas da Intranet:
(C) 2, 1, 4, 3. (A) Acesso restrito e Rede Local (LAN).
(D) 2, 4, 1, 3. (B) Rede Local (LAN) e Compartilhamento de impressoras.
(E) 1, 3, 4, 2. (C) Comunicação externa e Compartilhamento de Dados.
(D) Compartilhamento de impressoras e Acesso restrito.
23. (PREFEITURA DE BRASÍLIA DE MINAS/MG - ENGENHEIRO
AMBIENTAL - COTEC/2020) LEIA as afirmações a seguir: 28. (PREFEITURA DE SÃO FRANCISCO/MG - ASSISTENTE AD-
I - É registrada a data e a hora de envio da mensagem. MINISTRATIVO - COTEC/2020) Os termos internet e World Wide
II - As mensagens devem ser lidas periodicamente para não Web (WWW) são frequentemente usados como sinônimos na lin-
acumular. guagem corrente, e não são porque
III - Não indicado para assuntos confidenciais. (A) a internet é uma coleção de documentos interligados (pá-
IV - Utilizada para comunicações internacionais e regionais, ginas web) e outros recursos, enquanto a WWW é um serviço de
economizando despesas com telefone e evitando problemas com acesso a um computador.
fuso horário. (B) a internet é um conjunto de serviços que permitem a cone-
V - As mensagens podem ser arquivadas e armazenadas, per- xão de vários computadores, enquanto WWW é um serviço espe-
mitindo-se fazer consultas posteriores. cial de acesso ao Google.
(C) a internet é uma rede mundial de computadores especial,
São vantagens do correio eletrônico aquelas dispostas em apenas: enquanto a WWW é apenas um dos muitos serviços que funcionam
(A) I, IV e V. dentro da internet.
(B) I, III e IV. (D) a internet possibilita uma comunicação entre vários com-
(C) II, III e V. putadores, enquanto a WWW, o acesso a um endereço eletrônico.
(D) II, IV e V. (E) a internet é uma coleção de endereços eletrônicos, enquan-
(E) III, IV e V. to a WWW é uma rede mundial de computadores com acesso es-
pecial ao Google.
24. (FITO - TÉCNICO EM GESTÃO - VUNESP/2020) Um usuário,
ao preparar um e-mail e não enviá-lo imediatamente, pode, para não 29. (PREFEITURA DE PINTO BANDEIRA/RS - AUXILIAR DE SER-
perder o trabalho feito, salvar o e-mail para envio posteriormente. VIÇOS GERAIS - OBJETIVA/2019) Sobre a navegação na internet,
O recurso que permite salvar um e-mail ainda não enviado é analisar a sentença abaixo:
(A) Favorito. Os acessos a sites de pesquisa e de notícias são geralmente
(B) Lembrete. realizados pelo protocolo HTTP, onde as informações trafegam com
(C) Acompanhamento. o uso de criptografia (1ª parte). O protocolo HTTP não garante que
(D) Rascunho. os dados não possam ser interceptados (2ª parte). A sentença está:
(E) Marcas. (A) Totalmente correta.
(B) Correta somente em sua 1ª parte.
25. (TJ/DFT - ESTÁGIO - CIEE/2018) Podem ser consideradas (C) Correta somente em sua 2ª parte.
algumas atividades do correio eletrônico: (D) Totalmente incorreta.
I - Solicitar informações.
II - Fazer download de arquivos. 30. (CRN - 3ª REGIÃO (SP E MS) - OPERADOR DE CALL CENTER -
III - Mandar mensagens. IADES/2019) A navegação na internet e intranet ocorre de diversas
formas, e uma delas é por meio de navegadores. Quanto às funções
Estão CORRETOS: dos navegadores, assinale a alternativa correta.
(A) Somente os itens I e II. (A) Na internet, a navegação privada ou anônima do navegador
(B) Somente os itens I e III. Firefox se assemelha funcionalmente à do Chrome.
(C) Somente os itens II e III. (B) O acesso à internet com a rede off-line é uma das vantagens
(D) Todos os itens. do navegador Firefox.
(C) A função Atualizar recupera as informações perdidas quan-
26. (PREFEITURA DE SOBRAL/CE - ANALISTA DE INFRAESTRU- do uma página é fechada incorretamente.
TURA - UECE-CEV/2018) Angélica enviou um e-mail para três cola- (D) A navegação privada do navegador Chrome só funciona na
boradoras, Luíza, Rafaela e Tatiana, tendo preenchido os campos intranet.
do destinatário da seguinte forma: (E) Os cookies, em regra, não são salvos pelos navegadores
Para: luiza@email.com.br quando estão em uma rede da internet.
Cc: rafaela@email.com.br
Cco: tatiana@email.com.br
Assunto: reunião importante

35
INFORMÁTICA

GABARITO
ANOTAÇÕES
______________________________________________________

1 D ______________________________________________________

2 E ______________________________________________________
3 B
______________________________________________________
4 B
______________________________________________________
5 A
6 A ______________________________________________________
7 B
______________________________________________________
8 B
______________________________________________________
9 B
10 A ______________________________________________________
11 B ______________________________________________________
12 C
______________________________________________________
13 C
14 B ______________________________________________________
15 D ______________________________________________________
16 B
______________________________________________________
17 A
18 E ______________________________________________________
19 D ______________________________________________________
20 B
______________________________________________________
21 C
22 D ______________________________________________________
23 A ______________________________________________________
24 D
______________________________________________________
25 D
26 B ______________________________________________________
27 B ______________________________________________________
28 C
______________________________________________________
29 C
30 A _____________________________________________________

_____________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

36
RACIOCÍNIO LÓGICO
1. Visa avaliar a habilidade do candidato em entender a estrutura lógica das relações arbitrárias entre pessoas, lugares, coisas, eventos
fictícios; deduzir novas informações das relações fornecidas e avaliar as condições usadas para estabelecer a estrutura daquelas
relações. Visa também avaliar se o candidato identifica as regularidades de uma sequência, numérica ou figural, de modo a indicar
qual é o elemento de uma dada posição. As questões desta prova poderão tratar das seguintes áreas: estruturas lógicas, lógicas de
argumentação, diagramas lógicos, sequências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
RACIOCÍNIO LÓGICO

VISA AVALIAR A HABILIDADE DO CANDIDATO EM ENTENDER A ESTRUTURA LÓGICA DAS RELAÇÕES ARBITRÁRIAS
ENTRE PESSOAS, LUGARES, COISAS, EVENTOS FICTÍCIOS; DEDUZIR NOVAS INFORMAÇÕES DAS RELAÇÕES FORNE-
CIDAS E AVALIAR AS CONDIÇÕES USADAS PARA ESTABELECER A ESTRUTURA DAQUELAS RELAÇÕES. VISA TAMBÉM
AVALIAR SE O CANDIDATO IDENTIFICA AS REGULARIDADES DE UMA SEQUÊNCIA, NUMÉRICA OU FIGURAL, DE
MODO A INDICAR QUAL É O ELEMENTO DE UMA DADA POSIÇÃO. AS QUESTÕES DESTA PROVA PODERÃO TRATAR
DAS SEGUINTES ÁREAS: ESTRUTURAS LÓGICAS, LÓGICAS DE ARGUMENTAÇÃO, DIAGRAMAS LÓGICOS, SEQUÊNCIAS

CONCEITOS BÁSICOS DE RACIOCÍNIO LÓGICO

Proposição
Conjunto de palavras ou símbolos que expressam um pensamento ou uma ideia de sentido completo. Elas
transmitem pensamentos, isto é, afirmam fatos ou exprimem juízos que formamos a respeito de determinados conceitos ou entes.

Valores lógicos
São os valores atribuídos as proposições, podendo ser uma verdade, se a proposição é verdadeira (V), e uma falsidade, se a proposi-
ção é falsa (F). Designamos as letras V e F para abreviarmos os valores lógicos verdade e falsidade respectivamente.
Com isso temos alguns aximos da lógica:
– PRINCÍPIO DA NÃO CONTRADIÇÃO: uma proposição não pode ser verdadeira E falsa ao mesmo tempo.
– PRINCÍPIO DO TERCEIRO EXCLUÍDO: toda proposição OU é verdadeira OU é falsa, verificamos sempre um desses casos, NUNCA
existindo um terceiro caso.

Fique Atento!!
“Toda proposição tem um, e somente um, dos valores, que são: V ou F.”

Classificação de uma proposição


Elas podem ser:
Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógico verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto, não
é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
- Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem? – Fez Sol ontem?
- Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a televisão.
- Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, ambíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro do
meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1

Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será considerada
uma frase, proposição ou sentença lógica.

Proposições simples e compostas


Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As pro-
posições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.

Exemplos
r: Thiago é careca.
s: Pedro é professor.

Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógicas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições sim-
ples. As proposições compostas são designadas pelas letras latinas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras proposicionais.
Exemplo:
P: Thiago é careca e Pedro é professor.

ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas por duas proposições simples.

Exemplo:(Cespe/UNB) Na lista de frases apresentadas a seguir:


• “A frase dentro destas aspas é uma mentira.”
• A expressão x + y é positiva.
• O valor de √4 + 3 = 7.
• Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira.
• O que é isto?

Há exatamente:
(A) uma proposição;
(B) duas proposições;
(C) três proposições;
(D) quatro proposições;
(E) todas são proposições.

1
RACIOCÍNIO LÓGICO
Resolução:
Analisemos cada alternativa:
(A) “A frase dentro destas aspas é uma mentira”, não podemos atribuir valores lógicos a ela, logo não é uma sentença lógica.
(B) A expressão x + y é positiva, não temos como atribuir valores lógicos, logo não é sentença lógica.
(C) O valor de √4 + 3 = 7; é uma sentença lógica pois podemos atribuir valores lógicos, independente do resultado que tenhamos
(D) Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira, também podemos atribuir valores lógicos (não estamos considerando a quantidade
certa de gols, apenas se podemos atribuir um valor de V ou F a sentença).
(E) O que é isto? - como vemos não podemos atribuir valores lógicos por se tratar de uma frase interrogativa.

01. Resposta: B.
Conectivos (concectores lógicos)
Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos. São eles:

Operação Conectivo Estrutura Lógica Tabela verdade

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

Condicional → Se p então q

2
RACIOCÍNIO LÓGICO

Bicondicional ↔ p se e somente se q

Exemplo: (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP). Os conectivos ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou sím-
bolos (da linguagem formal) utilizados para conectar proposições de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa
que apresenta exemplos de conjunção, negação e implicação, respectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
(C) p -> q, p v q, ¬ p
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q
Resolução:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧ . A negação é repre-
sentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposição simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação é uma
proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representada pelo símbolo (→).
Resposta: B.

Tabela Verdade
Quando trabalhamos com as proposições compostas, determinamos o seu valor lógico partindo das proposições simples que a com-
põe. O valor lógico de qualquer proposição composta depende UNICAMENTE dos valores lógicos das proposições simples componentes,
ficando por eles UNIVOCAMENTE determinados.

Número de linhas de uma Tabela Verdade: depende do número de proposições simples que a integram, sendo dado pelo seguinte teorema:
“A tabela verdade de uma proposição composta com n* proposições simpleste componentes contém 2n linhas.”

Exemplo: (Cespe/UnB) Se “A”, “B”, “C” e “D” forem proposições simples e distintas, então o número de linhas da tabela-verdade da
proposição (A → B) ↔ (C → D) será igual a:
(A) 2;
(B) 4;
(C) 8;
(D) 16;
(E) 32.
Resolução:
Veja que podemos aplicar a mesma linha do raciocínio acima, então teremos:
Número de linhas = 2n = 24 = 16 linhas.
Resposta D.

Conceitos de Tautologia , Contradição e Contigência


- Tautologia: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), V (verdades).
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma tautologia, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma tautologia, quaisquer que sejam
as proposições P0, Q0, R0, ...

- Contradição: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), F (falsidades). A contradição é a negação da Tauto-
logia e vice versa.
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma contradição, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma contradição, quaisquer que
sejam as proposições P0, Q0, R0, ...

- Contigência: possui valores lógicos V e F ,da tabela verdade (última coluna). Em outros termos a contingência é uma proposição
composta que não é tautologia e nem contradição.

Exemplos:
01. (PECFAZ/ESAF) Conforme a teoria da lógica proposicional, a proposição ~P ∧ P é:
(A) uma tautologia.
(B) equivalente à proposição ~p ∨ p.
(C) uma contradição.
(D) uma contingência.
(E) uma disjunção.
Resolução:
Resposta: C.

3
RACIOCÍNIO LÓGICO
02. (DPU – Analista – CESPE) Um estudante de direito, com o objetivo de sistematizar o seu estudo, criou sua própria legenda, na qual
identificava, por letras, algumas afirmações relevantes quanto à disciplina estudada e as vinculava por meio de sentenças (proposições).
No seu vocabulário particular constava, por exemplo:
P: Cometeu o crime A.
Q: Cometeu o crime B.
R: Será punido, obrigatoriamente, com a pena de reclusão no regime fechado.
S: Poderá optar pelo pagamento de fiança.
Ao revisar seus escritos, o estudante, apesar de não recordar qual era o crime B, lembrou que ele era inafiançável.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item que se segue.
A sentença (P→Q)↔((~Q)→(~P)) será sempre verdadeira, independentemente das valorações de P e Q como verdadeiras ou falsas.
( ) Certo ( ) Errado

Resolução:
Considerando P e Q como V.
(V→V) ↔ ((F)→(F))
(V) ↔ (V) = V

Considerando P e Q como F
(F→F) ↔ ((V)→(V))
(V) ↔ (V) = V

Então concluímos que a afirmação é verdadeira.


Resposta: Certo.

Equivalência
Duas ou mais proposições compostas são equivalentes, quando mesmo possuindo estruturas lógicas diferentes, apresentam a mesma
solução em suas respectivas tabelas verdade.

Se as proposições P(p,q,r,...) e Q(p,q,r,...) são ambas TAUTOLOGIAS, ou então, são CONTRADIÇÕES, então são EQUIVALENTES.

Exemplo: (VUNESP/TJSP) Uma negação lógica para a afirmação “João é rico, ou Maria é pobre” é:
(A) Se João é rico, então Maria é pobre.
(B) João não é rico, e Maria não é pobre.
(C) João é rico, e Maria não é pobre.
(D) Se João não é rico, então Maria não é pobre.
(E) João não é rico, ou Maria não é pobre.

Resolução:
Nesta questão, a proposição a ser negada trata-se da disjunção de duas proposições lógicas simples. Para tal, trocamos o conectivo
por “e” e negamos as proposições “João é rico” e “Maria é pobre”. Vejam como fica:

4
RACIOCÍNIO LÓGICO

Resposta: B.

Leis de Morgan
Com elas:
- Negamos que duas dadas proposições são ao mesmo tempo verdadeiras equivalendo a afirmar que pelo menos uma é falsa
- Negamos que uma pelo menos de duas proposições é verdadeira equivalando a afirmar que ambas são falsas.

Atenção!!!
As Leis de Morgan exprimem que NEGAÇÂO transforma:
CONJUNÇÃO em DISJUNÇÃO e DISJUNÇÃO em CONJUNÇÃO

Exemplo: (TJ/PI – Analista Judiciário – Escrivão Judicial – FGV) Considere a afirmação:


“Mato a cobra e mostro o pau”
A negação lógica dessa afirmação é:
(A) não mato a cobra ou não mostro o pau;
(B) não mato a cobra e não mostro o pau;
(C) não mato a cobra e mostro o pau;
(D) mato a cobra e não mostro o pau;
(E) mato a cobra ou não mostro o pau.

Resolução:
Resposta: A

CONECTIVOS
Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos.

Operação Conectivo Estrutura Lógica Exemplos


Negação ~ Não p A cadeira não é azul.
Conjunção ^ peq Fernando é médico e Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Inclusiva v p ou q Fernando é médico ou Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Exclusiva v Ou p ou q Ou Fernando é médico ou João é Engenheiro.
Condicional → Se p então q Se Fernando é médico então Nicolas é Engenheiro.
Bicondicional ↔ p se e somente se q Fernando é médico se e somente se Nicolas é Engenheiro.

Conectivo “não” (~)


Chamamos de negação de uma proposição representada por “não p” cujo valor lógico é verdade (V) quando p é falsa e falsidade (F)
quando p é verdadeira. Assim “não p” tem valor lógico oposto daquele de p. Pela tabela verdade temos:

5
RACIOCÍNIO LÓGICO
Conectivo “e” (˄) Conectivo “Se... então” (→)
Se p e q são duas proposições, a proposição p ˄ q será chamada Se p e q são duas proposições, a proposição p→q é chamada
de conjunção. Para a conjunção, tem-se a seguinte tabela-verdade: subjunção ou condicional. Considere a seguinte subjunção: “Se fi-
zer sol, então irei à praia”.
1. Podem ocorrer as situações:
2. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
3. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade)
5. Não fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade, pois eu não dis-
se o que faria se não fizesse sol. Assim, poderia ir ou não ir à praia).
Temos então sua tabela verdade:

FIQUE ATENTO: Sentenças interligadas pelo conectivo “e” pos-


suirão o valor verdadeiro somente quando todas as sentenças, ou
argumentos lógicos, tiverem valores verdadeiros.

Conectivo “ou” (v)


Este inclusivo: Elisabete é bonita ou Elisabete é inteligente.
(Nada impede que Elisabete seja bonita e inteligente).

Observe que uma subjunção p→q somente será falsa quando


a primeira proposição, p, for verdadeira e a segunda, q, for falsa.

Conectivo “Se e somente se” (↔)


Se p e q são duas proposições, a proposição p↔q1 é chamada
bijunção ou bicondicional, que também pode ser lida como: “p é
condição necessária e suficiente para q” ou, ainda, “q é condição
necessária e suficiente para p”.

Considere, agora, a seguinte bijunção: “Irei à praia se e somen-


Conectivo “ou” (v) te se fizer sol”. Podem ocorrer as situações:
Este exclusivo: Elisabete é paulista ou Elisabete é carioca. (Se 1. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
Elisabete é paulista, não será carioca e vice-versa). 2. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
3. Não fez sol e fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade). Sua tabela
verdade:

Mais sobre o Conectivo “ou”


- “inclusivo”(considera os dois casos)
- “exclusivo”(considera apenas um dos casos)

Exemplos: Observe que uma bicondicional só é verdadeira quando as pro-


R: Paulo é professor ou administrador posições formadoras são ambas falsas ou ambas verdadeiras.
S: Maria é jovem ou idosa O importante sobre os concectivos é ter em mente a tabela de
No primeiro caso, o “ou” éinclusivo,pois pelo menos uma cada um deles, para que assim você possa resolver qualquer ques-
das proposições é verdadeira, podendo ser ambas. tão referente ao assunto.
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das
proposições poderá ser verdadeira Ordem de precedência dos conectivos:
Ele pode ser “inclusivo”(considera os dois casos) ou “exclusi- O critério que especifica a ordem de avaliação dos conec-
vo”(considera apenas um dos casos)Exemplo:R: Paulo é professor tivos ou operadores lógicos de uma expressão qualquer. A lógica
ou administrador S: Maria é jovem ou idosaNo primeiro caso, o matemática prioriza as operações de acordo com a ordem listadas:
“ou” éinclusivo,pois pelo menos uma das proposições é verda-
deira, podendo ser ambas. No caso da segunda, o “ou” é exclusivo,
pois somente uma das proposições poderá ser verdadeir

6
RACIOCÍNIO LÓGICO
Em resumo:

Exemplo: (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP). Os conectivos ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou sím-
bolos (da linguagem formal) utilizados para conectar proposições de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa
que apresenta exemplos de conjunção, negação e implicação, respectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
(C) p -> q, p v q, ¬ p
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q

Resolução:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧ . A negação é repre-
sentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposição simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação é uma
proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representada pelo símbolo (→).

Resposta: B.

CONTRADIÇÕES
São proposições compostas formadas por duas ou mais proposições onde seu valor lógico é sempre FALSO, independentemente do
valor lógico das proposições simples que a compõem. Vejamos:

A proposição: p ^ ~p é uma contradição, conforme mostra a sua tabela-verdade:

Exemplo: (PEC-FAZ) Conforme a teoria da lógica proposicional, a proposição ~P ∧ P é:


(A) uma tautologia.
(B) equivalente à proposição ~p ∨ p.
(C) uma contradição.
(D) uma contingência.
(E) uma disjunção.

Resolução:
Montando a tabela teremos que:

P ~p ~p ^p
V F F
V F F
F V F
F V F

Como todos os valores são Falsidades (F) logo estamos diante de uma CONTRADIÇÃO.

Resposta: C.

ESTRUTURAS LÓGICAS
Precisamos antes de tudo compreender o que são proposições. Chama-se proposição toda sentença declarativa à qual podemos
atribuir um dos valores lógicos: verdadeiro ou falso, nunca ambos. Trata-se, portanto, de uma sentença fechada.

7
RACIOCÍNIO LÓGICO
Elas podem ser:
Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógico verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto, não
é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
- Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem? – Fez Sol ontem?
- Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a televisão.
- Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, ambíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro do
meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1

Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será considerada
uma frase, proposição ou sentença lógica.

Proposições simples e compostas


Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As pro-
posições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.

Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógicas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições sim-
ples. As proposições compostas são designadas pelas letras latinas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras proposicionais.

ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas por duas proposições simples.

Proposições Compostas – Conectivos


As proposições compostas são formadas por proposições simples ligadas por conectivos, aos quais formam um valor lógico, que po-
demos vê na tabela a seguir:

Operação Conectivo Estrutura Lógica Tabela verdade

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

8
RACIOCÍNIO LÓGICO

Condicional → Se p então q

Bicondicional ↔ p se e somente se q

Em síntese temos a tabela verdade das proposições que facilitará na resolução de diversas questões

Exemplo: (MEC – Conhecimentos básicos para os Postos 9,10,11 e 16 – CESPE)

A figura acima apresenta as colunas iniciais de uma tabela-verdade, em que P, Q e R representam proposições lógicas, e V e F corres-
pondem, respectivamente, aos valores lógicos verdadeiro e falso.
Com base nessas informações e utilizando os conectivos lógicos usuais, julgue o item subsecutivo.
A última coluna da tabela-verdade referente à proposição lógica P v (Q↔R) quando representada na posição horizontal é igual a

( ) Certo ( ) Errado

9
RACIOCÍNIO LÓGICO
Resolução:
P v (Q↔R), montando a tabela verdade temos:

R Q P [ P v (Q ↔ R) ]
V V V V V V V V
V V F F V V V V
V F V V V F F V
V F F F F F F V
F V V V V V F F
F V F F F V F F
F F V V V F V F
F F F F V F V F

Resposta: Certo.

IMPLICAÇÃO LÓGICA
A proposição P(p,q,r,...) implica logicamente a proposição Q(p,q,r,...) quando Q é verdadeira todas as vezes que P é verdadeira. Re-
presentamos a implicação com o símbolo “⇒”, simbolicamente temos:

P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...).

FIQUE ATENTO: Os símbolos “→” e “⇒” são completamente distintos. O primeiro (“→”) representa a condicional, que é um conecti-
vo. O segundo (“⇒”) representa a relação de implicação lógica que pode ou não existir entre duas proposições. Exemplo:

Observe:
- Toda proposição implica uma Tautologia:

- Somente uma contradição implica uma contradição:

Propriedades
Reflexiva:
– P(p,q,r,...) ⇒ P(p,q,r,...)
– Uma proposição complexa implica ela mesma.

Transitiva:
– Se P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...) e
Q(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...), então
P(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...)
– Se P ⇒ Q e Q ⇒ R, então P ⇒ R

10
RACIOCÍNIO LÓGICO
Regras de Inferência
Inferência é o ato ou processo de derivar conclusões lógicas de proposições conhecidas ou decididamente verdadeiras. Em outras
palavras: é a obtenção de novas proposições a partir de proposições verdadeiras já existentes.

Regras de Inferência obtidas d a implicação lógica

- Silogismo Disjuntivo

- Modus Ponens

- Modus Tollens

Tautologias e Implicação Lógica


Teorema
P(p,q,r,..) ⇒ Q(p,q,r,...) se e somente se P(p,q,r,...) → Q(p,q,r,...)

11
RACIOCÍNIO LÓGICO
Observe que: DIAGRAMAS LÓGICOS E LÓGICA DE PRIMEIRA ORDEM
→ indica uma operação lógica entre as proposições. Ex.: das
proposições p e q, dá-se a nova proposição p → q. LÓGICA DE PRIMEIRA ORDEM
⇒ indica uma relação. Ex.: estabelece que a condicional P → Existem alguns tipos de argumentos que apresentam propo-
Q é tautológica. sições com quantificadores. Numa proposição categórica, é im-
portante que o sujeito se relacionar com o predicado de forma
Inferências coerente e que a proposição faça sentido, não importando se é
verdadeira ou falsa.
Regra do Silogismo Hipotético
Vejamos algumas formas:
- Todo A é B.
- Nenhum A é B.
- Algum A é B.
- Algum A não é B.
Onde temos que A e B são os termos ou características dessas
Princípio da inconsistência proposições categóricas.
– Como “p ^ ~p → q” é tautológica, subsiste a implicação lógica
p ^ ~p ⇒q Classificação de uma proposição categórica de acordo com o
– Assim, de uma contradição p ^ ~p se deduz qualquer propo- tipo e a relação
sição q. Elas podem ser classificadas de acordo com dois critérios fun-
A proposição “(p ↔ q) ^ p” implica a proposição “q”, pois a damentais: qualidade e extensão ou quantidade.
condicional “(p ↔ q) ^ p → q” é tautológica. Qualidade: O critério de qualidade classifica uma proposição
categórica em afirmativa ou negativa.
Exemplo: (TJ/PI – Analista Judiciário – Escrivão Judicial – FGV) Extensão: O critério de extensão ou quantidade classifica uma
Renato falou a verdade quando disse: proposição categórica em universal ou particular. A classificação
• Corro ou faço ginástica. dependerá do quantificador que é utilizado na proposição.
• Acordo cedo ou não corro.
• Como pouco ou não faço ginástica.

Certo dia, Renato comeu muito.

É correto concluir que, nesse dia, Renato:


(A) correu e fez ginástica;
(B) não fez ginástica e não correu;
(C) correu e não acordou cedo;
(D) acordou cedo e correu;
(E) não fez ginástica e não acordou cedo.
Entre elas existem tipos e relações de acordo com a qualidade
Resolução: e a extensão, classificam-se em quatro tipos, representados pelas
Na disjunção, para evitarmos que elas fiquem falsas, basta por letras A, E, I e O.
uma das proposições simples como verdadeira, logo:
“Renato comeu muito” Universal afirmativa (Tipo A) – “TODO A é B”.
Teremos duas possibilidades.
Como pouco ou não faço ginástica
F V

Corro ou faço ginástica


V F

Acordo cedo ou não corro


V F

Portanto ele: Tais proposições afirmam que o conjunto “A” está contido no
Comeu muito conjunto “B”, ou seja, que todo e qualquer elemento de “A” é tam-
Não fez ginástica bém elemento de “B”. Observe que “Toda A é B” é diferente de
Corrreu, e; “Todo B é A”.
Acordou cedo
Resposta: D. Universal negativa (Tipo E) – “NENHUM A é B”.
Tais proposições afirmam que não há elementos em comum
entre os conjuntos “A” e “B”. Observe que “nenhum A é B” é o
mesmo que dizer “nenhum B é A”.
Podemos representar esta universal negativa pelo seguinte
diagrama (A ∩ B = ø):

12
RACIOCÍNIO LÓGICO

Particular afirmativa (Tipo I) - “ALGUM A é B”


Podemos ter 4 diferentes situações para representar esta pro-
posição:

Exemplos:
01. (MRE – Oficial de Chancelaria – FGV) João olhou as dez
bolas que havia em um saco e afirmou:
“Todas as bolas desse saco são pretas”.

Sabe-se que a afirmativa de João é falsa.


É correto concluir que:
(A) nenhuma bola desse saco é preta;
(B) pelo menos nove bolas desse saco são pretas;
(C) pelo menos uma bola desse saco é preta;
(D) pelo menos uma bola desse saco não é preta;
(E) nenhuma bola desse saco é branca.
Essas proposições Algum A é B estabelecem que o conjunto
“A” tem pelo menos um elemento em comum com o conjunto “B”. Resolução:
Contudo, quando dizemos que Algum A é B, presumimos que nem Resposta: D.
todo A é B. Observe “Algum A é B” é o mesmo que “Algum B é A”. 02. (DESENVOLVE/SP - Contador - VUNESP) Alguns gatos não
Particular negativa (Tipo O) - “ALGUM A não é B” são pardos, e aqueles que não são pardos miam alto.
Se a proposição Algum A não é B é verdadeira, temos as três Uma afirmação que corresponde a uma negação lógica da afir-
representações possíveis: mação anterior é:
(A) Os gatos pardos miam alto ou todos os gatos não são pardos.
(B) Nenhum gato mia alto e todos os gatos são pardos.
(C) Todos os gatos são pardos ou os gatos que não são pardos
não miam alto.
(D) Todos os gatos que miam alto são pardos.
(E) Qualquer animal que mia alto é gato e quase sempre ele é
pardo.

Resolução:
Temos um quantificador particular (alguns) e uma proposição
do tipo conjunção (conectivo “e”). Pede-se a sua negação.
O quantificador existencial “alguns” pode ser negado, seguindo
o esquema, pelos quantificadores universais (todos ou nenhum).
Logo, podemos descartar as alternativas A e E.
Proposições nessa forma: Algum A não é B estabelecem que o A negação de uma conjunção se faz através de uma disjunção,
conjunto “A” tem pelo menos um elemento que não pertence ao em que trocaremos o conectivo “e” pelo conectivo “ou”. Descarta-
conjunto “B”. Observe que: Algum A não é B não significa o mesmo mos a alternativa B.
que Algum B não é A. Vamos, então, fazer a negação da frase, não esquecendo de
que a relação que existe é: Algum A é B, deve ser trocado por: Todo
Negação das Proposições Categóricas A é não B.
Ao negarmos uma proposição categórica, devemos observar as Todos os gatos que são pardos ou os gatos (aqueles) que não
seguintes convenções de equivalência: são pardos NÃO miam alto.
- Ao negarmos uma proposição categórica universal geramos Resposta: C.
uma proposição categórica particular.
- Pela recíproca de uma negação, ao negarmos uma proposição 03. (CBM/RJ - Cabo Técnico em Enfermagem - ND) Dizer que a
categórica particular geramos uma proposição categórica universal. afirmação “todos os professores é psicólogos” e falsa, do ponto de
- Negando uma proposição de natureza afirmativa geramos, vista lógico, equivale a dizer que a seguinte afirmação é verdadeira
sempre, uma proposição de natureza negativa; e, pela recíproca, (A) Todos os não psicólogos são professores.
negando uma proposição de natureza negativa geramos, sempre, (B) Nenhum professor é psicólogo.
uma proposição de natureza afirmativa. (C) Nenhum psicólogo é professor.
Em síntese: (D) Pelo menos um psicólogo não é professor.
(E) Pelo menos um professor não é psicólogo.

13
RACIOCÍNIO LÓGICO
Resolução:
Se a afirmação é falsa a negação será verdadeira. Logo, a negação de um quantificador universal categórico afirmativo se faz através
de um quantificador existencial negativo. Logo teremos: Pelo menos um professor não é psicólogo.
Resposta: E.

Equivalência entre as proposições


Basta usar o triângulo a seguir e economizar um bom tempo na resolução de questões.

Exemplo: (PC/PI - Escrivão de Polícia Civil - UESPI) Qual a negação lógica da sentença “Todo número natural é maior do que ou igual
a cinco”?
(A) Todo número natural é menor do que cinco.
(B) Nenhum número natural é menor do que cinco.
(C) Todo número natural é diferente de cinco.
(D) Existe um número natural que é menor do que cinco.

(E) Existe um número natural que é diferente de cinco.

Resolução:
Do enunciado temos um quantificador universal (Todo) e pede-se a sua negação.
O quantificador universal todos pode ser negado, seguindo o esquema abaixo, pelo quantificador algum, pelo menos um, existe ao
menos um, etc. Não se nega um quantificador universal com Todos e Nenhum, que também são universais.

Portanto, já podemos descartar as alternativas que trazem quantificadores universais (todo e nenhum). Descartamos as alternativas
A, B e C.
Seguindo, devemos negar o termo: “maior do que ou igual a cinco”. Negaremos usando o termo “MENOR do que cinco”.
Obs: maior ou igual a cinco (compreende o 5, 6, 7...) ao ser negado passa a ser menor do que cinco (4, 3, 2,...).
Resposta: D.

DIAGRAMAS LÓGICOS
Os diagramas lógicos são usados na resolução de vários problemas. È uma ferramenta para resolvermos problemas que envolvam
argumentos dedutivos, as quais as premissas deste argumento podem ser formadas por proposições categóricas.

Fica a dica!!!
É bom ter um conhecimento sobre conjuntos para conseguir resolver questões que envolvam os diagramas lógicos.

14
RACIOCÍNIO LÓGICO
Vejamos a tabela abaixo as proposições categóricas:
Tipo Preposição Diagramas

A TODO A é B

Se um elemento pertence ao conjunto A, então pertence também a B.

E NENHUM A é B

Existe pelo menos um elemento que pertence a A, então não pertence a B, e vice-versa.

Existe pelo menos um elemento comum aos conjuntos A e B.


Podemos ainda representar das seguintes formas:

I ALGUM A é B

O ALGUM A NÃO é B

Perceba-se que, nesta sentença, a atenção está sobre o(s) elemento (s) de A que não são B (enquan-
to que, no “Algum A é B”, a atenção estava sobre os que eram B, ou seja, na intercessão).
Temos também no segundo caso, a diferença entre conjuntos, que forma o conjunto A - B

Exemplo: (GDF–Analista de Atividades Culturais Administração – IADES) Considere as proposições: “todo cinema é uma casa de
cultura”, “existem teatros que não são cinemas” e “algum teatro é casa de cultura”. Logo, é correto afirmar que
(A) existem cinemas que não são teatros.
(B) existe teatro que não é casa de cultura.
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro.
(D) existe casa de cultura que não é cinema.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema.

15
RACIOCÍNIO LÓGICO
Resolução:
Vamos chamar de:
Cinema = C
Casa de Cultura = CC
Teatro = T
Analisando as proposições temos:
- Todo cinema é uma casa de cultura

(D) existe casa de cultura que não é cinema. – Errado, a justifi-


cativa é observada no diagrama da alternativa anterior.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema. – Cor-
reta, que podemos observar no diagrama abaixo, uma vez que todo
cinema é casa de cultura. Se o teatro não é casa de cultura também
não é cinema.
- Existem teatros que não são cinemas

- Algum teatro é casa de cultura Resposta: E.

LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO
Chama-se argumento a afirmação de que um grupo de propo-
sições iniciais redunda em outra proposição final, que será conse-
quência das primeiras. Ou seja, argumento é a relação que associa
um conjunto de proposições P1, P2,... Pn , chamadas premissas do
argumento, a uma proposição Q, chamada de conclusão do argu-
mento.

Visto que na primeira chegamos à conclusão que C = CC


Segundo as afirmativas temos:
(A) existem cinemas que não são teatros- Observando o último
diagrama vimos que não é uma verdade, pois temos que existe pelo
menos um dos cinemas é considerado teatro.

Exemplo:
P1: Todos os cientistas são loucos.
P2: Martiniano é louco.
Q: Martiniano é um cientista.

O exemplo dado pode ser chamdo de Silogismo (argumento


formado por duas premissas e a conclusão).
(B) existe teatro que não é casa de cultura. – Errado, pelo mes- A respeito dos argumentos lógicos, estamos interessados em
mo princípio acima. verificar se eles são válidos ou inválidos! Então, passemos a enten-
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro. – Errado, der o que significa um argumento válido e um argumento inválido.
a primeira proposição já nos afirma o contrário. O diagrama nos
afirma isso Argumentos Válidos
Dizemos que um argumento é válido (ou ainda legítimo ou bem
construído), quando a sua conclusão é uma consequência obrigató-
ria do seu conjunto de premissas.

16
RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo: O silogismo...
P1: Todos os homens são pássaros.
P2: Nenhum pássaro é animal.
Q: Portanto, nenhum homem é animal.

... está perfeitamente bem construído, sendo, portanto, um


argumento válido, muito embora a veracidade das premissas e da
conclusão sejam totalmente questionáveis.

Fique Atento!!!

O que vale é a CONSTRUÇÃO, E NÃO O SEU CONTEÚDO!


Se a construção está perfeita, então o argumento é válido,
independentemente do conteúdo das premissas ou da conclusão! Comparando a conclusão do nosso argumento, temos:
– NENHUM homem é animal – com o desenho das premissas
Como saber se um determinado argumento é mesmo válido? será que podemos dizer que esta conclusão é uma consequência
Para se comprovar a validade de um argumento é utilizando necessária das premissas? Claro que sim! Observemos que o con-
diagramas de conjuntos (diagramas de Venn). Trata-se de um mé- junto dos homens está totalmente separado (total dissociação!) do
todo muito útil e que será usado com frequência em questões que conjunto dos animais. Resultado: este é um argumento válido!
pedem a verificação da validade de um argumento. Vejamos como
funciona, usando o exemplo acima. Quando se afirma, na premissa Argumentos Inválidos
P1, que “todos os homens são pássaros”, poderemos representar Dizemos que um argumento é inválido – também denominado
essa frase da seguinte maneira: ilegítimo, mal construído, falacioso ou sofisma – quando a verdade
das premissas não é suficiente para garantir a verdade da conclusão.

Exemplo:
P1: Todas as crianças gostam de chocolate.
P2: Patrícia não é criança.
Q: Portanto, Patrícia não gosta de chocolate.

Este é um argumento inválido, falacioso, mal construído, pois


as premissas não garantem (não obrigam) a verdade da conclusão.
Patrícia pode gostar de chocolate mesmo que não seja criança, pois
a primeira premissa não afirmou que somente as crianças gostam
de chocolate.
Utilizando os diagramas de conjuntos para provar a validade
Observem que todos os elementos do conjunto menor (ho- do argumento anterior, provaremos, utilizando-nos do mesmo ar-
mens) estão incluídos, ou seja, pertencem ao conjunto maior (dos tifício, que o argumento em análise é inválido. Comecemos pela
pássaros). E será sempre essa a representação gráfica da frase primeira premissa: “Todas as crianças gostam de chocolate”.
“Todo A é B”. Dois círculos, um dentro do outro, estando o círculo
menor a representar o grupo de quem se segue à palavra TODO.
Na frase: “Nenhum pássaro é animal”. Observemos que a pa-
lavra-chave desta sentença é NENHUM. E a idéia que ela exprime é
de uma total dissociação entre os dois conjuntos.

Analisemos agora o que diz a segunda premissa: “Patrícia não é


criança”. O que temos que fazer aqui é pegar o diagrama acima (da
primeira premissa) e nele indicar onde poderá estar localizada a Pa-
trícia, obedecendo ao que consta nesta segunda premissa. Vemos
Será sempre assim a representação gráfica de uma sentença facilmente que a Patrícia só não poderá estar dentro do círculo das
“Nenhum A é B”: dois conjuntos separados, sem nenhum ponto em crianças. É a única restrição que faz a segunda premissa! Isto posto,
comum. concluímos que Patrícia poderá estar em dois lugares distintos do
Tomemos agora as representações gráficas das duas premissas diagrama:
vistas acima e as analisemos em conjunto. Teremos:
1º) Fora do conjunto maior;
2º) Dentro do conjunto maior. Vejamos:

17
RACIOCÍNIO LÓGICO

Finalmente, passemos à análise da conclusão: “Patrícia não gosta de chocolate”. Ora, o que nos resta para sabermos se este argumen-
to é válido ou não, é justamente confirmar se esse resultado (se esta conclusão) é necessariamente verdadeiro!
- É necessariamente verdadeiro que Patrícia não gosta de chocolate? Olhando para o desenho acima, respondemos que não! Pode
ser que ela não goste de chocolate (caso esteja fora do círculo), mas também pode ser que goste (caso esteja dentro do círculo)! Enfim, o
argumento é inválido, pois as premissas não garantiram a veracidade da conclusão!

Métodos para validação de um argumento


Aprenderemos a seguir alguns diferentes métodos que nos possibilitarão afirmar se um argumento é válido ou não!
1º) Utilizando diagramas de conjuntos: esta forma é indicada quando nas premissas do argumento aparecem as palavras TODO, AL-
GUM E NENHUM, ou os seus sinônimos: cada, existe um etc.

2º) Utilizando tabela-verdade: esta forma é mais indicada quando não for possível resolver pelo primeiro método, o que ocorre
quando nas premissas não aparecem as palavras todo, algum e nenhum, mas sim, os conectivos “ou” , “e”, “→” e “↔”. Baseia-se na
construção da tabela-verdade, destacando-se uma coluna para cada premissa e outra para a conclusão. Este método tem a desvantagem
de ser mais trabalhoso, principalmente quando envolve várias proposições simples.

3º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos e considerando as premissas verdadeiras.


Por este método, fácil e rapidamente demonstraremos a validade de um argumento. Porém, só devemos utilizá-lo na impossibilidade
do primeiro método.
Iniciaremos aqui considerando as premissas como verdades. Daí, por meio das operações lógicas com os conectivos, descobriremos o
valor lógico da conclusão, que deverá resultar também em verdade, para que o argumento seja considerado válido.

4º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos, considerando premissas verdadeiras e conclusão falsa.
É indicado este caminho quando notarmos que a aplicação do terceiro método não possibilitará a descoberta do valor lógico da con-
clusão de maneira direta, mas somente por meio de análises mais complicadas.

18
RACIOCÍNIO LÓGICO
Em síntese:

Exemplo: Diga se o argumento abaixo é válido ou inválido:

(p ∧ q) → r
_____~r_______
~p ∨ ~q

Resolução:
-1ª Pergunta) O argumento apresenta as palavras todo, algum ou nenhum?
A resposta é não! Logo, descartamos o 1º método e passamos à pergunta seguinte.
- 2ª Pergunta) O argumento contém no máximo duas proposições simples?
A resposta também é não! Portanto, descartamos também o 2º método.
- 3ª Pergunta) Há alguma das premissas que seja uma proposição simples ou uma conjunção?
A resposta é sim! A segunda proposição é (~r). Podemos optar então pelo 3º método? Sim, perfeitamente! Mas caso queiramos seguir
adiante com uma próxima pergunta, teríamos:
- 4ª Pergunta) A conclusão tem a forma de uma proposição simples ou de uma disjunção ou de uma condicional? A resposta também
é sim! Nossa conclusão é uma disjunção! Ou seja, caso queiramos, poderemos utilizar, opcionalmente, o 4º método!
Vamos seguir os dois caminhos: resolveremos a questão pelo 3º e pelo 4º métodos.

Resolução pelo 3º Método


Considerando as premissas verdadeiras e testando a conclusão verdadeira. Teremos:
- 2ª Premissa) ~r é verdade. Logo: r é falsa!
- 1ª Premissa) (p ∧ q)→r é verdade. Sabendo que r é falsa, concluímos que (p ∧ q) tem que ser também falsa.
E quando uma conjunção (e) é falsa? Quando uma das premissas for falsa ou ambas forem falsas. Logo, não é possível determinamos
os valores lógicos de p e q. Apesar de inicialmente o 3º método se mostrar adequado, por meio do mesmo, não poderemos determinar
se o argumento é ou NÃO VÁLIDO.

Resolução pelo 4º Método


Considerando a conclusão falsa e premissas verdadeiras. Teremos:
- Conclusão) ~p v ~q é falso. Logo: p é verdadeiro e q é verdadeiro!

19
RACIOCÍNIO LÓGICO
Agora, passamos a testar as premissas, que são consideradas Logo nada podemos afirmar sobre a afirmação: Se Maria foi ao
verdadeiras! Teremos: cinema (V), então Fernando estava estudando (V ou F); pois temos
- 1ª Premissa) (p∧ q)→r é verdade. Sabendo que p e q são ver- dois valores lógicos para chegarmos à conclusão (V ou F).
dadeiros, então a primeira parte da condicional acima também é Resposta: Errado.
verdadeira. Daí resta que a segunda parte não pode ser falsa. Logo:
r é verdadeiro. 02. (Petrobras – Técnico (a) de Exploração de Petróleo Júnior
- 2ª Premissa) Sabendo que r é verdadeiro, teremos que ~r é – Informática – CESGRANRIO) Se Esmeralda é uma fada, então
falso! Opa! A premissa deveria ser verdadeira, e não foi! Bongrado é um elfo. Se Bongrado é um elfo, então Monarca é um
Neste caso, precisaríamos nos lembrar de que o teste, aqui no centauro. Se Monarca é um centauro, então Tristeza é uma bruxa.
4º método, é diferente do teste do 3º: não havendo a existência si- Ora, sabe-se que Tristeza não é uma bruxa, logo
multânea da conclusão falsa e premissas verdadeiras, teremos que (A) Esmeralda é uma fada, e Bongrado não é um elfo.
o argumento é válido! Conclusão: o argumento é válido! (B) Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
(C) Bongrado é um elfo, e Monarca é um centauro.
Exemplos: 01. (DPU – Agente Administrativo – CESPE) Consi- (D) Bongrado é um elfo, e Esmeralda é uma fada
dere que as seguintes proposições sejam verdadeiras. (E) Monarca é um centauro, e Bongrado não é um elfo.
• Quando chove, Maria não vai ao cinema.
• Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema. Resolução:
• Quando Cláudio sai de casa, não faz frio. Vamos analisar cada frase partindo da afirmativa Trizteza não é
• Quando Fernando está estudando, não chove. bruxa, considerando ela como (V), precisamos ter como conclusão
• Durante a noite, faz frio. o valor lógico (V), então:
Tendo como referência as proposições apresentadas, julgue o (4) Se Esmeralda é uma fada(F), então Bongrado é um elfo (F)
item subsecutivo. →V
Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava estudando. (3) Se Bongrado é um elfo (F), então Monarca é um centauro
( ) Certo ( ) Errado (F) → V
(2) Se Monarca é um centauro(F), então Tristeza é uma bru-
Resolução: xa(F) → V
A questão trata-se de lógica de argumentação, dadas as pre- (1) Tristeza não é uma bruxa (V)
missas chegamos a uma conclusão. Enumerando as premissas:
A = Chove Logo:
B = Maria vai ao cinema Temos que:
C = Cláudio fica em casa Esmeralda não é fada(V)
D = Faz frio Bongrado não é elfo (V)
E = Fernando está estudando Monarca não é um centauro (V)
F = É noite Como a conclusão parte da conjunção, o mesmo só será verda-
A argumentação parte que a conclusão deve ser (V) deiro quando todas as afirmativas forem verdadeiras, logo, a única
Lembramos a tabela verdade da condicional: que contém esse valor lógico é:
Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
Resposta: B.

Lógica Sequencial
O Raciocínio é uma operação lógica, discursiva e mental. Neste,
o intelecto humano utiliza uma ou mais proposições, para concluir
através de mecanismos de comparações e abstrações, quais são
os dados que levam às respostas verdadeiras, falsas ou prováveis.
Foi pelo processo do raciocínio que ocorreu o desenvolvimento do
A condicional só será F quando a 1ª for verdadeira e a 2ª falsa, método matemático, este considerado instrumento puramente
utilizando isso temos: teórico e dedutivo, que prescinde de dados empíricos. Logo, re-
O que se quer saber é: Se Maria foi ao cinema, então Fernan- sumidamente o raciocínio pode ser considerado também um dos
do estava estudando. // B → ~E integrantes dos mecanismos dos processos cognitivos superiores
Iniciando temos: da formação de conceitos e da solução de problemas, sendo parte
4º - Quando chove (F), Maria não vai ao cinema. (F) // A → ~B do pensamento.
= V – para que o argumento seja válido temos que Quando chove
tem que ser F. Sequências Lógicas
3º - Quando Cláudio fica em casa (V), Maria vai ao cinema (V). As sequências podem ser formadas por números, letras, pes-
// C → B = V - para que o argumento seja válido temos que Maria soas, figuras, etc. Existem várias formas de se estabelecer uma se-
vai ao cinema tem que ser V. quência, o importante é que existam pelo menos três elementos
2º - Quando Cláudio sai de casa(F), não faz frio (F). // ~C → ~D que caracterize a lógica de sua formação, entretanto algumas sé-
= V - para que o argumento seja válido temos que Quando Cláudio ries necessitam de mais elementos para definir sua lógica. Algumas
sai de casa tem que ser F. sequências são bastante conhecidas e todo aluno que estuda lógica
5º - Quando Fernando está estudando (V ou F), não chove (V). deve conhecê-las, tais como as progressões aritméticas e geométri-
// E → ~A = V. – neste caso Quando Fernando está estudando pode cas, a série de Fibonacci, os números primos e os quadrados per-
ser V ou F. feitos.
1º- Durante a noite(V), faz frio (V). // F → D = V

20
RACIOCÍNIO LÓGICO
Sequência de Números
Progressão Aritmética: Soma-se constantemente um mesmo
número.

Sequência de Figuras
Esse tipo de sequência pode seguir o mesmo padrão visto na
sequência de pessoas ou simplesmente sofrer rotações, como nos
exemplos a seguir.
Progressão Geométrica: Multiplica-se constantemente um
mesmo número.

Incremento em Progressão: O valor somado é que está em pro-


gressão.
Sequência de Fibonacci
O matemático Leonardo Pisa, conhecido como Fibonacci, pro-
pôs no século XIII, a sequência numérica: (1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21,
34, 55, 89, …). Essa sequência tem uma lei de formação simples:
cada elemento, a partir do terceiro, é obtido somando-se os dois
Série de Fibonacci: Cada termo é igual a soma dos dois ante- anteriores. Veja: 1 + 1 = 2, 2 + 1 = 3, 3 + 2 = 5 e assim por diante.
riores. Desde o século XIII, muitos matemáticos, além do próprio Fibonac-
ci, dedicaram-se ao estudo da sequência que foi proposta, e foram
1 1 2 3 5 8 13 encontradas inúmeras aplicações para ela no desenvolvimento de
Números Primos: Naturais que possuem apenas dois divisores modelos explicativos de fenômenos naturais.
naturais. Veja alguns exemplos das aplicações da sequência de Fibonacci
e entenda porque ela é conhecida como uma das maravilhas da
2 3 5 7 11 13 17 Matemática. A partir de dois quadrados de lado 1, podemos obter
um retângulo de lados 2 e 1. Se adicionarmos a esse retângulo um
Quadrados Perfeitos: Números naturais cujas raízes são naturais. quadrado de lado 2, obtemos um novo retângulo 3 x 2. Se adicio-
narmos agora um quadrado de lado 3, obtemos um retângulo 5 x
1 4 9 16 25 36 49 3. Observe a figura a seguir e veja que os lados dos quadrados que
adicionamos para determinar os retângulos formam a sequência
Sequência de Letras de Fibonacci.

As sequências de letras podem estar associadas a uma série de


números ou não. Em geral, devemos escrever todo o alfabeto (ob-
servando se deve, ou não, contar com k, y e w) e circular as letras
dadas para entender a lógica proposta.

ACFJOU

Observe que foram saltadas 1, 2, 3, 4 e 5 letras e esses núme-


ros estão em progressão.

ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTU
Se utilizarmos um compasso e traçarmos o quarto de circunfe-
B1 2F H4 8L N16 32R T64 rência inscrito em cada quadrado, encontraremos uma espiral for-
mada pela concordância de arcos cujos raios são os elementos da
Nesse caso, associou-se letras e números (potências de 2), al- sequência de Fibonacci.
ternando a ordem. As letras saltam 1, 3, 1, 3, 1, 3 e 1 posições.

ABCDEFGHIJKLMNOPQRST

Sequência de Pessoas
Na série a seguir, temos sempre um homem seguido de duas
mulheres, ou seja, aqueles que estão em uma posição múltipla de
três (3º, 6º, 9º, 12º,...) serão mulheres e a posição dos braços sem-
pre alterna, ficando para cima em uma posição múltipla de dois
(2º, 4º, 6º, 8º,...). Sendo assim, a sequência se repete a cada seis
termos, tornando possível determinar quem estará em qualquer
posição.

21
RACIOCÍNIO LÓGICO
O Partenon que foi construído em Atenas pelo célebre arqui- Exemplo 2
teto grego Fidias. A fachada principal do edifício, hoje em ruínas,
era um retângulo que continha um quadrado de lado igual à altura.
Essa forma sempre foi considerada satisfatória do ponto de vista
estético por suas proporções sendo chamada retângulo áureo ou
retângulo de ouro.

A diferença entre os números vai aumentando 1 unidade.


13 – 10 = 3
17 – 13 = 4
22 – 17 = 5
28 – 22 = 6
35 – 28 = 7

Como os dois retângulos indicados na figura são semelhantes Exemplo 3


temos: (1).

Como: b = y – a (2).
Substituindo (2) em (1) temos: y2 – ay – a2 = 0.

Resolvendo a equação:

em que não convém.

Logo:

Esse número é conhecido como número de ouro e pode ser


representado por: Multiplicar os números sempre por 3.
1x3=3
3x3=9
9 x 3 = 27
27 x 3 = 81
Todo retângulo e que a razão entre o maior e o menor lado 81 x 3 = 243
for igual a é chamado retângulo áureo como o caso da fachada do 243 x 3 = 729
Partenon. 729 x 3 = 2187
As figuras a seguir possuem números que representam uma
sequência lógica. Veja os exemplos: Exemplo 4

Exemplo 1

A diferença entre os números vai aumentando 2 unidades.


24 – 22 = 2
A sequência numérica proposta envolve multiplicações por 4. 28 – 24 = 4
6 x 4 = 24 34 – 28 = 6
24 x 4 = 96 42 – 34 = 8
96 x 4 = 384 52 – 42 = 10
384 x 4 = 1536 64 – 52 = 12
78 – 64 = 14

22
RACIOCÍNIO LÓGICO
03. O próximo número dessa sequência lógica é: 1000, 990,
EXERCÍCIOS 970, 940, 900, 850, ...
(A) 800
01. Observe atentamente a disposição das cartas em cada linha (B) 790
do esquema seguinte: (C) 780
(D) 770

04. Na sequência lógica de números representados nos he-


xágonos, da figura abaixo, observa-se a ausência de um deles que
pode ser:

(A) 76
(B) 10
(C) 20
(D) 78

05. Uma criança brincando com uma caixa de palitos de fósforo


A carta que está oculta é: constrói uma sequência de quadrados conforme indicado abaixo:

(A) (B) (C) .............


1° 2° 3°

Quantos palitos ele utilizou para construir a 7ª figura?


(A) 20 palitos
(B) 25 palitos
(C) 28 palitos
(D) 22 palitos
(D) (E)

06. Ana fez diversas planificações de um cubo e escreveu em


cada um, números de 1 a 6. Ao montar o cubo, ela deseja que a
soma dos números marcados nas faces opostas seja 7. A única al-
ternativa cuja figura representa a planificação desse cubo tal como
deseja Ana é:

02. Considere que a sequência de figuras foi construída segun- (A) (B)
do um certo critério.

(C) (D)

Se tal critério for mantido, para obter as figuras subsequentes,


o total de pontos da figura de número 15 deverá ser:
(A) 69 (E)
(B) 67
(C) 65
(D) 63
(E) 61

23
RACIOCÍNIO LÓGICO
07. As figuras da sequência dada são formadas por partes (A) alar
iguais de um círculo. (B) rala
(C) ralar
(D) larva
(E) arval

12. Observe que as figuras abaixo foram dispostas, linha a li-


Continuando essa sequência, obtém-se exatamente 16 círculos nha, segundo determinado padrão.
completos na:
(A) 36ª figura
(B) 48ª figura
(C) 72ª figura
(D) 80ª figura
(E) 96ª figura

08. Analise a sequência a seguir:

Admitindo-se que a regra de formação das figuras seguintes


permaneça a mesma, pode-se afirmar que a figura que ocuparia a
277ª posição dessa sequência é: Segundo o padrão estabelecido, a figura que substitui correta-
mente o ponto de interrogação é:
(A) (B)

(A) (B) (C)


(C) (D)

(D) (E)
(E)
13. Observe que na sucessão seguinte os números foram colo-
cados obedecendo a uma lei de formação.

09. Observe a sequência: 2, 10, 12, 16, 17, 18, 19, ... Qual é o
próximo número?
(A) 20
(B) 21
(C) 100 Os números X e Y, obtidos segundo essa lei, são tais que X + Y
(D) 200 é igual a:
(A) 40
10. Observe a sequência: 3,13, 30, ... Qual é o próximo número? (B) 42
(A) 4 (C) 44
(B) 20 (D) 46
(C) 31 (E) 48
(D) 21

11. Os dois pares de palavras abaixo foram formados segundo


determinado critério.
LACRAÇÃO → cal
AMOSTRA → soma
LAVRAR → ?

Segundo o mesmo critério, a palavra que deverá ocupar o lugar


do ponto de interrogação é:

24
RACIOCÍNIO LÓGICO
14. A figura abaixo representa algumas letras dispostas em for-
ma de triângulo, segundo determinado critério.
(A) (B)

(C) (D)

(E)

17. Observe que, na sucessão de figuras abaixo, os números


que foram colocados nos dois primeiros triângulos obedecem a um
Considerando que na ordem alfabética usada são excluídas as mesmo critério.
letra “K”, “W” e “Y”, a letra que substitui corretamente o ponto de
interrogação é:
(A) P
(B) O
(C) N
(D) M
(E) L
Para que o mesmo critério seja mantido no triângulo da direita,
15. Considere que a sequência seguinte é formada pela suces- o número que deverá substituir o ponto de interrogação é:
são natural dos números inteiros e positivos, sem que os algarismos (A) 32
sejam separados. (B) 36
(C) 38
1234567891011121314151617181920... (D) 42
(E) 46
O algarismo que deve aparecer na 276ª posição dessa sequên-
cia é: 18. Considere a seguinte sequência infinita de números: 3, 12,
(A) 9 27, __, 75, 108,... O número que preenche adequadamente a quar-
(B) 8 ta posição dessa sequência é:
(C) 6 (A) 36,
(D) 3 (B) 40,
(E) 1 (C) 42,
(D) 44,
(E) 48
16. Em cada linha abaixo, as três figuras foram desenhadas de
acordo com determinado padrão.
19. Observando a sequência (1, , , , , ...) o pró-
ximo numero será:

(A)

(B)

(C)

(D)

20. Considere a sequência abaixo:

BBB BXB XXB


XBX XBX XBX
BBB BXB BXX
Segundo esse mesmo padrão, a figura que deve substituir o
ponto de interrogação é:

25
RACIOCÍNIO LÓGICO
O padrão que completa a sequência é: O número procurado é:
(A) (B) (C) (A) 87456
XXX XXB XXX (B) 68745
XXX XBX XXX (C) 56874
XXX BXX XXB (D) 58746
(E) 46875
(D) (E)
XXX XXX 26. Considere que os símbolos ♦ e ♣ que aparecem no quadro
XBX XBX seguinte, substituem as operações que devem ser efetuadas em
XXX BXX cada linha, a fim de se obter o resultado correspondente, que se
encontra na coluna da extrema direita.
21. Na série de Fibonacci, cada termo a partir do terceiro é igual
à soma de seus dois termos precedentes. Sabendo-se que os dois
primeiros termos, por definição, são 0 e 1, o sexto termo da série é: 36 ♦ 4 ♣ 5 = 14
(A) 2 48 ♦ 6 ♣ 9 = 17
(B) 3 54 ♦ 9 ♣ 7 = ?
(C) 4
(D) 5 Para que o resultado da terceira linha seja o correto, o ponto
(E) 6 de interrogação deverá ser substituído pelo número:
(A) 16
22. Nosso código secreto usa o alfabeto A B C D E F G H I J L M
(B) 15
N O P Q R S T U V X Z. Do seguinte modo: cada letra é substituída
(C) 14
pela letra que ocupa a quarta posição depois dela. Então, o “A” vira
(D) 13
“E”, o “B” vira “F”, o “C” vira “G” e assim por diante. O código é “cir-
(E) 12
cular”, de modo que o “U” vira “A” e assim por diante. Recebi uma
mensagem em código que dizia: BSA HI EDAP. Decifrei o código e li:
27. Segundo determinado critério, foi construída a sucessão se-
(A) FAZ AS DUAS;
(B) DIA DO LOBO; guinte, em que cada termo é composto de um número seguido de
(C) RIO ME QUER; uma letra: A1 – E2 – B3 – F4 – C5 – G6 – .... Considerando que no
(D) VIM DA LOJA; alfabeto usado são excluídas as letras K, Y e W, então, de acordo com
(E) VOU DE AZUL. o critério estabelecido, a letra que deverá anteceder o número 12 é:
(A) J
23. A sentença “Social está para laicos assim como 231678 está (B) L
para...” é melhor completada por: (C) M
(A) 326187; (D) N
(B) 876132; (E) O
(C) 286731;
(D) 827361; 28. Os nomes de quatro animais – MARÁ, PERU, TATU e URSO
(E) 218763. – devem ser escritos nas linhas da tabela abaixo, de modo que cada
uma das suas respectivas letras ocupe um quadrinho e, na diagonal
24. A sentença “Salta está para Atlas assim como 25435 está sombreada, possa ser lido o nome de um novo animal.
para...” é melhor completada pelo seguinte número:
(A) 53452;
(B) 23455;
(C) 34552;
(D) 43525;
(E) 53542.

25. Repare que com um número de 5 algarismos, respeitada


a ordem dada, podem-se criar 4 números de dois algarismos. Por
exemplo: de 34.712, podem-se criar o 34, o 47, o 71 e o 12. Procu-
ra-se um número de 5 algarismos formado pelos algarismos 4, 5, 6, Excluídas do alfabeto as letras K, W e Y e fazendo cada letra
7 e 8, sem repetição. Veja abaixo alguns números desse tipo e, ao restante corresponder ordenadamente aos números inteiros de 1 a
lado de cada um deles, a quantidade de números de dois algaris- 23 (ou seja, A = 1, B = 2, C = 3,..., Z = 23), a soma dos números que
mos que esse número tem em comum com o número procurado. correspondem às letras que compõem o nome do animal é:
(A) 37
(B) 39
Quantidade de números de
Número dado (C) 45
2 algarismos em comum
(D) 49
48.765 1 (E) 51
86.547 0
Nas questões 29 e 30, observe que há uma relação entre o pri-
87.465 2 meiro e o segundo grupos de letras. A mesma relação deverá existir
48.675 1 entre o terceiro grupo e um dos cinco grupos que aparecem nas

26
RACIOCÍNIO LÓGICO
alternativas, ou seja, aquele que substitui corretamente o ponto de 37. Quantos quadrados existem na figura abaixo?
interrogação. Considere que a ordem alfabética adotada é a oficial
e exclui as letras K, W e Y.

29. CASA: LATA: LOBO: ?


(A) SOCO
(B) TOCO
(C) TOMO
(D) VOLO
(E) VOTO 38. Retire três palitos e obtenha apenas três quadrados.

30. ABCA: DEFD: HIJH: ?


(A) IJLI
(B) JLMJ
(C) LMNL
(D) FGHF
(E) EFGE

31. Os termos da sucessão seguinte foram obtidos consideran-


do uma lei de formação (0, 1, 3, 4, 12, 123,...). Segundo essa lei, o 39. Qual será o próximo símbolo da sequência abaixo?
décimo terceiro termo dessa sequência é um número:
(A) Menor que 200.
(B) Compreendido entre 200 e 400.
(C) Compreendido entre 500 e 700.
(D) Compreendido entre 700 e 1.000.
(E) Maior que 1.000.

Para responder às questões de números 32 e 33, você deve


observar que, em cada um dos dois primeiros pares de palavras da-
das, a palavra da direita foi obtida da palavra da esquerda segundo
determinado critério. Você deve descobrir esse critério e usá-lo
para encontrar a palavra que deve ser colocada no lugar do ponto
de interrogação.

32. Ardoroso → rodo


Dinamizar → mina
Maratona → ?
(A) mana 40. Reposicione dois palitos e obtenha uma figura com cinco
(B) toma quadrados iguais.
(C) tona
(D) tora
(E) rato

33. Arborizado → azar


Asteroide → dias
Articular → ?
(A) luar
(B) arar
(C) lira
(D) luta
(E) rara 41. Observe as multiplicações a seguir:
12.345.679 × 18 = 222.222.222
34. Preste atenção nesta sequência lógica e identifique quais 12.345.679 × 27 = 333.333.333
os números que estão faltando: 1, 1, 2, __, 5, 8, __,21, 34, 55, __, ... ...
144, __... 12.345.679 × 54 = 666.666.666
Para obter 999.999.999 devemos multiplicar 12.345.679 por
35. Uma lesma encontra-se no fundo de um poço seco de 10 quanto?
metros de profundidade e quer sair de lá. Durante o dia, ela con-
segue subir 2 metros pela parede; mas à noite, enquanto dorme,
escorrega 1 metro. Depois de quantos dias ela consegue chegar à
saída do poço?

36. Quantas vezes você usa o algarismo 9 para numerar as pá-


ginas de um livro de 100 páginas?

27
RACIOCÍNIO LÓGICO
42. Esta casinha está de frente para a estrada de terra. Mova 47. Mova três palitos nesta figura para obter cinco triângulos.
dois palitos e faça com que fique de frente para a estrada asfaltada.

48. Tente dispor 6 moedas em 3 fileiras de modo que em cada


fileira fiquem apenas 3 moedas.

43. Remova dois palitos e deixe a figura com dois quadrados.

49. Reposicione três palitos e obtenha cinco quadrados.

44. As cartas de um baralho foram agrupadas em pares, segun-


do uma relação lógica. Qual é a carta que está faltando, sabendo
que K vale 13, Q vale 12, J vale 11 e A vale 1? 50. Mude a posição de quatro palitos e obtenha cinco triângulos.

GABARITO

45. Mova um palito e obtenha um quadrado perfeito. 01. Resposta: “A”.


A diferença entre os números estampados nas cartas 1 e 2, em
cada linha, tem como resultado o valor da 3ª carta e, além disso, o
naipe não se repete. Assim, a 3ª carta, dentro das opções dadas só
pode ser a da opção (A).
02. Resposta “D”.
Observe que, tomando o eixo vertical como eixo de simetria,
tem-se:
Na figura 1: 01 ponto de cada lado  02 pontos no total.
Na figura 2: 02 pontos de cada lado  04 pontos no total.
Na figura 3: 03 pontos de cada lado  06 pontos no total.
46. Qual o valor da pedra que deve ser colocada em cima de Na figura 4: 04 pontos de cada lado  08 pontos no total.
todas estas para completar a sequência abaixo? Na figura n: n pontos de cada lado  2.n pontos no total.

Em particular:
Na figura 15: 15 pontos de cada lado  30 pontos no total.

Agora, tomando o eixo horizontal como eixo de simetria, tem-


-se:
Na figura 1: 02 pontos acima e abaixo  04 pontos no total.
Na figura 2: 03 pontos acima e abaixo  06 pontos no total.
Na figura 3: 04 pontos acima e abaixo  08 pontos no total.
Na figura 4: 05 pontos acima e abaixo  10 pontos no total.
Na figura n: (n+1) pontos acima e abaixo  2.(n+1) pontos no
total.

28
RACIOCÍNIO LÓGICO
Em particular: 10. Resposta “C”.
Na figura 15: 16 pontos acima e abaixo  32 pontos no total. Esta sequência é regida pela inicial de cada número. Três, Tre-
Incluindo o ponto central, que ainda não foi considerado, temos ze, Trinta,... O próximo só pode ser o número Trinta e um, pois ele
para total de pontos da figura 15: Total de pontos = 30 + 32 + 1 = inicia com a letra “T”.
63 pontos.
11. Resposta “E”.
03. Resposta “B”. Na 1ª linha, a palavra CAL foi retirada das 3 primeiras letras da
Nessa sequência, observamos que a diferença: entre 1000 e palavra LACRAÇÃO, mas na ordem invertida. Da mesma forma, na
990 é 10, entre 990 e 970 é 20, entre o 970 e 940 é 30, entre 940 e 2ª linha, a palavra SOMA é retirada da palavra AMOSTRA, pelas 4
900 é 40, entre 900 e 850 é 50, portanto entre 850 e o próximo nú- primeira letras invertidas. Com isso, da palavra LAVRAR, ao se reti-
mero é 60, dessa forma concluímos que o próximo número é 790, rarem as 5 primeiras letras, na ordem invertida, obtém-se ARVAL.
pois: 850 – 790 = 60.
12. Resposta “C”.
04. Resposta “D” Em cada linha apresentada, as cabeças são formadas por qua-
Nessa sequência lógica, observamos que a diferença: entre 24 drado, triângulo e círculo. Na 3ª linha já há cabeças com círculo e com
e 22 é 2, entre 28 e 24 é 4, entre 34 e 28 é 6, entre 42 e 34 é 8, entre triângulo. Portanto, a cabeça da figura que está faltando é um qua-
52 e 42 é 10, entre 64 e 52 é 12, portanto entre o próximo número drado. As mãos das figuras estão levantadas, em linha reta ou abai-
e 64 é 14, dessa forma concluímos que o próximo número é 78, xadas. Assim, a figura que falta deve ter as mãos levantadas (é o que
pois: 76 – 64 = 14. ocorre em todas as alternativas). As figuras apresentam as 2 pernas
ou abaixadas, ou 1 perna levantada para a esquerda ou 1 levantada
05. Resposta “D”. para a direita. Nesse caso, a figura que está faltando na 3ª linha deve
Observe a tabela: ter 1 perna levantada para a esquerda. Logo, a figura tem a cabeça
quadrada, as mãos levantadas e a perna erguida para a esquerda.

Figuras 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 13. Resposta “A”.


Nº de Palitos 4 7 10 13 16 19 22 Existem duas leis distintas para a formação: uma para a parte su-
perior e outra para a parte inferior. Na parte superior, tem-se que: do
Temos de forma direta, pela contagem, a quantidade de palitos 1º termo para o 2º termo, ocorreu uma multiplicação por 2; já do 2º
das três primeiras figuras. Feito isto, basta perceber que cada figura termo para o 3º, houve uma subtração de 3 unidades. Com isso, X é
a partir da segunda tem a quantidade de palitos da figura anterior igual a 5 multiplicado por 2, ou seja, X = 10. Na parte inferior, tem-se:
acrescida de 3 palitos. Desta forma, fica fácil preencher o restante do 1º termo para o 2º termo ocorreu uma multiplicação por 3; já do
da tabela e determinar a quantidade de palitos da 7ª figura. 2º termo para o 3º, houve uma subtração de 2 unidades. Assim, Y é
igual a 10 multiplicado por 3, isto é, Y = 30. Logo, X + Y = 10 + 30 = 40.
06. Resposta “A”.
14. Resposta “A”.
Na figura apresentada na letra “B”, não é possível obter a pla-
A sequência do alfabeto inicia-se na extremidade direita do
nificação de um lado, pois o 4 estaria do lado oposto ao 6, somando
triângulo, pela letra “A”; aumenta a direita para a esquerda; con-
10 unidades. Na figura apresentada na letra “C”, da mesma forma,
tinua pela 3ª e 5ª linhas; e volta para as linhas pares na ordem in-
o 5 estaria em face oposta ao 3, somando 8, não formando um lado.
versa – pela 4ª linha até a 2ª linha. Na 2ª linha, então, as letras são,
Na figura da letra “D”, o 2 estaria em face oposta ao 4, não deter-
da direita para a esquerda, “M”, “N”, “O”, e a letra que substitui
minando um lado. Já na figura apresentada na letra “E”, o 1 não
corretamente o ponto de interrogação é a letra “P”.
estaria em face oposta ao número 6, impossibilitando, portanto, a
obtenção de um lado. Logo, podemos concluir que a planificação 15. Resposta “B”.
apresentada na letra “A” é a única para representar um lado. A sequência de números apresentada representa a lista dos
números naturais. Mas essa lista contém todos os algarismos dos
07. Resposta “B”. números, sem ocorrer a separação. Por exemplo: 101112 represen-
Como na 3ª figura completou-se um círculo, para completar 16 tam os números 10, 11 e 12. Com isso, do número 1 até o número
círculos é suficiente multiplicar 3 por 16 : 3 . 16 = 48. Portanto, na 9 existem 9 algarismos. Do número 10 até o número 99 existem: 2
48ª figura existirão 16 círculos. x 90 = 180 algarismos. Do número 100 até o número 124 existem:
3 x 25 = 75 algarismos. E do número 124 até o número 128 existem
08. Resposta “B”. mais 12 algarismos. Somando todos os valores, tem-se: 9 + 180 + 75
A sequência das figuras completa-se na 5ª figura. Assim, conti- + 12 = 276 algarismos. Logo, conclui-se que o algarismo que ocupa a
nua-se a sequência de 5 em 5 elementos. A figura de número 277 276ª posição é o número 8, que aparece no número 128.
ocupa, então, a mesma posição das figuras que representam núme-
ro 5n + 2, com n N. Ou seja, a 277ª figura corresponde à 2ª figura, 16. Resposta “D”.
que é representada pela letra “B”. Na 1ª linha, internamente, a 1ª figura possui 2 “orelhas”, a 2ª
figura possui 1 “orelha” no lado esquerdo e a 3ª figura possui 1
09. Resposta “D”. “orelha” no lado direito. Esse fato acontece, também, na 2ª linha,
A regularidade que obedece a sequência acima não se dá por mas na parte de cima e na parte de baixo, internamente em relação
padrões numéricos e sim pela letra que inicia cada número. “Dois, às figuras. Assim, na 3ª linha ocorrerá essa regra, mas em ordem
Dez, Doze, Dezesseis, Dezessete, Dezoito, Dezenove, ... Enfim, o inversa: é a 3ª figura da 3ª linha que terá 2 “orelhas” internas, uma
próximo só pode iniciar também com “D”: Duzentos. em cima e outra em baixo. Como as 2 primeiras figuras da 3ª li-
nha não possuem “orelhas” externas, a 3ª figura também não terá
orelhas externas. Portanto, a figura que deve substituir o ponto de
interrogação é a 4ª.

29
RACIOCÍNIO LÓGICO
17. Resposta “B”. VxzaB: B na verdade é V;
No 1º triângulo, o número que está no interior do triângulo OpqrS: S na verdade é O;
dividido pelo número que está abaixo é igual à diferença entre o UvxzA: A na verdade é U;
número que está à direita e o número que está à esquerda do triân- DefgH: H na verdade é D;
gulo: 40 5 21 13 8. EfghI: I na verdade é E;
A mesma regra acontece no 2º triângulo: 42 ÷ 7 = 23 - 17 = 6. AbcdE: E na verdade é A;
Assim, a mesma regra deve existir no 3º triângulo: ZabcD: D na verdade é Z;
? ÷ 3 = 19 - 7 UvxaA: A na verdade é U;
? ÷ 3 = 12 LmnoP: P na verdade é L;
? = 12 x 3 = 36.
23. Resposta “B”.
18. Resposta “E”. A questão nos traz duas palavras que têm relação uma com a
Verifique os intervalos entre os números que foram forneci- outra e, em seguida, nos traz uma sequência numérica. É pergunta-
dos. Dado os números 3, 12, 27, __, 75, 108, obteve-se os seguintes do qual sequência numérica tem a mesma ralação com a sequência
9, 15, __, __, 33 intervalos. Observe que 3x3, 3x5, 3x7, 3x9, 3x11. numérica fornecida, de maneira que, a relação entre as palavras e
Logo 3x7 = 21 e 3x 9 = 27. Então: 21 + 27 = 48. a sequência numérica é a mesma. Observando as duas palavras da-
das, podemos perceber facilmente que têm cada uma 6 letras e que
19. Resposta “B”. as letras de uma se repete na outra em uma ordem diferente. Tal
Observe que o numerador é fixo, mas o denominador é forma- ordem, nada mais é, do que a primeira palavra de trás para frente,
do pela sequência: de maneira que SOCIAL vira LAICOS. Fazendo o mesmo com a se-
quência numérica fornecida, temos: 231678 viram 876132, sendo
Primeiro Segundo Terceiro Quarto Quinto Sexto esta a resposta.

3x4= 4x5= 5x6= 24. Resposta “A”.


1 1x2=2 2x3=6
12 20 30 A questão nos traz duas palavras que têm relação uma com a
outra, e em seguida, nos traz uma sequência numérica. Foi pergun-
20. Resposta “D”. tado qual a sequência numérica que tem relação com a já dada de
O que de início devemos observar nesta questão é a quantida- maneira que a relação entre as palavras e a sequência numérica é
de de B e de X em cada figura. Vejamos: a mesma. Observando as duas palavras dadas podemos perceber
BBB BXB XXB facilmente que tem cada uma 6 letras e que as letras de uma se re-
XBX XBX XBX pete na outra em uma ordem diferente. Essa ordem diferente nada
BBB BXB BXX mais é, do que a primeira palavra de trás para frente, de maneira
7B e 2X 5B e 4X 3B e 6X que SALTA vira ATLAS. Fazendo o mesmo com a sequência numéri-
ca fornecida temos: 25435 vira 53452, sendo esta a resposta.
Vê-se, que os “B” estão diminuindo de 2 em 2 e que os “X”
estão aumentando de 2 em 2; notem também que os “B” estão 25. Resposta “E”.
sendo retirados um na parte de cima e um na parte de baixo e os Pelo número 86.547, tem-se que 86, 65, 54 e 47 não aconte-
“X” da mesma forma, só que não estão sendo retirados, estão, sim, cem no número procurado. Do número 48.675, as opções 48, 86 e
sendo colocados. Logo a 4ª figura é: 67 não estão em nenhum dos números apresentados nas alterna-
XXX tivas. Portanto, nesse número a coincidência se dá no número 75.
XBX Como o único número apresentado nas alternativas que possui a
XXX sequência 75 é 46.875, tem-se, então, o número procurado.
1B e 8X 26. Resposta “D”.
O primeiro símbolo representa a divisão e o 2º símbolo repre-
21. Resposta “D”. senta a soma. Portanto, na 1ª linha, tem-se: 36 ÷ 4 + 5 = 9 + 5 = 14.
Montando a série de Fibonacci temos: 0, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, Na 2ª linha, tem-se: 48 ÷ 6 + 9 = 8 + 9 = 17. Com isso, na 3ª linha,
34... A resposta da questão é a alternativa “D”, pois como a questão ter-se-á: 54 ÷ 9 + 7 = 6 + 7 = 13. Logo, podemos concluir então que
nos diz, cada termo a partir do terceiro é igual à soma de seus dois o ponto de interrogação deverá ser substituído pelo número 13.
termos precedentes. 2 + 3 = 5
27. Resposta “A”.
22. Resposta “E”. As letras que acompanham os números ímpares formam a
A questão nos informa que ao se escrever alguma mensagem, sequência normal do alfabeto. Já a sequência que acompanha os
cada letra será substituída pela letra que ocupa a quarta posição, números pares inicia-se pela letra “E”, e continua de acordo com a
além disso, nos informa que o código é “circular”, de modo que a sequência normal do alfabeto: 2ª letra: E, 4ª letra: F, 6ª letra: G, 8ª
letra “U” vira “A”. Para decifrarmos, temos que perceber a posição letra: H, 10ª letra: I e 12ª letra: J.
do emissor e do receptor. O emissor ao escrever a mensagem conta
quatro letras à frente para representar a letra que realmente dese- 28. Resposta “D”.
ja, enquanto que o receptor, deve fazer o contrário, contar quatro Escrevendo os nomes dos animais apresentados na lista –
letras atrás para decifrar cada letra do código. No caso, nos foi dada MARÁ, PERU, TATU e URSO, na seguinte ordem: PERU, MARÁ,
a frase para ser decifrada, vê-se, pois, que, na questão, ocupamos TATU e URSO, obtém-se na tabela:
a posição de receptores. Vejamos a mensagem: BSA HI EDAP. Cada
letra da mensagem representa a quarta letra anterior de modo que:

30
RACIOCÍNIO LÓGICO
34. O nome da sequência é Sequência de Fibonacci. O número
P E R U que vem é sempre a soma dos dois números imediatamente atrás
dele. A sequência correta é: 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144,
M A R A
233...
T A T U
35.
U R S O Su-
Dia Descida
bida
O nome do animal é PATO. Considerando a ordem do alfabeto, 1º 2m 1m
tem-se: P = 15, A = 1, T = 19 e 0 = 14. Somando esses valores, ob-
tém-se: 15 + 1 + 19 + 14 = 49. 2º 3m 2m
3º 4m 3m
29. Resposta “B”. 4º 5m 4m
Na 1ª e na 2ª sequências, as vogais são as mesmas: letra “A”.
Portanto, as vogais da 4ª sequência de letras deverão ser as mes- 5º 6m 5m
mas da 3ª sequência de letras: “O”. A 3ª letra da 2ª sequência é 6º 7m 6m
a próxima letra do alfabeto depois da 3ª letra da 1ª sequência de
7º 8m 7m
letras. Portanto, na 4ª sequência de letras, a 3ª letra é a próxima
letra depois de “B”, ou seja, a letra “C”. Em relação à primeira letra, 8º 9m 8m
tem-se uma diferença de 7 letras entre a 1ª letra da 1ª sequência e 9º 10m ----
a 1ª letra da 2ª sequência. Portanto, entre a 1ª letra da 3ª sequên-
cia e a 1ª letra da 4ª sequência, deve ocorrer o mesmo fato. Com Portanto, depois de 9 dias ela chegará na saída do poço.
isso, a 1ª letra da 4ª sequência é a letra “T”. Logo, a 4ª sequência de
letras é: T, O, C, O, ou seja, TOCO. 36. 09 – 19 – 29 – 39 – 49 – 59 – 69 – 79 – 89 – 90 – 91 – 92
– 93 – 94 – 95 – 96 – 97 – 98 – 99. Portanto, são necessários 20
30. Resposta “C”. algarismos.
Na 1ª sequência de letras, ocorrem as 3 primeiras letras do al-
fabeto e, em seguida, volta-se para a 1ª letra da sequência. Na 2ª 37.
sequência, continua-se da 3ª letra da sequência anterior, forman-
do-se DEF, voltando-se novamente, para a 1ª letra desta sequência:
D. Com isto, na 3ª sequência, têm-se as letras HIJ, voltando-se para
a 1ª letra desta sequência: H. Com isto, a 4ª sequência iniciará pela
letra L, continuando por M e N, voltando para a letra L. Logo, a 4ª = 16
sequência da letra é: LMNL.

31. Resposta “E”.


Do 1º termo para o 2º termo, ocorreu um acréscimo de 1 uni-
dade. Do 2º termo para o 3º termo, ocorreu a multiplicação do ter-
mo anterior por 3. E assim por diante, até que para o 7º termo = 09
temos 13 . 3 = 39. 8º termo = 39 + 1 = 40. 9º termo = 40 . 3 = 120.
10º termo = 120 + 1 = 121. 11º termo = 121 . 3 = 363. 12º termo =
363 + 1 = 364. 13º termo = 364 . 3 = 1.092. Portanto, podemos con-
cluir que o 13º termo da sequência é um número maior que 1.000.

= 04
32. Resposta “D”.
Da palavra “ardoroso”, retiram-se as sílabas “do” e “ro” e
inverteu-se a ordem, definindo-se a palavra “rodo”. Da mesma
forma, da palavra “dinamizar”, retiram-se as sílabas “na” e “mi”,
definindo-se a palavra “mina”. Com isso, podemos concluir que da
palavra “maratona”. Deve-se retirar as sílabas “ra” e “to”, criando-
-se a palavra “tora”.

33. Resposta “A”.


=01
Na primeira sequência, a palavra “azar” é obtida pelas letras
“a” e “z” em sequência, mas em ordem invertida. Já as letras “a”
Portanto, há 16 + 9 + 4 + 1 = 30 quadrados.
e “r” são as 2 primeiras letras da palavra “arborizado”. A palavra
“dias” foi obtida da mesma forma: As letras “d” e “i” são obtidas
em sequência, mas em ordem invertida. As letras “a” e “s” são as 2
primeiras letras da palavra “asteroides”. Com isso, para a palavras
“articular”, considerando as letras “i” e “u”, que estão na ordem
invertida, e as 2 primeiras letras, obtém-se a palavra “luar”.

31
RACIOCÍNIO LÓGICO
38.

46. Observe que:

3 6 18 72 360 2160 15120


39. Os símbolos são como números em frente ao espelho. As-
sim, o próximo símbolo será 88.
x2 x3 x4 x5 x6 x7
40.
Portanto, a próxima pedra terá que ter o valor: 15.120 x 8 =
120.960

47.

41.
12.345.679 × (2×9) = 222.222.222
12.345.679 × (3×9) = 333.333.333
... ...
12.345.679 × (4×9) = 666.666.666
Portanto, para obter 999.999.999 devemos multiplicar
48.
12.345.679 por (9x9) = 81

42.

49.
43.

50.
44. Sendo A = 1, J = 11, Q = 12 e K = 13, a soma de cada par de
cartas é igual a 14 e o naipe de paus sempre forma par com o naipe
de espadas. Portanto, a carta que está faltando é o 6 de espadas.

45. Quadrado perfeito em matemática, sobretudo na aritméti-


ca e na teoria dos números, é um número inteiro não negativo que
pode ser expresso como o quadrado de um outro número inteiro.
Ex: 1, 4, 9...
No exercício 2 elevado a 2 = 4

32
PROVA ANTERIOR
2018
1. Língua Portuguesa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Conhecimentos em direito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08
3. Conhecimentos Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
4. Matemática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
5. Informática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
6. Raciocínio Lógico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
língua portuguesa 02. As informações textuais permitem afirmar corretamente
que

Leia o texto para responder às questões de números 01 a 05. (A) a proximidade entre a literatura e as novelas exige
que haja um senso estético aguçado em relação à
Quem assiste a “Tempo de Amar” já reparou no portu- linguagem, por isso essas artes primam pelo erudito.
guês extremamente culto e correto que é falado pelos per- (B) a linguagem coloquial atrai sobremaneira os autores
sonagens da novela. Com frases que parecem retiradas de de novelas, como é o caso de Alcides Nogueira, que
um romance antigo, mesmo nos momentos mais banais, os desconhecia o emprego de formas eruditas.
personagens se expressam de maneira correta e erudita.
Ao UOL, o autor da novela, Alcides Nogueira, diz que o (C) a linguagem erudita deixa de ser empregada na no-
linguajar de seus personagens é um ponto que leva a novela vela quando há necessidade de retratar os momen-
a se destacar. “Não tenho nada contra a linguagem coloquial, tos mais banais vividos pelas personagens.
ao contrário. Acho que a língua deve ser viva e usada em sin- (D) a opção por escrever uma novela de época implica
tonia com o nosso tempo. Mas colocar um português bastan- a transposição de elementos visuais e linguísticos
te culto torna a narrativa mais coerente com a época da tra- para o tempo presente, modernizando-os.
ma. Fora isso, é uma oportunidade de o público conhecer um
pouco mais dessa sintaxe poucas vezes usada atualmente”. (E) a harmonização entre a linguagem e a estética da
O escritor, que assina o texto da novela das 18h ao lado novela contribui para que a caracterização de uma
de Bia Corrêa do Lago, conta que a decisão de imprimir um época seja mais bem entendida pelo público.
português erudito à trama foi tomada por ele e apoiada pelo
diretor artístico, Jayme Monjardim. Ele revela que toma diver-
sos cuidados na hora de escrever o texto, utilizando, inclusi- 03. No texto, há exemplo de uso coloquial da linguagem na
ve, o dicionário. “Muitas vezes é preciso recorrer às gramáti- passagem:
cas. No início, o uso do coloquial era tentador. Aos poucos, a (A) ... então tudo foi pensado para que o público entras-
escrita foi ficando mais fácil”, afirma Nogueira, que também se junto com a gente nesse túnel do tempo.
diz se inspirar em grandes escritores da literatura brasileira e
portuguesa, como Machado de Assis e Eça de Queiroz. (B) Com frases que parecem retiradas de um romance
Para o autor, escutar os personagens falando dessa for- antigo, [...] os personagens se expressam de manei-
ma ajuda o público a mergulhar na época da trama de modo ra correta e erudita.
profundo e agradável. Compartilhou-lhe o sentimento Jayme (C) Quem assiste a “Tempo de Amar” já reparou no por-
Monjardim, que também explica que a estética delicada da tuguês extremamente culto e correto...
novela foi pensada para casar com o texto. “É uma novela
que se passa no fim dos anos 1920, então tudo foi pensado (D) ... o autor da novela [...] diz que o linguajar de seus
para que o público entrasse junto com a gente nesse túnel do personagens é um ponto que leva a novela a se
tempo. Acho que isso é importante para que o telespectador destacar.
consiga se sentir em outra época”, diz.
(E) Ele revela que toma diversos cuidados na hora de
(Guilherme Machado. UOL. https://tvefamosos.uol.com.br. escrever o texto, utilizando, inclusive, o dicionário.
15.11.2017. Adaptado)

04. Considere as passagens:


01. De acordo com o texto, entende-se que as formas lin-
guísticas empregadas na novela • ... os personagens se expressam de maneira correta e
erudita. (1o parágrafo)
(A) correspondem a um linguajar que, apesar de ser an- •C
 ompartilhou-lhe o sentimento Jayme Monjardim...
tigo, continua em amplo uso na linguagem atual. (4o parágrafo)
(B) divergem dos usos linguísticos atuais, caracteriza- • “... para que o telespectador consiga se sentir em outra
dos pela adoção de formas mais coloquiais. época”... (4o parágrafo)

(C) estão associadas ao coloquial, o que dá mais vivaci- Os pronomes, em destaque, assumem nos enunciados,
dade à linguagem e desperta o interesse do público. correta e respectivamente, os sentidos:

(D) harmonizam-se com a linguagem dos dias atuais (A) recíproco, possessivo e reflexivo.
porque deixam de lado os usos corretos e formais.
(B) recíproco, reflexivo e reflexivo.
(E) constituem usos comuns na linguagem moderna, po-
(C) reflexivo, possessivo e reflexivo.
rém a maior parte das pessoas não os entende.
(D) reflexivo, demonstrativo e enfático.

(E) reflexivo, enfático e possessivo.

3
05. Sem prejuízo de sentido ao texto, as passagens “Quem 06. No texto, o autor defende que
assiste a ‘Tempo de Amar’ já reparou no português extre-
(A) a transformação das formas de comunicação está
mamente culto...” (1o parágrafo) e “Aos poucos, a escrita
restrita à linguagem oral, normalmente menos formal
foi ficando mais fácil”… (3o parágrafo) estão corretamen-
que a escrita.
te reescritas em:
(B) a linguagem deve atender às necessidades comuni-
(A) Quem assiste a “Tempo de Amar” já corrigiu o por- cativas das pessoas, nem que para isso suas regras
tuguês excepcionalmente culto... / Seguramente, a tenham de ser violadas.
escrita foi ficando mais fácil.
(C) o estilo dos escritores rompe com a tradição da lin-
(B) Quem assiste a “Tempo de Amar” já se deu conta guagem, o que implica que eles, cada vez mais, es-
do português agudamente culto... / Rapidamente, a tão submissos a ela.
escrita foi ficando mais fácil. (D) os discursos lógicos e artísticos, para serem mais
coerentes, têm evitado as violações linguísticas a
(C) Quem assiste a “Tempo de Amar” já percebeu o por-
que poderiam recorrer.
tuguês muitíssimo culto... / Paulatinamente, a escrita
foi ficando mais fácil. (E) a forma como muitas pessoas se comunicam coti-
dianamente tem deturpado a essência da língua,
(D) Quem assiste a “Tempo de Amar” já reconheceu o comprometendo-lhe a clareza.
português ocasionalmente culto... / Curiosamente, a
escrita foi ficando mais fácil.
07. Assinale a alternativa em que, ao contrário da construção
(E) Quem assiste a “Tempo de Amar” já se aborreceu “aquela rapaz”, segue-se a lei fundamental da concor-
com o português sagazmente culto... / Lentamente, dância, de acordo com a norma-padrão.
a escrita foi ficando mais fácil.
(A) Quando o despacho chegou, a primeira coisa que
o advogado fez foi conferir os documentos anexos.

(B) Era um dia ensolarado, e não se sabe como foi atro-


Leia o texto para responder às questões de números 06 a 08.
pelado aquela mulher em uma avenida tranquila.
Se determinado efeito, lógico ou artístico, mais forte­ (C) Parece-me que este ano está chovendo muito, mas
mente se obtém do emprego de um substantivo masculino ainda assim há menas chuvas do que em anos an-
apenso a substantivo feminino, não deve o autor hesitar em teriores.
fazê-lo. Quis eu uma vez dar, em uma só frase, a ideia – pou-
co importa se vera ou falsa – de que Deus é simultaneamente (D) As crianças brincavam no jardim, colhendo flores
o Criador e a Alma do mundo. Não encontrei melhor maneira colorida e presenteando-se num gesto emocionante.
de o fazer do que tornando transitivo o verbo “ser”; e assim (E) Quando entraram na casa abandonada, uma cobra
dei à voz de Deus a frase: estava escondido ali. Assustaram-se, pois era um bi-
– Ó universo, eu sou-te, cho perigoso.
em que o transitivo de criação se consubstancia com o
intransitivo de identificação.
Outra vez, porém em conversa, querendo dar incisiva, 08. Assinale a alternativa que atende à norma-padrão de
e portanto concentradamente, a noção verbal de que certa colocação pronominal.
senhora tinha um tipo de rapaz, empreguei a frase “aquela
(A) A prosódia, já disse-o alguém, não é mais que fun-
rapaz”, violando deliberadamente e justissimamente a lei fun-
ção do estilo.
damental da concordância.
A prosódia, já alguém o disse, não é mais que função do (B) Se consubstancia o transitivo de criação com o in-
estilo. transitivo de identificação na frase: – Ó universo, eu
A linguagem fez-se para que nos sirvamos dela, não para sou-te.
que a sirvamos a ela. (C) Tendo referido-me a Deus simultaneamente como o
(Fernando Pessoa. A língua portuguesa, 1999. Adaptado) Criador e a Alma do mundo, recorri à frase: – Ó uni-
verso, eu sou-te.

(D) Sirvamo-nos da linguagem para quaisquer efeitos,


sejam eles lógicos ou artísticos.

(E) Para expressar minha ideia, juntariam-se o transiti-


vo de criação com o intransitivo de identificação na
frase.

4
Leia o texto para responder às questões de números 09 a 18. 10. Observe as passagens do texto:
• O que a gente deve aos professores! (1o parágrafo)
Ai, Gramática. Ai, vida.
• ... mas quem, professoras, nos ensina a viver? (4o pa-
O que a gente deve aos professores!
rágrafo)
Este pouco de gramática que eu sei, por exemplo, foram
Dona Maria de Lourdes e Dona Nair Freitas que me ensina- Observando-se o contexto em que ocorrem e a pontua-
ram. E vocês querem coisa mais importante do que gramá- ção nelas presentes, conclui-se que as frases apontam,
tica? La grammaire qui sait régenter jusqu’aux rois – dizia correta e respectivamente, para os seguintes sentidos:
Molière: a gramática que sabe reger até os reis, e
Montaigne: La plus part des ocasions des troubles du monde (A) o narrador sente que está em dívida com os pro-
sont grammairiens – a maior parte de confusão no mundo fessores, por tudo o que aprendeu; o narrador
vem da gramática. acredita que o papel da gramática no cotidiano é
incompreendido.
Há quem discorde. Oscar Wilde, por exemplo, dizia de
George Moore: escreveu excelente inglês, até que desco-
(B) o narrador demonstra reconhecimento pelo que lhe
briu a gramática. (A propósito, de onde é que eu tirei tan-
foi ensinado pelos professores; o narrador questiona
tas citações? Simples: tenho em minha biblioteca três livros
qual é o papel da gramática na vida cotidiana das
con­tendo exclusivamente citações. Para enfeitar uma crôni-
pessoas.
ca, não tem coisa melhor. Pena que os livros são em inglês.
Aliás, inglês eu não aprendi na escola. Foi lendo as revistas (C) o narrador ironiza a educação e os ensinamentos de
MAD e outras que vocês podem imaginar). seus professores; o narrador sugere que a gramática
Discordâncias à parte, gramática é um negócio importan- não tem importância nenhuma na vida das pessoas.
te e gramática se ensina na escola – mas quem, professoras,
nos ensina a viver? Porque, como dizia o Irmão Lourenço, no (D) o narrador expressa certo descontentamento com o
schola sed vita – é preciso aprender não para a escola, mas que os professores lhe ensinaram; o narrador tem
para a vida. plena certeza de que a gramática transforma a vida
Ora, dirão os professores, vida é gramática. De acordo. das pessoas.
Vou até mais longe: vida é pontuação. A vida de uma pessoa
é balizada por sinais ortográficos. Podemos acompanhar a (E) o narrador questiona os ensinamentos gramaticais
vida de uma criatura, do nascimento ao túmulo, marcando as que recebeu dos professores; o narrador discorda
diferentes etapas por sinais de pontuação. da ideia de que a gramática seja a disciplina mais
importante.
Infância: a permanente exclamação:
Nasceu! É um menino! Que grande! E como chora! Claro,
quem não chora não mama!
Me dá! É meu! 11. Quando o autor diz que a vida é pontuação e associa a
Ovo! Uva! Ivo viu o ovo! Ivo viu a uva! O ovo viu a uva! infância à exclamação, seu objetivo é mostrar que
Olha como o vovô está quietinho, mamãe!
Ele não se mexe, mamãe! Ele nem fala, mamãe! (A) o pleno encantamento marca esse período da vida,
e as emoções tendem a mostrar-se com mais inten-
Ama com fé e orgulho a terra em que nasceste! Criança
sidade e espontaneidade.
– não verás nenhum país como este!
Dá agora! Dá agora, se tu és homem! Dá agora, quero (B) a percepção exagerada das crianças não tem como
ver! se justificar na relação que elas estabelecem com os
(Moacyr Scliar. Minha mãe não dorme enquanto adultos e o mundo.
eu não chegar, 1996. Adaptado)
(C) os adultos tendem a ficar incomodados com a forma
09. No texto, o autor recorre a várias citações, com a finali- como as crianças vão descobrindo os segredos do
dade de mundo.
(A) discutir a falta de necessidade do ensino de gramá­
tica, uma vez que seu domínio não implica neces- (D) os adultos têm dificuldade para atender o encanta-
sariamente saber usar a língua de forma adequada. mento das crianças pelas suas descobertas com o
mundo que as circunda.
(B) enfatizar as discrepâncias quanto à necessidade da
gramática para a vida, concluindo que ela é inútil e (E) as crianças normalmente descobrem o mundo sem
só tem servido como atividade escolar. reagir aos acontecimentos que marcam essa etapa
de seu desenvolvimento.
(C) propor a obrigatoriedade do ensino da gramática den-
tro e fora da escola, possibilitando que as pessoas
usem melhor a língua materna.
(D) questionar a fascinação que grandes personalidades
têm em relação à gramática, a qual, na maioria das
vezes, ultrapassa os limites do contexto escolar.
(E) mostrar diferentes perspectivas em relação à gramá-
tica, concluindo que ela é relevante e que algumas
de suas partes assemelham-se a fases da vida.
5
12. O que Oscar Wilde afirma acerca de George Moore – 15. Considere os trechos do texto:
escreveu excelente inglês, até que descobriu a gramá-
• Há quem discorde. (3o parágrafo)
tica – significa que
• Para enfeitar uma crônica, não tem coisa melhor. (3o
(A) George Moore passou a escrever em inglês po- parágrafo)
pular somente depois que descobriu a riqueza da
• Vou até mais longe: vida é pontuação. (5o parágrafo)
gramática.
De acordo com o sentido do texto e com a norma-padrão,
(B) a descoberta da gramática por George Moore sur- os enunciados podem ser ampliados, respectivamente,
preendeu a todos, pelo padrão de excelência de sua com as reescritas:
obra.
(A) Há quem discorde dessas opiniões. / Para enfeitar
(C) o fato de escrever com excelência em inglês não uma crônica, não tem coisa melhor do que uma ci-
impediu George Moore de buscar linguagem mais tação. / Vou até mais longe, afirmando que vida é
contemporânea. pontuação.
(B) Há quem discorde com essas opiniões. / Para en-
(D) a gramática agiu, na obra de George Moore, para
feitar uma crônica, não tem coisa melhor como uma
acentuar sua tendência a uma escrita de alta quali-
citação. / Vou até mais longe, afirmando de que vida
dade técnica.
é pontuação.
(E) o contato com a gramática ocasionou, na obra de (C) Há quem discorde ante essas opiniões. / Para enfei-
George Moore, o comprometimento da qualidade de tar uma crônica, não tem coisa melhor do que uma
sua escrita. citação. / Vou até mais longe, afirmando em que vida
é pontuação.
(D) Há quem discorde contra essas opiniões. / Para en-
13. Assinale a alternativa em que as frases da passagem In- feitar uma crônica, não tem coisa melhor de que uma
fância: a permanente exclamação expressam as vivên- citação. / Vou até mais longe, afirmando que vida é
cias infantis relacionadas à possessividade e à escolari- pontuação.
zação, respectivamente. (E) Há quem discorde nessas opiniões. / Para enfeitar
uma crônica, não tem coisa melhor que uma citação.
(A) Dá agora! Dá agora, se tu és homem! / Ele não se
/ Vou até mais longe, afirmando de que vida é pon-
mexe, mamãe!
tuação.
(B) Que grande! E como chora! / Ele nem fala, mamãe!
16. Nas frases “Simples: tenho em minha biblioteca três li-
(C) Ama com fé e orgulho a terra em que nasceste! / Dá vros contendo exclusivamente citações.” (3o parágrafo),
agora, quero ver! “Vou até mais longe: vida é pontuação.” (5o parágrafo)
e “A vida de uma pessoa é balizada por sinais ortográfi-
(D) Me dá! É meu! / Ovo! Uva! Ivo viu o ovo! Ivo viu a cos.” (5o parágrafo), as expressões em destaque podem
uva! O ovo viu a uva! ser substituídas, sem prejuízo de sentido ao texto, corre-
ta e respectivamente, por:
(E) Claro, quem não chora não mama! / Olha como o
vovô está quietinho, mamãe! (A) também; bem além; distinguida.
(B) somente; bem além; limitada.
(C) inclusive; bem adiante; orientada.
14. Nas passagens “Porque, como dizia o Irmão Lourenço,
no schola sed vita – é preciso aprender não para a es- (D) apenas; bem aquém; restrita.
cola, mas para a vida.” (4o parágrafo) e “Ama com fé e (E) unicamente; bem afora; orientada.
orgulho a terra em que nasceste! Criança – não verás
nenhum país como este!” (penúltimo parágrafo), as con-
17. De acordo com a norma-padrão, o trecho do 4o parágrafo
junções destacadas estabelecem, correta e respectiva-
“ … gramática é um negócio importante e gramática se
mente, relações de sentido de
ensina na escola…” está corretamente reescrito em:
(A) conformidade e causa. (A) Se ensina gramática na escola devido à sua impor-
tância.
(B) comparação e causa.
(B) Gramática é um negócio importante cujo ensina-se
(C) conformidade e comparação. na escola.

(D) comparação e comparação. (C) Se ensina gramática na escola, devido a sua impor-
tância.
(E) conformidade e conformidade. (D) Como a gramática é um negócio importante, a esco-
la lhe ensina.
(E) Gramática é um negócio importante que se ensina
na escola.
6
18. Assinale a alternativa em que há expressão(ões) 21. Nas passagens “Ei-lo agora, adolescente recluso em
empregada(s) em sentido figurado. seu quarto, diante de um livro que não lê.” e “negros pa-
rágrafos comprimidos uns sobre os outros”, os termos
(A) Oscar Wilde, por exemplo, dizia de George
destacados têm como antônimos, respectivamente:
Moore: escreveu excelente inglês, até que desco-
briu a gramática. (A) enclausurado e apertados.

(B) Aliás, inglês eu não aprendi na escola. Foi lendo as (B) liberto e expandidos.
revistas MAD e outras que vocês podem imaginar. (C) apartado e ampliados.
(C) Este pouco de gramática que eu sei, por exemplo, (D) solitário e espalhados.
foram Dona Maria de Lourdes e Dona Nair Freitas (E) solto e limitados.
que me ensinaram.
(D) Ora, dirão os professores, vida é gramática. De 22. Com a passagem “O livro tem exatamente quatrocen-
acordo. Vou até mais longe: vida é pontuação. tas e quarenta e seis. Pode-se dizer 500 páginas!”,
(E) Simples: tenho em minha biblioteca três livros con- entende-se que a página “500” do livro seria a
tendo exclusivamente citações. (A) quinquagésima, minimizando a importância da obra.
(B) quinquagésima, questionando a importância da obra.
Leia o texto para responder às questões de números 19 a 24.
(C) quinhentésima, evidenciando o tamanho da obra.
Ei-lo agora, adolescente recluso em seu quarto, diante (D) quingentésima, reforçando a extensão da obra.
de um livro que não lê. Todos os seus desejos de estar longe (E) quingentésima, enaltecendo o conteúdo da obra.
erguem, entre ele e as páginas abertas, uma tela esverdeada
que perturba       linhas. Ele está sentado diante da janela,
a porta fechada       costas. Página 48. Ele não tem cora- 23. No texto, um dos trechos construídos com palavras e
gem de contar as horas passadas para chegar essa expressões em sentido próprio é
quadragésima oitava página. O livro tem exatamente quatro- (A) “Se ao menos conseguisse lembrar do conteúdo
centas e quarenta e seis. Pode-se dizer 500 páginas! Se ao dessas primeiras quarenta e oito páginas!”, o qual
menos tivesse uns diálogos, vai. Mas não! Páginas completa- revela o pensamento do adolescente e, ao mesmo
mente cheias de linhas apertadas entre margens minúsculas, tempo, sinaliza sua dispersão na leitura.
negros parágrafos comprimidos uns sobre os outros e, aqui
(B) “Ele está sentado diante da janela, a porta fecha-
e acolá, a caridade de um diálogo – um travessão, como um
da...”, o qual remete à ideia de que o adolescente,
oásis, que indica que um personagem fala       outro perso-
tendo de realizar a tarefa de ler, fica circunspecto,
nagem. Mas o outro não responde. E segue-se um bloco de
analisando-se frente à situação imposta.
doze páginas! Doze páginas de tinta preta! Falta de ar! Ufa,
que falta de ar! Ele xinga. Muitas desculpas, mas ele xinga. (C) “Todos os seus desejos de estar longe erguem, entre
Página quarenta e oito... Se ao menos conseguisse lembrar ele e as páginas abertas, uma tela esverdeada que
do conteúdo dessas primeiras quarenta e oito páginas! perturba...”, o qual remete à ideia de que o adoles-
cente queria estar em outro lugar.
(Daniel Pennac. Como um romance, 1993. Adaptado)
(D) “Páginas completamente cheias de linhas aperta-
das entre margens minúsculas, negros parágrafos
19. Em conformidade com a norma-padrão, as lacunas do
comprimidos uns sobre os outros...”, o qual mostra a
texto devem ser preenchidas, respectivamente, com:
percepção objetiva que o adolescente tem da leitura.
(A) as ... às ... a ... a (E) “... e, aqui e acolá, a caridade de um diálogo – um
(B) às ... às ... à ... à travessão, como um oásis, que indica que um per-
sonagem fala...”, o qual indica que, aos poucos, o
(C) as ... às ... à ... à adolescente vai se interessando pelo livro.
(D) às ... as ... a ... a
(E) as ... as ... à ... à 24. Assinale a alternativa correta quanto à concordância
verbal, de acordo com a norma-padrão.
(A) A página do livro cheia de linhas apertadas e negros
20. O texto relata que
parágrafos deixam o adolescente com falta de ar.
(A) o livro cativa o adolescente, ansioso por terminar
(B) O adolescente está no quarto, sentado diante da
logo a leitura das quase 500 páginas.
janela. Passou as horas, e ele não tem coragem de
(B) o xingamento do adolescente é inevitável, mas ele contá-las.
se arrepende e volta a ler o livro. (C) Ao encontrar um diálogo, o adolescente espera que
(C) o adolescente considera penosa a tarefa de ler um hajam longas conversas entre as personagens.
livro de 446 páginas. (D) O livro tem exatamente 486 páginas. É quase
(D) a recordação do conteúdo do livro ameniza o sofri- 500 páginas de leitura, e praticamente não existe
mento do adolescente com a leitura. diálogos.
(E) O bloco de doze páginas provoca os xingamentos
(E) a história do livro desanima o adolescente, que pula
do adolescente, e logo são proferidas as desculpas.
páginas em busca de um diálogo.
7
Conhecimentos em Direito 27. A respeito dos crimes praticados por funcionários públi-
cos contra a administração pública, é correto afirmar que

(A) Caio, funcionário público, ao empregar verba própria


Direito Penal
da educação, destinada por lei, na saúde, em tese,
incorre no crime de emprego irregular de verba públi-
25. A respeito dos crimes previstos nos artigos 293 a 305 do ca (art. 315 do CP).
Código Penal, assinale a alternativa correta. (B) Tícia, funcionária pública, ao exigir, em razão de
(A) A falsificação de livros mercantis caracteriza o sua função, que determinada empresa contrate o
crime de falsificação de documento particular filho, em tese, incorre no crime de corrupção pas-
(art. 298 do CP). siva (art. 317 do CP).

(B) O crime de falsidade ideológica (art. 299 do CP), em (C) Mévio, funcionário público, em razão de sua função,
documento público, é próprio de funcionário público. ao aceitar promessa de recebimento de passagens
aéreas, para férias da família, não incorre no crime
(C) No crime de falsidade de atestado médico (art. 302 de corrupção passiva (art. 317 do CP), já que referi-
do CP), independentemente da finalidade de lucro do tipo penal exige o efetivo recebimento de vanta-
do agente, além da pena privativa de liberdade, gem indevida.
aplica-se multa.
(D) Tício, funcionário público, ao se apropriar do dinhei-
(D) O crime de supressão de documento (art. 305 do ro arrecadado pelos funcionários da repartição para
CP), para se caracterizar, exige que o documento comprar o bolo de comemoração dos aniversarian-
seja verdadeiro. tes do mês, em tese, pratica o crime de peculato
(art. 312 do CP).
(E) O crime de falsificação de documento público
(art. 297 do CP) é próprio de funcionário público. (E) Mévia, funcionária pública, não sendo advogada,
não pode incorrer no crime de advocacia administra-
tiva (art. 321 do CP), já que referido tipo penal exige
a qualidade de advogado do sujeito ativo.
26. No tocante às infrações previstas nos artigos 307, 308 e
311-A, do Código Penal, assinale a alternativa correta.

(A) A conduta de atribuir a terceiro falsa identidade é 28. A respeito dos crimes praticados por particulares con-
penalmente atípica, sendo crime apenas atribuir a si tra a administração, em geral (arts. 328; 329; 330; 331;
próprio identidade falsa. 332; 333; 335; 336 e 337 do CP), assinale a alternativa
correta.
(B) O crime de fraude em certames de interesse público
configura-se pela divulgação de conteúdo de certa- (A) O crime de desacato não se configura se o funcioná-
me, ainda que não sigiloso. rio público não estiver no exercício da função, ainda
que o desacato seja em razão dela.
(C) O crime de fraude em certames de interesse público
prevê a figura qualificada, se dele resulta dano à (B) Para se configurar, o crime de usurpação de função
administração pública. pública exige que o agente, enquanto na função,
obtenha vantagem.
(D) A conduta de ceder o documento de identidade
a terceiro, para que dele se utilize, é penalmente (C) Para se configurar, o crime de corrupção ativa exige
atípica, sendo crime apenas o uso, como próprio, o retardo ou a omissão do ato de ofício, pelo funcio-
de documento alheio. nário público, em razão do recebimento ou promessa
de vantagem indevida.
(E) O crime de fraude em certames de interesse público
é próprio de funcionário público. (D) Aquele que se abstém de licitar em hasta pública, em
razão de vantagem indevida, não é punido pelo cri-
me de impedimento, perturbação ou fraude de con-
corrência, já que se trata de conduta atípica.

(E) Não há previsão de modalidade culposa.

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29. A respeito dos crimes contra a administração da justiça Direito Processual Penal
(arts. 339 a 347 do CP), assinale a alternativa correta.

(A) A autoacusação para acobertar ascendente ou des- 31. A respeito das causas de impedimento e suspeição do
cendente é atípica. juiz, de acordo com o Código de Processo Penal, assi-
nale a alternativa correta.
(B) Dar causa a inquérito civil contra alguém, impu-
tando-lhe falsamente a prática de crime, em tese, (A) Nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo
caracteriza o crime de denunciação caluniosa. processo os juízes que forem entre si parentes, con-
sanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até
(C) Provocar a ação de autoridade, comunicando a ocor- o quarto grau.
rência de crime que sabe não ter se verificado, em
tese, caracteriza o crime de denunciação caluniosa. (B) O juiz será suspeito, podendo ser recusado por qual-
quer das partes, se já tiver funcionado como juiz de
(D) O crime de falso testemunho exige, para configura- outra instância, pronunciando-se de fato ou de direito
ção, que o agente receba vantagem econômica ou sobre a questão.
outra de qualquer natureza.
(C) Ainda que dissolvido o casamento, sem descenden-
(E) O crime de exercício arbitrário das próprias razões tes, que ensejava impedimento ou suspeição, não
procede-se mediante queixa, ainda que haja empre- funcionará como juiz o sogro, o padrasto, o cunhado,
go de violência. o genro ou enteado de quem for parte no processo.

(D) O juiz será impedido se for credor ou devedor de


qualquer das partes.
30. A respeito do crime de exploração de prestígio (art. 357
do CP), é correto afirmar que (E) A suspeição poderá ser reconhecida ou declarada
ainda que a parte injurie, de propósito, o juiz.
(A) prevê causa de aumento se o agente alega ou insi-
nua que o dinheiro é também destinado a funcionário
público estrangeiro.

(B) prevê modalidade culposa. 32. A respeito do acusado e do defensor, é correto afirmar
que
(C) se caracteriza pela conduta de receber dinheiro a
pretexto de influir em ato praticado por qualquer fun- (A) o acusado, ainda que tenha habilitação, não poderá
cionário público. a si mesmo defender, sendo-lhe nomeado defensor,
pelo juiz, caso não o tenha.
(D) se trata de crime comum, não se exigindo qualquer
qualidade especial do autor. (B) a constituição de defensor dependerá de instrumen-
to de mandato, ainda que a nomeação se der por
(E) para se configurar, exige o efetivo recebimento de ocasião do interrogatório.
dinheiro pelo agente.
(C) o acusado ausente não poderá ser processado sem
defensor. Já o foragido, existindo sentença condena-
tória, ainda que não transitada em julgado, sim.

(D) se o defensor constituído pelo acusado não puder


comparecer à audiência, por motivo justificado, pro-
vado até a abertura da audiência, nomear-se-á de-
fensor dativo, para a realização do ato, que não será
adiado.

(E) o acusado, ainda que possua defensor nomeado


pelo Juiz, poderá, a todo tempo, nomear outro, de
sua confiança.

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33. Com relação à citação do acusado, assinale a alternativa 35. Com relação ao procedimento relativo aos processos
correta. de competência do tribunal do júri, assinale a alternativa
correta.
(A) A citação inicial do acusado far-se-á pessoalmente,
por intermédio de mandado judicial, carta precatória (A) Pronunciado o acusado, remetidos os autos ao tribu-
ou hora certa. nal do júri, será a defesa intimada para apresentar o
rol de testemunhas que irão depor, em plenário, até
(B) Ao acusado, citado por edital, que não comparecer o máximo de 08 (oito).
ou constituir advogado, será nomeado defensor,
(B) Constituirão o Conselho de Sentença, em cada ses-
prosseguindo o processo.
são de julgamento, 07 (sete) jurados, sorteados den-
tre os alistados, aplicando-se a eles o disposto sobre
(C) Estando o acusado no estrangeiro, suspende-se o
os impedimentos, a suspeição e as incompatibilida-
processo e o prazo prescricional até que retorne ao
des dos juízes togados.
País.
(C) Encerrada a instrução preliminar, o juiz, fundamenta-
(D) Completada a citação por hora certa, não compare- damente, pronunciará ou impronunciará o acusado,
cendo o réu, ser-lhe-á nomeado defensor dativo. não cabendo, nessa fase, a absolvição sumária.

(E) A citação do réu preso far-se-á na pessoa do Diretor (D) Contra a sentença de impronúncia do acusado cabe-
do estabelecimento prisional. rá recurso em sentido estrito.

(E) O risco à segurança pessoal do acusado não enseja


desaforamento do julgamento para outra comarca,
34. Segundo o Código de Processo Penal, a respeito do sendo motivo justificante a dúvida razoável sobre a
processo comum, é correto dizer que imparcialidade do júri.

(A) aceita a denúncia ou a queixa, o Juiz não poderá


absolver sumariamente o réu, após a apresentação
36. Com relação aos recursos e revisão, de acordo com o
da resposta à acusação.
Código de Processo Penal, é correto dizer que
(B) a parte, no procedimento ordinário, não poderá de- (A) no caso de concurso de agentes, a decisão do recur-
sistir de testemunha, anteriormente arrolada. so interposto por um dos réus, ainda que fundado em
motivos pessoais, aproveitará aos outros.
(C) o procedimento será ordinário, sumário ou sumarís-
simo; o procedimento sumaríssimo será o aplicado (B) a revisão criminal só poderá ser requerida no pra-
quando se tem por objeto crime sancionado com zo de até 02 (dois) anos da sentença condenatória,
pena privativa de liberdade de até 04 (quatro) anos. transitada em julgado.

(D) são causas de rejeição da denúncia ou queixa a (C) interposta a Apelação somente pelo acusado, não
inépcia, a falta de pressuposto processual ou condi- pode o Tribunal reinquirir testemunhas ou determinar
ção para o exercício da ação penal e a falta de justa diligências.
causa.
(D) nos processos de contravenção, interposta a apela-
ção, o prazo para arrazoar será de 03 (três) dias.
(E) no procedimento ordinário, poderão ser ouvidas até
08 (oito) testemunhas, de acusação e defesa, com- (E) na apelação e no recurso em sentido estrito, há pre-
preendidas, nesse número, as que não prestam visão de juízo de retratação.
compromisso.

10
37. A respeito da Lei no 9.099/95 (arts. 60 a 83; 88 e 89), 40. Se a tutela antecipada for concedida nos casos em que
assinale a alternativa correta. a urgência for contemporânea à propositura da ação e a
­petição inicial limitar-se ao requerimento da tutela antecipa-
(A) Reunidos os processos, por força de conexão ou
da e à indicação do pedido de tutela final, com a exposição
continência, perante o juízo comum ou tribunal do
da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de dano
júri, observar-se-ão os institutos da transação penal
ou do risco ao resultado útil do processo, e a decisão se
e da composição dos danos civis.
tornar estável, o juiz deverá
(B) São consideradas infrações de menor potencial
ofensivo as contravenções e os crimes a que a lei (A) mandar emendar a inicial.
comine pena máxima não superior a 03 (três) anos,
(B) suspender a ação até seu efetivo cumprimento.
cumulada ou não com multa.

(C) Não sendo encontrado o acusado, o feito permane- (C) julgar extinto o processo.
cerá no Juizado Especial Criminal, mas ficará sus-
(D) determinar a contestação da ação.
penso, até que seja localizado.

(D) O acordo de composição civil entre o acusado e a ví- (E) sanear o feito.
tima, nos casos de ação penal pública, condicionada
e incondicionada, implica extinção da punibilidade ao
autor do fato.
41. Processa(m)-se durante as férias forenses, onde as houver,
(E) Nos crimes em que a pena mínima cominada for infe- e não se suspendem pela superveniência delas:
rior a 02 (dois) anos, o Ministério Público, ao oferecer
denúncia, poderá propor a suspensão condicional do (A) a homologação de desistência de ação.
processo ao acusado que não esteja sendo proces-
sado ou não tenha sido condenado por outro crime. (B) os procedimentos de jurisdição voluntária e os
necessários à conservação de direitos, quando
­
puderem ser prejudicados pelo adiamento.

Direito Processual Civil (C) os processos que versem sobre arbitragem, inclusive
sobre cumprimento de carta arbitral.

(D) o registro de ato processual eletrônico e a respectiva


38. Legalmente, incumbe ao escrivão ou ao chefe de
intimação eletrônica da parte.
­secretaria:

(A) efetuar avaliações, quando for o caso. (E) a realização de audiência cujas datas tiverem sido
designadas.
(B) certificar proposta de autocomposição apresentada
por qualquer das partes, na ocasião de realização de
ato de comunicação que lhe couber.
42. Com relação ao direito de recorrer, assinale a alternativa
(C) manter sob sua guarda e responsabilidade os bens
correta.
móveis de pequeno valor penhorados.

(D) auxiliar o juiz na manutenção da ordem. (A) A renúncia ao direito de recorrer depende da aceitação
da outra parte.
(E) comparecer às audiências ou, não podendo fazê-lo,
designar servidor para substituí-lo. (B) A parte que aceitar tacitamente a decisão poderá
recorrer, se ainda no prazo recursal.

39. Serão admitidos(as) a propor ação perante o Juizado Es- (C) Dos despachos cabem os recursos de agravo de
pecial Cível regido pela Lei no 9.099/95: instrumento ou embargos de declaração.

(A) as sociedades de economia mista, por serem pessoas (D) A desistência do recurso não impede a análise de ques-
de direito privado. tão cuja repercussão geral já tenha sido reconhecida.
(B) os insolventes civis, ante sua hipossuficiência devi- (E) O recorrente, para desistir do recurso, necessitará
damente comprovada. da anuência de seus litisconsortes.
(C) as pessoas jurídicas qualificadas como Organização
da Sociedade Civil de Interesse Público.

(D) os incapazes, devidamente representados por procu-


ração, por instrumento público.

(E) as pessoas enquadradas como microempreendedo-


res individuais, cujo empreendedor individual tenha
renunciado ao direito próprio.
11
43. Diante do que prevê a Lei que regulamenta o Juizado 46. Salvo em caso de guerra declarada, nos termos expres-
Especial da Fazenda Pública, é correto afirmar: sos da Constituição da República Federativa do Brasil
(CRFB/88), não haverá penas
(A) Os representantes judiciais dos réus presentes à
audiência não poderão conciliar ou transigir. (A) de morte.

(B) O pagamento de obrigação de pequeno valor deverá (B) de banimento.


ser feito no prazo máximo de 90 dias a contar da
entrega da requisição do juiz. (C) de caráter perpétuo.

(C) Sendo o caso, haverá reexame necessário. (D) de trabalhos forçados.

(D) Da sentença caberá apelação, não se admitindo (E) de expulsão.


agravo de instrumento por vedação legal.

(E) O juiz poderá, de ofício, deferir providências cautelares


e antecipatórias, para evitar dano de difícil ou de incerta 47. No que diz respeito à nacionalidade, de acordo com
reparação. a Constituição da República Federativa do Brasil
(CRFB/88), é correto afirmar que o brasileiro

(A) naturalizado poderá ser extraditado, pela prática de


44. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, inde- crime de furto, após a naturalização, no caso de con-
pendentemente da citação do réu, poderá julgar liminar- denação por sentença judicial.
mente improcedente o pedido
(B) naturalizado poderá ocupar cargo no Conselho da
(A) que tiver petição inicial inepta. República.

(B) cujo autor carecer de interesse processual. (C) naturalizado poderá ocupar o cargo de Ministro do
Superior Tribunal de Justiça.
(C) que tenha parte manifestamente ilegítima.
(D) nato poderá ser extraditado no caso de envolvimento
(D) que não indicar o fundamento legal. no crime de tráfico internacional de entorpecentes.

(E) que contrariar enunciado de súmula de tribunal de (E) nato não poderá ter declarada a perda da naciona-
justiça sobre direito local. lidade.

Direito Constitucional 48. Nos termos da Constituição da República Federativa do


Brasil (CRFB/88), é correto afirmar que

45. De acordo com texto expresso na Constituição da Repú- (A) é vedada a acumulação remunerada de dois cargos
blica Federativa do Brasil (CRFB/88), é correto afirmar públicos de professor, independentemente de haver
que a lei compatibilidade de horário.

(A) assegurará aos autores de inventos industriais privi- (B) os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e
légio permanente para sua utilização. do Poder Executivo não poderão ser superiores aos
pagos pelo Poder Judiciário.
(B) penal sempre retroagirá, seja para beneficiar ou não
o réu. (C) o servidor público da administração direta, autárquica
e fundacional, investido no mandato de Prefeito, será
(C) regulará a individualização da pena e adotará, entre afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe
outras, a perda de bens. ­vedado optar pela sua remuneração.

(D) poderá excluir da apreciação do Poder Judiciário lesão (D) os proventos de aposentadoria e as pensões, por
ou ameaça a direito. ­ocasião de sua concessão, não poderão exceder a
remuneração do respectivo servidor, no cargo efetivo
(E) deverá punir ato atentatório a liberdades com penas
em que se deu a aposentadoria ou que serviu de refe-
restritivas de direito.
rência para a concessão da pensão.

(E) o servidor público estável perderá o cargo em virtude


de sentença judicial ou administrativa, que prescin-
dem de processo prévio em contraditório.

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49. São assegurados, nos termos da Constituição da República Direito Administrativo
Federativa do Brasil, (CRFB/88) à categoria dos trabalhado-
res domésticos os seguintes direitos:
52. Arceus Cipriano foi processado criminalmente sob a acu-
(A) proteção em face da automação, na forma da lei. sação de cometimento de crime contra a administração
pública e pelos mesmos fatos também foi demitido do
(B) reconhecimento das convenções e acordos coletivos
cargo público que ocupava. Contudo, na seara criminal,
de trabalho.
logrou êxito em comprovar que não foi o autor dos fatos,
(C) jornada de seis horas para trabalho realizado em tendo sido absolvido por esse fundamento, na instância
turnos ininterruptos de revezamento. criminal. Diante disso, assinale a alternativa correta, nos
termos do Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do
(D) participação nos lucros, ou resultados, desvinculada Estado de São Paulo.
da remuneração, conforme definido em lei.
(A) A demissão é nula porque a Administração Públi-
(E) piso salarial proporcional à extensão e à complexidade ca não deveria ter processado administrativamen-
do trabalho. te Arceus e proferido decisão demissória antes
do trânsito em julgado da sentença no processo
criminal.
50. Conforme dispõe expressamente o texto constitucional, (B) Arceus poderá pedir o desarquivamento e a revisão
são gratuitas as ações de da decisão administrativa que o demitiu, utilizando
como documento novo a sentença absolutória profe-
(A) mandado de segurança e mandado de segurança
rida no processo criminal.
coletivo.
(C) Arceus terá direito à reintegração ao serviço público,
(B) mandado de segurança e habeas corpus.
no cargo que ocupava e com todos os direitos e van-
(C) mandado de segurança e habeas data. tagens devidas, mediante simples comprovação do
trânsito em julgado da decisão absolutória no juízo
(D) habeas corpus e mandado de injunção. criminal.

(E) habeas corpus e habeas data. (D) Se a absolvição criminal ocorreu depois do prazo de
interposição do recurso da decisão demissória pro-
ferida no processo administrativo, não será possível
Arceus valer-se da sentença criminal para buscar a
51. Em relação à Ação Popular, é correto afirmar que
anulação da demissão.
(A) haverá pagamento de custas pelo autor no caso de (E) Como a responsabilidade administrativa é indepen-
nova ação. dente da civil e da criminal, a absolvição de Arceus
(B) serão devidas as custas, desde que comprovada a Cipriano na justiça criminal em nada altera decisão
má-fé do autor. proferida na esfera administrativa.

(C) a improcedência por carência de provas evidencia a


má-fé do autor da ação popular. 53. Consoante o Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do
Estado de São Paulo, será aplicada a pena de demissão
(D) a improcedência torna devidos os honorários de nos casos de
sucumbência.
(A) aplicação indevida de dinheiros públicos.
(E) serão devidas as custas judiciais e ônus de
­sucumbência. (B) prática de insubordinação grave.

(C) exercício de advocacia administrativa.

(D) pedir, por empréstimo, dinheiro ou quaisquer valores


a pessoas que tratem de interesses ou o tenham na
repartição, ou estejam sujeitos à sua fiscalização.

(E) prática, em serviço, de ofensas físicas contra funcio-


nários ou particulares.

13
54. Nos termos da Lei no 10.261/1968, quanto ao procedi- 56. Nos termos da Lei no 8.429/1992, é correta a seguinte
mento disciplinar, assinale a alternativa correta. afirmação:

(A) Se a testemunha não for localizada, a defesa pode- (A) Esta Lei se aplica apenas aos funcionários públicos
rá substituí-la, se quiser, levando, na mesma data que pratiquem ato lesivo ao erário da administração
­designada para a audiência, outra testemunha, inde- direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Po-
pendentemente de notificação. deres da União, dos Estados ou do Distrito Federal.

(B) Se a lesão ao patrimônio decorrer de ação ou omis-


(B) A demissão a bem do serviço público acarreta a in-
são culposa do agente ou do terceiro, não se fará
compatibilidade permanente para nova investidura
necessário o integral ressarcimento do dano.
em cargo, função ou emprego público.
(C) Para os fins desta Lei, não se reputa agente público
(C) No processo administrativo, se houver denunciante, aquele que, por designação, exerça função de con-
este deverá prestar declarações depois do interroga- fiança junto a órgão da administração direta ou indi-
tório do acusado, devendo ser notificado para tal fim. reta, sem recebimento de remuneração.
(D) A prova de antecedentes do acusado pode ser feita (D) O sucessor daquele que causar lesão ao patrimô-
por todos os meios de prova em direito admitidos, nio público ou enriquecer ilicitamente em razão do
tais como documentos, testemunhas, perícias etc. ­serviço público não se sujeita às cominações desta
Lei, ainda que o falecido tenha deixado herança.
(E) Será instaurada sindicância quando a falta discipli-
nar, por sua natureza, possa determinar as penas de (E) As disposições desta Lei poderão ser aplicadas
demissão ou disponibilidade. àquele que, mesmo não sendo agente público, indu-
za ou concorra para a prática do ato de improbidade
ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou
indireta.
55. De acordo com a Lei no 10.261/1968, no que concerne
aos recursos no processo administrativo, é correta a
seguinte afirmação: 57. Constitui ato de improbidade administrativa importan-
do enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de van-
(A) Não cabe pedido de reconsideração de decisão tagem patrimonial indevida em razão do exercício de
tomada pelo Governador do Estado em única cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas enti-
instância. dades mencionadas no artigo 1o da Lei de Improbidade a
­seguinte hipótese:
(B) O recurso será apresentado ao superior hierárquico
da autoridade que aplicou a pena, que, em 15 (quin- (A) permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurí-
ze) dias, de forma motivada, deve manter a decisão dica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores
ou reformá-la. integrantes do acervo patrimonial das entidades pú-
blicas protegidas por esta Lei, sem observância das
(C) Os recursos não têm efeito suspensivo; e os que formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à
forem providos darão lugar às retificações necessá- espécie.
rias, retroagindo seus efeitos à data do ato punitivo.
(B) realizar operação financeira sem observância das
(D) O prazo para recorrer é de 15 (quinze) dias, conta- normas legais e regulamentares ou aceitar garantia
dos da publicação da decisão impugnada no Diário insuficiente ou inidônea.
Oficial do Estado ou da intimação do procurador do (C) ordenar ou permitir a realização de despesas não
servidor, se for o caso. autorizadas em lei ou regulamento.
(E) O recurso não poderá ser apreciado pela autori- (D) aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de
dade competente se incorretamente denominado consultoria ou assessoramento para pessoa física
ou endereçado. ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser
atingido ou amparado por ação ou omissão decor-
rente das atribuições do agente público, durante a
atividade.

(E) permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação


de bem ou serviço por preço superior ao de mercado.

14
58. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta Normas da Corregedoria Geral da Justiça
contra os princípios da administração pública qualquer
ação ou omissão que viole os deveres de honestidade,
imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e 60. Nos termos das Normas da Corregedoria Geral de Justi-
notadamente, ça, no que tange ao Sistema Informatizado Oficial, assi-
nale a alternativa correta.
(A) perceber vantagem econômica para intermediar a li-
beração ou aplicação de verba pública de qualquer (A) Nos ofícios de justiça, o registro e controle da mo-
natureza. vimentação dos feitos realizar-se-ão pelo sistema
informatizado oficial, sendo facultada a elaboração
(B) liberar verba pública sem a estrita observância às de fichas materializadas em papel ou constantes de
normas pertinentes ou influir, de qualquer forma, outros sistemas informatizados para auxiliar no con-
para a sua aplicação irregular. trole do trâmite processual.
(C) permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se (B) Não será admitida exclusão de parte no processo,
enriqueça ilicitamente. procedendo-se à sua baixa, quando necessário.
(D) revelar fato ou circunstância de que tem ciência em (C) Todas as vítimas identificadas na denúncia ou quei-
razão das atribuições e que deva permanecer em xa, e também as testemunhas de processo criminal,
segredo. sejam estas de acusação, defesa ou comuns, terão
(E) agir negligentemente na arrecadação de tributo ou suas qualificações lançadas no sistema informatiza-
renda, bem como no que diz respeito à conservação do oficial.
do patrimônio público. (D) Os escrivães judiciais do serviço de distribuição e
dos ofícios de justiça realizarão auditoria quinzenal
no sistema SAP/PG, de acordo com os níveis de cri-
59. Em consonância com a Lei de Improbidade, assinale a
ticidade definidos, comunicando ao Corregedor Ge-
alternativa correta.
ral da Justiça qualquer irregularidade.
(A) O cidadão, no gozo de seus direitos políticos, tem
(E) O cadastro no sistema informatizado oficial conterá
exclusividade para representar à autoridade admi-
exclusivamente as seguintes informações a respeito
nistrativa competente a fim de que seja instaurada
do processo, de modo a individualizá-lo com exati-
investigação destinada a apurar a prática de ato de
dão: qualificação das partes e de eventuais repre-
improbidade.
sentantes, advogados e os respectivos números de
(B) Estando a petição inicial em devida forma, o juiz inscrição na OAB.
mandará autuá-la e ordenará a notificação do reque-
rido, para oferecer manifestação por escrito, que po-
derá ser instruída com documentos e justificações, 61. Quanto à escrituração, é correta a seguinte afirmação:
dentro do prazo de quinze dias. (A) Caberá ao escrivão certificar a autenticidade da
(C) O Ministério Público ou qualquer cidadão no gozo de firma do juiz que subscreveu o documento, indi-
seus direitos políticos pode ingressar com ação de cando-lhe nome, cargo e o exercício no juízo, nos
improbidade administrativa. atos para os quais a lei exige certificação de au-
tenticidade e quando houver dúvida sobre a auten-
(D) Havendo fundados indícios de responsabilidade, a ticidade da firma.
comissão processante poderá requerer em juizo a
decretação do sequestro dos bens do agente ou ter- (B) É vedada a utilização de abreviaturas, abreviações,
ceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou causado acrônimos, siglas ou símbolos, ainda que elas este-
dano ao patrimônio público. jam consagradas no Vocabulário Ortográfico da Lín-
gua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras.
(E) A perda da função pública e a suspensão dos direitos
políticos do condenado por ato de improbidade efeti- (C) Deve ser evitada a assinatura de atos e termos em
vam-se com a publicação da condenação por ato de branco, total ou parcialmente.
improbidade em segunda instância. (D) São vedadas anotações de “sem efeito” e anotações
a lápis nos livros e autos de processo, mesmo que a
título provisório.

(E) Os mandados, cartas postais, consideradas inclusi-


ve as expedidas por meio eletrônico, ofícios gerais
de comunicação, expedidos em cumprimento de ato
­judicial, serão assinados pelos escrivães ou chefes de
seção, declarando que o fazem por ordem do juiz.

15
62. Quanto à Ordem dos Serviços dos Processos em Geral, 64. Quanto ao Processo Eletrônico, assinale a alternativa
assinale a alternativa correta. correta.

(A) Cabe aos escrivães judiciais ou, sob sua supervisão, (A) Será considerada original a versão armazenada no
aos escreventes, zelar pela correta numeração das servidor do Tribunal de Justiça do Estado de São
folhas dos autos e, na hipótese de numeração repe- Paulo, somente enquanto o processo estiver em
tida, acrescentar-se-á apenas uma letra do alfabeto, tramitação.
em sequência, certificando-se.
(B) O acesso à íntegra dos processos digitais que não
(B) É permitido o lançamento de cotas marginais ou in- tramitem sob segredo de justiça a terceiro será fran-
terlineares nos autos, bem como sublinhar palavras, queado mediante senha pessoal e intransferível, dis-
desde que a lápis. ponibilizada para utilização pelo período de 48 (qua-
renta e oito) horas após a sua emissão.
(C) O ofício de justiça afixará nas autuações tarjas co-
loridas, na posição vertical, para assinalar situações (C) É de exclusiva responsabilidade do titular de certifi-
especiais descritas nas Normas de Serviço. cação digital o uso e sigilo da chave privada da sua
identidade digital, não sendo oponível, em nenhuma
(D) Em nenhuma hipótese é permitido aos ofícios de jus-
hipótese, alegação de seu uso indevido.
tiça receber e juntar petições que não tenham sido
encaminhadas pelo setor de protocolo.
(D) Será fornecida senha de acesso a peritos, assis-
(E) Todos os atos e termos do processo devem ser cer- tentes e outros auxiliares da justiça nomeados nos
tificados nos autos e anotados no sistema informa- autos, de acordo com o tipo de participação no
tizado oficial, inclusive com relação à emissão de processo, para consulta da íntegra dos autos di-
documento que passe a fazer imediatamente parte gitais na internet, sendo dispensada a autorização
integrante dos autos, por original ou por cópia, rubri- do magistrado.
cado pelo emitente.
(E) Os processos que tramitam no sistema de proces-
samento eletrônico do Tribunal de Justiça do Estado
de São Paulo, em segredo de justiça, poderão ser
63. Assinale a alternativa correta, no que concerne à consul- consultados pelas partes, procuradores habilitados
ta e carga dos autos. a atuar no processo, advogados, defensores públi-
cos e membros do ministério público, ainda que não
(A) Não havendo fluência de prazo, os autos poderão vinculados ao processo e desde que previamente
ser retirados em carga, pelas partes, pelos advoga- identificados.
dos ou estagiários, independentemente de requeri-
mento de vista dos autos dirigido ao juiz.

(B) A carga dos autos judiciais e administrativos em an-


damento no cartório ou processos findos é reserva-
da unicamente a advogados ou estagiários de Direito
regularmente inscritos na OAB, constituídos procura-
dores de alguma das partes.

(C) Se, intimado pessoalmente, o advogado não de-


volver os autos no prazo de 3 (três) dias, perderá o
direito à vista fora do cartório e incorrerá em multa
correspondente à metade do salário-mínimo.

(D) O acesso aos autos judiciais e administrativos de


processos em andamento ou findos é assegurado
aos advogados, estagiários de Direito e ao público
em geral, por meio do exame em balcão do ofício
de justiça ou seção administrativa, sendo vedada
a extração de cópias reprográficas ou utilização de
escâner portátil ou máquina fotográfica.

(E) É permitida a retenção do documento de identifica-


ção do advogado ou do estagiário de Direito no ofício
de justiça, para a finalidade de controle de carga de
autos.

16
Conhecimentos Gerais 67. O Banco Mundial informa que vai investigar a manipu-
lação de dados, ocorrida durante vários anos, sobre as
condições de negócios no Chile em um de seus mais im-
portantes estudos, o “Doing Business”. De acordo com o
Atualidades economista-chefe do organismo multilateral, que se des-
culpou formalmente ao governo chileno, a metodologia
usada na elaboração do ranking do relatório foi alterada
em diversas ocasiões.
65. Em ofício enviado nesta quarta-feira (24 de janeiro) ao
(Valor, 14.01.2018. Disponível em: <https://goo.gl/S9M5xo>. Adaptado)
Supremo Tribunal Federal (STF), o vice-procurador-geral
da República se manifestou favoravelmente a manter Essa manipulação de dados teria motivação
suspensa a posse da deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ)
como ministra do Trabalho. A posse estava marcada para (A) financeira, e favoreceu corporações do petróleo que
a última segunda (22 de janeiro), mas foi cancelada após faziam lobby pela privatização de reservas chilenas.
a presidente do Supremo, ministra Cármen Lúcia, atender
a um recurso e suspender a cerimônia. A ministra anali- (B) política, e favoreceu uma liderança liberal em detri-
sou uma reclamação movida por um grupo de advogados, mento de uma liderança de centro-esquerda.
que contestou no STF a decisão do Superior Tribunal de
Justiça (STJ) que, no sábado (20 janeiro), havia liberado (C) geopolítica, e favoreceu os EUA na disputa com a Chi-
a posse de Cristiane Brasil. na para transformar o Chile em parceiro privilegiado.
(G1, 24.01.2018. Disponível em: <https://goo.gl/skSVZg>. Adaptado)
(D) ambiental, e favoreceu grupos econômicos contrá-
No recurso ao STF, o grupo de advogados questionou rios às políticas de preservação da fauna e da flora
do país.
(A) a honra e a honestidade da deputada.

(B) a celeridade do Judiciário na resolução da ação. (E) pessoal, e favoreceu empresários chilenos que man-
têm vínculos com diretores do organismo multilateral.
(C) a moralidade da nomeação da deputada.

(D) a prática de loteamento de cargos pelo Executivo.

(E) a competência do STJ para julgar o caso. 68. Dois promotores de Justiça entraram com uma ação
civil pública com pedido de liminar contra os responsá-
veis pelo bloco carnavalesco “Porão do DOPS 2018”. Na
ação, os promotores lembram que entre os homenage-
66. O Ministério da Saúde anunciou uma campanha de emer- ados do bloco estão o coronel Carlos Alberto Brilhante
gência nos estados mais atingidos pela febre amarela: Ustra e o delegado Sérgio Paranhos Fleury.
São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. A ideia é combater (G1, 29.01.2018. Disponível em: <https://goo.gl/VPKjSZ>. Adaptado)
com maior agilidade a circulação do vírus.
Na ação, o objetivo dos promotores era
(G1, 10.01.2018. Disponível em: <https://goo.gl/QjKvxX>. Adaptado)

A principal medida da campanha de emergência anuncia- (A) recuperar o dinheiro da prefeitura investido no bloco.
da pelo governo está relacionada
(B) proibir o bloco de omitir os crimes cometidos pela
(A) à quarentena imposta às pessoas contaminadas ditadura.
pela doença, evitando com isso a sua transmissão
nos ambientes urbanos. (C) pedir a prisão dos organizadores do bloco.

(B) à busca pela população de macacos portadores da (D) exigir do bloco a defesa ativa dos direitos humanos.
doença, com o objetivo de isolar os animais do con-
vívio humano. (E) impedir o bloco de fazer apologia à tortura.

(C) a um mapeamento rigoroso dos casos de doença,


com a finalidade de vacinar exclusivamente os bair-
ros mais atingidos.

(D) à aplicação de doses fracionadas da vacina, com o


objetivo de ampliar o número de pessoas imunes à
doença.

(E) a uma ampla campanha publicitária de combate ao


mosquito Aedes aegypti, responsável pela transmis-
são da doença.

17
69. Uma guerra de facções, em meio a uma onda de violên- Matemática
cia, está por trás do assassinato de 14 pessoas em uma
casa de forró no último sábado (27 de janeiro). Uma pes-
soa foi presa. A casa de forró era frequentada por mem- 71. Ontem, os ciclistas Afonso e Bernardo iniciaram os res-
bros de uma das facções, disseram um policial militar e pectivos treinamentos, feitos em uma mesma pista, exa-
moradores do bairro; o ataque é atribuído pelas mesmas tamente no mesmo horário, às 8h 12min. Ambos per-
pessoas a outra facção. correram a pista no mesmo sentido, sendo que Afonso
(G1, 29.01.2018. Disponível em: <https://goo.gl/tyqXYp>. Adaptado) partiu de um ponto P dessa pista e Bernardo partiu de
um ponto Q, situado 1,26 km à frente de P. Por determi-
Policiais militares, civis e bombeiros decidiram nesta nação do técnico, no treinamento desse dia, ambos man-
terça-feira (9 de janeiro) pôr fim à paralisação das cate- tiveram ritmos uniformes e constantes: Afonso percorreu
gorias, que durou 22 dias. Em reunião nesta tarde com 420 metros a cada 1 minuto e 20 segundos, e Bernardo
representantes de associações de classe, o governador percorreu, a cada 1 minuto e 20 segundos, 80% da dis-
aceitou as reivindicações das categorias e prometeu não tância percorrida por Afonso. Nessas condições, Afonso
abrir processo administrativo ou qualquer outra sanção alcançou Bernardo às
contra nenhum agente pela paralisação.
(Folha de S.Paulo, 09.01.2018. (A) 8h 30min.
Disponível em: https://goo.gl/sRkS1A. Adaptado)
(B) 8h 45min.
As duas notícias tratam, respectivamente,
(C) 8h 38min.
(A) do Ceará e do Rio Grande do Norte. (D) 8h 32min.
(B) de Pernambuco e de Sergipe. (E) 8h 28min.

(C) do Piauí e do Maranhão.


72. No posto Alfa, o custo, para o consumidor, de um litro de
(D) da Paraíba e do Pará. gasolina é R$ 3,90, e o de um litro de etanol é R$ 2,70.
Se o custo de um litro de uma mistura de quantidades de-
(E) da Bahia e de Alagoas.
terminadas desses dois combustíveis é igual a R$ 3,06,
então o número de litros de gasolina necessários para
compor 40 litros dessa mistura é igual a
70. O noroeste da Síria voltou nesta segunda-feira (29 de
janeiro) a ser palco de um confronto entre soldados liga- (A) 12.
dos à Turquia e milícias curdas, que disputam o controle (B) 24.
de uma colina na região. O governo turco afirma que as
milícias curdas que controlam a região são ligadas aos (C) 28.
curdos que vivem na Turquia e que decidiu agir para
(D) 20.
expulsar os terroristas das proximidades de sua fronteira.
(Folha de S.Paulo, 29.01.2018. (E) 16.
Disponível em: <https://goo.gl/XeN3ia>. Adaptado)

O conflito entre turcos e curdos mencionado na notícia


73. Um investidor adquiriu um terreno por R$ 74.000,00.
está relacionado
Algum tempo depois, o terreno foi vendido, e o lucro
(A) ao vínculo entre os curdos e o Estado Islâmico. obtido pelo investidor foi igual a 20% do valor da venda.
Se esse investidor conceitua lucro como sendo a dife-
(B) à luta pela autonomia e independência dos curdos. rença entre os valores de venda e de compra, então o
lucro obtido por ele nessa negociação foi de
(C) ao posicionamento curdo favorável ao governo sírio.
(A) R$ 16.600,00.
(D) à aliança entre os curdos, a Rússia e os EUA na região. (B) R$ 17.760,00.
(E) à defesa radical da causa palestina feita pelos curdos. (C) R$ 18.500,00.

(D) R$ 15.870,00.

(E) R$ 14.400,00.

18
74. Uma concessionária que vai recapear uma faixa de rola-
R A S C U N H O
mento de uma pista em certa rodovia, em um trecho de
x quilômetros, possui uma determinada quantidade y de
balizadores refletivos disponíveis para a sinalização
desse trecho e, com base nessa quantidade, constatou
que, se colocar um número n de balizadores a cada qui-
lômetro, precisará adquirir mais 40 unidades. Porém, se
colocar (n – 4) balizadores a cada quilômetro, sobrarão
20 unidades. Se a razão é de 3 para 52, nessa

ordem, então a quantidade de balizadores disponíveis


para sinalizar o trecho a ser recapeado é igual a

(A) 350.

(B) 280.

(C) 330.

(D) 230.

(E) 260.

75. Um estabelecimento comercial possui quatro reservató-


rios de água, sendo três deles de formato cúbico, cujas
respectivas arestas têm medidas distintas, em metros, e
um com a forma de um paralelepípedo reto retângulo,
conforme ilustrado a seguir.

Sabe-se que, quando totalmente cheios, a média aritmé-


tica dos volumes de água dos quatro reservatórios é igual
a 1,53 m3, e que a média aritmética dos volumes de água
dos reservatórios cúbicos, somente, é igual a 1,08 m3.
Desse modo, é correto afirmar que a medida da altura do
reservatório com a forma de bloco retangular, indicada
por h na figura, é igual a

(A) 1,40 m.

(B) 1,50 m.

(C) 1,35 m.

(D) 1,45 m.

(E) 1,55 m.

19
76. Inaugurado em agosto de 2015, o Observatório da Torre R A S C U N H O
Alta da Amazônia (Atto, em inglês) é um projeto bina-
cional Brasil-Alemanha que busca entender o papel da
Amazônia no clima do planeta e os efeitos das mudan-
ças climáticas no funcionamento da floresta. Construída
numa região de mata preservada, dentro da Reserva de
Desenvolvimento Sustentável do Uamatã, a torre Atto
tem 325 m de altura e é a maior estrutura de pesquisa
desse tipo em florestas tropicais no mundo.

(O Estado de S.Paulo, 16.10.2017. Adaptado)

Considere a torre posicionada perpendicularmente ao


solo e admita que o cabo tensionado fixado no solo a
uma distância de 75 m da base da torre esteja preso à
torre em um determinado ponto, cuja altura, em relação
ao solo, seja igual a 100 m. Nesse caso, é correto afirmar
que o comprimento desse cabo é igual a

(A) 135 m.

(B) 150 m.

(C) 130 m.

(D) 110 m.

(E) 125 m.

20
Informática 79. A seguir, é apresentada uma parte do Explorador de
Arquivos do Windows 10.

77. O Windows 10 permite que o seu Explorador de Arquivos


possa ser configurado em relação aos arquivos e pas-
tas que manipula. Uma das configurações permitidas é
ocultar

(A) os arquivos criptografados ou protegidos por senha.


A seta para cima presente antes da Barra de Endereço
(B) os arquivos de aplicativos não licenciados para o se destina a
Windows 10.
(A) levar à tela seguinte.
(C) as extensões dos tipos de arquivo conhecidos. (B) levar ao nível acima do atual, ou seja, Este Compu-
tador.
(D) os arquivos que não foram ainda avaliados pelo
antivírus. (C) desfazer a última ação realizada.

(E) os arquivos não manipulados há pelo menos um ano. (D) levar à tela anterior.

(E) levar ao nível abaixo do atual Downloads, se existir.

78. Um usuário de um computador com o sistema operacio- 80. O Windows 10, em sua configuração padrão, permite que
nal Windows 10 clicou no seguinte botão presente na o usuário configure o Menu Iniciar, por exemplo, para
Barra de Tarefas:
(A) mostrar os aplicativos mais usados.

(B) bloquear os aplicativos que possam estar infectados


por vírus.

(C) indicar os aplicativos que não foram certificados para


o Windows 10.
Esse botão permite que
(D) ativar automaticamente a Ajuda do Windows a cada
(A) a tela seja estendida em um segundo monitor de erro do usuário.
vídeo conectado no computador.
(E) restaurar programas apagados acidentalmente.
(B) a tela do computador seja reproduzida em um
projetor.
81. No sistema operacional Windows 10, uma das maneiras
(C) todas as janelas abertas sejam fechadas. de encontrar algum programa ou aplicativo disponível no
computador é
(D) múltiplas áreas de trabalho possam ser criadas ou
(A) digitar o nome do programa ou aplicativo na Barra de
gerenciadas.
Pesquisa do Edge.
(E) a lupa do Windows seja ativada para ampliar as (B) pressionar a tecla do logotipo do Windows + P,
informações exibidas na tela. que provocará a exibição de todos os programas
disponíveis.

(C) selecionar o ícone Busca de Programas no Painel de


Controle e digitar o nome do programa ou aplicativo.

(D) selecionar o ícone Programas e Aplicativos na Barra


de Tarefas, que exibe todos os programas ou aplica-
tivos instalados.

(E) digitar o nome do programa ou aplicativo na Caixa de


Pesquisa na Barra de Tarefas.

21
82. Em um documento em edição no MS-Word 2016 (versão 84. Uma caixa de texto foi inserida em um documento que
em português e em sua configuração padrão), tem-se um estava sendo editado no MS-Word 2016 (versão em por-
parágrafo conforme apresentado a seguir. tuguês e em sua configuração padrão), por meio da guia
Inserir, grupo Texto, botão Caixa de Texto. Caso se de-
mercado de Peixe.
seje alterar a cor da linha dessa caixa de texto, basta
Com esse parágrafo inteiramente selecionado, acio- ajustar esse parâmetro após se
nou-se uma das opções disponibilizadas por meio do
(A) selecionar a caixa de texto e pressionar a tecla de
atalho Ctrl+T, que esse parâmetro será apresentado
botão , presente no grupo Fonte da guia Página em um quadro.
Inicial do aplicativo, e o resultado foi o seguinte:
(B) dar um duplo click com o botão esquerdo do mouse,
Mercado De Peixe. em sua configuração padrão, sobre a borda dessa
Assinale a alternativa que apresenta a opção acionada a caixa, que esse parâmetro será apresentado em um
partir desse botão. quadro.

(A) minúscula (C) dar um click com o botão direito do mouse, em sua
configuração padrão, dentro dessa caixa de texto e
(B) aLTERNAR mAIÚSC./mINÚSC. selecionar a opção “Formatar Borda...”.

(D) dar um click com o botão direito do mouse, em sua


(C) Colocar Cada Palavra em Maiúscula
configuração padrão, sobre a borda dessa caixa de
(D) Primeira letra da frase em maiúscula. texto e selecionar a opção “Formatar Forma...”.

(E) dar um duplo click com o botão esquerdo do mouse,


(E) MAIÚSCULAS
em sua configuração padrão, dentro dessa caixa, que
esse parâmetro será apresentado em um quadro.

83. Considere o seguinte botão, presente na guia Página


85. Considere a seguinte tabela, editada no MS-Excel 2016
Inicial do MS-Word 2016 (versão em português e em
(versão em português e em sua configuração padrão).
sua configuração padrão).

Por meio dele, pode-se adicionar espaçamento

(A) antes e depois de parágrafo, apenas.

(B) entre linhas de parágrafo, bem como antes e depois


de parágrafo. Suponha, ainda, que a fórmula a seguir tenha sido digita-
da na célula D6.
(C) antes de parágrafo, apenas.
=SE(MENOR(A1:C4;5)<>MAIOR(A1:C4;6);
(D) depois de parágrafo, apenas. MENOR(A2:B3;2);MAIOR(A1:B4;3))

(E) entre linhas de parágrafo, apenas. O resultado produzido em D6 é:

(A) 12

(B) 3

(C) 2

(D) 1

(E) 11

22
86. Analise a seguinte janela, gerada quando um usuário es- 87. Um usuário do MS-Excel 2016 (versão em português e
tava imprimindo a sua planilha no MS-Excel 2016 (versão em sua configuração padrão) possui uma planilha com o
em português e em sua configuração padrão). seguinte conteúdo:

Em um dado momento, esse usuário selecionou as


células do intervalo A1 até C3, conforme apresentado
a seguir:

Caso, a partir do botão (disponível a partir da guia


Página Inicial do aplicativo), seja selecionada a opção
Soma, o resultado produzido nas células A3, B3, C1, C2
e C3 será:

Ao se apertar o botão Imprimir... dessa janela, em todas Dado: O símbolo “–” representa “célula não alterada”.
as páginas impressas da planilha, será(ão) repetida(s), (A) A3: 4; B3: 6; C1: 3; C2: 7; C3: 10
na parte superior da folha,
(B) A3: –; B3: –; C1: 3; C2: –; C3: –
(A) as linhas 1 e 3, apenas.
(C) A3: –; B3: –; C1: 3; C2: 7; C3: –
(B) a linha 2, apenas.
(D) A3: 4; B3: –; C1: –; C2: –; C3: –
(C) a linha 1, apenas. (E) A3: 4; B3: 6; C1: –; C2: –; C3: –

(D) a linha 3, apenas.


88. Quando se recebe uma mensagem por meio do correio
(E) as linhas de 1 a 3.
eletrônico, há diversas opções de resposta, sendo que na
opção encaminhar,

(A) na mensagem de encaminhamento, não pode ser


editado ou alterado o campo Assunto da mensagem
original recebida.

(B) se houver anexos na mensagem original recebida,


esta só pode ser enviada para um destinatário.

(C) se houver anexos na mensagem original recebida,


apenas um deles pode ser incorporado à mensagem
de encaminhamento.

(D) tanto o texto da mensagem original recebida


quanto eventuais anexos são incorporados à men-
sagem de encaminhamento.

(E) não pode haver destinatários em cópia, se houver


mais de um anexo na mensagem original recebida.

23
89. Um usuário de um computador digitou o seguinte ende- Raciocínio Lógico
reço na Barra de endereços do navegador Internet Ex-
plorer:
91. Considere os primeiros 8 elementos da sequência de
https://www.google.com.br
figuras:
Com relação ao endereço digitado, é correto afirmar que

(A) é um site de uma organização sem fins lucrativos.

(B) a troca de dados entre o navegador e o servidor do


site é criptografada.

(C) é um site de uma organização não governamental.

(D) o site visitado é seguro, ou seja, livre de vírus e ou-


tros códigos maliciosos.

(E) é um site de uma organização governamental.

90. Utilizando o site de busca Google, deseja-se pesquisar


apenas as páginas que contenham exatamente a frase:
feriados no Brasil. Para isso, deve-se digitar, na Barra
de Pesquisa do site, o seguinte:

(A) (feriados no Brasil)


Nesta sequência, as figuras 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15 e 16
(B) feriados-no-Brasil correspondem, respectivamente, às figuras 1, 2, 3, 4, 5,
6, 7, 8, assim como as figuras 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23
(C) feriados&no&Brasil e 24, e assim segue, mantendo-se esta correspondência.
Sobrepondo-se as figuras 109, 131 e 152, obtém-se a
(D) feriadosANDnoANDBrasil figura

(E) “feriados no Brasil” (A)

(B)

(C)

(D)

(E)

24
92. Na sequência numérica 1, 2, 3, 6, 7, 8, 21, 22, 23, 66, 67, 95. Se Maria é bonita, então Carlos é rico. Se Ana é feliz,
68, ..., os termos se sucedem segundo um padrão. Man- então José é um herói. Sabe-se que Maria é bonita e Ana
tido o padrão, o décimo quarto termo é o número não é feliz. Logo, pode-se afirmar corretamente que

(A) 202. (A) Carlos é rico ou José é um herói.

(B) Carlos não é rico.


(B) 282.
(C) José não é um herói.
(C) 229.
(D) José não é um herói e Carlos é rico.
(D) 308.
(E) José é um herói.
(E) 255.

96. Quatro amigos, Paulo, João, Fábio e Caio, nasceram em


anos distintos, a saber 1970, 1977, 1981 ou 1990, não
93. Em um grupo de 100 esportistas que praticam apenas os necessariamente nessa ordem. Cada um exerce, tam-
esportes A, B ou C, sabe-se que apenas 12 deles prati- bém não necessariamente nessa ordem, uma das profis-
cam os três esportes. Em se tratando dos esportistas que sões entre arquiteto, fotógrafo, engenheiro e advogado.
praticam somente dois desses esportes, sabe-se que o Sabe-se que Paulo não nasceu em 1970, que o arquiteto
número dos que praticam os esportes A e B é 2 unidades nasceu antes de Caio e antes do fotógrafo João, que Fá-
menor que o número dos que praticam os esportes A e C, bio nasceu antes do advogado, que o advogado não nas-
e o número dos esportistas que praticam B e C excede ceu em 1977 e que o engenheiro, que não é Caio, nasceu
em 2 unidades o número de esportistas que praticam os em 1981. Sendo assim, é correto afirmar que
esportes A e C. Sabe-se, ainda, que exatamente 26, 14
(A) Fábio é advogado.
e 12 esportistas praticam, respectivamente, apenas os
esportes A, B e C. Dessa forma, o número total de espor- (B) Paulo nasceu antes de Caio.
tistas que praticam o esporte A é
(C) Caio é arquiteto.
(A) 54.
(D) João nasceu antes de Fábio.
(B) 60. (E) o engenheiro nasceu antes do fotógrafo.

(C) 58.
97. Considere falsa a afirmação “Se hoje estudo, então
(D) 56.
amanhã não trabalho.”
(E) 62. Nesse caso, é necessariamente verdade que

(A) Hoje não estudo e amanhã trabalho.

(B) Amanhã não trabalho.


94. “Carlos tem apenas 3 irmãs, e essas 3 irmãs cursam o
ensino superior.” (C) Se amanhã trabalho, então hoje não estudo.
Supondo verdadeira a afirmação apresentada, é correto (D) Hoje não estudo ou amanhã não trabalho.
afirmar que
(E) Hoje estudo e amanhã trabalho.
(A) Carlos cursa o ensino superior.

(B) Carlos não cursa o ensino superior. 98. Uma negação lógica para a afirmação “Se Patrícia não
é engenheira, então Maurício é empresário” está contida
(C) se Ana cursa o ensino superior, então ela é irmã de na alternativa:
Carlos.
(A) Patrícia é engenheira e Maurício não é empresário.
(D) se Rute não cursa o ensino superior, então ela não é
(B) Patrícia é engenheira ou Maurício não é empresário.
irmã de Carlos.
(C) Patrícia não é engenheira e Maurício não é empre-
(E) se Bia não é irmã de Carlos, então ela não cursa o sário.
ensino superior.
(D) Se Maurício não é empresário, então Patrícia é
engenheira.

(E) Se Patrícia é engenheira, então Maurício não é


empresário.

25
99. Considere falsa a afirmação “Hélio é bombeiro e Cláu-
dia é comissária de bordo” e verdadeira a afirmação “Se
Hélio é bombeiro, então Cláudia é comissária de bordo”.
Nessas condições, é necessariamente verdade que

(A) Hélio é bombeiro.

(B) Cláudia não é comissária de bordo.

(C) Hélio não é bombeiro.

(D) Cláudia é comissária de bordo.

(E) Hélio é bombeiro ou Cláudia não é comissária de


bordo.

100. Considere a afirmação “Marta não atende ao público


interno ou Jéssica cuida de processos administrativos”.
Uma afirmação equivalente à afirmação apresentada é:

(A) se Jéssica não cuida de processos administrativos,


então Marta atende ao público interno.

(B) se Marta não atende ao público interno, então Jés-


sica cuida de processos administrativos.

(C) se Marta atende ao público interno, então Jéssica


não cuida de processos administrativos.

(D) se Marta atende ao público interno, então Jéssica


cuida de processos administrativos.

(E) se Marta não atende ao público interno, então Jéssi-


ca não cuida de processos administrativos.

26
PROVA ANTERIOR
2018
43 E
GABARITO
44 E
1 B 45 C
2 E 46 A
3 A 47 C
4 C 48 D
5 C 49 B
6 B 50 E
7 A 51 B
8 D 52 C
9 E 53 A
10 B 54 A
11 A 55 C
12 E 56 E
13 D 57 D
14 C 58 D
15 A 59 B
16 B 60 B
17 E 61 A
18 D 62 A
19 A 63 C
20 C 64 C
21 B 65 E
22 D 66 D
23 A 67 B
24 E 68 E
25 D 69 A
26 C 70 B
27 A 71 D
28 E 72 A
29 B 73 C
30 D 74 E
31 C 75 B
32 E 76 E
33 D 77 C
34 D 78 D
35 B 79 B
36 D 80 A
37 A 81 E
38 E 82 C
39 C 83 B
40 C 84 D
41 B 85 C
42 D 86 E
87 A

1
PROVA ANTERIOR
2018
88 D ANOTAÇÕES
89 B
90 E ______________________________________________________
91 B ______________________________________________________
92 A
______________________________________________________
93 B
94 D ______________________________________________________

95 A ______________________________________________________
96 B
______________________________________________________
97 E
______________________________________________________
98 C
99 C ______________________________________________________
100 D ______________________________________________________

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