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SL-080DZ-20

CÓD: 7891122039381

PM-TO
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE TOCANTINS

Aluno - Soldado QPPM


EDITAL Nº 1- PMTO - CFP, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020.
DICA

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação.
É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa
encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.
Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou este artigo com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!

• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho.
• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área.
• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total.
• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo.
• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.
• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame.
• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

Se prepare para o concurso público


O concurseiro preparado não é aquele que passa o dia todo estudando, mas está com a cabeça nas nuvens, e sim aquele que se
planeja pesquisando sobre o concurso de interesse, conferindo editais e provas anteriores, participando de grupos com enquetes sobre
seu interesse, conversando com pessoas que já foram aprovadas, absorvendo dicas e experiências, e analisando a banca examinadora do
certame.
O Plano de Estudos é essencial na otimização dos estudos, ele deve ser simples, com fácil compreensão e personalizado com sua
rotina, vai ser seu triunfo para aprovação, sendo responsável pelo seu crescimento contínuo.
Além do plano de estudos, é importante ter um Plano de Revisão, ele que irá te ajudar na memorização dos conteúdos estudados até
o dia da prova, evitando a correria para fazer uma revisão de última hora.
Está em dúvida por qual matéria começar a estudar? Vai mais uma dica: comece por Língua Portuguesa, é a matéria com maior
requisição nos concursos, a base para uma boa interpretação, indo bem aqui você estará com um passo dado para ir melhor nas outras
disciplinas.

Vida Social
Sabemos que faz parte algumas abdicações na vida de quem estuda para concursos públicos, mas sempre que possível é importante
conciliar os estudos com os momentos de lazer e bem-estar. A vida de concurseiro é temporária, quem determina o tempo é você,
através da sua dedicação e empenho. Você terá que fazer um esforço para deixar de lado um pouco a vida social intensa, é importante
compreender que quando for aprovado verá que todo o esforço valeu a pena para realização do seu sonho.
Uma boa dica, é fazer exercícios físicos, uma simples corrida por exemplo é capaz de melhorar o funcionamento do Sistema Nervoso
Central, um dos fatores que são chaves para produção de neurônios nas regiões associadas à aprendizagem e memória.
DICA

Motivação
A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.
Caso você não seja aprovado de primeira, é primordial que você PERSISTA, com o tempo você irá adquirir conhecimento e experiência.
Então é preciso se motivar diariamente para seguir a busca da aprovação, algumas orientações importantes para conseguir motivação:
• Procure ler frases motivacionais, são ótimas para lembrar dos seus propósitos;
• Leia sempre os depoimentos dos candidatos aprovados nos concursos públicos;
• Procure estar sempre entrando em contato com os aprovados;
• Escreva o porquê que você deseja ser aprovado no concurso. Quando você sabe seus motivos, isso te da um ânimo maior para seguir
focado, tornando o processo mais prazeroso;
• Saiba o que realmente te impulsiona, o que te motiva. Dessa maneira será mais fácil vencer as adversidades que irão aparecer.
• Procure imaginar você exercendo a função da vaga pleiteada, sentir a emoção da aprovação e ver as pessoas que você gosta felizes
com seu sucesso.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.
A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Se você quer aumentar as suas chances
de passar, conheça os nossos materiais, acessando o nosso site: www.apostilasolucao.com.br

Vamos juntos!
ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados. Reconhecimento de tipos e gêneros textuais. . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Domínio da ortografia oficial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
3. Domínio dos mecanismos de coesão textual. Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de conectores e de
outros elementos de sequenciação textual. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
4. Emprego de tempos e modos verbais. Domínio da estrutura morfossintática do período. Emprego das classes de palavras. . . . . 03
5. Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração. Relações de subordinação entre orações e entre termos da
oração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
6. Emprego dos sinais de pontuação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
7. Concordância verbal e nominal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
8. Regência verbal e nominal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
9. Emprego do sinal indicativo de crase. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
10. Colocação dos pronomes átonos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
11. Reescrita de frases e parágrafos do texto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
12. Significação das palavras. Substituição de palavras ou de trechos de texto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
13. Reorganização da estrutura de orações e de períodos do texto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
14. Reescrita de textos de diferentes gêneros e níveis de formalidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

Atualidades e conhecimentos acerca do estado do Tocantins


1. Tópicos relevantes e atuais de diversas áreas, tais como segurança, transportes, política, economia, sociedade, educação, saúde, cul-
tura, tecnologia, energia, relações internacionais, desenvolvimento sustentável e ecologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. História e geografia do estado do Tocantins. O movimento separatista. A criação do estado. Os governos desde a criação. Governo e
administração pública estadual. Divisão política do estado do Tocantins. Clima e vegetação. Hidrografia. Economia, política e desen-
volvimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01

Normas relativas à PMTO


1. Lei Complementar Estadual nº 79/2012 (Dispõe sobre a organização básica da Polícia Militar do Estado do Tocantins, e adota outras
providências). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Lei nº 2.578/2012 (Dispõe sobre o Estatuto dos Policiais Militares e Bombeiros Militares do Estado do Tocantins, e adota outras
providências). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05

Noções de Direito Constitucional


1. Princípios Fundamentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Direitos e garantias fundamentais. Direitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais, nacionalidade, cidadania, direitos políti-
cos, partidos políticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05
3. Organização político-administrativa. União, estados, Distrito Federal, municípios e territórios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4. Administração pública. Disposições gerais, servidores públicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
5. Defesa do Estado e das instituições democráticas. Segurança pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
6. Ordem social . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
7. Normas da Constituição do Estado do Tocantins pertinentes aos Militares do Estado, às polícias estaduais e à segurança pública em
geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

Noções de Direito Penal


1. Infração penal. elementos, espécies. Sujeito ativo e sujeito passivo da infração penal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Tipicidade, ilicitude, culpabilidade, punibilidade. Imputabilidade penal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
3. Crimes contra a pessoa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06
4. Abuso de Autoridade (Lei nº 13.869/2019 e suas alterações). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
5. Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/1990 e suas alterações). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
6. Crimes contra a administração pública. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
ÍNDICE
Noções de Direitos Humanos
1. Histórico dos direitos humanos. Aspectos gerais dos direitos humanos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Declaração Universal dos Direitos Humanos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

Noções de Direito Administrativo


1. Princípios da administração pública. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Atos administrativos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
3. Art. 37 da Constituição Federal de 1988. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

Noções de Informática
1. Noções de sistema operacional (ambientes Linux e Windows) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Edição de textos, planilhas e apresentações (ambientes Microsoft Office e LibreOffice) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3. Redes de computadores. Conceitos básicos, ferramentas, aplicativos e procedimentos de Internet e intranet. Programas de
navegação (Microsoft Internet Explorer, Mozilla Firefox e Google Chrome). Programas de correio eletrônico (Outlook Express e Mozilla
Thunderbird). Sítios de busca e pesquisa na Internet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
4. Grupos de discussão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
5. Redes sociais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
6. Computação na nuvem (cloud computing) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
7. Conceitos de organização e de gerenciamento de informações, arquivos, pastas e programas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
8. Segurança da informação. Procedimentos de segurança. Noções de vírus, worms e pragas virtuais. Aplicativos para segurança
(antivírus, firewall, anti-spyware etc.) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
9. Procedimentos de backup . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
10. Armazenamento de dados na nuvem (cloud storage) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

Raciocínio Lógico
1. Estruturas lógicas. Lógica de argumentação: analogias, inferências, deduções e conclusões. Lógica sentencial (ou proposicional).
Proposições simples e compostas. Tabelas-verdade. Equivalências. Leis de De Morgan . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Diagramas lógicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
3. Lógica de primeira ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
4. Princípios de contagem e probabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
5. Operações com conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
6. Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geométricos e matriciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

Temas da Atualidade (Apenas a prova de redação)


1. Tópicos relevantes e atuais de diversas áreas, tais como segurança, transportes, política, economia, sociedade, educação, saúde, cul-
tura, tecnologia, energia, relações internacionais, desenvolvimento sustentável e ecologia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
LÍNGUA PORTUGUESA
1. Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados. Reconhecimento de tipos e gêneros textuais. . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Domínio da ortografia oficial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
3. Domínio dos mecanismos de coesão textual. Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de conectores e de
outros elementos de sequenciação textual. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
4. Emprego de tempos e modos verbais. Domínio da estrutura morfossintática do período. Emprego das classes de palavras. . . . . 03
5. Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração. Relações de subordinação entre orações e entre termos da ora-
ção. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
6. Emprego dos sinais de pontuação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
7. Concordância verbal e nominal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
8. Regência verbal e nominal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
9. Emprego do sinal indicativo de crase. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
10. Colocação dos pronomes átonos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
11. Reescrita de frases e parágrafos do texto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
12. Significação das palavras. Substituição de palavras ou de trechos de texto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
13. Reorganização da estrutura de orações e de períodos do texto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
14. Reescrita de textos de diferentes gêneros e níveis de formalidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
LÍNGUA PORTUGUESA
Tipos textuais
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE A tipologia textual se classifica a partir da estrutura e da finali-
GÊNEROS VARIADOS. RECONHECIMENTO DE TIPOS E dade do texto, ou seja, está relacionada ao modo como o texto se
GÊNEROS TEXTUAIS apresenta. A partir de sua função, é possível estabelecer um padrão
específico para se fazer a enunciação.
Compreender e interpretar textos é essencial para que o obje- Veja, no quadro abaixo, os principais tipos e suas característi-
tivo de comunicação seja alcançado satisfatoriamente. Com isso, é cas:
importante saber diferenciar os dois conceitos. Vale lembrar que o
texto pode ser verbal ou não-verbal, desde que tenha um sentido Apresenta um enredo, com ações e
completo. relações entre personagens, que ocorre
A compreensão se relaciona ao entendimento de um texto e em determinados espaço e tempo. É
de sua proposta comunicativa, decodificando a mensagem explíci- TEXTO NARRATIVO
contado por um narrador, e se estrutura
ta. Só depois de compreender o texto que é possível fazer a sua da seguinte maneira: apresentação >
interpretação. desenvolvimento > clímax > desfecho
A interpretação são as conclusões que chegamos a partir do
conteúdo do texto, isto é, ela se encontra para além daquilo que Tem o objetivo de defender determinado
está escrito ou mostrado. Assim, podemos dizer que a interpreta- TEXTO ponto de vista, persuadindo o leitor a
ção é subjetiva, contando com o conhecimento prévio e do reper- DISSERTATIVO partir do uso de argumentos sólidos.
tório do leitor. ARGUMENTATIVO Sua estrutura comum é: introdução >
Dessa maneira, para compreender e interpretar bem um texto, desenvolvimento > conclusão.
é necessário fazer a decodificação de códigos linguísticos e/ou vi- Procura expor ideias, sem a necessidade
suais, isto é, identificar figuras de linguagem, reconhecer o sentido de defender algum ponto de vista. Para
de conjunções e preposições, por exemplo, bem como identificar isso, usa-se comparações, informações,
expressões, gestos e cores quando se trata de imagens. TEXTO EXPOSITIVO
definições, conceitualizações etc. A
estrutura segue a do texto dissertativo-
Dicas práticas argumentativo.
1. Faça um resumo (pode ser uma palavra, uma frase, um con-
Expõe acontecimentos, lugares, pessoas,
ceito) sobre o assunto e os argumentos apresentados em cada pa-
de modo que sua finalidade é descrever,
rágrafo, tentando traçar a linha de raciocínio do texto. Se possível,
TEXTO DESCRITIVO ou seja, caracterizar algo ou alguém. Com
adicione também pensamentos e inferências próprias às anotações.
isso, é um texto rico em adjetivos e em
2. Tenha sempre um dicionário ou uma ferramenta de busca
verbos de ligação.
por perto, para poder procurar o significado de palavras desconhe-
cidas. Oferece instruções, com o objetivo de
3. Fique atento aos detalhes oferecidos pelo texto: dados, fon- TEXTO INJUNTIVO orientar o leitor. Sua maior característica
te de referências e datas. são os verbos no modo imperativo.
4. Sublinhe as informações importantes, separando fatos de
opiniões.
5. Perceba o enunciado das questões. De um modo geral, ques- Gêneros textuais
tões que esperam compreensão do texto aparecem com as seguin- A classificação dos gêneros textuais se dá a partir do reconhe-
tes expressões: o autor afirma/sugere que...; segundo o texto...; de cimento de certos padrões estruturais que se constituem a partir
acordo com o autor... Já as questões que esperam interpretação do da função social do texto. No entanto, sua estrutura e seu estilo
texto aparecem com as seguintes expressões: conclui-se do texto não são tão limitados e definidos como ocorre na tipologia textual,
que...; o texto permite deduzir que...; qual é a intenção do autor podendo se apresentar com uma grande diversidade. Além disso, o
quando afirma que... padrão também pode sofrer modificações ao longo do tempo, as-
sim como a própria língua e a comunicação, no geral.
Tipos e Gêneros Textuais Alguns exemplos de gêneros textuais:
• Artigo
A partir da estrutura linguística, da função social e da finali- • Bilhete
dade de um texto, é possível identificar a qual tipo e gênero ele • Bula
pertence. Antes, é preciso entender a diferença entre essas duas • Carta
classificações. • Conto
• Crônica
• E-mail
• Lista
• Manual
• Notícia
• Poema
• Propaganda
• Receita culinária
• Resenha
• Seminário

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LÍNGUA PORTUGUESA
Vale lembrar que é comum enquadrar os gêneros textuais em determinados tipos textuais. No entanto, nada impede que um texto
literário seja feito com a estruturação de uma receita culinária, por exemplo. Então, fique atento quanto às características, à finalidade e à
função social de cada texto analisado.

DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL

A ortografia oficial diz respeito às regras gramaticais referentes à escrita correta das palavras. Para melhor entendê-las, é preciso ana-
lisar caso a caso. Lembre-se de que a melhor maneira de memorizar a ortografia correta de uma língua é por meio da leitura, que também
faz aumentar o vocabulário do leitor.
Neste capítulo serão abordadas regras para dúvidas frequentes entre os falantes do português. No entanto, é importante ressaltar que
existem inúmeras exceções para essas regras, portanto, fique atento!

Alfabeto
O primeiro passo para compreender a ortografia oficial é conhecer o alfabeto (os sinais gráficos e seus sons). No português, o alfabeto
se constitui 26 letras, divididas entre vogais (a, e, i, o, u) e consoantes (restante das letras).
Com o Novo Acordo Ortográfico, as consoantes K, W e Y foram reintroduzidas ao alfabeto oficial da língua portuguesa, de modo que
elas são usadas apenas em duas ocorrências: transcrição de nomes próprios e abreviaturas e símbolos de uso internacional.

Uso do “X”
Algumas dicas são relevantes para saber o momento de usar o X no lugar do CH:
• Depois das sílabas iniciais “me” e “en” (ex: mexerica; enxergar)
• Depois de ditongos (ex: caixa)
• Palavras de origem indígena ou africana (ex: abacaxi; orixá)

Uso do “S” ou “Z”


Algumas regras do uso do “S” com som de “Z” podem ser observadas:
• Depois de ditongos (ex: coisa)
• Em palavras derivadas cuja palavra primitiva já se usa o “S” (ex: casa > casinha)
• Nos sufixos “ês” e “esa”, ao indicarem nacionalidade, título ou origem. (ex: portuguesa)
• Nos sufixos formadores de adjetivos “ense”, “oso” e “osa” (ex: populoso)

Uso do “S”, “SS”, “Ç”


• “S” costuma aparecer entre uma vogal e uma consoante (ex: diversão)
• “SS” costuma aparecer entre duas vogais (ex: processo)
• “Ç” costuma aparecer em palavras estrangeiras que passaram pelo processo de aportuguesamento (ex: muçarela)

Os diferentes porquês

POR QUE Usado para fazer perguntas. Pode ser substituído por “por qual motivo”
PORQUE Usado em respostas e explicações. Pode ser substituído por “pois”
O “que” é acentuado quando aparece como a última palavra da frase, antes da pontuação final
POR QUÊ
(interrogação, exclamação, ponto final)
PORQUÊ É um substantivo, portanto costuma vir acompanhado de um artigo, numeral, adjetivo ou pronome

Parônimos e homônimos
As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pronúncia semelhantes, porém com significados distintos. Ex: cumprimento
(extensão) X comprimento (saudação); tráfego (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
Já as palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma pronúncia, porém são grafadas de maneira diferente. Ex: conserto (cor-
reção) X concerto (apresentação); cerrar (fechar) X serrar (cortar).

DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL. EMPREGO DE ELEMENTOS DE REFERENCIAÇÃO, SUBSTITUIÇÃO


E REPETIÇÃO, DE CONECTORES E DE OUTROS ELEMENTOS DE SEQUENCIAÇÃO TEXTUAL

A coerência e a coesão são essenciais na escrita e na interpretação de textos. Ambos se referem à relação adequada entre os compo-
nentes do texto, de modo que são independentes entre si. Isso quer dizer que um texto pode estar coeso, porém incoerente, e vice-versa.
Enquanto a coesão tem foco nas questões gramaticais, ou seja, ligação entre palavras, frases e parágrafos, a coerência diz respeito ao
conteúdo, isto é, uma sequência lógica entre as ideias.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Coesão
A coesão textual ocorre, normalmente, por meio do uso de conectivos (preposições, conjunções, advérbios). Ela pode ser obtida a
partir da anáfora (retoma um componente) e da catáfora (antecipa um componente).
Confira, então, as principais regras que garantem a coesão textual:

REGRA CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Pessoal (uso de pronomes pessoais ou possessivos) –
João e Maria são crianças. Eles são irmãos.
anafórica
Fiz todas as tarefas, exceto esta: colonização
REFERÊNCIA Demonstrativa (uso de pronomes demonstrativos e
africana.
advérbios) – catafórica
Mais um ano igual aos outros...
Comparativa (uso de comparações por semelhanças)
Substituição de um termo por outro, para evitar Maria está triste. A menina está cansada de ficar
SUBSTITUIÇÃO
repetição em casa.
No quarto, apenas quatro ou cinco convidados.
ELIPSE Omissão de um termo
(omissão do verbo “haver”)
Conexão entre duas orações, estabelecendo relação Eu queria ir ao cinema, mas estamos de
CONJUNÇÃO
entre elas quarentena.
Utilização de sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos
A minha casa é clara. Os quartos, a sala e a
COESÃO LEXICAL ou palavras que possuem sentido aproximado e
cozinha têm janelas grandes.
pertencente a um mesmo grupo lexical.

Coerência
Nesse caso, é importante conferir se a mensagem e a conexão de ideias fazem sentido, e seguem uma linha clara de raciocínio.
Existem alguns conceitos básicos que ajudam a garantir a coerência. Veja quais são os principais princípios para um texto coerente:
• Princípio da não contradição: não deve haver ideias contraditórias em diferentes partes do texto.
• Princípio da não tautologia: a ideia não deve estar redundante, ainda que seja expressa com palavras diferentes.
• Princípio da relevância: as ideias devem se relacionar entre si, não sendo fragmentadas nem sem propósito para a argumentação.
• Princípio da continuidade temática: é preciso que o assunto tenha um seguimento em relação ao assunto tratado.
• Princípio da progressão semântica: inserir informações novas, que sejam ordenadas de maneira adequada em relação à progressão
de ideias.

Para atender a todos os princípios, alguns fatores são recomendáveis para garantir a coerência textual, como amplo conhecimento
de mundo, isto é, a bagagem de informações que adquirimos ao longo da vida; inferências acerca do conhecimento de mundo do leitor; e
informatividade, ou seja, conhecimentos ricos, interessantes e pouco previsíveis.

EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS. DOMÍNIO DA ESTRUTURA MORFOSSINTÁTICA DO PERÍODO. EMPREGO


DAS CLASSES DE PALAVRAS

Classes de palavras
Para entender sobre a estrutura das funções sintáticas, é preciso conhecer as classes de palavras, também conhecidas por classes
morfológicas. A gramática tradicional pressupõe 10 classes gramaticais de palavras, sendo elas: adjetivo, advérbio, artigo, conjunção, in-
terjeição, numeral, pronome, preposição, substantivo e verbo.
Veja, a seguir, as características principais de cada uma delas.

CLASSE CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Menina inteligente...
Expressar características, qualidades ou estado dos seres Roupa azul-marinho...
ADJETIVO
Sofre variação em número, gênero e grau Brincadeira de criança...
Povo brasileiro...
A ajuda chegou tarde.
Indica circunstância em que ocorre o fato verbal
ADVÉRBIO A mulher trabalha muito.
Não sofre variação
Ele dirigia mal.
Determina os substantivos (de modo definido ou indefinido) A galinha botou um ovo.
ARTIGO
Varia em gênero e número Uma menina deixou a mochila no ônibus.
Liga ideias e sentenças (conhecida também como conectivos) Não gosto de refrigerante nem de pizza.
CONJUNÇÃO
Não sofre variação Eu vou para a praia ou para a cachoeira?

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LÍNGUA PORTUGUESA

Exprime reações emotivas e sentimentos Ah! Que calor...


INTERJEIÇÃO
Não sofre variação Escapei por pouco, ufa!
Atribui quantidade e indica posição em alguma sequência Gostei muito do primeiro dia de aula.
NUMERAL
Varia em gênero e número Três é a metade de seis.
Posso ajudar, senhora?
Acompanha, substitui ou faz referência ao substantivo Ela me ajudou muito com o meu trabalho.
PRONOME
Varia em gênero e número Esta é a casa onde eu moro.
Que dia é hoje?
Relaciona dois termos de uma mesma oração Espero por você essa noite.
PREPOSIÇÃO
Não sofre variação Lucas gosta de tocar violão.
Nomeia objetos, pessoas, animais, alimentos, lugares etc. A menina jogou sua boneca no rio.
SUBSTANTIVO
Flexionam em gênero, número e grau. A matilha tinha muita coragem.
Ana se exercita pela manhã.
Indica ação, estado ou fenômenos da natureza
Todos parecem meio bobos.
Sofre variação de acordo com suas flexões de modo, tempo,
VERBO Chove muito em Manaus.
número, pessoa e voz.
A cidade é muito bonita quando vista do
Verbos não significativos são chamados verbos de ligação
alto.

Substantivo
Tipos de substantivos
Os substantivos podem ter diferentes classificações, de acordo com os conceitos apresentados abaixo:
• Comum: usado para nomear seres e objetos generalizados. Ex: mulher; gato; cidade...
• Próprio: geralmente escrito com letra maiúscula, serve para especificar e particularizar. Ex: Maria; Garfield; Belo Horizonte...
• Coletivo: é um nome no singular que expressa ideia de plural, para designar grupos e conjuntos de seres ou objetos de uma mesma
espécie. Ex: matilha; enxame; cardume...
• Concreto: nomeia algo que existe de modo independente de outro ser (objetos, pessoas, animais, lugares etc.). Ex: menina; cachor-
ro; praça...
• Abstrato: depende de um ser concreto para existir, designando sentimentos, estados, qualidades, ações etc. Ex: saudade; sede;
imaginação...
• Primitivo: substantivo que dá origem a outras palavras. Ex: livro; água; noite...
• Derivado: formado a partir de outra(s) palavra(s). Ex: pedreiro; livraria; noturno...
• Simples: nomes formados por apenas uma palavra (um radical). Ex: casa; pessoa; cheiro...
• Composto: nomes formados por mais de uma palavra (mais de um radical). Ex: passatempo; guarda-roupa; girassol...

Flexão de gênero
Na língua portuguesa, todo substantivo é flexionado em um dos dois gêneros possíveis: feminino e masculino.
O substantivo biforme é aquele que flexiona entre masculino e feminino, mudando a desinência de gênero, isto é, geralmente o final
da palavra sendo -o ou -a, respectivamente (Ex: menino / menina). Há, ainda, os que se diferenciam por meio da pronúncia / acentuação
(Ex: avô / avó), e aqueles em que há ausência ou presença de desinência (Ex: irmão / irmã; cantor / cantora).
O substantivo uniforme é aquele que possui apenas uma forma, independente do gênero, podendo ser diferenciados quanto ao gêne-
ro a partir da flexão de gênero no artigo ou adjetivo que o acompanha (Ex: a cadeira / o poste). Pode ser classificado em epiceno (refere-se
aos animais), sobrecomum (refere-se a pessoas) e comum de dois gêneros (identificado por meio do artigo).
É preciso ficar atento à mudança semântica que ocorre com alguns substantivos quando usados no masculino ou no feminino, trazen-
do alguma especificidade em relação a ele. No exemplo o fruto X a fruta temos significados diferentes: o primeiro diz respeito ao órgão
que protege a semente dos alimentos, enquanto o segundo é o termo popular para um tipo específico de fruto.

Flexão de número
No português, é possível que o substantivo esteja no singular, usado para designar apenas uma única coisa, pessoa, lugar (Ex: bola;
escada; casa) ou no plural, usado para designar maiores quantidades (Ex: bolas; escadas; casas) — sendo este último representado, geral-
mente, com o acréscimo da letra S ao final da palavra.
Há, também, casos em que o substantivo não se altera, de modo que o plural ou singular devem estar marcados a partir do contexto,
pelo uso do artigo adequado (Ex: o lápis / os lápis).

Variação de grau
Usada para marcar diferença na grandeza de um determinado substantivo, a variação de grau pode ser classificada em aumentativo
e diminutivo.
Quando acompanhados de um substantivo que indica grandeza ou pequenez, é considerado analítico (Ex: menino grande / menino
pequeno).
Quando acrescentados sufixos indicadores de aumento ou diminuição, é considerado sintético (Ex: meninão / menininho).

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LÍNGUA PORTUGUESA
Novo Acordo Ortográfico
De acordo com o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, as letras maiúsculas devem ser usadas em nomes próprios de
pessoas, lugares (cidades, estados, países, rios), animais, acidentes geográficos, instituições, entidades, nomes astronômicos, de festas e
festividades, em títulos de periódicos e em siglas, símbolos ou abreviaturas.
Já as letras minúsculas podem ser usadas em dias de semana, meses, estações do ano e em pontos cardeais.
Existem, ainda, casos em que o uso de maiúscula ou minúscula é facultativo, como em título de livros, nomes de áreas do saber,
disciplinas e matérias, palavras ligadas a alguma religião e em palavras de categorização.

Adjetivo
Os adjetivos podem ser simples (vermelho) ou compostos (mal-educado); primitivos (alegre) ou derivados (tristonho). Eles podem
flexionar entre o feminino (estudiosa) e o masculino (engraçado), e o singular (bonito) e o plural (bonitos).
Há, também, os adjetivos pátrios ou gentílicos, sendo aqueles que indicam o local de origem de uma pessoa, ou seja, sua nacionali-
dade (brasileiro; mineiro).
É possível, ainda, que existam locuções adjetivas, isto é, conjunto de duas ou mais palavras usadas para caracterizar o substantivo. São
formadas, em sua maioria, pela preposição DE + substantivo:
• de criança = infantil
• de mãe = maternal
• de cabelo = capilar

Variação de grau
Os adjetivos podem se encontrar em grau normal (sem ênfases), ou com intensidade, classificando-se entre comparativo e superlativo.
• Normal: A Bruna é inteligente.
• Comparativo de superioridade: A Bruna é mais inteligente que o Lucas.
• Comparativo de inferioridade: O Gustavo é menos inteligente que a Bruna.
• Comparativo de igualdade: A Bruna é tão inteligente quanto a Maria.
• Superlativo relativo de superioridade: A Bruna é a mais inteligente da turma.
• Superlativo relativo de inferioridade: O Gustavo é o menos inteligente da turma.
• Superlativo absoluto analítico: A Bruna é muito inteligente.
• Superlativo absoluto sintético: A Bruna é inteligentíssima.

Adjetivos de relação
São chamados adjetivos de relação aqueles que não podem sofrer variação de grau, uma vez que possui valor semântico objetivo, isto
é, não depende de uma impressão pessoal (subjetiva). Além disso, eles aparecem após o substantivo, sendo formados por sufixação de um
substantivo (Ex: vinho do Chile = vinho chileno).

Advérbio
Os advérbios são palavras que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Eles se classificam de acordo com a tabela
abaixo:

CLASSIFICAÇÃO ADVÉRBIOS LOCUÇÕES ADVERBIAIS


DE MODO bem; mal; assim; melhor; depressa ao contrário; em detalhes
ontem; sempre; afinal; já; agora; doravante; primei- logo mais; em breve; mais tarde, nunca mais, de
DE TEMPO
ramente noite
DE LUGAR aqui; acima; embaixo; longe; fora; embaixo; ali Ao redor de; em frente a; à esquerda; por perto
DE INTENSIDADE muito; tão; demasiado; imenso; tanto; nada em excesso; de todos; muito menos
DE AFIRMAÇÃO sim, indubitavelmente; certo; decerto; deveras com certeza; de fato; sem dúvidas
DE NEGAÇÃO não; nunca; jamais; tampouco; nem nunca mais; de modo algum; de jeito nenhum
DE DÚVIDA Possivelmente; acaso; será; talvez; quiçá Quem sabe

Advérbios interrogativos
São os advérbios ou locuções adverbiais utilizadas para introduzir perguntas, podendo expressar circunstâncias de:
• Lugar: onde, aonde, de onde
• Tempo: quando
• Modo: como
• Causa: por que, por quê

Grau do advérbio
Os advérbios podem ser comparativos ou superlativos.
• Comparativo de igualdade: tão/tanto + advérbio + quanto
• Comparativo de superioridade: mais + advérbio + (do) que
• Comparativo de inferioridade: menos + advérbio + (do) que

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Superlativo analítico: muito cedo Eles também se dividem em três flexões de modo: indicativo
• Superlativo sintético: cedíssimo (certeza sobre o que é passado), subjuntivo (incerteza sobre o que é
passado) e imperativo (expressar ordem, pedido, comando).
Curiosidades • Tempos simples do modo indicativo: presente, pretérito per-
Na linguagem coloquial, algumas variações do superlativo são feito, pretérito imperfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do
aceitas, como o diminutivo (cedinho), o aumentativo (cedão) e o presente, futuro do pretérito.
uso de alguns prefixos (supercedo). • Tempos simples do modo subjuntivo: presente, pretérito im-
Existem advérbios que exprimem ideia de exclusão (somente; perfeito, futuro.
salvo; exclusivamente; apenas), inclusão (também; ainda; mesmo)
e ordem (ultimamente; depois; primeiramente). Os tempos verbais compostos são formados por um verbo
Alguns advérbios, além de algumas preposições, aparecem auxiliar e um verbo principal, de modo que o verbo auxiliar sofre
sendo usados como uma palavra denotativa, acrescentando um flexão em tempo e pessoa, e o verbo principal permanece no parti-
sentido próprio ao enunciado, podendo ser elas de inclusão (até, cípio. Os verbos auxiliares mais utilizados são “ter” e “haver”.
mesmo, inclusive); de exclusão (apenas, senão, salvo); de designa- • Tempos compostos do modo indicativo: pretérito perfeito,
ção (eis); de realce (cá, lá, só, é que); de retificação (aliás, ou me- pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente, futuro do preté-
lhor, isto é) e de situação (afinal, agora, então, e aí). rito.
• Tempos compostos do modo subjuntivo: pretérito perfeito,
Pronomes pretérito mais-que-perfeito, futuro.
Os pronomes são palavras que fazem referência aos nomes, As formas nominais do verbo são o infinitivo (dar, fazerem,
isto é, aos substantivos. Assim, dependendo de sua função no aprender), o particípio (dado, feito, aprendido) e o gerúndio (dando,
enunciado, ele pode ser classificado da seguinte maneira: fazendo, aprendendo). Eles podem ter função de verbo ou função
• Pronomes pessoais: indicam as 3 pessoas do discurso, e po- de nome, atuando como substantivo (infinitivo), adjetivo (particí-
dem ser retos (eu, tu, ele...) ou oblíquos (mim, me, te, nos, si...). pio) ou advérbio (gerúndio).
• Pronomes possessivos: indicam posse (meu, minha, sua, teu,
nossos...) Tipos de verbos
• Pronomes demonstrativos: indicam localização de seres no Os verbos se classificam de acordo com a sua flexão verbal.
tempo ou no espaço. (este, isso, essa, aquela, aquilo...) Desse modo, os verbos se dividem em:
• Pronomes interrogativos: auxiliam na formação de questio- Regulares: possuem regras fixas para a flexão (cantar, amar,
namentos (qual, quem, onde, quando, que, quantas...) vender, abrir...)
• Pronomes relativos: retomam o substantivo, substituindo-o • Irregulares: possuem alterações nos radicais e nas termina-
na oração seguinte (que, quem, onde, cujo, o qual...) ções quando conjugados (medir, fazer, poder, haver...)
• Pronomes indefinidos: substituem o substantivo de maneira • Anômalos: possuem diferentes radicais quando conjugados
imprecisa (alguma, nenhum, certa, vários, qualquer...) (ser, ir...)
• Pronomes de tratamento: empregados, geralmente, em situ- • Defectivos: não são conjugados em todas as pessoas verbais
ações formais (senhor, Vossa Majestade, Vossa Excelência, você...) (falir, banir, colorir, adequar...)
• Impessoais: não apresentam sujeitos, sendo conjugados sem-
Colocação pronominal pre na 3ª pessoa do singular (chover, nevar, escurecer, anoitecer...)
Diz respeito ao conjunto de regras que indicam a posição do • Unipessoais: apesar de apresentarem sujeitos, são sempre
pronome oblíquo átono (me, te, se, nos, vos, lhe, lhes, o, a, os, as, lo, conjugados na 3ª pessoa do singular ou do plural (latir, miar, custar,
la, no, na...) em relação ao verbo, podendo haver próclise (antes do acontecer...)
verbo), ênclise (depois do verbo) ou mesóclise (no meio do verbo). • Abundantes: possuem duas formas no particípio, uma regular
Veja, então, quais as principais situações para cada um deles: e outra irregular (aceitar = aceito, aceitado)
• Próclise: expressões negativas; conjunções subordinativas; • Pronominais: verbos conjugados com pronomes oblíquos
advérbios sem vírgula; pronomes indefinidos, relativos ou demons- átonos, indicando ação reflexiva (suicidar-se, queixar-se, sentar-se,
trativos; frases exclamativas ou que exprimem desejo; verbos no pentear-se...)
gerúndio antecedidos por “em”. • Auxiliares: usados em tempos compostos ou em locuções
Nada me faria mais feliz. verbais (ser, estar, ter, haver, ir...)
• Principais: transmitem totalidade da ação verbal por si pró-
• Ênclise: verbo no imperativo afirmativo; verbo no início da prios (comer, dançar, nascer, morrer, sorrir...)
frase (não estando no futuro e nem no pretérito); verbo no gerún- • De ligação: indicam um estado, ligando uma característica ao
dio não acompanhado por “em”; verbo no infinitivo pessoal. sujeito (ser, estar, parecer, ficar, continuar...)
Inscreveu-se no concurso para tentar realizar um sonho.
Vozes verbais
• Mesóclise: verbo no futuro iniciando uma oração. As vozes verbais indicam se o sujeito pratica ou recebe a ação,
Orgulhar-me-ei de meus alunos. podendo ser três tipos diferentes:
• Voz ativa: sujeito é o agente da ação (Vi o pássaro)
DICA: o pronome não deve aparecer no início de frases ou ora- • Voz passiva: sujeito sofre a ação (O pássaro foi visto)
ções, nem após ponto-e-vírgula. • Voz reflexiva: sujeito pratica e sofre a ação (Vi-me no reflexo
do lago)
Verbos
Os verbos podem ser flexionados em três tempos: pretérito Ao passar um discurso para a voz passiva, é comum utilizar a
(passado), presente e futuro, de maneira que o pretérito e o futuro partícula apassivadora “se”, fazendo com o que o pronome seja
possuem subdivisões. equivalente ao verbo “ser”.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Conjugação de verbos
Os tempos verbais são primitivos quando não derivam de outros tempos da língua portuguesa. Já os tempos verbais derivados são
aqueles que se originam a partir de verbos primitivos, de modo que suas conjugações seguem o mesmo padrão do verbo de origem.
• 1ª conjugação: verbos terminados em “-ar” (aproveitar, imaginar, jogar...)
• 2ª conjugação: verbos terminados em “-er” (beber, correr, erguer...)
• 3ª conjugação: verbos terminados em “-ir” (dormir, agir, ouvir...)

Confira os exemplos de conjugação apresentados abaixo:

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-lutar

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LÍNGUA PORTUGUESA

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-impor

Preposições
As preposições são palavras invariáveis que servem para ligar dois termos da oração numa relação subordinada, e são divididas entre
essenciais (só funcionam como preposição) e acidentais (palavras de outras classes gramaticais que passam a funcionar como preposição
em determinadas sentenças).
Preposições essenciais: a, ante, após, de, com, em, contra, para, per, perante, por, até, desde, sobre, sobre, trás, sob, sem, entre.
Preposições acidentais: afora, como, conforme, consoante, durante, exceto, mediante, menos, salvo, segundo, visto etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Locuções prepositivas: abaixo de, afim de, além de, à custa de,
defronte a, a par de, perto de, por causa de, em que pese a etc. RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO ENTRE ORAÇÕES E EN-
TRE TERMOS DA ORAÇÃO. RELAÇÕES DE SUBORDINA-
Ao conectar os termos das orações, as preposições estabele- ÇÃO ENTRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO
cem uma relação semântica entre eles, podendo passar ideia de:
• Causa: Morreu de câncer. SINTAXE
• Distância: Retorno a 3 quilômetros.
• Finalidade: A filha retornou para o enterro. A sintaxe estuda o conjunto das relações que as palavras esta-
• Instrumento: Ele cortou a foto com uma tesoura. belecem entre si. Dessa maneira, é preciso ficar atento aos enuncia-
• Modo: Os rebeldes eram colocados em fila. dos e suas unidades: frase, oração e período.
• Lugar: O vírus veio de Portugal. Frase é qualquer palavra ou conjunto de palavras ordenadas
• Companhia: Ela saiu com a amiga. que apresenta sentido completo em um contexto de comunicação
• Posse: O carro de Maria é novo. e interação verbal. A frase nominal é aquela que não contém verbo.
• Meio: Viajou de trem. Já a frase verbal apresenta um ou mais verbos (locução verbal).
Oração é um enunciado organizado em torno de um único ver-
Combinações e contrações bo ou locução verbal, de modo que estes passam a ser o núcleo
Algumas preposições podem aparecer combinadas a outras pa- da oração. Assim, o predicativo é obrigatório, enquanto o sujeito é
lavras de duas maneiras: sem haver perda fonética (combinação) e opcional.
havendo perda fonética (contração). Período é uma unidade sintática, de modo que seu enuncia-
• Combinação: ao, aos, aonde do é organizado por uma oração (período simples) ou mais orações
• Contração: de, dum, desta, neste, nisso (período composto). Eles são iniciados com letras maiúsculas e fina-
lizados com a pontuação adequada.
Conjunção
As conjunções se subdividem de acordo com a relação estabe- Análise sintática
lecida entre as ideias e as orações. Por ter esse papel importante A análise sintática serve para estudar a estrutura de um perío-
de conexão, é uma classe de palavras que merece destaque, pois do e de suas orações. Os termos da oração se dividem entre:
reconhecer o sentido de cada conjunção ajuda na compreensão e • Essenciais (ou fundamentais): sujeito e predicado
interpretação de textos, além de ser um grande diferencial no mo- • Integrantes: completam o sentido (complementos verbais e
mento de redigir um texto. nominais, agentes da passiva)
Elas se dividem em duas opções: conjunções coordenativas e • Acessórios: função secundária (adjuntos adnominais e adver-
conjunções subordinativas. biais, apostos)

Conjunções coordenativas Termos essenciais da oração


As orações coordenadas não apresentam dependência sintáti- Os termos essenciais da oração são o sujeito e o predicado.
ca entre si, servindo também para ligar termos que têm a mesma O sujeito é aquele sobre quem diz o resto da oração, enquanto o
função gramatical. As conjunções coordenativas se subdividem em predicado é a parte que dá alguma informação sobre o sujeito, logo,
cinco grupos: onde o verbo está presente.
• Aditivas: e, nem, bem como.
• Adversativas: mas, porém, contudo. O sujeito é classificado em determinado (facilmente identificá-
• Alternativas: ou, ora…ora, quer…quer. vel, podendo ser simples, composto ou implícito) e indeterminado,
• Conclusivas: logo, portanto, assim. podendo, ainda, haver a oração sem sujeito (a mensagem se con-
• Explicativas: que, porque, porquanto. centra no verbo impessoal):
Lúcio dormiu cedo.
Conjunções subordinativas Aluga-se casa para réveillon.
As orações subordinadas são aquelas em que há uma relação Choveu bastante em janeiro.
de dependência entre a oração principal e a oração subordinada.
Desse modo, a conexão entre elas (bem como o efeito de sentido) Quando o sujeito aparece no início da oração, dá-se o nome de
se dá pelo uso da conjunção subordinada adequada. sujeito direto. Se aparecer depois do predicado, é o caso de sujeito
Elas podem se classificar de dez maneiras diferentes: inverso. Há, ainda, a possibilidade de o sujeito aparecer no meio
• Integrantes: usadas para introduzir as orações subordinadas da oração:
substantivas, definidas pelas palavras que e se. Lívia se esqueceu da reunião pela manhã.
• Causais: porque, que, como. Esqueceu-se da reunião pela manhã, Lívia.
• Concessivas: embora, ainda que, se bem que. Da reunião pela manhã, Lívia se esqueceu.
• Condicionais: e, caso, desde que.
• Conformativas: conforme, segundo, consoante. Os predicados se classificam em: predicado verbal (núcleo do
• Comparativas: como, tal como, assim como. predicado é um verbo que indica ação, podendo ser transitivo, in-
• Consecutivas: de forma que, de modo que, de sorte que. transitivo ou de ligação); predicado nominal (núcleo da oração é
• Finais: a fim de que, para que. um nome, isto é, substantivo ou adjetivo); predicado verbo-nomi-
• Proporcionais: à medida que, ao passo que, à proporção que. nal (apresenta um predicativo do sujeito, além de uma ação mais
• Temporais: quando, enquanto, agora. uma qualidade sua)
As crianças brincaram no salão de festas.
Mariana é inteligente.
Os jogadores venceram a partida. Por isso, estavam felizes.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Termos integrantes da oração
Os complementos verbais são classificados em objetos diretos (não preposicionados) e objetos indiretos (preposicionado).
A menina que possui bolsa vermelha me cumprimentou.
O cão precisa de carinho.

Os complementos nominais podem ser substantivos, adjetivos ou advérbios.


A mãe estava orgulhosa de seus filhos.
Carlos tem inveja de Eduardo.
Bárbara caminhou vagarosamente pelo bosque.

Os agentes da passiva são os termos que tem a função de praticar a ação expressa pelo verbo, quando este se encontra na voz passiva.
Costumam estar acompanhados pelas preposições “por” e “de”.
Os filhos foram motivo de orgulho da mãe.
Eduardo foi alvo de inveja de Carlos.
O bosque foi caminhado vagarosamente por Bárbara.

Termos acessórios da oração


Os termos acessórios não são necessários para dar sentido à oração, funcionando como complementação da informação. Desse
modo, eles têm a função de caracterizar o sujeito, de determinar o substantivo ou de exprimir circunstância, podendo ser adjunto adver-
bial (modificam o verbo, adjetivo ou advérbio), adjunto adnominal (especifica o substantivo, com função de adjetivo) e aposto (caracteriza
o sujeito, especificando-o).
Os irmãos brigam muito.
A brilhante aluna apresentou uma bela pesquisa à banca.
Pelé, o rei do futebol, começou sua carreira no Santos.

TIPOS DE ORAÇÃO

Levando em consideração o que foi aprendido anteriormente sobre oração, vamos aprender sobre os dois tipos de oração que existem
na língua portuguesa: oração coordenada e oração subordinada.

Orações coordenadas
São aquelas que não dependem sintaticamente uma da outra, ligando-se apenas pelo sentido. Elas aparecem quando há um período
composto, sendo conectadas por meio do uso de conjunções (sindéticas), ou por meio da vírgula (assindéticas).
No caso das orações coordenadas sindéticas, a classificação depende do sentido entre as orações, representado por um grupo de
conjunções adequadas:

CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICAS CONJUNÇÕES


ADITIVAS Adição da ideia apresentada na oração anterior e, nem, também, bem como, não só, tanto...
ADVERSATIVAS Oposição à ideia apresentada na oração anterior (inicia com vírgula) mas, porém, todavia, entretanto, contudo...
Opção / alternância em relação à ideia apresentada na oração an-
ALTERNATIVAS ou, já, ora, quer, seja...
terior
CONCLUSIVAS Conclusão da ideia apresentada na oração anterior logo, pois, portanto, assim, por isso, com isso...
EXPLICATIVAS Explicação da ideia apresentada na oração anterior que, porque, porquanto, pois, ou seja...

Orações subordinadas
São aquelas que dependem sintaticamente em relação à oração principal. Elas aparecem quando o período é composto por duas ou
mais orações.
A classificação das orações subordinadas se dá por meio de sua função: orações subordinadas substantivas, quando fazem o papel
de substantivo da oração; orações subordinadas adjetivas, quando modificam o substantivo, exercendo a função do adjetivo; orações
subordinadas adverbiais, quando modificam o advérbio.
Cada uma dessas sofre uma segunda classificação, como pode ser observado nos quadros abaixo.

SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS FUNÇÃO EXEMPLOS


APOSITIVA aposto Esse era meu receio: que ela não discursasse outra vez.
COMPLETIVA NOMINAL complemento nominal Tenho medo de que ela não discurse novamente.
OBJETIVA DIRETA objeto direto Ele me perguntou se ela discursaria outra vez.
OBJETIVA INDIRETA objeto indireto Necessito de que você discurse de novo.
PREDICATIVA predicativo Meu medo é que ela não discurse novamente.
SUBJETIVA sujeito É possível que ela discurse outra vez.

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LÍNGUA PORTUGUESA

SUBORDINADAS
CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS
ADJETIVAS
Esclarece algum detalhe, adicionando uma informação. O candidato, que é do partido socialista, está sen-
EXPLICATIVAS
Aparece sempre separado por vírgulas. do atacado.
Restringe e define o sujeito a que se refere.
As pessoas que são racistas precisam rever seus
RESTRITIVAS Não deve ser retirado sem alterar o sentido.
valores.
Não pode ser separado por vírgula.
Introduzidas por conjunções, pronomes e locuções con-
Ele foi o primeiro presidente que se preocupou
DESENVOLVIDAS juntivas.
com a fome no país.
Apresentam verbo nos modos indicativo ou subjuntivo.
Não são introduzidas por pronomes, conjunções sou
locuções conjuntivas. Assisti ao documentário denunciando a corrup-
REDUZIDAS
Apresentam o verbo nos modos particípio, gerúndio ou ção.
infinitivo

SUBORDINADAS ADVERBIAIS FUNÇÃO PRINCIPAIS CONJUNÇÕES


CAUSAIS Ideia de causa, motivo, razão de efeito porque, visto que, já que, como...
COMPARATIVAS Ideia de comparação como, tanto quanto, (mais / menos) que, do que...
CONCESSIVAS Ideia de contradição embora, ainda que, se bem que, mesmo...
CONDICIONAIS Ideia de condição caso, se, desde que, contanto que, a menos que...
CONFORMATIVAS Ideia de conformidade como, conforme, segundo...
CONSECUTIVAS Ideia de consequência De modo que, (tal / tão / tanto) que...
FINAIS Ideia de finalidade que, para que, a fim de que...
quanto mais / menos... mais /menos, à medida
PROPORCIONAIS Ideia de proporção
que, na medida em que, à proporção que...
TEMPORAIS Ideia de momento quando, depois que, logo que, antes que...

EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO

Os sinais de pontuação são recursos gráficos que se encontram na linguagem escrita, e suas funções são demarcar unidades e sinalizar
limites de estruturas sintáticas. É também usado como um recurso estilístico, contribuindo para a coerência e a coesão dos textos.
São eles: o ponto (.), a vírgula (,), o ponto e vírgula (;), os dois pontos (:), o ponto de exclamação (!), o ponto de interrogação (?), as
reticências (...), as aspas (“”), os parênteses ( ( ) ), o travessão (—), a meia-risca (–), o apóstrofo (‘), o asterisco (*), o hífen (-), o colchetes
([]) e a barra (/).
Confira, no quadro a seguir, os principais sinais de pontuação e suas regras de uso.

SINAL NOME USO EXEMPLOS


Indicar final da frase declarativa Meu nome é Pedro.
. Ponto Separar períodos Fica mais. Ainda está cedo
Abreviar palavras Sra.
A princesa disse:
Iniciar fala de personagem
- Eu consigo sozinha.
Antes de aposto ou orações apositivas, enu-
Esse é o problema da pande-
merações ou sequência de palavras para
: Dois-pontos mia: as pessoas não respeitam
resumir / explicar ideias apresentadas an-
a quarentena.
teriormente
Como diz o ditado: “olho por
Antes de citação direta
olho, dente por dente”.
Indicar hesitação
Interromper uma frase Sabe... não está sendo fácil...
... Reticências
Concluir com a intenção de estender a re- Quem sabe depois...
flexão
A Semana de Arte Moderna
Isolar palavras e datas
(1922)
() Parênteses Frases intercaladas na função explicativa
Eu estava cansada (trabalhar e
(podem substituir vírgula e travessão)
estudar é puxado).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Indicar expressão de emoção Que absurdo!


! Ponto de Exclamação Final de frase imperativa Estude para a prova!
Após interjeição Ufa!
? Ponto de Interrogação Em perguntas diretas Que horas ela volta?
Iniciar fala do personagem do discurso di- A professora disse:
reto e indicar mudança de interloculor no — Boas férias!
— Travessão diálogo — Obrigado, professora.
Substituir vírgula em expressões ou frases O corona vírus — Covid-19 —
explicativas ainda está sendo estudado.

Vírgula
A vírgula é um sinal de pontuação com muitas funções, usada para marcar uma pausa no enunciado. Veja, a seguir, as principais regras
de uso obrigatório da vírgula.
• Separar termos coordenados: Fui à feira e comprei abacate, mamão, manga, morango e abacaxi.
• Separar aposto (termo explicativo): Belo Horizonte, capital mineira, só tem uma linha de metrô.
• Isolar vocativo: Boa tarde, Maria.
• Isolar expressões que indicam circunstâncias adverbiais (modo, lugar, tempo etc): Todos os moradores, calmamente, deixaram o
prédio.
• Isolar termos explicativos: A educação, a meu ver, é a solução de vários problemas sociais.
• Separar conjunções intercaladas, e antes dos conectivos “mas”, “porém”, “pois”, “contudo”, “logo”: A menina acordou cedo, mas não
conseguiu chegar a tempo na escola. Não explicou, porém, o motivo para a professora.
• Separar o conteúdo pleonástico: A ela, nada mais abala.

No caso da vírgula, é importante saber que, em alguns casos, ela não deve ser usada. Assim, não há vírgula para separar:

• Sujeito de predicado.
• Objeto de verbo.
• Adjunto adnominal de nome.
• Complemento nominal de nome.
• Predicativo do objeto do objeto.
• Oração principal da subordinada substantiva.
• Termos coordenados ligados por “e”, “ou”, “nem”.

CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL

Concordância é o efeito gramatical causado por uma relação harmônica entre dois ou mais termos. Desse modo, ela pode ser verbal
— refere-se ao verbo em relação ao sujeito — ou nominal — refere-se ao substantivo e suas formas relacionadas.
• Concordância em gênero: flexão em masculino e feminino
• Concordância em número: flexão em singular e plural
• Concordância em pessoa: 1ª, 2ª e 3ª pessoa

Concordância nominal
Para que a concordância nominal esteja adequada, adjetivos, artigos, pronomes e numerais devem flexionar em número e gênero,
de acordo com o substantivo. Há algumas regras principais que ajudam na hora de empregar a concordância, mas é preciso estar atento,
também, aos casos específicos.
Quando há dois ou mais adjetivos para apenas um substantivo, o substantivo permanece no singular se houver um artigo entre os
adjetivos. Caso contrário, o substantivo deve estar no plural:
• A comida mexicana e a japonesa. / As comidas mexicana e japonesa.

Quando há dois ou mais substantivos para apenas um adjetivo, a concordância depende da posição de cada um deles. Se o adjetivo
vem antes dos substantivos, o adjetivo deve concordar com o substantivo mais próximo:
• Linda casa e bairro.

Se o adjetivo vem depois dos substantivos, ele pode concordar tanto com o substantivo mais próximo, ou com todos os substantivos
(sendo usado no plural):
• Casa e apartamento arrumado. / Apartamento e casa arrumada.
• Casa e apartamento arrumados. / Apartamento e casa arrumados.

Quando há a modificação de dois ou mais nomes próprios ou de parentesco, os adjetivos devem ser flexionados no plural:
• As talentosas Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles estão entre os melhores escritores brasileiros.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Quando o adjetivo assume função de predicativo de um sujeito ou objeto, ele deve ser flexionado no plural caso o sujeito ou objeto
seja ocupado por dois substantivos ou mais:
• O operário e sua família estavam preocupados com as consequências do acidente.

CASOS ESPECÍFICOS REGRA EXEMPLO


É PROIBIDO Deve concordar com o substantivo quando há presença
É proibida a entrada.
É PERMITIDO de um artigo. Se não houver essa determinação, deve
É proibido entrada.
É NECESSÁRIO permanecer no singular e no masculino.
Mulheres dizem “obrigada” Homens dizem
OBRIGADO / OBRIGADA Deve concordar com a pessoa que fala.
“obrigado”.
As bastantes crianças ficaram doentes com a
volta às aulas.
Quando tem função de adjetivo para um substantivo,
Bastante criança ficou doente com a volta às
BASTANTE concorda em número com o substantivo.
aulas.
Quando tem função de advérbio, permanece invariável.
O prefeito considerou bastante a respeito da
suspensão das aulas.
É sempre invariável, ou seja, a palavra “menas” não exis- Havia menos mulheres que homens na fila
MENOS
te na língua portuguesa. para a festa.
As crianças mesmas limparam a sala depois
MESMO Devem concordar em gênero e número com a pessoa a
da aula.
PRÓPRIO que fazem referência.
Eles próprios sugeriram o tema da formatura.
Quando tem função de numeral adjetivo, deve concor-
Adicione meia xícara de leite.
dar com o substantivo.
MEIO / MEIA Manuela é meio artista, além de ser enge-
Quando tem função de advérbio, modificando um adje-
nheira.
tivo, o termo é invariável.
Segue anexo o orçamento.
Seguem anexas as informações adicionais
ANEXO INCLUSO Devem concordar com o substantivo a que se referem. As professoras estão inclusas na greve.
O material está incluso no valor da mensali-
dade.

Concordância verbal
Para que a concordância verbal esteja adequada, é preciso haver flexão do verbo em número e pessoa, a depender do sujeito com o
qual ele se relaciona.

Quando o sujeito composto é colocado anterior ao verbo, o verbo ficará no plural:


• A menina e seu irmão viajaram para a praia nas férias escolares.

Mas, se o sujeito composto aparece depois do verbo, o verbo pode tanto ficar no plural quanto concordar com o sujeito mais próximo:
• Discutiram marido e mulher. / Discutiu marido e mulher.

Se o sujeito composto for formado por pessoas gramaticais diferentes, o verbo deve ficar no plural e concordando com a pessoa que
tem prioridade, a nível gramatical — 1ª pessoa (eu, nós) tem prioridade em relação à 2ª (tu, vós); a 2ª tem prioridade em relação à 3ª (ele,
eles):
• Eu e vós vamos à festa.

Quando o sujeito apresenta uma expressão partitiva (sugere “parte de algo”), seguida de substantivo ou pronome no plural, o verbo
pode ficar tanto no singular quanto no plural:
• A maioria dos alunos não se preparou para o simulado. / A maioria dos alunos não se prepararam para o simulado.

Quando o sujeito apresenta uma porcentagem, deve concordar com o valor da expressão. No entanto, quanto seguida de um subs-
tantivo (expressão partitiva), o verbo poderá concordar tanto com o numeral quanto com o substantivo:
• 27% deixaram de ir às urnas ano passado. / 1% dos eleitores votou nulo / 1% dos eleitores votaram nulo.

Quando o sujeito apresenta alguma expressão que indique quantidade aproximada, o verbo concorda com o substantivo que segue
a expressão:
• Cerca de duzentas mil pessoas compareceram à manifestação. / Mais de um aluno ficou abaixo da média na prova.

Quando o sujeito é indeterminado, o verbo deve estar sempre na terceira pessoa do singular:
• Precisa-se de balconistas. / Precisa-se de balconista.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Quando o sujeito é coletivo, o verbo permanece no singular, concordando com o coletivo partitivo:
• A multidão delirou com a entrada triunfal dos artistas. / A matilha cansou depois de tanto puxar o trenó.

Quando não existe sujeito na oração, o verbo fica na terceira pessoa do singular (impessoal):
• Faz chuva hoje

Quando o pronome relativo “que” atua como sujeito, o verbo deverá concordar em número e pessoa com o termo da oração principal
ao qual o pronome faz referência:
• Foi Maria que arrumou a casa.

Quando o sujeito da oração é o pronome relativo “quem”, o verbo pode concordar tanto com o antecedente do pronome quanto com
o próprio nome, na 3ª pessoa do singular:
• Fui eu quem arrumei a casa. / Fui eu quem arrumou a casa.

Quando o pronome indefinido ou interrogativo, atuando como sujeito, estiver no singular, o verbo deve ficar na 3ª pessoa do singular:
• Nenhum de nós merece adoecer.

Quando houver um substantivo que apresenta forma plural, porém com sentido singular, o verbo deve permanecer no singular. Ex-
ceto caso o substantivo vier precedido por determinante:
• Férias é indispensável para qualquer pessoa. / Meus óculos sumiram.

REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL

A regência estuda as relações de concordâncias entre os termos que completam o sentido tanto dos verbos quanto dos nomes. Dessa
maneira, há uma relação entre o termo regente (principal) e o termo regido (complemento).
A regência está relacionada à transitividade do verbo ou do nome, isto é, sua complementação necessária, de modo que essa relação
é sempre intermediada com o uso adequado de alguma preposição.

Regência nominal
Na regência nominal, o termo regente é o nome, podendo ser um substantivo, um adjetivo ou um advérbio, e o termo regido é o
complemento nominal, que pode ser um substantivo, um pronome ou um numeral.
Vale lembrar que alguns nomes permitem mais de uma preposição. Veja no quadro abaixo as principais preposições e as palavras que
pedem seu complemento:

PREPOSIÇÃO NOMES
acessível; acostumado; adaptado; adequado; agradável; alusão; análogo; anterior; atento; benefício; comum;
A contrário; desfavorável; devoto; equivalente; fiel; grato; horror; idêntico; imune; indiferente; inferior; leal; necessário;
nocivo; obediente; paralelo; posterior; preferência; propenso; próximo; semelhante; sensível; útil; visível...
amante; amigo; capaz; certo; contemporâneo; convicto; cúmplice; descendente; destituído; devoto; diferente;
DE dotado; escasso; fácil; feliz; imbuído; impossível; incapaz; indigno; inimigo; inseparável; isento; junto; longe; medo;
natural; orgulhoso; passível; possível; seguro; suspeito; temeroso...
SOBRE opinião; discurso; discussão; dúvida; insistência; influência; informação; preponderante; proeminência; triunfo...
acostumado; amoroso; analogia; compatível; cuidadoso; descontente; generoso; impaciente; ingrato; intolerante;
COM
mal; misericordioso; ocupado; parecido; relacionado; satisfeito; severo; solícito; triste...
abundante; bacharel; constante; doutor; erudito; firme; hábil; incansável; inconstante; indeciso; morador; negligente;
EM
perito; prático; residente; versado...
atentado; blasfêmia; combate; conspiração; declaração; fúria; impotência; litígio; luta; protesto; reclamação;
CONTRA
representação...
PARA bom; mau; odioso; próprio; útil...

Regência verbal
Na regência verbal, o termo regente é o verbo, e o termo regido poderá ser tanto um objeto direto (não preposicionado) quanto um
objeto indireto (preposicionado), podendo ser caracterizado também por adjuntos adverbiais.
Com isso, temos que os verbos podem se classificar entre transitivos e intransitivos. É importante ressaltar que a transitividade do
verbo vai depender do seu contexto.

Verbos intransitivos: não exigem complemento, de modo que fazem sentido por si só. Em alguns casos, pode estar acompanhado
de um adjunto adverbial (modifica o verbo, indicando tempo, lugar, modo, intensidade etc.), que, por ser um termo acessório, pode ser
retirado da frase sem alterar sua estrutura sintática:

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Viajou para São Paulo. / Choveu forte ontem.
COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS
Verbos transitivos diretos: exigem complemento (objeto dire-
to), sem preposição, para que o sentido do verbo esteja completo:
• A aluna entregou o trabalho. / A criança quer bolo. Prezado Candidato, o tópico acima supracitado foi abordado
anteriormente.
Verbos transitivos indiretos: exigem complemento (objeto in-
direto), de modo que uma preposição é necessária para estabelecer REESCRITA DE FRASES E PARÁGRAFOS DO TEXTO
o sentido completo:
• Gostamos da viagem de férias. / O cidadão duvidou da cam-
panha eleitoral. A reescrita é tão importante quanto a escrita, visto que, difi-
cilmente, sobretudo para os escritores mais cuidadosos, chegamos
Verbos transitivos diretos e indiretos: em algumas situações, o ao resultado que julgamos ideal na primeira tentativa. Aquele que
verbo precisa ser acompanhado de um objeto direto (sem preposi- observa um resultado ruim na primeira versão que escreveu terá,
ção) e de um objeto indireto (com preposição): na reescrita, a possibilidade de alcançar um resultado satisfatório.
• Apresentou a dissertação à banca. / O menino ofereceu ajuda A reescrita é um processo mais trabalhoso do que a revisão, pois,
à senhora. nesta, atemo-nos apenas aos pequenos detalhes, cuja ausência não
implicaria em uma dificuldade do leitor para compreender o texto.
EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE
Quando reescrevemos, refazemos nosso texto, é um proces-
so bem mais complexo, que parte do pressuposto de que o autor
Crase é o nome dado à contração de duas letras “A” em uma tenha observado aquilo que está ruim para que, posteriormente,
só: preposição “a” + artigo “a” em palavras femininas. Ela é de- possa melhorar seu texto até chegar a uma versão final, livre dos er-
marcada com o uso do acento grave (à), de modo que crase não ros iniciais. Além de aprimorar a leitura, a reescrita auxilia a desen-
é considerada um acento em si, mas sim o fenômeno dessa fusão. volver e melhorar a escrita, ajudando o aluno-escritor a esclarecer
Veja, abaixo, as principais situações em que será correto o em- melhor seus objetivos e razões para a produção de textos.
prego da crase:
• Palavras femininas: Peça o material emprestado àquela alu- Nessa perspectiva, esse autor considera que reescrever seja
na. um processo de descoberta da escrita pelo próprio autor, que passa
• Indicação de horas, em casos de horas definidas e especifica- a enfocá-la como forma de trabalho, auxiliando o desenvolvimento
das: Chegaremos em Belo Horizonte às 7 horas. do processo de escrever do aluno.
• Locuções prepositivas: A aluna foi aprovada à custa de muito
estresse. Operações linguísticas de reescrita:
• Locuções conjuntivas: À medida que crescemos vamos dei- A literatura sobre reescrita aponta para uma tipologia de ope-
xando de lado a capacidade de imaginar. rações linguísticas encontradas neste momento específico da cons-
• Locuções adverbiais de tempo, modo e lugar: Vire na próxima trução do texto escrito.
à esquerda. - Adição, ou acréscimo: pode tratar-se do acréscimo de um ele-
mento gráfico, acento, sinal de pontuação, grafema (...) mas tam-
Veja, agora, as principais situações em que não se aplica a cra- bém do acréscimo de uma palavra, de um sintagma, de uma ou de
se: várias frases.
• Palavras masculinas: Ela prefere passear a pé. - Supressão: supressão sem substituição do segmento suprimi-
• Palavras repetidas (mesmo quando no feminino): Melhor ter- do. Ela pode ser aplicada sobre unidades diversas, acento, grafe-
mos uma reunião frente a frente. mas, sílabas, palavras sintagmáticas, uma ou diversas frases.
• Antes de verbo: Gostaria de aprender a pintar. - Substituição: supressão, seguida de substituição por um ter-
• Expressões que sugerem distância ou futuro: A médica vai te mo novo. Ela se aplica sobre um grafema, uma palavra, um sintag-
atender daqui a pouco. ma, ou sobre conjuntos generalizados.
• Dia de semana (a menos que seja um dia definido): De terça - Deslocamento: permutação de elementos, que acaba por mo-
a sexta. / Fecharemos às segundas-feiras. dificar sua ordem no processo de encadeamento.
• Antes de numeral (exceto horas definidas): A casa da vizinha
fica a 50 metros da esquina. Graus de Formalismo
São muitos os tipos de registros quanto ao formalismo, tais
Há, ainda, situações em que o uso da crase é facultativo como: o registro formal, que é uma linguagem mais cuidada; o colo-
• Pronomes possessivos femininos: Dei um picolé a minha filha. quial, que não tem um planejamento prévio, caracterizando-se por
/ Dei um picolé à minha filha. construções gramaticais mais livres, repetições frequentes, frases
• Depois da palavra “até”: Levei minha avó até a feira. / Levei curtas e conectores simples; o informal, que se caracteriza pelo uso
minha avó até à feira. de ortografia simplificada e construções simples ( geralmente usado
• Nomes próprios femininos (desde que não seja especificado): entre membros de uma mesma família ou entre amigos).
Enviei o convite a Ana. / Enviei o convite à Ana. / Enviei o convite à
Ana da faculdade. As variações de registro ocorrem de acordo com o grau de for-
malismo existente na situação de comunicação; com o modo de
DICA: Como a crase só ocorre em palavras no feminino, em expressão, isto é, se trata de um registro formal ou escrito; com a
caso de dúvida, basta substituir por uma palavra equivalente no sintonia entre interlocutores, que envolve aspectos como graus de
masculino. Se aparecer “ao”, deve-se usar a crase: Amanhã iremos cortesia, deferência, tecnicidade (domínio de um vocabulário espe-
à escola / Amanhã iremos ao colégio. cífico de algum campo científico, por exemplo).

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LÍNGUA PORTUGUESA
Expressões que demandam atenção
– acaso, caso – com se, use acaso; caso rejeita o se SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS. SUBSTITUIÇÃO DE PA-
– aceitado, aceito – com ter e haver, aceitado; com ser e estar, LAVRAS OU DE TRECHOS DE TEXTO
aceito
– acendido, aceso (formas similares) – idem
– à custa de – e não às custas de Este é um estudo da semântica, que pretende classificar os
– à medida que – à proporção que, ao mesmo tempo que, con- sentidos das palavras, as suas relações de sentido entre si. Conheça
forme as principais relações e suas características:
– na medida em que – tendo em vista que, uma vez que
– a meu ver – e não ao meu ver Sinonímia e antonímia
– a ponto de – e não ao ponto de As palavras sinônimas são aquelas que apresentam significado
– a posteriori, a priori – não tem valor temporal semelhante, estabelecendo relação de proximidade. Ex: inteligente
– em termos de – modismo; evitar <—> esperto
– enquanto que – o que é redundância Já as palavras antônimas são aquelas que apresentam signifi-
– entre um e outro – entre exige a conjunção e, e não a cados opostos, estabelecendo uma relação de contrariedade. Ex:
– implicar em – a regência é direta (sem em) forte <—> fraco
– ir de encontro a – chocar-se com
– ir ao encontro de – concordar com Parônimos e homônimos
– se não, senão – quando se pode substituir por caso não, se- As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pro-
parado; quando não se pode, junto núncia semelhantes, porém com significados distintos.
– todo mundo – todos Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfe-
– todo o mundo – o mundo inteiro go (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
– não pagamento = hífen somente quando o segundo termo As palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma
for substantivo grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo
– este e isto – referência próxima do falante (a lugar, a tempo “rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).
presente; a futuro próximo; ao anunciar e a que se está tratando) As palavras homófonas são aquelas que possuem a mesma
– esse e isso – referência longe do falante e perto do ouvinte pronúncia, mas com escrita e significado diferentes. Ex: cem (nu-
(tempo futuro, desejo de distância; tempo passado próximo do pre- meral) X sem (falta); conserto (arrumar) X concerto (musical).
sente, ou distante ao já mencionado e a ênfase). As palavras homógrafas são aquelas que possuem escrita igual,
porém som e significado diferentes. Ex: colher (talher) X colher (ver-
Expressões não recomendadas bo); acerto (substantivo) X acerto (verbo).

– a partir de (a não ser com valor temporal). Polissemia e monossemia


Opção: com base em, tomando-se por base, valendo-se de... As palavras polissêmicas são aquelas que podem apresentar
mais de um significado, a depender do contexto em que ocorre a
– através de (para exprimir “meio” ou instrumento). frase. Ex: cabeça (parte do corpo humano; líder de um grupo).
Opção: por, mediante, por meio de, por intermédio de, se- Já as palavras monossêmicas são aquelas apresentam apenas
gundo... um significado. Ex: eneágono (polígono de nove ângulos).

– devido a. Denotação e conotação


Opção: em razão de, em virtude de, graças a, por causa de. Palavras com sentido denotativo são aquelas que apresentam
um sentido objetivo e literal. Ex:Está fazendo frio. / Pé da mulher.
– dito. Palavras com sentido conotativo são aquelas que apresentam
Opção: citado, mencionado. um sentido simbólico, figurado. Ex: Você me olha com frieza. / Pé
da cadeira.
– enquanto.
Opção: ao passo que. Hiperonímia e hiponímia
Esta classificação diz respeito às relações hierárquicas de signi-
– inclusive (a não ser quando significa incluindo-se). ficado entre as palavras.
Opção: até, ainda, igualmente, mesmo, também. Desse modo, um hiperônimo é a palavra superior, isto é, que
tem um sentido mais abrangente. Ex: Fruta é hiperônimo de limão.
– no sentido de, com vistas a. Já o hipônimo é a palavra que tem o sentido mais restrito, por-
Opção: a fim de, para, com a finalidade de, tendo em vista. tanto, inferior, de modo que o hiperônimo engloba o hipônimo. Ex:
Limão é hipônimo de fruta.
– pois (no início da oração).
Opção: já que, porque, uma vez que, visto que. Formas variantes
São as palavras que permitem mais de uma grafia correta, sem
– principalmente. que ocorra mudança no significado. Ex: loiro – louro / enfarte – in-
Opção: especialmente, sobretudo, em especial, em particular. farto / gatinhar – engatinhar.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Arcaísmo Combinação
São palavras antigas, que perderam o uso frequente ao longo Quando ocorre junção de partes de outras palavras simples ou
do tempo, sendo substituídas por outras mais modernas, mas que radicais. Ex: portunhol (português + espanhol) / aborrecente (abor-
ainda podem ser utilizadas. No entanto, ainda podem ser bastante recer + adolescente).
encontradas em livros antigos, principalmente. Ex: botica <—> far-
mácia / franquia <—> sinceridade. Intensificação
Quando há a criação de uma nova palavra a partir do alarga-
ESTRUTURA E FORMAÇÃO DE PALAVRAS mento do sufixo de uma palavra existente. Normalmente é feita
adicionando o sufixo -izar. Ex: inicializar (em vez de iniciar) / proto-
A formação de palavras se dá a partir de processos morfológi- colizar (em vez de protocolar).
cos, de modo que as palavras se dividem entre:
• Palavras primitivas: são aquelas que não provêm de outra Neologismo
palavra. Ex: flor; pedra Quando novas palavras surgem devido à necessidade do falan-
• Palavras derivadas: são originadas a partir de outras pala- te em contextos específicos, podendo ser temporárias ou perma-
vras. Ex: floricultura; pedrada nentes. Existem três tipos principais de neologismos:
• Palavra simples: são aquelas que possuem apenas um radi- • Neologismo semântico: atribui-se novo significado a uma pa-
cal (morfema que contém significado básico da palavra). Ex: cabelo; lavra já existente. Ex: amarelar (desistir) / mico (vergonha)
azeite • Neologismo sintático: ocorre a combinação de elementos já
• Palavra composta: são aquelas que possuem dois ou mais existentes no léxico da língua. Ex: dar um bolo (não comparecer ao
radicais. Ex: guarda-roupa; couve-flor compromisso) / dar a volta por cima (superar).
Entenda como ocorrem os principais processos de formação de • Neologismo lexical: criação de uma nova palavra, que tem
palavras: um novo conceito. Ex: deletar (apagar) / escanear (digitalizar)

Derivação Onomatopeia
A formação se dá por derivação quando ocorre a partir de uma Quando uma palavra é formada a partir da reprodução aproxi-
palavra simples ou de um único radical, juntando-se afixos. mada do seu som. Ex: atchim; zum-zum; tique-taque.
• Derivação prefixal: adiciona-se um afixo anteriormente à pa-
lavra ou radical. Ex: antebraço (ante + braço) / infeliz (in + feliz) FIGURAS DE LINGUAGEM
• Derivação sufixal: adiciona-se um afixo ao final da palavra ou
radical. Ex: friorento (frio + ento) / guloso (gula + oso) As figuras de linguagem ou de estilo são empregadas para
• Derivação parassintética: adiciona-se um afixo antes e outro valorizar o texto, tornando a linguagem mais expressiva. É um re-
depois da palavra ou radical. Ex: esfriar (es + frio + ar) / desgoverna- curso linguístico para expressar de formas diferentes experiências
do (des + governar + ado) comuns, conferindo originalidade, emotividade ao discurso, ou tor-
• Derivação regressiva (formação deverbal): reduz-se a pala- nando-o poético.
vra primitiva. Ex: boteco (botequim) / ataque (verbo “atacar”)
• Derivação imprópria (conversão): ocorre mudança na classe As figuras de linguagem classificam-se em
gramatical, logo, de sentido, da palavra primitiva. Ex: jantar (verbo – figuras de palavra;
para substantivo) / Oliveira (substantivo comum para substantivo – figuras de pensamento;
próprio – sobrenomes). – figuras de construção ou sintaxe.

Composição Figuras de palavra


A formação por composição ocorre quando uma nova palavra Emprego de um termo com sentido diferente daquele conven-
se origina da junção de duas ou mais palavras simples ou radicais. cionalmente empregado, a fim de se conseguir um efeito mais ex-
• Aglutinação: fusão de duas ou mais palavras simples, de pressivo na comunicação.
modo que ocorre supressão de fonemas, de modo que os elemen-
tos formadores perdem sua identidade ortográfica e fonológica. Ex: Metáfora: comparação abreviada, que dispensa o uso dos co-
aguardente (água + ardente) / planalto (plano + alto) nectivos comparativos; é uma comparação subjetiva. Normalmente
• Justaposição: fusão de duas ou mais palavras simples, man- vem com o verbo de ligação claro ou subentendido na frase.
tendo a ortografia e a acentuação presente nos elementos forma-
dores. Em sua maioria, aparecem conectadas com hífen. Ex: beija- Exemplos
-flor / passatempo. ...a vida é cigana
É caravana
Abreviação É pedra de gelo ao sol.
Quando a palavra é reduzida para apenas uma parte de sua (Geraldo Azevedo/ Alceu Valença)
totalidade, passando a existir como uma palavra autônoma. Ex: foto
(fotografia) / PUC (Pontifícia Universidade Católica). Encarnado e azul são as cores do meu desejo.
(Carlos Drummond de Andrade)
Hibridismo
Quando há junção de palavras simples ou radicais advindos de Comparação: aproxima dois elementos que se identificam,
línguas distintas. Ex: sociologia (socio – latim + logia – grego) / binó- ligados por conectivos comparativos explícitos: como, tal qual, tal
culo (bi – grego + oculus – latim). como, que, que nem. Também alguns verbos estabelecem a com-
paração: parecer, assemelhar-se e outros.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplo Sou Ana de Amsterdam.
Estava mais angustiado que um goleiro na hora do gol, quando (Chico Buarque)
você entrou em mim como um sol no quintal.
(Belchior) Paronomásia: Emprego de vocábulos semelhantes na forma ou
na prosódia, mas diferentes no sentido.
Catacrese: emprego de um termo em lugar de outro para o
qual não existe uma designação apropriada. Exemplo
Berro pelo aterro pelo desterro berro por seu berro pelo seu
Exemplos [erro
– folha de papel quero que você ganhe que
– braço de poltrona [você me apanhe
– céu da boca sou o seu bezerro gritando
– pé da montanha [mamãe.
(Caetano Veloso)
Sinestesia: fusão harmônica de, no mínimo, dois dos cinco sen-
tidos físicos. Onomatopeia: imitação aproximada de um ruído ou som pro-
duzido por seres animados e inanimados.
Exemplo
Vem da sala de linotipos a doce (gustativa) música (auditiva) Exemplo
mecânica. Vai o ouvido apurado
(Carlos Drummond de Andrade) na trama do rumor suas nervuras
A fusão de sensações físicas e psicológicas também é sineste- inseto múltiplo reunido
sia: “ódio amargo”, “alegria ruidosa”, “paixão luminosa”, “indiferen- para compor o zanzineio surdo
ça gelada”. circular opressivo
zunzin de mil zonzons zoando em meio à pasta de calor
Antonomásia: substitui um nome próprio por uma qualidade, da noite em branco
atributo ou circunstância que individualiza o ser e notabiliza-o. (Carlos Drummond de Andrade)

Exemplos Observação: verbos que exprimem os sons são considerados


O filósofo de Genebra (= Calvino). onomatopaicos, como cacarejar, tiquetaquear, miar etc.
O águia de Haia (= Rui Barbosa).
Figuras de sintaxe ou de construção
Metonímia: troca de uma palavra por outra, de tal forma que Dizem respeito a desvios em relação à concordância entre os
a palavra empregada lembra, sugere e retoma a que foi omitida. termos da oração, sua ordem, possíveis repetições ou omissões.

Exemplos Podem ser formadas por:


Leio Graciliano Ramos. (livros, obras) omissão: assíndeto, elipse e zeugma;
Comprei um panamá. (chapéu de Panamá) repetição: anáfora, pleonasmo e polissíndeto;
Tomei um Danone. (iogurte) inversão: anástrofe, hipérbato, sínquise e hipálage;
ruptura: anacoluto;
Alguns autores, em vez de metonímia, classificam como siné- concordância ideológica: silepse.
doque quando se têm a parte pelo todo e o singular pelo plural.
Anáfora: repetição da mesma palavra no início de um período,
Exemplo frase ou verso.
A cidade inteira viu assombrada, de queixo caído, o pistoleiro
sumir de ladrão, fugindo nos cascos de seu cavalo. (singular pelo Exemplo
plural) Dentro do tempo o universo
(José Cândido de Carvalho) [na imensidão.
Dentro do sol o calor peculiar
Figuras Sonoras [do verão.
Aliteração: repetição do mesmo fonema consonantal, geral- Dentro da vida uma vida me
mente em posição inicial da palavra. [conta uma estória que fala
[de mim.
Exemplo Dentro de nós os mistérios
Vozes veladas veludosas vozes volúpias dos violões, vozes ve- [do espaço sem fim!
ladas. (Toquinho/Mutinho)
(Cruz e Sousa)
Assíndeto: ocorre quando orações ou palavras que deveriam
Assonância: repetição do mesmo fonema vocal ao longo de um vir ligadas por conjunções coordenativas aparecem separadas por
verso ou poesia. vírgulas.

Exemplo Exemplo
Sou Ana, da cama, Não nos movemos, as mãos é
da cana, fulana, bacana que se estenderam pouco a

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LÍNGUA PORTUGUESA
pouco, todas quatro, pegando-se, Anacoluto: interrupção do plano sintático com que se inicia a
apertando-se, fundindo-se. frase, alterando a sequência do processo lógico. A construção do
(Machado de Assis) período deixa um ou mais termos desprendidos dos demais e sem
Polissíndeto: repetição intencional de uma conjunção coorde- função sintática definida.
nativa mais vezes do que exige a norma gramatical.
Exemplos
Exemplo E o desgraçado, tremiam-lhe as pernas.
Há dois dias meu telefone não fala, nem ouve, nem toca, nem (Manuel Bandeira)
tuge, nem muge.
(Rubem Braga) Aquela mina de ouro, ela não ia deixar que outras espertas bo-
tassem as mãos.
Pleonasmo: repetição de uma ideia já sugerida ou de um ter- (José Lins do Rego)
mo já expresso.
Hipálage: inversão da posição do adjetivo (uma qualidade que
Pleonasmo literário: recurso estilístico que enriquece a expres- pertence a um objeto é atribuída a outro, na mesma frase).
são, dando ênfase à mensagem.
Exemplo
Exemplos ...em cada olho um grito castanho de ódio.
Não os venci. Venceram-me (Dalton Trevisan)
eles a mim. ...em cada olho castanho um grito de ódio)
(Rui Barbosa)
Morrerás morte vil na mão de um forte. Silepse
(Gonçalves Dias) Silepse de gênero: Não há concordância de gênero do adjetivo
Pleonasmo vicioso: Frequente na linguagem informal, cotidia- ou pronome com a pessoa a que se refere.
na, considerado vício de linguagem. Deve ser evitado.
Exemplos
Exemplos Pois aquela criancinha, longe de ser um estranho...
Ouvir com os ouvidos. (Rachel de Queiroz)
Rolar escadas abaixo.
Colaborar juntos. V. Ex.a parece magoado...
Hemorragia de sangue. (Carlos Drummond de Andrade)
Repetir de novo.
Silepse de pessoa: Não há concordância da pessoa verbal com
Elipse: Supressão de uma ou mais palavras facilmente suben- o sujeito da oração.
tendidas na frase. Geralmente essas palavras são pronomes, con-
junções, preposições e verbos. Exemplos
Os dois ora estais reunidos...
Exemplos (Carlos Drummond de Andrade)
Compareci ao Congresso. (eu)
Espero venhas logo. (eu, que, tu) Na noite do dia seguinte, estávamos reunidos algumas pessoas.
Ele dormiu duas horas. (durante) (Machado de Assis)
No mar, tanta tormenta e tanto dano. (verbo Haver)
(Camões) Silepse de número: Não há concordância do número verbal
com o sujeito da oração.
Zeugma: Consiste na omissão de palavras já expressas anterior-
mente. Exemplo
Corria gente de todos os lados, e gritavam.
Exemplos (Mário Barreto)
Foi saqueada a vila, e assassina dos os partidários dos Filipes.
(Camilo Castelo Branco)
REORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA DE ORAÇÕES E DE
Rubião fez um gesto, Palha outro: mas quão diferentes. PERÍODOS DO TEXTO
(Machado de Assis)

Hipérbato ou inversão: alteração da ordem direta dos elemen- Prezado Candidato, o tópico acima supracitado foi abordado
tos na frase. anteriormente.

Exemplos REESCRITA DE TEXTOS DE DIFERENTES GÊNEROS E


Passeiam, à tarde, as belas na avenida. NÍVEIS DE FORMALIDADE
(Carlos Drummond de Andrade)

Paciência tenho eu tido... Prezado Candidato, o tópico acima supracitado foi abordado
(Antônio Nobre) anteriormente.

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LÍNGUA PORTUGUESA

EXERCÍCIOS

1. (ENEM - 2012) “Ele era o inimigo do rei”, nas palavras de seu biógrafo, Lira Neto. Ou, ainda, “um romancista que colecionava de-
safetos, azucrinava D. Pedro II e acabou inventando o Brasil”. Assim era José de Alencar (1829-1877), o conhecido autor de O guarani e
Iracema, tido como o pai do romance no Brasil.
Além de criar clássicos da literatura brasileira com temas nativistas, indianistas e históricos, ele foi também folhetinista, diretor de
jornal, autor de peças de teatro, advogado, deputado federal e até ministro da Justiça. Para ajudar na descoberta das múltiplas facetas
desse personagem do século XIX, parte de seu acervo inédito será digitalizada.
História Viva, n.º 99, 2011.

Com base no texto, que trata do papel do escritor José de Alencar e da futura digitalização de sua obra, depreende-se que
(A) a digitalização dos textos é importante para que os leitores possam compreender seus romances.
(B) o conhecido autor de O guarani e Iracema foi importante porque deixou uma vasta obra literária com temática atemporal.
(C) a divulgação das obras de José de Alencar, por meio da digitalização, demonstra sua importância para a história do Brasil Imperial.
(D) a digitalização dos textos de José de Alencar terá importante papel na preservação da memória linguística e da identidade nacional.
(E) o grande romancista José de Alencar é importante porque se destacou por sua temática indianista.

2. (FUVEST - 2013) A essência da teoria democrática é a supressão de qualquer imposição de classe, fundada no postulado ou na
crença de que os conflitos e problemas humanos – econômicos, políticos, ou sociais – são solucionáveis pela educação, isto é, pela coope-
ração voluntária, mobilizada pela opinião pública esclarecida. Está claro que essa opinião pública terá de ser formada à luz dos melhores
conhecimentos existentes e, assim, a pesquisa científica nos campos das ciências naturais e das chamadas ciências sociais deverá se fazer a
mais ampla, a mais vigorosa, a mais livre, e a difusão desses conhecimentos, a mais completa, a mais imparcial e em termos que os tornem
acessíveis a todos.
(Anísio Teixeira, Educação é um direito. Adaptado.)

No trecho “chamadas ciências sociais”, o emprego do termo “chamadas” indica que o autor
(A) vê, nas “ciências sociais”, uma panaceia, não uma análise crítica da sociedade.
(B) considera utópicos os objetivos dessas ciências.
(C) prefere a denominação “teoria social” à denominação “ciências sociais”.
(D) discorda dos pressupostos teóricos dessas ciências.
(E) utiliza com reserva a denominação “ciências sociais”.

3. (UERJ - 2016)

A última fala da tirinha causa um estranhamento, porque assinala a ausência de um elemento fundamental para a instalação de um
tribunal: a existência de alguém que esteja sendo acusado.
Essa fala sugere o seguinte ponto de vista do autor em relação aos usuários da internet:
(A) proferem vereditos fictícios sem que haja legitimidade do processo.
(B) configuram julgamentos vazios, ainda que existam crimes comprovados.
(C) emitem juízos sobre os outros, mas não se veem na posição de acusados.
(D) apressam-se em opiniões superficiais, mesmo que possuam dados concretos.

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LÍNGUA PORTUGUESA
4 - (UEA - 2017) Leia o trecho de Quincas Borba, de Machado 7. (ENEM 2010)
de Assis: MOSTRE QUE SUA MEMÓRIA É MELHOR DO QUE A DE COM-
E enquanto uma chora, outra ri; é a lei do mundo, meu rico se- PUTADOR E GUARDE ESTA CONDIÇÃO: 12X SEM JUROS.
nhor; é a perfeição universal. Tudo chorando seria monótono, tudo Revista Época. N° 424, 03 jul. 2006.
rindo cansativo; mas uma boa distribuição de lágrimas e polcas1, so- Ao circularem socialmente, os textos realizam-se como práticas
luços e sarabandas2, acaba por trazer à alma do mundo a variedade de linguagem, assumindo funções específicas, formais e de conte-
necessária, e faz-se o equilíbrio da vida. údo. Considerando o contexto em que circula o texto publicitário,
(Quincas Borba, 1992.) seu objetivo básico é
1
polca: tipo de dança. (A) definir regras de comportamento social pautadas no com-
2
sarabandas: tipo de dança. bate ao consumismo exagerado.
(B) influenciar o comportamento do leitor, por meio de apelos
De acordo com o narrador, que visam à adesão ao consumo.
(A) os erros do passado não afetam o presente. (C) defender a importância do conhecimento de informática
(B) a existência é marcada por antagonismos. pela população de baixo poder aquisitivo.
(C) a sabedoria está em perseguir a felicidade. (D) facilitar o uso de equipamentos de informática pelas classes
(D) cada instante vivido deve ser festejado. sociais economicamente desfavorecidas.
(E) os momentos felizes são mais raros que os tristes. (E) questionar o fato de o homem ser mais inteligente que a
máquina, mesmo a mais moderna.
5 – (ENEM 2013)
8. (IBADE – 2020 adaptada)

https://www.dicio.com.br/partilhar/ acesso em fevereiro de


2020

Cartum de Caulos, disponível em www.caulos.com O texto apresentado é um verbete. Assinale a alternativa que
representa sua definição
O cartum faz uma crítica social. A figura destacada está em
oposição às outras e representa a (A) é um tipo textual dissertativo-argumentativo, com o intuito
(A) opressão das minorias sociais. de persuadir o leitor.
(B) carência de recursos tecnológicos. (B) é um tipo e gênero textual de caráter descritivo para deta-
(C) falta de liberdade de expressão. lhar em adjetivos e advérbios o que é necessário entender.
(D) defesa da qualificação profissional. (C) é um gênero textual de viés narrativo para contar em crono-
(E) reação ao controle do pensamento coletivo. logia obrigatória o enredo por meio de personagens.
(D) é um gênero textual de caráter informativo, que tem por
6. (FUNDEP – 2014) As tipologias textuais são constructos teó- intuito explicar um conceito, mais comumente em um dicionário
ricos inerentes aos gêneros, ou seja, lança-se mão dos tipos para a ou enciclopédia.
produção dos gêneros diversos. Um professor, ao solicitar à turma a (E) é um tipo textual expositivo, típico em redações escolares.
escrita das “regras de um jogo”, espera que os estudantes utilizem,
predominantemente, a tipologia 9. (UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – RJ) Preencha os parênte-
(A) descritiva, devido à presença de adjetivos e verbos de liga- ses com os números correspondentes; em seguida, assinale a alter-
ção. nativa que indica a correspondência correta.
(B) narrativa, devido à forte presença de verbos no passado. 1. Narrar
(C) injuntiva, devido à presença dos verbos no imperativo. 2. Argumentar
(D) dissertativa, devido à presença das conjunções. 3. Expor
4. Descrever
5. Prescrever

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LÍNGUA PORTUGUESA
() Ato próprio de textos em que há a presença de conselhos (C) ligar duas observações contrárias acerca do mesmo assun-
e indicações de como realizar ações, com emprego abundante de to.
verbos no modo imperativo. (D) apresentar uma alternativa para a primeira ideia expressa.
() Ato próprio de textos em que há a apresentação de ideias (E) introduzir uma conclusão após os argumentos apresenta-
sobre determinado assunto, assim como explicações, avaliações e dos.
reflexões. Faz-se uso de linguagem clara, objetiva e impessoal.
() Ato próprio de textos em que se conta um fato, fictício ou 12. (IBFC – 2013) Leia as sentenças:
não, acontecido num determinado espaço e tempo, envolvendo
personagens e ações. A temporalidade é fator importante nesse É preciso que ela se encante por mim!
tipo de texto. Chegou à conclusão de que saiu no prejuízo.
() Ato próprio de textos em que retrata, de forma objetiva ou
subjetiva, um lugar, uma pessoa, um objeto etc., com abundância Assinale abaixo a alternativa que classifica, correta e respecti-
do uso de adjetivos. Não há relação de temporalidade. vamente, as orações subordinadas substantivas (O.S.S.) destacadas:
() Ato próprio de textos em que há posicionamentos e exposi- (A) O.S.S. objetiva direta e O.S.S. objetiva indireta.
ção de ideias, cuja preocupação é a defesa de um ponto de vista. (B) O.S.S. subjetiva e O.S.S. completiva nominal
Sua estrutura básica é: apresentação de ideia principal, argumentos (C) O.S.S. subjetiva e O.S.S. objetiva indireta.
e conclusão. (D) O.S.S. objetiva direta e O.S.S. completiva nominal.
(A) 3, 5, 1, 2, 4
(B) 5, 3, 1, 4, 2 13. (ADVISE-2013) Todos os enunciados abaixo correspondem
(C) 4, 2, 3, 1, 5 a orações subordinadas substantivas, exceto:
(D) 5, 3, 4, 1, 2 (A) Espero sinceramente isto: que vocês não faltem mais.
(E) 2, 3, 1, 4, 5 (B) Desejo que ela volte.
(C) Gostaria de que todos me apoiassem.
10. (PUC – SP) O trecho abaixo foi extraído da obra Memórias (D) Tenho medo de que esses assessores me traiam.
Sentimentais de João Miramar, de Oswald de Andrade. (E) Os jogadores que foram convocados apresentaram-se on-
tem.
66. BOTAFOGO ETC.
“Beiramarávamos em auto pelo espelho de aluguel arborizado 14. (PUC-SP) “Pode-se dizer que a tarefa é puramente formal.”
das avenidas marinhas sem sol. Losangos tênues de ouro bandeira- No texto acima temos uma oração destacada que é ________e
nacionalizavam os verdes montes interiores. No outro lado azul da um “se” que é . ________.
baía a Serra dos Órgãos serrava. Barcos. E o passado voltava na brisa (A) substantiva objetiva direta, partícula apassivadora
de baforadas gostosas. Rolah ia vinha derrapava em túneis. (B) substantiva predicativa, índice de indeterminação do sujeito
Copacabana era um veludo arrepiado na luminosa noite varada (C) relativa, pronome reflexivo
pelas frestas da cidade.” (D) substantiva subjetiva, partícula apassivadora
(E) adverbial consecutiva, índice de indeterminação do sujeito
Didaticamente, costuma-se dizer que, em relação à sua orga-
nização, os textos podem ser compostos de descrição, narração e 15. (UEMG) “De repente chegou o dia dos meus setenta anos.
dissertação; no entanto, é difícil encontrar um trecho que seja só Fiquei entre surpresa e divertida, setenta, eu? Mas tudo parece
descritivo, apenas narrativo, somente dissertativo. Levando-se em ter sido ontem! No século em que a maioria quer ter vinte anos
conta tal afirmação, selecione uma das alternativas abaixo para (trinta a gente ainda aguenta), eu estava fazendo setenta. Pior: du-
classificar o texto de Oswald de Andrade: vidando disso, pois ainda escutava em mim as risadas da menina
(A) Narrativo-descritivo, com predominância do descritivo. que queria correr nas lajes do pátio quando chovia, que pescava
(B) Dissertativo-descritivo, com predominância do dissertativo. lambaris com o pai no laguinho, que chorava em filme do Gordo e
(C) Descritivo-narrativo, com predominância do narrativo. Magro, quando a mãe a levava à matinê. (Eu chorava alto com pena
(D) Descritivo-dissertativo, com predominância do dissertativo. dos dois, a mãe ficava furiosa.)
(E) Narrativo-dissertativo, com predominância do narrativo. A menina que levava castigo na escola porque ria fora de hora,
porque se distraía olhando o céu e nuvens pela janela em lugar de
11. (UFRJ) Esparadrapo prestar atenção, porque devagarinho empurrava o estojo de lápis
Há palavras que parecem exatamente o que querem dizer. “Es- até a beira da mesa, e deixava cair com estrondo sabendo que os
paradrapo”, por exemplo. Quem quebrou a cara fica mesmo com meninos, mais que as meninas, se botariam de quatro catando lá-
cara de esparadrapo. No entanto, há outras, aliás de nobre sentido, pis, canetas, borracha – as tediosas regras de ordem e quietude se-
que parecem estar insinuando outra coisa. Por exemplo, “incuná- riam rompidas mais uma vez.
bulo*”. Fazendo a toda hora perguntas loucas, ela aborrecia os profes-
QUINTANA, Mário. Da preguiça como método de trabalho. Rio sores e divertia a turma: apenas porque não queria ser diferente,
de Janeiro, Globo. 1987. p. 83. queria ser amada, queria ser natural, não queria que soubessem
*Incunábulo: [do lat. Incunabulu; berço]. Adj. 1- Diz-se do livro que ela, doze anos, além de histórias em quadrinhos e novelinhas
impresso até o ano de 1500./ S.m. 2 – Começo, origem. açucaradas, lia teatro grego – sem entender – e achava emocionan-
te.
A locução “No entanto” tem importante papel na estrutura do (E até do futuro namorado, aos quinze anos, esconderia isso.)
texto. Sua função resume-se em: O meu aniversário: primeiro pensei numa grande celebração,
(A) ligar duas orações que querem dizer exatamente a mesma eu que sou avessa a badalações e gosto de grupos bem pequenos.
coisa. Mas pensei, setenta vale a pena! Afinal já é bastante tempo! Logo
(B) separar acontecimentos que se sucedem cronologicamen- me dei conta de que hoje setenta é quase banal, muita gente com
te. oitenta ainda está ativo e presente.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Decidi apenas reunir filhos e amigos mais chegados (tarefa difí- 20. (IBGE) Indique a opção correta, no que se refere à concor-
cil, escolher), e deixar aquela festona para outra década.” dância verbal, de acordo com a norma culta:
LUFT, 2014, p.104-105 (A) Haviam muitos candidatos esperando a hora da prova.
(B) Choveu pedaços de granizo na serra gaúcha.
Leia atentamente a oração destacada no período a seguir: (C) Faz muitos anos que a equipe do IBGE não vem aqui.
“(...) pois ainda escutava em mim as risadas da menina que (D) Bateu três horas quando o entrevistador chegou.
queria correr nas lajes do pátio (...)” (E) Fui eu que abriu a porta para o agente do censo.

Assinale a alternativa em que a oração em negrito e sublinhada 21. (FUVEST – 2001) A única frase que NÃO apresenta desvio
apresenta a mesma classificação sintática da destacada acima. em relação à regência (nominal e verbal) recomendada pela norma
(A) “A menina que levava castigo na escola porque ria fora de culta é:
hora (...)” (A) O governador insistia em afirmar que o assunto principal
(B) “(...) e deixava cair com estrondo sabendo que os meninos, seria “as grandes questões nacionais”, com o que discordavam lí-
mais que as meninas, se botariam de quatro catando lápis, canetas, deres pefelistas.
borracha (...)” (B) Enquanto Cuba monopolizava as atenções de um clube, do
(C) “(...) não queria que soubessem que ela (...)” qual nem sequer pediu para integrar, a situação dos outros países
(D) “Logo me dei conta de que hoje setenta é quase banal (...)” passou despercebida.
(C) Em busca da realização pessoal, profissionais escolhem a
16. (FUNRIO – 2012) “Todos querem que nós dedo aonde trabalhar, priorizando à empresas com atuação social.
____________________.” (D) Uma família de sem-teto descobriu um sofá deixado por um
morador não muito consciente com a limpeza da cidade.
Apenas uma das alternativas completa coerente e adequada- (E) O roteiro do filme oferece uma versão de como consegui-
mente a frase acima. Assinale-a. mos um dia preferir a estrada à casa, a paixão e o sonho à regra, a
(A) desfilando pelas passarelas internacionais. aventura à repetição.
(B) desista da ação contra aquele salafrário.
(C) estejamos prontos em breve para o trabalho. 22. (FUVEST) Assinale a alternativa que preenche corretamen-
(D) recuperássemos a vaga de motorista da firma. te as lacunas correspondentes.
(E) tentamos aquele emprego novamente. A arma ___ se feriu desapareceu.
Estas são as pessoas ___ lhe falei.
17. (ITA - 1997) Assinale a opção que completa corretamente Aqui está a foto ___ me referi.
as lacunas do texto a seguir: Encontrei um amigo de infância ___ nome não me lembrava.
“Todas as amigas estavam _______________ ansiosas Passamos por uma fazenda ___ se criam búfalos.
_______________ ler os jornais, pois foram informadas de que as
críticas foram ______________ indulgentes ______________ ra- (A) que, de que, à que, cujo, que.
paz, o qual, embora tivesse mais aptidão _______________ ciên- (B) com que, que, a que, cujo qual, onde.
cias exatas, demonstrava uma certa propensão _______________ (C) com que, das quais, a que, de cujo, onde.
arte.” (D) com a qual, de que, que, do qual, onde.
(A) meio - para - bastante - para com o - para - para a (E) que, cujas, as quais, do cujo, na cuja.
(B) muito - em - bastante - com o - nas - em
(C) bastante - por - meias - ao - a - à 23. (FESP) Observe a regência verbal e assinale a opção falsa:
(D) meias - para - muito - pelo - em - por (A) Avisaram-no que chegaríamos logo.
(E) bem - por - meio - para o - pelas – na (B) Informei-lhe a nota obtida.
(C) Os motoristas irresponsáveis, em geral, não obedecem aos
18. (Mackenzie) Há uma concordância inaceitável de acordo sinais de trânsito.
com a gramática: (D) Há bastante tempo que assistimos em São Paulo.
I - Os brasileiros somos todos eternos sonhadores. (E) Muita gordura não implica saúde.
II - Muito obrigadas! – disseram as moças.
III - Sr. Deputado, V. Exa. Está enganada. 24. (IBGE) Assinale a opção em que todos os adjetivos devem
IV - A pobre senhora ficou meio confusa. ser seguidos pela mesma preposição:
V - São muito estudiosos os alunos e as alunas deste curso. (A) ávido / bom / inconsequente
(B) indigno / odioso / perito
(A) em I e II (C) leal / limpo / oneroso
(B) apenas em IV (D) orgulhoso / rico / sedento
(C) apenas em III (E) oposto / pálido / sábio
(D) em II, III e IV
(E) apenas em II 25. (TRE-MG) Observe a regência dos verbos das frases reescri-
tas nos itens a seguir:
19. (CESCEM–SP) Já ___ anos, ___ neste local árvores e flores. I - Chamaremos os inimigos de hipócritas. Chamaremos aos ini-
Hoje, só ___ ervas daninhas. migos de hipócritas;
(A) fazem, havia, existe II - Informei-lhe o meu desprezo por tudo. Informei-lhe do meu
(B) fazem, havia, existe desprezo por tudo;
(C) fazem, haviam, existem III - O funcionário esqueceu o importante acontecimento. O
(D) faz, havia, existem funcionário esqueceu-se do importante acontecimento.
(E) faz, havia, existe

23
LÍNGUA PORTUGUESA
A frase reescrita está com a regência correta em: 31. (VUNESP/2017 – TJ-SP) Assinale a alternativa em que todas
(A) I apenas as palavras estão corretamente grafadas, considerando-se as regras
(B) II apenas de acentuação da língua padrão.
(C) III apenas (A) Remígio era homem de carater, o que surpreendeu D. Firmi-
(D) I e III apenas na, que aceitou o matrimônio de sua filha.
(E) I, II e III (B) O consôlo de Fadinha foi ver que Remígio queria desposa-la
apesar de sua beleza ter ido embora depois da doença.
26. (INSTITUTO AOCP/2017 – EBSERH) Assinale a alternativa (C) Com a saúde de Fadinha comprometida, Remígio não con-
em que todas as palavras estão adequadamente grafadas. seguia se recompôr e viver tranquilo.
(A) Silhueta, entretenimento, autoestima. (D) Com o triúnfo do bem sobre o mal, Fadinha se recuperou,
(B) Rítimo, silueta, cérebro, entretenimento. Remígio resolveu pedí-la em casamento.
(C) Altoestima, entreterimento, memorização, silhueta. (E) Fadinha não tinha mágoa por não ser mais tão bela; agora,
(D) Célebro, ansiedade, auto-estima, ritmo. interessava-lhe viver no paraíso com Remígio.
(E) Memorização, anciedade, cérebro, ritmo.
32. (PUC-RJ) Aponte a opção em que as duas palavras são acen-
27. (ALTERNATIVE CONCURSOS/2016 – CÂMARA DE BANDEI- tuadas devido à mesma regra:
RANTES-SC) Algumas palavras são usadas no nosso cotidiano de (A) saí – dói
forma incorreta, ou seja, estão em desacordo com a norma culta (B) relógio – própria
padrão. Todas as alternativas abaixo apresentam palavras escritas (C) só – sóis
erroneamente, exceto em: (D) dá – custará
(A) Na bandeija estavam as xícaras antigas da vovó. (E) até – pé
(B) É um privilégio estar aqui hoje.
(C) Fiz a sombrancelha no salão novo da cidade. 33. (UEPG ADAPTADA) Sobre a acentuação gráfica das palavras
(D) A criança estava com desinteria. agradável, automóvel e possível, assinale o que for correto.
(E) O bebedoro da escola estava estragado. (A) Em razão de a letra L no final das palavras transferir a tonici-
dade para a última sílaba, é necessário que se marque graficamente
28. (SEDUC/SP – 2018) Preencha as lacunas das frases abaixo a sílaba tônica das paroxítonas terminadas em L, se isso não fosse
com “por que”, “porque”, “por quê” ou “porquê”. Depois, assinale a feito, poderiam ser lidas como palavras oxítonas.
alternativa que apresenta a ordem correta, de cima para baixo, de (B) São acentuadas porque são proparoxítonas terminadas em
classificação. L.
“____________ o céu é azul?” (C) São acentuadas porque são oxítonas terminadas em L.
“Meus pais chegaram atrasados, ____________ pegaram trân- (D) São acentuadas porque terminam em ditongo fonético –
sito pelo caminho.” eu.
“Gostaria muito de saber o ____________ de você ter faltado (E) São acentuadas porque são paroxítonas terminadas em L.
ao nosso encontro.”
“A Alemanha é considerada uma das grandes potências mun- 34. (IFAL – 2016 ADAPTADA) Quanto à acentuação das palavras,
diais. ____________?” assinale a afirmação verdadeira.
(A) Porque – porquê – por que – Por quê (A) A palavra “tendem” deveria ser acentuada graficamente,
(B) Porque – porquê – por que – Por quê como “também” e “porém”.
(C) Por que – porque – porquê – Por quê (B) As palavras “saíra”, “destruída” e “aí” acentuam-se pela
(D) Porquê – porque – por quê – Por que mesma razão.
(E) Por que – porque – por quê – Porquê (C) O nome “Luiz” deveria ser acentuado graficamente, pela
mesma razão que a palavra “país”.
29. (CEITEC – 2012) Os vocábulos Emergir e Imergir são parô- (D) Os vocábulos “é”, “já” e “só” recebem acento por constituí-
nimos: empregar um pelo outro acarreta grave confusão no que rem monossílabos tônicos fechados.
se quer expressar. Nas alternativas abaixo, só uma apresenta uma (E) Acentuam-se “simpática”, “centímetros”, “simbólica” por-
frase em que se respeita o devido sentido dos vocábulos, selecio- que todas as paroxítonas são acentuadas.
nando convenientemente o parônimo adequado à frase elaborada.
Assinale-a. 35. (MACKENZIE) Indique a alternativa em que nenhuma pala-
(A) A descoberta do plano de conquista era eminente. vra é acentuada graficamente:
(B) O infrator foi preso em flagrante. (A) lapis, canoa, abacaxi, jovens
(C) O candidato recebeu despensa das duas últimas provas. (B) ruim, sozinho, aquele, traiu
(D) O metal delatou ao ser submetido à alta temperatura. (C) saudade, onix, grau, orquídea
(E) Os culpados espiam suas culpas na prisão. (D) voo, legua, assim, tênis
(E) flores, açucar, album, virus
30. (FMU) Assinale a alternativa em que todas as palavras estão
grafadas corretamente.
(A) paralisar, pesquisar, ironizar, deslizar
(B) alteza, empreza, francesa, miudeza
(C) cuscus, chimpazé, encharcar, encher
(D) incenso, abcesso, obsessão, luxação
(E) chineza, marquês, garrucha, meretriz

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LÍNGUA PORTUGUESA
36. (IFAL - 2011)

Parágrafo do Editorial “Nossas crianças, hoje”.

“Oportunamente serão divulgados os resultados de tão importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos sentimos na pele
e na alma a dor dos mais altos índices de sofrimento da infância mais pobre. Nosso Estado e nossa região padece de índices vergonhosos
no tocante à mortalidade infantil, à educação básica e tantos outros indicadores terríveis.” (Gazeta de Alagoas, seção Opinião, 12.10.2010)
O primeiro período desse parágrafo está corretamente pontuado na alternativa:
(A) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos, sentimos
na pele e na alma a dor dos mais altos índices de sofrimento da infância mais pobre.”
(B) “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos sentimos, na
pele e na alma, a dor dos mais altos índices de sofrimento da infância mais pobre.”
(C) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos, sentimos
na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de sofrimento da infância mais pobre.”
(D) “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão importante encontro, mas, enquanto nordestinos e alagoanos sentimos,
na pele e na alma a dor dos mais altos índices de sofrimento, da infância mais pobre.”
(E) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão importante encontro, mas, enquanto nordestinos e alagoanos, sentimos,
na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de sofrimento da infância mais pobre.”

37. (F.E. BAURU) Assinale a alternativa em que há erro de pontuação:


(A) Era do conhecimento de todos a hora da prova, mas, alguns se atrasaram.
(B) A hora da prova era do conhecimento de todos; alguns se atrasaram, porém.
(C) Todos conhecem a hora da prova; não se atrasem, pois.
(D) Todos conhecem a hora da prova, portanto não se atrasem.
(E) N.D.A

38. (VUNESP – 2020) Assinale a alternativa correta quanto à pontuação.


(A) Colaboradores da Universidade Federal do Paraná afirmaram: “Os cristais de urato podem provocar graves danos nas articulações.”.
(B) A prescrição de remédios e a adesão, ao tratamento, por parte dos pacientes são baixas.
(C) É uma inflamação, que desencadeia a crise de gota; diagnosticada a partir do reconhecimento de intensa dor, no local.
(D) A ausência de dor não pode ser motivo para a interrupção do tratamento conforme o editorial diz: – (é preciso que o doente confie
em seu médico).
(E) A qualidade de vida, do paciente, diminui pois a dor no local da inflamação é bastante intensa!

39. (ENEM – 2018)

Física com a boca


Por que nossa voz fica tremida ao falar na frente do ventilador?
Além de ventinho, o ventilador gera ondas sonoras. Quando você não tem mais o que fazer e fica falando na frente dele, as ondas da
voz se propagam na direção contrária às do ventilador. Davi Akkerman – presidente da Associação Brasileira para a Qualidade Acústica – diz
que isso causa o mismatch, nome bacana para o desencontro entre as ondas. “O vento também contribui para a distorção da voz, pelo fato
de ser uma vibração que influencia no som”, diz. Assim, o ruído do ventilador e a influência do vento na propagação das ondas contribuem
para distorcer sua bela voz.
Disponível em: http://super.abril.com.br. Acesso em: 30 jul. 2012 (adaptado).

Sinais de pontuação são símbolos gráficos usados para organizar a escrita e ajudar na compreensão da mensagem. No texto, o sentido
não é alterado em caso de substituição dos travessões por
(A) aspas, para colocar em destaque a informação seguinte
(B) vírgulas, para acrescentar uma caracterização de Davi Akkerman.
(C) reticências, para deixar subetendida a formação do especialista.
(D) dois-pontos, para acrescentar uma informação introduzida anteriormente.
(E) ponto e vírgula, para enumerar informações fundamentais para o desenvolvimento temático.

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LÍNGUA PORTUGUESA
40. (FCC – 2020)

A supressão da vírgula altera o sentido da seguinte frase:


(A) O segundo é o “capitalismo de Estado”, que confia ao governo a tarefa de estabelecer a direção da economia.
(B) milhões prosperaram, à medida que empresas abriam mercados.
(C) Por fim, executivos e investidores começaram a reconhecer que seu sucesso em longo prazo está intimamente ligado ao de seus
clientes.
(D) De início, um novo indicador de “criação de valor compartilhado” deveria incluir metas ecológicas.
(E) Na verdade, esse deveria ser seu propósito definitivo.

41. (CESGRANRIO - RJ) As palavras esquartejar, desculpa e irreconhecível foram formadas, respectivamente, pelos processos de:
(A) sufixação - prefixação – parassíntese
(B) sufixação - derivação regressiva – prefixação
(C) composição por aglutinação - prefixação – sufixação
(D) parassíntese - derivação regressiva – prefixação
(E) parassíntese - derivação imprópria - parassíntese

42. (UFSC) Aponte a alternativa cujas palavras são respectivamente formadas por justaposição, aglutinação e parassíntese:
(A) varapau - girassol - enfaixar
(B) pontapé - anoitecer - ajoelhar
(C) maldizer - petróleo - embora
(D) vaivém - pontiagudo - enfurece
(E) penugem - plenilúnio - despedaça

26
LÍNGUA PORTUGUESA
43. (CESGRANRIO) Assinale a opção em que nem todas as pala- 47. (UFMG-ADAPTADA) As expressões em negrito correspon-
vras são de um mesmo radical: dem a um adjetivo, exceto em:
(A) noite, anoitecer, noitada (A) João Fanhoso anda amanhecendo sem entusiasmo.
(B) luz, luzeiro, alumiar (B) Demorava-se de propósito naquele complicado banho.
(C) incrível, crente, crer (C) Os bichos da terra fugiam em desabalada carreira.
(D) festa, festeiro, festejar (D) Noite fechada sobre aqueles ermos perdidos da caatinga
(E) riqueza, ricaço, enriquecer sem fim.
(E) E ainda me vem com essa conversa de homem da roça.
44. (FUVEST-SP) Foram formadas pelo mesmo processo as se-
guintes palavras: 48. (UMESP) Na frase “As negociações estariam meio abertas
(A) vendavais, naufrágios, polêmicas só depois de meio período de trabalho”, as palavras destacadas são,
(B) descompõem, desempregados, desejava respectivamente:
(C) estendendo, escritório, espírito (A) adjetivo, adjetivo
(D) quietação, sabonete, nadador (B) advérbio, advérbio
(E) religião, irmão, solidão (C) advérbio, adjetivo
(D) numeral, adjetivo
45. (FUVEST) Assinale a alternativa em que uma das palavras (E) numeral, advérbio
não é formada por prefixação:
(A) readquirir, predestinado, propor 49. (ITA-SP)
(B) irregular, amoral, demover Beber é mal, mas é muito bom.
(C) remeter, conter, antegozar (FERNANDES, Millôr. Mais! Folha de S. Paulo, 5 ago. 2001, p.
(D) irrestrito, antípoda, prever 28.)
(E) dever, deter, antever
A palavra “mal”, no caso específico da frase de Millôr, é:
46. (UNIFESP - 2015) Leia o seguinte texto: (A) adjetivo
Você conseguiria ficar 99 dias sem o Facebook? (B) substantivo
Uma organização não governamental holandesa está propondo (C) pronome
um desafio que muitos poderão considerar impossível: ficar 99 dias (D) advérbio
sem dar nem uma “olhadinha” no Facebook. O objetivo é medir o (E) preposição
grau de felicidade dos usuários longe da rede social.
O projeto também é uma resposta aos experimentos psicológi- 50. (PUC-SP) “É uma espécie... nova... completamente nova!
cos realizados pelo próprio Facebook. A diferença neste caso é que (Mas já) tem nome... Batizei-(a) logo... Vou-(lhe) mostrar...”. Sob o
o teste é completamente voluntário. Ironicamente, para poder par- ponto de vista morfológico, as palavras destacadas correspondem
ticipar, o usuário deve trocar a foto do perfil no Facebook e postar pela ordem, a:
um contador na rede social. (A) conjunção, preposição, artigo, pronome
Os pesquisadores irão avaliar o grau de satisfação e felicidade (B) advérbio, advérbio, pronome, pronome
dos participantes no 33º dia, no 66º e no último dia da abstinência. (C) conjunção, interjeição, artigo, advérbio
Os responsáveis apontam que os usuários do Facebook gastam (D) advérbio, advérbio, substantivo, pronome
em média 17 minutos por dia na rede social. Em 99 dias sem acesso, (E) conjunção, advérbio, pronome, pronome
a soma média seria equivalente a mais de 28 horas, 2que poderiam
ser utilizadas em “atividades emocionalmente mais realizadoras”.
(http://codigofonte.uol.com.br. Adaptado.) GABARITO
Após ler o texto acima, examine as passagens do primeiro pa-
rágrafo: “Uma organização não governamental holandesa está pro-
1 D
pondo um desafio” “O objetivo é medir o grau de felicidade dos
usuários longe da rede social.” 2 E
A utilização dos artigos destacados justifica-se em razão: 3 C
(A) da retomada de informações que podem ser facilmente
depreendidas pelo contexto, sendo ambas equivalentes semantica- 4 B
mente. 5 E
(B) de informações conhecidas, nas duas ocorrências, sendo
6 C
possível a troca dos artigos nos enunciados, pois isso não alteraria
o sentido do texto. 7 B
(C) da generalização, no primeiro caso, com a introdução de 8 D
informação conhecida, e da especificação, no segundo, com infor-
mação nova. 9 B
(D) da introdução de uma informação nova, no primeiro caso, e 10 A
da retomada de uma informação já conhecida, no segundo.
(E) de informações novas, nas duas ocorrências, motivo pelo 11 C
qual são introduzidas de forma mais generalizada 12 B
13 E
14 B

27
LÍNGUA PORTUGUESA

15 A ANOTAÇÕES
16 C
17 A ______________________________________________________
18 C ______________________________________________________
19 D
______________________________________________________
20 C
21 E ______________________________________________________

22 C ______________________________________________________
23 A
______________________________________________________
24 D
______________________________________________________
25 E
26 A ______________________________________________________
27 B ______________________________________________________
28 C
______________________________________________________
29 B
30 A ______________________________________________________

31 E ______________________________________________________
32 B ______________________________________________________
33 E
______________________________________________________
34 B
35 B ______________________________________________________
36 E ______________________________________________________
37 A
______________________________________________________
38 A
39 B ______________________________________________________

40 A ______________________________________________________
41 D ______________________________________________________
42 D
______________________________________________________
43 B
44 D ______________________________________________________
45 E ______________________________________________________
46 D
_____________________________________________________
47 B
_____________________________________________________
48 B
49 B ______________________________________________________
50 E ______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

28
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS
ACERCA DO ESTADO DO TOCANTINS
1. Tópicos relevantes e atuais de diversas áreas, tais como segurança, transportes, política, economia, sociedade, educação, saúde, cul-
tura, tecnologia, energia, relações internacionais, desenvolvimento sustentável e ecologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. História e geografia do estado do Tocantins. O movimento separatista. A criação do estado. Os governos desde a criação. Governo e
administração pública estadual. Divisão política do estado do Tocantins. Clima e vegetação. Hidrografia. Economia, política e desen-
volvimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS
ACERCA DO ESTADO DO TOCANTINS
• Araguaína: Araguaína, Guaraí, Colinas do Tocantins, Tocanti-
TÓPICOS RELEVANTES E ATUAIS DE DIVERSAS ÁREAS, nópolis e Araguatins.
TAIS COMO SEGURANÇA, TRANSPORTES, POLÍTICA, • Gurupi: Gurupi e Dianópolis.
ECONOMIA, SOCIEDADE, EDUCAÇÃO, SAÚDE, CULTURA, Seus estados limítrofes são: Goiás, ao sul, Mato Grosso, a oeste
TECNOLOGIA, ENERGIA, RELAÇÕES INTERNACIONAIS, e sudoeste, Pará, a oeste e noroeste, Maranhão, a norte, noroeste e
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ECOLOGIA leste, Piauí, a leste e Bahia, a leste e sudeste.

Prezado Candidato, o tema acima supracitado,será abordado O nome do estado faz referência ao rio Tocantins, que o corta
na matéria de Temas da Atualidade (Apenas a prova de redação) de sul a norte. O termo vem do tupi e significa “bicos de tucanos”. O
nome do rio, por sua vez, se refere a uma tribo indígena que habita-
va o local na ocasião da chegada dos portugueses.

HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO TOCANTINS. O Palmas


MOVIMENTO SEPARATISTA. A CRIAÇÃO DO ESTADO. OS Capital do Estado de Tocantins desde janeiro de l990, a cidade
GOVERNOS DESDE A CRIAÇÃO.GOVERNO E ADMINISTRA- de Palmas ocupa área de 2.745 km2 , a uma altitude de 260 metros,
ÇÃO PÚBLICA ESTADUAL. DIVISÃO POLÍTICA DO ESTADO na região central do Estado, distante 973 km de Brasília, a capital
DO TOCANTINS.CLIMA E VEGETAÇÃO. HIDROGRAFIA. federal. Sua construção foi iniciada no dia 20 de maio de l989. A
ECONOMIA, POLÍTICA E DESENVOLVIMENTO população residente em sua área metropolitana totaliza 85.901 ha-
bitantes, sendo 55,5 % de homens e 44,4% de mulheres.
Entre as principais atrações turísticas de Palmas encontram-se
Detalhes sobre a formação do território as belas e tranquilas praias fluviais, com destaque para a Praia da
Último estado brasileiro a ser criado, o Tocantins começou a Graciosa, a 10 km do centro da cidade, dotada de infra-estrutura
ser povoado somente na primeira metade do século XVII. Entretan- necessária à comodidade dos frequentadores. A Reserva Ecológica
to, o território que hoje o compreende, inicialmente, pertencia ao da Serra do Lajeado, distante l8 km do centro da cidade, tem 1.500
estado de Goiás. km2 de área e se caracteriza por traços ambientais da caatinga, do
Antes da chegada dos portugueses o local era habitado por cerrado e da floresta tropical úmida. Possui diversas cachoeiras que
indígenas das tribos dos xingus e txucarramães. A partir de 1625, formam piscinas apropriadas para a prática da natação, destacan-
sob liderança do Frei Cristóvão de Lisboa, uma missão religiosa foi do-se a do Roncador e a do Brejo da Lagoa, ambas com 70 metros
fundada no extremo norte de Goiás. de altura.
A partir de então, a ocupação do território tem duas fontes dis- A sua arquitetura, em estilo contemporâneo, assemelha-se à
tintas: por um lado, migrantes do norte e do nordeste adentraram de Brasília, tendo como exemplo o Palácio Araguaia, sede do gover-
o estado durante os séculos XVII e XVIII. Por outro, os bandeirantes no e cartão de visitas da cidade. Embora pouco explorado, o setor
paulistas na busca pelo ouro entraram pela porção sul. Portanto, o de restaurantes, bares e casas noturnas oferece opções razoáveis
Tocantins é influenciado pelas duas culturas. ao turista. No que se refere á infra-estrutura hoteleira, a cidade con-
De certo modo, é possível dizer que os imigrantes das diferen- ta atualmente com sete estabelecimentos, com capacidade para
tes origens estabeleceram vínculos com seus pares. Enquanto nor- 425 acomodações.
destinos e nortistas se aproximaram do estado do Pará e Maranhão,
os sulistas permaneceram mais ligados a Minas Gerais e São Paulo. Ilha do Bananal
Os movimentos separatistas começaram a aparecer por volta A maior ilha fluvial do Brasil foi descoberta em julho de l773
de 1821. Foi proclamado neste ano o Governo Autônomo de Tocan- por um sertanista, José Pinto Fonseca, que andava pelas terras de
tins, uma tentativa totalmente fracassada. Aproximadamente cem Goiás à procura de índios para escravizar. O primeiro nome da ilha
anos depois, em 1920, mais um tentativa infrutífera foi feita. foi Santana, passando mais tarde a denominar-se Bananal, em ra-
Na década de 60, com a construção de Brasília, a região norte zão da existência de extensos bananais em seu território
do estado de Goiás começou a se desenvolver. Fatores como a cons- Reserva ambiental desde l959, a ilha é formada pelos rios Ara-
trução da rodovia Belém-Brasília, exploração do ouro e do calcário, guaia e Javaés, possuindo área de mais de dois milhões de hectares.
além do extrativismo de madeira, também foram importantes para Está subdividida em duas partes: ao norte, o Parque Nacional do
o progresso local. Além do aumento populacional, a agropecuária Araguaia, com quase a totalidade da área da ilha, abrangendo tam-
deu o primeiro salto. bém parte dos municípios de Pium, Lagoa da Confusão e Formoso
Ao término da Ditadura Militar, propostas para a divisão do es- do Araguaia. Sua sede administrativa fica na localidade de Macaúba,
tado ressurgiram, e foram vetadas, nos governos de João Goulart e à margem direita do Rio Araguaia. O Parque Indígena do Araguaia,
José Sarney. Somente em 1988, com a promulgação da nova Cons- criado em l97l, possui l.600 hectares, onde vivem 1.700 índios das
tituição, a criação do Tocantins foi efetivada. tribos Javaés e Carajás. Sua flora é típica do cerrado e da floresta
Amazônica. Na ilha são ainda encontradas onças-pintadas, antas,
Sobre o estado capivaras, lobos, veados, ariranhas, gaviões-reais, águias pescado-
Pertencente ao norte do país, o Tocantins, representado pela ras e araras-azuis, entre outras espécies ameaçadas de extinção.
sigla TO é o estado mais novo do Brasil. Seu gentílico é o tocantinen-
se. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a Araguaína
área total do estado é de 277 620,914 km², sendo a décima unidade Cidade que se desenvolveu a partir da construção da rodovia
federativa em extensão territorial. Belém Brasília na década de 70, destaca-se como grande criadora
O território está dividido em 139 municípios, e estes, em 3 re- de gado bovino, sendo por isso conhecida como “a Capital do Boi
giões geográficas intermediárias e onze regiões geográficas imedia- Gordo “. É a cidade com maior população no Estado e em seu mu-
tas: nicípio encontra-se em vias de implantação, uma Zona de Processa-
• Palmas: Palmas, Porto Nacional, Paraíso do Tocantins e Mira- mento de Exportação (ZPE), localizada a 384 km da capital, Palmas.
cema do Tocantins.

1
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS
ACERCA DO ESTADO DO TOCANTINS
Xambioá O extremo norte de Goiás foi desbravado por missionários ca-
Situada no extremo norte do Estado, a 502 km da cidade de tólicos chefiados por frei Cristovão de Lisboa, que em 1625 percor-
Palmas, a cidade está localizada na região conhecida como “Bico- reram a área do rio Tocantins, fundando ali uma missão religiosa.
-do-Papagaio”. Xambioá, que em tupi-guarani quer dizer “pássaro Nos dois séculos que se seguiram, a corrente de migração vinda do
veloz”, é uma pacata cidade da beira do Rio Araguaia, com grandes norte e nordeste continuou a ocupar parte da região.
extensões de praias e diversas ilhas fluviais ao longo do rio, como a Pelo sul, vieram os bandeirantes, chefiados por Bartolomeu
ilha do Paletó e ilha do Campo. Bueno, que percorreram toda a região que hoje corresponde aos
estados de Goiás e Tocantins, ao longo do século XVIII. Na região
Natividade existiam duas culturas diferentes: de um lado, a dos sulistas, origi-
Situada 2l8 km ao sul da capital do Estado, numa região des- nários de São Paulo, e, do outro, os nortistas, de origem nordestina.
coberta em l728, Natividade foi a sede provisória da Comarca do As dificuldades de acesso à região sul do estado, por parte dos
Norte de Goiás, no período de l809 a l8l5. Ainda no século XIX, foi o habitantes do norte, os levaram a estabelecer vínculos comerciais
berço das primeiras manifestações para a separação da região nor- mais fortes com os estados do Maranhão e Pará, sedimentando
te do Estado de Goiás. Tombada em l984 pelo Patrimônio Histórico cada vez mais as diferenças e criando o anseio separatista.
Nacional, a cidade conserva, em antigos casarões e ruas estreitas, Em setembro de l821, houve um movimento que proclamou
a sua arquitetura colonial de influência portuguesa e francesa. O em Cavalcante, e posteriormente em Natividade, um governo autô-
Centro Histórico de Natividade é considerado o mais importante nomo da região norte do estado. Cinqüenta e dois anos depois, foi
e bem conservado acervo arquitetônico do Estado de Tocantins. proposta a criação da província de Boa Vista do Tocantins, projeto
não aceito pela maioria dos deputados do Império.
Indígenas No ano de l956, o juiz de direito da comarca de Porto Nacional
Existe uma população estimada de 5.275 índios no Estado elaborou e divulgou um “Manifesto à Nação”, assinado por nume-
de Tocantins, distribuídos entre sete grupos, que ocupam área de rosos nortenses, deflagrando um movimento nessa comarca, que
2.171.028 hectares. Desse total, 630.948 hectares já foram demar- revigorava a idéia da criação de um novo estado.
cados pela Fundação Nacional do Índio - FUNAI. Em l972, foi apresentada pelo presidente da Comissão da Ama-
Cerca de 74% das terras indígenas, que correspondem aproxi- zônia, da Câmara dos Deputados, o Projeto de Redivisão da Ama-
madamente a l.795.080 hectares, incluem apenas duas áreas que zônia Legal, do qual constava a criação do estado de Tocantins. A
ainda estão em processo de demarcação, embora já estejam ocu- criação do estado do Tocantins foi aprovada em 27 de julho de l988,
padas pelos Javaés e Boto Velhos. pela Comissão de Sistematização e pelo Plenário da Assembléia Na-
O grupo indígena mais numeroso é o dos Krahôs, com popu- cional Constituinte.
lação de l.280 habitantes, que ocupa área de 302.533 hectares já Seu primeiro governador, José Wilson Siqueira Campos, tomou
demarcada pela FUNAI, nos municípios de Goiatins e Itacajá. Os posse em 1º de janeiro de l989, na cidade de Miracema do Tocan-
Xerentes representam o segundo grupo em tamanho, com popula- tins, escolhida como capital provisória do novo estado, até que a
ção de l.l35 habitantes. Ocupam área também já demarcada pela cidade de Palmas, a atual capital, fosse construída.
FUNAI, de l67.542 hectares, no município de Tocantínia. Existe uma população estimada de 5.275 índios no estado
de Tocantins, distribuídos entre sete grupos, que ocupam área de
Vegetação 2.171.028 hectares. Desse total, 630.948 hectares já foram demar-
Floresta Amazônica a N, cerrado na maior parte do território cados pela Fundação Nacional do Índio – FUNAI.
com pequeno trecho de floresta tropical Cerca de 74% das terras indígenas, que correspondem aproxi-
CLIMA: tropical
madamente a l.795.080 hectares, incluem apenas duas áreas que
CIDADES MAIS POPULOSAS: Palmas, Araguaína, Gurupi, Porto
ainda estão em processo de demarcação, embora já estejam ocu-
Nacional
padas pelos javaés e botos velhos.
HORA LOCAL (em relação a Brasília): a mesma
O grupo indígena mais numeroso é o dos krahôs, com popu-
HABITANTE: tocantinense
lação de l.280 habitantes, que ocupa área de 302.533 hectares já
DENSIDADE: 4,15 habitantes p/km2
demarcada pela FUNAI, nos municípios de Goiatins e Itacajá. Os xe-
CAPITAL: Palmas, fundada em: 1/1/1990
rentes representam o segundo grupo em tamanho, com população
HABITANTE DA CAPITAL: palmense
de l.l35 habitantes. Ocupam área também já demarcada pela FU-
As principais atividades econômicas do estado de Tocantins ba- NAI, de l67.542 hectares, no município de Tocantínia.
seiam-se na produção agrícola, com destaque para a produção de
arroz, milho, soja, mandioca e cana-de-açúcar. A criação pecuária Bandeira
também é significativa, com 5,54 milhões de bovinos, 737 mil suí- Instituída pela lei 094/89, de 17 de novembro de 1989, na pri-
nos, 180 mil eqüinos e 30 mil bubalinos. meira Constituição do Estado do Tocantins, a Bandeira do Estado é
Outras atividades significativas são as indústrias de processamen- constituída de um desenho simples e despojado. Tem um retângulo
to de alimentos, a construção civil, móveis e madeireiras. O estado pos- com as proporções de 20 módulos de comprimento por 14 de largura.
sui ainda jazidas de estanho, calcário, dolomita, gipsita e ouro. Os vértices superior esquerdo e inferior direito são dois triân-
O Estado foi criado por determinação da Constituição Brasileira gulos retângulos, com catetos de 13 por 9,1 módulos, nas cores azul
de 05 de outubro de 1988, a partir da divisão do Estado de Goiás e amarelo ouro, respectivamente. A barra resultante dessa divisão,
(parte norte e central). Mas a idéia de se constituir uma unidade em branco, está carregada com um sol estilizado de amarelo ouro,
autônoma na região data do século 19. com oito pontas maiores e 16 pontas menores, com quatro e 2,3
Em 1821, Joaquim Teotônio Segurado chegou a proclamar um módulos de raio.
governo autônomo, mas o movimento foi reprimido. O projeto da Bandeira do Tocantins traz a mensagem de uma ter-
Na década de 70, a proposta de formação do novo Estado foi ra onde o sol nasce para todos. De amarelo ouro, ele derrama seus
apresentada ao Congresso;chegou a ser aprovada em 1985, mas na raios sobre o futuro do novo Estado, colocado sobre uma barra branca,
ocasião acabou vetada pelo então presidente da República, José símbolo da paz, entre os campos azul e amarelo, cores que expressam
Sarney. respectivamente o elemento água e o rico solo tocantinense.

2
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS
ACERCA DO ESTADO DO TOCANTINS
Brasão de Armas sendo acentuada, pois o subsolo local é muito poroso, garantindo
Criado pela lei 092/89, de 17 de novembro de 1989, publica- boa infiltração e armazenamento de água, formando um reservató-
da na primeira Constituição do Estado do Tocantins, o Brasão de rio considerável.
Armas do Estado é um escudo elíptico, preenchido na metade su-
perior pela cor azul e carregado com a metade de um sol de ouro Classificação do clima
estilizado, do qual se vêem cinco raios maiores e oito menores, li- O Estado do Tocantins está sob domínio climático tropical se-
mitados na linha divisória. A metade inferior do escudo é uma asna mi-úmido, caracterizado por apresentar uma estação com estia-
azul, ladeada nos flancos direito e esquerdo de branco e no termo gem aproximada de 4 meses. Com essas temperaturas e índices
de amarelo ouro. de pluviosidade, o clima recebe a classificação de AW – Tropical de
verão úmido e período de estiagem no inverno , de acordo com a
classificação de Koppen. A estiagem varia de 3 a 5 meses, sendo as
precipitações pluviais crescentes do Sul para o norte (1500 a 1750
mm/ano) e do Leste para o Oeste (1000 a 1800 mm/ano). Janeiro se
caracteriza por ser o mais chuvoso e agosto o mais seco.

Temperatura
As temperaturas médias anuais na região variam entre 23° e
26°C, sendo crescente no sentido do Sul para o Norte. Ao Norte do
paralelo 6°S, as temperaturas máximas ocorrem em fins de setem-
bro e começo de outubro, e as mínimas em julho. Ao sul do para-
lelo 6°S, as temperaturas máximas ocorrem em fins de setembro e
começo de outubro e as mínimas em julho. A amplitude entre as
médias das máximas e das mínimas é de apenas 14°C.

Precipitação
As precipitações pluviais crescem do Sul para o Norte variando
de 1500 mm a 1750 mm/ano, do Leste para o Oeste de 1000 mm
a 1800 mm/ano. Caracterizam-se por uma distribuição sazonal de
chuvas que definem dois períodos, um seco de maio a agosto, ou-
tro chuvoso correspondendo aos meses de setembro a maio, sendo
janeiro o mês mais chuvoso e agosto o mais seco.

Sob o escudo, lista azul com a inscrição “Estado do Tocantins” e Evaporação


a data “1º de janeiro de 1989”, em letras brancas, fazendo referên- A evaporação média anual no Estado é de 1.528 mm. Nas áreas
cia à data de instalação do Estado. mais secas, no período não chuvoso, podem ocorrer déficit´s supe-
Em timbre, uma estrela de amarelo ouro com borda azul, enci- riores a 250 mm nos meses críticos de agosto a setembro.
mada pela expressão em tupi “CO YVY ORE RETAMA”, que significa
Radiação Solar
em português Esta terra é nossa, escrita em sobre listel azul.
A radiação solar global é da ordem de 176 kcal/cm² em agosto,
Significados
a mínimo de 12,7 kcal/cm² em dezembro.
O sol amarelo, do qual se vê apenas a metade despontando no
horizonte contra o azul do firmamento, é a imagem idealizada ainda
Umidade Relativa
nos primórdios da história do novo Estado, quando sua emancipa-
A umidade relativa do ar apresenta uma média anual de 76%
ção mais parecia um sonho inatingível. Simboliza o Estado nascen-
em toda área que compõe o Estado.
te. A asna em azul, cor do elemento água, representa a confluência
Ao Norte do paralelo 6°S, a umidade relativa do ar registra valo-
dos rios Araguaia e Tocantins, fonte perene de riquezas e recursos res mais elevados, superando 85% no período de dezembro a maio,
hidroenergéticos. permanecendo ainda com valores altos nos demais meses do ano.
Os campos em amarelo e branco lembram, respectivamente, o Na parte central do Estado, a média está em torno de 75%. No ex-
rico solo tocantinense e a paz desejada para o Estado. tremo Sul, a média anual fica em torno de 68,5%, caindo nos meses
Em timbre, a estrela em amarelo representa a condição do Es- secos para valores entre 40% a 50%.
tado do Tocantins como uma das unidades da Federação Brasileira. A umidade relativa máxima de 85% ocorre no posto de Porto
Como suporte, a coroa de louros que era colocada na fronte dos he- Nacional nos meses de fevereiro e março, enquanto que em Santa
róis vitoriosos, em verde, como justa homenagem e reconhecimen- Isabel (Município de Ananás) tais valores extremos aparecem no
to ao valor dos tocantinenses cujo esforço transformaram o sonho bimestre março/abril (89 a 91% ).
tão longínquo de emancipação na mais viva realidade. Os valores mínimos de umidade relativa no posto de Porto Na-
cional são verificados no período agosto/setembro (53% a 57%),
Clima enquanto que em Santa Isabel (Município de Ananás), adianta-se à
Classificado como Aw (tropical quente), com temperaturas que medida que se desloca para o Norte.
variam, entre 25°C ao norte e 22°C ao sul.
Durante os meses de outubro a março ocorrem as chuvas na Pressão Atmosférica
região, o volume médio de precipitação nas regiões norte e leste é Há uma regularidade na distribuição das pressões atmosféricas
de aproximadamente 1.800mm/ano e na região sul é de 1.000mm/ em função das baixas altitudes e das latitudes continentais das re-
ano. A estação seca, por sua vez, ocorre entre abril e setembro, não giões tropicais, onde não há ciclones intensos a influenciá-la.

3
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS
ACERCA DO ESTADO DO TOCANTINS
Ventos
Os ventos na região da Bacia do Araguaia são fracos, sendo o regime eólico da região caracterizado por uma incidência média de cal-
maria da ordem de 80% ao ano.
Na estação de Porto Nacional ocorrem velocidades mensais de 1 m/s no mês de janeiro,e 1,31 m/s em dezembro, sendo sua média
mensal na maior parte do ano em torno de 1,26 m/s.
Na estação de Santa Isabel (Município de Ananás), em operação somente de 1981 a 1985, registrou-se a média anual de velocidade de
1,28 m/s, sendo os ventos predominantes de direção norte, com velocidade média de 1,78 m/s a uma freqüência média de 19,7%.

Insolação
A insolação documentada pelos heliógrafos das estações, registram em média 2.470 horas de insolação/ano, nos postos meteoroló-
gicos do Estado do Tocantins.

Evapotranspiração
As variações mínimas de ETP são da ordem de 4,0 mm/dia em fevereiro e máximas de 6,0 mm/dia nos meses de agosto e setembro.
Esses dados são de grande relevância para se trabalhar com reservas de água disponíveis no solo, na irrigação das culturas.

Nebulosidade
A nebulosidade máxima ocorre nos meses de outubro a abril, sendo um fenômeno muito estável no Estado.
A menor nebulosidade verifica-se em julho, sendo sua média anual variável de 4,8 a 6,1 décimas partes do céu encoberto.

Solos
Os solos predominantes do Estado do Tocantins são Latossolos Vermelhos Amarelo(LV), areias Quatzosas (AQ) e solos Litólicos (R) re-
presentando cerca de 63,8% do Estado. Os solos: Latossolo Amarelo (LA), Latossolos Vermelhos Escuro(LE), Latossolo Roxo (LR), Podzólico
Vermelho Amarelo (PV), Bruzem Avermelhado (BV), Cambissolo (C), Solos Hidromóficos (HG), Areias Quartozosas Hidromórficas (HAQ) e
solos Concrecionários (SC), representam 36,2%.
A nível taxonômico de fertilidade e outras características, os solos da região do cerrado diferem pouco dos da região amazônica. Em
geral, os solos do cerrado têm um alto nível de acidez com freqüente toxidez de alumínio, corrigível com a aplicação de calcário.

Cobertura Vegetal
As coberturas vegetais variam muito dependendo das condições geomorfológicas e variações das precipitações. A região Norte do
Estado do Tocantins está coberta pela vegetação densa de babaçu, e as regiões sul e sudeste estão cobertas pela vegetação de cerrado,
predominante do Planalto Central do Brasil. As coberturas vegetas do Estado podem ser representadas pelos cerrados que ocupam maior
parte, floresta densa e floresta aberta mista – predominante na região norte, Floresta densa – predominante na parte noroeste, e floresta
Hidrofila no Vale do Araguaia.

Hidrografia
A bacia hidrográfica do Estado do Tocantins está delimitada principalmente pelo rio Araguaia a oeste, e pelo Rio Tocantins a leste. Esses
rios correm no sentido Sul-Norte e se encontram no extremo norte do Estado, na região do Bico do Papagaio. Após esta confluência, o Rio
Tocantins deságua no delta do Rio Amazonas.
O Estado, abrange aproximadamente dois terços da bacia Hidrográfica do Rio Tocantins e um terço da Bacia Hidrográfica do Rio Ara-
guaia, além de várias sub-bácias importantes, fazendo do Estado do Tocantins, um dos Estados mais ricos do Brasil em recursos hídricos
para irrigação, construção de hidrovias, geração de energia elétrica, e empreendimentos de turismo ecológico, aquicultura e consumo
humano.

METEOROLOGIA NO TOCANTINS
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado do Tocantins, mantém convênio com o Instituto Nacional de Meteorologia (IN-
MET), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, são 07 estações em todas as regiões do estado, especificamente nas cidades
de: Araguaína, Gurupi, Palmas, Peixe, Pedro Afonso, Porto Nacional e Taguatinga.
Estação Meteorológica de Observação de Superfície Convencional
Uma estação meteorológica convencional é composta de vários sensores isolados que registram continuamente os parâmetros me-
teorológicos (pressão atmosférica, temperatura e umidade relativa do ar, precipitação, radiação solar, direção e velocidade dos ventos,
etc), que são lidos e anotados por um observador humano a cada intervalo, este os envia a um centro coletor por um meio de comunicação
qualquer.

Estação Meteorológica de Observação de Superfície Automática


Uma estação meteorológica de superfície automática é composta de uma unidade de memória central (“data logger”), ligada a vários
sensores dos parâmetros meteorológicos (pressão atmosférica, temperatura e umidade relativa do ar, precipitação, radiação solar, direção
e velocidade dos ventos, etc), que integra os valores medidos minuto a minuto e transmite os dados observados automaticamente a cada
hora.

Localizado na Região Norte, o estado do Tocantins é o mais novo dos 26 Estados do Brasil, a criação ocorreu em 1988. Sua localização,
no centro geográfico do país, possibilita fazer limites com estados do Nordeste (Maranhão, Piauí e Bahia), Centro-Oeste (Goiás e Mato
Grosso) e da Região Norte (Pará).

4
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS
ACERCA DO ESTADO DO TOCANTINS
Parte da elite goiana, com interesse nas áreas ao norte da província, procurou estabelecer um governo na região do atual Estado do
Tocantins. Durante o período Republicano, foi realizada uma tentativa de dividir o território goiano, criando o Estado do Tocantins. No en-
tanto, somente na década de 1980, o movimento pela emancipação do norte goiano ganhou força no Congresso Nacional.
No dia 5 de outubro de 1988, através da promulgação da Constituição Federal – artigo 13 do Ato das Disposições Constitucionais Tran-
sitórias - foi criado o Estado do Tocantins, tendo como capital a recém construída cidade de Palmas.

Já neste mapa vamos ver Tocantins com os Estados que lhe fazem fronteira.

5
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS
ACERCA DO ESTADO DO TOCANTINS
Possui uma extensão territorial de 277.621,858 quilômetros Por último, o norte de Goiás passou a ser visto, após a queda da
quadrados, divididos em 139 municípios. Além da capital, Palmas, mineração, como sinônimo de atraso econômico e involução social,
outros municípios de grande importância do Tocantins são: Araguaí- gerador de um quadro de pobreza para a maior parte da população.
na, Gurupi, Porto Nacional, e Paraíso do Tocantins.
Essa região foi palco primeiramente de uma fase épica vivida
Conforme dados do Censo Demográfico de 2010, realizado pelo pelos seus exploradores, “que em quinze anos abriam caminhos e
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Tocantins to- estradas, vasculharam rios e montanhas, desviam correntes, des-
taliza 1.383.445 habitantes. Apresenta crescimento demográfico matam regiões inteiras, rechaçaram os índios, exploram, habitam e
de 1,8% ao ano, superior à média nacional. Isso ocorre devido ao povoam uma área imensa....” (PALACIM, Luis,1979, p.30)
intenso fluxo migratório com destino ao estado.
Descoberto o ouro, a região passa, de acordo com a política
HISTÓRIA DO ESTADO DO TOCANTINS mercantilista do século XVIII, a ser incorporada ao Brasil. O período
aurífero foi brilhante, mas breve. E a decadência, quase sem transi-
a) Desbravamento da região ção, sujeitou a região a um estado de abandono.
colonização do Brasil se deu dentro do contexto da política
mercantilista do século XVI que via no comércio a principal forma Foi na economia de subsistência que a população encontrou
de acumulação de capital, garantido, principalmente, através da mecanismos de resistência para se integrar economicamente ao
posse de colônias e de metais preciosos. mercado nacional. Essa integração, embora lenta, foi se concreti-
zando baseada na produção agropecuária, que predomina até hoje
Além de desbravar, explorar e povoar novas terras os coloniza- e constitui a base econômica do Estado do Tocantins (PARENTE, Te-
dores tinham também uma justificativa ideológica: a expansão da fé mis Gomes, 1999, p.96)
cristã. “Explorava-se em nome de Deus e do lucro, como disse um
mercador italiano” (AMADO, GARCIA, 1989, p.09). A preocupação c) Economia do ouro
em catequizar as populações encontradas foi constante. As descobertas de minas de ouro em Minas Gerais no ano 1690
e em Cuiabá em 1718 despertaram a crença de que em Goiás, si-
A colônia brasileira, administrada política e economicamente tuado entre Minas Gerais e Mato Grosso, também deveria existir
pela metrópole, tinha como função fornecer produtos tropicais e/ ouro. Foi essa a argumentação da bandeira de Bartolomeu Bueno
ou metais preciosos e consumir produtos metropolitanos. Portugal, da Silva, o Anhanguera (filho do primeiro Anhanguera que esteve
então, iniciou a colonização pela costa privilegiando a cana de açú- com o pai na região anos antes), para conseguir a licença do rei de
car como principal produto de exportação. Portugal a fim de explorar a região.
Enquanto os colonizadores portugueses se concentravam no O rei cedia a particulares o direito de exploração de riquezas
litoral, no século XVII ingleses, franceses e holandeses conquistavam a
minerais mediante o pagamento do quinto, que segundo ordena-
região norte brasileira estabelecendo colônias que servissem de base
ção do reino, era uma decorrência do domínio real sobre todo o
para posterior exploração do interior do Brasil. Os franceses, depois de
subsolo. O rei, não querendo realizar a exploração diretamente, ce-
devidamente instalados no forte de São Luís na costa maranhense, ini-
dia a seus súditos este direito exigindo em troca o quinto do metal
ciam a exploração dos sertões do Tocantins. Coube a eles a descoberta
fundido e apurado, a salvo de todos os gastos.
do Rio Tocantins pela foz no ano de 1610 (RODRIGUES, 2001).
Em julho de 1722 a bandeira do Anhanguera saiu de São Paulo.
O rio Tocantins foi um dos caminhos para o conhecimento e
exploração da região onde hoje se localiza o Estado do Tocantins. Em 1725 volta com a notícia da descoberta de córregos auríferos. A
Nasce no Planalto Central de Goiás e corta, no sentido sul-norte, partir desse momento, Goiás entra na história como as Minas dos
todo o território do atual Estado do Tocantins. Goyazes. Dentro da divisão do trabalho no império português, este
é o título de existência e de identidade de Goiás durante quase um
Só mais de quinze anos depois dos franceses foi que os portu- século.
gueses iniciaram a colonização da região pela “decidida ação dos
jesuítas”. E ainda no século XVII os padres da Companhia de Jesus Um grande contingente populacional deslocou-se para “a re-
fundaram as aldeias missionárias da Palma (Paranã) e do Duro (Dia- gião do Araés, como a princípio se chamou essa parte do Brasil, que
nópolis) (SECOM, 1998). diziam possuir montanhas de ouro, lagos encantados e os martírios
de Nosso Senhor de Jesus Cristo gravados nas pedras das monta-
b) Norte de Goiás nhas. Era um novo Eldorado de histórias romanescas e contos fabu-
O norte de Goiás deu origem ao atual Estado do Tocantins. Se- losos” ( ALENCASTRE, José Martins Pereira, 1979, p. 45).
gundo a historiadora Parente ( 1999), esta região foi interpretada
sob três versões. Inicialmente, norte de Goiás foi denominativo atri- Diante dessas expectativas reinou, nos primeiros tempos, a
buído somente à localização geográfica dentro da região das Minas anarquia, pois era a mineração “alvo de todos os desejos. O proprie-
dos Goyazes na época dos descobrimentos auríferos no século XVIII. tário, o industrialista, o aventureiro, todos convergiam seus esfor-
Com referência ao aspecto geográfico, essa denominação perdurou ços e seus capitais para a mineração” ( ALENCASTRE, José Martins
por mais de dois séculos, até a divisão do Estado de Goiás, quando Pereira, 1979, p. 18).
a região norte passa a ser o Estado do Tocantins.
Inicialmente, as minas de Goiás eram jurisdicionadas à capita-
Num segundo momento, com a descoberta de grandes minas nia de São Paulo na condição de intendência, com a capital em Vila
na região, o norte de Goiás passou a ser conhecido como uma das Boa e sob a administração de Bueno, a quem foi atribuído o cargo
áreas que mais produziam ouro na capitania. Esta constatação des- de superintendente das minas com o objetivo de “representar e
pertou o temor ao contrabando que acabou fomentando um arro- manter a ordem legal e instaurar o arcabouço tributário”. ( PALA-
cho fiscal maior que nas outras áreas mineradoras. CIN, Luís, 1979, p. 33)

6
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS
ACERCA DO ESTADO DO TOCANTINS
d) Formação dos arraiais e) O controle das minas
“Há ouro e água”. Isto basta. Depois da fundação solene do pri- Desde quando ficou conhecida a riqueza aurífera das Minas de
meiro arraial de Goiás, o arraial de Sant’Anna, esse foi o critério Goyazes, o governo português tomou uma série de medidas para
para o surgimento dos demais arraiais. Para as margens dos rios garantir para si o maior proveito da exploração das lavras. Foi proi-
ou riachos auríferos deslocaram-se populações da metrópole e de bida a abertura de novas estradas em direção às minas. Os rios fo-
todas as partes da colônia, formando à proporção em que se desco- ram trancados à navegação. As indústrias proibidas ou limitadas. A
bria ouro, um novo arraial “que podia progredir ou ser abandonado, lavoura e a criação inviabilizadas por pesados tributos: braços não
dependendo da quantidade de riquezas existentes”. (PARENTE, Te- podiam ser desviados da mineração. O comércio foi fiscalizado. E o
mis Gomes, 1999, p.58) fisco, insaciável na arrecadação.

Nas décadas de 1730 e 1740 ocorreram as descobertas aurífe- “Só havia uma indústria livre: a mineração, mas esta mesma su-
ras no norte de Goiás e, por causa delas, a formação dos primeiros jeita à capitação e censo, à venalidade dos empregados de registros
arraiais no território onde hoje se situa o Estado do Tocantins. Na- e contagens, à falsificação na própria casa de fundição, ao quinto
tividade e Almas (1734), Arraias e Chapada (1736), Pontal e Porto (....), ao confisco por qualquer ligeira desconfiança de contraban-
Real (1738). Nos anos 40, surgiram Conceição, Carmo e Taboca, e do” (ALENCASTRE, José Martins Pereira, 1979, p. 18). À época do
mais tarde Príncipe (1770). Alguns foram extintos, como Pontal, Ta- descobrimento das Minas dos Goyazes vigorava o método de quin-
boca e Príncipe. Os outros resistiram à decadência da mineração tamento nas casas de fundição. A das minas de Goiás era em São
e no século XIX se transformaram em vilas e posteriormente em Paulo. Para lá que deveriam ir os mineiros para quintar seu ouro.
cidades. Recebiam de volta, depois de descontado o quinto, o ouro fundido
e selado com selo real.
O grande fluxo de pessoas de todas as partes e de todos os
tipos permitiu que a composição social da população dos arraiais O ouro em pó podia ser usado como moeda no território das
de ouro se tornasse bastante heterogênea. Trabalhar, enriquecer e minas, mas se saísse da capitania, tinha que ser declarado ao passar
regressar ao lugar de origem eram os objetivos dos que se dirigiam pelo registro e depois quintado, o que praticamente ficava como
para as minas. Em sua maioria eram homens brancos, solteiros ou obrigação dos comerciantes. Estes, vendendo todas as coisas a cré-
desacompanhados da família, que contribuíram para a mistura de dito, prazo e preços altíssimos acabavam ficando com o ouro dos
raças com índias e negras escravas. No final do século XVIII, os mes- mineiros e eram os que, na realidade, canalizavam o ouro das minas
tiços já eram grande parte da população que posteriormente foram para o exterior e deviam, por conseguinte, pagar o quinto corres-
absorvidos no comércio e no serviço militar. pondente.

A população branca era composta de mineiros e de pessoas O método da casa de fundição para a cobrança do quinto se-
pobres que não tinham nenhuma ocupação e eram tratados, nos ria ideal se não fosse um problema que tomava de sobressalto o
documentos oficiais, como vadios. governo português: o contrabando do ouro, que oferecia alta ren-
tabilidade: “os vinte por cento do imposto mais dez por cento de
Ser mineiro significava ser dono de lavras e escravos. Era o ideal ágio”. Das minas para a costa ou para o exterior era sempre um
de todos os habitantes das minas, um título de honra e praticamen- negócio lucrativo, que “nem o cipoal de leis, alvarás, cartas régias e
te acessível a quase todos os brancos. O escravo podia ser compra- provisões, nem os seqüestros, devassas de registros, prêmios pro-
do a crédito, sua posse dava o direito de requerer uma data - um metidos aos delatores e comissões aos soldados puderam por freio
lote no terreno de mineração - e o ouro era de fácil exploração, do (....)”.( PALACIN, 1979, p. 49).
tipo aluvional, acumulado no fundo e nas margens dos rios.
O grande contrabando era dos comerciantes que controlavam
Todos, uns com mais e outros com menos ações, participavam o comércio desde os portos, praticado (....) “por meio da conivência
da bolsa do ouro. Grandes comerciantes e contratadores que resi- dos guardas dos registros, ou de subornos de soldados, que custo-
diam em Lisboa ou Rio de Janeiro mantinham aqui seus administra- diavam o comboio dos quintos reais”. Contra si o governo tinha as
dores. Escravos, mulatos e forros também praticavam a faiscagem dilatadas fronteiras, o escasso policiamento, o costume inveterado
- procura de faíscas de ouro em terras já anteriormente lavradas. e a inflexibilidade das leis econômicas. ( PALACIN, 1979, p. 49). A
Alguns, pela própria legislação, tinham muito mais vantagens. seu favor tinha o poder político, jurídico e econômico sobre toda a
colônia. Assim, decreta como primeira medida, em se tratando das
O negro teve uma importância fundamental nas regiões minei-
minas, o isolamento destas.
ras. Além de ser a mão-de-obra básica em todas as atividades, da
extração do ouro ao carregamento nos portos, era também uma
A partir de 1730 foram proibidas todas as outras vias de aces-
mercadoria de grande valor. Primeiro, a quantidade de negros ca-
so a Goiás ficando um único caminho, o iniciado pelas bandeiras
tivos foi condição determinante para se conseguir concessões de
paulistas que ligavam as minas com as regiões do Sul, São Paulo e
lavras e, portanto, para um branco se tornar mineiro. Depois, com
Rio de Janeiro. Com isso, ficava interditado o acesso pelas picadas
a instituição da capitação no lugar do quinto, o escravo tornou-se
vindas do Nordeste - Bahia e Piauí. Foi proibida a navegação fluvial
referência de valor para o pagamento do imposto. Neste, era a
quantidade de escravos matriculados que determinava o quanto o pelo Tocantins, afastando a região de outras capitanias - Grão-Pará
mineiro iria pagar em ouro para a Coroa. Mas a situação do negro e Maranhão.
era desoladora. Os maus tratos e a dureza do trabalho nas minas
resultavam em constantes fugas. À proporção que crescia a importância das minas surgiram
atritos com os governadores das capitanias do Maranhão e Pará,
A mão-de-obra indígena na produção para a exportação foi “quando do descobrimento das minas de Natividade e São Félix e
muito menor que a negra. Isso é devido ao fato da não adaptação dos boatos de suas grandes riquezas (...). Os governadores toma-
do índio ao rigor do trabalho exigido pelo branco, gerando uma pro- ram para si a incumbência de nomear autoridades para os ditos ar-
dução de baixa rentabilidade. raiais e outras minas que pudessem surgir, a fim de tomarem posse

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ATUALIDADES E CONHECIMENTOS
ACERCA DO ESTADO DO TOCANTINS
e cobrarem os quintos de ouro ali existentes”.( PARENTE , 1999, p. abandonado. Os arraiais de ouro, que surgiam e desapareciam no
59).O resultado foi o afastamento dessa interferência seguido da Tocantins, contribuíram apenas para o expansionismo geográfico.
proibição, através de bandos, da entrada das populações das capi- Cada vez se adentrava mais o interior em busca do ouro aluvional,
tanias limítrofes na região e a saída dos que estavam dentro sem mas em vão.
autorização judicial.
No norte da capitania a crise foi mais profunda. Isolada tanto
f) Decadência da produção propositadamente quanto geograficamente, essa região sempre
A produção do ouro goiano teve o seu apogeu nos primeiros sofreu medidas que frearam o seu desenvolvimento. A proibição
dez anos de estabelecimento das minas, entre 1726 e 1735. Foi o da navegação fluvial pelos rios Tocantins e Araguaia eliminou a ma-
período em que o ouro aluvional aflorava por toda a região, resul- neira mais fácil e econômica de a região atingir outros mercados
tando numa produtividade altíssima. Quando se iniciou a cobrança consumidores das capitanias do norte da colônia. O caminho aberto
do imposto de capitação em todas as regiões mineiras, a produção que ligava Cuiabá a Goiás não contribuiu em quase nada para inter-
começou a cair, possivelmente mascarada pelo incremento do con- ligar o comércio da região com outros centros abastecedores, visto
trabando na região, impossível de se mensurar. que o mercado interno estava voltado ao litoral nordestino. Esse
isolamento, junto com o fato de não se incentivar a produção agro-
De 1752 a 1778, a arrecadação chegou a um nível mais alto por -pecuária nas regiões mineiras, tornava abusivo o preço de gêneros
ser o período da volta da cobrança do quinto nas casas de fundição. de consumo e favorecia a especulação. A carência de transportes,
Mas a produtividade continuou decrescendo. O motivo dessa con- a falta de estradas e o risco freqüente de ataques indígenas dificul-
tradição era a própria extensão das áreas mineiras, que compensa- tavam o comércio.
vam e excediam a redução de produtividade.
Além destas dificuldades, o contrabando e a cobrança de pe-
A distâncias das minas do norte, os custos para levar o ouro e sados tributos contribuíram para drenagem do ouro para fora da
o risco de ataques indígenas aos mineiros justificaram a criação de região. Dos impostos, somente o quinto era remetido para Lisboa.
uma casa de fundição em São Félix em 1754. Mas, já em 1797, foi Todos os outros (entradas, dízimos, contagens, etc.) eram destina-
transferida para Cavalcante, “por não arrecadar o suficiente para dos à manutenção da colônia e da própria capitania.
cobrir as despesas de sua manutenção”.( PARENTE, 1999, p. 51)
Inviabilizadas as alternativas de desenvolvimento econômico
A Coroa Portuguesa mandou investigar as razões da diminui- devido à falta de acumulação de capital e ao atrofiamento do mer-
ção da arrecadação da Casa de Fundição de São Félix. Foram toma- cado interno após o fim do ciclo da mineração, a população se volta
das algumas providências como a instalação de um registro, posto para a economia de subsistência.
fiscal, entre Santa Maria (Taguatinga) e Vila do Duro (Dianópolis).
Outra tentativa para reverter o quadro da arrecadação foi organi- Nas últimas décadas do século XVIII e início do século XIX, toda
zar bandeiras para tentar novos descobrimentos. Tem-se notícia do a capitania estava mergulhada numa situação de crise, o que levou
itinerário de apenas duas. Uma dirigiu-se rumo ao Pontal (região os governantes goianos a voltarem suas atenções para as atividades
de Porto Real), pela margem esquerda do Tocantins e entrou em econômicas que antes sofreram proibições, objetivando soerguer a
conflito com os Xerente, resultando na morte de seu comandante. região da crise em que mergulhara.

A outra saiu de Traíras (nas proximidades de Niquelândia (GO) g) Subsistência da população e a integração econômica
para as margens do rio Araguaia em busca dos Martírios, serra onde Na segunda década do século XIX, com o fim da mineração,
se acreditava existir imensas riquezas auríferas. Mas a expedição só os aglomerados urbanos estacionaram ou desapareceram e grande
chegou até a ilha do Bananal onde sofreu ataques dos Xavante e parte da população abandonou a região. Os que permaneceram fo-
Javaé, dali retornando. ram para zona rural e dedicaram-se à criação de gado e agricultura,
produzindo apenas algum excedente para aquisição de gêneros es-
No período de 1779 a 1822, ocorreu a queda brusca da arre- senciais.( PALACIN, 1989, p. 46)
cadação do quinto com o fim das descobertas do ouro de aluvião,
predominando a faiscagem nas minas antigas. Quase sem transição, Toda a capitania entrou num processo de estagnação econô-
chegou a súbita decadência. mica. No norte, o quadro de abandono, despovoamento, pobreza e
miséria foi descrito por muitos viajantes e autoridades que passa-
A crise econômica ram pela região nas primeiras décadas do século XIX.
O declínio da mineração foi irreversível e arrastou “consigo os
outros setores a uma ruína parcial: diminuição da importação e do Saint-Hilaire, na divisa norte/sul da capitania, revelou: “à exce-
comércio externo, menor arrecadação de impostos, diminuição da ção de uma casinha que me pareceu abandonada, não encontrei
mão-de-obra pelo estancamento na importação de escravos, es- durante todo o dia nenhuma propriedade, nenhum viajante, não vi
treitamento do comércio interno, com tendência à formação de o menor trato de terra cultivada, nem mesmo um único boi”.
zonas de economia fechada e um consumo dirigido à pura subsis-
tência, esvaziamento dos centros de população, ruralização, empo- Johann Emanuel Pohl, anos depois, passando pelo povoado de
brecimento e isolamento cultural”( PALACIN, 1979, p. 133). Toda a Santa Rita constatou: “é um lugar muito pequeno, em visível deca-
capitania entrou em crise e nada foi feito para a sua revitalização. dência (...). Por não haver negros, por falta de braços, as lavras de
Endividados com os comerciantes, os mineiros estavam descapita- ouro estão inteiramente descuradas e abandonadas”.
lizados.
O desembargador Theotônio Segurado, que mais tarde se tor-
A avidez pelo lucro fácil, tanto das autoridades administrativas naria ouvidor da Comarca do Norte, em relatório de 1806, deu con-
metropolitanas quanto dos mineiros e comerciantes, não admi- ta das penúrias em que vivia a região em função tanto do abandono
tiu perseveranças. O local onde não se encontrava mais ouro era como da falta de meios para contrapor esse quadro: “A capitania

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ATUALIDADES E CONHECIMENTOS
ACERCA DO ESTADO DO TOCANTINS
nada exportava; o seu comércio externo era absolutamente passi- local. No lugar escolhido por Segurado, o alvará de 25 de janeiro de
vo: os gêneros da Europa, vindos em bestas do Rio ou Bahia pelo es- 1814 autorizava a construção da sede na confluência dos rios Palma
paço de 300 léguas, chegavam caríssimos; os negociantes vendiam e Paranã, a vila de Palma, hoje a cidade de Paranã.
tudo fiado: daí a falta de pagamentos, daí as execuções, daí a total
ruína da Capitania”. A vila de São João das Duas Barras recebeu o título de vila, mas
nunca chegou a ser construída. Theotônio Segurado, administrador
Diante dessa situação, a Coroa Portuguesa tomou consciência da Comarca do Norte, muito trabalhou para o desenvolvimento da
de que só através do povoamento, da agricultura, da pecuária e navegação do Tocantins e o incremento do comércio com o Pará.
do comércio com outras regiões que a capitania poderia retomar Assumiu posição de liderança como grande defensor dos interesses
o fluxo comercial de antes. Como saída para a crise voltaram-se as regionais e, tão logo se mostrou oportuno, não hesitou em reivindi-
atenções para as possibilidades de ligação comercial com o litoral, car legalmente a autonomia político-administrativa da região.
através da capitania do Pará, pela navegação dos rios Tocantins e
Araguaia.( CAVALCANTE, 1999,p.39) O 18 de março foi, oficialmente, considerado o Dia da Autono-
mia pela lei 960 de 17 de março de 1998, por ser a data da criação
As picadas, os caminhos e a navegação pelos rios Tocantins e da Comarca do Norte, estabelecida como marco inicial da luta pela
Araguaia, todos interditados na época da mineração para conter o emancipação do Estado.
contrabando, foram liberados desde 1782. Como efeito imediato o
norte começou a se relacionar com o Pará, ainda que de forma pre- i) Movimento Separatista do Norte de Goiás - 1821 a 1824
cária e inexpressiva. A Revolução do Porto no ano de 1820, em Portugal, exigindo
a recolonização do Brasil, mobilizou na colônia, especificamente
Nas primeiras décadas do século XIX, o desembargador Theo- no litoral, a elite intelectualizada em prol da emancipação do país.
tônio Segurado já apontava a navegação dos rios Tocantins e Ara- Em Goiás, essas idéias liberais refletiram na tentativa de derrubar a
guaia como alternativa para o desenvolvimento da região através própria personificação da dominação portuguesa: o capitão-gene-
do estímulo à produção para um comércio mais vantajoso tanto no ral Manoel Sampaio.
norte como em toda a Capitania, diferente do tradicionalmente rea-
lizado com a Bahia, Minas Gerais e São Paulo. Com esse fim propôs Houve uma primeira investida nesse sentido em 1821, sob a
a formação de companhias de comércio, o estímulo à agricultura, o liderança do capitão Felipe Antônio Cardoso e do pe. Luiz Bartolo-
povoamento das margens desses rios oferecendo isenção por dez meu Marques. Coube ao primeiro mobilizar os quartéis e ao segun-
anos do pagamento de dízimos aos que ali se estabelecessem, e, do conclamar o povo e lideranças para a preparação de um golpe
aos comerciantes, concessão de privilégios na exportação para o que iria depor Sampaio. Contudo, houve uma denúncia sobre o gol-
Pará ( CAVALCANTE, 1999). pe e, em seguida, foi ordenada a prisão dos principais líderes rebel-
des. O pe. Marques conseguiu fugir e novamente articulou contra
Com estas propostas chamou a atenção das autoridades go- o capitão-general. Sampaio impôs sua autoridade e os rebeldes fo-
vernamentais para a importância do comércio de Goiás com o Pará, ram expulsos da capital Vila Boa. Alguns vieram para o norte, como
através dos rios Araguaia e Tocantins. Foi ele próprio realizador de o capitão Cardoso, que teve ordem para se retirar para o distrito de
viagens para o Pará incentivando a navegação do Tocantins. Desta- Arraias, e o pe. José Cardoso de Mendonça, enviado para a aldeia
cou-se como um grande defensor dos interesses da região quando de Formiga e Duro.
foi ouvidor da Comarca do norte. A criação dessa comarca visava
promover o povoamento no extremo norte para fomentar o comér- Mas os acontecimentos que ocorreram na capital não ficaram
cio e a navegação dos rios Araguaia e Tocantins. isolados. A idéia da nomeação de um governo provisório, depois de
fracassada na capital, foi aclamada no norte onde já havia anseios
h) Criação da Comarca do Norte - 1809 separatistas. O desejo do padre Luiz Bartolomeu Marques não era
Para facilitar a administração, a aplicação da justiça e, princi- outro senão a independência do Brasil. E a deposição de Sampaio
palmente, incentivar o povoamento e o desenvolvimento da nave- seria apenas o primeiro passo. Para este fim contavam com o vigá-
gação dos rios Tocantins e Araguaia, o Alvará de 18 de março de rio de Cavalcante, Francisco Joaquim Coelho de Matos, que cedeu a
1809 dividiu a Capitania de Goiás em duas comarcas (regiões): a direção das coisas ao desembargador Joaquim Theotônio Segurado.
Comarca do Sul e a Comarca do Norte. Esta recebeu o nome de
Comarca de São João das Duas Barras, assim como chamaria a vila No dia 14 de setembro, um mês após a frustrada tentativa de
que, na confluência do Araguaia no Tocantins se mandaria criar com deposição de Sampaio, instalou-se o governo independencista do
este mesmo nome para ser sua sede. Para nela servir foi nomeado norte, com capital provisória em Cavalcante. O ouvidor da Comarca
o desembargador Joaquim Theotônio Segurado como seu ouvidor. do Norte, Theotônio Segurado, presidiu e estabeleceu essa junta
provisória até janeiro de 1822. No dia seguinte, o governo provi-
A nova comarca compreendia os julgados de Porto Real, Nati- sório da Comarca da Palma fez circular uma proclamação em que
vidade, Conceição, Arraias, São Félix, Cavalcante, Traíras e Flores. O declarou-se separado do governo.( ALENCASTRE, 1979). As justifica-
arraial do Carmo, que já tinha sido cabeça de julgado, perde essa tivas para a separação do norte em relação ao centro-sul de Goiás
condição que foi transferida para Porto Real, ponto que começava a eram, para Segurado, de natureza econômica, política, administra-
prosperar com a navegação do Tocantins. Enquanto não se fundava tiva e geográfica.
a vila de São João das Duas Barras, Natividade seria a sede da ouvi-
doria. A função primeira de Theotônio Segurado era designar o local A instalação de um governo independente - não necessaria-
onde deveria ser fundada essa vila. mente em relação à Coroa Portuguesa, mas sim ao governo do ca-
pitão-general da Comarca do Sul - parecia ser o único objetivo de
Alegando a distância e a descentralização em relação aos jul- Theotônio Segurado. A sua posição não-independencista provocou
gados mais povoados, o ouvidor e o povo do norte solicitaram a D. a insatisfação de alguns dos seus correligionários políticos e a reti-
João autorização para a construção da sede da comarca em outro rada de apoio à causa separatista. Em outubro de 1821, transfere

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ATUALIDADES E CONHECIMENTOS
ACERCA DO ESTADO DO TOCANTINS
a capital para Arraias provocando oposição e animosidade dos re- Pelo artigo 13 do Ato das Disposições Constitucionais Transitó-
presentantes de Cavalcante. Com o seu afastamento em janeiro de rias da Constituição, em 05 de outubro de 1988, nascia o Estado do
1822, quando partiu para Lisboa como deputado representante de Tocantins.
Goiás na Corte, agravou a crise interna.
A eleição dos primeiros representantes tocantinenses foi reali-
“A partir dessa data uma série de atritos parecem denunciar zada em 15 de novembro de 1988, pelo Tribunal Regional Eleitoral
que a junta havia ficado acéfala. Na ausência de Segurado, nenhu- de Goiás, junto com as eleições dos prefeitos municipais. Além do
ma liderança capaz de impor-se com a autoridade representativa da governador e seu vice, foram escolhidos os senadores e deputados
maioria dos arraiais conseguiu se firmar. Pelo contrário, os interes- federais e estaduais.
ses particulares dos líderes de Cavalcante, Palmas, Arraias e Nativi-
dade se sobrepuseram à causa separatista regional”.( CAVALCANTE, A cidade de Miracema do Norte, localizada na região central
1999,p.64) do novo Estado, foi escolhida como capital provisória. No dia 1º de
janeiro de 1989 foi instalado o Estado do Tocantins e empossados
j) Trajetória de luta pela criação do Tocantins o governador, José Wilson Siqueira Campos; seu vice, Darci Mar-
No final do século XIX e no decorrer do século XX, a idéia de se tins Coelho; os senadores Moisés Abrão Neto, Carlos Patrocínio e
criar o Tocantins, estado ou território, esteve inserida no contexto Antônio Luiz Maya; juntamente com oito deputados federais e 24
das discussões apresentadas em torno da redivisão territorial do deputados estaduais.
país, no plano nacional. Mas, a concretização desta idéia só veio
com a Constituição de 1988 que criou o Estado do Tocantins pelo Ato contínuo, o governador assinou decretos criando as Secre-
desmembramento do estado de Goiás. tarias de Estado e viabilizando o funcionamento dos poderes Le-
gislativo e Judiciário e dos Tribunais de Justiça e de Contas. Foram
Ainda no Império, duas tentativas: a defesa de Visconde de Tau- nomeados o primeiro secretariado e os primeiros desembargado-
nay, na condição de deputado pela Província de Goiás, propondo a res. Também foi assinado decreto mudando o nome das cidades do
separação do norte goiano para a criação da Província da Boa Vista novo Estado que tinham a identificação “do Norte” e passaram para
do Tocantins, com a vila capital em Boa Vista (Tocantinópolis), em “do Tocantins”. Foram alterados, por exemplo, os nomes de Mirace-
1863; e, de modo mais concreto, em 1889, com o projeto de Fausto ma do Norte, Paraíso do Norte e Aurora do Norte para Miracema do
de Souza para a redivisão do Império em 40 províncias, constando a Tocantins, Paraíso do Tocantins e Aurora do Tocantins.
do Tocantins na região que compreendia o norte goiano.
No dia 5 de outubro de 1989, foi promulgada a primeira Cons-
Nas primeiras décadas da República o discurso separatista so- tituição do Estado, feita nos moldes da Constituição Federal. Foram
breviveu na imprensa regional, principalmente de Porto Nacional criados mais 44 municípios além dos 79 já existentes. Atualmente,
- maior centro econômico e político da época - em periódicos como o Estado possui 139 municípios.
“Folha do Norte” e “Norte de Goiás”. A partir da década de 1930
que o discurso retorna à esfera nacional. Foi construída, no centro geográfico do Estado, numa área de
1.024 Km2 desmembrada do município de Porto Nacional, a cidade
Após a criação pela Constituição de 1937 dos territórios do de Palmas, para ser a sede do governo estadual. Em 1º de janeiro de
Amapá, Rio Branco, Guaporé - atual Rondônia - Itaguaçu e Ponta 1990, foi instalada a capital.
Porã (extintos pela Constituição de 1946), houve também quem de-
fendesse a criação do território do Tocantins. l) Criação do Estado do Tocantins - 1988
O ano era 1987. As lideranças souberam aproveitar o momento
A criação do Estado do Tocantins - 1988 oportuno para mobilizar a população em torno de um projeto de
O ano era 1987. As lideranças souberam aproveitar o momento existência quase secular e pelo qual lutaram muitas gerações: a au-
oportuno para mobilizar a população em torno de um projeto de tonomia política do norte goiano, já batizado Tocantins.
existência quase secular e pelo qual lutaram muitas gerações: a au-
tonomia política do norte goiano, já batizado Tocantins. A Conorte apresentou à Assembléia Constituinte uma emenda
popular com cerca de 80 mil assinaturas como reforço à proposta
A Conorte apresentou à Assembléia Constituinte uma emenda de criação do Estado. Foi criada a União Tocantinense, organização
popular com cerca de 80 mil assinaturas como reforço à proposta supra-partidária com o objetivo de conscientização política em toda
de criação do Estado. Foi criada a União Tocantinense, organização a região norte para lutar pelo Tocantins também através de emen-
supra-partidária com o objetivo de conscientização política em toda da popular. Com objetivo similar, nasceu o Comitê Pró-Criação do
a região norte para lutar pelo Tocantins também através de emen- Estado do Tocantins, que conquistou importantes adesões para a
da popular. Com objetivo similar, nasceu o Comitê Pró-Criação do causa separatista. “O povo nortense quer o Estado do Tocantins. E o
Estado do Tocantins, que conquistou importantes adesões para a povo é o juiz supremo. Não há como contestá-lo”, reconhecia o go-
causa separatista. “O povo nortense quer o Estado do Tocantins. E o vernador de Goiás na época, Henrique Santilo. ( SILVA, 1999,p.237)
povo é o juiz supremo. Não há como contestá-lo”, reconhecia o go-
vernador de Goiás na época, Henrique Santilo. ( SILVA, 1999,p.237) Em junho, o deputado Siqueira Campos, relator da Subcomis-
são dos Estados da Assembléia Nacional Constituinte, redige e en-
Em junho, o deputado Siqueira Campos, relator da Subcomis- trega ao presidente da Assembléia, o deputado Ulisses Guimarães,
são dos Estados da Assembléia Nacional Constituinte, redige e en- a fusão de emendas criando o Estado do Tocantins que foi votada e
trega ao presidente da Assembléia, o deputado Ulisses Guimarães, aprovada no mesmo dia.
a fusão de emendas criando o Estado do Tocantins que foi votada e
aprovada no mesmo dia. Pelo artigo 13 do Ato das Disposições Constitucionais Transitó-
rias da Constituição, em 05 de outubro de 1988, nascia o Estado do
Tocantins.

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ATUALIDADES E CONHECIMENTOS
ACERCA DO ESTADO DO TOCANTINS
A eleição dos primeiros representantes tocantinenses foi realizada em 15 de novembro de 1988, pelo Tribunal Regional Eleitoral de
Goiás, junto com as eleições dos prefeitos municipais. Além do governador e seu vice, foram escolhidos os senadores e deputados federais
e estaduais.

A cidade de Miracema do Norte, localizada na região central do novo Estado, foi escolhida como capital provisória. No dia 1º de janeiro
de 1989 foi instalado o Estado do Tocantins e empossados o governador, José Wilson Siqueira Campos; seu vice, Darci Martins Coelho; os
senadores Moisés Abrão Neto, Carlos Patrocínio e Antônio Luiz Maya; juntamente com oito deputados federais e 24 deputados estaduais.

Ato contínuo, o governador assinou decretos criando as Secretarias de Estado e viabilizando o funcionamento dos poderes Legislativo
e Judiciário e dos Tribunais de Justiça e de Contas. Foram nomeados o primeiro secretariado e os primeiros desembargadores. Também
foi assinado decreto mudando o nome das cidades do novo Estado que tinham a identificação “do Norte” e passaram para “do Tocantins”.
Foram alterados, por exemplo, os nomes de Miracema do Norte, Paraíso do Norte e Aurora do Norte para Miracema do Tocantins, Paraíso
do Tocantins e Aurora do Tocantins.

No dia 5 de outubro de 1989, foi promulgada a primeira Constituição do Estado, feita nos moldes da Constituição Federal. Foram cria-
dos mais 44 municípios além dos 79 já existentes. Atualmente, o Estado possui 139 municípios.

Foi construída, no centro geográfico do Estado, numa área de 1.024 Km2 desmembrada do município de Porto Nacional, a cidade de
Palmas, para ser a sede do governo estadual. Em 1º de janeiro de 1990, foi instalada a capital.

Fonte: https://adetuc.to.gov.br/desenvolvimento-da-cultura/tocantins---historia/l-criacao-do-estado-do-tocantins---1988/

Dados do IBGE

História
A colônia brasileira tinha como função fornecer produtos tropicais e metais preciosos, além de consumir produtos da metrópole.
Portugal iniciou a colonização pela costa privilegiando a cana de açúcar como principal produto de exportação. Se concentraram no litoral
enquanto que os ingleses, franceses e holandeses entravam pela região norte instalando colônias que servissem de base para explorar o
interior do Brasil.
Os franceses iniciaram a exploração dos sertões do Tocantins, depois de estarem instalados no Maranhão. Eles descobriram o rio To-
cantins pela foz, no ano de 1610, sendo um dos caminhos para exploração da região onde hoje é o estado do Tocantins.
Tocantins é o mais novo estado brasileiro, sendo instalado em 1º de janeiro de 1989, emancipado de Goiás. A luta pela autonomia
política do norte goiano, já conhecido como Tocantins, em referência ao rio de mesmo nome, se intensifica em 1987.
Em 5 de outubro de 1988, nascia o estado, através do artigo 13 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição.
Tem como limites Goiás, Mato Grosso, Pará, Maranhão, Piauí e Bahia.

Fonte
TOCANTINS. Governo. Disponível em: <http://seden.to.gov.br/desenvolvimento-da-cultura/tocantins---historia/>. Acesso em: ago. 2017.

POPULAÇÃO

População estimada [2019] 1.572.866 pessoas


População no último censo [2010] 1.383.445 pessoas
Densidade demográfica [2010] 4,98 hab/km²
Total de veículos [2018] 690.169 veículos

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ATUALIDADES E CONHECIMENTOS
ACERCA DO ESTADO DO TOCANTINS

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ATUALIDADES E CONHECIMENTOS
ACERCA DO ESTADO DO TOCANTINS

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ATUALIDADES E CONHECIMENTOS
ACERCA DO ESTADO DO TOCANTINS

EDUCAÇÃO

IDEB – Anos iniciais do ensino fundamental (Rede pública) [2017] 5,4


IDEB – Anos finais do ensino fundamental (Rede pública) [2017] 4,5
Matrículas no ensino fundamental [2018] 246.183 matrículas
Matrículas no ensino médio [2018] 63.384 matrículas
Docentes no ensino fundamental [2018] 13.018 docentes
Docentes no ensino médio [2018] 4.987 docentes
Número de estabelecimentos de ensino fundamental [2018] 1.313 escolas
Número de estabelecimentos de ensino médio [2018] 341 escolas

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ATUALIDADES E CONHECIMENTOS
ACERCA DO ESTADO DO TOCANTINS

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ATUALIDADES E CONHECIMENTOS
ACERCA DO ESTADO DO TOCANTINS

TRABALHO E RENDIMENTO

Rendimento nominal mensal domiciliar per capita [2018] 1.045,00 R$


Pessoas de 16 anos ou mais ocupadas na semana de referência [2016] 663 pessoas (×1000)
Proporção de pessoas de 16 anos ou mais em trabalho formal, considerando apenas as ocupadas na 42,7 %
semana de referência [2016]
Proporção de pessoas de 14 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência em trabalhos 47,7 %
formais [2019]
Rendimento médio real habitual do trabalho principal das pessoas de 14 anos ou mais de idade, 2.536 R$
ocupadas na semana de referência em trabalhos formais [2019]
Pessoal ocupado na Administração pública, defesa e seguridade social [2017] 84.102 pessoas

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ATUALIDADES E CONHECIMENTOS
ACERCA DO ESTADO DO TOCANTINS

ECONOMIA

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) [2010] 0,699


Receitas orçamentárias realizadas [2017] 10.305.099,01 R$ (×1000)
Despesas orçamentárias empenhadas [2017] 8.929.456,44 R$ (×1000)
Número de agências [2018] 113 agências
Depósitos a prazo [2018] 1.886.953.464,00 R$
Depósitos à vista [2018] 998.414.681,00 R$

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ATUALIDADES E CONHECIMENTOS
ACERCA DO ESTADO DO TOCANTINS

TERRITÓRIO E AMBIENTE

Área da unidade territorial [2018] 277.720,404 km²

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NORMAS RELATIVAS À PMTO
1. Lei Complementar Estadual nº 79/2012 (Dispõe sobre a organização básica da Polícia Militar do Estado do Tocantins, e adota outras
providências). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Lei nº 2.578/2012 (Dispõe sobre o Estatuto dos Policiais Militares e Bombeiros Militares do Estado do Tocantins, e adota outras provi-
dências). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05
NORMAS RELATIVAS À PMTO
CAPÍTULO II
LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL Nº 79/2012 (DISPÕE DA ORGANIZAÇÃO BÁSICA DA POLÍCIA MILITAR
SOBRE A ORGANIZAÇÃO BÁSICA DA POLÍCIA MILITAR Seção I
DO ESTADO DO TOCANTINS, E ADOTA OUTRAS PROVI- Da Estrutura Geral
DÊNCIAS)
Art. 4º A PMTO é estruturada em órgãos de direção, de apoio,
Dispõe sobre a organização básica da Polícia Militar do de execução e especiais.
Estado do Tocantins, e adota outras providências. Art. 5º Os órgãos de direção realizam o comando e a adminis-
tração da Corporação.
O Governador do Estado do Tocantins: Art. 6º Os órgãos de apoio realizam e assessoram a atividade-
Faço saber que a Assembleia Legislativa do Estado do Tocantins -meio da Corporação, atendendo às necessidades administrativas,
decreta e eu sanciono a seguinte Lei Complementar: de assessoramento técnico, de pessoal, de ensino e instrução, de
semoventes e de material da PMTO, atuando em cumprimento às
CAPÍTULO I diretrizes e ordens dos órgãos de direção.
DA DESTINAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR, DAS MISSÕES E DA Art. 7º Os órgãos de execução são constituídos pelas unidades
SUBORDINAÇÃO operacionais da Corporação e realizam as atividades-fim da PMTO;
cumprem as missões ou a destinação da Corporação, executando
Art. 1º A Polícia Militar do Estado do Tocantins - PMTO, insti- as diretrizes e ordens emanadas dos órgãos de direção, amparados
tuição permanente, força auxiliar e reserva do Exército Brasileiro, pelos órgãos de apoio.
organizada com base na hierarquia e na disciplina militares, destina-
-se à preservação da ordem pública e à realização do policiamento Seção II
ostensivo no território do Estado do Tocantins. Dos Órgãos de Direção
Art. 2º Compete à PMTO:
I - planejar, organizar, dirigir, supervisionar, coordenar, contro- Art. 8º Compete aos órgãos de direção:
lar e executar as ações de polícia ostensiva e de preservação da or- I - o comando, a administração e o planejamento geral, com
dem pública; vistas à organização da Corporação;
II - executar, com exclusividade, ressalvadas as missões pecu- II - o acionamento, por meio de diretrizes e ordens, dos órgãos
liares às Forças Armadas, o policiamento ostensivo fardado para de apoio e dos de execução;
prevenção e repressão dos ilícitos penais e infrações definidas em III - a coordenação, o controle, a fiscalização e a atuação dos
lei, bem como as ações necessárias ao pronto restabelecimento da órgãos de apoio e os de execução.
ordem pública; Art. 9º Os órgãos de direção compõem o Comando Geral da
III - atuar de maneira preventiva, repressiva ou dissuasiva em Corporação que se constitui do:
locais ou áreas específicas em que ocorra ou se presuma possível a I - Comandante Geral;
perturbação da ordem pública; II - Estado Maior.
IV - exercer o policiamento ostensivo e a fiscalização de trânsito Art. 10. O Comandante Geral, responsável superior pelo co-
nas rodovias estaduais e, no limite de sua competência, nas vias mando, pela administração e pelo emprego da Corporação é no-
urbanas e rurais, além de outras ações destinadas ao cumprimento meado por ato do Chefe do Poder Executivo, dentre os Coronéis
da legislação de trânsito; da ativa diplomados em Curso Superior de Polícia, pertencentes ao
V - desempenhar, nos limites de sua competência, a polícia Quadro de Oficiais Policiais Militares - QOPM do Estado do Tocan-
administrativa do meio ambiente, na fiscalização, constatação e tins.
autuação de infrações ambientais e outras ações pertinentes, e Parágrafo único. O Comandante Geral é auxiliado pelo Estado
colaborar com os demais órgãos ambientais na proteção do meio Maior.
ambiente; Art. 11. O Estado Maior é o responsável perante o Comandante
VI - proceder, nos termos da lei, à apuração das infrações pe- Geral por ações de planejamento, estudo, orientação, coordenação,
nais de competência da polícia judiciária militar; fiscalização e controle das atividades da PMTO, cabendo-lhe a for-
VII - planejar e realizar ações de inteligência destinadas à pre- mulação de diretrizes, ordens e normas gerais de ação do Coman-
venção criminal e ao exercício da polícia ostensiva e da preservação dante Geral no acionamento dos órgãos de apoio e de execução, no
da ordem pública na esfera de sua competência; cumprimento de suas missões.
VIII- realizar a guarda externa de estabelecimentos penais e as §1º O Estado Maior é composto pelas seguintes seções:
missões de segurança de dignitários em conformidade com a lei; I - 1aSeção (PM/1): responsável pelo planejamento de matérias
IX - garantir o exercício do poder de polícia pelos Poderes e relativas à gestão profissional e à legislação;
Órgãos Públicos do II - 2aSeção (PM/2): responsável pelo planejamento das ativi-
Estado, especialmente os das áreas fazendária, sanitária, de dades de inteligência, contra-inteligência, guarda e manutenção de
uso e ocupação do solo, do patrimônio cultural e do meio ambiente; documentos e arquivos sigilosos; e por confeccionar o boletim geral
X - efetuar o patrulhamento aéreo no âmbito de sua compe- reservado da Corporação;
tência. III - 3a Seção (PM/3): responsável pelo planejamento dos as-
Art. 3º A PMTO é subordinada diretamente ao Chefe do Poder suntos relativos à articulação operacional, à administração e ao
Executivo. controle das operações policiais militares; e pelos estudos, doutrina
e pesquisas relativas à preservação da ordem pública, ao policia-
mento ostensivo e à padronização de procedimentos operacionais
da Corporação;
IV - 4aSeção (PM/4): responsável pelo planejamento das maté-
rias relativas à logística, à infraestrutura e ao controle patrimonial
da Corporação;

1
NORMAS RELATIVAS À PMTO
V - 5a Seção (PM/5): responsável pelo planejamento das ativi- XXIV- Diretoria de Saúde e Promoção Social - DSPS;
dades de comunicação social, publicidade, relacionamento com a XXV- Núcleo Setorial de Controle Interno - NUSCIN.
mídia, cerimonial, eventos e marketing institucional; §1º Os órgãos de apoio previstos nos incisos VI a VIII e X a XIII
VI - 6a Seção (PM/6): responsável pelo planejamento das maté- deste artigo auxiliam o Comando Geral da Corporação quanto às
rias relativas ao orçamento e às finanças da Corporação; matérias de interesse institucional, a cargo dos respectivos órgãos.
VII - 7a Seção (PM/7): responsável pelo planejamento das ma- §2º A assessoria de que trata o inciso IX deste artigo auxilia o
térias relativas: Comando Geral junto ao Programa Pioneiros Mirins.
a) às atividades de informática e telecomunicação; §3º A CAPMIL, regulada por ato do Chefe do Poder Executivo,
b) à elevação da qualidade dos serviços, no âmbito de suas atri- vincula-se diretamente ao Comando Geral na condição de órgão de
buições, através da eficiência e da economicidade das atividades assistência religiosa aos Militares, vedada a prática obrigatória de
administrativas e operacionais da Corporação. qualquer culto.
§2º O Chefe da PM/5 acumula a função de Assessor de Comu- Art. 15. Ao GCG, diretamente subordinado ao Comandante Ge-
nicação. ral, cabe a:
§3º O Chefe da PM/7 acumula a função de Assessor Técnico de I - assistência ao Comandante Geral, Chefe do Estado Maior e
Informática e Telecomunicações. Subchefe do Estado Maior, quanto ao assessoramento direto, ime-
Art. 12. O Chefe do Estado Maior é o principal assessor do Co-
diato e de caráter pessoal no desempenho de suas funções;
mandante Geral, competindo-lhe a direção, orientação, coordena-
II - intermediação de contatos com os órgãos internos e exter-
ção e fiscalização dos trabalhos do Estado Maior, cumulativamente
nos.
com a função de Subcomandante Geral da PMTO.
Parágrafo único. O GCG é chefiado por um Oficial Superior da
§1º O Chefe do Estado Maior substitui o Comandante Geral em
seus impedimentos legais e eventuais. ativa da Corporação, de livre escolha do Comandante Geral.
§2º O Chefe do Estado Maior é nomeado por ato do Chefe do Art. 16. A APMT, vinculada tecnicamente à DEIP, é responsável
Poder Executivo mediante indicação do Comandante Geral, dentre por formar, aperfeiçoar e especializar Oficiais e Praças da Corpora-
os Coronéis da ativa pertencentes ao QOPM e tem precedência fun- ção e de coirmãs.
cional sobre os demais Policiais Militares, exceto sobre o Coman- Parágrafo único. Podem ser criados, por ato do Comandante
dante Geral. Geral, Núcleos de Formação, Aperfeiçoamento e Especialização -
Art. 13. O Subchefe do Estado Maior substitui o Chefe do Esta- NFAE nas Unidades da Corporação, vinculados à DEIP.
do Maior em seus impedimentos legais e eventuais. Art. 17. A AG é responsável pela administração do Quartel e da
Parágrafo único. O Subchefe do Estado Maior é nomeado por Banda de Música do Comando Geral e pela coordenação das de-
ato do Chefe do Poder Executivo mediante indicação do Comandan- mais Bandas de Músicas.
te Geral, dentre os Coronéis do QOPM da Corporação e tem prece- Parágrafo único. O Ajudante Geral acumula a função de Co-
dência funcional sobre os demais Policiais Militares, exceto sobre o mandante do Quartel do Comando Geral - QCG.
Comandante Geral e o Chefe do Estado Maior. Art. 18. A ASCOM é responsável pela execução das atividades
de comunicação social, publicidade, relacionamento com a mídia,
Seção III cerimonial, eventos e marketing institucional.
Dos Órgãos de Apoio Art. 19. A AJUR é órgão de assessoramento direto e imediato
ao Comandante Geral.
Art. 14. São órgãos de apoio da PMTO: Art. 20. A ATIT é responsável pela execução das matérias relati-
I - Gabinete do Comandante Geral - GCG; vas à informática e às telecomunicações.
II - Academia Policial Militar Tiradentes - APMT; Art. 21. A CPO é responsável pelas matérias relativas à promo-
III - Ajudância Geral - AG; ção de Oficiais.
IV - Assessoria de Comunicação - ASCOM; Art. 22. A CPP é responsável pelas matérias relativas à promo-
V - Assessoria Jurídica - AJUR; ção de Praças.
VI - Assessoria junto à Assembleia Legislativa - AAL; Art. 23. A CPM é responsável pelas matérias relativas à conces-
VII - Assessoria junto à Prefeitura Municipal de Palmas - APMP;
são de medalhas no âmbito da Corporação.
VIII- Assessoria junto à Secretaria da Segurança Pública - ASESP;
Art. 24. A CORREG, órgão técnico subordinado ao Comandante
IX - Assessoria junto à Secretaria do Trabalho e da Assistência
Geral, com atuação em todo Estado, tem por finalidade:
Social - ASETAS;
I - assegurar a correta aplicação da lei;
X - Assessoria junto ao Ministério Público Estadual - AMP;
XI - Assessoria junto ao Tribunal de Contas do Estado - ATCE; II - padronizar os procedimentos de Polícia Judiciária Militar e
XII - Assessoria junto ao Tribunal de Justiça do Estado - ATJ; de processos e procedimentos administrativos disciplinares;
XIII- Assessoria junto ao Departamento Estadual de Trânsito - III - realizar correições e fiscalizações;
ADET; IV - garantir a preservação dos princípios da hierarquia e disci-
XIV- Assessoria Técnica de Informática e Telecomunicações - plina da Corporação.
ATIT; §1º O Corregedor Geral:
XV - Capelania Militar - CAPMIL; I - é escolhido e nomeado pelo Comandante Geral dentre os
XVI- Comissão de Promoção de Oficiais - CPO; Coronéis do QOPM;
XVII- Comissão de Promoção de Praças - CPP; II - tem precedência funcional sobre os demais Policiais Milita-
XVIII- Comissão Permanente de Medalhas - CPM; res, exceto sobre o Comandante Geral, o Chefe do Estado Maior e o
XIX- Corregedoria Geral - CORREG; Subchefe do Estado Maior.
XX - Diretoria de Apoio Logístico - DAL; §2º O QCG, a APMT e todos os Batalhões e Companhias Inde-
XXI- Diretoria de Ensino, Instrução e Pesquisa - DEIP; pendentes da PMTO contam com corregedorias locais, subordina-
XXII- Diretoria de Gestão Profissional - DGP; das aos respectivos comandantes e vinculadas tecnicamente à Cor-
XXIII- Diretoria de Orçamento e Finanças - DOF; regedoria Geral.

2
NORMAS RELATIVAS À PMTO
Art. 25. A DAL é responsável pela execução, coordenação, fis- Parágrafo único. O CP constitui-se de:
calização, acompanhamento e controle das matérias relativas às I - um Comandante;
atividades de suprimento e manutenção de material, de obras e de II - um Subcomandante;
patrimônio. III - um Estado Maior;
Art. 26. A DEIP é responsável pelo planejamento, execução, co- IV - Pelotão de Comando e Serviços - PCS.
ordenação, fiscalização, acompanhamento e controle das matérias Art. 37. O BPM é a unidade encarregada da execução das ativi-
relativas ao ensino, instrução e pesquisa desenvolvidos na Corpo- dades de policiamento ostensivo, em determinada área ou em ser-
ração. viço especializado, recebendo a respectiva denominação precedida
Art. 27. Cabe à DGP: do numeral ordinal cronológico de criação.
I - a execução, a coordenação, a fiscalização, o acompanhamen- Parágrafo único. O BPM constitui-se de:
to e o controle das matérias relacionadas aos profissionais em tra- I - um Comandante;
balho na Corporação; II - um Subcomandante;
II - o assessoramento de Comissões; III - um Estado Maior;
III - a identificação e a expedição da identidade funcional dos IV - Companhia - Cia PM;
Policiais Militares. V - Pelotão de Comando e Serviços - PCS;
Art. 28. A DOF é responsável pela execução, coordenação, fis- VI - Destacamento - DPM;
calização, acompanhamento e controle das matérias relativas às VII - Subdestacamento - SDPM.
atividades de administração financeira, orçamentária e contábil da Art. 38. A CIPM:
Corporação. I - encarrega-se de atribuições peculiares de BPM que não este-
Art. 29. A DSPS é responsável pela execução, coordenação, fis- jam incluídas na área da circunscrição deste;
calização, acompanhamento e controle das matérias relativas aos II - constitui-se de:
serviços de saúde e à promoção social dos Policiais Militares esta- a) um Comandante;
duais ativos e inativos, seus dependentes e pensionistas, cabendo- b) um Subcomandante;
lhe manter a DGP permanentemente informada das situações de c) um Estado Maior;
afastamentos de Policiais Militares.
d) Pelotão de Comando e Serviços - PCS;
Parágrafo único. A Junta Militar Central de Saúde - JMCS, com-
e) Destacamento - DPM;
posta por Oficiais do Quadro de Saúde ou por profissionais civis,
f) Subdestacamento - SDPM.
subordinada DSPS, é responsável pela execução das inspeções de
Art. 39. A disposição e o efetivo de cada UPM operacional se
saúde de interesse da PMTO.
Art. 30. O NUSCIN, órgão de assessoramento direto ao Coman- constituem em função das necessidades, das características fisio-
dante Geral, é responsável pelas providências referentes à defesa gráficas, psicossociais, políticas e econômicas das áreas, subáreas
do patrimônio público no âmbito da Corporação. ou setores de sua responsabilidade.
Art. 31. Cabe ao Comandante Geral instituir assessorias e co- §1º São disposições de um BPM:
missões, de caráter temporário, que se tornem necessárias ao de- I - possuir duas até seis Companhias;
senvolvimento dos serviços da Corporação, desde que não impli- II - cada Companhia possuir dois a seis Pelotões;
quem aumento de despesa. III - cada Pelotão possuir dois a seis Destacamentos PM-DPM
Art. 32. As funções de diretores e chefes da Seção do Estado ou Subdestacamentos PM-SDPM;
Maior são exclusivas do posto de Coronel ou Tenente-Coronel do IV - cada Destacamento PM ou Subdestacamento PM manter
QOPM. três praças no mínimo, um deles graduado.
Parágrafo único. A DSPS é dirigida por um Coronel ou Tenente- §2º Constitui a CIPM:
-Coronel do QOS ou, excepcionalmente, do QOPM. I - de dois a seis Pelotões;
II - cada Pelotão, de dois a seis DPM ou SDPM;
Seção IV III - cada DPM ou SDPM, manter três Praças ou mais, um deles
Dos Órgãos Especiais graduado.
Art. 40. O desdobramento das OM, em todos os níveis, no ter-
Art. 33. Os Colégios Militares são órgãos especiais da PMTO. ritório do Estado do Tocantins, consta do Plano de Articulação, ela-
borado pelo Estado Maior e aprovado por ato do Comandante Geral
Seção V da Polícia Militar.
Dos Órgãos de Execução Art. 41. Sempre que o policiamento exigir, podem ser criados, a
critério do Comandante Geral, Comandos Regionais de Policiamen-
Art. 34. Os órgãos de execução da PMTO são constituídos pelas to - CRP, escalões intermediários, subordinados respectivamente ao
Unidades Policiais Militares - UPM, encarregadas de executar as ati- Comando de Policiamento da Capital - CPC e ao Comando de Poli-
vidades-fim da Corporação em determinada área ou especialidade. ciamento do Interior - CPI.
Art. 35. Incluem-se entre as UPM:
Art. 42. Cabe ao Comandante Geral avaliar a necessidade do
I - o Comando de Policiamento - CP;
desmembramento de um Batalhão em duas ou mais áreas de novos
II - o Batalhão de Polícia Militar - BPM;
Batalhões ou Companhias Independentes.
III - a Companhia Independente de Polícia Militar - CIPM.
§1º As UPM dividem-se em subunidades.
§2º O Quartel do Comando Geral é considerado unidade admi- Seção VI
nistrativa da Corporação. Da Gestão Profissional
Art. 36. O CP é o escalão intermediário de comando responsá-
vel pela coordenação das atividades operacionais em determinada Art. 43. Os profissionais da PMTO compreendem:
região, abrangendo BPM, CIPM e atividades de policiamento espe- I - o pessoal ativo:
cializado. a) os Oficiais do:

3
NORMAS RELATIVAS À PMTO
1. Quadro de Oficiais Policiais Militares - QOPM: composto por §2º A carreira dos Oficiais pertencentes ao QOS pode alcançar
Oficiais da carreira de combatentes, diplomados em Curso de For- o Posto de:
mação de Oficiais de Academia de Polícia Militar ou de Unidade de I -Coronel, para os Oficiais com formação superior nas áreas de
Ensino Militar equivalente, iniciando a carreira no Posto de 2º Te- Medicina e Odontologia;
nente, após o aspirantado, podendo alcançar o Posto de Coronel II -Major, para os Oficiais com formação superior nas demais
PM; áreas.
2. Quadro de Oficiais de Saúde - QOS: constituído de Oficiais de §3º Compete aos Oficiais do:
formação superior, admitidos mediante concurso público específi- I -QOPM: realizar o comando, a chefia e a direção dos órgãos
co, nas áreas de Medicina, Odontologia, Serviço Social, Bioquímica que compõem a estrutura organizacional da PMTO;
ou Biomedicina, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudio- II - QOS: realizar os serviços respectivos de cada habilitação na
logia, Medicina Veterinária, Psicologia, Nutrição e Educação Física, área da saúde além de outros encargos próprios da carreira militar;
iniciando a carreira no Posto de 2º Tenente, após o aspirantado; III- QOE: exercer as atividades técnico-administrativas ineren-
*3. Quadro de Oficiais Especialistas - QOE: integrado por Ofi- tes a habilitação específica e assistência religiosa para os Oficiais
ciais de formação superior em Administração, Direito, Economia, Capelães, além de outros encargos próprios da carreira militar;
Ciências Contábeis, Pedagogia, Engenharia, Tecnologia da Informa- IV- QOA: exercer as atividades administrativas definidas no
ção ou Teologia, admitidos mediante aprovação prévia em concurso Quadro de Organização e Distribuição do Efetivo - QOD, além de
público. A carreira neste QOE inicia-se no Posto de 2º Tenente, após outros encargos próprios da carreira militar;
aspirantado, podendo alcançar o Posto de Tenente-Coronel PM; V- QOM: sem prejuízo da execução da habilidade instrumental,
*Item 3 com redação determinada pela Lei Complementar nº chefiar atividades administrativas e exercer a regência nas bandas
98, de 16/04/2015 de música, funções definidas no QOD, além de outros encargos pró-
*4. Quadro de Oficiais de Administração - QOA: integrado por prios da carreira militar.
Oficiais com formação em Curso de Habilitação de Oficiais de Ad- Art. 44. O efetivo da PMTO é fixado em lei.
ministração, admitidos mediante seleção, dentre os Subtenentes e Art. 45. Respeitado o efetivo fixado em lei, cabe ao Chefe do
Sargentos do QPPM, habilitados em Curso de Aperfeiçoamento de Poder Executivo aprovar o QOD.
Sargentos, podendo alcançar o Posto de Tenente-Coronel PM;
*Item 4 com redação determinada pela Lei Complementar nº CAPÍTULO III
98, de 16/04/2015. DAS DISPOSIÇÕES GERAIS, TRANSITÓRIAS E FINAIS
5. Quadro de Oficiais Músicos - QOM: formado por Oficiais ha-
Art. 46. O Comandante Geral pode utilizar, na forma da lei, o
bilitados em Curso de Habilitação de Oficiais Músicos, admitidos
profissional civil necessário aos serviços gerais e de natureza técni-
mediante seleção específica, dentre os Subtenentes e Sargentos do
ca ou especializada.
QPE, podendo alcançar o Posto de Major PM;
Art. 47. Ato do Chefe do Poder Executivo, mediante proposta
b) as Praças do:
do Comandante Geral, pode dispor sobre a criação, transformação,
1. Quadro de Praças Especiais Policiais Militares - QPES: consti-
extinção, denominação, localização e estruturação dos órgãos da
tuído pelos Aspirantes a Oficiais e Cadetes;
PMTO, de acordo com a organização básica prevista nesta Lei e den-
*2. Quadro de Praças Policiais Militares – QPPM: constituído
tro dos limites fixados na lei de efetivos.
por Praças da carreira de combatentes, admitidos mediante con-
Art. 48. A Casa Militar é regida por legislação especial.
curso público para ingresso na Graduação de Aluno-Soldado PM, Art. 49. Cabe aos chefes, diretores, assessores ou comandan-
podendo alcançar a Graduação de Subtenente PM; tes de UPM propor ao Comandante Geral, em noventa dias, o re-
*Item 2 com redação determinada pela Lei Complementar nº gulamento dos serviços do respectivo órgão de direção, apoio ou
107, de 25/08/2016. execução.
*3. Quadro de Praças Especialistas – QPE: constituído por Pra- Art. 50. Os meios de comunicação oficial da PMTO são o Bole-
ças, admitidas mediante concurso público específico, na área téc- tim Geral e o Boletim Reservado.
nica de música, para ingresso na Graduação de Aluno-Soldado PM, Parágrafo único. Ato do Comandante Geral dispõe sobre o de-
podendo alcançar a Graduação de Subtenente PM; talhamento do conteúdo da publicação de cada boletim de que tra-
*Item 3 com redação determinada pela Lei Complementar nº ta este artigo.
107, de 25/08/2016. Art. 51. Revoga-se a Lei Complementar 44, de 3 de abril de
*4. Quadro de Praças de Saúde – QPS: constituído por Praças, 2006.
admitidas mediante concurso público específico, na área técnica de Art. 52. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
enfermagem e de radiologia, e outras especialidades técnicas de
saúde, para ingresso na Graduação de Aluno-Soldado PM, podendo Palácio Araguaia, em Palmas, aos 27 dias do mês de março de
alcançar até a Graduação de Subtenente PM; 2012; 191º da Independência, 124º da República e 24º do Estado.
*Item 4 com redação determinada pela Lei Complementar nº
107, de 25/08/2016. JOSÉ WILSON SIQUEIRA CAMPOS
II - o pessoal inativo: Governador do Estado
a) da reserva remunerada: Oficiais e Praças transferidos para a
reserva remunerada;
b) reformados: Oficiais e Praças reformados.
§1º Os Oficiais integrantes do Quadro de Especialistas e do
Quadro de Administração, juntamente com as Praças do Quadro de
Praças Especialistas, podem, a critério do Comando Geral e median-
te planejamento próprio, ser instruídos, mobilizados, colocados de
prontidão ou convocados para trabalhos específicos, desde que re-
cebam o treinamento necessário.

4
NORMAS RELATIVAS À PMTO
V - em atividade;
LEI Nº 2.578/2012 (DISPÕE SOBRE O ESTATUTO DOS VI - em atividade militar estadual, conferida ao militar no de-
POLICIAIS MILITARES E BOMBEIROS MILITARES DO sempenho de:
ESTADO DO TOCANTINS, E ADOTA OUTRAS PROVI- a) cargo;
DÊNCIAS) b) comissão;
c) incumbência ou missão;
d) serviço ou atividade considerada de natureza militar.
LEI Nº 2.578, DE 20 DE ABRIL DE 2012. Parágrafo único. É de natureza militar e considerado integrante
dos quadros de organização da Corporação a função ou cargo para
Dispõe sobre o Estatuto dos Policiais Militares e Bombeiros o qual o interesse público e a conveniência administrativa recomen-
Militares do Estado do Tocantins, e adota outras providências. dem a nomeação de militar do Estado.
Art. 9º A situação jurídica dos militares estaduais é definida
O Governador do Estado do Tocantins pelos dispositivos constitucionais aplicáveis, por esta Lei e pela le-
Faço saber que a Assembleia Legislativa do Estado do Tocantins gislação que lhes outorguem direitos e prerrogativas e imponham
decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
deveres e obrigações.
Art. 10. Para os efeitos desta Lei, adotam-se as seguintes con-
CAPÍTULO I
ceituações:
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
I - Comandante: é o título genérico dado ao militar estadual,
Art. 1º A presente Lei regula o ingresso na Corporação, a rela- correspondente ao de diretor, chefe ou outra denominação que ve-
ção jurídica funcional, os direitos, as obrigações, a ética e as prerro- nha a ter aquele que, investido de autoridade decorrente de leis e
gativas dos Policiais e Bombeiros Militares do Estado do Tocantins. regulamentos, for responsável pela administração, emprego, instru-
Art. 2º A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar são ins- ção e disciplina de uma Organização Militar (OM);
tituições permanentes, reserva do Exército Brasileiro, diretamente II - Missão, Tarefa ou Atividade: é o dever advindo de uma or-
subordinadas ao Governador do Estado. dem específica de comando, direção ou chefia;
Art. 3º Compete, em todo o território tocantinense: III - Corporação: é a denominação dada, nesta Lei, à Polícia Mili-
I - à Polícia Militar o exercício da polícia ostensiva e a preserva- tar do Estado do Tocantins - PMTO e ao Corpo de Bombeiros Militar
ção da ordem pública; do Estado do TocantinsCBMTO;
II - ao Corpo de Bombeiros Militar as atribuições previstas em IV - Organização Militar - OM: é a denominação dada à Unida-
leis específicas e as ações de defesa civil. de Policial Militar - UPM e à Unidade de Bombeiro Militar - UBM,
Art. 4º Os militares, em razão da destinação constitucional da administrativa ou operacional, da Corporação incluídas suas subu-
Corporação, e em decorrência das leis vigentes, constituem catego- nidades;
ria de agente público estadual, denominado militar, na conformida- V - Sede: é todo o território do município no qual se localizem
de do art. 42 da Constituição Federal. as instalações administrativas de uma OM;
Parágrafo único. Os militares estaduais encontram-se em uma VI - Serviço Ativo: é a situação do militar capacitado legalmente
das seguintes situações: para o exercício de cargo, comissão, função ou encargo militar;
I - na ativa: VII - Efetivo Serviço: é o efetivo desempenho de cargo, comis-
a) militares estaduais de carreira; são, encargo, incumbência, serviço, atividade, função de natureza
b) integrantes da reserva remunerada, quando convocados; ou de interesse militar, previsto em leis ou outros dispositivos le-
II - na inatividade: gais;
a) reserva remunerada, quando recebam proventos do Estado, VIII -Comissão, Encargo e Incumbência: é o exercício das atri-
sujeitos à prestação de serviços na ativa, mediante aceitação volun- buições que, pela generalidade, peculiaridade, duração, vulto ou
tária, após convocação; natureza das obrigações, não são catalogadas como posições titu-
b) reformados, quando, tendo passado por uma das situações
lares nos Quadros de Organização e Distribuições de Efetivo (QOD)
anteriores, estejam dispensados definitivamente da prestação de
da Corporação;
serviço na ativa, mas continuam a receber proventos do Estado.
IX - Função Militar: é o exercício das atribuições inerentes ao
Art. 5º O serviço policial militar consiste no exercício de ativi-
cargo, comissão, encargo ou incumbência;
dades inerentes à Polícia Militar, e compreende todos os encargos
relacionados ao policiamento ostensivo e à manutenção da ordem X - Adição: é o ato administrativo que vincula o militar a uma
pública. OM, sem integrá-lo ao seu efetivo, ficando subordinado ao coman-
Art. 6º O serviço bombeiro militar consiste no exercício de ativi- do desta para todos os fins;
dades destinadas a preservar a ordem pública consubstanciada em XI - Inclusão ou Nomeação: é o ato administrativo pelo qual o
ações de tranquilidade, salubridade e paz social no Estado. candidato habilitado em concurso público específico é admitido na
Art. 7º A carreira militar estadual é caracterizada por atividade Corporação;
continuada e inteiramente devotada às finalidades das instituições XII - Declaração: é o ato administrativo pelo qual o Cadete é
militares estaduais, na conformidade do art. 117 da Constituição elevado a Aspirante a Oficial, após conclusão, com aproveitamento,
Estadual e da legislação pertinente. do respectivo curso de formação;
Parágrafo único. A carreira militar estadual é privativa do pes- XIII-Movimentação: é a denominação genérica do ato adminis-
soal da ativa. trativo que implica uma das seguintes situações:
Art. 8º São equivalentes as expressões: a) Classificação: é a modalidade de movimentação que lota o
I - na ativa; militar em uma OM, em decorrência de promoção, reversão, térmi-
II - da ativa em serviço ativo; no de licença, conclusão ou interrupção de curso;
III - em serviço na ativa;
IV - em serviço;

5
NORMAS RELATIVAS À PMTO
b) Transferência: é a modalidade de movimentação, com ani- § 1º O exame de conhecimentos e habilidades, de caráter eli-
mus de definitividade, de uma para outra OM ou, no âmbito de uma minatório e classificatório, é aplicado por meio de provas objetivas,
OM, de uma para outra fração, destacada ou não, e pode ser feita discursivas, orais, práticas ou prático-orais, na forma desta Lei e do
por necessidade do serviço ou a bem da disciplina, ou ainda por correspondente edital.
interesse próprio a requerimento do interessado; § 2º O exame de capacidade física, de caráter eliminatório,
c) Nomeação: é a modalidade de movimentação, fora do âmbi- consiste em exercícios variados, por sexo, estabelecidos no edital
to da OM, em que a função, comissão, encargo e incumbência a ser do concurso, que permitam avaliar a capacidade de realização de
ocupado pelo militar é nela especificado; esforços e a resistência à fadiga física dos candidatos.
d) Designação: é a modalidade de movimentação do militar § 3º A avaliação de saúde, de caráter eliminatório, consiste em
para realizar curso ou estágio ou exercer função especificada no exames médicos, testes clínicos e exames laboratoriais, estabeleci-
âmbito da OM; dos no edital do concurso, à custa do candidato.
XIV - Almanaque: documento que contém a escala hierárqui- § 4º A avaliação psicológica:
ca constituída por militares da ativa de um determinado posto ou I - de caráter eliminatório, consiste em avaliação objetiva e
graduação de um Quadro, posicionados em ordem decrescente de padronizada das características cognitivas e de personalidade dos
antiguidade e numerados de um até o limite de vagas estabelecidas candidatos, mediante emprego de técnicas científicas, admitindo-
por lei de fixação do efetivo; -se testes de personalidade, de inteligência, inventários e questio-
XV -Excedente: situação especial e transitória a que, automati- nários, na conformidade do edital do concurso;
camente, passa o militar da ativa quando, sendo o mais moderno da II - é destinada a identificar os traços de personalidade incom-
respectiva escala hierárquica, ultrapasse o efetivo de seu Quadro, patíveis com os critérios de inclusão na Corporação, fundados nas
exigências funcionais e comportamentais do cargo a ser ocupado.
em virtude de promoção de outro militar mais antigo em ressarci-
§ 5º O candidato à graduação de Soldado PM/BM tem como
mento de preterição ou, ainda, outro caso previsto em lei;
fase do certame o Curso de Formação de Soldados de caráter clas-
XVI- Licenciamento: o pedido de exoneração das praças;
sificatório e eliminatório.
XVII- Trânsito: é o período de afastamento temporário do servi-
§ 6º Para os efeitos do §4odeste artigo, são considerados traços
ço, concedido ao militar cuja movimentação implique, obrigatoria-
de personalidade incompatíveis para inclusão na Corporação:
mente, mudança de município. Destina-se aos preparativos decor-
I - descontrole emocional;
rentes da mudança.
II - descontrole da agressividade;
III - descontrole da impulsividade;
CAPÍTULO II IV - alterações acentuadas da afetividade;
DO INGRESSO NA CORPORAÇÃO V - oposicionismo às normas sociais e figuras de autoridade;
VI - dificuldade acentuada para estabelecer contato interpes-
Art. 11. O ingresso na Corporação depende da aprovação em soal;
concurso público de provas ou de provas e títulos, com aplicação VII - funcionamento intelectual abaixo da média, associado a
de exame de conhecimentos e habilidades, exame de capacidade prejuízo no comportamento adaptativo e desempenho deficitário
física, avaliação de saúde e psicológica, na forma prevista nesta Lei de acordo com idade e grupamento social;
e no correspondente edital, exigindo-se ainda do candidato: VIII -distúrbio acentuado da energia vital, de forma a compro-
I - a nacionalidade brasileira; meter a capacidade para ação, com depressão ou elação acentua-
II - idade mínima de 18 anos, no ato da inclusão; das.
III - idade máxima, no ato da inscrição no concurso público, de § 7º Após o ingresso, o militar é submetido a curso de formação
30 anos; ou habilitação específico, exceto quando se tratar de concurso para
IV - altura mínima de 1,63m, se do sexo masculino, e 1,60m, se a graduação de Soldado.
do sexo feminino; § 8º O militar reprovado no curso de que trata o §7º, deste
*V- conclusão do ensino médio para Praças e graduação em artigo, é exonerado da Corporação ou reconduzido ao posto ou gra-
nível superior para Oficiais, na conformidade do respectivo edital; duação anterior.
*Inciso V com redação determinada pela Lei nº 2.924, de § 9º A exoneração ou recondução prevista no parágrafo ante-
3/12/2014 rior é precedida de sindicância instaurada para apurar os fatos que
VI - idoneidade moral, comprovada mediante apresentação de ensejaram a reprovação, assegurados o contraditório e a ampla de-
certidões policial e fesa.
judicial, na forma prevista em edital; § 10. As vagas para ingresso na Corporação, destinadas ao sexo
VII - comprovação negativa de sentença condenatória, trânsita feminino, são limitadas a 10% do total disponibilizado no concurso
em julgado, em âmbito público.
penal, penal militar e eleitoral; *§ 11. O disposto nos incisos III e IV do caput deste artigo não
VIII -estar em dia com as obrigações eleitorais; se aplica a candidato já pertencente a Quadro da Corporação.
IX - se do sexo masculino, estar em dia com as obrigações do *§11 com redação determinada pela Lei nº 2.924, de 3/12/2014.
serviço militar; *§ 12 O disposto no inciso V do caput deste artigo não se aplica
X - pleno exercício dos direitos políticos; aos candidatos já aprovados ou classificados em concurso público
XI - estar compatibilizado para nova investidura em cargo pú- realizado até à data de vigência desta Lei.
blico; *§12 com redação determinada pela Lei nº 2.924, de 3/12/2014.
XII - não ser ex-aluno ou ex-agente público, civil ou militar, des- § 13. A regra estabelecida no §10 deste artigo não se aplica aos
ligado, demitido ou exonerado por incompatibilidade ou motivo Quadros de Especialistas e de Saúde.
disciplinar; § 14. O acesso inicial ao Quadro de Oficiais Policiais Militares
XIII -procedimento irrepreensível e idoneidade moral ilibada, - QOPM e ao Quadro de Oficiais Bombeiros Militares - QOBM se
avaliados segundo normas baixadas pelo Comandante-Geral da dá na graduação de Cadete que, após a conclusão e aprovação no
Corporação. Curso de Formação de Oficiais, é declarado Aspirante a Oficial.

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NORMAS RELATIVAS À PMTO
§ 15. O acesso inicial aos Quadros de Oficiais de Saúde e Espe- e) reforma disciplinar;
cialistas -QOS se dá na graduação de Aspirante a Oficial. f) demissão.
§ 16. O acesso inicial aos Quadros de Praças se dá na graduação Art. 14. Círculos hierárquicos são âmbitos de convivência entre
de Soldado. os militares da mesma categoria e tem a finalidade de desenvolver
§ 17. Não pode ingressar na Corporação e dela é demitido o o espírito de camaradagem em ambiente de estima e confiança,
candidato que tenha exercido atividades prejudiciais ou danosas à sem prejuízo do respeito mútuo.
segurança pública ou à segurança nacional. Art. 15. Os círculos hierárquicos e a escala hierárquica dos mili-
§ 18. O candidato é submetido à investigação social, de cará- tares estaduais compreendem:
ter eliminatório, que se realiza durante o processo seletivo, até o I - o Círculo de Oficiais Superiores:
término do respectivo Curso de Formação ou Habilitação, podendo a) Coronel;
vir a ser eliminado do concurso ou demitido, se não possuir proce- b) Tenente-Coronel;
dimento e idoneidade moral irrepreensíveis, nos termos do respec- c) Major;
tivo edital. II - o Círculo de Oficial Intermediário: Capitão;
§ 19. Ao candidato regularmente matriculado no Curso de For- III - o Círculo de Oficiais Subalternos:
mação de Soldados, dentro do número de vagas previsto no respec- a) 1º Tenente;
tivo edital, é fornecido, durante o período do curso de formação b) 2º Tenente;
profissional, o auxílio-financeiro de R$ 800,00. IV - Círculo de Praças Especiais:
Art. 12. O exercício das funções militares é privativo do militar a) Aspirante a Oficial;
de carreira. b) Aluno do Curso de Formação de Oficiais, abrangendo:
1. Cadete III;
CAPÍTULO III 2. Cadete II;
DA HIERARQUIA E DA DISCIPLINA 3. Cadete I;
V - o Círculo de Subtenentes e Sargentos:
Art. 13. A hierarquia e a disciplina são a base institucional da a) Subtenente;
Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar, e a autoridade e a b) 1º Sargento;
responsabilidade crescem com o grau hierárquico. c) 2º Sargento;
§ 1º A hierarquia militar consiste na ordenação da autoridade d) 3º Sargento;
em níveis diferenciados, dentro da estrutura da Corporação. VI - o Círculo de Cabos e Soldados:
§ 2º A ordenação a que se refere o §1º deste artigo se faz por a) Cabo;
postos ou graduações; e, dentro de um mesmo posto ou graduação, b) Soldado.
se faz pela antiguidade no posto ou na graduação. § 1º Posto é o grau hierárquico do oficial, conferido por ato do
§ 3º O respeito à hierarquia é consubstanciado no espírito de Chefe do Poder Executivo.
acatamento à sequência de autoridade. § 2º Graduação é o grau hierárquico da praça, conferido por ato
§ 4º Disciplina é a rigorosa observância e o acatamento integral do Comandante-Geral da Corporação.
das leis, regulamentos, normas e disposições que fundamentam a § 3º O grau hierárquico inicial e final dos diversos quadros da
Corporação e coordenam o seu funcionamento regular e harmôni- Corporação, bem como suas qualificações, são fixados, em cada
co, traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do dever por parte de caso, na Lei de Organização Básica da Corporação.
todos e cada um de seus integrantes. § 4º Sempre que o militar da reserva remunerada ou reforma-
§ 5º A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser mantidos do fizer uso do posto ou graduação, deve mencionar sua respectiva
em todas as circunstâncias da vida entre militares da ativa, da re- situação.
serva remunerada, reformados e de outras organizações militares. § 5º O aluno matriculado no Curso de Formação ou de Habili-
§ 6º O regulamento disciplinar é baixado através de ato do Che- tação de:
fe do Poder Executivo, com a observância das seguintes particula- I - Oficiais frequenta o círculo de Oficiais Subalternos;
ridades: II - Sargentos frequenta o círculo de Subtenentes e Sargentos;
I - a pena disciplinar de prisão ou detenção não pode ser supe- III - Soldados frequenta o círculo de Cabos e Soldados.
rior a trinta dias; § 6º O Quadro de Organização e Distribuição do Efetivo (QOD)
II - nenhuma punição disciplinar pode ser aplicada sem o devi- da Corporação é estabelecido por ato do Chefe do Poder Executivo.
do processo legal e sem observância da ampla defesa e do contra- Art. 16. A antiguidade, em cada posto ou graduação, é contada
ditório; a partir da data da assinatura do ato da respectiva inclusão, pro-
III - ao militar estadual é assegurado o direito de recorrer das moção, nomeação, declaração, ou reinclusão salvo quando taxati-
punições disciplinares, utilizando os recursos previstos nesta Lei; vamente for fixada outra data ou critério estabelecido em lei.
IV - as penas disciplinares somente serão aplicadas visando à § 1º A precedência entre militares da ativa, do mesmo grau
manutenção da harmonia militar e ao exemplo que possa ser trans- hierárquico, é assegurada pela antiguidade no posto ou na gradu-
mitido a todos os integrantes da Corporação; ação, salvo nos casos de precedência funcional estabelecida em lei
V - a pena de demissão é aplicada ao militar não estável, após ou regulamento.
sindicância, e, ao estável, após submissão a Conselho de Justifica- § 2º No caso de ser igual a antiguidade referida no caput deste
ção ou de Disciplina; artigo, a antiguidade é estabelecida:
VI - as punições disciplinares a que estão sujeitos os militares I - entre os militares do mesmo quadro, mediante classificação
são as seguintes, em final e geral do respectivo curso de formação ou habilitação;
ordem de gravidade crescente: II - nos demais casos, com base nos postos ou nas graduações
a) advertência; anteriores. No desempate da antiguidade, recorre-se, sucessiva-
b) repreensão; mente, aos graus hierárquicos anteriores, à data da inclusão e à
c) detenção; data de nascimento para definir a precedência e, neste último caso,
d) prisão; os mais velhos serão considerados mais antigos;

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NORMAS RELATIVAS À PMTO
III - entre os alunos dos cursos de formação ou habilitação de CAPÍTULO IV
oficiais e de formação ou habilitação de soldados, de acordo com a DO CARGO E DA FUNÇÃO MILITAR ESTADUAL
ordem classificatória do respectivo concurso, válida para o primeiro
ano do curso, e, nos demais anos, conforme classificação prevista Art. 26. Cargo militar é aquele que só pode ser exercido por
no regulamento do órgão de formação. militar em serviço ativo.
§ 3º Em igualdade de posto ou graduação: § 1º O cargo militar a que se refere este artigo é o que se encon-
I - os militares da ativa têm precedência sobre os inativos; tra especificado no Quadro de Organização, ou previsto, caracteri-
II - a precedência entre os militares da ativa e os da reserva que zado ou definido como tal, em outras disposições legais.
estiverem convocados é definida pelo tempo de efetivo serviço no § 2º A cada cargo militar corresponde um conjunto de atribui-
posto ou na graduação. ções, deveres e responsabilidades que se constituem em obriga-
Art. 17. A precedência entre as praças especiais e as demais ções do respectivo ocupante.
praças é assim regulada: § 3º As obrigações inerentes ao cargo militar devem ser compa-
I - os Aspirantes a Oficial PM são hierarquicamente superiores tíveis com o correspondente grau hierárquico e definidas em legis-
às demais praças; lação ou regulamentação específica.
II - o aluno do Curso de Formação de Oficiais é hierarquicamen- Art. 27. Considera-se vago o cargo ocupado por militar extra-
te superior ao Subtenente; viado ou desertor.
III - o aluno do Curso de Habilitação de Oficiais tem precedência Art. 28. Função militar é o exercício das obrigações inerentes
hierárquica sobre o Subtenente, restrita ao período do curso; ao cargo militar.
IV - o praça do Curso de Formação ou Habilitação de Cabos e de Art. 29. Dentro de uma mesma organização militar, a sequência
Sargentos tem precedência hierárquica sobre seus pares, restrita ao de substituições, bem como as normas, atribuições e responsabili-
período do curso. dades relativas, são estabelecidas na legislação específica, respei-
Art. 18. A Corporação mantém um assento individual no qual tadas a precedência e as qualificações exigidas para o exercício de
são registrados todos os dados referentes ao seu pessoal da ativa e suas funções.
da reserva. Art. 30. A contar da data da nomeação, o Oficial do último pos-
Art. 19. Os Alunos Oficiais são declarados Aspirantes a Oficial to da Corporação que tenha ocupado cargo, pelo período de dois
pelo Comandante-Geral da Corporação. anos, de Comandante-Geral, Chefe do Estado Maior ou Chefe da
Parágrafo único. O aspirantado é o estágio probatório do Ofi-
Casa Militar não é obrigado a exercer, na Corporação, cargo ou fun-
cial.
ção hierarquicamente inferior, podendo ser empregado em outro
órgão da estrutura do Estado.
Seção Única
Art. 31. As obrigações que, pela generalidade, peculiaridade,
Do Comando e da Subordinação
duração, vulto ou natureza, não sejam catalogadas como posições
Art. 20. A subordinação não afeta a dignidade do militar e de- tituladas em Quadro de Organização, ou em outro dispositivo legal,
corre, exclusivamente, da estrutura hierarquizada da Corporação. são cumpridas como encargo, incumbência, comissão, serviço ou
Art. 21. O Oficial é preparado, ao longo da carreira, para o exer- atividade militar ou de natureza militar.
cício do Comando, da Chefia e da Direção das organizações milita-
res. CAPÍTULO V
Art. 22. Os Subtenentes e os Sargentos auxiliam e complemen- DAS OBRIGAÇÕES DOS MILITARES
tam as atividades dos Oficiais, quer no treinamento e no emprego Seção I
dos meios, quer na instrução e na administração, Do Valor Militar
podendo, também, ser empregados na execução de atividade-
-fim da Corporação. Art. 32. São manifestações essenciais do valor militar:
Parágrafo único. No exercício das atividades mencionadas nes- I - o sentimento de servir à comunidade, traduzido pela vonta-
te artigo, e no comando de subordinados, os Subtenentes e Sargen- de inabalável de cumprir o dever militar e pelo integral devotamen-
tos deverão impor-se pela lealdade, pelo exemplo e pela capacida- to à manutenção da ordem pública mesmo com risco da própria
de profissional e técnica, incumbindo-lhes: vida;
I - assegurar a observância minuciosa e ininterrupta das or- II - o civismo e o culto das tradições históricas;
dens, das regras de serviço e das normas operativas pelas praças III - a fé na elevada missão da Corporação;
que lhe estiverem diretamente subordinadas; IV - o espírito de corpo, o orgulho do militar pela organização
II - a manutenção da coesão e do moral das mesmas praças, em a que serve;
todas as circunstâncias. V - o amor à profissão militar e o entusiasmo com que é exer-
Art. 23. Os cabos e soldados desempenham, essencialmente, cida;
atividades de execução. VI - o aprimoramento técnico-profissional.
Art. 24. Às Praças Especiais cabe a rigorosa observância das
prescrições dos regulamentos que lhes são pertinentes, exigindo- Seção II
-se-lhes inteira dedicação ao estudo e ao aprendizado técnico-pro-
Da Ética Militar
fissional.
Art. 25. Cabe ao militar a responsabilidade integral pelas deci-
Art. 33. O sentimento do dever, o denodo militar e o decoro da
sões que tomar, pelas ordens que emitir e pelos atos que praticar,
classe impõem, a cada um dos integrantes da Corporação, condutas
atendido o art. 38 do Código Penal Militar.
moral e profissional irrepreensíveis, com a fiel observância dos se-
guintes preceitos e deveres da ética militar:
I - amar a verdade e a responsabilidade como fundamento da
dignidade;

8
NORMAS RELATIVAS À PMTO
II - exercer com autoridade, eficiência e probidade as funções XXIX - procurar manter boas relações com outras categorias
que lhe couberem em decorrência do cargo, incutindo também o profissionais e elevar o conceito e os padrões de sua própria profis-
senso de responsabilidade em seus subordinados; são, cioso de sua competência e autoridade;
III - respeitar a dignidade da pessoa humana; XXX - ser fiel na vida militar, cumprindo os compromissos para
IV - cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamentos, as instru- com a Pátria, com o Estado, com sua Corporação e com seus supe-
ções e as ordens das autoridades competentes; riores hierárquicos;
V - ser justo e imparcial no julgamento dos atos e na apreciação XXXI - manter ânimo forte e fé nas Corporações Militares, mes-
do mérito dos subordinados; mo diante das maiores dificuldades, demonstrando persistência no
VI - zelar pelo preparo moral, intelectual e físico próprio e dos trabalho para solucioná-las;
subordinados, tendo em vista o cumprimento da missão comum; XXXII - manter ambiente de harmonia e camaradagem na vida
VII - praticar a camaradagem e desenvolver, permanentemen- militar, evitando comentários deselegantes sobre os componentes
te, o espírito de cooperação; da Corporação, ainda que na reserva ou reformado, solidarizando-
VIII -ser discreto em suas atitudes e maneiras, bem como na -se nas dificuldades que possam ser minimizadas com sua ajuda ou
linguagem escrita e falada; intervenção;
IX - abster-se de tratar, fora do âmbito apropriado, de matéria XXXIII- não pleitear para si, indevidamente, cargo, função ou
sigilosa de que tenha conhecimento; benefício de outro militar;
X - acatar as ordens das autoridades civis; XXXIV- conduzir-se de modo a que não seja subserviente nem
XI - cumprir os deveres de cidadão; fira os princípios de respeito e decoro militares, ainda que na ina-
XII - proceder de maneira ilibada na vida pública e na particular; tividade;
XIII- observar as normas da boa educação; XXXV - exercer a profissão sem alegar restrições de ordem reli-
XIV- garantir assistência moral e material ao seu lar e conduzir- giosa, política, racial ou social;
-se como chefe de família exemplar; XXXVI- respeitar a integridade física, moral e psíquica da pessoa
XV - conduzir-se, mesmo fora do serviço ou na inatividade, de do condenado ou do criminalmente imputado;
modo a que não sejam prejudicados os princípios da disciplina, do XXXVII- manter-se, constantemente, cuidadoso com sua apre-
respeito e do decoro militares; sentação e postura pessoal;
XVI- abster-se do uso do posto ou da graduação para obter fa- XXXVIII- evitar publicidade visando à promoção pessoal;
cilidades pessoais de qualquer natureza ou para encaminhar negó- XXXIX- agir com isenção, equidade e absoluto respeito pelo ser
cios particulares ou de terceiros; humano, não usando sua autoridade pública para a prática de arbi-
XVII - abster-se o militar, ainda que na inatividade, do uso das trariedades;
designações hierárquicas quando: XL - não abusar dos meios e dos bens públicos postos à sua
a) em atividades político-partidárias, salvo se candidato a cargo disposição, nem distribuí-los a outrem, em detrimento dos interes-
eletivo; ses da Administração Pública, coibindo também a transferência de
b) em atividades comerciais; tecnologia própria da função militar;
c) em atividades industriais; XLI - exercer a função pública com honestidade, não aceitando
d) discutir ou provocar questões públicas ou pela imprensa, a vantagem indevida de qualquer espécie, mantendo-se incorruptí-
respeito de assuntos políticos ou militares, excetuados os de natu- vel, e opondo-se a todos os atos que atentem contra a dignidade
reza exclusivamente técnica, se autorizado; da função;
e) no exercício de cargo ou função de natureza civil; XLII- dedicar-se integralmente ao serviço militar, protegendo as
XVIII- zelar pelo bom nome da Corporação e de cada um dos pessoas, o patrimônio e o meio ambiente com abnegação e des-
seus integrantes, obedecendo e fazendo obedecer aos preceitos e prendimento pessoal, arriscando, se necessário, a própria vida;
deveres da ética militar; XLIII- atuar sempre, respeitados os impedimentos legais, mes-
XIX- cultuar e zelar pela inviolabilidade dos símbolos e das tra- mo não estando de serviço, para preservar a ordem pública ou pres-
dições da Pátria, dos Estados, dos Municípios e das Instituições Mi- tar socorro, desde que não exista, naquele momento e local, força
litares; de serviço suficiente;
XX - cumprir os deveres de cidadão; XLIV- tratar o subordinado dignamente e com urbanidade;
XXI- preservar a natureza e o meio ambiente; XLV - manter o sigilo de assuntos de natureza confidencial que
XXII- servir à comunidade, procurando, no exercício da supre- tenha ciência em razão da atividade profissional, exceto por imposi-
ma missão de preservar a ordem pública, promover sempre o bem- ção da justiça e da disciplina militar.
-estar comum; Parágrafo único. Entende-se por dedicação integral ao serviço
XXIII- atuar com devotamento ao interesse público, colocando- militar, nos termos do inciso XLII deste artigo, o empenho exclusivo
-o acima dos interesses particulares; do militar durante o turno de serviço para o qual esteja escalado, de
XXIV- atuar de forma disciplinada e disciplinadora; modo ordinário ou extraordinário, e para o cumprimento de obriga-
XXV- exercer todos os atos de serviço com presteza e pontuali- ções legais decorrentes da função militar.
dade, desenvolvendo o hábito de estar na hora certa no local deter- Art. 34. Ao militar são proibidas a sindicalização e a greve, bem
minado, para exercer a sua habilidade; como a filiação a partido político enquanto permanecer em ativi-
XXVI - buscar com energia o êxito do serviço e o aperfeiçoa- dade.
mento técnico-profissional e moral; Art. 35. Ao militar da ativa é vedado comerciar ou tomar parte
XXVII - exercer as funções com integridade e equilíbrio, seguin- na administração ou gerência de sociedade, ou delas ser sócio ou
do os princípios que regem a Administração Pública, não sujeitando participar, exceto como acionista ou cotista, em sociedade anônima
o cumprimento do dever a influências indevidas; ou sociedade empresária limitada.
XXVIII-abster-se, quando no serviço ativo, do uso de influências § 1º O militar na reserva remunerada, quando convocado, fica
de pessoas para a obtenção de facilidades pessoais ou para esqui- proibido de tratar, nas organizações militares e nas repartições pú-
var-se ao cumprimento de ordem ou obrigações impostas, em razão blicas civis, dos interesses de organizações ou empresas privadas de
do serviço; qualquer natureza.

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NORMAS RELATIVAS À PMTO
§ 2º Ao militar da ativa é vedada a acumulação remunerada CAPÍTULO VI
de cargos públicos, excetuados os casos previstos na Constituição DA VIOLAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES E DOS DEVERES
Federal.
§ 3º É proibida ao militar a manifestação individual ou coleti- Art. 38. A violação das obrigações, dos preceitos ou dos deve-
va sobre atos de superiores, de caráter reivindicatório, de cunho res militares constitui crime ou transgressão disciplinar na confor-
político-partidário e sobre assuntos de natureza militar de caráter midade da legislação ou regulamentação específica.
sigiloso. Parágrafo único. A violação a que se refere este artigo é tão
§ 4º Ao bombeiro militar da ativa é proibida: mais grave quanto mais elevado o grau hierárquico do infrator.
I - elaborar, ou, de qualquer forma, colaborar para a apresenta- Art. 39. A inobservância dos deveres previstos em leis e regula-
ção de projeto contra incêndio e pânico; mentos ou a falta de exação no cumprimento deles acarreta, para o
II - usar da sua qualidade de bombeiro militar para facilitar a militar, responsabilidade funcional, pecuniária, disciplinar ou penal,
aprovação de projeto do interesse de outrem. na conformidade da legislação específica.
Parágrafo único. A apuração da responsabilidade administrati-
Seção III va ou penal pode concluir pela incompatibilidade do militar com o
Do Compromisso Militar cargo e pela incapacidade para o exercício das funções militares a
ele inerentes.
Art. 36. Todo cidadão, após ingressar na Polícia Militar ou no Art. 40. São competentes para instaurar ou determinar a ins-
Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Tocantins, presta compro- tauração de sindicância, e aplicar as sanções disciplinares, as se-
misso de honra, no qual afirma a sua aceitação consciente das obri- guintes autoridades:
gações e dos deveres militares e manifesta a sua firme disposição I - o Chefe do Poder Executivo, em relação a todos os integran-
de bem e fielmente cumpri-los. tes das Corporações Militares Estaduais, as sanções previstas nesta
Art. 37. O compromisso a que se refere o art. 36 desta Lei tem Lei;
caráter solene e é prestado na presença de tropa, tão logo o militar II - o Comandante-Geral, em relação a todos que lhe forem fun-
adquira o grau de instrução compatível com o perfeito entendimen- cionalmente subordinados, as sanções previstas nesta Lei, exceto a
to de seus deveres como integrante da Polícia Militar ou do Corpo demissão de oficial;
de Bombeiros Militar, da seguinte forma: III - o Chefe do Estado Maior, em relação a todos militares que
I - “Ao ingressar na Polícia Militar do Estado do Tocantins, pro- lhe forem funcionalmente subordinados, as sanções disciplinares
meto regular a minha conduta pelos preceitos da moral, cumprir ri- até trinta dias de prisão;
gorosamente as ordens das autoridades a que estiver subordinado IV - o Corregedor-Geral, em relação a todos militares sujeitos
e dedicar-me inteiramente ao serviço policial militar, à manutenção a esta Lei, exceto o Comandante-Geral, o Chefe do Estado Maior, o
da ordem pública e à segurança da comunidade, mesmo com o sa- Subchefe do Estado Maior e todos os integrantes da Casa Militar, as
crifício da própria vida”; sanções disciplinares até trinta dias de prisão;
II - “Ao ingressar no Corpo de Bombeiros Militar do Estado do V - o Secretário-Chefe e o Subchefe da Casa Militar, em relação
Tocantins, prometo regular a minha conduta pelos preceitos da mo- a todos os militares que lhe forem funcionalmente subordinados,
ral, cumprir rigorosamente as ordens das autoridades a que estiver as sanções disciplinares previstas nesta Lei, exceto a demissão de
subordinado e dedicar-me inteiramente ao serviço bombeiro mili- oficial;
tar, à manutenção da ordem pública e à segurança da comunidade, VI - o Diretor, o Subdiretor, o Chefe de Seção do Estado Maior,
mesmo com o sacrifício da própria vida”. os Comandantes ou Subcomandantes de OM, em relação a todos os
§ 1º O compromisso do Aspirante a Oficial da Polícia Militar ou militares que lhes forem funcionalmente subordinados, as sanções
do Corpo de Bombeiros Militar é prestado no estabelecimento de disciplinares até trinta dias de prisão.
formação de oficiais, de acordo com o respectivo regulamento, da Art. 41. São competentes para a instauração de Conselho de
seguinte forma: Justificação e de Conselho de Disciplina e para determinar o imedia-
I - “Ao ser declarado Aspirante a Oficial da Polícia Militar do to afastamento do acusado do exercício de suas funções:
Estado do Tocantins, assumo o compromisso de cumprir rigorosa- I - o Chefe do Poder Executivo, em relação a todos os militares
mente as ordens a que estiver subordinado e dedicar-me inteira- estaduais;
mente ao serviço policial militar, à manutenção da ordem pública e II - o Comandante-Geral da Corporação e, na falta ou impedi-
à segurança da comunidade, mesmo com o risco da própria vida”; mento deste, o Chefe do Estado Maior, em relação a todos os mili-
II - “Ao ser declarado Aspirante a Oficial do Corpo de Bombeiros tares que lhe forem funcionalmente subordinados;
Militar do Estado do Tocantins, assumo o compromisso de cumprir III - o Secretário-Chefe da Casa Militar, em relação a todos os
rigorosamente as ordens a que estiver subordinado e dedicar-me militares que lhe forem funcionalmente subordinados.
inteiramente ao serviço bombeiro militar, à manutenção da ordem
pública e à segurança da comunidade, mesmo com o risco da pró- CAPÍTULO VII
pria vida”. DAS TRANSGRESSÕES DISCIPLINARES
§ 2º Ao ser promovido ao primeiro posto, o Oficial da Polícia
Militar ou do Corpo de Bombeiros Militar presta compromisso de Art. 42. Transgressão disciplinar é a infração administrativa
Oficial, em solenidade especialmente programada, da seguinte for- caracterizada pela violação aos preceitos ou deveres da ética ine-
ma: rentes à atividade militar, incorrendo o autor nas sanções previstas
I - “Perante a Bandeira do Brasil, e pela minha honra, prometo nesta Lei.
cumprir os deveres de Oficial da Polícia Militar do Estado do Tocan- § 1º A infração administrativa prescreve, desde a data do co-
tins, e dedicar-me inteiramente ao seu serviço”; nhecimento pela Administração Pública da ocorrência do ato ou do
II - “Perante a Bandeira do Brasil, e pela minha honra, prometo fato, em:
cumprir os deveres de Oficial do Corpo de Bombeiros Militar do Es- I - um ano a transgressão leve;
tado do Tocantins, e dedicar-me inteiramente ao seu serviço”. II - dois anos a transgressão média;
III - cinco anos a transgressão grave.

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NORMAS RELATIVAS À PMTO
§ 2º A instauração de processo disciplinar interrompe a prescri- XIII -negar-se a receber, injustificadamente, equipamento ou
ção da infração administrativa. qualquer outro objeto que lhe seja destinado ou deva ficar sob sua
Art. 43. O julgamento do infrator deve ser precedido de exame responsabilidade;
e de análise que considerem: XIV -autorizar ou determinar ao subordinado atribuições es-
I - seus antecedentes; tranhas ao cargo que ocupe, exceto em situações transitórias, no
II - as causas determinantes da transgressão; interesse público;
III - a natureza dos fatos ou dos atos que a constituir; XV -distribuir ou divulgar publicações, estampas ou objetos que
IV- as consequências advindas ou que dela possam advir. atentem contra a disciplina ou a moral;
Art. 44. São transgressões de natureza leve: XVI -abrir ou tentar abrir local de entrada não permitida, ou
I - deixar de prestar a informação que lhe couber em procedi- nele adentrar ou permitir adentrar sem autorização;
mentos administrativos; XVII- demonstrar desídia, imperícia, imprudência ou negligên-
II - deixar de comunicar ao superior hierárquico a execução de cia no desempenho de ato de serviço ou instrução;
ordem deste recebida; XVIII- atrasar injustificadamente a chamada ou brado para
III - usar ou portar, em serviço, armamento não regulamenta- atendimento de ocorrência;
do ou determinado, salvo se autorizado pelo comandante ou chefe XIX - extrapolar, sem justificação prévia, o prazo de entrega ou
direto; conclusão de processo ou procedimento administrativo;
IV - dirigir-se ao Chefe do Poder Executivo ou autoridade militar XX- portar-se de modo inconveniente, qualquer que seja o lo-
sem obediência à cadeia de comando acerca de assuntos institu- cal, deixando de observar os princípios da boa educação e da moral,
cionais; em desprestígio da Corporação;
V - comparecer fardado em reuniões de caráter político, exceto XXI- utilizar indevidamente, ou permitir o uso indevido, de
qualquer meio de comunicação pertencente à Corporação;
quando em serviço;
XXII- falar ao celular quando na direção de viatura militar;
VI - conversar ou fazer ruído em ocasião ou em horário impró-
XXIII- conduzir ou transportar, em veículos pertencentes à Cor-
prios;
poração, passageiro ou carga em desconformidade com as normas
VII - deixar de encaminhar à autoridade competente, por via
de trânsito, ressalvadas as situações transitórias de interesse pú-
hierárquica e com presteza, documento que haja recebido cujo exa- blico;
me não seja de sua competência; XXIV- retardar ou prejudicar o serviço de polícia judiciária mili-
VIII-chegar atrasado a qualquer ato de serviço ou de instrução, tar, processo ou procedimento administrativo;
ou a solenidade para a qual tenha sido designado; XXV- violar ou deixar de preservar o local de crime ou acidente;
IX - descuidar do asseio próprio ou do local do trabalho; XXVI- retardar, sem justo motivo, a execução de ordem de su-
X - deixar de içar ou arriar a bandeira ou insígnia nos horários perior hierárquico;
determinados; XXVII - apresentar-se o militar, em qualquer situação, mal uni-
XI - quando em serviço ou fardado, faltar aos preceitos da ci- formizado, com o uniforme alterado, desfalcado ou com apresenta-
vilidade; ção diferente da prevista, contrariando o Regulamento de Unifor-
XII - causar alarde injustificável. me, norma a respeito ou determinação superior;
Art. 45 São transgressões de natureza média: XXVIII- retirar-se da presença de superior hierárquico sem sua
I - concorrer para a discórdia ou desarmonia entre militares ou permissão, deixar de saudá-lo militarmente, bem como deixar o su-
cultivar ou incentivar a inimizade entre integrantes da Corporação; perior de corresponder às homenagens e sinais de respeito a ele
II - deixar de punir o transgressor ou de comunicar a autoria da dirigidas;
transgressão da disciplina; XXIX- sobrepor ao uniforme ou ao próprio corpo adereço não
III - dificultar ao subordinado a apresentação de recurso disci- autorizado ou não regulamentado pela Corporação ou, ainda, usar
plinar; indevidamente distintivos, medalhas ou condecorações;
IV - deixar de participar, em tempo hábil, à autoridade compe- XXX- utilizar de qualquer meio de comunicação para transmitir
tente a impossibilidade de comparecer a qualquer ato de serviço mensagem ou imagem ofensiva à moral ou à dignidade de qualquer
ou instrução; pessoa ou de integrante de qualquer instituição;
V - faltar a qualquer ato de serviço e de instrução ou a solenida- XXXI- conduzir viatura militar sem possuir habilitação específi-
de para a qual tenha sido designado; ca, salvo estado de necessidade;
VI - quando de folga, frequentar lugares incompatíveis com o XXXII- deixar de conferir, no início e no final do serviço, o arma-
decoro da classe ou da sociedade; mento ou o equipamento sob sua responsabilidade;
XXXIII- conduzir ou transportar bem pertencente ao Estado
VII - não atender à solicitação do pessoal de serviço no sentido
com imprudência, negligência ou imperícia, ou sem autorização.
de mostrar o conteúdo de embrulho ou de qualquer objeto que es-
Art. 46 São transgressões de natureza grave:
teja portando no interior do quartel;
I - abandonar o serviço ou sua área de circunscrição sem moti-
VIII - conduzir viatura militar, sem pertencer ao quadro de mo-
vo ou sem prévia autorização da autoridade competente;
toristas ou pilotos da Corporação ou sem fardamento, salvo em si- II - fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade no âmbito
tuação de comprovada necessidade ou por ordem superior; da Corporação;
IX - desconsiderar autoridade civil ou militar, ou desrespeitar III - exercer sua função de forma fraudulenta, por ato comissivo
qualquer agente público no exercício de suas funções; ou omissivo;
X - deixar de devolver, ao final do serviço, o armamento ou IV - ameaçar, induzir ou instigar alguém a que não declare a
equipamento que lhe tenha sido entregue; verdade em procedimento administrativo, civil ou penal;
XI - permutar serviço sem permissão da autoridade competen- V - exercer ou administrar, o militar em serviço ativo, outra ati-
te; vidade profissional:
XII - dar entrevista, publicar ou fornecer dados sobre assuntos a) legalmente vedada ou incompatível com a profissão de Mi-
institucionais, sigilosos ou não, sem autorização superior; litar Estadual;

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NORMAS RELATIVAS À PMTO
b) que cause prejuízo ao serviço; XXXI - quando em horário de serviço, dirigir-se a lugares incom-
c) com emprego de bens do Estado; patíveis com o decoro da classe e da sociedade, salvo em razão do
VI - utilizar-se de profissionais ou recursos logísticos da Admi- serviço;
nistração ou sob sua responsabilidade a fim de atender a interesses XXXII - deixar de apresentar-se, após o trânsito, à Unidade para
pessoais ou de terceiros; a qual tenha sido transferido ou classificado, desde que o fato não
VII - aconselhar ou concorrer para que não seja cumprida qual- tipifique crime de deserção;
quer ordem emanada de autoridade competente, ou para que seja XXXIII-quebrar a cadeia de comando;
retardada a sua execução; XXXIV- perder injustificadamente a chamada ou o brado para
VIII - não cumprir ordem recebida; atendimento de ocorrência;
IX - emitir ordem de que saiba ser impossível a sua execução, XXXV - simular doença para esquivar-se de cumprir sua função,
ou esquivar-se de explicitá-la ou fornecê-la por escrito, quando ne- ou ordem recebida, ou a fim de retardar procedimento administra-
cessário; tivo ou inquérito policial militar;
X - permitir que preso sob sua custódia conserve em seu poder XXXVI- facilitar a utilização por outrem ou utilizar-se de meios
telefone ou instrumento que possa danificar a prisão, ou outro ob- ilegais, imorais, fraudulentos ou não permitidos, para se beneficiar
jeto de que possa se valer para a prática de ilicitude; em curso, instrução, concurso ou seleção;
XI - não se apresentar, pronto para o serviço, ao fim de licença, XXXVII- publicar ou encaminhar para publicação, em qualquer
férias, dispensa do serviço, afastamento médico, ou após saber da meio de comunicação, matéria que denigra a imagem de outro mili-
cassação ou suspensão de que qualquer delas; tar ou que atente contra a hierarquia ou a disciplina;
XII - representar a Corporação ou a Unidade em que sirva sem XXXVIII- elaborar o bombeiro militar projeto contra incêndio e
autorização; pânico, ou de qualquer forma concorrer para sua apresentação, ou,
XIII - efetuar, em folha de pagamento, desconto não autorizado ainda, usar de seu cargo para facilitar-lhe a aprovação em favor de
ou determiná-lo, quando para isso competente, fora das previsões outrem.
Art. 47. Ao aluno de qualquer curso ou estágio aplicam-se su-
legais e regulamentares;
pletivamente as disposições disciplinares previstas no estabeleci-
XIV - usar de força desnecessária ou de violência física ou ver-
mento de ensino em que estiver matriculado.
bal, em ato de serviço ou não, maltratando, humilhando, constran-
Art. 48. Além das infrações previstas no art. 46 desta Lei, cons-
gendo ou infamando qualquer pessoa, ou deixar que alguém o faça;
tituem transgressões graves as condutas que violem os preceitos e
XV -deixar de prestar auxílio, quando necessário ou solicitado, deveres éticos especificados neste Estatuto.
em desastre e acidentes ou em prisão de delinquente, tendo condi- Art. 49. A classificação das transgressões definidas nos arts. 44,
ções de fazê-lo ainda que de folga; 45, 46 e 48 pode, motivadamente, ser alterada, em decorrência de
XVI - dirigir-se ou referir-se de forma desrespeitosa a superior qualquer das situações fixadas no art. 43 desta Lei.
hierárquico, censurarlhe ato ou procurar desconsiderá-lo em círculo
militar ou entre civis; CAPÍTULO VIII
XVII - provocar ou desafiar superior, par ou subordinado com DOS PROCESSOS ADMINISTRATIVOS DISCIPLINARES
palavras ofensivas, gestos ou ações incompatíveis com a camarada- Seção I
gem reinante entre os militares; Das Espécies
XVIII - promover escândalo ou nele envolver-se, comprometen-
do a respeitabilidade da Corporação ou de seus integrantes; Art. 50. São processos administrativos disciplinares no âmbito
XIX - promover ou participar de luta corporal com outro militar, da Corporação:
salvo em instrução ou atividades desportivas pertinentes; I - a sindicância;
XX -introduzir ou consumir bebidas alcoólicas, ou comparecer II - os Conselhos de Justificação ou de Disciplina.
embriagado em quartel ou áreas militares;
XXI - consumir ou induzir alguém a consumir bebida alcoólica, Seção II
estando em serviço ou fardado, em qualquer local; Da Sindicância
XXII - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou para
terceiro; Art. 51. A sindicância é o procedimento pelo qual a Administra-
XXIII - extraviar ou danificar, dolosa ou culposamente, ou não ção Militar apura as transgressões disciplinares do militar, impon-
ter o devido zelo com qualquer material pertencente à Fazenda Pú- do-lhe penalidades, assegurados a ampla defesa e o contraditório.
blica; Parágrafo único. Procede-se, igualmente, por sindicância a apu-
XXIV - utilizar-se de forma abusiva dos bens pertencentes à Fa- ração, de natureza investigatória, dos elementos de convicção para
zenda Pública; a promoção post-mortem, invalidez permanente ou bravura.
Art. 52. As peças da sindicância devem ser escritas, numeradas
XXV - exigir ou solicitar qualquer espécie de donativo pelo ser-
e rubricadas pelo sindicante, obedecida a seguinte ordem cronoló-
viço executado;
gica:
XXVI - receber ou permitir que subordinado receba, em qual-
I - instauração;
quer local de ocorrência policial ou de atendimento a incêndio, de-
II - autuação;
sabamento, inundação ou outro serviço de socorro, quaisquer obje- III - citação do sindicado;
tos ou valores, ainda que doados pelo proprietário ou responsável; IV - interrogatório do sindicado;
XXVII - andar ostensivamente armado em trajes civis; V - defesa preliminar em três dias úteis;
XXVIII -envolver-se em negócios ilegais ou imorais; VI - instrução;
XXIX - fazer, promover, participar ou instigar manifestação de VII - alegações finais em cinco dias úteis;
caráter coletivo contrário aos princípios regentes da vida militar; VIII - relatório do Sindicante;
XXX - deixar de comunicar os ilícitos de que tiver conhecimento IX - solução;
e não lhe caiba promover os atos de repressão; X - enquadramento, quando violada a norma sancionadora.

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NORMAS RELATIVAS À PMTO
§ 1º O Sindicante, para a formação de seu convencimento, Parágrafo único. O prazo de que trata este artigo pode ser pror-
pode reinquirir o Sindicado em qualquer fase procedimental. rogado pela autoridade nomeante em até trinta dias.
§ 2º As testemunhas arroladas pela defesa devem ser ouvidas Art. 59. Os Conselhos constituem-se de três Oficiais, sendo o de
após as do rol da acusação. maior posto ou antiguidade o Presidente, o que lhe seguir em an-
Art. 53. A conclusão da sindicância dá-se em trinta dias da pu- tiguidade, o Relator e o seguinte, o Secretário; todos com direito a
blicação da portaria instauradora em boletim orgânico da Corpora- voto e com precedência hierárquica sobre o militar a ele submetido.
ção. § 1º Na formação dos Conselhos de Disciplina, pode ser desig-
Parágrafo único. O prazo de que trata este artigo pode ser pror- nado um graduado e, no de Justificação, Oficiais inativos, desde que
rogado por vinte dias, a critério da autoridade competente. com precedência hierárquica sobre o militar a ele submetido.
Art. 54. Podem ser designados Sindicantes os Oficiais ou Aspi- § 2º Os Conselhos funcionam sempre com a totalidade dos
rantes a Oficial, a critério da autoridade instauradora, respeitada a seus membros.
hierarquia. Art. 60. Os Conselhos devem seguir o seguinte rito:
I - Instauração;
Seção III II - Sessão Inaugural, quando são realizados os seguintes pro-
Dos Conselhos de Justificação e de Disciplina cedimentos:
a) autuação do ato de nomeação do Conselho;
Art. 55. Os Conselhos de Justificação e de Disciplina destinam- b) expedição do mandado de citação e intimação para compa-
-se a avaliar, do ponto de vista da ética e da disciplina militares, a recer à sessão de qualificação e interrogatório;
capacidade do militar estável de permanecer no serviço ativo da c) requisição do levantamento da vida funcional do militar acu-
Corporação, assegurados o devido processo legal, o contraditório sado;
e a ampla defesa. d) comunicação ao Comandante-Geral da Corporação da aber-
§ 1º O Oficial acusado é submetido a Conselho de Justificação, tura do procedimento;
e a Praça a Conselho de Disciplina. e) designação do dia e da hora para a sessão de qualificação e
§ 2º Aplicam-se os procedimentos dos Conselhos que se trata interrogatório;
este artigo aos militares reformados e na reserva remunerada. f) determinação de outras providências com vistas à instrução
Art. 56. Incumbe ao Chefe do Poder Executivo, quando neces- do processo;
sário, baixar o regulamento dos Conselhos de Justificação e de Dis- III - Citação e Intimação do acusado;
ciplina. IV - Sessão de Qualificação e Interrogatório do Acusado e entre-
Art. 57. É submetido ao Conselho de Justificação ou de Discipli- ga do Libelo Acusatório;
na o militar que: V - Abertura de prazo de três dias úteis para apresentação de
I - tenha perdido a nacionalidade brasileira; defesa preliminar;
II - tenha procedido incorretamente ou com incúria no desem- VI - Instrução;
penho de suas funções no cargo, comissão ou encargo que lhe te- VII - Abertura de prazo de cinco dias úteis para apresentação
nha sido designado; das alegações finais de defesa;
VIII - Sessão de deliberação;
III - tenha praticado ato que afete a sua honra pessoal, o pun-
IX - Relatório;
donor militar ou o decoro da classe, em desproveito dos valores
X - Julgamento.
militares e deveres éticos estabelecidos nesta Lei;
Art. 61. O militar submetido a Conselho deve ser intimado de
IV - tenha incorrido na prática ou concorrido para a prática de
todas as sessões, exceto à sessão inaugural e deliberação do relató-
crime hediondo, tortura, consumo ou tráfico ilícito de entorpecen-
rio, sendo esta secreta.
tes e drogas afins ou outros crimes com emprego de violência ou
Art. 62. No relatório são descritas as diligências feitas, as pes-
grave ameaça;
soas inquiridas e os resultados obtidos, indicando-se a autoria e as
V - tenha sido considerado inabilitado para integrar os quadros
circunstâncias em que foram praticadas as infrações capituladas no
de acesso à promoção, por mais de três vezes, mesmo em caráter libelo acusatório. Ao final, propõem-se, cumulativamente ou não,
provisório, ao ter seu nome apreciado pela respectiva Comissão de no que couber, as seguintes medidas:
Promoção, desde que esta recomende, fundamentadamente, a ins- I - instauração de Inquérito Policial Militar - IPM, se houver in-
tauração do Conselho de Justificação ou de Disciplina; dícios de crime militar;
VI - tenha sido condenado por prática de crime doloso, pela II - encaminhamento de documentos à autoridade policial com-
Justiça Comum ou Militar, a pena privativa de liberdade superior a petente quando houver indícios de cometimento de infração penal
dois anos, com sentença trânsita em julgado que não comine perda de natureza comum;
da função pública; III - reforma nos termos desta Lei;
VII - cometa falta disciplinar de natureza grave, apurada em IV - transferência para a reserva remunerada proporcional, se
sindicância, já estando no insuficiente ou no mau comportamento; considerado inabilitado definitivamente para inclusão nos quadros
VIII - tenha incorrido na prática, ou concorrido para ela, de in- de acesso para promoção, na forma desta Lei;
citamento à perturbação da ordem pública, ou pela participação V - demissão;
em movimentos reivindicatórios contrários à hierarquia e disciplina VI - aplicação de qualquer outra sanção disciplinar prevista nes-
militar; ta Lei, que não a demissão;
IX - tenha se filiado a partido político ou a sindicato, participado VII - arquivamento.
de greve, ou exercido atividades prejudiciais à segurança nacional Parágrafo único. A medida apresentada à autoridade julgadora
ou perigosas contra esta; é aquela deliberada pela maioria dos membros do Conselho.
X - tenha incorrido na prática, ou concorrido para ela, de co- Art. 63. Recebidos os autos, a autoridade nomeante, no prazo
mércio ilegal, doação ou empréstimo de munição ou arma de fogo. de vinte dias, decide de acordo com o proposto pelo Conselho ou,
Art. 58. Os Conselhos têm o prazo de cinquenta dias, computa- motivadamente, aplica outra medida, na conformidade com o esta-
dos a partir da sessão inaugural, para a conclusão de seus trabalhos. belecido no artigo anterior.

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NORMAS RELATIVAS À PMTO
Parágrafo único. A autoridade nomeante, após receber os au- I - garantia do posto e da patente em toda a sua plenitude, com
tos concluídos, se necessário, antes do julgamento, pode devolvê- as vantagens, as prerrogativas e os deveres a ela inerentes, quando
-los ao presidente do conselho para novas diligências, abrindo prazo Oficial;
máximo de trinta dias, observado o contraditório e a ampla defesa. II - garantia da graduação, em toda a sua plenitude, com as van-
tagens, as prerrogativas e os deveres a ela inerentes, quando Praças
Seção IV com estabilidade assegurada;
Do Comportamento Militar III - nas condições ou nas limitações impostas na legislação es-
pecífica:
Art. 64. O comportamento da praça reflete sua conduta civil e a) a estabilidade, quando Praça, aos três anos de efetivo servi-
profissional, sob o ponto de vista da disciplina militar. ço prestado na Corporação;
Art. 65. O comportamento militar da praça é classificado em: b) o uso das designações hierárquicas;
I - excepcional: quando, no período de oito anos de efetivo ser- c) a ocupação de cargos correspondente ao posto ou gradua-
viço, não tenha sofrido qualquer punição disciplinar; ção;
II - ótimo: quando, no período de quatro anos de efetivo servi- d) a percepção de remuneração condigna, respeitados os limi-
ço, tenha sido punido com até uma detenção; tes estabelecidos no inciso XI do art. 37 da Constituição Federal;
III - bom: quando, no período de dois anos de efetivo serviço, e) o auxílio-natalidade;
tenha sido punido com até duas prisões; f) a constituição de pecúlio policial militar;
IV - insuficiente: quando, no período de um ano de efetivo ser- g) a promoção;
viço, tenha sido punido com até duas prisões; h) a transferência para a reserva remunerada:
V - mau: quando, no período de um ano de efetivo serviço, te- 1. a pedido;
nha sido punido com mais de duas prisões. 2. reforma;
§ 1º Para efeito deste artigo: i) as férias, os afastamentos temporários do serviço e as licen-
I - duas repreensões equivalem a uma detenção; ças;
II - quatro repreensões equivalem a uma prisão; j) a exoneração e o licenciamento voluntários;
III - duas detenções equivalem a uma prisão; k) o porte de arma;
IV - uma transferência a bem da disciplina equivale a uma de- l) o tratamento de saúde por conta integral do Estado, nas en-
tenção. fermidades contraídas em serviço ou em razão da função;
§ 2º É automática a contagem de tempo para reclassificação de m) a realização de cursos na própria Corporação, ou em outras
comportamento, e começa a fluir a partir da data em que se encer- Polícias Militares ou Corpos de Bombeiros Militares;
rar o cumprimento da punição. n) a licença maternidade;
§ 3º Ao ser incluído na Corporação, a praça é classificada no o) a licença por adoção;
comportamento “bom”. p) a licença paternidade;
q) o auxílio-funeral;
CAPÍTULO IX r) o décimo terceiro salário, com base na remuneração integral
DAS REPOSIÇÕES E INDENIZAÇÕES ou no valor dos proventos;
s) o salário-família;
Art. 66. As reposições e indenizações ao erário são realizadas t) as férias anuais de trinta dias de duração, remuneradas com
pelos militares na conformidade desta Lei. um terço a mais da remuneração normal;
§ 1º Para os fins desta Lei, considera-se: u) o devido processo legal e os recursos a ele inerentes;
I - reposição, a devolução de qualquer parcela recebida indevi- *IV – a paridade e a integralidade entre militares ativos, inati-
damente pelo militar; vos e seus pensionistas.
II - indenização, o ressarcimento pelos prejuízos a que der cau- *Inciso IV acrescentado pela Lei nº 2.924, de 3/12/2014.
sa, dolosa ou culposamente. Art. 69. O auxílio-natalidade é devido ao militar por motivo de
§ 2º A reposição é feita: nascimento de filho, em quantia equivalente ao subsídio do cargo
I - em parcelas cujo valor não exceda a 25% do subsídio do mi- efetivo do Soldado vigente à época do evento, inclusive no caso de
litar; natimorto.
II - em única parcela, quando constatado pagamento indevido § 1º O auxílio-natalidade não é devido a mais de um dos pais.
no mês anterior ao do processamento da folha. § 2º Na hipótese de parto múltiplo, o valor do auxílio é acres-
§ 3º A indenização é feita em parcelas cujo valor não exceda a cido de 50%.
10% do subsídio do militar. Art. 70. O Pecúlio Militar consiste na contribuição de todos os
§ 4º A indenização pela moradia em prédios públicos ou resi- integrantes das Corporações cujo montante é arrecadado com a
dências funcionais tem o valor estabelecido pelo instrumento que máxima presteza e repassado ao familiar do militar falecido ou a
a regular. pessoa ou entidade indicada por este, e, na sua falta, na forma da
§ 5º O ressarcimento a fundo de assistência é estabelecido no legislação civil.
respectivo regulamento. Parágrafo único. 5% do montante arrecadado revertem-se ao
§ 6º Os descontos de que trata este artigo são publicados em fundo de assistência.
Boletim Orgânico da Corporação. Art. 71. O auxílio-funeral é devido à família do militar ativo ou
Art. 67. Em nenhuma hipótese o militar pode receber impor- inativo falecido, no valor equivalente ao seu subsídio ou provento.
tância mensal inferior a 40% de seu subsídio. § 1º O auxílio é devido, também, ao militar, por morte do côn-
juge, do companheiro ou de filho menor ou inválido.
CAPÍTULO X § 2º O auxílio é pago no menor prazo possível à pessoa da famí-
DOS DIREITOS lia que houver custeado o funeral.
§ 3º Se o funeral for custeado por terceiro, este é indenizado,
Art. 68. São direitos dos militares: na conformidade do caput deste artigo.

14
NORMAS RELATIVAS À PMTO
Art. 72. Caso o militar esteja a serviço fora do seu município de *§ 4º A regra disposta no caput deste artigo, não se aplica ao
lotação e vier a falecer, as despesas de transporte do corpo correm militar reformado que for promovido pelo critério de invalidez per-
à conta do Estado. manente, o qual terá direito ao valor dos proventos igual ao subsí-
dio do novo posto ou graduação alcançada.
Seção I *§4º acrescentado pela Lei nº 2.924, de 3/12/2014.
Da Remuneração Art. 82. Os proventos do militar incapacitado para o serviço ati-
vo são computados:
Art. 73. Os militares são remunerados exclusivamente por sub- I - integralmente, correspondente ao subsídio do grau hierár-
sídios. quico que possuía na ativa, quando reformado em consequência
*Art. 74. O cargo de Secretário-Chefe da Casa Militar tem prer- de qualquer dos motivos referidos nos incisos I, II e III do art. 127
rogativas, direitos e subsídio equivalentes aos de Secretário de Es- desta Lei;
tado. (NR) II - integralmente, correspondente ao subsídio do grau hierár-
*Art. 74 com redação determinada pela Lei 2.844, de quico que possuía na ativa, quando reformado em consequência
31/03/2014 de qualquer dos motivos previstos no inciso IV do art. 127 desta
Art. 75. O direito do militar ao subsídio tem início a partir: Lei, desde que considerado inválido total e permanentemente para
I - do ato da inclusão na Corporação; qualquer atividade laborativa;
II - do ato de reversão ao serviço ativo. III - proporcionais ao tempo de contribuição e correspondente
Art. 76. Suspende-se, temporariamente, o subsídio do militar: ao subsídio do grau hierárquico que possuía na ativa quando refor-
I - em licença para tratar de interesse particular; mado em consequência de qualquer dos motivos referidos no inci-
II - na situação de desertor; so IV do art. 127 desta Lei, desde que constatado, por junta médica
III - quando agregado para exercer atividade ou função estra- da Corporação, que o militar é portador de doença incapacitante
nha à Polícia Militar ou ao Corpo de Bombeiros Militar, ou cargo, para o serviço militar estadual e não for possível o seu aproveita-
emprego ou função pública temporária, não eletiva, ainda que da mento nas atividades administrativas da Polícia Militar ou do Corpo
administração indireta, salvo quando couber opção pelo subsídio de Bombeiros Militar.
do posto ou da graduação; § 1º O militar reformado proporcionalmente ao tempo de con-
IV - quando condenado à pena de suspensão do posto ou da tribuição, de acordo com o inciso III deste artigo, tem direito a re-
graduação, do cargo ou da função, na forma prevista no Código Pe- visão dos seus proventos se, por junta médica da Corporação, for
nal Militar. constatado o agravamento do quadro clínico que deu origem à sua
Art. 77. O subsídio do militar considerado desaparecido ou ex- reforma.
traviado em caso de calamidade pública, em viagem, no desempe- § 2º O militar reformado nos termos do inciso III deste artigo
nho de qualquer serviço ou operação militar, é pago aos que teriam não pode perceber provento inferior ao salário mínimo.
direito à pensão respectiva.
Parágrafo único. No caso deste artigo, decorridos seis meses, Seção II
faz-se a habilitação dos beneficiários, na forma da lei civil, cessando Das Vantagens Pecuniárias
o pagamento do subsídio.
Art. 78. O pagamento do subsídio cessa na data em que o mi- Art. 83. São vantagens pecuniárias dos militares:
litar for desligado ou excluído do serviço ativo da Corporação em I - diárias;
conformidade com esta Lei. II - ajuda de custo;
Art. 79. Do indulto, da comutação, do livramento condicional III - bolsa de estudo;
ou da suspensão condicional da pena não decorre direito em prol IV - pró-labore, em razão de atividade temporária de magisté-
do militar a qualquer subsídio que tenha deixado de perceber. rio militar, extensiva aos civis que vierem a exercer essa atividade
Art. 80. Os proventos da inatividade são devidos ao militar des- no âmbito da Corporação.
ligado do serviço ativo em virtude de: Parágrafo único. Incumbe ao Chefe do Poder Executivo regula-
I - transferência para reserva remunerada; mentar o valor, a concessão e o pagamento das vantagens pecuniá-
II - reforma. rias de que trata este artigo.
*Art. 81. Ao transferir-se para a inatividade, o militar tem direi-
to a proventos equivalentes ao subsídio do posto o graduação que Seção III
ocupava na ativa. Da Promoção
*Art. 81 com redação determinada pela Lei nº 2.924, de
3/12/2014 Art. 84. O acesso na hierarquia militar é seletivo, gradual e
§ 1º O tempo de serviço considerado pela legislação vigente à sucessivo e é feito mediante promoções, na forma da legislação
data da promulgação da Emenda Constitucional Federal 20 é com- específica, de modo a obter-se um fluxo regular e equilibrado da
putado como tempo de contribuição. carreira.
§ 2º Os proventos da inatividade não podem ser superiores aos § 1º O planejamento da carreira dos militares, Oficiais e Praças,
subsídios da atividade, ressalvadas as situações constituídas até a obedecida a legislação específica, é atribuição do Comandante-Ge-
data da vigência desta Lei. ral da Corporação.
*§ 3º Os proventos mencionados no caput deste artigo, rea- § 2º A promoção é ato administrativo que tem como finalidade
justáveis na mesma data e proporção dos subsídios dos militares básica a seleção dos militares para o exercício de funções pertinen-
da ativa, correspondem ao tempo de contribuição computável até tes ao grau hierárquico superior.
o máximo de: Art. 85. As promoções são efetuadas pelos critérios:
*I- 30 anos, para homens; I - de antiguidade, decorrente da precedência hierárquica de
*II – 25 anos, para mulheres. um militar sobre os demais de igual posto ou graduação do mesmo
*§3º acrescentado pela Lei nº 2.924, de 3/12/2014. quadro;

15
NORMAS RELATIVAS À PMTO
II - de merecimento, que tem como pressuposto o conjunto de § 1º A concessão das férias não anula direito a licenças e não
qualidades e atributos que distinguem e realçam o valor do militar é prejudicada:
entre seus pares, avaliados no decurso da carreira e no desempe- I - pela fruição anterior de licença para tratamento de saúde;
nho de cargos e comissões exercidos, particularmente no grau hie- II - por punição anterior decorrente de transgressão disciplinar;
rárquico que ocupa ao ser cogitado para promoção; III - pelo estado de guerra;
III - por escolha, efetuada por ato do Chefe do Poder Executi- IV - para que sejam cumpridos atos de serviço.
vo, ao posto de Coronel, do Tenente-Coronel, que julgar qualificado § 2º O período planejado de férias dos militares é suspenso
para o desempenho dos altos cargos de comando, chefia ou dire- ou alterado, mediante registro nos assentamentos, e somente nos
ção; seguintes casos:
IV - por bravura, resultante de ato ou atos incomuns de cora- I - interesse da manutenção da ordem;
gem, audácia e abnegação que, ultrapassando os limites normais II - extrema necessidade de serviço;
do cumprimento do dever, representem feitos indispensáveis às III - transferência para a inatividade.
operações militares, pelos resultados alcançados ou pelo exemplo § 3º É vedada a acumulação de três períodos de férias, inde-
deles emanado; pendentemente dos motivos enunciados no §2º deste artigo.
V - post mortem, com vistas a: Art. 88. O militar tem direito aos seguintes períodos integrais
a) expressar o reconhecimento do Estado ao militar falecido no de afastamento do serviço, obedecidas a legislação pertinente, por
cumprimento em consequência do dever; motivo de:
b) preencher as condições exigidas nesta Lei, não efetivado em I - núpcias, oito dias;
virtude do óbito; II - luto, oito dias, por morte de:
VI - de tempo de contribuição para o militar que complete o a) cônjuge ou companheiro;
tempo necessário de contribuição previdenciária destinado à sua b) descendente ou ascendente, por consaguinidade, em linha
transferência voluntária para a reserva remunerada no posto ou reta;
graduação imediatamente superior àquele em que se encontre; c) parente por afinidade, em primeiro grau, na linha reta ascen-
*VII -de invalidez permanente, a que faz jus o Policial Militar dente ou descendente;
ativo ou inativo que for ou tenha sido julgado incapaz definitiva- d) colateral por consaguinidade até segundo grau;
mente para o serviço militar, pela Junta Militar Central de Saúde, III - instalação, até dez dias;
em razão de ferimento ou enfermidade decorrente do cumprimen- IV -trânsito, até trinta dias;
to do dever ou que nele tenha a sua causa eficiente, comprovado V - finalização de trabalho objeto de curso de graduação ou
por sindicância ou inquérito policial militar. pós-graduação, até dez dias consecutivos;
*Inciso VII com redação determinada pela Lei nº 3.028, de VI - data natalícia do militar, um dia.
4/11/2015 Parágrafo único. O afastamento do serviço por motivo de núp-
§ 1º Em casos extraordinários, pode haver promoção pelo cri- cias ou luto é concedido, no primeiro caso, se solicitado por ante-
tério de ressarcimento de preterição. cipação à data do evento e, no segundo, até oito dias após o óbito.
§ 2º A promoção do militar feita em ressarcimento de preteri- Art. 89. As férias e outros afastamentos mencionados nesta Se-
ção é efetuada pelo critério a que tinha direito, com o número que ção são concedidos sem prejuízo da remuneração e computados
lhe cabia na escala hierárquica, como se houvesse sido promovido como tempo de efetivo serviço para todos os efeitos legais.
na época devida.
§ 3º A promoção pelo critério de tempo de contribuição: Seção V
I - independe: Das Licenças
a) do preenchimento de quaisquer dos requisitos estabelecidos
na Lei de Promoções dos Militares Estaduais; Art. 90. Licença é o ato liberatório do serviço do militar em ca-
b) de vaga em posto ou graduação do quadro a que pertencer ráter total e temporário, baixado pelo Comandante-Geral, obedeci-
o militar; das as disposições legais e regulamentares.
II - induz promoção do Subtenente para o posto de Segundo- Parágrafo único. Facultam-se as seguintes licenças:
-Tenente; I - para tratar de interesse particular;
III - não se aplica aos ocupantes do posto de Coronel, atendido, II - para tratamento de saúde de pessoa da família;
neste caso, o disposto na Lei 1.775, de 13 de abril de 2007; III - para tratamento da própria saúde;
IV - precede o ato de transferência para a reserva remunerada. IV - maternidade;
§ 4º Os demais requisitos e condições necessários à efetivação V - por adoção;
das promoções pelos critérios previstos neste artigo são estabeleci- VI - paternidade.
dos em lei específica. Art. 91. A licença para tratar de interesse particular é concedida
ao militar com mais de dez anos de efetivo serviço, pelo prazo de
Seção IV até dois anos, mediante requerimento, atendido o mérito adminis-
Das Férias e outros Afastamentos trativo.
Temporários do Serviço Parágrafo único. A licença de que trata este artigo, enquanto
durar, interrompe a remuneração e a contagem do tempo de efe-
Art. 86. O militar tem férias de trinta dias, acumuláveis até o tivo serviço.
máximo de dois períodos em caso de necessidade do serviço. Art. 92. As licenças maternidade, por adoção e paternidade
Parágrafo único. Para qualquer período aquisitivo de férias são tem os seguintes prazos de duração:
exigidos doze meses de efetivo serviço. I - licença maternidade, cento e vinte dias;
Art. 87. Compete ao Comandante-Geral a aprovação dos pla- II - licença por adoção, concedida à militar que adotar ou obti-
nos de férias das organizações militares subordinadas, bem como a ver guarda judicial para fins de adoção:
fiscalização do seu cumprimento. a) cento e vinte dias, se a criança tiver até um ano de idade;

16
NORMAS RELATIVAS À PMTO
b) sessenta dias, se a criança tiver mais de um até quatro anos IV - em caso de indiciação em inquérito policial militar;
de idade; V - em caso de pronúncia em processo criminal.
c) trinta dias, se a criança tiver mais de quatro até oito anos de
idade; Seção VI
III - licença paternidade, oito dias, concedida ao militar por nas- Dos Recursos
cimento de filho, reconhecimento de paternidade ou que adotar ou
obtiver guarda judicial para fins de adoção, de criança até oito anos Art. 99. O militar que se julgar prejudicado por qualquer ato
de idade. administrativo de superior hierárquico pode recorrer da decisão, ao
Parágrafo único. Para amamentar o próprio filho, até a idade amparo da legislação vigente.
de seis meses, a militar lactante tem direito, durante a jornada de § 1º São recursos disciplinares:
trabalho, a uma hora de descanso, que pode ser parcelada em dois I - no âmbito da sindicância:
períodos de meia hora. a) o pedido de reconsideração;
Art. 93. A duração da licença maternidade pode, atendido o b) o recurso hierárquico;
mérito administrativo, ser prorrogada por sessenta dias mediante II - no âmbito dos Conselhos de Justificação e de Disciplina, a
requerimento da militar beneficiada. apelação.
Parágrafo único. Para que a prorrogação de que trata este arti- § 2º O direito de recorrer, na esfera administrativa, preclui:
go seja efetivada, a militar deve requerer o benefício antes de findar I - em trinta dias corridos, a contar do recebimento de comu-
o último mês da licença maternidade. nicação oficial, quanto a ato que decorra da composição de quadro
Art. 94. A duração da licença por adoção pode ser prorrogada, de acesso para promoção;
atendido o mérito administrativo, mediante requerimento da mili- II - em cinco dias úteis:
tar beneficiada, em: a) para interpor pedido de reconsideração de ato ou recurso
I - quarenta e cinco dias, no caso de criança com até um ano hierárquico, a contar da data em que o militar tome conhecimento
de idade; oficial da decisão em que se aplicou a sanção disciplinar;
II - trinta dias, no caso de criança com mais de um até oito anos b) da data em que tome conhecimento oficial do indeferimento
de idade. do pedido de reconsideração;
Art. 95. Durante o período de prorrogação da licença materni- III - em quinze dias úteis para interpor apelação, a contar da
dade ou da licença por adoção, a militar não pode exercer qualquer data em que o militar tome conhecimento oficial do teor do julga-
atividade remunerada, e a criança não pode ser mantida em creche mento proferido pela autoridade nomeante do respectivo conse-
ou organização similar. lho.
Parágrafo único. Em caso de descumprimento do disposto nes-
§ 3º A reconsideração é o recurso interposto por requerimen-
te artigo, a militar perde o direito à prorrogação da licença.
to dirigido à autoridade prolatora, no qual o militar que se julgue
Art. 96. A licença para tratamento de saúde de pessoa da fa-
prejudicado, injustiçado ou ofendido, pede o reexame da decisão.
mília ou para tratamento da própria saúde pode ser concedida ao
§ 4º Recurso hierárquico é o recurso disciplinar interposto pelo
militar, a pedido ou de ofício, precedida de inspeção realizada pelo
militar irresignado com o indeferimento do pedido de reconsidera-
serviço de saúde da Corporação, sem prejuízo do subsídio.
ção de ato, dirigido diretamente:
§ 1º Na impossibilidade física de locomoção do paciente, a ins-
I - ao Chefe do Estado-Maior, quando a autoridade instaurado-
peção de saúde pode ser realizada no local onde este se encontrar.
ra da sindicância for o Corregedor ou a autoridade funcionalmente
§ 2º As licenças referidas no caput deste artigo somente são
concedidas depois da homologação pelo serviço de saúde da Cor- inferior a este;
poração. II - à autoridade imediata e funcionalmente superior nos de-
§ 3º O serviço de saúde da Corporação, em sendo necessário, mais casos.
pode modificar o período anteriormente prescrito, após análise da § 5º A apelação consiste no recurso interposto contra o julga-
documentação apresentada ou avaliação do paciente, retroagindo mento proferido nos autos do Conselho de Justificação ou Discipli-
seus efeitos à data inicial do afastamento. na, dirigido à autoridade superior à nomeante.
§ 4º Computa-se falta ao militar que não se apresenta ao servi- § 6º O pedido de reconsideração, o recurso hierárquico e a
ço na data fixada para o término da licença. apelação cabem a cada um dos militares que se julgue prejudicado,
§ 5º Findo o prazo da licença, o pedido de prorrogação sujeita o injustiçado ou ofendido.
militar a nova inspeção pelo serviço de saúde da Corporação.
Art. 97. Incumbe à Junta Militar Central de Saúde (JMCS) for- Seção VII
mar livremente sua convicção fundada em fatos, circunstâncias ou Do Alistamento Eleitoral
elementos, independentemente de:
I - diagnósticos e pareceres de especialistas; Art. 100. Todos os militares são alistáveis como eleitores. O mi-
II - atestados emitidos por outros profissionais de saúde; litar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:
III - resultados de exames subsidiários; I - se contar menos de dez anos de serviço, deve afastar-se da
IV - diagnósticos decorrentes de internação. atividade;
Parágrafo único. Pode compor a Junta Militar Central de Saú- II - se contar mais de dez anos de serviço, é agregado pela au-
de (JMCS) profissional civil integrante da Junta Médica Oficial do toridade superior e, se eleito, passa automaticamente, no ato da
Estado. diplomação, para a reserva remunerada, proporcionalmente ao seu
Art. 98. A licença para tratar de interesse particular pode sus- tempo de contribuição.
pender-se: § 1º O militar transferido para a reserva remunerada na con-
I - em caso de mobilização e estado de guerra; formidade do inciso II deste artigo pode, mediante requerimento,
II - em caso de estado de defesa ou de sítio; observado o mérito administrativo, retornar ao serviço ativo da
III - para cumprimento de sentença que implique restrição da Corporação desde que terminado o mandato eletivo, por renúncia
liberdade individual; ou implemento de tempo.

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NORMAS RELATIVAS À PMTO
§ 2º O retorno do militar cujo mandato eletivo houver cessado, § 2º O militar na inatividade, cuja conduta possa ser considera-
depende de ato do: da ofensiva à dignidade da classe, pode ser definitivamente proibi-
I - Chefe do Poder Executivo, se Oficial; do de usar uniformes, por decisão do ComandanteGeral da Corpo-
II - Comandante-Geral, se Praça. ração, assegurado o contraditório e a ampla defesa.
§ 3º No caso do § 2o deste artigo, a antiguidade é contada a § 3º O militar fardado tem as obrigações inerentes ao uniforme
partir da data do respectivo ato. que usa e aos distintivos, emblemas e insígnias que ostente.
Art. 106. É defeso ao civil ou a organização civil usar uniforme
CAPÍTULO XI ou ostentar distintivo, equipamento, viatura, insígnia ou emblema
DAS PRERROGATIVAS que possa ser confundido com o adotado pela Corporação.
Parágrafo único. São responsáveis pela infração de que trata
Art. 101. As prerrogativas dos militares são constituídas pelas este artigo:
honras, dignidades e distinções devidas aos graus hierárquicos e I - o presidente, o diretor ou o chefe de repartição, instituto,
cargos. departamento ou organização de qualquer natureza;
Parágrafo único. São prerrogativas dos militares estaduais: II - o dirigente de sociedade empresária;
I - o uso de títulos, uniformes, distintivos, insígnias e emblemas III - o empregador.
militares, correspondentes ao posto ou à graduação;
II - as honras, o tratamento e os sinais de respeito que lhes são CAPÍTULO XII
DAS SITUAÇÕES ESPECIAIS
assegurados em leis e regulamentos;
Seção I
III - o cumprimento de pena de prisão ou detenção somente em
Da Agregação
organização militar, cujo Comandante, Chefe ou Diretor tenha pre-
cedência hierárquica sobre o preso ou o detido, na conformidade
Art. 107. A agregação é a situação na qual o militar da ativa
da legislação vigente; deixa de ocupar vaga na escala hierárquica do seu quadro, nela per-
IV - o julgamento em foro especial, nos crimes militares, na manecendo sem número.
conformidade da legislação vigente. § 1º O militar deve ser agregado quando:
Art. 102. Somente em flagrante delito pode o militar ser preso I - nomeado para cargo não considerado de natureza militar;
por autoridade policial, ficando esta obrigada a entregá-lo imedia- II - aguardar transferência para a reserva remunerada, por ter
tamente à autoridade militar estadual mais próxima, só podendo sido enquadrado em quaisquer dos requisitos que a motivem;
retê-lo na delegacia ou no posto policial durante o tempo necessá- III - condenado à pena de suspensão do posto, graduação, car-
rio a lavratura do flagrante, informado dos seus direitos, entre os go ou função na conformidade do Código Penal Militar.
quais o de permanecer calado e de contar com a assistência de sua IV - julgado incapaz definitivamente para o serviço, enquanto
família e de advogados. tramita o processo de reforma;
§ 1º Cabe ao Comandante-Geral da Corporação a iniciativa de V - ultrapassados seis meses contínuos em licença para trata-
responsabilizar a autoridade que não cumprir o disposto neste ar- mento da própria saúde;
tigo ou maltratar ou consentir que seja maltratado qualquer mili- VI - ultrapassados seis meses contínuos em licença para tratar
tar estadual preso, ou não lhe der o tratamento relacionado ao seu de interesse particular;
posto ou graduação. VII - ultrapassados seis meses contínuos em licença para trata-
§ 2º Sempre que o militar, quando em julgamento na Justiça mento em pessoa da família;
Comum, esteja com risco de morte, cumpre ao Comandante-Ge- VIII - oficialmente considerado extraviado;
ral da Corporação, em entendimento com a autoridade judiciária, IX - oficialmente declarado desertor, se Oficial ou Praça estável;
providenciar as medidas necessárias à segurança dos pretórios ou X - apresentar-se voluntariamente ou ter sido capturado, após
tribunais com emprego da força policial militar. deserção;
Art. 103. Os militares da ativa, no exercício de suas funções, XI - ficar unicamente a disposição da justiça comum, para se ver
são dispensados do serviço do Tribunal do Júri e da Justiça Eleitoral. processar, exceto se a ação penal decorrer de ato do serviço;
XII - ultrapassar seis meses contínuos, sujeito a processo no
Seção Única foro militar, exceto se a ação penal decorrer de ato do serviço;
XIII - tiver sido condenado à pena restritiva de liberdade supe-
Dos Uniformes
rior a seis meses, com sentença transitada em julgado, enquanto
durar a sua execução, ou até que seja declarado indigno de perten-
Art. 104. Os uniformes da Corporação, com seus distintivos, in-
cer à Corporação ou com ela incompatível;
sígnias e emblemas, são privativos dos militares e representam o
XIV - nomeado para qualquer cargo, emprego ou função públi-
símbolo da autoridade de que lhes é conferida pelo Estado, com as ca temporária, de natureza civil não eletiva, ainda que na adminis-
prerrogativas inerentes. tração indireta;
Art. 105. Em regulamento específico são disciplinados os mo- XV - candidato a cargo eletivo, desde que conte com dez ou
delos dos uniformes, seus distintivos, insígnias, emblemas, descri- mais anos de serviço.
ção, composição, peças e acessórios. § 2º O militar agregado na conformidade do inciso II do pará-
§ 1º É proibido ao militar estadual o uso do uniforme: grafo anterior, ainda que afastado de suas funções, é considerado
I - em reuniões, propaganda ou manifestações de caráter polí- em serviço ativo para todos os efeitos legais.
tico-partidário, salvo se em serviço; § 3º É considerado em serviço ativo para todos os efeitos legais,
II - na inatividade, salvo para comparecer a solenidades milita- o militar:
res e, quando autorizado, a cerimônias cívicas comemorativas de I - que ficar unicamente à disposição da Justiça Comum para se
datas nacionais ou atos solenes de caráter particular; ver processar e julgar;
III - no estrangeiro, em atividades não relacionadas com a mis- II - sujeito a processo na Justiça Militar, decorrente de ato de
são militar, salvo se expressamente autorizado ou determinado. serviço.

18
NORMAS RELATIVAS À PMTO
§ 4º A agregação do militar, a que se referem os incisos I e XIV Art. 114. O militar que, na forma do artigo anterior, permane-
do §1º, deste artigo, é contada a partir da data da nomeação no cer desaparecido por mais de trinta dias, é oficialmente considera-
novo cargo até o regresso à Corporação ou a transferência ex officio do extraviado.
para a reserva remunerada. Art. 115. O extravio do militar da ativa acarreta interrupção
§ 5º A agregação do militar, a que se referem os incisos V, VI, do serviço militar, com o consequente afastamento temporário do
VII, e XII do §1º, deste artigo, é contada a partir do primeiro dia após serviço ativo, a partir da data em que for oficialmente considerado
os respectivos prazos, e enquanto durar o evento. extraviado.
§ 6º A agregação do militar, a que se referem os incisos III, VIII, § 1º A exclusão do serviço ativo é feita seis meses após a agre-
IX, X e XI do §1º, deste artigo, é contada a partir da data indicada no gação por motivo de extravio.
ato que torna público o respectivo evento. § 2º Em caso de naufrágio, sinistro aéreo, catástrofe, calamida-
§ 7º A agregação do militar, a que se refere o inciso XV do §1o, de pública ou outro acidente oficialmente reconhecido, o extravio
deste artigo, é contada a partir da data do registro como candidato ou o desaparecimento do militar da ativa é considerado falecimen-
até sua diplomação ou retorno à Corporação, se não eleito. to, para os fins desta Lei, tão logo sejam esgotados os prazos máxi-
§ 8º O militar agregado permanece sujeito às obrigações disci- mos de possível sobrevivência, ou quando encerradas as providên-
plinares concernentes às suas relações com outros militares e au- cias de salvamento.
toridades civis. Art. 116. O reaparecimento do militar extraviado ou desapare-
§ 9º O militar agregado fica adido ao Quartel do Comando Geral cido, já excluído do serviço ativo, resulta em sua reinclusão e nova
para efeito de alterações e remuneração, continuando a figurar no agregação, enquanto se apurem as causas que deram origem ao
respectivo almanaque, sem número, no lugar que até então ocupa- afastamento.
va, com abreviatura “Ag” e anotações esclarecedoras da situação. Art. 117. O falecimento do militar da ativa acarreta a exclusão
§ 10. A agregação se faz por ato do Comandante-Geral da Cor- do serviço ativo a partir da data do óbito.
poração.
CAPÍTULO XIII
Seção II DA EXCLUSÃO DO SERVIÇO ATIVO
Da Reversão
Art. 118. A exclusão do serviço ativo da Corporação é feita em
Art. 108. Reversão é o ato pelo qual o militar agregado retorna consequência de:
ao respectivo quadro, tão logo cesse o motivo que determinou a I - transferência para reserva remunerada;
agregação, voltando a ocupar o lugar que lhe compete na respectiva II - reforma;
escala numérica. III - deserção;
Art. 109. A qualquer tempo pode ser determinada a reversão IV - falecimento;
V - extravio.
do militar, exceto nos casos dos incisos III, IV, V, VIII, XIII e XV do §1o
Art. 119. A exclusão do serviço ativo opera-se por ato do Co-
do art. 107 desta Lei.
mandante-Geral da Corporação.
Art. 110. A reversão se faz por ato do Comandante-Geral da
Art. 120. A transferência para a reserva remunerada ou a re-
Corporação.
forma não isenta o militar de indenização dos prejuízos que tenha
Seção III
causado à Fazenda Pública Estadual.
Do Excedente
Seção I
Art. 111. O militar em situação de excedente não sofre restri-
Da Transferência para a Reserva Remunerada
ção em seus direitos e é identificado no respectivo almanaque com
abreviatura Excd. Art. 121. A transferência do militar para a reserva remunerada
é efetuada:
Seção IV I - a pedido;
Do Ausente II - ex officio.
Art. 122. A transferência para a reserva remunerada, a pedido,
Art. 112. É considerado ausente o militar que, por mais de vinte é concedida, mediante requerimento, ao militar que contar no mí-
e quatro horas consecutivas: nimo dez anos de efetivo serviço na Corporação e:
I - deixar de comparecer à sua organização militar, sem comuni- I - trinta anos de contribuição, se homem;
car qualquer motivo ou impedimento; II - vinte e cinco anos de contribuição, se mulher.
II - ausentar-se, sem licença da organização militar a que serve § 1º O militar que requerer sua transferência para a reserva
ou do local onde deve permanecer. remunerada por ter cumprido o tempo estabelecido neste artigo, é
Parágrafo único. O militar é considerado ausente até o prazo automaticamente afastado das atividades militares.
não confirmativo da deserção. § 2º A transferência para a reserva remunerada depende da
indenização, pelo militar,das despesas realizadas pelo Estado com
Seção V curso ou estágio destinado ao seu aperfeiçoamento, por tempo
Do Desaparecimento, do Extravio e do Falecimento superior a seis meses, se ainda não contraprestado igual prazo de
serviço. Aplicase, ao caso, no que couber, o disposto no art. 133
Art. 113. É considerado desaparecido o militar da ativa que, no desta Lei.
desempenho de qualquer serviço, em viagem, em operações mili- § 3º A inativação do militar que estiver respondendo a inqué-
tares ou em caso de calamidade pública, tiver paradeiro ignorado rito ou a processo judicial, desde que conte com o tempo de con-
por mais de oito dias. tribuição estabelecido neste artigo, é concedida, mediante requeri-
Parágrafo único. A situação de desaparecido só é considerada mento. A concessão comunicada, de imediato, à autoridade policial
quando não houver indício de deserção. ou judicial competente.

19
NORMAS RELATIVAS À PMTO
Art. 123. Cabe transferência ex officio para a reserva remune- Art. 126. Anualmente, no mês de janeiro, o órgão de pessoal da
rada quando o militar: Corporação faz organizar a relação dos militares que tenham com-
I - atingir as seguintes idades limites: pletado a idade de que trata o inciso I do art. 125 desta Lei, para
a) o Oficial Superior, sessenta anos; efeito de reforma.
b) o Oficial Subalterno e Intermediário, cinquenta e oito anos; Art. 127. A incapacidade definitiva pode sobrevir em consequ-
c) o Subtenente e Sargento, cinquenta e sete anos; ência de:
d) o Cabo e Soldado, cinquenta e quatro anos; I - acidente em serviço, ferimento recebido na manutenção da
II - for considerado inabilitado para inclusão nos quadros de ordem pública, enfermidade contraída nessa situação ou que nela
acesso à promoção, em caráter definitivo; tenha a causa eficiente;
III - estiver agregado por mais de um ano contínuo em virtude II - doença, moléstia ou enfermidade adquirida, com relação de
de licença para tratar de saúde em pessoa da família; causa e efeito inerente às condições do serviço;
IV - ultrapassar dois anos de afastamento, contínuos ou não, III - doença grave, contagiosa ou incurável;
agregado em virtude de nomeação em cargo público civil temporá- IV - acidente ou doença, moléstia ou enfermidade, sem relação
rio, não eletivo, ainda que da Administração Indireta;
de causa e efeito inerente às condições do serviço.
V - for diplomado em cargo eletivo, se contar mais de dez anos
§ 1º Considera-se acidente em serviço aquele que ocorra com
de serviço;
militar da ativa, quando:
VI - após três matrículas ou indicações para frequentar curso
I - no exercício de suas atribuições funcionais;
necessário à sua elevação na carreira militar, não se interessar na
respectiva matrícula, ou, matriculado, não completá-lo com o apro- II - no cumprimento de ordens emanadas de autoridade militar
veitamento; competente;
VII -se oficial do QOA, QOE ou QOS, ultrapassar cinco anos de III - no decurso de viagens a serviço, previstas em regulamentos
permanência no último posto da hierarquia de seu quadro, desde ou autorizadas por autoridade militar competente;
que conte com trinta ou mais anos de serviço; IV - no decurso de viagens impostas por motivo de movimenta-
VIII - se praça, ultrapassar três anos de permanência na mesma ção efetuadas no interesse do serviço ou a pedido;
graduação, desde que conte trinta ou mais anos de serviço; V - no deslocamento entre a sua residência e a organização em
IX - ultrapassar cinco anos de permanência no último posto da que serve ou o local de trabalho, ou naquele em que sua missão
Corporação, desde que conte, no mínimo, com trinta anos de ser- deva ter início ou prosseguimento, e viceversa, atendido o seguinte:
viço. a) a relação entre tempo e espaço, o itinerário percorrido pelo
§ 1º A nomeação do militar para os cargos de que trata o inciso militar entre sua residência e o local de trabalho e vice-versa e, em
IV somente pode ser feita: dias sem expediente, se o militar esteja escalado de serviço;
I - pela autoridade federal competente mediante requisição ao b) seja o acidente em serviço confirmado na conformidade do
Chefe do Poder Executivo, quando o cargo for do âmbito federal; §2º deste artigo e por meio de Sindicância ou Inquérito Policial Mi-
II - pelo Chefe do Poder Executivo, ou mediante sua autoriza- litar, que deve ser parte integrante do processo, para esclarecer as
ção, quando o cargo for estadual ou municipal. circunstâncias do fato que deu origem ao acidente.
§ 2º Enquanto permanecer no cargo de que trata o inciso IV, o § 2º Os casos de que tratam os incisos I e II do caput deste
militar tem assegurada a contagem do tempo de contribuição para artigo são provados, sempre que possível, por documento sanitário
a reserva remunerada, bem assim para optar pela remuneração do de origem, utilizando-se, como subsidiários ao esclarecimento da
posto ou da graduação. situação, os termos do acidente, ocorrência policial, baixa ao hospi-
§ 3º A transferência do militar para a reserva remunerada pode tal, prontuários ou papeletas de tratamento nas enfermarias e hos-
ser suspensa na vigência do estado de guerra, estado de defesa e pitais e os registros de baixa.
estado de sítio ou em caso de mobilização. § 3º Nenhum militar é reformado quando possível seu aprovei-
§ 4º A transferência para reserva remunerada, prevista no inci- tamento nas atividades administrativas da Corporação, compatíveis
so VI deste artigo, depende de indicação da comissão de promoções
com suas condições de saúde.
e de decisão do Comandante-Geral da Corporação.
§ 4º Consideram-se doenças graves, contagiosas ou incuráveis:
I - tuberculose ativa;
Seção II
II - alienação mental;
Da Reforma
III - esclerose múltipla;
Art. 124. A passagem do militar para a inatividade, por reforma, IV - neoplasia maligna;
se efetua ex officio. V - cegueira;
Art. 125. A reforma é aplicada ao militar que: VI - hanseníase;
I - superar em três anos as idades limites estabelecidas no inci- VII - cardiopatia grave;
so I do art. 123 desta Lei; VIII -doença de Parkinson;
II - for julgado incapacitado definitivamente para a atividade IX - paralisia irreversível e incapacitante;
militar; X - espondiloartrose anquilosante;
III - estiver agregado por mais de um ano, por ter sido julgado XI - nefropatia grave;
incapacitado temporariamente para o serviço militar, ainda que se XII - estados avançados do mal de Paget (osteíte deformante);
trate de moléstia curável; XIII -Síndrome de Imunodeficiência Adquirida - AIDS;
IV - for condenado à pena de reforma prevista no Código Penal XIV -outras que a lei indicar, com base na medicina especiali-
Militar, por sentença com trânsito em julgado; zada.
V - considerado culpado em processo nos Conselhos de Justifi- § 5º No caso de tuberculose, a Junta Militar Central de Saúde
cação ou de Disciplina, instaurado para determinar a conveniência deve fundar seu julgamento, obrigatoriamente, nas observações clí-
de sua permanência no serviço ativo cujo julgamento seja pela apli- nicas, acompanhadas de repetidos exames subsidiários, de modo a
cação desta medida. comprovar, com segurança, a atividade da doença.

20
NORMAS RELATIVAS À PMTO
§ 6º Considera-se alienação mental todo caso de distúrbio Seção III
mental grave persistente no qual, esgotados os meios habituais Da Deserção
de tratamento, permaneça alteração completa ou considerável na
personalidade, destruindo a autodeterminação do pragmatismo e Art. 131. O militar oficialmente declarado desertor tem sua si-
tornando o militar total e permanentemente impossibilitado para tuação funcional definida na conformidade do Código de Processo
toda e qualquer atividade laborativa. Penal Militar.
§ 7º São excluídas do conceito de alienação mental as epilep-
sias psíquicas e neurológicas, assim julgadas pela Junta Militar Cen- CAPÍTULO XIV
tral de Saúde. DA DEMISSÃO, EXONERAÇÃO, PERDA DO POSTO E
§ 8º Considera-se paralisia todo caso de neuropatia grave e de- DA PATENTE DOS OFICIAIS, E DA GRADUAÇÃO
finitiva que afete a motilidade, sensibilidade, troficidade e demais DAS PRAÇAS E DA DECLARAÇÃO DE INDIGNIDADE DE
funções nervosas no qual, esgotados os meios habituais de trata- PERMANÊNCIA NO SERVIÇO ATIVO DA CORPORAÇÃO
mento, permaneçam distúrbios graves, extensos e definitivos que
tornem o militar, total e permanentemente, impossibilitado para Art. 132. A exclusão da Corporação efetua-se por:
toda e qualquer atividade laborativa. I - demissão;
§ 9º São também equiparadas às paralisias os casos de afec- II - exoneração;
ção ósteo-músculoarticulares graves e crônicos, como reumatismos III - perda do posto ou da patente;
graves e crônicos ou progressivos e doenças similares, nos quais, IV - perda da graduação;
esgotados os meios habituais de tratamento, permaneçam distúr- V - licenciamento.
bios extensos e definitivos, quer ósteo-músculo-articulares, quer Parágrafo único. O militar exonerado ou demitido não tem di-
secundários das funções nervosas, motilidade, troficidade ou mais
reito a qualquer remuneração, regendo-lhe a situação militar a Lei
funções que tornem o militar total e permanentemente impossibili-
Federal do Serviço Militar.
tado para toda e qualquer atividade laborativa.
Art. 133. A exoneração é concedida a requerimento do inte-
§ 10. São equiparados à cegueira não só casos de afecção crô-
ressado:
nicas, progressivas e incuráveis, que conduzam à perda total da vi-
são, como também os de visão rudimentar que apenas permitam I - sem indenização aos cofres públicos, quando contar tempo
a percepção de vultos, não susceptíveis de correção por lente nem igual ou superior ao transcorrido com sua formação, habilitação,
removíveis por tratamento médico-cirúrgico. aperfeiçoamento ou especialização profissional;
Art. 128. O militar reformado por incapacidade definitiva, que II - com indenização aos cofres públicos, pela formação, habili-
for julgado apto em inspeção de saúde, por Junta Médica Militar, tação, aperfeiçoamento ou especialização profissional, pelo tempo
em grau de recurso ou revisão, pode retornar ao serviço ativo ou que restar para completar o previsto no inciso I deste artigo.
ser transferido para a reserva remunerada, na conformidade da le- § 1º A indenização prevista no inciso II deste artigo é calcu-
gislação específica. lada com base na remuneração atualizada referente ao posto ou
§ 1º Dá-se o retorno ao serviço ativo quando o tempo decor- graduação ostentada durante o curso de formação ou preparação,
rido na situação de reformado não ultrapasse dois anos, ocupando multiplicada pelos meses restantes.
o militar a mesma posição de antiguidade que lhe cabia na escala § 2º Quando, durante o curso de formação ou preparação, hou-
hierárquica anterior da reforma. Não havendo vaga, o militar passa ver elevação na escala hierárquica, o valor a que se refere o §1o
à situação de excedente até o surgimento da primeira vaga. deste artigo é calculado com base na média aritmética da remu-
§ 2º A transferência para a reserva remunerada, atendido o li- neração atualizada referente aos graus hierárquicos ostentados du-
mite de idade, ocorre quando o tempo decorrido na situação de rante o curso.
reformado ultrapassar dois anos. Art. 134. O militar é exonerado de ofício quando:
Art. 129. A remuneração do militar reformado por alienação I - tomar posse em cargo público de provimento efetivo;
mental, enquanto não sobrevier nomeação judicial de curador, é II - tendo sido incluído na Corporação, não se apresentar no
paga aos seus beneficiários, desde que o tenham sob sua guarda e prazo estabelecido.
responsabilidade e lhe dispensem tratamento condigno. Art. 135. O militar que responda a processo disciplinar só pode
§ 1º A interdição do militar reformado por alienação mental ser exonerado, a pedido, após a conclusão do processo e o cumpri-
deve ser providenciada junto ao órgão judicial competente, por mento da penalidade aplicada.
iniciativa dos beneficiários, parentes ou responsáveis, até noventa Art. 136. O direito à exoneração pode ser suspenso na vigência
dias a contar da data do ato da reforma, sob pena de suspensão da de estado de guerra, calamidade pública, estado de defesa e de sí-
respectiva remuneração até que a sobrevinda da curatela.
tio, grave perturbação da ordem pública ou em caso de mobilização.
§ 2º A Corporação deve provocar o Ministério Público a fim de
Art. 137. O militar que houver perdido o posto e a patente ou a
promover a interdição do militar reformado por alienação mental,
graduação é demitido ex officio.
quando:
Art. 138. O militar da reserva remunerada ou reformado que
I - inexistente a interdição ou não tenha sido ela promovida por
alguma das pessoas designadas nos incisos I e II do art. 1.768 do houver perdido o posto ou a patente ou a graduação continua a
Código Civil Brasileiro; perceber os proventos da sua inativação.
II - existindo as pessoas mencionadas no inciso antecedente, Art. 139. O militar pode ser demitido a bem da disciplina se de-
estas forem incapazes. monstrar incompatibilidade para o exercício da atividade militar ou
§ 3º Os atos e processos administrativos de registro de interdi- se tiver conduta que não lhe recomende a permanência no serviço
ção do militar têm rito sumário. ativo da Corporação.
Art. 130. Para os fins desta Seção, as seguintes Praças são con- Art. 140. A demissão da Corporação a bem da disciplina acarre-
sideradas: ta a perda do grau hierárquico e não isenta o demitido das indeniza-
I - Segundo Tenente, os Aspirantes a Oficial; ções dos prejuízos que causou à Fazenda Pública Estadual.
II - Aspirantes a Oficial, os Cadetes;

21
NORMAS RELATIVAS À PMTO
CAPÍTULO XV CAPÍTULO XVI
DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO DA CONVOCAÇÃO DE MILITAR DA RESERVA REMUNERADA

Art. 141. Tempo de efetivo serviço é o espaço de tempo, contí- Art. 148. O militar na reserva remunerada pode ser convocado
nuo ou não, computado dia a dia, entre a data da inclusão na Cor- para o serviço ativo, em caráter transitório e mediante aceitação
poração e a do limite estabelecido para contagem, ou a data de voluntária, por ato do Chefe do Poder Executivo, se conveniente ao
exclusão do serviço ativo. serviço, quando:
§ 1º Computa-se, ainda, como tempo de efetivo serviço: I - se torne necessário o aproveitamento de conhecimentos
I - o tempo de contribuição prestado em qualquer organização técnicos e especializados do militar;
militar, Federal ou Estadual, contado exclusivamente para fins de II - não haja, no serviço ativo, militar habilitado a exercer a fun-
inatividade; ção vaga na Organização Militar.
II - o tempo passado dia a dia nas organizações militares do Es- § 1º O militar designado tem os direitos e os deveres do militar
tado do Tocantins pelo militar da reserva da Corporação, convocado da ativa em igual situação hierárquica, salvo quanto à promoção.
ou mobilizado para o exercício de funções militares estaduais. § 2º A convocação a que se refere este artigo é realizada por ato
§ 2º Ao tempo de contribuição a que se refere este artigo, do Comandante-Geral da Corporação, quando se tratar de praças.
apurado e totalizado em dias, é aplicado o divisor de trezentos e § 3º A transitoriedade da convocação não impede ao militar a
sessenta e cinco dias para a correspondente obtenção dos anos de permanência no serviço ativo, até que implemente o tempo neces-
efetivo serviço. sário à sua inativação.
Art. 142. Anos de Serviço é a expressão que designa o tempo § 4º O militar convocado por tempo determinado retorna, au-
de contribuição a que se refere o art. 141 desta Lei, não computa- tomaticamente, à situação anterior, assegurando-se-lhe os direitos
dos para fins de gratificações, adicionais ou quaisquer outras vanta- adquiridos durante o período da convocação.
gens pecuniárias, com os seguintes acréscimos: § 5º A antiguidade dos militares convocados para o serviço ati-
I - tempo de contribuição público federal, estadual ou munici- vo regula-se pela norma do art. 16 desta Lei.
pal, prestado pelo militar estadual anterior à sua inclusão na Corpo-
ração, excetuado o constante do inciso I do § 1º do art. 141 desta CAPÍTULO XVII
Lei; DA JORNADA DE TRABALHO
II - tempo de contribuição prestado em atividades privadas;
III - tempo de contribuição autônoma. Art. 149. Os comandantes das unidades, das companhias in-
Parágrafo único. Não se computa para nenhum efeito o tempo: corporadas ou destacadas, dos pelotões, dos destacamentos ou
I - passado em licença para tratar de interesse particular; subdestacamentos são responsáveis pela adequação do emprego
II - passado como desertor; dos militares de modo a cumprirem as obrigações institucionais,
III - decorrido em cumprimento de pena de suspensão de exer- guardado o período de repouso, mínimo, equivalente ao dobro das
cício do posto, graduação, cargo ou função por sentença com trân- horas trabalhadas.
sito em julgado; § 1º Independentemente do período de repouso mínimo fixa-
IV - decorrido em cumprimento de pena restritiva da liberdade, do neste artigo, o militar pode ser convocado semanalmente, uma
por sentença com trânsito em julgado, desde que não tenha sido vez para instrução geral e duas vezes para atividades de educação
concedida suspensão condicional da pena, ou não tenha o militar física, não excedendo cada convocação a três horas contínuas.
sido designado para o exercício de qualquer cargo ou § 2º Excepcionalmente, na iminência ou ocorrência de calami-
função. Neste caso, o tempo é computado para todos os efei- dade ou perturbação da ordem pública, operações e eventos sociais
tos, se as condições estipuladas na sentença não o impeçam. de grande concentração popular, o militar pode ser convocado no
Art. 143. É computado como se estivesse em exercício das res- interesse do serviço em regime diferenciado de que trata o caput
pectivas funções, o tempo que o militar estiver afastado por motivo deste artigo.
de ferimento recebido em acidente em serviço, na manutenção da § 3º A jornada de trabalho do aluno matriculado em curso da
ordem pública ou de moléstia adquirida no exercício de qualquer Corporação é regulada pela unidade a que se vincula.
função militar estadual.
Art. 144. O tempo de contribuição do militar beneficiado por CAPÍTULO XVIII
anistia é na conformidade do respectivo ato concessivo. DA MOVIMENTAÇÃO
Art. 145. O tempo de contribuição passado pelo militar no exer-
cício de atividades decorrentes ou dependentes de operações de Art. 150. Os Regulamentos de movimentação de Oficiais e Pra-
guerra é regulado em legislação específica. ças em serviço ativo, da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros
Art. 146. O pedido de transferência para a reserva remunerada Militar, são baixados por decreto do Chefe do Poder Executivo, com-
do militar que tenha completo o tempo de contribuição, ou esteja preendendo:
em via de completá-lo, é comunicado, para efeito de substituição, I - a jurisdição de âmbito estadual da Corporação;
ao Comandante-Geral da Corporação com antecedência de trinta II - o aprimoramento da eficiência da Corporação;
dias. III - a prioridade na formação e aperfeiçoamento dos Quadros;
Art. 147. Na contagem dos anos de serviço, não pode ser com- IV - a operacionalidade da força militar em termos de emprego
putada qualquer superposição dos tempos de serviço público fede- permanente;
ral, estadual ou municipal, ou passado em órgãos da administração V - a predominância do interesse público sobre o interesse pri-
indireta e fundações mantidas pelo poder público entre si, nem vado;
como os acréscimos de tempos para os possuidores de cursos uni- VI - a continuidade no desempenho das funções;
versitários, inclusive o prestado à atividade privada, e nem com o VII - a movimentação como decorrência dos deveres e das obri-
tempo de contribuição computável após a inclusão na Corporação, gações da carreira militar e como direito, nos casos especificados na
matrícula em órgão de formação militar ou nomeação para posto legislação pertinente;
ou graduação na Corporação. VIII - a disciplina;

22
NORMAS RELATIVAS À PMTO
IX - a vivência profissional de âmbito estadual; IV - destemor e segurança nas atitudes: capacidade de o poli-
X - o interesse do militar, quando pertinente. cial militar enfrentar com coragem, conhecimento, firmeza, equilí-
Parágrafo único. No cumprimento do disposto no inciso IX des- brio e prudência as situações difíceis ou perigosas;
te artigo, pode o militar, a critério do Comandante-Geral da Corpo- V - disponibilidade e compromisso com o resultado: grau de
ração, ser movimentado a todo tempo. comprometimento do militar, convocado ou não, em contribuir
Art. 151. O militar está sujeito, como decorrência dos deveres para o atendimento das necessidades da instituição e para o cum-
e das obrigações da atividade militar, a servir em qualquer parte primento das metas da Corporação;
do Estado e, quando designado, em qualquer parte do país ou do VI - criatividade: capacidade de buscar e propor ideias para so-
exterior. luções de problemas no ambiente de trabalho;
VII - iniciativa no exercício profissional: predisposição do poli-
CAPÍTULO XIX cial militar para resolver prontamente as situações, por mais difíceis
DAS RECOMPENSAS E DAS que sejam, e que não estejam inseridas nas ordens recebidas, me-
DISPENSAS DO SERVIÇO diante ação consciente e refletida;
VIII - apresentação e higiene pessoais: zelo do policial militar
Art. 152. As recompensas constituem o reconhecimento do Es- com a aparência e a higiene pessoais;
tado pelos bons serviços prestados pelo militar. IX - esforço de aprimoramento físico: ações do policial militar
§ 1º São recompensas militares: com vistas ao desenvolvimento e à manutenção do condicionamen-
I - o prêmio de honra ao mérito; to físico adequado ao desempenho de suas atividades;
II - as condecorações por serviços prestados; X - zelo com os bens da Fazenda Pública: responsabilidade do
III - os elogios e as referências elogiosas; policial militar pelo uso e pela conservação dos meios e bens pú-
IV - a dispensa do serviço. blicos;
§ 2º As recompensas são concedidas na conformidade das nor- XI - relacionamento em sociedade: conduta ilibada do policial
mas estabelecidas nas leise nos regulamentos da Corporação. militar no meio civil;
Art. 153. A dispensa do serviço é concedida ao militar para XII - pontualidade e assiduidade: cumprimento do horário de
afastamento total do serviço, em caráter temporário, com remune- entrada e permanência no local de trabalho, e saída dele, e a fre-
ração integral, computada como tempo de efetivo serviço: quência;
I - em recompensa pelos bons serviços prestados, por prazo XIII - organização e qualidade: habilidade do policial militar em
não superior a trinta dias, II - mediante desconto em férias. exercer suas atividades de forma ordenada e sistemática com resul-
tado satisfatório visando à excelência do serviço.
CAPÍTULO XX § 2º O conceito é atribuído pelo avaliador, para cada quesito
DA INSPEÇÃO DE SAÚDE referido no §1o deste artigo, da seguinte forma:
I - dez pontos para Excelente;
Art. 154. A inspeção de saúde, normatizada por ato do Coman- II - oito pontos para Muito Bom;
dante-Geral da Corporação, tem por objetivo avaliar a situação de III - cinco pontos para Bom;
higidez do militar, com vistas à promoção, IV - três pontos para Regular;
à realização de cursos, à seleção interna e à melhoria de sua V - zero ponto para Insuficiente.
qualidade de vida, em função dos riscos existentes no ambiente de § 3º Para fins de verificação do valor final atribuído pelo avalia-
trabalho e de doenças laborais. dor, somam-se os valores conferidos para cada quesito.
§ 4º Para fins de cálculo do conceito profissional e moral, ex-
CAPÍTULO XXI trai-se a média aritmética dos valores finais atribuídos pelos ava-
DO CONCEITO PROFISSIONAL E MORAL liadores.

Art. 155. O conceito profissional e moral, graduado de zero a CAPÍTULO XXII


cento e trinta pontos, é atribuído individualmente, para efeito de DAS CONTRIBUIÇÕES COMPULSÓRIAS
promoção, pelo Comandante ao qual o avaliado esteja ou tenha
sido subordinado funcionalmente nos últimos seis meses. Art. 156. O militar estadual contribui para:
§ 1º Na atribuição do conceito, a que se refere este artigo, con- I - o pecúlio militar, mediante chamada do Comandante-Geral;
sideram-se os requisitos relativos à moral e ao desempenho profis- II - fundo de assistência dos Militares ativos e inativos.
sional do militar, a seguir definidos: § 1º Para fins do inciso I deste artigo, os militares ativos e inati-
I - contribuição para a manutenção da hierarquia e da discipli- vos contribuem com 0,7% do subsídio do soldado, cuja regulamen-
na: tação se faz por ato do Comandante-Geral da Corporação.
a) participação do militar de forma disciplinada e disciplinado- § 2º Para fins do inciso II deste artigo, os militares ativos e ina-
ra; tivos contribuem com 0,5% do subsídio do posto ou da graduação
b) consciência e respeito à ordenação das autoridades em seus para a formação do fundo de assistência, cuja regulamentação se
diferentes níveis; faz por ato do Comandante-Geral da Corporação.
II - interesse no aprimoramento intelectual e profissional: em-
penho do militar no seu desenvolvimento cultural e técnico; CAPÍTULO XXIII
III - consciência ética e respeito aos direitos e deveres inerentes DO FUNDO DE FARDAMENTO DA POLÍCIA MILITAR
à cidadania: conduta do militar que denote consciência moral quan-
to ao cumprimento das leis e ordens das autoridades constituídas, Art. 157. O Fundo Fardamento – FUNFARDA destina-se a prover
ao cumprimento dos princípios norteadores dos direitos humanos e as despesas com fardamento do Policial Militar ativo.
dos demais princípios regentes da vida em sociedade; Art. 158. São aportes financeiros do FUNFARDA:

23
NORMAS RELATIVAS À PMTO
I - R$ 65,80, por Policial Militar, repassados, mensalmente, pelo
Tesouro do Estado ao Fundo, juntamente com os repasses da folha EXERCÍCIOS
de pagamento;
II - doações; 1. (CONSULPLAN - 2013 - CBM-TO - Soldado do Corpo de Bom-
III - resultados de aplicação dos valores do Fundo no mercado beiro) Acerca das normas relativas à hierarquia e disciplina contidas
financeiro. no Estatuto dos Policiais Militares e Bombeiros Militares do Estado
Parágrafo único. O valor de que trata o inciso I deste artigo do Tocantins (Lei nº 2.578/2012), assinale a afirmativa INCORRETA.
pode ser modificado por ato do Chefe do Poder Executivo.
A) Cabe ao militar a responsabilidade integral pelas decisões
Art. 159. Cumpre ao Comandante-Geral da Polícia Militar a ges-
que tomar, pelas ordens que emitir e pelos atos que praticar, aten-
tão e a regulamentação do FUNFARDA.
dido o disposto no Código Penal Militar.
B) A hierarquia e a disciplina são a base institucional da Polícia
CAPÍTULO XXIV
Militar e do Corpo de Bombeiros Militar; a autoridade e a responsa-
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
bilidade crescem com o grau hierárquico.
C) A estrutura hierarquizada da corporação é pautada pela le-
Art. 160. O militar, ao ser transferido para a reserva remunera-
aldade, capacidade profissional e técnica de seus integrantes, não
da, reformado, demitido ou exonerado, deve transferir formalmen-
te os bens e valores que estiverem sob sua guarda ao Comandante sendo mais adequada a utilização do termo subordinação, o qual
da Unidade a que pertencia ou a quem este indicar. afeta a dignidade do militar.
Parágrafo único. Quando o militar estiver impossibilitado de re- D) Círculos hierárquicos são âmbitos de convivência entre os
alizar a transferência de que trata este artigo, o Comandante-Geral militares da mesma categoria e têm a finalidade de desenvolver o
da Corporação ou a autoridade a que ele esteja imediatamente su- espírito de camaradagem em ambiente de estima e confiança, sem
bordinado, nomeia comissão para o inventário dos bens, para efeito prejuízo do respeito mútuo.
de transmissão ao sucessor designado.
Art. 161. É vedado o uso, por parte de qualquer pessoa ou or- 2. (CONSULPLAN - 2013 - CBM-TO - Soldado do Corpo de Bom-
ganização civil, de designações que possam sugerir vinculação à Po- beiro) Nos termos do Estatuto dos Policiais Militares e Bombeiros
lícia Militar ou ao Corpo de Bombeiros Militar. Militares do Estado do Tocantins (Lei nº 2.578/2012), são punições
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às asso- disciplinares a que estão sujeitos os militares, EXCETO:
ciações, aos clubes, aos círculos e a outras instituições que congre- A) Multa.
guem membros da Corporação e que se destinem, exclusivamente, B) Prisão.
ao intercâmbio social e assistencial entre militares e respectivos fa- C) Advertência.
miliares, e entre os militares e a sociedade civil do local. D) Reforma disciplinar.
Art. 162. O Chefe do Poder Executivo pode convocar oficiais da
reserva remunerada da própria Corporação para presidir inquéritos 3. (CONSULPLAN - 2013 - CBM-TO - Soldado do Corpo de Bom-
policiais militares ou Conselho de Justificação ou para a realização beiro) De acordo com as conceituações trazidas pelo Estatuto dos
de outros procedimentos administrativos, quando falte oficial da Policiais Militares e Bombeiros Militares do Estado do Tocantins (Lei
ativa em situação hierárquica compatível com a do investigado. nº 2.578/2012), assinale a afirmativa correta.
§ 1º O convocado na conformidade deste artigo, alegando ra- A) Função militar é o exercício das atribuições inerentes ao car-
zões relevantes de natureza pessoal, pode pedir dispensa da missão go, comissão, encargo ou incumbência.
para o qual seja designado. B) Corporação é todo o território do município no qual se lo-
§ 2º A convocação, precedida de inspeção de saúde, perdura calizem as instalações administrativas de uma organização Militar.
pelo tempo necessário ao total cumprimento do encargo. C) Missão, tarefa ou atividade é o efetivo desempenho de car-
§ 3º Finda a atividade objeto da convocação, recalculam-se os go, comissão, encargo, incumbência, serviço, função de natureza ou
proventos do convocado, mediante adequação à nova situação e ao de interesse militar, previsto em leis ou outros dispositivos legais.
tempo efetivo de serviço prestado. D) Licenciamento é o período de afastamento temporário do
Art. 163. Aplicam-se subsidiariamente na Corporação as nor- serviço, concedido ao militar cuja movimentação implique, obri-
mas que regem o Exército Brasileiro, no que lhe for pertinente. gatoriamente, mudança de município. Destina‐se aos preparativos
Art. 164. Fica assegurada a promoção ao Posto e à Graduação decorrentes da mudança.
imediatamente superior a todos os militares que preencham os re-
quisitos estabelecidos em Lei, observadas as vagas existentes. 4. (CONSULPLAN - 2013 - CBM-TO - Soldado do Corpo de Bom-
Art. 165. Revogam-se: beiro) De acordo com o Estatuto dos Policiais Militares e Bombeiros
I - a Lei 125, de 31 de janeiro de 1990; Militares do Estado do Tocantins (Lei nº 2.578/2012), no capítulo
II - a Lei 1.161, de 27 de junho de 2000; que regula a violação das obrigações e dos deveres, é correto afir-
III - a Lei 1.162, de 27 de junho de 2000; mar que o(a)
IV - a Lei 1.437, de 3 de março de 2004. A) apuração da responsabilidade administrativa ou penal pode
Art. 166. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. concluir pela incompatibilidade do militar com o cargo e pela inca-
pacidade para o exercício das funções militares a ele inerentes.
Palácio Araguaia, em Palmas, aos 20 dias do mês de abril de B) gravidade da violação das obrigações, dos preceitos ou dos
2012; 191º da Independência, 124º da República e 24º do Estado. deveres militares está estritamente vinculada à natureza do ato pra-
ticado, sendo irrelevante o grau hierárquico do infrator.
JOSÉ WILSON SIQUEIRA CAMPOS C) Comandante‐Geral é competente para instaurar ou determi-
Governador do Estado nar a instauração de sindicância e aplicar as sanções disciplinares
em relação a todos os integrantes das corporações militares esta-
duais, inclusive a demissão de oficial.

24
NORMAS RELATIVAS À PMTO
D) inobservância dos deveres previstos em leis e regulamentos ______________________________________________________
ou a falta de exação no cumprimento deles acarreta, para o mili-
tar, apenas responsabilidade funcional e disciplinar, sendo vedada a ______________________________________________________
atribuição de responsabilidade pecuniária e/ou penal.
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GABARITO
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1 C ______________________________________________________
2 A ______________________________________________________
3 A
4 A ______________________________________________________

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ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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NORMAS RELATIVAS À PMTO
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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
1. Princípios Fundamentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Direitos e garantias fundamentais. Direitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais, nacionalidade, cidadania, direitos políti-
cos, partidos políticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05
3. Organização político-administrativa. União, estados, Distrito Federal, municípios e territórios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4. Administração pública. Disposições gerais, servidores públicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
5. Defesa do Estado e das instituições democráticas. Segurança pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
6. Ordem social . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
7. Normas da Constituição do Estado do Tocantins pertinentes aos Militares do Estado, às polícias estaduais e à segurança pública em
geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
conquistar e manter o poder, os meios que empregue serão sempre
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS tidos como honrosos, e elogiados por todos, pois o vulgo atenta
sempre para as aparências e os resultados”.
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE A concepção de soberania inerente ao monarca se quebrou
1988 numa fase posterior, notadamente com a ascensão do ideário ilumi-
nista. Com efeito, passou-se a enxergar a soberania como um poder
PREÂMBULO que repousa no povo. Logo, a autoridade absoluta da qual emana
o poder é o povo e a legitimidade do exercício do poder no Estado
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assem- emana deste povo.
bléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, Com efeito, no Estado Democrático se garante a soberania
destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, popular, que pode ser conceituada como “a qualidade máxima do
a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igual- poder extraída da soma dos atributos de cada membro da socie-
dade e a justiça como valores supremos de uma sociedade frater- dade estatal, encarregado de escolher os seus representantes no
na, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e governo por meio do sufrágio universal e do voto direto, secreto e
comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução igualitário” .
pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, Neste sentido, liga-se diretamente ao parágrafo único do ar-
a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. tigo 1º, CF, que prevê que “todo o poder emana do povo, que o
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos ter-
TÍTULO I mos desta Constituição”. O povo é soberano em suas decisões e as
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS autoridades eleitas que decidem em nome dele, representando-o,
devem estar devidamente legitimadas para tanto, o que acontece
1) Fundamentos da República pelo exercício do sufrágio universal.
O título I da Constituição Federal trata dos princípios funda- Por seu turno, a soberania nacional é princípio geral da ativi-
mentais do Estado brasileiro e começa, em seu artigo 1º, trabalhan- dade econômica (artigo 170, I, CF), restando demonstrado que não
do com os fundamentos da República Federativa brasileira, ou seja, somente é guia da atuação política do Estado, mas também de sua
com as bases estruturantes do Estado nacional. atuação econômica. Neste sentido, deve-se preservar e incentivar a
Neste sentido, disciplina: indústria e a economia nacionais.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união
1.2) Cidadania
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, consti-
Quando se afirma no caput do artigo 1º que a República Fe-
tui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
derativa do Brasil é um Estado Democrático de Direito, remete-se
I - a soberania;
à ideia de que o Brasil adota a democracia como regime político.
II - a cidadania;
Historicamente, nota-se que por volta de 800 a.C. as comuni-
III - a dignidade da pessoa humana;
dades de aldeias começaram a ceder lugar para unidades políticas
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
maiores, surgindo as chamadas cidades-estado ou polis, como Te-
V - o pluralismo político. bas, Esparta e Atenas. Inicialmente eram monarquias, transforma-
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce ram-se em oligarquias e, por volta dos séculos V e VI a.C., tornaram-
por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos -se democracias. Com efeito, as origens da chamada democracia se
desta Constituição. encontram na Grécia antiga, sendo permitida a participação direta
daqueles poucos que eram considerados cidadãos, por meio da dis-
Vale estudar o significado e a abrangência de cada qual destes cussão na polis.
fundamentos. Democracia (do grego, demo+kratos) é um regime político em
que o poder de tomar decisões políticas está com os cidadãos, de
1.1) Soberania forma direta (quando um cidadão se reúne com os demais e, juntos,
Soberania significa o poder supremo que cada nação possui de eles tomam a decisão política) ou indireta (quando ao cidadão é
se autogovernar e se autodeterminar. Este conceito surgiu no Es- dado o poder de eleger um representante).
tado Moderno, com a ascensão do absolutismo, colocando o reina Portanto, o conceito de democracia está diretamente ligado ao
posição de soberano. Sendo assim, poderia governar como bem en- de cidadania, notadamente porque apenas quem possui cidadania
tendesse, pois seu poder era exclusivo, inabalável, ilimitado, atem- está apto a participar das decisões políticas a serem tomadas pelo
poral e divino, ou seja, absoluto. Estado.
Neste sentido, Thomas Hobbes , na obra Leviatã, defende que Cidadão é o nacional, isto é, aquele que possui o vínculo polí-
quando os homens abrem mão do estado natural, deixa de predo- tico-jurídico da nacionalidade com o Estado, que goza de direitos
minar a lei do mais forte, mas para a consolidação deste tipo de políticos, ou seja, que pode votar e ser votado (sufrágio universal).
sociedade é necessária a presença de uma autoridade à qual todos Destacam-se os seguintes conceitos correlatos:
os membros devem render o suficiente da sua liberdade natural, a) Nacionalidade: é o vínculo jurídico-político que liga um indi-
permitindo que esta autoridade possa assegurar a paz interna e a víduo a determinado Estado, fazendo com que ele passe a integrar
defesa comum. Este soberano, que à época da escrita da obra de o povo daquele Estado, desfrutando assim de direitos e obrigações.
Hobbes se consolidava no monarca, deveria ser o Leviatã, uma au- b) Povo: conjunto de pessoas que compõem o Estado, unidas
toridade inquestionável. pelo vínculo da nacionalidade.
No mesmo direcionamento se encontra a obra de Maquiavel c) População: conjunto de pessoas residentes no Estado, nacio-
, que rejeitou a concepção de um soberano que deveria ser justo nais ou não.
e ético para com o seu povo, desde que sempre tivesse em vista a
finalidade primordial de manter o Estado íntegro: “na conduta dos Depreende-se que a cidadania é um atributo conferido aos na-
homens, especialmente dos príncipes, contra a qual não há recur- cionais titulares de direitos políticos, permitindo a consolidação do
so, os fins justificam os meios. Portanto, se um príncipe pretende sistema democrático.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
1.3) Dignidade da pessoa humana lado, estes direitos não devem ser óbice ao exercício da livre ini-
A dignidade da pessoa humana é o valor-base de interpretação ciativa, mas sim vetores que reforcem o exercício desta liberdade
de qualquer sistema jurídico, internacional ou nacional, que possa dentro dos limites da justiça social, evitando o predomínio do mais
se considerar compatível com os valores éticos, notadamente da forte sobre o mais fraco.
moral, da justiça e da democracia. Pensar em dignidade da pessoa Por livre iniciativa entenda-se a liberdade de iniciar a explora-
humana significa, acima de tudo, colocar a pessoa humana como ção de atividades econômicas no território brasileiro, coibindo-se
centro e norte para qualquer processo de interpretação jurídico, práticas de truste (ex.: monopólio). O constituinte não tem a inten-
seja na elaboração da norma, seja na sua aplicação. ção de impedir a livre iniciativa, até mesmo porque o Estado na-
Sem pretender estabelecer uma definição fechada ou plena, é cional necessita dela para crescer economicamente e adequar sua
possível conceituar dignidade da pessoa humana como o principal estrutura ao atendimento crescente das necessidades de todos os
valor do ordenamento ético e, por consequência, jurídico que pre- que nele vivem. Sem crescimento econômico, nem ao menos é pos-
tende colocar a pessoa humana como um sujeito pleno de direitos sível garantir os direitos econômicos, sociais e culturais afirmados
e obrigações na ordem internacional e nacional, cujo desrespeito na Constituição Federal como direitos fundamentais.
acarreta a própria exclusão de sua personalidade. No entanto, a exploração da livre iniciativa deve se dar de ma-
Aponta Barroso : “o princípio da dignidade da pessoa humana neira racional, tendo em vista os direitos inerentes aos trabalhado-
identifica um espaço de integridade moral a ser assegurado a todas res, no que se consolida a expressão “valores sociais do trabalho”. A
as pessoas por sua só existência no mundo. É um respeito à criação, pessoa que trabalha para aquele que explora a livre iniciativa deve
independente da crença que se professe quanto à sua origem. A ter a sua dignidade respeitada em todas as suas dimensões, não
dignidade relaciona-se tanto com a liberdade e valores do espírito somente no que tange aos direitos sociais, mas em relação a todos
como com as condições materiais de subsistência”. os direitos fundamentais afirmados pelo constituinte.
O Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, do Tribu- A questão resta melhor delimitada no título VI do texto cons-
nal Superior do Trabalho, trouxe interessante conceito numa das titucional, que aborda a ordem econômica e financeira: “Art. 170.
decisões que relatou: “a dignidade consiste na percepção intrín- A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano
seca de cada ser humano a respeito dos direitos e obrigações, de e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência dig-
modo a assegurar, sob o foco de condições existenciais mínimas, na, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes
a participação saudável e ativa nos destinos escolhidos, sem que princípios [...]”. Nota-se no caput a repetição do fundamento repu-
isso importe destilação dos valores soberanos da democracia e blicano dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.
das liberdades individuais. O processo de valorização do indivíduo Por sua vez, são princípios instrumentais para a efetivação des-
articula a promoção de escolhas, posturas e sonhos, sem olvidar te fundamento, conforme previsão do artigo 1º e do artigo 170, am-
que o espectro de abrangência das liberdades individuais encon- bos da Constituição, o princípio da livre concorrência (artigo 170, IV,
tra limitação em outros direitos fundamentais, tais como a honra, a CF), o princípio da busca do pleno emprego (artigo 170, VIII, CF) e
vida privada, a intimidade, a imagem. Sobreleva registrar que essas o princípio do tratamento favorecido para as empresas de peque-
garantias, associadas ao princípio da dignidade da pessoa humana, no porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede
subsistem como conquista da humanidade, razão pela qual auferi- e administração no País (artigo 170, IX, CF). Ainda, assegurando a
ram proteção especial consistente em indenização por dano moral livre iniciativa no exercício de atividades econômicas, o parágrafo
decorrente de sua violação” . único do artigo 170 prevê: “é assegurado a todos o livre exercício de
Para Reale , a evolução histórica demonstra o domínio de um qualquer atividade econômica, independentemente de autorização
de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei”.
valor sobre o outro, ou seja, a existência de uma ordem gradativa
entre os valores; mas existem os valores fundamentais e os secun-
1.5) Pluralismo político
dários, sendo que o valor fonte é o da pessoa humana.
A expressão pluralismo remete ao reconhecimento da multi-
Nesse sentido, são os dizeres de Reale : “partimos dessa ideia, a
plicidade de ideologias culturais, religiosas, econômicas e sociais
nosso ver básica, de que a pessoa humana é o valor-fonte de todos
no âmbito de uma nação. Quando se fala em pluralismo político,
os valores. O homem, como ser natural biopsíquico, é apenas um
afirma-se que mais do que incorporar esta multiplicidade de ideo-
indivíduo entre outros indivíduos, um ente animal entre os demais
logias cabe ao Estado nacional fornecer espaço para a manifestação
da mesma espécie. O homem, considerado na sua objetividade es- política delas.
piritual, enquanto ser que só realiza no sentido de seu dever ser, é o Sendo assim, pluralismo político significa não só respeitar a
que chamamos de pessoa. Só o homem possui a dignidade originá- multiplicidade de opiniões e ideias, mas acima de tudo garantir a
ria de ser enquanto deve ser, pondo-se essencialmente como razão existência dela, permitindo que os vários grupos que compõem os
determinante do processo histórico”. mais diversos setores sociais possam se fazer ouvir mediante a li-
Quando a Constituição Federal assegura a dignidade da pes- berdade de expressão, manifestação e opinião, bem como possam
soa humana como um dos fundamentos da República, faz emergir exigir do Estado substrato para se fazerem subsistir na sociedade.
uma nova concepção de proteção de cada membro do seu povo. Pluralismo político vai além do pluripartidarismo ou multipar-
Tal ideologia de forte fulcro humanista guia a afirmação de todos os tidarismo, que é apenas uma de suas consequências e garante que
direitos fundamentais e confere a eles posição hierárquica superior mesmo os partidos menores e com poucos representantes sejam
às normas organizacionais do Estado, de modo que é o Estado que ouvidos na tomada de decisões políticas, porque abrange uma ver-
está para o povo, devendo garantir a dignidade de seus membros, dadeira concepção de multiculturalidade no âmbito interno.
e não o inverso.
2) Separação dos Poderes
1.4) Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa A separação de Poderes é inerente ao modelo do Estado De-
Quando o constituinte coloca os valores sociais do trabalho em mocrático de Direito, impedindo a monopolização do poder e, por
paridade com a livre iniciativa fica clara a percepção de necessário conseguinte, a tirania e a opressão. Resta garantida no artigo 2º da
equilíbrio entre estas duas concepções. De um lado, é necessário Constituição Federal com o seguinte teor:
garantir direitos aos trabalhadores, notadamente consolidados nos Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos en-
direitos sociais enumerados no artigo 7º da Constituição; por outro tre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
A separação de Poderes é inerente ao modelo do Estado De- 1) Construir uma sociedade livre, justa e solidária
mocrático de Direito, impedindo a monopolização do poder e, por O inciso I do artigo 3º merece destaque ao trazer a expres-
conseguinte, a tirania e a opressão. Resta garantida no artigo 2º da são “livre, justa e solidária”, que corresponde à tríade liberdade,
Constituição Federal com o seguinte teor: “Art. 2º São Poderes da igualdade e fraternidade. Esta tríade consolida as três dimensões
União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Exe- de direitos humanos: a primeira dimensão, voltada à pessoa como
cutivo e o Judiciário”. Se, por um lado, o Estado é uno, até mesmo indivíduo, refere-se aos direitos civis e políticos; a segunda dimen-
por se legitimar na soberania popular; por outro lado, é necessária são, focada na promoção da igualdade material, remete aos direitos
a divisão de funções das atividades estatais de maneira equilibrada, econômicos, sociais e culturais; e a terceira dimensão se concentra
o que se faz pela divisão de Poderes. numa perspectiva difusa e coletiva dos direitos fundamentais.
O constituinte afirma que estes poderes são independentes e Sendo assim, a República brasileira pretende garantir a preser-
harmônicos entre si. Independência significa que cada qual possui vação de direitos fundamentais inatos à pessoa humana em todas
poder para se autogerir, notadamente pela capacidade de organi- as suas dimensões, indissociáveis e interconectadas. Daí o texto
zação estrutural (criação de cargos e subdivisões) e orçamentária constitucional guardar espaço de destaque para cada uma destas
(divisão de seus recursos conforme legislação por eles mesmos ela- perspectivas.
borada). Harmonia significa que cada Poder deve respeitar os limi-
tes de competência do outro e não se imiscuir indevidamente em 3.2) Garantir o desenvolvimento nacional
suas atividades típicas. Para que o governo possa prover todas as condições necessá-
A noção de separação de Poderes começou a tomar forma com rias à implementação de todos os direitos fundamentais da pessoa
o ideário iluminista. Neste viés, o Iluminismo lançou base para os humana mostra-se essencial que o país se desenvolva, cresça eco-
dois principais eventos que ocorreram no início da Idade Contem- nomicamente, de modo que cada indivíduo passe a ter condições
porânea, quais sejam as Revoluções Francesa e Industrial. Entre os de perseguir suas metas.
pensadores que lançaram as ideias que vieram a ser utilizadas no
ideário das Revoluções Francesa e Americana se destacam Locke, 3.3) Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desi-
Montesquieu e Rousseau, sendo que Montesquieu foi o que mais gualdades sociais e regionais
trabalhou com a concepção de separação dos Poderes. Garantir o desenvolvimento econômico não basta para a cons-
Montesquieu (1689 – 1755) avançou nos estudos de Locke, que trução de uma sociedade justa e solidária. É necessário ir além e
também entendia necessária a separação dos Poderes, e na obra O nunca perder de vista a perspectiva da igualdade material. Logo, a
Espírito das Leis estabeleceu em definitivo a clássica divisão de po- injeção econômica deve permitir o investimento nos setores menos
deres: Executivo, Legislativo e Judiciário. O pensador viveu na Fran- favorecidos, diminuindo as desigualdades sociais e regionais e pau-
ça, numa época em que o absolutismo estava cada vez mais forte. latinamente erradicando a pobreza.
O objeto central da principal obra de Montesquieu não é a lei O impacto econômico deste objetivo fundamental é tão rele-
regida nas relações entre os homens, mas as leis e instituições cria- vante que o artigo 170 da Constituição prevê em seu inciso VII a
das pelos homens para reger as relações entre os homens. Segundo “redução das desigualdades regionais e sociais” como um princípio
Montesquieu , as leis criam costumes que regem o comportamento que deve reger a atividade econômica. A menção deste princípio
humano, sendo influenciadas por diversos fatores, não apenas pela implica em afirmar que as políticas públicas econômico-financeiras
razão. deverão se guiar pela busca da redução das desigualdades, forne-
Quanto à fonte do poder, diferencia-se, segundo Montesquieu , cendo incentivos específicos para a exploração da atividade econô-
do modo como se dará o seu exercício, uma vez que o poder emana mica em zonas economicamente marginalizadas.
do povo, apto a escolher mas inapto a governar, sendo necessário
que seu interesse seja representado conforme sua vontade. 3.4) Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
Montesquieu estabeleceu como condição do Estado de Direito raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação
a separação dos Poderes em Legislativo, Judiciário e Executivo – que Ainda no ideário de justiça social, coloca-se o princípio da
devem se equilibrar –, servindo o primeiro para a elaboração, a cor- igualdade como objetivo a ser alcançado pela República brasileira.
reção e a ab-rogação de leis, o segundo para a promoção da paz e Sendo assim, a república deve promover o princípio da igualdade e
da guerra e a garantia de segurança, e o terceiro para julgar (mesmo consolidar o bem comum. Em verdade, a promoção do bem comum
os próprios Poderes). pressupõe a prevalência do princípio da igualdade.
Ao modelo de repartição do exercício de poder por intermédio Sobre o bem de todos, isto é, o bem comum, o filósofo Jacques
de órgãos ou funções distintas e independentes de forma que um Maritain ressaltou que o fim da sociedade é o seu bem comum, mas
desses não possa agir sozinho sem ser limitado pelos outros confe- esse bem comum é o das pessoas humanas, que compõem a socie-
re-se o nome de sistema de freios e contrapesos (no inglês, checks dade. Com base neste ideário, apontou as características essenciais
and balances). do bem comum: redistribuição, pela qual o bem comum deve ser
redistribuído às pessoas e colaborar para o desenvolvimento delas;
3) Objetivos fundamentais respeito à autoridade na sociedade, pois a autoridade é necessária
O constituinte trabalha no artigo 3º da Constituição Federal para conduzir a comunidade de pessoas humanas para o bem co-
com os objetivos da República Federativa do Brasil, nos seguintes mum; moralidade, que constitui a retidão de vida, sendo a justiça e
termos: a retidão moral elementos essenciais do bem comum.
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Fede-
rativa do Brasil: 4) Princípios de relações internacionais (artigo 4º)
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; O último artigo do título I trabalha com os princípios que regem
II - garantir o desenvolvimento nacional; as relações internacionais da República brasileira:
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigual- Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas rela-
dades sociais e regionais; ções internacionais pelos seguintes princípios:
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, I - independência nacional;
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. II - prevalência dos direitos humanos;

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
III - autodeterminação dos povos; 4.5) Igualdade entre os Estados
IV - não-intervenção; Por este princípio se reconhece uma posição de paridade, ou
V - igualdade entre os Estados; seja, de igualdade hierárquica, na ordem internacional entre todos
VI - defesa da paz; os Estados. Em razão disso, cada Estado possuirá direito de voz e
VII - solução pacífica dos conflitos; voto na tomada de decisões políticas na ordem internacional em
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; cada organização da qual faça parte e deverá ter sua opinião res-
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humani- peitada.
dade;
X - concessão de asilo político. 4.6) Defesa da paz
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a in- O direito à paz vai muito além do direito de viver num mundo
tegração econômica, política, social e cultural dos povos da América sem guerras, atingindo o direito de ter paz social, de ver seus direi-
Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana tos respeitados em sociedade. Os direitos e liberdades garantidos
de nações. internacionalmente não podem ser destruídos com fundamento
De maneira geral, percebe-se na Constituição Federal a com- nas normas que surgiram para protegê-los, o que seria controverso.
preensão de que a soberania do Estado nacional brasileiro não per- Em termos de relações internacionais, depreende-se que deve ser
mite a sobreposição em relação à soberania dos demais Estados, sempre priorizada a solução amistosa de conflitos.
bem como de que é necessário respeitar determinadas práticas ine-
rentes ao direito internacional dos direitos humanos. 4.7) Solução pacífica dos conflitos
Decorrendo da defesa da paz, este princípio remete à necessi-
4.1) Independência nacional dade de diplomacia nas relações internacionais. Caso surjam confli-
A formação de uma comunidade internacional não significa a tos entre Estados nacionais, estes deverão ser dirimidos de forma
eliminação da soberania dos países, mas apenas uma relativização, amistosa.
limitando as atitudes por ele tomadas em prol da preservação do Negociação diplomática, serviços amistosos, bons ofícios, me-
bem comum e da paz mundial. Na verdade, o próprio compromisso diação, sistema de consultas, conciliação e inquérito são os meios
de respeito aos direitos humanos traduz a limitação das ações esta- diplomáticos de solução de controvérsias internacionais, não ha-
tais, que sempre devem se guiar por eles. Logo, o Brasil é um país vendo hierarquia entre eles. Somente o inquérito é um procedi-
independente, que não responde a nenhum outro, mas que como mento preliminar e facultativo à apuração da materialidade dos
qualquer outro possui um dever para com a humanidade e os direi- fatos, podendo servir de base para qualquer meio de solução de
tos inatos a cada um de seus membros. conflito . Conceitua Neves :
- “Negociação diplomática é a forma de autocomposição em
4.2) Prevalência dos direitos humanos que os Estados oponentes buscam resolver suas divergências de
O Estado existe para o homem e não o inverso. Portanto, toda forma direta, por via diplomática”;
normativa existe para a sua proteção como pessoa humana e o Es- - “Serviços amistosos é um meio de solução pacífica de conflito,
tado tem o dever de servir a este fim de preservação. A única for- sem aspecto oficial, em que o governo designa um diplomada para
ma de fazer isso é adotando a pessoa humana como valor-fonte de sua conclusão”;
todo o ordenamento, o que somente é possível com a compreensão - “Bons ofícios constituem o meio diplomático de solução pací-
de que os direitos humanos possuem uma posição prioritária no fica de controvérsia internacional, em que um Estado, uma organi-
ordenamento jurídico-constitucional. zação internacional ou até mesmo um chefe de Estado apresenta-se
Conceituar direitos humanos é uma tarefa complicada, mas, como moderador entre os litigantes”;
em síntese, pode-se afirmar que direitos humanos são aqueles ine- - “Mediação define-se como instituto por meio do qual uma
rentes ao homem enquanto condição para sua dignidade que usual- terceira pessoa estranha à contenda, mas aceita pelos litigantes, de
mente são descritos em documentos internacionais para que sejam forma voluntária ou em razão de estipulação anterior, toma conhe-
mais seguramente garantidos. A conquista de direitos da pessoa cimento da divergência e dos argumentos sustentados pelas partes,
humana é, na verdade, uma busca da dignidade da pessoa humana. e propõe uma solução pacífica sujeita à aceitação destas”;
- “Sistema de Consultas constitui-se em meio diplomático de
4.3) Autodeterminação dos povos solução de litígios em que os Estados ou organizações internacio-
A premissa dos direitos políticos é a autodeterminação dos po- nais sujeitam-se, sem qualquer interferência pessoal externa, a en-
vos. Neste sentido, embora cada Estado tenha obrigações de direi- contros periódicos com o objetivo de compor suas divergências”.
to internacional que deve respeitar para a adequada consecução
dos fins da comunidade internacional, também tem o direito de se 4.8) Repúdio ao terrorismo e ao racismo
autodeterminar, sendo que tal autodeterminação é feita pelo seu Terrorismo é o uso de violência através de ataques localizados
povo. a elementos ou instalações de um governo ou da população civil,
Se autodeterminar significa garantir a liberdade do povo na de modo a incutir medo, terror, e assim obter efeitos psicológicos
tomada das decisões políticas, logo, o direito à autodeterminação que ultrapassem largamente o círculo das vítimas, incluindo, antes,
pressupõe a exclusão do colonialismo. Não se aceita a ideia de que o resto da população do território.
um Estado domine o outro, tirando a sua autodeterminação. Racismo é a prática de atos discriminatórios baseados em di-
ferenças étnico-raciais, que podem consistirem violência física ou
4.4) Não-intervenção psicológica direcionada a uma pessoa ou a um grupo de pessoas
Por não-intervenção entenda-se que o Estado brasileiro irá pela simples questão biológica herdada por sua raça ou etnia.
respeitar a soberania dos demais Estados nacionais. Sendo assim, Sendo o Brasil um país que prega o pacifismo e que é assumida-
adotará práticas diplomáticas e respeitará as decisões políticas to- mente pluralista, ambas práticas são consideradas vis e devem ser
madas no âmbito de cada Estado, eis que são paritários na ordem repudiadas pelo Estado nacional.
internacional.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
4.9) Cooperação entre os povos para o progresso da huma- b) Universalidade: os direitos fundamentais pertencem a todos,
nidade tanto que apesar da expressão restritiva do caput do artigo 5º aos brasi-
A cooperação internacional deve ser especialmente econômica leiros e estrangeiros residentes no país tem se entendido pela extensão
e técnica, a fim de conseguir progressivamente a plena efetividade destes direitos, na perspectiva de prevalência dos direitos humanos.
dos direitos humanos fundamentais internacionalmente reconhe- c) Inalienabilidade: os direitos fundamentais não possuem
cidos. conteúdo econômico-patrimonial, logo, são intransferíveis, inego-
Os países devem colaborar uns com os outros, o que é possível ciáveis e indisponíveis, estando fora do comércio, o que evidencia
mediante a integração no âmbito de organizações internacionais uma limitação do princípio da autonomia privada.
específicas, regionais ou globais. d) Irrenunciabilidade: direitos fundamentais não podem ser
Em relação a este princípio, o artigo 4º se aprofunda em seu renunciados pelo seu titular devido à fundamentalidade material
parágrafo único, destacando a importância da cooperação brasileira destes direitos para a dignidade da pessoa humana.
no âmbito regional: “A República Federativa do Brasil buscará a in- e) Inviolabilidade: direitos fundamentais não podem deixar de
tegração econômica, política, social e cultural dos povos da América ser observados por disposições infraconstitucionais ou por atos das
Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana autoridades públicas, sob pena de nulidades.
de nações”. Neste sentido, o papel desempenhado no MERCOSUL. f) Indivisibilidade: os direitos fundamentais compõem um úni-
co conjunto de direitos porque não podem ser analisados de manei-
4.10) Concessão de asilo político ra isolada, separada.
Direito de asilo é o direito de buscar abrigo em outro país quan- g) Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não se perdem
do naquele do qual for nacional estiver sofrendo alguma persegui- com o tempo, não prescrevem, uma vez que são sempre exercíveis
ção. Tal perseguição não pode ter motivos legítimos, como a prática e exercidos, não deixando de existir pela falta de uso (prescrição).
de crimes comuns ou de atos atentatórios aos princípios das Nações h) Relatividade: os direitos fundamentais não podem ser uti-
Unidas, o que subverteria a própria finalidade desta proteção. Em lizados como um escudo para práticas ilícitas ou como argumento
suma, o que se pretende com o direito de asilo é evitar a consoli- para afastamento ou diminuição da responsabilidade por atos ilíci-
dação de ameaças a direitos humanos de uma pessoa por parte da- tos, assim estes direitos não são ilimitados e encontram seus limites
queles que deveriam protegê-los – isto é, os governantes e os entes nos demais direitos igualmente consagrados como humanos.
sociais como um todo –, e não proteger pessoas que justamente
cometeram tais violações. Direitos e deveres individuais e coletivos
“Sendo direito humano da pessoa refugiada, é obrigação do O capítulo I do título II é intitulado “direitos e deveres individuais e
Estado asilante conceder o asilo. Entretanto, prevalece o entendi- coletivos”. Da própria nomenclatura do capítulo já se extrai que a prote-
mento que o Estado não tem esta obrigação, nem de fundamentar ção vai além dos direitos do indivíduo e também abrange direitos da co-
a recusa. A segunda parte deste artigo permite a interpretação no letividade. A maior parte dos direitos enumerados no artigo 5º do texto
sentido de que é o Estado asilante que subjetivamente enquadra o constitucional é de direitos individuais, mas são incluídos alguns direitos
refugiado como asilado político ou criminoso comum”. coletivos e mesmo remédios constitucionais próprios para a tutela des-
tes direitos coletivos (ex.: mandado de segurança coletivo).

1) Brasileiros e estrangeiros
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS.DIREITOS O caput do artigo 5º aparenta restringir a proteção conferida
E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS, DIREITOS SO- pelo dispositivo a algumas pessoas, notadamente, “aos brasileiros
CIAIS, NACIONALIDADE, CIDADANIA, DIREITOS POLÍ- e aos estrangeiros residentes no País”. No entanto, tal restrição é
TICOS, PARTIDOS POLÍTICOS apenas aparente e tem sido interpretada no sentido de que os di-
reitos estarão protegidos com relação a todas as pessoas nos limites
TÍTULO II da soberania do país.
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS Em razão disso, por exemplo, um estrangeiro pode ingressar
com habeas corpus ou mandado de segurança, ou então intentar
O título II da Constituição Federal é intitulado “Direitos e Ga- ação reivindicatória com relação a imóvel seu localizado no Brasil
rantias fundamentais”, gênero que abrange as seguintes espécies (ainda que não resida no país).
de direitos fundamentais: direitos individuais e coletivos (art. 5º,
CF), direitos sociais (genericamente previstos no art. 6º, CF), direi- Somente alguns direitos não são estendidos a todas as pessoas.
tos da nacionalidade (artigos 12 e 13, CF) e direitos políticos (artigos A exemplo, o direito de intentar ação popular exige a condição de ci-
14 a 17, CF). dadão, que só é possuída por nacionais titulares de direitos políticos.
Em termos comparativos à clássica divisão tridimensional dos
direitos humanos, os direitos individuais (maior parte do artigo 5º, 2) Relação direitos-deveres
CF), os direitos da nacionalidade e os direitos políticos se encaixam O capítulo em estudo é denominado “direitos e garantias de-
na primeira dimensão (direitos civis e políticos); os direitos sociais veres e coletivos”, remetendo à necessária relação direitos-deve-
se enquadram na segunda dimensão (direitos econômicos, sociais res entre os titulares dos direitos fundamentais. Acima de tudo,
e culturais) e os direitos coletivos na terceira dimensão. Contudo, o que se deve ter em vista é a premissa reconhecida nos direitos
a enumeração de direitos humanos na Constituição vai além dos fundamentais de que não há direito que seja absoluto, correspon-
direitos que expressamente constam no título II do texto constitu- dendo-se para cada direito um dever. Logo, o exercício de direitos
cional. fundamentais é limitado pelo igual direito de mesmo exercício por
Os direitos fundamentais possuem as seguintes características parte de outrem, não sendo nunca absolutos, mas sempre relativos.
principais: Explica Canotilho1 quanto aos direitos fundamentais: “a ideia
a) Historicidade: os direitos fundamentais possuem antece- de deveres fundamentais é suscetível de ser entendida como o
dentes históricos relevantes e, através dos tempos, adquirem novas ‘outro lado’ dos direitos fundamentais. Como ao titular de um di-
perspectivas. Nesta característica se enquadra a noção de dimen-
sões de direitos. 1 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da constitui-
ção. 2. ed. Coimbra: Almedina, 1998, p. 479.

5
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
reito fundamental corresponde um dever por parte de um outro Este inciso é especificamente voltado à necessidade de igual-
titular, poder-se-ia dizer que o particular está vinculado aos direitos dade de gênero, afirmando que não deve haver nenhuma distinção
fundamentais como destinatário de um dever fundamental. Neste sexo feminino e o masculino, de modo que o homem e a mulher
sentido, um direito fundamental, enquanto protegido, pressuporia possuem os mesmos direitos e obrigações.
um dever correspondente”. Com efeito, a um direito fundamental Entretanto, o princípio da isonomia abrange muito mais do que
conferido à pessoa corresponde o dever de respeito ao arcabouço a igualdade de gêneros, envolve uma perspectiva mais ampla.
de direitos conferidos às outras pessoas. O direito à igualdade é um dos direitos norteadores de inter-
pretação de qualquer sistema jurídico. O primeiro enfoque que foi
3) Direitos e garantias dado a este direito foi o de direito civil, enquadrando-o na primei-
A Constituição vai além da proteção dos direitos e estabelece ra dimensão, no sentido de que a todas as pessoas deveriam ser
garantias em prol da preservação destes, bem como remédios cons- garantidos os mesmos direitos e deveres. Trata-se de um aspecto
titucionais a serem utilizados caso estes direitos e garantias não se- relacionado à igualdade enquanto liberdade, tirando o homem do
jam preservados. Neste sentido, dividem-se em direitos e garantias arbítrio dos demais por meio da equiparação. Basicamente, estaria
as previsões do artigo 5º: os direitos são as disposições declarató- se falando na igualdade perante a lei.
rias e as garantias são as disposições assecuratórias. No entanto, com o passar dos tempos, se percebeu que não
O legislador muitas vezes reúne no mesmo dispositivo o direito bastava igualar todos os homens em direitos e deveres para torná-
e a garantia, como no caso do artigo 5º, IX: “é livre a expressão da -los iguais, pois nem todos possuem as mesmas condições de exer-
atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, inde- cer estes direitos e deveres. Logo, não é suficiente garantir um di-
pendentemente de censura ou licença” – o direito é o de liberdade reito à igualdade formal, mas é preciso buscar progressivamente a
de expressão e a garantia é a vedação de censura ou exigência de igualdade material. No sentido de igualdade material que aparece
licença. Em outros casos, o legislador traz o direito num dispositivo o direito à igualdade num segundo momento, pretendendo-se do
e a garantia em outro: a liberdade de locomoção, direito, é colocada Estado, tanto no momento de legislar quanto no de aplicar e exe-
no artigo 5º, XV, ao passo que o dever de relaxamento da prisão cutar a lei, uma postura de promoção de políticas governamentais
ilegal de ofício pelo juiz, garantia, se encontra no artigo 5º, LXV2. voltadas a grupos vulneráveis.
Em caso de ineficácia da garantia, implicando em violação de Assim, o direito à igualdade possui dois sentidos notáveis: o de
direito, cabe a utilização dos remédios constitucionais. igualdade perante a lei, referindo-se à aplicação uniforme da lei a todas
Atenção para o fato de o constituinte chamar os remédios as pessoas que vivem em sociedade; e o de igualdade material, corres-
constitucionais de garantias, e todas as suas fórmulas de direitos e pondendo à necessidade de discriminações positivas com relação a gru-
garantias propriamente ditas apenas de direitos. pos vulneráveis da sociedade, em contraponto à igualdade formal.

4) Direitos e garantias em espécie Ações afirmativas


Preconiza o artigo 5º da Constituição Federal em seu caput: Neste sentido, desponta a temática das ações afirmativas,que
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem dis- são políticas públicas ou programas privados criados temporaria-
tinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos mente e desenvolvidos com a finalidade de reduzir as desigualda-
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, des decorrentes de discriminações ou de uma hipossuficiência eco-
à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos nômica ou física, por meio da concessão de algum tipo de vantagem
seguintes [...]. compensatória de tais condições.
Quem é contra as ações afirmativas argumenta que, em uma
O caput do artigo 5º, que pode ser considerado um dos prin- sociedade pluralista, a condição de membro de um grupo especí-
cipais (senão o principal) artigos da Constituição Federal, consagra fico não pode ser usada como critério de inclusão ou exclusão de
o princípio da igualdade e delimita as cinco esferas de direitos in- benefícios.
dividuais e coletivos que merecem proteção, isto é, vida, liberdade, Ademais, afirma-se que elas desprivilegiam o critério republicano
igualdade, segurança e propriedade. Os incisos deste artigos delimi- do mérito (segundo o qual o indivíduo deve alcançar determinado car-
tam vários direitos e garantias que se enquadram em alguma destas go público pela sua capacidade e esforço, e não por pertencer a deter-
esferas de proteção, podendo se falar em duas esferas específicas minada categoria); fomentariam o racismo e o ódio; bem como ferem
que ganham também destaque no texto constitucional, quais se- o princípio da isonomia por causar uma discriminação reversa.
jam, direitos de acesso à justiça e direitos constitucionais-penais. Por outro lado, quem é favorável às ações afirmativas defende
que elas representam o ideal de justiça compensatória (o objetivo é
- Direito à igualdade compensar injustiças passadas, dívidas históricas, como uma com-
pensação aos negros por tê-los feito escravos, p. ex.); representam
Abrangência o ideal de justiça distributiva (a preocupação, aqui, é com o presen-
Observa-se, pelo teor do caput do artigo 5º, CF, que o consti- te. Busca-se uma concretização do princípio da igualdade material);
tuinte afirmou por duas vezes o princípio da igualdade: bem como promovem a diversidade.
Neste sentido, as discriminações legais asseguram a verdadeira
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem dis- igualdade, por exemplo, com as ações afirmativas, a proteção espe-
tinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos cial ao trabalho da mulher e do menor, as garantias aos portadores
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, de deficiência, entre outras medidas que atribuam a pessoas com
à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos diferentes condições, iguais possibilidades, protegendo e respeitan-
seguintes [...]. do suas diferenças3. Tem predominado em doutrina e jurisprudên-
cia, inclusive no Supremo Tribunal Federal, que as ações afirmativas
Não obstante, reforça este princípio em seu primeiro inciso: são válidas.
Artigo 5º, I, CF. Homens e mulheres são iguais em direitos e
3 SANFELICE, Patrícia de Mello. Comentários aos artigos I e II. In: BALERA, Wagner
obrigações, nos termos desta Constituição.
(Coord.). Comentários à Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília:
2 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas em teleconferência. Fortium, 2008, p. 08.

6
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
- Direito à vida III - se o crime é cometido mediante sequestro.
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou em-
Abrangência prego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção do da pena aplicada.
direito à vida. A vida humana é o centro gravitacional em torno do § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça
qual orbitam todos os direitos da pessoa humana, possuindo refle- ou anistia.
xos jurídicos, políticos, econômicos, morais e religiosos. Daí existir § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese
uma dificuldade em conceituar o vocábulo vida. Logo, tudo aquilo do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.
que uma pessoa possui deixa de ter valor ou sentido se ela perde a
vida. Sendo assim, a vida é o bem principal de qualquer pessoa, é o - Direito à liberdade
primeiro valor moral inerente a todos os seres humanos4. O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção do
No tópico do direito à vida tem-se tanto o direito de nascer/ direito à liberdade, delimitada em alguns incisos que o seguem.
permanecer vivo, o que envolve questões como pena de morte,
eutanásia, pesquisas com células-tronco e aborto; quanto o direito Liberdade e legalidade
de viver com dignidade, o que engloba o respeito à integridade físi- Prevê o artigo 5º, II, CF:
ca, psíquica e moral, incluindo neste aspecto a vedação da tortura, Artigo 5º, II, CF. Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
bem como a garantia de recursos que permitam viver a vida com fazer alguma coisa senão em virtude de lei.
dignidade.
Embora o direito à vida seja em si pouco delimitado nos incisos O princípio da legalidade se encontra delimitado neste inciso,
que seguem o caput do artigo 5º, trata-se de um dos direitos mais prevendo que nenhuma pessoa será obrigada a fazer ou deixar de
discutidos em termos jurisprudenciais e sociológicos. É no direito à fazer alguma coisa a não ser que a lei assim determine. Assim, salvo
vida que se encaixam polêmicas discussões como: aborto de anen- situações previstas em lei, a pessoa tem liberdade para agir como
céfalo, pesquisa com células tronco, pena de morte, eutanásia, etc. considerar conveniente.
Portanto, o princípio da legalidade possui estrita relação com
Vedação à tortura o princípio da liberdade, posto que, a priori, tudo à pessoa é líci-
De forma expressa no texto constitucional destaca-se a veda- to. Somente é vedado o que a lei expressamente estabelecer como
ção da tortura, corolário do direito à vida, conforme previsão no proibido. A pessoa pode fazer tudo o que quiser, como regra, ou
inciso III do artigo 5º: seja, agir de qualquer maneira que a lei não proíba.
Artigo 5º, III, CF. Ninguém será submetido a tortura nem a tra-
tamento desumano ou degradante. Liberdade de pensamento e de expressão
A tortura é um dos piores meios de tratamento desumano, ex- O artigo 5º, IV, CF prevê:
pressamente vedada em âmbito internacional, como visto no tó- Artigo 5º, IV, CF. É livre a manifestação do pensamento, sendo
pico anterior. No Brasil, além da disciplina constitucional, a Lei nº vedado o anonimato.
9.455, de 7 de abril de 1997 define os crimes de tortura e dá outras
providências, destacando-se o artigo 1º: Consolida-se a afirmação simultânea da liberdade de pensa-
Art. 1º Constitui crime de tortura: mento e da liberdade de expressão.
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave Em primeiro plano tem-se a liberdade de pensamento. Afinal,
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: “o ser humano, através dos processos internos de reflexão, formula
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da juízos de valor. Estes exteriorizam nada mais do que a opinião de
vítima ou de terceira pessoa; seu emitente. Assim, a regra constitucional, ao consagrar a livre ma-
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; nifestação do pensamento, imprime a existência jurídica ao chama-
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; do direito de opinião”5. Em outras palavras, primeiro existe o direito
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, de ter uma opinião, depois o de expressá-la.
com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento No mais, surge como corolário do direito à liberdade de pen-
físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida samento e de expressão o direito à escusa por convicção filosófica
de caráter preventivo. ou política:
Pena - reclusão, de dois a oito anos. Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por motivo
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se
sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recu-
intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante sar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei.
de medida legal.
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando Trata-se de instrumento para a consecução do direito assegu-
tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção rado na Constituição Federal – não basta permitir que se pense di-
de um a quatro anos. ferente, é preciso respeitar tal posicionamento.
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, Com efeito, este direito de liberdade de expressão é limitado. Um
a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclu- destes limites é o anonimato, que consiste na garantia de atribuir a
são é de oito a dezesseis anos. cada manifestação uma autoria certa e determinada, permitindo even-
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: tuais responsabilizações por manifestações que contrariem a lei.
I - se o crime é cometido por agente público; Tem-se, ainda, a seguinte previsão no artigo 5º, IX, CF:
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de Artigo 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade intelectual,
deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; artística, científica e de comunicação, independentemente de cen-
sura ou licença.
4 BARRETO, Ana Carolina Rossi; IBRAHIM, Fábio Zambitte. Comentários aos Artigos
III e IV. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos Direi- 5 ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. Curso de direito cons-
tos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 15. titucional. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.

7
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Consolida-se outra perspectiva da liberdade de expressão, refe- Liberdade de informação
rente de forma específica a atividades intelectuais, artísticas, cien- O direito de acesso à informação também se liga a uma dimen-
tíficas e de comunicação. Dispensa-se, com relação a estas, a exi- são do direito à liberdade. Neste sentido, prevê o artigo 5º, XIV, CF:
gência de licença para a manifestação do pensamento, bem como Artigo 5º, XIV, CF. É assegurado a todos o acesso à informa-
veda-se a censura prévia. ção e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício
A respeito da censura prévia, tem-se não cabe impedir a divul- profissional.
gação e o acesso a informações como modo de controle do poder. A Trata-se da liberdade de informação, consistente na liberdade
censura somente é cabível quando necessária ao interesse público de procurar e receber informações e ideias por quaisquer meios,
numa ordem democrática, por exemplo, censurar a publicação de independente de fronteiras, sem interferência.
um conteúdo de exploração sexual infanto-juvenil é adequado. A liberdade de informação tem um caráter passivo, ao passo
O direito à resposta (artigo 5º, V, CF) e o direito à indenização que a liberdade de expressão tem uma característica ativa, de for-
(artigo 5º, X, CF) funcionam como a contrapartida para aquele que ma que juntas formam os aspectos ativo e passivo da exterioriza-
teve algum direito seu violado (notadamente inerentes à privacida- ção da liberdade de pensamento: não basta poder manifestar o seu
de ou à personalidade) em decorrência dos excessos no exercício da próprio pensamento, é preciso que ele seja ouvido e, para tanto, há
liberdade de expressão. necessidade de se garantir o acesso ao pensamento manifestado
para a sociedade.
Liberdade de crença/religiosa Por sua vez, o acesso à informação envolve o direito de todos
Dispõe o artigo 5º, VI, CF: obterem informações claras, precisas e verdadeiras a respeito de
Artigo 5º, VI, CF. É inviolável a liberdade de consciência e de fatos que sejam de seu interesse, notadamente pelos meios de co-
crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e municação imparciais e não monopolizados (artigo 220, CF).
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas
liturgias. No entanto, nem sempre é possível que a imprensa divulgue
Cada pessoa tem liberdade para professar a sua fé como bem com quem obteve a informação divulgada, sem o que a segurança
entender dentro dos limites da lei. Não há uma crença ou religião desta poderia ficar prejudicada e a informação inevitavelmente não
que seja proibida, garantindo-se que a profissão desta fé possa se chegaria ao público.
realizar em locais próprios. Especificadamente quanto à liberdade de informação no âmbi-
Nota-se que a liberdade de religião engloba 3 tipos distintos, to do Poder Público, merecem destaque algumas previsões.
porém intrinsecamente relacionados de liberdades: a liberdade de Primeiramente, prevê o artigo 5º, XXXIII, CF:
crença; a liberdade de culto; e a liberdade de organização religiosa. Artigo 5º, XXXIII, CF. Todos têm direito a receber dos órgãos
Consoante o magistério de José Afonso da Silva6, entra na liber- públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse
dade de crença a liberdade de escolha da religião, a liberdade de coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
aderir a qualquer seita religiosa, a liberdade (ou o direito) de mudar responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindí-
de religião, além da liberdade de não aderir a religião alguma, assim vel à segurança da sociedade e do Estado.
como a liberdade de descrença, a liberdade de ser ateu e de ex- A respeito, a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 regula
primir o agnosticismo, apenas excluída a liberdade de embaraçar o o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º, CF, tam-
livre exercício de qualquer religião, de qualquer crença. A liberdade bém conhecida como Lei do Acesso à Informação.
de culto consiste na liberdade de orar e de praticar os atos próprios
das manifestações exteriores em casa ou em público, bem como a Não obstante, estabelece o artigo 5º, XXXIV, CF:
de recebimento de contribuições para tanto. Por fim, a liberdade de Artigo 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados, independente-
organização religiosa refere-se à possibilidade de estabelecimento mente do pagamento de taxas:
e organização de igrejas e suas relações com o Estado. a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direi-
Como decorrência do direito à liberdade religiosa, assegurando tos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
o seu exercício, destaca-se o artigo 5º, VII, CF: b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para de-
Artigo 5º, VII, CF. É assegurada, nos termos da lei, a prestação fesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal.
de assistência religiosa nas entidades civis e militares de interna-
ção coletiva. Quanto ao direito de petição, de maneira prática, cumpre ob-
servar que o direito de petição deve resultar em uma manifesta-
O dispositivo refere-se não só aos estabelecimentos prisionais ção do Estado, normalmente dirimindo (resolvendo) uma questão
civis e militares, mas também a hospitais. proposta, em um verdadeiro exercício contínuo de delimitação dos
Ainda, surge como corolário do direito à liberdade religiosa o direitos e obrigações que regulam a vida social e, desta maneira,
direito à escusa por convicção religiosa: quando “dificulta a apreciação de um pedido que um cidadão quer
Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por motivo apresentar” (muitas vezes, embaraçando-lhe o acesso à Justiça);
de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as “demora para responder aos pedidos formulados” (administrativa
invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recu- e, principalmente, judicialmente) ou “impõe restrições e/ou con-
sar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei. dições para a formulação de petição”, traz a chamada insegurança
jurídica, que traz desesperança e faz proliferar as desigualdades e
Sempre que a lei impõe uma obrigação a todos, por exemplo, as injustiças.
a todos os homens maiores de 18 anos o alistamento militar, não Dentro do espectro do direito de petição se insere, por exem-
cabe se escusar, a não ser que tenha fundado motivo em crença re- plo, o direito de solicitar esclarecimentos, de solicitar cópias repro-
ligiosa ou convicção filosófica/política, caso em que será obrigado a gráficas e certidões, bem como de ofertar denúncias de irregulari-
cumprir uma prestação alternativa, isto é, uma outra atividade que dades. Contudo, o constituinte, talvez na intenção de deixar clara
não contrarie tais preceitos. a obrigação dos Poderes Públicos em fornecer certidões, trouxe a
letra b) do inciso, o que gera confusões conceituais no sentido do
6 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 25. ed. São Paulo:
direito de obter certidões ser dissociado do direito de petição.
Malheiros, 2006.

8
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Por fim, relevante destacar a previsão do artigo 5º, LX, CF: Tal dever remonta-se a questões de segurança coletiva. Ima-
Artigo 5º, LX, CF. A lei só poderá restringir a publicidade dos gine uma grande reunião de pessoas por uma causa, a exemplo da
atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse so- Parada Gay, que chega a aglomerar milhões de pessoas em algumas
cial o exigirem. capitais: seria absurdo tolerar tal tipo de reunião sem o prévio aviso
do poder público para que ele organize o policiamento e a assistên-
Logo,o processo, em regra, não será sigiloso. Apenas o será cia médica, evitando algazarras e socorrendo pessoas que tenham
quando a intimidade merecer preservação (ex: processo criminal algum mal-estar no local. Outro limite é o uso de armas, totalmente
de estupro ou causas de família em geral) ou quando o interesse vedado, assim como de substâncias ilícitas (Ex: embora a Marcha
social exigir (ex: investigações que possam ser comprometidas pela da Maconha tenha sido autorizada pelo Supremo Tribunal Federal,
publicidade). A publicidade é instrumento para a efetivação da li- vedou-se que nela tal substância ilícita fosse utilizada).
berdade de informação.
Liberdade de associação
Liberdade de locomoção No que tange à liberdade de reunião, traz o artigo 5º, XVII, CF:
Outra faceta do direito à liberdade encontra-se no artigo 5º, Artigo 5º, XVII, CF. É plena a liberdade de associação para fins
XV, CF: lícitos, vedada a de caráter paramilitar.
Artigo 5º, XV, CF. É livre a locomoção no território nacional em
tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele A liberdade de associação difere-se da de reunião por sua pere-
entrar, permanecer ou dele sair com seus bens. nidade, isto é, enquanto a liberdade de reunião é exercida de forma
A liberdade de locomoção é um aspecto básico do direito à li- sazonal, eventual, a liberdade de associação implica na formação
berdade, permitindo à pessoa ir e vir em todo o território do país de um grupo organizado que se mantém por um período de tempo
em tempos de paz (em tempos de guerra é possível limitar tal liber- considerável, dotado de estrutura e organização próprias.
dade em prol da segurança). A liberdade de sair do país não signifi- Por exemplo, o PCC e o Comando vermelho são associações
ca que existe um direito de ingressar em qualquer outro país, pois ilícitas e de caráter paramilitar, pois possuem armas e o ideal de
caberá à ele, no exercício de sua soberania, controlar tal entrada. realizar sua própria justiça paralelamente à estatal.
Classicamente, a prisão é a forma de restrição da liberdade. O texto constitucional se estende na regulamentação da liber-
Neste sentido, uma pessoa somente poderá ser presa nos casos dade de associação.
autorizados pela própria Constituição Federal. A despeito da nor- O artigo 5º, XVIII, CF, preconiza:
mativa específica de natureza penal, reforça-se a impossibilidade de Artigo 5º, XVIII, CF. A criação de associações e, na forma da
se restringir a liberdade de locomoção pela prisão civil por dívida. lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a
Prevê o artigo 5º, LXVII, CF: interferência estatal em seu funcionamento.
Artigo 5º, LXVII, CF. Não haverá prisão civil por dívida, salvo
a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de Neste sentido, associações são organizações resultantes da re-
obrigação alimentícia e a do depositário infiel. união legal entre duas ou mais pessoas, com ou sem personalidade
jurídica, para a realização de um objetivo comum; já cooperativas
Nos termos da Súmula Vinculante nº 25 do Supremo Tribunal são uma forma específica de associação, pois visam a obtenção de
Federal, “é ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que vantagens comuns em suas atividades econômicas.
seja a modalidade do depósito”. Por isso, a única exceção à regra Ainda, tem-se o artigo 5º, XIX, CF:
da prisão por dívida do ordenamento é a que se refere à obrigação Artigo 5º, XIX, CF. As associações só poderão ser compulsoria-
alimentícia. mente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judi-
cial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado.
Liberdade de trabalho
O direito à liberdade também é mencionado no artigo 5º, XIII, O primeiro caso é o de dissolução compulsória, ou seja, a as-
CF: sociação deixará de existir para sempre. Obviamente, é preciso o
Artigo 5º, XIII, CF. É livre o exercício de qualquer trabalho, ofí- trânsito em julgado da decisão judicial que assim determine, pois
cio ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei antes disso sempre há possibilidade de reverter a decisão e permitir
estabelecer. que a associação continue em funcionamento. Contudo, a decisão
judicial pode suspender atividades até que o trânsito em julgado
O livre exercício profissional é garantido, respeitados os limi- ocorra, ou seja, no curso de um processo judicial.
tes legais. Por exemplo, não pode exercer a profissão de advogado Em destaque, a legitimidade representativa da associação
aquele que não se formou em Direito e não foi aprovado no Exame quanto aos seus filiados, conforme artigo 5º, XXI, CF:
da Ordem dos Advogados do Brasil; não pode exercer a medicina Artigo 5º, XXI, CF. As entidades associativas, quando expressa-
aquele que não fez faculdade de medicina reconhecida pelo MEC e mente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados
obteve o cadastro no Conselho Regional de Medicina. judicial ou extrajudicialmente.

Liberdade de reunião Trata-se de caso de legitimidade processual extraordinária,


Sobre a liberdade de reunião, prevê o artigo 5º, XVI, CF: pela qual um ente vai a juízo defender interesse de outra(s) pes-
Artigo 5º, XVI, CF. Todos podem reunir-se pacificamente, sem soa(s) porque a lei assim autoriza.
armas, em locais abertos ao público, independentemente de auto- A liberdade de associação envolve não somente o direito de
rização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente con- criar associações e de fazer parte delas, mas também o de não asso-
vocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à ciar-se e o de deixar a associação, conforme artigo 5º, XX, CF:
autoridade competente. Artigo 5º, XX, CF. Ninguém poderá ser compelido a associar-se
Pessoas podem ir às ruas para reunirem-se com demais na de- ou a permanecer associado.
fesa de uma causa, apenas possuindo o dever de informar tal reu-
nião.

9
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
- Direitos à privacidade e à personalidade Personalidade jurídica e gratuidade de registro
Quando se fala em reconhecimento como pessoa perante a lei
Abrangência desdobra-se uma esfera bastante específica dos direitos de perso-
Prevê o artigo 5º, X, CF: nalidade, consistente na personalidade jurídica. Basicamente, con-
Artigo 5º, X, CF. São invioláveis a intimidade, a vida privada, a siste no direito de ser reconhecido como pessoa perante a lei. Para
honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização ser visto como pessoa perante a lei mostra-se necessário o registro.
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. Por ser instrumento que serve como pressuposto ao exercício de
direitos fundamentais, assegura-se a sua gratuidade aos que não
O legislador opta por trazer correlacionados no mesmo disposi- tiverem condição de com ele arcar.
tivo legal os direitos à privacidade e à personalidade.
Reforçando a conexão entre a privacidade e a intimidade, ao Aborda o artigo 5º, LXXVI, CF:
abordar a proteção da vida privada – que, em resumo, é a privaci- Artigo 5º, LXXVI, CF. São gratuitos para os reconhecidamente
dade da vida pessoal no âmbito do domicílio e de círculos de ami- pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nascimento; b) a cer-
gos –, Silva7 entende que “o segredo da vida privada é condição tidão de óbito.
de expansão da personalidade”, mas não caracteriza os direitos de
personalidade em si. O reconhecimento do marco inicial e do marco final da perso-
A união da intimidade e da vida privada forma a privacidade, nalidade jurídica pelo registro é direito individual, não dependendo
sendo que a primeira se localiza em esfera mais estrita. É possível de condições financeiras. Evidente, seria absurdo cobrar de uma
ilustrar a vida social como se fosse um grande círculo no qual há um pessoa sem condições a elaboração de documentos para que ela
menor, o da vida privada, e dentro deste um ainda mais restrito e seja reconhecida como viva ou morta, o que apenas incentivaria a
impenetrável, o da intimidade. Com efeito, pela “Teoria das Esfe- indigência dos menos favorecidos.
ras” (ou “Teoria dos Círculos Concêntricos”), importada do direito
alemão, quanto mais próxima do indivíduo, maior a proteção a ser Direito à indenização e direito de resposta
conferida à esfera (as esferas são representadas pela intimidade, Com vistas à proteção do direito à privacidade, do direito à per-
pela vida privada, e pela publicidade). sonalidade e do direito à imagem, asseguram-se dois instrumentos,
“O direito à honra distancia-se levemente dos dois anteriores, o direito à indenização e o direito de resposta, conforme as neces-
podendo referir-se ao juízo positivo que a pessoa tem de si (honra sidades do caso concreto.
subjetiva) e ao juízo positivo que dela fazem os outros (honra ob-
jetiva), conferindo-lhe respeitabilidade no meio social. O direito à Com efeito, prevê o artigo 5º, V, CF:
imagem também possui duas conotações, podendo ser entendido
em sentido objetivo, com relação à reprodução gráfica da pessoa, Artigo 5º, V, CF. É assegurado o direito de resposta, proporcio-
por meio de fotografias, filmagens, desenhos, ou em sentido subje- nal ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à
tivo, significando o conjunto de qualidades cultivadas pela pessoa e imagem.
reconhecidas como suas pelo grupo social”8. “A manifestação do pensamento é livre e garantida em nível
constitucional, não aludindo a censura prévia em diversões e es-
Inviolabilidade de domicílio e sigilo de correspondência petáculos públicos. Os abusos porventura ocorridos no exercício
Correlatos ao direito à privacidade, aparecem a inviolabilidade indevido da manifestação do pensamento são passíveis de exame
do domicílio e o sigilo das correspondências e comunicações. e apreciação pelo Poder Judiciário com a consequente responsabili-
Neste sentido, o artigo 5º, XI, CF prevê: dade civil e penal de seus autores, decorrentes inclusive de publica-
Artigo 5º, XI, CF. A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém ções injuriosas na imprensa, que deve exercer vigilância e controle
nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em da matéria que divulga”9.
caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, O direito de resposta é o direito que uma pessoa tem de se
durante o dia, por determinação judicial. defender de críticas públicas no mesmo meio em que foram pu-
blicadas garantida exatamente a mesma repercussão. Mesmo
O domicílio é inviolável, razão pela qual ninguém pode nele en- quando for garantido o direito de resposta não é possível reverter
trar sem o consentimento do morador, a não ser EM QUALQUER plenamente os danos causados pela manifestação ilícita de pensa-
HORÁRIO no caso de flagrante delito (o morador foi flagrado na prá- mento, razão pela qual a pessoa inda fará jus à indenização.
tica de crime e fugiu para seu domicílio) ou desastre (incêndio, en- A manifestação ilícita do pensamento geralmente causa um
chente, terremoto...) ou para prestar socorro (morador teve ataque dano, ou seja, um prejuízo sofrido pelo agente, que pode ser indi-
do coração, está sufocado, desmaiado...), e SOMENTE DURANTE O vidual ou coletivo, moral ou material, econômico e não econômico.
DIA por determinação judicial. Dano material é aquele que atinge o patrimônio (material ou
Quanto ao sigilo de correspondência e das comunicações, pre- imaterial) da vítima, podendo ser mensurado financeiramente e in-
vê o artigo 5º, XII, CF: denizado.
Artigo 5º, XII, CF. É inviolável o sigilo da correspondência e das “Dano moral direto consiste na lesão a um interesse que visa a
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefôni- satisfação ou gozo de um bem jurídico extrapatrimonial contido nos
cas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na direitos da personalidade (como a vida, a integridade corporal, a
forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou liberdade, a honra, o decoro, a intimidade, os sentimentos afetivos,
instrução processual penal. a própria imagem) ou nos atributos da pessoa (como o nome, a
capacidade, o estado de família)”10.
O sigilo de correspondência e das comunicações está melhor
regulamentado na Lei nº 9.296, de 1996. Já o dano à imagem é delimitado no artigo 20 do Código Civil:
7 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 25. ed. São Paulo: 9 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 26. ed. São Paulo: Malheiros,
Malheiros, 2006. 2011.
8 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de direito constitucional. Rio de Janei- 10 ZANNONI, Eduardo. El daño en la responsabilidad civil. Buenos Aires: Astrea,
ro: Elsevier, 2007. 1982.

10
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 20, CC. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à adminis- tiça social. Se é assim, então a propriedade privada, que, ademais,
tração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação tem que atender a sua função social, fica vinculada à consecução
de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição daquele princípio”.
ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, Com efeito, a proteção da propriedade privada está limitada
a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se ao atendimento de sua função social, sendo este o requisito que
lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se a correlaciona com a proteção da dignidade da pessoa humana. A
destinarem a fins comerciais. propriedade de bens e valores em geral é um direito assegurado na
Constituição Federal e, como todos os outros, se encontra limitado
- Direito à segurança pelos demais princípios conforme melhor se atenda à dignidade do
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção do ser humano.
direito à segurança. Na qualidade de direito individual liga-se à se-
gurança do indivíduo como um todo, desde sua integridade física e Uso temporário
mental, até a própria segurança jurídica. No mais, estabelece-se uma terceira limitação ao direito de
No sentido aqui estudado, o direito à segurança pessoal é o propriedade que não possui o caráter definitivo da desapropriação,
direito de viver sem medo, protegido pela solidariedade e liberto de mas é temporária, conforme artigo 5º, XXV, CF:
agressões, logo, é uma maneira de garantir o direito à vida. Artigo 5º, XXV, CF. No caso de iminente perigo público, a autori-
Nesta linha, para Silva11, “efetivamente, esse conjunto de di- dade competente poderá usar de propriedade particular, assegura-
reitos aparelha situações, proibições, limitações e procedimentos da ao proprietário indenização ulterior, se houver dano.
destinados a assegurar o exercício e o gozo de algum direito indivi-
dual fundamental (intimidade, liberdade pessoal ou a incolumidade Se uma pessoa tem uma propriedade, numa situação de peri-
física ou moral)”. go, o poder público pode se utilizar dela (ex: montar uma base para
Especificamente no que tange à segurança jurídica, tem-se o capturar um fugitivo), pois o interesse da coletividade é maior que
disposto no artigo 5º, XXXVI, CF: o do indivíduo proprietário.
Artigo 5º, XXXVI, CF. A lei não prejudicará o direito adquirido, o
ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Direito sucessório
O direito sucessório aparece como uma faceta do direito à pro-
Pelo inciso restam estabelecidos limites à retroatividade da lei. priedade, encontrando disciplina constitucional no artigo 5º, XXX e
Define o artigo 6º da Lei de Introdução às Normas do Direito XXXI, CF:
Brasileiro: Artigo 5º, XXX, CF. É garantido o direito de herança;
Artigo 6º, LINDB. A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, res-
peitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. Artigo 5º, XXXI, CF.A sucessão de bens de estrangeiros situados
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou
lei vigente ao tempo em que se efetuou. dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titu- pessoal do de cujus.
lar, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do
exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalte- O direito à herança envolve o direito de receber – seja devido a
rável, a arbítrio de outrem. uma previsão legal, seja por testamento – bens de uma pessoa que
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial faleceu. Assim, o patrimônio passa para outra pessoa, conforme a
de que já não caiba recurso. vontade do falecido e/ou a lei determine. A Constituição estabele-
ce uma disciplina específica para bens de estrangeiros situados no
Brasil, assegurando que eles sejam repassados ao cônjuge e filhos
- Direito à propriedade
brasileiros nos termos da lei mais benéfica (do Brasil ou do país es-
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção do
trangeiro).
direito à propriedade, tanto material quanto intelectual, delimitada
em alguns incisos que o seguem.
Direito do consumidor
Nos termos do artigo 5º, XXXII, CF:
Função social da propriedade material
Artigo 5º, XXXII, CF. O Estado promoverá, na forma da lei, a de-
O artigo 5º, XXII, CF estabelece:
fesa do consumidor.
Artigo 5º, XXII, CF. É garantido o direito de propriedade.
O direito do consumidor liga-se ao direito à propriedade a par-
A seguir, no inciso XXIII do artigo 5º, CF estabelece o principal tir do momento em que garante à pessoa que irá adquirir bens e
fator limitador deste direito: serviços que estes sejam entregues e prestados da forma adequa-
Artigo 5º, XXIII, CF. A propriedade atenderá a sua função social. da, impedindo que o fornecedor se enriqueça ilicitamente, se apro-
veite de maneira indevida da posição menos favorável e de vulnera-
A propriedade, segundo Silva12, “[...] não pode mais ser consi- bilidade técnica do consumidor.
derada como um direito individual nem como instituição do direito O Direito do Consumidor pode ser considerado um ramo re-
privado. [...] embora prevista entre os direitos individuais, ela não cente do Direito. No Brasil, a legislação que o regulamentou foi pro-
mais poderá ser considerada puro direito individual, relativizando- mulgada nos anos 90, qual seja a Lei nº 8.078, de 11 de setembro
-se seu conceito e significado, especialmente porque os princípios de 1990, conforme determinado pela Constituição Federal de 1988,
da ordem econômica são preordenados à vista da realização de seu que também estabeleceu no artigo 48 do Ato das Disposições Cons-
fim: assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da jus- titucionais Transitórias:
11 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo... Op. Cit., p. 437. Artigo 48, ADCT. O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte
12 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 25. ed. São Pau- dias da promulgação da Constituição, elaborará código de defesa
lo: Malheiros, 2006. do consumidor.

11
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
A elaboração do Código de Defesa do Consumidor foi um gran- efetiva de tal acesso. Tais ondas foram percebidas paulatinamen-
de passo para a proteção da pessoa nas relações de consumo que te com a evolução do Direito moderno conforme implementadas
estabeleça, respeitando-se a condição de hipossuficiente técnico as bases da onda anterior, quer dizer, ficou evidente aos autores a
daquele que adquire um bem ou faz uso de determinado serviço, emergência de uma nova onda quando superada a afirmação das
enquanto consumidor. premissas da onda anterior, restando parcialmente implementada
(visto que até hoje enfrentam-se obstáculos ao pleno atendimento
Propriedade intelectual em todas as ondas).
Além da propriedade material, o constituinte protege também Primeiro, Cappelletti e Garth[14] entendem que surgiu uma
a propriedade intelectual, notadamente no artigo 5º, XXVII, XXVIII onda de concessão de assistência judiciária aos pobres, partindo-se
e XXIX, CF: da prestação sem interesse de remuneração por parte dos advoga-
Artigo 5º, XXVII, CF. Aos autores pertence o direito exclusivo de dos e, ao final, levando à criação de um aparato estrutural para a
utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível prestação da assistência pelo Estado.
aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; Em segundo lugar, no entender de Cappelletti e Garth[15], veio
Artigo 5º, XXVIII, CF. São assegurados, nos termos da lei: a onda de superação do problema na representação dos interesses
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e difusos, saindo da concepção tradicional de processo como algo
à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades restrito a apenas duas partes individualizadas e ocasionando o sur-
desportivas; gimento de novas instituições, como o Ministério Público.
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das Finalmente, Cappelletti e Garth[16] apontam uma terceira
obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intér- onda consistente no surgimento de uma concepção mais ampla de
pretes e às respectivas representações sindicais e associativas; acesso à justiça, considerando o conjunto de instituições, mecanis-
mos, pessoas e procedimentos utilizados: “[...] esse enfoque enco-
Artigo 5º, XXIX, CF. A lei assegurará aos autores de inventos in- raja a exploração de uma ampla variedade de reformas, incluindo
dustriais privilégio temporário para sua utilização, bem como prote- alterações nas formas de procedimento, mudanças na estrutura
ção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de dos tribunais ou a criação de novos tribunais, o uso de pessoas lei-
empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse gas ou paraprofissionais, tanto como juízes quanto como defenso-
social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País. res, modificações no direito substantivo destinadas a evitar litígios
ou facilitar sua solução e a utilização de mecanismos privados ou in-
Assim, a propriedade possui uma vertente intelectual que deve formais de solução dos litígios. Esse enfoque, em suma, não receia
ser respeitada, tanto sob o aspecto moral quanto sob o patrimo- inovações radicais e compreensivas, que vão muito além da esfera
nial. No âmbito infraconstitucional brasileiro, a Lei nº 9.610, de 19 de representação judicial”.
de fevereiro de 1998, regulamenta os direitos autorais, isto é, “os Assim, dentro da noção de acesso à justiça, diversos aspectos
direitos de autor e os que lhes são conexos”. podem ser destacados: de um lado, deve criar-se o Poder Judiciário
O artigo 7° do referido diploma considera como obras inte- e se disponibilizar meios para que todas as pessoas possam bus-
lectuais que merecem a proteção do direito do autor os textos de cá-lo; de outro lado, não basta garantir meios de acesso se estes
obras de natureza literária, artística ou científica; as conferências, forem insuficientes, já que para que exista o verdadeiro acesso à
sermões e obras semelhantes; as obras cinematográficas e televi- justiça é necessário que se aplique o direito material de maneira
sivas; as composições musicais; fotografias; ilustrações; programas justa e célere.
de computador; coletâneas e enciclopédias; entre outras. Relacionando-se à primeira onda de acesso à justiça, prevê a
Os direitos morais do autor, que são imprescritíveis, inaliená- Constituição em seu artigo 5º, XXXV:
veis e irrenunciáveis, envolvem, basicamente, o direito de reivindi- Artigo 5º, XXXV, CF. A lei não excluirá da apreciação do Poder
car a autoria da obra, ter seu nome divulgado na utilização desta, Judiciário lesão ou ameaça a direito.
assegurar a integridade desta ou modificá-la e retirá-la de circula-
ção se esta passar a afrontar sua honra ou imagem. O princípio da inafastabilidade da jurisdição é o princípio de
Já os direitos patrimoniais do autor, nos termos dos artigos 41 a Direito Processual Público subjetivo, também cunhado como Prin-
44 da Lei nº 9.610/98, prescrevem em 70 anos contados do primeiro cípio da Ação, em que a Constituição garante a necessária tutela
ano seguinte à sua morte ou do falecimento do último coautor, ou estatal aos conflitos ocorrentes na vida em sociedade. Sempre que
contados do primeiro ano seguinte à divulgação da obra se esta for uma controvérsia for levada ao Poder Judiciário, preenchidos os re-
de natureza audiovisual ou fotográfica. Estes, por sua vez, abrangem, quisitos de admissibilidade, ela será resolvida, independentemente
basicamente, o direito de dispor sobre a reprodução, edição, adap- de haver ou não previsão específica a respeito na legislação.
tação, tradução, utilização, inclusão em bases de dados ou qualquer Também se liga à primeira onda de acesso à justiça, no que
outra modalidade de utilização; sendo que estas modalidades de uti- tange à abertura do Judiciário mesmo aos menos favorecidos eco-
lização podem se dar a título oneroso ou gratuito. nomicamente, o artigo 5º, LXXIV, CF:
“Os direitos autorais, também conhecidos como copyright (di- Artigo 5º, LXXIV, CF. O Estado prestará assistência jurídica inte-
reito de cópia), são considerados bens móveis, podendo ser alie- gral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos.
nados, doados, cedidos ou locados. Ressalte-se que a permissão a
terceiros de utilização de criações artísticas é direito do autor. [...] A O constituinte, ciente de que não basta garantir o acesso ao Po-
proteção constitucional abrange o plágio e a contrafação. Enquanto der Judiciário, sendo também necessária a efetividade processual,
que o primeiro caracteriza-se pela difusão de obra criada ou produ-
incluiu pela Emenda Constitucional nº 45/2004 o inciso LXXVIII ao
zida por terceiros, como se fosse própria, a segunda configura a re-
artigo 5º da Constituição:
produção de obra alheia sem a necessária permissão do autor”[13].
Artigo 5º, LXXVIII, CF. A todos, no âmbito judicial e administrati-
vo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que
- Direitos de acesso à justiça
garantam a celeridade de sua tramitação.
A formação de um conceito sistemático de acesso à justiça se
dá com a teoria de Cappelletti e Garth, que apontaram três ondas
de acesso, isto é, três posicionamentos básicos para a realização

12
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Com o tempo se percebeu que não bastava garantir o acesso à Artigo5º, XXXIX, CF. Não há crime sem lei anterior que o defina,
justiça se este não fosse célere e eficaz. Não significa que se deve nem pena sem prévia cominação legal.
acelerar o processo em detrimento de direitos e garantias assegu-
rados em lei, mas sim que é preciso proporcionar um trâmite que É a consagração da regra do nullum crimen nulla poena sine
dure nem mais e nem menos que o necessário para a efetiva reali- praevia lege. Simultaneamente, se assegura o princípio da legalida-
zação da justiça no caso concreto. de (ou reserva legal), na medida em que não há crime sem lei que o
defina, nem pena sem prévia cominação legal, e o princípio da an-
- Direitos constitucionais-penais terioridade, posto que não há crime sem lei anterior que o defina.
Ainda no que tange ao princípio da anterioridade, tem-se o ar-
Juiz natural e vedação ao juízo ou tribunal de exceção tigo 5º, XL, CF:
Quando o artigo 5º, LIII, CF menciona: Artigo 5º, XL, CF. A lei penal não retroagirá, salvo para benefi-
Artigo 5º, LIII, CF. Ninguém será processado nem sentenciado ciar o réu.
senão pela autoridade competente”, consolida o princípio do juiz
natural que assegura a toda pessoa o direito de conhecer previa- O dispositivo consolida outra faceta do princípio da anterioridade:
mente daquele que a julgará no processo em que seja parte, reves- se, por um lado, é necessário que a lei tenha definido um fato como
tindo tal juízo em jurisdição competente para a matéria específica crime e dado certo tratamento penal a este fato (ex.: pena de deten-
do caso antes mesmo do fato ocorrer. ção ou reclusão, tempo de pena, etc.) antes que ele ocorra; por outro
lado, se vier uma lei posterior ao fato que o exclua do rol de crimes ou
Por sua vez, um desdobramento deste princípio encontra-se no que confira tratamento mais benéfico (diminuindo a pena ou alterando
artigo 5º, XXXVII, CF: o regime de cumprimento, notadamente), ela será aplicada. Restam
Artigo 5º, XXXVII, CF. Não haverá juízo ou tribunal de exceção. consagrados tanto o princípio da irretroatividade da lei penal in pejus
quanto o da retroatividade da lei penal mais benéfica.
Juízo ou Tribunal de Exceção é aquele especialmente criado
para uma situação pretérita, bem como não reconhecido como le- Menções específicas a crimes
gítimo pela Constituição do país. O artigo 5º, XLI, CF estabelece:
Artigo 5º, XLI, CF. A lei punirá qualquer discriminação atentató-
Tribunal do júri ria dos direitos e liberdades fundamentais.
A respeito da competência do Tribunal do júri, prevê o artigo Sendo assim confere fórmula genérica que remete ao princípio da
5º, XXXVIII, CF: igualdade numa concepção ampla, razão pela qual práticas discrimina-
tórias não podem ser aceitas. No entanto, o constituinte entendeu por
Artigo 5º, XXXVIII. É reconhecida a instituição do júri, com a bem prever tratamento específico a certas práticas criminosas.
organização que lhe der a lei, assegurados: Neste sentido, prevê o artigo 5º, XLII, CF:
Artigo 5º, XLII, CF. A prática do racismo constitui crime inafian-
a) a plenitude de defesa;
çável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei.
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 define os crimes resul-
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra
tantes de preconceito de raça ou de cor. Contra eles não cabe fiança
a vida.
(pagamento de valor para deixar a prisão provisória) e não se aplica
o instituto da prescrição (perda de pretensão de se processar/punir
O Tribunal do Júri é formado por pessoas do povo, que julgam
uma pessoa pelo decurso do tempo).
os seus pares. Entende-se ser direito fundamental o de ser julgado
por seus iguais, membros da sociedade e não magistrados, no caso Não obstante, preconiza ao artigo 5º, XLIII, CF:
de determinados crimes que por sua natureza possuem fortes fato- Artigo 5º, XLIII, CF. A lei considerará crimes inafiançáveis e in-
res de influência emocional. suscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito
Plenitude da defesa envolve tanto a autodefesa quanto a defe- de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como
sa técnica e deve ser mais ampla que a denominada ampla defesa crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os execu-
assegurada em todos os procedimentos judiciais e administrativos. tores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.
Sigilo das votações envolve a realização de votações secretas,
preservando a liberdade de voto dos que compõem o conselho que Anistia, graça e indulto diferenciam-se nos seguintes termos: a
irá julgar o ato praticado. anistia exclui o crime, rescinde a condenação e extingue totalmente
A decisão tomada pelo conselho é soberana. Contudo, a sobe- a punibilidade, a graça e o indulto apenas extinguem a punibilidade,
rania dos veredictos veda a alteração das decisões dos jurados, não podendo ser parciais; a anistia, em regra, atinge crimes políticos, a
a recorribilidade dos julgamentos do Tribunal do Júri para que seja graça e o indulto, crimes comuns; a anistia pode ser concedida pelo
procedido novo julgamento uma vez cassada a decisão recorrida, Poder Legislativo, a graça e o indulto são de competência exclusiva
haja vista preservar o ordenamento jurídico pelo princípio do duplo do Presidente da República; a anistia pode ser concedida antes da
grau de jurisdição. sentença final ou depois da condenação irrecorrível, a graça e o in-
Por fim, a competência para julgamento é dos crimes dolosos dulto pressupõem o trânsito em julgado da sentença condenatória;
(em que há intenção ou ao menos se assume o risco de produção graça e o indulto apenas extinguem a punibilidade, persistindo os
do resultado) contra a vida, que são: homicídio, aborto, induzimen- efeitos do crime, apagados na anistia; graça é em regra individual e
to, instigação ou auxílio a suicídio e infanticídio. Sua competência solicitada, enquanto o indulto é coletivo e espontâneo.
não é absoluta e é mitigada, por vezes, pela própria Constituição Não cabe graça, anistia ou indulto (pode-se considerar que o
(artigos 29, X /102, I, b) e c) / 105, I, a) / 108, I). artigo o abrange, pela doutrina majoritária) contra crimes de tortu-
ra, tráfico, terrorismo (TTT) e hediondos (previstos na Lei nº 8.072
Anterioridade e irretroatividade da lei de 25 de julho de 1990). Além disso, são crimes que não aceitam
O artigo 5º, XXXIX, CF preconiza: fiança.

13
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Por fim, prevê o artigo 5º, XLIV, CF: Quanto à idade, destacam-se as Fundações Casas, para cumpri-
Artigo 5º, XLIV, CF. Constitui crime inafiançável e imprescritível mento de medida por menores infratores. Quanto ao sexo, prisões
a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem cons- costumam ser exclusivamente para homens ou para mulheres.
titucional e o Estado Democrático. Também se denota o respeito à individualização da pena nesta
faceta pelo artigo 5º, L, CF:
Personalidade da pena Artigo 5º, L, CF. Às presidiárias serão asseguradas condições
A personalidade da pena encontra respaldo no artigo 5º, XLV, para que possam permanecer com seus filhos durante o período
CF: de amamentação.
Artigo 5º, XLV, CF. Nenhuma pena passará da pessoa do con-
denado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do Preserva-se a individualização da pena porque é tomada a con-
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos suces- dição peculiar da presa que possui filho no período de amamenta-
sores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio ção, mas também se preserva a dignidade da criança, não a afastan-
transferido. do do seio materno de maneira precária e impedindo a formação de
vínculo pela amamentação.
O princípio da personalidade encerra o comando de o crime
ser imputado somente ao seu autor, que é, por seu turno, a úni- Vedação de determinadas penas
ca pessoa passível de sofrer a sanção. Seria flagrante a injustiça se O constituinte viu por bem proibir algumas espécies de penas,
fosse possível alguém responder pelos atos ilícitos de outrem: caso consoante ao artigo 5º, XLVII, CF:
contrário, a reação, ao invés de restringir-se ao malfeitor, alcançaria Artigo 5º, XLVII, CF. não haverá penas:
inocentes. Contudo, se uma pessoa deixou patrimônio e faleceu, a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do
este patrimônio responderá pelas repercussões financeiras do ilí- art. 84, XIX;
cito. b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
Individualização da pena d) de banimento;
e) cruéis.
A individualização da pena tem por finalidade concretizar o
princípio de que a responsabilização penal é sempre pessoal, de-
Em resumo, o inciso consolida o princípio da humanidade, pelo
vendo assim ser aplicada conforme as peculiaridades do agente.
qual o “poder punitivo estatal não pode aplicar sanções que atinjam
A primeira menção à individualização da pena se encontra no
a dignidade da pessoa humana ou que lesionem a constituição físi-
artigo 5º, XLVI, CF:
co-psíquica dos condenados”[17] .
Artigo 5º, XLVI, CF. A lei regulará a individualização da pena e
Quanto à questão da pena de morte, percebe-se que o consti-
adotará, entre outras, as seguintes:
tuinte não estabeleceu uma total vedação, autorizando-a nos casos
a) privação ou restrição da liberdade; de guerra declarada. Obviamente, deve-se respeitar o princípio da
b) perda de bens; anterioridade da lei, ou seja, a legislação deve prever a pena de
c) multa; morte ao fato antes dele ser praticado. No ordenamento brasilei-
d) prestação social alternativa; ro, este papel é cumprido pelo Código Penal Militar (Decreto-Lei nº
e) suspensão ou interdição de direitos. 1.001/1969), que prevê a pena de morte a ser executada por fuzi-
lamento nos casos tipificados em seu Livro II, que aborda os crimes
Pelo princípio da individualização da pena, a pena deve ser in- militares em tempo de guerra.
dividualizada nos planos legislativo, judiciário e executório, evitan- Por sua vez, estão absolutamente vedadas em quaisquer cir-
do-se a padronização a sanção penal. A individualização da pena cunstâncias as penas de caráter perpétuo, de trabalhos forçados,
significa adaptar a pena ao condenado, consideradas as caracterís- de banimento e cruéis.
ticas do agente e do delito. No que tange aos trabalhos forçados, vale destacar que o tra-
A pena privativa de liberdade é aquela que restringe, com balho obrigatório não é considerado um tratamento contrário à
maior ou menor intensidade, a liberdade do condenado, consis- dignidade do recluso, embora o trabalho forçado o seja. O trabalho
tente em permanecer em algum estabelecimento prisional, por um é obrigatório, dentro das condições do apenado, não podendo ser
determinado tempo. cruel ou menosprezar a capacidade física e intelectual do condena-
A pena de multa ou patrimonial opera uma diminuição do pa- do; como o trabalho não existe independente da educação, cabe in-
trimônio do indivíduo delituoso. centivar o aperfeiçoamento pessoal; até mesmo porque o trabalho
A prestação social alternativa corresponde às penas restritivas deve se aproximar da realidade do mundo externo, será remunera-
de direitos, autônomas e substitutivas das penas privativas de liber- do; além disso, condições de dignidade e segurança do trabalhador,
dade, estabelecidas no artigo 44 do Código Penal. como descanso semanal e equipamentos de proteção, deverão ser
Por seu turno, a individualização da pena deve também se fazer respeitados.
presente na fase de sua execução, conforme se depreende do artigo
5º, XLVIII, CF: Respeito à integridade do preso
Artigo 5º, XLVIII, CF. A pena será cumprida em estabelecimen- Prevê o artigo 5º, XLIX, CF:
tos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo Artigo 5º, XLIX, CF. É assegurado aos presos o respeito à integri-
do apenado. dade física e moral.

A distinção do estabelecimento conforme a natureza do delito Obviamente, o desrespeito à integridade física e moral do pre-
visa impedir que a prisão se torne uma faculdade do crime. Infeliz- so é uma violação do princípio da dignidade da pessoa humana.
mente, o Estado não possui aparato suficiente para cumprir tal di- Dois tipos de tratamentos que violam esta integridade estão men-
retiva, diferenciando, no máximo, o nível de segurança das prisões. cionados no próprio artigo 5º da Constituição Federal. Em primeiro
lugar, tem-se a vedação da tortura e de tratamentos desumanos e de-
gradantes (artigo 5º, III, CF), o que vale na execução da pena.

14
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
No mais, prevê o artigo 5º, LVIII, CF: Prisão e liberdade
Artigo 5º, LVIII, CF.O civilmente identificado não será subme- O constituinte confere espaço bastante extenso no artigo 5º
tido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei. em relação ao tratamento da prisão, notadamente por se tratar de
ato que vai contra o direito à liberdade. Obviamente, a prisão não
Se uma pessoa possui identificação civil, não há porque fazer é vedada em todos os casos, porque práticas atentatórias a direitos
identificação criminal, colhendo digitais, fotos, etc. Pensa-se que se- fundamentais implicam na tipificação penal, autorizando a restrição
ria uma situação constrangedora desnecessária ao suspeito, sendo da liberdade daquele que assim agiu.
assim, violaria a integridade moral. No inciso LXI do artigo 5º, CF, prevê-se:
Artigo 5º, LXI, CF. Ninguém será preso senão em flagrante de-
Devido processo legal, contraditório e ampla defesa lito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária
Estabelece o artigo 5º, LIV, CF: competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime pro-
Artigo 5º, LIV, CF. Ninguém será privado da liberdade ou de priamente militar, definidos em lei.
seus bens sem o devido processo legal.
Logo, a prisão somente se dará em caso de flagrante delito (ne-
Pelo princípio do devido processo legal a legislação deve ser cessariamente antes do trânsito em julgado), ou em caráter tempo-
respeitada quando o Estado pretender punir alguém judicialmente. rário, provisório ou definitivo (as duas primeiras independente do
Logo, o procedimento deve ser livre de vícios e seguir estritamente trânsito em julgado, preenchidos requisitos legais e a última pela
a legislação vigente, sob pena de nulidade processual. irreversibilidade da condenação).
Surgem como corolário do devido processo legal o contraditó- Aborda-se no artigo 5º, LXII o dever de comunicação ao juiz e à
rio e a ampla defesa, pois somente um procedimento que os garan- família ou pessoa indicada pelo preso:
ta estará livre dos vícios. Neste sentido, o artigo 5º, LV, CF: Artigo 5º, LXII, CF. A prisão de qualquer pessoa e o local onde
se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente
Artigo 5º, LV, CF. Aos litigantes, em processo judicial ou admi- e à família do preso ou à pessoa por ele indicada.
nistrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório
e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. Não obstante, o preso deverá ser informado de todos os seus
direitos, inclusive o direito ao silêncio, podendo entrar em contato
O devido processo legal possui a faceta formal, pela qual se com sua família e com um advogado, conforme artigo 5º, LXIII, CF:
deve seguir o adequado procedimento na aplicação da lei e, sendo
assim, respeitar o contraditório e a ampla defesa. Não obstante, o Artigo 5º, LXIII, CF. O preso será informado de seus direitos,
devido processo legal tem sua faceta material que consiste na to- entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a as-
mada de decisões justas, que respeitem os parâmetros da razoabili- sistência da família e de advogado.
dade e da proporcionalidade.
Estabelece-se no artigo 5º, LXIV, CF:
Vedação de provas ilícitas Artigo 5º, LXIV, CF. O preso tem direito à identificação dos res-
Conforme o artigo 5º, LVI, CF: ponsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial.
Artigo 5º, LVI, CF. São inadmissíveis, no processo, as provas ob-
tidas por meios ilícitos. Por isso mesmo, o auto de prisão em flagrante e a ata do de-
poimento do interrogatório são assinados pelas autoridades envol-
Provas ilícitas, por força da nova redação dada ao artigo 157 do vidas nas práticas destes atos procedimentais.
CPP, são as obtidas em violação a normas constitucionais ou legai, Ainda, a legislação estabelece inúmeros requisitos para que a
ou seja, prova ilícita é a que viola regra de direito material, constitu- prisão seja validada, sem os quais cabe relaxamento, tanto que as-
cional ou legal, no momento da sua obtenção. São vedadas porque sim prevê o artigo 5º, LXV, CF:
não se pode aceitar o descumprimento do ordenamento para fazê- Artigo 5º, LXV, CF. A prisão ilegal será imediatamente relaxada
-lo cumprir: seria paradoxal. pela autoridade judiciária.

Presunção de inocência Desta forma, como decorrência lógica, tem-se a previsão do


Prevê a Constituição no artigo 5º, LVII: artigo 5º, LXVI, CF:
Artigo 5º, LVII, CF. Ninguém será considerado culpado até o Artigo 5º, LXVI, CF. Ninguém será levado à prisão ou nela man-
trânsito em julgado de sentença penal condenatória. tido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança.
Consolida-se o princípio da presunção de inocência, pelo qual
uma pessoa não é culpada até que, em definitivo, o Judiciário assim Mesmo que a pessoa seja presa em flagrante, devido ao prin-
decida, respeitados todos os princípios e garantias constitucionais. cípio da presunção de inocência, entende-se que ela não deve ser
mantida presa quando não preencher os requisitos legais para pri-
Ação penal privada subsidiária da pública são preventiva ou temporária.
Nos termos do artigo 5º, LIX, CF:
Artigo 5º, LIX, CF. Será admitida ação privada nos crimes de Indenização por erro judiciário
ação pública, se esta não for intentada no prazo legal. A disciplina sobre direitos decorrentes do erro judiciário encon-
tra-se no artigo 5º, LXXV, CF:
A chamada ação penal privada subsidiária da pública encontra Artigo 5º, LXXV, CF. O Estado indenizará o condenado por erro
respaldo constitucional, assegurando que a omissão do poder pú- judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na
blico na atividade de persecução criminal não será ignorada, forne- sentença.
cendo-se instrumento para que o interessado a proponha.

15
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Trata-se do erro em que incorre um juiz na apreciação e jul- Logo, a partir da alteração constitucional, os tratados de direi-
gamento de um processo criminal, resultando em condenação de tos humanos que ingressarem no ordenamento jurídico brasileiro,
alguém inocente. Neste caso, o Estado indenizará. Ele também in- versando sobre matéria de direitos humanos, irão passar por um
denizará uma pessoa que ficar presa além do tempo que foi conde- processo de aprovação semelhante ao da emenda constitucional.
nada a cumprir. Contudo, há posicionamentos conflituosos quanto à possi-
bilidade de considerar como hierarquicamente constitucional os
Direitos fundamentais implícitos tratados internacionais de direitos humanos que ingressaram no
Nos termos do § 2º do artigo 5º da Constituição Federal: ordenamento jurídico brasileiro anteriormente ao advento da re-
Artigo 5º, §2º, CF. Os direitos e garantias expressos nesta Cons- ferida emenda. Tal discussão se deu com relação à prisão civil do
tituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios depositário infiel, prevista como legal na Constituição e ilegal no
por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a Repúbli- Pacto de São José da Costa Rica (tratado de direitos humanos apro-
ca Federativa do Brasil seja parte. vado antes da EC nº 45/04), sendo que o Supremo Tribunal Federal
firmou o entendimento pela supralegalidade do tratado de direitos
Daí se depreende que os direitos ou garantias podem estar humanos anterior à Emenda (estaria numa posição que paralisaria a
expressos ou implícitos no texto constitucional. Sendo assim, o rol eficácia da lei infraconstitucional, mas não revogaria a Constituição
enumerado nos incisos do artigo 5º é apenas exemplificativo, não no ponto controverso).
taxativo.
Tribunal Penal Internacional
Tratados internacionais incorporados ao ordenamento inter- Preconiza o artigo 5º, CF em seu § 4º:
no Artigo 5º, §4º, CF. O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal
Estabelece o artigo 5º, § 2º, CF que os direitos e garantias po- Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
dem decorrer, dentre outras fontes, dos “tratados internacionais
em que a República Federativa do Brasil seja parte”. O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional foi promul-
gado no Brasil pelo Decreto nº 4.388 de 25 de setembro de 2002.
Para o tratado internacional ingressar no ordenamento jurídi- Ele contém 128 artigos e foi elaborado em Roma, no dia 17 de julho
co brasileiro deve ser observado um procedimento complexo, que de 1998, regendo a competência e o funcionamento deste Tribu-
exige o cumprimento de quatro fases: a negociação (bilateral ou nal voltado às pessoas responsáveis por crimes de maior gravidade
multilateral, com posterior assinatura do Presidente da República), com repercussão internacional (artigo 1º, ETPI).
submissão do tratado assinado ao Congresso Nacional (que dará
“Ao contrário da Corte Internacional de Justiça, cuja jurisdição
referendo por meio do decreto legislativo), ratificação do tratado
é restrita a Estados, ao Tribunal Penal Internacional compete o pro-
(confirmação da obrigação perante a comunidade internacional) e
cesso e julgamento de violações contra indivíduos; e, distintamente
a promulgação e publicação do tratado pelo Poder Executivo[18].
dos Tribunais de crimes de guerra da Iugoslávia e de Ruanda, cria-
Notadamente, quando o constituinte menciona os tratados interna-
dos para analisarem crimes cometidos durante esses conflitos, sua
cionais no §2º do artigo 5º refere-se àqueles que tenham por fulcro
jurisdição não está restrita a uma situação específica”[20].
ampliar o rol de direitos do artigo 5º, ou seja, tratado internacional
Resume Mello[21]: “a Conferência das Nações Unidas sobre a
de direitos humanos.
O §1° e o §2° do artigo 5° existiam de maneira originária na criação de uma Corte Criminal Internacional, reunida em Roma, em
Constituição Federal, conferindo o caráter de primazia dos direitos 1998, aprovou a referida Corte. Ela é permanente. Tem sede em
humanos, desde logo consagrando o princípio da primazia dos di- Haia. A corte tem personalidade internacional. Ela julga: a) crime
reitos humanos, como reconhecido pela doutrina e jurisprudência de genocídio; b) crime contra a humanidade; c) crime de guerra;
majoritários na época. “O princípio da primazia dos direitos huma- d) crime de agressão. Para o crime de genocídio usa a definição da
nos nas relações internacionais implica em que o Brasil deve incor- convenção de 1948. Como crimes contra a humanidade são citados:
porar os tratados quanto ao tema ao ordenamento interno brasi- assassinato, escravidão, prisão violando as normas internacionais,
leiro e respeitá-los. Implica, também em que as normas voltadas à violação tortura, apartheid, escravidão sexual, prostituição forçada,
proteção da dignidade em caráter universal devem ser aplicadas no esterilização, etc. São crimes de guerra: homicídio internacional,
Brasil em caráter prioritário em relação a outras normas”[19]. destruição de bens não justificada pela guerra, deportação, forçar
Regra geral, os tratados internacionais comuns ingressam com um prisioneiro a servir nas forças inimigas, etc.”.
força de lei ordinária no ordenamento jurídico brasileiro porque
somente existe previsão constitucional quanto à possibilidade da Habeas corpus, mandado de segurança, mandado de injunção
equiparação às emendas constitucionais se o tratado abranger ma- e habeas data.
téria de direitos humanos. Antes da emenda alterou o quadro quan- Remédios constitucionais são as espécies de ações judiciárias
to aos tratados de direitos humanos, era o que acontecia, mas isso que visam proteger os direitos fundamentais reconhecidos no texto
não significa que tais direitos eram menos importantes devido ao constitucional quando a declaração e a garantia destes não se mos-
princípio da primazia e ao reconhecimento dos direitos implícitos. trar suficiente. Assim, o Poder Judiciário será acionado para sanar
Por seu turno, com o advento da Emenda Constitucional nº o desrespeito a estes direitos fundamentais, servindo cada espécie
45/04 se introduziu o §3º ao artigo 5º da Constituição Federal, de de ação para uma forma de violação.
modo que os tratados internacionais de direitos humanos foram
equiparados às emendas constitucionais, desde que houvesse a Habeas Corpus
aprovação do tratado em cada Casa do Congresso Nacional e ob- No que tange à disciplina do habeas corpus, prevê a Constitui-
tivesse a votação em dois turnos e com três quintos dos votos dos ção em seu artigo 5º, LXVIII:
respectivos membros: Artigo 5º, LXVIII, CF. Conceder-se-á habeas corpus sempre que
Art. 5º, § 3º, CF. Os tratados e convenções internacionais sobre alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação
direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congres- em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
so Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respec-
tivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

16
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Trata-se de ação gratuita, nos termos do artigo 5º, LXXVII, CF. e) Legitimidade passiva: entidades governamentais da Admi-
a) Antecedentes históricos: A Magna Carta inglesa, de 1215, foi nistração Pública Direta e Indireta nas três esferas, bem como insti-
o primeiro documento a mencionar este remédio eo Habeas Corpus tuições, órgãos, entidades e pessoas jurídicas privadas prestadores
Act, de 1679, o regulamentou. de serviços de interesse público que possuam dados relativos à pes-
b) Escopo: ação que serve para proteger a liberdade de lo- soa do impetrante.
comoção. Antes de haver proteção no Brasil por outros remédios f) Competência: Conforme o caso, nos termos da Constituição,
constitucionais de direitos que não este, o habeas-corpus foi utiliza- do Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “d”), do Superior Tribunal
do para protegê-los. Hoje, apenas serve à lesão ou ameaça de lesão de Justiça (art. 105, I, “b”), dos Tribunais Regionais Federais (art.
ao direito de ir e vir. 108, I, “c”), bem como dos juízes federais (art. 109, VIII).
c) Natureza jurídica: ação constitucional de cunho predominan- g) Regulamentação específica: Lei nº 9.507, de 12 de novembro
temente penal, pois protege o direito de ir e vir e vai contra a restri- de 1997.
ção arbitrária da liberdade. h) Procedimento: artigos 8º a 19 da Lei nº 9.507/1997.
d) Espécies: preventivo, para os casos de ameaça de violação
ao direito de ir e vir, conferindo-se um “salvo conduto”, ou repressi- Mandado de segurança individual
vo, para quando ameaça já tiver se materializado. Dispõe a Constituição no artigo 5º, LXIX:
e) Legitimidade ativa: qualquer pessoa pode manejá-lo, em Artigo 5º, LXIX, CF. Conceder-se-á mandado de segurança para
próprio nome ou de terceiro, bem como o Ministério Público (arti- proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas-corpus
go 654, CPP). Impetrante é o que ingressa com a ação e paciente é ou habeas-data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso
aquele que está sendo vítima da restrição à liberdade de locomo- de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
ção. As duas figuras podem se concentrar numa mesma pessoa. exercício de atribuições do Poder Público.
f) Legitimidade passiva: pessoa física, agente público ou privado.
g) Competência: é determinada pela autoridade coatora, sen- a) Origem: Veio com a finalidade de preencher a lacuna decor-
do a autoridade imediatamente superior a ela. Ex.: Delegado de rente da sistemática do habeas corpus e das liminares possessórias.
Polícia é autoridade coatora, propõe na Vara Criminal Estadual; Juiz b) Escopo: Trata-se de remédio constitucional com natureza
de Direito de uma Vara Criminal é a autoridade coatora, impetra no subsidiária pelo qual se busca a invalidação de atos de autoridade
Tribunal de Justiça. ou a suspensão dos efeitos da omissão administrativa, geradores
h) Conceito de coação ilegal: encontra-se no artigo 648, CPP: de lesão a direito líquido e certo, por ilegalidade ou abuso de po-
der. São protegidos todos os direitos líquidos e certos à exceção da
Artigo 648, CPP. A coação considerar-se-á ilegal: proteção de direitos humanos à liberdade de locomoção e ao aces-
I - quando não houver justa causa; so ou retificação de informações relativas à pessoa do impetrante,
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que deter- constantes de registros ou bancos de dados de entidades governa-
mina a lei; mentais ou de caráter público, ambos sujeitos a instrumentos es-
III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para pecíficos.
fazê-lo; c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza civil, inde-
IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação; pendente da natureza do ato impugnado (administrativo, jurisdicio-
V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos nal, eleitoral, criminal, trabalhista).
em que a lei a autoriza; d) Espécies: preventivo, quando se estiver na iminência de vio-
VI - quando o processo for manifestamente nulo; lação a direito líquido e certo, ou reparatório, quando já consumado
VII - quando extinta a punibilidade. o abuso/ilegalidade.
e) Direito líquido e certo: é aquele que pode ser demonstra-
i) Procedimento: regulamentado nos artigos 647 a 667 do Có- do de plano mediante prova pré-constituída, sem a necessidade
digo de Processo Penal. de dilação probatória, isto devido à natureza célere e sumária do
procedimento.
Habeas Data f) Legitimidade ativa: a mais ampla possível, abrangendo não
O artigo 5º, LXXII, CF prevê: só a pessoa física como a jurídica, nacional ou estrangeira, residente
Artigo 5º, LXXII, CF. Conceder-se-á habeas data: a) para asse- ou não no Brasil, bem como órgãos públicos despersonalizados e
gurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impe-
universalidades/pessoas formais reconhecidas por lei.
trante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
g) Legitimidade passiva: A autoridade coatora deve ser autori-
governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de da-
dade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribui-
dos, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
ções do Poder Público. Neste viés, o art. 6º, §3º, Lei nº 12.016/09,
administrativo.
preceitua que “considera-se autoridade coatora aquela que tenha
praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem para a sua
Tal como o habeas corpus, trata-se de ação gratuita (artigo 5º,
prática”.
LXXVII, CF).
a) Antecedente histórico: Freedom of Information Act, de 1974. h) Competência: Fixada de acordo com a autoridade coatora.
b) Escopo: proteção do acesso a informações pessoais constan- i) Regulamentação específica: Lei nº 12.016, de 07 de agosto
tes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais de 2009.
ou de caráter público, para o conhecimento ou retificação (corre- j) Procedimento: artigos 6º a 19 da Lei nº 12.016/09.
ção).
c) Natureza jurídica: ação constitucional que tutela o acesso a Mandado de segurança coletivo
informações pessoais. A Constituição Federal prevê a possibilidade de ingresso com
d) Legitimidade ativa: pessoa física, brasileira ou estrangeira, mandado de segurança coletivo, consoante ao artigo 5º, LXX:
ou por pessoa jurídica, de direito público ou privado, tratando-se Artigo 5º, LXX, CF. O mandado de segurança coletivo pode ser
de ação personalíssima – os dados devem ser a respeito da pessoa impetrado por:
que a propõe. a) partido político com representação no Congresso Nacional;

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legal- d) Competência: Supremo Tribunal Federal, quando a elabora-
mente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em ção de norma regulamentadora for atribuição do Presidente da Re-
defesa dos interesses de seus membros ou associados. pública, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Sena-
do Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal
a) Origem: Constituição Federal de 1988. de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio
b) Escopo: preservação ou reparação de direito líquido e certo Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “q”, CF); ao Superior Tribunal
relacionado a interesses transindividuais (individuais homogêneos de Justiça, quando a elaboração da norma regulamentadora for atri-
ou coletivos), e devido à questão da legitimidade ativa, pertencente buição de órgão, entidade ou autoridade federal, da administração
a partidos políticos e determinadas associações. direta ou indireta, excetuados os casos da competência do Supremo
c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza civil, inde- Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral,
pendente da natureza do ato, de caráter coletivo. da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal (art. 105, I, “h”, CF); ao Tri-
d) Objeto: o objeto do mandado de segurança coletivo são os bunal Superior Eleitoral, quando as decisões dos Tribunais Regionais
direitos coletivos e os direitos individuais homogêneos. Tal instituto Eleitorais denegarem habeas corpus, mandado de segurança, habeas
não se presta à proteção dos direitos difusos, conforme posiciona- data ou mandado de injunção (art. 121, §4º, V, CF); e aos Tribunais de
mento amplamente majoritário, já que, dada sua difícil individuali- Justiça Estaduais, frente aos entes a ele vinculados.
zação, fica improvável a verificação da ilegalidade ou do abuso do e) Procedimento: Regulamentado pela Lei nº 13.300/2016.
poder sobre tal direito (art. 21, parágrafo único, Lei nº 12.016/09).
e) Legitimidade ativa: como se extrai da própria disciplina cons- Ação Popular
titucional, aliada ao artigo 21 da Lei nº 12.016/09, é de partido Prevê o artigo 5º, LXXIII, CF:
político com representação no Congresso Nacional, bem como de Artigo 5º, LXXIII, CF. Qualquer cidadão é parte legítima para
organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio pú-
constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em blico ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade admi-
defesa de direitos líquidos e certos que atinjam diretamente seus nistrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
interesses ou de seus membros. ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais
f) Disciplina específica na Lei nº 12.016/09: e do ônus da sucumbência.

Art. 22, Lei nº 12.016/09. No mandado de segurança coletivo, a) Origem: Constituição Federal de 1934.
a sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros do grupo b) Escopo: é instrumento de exercício direto da democracia,
ou categoria substituídos pelo impetrante. permitindo ao cidadão que busque a proteção da coisa pública, ou
§ 1ºO mandado de segurança coletivo não induz litispendência seja, que vise assegurar a preservação dos interesses transindivi-
para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada não be- duais.
neficiarão o impetrante a título individual se não requerer a desis- c) Natureza jurídica: trata-se de ação constitucional, que visa
tência de seu mandado de segurança no prazo de 30 (trinta) dias a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o
contar da ciência comprovada da impetração da segurança coletiva. Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e
§ 2ºNo mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá ao patrimônio histórico e cultural
ser concedida após a audiência do representante judicial da pessoa d) Legitimidade ativa: deve ser cidadão, ou seja, aquele nacio-
jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 nal que esteja no pleno gozo dos direitos políticos.
(setenta e duas) horas. e) Legitimidade passiva: ente da Administração Pública, direta
ou indireta, ou então pessoa jurídica que de algum modo lide com
Mandado de Injunção a coisa pública.
Regulamenta o artigo 5º, LXXI, CF: f) Competência: Será fixada de acordo com a origem do ato ou
Artigo 5º, LXXI, CF. Conceder-se-á mandado de injunção sem- omissão a serem impugnados (artigo 5º, Lei nº 4.717/65).
pre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício g) Regulamentação específica: Lei nº 4.717, de 29 de junho de
dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas ineren- 1965.
tes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. h) Procedimento: artigos 7º a 19, Lei nº 4.717/65.

a) Escopo: os dois requisitos constitucionais para que seja pro- 1) Direitos sociais
posto o mandado de injunção são a existência de norma constitu- A Constituição Federal, dentro do Título II, aborda no capítulo II
cional de eficácia limitada que prescreva direitos, liberdades cons- a categoria dos direitos sociais, em sua maioria normas programá-
titucionais e prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e ticas e que necessitam de uma postura interventiva estatal em prol
à cidadania; além da falta de norma regulamentadores, impossibili- da implementação.
tando o exercício dos direitos, liberdades e prerrogativas em ques- Os direitos assegurados nesta categoria encontram menção ge-
tão. Assim, visa curar o hábito que se incutiu no legislador brasileiro nérica no artigo 6º, CF:
de não regulamentar as normas de eficácia limitada para que elas
não sejam aplicáveis. Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação,
b) Natureza jurídica: ação constitucional que objetiva a regula- o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previ-
mentação de normas constitucionais de eficácia limitada. dência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência
c) Legitimidade ativa: qualquer pessoa, nacional ou estrangei- aos desamparados, na forma desta Constituição.
ra, física ou jurídica, capaz ou incapaz, que titularize direito funda-
mental não materializável por omissão legislativa do Poder público, Trata-se de desdobramento da perspectiva do Estado Social de
bem como o Ministério Público na defesa de seus interesses insti- Direito. Em suma, são elencados os direitos humanos de 2ª dimen-
tucionais. Não se aceita a legitimidade ativa de pessoas jurídicas de são, notadamente conhecidos como direitos econômicos, sociais
direito público. e culturais. Em resumo, os direitos sociais envolvem prestações
positivas do Estado (diferente dos de liberdade, que referem-se à

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
postura de abstenção estatal), ou seja, políticas estatais que visem é sua garantia de recebimento dentro de seu grau profissional. O
consolidar o princípio da igualdade não apenas formalmente, mas Valor do Piso Salarial é estabelecido em conformidade com a data
materialmente (tratando os desiguais de maneira desigual). base da categoria, por isso ele é definido em conformidade com um
Por seu turno, embora no capítulo específico do Título II que acordo, ou ainda com um entendimento entre patrão e trabalhador.
aborda os direitos sociais não se perceba uma intensa regulamen-
tação destes, à exceção dos direitos trabalhistas, o Título VIII da Artigo 7º, VI, CF. Irredutibilidade do salário, salvo o disposto em
Constituição Federal, que aborda a ordem social, se concentra em convenção ou acordo coletivo.
trazer normativas mais detalhadas a respeitos de direitos indicados
como sociais. O salário não pode ser reduzido, a não ser que anão redução
implique num prejuízo maior, por exemplo, demissão em massa du-
1.1) Direito individual do trabalho rante uma crise, situações que devem ser negociadas em conven-
O artigo 7º da Constituição enumera os direitos individuais dos ção ou acordo coletivo.
trabalhadores urbanos e rurais. São os direitos individuais tipica- Artigo 7º, VII, CF. Garantia de salário, nunca inferior ao mínimo,
mente trabalhistas, mas que não excluem os demais direitos funda- para os que percebem remuneração variável.
mentais (ex.: honra é um direito no espaço de trabalho, sob pena de O salário mínimo é direito de todos os trabalhadores, mesmo
se incidir em prática de assédio moral). daqueles que recebem remuneração variável (ex.: baseada em co-
Artigo 7º, I, CF. Relação de emprego protegida contra despedi- missões por venda e metas);
da arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, Artigo 7º, VIII, CF. Décimo terceiro salário com base na remune-
que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos. ração integral ou no valor da aposentadoria.
Significa que a demissão, se não for motivada por justa causa, Também conhecido como gratificação natalina, foi instituída no
assegura ao trabalhador direitos como indenização compensatória, Brasil pela Lei nº 4.090/1962 e garante que o trabalhador receba o
entre outros, a serem arcados pelo empregador. correspondente a 1/12 (um doze avos) da remuneração por mês
Artigo 7º, II, CF. Seguro-desemprego, em caso de desemprego trabalhado, ou seja, consiste no pagamento de um salário extra ao
involuntário. trabalhador e ao aposentado no final de cada ano.
Sem prejuízo de eventual indenização a ser recebida do empre-
gador, o trabalhador que fique involuntariamente desempregado – Artigo 7º, IX, CF. Remuneração do trabalho noturno superior à
entendendo-se por desemprego involuntário o que tenha origem do diurno.
num acordo de cessação do contrato de trabalho – tem direito ao O adicional noturno é devido para o trabalho exercido durante
seguro-desemprego, a ser arcado pela previdência social, que tem a noite, de modo que cada hora noturna sofre a redução de 7 mi-
o caráter de assistência financeira temporária. nutos e 30 segundos, ou ainda, é feito acréscimo de 12,5% sobre o
valor da hora diurna. Considera-se noturno, nas atividades urbanas,
Artigo 7º, III, CF. Fundo de garantia do tempo de serviço. o trabalho realizado entre as 22:00 horas de um dia às 5:00 horas do
Foi criado em 1967 pelo Governo Federal para proteger o tra-
dia seguinte; nas atividades rurais, é considerado noturno o traba-
balhador demitido sem justa causa. O FGTS é constituído de contas
lho executado na lavoura entre 21:00 horas de um dia às 5:00 horas
vinculadas, abertas em nome de cada trabalhador, quando o em-
do dia seguinte; e na pecuária, entre 20:00 horas às 4:00 horas do
pregador efetua o primeiro depósito. O saldo da conta vinculada
dia seguinte.
é formado pelos depósitos mensais efetivados pelo empregador,
equivalentes a 8,0% do salário pago ao empregado, acrescido de
Artigo 7º, X, CF. Proteção do salário na forma da lei, constituin-
atualização monetária e juros. Com o FGTS, o trabalhador tem a
do crime sua retenção dolosa.
oportunidade de formar um patrimônio, que pode ser sacado em
momentos especiais, como o da aquisição da casa própria ou da Quanto ao possível crime de retenção de salário, não há no Có-
aposentadoria e em situações de dificuldades, que podem ocorrer digo Penal brasileiro uma norma que determina a ação de retenção
com a demissão sem justa causa ou em caso de algumas doenças de salário como crime. Apesar do artigo 7º, X, CF dizer que é crime
graves. a retenção dolosa de salário, o dispositivo é norma de eficácia limi-
Artigo 7º, IV, CF. Salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente tada, pois depende de lei ordinária, ainda mais porque qualquer
unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às norma penal incriminadora é regida pela legalidade estrita (artigo
de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, 5º, XXXIX, CF).
vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes Artigo 7º, XI, CF. Participação nos lucros, ou resultados, des-
periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na
vinculação para qualquer fim. gestão da empresa, conforme definido em lei.
Trata-se de uma visível norma programática da Constituição A Participação nos Lucros e Resultado (PLR), que é conhecida
que tem por pretensão um salário mínimo que atenda a todas as também por Programa de Participação nos Resultados (PPR), está
necessidades básicas de uma pessoa e de sua família. Em pesquisa prevista na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) desde a Lei nº
que tomou por parâmetro o preceito constitucional, detectou-se 10.101, de 19 de dezembro de 2000. Ela funciona como um bônus,
que “o salário mínimo do trabalhador brasileiro deveria ter sido de que é ofertado pelo empregador e negociado com uma comissão de
R$ 2.892,47 em abril para que ele suprisse suas necessidades bá- trabalhadores da empresa. A CLT não obriga o empregador a forne-
sicas e da família, segundo estudo divulgado nesta terça-feira, 07, cer o benefício, mas propõe que ele seja utilizado.
pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeco-
nômicos (Dieese)” . Artigo 7º, XII, CF. Salário-família pago em razão do dependente
do trabalhador de baixa renda nos termos da lei.
Artigo 7º, V, CF. Piso salarial proporcional à extensão e à com- Salário-família é o benefício pago na proporção do respectivo
plexidade do trabalho. número de filhos ou equiparados de qualquer condição até a idade
Cada trabalhador, dentro de sua categoria de emprego, seja de quatorze anos ou inválido de qualquer idade, independente de
ele professor, comerciário, metalúrgico, bancário, construtor civil, carência e desde que o salário-de-contribuição seja inferior ou igual
enfermeiro, recebe um salário base, chamado de Piso Salarial, que ao limite máximo permitido. De acordo com a Portaria Interminis-

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
terial MPS/MF nº 19, de 10/01/2014, valor do salário-família será o período de licença é de 120 dias. A Constituição também garante
de R$ 35,00, por filho de até 14 anos incompletos ou inválido, para que, do momento em que se confirma a gravidez até cinco meses
quem ganhar até R$ 682,50. Já para o trabalhador que receber de após o parto, a mulher não pode ser demitida.
R$ 682,51 até R$ 1.025,81, o valor do salário-família por filho de até
14 anos de idade ou inválido de qualquer idade será de R$ 24,66. Artigo 7º, XIX, CF. Licença-paternidade, nos termos fixados em
Artigo 7º, XIII, CF. duração do trabalho normal não superior a lei.
oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a com-
pensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou O homem tem direito a 5 dias de licença-paternidade para es-
convenção coletiva de trabalho. tar mais próximo do bebê recém-nascido e ajudar a mãe nos pro-
Artigo 7º, XVI, CF. Remuneração do serviço extraordinário su- cessos pós-operatórios.
perior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal. Artigo 7º, XX, CF. Proteção do mercado de trabalho da mulher,
A legislação trabalhista vigente estabelece que a duração nor- mediante incentivos específicos, nos termos da lei.
mal do trabalho, salvo os casos especiais, é de 8 (oito) horas diárias
e 44 (quarenta e quatro) semanais, no máximo. Todavia, poderá a Embora as mulheres sejam maioria na população de 10 anos
jornada diária de trabalho dos empregados maiores ser acrescida ou mais de idade, elas são minoria na população ocupada, mas
de horas suplementares, em número não excedentes a duas, no estão em maioria entre os desocupados. Acrescenta-se ainda, que
máximo, para efeito de serviço extraordinário, mediante acordo elas são maioria também na população não economicamente ativa.
individual, acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença norma- Além disso, ainda há relevante diferença salarial entre homens e
tiva. Excepcionalmente, ocorrendo necessidade imperiosa, poderá mulheres, sendo que os homens recebem mais porque os empre-
ser prorrogada além do limite legalmente permitido. A remunera- gadores entendem que eles necessitam de um salário maior para
ção do serviço extraordinário, desde a promulgação da Constituição manter a família. Tais disparidades colocam em evidência que o
Federal, deverá constar, obrigatoriamente, do acordo, convenção mercado de trabalho da mulher deve ser protegido de forma es-
ou sentença normativa, e será, no mínimo, 50% (cinquenta por cen- pecial.
to) superior à da hora normal.
Artigo 7º, XXI, CF. Aviso prévio proporcional ao tempo de servi-
Artigo 7º, XIV, CF. Jornada de seis horas para o trabalho rea- ço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei.
lizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação
coletiva. Nas relações de emprego, quando uma das partes deseja res-
O constituinte ao estabelecer jornada máxima de 6 horas para cindir, sem justa causa, o contrato de trabalho por prazo indetermi-
os turnos ininterruptos de revezamento, expressamente ressalvan- nado, deverá, antecipadamente, notificar à outra parte, através do
do a hipótese de negociação coletiva, objetivou prestigiar a atuação aviso prévio. O aviso prévio tem por finalidade evitar a surpresa na
da entidade sindical. Entretanto, a jurisprudência evoluiu para uma ruptura do contrato de trabalho, possibilitando ao empregador o
interpretação restritiva de seu teor, tendo como parâmetro o fato preenchimento do cargo vago e ao empregado uma nova colocação
de que o trabalho em turnos ininterruptos é por demais desgastan- no mercado de trabalho, sendo que o aviso prévio pode ser traba-
te, penoso, além de trazer malefícios de ordem fisiológica para o lhado ou indenizado.
trabalhador, inclusive distúrbios no âmbito psicossocial já que difi-
culta o convívio em sociedade e com a própria família. Artigo 7º, XXII, CF. Redução dos riscos inerentes ao trabalho,
por meio de normas de saúde, higiene e segurança.
Artigo 7º, XV, CF. Repouso semanal remunerado, preferencial-
mente aos domingos. Trata-se ao direito do trabalhador a um meio ambiente do tra-
O Descanso Semanal Remunerado é de 24 (vinte e quatro) ho- balho salubre. Fiorillo destaca que o equilíbrio do meio ambiente
ras consecutivas, devendo ser concedido preferencialmente aos do trabalho está sedimentado na salubridade e na ausência de
domingos, sendo garantido a todo trabalhador urbano, rural ou agentes que possam comprometer a incolumidade físico-psíquica
doméstico. Havendo necessidade de trabalho aos domingos, desde dos trabalhadores.
que previamente autorizados pelo Ministério do Trabalho, aos tra-
balhadores é assegurado pelo menos um dia de repouso semanal Artigo 7º, XXIII, CF. Adicional de remuneração para as ativida-
remunerado coincidente com um domingo a cada período, depen- des penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei.
dendo da atividade (artigo 67, CLT).
Penoso é o trabalho acerbo, árduo, amargo, difícil, molesto,
Artigo 7º, XVII, CF. Gozo de férias anuais remuneradas com, trabalhoso, incômodo, laborioso, doloroso, rude, que não é peri-
pelo menos, um terço a mais do que o salário normal. goso ou insalubre, mas penosa, exigindo atenção e vigilância acima
O salário das férias deve ser superior em pelo menos um terço do comum. Ainda não há na legislação específica previsão sobre o
ao valor da remuneração normal, com todos os adicionais e benefí- adicional de penosidade.
cios aos quais o trabalhador tem direito. A cada doze meses de tra- São consideradas atividades ou operações insalubres as que se
balho – denominado período aquisitivo – o empregado terá direito desenvolvem excesso de limites de tolerância para: ruído contínuo
a trinta dias corridos de férias, se não tiver faltado injustificadamen- ou intermitente, ruídos de impacto, exposição ao calor e ao frio,
te mais de cinco vezes ao serviço (caso isso ocorra, os dias das férias radiações, certos agentes químicos e biológicos, vibrações, umi-
serão diminuídos de acordo com o número de faltas). dade, etc. O exercício de trabalho em condições de insalubridade
Artigo 7º, XVIII, CF. Licença à gestante, sem prejuízo do empre- assegura ao trabalhador a percepção de adicional, incidente sobre
go e do salário, com a duração de cento e vinte dias. o salário base do empregado (súmula 228 do TST), ou previsão
O salário da trabalhadora em licença é chamado de salário-ma- mais benéfica em Convenção Coletiva de Trabalho, equivalente a
ternidade, é pago pelo empregador e por ele descontado dos re- 40% (quarenta por cento), para insalubridade de grau máximo; 20%
colhimentos habituais devidos à Previdência Social. A trabalhadora (vinte por cento), para insalubridade de grau médio; 10% (dez por
pode sair de licença a partir do último mês de gestação, sendo que cento), para insalubridade de grau mínimo.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
O adicional de periculosidade é um valor devido ao emprega- Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) é uma contribuição com
do exposto a atividades perigosas. São consideradas atividades ou natureza de tributo que as empresas pagam para custear benefícios
operações perigosas, aquelas que, por sua natureza ou métodos do INSS oriundos de acidente de trabalho ou doença ocupacional,
de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição cobrindo a aposentadoria especial. A alíquota normal é de um, dois
permanente do trabalhador a inflamáveis, explosivos ou energia ou três por cento sobre a remuneração do empregado, mas as em-
elétrica; e a roubos ou outras espécies de violência física nas ativi- presas que expõem os trabalhadores a agentes nocivos químicos,
dades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. O valor do físicos e biológicos precisam pagar adicionais diferenciados. Assim,
adicional de periculosidade será o salário do empregado acrescido quanto maior o risco, maior é a alíquota, mas atualmente o Minis-
de 30%, sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou tério da Previdência Social pode alterar a alíquota se a empresa in-
participações nos lucros da empresa. vestir na segurança do trabalho.
O Tribunal Superior do Trabalho ainda não tem entendimento Neste sentido, nada impede que a empresa seja responsabi-
unânime sobre a possibilidade de cumulação destes adicionais. lizada pelos acidentes de trabalho, indenizando o trabalhador. Na
atualidade entende-se que a possibilidade de cumulação do benefí-
Artigo 7º, XXIV, CF. Aposentadoria. cio previdenciário, assim compreendido como prestação garantida
A aposentadoria é um benefício garantido a todo trabalhador pelo Estado ao trabalhador acidentado (responsabilidade objetiva)
brasileiro que pode ser usufruído por aquele que tenha contribuído com a indenização devida pelo empregador em caso de culpa (res-
ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) pelos prazos esti- ponsabilidade subjetiva), é pacífica, estando amplamente difundida
pulados nas regras da Previdência Social e tenha atingido as idades na jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho;
mínimas previstas. Aliás, o direito à previdência social é considera- Artigo 7º, XXIX, CF. Ação, quanto aos créditos resultantes das
do um direito social no próprio artigo 6º, CF. relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para
os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a
Artigo 7º, XXV, CF. Assistência gratuita aos filhos e dependen- extinção do contrato de trabalho.
tes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e Prescrição é a perda da pretensão de buscar a tutela jurisdicio-
pré-escolas. nal para assegurar direitos violados. Sendo assim, há um período de
Todo estabelecimento com mais de 30 funcionárias com mais tempo que o empregado tem para requerer seu direito na Justiça
de 16 anos tem a obrigação de oferecer um espaço físico para que do Trabalho. A prescrição trabalhista é sempre de 2 (dois) anos a
as mães deixem o filho de 0 a 6 meses, enquanto elas trabalham. partir do término do contrato de trabalho, atingindo as parcelas re-
Caso não ofereçam esse espaço aos bebês, a empresa é obrigada a lativas aos 5 (cinco) anos anteriores, ou de 05 (cinco) anos durante
dar auxílio-creche a mulher para que ela pague uma creche para o a vigência do contrato de trabalho.
bebê de até 6 meses. O valor desse auxílio será determinado con- Artigo 7º, XXX, CF. Proibição de diferença de salários, de exercí-
forme negociação coletiva na empresa (acordo da categoria ou con- cio de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade,
venção). A empresa que tiver menos de 30 funcionárias registradas cor ou estado civil.
não tem obrigação de conceder o benefício. É facultativo (ela pode Há uma tendência de se remunerar melhor homens brancos
oferecer ou não). Existe a possibilidade de o benefício ser estendido na faixa dos 30 anos que sejam casados, sendo patente a diferença
até os 6 anos de idade e incluir o trabalhador homem. A duração remuneratória para com pessoas de diferente etnia, faixa etária ou
do auxílio-creche e o valor envolvido variarão conforme negociação sexo. Esta distinção atenta contra o princípio da igualdade e não é
coletiva na empresa.
aceita pelo constituinte, sendo possível inclusive invocar a equipa-
Artigo 7º, XXVI, CF. Reconhecimento das convenções e acordos
ração salarial judicialmente.
coletivos de trabalho.
Artigo 7º, XXXI, CF. Proibição de qualquer discriminação no to-
Neste dispositivo se funda o direito coletivo do trabalho, que
cante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de
encontra regulamentação constitucional nos artigo 8º a 11 da Cons-
deficiência.
tituição. Pelas convenções e acordos coletivos, entidades represen-
A pessoa portadora de deficiência, dentro de suas limitações,
tativas da categoria dos trabalhadores entram em negociação com
possui condições de ingressar no mercado de trabalho e não pode
as empresas na defesa dos interesses da classe, assegurando o res-
peito aos direitos sociais; ser preterida meramente por conta de sua deficiência.
Artigo 7º, XXVII, CF. Proteção em face da automação, na forma Artigo 7º, XXXII, CF. Proibição de distinção entre trabalho ma-
da lei. nual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos.
Trata-se da proteção da substituição da máquina pelo homem, Os trabalhos manuais, técnicos e intelectuais são igualmente
que pode ser feita, notadamente, qualificando o profissional para relevantes e contribuem todos para a sociedade, não cabendo a
exercer trabalhos que não possam ser desempenhados por uma desvalorização de um trabalho apenas por se enquadrar numa ou
máquina (ex.: se criada uma máquina que substitui o trabalhador, outra categoria.
deve ser ele qualificado para que possa operá-la). Artigo 7º, XXXIII, CF. proibição de trabalho noturno, perigoso
Artigo 7º, XXVIII, CF. Seguro contra acidentes de trabalho, a car- ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a me-
go do empregador, sem excluir a indenização a que este está obri- nores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir
gado, quando incorrer em dolo ou culpa. de quatorze anos.
Atualmente, é a Lei nº 8.213/91 a responsável por tratar do Trata-se de norma protetiva do adolescente, estabelecendo-se
assunto e em seus artigos 19, 20 e 21 apresenta a definição de uma idade mínima para trabalho e proibindo-se o trabalho em con-
doenças e acidentes do trabalho. Não se trata de legislação espe- dições desfavoráveis.
cífica sobre o tema, mas sim de uma norma que dispõe sobre as Artigo 7º, XXXIV, CF. Igualdade de direitos entre o trabalhador
modalidades de benefícios da previdência social. Referida Lei, em com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso.
seu artigo 19 da preceitua que acidente do trabalho é o que ocorre Avulso é o trabalhador que presta serviço a várias empresas,
pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do mas é contratado por sindicatos e órgãos gestores de mão-de-obra,
trabalho, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que possuindo os mesmos direitos que um trabalhador com vínculo em-
cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, pregatício permanente.
da capacidade para o trabalho.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
A Emenda Constitucional nº 72/2013, conhecida como PEC das O direito de participação é previsto no artigo 10, CF:
domésticas, deu nova redação ao parágrafo único do artigo 7º: Artigo 10, CF. É assegurada a participação dos trabalhadores e
Artigo 7º, parágrafo único, CF. São assegurados à categoria dos empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus in-
trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, teresses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão
VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e e deliberação.
XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a Por fim, aborda-se o direito de representação classista no ar-
simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais tigo 11, CF:
e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiarida- Artigo 11, CF. Nas empresas de mais de duzentos empregados,
des, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como é assegurada a eleição de um representante destes com a finalida-
a sua integração à previdência social. de exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os em-
pregadores.
1.2) Direito coletivo do trabalho
Os artigos 8º a 11 trazem os direitos sociais coletivos dos traba- 2) Nacionalidade
lhadores, que são os exercidos pelos trabalhadores, coletivamente O capítulo III do Título II aborda a nacionalidade, que vem a ser
ou no interesse de uma coletividade, quais sejam: associação pro- corolário dos direitos políticos, já que somente um nacional pode
fissional ou sindical, greve, substituição processual, participação e adquirir direitos políticos.
representação classista . Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga um indiví-
A liberdade de associação profissional ou sindical tem escopo duo a determinado Estado, fazendo com que ele passe a integrar o
no artigo 8º, CF: povo daquele Estado, desfrutando assim de direitos e obrigações.
Art. 8º, CF. É livre a associação profissional ou sindical, obser- Povo é o conjunto de nacionais. Por seu turno, povo não é a
vado o seguinte: mesma coisa que população. População é o conjunto de pessoas
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação residentes no país – inclui o povo, os estrangeiros residentes no país
de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas e os apátridas.
ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sin-
dical;
2.1) Nacionalidade como direito humano fundamental
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em
Os direitos humanos internacionais são completamente con-
qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econô-
trários à ideia do apátrida – ou heimatlos –, que é o indivíduo que
mica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalha-
não possui o vínculo da nacionalidade com nenhum Estado. Logo, a
dores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à
nacionalidade é um direito da pessoa humana, o qual não pode ser
área de um Município;
privado de forma arbitrária. Não há privação arbitrária quando res-
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coleti-
peitados os critérios legais previstos no texto constitucional no que
vos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou
administrativas; tange à perda da nacionalidade. Em outras palavras, o constituinte
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratan- brasileiro não admite a figura do apátrida.
do de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio Contudo, é exatamente por ser um direito que a nacionalidade
do sistema confederativo da representação sindical respectiva, in- não pode ser uma obrigação, garantindo-se à pessoa o direito de
dependentemente da contribuição prevista em lei; deixar de ser nacional de um país e passar a sê-lo de outro, mu-
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a dando de nacionalidade, por um processo conhecido como natu-
sindicato; ralização.
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações Prevê a Declaração Universal dos Direitos Humanos em seu ar-
coletivas de trabalho; tigo 15: “I) Todo homem tem direito a uma nacionalidade. II) Nin-
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas guém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do
organizações sindicais; direito de mudar de nacionalidade”.
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a par- A Convenção Americana sobre Direitos Humanos aprofunda-se
tir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação em meios para garantir que toda pessoa tenha uma nacionalidade
sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do desde o seu nascimento ao adotar o critério do jus solis, explicitan-
mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. do que ao menos a pessoa terá a nacionalidade do território onde
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à orga- nasceu, quando não tiver direito a outra nacionalidade por previ-
nização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas sões legais diversas.
as condições que a lei estabelecer. “Nacionalidade é um direito fundamental da pessoa humana.
Todos a ela têm direito. A nacionalidade de um indivíduo não pode
O direito de greve, por seu turno, está previsto no artigo 9º, CF: ficar ao mero capricho de um governo, de um governante, de um
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos tra- poder despótico, de decisões unilaterais, concebidas sem regras
balhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os prévias, sem o contraditório, a defesa, que são princípios funda-
interesses que devam por meio dele defender. mentais de todo sistema jurídico que se pretenda democrático. A
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá questão não pode ser tratada com relativismos, uma vez que é mui-
sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. to séria” .
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas Não obstante, tem-se no âmbito constitucional e internacional
da lei. a previsão do direito de asilo, consistente no direito de buscar abri-
A respeito, conferir a Lei nº 7.783/89, que dispõe sobre o exer- go em outro país quando naquele do qual for nacional estiver so-
cício do direito de greve, define as atividades essenciais, regula o frendo alguma perseguição. Tal perseguição não pode ter motivos
atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, e dá ou- legítimos, como a prática de crimes comuns ou de atos atentatórios
tras providências. Enquanto não for disciplinado o direito de greve aos princípios das Nações Unidas, o que subverteria a própria fina-
dos servidores públicos, esta é a legislação que se aplica, segundo lidade desta proteção. Em suma, o que se pretende com o direito
o STF. de asilo é evitar a consolidação de ameaças a direitos humanos de

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
uma pessoa por parte daqueles que deveriam protegê-los – isto é, A naturalização deve ser voluntária e expressa.
os governantes e os entes sociais como um todo –, e não proteger O Estatuto do Estrangeiro, Lei nº 6.815/1980, rege a questão da
pessoas que justamente cometeram tais violações. naturalização em mais detalhes, prevendo no artigo 112:

2.2) Naturalidade e naturalização Art. 112, Lei nº 6.815/1980. São condições para a concessão da
O artigo 12 da Constituição Federal estabelece quem são os na- naturalização:
cionais brasileiros, dividindo-os em duas categorias: natos e natura- I - capacidade civil, segundo a lei brasileira;
lizados. Percebe-se que naturalidade é diferente de nacionalidade II - ser registrado como permanente no Brasil;
– naturalidade é apenas o local de nascimento, nacionalidade é um III - residência contínua no território nacional, pelo prazo míni-
efetivo vínculo com o Estado. mo de quatro anos, imediatamente anteriores ao pedido de natu-
Uma pessoa pode ser considerada nacional brasileira tanto por ralização;
ter nascido no território brasileiro quanto por voluntariamente se IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as condi-
naturalizar como brasileiro, como se percebe no teor do artigo 12, ções do naturalizando;
CF. O estrangeiro, num conceito tomado à base de exclusão, é todo V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à manu-
aquele que não é nacional brasileiro. tenção própria e da família;
VI - bom procedimento;
a) Brasileiros natos VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação no
Art. 12, CF. São brasileiros: Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja cominada pena
I - natos: mínima de prisão, abstratamente considerada, superior a 1 (um)
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de ano; e
pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu VIII - boa saúde.
país;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasilei- Destaque vai para o requisito da residência contínua. Em regra,
ra, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federa- o estrangeiro precisa residir no país por 4 anos contínuos, conforme
tiva do Brasil; o inciso III do referido artigo 112. No entanto, por previsão constitu-
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe bra- cional do artigo 12, II, “a”, se o estrangeiro foi originário de país com
sileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira com- língua portuguesa o prazo de residência contínua é reduzido para 1
petente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e ano. Daí se afirmar que o constituinte estabeleceu a naturalização
optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela ordinária no artigo 12, II, “b” e a naturalização extraordinária no
nacionalidade brasileira. artigo 12, II, “a”.
Tradicionalmente, são possíveis dois critérios para a atribuição Outra diferença sensível é que à naturalização ordinária se
da nacionalidade primária – nacional nato –, notadamente: ius soli, aplica o artigo 121 do Estatuto do Estrangeiro, segundo o qual “a
direito de solo, o nacional nascido em território do país indepen- satisfação das condições previstas nesta Lei não assegura ao estran-
dentemente da nacionalidade dos pais; e ius sanguinis, direito de geiro direito à naturalização”. Logo, na naturalização ordinária não
sangue, que não depende do local de nascimento mas sim da des- há direito subjetivo à naturalização, mesmo que preenchidos todos
cendência de um nacional do país (critério comum em países que os requisitos. Trata-se de ato discricionário do Ministério da Justiça.
tiveram êxodo de imigrantes). O mesmo não vale para a naturalização extraordinária, quando há
O brasileiro nato, primeiramente, é aquele que nasce no terri- direito subjetivo, cabendo inclusive a busca do Poder Judiciário para
tório brasileiro – critério do ius soli, ainda que filho de pais estran- fazê-lo valer .
geiros, desde que não sejam estrangeiros que estejam a serviço de
seu país ou de organismo internacional (o que geraria um conflito c) Tratamento diferenciado
de normas). Contudo, também é possível ser brasileiro nato ainda A regra é que todo nacional brasileiro, seja ele nato ou natura-
que não se tenha nascido no território brasileiro. lizado, deverá receber o mesmo tratamento. Neste sentido, o artigo
No entanto, a Constituição reconhece o brasileiro nato também 12, § 2º, CF:
pelo critério do ius sanguinis. Se qualquer dos pais estiver a serviço
do Brasil, é considerado brasileiro nato, mesmo que nasça em outro Artigo 12, §2º, CF. A lei não poderá estabelecer distinção en-
país. Se qualquer dos pais não estiverem a serviço do Brasil e a pes- tre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta
soa nascer no exterior é exigido que o nascido do exterior venha ao Constituição.
território brasileiro e aqui resida ou que tenha sido registrado em
repartição competente, caso em que poderá, aos 18 anos, mani- Percebe-se que a Constituição simultaneamente estabelece a
festar-se sobre desejar permanecer com a nacionalidade brasileira não distinção e se reserva ao direito de estabelecer as hipóteses
ou não. de distinção.
Algumas destas hipóteses de distinção já se encontram enume-
b) Brasileiros naturalizados radas no parágrafo seguinte.

Art. 12, CF. São brasileiros: [...] Artigo 12, § 3º, CF. São privativos de brasileiro nato os cargos:
II - naturalizados: I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas resi- III - de Presidente do Senado Federal;
dência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na V - da carreira diplomática;
República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterrup- VI - de oficial das Forças Armadas;
tos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade VII - de Ministro de Estado da Defesa.
brasileira.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
A lógica do dispositivo é a de que qualquer pessoa no exer- 2.5) Deportação, expulsão e entrega
cício da presidência da República ou de cargo que possa levar a A deportação representa a devolução compulsória de um es-
esta posição provisoriamente deve ser natural do país (ausente o trangeiro que tenha entrado ou esteja de forma irregular no territó-
Presidente da República, seu vice-presidente desempenha o cargo; rio nacional, estando prevista na Lei nº 6.815/1980, em seus artigos
ausente este assume o Presidente da Câmara; também este ausen- 57 e 58. Neste caso, não houve prática de qualquer ato nocivo ao
te, em seguida, exerce o cargo o Presidente do Senado; e, por fim, Brasil, havendo, pois, mera irregularidade de visto.
o Presidente do Supremo pode assumir a presidência na ausência A expulsão é a retirada “à força” do território brasileiro de um
dos anteriores – e como o Presidente do Supremo é escolhido num estrangeiro que tenha praticado atos tipificados no artigo 65 e seu
critério de revezamento nenhum membro pode ser naturalizado); parágrafo único, ambos da Lei nº 6.815/1980:
ou a de que o cargo ocupado possui forte impacto em termos de
representação do país ou de segurança nacional. Art. 65, Lei nº 6.815/1980. É passível de expulsão o estrangei-
Outras exceções são: não aceitação, em regra, de brasileiro na- ro que, de qualquer forma, atentar contra a segurança nacional, a
turalizado como membro do Conselho da República (artigos 89 e ordem política ou social, a tranquilidade ou moralidade pública e a
90, CF); impossibilidade de ser proprietário de empresa jornalística, economia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo à conve-
de radiodifusão sonora e imagens, salvo se já naturalizado há 10 niência e aos interesses nacionais.
anos (artigo 222, CF); possibilidade de extradição do brasileiro natu- Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o estrangeiro
ralizado que tenha praticado crime comum antes da naturalização que:
ou, depois dela, crime de tráfico de drogas (artigo 5º, LI, CF). a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou permanência
no Brasil;
2.3) Quase-nacionalidade: caso dos portugueses b) havendo entrado no território nacional com infração à lei,
Nos termos do artigo 12, § 1º, CF: dele não se retirar no prazo que lhe for determinado para fazê-lo,
Artigo 12, §1º, CF. Aos portugueses com residência permanen- não sendo aconselhável a deportação;
te no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou
atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previs- d) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei para
tos nesta Constituição. estrangeiro.

É uma regra que só vale se os brasileiros receberem o mes- A entrega (ou surrender) consiste na submissão de um nacional
mo tratamento, questão regulamentada pelo Tratado de Amizade, a um tribunal internacional do qual o próprio país faz parte. É o que
Cooperação e Consulta entre a República Federativa do Brasil e a ocorreria, por exemplo, se o Brasil entregasse um brasileiro para
República Portuguesa, assinado em 22 de abril de 2000 (Decreto nº julgamento pelo Tribunal Penal Internacional (competência reco-
3.927/2001). nhecida na própria Constituição no artigo 5º, §4º).
As vantagens conferidas são: igualdade de direitos civis, não
sendo considerado um estrangeiro; gozo de direitos políticos se re- 2.6) Extradição
sidir há 3 anos no país, autorizando-se o alistamento eleitoral. No A extradição é ato diverso da deportação, da expulsão e da en-
caso de exercício dos direitos políticos nestes moldes, os direitos trega. Extradição é um ato de cooperação internacional que con-
desta natureza ficam suspensos no outro país, ou seja, não exerce siste na entrega de uma pessoa, acusada ou condenada por um ou
simultaneamente direitos políticos nos dois países. mais crimes, ao país que a reclama. O Brasil, sob hipótese alguma,
extraditará brasileiros natos mas quanto aos naturalizados assim
2.4) Perda da nacionalidade permite caso tenham praticado crimes comuns (exceto crimes po-
Artigo 12, § 4º, CF. Será declarada a perda da nacionalidade do líticos e/ou de opinião) antes da naturalização, ou, mesmo depois
brasileiro que: da naturalização, em caso de envolvimento com o tráfico ilícito de
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em entorpecentes (artigo 5º, LI e LII, CF).
virtude de atividade nociva ao interesse nacional; Aplicam-se os seguintes princípios à extradição:
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: a) Princípio da Especialidade: Significa que o estrangeiro só
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei es- pode ser julgado pelo Estado requerente pelo crime objeto do pe-
trangeira; dido de extradição. O importante é que o extraditado só seja sub-
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao metido às penas relativas aos crimes que foram objeto do pedido
brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para de extradição.
permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis. b) Princípio da Dupla Punibilidade: O fato praticado deve ser
punível no Estado requerente e no Brasil. Logo, além do fato ser
A respeito do inciso I do §4º do artigo 12, a Lei nº 818, de 18 típico em ambos os países, deve ser punível em ambos (se houve
de setembro de 1949 regula a aquisição, a perda e a reaquisição da prescrição em algum dos países, p. ex., não pode ocorrer a extra-
nacionalidade, e a perda dos direitos políticos. No processo deve dição).
ser respeitado o contraditório e a iniciativa de propositura é do Pro- c) Princípio da Retroatividade dos Tratados: O fato de um trata-
curador da República. do de extradição entre dois países ter sido celebrado após a ocor-
No que tange ao inciso II do parágrafo em estudo, percebe-se rência do crime não impede a extradição.
a aceitação da figura do polipátrida. Na alínea “a” aceita-se que a d) Princípio da Comutação da Pena (Direitos Humanos): Se o
pessoa tenha nacionalidade brasileira e outra se ao seu nascimento crime for apenado por qualquer das penas vedadas pelo artigo 5º,
tiver adquirido simultaneamente a nacionalidade do Brasil e outro XLVII da CF, a extradição não será autorizada, salvo se houver a co-
país; na alínea “b” é reconhecida a mesma situação se a aquisição mutação da pena, transformação para uma pena aceita no Brasil.
da nacionalidade do outro país for uma exigência para continuar lá
permanecendo ou exercendo seus direitos civis, pois se assim não Por ser tema incidente, vale observar a disciplina da Lei nº
o fosse o brasileiro seria forçado a optar por uma nacionalidade e, 6.815/1980 a respeito da extradição e de seu procedimento:
provavelmente, se ver privado da nacionalidade brasileira.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 76. A extradição poderá ser concedida quando o governo § 2oO encaminhamento do pedido pelo Ministério da Justiça
requerente se fundamentar em tratado, ou quando prometer ao ou por via diplomática confere autenticidade aos documentos.
Brasil a reciprocidade. § 3oOs documentos indicados neste artigo serão acompanha-
dos de versão feita oficialmente para o idioma português.
Art. 77. Não se concederá a extradição quando:
I - se tratar de brasileiro, salvo se a aquisição dessa nacionalida- Art. 81.O pedido, após exame da presença dos pressupostos
de verificar-se após o fato que motivar o pedido; formais de admissibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado, será
II - o fato que motivar o pedido não for considerado crime no encaminhado pelo Ministério da Justiça ao Supremo Tribunal Fe-
Brasil ou no Estado requerente; deral.
III - o Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar o Parágrafo único.Não preenchidos os pressupostos de que trata
crime imputado ao extraditando; o caput, o pedido será arquivado mediante decisão fundamentada
IV - a lei brasileira impuser ao crime a pena de prisão igual ou do Ministro de Estado da Justiça, sem prejuízo de renovação do pe-
inferior a 1 (um) ano; dido, devidamente instruído, uma vez superado o óbice apontado.
V - o extraditando estiver a responder a processo ou já houver Art. 82.O Estado interessado na extradição poderá, em caso de
sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato em que se urgência e antes da formalização do pedido de extradição, ou con-
fundar o pedido; juntamente com este, requerer a prisão cautelar do extraditando
VI - estiver extinta a punibilidade pela prescrição segundo a lei por via diplomática ou, quando previsto em tratado, ao Ministério
brasileira ou a do Estado requerente; da Justiça, que, após exame da presença dos pressupostos formais
VII - o fato constituir crime político; e de admissibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado, representará
VIII - o extraditando houver de responder, no Estado requeren- ao Supremo Tribunal Federal.(Redação dada pela Lei nº 12.878, de
te, perante Tribunal ou Juízo de exceção. 2013)
§ 1° A exceção do item VII não impedirá a extradição quando § 1oO pedido de prisão cautelar noticiará o crime cometido e
o fato constituir, principalmente, infração da lei penal comum, ou deverá ser fundamentado, podendo ser apresentado por correio,
quando o crime comum, conexo ao delito político, constituir o fato fax, mensagem eletrônica ou qualquer outro meio que assegure
principal. a comunicação por escrito.(Redação dada pela Lei nº 12.878, de
§ 2º Caberá, exclusivamente, ao Supremo Tribunal Federal, a 2013)
apreciação do caráter da infração. § 2oO pedido de prisão cautelar poderá ser apresentado ao Mi-
§ 3° O Supremo Tribunal Federal poderá deixar de considerar nistério da Justiça por meio da Organização Internacional de Polícia
crimes políticos os atentados contra Chefes de Estado ou quaisquer Criminal (Interpol), devidamente instruído com a documentação
autoridades, bem assim os atos de anarquismo, terrorismo, sabota- comprobatória da existência de ordem de prisão proferida por Esta-
gem, sequestro de pessoa, ou que importem propaganda de guerra do estrangeiro.(Redação dada pela Lei nº 12.878, de 2013)
ou de processos violentos para subverter a ordem política ou social. § 3oO Estado estrangeiro deverá, no prazo de 90 (noventa) dias
contado da data em que tiver sido cientificado da prisão do extra-
Art. 78. São condições para concessão da extradição:
ditando, formalizar o pedido de extradição. (Redação dada pela Lei
I - ter sido o crime cometido no território do Estado requerente
nº 12.878, de 2013)
ou serem aplicáveis ao extraditando as leis penais desse Estado; e
§ 4oCaso o pedido não seja formalizado no prazo previsto no §
II - existir sentença final de privação de liberdade, ou estar a
3o, o extraditando deverá ser posto em liberdade, não se admitindo
prisão do extraditando autorizada por Juiz, Tribunal ou autoridade
novo pedido de prisão cautelar pelo mesmo fato sem que a extra-
competente do Estado requerente, salvo o disposto no artigo 82.
dição haja sido devidamente requerida. (Redação dada pela Lei nº
12.878, de 2013)
Art. 79. Quando mais de um Estado requerer a extradição da
mesma pessoa, pelo mesmo fato, terá preferência o pedido daque- Art. 83. Nenhuma extradição será concedida sem prévio pro-
le em cujo território a infração foi cometida. nunciamento do Plenário do Supremo Tribunal Federal sobre sua
§ 1º Tratando-se de crimes diversos, terão preferência, suces- legalidade e procedência, não cabendo recurso da decisão.
sivamente: Art. 84. Efetivada a prisão do extraditando (artigo 81), o pedido
I - o Estado requerente em cujo território haja sido cometido o será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal.
crime mais grave, segundo a lei brasileira; Parágrafo único. A prisão perdurará até o julgamento final do
II - o que em primeiro lugar houver pedido a entrega do extra- Supremo Tribunal Federal, não sendo admitidas a liberdade vigiada,
ditando, se a gravidade dos crimes for idêntica; e a prisão domiciliar, nem a prisão albergue.
III - o Estado de origem, ou, na sua falta, o domiciliar do extra- Art. 85. Ao receber o pedido, o Relator designará dia e hora
ditando, se os pedidos forem simultâneos. para o interrogatório do extraditando e, conforme o caso, dar-lhe-á
§ 2º Nos casos não previstos decidirá sobre a preferência o Go- curador ou advogado, se não o tiver, correndo do interrogatório o
verno brasileiro. prazo de dez dias para a defesa.
§ 3º Havendo tratado ou convenção com algum dos Estados § 1º A defesa versará sobre a identidade da pessoa reclamada,
requerentes, prevalecerão suas normas no que disserem respeito à defeito de forma dos documentos apresentados ou ilegalidade da
preferência de que trata este artigo. extradição.
Art. 80.A extradição será requerida por via diplomática ou, § 2º Não estando o processo devidamente instruído, o Tri-
quando previsto em tratado, diretamente ao Ministério da Justiça, bunal, a requerimento do Procurador-Geral da República, poderá
devendo o pedido ser instruído com a cópia autêntica ou a certidão converter o julgamento em diligência para suprir a falta no prazo
da sentença condenatória ou decisão penal proferida por juiz ou improrrogável de 60 (sessenta) dias, decorridos os quais o pedido
autoridade competente. será julgado independentemente da diligência.
§ 1oO pedido deverá ser instruído com indicações precisas so- § 3º O prazo referido no parágrafo anterior correrá da data da
bre o local, a data, a natureza e as circunstâncias do fato criminoso, notificação que o Ministério das Relações Exteriores fizer à Missão
a identidade do extraditando e, ainda, cópia dos textos legais sobre Diplomática do Estado requerente.
o crime, a competência, a pena e sua prescrição.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 86. Concedida a extradição, será o fato comunicado atra- 3) Direitos políticos
vés do Ministério das Relações Exteriores à Missão Diplomática do Como mencionado, a nacionalidade é corolário dos direitos
Estado requerente que, no prazo de sessenta dias da comunicação, políticos, já que somente um nacional pode adquirir direitos políti-
deverá retirar o extraditando do território nacional. cos. No entanto, nem todo nacional é titular de direitos políticos. Os
Art. 87. Se o Estado requerente não retirar o extraditando do nacionais que são titulares de direitos políticos são denominados
território nacional no prazo do artigo anterior, será ele posto em cidadãos. Significa afirmar que nem todo nacional brasileiro é um
liberdade, sem prejuízo de responder a processo de expulsão, se o cidadão brasileiro, mas somente aquele que for titular do direito de
motivo da extradição o recomendar. sufrágio universal.
Art. 88. Negada a extradição, não se admitirá novo pedido ba-
seado no mesmo fato. 3.1) Sufrágio universal
Art. 89. Quando o extraditando estiver sendo processado, ou A primeira parte do artigo 14, CF, prevê que “a soberania popu-
tiver sido condenado, no Brasil, por crime punível com pena pri- lar será exercida pelo sufrágio universal [...]”.
vativa de liberdade, a extradição será executada somente depois Sufrágio universal é a soma de duas capacidades eleitorais, a
da conclusão do processo ou do cumprimento da pena, ressalvado, capacidade ativa – votar e exercer a democracia direta – e a capa-
entretanto, o disposto no artigo 67. cidade passiva – ser eleito como representante no modelo da de-
Parágrafo único. A entrega do extraditando ficará igualmente mocracia indireta. Ou ainda, sufrágio universal é o direito de todos
adiada se a efetivação da medida puser em risco a sua vida por cau- cidadãos de votar e ser votado. O voto, que é o ato pelo qual se
sa de enfermidade grave comprovada por laudo médico oficial. exercita o sufrágio, deverá ser direto e secreto.
Art. 90. O Governo poderá entregar o extraditando ainda que Para ter capacidade passiva é necessário ter a ativa, mas não ape-
responda a processo ou esteja condenado por contravenção. nas isso, há requisitos adicionais. Sendo assim, nem toda pessoa que
Art. 91. Não será efetivada a entrega sem que o Estado reque- tem capacidade ativa tem também capacidade passiva, embora toda
rente assuma o compromisso: pessoa que tenha capacidade passiva tenha necessariamente a ativa.
I - de não ser o extraditando preso nem processado por fatos
anteriores ao pedido; 3.2) Democracia direta e indireta
II - de computar o tempo de prisão que, no Brasil, foi imposta Art. 14, CF. A soberania popular será exercida pelo sufrágio uni-
por força da extradição; versal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e,
III - de comutar em pena privativa de liberdade a pena corporal nos termos da lei, mediante:
ou de morte, ressalvados, quanto à última, os casos em que a lei I - plebiscito;
brasileira permitir a sua aplicação; II - referendo;
III - iniciativa popular
IV - de não ser o extraditando entregue, sem consentimento do
Brasil, a outro Estado que o reclame; e
A democracia brasileira adota a modalidade semidireta, porque
V - de não considerar qualquer motivo político, para agravar a
possibilita a participação popular direta no poder por intermédio
pena.
de processos como o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular.
Art. 92. A entrega do extraditando, de acordo com as leis brasi-
Como são hipóteses restritas, pode-se afirmar que a democracia in-
leiras e respeitado o direito de terceiro, será feita com os objetos e
direta é predominantemente adotada no Brasil, por meio do sufrá-
instrumentos do crime encontrados em seu poder.
gio universal e do voto direto e secreto com igual valor para todos.
Parágrafo único. Os objetos e instrumentos referidos neste ar- Quanto ao voto direto e secreto, trata-se do instrumento para o
tigo poderão ser entregues independentemente da entrega do ex- exercício da capacidade ativa do sufrágio universal.
traditando. Por seu turno, o que diferencia o plebiscito do referendo é o
Art. 93. O extraditando que, depois de entregue ao Estado re- momento da consulta à população: no plebiscito, primeiro se con-
querente, escapar à ação da Justiça e homiziar-se no Brasil, ou por sulta a população e depois se toma a decisão política; no referendo,
ele transitar, será detido mediante pedido feito diretamente por via primeiro se toma a decisão política e depois se consulta a popula-
diplomática, e de novo entregue sem outras formalidades. ção. Embora os dois partam do Congresso Nacional, o plebiscito é
Art. 94. Salvo motivo de ordem pública, poderá ser permitido, convocado, ao passo que o referendo é autorizado (art. 49, XV, CF),
pelo Ministro da Justiça, o trânsito, no território nacional, de pes- ambos por meio de decreto legislativo. O que os assemelha é que
soas extraditadas por Estados estrangeiros, bem assim o da respec- os dois são “formas de consulta ao povo para que delibere sobre
tiva guarda, mediante apresentação de documentos comprobató- matéria de acentuada relevância, de natureza constitucional, legis-
rios de concessão da medida. lativa ou administrativa” .
2.7) Idioma e símbolos Na iniciativa popular confere-se à população o poder de apre-
Art. 13, CF. A língua portuguesa é o idioma oficial da República sentar projeto de lei à Câmara dos Deputados, mediante assinatura
Federativa do Brasil. de 1% do eleitorado nacional, distribuído por 5 Estados no mínimo,
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, com não menos de 0,3% dos eleitores de cada um deles. Em com-
o hino, as armas e o selo nacionais. plemento, prevê o artigo 61, §2°, CF:
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter Art. 61, § 2º, CF. A iniciativa popular pode ser exercida pela
símbolos próprios. apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito
por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído
Idioma é a língua falada pela população, que confere caráter pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por
diferenciado em relação à população do resto do mundo. Sendo cento dos eleitores de cada um deles.
assim, é manifestação social e cultural de uma nação.
Os símbolos, por sua vez, representam a imagem da nação e 3.3) Obrigatoriedade do alistamento eleitoral e do voto
permitem o seu reconhecimento nacional e internacionalmente. O alistamento eleitoral e o voto para os maiores de dezoito
Por esta intrínseca relação com a nacionalidade, a previsão é anos são, em regra, obrigatórios. Há facultatividade para os anal-
feito dentro do capítulo do texto constitucional que aborda o tema. fabetos, os maiores de setenta anos e os maiores de dezesseis e
menores de dezoito anos.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 14, § 1º, CF. O alistamento eleitoral e o voto são: A inelegibilidade pode ser absoluta ou relativa. Na absoluta,
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos; são atingidos todos os cargos; nas relativas, são atingidos determi-
II - facultativos para: nados cargos.
a) os analfabetos; Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os analfa-
b) os maiores de setenta anos; betos.
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. O artigo 14, §4º, CF traz duas hipóteses de inelegibilidade, que
são absolutas, atingem todos os cargos. Para ser elegível é preciso
No mais, esta obrigatoriedade se aplica aos nacionais brasilei- ser alfabetizado (os analfabetos têm a faculdade de votar, mas não
ros, já que, nos termos do artigo 14, §2º, CF: podem ser votados) e é preciso possuir a capacidade eleitoral ativa
Artigo 14, §2º, CF. Não podem alistar-se como eleitores os es- – poder votar (inalistáveis são aqueles que não podem tirar o título
trangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, os de eleitor, portanto, não podem votar, notadamente: os estrangei-
conscritos. ros e os conscritos durante o serviço militar obrigatório).
Quanto aos conscritos, são aqueles que estão prestando servi- Artigo 14, §5º, CF. O Presidente da República, os Governadores
ço militar obrigatório, pois são necessárias tropas disponíveis para de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver suce-
os dias da eleição. dido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos
para um único período subsequente.
3.4) Elegibilidade Descreve-se no dispositivo uma hipótese de inelegibilidade re-
O artigo 14, §§ 3º e 4º, CF, descrevem as condições de elegibi- lativa. Se um Chefe do Poder Executivo de qualquer das esferas for
lidade, ou seja, os requisitos que devem ser preenchidos para que substituído por seu vice no curso do mandato, este vice somente
uma pessoa seja eleita, no exercício de sua capacidade passiva do poderá ser eleito para um período subsequente.
sufrágio universal. Ex.: Governador renuncia ao mandato no início do seu último
Artigo 14, § 3º, CF. São condições de elegibilidade, na forma ano de governo para concorrer ao Senado Federal e é substituído
da lei: pelo seu vice-governador. Se este se candidatar e for eleito, não
I - a nacionalidade brasileira; poderá ao final deste mandato se reeleger. Isto é, se o mandato o
II - o pleno exercício dos direitos políticos; candidato renuncia no início de 2010 o seu mandato de 2007-2010,
III - o alistamento eleitoral; assumindo o vice em 2010, poderá este se candidatar para o man-
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; dato 2011-2014, mas caso seja eleito não poderá se reeleger para
V - a filiação partidária; o mandato 2015-2018 no mesmo cargo. Foi o que aconteceu com
VI - a idade mínima de: o ex-governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia, que assumiu
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da Re- em 2010 no lugar de Aécio Neves o governo do Estado de Minas
pública e Senador; Gerais e foi eleito governador entre 2011 e 2014, mas não pode se
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e candidatar à reeleição, concorrendo por isso a uma vaga no Senado
do Distrito Federal; Federal.
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual Artigo 14, §6º, CF. Para concorrerem a outros cargos, o Presi-
ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; dente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Fe-
d) dezoito anos para Vereador. deral e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até
seis meses antes do pleito.
Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os analfa- São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, os che-
betos. fes do Executivo que não renunciarem aos seus mandatos até seis
meses antes do pleito eleitoral, antes das eleições. Ex.: Se a eleição
Dos incisos I a III denotam-se requisitos correlatos à naciona- aconteceu em 05/10/2014, necessário que tivesse renunciado até
lidade e à titularidade de direitos políticos. Logo, para ser eleito é 04/04/2014.
preciso ser cidadão. Artigo 14, §7º, CF. São inelegíveis, no território de jurisdição do
O domicílio eleitoral é o local onde a pessoa se alista como titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segun-
eleitor e, em regra, é no município onde reside, mas pode não o do grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador
ser caso analisados aspectos como o vínculo de afeto com o local de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem
(ex.: Presidente Dilma vota em Porto Alegre – RS, embora resida os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo
em Brasília – DF). Sendo assim, para se candidatar a cargo no mu- se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
nicípio, deve ter domicílio eleitoral nele; para se candidatar a cargo São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, cônjuge
no estado, deve ter domicílio eleitoral em um de seus municípios; e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por
para se candidatar a cargo nacional, deve ter domicílio eleitoral em adoção, dos Chefes do Executivo ou de quem os tenha substituído
uma das unidades federadas do país. Aceita-se a transferência do ao final do mandato, a não ser que seja já titular de mandato eletivo
domicílio eleitoral ao menos 1 ano antes das eleições. e candidato à reeleição.
A filiação partidária implica no lançamento da candidatura por Artigo 14, §8º, CF. O militar alistável é elegível, atendidas as
um partido político, não se aceitando a filiação avulsa. seguintes condições:
Finalmente, o §3º do artigo 14, CF, coloca o requisito etário, I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se
com faixa etária mínima para o desempenho de cada uma das fun- da atividade;
ções, a qual deve ser auferida na data da posse. II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato
3.5) Inelegibilidade da diplomação, para a inatividade.
Atender às condições de elegibilidade é necessário para poder São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, os mili-
ser eleito, mas não basta. Além disso, é preciso não se enquadrar tares que não podem se alistar ou os que podem, mas não preen-
em nenhuma das hipóteses de inelegibilidade. chem as condições do §8º do artigo 14, CF, ou seja, se não se afastar
da atividade caso trabalhe há menos de 10 anos, se não for agre-

27
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
gado pela autoridade superior (suspenso do exercício das funções f) os que forem declarados indignos do oficialato, ou com ele
por sua autoridade sem prejuízo de remuneração) caso trabalhe há incompatíveis, pelo prazo de 8 (oito) anos; (Redação dada pela Lei
mais de 10 anos (sendo que a eleição passa à condição de inativo). Complementar nº 135, de 2010)
Artigo 14, §9º, CF. Lei complementar estabelecerá outros casos g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos
de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que
probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão
considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legiti- irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido suspen-
midade das eleições contra a influência do poder econômico ou o sa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se rea-
abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração lizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data da
direta ou indireta. decisão, aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71 da Constitui-
O rol constitucional de inelegibilidades dos parágrafos do arti- ção Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de
go 14 não é taxativo, pois lei complementar pode estabelecer outros mandatários que houverem agido nessa condição; (Redação dada
casos, tanto de inelegibilidades absolutas como de inelegibilidades pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
relativas. Neste sentido, a Lei Complementar nº 64, de 18 de maio h) os detentores de cargo na administração pública direta, in-
de 1990, estabelece casos de inelegibilidade, prazos de cessação, e direta ou fundacional, que beneficiarem a si ou a terceiros, pelo
determina outras providências. Esta lei foi alterada por aquela que abuso do poder econômico ou político, que forem condenados em
ficou conhecida como Lei da Ficha Limpa, Lei Complementar nº 135, decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial cole-
de 04 de junho de 2010, principalmente em seu artigo 1º, que segue. giado, para a eleição na qual concorrem ou tenham sido diploma-
Art. 1º, Lei Complementar nº 64/1990. São inelegíveis: dos, bem como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguin-
I - para qualquer cargo: tes; (Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
a) os inalistáveis e os analfabetos; i) os que, em estabelecimentos de crédito, financiamento ou
b) os membros do Congresso Nacional, das Assembleias Legis- seguro, que tenham sido ou estejam sendo objeto de processo de
lativas, da Câmara Legislativa e das Câmaras Municipais, que ha- liquidação judicial ou extrajudicial, hajam exercido, nos 12 (doze)
jam perdido os respectivos mandatos por infringência do disposto meses anteriores à respectiva decretação, cargo ou função de dire-
nos incisos I e II do art. 55 da Constituição Federal, dos dispositivos ção, administração ou representação, enquanto não forem exone-
equivalentes sobre perda de mandato das Constituições Estaduais e rados de qualquer responsabilidade;
Leis Orgânicas dos Municípios e do Distrito Federal, para as eleições
j) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado
que se realizarem durante o período remanescente do mandato
ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, por corrupção
para o qual foram eleitos e nos oito anos subsequentes ao término
eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por doação, captação ou
da legislatura;
d) os que tenham contra sua pessoa representação julgada pro- gastos ilícitos de recursos de campanha ou por conduta vedada aos
cedente pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada em julgado ou agentes públicos em campanhas eleitorais que impliquem cassação
proferida por órgão colegiado, em processo de apuração de abuso do registro ou do diploma, pelo prazo de 8 (oito) anos a contar da
do poder econômico ou político, para a eleição na qual concorrem eleição; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
ou tenham sido diplomados, bem como para as que se realizarem k) o Presidente da República, o Governador de Estado e do
nos 8 (oito) anos seguintes; (Redação dada pela Lei Complementar Distrito Federal, o Prefeito, os membros do Congresso Nacional,
nº 135, de 2010) das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa, das Câmaras
e) os que forem condenados, em decisão transitada em julga- Municipais, que renunciarem a seus mandatos desde o oferecimen-
do ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação to de representação ou petição capaz de autorizar a abertura de
até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da processo por infringência a dispositivo da Constituição Federal, da
pena, pelos crimes: (Redação dada pela Lei Complementar nº 135, Constituição Estadual, da Lei Orgânica do Distrito Federal ou da Lei
de 2010) Orgânica do Município, para as eleições que se realizarem durante o
1. contra a economia popular, a fé pública, a administração pú- período remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos
blica e o patrimônio público; (Incluído pela Lei Complementar nº 8 (oito) anos subsequentes ao término da legislatura; (Incluído pela
135, de 2010) Lei Complementar nº 135, de 2010)
2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o merca- l) os que forem condenados à suspensão dos direitos políticos,
do de capitais e os previstos na lei que regula a falência; (Incluído em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) colegiado, por ato doloso de improbidade administrativa que im-
3. contra o meio ambiente e a saúde pública; (Incluído pela Lei porte lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito, desde
Complementar nº 135, de 2010) a condenação ou o trânsito em julgado até o transcurso do prazo
4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de liber- de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena; (Incluído pela Lei
dade; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) Complementar nº 135, de 2010)
5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver conde- m) os que forem excluídos do exercício da profissão, por deci-
nação à perda do cargo ou à inabilitação para o exercício de função são sancionatória do órgão profissional competente, em decorrên-
pública; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
cia de infração ético-profissional, pelo prazo de 8 (oito) anos, salvo
6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; (Incluí-
se o ato houver sido anulado ou suspenso pelo Poder Judiciário;
do pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
(Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura,
terrorismo e hediondos; n) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado
8. de redução à condição análoga à de escravo; (Incluído pela ou proferida por órgão judicial colegiado, em razão de terem desfei-
Lei Complementar nº 135, de 2010) to ou simulado desfazer vínculo conjugal ou de união estável para
9. contra a vida e a dignidade sexual; e (Incluído pela Lei Com- evitar caracterização de inelegibilidade, pelo prazo de 8 (oito) anos
plementar nº 135, de 2010) após a decisão que reconhecer a fraude; (Incluído pela Lei Comple-
10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando; mentar nº 135, de 2010)
(Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)

28
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
o) os que forem demitidos do serviço público em decorrência apresentarem à Justiça Eleitoral, até 6 (seis) meses antes do pleito,
de processo administrativo ou judicial, pelo prazo de 8 (oito) anos, a prova de que fizeram cessar o abuso apurado, do poder econômi-
contado da decisão, salvo se o ato houver sido suspenso ou anulado co, ou de que transferiram, por força regular, o controle de referidas
pelo Poder Judiciário; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de empresas ou grupo de empresas;
2010) g) os que tenham, dentro dos 4 (quatro) meses anteriores ao
p) a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas responsá- pleito, ocupado cargo ou função de direção, administração ou re-
veis por doações eleitorais tidas por ilegais por decisão transitada presentação em entidades representativas de classe, mantidas, to-
em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, tal ou parcialmente, por contribuições impostas pelo poder Público
pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão, observando-se o pro- ou com recursos arrecadados e repassados pela Previdência Social;
cedimento previsto no art. 22; (Incluído pela Lei Complementar nº h) os que, até 6 (seis) meses depois de afastados das funções,
135, de 2010) tenham exercido cargo de Presidente, Diretor ou Superintendente
q) os magistrados e os membros do Ministério Público que de sociedades com objetivos exclusivos de operações financeiras e
forem aposentados compulsoriamente por decisão sancionatória, façam publicamente apelo à poupança e ao crédito, inclusive atra-
que tenham perdido o cargo por sentença ou que tenham pedido vés de cooperativas e da empresa ou estabelecimentos que gozem,
exoneração ou aposentadoria voluntária na pendência de processo sob qualquer forma, de vantagens asseguradas pelo poder público,
administrativo disciplinar, pelo prazo de 8 (oito) anos; (Incluído pela salvo se decorrentes de contratos que obedeçam a cláusulas uni-
Lei Complementar nº 135, de 2010) formes;
II - para Presidente e Vice-Presidente da República: i) os que, dentro de 6 (seis) meses anteriores ao pleito, hajam
a) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente de exercido cargo ou função de direção, administração ou representa-
seus cargos e funções: ção em pessoa jurídica ou em empresa que mantenha contrato de
1. os Ministros de Estado: execução de obras, de prestação de serviços ou de fornecimento de
2. os chefes dos órgãos de assessoramento direto, civil e militar, bens com órgão do Poder Público ou sob seu controle, salvo no caso
da Presidência da República; de contrato que obedeça a cláusulas uniformes;
3. o chefe do órgão de assessoramento de informações da Pre- j) os que, membros do Ministério Público, não se tenham afas-
sidência da República; tado das suas funções até 6 (seis) meses anteriores ao pleito;
4. o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas; I) os que, servidores públicos, estatutários ou não, dos órgãos
5. o Advogado-Geral da União e o Consultor-Geral da Repúbli- ou entidades da Administração direta ou indireta da União, dos Es-
ca; tados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos Territórios, inclu-
6. os chefes do Estado-Maior da Marinha, do Exército e da Ae- sive das fundações mantidas pelo Poder Público, não se afastarem
ronáutica; até 3 (três) meses anteriores ao pleito, garantido o direito à percep-
7. os Comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica; ção dos seus vencimentos integrais;
8. os Magistrados; III - para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito
9. os Presidentes, Diretores e Superintendentes de autarquias, Federal;
empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações pú- a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presidente
blicas e as mantidas pelo poder público; da República especificados na alínea a do inciso II deste artigo e, no
10. os Governadores de Estado, do Distrito Federal e de Terri- tocante às demais alíneas, quando se tratar de repartição pública,
tórios; associação ou empresas que operem no território do Estado ou do
11. os Interventores Federais; Distrito Federal, observados os mesmos prazos;
12. os Secretários de Estado; b) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente de
13. os Prefeitos Municipais; seus cargos ou funções:
14. os membros do Tribunal de Contas da União, dos Estados e 1. os chefes dos Gabinetes Civil e Militar do Governador do Es-
do Distrito Federal; tado ou do Distrito Federal;
15. o Diretor-Geral do Departamento de Polícia Federal; 2. os comandantes do Distrito Naval, Região Militar e Zona Aé-
16. os Secretários-Gerais, os Secretários-Executivos, os Secretá- rea;
rios Nacionais, os Secretários Federais dos Ministérios e as pessoas 3. os diretores de órgãos estaduais ou sociedades de assistên-
que ocupem cargos equivalentes; cia aos Municípios;
4. os secretários da administração municipal ou membros de
b) os que tenham exercido, nos 6 (seis) meses anteriores à elei- órgãos congêneres;
ção, nos Estados, no Distrito Federal, Territórios e em qualquer dos IV - para Prefeito e Vice-Prefeito:
poderes da União, cargo ou função, de nomeação pelo Presidente a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações, os ine-
da República, sujeito à aprovação prévia do Senado Federal; legíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presidente da Repúbli-
c) (Vetado); ca, Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal,
d) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tiverem com- observado o prazo de 4 (quatro) meses para a desincompatibiliza-
petência ou interesse, direta, indireta ou eventual, no lançamento, ção;
arrecadação ou fiscalização de impostos, taxas e contribuições de b) os membros do Ministério Público e Defensoria Pública em
caráter obrigatório, inclusive parafiscais, ou para aplicar multas re- exercício na Comarca, nos 4 (quatro) meses anteriores ao pleito,
lacionadas com essas atividades; sem prejuízo dos vencimentos integrais;
e) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tenham exercido c) as autoridades policiais, civis ou militares, com exercício no
cargo ou função de direção, administração ou representação nas Município, nos 4 (quatro) meses anteriores ao pleito;
empresas de que tratam os arts. 3° e 5° da Lei n° 4.137, de 10 de V - para o Senado Federal:
setembro de 1962, quando, pelo âmbito e natureza de suas ativida- a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presidente
des, possam tais empresas influir na economia nacional; da República especificados na alínea a do inciso II deste artigo e, no
f) os que, detendo o controle de empresas ou grupo de em- tocante às demais alíneas, quando se tratar de repartição pública,
presas que atuem no Brasil, nas condições monopolísticas previstas associação ou empresa que opere no território do Estado, observa-
no parágrafo único do art. 5° da lei citada na alínea anterior, não dos os mesmos prazos;

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
b) em cada Estado e no Distrito Federal, os inelegíveis para os O inciso II trata da incapacidade civil absoluta, ou seja, da inter-
cargos de Governador e Vice-Governador, nas mesmas condições dição da pessoa para a prática de atos da vida civil, entre os quais
estabelecidas, observados os mesmos prazos; obviamente se enquadra o sufrágio universal.
VI - para a Câmara dos Deputados, Assembleia Legislativa e Câ- O inciso III refere-se a um dos possíveis efeitos da condenação
mara Legislativa, no que lhes for aplicável, por identidade de situa- criminal, que é a suspensão de direitos políticos.
ções, os inelegíveis para o Senado Federal, nas mesmas condições O inciso IV trata da recusa em cumprir a obrigação militar ou
estabelecidas, observados os mesmos prazos; a prestação substitutiva imposta em caso de escusa moral ou reli-
VII - para a Câmara Municipal: giosa.
a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações, os O inciso V se refere à ação de improbidade administrativa, que
inelegíveis para o Senado Federal e para a Câmara dos Deputados, tramita para apurar a prática dos atos de improbidade administra-
observado o prazo de 6 (seis) meses para a desincompatibilização; tiva, na qual uma das penas aplicáveis é a suspensão dos direitos
b) em cada Município, os inelegíveis para os cargos de Prefeito políticos.
e Vice-Prefeito, observado o prazo de 6 (seis) meses para a desin- Os direitos políticos somente são perdidos em dois casos, quais
compatibilização . sejam cancelamento de naturalização por sentença transitada em
§ 1° Para concorrência a outros cargos, o Presidente da Repú- julgado (o indivíduo naturalizado volta à condição de estrangeiro) e
blica, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos perda da nacionalidade brasileira em virtude da aquisição de outra
devem renunciar aos respectivos mandatos até 6 (seis) meses antes (brasileiro se naturaliza em outro país e assim deixa de ser consi-
do pleito. derado um cidadão brasileiro, perdendo direitos políticos). Nos de-
§ 2° O Vice-Presidente, o Vice-Governador e o Vice-Prefeito po- mais casos, há suspensão. Nota-se que não há perda de direitos
derão candidatar-se a outros cargos, preservando os seus manda- políticos pela prática de atos atentatórios contra a Administração
tos respectivos, desde que, nos últimos 6 (seis) meses anteriores ao Pública por parte do servidor, mas apenas suspensão.
pleito, não tenham sucedido ou substituído o titular. A cassação de direitos políticos, consistente na retirada dos di-
§ 3° São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o côn- reitos políticos por ato unilateral do poder público, sem observância
juge e os parentes, consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou dos princípios elencados no artigo 5º, LV, CF (ampla defesa e contra-
por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ditório), é um procedimento que só existe nos governos ditatoriais
ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja e que é absolutamente vedado pelo texto constitucional.
substituído dentro dos 6 (seis) meses anteriores ao pleito, salvo se
já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. 3.8) Anterioridade anual da lei eleitoral
§ 4º A inelegibilidade prevista na alínea e do inciso I deste ar- Art. 16, CF. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vi-
tigo não se aplica aos crimes culposos e àqueles definidos em lei gor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocor-
como de menor potencial ofensivo, nem aos crimes de ação penal ra até um ano da data de sua vigência.
privada. (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) É necessário que a lei eleitoral entre em vigor pelo menos 1
§ 5º A renúncia para atender à desincompatibilização com vis- ano antes da próxima eleição, sob pena de não se aplicar a ela, mas
tas a candidatura a cargo eletivo ou para assunção de mandato não somente ao próximo pleito.
gerará a inelegibilidade prevista na alínea k, a menos que a Justiça O pluripartidarismo é uma das facetas do pluralismo político
Eleitoral reconheça fraude ao disposto nesta Lei Complementar. (In- e encontra respaldo enquanto direito fundamental, já que regula-
cluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010). mentado no Título II, “Dos Direitos e Garantias Fundamentais”, ca-
pítulo V, “Dos Partidos Políticos”.
3.6) Impugnação de mandato O caput do artigo 17 da Constituição prevê:
Encerrando a disciplina, o artigo 14, CF, aborda a impugnação Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de
de mandato. partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime de-
Artigo 14, § 10, CF. O mandato eletivo poderá ser impugnado mocrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa
ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplo- humana [...].
mação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, Consolida-se, assim a liberdade partidária, não estabelecen-
corrupção ou fraude. do a Constituição um limite de números de partidos políticos que
Artigo 14, § 11, CF. A ação de impugnação de mandato tramita- possam ser constituídos, permitindo também que sejam extintos,
rá em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se fundidos e incorporados.
temerária ou de manifesta má-fé. Os incisos do artigo 17 da Constituição indicam os preceitos a
3.7) Perda e suspensão de direitos políticos serem observados na liberdade partidária: caráter nacional, ou seja,
Art. 15, CF. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda terem por objetivo o desempenho de atividade política no âmbito
ou suspensão só se dará nos casos de: interno do país; proibição de recebimento de recursos financeiros
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes,
julgado; logo, o Poder Público não pode financiar campanhas eleitorais;
II - incapacidade civil absoluta; prestação de contas à Justiça Eleitoral, notadamente para resguar-
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto du- dar a mencionada vedação; e funcionamento parlamentar de acor-
rarem seus efeitos; do com a lei. Ainda, a lei veda a utilização de organização paramili-
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação tar por parte dos partidos políticos (artigo 17, §4º, CF).
alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; O respeito a estes ditames permite o exercício do partidarismo
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. de forma autônoma em termos estruturais e organizacionais, con-
forme o §1º do artigo 17, CF:
O inciso I refere-se ao cancelamento da naturalização, o que Art. 17, §1º, CF. § 1º É assegurada aos partidos políticos auto-
faz com que a pessoa deixe de ser nacional e, portanto, deixe de ser nomia para definir sua estrutura interna e estabelecer regras sobre
titular de direitos políticos. escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e pro-
visórios e sobre sua organização e funcionamento e para adotar

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
os critérios de escolha e o regime de suas coligações nas eleições Art. 18, caput, CF. A organização político-administrativa da
majoritárias, vedada a sua celebração nas eleições proporcionais, República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados,
sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbi- o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos
to nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos desta Constituição.
estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. Ainda assim, inegável, pela redação do caput do artigo 18,
Os estatutos que tecem esta regulamentação devem ser regis- CF, que o Brasil adota um modelo de Estado Federado no qual são
trados no Tribunal Superior Eleitoral (artigo 17, §2º, CF). considerados entes federados e, como tais, autônomos, a União,
Quanto ao financiamento das campanhas e o acesso à mídia, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Esta autonomia se
preveem os §§3º e 5º do artigo 17 da CF: reflete tanto numa capacidade de auto-organização (normatização
Art. 17, §3º, CF. Somente terão direito a recursos do fundo par- própria) quanto numa capacidade de autogoverno (administrar-se
tidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei, os pelos membros eleitos pelo eleitorado da unidade federada).
partidos políticos que alternativamente:
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no Artigo 18, §1º, CF. Brasília é a Capital Federal.
mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo Brasília é a capital da República Federativa do Brasil, sendo um
menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 2% dos municípios que compõem o Distrito Federal. O Distrito Federal
(dois por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou tem peculiaridades estruturais, não sendo nem um Município, nem
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais dis- um Estado, tanto é que o caput deste artigo 18 o nomeia em sepa-
tribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação. rado. Trata-se, assim, de unidade federativa autônoma.
Art. 17, §5º, CF. Ao eleito por partido que não preencher os Artigo 18, §2º, CF. Os Territórios Federais integram a União, e
requisitos previstos no § 3º deste artigo é assegurado o mandato sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado de
e facultada a filiação, sem perda do mandato, a outro partido que origem serão reguladas em lei complementar.
os tenha atingido, não sendo essa filiação considerada para fins de Apesar dos Territórios Federais integrarem a União, eles não
distribuição dos recursos do fundo partidário e de acesso gratuito podem ser considerados entes da federação, logo não fazem parte
ao tempo de rádio e de televisão. da organização político-administrativa, não dispõem de autonomia
política e não integram o Estado Federal. São meras descentraliza-
ções administrativo-territoriais pertencentes à União. A Constitui-
ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA.UNIÃO, ção Federal de 1988 aboliu todos os territórios então existentes:
ESTADOS, DISTRITO FEDERAL, MUNICÍPIOS E TERRI- Fernando de Noronha tornou-se um distrito estadual do Estado de
TÓRIO Pernambuco, Amapá e Roraima ganham o status integral de Esta-
dos da Federação.
Artigo 18, §3º, CF. Os Estados podem incorporar-se entre si,
TÍTULO III subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou for-
DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO marem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação
da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do
Da organização político-administrativa Congresso Nacional, por lei complementar.
O artigo 18 da Constituição Federal tem caráter genérico e regu- Artigo 18, §4º, CF. A criação, a incorporação, a fusão e o des-
lamenta a organização político-administrativa do Estado. Basicamente, membramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do
define os entes federados que irão compor o Estado brasileiro. período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão
Neste dispositivo se percebe o Pacto Federativo firmado entre de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municí-
os entes autônomos que compõem o Estado brasileiro. Na federa- pios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Munici-
ção, todos os entes que compõem o Estado têm autonomia, caben-
pal, apresentados e publicados na forma da lei.
do à União apenas concentrar esforços necessários para a manu-
tenção do Estado uno.
Como se percebe pelos dispositivos retro, é possível criar, in-
O pacto federativo brasileiro se afirmou ao inverso do que os
corporar e desmembrar os Estados-membros e os Municípios. No
Estados federados geralmente se formam. Trata-se de federalismo
caso dos Estados, exige-se plebiscito e lei federal. No caso dos mu-
por desagregação – tinha-se um Estado uno, com a União centrali-
nicípios, exige-se plebiscito e lei estadual.
zada em suas competências, e dividiu-se em unidades federadas.
Ressalta-se que é aceita a subdivisão e o desmembramento no
Difere-se do denominado federalismo por agregação, no qual uni-
dades federativas autônomas se unem e formam um Poder federal âmbito interno, mas não se permite que uma parte do país se sepa-
no qual se concentrarão certas atividades, tornando o Estado mais re do todo, o que atentaria contra o pacto federativo.
forte (ex.: Estados Unidos da América). Art. 19, CF. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal
No federalismo por agregação, por já vir tradicionalmente das e aos Municípios:
bases do Estado a questão da autonomia das unidades federadas, I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los,
percebe-se um federalismo real na prática. Já no federalismo por embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus repre-
desagregação nota-se uma persistente tendência centralizadora. sentantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma
Prova de que nem mesmo o constituinte brasileiro entendeu o da lei, a colaboração de interesse público;
federalismo que estava criando é o fato de ter colocado o município II - recusar fé aos documentos públicos;
como entidade federativa autônoma. No modelo tradicional, o pac- III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
to federativo se dá apenas entre União e estados-membros, motivo Embora o artigo 19 traga algumas vedações expressas aos en-
pelo qual a doutrina afirma que o federalismo brasileiro é atípico. tes federados, fato é que todo o sistema constitucional traz impe-
Além disso, pelo que se desprende do modelo de divisão de dimento à atuação das unidades federativas e de seus administra-
competências a ser estudado neste capítulo, acabou-se esvaziando dores. Afinal, não possuem liberdade para agirem como quiserem
a competência dos estados-membros, mantendo uma concentra- e somente podem fazer o que a lei permite (princípio da legalidade
ção de poderes na União e distribuindo vasta gama de poderes aos aplicado à Administração Pública).
municípios.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Repartição de competências e bens § 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito
O título III da Constituição Federal regulamenta a organização Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração di-
do Estado, definindo competências administrativas e legislativas, reta da União, participação no resultado da exploração de petróleo
bem como traçando a estrutura organizacional por ele tomada. ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia
Bens Públicos são todos aqueles que integram o patrimônio da elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plata-
Administração Pública direta e indireta, sendo que todos os demais forma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou
bens são considerados particulares. Destaca-se a disciplina do Có- compensação financeira por essa exploração.
digo Civil: § 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura,
Artigo 98, CC. São públicos os bens de domínio nacional per- ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fron-
tencentes as pessoas jurídicas de direito público interno; todos os teira, é considerada fundamental para defesa do território nacio-
outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. nal, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei.
Artigo 99, CC. São bens públicos: Artigo 26, CF. Incluem-se entre os bens dos Estados:
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e
ruas e praças; em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorren-
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destina- tes de obras da União;
dos a serviço ou estabelecimento da administração federal, esta- II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no
dual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas ou terceiros;
jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;
de cada uma dessas entidades. IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram- 1) Competência organizacional-administrativa exclusiva da
-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito União A Constituição Federal, quando aborda a competência da
público a que se tenha dado estrutura de direito privado. União, traz no artigo 21 a expressão “compete à União” e no artigo
Artigo 100, CC. Os bens públicos de uso comum do povo e os de 22 a expressão “compete privativamente à União”. Neste sentido,
uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualifi- questiona-se se a competência no artigo 21 seria privativa. Obvia-
cação, na forma que a lei determinar. mente, não seria compartilhada, pois os casos que o são estão enu-
Artigo 101, CC. Os bens públicos dominicais podem ser aliena- merados no texto constitucional.
dos, observadas as exigências da lei. Com efeito, entende-se que o artigo 21, CF, enumera compe-
Artigo 102, CC. Os bens públicos não estão sujeitos a usuca- tências exclusivas da União. Estas expressões que a princípio seriam
pião. sinônimas assumem significado diverso. Exclusiva é a competência
Artigo 103, CC. O uso comum dos bens públicos pode ser gra- da União que não pode ser delegada a outras unidades federadas
tuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela enti- (somente pode ser exercida pela União); privativa é a competên-
dade a cuja administração pertencerem. cia da União que pode ser delegada (por exemplo, para os Estados,
quando estes poderão elaborar lei específica sobre matérias que
Os bens da União estão enumerados no artigo 20 e os bens dos seriam de competência única da União).
Estados-membros no artigo 26, ambos da Constituição, que seguem O artigo 21, que traz as competências exclusivas da União, tra-
abaixo. Na divisão de bens estabelecida pela Constituição Federal balha com questões organizacional-administrativas.
denota-se o caráter residual dos bens dos Estados-membros por- Artigo 21, CF. Compete à União:
que exige-se que estes não pertençam à União ou aos Municípios. I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de
organizações internacionais;
Artigo 20, CF. São bens da União: II - declarar a guerra e celebrar a paz;
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser III - assegurar a defesa nacional;
atribuídos; IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que for-
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, ças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele perma-
das fortificações e construções militares, das vias federais de comu- neçam temporariamente;
nicação e à preservação ambiental, definidas em lei; V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a interven-
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de ção federal;
seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material
com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele bélico;
provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais; VII - emitir moeda;
IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com ou- VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as
tros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, operações de natureza financeira, especialmente as de crédito,
excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência
aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental privada;
federal, e as referidas no art. 26, II; IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de orde-
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona nação do território e de desenvolvimento econômico e social;
econômica exclusiva; X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
VI - o mar territorial; XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei,
VIII - os potenciais de energia hidráulica; que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um ór-
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; gão regulador e outros aspectos institucionais;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão
e pré-históricos; ou permissão:
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens;

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveita- § 2º Os incentivos regionais compreenderão, além de outros,
mento energético dos cursos de água, em articulação com os Esta- na forma da lei:
dos onde se situam os potenciais hidroenergéticos; I - igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros itens de custos
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeropor- e preços de responsabilidade do Poder Público;
tuária; II - juros favorecidos para financiamento de atividades priori-
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre por- tárias;
tos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites III - isenções, reduções ou diferimento temporário de tributos
de Estado ou Território; federais devidos por pessoas físicas ou jurídicas;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e interna- IV - prioridade para o aproveitamento econômico e social dos
cional de passageiros; rios e das massas de água represadas ou represáveis nas regiões de
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; baixa renda, sujeitas a secas periódicas.
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Públi- § 3º Nas áreas a que se refere o § 2º, IV, a União incentivará a
co do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos recuperação de terras áridas e cooperará com os pequenos e mé-
Territórios; dios proprietários rurais para o estabelecimento, em suas glebas, de
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o fontes de água e de pequena irrigação.
corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar
assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de servi- 2) Competência legislativa privativa da União
ços públicos, por meio de fundo próprio; A competência legislativa da União é privativa e, sendo assim,
XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geo- pode ser delegada. As matérias abaixo relacionadas somente po-
grafia, geologia e cartografia de âmbito nacional; dem ser legisladas por atos normativos com abrangência nacional,
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões mas é possível que uma lei complementar autorizar que determina-
públicas e de programas de rádio e televisão; do Estado regulamente questão devidamente especificada.
XVII - conceder anistia; Artigo 22, CF. Compete privativamente à União legislar sobre:
XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as ca- I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário,
lamidades públicas, especialmente as secas e as inundações; marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos II - desapropriação;
hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso; III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusi- em tempo de guerra;
ve habitação, saneamento básico e transportes urbanos; IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifu-
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional são;
de viação; V - serviço postal;
XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos
e de fronteiras; metais;
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de va-
natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o lores;
enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comér- VIII - comércio exterior e interestadual;
cio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes IX - diretrizes da política nacional de transportes;
princípios e condições: X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima,
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será
aérea e aeroespacial;
admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso
XI - trânsito e transporte;
Nacional;
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercializa-
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
ção e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos médicos,
XIV - populações indígenas;
agrícolas e industriais;
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, co-
de estrangeiros;
mercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou
inferior a duas horas; XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições
d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da para o exercício de profissões;
existência de culpa; XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho; Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos Territórios,
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da bem como organização administrativa destes
atividade de garimpagem, em forma associativa. XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia
Envolve a competência organizacional-administrativa da União nacionais;
a atuação regionalizada com vistas à redução das desigualdade re- XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança
gionais, descrita no artigo 43 da Constituição Federal: popular;
Artigo 43, CF. Para efeitos administrativos, a União poderá ar- XX - sistemas de consórcios e sorteios;
ticular sua ação em um mesmo complexo geoeconômico e social, XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico,
visando a seu desenvolvimento e à redução das desigualdades re- garantias, convocação e mobilização das polícias militares e corpos
gionais. de bombeiros militares;
§ 1º Lei complementar disporá sobre: XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária
I - as condições para integração de regiões em desenvolvimento; e ferroviária federais;
II - a composição dos organismos regionais que executarão, na XXIII - seguridade social;
forma da lei, os planos regionais, integrantes dos planos nacionais XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
de desenvolvimento econômico e social, aprovados juntamente com XXV - registros públicos;
estes. XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as II - orçamento;
modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas III - juntas comerciais;
e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, IV - custas dos serviços forenses;
obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas V - produção e consumo;
e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, de-
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa maríti- fesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e
ma, defesa civil e mobilização nacional; controle da poluição;
XXIX - propaganda comercial. VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turís-
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Esta- tico e paisagístico;
dos a legislar sobre questões específicas das matérias relaciona- VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consu-
das neste artigo. midor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico
e paisagístico;
3) Competência organizacional-administrativa compartilhada IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia,
União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios com- pesquisa, desenvolvimento e inovação;
partilham certas competências organizacional-administrativas. Sig- X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas
nifica que qualquer dos entes federados poderá atuar, desenvolver causas;
políticas públicas, nestas áreas. Todas estas áreas são áreas que ne- XI - procedimentos em matéria processual;
cessitam de atuação intensa ou vigilância constantes, de modo que XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;
mediante gestão cooperada se torna possível efetivar o máximo XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
possível os direitos fundamentais em casa uma delas. XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de
deficiência;
Artigo 23, CF. É competência comum da União, dos Estados, do XV - proteção à infância e à juventude;
Distrito Federal e dos Municípios: XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias ci-
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições vis.
democráticas e conservar o patrimônio público; § 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garan- União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
tia das pessoas portadoras de deficiência; § 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor não exclui a competência suplementar dos Estados.
histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens natu- § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados
rais notáveis e os sítios arqueológicos; exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas pe-
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de culiaridades.
obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cul- § 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais sus-
tural; pende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à
ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação; O estudo das competências concorrentes permite vislumbrar
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qual-
os limites da atuação conjunta entre União, Estados e Distrito Fede-
quer de suas formas;
ral no modelo Federativo adotado no Brasil, visando à obtenção de
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
uma homogeneidade nacional, com preservação dos pluralismos
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abaste-
regionais e locais.
cimento alimentar;
O cerne da distinção da competência entre os entes federados
IX - promover programas de construção de moradias e a me-
repousa na competência da União para o estabelecimento de nor-
lhoria das condições habitacionais e de saneamento básico;
mas gerais. A competência legislativa dos Estados-membros e dos
X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginali-
zação, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos; Municípios nestas questões é suplementar, ou seja, as normas es-
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos taduais agregam detalhes que a norma da União não compreende,
de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus notadamente trazendo peculiaridades regionais.
territórios; No caso do artigo 24, CF, a União dita as normas gerais e as
XII - estabelecer e implantar política de educação para a segu- normas suplementares ficam por conta dos Estados, ou seja, as pe-
rança do trânsito. culiaridades regionais são normatizadas pelos Estados. As normas
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a estaduais, neste caso, devem guardar uma relação de compatibili-
cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Mu- dade com as normas federais (relação hierárquica). Diferentemente
nicípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem- da competência comum em que as leis estão em igualdade de con-
-estar em âmbito nacional. dições, uma não deve subordinação à outra.
Entretanto, os Estados não ficam impedidos de criar leis regu-
4) Competência legislativa compartilhada lamentadoras destas matérias enquanto a União não o faça. Sobre-
Além de compartilharem competências organizacional-admi- vindo norma geral reguladora, perdem a eficácia os dispositivos de
nistrativas, os entes federados compartilham competência para lei estadual com ela incompatível.
legislar sobre determinadas matérias. Entretanto, excluem-se do
artigo 24, CF, os entes federados da espécie Município, sendo que 5) Limitações e regras mínimas aplicáveis à competência orga-
estes apenas legislam sobre assuntos de interesse local. nizacional-administrativa autônoma dos Estados-membros

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal le- Artigo 25, CF. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Cons-
gislar concorrentemente sobre: tituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Cons-
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e ur- tituição.
banístico;

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes 6) Limitações e regras mínimas aplicáveis à competência orga-
sejam vedadas por esta Constituição. nizacional-administrativa autônoma dos Municípios
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante con- Os Municípios gozam de autonomia no modelo federativo bra-
cessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, veda- sileiro e, sendo assim, possuem capacidade de auto-organização,
da a edição de medida provisória para a sua regulamentação. normatização e autogoverno.
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir Notadamente, mediante lei orgânica, conforme se extrai do ar-
regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, tigo 29, caput, CF, o Município se normatiza, devendo esta lei guar-
constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para inte- dar compatibilidade tanto com a Constituição Federal quanto com
grar a organização, o planejamento e a execução de funções públi- a respectiva Constituição estadual. O dispositivo mencionado traça,
cas de interesse comum. ainda, regras mínimas de estruturação do Poder Executivo e do Le-
gislativo municipais.
O documento que está no ápice da estrutura normativa de um Por exemplo, só haverá eleição de segundo turno se o muni-
Estado-membro é a Constituição estadual. Ela deve guardar compa- cípio tiver mais de duzentos mil habitantes. Destaca-se, ainda, a
tibilidade com a Constituição Federal, notadamente no que tange exaustiva regra sobre o número de vereadores e a questão dos sub-
aos princípios nela estabelecidos, sob pena de ser considerada nor- sídios. Incidente, também a regra sobre o julgamento do Prefeito
ma inconstitucional. pelo Tribunal de Justiça.
A competência do Estado é residual – tudo o que não obrigato- O artigo 29-A, CF, por seu turno, detalha os limites de despesas
riamente deva ser regulamentado pela União ou pelos Municípios, com o Poder Legislativo municipal, permitindo a responsabilização
pode ser legislado pelo Estado-membro, sem prejuízo da já estuda- do Prefeito e do Presidente da Câmara por violação a estes limites.
da competência legislativa concorrente com a União. Artigo 29, CF. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada
O §3º do artigo 25 regulamenta a conurbação, que abrange em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada
regiões metropolitanas (um município, a metrópole, está em desta- por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promul-
que) e aglomerações urbanas (não há município em destaque), e as gará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na
microrregiões (não conurbadas, mas limítrofes, geralmente identifi- Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos:
cada por bacias hidrográficas). I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para
A estrutura e a organização dos Poderes Legislativo e Executi- mandato de quatro anos, mediante pleito direto e simultâneo rea-
vo no âmbito do Estado-membro é detalhada na Constituição es- lizado em todo o País;
tadual, mas os artigos 27e 28 trazem bases regulamentadoras que II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro
devem ser respeitadas. domingo de outubro do ano anterior ao término do mandato dos
que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso de Mu-
Artigo 27, CF. O número de Deputados à Assembleia Legislati- nicípios com mais de duzentos mil eleitores;
va corresponderá ao triplo da representação do Estado na Câmara III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de janeiro do
dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido ano subsequente ao da eleição;
de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze. IV - para a composição das Câmaras Municipais, será observa-
§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, do o limite máximo de: (Vide ADIN 4307)
aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema elei- a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000 (quinze
toral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de man- mil) habitantes;
dato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas. b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de 15.000
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei (quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta mil) habitantes;
de iniciativa da Assembleia Legislativa, na razão de, no máximo, c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de 30.000
setenta e cinco por cento daquele estabelecido, em espécie, para os (trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cinquenta mil) habitantes;
Deputados Federais, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de 50.000
§ 7º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. (cinquenta mil) habitantes e de até 80.000 (oitenta mil) habitantes;
§ 3º Compete às Assembleias Legislativas dispor sobre seu re- e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais de 80.000
gimento interno, polícia e serviços administrativos de sua secreta- (oitenta mil) habitantes e de até 120.000 (cento e vinte mil) habi-
ria, e prover os respectivos cargos. tantes;
§ 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo legis- f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais de 120.000
lativo estadual. (cento e vinte mil) habitantes e de até 160.000 (cento sessenta mil)
habitantes;
Artigo 28, CF. A eleição do Governador e do Vice-Governador g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais de
de Estado, para mandato de quatro anos, realizar-se-á no primeiro 160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de até 300.000 (trezen-
domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de tos mil) habitantes;
outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do tér- h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de mais de
mino do mandato de seus antecessores, e a posse ocorrerá em pri- 300.000 (trezentos mil) habitantes e de até 450.000 (quatrocentos e
meiro de janeiro do ano subsequente, observado, quanto ao mais, cinquenta mil) habitantes;
o disposto no art. 77. i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de
§ 1º Perderá o mandato o Governador que assumir outro cargo 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes e de até 600.000
ou função na administração pública direta ou indireta, ressalvada (seiscentos mil) habitantes;
a posse em virtude de concurso público e observado o disposto no j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de
art. 38, I, IV e V. 600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até 750.000 (setecentos
§ 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governador e dos Se- cinquenta mil) habitantes;
cretários de Estado serão fixados por lei de iniciativa da Assembleia k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de
Legislativa, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, 750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitantes e de até 900.000
II, 153, III, e 153, § 2º, I. (novecentos mil) habitantes;

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de VII - o total da despesa com a remuneração dos Vereadores
900.000 (novecentos mil) habitantes e de até 1.050.000 (um milhão não poderá ultrapassar o montante de cinco por cento da receita
e cinquenta mil) habitantes; do Município;
m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras
1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes e de até 1.200.000 e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município;
(um milhão e duzentos mil) habitantes; IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da verean-
n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de ça, similares, no que couber, ao disposto nesta Constituição para
1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes e de até 1.350.000 os membros do Congresso Nacional e na Constituição do respectivo
(um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes; Estado para os membros da Assembleia Legislativa;
o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de 1.350.000 X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça;
(um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes e de até XI - organização das funções legislativas e fiscalizadoras da Câ-
1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes; mara Municipal;
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais XII - cooperação das associações representativas no planeja-
de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes e de até mento municipal;
1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes; XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico
q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais do Município, da cidade ou de bairros, através de manifestação de,
de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes e de até pelo menos, cinco por cento do eleitorado;
2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes; XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28,
r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de parágrafo único (assumir outro cargo).
2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes e de até
3.000.000 (três milhões) de habitantes; Artigo 29-A, CF. O total da despesa do Poder Legislativo Mu-
s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de nicipal, incluídos os subsídios dos Vereadores e excluídos os gastos
3.000.000 (três milhões) de habitantes e de até 4.000.000 (quatro com inativos, não poderá ultrapassar os seguintes percentuais, re-
milhões) de habitantes; lativos ao somatório da receita tributária e das transferências pre-
t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de vistas no § 5o do art. 153 e nos arts. 158 e 159, efetivamente reali-
4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e de até 5.000.000 (cinco zado no exercício anterior:
milhões) de habitantes; I - 7% (sete por cento) para Municípios com população de até
u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais 100.000 (cem mil) habitantes; (Redação dada pela Emenda Consti-
de 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e de até 6.000.000 (seis tuição Constitucional nº 58, de 2009) (Produção de efeito)
milhões) de habitantes; II - 6% (seis por cento) para Municípios com população entre
v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de 100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos mil) habitantes;
6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de até 7.000.000 (sete mi- III - 5% (cinco por cento) para Municípios com população entre
lhões) de habitantes; 300.001 (trezentos mil e um) e 500.000 (quinhentos mil) habitantes;
w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento) para
de 7.000.000 (sete milhões) de habitantes e de até 8.000.000 (oito Municípios com população entre 500.001 (quinhentos mil e um) e
milhões) de habitantes; e 3.000.000 (três milhões) de habitantes;
x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de V - 4% (quatro por cento) para Municípios com população entre
8.000.000 (oito milhões) de habitantes; 3.000.001 (três milhões e um) e 8.000.000 (oito milhões) de habi-
V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários tantes;
Municipais fixados por lei de iniciativa da Câmara Municipal, ob- VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para Muni-
servado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e cípios com população acima de 8.000.001 (oito milhões e um) ha-
153, § 2º, I; bitantes.
VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas Câ- § 1o A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por cen-
maras Municipais em cada legislatura para a subsequente, obser- to de sua receita com folha de pagamento, incluído o gasto com o
vado o que dispõe esta Constituição, observados os critérios estabe- subsídio de seus Vereadores.
lecidos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes limites máximos: § 2o Constitui crime de responsabilidade do Prefeito Municipal:
a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio máximo I - efetuar repasse que supere os limites definidos neste artigo;
dos Vereadores corresponderá a vinte por cento do subsídio dos De- II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou
putados Estaduais; III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na Lei Or-
b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil habitantes, o çamentária.
subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a trinta por cento § 3o Constitui crime de responsabilidade do Presidente da Câ-
do subsídio dos Deputados Estaduais; mara Municipal o desrespeito ao § 1o deste artigo.
c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil habitantes, As competências legislativas e administrativas dos municípios
o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a quarenta por estão fixadas no artigo 30, CF. Quanto à competência legislativa, é
cento do subsídio dos Deputados Estaduais; suplementar, garantindo o direito de legislar sobre assuntos de in-
d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habitantes, teresse local.
o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a cinquenta por Artigo 30, CF. Compete aos Municípios:
cento do subsídio dos Deputados Estaduais; I - legislar sobre assuntos de interesse local;
e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil habi- II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
tantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a sessenta III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem
por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de pres-
f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o sub- tar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
sídio máximo dos Vereadores corresponderá a setenta e cinco por IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação
cento do subsídio dos Deputados Estaduais; estadual;

36
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de conces- § 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Dis-
são ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o trito Federal, das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros
de transporte coletivo, que tem caráter essencial; militar.
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União
e do Estado, programas de educação infantil e de ensino funda- Artigo 33, CF. A lei disporá sobre a organização administrativa
mental; e judiciária dos Territórios.
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e § 1º Os Territórios poderão ser divididos em Municípios, aos
do Estado, serviços de atendimento à saúde da população; quais se aplicará, no que couber, o disposto no Capítulo IV deste
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territo- Título.
rial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e § 2º As contas do Governo do Território serão submetidas ao
da ocupação do solo urbano; Congresso Nacional, com parecer prévio do Tribunal de Contas da
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural lo- União.
cal, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual. § 3º Nos Territórios Federais com mais de cem mil habitantes,
A fiscalização dos Municípios se dá tanto no âmbito interno além do Governador nomeado na forma desta Constituição, haverá
quanto no externo. Externamente, é exercida pelo Poder Legislativo órgãos judiciários de primeira e segunda instância, membros do Mi-
com auxílio de Tribunal de Contas. A constituição, no artigo 31, CF, nistério Público e defensores públicos federais; a lei disporá sobre as
veda a criação de novos Tribunais de Contas municipais, mas não eleições para a Câmara Territorial e sua competência deliberativa.
extingue os já existentes. Intervenção
Artigo 31, CF. A fiscalização do Município será exercida pelo A intervenção consiste no afastamento temporário das prer-
Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sis- rogativas totais ou parciais próprias da autonomia dos entes fede-
temas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma rados, por outro ente federado, prevalecendo a vontade do ente
da lei. interventor. Neste sentido, necessária a verificação de:
§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido a) Pressupostos materiais – requisitos a serem verificados
com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Municí- quanto ao atendimento de uma das justificativas para a interven-
pio ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde ção.
houver. b) Pressupostos processuais – requisitos para que o ato da in-
§ 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre tervenção seja válido, como prazo, abrangência, condições, além da
as contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de autorização do Poder Legislativo (artigo 36, CF).
prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara A intervenção pode ser federal, quando a União interfere nos
Municipal. Estados e no Distrito Federal (artigo 34, CF), ou estadual, quando os
§ 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, Estados-membros interferem em seus Municípios (artigo 35, CF).
anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame e Artigo 34, CF. A União não intervirá nos Estados nem no Distri-
apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos ter- to Federal, exceto para:
mos da lei. I - manter a integridade nacional;
§ 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federa-
Contas Municipais. ção em outra;
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
7) Peculiaridades da competência organizacional-administra- IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas uni-
tiva do Distrito Federal e Territórios dades da Federação;
O Distrito Federal não se divide em Municípios, mas em re- V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
giões administrativas. Se regulamenta por lei orgânica, mas esta lei a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois
orgânica aproxima-se do status de Constituição estadual, cabendo anos consecutivos, salvo motivo de força maior;
controle de constitucionalidade direto de leis que a contrariem pelo b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios. nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;
O Distrito Federal possui um governador e uma Câmara Legis- VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;
lativa, eleitos na forma dos governadores e deputados estaduais. VII - assegurar a observância dos seguintes princípios consti-
Entretanto, não tem eleições municipais. O Distrito Federal tem 3 tucionais:
senadores, 8 deputados federais e 24 deputados distritais. a) forma republicana, sistema representativo e regime demo-
Quanto aos territórios, não existem hoje no país, mas se vierem crático;
a existir serão nomeados pelo Presidente da República. b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
Artigo 32, CF. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Muni- d) prestação de contas da administração pública, direta e in-
cípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com in- direta.
terstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impos-
Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabeleci- tos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na
dos nesta Constituição. manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços
§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legisla- públicos de saúde”.
tivas reservadas aos Estados e Municípios.
§ 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, observa- Artigo 35, CF. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem
das as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais coincidirá com a a União nos Municípios localizados em Território Federal, exceto
dos Governadores e Deputados Estaduais, para mandato de igual quando:
duração. I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos
§ 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se o consecutivos, a dívida fundada;
disposto no art. 27. II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;

37
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita muni- Por fim temos a provocada, dependendo de provimento de re-
cipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e presentação, dita assim por Pedro Lenza: “a) art.,, combinado com o
serviços públicos de saúde; art.,, primeira parte no caso de ofensa aos princípios constitucionais
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para as- sensíveis, previstos no art.,, da, a intervenção federal dependerá de
segurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, provimento, pelo STF, de representação do Procurador-Geral da Re-
ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial”. pública, b) art. 34, VI, primeira parte, combinado com o art. 36, III,
Artigo 36, CF. A decretação da intervenção dependerá: segunda parte para prover a execução de lei federal (pressupondo
I - no caso do art. 34, IV (livre exercício dos Poderes), de solicita- ter havido recusa à execução de lei federal), a intervenção depen-
ção do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou impedi- derá de provimento de representação do Procurador-Geral da Re-
do, ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação for pública pelo STF (EC n./2004 e trata-se, também, de representação
exercida contra o Poder Judiciário; interventiva, regulamentada pela Lei n. 12562/2011).”
II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de
requisição do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Após o decreto expedido pelo Presidente da República, o Con-
Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral; gresso fará o Controle Politico, aprovado ou rejeitando a Interven-
III de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de represen- ção Federal. Mediante rejeição, o Presidente deverá cessá-lo ime-
tação do Procurador-Geral da República, na hipótese do art. 34, VII diatamente, sob pena de cometer crime de Responsabilidade, nos
(observância de princípios constitucionais), e no caso de recusa à ditames do art. 85, II (atentado contra os Poderes constitucionais
execução de lei federal. do Estado).
§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, Aprovada a Intervenção, o Presidente nomeará um Interventor,
o prazo e as condições de execução e que, se couber, nomeará o afastando, até que volte para a normalidade, as autoridades envol-
interventor, será submetido à apreciação do Congresso Nacional vidas. Não havendo mais motivos para a intervenção, estes poderão
ou da Assembleia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro ter seus cargos restabelecidos, salvo algum impedimento legal (art.
horas. 36, § 4.º).
§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a As-
sembleia Legislativa, far-se-á convocação extraordinária, no mes-
mo prazo de vinte e quatro horas.
§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII (execução de decisão/lei fe- ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.DISPOSIÇÕES GERAIS, SER-
deral e violação de certos princípios constitucionais), ou do art. 35, VIDORES PÚBLICOS
IV (idem com relação à intervenção em municípios), dispensada a
apreciação pelo Congresso Nacional ou pela Assembleia Legislati- CAPÍTULO VII
va, o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impug- DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
nado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade.
§ 4º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afas- 1) Princípios da Administração Pública
tadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal. Os valores éticos inerentes ao Estado, os quais permitem que
Espécies de Intervenção federal: ele consolide o bem comum e garanta a preservação dos interesses
Existem algumas espécies de Intervenção Federal: a espontâ- da coletividade, se encontram exteriorizados em princípios e regras.
nea, na qual o Presidente da República age por oficio e a provocada Estes, por sua vez, são estabelecidos na Constituição Federal e em
por solicitação, quando o impedimento recair sobre o legislativo. legislações infraconstitucionais, a exemplo das que serão estudadas
A Intervenção espontânea pode ser feita a qualquer momento neste tópico, quais sejam: Decreto n° 1.171/94, Lei n° 8.112/90 e
quando há algum dos motivos do art. 34, I, II, III e V, CF. Já a pro- Lei n° 8.429/92.
vocada dependerá de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Todas as diretivas de leis específicas sobre a ética no setor pú-
Executivo coacto ou impedido, como preconiza o art. 34, IV, com- blico partem da Constituição Federal, que estabelece alguns princí-
binado com o art. 36, I, primeira parte. Uma boa observação a ser pios fundamentais para a ética no setor público. Em outras palavras,
quanto à Intervenção Provocada feita é que o Presidente pode agir é o texto constitucional do artigo 37, especialmente o caput, que
arbitrariamente, por força conveniência e oportunidade de decretar permite a compreensão de boa parte do conteúdo das leis especí-
o ato interventivo, tratando-se, assim, de um Poder Discricionário. ficas, porque possui um caráter amplo ao preconizar os princípios
fundamentais da administração pública. Estabelece a Constituição
Há, ainda, a requisitada, que nas palavras de Uadi Lammêgo Federal:
Bulos é “decretada pelo residente da República, que se limita a sus- Artigo 37, CF. A administração pública direta e indireta de qual-
pender a execução do ato impugnado, estabelecendo a duração e quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
os parâmetros da medida interventiva. Essa espécie de intervenção Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
inadmite controle politico por parte do Congresso Nacional, poden- moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: [...]
do ser requisitada: (i) pelo STF, nas hipóteses de garantia do próprio
Poder Judiciário (, art.,, c/c o art.,, 211 parte); ou (ii) pelo STF, STJ São princípios da administração pública, nesta ordem:
ou TSE, para preservar a autoridade das ordens e decisões judi- Legalidade
ciais (, art.,, 211 parte, c/c o art.,). Na intervenção por requisição, Impessoalidade
o Presidente da República age de modo vinculado, ou seja, deve- Moralidade
rá, necessariamente, decretar o ato interventivo, exceto se for caso Publicidade
de suspensão da executoriedade do ato impugnado (, art.,). Desse Eficiência
modo, o Presidente da República simplesmente acata o resultado do
veredito da Corte Excelsa, autorizando o ato interventivo simples- Para memorizar: veja que as iniciais das palavras formam o vo-
mente acata o resultado do veredito da Corte Excelsa, autorizando cábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da Administração Pú-
o ato interventivo.”. blica. É de fundamental importância um olhar atento ao significado
de cada um destes princípios, posto que eles estruturam todas as

38
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
regras éticas prescritas no Código de Ética e na Lei de Improbidade Artigo 37, §3º, CF. A lei disciplinará as formas de participação
Administrativa, tomando como base os ensinamentos de Carvalho do usuário na administração pública direta e indireta, regulando
Filho13 e Spitzcovsky14: especialmente:
a) Princípio da legalidade: Para o particular, legalidade significa I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos
a permissão de fazer tudo o que a lei não proíbe. Contudo, como em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento
a administração pública representa os interesses da coletividade, ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade
ela se sujeita a uma relação de subordinação, pela qual só poderá dos serviços;
fazer o que a lei expressamente determina (assim, na esfera estatal, II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a infor-
é preciso lei anterior editando a matéria para que seja preservado mações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X
o princípio da legalidade). A origem deste princípio está na criação e XXXIII;
do Estado de Direito, no sentido de que o próprio Estado deve res- III - a disciplina da representação contra o exercício negligente
peitar as leis que dita. ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública.
b) Princípio da impessoalidade: Por força dos interesses que
representa, a administração pública está proibida de promover e) Princípio da eficiência: A administração pública deve manter
discriminações gratuitas. Discriminar é tratar alguém de forma di- o ampliar a qualidade de seus serviços com controle de gastos. Isso
ferente dos demais, privilegiando ou prejudicando. Segundo este envolve eficiência ao contratar pessoas (o concurso público seleciona
princípio, a administração pública deve tratar igualmente todos os mais qualificados ao exercício do cargo), ao manter tais pessoas em
aqueles que se encontrem na mesma situação jurídica (princípio seus cargos (pois é possível exonerar um servidor público por inefi-
da isonomia ou igualdade). Por exemplo, a licitação reflete a im- ciência) e ao controlar gastos (limitando o teto de remuneração), por
pessoalidade no que tange à contratação de serviços. O princípio exemplo. O núcleo deste princípio é a procura por produtividade e eco-
da impessoalidade correlaciona-se ao princípio da finalidade, pelo nomicidade. Alcança os serviços públicos e os serviços administrativos
qual o alvo a ser alcançado pela administração pública é somente internos, se referindo diretamente à conduta dos agentes.
o interesse público. Com efeito, o interesse particular não pode in- Além destes cinco princípios administrativo-constitucionais di-
fluenciar no tratamento das pessoas, já que deve-se buscar somen- retamente selecionados pelo constituinte, podem ser apontados
te a preservação do interesse coletivo. como princípios de natureza ética relacionados à função pública a
c) Princípio da moralidade: A posição deste princípio no artigo probidade e a motivação:
37 da CF representa o reconhecimento de uma espécie de morali- a) Princípio da probidade: um princípio constitucional incluído
dade administrativa, intimamente relacionada ao poder público. A dentro dos princípios específicos da licitação, é o dever de todo o
administração pública não atua como um particular, de modo que administrador público, o dever de honestidade e fidelidade com o
enquanto o descumprimento dos preceitos morais por parte deste Estado, com a população, no desempenho de suas funções. Possui
particular não é punido pelo Direito (a priori), o ordenamento jurí- contornos mais definidos do que a moralidade. Diógenes Gaspari-
dico adota tratamento rigoroso do comportamento imoral por par- ni15 alerta que alguns autores tratam veem como distintos os prin-
te dos representantes do Estado. O princípio da moralidade deve cípios da moralidade e da probidade administrativa, mas não há ca-
se fazer presente não só para com os administrados, mas também racterísticas que permitam tratar os mesmos como procedimentos
no âmbito interno. Está indissociavelmente ligado à noção de bom distintos, sendo no máximo possível afirmar que a probidade ad-
administrador, que não somente deve ser conhecedor da lei, mas ministrativa é um aspecto particular da moralidade administrativa.
também dos princípios éticos regentes da função administrativa. b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida ao adminis-
TODO ATO IMORAL SERÁ DIRETAMENTE ILEGAL OU AO MENOS IM- trador de motivar todos os atos que edita, gerais ou de efeitos concre-
PESSOAL, daí a intrínseca ligação com os dois princípios anteriores. tos. É considerado, entre os demais princípios, um dos mais importan-
d) Princípio da publicidade: A administração pública é obriga- tes, uma vez que sem a motivação não há o devido processo legal, uma
da a manter transparência em relação a todos seus atos e a todas vez que a fundamentação surge como meio interpretativo da decisão
informações armazenadas nos seus bancos de dados. Daí a publica- que levou à prática do ato impugnado, sendo verdadeiro meio de viabi-
ção em órgãos da imprensa e a afixação de portarias. Por exemplo, lização do controle da legalidade dos atos da Administração.
a própria expressão concurso público (art. 37, II, CF) remonta ao
ideário de que todos devem tomar conhecimento do processo sele- Motivar significa mencionar o dispositivo legal aplicável ao
tivo de servidores do Estado. Diante disso, como será visto, se negar caso concreto e relacionar os fatos que concretamente levaram à
indevidamente a fornecer informações ao administrado caracteriza aplicação daquele dispositivo legal. Todos os atos administrativos
ato de improbidade administrativa. devem ser motivados para que o Judiciário possa controlar o mé-
No mais, prevê o §1º do artigo 37, CF, evitando que o princípio rito do ato administrativo quanto à sua legalidade. Para efetuar esse
da publicidade seja deturpado em propaganda político-eleitoral: controle, devem ser observados os motivos dos atos administrativos.
Em relação à necessidade de motivação dos atos administrativos
Artigo 37, §1º, CF. A publicidade dos atos, programas, obras, vinculados (aqueles em que a lei aponta um único comportamento
serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter edu- possível) e dos atos discricionários (aqueles que a lei, dentro dos limi-
cativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo tes nela previstos, aponta um ou mais comportamentos possíveis, de
constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção acordo com um juízo de conveniência e oportunidade), a doutrina é
pessoal de autoridades ou servidores públicos. uníssona na determinação da obrigatoriedade de motivação com re-
Somente pela publicidade os indivíduos controlarão a legali- lação aos atos administrativos vinculados; todavia, diverge quanto à
dade e a eficiência dos atos administrativos. Os instrumentos para referida necessidade quanto aos atos discricionários.
proteção são o direito de petição e as certidões (art. 5°, XXXIV, CF), Meirelles16 entende que o ato discricionário, editado sob os
além do habeas data e - residualmente - do mandado de segurança. limites da Lei, confere ao administrador uma margem de liberda-
Neste viés, ainda, prevê o artigo 37, CF em seu §3º: de para fazer um juízo de conveniência e oportunidade, não sendo
13 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 23. ed. 15GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. 16MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São Paulo: Malheiros,
14 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Método, 2011. 1993.

39
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
necessária a motivação. No entanto, se houver tal fundamentação, Artigo 37, III, CF. O prazo de validade do concurso público será
o ato deverá condicionar-se a esta, em razão da necessidade de ob- de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período.
servância da Teoria dos Motivos Determinantes. O entendimento Artigo 37, IV, CF. Durante o prazo improrrogável previsto no
majoritário da doutrina, porém, é de que, mesmo no ato discricio- edital de convocação, aquele aprovado em concurso público de pro-
nário, é necessária a motivação para que se saiba qual o caminho vas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre
adotado pelo administrador. Gasparini17, com respaldo no art. 50 novos concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira.
da Lei n. 9.784/98, aponta inclusive a superação de tais discussões
doutrinárias, pois o referido artigo exige a motivação para todos Prevê o artigo 12 da Lei nº 8.112/1990:
os atos nele elencados, compreendendo entre estes, tanto os atos Artigo 12, Lei nº 8.112/1990. O concurso público terá validade
discricionários quanto os vinculados. de até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado uma única vez, por
igual período.
2) Regras mínimas sobre direitos e deveres dos servidores §1º O prazo de validade do concurso e as condições de sua rea-
O artigo 37 da Constituição Federal estabelece os princípios lização serão fixados em edital, que será publicado no Diário Oficial
da administração pública estudados no tópico anterior, aos quais da União e em jornal diário de grande circulação.
estão sujeitos servidores de quaisquer dos Poderes em qualquer § 2º Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato
das esferas federativas, e, em seus incisos, regras mínimas sobre o aprovado em concurso anterior com prazo de validade não expira-
serviço público: do.

Artigo 37, I, CF. Os cargos, empregos e funções públicas são O edital delimita questões como valor da taxa de inscrição,
acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabeleci- casos de isenção, número de vagas e prazo de validade. Havendo
dos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei. candidatos aprovados na vigência do prazo do concurso, ele deve
ser chamado para assumir eventual vaga e não ser realizado novo
Aprofundando a questão, tem-se o artigo 5º da Lei nº concurso.
8.112/1990, que prevê:
Destaca-se que o §2º do artigo 37, CF, prevê:
Artigo 5º, Lei nº 8.112/1990. São requisitos básicos para inves-
tidura em cargo público: Artigo 37, §2º, CF. A não-observância do disposto nos incisos II
I - a nacionalidade brasileira; e III implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade respon-
II - o gozo dos direitos políticos; sável, nos termos da lei.
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais; Com efeito, há tratamento rigoroso da responsabilização da-
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo; quele que viola as diretrizes mínimas sobre o ingresso no serviço
V - a idade mínima de dezoito anos; público, que em regra se dá por concurso de provas ou de provas
VI - aptidão física e mental. e títulos.
§ 1º As atribuições do cargo podem justificar a exigência de Artigo 37, V, CF. As funções de confiança, exercidas exclusiva-
outros requisitos estabelecidos em lei. [...] mente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em
§ 3º As universidades e instituições de pesquisa científica e comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos ca-
tecnológica federais poderão prover seus cargos com professores, sos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se
técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento.
procedimentos desta Lei.
Destaca-se a exceção ao inciso I do artigo 5° da Lei nº 8.112/1990 Observa-se o seguinte quadro comparativo18:
e do inciso I do artigo 37, CF, prevista no artigo 207 da Constituição,
permitindo que estrangeiros assumam cargos no ramo da pesquisa, Função de Confiança Cargo em Comissão
ciência e tecnologia.
Artigo 37, II, CF. A investidura em cargo ou emprego público Exercidas exclusivamente por Qualquer pessoa, observado
depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou servidores ocupantes de cargo o percentual mínimo reser-
de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do efetivo. vado ao servidor de carreira.
cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomea- Com concurso público, já que so- Sem concurso público, res-
ções para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação mente pode exercê-la o servidor salvado o percentual míni-
e exoneração. de cargo efetivo, mas a função em mo reservado ao servidor
Preconiza o artigo 10 da Lei nº 8.112/1990: si não prescindível de concurso de carreira.
Artigo 10, Lei nº 8.112/90. A nomeação para cargo de carreira público.
ou cargo isolado de provimento efetivo depende de prévia habilita-
ção em concurso público de provas ou de provas e títulos, obedeci- Somente são conferidas atribui- É atribuído posto (lugar)
dos a ordem de classificação e o prazo de sua validade. ções e responsabilidade num dos quadros da
Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e o de- Administração Pública,
senvolvimento do servidor na carreira, mediante promoção, serão conferida atribuições e
estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de carreira responsabilidade àquele
na Administração Pública Federal e seus regulamentos. que irá ocupá-lo
No concurso de provas o candidato é avaliado apenas pelo seu Destinam-se apenas às atribui- Destinam-se apenas às atri-
desempenho nas provas, ao passo que nos concursos de provas e ções de direção, chefia e assesso- buições de direção, chefia e
títulos o seu currículo em toda sua atividade profissional também ramento assessoramento
é considerado. Cargo em comissão é o cargo de confiança, que não
exige concurso público, sendo exceção à regra geral.
18 http://direitoemquadrinhos.blogspot.com.br/2011/03/quadro-comparati-
17GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São Paulo: Saraiva, 2004. vo-funcao-de-confianca.html

40
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

De livre nomeação e exoneração De livre nomeação e exone- Artigo 37, XV, CF. O subsídio e os vencimentos dos ocupantes
no que se refere à função e não ração de cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o dis-
posto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II,
em relação ao cargo efetivo.
153, III, e 153, § 2º, I.
Artigo 37, §10, CF. É vedada a percepção simultânea de pro-
Artigo 37, VI, CF. É garantido ao servidor público civil o direito à
ventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42
livre associação sindical.
e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função pública,
ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os
A liberdade de associação é garantida aos servidores públicos
cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de livre
tal como é garantida a todos na condição de direito individual e de
nomeação e exoneração.
direito social.
Artigo 37, VII, CF. O direito de greve será exercido nos termos e
Sobre a questão, disciplina a Lei nº 8.112/1990 nos artigos 40
nos limites definidos em lei específica.
e 41:
Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de
O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores públicos
cargo público, com valor fixado em lei.
possuem o direito de greve, devendo se atentar pela preservação
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acres-
da sociedade quando exercê-lo. Enquanto não for elaborada uma
cido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei.
legislação específica para os funcionários públicos, deverá ser obe-
§ 1º A remuneração do servidor investido em função ou cargo
decida a lei geral de greve para os funcionários privados, qual seja a
em comissão será paga na forma prevista no art. 62.
Lei n° 7.783/89 (Mandado de Injunção nº 20).
§ 2º O servidor investido em cargo em comissão de órgão ou
Artigo 37, VIII, CF. A lei reservará percentual dos cargos e em-
entidade diversa da de sua lotação receberá a remuneração de
pregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e defini-
acordo com o estabelecido no § 1º do art. 93.
rá os critérios de sua admissão.
§ 3º O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens de
caráter permanente, é irredutível.
Neste sentido, o §2º do artigo 5º da Lei nº 8.112/1990:
§ 4º É assegurada a isonomia de vencimentos para cargos de
Artigo 5º, Lei nº 8.112/90. Às pessoas portadoras de deficiên-
atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre ser-
cia é assegurado o direito de se inscrever em concurso público para
vidores dos três Poderes, ressalvadas as vantagens de caráter indi-
provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a de-
vidual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho.
ficiência de que são portadoras; para tais pessoas serão reservadas
§ 5º Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao salá-
até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.
rio mínimo.
Prossegue o artigo 37, CF:
Ainda, o artigo 37 da Constituição:
Artigo 37, IX, CF. IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por
Artigo 37, XI, CF. A remuneração e o subsídio dos ocupantes
tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcio-
de cargos, funções e empregos públicos da administração direta,
nal interesse público;(Vide Emenda constitucional nº 106, de 2020)
autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos
A Lei nº 8.745/1993 regulamenta este inciso da Constituição,
detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os
definindo a natureza da relação estabelecida entre o servidor con-
proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos
tratado e a Administração Pública, para atender à “necessidade
cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de
temporária de excepcional interesse público”.
qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal,
“Em se tratando de relação subordinada, isto é, de relação que
em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplican-
comporta dependência jurídica do servidor perante o Estado, duas
do-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos
opções se ofereciam: ou a relação seria trabalhista, agindo o Es-
Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no
tado iure gestionis, sem usar das prerrogativas de Poder Público,
âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e
ou institucional, estatutária, preponderando o ius imperii do Esta-
Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desem-
do. Melhor dizendo: o sistema preconizado pela Carta Política de
bargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e
1988 é o do contrato, que tanto pode ser trabalhista (inserindo-se
vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em es-
na esfera do Direito Privado) quanto administrativo (situando-se no
pécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do
campo do Direito Público). [...] Uma solução intermediária não dei-
Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério
xa, entretanto, de ser legítima. Pode-se, com certeza, abonar um
Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos.
sistema híbrido, eclético, no qual coexistam normas trabalhistas e
estatutárias, pondo-se em contiguidade os vínculos privado e admi-
Artigo 37, XII, CF. Os vencimentos dos cargos do Poder Legis-
nistrativo, no sentido de atender às exigências do Estado moderno,
lativo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos
que procura alcançar os seus objetivos com a mesma eficácia dos
pelo Poder Executivo.
empreendimentos não-governamentais”19.
Prevê a Lei nº 8.112/1990 em seu artigo 42:
Artigo 37, X, CF. A remuneração dos servidores públicos e o
Artigo 42, Lei nº 8.112/90. Nenhum servidor poderá perce-
subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados
ber, mensalmente, a título de remuneração, importância superior
ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em
à soma dos valores percebidos como remuneração, em espécie, a
cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e
qualquer título, no âmbito dos respectivos Poderes, pelos Minis-
sem distinção de índices.
tros de Estado, por membros do Congresso Nacional e Ministros do
19 VOGEL NETO, Gustavo Adolpho. Contratação de servidores para atender a ne-
Supremo Tribunal Federal. Parágrafo único. Excluem-se do teto de
cessidade temporária de excepcional interesse público. Disponível em: <http://
remuneração as vantagens previstas nos incisos II a VII do art. 61.
www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_39/Artigos/Art_Gustavo.htm>.
Acesso em: 23 dez. 2014.

41
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Com efeito, os §§ 11 e 12 do artigo 37, CF tecem aprofunda- § 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condiciona-
mentos sobre o mencionado inciso XI: da à comprovação da compatibilidade de horários.
Artigo 37, § 11, CF. Não serão computadas, para efeito dos li- § 3o Considera-se acumulação proibida a percepção de venci-
mites remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, mento de cargo ou emprego público efetivo com proventos da ina-
as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei. tividade, salvo quando os cargos de que decorram essas remunera-
Artigo 37, § 12, CF. Para os fins do disposto no inciso XI do caput ções forem acumuláveis na atividade.
deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar,
em seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constituições e Art. 119, Lei nº 8.112/1990. O servidor não poderá exercer
Lei Orgânica, como limite único, o subsídio mensal dos Desembar- mais de um cargo em comissão, exceto no caso previsto no pará-
gadores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa in- grafo único do art. 9o, nem ser remunerado pela participação em
teiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos órgão de deliberação coletiva.
Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o disposto Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à remu-
neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais neração devida pela participação em conselhos de administração e
e dos Vereadores. fiscal das empresas públicas e sociedades de economia mista, suas
Por seu turno, o artigo 37 quanto à vinculação ou equiparação subsidiárias e controladas, bem como quaisquer empresas ou enti-
salarial: dades em que a União, direta ou indiretamente, detenha participa-
Artigo 37, XIII, CF. É vedada a vinculação ou equiparação de ção no capital social, observado o que, a respeito, dispuser legisla-
quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração ção específica.
de pessoal do serviço público.
Os padrões de vencimentos são fixados por conselho de políti- Art. 120, Lei nº 8.112/1990. O servidor vinculado ao regime
ca de administração e remuneração de pessoal, integrado por ser- desta Lei, que acumular licitamente dois cargos efetivos, quando
vidores designados pelos respectivos Poderes (artigo 39, caput e § investido em cargo de provimento em comissão, ficará afastado de
1º), sem qualquer garantia constitucional de tratamento igualitário ambos os cargos efetivos, salvo na hipótese em que houver compa-
aos cargos que se mostrem similares. tibilidade de horário e local com o exercício de um deles, declarada
Artigo 37, XIV, CF. Os acréscimos pecuniários percebidos por pelas autoridades máximas dos órgãos ou entidades envolvidos.
servidor público não serão computados nem acumulados para fins
de concessão de acréscimos ulteriores. “Os artigos 118 a 120 da Lei nº 8.112/90 ao tratarem da acu-
A preocupação do constituinte, ao implantar tal preceito, foi mulação de cargos e funções públicas, regulamentam, no âmbito
de que não eclodisse no sistema remuneratório dos servidores, ou do serviço público federal a vedação genérica constante do art. 37,
seja, evitar que se utilize uma vantagem como base de cálculo de incisos VXI e XVII, da Constituição da República. De fato, a acumu-
um outro benefício. Dessa forma, qualquer gratificação que venha lação ilícita de cargos públicos constitui uma das infrações mais co-
a ser concedida ao servidor só pode ter como base de cálculo o pró- muns praticadas por servidores públicos, o que se constata obser-
prio vencimento básico. É inaceitável que se leve em consideração vando o elevado número de processos administrativos instaurados
outra vantagem até então percebida. com esse objeto. O sistema adotado pela Lei nº 8.112/90 é relativa-
Artigo 37, XVI, CF. É vedada a acumulação remunerada de car- mente brando, quando cotejado com outros estatutos de alguns Es-
gos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, tados, visto que propicia ao servidor incurso nessa ilicitude diversas
observado em qualquer caso o disposto no inciso XI: a) a de dois oportunidades para regularizar sua situação e escapar da pena de
cargos de professor; b) a de um cargo de professor com outro, téc- demissão. Também prevê a lei em comentário, um processo admi-
nico ou científico; c) a de dois cargos ou empregos privativos de nistrativo simplificado (processo disciplinar de rito sumário) para a
profissionais de saúde, com profissões regulamentadas. apuração dessa infração – art. 133” 21.
Artigo 37, XVII, CF. A proibição de acumular estende-se a em- Artigo 37, XVIII, CF. A administração fazendária e seus servido-
pregos e funções e abrange autarquias, fundações, empresas pú- res fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição,
blicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e socieda- precedência sobre os demais setores administrativos, na forma da
des controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público. lei.
Segundo Carvalho Filho20, “o fundamento da proibição é im-
pedir que o cúmulo de funções públicas faça com que o servidor Artigo 37, XXII, CF. As administrações tributárias da União, dos
não execute qualquer delas com a necessária eficiência. Além disso, Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais
porém, pode-se observar que o Constituinte quis também impedir ao funcionamento do Estado, exercidas por servidores de carreiras
a cumulação de ganhos em detrimento da boa execução de tarefas específicas, terão recursos prioritários para a realização de suas
públicas. [...] Nota-se que a vedação se refere à acumulação remu- atividades e atuarão de forma integrada, inclusive com o compar-
nerada. Em consequência, se a acumulação só encerra a percepção tilhamento de cadastros e de informações fiscais, na forma da lei
de vencimentos por uma das fontes, não incide a regra constitucio- ou convênio.
nal proibitiva”.
“O Estado tem como finalidade essencial a garantia do bem-
A Lei nº 8.112/1990 regulamenta intensamente a questão: -estar de seus cidadãos, seja através dos serviços públicos que dis-
Artigo 118, Lei nº 8.112/1990. Ressalvados os casos previstos ponibiliza, seja através de investimentos na área social (educação,
na Constituição, é vedada a acumulação remunerada de cargos saúde, segurança pública). Para atingir esses objetivos primários,
públicos. deve desenvolver uma atividade financeira, com o intuito de obter
§ 1o A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos recursos indispensáveis às necessidades cuja satisfação se compro-
e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas, meteu quando estabeleceu o “pacto” constitucional de 1988. [...]
sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal, dos
Estados, dos Territórios e dos Municípios.
21 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores Públicos da União.
20CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 23. ed. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos.com.br/artigos/almirmor-
Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. gado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.

42
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
A importância da Administração Tributária foi reconhecida ex- A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, regulamenta o art. 37,
pressamente pelo constituinte que acrescentou, no artigo 37 da inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e
Carta Magna, o inciso XVIII, estabelecendo a sua precedência e de contratos da Administração Pública e dá outras providências. Licita-
seus servidores sobre os demais setores da Administração Pública, ção nada mais é que o conjunto de procedimentos administrativos
dentro de suas áreas de competência”22. (administrativos porque parte da administração pública) para as
compras ou serviços contratados pelos governos Federal, Estadual
Artigo 37, XIX, CF. Somente por lei específica poderá ser criada ou Municipal, ou seja todos os entes federativos. De forma mais
autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de socie- simples, podemos dizer que o governo deve comprar e contratar
dade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complemen- serviços seguindo regras de lei, assim a licitação é um processo for-
tar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação. mal onde há a competição entre os interessados.
Artigo 37, §5º, CF. A lei estabelecerá os prazos de prescrição para
Artigo 37, XX, CF. Depende de autorização legislativa, em cada ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem
caso, a criação de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.
anterior, assim como a participação de qualquer delas em empresa
privada. A prescrição dos ilícitos praticados por servidor encontra disci-
plina específica no artigo 142 da Lei nº 8.112/1990:
Órgãos da administração indireta somente podem ser criados Art. 142, Lei nº 8.112/1990. A ação disciplinar prescreverá:
por lei específica e a criação de subsidiárias destes dependem de I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demis-
autorização legislativa (o Estado cria e controla diretamente deter- são, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de
minada empresa pública ou sociedade de economia mista, e estas, cargo em comissão;
por sua vez, passam a gerir uma nova empresa, denominada subsi- II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
diária. Ex.: Transpetro, subsidiária da Petrobrás). “Abrimos um pa- III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência.
rêntese para observar que quase todos os autores que abordam o § 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em que o
assunto afirmam categoricamente que, a despeito da referência no fato se tornou conhecido.
texto constitucional a ‘subsidiárias das entidades mencionadas no § 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às
inciso anterior’, somente empresas públicas e sociedades de eco- infrações disciplinares capituladas também como crime.
nomia mista podem ter subsidiárias, pois a relação de controle que § 3o A abertura de sindicância ou a instauração de processo
existe entre a pessoa jurídica matriz e a subsidiária seria própria de disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida por
pessoas com estrutura empresarial, e inadequada a autarquias e
autoridade competente.
fundações públicas. OUSAMOS DISCORDAR. Parece-nos que, se o
§ 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a
legislador de um ente federado pretendesse, por exemplo, auto-
correr a partir do dia em que cessar a interrupção.
rizar a criação de uma subsidiária de uma fundação pública, NÃO
haveria base constitucional para considerar inválida sua autoriza-
Prescrição é um instituto que visa regular a perda do direito
ção”23.
de acionar judicialmente. No caso, o prazo é de 5 anos para as in-
Ainda sobre a questão do funcionamento da administração in-
frações mais graves, 2 para as de gravidade intermediária (pena de
direta e de suas subsidiárias, destaca-se o previsto nos §§ 8º e 9º
do artigo 37, CF: suspensão) e 180 dias para as menos graves (pena de advertência),
Artigo 37, §8º, CF. A autonomia gerencial, orçamentária e fi- contados da data em que o fato se tornou conhecido pela adminis-
nanceira dos órgãos e entidades da administração direta e indireta tração pública. Se a infração disciplinar for crime, valerão os prazos
poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus prescricionais do direito penal, mais longos, logo, menos favoráveis
administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação ao servidor. Interrupção da prescrição significa parar a contagem
de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei do prazo para que, retornando, comece do zero. Da abertura da
dispor sobre: sindicância ou processo administrativo disciplinar até a decisão final
I - o prazo de duração do contrato; proferida por autoridade competente não corre a prescrição. Pro-
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direi- ferida a decisão, o prazo começa a contar do zero. Passado o prazo,
tos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; não caberá mais propor ação disciplinar.
III - a remuneração do pessoal. Artigo 37, §7º, CF. A lei disporá sobre os requisitos e as restri-
Artigo 37, § 9º, CF. O disposto no inciso XI aplica-se às empre- ções ao ocupante de cargo ou emprego da administração direta e
sas públicas e às sociedades de economia mista e suas subsidiá- indireta que possibilite o acesso a informações privilegiadas.
rias, que receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito Fe-
deral ou dos Municípios para pagamento de despesas de pessoal ou A Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013 dispõe sobre o conflito
de custeio em geral. de interesses no exercício de cargo ou emprego do Poder Executivo
Continua o artigo 37, CF: federal e impedimentos posteriores ao exercício do cargo ou em-
Artigo 37, XXI, CF. Ressalvados os casos especificados na legis- prego; e revoga dispositivos da Lei nº 9.986, de 18 de julho de 2000,
lação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados e das Medidas Provisórias nºs 2.216-37, de 31 de agosto de 2001, e
mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de 2.225-45, de 4 de setembro de 2001.
condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam Neste sentido, conforme seu artigo 1º:
obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da pro- Artigo 1º, Lei nº 12.813/2013. As situações que configuram
posta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências conflito de interesses envolvendo ocupantes de cargo ou emprego
de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do no âmbito do Poder Executivo federal, os requisitos e restrições a
cumprimento das obrigações. ocupantes de cargo ou emprego que tenham acesso a informações
privilegiadas, os impedimentos posteriores ao exercício do cargo ou
22 http://www.sindsefaz.org.br/parecer_administracao_tributaria_sao_
emprego e as competências para fiscalização, avaliação e preven-
paulo.htm
ção de conflitos de interesses regulam-se pelo disposto nesta Lei.
23 ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Administrativo Descomplicado. São Pau-
lo: GEN, 2014.

43
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
3) Atos de improbidade administrativa Como fica difícil imaginar que alguém possa se enriquecer ili-
A Lei n° 8.429/1992 trata da improbidade administrativa, que citamente por negligência, imprudência ou imperícia, todas as con-
é uma espécie qualificada de imoralidade, sinônimo de desones- dutas configuram atos dolosos (com intenção). Não cabe prática
tidade administrativa. A improbidade é uma lesão ao princípio da por omissão.25
moralidade, que deve ser respeitado estritamente pelo servidor
público. O agente ímprobo sempre será um violador do princípio b) Ato de improbidade administrativa que importe lesão ao
da moralidade, pelo qual “a Administração Pública deve agir com erário (artigo 10, Lei nº 8.429/1992)
boa-fé, sinceridade, probidade, lhaneza, lealdade e ética”24. O grupo intermediário de atos de improbidade administrativa
A atual Lei de Improbidade Administrativa foi criada devido ao se caracteriza pelos elementos: causar dano ao erário ou aos cofres
amplo apelo popular contra certas vicissitudes do serviço público públicos + gerando perda patrimonial ou dilapidação do patrimô-
que se intensificavam com a ineficácia do diploma então vigente, o nio público. Assim como o artigo anterior, o caput descreve a fór-
Decreto-Lei nº 3240/41. Decorreu, assim, da necessidade de acabar mula genérica e os incisos algumas atitudes específicas que exem-
com os atos atentatórios à moralidade administrativa e causadores plificam o seu conteúdo26.
de prejuízo ao erário público ou ensejadores de enriquecimento ilí- Perda patrimonial é o gênero, do qual são espécies: desvio, que
cito, infelizmente tão comuns no Brasil. é o direcionamento indevido; apropriação, que é a transferência in-
Com o advento da Lei nº 8.429/1992, os agentes públicos devida para a própria propriedade; malbaratamento, que significa
passaram a ser responsabilizados na esfera civil pelos atos de im- desperdício; e dilapidação, que se refere a destruição27.
probidade administrativa descritos nos artigos 9º, 10 e 11, ficando O objeto da tutela é a preservação do patrimônio público, em
sujeitos às penas do art. 12. A existência de esferas distintas de res- todos seus bens e valores. O pressuposto exigível é a ocorrência de
ponsabilidade (civil, penal e administrativa) impede falar-se em bis dano ao patrimônio dos sujeitos passivos.
in idem, já que, ontologicamente, não se trata de punições idênti- Este artigo admite expressamente a variante culposa, o que
cas, embora baseadas no mesmo fato, mas de responsabilização em muitos entendem ser inconstitucional. O STJ, no REsp n° 939.142/
esferas distintas do Direito. RJ, apontou alguns aspectos da inconstitucionalidade do artigo.
Destaca-se um conceito mais amplo de agente público previsto Contudo, “a jurisprudência do STJ consolidou a tese de que é indis-
pela lei nº 8.429/1992 em seus artigos 1º e 2º porque o agente pú- pensável a existência de dolo nas condutas descritas nos artigos
blico pode ser ou não um servidor público. Ele poderá estar vincu- 9º e 11 e ao menos de culpa nas hipóteses do artigo 10, nas quais
lado a qualquer instituição ou órgão que desempenhe diretamente o dano ao erário precisa ser comprovado. De acordo com o minis-
o interesse do Estado. Assim, estão incluídos todos os integrantes tro Castro Meira, a conduta culposa ocorre quando o agente não
da administração direta, indireta e fundacional, conforme o preâm- pretende atingir o resultado danoso, mas atua com negligência,
bulo da legislação. imprudência ou imperícia (REsp n° 1.127.143)”28. Para Carvalho
Pode até mesmo ser uma entidade privada que desempenhe Filho29, não há inconstitucionalidade na modalidade culposa, lem-
tais fins, desde que a verba de criação ou custeio tenha sido ou brando que é possível dosar a pena conforme o agente aja com dolo
seja pública em mais de 50% do patrimônio ou receita anual. Caso ou culpa.
a verba pública que tenha auxiliado uma entidade privada a qual O ponto central é lembrar que neste artigo não se exige que
o Estado não tenha concorrido para criação ou custeio, também o sujeito ativo tenha percebido vantagens indevidas, basta o dano
haverá sujeição às penalidades da lei. Em caso de custeio/criação ao erário. Se tiver recebido vantagem indevida, incide no artigo an-
pelo Estado que seja inferior a 50% do patrimônio ou receita anual, terior. Exceto pela não percepção da vantagem indevida, os tipos
a legislação ainda se aplica. Entretanto, nestes dois casos, a sanção exemplificados se aproximam muito dos previstos nos incisos do
patrimonial se limitará ao que o ilícito repercutiu sobre a contri- art. 9°.
buição dos cofres públicos. Significa que se o prejuízo causado for
maior que a efetiva contribuição por parte do poder público, o res- c) Ato de Improbidade Administrativa Decorrentes de Conces-
sarcimento terá que ser buscado por outra via que não a ação de são ou Aplicação Indevida de Benefício Financeiro ou Tributário
improbidade administrativa. (Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016)
A legislação em estudo, por sua vez, divide os atos de improbi- Uma das alterações recentes à disciplina do ISS visou evitar a
dade administrativa em três categorias: continuidade da guerra fiscal entre os municípios, fixando-se a alí-
quota mínima em 2%.
a) Ato de improbidade administrativa que importe enriqueci- Com efeito, os municípios não poderão fixar dentro de sua
mento ilícito (artigo 9º, Lei nº 8.429/1992) competência constitucional alíquotas inferiores a 2% para atrair e
O grupo mais grave de atos de improbidade administrativa se fomentar investimentos novos (incentivo fiscal), prejudicando os
caracteriza pelos elementos: enriquecimento + ilícito + resultante municípios vizinhos.
de uma vantagem patrimonial indevida + em razão do exercício de Em razão disso, tipifica-se como ato de improbidade adminis-
cargo, mandato, emprego, função ou outra atividade nas entidades trativa a eventual concessão do benefício abaixo da alíquota míni-
do artigo 1° da Lei nº 8.429/1992. ma.
O enriquecimento deve ser ilícito, afinal, o Estado não se opõe
25 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Método,
que o indivíduo enriqueça, desde que obedeça aos ditames morais,
2011.
notadamente no desempenho de função de interesse estatal.
26 Ibid.
Exige-se que o sujeito obtenha vantagem patrimonial ilícita.
27 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 23.
Contudo, é dispensável que efetivamente tenha ocorrido dano aos
ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
cofres públicos (por exemplo, quando um policial recebe propina
28BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Improbidade administrativa: desones-
pratica ato de improbidade administrativa, mas não atinge direta-
tidade na gestão dos recursos públicos. Disponível em: <http://www.stj.gov.
mente os cofres públicos).
br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=103422>.
Acesso em: 26 mar. 2013.
24 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado. 15. ed. São 29 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 23.
Paulo: Saraiva, 2011. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
d) Ato de improbidade administrativa que atente contra os A única sanção que se encontra prevista na Lei nº 8.429/1992
princípios da administração pública (artigo 11, Lei nº 8.429/1992) mas não na Constituição Federal é a de multa. (art. 37, §4°, CF).
Nos termos do artigo 11 da Lei nº 8.429/1992, “constitui ato de Não há nenhuma inconstitucionalidade disto, pois nada impediria
improbidade administrativa que atenta contra os princípios da ad- que o legislador infraconstitucional ampliasse a relação mínima de
ministração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres penalidades da Constituição, pois esta não limitou tal possibilidade
de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às institui- e porque a lei é o instrumento adequado para tanto31.
ções [...]”. O grupo mais ameno de atos de improbidade adminis- Carvalho Filho32 tece considerações a respeito de algumas das
trativa se caracteriza pela simples violação a princípios da adminis- sanções:
tração pública, ou seja, aplica-se a qualquer atitude do sujeito ativo - Perda de bens e valores: “tal punição só incide sobre os bens
que viole os ditames éticos do serviço público. Isto é, o legislador acrescidos após a prática do ato de improbidade. Se alcançasse an-
pretende a preservação dos princípios gerais da administração pú- teriores, ocorreria confisco, o que restaria sem escora constitucio-
blica30. nal. Além disso, o acréscimo deve derivar de origem ilícita”.
O objeto de tutela são os princípios constitucionais. Basta a vul- - Ressarcimento integral do dano: há quem entenda que en-
neração em si dos princípios, sendo dispensáveis o enriquecimento globa dano moral. Cabe acréscimo de correção monetária e juros
ilícito e o dano ao erário. Somente é possível a prática de algum de mora.
destes atos com dolo (intenção), embora caiba a prática por ação - Perda de função pública: “se o agente é titular de mandato,
ou omissão. a perda se processa pelo instrumento de cassação. Sendo servidor
Será preciso utilizar razoabilidade e proporcionalidade para estatutário, sujeitar-se-á à demissão do serviço público. Havendo
não permitir a caracterização de abuso de poder, diante do conteú- contrato de trabalho (servidores trabalhistas e temporários), a per-
do aberto do dispositivo. Na verdade, trata-se de tipo subsidiário, da da função pública se consubstancia pela rescisão do contrato
ou seja, que se aplica quando o ato de improbidade administrativa com culpa do empregado. No caso de exercer apenas uma função
não tiver gerado obtenção de vantagem pública, fora de tais situações, a perda se dará pela revogação da
Com efeito, os atos de improbidade administrativa não são cri- designação”. Lembra-se que determinadas autoridades se sujeitam
mes de responsabilidade. Trata-se de punição na esfera cível, não a procedimento especial para perda da função pública, ponto em
criminal. Por isso, caso o ato configure simultaneamente um ato que não se aplica a Lei de Improbidade Administrativa.
de improbidade administrativa desta lei e um crime previsto na le- - Multa: a lei indica inflexibilidade no limite máximo, mas fle-
gislação penal, o que é comum no caso do artigo 9°, responderá o xibilidade dentro deste limite, podendo os julgados nesta margem
agente por ambos, nas duas esferas. optar pela mais adequada. Há ainda variabilidade na base de cál-
culo, conforme o tipo de ato de improbidade (a base será o valor
Em suma, a lei encontra-se estruturada da seguinte forma: ini- do enriquecimento ou o valor do dano ou o valor da remuneração
cialmente, trata das vítimas possíveis (sujeito passivo) e daqueles do agente). A natureza da multa é de sanção civil, não possuindo
que podem praticar os atos de improbidade administrativa (sujeito caráter indenizatório, mas punitivo.
ativo); ainda, aborda a reparação do dano ao lesionado e o ressar- - Proibição de receber benefícios: não se incluem as imunida-
cimento ao patrimônio público; após, traz a tipologia dos atos de des genéricas e o agente punido deve ser ao menos sócio majoritá-
improbidade administrativa, isto é, enumera condutas de tal natu- rio da instituição vitimada.
reza; seguindo-se à definição das sanções aplicáveis; e, finalmente, - Proibição de contratar: o agente punido não pode participar
descreve os procedimentos administrativo e judicial. de processos licitatórios.
No caso do art. 9°, categoria mais grave, o agente obtém um
enriquecimento ilícito (vantagem econômica indevida) e pode ain- 4) Responsabilidade civil do Estado e de seus servidores
da causar dano ao erário, por isso, deverá não só reparar eventual O instituto da responsabilidade civil é parte integrante do direi-
dano causado mas também colocar nos cofres públicos tudo o que to obrigacional, uma vez que a principal consequência da prática de
adquiriu indevidamente. Ou seja, poderá pagar somente o que enri- um ato ilícito é a obrigação que gera para o seu auto de reparar o
queceu indevidamente ou este valor acrescido do valor do prejuízo dano, mediante o pagamento de indenização que se refere às per-
causado aos cofres públicos (quanto o Estado perdeu ou deixou de das e danos. Afinal, quem pratica um ato ou incorre em omissão
ganhar). No caso do artigo 10, não haverá enriquecimento ilícito, que gere dano deve suportar as consequências jurídicas decorren-
mas sempre existirá dano ao erário, o qual será reparado (even- tes, restaurando-se o equilíbrio social.33
tualmente, ocorrerá o enriquecimento ilícito, devendo o valor ad- A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, podendo re-
quirido ser tomado pelo Estado). Na hipótese do artigo 10-A, não cair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os limites da herança,
se denota nem enriquecimento ilícito e nem dano ao erário, pois embora existam reflexos na ação que apure a responsabilidade civil
no máximo a prática de guerra fiscal pode gerar. Já no artigo 11, o conforme o resultado na esfera penal (por exemplo, uma absolvição
máximo que pode ocorrer é o dano ao erário, com o devido ressar- por negativa de autoria impede a condenação na esfera cível, ao
cimento. Além disso, em todos os casos há perda da função pública. passo que uma absolvição por falta de provas não o faz).
Nas três categorias, são estabelecidas sanções de suspensão dos A responsabilidade civil do Estado acompanha o raciocínio de
direitos políticos, multa e vedação de contratação ou percepção de que a principal consequência da prática de um ato ilícito é a obrigação
vantagem, graduadas conforme a gravidade do ato. É o que se de- que gera para o seu auto de reparar o dano, mediante o pagamento
preende da leitura do artigo 12 da Lei nº 8.929/1992 como §4º do de indenização que se refere às perdas e danos. Todos os cidadãos se
artigo 37, CF, que prevê: “Os atos de improbidade administrativa sujeitam às regras da responsabilidade civil, tanto podendo buscar o
importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função ressarcimento do dano que sofreu quanto respondendo por aqueles
pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, danos que causar. Da mesma forma, o Estado tem o dever de indeni-
na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal
31 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 23.
cabível”.
ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
32 Ibid.
30 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Método, 33 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 9. ed. São Paulo:
2011. Saraiva, 2005.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
zar os membros da sociedade pelos danos que seus agentes causem será subjetiva, ou seja, caberá ao Estado provar a culpa do agente
durante a prestação do serviço, inclusive se tais danos caracterizarem pelo dano causado, ao qual foi anteriormente condenado a reparar.
uma violação aos direitos humanos reconhecidos. Direito de regresso é justamente o direito de acionar o causador
direto do dano para obter de volta aquilo que pagou à vítima, consi-
Trata-se de responsabilidade extracontratual porque não de- derada a existência de uma relação obrigacional que se forma entre
pende de ajuste prévio, basta a caracterização de elementos gené- a vítima e a instituição que o agente compõe.
ricos pré-determinados, que perpassam pela leitura concomitante Assim, o Estado responde pelos danos que seu agente causar
do Código Civil (artigos 186, 187 e 927) com a Constituição Federal aos membros da sociedade, mas se este agente agiu com dolo ou
(artigo 37, §6°). culpa deverá ressarcir o Estado do que foi pago à vítima. O agente
Genericamente, os elementos da responsabilidade civil se en- causará danos ao praticar condutas incompatíveis com o comporta-
contram no art. 186 do Código Civil: mento ético dele esperado.34
Artigo 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, A responsabilidade civil do servidor exige prévio processo ad-
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ministrativo disciplinar no qual seja assegurado contraditório e am-
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. pla defesa. Trata-se de responsabilidade civil subjetiva ou com cul-
Este é o artigo central do instituto da responsabilidade civil, pa. Havendo ação ou omissão com culpa do servidor que gere dano
que tem como elementos: ação ou omissão voluntária (agir como ao erário (Administração) ou a terceiro (administrado), o servidor
não se deve ou deixar de agir como se deve), culpa ou dolo do agen- terá o dever de indenizar.
te (dolo é a vontade de cometer uma violação de direito e culpa é Não obstante, agentes públicos que pratiquem atos violadores
a falta de diligência), nexo causal (relação de causa e efeito entre a de direitos humanos se sujeitam à responsabilidade penal e à res-
ação/omissão e o dano causado) e dano (dano é o prejuízo sofrido ponsabilidade administrativa, todas autônomas uma com relação
pelo agente, que pode ser individual ou coletivo, moral ou material, à outra e à já mencionada responsabilidade civil. Neste sentido, o
econômico e não econômico). artigo 125 da Lei nº 8.112/90:
1) Dano - somente é indenizável o dano certo, especial e anor- Artigo 125, Lei nº 8.112/1990. As sanções civis, penais e admi-
mal. Certo é o dano real, existente. Especial é o dano específico, nistrativas poderão cumular-se, sendo independentes entre si.
individualizado, que atinge determinada ou determinadas pessoas.
Anormal é o dano que ultrapassa os problemas comuns da vida em No caso da responsabilidade civil, o Estado é diretamente acio-
sociedade (por exemplo, infelizmente os assaltos são comuns e o nado e responde pelos atos de seus servidores que violem direitos
Estado não responde por todo assalto que ocorra, a não ser que na humanos, cabendo eventualmente ação de regresso contra ele.
circunstância específica possuía o dever de impedir o assalto, como Contudo, nos casos da responsabilidade penal e da responsabilida-
no caso de uma viatura presente no local - muito embora o direito à de administrativa aciona-se o agente público que praticou o ato.
segurança pessoal seja um direito humano reconhecido). São inúmeros os exemplos de crimes que podem ser praticados
2) Agentes públicos - é toda pessoa que trabalhe dentro da ad-
pelo agente público no exercício de sua função que violam direitos
ministração pública, tenha ingressado ou não por concurso, possua
humanos. A título de exemplo, peculato, consistente em apropria-
cargo, emprego ou função. Envolve os agentes políticos, os servido-
ção ou desvio de dinheiro público (art. 312, CP), que viola o bem
res públicos em geral (funcionários, empregados ou temporários) e
comum e o interesse da coletividade; concussão, que é a exigência
os particulares em colaboração (por exemplo, jurado ou mesário).
de vantagem indevida (art. 316, CP), expondo a vítima a uma situa-
3) Dano causado quando o agente estava agindo nesta qualida-
ção de constrangimento e medo que viola diretamente sua dignida-
de - é preciso que o agente esteja lançando mão das prerrogativas
de; tortura, a mais cruel forma de tratamento humano, cuja pena é
do cargo, não agindo como um particular.
agravada quando praticada por funcionário público (art. 1º, §4º, I,
Sem estes três requisitos, não será possível acionar o Estado Lei nº 9.455/97); etc.
para responsabilizá-lo civilmente pelo dano, por mais relevante Quanto à responsabilidade administrativa, menciona-se, a títu-
que tenha sido a esfera de direitos atingida. Assim, não é qualquer lo de exemplo, as penalidades cabíveis descritas no art. 127 da Lei
dano que permite a responsabilização civil do Estado, mas somente nº 8.112/90, que serão aplicadas pelo funcionário que violar a ética
aquele que é causado por um agente público no exercício de suas do serviço público, como advertência, suspensão e demissão.
funções e que exceda as expectativas do lesado quanto à atuação Evidencia-se a independência entre as esferas civil, penal e
do Estado. administrativa no que tange à responsabilização do agente público
É preciso lembrar que não é o Estado em si que viola os direitos que cometa ato ilícito.
humanos, porque o Estado é uma ficção formada por um grupo de Tomadas as exigências de características dos danos acima co-
pessoas que desempenham as atividades estatais diversas. Assim, lacionadas, notadamente a anormalidade, considera-se que para o
viola direitos humanos não o Estado em si, mas o agente que o re- Estado ser responsabilizado por um dano, ele deve exceder expec-
presenta, fazendo com que o próprio Estado seja responsabilizado tativas cotidianas, isto é, não cabe exigir do Estado uma excepcional
por isso civilmente, pagando pela indenização (reparação dos danos vigilância da sociedade e a plena cobertura de todas as fatalidades
materiais e morais). Sem prejuízo, com relação a eles, caberá ação que possam acontecer em território nacional.
de regresso se agiram com dolo ou culpa. Diante de tal premissa, entende-se que a responsabilidade civil
Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal: do Estado será objetiva apenas no caso de ações, mas subjetiva
Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito público e as de no caso de omissões. Em outras palavras, verifica-se se o Estado se
direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos omitiu tendo plenas condições de não ter se omitido, isto é, ter dei-
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, xado de agir quando tinha plenas condições de fazê-lo, acarretando
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos em prejuízo dentro de sua previsibilidade.
de dolo ou culpa. São casos nos quais se reconheceu a responsabilidade omissiva
do Estado: morte de filho menor em creche municipal, buracos não
Este artigo deixa clara a formação de uma relação jurídica autô- sinalizados na via pública, tentativa de assalto a usuário do metrô
noma entre o Estado e o agente público que causou o dano no de-
sempenho de suas funções. Nesta relação, a responsabilidade civil 34 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Método,
2011.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
resultando em morte, danos provocados por enchentes e escoa- § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os
mento de águas pluviais quando o Estado sabia da problemática e Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão
não tomou providência para evitá-las, morte de detento em prisão, remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela úni-
incêndio em casa de shows fiscalizada com negligência, etc. ca, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono,
Logo, não é sempre que o Estado será responsabilizado. Há ex- prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória,
cludentes da responsabilidade estatal, notadamente: a) caso for- obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
tuito (fato de terceiro) ou força maior (fato da natureza) fora dos § 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
alcances da previsibilidade do dano; b) culpa exclusiva da vítima. cípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor remu-
neração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer caso, o
5) Exercício de mandato eletivo por servidores públicos disposto no art. 37, XI.
A questão do exercício de mandato eletivo pelo servidor públi- § 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão
co encontra previsão constitucional em seu artigo 38, que notada- anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos cargos e
mente estabelece quais tipos de mandatos geram incompatibilida- empregos públicos.
de ao serviço público e regulamenta a questão remuneratória: § 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
cípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários provenien-
Artigo 38, CF. Ao servidor público da administração direta, au- tes da economia com despesas correntes em cada órgão, autarquia
tárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se e fundação, para aplicação no desenvolvimento de programas de
as seguintes disposições: qualidade e produtividade, treinamento e desenvolvimento, mo-
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, dernização, reaparelhamento e racionalização do serviço público,
ficará afastado de seu cargo, emprego ou função; inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade.
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, § 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em
emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remune- carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º.
ração;
III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibili- Artigo 40, CF. Aos servidores titulares de cargos efetivos da
dade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas
ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência
havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior; de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do res-
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício pectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensio-
de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos nistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e
os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento; atuarial e o disposto neste artigo.
V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de afas- § 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de
tamento, os valores serão determinados como se no exercício es- que trata este artigo serão aposentados, calculados os seus proven-
tivesse. tos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e 17:
I - por invalidez permanente, sendo os proventos proporcio-
6) Regime de remuneração e previdência dos servidores pú- nais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de acidente
blicos em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou
Regulamenta-se o regime de remuneração e previdência dos incurável, na forma da lei;
servidores públicos nos artigo 39 e 40 da Constituição Federal: II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo
de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta
Artigo 39, CF. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu- e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar;
nicípios instituirão conselho de política de administração e remu- III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de
neração de pessoal, integrado por servidores designados pelos res- dez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco anos no
pectivos Poderes. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, cargo efetivo em que se dará a aposentadoria, observadas as se-
de 1998 e aplicação suspensa pela ADIN nº 2.135-4, destacando-se guintes condições:
a redação anterior: “A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu- a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se
nicípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta de contribuição,
único e planos de carreira para os servidores da administração pú- se mulher;
blica direta, das autarquias e das fundações públicas”). b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais compo- de idade, se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de
nentes do sistema remuneratório observará: contribuição.
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos § 2º Os proventos de aposentadoria e as pensões, por ocasião
cargos componentes de cada carreira; de sua concessão, não poderão exceder a remuneração do respecti-
II - os requisitos para a investidura; vo servidor, no cargo efetivo em que se deu a aposentadoria ou que
serviu de referência para a concessão da pensão.
III - as peculiaridades dos cargos.
§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por oca-
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas
sião da sua concessão, serão consideradas as remunerações utili-
de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores
zadas como base para as contribuições do servidor aos regimes de
públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requisi-
previdência de que tratam este artigo e o art. 201, na forma da lei.
tos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração
§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados
de convênios ou contratos entre os entes federados.
para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o
de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em leis
disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV,XVI, XVII, XVIII, XIX,
complementares, os casos de servidores:
XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de I - portadores de deficiência;
admissão quando a natureza do cargo o exigir. II - que exerçam atividades de risco;

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
III - cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais § 17. Todos os valores de remuneração considerados para o cál-
que prejudiquem a saúde ou a integridade física. culo do benefício previsto no § 3° serão devidamente atualizados,
§ 5º Os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão na forma da lei.
reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no § 1º, III, a, para § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentado-
o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exer- rias e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que
cício das funções de magistério na educação infantil e no ensino superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime
fundamental e médio. geral de previdência social de que trata o art. 201, com percentual
§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos.
acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção § 19. O servidor de que trata este artigo que tenha completado
de mais de uma aposentadoria à conta do regime de previdência as exigências para aposentadoria voluntária estabelecidas no § 1º,
previsto neste artigo. III, a, e que opte por permanecer em atividade fará jus a um abono
§ 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pensão por de permanência equivalente ao valor da sua contribuição previden-
morte, que será igual: ciária até completar as exigências para aposentadoria compulsória
I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor falecido, até contidas no § 1º, II.
o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de § 20. Fica vedada a existência de mais de um regime próprio
previdência social de que trata o art. 201, acrescido de setenta por de previdência social para os servidores titulares de cargos efeti-
cento da parcela excedente a este limite, caso aposentado à data vos, e de mais de uma unidade gestora do respectivo regime em
do óbito; ou cada ente estatal, ressalvado o disposto no art. 142, § 3º, X.
II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor no cargo § 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá ape-
efetivo em que se deu o falecimento, até o limite máximo estabele- nas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e de pensão
cido para os benefícios do regime geral de previdência social de que que superem o dobro do limite máximo estabelecido para os be-
trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da parcela exceden- nefícios do regime geral de previdência social de que trata o art.
te a este limite, caso em atividade na data do óbito. 201 desta Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei, for
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preser- portador de doença incapacitante.
var-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios
estabelecidos em lei. 7) Estágio probatório e perda do cargo
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual ou municipal Estabelece a Constituição Federal em seu artigo 41, a ser lido
será contado para efeito de aposentadoria e o tempo de serviço em conjunto com o artigo 20 da Lei nº 8.112/1990:
correspondente para efeito de disponibilidade.
§ 10. A lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem Artigo 41, CF. São estáveis após três anos de efetivo exercício
de tempo de contribuição fictício. os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em vir-
§ 11. Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos tude de concurso público.
proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da acumu- § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
lação de cargos ou empregos públicos, bem como de outras ativi- I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
dades sujeitas a contribuição para o regime geral de previdência II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegu-
social, e ao montante resultante da adição de proventos de inativi- rada ampla defesa;
dade com remuneração de cargo acumulável na forma desta Cons- III - mediante procedimento de avaliação periódica de desem-
tituição, cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e penho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.
exoneração, e de cargo eletivo. § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor
§ 12. Além do disposto neste artigo, o regime de previdência estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se
dos servidores públicos titulares de cargo efetivo observará, no que estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização,
couber, os requisitos e critérios fixados para o regime geral de pre- aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com remu-
vidência social. neração proporcional ao tempo de serviço.
§ 13. Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em co- § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o ser-
missão declarado em lei de livre nomeação e exoneração bem como vidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração propor-
de outro cargo temporário ou de emprego público, aplica-se o regi- cional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em
me geral de previdência social. outro cargo.
§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, desde § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obriga-
que instituam regime de previdência complementar para os seus res- tória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída
pectivos servidores titulares de cargo efetivo, poderão fixar, para o va- para essa finalidade.
lor das aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo regime de
que trata este artigo, o limite máximo estabelecido para os benefícios Art. 20, Lei nº 8.112/1990. Ao entrar em exercício, o servidor
do regime geral de previdência social de que trata o art. 201. nomeado para cargo de provimento efetivo ficará sujeito a estágio
§ 15. O regime de previdência complementar de que trata o § probatório por período de 24 (vinte e quatro) meses, durante o qual
14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, a sua aptidão e capacidade serão objeto de avaliação para o de-
observado o disposto no art. 202 e seus parágrafos, no que couber, sempenho do cargo, observados os seguinte fatores:
por intermédio de entidades fechadas de previdência complemen- I - assiduidade;
tar, de natureza pública, que oferecerão aos respectivos participan- II - disciplina;
tes planos de benefícios somente na modalidade de contribuição III - capacidade de iniciativa;
definida. IV - produtividade;
§ 16. Somente mediante sua prévia e expressa opção, o dispos- V - responsabilidade.
to nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver ingressa- § 1º 4 (quatro) meses antes de findo o período do estágio pro-
do no serviço público até a data da publicação do ato de instituição batório, será submetida à homologação da autoridade competen-
do correspondente regime de previdência complementar. te a avaliação do desempenho do servidor, realizada por comissão

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
constituída para essa finalidade, de acordo com o que dispuser a lei
ou o regulamento da respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo da DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTI-
continuidade de apuração dos fatores enumerados nos incisos I a V CAS.SEGURANÇA PÚBLICA
do caput deste artigo.
§ 2º O servidor não aprovado no estágio probatório será exone- TÍTULO V
rado ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormente ocupado, DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS
observado o disposto no parágrafo único do art. 29.
§ 3º O servidor em estágio probatório poderá exercer quais- Estado de defesa e estado de sítio
quer cargos de provimento em comissão ou funções de direção, O título V, intitulado “Da Defesa do Estado e Das Instituições
chefia ou assessoramento no órgão ou entidade de lotação, e so- Democráticas”, trabalha em seu capítulo I com o Estado de Defesa
mente poderá ser cedido a outro órgão ou entidade para ocupar e o Estado de Sítio.
cargos de Natureza Especial, cargos de provimento em comissão do Estado de defesa e estado de sítio são duas situações excep-
Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e cionais decretadas pelo Chefe do Executivo Federal, cumpridos de-
4, ou equivalentes. terminados requisitos, visando preservar o próprio Estado e suas
§ 4º Ao servidor em estágio probatório somente poderão ser instituições democráticas.
concedidas as licenças e os afastamentos previstos nos arts. 81, O estado de defesa é decretado para preservar ou restabelecer,
incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afastamento para participar em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social
de curso de formação decorrente de aprovação em concurso para ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atin-
outro cargo na Administração Pública Federal. gidas por calamidades de grandes proporções na natureza.
§ 5º O estágio probatório ficará suspenso durante as licenças e O estado de sítio é decretado quando estado de defesa não
os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o, 86 e 96, bem assim resolveu o problema, quando o problema atinge todo o país, ou em
na hipótese de participação em curso de formação, e será retomado casos de guerra.
a partir do término do impedimento. A disciplina se encontra do artigo 136, CF ao artigo 141, CF, que
seguem.
O estágio probatório pode ser definido como um lapso de tem-
po no qual a aptidão e capacidade do servidor serão avaliadas de SEÇÃO I
acordo com critérios de assiduidade, disciplina, capacidade de ini- DO ESTADO DE DEFESA
ciativa, produtividade e responsabilidade. O servidor não aprovado
no estágio probatório será exonerado ou, se estável, reconduzido Art. 136, CF. O Presidente da República pode, ouvidos o Conse-
ao cargo anteriormente ocupado. Não existe vedação para um ser- lho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado
vidor em estágio probatório exercer quaisquer cargos de provimen- de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais
to em comissão ou funções de direção, chefia ou assessoramento restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaça-
no órgão ou entidade de lotação. das por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por
Desde a Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a disciplina do calamidades de grandes proporções na natureza.
estágio probatório mudou, notadamente aumentando o prazo de 2 § 1º O decreto que instituir o estado de defesa determinará o
anos para 3 anos. Tendo em vista que a norma constitucional preva- tempo de sua duração, especificará as áreas a serem abrangidas e
lece sobre a lei federal, mesmo que ela não tenha sido atualizada, indicará, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigo-
deve-se seguir o disposto no artigo 41 da Constituição Federal. rarem, dentre as seguintes:
Uma vez adquirida a aprovação no estágio probatório, o ser- I - restrições aos direitos de:
vidor público somente poderá ser exonerado nos casos do §1º do a) reunião, ainda que exercida no seio das associações;
artigo 40 da Constituição Federal, notadamente: em virtude de b) sigilo de correspondência;
sentença judicial transitada em julgado; mediante processo admi- c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;
nistrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; ou mediante II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na
procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos
de lei complementar, assegurada ampla defesa (sendo esta lei com- e custos decorrentes.
plementar ainda inexistente no âmbito federal. § 2º O tempo de duração do estado de defesa não será superior
a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual período, se
8) Dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Terri- persistirem as razões que justificaram a sua decretação.
tórios § 3º Na vigência do estado de defesa:
Prevê o artigo 42, CF: I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo exe-
Art. 42. Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bom- cutor da medida, será por este comunicada imediatamente ao juiz
beiros Militares, instituições organizadas com base na hierarquia competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso re-
e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos querer exame de corpo de delito à autoridade policial;
Territórios. II - a comunicação será acompanhada de declaração, pela au-
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e toridade, do estado físico e mental do detido no momento de sua
dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições autuação;
do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser
a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º, superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário;
inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.
governadores. § 4º Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Pre-
§ 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito Fe- sidente da República, dentro de vinte e quatro horas, submeterá o
deral e dos Territórios aplica-se o que for fixado em lei específica do ato com a respectiva justificação ao Congresso Nacional, que deci-
respectivo ente estatal. dirá por maioria absoluta.

49
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convoca- I - obrigação de permanência em localidade determinada;
do, extraordinariamente, no prazo de cinco dias. II - detenção em edifício não destinado a acusados ou condena-
§ 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de dez dos por crimes comuns;
dias contados de seu recebimento, devendo continuar funcionando III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao
enquanto vigorar o estado de defesa. sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade
§ 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de de- de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei;
fesa. IV - suspensão da liberdade de reunião;
V - busca e apreensão em domicílio;
Da disciplina do Estado de Defesa no artigo 136, CF podem ser VI - intervenção nas empresas de serviços públicos;
extraídos alguns aspectos relevantes. VII - requisição de bens.
Primeiro, a finalidade do Estado de Defesa, que é a preservação Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso III a difu-
ou restabelecimento em locais restritos e determinados a ordem são de pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas Ca-
pública e a paz social que estejam ameaçados por grave instabilida- sas Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa.
de institucional ou calamidade de grande proporção.
Ainda, a especificidade que se percebe pela exigência de de- No Estado de Sítio também é necessária a oitiva do Conselho
terminação do local e do prazo de vigência (que não pode exceder da República e do Conselho de Defesa Nacional, bem como a apro-
30 dias, prorrogáveis por mais 30 dias), bem como pela delimitação vação pelo Congresso Nacional. As hipóteses são de grave comoção
de medidas. nacional, ineficácia do estado de defesa e estado de guerra. Tam-
Nota-se que a natureza das medidas cabíveis ora se voltam ao bém há requisitos de especificidade quanto ao tempo, áreas abran-
estado de defesa por instabilidade institucional (casos do inciso I do gidas e medidas coercitivas a serem aplicados no Estado de Sítio.
§1º, restringindo certos sigilos e o direito de reunião) e ora se vol- Entre as medidas coercitivas cabíveis no Estado de Sítio, estão as
tam ao estado de defesa por calamidade (caso do inciso II do §1º, enumeradas no artigo 139, CF.
com uso temporário de bens e serviços públicos).
Por fim, destaca-se que a decretação do Estado de Defesa, em- SEÇÃO III
bora seja feita pelo Presidente da República, não é um ato arbitrário DISPOSIÇÕES GERAIS
porque ele deve ouvir a opinião do Conselho da República e do Con-
selho de Defesa Nacional e depois submeter o decreto para aprova- Art. 140, CF. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes
ção pelo Congresso Nacional por maioria absoluta. partidários, designará Comissão composta de cinco de seus mem-
bros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referen-
tes ao estado de defesa e ao estado de sítio.
SEÇÃO II
DO ESTADO DE SÍTIO
Art. 141, CF. Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio,
cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade
Art. 137, CF. O Presidente da República pode, ouvidos o Con-
pelos ilícitos cometidos por seus executores ou agentes.
selho da República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao
Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa ou o estado
Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio nos
de sítio, as medidas aplicadas em sua vigência serão relatadas pelo
casos de:
Presidente da República, em mensagem ao Congresso Nacional,
I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de com especificação e justificação das providências adotadas, com
fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o es- relação nominal dos atingidos e indicação das restrições aplicadas.
tado de defesa; O Congresso Nacional, mediante Comissão específica, exer-
II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão ar- ce atividade fiscalizatória das medidas coercitivas. Praticados atos
mada estrangeira. atentatórios serão punidos mesmo após cessado o estado de defe-
Parágrafo único. O Presidente da República, ao solicitar autori- sa ou de sítio.
zação para decretar o estado de sítio ou sua prorrogação, relatará
os motivos determinantes do pedido, devendo o Congresso Nacio- Forças armadas
nal decidir por maioria absoluta. Já o capítulo II do título V aborda as forças armadas, que exer-
cem a defesa do Estado.
Art. 138, CF. O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as
normas necessárias a sua execução e as garantias constitucionais que CAPÍTULO II
ficarão suspensas, e, depois de publicado, o Presidente da República DAS FORÇAS ARMADAS
designará o executor das medidas específicas e as áreas abrangidas.
§ 1º O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não poderá ser Art. 142, CF. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha,
decretado por mais de trinta dias, nem prorrogado, de cada vez, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais perma-
por prazo superior; no do inciso II, poderá ser decretado por todo nentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disci-
o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira. plina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e des-
§ 2º Solicitada autorização para decretar o estado de sítio du- tinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais
rante o recesso parlamentar, o Presidente do Senado Federal, de e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
imediato, convocará extraordinariamente o Congresso Nacional § 1º Lei complementar estabelecerá as normas gerais a serem
para se reunir dentro de cinco dias, a fim de apreciar o ato. adotadas na organização, no preparo e no emprego das Forças Ar-
§ 3º O Congresso Nacional permanecerá em funcionamento madas.
até o término das medidas coercitivas. § 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições discipli-
nares militares.
Art. 139, CF. Na vigência do estado de sítio decretado com fun- § 3º Os membros das Forças Armadas são denominados milita-
damento no art. 137, I, só poderão ser tomadas contra as pessoas res, aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser fixadas em lei, as
as seguintes medidas: seguintes disposições:

50
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas ine- DA SEGURANÇA PÚBLICA
rentes, são conferidas pelo Presidente da República e asseguradas
em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou reformados, sen- A segurança tem um duplo aspecto na Constituição Federal, a
do-lhes privativos os títulos e postos militares e, juntamente com os saber, o aspecto de direito e garantia individual e coletivo, por estar
demais membros, o uso dos uniformes das Forças Armadas; prevista no caput, do artigo 5º, da Constituição Federal (ao lado do
II - o militar em atividade que tomar posse em cargo ou empre- direito à vida, da liberdade, da igualdade, e da propriedade), bem
go público civil permanente, ressalvada a hipótese prevista no art. como o aspecto de direito social, por estar prevista no artigo 6º, da
37, inciso XVI, alínea ‘c’, será transferido para a reserva, nos termos Constituição Federal. A segurança do caput, do artigo 5º, CF, toda-
da lei; via, se refere à “segurança jurídica”. Já a segurança do artigo 6º, CF,
III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse em se refere à “segurança pública”, a qual encontra disciplinamento no
cargo, emprego ou função pública civil temporária, não eletiva, ain- artigo 144, da Constituição da República.
da que da administração indireta, ressalvada a hipótese prevista no Ademais, enquanto a Lei Fundamental pátria preceitua que a
art. 37, inciso XVI, alínea ‘c’, ficará agregado ao respectivo quadro e educação e a saúde são “direitos de todos e dever do Estado”, fala,
somente poderá, enquanto permanecer nessa situação, ser promo- por outro lado, que a segurança pública, antes mesmo de ser direi-
vido por antiguidade, contando-se-lhe o tempo de serviço apenas to de todos, é um “dever do Estado”. Com isso, isto é, ao colocar a
para aquela promoção e transferência para a reserva, sendo depois segurança pública antes de tudo como um dever do Estado, e só de-
de dois anos de afastamento, contínuos ou não, transferido para a pois como um direito do todos, denota o compromisso dos agentes
reserva, nos termos da lei; estatais em prevenir a desordem, e, consequencialmente, evitar a
IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve; justiça por próprias mãos.
V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado Neste prumo, no art. 144, caput, da Constituição Federal, se
a partidos políticos; afirma que “a segurança pública, dever do Estado, direito e respon-
VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indig- sabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem públi-
no do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribunal ca e da incolumidade das pessoas e do patrimônio [...]”. Conforme
militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal enumera o próprio artigo 144, CF em seus incisos, os órgãos respon-
especial, em tempo de guerra; sáveis pela garantia da segurança pública, compondo sua estrutu-
VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena ra, são: polícia federal; polícia rodoviária federal; polícia ferroviária
privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transitada federal; polícias civis; e polícias militares e corpos de bombeiros
em julgado, será submetido ao julgamento previsto no inciso ante- militares.
rior; Os parágrafos do artigo 144 regulamentam cada um destes ór-
VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos VIII, gãos que devem garantir a segurança pública, com suas respectivas
XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos XI, XIII, XIV e XV, bem competências:
como, na forma da lei e com prevalência da atividade militar, no art. Artigo 144, § 1º, CF. A polícia federal, instituída por lei como
37, inciso XVI, alínea ‘c’; órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado
IX -(Revogado) em carreira, destina-se a:
X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou
de idade, a estabilidade e outras condições de transferência do mi- em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas
litar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, as entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras in-
prerrogativas e outras situações especiais dos militares, considera- frações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacio-
das as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas cumpri- nal e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
das por força de compromissos internacionais e de guerra. II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
Art. 143, CF. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei. afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazen-
§ 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir servi- dária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de compe-
ço alternativo aos que, em tempo de paz, após alistados, alegarem tência;
imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de
de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se exi- fronteiras;
mirem de atividades de caráter essencialmente militar. IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária
§ 2º As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do serviço mi- da União.
litar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, porém, a outros encar- Artigo 144, § 2º, CF. A polícia rodoviária federal, órgão perma-
gos que a lei lhes atribuir. nente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira,
As Forças Armadas são compostas por Marinha, Exército e Ae- destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodo-
ronáutica e o chefe delas é o Presidente da República. Por terem a vias federais.
finalidade de defender a pátria, a Constituição, a lei e a ordem, são Artigo 144, § 3º, CF. A polícia ferroviária federal, órgão perma-
permanentes, regulares e hierarquizadas, além de terem vedações nente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira,
como o direito de greve e o direito de sindicalização, bem como de destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferro-
filiação a partidos políticos. vias federais.
Pela natureza diversa dos crimes praticados por estes militares, Artigo 144, § 4º, CF. Às polícias civis, dirigidas por delegados de
serão julgados por órgão próprio e perdem a garantia do habeas polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União,
corpus. O alistamento militar é obrigatório, ainda que seja dispen- as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais,
sado, caso em que ficará como reservista. A mulher não precisa exceto as militares.
prestar o serviço militar obrigatório, mas pode ser convocada para Artigo 144, § 1º, CF. Às polícias militares cabem a polícia os-
a prestação de outros serviços para o Estado, assim como os ecle- tensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros
siásticos. militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução
de atividades de defesa civil.

51
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 144, § 6º, CF. As polícias militares e corpos de bombei- Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto inte-
ros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, grado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade,
juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência
Distrito Federal e dos Territórios”. Sendo que, nos termos do artigo e à assistência social.
42, CF, “os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei,
Militares, instituições organizadas com base na hierarquia e discipli- organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos:
na, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. I - universalidade da cobertura e do atendimento;
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às po-
Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições do pulações urbanas e rurais;
art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios
estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso e serviços;
X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos gover- IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;
nadores. § 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito V - equidade na forma de participação no custeio;
Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixado em lei específica VI - diversidade da base de financiamento, identificando-se, em
do respectivo ente estatal. rubricas contábeis específicas para cada área, as receitas e as des-
Artigo 144, § 7º, CF. A lei disciplinará a organização e o funcio- pesas vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência social,
namento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de ma- preservado o caráter contributivo da previdência social;(Redação
neira a garantir a eficiência de suas atividades. dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
Artigo 144, § 8º, CF. Os Municípios poderão constituir guardas VII - caráter democrático e descentralizado da administração,
municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instala- mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhado-
ções, conforme dispuser a lei. res, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos
Artigo 144, § 9º, CF. A remuneração dos servidores policiais in- colegiados.
tegrantes dos órgãos relacionados neste artigo será fixada na for- Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a socie-
ma do § 4º do art. 39. dade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recur-
Artigo 144, § 10, CF. A segurança viária, exercida para a pre- sos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
servação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do seu Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
patrimônio nas vias públicas: I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada
I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trân- na forma da lei, incidentes sobre:
sito, além de outras atividades previstas em lei, que assegurem ao a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos
cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; e ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste servi-
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos ço, mesmo sem vínculo empregatício;
Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades executivos e seus b) a receita ou o faturamento;
agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei. c) o lucro;
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência so-
cial, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão conce-
ORDEM SOCIAL didas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201;
III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem
TÍTULO VIII a lei a ele equiparar.
DA ORDEM SOCIAL
§ 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
nicípios destinadas à seguridade social constarão dos respectivos
CAPÍTULO I
orçamentos, não integrando o orçamento da União.
DISPOSIÇÃO GERAL
§ 2º A proposta de orçamento da seguridade social será ela-
borada de forma integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde,
Art. 193. A ordem social tem como base o primado do traba-
previdência social e assistência social, tendo em vista as metas e
lho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais.
prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, asse-
Parágrafo único. O Estado exercerá a função de planejamen-
to das políticas sociais, assegurada, na forma da lei, a participação gurada a cada área a gestão de seus recursos.
da sociedade nos processos de formulação, de monitoramento, de § 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da segurida-
controle e de avaliação dessas políticas.(Incluído pela Emenda Cons- de social, como estabelecido em lei, não poderá contratar com o
titucional nº 108, de 2020) Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou
Ordem social é a expressão que se refere à organização da sociedade, creditícios.
proporcionando o bem-estar e a justiça social. Neste sentido, invariavel- § 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a
mente seus vetores se ligam aos direitos econômicos, sociais e culturais, manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o dispos-
bem como aos direitos difusos e coletivos (notadamente ambiental). to no art. 154, I.
§ 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá
CAPÍTULO II ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de
DA SEGURIDADE SOCIAL custeio total.
§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só pode-
SEÇÃO I rão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação
DISPOSIÇÕES GERAIS da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando
o disposto no art. 150, III, «b».
O título VIII, que aborda a ordem social, traz este tripé no ca- § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as
pítulo II, intitulado “Da Seguridade Social”: saúde, previdência e entidades beneficentes de assistência social que atendam às exi-
assistência social. gências estabelecidas em lei.

52
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e I – no caso da União, a receita corrente líquida do respectivo
o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exer- exercício financeiro, não podendo ser inferior a 15% (quinze por cen-
çam suas atividades em regime de economia familiar, sem empre- to);
gados permanentes, contribuirão para a seguridade social median- II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da ar-
te a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização recadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de
da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei. que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas
§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios;
artigo poderão ter alíquotas diferenciadas em razão da atividade III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da
econômica, da utilização intensiva de mão de obra, do porte da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos
empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho, sen- de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º.
do também autorizada a adoção de bases de cálculo diferenciadas § 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada
apenas no caso das alíneas “b” e “c” do inciso I do caput.(Redação cinco anos, estabelecerá:
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) I – os percentuais de que tratam os incisos II e III do § 2º;
§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos para II – os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à
o sistema único de saúde e ações de assistência social da União para saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para e dos Estados destinados a seus respectivos Municípios, objetivando
os Municípios, observada a respectiva contrapartida de recursos. a progressiva redução das disparidades regionais;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) III – as normas de fiscalização, avaliação e controle das despe-
§ 11. São vedados a moratória e o parcelamento em prazo su- sas com saúde nas esferas federal, estadual, distrital e municipal;
perior a 60 (sessenta) meses e, na forma de lei complementar, a § 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão
remissão e a anistia das contribuições sociais de que tratam a alínea admitir agentes comunitários de saúde e agentes de combate às
“a” do inciso I e o inciso II do caput.(Redação dada pela Emenda endemias por meio de processo seletivo público, de acordo com a
Constitucional nº 103, de 2019) natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos específi-
§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os cos para sua atuação.
quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do § 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial
caput, serão não-cumulativas.(Incluído pela Emenda Constitucional profissional nacional, as diretrizes para os Planos de Carreira e a
nº 42, de 19.12.2003) regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e
§ 13. (Revogado).(Redação dada pela Emenda Constitucional agente de combate às endemias, competindo à União, nos termos
nº 103, de 2019)(Revogado pela Emenda Constitucional nº 103, de da lei, prestar assistência financeira complementar aos Estados, ao
2019) Distrito Federal e aos Municípios, para o cumprimento do referido
§ 14. O segurado somente terá reconhecida como tempo de piso salarial.
contribuição ao Regime Geral de Previdência Social a competência § 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no § 4º
cuja contribuição seja igual ou superior à contribuição mínima men- do art. 169 da Constituição Federal, o servidor que exerça funções
sal exigida para sua categoria, assegurado o agrupamento de con- equivalentes às de agente comunitário de saúde ou de agente de
tribuições.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) combate às endemias poderá perder o cargo em caso de descum-
primento dos requisitos específicos, fixados em lei, para o seu exer-
SEÇÃO II cício.
DA SAÚDE
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garanti- § 1º As instituições privadas poderão participar de forma com-
do mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do plementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste,
risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitá- mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferên-
rio às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. cia as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.
§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos.
cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regu- § 3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas
lamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos
diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou casos previstos em lei.
jurídica de direito privado. § 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facili-
tem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, proces-
rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, samento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado
organizado de acordo com as seguintes diretrizes: todo tipo de comercialização.
I - descentralização, com direção única em cada esfera de go-
verno; Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades atribuições, nos termos da lei:
preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias
III - participação da comunidade. de interesse para a saúde e participar da produção de medicamen-
§ 1º O sistema único de saúde será financiado, nos termos tos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insu-
do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade social, da mos;
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica,
outras fontes. bem como as de saúde do trabalhador;
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios apli- III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;
carão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde recursos IV - participar da formulação da política e da execução das
mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados sobre: ações de saneamento básico;

53
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento SEÇÃO III
científico e tecnológico e a inovação; DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle
de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do
humano; Regime Geral de Previdência Social, de caráter contributivo e de fi-
VII - participar do controle e fiscalização da produção, trans- liação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio
porte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei, a: (Redação
tóxicos e radioativos; dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreen- I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade
dido o do trabalho. avançada;
Com certeza, um dos direitos sociais mais invocados e que mais II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;
necessitam de investimento estatal na atualidade é o direito à saú- III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego invo-
de. Não coincidentemente, a maior parte dos casos no Poder Judi- luntário;
ciário contra o Estado envolvem a invocação deste direito, diante da IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos
recusa do Poder público em custear tratamentos médicos e cirúrgi- segurados de baixa renda;
cos. Em que pese a invocação da reserva do possível, o Judiciário V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao côn-
tem se guiado pelo entendimento de que devem ser reservados re- juge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º.
cursos suficientes para fornecer um tratamento adequado a todos § 1º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados
os nacionais. para concessão de benefícios, ressalvada, nos termos de lei com-
O direito à saúde, por seu turno, não tem apenas o aspecto re-
plementar, a possibilidade de previsão de idade e tempo de contri-
pressivo, propiciando a cura de doenças, mas também o preventivo.
buição distintos da regra geral para concessão de aposentadoria ex-
Sendo assim, o Estado deve desenvolver políticas sociais e econô-
clusivamente em favor dos segurados:(Redação dada pela Emenda
micas para reduzir o risco de doenças e agravos, bem como para
Constitucional nº 103, de 2019)
propiciar o acesso universal e igualitário aos serviços voltado ao seu
tratamento. (art. 196, CF). I - com deficiência, previamente submetidos a avaliação biop-
A terceirização e a colaboração de agentes privados nas políti- sicossocial realizada por equipe multiprofissional e interdiscipli-
cas de saúde pública é autorizada pela Constituição, sem prejuízo nar;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
da atuação direta do Estado (art. 197, CF). Sendo assim, ou o pró- II - cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a
prio Estado implementará as políticas ou fiscalizará, regulamentará agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou asso-
e controlará a implementação destas por terceiros. ciação desses agentes, vedada a caracterização por categoria pro-
O artigo 198, CF aborda o sistema único de saúde, uma rede fissional ou ocupação.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103,
hierarquizada e regionalizada de ações e serviços públicos de saú- de 2019)
de, devendo seguiras seguintes diretrizes: “descentralização, com § 2º Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição
direção única em cada esfera de governo”, de forma que haverá ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior
direção do SUS nos âmbitos municipal, estadual e federal, não se ao salário mínimo.
concentrando o sistema numa única esfera; “atendimento integral, § 3º Todos os salários de contribuição considerados para o cál-
com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos culo de benefício serão devidamente atualizados, na forma da lei.
serviços assistenciais”, do que se depreende que a prevenção é a § 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preser-
melhor saída para um sistema eficaz, não havendo prejuízo para as var-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios
atividades repressivas; e “participação da comunidade”. Com efeito, definidos em lei.
busca-se pela descentralização a abrangência ampla dos serviços de § 5º É vedada a filiação ao regime geral de previdência social,
saúde, que devem em si também ser amplos – preventivos e repres- na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de re-
sivos, sendo que todos agentes públicos e a própria comunidade gime próprio de previdência.
devem se envolver no processo. § 6º A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá
O direito à saúde encontra regulamentação no âmbito da se- por base o valor dos proventos do mês de dezembro de cada ano.
guridade social, que também abrange a previdência e a assistência § 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdên-
social, sendo financiado com este orçamento, nos moldes do artigo cia social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições:
198, §1º, CF.
I - 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 62 (ses-
A questão orçamentária de incumbência mínima de cada um
senta e dois) anos de idade, se mulher, observado tempo mínimo
dos entes federados tem escopo nos §§ 2º e 3º do artigo 198, CF.
de contribuição;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103,
Correlato à participação da comunidade no SUS, tem-se o arti-
de 2019)
go 198, §§ 4º, 5º e 6º, CF.
Não há prejuízo à atuação da iniciativa privada no campo da as- II - 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e 55 (cinquenta e
sistência à saúde, questão regulamentada no artigo 199, CF. Do dis- cinco) anos de idade, se mulher, para os trabalhadores rurais e para
positivo depreende-se uma das questões mais polêmicas no âmbito os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar,
do SUS, que é a complementaridade do sistema por parte de institui- nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador arte-
ções privadas, mediante contrato ou convênio, desde que sem fins sanal.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
lucrativos por parte destas instituições. Em verdade, é muito comum § 8º O requisito de idade a que se refere o inciso I do § 7º será
que hospitais de ensino de instituições particulares com cursos na reduzido em 5 (cinco) anos, para o professor que comprove tempo
área de biológicas busquem este convênio, encontrando frequente- de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e
mente entraves que não possuem natureza jurídica, mas política. no ensino fundamental e médio fixado em lei complementar.(Reda-
Finalizando a disciplina do direito à saúde na Constituição, que ção dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
vem a ser complementada no âmbito infraconstitucional pela Lei nº § 9º Para fins de aposentadoria, será assegurada a contagem
8.080 de 19 de setembro de 1990, prevê o artigo 200 as atribuições recíproca do tempo de contribuição entre o Regime Geral de Previ-
do SUS. dência Social e os regimes próprios de previdência social, e destes

54
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
entre si, observada a compensação financeira, de acordo com os § 4º Lei complementar disciplinará a relação entre a União,
critérios estabelecidos em lei.(Redação dada pela Emenda Constitu- Estados, Distrito Federal ou Municípios, inclusive suas autarquias,
cional nº 103, de 2019) fundações, sociedades de economia mista e empresas controladas
§ 9º-A. O tempo de serviço militar exercido nas atividades de direta ou indiretamente, enquanto patrocinadores de planos de be-
que tratam os arts. 42, 142 e 143 e o tempo de contribuição ao Re- nefícios previdenciários, e as entidades de previdência complemen-
gime Geral de Previdência Social ou a regime próprio de previdência tar.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
social terão contagem recíproca para fins de inativação militar ou § 5º A lei complementar de que trata o § 4º aplicar-se-á, no
aposentadoria, e a compensação financeira será devida entre as re- que couber, às empresas privadas permissionárias ou concessioná-
ceitas de contribuição referentes aos militares e as receitas de con- rias de prestação de serviços públicos, quando patrocinadoras de
tribuição aos demais regimes.(Incluído pela Emenda Constitucional planos de benefícios em entidades de previdência complementar.
nº 103, de 2019) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 10. Lei complementar poderá disciplinar a cobertura de be- § 6º Lei complementar estabelecerá os requisitos para a de-
nefícios não programados, inclusive os decorrentes de acidente do signação dos membros das diretorias das entidades fechadas de
trabalho, a ser atendida concorrentemente pelo Regime Geral de previdência complementar instituídas pelos patrocinadores de que
Previdência Social e pelo setor privado.(Redação dada pela Emenda trata o § 4º e disciplinará a inserção dos participantes nos colegia-
Constitucional nº 103, de 2019) dos e instâncias de decisão em que seus interesses sejam objeto de
§ 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, se- discussão e deliberação.(Redação dada pela Emenda Constitucional
rão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciá- nº 103, de 2019)
ria e conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na forma
da lei.(Incluído dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) A previdência social e a assistência social se diferenciam prin-
§ 12. Lei instituirá sistema especial de inclusão previdenciária, cipalmente porque a previdência social volta-se ao pagamento de
com alíquotas diferenciadas, para atender aos trabalhadores de aposentadoria e benefícios aos seus contribuintes, ao passo que a
baixa renda, inclusive os que se encontram em situação de informa- assistência social tem por foco a oferta de amparo mínimo aos que
lidade, e àqueles sem renda própria que se dediquem exclusivamen- não contribuíram para a seguridade social.
te ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde que O artigo 201, CF, trabalha com a organização da previdência
pertencentes a famílias de baixa renda.(Redação dada pela Emenda social em regime geral, de caráter contributivo e filiação obriga-
Constitucional nº 103, de 2019) tória, sendo que devem ser adotados critérios de preservação de
§ 13. A aposentadoria concedida ao segurado de que trata o § equilíbrio financeiro e atuarial. Nota-se que todos os trabalhado-
12 terá valor de 1 (um) salário-mínimo.(Redação dada pela Emenda res ficarão vinculados ao regime e prestarão contribuição a ele,
Constitucional nº 103, de 2019) não havendo a opção de dele se desvincular. No mais, são previstas
§ 14. É vedada a contagem de tempo de contribuição fictício como campos de atendimento pela previdência: “I - cobertura dos
para efeito de concessão dos benefícios previdenciários e de con- eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; II - proteção
tagem recíproca.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de à maternidade, especialmente à gestante; III - proteção ao traba-
2019) lhador em situação de desemprego involuntário; IV - salário-famí-
§ 15. Lei complementar estabelecerá vedações, regras e condi- lia e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa
ções para a acumulação de benefícios previdenciários. (Incluído renda; V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no
§ 16. Os empregados dos consórcios públicos, das empresas § 2º” (ou seja, não se aceitando valor inferior ao salário mínimo).
públicas, das sociedades de economia mista e das suas subsidiárias Os critérios para a concessão de aposentadoria são unitários,
serão aposentados compulsoriamente, observado o cumprimento em regra, conforme o §1º do artigo 201, CF.
do tempo mínimo de contribuição, ao atingir a idade máxima de O valor mínimo de benefício com caráter substitutivo de salário
que trata o inciso II do § 1º do art. 40, na forma estabelecida em lei. de contribuição ou rendimento é de 1 salário mínimo (artigo 201,
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) §2º, CF).
Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter comple- Os salários de contribuição serão atualizados (artigo 201, §3º,
mentar e organizado de forma autônoma em relação ao regime ge- CF) e os benefícios serão devidamente reajustados (artigo 201, §4º,
ral de previdência social, será facultativo, baseado na constituição CF), tudo com vistas à preservação do valor real da contribuição e
de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei do benefício.
complementar. Integrante de regime próprio de previdência não pode se vin-
§ 1° A lei complementar de que trata este artigo assegurará ao cular como segurado facultativo, prestando contribuições autôno-
participante de planos de benefícios de entidades de previdência mas, ao regime geral (artigo 201, §5º, CF), o que geraria uma inde-
privada o pleno acesso às informações relativas à gestão de seus vida cumulação de benefícios.
respectivos planos. Aposentados e pensionistas também fazem jus ao décimo ter-
§ 2° As contribuições do empregador, os benefícios e as con- ceiro salário, denominado gratificação natalina, a ser calculado com
dições contratuais previstas nos estatutos, regulamentos e planos base no valor dos proventos do mês de dezembro de cada ano (ar-
de benefícios das entidades de previdência privada não integram o tigo 201, §6º, CF).
contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos O §7º do artigo 201, CF fixa as condições para a aposentadoria
benefícios concedidos, não integram a remuneração dos participan- pelo regime geral de previdência social. Professor de ensino infantil,
tes, nos termos da lei. fundamental e médio, que tenha exclusivamente desempenhado
§ 3º É vedado o aporte de recursos a entidade de previdên- estas funções, tem o tempo de contribuição reduzido em 5 anos (30
cia privada pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, suas anos para homem e 25 anos para mulher).
autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia Se uma pessoa contribuir a dois regimes diversos em períodos
mista e outras entidades públicas, salvo na qualidade de patrocina- diferentes de sua vida contributiva, estes regimes se compensarão,
dor, situação na qual, em hipótese alguma, sua contribuição normal ou seja, o tempo de um se acrescerá no outro (artigo 201, §9º, CF).
poderá exceder a do segurado.

55
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
A questão de verba destinada à cobertura do risco de acidente O BPC é um benefício da Política de Assistência Social, que in-
de trabalho é disciplinada no §10 do artigo 201, CF. Atualmente, a tegra a Proteção Social Básica no âmbito do Sistema Único de Assis-
Lei nº 6.367/1976 dispõe sobre o seguro de acidentes do trabalho a tência Social – SUAS e para acessá-lo não é necessário ter contribuí-
cargo do INPS e dá outras providências. do com a Previdência Social. É um benefício individual, não vitalício
Quanto à incorporação de ganhos habituais ao salário, prevê o e intransferível, que assegura a transferência mensal de 1 (um) sa-
§11 do artigo 201, CF pela incorporação para efeito de contribuição lário mínimo ao idoso, com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais, e
previdenciária e consequente repercussão em benefícios, nos casos à pessoa com deficiência, de qualquer idade, com impedimentos
e na forma da lei. de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial,
Sobre o sistema especial de inclusão previdenciária, é a discipli- os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua
na do artigo 201, §§ 12 e 13, CF. participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condi-
Por seu turno, o artigo 202, CF volta-se ao regime de previdên- ções com as demais pessoas. Em ambos os casos, devem comprovar
cia privada, que pode se organizar de forma autônoma e possui ca- não possuir meios de garantir o próprio sustento, nem tê-lo provido
ráter complementar e facultativo. por sua família. A renda mensal familiar per capita deve ser inferior
Com efeito, a Lei Complementar nº 109, de 29 de maio de a 1/4 (um quarto) do salário mínimo vigente.
2001, dispõe sobre o Regime de Previdência Complementar e dá A gestão do BPC é realizada pelo Ministério do Desenvolvimen-
outras providências. to Social e Combate à Fome (MDS), por intermédio da Secretaria
Nacional de Assistência Social (SNAS), que é responsável pela im-
SEÇÃO IV plementação, coordenação, regulação, financiamento, monitora-
DA ASSISTÊNCIA SOCIAL mento e avaliação do Benefício. A operacionalização é realizada
pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela ne- Os recursos para o custeio do BPC provêm da Seguridade So-
cessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e cial, sendo administrado pelo MDS e repassado ao INSS, por meio
tem por objetivos: do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS). Atualmente são 3,6
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescên- milhões (dados de março de 2012) beneficiários do BPC em todo o
cia e à velhice; Brasil, sendo 1,9 milhões pessoas com deficiência e 1,7 idosos”35.
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho; CAPÍTULO III
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de defi- DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO
ciência e a promoção de sua integração à vida comunitária;
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pes- SEÇÃO I
soa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir
DA EDUCAÇÃO
meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua
família, conforme dispuser a lei.
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da fa-
mília, será promovida e incentivada com a colaboração da socieda-
Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social
de, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para
serão realizadas com recursos do orçamento da seguridade social,
o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
previstos no art. 195, além de outras fontes, e organizadas com
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes prin-
base nas seguintes diretrizes:
I - descentralização político-administrativa, cabendo a coorde- cípios:
nação e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e a exe- I - igualdade de condições para o acesso e permanência na es-
cução dos respectivos programas às esferas estadual e municipal, cola;
bem como a entidades beneficentes e de assistência social; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pen-
II - participação da população, por meio de organizações representati- samento, a arte e o saber;
vas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis. III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexis-
Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distrito Federal tência de instituições públicas e privadas de ensino;
vincular a programa de apoio à inclusão e promoção social até cinco IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
décimos por cento de sua receita tributária líquida, vedada a aplica- V - valorização dos profissionais da educação escolar, garanti-
ção desses recursos no pagamento de: dos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamen-
I - despesas com pessoal e encargos sociais; te por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas;
II - serviço da dívida; VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamen- VII - garantia de padrão de qualidade.
te aos investimentos ou ações apoiados. VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da
educação escolar pública, nos termos de lei federal.
A disciplina da assistência social se dá nos artigos 203 e 204 IX - garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo
da Constituição. Resta evidente o caráter não contributivo do sis- da vida.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
tema, que se guia pelo princípio da fraternidade, fazendo com que Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de traba-
os que possuem melhores condições de contribuir o façam e que lhadores considerados profissionais da educação básica e sobre a
os que não possuem recebam a partir da contribuição destes um fixação de prazo para a elaboração ou adequação de seus planos
tratamento digno mínimo de suas necessidades. de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e
Do disposto, destaque para o inciso IV do artigo 204, CF, que dos Municípios.
aborda o Benefício de Prestação Continuada – BPC, “instituído pela Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático-cien-
Constituição Federal de 1988 e regulamentado pela Lei Orgâni- tífica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obe-
ca da Assistência Social – LOAS, Lei nº 8.742/1993; pelas Leis nº decerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e
12.435/2011 e nº 12.470/2011, que alteram dispositivos da LOAS e extensão.
pelos Decretos nº 6.214/2007 e nº 6.564/2008.
35 http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/beneficiosassistenciais/bpc

56
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 1º É facultado às universidades admitir professores, técnicos § 5º A educação básica pública atenderá prioritariamente ao
e cientistas estrangeiros, na forma da lei. ensino regular.
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se às instituições de pesqui- § 6º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
sa científica e tecnológica. exercerão ação redistributiva em relação a suas escolas.(Incluído
pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado me- § 7º O padrão mínimo de qualidade de que trata o § 1º deste
diante a garantia de: artigo considerará as condições adequadas de oferta e terá como
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 referência o Custo Aluno Qualidade (CAQ), pactuados em regime de
(dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita colaboração na forma disposta em lei complementar, conforme o
para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; parágrafo único do art. 23 desta Constituição.(Incluído pela Emenda
II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; Constitucional nº 108, de 2020)
III - atendimento educacional especializado aos portadores de Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoi-
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; to, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida
(cinco) anos de idade; a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da do ensino.
criação artística, segundo a capacidade de cada um; § 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou pelos
do educando; Estados aos respectivos Municípios, não é considerada, para efeito
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da edu- do cálculo previsto neste artigo, receita do governo que a transferir.
cação básica, por meio de programas suplementares de material § 2º Para efeito do cumprimento do disposto no «caput» deste
didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. artigo, serão considerados os sistemas de ensino federal, estadual e
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público municipal e os recursos aplicados na forma do art. 213.
subjetivo. § 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará prioridade
§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Pú- ao atendimento das necessidades do ensino obrigatório, no que se
blico, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autorida- refere a universalização, garantia de padrão de qualidade e equida-
de competente. de, nos termos do plano nacional de educação.
§ 3º Compete ao Poder Público recensear os educandos no en- § 4º Os programas suplementares de alimentação e assistência
sino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou à saúde previstos no art. 208, VII, serão financiados com recursos
responsáveis, pela frequência à escola. provenientes de contribuições sociais e outros recursos orçamen-
tários.
Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as se- § 5º A educação básica pública terá como fonte adicional de
guintes condições: financiamento a contribuição social do salário-educação, recolhida
I - cumprimento das normas gerais da educação nacional; pelas empresas na forma da lei.
II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público. § 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação da contri-
buição social do salário-educação serão distribuídas proporcional-
Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fun- mente ao número de alunos matriculados na educação básica nas
damental, de maneira a assegurar formação básica comum e res- respectivas redes públicas de ensino.
peito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais. § 7º É vedado o uso dos recursos referidos no caput e nos §§ 5º
§ 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá dis- e 6º deste artigo para pagamento de aposentadorias e de pensões.
ciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino funda- (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
mental. § 8º Na hipótese de extinção ou de substituição de impostos,
§ 2º O ensino fundamental regular será ministrado em língua serão redefinidos os percentuais referidos no caput deste artigo e
portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a uti- no inciso II do caput do art. 212-A, de modo que resultem recur-
lização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendi- sos vinculados à manutenção e ao desenvolvimento do ensino, bem
zagem. como os recursos subvinculados aos fundos de que trata o art. 212-
A desta Constituição, em aplicações equivalentes às anteriormente
Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios praticadas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino. § 9º A lei disporá sobre normas de fiscalização, de avaliação e
§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos de controle das despesas com educação nas esferas estadual, dis-
Territórios, financiará as instituições de ensino públicas federais e trital e municipal.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de
exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, 2020)
de forma a garantir equalização de oportunidades educacionais e Art. 212-A. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios des-
padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistência téc- tinarão parte dos recursos a que se refere o caput do art. 212 des-
nica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios; ta Constituição à manutenção e ao desenvolvimento do ensino na
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino funda- educação básica e à remuneração condigna de seus profissionais,
mental e na educação infantil. respeitadas as seguintes disposições:(Incluído pela Emenda Consti-
§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no tucional nº 108, de 2020)
ensino fundamental e médio. I - a distribuição dos recursos e de responsabilidades entre o
§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a União, os Distrito Federal, os Estados e seus Municípios é assegurada median-
Estados, o Distrito Federal e os Municípios definirão formas de co- te a instituição, no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, de
laboração, de forma a assegurar a universalização, a qualidade e a um Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e
equidade do ensino obrigatório.(Redação dada pela Emenda Cons- de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), de natureza
titucional nº 108, de 2020) contábil;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)

57
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
II - os fundos referidos no inciso I do caput deste artigo serão a) a organização dos fundos referidos no inciso I do caput deste
constituídos por 20% (vinte por cento) dos recursos a que se referem artigo e a distribuição proporcional de seus recursos, as diferenças
os incisos I, II e III do caput do art. 155, o inciso II do caput do art. e as ponderações quanto ao valor anual por aluno entre etapas,
157, os incisos II, III e IV do caput do art. 158 e as alíneas “a” e “b” do modalidades, duração da jornada e tipos de estabelecimento de
inciso I e o inciso II do caput do art. 159 desta Constituição;(Incluído ensino, observados as respectivas especificidades e os insumos ne-
pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020) cessários para a garantia de sua qualidade;(Incluído pela Emenda
III - os recursos referidos no inciso II do caput deste artigo se- Constitucional nº 108, de 2020)
rão distribuídos entre cada Estado e seus Municípios, proporcional- b) a forma de cálculo do VAAF decorrente do inciso III do caput
mente ao número de alunos das diversas etapas e modalidades da deste artigo e do VAAT referido no inciso VI do caput deste artigo;
educação básica presencial matriculados nas respectivas redes, nos (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
âmbitos de atuação prioritária, conforme estabelecido nos §§ 2º e c) a forma de cálculo para distribuição prevista na alínea “c” do
3º do art. 211 desta Constituição, observadas as ponderações re- inciso V do caput deste artigo;(Incluído pela Emenda Constitucional
feridas na alínea “a” do inciso X do caput e no § 2º deste artigo; nº 108, de 2020)
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020) d) a transparência, o monitoramento, a fiscalização e o contro-
IV - a União complementará os recursos dos fundos a que se le interno, externo e social dos fundos referidos no inciso I do caput
refere o inciso II do caput deste artigo;(Incluído pela Emenda Cons- deste artigo, assegurada a criação, a autonomia, a manutenção e
titucional nº 108, de 2020) a consolidação de conselhos de acompanhamento e controle social,
V - a complementação da União será equivalente a, no mínimo, admitida sua integração aos conselhos de educação;(Incluído pela
23% (vinte e três por cento) do total de recursos a que se refere o Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
inciso II do caput deste artigo, distribuída da seguinte forma: (In- e) o conteúdo e a periodicidade da avaliação, por parte do ór-
cluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020) gão responsável, dos efeitos redistributivos, da melhoria dos indica-
a) 10 (dez) pontos percentuais no âmbito de cada Estado e do dores educacionais e da ampliação do atendimento;(Incluído pela
Distrito Federal, sempre que o valor anual por aluno (VAAF), nos Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
termos do inciso III do caput deste artigo, não alcançar o mínimo XI - proporção não inferior a 70% (setenta por cento) de cada
definido nacionalmente;(Incluído pela Emenda Constitucional nº fundo referido no inciso I do caput deste artigo, excluídos os recur-
108, de 2020) sos de que trata a alínea “c” do inciso V do caput deste artigo, será
b) no mínimo, 10,5 (dez inteiros e cinco décimos) pontos per-
destinada ao pagamento dos profissionais da educação básica em
centuais em cada rede pública de ensino municipal, estadual ou dis-
efetivo exercício, observado, em relação aos recursos previstos na
trital, sempre que o valor anual total por aluno (VAAT), referido no
alínea “b” do inciso V do caput deste artigo, o percentual mínimo
inciso VI do caput deste artigo, não alcançar o mínimo definido na-
de 15% (quinze por cento) para despesas de capital;(Incluído pela
cionalmente;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
c) 2,5 (dois inteiros e cinco décimos) pontos percentuais nas re-
XII - lei específica disporá sobre o piso salarial profissional na-
des públicas que, cumpridas condicionalidades de melhoria de gestão
cional para os profissionais do magistério da educação básica públi-
previstas em lei, alcançarem evolução de indicadores a serem defini-
ca;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
dos, de atendimento e melhoria da aprendizagem com redução das
desigualdades, nos termos do sistema nacional de avaliação da edu- XIII - a utilização dos recursos a que se refere o § 5º do art. 212
cação básica;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020) desta Constituição para a complementação da União ao Fundeb,
VI - o VAAT será calculado, na forma da lei de que trata o inciso referida no inciso V do caput deste artigo, é vedada.(Incluído pela
X do caput deste artigo, com base nos recursos a que se refere o Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
inciso II do caput deste artigo, acrescidos de outras receitas e de § 1º O cálculo do VAAT, referido no inciso VI do caput deste ar-
transferências vinculadas à educação, observado o disposto no § 1º tigo, deverá considerar, além dos recursos previstos no inciso II do
e consideradas as matrículas nos termos do inciso III do caput deste caput deste artigo, pelo menos, as seguintes disponibilidades:(In-
artigo;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020) cluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
VII - os recursos de que tratam os incisos II e IV do caput deste I - receitas de Estados, do Distrito Federal e de Municípios vincu-
artigo serão aplicados pelos Estados e pelos Municípios exclusiva- ladas à manutenção e ao desenvolvimento do ensino não integran-
mente nos respectivos âmbitos de atuação prioritária, conforme tes dos fundos referidos no inciso I do caput deste artigo; (Incluí-
estabelecido nos §§ 2º e 3º do art. 211 desta Constituição;(Incluído do pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020) II - cotas estaduais e municipais da arrecadação do salário-e-
VIII - a vinculação de recursos à manutenção e ao desenvol- ducação de que trata o § 6º do art. 212 desta Constituição;(Incluído
vimento do ensino estabelecida no art. 212 desta Constituição su- pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
portará, no máximo, 30% (trinta por cento) da complementação da
União, considerados para os fins deste inciso os valores previstos no III - complementação da União transferida a Estados, ao Distrito
inciso V do caput deste artigo;(Incluído pela Emenda Constitucional Federal e a Municípios nos termos da alínea “a” do inciso V do caput
nº 108, de 2020) deste artigo(Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
IX - o disposto no caput do art. 160 desta Constituição aplica-se § 2º Além das ponderações previstas na alínea “a” do inciso
aos recursos referidos nos incisos II e IV do caput deste artigo, e seu X do caput deste artigo, a lei definirá outras relativas ao nível so-
descumprimento pela autoridade competente importará em crime cioeconômico dos educandos e aos indicadores de disponibilidade
de responsabilidade;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de recursos vinculados à educação e de potencial de arrecadação
de 2020) tributária de cada ente federado, bem como seus prazos de imple-
X - a lei disporá, observadas as garantias estabelecidas nos inci- mentação.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
sos I, II, III e IV do caput e no § 1º do art. 208 e as metas pertinentes § 3º Será destinada à educação infantil a proporção de 50%
do plano nacional de educação, nos termos previstos no art. 214 (cinquenta por cento) dos recursos globais a que se refere a alínea
desta Constituição, sobre:(Incluído pela Emenda Constitucional nº “b” do inciso V do caput deste artigo, nos termos da lei.” (Incluído
108, de 2020) pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)

58
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às escolas pú- - “pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coe-
blicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, confessionais xistência de instituições públicas e privadas de ensino”, de modo
ou filantrópicas, definidas em lei, que: que não se entende haver um único método de ensino, uma única
I - comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem seus exce- maneira de aprender, permitindo a exploração das atividades edu-
dentes financeiros em educação; cacionais também por instituições privadas. A respeito das institui-
II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola ções privadas, o artigo 209, CF prevê que “o ensino é livre à iniciati-
comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder Público, no va privada, atendidas as seguintes condições: I - cumprimento das
caso de encerramento de suas atividades. normas gerais da educação nacional; II - autorização e avaliação de
§ 1º - Os recursos de que trata este artigo poderão ser destina- qualidade pelo Poder Público”;
dos a bolsas de estudo para o ensino fundamental e médio, na forma - “gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais”,
da lei, para os que demonstrarem insuficiência de recursos, quando sendo esta a principal vertente de implementação do direito à edu-
houver falta de vagas e cursos regulares da rede pública na localidade cação pelo Estado;
da residência do educando, ficando o Poder Público obrigado a inves- - “valorização dos profissionais da educação escolar, garanti-
tir prioritariamente na expansão de sua rede na localidade. dos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamen-
§ 2º As atividades de pesquisa, de extensão e de estímulo e te por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas”,
fomento à inovação realizadas por universidades e/ou por institui- bem como “piso salarial profissional nacional para os profissionais
ções de educação profissional e tecnológica poderão receber apoio da educação escolar pública, nos termos de lei federal”, pois sem a
financeiro do Poder Público. valorização dos profissionais responsáveis pelo ensino será inatin-
gível o seu aperfeiçoamento. Além disso, “a lei disporá sobre as ca-
Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de tegorias de trabalhadores considerados profissionais da educação
duração decenal, com o objetivo de articular o sistema nacional de básica e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou adequação
educação em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos, de seus planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do
metas e estratégias de implementação para assegurar a manuten- Distrito Federal e dos Municípios” (artigo 206, parágrafo único, CF);
ção e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas - “gestão democrática do ensino público, na forma da lei”, re-
e modalidades por meio de ações integradas dos poderes públicos metendo ao direito de participação popular na tomada de decisões
das diferentes esferas federativas que conduzam a: políticas referentes às atividades de ensino; e
I - erradicação do analfabetismo; - “garantia de padrão de qualidade”, posto que sem qualidade
II - universalização do atendimento escolar; de ensino é impossível atingir uma melhoria na qualificação pessoal
III - melhoria da qualidade do ensino; e profissional dos nacionais.
IV - formação para o trabalho;
V - promoção humanística, científica e tecnológica do País. O ensino universitário encontra respaldo no artigo 207 da
VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos Constituição, tendo autonomia didático-científica, administrativa e
em educação como proporção do produto interno bruto. de gestão financeira e patrimonial, e sendo baseado na tríade en-
sino-pesquisa-extensão, disciplina que se estende a instituições de
O artigo 6º da Constituição Federal menciona o direito à edu- pesquisa científica e tecnológica. Com vistas ao aperfeiçoamento
cação como um de seus direitos sociais. A educação proporciona o desta tríade, autoriza-se a contratação de profissionais estrangei-
pleno desenvolvimento da pessoa, não apenas capacitando-a para ros.
o trabalho, mas também para a vida social como um todo. Contudo, Enquanto que os artigos 205 e 206 da Constituição possuem
a educação tem um custo para o Estado, já que nem todos podem uma menor densidade normativa, colacionando princípios direto-
arcar com o custeio de ensino privado. res e ideias basilares, o artigo 208 volta-se à regulamentação do
No título VIII, que aborda a ordem social, delimita-se a questão modo pelo qual o Estado efetivará o direito à educação.
da obrigação do Estado com relação ao direito à educação, assim Interessante notar, em primeira análise, que o Estado se exime
como menciona-se quais outros agentes responsáveis pela efetiva- da obrigatoriedade no fornecimento de educação superior, no art.
ção deste direito. 208, V, quando assegura, apenas, o “acesso” aos níveis mais eleva-
Neste sentido, o artigo 205, CF, prevê: “A educação, direito de dos de ensino, pesquisa e criação artística. Fica denotada ausência
todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada de comprometimento orçamentário e infraestrutural estatal com
com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimen- um número suficiente de universidades/faculdades públicas aptas
to da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua quali- a recepcionar o maciço contingente de alunos que saem da camada
ficação para o trabalho”. básica de ensino, sendo, pois, clarividente exemplo de aplicação da
Resta claro que a educação não é um dever exclusivo do Esta- reserva do possível dentro da Constituição. Ainda, é preciso obser-
do, mas da sociedade como um todo e, principalmente, da família. var que se utiliza a expressão “segundo a capacidade de cada um”,
Depreende-se que educação vai além do mero aprendizado de con- de forma que o critério para admissão em universidades/faculda-
teúdos e envolve a educação para a cidadania e o comportamento des públicas é, somente, pelo preparo intelectual do cidadão, a ser
ético em sociedade – a educação da qual o constituinte fala não é testado em avaliações com tal fito, como o vestibular e o exame
apenas a formal, mas também a informal.
nacional do ensino médio.
Por seu turno, o artigo 206 da Constituição estabelece os prin-
O ensino básico possui conteúdos mínimos, fixados nos moldes
cípios que devem guiar o ensino:
do artigo 210, CF. A menção do ensino religioso como facultativo
- “igualdade de condições para o acesso e permanência na escola”,
remete à laicidade do Estado, ao passo que a menção ao ensino de
que significa a compreensão de que a educação é um direito de todos e
línguas de povos indígenas remete ao pluralismo político, funda-
não apenas dos mais favorecidos, cabendo ao Estado investir para que
mento da República Federativa.
os menos favorecidos ingressem e permaneçam na escola;
O artigo 211, CF trabalha com a organização e colaboração dos
- “liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pen-
samento, a arte e o saber”, de forma que o ensino tem um caráter sistemas de ensino entre os entes federativos.
ativo e passivo, indo além da compreensão de conteúdos dogmáti- Por sua vez, os artigos 212 e 213 da Constituição trabalham
co se abrangendo também os processos criativos; com aspectos orçamentários:

59
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Encerrando a disciplina da educação, o artigo 214 trabalha com blicas de cultura, democráticas e permanentes, pactuadas entre os
o plano nacional de educação, de duração decenal (na atualidade, entes da Federação e a sociedade, tendo por objetivo promover o
estamos no início da implementação do PNE cuja duração se esten- desenvolvimento humano, social e econômico com pleno exercício
de até o ano de 202436), que tem metas ali descritas. dos direitos culturais.
§ 1º O Sistema Nacional de Cultura fundamenta-se na política
SEÇÃO II nacional de cultura e nas suas diretrizes, estabelecidas no Plano Na-
DA CULTURA cional de Cultura, e rege-se pelos seguintes princípios:
I - diversidade das expressões culturais;
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos di- II - universalização do acesso aos bens e serviços culturais;
reitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e III - fomento à produção, difusão e circulação de conhecimento
incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais. e bens culturais;
§ 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas popula- IV - cooperação entre os entes federados, os agentes públicos e
res, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participan- privados atuantes na área cultural;
tes do processo civilizatório nacional. V - integração e interação na execução das políticas, progra-
2º A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta mas, projetos e ações desenvolvidas;
significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais. VI - complementaridade nos papéis dos agentes culturais;
3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração VII - transversalidade das políticas culturais;
plurianual, visando ao desenvolvimento cultural do País e à integra- VIII - autonomia dos entes federados e das instituições da so-
ção das ações do poder público que conduzem à: ciedade civil;
I defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro; IX - transparência e compartilhamento das informações;
II produção, promoção e difusão de bens culturais; X - democratização dos processos decisórios com participação
III formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em e controle social;
suas múltiplas dimensões; XI - descentralização articulada e pactuada da gestão, dos re-
IV democratização do acesso aos bens de cultura; cursos e das ações;
V valorização da diversidade étnica e regional. XII - ampliação progressiva dos recursos contidos nos orçamen-
tos públicos para a cultura.
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de § 2º Constitui a estrutura do Sistema Nacional de Cultura, nas
natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em con- respectivas esferas da Federação:
junto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos I - órgãos gestores da cultura;
diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se
II - conselhos de política cultural;
incluem:
III - conferências de cultura;
I - as formas de expressão;
IV - comissões intergestores;
II - os modos de criar, fazer e viver;
V - planos de cultura;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
VI - sistemas de financiamento à cultura;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espa-
VII - sistemas de informações e indicadores culturais;
ços destinados às manifestações artístico-culturais;
VIII - programas de formação na área da cultura; e
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico,
artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. IX - sistemas setoriais de cultura.
§ 1º O Poder Público, com a colaboração da comunidade, pro- § 3º Lei federal disporá sobre a regulamentação do Sistema
moverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de Nacional de Cultura, bem como de sua articulação com os demais
inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e sistemas nacionais ou políticas setoriais de governo.
de outras formas de acautelamento e preservação. § 4º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão
§ 2º Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão seus respectivos sistemas de cultura em leis próprias.
da documentação governamental e as providências para franquear
sua consulta a quantos dela necessitem. O capítulo III do título VIII coloca a educação ao lado da cultura,
§ 3º A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conheci- depreendendo-se que o acesso à educação envolve também o aces-
mento de bens e valores culturais. so à cultura, numa concepção ampla deste direito social.
§ 4º Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos,
na forma da lei. SEÇÃO III
§ 5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios detento- DO DESPORTO
res de reminiscências históricas dos antigos quilombos.
§ 6º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fun- Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas for-
do estadual de fomento à cultura até cinco décimos por cento de mais e não-formais, como direito de cada um, observados:
sua receita tributária líquida, para o financiamento de programas I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associa-
e projetos culturais, vedada a aplicação desses recursos no paga- ções, quanto a sua organização e funcionamento;
mento de: II - a destinação de recursos públicos para a promoção priori-
I - despesas com pessoal e encargos sociais; tária do desporto educacional e, em casos específicos, para a do
II - serviço da dívida; desporto de alto rendimento;
III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamen- III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o
te aos investimentos ou ações apoiados. não- profissional;
IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de
Art. 216-A. O Sistema Nacional de Cultura, organizado em criação nacional.
regime de colaboração, de forma descentralizada e participativa, § 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina
institui um processo de gestão e promoção conjunta de políticas pú- e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da
justiça desportiva, regulada em lei.
36 http://pne.mec.gov.br/

60
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 2º A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, Art. 219-B. O Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inova-
contados da instauração do processo, para proferir decisão final. ção (SNCTI) será organizado em regime de colaboração entre entes,
§ 3º O Poder Público incentivará o lazer, como forma de pro- tanto públicos quanto privados, com vistas a promover o desenvol-
moção social. vimento científico e tecnológico e a inovação.
A vida não é feita somente de trabalho, toda pessoa precisa § 1º Lei federal disporá sobre as normas gerais do SNCTI.
desfrutar de momentos de diversão e relaxamento ao lado de ami- § 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios legislarão
gos e familiares, razão pela qual o Estado deve propiciar atividades concorrentemente sobre suas peculiaridades.
voltadas a este fim. Neste sentido, as atividades de lazer podem ter
naturezas variadas, destacando-se as culturais (direito à cultura, já O capítulo IV aborda a questão da ciência e tecnologia no âmbito
abordado) e desportivas. da ordem social. Em verdade, o desenvolvimento científico e tecno-
lógico é decorrência do investimento em educação, afinal, a pesquisa
CAPÍTULO IV é uma das principais vertentes da educação e permite a implementa-
DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO ção prática do conhecimento obtido em prol da sociedade.

Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimen- CAPÍTULO V


to científico, a pesquisa, a capacitação científica e tecnológica e a DA COMUNICAÇÃO SOCIAL
inovação.
§ 1º A pesquisa científica básica e tecnológica receberá trata- Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expres-
mento prioritário do Estado, tendo em vista o bem público e o pro- são e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não
gresso da ciência, tecnologia e inovação. sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constitui-
§ 2º A pesquisa tecnológica voltar-se-á preponderantemente ção.
para a solução dos problemas brasileiros e para o desenvolvimento § 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir em-
do sistema produtivo nacional e regional. baraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer
§ 3º O Estado apoiará a formação de recursos humanos nas veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV,
áreas de ciência, pesquisa, tecnologia e inovação, inclusive por V, X, XIII e XIV.
meio do apoio às atividades de extensão tecnológica, e concederá § 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza política,
aos que delas se ocupem meios e condições especiais de trabalho. ideológica e artística.
§ 4º A lei apoiará e estimulará as empresas que invistam em § 3º Compete à lei federal:
pesquisa, criação de tecnologia adequada ao País, formação e aper- I - regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo ao Po-
feiçoamento de seus recursos humanos e que pratiquem sistemas der Público informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que
de remuneração que assegurem ao empregado, desvinculada do não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se
salário, participação nos ganhos econômicos resultantes da produ- mostre inadequada;
tividade de seu trabalho. II - estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à fa-
§ 5º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular par- mília a possibilidade de se defenderem de programas ou programa-
cela de sua receita orçamentária a entidades públicas de fomento ções de rádio e televisão que contrariem o disposto no art. 221, bem
ao ensino e à pesquisa científica e tecnológica. como da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam
§ 6º O Estado, na execução das atividades previstas no caput , ser nocivos à saúde e ao meio ambiente.
estimulará a articulação entre entes, tanto públicos quanto priva- § 4º A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas,
dos, nas diversas esferas de governo. agrotóxicos, medicamentos e terapias estará sujeita a restrições
§ 7º O Estado promoverá e incentivará a atuação no exterior legais, nos termos do inciso II do parágrafo anterior, e conterá, sem-
das instituições públicas de ciência, tecnologia e inovação, com vis- pre que necessário, advertência sobre os malefícios decorrentes de
tas à execução das atividades previstas no caput. seu uso.
§ 5º Os meios de comunicação social não podem, direta ou in-
Art. 219. O mercado interno integra o patrimônio nacional e diretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio.
será incentivado de modo a viabilizar o desenvolvimento cultural e § 6º A publicação de veículo impresso de comunicação inde-
socioeconômico, o bem-estar da população e a autonomia tecnoló- pende de licença de autoridade.
gica do País, nos termos de lei federal.
Parágrafo único. O Estado estimulará a formação e o fortale- Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e
cimento da inovação nas empresas, bem como nos demais entes, televisão atenderão aos seguintes princípios:
públicos ou privados, a constituição e a manutenção de parques e I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e
polos tecnológicos e de demais ambientes promotores da inovação, informativas;
a atuação dos inventores independentes e a criação, absorção, difu- II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produ-
são e transferência de tecnologia. ção independente que objetive sua divulgação;
III - regionalização da produção cultural, artística e jornalística,
Art. 219-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni- conforme percentuais estabelecidos em lei;
cípios poderão firmar instrumentos de cooperação com órgãos e IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.
entidades públicos e com entidades privadas, inclusive para o com-
partilhamento de recursos humanos especializados e capacidade Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifu-
instalada, para a execução de projetos de pesquisa, de desenvolvi- são sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou
mento científico e tecnológico e de inovação, mediante contrapar- naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituí-
tida financeira ou não financeira assumida pelo ente beneficiário, das sob as leis brasileiras e que tenham sede no País.
na forma da lei. § 1º Em qualquer caso, pelo menos setenta por cento do ca-
pital total e do capital votante das empresas jornalísticas e de ra-
diodifusão sonora e de sons e imagens deverá pertencer, direta ou

61
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
indiretamente, a brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez Como o exercício da exploração da mídia jornalística, radiodi-
anos, que exercerão obrigatoriamente a gestão das atividades e es- fusora e televisiva implica num forte impacto e influência sociais,
tabelecerão o conteúdo da programação. coloca-se como propriedade privativa de brasileiro nato ou natura-
§ 2º A responsabilidade editorial e as atividades de seleção e lizado, de acordo com a regulação do artigo 222, CF.
direção da programação veiculada são privativas de brasileiros na- Com vistas a assegurar o respeito à normativa do artigo 222, CF,
tos ou naturalizados há mais de dez anos, em qualquer meio de o artigo 223, CF aborda a concessão, a permissão e a autorização.
comunicação social. Também buscando a efetividade da regulamentação, prevê o
§ 3º Os meios de comunicação social eletrônica, independente- artigo 224, CF sobre a instituição pelo Congresso Nacional do Con-
mente da tecnologia utilizada para a prestação do serviço, deverão selho de Comunicação Social.
observar os princípios enunciados no art. 221, na forma de lei espe-
cífica, que também garantirá a prioridade de profissionais brasilei- CAPÍTULO VI
ros na execução de produções nacionais. DO MEIO AMBIENTE
§ 4º Lei disciplinará a participação de capital estrangeiro nas
empresas de que trata o § 1º. Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
§ 5º As alterações de controle societário das empresas de que equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia quali-
trata o § 1º serão comunicadas ao Congresso Nacional. dade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever
de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar con- § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Po-
cessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão so- der Público:
nora e de sons e imagens, observado o princípio da complementari- I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e
dade dos sistemas privado, público e estatal. prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
§ 1º O Congresso Nacional apreciará o ato no prazo do art. 64, II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio gené-
§ 2º e § 4º, a contar do recebimento da mensagem. tico do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipu-
§ 2º A não renovação da concessão ou permissão dependerá lação de material genético;
de aprovação de, no mínimo, dois quintos do Congresso Nacional, III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territo-
em votação nominal. riais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo
§ 3º O ato de outorga ou renovação somente produzirá efeitos a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, veda-
legais após deliberação do Congresso Nacional, na forma dos pará- da qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos
grafos anteriores. que justifiquem sua proteção;
§ 4º O cancelamento da concessão ou permissão, antes de ven- IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou ativida-
cido o prazo, depende de decisão judicial. de potencialmente causadora de significativa degradação do meio
§ 5º O prazo da concessão ou permissão será de dez anos para ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará pu-
as emissoras de rádio e de quinze para as de televisão. blicidade;
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de
Art. 224. Para os efeitos do disposto neste capítulo, o Congresso técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a
Nacional instituirá, como seu órgão auxiliar, o Conselho de Comuni- qualidade de vida e o meio ambiente;
cação Social, na forma da lei.
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de en-
sino e a conscientização pública para a preservação do meio am-
É por intermédio dos veículos de comunicação social que se
biente;
exercem a liberdade de expressão (faceta ativa) e a liberdade de
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as
informação (faceta passiva). O Título VIII da Constituição Federal,
práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a
ao regulamentar a ordem social, atento à necessidade do exercício
extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.
destas dimensões da liberdade, traz a disciplina da comunicação
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a re-
social.
Neste sentido, o caput do artigo 220 da Constituição prevê: “a cuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técni-
manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informa- ca exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
ção, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qual- § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio am-
quer restrição, observado o disposto nesta Constituição”. biente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a san-
Logo, quando a Constituição regulamenta a comunicação social ções penais e administrativas, independentemente da obrigação de
tem por fulcro preservar o mais intenso possível exercício da liber- reparar os danos causados.
dade de comunicação. Em destaque, os §§ 1º e 2º do artigo 220, CF. § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra
Entretanto, não se entende haver censura quando a União, me- do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimô-
diante lei federal, tece regulamentações sobre classificação etária nio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de
de programações e sobre restrições a propagandas de determina- condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusi-
dos tipos de produtos, conforme o artigo 220, §§3º e 4º, CF. ve quanto ao uso dos recursos naturais.
Com vistas a resguardar a real liberdade de informação, impe- § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pe-
dindo que as informações que cheguem a público sejam manipuladas los Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos
ou deturpadas, o artigo 220, § 5º, CF prevê que os meios de comunica- ecossistemas naturais.
ção social não podem ser objeto de monopólio ou oligopólio. § 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua
Ainda, tendo em mente evitar a censura prévia, o §6º do artigo localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser ins-
220, CF preconiza a dispensabilidade de licença de autoridade. taladas.
Aceitar a liberdade de comunicação não implica em permitir § 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º
que todo tipo de informação seja veiculada na imprensa, devendo deste artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que
ser conferido o atendimento dos preceitos descritos no artigo 221, utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, confor-
CF. me o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como

62
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasi- compartilhado entre Estado (em todas suas esferas, numa coope-
leiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o ração inter-regional, como se extrai de prescrições do §1º do artigo
bem-estar dos animais envolvidos. 225, CF) e sociedade.
Direitos transindividuais são aqueles que não possuem um titu-
lar determinado e pertencem à coletividade, sendo também deno- CAPÍTULO VII
minados direitos difusos e coletivos. DA FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE,
Em verdade, é possível diferenciar os direitos difusos dos cole- DO JOVEM E DO IDOSO
tivos, no sentido de que os primeiros são muito mais heterogêneos
e vagos, não cabendo determinar o grupo ou categoria de pessoas Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção
atingidas, enquanto que segundos são mais específicos, recaindo do Estado.
sobre um grupo de pessoas que pode ser identificado, embora não § 1º O casamento é civil e gratuita a celebração.
plenamente determinado. § 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.
Aos direitos difusos e coletivos são conferidos mecanismos de § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união
tutela específicos para sua proteção, bem como atribuída compe- estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo
tência para tanto a órgãos determinados que exercerão um papel a lei facilitar sua conversão em casamento.
representativo. No Brasil, destacam-se instituições como o Minis- § 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunida-
tério Público e a Defensoria Pública. Sem prejuízo, como visto, há de formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
remédios constitucionais que se voltam à proteção de interesses § 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são
desta categoria, como o mandado de segurança coletivo e a própria exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.
ação popular, sem falar na ação civil pública e na ação de improbi- § 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio.
dade administrativa, também mencionadas no texto constitucional. § 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e
Mancuso37 utiliza o termo interesses difusos e coletivos para da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão
tratar dos direitos difusos e coletivos, explicando que interesses po- do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e
dem ser: científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma
a) Individuais: são os interesses privados, de cunho egoístico; coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.
b) Metaindividuais: são interesses que excedem a órbita de § 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de
atuação individual e se projetam numa ordem coletiva, podendo cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a vio-
ser coletivos ou difusos; lência no âmbito de suas relações.
c) Coletivos: concernentes a uma realidade coletiva, como pro-
fissão, categoria ou família, isto é, caracterizando-se pelo exercício Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegu-
coletivo de interesses coletivos. Nota-se que pertencem a grupos rar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade,
ou categorias de pessoas determináveis, possuindo uma só base o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
jurídica; profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade
d) Difusos: abrange um número indeterminado de pessoas re- e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo
unidas pelo mesmo fato, logo, a base é mais ampla que dos interes- de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
ses difusos (fato, não Direito) e o número de pessoas é indetermi- crueldade e opressão.
nado (não determinável como nos coletivos). Em verdade, excedem § 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à
o interesse público ou geral. saúde da criança, do adolescente e do jovem, admitida a participa-
Quanto às espécies de direitos difusos e coletivos, pode-se afir- ção de entidades não governamentais, mediante políticas específi-
mar que há uma coletivização da maioria dos direitos individuais cas e obedecendo aos seguintes preceitos:
anteriormente reconhecidos e afirmados, na medida do possível I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à
conforme a situação em concreto, bem como a percepção de direi- saúde na assistência materno-infantil;
tos que são puramente difusos ou coletivos. II - criação de programas de prevenção e atendimento especia-
Neste sentido, quando são tutelados direitos de uma categoria lizado para as pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou
de pessoas vulneráveis, como o idoso, a criança, o portador de defi- mental, bem como de integração social do adolescente e do jovem
ciência e o consumidor, saindo da dimensão individual e olhando de portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e
uma maneira mais ampla para o grupo, tem-se o enquadramento a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos,
de tradicionais direitos individuais como direitos difusos e coletivos. com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas as formas
Nada impede, por outro lado, o reconhecimento de categorias de de discriminação.
direitos difusos e coletivos que surgem de maneira autônoma, sem § 2º A lei disporá sobre normas de construção dos logradou-
partir de um direito individual específico previamente garantido. Neste ros e dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de
viés, destaca-se a questão do direito ao meio ambiente equilibrado. transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas
O constituinte demonstra especial interesse na proteção des- portadoras de deficiência.
ta categoria autônoma de direitos que é o direito ambiental, regu- § 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes as-
lamentando a questão no capítulo VI do título VIII, que aborda a pectos:
ordem social. Não obstante, prevê a “defesa do meio ambiente, in- I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho,
clusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto am- observado o disposto no art. 7º, XXXIII;
biental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;
prestação” como princípio da ordem econômica (artigo 170, VI, CF). III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à
O direito ao meio ambiente saudável é um clássico direito di- escola;
fuso, pertencente a toda a sociedade e não somente às presentes, IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de
mas também às futuras gerações. Com razão, o dever de cuidado é ato infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica
por profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar
37 MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Interesses difusos: conceito e legitimação específica;
para agir. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004, p. 82-87.

63
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e tem efeito civil, nos termos da lei”. O fato do casamento ser gratuito
respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quan- facilita o acesso a ele. Por seu turno, a previsão do casamento civil,
do da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade; aceitando que o religioso tenha o mesmo efeito, consolida a afir-
VI - estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, mação do Estado laico. Aliás, Lei nº 1.110/1950 regula o reconheci-
incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob mento dos efeitos civis ao casamento religioso.
a forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandona- Nos §§ 5º e 6º do artigo 226, CF, mais uma vez, o constituin-
do; te aborda o casamento. Estabelece-se, primeiro, a igualdade entre
VII - programas de prevenção e atendimento especializado à homem e mulher no casamento e depois a possibilidade de disso-
criança, ao adolescente e ao jovem dependente de entorpecentes lução do vínculo conjugal. Quanto à dissolução do vínculo conjugal,
e drogas afins. ressalta-se que não mais se exige um lapso temporal entre a sepa-
§ 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a explora- ração de fato ou judicial para a concessão do divórcio, sendo que o
ção sexual da criança e do adolescente. divórcio pode ser postulado desde logo (é o que decorre da Emenda
§ 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da Constitucional nº 66/2010).
lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte No entanto, o constituinte está ciente de que o casamento não
de estrangeiros. é a única forma de se constituir família, prevendo no § 3º o reco-
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por nhecimento da união estável como entidade familiar e no § 4º o
adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quais- reconhecimento da família monoparental.
quer designações discriminatórias relativas à filiação. O direito ao planejamento familiar é abordado no §7º do artigo
§ 7º No atendimento dos direitos da criança e do adolescente 226, CF.
levar-se- á em consideração o disposto no art. 204. Por fim, o constituinte denota preocupação com a violência do-
§ 8º A lei estabelecerá: méstica, prevendo no §8º do artigo 226. Exemplo de consolidação
I - o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos dos deste ideário é a Lei nº 11.340/2006, Lei Maria da Penha, que coíbe
jovens; a violência doméstica e familiar praticada contra a mulher.
II - o plano nacional de juventude, de duração decenal, visando
à articulação das várias esferas do poder público para a execução 3) Proteção da criança, do adolescente e do jovem
de políticas públicas. Já no caput do artigo 227, CF se encontra uma das principais
diretrizes do direito da criança e do adolescente que é o princípio da
Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito prioridade absoluta. Significa que cada criança e adolescente deve
anos, sujeitos às normas da legislação especial. receber tratamento especial do Estado e ser priorizado em suas po-
líticas públicas, pois são o futuro do país e as bases de construção
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos da sociedade.
menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os Explica Liberati38: “Por absoluta prioridade, devemos entender
pais na velhice, carência ou enfermidade. que a criança e o adolescente deverão estar em primeiro lugar na
escala de preocupação dos governantes; devemos entender que,
Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de am- primeiro, devem ser atendidas todas as necessidades das crianças e
parar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comuni- adolescentes [...]. Por absoluta prioridade, entende-se que, na área
dade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o administrativa, enquanto não existirem creches, escolas, postos de
direito à vida. saúde, atendimento preventivo e emergencial às gestantes dignas
§ 1º Os programas de amparo aos idosos serão executados pre- moradias e trabalho, não se deveria asfaltar ruas, construir praças,
ferencialmente em seus lares. sambódromos monumentos artísticos etc., porque a vida, a saúde,
§ 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratui- o lar, a prevenção de doenças são importantes que as obras de con-
dade dos transportes coletivos urbanos. creto que ficam par a demonstrar o poder do governante”.
A Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 dispõe sobre o Estatuto
Em que pese o artigo 6º, CF mencionar exclusivamente a prote- da Criança e do Adolescente e dá outras providências, seguindo em
ção à maternidade e à infância, o constituinte deixa clara sua inten- seus dispositivos a ideologia do princípio da absoluta prioridade.
ção de proteger todos os núcleos vulneráveis da família: a proteção No §1º do artigo 227 aborda-se a questão da assistência à saú-
da mãe envolve a proteção da família, a proteção da infância abran- de da criança e do adolescente. Do inciso I se depreende a intrín-
ge também a do adolescente e do jovem e, porque não dizer, dos seca relação entre a proteção da criança e do adolescente com a
idosos, já que estes também estão numa idade em que cuidado es- proteção da maternidade e da infância, mencionada no artigo 6º,
pecial deve ser despendido. Em verdade, há associações que traba- CF. Já do inciso II se depreende a proteção de outro grupo vulnerá-
lham com a proteção integrada de todos estes núcleos vulneráveis. vel, que é a pessoa portadora de deficiência, valendo lembrar que
o Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009, que promulga a Con-
1) Proteção à maternidade e à infância venção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
Envolve medidas de seguridade e assistência social e outras e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de mar-
voltadas à mãe e ao seu filho, para que ele cresça de maneira sau- ço de 2007, foi promulgado após aprovação no Congresso Nacional
dável e na presença do seio materno. nos moldes da Emenda Constitucional nº 45/2004, tendo força de
norma constitucional e não de lei ordinária. A preocupação com o
2) Proteção da família direito da pessoa portadora de deficiência se estende ao §2º do
O constituinte reconhece a família como base da sociedade e a artigo 227, CF: “a lei disporá sobre normas de construção dos logra-
coloca como objeto de especial proteção do Estado já no caput do douros e dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de
artigo 226, CF. transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas
A fundação tradicional da família se dá pelo casamento, de portadoras de deficiência”.
modo que os §§ 1º e 2º do artigo 226 estabelecem: “§ 1º O casa-
mento é civil e gratuita a celebração. § 2º O casamento religioso 38 LIBERATI, Wilson Donizeti. O Estatuto da Criança e do Adolescente: Comentá-
rios. São Paulo: IBPS.

64
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
A proteção especial que decorre do princípio da prioridade ab- § 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por
soluta está prevista no §3º do artigo 227. Liga-se, ainda, à proteção eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas ati-
especial, a previsão do §4º do artigo 227: “A lei punirá severamente vidades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos
o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adoles- ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua re-
cente”. produção física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.
Tendo em vista o direito de toda criança e adolescente de ser § 2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios desti-
criado no seio de uma família, o §5º do artigo 227 da Constituição nam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo
prevê que “a adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes.
lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte § 3º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os po-
de estrangeiros”. Neste sentido, a Lei nº 12.010, de 3 de agosto de tenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em
2009, dispõe sobre a adoção. terras indígenas só podem ser efetivados com autorização do Con-
A igualdade entre os filhos, quebrando o paradigma da Consti- gresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes
tuição anterior e do até então vigente Código Civil de 1916 consta no assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei.
artigo 227, § 6º, CF: “os filhos, havidos ou não da relação do casamen- § 4º As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indis-
to, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas poníveis, e os direitos sobre elas, imprescritíveis.
quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação”. § 5º É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras,
Quando o artigo 227 dispõe no § 7º que “no atendimento dos salvo, «ad referendum» do Congresso Nacional, em caso de catás-
direitos da criança e do adolescente levar-se-á em consideração o trofe ou epidemia que ponha em risco sua população, ou no inte-
disposto no art. 204” tem em vista a adoção de práticas de assistên- resse da soberania do País, após deliberação do Congresso Nacio-
cia social, com recursos da seguridade social, em prol da criança e nal, garantido, em qualquer hipótese, o retorno imediato logo que
do adolescente. cesse o risco.
Por seu turno, o artigo 227, § 8º, CF, preconiza: “A lei estabe- § 6º São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos,
lecerá: os atos que tenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse
I - o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos dos das terras a que se refere este artigo, ou a exploração das riquezas
jovens; naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado
II - o plano nacional de juventude, de duração decenal, visando relevante interesse público da União, segundo o que dispuser lei
à articulação das várias esferas do poder público para a execução de complementar, não gerando a nulidade e a extinção direito a inde-
políticas públicas”. nização ou a ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às
benfeitorias derivadas da ocupação de boa fé.
A Lei nº 12.852, de 5 de agosto de 2013, institui o Estatuto da § 7º Não se aplica às terras indígenas o disposto no art. 174, §
Juventude e dispõe sobre os direitos dos jovens, os princípios e di- 3º e § 4º.
retrizes das políticas públicas de juventude e o Sistema Nacional de
Juventude - SINAJUVE. Mais informações sobre a Política mencio- Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são par-
nada no inciso II e sobre a Secretaria e o Conselho Nacional de Ju- tes legítimas para ingressar em juízo em defesa de seus direitos e
ventude que direcionam a implementação dela podem ser obtidas interesses, intervindo o Ministério Público em todos os atos do pro-
na rede39.
cesso.
O artigo 228, CF dispõe: “são penalmente inimputáveis os me-
nores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial”.
Os povos indígenas teciam os fios de sua própria história no
Percebe-se que a normativa não está no rol de cláusulas pétreas, ra-
território brasileiro antes da chegada de um Estado colonizador e
zão pela qual seria possível uma emenda constitucional que alteras-
intervencionista, que veio a se mostrar inapto para cumprir com
se a menoridade penal. Inclusive, há projetos de lei neste sentido.
suas próprias obrigações. O Estado deveria ser restituidor e garante
do direito étnico e do direito comunitário, permitindo aos povos
4) Proteção do idoso
A segunda parte do artigo 229, CF preconiza que “[...] os filhos indígenas restaurar sua ordem institucional e retomar os fios de sua
maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carên- história. Mostra-se necessário ver a nação como uma coalizão de
cia ou enfermidade”. Consolida o dever de solidariedade familiar, povos, permitindo que cada qual resolva seus conflitos internamen-
compensando os pais que criaram seus filhos quando tinham condi- te40.
ções e que hoje se encontram na posição de necessitados. Contudo, A questão indígena encontra regulamentação no Título VIII,
este dever de amparo não é exclusivo da família, conforme se extrai que aborda a ordem social, capítulo VIII.
do artigo 230, CF. Com vistas a assegurar a defesa destes direitos, confere-se legi-
O fato de uma pessoa ter se tornado idosa não a transforma timidade para as comunidades e organizações indígenas de ingres-
numa parte dispensável da sociedade, que merece isolamento. Pelo so no Judiciário para defesa de seus interesses, com intervenção do
contrário, suas experiências devem ser valorizadas e incorporadas Ministério Público em todos os feitos.
nas práticas sociais, tornando-as mais adequadas. Assim, Estado,
família e sociedade possuem o dever compartilhado de conferir as-
sistência aos idosos.

CAPÍTULO VIII
DOS ÍNDIOS

Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social,


costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários so-
bre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União
demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens. 40 SEGATO, Rita Laura. Que cada povo teça os fios da sua história: o pluralismo ju-
rídico em diálogo didático com os legisladores. Revista de Direito da Universidade
39 http://www.juventude.gov.br/politica de Brasília. Brasília, v. 1, ano 1, p. 65-92, jan./jun.2014.

65
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
“§ 9º Aplicam-se aos policiais militares as disposições do art. 42
NORMAS DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO TOCAN- da Constituição Federal, sendo as patentes dos oficiais conferidas
TINS PERTINENTES AOS MILITARES DO ESTADO, ÀS pelo Governador do Estado.”
POLÍCIAS ESTADUAIS E À SEGURANÇA PÚBLICA EM § 10. (Revogado pela Emenda Constitucional nº 15, de
GERAL 26.09.2005, em vigor na data de sua publicação).
O parágrafo revogado dispunha o seguinte:
CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO TOCANTINS “§ 10. Aos policiais militares e aos seus pensionistas aplica-se o
disposto no art. 40, §§ 4º e 5º, da Constituição Federal.”
Última alteração: Emenda Constitucional nº 38, de 03.12.2019. Caput do art. 13º, §§ 4º, 6º, 9º e 10, com redação dada pela
Atualização conforme site oficial http://www.al.to.gov.br até Emenda Constitucional nº 7, de 15.12.1998, revogando-se o § 2º.
27.01.2020. § 11. As promoções dos militares estaduais serão realizadas,
anualmente, no dia 21 de abril.
PREÂMBULO Parágrafo 11 acrescido pela Emenda Constitucional nº 37, de
27.03.2019, DAL de 05.04.2019, em vigor na data de sua publicação.
A Assembleia Estadual Constituinte, representando a Comuni-
dade Tocantinense, refletindo as mudanças operadas com o adven- TÍTULO XI
to de sua emancipação político-administrativa e fazendo-se instru- DA SEGURANÇA DA SOCIEDADE E DO SISTEMA PENITENCIÁRIO
mento de orientação de seu progresso, com Liberdade, Igualdade
e Fraternidade, sob a proteção de Deus, promulga sua primeira CAPÍTULO I
Constituição. DA SEGURANÇA DO INDIVÍDUO E DA SOCIEDADE
TÍTULO I Art. 114. A segurança pública, dever do Estado, direito e res-
DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO ponsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem
pública e incolumidade das pessoas e do patrimônio, pelos seguin-
SEÇÃO IV tes órgãos estaduais:
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA I - Polícia Civil;
II - Polícia Militar.
SUBSEÇÃO III § 1º A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar são regi-
DOS SERVIDORES PÚBLICOS MILITARES
dos por legislação especial, que define sua estrutura, deveres, prer-
rogativas de seus integrantes, de modo a assegurar a eficiência de
Art. 13. Os membros da Polícia Militar e do Corpo de Bombei-
suas atividades e atuação harmônica, observados os preceitos da
ros Militar são militares do Estado, regidos por estatuto próprio,
Constituição Federal.
estabelecido em lei.
§ 1º com redação dada pela Emenda Constitucional nº 15, de
§ 1º As patentes com prerrogativas, direitos e deveres a elas
26.09.2005, em vigor na data de sua publicação.
inerentes, são asseguradas em plenitude aos oficiais da ativa, da
O inciso alterado dispunha o seguinte:
reserva ou reformados, sendo-lhes privativos os títulos, postos e
“§ 1º A Polícia Militar será regida por legislação especial, que
uniformes militares.
§ 2º (Revogado). definirá sua estrutura, deveres, prerrogativas de seus integrantes,
§ 3º O militar em atividade que aceitar cargo público civil per- de modo a assegurar a eficiência de suas atividades e atuação har-
manente será transferido para a reserva. mônica, observados os preceitos da Constituição Federal.”
§ 4º O militar da ativa que tomar posse em cargo, emprego ou § 2º (Revogado pela Emenda Constitucional nº 15, de
função pública temporária, não eletiva, ainda que da administração 26.09.2005, em vigor na data de sua publicação).
indireta, ficará agregado ao respectivo quadro e somente poderá, O parágrafo revogado dispunha o seguinte:
enquanto permanecer nesta situação, ser promovido por antigui- “§ 2º Os integrantes da Polícia Civil submetem-se às disposi-
dade, contando-se-lhe o tempo de serviço apenas para aquela pro- ções da lei que rege os servidores civis do Estado.”
moção e transferência para a reserva, sendo, depois de dois anos § 3º A lei definirá a estrutura e funcionamento da Polícia Civil,
de afastamento, contínuos ou não, transferido para a inatividade. observados os preceitos desta e da Constituição Federal.
§ 5º Ao militar são proibidas a sindicalização e a greve. § 4º A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar forças au-
§ 6º O militar, enquanto em efetivo serviço, não pode estar fi- xiliares e reservas do Exército, juntamente com a Polícia Civil, subor-
liado a partidos políticos. dinam-se ao Governador do Estado.
§ 7º O oficial condenado na Justiça Comum ou Militar à pena § 4º com redação dada pela Emenda Constitucional nº 15, de
privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transitada 26.09.2005, em vigor na data de sua publicação.
em julgado, será submetido a julgamento perante a Justiça Militar O inciso alterado dispunha o seguinte:
que decidirá sobre a perda do seu cargo ou patente, se o considerar “§ 4º A Polícia Militar, força auxiliar e reserva do Exército, jun-
indigno ao oficialato ou com ele incompatível. tamente com a Polícia Civil, subordinam-se ao Governador do Es-
§ 8º A lei disporá sobre os limites de idade, a estabilidade e tado.”
outras condições de transferência do servidor militar para a inati- §§ 1º e 2º, com redação dada pela Emenda Constitucional nº 7,
vidade. de 15.12.1998, acrescendo-se §§ 3º e 4º.
§ 9º Aplicam-se aos militares do Estado as disposições do art. III - Corpo de Bombeiros Militar.
42 da Constituição Federal, sendo as patentes dos oficiais conferi- Inciso III acrescido pela Emenda Constitucional nº 15, de
das pelo Governador do Estado. 26.09.2005, em vigor na data de sua publicação.
§ 9º com redação dada pela Emenda Constitucional nº 15, de Art. 115. O exercício da função policial é privativo do policial de
26.09.2005, em vigor na data de sua publicação. carreira, recrutado exclusivamente por concurso público de provas
O parágrafo alterado dispunha o seguinte: ou de provas e títulos, submetido a curso de formação policial.

66
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Parágrafo único. Os integrantes dos serviços policiais serão rea- O parágrafo revogado dispunha o seguinte:
valiados periodicamente, aferindo-se suas condições para o exercí- “§ 4º Os Delegados de Polícia de carreira jurídica serão lotados
cio do cargo, na forma da lei. nos órgãos da Polícia Civil situados nas sedes das comarcas.”
Art. 116. A Polícia Civil é dirigida por delegado de polícia de § 5º Lei Complementar de iniciativa do Chefe do Poder Executi-
carreira, incumbindo-se das funções de polícia judiciária e da apu- vo disporá sobre a estruturação e o subsídio da carreira jurídica de
ração das infrações penais, exceto as militares e as da competência Delegado de Polícia em quadro próprio, dependendo o respectivo
da União. ingresso de concurso público de provas e títulos, com a participação
§ 1º As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo-se
exercidas pelo Delegado de Polícia são de natureza jurídica, essen- do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica
ciais e exclusivas do Estado. ou o mesmo tempo em efetivo exercício em cargo de natureza po-
Caput do parágrafo 1º com redação dada pela Emenda Consti- licial e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação.
tucional nº 37, de 27.03.2019, DAL de 05.04.2019, em vigor na data Parágrafos 3º a 5º acrescidos pela Emenda Constitucional nº
de sua publicação. 26, de 26.03.2014, DOE de 03.07.2014, em vigor na data de sua
O caput alterado dispunha o seguinte: publicação.
“§ 1º As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações Art. 117. A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar são
penais exercidas pelo Delegado de Polícia são de natureza jurídica, instituições permanentes, organizadas com base na hierarquia e
essenciais e exclusivas de Estado, sendo-lhe assegurados os direitos disciplina militares, competindo, entre outras, as seguintes ativida-
inerentes às demais carreiras jurídicas do Estado, a independência des para:
funcional além das seguintes garantias:” I - a Polícia Militar:
a) (Revogada pela Emenda Constitucional nº 37, de 27.03.2019, a) policiamento ostensivo de prevenção criminal, de segurança,
DAL de 05.04.2019, em vigor na data de sua publicação). de trânsito urbano e rodoviário;
A alínea revogada dispunha o seguinte: b) atividades relacionadas com a preservação e restauração da
“a) vitaliciedade, que será adquirida após três anos de efetivo ordem pública e com a garantia do poder de polícia dos órgãos e
exercício, não podendo perder o cargo senão por sentença judicial entidades da administração pública, em especial das áreas fazendá-
transitada em julgado;” ria, sanitária, de proteção ambiental, de uso e ocupação do solo e
b) (Revogada pela Emenda Constitucional nº 37, de 27.03.2019, de patrimônio cultural;
DAL de 05.04.2019, em vigor na data de sua publicação). II - o Corpo de Bombeiros Militar:
A alínea revogada dispunha o seguinte: a) coordenação e execução de ações de defesa civil;
“b) inamovibilidade, salvo remoção de ofício por motivo de in- b) prevenção e o combate aos incêndios;
teresse público por ato fundamentado de dois terços do Conselho c) proteção, busca e salvamento em alturas, terrestre e aquáti-
Superior da co de pessoas e bens;
Polícia Civil, ou a pedido, mediante concurso de remoção, onde d) estabelecimento de normas relativas à segurança das pes-
deverão ser observados, alternadamente, os critérios de antiguida- soas e de seu patrimônio contra incêndio e catástrofes ou pânico;
de e merecimento.” e) perícia de incêndios;
§ 2º Ao Delegado de Polícia cabe a condução de investigação f) resgate de vítimas de acidentes e sinistros;
criminal por meio do inquérito policial ou outro procedimento pre- g) analisar projetos contra incêndio e pânico, fiscalizar sua exe-
visto em Lei, que tenha como objetivo a apuração das circunstân- cução, aplicar sanções e interdições em edificações ou locais de
cias da materialidade e da autoria de infrações penais, respeitando concentração de público que não apresente as condições de segu-
a legislação penal vigente. rança exigidas por normas vigentes.
Parágrafo 2º com redação dada pela Emenda Constitucional III - Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar, a função de
nº 37, de 27.03.2019, DAL de 05.04.2019, em vigor na data de sua polícia judiciária militar, nos termos da lei federal.
publicação. Parágrafo único. Lei complementar organizará a Polícia Militar
O parágrafo alterado dispunha o seguinte: e o Corpo de Bombeiros Militar.”
“§ 2º Ao delegado de polícia, na qualidade de autoridade poli-
Artigo 117 com redação dada pela Emenda Constitucional nº
cial, cabe a condução da investigação criminal por meio de inquéri-
15, de 26.09.2005, em vigor na data de sua publicação.
to policial ou outro procedimento previsto em lei, que tenha como
O artigo alterado dispunha o seguinte:
objetivo a apuração das circunstâncias, da materialidade e da auto-
“Art. 117. A Polícia Militar é instituição permanente, organizada
ria das infrações penais, atuando de acordo com seu livre conven-
com base na hierarquia e disciplina militares, competindo-lhe, en-
cimento técnico-jurídico, com independência funcional, isenção e
tre outras, as seguintes atividades:
imparcialidade.”
I - o policiamento ostensivo de segurança;
* Vide Emenda Constitucional nº 26, de 26.03.2014, DOE de
03.07.2014, que alterou os parágrafos 1º e 2º. II - a preservação da ordem pública;
§ 3º (Revogado pela Emenda Constitucional nº 37, de III - a polícia judiciária militar, nos termos da lei federal;
27.03.2019, DAL de 05.04.2019, em vigor na data de sua publica- IV - orientação e instrução das guardas municipais, onde hou-
ção). ver;
O parágrafo revogado dispunha o seguinte: V - garantia do exercício do poder de polícia, dos Poderes e
“§ 3º O inquérito policial ou outro procedimento previsto em órgãos públicos do Estado, especialmente os das áreas fazendária,
lei em curso somente poderá ser avocado ou redistribuído por su- sanitária, de uso e ocupação do solo e do patrimônio cultural.
perior hierárquico, mediante despacho fundamentado, por motivo Parágrafo único. Lei complementar organizará a Polícia Militar.”
de interesse público ou nas hipóteses de inobservância dos proce- * Vide Emenda Constitucional nº 11, de 19.06.2001, que altera
dimentos previstos em regulamento da corporação que prejudique o parágrafo único deste artigo.
a eficácia da investigação.”
§ 4º (Revogado pela Emenda Constitucional nº 37, de
27.03.2019, DAL de 05.04.2019, em vigor na data de sua publica-
ção).

67
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
5. Com base nas disposições constitucionais sobre os direitos e
EXERCÍCIOS garantias fundamentais, analise as afirmativas a seguir:
I. Os cargos de Vice-Presidente da República e Senador são pri-
1. [...] não se pode deduzir que todos os direitos fundamentais vativos de brasileiro nato.
possam ser aplicados e protegidos da mesma forma, embora todos II. São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
eles estejam sob a guarda de um regime jurídico reforçado, conferi- III. Os partidos políticos não estão subordinados a nenhum tipo
do pelo legislador constituinte. (HACHEM, Daniel Wunder. Manda- de governo, mas podem receber recursos financeiros de entidades
do de Injunção e Direitos Fundamentais, 2012.) nacionais ou estrangeiras.
Sobre o tema, assinale a alternativa correta.
A. É compatível com a posição do autor inferir-se que, não obs- Assinale
tante o reconhecimento do princípio da aplicabilidade imediata das A. se somente a afirmativa I estiver correta.
normas definidoras de direitos e garantias fundamentais, há pe- B. se somente a afirmativa II estiver correta.
culiaridades nas consequências jurídicas extraíveis de cada direito C. se somente a afirmativa III estiver correta
fundamental, haja vista existirem distintos níveis de proteção. D. se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
B. É compatível com a posição do autor a recusa ao reconheci- E. se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
mento do princípio da aplicabilidade imediata das normas definido-
ras de direitos e garantias fundamentais no sistema constitucional 6. Doutrinariamente, o conceito e a classificação das constitui-
brasileiro. ções podem variar de acordo com o sentido e o critério adotados
C. O autor se refere particularmente à distinção existente entre para sua definição. A respeito dessa temática, leia as afirmativas
direitos fundamentais políticos e direitos fundamentais sociais, haja abaixo:
vista a mais ampla proteção constitucional aos primeiros, que não I. Para o sociólogo Ferdinand Lassalle, “Constituição” seria a
somatória dos fatores reais de poder dentro de uma sociedade, en-
estão limitados ao mínimo existencial.
quanto reflexo do embate das forças econômicas, sociais, políticas e
D. O autor se refere particularmente à distinção entre os direi-
religiosas de um Estado. Nesse sentido, por ser uma norma jurídica,
tos fundamentais que consistem em cláusulas pétreas e os direitos
ainda que não efetiva, uma Constituição legítima é aquela escrita
fundamentais que não estão protegidos por essa cláusula, sendo
em uma “folha de papel”.
que a maior proteção dada aos primeiros os torna imunes à incidên-
II. O alemão Carl Schmitt define “Constituição” como sendo
cia da reserva do possível.
uma decisão política fundamental, cuja finalidade precípua é orga-
E. O autor se refere particularmente à distinção entre os di-
nizar e estruturar os elementos essenciais do Estado. Trata-se do
reitos fundamentais que estão expressos na Constituição de 1988 sentido político delineado na teoria decisionista ou voluntarista, em
e aqueles que estão implícitos, decorrendo dos princípios por ela que a Constituição é um produto da vontade do titular do Poder
adotados, haja vista o expresso regime diferenciado de proteção Constituinte.
estabelecido em nível constitucional para esses dois grupos de di- III. Embasada em uma concepção jurídica, “Constituição” é
reitos. uma norma pura, a despeito de fundamentações oriundas de ou-
tras disciplinas. Através do sentido jurídico-positivo, Hans Kelsen
2. De acordo com a Constituição Federal de 1988, é certo di- define a Constituição como norma positiva suprema, dentro de um
zer que quando a propriedade rural atende, simultaneamente, se- sistema escalonado e hierarquizado de normas, em que aquela ser-
gundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos se- ve de fundamento de validade para todas as demais.
guintes requisitos: aproveitamento racional e adequado; utilização IV. “Constituição-dirigente ou registro” é aquela que traça di-
adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio retrizes objetivando nortear a ação estatal, mediante a previsão de
ambiente; observância das disposições que regulam as relações de normas programáticas. Marcante em nações socialistas, visa reger o
trabalho; e exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários ordenamento jurídico de um Estado durante certo período de tem-
e dos trabalhadores, está cumprida a: po nela estabelecido, cujo decurso implicará a elaboração de uma
A. Função econômica. nova Constituição ou adaptação de seu texto.
B. Reforma agrária. V. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é
C. Desapropriação. classificada, pela doutrina majoritária, como sendo de ordem de-
D. Função social. mocrática, nominativa, analítica, material e super-rígida.

3. Assinale a única alternativa que não contemple um direito Assinale a alternativa correta.
social previsto na Constituição Federal. A. Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas
A. direito ao lazer B. Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas
B. direito à previdência social C. Apenas as afirmativas II, III e V estão corretas
C. direito à alimentação D. Apenas as afirmativas II e III estão corretas
D. direito à ampla defesa
E. direito à educação 7. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República,
auxiliado pelos Ministros de Estado. No que se refere às disposi-
4. Segundo as disposições do Art. 12 da Constituição Federal, é ções constitucionais sobre o Poder Executivo, analise as afirmativas
privativo de brasileiro nato o cargo de: abaixo:
A. Ministro do Supremo Tribunal Federal. I. O Vice-Presidente da República, além de outras atribuições
B. Ministro de Estado da Justiça e da Segurança Pública. que lhe forem conferidas por lei complementar, auxiliará o Presi-
C. Ministro do Superior Tribunal de Justiça. dente, sempre que por ele convocado para missões especiais.
D. Deputado Federal. II. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presiden-
E. Senador da República. te, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente cha-
mados ao exercício da Presidência o Presidente do Supremo Tribu-
nal Federal, da Câmara dos Deputados e o do Senado Federal.

68
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
III. Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período 11. Acerca do Controle de Constitucionalidade, marque a op-
presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias ção CORRETA.
depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei. A. Os efeitos da decisão que afirma a inconstitucionalidade da
norma em sede de Ação Direta de Inconstitucionalidade, em regra,
Assinale a alternativa correta. são ex nunc.
A. As afirmativas I, II e III estão corretas B. O controle de Constitucionalidade de qualquer decreto regu-
B. Apenas as afirmativas I e II estão corretas lamentar deve ser realizado pela via difusa.
C. Apenas as afirmativas II e III estão corretas C. É impossível matéria de fato em sede de Ação Direta de In-
D. Apenas as afirmativas I e III estão corretas constitucionalidade.
D. Após a propositura da Ação Declaratória de Constitucionali-
8. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabili- dade é admissível a desistência.
dade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da E. A mutação constitucional tem relação não com o aspecto
incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes formal do texto constitucional, mas com a interpretação dada à
órgãos, EXCETO: Constituição.
A. Polícia Federal.
B. Polícia Rodoviária Federal. 12. Sobre a aplicabilidade das normas constitucionais, examine
C. Defesa Civil. as assertivas seguintes:
D. Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares. I – Para Hans Kelsen, eficácia é a possibilidade de a norma jurí-
dica, a um só tempo, ser aplicada e não obedecida, obedecida e não
9. De acordo com as disposições constitucionais acerca da Or- aplicada. Para se considerar um preceito como eficaz deve existir a
dem Social, assinale a afirmativa incorreta. possibilidade de uma conduta em desarmonia com a norma. Uma
A. A pesquisa científica básica e tecnológica receberá tratamen- norma que preceituasse um certo evento que de antemão se sabe
to prioritário do Estado, tendo em vista o bem público e o progresso que necessariamente se tem de verificar, sempre e em toda parte,
da ciência, tecnologia e inovação. por força de uma lei natural, será tão absurda como uma norma que
B. A educação básica pública terá como fonte adicional de fi- preceituasse um certo fato que de antemão se sabe que de forma
nanciamento a contribuição social do salário-educação, recolhida alguma se poderá verificar, igualmente por força de uma lei natural.
pelas empresas na forma da lei. II – O fenômeno relativo à desconstitucionalização, ou seja, a
C. A União, os Estados e o Distrito Federal estão obrigados a retirada de temas do sistema constitucional e a sua inserção em
vincular parcela de sua receita orçamentária a entidades públicas sede de legislação ordinária, pode ser observado no Brasil.
de fomento ao ensino e à pesquisa científica e tecnológica. III – A norma constitucional com eficácia relativa restringível
D. Incumbe ao Poder Público promover a educação ambiental tem aplicabilidade direta e imediata, podendo, todavia, ter a am-
em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a pre- plitude reduzida em razão de sobrevir texto legislativo ordinário ou
servação do meio ambiente. mesmo sentença judicial que encurte o espectro normativo, como
E. Compete ao Poder Público recensear os educandos no en- é, por exemplo, o direito individual à inviolabilidade do domicílio,
sino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou desde que é possível, por determinação judicial, que se lhe promo-
responsáveis, pela frequência à escola. va restrição.

10. A Constituição Brasileira instituiu um modelo de proteção Assinale a alternativa CORRETA:


social aos brasileiros que inclui a assistência social como um direi- A. Apenas as assertivas I e II estão corretas.
to de seguridade social reclamável juridicamente e traduzível em B. Apenas as assertivas I e III estão corretas.
proteção social não contributiva devida ao cidadão (BRASIL, 2013). C. Apenas as assertivas II e III estão corretas.
Sobre a assistência social como direito à seguridade social é COR- D. Todas as assertivas estão corretas.
RETO afirmar que:
A. A confguração da assistência social como política pública lhe 13. Sobre o Poder Legislativo da União, assinale a alternativa
atribui um campo específico de ação, no caso, a proteção social não INCORRETA.
contributiva como direito de cidadania, aos que dela necessitar, os A. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do
pobres. povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada estado, em cada
B. A política de assistência social, como política de seguridade território e no Distrito Federal.
social, é responsável pela provisão de direitos sociais. B. O Senado Federal compõe-se de representantes dos estados
C. Na condição de prática, a política de assistência social pode e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário.
ter múltiplas expressões, ser realizada em direções e abrangências C. Cada estado, território e o Distrito Federal elegerão três se-
diferentes, desenvolver experiências, fazer uma ou outra atenção. nadores, com mandato de oito anos.
D. A atenção prestada não se refere ao escopo de um indivíduo D. O número total de deputados, bem como a representação
ou uma família, mas deve ter presente que sua responsabilidade por estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei com-
exige que se organize para que a ela tenham acesso todos aqueles plementar, proporcionalmente à população, procedendo-se aos
que estão na mesma situação. ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma
E. Atenções prestadas de modo focalizadas a grupos de pobres das unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta
e miseráveis, de forma subalternizadora, constituindo um processo deputados.
de assistencialização das políticas sociais.
14. Referente ao Poder Judiciário, assinale a alternativa correta.
A. O ato de remoção ou de disponibilidade do magistrado, por
interesse público, fundar-se-á em decisão por voto da maioria do
respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada
ampla defesa.

69
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
B. Nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgado- 18. Acerca do Controle de Constitucionalidade, marque a op-
res, poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo de onze ção CORRETA.
e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das atribui- A. Os efeitos da decisão que afirma a inconstitucionalidade da
ções administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do norma em sede de Ação Direta de Inconstitucionalidade, em regra,
tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por antiguidade e a são ex nunc.
outra metade por eleição pelo tribunal pleno. B. O controle de Constitucionalidade de qualquer decreto regu-
C. Aos juízes é vedado exercer a advocacia no juízo ou tribunal lamentar deve ser realizado pela via difusa.
do qual se afastou, antes de decorridos 02 (dois) anos do afasta- C. É impossível matéria de fato em sede de Ação Direta de In-
mento do cargo por aposentadoria ou exoneração. constitucionalidade.
D. As custas e emolumentos serão destinados, preferencial- D. Após a propositura da Ação Declaratória de Constitucionali-
mente, ao custeio dos serviços afetos às atividades específicas da dade é admissível a desistência.
Justiça. E. A mutação constitucional tem relação não com o aspecto
E. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze) formal do texto constitucional, mas com a interpretação dada à
membros com mandato de 2 (dois) anos, vedada a recondução. Constituição.

15. O Ministério Público da União compreende:


A. o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Traba-
lho e o Ministério Público Militar. GABARITO
B. o Ministério Público Estadual, o Ministério Público do Traba-
lho e o Ministério Público Militar.
1 A
C. o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Traba-
lho e o Ministério Público do Distrito Federal. 2 D
D. o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Traba- 3 D
lho e o Ministério Público Militar, do Distrito Federal e territórios.
E. o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Traba- 4 A
lho e o Ministério Público Militar e territórios. 5 B
6 D
16. Com base nas disposições constitucionais sobre a Advoca-
cia Pública e a Defensoria Pública, analise os itens abaixo: 7 D
I. Aos advogados públicos são assegurados a inamovibilidade, 8 C
a independência funcional e a estabilidade após três anos de efeti-
vo exercício, mediante avaliação de desempenho perante os órgãos 9 C
próprios, após relatório circunstanciado das corregedorias. 10 D
II. A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogado-Geral
da União, de livre nomeação pelo Presidente da República dentre 11 E
cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e 12 B
reputação ilibada.
13 C
III. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à
função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, dentre outras atri- 14 B
buições, a orientação jurídica aos necessitados. 15 D
Assinale: 16 D
A. se apenas a afirmativa I estiver correta. 17 D
B. se apenas a afirmativa II estiver correta.
C. se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas. 18 E
D. se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.

17. A respeito do controle de constitucionalidade preventivo


no direito brasileiro, é correto afirmar que
A. é exercido pelo Legislativo ao sustar os atos normativos do
Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limi-
tes de delegação legislativa.
B. é praticado, por exemplo, quando o Senado suspende a exe-
cução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por
decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal.
C. não cabe ao Poder Judiciário exercer esse tipo de controle,
Poder este que tem competência apenas para exercer o controle
repressivo.
D. as comissões parlamentares têm competência para exercer
esse tipo de controle ao examinar os projetos de lei a elas subme-
tidos.
E. o veto presidencial, que é uma forma de controle preventivo
de constitucionalidade, é sujeito à apreciação e anulação pelo Po-
der Judiciário.

70
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
1. Infração penal. elementos, espécies. Sujeito ativo e sujeito passivo da infração penal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Tipicidade, ilicitude, culpabilidade, punibilidade. Imputabilidade penal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
3. Crimes contra a pessoa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06
4. Abuso de Autoridade (Lei nº 13.869/2019 e suas alterações). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
5. Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/1990 e suas alterações). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
6. Crimes contra a administração pública. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
2) Contravenção Penal:
INFRAÇÃO PENAL. ELEMENTOS, ESPÉCIES. SUJEITO A Lei de Introdução ao Código Penal, em seu artigo 1º, além de
ATIVO E SUJEITO PASSIVO DA INFRAÇÃO PENAL apresentar a conceituação de crime, trouxe também a definição de
contravenção penal da seguinte forma:
A infração penal pode ser conceituada como toda conduta pre-
viamente prevista em lei como ilícita, para qual se estabelece uma Decreto-Lei nº 3.914, de 9 de dezembro de 1941
pena. Art. 1º - Considera-se crime a infração penal que a lei comina
As infrações penais se subdividem em duas espécies: CRIMES e pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alter-
CONTRAVENÇÕES PENAIS. nativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a
infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão
1) Crime: simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.
A Lei de Introdução ao Código Penal (Decreto-Lei nº 3.914, de 9 (Grifo nosso)
de dezembro de 1941), em seu artigo 1º, conceituou o crime da se-
guinte forma:“Considera-se crime a infração penal que a lei comina Nota-se que o legislador diferenciou o crime e a contravenção
pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alterna- penal basicamente com relação a pena aplicada, sendo considerado
tiva ou cumulativamente com a pena de multa; (...) crime as infrações mais graves (punidas com reclusão ou detenção)
Já a doutrina majoritária, que adota o conceito analítico de cri- e contravenção as infrações mais leves (punidas com prisão simples
me, defende que crime étodo fato típico, antijurídico e culpável. e multa).
Nota-se que o conceito analítico é majoritariamente tripartite, visto Outra diferença entre os dois institutos é que no crime pune-se
que considera que o crime possui 3 elementos ou requisitos: o fato a tentativa, já na contravenção a tentativa não é punível.
típico, a ilicitude e a culpabilidade.
Por fim, nos crimes o tempo de cumprimento das penas priva-
tivas de liberdade não pode ser superior a 40 (quarenta) anos, já na
Elementos do Crime
contravenção penal a pena de prisão simples pode chegar no máxi-
Sobre os elementos do crime, a doutrina destaca duas teorias:
mo a 05 (cinco) anos e é cumprida sem rigor penitenciário.
a) Teoria Bipartida:para esta teoria crime é todo fato típico e
antijurídico (ilícito). Considera, portanto, como elementos do crime
apenas o fato típico e a antijuridicidade/ilicitude. A culpabilidade TIPICIDADE, ILICITUDE, CULPABILIDADE, PUNIBILIDA-
para esta teoria é mero pressuposto para aplicação da pena e não DE. IMPUTABILIDADE PENAL
elemento do crime.
b) Teoria Tripartida (Corrente Majoritária):considera crime
todo fato típico, antijurídico e culpável (conceito analítico). Aqui, Considerando o conceito analítico de crime, que defende que
a culpabilidade também é considerada elemento do crime, junta- crime é todo fato típico, antijurídico e culpável, podemos notar que
mente como fato típico e a antijuridicidade. Na falta de algum des- o conceito de crime possui 03 elementos: o Fato Típico, a Ilicitude
ses elementos o fato não será considerado crime. e a Culpabilidade, sendo a tipicidade um dos elementos do fato tí-
pico.
Análise dos Elementos do Crime: (Conceito Analítico) Para a doutrina majoritária, a punibilidade, que é a possibilida-
- Fato Típico: toda conduta que se enquadra em um tipo penal, de jurídica que detém o Estado de punir o autor de um crime, não
ou seja, é o fato descrito pela lei penal como crime. Quando alguém é considerada um elemento do crime por se tratar de algo exterior,
pratica um fato que não está descrito em nenhum tipo penal, ele sendo apenas uma consequência da prática do crime e não con-
será atípico e, portanto, não será crime. O fato típico é composto dição essencial para sua configuração. Nesse sentido, o direito de
dos seguintes elementos:Conduta; Nexo Causal;Resultado e Tipici- punir do Estado (Ius puniendi) nasce com a prática do crime.
dade
- Antijuridicidade (Ilicitude):o fato para ser antijurídico deve Tipicidade
ser contrário às normas do direito penal. Existem situações, no en- A tipicidade é o enquadramento/adequação de um fato prati-
tanto, que alguns fatos são amparados por causas excludentes de cado pelo agente a um tipo penal incriminador. Trata-se de um dos
ilicitude, como por exemplo na legítima defesa, no estado de ne- elementos/requisitos do Fato Típico.
cessidade, no estrito cumprimento de dever legal ou no exercício
regular de direito. Nestes casos, o fato será típico, mas não será Elementos do Fato Típico:
antijurídico, logo não haverá crime.
Um fato para ser típico depende de 04 elementos essenciais:
- Culpabilidade: diz respeito a possibilidade ou não de aplica-
Conduta, Resultado, Nexo Causal e Tipicidade.
ção de uma pena ao autor de um crime. Para que a pena possa
ser aplicada, alguns requisitos/elementos são essenciais: imputa-
a) Conduta: segundo a teoria finalista, adotada por nosso or-
bilidade penal, potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de
conduta diversa. Ausente quaisquer destes requisitos, não haverá denamento jurídico, a conduta é toda ação humana (comissiva ou
culpabilidade, logo não haverá crime. omissiva), voluntária, dirigida a uma finalidade.O dolo e a culpa
neste caso integram a conduta. Assim, são elementos da conduta a
vontade (aspecto subjetivo) e a ação ou omissão (aspecto objetivo).
A vontade neste caso refere-se a vontade de praticar o ato que
ensejou o crime. Quando a vontade é livre e consciente de praticar
a infração, o crime será doloso. Já quando o agente não quer nem
assume o risco de produzir o resultado, mas atua com imprudência,
negligencia ou imperícia, o crime será culposo.
Ausente um dos elementos da conduta o fato não será típico.

1
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Excludentes da Conduta: nos casos em que a conduta não for Superveniência de causa independente
orientada pela consciência e vontade do agente, ela poderá ser ex- CP - Art.13 (...)
cluída. Sem conduta, inexiste o fato típico. Hipóteses: § 1º - A superveniência de causa relativamente independente
- Caso Fortuito e Força Maior exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos
- Movimentos Reflexos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.
- Sonambulismo e estados de inconsciência (hipnose)
- Coação Física Irresistível Ex. “A” atira em “B”que é prontamente socorrido por uma am-
bulância. No caminho do hospital esta ambulância sofre um aciden-
b) Resultado:o resultado nada mais é que a consequência da te de trânsito e “B” morre de traumatismo craniano sofrido exclusi-
pratica do crime ou a modificação do mundo exterior provocada vamente em decorrência do acidente de trânsito.
pela conduta do autor de um crime. O resultado pode ser naturalís- Neste caso uma causa superveniente, (ocorreu posteriormente
tico/material ou Normativo/Jurídico. a conduta do agente “A” - acidente de trânsito), relativamente in-
- Naturalístico ou Material: ocorre quando a conduta modifica dependente (pois a vítima só estava na ambulância porque levou o
o mundo exterior. Ex: no Homicídio o resultado naturalístico se dá tiro), foi o que provocou a morte de “B” e não efetivamente o tiro
com a morte da vítima. dado por “A”.
Nesse sentido, nos termos do §1º do artigo 13 do CP, se a causa
Vale lembrar que apenas os crimes materiais exigem o resul- superveniente, relativamente independente, por si só provocou o
tado naturalístico. Nos crimes formais e de mera conduta ele não resultado, “A” não responderá pelo evento morte, responsabilizan-
é exigido. do-se, apenas, pelos atos anteriormente praticados.
- Normativo ou Jurídico: ocorre com a violação ao bem jurídico Assim, se a intenção de “A” era matar “B” responderá por ten-
tutelado pela lei. É a modificação que o crime produz no mundo tativa de homicídio.
jurídico. Ex.: No crime de invasão de domicílio, nada causa no ponto Podemos assim concluir que para a aplicação da exceção do
de vista naturalístico, porém no mundo jurídico, fere o direito à in- §1º do artigo 13, três situações devem ser observadas: deve existir
violabilidade de domicílio. uma causa superveniente, relativamente independente, e que por
Não há crime sem lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico si só produza o resultado.
tutelado, ou seja, não existe crime sem resultado jurídico.
Relevância da omissão
O § 2º do artigo 13 do CP trata da relevância da omissão, ou
c) Nexo Causal (Nexo de Causalidade):trata-se da ligação entre
seja, daqueles casos em que a pessoa deveria ou poderia evitar o
a conduta do agente e o resultado produzido. É através do nexo
resultado de um crime, mas não o faz.
causal que podemos concluir se o resultado foi ou não provocado
pela conduta do agente.
Relevância da omissão
O nexo de causalidade só é exigido nos crimes matérias, já que
CP - Art. 13 (...)
nos crimes formas e nos crimes de mera conduta o resultado natu-
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente
ralístico é dispensado.
devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe
a quem:
O artigo 13 do Código Penal (CP) assim dispõe sobre o Nexo de a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilân-
Causalidade: cia;(Ex. Policiais; Pais; Bombeiros)
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o re-
Relação de causalidade sultado; (Ex: enfermeiros; médicos; professores)
CP - Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrên-
somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a cia do resultado.(Ex. Pessoa que acende uma fogueira para queimar
ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. seu lixo e esquece de apagá-la, ocasionando um incêndio e matan-
do um vizinho)
O Código Penal ao dispor que causa é a ação ou omissão sem a
qual o resultado não teria ocorrido, adotou, a Teoria da Equivalên- Para o Direito Penal uma omissão é relevante, quando o emi-
cia dos Antecedentes Causais ou Teoria da Equivalência das Con- tente devia e podia agir para evitar o resultado (garantidor), mas
dições, também conhecida como Teoria da Conditio SineQua Non. não o faz. Neste caso a Lei penal pune a conduta de não agir, não
Segundo esta teoria, tudo que concorre para o resultado é exigindo o resultado naturalístico.
considerado como sua causa. Utiliza-se o processo de eliminação Exemplo: omissão de socorro (art.135, CP).
hipotético para identificar o que é causa, ou seja, retira-se o fato do
curso dos acontecimentos, se com isso o resultado desaparecer ele Omissão de socorro
será causa, se por outro lado, mesmo retirando o fato o resultado CP - Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível
ainda assim acontecer, este fato não será considerado causa. fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou
à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente
Superveniência de causa independente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
O §1º do artigo 13 do CP apresenta uma exceção à regra da Te- Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
oria da Conditio SineQua Non, adotando neste caso a Teoria da Cau- Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omis-
salidade adequada, segundo a qual nem todos os acontecimentos são resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta
são considerados causa, mas sim, somente aqueles aptos a produzir a morte.
o resultado.
Quando várias causas contribuem para a produção do resulta- d) Tipicidade:A tipicidade é o enquadramento/adequação de
do, estamos diante das concausas. um fato praticado pelo agente a uma norma descrita na lei penal
como crime. A tipicidade pode ser FORMAL ou MATERIAL.

2
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
- Tipicidade Formal: é o enquadramento entre o fato e a norma Tentativa
penal. Ex: Ofender a integridade corporal de outrem se enquadra II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por
perfeitamente no crime de ameaça previsto no artigo 129 do Có- circunstâncias alheias à vontade do agente.
digo Penal. Pena de tentativa
- Tipicidade Material: ocorre quando há uma lesão ou amea- Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a ten-
ça de lesão significativa a um bem jurídico tutelado pela lei. Desta tativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída
forma, quando, apesar de típica a conduta não afetar significativa- de um a dois terços
mente um bem jurídico protegido pela ela, não haverá tipicidade
material. Exemplo: nas hipóteses de aplicação do princípio da in- No crime tentado, o agente responde com a pena correspon-
significância. dente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. (Teoria
Em virtude da inexpressividade da lesão causada ao patrimônio objetiva da punibilidade da tentativa).
da vítima e pelo desvalor da conduta, o princípio da insignificância Nesse sentido, quanto mais próximo do resultado chegar o ato
exclui a tipicidade material. criminoso, menor será a diminuição da pena.
Não admitem tentativa, os crimes culposos, os preterdolosos,
A tipicidade como elemento do fato típico (tipicidade penal), os omissivos próprios, as contravenções penais, os crimes habitu-
engloba tanto a tipicidade formal, quanto a material, ou seja, para ais, os crimes unissubsistentes e os crimes de atentado.
um fato ser considerado típico, necessariamente devem estar pre-
sentes a tipicidade formal e a material. Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz (art. 15, CP)
a) Desistência Voluntária (art. 15, 1ª parte, CP): ocorre o agen-
Tipo Penal te interrompe voluntariamente a execução do crime, antes da sua
O tipo penal não se confunde com a tipicidade. O tipo penal consumação. Difere da tentativa pois nesta o agente não consuma
descreve objetivamente um comportamento proibido pelo Direito o crime por circunstancias alheias a sua vontade, já na desistência
Penal. Já a tipicidade analisa a conduta e posteriormente o seu en-
voluntária o agente não consuma o fato por vontade própria.
quadramento ou não no tipo penal.
Ex: “A” desejando matar “B” começa a sufocá-lo, no entanto,
quando “B” começa a ficar sem ar, “A” desiste da ação e vai embora.
Elementos do Tipo
O tipo penal é composto por elementos objetivos, subjetivos
e normativos. b) Arrependimento Eficaz: (art. 15, 2ª parte, CP): ocorre quan-
1) Elementos Objetivos:são elementos penais que independem do o agente pratica todos os atos executórios do crime, mas se arre-
de interpretação ou juízo de valor. Os tipos penais objetivos são fa- pende e adota medidas que impedem a consumação do resultado.
cilmente interpretados e de simples constatação. Ex: Matar alguém Ex. “A” atira em “B” e depois o leva para o hospital a tempo de ele
(art.121, CP - Homicídio Simples); ser socorrido e sobreviver.
2) Elementos Subjetivos: são os elementos relacionados com
a consciência e vontade do agente. Ex: art.319, CP- “(.....) para sa- Nos dois casos, a conduta deve impedir a consumação do re-
tisfazer interesse ou sentimento pessoal”. O dolo e a culpa estão sultado, para que o agente responda apenas pelos atos praticados,
inseridos nos elementos subjetivos do tipo penal. caso contrários responderá pelo crime, podendo incidir atenuantes.
3) Elementos Normativos: são elementos que necessitam de
um juízo de valor e de interpretação para extrair o seu significado. Desistência voluntária e arrependimento eficaz
Ex. tratam de probidade; honestidade; perigo de vida; CP - Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosse-
guir na execução ou impede que o resultado se produza, só respon-
Crime Consumado, Tentado e Impossível de pelos atos já praticados

1) Crime Consumado (art.14, I, CP) Arrependimento Eficaz x Arrependimento Posterior


Ocorre quando todos os elementos descritos no tipo penal fo- No arrependimento eficaz o agente evita a consumação do cri-
ram realizados. Ex art.121, CP: “Matar águem”. O crime estará con- me, já no arrependimento posterior,o arrependimento é posterior
sumado com a morte da vítima. à consumação do delito (Ex. Autor que furta um veículo, e depois
o devolve, antes da instauração do inquérito, sem nenhum dano.
CP- Art. 14 - Diz-se o crime: As penas nos dois casos são diferentes: no arrependimento efi-
Crime consumado caz o agente só responde pelos atos já praticados, já no arrependi-
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de mento posterior a pena será reduzida de uma a dois terços, desde
sua definição legal; que o arrependimento ocorra até o recebimento da denúncia ou
da queixa e ainda se o crime tiver sido cometido sem violência ou
Os crimes se consumam em momento diverso, de acordo com
grave ameaça.
sua natureza. Exemplo: crime material:com a ocorrência do resulta-
do naturalístico; Crime Forma: com a prática da conduta; Crime de
Arrependimento posterior
Perigo: com a exposição do bem a um perigo de dano; etc.
CP - Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ame-
2) Crime Tentado (Tentativa - art. 14, II, CP) aça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebi-
O crime será tentado quando, apesar de iniciada a execução, o mento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a
resultado não ocorrer por circunstâncias alheias à vontade do agen- pena será reduzida de um a dois terços.
te.

CP - Art. 14 - Diz-se o crime:


(...)

3
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
3) Crime Impossível (art.17, CP) Crime Preterdoloso
Também chamado de tentativa inidônea. Neste caso o crime Ocorre quando o sujeito quer cometer um crime, mas acaba
jamais se consumaria, ou porque o meio utilizado para a prática do por cometer crime mais grave, por imprudência, negligência ou
crime é ineficaz, ou por impropriedade absoluta do objeto material. imperícia, ou seja, por culpa. Ex: autor que utilizando uma arma
Neste caso não haverá pena, o fato é atípico (Teoria objetiva da pu- apenas para promover um roubo, acaba atirando e matando a víti-
nibilidade da tentativa inidônea). ma por imperícia ao manusear a arma. Neste exemplo o criminoso
Observação: a ineficácia do meio e a impropriedade do objeto tinha apenas a intenção de roubar, diferente do latrocínio, onde o
devem ser absolutas. Se forem relativas, haverá crime tentado. criminoso mata para concretizar seu roubo.
Ex: Tentar matar alguém com substância que não é venenosa
(meio absolutamente ineficaz); Atirar contra um cadáver (objeto Agravação pelo resultado
absolutamente impróprio). CP - Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena,
só responde o agente que o houver causado ao menos culposamen-
Crime impossível te
CP - Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia
absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é im- Ilicitude (Antijuridicidade)
possível consumar-se o crime. Um fato é ilícito ou antijurídico quando contraria as normas do
direito penal.
Crime Doloso e Crime Culposo (art. 18, CP)
Antes de apresentarmos os conceitos de crimes dolosos e cul- Caráter Indiciário da Ilicitude: via de regra, presume-se que
posos, importante ressaltar que o dolo e a culpa são elementos sub- todo fato típico será ilícito, no entanto, esta presunção é relativa,
jetivos do tipo penal. haja vista que, um fato típico somente será efetivamente ilícito se-
não estiver amparado por uma causa de exclusão da ilicitude.
1) Crime Doloso: ocorre quando o agente deseja o resultado São causas que excluem a ilicitude: a legítima defesa, o estado
(dolo direto) ou quando assume o risco de produzi-lo (dolo even- de necessidade, o estrito cumprimento de dever legal e o exercício
tual). regular de direito.Nestes casos, o fato será típico, mas não será an-
No dolo direto, a vontade do agente é livre e consciente. Já no tijurídico, logo não haverá crime.
dolo eventual o agente não tem vontade de produzir o resultado,
mas assume o risco da sua ocorrência. (Ex; motorista que anda em
As excludentes de ilicitude podem ser:
alta velocidade, assume o risco de atropelar uma pessoa).
- Legais (quando previstas em lei) - Ex. Legítima Defesa / Estado
de Necessidade.
CP - Art. 18 - Diz-se o crime:
- Supralegais (não previstas em lei - decorrem de interpretação
Crime doloso
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco da doutrina e da jurisprudência) - Ex: Consentimento do Ofendido -
de produzi-lo; quando o tatuador lesa a pele do tatuado não se trata do crime de
lesão corporal, pois há o consentimento do ofendido.
2) Crime Culposo:ocorre quando o agente atua com imprudên-
cia, negligência ou imperícia. Exclusão de ilicitude
- Imprudência: ação descuidada ou perigosa. Ex. Passar o sinal CP - Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
vermelho. I - em estado de necessidade;
- Negligência: deixar propositalmente de tomar os cuidados ne- II - em legítima defesa;
cessários. (Ex. médico usar utensílios não esterilizados). III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício re-
- Imperícia: falta de conhecimento ou habilidade específica gular de direito.
para desenvolver uma atividade. Ex: Médico Neurologista que reali-
za cirurgia de fratura, sem aptidão. EXCESSO PUNÍVEL
CP - Art. 18 - Diz-se o crime: Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste
(...) artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por impru-
dência, negligência ou imperícia. Culpabilidade
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém Trata-se da possibilidade ou não de aplicação de uma pena ao
pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pra- autor de um crime ou do juízo de reprovação exercido sobre alguém
tica dolosamente. que praticou um fato típico e ilícito.
A culpabilidade é composta de 03 elementos:
Culpa consciente x Culpa Inconsciente - Imputabilidade penal: possibilidade de se atribuir a uma pes-
Na culpa consciente o autor prevê o resultado, mas acredita soa, responsabilidade penal pela pratica de um ato criminoso.
fielmente que ele não ocorrerá. O autor não assume o risco do re- - a capacidade mental, inerente ao ser humano, de, ao tempo
sultado, pois pensa que poderá evita-lo com suas habilidades. Ex. da ação ou da omissão, entender o caráter ilícito do fato e de deter-
caçador que atira em um animal mesmo ele estando próximo de
minar-se de acordo com esse entendimento.
seu companheiro acreditando que não vai acertá-lo, mas acaba por
- Potencial consciência da ilicitude: consciência do agente de
atingi-lo.
que está praticando um ato criminoso.
Já na culpa inconsciente o autor nãoprevê o resultado que era
- Exigibilidade de conduta diversa: possibilidade de o agente
previsível. O autor neste caso não quer e não aceita o resultado.
Ex: sujeito que atinge involuntariamente uma pessoa que passava agir de maneira diversa da adotada, ou seja, de agir de acordo com
pela rua ao atirar um objeto pela janela, por acreditar que ninguém o ordenamento jurídico.
estaria passando naquele horário.

4
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Ausente quaisquer destes requisitos, não haverá culpabilidade, A imputabilidade é a possibilidade de atribuir a um indivíduo
logo não haverá crime, já que crime é todo fato típico, antijurídico a responsabilidade por uma infração. Segundo prescreve o artigo
e culpável. A culpabilidade completa o conceito analítico de crime. 26, do Código Penal, podemos, também, definir a imputabilidade
como a capacidade do agente entender o caráter ilícito do fato por
Excludentes da Culpabilidade: São causas que excluem a cul- ele perpetrado ou, de determinar-se de acordo com esse entendi-
pabilidade: mento.
- Inimputabilidade (doença mental, menoridade, desenvol- É, portanto a possibilidade de se estabelecer o nexo entre a
vimento mental retardado ou incompleto, embriaguez acidental ação e seu agente, imputando a alguém a realização de um deter-
completa); minado ato.
- Ausência de potencial consciência da ilicitude (erro de proibi- Quando existe algum agravo à saúde mental, os indivíduos po-
ção inevitável); dem ser considerados inimputáveis – se não tiverem discernimento
- Inexigibilidade de conduta diversa (coação moral irresistível e sobre os seus atos ou não possuírem autocontrole, são isentos de
obediência hierárquica à ordem manifestamente ilegal). pena.
Os semi-imputáveis são aqueles que, sem ter o discernimento
Punibilidade ou autocontrole abolidos, têm-nos reduzidos ou prejudicados por
Trata-se da possibilidade jurídica que detém o Estado de punir doença ou transtorno mental.
o autor de um crime. Não é considerada um elemento do crime
por se tratar de algo exterior, sendo apenas uma consequência da CAUSAS QUE EXCLUEM A IMPUTABILIDADE
prática do crime e não condição essencial para sua configuração. Doença mental,
Nesse sentido, o direito de punir do Estado (Ius puniendi) nasce Desenvolvimento mental incompleto,
com a prática do crime. Desenvolvimento mental retardado e
Embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força
Escusas absolutórias maior.
São circunstancias que afastam a aplicação da pena. Neste
caso, a punibilidade sequer nasce. O crime subsiste, no entanto, 1. Doença mental
punibilidadefica afastada pela renúncia do Estado. Ex. art. 181, CP É a perturbação mental ou psíquica de qualquer ordem, capaz
e 348, § 2º, CP. de eliminar ou afetar a capacidade de entender o caráter criminoso
do fato ou a de comandar a vontade de acordo com esse entendi-
CP - Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos cri- mento. Importante esclarecer que a dependência patológica, como
mes previstos neste título, em prejuízo:
drogas configura doença mental quando retirar a capacidade de en-
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
tender ou querer.
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo
ou ilegítimo, seja civil ou natural.
2. Desenvolvimento mental incompleto
É o desenvolvimento que não se concluiu, devido à recente ida-
Favorecimento pessoal
de cronológica do agente ou a sua falta de convivência na socieda-
CP - Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade públi-
de, ocasionando imaturidade mental e emocional.
ca autor de crime a que é cominada pena de reclusão:
(...)
§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, Os menores de 18 anos, em razão de não sofrerem sanção
cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena. penal pela pratica de ilícito penal, em decorrência da ausência de
culpabilidade, estão sujeitos ao procedimento medidas sócio edu-
Causas Extintivas da Punibilidade cativos prevista no ECA.
Situações que fazem desaparecer o direito punitivo do Estado.
Aqui o crime também persiste, porém, o agente não será punido.O 3. Desenvolvimento mental retardado
artigo 107 do Código Penal apresenta algumas causas que extin- É o incompatível com o estágio de vida em que se encontra a
guem a punibilidade, vejamos: pessoa, estando, portanto, abaixo do desenvolvimento normal para
aquela idade cronológica. Sua capacidade não corresponde às ex-
CP - Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: periências para aquele momento de vida, o que significa que a ple-
I - pela morte do agente; na potencialidade jamais será atingida. Os inimputáveis aqui trata-
II - pela anistia, graça ou indulto; dos não possuem condições de entender o crime que cometeram.
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato
como criminoso; Critérios de aferição da inimputabilidade – pessoas inimpu-
IV - pela prescrição, decadência ou perempção; táveis
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos a. Sistema Biológico: (Usado pela doutrina: Código Penal sobre
crimes de ação privada; menoridade penal) neste interessa saber se o agente é portador de
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; alguma doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
VII - (Revogado) retardo, caso positivo é considerado inimputável.
VIII - (Revogado) b. Sistema psicológico: neste o que interessa é o somente o
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. momento da ação ou omissão delituosa, se ele tinha ou não con-
dições de avaliar o caráter criminoso do fato e de orientar-se de
acordo com esse entendimento, ou seja, o momento da pratica do
crime. A emoção não excluir a imputabilidade. E pessoa que comete
crime, com integral alternação de seu estado físico-psíquico respon-
de pelos seus atos.

5
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
c. Sistema biopsicológico: exige-se que a causa geradora esteja § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa,
prevista em lei e que, além disso, atue efetivamente no momento proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação
da ação delituosa, retirando do agente a capacidade de entendi- ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do
mento e vontade. Desta forma, será inimputável aquele que, em fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
razão de uma causa prevista em lei (doença mental, incompleto ou § 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agen-
retardado), atue no momento da pratica da infração penal sem ca- te, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior,
pacidade de entender o caráter criminoso do fato. não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
Requisitos da inimputabilidade segundo o sistema biopsicoló- com esse entendimento.
gico
(a) Causal: existencial de doença mental ou de desenvolvimen- CRIMES CONTRA A PESSOA
to incompleto ou retardado, causas prevista em lei.
(b) Cronológico: atuação ao tempo da ação ou omissão deli-
tuosa. DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
(c) Consequencial: perda total da capacidade de entender ou Os crimes contra a pessoa são aqueles que violam a vida, a in-
da capacidade de querer. tegridade física, a honra e a liberdade da pessoa humana, ou seja,
são crimes que atentam com a integridade da pessoa humana.
Somente há inimputabilidade se os três requisitos estiverem No Código Penal (CP), estes crimes estão previstos no Título I
presentes, sendo exceção aos menos de 18 anos, regidos pelo sis- da Parte Especial, nos artigos 121 a 154-B e dividem-se em:
tema biológico.
- Dos Crimes contra a Vida (Arts. 121 a 128, CP): são aqueles
Questões processuais sobre inimputabilidade que ameaça diretamente a vida das pessoas. São eles: Homicídio;
A inimputabilidade do acusado é fornecida pelo exame pericial, Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação;
através do médico legal, exame denominado incidente de insani- Infanticídio e Aborto.
dade mental, onde suspende-se o processo ate o resulto final. Há
prazo de 10 dias para provar a existência da causa excludente da Homicídio: morte injusta de uma pessoa, provocada por ou-
culpabilidade (Lei nº 11.719, de junho de 2008). trem. O art. 121 do CP, aborda o homicídio da seguinte forma:
a) Homicídio Simples (artigo 121, caput, CP) -ocorre quando o
Embriaguez crime é cometido sem agravantes, sem elementos qualificadores e
A embriaguez seria a causa capaz de levar à exclusão da capaci- sem a presença de causas de diminuição de pena -Pena: reclusão,
dade de entendimento e vontade do agente, em virtude de uma in- de seis a vinte anos.
toxicação aguda e transitória causada por álcool ou qual substancia
de efeitos psicotrópicos como morfina, ópio, cocaína entre outros. b) Homicídio Privilegiado (art. 121, § 1º, CP) -ocorre quando
Dispõe o Código Penal: o agente pratica o crime instigado por motivo de relevante valor
social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo após
(...)TÍTULO III a uma injusta provocação da vítima. Ex. Pai que mata estuprador
DA IMPUTABILIDADE PENAL da filha.
Trata-se de causa de diminuição de pena. A Redução pode ser
Inimputáveis de um sexto a um terço.
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo c) Homicídio Qualificado (art. 121, § 2º, CP):crime cometido em
da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter circunstâncias que promovem uma maior ofensividade ao bem jurí-
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimen- dico e consequentemente o tornam mais grave. Pena: Reclusão, de
to. doze a trinta anos.

Redução de pena
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, São exemplos de circunstancias qualificadoras:
se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por - Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro
desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteira- motivo torpe;
mente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar- - Por motivo fútil;
-se de acordo com esse entendimento. - Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou
outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo co-
Menores de dezoito anos mum;
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente - À traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro
inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legisla- recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
ção especial. - Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou van-
tagem de outro crime:
Emoção e paixão - Contra a mulher por razões da condição de sexo feminino (fe-
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: minicídio). Considera-se que há razões de condição de sexo femini-
I - a emoção ou a paixão; no quando o crime envolve:
a) violência doméstica e familiar;
Embriaguez b) menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substân-
cia de efeitos análogos.

6
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
- Contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da - Se o suicídio se consumar ou se da automutilação resultar
Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força morte, a pena será de reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em de- -A pena será duplicada se o crime for praticado por motivo ego-
corrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente ístico, torpe ou fútil ou se a vítima for menor ou tiver diminuída, por
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição. qualquer causa, a capacidade de resistência.
- A pena será aumentada até o dobro se a conduta for realizada
d) Homicídio Culposo (art. 121, § 3º, CP):ocorre quando autor por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida
não tinha a intenção de promover a morte da vítima, mas o faz por em tempo real.
imprudência, imperícia ou negligência. Ex. Motorista que mata al- - Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coorde-
guém por dirigir de forma imprudente.Pena - detenção, de um a nador de grupo ou de rede virtual.
três anos.
e) Homicídio Culposo Qualificado (art. 121, § 4º, CP): acontece Infanticídio: Matar, sob a influência do estado puerperal, o pró-
quando o crime culposo tem um aumento de 1/3 na pena. O au- prio filho, durante o parto ou logo após.Pena - detenção, de dois a
mento se dá quando: seis anos.
- O crime resulta de inobservância de regra técnica de profis-
são, arte ou ofício; Aborto: interrupção provocada da gestação com consequente
- Se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não destruição do produto da concepção.
procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar
prisão em flagrante. Espécies:
a) Aborto provocado pela gestante (autoaborto) ou com seu
f) Perdão Judicial (art. 121, § 5º, CP): extingue-se a punibilida- consentimento(art. 124, CP): aborto praticado pela própria ges-
de do agente no homicídio culposo, quando as consequências da tante ou por terceiro, com seu consentimento. A gestante aqui é a
infração atingirem opróprio agente de forma tão grave que asanção agente do crime.
penal se torna desnecessária.Ex. pai que, acidentalmente, esquece b) Aborto consentido (art. 124, CP): quando a gestante consen-
seu filho bebê no carro e este morre razão do calor. teque um terceiro lhe provoque o aborto.
A sentença que conceder perdão judicial não será considerada c) Aborto provocado por terceiro, sem consentimento da ges-
para efeitos de reincidência. tante (art. 125, CP): quando o aborto é realizado por terceiro, sem o
A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da ex- consentimento da gestante, ou seja, contra a sua vontade.
tinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenató- d) Aborto provocado por terceiro(art.126, CP): nesse caso o
rio. (Súmula 18, STJ) consentimento da gestante.
e) Aborto qualificado (art. 127, CP): se, em consequência do
g) Aumento de pena quando praticado por grupo de extermí-
aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre
nio ou milícia privada (art. 121, § 6º, CP): apena do homicídio será
lesão corporal de natureza grave, a pena será aumentada de um
aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado
terço.Se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte, a pena
por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segu-
será duplicada.
rança, ou por grupo de extermínio.
f) Aborto necessário (art.128, I, CP): Não se pune o aborto prati-
h) Aumento de pena quando se tratar de feminicídio(art. 121,
cado por médico, se não há outro meio de salvar a vida da gestante.
§ 7º, CP): a pena do feminicídio será aumentada de 1/3 (um terço)
g) Aborto no caso de gravidez resultante de estupro(art.128, II,
até a metade se o crime for praticado:
- Durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao par- CP):Não se pune o aborto praticado por médico, se a gravidez resul-
to; ta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante
- Contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (ses- ou, quando incapaz, de seu representante legal.
senta) anos, com deficiência ou portadora de doenças degenerati-
vas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física - Das Lesões Corporais (Art. 129):trata-se do delito que provo-
ou mental; ca danos a integridade física e saúde da vítima.
- Na presença física ou virtual de descendente ou de ascenden- - Lesão Corporal de natureza leve(art. 129, caput, CP)
te da vítima; - Lesão Corporal de natureza grave(art. 129, §1º, CP) -se resulta
- Em descumprimento das medidas protetivas de urgência pre- em:
vistas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 a) Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta
de agosto de 2006. dias;
b) perigo de vida;
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio: c)debilidade permanente de membro, sentido ou função;
Em dezembro de 2019, a Lei 13.968/2019 alterou o Código Pe- d)aceleração de parto:
nal para modificar o crime de Induzimento, instigação ou auxílio a
suicídio. A principal modificação foi a inclusão no tipo penal da par- - Lesão Corporal de natureza gravíssima - (art. 129, §2º, CP) -se
ticipação em automutilação. resulta em:
A pena prevista no caput do artigo (“Induzir ou instigar alguém a)Incapacidade permanente para o trabalho;
a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio ma- b)enfermidade incurável;
terial para que o faça”) é de reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) c)perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
anos. d)deformidade permanente;
A nova lei incluiu ainda disposições tais como: e) aborto:
- Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão
corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena será de reclusão, - Lesão Corporal seguida de morte - (art. 129, §3º CP)- crime
de 1 (um) a 3 (três) anos. preterdoloso.

7
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
- Lesão Corporal Privilegiada (artigo 129 § 4º, CP) - quando o b) Crimes Contra a Inviolabilidade do Domicílio:Violação de
agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor so- Domicílio.
cial ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em segui- Nos termos do artigo 5º, XI da CF/88,a casa é asilo inviolável
da a injusta provocação da vítima. Causa de Redução da pena de um do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento
sexto a um terço. do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
-Lesão Corporal Culposa (art. 129, §6º, CP): se a lesão for culpo- prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.
sa (causada por negligência, imprudência ou imperícia), a pena será Nesse sentido, dispõe o artigo 150 do CP que, entrar ou per-
de detenção, de dois meses a um ano. manecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade ex-
- Lesão Corporal em caso de Violência Doméstica (art. 129, § pressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas
9º, CP)- se a lesão leve for praticada contra ascendente, descenden- dependências é crime, punível comdetenção, de um a três meses,
te, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha ou multa.
convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domés- Se cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o em-
ticas, de coabitação ou de hospitalidade, a pena será de detenção, prego de violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas, a pena
de 3 (três) meses a 3 (três) anos. será de detenção, de seis meses a dois anos, além da pena corres-
pondente à violência.
A pena será aumentada de um terço se o crime for cometido
contra pessoa portadora de deficiência. A expressão “casa” compreende:
- Qualquer compartimento habitado;
- Da Periclitação da Vida e da Saúde (Arts. 130 a 136, CP):são - Aposento ocupado de habitação coletiva;
conhecidos como crimes de perigo. - Compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce
São condutas presumidamente perigosas, que provocam um profissão ou atividade.
risco de dano à vida e a saúde da vítima.
São eles: Perigo de contágio venéreo; Perigo de contágio de Não se compreendem na expressão “casa”:
moléstia grave; Perigo para a vida ou saúde de outrem; Abando- - Hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva,
no de incapaz; Exposição ou abandono de recém-nascido; Omissão enquanto aberta;
de socorro; Condicionamento de atendimento médico-hospitalar - Taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
emergencial; Maus-tratos.
c) Crimes Contra a Inviolabilidade de Correspondência: são
- Da Rixa (Art. 137, CP):trata-se da briga entre três ou mais pes- eles: Violação de correspondência; Sonegação ou destruição de
soas, que se agridem reciprocamente, de modo que os sujeitos ati- correspondência; Violação de comunicação telegráfica, radioelétri-
vos e passivos se confundem, não sendo possível diferenciar quem ca ou telefônica; Correspondência comercial.
são os autores e quem são as vítimas. A inviolabilidade da correspondência está prevista no artigo 5º,
O crime de rixa exige a conduta dolosa para se configurar, ou XII da CF/88, inscrita entre os direitos e garantias individuais e busca
seja, a vontade de participar da rixa. Vale ressaltar que se a intenção garantir a liberdade de correspondência pessoal ou jurídica, ou seja,
do autor for a de ferir ou matar alguém, não se trata de rixa, mas a liberdade de comunicação de pensamento transmitida por inter-
sim de lesão corporal ou homicídio. médio das correspondências.

- Dos Crimes Contra a Honra (Arts. 138 a 145, CP):são crimes CF - Art.5º (...)
que violam a honra da pessoa ofendida. São eles: Calunia; Difama- XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunica-
ção e Injúria. ções telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo,
a) Calúnia: imputar falsa acusação de crime a alguém. no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a
b) Difamação: imputar fato ofensivo a reputação de alguém. lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução pro-
(Imputarfato e não crime) cessual penal;
c) Injúria: ofender a dignidade, honra ou o decoro de alguém
Nesse sentido, nos termos da Lei nº. 6.538/1978 (art.10), que
Retratação: O querelado que, antes da sentença, se retrata ca- dispõe sobre os serviços postais, não constitui violação de sigilo da
balmente da calúnia ou da difamação, ficará isento de pena. Não correspondência postal a abertura de carta:
cabível na injuria. - Endereçada a homônimo, no mesmo endereço;
- Dos Crimes Contra a Liberdade Individual (Arts. 146 a 154- - Que apresente indícios de conter objeto sujeito a pagamento
B, CP):são crimes que privam a liberdade pessoal do indivíduo e de tributos;
ferem direitos protegidos por lei, tais como direito de ir e vir e livre - Que apresente indícios de conter valor não declarado, objeto
arbítrio. ou substância de expedição, uso ou entrega proibidos;
- Que deva ser inutilizada, na forma prevista em regulamento,
Dividem-se em: em virtude de impossibilidade de sua entrega e restituição.
a) Crimes contra a Liberdade Pessoal:violam a liberdade do
indivíduo, garantida pela Constituição. (“Ninguém será obrigado a d) Crimes Contra a Inviolabilidade dos Segredos: são eles: Di-
fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei” - vulgação de segredo; Violação do segredo profissional; Invasão de
art.5º, II, CF/88) dispositivo informático.
São eles:Constrangimento Ilegal; Ameaça; Sequestro e Cárcere Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento
Privado; Redução a condição análoga à de escravo; Tráfico de Pes- particular ou de correspondência confidencial, de que é destinatá-
soas; rio ou detentor, e cuja divulgação possa produzir dano a outrem,
constitui crime de divulgação de segredo.

8
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Já a Violação de Segredo Profissional constitui-se na conduta Aumento de pena
de revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um ter-
em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação ço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profis-
possa produzir dano a outrem. são, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro
Por fim, a invasão de dispositivo informático consiste no fato de à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge
o agente invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é
rede de computadores, mediante violação indevida de mecanismo aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa
de segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
informações sem autorização expressa ou tácita do titular do dispo- § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de
sitivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita. aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio
agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desneces-
Para melhor compreensão, vamos a leitura dos artigos do CP, sária.
que tratam do assunto:
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o
PARTE ESPECIAL crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação
de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
TÍTULO I
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
a metade se o crime for praticado: (Incluído pela Lei nº 13.104, de
CAPÍTULO I
2015)
DOS CRIMES CONTRA A VIDA
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao par-
Homicídio simples to; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
Art. 121. Matar alguém: II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (ses-
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. senta) anos, com deficiência ou portadora de doenças degenerati-
Caso de diminuição de pena vas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de rele- ou mental;(Redação dada pela Lei nº 13.771, de 2018)
vante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascen-
logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir dente da vítima; (Redação dada pela Lei nº 13.771, de 2018)
a pena de um sexto a um terço. IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência
previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de
Homicídio qualificado 7 de agosto de 2006. (Incluído pela Lei nº 13.771, de 2018)
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutila-
motivo torpe; ção (Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019)
II - por motivo fútil; Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça: (Re-
ou outro meio dação dada pela Lei nº 13.968, de 2019)
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou ou- Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Redação
tro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; dada pela Lei nº 13.968, de 2019)
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou § 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta
vantagem de outro crime: lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código: (Incluído pela Lei nº 13.968,
de 2019)
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Incluído pela Lei nº
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:
13.968, de 2019)
(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta
VII - contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144
morte: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da For-
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Incluído pela Lei nº
ça Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente 13.968, de 2019)
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído § 3º A pena é duplicada: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
pela Lei nº 13.142, de 2015) I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil;
VIII - (VETADO): (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa,
§ 2º-A Considera-se que há razões de condição de sexo femini- a capacidade de resistência. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
no quando o crime envolve: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) § 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada
I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.104, por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida
de 2015) em tempo real. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. (Incluí- § 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou
do pela Lei nº 13.104, de 2015) coordenador de grupo ou de rede virtual. (Incluído pela Lei nº
13.968, de 2019)
Homicídio culposo
§ 3º Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de um a três anos.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em Pena - reclusão, de um a cinco anos.
lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor § 2° Se resulta:
de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou defici- I - Incapacidade permanente para o trabalho;
ência mental, não tem o necessário discernimento para a prática II - enfermidade incurável;
do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resis- III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
tência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 IV - deformidade permanente;
deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) V - aborto:
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido Pena - reclusão, de dois a oito anos.
contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o
necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qual- Lesão corporal seguida de morte
quer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agen- § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o
te pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código. agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:
(Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

Infanticídio Diminuição de pena


Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio § 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de rele-
filho, durante o parto ou logo após: vante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção,
Pena - detenção, de dois a seis anos. logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento a pena de um sexto a um terço.
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que ou-
trem lhe provoque: Substituição da pena
Pena - detenção, de um a três anos. § 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a
pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos
Aborto provocado por terceiro de réis:
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
Pena - reclusão, de três a dez anos. II - se as lesões são recíprocas.

Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: Lesão corporal culposa
Pena - reclusão, de um a quatro anos. § 6° Se a lesão é culposa:
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a ges- Pena - detenção, de dois meses a um ano.
tante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental,
ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou Aumento de pena
violência § 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer
das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Código.
Forma qualificada § 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são Violência Doméstica
aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos § 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente,
meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha
de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas cau- convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domés-
sas, lhe sobrevém a morte. ticas, de coabitação ou de hospitalidade:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: § 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as cir-
cunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a
Aborto necessário pena em 1/3 (um terço).
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; § 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada
de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro deficiência.
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de § 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente
consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu represen- descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes
tante legal. do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
CAPÍTULO II companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão
DAS LESÕES CORPORAIS dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços.(Incluído
pela Lei nº 13.142, de 2015)
Lesão corporal
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: CAPÍTULO III
Pena - detenção, de três meses a um ano. DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
Lesão corporal de natureza grave
§ 1º Se resulta: Perigo de contágio venéreo
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qual-
dias; quer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou
II - perigo de vida; deve saber que está contaminado:
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
IV - aceleração de parto: § 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:

10
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
§ 2º - Somente se procede mediante representação. Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da nega-
tiva de atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e até
Perigo de contágio de moléstia grave o triplo se resulta a morte.
Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia
grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio: Maus-tratos
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua
autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tra-
Perigo para a vida ou saúde de outrem tamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequa-
iminente: do, quer abusando de meios de correção ou disciplina:
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.
crime mais grave. § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço Pena - reclusão, de um a quatro anos.
se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do § 2º - Se resulta a morte:
transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabeleci- Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
mentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais. § 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado
contra pessoa menor de 14 (catorze) anos.
Abandono de incapaz
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, CAPÍTULO IV
vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defen- DA RIXA
der-se dos riscos resultantes do abandono:
Pena - detenção, de seis meses a três anos. Rixa
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave: Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores:
Pena - reclusão, de um a cinco anos. Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
§ 2º - Se resulta a morte: Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natu-
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. reza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de
detenção, de seis meses a dois anos.
Aumento de pena
§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um CAPÍTULO V
terço: DOS CRIMES CONTRA A HONRA
I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, Calúnia
tutor ou curador da vítima. Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato de-
III - se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos finido como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Exposição ou abandono de recém-nascido § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputa-
Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar de- ção, a propala ou divulga.
sonra própria: § 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Exceção da verdade
Pena - detenção, de um a três anos. § 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
§ 2º - Se resulta a morte: I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o
Pena - detenção, de dois a seis anos. ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no
Omissão de socorro nº I do art. 141;
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido
sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa foi absolvido por sentença irrecorrível.
inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou
não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Difamação
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omis- reputação:
são resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
a morte.
Exceção da verdade
Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emer- Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se
gencial o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício
Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer de suas funções.
garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários admi-
nistrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar Injúria
emergencial: Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o de-
coro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:

11
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou direta- CAPÍTULO VI
mente a injúria; DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. SEÇÃO I
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL
sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da Constrangimento ilegal
pena correspondente à violência. Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio,
a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a
portadora de deficiência: fazer o que ela não manda:
Pena - reclusão de um a três anos e multa. Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Disposições comuns Aumento de pena


Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de § 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quan-
um terço, se qualquer dos crimes é cometido: do, para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo há emprego de armas.
estrangeiro; § 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as corresponden-
II - contra funcionário público, em razão de suas funções; tes à violência.
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a § 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:
divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria. I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do
IV - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente
deficiência, exceto no caso de injúria. perigo de vida;
§ 1º - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de II - a coação exercida para impedir suicídio.
recompensa, aplica-se a pena em dobro.(Redação dada pela Lei nº
13.964, de 2019) Ameaça
§ 2º - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou
qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
Exclusão do crime Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível: Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte
ou por seu procurador; Sequestro e cárcere privado
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou cien- Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro
tífica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar; ou cárcere privado:
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em Pena - reclusão, de um a três anos.
apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do § 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
ofício. I - se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou compa-
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria nheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos;
ou pela difamação quem lhe dá publicidade. II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em
casa de saúde ou hospital;
Retratação III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias.
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabal- IV - se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos;
mente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. V - se o crime é praticado com fins libidinosos.
Parágrafo único.Nos casos em que o querelado tenha praticado § 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natu-
a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de comunicação, reza da detenção, grave sofrimento físico ou moral:
a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos Pena - reclusão, de dois a oito anos.
meios em que se praticou a ofensa.(Incluído pela Lei nº 13.188, de
2015) Redução a condição análoga à de escravo
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer
difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explica- sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringin-
ções em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, do, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída
não as dá satisfatórias, responde pela ofensa. com o empregador ou preposto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena cor-
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se pro- respondente à violência.
cede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da § 1o Nas mesmas penas incorre quem:
violência resulta lesão corporal. I - cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho;
da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e II - mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apo-
mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo dera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim
artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código. de retê-lo no local de trabalho.
§ 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido:
I - contra criança ou adolescente;
II - por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
origem.

12
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Tráfico de Pessoas Sonegação ou destruição de correspondência
Art. 149-A.Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, § 1º - Na mesma pena incorre:
comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave ameaça, violên- I - quem se apossa indevidamente de correspondência alheia,
cia, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de: (Incluído pela Lei embora não fechada e, no todo ou em parte, a sonega ou destrói;
nº 13.344, de 2016)
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou telefô-
II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo; nica
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utiliza
IV - adoção ilegal; ou abusivamente comunicação telegráfica ou radioelétrica dirigida a
V - exploração sexual. terceiro, ou conversação telefônica entre outras pessoas;
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. III - quem impede a comunicação ou aconversação referidas no
§ 1º A pena é aumentada de um terço até a metade se: número anterior;
I - o crime for cometido por funcionário público no exercício de IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioelétrico,
suas funções ou a pretexto de exercê-las; sem observância de disposição legal.
II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa § 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano para ou-
idosa ou com deficiência; trem.
III - o agente se prevalecer de relações de parentesco, domés- § 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de função em
ticas, de coabitação, de hospitalidade, de dependência econômica, serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou telefônico:
de autoridade ou de superioridade hierárquica inerente ao exercício
Pena - detenção, de um a três anos.
de emprego, cargo ou função; ou
§ 4º - Somente se procede mediante representação, salvo nos
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território na-
casos do § 1º, IV, e do § 3º.
cional.
§ 2º A pena é reduzida de um a dois terços se o agente for pri-
mário e não integrar organização criminosa. Correspondência comercial
Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou empregado de es-
SEÇÃO II tabelecimento comercial ou industrial para, no todo ou em parte,
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO desviar, sonegar, subtrair ou suprimir correspondência, ou revelar a
estranho seu conteúdo:
Violação de domicílio Pena - detenção, de três meses a dois anos.
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamen- Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.
te, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em
casa alheia ou em suas dependências: SEÇÃO IV
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS SEGREDOS
§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo,
ou com o emprego de violência ou de arma, ou por duas ou mais Divulgação de segredo
pessoas: Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de do-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena cor- cumento particular ou de correspondência confidencial, de que é
respondente à violência. destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa produzir dano a
§ 2º - Revogado pela Lei nº. 13.869/2019 outrem:
§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
alheia ou em suas dependências: § 1º Somente se procede mediante representação.
I - durante o dia, com observância das formalidades legais, § 1o-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou re-
para efetuar prisão ou outra diligência; servadas, assim definidas em lei, contidas ou não nos sistemas de
II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime informações ou banco de dados da Administração Pública:
está sendo ali praticado ou na iminência de o ser. Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 4º - A expressão «casa» compreende: § 2o Quando resultar prejuízo para a Administração Pública, a
I - qualquer compartimento habitado; ação penal será incondicionada.
II - aposento ocupado de habitação coletiva;
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce
Violação do segredo profissional
profissão ou atividade.
Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que
§ 5º - Não se compreendem na expressão «casa»:
tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva,
enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior; cuja revelação possa produzir dano a outrem:
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero. Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.
SEÇÃO III
DOS CRIMES CONTRA A Invasão de dispositivo informático
INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA Art. 154-A.Invadir dispositivo informático alheio, conectado ou
não à rede de computadores, mediante violação indevida de meca-
Violação de correspondência nismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir da-
Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de correspon- dos ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular do
dência fechada, dirigida a outrem: dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.

13
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
§1º Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui, § 1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso
vende ou difunde dispositivo ou programa de computador com o de autoridade quando praticadas pelo agente com a finalidade es-
intuito de permitir a prática da conduta definida no caput. pecífica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a tercei-
§ 2º Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se da invasão ro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal.
resulta prejuízo econômico. § 2º A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de
§ 3º Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de comu- fatos e provas não configura abuso de autoridade.
nicações eletrônicas privadas, segredos comerciais ou industriais,
informações sigilosas, assim definidas em lei, ou o controle remoto CAPÍTULO II
não autorizado do dispositivo invadido: DOS SUJEITOS DO CRIME
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a
conduta não constitui crime mais grave. Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qual-
§ 4º Na hipótese do §3º, aumenta-se a pena de um a dois ter- quer agente público, servidor ou não, da administração direta, indi-
ços se houver divulgação, comercialização ou transmissão a tercei- reta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
ro, a qualquer título, dos dados ou informações obtidos. do Distrito Federal, dos Municípios e de Território, compreendendo,
§ 5º Aumenta-se a pena de um terço à metade se o crime for mas não se limitando a:
praticado contra: I - servidores públicos e militares ou pessoas a eles equipara-
I - Presidente da República, governadores e prefeitos; das;
II - Presidente do Supremo Tribunal Federal; II - membros do Poder Legislativo;
III - membros do Poder Executivo;
III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal,
IV - membros do Poder Judiciário;
de Assembleia Legislativa de Estado, da Câmara Legislativa do Dis-
V - membros do Ministério Público;
trito Federal ou de Câmara Municipal;
VI - membros dos tribunais ou conselhos de contas.
IV - dirigente máximo da administração direta e indireta fede-
Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os efeitos des-
ral, estadual, municipal ou do Distrito Federal. ta Lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem
remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou
Ação penal qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo,
Art. 154-B.Nos crimes definidos no art. 154-A, somente se pro- emprego ou função em órgão ou entidade abrangidos pelo caput
cede mediante representação, salvo se o crime é cometido contra a deste artigo.
administração pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes
da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios ou contra empre- CAPÍTULO III
sas concessionárias de serviços públicos. DA AÇÃO PENAL

ABUSO DE AUTORIDADE (LEI Nº 13.869/2019 E SUAS Art. 3º (VETADO).


ALTERAÇÕES) Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública
incondicionada. (Promulgação partes vetadas)
§ 1º Será admitida ação privada se a ação penal pública não
Destarte, cumpre ilustrar que a criação dessa lei é garantir que for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar
ninguém, venha ser vítima de abuso de autoridade e, caso seja víti- a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em
ma, garante-lhe o direito de levar ao conhecimento de autoridade todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, inter-
competente para defender seus direitos, consoante será verificado por recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante,
a seguir. retomar a ação como parte principal.
§ 2º A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6
LEI Nº 13.869, DE 5 DE SETEMBRO DE 2019 (seis) meses, contado da data em que se esgotar o prazo para ofe-
recimento da denúncia.
Dispõe sobre os crimes de abuso de autoridade; altera a Lei nº
7.960, de 21 de dezembro de 1989, a Lei nº 9.296, de 24 de julho CAPÍTULO IV
de 1996, a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, e a Lei nº 8.906, de DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO E DAS PENAS RESTRITIVAS DE
DIREITOS
4 de julho de 1994; e revoga a Lei nº 4.898, de 9 de dezembro de
1965, e dispositivos do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
SEÇÃO I
1940 (Código Penal).
DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Art. 4º São efeitos da condenação:
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a crime, devendo o juiz, a requerimento do ofendido, fixar na senten-
seguinte Lei: ça o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração,
considerando os prejuízos por ele sofridos;
CAPÍTULO I II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função
DISPOSIÇÕES GERAIS pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) anos;
III - a perda do cargo, do mandato ou da função pública.
Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade, come- Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III do caput
tidos por agente público, servidor ou não, que, no exercício de suas deste artigo são condicionados à ocorrência de reincidência em cri-
funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do poder que lhe tenha me de abuso de autoridade e não são automáticos, devendo ser
sido atribuído. declarados motivadamente na sentença.

14
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
SEÇÃO II IV - prolonga a execução de pena privativa de liberdade, de pri-
DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS são temporária, de prisão preventiva, de medida de segurança ou
de internação, deixando, sem motivo justo e excepcionalíssimo, de
Art. 5º As penas restritivas de direitos substitutivas das privati- executar o alvará de soltura imediatamente após recebido ou de
vas de liberdade previstas nesta Lei são: promover a soltura do preso quando esgotado o prazo judicial ou
I - prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas; legal.
II - suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência,
pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a perda dos vencimentos grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a:
e das vantagens; I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade
III - (VETADO). pública;
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem ser apli- II - submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não
cadas autônoma ou cumulativamente. autorizado em lei;
III - (VETADO).
CAPÍTULO V
III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro: (Pro-
DAS SANÇÕES DE NATUREZA CIVIL E ADMINISTRATIVA
mulgação partes vetadas)
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem
Art. 6º As penas previstas nesta Lei serão aplicadas indepen-
dentemente das sanções de natureza civil ou administrativa cabí- prejuízo da pena cominada à violência.
veis. Art. 14. (VETADO).
Parágrafo único. As notícias de crimes previstos nesta Lei que Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa
descreverem falta funcional serão informadas à autoridade compe- que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, deva guar-
tente com vistas à apuração. dar segredo ou resguardar sigilo:
Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa são inde- Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
pendentes da criminal, não se podendo mais questionar sobre a Parágrafo único. (VETADO).
existência ou a autoria do fato quando essas questões tenham sido Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem prossegue com
decididas no juízo criminal. o interrogatório: (Promulgação partes vetadas)
Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no ad- I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio;
ministrativo-disciplinar, a sentença penal que reconhecer ter sido ou
o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado
estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de di- ou defensor público, sem a presença de seu patrono.
reito. Art. 16. (VETADO).
Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se falsamente ao
CAPÍTULO VI preso por ocasião de sua captura ou quando deva fazê-lo durante
DOS CRIMES E DAS PENAS sua detenção ou prisão: (Promulgação partes vetadas)
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Art. 9º (VETADO). Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, como respon-
Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em manifes- sável por interrogatório em sede de procedimento investigatório de
ta desconformidade com as hipóteses legais: (Promulgação partes infração penal, deixa de identificar-se ao preso ou atribui a si mes-
vetadas) mo falsa identidade, cargo ou função.
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 17. (VETADO).
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judiciária Art. 18. Submeter o preso a interrogatório policial durante o
que, dentro de prazo razoável, deixar de:
período de repouso noturno, salvo se capturado em flagrante delito
I - relaxar a prisão manifestamente ilegal;
ou se ele, devidamente assistido, consentir em prestar declarações:
II - substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
de conceder liberdade provisória, quando manifestamente cabível;
Art. 19. Impedir ou retardar, injustificadamente, o envio de plei-
III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando mani-
festamente cabível.’ to de preso à autoridade judiciária competente para a apreciação
Art. 10. Decretar a condução coercitiva de testemunha ou in- da legalidade de sua prisão ou das circunstâncias de sua custódia:
vestigado manifestamente descabida ou sem prévia intimação de Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
comparecimento ao juízo: Parágrafo único. Incorre na mesma pena o magistrado que,
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. ciente do impedimento ou da demora, deixa de tomar as providên-
Art. 11. (VETADO). cias tendentes a saná-lo ou, não sendo competente para decidir
Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar prisão em fla- sobre a prisão, deixa de enviar o pedido à autoridade judiciária que
grante à autoridade judiciária no prazo legal: o seja.
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Art. 20. (VETADO).
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reser-
I - deixa de comunicar, imediatamente, a execução de prisão vada do preso com seu advogado: (Promulgação partes vetadas)
temporária ou preventiva à autoridade judiciária que a decretou; Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
II - deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de qualquer Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem impede o preso,
pessoa e o local onde se encontra à sua família ou à pessoa por ela o réu solto ou o investigado de entrevistar-se pessoal e reservada-
indicada; mente com seu advogado ou defensor, por prazo razoável, antes de
III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e quatro) audiência judicial, e de sentar-se ao seu lado e com ele comunicar-
horas, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da -se durante a audiência, salvo no curso de interrogatório ou no caso
prisão e os nomes do condutor e das testemunhas; de audiência realizada por videoconferência.

15
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 21. Manter presos de ambos os sexos na mesma cela ou Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
espaço de confinamento: Parágrafo único. (VETADO).
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 30. (VETADO).
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem mantém, na Art. 30. Dar início ou proceder à persecução penal, civil ou ad-
mesma cela, criança ou adolescente na companhia de maior de ministrativa sem justa causa fundamentada ou contra quem sabe
idade ou em ambiente inadequado, observado o disposto na Lei inocente: (Promulgação partes vetadas)
nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adoles- Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
cente). Art. 31. Estender injustificadamente a investigação, procrasti-
Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou nando-a em prejuízo do investigado ou fiscalizado:
à revelia da vontade do ocupante, imóvel alheio ou suas dependên- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
cias, ou nele permanecer nas mesmas condições, sem determina- Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, inexistindo
ção judicial ou fora das condições estabelecidas em lei: prazo para execução ou conclusão de procedimento, o estende de
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. forma imotivada, procrastinando-o em prejuízo do investigado ou
§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste do fiscalizado.
artigo, quem: Art. 32. (VETADO).
I - coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a fran- Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou advogado aces-
quear-lhe o acesso a imóvel ou suas dependências; so aos autos de investigação preliminar, ao termo circunstanciado,
II - (VETADO); ao inquérito ou a qualquer outro procedimento investigatório de
III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as infração penal, civil ou administrativa, assim como impedir a ob-
21h (vinte e uma horas) ou antes das 5h (cinco horas). tenção de cópias, ressalvado o acesso a peças relativas a diligências
§ 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar socorro, em curso, ou que indiquem a realização de diligências futuras, cujo
ou quando houver fundados indícios que indiquem a necessidade sigilo seja imprescindível: (Promulgação partes vetadas)
do ingresso em razão de situação de flagrante delito ou de desastre. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Art. 23. Inovar artificiosamente, no curso de diligência, de in- Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de obrigação, inclu-
vestigação ou de processo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, sive o dever de fazer ou de não fazer, sem expresso amparo legal:
com o fim de eximir-se de responsabilidade ou de responsabilizar Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
criminalmente alguém ou agravar-lhe a responsabilidade:
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se utiliza de car-
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
go ou função pública ou invoca a condição de agente público para
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem pratica a condu-
se eximir de obrigação legal ou para obter vantagem ou privilégio
ta com o intuito de:
indevido.
I - eximir-se de responsabilidade civil ou administrativa por ex-
Art. 34. (VETADO).
cesso praticado no curso de diligência;
Art. 35. (VETADO).
II - omitir dados ou informações ou divulgar dados ou informa-
Art. 36. Decretar, em processo judicial, a indisponibilidade de
ções incompletos para desviar o curso da investigação, da diligência
ativos financeiros em quantia que extrapole exacerbadamente o va-
ou do processo.
Art. 24. Constranger, sob violência ou grave ameaça, funcio- lor estimado para a satisfação da dívida da parte e, ante a demons-
nário ou empregado de instituição hospitalar pública ou privada a tração, pela parte, da excessividade da medida, deixar de corrigi-la:
admitir para tratamento pessoa cujo óbito já tenha ocorrido, com Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
o fim de alterar local ou momento de crime, prejudicando sua apu- Art. 37. Demorar demasiada e injustificadamente no exame de
ração: processo de que tenha requerido vista em órgão colegiado, com o
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, além da intuito de procrastinar seu andamento ou retardar o julgamento:
pena correspondente à violência. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em procedimento de Art. 38. (VETADO).
investigação ou fiscalização, por meio manifestamente ilícito: Art. 38. Antecipar o responsável pelas investigações, por meio
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. de comunicação, inclusive rede social, atribuição de culpa, antes de
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz uso de pro- concluídas as apurações e formalizada a acusação: (Promulgação
va, em desfavor do investigado ou fiscalizado, com prévio conheci- partes vetadas)
mento de sua ilicitude. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Art. 26. (VETADO).
Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar procedimento in- CAPÍTULO VII
vestigatório de infração penal ou administrativa, em desfavor de DO PROCEDIMENTO
alguém, à falta de qualquer indício da prática de crime, de ilícito
funcional ou de infração administrativa: Art. 39. Aplicam-se ao processo e ao julgamento dos delitos
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. previstos nesta Lei, no que couber, as disposições do Decreto-Lei nº
Parágrafo único. Não há crime quando se tratar de sindicância 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), e da Lei
ou investigação preliminar sumária, devidamente justificada. nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.
Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação
com a prova que se pretenda produzir, expondo a intimidade ou CAPÍTULO VIII
a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do investigado ou DISPOSIÇÕES FINAIS
acusado:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 40. O art. 2º da Lei nº 7.960, de 21 de dezembro de 1989,
Art. 29. Prestar informação falsa sobre procedimento judicial, passa a vigorar com a seguinte redação:
policial, fiscal ou administrativo com o fim de prejudicar interesse “Art.2º ........................................................................................
de investigado: ...............

16
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
.................................................................................................... São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipifi-
.................... cados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código
§ 4º-A O mandado de prisão conterá necessariamente o perí- Penal, consumados ou tentados:
odo de duração da prisão temporária estabelecido no caput deste I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica
artigo, bem como o dia em que o preso deverá ser libertado. de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e
.................................................................................................... homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII);
..................... (Redação dada pela Lei nº 13.142, de 2015)
§ 7º Decorrido o prazo contido no mandado de prisão, a au- I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, §
toridade responsável pela custódia deverá, independentemente de 2º) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3º), quando pra-
nova ordem da autoridade judicial, pôr imediatamente o preso em ticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144
liberdade, salvo se já tiver sido comunicada da prorrogação da pri- da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da For-
são temporária ou da decretação da prisão preventiva. ça Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em
§ 8º Inclui-se o dia do cumprimento do mandado de prisão no decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
cômputo do prazo de prisão temporária.” (NR) consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição; (Incluído
Art. 41. O art. 10 da Lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996, passa pela Lei nº 13.142, de 2015)
a vigorar com a seguinte redação: II - latrocínio (art. 157, § 3o, in fine);
“Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunica- III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o);
ções telefônicas, de informática ou telemática, promover escuta IV - extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art.
ambiental ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o);
ou com objetivos não autorizados em lei: V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o);
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o);
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judicial VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o).
que determina a execução de conduta prevista no caput deste arti- VII-A – (VETADO)
go com objetivo não autorizado em lei.” (NR) VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de pro-
Art. 42. A Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da duto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e
Criança e do Adolescente), passa a vigorar acrescida do seguinte § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de
art. 227-A: julho de 1998).
“Art. 227-A Os efeitos da condenação prevista no inciso I do VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de ex-
caput do art. 92 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 ploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art.
(Código Penal), para os crimes previstos nesta Lei, praticados por
218-B, caput, e §§ 1º e 2º) (Incluído pela Lei nº 12.978, de 2014).
servidores públicos com abuso de autoridade, são condicionados à
ocorrência de reincidência.
Assim, nota-se que a Lei de Crimes Hediondos é norma que
Parágrafo único. A perda do cargo, do mandato ou da função,
trouxe significativa mudança ao ordenamento, uma vez que o Esta-
nesse caso, independerá da pena aplicada na reincidência.”
do passou a tratar determinados crimes de maior gravidade social
Art. 43. (VETADO).
com maior rigidez, classificando-os como crimes hediondos.
Art. 43. A Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994, passa a vigorar
acrescida do seguinte art. 7º-B: (Promulgação partes vetadas)
LEI Nº 8.072, DE 25 DE JULHO DE 1990
‘Art. 7º-B Constitui crime violar direito ou prerrogativa de advo-
gado previstos nos incisos II, III, IV e V do caput do art. 7º desta Lei:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.’” Dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art. 5º, inciso
Art. 44. Revogam-se a Lei nº 4.898, de 9 de dezembro de 1965, XLIII, da Constituição Federal, e determina outras providências.
e o § 2º do art. 150 e o art. 350, ambos do Decreto-Lei nº 2.848, de
7 de dezembro de 1940 (Código Penal). O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na-
Art. 45. Esta Lei entra em vigor após decorridos 120 (cento e cional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
vinte) dias de sua publicação oficial.
Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos
tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 -
CRIMES HEDIONDOS (LEI Nº 8.072/1990 E SUAS Código Penal, consumados ou tentados: (Redação dada pela Lei nº
ALTERAÇÕES)
8.930, de 1994) (Vide Lei nº 7.210, de 1984)
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica
A Lei dos Crimes Hediondos origina-se na Constituição de 1988, de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e
em seu artigo 5º, inciso XLIII, homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e
Em 1990, surgiu a lista de crimes hediondos, que classificou VIII); (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
como inafiançáveis os crimes de extorsão mediante sequestro, la- I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, §
trocínio ou seja, roubo seguido de morte e o estupro, negando aos 2o) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3o), quando pra-
autores destes crimes os benefícios da progressão de regime. ticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144
O autor do crime hediondo é obrigado a cumprir pena em regi- da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da For-
me integralmente fechado, salvo no caso do benefício do livramen- ça Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em
to condicional com 2/3 da pena. decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
A Lei foi alterada em 1994, através da lei 8.930/1994. A altera- consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição; (Incluído
ção consistiu em incluir o homicídio qualificado na Lei dos Crimes pela Lei nº 13.142, de 2015)
Hediondos. II - roubo: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
Atualmente dispõe a Lei acerca do tema: a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art.
157, § 2º, inciso V); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

17
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § Art. 3º A União manterá estabelecimentos penais, de segu-
2º-A, inciso I) ou pelo emprego de arma de fogo de uso proibido rança máxima, destinados ao cumprimento de penas impostas a
ou restrito (art. 157, § 2º-B); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) condenados de alta periculosidade, cuja permanência em presídios
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte estaduais ponha em risco a ordem ou incolumidade pública.
(art. 157, § 3º); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 4º (Vetado).
III - extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, Art. 5º Ao art. 83 do Código Penal é acrescido o seguinte inciso:
ocorrência de lesão corporal ou morte (art. 158, § 3º); (Redação “Art. 83. ..............................................................
dada pela Lei nº 13.964, de 2019) ........................................................................
IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de con-
159, caput, e §§ lo, 2o e 3o); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de denação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de
1994) entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o); (Redação dada pela reincidente específico em crimes dessa natureza.”
Lei nº 12.015, de 2009) Art. 6º Os arts. 157, § 3º; 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º; 213;
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 214; 223, caput e seu parágrafo único; 267, caput e 270; caput, to-
4o); (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) dos do Código Penal, passam a vigorar com a seguinte redação:
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o). (Inciso in- “Art. 157. .............................................................
cluído pela Lei nº 8.930, de 1994) § 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de
VII-A – (VETADO) (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de 1998) reclusão, de cinco a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de pro- reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa.
duto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e ........................................................................
§ 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de Art. 159. ...............................................................
julho de 1998). (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de 1998) Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de ex- § 1º .................................................................
ploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
218-B, caput, e §§ 1º e 2º). (Incluído pela Lei nº 12.978, de 2014) § 2º .................................................................
IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
análogo que cause perigo comum (art. 155, § 4º-A). (Incluído pela § 3º .................................................................
Lei nº 13.964, de 2019) Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
Parágrafo único. Consideram-se também hediondos, tentados ........................................................................
ou consumados: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 213. ...............................................................
I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº Pena - reclusão, de seis a dez anos.
2.889, de 1º de outubro de 1956; (Incluído pela Lei nº 13.964, de Art. 214. ...............................................................
2019) Pena - reclusão, de seis a dez anos.
II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso ........................................................................
proibido, previsto no art. 16 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro Art. 223. ...............................................................
de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Pena - reclusão, de oito a doze anos.
III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no Parágrafo único. ........................................................
art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Pena - reclusão, de doze a vinte e cinco anos.
Lei nº 13.964, de 2019) ........................................................................
IV - o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório Art. 267. ...............................................................
ou munição, previsto no art. 18 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro Pena - reclusão, de dez a quinze anos.
de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) ........................................................................
V - o crime de organização criminosa, quando direcionado à Art. 270. ...............................................................
prática de crime hediondo ou equiparado. (Incluído pela Lei nº Pena - reclusão, de dez a quinze anos.
13.964, de 2019) .......................................................................”
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilíci- Art. 7º Ao art. 159 do Código Penal fica acrescido o seguinte
to de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis parágrafo:
de: (Vide Súmula Vinculante) “Art. 159. ..............................................................
I - anistia, graça e indulto; ........................................................................
II - fiança. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007) § 4º Se o crime é cometido por quadrilha ou bando, o co-autor
§ 1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida ini- que denunciá-lo à autoridade, facilitando a libertação do seqüestra-
cialmente em regime fechado. (Redação dada pela Lei nº 11.464, do, terá sua pena reduzida de um a dois terços.”
de 2007) Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no
§ 2º (Revogado pela Lei nº 13.964, de 2019) art. 288 do Código Penal, quando se tratar de crimes hediondos,
§ 3o Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fun- prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou
damentadamente se o réu poderá apelar em liberdade. (Redação terrorismo.
dada pela Lei nº 11.464, de 2007) Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar à
§ 4o A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960, de autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantela-
21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o mento, terá a pena reduzida de um a dois terços.
prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de
extrema e comprovada necessidade. (Incluído pela Lei nº 11.464,
de 2007)

18
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 9º As penas fixadas no art. 6º para os crimes capitulados O peculato pode ser culposo ou doloso.
nos arts. 157, § 3º, 158, § 2º, 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º, 213, - Peculato culposo (art.312, §2º, CP) ocorre quando o funcio-
caput e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único, nário age com negligência, imprudência ou imperícia. Este é o único
214 e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único, to- crime contra a administração pública que admite a modalidade cul-
dos do Código Penal, são acrescidas de metade, respeitado o limite posa. Neste caso, se funcionário reparar o dano antes da sentença
superior de trinta anos de reclusão, estando a vítima em qualquer irrecorrível, extingue-se a punibilidade. Já se a reparação for poste-
das hipóteses referidas no art. 224 também do Código Penal. rior, reduz de metade a pena imposta.
Art. 10. O art. 35 da Lei nº 6.368, de 21 de outubro de 1976,
passa a vigorar acrescido de parágrafo único, com a seguinte reda- Já os peculatos dolosos se dividem em:
ção: - Peculato Apropriação (art. 312, caput, 1ª parte): neste caso
“Art. 35. ................................................................ o funcionário público toma para si (apropria-se) de bem que pos-
Parágrafo único. Os prazos procedimentais deste capítulo serão sui a posse em virtude do seu cargo.
contados em dobro quando se tratar dos crimes previstos nos arts. - Peculato Desvio (art. 312, caput, 2ª parte): neste caso o fun-
12, 13 e 14.” cionário público desvia um bem que possui a posse em virtude do
Art. 11. (Vetado). seu cargo e lhe dá uma finalidade diversa daquela que lhe foi deter-
Art. 12. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. minada, em benefício próprio ou de terceiros.
Art. 13. Revogam-se as disposições em contrário. - Peculato Furto (art. 312, §1º): neste caso o agente aprovei-
ta-se da qualidade de funcionário público e subtrai dolosamente
um bem que não possui a posse, para usar em proveito próprio ou
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
alheio.
- Peculato Mediante erro de outrem (art.313): ocorre quan-
Os crimes contra as Administração Pública estão previstos na do o funcionário público, no exercício do cargo, se aproveitando
Parte Especial, no Título, XI, arts. 312 a 359-H, do Código Penal do erro de outrem, apropria-se indevidamente de bem ou dinheiro
(CP) e dividem-se em 05 capítulos: que não lhe pertence. Neste caso o funcionário público não induz
Capítulo I -Dos crimes praticados por funcionário público con- a vítima a erro, ela erra sozinha, sem influência dele, o funcionário
tra a administração em geral (arts. 312 a 327); apenas se aproveita do erro.
Capítulo II - Dos crimes praticados por particular contra a admi- - Peculato eletrônico (art.313-A e 313-B): neste caso o funcio-
nistração em geral (arts. 328 a 337-A); nário insere dados falsos em um sistema da Administração Pública,
Capítulo II-A- Dos crimes praticados por particular contra a ad- ou modifica um sistema público de informática sem autorização,
ministração pública estrangeira (arts. 337-B a 337-D) com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou
Capítulo III - Dos crimes contra a administração da justiça (arts. para causar dano.
338 a 359); - Concussão e Corrupção passiva: muitas pessoas confundem
Capítulo IV - Dos crimes contra as finanças públicas (arts. 359-A estes dois tipos penais, tendo em vista que eles preveem vários ele-
a 359-H). mentos iguais, no entanto, os núcleos dos dois crimes são diferen-
tes, vejamos:
A finalidade destes dispositivos no Código Penal, é resguardar -Concussão (art.316, CP): exigir, para si ou para outrem, direta
a probidade administrativa e os Princípios Administração Pública, ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la,
bem como garantir o normal funcionamento e a manutenção da mas em razão dela, vantagem indevida. Pena - reclusão, de 2 (dois)
dignidade da Administração Pública. O bem jurídico tutelado nestes a 12 (doze) anos, e multa.
casos é interesse público. - Corrupção passiva (art.317, CP): solicitar ou receber, para si
O capítulo I, do Título XI, trata dos crimes funcionais, ou seja, ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função
devem ter como elemento o agente “ser funcionário público”. ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou
Nesse sentido, para fins penais, considera-se funcionário públi- aceitar promessa de tal vantagem. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12
co, quem, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, exerce (doze) anos, e multa.
cargo, emprego ou função pública (ex. mesário; jurados; etc.)
Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego Na concussão, o verbo exigir presume um caráter intimidativo,
ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa impositivo. Muitos doutrinadores afirmam ser a concussão na ver-
prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de dade, uma forma especial de extorsão, praticada por funcionário
atividade típica da Administração Pública. público, com abuso de autoridade. Já na corrupção passiva o verbo
solicitar ou receber não pressupõe intimidação
Dentre os principais crimes contra a Administração Pública, po- Ambos os crimes são formais, ou seja, independem da ocor-
demos destacar: rência do resultado naturalístico para sua consumação. Os crimes
Crimes praticados por funcionário público contra a Adminis- se consumam com a simples prática da conduta (exigir, solicitar, re-
tração em Geral ceber), não sendo necessário o efetivo recebimento da vantagem
- Peculato: o crime consiste em apropriar-se o funcionário pú- indevida pelo funcionário.
blico de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou
particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em Excesso de exação (excesso na cobrança de tributos) - (art.316,
proveito próprio ou alheio. §1º, CP): se o funcionário exige tributo ou contribuição social que
sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na
cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza, a pena
será de reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.

19
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Já se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, Opor-se aqui tem sentido de dificultar a execução. A conduta
o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos, a deve do particular deve necessariamente ser praticada com vio-
pena será de reclusão, de dois a doze anos, e multa. lência ou grave ameaça ao funcionário. Se ordem for ilegal, não há
crime.
Corrupção Passiva Privilegiada (art. 317, §2º), CP): ocorre Desobediência: desobedecer a ordem legal de funcionário pú-
quando o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de blico- Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou in- É o não cumprimento de uma ordem legal, recebida de um fun-
fluência de outrem. Pena - detenção, de três meses a um ano, ou cionário público.
multa. Desacato: desacatar funcionário público no exercício da função
ou em razão dela - Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou
- Prevaricação (art. 319, CP): o crime consiste em retardar ou multa.
deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra O crime consiste em desacatar o funcionário em razão a fun-
disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento ção dele. O agente deve saber que a vítima é funcionário público,
pessoal. Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. pois, se não souber, o dolo será afastado. O desacato também deve
ocorrer pessoalmente.
A corrupção passiva privilegiada e a prevaricação também são
crime funcionais bem parecidos. O que os diferencia de fato é que - Tráfico de Influência (art. 332, CP): solicitar, exigir, cobrar ou
na prevaricação o funcionário público pratica a conduta para sa- obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem,
tisfazer interesse ou sentimento pessoal, já na corrupção passiva a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no
privilegiada, ele pratica o crime cedendo a pedido ou influência de exercício da função - Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos,
outrem e multa.
- Corrupção Ativa (art. 333, CP): Oferecer ou prometer vanta-
- Condescendência Criminosa (art.320, CP): ocorre quando o gem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar,
funcionário deixa, por indulgência (tolerância/clemência), de res- omitir ou retardar ato de ofício - Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12
ponsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do car- (doze) anos, e multa.
go ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conheci- (Corrupção ativa: cometido por particular em face do funcio-
mento da autoridade competente. Pena - detenção, de quinze dias nário público. O particular oferece a vantagem indevida ao funcio-
a um mês, ou multa. nário / corrupção passiva: cometido por funcionário público, que
Na condescendência criminosa o funcionário deixa de praticar solicita a vantagem indevida).
- Descaminho (art.334, CP) e Contrabando (art. 334-A, CP)
algo por indulgência, já na prevaricação, o funcionário o faz para
Descaminho: iludir, no todo ou em parte, o pagamento de di-
satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
reito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo
de mercadoria.
Todos os crimes mencionados acima são crimes próprios, que
O descaminho trata-se de crime formal, logo, não se exige o
devem ser praticados por funcionário público e em regra todos são efetivo prejuízo ao Erário. O pagamento do tributo não extingue a
dolosos, exceto o peculato culposo. A ação penal para estes crimes punibilidade deste crime.
será pública incondicionada.
Contrabando: importar ou exportar mercadoria proibida.
Crimes praticados por particular contra a Administração em
Geral No descaminho ocorre a entrada e saída de mercadorias legais,
- Usurpação da Função Pública (art.328, CP): ocorre quando mas que não recolheram os impostos devidos para a circulação no
o particular finge ser funcionário público e pratica atos inerentes a país (sonegação de imposto). Já no contrabando, as mercadorias
função, mesmo sem aprovação em concurso ou nomeação. Pena - são ilegais (proibidas por lei).
detenção, de três meses a dois anos, e multa. Se do fato o agente
aufere vantagem - Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. Súmula 599 do STJ: O princípio da insignificância é inaplicável
Atenção: não confundir o crime de usurpação da função públi- aos crimes contra a administração pública.
ca com o crime de Exercício funcional ilegalmente antecipado ou (Obs.: Apesar da Súmula 599 do STJ, a jurisprudência vem ad-
prolongado (art.324, CP), cuja conduta consiste em “entrar no exer- mitindo, como exceção, o Princípio da Insignificância ao crime de
cício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou descaminho.
continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmen-
te que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso”. Crimes contra a Administração da Justiça
Observe que o crime de exercício funcional ilegalmente ante- - Denunciação caluniosa (art.339, CP): dar causa à instaura-
cipado ou prolongado é crime funcional, que deve cometido por ção de investigação policial, de processo judicial, instauração de
funcionário público, já usurpação de função pública é praticada por investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade
particular. administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe
inocente. Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
- Resistência (art.329), Desobediência (art.330, CP) e Desaca- - Comunicação falsa de crime ou de contravenção (art. 340,
to (art.331, CP) CP): provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência
de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado - Pena
Resistência: opor-se à execução de ato legal, mediante violên-
- detenção, de um a seis meses, ou multa.
cia ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem
lhe esteja prestando auxílio - Pena - detenção, de dois meses a dois
anos.

20
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
No delito de denunciação caluniosa exige-se a falsa imputação Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento
de um crime contra pessoa determinada. Já no crime de comuni- Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que
cação falsa de crime ou contravenção, o agente limita-se a narrar à tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou
autoridade infração inexistente, sem, contudo, identificar seu autor. parcialmente:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui
- Falso testemunho ou falsa perícia: fazer afirmação falsa, ou crime mais grave.
negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradu-
tor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
policial, ou em juízo arbitral - Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (qua- Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da
tro) anos, e multa. estabelecida em lei:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Os demais Crimes contra a Administração Pública poderão ser
analisados através da leitura dos artigos do Código Penal, abaixo: Concussão
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamen-
PARTE ESPECIAL te, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão
dela, vantagem indevida:
TÍTULO XI Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
CAPÍTULO I
DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO Excesso de exação
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL §1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que
sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na
Peculato cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, va- Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
lor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem §2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de ou-
a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou trem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres pú-
alheio:
blicos:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
§1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora
não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre
Corrupção passiva
para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta
de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la,
Peculato culposo
mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
§2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de
vantagem:
outrem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se §1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da
precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar
posterior, reduz de metade a pena imposta. qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
§2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato
Peculato mediante erro de outrem de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou in-
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, fluência de outrem:
no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Facilitação de contrabando ou descaminho
Inserção de dados falsos em sistema de informações Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inser- contrabando ou descaminho (art. 334):
ção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corre- Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
tos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administra-
ção Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para Prevaricação
outrem ou para causar dano: Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfa-
zer interesse ou sentimento pessoal:
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de in- Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
formações
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de infor- Art. 319-A.Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente públi-
mações ou programa de informática sem autorização ou solicitação co, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho tele-
de autoridade competente: fônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. presos ou com o ambiente externo:
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Admi-
nistração Pública ou para o administrado.

21
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Condescendência criminosa §1º- Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, em-
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsa- prego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para
bilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a
quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da execução de atividade típica da Administração Pública.
autoridade competente: §2º- A pena será aumentada da terça parte quando os autores
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em
comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da
Advocacia administrativa administração direta, sociedade de economia mista, empresa públi-
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado ca ou fundação instituída pelo poder público.
perante a administração pública, valendo-se da qualidade de fun-
cionário: CAPÍTULO II
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. DOS CRIMES PRATICADOS POR
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.
Usurpação de função pública
Violência arbitrária Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretex- Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
to de exercê-la: Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena cor- Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
respondente à violência.
Abandono de função Resistência
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência
em lei: ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. esteja prestando auxílio:
§1º - Se do fato resulta prejuízo público: Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. §1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
§2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fron- Pena - reclusão, de um a três anos.
teira: §2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das cor-
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. respondentes à violência.

Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado Desobediência


Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de sa- Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
tisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autori- Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
zação, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido,
substituído ou suspenso: Desacato
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função
ou em razão dela:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Violação de sigilo funcional
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e Tráfico de Influência
que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para ou-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato trem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em
não constitui crime mais grave. ato praticado por funcionário público no exercício da função:
§1º Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
I - permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e em- Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente
préstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcio-
não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da nário.
Administração Pública;
II - se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. Corrupção ativa
§2º Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Públi- Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcio-
ca ou a outrem: nário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. de ofício:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Violação do sigilo de proposta de concorrência Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em ra-
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência públi- zão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato
ca, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.
Descaminho
Funcionário público Art. 334.Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos pe- imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mer-
nais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cadoria
cargo, emprego ou função pública. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

22
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
§1ºIncorre na mesma pena quem: Subtração ou inutilização de livro ou documento
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro ofi-
em lei; cial, processo ou documento confiado à custódia de funcionário, em
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho; razão de ofício, ou de particular em serviço público:
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui
forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de ativida- crime mais grave.
de comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira
que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulenta- Sonegação de contribuição previdenciária
mente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no terri- Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciá-
tório nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem; ria e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no I - omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento
exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de pro- de informações previsto pela legislação previdenciária segurados
cedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal ou empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autô-
acompanhada de documentos que sabe serem falsos. nomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços;
§2º Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste II - deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da conta-
artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mer- bilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as
cadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços;
§3º A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é pra- III - omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos,
ticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de
contribuições sociais previdenciárias:
Contrabando Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: §1º É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, de-
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. clara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e presta
§1º Incorre na mesma pena quem: as informações devidas à previdência social, na forma definida em
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando; lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que de- §2º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar so-
penda de registro, análise ou autorização de órgão público compe- mente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes,
tente; desde que:
III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira desti- I - (VETADO)
nada à exportação; II - o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qual- igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, admi-
quer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de nistrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas
atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei bra- execuções fiscais.
sileira; §3º Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pa-
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no gamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos e
exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou
pela lei brasileira. aplicar apenas a de multa.
§2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos des- §4º O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado
te artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de nas mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos benefícios
mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. da previdência social.
§3º A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é
praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. CAPÍTULO II-A
Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA
Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA
ou venda em hasta pública, promovida pela administração federal,
estadual ou municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou pro- Corrupção ativa em transação comercial internacional
curar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, grave Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente,
ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem: vantagem indevida a funcionário público estrangeiro, ou a terceira
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, além da pessoa, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofí-
pena correspondente à violência. cio relacionado à transação comercial internacional:
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abstém de Pena - reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa.
concorrer ou licitar, em razão da vantagem oferecida. Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se, em
razão da vantagem ou promessa, o funcionário público estrangei-
O artigo 335 foi revogado tacitamente pela os artigos 90, ro retarda ou omite o ato de ofício, ou o pratica infringindo dever
93,95,96 e 98 da Lei de Licitação (Lei nº. 8.666/93) funcional.
Inutilização de edital ou de sinal
Tráfico de influência em transação comercial internacional
Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspur-
Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para ou-
car edital afixado por ordem de funcionário público; violar ou inuti-
trem, direta ou indiretamente, vantagem ou promessa de vanta-
lizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por ordem
gem a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público
de funcionário público, para identificar ou cerrar qualquer objeto:
estrangeiro no exercício de suas funções, relacionado a transação
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
comercial internacional:

23
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a um ter-
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o agente ço, se o crime é cometido com o fim de obter prova destinada a
alega ou insinua que a vantagem é também destinada a funcionário produzir efeito em processo penal ou em processo civil em que for
estrangeiro. parte entidade da administração pública direta ou indireta.

Funcionário público estrangeiro Coação no curso do processo


Art. 337-D. Considera-se funcionário público estrangeiro, para Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de
os efeitos penais, quem, ainda que transitoriamente ou sem remu- favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou
neração, exerce cargo, emprego ou função pública em entidades es- qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em
tatais ou em representações diplomáticas de país estrangeiro. processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral:
Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público estrangeiro Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena
quem exerce cargo, emprego ou função em empresas controladas, correspondente à violência.
diretamente ou indiretamente, pelo Poder Público de país estrangei-
ro ou em organizações públicas internacionais. Exercício arbitrário das próprias razões
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pre-
CAPÍTULO III tensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite:
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da
pena correspondente à violência.
Reingresso de estrangeiro expulso Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se
Art. 338 - Reingressar no território nacional o estrangeiro que procede mediante queixa.
dele foi expulso:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de nova Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que
expulsão após o cumprimento da pena. se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou conven-
ção:
Denunciação caluniosa Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de
processo judicial, instauração de investigação administrativa, in- Fraude processual
quérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo ci-
imputando-lhe crime de que o sabe inocente: vil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. o fim de induzir a erro o juiz ou o perito:
§1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
de anonimato ou de nome suposto. Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em
§2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prá- processo penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se em do-
tica de contravenção. bro.

Comunicação falsa de crime ou de contravenção Favorecimento pessoal


Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública
ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter veri- autor de crime a que é cominada pena de reclusão:
ficado: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. §1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão:
Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa.
Auto-acusação falsa §2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, côn-
Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente juge ou irmão do criminoso, fica isento de pena.
ou praticado por outrem: Favorecimento real
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou
de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do cri-
Falso testemunho ou falsa perícia me:
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em pro-
cesso judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo ar- Art. 349-A.Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar
bitral: a entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento prisional.
§1º As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter
prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em proces- Exercício arbitrário ou abuso de poder
so civil em que for parte entidade da administração pública direta Art. 350 - (Revogado pela Lei nº 13.869, de 2019)
ou indireta.
§2º O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no proces- Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança
so em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade. Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente
Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra presa ou submetida a medida de segurança detentiva:
vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimen- §1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais de uma
to, perícia, cálculos, tradução ou interpretação: pessoa, ou mediante arrombamento, a pena é de reclusão, de dois
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa. a seis anos.

24
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
§2º - Se há emprego de violência contra pessoa, aplica-se tam- Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de
bém a pena correspondente à violência. direito
§ 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o crime é Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autoridade ou
praticado por pessoa sob cuja custódia ou guarda está o preso ou múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão judicial:
o internado. Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
§ 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da custódia
ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de três meses a um ano, CAPÍTULO IV
ou multa. DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS

Evasão mediante violência contra a pessoa Contratação de operação de crédito


Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de crédito,
submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência interno ou externo, sem prévia autorização legislativa:
contra a pessoa: Pena - reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena corres- Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena, autoriza
pondente à violência. ou realiza operação de crédito, interno ou externo:
I - com inobservância de limite, condição ou montante estabe-
Arrebatamento de preso lecido em lei ou em resolução do Senado Federal;
Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do poder de II - quando o montante da dívida consolidada ultrapassa o limi-
quem o tenha sob custódia ou guarda: te máximo autorizado por lei.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena correspon-
dente à violência. Inscrição de despesas não empenhadas em restos a pagar
Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos a pagar,
Motim de presos de despesa que não tenha sido previamente empenhada ou que ex-
Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a ordem ou dis- ceda limite estabelecido em lei:
ciplina da prisão: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena cor-
respondente à violência. Assunção de obrigação no último ano do mandato ou legis-
latura
Patrocínio infiel Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos
Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o de- dois últimos quadrimestres do último ano do mandato ou legislatu-
ver profissional, prejudicando interesse, cujo patrocínio, em juízo, ra, cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício financeiro
lhe é confiado: ou, caso reste parcela a ser paga no exercício seguinte, que não te-
nha contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Patrocínio simultâneo ou tergiversação
Ordenação de despesa não autorizada
Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advogado ou
Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei:
procurador judicial que defende na mesma causa, simultânea ou Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
sucessivamente, partes contrárias.
Prestação de garantia graciosa
Sonegação de papel ou objeto de valor probatório Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito sem que
Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de restituir tenha sido constituída contragarantia em valor igual ou superior ao
autos, documento ou objeto de valor probatório, que recebeu na valor da garantia prestada, na forma da lei:
qualidade de advogado ou procurador: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
Não cancelamento de restos a pagar
Exploração de prestígio Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de promover o
Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra uti- cancelamento do montante de restos a pagar inscrito em valor su-
lidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério perior ao permitido em lei:
Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou tes- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
temunha:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Aumento de despesa total com pessoal no último ano do man-
Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, se o dato ou legislatura
agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também se des- Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que acarrete au-
tina a qualquer das pessoas referidas neste artigo. mento de despesa total com pessoal, nos cento e oitenta dias ante-
riores ao final do mandato ou da legislatura
Violência ou fraude em arrematação judicial Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação judicial;
afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de Oferta pública ou colocação de títulos no mercado
violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem: Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta pública ou
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa, além da a colocação no mercado financeiro de títulos da dívida pública sem
que tenham sido criados por lei ou sem que estejam registrados em
pena correspondente à violência.
sistema centralizado de liquidação e de custódia:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

25
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
6. (TJ/PR - Titular de Serviços de Notas e de Registros -
EXERCÍCIOS UFPR/2019)Relação de causalidade é o liame ou vínculo de causa e
efeito entre atos passíveis de serem imputados ao suspeito de de-
terminado delito e seu resultado material. É certo que nosso direito
1. (Polícia Científica/PR -Odontolegista - IBFC/2017)Considere positivo adotou um posicionamento sobre o assunto. A teoria da
as regras básicas aplicáveis ao Direito Penal e ao Direito Processual relação causal adotada pelo Código Penal brasileiro é:
Penal para assinalar a alternativa correta sobre as espécies de in- (A) causalidade adequada.
fração penal. (B) relevância jurídica.
(A) Crime e contravenção penal são sinônimos (C) totalidade das condições.
(B) No caso de contravenção penal, admitem-se penas de re- (D) causa eficaz.
clusão e detenção, enquanto que, para os crimes, admite-se prisão (E) equivalência das condições
simples
(C) No caso de crime, admitem-se penas de reclusão e deten- 7. (TJ/SP - Administrador Judiciário - VUNESP/2019)A doutrina
ção, enquanto que, para as contravenções penais, admite-se prisão dominante define tipicidade como
simples. (A) a adequação de um ato praticado pelo agente com as ca-
(D) No caso de contravenção penal, admite-se pena de reclu- racterísticas que o enquadram à norma descrita na lei penal como
são, enquanto que, para os crimes, admite-se detenção crime.
(E) No caso de contravenção penal, admite-se pena de deten- (B) um juízo de valor negativo ou desvalor, indicando que a
ção, enquanto que, para os crimes, admite-se reclusão. ação humana foi contrária às exigências do Direito.
(C) a voluntária omissão de diligência em calcular as consequ-
2. (SEJUC/RN- Agente Penitenciário - IDECAN/2017)Majorita- ências possíveis e previsíveis do próprio fato.
riamente entende-se que, de acordo com o conceito analítico, cri- (D) um juízo de reprovação pessoal que recai sobre o autor do
me é um: crime, que opta em praticar atos ou omissões de forma contrária
(A) Fato típico e antijurídico. ao Direito.
(B) Fato antijurídico e culpável. (E) uma ação delitiva de maneira consciente e voluntária.
(C) Fato típico, antijurídico e culpável.
(D) Fato típico, antijurídico, culpável e punível. 8. (SEFAZ/RS - Técnico Tributário da Receita Estadual - CES-
PE/2018)Considerando-se o conceito analítico de crime, exclui-se
3. (PC/SC - Escrivão de Polícia - FEPESE/2017) É correto afirmar a conduta quando
sobre a infração penal: (A) presente coação moral irresistível.
(A) A infração penal somente poderá ser cometida por pessoa (B) presentes caso fortuito e força maior.
física. (C) presente doença mental do agente da conduta.
(B) O Estado sempre será sujeito passivo formal de um crime. (D) presente coação física, seja resistível, seja irresistível.
(C) Apenas os bens materiais poderão ser objeto de infração (E) presente embriaguez preordenada.
penal.
(D) A infração penal não poderá ser praticada de forma isolada 9. (PC/ES - Escrivão de Polícia - Instituto AOCP/2019)No Direi-
por um agente. to Penal brasileiro, o chamado estado de necessidade é
(E) O sujeito ativo de uma infração penal é o titular do bem (A) causa de agravamento da pena.
jurídico lesado. (B) causa de exclusão de ilicitude.
(C) quando o agente pratica o delito para satisfazer uma neces-
4. (DPE-AM - Analista Jurídico - FCC/2019)O crime impossível sidade pessoal.
ocorre quando (D) causa de perdão judicial.
(A) o crime se consuma, mas o autor é inimputável. (E) quando o agente atua em legítima defesa.
(B) o crime não se consuma por circunstâncias alheias à vonta-
de do agente. 10. (Pref. Jataí/GO - Guarda Civil - UFG/2018)Nos termos da
(C) o autor age de maneira não intencional, a despeito da con- regulamentação do Código Penal Brasileiro vigente, o estrito cum-
sumação. primento do dever legal e a obediência hierárquica configuram, res-
(D) o agente atua em estado de necessidade ou em legítima pectivamente, hipóteses de exclusão da
defesa. (A) tipicidade e culpabilidade.
(E) o crime não se consuma por ineficácia absoluta do meio (B) ilicitude e culpabilidade.
empregado pelo agente. (C) culpabilidade e tipicidade.
(D) culpabilidade e ilicitude.
5. (Pref. São José dos Campos/SP - Procurador - VUNESP/2019)
A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e po-
dia agir para evitar o resultado. A afirmação: “o dever de agir in-
cumbe a quem, com seu comportamento anterior, criou o risco da
ocorrência do resultado”
(A) está expressamente prevista no CP.
(B) é a expressão supralegal da teoria da “imputação objetiva”.
(C) é a expressão supralegal da teoria da “cegueira deliberada”.
(D) deriva de construção jurisprudencial consolidada em súmu-
la de Tribunal Superior.
(E) admite a aplicação da responsabilidade objetiva no Direito
Penal.

26
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
11. (PC/ES - Assistente Social - Instituto AOCP/2019)João sub- 18. (Pref. de Linhares/ES - Monitor de Educação Infantil - IBA-
trai para si um pacote de bolachas no valor de R$ 10,00 de um gran- DE/2020) O funcionário X deixou de praticar, indevidamente, um
de supermercado e o fato se encaixa formalmente no art. 155 do ato de ofício, com o fim de satisfazer um sentimento pessoal. Com
Código Penal. Em virtude da inexpressividade da lesão causada ao essa conduta, o funcionário X:
patrimônio da vítima e pelo desvalor da conduta, incide o princípio (A) não praticou nenhuma ilegalidade
da insignificância que tem sido aceito pela doutrina e por algumas (B) praticou ato ilícito ambiental.
decisões judiciais como excludente de (C) praticou crime de peculato.
(A) punibilidade. (D) praticou crime de prevaricação.
(B) tipicidade material. (E) praticou crime de furto.
(C) culpabilidade.
(D) ilicitude formal. 19. (Pref. de Itajaí/SC - Assistente Jurídico - FEPESE/2020) De
(E) executividade. acordo com a legislação penal, caracteriza-se como crime de pecu-
lato:
12. (TJ/CE - Titular de Serviços de Notas e de Registros - IE- (A) Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício,
SES/2018)Segundo o Código Penal Brasileiro, quando o agente der ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer inte-
causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia esta- resse ou sentimento pessoal.
rá cometendo: (B) Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado pe-
(A) Crime culposo. rante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcio-
(B) Crime tentado. nário.
(C) Crime impossível. (C) Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ain-
(D) Crime doloso. da que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,
vantagem indevida.
13. (TRF 2ª Região - Técnico Judiciário -CONSULPLAN/2017) O (D) Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou
sonambulismo exclui o seguinte elemento do crime: qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a pos-
(A) Fato típico. se em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio.
(B) Punibilidade. (E) Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou in-
(C) Culpabilidade. diretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas
(D) Antijuridicidade. em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal van-
tagem.
14. (CRO/DF - Fiscal I -Quadrix/2020) À luz do Código Penal
brasileiro, julgue o item. 20. (Pref. de Itajaí/SC - Assistente Jurídico - FEPESE/2020) Con-
O crime de lesão corporal só admite a modalidade dolosa. forme disposto na legislação penal brasileira, “oferecer ou prome-
( ) Certo ter vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a
( ) Errado praticar, omitir ou retardar ato de ofício”, qualifica o crime de:
(A) desacato.
15. (CRO/DF - Fiscal I -Quadrix/2020)À luz do Código Penal bra- (B) prevaricação.
sileiro, julgue o item. (C) corrupção ativa.
A calúnia ocorre quando alguém imputa falsamente a outrem (D) corrupção passiva.
fato definido como crime. (E) usurpação de função pública.
( ) Certo
( ) Errado GABARITO
16. (Pref. de Viana/ES - Guarda Municipal - CONSULPAM/2019)
O homicídio (artigo 121 do Código Penal) será qualificado se come-
1 C
tido, EXCETO:
(A) Sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injus- 2 C
ta provocação da vítima. 3 B
(B) Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro
motivo torpe. 4 E
(C) Por motivo fútil. 5 A
(D) Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou
6 E
vantagem de outro crime.
7 A
17. (Pref. de Campinas/SP - Guarda Municipal - VUNESP/2019) 8 B
Segundo o Código Penal, quando o crime de homicídio é culposo,
(A) a pena prevista é maior do que a do homicídio doloso. 9 B
(B) não será admitido agravante de aumento de pena. 10 B
(C) o agente ficará, necessariamente, sujeito à pena de reclu-
são. 11 B
(D) o agente poderá ficar isento de pena se agir para compen- 12 A
sar os familiares da vítima.
13 A
(E) o juiz poderá deixar de aplicar a pena em hipótese deter-
minada. 14 ERRADO

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL
______________________________________________________
15 CERTO
16 A ______________________________________________________
17 E ______________________________________________________
18 D
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19 D
20 C ______________________________________________________

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ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
1. Histórico dos direitos humanos. Aspectos gerais dos direitos humanos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Declaração Universal dos Direitos Humanos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
- Os direitos humanos são indivisíveis, inter-relacionados e in-
HISTÓRICO DOS DIREITOS HUMANOS. ASPECTOS GE- terdependentes, já que é insuficiente respeitar alguns direitos hu-
RAIS DOS DIREITOS HUMANOS manos e outros não. Na prática, a violação de um direito vai afetar
o respeito por muitos outros;
Os direitos humanos são direitos inerentes a todos os seres Todos os direitos humanos devem, portanto, ser vistos como
humanos, independentemente de raça, sexo, nacionalidade, etnia, de igual importância, sendo igualmente essencial respeitar a digni-
idioma, religião ou qualquer outra condição. dade e o valor de cada pessoa.
Os direitos humanos incluem o direito à vida e à liberdade, à
liberdade de opinião e de expressão, o direito ao trabalho e à edu- Normas internacionais de direitos humanos
cação, entre e muitos outros. Todos merecem estes direitos, sem
discriminação. A expressão formal dos direitos humanos inerentes se dá atra-
O Direito Internacional dos Direitos Humanos estabelece as vés das normas internacionais de direitos humanos. Uma série de
obrigações dos governos de agirem de determinadas maneiras ou tratados internacionais dos direitos humanos e outros instrumen-
de se absterem de certos atos, a fim de promover e proteger os tos surgiram a partir de 1945, conferindo uma forma legal aos direi-
direitos humanos e as liberdades de grupos ou indivíduos. tos humanos inerentes.
Desde o estabelecimento das Nações Unidas, em 1945 – em A criação das Nações Unidas viabilizou um fórum ideal para o
meio ao forte lembrete sobre os horrores da Segunda Guerra Mun- desenvolvimento e a adoção dos instrumentos internacionais de
dial –, um de seus objetivos fundamentais tem sido promover e direitos humanos. Outros instrumentos foram adotados a nível re-
encorajar o respeito aos direitos humanos para todos, conforme gional, refletindo as preocupações sobre os direitos humanos parti-
estipulado na Carta das Nações Unidas: culares a cada região.
“Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, A maioria dos países também adotou constituições e outras leis
na Carta da ONU, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na que protegem formalmente os direitos humanos básicos. Muitas
dignidade e no valor do ser humano e na igualdade de direitos entre vezes, a linguagem utilizada pelos Estados vem dos instrumentos
homens e mulheres, e que decidiram promover o progresso social internacionais de direitos humanos.
e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla, … a As normas internacionais de direitos humanos consistem, prin-
Assembleia Geral proclama a presente Declaração Universal dos cipalmente, de tratados e costumes, bem como declarações, dire-
Diretos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os trizes e princípios, entre outros.
povos e todas as nações…”
Tratados
Contexto e definição dos direitos humanos
Um tratado é um acordo entre os Estados, que se comprome-
Os direitos humanos são comumente compreendidos como tem com regras específicas. Tratados internacionais têm diferentes
aqueles direitos inerentes ao ser humano. O conceito de Direitos designações, como pactos, cartas, protocolos, convenções e acor-
Humanos reconhece que cada ser humano pode desfrutar de seus dos. Um tratado é legalmente vinculativo para os Estados que te-
direitos humanos sem distinção de raça, cor, sexo, língua, religião, nham consentido em se comprometer com as disposições do trata-
opinião política ou de outro tipo, origem social ou nacional ou con- do – em outras palavras, que são parte do tratado.
dição de nascimento ou riqueza. Um Estado pode fazer parte de um tratado através de uma rati-
Os direitos humanos são garantidos legalmente pela lei de di- ficação, adesão ou sucessão.
reitos humanos, protegendo indivíduos e grupos contra ações que A ratificação é a expressão formal do consentimento de um
interferem nas liberdades fundamentais e na dignidade humana. Estado em se comprometer com um tratado. Somente um Estado
Estão expressos em tratados, no direito internacional consue- que tenha assinado o tratado anteriormente – durante o período no
tudinário, conjuntos de princípios e outras modalidades do Direito. qual o tratado esteve aberto a assinaturas – pode ratificá-lo.
A legislação de direitos humanos obriga os Estados a agir de uma A ratificação consiste de dois atos processuais: a nível interno,
determinada maneira e proíbe os Estados de se envolverem em ati- requer a aprovação pelo órgão constitucional apropriado – como
vidades específicas. No entanto, a legislação não estabelece os di- o Parlamento, por exemplo. A nível internacional, de acordo com
reitos humanos. Os direitos humanos são direitos inerentes a cada as disposições do tratado em questão, o instrumento de ratificação
pessoa simplesmente por ela ser um humano. deve ser formalmente transmitido ao depositário, que pode ser um
Tratados e outras modalidades do Direito costumam servir Estado ou uma organização internacional como a ONU.
para proteger formalmente os direitos de indivíduos ou grupos con- A adesão implica o consentimento de um Estado que não tenha
tra ações ou abandono dos governos, que interferem no desfrute assinado anteriormente o instrumento. Estados ratificam tratados
de seus direitos humanos. antes e depois de este ter entrado em vigor. O mesmo se aplica à
Algumas das características mais importantes dos direitos hu- adesão.
manos são: Um Estado também pode fazer parte de um tratado por su-
- Os direitos humanos são fundados sobre o respeito pela dig- cessão, que acontece em virtude de uma disposição específica do
nidade e o valor de cada pessoa; tratado ou de uma declaração. A maior parte dos tratados não são
- Os direitos humanos são universais, o que quer dizer que são auto-executáveis. Em alguns Estados tratados são superiores à le-
aplicados de forma igual e sem discriminação a todas as pessoas; gislação interna, enquanto em outros Estados tratados recebem
- Os direitos humanos são inalienáveis, e ninguém pode ser status constitucional e em outros apenas certas disposições de um
privado de seus direitos humanos; eles podem ser limitados em si- tratado são incorporadas à legislação interna.
tuações específicas. Por exemplo, o direito à liberdade pode ser res- Um Estado pode, ao ratificar um tratado, formular reservas a
tringido se uma pessoa é considerada culpada de um crime diante ele, indicando que, embora consinta em se comprometer com a
de um tribunal e com o devido processo legal; maior parte das disposições, não concorda com se comprometer
com certas disposições. No entanto, uma reserva não pode derrotar
o objeto e o propósito do tratado.

1
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Além disso, mesmo que um Estado não faça parte de um tra- judeu ter que amar o próximo, orar e amar seus inimigos era um
tado ou não tenha formulado reservas, o Estado pode ainda estar judeu ter que amar um romano, seu inimigo máximo, ocupante de
comprometido com as disposições do tratado que se tornaram di- suas terras e opressor do povo. Por isso, esse ensinamento de Jesus
reito internacional consuetudinário ou constituem normas impera- causou polêmica em sua época.
tivas do direito internacional, como a proibição da tortura. Todos Desse modo, o respeito pelo próximo é o respeito pelos direi-
os tratados das Nações Unidas estão reunidos em treaties.un.org. tos humanos. Não podemos fazer o mal ao próximo, pois os ho-
mens foram feitos a imagem e semelhança de Deus. Assim, o ensi-
Costume namento cristão de amor ao próximo é o fundamento histórico dos
direitos humanos.
O direito internacional consuetudinário – ou simplesmente
“costume” – é o termo usado para descrever uma prática geral e As gerações ou dimensões dos direitos humanos
consistente seguida por Estados, decorrente de um sentimento de
obrigação legal. A doutrina costuma dividir a evolução histórica dos direitos fun-
Assim, por exemplo, enquanto a Declaração Universal dos Di- damentais em gerações de direito. Mas, parte da doutrina abandou
reitos Humanos não é, em si, um tratado vinculativo, algumas de o termo geração, para adotar a expressão dimensão. O argumento
suas disposições têm o caráter de direito internacional consuetu- é de que geração pressupõe a superação da geração anterior. O que
dinário. não ocorre com os direitos fundamentais, pois todas as gerações se-
guintes não superam a anterior, mas as complementam, por isso é
Declarações, resoluções etc. adotadas pelos órgãos das Na- preferido o uso de “dimensão”. Independente da nomenclatura uti-
ções Unidas lizada, Pedro Lenza (2010: 740) apresenta a seguinte classificação:
a) Direitos humanos de 1ª geração: referem-se às liberdades
Normas gerais do direito internacional – princípios e práticas públicas e aos direitos políticos, ou seja, direitos civis e políticos a
com os quais a maior parte dos Estados concordaria – constam, traduzirem o valor de liberdade. Documentos históricos (séculos
muitas vezes, em declarações, proclamações, regras, diretrizes, re- XVII, XVIII e XIX): 1) Magna Carta de 1215, assinada pelo rei Joao
comendações e princípios. sem terra;2) Paz de Westfália (1648);3) Habeas Corpus Act (1679);4)
Apesar de não ter nenhum feito legal sobre os Estados, elas Bill of Rights (1688); 5) Declarações, seja a americana (1776) , seja
representam um consenso amplo por parte da comunidade inter- a francesa (1789).
nacional e, portanto, têm uma força moral forte e inegável em ter- b) Direitos humanos de 2ª geração: referem-se aos chamados
mos na prática dos Estados, em relação a sua conduta das relações direitos sociais, como saúde, educação, emprego entre outros. Do-
internacionais. cumentos históricos: Constituição de Weimar (1919), na Alemanha
O valor de tais instrumentos está no reconhecimento e na acei- e o Tratado de Versalhes, 1919. Que instituiu a OIT.
tação por um grande número de Estados e, mesmo sem o efeito vin- c) Direitos humanos de 3ª geração: são os direitos relacionados
culativo legal, podem ser vistos como uma declaração de princípios a sociedade atual, marcada por amplos conflitos de massa, envol-
amplamente aceitos pela comunidade internacional. vendo o direito ambiental e também o direito do consumidor, onde
A Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos esses direitos difusos muita das vezes sofrem violações.
Indígenas, por exemplo, recebeu o apoio dos Estados Unidos em d) Direitos humanos de 4º geração: Norberto Bobbio, defende
2010, o último dos quatro Estados-membros da ONU que se opu- que esses direitos estão relacionados com os avanços no campo da
seram a ela. engenharia genética, ao colocarem em risco a própria existência hu-
Ao adotar a Declaração, os Estados se comprometeram a reco- mana, através da manipulação do patrimônio genético.
nhecer os direitos dos povos indígenas sob a lei internacional, com e) Direitos humanos de 5ª geração: Paulo Bonavides defende
o direito de serem respeitados como povos distintos e o direito de essa ideia. Para ele, essa geração refere-se ao direito à paz mundial.
determinar seu próprio desenvolvimento de acordo com sua cultu- A paz seria o objetivo da geração a qual vivemos, que constante-
ra, prioridades e leis consuetudinárias (costumes) mente é ameaçada pelo terrorismo e pelas guerras (Portela: 2013:
817).
Evolução histórica e classificação dos direitos fundamentais
Origem histórica dos direitos humanos: Cristianismo Reconhecimento e Positivação dos direitos fundamentais no
direito nacional
Podemos afirmar que os direitos humanos tem sua origem no
Cristianismo. Sendo que o cristianismo nasceu na antiga Palestina, No plano internacional podemos afirmar que o principal docu-
onde era situado o Estado de Israel. mento que positivou os direitos humanos foi a Declaração Universal
A mensagem de Jesus Cristo, conforme vemos em Mateus 22: dos Direitos Humanos (1948) da ONU.
36-40, pode ser resumida em dois mandamentos: a) Amar a Deus No plano interno, a Constituição de 1988 positivou em seu
sobre todas as coisas e b) Amar o próximo com a si mesmo. Ora, texto diversos direitos fundamentais. Vale ressaltar, que o rol do
o primeiro mandamento já havia sido dado por Deus a Moisés no art. 5º é exemplificativo, podendo haver ampliação desses direitos,
Monte Sinai e este mandamento não seria difícil de ser atendido. O mas nunca sua redução ou supressão. Até porque a CF/88 considera
segundo mandamento, agora dado por Jesus, o Filho de Deus, foi os direitos e garantias individuais e coletivos como claúsula pétrea
que causou polêmica em sua época. Amar a Deus é fácil. Difícil é (art. 60, §4º,IV).
amar o próximo, ainda mais quando o próximo nos faz algum mal. Todas as gerações de direitos humanos foram positivados no
Jesus ensinou ainda que deveríamos “orar e amar nossos inimigos” texto constitucional. As liberdades individuais constam no art. 5º.
(Mateus 5: 44). O contexto histórico em que Jesus começou a pre- Os direitos sociais no art. 6º. Os direitos políticos nos arts. 14 a 16.
gar era de completa dominação de Israel pelos romanos. Sendo que O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado no art.
Pilatos, era o governador romano de toda aquela região. Assim, um 225. A saúde no art. 6º e no art. 196 e assim por diante.

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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
A Emenda 45/2004, acrescentou ao art. 5º, o §3º, o qual dispõe Paulo Gustavo Gonet Branco (2011: 174) explica que esse dis-
que os tratados internacionais sobre direitos humanos, que forem positivo tem como significado essencial ressaltar que as normas
aprovados em cada casa do Congresso Nacional, por 3/5 de seus que definem direitos fundamentais são normas de caráter precep-
membros, em dois turnos, equivalem às emendas constitucionais, tivo, e não meramente programático. Ainda segundo o autor, os ju-
ou seja, esses tratados ganham status de norma constitucional. ízes podem e devem aplicar diretamente as normas constitucionais
Desse modo, com a Emenda 45/2004, os tratados sobre direi- para resolver os casos sob sua apreciação. Não é necessário que o
tos humanos aprovados nos termos do § 3º, do art. 5º da CF/88, legislador venha, antes, repetir ou esclarecer os termos da norma
ampliaram o bloco de constitucionalidade, juntando-se às normas constitucional para que ela seja aplicada.
jurídicas do texto constitucional. O disposto no art. 5º, § 1º, da CF, é um dispositivo de suma
importância, pois o mesmo servirá de fundamento de validade para
Eficácia dos Direitos Fundamentais a eficácia vertical e horizontal dos direitos fundamentais.
Conceito de eficácia
Eficácia vertical e horizontal dos direitos fundamentais
Antes de entrarmos na análise da eficácia dos direitos funda-
mentais, é preciso sabermos o que significa a expressão “eficácia.” A eficácia vertical significa que o Estado, em suas relações com
Pois bem, eficácia pode ser definida como algo que produz efeitos. os particulares, deverá respeitar as normas de direitos fundamen-
Segundo a doutrina, há dois tipos de eficácia das normas: a ju- tais. O Estado, portanto, deverá respeitar as liberdades individuais,
rídica e social. Michel Temer (2005: 23) ensina que a eficácia social tais como a liberdade de crença, de expressão, sexual, enfim, assun-
se verifica na hipótese da norma vigente, isto é, com potencialidade tos da esfera privada dos indivíduos. Mas a função do Estado não é
para regular determinadas relações, ser efetivamente aplicada a ca- apenas garantir essa proteção. No caso dos direitos fundamentais
sos concretos. Já a eficácia jurídica, ainda segundo Temer, significa sociais, como a saúde, educação e outros, o Estado deve ter uma
que a norma está apta a produzir efeitos na ocorrência de relações postura positiva no sentido de efetivar aqueles direitos.
concretas; mas já produz efeitos jurídicos na medida em que a sua Assim, a eficácia vertical dá ao Estado esse duplo papel: garan-
simples edição resulta na revogação de todas as normas anteriores tista e efetivados dos direitos fundamentais.
que com ela conflitam. Embora não aplicada a casos concretos, é No que tange a eficácia horizontal dos direitos fundamentais,
aplicável juridicamente no sentido negativo antes apontado. Isto é: podemos afirmar que esses direitos também podem ser aplicados
retira a eficácia da normatividade anterior. É eficaz juridicamente, as relações privadas. Os particulares nas relações que travam entre
embora não tenha sido aplicada concretamente. si devem também obedecer os direitos fundamentais.
Entendemos que as normas constitucionais que regulam o di- Segundo Daniel Sarmento (2004: 223), a premissa da eficácia
reito a saúde e a defesa do consumidor são normas que possuem horizontal dos direitos fundamentais é o fato de que vivemos em
também eficácia social, na lição de Michel Temer. A eficácia jurídica
uma sociedade desigual em que a opressão pode provir não ape-
é inerente à espécie, mas a eficácia social existe também pela pró-
nas do Estado, mas de uma multiplicidade de atores privados, pre-
pria abrangência de que esses direitos fundamentais apresentam.
sentes em esferas como o mercado, a família, a sociedade civil e a
Vale ressaltar, que uma norma jurídica poderá ter vigência, mas
empresa.
poderá não ser eficaz, ou seja, devido a alguma circunstancia uma
Várias teorias surgiram para explicar a vinculação dos particu-
norma pode não apresentar efeitos jurídicos. No entanto, somente
lares aos direitos fundamentais, mas duas se destacaram e tiveram
uma norma vigente poderá ser eficaz.
origem no direito germânico: a) Teoria da Eficácia Indireta e Media-
Sobre o tema vigência e eficácia, assim leciona Ingo Sarlet
ta dos Direitos Fundamentais na Esfera Privada e b) Teoria da Eficá-
(2012: 236):
Importa salientar, ainda, que a doutrina pátria tradicional- cia Direta e Imediata dos Direitos Fundamentais na Esfera Privada.
mente tem distinguido – e neste particular verifica-se substancial Segundo Sarmento (2004:238), a teoria da eficácia horizontal
consenso – as noções de vigência e eficácia, situando-as em planos mediata ou indireta dos direitos fundamentais (Mittelbare Drit-
diferenciados. Tomando-se a paradigmática lição de José Afonso da twirkung) foi desenvolvida originariamente na doutrina alemã por
Silva, a vigência consiste na qualidade da norma que a faz existir Günter Dürig, em obra publicada em 1956, e tornou-se a concepção
juridicamente (após regular promulgação e publicação), tornando-a dominante no direito germânico, sendo hoje adotada pela maioria
de observância obrigatória de tal sorte que a vigência constitui ver- dos juristas daquele país e pela sua Corte Constitucional. Trata-se
dadeiro pressuposto de eficácia, na medida em que apenas a norma de construção intermediária entre a que simplesmente nega a vin-
vigente pode ser eficaz. culação dos particulares aos direitos fundamentais, e aquela que
Desse modo, somente uma norma jurídica que possua vigência sustenta a incidência direta destes direitos na esfera privada.
poderá produzir efeitos jurídicos, ou seja, será eficaz, sendo que no Ainda segundo Sarmento (2004: 238), para a teoria da eficácia
presente texto, nos interessa conhecer a eficácia das normas jurídi- mediata, os direitos fundamentais não ingressam no cenário priva-
cas constitucionais que tratam dos direitos fundamentais. do como direitos subjetivos, que possam ser invocados a partir da
Constituição. Para Dürig, a proteção constitucional da autonomia
Eficácia plena e imediata dos direitos fundamentais: análise do privada pressupõe a possibilidade de os indivíduos renunciarem a
art. 5º, § 1º, da CF/88 direitos fundamentais no âmbito das relações privadas que man-
tem, o que seria inadmissível nas relações travadas com o Poder
De acordo, com o art. 5º, §1º, de nossa Carta Constitucional, as Público. Por isso, certos atos contrários aos direitos fundamentais
normas relativas às garantias e aos direitos fundamentais, possuem , que seriam inválidos quando praticados pelo Estado, podem ser
eficácia plena e imediata. Isso significa, que essas normas jurídicas lícitos no âmbito do Direito Privado.
não precisarão da atuação do legislador infra-constitucional, para Não concordamos com essa teoria, pois entendemos que os
poderem ser efetivadas. Essas normas, portanto, não precisarão re- particulares devem sim respeito aos direitos fundamentais, espe-
ceber regulamentação legal para serem eficazes. Assim, as mesmas cialmente nas relações contratuais e naquelas que envolvem o di-
poderão ser aplicadas pelo intérprete imediatamente aos casos reito do consumidor, tendo em vista que nessas áreas as violações
concretos. aos direitos fundamentais são mais intensas.

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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Já a teoria da eficácia direta dos direitos fundamentais nas re- direitos fundamentais”, pois a mesma está relacionada com a ideia
lações privadas, conforme leciona Sarmento (2004: 245), foi defen- de positivação dos direitos humanos. Assim, quando a busca pela
dida inicialmente na Alemanha por Hans Carl Nipperdey, a partir do efetivação desses direitos são apenas aspirações dentro de uma co-
início da década de 50. Segundo ele, embora alguns direitos funda- munidade podemos chamá-los de direitos humanos, mas quando
mentais previstos na Constituição alemã vinculem apenas o Estado, os mesmos são positivados num texto de uma Constituição os mes-
outros, pela sua natureza, podem ser invocados diretamente nas mos passam a serem considerados como direitos fundamentais.
relações privadas, independentemente de qualquer mediação por Parte da doutrina entende que os direitos fundamentais seriam os
parte do legislador , revestindo-se de oponibilidade erga omnes. Ni- direitos humanos que receberam positivação.
pperdey justifica sua afirmação com base na constatação de que os Para exemplificarmos a afirmação feita, podemos mencionar a
perigos que espreitam os direitos fundamentais no mundo contem- lição de Paulo Gonet Branco (2011: 166), para quem a expressão
porâneo não provem apenas do Estado, mas também dos poderes direitos humanos ou direitos do homem, é reservada para aquelas
sociais e de terceiros em geral. A opção constitucional pelo Estado reinvindicações de perene respeito a certas posições essenciais ao
Social importaria no reconhecimento desta realidade, tendo como homem. São direitos postulados em bases jusnaturalistas, contam
consequência a extensão dos direitos fundamentais às relações en- com índole filosófica e não possuem como característica básica a
tre particulares. positivação numa ordem jurídica particular. Já a locução direitos
Somos partidários da teoria da eficácia direta e imediata dos di- fundamentais é reservada aos direitos relacionados com posições
reitos fundamentais as relações privadas, tendo em vista que como básicas das pessoas, inscritos em diplomas normativos de cada Es-
defendeu Nipperdey os abusos nas relações jurídicas ocorrem não tado. São direitos que vigem numa ordem jurídica concreta, sendo,
apenas tendo o Estado como protagonista, mas muitos atores pri- por isso, garantidos e limitados no espaço e no tempo, pois são as-
vados, como as grandes empresas que violam constantemente os segurados na medida em que cada Estado os consagra.
direitos fundamentais dos consumidores. Assim, podemos conceituar direitos humanos como aqueles
Outro argumento pelo qual defendemos a teoria em tela é jus- direitos básicos inerentes a todas as pessoas sem distinção, adqui-
tamente o disposto no art. 5º,§ 1º da CF, que dispõe sobre a apli- ridos com seu nascimento, tais como o direito à vida, à liberdade
cação imediata das normas de garantia dos direitos fundamentais. de locomoção, à liberdade expressão, liberdade de culto, etc, que
Para nós o dispositivo abarca as relações entre os particulares e o ainda não receberam positivação constitucional e até então são
Estado. apenas aspirações. As pessoas já nascem sendo titulares desses di-
Do ponto de vista filosófico, e usando a visão do liberalismo de reitos básicos.
princípios de John Rawls, podemos também argumentar em favor Com a positivação no texto constitucional, esses direitos hu-
da teoria que os direitos fundamentais previstos na Constituição Fe- manos tornam-se direitos fundamentais, tornando-se objetivos a
deral, tais como o direito à saúde e o direito a um meio ambiente serem alcançados pelo Estado e também pelos demais atores priva-
ecologicamente equilibrado, são exemplos de bens primários que dos, como iremos demonstrar adiante.
devem ser distribuídos pelo Estado às pessoas de forma equitativa. Vale ressaltar também que, a noção de direitos fundamentais
Na concepção de justiça de Rawls, os homens escolhem num está intimamente relacionada com o princípio da dignidade da pes-
estado hipotético chamado de “posição original” os princípios de soa humana, o qual pressupõe que todo ser humano deve possuir
justiça que irão governar a sociedade. Estes princípios são a liberda- um mínimo existencial para ter uma vida digna. A ideia de digni-
de e a igualdade. As instituições sociais (Estado) e as demais pesso- dade da pessoa humana foi trabalhada inicialmente por Kant, para
as devem obediência a esses princípios. quem “ o homem é um fim em si mesmo”, conforme ensina Ricardo
A escolha desses princípios na posição original é feita pelos Castilho ( 2012: 134). Podemos afirmar que a dignidade humana é
homens sob um “véu de ignorância”, ou seja, eles não sabem que a “fundamentalidade” dos direitos fundamentais, ou seja, é o fun-
papéis terão nessa futura sociedade e se serão beneficiados por es- damento de validade.
ses princípios. A escolha, portanto, foi justa porque obedeceu ao No Brasil, a Constituição de 1988, positivou a dignidade da pes-
procedimento. soa humana no art. 1º, inciso III, como fundamento da República
Por essa ótica, mais do que nunca prevalece o entendimento Federativa do Brasil.
que esses princípios de justiça vinculam os particulares, tendo em
vista que os mesmos na posição original escolheram esses princí- Caracterização
pios. Assim, não apenas o Estado, mas os demais atores privados
devem obediência a esses princípios e têm o dever de distribuir os Podemos apresentar didaticamente as seguintes características
bens primários (direitos fundamentais) de forma justa. dos direitos fundamentais:
E qual a posição adotada pelo Supremo Tribunal Federal? Nossa a) Historicidade: A historicidade significa que os direitos funda-
Corte suprema adotou, sabiamente, a teoria de Nipperdey, confor- mentais variam de acordo com a época e com o lugar;
me podemos ver pela transcrição parcial da ementa do RE 201819, b) Concorrência: os direitos fundamentais podem ser exercidos
que teve como relator para o acordão o Min. Gilmar Mendes e foi o de forma concorrente. Ou seja, é possível exercer dois ou mais di-
leading case da questão, nos seguintes termos: reitos fundamentais ao mesmo tempo;
c) Indisponiblidade: o titular não pode dispor dos direitos fun-
damentais;
Princípios
d) Inalienabilidade: os direitos fundamentais não podem ser
transferidos a terceiros;
Antes de apresentarmos uma conceituação do que seja direitos
e) Irrenunciabilidade: o titular não pode renunciar um direito
humanos, necessário é estabelecermos a nomenclatura mais ade-
fundamental. A pessoa pode até não exercer o direito, mas não
quada. Isto porque alguns usam a expressão “direitos humanos”,
pode renunciar;
outros de “direitos fundamentais” e outros ainda de “direitos do
f) Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não estão su-
homem”. Qual seria a nomenclatura correta? Entendemos que to-
jeitos a nenhum tipo de prescrição, pois os mesmos são sempre
das são corretas, mas preferimos utilizar neste texto a expressão “
exercitáveis sem limite temporal. Exemplo: o direito à vida;

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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
g) Indivisibilidade: os direitos fundamentais não podem ser fra- Exemplificando na Constituição pátria, Paulo Branco (2011:
cionados. A pessoa deve exercê-lo em sua totalidade; 163) demonstra que até o elementar direito á vida tem limitação
h) Interdependência: significa que os direitos fundamentais são explícita no inciso XLVII, a, do art. 5º, em que se contempla a pena
interdependentes, isto é, um direito fundamental depende da exis- de morte em caso de guerra formalmente declarada.
tência do outro. Ex: a liberdade de expressão necessita do respeito Para o Supremo Tribunal Federal, os direitos fundamentais
à integridade física; também não são absolutos e podem sofrer limitação, conforme a
I) Complementariedade: os direitos fundamentais possuem o ementa abaixo transcrita:
atributo da complementariedade, ou seja, um complementa o ou- OS DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS NÃO TÊM CARÁTER
tro. Ex: o direito à saúde complementa à vida, e assim sucessiva- ABSOLUTO. Não há, no sistema constitucional brasileiro, direitos
mente ou garantias que se revistam de caráter absoluto, mesmo porque
m) Universalidade: os direitos humanos são apresentados razões de relevante interesse público ou exigências derivadas do
como universais, ou seja, são destinados a todos os seres humanos princípio de convivência das liberdades legitimam, ainda que ex-
em todos os lugares do mundo, independente emente de religião, cepcionalmente, a adoção, por parte dos órgãos estatais, de medi-
de raça, credo, etc. No entanto, alguns autores mostram que em das restritivas das prerrogativas individuais ou coletivas, desde que
certos países os direitos humanos não são aplicados em razão das respeitados os termos estabelecidos pela própria Constituição. O
tradições culturais. Seria a chamada teoria do “relativismo cultural” estatuto constitucional das liberdades públicas, ao delinear o regi-
dos direitos humanos. Sobre o assunto, assim leciona Paulo Henri- me jurídico a que estas estão sujeitas - e considerado o substrato
que Portela (2013: 833): ético que as informa - permite que sobre elas incidam limitações de
“ (...) o universalismo é contestado por parte da doutrina, que ordem jurídica, destinadas, de um lado, a proteger a integridade do
fundamentalmente defende que os diferentes povos do mundo interesse social e, de outro, a assegurar a coexistência harmoniosa
possuem valores distintos e que, por isso, não seria possível es- das liberdades, pois nenhum direito ou garantia pode ser exercido
tabelecer uma moral universal única, válida indistintamente para em detrimento da ordem pública ou com desrespeito aos direitos
todas as pessoas humanas e sociedades. É a noção de relativismo e garantias de terceiros (Grifamos. Jurisprudência: STF, Pleno, RMS
cultural, ou simplesmente relativismo, que defende , ademais, que 23.452/RJ, Relator Ministro Celso de Mello, DJ de 12.05.2000, p.
o universalismo implicaria imposição de ideias e concepções que na 20.).
realidade, pertenceriam ao universo da cultura ocidental.” Assim, a limitação dos direitos fundamentais podem ocorrer
Um exemplo prático desse relativismo cultural é que em países quando esses direitos entram em colisão entre ou até mesmo quan-
islâmicos os direitos das minorias não são respeitados. A imprensa do a limitação é prevista no texto constitucional.
já divulgou, por exemplo, que a teocracia islâmica que governa o
Irã enforca em praça pública as pessoas que são homossexuais. São Princípios universais de direitos humanos
mortos em nome da religião muçulmana, que considera pecado a
sua opção sexual. Isso ocorre em pleno século XXI. Temos defendido que a Constituição efetivamente democrá-
Um outro exemplo de violação sistemática dos direitos huma- tica (Constituição enquanto processo legitimador das mudanças
nos com base em crenças religiosas, que também já foi divulgado democraticamente apontadas pela população) deve ter como valor
pela imprensa mundial, é a mutilação de mulheres muçulmanas básico apenas os princípios universais de direitos humanos. É ne-
em alguns nações africanas. Milhares de mulheres têm seus clitóris cessário, pois, explicar o significado desta expressão, que para nós
arrancados para que não sintam prazer sexual, pois na religião islâ- deverá representar todo o conteúdo principiológico constante do
mica, extremamente machista, somente o homem pode ter prazer. texto federal.
Novamente, a religião islâmica viola os direitos humanos em nome Já estudamos a expressão “princípios constitucionais”, sendo
de preceitos religiosos. que propusemos ainda classificação que contemple os princípios
Quem defende o relativismo cultural afirma que a ideia de di- (regras em sentido amplo, ou com grau de abrangência maior) fun-
reitos fundamentais é uma ideia cristã-ocidental e não tem como damentais, setoriais e os deduzidos da Constituição. As Constitui-
ser aplicada em algumas regiões do mundo. ções tem diferentes princípios e oferece tratamentos variados aos
Concordamos com a afirmação de que os direitos fundamen- grupos e direitos fundamentais da pessoa humana.
tais são um ideal cristão e ocidental, mas não podemos concordar Estes direitos fundamentais e os seus princípios basilares serão
com o relativismo cultural. Entendemos que todas as pessoas no variáveis de acordo com o texto constitucional. Desta forma, uma
mundo inteiro devem ser tratadas com dignidade. Constituição Liberal limitar-se-á a declarar os direitos individuais
Em todo o caso, o universalismo dos direitos humanos é ex- e os direitos políticos, sendo que dentro do referencial teórico da
pressamente consagrado no bojo da própria Declaração de Viena época, os direitos humanos se reduziam, numa perspectiva cons-
de 1993, a qual diz que “todos os direitos humanos são universais, titucional, a este conteúdo, dentro de uma perspectiva teórica que
indivisíveis, interdependentes e inter-relacionados...” consagrava o abstencionismo estatal e considerava como garantia
n) Limitabilidade: os direitos fundamentais não são absolutos. constitucional a simples inserção de princípios do Direito, no texto
Os mesmos podem sofrer limitações, inclusive, pelo próprio texto constitucional. De outra forma as Constituições Sociais e as Socia-
constitucional. Segundo Paulo Branco (2011: 162) afirma que tor- listas ampliam este leque de direitos fundamentais, oferecendo va-
nou-se voz corrente na nossa família do Direito admitir que os direi- riados modelos adotados por diferentes países. Não se pode dizer,
tos fundamentais podem ser objeto de limitações, não sendo, pois lendo as Constituições Socialistas e as Constituições Sociais-Liberais
absolutos. Tornou-se pacifico que os direitos fundamentais podem (ou sociais assistencialistas, ou neoliberais), que estas obedecem a
sofrer limitações quando enfrentam outros valores de ordem cons- um modelo rígido, imutável de Estado para Estado.
titucional, inclusive outros direitos fundamentais. Igualmente no Tanto os textos socialistas como os Sociais, estes com maior
âmbito internacional, as declarações de direitos humanos admitem intensidade, tem variações que correspondem as situações histó-
expressamente limitações “ que sejam necessárias para proteger a ricas específicas de cada país, sendo que estas variações ocorrem
segurança, a ordem, a saúde ou a moral pública ou os direitos e li- na forma de organização política do Estado, mas principalmente no
berdades fundamentais de outros (Art. 18 da Convenção de Direitos tratamento dos direitos fundamentais e a relação entre os seus gru-
Civis e Políticos de 1966 da ONU)”. pos de direitos, refletindo nos princípios constitucionais.

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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Fica claro que os princípios constitucionais não são exatamente Desta maneira os direitos universais serão aqueles que podem
iguais, mesmo quando o tipo de Constituição adotada é o mesmo. ser aceitos por todos os povos da Terra em todos os Estados Sobe-
Ocorrerá quase sempre influencias nacionais específicas que serão ranos do Planeta. É importante lembrar que utilizamos a palavra
marcantes na construção dos princípios de direitos humanos numa “pode” enquanto possibilidade real de qualquer cultura humana,
perspectiva constitucional, influencias estas que terão origens em e não utilizamos as expressões “devem” ou “serão” aceitos, o que
sistemas econômicos, culturas, histórias diferentes assim como ou- seria inadequado ou falso, no atual momento histórico.
tros elementos, que nos indicarão com certeza a impossibilidade de É necessário, neste momento, identificarmos quais os prin-
se procurar um sistema constitucional único de Direitos Humanos. cípios deverão estar contidos na Constituição democrática: a) os
Aliás, mais do que a impossibilidade é a constatação de que esta princípios universais conforme foram enunciados neste artigo; b) os
diversidade deverá ser mantida, como elemento de riqueza que princípios e direitos universais declarados pela Declaração Univer-
permite a evolução do ser humano dentro de uma diversidade que sal de Direitos Humanos de 1948 e os princípios decorrentes desta
incentiva e promove esta evolução desejada, afastando a massifica- Declaração; c) ou os princípios de Direitos Humanos consagrados
ção medíocre de grandes mercados transformadores dos humanos nas declarações internacionais em uma perspectiva regional?
em “em seres consumidores de matérias inúteis”, onde a perspecti- Neste momento, e dentro do que já foi discutido até aqui, po-
va de ser se transforma num ter sem limites. deríamos dizer que nenhum destes. Primeiramente, é necessário
Este sistema constitucional de direitos humanos, deve conviver esclarecer, que até aqui, vimos afirmando que o texto constitucio-
com um sistema global. É o que podemos chamar da perspectiva nal deve se limitar a conter princípios que sejam Universais, dentro
internacionalista dos direitos humanos.(2) É importante salientar da perspectiva que se insere no item “a” acima e explicada neste
tópico. Com isto queríamos dizer que os também considerados di-
que esta perspectiva internacionalista poderá subdividir-se em dois
reitos humanos que são os direitos sócio-econômicos não deveriam
novos enfoques: o enfoque regional multinacional, onde as coinci-
estar contidos no texto constitucional federal mas deveriam ser
dências entre valores serão mais extensas e logo o numero de prin-
deixados para as leis infra constitucionais e as Constituições Muni-
cípios será maior, e um enfoque universalista, onde se encontra o
cipais. Podemos extrair desta afirmativa o seguinte:
desafio maior dos direitos humanos hoje, que é o de estabelecer I - a tese se constrói pensando a realidade do Estado brasileiro,
princípios e valores comuns, assim como direitos decorrentes des- sua dimensão e organização territorial.
tes princípios, que sejam aceitos pôr todos os povos e culturas do II - os direitos sócio-econômicos não seriam suprimidos do or-
Planeta Terra. denamento jurídico brasileiro mas regulamentados por normas in-
Aliás, poderíamos dizer que esta perspectiva universalista é a fra-constitucionais nos seus aspectos gerais de convivência de mo-
dimensão correta oposta dos direitos humanos construídos sobre delos alternativos locais, de planejamento e investimentos privados
valores locais. O universal é construído sobre as parcelas da menor e públicos no território da União, e pelas Constituições Municipais
dimensão espacial sobre a qual irá se estabelecer princípios huma- no que se refere a regulamentação da forma de propriedade e do
nos. Assim, conclui-se que o primeiro princípio humano universal modelo local de repartição econômica.
está na liberdade de ser humano integralmente, o que implica em III - pela complexidade de se estabelecer nacionalmente prin-
ser efetivamente livre para construir o seu futuro em comunidade. cípios que devem ser construídos no espaço internacional, ressal-
Obviamente que não iremos construir está idéia de liberdade na vados que os aspectos acima enunciados, nada impedem, muito
insuficiente noção liberal, neoliberal ou mesmo socialista em um pelo contrário, que a Constituição consagre princípios nacionais ou
primeiro momento, pois liberdade de ser humano, implica em ser regionais de direitos culturais específicos, desde que mantida a to-
humano de acordo com valores da comunidade em que se vive, seja tal autonomia da população para a construção do seu modelo de
local, seja universal. As duas dimensões deverão estar sempre jun- organização social e econômica.
tas. IV - a Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948 e os
Os direitos humanos universais e os princípios universais de princípios dela decorrentes, é um texto de enorme importância his-
direitos humanos são aqueles que podem ser aceitos por todas as tórica, principalmente para o ocidente, mas deve ser vista dentro
culturas, não se chocando com o que tem de essencial a cada prin- do seu contexto histórico de vitória de um modelo que despontava
cípio encontrado em cada comunidade do Planeta. Isto não quer sua supremacia universal após a segunda guerra mundial. Ao dispor
dizer que os princípios universais não serão contraditórios a deter- sobre questões sociais e econômicas específicas a Declaração se
minados princípios e regras de culturas e comunidades específicas. restringe a um contexto social, político e econômico específico do
Isto ocorrerá com freqüência, e significará a superação destes prin- pós-guerra, que deve ser superado, e como tal deve ser entendida.
Assim, concluímos, que a Constituição democrática, que pen-
cípios e regras locais pelo que existe de essencial em uma cultura
samos, deve se aproximar de um texto que reduza seus princípios
planetária. Em outras palavras, a superação de regras e princípios
àqueles considerados universais, somados a princípios regionais,
locais ocorrerá através daquele dado que existe de humano ou de
desde que não inibidores da evolução de modelos locais, principal-
universal em cada cultura do Planeta, ou mesmo em cada comuni-
mente no que diz respeito ao estabelecimento de modelos sócio-e-
dade, pois não é possível a permanência de qualquer comunidade, conômicos pré-fabricados pelos conglomerados econômicos mun-
mesmo por um espaço de tempo curto, se esta não tiver valores diais.(3) Um dos aspectos mais importantes na construção de uma
de autopreservação, o que implica em vida, núcleo fundamental de Constituição efetivamente democrática e aberta é o da necessidade
humanidade que poderá ser ampliado pelos princípios universais. de desconstitucionalizar a propriedade privada. Abordamos assim
Dado fundamental deve ser ressaltado quando falamos em di- questão que vem sendo discutida em vários trabalhos que surgiram
reitos e princípios universais: felizmente a diversidade ainda existe a partir de tese de doutorado, sobre a necessidade de desconsti-
e desta forma os direitos humanos não devem ser, por tudo que já tucionalização da ordem econômica e social do texto da Constitui-
dissemos até agora, a supremacia de valores de uma cultura sobre ção Federal e por conseqüência a desconstitucionalização da pro-
as outras, ou de um modelo de sociedade sobre os outros. A diver- priedade privada. Em vários momentos e em diversos trabalhos, já
sidade é sua essência e o núcleo comum compartilhado por todas nos questionamos se seria possível fazer as mudanças desejadas
as culturas será o seu real conteúdo mutável. através dos processos formais de mudança da Constituição como a
emenda, juntamente com os processos de mutação.

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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Entendemos que, embora a ideologia constitucionalmente O poder de emenda da Constituição está previsto no artigo 60
adotada possa ser modificada pelos processo informais de mudan- do texto permanente da Constituição e pode ser acionado a qual-
ça da Constituição, o que poderia abrir espaço para a mudança de quer momento desde que cumpridos os requisitos alí estabelecidos
dispositivos através do processo formal de emenda, entendemos para se iniciar o processo de reforma por meio de emendas. A ca-
que o ideal é um novo texto que marque a ruptura formal e histó- racteristica de rigidez do texto constitucional é marcada por proces-
rica de tipos de Estado diferentes, construindo efetivamente uma so legislativo especial onde apenas algumas pessoas podem iniciar
Constituição sintética, democrática, essencialmente de princípios e a reforma, exigindo ainda um quorum específico para aprovação.
de processos democráticos, escrita , mas que permita a sua cons- Podem iniciar o processo de reforma por meio de emendas o Pre-
tante evolução interpretativa, codificada e extremamente rígida no sidente da República, um terço da Câmara Federal ou do Senado,
que diz respeito aos processos formais de reforma. ou ainda mais da metade das Assembléias Legislativas dos Estados
Ao defendermos a desconstitucionalização da propriedade pri- membros, desde que aprovado o encaminhamento da emenda por
vada, o primeiro obstáculo encontrado seria a existência de limites maioria relativa de seus membros.
materiais ao poder de reforma da Constituição. Para ser aprovada a emenda é exigida a aprovação de tres quin-
O poder constituinte originário é o poder que cria a Constitui- tos dos membros da Câmara e do Senado, em dois turnos de vota-
ção. Este poder tem caracteristicas de um poder inicial, soberano, ção em cada casa legislativa.
que não encontra limites de ordem jurídica no ordenamento ante- A diferença entre emenda e revisão consiste que a primeira é
rior, mas apenas limitações de ordem sociológica no jogo de forças uma alteração pontual do texto, podendo ocorrer a qualquer mo-
sociais que atuam no momento de seu funcionamento. Como tal o mento, desde que cumpridos os requisitos acima expostos. A revi-
poder constituinte é um poder de fato, que pode ser um poder de são de forma diferente, pode ocorrer uma ou mais vezes, segundo
Direito na medida em que se legitimar na vontade popular cons- dispor o texto, consistindo em uma revisão de todo o texto constitu-
cional, onde se buscará uma melhor sistematização sendo possível
ciente e nos valores de justiça e de Direito vigentes em uma deter-
a alteração de dispositivos constitucionais desde que não se desres-
minada sociedade no momento histórico em que atua.
peite os limites materiais estabelecidos para o poder constituinte
Logo a natureza deste poder inicial e soberano será sempre de
derivado.
fato, podendo ser um poder direito na medida em que se legitima
A Constituição de 1988 previu a revisão constitucional no Ato
na votade popular e nos valores aceitos por toda a sociedade em das Disposições Constitucionais Transitórias, com um limite tempo-
um determinado momento. ral de cinco anos para que este poder derivado funcionasse, estabe-
Este poder constituinte originário cria os poderes de reforma lecendo para o seu funcionamento um procedimento e um quorum
da Constituição que tem como finalidade alterar as regras em senti- mais simples, sendo que o seu funcionamento se daria em sessão
do restrito do seu texto, que pelo menor grau de abrangência devi- unicameral do Congresso Nacional, aprovando-se o texto revisado
do a sua especificidade, tem que ser modificada para acompanhar por maioria absoluta dos membros.
as mudanças exigidas pela sociedade. Logo este poder se dirige às Estando previsto no ato da disposições constitucionais provisó-
regras em sentido restrito do texto, não podendo entretanto atin- rias, o poder de reforma por meio de revisão teve unica previsão de
gir aos princípios constitucionais e a ideologia constitucionalmente funcionamento, pois os dispositivos transitórios se extinguem após
adotada, pois estas regras em sentido amplo como a própria ideo- a realização de suas disposições.
logia constitucinal são os elementos que identificam a Constituição, Outro fato que merece registro é o procedimento de realização
e a sua alteração não pode se dar por mecanismos de reforma, que da revisão que foi excolhido pelo poder constituinte derivado. No
não se igualam ao poder criador que é o poder constituinte origi- lugar de realizar uma revisão de todo o texto e coloca-la em vota-
nário. ção, buscando com isto o objetivo da revisão que é a reestruturação
A Constituição brasileira, produto de um poder constituinte sistemática do texto alterando alguns dispositivos específicos sem
originário que rompeu com o ordenamento jurídico anterior, esta- alterar princípios e a própria ideologia constitucional, alguns consti-
beleceu dois mecanismos constitucionais de reforma de seu texto: tuintes derivados, vendo a possibilidade de alterar dispositivos com
a emenda e a revisão. a maioria absoluta prevista para o seu funcionamento, que seriam
No texto são estabelecidos limites para atuação do poder dificilmente alterados com a maioria de tres quintos, transforma-
constituinte derivado, que é um poder de segundo grau, limitado ram a revisão em uma série de emendas. Decorre deste fato a exis-
e subordinado. Portanto, além da subordinação existênte entre um tencia de emendas constitucionais e de emendas de revisão, cada
poder que é inicial e um poder de segundo grau derivado de um po- uma com numeração específica.
der soberano, o que implica na impossibilidade de descaracterizar a Isto posto podemos enfrentar o questionamento a que nos
obra do primeiro, a Constituição traz limites expressos que podem referimos anteriormente: será possível promover as profundas al-
terações no texto constitucional de 1988 aqui sugeridas, inclusíve
ser classificados da seguinte forma:
alterar a ideologia constitucional rompendo com os modelos vincu-
a) limites materiais que consistem na proibição de deliberação
lados a sistemas sócio-economicos promovendo a desconstitucina-
de emendas tendentes a abolir a forma de Estado Federal, a de-
lização da propriedade privada?
mocracia, a separação de poderes e os direitos individuais e suas
Poderíamos começar respondendo esta questão com outra
garantias. Estes limites se aplicam ao poder de reforma seja através pergunta: Para que?
de emendas, seja através de revisão. As alterações aqui sugeridas são amplas e representam um
b) limites circunstanciais que consistem na proibição do funcio- rompimento com um tipo de Constituição o que implica com o rom-
namento do poder de revisão ou de emenda na vigência de Estado pimento com alguns principios constitucionais e a alteração da Ide-
de Sitio, Estado de Defesa e Intervenção Federal. ologia constitucinalmente adotada. Neste momento é necessário
c) limite temporal que no nosso texto constitucional se aplicou resumirmos o que já foi dito sobre mudança da Constituição. Nos
somente ao poder de revisão e consistiu na proibição de realiza- referimos a dois mecanismos de alteração do texto constitucional,
ção da revisão antes de completados cinco anos da promulgação um formal, previsto no texto constitucional, que é o poder consti-
da Constituição. tuinte derivado de emenda e revisão, e um informal que se constitui
no processo de mutação interpretativa da Constituição:

7
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
a) a mutação da Constituição ocorre através da leitura siste- A complexidade das discussões, a variedade das decisões ju-
mática das regras e princípios constitucionais e de sua inserção em diciais com interpretações diversas, a insegurança jurídica daí de-
uma realidade social, política e econômica específica. Deste perma- corrente, é um desgaste desnecessário e um preço que não deve
nente processo de interpretação e aplicação do texto constitucional ser pago, sendo necessário efetivamente um rompimento com o
a uma realidade concreta, ocorrem processos de evolução da leitu- ordenamento jurídico vigente e a convocação de uma Assembléia
ra do texto, a reformulação de conceitos e adequação de princípios Constituinte democrática onde este modelo e estas questões se-
com a alteração de valores. Vimos que o processo de mutação pode jam amplamente discutidas, e onde as forças sociais se confrontem
mesmo gerar um rompimento com um modelo, ou tipo de Estado democráticamente na construção de um novo modelo que ofereça
específico, para a sua transformação num outro tipo, o que pode segurança e estabilidade nas constantes mudanças sociais que ele
ocorrer justamente a partir do momento em que as transformações permitirá.
sociais se refletem na alteração de conceitos e releitura de princí- Acrescente-se ainda que a nossa Constituição, assim como to-
pios, que permanecendo no texto tem sua atualização promovida das as Constituições modernas, tem uma vinculação com um mode-
pela evolução interpretativa. Exemplo pode ser a Constituição norte lo socio-econômico específico, seja liberal, social ou socialista como
americana, cujo o texto escrito, embora seja o mesmo, acrescido de visto anteriormente. O texto de 1988, traz uma ordem econômica
27 emendas, desde 1787, recebeu leituras ou interpretações bas- que tem como princípios a livre iniciativa, a livre concorrência, a
tante diferentes em sua longa existência, o que sugere a existência propriedade privada, principios de origem liberal que ao lado de
princípios de origem socialista, como a função social da proprieda-
de Constituições diferentes construídas sobre o mesmo texto es-
de, o pleno emprego, a dignidade do trabalho humano, somam-se a
crito.
direitos humanos de terceira geração como o direito do consumidor
Importante, entretanto, ressaltar, que existem limites para este
e o meio ambiente, para apontar para uma ordem econômica que
processo de mutação interpretativa sendo que um texto analítico
embora avançada, pois incorpora o que há de mais atual em termos
como o nosso, repleto de regras em sentrido restrito, que se apli- de direitos fundamentais, pode no máximo ser interpretada como
cam a situações específicas, apresenta obstáculos por vezes insupe- uma ordem econômica neoliberal em sentido amplo, com um mo-
ráveis, onde, nem o processo de mutação informal, nem os proces- delo de Estado Social não clientelista, dentro de um modelo inter-
sos formais de alteração poderão vencer. Neste momento o único vencionista estatal com a finalidade de promover a diminuição das
caminho legitimo será o de elaboração de uma nova Constituição desigualdades sociais e regionais dentro de um capitalismo social.
por uma nova Assembléia Constituinte soberana e popular. Note-se que embora esta interpretação que suscintamente fizemos
A distorção do texto ou a construção de leituras que ignoram pareça óbvia no texto, muitos Autores de Direito Constitucional
princípios constitucionais, forçando uma transformação impossível, defendem leitura diferente, alguns defendendo uma ordem liberal
mesmo que seja um movimento legítimo porque amparado pela neste texto o que nos parece absurdo.
vontade consciente da população, não pode ser aceito em uma or- Coerentemente com o que sempre defendemos em termos de
dem constitucional democrática, pois ameaça o seu princípio maior limites formais ao poder constituinte derivado, os princípios cons-
de respeito ao processos democráticos de transformação. titucionais não podem ser modificados por meio de emendas ou
b) a outra maneira de se alterar o texto constitucional é a que revisão, sendo que estamos portanto dentro de um texto constitu-
estudamos neste artigo. A alteração da Constituição através de cional vinculado a um modelo econômico e um modelo especifico
emenda e revisão de seu texto em processo legislativo previsto no de repartição econômica, o que não pode ser modificado, a não ser
texto, com limites também expressos. por outra Assembléia Constituinte.
Os limites a estes processos formais são maiores, sendo que A interpretação constitucional não pode ignorar esta vincula-
não será possível se alterar ou suprimir princípios constitucionais, ção, e o papel do interprete será o de acabar com os antagonismos
o que inviabiliza a modificação da ideologia constitucional e o rom- do texto, representado neste momento por princípios de origem
pimento com um tipo de Constituição específica por meio destes liberal ao lado de princípios de origem socialista, extraindo deste
mecanismos. texto uma nova resultante, que não poderá ser entretanto a que
Poderá o leitor perguntar porque os mecanismos expressa- desejamos, pois esta representa o rompimento com os modelos
mente previstos no texto constitucional são muito mais limitados constitucionais vinculados com modelos socio-econômicos, que são
do que os processo informais de mutação. A resposta é simples, todos os modelos conhecidos até hoje no constitucionalismo que se
afirmou após a Revolução francesa.
pois a lei é a interpretação que se faz dela em um momento his-
Conclui-se que o novo modelo, diante das restrições existentes
tórico, logo a Constituição não é apenas o texto escrito mas sim a
em um texto analítico como o nosso, pede uma Assembléia Consti-
interpretação que se faz deste texto. Conclui-se que o processo de
tuinte Soberana e Popular, onde se discuta as bases de um Estado
mutação interpretativa não implica na alteração do texto escrito, na
que garanta voz aos seus cidadãos através de mecanismos de par-
supressão de princípios, mas na constante reconstrução destes ou ticipação democrática permanente; que garanta fala aos cidadãos
seja na reconstrução da Constituição. através da educação livre, da liberdade de informar e informar-se; e
A modificação formal é um processo inferior, subordinado, li- onde a comunicação entre Sociedade Civil e Estado seja o elemento
mitado, enquanto a mutação interpretativa é a própria constituição que faça com que estes dois conceitos de confundam em um Estado
limitada apenas pelo seu texto escrito. que seja sensível às indicações que partem de seu povo através dos
Com base nestes dados, podemos concluir que as alterações mecanismos democráticos constitucionalmente instituídos e garan-
sugeridas que representam um rompimento com um modelo vin- tidos.
culado para a criação de uma Constituição democrática, onde o
cidadão tenha liberdade e amparo na estrutura do Estado para pro-
mover as mudanças sociais e econômicas que desejar, construindo
livremente o seu modelo na esfera territorial menor de poder que
é o Munícipio, dificilmente ocorrerá com base neste texto vigente.

8
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
EVOLUÇÃO DA PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NO CE- Existe o entendimento que antes da fundação da ONU não
NÁRIO INTERNACIONAL. havia tratados direcionados aos direitos humanos e sim tratados
que cuidavam, incidentalmente, de direitos de certa minoria, por
Os tratados de uma maneira geral tem origem remota, existe exemplo, existia a intervenção humanitária no século XIX, entende
um entendimento de que começaram por volta de doze mil anos Francisco Rezek que:
antes de Cristo. O primeiro tratado internacional bilateral de fato Usava-se, por igual, do termo intervenção humanitária para
que se tem conhecimento foi o firmado entre o Rei dos Hititas, Hat- conceituar, sobre tudo ao longo do século XIX, as incursões milita-
tussil III, e o Faraó egípcio, Ramsés II que extinguiu a guerra na Síria. res que determinadas potências entendiam de empreender em ter-
Os Direitos Humanos são reflexos de constantes lutas e ações ritório alheio, à vista de tumultos internos, e a pretexto de proteger
sociais, eles nascem em momentos oportunos e estão em constan- a vida e o patrimônio de seus nacionais que ali se encontrassem.
te evolução, [2] “os direitos humanos não nascem de uma vez e O Pacto das Nações Unidas de 1966 tinha força jurídica conven-
nem de uma vez por todas”. cional e dispunha respeito a direitos civis, políticos, econômicos e
Em 1945, após as atrocidades da Segunda Guerra Mundial e sociais, foi um avanço expressivo em relação à declaração de 1948.
com a fundação da Organização das Nações Unidas (ONU) foi que os A Europa comunitária por sua vez, em 1950, já possuía a convenção
direitos humanos começaram a se desenvolver no âmbito interna- sobre direitos do homem.
cional. Em 1948, houve uma declaração de direitos que foi dividida
em três partes, porém era só uma declaração que não garantia efi- O DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS.
cácia, nem proteção ao ser humano. A terceira parte da declaração
é onde se faz menção aos direitos humanos mais com enfoque nos Os tratados de direitos humanos, em suma, dizem respeito aos
direitos coletivos, visando o desenvolvimento socioeconômico[4]. direitos da pessoa humana, independente de qualquer particula-
A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (CVDT) de ridade, se é pessoa humana, esta amparada por tais direitos, é a
1969, mais precisamente em 23 de maio, é um fato importante em dignidade humana em todo o mundo.
relação a o Direito dos Tratados, pois serve de base para regula- Diferentemente de outros tipos de direitos, os direitos huma-
mentos pré-negociais e procedimentos de formulação de tratados nos possuem particularidades, eles são irrenunciáveis, inalienáveis,
como, por exemplo, a norma pacta sunt servanda (art. 26), “todo inexauríveis (no sentido de possibilidade de expansão), imprescrití-
tratado em vigor obriga as partes e deve ser cumprido por elas de veis e são vedados ao retrocesso.
boa-fé”.[6] O Brasil reconheceu tal tratado somente em 2009, com Os direitos dividem-se em dois basicamente, o interno e o ex-
reservas nos artigos 25 e 66. terno, aquele referente às normas nacionais e este às internacio-
Desde os primórdios das civilizações da humanidade já existia nais. O Direito Internacional dos Direitos Humanos foi elaborado
com base no pós-II Guerra Mundial (1939-1945), por causa do que
normas específicas em relação à vida humana. O código de Hamu-
lá aconteceu, foram 11 milhões de mortos sendo 6 milhões de ju-
rabi e também os Dez Mandamentos, por exemplo, definiam direi-
deus.
tos inerentes à vida, propriedade e honra como também o Direito
O Holocausto fez com que a sociedade internacional percebes-
natural na Grécia, a Lei das Doze Tábuas em Roma e os ensinamen-
se a falta que faz uma organização internacional de proteção aos
tos de Buda no oriente. Havia uma diferenciação em relação aos
direitos humanos.
estrangeiros, alguns achavam que estes não tinham os mesmos
O Direito Internacional dos Direitos Humanos vem se impondo
direitos, nesse caso, estes se socorriam da doutrina cristã que di-
gradativamente, pois suas normas refletem como costumes e prin-
recionava mensagem a todos os povos do mundo. Na Idade Média
cípios gerais de Direito.
surge a Magna Carta (Magna Charta Libertatum), a qual limitava os
Os direitos humanos a vista de qualquer organização política
poderes dos monarcas em face dos membros da nobreza. não está apenas restrito aos Estados em particular, é interesse “co-
As questões sociais de fato começaram a ser discutidas a partir mum superior de todos os Estados”ele vai além, ultrapassa as fron-
da metade do século XIX, em reflexo às injustiças de modelo econô- teiras da Constituição nacional e é assim que se iguala a o direito
mico da época com ênfase nas relações de trabalho. internacional público.
O Direito Humanitário surgiu por preocupação à regulamen- As normas internacionais de direitos humanos chegam com po-
tação das guerras e os danos que os conflitos armados trariam às sição de destaque, onde devem ser consultados primeiro antes de
pessoas. Segundo Paulo Henrique Gonçalves Portela “É quando sur- qualquer outra norma, mesmo que isto signifique suprimir a Cons-
ge o Direito Humanitário, que visa a reduzir os danos dos conflitos tituição nacional de países que dele pactuaram, porém todo tipo
armados sobre as pessoas e que é a primeira manifestação signifi- de tratado de proteção dos direitos humanos devem coexistir sem
cativa do Direito Internacional no sentido de proteger os direitos que um interfira em outro e em caso de direitos iguais em tratados
humanos”. distintos, deve se escolher o que é mais favorável para o direito vio-
As primeiras organizações internacionais com foco nos direitos lado.
humanos surgiram após a primeira grande guerra como, por exem-
plo, a Liga das Nações e a Organização Internacional do Trabalho DIREITOS DO HOMEM, DIREITOS FUNDAMENTAIS E DIREITOS
(OIT) e referente aos ordenamentos internos começaram a surgir HUMANOS.
as Constituições.
A partir da criação da ONU, em 1945, e consequentemente, da Primeiramente, é importante fazer uma análise em separado
Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948, que não é um de cada ramo do direito; os direitos do homem, direitos fundamen-
tratado e sim uma resolução da ONU, os direitos humanos recebem tais e os direitos humanos.
posto de prioridade de âmbito internacional, sem distinção de qual- Os direitos do homem dizem respeito àquele direito que está
quer espécie. Ultimamente, os direitos humanos abrangem outras intrinsecamente contido dentro de cada um, nasce com a pessoa,
áreas referentes à dignidade humana, como o meio ambiente e o sem a necessidade de que seja transmitido por alguém, a funda-
comércio internacional. mentação que se tem é de que é o direito jusnaturalista, o direito
natural, que nasce com o homem.

9
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Os direitos fundamentais seriam os direitos positivados prote- Natureza jurídica da Declaração Universal de 1948.
gidos pela Constituição, direitos sobre proteção formal que se não
forem respeitados incorre-se em uma afronta à Constituição, con- A Declaração Universal não passou pelos procedimentos ne-
forme art. 16 da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão cessários para que fosse aceita como tratado, a primeira vista se-
de 1789. “A sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos ria como uma recomendação em forma de resolução, uma forma
direitos e nem estabelecida à separação dos poderes não tem Cons- de normatizar a interpretação dos direitos humanos e liberdades
tituição”. fundamentais, em segundo seria uma norma jus cogens internacio-
Os direitos humanos emanam dos tratados e dos costumes in- nal, equiparando a Declaração Universal com princípios gerais de
ternacionais, é um direito globalizado que afeta até mesmo aqueles direito.
que não se dispuseram a praticá-lo, por causa de suas normas que A Corte Internacional de Justiça (CIJ) “considerou a Declaração
refletem em costumes e princípios gerais de Direito. [19] Universal como um costume que se encontra em pé de igualdade
O Brasil preocupou-se em fazer uma leve distinção entre direi- com a Carta das Nações Unidas.” O desenvolvimento de normas
tos fundamentais e direitos humanos. Os direitos fundamentais re- costumeiras universais, que tem relação aos direitos humanos. A
ferem-se àqueles direitos já inseridos nas normas brasileiras, como norma jus cogens internacional é de caráter coercitivo, não poden-
por exemplo, o art. 5º. § 1º da Constituição Federal (CF) que diz res- do ser derrogada, a não ser por outra norma jus cogens posterior
peito à proteção da dignidade da pessoa humana e quando se fala de mesma natureza.
em direitos humanos visam também à proteção da dignidade da A expressão, “declaração” referente à Declaração Universal,
pessoa humana só que agora com base em normas internacionais descritas em documentos internacionais não se faz menos impor-
como o §3º do art. 5º da mesma Constituição, por exemplo. tante que um tratado internacional, pois também gera obrigações
Um direito não exclui o outro, prevê o art. 5º, §2ºda CF “Os di- jurídicas como se tratado fosse.
reitos e garantias expressos nessa Constituição não excluem outros Quando se fala em Declaração Universal, remete a ideia de
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos uma época contemporânea, pois a mesma introduziu no sistema
tratados internacionais que a Republica Federativa do Brasil seja internacional wesfaliano novos parâmetros de legitimidades, não
parte”então quando se referir aos dois direitos indistintamente, só aqueles do Direito Internacional Público: referentes aos Estados
fundamental e internacional, a CF silencia. Soberanos.
Em que pesem os esforços de boa parte da doutrina no intuito
de diferenciar tais expressões, cremos que o que realmente importa O BRASIL E OS DIREITOS HUMANOS.
é admitir a interação desses mesmos direitos (direitos do homem,
direitos fundamentais e direitos humanos), a fim de que todas as “Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não ex-
pessoas (pertencentes ou não ao Estado onde se encontrem) este- cluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adota-
jam efetivamente protegidas. dos, ou dos tratados internacionais em que a Republica Federativa
Por mais que existam direitos que se confundem, porém um do Brasil seja parte” [27]. Os direitos humanos chegam ao nosso
não exclui o outro, mas existem sim várias diferenças entre os direi- ordenamento jurídico com nível constitucional de aplicação imedia-
tos humanos e os direitos fundamentais. Os direitos humanos são ta, e como possuem nível constitucional, não podem ser revogadas
voltados para toda a humanidade sem distinções ou particularida- por leis ordinárias posteriores. Entende-se que os tratados interna-
des, porém os direitos fundamentais abrangem, em regra, todas as cionais que constam na CF são como se estivessem sido redigidos
pessoas de uma Nação, mas pode ocorrer de não amparar todas as em sua redação original.
pessoas, como por exemplo, o direito de voto, (é um direito funda- A CF de 1988 em seu art. 5º § 2º inovou ao reconhecer a dupla
mental), mas não é para todos, os conscritos em época de serviço forma normativa, a primeira que vem do direito interno e a segunda
militar e os estrangeiros, não podem exercer tal direito. do direito internacional dando eficácia e igualdade, e se caso ocor-
rer conflito deve optar pela norma mais favorável,[29] podendo até
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS. aplicar as duas conjuntamente aproveitando no que tem de melhor
à proteção do direito da pessoa. Existem entendimentos em defesa
A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi proclamada de que os tratados internacionais por serem jus cogens internacio-
através de uma Assembleia-Geral da ONU em 10 (dez) de dezembro nal possuem status supraconstitucional, porém, é um assunto que
de 1948, onde participaram 56 países, destes 56, 48 votaram a favor nunca foi solucionado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
e 8 abstiveram-se da votação, portanto, não houve voto contra a A divergência acerca do posicionamento dos tratados inter-
proclamação da Declaração Universal dos Direitos Humanos. O fun- nacionais é em relação à forma de como este era incorporado ao
damento é dignidade da pessoa humana, “um código de conduta ordenamento jurídico brasileiro, pois antes da Emenda Constitucio-
mundial para dizer a todo o planeta que os direitos humanos são nal nº 45 de 2004 (EC45/2004) [31] os tratados internacionais de
universais”.[24] O ponto de partida para a busca da proteção dos direitos humanos eram ratificados por meio de Decreto Legislativo
direitos humanos no âmbito mundial, um padrão mínimo. por maioria simples no Congresso dando o entendimento para al-
guns que as normas seriam infraconstitucionais. Para que a discus-
A Declaração Universal faz referência, de nível mundial, a vários
são em relação aos tratados anteriores a EC45/2004 fosse sanada,
tratados internacionais de direitos humanos, tanto no âmbito glo-
estudiosos viram uma solução, incluir no ordenamento jurídico um
bal como no regional, refletindo nas sentenças de tribunais interna-
parágrafo abaixo do § 2º do art. 5º da CF que lhe confira uma inter-
cionais e internos, mostrando, de fato, a sua importância.
pretação, através de uma Emenda Constitucional, assim como fez a
EC45/2004, e seria a seguinte:
§ 3º. Os tratados internacionais referidos pelo paragrafo ante-
rior, uma vez ratificados, incorporam-se automaticamente na or-
dem interna brasileira com hierarquia constitucional, prevalecendo,
no que forem suas disposições mais benéficas ao ser humano, às
normas estabelecidas por esta Constituição.

10
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Essa proposta, que ampliaria um parágrafo no art. 5º da CF co- A Constituição Argentina reformada em 1994 segue o senti-
locaria fim nas discussões no STF relativas ao assunto. do de que os direitos humanos que lá se encontram têm hierar-
As unidades federativas, por fazerem parte do Estado sobera- quia constitucional, são eles: Declaração Americana dos Direitos e
no e não terem autonomia em relação aos tratados internacionais, Deveres do Homem, Declaração Universal dos Direitos Humanos,
devem se submeter a respeitar tais tratados nos limites de sua com- Convenção Americana sobre Direitos Humanos, Pacto Internacio-
petência, sob a pena do Estado soberano responder internacional- nal sobre Direitos Civis Políticos, Convenção para a Prevenção e Re-
mente pelas suas violações. Exemplo disso é o Pacto dos Direitos pressão do Crime de Genocídio, Convenção Internacional sobre a
Civis e Políticos no seu art. 50 que estabelece, “Aplicar-se-ão as dis- Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial, Convenção
posições do presente Pacto, sem qualquer limitação ou exceção, a sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a
todas as unidades constitutivas dos Estados federativos”, e o Pacto Mulher, Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas
de São Jose da Costa Rica em seu art. 28, estabelece que o gover- Cruéis, Desumanos ou Degradantes, e Convenção sobre os Direi-
no nacional deva fazer cumprir o Pacto em conformidade com sua tos da Criança. Esta reforma teve muita influencia em uma nova
Constituição. Por consequência surge o Incidente de Deslocamento jurisprudência que reconhece o principio da primazia dos tratados
de Competência (IDC), que nos casos de grave violação de direitos internacionais de proteção dos direitos humanos, coisa que no Bra-
humanos, o Procurador Geral da República (PGR) poderá ingressar sil não se fez.
perante o Superior Tribunal de Justiça (STJ) com o pedido de mu- A Constituição que mais se destaca pela sua evolução de prote-
dança de competência para a justiça federal (Art. 109 § 5º da CF). ção aos direitos humanos é a da Venezuela com sua Carta de 1999,
Os Estados que assinam um Tratado de Direitos Humanos po- que dispõe em seu art. 23.
Têm hierarquia constitucional e prevalecem na ordem interna,
dem o fazer com reservas, ou seja, consentirem em partes, ratifi-
na medida em que contenham normas sobre seu gozo e exercício
cando o tratado e colocando observações sobre alguns pontos, são
mais favoráveis às estabelecidas por esta Constituição e pela lei da
cláusulas que podem excluir ou modificar alguns dispositivos, po-
República, e são de aplicação imediata e direita pelos tribunais e
rém nem sempre são permitidas, as reservas não podem ir contra
demais órgãos do Poder Público.
aos pontos centrais do tratado, caso contrario poderiam desfigurar
É o que vários internacionalistas buscam, “hierarquia consti-
o instrumento internacional.
tucional, incorporação imediata e princípio da primazia da norma
mais favorável”.
OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS NAS
Com vistas nas Constituições citadas, tem se mostrado de-
CONSTITUIÇÕES LATINO-AMERICANAS.
senvolvimento nos países democráticos e o Brasil, segundo alguns
pensamentos, ficou pra trás em relação às Constituições no que diz
Após a Segunda Guerra Mundial, quando da adoção da Carta respeito à eficácia interna dos tratados internacionais de proteção
da ONU, que o Direito Internacional dos Direito Humanos começou aos direitos humanos, mesmo após a EC45/2004, momento em que
de fato se efetivar como um ramo autônomo do Direito Internacio- teve oportunidade de reavaliar conceitos.
nal Público,
O surgimento de uma nova ordem internacional que instaura PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DOS DIREITOS HUMANOS NAS RELA-
um novo modelo de conduta nas relações internacionais, com pre- ÇÕES INTERNACIONAIS.
ocupações que incluem a manutenção da paz e segurança interna-
cional, o desenvolvimento de relações amistosas entre os Estados, O princípio da primazia dos direitos humanos nas relações in-
o alcance da cooperação internacional no plano econômico, social e ternacionais está previsto no art. 4º, inciso II da CF, serve de base
cultural, o alcance de um padrão internacional de saúde, a proteção para orientar o Brasil diante das relações internacionais.[42]
ao meio ambiente, à criação de uma nova ordem econômica inter-
nacional e a proteção internacional dos direitos humanos. Em relação às questões internacionais, o princípio obriga o
Seguindo a tendência mundial, vários países latino-americanos Brasil a tratar a dignidade humana com suma importância, com
integram os direitos humanos às suas normas internas. prioridade, não só elaborando um sistema de proteção internacio-
A Constituição do Peru, anterior a 1979 dizia que os tratados in- nal dos direitos humanos, mas também na sua aplicabilidade, par-
ternacionais celebrados com eles formariam parte do ordenamento ticipar das negociações de tratados de direitos humanos, fortalecer
jurídico deles e que em caso de conflito entre tratado e lei, preva- as estruturas internacionais e aplicar as normas protetivas à digni-
lecia o tratado. dade humana em todo o mundo.
Na Guatemala também dá se uma atenção especial aos trata- O Brasil “consagra o primado dos direitos humanos como para-
dos internacionais de direitos humanos, concedendo prevalência digma propugnado para a ordem internacional”.
sobre a legislação ordinária. Portanto, fica estabelecida a prevalência das normas de prote-
A Nicarágua faz integrar na sua Constituição vários direitos já ção direitos humanos sobre as normas de origem interna, gerando
consagrados: Declaração Universal dos Direitos Humanos, Declara- compromissos internos, que é onde a garantia de direitos humanos
ção Americana dos Direitos e Deveres do Homem, Pacto Internacio- deve ser aplicada. Com isso, fazendo com que o princípio da não
nal dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, Pacto Internacional ingerência internacional em assuntos internos fique de forma relati-
sobre Direitos Civis Políticos e a Convenção Americana sobre Direi- va, pois se analisa primeiro a norma internacional e depois a interna
tos Humanos. ou as duas ao mesmo tempo.
Na Constituição do Chile em seu art. 5º, inciso II fica claro que o O art. 4º da Carta Magna já mencionava sobre os direitos hu-
Estado tem que aceitar os tratados internacionais de qual faça parte manos, como a autodeterminação dos povos, a defesa da paz, o
em quanto estiverem vigentes. repúdio ao terrorismo e ao racismo, a cooperação entre os povos e
A Colômbia segue o mesmo sentido, dizendo que os tratados a concessão de asilo político.
internacionais de direitos humanos têm prevalência na ordem in- Contudo, mesmo que à proteção da dignidade humana deva
terna e que os direitos humanos já existentes são interpretados ser aplicada em caráter prioritário, nem sempre isso acontece.
como se tratados de direitos humanos fossem.[37]

11
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
INCORPORAÇÃO DOS TRATADOS DE DIREITOS HUMANOS AO A EC45/2004 deu um grande avanço para tentar solucionar
ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO: PROCESSO LEGISLATIVO este problema, introduzindo o § 3º no art. 5º da Carta Magna, dis-
DE INCORPORAÇÃO. pondo o seguinte: “Os tratados e convenções internacionais sobre
direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do CN, em
Exceto os tratados de direitos humanos aprovados fora do mar- dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros,
co estabelecido pelo parágrafo 3º do art. 5º da CF, o procedimento serão equivalentes às emendas constitucionais”.
para a incorporação dos tratados de direitos humanos ao ordena- Abriu-se, portanto, a possibilidade de normas internacionais de
mento jurídico brasileiro é o mesmo como se qualquer outro trata- direitos humanos terem status constitucional formal, contanto que
do fosse. sejam aprovadas por um procedimento especial no CN, previsto no
A CF de 1988 estabelece o procedimento necessário para a art. 5º, § 3º da CF.
incorporação, primeiro precisa ser celebrado exclusivamente pelo Em relação aos tratados que haviam sido aprovados antes da
Presidente da República após a celebração pelo Presidente, o trata- EC45/2004, ou fora de seus parâmetros, o STF, por entendimento
do só terá validade se aprovado pelos Poderes Legislativo e Execu- majoritário, concedeu a supralegalidade dos tratados, como por
tivo, que por sinal também são responsáveis para “resolver definiti- exemplo, no julgamento do HC 90.172/SP[56] pelo Ministro Gilmar
vamente sobre tratados, acordos e atos internacionais que acarre- Mendes. O segundo entendimento, porém minoritário, é do Minis-
tem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional”,
tro Celso de Mello no HC 87.585/TO e após no HC 96.772/SP[57],
portanto o presidente não tem competência para decidir sozinho
no caso de prisão civil por infidelidade depositária, dando posição
sobre a homologação dos tratados internacionais.
constitucional aos tratados internacionais de direitos humanos. O
Ministro Celso de Melo é claro ao afirmar que:
referido Ministro Celso de Mello atualmente vem defendendo, tam-
O exame da vigente Constituição Federal permite constatar que
a execução dos tratados internacionais e a sua incorporação à or- bém a aplicação do princípio da primazia da norma mais favorável.
dem jurídica interna decorrem, no sistema adotado pelo Brasil, de O tema ainda é controvertido na doutrina e jurisprudência,
um ato subjetivamente complexo, resultante da conjugação de duas entretanto, a Suprema Corte Brasileira tem seu entendimento “de
vontades homogêneas: a do Congresso Nacional, que resolve, defi- que os tratados de direitos humanos sempre prevalecerão diante
nitivamente, mediante decreto legislativo, sobre tratados, acordos da legislação ordinária”.
ou atos internacionais (CF, art. 49, I) e a do Presidente da República, Apesar do exposto, as normas internacionais de direitos huma-
que, além de poder celebrar esses atos de direito internacional (CF, nos continuam passando pelo controle de constitucionalidade, por
art. 84, VIII), também dispõe – enquanto chefe de Estado que é – da ser supralegal, portanto infraconstitucional, ou por serem emendas
competência para promulgá-los mediante decreto. constitucionais e não podendo confrontar cláusula pétrea (art. 60,
Em síntese, os tratados de direitos humanos e os demais tra- § 4º da CF).
tados internacionais, para que tenham eficácia no ordenamento ju-
rídico brasileiro, devem ser celebrados e assinados pelo Presidente CONFLITOS COM NORMAS INTERNAS.
da República, após essa solenidade dependeram de aprovação nas
duas casas do Congresso Nacional (CN), que será por meio de De- Os direitos humanos emanam de várias fontes, de nível inter-
creto Legislativo, depois voltará para o Presidente da República que, nacional ou interno, de caráter obrigatório ou não, genérico ou es-
em ato discricionário, poderá ratificar ou não o tratado. pecífico. Devido à grande variedade, as normas de direitos huma-
nos acabam por entrar em conflitos.
O POSICIONAMENTO HIERÁRQUICO DOS TRATADOS DE DIREI- Para começar a dirimir conflitos é necessário identificar o que
TOS HUMANOS NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO. são compromissos internacionais ou somente recomendações, pois
os primeiros, se devidamente incorporados pelo Estado, vinculam;
Como a CF de 1988 colocou a dignidade humana como um enquanto os segundos são orientações, com base nisso os compro-
dos princípios fundamentais da República Federativa do Brasil (art. missos prevalecem sobre as orientações.
1º, III),[49] os direitos humanos tem lugar de prioridade no orde- No direito internacional, os Estados têm o compromisso de
namento jurídico interno brasileiro, com status de direitos funda- cumprir os tratados internacionais, não podendo se valer de nor-
mentais.
mas internas para justificar o inadimplemento dos compromissos
Como o § 2º do art. 5º da CF estabelece “Os direitos e garantias
firmados, como consagra o princípio das normas internacionais so-
expressos nesta Constituição não excluem outros, decorrente do
bre as internas, extraindo um entendimento de supraconstituciona-
regime e dos princípios por ela adotados ou dos tratados interna-
lidade do Direito Internacional.
cionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”, a cláu-
sula garanti a abertura para os tratados de direitos humanos, com A história do ordenamento jurídico brasileiro até 1988 mostra
rapidez e agilidade na ordem constitucional, com isso aumentando que os tratados internacionais de direitos humanos não possuem
o rol de garantias e direitos constitucionalmente protegidos. essa hierarquia citada no parágrafo anterior, era somente dado o
O STF, até pouco tempo atrás, entendia que os tratados de status supralegal até 1977, e após esse ano passaram a ser entendi-
direitos humanos tinham status de lei ordinária, nesse sentido dos como lei ordinária.
afirmava o Ministro Sepúlveda Pertence “mesmo em relação às A CF de 1988 em seu art. 4º, inciso II, consagrou o princípio da
convenções internacionais de proteção de direitos fundamentais, primazia dos direitos humanos nas relações internacionais, dispon-
preserva a jurisprudência que a todos equipara hierarquicamente do que o Estado deve fazer o máximo para efetivar os tratados de
às leis ordinárias”. direitos humanos no ordenamento jurídico interno e garantir, tão
Após o julgamento do RE 466.343-1/SP[52], onde se discutia logo, a proteção e a promoção de direitos das pessoas que vivem
prisão civil por dívida de alienação fiduciária, o Min. Gilmar Mendes em seu território, e sob a jurisdição brasileira.
defendeu que os tratados de direitos humanos estariam em posição Com isso, têm o entendimento de que os tratados de direitos
intermediária em relação à Constituição e as demais leis do orde- humanos deveriam ter o posto superior em relação às outras nor-
namento jurídico brasileiro, só que com caráter especial devido sua mas que garantisse a sua efetiva aplicação antes de outra norma.
maior importância diante dos demais tratados internacionais.

12
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Na história recente do constitucionalismo brasileiro, não é isso A Corte entendeu que as normas da Lei da Anistia que não
que vem se observando, somente no ano de 2007 que a hierarquia deixam investigar e aplicar sanções sobre violações de direitos hu-
dos tratados no ordenamento jurídico começou a ser revista, (ape- manos são incompatíveis com a Convenção Americana, carecem de
sar de já terem saído do mesmo patamar às demais leis ordinárias, efeitos jurídicos, não podem obstar as investigações do caso e não
ainda não possuem status definido), deu inicio ao caminho para deve ter posição semelhante em relação a outros casos de violações
conseguir seu status apropriado, de especial importância. de direitos humanos tipificados na Convenção Americana, ocorri-
Uma questão bastante polêmica é de prisão civil de depositá- dos no Brasil.
rio infiel. O artigo 5º, LXVII, da Constituição Federal de 1988 dispõe Foi decidido também que o Brasil violou os “direitos ao reco-
que “não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo nhecimento da personalidade jurídica, à vida, à integridade pessoal,
inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e à liberdade pessoal.”
e a do depositário infiel”, contudo, o Pacto de San Jose da Costa Rica O importante desse julgamento, é que as condenações sofridas
em seu art. 7º, § 7º dispõe que: pelo Brasil são consideradas normas de jus cogens, e fazem parte
Art. 7. Direito à liberdade pessoal dos deveres do Estado no sistema interamericano de direitos hu-
§ 7º. Ninguém deve ser detido por dívida. Este princípio não manos.
limita os mandados de autoridade judiciária competente expedidos A grande consequência acerca de Caso Júlia Lund foi a criação
em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar.[63] da lei 12.528/11 (Comissão Nacional da Verdade) com o fim escla-
E o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos com seu recer as graves violações de direitos humanos relativos ao período
art. 11: “Art. 11. Ninguém poderá ser preso apenas por não poder
descrito no art.8º do Ato de Disposições Transitórias (ADCT).
cumprir com uma obrigação contratual.”, os dois da qual o Brasil
Por enquanto o Brasil não sofreu nenhum tipo de sanção apli-
é signatário, derem entendimento contrário ao assunto e também
cada pala Corte Interamericana de Direitos Humanos, não por falta
após a EC45/2004 que dava o entendimento “majoritário” à ques-
de oportunidade, pois já ocorreram vários casos em que a referi-
tão, persistiam as discussões acerca da prisão de depositário infiel.
A Constituição Federal é clara em seus motivos quando men- da Corte teve oportunidade de aplicar sanções contra o Brasil. En-
ciona a prisão do depositário infiel, pelo grau de confiança que é tretanto o STF vem adotando medidas em consonância com casos
depositada em tal figura e a mesma não poderia, simplesmente, julgados pelo “principal tribunal de direitos humanos do sistema
faltar com a obrigação, lesando terceiros. interamericano”
O termo depositário infiel soa como gênero dando assim, ense-
jo para lei ordinária classificar vários tipos de depósito. A CF visa coi- POSIÇÃO HIERÁRQUICA DOS TRATADOS DE DIREITOS HUMA-
bir que o depositário infiel, de forma delituosa, aproprie-se de for- NOS APROVADOS FORA DO MARCO ESTABELECIDO PELO PARÁ-
ma indébita de algo, um comportamento desleal em face da grande GRAFO 3º DO ART. 5º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
confiança nele depositada. A condenação tem caráter dissuasório,
objetivando a restituição da coisa.[65] Cabe ressaltar o procedimento adotado pelo Brasil para que
Vale lembrar que por enquanto, no Direito Brasileiro, os tra- um tratado internacional seja aprovado. O Presidente da República
tados de direitos humanos têm posição de acordo com o proce- é o responsável pelas relações internacionais incluindo a negocia-
dimento de sua aprovação, distinguindo-se os aprovados pelo CN ção de um tratado, ele tem autonomia para iniciar uma negociação
com procedimento especial regido pela EC45/2004, dos demais, ou jamais inicia-la, salvo algumas exceções, porém, o Presidente da
aprovados de formas distintas, que devem ser interpretados a égide República não pode, de forma alguma, manifestar um posiciona-
do art. 5º, § 2º da CF. mento definitivo em relação à aprovação de um tratado internacio-
nal, como dispõe o art. 5º, § 3º da CF:[73]
Casos envolvendo o Brasil na Corte Interamericana de Direitos Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual-
Humanos. quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros re-
sidentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
O Brasil já sofreu sanções pela Corte Interamericana de Direitos igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
Humanos por desrespeitar garantias e deveres recorrentes de direi- § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos hu-
tos humanos, foram vários casos. manos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional,
O caso mais recente foi o “Caso Júlia Gomes Lund e outros” em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos mem-
que diz respeito ao desaparecimento de pessoas na Guerrilha do
bros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
Araguaia.
Isto significa que a vontade da nação, através de seus repre-
Primeiramente o caso foi para a Comissão Interamericana de
sentantes, é que pode firmar um compromisso externo, isso diz res-
Direitos Humanos que decidiu submetê-lo para à Corte Interame-
peito ao CN, nas suas duas casas, Câmara dos Deputados e Senado
ricana de Direitos Humanos, oportunidade para trazer “a jurispru-
dência interamericana sobre as leis de anistia com relação aos de- Federal.
saparecimentos forçados e as execuções extrajudiciais e a possibi- Um tratado para ser ratificado é enviado pelo Presidente da
lidade de o Tribunal afirmar a incompatibilidade da Lei de Anistia e República ao Ministro das Relações Exteriores, a matéria será dis-
das leis sobre sigilo de documentos com a Convenção Americana” cutida no CN separadamente, primeiro na Câmara dos Deputados
O caso refere-se à responsabilidade do Brasil pela detenção e depois no Senado Federal, uma eventual aprovação do tratado
sem fundamento, tortura e desaparecimento de setenta pessoas, internacional precisa, necessariamente, ser aprovado nas duas ca-
em reflexo aos resultados de operações do Exército brasileiro que sas do Congresso, o que vale dizer que se ocorrer uma eventual
tinha como propósito, terminar com a Guerrilha do Araguaia. O pro- desaprovação na primeira casa, esta põe termo ao processo, não
cesso também diz respeito à questão de o Brasil não ter realizado a havendo necessidade de se levar ao Senado Federal.
investigação penal para julgar e punir os responsáveis. Caso ocorra a aprovação no CN, essa decisão é formalizada
através de um decreto legislativo promulgado pelo presidente do
Senado, e posteriormente o faz publicar no Diário Oficial da União
(DOU).

13
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
O posicionamento dos tratados internacionais de direitos hu- Cabe ressaltar que as normas supralegais são aquelas posicio-
manos sempre geraram muitas discussões em nosso ordenamen- nadas entre a Constituição Federal e as leis ordinárias, não podendo
to jurídico, pois existem os tratados aprovados anteriormente e os ser por estas derrogadas. O posicionamento das normas supralegais
aprovados posteriormente a EC45/2004, esta por sua vez acrescen- de direitos humanos parte da ideia de que a Constituição Federal
tou o parágrafo 3º no art. 5º da CF que dispõe o seguinte: “Os trata- abriu um espaço claro para que as normas de tratados internacio-
dos e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem nais de direitos humanos fossem recebidas em nosso ordenamento
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, jurídico, tornando-as assim normas de relevância maior perante as
por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equiva- leis ordinárias, com isso adquirindo um grau elevado na hierarquia
lentes às emendas constitucionais”. do ordenamento jurídico brasileiro.
O parágrafo 3º do art. 5º da CF deixou claro seu posicionamen- A tese defendida pelo Min. Gilmar Mendes no julgamento RE
to em relação a os tratados aprovados pelo Brasil. O conflito acon- 466.343-1/SP gera discussão por criar uma duplicidade de regimes
tece em relação aos tratados que foram aprovados anteriormente a jurídicos, em detrimento de tratados aprovados pela maioria no
EC 45/2004. Onde seria o posicionamento ideal para eles? Existem Congresso Nacional, uma vez que estabelece “categorias” para tra-
os entendimentos majoritários e os minoritários em relação a esta tados de direitos humanos com o mesmo fundamento ético, são
questão. “categorias” de tratados de direitos humanos de nível constitucio-
Pedro Lenza comenta que os tratados internacionais de direitos nal e supralegal, essa tese de supralegalidade regulou de forma
humanos aprovados após a EC45/2004 equivalem a emendas cons- desigual os iguais, colocando certos tratados de direitos humanos
titucionais e podem ser objetos de controle de constitucionalidade abaixo da Constituição e outros, também de direitos humanos,
enquanto os aprovados antes da reforma teriam paridade com leis no mesmo nível dela, ou seja, desigualou os “iguais”, afrontando
ordinárias, e também podem sofrer controle de constitucionalida- o princípio constitucional da isonomia e invertendo a lógica con-
de. vencional dos direitos, como por exemplo, o instrumento acessório
Para que um tratado aprovado antes da reforma tenha hierar- aprovado com equivalência de emenda constitucional e o instru-
quia constitucional, deverá o CN ratificar tal tratado pelo quórum mento principal abaixo dela.
qualificado, ampliando os direitos e garantias individuais. Tal proce- Existe o entendimento de que esse posicionamento acima
dimento se justificaria em caso de denúncia (ato de retirada do tra- descrito é insuficiente, que os tratados internacionais comuns ra-
tificados pelo Brasil devem ter posicionamento hierárquico inter-
tado), pois aqueles que seguiram o procedimento previsto no art.
mediário, entre a Constituição e as leis infraconstitucionais que não
5º, § 3º da CF dependem de prévia autorização do CN enquanto os
poderão ser revogadas por lei posterior, enquanto os tratados de
demais poderão ser denunciados pelo executivo sem prévia auto-
direitos humanos teriam posicionamento paritário com a Constitui-
rização do CN.
ção Federal.
Flávia Piovesan afirma que: Independentemente do momento em que as normas definido-
A teoria da paridade entre o tratado internacional e a legisla- ras de direitos humanos foram ou serão ratificadas pelo Brasil, de
ção federal não se aplica aos tratados de direitos humanos, tendo acordo com o parágrafo 1º do art. 5º da CF, eles tem ou terão aplica-
em vista que a Constituição de 1988 assegura a estes garantia de ção imediata, portanto os tratados de direitos humanos ratificados
privilégio hierárquico, atribuindo-lhes a natureza de norma cons- anteriormente ou posteriormente a EC45/2004, tem eficácia a par-
titucional. tir do momento de sua ratificação, o que pode acontecer também
Contudo, essa constitucionalidade não foi reconhecida abso- com as normas de direitos humanos proveniente do Direito interno.
lutamente pelo STF, e com base nesse assunto veremos algumas A CF no art. 5º, § 2º dispõe que “Os direitos e garantias expres-
interpretações do Pretório Excelso quanto à forma em que os tra- sos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e
tados de direitos humanos se posicionam dentro do nosso ordena- dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em
mento jurídico mais sem fixar posicionamento estável. que a República Federativa do Brasil seja parte”. [93] Apesar da CF
Basicamente o STF oscila entre três entendimentos desde 2007: não especificar o termo seja parte a Convenção de Viena de 1969 o
A equiparação dos tratados de direitos humanos à lei ordinária, fez. Segundo a Convenção de Viena, ser parte é o mesmo que ratifi-
que foi abandonada; a supralegalidade, que é atualmente o enten- car um tratado em vigor (art. 2º, § 1º, alínea g).[94] Assim, indepen-
dimento majoritário; e a constitucionalidade material, noção ainda dentemente de promulgações e publicações oficiais, os tratados de
minoritária, mais que já apareceu em votos de Ministros do Pretó- direitos humanos tem aplicabilidade imediata pelo poder judiciário
rio Excelso. sem prejuízo de futura promulgação e publicação.
Até 2007 o posicionamento dos tratados de direitos humanos A discussão acerca do posicionamento hierárquico dos tratados
era entendimento pacífico, com hierarquia de lei ordinária. Esse de direitos humanos aprovados anteriormente ou posteriormente a
posicionamento hierárquico dos tratados de direitos humanos no EC45/2004, continua gerando muitas controvérsias, pois ainda não
ordenamento jurídico brasileiro era fundamentado na concepção existe um posicionamento pacífico em relação questão.
clássica de soberania estatal, onde a Constituição prevalece na or-
dem jurídica nacional.
A reavaliação do posicionamento dos tratados de direitos hu- DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS
manos ocorreu em um processo que era reexaminado a legalidade
da prisão civil do depositário infiel,[84] na qual é permitida pela
Declaração Universal dos Direitos Humanos
atual Constituição (art. 5º, LXVIII)[85], pelo Código Civil de 2002
Adotada e proclamada pela Assembléia Geral das Nações Unidas
(art.652)[86] e proibida pela Convenção Americana de Direitos Hu-
(resolução 217 A III) em 10 de dezembro 1948.
manos de 1969 (art. 7º, §7º).
Era de entendimento pacífico do STF a prisão civil do depositá-
rio infiel, entretanto com o status supralegal adquirido pelos trata-
dos de direitos humanos a prática deste tipo de restrição à liberda-
de passou a ser inadmissível.

14
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Preâmbulo Artigo 6
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares,
todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e reconhecido como pessoa perante a lei.
inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no Artigo 7
mundo, Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer dis-
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos hu- tinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção
manos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e
da humanidade e que o advento de um mundo em que mulheres e contra qualquer incitamento a tal discriminação.
homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de Artigo 8
viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais
mais alta aspiração do ser humano comum, competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos
Considerando ser essencial que os direitos humanos sejam pro- fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela
tegidos pelo império da lei, para que o ser humano não seja compe- lei.
lido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão, Artigo 9
Considerando ser essencial promover o desenvolvimento de Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
relações amistosas entre as nações, Artigo 10
Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa
na Carta, sua fé nos direitos fundamentais do ser humano, na dig- e pública audiência por parte de um tribunal independente e im-
nidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos do parcial, para decidir seus direitos e deveres ou fundamento de qual-
homem e da mulher e que decidiram promover o progresso social e quer acusação criminal contra ele.
melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla, Artigo 11
Considerando que os Países-Membros se comprometeram a 1.Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito
promover, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito uni- de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido
versal aos direitos e liberdades fundamentais do ser humano e a provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe te-
observância desses direitos e liberdades, nham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.
Considerando que uma compreensão comum desses direitos 2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão
e liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional
desse compromisso, ou internacional. Também não será imposta pena mais forte de que
Agora portanto a Assembleia Geral proclama a presente Decla- aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.
ração Universal dos Direitos Humanos como o ideal comum a ser Artigo 12
atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de Ninguém será sujeito à interferência na sua vida privada, na sua
que cada indivíduo e cada órgão da sociedade tendo sempre em família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataque à sua
mente esta Declaração, esforce-se, por meio do ensino e da educa- honra e reputação. Todo ser humano tem direito à proteção da lei
ção, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela contra tais interferências ou ataques.
adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacio- Artigo 13
nal, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância uni- 1. Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e
versais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Países-Mem- residência dentro das fronteiras de cada Estado.
bros quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição. 2. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, in-
Artigo 1 clusive o próprio e a esse regressar.
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e Artigo 14
direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em rela- 1. Todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de
ção uns aos outros com espírito de fraternidade. procurar e de gozar asilo em outros países.
Artigo 2 2. Esse direito não pode ser invocado em caso de perseguição
1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos
liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qual- contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas.
quer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política Artigo 15
ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimen- 1. Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade.
to, ou qualquer outra condição. 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade,
2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na con- nem do direito de mudar de nacionalidade.
dição política, jurídica ou internacional do país ou território a que Artigo 16
pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, 1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restri-
sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limi- ção de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair ma-
tação de soberania. trimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação
Artigo 3 ao casamento, sua duração e sua dissolução.
Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança 2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno con-
pessoal. sentimento dos nubentes.
Artigo 4 3. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e
Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravi- tem direito à proteção da sociedade e do Estado.
dão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas. Artigo 17
Artigo 5 1. Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em socie-
Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou casti- dade com outros.
go cruel, desumano ou degradante. 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.

15
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Artigo 18 2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvi-
Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, cons- mento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito
ciência e religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de reli- pelos direitos do ser humano e pelas liberdades fundamentais. A
gião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre
pelo ensino, pela prática, pelo culto em público ou em particular. todas as nações e grupos raciais ou religiosos e coadjuvará as ativi-
Artigo 19 dades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.
Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expres- 3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de
são; esse direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opi- instrução que será ministrada a seus filhos.
niões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por Artigo 27
quaisquer meios e independentemente de fronteiras. 1. Todo ser humano tem o direito de participar livremente da
Artigo 20 vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e asso- progresso científico e de seus benefícios.
ciação pacífica. 2. Todo ser humano tem direito à proteção dos interesses mo-
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação. rais e materiais decorrentes de qualquer produção científica literá-
Artigo 21 ria ou artística da qual seja autor.
1. Todo ser humano tem o direito de tomar parte no governo Artigo 28
de seu país diretamente ou por intermédio de representantes livre- Todo ser humano tem direito a uma ordem social e interna-
mente escolhidos. cional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente
2. Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço pú- Declaração possam ser plenamente realizados.
blico do seu país. Artigo 29
3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; 1. Todo ser humano tem deveres para com a comunidade, na
qual o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é pos-
essa vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por
sível.
sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que
2. No exercício de seus direitos e liberdades, todo ser humano
assegure a liberdade de voto.
estará sujeito apenas às limitações determinadas pela lei, exclusiva-
Artigo 22
mente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito
Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer as justas exigên-
segurança social, à realização pelo esforço nacional, pela coopera- cias da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade
ção internacional e de acordo com a organização e recursos de cada democrática.
Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis 3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma,
à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade. ser exercidos contrariamente aos objetivos e princípios das Nações
Artigo 23 Unidas.
1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de Artigo 30
emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção Nenhuma disposição da presente Declaração poder ser inter-
contra o desemprego. pretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pes-
2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual soa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer
remuneração por igual trabalho. ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades
3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remune- aqui estabelecidos.
ração justa e satisfatória que lhe assegure, assim como à sua famí-
lia, uma existência compatível com a dignidade humana e a que se
acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social. EXERCÍCIOS
4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles
ingressar para proteção de seus interesses.
Artigo 24 1. Acerca de aspectos da teoria geral dos direitos humanos, da
Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a li- sua afirmação histórica e da sua relação com a responsabilidade
mitação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas pe- do Estado, julgue os próximos itens. As pessoas naturais que vio-
riódicas. lam direitos humanos continuam a gozar da proteção prevista nas
Artigo 25 normas que dispõem sobre direitos humanos.
1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de C. Certo
assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar, inclusive alimen- E. Errado
tação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais
2. Acerca de aspectos da teoria geral dos direitos humanos, da
indispensáveis e direito à segurança em caso de desemprego, doen-
sua afirmação histórica e da sua relação com a responsabilidade
ça invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de
do Estado, julgue os próximos itens. Todos os direitos humanos
subsistência em circunstâncias fora de seu controle.
foram afirmados em um único momento histórico.
2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistên- C. Certo
cia especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matri- E. Errado
mônio, gozarão da mesma proteção social.
Artigo 26
1. Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será
gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A ins-
trução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional
será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada
no mérito.

16
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
3. De acordo com a historiadora americana Lynn Hunt, os di-
reitos permanecem sujeitos a discussão porque a nossa percepção
ANOTAÇÕES
de quem tem direitos e do que são esses direitos muda constan-
temente. A revolução dos direitos humanos é, por definição, con- ______________________________________________________
tínua (A Invenção dos Direitos Humanos; uma história. São Paulo:
Companhia das Letras, 2009, p. 270). Em relação à evolução his- ______________________________________________________
tórica do regime internacional de proteção dos direitos humanos,
considere as assertivas abaixo. ______________________________________________________
I. A Magna Carta (1215) contribuiu para a afirmação de que
todo poder político deve ser legalmente limitado. ______________________________________________________
II. O Habeas Corpus Act (1679) criou regras processuais para o
______________________________________________________
habeas corpus e robusteceu a já conhecida garantia.
III. Na Declaração de Independência dos Estados Unidos ______________________________________________________
(1776) percebe-se que a dignidade da pessoa humana exige a exis-
tência de condições políticas para sua efetivação. ______________________________________________________
IV. O processo de universalização, sistematização e internacio-
nalização da proteção dos direitos humanos intensificou-se após o ______________________________________________________
término da 2a Guerra Mundial.
Está correto o que consta de: ______________________________________________________
A. I, II, III e IV.
______________________________________________________
B. I, II e III, apenas.
C. I, III e IV, apenas. ______________________________________________________
D. II, III e IV, apenas.
E. I e IV, apenas. ______________________________________________________
4. Acerca de direitos humanos, direitos de minorias e movi-
mentos sociais urbanos, julgue os itens seguintes. Atualmente os ______________________________________________________
direitos humanos têm sido utilizados pelos movimentos sociais ur-
banos e rurais, assim como por povos e comunidades tradicionais, ______________________________________________________
como forma de proteção, principalmente contra transgressões co-
metidas pelo Estado ou por seus agentes. ______________________________________________________
C. Certo
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E. Errado
______________________________________________________
5. Podem ser considerados exemplos de direitos humanos de
terceira geração o direito ______________________________________________________
A. à imigração e refúgio, à participação na economia globali-
zada e à segurança. ______________________________________________________
B. ao trabalho, à paz mundial e à indivisibilidade entre os di-
reitos. ______________________________________________________
C. à propriedade imaterial, à privacidade e ao pluralismo.
______________________________________________________
D. à bioética, o direito do consumidor e os direitos culturais.
E. ao meio ambiente, ao desenvolvimento e à autodetermi- ______________________________________________________
nação dos povos.
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GABARITO _____________________________________________________

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1 CERTO ______________________________________________________
2 ERRADO
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3 A
4 CERTO ______________________________________________________
5 E ______________________________________________________

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17
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
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18
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
1. Princípios da administração pública. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Atos administrativos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
3. Art. 37 da Constituição Federal de 1988. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Destarte, os princípios constitucionais da administração públi-
PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ca, como tão bem exposto, vêm expressos no art. 37 da Constituição
Federal, e como já afirmado, retoma aos princípios da legalidade,
Os princípios são necessários para nortear o direito, embasan- moralidade, impessoalidade ou finalidade, publicidade, eficiência,
do como deve ser. Na Administração Pública não é diferente, temos razoabilidade, que serão tratados com mais ênfase a posteriori. Em
os princípios expressos na constituição que são responsáveis por consonância, Di Pietro conclui que a Constituição de 1988 inovou
organizar toda a estrutura e além disso mostrar requisitos básicos ao trazer expresso em seu texto alguns princípios constitucionais.
para uma “boa administração”, não apenas isso, mas também gerar O caput do art. 37 afirma que a administração pública direta e in-
uma segurança jurídica aos cidadãos, como por exemplo, no prin- direta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
cípio da legalidade, que atribui ao indivíduo a obrigação de realizar Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
algo, apenas em virtude da lei, impedindo assim que haja abuso de impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
poder.
No texto da Constituição Federal, temos no seu art. 37, em seu LEGALIDADE
caput, expressamente os princípios constitucionais relacionados O princípio da legalidade, que é uma das principais garantias de
com a Administração Pública, ficando com a doutrina, a necessi- direitos individuais, remete ao fato de que a Administração Pública
dade de compreender quais são as verdadeiras aspirações destes só pode fazer aquilo que a lei permite, ou seja, só pode ser exercido
princípios e como eles estão sendo utilizados na prática, sendo isso em conformidade com o que é apontado na lei, esse princípio ga-
uma dos objetos do presente trabalho. nha tanta relevância pelo fato de não proteger o cidadão de vários
Com o desenvolvimento do Estado Social, temos que os inte- abusos emanados de agentes do poder público. Diante do exposto,
resses públicos se sobrepuseram diante todos os outros, a conhe- Meirelles (2000, p. 82) defende que:
cida primazia do público, a tendência para a organização social, na “Na Administração Pública não há liberdade nem vontade pes-
qual os anseios da sociedade devem ser atendidos pela Administra- soal. Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo que a
ção Pública, assim, é função desta, realizar ações que tragam bene- lei não proíbe, na Administração Pública só é permitido fazer o que
fícios para a sociedade. a lei autoriza. A lei para o particular significa “poder fazer assim”;
para o administrador público significa “deve fazer assim”.”
Deste modo, este princípio, além de passar muita segurança
Primeiramente falaremos dos PRINCÍPIOS EXPLÍCITOS, no
jurídica ao indivíduo, limita o poder do Estado, ocasionando assim,
caput do artigo 37 da Magna Carta, quais sejam, legalidade, im-
uma organização da Administração Pública. Como já afirmado, an-
pessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
teriormente, este princípio além de previsto no caput do art. 37,
vem devidamente expresso no rol de Direitos e Garantias Individu-
Os Princípios Constitucionaisda Administração Pública ais, no art. 5º, II, que afirma que “ninguém será obrigado a fazer ou
Para compreender os Princípios da Administração Pública é ne- deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei”. Em conclu-
cessário entender a definição básica de princípios, que servem de são ao exposto, Mello (1994, p.48) completa:
base para nortear e embasar todo o ordenamento jurídico e é tão “Assim, o princípio da legalidade é o da completa submissão da
bem exposto por Reale (1986, p. 60), ao afirmar que: Administração às leis. Este deve tão-somente obedecê-las, cumpri-
“Princípios são, pois verdades ou juízos fundamentais, que ser- -las, pô-las em prática. Daí que a atividade de todos os seus agen-
vem de alicerce ou de garantia de certeza a um conjunto de juízos, tes, desde o que lhe ocupa a cúspide, isto é, o Presidente da Repú-
ordenados em um sistema de conceitos relativos à dada porção da blica, até o mais modesto dos servidores, só pode ser a de dóceis,
realidade. Às vezes também se denominam princípios certas pro- reverentes obsequiosos cumpridores das disposições gerais fixadas
posições, que apesar de não serem evidentes ou resultantes de pelo Poder Legislativo, pois esta é a posição que lhes compete no
evidências, são assumidas como fundantes da validez de um siste- direito Brasileiro.”
ma particular de conhecimentos, como seus pressupostos neces- No mais, fica claro que a legalidade é um dos requisitos neces-
sários.” sários na Administração Pública, e como já dito, um princípio que
Assim, princípios são proposições que servem de base para gera segurança jurídica aos cidadãos e limita o poder dos agentes
toda estrutura de uma ciência, no Direito Administrativo não é di- da Administração Pública.
ferente, temos os princípios que servem de alicerce para este ramo
do direito público. Os princípios podem ser expressos ou implícitos, MORALIDADE
vamos nos deter aos expressos, que são os consagrados no art. 37 Tendo por base a “boa administração”, este princípio relacio-
da Constituição da República Federativa do Brasil. Em relação aos na-se com as decisões legais tomadas pelo agente de administração
princípios constitucionais, Meirelles (2000, p.81) afirma que: publica, acompanhado, também, pela honestidade. Corroborando
“Os princípios básicos da administração pública estão con- com o tema, Meirelles (2000, p. 84) afirma:
substancialmente em doze regras de observância permanente e “É certo que a moralidade do ato administrativo juntamente
obrigatória para o bom administrador: legalidade, moralidade, im- a sua legalidade e finalidade, além de sua adequação aos demais
princípios constituem pressupostos de validade sem os quais toda
pessoalidade ou finalidade, publicidade, eficiência, razoabilidade,
atividade pública será ilegítima”.
proporcionalidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica,
Assim fica claro, a importância da moralidade na Administra-
motivação e supremacia do interesse público.
ção Publica. Um agente administrativo ético que usa da moral e da
Os cinco primeiros estão expressamente previstos no art. 37,
honestidade, consegue realizar uma boa administração, consegue
caput, da CF de 1988; e os demais, embora não mencionados, de- discernir a licitude e ilicitude de alguns atos, além do justo e injusto
correm do nosso regime político, tanto que, ao daqueles, foram de determinadas ações, podendo garantir um bom trabalho.
textualmente enumerados pelo art. 2º da Lei federal 9.784, de
29/01/1999.”

1
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
IMPESSOALIDADE A eficiência é uma característica que faz com que o agente pú-
Um princípio ainda um pouco conturbado na doutrina, mas, a blico consiga atingir resultados positivos, garantindo à sociedade
maioria, dos doutrinadores, relaciona este princípio com a finalida- uma real efetivação dos propósitos necessários, como por exem-
de, ou seja, impõe ao administrador público que só pratique os atos plo, saúde, qualidade de vida, educação, etc.1
em seu fim legal, Mello (1994, p.58) sustenta que esse princípio “se Na Constituição de 1988 encontram-se mencionados explici-
traduz a idéia de que a Administração tem que tratar a todos os tamente como princípios os seguintes: legalidade, impessoalidade,
administrados sem discriminações, benéficas ou detrimentosas”. moralidade, publicidade e eficiência (este último acrescentado pela
Para a garantia deste principio, o texto constitucional completa Emenda 19198 - Reforma Administrativa). Alguns doutrinadores
que para a entrada em cargo público é necessário a aprovação em buscam extrair outros princípios do texto constitucional como um
concurso público. todo, seriam os princípios implícitos. Outros princípios do direito
administrativo decorrem classicamente de elaboração jurispruden-
RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE cial e doutrinária.
É um princípio que é implícito da Constituição Federal brasilei- Cabe agora indagar quais o PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS, que como
ra, mas que é explícito em algumas outras leis, como na paulista, e dito estão disciplinados no artigo 2ª da lei dos Processos Adminis-
que vem ganhando muito força, como afirma Meirelles (2000). É trativos Federais, vejamos : “ A Administração Pública obedecerá,
mais uma tentativa de limitação ao poder púbico, como afirma Di dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação,
Pietro (1999, p. 72): razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, con-
“Trata-se de um princípio aplicado ao direito administrativo traditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.” Os
como mais uma das tentativas de impor-se limitações à discriciona- princípios da legalidade, moralidade e da eficiência já foram acima
riedade administrativa, ampliando-se o âmbito de apreciações do explicados. Iremos explanar os demais princípios.
ato administrativo pelo Poder Judiciário.”
Princípios da Administração Publica não previstos no Art. 37
da Constituição Federal
Esse princípio é acoplado a outro que é o da proporcionalida-
de, pois, como afirma Di Pietro (1999, p. 72), “a proporcionalidade
Princípio da isonomia ou igualdade formal
dever ser medida não pelos critérios pessoais do administrador,
Aristóteles afirmava que a lei tinha que dar tratamento desi-
mas segundo padrões comuns na sociedade em que vive”.
gual às pessoas que são desiguais e igual aos iguais. A igualdade
não exclui a desigualdade de tratamento indispensável em face da
PUBLICIDADE particularidade da situação.
Para que os atos sejam conhecidos externamente, ou seja, na A lei só poderá estabelecer discriminações se o fator de des-
sociedade, é necessário que eles sejam publicados e divulgados, e criminação utilizado no caso concreto estiver relacionado com o
assim possam iniciar a ter seus efeitos, auferindo eficácia ao termo objetivo da norma, pois caso contrário ofenderá o princípio da iso-
exposto. Além disso, relaciona-se com o Direito da Informação, que nomia. Ex: A idade máxima de 60 anos para o cargo de estivador
está no rol de Direitos e Garantias Fundamentais. Di Pietro (1999, está relacionado com o objetivo da norma.
p.67) demonstra que: A lei só pode tratar as pessoas de maneira diversa se a distin-
“O inciso XIII estabelece que todos têm direito a receber dos ção entre elas justificar tal tratamento, senão seria inconstitucio-
órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de in- nal. Assim, trata diferentemente para alcançar uma igualdade real
teresse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob (material, substancial) e não uma igualdade formal.
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja im-
prescindível à segurança da sociedade e do Estado.” Princípio da isonomia na Constituição:
Como demonstrado acima, é necessário que os atos e deci- • “Constituem objetivos fundamentais da República Federativa
sões tomados sejam devidamente publicados para o conhecimento do Brasil: promover o bem de todos sem preconceitos de origem,
de todos, o sigilo só é permitido em casos de segurança nacional. raça, sexo, cor idade e qualquer outras formas de discriminação”
“A publicidade, como princípio da administração pública, abrange (art. 3º, IV da Constituição Federal).
toda atuação estatal, não só sob o aspecto de divulgação oficial de • “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
seus atos como, também, de propiciação de conhecimento da con- natureza...” (art. 5º da Constituição Federal).
duta interna de seus agentes” (MEIRELLES, 2000, p.89). Busca-se • “São direitos dos trabalhadores: Proibição de diferença de
deste modo, manter a transparência, ou seja, deixar claro para a salário, de exercício de funções e de critério de admissão por moti-
sociedade os comportamentos e as decisões tomadas pelos agen- vo de sexo, idade, cor ou estado civil” (art. 7º, XXX da Constituição
tes da Administração Pública. Federal).

Princípio da Motivação
EFICIÊNCIA
A Administração está obrigada a motivar todos os atos que
Este princípio zela pela “boa administração”, aquela que consi-
edita, pois quando atua representa interesses da coletividade. É
ga atender aos anseios na sociedade, consiga de modo legal atingir
preciso dar motivação dos atos ao povo, pois ele é o titular da “res
resultados positivos e satisfatórios, como o próprio nome já faz re-
publica” (coisa pública).
ferência, ser eficiente. Meirelles (2000, p 90) complementa: O administrador deve motivar até mesmo os atos discricioná-
“O Princípio da eficiência exige que a atividade administrati- rios (aqueles que envolvem juízo de conveniência e oportunidade),
va seja exercida com presteza, perfeição e rendimento funcional. É pois só com ela o cidadão terá condições de saber se o Estado esta
o mais moderno princípio da função administrativa, que já não se agindo de acordo com a lei. Para Hely Lopes Meirelles, a motivação
contenta em se desempenhar apenas com uma legalidade, exigin- só é obrigatória nos atos vinculados.
do resultados positivos para o serviço público e satisfatório atendi-
mento as necessidades da comunidade e de seus membros.”
1 Fonte: www.ambito-juridico.com.br – Texto adaptado de
Rayssa Cardoso Garcia, Jailton Macena de Araújo

2
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Há quem afirme que quando o ato não for praticado de forma escrita (Ex: Sinal, comando verbal) ou quando a lei especificar de tal
forma o motivo do ato que deixe induvidoso, inclusive quanto aos seus aspectos temporais e espaciais, o único fato que pode se caracte-
rizar como motivo do ato (Ex: aposentadoria compulsória) não será obrigatória a motivação. Assim, a motivação só será pressuposto de
validade do ato administrativo, quando obrigatória.
Motivação segundo o Estatuto do servidor público da União (Lei 8112/90):
Segundo o artigo 140 da Lei 8112/90, motivar tem duplo significado. Assim, o ato de imposição de penalidade sempre mencionará o
fundamento legal (dispositivos em que o administrador baseou sua decisão) e causa da sanção disciplinar (fatos que levarão o administra-
dor a aplicar o dispositivo legal para àquela situação concreta).
A lei, quando é editada é genérica, abstrata e impessoal, portanto é preciso que o administrador demonstre os fatos que o levaram
a aplicar aquele dispositivo legal para o caso concreto. Só através dos fatos que se pode apurar se houve razoabilidade (correspondência)
entre o que a lei abstratamente prevê e os fatos concretos levados ao administrador.

Falta de motivação:
A falta de motivação leva à invalidação, à ilegitimidade do ato, pois não há o que falar em ampla defesa e contraditório se não há
motivação. Os atos inválidos por falta de motivação estarão sujeitos também a um controle pelo Poder Judiciário.

Motivação nas decisões proferidas pelo Poder Judiciário:


Se até mesmo no exercício de funções típicas pelo Judiciário, a Constituição exige fundamentação, a mesma conclusão e por muito
maior razão se aplica para a Administração quando da sua função atípica ou principal.

“Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, po-
dendo a lei, se o interesse público o exigir, limitar em determinados atos às próprias partes e seus advogados, ou somente a estes” (art.
93, IX da CF).
“As decisões administrativas dos tribunais serão motivadas, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus
membros” (art. 93, X da CF).

Princípio da Autotutela
A Administração Pública tem possibilidade de revisar (rever) seus próprios atos, devendo anulá-los por razões de ilegalidade (quando
nulos) e podendo revogá-los por razões de conveniência ou oportunidade (quando inoportunos ou inconvenientes).
Anulação: Tanto a Administração como o Judiciário podem anular um ato administrativo. A anulação gera efeitos “ex tunc”, isto é,
retroage até o momento em que o ato foi editado, com a finalidade de eliminar todos os seus efeitos até então.
“A Administração pode declarar a nulidade dos seus próprios atos” (súmula 346 STF).
Revogação: Somente a Administração pode fazê-la. Caso o Judiciário pudesse rever os atos por razões de conveniência ou oportuni-
dade estaria ofendendo a separação dos poderes. A revogação gera efeitos “ex nunc”, pois até o momento da revogação o ato era válido.

Anulação Revogação
Fundamento Por razões de ilegalidade Por razões de conveniência e oportunidade
Competência Administração e Judiciário Administração
Efeitos Gera efeitos “ex tunc” Gera efeitos “ex nunc”

Alegação de direito adquirido contra ato anulado e revogado:


Em relação a um ato anulado não se pode invocar direito adquirido, pois desde o início o ato não era legal. Já em relação a um ato
revogado pode se invocar direito adquirido, pois o ato era válido.
“A Administração pode anular seus próprios atos quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direi-
tos, ou revogá-los, por motivos de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e ressalvados em todos os casos, a
apreciação judicial” (2a parte da sumula 473 do STF).

Princípio da Continuidade da Prestação do Serviço Público


A execução de um serviço público não pode vir a ser interrompida. Assim, a greve dos servidores públicos não pode implicar em pa-
ralisação total da atividade, caso contrário será inconstitucional (art. 37, VII da CF).

Não será descontinuidade do serviço público: Serviço público interrompido por situação emergencial (art. 6º, §3º da lei 8987/95):
Interrupção resultante de uma imprevisibilidade. A situação emergencial deve ser motivada, pois resulta de ato administrativo. Se a situ-
ação emergencial decorrer de negligência do fornecedor, o serviço público não poderá ser interrompido.
Serviço público interrompido, após aviso prévio, por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações (art. 6º, §3º, I da lei
8987/95).
Serviço público interrompido, após aviso prévio, no caso de inadimplência do usuário, considerado o interesse da coletividade (art.
6º, §3º, II da lei 8987/95): Cabe ao fornecedor provar que avisou e não ao usuário, por força do Código de Defesa do Consumidor. Se não
houver comunicação, o corte será ilegal e o usuário poderá invocar todos os direitos do consumidor, pois o serviço público é uma relação
de consumo, já que não deixa de ser serviço só porque é público.

3
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Há várias posições sobre esta hipótese: Continuaremos com os ensinamentos do referido professor
• Há quem entenda que o serviço público pode ser interrom- para conceituar e explicar sobre o tema, conforme segue:
pido nesta hipótese pois, caso contrário, seria um convite aberto à Ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade
inadimplência e o serviço se tornaria inviável à concessionária, por- no exercício de função administrativa que tenha por fim imediato
tanto autoriza-se o corte para preservar o interesse da coletividade criar, modificar ou extinguir direitos ou obrigações.
(Posição das Procuradorias). A vontade que constitui o substrato do ato administrativo não é
• O fornecedor do serviço tem que provar que avisou por força uma “vontade” subjetiva, na acepção tradicional civilista do termo,
do Código de Defesa do Consumidor, já que serviço público é uma mas sim uma manifestação concreta, impessoal e objetiva da Admi-
relação de consumo. Se não houver comunicação o corte será ile- nistração Pública na execução das finalidades a ela outorgadas pela
gal. lei e pela Constituição.
Se não houver manifestação de vontade administrativa, esta-
• Há quem entenda que o corte não pode ocorrer em razão da remos, quando muito, diante de um fato administrativo, de caráter
continuidade do serviço. O art. 22 do CDC dispõe que “os órgãos meramente material, mas não diante de um ato administrativo. Por
públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissioná- exemplo, o fato material de demolição pela Administração Pública
rias, ou sob qualquer outra forma de empreendimento são obri- de uma construção irregular é um fato administrativo decorrente
gados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e quanto do ato administrativo de determinação da demolição: a demolição
aos essenciais contínuos”. “Nos casos de descumprimento, total ou (fato administrativo) decorre, mas não contém, em si, uma manifes-
parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas ju- tação de vontade.
rídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na
Difere o ato administrativo, portanto, do fato administrativo,
forma prevista neste Código” (art. 22, parágrafo único do CDC).
mera atividade pública material, sem conteúdo jurídico imediato
(em mais exemplos, uma operação cirúrgica realizada em hospital
Princípio da Razoabilidade
público, os atos concretos da realização da obra pública, a aula em
O Poder Público está obrigado, a cada ato que edita, a mostrar
a pertinência (correspondência) em relação à previsão abstrata em escola pública, a troca de lâmpada na repartição etc.), e que só gera
lei e os fatos em concreto que foram trazidos à sua apreciação. Este reflexos indiretos no campo do Direito (dirigir uma viatura oficial é
princípio tem relação com o princípio da motivação. um fato administrativo, mas pode gerar o dever de indenizar no âm-
Se não houver correspondência entre a lei o fato, o ato não bito de uma responsabilização civil se causar um acidente). Às ve-
será proporcional. Ex: Servidor chegou atrasado no serviço. Embora zes, um ato administrativo precede o fato administrativo (a licitação
nunca tenha faltado, o administrador, por não gostar dele, o demi- e a contratação de empreiteira precedem a realização da obra pú-
tiu. Há previsão legal para a demissão, mas falta correspondência blica); outras vezes, em face de circunstâncias emergenciais, o ato
para com a única falta apresentada ao administrador. administrativo é praticado a posteriori (a apreensão emergencial de
produtos alimentícios fora da data de validade pelas autoridades
sanitárias é seguida da lavratura do respectivo auto de apreensão).
ATOS ADMINISTRATIVOS Feito esse primeiro balizamento conceitual, também deve ser fir-
mado que a vontade manifestada no ato administrativo é unilateral,
ou seja, o efeito produzido na esfera jurídica do administrado deve
Conforme nos ensina o professor Alexandre Santos de Aragão: decorrer tão somente da vontade da Administração Pública, inde-
os atos administrativos possuem grande importância na garantia pendentemente da anuência do particular.
dos direitos fundamentais dos indivíduos e para a própria concep- Pelo ato administrativo a Administração Pública de per se mo-
ção do Direito Administrativo. Antes de surgirem, o Estado atuava difica a esfera jurídica de outrem (aplicando-lhe uma multa, proi-
por meio de atos materiais diretamente oriundos da vontade ilimi- bindo determinada construção, concedendo aposentadoria, inter-
tada do soberano. Foi apenas com a sujeição da Administração Pú- ditando estabelecimento, convocando para prestar serviço militar
blica à legalidade que se tornou possível a construção de uma Teo- etc.). Caso a vontade manifestada seja bilateral, ou seja, decorra da
ria dos Atos Administrativos, essencial para juridicizar e intermediar conjunção de vontades da Administração Pública e do particular,
a mera vontade do Estado e a sua execução material, propiciando tratar-se-á de contrato administrativo ou outra modalidade de ato
o seu controle. bilateral (ex.: convênio administrativo), mas não de ato administra-
O ato administrativo surge, então, como mediação entre a crua tivo.
vontade estatal e a modificação da esfera jurídica dos indivíduos
Note-se que nem todo ato administrativo é gravoso ao parti-
por ela provocada, verdadeiro filtro de legalidade entre esses dois
cular; há também os atos administrativos que ampliam a sua esfera
momentos. Os atos administrativos juridicizam e consequentemen-
jurídica (ex.: concessão de licenças, autorização para o exercício de
te limitam as manifestações de vontade do Poder Público. Com isso,
atividades econômicas, autorização de uso de bem público, outorga
passam a existir limites, formalidades e requisitos – e, portanto, o
controle – para o exercício do poder/vontade do Estado. de subsídios fiscais).
À luz da Teoria Geral do Direito, os atos administrativos são Nesses casos não faria sentido que o particular fosse obrigado a
espécie de ato jurídico stricto sensu, ou seja, de manifestação uni- receber do Estado benefícios, razão pela qual, como explica SÉRGIO
lateral de vontade destinada a produzir efeitos jurídicos (criação, ANDRÉA, apesar de o ato não perder a sua unilateralidade, tem a
modificação ou extinção de direitos e obrigações). sua eficácia condicionada à manifestação positiva do particular an-
A peculiaridade dos atos administrativos em relação aos atos terior, concomitante (às vezes até mesmo no mesmo instrumento,
jurídicos em geral é o fato de serem praticados no exercício da fun- sendo formalmente muito parecido com um contrato) ou posterior
ção de administração pública, isto é, de busca, com base no orde- ao ato administrativo. Caberia um paralelo com o testamento, que,
namento jurídico, da realização dos objetivos incumbidos ao Estado apesar de ser um ato unilateral do testador, depende, para gerar
pela Constituição, com todas as prerrogativas, privilégios, limita- efeitos, da aceitação dos herdeiros beneficiados. Todos que exer-
ções e controles que isso acarreta. cem funções administrativas praticam atos administrativos. Desse
modo, todos os Poderes do Estado podem praticar atos administra-

4
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
tivos. Naturalmente que o Poder Executivo é o que mais os pratica, tração Pública pode executar, isto é, implementar a lei, tanto de
por ser o que mais exerce funções administrativas, mas os Poderes forma imediatamente concreta como essa atuação concreta pode
Legislativo e Judiciário, no exercício de suas funções administrati- ser mediada por um ato anterior geral e abstrato. O regulamento
vas, também praticarão atos administrativos. detalha as normas da lei para a sua posterior aplicação concreta
Assim, o ato do desembargador presidente de um Tribunal de pela Administração Pública.
Justiça que homologa o resultado final de concurso público desti- Como todo ato jurídico, o ato administrativo, para existir, deve
nado ao provimento de cargos de juiz é ato administrativo; a apli- possuir certos elementos (plano da existência); além disso, para
cação de multa e interdição de uma casa noturna por vender bebi- que seja válido (plano da validade), tais elementos devem revestir-
das alcoólicas a menores pelo Juizado da Infância e da Juventude; -se de determinadas características de compatibilidade com o Or-
também é ato administrativo a concessão de férias do servidor da denamento Jurídico (ex.: além de possuir objeto, o objeto tem que
Assembleia Legislativa. ser lícito). Há também o plano da eficácia, pelo qual o ato jurídico
Considerando o mesmo critério – de que todos os que exercem existente e válido pode ficar sujeito a algum prazo ou condição que
funções administrativas praticam atos administrativos –, quando suste a produção dos seus efeitos.
particulares exercerem excepcionalmente funções administrativas a A doutrina não é unânime quanto à mais adequada denomina-
eles delegadas (como, por exemplo, os particulares concessionários ção para se referir aos “elementos” do ato administrativo; há quem
de serviços públicos), eles podem praticar atos administrativos. As- os chame de requisitos, existindo os que seriam intrínsecos e os
sim, por exemplo, a concessionária de energia elétrica pode sancio- extrínsecos, ou, ainda, os que os chamem de pressupostos. Tam-
nar administrativamente o cidadão que realizou ligação clandesti- bém quanto à enumeração específica de cada um deles há enormes
na; a concessionária de transporte de passageiros pode determinar variações.
a expulsão de passageiros que não se comportem adequadamente. Adotaremos, contudo, dada sua maior facilidade de apreensão
Por outro lado, como a expedição do ato administrativo pres- didática, sem prejuízo de sua importância teórica, e, ainda, conside-
supõe o exercício de atividade administrativa, caso a Administração rando a sua adoção pela grande maioria da doutrina, a terminologia
Pública pratique atos sem ser no exercício de função propriamen- e a enumeração de HELY LOPES MEIRELLES.
te administrativa, não praticará ato administrativo. Em outras pa- Dessa forma, são cinco os elementos que devem se verificar
lavras, para praticar atos administrativos, a Administração Pública para a formação e validade dos atos administrativos, conforme pas-
tem de agir nessa qualidade, ou seja, com supremacia de Poder samos a expor.
Público. Ao se nivelar ao particular, pratica um ato de Direito Pri-
vado, e não um ato administrativo (por exemplo, são atos privados Agente
as emissões de cheques pelo Estado), não possuindo, em relação O ato deve ser praticado por pessoa física à qual a lei, explícita
a ele, qualquer prerrogativa própria da função administrativa: não ou implicitamente, atribua poder para a sua prática. Vale lembrar
poderá, por exemplo, revogá-lo ou anulá-lo unilateralmente. Os que, nos casos em que o Ordenamento Jurídico atribui expressa-
princípios constitucionais da Administração Pública se aplicam, no mente competência a agente para a realização de determinado fim,
entanto, a todos os seus atos, sejam eles de direito público ou de entende-se que implicitamente lhe atribuiu, também, os meios ne-
direito privado. cessários à sua completa realização – Teoria dos Poderes Implícitos
Assim, podemos constatar haver tanto atos praticados pela (“quem dá os fins dá os meios”).
Administração Pública que não são atos administrativos – são atos O agente competente para a prática do ato administrativo é
privados da Administração –, como existem atos administrativos tradicionalmente considerado como um dos elementos sempre
não praticados pela Administração Pública (por exemplo, os atos vinculados do ato administrativo, já que qualquer agente adminis-
das concessionárias privadas de serviços públicos praticados com trativo só poderia praticar atos para os quais tivesse recebido com-
poder de autoridade delegada). petência legal para tanto. É bem ilustrativa desse fato a seguinte
Há uma dúvida quanto a se os chamados “atos políticos” de- advertência de CAIO TÁCITO: “A primeira condição de legalidade é a
vem ser incluídos ou não no conceito de ato administrativo. A opi- competência do agente. Não há, em direito administrativo, compe-
nião depende da posição que seja adotada quanto a se a chamada tência geral ou universal: a lei preceitua, em relação a cada função
função política ou de Governo – que é a oriunda, diretamente, de pública, a forma e o momento do exercício da atribuição do cargo.
competências outorgadas pela Constituição, com elevada margem Não é competente quem quer, mas quem pode, segundo a norma
de discricionariedade (por exemplo, o indulto, a sanção e o veto de direito. A competência é sempre um elemento vinculado, objeti-
legislativo etc.) – configura, ou não, uma função estatal autônoma. vamente fixado pelo legislador.”
Para os que, como nós, consideram o caráter político um aspecto Todavia, na prática e de acordo com a visão mais atualizada
que reveste, com maior ou menor intensidade, todas as funções e do princípio da legalidade, e ressalvados os casos de reserva legal
atos do Estado, e que ele não importa exceção, a priori, ao controle absoluta, as leis não são tão detalhistas assim, sendo muitas vezes
jurisdicional, os atos políticos praticados pela Administração Públi- atribuídas competências de forma geral, e mais comumente ain-
ca também teriam a natureza de atos administrativos, ainda que da por regulamentos administrativos organizativos ou regimentos
dotados de elevadíssima discricionariedade. Já para quem acredita internos. Por exemplo, na grande maioria dos Municípios não há
que a função de Governo é distinta da função administrativa, os uma lei dispondo que ao secretário municipal de cultura compe-
atos políticos seriam categoria naturalmente autônoma em relação te a administração dos teatros municipais, mas ela está implícita
à dos atos administrativos, em princípio, insuscetíveis de controle. nas competências municipais em cultura e na própria denomina-
Quanto aos atos normativos da Administração Pública, para os ção do cargo e na organização administrativa colocando esses te-
que reduzem o conceito de função administrativa à execução con- atros como órgãos integrantes da secretaria de cultura. Seria fora
creta da lei, esses atos, que por definição são gerais e abstratos, de senso prático – e possivelmente até mesmo inconstitucional em
não seriam atos administrativos. Já para os que – e estes são ma- face do inciso VI do art. 84, CF (reserva de regulamento em matéria
joritários – adotam conceito mais amplo de função administrativa, organizativa) – exigir que cada uma dessas competências estivesse
à luz, principalmente, de sua submissão à lei, os atos normativos especificamente prevista na lei. A competência tem de estar con-
expedidos pela Administração Pública são uma das espécies de ato templada no Ordenamento Jurídico, mas não necessariamente em
administrativo. Para eles, com os quais concordamos, a Adminis- uma regra de lei específica.

5
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Outro ponto: a competência é irrenunciável e intransferível, A forma é normalmente identificada como um dos elementos
mas pode ser, respeitados os limites legais (que, na União, estão sempre vinculados dos atos administrativos, ou seja, que sempre
expressos nos arts. 11 a 17 da Lei do Processo Administrativo Fede- decorreria diretamente da lei, sem deixar qualquer margem de es-
ral – Lei n. 9.784/99), delegada ou avocada. colha para o administrador público. Em primeiro lugar, devemos ter
Se quem praticou o ato sequer tinha vínculos funcionais com cuidado com afirmações doutrinárias genéricas como essa, pois a
Administração Pública, ou se, posteriormente, descobre-se algum opção entre a vinculação e a discricionariedade é, salvo os casos de
vício em sua investidura, tornando-a nula, mas, mesmo assim, essa reserva legal absoluta, uma decisão do legislador (não da doutrina),
pessoa tinha aparência de possuir tais vínculos, será considerado que, em tese, pode atribuir discricionariedade ao administrador na
agente de fato, e os atos por ele praticados não serão considerados eleição de determinada forma. Basta termos em mente o exemplo
nulos em respeito à boa-fé dos administrados que com ele lidaram. dos contratos de baixo valor, que a Lei n. 8.666/93, por questões de
Trata-se de aplicação, no âmbito do direito público, da “Teoria praticidade, admite serem verbais, mas que o administrador pode,
da Aparência”. para aumentar a transparência e a segurança jurídica, fazê-lo a ter-
A consequência é que os atos por ele praticados não serão, ao mo escrito (art. 60, parágrafo único). Esses contratos têm, portanto,
menos por razões de incompetência, considerados nulos. Assim, forma discricionária.
por exemplo, caso se descubra, anos após a sua realização, fraude Registre-se, ainda, que a modificação ou o desfazimento dos
em concurso público para fiscal de rendas, a invalidação da nome- atos administrativos deve seguir a forma do ato originário – princí-
ação de determinados fiscais não acarretará a invalidade dos atos pio do paralelismo das formas.
administrativos tributários por eles praticados; ou se um servidor,
mesmo depois de deixar de sê-lo pela aposentadoria, continua tra- Finalidade
balhando. O ato administrativo por ele praticado pode ser até anu- Todo ato administrativo deve ter por finalidade o atingimento
lado por outra razão (por exemplo, porque deu isenção não prevista de fim público, tal como definido em regra jurídica ou decorrente
em lei), mas não em virtude da incompetência do agente. da ponderação dos valores jurídicos envolvidos concretamente em
cada decisão administrativa.
Forma O administrador público exerce uma função pública, ou seja,
É a maneira pela qual a vontade consubstanciada no ato admi- é dotado de poderes instrumentais à realização das finalidades a
nistrativo se manifesta no mundo exterior. Costuma-se dizer que, ele atribuídas pelas regras e princípios do ordenamento jurídico, fi-
ao contrário do direito privado, em que a forma dos atos jurídicos nalidades essas que não podem ser o puro e simples benefício ou
é em princípio livre, no Direito Administrativo as formas são sem- prejuízo individual de quem quer que seja. Isso não ilide, no entan-
to, as muitas vezes em que interesses individuais são coincidentes
pre estabelecidas em lei, sendo via de regra estabelecida a forma
com o interesse público (ex.: fomento a empresa em região pobre,
escrita.
prestação de serviços gratuitos a pessoas carentes).
As concepções anglo-saxônicas e europeias do interesse públi-
A assertiva deve ser vista de forma relativa. Nem sempre é
co são distintas. Enquanto nos EUA e no Reino Unido o interesse
fixada expressamente a forma escrita dos atos administrativos. A
público é considerado como intrinsecamente ligado aos interesses
cogência da forma escrita se dá mais em decorrência dos mecanis-
individuais, sendo próximo ao que resultaria de uma soma dos in-
mos de controle, publicidade e processualização da Administração
teresses individuais (satisfação dos indivíduos = satisfação do in-
Pública do que de dispositivos legais expressos específicos.
teresse público), nos Estados de raiz germânico-latina o interesse
A Lei do Processo Administrativo Federal, em decorrência de
público é tendencialmente considerado superior à soma dos inte-
todos os princípios do Estado Democrático de Direito acima men- resses individuais, sendo maior e mais perene que a soma deles,
cionados, fixa a forma escrita como a regra dos atos administrativos razão pela qual é protegido e perseguido pelo Estado, constituindo
(art. 22, § 1º), mas, fora essa exigência, outras formalidades só po- o fundamento de um regime jurídico próprio, distinto do que rege
dem ser impostas se a lei assim o exigir (art. 22, caput). as relações entre os particulares.
Vige, portanto, de toda sorte, a regra de que os atos adminis- Há alguns termos que, às vezes, vêm mencionados como sinô-
trativos devem ter forma escrita; as exceções a ela é que devem ser nimos de “interesse público”; outras vezes, a sinonímia é parcial,
previstas em lei ou ser um meio inafastável para a consecução de porque possuem peculiaridades. Assim, “interesse coletivo” pode
objetivos públicos. Por exemplo, ainda que não haja lei admitindo significar o interesse de um grupo de indivíduos ligados por um
a forma oral, a requisição de um automóvel particular por um poli- substrato jurídico comum (por exemplo, os membros de determina-
cial para poder perseguir um fugitivo pode ser feita oralmente, pelo da categoria profissional); “interesse social”, quando não é tratado
menos nesse primeiro e premente momento. como sinônimo de “interesse público”, aparece como o interesse da
Salvo esses casos excepcionais, como os de extrema urgência satisfação de setores menos favorecidos da população, a exemplo
e os de transitoriedade do comando (apito do guarda de trânsito, do que se dá em matéria de desapropriação por interesse social,
ordem verbal simples do superior ao inferior hierárquico), os atos destinada, principalmente, a atender a necessidades de habitação
administrativos devem sempre ter forma escrita, não se admitindo e trabalho (art. 2º, I, Lei n. 4.132/62).
a forma verbal ou por meio de sinais sonoros ou luminosos. Os atos Dentro do conceito de interesse público, RENATO ALESSI o dis-
verbais são mais difíceis de serem documentados e, consequente- tingue em interesse público secundário, também chamado de inte-
mente, controlados. resse público das pessoas estatais, referente à satisfação das neces-
Além disso, o prévio conhecimento da forma escrita faz com sidades do próprio aparelho estatal (por exemplo, o interesse públi-
que os administrados possam estar atentos para uma eventual vio- co na arrecadação); e em interesse público primário, de satisfação
lação de seus direitos ou dos interesses da coletividade com um da sociedade (assim, o funcionamento de um hospital público, a
todo, através, por exemplo, da leitura dos atos administrativos pu- apreensão de mercadorias fora do prazo de validade etc.).
blicados na imprensa oficial. Quando se fala no elemento finalidade do ato administrativo,
não se pode deixar de mencionar a chamada Teoria do Desvio de
Poder ou Desvio de Finalidade, de origens francesas (détournement

6
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
de pouvoir): todo ato administrativo deve atender à finalidade ex- O ato administrativo, embora possua esse nome, não precisa
pressa ou implícita na norma atributiva da competência, e, caso obrigatoriamente estar ligado, sob o ponto de vista material, com
não a atenda, estar-se-á diante do vício conhecido como desvio de uma pessoa administrativa ou com uma determinada entidade ad-
poder, que ocorre não apenas quando o ato não visa a qualquer ministrativa. Não é necessário ser entidade administrativa para po-
interesse público – no exemplo clássico da desapropriação para dem editar atos administrativos. Exemplo clássico: Atos praticados
prejudicar um inimigo político –, mas, também, nos casos em que por uma concessionária durante a prestação de um serviço delega-
a lei fixa determinada finalidade pública a ser atingida e o ato visa do pelo Poder Público. Esses são atos relacionados com o serviço
à outra, ainda que ambas sejam “de interesse público” (ex.: se a público, que é uma atividade administrativa, logo, materialmente,
norma legal dispõe que os estabelecimentos comerciais podem ser estes atos serão administrativos.
fechados por razões sanitárias, a Administração Pública não poderá O STJ reconhece de maneira pacífica a possibilidade de impe-
fechá-los em razão do não pagamento de tributos). tração de mandado de segurança contra ato de concessionária de
Em termos processuais, devido à dificuldade de comprovação serviço publico que determina de maneira ilegal o corte de serviço
do desvio de poder, por ser predominantemente uma questão sub- público ao usuário, sendo tal ato reconhecido como um ato mate-
jetiva interna ao administrador público que praticou o ato, tendesse rialmente administrativo, pois foi editado no exercício da função ad-
a aceitar indícios de sua ocorrência, desde que sólidos. ministrativa, apesar de a concessionária não integrar formalmente
a estrutura administrativa, tendo em vista que é pessoa jurídica de
Motivo direito privado.
Os motivos constituem as circunstâncias de fato e de direito Quando falamos em fato, nos referimos a acontecimentos que
que determinam ou autorizam a prática do ato administrativo, po- ocorrem no mundo jurídico onde vivemos.
dendo estar prévia e exaustivamente estabelecidas na lei ou não. Fato jurídico – é aquele que tem relevância para o Direito, ca-
No primeiro caso – de motivo dito vinculado – teríamos como paz de produzir efeitos na ordem jurídica, fazendo com que deles
exemplo as circunstâncias de fato que justificam a aposentadoria se originem e se extingam direitos. Exemplo: nascimento (inicio da
de servidor público, basicamente os anos de contribuição estabe- personalidade) e morte (extinção da personalidade).
lecidos pela CF; no segundo caso – motivos discricionários – há o Fato administrativo – o fato administrativo é um acontecimen-
exemplo do tombamento: a lei não define, e nem, aliás, teria como to que atinge a órbita do direito administrativo, no exercício das
definir, exatamente todos os requisitos para um bem ser considera- funções administrativas. Exemplo: Desapropriação de Bens. É uma
do de valor histórico, razão pela qual o motivo do ato administrativo noção mais abrange do que de fato jurídico.
de tombamento será a circunstância de aquele bem enquadrar-se
O Fato administrativo pode decorrer tanto por intermédio de
dentro do conceito indeterminado de “patrimônio histórico”, pos-
um ato administrativo ou de uma conduta administrativa. Os fatos
suindo a Administração alguma margem de liberdade no enquadra-
podem ser voluntários ou naturais. Os fatos voluntários se consu-
mento de alguns bens nesse conceito.
mam por intermédio de um ato administrativo ou por intermédio
A lei prevê que, diante de determinadas circunstâncias, de-
de uma conduta administrativa. Já os naturais são originários de
terminado ato administrativo será praticado. A circunstância (por
acontecimentos decorrentes da natureza.
exemplo, construção irregular) é o motivo do ato (no exemplo, da
Para Hely Lopes Meirelles fato administrativo é um aconteci-
ordem da sua demolição).
mento material, sendo uma consequência do ato administrativo.
Especial atenção merece a “Teoria dos Motivos Determinan- Ex.: desapropriação indireta, que não segue o devido processo le-
tes”: Ainda que o motivo não esteja expressamente consignado na gal, por não ter o Poder Público expedido decreto expropriatório,
lei em todos os seus aspectos, havendo, então, discricionariedade é um fato administrativo que não foi precedido por um ato formal
da Administração Pública em elegê-lo, fato é que, depois de sua ex- administrativo.
plicitação/motivação, a veracidade do motivo passa a ser condição
de validade do ato administrativo, ainda que outro motivo pudesse Para aqueles que outrora sustentavam que os atos discricioná-
ter sido originariamente invocado para fundamentar o ato. rios não precisariam ser motivados, a Administração Pública nem
Segundo essa teoria, o motivo do ato administrativo deve sem- precisaria indicar os seus motivos, mas, ao fazê-lo, ficaria vincula-
pre guardar compatibilidade com a situação de fato que gerou a da à existência daqueles motivos que apresentou. Hoje, contudo,
manifestação de vontade. Assim sendo, se o interessado comprovar essa assertiva deve ser atualizada, pois não é mais cabível falar que
que inexiste a realidade fática mencionada no ato como determi- é opção da Administração motivar ou não os atos discricionários.
nante da vontade, estará ele irremediavelmente inquinado de vício A Administração Pública é sempre obrigada a motivar, e, inclusive
de legalidade. É de ressaltar que sempre que o motivo for discricio- nos casos em que houver discricionariedade na escolha do motivo,
nário o objeto também será. esse, explicitado, deve realmente ser procedente.
Como já verificamos, o ato administrativo é uma manifestação Malgrado a regra da obrigatoriedade da motivação, os atos de
de vontade unilateral da Administração Pública, ou de seus dele- mero expediente e ordinatórios, de feição exclusivamente interna,
gatários. O ato será considerado ato administrativo quando estiver sem qualquer conteúdo decisório – por exemplo, um despacho de
relacionado ao exercício de uma atividade administrativa, indepen- “junte-se aos autos a petição” –, e alguns atos que já têm sua mo-
dente de quem exerça a função. tivação autocompreensiva em sua própria expedição, não precisam
O ato administrativo é uma espécie de ato da administração, ser fundamentados. Essas exceções devem, contudo, ser sempre
entretanto, nem todos os atos editados pela administração pública vistas com cautela e apreciadas a cada caso.
são atos administrativos, tendo em vista que, a administração públi- Não se exigem requisitos formais excessivos para a motivação,
ca edita outros tipos de atos, como os atos privados, atos políticos, podendo a autoridade emitente do ato fazer remissão a outros atos
atos materiais, todos, espécies de atos da administração. Logo, po- administrativos, pareceres, laudos etc. O que se impõe, contudo, é
demos concluir que ato administrativo é a manifestação de vontade que a motivação seja clara, consistente, pertinente àquilo que se
unilateral da Administração Pública ou de seus delegatários, nesta está praticando (art. 50, § 1º, Lei do Processo Administrativo Fe-
condição, que pretende produzir efeitos jurídicos para atender o in- deral).
teresse público.

7
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Objeto (conteúdo) Diz-se que a discricionariedade só pode incidir sobre o motivo
É a mudança que o ato efetua no mundo jurídico – a criação, e sobre o objeto dos atos administrativos, e que a forma, a compe-
a modificação ou a extinção de direitos ou obrigações geradas pelo tência e a finalidade seriam elementos que sempre são vinculados,
ato (exemplo: no ato administrativo de exoneração de um servidor ou seja, a respeito dos quais a lei não deixa margem de apreciação à
seu objeto é a extinção da relação jurídico-funcional; na desapro- Administração Pública, assertiva doutrinária esta que, como vimos
priação, é a aquisição da propriedade pelo Estado; na permissão de acima ao tratar dos elementos dos atos administrativos, nem sem-
uso, é a criação do direito pessoal do particular de usar determina- pre é seguida pelo Legislador.
do bem público). Percebe-se a discricionariedade principalmente quando a lei se
Fazendo um paralelo com o elemento motivo do ato adminis- utiliza de conceitos jurídicos indeterminados para outorgar compe-
trativo, podemos dizer que o motivo são os pressupostos da inci- tência ao administrador público. Dentre as possíveis formas de se
dência da norma jurídica; enquanto o objeto são as consequências preencher aquele conteúdo legal de baixa densidade normativa, o
jurídicas dessa incidência (por exemplo, caso a Administração Públi- administrador o densificaria num exercício de discricionariedade,
ca identifique um bem de elevado valor histórico – motivo –, deve, por intermédio de um juízo de conveniência e de oportunidade.
através do ato administrativo do tombamento, estabelecer uma sé- Mas a matéria não é pacífica na doutrina. EROS ROBERTO GRAU,
rie de limitações ao direito de propriedade do seu titular – objeto). por exemplo, calcado na doutrina de EDUARDO GARCIA DE EN-
O objeto do ato administrativo (o que ele faz no universo jurí- TERRÍA, adota uma concepção mais restrita de discricionariedade,
dico) pode estar previsto na lei ou ela pode atribuir certo poder de limitando-a às hipóteses em que a lei efetivamente outorga à Admi-
escolha para a Administração Pública (ex.: para dar conta de uma nistração a prática de atos possivelmente distintos, sendo-lhe indi-
grande necessidade de educação pública em determinado Muni- ferente qual venha a ser adotado. Esses autores excluem, portanto,
cípio, a Administração Pública pode escolher em desapropriar um do conceito de discricionariedade a aplicação de conceitos jurídicos
terreno para construção de uma grande escola pública, o que oti- indeterminados, já que eles manteriam essa indeterminação ape-
mizaria os recursos financeiros e humanos a serem empregados, ou nas em tese: no momento da sua aplicação tais conceitos exigiriam
preferir desapropriar vários terrenos pequenos para construção de apenas uma única atitude por parte da Administração Pública, que
várias escolas, mais próximas dos seus usuários). seria a medida correta para o caso concreto.
Logo, para esses autores, não haveria a comumente identifi-
MÉRITO DO ATO ADMINISTRATIVO (DISCRICIONARIEDADE X cada proximidade entre conceitos jurídicos indeterminados e dis-
VINCULAÇÃO) cricionariedade administrativa, à conta de uma restrição da abran-
É clássica, porém em vias de superação, a diferença entre atos gência da discricionariedade, que só existiria quando a lei expres-
administrativos vinculados e atos administrativos discricionários: samente faculta vários possíveis atos para a Administração Pública
naqueles a lei não deixaria qualquer margem de escolha para o ad- (ex.: nomeação de desembargador entre os integrantes da lista
ministrador (por exemplo, aos setenta anos deve ser feita a apo- tríplice elaborada pelo Tribunal, caso em que o Chefe do Executivo
sentadoria compulsória do servidor – art. 40, § 1º, II, CF); ao passo tem três opções, todas elas lícitas), mas não nos casos em que essa
que nesses (os discricionários) a lei permitiria que o administrador possibilidade plural de atuação é depreendida apenas do uso pela
adotasse mais de uma medida, todas elas legítimas (por exemplo, lei de conceitos indeterminados (ex.: urgência). EROS ROBERTO
abrir ou não licitação nos casos de dispensa por baixo valor do con- GRAU chega a observar que todo conceito sempre é de alguma ma-
trato – art. 24, I e II, Lei n. 8.666/93). neira indeterminado, e que conceitos indeterminados são usados
em todos os ramos do Direito (ex.: “melhor interesse da criança”),
Esse âmbito de escolha do administrador deixado pela lei, âm- mas só revestindo esse manto de poder livremente franqueado e
bito naturalmente limitado, recebe tradicionalmente o nome de não sujeito ao controle jurisdicional no Direito Administrativo.
“mérito administrativo”; e o critério pelo qual o administrador re-
aliza a sua escolha entre o leque de opções a ele franqueado pelo CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO discorda dessa posição,
legislador é chamado “juízo de conveniência e oportunidade”. afirmando que todo conceito indeterminado gera três zonas de in-
De forma sucinta, podemos afirmar que o mérito administra- cidência: “zona de certeza positiva”, em que se tem certeza que a
tivo expressa no caso concreto o juízo de conveniência e a oportu- opção administrativa está incluída entre as opções legais; “zona de
nidade, concedidos à Administração Pública pelo ordenamento ju- certeza negativa”, em que a medida pretendida pela Administração
rídico consistente na possibilidade de escolha entre várias opções, Pública está evidentemente fora das possibilidades abertas pela
todas elas lícitas. lei; e “zona cinzenta”, âmbito no qual são plausíveis várias decisões
Discricionariedade administrativa seria, assim, a margem de para dar cumprimento ao conceito jurídico vago ou indeterminado.
escolha deixada pela lei ao juízo do administrador público para que, Para o autor, com quem concordamos, a discricionariedade estaria
na busca da realização dos objetivos legais, opte, entre as opções presente apenas nessa zona, apenas na escolha entre essas opções
juridicamente legítimas, pela medida que, naquela realidade con- razoáveis, todas elas podendo ser consideradas aplicativas do con-
creta, entender mais conveniente. ceito legal indeterminado.
Trata-se da escolha entre indiferentes jurídicos, entre várias Ou seja: afastadas as opções evidentemente contrárias e as
medidas admitidas pelo Legislador, para quem é indiferente a op- evidentemente concretizadoras da vontade legal, é, justamente no
ção por uma ou outra delas. espaço intermediário entre esses dois extremos, que a Administra-
A discricionariedade, que já foi chamada de “cavalo de Troia no ção Pública exerce sua discricionariedade, preenchendo, no caso
Princípio da Legalidade”, advém da impossibilidade de o Legislador concreto, o conteúdo dos conceitos indeterminados, aí incluídos,
prever de antemão todas as soluções que melhor atenderão o in- além dos conceitos jurídicos indeterminados (ex.: valor histórico),
teresse público, razão pela qual, nesses casos, decide deixar certa os conceitos ditos de experiência (alto, magro, barulho, pudor etc.)
margem de apreciação à Administração Pública na lida diária com e os conceitos técnicos (ex.: medidas para evitar o sobrecarrega-
as necessidades públicas. mento das redes de transmissão de energia elétrica).

8
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Tema muito importante no estudo da discricionariedade é o de Este atributo também vem sofrendo algumas modificações. Em
seu controle judicial. De um conceito de liberdade administrativa alguns casos, a Administração Pública, num esforço de legitimação
absolutamente insuscetível de apreciação judicial, a discricionarie- de seus atos, mesmo que não precise para a validade do ato, pode
dade administrativa vem sendo objeto de uma construção jurispru- ouvir os administrados e buscar a sua concordância. A consensuali-
dencial e doutrinária fixadora de limites ao seu exercício. dade não exclui a imperatividade, que com ela coexiste em estado
Nesse percurso de progressivo aprimoramento dos fundamen- de latência. Além disso, há atos em que o interesse é predominan-
tos teóricos e dos métodos de controle, utilizou-se, num primeiro temente dos administrados (por exemplo: a autorização de uso de
momento, a Teoria do Desvio de Poder, a ideia do necessário aten- um bem público, ato unilateral e, em princípio, precário, por meio
dimento às finalidades da outorga da competência discricionária, do qual a Administração Pública cede o uso privativo de um bem
e, ainda, a necessidade de motivação dos atos discricionários. Pos- seu a um particular por solicitação voluntária deste). Há ainda os
teriormente, principalmente por meio das lições de MASSIMO SE- permissivos legais de terminação pacífica de conflitos entre o Es-
VERO GIANNINI, passou-se a entender a discricionariedade como o tado e particulares (ex.: termos de ajustamento de conduta etc.).
dever da Administração Pública de ponderar os diversos interesses - Autoexecutoriedade: É a possibilidade de atos administrati-
privados e públicos envolvidos no caso concreto. vos serem passíveis de execução direta pela própria Administração
Contemporaneamente vem assumindo bastante destaque a Pública, independentemente de qualquer ordem judicial. Exem-
função dos princípios do Direito Público e do Direito Administrativo plos clássicos do uso desse atributo são os atos administrativos de
(proporcionalidade, moralidade, eficiência etc.) como limitadores e apreensão de mercadorias ou de armas, de demolição de prédios,
condicionadores do exercício de qualquer competência discricioná- o reboque de veículos estacionados irregularmente etc. Apesar de
ria. a doutrina francesa, que o concebeu, referir-se a ele como um “pri-
Por fim, vale destacar uma observação que, afinal, parecerá ób- vilège du préalable”, não se trata de um privilégio ou de algo com
via: não há, a rigor, atos inteiramente discricionários ou vinculados, caráter excepcional, já que seria uma característica ordinária do
vez que muito dificilmente todos os elementos do ato administra- Direito Administrativo. Só não haverá a possibilidade de autoexe-
tivo serão discricionários ou todos serão vinculados. E, mesmo em cutoriedade quando a lei, de modo explícito ou implícito, vedá-la.
relação aos elementos que forem discricionários, eles haverão de Salvo casos de eminente risco para a segurança ou para a saúde
atender aos princípios do Ordenamento Jurídico e aos ditames da pública, em que a oitiva da particular pode se dar posteriormente,
juridicidade: discricionariedade não significa, em hipótese alguma, o exercício da autoexecutoriedade deverá respeitar o direito cons-
arbitrariedade. Sendo assim, há certa artificialidade em uma sepa- titucionalmente assegurado ao prévio contraditório e ampla defesa
ração estanque entre ato administrativo vinculado e discricionário. (art. 5º, LIV e LV, CF).
O que existe na verdade são graus de vinculação.
Voltaremos ao tema ao tratarmos das possibilidades e limites
CLASSIFICAÇÃO
do controle do Poder Judiciário sobre a Administração Pública, no
Buscaremos, aqui, longe de repassar todas as possibilidades
penúltimo capítulo, ao qual cabe a remissão.
classificatórias dos atos administrativos, ordená-los, de forma sim-
ples, no que possuem de mais essencial. Escolhemos, para isso,
ATRIBUTOS
quatro critérios classificatórios: quanto à situação jurídica gerada,
Os atributos dos atos administrativos os revestem de supre-
quanto à vontade formadora, quanto à exequibilidade e quanto ao
macia estatal, o que os distingue dos atos privados praticados pela
âmbito de sua repercussão.
Administração Pública. Relembremos, aqui, alguns conceitos que já
estudamos, de modo mais aprofundado, no Capítulo relativo aos
princípios de nossa disciplina. Quanto à situação jurídica gerada
- Presunção de Legitimidade: Como a Administração está obri- Quanto à situação jurídica por eles gerada, os atos administrati-
gada a fazer apenas o que está previsto ou genericamente autori- vos podem ser normativos ou concretos. Os primeiros não possuem
zado na lei, presume-se, de modo relativo, que seus atos são legí- destinatários determinados, configurando normas gerais e abstra-
timos, tanto em relação aos fatos quanto em relação às razões ju- tas; por isso, não são, em si, invalidáveis judicialmente, salvo em
rídicas que os motivaram. De modo bastante exemplificativo desse controle de constitucionalidade. O que pode ser impugnado judi-
atributivo, o art. 19, II, da CF estabelece que um ente político não cialmente são os atos administrativos concretos deles decorrentes.
pode recusar fé aos documentos públicos dos demais entes. Assim, uma portaria que estabeleça os critérios de promoção dos
As consequências práticas da presunção de legitimidade são servidores disciplinará como as progressões funcionais serão feitas
duas. Em primeiro lugar, os atos administrativos podem ser ime- em cada concreto. No entanto, se a portaria contiver algum critério
diatamente executados (autoexecutoriedade). Além disso, o ônus de promoção ilegal, o servidor prejudicado não poderá impugná-la
da prova da ilegalidade do ato cabe a quem alega (presunção rela- diretamente, mas apenas o ato administrativo concreto que lhe deu
tiva). Ou seja, não é a Administração que tem de provar que o ato é cumprimento.
legal ou que os fatos por ela invocados realmente ocorreram, sem Os atos administrativos normativos são revogáveis, por serem
embargo das críticas com as quais concordamos a uma aplicação expressão da discricionariedade e por serem normas em sentido
exageradamente ampla desse atributo, que deve ser vista à luz das próprio, ou seja, não geram direito à sua permanência no ordena-
exigências do devido processo legal. mento jurídico. Da mesma forma que ninguém possui direito ad-
- Imperatividade: É o atributo pelo qual a Administração Pú- quirido a regime jurídico ou à continuidade legislativa, também
blica pode impor seus atos a terceiros sem a prévia anuência des- não se pode pretender que os atos administrativos normativos não
tes. Ou seja, seus atos são coercitivos. Ao contrário das relações possam ser revogados ou alterados. A revogação, no entanto, de-
privadas, em que via de regra as obrigações extraem sua força de verá respeitar os direitos adquiridos e confianças legítimas geradas
acordos de vontades, sendo apenas protegidas pela lei, no Direito durante a vigência do ato.
Administrativo, por decorrerem diretamente da lei, os atos adminis-
trativos criam obrigações independentemente da vontade de seus
destinatários.

9
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Os atos concretos, também chamados de individuais ou de HELY LOPES MEIRELLES acreditava que, no Direito Administra-
especiais, possuem, ao revés, destinatários certos, fazendo nas- tivo, não há diferença prática entre a inexistência e a invalidade do
cer uma situação jurídica particular, gerando encargos ou criando, ato administrativo, já que ambos não produziriam qualquer efeito.
diretamente, direitos e deveres que ingressam na esfera jurídica Mas, com a evolução doutrinária e legislativa do Direito Adminis-
de seus destinatários (exemplos: a desapropriação de um bem, a trativo, adotando posição menos rigorosa em relação aos efeitos ex
nomeação de um servidor, a concessão de licenças etc.). Por isso, tunc da nulidade dos atos administrativos, a diferença entre os atos
sempre podem ser atacados em Juízo e, caso produzam direitos que inexistentes e os atos nulos passou a ser muito importante, porque
hajam sido regularmente adquiridos, não podem ser revogados. esses em tese admitem a convalidação (também chamada de sana-
Observe-se que a simples existência de uma pluralidade de su- tória), que é o aproveitamento do ato inválido, porém existente, ao
jeitos atingidos pelo ato administrativo não o torna um ato norma- passo que não se pode sanar o que nem existe.
tivo, desde que todos esses sujeitos sejam determinados. Dessa for- Por sua vez, os atos administrativos eficazes são aqueles que
ma, o ato de desapropriação de todos os imóveis de uma rua para estão aptos a produzir efeitos por não estarem sujeitos a prazo,
a construção de uma escola municipal não é ato normativo pelo condição suspensiva, publicação ou ato controlador de outra au-
simples fato de atingir vários proprietários, os quais restam absolu- toridade.
tamente determinados e identificáveis, sendo um ato concreto plú- Em regra, o ato administrativo terá eficácia imediata, a partir
rimo, que, concretamente, atinge uma pluralidade de destinatários. do momento em que for editado, ou posterior – por exemplo, trinta
dias após a sua publicação. Mas a retroatividade dos atos adminis-
Quanto à vontade formadora trativos é, em princípio, vedada, só comportando exceções forte-
Segundo o critério da vontade formadora, os atos administrati- mente esteadas em princípios da Administração Pública como os
vos podem ser simples, complexos ou compostos. da legalidade, da continuidade do serviço público e da segurança
O ato administrativo simples é aquele que resulta da manifes- jurídica. ODETE MEDUAR indicou, com base nesses princípios, os
tação da vontade de um único órgão, seja ele unipessoal ou cole- seguintes atos administrativos retroativos: invalidação de outro ato
giado. Assim, decisões tomadas por um Conselho, ou o decreto de administrativo, reintegração (retorno do servidor ao serviço público
promoção de servidor. O que importa é a vontade unitária (não de em razão da nulidade do seu desligamento) e a nomeação ou de-
agente público, mas de órgão) que lhe dá origem. signação de servidor com efeitos retroativos à data em que efetiva-
Já o ato complexo é formado pela conjugação da vontade de mente começou a trabalhar para o Estado.
mais de um órgão para a prática de um ato administrativo formal As três qualificações (ato existente/perfeito, válido e eficaz) po-
e materialmente único. Um exemplo seria o Decreto assinado pelo dem ser combinadas entre si.
Chefe do Poder Executivo e pelos Ministros de Estado das áreas re- Podemos ter atos administrativos perfeitos, inválidos e efica-
lacionadas ao seu conteúdo. zes (uma exoneração de servidora pública ocupante de cargo em
Por fim, o ato administrativo composto é o que resulta da von- comissão, expressamente fundamentada em sua orientação sexual,
tade de apenas um órgão, mas que depende do controle prévio pode ser tida por inconstitucional, mas, pelo menos no primeiro
(anuência prévia) ou posterior (homologação) de outra autoridade momento, possui todos os elementos e produz efeitos imediata-
pública para ser exequível. O ato acessório pode ser pressuposto mente), atos administrativos perfeitos, inválidos e ineficazes (no
do ato principal (por exemplo, a prévia aprovação, pelo Senado, da caso anterior, se a exoneração só produzisse efeitos a partir do mês
nomeação do Procurador-Geral da República – art. 84, XIV, CF) ou seguinte), ou atos administrativos perfeitos, válidos e ineficazes
posterior ao ato principal (por exemplo, a ratificação, pela autorida- (uma cessão de servidor, dentro da lei, entre duas entidades esta-
de superior, da dispensa de licitação). duais, que só produzirá efeitos a partir do início do próximo mês por
Ao contrário dos atos administrativos complexos, nos atos ter sido sujeita a um prazo).
compostos não há apenas um ato, mas dois, um principal (que con-
tém o seu conteúdo), e outro, acessório (ato anterior ou posterior Quanto ao âmbito de repercussão
que controla o ato principal). Essa classificação focaliza o espectro de produção de efeitos do
A diferença entre o ato composto e o procedimento adminis- ato, se internos ou externos à Administração Pública. Os atos admi-
trativo não é fácil; há mesmo quem (como CELSO ANTÔNIO BAN- nistrativos externos visam à produção de efeitos exógenos à Admi-
DEIRA DE MELLO) não os distinga. Naquele temos um ato acessório nistração Pública, ou seja, sobre os particulares (por exemplo, um
e um ato principal, enquanto, neste, há vários atos acessórios e um decreto expropriatório). Já os atos administrativos internos objeti-
ato principal-final, sendo que, nas duas hipóteses, a invalidação vam a produção de efeitos jurídicos apenas no interior da máquina
do(s) acessório(s) invalida o principal. administrativa (assim, uma portaria de organização dos serviços de
determinada repartição).
Quanto à exequibilidade Os atos internos teriam como escopo apenas a organização in-
Atos administrativos perfeitos são os que possuem todos os terna da Administração e a orientação dos seus servidores, ainda
cinco elementos da sua formação: o ato existe. Os atos que não que, na prática, possam produzir importantes efeitos reflexos nos
possuem todos os elementos constitutivos são inexistentes, nem direitos e interesses dos cidadãos, razão pela qual autores há que
chegando a se aperfeiçoar como atos administrativos. Um exemplo refutam essa classificação. Para ficarmos num exemplo simples,
de ato administrativo inexistente seria aquele praticado por quem uma alteração de competências numa Secretaria de Estado, concre-
nem a aparência de servidor possui. tizada por Decreto do Governador, pode alterar a autoridade impe-
Já os atos válidos são aqueles que, além de todos os seus ele- trada num mandado de segurança.
mentos estarem presentes – já eram, portanto, atos administrati- Para a conceituação das espécies de Atos Administrativos ire-
vos perfeitos/existentes –, também se encontram em conformidade mos utilizar trechos da obra da mestre Maria Sylvia Zanella Di Pietro
com a lei e com a Constituição, sendo, portanto, além de perfeitos, que os divide em duas categorias: quanto ao conteúdo e quanto à
válidos (agente competente, forma legal, objeto e motivo legal e forma de que se revestem, conforme segue:
finalidade pública legal).

10
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
São do primeiro tipo a autorização, a licença, a admissão, a de serviço prestado ao público, porque o serviço é prestado no inte-
permissão (como atos administrativos negociais); a aprovação e a resse exclusivo do autorizatário. A partir da 18ª edição, esse enten-
homologação (que são atos de controle); o parecer e o visto (que dimento foi reformulado. Os chamados serviços públicos autoriza-
são atos enunciativos) . Os conceitos que serão adotados corres- dos, previstos no artigo 21, XI e XII, da Constituição Federal, são de
pondem àqueles tradicionalmente aceitos no âmbito do direito bra- titularidade da União, podendo ou não ser delegados ao particular,
sileiro (lei, doutrina e jurisprudência); porém, é bom que se tenha por decisão discricionária do poder público; e essa delegação pode
presente que muitas vezes os vocábulos são utilizados sem muita ser para atendimento de necessidades coletivas, com prestação a
precisão conceitual, como ocorre, especialmente, com a autoriza- terceiros (casos da concessão e da permissão), ou para execução
ção, a permissão e a licença, nem sempre empregadas com as ca- no próprio benefício do autorizatário, o que não deixa de ser tam-
racterísticas que serão apontadas. Por exemplo, a autorização nem bém de interesse público. A essa conclusão chega-se facilmente
sempre é precária; às vezes, é outorgada com características que a pela comparação entre os serviços de telecomunicações, energia
aproximam das relações contratuais; a licença nem sempre é refe- elétrica, navegação aérea e outros referidos no artigo 21, XI e XII,
rida como ato vinculado; a permissão ora é tratada como contrato, com os serviços não exclusivos do Estado, como educação e saúde.
ora como ato unilateral, com ou sem precariedade. É do direito po- Estes últimos, quando prestados pelo Estado, são serviços públicos
sitivo que se tem que tirar as respectivas características em cada próprios; quando prestados por particular, são serviços públicos im-
caso. No entanto, o uso indevido dos vocábulos no direito positivo próprios, porque abertos à iniciativa privada por força da própria
não impede que se apontem as características dos institutos no âm- Constituição; no primeiro caso, existe autorização de serviço públi-
bito doutrinário, como se fará a seguir. co; no segundo, existe autorização como ato de polícia.
No segundo grupo serão analisados o decreto, a portaria, a re-
solução, a circular, o despacho e o alvará. Pode-se, portanto, definir a autorização administrativa, em
sentido amplo, como o ato administrativo unilateral, discricionário
Quanto ao Conteúdo: e precário pelo qual a Administração faculta ao particular o uso de
bem público (autorização de uso), ou a prestação de serviço públi-
- AUTORIZAÇÃO co (autorização de serviço público), ou o desempenho de atividade
No direito brasileiro, a autorização administrativa tem várias material, ou a prática de ato que, sem esse consentimento, seriam
acepções: legalmente proibidos (autorização como ato de polícia).
1. Num primeiro sentido, designa o ato unilateral e discricioná- A Lei Geral de Telecomunicações (Lei nº 9.472, de 16-7-97), no
rio pelo qual a Administração faculta ao particular o desempenho artigo 131, §1º, define a “autorização de serviço de telecomunica-
de atividade material ou a prática de ato que, sem esse consenti- ções” como “ato administrativo vinculado que faculta a exploração,
mento, seriam legalmente proibidos. no regime privado, de modalidade de serviço de telecomunicações,
Exemplo dessa hipótese encontra-se na Constituição Federal, quando preenchidas as condições objetivas e subjetivas necessá-
quando atribui à União competência para autorizar e fiscalizar a rias”.
produção e o comércio de material bélico (art. 21, VI) e para autori- No entanto, esse emprego do vocábulo, utilizado para dar a im-
zar a pesquisa e lavra de recursos naturais (art. 176, §§1º, 3º e 4º); pressão de que a lei se afeiçoa aos termos do artigo 21, XI, da Cons-
outro exemplo é o da autorização para porte de arma, que a Lei das tituição (que fala em concessão, permissão e autorização) não está
Contravenções Penais (Decreto-lei nº 3. 688, de 3-10-41) denomina corretamente utilizado, não se amoldando ao conceito doutrinário.
impropriamente de licença (art. 19). O uso indevido do vocábulo não justifica a alteração do conceito.
Nesse sentido, a autorização abrange todas as hipóteses em
que o exercício de atividade ou a prática de ato são vedados por Na Constituição Federal ainda se emprega o vocábulo no senti-
lei ao particular, por razões de interesse público concernentes à do de consentimento de um poder a outro para a prática de deter-
segurança, à saúde, à economia ou outros motivos concernentes minado ato; é o caso previsto no artigo 49, II e III, que dá competên-
à tutela do bem comum. Contudo, fica reservada à Administração cia ao Congresso Nacional para autorizar o Presidente da República
a faculdade de, com base no poder de polícia do Estado, afastar a a declarar a guerra e a fazer a paz; permitir que forças estrangeiras
proibição em determinados casos concretos, quando entender que transitem pelo Território Nacional ou nele permaneçam tempora-
o desempenho da atividade ou a prática do ato não se apresenta riamente e para autorizar o Presidente e o Vice-presidente da Re-
nocivo ao interesse da coletividade. pública a se ausentarem do País.
Precisamente por estar condicionada à compatibilidade com o
interesse público que se tem em vista proteger, a autorização pode No artigo 52, V, é estabelecida a competência do Senado para
ser revogada a qualquer momento, desde que essa compatibilidade autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse
deixe de existir. da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Mu-
nicípios. Tais autorizações podem ser consideradas atos administra-
2. Na segunda acepção, autorização é o ato unilateral e discri- tivos em sentido material (quanto ao conteúdo), pois equivalem,
cionário pelo qual o Poder Público faculta ao particular o uso pri- também, a um consentimento manifestado por um Poder a outro
vativo de bem público, a título precário. Trata-se da autorização de para a prática de ato que não seria válido sem essa formalidade.
uso. Sob o aspecto formal, não se trata de ato administrativo, mas de ato
3. Na terceira acepção autorização é o ato administrativo unila- legislativo, que se edita sob a forma de decretos legislativos ou de
teral e discricionário pelo qual o Poder Público delega ao particular resoluções. O próprio fundamento é diverso.
a exploração de serviço público, a título precário. Trata-se da auto-
rização de serviço público. Esta hipótese está referida, ao lado da A autorização administrativa baseia-se no poder de polícia do
concessão e da permissão, como modalidade de delegação de ser- Estado sobre a atividade privada; a autorização legislativa, nos ca-
viço público de competência da União. Até a 17ª edição, vínhamos sos mencionados, é modalidade de controle do Legislativo sobre os
entendendo que a autorização não existe como forma de delegação atos do Executivo.

11
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
- LICENÇA O artigo 52 exige aprovação prévia do Senado para a escolha
Licença é o ato administrativo unilateral e vinculado pelo qual de Magistrados, Ministros do Tribunal de Contas, Governador do
a Administração faculta àquele que preencha os requisitos legais o Território etc. (inciso III), para a escolha dos chefes de missão di-
exercício de uma atividade. plomática de caráter permanente (inciso IV), para a exoneração,
A diferença entre licença e autorização, acentua Cretella Jú- de ofício, do Procurador-geral da República (inciso XI); o artigo 49
nior, é nítida, porque o segundo desses institutos envolve interesse, atribui ao Congresso Nacional competência para aprovar o estado
“caracterizando-se como ato discricionário, ao passo que a licença de defesa e a intervenção federal (inciso IV), aprovar iniciativas do
envolve direitos, caracterizando-se como ato vinculado” (in RT 486/ Poder Executivo referentes a atividades nucleares (inciso XIV), apro-
18). Na autorização, o Poder Público aprecia, discricionariamente, a var, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com
pretensão do particular em face do interesse público, para outorgar área superior a 2.500 ha (inciso XVII).
ou não a autorização, como ocorre no caso de consentimento para Em todos esses casos, a aprovação constitui, quanto ao conte-
porte de arma; na licença, cabe à autoridade tão somente verificar, údo, típico ato administrativo (de controle), embora formalmente
em cada caso concreto, se foram preenchidos os requisitos legais integre os atos legislativos (resoluções ou decretos legislativos) pre-
exigidos para determinada outorga administrativa e, em caso afir- vistos no artigo 59, VI e VII, da Constituição.
mativo, expedir o ato, sem possibilidade de recusa; é o que se ve-
rifica na licença para construir e para dirigir veículos automotores. - HOMOLOGAÇÃO
A autorização é ato constitutivo e a licença é ato declaratório Homologação é o ato unilateral e vinculado pelo qual a Admi-
de direito preexistente. nistração Pública reconhece a legalidade de um ato jurídico. Ela se
realiza sempre a posteriori e examina apenas o aspecto de legalida-
- ADMISSÃO de, no que se distingue da aprovação.
Admissão é o ato unilateral e vinculado pelo qual a Adminis- É o caso do ato da autoridade que homologa o procedimento
tração reconhece ao particular, que preencha os requisitos legais, o da licitação (art.43, VI, da Lei nº 8.666 de 2 1-6-93).
direito à prestação de um serviço público.
É ato vinculado, tendo em vista que os requisitos para outorga
- PARECER
da prestação administrativa são previamente definidos, de modo
Parecer é o ato pelo qual os órgãos consultivos da Adminis-
que todos os que os satisfaçam tenham direito de obter o benefício.
tração emitem opinião sobre assuntos técnicos ou jurídicos de sua
São exemplos a admissão nas escolas públicas, nos hospitais,
nos estabelecimentos de assistência social. competência.
Segundo Oswaldo Aranha Bandeira de Mello (2007: 583), o pa-
- PERMISSÃO recer pode ser facultativo, obrigatório e vinculante.
Permissão, em sentido amplo, designa o ato administrativo O parecer é facultativo quando fica a critério da Administração
unilateral, discricionário e precário, gratuito ou oneroso, pelo qual solicitá-lo ou não, além de não ser vinculante para quem o solicitou.
a Administração Pública faculta a particular à execução de serviço Se foi indicado como fundamento da decisão, passará a integrá-la,
público ou a utilização privativa de bem público. por corresponder à própria motivação do ato.
O seu objeto é a utilização privativa de bem público por parti- O parecer é obrigatório quando a lei o exige como pressuposto
cular ou a execução de serviço público. para a prática do ato final. A obrigatoriedade diz respeito à solici-
Contudo, há que se ter presente que o artigo 175, parágrafo tação do parecer (o que não lhe imprime caráter vinculante). Por
único, inciso I, da Constituição Federal permite a interpretação de exemplo, uma lei que exija parecer jurídico sobre todos os recursos
que tanto a concessão como a permissão de serviços públicos são encaminhados ao Chefe do Executivo; embora haja obrigatorieda-
contratos; e a Lei nº 8.987, de 13-2-95 (que regula as concessões e de de ser emitido o parecer sob pena de ilegalidade do ato final,
permissões de serviços públicos) faz referência à permissão como ele não perde o seu caráter opinativo. Mas a autoridade que não
contrato de adesão, com o traço da precariedade. Paralelamente, o acolher deverá motivar a sua decisão ou solicitar novo parecer,
algumas leis ainda falam em permissão de serviço público como devendo lembrar que a atividade de consultoria jurídica é privati-
ato administrativo e não como contrato; é o caso, por exemplo, do va de advogado, conforme artigo 1º, II, do Estatuto da OAB (Lei nº
artigo 118, parágrafo único, da Lei Geral de Telecomunicações (Lei 8.906, de 4-7-94). No âmbito da Administração Pública, a atividade
nº 9.472, de 26-12-96). Vale dizer que, pela legislação atualmente consultiva é privativa da Advocacia-Geral da União e das Procurado-
em vigor, a permissão de serviço público aparece ora como ato uni- rias dos Estados, conforme arts. 131 e 132 da Constituição Federal.
lateral, ora como contrato. Assim sendo, o conceito de permissão O parecer é vinculante quando a Administração é obrigada a
adotado neste item limita-se às hipóteses em que a permissão de solicitá-lo e a acatar a sua conclusão. Por exemplo, para conceder
serviço público constitui ato unilateral. aposentadoria por invalidez, a Administração tem que ouvir o órgão
médico oficial e não pode decidir em desconformidade com a sua
- APROVAÇÃO
decisão; é o caso também da manifestação prevista no artigo 38,
A aprovação é ato unilateral e discricionário pelo qual se exerce
parágrafo único, da Lei nº 8.666, de 21-6-93, que torna obrigató-
o controle a priori ou a posteriori do ato administrativo.
rio o exame e a aprovação das minutas de edital de licitação e dos
No controle a priori, equivale à autorização para a prática do
contratos por assessoria jurídica da Administração. Também neste
ato; no controle a posteriori equivale ao seu referendo (cf. Oswaldo
Aranha Bandeira de Mello, 2007:562). caso, se a autoridade tiver dúvida ou não concordar com o parecer,
É ato discricionário, porque o examina sob os aspectos de con- deverá pedir novo parecer.
veniência e oportunidade para o interesse público; por isso mesmo, Apesar do parecer ser, em regra, ato meramente opinativo, que
constitui condição de eficácia do ato. não produz efeitos jurídicos, o Supremo Tribunal Federal tem admi-
A Constituição Federal contém inúmeros exemplos de atos de- tido a responsabilização de consultores jurídicos quando o parecer
pendentes de aprovação, a maior parte deles constituindo modali- for vinculante para a autoridade administrativa, desde que proferi-
dades de controle político do Poder Legislativo sobre o Executivo e do com má-fé ou culpa. No mandado de segurança 24.631-DF, foi
sobre entidades da administração indireta. feita distinção entre três hipóteses de parecer: “ (i) quando a con-

12
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
sulta é facultativa, a autoridade não se vincula ao parecer proferido, Quanto a Forma:
sendo que seu poder de decisão não se altera pela manifestação do
órgão consultivo; (ii) quando a consulta é obrigatória, a autoridade - DECRETO
administrativa se vincula a emitir o ato tal como submetido à con- Decreto é a forma de que se revestem os atos individuais ou
sultoria, com parecer favorável ou contrário, e se pretender praticar gerais, emanados do Chefe do Poder Executivo (Presidente da Re-
o ato de forma diversa da apresentada à consultoria, deverá sub- pública, Governador e Prefeito). Ele pode conter, da mesma forma
metê-lo a novo parecer; (iii) quando a lei estabelece a obrigação de que a lei, regras gerais e abstratas que se dirigem a todas as pessoas
decidir à luz de parecer vinculante, essa manifestação de teor jurídi- que se encontram na mesma situação (decreto geral) ou pode diri-
co deixa de ser meramente opinativa e o administrador não poderá gir-se a pessoa ou grupo de pessoas determinadas. Nesse caso, ele
decidir senão nos termos da conclusão do parecer ou, então, não constitui decreto de efeito concreto (decreto individual); é o caso
decidir”. A conclusão do Relator foi no sentido de que “é abusiva de um decreto de desapropriação, de nomeação, de demissão.
a responsabilização do parecerista à luz de uma alargada relação Quando produz efeitos gerais, ele pode ser:
de causalidade entre seu parecer e o ato administrativo do qual 1. regulamentar ou de execução, quando expedido com base
tenha resultado dano ao erário. Salvo demonstração de culpa ou no artigo 84, IV, da Constituição, para fiel execução da lei;
erro grosseiro, submetida às instâncias administrativas disciplinares 2. independente ou autônomo, quando disciplina matéria não
ou jurisdicionais próprias, não cabe a responsabilidade do advoga- regulada em lei. A partir da Constituição de 1988, não há funda-
do público pelo conteúdo de seu parecer de natureza meramente mento para esse tipo de decreto no direito brasileiro, salvo nas hi-
opinativa” (MS-24.63 1/DF, julgamento em 9-8-07, Tribunal Pleno) . póteses previstas no artigo 84, VI, da Constituição, com a redação
dada pela Emenda Constitucional nº 32/01; assim mesmo, é uma
Na realidade, o parecer contém a motivação do ato a ser prati- independência bastante restrita porque as normas do decreto não
cado pela autoridade que o solicitou. Por isso mesmo, se acolhido, poderão implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de
passa a fazer parte integrante da decisão. Essa a razão pela qual órgãos públicos.
o Tribunal de Contas tem procurado responsabilizar os advogados
públicos que, com seu parecer, deram margem a decisão conside- O decreto só pode ser considerado ato administrativo propria-
rada ilegal. No entanto, essa responsabilização não pode ocorrer a mente dito quando tem efeito concreto. O decreto geral é ato nor-
não ser nos casos em que haja erro grosseiro, culpa grave, má-fé mativo, semelhante, quanto ao conteúdo e quanto aos efeitos, à lei.
por parte do consultor; ela não se justifica se o parecer estiver ade- Quando comparado à lei, que é ato normativo originário (por-
quadamente fundamentado; a simples diferença de opinião - muito que cria direito novo originário de órgão estatal dotado de compe-
comum na área jurídica - não pode justificar a responsabilização do tência própria derivada da Constituição), o decreto regulamentar é
consultor. Não é por outra razão que o parecer isoladamente não ato normativo derivado (porque não cria direito novo, mas apenas
produz qualquer efeito jurídico; em regra, ele é meramente opina- estabelece normas que permitam explicitar a forma de execução
tivo. da lei).
No caso do artigo 38, parágrafo único, da Lei nº 8.666, de 21-
6-93, a participação do órgão jurídico não é apenas na função de - RESOLUÇÃO E PORTARIA
consultoria, já que tem que examinar e aprovar as minutas de edital Resolução e portaria são formas de que se revestem os atos,
e de contrato. A aprovação, no caso, integra o próprio procedimen- gerais ou individuais, emanados de autoridades outras que não o
to e equivale a um ato de controle de legalidade e não de mérito; Chefe do Executivo.
trata-se de hipótese em que o parecer é obrigatório e vinculante. No Estado de São Paulo, a Lei nº 10.177, de 30-12-98, que re-
É comum, no âmbito da Administração Pública, fazer-se re- gula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública
ferência a parecer normativo. Na realidade, o parecer não possui Estadual, estabelece uma distinção, quanto ao aspecto formal, en-
efeito normativo, por si mesmo; porém, muitas vezes, quando apro- tre os atos normativos do Poder Executivo.
vado pela autoridade competente prevista em lei, as conclusões do No artigo 12, diz que “são atos administrativos:
parecer tornam-se obrigatórias para outros órgãos ou entidades I - de competência privativa:
da Administração Pública. É o despacho dessa autoridade que dá a) do Governador do Estado, o Decreto;
efeito normativo ao parecer. O objetivo é garantir uniformidade b) dos Secretários de Estado, do Procurador Geral do Estado e
de orientação na esfera administrativa e até o de evitar consultas dos Reitores das Universidades, a Resolução;
repetitivas que exijam novas manifestações do órgão consultivo. O c) dos órgãos colegiados, a Deliberação;
parecer, aprovado por despacho com efeito normativo, favorece,
por isso mesmo, a própria economicidade processual. II - de competência comum:
a) a todas as autoridades, até o nível de Diretor de Serviço; às
- VISTO autoridades policiais; aos dirigentes das entidades descentraliza-
Visto é o ato administrativo unilateral pelo qual a autoridade das, bem como, quando estabelecido em norma legal específica, a
competente atesta a legitimidade formal de outro ato jurídico. Não outras autoridades administrativas, a Portaria;
significa concordância com o seu conteúdo, razão pela qual é inclu- b) a todas as autoridades ou agentes da Administração, os de-
ído entre os atos de conhecimento, que são meros atos adminis- mais atos administrativos, tais corno Ofícios, Ordens de Serviço,
trativos e não atos administrativos propriamente ditos, porque não Instruções e outros”.
encerram manifestações de vontade.
Exemplo de visto é o exigido para encaminhamento de reque- De acordo com essa norma, a diferença entre os vários tipos de
rimentos de servidores subordinados a autoridade de superior ins- atos está apenas na autoridade de que emanam, podendo uns e ou-
tância; a lei normalmente impõe o visto do chefe imediato, para fins tros ter conteúdo individual (punição, concessão de férias, dispen-
de conhecimento e controle formal, não equivalendo à concordân- sas), ou geral, neste último caso contendo normas emanadas em
cia ou deferimento de seu conteúdo. matérias de competência de cada urna das referidas autoridades.

13
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Não se confunde a resolução editada em sede administrati- Súmula 473, STF: A Administração pode anular seus próprios
va com a referida no artigo 59, VII, da Constituição Federal. Nes- atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles
se caso, ela equivale, sob o aspecto formal, à lei, já que emana do não se originam direitos; ou revogá-los,por motivo de conveniência
Poder Legislativo e se compreende no processo de elaboração das ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e ressalvados,
leis, previsto no artigo 59. Normalmente é utilizada para os atos de em todos os casos, a apreciação judicial.
competência exclusiva do Congresso Nacional, previstos nos artigo Lei n° 9.784/99: Art. 53. A Administração deve anular seus pró-
49 da Constituição, e para os d e competência privativa da Câmara prios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los
d o s Deputados (art. 51), e do Senado (art. 52), uns e outros equi- por motivo de conveniência e oportunidade, respeitados os direitos
valendo a atos de controle político do Legislativo sobre o Executivo. adquiridos.
Efeitos: Revogação: ex nunc (não retroage) – Anulação: ex tunc
- CIRCULAR (retroage)
Circular é o instrumento de que se valem as autoridades para
transmitir ordens internas uniformes a seus subordinados. - Cassação
A cassação pressupõe o descumprimento de obrigações fixadas
- DESPACHO no ato por seu destinatário ou beneficiário direto.
Despacho é o ato administrativo que contém decisão das au- Ex.
toridades administrativas sobre assunto de interesse individual ou - Obtém licença de funcionamento - Descumprem obrigação
coletivo submetido à sua apreciação. legal - Licença cassada
Quando, por meio do despacho, é aprovado parecer proferido
por órgão técnico sobre assunto de interesse geral, ele é chama- - Caducidade
do despacho normativo, porque se tornará obrigatório para toda a É consequência da nova legislação cujos efeitos sejam contrá-
Administração. Na realidade, esse despacho não cria direito novo, rios aos decorrentes do ato administrativo já exarado.
mas apenas estende a todos os que estão na mesma situação a so-
lução adotada para determinado caso concreto, diante do Direito - Contraposição
Positivo. É quando a extinção do ato administrativo é ordenada por novo
ato cujos efeitos são contrapostos ao primeiro.
- ALVARÁ
Alvará é o instrumento pelo qual a Administração Pública con- - Renúncia
fere licença ou autorização para a prática de ato ou exercício de É quando a extinção do ato administrativo decorre da manifes-
atividade sujeitos ao poder de polícia do Estado. Mais resumida- tação de vontade do próprio beneficiário do ato.
mente, o alvará é o instrumento da licença ou da autorização. Ele
é a forma, o revestimento exterior do ato; a licença e a autorização ART. 37 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
são o conteúdo do ato.

Extinção do Ato Administrativo CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE


Embora haja divergência doutrinária, podemos apontar sete 1988
formas de extinção do ato administrativo.
PREÂMBULO
- Exaurimento dos Efeitos
É a via normal de extinção dos atos administrativos. Ocorre Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assem-
pelo cumprimento dos efeitos almejados pelo agente público. bléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático,
Ex. destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais,
Necessidade de realizar concurso público - Realização de con- a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igual-
curso público - Fim do certame dade e a justiça como valores supremos de uma sociedade frater-
na, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e
- Revogação comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução
É a extinção do ato administrativo motivada pela apuração da pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus,
conveniência e oportunidade do gestor estatal, não sendo mais a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
aquele assunto de interesse para a Administração Pública.
Súmula 473, STF: A Administração pode anular seus próprios CAPÍTULO VII
atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e ressalvados, SEÇÃO I
em todos os casos, a apreciação judicial. DISPOSIÇÕES GERAIS
Lei n° 9.784/99: Art. 53. A Administração deve anular seus pró-
prios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer
por motivo de conveniência e oportunidade, respeitados os direitos dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
adquiridos. cípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mo-
ralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação
- Anulação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
A anulação do ato administrativo deriva da constatação de ile- I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos
galidade praticada. brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim
Súmula 346, STF: A Administração Pública pode declarar a nuli- como aos estrangeiros, na forma da lei; (Redação dada pela Emen-
dade dos seus próprios atos. da Constitucional nº 19, de 1998)

14
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor públi-
aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e co não serão computados nem acumulados para fins de concessão
títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou de acréscimos ulteriores; (Redação dada pela Emenda Constitucio-
emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para nal nº 19, de 1998)
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exone- XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e
ração; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos inci-
III - o prazo de validade do concurso público será de até dois sos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153,
anos, prorrogável uma vez, por igual período; § 2º, I; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convo- VI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos,
cação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de pro- exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em
vas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursa- qualquer caso o disposto no inciso XI: (Redação dada pela Emenda
dos para assumir cargo ou emprego, na carreira; Constitucional nº 19, de 1998)
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por ser- a) a de dois cargos de professor; (Redação dada pela Emenda
vidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a se- Constitucional nº 19, de 1998)
rem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atri- (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
buições de direção, chefia e assessoramento; (Redação dada pela c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) saúde, com profissões regulamentadas; (Redação dada pela Emen-
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre asso- da Constitucional nº 34, de 2001)
ciação sindical; XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e fun-
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites ções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, socieda-
definidos em lei específica; (Redação dada pela Emenda Constitu- des de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas,
cional nº 19, de 1998) direta ou indiretamente, pelo poder público; (Redação dada pela
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais te-
sua admissão; rão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo de- sobre os demais setores administrativos, na forma da lei;
terminado para atender a necessidade temporária de excepcional XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
interesse público;(Vide Emenda constitucional nº 106, de 2020) autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de eco-
X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que nomia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste
trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por último caso, definir as áreas de sua atuação; (Redação dada pela
lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegu- Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
rada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação
índices; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, assim
(Regulamento) como a participação de qualquer delas em empresa privada;
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, fun- XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,
ções e empregos públicos da administração direta, autárquica e serviços, compras e alienações serão contratados mediante pro-
fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos cesso de licitação pública que assegure igualdade de condições a
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações
mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos ter-
pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativa- mos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação
mente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer ou- técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das
tra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, obrigações. (Regulamento)
dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como li- XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do
mite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funcio-
Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do namento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específi-
Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no cas, terão recursos prioritários para a realização de suas atividades
âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do e atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco cen- de cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio.
tésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável § 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e cam-
este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e panhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informati-
aos Defensores Públicos; (Redação dada pela Emenda Constitucio- vo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, sím-
nal nº 41, 19.12.2003) bolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autorida-
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder des ou servidores públicos.
Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Execu- § 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a
tivo; nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer es- da lei.
pécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do § 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na
serviço público; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, administração pública direta e indireta, regulando especialmente:
de 1998) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

15
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos § 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste ar-
em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento tigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu
ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade âmbito, mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgâ-
dos serviços; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) nica, como limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores
II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a infor- do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte
mações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X e e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do
XXXIII; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Vide Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste pará-
Lei nº 12.527, de 2011) grafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vere-
III - a disciplina da representação contra o exercício negligente adores. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)
ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública. § 13. O servidor público titular de cargo efetivo poderá ser rea-
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) daptado para exercício de cargo cujas atribuições e responsabilida-
§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a sus- des sejam compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua
pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indispo- capacidade física ou mental, enquanto permanecer nesta condição,
nibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e grada- desde que possua a habilitação e o nível de escolaridade exigidos
ção previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. para o cargo de destino, mantida a remuneração do cargo de ori-
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos pra- gem. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
ticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos § 14. A aposentadoria concedida com a utilização de tempo
ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento. de contribuição decorrente de cargo, emprego ou função pública,
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito priva- inclusive do Regime Geral de Previdência Social, acarretará o rom-
do prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que pimento do vínculo que gerou o referido tempo de contribuição.
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. § 15. É vedada a complementação de aposentadorias de ser-
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocupan- vidores públicos e de pensões por morte a seus dependentes que
te de cargo ou emprego da administração direta e indireta que pos- não seja decorrente do disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que
sibilite o acesso a informações privilegiadas. (Incluído pela Emenda não seja prevista em lei que extinga regime próprio de previdência
Constitucional nº 19, de 1998) social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos
órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser EXERCÍCIOS
ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administra-
dores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de
desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: 1. (TJ-CE - Juiz Leigo - Instituto Consulplan – 2019). Quanto ao
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)(Regulamen- controle judicial dos atos administrativos discricionários, no âmbito
to)(Vigência) dos juizados especiais, assinale a alternativa correta.
I - o prazo de duração do contrato; (Incluído pela Emenda Cons- A) O Juiz não pode revogar ato administrativo discricionário ei-
titucional nº 19, de 1998) vado de vício de legalidade.
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direi- B) O ato administrativo discricionário válido prescinde de ser
tos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; (Incluído pela praticado por agente competente.
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) C) O vício de motivo do ato administrativo também pode ser
III - a remuneração do pessoal. (Incluído pela Emenda Constitu- denominado vício de motivação do ato.
cional nº 19, de 1998) D) O mérito do ato administrativo diz respeito à escolha de con-
§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às veniência quanto à finalidade do ato.
sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem
recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Muni- 2. (TJ-DFT - Titular de Serviços de Notas e de Registros – Re-
cípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em moção - CESPE – 2019). No âmbito da atuação pública, faz-se ne-
geral. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) cessário que a administração pública mantenha os atos administra-
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de apo- tivos, ainda que estes sejam qualificados como antijurídicos, quan-
sentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a re- do verificada a expectativa legítima, por parte do administrado, de
muneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os estabilização dos efeitos decorrentes da conduta administrativa. A
cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos interrupção dessa expectativa violará o princípio da
e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e A) legalidade.
exoneração. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) B) confiança.
(Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998) C) finalidade.
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remunera- D) continuidade.
tórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as parcelas de E) presunção de legitimidade.
caráter indenizatório previstas em lei. (Incluído pela Emenda Cons-
titucional nº 47, de 2005)

16
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
3. (TJ-DFT - Titular de Serviços de Notas e de Registros – Re-
moção - CESPE – 2019). No âmbito da atuação pública, faz-se ne-
ANOTAÇÕES
cessário que a administração pública mantenha os atos administra-
tivos, ainda que estes sejam qualificados como antijurídicos, quan- ______________________________________________________
do verificada a expectativa legítima, por parte do administrado, de
estabilização dos efeitos decorrentes da conduta administrativa. A ______________________________________________________
interrupção dessa expectativa violará o princípio da
A) legalidade. ______________________________________________________
B) confiança.
C) finalidade. ______________________________________________________
D) continuidade.
______________________________________________________
E) presunção de legitimidade.
______________________________________________________
4. (INSTITUTO AOCP - 2014 - UFMG - Advogado (HC-UFMG)
Nos termos do art. 37 da Constituição Federal de 1988, é correto ______________________________________________________
afirmar que:
A) os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis so- ______________________________________________________
mente aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos
em lei, sendo vedado aos estrangeiros ainda que residentes no país ______________________________________________________
B) a investidura em cargo ou emprego público, através de no-
______________________________________________________
meações para cargo em comissão declarado em lei de livre nome-
ação e exoneração, depende de aprovação prévia em concurso pú- ______________________________________________________
blico de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a
complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei ______________________________________________________
C) as funções de confiança, exercidas exclusivamente por ser-
vidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a se- ______________________________________________________
rem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e
percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se, dentre outras, ______________________________________________________
às atribuições de direção, chefia e assessoramento.
D) o direito de greve será exercido nos termos e nos limites ______________________________________________________
definidos em lei complementar.
______________________________________________________
E) os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder
Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Execu- ______________________________________________________
tivo.
______________________________________________________
5. (IF-MT - 2019 - IF-MT - Assistente em Administração) Com
base no art. 37 da Constituição Federal de 1988, assinale e a alter- ______________________________________________________
nativa CORRETA.
A) É garantido ao servidor público civil o direito à livre associa- ______________________________________________________
ção sindical após concluir o estágio probatório.
______________________________________________________
B) O direito de greve será exercido nos termos e nos limites
definidos em regulamento geral. ______________________________________________________
C) A lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos
para as pessoas com deficiência, mas não definirá os critérios de ______________________________________________________
sua admissão.
D) A lei estabelecerá os casos de contratação por tempo inde- _____________________________________________________
terminado para atender a necessidade temporária de excepcional
interesse público. _____________________________________________________
E) Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder
Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Execu- ______________________________________________________
tivo.
______________________________________________________

GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________
1 A
______________________________________________________
2 B
______________________________________________________
3 B
4 E ______________________________________________________
5 E ______________________________________________________

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17
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
1. Noções de sistema operacional (ambientes Linux e Windows) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Edição de textos, planilhas e apresentações (ambientes Microsoft Office e LibreOffice) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3. Redes de computadores. Conceitos básicos, ferramentas, aplicativos e procedimentos de Internet e intranet. Programas de
navegação (Microsoft Internet Explorer, Mozilla Firefox e Google Chrome). Programas de correio eletrônico (Outlook Express e Mozilla
Thunderbird). Sítios de busca e pesquisa na Internet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
4. Grupos de discussão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
5. Redes sociais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
6. Computação na nuvem (cloud computing) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
7. Conceitos de organização e de gerenciamento de informações, arquivos, pastas e programas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
8. Segurança da informação. Procedimentos de segurança. Noções de vírus, worms e pragas virtuais. Aplicativos para segurança
(antivírus, firewall, anti-spyware etc.) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
9. Procedimentos de backup . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
10. Armazenamento de dados na nuvem (cloud storage) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

NOÇÕES DE SISTEMA OPERACIONAL (AMBIENTES LINUX E WINDOWS)

WINDOWS 7

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pasta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armazenar
e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

No caso da figura acima, temos quatro pastas e quatro arquivos.

1
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização, vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determinada pasta ou arquivo propriamente dito.

2
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Área de trabalho do Windows 7

Área de transferência

A área de transferência é muito importante e funciona em segundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários tipos
de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”, estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”, estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na área
de transferência.

Manipulação de arquivos e pastas

A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos exe-
cutar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pastas, criar atalhos etc.

3
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Uso dos menus

Programas e aplicativos

• Media Player
• Media Center
• Limpeza de disco
• Desfragmentador de disco
• Os jogos do Windows.
• Ferramenta de captura
• Backup e Restore

Interação com o conjunto de aplicativos

Vamos separar esta interação do usuário por categoria para entendermos melhor as funções categorizadas.

Facilidades

O Windows possui um recurso muito interessante que é o Capturador de Tela , simplesmente podemos, com o mouse, recortar a
parte desejada e colar em outro lugar.

4
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Música e Vídeo
Temos o Media Player como player nativo para ouvir músicas e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma excelente experiência
de entretenimento, nele pode-se administrar bibliotecas de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar CDs, criar playlists e etc.,
isso também é válido para o media center.

Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o próprio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simplesmente con-
firmar sua exclusão.

5
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito importante, pois conforme vamos utilizando o computador os arquivos ficam
internamente desorganizados, isto faz que o computador fique lento. Utilizando o desfragmentador o Windows se reorganiza interna-
mente tornando o computador mais rápido e fazendo com que o Windows acesse os arquivos com maior rapidez.

6
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• O recurso de backup e restauração do Windows é muito importante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até mesmo
escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim uma cópia de segurança.

WINDOWS 8

Conceito de pastas e diretórios

Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pasta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armazenar
e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos.

Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização, vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determinada pasta ou arquivo propriamente dito.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Área de trabalho do Windows 8

Área de transferência

A área de transferência é muito importante e funciona em segundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários tipos
de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”, estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”, estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na área
de transferência.

Manipulação de arquivos e pastas

A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos exe-
cutar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pastas, criar atalhos etc.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Uso dos menus

Programas e aplicativos

Interação com o conjunto de aplicativos

Vamos separar esta interação do usuário por categoria para entendermos melhor as funções categorizadas.

Facilidades

O Windows possui um recurso muito interessante que é o Capturador de Tela, simplesmente podemos, com o mouse, recortar a parte
desejada e colar em outro lugar.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Música e Vídeo
Temos o Media Player como player nativo para ouvir músicas e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma excelente experiência
de entretenimento, nele pode-se administrar bibliotecas de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar CDs, criar playlists e etc.,
isso também é válido para o media center.

Jogos
Temos também jogos anexados ao Windows 8.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Transferência
O recurso de transferência fácil do Windows 8 é muito importante, pois pode ajudar na escolha de seus arquivos para serem salvos,
tendo assim uma cópia de segurança.

A lista de aplicativos é bem intuitiva, talvez somente o Skydrive mereça uma definição:
• Skydrive é o armazenamento em nuvem da Microsoft, hoje portanto a Microsoft usa o termo OneDrive para referenciar o armaze-
namento na nuvem (As informações podem ficar gravadas na internet).

WINDOWS 10

Conceito de pastas e diretórios

Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pasta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armazenar
e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização, vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determinada pasta ou arquivo propriamente dito.

Área de trabalho

Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em segundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários tipos
de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”, estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”, estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na área
de transferência.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Manipulação de arquivos e pastas
A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos exe-
cutar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pastas, criar atalhos etc.

Uso dos menus

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Programas e aplicativos e interação com o usuário
Vamos separar esta interação do usuário por categoria para entendermos melhor as funções categorizadas.

– Música e Vídeo: Temos o Media Player como player nativo para ouvir músicas e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma
excelente experiência de entretenimento, nele pode-se administrar bibliotecas de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar
CDs, criar playlists e etc., isso também é válido para o media center.

– Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o próprio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simplesmente con-
firmar sua exclusão.

• O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito importante, pois conforme vamos utilizando o computador os arquivos ficam
internamente desorganizados, isto faz que o computador fique lento. Utilizando o desfragmentador o Windows se reorganiza interna-
mente tornando o computador mais rápido e fazendo com que o Windows acesse os arquivos com maior rapidez.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• O recurso de backup e restauração do Windows é muito importante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até mesmo
escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim uma cópia de segurança.

Inicialização e finalização

Quando fizermos login no sistema, entraremos direto no Windows, porém para desligá-lo devemos recorrer ao e:

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
LINUX

O Linux não é um ambiente gráfico como o Windows, mas podemos carregar um pacote para torná-lo gráfico assumindo assim uma
interface semelhante ao Windows. Neste caso vamos carregar o pacote Gnome no Linux. Além disso estaremos também usando a distri-
buição Linux Ubuntu para demonstração, pois sabemos que o Linux possui várias distribuições para uso.

Vamos olhar abaixo o

Linux Ubuntu em modo texto:

Linux Ubuntu em modo gráfico:

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pasta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armazenar
e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).

Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos.

Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização, vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determinada pasta ou arquivo propriamente dito.

No caso do Linux temos que criar um lançador que funciona como um atalho, isto é, ele vai chamar o item indicado.

Perceba que usamos um comando para criar um lançador, mas nosso objetivo aqui não é detalhar comandos, então a forma mais
rápida de pesquisa de aplicativos, pastas e arquivos é através do botão:

Desta forma já vamos direto ao item desejado

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Área de trabalho

Área de transferência
Perceba que usando a interface gráfica funciona da mesma forma que o Windows.
A área de transferência é muito importante e funciona em segundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários tipos
de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”, estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”, estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na área
de transferência.

Manipulação de arquivos e pastas


No caso da interface gráfica as funcionalidades são semelhantes ao Windows como foi dito no tópico acima. Entretanto, podemos usar
linha de comando, pois já vimos que o Linux originalmente não foi concebido com interface gráfica.

Na figura acima utilizamos o comando ls e são listadas as pastas na cor azul e os arquivos na cor branca.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Uso dos menus
Como estamos vendo, para se ter acesso aos itens do Linux são necessários diversos comandos. Porém, se utilizarmos uma interface
gráfica a ação fica mais intuitiva, visto que podemos utilizar o mouse como no Windows. Estamos utilizando para fins de aprendizado a
interface gráfica “GNOME”, mas existem diversas disponíveis para serem utilizadas.

Programas e aplicativos
Dependendo da distribuição Linux escolhida, esta já vem com alguns aplicativos embutidos, por isso que cada distribuição tem um
público alvo. O Linux em si é puro, mas podemos destacar duas bem comuns:

• Firefox (Navegador para internet);


• Pacote LibreOffice (Pacote de aplicativos semelhante ao Microsoft Office).

EDIÇÃO DE TEXTOS, PLANILHAS E APRESENTAÇÕES (AMBIENTES MICROSOFT OFFICE E LIBREOFFICE)

MICROSOFT OFFICE

O Microsoft Office é um conjunto de aplicativos essenciais para uso pessoal e comercial, ele conta com diversas ferramentas, mas em
geral são utilizadas e cobradas em provas o Editor de Textos – Word, o Editor de Planilhas – Excel, e o Editor de Apresentações – Power-
Point. A seguir verificamos sua utilização mais comum:

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Word
O Word é um editor de textos amplamente utilizado. Com ele podemos redigir cartas, comunicações, livros, apostilas, etc. Vamos
então apresentar suas principais funcionalidades.

• Área de trabalho do Word


Nesta área podemos digitar nosso texto e formata-lo de acordo com a necessidade.

• Iniciando um novo documento

A partir deste botão retornamos para a área de trabalho do Word, onde podemos digitar nossos textos e aplicar as formatações de-
sejadas.

• Alinhamentos
Ao digitar um texto, frequentemente temos que alinhá-lo para atender às necessidades. Na tabela a seguir, verificamos os alinhamen-
tos automáticos disponíveis na plataforma do Word.

GUIA PÁGINA INICIAL ALINHAMENTO TECLA DE ATALHO

Justificar (arruma a direito e a esquerda de acordo com a margem Ctrl + J

Alinhamento à direita Ctrl + G

Centralizar o texto Ctrl + E

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Alinhamento à esquerda Ctrl + Q

• Formatação de letras (Tipos e Tamanho)


Presente em Fonte, na área de ferramentas no topo da área de trabalho, é neste menu que podemos formatar os aspectos básicos de
nosso texto. Bem como: tipo de fonte, tamanho (ou pontuação), se será maiúscula ou minúscula e outros itens nos recursos automáticos.

GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO

Tipo de letra

Tamanho

Aumenta / diminui tamanho

Recursos automáticos de caixa-altas e baixas

Limpa a formatação

• Marcadores
Muitas vezes queremos organizar um texto em tópicos da seguinte forma:

Podemos então utilizar na página inicial os botões para operar diferentes tipos de marcadores automáticos:

• Outros Recursos interessantes:

GUIA ÍCONE FUNÇÃO


- Mudar Forma
Página inicial - Mudar cor de Fundo
- Mudar cor do texto

- Inserir Tabelas
Inserir
- Inserir Imagens

Revisão Verificação e correção ortográfica

Arquivo Salvar

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Excel
O Excel é um editor que permite a criação de tabelas para cálculos automáticos, análise de dados, gráficos, totais automáticos, dentre
outras funcionalidades importantes, que fazem parte do dia a dia do uso pessoal e empresarial.
São exemplos de planilhas:
– Planilha de vendas;
– Planilha de custos.

Desta forma ao inserirmos dados, os valores são calculados automaticamente.

• Mas como é uma planilha de cálculo?


– Quando inseridos em alguma célula da planilha, os dados são calculados automaticamente mediante a aplicação de fórmulas espe-
cíficas do aplicativo.
– A unidade central do Excel nada mais é que o cruzamento entre a linha e a coluna. No exemplo coluna A, linha 2 ( A2 )

– Podemos também ter o intervalo A1..B3

23
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Para inserirmos dados, basta posicionarmos o cursor na célula, selecionarmos e digitarmos. Assim se dá a iniciação básica de uma
planilha.

• Formatação células

• Fórmulas básicas

ADIÇÃO =SOMA(célulaX;célulaY)
SUBTRAÇÃO =(célulaX-célulaY)
MULTIPLICAÇÃO =(célulaX*célulaY)
DIVISÃO =(célulaX/célulaY)

• Fórmulas de comum interesse

MÉDIA (em um intervalo de células) =MEDIA(célula X:célulaY)


MÁXIMA (em um intervalo de células) =MAX(célula X:célulaY)
MÍNIMA (em um intervalo de células) =MIN(célula X:célulaY)

PowerPoint
O PowerPoint é um editor que permite a criação de apresentações personalizadas para os mais diversos fins. Existem uma série de
recursos avançados para a formatação das apresentações, aqui veremos os princípios para a utilização do aplicativo.

• Área de Trabalho do PowerPoint

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Nesta tela já podemos aproveitar a área interna para escrever conteúdos, redimensionar, mover as áreas delimitadas ou até mesmo
excluí-las. No exemplo a seguir, perceba que já movemos as caixas, colocando um título na superior e um texto na caixa inferior, também
alinhamos cada caixa para ajustá-las melhor.

Perceba que a formatação dos textos é padronizada. O mesmo tipo de padrão é encontrado para utilizarmos entre o PowerPoint,
o Word e o Excel, o que faz deles programas bastante parecidos, no que diz respeito à formatação básica de textos. Confira no tópico
referente ao Word, itens de formatação básica de texto como: alinhamentos, tipos e tamanhos de letras, guias de marcadores e recursos
gerais.
Especificamente sobre o PowerPoint, um recurso amplamente utilizado a guia Design. Nela podemos escolher temas que mudam a
aparência básica de nossos slides, melhorando a experiência no trabalho com o programa.

Com o primeiro slide pronto basta duplicá-lo, obtendo vários no mesmo formato. Assim liberamos uma série de miniaturas, pelas
quais podemos navegador, alternando entre áreas de trabalho. A edição em cada uma delas, é feita da mesma maneira, como já apresen-
tado anteriormente.

Percebemos agora que temos uma apresentação com quatro slides padronizados, bastando agora editá-lo com os textos que se fize-
rem necessários. Além de copiar podemos mover cada slide de uma posição para outra utilizando o mouse.
As Transições são recursos de apresentação bastante utilizados no PowerPoint. Servem para criar breves animações automáticas para
passagem entre elementos das apresentações.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Tendo passado pelos aspectos básicos da criação de uma apresentação, e tendo a nossa pronta, podemos apresentá-la bastando
clicar no ícone correspondente no canto inferior direito.

Um último recurso para chamarmos atenção é a possibilidade de acrescentar efeitos sonoros e interativos às apresentações, levando
a experiência dos usuários a outro nível.

Office 2013
A grande novidade do Office 2013 foi o recurso para explorar a navegação sensível ao toque (TouchScreen), que está disponível nas
versões 32 e 64. Em equipamentos com telas sensíveis ao toque (TouchScreen) pode-se explorar este recurso, mas em equipamentos com
telas simples funciona normalmente.
O Office 2013 conta com uma grande integração com a nuvem, desta forma documentos, configurações pessoais e aplicativos podem
ser gravados no Skydrive, permitindo acesso através de smartfones diversos.

• Atualizações no Word
– O visual foi totalmente aprimorado para permitir usuários trabalhar com o toque na tela (TouchScreen);
– As imagens podem ser editadas dentro do documento;
– O modo leitura foi aprimorado de modo que textos extensos agora ficam disponíveis em colunas, em caso de pausa na leitura;
– Pode-se iniciar do mesmo ponto parado anteriormente;
– Podemos visualizar vídeos dentro do documento, bem como editar PDF(s).

• Atualizações no Excel
– Além de ter uma navegação simplificada, um novo conjunto de gráficos e tabelas dinâmicas estão disponíveis, dando ao usuário
melhores formas de apresentar dados.
– Também está totalmente integrado à nuvem Microsoft.

• Atualizações no PowerPoint
– O visual teve melhorias significativas, o PowerPoint do Office2013 tem um grande número de templates para uso de criação de
apresentações profissionais;
– O recurso de uso de múltiplos monitores foi aprimorado;
– Um recurso de zoom de slide foi incorporado, permitindo o destaque de uma determinada área durante a apresentação;
– No modo apresentador é possível visualizar o próximo slide antecipadamente;

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Estão disponíveis também o recurso de edição colaborativa de apresentações.
Office 2016
O Office 2016 foi um sistema concebido para trabalhar juntamente com o Windows 10. A grande novidade foi o recurso que permite
que várias pessoas trabalhem simultaneamente em um mesmo projeto. Além disso, tivemos a integração com outras ferramentas, tais
como Skype. O pacote Office 2016 também roda em smartfones de forma geral.

• Atualizações no Word
– No Word 2016 vários usuários podem trabalhar ao mesmo tempo, a edição colaborativa já está presente em outros produtos, mas
no Word agora é real, de modo que é possível até acompanhar quando outro usuário está digitando;
– Integração à nuvem da Microsoft, onde se pode acessar os documentos em tablets e smartfones;
– É possível interagir diretamente com o Bing (mecanismo de pesquisa da Microsoft, semelhante ao Google), para utilizar a pesquisa
inteligente;
– É possível escrever equações como o mouse, caneta de toque, ou com o dedo em dispositivos touchscreen, facilitando assim a
digitação de equações.

• Atualizações no Excel
– O Excel do Office 2016 manteve as funcionalidades dos anteriores, mas agora com uma maior integração com dispositivos móveis,
além de ter aumentado o número de gráficos e melhorado a questão do compartilhamento dos arquivos.

• Atualizações no PowerPoint
– O PowerPoint 2016 manteve as funcionalidades dos anteriores, agora com uma maior integração com dispositivos moveis, além de
ter aumentado o número de templates melhorado a questão do compartilhamento dos arquivos;
– O PowerPoint 2016 também permite a inserção de objetos 3D na apresentação.

Office 2019
O OFFICE 2019 manteve a mesma linha da Microsoft, não houve uma mudança tão significativa. Agora temos mais modelos em 3D,
todos os aplicativos estão integrados como dispositivos sensíveis ao toque, o que permite que se faça destaque em documentos.

• Atualizações no Word
– Houve o acréscimo de ícones, permitindo assim um melhor desenvolvimento de documentos;

– Outro recurso que foi implementado foi o “Ler em voz alta”. Ao clicar no botão o Word vai ler o texto para você.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Atualizações no Excel
– Foram adicionadas novas fórmulas e gráficos. Tendo como destaque o gráfico de mapas que permite criar uma visualização de
algum mapa que deseja construir.

• Atualizações no PowerPoint
– Foram adicionadas a ferramenta transformar e a ferramenta de zoom facilitando assim o desenvolvimento de apresentações;
– Inclusão de imagens 3D na apresentação.

Office 365
O Office 365 é uma versão que funciona como uma assinatura semelhante ao Netflix e Spotif. Desta forma não se faz necessário sua
instalação, basta ter uma conexão com a internet e utilizar o Word, Excel e PowerPoint.
Observações importantes:
– Ele é o mais atualizado dos OFFICE(s), portanto todas as melhorias citadas constam nele;
– Sua atualização é frequente, pois a própria Microsoft é responsável por isso;
– No nosso caso o Word, Excel e PowerPoint estão sempre atualizados.

LIBREOFFICE OU BROFFICE
O LibreOffice (que se chamava BrOffice) é um software livre e de código aberto que foi desenvolvido tendo como base o OpenOffice.
Pode ser instalado em vários sistemas operacionais (Windows, Linux, Solaris, Unix e Mac OS X), ou seja, é multiplataforma. Os aplicativos
dessa suíte são:
• Writer - editor de texto;
• Calc - planilha eletrônica;
• Impress - editor de apresentações;
• Draw - ferramenta de desenho vetorial;
• Base - gerenciador de banco de dados;

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Math - editor de equações matemáticas.
O LibreOffice trabalha com um formato de padrão aberto chamado Open Document Format for Office Applications (ODF), que é
um formato de arquivo baseado na linguagem XML. Os formatos para Writer, Calc e Impress utilizam o mesmo “prefixo”, que é “od” de
“Open Document”. Dessa forma, o que os diferencia é a última letra. Writer → .odt (Open Document Text); Calc → .ods (Open Document
Spreadsheet); e Impress → .odp (Open Document Presentations).
Em relação a interface com o usuário, o LibreOffice utiliza o conceito de menus para agrupar as funcionalidades do aplicativo. Além
disso, todos os aplicativos utilizam uma interface semelhante. Veja no exemplo abaixo o aplicativo Writer.

Figura 40: Tela do Libreoffice Writer

O LibreOffice permite que o usuário crie tarefas automatizadas que são conhecidas como macros (utilizando a linguagem LibreOffi-
ce Basic).

WRITER

O Writer é o editor de texto do LibreOffice e o seu formato de arquivo padrão é o .odt (Open Document Text). As principais teclas de
atalho do Writer são:

Figura 41: Atalhos Word x Writer

29
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
CALC • do slide atual (Shift + F5) - Menu Apresentação de Slides
-> Iniciar do slide atual.
O Calc é o software de planilha eletrônica do LibreOffice e o seu - Menu do Impress:
formato de arquivo padrão é o .ods (Open Document Spreadsheet). • Arquivo - contém comandos que se aplicam ao documento
O Calc trabalha de modo semelhante ao Excel no que se refere inteiro como Abrir, Salvar e Exportar como PDF;
ao uso de fórmulas. Ou seja, uma fórmula é iniciada pelo sinal de • Editar - contém comandos para editar o conteúdo documen-
igual (=) e seguido por uma sequência de valores, referências a cé- to como, por exemplo, Desfazer, Localizar e Substituir, Cortar, Co-
lulas, operadores e funções. piar e Colar;
Algumas diferenças entre o Calc e o Excel:
Para fazer referência a uma interseção no Calc, utiliza-se o sinal • Exibir - contém comandos para controlar a exibição de um
de exclamação (!). Por exemplo, “B2:C4!C3:C6” retornará a C3 e C4 documento tais como Zoom, Apresentação de Slides, Estrutura de
(interseção entre os dois intervalos). No Excel, isso é feito usando tópicos e Navegador;
um espaço em branco (B2:C4 C3:C6). • Inserir - contém comandos para inserção de novos slides e
elementos no documento como figuras, tabelas e hiperlinks;
• Formatar - contém comandos para formatar o layout e o
conteúdo dos slides, tais como Modelos de slides, Layout de slide,
Estilos e Formatação, Parágrafo e Caractere;
• Ferramentas - contém ferramentas como Ortografia, Com-
pactar apresentação e Player de mídia;
• Apresentação de Slides - contém comandos para controlar a
apresentação de slides e adicionar efeitos em objetos e na transi-
ção de slides.

REDES DE COMPUTADORES. CONCEITOS BÁSICOS,


FERRAMENTAS, APLICATIVOS E PROCEDIMENTOS DE
Figura 69: Exemplo de Operação no Calc INTERNET E INTRANET. PROGRAMAS DE NAVEGAÇÃO
(MICROSOFT INTERNET EXPLORER, MOZILLA FIREFOX
Para fazer referência a uma célula que esteja em outra plani- E GOOGLE CHROME). PROGRAMAS DE CORREIO
lha, na mesma pasta de trabalho, digite “nome_da_planilha + . + cé- ELETRÔNICO (OUTLOOK EXPRESS E MOZILLA
lula. Por exemplo, “Plan2.A1” faz referência a célula A1 da planilha THUNDERBIRD). SÍTIOS DE BUSCA E PESQUISA NA
chamada Plan2. No Excel, isso é feito usando o sinal de exclamação INTERNET
! (Plan2!A1).
REDE DE COMPUTADORES
Menus do Calc
Arquivo - contém comandos que se aplicam ao documento in- Tipos de rede de computadores
teiro como Abrir, Salvar e Exportar como PDF. • LAN: Rele Local, abrange somente um perímetro definido.
Editar - contém comandos para editar o conteúdo documento Exemplos: casa, escritório, etc.
como, por exemplo, Desfazer, Localizar e Substituir, Cortar, Copiar
e Colar.
Exibir - contém comandos para controlar a exibição de um do-
cumento tais como Zoom, Tela Inteira e Navegador.
Inserir - contém comandos para inserção de novos elementos
no documento como células, linhas, colunas, planilhas, gráficos.
Formatar - contém comandos para formatar células seleciona-
das, objetos e o conteúdo das células no documento.
Ferramentas - contém ferramentas como Ortografia, Atingir
meta, Rastrear erro, etc.
Dados - contém comandos para editar os dados de uma plani-
lha. É possível classificar, utilizar filtros, validar, etc.
Janela - contém comandos para manipular e exibir janelas no
documento.
Ajuda - permite acessar o sistema de ajuda do LibreOffice.

IMPRESS

É o editor de apresentações do LibreOffice e o seu formato de


arquivo padrão é o .odp (Open Document Presentations).

- O usuário pode iniciar uma apresentação no Impress de duas


formas:
• do primeiro slide (F5) - Menu Apresentação de Slides ->
Iniciar do primeiro slide

30
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• MAN: Rede Metropolitana, abrange uma cidade, por exemplo.

• WAN: É uma rede com grande abrangência física, maior que a MAN, Estado, País; podemos citar até a INTERNET para entendermos
o conceito.

Navegação e navegadores da Internet


• Internet
É conhecida como a rede das redes. A internet é uma coleção global de computadores, celulares e outros dispositivos que se comu-
nicam.

• Procedimentos de Internet e intranet


Através desta conexão, usuários podem ter acesso a diversas informações, para trabalho, laser, bem como para trocar mensagens,
compartilhar dados, programas, baixar documentos (download), etc.

• Sites
Uma coleção de páginas associadas a um endereço www. é chamada web site. Através de navegadores, conseguimos acessar web
sites para operações diversas.

31
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Links
O link nada mais é que uma referência a um documento, onde o usuário pode clicar. No caso da internet, o Link geralmente aponta
para uma determinada página, pode apontar para um documento qualquer para se fazer o download ou simplesmente abrir.

Dentro deste contexto vamos relatar funcionalidades de alguns dos principais navegadores de internet: Microsoft Internet Explorer,
Mozilla Firefox e Google Chrome.

Internet Explorer 11

• Identificar o ambiente

O Internet Explorer é um navegador desenvolvido pela Microsoft, no qual podemos acessar sites variados. É um navegador simplifi-
cado com muitos recursos novos.
Dentro deste ambiente temos:
– Funções de controle de privacidade: Trata-se de funções que protegem e controlam seus dados pessoais coletados por sites;
– Barra de pesquisas: Esta barra permite que digitemos um endereço do site desejado. Na figura temos como exemplo: https://www.
gov.br/pt-br/
– Guias de navegação: São guias separadas por sites aberto. No exemplo temos duas guias sendo que a do site https://www.gov.br/
pt-br/ está aberta.
– Favoritos: São pastas onde guardamos nossos sites favoritos
– Ferramentas: Permitem realizar diversas funções tais como: imprimir, acessar o histórico de navegação, configurações, dentre
outras.
Desta forma o Internet Explorer 11, torna a navegação da internet muito mais agradável, com textos, elementos gráficos e vídeos que
possibilitam ricas experiências para os usuários.

• Características e componentes da janela principal do Internet Explorer

32
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

À primeira vista notamos uma grande área disponível para visualização, além de percebemos que a barra de ferramentas fica auto-
maticamente desativada, possibilitando uma maior área de exibição.

Vamos destacar alguns pontos segundo as indicações da figura:


1. Voltar/Avançar página
Como o próprio nome diz, clicando neste botão voltamos página visitada anteriormente;

2. Barra de Endereços
Esta é a área principal, onde digitamos o endereço da página procurada;

3. Ícones para manipulação do endereço da URL


Estes ícones são pesquisar, atualizar ou fechar, dependendo da situação pode aparecer fechar ou atualizar.

4. Abas de Conteúdo
São mostradas as abas das páginas carregadas.

5. Página Inicial, favoritos, ferramentas, comentários

6. Adicionar à barra de favoritos

Mozila Firefox

Vamos falar agora do funcionamento geral do Firefox, objeto de nosso estudo:

Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

33
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

3 Botão atualizar a página

4 Voltar para a página inicial do Firefox

5 Barra de Endereços

6 Ver históricos e favoritos

7 Mostra um painel sobre os favoritos (Barra, Menu e outros)

8 Sincronização com a conta FireFox (Vamos detalhar adiante)

9 Mostra menu de contexto com várias opções

– Sincronização Firefox: Ato de guardar seus dados pessoais na internet, ficando assim disponíveis em qualquer lugar. Seus dados
como: Favoritos, históricos, Endereços, senhas armazenadas, etc., sempre estarão disponíveis em qualquer lugar, basta estar logado com
o seu e-mail de cadastro. E lembre-se: ao utilizar um computador público sempre desative a sincronização para manter seus dados seguros
após o uso.

Google Chrome

O Chrome é o navegador mais popular atualmente e disponibiliza inúmeras funções que, por serem ótimas, foram implementadas
por concorrentes.
Vejamos:

• Sobre as abas
No Chrome temos o conceito de abas que são conhecidas também como guias. No exemplo abaixo temos uma aba aberta, se quiser-
mos abrir outra para digitar ou localizar outro site, temos o sinal (+).
A barra de endereços é o local em que se digita o link da página visitada. Uma outra função desta barra é a de busca, sendo que ao
digitar palavras-chave na barra, o mecanismo de busca do Google é acionado e exibe os resultados.

Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:

34
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Barra de Endereço.

5 Adicionar Favoritos

6 Usuário Atual

7 Exibe um menu de contexto que iremos relatar seguir.

O que vimos até aqui, são opções que já estamos acostumados ao navegar na Internet, mesmo estando no Ubuntu, percebemos que
o Chrome é o mesmo navegador, apenas está instalado em outro sistema operacional. Como o Chrome é o mais comum atualmente, a
seguir conferimos um pouco mais sobre suas funcionalidades.
• Favoritos
No Chrome é possível adicionar sites aos favoritos. Para adicionar uma página aos favoritos, clique na estrela que fica à direita da
barra de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido, e pronto.
Por padrão, o Chrome salva seus sites favoritos na Barra de Favoritos, mas você pode criar pastas para organizar melhor sua lista.
Para removê-lo, basta clicar em excluir.

• Histórico
O Histórico no Chrome funciona de maneira semelhante ao Firefox. Ele armazena os endereços dos sites visitados e, para acessá-lo,
podemos clicar em Histórico no menu, ou utilizar atalho do teclado Ctrl + H. Neste caso o histórico irá abrir em uma nova aba, onde pode-
mos pesquisá-lo por parte do nome do site ou mesmo dia a dia se preferir.

• Pesquisar palavras
Muitas vezes ao acessar um determinado site, estamos em busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso, utilizamos o atalho
do teclado Ctrl + F para abrir uma caixa de texto na qual podemos digitar parte do que procuramos, e será localizado.
• Salvando Textos e Imagens da Internet
Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta.

• Downloads
Fazer um download é quando se copia um arquivo de algum site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.). Neste
caso, o Chrome possui um item no menu, onde podemos ver o progresso e os downloads concluídos.

35
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Sincronização
Uma nota importante sobre este tema: A sincronização é importante para manter atualizadas nossas operações, desta forma, se por
algum motivo trocarmos de computador, nossos dados estarão disponíveis na sua conta Google.
Por exemplo:
– Favoritos, histórico, senhas e outras configurações estarão disponíveis.
– Informações do seu perfil são salvas na sua Conta do Google.

No canto superior direito, onde está a imagem com a foto do usuário, podemos clicar no 1º item abaixo para ativar e desativar.

Safari

O Safari é o navegador da Apple, e disponibiliza inúmeras funções implementadas.


Vejamos:

• Guias

– Para abrirmos outras guias podemos simplesmente teclar CTRL + T ou

36
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Vejamos os comandos principais de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Barra de Endereço.

5 Adicionar Favoritos

6 Ajustes Gerais

7 Menus para a página atual.

8 Lista de Leitura

Perceba que o Safari, como os outros, oferece ferramentas bastante comuns.


Vejamos algumas de suas funcionalidades:

• Lista de Leitura e Favoritos


No Safari é possível adicionar sites à lista de leitura para posterior consulta, ou aos favoritos, caso deseje salvar seus endereços. Para
adicionar uma página, clique no “+” a que fica à esquerda da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido e pronto.
Por padrão, o Safari salva seus sites na lista de leitura, mas você pode criar pastas para organizar melhor seus favoritos. Para remo-
vê-lo, basta clicar em excluir.

37
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Histórico e Favoritos

• Pesquisar palavras
Muitas vezes, ao acessar um determinado site, estamos em busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso utilizamos o atalho
do teclado Ctrl + F, para abrir uma caixa de texto na qual podemos digitar parte do que procuramos, e será localizado.

• Salvando Textos e Imagens da Internet


Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta.

• Downloads
Fazer um download é quando se copia um arquivo de um algum site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.). Neste
caso, o Safari possui um item no menu onde podemos ver o progresso e os downloads concluídos.

38
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Correio Eletrônico
O correio eletrônico, também conhecido como e-mail, é um serviço utilizado para envio e recebimento de mensagens de texto e
outras funções adicionais como anexos junto com a mensagem.
Para envio de mensagens externas o usuário deverá estar conectado a internet, caso contrário ele ficará limitado a sua rede local.
Abaixo vamos relatar algumas características básicas sobre o e-mail
– Nome do Usuário: é o nome de login escolhido pelo usuário na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: joaodasilva, no caso este é nome
do usuário;
– @ : Símbolo padronizado para uso em correios eletrônicos;
– Nome do domínio a que o e-mail pertence, isto é, na maioria das vezes, a empresa;
Vejamos um exemplo: joaodasilva@gmail.com.br / @hotmail.com.br / @editora.com.br
– Caixa de Entrada: Onde ficam armazenadas as mensagens recebidas;
– Caixa de Saída: Onde ficam armazenadas as mensagens ainda não enviadas;
– E-mails Enviados: Como o próprio nome diz, é onde ficam os e-mails que foram enviados;
– Rascunho: Guarda as mensagens que você ainda não terminou de redigir;
– Lixeira: Armazena as mensagens excluídas.

Ao escrever mensagens, temos os seguintes campos:


– Para: é o campo onde será inserido o endereço do destinatário do e-mail;
– CC: este campo é usado para mandar cópias da mesma mensagem. Ao usar esse campo os endereços aparecerão para todos os
destinatários envolvidos;
– CCO: sua funcionalidade é semelhante ao campo anterior, no entanto os endereços só aparecerão para os respectivos donos da
mensagem;
– Assunto: campo destinado ao assunto da mensagem;
– Anexos: são dados que são anexados à mensagem (imagens, programas, música, textos e outros);
– Corpo da Mensagem: espaço onde será escrita a mensagem.

• Uso do correio eletrônico


– Inicialmente o usuário deverá ter uma conta de e-mail;
– Esta conta poderá ser fornecida pela empresa ou criada através de sites que fornecem o serviço. As diretrizes gerais sobre a criação
de contas estão no tópico acima;
– Uma vez criada a conta, o usuário poderá utilizar um cliente de e-mail na internet ou um gerenciador de e-mail disponível;
– Atualmente existem vários gerenciadores disponíveis no mercado, tais como: Microsoft Outlook, Mozila Thunderbird, Opera Mail,
Gmail, etc.;
– O Microsoft outlook é talvez o mais conhecido gerenciador de e-mail, dentro deste contexto vamos usá-lo como exemplo nos tópi-
cos adiante, lembrando que todos funcionam de formas bastante parecidas.
• Preparo e envio de mensagens

• Boas práticas para criação de mensagens


– Uma mensagem deverá ter um assunto. É possível enviar mensagem sem o Assunto, porém não é o adequado;
– A mensagem deverá ser clara, evite mensagens grandes ao extremo dando muitas voltas;
– Verificar com cuidado os destinatários para o envio correto de e-mails, evitando assim problemas de envios equivocados.

39
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Anexação de arquivos

Uma função adicional quando criamos mensagens é de anexar um documento à mensagem, enviando assim juntamente com o texto.

• Boas práticas para anexar arquivos à mensagem


– E-mails tem limites de tamanho, não podemos enviar coisas que excedem o tamanho, estas mensagens irão retornar;
– Deveremos evitar arquivos grandes pois além do limite do e-mail, estes demoram em excesso para serem carregados.

Computação de nuvem (Cloud Computing)

• Conceito de Nuvem (Cloud)

A “Nuvem”, também referenciada como “Cloud”, são os serviços distribuídos pela INTERNET que atendem as mais variadas demandas
de usuários e empresas.

40
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A internet é a base da computação em nuvem, os servidores remotos detêm os aplicativos e serviços para distribuí-los aos usuários
e às empresas.
A computação em nuvem permite que os consumidores aluguem uma infraestrutura física de um data center (provedor de serviços
em nuvem). Com acesso à Internet, os usuários e as empresas usam aplicativos e a infraestrutura alugada para acessarem seus arquivos,
aplicações, etc., a partir de qualquer computador conectado no mundo.
Desta forma todos os dados e aplicações estão localizadas em um local chamado Data Center dentro do provedor.
A computação em nuvem tem inúmeros produtos, e esses produtos são subdivididos de acordo com todos os serviços em nuvem,
mas os principais aplicativos da computação em nuvem estão nas áreas de: Negócios, Indústria, Saúde, Educação, Bancos, Empresas de
TI, Telecomunicações.

• Armazenamento de dados da nuvem (Cloud Storage)

A ideia de armazenamento na nuvem ( Cloud Storage ) é simples. É, basicamente, a gravação de dados na Internet.
Este envio de dados pode ser manual ou automático, e uma vez que os dados estão armazenados na nuvem, eles podem ser acessa-
dos em qualquer lugar do mundo por você ou por outras pessoas que tiverem acesso.
São exemplos de Cloud Storage: DropBox, Google Drive, OneDrive.
As informações são mantidas em grandes Data Centers das empresas que hospedam e são supervisionadas por técnicos responsáveis
por seu funcionamento. Estes Data Centers oferecem relatórios, gráficos e outras formas para seus clientes gerenciarem seus dados e
recursos, podendo modificar conforme a necessidade.
O armazenamento em nuvem tem as mesmas características que a computação em nuvem que vimos anteriormente, em termos de
praticidade, agilidade, escalabilidade e flexibilidade.
Além dos exemplos citados acima, grandes empresas, tais como a IBM, Amazon, Microsoft e Google possuem serviços de nuvem que
podem ser contratados.

OUTLOOK

O Microsoft Outlook é um gerenciador de e-mail usado principalmente para enviar e receber e-mails. O Microsoft Outlook também
pode ser usado para administrar vários tipos de dados pessoais, incluindo compromissos de calendário e entradas, tarefas, contatos e
anotações.

Funcionalidades mais comuns:

41
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
PARA FAZER ISTO ATALHO CAMINHOS PARA EXECUÇÃO
1 Entrar na mensagem Enter na mensagem fechada ou click Verificar coluna atalho
2 Fechar Esc na mensagem aberta Verificar coluna atalho
3 Ir para a guia Página Inicial Alt+H Menu página inicial
4 Nova mensagem Ctrl+Shift+M Menu página inicial => Novo e-mail
5 Enviar Alt+S Botão enviar
6 Delete Excluir (quando na mensagem fechada) Verificar coluna atalho
7 Pesquisar Ctrl+E Barra de pesquisa
8 Responder Ctrl+R Barra superior do painel da mensagem
9 Encaminhar Ctrl+F Barra superior do painel da mensagem
10 Responder a todos Ctrl+Shift+R Barra superior do painel da mensagem
11 Copiar Ctrl+C Click direito copiar
12 Colar Ctrl+V Click direito colar
13 Recortar Ctrl+X Click direito recortar
14 Enviar/Receber Ctrl+M Enviar/Receber (Reatualiza tudo)
15 Acessar o calendário Ctrl+2 Canto inferior direito ícone calendário
16 Anexar arquivo ALT+T AX Menu inserir ou painel superior
17 Mostrar campo cco (cópia oculta) ALT +S + B Menu opções CCO

Endereços de e-mail
• Nome do Usuário – é o nome de login escolhido pelo usuário na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: joaodasilva, no caso este é nome
do usuário;
• @ – Símbolo padronizado para uso;
• Nome do domínio – domínio a que o e-mail pertence, isto é, na maioria das vezes, a empresa. Vejamos um exemplo real: joaoda-
silva@solucao.com.br;
• Caixa de Entrada – Onde ficam armazenadas as mensagens recebidas;
• Caixa de Saída – Onde ficam armazenadas as mensagens ainda não enviadas;
• E-mails Enviados – Como próprio nome diz, e aonde ficam os e-mails que foram enviados;
• Rascunho – Guarda as mensagens que ainda não terminadas;
• Lixeira – Armazena as mensagens excluídas;

Escrevendo e-mails
Ao escrever uma mensagem, temos os seguintes campos:
• Para – é o campo onde será inserido o endereço do destinatário do e-mail;
• CC – este campo é usado para mandar cópias da mesma mensagem. Ao usar este campo os endereços aparecerão para todos os
destinatários envolvidos.
• CCO – sua funcionalidade é semelhante ao campo anterior, no entanto os endereços só aparecerão para os respectivos donos;
• Assunto – campo destinado ao assunto da mensagem.
• Anexos – são dados que são anexados à mensagem (imagens, programas, música, textos e outros.)
• Corpo da Mensagem – espaço onde será escrita a mensagem.

Contas de e-mail
É um endereço de e-mail vinculado a um domínio, que está apto a receber e enviar mensagens, ou até mesmo guarda-las conforme
a necessidade.

42
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Adicionar conta de e-mail
Siga os passos de acordo com as imagens:

A partir daí devemos seguir as diretrizes sobre nomes de e-mail, referida no item “Endereços de e-mail”.

Criar nova mensagem de e-mail

Ao clicar em novo e-mail é aberto uma outra janela para digitação do texto e colocar o destinatário, podemos preencher também os
campos CC (cópia), e o campo CCO (cópia oculta), porém esta outra pessoa não estará visível aos outros destinatários.

43
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Enviar
De acordo com a imagem a seguir, o botão Enviar fica em evidência para o envio de e-mails.

Encaminhar e responder e-mails


Funcionalidades importantes no uso diário, você responde a e-mail e os encaminha para outros endereços, utilizando os botões indi-
cados. Quando clicados, tais botões ativam o quadros de texto, para a indicação de endereços e digitação do corpo do e-mail de resposta
ou encaminhamento.

44
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Adicionar, abrir ou salvar anexos
A melhor maneira de anexar e colar o objeto desejado no corpo do e-mail, para salvar ou abrir, basta clicar no botão correspondente,
segundo a figura abaixo:

Adicionar assinatura de e-mail à mensagem


Um recurso interessante, é a possibilidade de adicionarmos assinaturas personalizadas aos e-mails, deixando assim definida a nossa
marca ou de nossa empresa, de forma automática em cada mensagem.

Imprimir uma mensagem de e-mail


Por fim, um recurso importante de ressaltar, é o que nos possibilita imprimir e-mails, integrando-os com a impressora ligada ao com-
putador. Um recurso que se assemelha aos apresentados pelo pacote Office e seus aplicativos.

45
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Daremos um nome ao nosso grupo. Neste caso o nome é Pro-
GRUPOS DE DISCUSSÃO fale. Conforme digitamos o nome do grupo, o campo endereço de
e – mail do grupo e endereço do grupo na web vão sendo auto-
Grupos de discussão maticamente preenchidos. Podemos inserir uma descrição grupo,
que servirá para ajudar as pessoas a saberem do que se trata esse
Grupos de discussão são ferramentas gerenciáveis pela Inter- grupo, ou seja, qual sua finalidade e tipo de assunto abortado.
net que permitem que um grupo de pessoas troque mensagens via Após a inserção do comentário sobre as intenções do grupo,
e-mail entre todos os membros do grupo. Essas mensagens, geral- podemos selecionar se este grupo pode ter conteúdo adulto, nudez
mente, são de um tema de interesse em comum, onde as pessoas ou material sexualmente explícito. Antes de entrar nesse grupo é
expõem suas opiniões, sugestões, críticas e tiram dúvidas. Como é necessário confirmar que você é maior de 18 anos.
um grupo onde várias pessoas podem participar sem, geralmente,
ter um pré- requisito, as informações nem sempre são confiáveis. Escolheremos também, o nível de acesso entre:
Existem sites gratuitos, como o Google Groups, o Grupos.com.
br, que auxiliam na criação e uso de grupos de discussão, mas um “Público – Qualquer pessoa pode ler os arquivos. Qualquer
grupo pode ser montado independentemente, onde pessoas façam pessoa pode participar, mas somente os membros podem postar
uma lista de e – mails e troquem informações. mensagens.” “Somente para anúncios – Qualquer pessoa pode ler
os arquivos. Qualquer pessoa pode participar, mas somente os ad-
Para conhecer um pouco mais sobre este assunto, vamos criar ministradores podem postar mensagens.”
um grupo de discussão no Google Groups. Para isso, alguns passos
serão necessários: “Restrito – Para participar, ler e postar mensagens é preciso
1º) Temos que ter um cadastro no Google, como fizemos quan- ser convidado. O seu grupo e os respectivos arquivos não aparecem
do estudamos os sites de busca. nos resultados de pesquisa públicos do Google nem no diretório.”
2º) Acessar o site do Google (www.google.com.br) e clicar no
menu “Mais” e no item “Ainda mais”.
3º) Entre os diversos produtos que serão expostos, clicar em
“Grupos”.

Grupos

Na próxima tela, teremos os passos necessários para criar um !


grupo, onde clicaremos no botão “Criar um grupo...”
Configurar grupo

Após este passo, teremos que adicionar os membros do grupo


e faremos isto através de um convite que será enviado aos e – mails
que digitaremos em um campo especial para esta finalidade. Cada
destinatário dos endereços cadastrados por nós receberá um convi-
te e deverá aceitá-lo para poder receber as mensagens e participar
do nosso grupo.

A mensagem do convite também será digitada por nós, mas o


nome, o endereço e a descrição do grupo, serão adicionados auto-
maticamente. Nesta página teremos o botão “Convidar”. Quando
clicarmos nele, receberemos a seguinte mensagem:

Passo 2 – Criando um grupo


Seguiremos alguns passos propostos pelo website.

46
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
É inegável o sucesso obtido pelas redes sociais que conhece-
mos, como Facebook e WhatsApp. Dificilmente conseguimos pen-
sar nossas interações sociais sem a presença delas e isso mostra a
força dessas plataformas, que tomam conta do mundo como co-
nhecemos.

Mídias Sociais ou Rede Sociais?


Você provavelmente já se confundiu entre redes sociais e mí-
dias sociais. Mas é importante salientar que elas não são a mesma
coisa. Por isso, vamos diferenciá-las agora mesmo.
! Como já disse, redes sociais são os grupos de conexões e rela-
cionamentos que temos com outras pessoas. Já as mídias sociais
Finalização do processo de criação do grupo são plataformas que garantem que isso aconteça.
Ainda confuso? Fica claro quando entendemos que ambas po-
Os convidados a participarem do grupo receberão o convite em dem servir como plataformas para que mantenhamos nossas redes
seus endereços eletrônicos. A etapa do convite pode ser realizada de relacionamento, no entanto, redes sociais tem esse como sua
depois da criação do grupo. Vale lembrar, que em muitos casos, as principal característica e estão dentro do que classificamos como
mensagens de convite são identificadas pelos servidores de mensa- mídias sociais.
gens como Spams e por esse motivo são automaticamente enviadas Enquanto mídias sociais são plataformas que tem como sua
para a pasta Spam dos destinatários. principal função o compartilhamento em massa de conteúdo e
O proprietário do grupo terá acesso a uma tela onde poderá: transmissão de informações, como blogs, site e até mesmo o You-
visualizar os membros do grupo, iniciar um novo tópico de discus- tube.
são, convidar ou adicionar membros, e ajustar as configurações do Resumindo tudo isso, podemos afirmar que as redes sociais são
seu grupo. uma categoria dentro das mídias sociais. Locais onde podemos inte-
Quando o proprietário optar por iniciar um novo tópico de dis- ragir com pessoas que conhecemos, mas nos quais a todo momen-
cussão, será aberta uma página semelhante a de criação de um e to estamos expostos a uma imensidão de conteúdo.
– mail. A linha “De”, virá automaticamente preenchida com o nome
do proprietário e o endereço do grupo. A linha “Para”, também será Principais redes sociais
preenchida automaticamente com o nome do grupo. Teremos que Você já está cansado de saber a importância das redes sociais
digitar o assunto e a mensagem e clicar no botão “Postar mensa- não só para usuários e empresas, mas para a sociedade como um
gem”. todo.
A mensagem postada pode ser vista no site do grupo, onde as No entanto, com tantas redes sociais é difícil entender qual o
pessoas podem debater sobre ela (igualando-se assim a um fórum) papel de cada uma e por que estar presente nelas é fundamental
ou encaminha via e-mail para outras pessoas. para qualquer marca.
O site grupos.com.br funciona de forma semelhante. O pro- Confira quais são as mídias e redes sociais mais importantes
prietário também tem que se cadastrar e inserir informações como do mundo (e mais usadas no Brasil) e como você pode começar a
nome do grupo, convidados, descrição e outras, mas ambas as fer- aproveitar de todo o potencial delas agora mesmo:
ramentas acabam tornado o grupo de discussão muito semelhante
ao fórum. Para criar um grupo de discussão da maneira padrão, sem Facebook
utilizar ferramentas de gerenciamento, as pessoas podem criar um Número de usuários: + 2 bilhões
e – mail para o grupo e a partir dele criar uma lista de endereços O Facebook é a maior rede social do mundo. E não é à toa: ne-
dos convidados, possibilitando a troca de informações via e – mail. nhuma outra na história da internet conseguiu reunir tão bem em
um lugar só tudo que seu usuário precisa.
Durante toda sua história a plataforma se revolucionou cada
vez mais, sempre prezando pela experiência de seus usuários. E, por
REDES SOCIAIS. isso, conseguiu manter-se no topo.
Além de ser focada em seus usuários, ela é uma das maiores
Redes Sociais formas de geração de oportunidades e aquisição de clientes para
qualquer empresa. Uma empresa que não está no Facebook atu-
Redes sociais, quando falamos do ambiente online, são plata- almente quase não existe para a sociedade, dominada por heavy
formas facilitadores das conexões sociais em nossas vidas. Nelas users de mídias sociais.
nos relacionamos com outros indivíduos baseado em nossos inte-
resses e visões de mundo. Instagram
Antes de representar tudo o que conhecemos hoje, redes so- Número de usuários: + 800 milhões
ciais significava simplesmente um grupo de pessoas relacionadas Falar de redes sociais atualmente e não dar o devido destaque
entre si. ao Instagram é um grande erro. Uma das redes sociais com maior
Pense nos grupos de amigos que você tem, sejam eles da facul- crescimento nos últimos anos, a previsão é de uma expansão ainda
dade, do trabalho ou mesmo sua família. Cada um desses grupos é maior para os próximos anos, considerandoas funcionalidades que
uma rede social que você tem. Parece pouco perto de como vemos surgem a todo momento e o crescente número de usuários.
as redes sociais atualmente, não é mesmo? No entanto, essa pre- Os milhões de usuários da rede aproveitam das inúmeras possi-
missa continua viva dentro das mídias que utilizamos atualmente. bilidades que o aplicativo de compartilhamento de fotografias ofe-
Afinal, a principal função de uma rede social é conectar pes- rece desde compartilhar momentos diários com o Instagram Sto-
soas dentro do mundo virtual, seja para construir novas conexões ries até interagir e comentar nas postagens de amigos e familiares,
sociais ou apenas manter já existentes. criando uma verdadeira rede social nessa plataforma.

47
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Como o Instagram é a maior rede social com foco em conteúdo Snapchat
visual, ela apresenta grandes oportunidades tanto para empresas Número de Usuários: + de 300 milhões de usuários ativos
quanto para indivíduos. Criado em 2011, o Snapchat teve seu boom no mercado brasi-
LinkedIn leiro entre 2014 e 2015, quando era praticamente impossível que
Número de Usuários: + de 500 milhões de usuários um jovem de 12 a 25 ano não estivesse presente por lá.
A maior rede social profissional do mundo foi criada em 2002 O aplicativo se baseia no compartilhamento de conteúdo em
e vive, assim como o Youtube, tempos áureos em sua jornada. Im- vídeo, fotos ou textos entre seus usuários. No entanto, a grande
prescindível para qualquer profissional, é também essencial para diferença é que essas imagens somem com 24 horas de seu envio.
toda empresa. A ideia da efemeridade e possibilidade de interações rápidas en-
Além de ser um grande hub de conexões profissionais, é utiliza- tre círculos sociais foi o que conquistou grande parte do país e do
do por muitas marcas como principal plataforma de recrutamento mundo.
de talentos e grande potencializador de carreiras. No entanto, em 2016, com o surgimento do Instagram Stories,
Tudo do mundo dos negócios está nessa rede e ela possui cada a plataforma entrou em um agravado declínio e agora não está nem
vez mais influência e relevância nesse meio. perto de ser o que era em seu momento de auge. Apesar disso ela
ainda está presente no cotidiano de muitas pessoas e tem sua im-
Youtube portância.
Número de usuários: + 1,3 bilhões Referências:
Estamos vivenciando o auge do Youtube. É quase impossível https://marketingdeconteudo.com/tudo-sobre-redes-sociais/
não ver pelo menos um vídeo dessa rede social em seu dia. Muito www.qconcursos.com
disso se deve a crescente presença de conteúdos audiovisuais no
marketing digital.
A plataforma de compartilhamento de vídeos permite a disse-
minação em massa de vídeos, onde atualmente existe verdadeiras REDES SOCIAIS
comunidades. Sejam eles influenciadores ou empresas tentando
transmitir seu conteúdo, o Youtube se tornou uma mídia imprescin- Redes sociais são estruturas formadas dentro ou fora da inter-
dível para qualquer indivíduo. net, por pessoas e organizações que se conectam a partir de inte-
Fundado em 2005 e comprada pelo Google em 2006, ela tem resses ou valores comuns1. Muitos confundem com mídias sociais,
tudo para continuar seu crescimento gigantesco nos próximos anos. porém as mídias são apenas mais uma forma de criar redes sociais,
inclusive na internet.
Twitter O propósito principal das redes sociais é o de conectar pessoas.
Número de usuários: + 330 milhões Você preenche seu perfil em canais de mídias sociais e interage com
O Twitter é uma das maiores redes sociais do mundo, sendo as pessoas com base nos detalhes que elas leem sobre você. Po-
marcada como um lugar no qual seus usuários podem compartilhar de-se dizer que redes sociais são uma categoria das mídias sociais.
sua rotina e suas opiniões. Mídia social, por sua vez, é um termo amplo, que abrange
Essa rede social é palco de grandes debates político-sociais e, diferentes mídias, como vídeos, blogs e as já mencionadas redes
apesar de estar em declínio, se mostra extremamente relevante sociais. Para entender o conceito, pode-se olhar para o que com-
como espaço de expressão. E, por isso, ele uma plataforma muito preendíamos como mídia antes da existência da internet: rádio, TV,
vantajosa para as marcas. jornais, revistas. Quando a mídia se tornou disponível na internet,
ela deixou de ser estática, passando a oferecer a possibilidade de
WhatsApp interagir com outras pessoas.
Número de Usuários: + de 1,5 bilhões de usuários ativos No coração das mídias sociais estão os relacionamentos, que
Talvez a rede social mais popular do Brasil, o WhatsApp está são comuns nas redes sociais — talvez por isso a confusão. Mídias
conosco todos os dias e em todos os momentos. Afinal, ele é nossa sociais são lugares em que se pode transmitir informações para ou-
maneira mais fácil de comunicar com outras pessoas e pode ser um tras pessoas.
grande facilitador para seus consumidores fazerem o mesmo. Estas redes podem ser de relacionamento, como o Facebook,
Baseado na troca de mensagens instantâneas, é a maior plata- profissionais, como o Linkedin ou mesmo de assuntos específicos
forma do mundo com essa função e é uma ótima maneira de man- como o Youtube que compartilha vídeos.
ter o relacionamento com seu público. As principais são: Facebook, WhatsApp, Youtube, Instagram,
Twitter, Linkedin, Pinterest, Snapchat, Skype e agora mais recente-
Google+ mente, o Tik Tok.
Número de Usuários: 4 a 6 milhões de usuários ativos
O Google+ é uma rede social peculiar. Apesar de estar ancora- Facebook
da na maior plataforma de buscas do mundo, ela nunca realmente Seu foco principal é o compartilhamento de assuntos pessoais
decolou. de seus membros.
Criado em 2011, já acumula bilhões de usuários, por causa de
sua integração com contas do Google. No entanto, menos de 9%
desses indivíduos já postou algo nessa rede social, o que mostra
que ela é basicamente um deserto.
Mesmo estando quase inabitada, essa rede social é uma gran-
de incógnita. Afinal, com o Google por trás, nunca se sabe quando
uma manobra estratégica pode mudar o percurso dessa platafor-
ma. Mas não esperamos que isso aconteça.
1 https://resultadosdigitais.com.br/especiais/tudo-sobre-re-
des-sociais/

48
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O Facebook é uma rede social versátil e abrangente, que reúne Twitter
muitas funcionalidades no mesmo lugar. Serve tanto para gerar ne- Rede social que funciona como um microblog onde você pode
gócios quanto para conhecer pessoas, relacionar-se com amigos e seguir ou ser seguido, ou seja, você pode ver em tempo real as atu-
família, informar-se, dentre outros2. alizações que seus contatos fazem e eles as suas.

WhatsApp
É uma rede para mensagens instantânea. Faz também ligações
telefônicas através da internet gratuitamente.

O Twitter atingiu seu auge em meados de 2009 e de lá para cá


está em declínio, mas isso não quer dizer todos os públicos pararam
A maioria das pessoas que têm um smartphone também o têm de usar a rede social.
instalado. Por aqui, aliás, o aplicativo ganhou até o apelido de “zap A rede social é usada principalmente como segunda tela em
zap”. que os usuários comentam e debatem o que estão assistindo na
Para muitos brasileiros, o WhatsApp é “a internet”. Algumas TV, postando comentários sobre noticiários, reality shows, jogos de
operadoras permitem o uso ilimitado do aplicativo, sem debitar do futebol e outros programas.
consumo do pacote de dados. Por isso, muita gente se informa atra- Nos últimos anos, a rede social acabou voltando a ser mais uti-
vés dele. lizada por causa de seu uso por políticos, que divulgam informações
YouTube em primeira mão por ali.
Rede que pertence ao Google e é especializada em vídeos.
LinkedIn
Voltada para negócios. A pessoa que participa desta rede quer
manter contatos para ter ganhos profissionais no futuro, como um
emprego por exemplo.

O YouTube é a principal rede social de vídeos on-line da atuali-


dade, com mais de 1 bilhão de usuários ativos e mais de 1 bilhão de
horas de vídeos visualizados diariamente.

Instagram A maior rede social voltada para profissionais tem se tornado


Rede para compartilhamento de fotos e vídeos. cada vez mais parecida com outros sites do mesmo tipo, como o
Facebook.
A diferença é que o foco são contatos profissionais, ou seja: no
lugar de amigos, temos conexões, e em vez de páginas, temos com-
panhias. Outro grande diferencial são as comunidades, que reúnem
interessados em algum tema, profissão ou mercado específicos.
É usado por muitas empresas para recrutamento de profissio-
nais, para troca de experiências profissionais em comunidades e
outras atividades relacionadas ao mundo corporativo
O Instagram foi uma das primeiras redes sociais exclusivas para
acesso por meio do celular. E, embora hoje seja possível visualizar Pinterest
publicações no desktop, seu formato continua sendo voltado para Rede social focada em compartilhamento de fotos, mas tam-
dispositivos móveis. bém compartilha vídeos.
É possível postar fotos com proporções diferentes, além de ou-
tros formatos, como vídeos, stories e mais.
Os stories são os principais pontos de inovação do aplicativo.
Já são diversos formatos de post por ali, como perguntas, enquetes,
vídeos em sequência e o uso de GIFs.
Em 2018, foi lançado o IGTV. E em 2019 o Instagram Cenas,
uma espécie de imitação do TikTok: o usuário pode produzir vídeos
de 15 segundos, adicionando música ou áudios retirados de outro
clipezinho. Há ainda efeitos de corte, legendas e sobreposição para O Pinterest é uma rede social de fotos que traz o conceito de
transições mais limpas – lembrando que esta é mais uma das fun- “mural de referências”. Lá você cria pastas para guardar suas inspi-
cionalidades que atuam dentro dos stories. rações e também pode fazer upload de imagens assim como colocar
links para URLs externas.
Os temas mais populares são:
– Moda;
– Maquiagem;
2 https://bit.ly/32MhiJ0

49
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Casamento; Tik Tok
– Gastronomia; O TikTok, aplicativo de vídeos e dublagens disponível para iOS
– Arquitetura; e Android, possui recursos que podem tornar criações de seus usu-
– Faça você mesmo; ários mais divertidas e, além disso, aumentar seu número de segui-
– Gadgets; dores3.
– Viagem e design.
Seu público é majoritariamente feminino em todo o mundo.

Snapchat
Rede para mensagens baseado em imagens.

Além de vídeos simples, é possível usar o TikTok para postar


duetos com cantores famosos, criar GIFs, slideshow animado e sin-
cronizar o áudio de suas dublagens preferidas para que pareça que
é você mesmo falando.
O TikTok cresceu graças ao seu apelo para a viralização. Os usu-
O Snapchat é um aplicativo de compartilhamento de fotos, ví- ários fazem desafios, reproduzem coreografias, imitam pessoas fa-
deos e texto para mobile. Foi considerado o símbolo da pós-moder- mosas, fazem sátiras que instigam o usuário a querer participar da
nidade pela sua proposta de conteúdos efêmeros conhecidos como brincadeira — o que atrai muito o público jovem.
snaps, que desaparecem algumas horas após a publicação.

A rede lançou o conceito de “stories”, despertando o interesse COMPUTAÇÃO NA NUVEM (CLOUD COMPUTING)
de Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, que diversas vezes tentou
adquirir a empresa, mas não obteve sucesso. Assim, o CEO lançou Quando se fala em computação nas nuvens, fala-se na possibi-
a funcionalidade nas redes que já haviam sido absorvidas, criando lidade de acessar arquivos e executar diferentes tarefas pela inter-
os concorrentes WhatsApp Status, Facebook Stories e Instagram net4. Ou seja, não é preciso instalar aplicativos no seu computador
Stories. para tudo, pois pode acessar diferentes serviços on-line para fazer o
Apesar de não ser uma rede social de nicho, tem um público que precisa, já que os dados não se encontram em um computador
bem específico, formado por jovens hiperconectados. específico, mas sim em uma rede.
Uma vez devidamente conectado ao serviço on-line, é possível
Skype desfrutar suas ferramentas e salvar todo o trabalho que for feito
O Skype é um software da Microsoft com funções de videocon- para acessá-lo depois de qualquer lugar — é justamente por isso
ferência, chat, transferência de arquivos e ligações de voz. O serviço que o seu computador estará nas nuvens, pois você poderá acessar
também opera na modalidade de VoIP, em que é possível efetuar os aplicativos a partir de qualquer computador que tenha acesso à
uma chamada para um telefone comum, fixo ou celular, por um internet.
aparelho conectado à internet Basta pensar que, a partir de uma conexão com a internet, você
pode acessar um servidor capaz de executar o aplicativo desejado,
que pode ser desde um processador de textos até mesmo um jogo
ou um pesado editor de vídeos. Enquanto os servidores executam
um programa ou acessam uma determinada informação, o seu
computador precisa apenas do monitor e dos periféricos para que
você interaja.

O Skype é uma versão renovada e mais tecnológica do extinto Vantagens:


MSN Messenger. – Não necessidade de ter uma máquina potente, uma vez que
Contudo, o usuário também pode contratar mais opções de tudo é executado em servidores remotos.
uso – de forma pré-paga ou por meio de uma assinatura – para – Possibilidade de acessar dados, arquivos e aplicativos a partir
realizar chamadas para telefones fixos e chamadas com vídeo em de qualquer lugar, bastando uma conexão com a internet para tal
grupo ou até mesmo enviar SMS. — ou seja, não é necessário manter conteúdos importantes em um
É possível, no caso, obter um número de telefone por meio pró- único computador.
prio do Skype, seja ele local ou de outra região/país, e fazer ligações
a taxas reduzidas. Desvantagens:
Tudo isso torna o Skype uma ferramenta válida para o mundo – Gera desconfiança, principalmente no que se refere à segu-
corporativo, sendo muito utilizado por empresas de diversos nichos rança. Afinal, a proposta é manter informações importantes em um
e tamanhos. ambiente virtual, e não são todas as pessoas que se sentem à von-
tade com isso.

3 https://canaltech.com.br/redes-sociais/tiktok-dicas-e-tru-
ques/
4 https://www.tecmundo.com.br/computacao-em-nuvem/
738-o-que-e-computacao-em-nuvens-.htm

50
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Como há a necessidade de acessar servidores remotos, é pri-
mordial que a conexão com a internet seja estável e rápida, princi-
palmente quando se trata de streaming e jogos.

Exemplos de computação em nuvem


Dropbox
O Dropbox é um serviço de hospedagem de arquivos em nu-
vem que pode ser usado de forma gratuita, desde que respeitado o
limite de 2 GB de conteúdo. Assim, o usuário poderá guardar com
segurança suas fotos, documentos, vídeos, e outros formatos, libe-
rando espaço no PC ou smartphone. No entanto, a grande vantagem do iCloud é que ele possui um
sistema muito bem integrado aos seus aparelhos, como o iPhone.
A ferramenta “buscar meu iPhone”, por exemplo, possibilita que
o usuário encontre e bloqueie o aparelho remotamente, além de
poder contar com os contatos e outras informações do dispositivo
caso você o tenha perdido.

Google Drive
Apesar de não disponibilizar gratuitamente o aumento da ca-
pacidade de armazenamento, o Google Drive fornece para os usuá-
rios mais espaço do que os concorrentes ao lado do OneDrive. São
15 GB de espaço para fazer upload de arquivos, documentos, ima-
gens, etc.

Além de servir como ferramenta de backup, o Dropbox tam-


bém é uma forma eficiente de ter os arquivos importantes sempre
acessíveis. Deste modo, o usuário consegue abrir suas mídias e do-
cumentos onde quer que esteja, desde que tenha acesso à Internet.

OneDrive
O OneDrive, que já foi chamado de SkyDrive, é o serviço de ar-
mazenamento na nuvem da Microsoft e oferece inicialmente 15 GB
de espaço para os usuários5. Mas é possível conseguir ainda mais
espaço gratuitamente indicando amigos e aproveitando diversas
promoções que a empresa lança regularmente. Uma funcionalidade interessante do Google Drive é o seu ser-
Para conseguir espaço ainda maior, o aplicativo oferece planos viço de pesquisa e busca de arquivos que promete até mesmo re-
pagos com capacidades variadas também. conhecer objetos dentro de imagens e textos escaneados. Mesmo
que o arquivo seja um bloco de notas ou um texto e você queira
encontrar algo que esteja dentro dele, é possível utilizar a busca
para procurar palavras e expressões.
Além disso, o serviço do Google disponibiliza que sejam feitas
edições de documentos diretamente do browser, sem precisar fazer
o download do documento e abri-lo em outro aplicativo.

Tipos de implantação de nuvem


Primeiramente, é preciso determinar o tipo de implantação de
nuvem, ou a arquitetura de computação em nuvem, na qual os ser-
Para quem gosta de editar documentos como Word, Excel e viços cloud contratados serão implementados pela sua gestão de
PowerPoint diretamente do gerenciador de arquivos do serviço, TI6.
o OneDrive disponibiliza esse recurso na nuvem para que seja dis- Há três diferentes maneiras de implantar serviços de nuvem:
pensada a necessidade de realizar o download para só então poder – Nuvem pública: pertence a um provedor de serviços cloud
modificar o conteúdo do arquivo. terceirizado pelo qual é administrada. Esse provedor fornece recur-
sos de computação em nuvem, como servidores e armazenamento
iCloud via web, ou seja, todo o hardware, software e infraestruturas de su-
O iCloud, serviço de armazenamento da Apple, possuía em um porte utilizados são de propriedade e gerenciamento do provedor
passado recente a ideia principal de sincronizar contatos, e-mails, de nuvem contratado pela organização.
dados e informações de dispositivos iOS. No entanto, recentemente – Nuvem privada: se refere aos recursos de computação em
a empresa também adotou para o iCloud a estratégia de utilizá-lo nuvem usados exclusivamente por uma única empresa, podendo
como um serviço de armazenamento na nuvem para usuários iOS. estar localizada fisicamente no datacenter local da empresa, ou
De início, o usuário recebe 5 GB de espaço de maneira gratuita. seja, uma nuvem privada é aquela em que os serviços e a infra-
Existem planos pagos para maior capacidade de armazena- estrutura de computação em nuvem utilizados pela empresa são
mento também. mantidos em uma rede privada.
5 https://canaltech.com.br/computacao-na-nuvem/compara-
tivo-os-principais-servicos-de-armazenamento-na-nuvem-22996/ 6 https://ecoit.com.br/computacao-em-nuvem/

51
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Nuvem híbrida: trata-se da combinação entre a nuvem pública e a privada, que estão ligadas por uma tecnologia que permite o
compartilhamento de dados e aplicativos entre elas. O uso de nuvens híbridas na computação em nuvem ajuda também a otimizar a in-
fraestrutura, segurança e conformidade existentes dentro da empresa.

Tipos de serviços de nuvem


A maioria dos serviços de computação em nuvem se enquadra em quatro categorias amplas:
– IaaS (infraestrutura como serviço);
– PaaS (plataforma como serviço);
– Sem servidor;
– SaaS (software como serviço).

Esses serviços podem ser chamados algumas vezes de pilha da computação em nuvem por um se basear teoricamente sobre o outro.

IaaS (infraestrutura como serviço)


A IaaS é a categoria mais básica de computação em nuvem. Com ela, você aluga a infraestrutura de TI de um provedor de serviços
cloud, pagando somente pelo seu uso.
A contratação dos serviços de computação em nuvem IaaS (infraestrutura como serviço) envolve a aquisição de servidores e máquinas
virtuais, armazenamento (VMs), redes e sistemas operacionais.

PaaS (plataforma como serviço)


PaaS refere-se aos serviços de computação em nuvem que fornecem um ambiente sob demanda para desenvolvimento, teste, forne-
cimento e gerenciamento de aplicativos de software.
A plataforma como serviço foi criada para facilitar aos desenvolvedores a criação de aplicativos móveis ou web, tornando-a muito
mais rápida.
Além de acabar com a preocupação quanto à configuração ou ao gerenciamento de infraestrutura subjacente de servidores, armaze-
namento, rede e bancos de dados necessários para desenvolvimento.

Computação sem servidor


A computação sem servidor, assim como a PaaS, concentra-se na criação de aplicativos, sem perder tempo com o gerenciamento
contínuo dos servidores e da infraestrutura necessários para isso.
O provedor em nuvem cuida de toda a configuração, planejamento de capacidade e gerenciamento de servidores para você e sua
equipe.
As arquiteturas sem servidor são altamente escalonáveis e controladas por eventos: utilizando recursos apenas quando ocorre uma
função ou um evento que desencadeia tal necessidade.

SaaS (software como serviço)


O SaaS é um método para a distribuição de aplicativos de software pela Internet sob demanda e, normalmente, baseado em assina-
turas.
Com o SaaS, os provedores de computação em nuvem hospedam e gerenciam o aplicativo de software e a infraestrutura subjacente.
Além de realizarem manutenções, como atualizações de software e aplicação de patch de segurança.
Com o software como serviço, os usuários da sua equipe podem conectar o aplicativo pela Internet, normalmente com um navegador
da web em seu telefone, tablet ou PC.

CONCEITOS DE ORGANIZAÇÃO E DE GERENCIAMENTO DE INFORMAÇÕES, ARQUIVOS, PASTAS E PROGRAMAS

Pasta
São estruturas que dividem o disco em várias partes de tamanhos variados as quais podem pode armazenar arquivos e outras pastas
(subpastas)7.

7 https://docente.ifrn.edu.br/elieziosoares/disciplinas/informatica/aula-05-manipulacao-de-arquivos-e-pastas

52
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Arquivo
É a representação de dados/informações no computador os quais ficam dentro das pastas e possuem uma extensão que identifica o
tipo de dado que ele representa.

Extensões de arquivos

Existem vários tipos de arquivos como arquivos de textos, arquivos de som, imagem, planilhas, etc. Alguns arquivos são universais
podendo ser aberto em qualquer sistema. Mas temos outros que dependem de um programa específico como os arquivos do Corel Draw
que necessita o programa para visualizar. Nós identificamos um arquivo através de sua extensão. A extensão são aquelas letras que ficam
no final do nome do arquivo.
Exemplos:
.txt: arquivo de texto sem formatação.
.html: texto da internet.
.rtf: arquivo do WordPad.
.doc e .docx: arquivo do editor de texto Word com formatação.

É possível alterar vários tipos de arquivos, como um documento do Word (.docx) para o PDF (.pdf) como para o editor de texto do
LibreOffice (.odt). Mas atenção, tem algumas extensões que não são possíveis e caso você tente poderá deixar o arquivo inutilizável.

Nomenclatura dos arquivos e pastas


Os arquivos e pastas devem ter um nome o qual é dado no momento da criação. Os nomes podem conter até 255 caracteres (letras,
números, espaço em branco, símbolos), com exceção de / \ | > < * : “ que são reservados pelo sistema operacional.

Bibliotecas
Criadas para facilitar o gerenciamento de arquivos e pastas, são um local virtual que agregam conteúdo de múltiplos locais em um só.
Estão divididas inicialmente em 4 categorias:
– Documentos;
– Imagens;
– Músicas;
– Vídeos.

53
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Windows Explorer
O Windows Explorer é um gerenciador de informações, arquivos, pastas e programas do sistema operacional Windows da Microsoft8.
Todo e qualquer arquivo que esteja gravado no seu computador e toda pasta que exista nele pode ser vista pelo Windows Explorer.
Possui uma interface fácil e intuitiva.
Na versão em português ele é chamado de Gerenciador de arquivo ou Explorador de arquivos.
O seu arquivo é chamado de Explorer.exe
Normalmente você o encontra na barra de tarefas ou no botão Iniciar > Programas > Acessórios.

Na parte de cima do Windows Explorer você terá acesso a muitas funções de gerenciamento como criar pastas, excluir, renomear, ex-
cluir históricos, ter acesso ao prompt de comando entre outras funcionalidades que aparecem sempre que você selecionar algum arquivo.
A coluna do lado esquerdo te dá acesso direto para tudo que você quer encontrar no computador. As pastas mais utilizadas são as de
Download, documentos e imagens.

8 https://centraldefavoritos.com.br/2019/06/05/conceitos-de-organizacao-e-de-gerenciamento-de-informacoes-arquivos-pastas-e-
-programas/

54
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Operações básicas com arquivos do Windows Explorer
• Criar pasta: clicar no local que quer criar a pasta e clicar com o botão direito do mouse e ir em novo > criar pasta e nomear ela. Você
pode criar uma pasta dentro de outra pasta para organizar melhor seus arquivos. Caso você queira salvar dentro de uma mesma pasta um
arquivo com o mesmo nome, só será possível se tiver extensão diferente. Ex.: maravilha.png e maravilha.doc
Independente de uma pasta estar vazia ou não, ela permanecerá no sistema mesmo que o computador seja reiniciado
• Copiar: selecione o arquivo com o mouse e clique Ctrl + C e vá para a pasta que quer colar a cópia e clique Ctrl +V. Pode também
clicar com o botão direito do mouse selecionar copiar e ir para o local que quer copiar e clicar novamente como o botão direito do mouse
e selecionar colar.
• Excluir: pode selecionar o arquivo e apertar a tecla delete ou clicar no botão direito do mouse e selecionar excluir
• Organizar: você pode organizar do jeito que quiser como, por exemplo, ícones grandes, ícones pequenos, listas, conteúdos, lista com
detalhes. Estas funções estão na barra de cima em exibir ou na mesma barra do lado direito.
• Movimentar: você pode movimentar arquivos e pastas clicando Ctrl + X no arquivo ou pasta e ir para onde você quer colar o arquivo
e Clicar Ctrl + V ou clicar com o botão direito do mouse e selecionar recortar e ir para o local de destino e clicar novamente no botão direito
do mouse e selecionar colar.

Localizando Arquivos e Pastas


No Windows Explorer tem duas:
Tem uma barra de pesquisa acima na qual você digita o arquivo ou pasta que procura ou na mesma barra tem uma opção de Pesquisar.
Clicando nesta opção terão mais opções para você refinar a sua busca.

Arquivos ocultos
São arquivos que normalmente são relacionados ao sistema. Eles ficam ocultos (invisíveis) por que se o usuário fizer alguma alteração,
poderá danificar o Sistema Operacional.
Apesar de estarem ocultos e não serem exibido pelo Windows Explorer na sua configuração padrão, eles ocupam espaço no disco.

SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO. PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA. NOÇÕES DE VÍRUS, WORMS E PRAGAS


VIRTUAIS. APLICATIVOS PARA SEGURANÇA (ANTIVÍRUS, FIREWALL, ANTI-SPYWARE ETC.)

SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO

Segurança da informação é o conjunto de ações para proteção de um grupo de dados, protegendo o valor que ele possui, seja para
um indivíduo específico no âmbito pessoal, seja para uma organização9.
É essencial para a proteção do conjunto de dados de uma corporação, sendo também fundamentais para as atividades do negócio.
Quando bem aplicada, é capaz de blindar a empresa de ataques digitais, desastres tecnológicos ou falhas humanas. Porém, qualquer
tipo de falha, por menor que seja, abre brecha para problemas.
A segurança da informação se baseia nos seguintes pilares10:
– Confidencialidade: o conteúdo protegido deve estar disponível somente a pessoas autorizadas.
– Disponibilidade: é preciso garantir que os dados estejam acessíveis para uso por tais pessoas quando for necessário, ou seja, de
modo permanente a elas.
– Integridade: a informação protegida deve ser íntegra, ou seja, sem sofrer qualquer alteração indevida, não importa por quem e nem
em qual etapa, se no processamento ou no envio.
9 https://ecoit.com.br/seguranca-da-informacao/
10 https://bit.ly/2E5beRr

55
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Autenticidade: a ideia aqui é assegurar que a origem e auto- Ele pode ser aplicado de duas formas:
ria do conteúdo seja mesmo a anunciada. – Controle físico: é a tradicional fechadura, tranca, porta e
qualquer outro meio que impeça o contato ou acesso direto à infor-
Existem outros termos importantes com os quais um profissio- mação ou infraestrutura que dá suporte a ela
nal da área trabalha no dia a dia. – Controle lógico: nesse caso, estamos falando de barreiras
Podemos citar a legalidade, que diz respeito à adequação do eletrônicas, nos mais variados formatos existentes, desde um anti-
conteúdo protegido à legislação vigente; a privacidade, que se re- vírus, firewall ou filtro anti-spam, o que é de grande valia para evitar
fere ao controle sobre quem acessa as informações; e a auditoria, infecções por e-mail ou ao navegar na internet, passa por métodos
que permite examinar o histórico de um evento de segurança da de encriptação, que transformam as informações em códigos que
informação, rastreando as suas etapas e os responsáveis por cada terceiros sem autorização não conseguem decifrar e, há ainda, a
uma delas. certificação e assinatura digital, sobre as quais falamos rapidamente
no exemplo antes apresentado da emissão da nota fiscal eletrônica.
Alguns conceitos relacionados à aplicação dos pilares
– Vulnerabilidade: pontos fracos existentes no conteúdo pro- Todos são tipos de mecanismos de segurança, escolhidos por
tegido, com potencial de prejudicar alguns dos pilares de segurança profissional habilitado conforme o plano de segurança da informa-
da informação, ainda que sem intenção ção da empresa e de acordo com a natureza do conteúdo sigiloso.
– Ameaça: elemento externo que pode se aproveitar da vulne-
rabilidade existente para atacar a informação sensível ao negócio. Criptografia
– Probabilidade: se refere à chance de uma vulnerabilidade ser É uma maneira de codificar uma informação para que somen-
explorada por uma ameaça. te o emissor e receptor da informação possa decifrá-la através de
– Impacto: diz respeito às consequências esperadas caso o con- uma chave que é usada tanto para criptografar e descriptografar a
teúdo protegido seja exposto de forma não autorizada. informação12.
– Risco: estabelece a relação entre probabilidade e impacto, Tem duas maneiras de criptografar informações:
ajudando a determinar onde concentrar investimentos em seguran- • Criptografia simétrica (chave secreta): utiliza-se uma chave
ça da informação. secreta, que pode ser um número, uma palavra ou apenas uma
sequência de letras aleatórias, é aplicada ao texto de uma mensa-
Tipos de ataques gem para alterar o conteúdo de uma determinada maneira. Tanto
Cada tipo de ataque tem um objetivo específico, que são eles11: o emissor quanto o receptor da mensagem devem saber qual é a
– Passivo: envolve ouvir as trocas de comunicações ou gravar chave secreta para poder ler a mensagem.
de forma passiva as atividades do computador. Por si só, o ataque • Criptografia assimétrica (chave pública):tem duas chaves re-
passivo não é prejudicial, mas a informação coletada durante a ses- lacionadas. Uma chave pública é disponibilizada para qualquer pes-
são pode ser extremamente prejudicial quando utilizada (adultera- soa que queira enviar uma mensagem. Uma segunda chave privada
ção, fraude, reprodução, bloqueio). é mantida em segredo, para que somente você saiba.
– Ativos: neste momento, faz-se a utilização dos dados cole- Qualquer mensagem que foi usada a chave púbica só poderá
tados no ataque passivo para, por exemplo, derrubar um sistema, ser descriptografada pela chave privada.
infectar o sistema com malwares, realizar novos ataques a partir da Se a mensagem foi criptografada com a chave privada, ela só
máquina-alvo ou até mesmo destruir o equipamento (Ex.: intercep- poderá ser descriptografada pela chave pública correspondente.
tação, monitoramento, análise de pacotes). A criptografia assimétrica é mais lenta o processamento para
Política de Segurança da Informação criptografar e descriptografar o conteúdo da mensagem.
Este documento irá auxiliar no gerenciamento da segurança Um exemplo de criptografia assimétrica é a assinatura digital.
da organização através de regras de alto nível que representam os • Assinatura Digital: é muito usado com chaves públicas e per-
princípios básicos que a entidade resolveu adotar de acordo com mitem ao destinatário verificar a autenticidade e a integridade da
a visão estratégica da mesma, assim como normas (no nível táti- informação recebida. Além disso, uma assinatura digital não permi-
co) e procedimentos (nível operacional). Seu objetivo será manter te o repúdio, isto é, o emitente não pode alegar que não realizou a
a segurança da informação. Todos os detalhes definidos nelas serão ação. A chave é integrada ao documento, com isso se houver algu-
para informar sobre o que pode e o que é proibido, incluindo: ma alteração de informação invalida o documento.
• Política de senhas: define as regras sobre o uso de senhas nos • Sistemas biométricos: utilizam características físicas da pes-
recursos computacionais, como tamanho mínimo e máximo, regra soa como os olhos, retina, dedos, digitais, palma da mão ou voz.
de formação e periodicidade de troca.
• Política de backup: define as regras sobre a realização de có- Firewall
pias de segurança, como tipo de mídia utilizada, período de reten- Firewall ou “parede de fogo” é uma solução de segurança ba-
ção e frequência de execução. seada em hardware ou software (mais comum) que, a partir de um
• Política de privacidade: define como são tratadas as infor- conjunto de regras ou instruções, analisa o tráfego de rede para
mações pessoais, sejam elas de clientes, usuários ou funcionários. determinar quais operações de transmissão ou recepção de dados
• Política de confidencialidade: define como são tratadas as podem ser executadas. O firewall se enquadra em uma espécie de
informações institucionais, ou seja, se elas podem ser repassadas barreira de defesa. A sua missão, por assim dizer, consiste basica-
a terceiros. mente em bloquear tráfego de dados indesejado e liberar acessos
bem-vindos.
Mecanismos de segurança
Um mecanismo de segurança da informação é uma ação, técni-
ca, método ou ferramenta estabelecida com o objetivo de preservar
o conteúdo sigiloso e crítico para uma empresa.
11 https://www.diegomacedo.com.br/modelos-e-mecanis- 12 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/19/conceitos-
mos-de-seguranca-da-informacao/ -de-protecao-e-seguranca-da-informacao-parte-2/

56
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Representação de um firewall.13

Formas de segurança e proteção


– Controles de acesso através de senhas para quem acessa, com autenticação, ou seja, é a comprovação de que uma pessoa que está
acessando o sistema é quem ela diz ser14.
– Se for empresa e os dados a serem protegidos são extremamente importantes, pode-se colocar uma identificação biométrica como
os olhos ou digital.
– Evitar colocar senhas com dados conhecidos como data de nascimento ou placa do seu carro.
– As senhas ideais devem conter letras minúsculas e maiúsculas, números e caracteres especiais como @ # $ % & *.
– Instalação de antivírus com atualizações constantes.
– Todos os softwares do computador devem sempre estar atualizados, principalmente os softwares de segurança e sistema operacio-
nal. No Windows, a opção recomendada é instalar atualizações automaticamente.
– Dentre as opções disponíveis de configuração qual opção é a recomendada.
– Sempre estar com o firewall ativo.
– Anti-spam instalados.
– Manter um backup para caso de pane ou ataque.
– Evite sites duvidosos.
– Não abrir e-mails de desconhecidos e principalmente se tiver anexos (link).
– Evite ofertas tentadoras por e-mail ou em publicidades.
– Tenha cuidado quando solicitado dados pessoais. Caso seja necessário, fornecer somente em sites seguros.
– Cuidado com informações em redes sociais.
– Instalar um anti-spyware.
– Para se manter bem protegido, além dos procedimentos anteriores, deve-se ter um antivírus instalado e sempre atualizado.

NOÇÕES DE VÍRUS, ANTIVÍRUS

Noções de vírus, worms e pragas virtuais (Malwares)


– Malwares (Pragas): São programas mal intencionados, isto é, programas maliciosos que servem pra danificar seu sistema e diminuir
o desempenho do computador;
– Vírus: São programas maliciosos que, para serem iniciados, é necessária uma ação (por exemplo um click por parte do usuário);
– Worms: São programas que diminuem o desempenho do sistema, isto é, eles exploram a vulnerabilidade do computador se instalam
e se replicam, não precisam de clique do mouse por parte do usuário ou ação automática do sistema.

Aplicativos para segurança (antivírus, firewall, antispyware etc.)


• Antivírus
O antivírus é um software que encontra arquivos e programas maléficos no computador. Nesse sentido o antivírus exerce um papel
fundamental protegendo o computador. O antivírus evita que o vírus explore alguma vulnerabilidade do sistema ou até mesmo de uma
ação inesperada em que o usuário aciona um executável que contém um vírus. Ele pode executar algumas medidas como quarentena,
remoção definitiva e reparos.
O antivírus também realiza varreduras procurando arquivos potencialmente nocivos advindos da Internet ou de e-mails e toma as
medidas de segurança.

• Firewall
Firewall, no caso, funciona como um filtro na rede. Ele determina o que deve passar em uma rede, seja ela local ou corporativa, blo-
queando entradas indesejáveis e protegendo assim o computador. Pode ter regras simples ou complexas, dependendo da implementação,
isso pode ser limitado a combinações simples de IP / porta ou fazer verificações completas.

13 Fonte: https://helpdigitalti.com.br/o-que-e-firewall-conceito-tipos-e-arquiteturas/#:~:text=Firewall%20%C3%A9%20uma%20so-
lu%C3%A7%C3%A3o%20de,de%20dados%20podem%20ser%20executadas.
14 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/19/conceitos-de-protecao-e-seguranca-da-informacao-parte-3/

57
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Antispyware
Spyware é um software espião, que rouba as informações, em contrário, o antispyware protege o computador funcionando como o
antivírus em todos os sentidos, conforme relatado acima. Muitos antivírus inclusive já englobam tais funções em sua especificação.

PROCEDIMENTOS DE BACKUP

Procedimentos de backup
Backup é uma cópia dos dados para segurança e proteção. É uma forma de proteger e recuperar os dados na ocorrência de algum
incidente. Desta forma os dados são protegidos contra corrupção, perda, desastres naturais ou causados pelo homem.
Nesse contexto, temos quatro modelos mais comumente adotados: o backup completo, o incremental, o diferencial e o espelho.
Geralmente fazemos um backup completo na nuvem (Através da Internet) e depois um backup incremental para atualizar somente o que
mudou, mas vamos detalhar abaixo os tipos para um entendimento mais completo.

• Backup completo
Como o próprio nome diz, é uma cópia de tudo, geralmente para um disco e fita, mas agora podemos copiar para a Nuvem, visto que
hoje temos acesso a computadores através da internet. Apesar de ser uma cópia simples e direta, é demorada, nesse sentido não é feito
frequentemente. O ideal é fazer um plano de backup combinado entre completo, incremental e diferencial.

• Backup incremental
Nesse modelo apenas os dados alterados desde a execução do último backup serão copiados. Geralmente as empresas usam a data
e a hora armazenada para comparar e assim atualizar somente os arquivos alterados. Geralmente é uma boa opção por demorar menos
tempo, afinal só as alterações são copiadas, inclusive tem um tamanho menor por conta destes fatores.

• Backup diferencial
Este modelo é semelhante ao modelo incremental. A primeira vez ele copia somente o que mudou do backup completo anterior. Nas
próximas vezes, porém, ele continua fazendo a cópia do que mudou do backup anterior, isto é, engloba as novas alterações. Os backups
diferenciais são maiores que os incrementais e menores que os backups completos.

• Backup Espelho
Como o próprio nome diz, é uma cópia fiel dos dados, mas requer uma estrutura complexa para ser mantido. Imaginem dois lugares
para gravar dados ao mesmo tempo, daí o nome de espelho. Este backup entra em ação rápido na falha do principal, nesse sentido este
modelo é bom, mas ele não guarda versões anteriores. Se for necessária uma recuperação de uma hora específica, ele não atende, se os
dados no principal estiverem corrompidos, com certeza o espelho também estará.

SEQUÊNCIA DE BACKUP BACKUP COMPLETO BACKUP ESPELHO BACKUP INCREMENTAL BACKUP DIFERENCIAL
Seleciona tudo e
Backup 1 Copia tudo - -
copia

Seleciona tudo e Copia as mudanças do Copia as mudanças do


Backup 2 Copia tudo
copia backup 1 backup 1

Seleciona tudo e Copia as mudanças do Copia as mudanças do


Backup 3 Copia tudo
copia backup 2 backup 1
Seleciona tudo e Copia as mudanças do Copia as mudanças do
Backup 4 Copia tudo
copia backup 3 backup 1

ARMAZENAMENTO DE DADOS NA NUVEM (CLOUD STORAGE)

O armazenamento de dados na nuvem é quando guardamos informações na internet através de um provedor de serviços na nuvem
que gerencia o armazenamento dos dados15.
Com este serviço, são eliminados custos com infraestrutura de armazenamento físico de dados. Além disso, pode-se acessar docu-
mentos em qualquer lugar ou dispositivo (todos sincronizados).
Estes provedores de armazenamento cobram um valor proporcional ao tamanho da necessidade, mantendo os dados seguros.
Você pode acessar seus dados na nuvem através de protocolos como o SOAP (Simple Object Access Protocol), protocolo destinado à
circulação de informações estruturadas entre plataformas distribuídas e descentralizadas ou usando uma API (Application Programming
Interface, traduzindo, Interface de Programação de Aplicações) que integra os sistemas que tem linguagens diferentes de maneira rápida
e segura.
15 https://centraldefavoritos.com.br/2018/12/31/armazenamento-de-dados-na-nuvem-cloud-storage/

58
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Benefícios do armazenamento na nuvem
- Diminuição do custo de hardware para armazenamento, só é EXERCÍCIOS
pago o que realmente necessita e ainda é fácil e rápido aumentar o
espaço caso necessite; 1. (VUNESP-2019 – SEDUC-SP) Na rede mundial de computado-
- As empresas pagam pela capacidade de armazenamento que res, Internet, os serviços de comunicação e informação são disponi-
realmente precisam16; bilizados por meio de endereços e links com formatos padronizados
- Implantação rápida e fácil; URL (Uniform Resource Locator). Um exemplo de formato de ende-
- Possibilidade de expandir ou diminuir o espaço por sazonali- reço válido na Internet é:
dade; (A) http:@site.com.br
- Quem contrata gerencia a nuvem diretamente; (B) HTML:site.estado.gov
- A empresa contratada cuida da manutenção do sistema, ba- (C) html://www.mundo.com
ckup e replicação dos dados, aquisição de dispositivos para arma- (D) https://meusite.org.br
zenamentos extras; (E) www.#social.*site.com
- É uma ferramenta de gestão de dados, pois, estes são arma-
zenados de forma organizada. Com uma conexão estável, o acesso 2. (IBASE PREF. DE LINHARES – ES) Quando locamos servido-
e compartilhamento é fácil e rápido. res e armazenamento compartilhados, com software disponível e
localizados em Data-Centers remotos, aos quais não temos acesso
Desvantagens presencial, chamamos esse serviço de:
- O acesso depende exclusivamente da internet, portanto, a co- (A) Computação On-Line.
nexão deve ser de qualidade; (B) Computação na nuvem.
- Companhias de grande porte precisam ter políticas de segu- (C) Computação em Tempo Real.
rança para preservar a integridade dos arquivos; (D) Computação em Block Time.
- Geralmente, os servidores estão no exterior, o que sujeita (E) Computação Visual
seus dados à legislação local.
3. (CESPE – SEDF) Com relação aos conceitos básicos e modos
Tipos de armazenamento em nuvem de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedi-
Primeiramente, é preciso determinar o tipo de implantação de mentos associados à Internet, julgue o próximo item.
nuvem, ou a arquitetura de computação em nuvem, na qual os ser- Embora exista uma série de ferramentas disponíveis na Inter-
viços cloud contratados serão implementados pela sua gestão de net para diversas finalidades, ainda não é possível extrair apenas o
TI17. áudio de um vídeo armazenado na Internet, como, por exemplo, no
Há três diferentes maneiras de implantar serviços de nuvem: Youtube (http://www.youtube.com).
• Nuvem pública: pertence a um provedor de serviços cloud () Certo
terceirizado pelo qual é administrada. Esse provedor fornece recur- () Errado
sos de computação em nuvem, como servidores e armazenamento
via web, ou seja, todo o hardware, software e infraestruturas de su- 4. (CESP-MEC WEB DESIGNER) Na utilização de um browser, a
porte utilizados são de propriedade e gerenciamento do provedor execução de JavaScripts ou de programas Java hostis pode provo-
de nuvem contratado pela organização. car danos ao computador do usuário.
• Nuvem privada: se refere aos recursos de computação em ( ) Certo
nuvem usados exclusivamente por uma única empresa, podendo ( ) Errado
estar localizada fisicamente no datacenter local da empresa, ou
seja, uma nuvem privada é aquela em que os serviços e a infra- 5. (FGV – SEDUC -AM) Um Assistente Técnico recebe um e-mail
estrutura de computação em nuvem utilizados pela empresa são com arquivo anexo em seu computador e o antivírus acusa existên-
mantidos em uma rede privada. cia de vírus.
• Nuvem híbrida: trata-se da combinação entre a nuvem públi- Assinale a opção que indica o procedimento de segurança a ser
ca e a privada, que estão ligadas por uma tecnologia que permite o adotado no exemplo acima.
compartilhamento de dados e aplicativos entre elas. O uso de nu- (A) Abrir o e-mail para verificar o conteúdo, antes de enviá-lo
vens híbridas na computação em nuvem ajuda também a otimizar ao administrador de rede.
a infraestrutura, segurança e conformidade existentes dentro da (B) Executar o arquivo anexo, com o objetivo de verificar o tipo
empresa. de vírus.
(C) Apagar o e-mail, sem abri-lo.
Software para armazenamento em nuvem (D) Armazenar o e-mail na área de backup, para fins de moni-
Software de armazenamento cloud são sites, alguns deles vin- toramento.
culados a provedores de e-mail e aplicações de escritório, como (E) Enviar o e-mail suspeito para a pasta de spam, visando a
o Google Drive (Google), o One Drive (Microsoft) e o Dropbox. A analisá-lo posteriormente.
maioria dos sites disponibiliza o serviço gratuitamente e o usuário
paga apenas se contratar planos para expandir a capacidade. 6. (QUADRIX – CRMV -RN) No que diz respeito ao programa
Microsoft Excel 2013, ao sistema operacional Windows 8 e aos con-
ceitos de redes de computadores, julgue o item. As pastas Docu-
mentos, Imagens e Downloads são exemplos de pastas que estão
armazenadas na pasta pessoal do usuário do sistema operacional
Windows 8.
( ) Certo
( ) Errado
16 http://www.infortrendbrasil.com.br/cloud-storage/
17 https://ecoit.com.br/computacao-em-nuvem/

59
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
7. (QUADRIX CRN) Nos sistemas operacionais Windows 7 e Windows 8, qual, destas funções, a Ferramenta de Captura não executa?
(A) Capturar qualquer item da área de trabalho.
(B) Capturar uma imagem a partir de um scanner.
(C) Capturar uma janela inteira
(D) Capturar uma seção retangular da tela.
(E) Capturar um contorno à mão livre feito com o mouse ou uma caneta eletrônica

8. (IF-PB) Acerca dos sistemas operacionais Windows 7 e 8, assinale a alternativa INCORRETA:


(A) O Windows 8 é o sucessor do 7, e ambos são desenvolvidos pela Microsoft.
(B) O Windows 8 apresentou uma grande revolução na interface do Windows. Nessa versão, o botão “iniciar” não está sempre visível
ao usuário.
(C) É possível executar aplicativos desenvolvidos para Windows 7 dentro do Windows 8.
(D) O Windows 8 possui um antivírus próprio, denominado Kapersky.
(E) O Windows 7 possui versões direcionadas para computadores x86 e 64 bits.

9. (CESPE – TCE) Com relação a programas usados em aplicações associadas à Internet, assinale a opção correta.
(A) O Outlook Express permite, entre outras coisas, enviar e receber mensagens de e-mail e ingressar em grupos de notícias.
(B) O Messenger é um programa cuja principal função é a criação de páginas da Web usando linguagem Java.
(C) Para acessar mensagens de e-mail por meio de sítios do tipo webmail, é essencial que esteja instalado no computador o programa
Eudora.
(D) Cookie é a denominação comumente usada para os chamados programas antivírus.

10. (CESPE MPS) No Microsoft Outlook 2003, não é possível criar assinaturas distintas para novas mensagens e para respostas e en-
caminhamentos.
( ) Certo
( ) Errado

11. (VUNESP – PREF ITAPEVI ) Observe a mensagem de correio eletrônico que está sendo digitada no MS-Outlook 2010, na sua confi-
guração padrão, apresentada a seguir.

Assinale a alternativa que contém a conta de e-mail que também receberá a mensagem e que estará visível para o destinatário pre-
feitura@itapevi.sp.gov.br.
(A) analista@itapevi.sp.gov.br
(B) vunesp@concursos.com.br
(C) concurso@itapevi@sp.gov.br
(D)analistas@itapevi.sp.gov.br
(E) meioambiente@itapevi.sp.gov.br

12. (CÂMARA DE SÃO JOÃO DE MERITI/RJ - ANALISTA LEGISLATIVO - FUNRIO/2018) No sistema operacional Linux, o diretório onde
se encontram os arquivos de configuração e aplicativos do sistema tais como Apache é conhecido como:
(A) /etc
(B) /lib
(C) /Bin
(D) /sys
(E) /cfg

60
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
13. (PREFEITURA DE SOLÂNEA/PB - TÉCNICO EM ENFERMA- 18. (PREFEITURA DE SÃO FRANCISCO/MG - ASSISTENTE AD-
GEM - CPCON/2019) O comando Linux, que mostra os arquivos que MINISTRATIVO - COTEC/2020) Os termos internet e World Wide
estão na pasta em que o usuário está naquele momento, está repre- Web (WWW) são frequentemente usados como sinônimos na lin-
sentado na alternativa: guagem corrente, e não são porque
(A) list (A) a internet é uma coleção de documentos interligados (pá-
(B) mv ginas web) e outros recursos, enquanto a WWW é um serviço de
(C) cat acesso a um computador.
(D) file (B) a internet é um conjunto de serviços que permitem a cone-
(E) ls xão de vários computadores, enquanto WWW é um serviço espe-
cial de acesso ao Google.
14. (PREFEITURA DE ARACATI/CE - TÉCNICO EM ARQUIVO (C) a internet é uma rede mundial de computadores especial,
- ACEP/2019) Os sistemas operacionais Linux® e Windows® têm, enquanto a WWW é apenas um dos muitos serviços que funcionam
entre si, inúmeras diferenças. No entanto, é possível encontrar dentro da internet.
também algumas semelhanças. Considerando versões recentes dos (D) a internet possibilita uma comunicação entre vários com-
dois sistemas operacionais (considerando o Ubuntu como referên- putadores, enquanto a WWW, o acesso a um endereço eletrônico.
cia de Linux), em configuração padrão, pode-se citar como uma se- (E) a internet é uma coleção de endereços eletrônicos, enquan-
melhança: to a WWW é uma rede mundial de computadores com acesso es-
(A) ambos dispõem de código fonte aberto. pecial ao Google.
(B) ambos executam em um só nível de execução.
(C) ambos compartilham o mesmo sistema de arquivos padrão 19. (PREFEITURA DE PINTO BANDEIRA/RS - AUXILIAR DE SER-
(NTFS). VIÇOS GERAIS - OBJETIVA/2019) Sobre a navegação na internet,
(D) ambos disponibilizam ferramenta de linha de comando. analisar a sentença abaixo:
Os acessos a sites de pesquisa e de notícias são geralmente re-
15. (UFFS - ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO - INSTITUTO alizados pelo protocolo HTTP, onde as informações trafegam com
AOCP/2019) Em um sistema operacional Linux (Ubuntu 18.04, ins- o uso de criptografia (1ª parte). O protocolo HTTP não garante que
talação padrão em português), dada a estrutura de diretórios pa- os dados não possam ser interceptados (2ª parte). A sentença está:
drão dos sistemas, os arquivos pessoais dos usuários (Documentos, (A) Totalmente correta.
Planilhas, Imagens, Vídeos) ficam em qual diretório? (B) Correta somente em sua 1ª parte.
(A) /home (C) Correta somente em sua 2ª parte.
(B) /users (D) Totalmente incorreta.
(C) /desktop
(D) /inicio 20. (CRN - 3ª REGIÃO (SP E MS) - OPERADOR DE CALL CENTER -
(E) /etc IADES/2019) A navegação na internet e intranet ocorre de diversas
formas, e uma delas é por meio de navegadores. Quanto às funções
16. (PREFEITURA DE LINHARES/ES - AGENTE ADMINISTRATI- dos navegadores, assinale a alternativa correta.
VO - IBADE/2020) No Linux, o usuário (userid) com a maior autori- (A) Na internet, a navegação privada ou anônima do navegador
dade chama-se: Firefox se assemelha funcionalmente à do Chrome.
(A) Main. (B) O acesso à internet com a rede off-line é uma das vantagens
(B) Admin. do navegador Firefox.
(C) Master. (C) A função Atualizar recupera as informações perdidas quan-
(D) Root. do uma página é fechada incorretamente.
(E) Principal. (D) A navegação privada do navegador Chrome só funciona na
intranet.
17. (PREFEITURA DE AREAL - RJ - TÉCNICO EM INFORMÁTICA - (E) Os cookies, em regra, não são salvos pelos navegadores
GUALIMP/2020) São características exclusivas da Intranet: quando estão em uma rede da internet.
(A) Acesso restrito e Rede Local (LAN).
(B) Rede Local (LAN) e Compartilhamento de impressoras. 21. (PREFEITURA DE SENTINELA DO SUL/RS - FISCAL - OBJETI-
(C) Comunicação externa e Compartilhamento de Dados. VA/2020) Considerando-se o Internet Explorer 11, marcar C para as
(D) Compartilhamento de impressoras e Acesso restrito. afirmativas Certas, E para as Erradas e, após, assinalar a alternativa
que apresenta a sequência CORRETA:
(---) No Windows 10, é necessário instalar o aplicativo do Inter-
net Explorer.
(---) É possível fixar o aplicativo do Internet Explorer na barra de
tarefas do Windows 10.

(A) C - C.
(B) C - E.
(C) E - E.
(D) E – C

61
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
22. (PREFEITURA DE SÃO FRANCISCO/MG - ASSISTENTE SO- Estão CORRETOS:
CIAL - COTEC/2020) Um usuário de computador realiza comumente (A) Somente os itens I, II e III.
um conjunto de atividades como copiar, recortar e colar arquivos (B) Somente os itens I, III e IV.
utilizando o Windows Explorer. Dessa forma, existe um conjunto de (C) Somente os itens II, III e IV
ações de usuários, como realizar cliques com o mouse e utilizar-se (D) Todos os itens.
de atalhos de teclado, que deve ser seguido com o fim de realizar
o trabalho desejado. Assim, para mover um arquivo entre partições 25. (PREFEITURA DE PORTO XAVIER/RS - TÉCNICO EM ENFER-
diferentes do sistema operacional Windows 10, é possível adotar o MAGEM - FUNDATEC/2018) A tecla de atalho Ctrl+A, no sistema
seguinte conjunto de ações: operacional Microsoft Windows 10, possui a função de:
(A) Clicar sobre o arquivo com o botão direito do mouse, man- (A) Selecionar tudo.
tendo-o pressionado e mover o arquivo para a partição de destino (B) Imprimir.
e escolher a ação de colar. (C) Renomear uma pasta.
(B) Clicar sobre o arquivo com o botão esquerdo do mouse, (D) Finalizar o programa.
mantendo-o pressionado e mover o arquivo para a partição de des- (E) Colocar em negrito.
tino. Por fim soltar o botão do mouse.
(C) Clicar sobre o arquivo com o botão direito do mouse, man-
tendo-o pressionado e mover o arquivo para a partição de destino.
Por fim soltar o botão do mouse. 26. (PREFEITURA DE SÃO JOAQUIM DO/PE - AUDITOR DE CON-
(D) Clicar uma vez sobre o arquivo com o botão direito do mou- TROLE INTERNO - ADM&TEC/2018) Leia as afirmativas a seguir:
se e mover o arquivo para a partição de destino. I. As funções “OU” e “SE”, no Microsoft Excel, são funções ló-
(E) Clicar sobre o arquivo com o botão direito do mouse, man- gicas.
tendo-o pressionado e mover o arquivo para a partição de destino II. A dinâmica de transmissão de informação na internet não
e escolher a ação de mover. permite que as ações se sucedam concomitantemente.

23. (PREFEITURA DE BRASÍLIA DE MINAS/MG - ENGENHEIRO Marque a alternativa CORRETA:


AMBIENTAL - COTEC/2020) Sobre organização e gerenciamento de (A) As duas afirmativas são verdadeiras.
informações, arquivos, pastas e programas, analise as seguintes (B) A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.
afirmações e assinale V para as verdadeiras e F para as falsas. (C) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa.
( ) - Arquivos ocultos são arquivos que normalmente são re- (D) As duas afirmativas são falsas.
lacionados ao sistema. Eles ficam ocultos, pois alterações podem
danificar o Sistema Operacional. 27. (TJ/DFT - ESTÁGIO - CIEE/2019) Toda função do Excel deve-
( ) - Existem vários tipos de arquivos, como arquivos de textos, rá ser iniciada com o seguinte sinal:
arquivos de som, imagem, planilhas, sendo que o arquivo .rtf só é (A) Igual.
aberto com o WordPad. (B) Soma.
( ) - Nas versões Vista, 7, 8 e 10 do Windows, é possível usar (C) Média.
criptografia para proteger todos os arquivos que estejam armaze- (D) Menor.
nados na unidade em que o Windows esteja instalado.
( ) - O Windows Explorer é um gerenciador de informações, 28. (GHC/RS - CONTADOR -: MS CONCURSOS/2018) O Excel
arquivos, pastas e programas do sistema operacional Windows da possui a utilização de macros. Dentre as alternativas, assinale a que
Microsoft. corretamente explica o que vem a ser “macro”.
( ) - São bibliotecas padrão do Windows: Programas, Documen- (A) Uma sequência de comandos utilizados em linguagem de
tos, Imagens, Músicas, Vídeos. máquina que corrigem as células.
(B) Uma programação cuja função é gerenciar os recursos do
A sequência CORRETA das afirmações é: sistema Excel, fornecendo uma interface entre o computador e o
(A) F, V, V, F, F. usuário.
(B) V, F, V, V, F. (C) Um programa do Excel que tem por objetivo ajudar o seu
(C) V, F, F, V, V. usuário a desempenhar uma tarefa específica, em geral ligada à edi-
(D) F, V, F, F, V. toração dos dados.
(E) V, V, F, V, F. (D) Um programa que executa o cruzamento de uma linha com
uma coluna e nela são inseridas as informações necessárias do seu
24. (PREFEITURA DE PORTÃO/RS - ASSISTENTE SOCIAL - OBJE- documento.
TIVA/2019) Em relação ao sistema operacional Windows 10, anali- (E) Uma sequência de comandos, que podem ser cliques, to-
sar os itens abaixo: ques no teclado ou até mesmo pequenas linhas de códigos com
I. Possibilita o gerenciamento do tempo de tela. funções mais avançadas. Essas sequências são gravadas em um mó-
II. Disponibiliza somente uma atualização de segurança por dulo VBA e são executadas sempre que forem necessárias.
ano.
III. Possibilita a conexão de contas da Microsoft entre usuários.
IV. Possui recursos de segurança integrados, incluindo firewall
e proteção de internet para ajudar a proteger contra vírus, malware
e ransomware.

62
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
29. (CÂMARA DE MONTES CLAROS/MG - AGENTE DO LEGISLATIVO - COTEC/2020) Dado o recorte de tabela a seguir, as fórmulas
necessárias para se obter a quantidade de alunos aprovados, conforme exposto na célula B16 e a média de notas da Prova 1, disposta na
célula B13, estão na alternativa:

(A) B16=CONT.APROVADO (F2:F11) e B13=MÉDIA (B2:B11).


(B) B16=SOMA (APROVADO) e B13=MÉDIA (B2:B11).
(C) B16=CONT.APROVADO (F2:F11) e B13=MED (B13).
(D) B16=CONT.SE (F2:F11;”APROVADO”) e B13=MÉDIA (B2:B11).
(E) B16=SOMA (F2:F11) –(F4+F5+F6+F7) e B13=MED(B13).

30. (TJ/RN - TÉCNICO DE SUPORTE SÊNIOR - COMPERVE/2020) Um técnico de suporte recebeu uma planilha elaborada no Microsoft
Excel, com os quantitativos de equipamentos em 3 setores diferentes e o valor unitário em reais de cada equipamento, conforme imagem
abaixo.

Para que uma célula mostre o valor em reais do somatório dos valores de todos os equipamentos do departamento de informática,
seria necessário utilizar a fórmula:
(A) =SOMA(B3:B8 + C3:C8)
(B) =SOMA(B3:B8 * C3:C8)
(C) =SOMA(B3:B8 * D3:D8)
(D) =SOMA(B3:B8 + D3:D8)

63
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

______________________________________________________
1 D
2 B ______________________________________________________
3 ERRADO ______________________________________________________
4 CERTO
______________________________________________________
5 C
6 CERTO ______________________________________________________

7 B ______________________________________________________
8 D
______________________________________________________
9 A
______________________________________________________
10 ERRADO
11 E ______________________________________________________
12 A
______________________________________________________
13 E
______________________________________________________
14 D
15 A ______________________________________________________
16 D ______________________________________________________
17 B
______________________________________________________
18 C
19 C ______________________________________________________
20 A ______________________________________________________
21 E
______________________________________________________
22 E
23 B ______________________________________________________
24 B ______________________________________________________
25 A
______________________________________________________
26 B
27 A ______________________________________________________
28 E ______________________________________________________
29 D
______________________________________________________
30 B
______________________________________________________

ANOTAÇÕES ______________________________________________________

______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
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______________________________________________________
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______________________________________________________
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64
RACIOCÍNIO LÓGICO
1. Estruturas lógicas. Lógica de argumentação: analogias, inferências, deduções e conclusões. Lógica sentencial (ou proposicional).
Proposições simples e compostas. Tabelas-verdade. Equivalências. Leis de De Morgan . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Diagramas lógicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
3. Lógica de primeira ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
4. Princípios de contagem e probabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
5. Operações com conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
6. Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geométricos e matriciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
RACIOCÍNIO LÓGICO

ESTRUTURAS LÓGICAS. LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO: ANALOGIAS, INFERÊNCIAS, DEDUÇÕES E CONCLUSÕES.


LÓGICA SENTENCIAL (OU PROPOSICIONAL). PROPOSIÇÕES SIMPLES E COMPOSTAS. TABELAS-VERDADE.
EQUIVALÊNCIAS. LEIS DE DE MORGAN

CONCEITOS BÁSICOS DE RACIOCÍNIO LÓGICO

Proposição
Conjunto de palavras ou símbolos que expressam um pensamento ou uma ideia de sentido completo. Elas
transmitem pensamentos, isto é, afirmam fatos ou exprimem juízos que formamos a respeito de determinados conceitos ou entes.

Valores lógicos
São os valores atribuídos as proposições, podendo ser uma verdade, se a proposição é verdadeira (V), e uma falsidade, se a proposi-
ção é falsa (F). Designamos as letras V e F para abreviarmos os valores lógicos verdade e falsidade respectivamente.
Com isso temos alguns aximos da lógica:
– PRINCÍPIO DA NÃO CONTRADIÇÃO: uma proposição não pode ser verdadeira E falsa ao mesmo tempo.
– PRINCÍPIO DO TERCEIRO EXCLUÍDO: toda proposição OU é verdadeira OU é falsa, verificamos sempre um desses casos, NUNCA
existindo um terceiro caso.

Fique Atento!!
“Toda proposição tem um, e somente um, dos valores, que são: V ou F.”

Classificação de uma proposição


Elas podem ser:
Sentença aberta:quando não se pode atribuir um valor lógico verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto, não é
considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
- Frases interrogativas: Quando será prova?- Estudou ontem? – Fez Sol ontem?
- Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a televisão.
- Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, ambíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro do
meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1

Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será considerada
uma frase, proposição ou sentença lógica.

Proposições simples e compostas

Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.
Exemplos
r: Thiago é careca.
s: Pedro é professor.

Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógicas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições sim-
ples. As proposições compostas são designadas pelas letras latinas maiúsculas P,Q,R, R...,também chamadas letras proposicionais.
Exemplo:
P: Thiago é careca e Pedro é professor.

ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas por duas proposições simples.

Exemplo:(Cespe/UNB) Na lista de frases apresentadas a seguir:


• “A frase dentro destas aspas é uma mentira.”
• A expressão x + y é positiva.
• O valor de √4 + 3 = 7.
• Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira.
• O que é isto?
Há exatamente:
(A) uma proposição;
(B) duas proposições;
(C) três proposições;
(D) quatro proposições;
(E) todas são proposições.

1
RACIOCÍNIO LÓGICO
Resolução:
Analisemos cada alternativa:
(A) “A frase dentro destas aspas é uma mentira”, não podemos atribuir valores lógicos a ela, logo não é uma sentença lógica.
(B) A expressão x + y é positiva, não temos como atribuir valores lógicos, logo não é sentença lógica.
(C) O valor de √4 + 3 = 7; é uma sentença lógica pois podemos atribuir valores lógicos, independente do resultado que tenhamos
(D) Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira, também podemos atribuir valores lógicos (não estamos considerando a quantidade
certa de gols, apenas se podemos atribuir um valor de V ou F a sentença).
(E) O que é isto? -como vemos não podemos atribuir valores lógicos por se tratar de uma frase interrogativa.

01. Resposta: B.

Conectivos (concectores lógicos)


Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos. São eles:

Operação Conectivo Estrutura Lógica Tabela verdade

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

Condicional → Se p então q

2
RACIOCÍNIO LÓGICO

Bicondicional ↔ p se e somente se q

Exemplo: (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP). Os conectivos ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou sím-
bolos (da linguagem formal) utilizados para conectar proposições de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa
que apresenta exemplos de conjunção, negação e implicação, respectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
(C) p -> q, p v q, ¬ p
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q

Resolução:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é repre-
sentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposição simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação é uma
proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representada pelo símbolo (→).
Resposta: B.

Tabela Verdade
Quando trabalhamos com as proposições compostas, determinamos o seu valor lógico partindo das proposições simples que a com-
põe. O valor lógico de qualquer proposição composta depende UNICAMENTE dos valores lógicos das proposições simples componentes,
ficando por eles UNIVOCAMENTE determinados.

Número de linhas de uma Tabela Verdade: depende do número de proposições simples que a integram, sendo dado pelo seguinte
teorema:
“A tabela verdade de uma proposição composta com n* proposições simpleste componentes contém 2n linhas.”

Exemplo: (Cespe/UnB) Se “A”, “B”, “C” e “D” forem proposições simples e distintas, então o número de linhas da tabela-verdade da
proposição (A → B) ↔ (C → D) será igual a:
(A) 2;
(B) 4;
(C) 8;
(D) 16;
(E) 32.

Resolução:
Veja que podemos aplicar a mesma linha do raciocínio acima, então teremos:
Número de linhas = 2n = 24 = 16 linhas.
Resposta D.

Conceitos de Tautologia , Contradição e Contigência


- Tautologia: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), V (verdades).
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma tautologia, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma tautologia, quaisquer que sejam
as proposições P0, Q0, R0, ...

- Contradição: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), F (falsidades). A contradição é a negação da Tauto-
logia e vice versa.
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma contradição, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma contradição, quaisquer que sejam
as proposições P0, Q0, R0, ...

- Contigência: possui valores lógicos V e F ,da tabela verdade (última coluna). Em outros termos a contingência é uma proposição
composta que não é tautologia e nem contradição.

3
RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplos:
01. (PECFAZ/ESAF) Conforme a teoria da lógica proposicional, a proposição ~P ∧ P é:
(A) uma tautologia.
(B) equivalente à proposição ~p ∨ p.
(C) uma contradição.
(D) uma contingência.
(E) uma disjunção.

Resolução:
Resposta: C.

02. (DPU – Analista – CESPE) Um estudante de direito, com o objetivo de sistematizar o seu estudo, criou sua própria legenda, na qual
identificava, por letras, algumas afirmações relevantes quanto à disciplina estudada e as vinculava por meio de sentenças (proposições).
No seu vocabulário particular constava, por exemplo:
P: Cometeu o crime A.
Q: Cometeu o crime B.
R: Será punido, obrigatoriamente, com a pena de reclusão no regime fechado.
S: Poderá optar pelo pagamento de fiança.
Ao revisar seus escritos, o estudante, apesar de não recordar qual era o crime B, lembrou que ele era inafiançável.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item que se segue.
A sentença (P→Q)↔((~Q)→(~P)) será sempre verdadeira, independentemente das valorações de P e Q como verdadeiras ou falsas.
() Certo ( ) Errado

Resolução:
Considerando P e Q como V.
(V→V) ↔ ((F)→(F))
(V) ↔ (V) = V

Considerando P e Q como F
(F→F) ↔ ((V)→(V))
(V) ↔ (V) = V

Então concluímos que a afirmação é verdadeira.


Resposta: Certo.

Equivalência
Duas ou mais proposições compostas são equivalentes, quando mesmo possuindo estruturas lógicas diferentes, apresentam a mesma
solução em suas respectivas tabelas verdade.

Se as proposições P(p,q,r,...) e Q(p,q,r,...) são ambas TAUTOLOGIAS, ou então, são CONTRADIÇÕES, então são EQUIVALENTES.

4
RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo: (VUNESP/TJSP) Uma negação lógica para a afirmação “João é rico, ou Maria é pobre” é:
(A) Se João é rico, então Maria é pobre.
(B) João não é rico, e Maria não é pobre.
(C) João é rico, e Maria não é pobre.
(D) Se João não é rico, então Maria não é pobre.
(E) João não é rico, ou Maria não é pobre.
Resolução:
Nesta questão, a proposição a ser negada trata-se da disjunção de duas proposições lógicas simples. Para tal, trocamos o conectivo
por “e” e negamos as proposições “João é rico” e “Maria é pobre”. Vejam como fica:

Resposta: B.

Leis de Morgan
Com elas:
- Negamos que duas dadas proposições são ao mesmo tempo verdadeiras equivalendo a afirmar que pelo menos uma é falsa
- Negamos que uma pelo menos de duas proposições é verdadeira equivalando a afirmar que ambas são falsas.

Atenção!!!
As Leis de Morgan exprimem que NEGAÇÂO transforma:
CONJUNÇÃO em DISJUNÇÃO e DISJUNÇÃO em CONJUNÇÃO

Exemplo: (TJ/PI – Analista Judiciário – Escrivão Judicial – FGV) Considere a afirmação:


“Mato a cobra e mostro o pau”
A negação lógica dessa afirmação é:
(A) não mato a cobra ou não mostro o pau;
(B) não mato a cobra e não mostro o pau;
(C) não mato a cobra e mostro o pau;
(D) mato a cobra e não mostro o pau;
(E) mato a cobra ou não mostro o pau.

Resolução:
Resposta: A

CONECTIVOS

Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos.

Operação Conectivo Estrutura Lógica Exemplos


Negação ~ Não p A cadeira não é azul.
Conjunção ^ peq Fernando é médico e Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Inclusiva v p ou q Fernando é médico ou Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Exclusiva v Ou p ou q Ou Fernando é médico ou João é Engenheiro.
Condicional → Se p então q Se Fernando é médico então Nicolas é Engenheiro.
Bicondicional ↔ p se e somente se q Fernando é médico se e somente se Nicolas é Engenheiro.

5
RACIOCÍNIO LÓGICO
Conectivo “não” (~) Mais sobre o Conectivo “ou”
Chamamos de negação de uma proposição representada por - “inclusivo”(considera os dois casos)
“não p” cujo valor lógico é verdade (V) quando p é falsa e falsidade -“exclusivo”(considera apenas um dos casos)
(F) quando p é verdadeira. Assim “não p” tem valor lógico oposto
daquele de p. Pela tabela verdade temos: Exemplos:
R: Paulo é professor ou administrador
S: Maria é jovem ou idosa

Ele pode ser “inclusivo”(considera os dois casos) ou “exclusi-


vo”(considera apenas um dos casos)Exemplo:R: Paulo é professor
ou administradorS: Maria é jovem ou idosaNoprimeirocaso,o“ou-
”éinclusivo,poispelomenosumadasproposiçõesé verdadeira, po-
Conectivo “e” (˄)
dendo ser ambas. No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois
Se p e q são duas proposições, a proposição p ˄ q será chamada
somente uma das proposições poderá ser verdadeir
de conjunção. Para a conjunção, tem-se a seguinte tabela-verdade:
Conectivo “Se... então” (→)
Se p e q são duas proposições, a proposição p→q é chamada
subjunção ou condicional. Considere a seguinte subjunção: “Se fizer
sol, então irei à praia”.
1. Podem ocorrer as situações:
2. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
3. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade)
5. Não fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade, pois eu não dis-
se o que faria se não fizesse sol. Assim, poderia ir ou não ir à praia).
Temos então sua tabela verdade:
FIQUE ATENTO: Sentenças interligadas pelo conectivo “e” pos-
suirão o valor verdadeiro somente quando todas as sentenças, ou
argumentos lógicos, tiverem valores verdadeiros.

Conectivo “ou” (v)


Esteinclusivo: Elisabete é bonita ou Elisabete é inteligente.
(Nada impede que Elisabete seja bonita e inteligente).

Observe que uma subjunção p→q somente será falsa quando


a primeira proposição, p, for verdadeira e a segunda, q, for falsa.

Conectivo “Se e somente se” (↔)


Se p e q são duas proposições, a proposição p↔q1 é chamada
bijunção ou bicondicional, que também pode ser lida como: “p é
condição necessária e suficiente para q” ou, ainda, “q é condição
necessária e suficiente para p”.
Conectivo “ou” (v)
Esteexclusivo: Elisabete é paulista ou Elisabete é carioca. (Se
Considere, agora, a seguinte bijunção: “Irei à praia se e somen-
Elisabete é paulista, não será carioca e vice-versa).
te se fizer sol”. Podem ocorrer as situações:
1. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
2. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
3. Não fez sol e fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade). Sua tabela
verdade:

6
RACIOCÍNIO LÓGICO
Observe que uma bicondicional só é verdadeira quando as pro- Exemplo: (PEC-FAZ) Conforme a teoria da lógica proposicional,
posições formadoras são ambas falsas ou ambas verdadeiras. a proposição ~P ∧ P é:
(A) uma tautologia.
FICA A DICA (B) equivalente à proposição ~p ∨ p.
O importante sobre os concectivos é ter em mente a tabela de (C) uma contradição.
cada um deles, para que assim você possa resolver qualquer (D) uma contingência.
questão referente ao assunto. (E) uma disjunção.

Resolução:
Ordem de precedência dos conectivos:
Montando a tabela teremos que:
Ocritérioqueespecificaaordemdeavaliaçãodosconectivosou
operadores lógicos de uma expressão qualquer. A lógica matemáti-
ca prioriza as operações de acordo com a ordem listadas: P ~p ~p ^p
V F F
V F F
F V F
Em resumo:
F V F

Como todos os valores são Falsidades (F) logo estamos diante


de uma CONTRADIÇÃO.

Resposta: C.

ESTRUTURAS LÓGICAS

Precisamos antes de tudo compreender o que são proposi-


Exemplo: (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP). Os conec-
ções. Chama-se proposição toda sentença declarativa à qual po-
tivos ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum)
demos atribuir um dos valores lógicos: verdadeiro ou falso, nunca
ou símbolos (da linguagem formal) utilizados para conectar pro-
ambos. Trata-se, portanto, de uma sentença fechada.
posições de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale
a alternativa que apresenta exemplos de conjunção, negação e
Elas podem ser:
implicação, respectivamente.
Sentença aberta:quando não se pode atribuir um valor lógico
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto,
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
não é considerada frase lógica. São consideradas sentenças aber-
(C) p -> q, p v q, ¬ p
tas:
(D) p v p, p -> q, ¬ q
- Frases interrogativas: Quando será prova?- Estudou ontem?
(E) p v q, ¬ q, p v q
– Fez Sol ontem?
- Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
Resolução:
- Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o
televisão.
conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é repre-
- Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, am-
sentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposi-
bíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro
ção simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação é uma
do meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1
proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representa-
da pelo símbolo (→).
Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO
valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será conside-
Resposta: B.
rada uma frase, proposição ou sentença lógica.
CONTRADIÇÕES
Proposições simples e compostas
Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém
São proposições compostas formadas por duas ou mais propo-
nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
sições onde seu valor lógico é sempre FALSO, independentemente
proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas
do valor lógico das proposições simples que a compõem. Vejamos:
p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.
A proposição:p ^ ~p é uma contradição, conforme mostra a
sua tabela-verdade:
Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógi-
cas): aquela formada pela combinação de duas ou mais propo-
sições simples. As proposições compostas são designadas pelas
letras latinas maiúsculas P,Q,R, R...,também chamadas letras pro-
posicionais.

ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas


por duas proposições simples.

7
RACIOCÍNIO LÓGICO
Proposições Compostas – Conectivos
As proposições compostas são formadas por proposições simples ligadas por conectivos, aos quais formam um valor lógico, que
podemos vê na tabela a seguir:

Operação Conectivo Estrutura Lógica Tabela verdade

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

Condicional → Se p então q

Bicondicional ↔ p se e somente se q

8
RACIOCÍNIO LÓGICO
Em síntese temos a tabela verdade das proposições que facilitará na resolução de diversas questões

Exemplo: (MEC – Conhecimentos básicos para os Postos 9,10,11 e 16 – CESPE)

A figura acima apresenta as colunas iniciais de uma tabela-verdade, em que P, Q e R representam proposições lógicas, e V e F corres-
pondem, respectivamente, aos valores lógicos verdadeiro e falso.
Com base nessas informações e utilizando os conectivos lógicos usuais, julgue o item subsecutivo.

A última coluna da tabela-verdade referente à proposição lógica P v (Q↔R) quando representada na posição horizontal é igual a

() Certo ( ) Errado

Resolução:
P v (Q↔R), montando a tabela verdade temos:

R Q P [P v (Q ↔ R) ]
V V V V V V V V
V V F F V V V V
V F V V V F F V
V F F F F F F V
F V V V V V F F
F V F F F V F F
F F V V V F V F
F F F F V F V F

Resposta: Certo.

9
RACIOCÍNIO LÓGICO
IMPLICAÇÃO LÓGICA

A proposição P(p,q,r,...) implica logicamente a proposição Q(p,q,r,...) quando Q é verdadeira todas as vezes que P é verdadeira. Repre-
sentamos a implicação com o símbolo “⇒”, simbolicamente temos:

P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...).

FIQUE ATENTO: Os símbolos “→” e “⇒” são completamente distintos. O primeiro (“→”) representa a condicional, que é um conectivo.
O segundo (“⇒”) representa a relação de implicação lógica que pode ou não existir entre duas proposições. Exemplo:

Observe:
- Toda proposição implica uma Tautologia:

- Somente uma contradição implica uma contradição:

Propriedades
Reflexiva:
– P(p,q,r,...) ⇒ P(p,q,r,...)
– Uma proposição complexa implica ela mesma.

Transitiva:
– Se P(p,q,r,...) ⇒Q(p,q,r,...) e
Q(p,q,r,...) ⇒R(p,q,r,...), então
P(p,q,r,...) ⇒R(p,q,r,...)
– Se P ⇒Q e Q ⇒R, então P ⇒R

Regras de Inferência
Inferência é o ato ou processo de derivar conclusões lógicas de proposições conhecidas ou decididamente verdadeiras. Em outras
palavras: é a obtenção de novas proposições a partir de proposições verdadeiras já existentes.

10
RACIOCÍNIO LÓGICO
Regras de Inferência obtidas d

a implicação lógica

- Silogismo Disjuntivo

- Modus Ponens

- Modus Tollens

11
RACIOCÍNIO LÓGICO
Tautologias e Implicação Lógica
Teorema
P(p,q,r,..) ⇒ Q(p,q,r,...) se e somente se P(p,q,r,...) → Q(p,q,r,...)

Observe que:
→ indica uma operação lógica entre as proposições. Ex.: das proposições p e q, dá-se a nova proposição p → q.
⇒ indica uma relação. Ex.: estabelece que a condicional P → Q é tautológica.

Inferências

Regra do Silogismo Hipotético

Princípio da inconsistência
– Como “p ^ ~p → q” é tautológica, subsiste a implicação lógica p ^ ~p ⇒q
– Assim, de uma contradição p ^ ~p se deduz qualquer proposição q.
A proposição “(p ↔ q) ^ p” implica a proposição “q”, pois a condicional “(p ↔ q) ^ p → q” é tautológica.

Exemplo: (TJ/PI – Analista Judiciário – Escrivão Judicial – FGV) Renato falou a verdade quando disse:
• Corro ou faço ginástica.
• Acordo cedo ou não corro.
• Como pouco ou não faço ginástica.

Certo dia, Renato comeu muito.

É correto concluir que, nesse dia, Renato:


(A) correu e fez ginástica;
(B) não fez ginástica e não correu;
(C) correu e não acordou cedo;
(D) acordou cedo e correu;
(E) não fez ginástica e não acordou cedo.

Resolução:
Na disjunção, para evitarmos que elas fiquem falsas, basta por uma das proposições simples como verdadeira, logo:
“Renato comeu muito”

Como pouco ou não faço ginástica


FV

Corro ou faço ginástica


VF
Acordo cedo ou não corro
VF

Portanto ele:
Comeu muito
Não fez ginástica
Corrreu, e;
Acordou cedo
Resposta: D.

12
RACIOCÍNIO LÓGICO

DIAGRAMAS LÓGICOS

DIAGRAMAS LÓGICOS
Os diagramas lógicos são usados na resolução de vários problemas. È uma ferramenta para resolvermos problemas que envolvam
argumentos dedutivos, as quais as premissas deste argumento podem ser formadas por proposições categóricas.

Fica a dica!!!
É bom ter um conhecimento sobre conjuntos para conseguir resolver questões que envolvam os diagramas lógicos.

Vejamos a tabela abaixo as proposições categóricas:

Tipo Preposição Diagramas

A TODO A é B

Se um elemento pertence ao conjunto A, então pertence também a B.

E NENHUM A é B

Existe pelo menos um elemento que pertence a A, então não pertence a B, e vice-versa.

Existe pelo menos um elemento comum aos conjuntos A e B.


Podemos ainda representar das seguintes formas:

I ALGUM A é B

13
RACIOCÍNIO LÓGICO

O ALGUM A NÃO é B

Perceba-se que, nesta sentença, a atenção está sobre o(s) elemento (s) de A que não são B (enquanto
que, no “Algum A é B”, a atenção estava sobre os que eram B, ou seja, na intercessão).
Temos também no segundo caso, a diferença entre conjuntos, que forma o conjunto A - B

Exemplo: (GDF–Analista de Atividades Culturais Administração – IADES) Considere as proposições: “todo cinema é uma casa de cul-
tura”, “existem teatros que não são cinemas” e “algum teatro é casa de cultura”. Logo, é correto afirmar que
(A) existem cinemas que não são teatros.
(B) existe teatro que não é casa de cultura.
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro.
(D) existe casa de cultura que não é cinema.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema.

Resolução:
Vamos chamar de:
Cinema = C
Casa de Cultura = CC
Teatro = T
Analisando as proposições temos:
- Todo cinema é uma casa de cultura

- Existem teatros que não são cinemas

14
RACIOCÍNIO LÓGICO
- Algum teatro é casa de cultura
LÓGICA DE PRIMEIRA ORDEM

LÓGICA DE PRIMEIRA ORDEM


Existem alguns tipos de argumentos que apresentam proposi-
ções com quantificadores. Numa proposição categórica, é impor-
tante que o sujeito se relacionar com o predicado de forma coeren-
te e que a proposição faça sentido, não importando se é verdadeira
ou falsa.

Visto que na primeira chegamos à conclusão que C = CC Vejamos algumas formas:


Segundo as afirmativas temos: - Todo A é B.
(A) existem cinemas que não são teatros- Observando o último - Nenhum A é B.
diagrama vimos que não é uma verdade, pois temos que existe pelo - Algum A é B.
menos um dos cinemas é considerado teatro. - Algum A não é B.
Onde temos que A e B são os termos ou características dessas
proposições categóricas.

Classificação de uma proposição categórica de acordo com o


tipo e a relação
Elas podem ser classificadas de acordo com dois critérios fun-
damentais: qualidade e extensão ou quantidade.

Qualidade: O critério de qualidade classifica uma proposição


categórica em afirmativa ou negativa.

Extensão: O critério de extensão ou quantidade classifica uma


(B) existe teatro que não é casa de cultura. – Errado, pelo mes- proposição categórica em universal ou particular. A classificação de-
mo princípio acima. penderá do quantificador que é utilizado na proposição.
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro. – Errado,
a primeira proposição já nos afirma o contrário. O diagrama nos
afirma isso

Entre elas existem tipos e relações de acordo com a qualidade


e a extensão, classificam-se em quatro tipos, representados pelas
(D) existe casa de cultura que não é cinema. – Errado, a justifi- letras A, E, I e O.
cativa é observada no diagrama da alternativa anterior.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema. – Cor- Universal afirmativa (Tipo A) – “TODO A é B”.
reta, que podemos observar no diagrama abaixo, uma vez que todo Teremos duas possibilidades.
cinema é casa de cultura. Se o teatro não é casa de cultura também
não é cinema.

Resposta: E.

15
RACIOCÍNIO LÓGICO
Tais proposições afirmam que o conjunto “A” está contido no Negação das Proposições Categóricas
conjunto “B”, ou seja, que todo e qualquer elemento de “A” é tam- Ao negarmos uma proposição categórica, devemos observar as
bém elemento de “B”. Observe que “Toda A é B” é diferente de seguintes convenções de equivalência:
“Todo B é A”. - Ao negarmos uma proposição categórica universal geramos
uma proposição categórica particular.
Universal negativa (Tipo E) – “NENHUM A é B”. - Pela recíproca de uma negação, ao negarmos uma proposição
Tais proposições afirmam que não há elementos em comum categórica particular geramos uma proposição categórica universal.
entre os conjuntos “A” e “B”. Observe que “nenhum A é B” é o mes- - Negando uma proposição de natureza afirmativa geramos,
mo que dizer “nenhum B é A”. sempre, uma proposição de natureza negativa; e, pela recíproca,
Podemos representar esta universal negativa pelo seguinte dia- negando uma proposição de natureza negativa geramos, sempre,
grama (A ∩ B = ø): uma proposição de natureza afirmativa.

Em síntese:

Particular afirmativa (Tipo I) - “ALGUM A é B”


Podemos ter 4 diferentes situações para representar esta pro-
posição:

Exemplos:
01. (MRE – Oficial de Chancelaria – FGV) João olhou as dez
bolas que havia em um saco e afirmou:
“Todas as bolas desse saco são pretas”.

Sabe-se que a afirmativa de João é falsa.


É correto concluir que:
(A) nenhuma bola desse saco é preta;
(B) pelo menos nove bolas desse saco são pretas;
Essas proposições Algum A é B estabelecem que o conjunto “A” (C) pelo menos uma bola desse saco é preta;
tem pelo menos um elemento em comum com o conjunto “B”. Con- (D) pelo menos uma bola desse saco não é preta;
tudo, quando dizemos que Algum A é B, presumimos que nem todo (E) nenhuma bola desse saco é branca.
A é B. Observe “Algum A é B” é o mesmo que “Algum B é A”.
Resolução:
Particular negativa (Tipo O) - “ALGUM A não é B” Resposta: D.
Se a proposição Algum A não é B é verdadeira, temos as três
representações possíveis: 02. (DESENVOLVE/SP - Contador - VUNESP) Alguns gatos não
são pardos, e aqueles que não são pardos miam alto.
Uma afirmação que corresponde a uma negação lógica da afir-
mação anterior é:
(A) Os gatos pardos miam alto ou todos os gatos não são par-
dos.
(B) Nenhum gato mia alto e todos os gatos são pardos.
(C) Todos os gatos são pardos ou os gatos que não são pardos
não miam alto.
(D) Todos os gatos que miam alto são pardos.
(E) Qualquer animal que mia alto é gato e quase sempre ele é
pardo.

Resolução:
Temos um quantificador particular (alguns) e uma proposição
Proposições nessa forma: Algum A não é B estabelecem que o do tipo conjunção (conectivo “e”). Pede-se a sua negação.
conjunto “A” tem pelo menos um elemento que não pertence ao O quantificador existencial “alguns” pode ser negado, seguindo
conjunto “B”. Observe que: Algum A não é B não significa o mesmo o esquema, pelos quantificadores universais (todos ou nenhum).
que Algum B não é A. Logo, podemos descartar as alternativas A e E.

16
RACIOCÍNIO LÓGICO
A negação de uma conjunção se faz através de uma disjunção, em que trocaremos o conectivo “e” pelo conectivo “ou”. Descartamos
a alternativa B.
Vamos, então, fazer a negação da frase, não esquecendo de que a relação que existe é: Algum A é B, deve ser trocado por: Todo A é
não B.
Todos os gatos que são pardos ou os gatos (aqueles) que não são pardos NÃO miam alto.
Resposta: C.

03. (CBM/RJ - Cabo Técnico em Enfermagem - ND) Dizer que a afirmação “todos os professores é psicólogos” e falsa, do ponto de vista
lógico, equivale a dizer que a seguinte afirmação é verdadeira
(A) Todos os não psicólogos são professores.
(B) Nenhum professor é psicólogo.
(C) Nenhum psicólogo é professor.
(D) Pelo menos um psicólogo não é professor.
(E) Pelo menos um professor não é psicólogo.
Resolução:
Se a afirmação é falsa a negação será verdadeira. Logo, a negação de um quantificador universal categórico afirmativo se faz através
de um quantificador existencial negativo. Logo teremos: Pelo menos um professor não é psicólogo.
Resposta: E.

Equivalência entre as proposições


Basta usar o triângulo a seguir e economizar um bom tempo na resolução de questões.

Exemplo: (PC/PI - Escrivão de Polícia Civil - UESPI) Qual a negação lógica da sentença “Todo número natural é maior do que ou igual
a cinco”?
(A) Todo número natural é menor do que cinco.
(B) Nenhum número natural é menor do que cinco.
(C) Todo número natural é diferente de cinco.
(D) Existe um número natural que é menor do que cinco.
(E) Existe um número natural que é diferente de cinco.

Resolução:
Do enunciado temos um quantificador universal (Todo) e pede-se a sua negação.
O quantificador universal todos pode ser negado, seguindo o esquema abaixo, pelo quantificador algum, pelo menos um, existe ao
menos um, etc. Não se nega um quantificador universal com Todos e Nenhum, que também são universais.

Portanto, já podemos descartar as alternativas que trazem quantificadores universais (todo e nenhum). Descartamos as alternativas
A, B e C.
Seguindo, devemos negar o termo: “maior do que ou igual a cinco”. Negaremos usando o termo “MENOR do que cinco”.
Obs: maior ou igual a cinco (compreende o 5, 6, 7...) ao ser negado passa a ser menor do que cinco (4, 3, 2,...).
Resposta: D.

17
RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo
PRINCÍPIOS DE CONTAGEM E PROBABILIDADE Usando somente algarismos 5, 6 e 7. Quantos números de 2
algarismos distintos podemos formar?
ANÁLISE COMBINATÓRIA

A Análise Combinatória é a área da Matemática que trata dos


problemas de contagem.

Princípio Fundamental da Contagem


Estabelece o número de maneiras distintas de ocorrência de
um evento composto de duas ou mais etapas.
Se uma decisão E1 pode ser tomada de n1 modos e, a decisão E2
pode ser tomada de n2 modos, então o número de maneiras de se
tomarem as decisões E1 e E2 é n1.n2.

Exemplo

Observe que os números obtidos diferem entre si:


Pela ordem dos elementos: 56 e 65
Pelos elementos componentes: 56 e 67
O número de maneiras diferentes de se vestir é:2(calças). Cada número assim obtido é denominado arranjo simples dos
3(blusas)=6 maneiras 3 elementos tomados 2 a 2.

Fatorial
Indica-se
É comum nos problemas de contagem, calcularmos o produto
de uma multiplicação cujos fatores são números naturais consecu-
tivos. Para facilitar adotamos o fatorial.

Permutação Simples
Chama-se permutação simples dos n elementos, qualquer
agrupamento(sequência) de n elementos distintos de E.
Arranjo Simples O número de permutações simples de n elementos é indicado
por Pn.
Denomina-se arranjo simples dos n elementos de E, p a p, toda
sequência de p elementos distintos de E.

Exemplo
Quantos anagramas tem a palavra CHUVEIRO?
Solução
A palavra tem 8 letras, portanto:

Permutação com elementos repetidos


De modo geral, o número de permutações de n objetos, dos
quais n1 são iguais a A, n2 são iguais a B, n3 são iguais a C etc.

Exemplo
Quantos anagramas tem a palavra PARALELEPÍPEDO?
Solução
Se todos as letras fossem distintas, teríamos 14! Permutações.
Como temos uma letra repetida, esse número será menor.
Temos 3P, 2A, 2L e 3 E

18
RACIOCÍNIO LÓGICO
Binômio de Newton
Denomina-se binômio de Newton todo binômio da forma
, com n∈N. Vamos desenvolver alguns binômios:
Combinação Simples
Dado o conjunto {a1, a2, ..., an} com n objetos distintos, pode-
mos formar subconjuntos com p elementos. Cada subconjunto com
i elementos é chamado combinação simples.

Exemplo
Calcule o número de comissões compostas de 3 alunos que po-
demos formar a partir de um grupo de 5 alunos. Observe que os coeficientes dos termos formam o triângulo de
Solução Pascal.

Números Binomiais
O número de combinações de n elementos, tomados p a p,
também é representado pelo número binomial .

EXERCÍCIOS
Binomiais Complementares
Dois binomiais de mesmo numerador em que a soma dos de- 01. (UFES - Assistente em Administração – UFES/2017) Uma
nominadores é igual ao numerador são iguais: determinada família é composta por pai, por mãe e por seis filhos.
Eles possuem um automóvel de oito lugares, sendo que dois lugares
estão em dois bancos dianteiros, um do motorista e o outro do ca-
rona, e os demais lugares em dois bancos traseiros. Eles viajarão no
automóvel, e o pai e a mãe necessariamente ocuparão um dos dois
Relação de Stifel bancos dianteiros. O número de maneiras de dispor os membros da
família nos lugares do automóvel é igual a:
(A) 1440
(B) 1480
(C) 1520
Triângulo de Pascal (D) 1560
(E) 1600

02. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Tomando os al-


garismos 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7, quantos números pares de 4 algarismos
distintos podem ser formados?
(A) 120.
(B) 210.
(C) 360.
(D) 630.
(E) 840.

03. (IF/ES – Administrador – IFES/2017) Seis livros diferentes


estão distribuídos em uma estante de vidro, conforme a figura abai-
xo:

Considerando-se essa mesma forma de distribuição, de quan-


tas maneiras distintas esses livros podem ser organizados na estan-
te?

19
RACIOCÍNIO LÓGICO
(A) 30 maneiras 08. (UPE – Técnico em Administração – UPENET/IAUPE – 2017)
(B) 60 maneiras Num grupo de 15 homens e 9 mulheres, quantos são os modos di-
(C) 120 maneiras ferentes de formar uma comissão composta por 2 homens e 3 mu-
(D) 360 maneiras lheres?
(E) 720 maneiras (A) 4725
(B) 12600
04. (UTFPR - Técnico de Tecnologia da Informação – UT- (C) 3780
FPR/2017) Em um carro que possui 5 assentos, irão viajar 4 passa- (D) 13600
geiros e 1 motorista. Assinale a alternativa que indica de quantas (E) 8820
maneiras distintas os 4 passageiros podem ocupar os assentos do
carro. 09. (SESAU/RO – Enfermeiro – FUNRIO/2017) Um torneio de
(A) 13. futebol de várzea reunirá 50 equipes e cada equipe jogará apenas
(B) 26. uma vez com cada uma das outras. Esse torneio terá a seguinte
(C) 17. quantidade de jogos:
(D) 20. (A) 320.
(E) 24. (B) 460.
(C) 620.
05. (UTFPR - Técnico de Tecnologia da Informação – UT- (D) 1.225.
FPR/2017) A senha criada para acessar um site da internet é forma- (E) 2.450.
da por 5 dígitos. Trata-se de uma senha alfanumérica. André tem
algumas informações sobre os números e letras que a compõem 10. (IFAP – Engenheiro de Segurança do Trabalho – FUNIVER-
conforme a figura. SA/2016) Considerando-se que uma sala de aula tenha trinta alu-
nos, incluindo Roberto e Tatiana, e que a comissão para organizar
a festa de formatura deva ser composta por cinco desses alunos,
incluindo Roberto e Tatiana, a quantidade de maneiras distintas de
se formar essa comissão será igual a:
(A) 3.272.
(B) 3.274.
(C) 3.276.
(D) 3.278.
Sabendo que nesta senha as vogais não se repetem e também (E) 3.280.
não se repetem os números ímpares, assinale a alternativa que in-
dica o número máximo de possibilidades que existem para a com- GABARITO
posição da senha.
(A) 3125.
(B) 1200. 01. Resposta: A.
(C) 1600. P2▲P6=2!▲6!=2▲720=1440
(D) 1500.
(E) 625. 02. Resposta: C.
__ ___ __ __
06. (CELG/GT/GO – Analista de Gestão – CSUFGO/2017) Uma 6▲ 5▲4▲ 3=360
empresa de limpeza conta com dez faxineiras em seu quadro. Para
atender três eventos em dias diferentes, a empresa deve formar 03. Resposta: E.
três equipes distintas, com seis faxineiras em cada uma delas. De P6=6!=6▲5▲4▲3▲2▲1=720
quantas maneiras a empresa pode montar essas equipes? 04. Resposta: E.
(A) 210 P4=4!= 4▲3▲2▲1=24
(B) 630
(C) 15.120 05. Resposta: B.
(D) 9.129.120 Vogais: a, e, i, o, u
Números ímpares: 1,3,5,7,9
07. (UPE – Técnico em Administração – UPENET/IAUPE – 2017)
No carro de João, tem vaga apenas para 3 dos seus 8 colegas. De
quantas formas diferentes, João pode escolher os colegas aos quais
dá carona?
(A) 56
(B) 84
(C) 126
(D) 210 5▲5▲4▲4▲3=1200
(E) 120
06. Resposta: D.

20
RACIOCÍNIO LÓGICO
Como para os três dias têm que ser diferentes: Solução
__ __ __ a) O espaço amostral tem 8 elementos, pois cada lançamento,
há duas possibilidades.
210▲209▲208=9129120
2x2x2=8
07. Resposta: A.
b) E={(C,C,C), (C,C,R),(C,R,C),(R,C,C),(R,R,C),(R,C,R),(-
C,R,R),(R,R,R)}

Probabilidade
08. Resposta: E. Considere um experimento aleatório de espaço amostral E com
n(E) amostras equiprováveis. Seja A um evento com n(A) amostras.

Eventos complementares
09. Resposta: D. Seja E um espaço amostral finito e não vazio, e seja A um even-
to de E. Chama-se complementar de A, e indica-se por , o evento
formado por todos os elementos de E que não pertencem a A.

10. Resposta: D.

RobertoTatiana ________

São 30 alunos, mas vamos tirar Roberto e Tatiana que terão que
fazer parte da comissão.
30-2=28

Note que

PROBABILIDADE

Experimento Aleatório Exemplo


Qualquer experiência ou ensaio cujo resultado é imprevisível, Uma bola é retirada de uma urna que contém bolas coloridas.
por depender exclusivamente do acaso, por exemplo, o lançamento Sabe-se que a probabilidade de ter sido retirada uma bola vermelha
de um dado. é ;

Espaço Amostral Calcular a probabilidade de ter sido retirada uma bola que não
Num experimento aleatório, o conjunto de todos os resultados seja vermelha.
possíveis é chamado espaço amostral, que se indica por E.
No lançamento de um dado, observando a face voltada para Solução
cima, tem-se:
E={1,2,3,4,5,6}
No lançamento de uma moeda, observando a face voltada para são complementares.
cima:
E={Ca,Co}

Evento
É qualquer subconjunto de um espaço amostral. Adição de probabilidades
No lançamento de um dado, vimos que Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral E, finito e não
E={1,2,3,4,5,6} vazio. Tem-se:
Esperando ocorrer o número 5, tem-se o evento {5}: Ocorrer
um número par, tem-se {2,4,6}.
Exemplo Exemplo
Considere o seguinte experimento: registrar as faces voltadas No lançamento de um dado, qual é a probabilidade de se obter
para cima em três lançamentos de uma moeda. um número par ou menor que 5, na face superior?

a) Quantos elementos tem o espaço amostral? Solução


b) Descreva o espaço amostral. E={1,2,3,4,5,6} n(E)=6
Sejam os eventos

21
RACIOCÍNIO LÓGICO
A={2,4,6} n(A)=3 03. (UPE – Técnico em Administração – UPENET/2017) Qual a
B={1,2,3,4} n(B)=4 probabilidade de, lançados simultaneamente dois dados honestos,
a soma dos resultados ser igual ou maior que 10?
(A) 1/18
(B) 1/36
(C) 1/6
(D) 1/12
(E) ¼

04. (UPE – Técnico em Administração – UPENET/2017) Uma


Probabilidade Condicional pesquisa feita com 200 frequentadores de um parque, em que 50
É a probabilidade de ocorrer o evento A dado que ocorreu o não praticavam corrida nem caminhada, 30 faziam caminhada e
evento B, definido por: corrida, e 80 exercitavam corrida, qual a probabilidade de encon-
trar no parque um entrevistado que pratique apenas caminhada?
(A) 7/20
(B) 1/2
(C)1/4
E={1,2,3,4,5,6}, n(E)=6 (D) 3/20
B={2,4,6} n(B)=3 (E) 1/5
A={2} 05. (POLÍCIA CIENTÍFICA/PR – Perito Criminal – IBFC/2017) A
probabilidade de se sortear um número múltiplo de 5 de uma urna
que contém 40 bolas numeradas de 1 a 40, é:
(A) 0,2
(B) 0,4
(C) 0,6
(D) 0,7
(E) 0,8
Eventos Simultâneos
Considerando dois eventos, A e B, de um mesmo espaço amos- 06. (PREF. DE PIRAUBA/MG – Assistente Social – MSCONCUR-
tral, a probabilidade de ocorrer A e B é dada por: SOS/2017) A probabilidade de qualquer uma das 3 crianças de um
grupo soletrar, individualmente, a palavra PIRAÚBA de forma cor-
reta é 70%. Qual a probabilidade das três crianças soletrarem essa
palavra de maneira errada?
(A) 2,7%
(B) 9%
EXERCÍCIOS (C) 30%
(D) 35,7%

01. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Em cada um 07. (UFTM – Tecnólogo – UFTM/2016) Lançam-se simultanea-
de dois dados cúbicos idênticos, as faces são numeradas de 1 a 6. mente dois dados não viciados, a probabilidade de que a soma dos
Lançando os dois dados simultaneamente, cuja ocorrência de cada resultados obtidos seja nove é:
face é igualmente provável, a probabilidade de que o produto dos (A) 1/36
números obtidos seja um número ímpar é de: (B) 2/36
(A) 1/4. (C) 3/36
(B) 1/3. (D) 4/36
(C) 1/2.
(D) 2/3. 08. (CASAN – Técnico de Laboratório – INSTITUTO AOCP/2016)
(E) 3/4. Um empresário, para evitar ser roubado, escondia seu dinheiro no
interior de um dos 4 pneus de um carro velho fora de uso, que man-
02. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária - MSCON- tinha no fundo de sua casa. Certo dia, o empresário se gabava de
CURSOS/2017) A uma excursão, foram 48 pessoas, entre homens sua inteligência ao contar o fato para um de seus amigos, enquanto
e mulheres. Numa escolha ao acaso, a probabilidade de se sortear um ladrão que passava pelo local ouvia tudo. O ladrão tinha tem-
um homem é de 5/12 . Quantas mulheres foram à excursão? po suficiente para escolher aleatoriamente apenas um dos pneus,
(A) 20 retirar do veículo e levar consigo. Qual é a probabilidade de ele ter
(B) 24 roubado o pneu certo?
(C) 28 (A) 0,20.
(D) 32 (B) 0,23.
(C) 0,25.
(D) 0,27.
(E) 0,30.

22
RACIOCÍNIO LÓGICO
09. (MRE – Oficial de Chancelaria – FGV/2016) Em uma urna 06. Resposta:A.
há quinze bolas iguais numeradas de 1 a 15. Retiram-se aleatoria- A probabilidade de uma soletrar errado: 0,3
mente, em sequência e sem reposição, duas bolas da urna. __ __ __
0,3▲0,3▲0,3=0,027=2,7%
A probabilidade de que o número da segunda bola retirada da
urna seja par é: 07. Resposta: D.
(A) 1/2; Para dar 9, temos 4 possibilidades
(B) 3/7; 3+6
(C) 4/7; 6+3
(D) 7/15; 4+5
(E) 8/15. 5+4

10. (CASAN – Advogado – INSTITUTO AOCP/2016) Lançando P=4/36


uma moeda não viciada por três vezes consecutivas e anotando
seus resultados, a probabilidade de que a face voltada para cima 08. Resposta: C.
tenha apresentado ao menos uma cara e ao menos uma coroa é: A probabilidade é de 1/4, pois o carro tem 4 pneus e o dinheiro
(A) 0,66. está em 1.
(B) 0,75. 1/4=0,25
(C) 0,80.
(D) 0,98. 09. Resposta: D.
(E) 0,50. Temos duas possibilidades
As bolas serem par/par ou ímpar/par
GABARITO Ser par/par:

Os números pares são: 2, 4, 6, 8, 10, 12, 14


01. Resposta: A.
Para o produto ser ímpar, a única possibilidade, é que os dois
dados tenham ímpar:

Ímpar/par:
Os númerosímpares são: 1, 3, 5, 7, 9, 11 ,13, 15

02. Resposta: C.
Como para homens é de 5/12, a probabilidade de escolher uma
mulher é de 7/12 A probabilida de é par/par OU ímpar/par

12x=336
X=28 10. Resposta: B.
São seis possibilidades:
03. Resposta: C. Cara, coroa, cara
P=6x6=36
Pra ser maior ou igual a 10:
4+6
5+5 Cara, coroa, coroa
5+6
6+4
6+5
6+6
Cara, cara, coroa

04. Resposta: A.
Praticam apenas corrida: 80-30=50 Coroa, cara, cara
Apenas caminhada:x
X+50+30+50=200
70
P=70/200=7/20
Coroa, coroa, cara
05. Resposta: A.
M5={5,10,15,20,25,30,35,40} Coroa, cara, coroa
P=8/40=1/5=0.2

23
RACIOCÍNIO LÓGICO

OPERAÇÕES COM CONJUNTOS

Conjunto está presente em muitos aspectos da vida, sejam eles cotidianos, culturais ou científicos. Por exemplo, formamos conjuntos
ao organizar a lista de amigos para uma festa agrupar os dias da semana ou simplesmente fazer grupos.
Os componentes de um conjunto são chamados de elementos.
Para enumerar um conjunto usamos geralmente uma letra maiúscula.

Representações

Pode ser definido por:


-Enumerando todos os elementos do conjunto: S={1, 3, 5, 7, 9}
-Simbolicamente: B={x>N|x<8}, enumerando esses elementos temos:
B={0,1,2,3,4,5,6,7}

-Diagrama de Venn

Há também um conjunto que não contém elemento e é representado da seguinte forma: S=c ou S={ }.
Quando todos os elementos de um conjunto A pertencem também a outro conjunto B, dizemos que:
A é subconjunto de B
Ou A é parte de B
A está contido em B escrevemos:A⊂B

Se existir pelo menos um elemento de A que não pertence a B: A⊄B

Símbolos

24
RACIOCÍNIO LÓGICO
Igualdade Operações

Propriedades básicas da igualdade União

Para todos os conjuntos A, B e C,para todos os objetos x ∈ U, Dados dois conjuntos A e B, existe sempre um terceiro formado
temos que: pelos elementos que pertencem pelo menos um dos conjuntos a
(1) A = A. que chamamos conjunto união e representamos por: A∪B.
(2) Se A = B, então B = A. Formalmente temos: A∪B={x|x∈A ou x∈B}
(3) Se A = B e B = C, então A = C. Exemplo:
(4) Se A = B e x ∈ A, então x∈ B. A={1,2,3,4} e B={5,6}
Se A = B e A ∈ C, então B ∈ C. A∪B={1,2,3,4,5,6}

Dois conjuntos são iguais se, e somente se, possuem exata- Interseção
mente os mesmos elementos. Em símbolo:
Para saber se dois conjuntos A e B são iguais, precisamos saber A interseção dos conjuntos A e B é o conjunto formado pelos
apenas quais são os elementos. elementos que são ao mesmo tempo de A e de B, e é representada
Não importa ordem: por : A∩B. Simbolicamente: A∩B={x|x∈A e x∈B}
A={1,2,3} e B={2,1,3}
Não importa se há repetição:
A={1,2,2,3} e B={1,2,3}

Classificação

Definição
Chama-se cardinal de um conjunto, e representa-se por #, ao
número de elementos que ele possui.

Exemplo Exemplo:
Por exemplo, se A ={45,65,85,95} então #A = 4. A={a,b,c,d,e} e B={d,e,f,g}
A∩B={d,e}
Definições Diferença
Dois conjuntos dizem-se equipotentes se têm o mesmo cardi- Uma outra operação entre conjuntos é a diferença, que a cada
nal. par A, B de conjuntos faz corresponder o conjunto definido por:
Um conjunto diz-se A – B ou A\B que se diz a diferença entre A e B ou o comple-
a) infinito quando não é possível enumerar todos os seus ele- mentar de B em relação a A.
mentos A este conjunto pertencem os elementos de A que não perten-
b) finito quando é possível enumerar todos os seus elementos cem a B.
c) singular quando é formado por um único elemento A\B = {x : x∈A e x∉B}.
d) vazio quando não tem elementos

Exemplos
N é um conjunto infinito (O cardinal do conjunto N (#N) é infi-
nito (∞));
A = {½, 1} é um conjunto finito (#A = 2);
B = {Lua} é um conjunto singular (#B = 1)
{ } ou ∅ é o conjunto vazio (#∅ = 0)

Pertinência

O conceito básico da teoria dos conjuntos é a relação de per-


tinência representada pelo símbolo ∈. As letras minúsculas desig- Exemplo:
nam os elementos de um conjunto e as maiúsculas, os conjuntos. A = {0, 1, 2, 3, 4, 5} e B = {5, 6, 7}
Assim, o conjunto das vogais (V) é: Então os elementos de A – B serão os elementos do conjunto A
V={a,e,i,o,u} menos os elementos que pertencerem ao conjunto B.
A relação de pertinência é expressa por: a∈V Portanto A – B = {0, 1, 2, 3, 4}.
A relação de não-pertinência é expressa por:b∉V, pois o ele-
mento b não pertence ao conjunto V. Complementar

Inclusão Sejam A e B dois conjuntos tais que A⊂B. Chama-se comple-


A Relação de inclusão possui 3 propriedades: mentar de A em relação a B, que indicamos por CBA, o conjunto
Propriedade reflexiva: A⊂A, isto é, um conjunto sempre é sub- cujos elementos são todos aqueles que pertencem a B e não per-
conjunto dele mesmo. tencem a A.
Propriedade antissimétrica: se A⊂B e B⊂A, então A=B A⊂B⇔ CBA={x|x∈B e x∉A}=B-A
Propriedade transitiva: se A⊂B e B⊂C, então, A⊂C.

25
RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo Subconjunto
A={1,2,3} B={1,2,3,4,5}
CBA={4,5} O conjunto A é subconjunto de B se todo elemento de A é tam-
bém elemento de B.
Representação Exemplo: {2,4} é subconjunto de {x∈N|x é par}
-Enumerando todos os elementos do conjunto: S={1, 2, 3, 4, 5}
-Simbolicamente: B={x∈ N|2<x<8}, enumerando esses ele- Operações
mentos temos:
B={3,4,5,6,7} União
Dados dois conjuntos A e B, existe sempre um terceiro formado
- por meio de diagrama: pelos elementos que pertencem pelo menos um dos conjuntos a
que chamamos conjunto união e representamos por: A∪B.
Formalmente temos: A∪B={x|x ∈A ou x B}
Exemplo:
A={1,2,3,4} e B={5,6}
A∪B={1,2,3,4,5,6}

Quando um conjunto não possuir elementos chama-se de con- Interseção


junto vazio: S=∅ ou S={ }. A interseção dos conjuntos A e B é o conjunto formado pelos
elementos que são ao mesmo tempo de A e de B, e é representada
Igualdade por : A∩B.

Dois conjuntos são iguais se, e somente se, possuem exata- Simbolicamente: A∩B={x|x ∈A e x ∈B}
mente os mesmos elementos. Em símbolo:

Para saber se dois conjuntos A e B são iguais, precisamos saber


apenas quais são os elementos.
Não importa ordem:
A={1,2,3} e B={2,1,3}
Não importa se há repetição:
A={1,2,2,3} e B={1,2,3}

Relação de Pertinência
Exemplo:
Relacionam um elemento com conjunto. E a indicação que o A={a,b,c,d,e} e B={d,e,f,g}
elemento pertence (∈) ou não pertence (∉) A∩B={d,e}
Exemplo: Dado o conjunto A={-3, 0, 1, 5}
0∈A Diferença
2∉A Uma outra operação entre conjuntos é a diferença, que a cada
par A, B de conjuntos faz corresponder o conjunto definido por:
Relações de Inclusão A – B ou A\B que se diz a diferença entre A e B ou o comple-
mentar de B em relação a A.
Relacionam um conjunto com outro conjunto. A este conjunto pertencem os elementos de A que não perten-
Simbologia: ⊂(está contido), ⊄(não está contido), ⊃(contém), cem a B.
(não contém)
A\B = {x : x ∈A e x∉B}.
A Relação de inclusão possui 3 propriedades:
Exemplo:
{1, 3,5}⊂{0, 1, 2, 3, 4, 5}
{0, 1, 2, 3, 4, 5}⊃{1, 3,5}
Aqui vale a famosa regrinha que o professor ensina, boca aber-
ta para o maior conjunto.

B-A = {x : x ∈B e x∉A}.

26
RACIOCÍNIO LÓGICO
Primeiro, quando temos 3 diagramas, sempre começamos pela
interseção dos 3, depois interseção a cada 2 e por fim, cada um

Exemplo:
A = {0, 1, 2, 3, 4, 5} e B = {5, 6, 7}
Então os elementos de A – B serão os elementos do conjunto A
menos os elementos que pertencerem ao conjunto B.
Portanto A – B = {0, 1, 2, 3, 4}.
Complementar
O complementar do conjunto A( ) é o conjunto formado pelos
elementos do conjunto universo que não pertencem a A.

Se todo homem careca é barbado, não teremos apenas ho-


mens carecas e altos.

Homens altos e barbados são 6

Fórmulas da união
n(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
n(A ∪B∪C)=n(A)+n(B)+n(C)+n(A∩B∩C)-n(A∩B)-n(A∩C)-n(B
C)

Essas fórmulas muitas vezes nos ajudam, pois ao invés de fazer


todo o diagrama, se colocarmos nessa fórmula, o resultado é mais
rápido, o que na prova de concurso é interessante devido ao tempo.
Mas, faremos exercícios dos dois modos para você entender
melhor e perceber que, dependendo do exercício é melhor fazer de
uma forma ou outra.

(MANAUSPREV – Analista Previdenciário – FCC/2015) Em um


grupo de 32 homens, 18 são altos, 22 são barbados e 16 são care-
cas. Homens altos e barbados que não são carecas são seis. Todos Sabe-se que existem 5 homens que são barbados e não são
homens altos que são carecas, são também barbados. Sabe-se que altos nem carecas. Sabe-se que existem 5 homens que são carecas
existem 5 homens que são altos e não são barbados nem carecas. e não são altos e nem barbados
Sabe-se que existem 5 homens que são barbados e não são altos
nem carecas. Sabe-se que existem 5 homens que são carecas e não
são altos e nem barbados. Dentre todos esses homens, o número
de barbados que não são altos, mas são carecas é igual a
(A) 4.
(B) 7.
(C) 13.
(D) 5.
(E) 8.

Sabemos que 18 são altos

27
RACIOCÍNIO LÓGICO
Resolução

A nossa primeira conta, deve ser achar o número de candidatos


que não são físicos, biólogos e nem químicos.
n(F ∪B∪Q)=n(F)+n(B)+n(Q)+n(F∩B∩Q)-n(F∩B)-n(F∩Q)-
-n(B∩Q)
n(F ∪B∪Q)=80+90+55+8-32-23-16=162
Temos um total de 250 candidatos
250-162=88
Resposta: A.

EXERCÍCIOS
Quando somarmos 5+x+6=18
X=18-11=7 01. (CRF/MT - Agente Administrativo – QUADRIX/2017) Num
Carecas são 16 grupo de 150 jovens, 32 gostam de música, esporte e leitura; 48
gostam de música e esporte; 60 gostam de música e leitura; 44 gos-
tam de esporte e leitura; 12 gostam somente de música; 18 gostam
somente de esporte; e 10 gostam somente de leitura. Ao escolher
ao acaso um desses jovens, qual é a probabilidade de ele não gostar
de nenhuma dessas atividades?
(A) 1/75
(B) 39/75
(C) 11/75
(D) 40/75
(E) 76/75

02. (CRMV/SC – Recepcionista – IESES/2017) Sabe-se que 17%


dos moradores de um condomínio tem gatos, 22% tem cachorros e
8% tem ambos (gatos e cachorros). Qual é o percentual de condô-
minos que não tem nem gatos e nem cachorros?
7+y+5=16 (A) 53
Y=16-12 (B) 69
Y=4 (C) 72
(D) 47
Então o número de barbados que não são altos, mas são care-
cas são 4. 03. (MPE/GO – Secretário Auxiliar – MPEGO/2017) Em uma
Nesse exercício ficará difícil se pensarmos na fórmula, ficou pesquisa sobre a preferência entre dois candidatos, 48 pessoas vo-
grande devido as explicações, mas se você fizer tudo no mesmo dia- tariam no candidato A, 63 votariam no candidato B, 24 pessoas vo-
grama, mas seguindo os passos, o resultado sairá fácil. tariam nos dois; e, 30 pessoas não votariam nesses dois candidatos.
Se todas as pessoas responderam uma única vez, então o total de
(SEGPLAN/GO – Perito Criminal – FUNIVERSA/2015) Suponha pessoas entrevistadas foi:
que, dos 250 candidatos selecionados ao cargo de perito criminal: (A) 141.
(B) 117.
1) 80 sejam formados em Física; (C) 87.
2) 90 sejam formados em Biologia; (D) 105.
3) 55 sejam formados em Química; (E) 112.
4) 32 sejam formados em Biologia e Física;
5) 23 sejam formados em Química e Física; 04. (DESENBAHIA – Técnico Escriturário – INSTITUTO
6) 16 sejam formados em Biologia e Química; AOCP/2017) Para realização de uma pesquisa sobre a preferência
7) 8 sejam formados em Física, em Química e em Biologia. de algumas pessoas entre dois canais de TV, canal A e Canal B, os
Considerando essa situação, assinale a alternativa correta. entrevistadores colheram as seguintes informações: 17 pessoas
preferem o canal A, 13 pessoas assistem o canal B e 10 pessoas
(A) Mais de 80 dos candidatos selecionados não são físicos nem gostam dos canais A e B. Assinale a alternativa que apresenta o total
biólogos nem químicos. de pessoas entrevistadas.
(B) Mais de 40 dos candidatos selecionados são formados ape- (A) 20
nas em Física. (B) 23
(C) Menos de 20 dos candidatos selecionados são formados (C) 27
apenas em Física e em Biologia. (D) 30
(D) Mais de 30 dos candidatos selecionados são formados ape- (E) 40
nas em Química.
(E) Escolhendo-se ao acaso um dos candidatos selecionados, a
probabilidade de ele ter apenas as duas formações, Física e Quími-
ca, é inferior a 0,05.

28
RACIOCÍNIO LÓGICO
05. (SAP/SP – Agente de Segurança Penitenciária – MSCON- • 10 clientes compraram materiais para seus filhos que cursam
CURSOS/2017) Numa sala de 45 alunos, foi feita uma votação para o Ensino Médio, Fundamental I e II.
escolher a cor da camiseta de formatura. Dentre eles, 30 votaram Quantos clientes da papelaria compraram materiais, mas os fi-
na cor preta, 21 votaram na cor cinza e 8 não votaram em nenhuma lhos NÃO cursam nem o Ensino Médio e nem o Ensino Fundamental
delas, uma vez que não farão as camisetas. Quantos alunos votaram I e II?
nas duas cores? (A) 50.
(A) 6 (B) 55.
(B) 10 (C) 60.
(C) 14 (D) 65.
(D) 18
09. (ANS - Técnico em Regulação de Saúde Suplementar –
06. (IBGE – Agente Censitário Municipal e Supervisor – FUNCAB/2016) Foram visitadas algumas residências de uma rua e
FGV/2017) Na assembleia de um condomínio, duas questões inde- em todas foram encontrados pelo menos um criadouro com larvas
pendentes foram colocadas em votação para aprovação. Dos 200 do mosquito Aedes aegypti. Os criadouros encontrados foram lista-
condôminos presentes, 125 votaram a favor da primeira questão, dos na tabela a seguir:
110 votaram a favor da segunda questão e 45 votaram contra as P. pratinhos com água embaixo de vasos de planta.
duas questões. R. ralos entupidos com água acumulada.
K. caixas de água destampadas
Não houve votos em branco ou anulados.
Número de criadouros
O número de condôminos que votaram a favor das duas ques-
tões foi: P 103
(A) 80; R 124
(B) 75; K 98
(C) 70;
PeR 47
(D) 65;
(E) 60. PeK 43
ReK 60
07. (IFBAIANO – Assistente em Administração – FCM/2017) P, R e K 25
Em meio a uma crescente evolução da taxa de obesidade infantil,
um estudioso fez uma pesquisa com um grupo de 1000 crianças De acordo com a tabela, o número de residências visitadas foi:
para entender o comportamento das mesmas em relação à prática (A) 200.
de atividades físicas e aos hábitos alimentares. (B) 150.
Ao final desse estudo, concluiu-se que apenas 200 crianças pra- (C) 325.
ticavam alguma atividade física de forma regular, como natação, fu- (D) 500.
tebol, entre outras, e apenas 400 crianças tinham uma alimentação (E) 455.
adequada. Além disso, apenas 100 delas praticavam atividade física
e tinham uma alimentação adequada ao mesmo tempo.
GABARITO
Considerando essas informações, a probabilidade de encontrar
nesse grupo uma criança que não tenha alimentação adequada 01. Resposta: C.
nem pratique atividade física de forma regular é de:
(A) 30%.
(B) 40%.
(C) 50%.
(D) 60%.
(E) 70%.

08. (TRF 2ª REGIÃO – Analista Judiciário – CONSULPLAN/2017)


Uma papelaria fez uma pesquisa de mercado entre 500 de seus
clientes. Nessa pesquisa encontrou os seguintes resultados:

• 160 clientes compraram materiais para seus filhos que cur-


sam o Ensino Médio;
• 180 clientes compraram materiais para seus filhos que cur-
sam o Ensino Fundamental II; 32+10+12+18+16+28+12+x=150
• 190 clientes compraram materiais para seus filhos que cur- X=22 que não gostam de nenhuma dessas atividades
sam o Ensino Fundamental I; P=22/150=11/75
• 20 clientes compraram materiais para seus filhos que cursam
o Ensino Médio e Fundamental I; 02. Resposta: B.
• 40 clientes compraram materiais para seus filhos que cursam
o Ensino Médio e Fundamental II;
• 30 clientes compraram materiais para seus filhos que cursam
o Ensino Fundamental I e II; e,

29
RACIOCÍNIO LÓGICO
09. Resposta: A.

9+8+14+x=100
X=100-31
X=69%

03. Resposta: B.

38+20+42+18+25+22+35=200 residências
Ou fazer direto pela tabela:
P+R+K+(P∩R∩K)-( P∩R)- (R∩K)-(P∩K)
103+124+98+25-60-43-47=200

RACIOCÍNIO LÓGICO ENVOLVENDO PROBLEMAS


ARITMÉTICOS, GEOMÉTRICOS E MATRICIAIS
24+24+39+30=117
Raciocínio Lógico Matemático
04. Resposta: A.
N(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B) Os estudos matemáticos ligados aos fundamentos lógicos con-
N(A∪B)=17+13-10=20 tribuem no desenvolvimento cognitivo dos estudantes, induzindo
a organização do pensamento e das ideias, na formação de con-
05. Resposta: C. ceitos básicos, assimilação de regras matemáticas, construção de
Como 8 não votaram, tiramos do total: 45-8=37 fórmulas e expressões aritméticas e algébricas. É de extrema impor-
N(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B) tância que em matemática utilize-se atividades envolvendo lógica,
37=30+21- n(A∩B) no intuito de despertar o raciocínio, fazendo com que se utilize do
n(A∩B)=14 potencial na busca por soluções dos problemas matemáticos de-
senvolvidos e baseados nos conceitos lógicos.
06. Resposta: A. A lógica está presente em diversos ramos da matemática, como
N(A ∪B)==200-45=155 a probabilidade, os problemas de contagem, as progressões aritmé-
N(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B) ticas e geométricas, as sequências numéricas, equações, funções,
155=125+110- n(A∩B) análise de gráficos entre outros. Os fundamentos lógicos contri-
n(A∩B)=80 buem na resolução ordenada de equações, na percepção do valor
da razão de uma sequência, na elucidação de problemas aritméti-
07. Resposta: C. cos e algébricos e na fixação de conteúdos complexos.
Sendo x o número de crianças que não praticam atividade física A utilização das atividades lógicas contribui na formação de in-
e tem uma alimentação adequada divíduos capazes de criar ferramentas e mecanismos responsáveis
N(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B) pela obtenção de resultados em Matemática. O sucesso na Mate-
1000-x=200+400-100 mática está diretamente conectado à curiosidade, pesquisa, dedu-
X=500 ções, experimentos, visão detalhada, senso crítico e organizacional
P=500/1000=0,5=50% e todas essas características estão ligadas ao desenvolvimento ló-
gico.
08. Resposta:A.
Sendo A=ensino médio Raciocínio Lógico Dedutivo
B fundamental I
C=fundamental II A dedução é uma inferência que parte do universal para o mais
X=quem comprou material e os filhos não cursam ensino mé- particular. Assim considera-se que um raciocínio lógico é dedutivo
dio e nem ensino fundamental quando, de uma ou mais premissas, se conclui uma proposição que
n(A∪B∪C) =n(A)+n(B)+n(C)+n(A∩B∩C)-n(A∩B)-n(A∩C)- é conclusão lógica da(s) premissa(s). A dedução é um raciocínio
-n(B∩C) de tipo mediato, sendo o silogismo uma das suas formas clássicas.
500-x=160+190+180+10-20-40-30 Iniciaremos com a compreensão das sequências lógicas, onde de-
X=50 vemos deduzir, ou até induzir, qual a lei de formação das figuras,
letras, símbolos ou números, a partir da observação dos termos
dados.

30
RACIOCÍNIO LÓGICO
Humor Lógico

Orientações Espacial e Temporal

Orientação espacial e temporal verifica a capacidade de abstração no espaço e no tempo. Costuma ser cobrado em questões sobre
a disposições de dominós, dados, baralhos, amontoados de cubos com símbolos especificados em suas faces, montagem de figuras com
subfiguras, figuras fractais, dentre outras. Inclui também as famosas sequências de figuras nas quais se pede a próxima. Serve para verificar
a capacidade do candidato em resolver problemas com base em estímulos visuais.

Raciocínio Verbal

O raciocínio é o conjunto de atividades mentais que consiste na associação de ideias de acordo com determinadas regras. No caso do
raciocínio verbal, trata-se da capacidade de raciocinar com conteúdos verbais, estabelecendo entre eles princípios de classificação, orde-
nação, relação e significados. Ao contrário daquilo que se possa pensar, o raciocínio verbal é uma capacidade intelectual que tende a ser
pouco desenvolvida pela maioria das pessoas. No nível escolar, por exemplo, disciplinas como as línguas centram-se em objetivos como
a ortografia ou a gramática, mas não estimulam/incentivam à aprendizagem dos métodos de expressão necessários para que os alunos
possam fazer um uso mais completo da linguagem.
Por outro lado, o auge dos computadores e das consolas de jogos de vídeo faz com que as crianças costumem jogar de forma indi-
vidual, isto é, sozinhas (ou com outras crianças que não se encontrem fisicamente com elas), pelo que não é feito um uso intensivo da
linguagem. Uma terceira causa que se pode aqui mencionar para explicar o fraco raciocínio verbal é o fato de jantar em frente à televisão.
Desta forma, perde-se o diálogo no seio da família e a arte de conversar.
Entre os exercícios recomendados pelos especialistas para desenvolver o raciocínio verbal, encontram-se as analogias verbais, os
exercícios para completar orações, a ordem de frases e os jogos onde se devem excluir certos conceitos de um grupo. Outras propostas
implicam que sigam/respeitem certas instruções, corrijam a palavra inadequada (o intruso) de uma frase ou procurem/descubram antôni-
mos e sinônimos de uma mesma palavra.

Lógica Sequencial

Lógica Sequencial

O Raciocínio é uma operação lógica, discursiva e mental. Neste, o intelecto humano utiliza uma ou mais proposições, para concluir
através de mecanismos de comparações e abstrações, quais são os dados que levam às respostas verdadeiras, falsas ou prováveis. Foi
pelo processo do raciocínio que ocorreu o desenvolvimento do método matemático, este considerado instrumento puramente teórico e
dedutivo, que prescinde de dados empíricos. Logo, resumidamente o raciocínio pode ser considerado também um dos integrantes dos
mecanismos dos processos cognitivos superiores da formação de conceitos e da solução de problemas, sendo parte do pensamento.

Sequências Lógicas

As sequências podem ser formadas por números, letras, pessoas, figuras, etc. Existem várias formas de se estabelecer uma sequência,
o importante é que existam pelo menos três elementos que caracterize a lógica de sua formação, entretanto algumas séries necessitam de
mais elementos para definir sua lógica. Algumas sequências são bastante conhecidas e todo aluno que estuda lógica deve conhecê-las, tais
como as progressões aritméticas e geométricas, a série de Fibonacci, os números primos e os quadrados perfeitos.

Sequência de Números

Progressão Aritmética: Soma-se constantemente um mesmo número.

31
RACIOCÍNIO LÓGICO
Progressão Geométrica: Multiplica-se constantemente um Sequência de Figuras
mesmo número.
Esse tipo de sequência pode seguir o mesmo padrão visto na
sequência de pessoas ou simplesmente sofrer rotações, como nos
exemplos a seguir.

Incremento em Progressão: O valor somado é que está em pro-


gressão.

Série de Fibonacci: Cada termo é igual a soma dos dois ante- Sequência de Fibonacci
riores.
O matemático Leonardo Pisa, conhecido como Fibonacci, pro-
1 1 2 3 5 8 13 pôs no século XIII, a sequência numérica: (1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21,
Números Primos: Naturais que possuem apenas dois divisores 34, 55, 89, …). Essa sequência tem uma lei de formação simples:
naturais. cada elemento, a partir do terceiro, é obtido somando-se os dois
anteriores. Veja: 1 + 1 = 2, 2 + 1 = 3, 3 + 2 = 5 e assim por diante.
2 3 5 7 11 13 17 Desde o século XIII, muitos matemáticos, além do próprio Fibonac-
ci, dedicaram-se ao estudo da sequência que foi proposta, e foram
Quadrados Perfeitos: Números naturais cujas raízes são natu- encontradas inúmeras aplicações para ela no desenvolvimento de
rais. modelos explicativos de fenômenos naturais.
Veja alguns exemplos das aplicações da sequência de Fibonacci
1 4 9 16 25 36 49 e entenda porque ela é conhecida como uma das maravilhas da Ma-
temática. A partir de dois quadrados de lado 1, podemos obter um
Sequência de Letras retângulo de lados 2 e 1. Se adicionarmos a esse retângulo um qua-
drado de lado 2, obtemos um novo retângulo 3 x 2. Se adicionarmos
As sequências de letras podem estar associadas a uma série de agora um quadrado de lado 3, obtemos um retângulo 5 x 3. Observe
números ou não. Em geral, devemos escrever todo o alfabeto (ob- a figura a seguir e veja que os lados dos quadrados que adicionamos
servando se deve, ou não, contar com k, y e w) e circular as letras para determinar os retângulos formam a sequência de Fibonacci.
dadas para entender a lógica proposta.

ACFJOU

Observe que foram saltadas 1, 2, 3, 4 e 5 letras e esses números


estão em progressão.

ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTU

B1 2F H4 8L N16 32R T64

Nesse caso, associou-se letras e números (potências de 2), al-


ternando a ordem. As letras saltam 1, 3, 1, 3, 1, 3 e 1 posições. Se utilizarmos um compasso e traçarmos o quarto de circunfe-
rência inscrito em cada quadrado, encontraremos uma espiral for-
ABCDEFGHIJKLMNOPQRST mada pela concordância de arcos cujos raios são os elementos da
Sequência de Pessoas sequência de Fibonacci.

Na série a seguir, temos sempre um homem seguido de duas


mulheres, ou seja, aqueles que estão em uma posição múltipla de
três (3º, 6º, 9º, 12º,...) serão mulheres e a posição dos braços sem-
pre alterna, ficando para cima em uma posição múltipla de dois (2º,
4º, 6º, 8º,...). Sendo assim, a sequência se repete a cada seis termos,
tornando possível determinar quem estará em qualquer posição.

32
RACIOCÍNIO LÓGICO
O Partenon que foi construído em Atenas pelo célebre arqui- Exemplo 2
teto grego Fidias. A fachada principal do edifício, hoje em ruínas,
era um retângulo que continha um quadrado de lado igual à altura.
Essa forma sempre foi considerada satisfatória do ponto de vista
estético por suas proporções sendo chamada retângulo áureo ou
retângulo de ouro.

A diferença entre os números vai aumentando 1 unidade.


13 – 10 = 3
17 – 13 = 4
22 – 17 = 5
28 – 22 = 6
35 – 28 = 7

Como os dois retângulos indicados na figura são semelhantes Exemplo 3


temos: (1).

Como: b = y – a (2).
Substituindo (2) em (1) temos: y2 – ay – a2 = 0.

Resolvendo a equação:

em que não convém.

Logo:

Esse número é conhecido como número de ouro e pode ser Multiplicar os números sempre por 3.
representado por: 1x3=3
3x3=9
9 x 3 = 27
27 x 3 = 81
81 x 3 = 243
Todo retângulo e que a razão entre o maior e o menor lado 243 x 3 = 729
for igual aé chamado retângulo áureo como o caso da fachada do 729 x 3 = 2187
Partenon. Exemplo 4
As figuras a seguir possuem números que representam uma se-
quência lógica. Veja os exemplos:

Exemplo 1

A diferença entre os números vai aumentando 2 unidades.


A sequência numérica proposta envolve multiplicações por 4. 24 – 22 = 2
6 x 4 = 24 28 – 24 = 4
24 x 4 = 96 34 – 28 = 6
96 x 4 = 384 42 – 34 = 8
384 x 4 = 1536 52 – 42 = 10
64 – 52 = 12

33
RACIOCÍNIO LÓGICO
78 – 64 = 14 03. O próximo número dessa sequência lógica é: 1000, 990,
970, 940, 900, 850, ...
(A) 800
(B) 790
EXERCÍCIOS (C) 780
(D) 770

01. Observe atentamente a disposição das cartas em cada linha 04. Na sequência lógica de números representados nos hexá-
do esquema seguinte: gonos, da figura abaixo, observa-se a ausência de um deles que
pode ser:

(A) 76
(B) 10
(C) 20
(D) 78
05. Uma criança brincando com uma caixa de palitos de fósforo
constrói uma sequência de quadrados conforme indicado abaixo:

.............
1° 2° 3°

A carta que está oculta é: Quantos palitos ele utilizou para construir a 7ª figura?
(A) 20 palitos
(A) (B) (C) (B) 25 palitos
(C) 28 palitos
(D) 22 palitos

06. Ana fez diversas planificações de um cubo e escreveu em


cada um, números de 1 a 6. Ao montar o cubo, ela deseja que a
soma dos números marcados nas faces opostas seja 7. A única al-
(D) (E) ternativa cuja figura representa a planificação desse cubo tal como
deseja Ana é:

(A) (B)

02. Considere que a sequência de figuras foi construída segun-


do um certo critério. (C) (D)

(E)

Se tal critério for mantido, para obter as figuras subsequentes,


o total de pontos da figura de número 15 deverá ser:
(A) 69
(B) 67
(C) 65
(D) 63
(E) 61

34
RACIOCÍNIO LÓGICO
07. As figuras da sequência dada são formadas por partes Segundo o mesmo critério, a palavra que deverá ocupar o lugar
iguais de um círculo. do ponto de interrogação é:
(A) alar
(B) rala
(C) ralar
(D) larva
(E) arval
Continuando essa sequência, obtém-se exatamente 16 círculos
completos na: 12. Observe que as figuras abaixo foram dispostas, linha a li-
(A) 36ª figura nha, segundo determinado padrão.
(B) 48ª figura
(C) 72ª figura
(D) 80ª figura
(E) 96ª figura

08. Analise a sequência a seguir:

Admitindo-se que a regra de formação das figuras seguintes


permaneça a mesma, pode-se afirmar que a figura que ocuparia a
277ª posição dessa sequência é:

(A) (B) Segundo o padrão estabelecido, a figura que substitui correta-


mente o ponto de interrogação é:

(C) (D) (A) (B) (C)

(D) (E)
(E)

13. Observe que na sucessão seguinte os números foram colo-


cados obedecendo a uma lei de formação.

09. Observe a sequência: 2, 10, 12, 16, 17, 18, 19, ... Qual é o
próximo número?
(A) 20
(B) 21
(C) 100
(D) 200
Os números X e Y, obtidos segundo essa lei, são tais que X + Y
10. Observe a sequência: 3,13, 30, ... Qual é o próximo núme- é igual a:
ro? (A) 40
(A) 4 (B) 42
(B) 20 (C) 44
(C) 31 (D) 46
(D) 21 (E) 48

11. Os dois pares de palavras abaixo foram formados segundo


determinado critério.
LACRAÇÃO → cal
AMOSTRA → soma
LAVRAR → ?

35
RACIOCÍNIO LÓGICO
14. A figura abaixo representa algumas letras dispostas em for- Segundo esse mesmo padrão, a figura que deve substituir o
ma de triângulo, segundo determinado critério. ponto de interrogação é:

(A) (B)

(C) (D)

(E)
Considerando que na ordem alfabética usada são excluídas as
letra “K”, “W” e “Y”, a letra que substitui corretamente o ponto de 17. Observe que, na sucessão de figuras abaixo, os números
interrogação é: que foram colocados nos dois primeiros triângulos obedecem a um
(A) P mesmo critério.
(B) O
(C) N
(D) M
(E) L

15. Considere que a sequência seguinte é formada pela suces-


são natural dos números inteiros e positivos, sem que os algarismos
sejam separados. Para que o mesmo critério seja mantido no triângulo da direita,
o número que deverá substituir o ponto de interrogação é:
1234567891011121314151617181920... (A) 32
(B) 36
O algarismo que deve aparecer na 276ª posição dessa sequên- (C) 38
cia é: (D) 42
(A) 9 (E) 46
(B) 8
(C) 6 18. Considere a seguinte sequência infinita de números: 3, 12,
(D) 3 27, __, 75, 108,... O número que preenche adequadamente a quar-
(E) 1 ta posição dessa sequência é:
(A) 36,
16. Em cada linha abaixo, as três figuras foram desenhadas de (B) 40,
acordo com determinado padrão. (C) 42,
(D) 44,
(E) 48

19. Observando a sequência (1, , , , , ...) o pró-


ximo numero será:

(A)

(B)

(C)

(D)

36
RACIOCÍNIO LÓGICO
20. Considere a sequência abaixo: 25. Repare que com um número de 5 algarismos, respeitada
a ordem dada, podem-se criar 4 números de dois algarismos. Por
BBB BXBXXB exemplo: de 34.712, podem-se criar o 34, o 47, o 71 e o 12. Procu-
XBX XBXXBX ra-se um número de 5 algarismos formado pelos algarismos 4, 5, 6,
BBB BXBBXX 7 e 8, sem repetição. Veja abaixo alguns números desse tipo e, ao
lado de cada um deles, a quantidade de números de dois algarismos
O padrão que completa a sequência é: que esse número tem em comum com o número procurado.

(A) (B) (C) Quantidade de números de


XXX XXB XXX Número
XXX XBX XXX dado
2 algarismos em comum
XXX BXX XXB
48.765 1
(D) (E) 86.547 0
XXX XXX 87.465 2
XBX XBX
XXX BXX 48.675 1

21. Na série de Fibonacci, cada termo a partir do terceiro é igual O número procurado é:
à soma de seus dois termos precedentes. Sabendo-se que os dois (A) 87456
primeiros termos, por definição, são 0 e 1, o sexto termo da série é: (B) 68745
(A) 2 (C) 56874
(B) 3 (D) 58746
(C) 4 (E) 46875
(D) 5
(E) 6 26. Considere que os símbolos ♦ e ♣ que aparecem no quadro
seguinte, substituem as operações que devem ser efetuadas em
22. Nosso código secreto usa o alfabeto A B C D E F G H I J L M cada linha, a fim de se obter o resultado correspondente, que se
N O P Q R S T U V X Z. Do seguinte modo: cada letra é substituída encontra na coluna da extrema direita.
pela letra que ocupa a quarta posição depois dela. Então, o “A” vira
“E”, o “B” vira “F”, o “C” vira “G” e assim por diante. O código é “cir- 36 ♦ 4 ♣ 5 = 14
cular”, de modo que o “U” vira “A” e assim por diante. Recebi uma
48 ♦ 6 ♣ 9 = 17
mensagem em código que dizia: BSA HI EDAP. Decifrei o código e li:
(A) FAZ AS DUAS; 54 ♦ 9 ♣ 7 = ?
(B) DIA DO LOBO;
(C) RIO ME QUER; Para que o resultado da terceira linha seja o correto, o ponto de
(D) VIM DA LOJA; interrogação deverá ser substituído pelo número:
(E) VOU DE AZUL. (A) 16
(B) 15
23. A sentença “Social está para laicos assim como 231678 está (C) 14
para...” é melhor completada por: (D) 13
(A) 326187; (E) 12
(B) 876132;
(C) 286731; 27. Segundo determinado critério, foi construída a sucessão se-
(D) 827361; guinte, em que cada termo é composto de um número seguido de
(E) 218763. uma letra: A1 – E2 – B3 – F4 – C5 – G6 – .... Considerando que no al-
fabeto usado são excluídas as letras K, Y e W, então, de acordo com
24. A sentença “Salta está para Atlas assim como 25435 está o critério estabelecido, a letra que deverá anteceder o número 12 é:
para...” é melhor completada pelo seguinte número: (A) J
(A) 53452; (B) L
(B) 23455; (C) M
(C) 34552; (D) N
(D) 43525; (E) O
(E) 53542.
28. Os nomes de quatro animais – MARÁ, PERU, TATU e URSO
– devem ser escritos nas linhas da tabela abaixo, de modo que cada
uma das suas respectivas letras ocupe um quadrinho e, na diagonal
sombreada, possa ser lido o nome de um novo animal.

37
RACIOCÍNIO LÓGICO
33. Arborizado → azar
Asteroide → dias
Articular → ?
(A) luar
(B) arar
Excluídas do alfabeto as letras K, W e Y e fazendo cada letra (C) lira
restante corresponder ordenadamente aos números inteiros de 1 a (D) luta
23 (ou seja, A = 1, B = 2, C = 3,..., Z = 23), a soma dos números que (E) rara
correspondem às letras que compõem o nome do animal é:
(A) 37 34. Preste atenção nesta sequência lógica e identifique quais
(B) 39 os números que estão faltando: 1, 1, 2, __, 5, 8, __,21, 34, 55, __,
(C) 45 144, __...
(D) 49
(E) 51 35. Uma lesma encontra-se no fundo de um poço seco de 10
metros de profundidade e quer sair de lá. Durante o dia, ela con-
Nas questões 29 e 30, observe que há uma relação entre o pri- segue subir 2 metros pela parede; mas à noite, enquanto dorme,
meiro e o segundo grupos de letras. A mesma relação deverá existir escorrega 1 metro. Depois de quantos dias ela consegue chegar à
entre o terceiro grupo e um dos cinco grupos que aparecem nas saída do poço?
alternativas, ou seja, aquele que substitui corretamente o ponto de
interrogação. Considere que a ordem alfabética adotada é a oficial 36. Quantas vezes você usa o algarismo 9 para numerar as pá-
e exclui as letras K, W e Y. ginas de um livro de 100 páginas?

29. CASA: LATA: LOBO: ? 37. Quantos quadrados existem na figura abaixo?
(A) SOCO
(B) TOCO
(C) TOMO
(D) VOLO
(E) VOTO

30. ABCA: DEFD: HIJH: ?


(A) IJLI
(B) JLMJ 38. Retire três palitos e obtenha apenas três quadrados.
(C) LMNL
(D) FGHF
(E) EFGE

31. Os termos da sucessão seguinte foram obtidos consideran-


do uma lei de formação (0, 1, 3, 4, 12, 123,...). Segundo essa lei, o
décimo terceiro termo dessa sequência é um número:
(A) Menor que 200.
(B) Compreendido entre 200 e 400. 39. Qual será o próximo símbolo da sequência abaixo?
(C) Compreendido entre 500 e 700.
(D) Compreendido entre 700 e 1.000.
(E) Maior que 1.000.

Para responder às questões de números 32 e 33, você deve


observar que, em cada um dos dois primeiros pares de palavras da-
das, a palavra da direita foi obtida da palavra da esquerda segundo
determinado critério.Você deve descobrir esse critério e usá-lo para
encontrar a palavra que deve ser colocada no lugar do ponto de
interrogação. 40. Reposicione dois palitos e obtenha uma figura com cinco
quadrados iguais.
32. Ardoroso → rodo
Dinamizar → mina
Maratona → ?

(A) mana
(B) toma
(C) tona
(D) tora
(E) rato

38
RACIOCÍNIO LÓGICO
06. Resposta “A”.
GABARITO Na figura apresentada na letra “B”, não é possível obter a plani-
ficação de um lado, pois o 4 estaria do lado oposto ao 6, somando
01. Resposta: “A”. 10 unidades. Na figura apresentada na letra “C”, da mesma forma,
A diferença entre os números estampados nas cartas 1 e 2, em o 5 estaria em face oposta ao 3, somando 8, não formando um lado.
cada linha, tem como resultado o valor da 3ª carta e, além disso, o Na figura da letra “D”, o 2 estaria em face oposta ao 4, não deter-
naipe não se repete. Assim, a 3ª carta, dentro das opções dadas só minando um lado. Já na figura apresentada na letra “E”, o 1 não
pode ser a da opção (A). estaria em face oposta ao número 6, impossibilitando, portanto, a
obtenção de um lado. Logo, podemos concluir que a planificação
02. Resposta “D”. apresentada na letra “A” é a única para representar um lado.
Observe que, tomando o eixo vertical como eixo de simetria,
tem-se: 07. Resposta “B”.
Na figura 1: 01 ponto de cada lado  02 pontos no total. Como na 3ª figura completou-se um círculo, para completar 16
Na figura 2: 02 pontos de cada lado  04 pontos no total. círculos é suficiente multiplicar 3 por 16 : 3 . 16 = 48. Portanto, na
Na figura 3: 03 pontos de cada lado  06 pontos no total. 48ª figura existirão 16 círculos.
Na figura 4: 04 pontos de cada lado  08 pontos no total.
Na figura n: n pontos de cada lado  2.n pontos no total. 08. Resposta “B”.
A sequência das figuras completa-se na 5ª figura. Assim, conti-
Em particular: nua-se a sequência de 5 em 5 elementos. A figura de número 277
Na figura 15: 15 pontos de cada lado  30 pontos no total. ocupa, então, a mesma posição das figuras que representam núme-
ro 5n + 2, com nN. Ou seja, a 277ª figura corresponde à 2ª figura,
Agora, tomando o eixo horizontal como eixo de simetria, tem- que é representada pela letra “B”.
-se:
Na figura 1: 02 pontos acima e abaixo  04 pontos no total. 09. Resposta “D”.
Na figura 2: 03 pontos acima e abaixo  06 pontos no total. A regularidade que obedece a sequência acima não se dá por
Na figura 3: 04 pontos acima e abaixo  08 pontos no total. padrões numéricos e sim pela letra que inicia cada número. “Dois,
Na figura 4: 05 pontos acima e abaixo  10 pontos no total. Dez, Doze, Dezesseis, Dezessete, Dezoito, Dezenove, ... Enfim, o pró-
Na figura n: (n+1) pontos acima e abaixo  2.(n+1) pontos no ximo só pode iniciar também com “D”: Duzentos.
total.
10. Resposta “C”.
Em particular: Esta sequência é regida pela inicial de cada número. Três, Treze,
Na figura 15: 16 pontos acima e abaixo  32 pontos no total. Trinta,... O próximo só pode ser o número Trinta e um, pois ele inicia
Incluindo o ponto central, que ainda não foi considerado, temos com a letra “T”.
para total de pontos da figura 15: Total de pontos = 30 + 32 + 1 =
63 pontos. 11. Resposta “E”.
Na 1ª linha, a palavra CAL foi retirada das 3 primeiras letras da
03. Resposta “B”. palavra LACRAÇÃO, mas na ordem invertida. Da mesma forma, na
Nessa sequência, observamos que a diferença: entre 1000 e 2ª linha, a palavra SOMA é retirada da palavra AMOSTRA, pelas 4
990 é 10, entre 990 e 970 é 20, entre o 970 e 940 é 30, entre 940 e primeira letras invertidas. Com isso, da palavra LAVRAR, ao se reti-
900 é 40, entre 900 e 850 é 50, portanto entre 850 e o próximo nú- rarem as 5 primeiras letras, na ordem invertida, obtém-se ARVAL.
mero é 60, dessa forma concluímos que o próximo número é 790,
pois: 850 – 790 = 60. 12. Resposta “C”.
Em cada linha apresentada, as cabeças são formadas por qua-
04. Resposta “D” drado, triângulo e círculo. Na 3ª linha já há cabeças com círculo e
Nessa sequência lógica, observamos que a diferença: entre 24 com triângulo.Portanto, a cabeça da figura que está faltando é um
e 22 é 2, entre 28 e 24 é 4, entre 34 e 28 é 6, entre 42 e 34 é 8, entre quadrado. As mãos das figuras estão levantadas, em linha reta ou
52 e 42 é 10, entre 64 e 52 é 12, portanto entre o próximo número e abaixadas.Assim, a figura que falta deve ter as mãos levantadas (é
64 é 14, dessa forma concluímos que o próximo número é 78, pois: o que ocorre em todas as alternativas). As figuras apresentam as 2
76 – 64 = 14. pernas ou abaixadas, ou 1 perna levantada para a esquerda ou 1
levantada para a direita.Nesse caso, a figura que está faltando na
05. Resposta “D”. 3ª linha deve ter 1 perna levantada para a esquerda. Logo, a figura
Observe a tabela: tem a cabeça quadrada, as mãos levantadas e a perna erguida para
a esquerda.
Figuras 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª
13. Resposta “A”.
Nº de Palitos 4 7 10 13 16 19 22 Existem duas leis distintas para a formação: uma para a par-
te superior e outra para a parte inferior. Na parte superior, tem-se
Temos de forma direta, pela contagem, a quantidade de palitos que: do 1º termo para o 2º termo, ocorreu uma multiplicação por
das três primeiras figuras. Feito isto, basta perceber que cada figura 2; já do 2º termo para o 3º, houve uma subtração de 3 unidades.
a partir da segunda tem a quantidade de palitos da figura anterior Com isso, X é igual a 5 multiplicado por 2, ou seja, X = 10. Na parte
acrescida de 3 palitos. Desta forma, fica fácil preencher o restante inferior, tem-se: do 1º termo para o 2º termo ocorreu uma multi-
da tabela e determinar a quantidade de palitos da 7ª figura. plicação por 3; já do 2º termo para o 3º, houve uma subtração de
2 unidades. Assim, Y é igual a 10 multiplicado por 3, isto é, Y = 30.
Logo, X + Y = 10 + 30 = 40.

39
RACIOCÍNIO LÓGICO
14. Resposta “A”. 20. Resposta “D”.
A sequência do alfabeto inicia-se na extremidade direita do O que de início devemos observar nesta questão é a quantida-
triângulo, pela letra “A”; aumenta a direita para a esquerda; conti- de de B e de X em cada figura. Vejamos:
nua pela 3ª e 5ª linhas; e volta para as linhas pares na ordem inversa BBB BXBXXB
– pela 4ª linha até a 2ª linha. Na 2ª linha, então, as letras são, da XBX XBXXBX
direita para a esquerda, “M”, “N”, “O”, e a letra que substitui corre- BBB BXBBXX
tamente o ponto de interrogação é a letra “P”. 7B e 2X5B e 4X 3B e 6X

15. Resposta “B”. Vê-se, que os “B” estão diminuindo de 2 em 2 e que os “X” es-
A sequência de números apresentada representa a lista dos tãoaumentando de 2 em 2; notem também que os “B” estão sendo
números naturais. Mas essa lista contém todos os algarismos dos retirados um na parte de cima e um na parte de baixo e os “X” da
números, sem ocorrer a separação. Por exemplo: 101112 represen- mesma forma, só que não estão sendo retirados, estão, sim, sendo
tam os números 10, 11 e 12. Com isso, do número 1 até o número colocados. Logo a 4ª figura é:
9 existem 9 algarismos. Do número 10 até o número 99 existem: 2 XXX
x 90 = 180 algarismos. Do número 100 até o número 124 existem: XBX
3 x 25 = 75 algarismos. E do número 124 até o número 128 existem XXX
mais 12 algarismos. Somando todos os valores, tem-se: 9 + 180 + 75 1B e 8X
+ 12 = 276 algarismos. Logo, conclui-se que o algarismo que ocupa a
276ª posição é o número 8, que aparece no número 128. 21. Resposta “D”.
Montando a série de Fibonacci temos: 0, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21,
16. Resposta “D”. 34... A resposta da questão é a alternativa “D”, pois como a questão
Na 1ª linha, internamente, a 1ª figura possui 2 “orelhas”, a 2ª nos diz, cada termo a partir do terceiro é igual à soma de seus dois
figura possui 1 “orelha” no lado esquerdo e a 3ª figura possui 1 termos precedentes. 2 + 3 = 5
“orelha” no lado direito. Esse fato acontece, também, na 2ª linha,
mas na parte de cima e na parte de baixo, internamente em relação 22. Resposta “E”.
às figuras. Assim, na 3ª linha ocorrerá essa regra, mas em ordem
inversa: é a 3ª figura da 3ª linha que terá 2 “orelhas” internas, uma A questão nos informa que ao se escrever alguma mensagem,
em cima e outra em baixo. Como as 2 primeiras figuras da 3ª li- cada letra será substituída pela letra que ocupa a quarta posição,
nha não possuem “orelhas” externas, a 3ª figura também não terá além disso, nos informa que o código é “circular”, de modo que a
orelhas externas. Portanto, a figura que deve substituir o ponto de letra “U” vira “A”. Para decifrarmos, temos que perceber a posição
interrogação é a 4ª. do emissor e do receptor. O emissor ao escrever a mensagem conta
quatro letras à frente para representar a letra que realmente dese-
17. Resposta “B”. ja, enquanto que o receptor, deve fazer o contrário, contar quatro
No 1º triângulo, o número que está no interior do triângulo letras atrás para decifrar cada letra do código. No caso, nos foi dada
dividido pelo número que está abaixo é igual à diferença entre o a frase para ser decifrada, vê-se, pois, que, na questão, ocupamos
número que está à direita e o número que está à esquerda do triân- a posição de receptores. Vejamos a mensagem: BSA HI EDAP. Cada
gulo: 405 21138. letra da mensagem representa a quarta letra anterior de modo que:
A mesma regra acontece no 2º triângulo: 42 ÷ 7 = 23 - 17 = 6. VxzaB: B na verdade é V;
Assim, a mesma regra deve existir no 3º triângulo: OpqrS: S na verdade é O;
? ÷ 3 = 19 - 7 UvxzA: A na verdade é U;
? ÷ 3 = 12 DefgH: H na verdade é D;
? = 12 x 3 = 36. EfghI: I na verdade é E;
AbcdE: E na verdade é A;
18. Resposta “E”. ZabcD: D na verdade é Z;
Verifique os intervalos entre os números que foram fornecidos. UvxaA: A na verdade é U;
Dado os números 3, 12, 27, __, 75, 108, obteve-se os seguintes 9, LmnoP: P na verdade é L;
15, __, __, 33 intervalos. Observe que 3x3, 3x5, 3x7, 3x9, 3x11. Logo
3x7 = 21 e 3x 9 = 27. Então: 21 + 27 = 48. 23. Resposta “B”.
A questão nos traz duas palavras que têm relação uma com a
19. Resposta “B”. outra e, em seguida, nos traz uma sequência numérica. É pergunta-
Observe que o numerador é fixo, mas o denominador é forma- do qual sequência numérica tem a mesma ralação com a sequência
do pela sequência: numérica fornecida, de maneira que, a relação entre as palavras e
a sequência numérica é a mesma. Observando as duas palavras da-
Primeiro Segundo Terceiro Quarto Quinto Sexto das, podemos perceber facilmente que têm cada uma 6 letras e que
as letras de uma se repete na outra em uma ordem diferente. Tal
3x4= 4x5= 5x6= ordem, nada mais é, do que a primeira palavra de trás para frente,
1 1x2=2 2x3=6
12 20 30 de maneira que SOCIAL vira LAICOS. Fazendo o mesmo com a se-
quência numérica fornecida, temos: 231678 viram 876132, sendo
esta a resposta.

40
RACIOCÍNIO LÓGICO
24. Resposta “A”. 30. Resposta “C”.
A questão nos traz duas palavras que têm relação uma com a Na 1ª sequência de letras, ocorrem as 3 primeiras letras do al-
outra, e em seguida, nos traz uma sequência numérica. Foi pergun- fabeto e, em seguida, volta-se para a 1ª letra da sequência. Na 2ª
tado qual a sequência numérica que tem relação com a já dada de sequência, continua-se da 3ª letra da sequência anterior, forman-
maneira que a relação entre as palavras e a sequência numérica é do-se DEF, voltando-se novamente, para a 1ª letra desta sequência:
a mesma. Observando as duas palavras dadas podemos perceber D. Com isto, na 3ª sequência, têm-se as letras HIJ, voltando-se para
facilmente que tem cada uma 6 letras e que as letras de uma se re- a 1ª letra desta sequência: H. Com isto, a 4ª sequência iniciará pela
pete na outra em uma ordem diferente. Essa ordem diferente nada letra L, continuando por M e N, voltando para a letra L. Logo, a 4ª
mais é, do que a primeira palavra de trás para frente, de maneira sequência da letra é: LMNL.
que SALTA vira ATLAS. Fazendo o mesmo com a sequência numérica
fornecida temos: 25435 vira 53452, sendo esta a resposta. 31. Resposta “E”.
A sequência e construída de modo que, a partir do primeiro
25. Resposta “E”. termo, adiciona-se 1 unidade para obter o próximo termo e, em se-
Pelo número 86.547, tem-se que 86, 65, 54 e 47 não aconte- guida, multiplica-se por 3 para obter o próximo. Ou seja, são apenas
cem no número procurado. Do número 48.675, as opções 48, 86 e duas operações distintas para se construir a sucessão de termos:
67 não estão em nenhum dos números apresentados nas alterna- adicionar 1 unidade e multiplicar por 3. Para encontrar o decimo
tivas.Portanto, nesse número a coincidência se dá no número 75. terceiro termo, não vamos utilizar o termo geral de uma progressão
Como o único número apresentado nas alternativas que possui a aritmética, nem o termo geral de uma progressão geométrica, pois
sequência 75 é 46.875, tem-se, então, o número procurado. a sucessão não satisfaz as definições de PA ou PG.
Logo, vamos obter os termos progressivamente por meio das
26. Resposta “D”. duas operações mencionadas:
O primeiro símbolo representa a divisão e o 2º símbolo repre- a1 = 0
senta a soma. Portanto, na 1ª linha, tem-se: 36 ÷ 4 + 5 = 9 + 5 = 14. a2 = a1 + 1 = 0 + 1 = 1
Na 2ª linha, tem-se: 48 ÷ 6 + 9 = 8 + 9 = 17. Com isso, na 3ª linha, a3 = a2 . 3 = 1 . 3 = 3
ter-se-á: 54 ÷ 9 + 7 = 6 + 7 = 13. Logo, podemos concluir então que o a4 = a3 + 1 = 3 + 1 = 4
ponto de interrogação deverá ser substituído pelo número 13. a5 = a4 . 3 = 4 . 3 = 12
a6 = a5 + 1 = 12 + 1 = 13
27. Resposta “A”. a7 = a6 . 3 = 13 . 3 = 39
As letras que acompanham os números ímpares formam a a8 = a7 + 1 = 39 + 1 = 40
sequência normal do alfabeto. Já a sequência que acompanha os a9 = a8 . 3 = 40 . 3 = 120
números pares inicia-se pela letra “E”, e continua de acordo com a a10 = a9 + 1 = 120 + 1 = 121
sequência normal do alfabeto: 2ª letra: E, 4ª letra: F, 6ª letra: G, 8ª a11 = a10 . 3 = 121 . 3 = 363
letra: H, 10ª letra: I e 12ª letra: J. a12 = a11 + 1 = 363 + 1 = 364
a13 = a12 . 3 = 364 . 3 = 1 092 > 1 000
28. Resposta “D”.
Escrevendo os nomes dos animais apresentados na lista – Logo, o decimo terceiro termo da sucessão e maior que 1 000.
MARÁ, PERU, TATU e URSO, na seguinte ordem: PERU, MARÁ, TATU
e URSO, obtém-se na tabela: 32. Resposta “D”.
Da palavra “ardoroso”, retiram-se as sílabas “do” e “ro” e inver-
teu-se a ordem, definindo-se a palavra “rodo”. Da mesma forma, da
P E R U palavra “dinamizar”, retiram-se as sílabas “na” e “mi”, definindo-se
a palavra “mina”. Com isso, podemos concluir que da palavra “ma-
M A R A
ratona”. Deve-se retirar as sílabas “ra” e “to”, criando-se a palavra
T A T U “tora”.

U R S O 33. Resposta “A”.


Na primeira sequência, a palavra “azar” é obtida pelas letras
“a” e “z” em sequência, mas em ordem invertida. Já as letras “a”
O nome do animal é PATO. Considerando a ordem do alfabeto,
e “r” são as 2 primeiras letras da palavra “arborizado”. A palavra
tem-se: P = 15, A = 1, T = 19 e 0 = 14. Somando esses valores, ob-
“dias” foi obtida da mesma forma: As letras “d” e “i” são obtidas
tém-se: 15 + 1 + 19 + 14 = 49.
em sequência, mas em ordem invertida.As letras “a” e “s” são as 2
primeiras letras da palavra “asteroides”. Com isso, para a palavras
29. Resposta “B”.
“articular”, considerando as letras “i” e “u”, que estão na ordem
Na 1ª e na 2ª sequências, as vogais são as mesmas: letra “A”.
invertida, e as 2 primeiras letras, obtém-se a palavra “luar”.
Portanto, as vogais da 4ª sequência de letras deverão ser as mes-
mas da 3ª sequência de letras: “O”. A 3ª letra da 2ª sequência é
34. O nome da sequência é Sequência de Fibonacci. O número
a próxima letra do alfabeto depois da 3ª letra da 1ª sequência de
que vem é sempre a soma dos dois números imediatamente atrás
letras. Portanto, na 4ª sequência de letras, a 3ª letra é a próxima
dele. A sequência correta é: 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144,
letra depois de “B”, ou seja, a letra “C”. Em relação à primeira letra,
233...
tem-se uma diferença de 7 letras entre a 1ª letra da 1ª sequência e
a 1ª letra da 2ª sequência. Portanto, entre a 1ª letra da 3ª sequência
e a 1ª letra da 4ª sequência, deve ocorrer o mesmo fato. Com isso, a
1ª letra da 4ª sequência é a letra “T”. Logo, a 4ª sequência de letras
é: T, O, C, O, ou seja, TOCO.

41
RACIOCÍNIO LÓGICO
35. 39. Os símbolos são como números em frente ao espelho. As-
sim, o próximo símbolo será 88.
Dia Subida Descida
40.
1º 2m 1m
2º 3m 2m
3º 4m 3m
4º 5m 4m
5º 6m 5m
6º 7m 6m
7º 8m 7m
8º 9m 8m
ANOTAÇÕES
9º 10m ----

Portanto, depois de 9 dias ela chegará na saída do poço. ______________________________________________________

36. 09 – 19 – 29 – 39 – 49 – 59 – 69 – 79 – 89 – 90 – 91 – 92 ______________________________________________________
– 93 – 94 – 95 – 96 – 97 – 98 – 99. Portanto, são necessários 20
algarismos. ______________________________________________________
37. ______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
= 16
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
= 09
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
= 04
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
=01
______________________________________________________
Portanto, há 16 + 9 + 4 + 1 = 30 quadrados. ______________________________________________________
38. ______________________________________________________

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______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

42
TEMAS DA ATUALIDADE (APENAS A PROVA DE REDAÇÃO)
1. Tópicos relevantes e atuais de diversas áreas, tais como segurança, transportes, política, economia, sociedade, educação, saúde, cul-
tura, tecnologia, energia, relações internacionais, desenvolvimento sustentável e ecologia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
TEMAS DA ATUALIDADE (APENAS A PROVA DE REDAÇÃO)
Bolsonaro torce pela reeleição de Trump. As projeções da im-
TÓPICOS RELEVANTES E ATUAIS DE DIVERSAS ÁREAS, prensa americana, entretanto, têm apontado que Biden está mais
TAIS COMO SEGURANÇA, TRANSPORTES, POLÍTICA, próximo de vencer a disputa. Até as 13h, o resultado das eleições
ECONOMIA, SOCIEDADE, EDUCAÇÃO, SAÚDE, CULTU- nos EUA ainda estava sendo apurado (acompanhe a apuração em
RA, TECNOLOGIA, ENERGIA, RELAÇÕES INTERNACIO- tempo real aqui).
NAIS, DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ECOLOGIA O democrata lidera em 3 dos 5 estados ainda em aberto – Ge-
orgia, Nevada e Pensilvânia. Se vencer em qualquer um desses 3,
BRASIL atinge os 270 votos no Colégio Eleitoral necessários para ser sagra-
do o novo presidente dos EUA.
Caso Mariana Ferrer: Julgamento termina com absolvição de Para conseguir se reeleger, Trump precisa reverter o resultado
empresário André Aranha nos três estados e ainda ganhar na Carolina do Norte.
O caso Mariana Ferrer ganhou mais um capítulo na manhã des- Sem citar os números, Bolsonaro afirmou ainda que assiste ao
ta terça-feira, 03/11/2020, após o “The Intercept Brasil” que em se- que acontece “na política externa” e que “em certos momentos so-
tembro deste ano a Justiça absolveu André de Camargo Aranha da mente uma coisa nos interessa e encoraja e nos fortalece, é Deus
acusação de estupro. O empresárioé acusado de estuprar a promo- sempre acima de tudo.”
ter durante uma festa em 2018. Além da decisão, o site teve aces-
so à gravação do julgamento, que mostra o advogado de Aranha, Visita
Cláudio Gastão da Rosa Filho, humilhando a vítima. As informações A afirmação foi feita durante formatura de 650 agentes da Polí-
chocaram os internautas que fizeram o caso ser, mais uma vez, cia Rodoviária Federal (PRF) na capital catarinense.
um dos assuntos mais comentados do Twitter com hashtags como O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, e o da Justiça,
“#justicapormariferrer”, “estupro culposo”, “vítima”, “humilhada” e
André Mendonça, integram a comitiva. A governadora interina do
“juiz”. Inicialmente, havia sido informado que o promotor classifi-
Estado, Daniela Reinehr (sem partido), recepcionou o grupo logo
cou o crime como “estupro culposo” e que, segundo Oliveira, não
que eles chegaram. Todos estavam sem máscara de proteção contra
havia como o empresário André de Camargo Aranha saber que a
a Covid-19 -- o uso do item é obrigatório na cidade.
jovem não estava em condição de consentir o ato sexual e, por isso,
não existiu a “intenção” de estuprar. O termo “estupro culposo”, no De lá, a comitiva foi em comboio terrestre até a Universida-
entanto, não consta na ação e, segundo o site “The Intercept Bra- de Corporativa (UNIPRF), localizada no bairro Vargem Pequena, no
sil”, foi usado na reportagem “para resumir o caso e explicar para Norte da Ilha. O trânsito teve pequenas interrupções.
público leigo”. Houve aglomeração na porta do evento, onde Bolsonaro pas-
Aranha havia sido denunciado pelo promotor Alexandre Piazza sou, cumprimentou e abraçou apoiadores que o esperavam. Já do
por estupro de vulnerável, quando a vítima está sob efeitos entor- lado de dentro, as três arquibancadas ficaram lotadas com convi-
pecentes ou álcool e não é capaz de consentir ou se defender. Ele dados.
também solicitou a prisão preventiva do acusado, que foi aceita Professores e servidores da PRF, além dos alunos e acompa-
pela justiça, mas foi derrubada em liminar em segunda instância nhantes participaram do evento. A polícia afirmou que foram ado-
pela defesa de Aranha. A sentença mudou após Piazza deixar o tados protocolos rígidos de segurança para prevenir a transmissão
caso para, segundo o Ministério Público, assumir outra promotoria. do coronavírus. Não será feito baile de formatura. O curso de poli-
Quem assumiu o processo foi Thiago Carriço de Oliveira. ciais começou em julho e durou 16 semanas.
Em gravações obtidas pelo “The Intercept Brasil”, o advogado Bolsonaro terminou por volta de 12h30 de cumprir a agenda
da defesa mostra fotos de Mariana antes do caso para argumentar na PRF em Florianópolis e, na saída do evento, desfilou de carro e
que a relação foi consensual. Gastão classifica as imagens como “gi- cumprimentou apoiadores.
necológicas” e diz que “jamais teria uma filha do teu nível” após a Às 14h, ele chegou ao aeroporto de Chapecó, no Oeste cata-
vítima acusá-lo de assédio moral. “Eu também peço a Deus que o rinense, para trocar de aeronave. No local, havia apoiadores que
meu filho não encontre uma mulher como você”, diz o advogado foram cumprimentados por Bolsonaro e houve registro de aglome-
de Aranha. Mariana fica abalada com as declarações. Gastão segue ração. O presidente, assim como parte dos apoiadores, estava sem
acusando a jovem de fazer um “showzinho”. “Não adianta vir com máscara.
esse teu choro dissimulado, falso e essa lábia de crocodilo”, repre- Depois, ele embarcou em um helicóptero que partiu às 14h30
ende. “Excelentíssimo, eu tô implorando por respeito, nem os acu- em direção ao Paraná onde o presidente participa da inauguração
sados são tratados do jeito que estou sendo tratada, pelo amor de de uma pequena central hidrelétrica em Renascença.
Deus, gente. O que é isso?”, pede a jovem depois do juiz intervir e
Por volta das 19h30, ele voltou de helicóptero a Chapecó, cum-
dizer que Mariana poderia pausar o julgamento para “beber uma
primentou apoiadores e embarcou no avião em direção a Brasília.
água”. “Nem os acusados de assassinato são tratados como eu es-
tou sendo tratada”, completa.
Grande Florianópolis em risco gravíssimo para Covid-19
(Fonte: https://jovempan.com.br/noticias/brasil/caso-maria-
na-ferrer-julgamento-termina-com-sentenca-inedita-de-estupro- A Grande Florianópolis entrou para o risco gravíssimo para a
-culposo.html) Covid-19 no mapa de risco do governo do estado, eventos estão
proibidos na região, de acordo com portaria estadual. Porém, a for-
Bolsonaro diz que Trump ‘não é a pessoa mais importante do matura foi mantida. A capital é a cidade com mais casos ativos no
mundo’ Estado.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta sexta-fei- O órgão informou em nota que “A formatura será um ato inter-
ra (06/11/2020), em Florianópolis (SC), que Donald Trump “não é no, fechado para participação apenas dos alunos e seus acompa-
a pessoa mais importante do mundo”. Nesta manhã, o democrata nhantes, docentes, servidores da PRF e autoridades, com adoção
Joe Biden passou o republicano em mais dois estados considerados de rígidos procedimentos de segurança para prevenção quanto à
chave para definir quem será o próximo presidente dos Estados Uni- infecção pelo novo coronavírus”.
dos — Pensilvânia e Geórgia.

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TEMAS DA ATUALIDADE (APENAS A PROVA DE REDAÇÃO)
A Prefeitura de Florianópolis disse em nota que “sobre o Curso de Formação da Rodoviária Federal, todo protocolo foi aprovado an-
teriormente pela Vigilância Sanitária. Os alunos foram testados para o novo coronavírus, seguiram períodos de isolamento, e tem seguido
medidas rígidas para não propagação da doença”. O G1 aguarda manifestação do governo do estado sobre o assunto.

Outras visitas do presidente a SC


Bolsonaro já esteve em Santa Catarina por outras três vezes após se tornar presidente. A mais recente visita dele ocorreu em julho,
também durante a pandemia do coronavírus. Nessa ocasião, ele sobrevoou as regiões mais atingidas pelo “ciclone-bomba”.
Ele também participou de uma aula magna do curso da PRF em outubro de 2019 em Florianópolis. Em maio daquele ano, ele ainda
veio ao estado para um evento religioso em Camboriú, no Litoral Norte catarinense.
(Fonte: https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2020/11/06/presidente-bolsonaro-visita-sc-para-formatura-da-prf-nesta-sex-
ta-feira.ghtml)

Após tomar posse no STF, Nunes Marques herda mais de 1,6 mil processos de Celso de Mello
O ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), empossado nesta quinta-feira (06/11/2020), chega à Corte com mais
de 1,6 mil processos deixados por Celso de Mello, que se aposentou em outubro e cuja vaga passou a ocupar.

Primeiro ministro indicado para o STF pelo presidente Jair Bolsonaro, Marques herdou 1.668 processos, entre processos de controle
de constitucionalidade de normas, recursos, inquéritos policiais e procedimentos de investigação criminal.
Desse total, 834 já estavam no gabinete de Celso de Mello e a outra metade, fora, em órgãos como a Procuradoria-Geral da República,
Polícia Federal e Advocacia-Geral da União.
Entre as ações já distribuídas ao novo ministro está uma apresentada pela Rede Sustentabilidade. O partido questiona decisão da
Justiça do Rio de Janeiro que levou para a segunda instância da Justiça o caso das “rachadinhas” atribuídas ao senador Flávio Bolsonaro
(Republicanos-RJ).
Em julho, Celso de Mello havia determinado que o caso fosse julgado diretamente pelo plenário do STF. O senador pediu o arquiva-
mento da ação.
O partido argumenta que o próprio Supremo decidiu em 2018 que o foro privilegiado — que permite ao parlamentar ser julgado so-
mente no STF — só vale para crimes cometidos no mandato e em razão da atividade parlamentar.
O partido alega, então, que Flavio Bolsonaro não é mais deputado estadual e, com isso, o caso das “rachadinhas” não deve ficar na
segunda instância da Justiça, devendo retornar para a primeira.
A defesa de Flavio Bolsonaro, porém, argumenta que ele nunca perdeu o direito ao foro porque, após deixar o mandato de deputado
estadual, foi eleito senador.
Durante a sabatina à qual foi submetido no Senado, Nunes Marques foi indagado por vários senadores sobre o que pensava a respeito
do foro privilegiado.
“O Supremo Tribunal Federal recentemente já delineou novos contornos em relação a que tão somente teria direito à prerrogativa
desse foro se estivesse o parlamentar no exercício do mandato e se a sua conduta fosse em decorrência também do mandato. Já é um
avanço”, respondeu.

Outros processos
O inquérito que apura se o presidente Jair Bolsonaro tentou intervir na autonomia da Polícia Federal, que teve como relator original o
ministro Celso de Mello, não ficará com Nunes Marques.
Atendendo a um pedido da defesa do ex-juiz Sergio Moro, o presidente do STF, ministro Luiz Fux, determinou o sorteio do inquérito a
outro relator antes do novo integrante da Corte tomar posse. Por isso, esse caso está com o ministro Alexandre de Moraes.
Outra ação que fica com Marques é a que enquadrou a homofobia e a transfobia como crimes de racismo.
Nessa ação, a Advocacia-Geral da União recorreu, pedindo esclarecimentos sobre a decisão do plenário atinge, entre outros, a liber-
dade religiosa. O recurso já foi distribuído a Marques.

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TEMAS DA ATUALIDADE (APENAS A PROVA DE REDAÇÃO)
(Fonte: https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/11/06/ Pandemia
apos-tomar-posse-no-stf-nunes-marques-herda-mais-de-16-mil- Sobre as críticas da comunidade internacional à política am-
-processos-de-celso-de-mello.ghtml) biental do Brasil, Guedes disse haver protecionismo por trás das
avaliações de alguns países que subsidiam a agricultura e, na avalia-
Nicholas Santos segue bem na Europa e vence os 50 borboleta ção dele, usam medidas ambientais para manter o protecionismo.
O brasileiro Nicholas Santos, que faz parte da equipe Team “Se, por um lado, existe essa preocupação com o meio ambiente lá
Iron, aproveitou esta sexta-feira (06/11/2020), segundo dia da séti- fora, no exterior, e isso também pode criar problemas para os inves-
ma etapa da Liga Internacional de Natação (ISL, sigla em inglês), em timentos externos, você vê também que há uma pauta disfarçada
Budapeste, para cravar mais uma boa marca. O paulista venceu os de interesses comerciais”, declarou.
50 metros borboleta com 22seg08. O tempo foi o quarto melhor da O ministro acrescentou que as questões comerciais podem ser
carreira do brasileiro, que é o recordista mundial da prova com os resolvidas por meio de negociações complexas, que exigem maturi-
21seg75, obtidos na Copa do Mundo de 2018. dade nas discussões. “Países que dão subsídios à agricultura e que
O resultado veio um dia depois de o atleta de 40 anos ter feito usam o tema ambiental para esconder a falta de competitividade
a melhor marca pessoal nos 100 metros borboleta, os 50seg18 que que eles têm e nos atacam. Por isso é muito importante manter a
deram a ele a segunda posição na prova, ficando só atrás do cam- serenidade e o equilíbrio durante essas negociações, durante essas
peão olímpico nos 200 metros, Chad Le Clos. Na semana passada, conversas”, completou.
durante a etapa anterior da ISL, Santos já havia vencido outra prova
dos 50 metros borboleta. Na ocasião, com o tempo de 22seg30. Reservas internacionais
Outro brasileiro que foi bem é Brandonn Almeida, do NY Bre- Sobre o câmbio, o ministro disse que a desvalorização de cerca
akers. O nadador fechou em segundo lugar os 400 metros medley de 35% do dólar neste ano exige menos reservas internacionais do
com a melhor marca da carreira, 4min03seg61. O tempo anterior país. Guedes, no entanto, disse que o governo não pretende quei-
era 4min03seg71, que rendeu o bronze no Campeonato Mundial de mar reservas em ritmo acelerado.
Piscina Curta em 2018. “Uma coisa é você estar com a moeda [o dólar] a R$ 1,80, R$
Brandonn, nesta sexta-feira, ficou atrás apenas do japonês Ko- 2, R$ 2,20, R$ 2,80, sobrevalorizada claramente. Outra coisa é você
suke Hagino, que é o campeão olímpico da prova. estar a R$ 5,50. Aí você não precisa de tanta reserva para defender
Nos 100 metros peito, Felipe Lima, da equipe Energy Standard, uma moeda que não está mais sobrevalorizada”, disse. “Também
ficou em terceiro com a marca de 57seg31. Outro atleta nacional não queremos ter muito menos não, nós queremos ser um credor
que foi ao pódio é Guilherme Basseto, da Iron Aquatics, nos 100 líquido internacional, é uma meta nossa. Nós não vamos queimar
metros costas. O paulista marcou 50seg30. reservas”, comentou Guedes.
A ISL, disputada em piscina curta (25 metros), é o maior evento As reservas internacionais funcionam como um seguro para o
da modalidade neste ano de 2020. São aproximadamente 400 atle- país contra crises externas. Para isso, elas precisam ser superiores à
tas divididos em 10 times de vários países. Essas equipes se enfren- dívida externa total (pública e privada) do país. Atualmente, o Bra-
tam em dez etapas classificatórias até o fim de novembro. A etapa sil tem US$ 354,5 bilhões, contra uma dívida externa de US$ 303,7
decisiva está prevista para os dias 21 e 22. bilhões.
(Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/esportes/noti- (Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noti-
cia/2020-11/nicholas-santos-segue-bem-na-europa-e-vence-os- cia/2020-11/relacoes-com-eua-continuarao-com-eventual-vitoria-
-50-borboleta) -de-biden-diz-guedes)

Relações com EUA continuarão com eventual vitória de Biden, PF prende suspeitos de compartilhar pornografia infantil no
diz Guedes Rio
O Brasil seguirá normalmente as relações com os Estados Uni- A Polícia Federal (PF) prendeu nesta sexta-feira (06/11/2020),
dos sob uma eventual presidência do democrata Joe Biden, disse no Rio de Janeiro, dois homens flagrados com vídeos e arquivos
hoje (6) o ministro da Economia, Paulo Guedes. Em evento promo- com pornografia infantil. Os suspeitos estavam entre os alvos da
vido pelo Banco Itaú, o ministro afirmou que o relativo isolamento Operação Rastreado, que combate o abuso e a exploração sexual
da economia brasileira permite que o resultado das eleições norte- infantil e cumpriu quatro mandados de busca e apreensão nos bair-
-americanas não afete tanto o crescimento econômico do país nos ros do Méier, Caju e Benfica.
próximos anos. Segundo a PF, os presos tiveram suas atividades rastreadas na
“Eventualmente, havendo mudança [na política dos Estados internet com o uso de inteligência artificial e outras técnicas de in-
Unidos], me parece que os dados indicam que isso está próximo de vestigação cibernética.
acontecer, isso não afeta nossa dinâmica de crescimento de forma Um dos detidos, de 54 anos, é suspeito de comercializar na in-
alguma”, declarou Guedes. Para ele, os eventos externos afetam ternet os vídeos, em formato de DVD. Segundo descrição do ma-
principalmente os fluxos de investimentos e preços de ativos finan- terial, alguns vídeos haviam sido produzidos no Brasil e outros, na
ceiros, como o câmbio, mas não impactam tanto a economia real. Europa.
Na avaliação de Guedes, a retomada do crescimento da eco- O outro homem, de 48 anos, é suspeito de transmitir, apenas
nomia brasileira depende mais da continuidade das reformas, de em um período de três meses, aproximadamente 18 mil arquivos
privatizações, de mudanças no sistema tributário e da liberalização de violência sexual contra crianças e adolescentes na internet.
de marcos regulatórios e de melhorias no ambiente de negócios. Com as buscas, a Polícia Federal espera descobrir a participa-
“Particularmente sobre os Estados Unidos, voltando para a ção de outras pessoas nos crimes investigados. O material passará
questão macro, nós estávamos, e continuaremos trabalhando, com por perícia para identificação das vítimas e de outros suspeitos.
todo mundo. Nós vamos dançar com todo mundo porque nós che- De acordo com a PF, os dois presos hoje responderão por cri-
gamos atrasados à festa. Queremos dançar com todo mundo. Va- mes que podem somar oito anos de prisão. Eles serão enquadrados
mos seguir o nosso relacionamento”, disse Guedes. em artigos do Estatuto da Criança e do Adolescente, nos artigos
241, 241-A e 241-B, que tratam da venda, exposição, transmissão e
posse de material com pornografia infantil.

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TEMAS DA ATUALIDADE (APENAS A PROVA DE REDAÇÃO)
As investigações ainda buscam esclarecer se eles têm participa- (Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noti-
ção na gravação e produção dos vídeos, no estupro de vulneráveis cia/2020-11/pedidos-de-seguro-desemprego-caem-169-em-outu-
e em outros crimes. bro)
(Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/justica/noti-
cia/2020-11/pf-prende-suspeitos-de-compartilhar-pornografia-in- Inflação acelera para 0,86% em outubro, maior alta para o
fantil-no-rio) mês desde 2002
Puxado pela alta nos preços dos alimentos e das passagens
Pedidos de seguro-desemprego caem 16,9% em outubro aéreas, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA),
Depois de dispararem no primeiro semestre por causa da pan- considerado a inflação oficial do país, avançou 0,86% em outubro,
demia do novo coronavírus, os pedidos de seguro-desemprego de acima da taxa de 0,64% registrada em setembro, divulgou nesta
trabalhadores com carteira assinada continuam a cair no segundo sexta-feira (06/11/2020) o Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-
semestre. Em outubro, o total de pedidos recuou 16,9% em relação tística (IBGE).
ao mesmo mês do ano passado. Trata-se da maior alta para o mês desde 2002, quando a taxa
Desde o início de junho, o indicador está em queda. Em ou- foi de 1,31%, e também da maior taxa desde dezembro de 2019,
tubro, 460.271 benefícios de seguro-desemprego foram requeri- quando avançou 1,15%. Em outubro de 2019, a variação havia sido
dos, contra 553.609 pedidos registrados no mesmo mês de 2019. de 0,10%.
Ao todo, 60,7% dos benefícios foram pedidos pela internet no mês No acumulado em 2020, o IPCA passou a registrar alta de 2,22%
passado, contra apenas 3,4% em outubro de 2019. e, em 12 meses, de 3,92%, acima dos 3,14% observados nos 12 me-
O levantamento foi divulgado hoje (8) pela Secretaria de Traba- ses imediatamente anteriores. Com a forte aceleração, a inflação de
lho do Ministério da Economia, e considera os atendimentos pre- 12 meses está agora apenas 0,08 ponto percentual abaixo do centro
senciais – nas unidades do Sistema Nacional de Emprego (Sine) e da meta de inflação do governo para este ano, que é de 4%.
das Superintendências Regionais do Trabalho – e os requerimentos
virtuais.

Acumulado
Apesar da queda em outubro, os pedidos de seguro-desem-
prego continuam em alta no acumulado do ano, tendo somado
5.912.022, de 2 janeiro a 31 de outubro de 2020. O total representa
aumento de 3,6% em relação ao acumulado no mesmo período do
ano passado, que totalizou 5.710.635. A alta, no entanto, perde rit-
mo. Até setembro, a diferença estava em 5,7% na comparação com
o mesmo período de 2019.
No acumulado do ano, 56,5% dos requerimentos de seguro-de-
semprego (3.339.528) foram pedidos pela internet, pelo portal gov.
br e pelo aplicativo da carteira de trabalho digital; 43,5% dos bene-
fícios (2.572.494) foram pedidos presencialmente. No mesmo perí-
odo do ano passado, 98,1% dos requerimentos (5.602.809) tinham
sido feitos nos postos do Sine e nas superintendências regionais e
apenas 1,9% (107.826) tinha sido solicitado pela internet.

Perfil O resultado ficou ligeiramente acima do esperado. A mediana


Em relação ao perfil dos requerentes do seguro-desemprego das projeções de 35 consultorias e instituições financeiras consulta-
em outubro, a maioria é do sexo masculino (60,6%). A faixa etária das pelo Valor Data era de uma taxa de 0,84%.
com maior número de solicitantes está entre 30 e 39 anos (33,5%)
e, quanto à escolaridade, 59,6% têm ensino médio completo. Em Alimentos seguem pressionando
relação aos setores econômicos, os serviços representaram 41,4% A maior variação (1,93%) e o maior impacto (0,39 ponto per-
dos requerimentos, seguido pelo comércio (26,8%), pela indústria centual) na inflação vieram, mais uma vez, do grupo alimentação
(15,3%) e pela construção (9,7%). e bebidas, embora tenha desacelerado sobre o avanço de 2,28%
Os estados com o maior número de pedidos foram São Paulo registrado em setembro. No ano, a inflação dos alimentos acumula
(136.764), Minas Gerais (52.418) e Rio de Janeiro (36.035). A faixa alta de 9,37%.
salarial entre 1 e 1,5 salário mínimo concentrou os requerimentos Entre os itens que mais subiram, destaque para alimentos
de seguro-desemprego, com 39,1% do total. como o arroz (13,36%, após alta de 17,98% em setembro), óleo
de soja (17,44%, após avanço de 27,54% em setembro) e carnes
Atendimento (4,25%, após alta de 4,53% em setembro).
Embora os requerimentos possam ser feitos de forma 100% di- Houve aceleração na variação de itens como tomate (de
gital e sem espera para a concessão do benefício, o Ministério da 11,72% em setembro para 18,69% em outubro), frutas (de -1,59%
Economia informou que alguns trabalhadores podem estar aguar- para 2,59%) e batata-inglesa (de -6,30% para 17,01%). No lado das
dando a reabertura dos postos do Sine, administrados pelos esta- quedas, os destaques foram os preços da cebola (-12,57%), da ce-
dos e pelos municípios, para darem entrada nos pedidos. noura (-6,36%) e do alho (-2,65%).
O empregado demitido ou que pediu demissão tem até 120 O segundo maior impacto (0,24 ponto percentual) no IPCA de
dias depois da baixa na carteira de trabalho para dar entrada no outubro veio dos transportes (1,19%), enquanto a segunda maior
seguro-desemprego. Por causa da pandemia de covid-19, os pos- variação veio dos artigos de residência (1,53%), com a alta de
tos do Sine passaram a investir em atendimento remoto para evitar 2,38%, nos preços dos eletroeletrônicos e dos artigos de informáti-
aglomerações. ca, influenciados pelo dólar.

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TEMAS DA ATUALIDADE (APENAS A PROVA DE REDAÇÃO)
Veja o resultado para cada um dos 9 grupos pesquisados
- Alimentação e bebidas: 1,93%
- Habitação: 0,36%

- Artigos de residência: 1,53%


- Vestuário: 1,11%
- Transportes: 1,19%
- Saúde e cuidados pessoais: 0,28%
- Despesas pessoais: 0,19%
- Educação: -0,04%
- Comunicação: 0,21%

Alta de preços fica mais generalizada


Dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados, 8 apresentaram alta em outubro. A única queda foi no grupo educação (-0,04%).
O índice de difusão indica o espalhamento da alta de preços entre os produtos pesquisados pelo IBGE. Em maio, esse indicador era de
43% e desde então mantém trajetória ascendente.
Já a inflação dos serviços avançou de 0,17% em setembro para 0,55% em outubro, a maior variação desde fevereiro, quando o indica-
dor foi de 0,68%, reforçando a leitura de uma alta de preços mais disseminada pela economia.

Passagens aéreas sobem 39,83%


No grupo dos transportes, a maior variação veio das passagens aéreas (39,83%), que representaram o impacto individual no índice do
mês (0,12 p.p.) e o maior fator de pressão na aceleração da inflação de serviços.

“A alta nas passagens aéreas parece estar relacionada à demanda, já que com a flexibilização do distanciamento social, algumas pes-
soas voltaram a utilizar o serviço, o que impacta a política de preços das companhias aéreas”, afirmou Kislanov.
A segunda maior contribuição no grupo (0,04 p.p.) veio da gasolina, cujos preços subiram 0,85%, desacelerando em relação à alta de
1,95% observada no mês anterior. Outro destaque foi o seguro voluntário de veículo, com aumento de 2,21%, após sete meses consecu-
tivos de quedas.

Inflação tem alta em todas as regiões


O IPCA avançou, na passagem de setembro para outubro, em todas as 16 regiões pesquisadas pelo IBGE. Em apenas seis delas, o
avanço foi menor que a média nacional. A maior alta foi registrada em Rio Branco (1,37%).
Segundo o IBGE, a inflação na capital acreana foi puxada pelos alimentos, sobretudo das carnes (9,24%) e do arroz (15,44%). Já o
menor índice foi observado na região metropolitana de Salvador (0,45%), que sofreu influência da queda nos preços da gasolina (-2,32%).

Perspectivas e meta de inflação


Embora o índice de inflação oficial permaneça sob controle no país, a alta do custo de vida tem pesado mais no bolso dos mais po-
bres. O índice da FGV que mede a variação de preços de produtos e serviços para famílias com renda entre um e 2,5 salários mínimos, por
exemplo, acumula alta de 3,86% no ano e 4,54% nos últimos 12 meses.
Apesar da disparada nos alimentos nos últimos meses, a expectativa de inflação para este ano ainda segue abaixo da meta central do
governo, de 4%, embora acima do piso do sistema de metas, que é de 2,5% em 2020.

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TEMAS DA ATUALIDADE (APENAS A PROVA DE REDAÇÃO)
Os analistas das instituições financeiras projetam um IPCA de 3,02% em 2020, conforme a última pesquisa Focus do Banco Central.
Já o Itaú passou a estimar inflação de 3,41% no ano. “As próximas leituras do IPCA devem seguir pressionadas pela inflação de ali-
mentos e de alguns itens industriais, com destaque para artigos de casa, eletroeletrônicos e vestuário. Projetamos variação de 0,47% em
novembro e 0,70% em dezembro”, informou o banco em relatório.
Pela regra vigente, o IPCA pode oscilar de 2,5% a 5,5% sem que a meta seja formalmente descumprida. A meta de inflação é fixada
pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic),
atualmente em 2% – mínima histórica.
Nos últimos meses, com a alta do dólar e recuperação da atividade econômica, os preços passaram a subir num ritmo mais acelerado,
principalmente alimentos.
Na ata da última reunião do Copom, o Banco Central avaliou que pressão sobre a inflação é ‘temporária’ e espera ‘reversão’ na alta de
preços. O BC endureceu, porém, a mensagem sobre o eventual espaço para cortar a taxa básica de juros e frisou estar atento à piora do
quadro fiscal do país e as implicações do aumento da dívida pública para a política monetária.
O mercado segue prevendo manutenção da taxa básica de juros neste patamar até o fim deste ano, subindo para 2,75% no final de
2021. Ou seja, a expectativa é que a Selic deve voltar a subir no ano que vem.
Para 2021, o mercado financeiro subiu de 3,10% para 3,11% sua previsão de inflação. No ano que vem, a meta central de inflação é de
3,75% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2,25% a 5,25%.

INPC de outubro sobe 0,89%


O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), índice de referência para reajustes salariais e benefícios previdenciários, subiu
0,89%, acima dos 0,87% registrados em setembro. Trata-se do maior resultado para um mês de outubro desde 2010, quando o índice foi
de 0,92%.
No ano, o INPC acumula alta de 2,95% e, nos últimos 12 meses, de 4,77%, acima dos 3,89% registrados nos 12 meses imediatamente
anteriores. Em outubro de 2019, a taxa foi de 0,04%.
(Fonte: https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/11/06/inflacao-acelera-para-086percent-em-outubro-diz-ibge.ghtml)

Agência que protege os presidentes dos EUA envia mais segurança para acompanhar Joe Biden, diz jornal
O Serviço Secreto, a agência de segurança encarregada da proteção dos presidentes dos Estados Unidos, vai enviar mais agentes para
a cidade de Wilmington, em Delaware, nesta sexta-feira (06/11/2020).
Segundo informações do jornal “The Washington Post”, espera-se que Joe Biden faça um discurso de vitória na cidade. O democrata
está à frente do republicano Donald Trump, atual presidente, na eleição de 2020, segundo projeção da Associated Press.
Assim como o presidente, os candidatos também recebem a proteção de agentes, que, agora, será reforçada.
Biden mora em Wilmington. Ele tem ido a um centro de convenções na cidade para fazer discursos e pronunciamentos. Há expectativa
que ele possa fazer um discurso nesta sexta-feira, segundo o jornal.

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TEMAS DA ATUALIDADE (APENAS A PROVA DE REDAÇÃO)
A porta-voz do Serviço Secreto não fez comentários sobre as Ao Fantástico, o filho da artista, Rafael Vannucci, ator, cantor
informações divulgadas pelo jornal. Por segurança, a agência não e produtor de eventos, disse que havia 15 anos que a mãe travava
divulga quais são os seus planos. uma luta contra uma doença neurológica que não foi diagnostica-
Geralmente, a agência aumenta a proteção logo que fica claro da e que leva à demência, semelhante ao Alzheimer. A descoberta
que um dos candidatos será o vencedor. aconteceu na época em que a cantora começou a tratar de uma
depressão, agravada pela dependência de medicamentos.
Virada na Geórgia No domingo, Rafael publicou um vídeo nas redes sociais agra-
Biden virou sobre Trump na manhã desta sexta-feira na Geór- decendo o apoio dos fãs e as orações.
gia, um dos estados decisivos para a eleição. A assessoria da artista divulgou um trecho escrito por Vanu-
Com mais de 99% da apuração projetada, o democrata lidera sa para o musical “Ninguém É Loira Por Acaso”, produzido por Léa
no estado com menos de mil votos de vantagem para o rival repu- Penteado.
blicano. Biden tem 917 votos a mais que Trump, o que equivale a “Meu nome é Vanusa Santos Flores. Nasci em Cruzeiro, interior
0,02 ponto percentual. de São Paulo, cresci entre Frutal e Uberlândia. Tenho 72 anos, 3
A votação no estado ainda não foi concluída e as agências que filhos, 4 netos. Sou do signo de Virgem, ascendente Escorpião, lua
fazem as projeções não concluíram quem é o vencedor ainda. em Sagitário. Tenho 1m58 de altura e peso 54 quilos. Fui casada
No balanço geral da manhã desta sexta-feira (6), a Associated seis vezes e uma vez a Hebe me perguntou por que eu casava tanto,
Press indica que Biden conseguiu, até agora, 264 delegados no co- se os maridos não eram bons. Aquela mania que a gente sempre
légio eleitoral, e Trump, 214.
tem de culpar o outro, de achar que os amigos estão certos e que o
(Fonte: https://g1.globo.com/mundo/eleicoes-nos-eua/2020/
resto do mundo está errado. Mas lamento comunicar que todos os
noticia/2020/11/06/agencia-que-protege-os-presidentes-dos-eua-
meus maridos foram ótimos, o problema é que a minha expectativa
-envia-mais-segurancas-para-acompanhar-joe-biden-diz-jornal.
era outra.
ghtml)
Eles foram e aconteceram no tempo que tinham que aconte-
Corpo da cantora Vanusa é velado em São Paulo cer. Os maridos se foram, como os anéis, mas ficaram os dedos, os
O corpo da cantora Vanusa é velado no Funeral Arce Mo- filhos, as histórias ...
rumbi, na Zona Sul de São Paulo, na manhã desta segunda-feira Minha vida sempre foi uma sucessão de perdas e ganhos... Per-
(09/11/2020). A cerimônia é reservada a parentes e amigos da ar- di casas, apartamentos, carros, contratos, situações confortáveis.
tista. Ganhei experiência, amigos, uma profissão que me proporcionou
Vanusa morreu aos 73 anos na manhã de domingo (8) em uma ser quase tudo o que queria. Mas apesar de tudo, jamais perdi a
casa de repouso em Santos, no litoral de São Paulo. dignidade nem a memória. Lembro tudo, cada história, cada sen-
O enterro está previsto para ocorrer às 16 horas no Cemitério timento, tudo muito bem guardado aqui dentro como se fosse on-
de Congonhas, também na Zona Sul da capital paulista. tem. A minha força está no que vi e vivi. Isso ninguém me tira.
“A minha mãe punha melodia nos pensamentos dela. Ela falava Uma das primeiras formas de expressar meus pensamentos fi-
cantando”, disse Amanda, filha da artista, durante o velório. cou registrada numa música, que tem uma ligação total com o meu
“A minha gratidão, o meu respeito simplesmente como filho. primeiro casamento. Eu estava grávida da Amanda, e um dia, com
Eu tenho que agradecer demais ao Brasil pelas homenagens, ela o meu parceiro Mario Campana, peguei o violão e de uma tirada
merecia demais”, afirmou Rafael. só fizemos uma música, “Manhãs de Setembro”. Antônio Marcos
Outra filha da cantora, Aretha, também agradeceu. “Que a gen- quando ouviu disse que a música não era comercial. Naquele tem-
te seja forte nesse momento de transição e viva à Vanusa.” po todas as músicas que ele fazia eram muito comerciais e por isso
“A gente viu as manifestações para Vanusa, o reconhecimento eram um grande sucesso. Ouvir aquele comentário foi horrível, me
de que foi uma mulher que mudou a história da música. Ela come- senti incapaz e impotente. Mas esta música me trouxe enormes ale-
çou a cantar assuntos ligados à mulher quando ninguém fazia isso”, grias, sucesso no rádio, reconhecimento do público.”
disse Esther Rocha, amiga da cantora.
Um enfermeiro da casa de repouso, onde a artista morava há Cenário musical
dois anos, percebeu que ela estava sem batimentos cardíacos, por Após a morte da cantora, Mauro Ferreira, jornalista e crítico de
volta das 5h30. Uma equipe da Unidade de Pronto Atendimento música, fez uma retrospectiva da carreira da cantora. Segundo ele,
(UPA) foi acionada e constatou que a causa da morte foi uma insu-
Vanusa teve importância especialmente na década de 70.
ficiência respiratória.
Ele também falou sobre a importância da cantora na cena mu-
Segundo funcionários da casa de repouso, Vanusa recebeu a
sical brasileira e sua veia feminista. “Vanusa foi uma pioneira, ela foi
visita de Amanda, sua filha mais velha, neste sábado (7). Ela cantou,
empoderada. Ela sempre defendeu isso quando o mundo era mais
brincou, riu e se alimentou bem. A artista fazia fisioterapia e outros
tratamentos na residência para idosos. machista, poucas mulheres tinham voz ativa na música brasileira
Em setembro e outubro, Vanusa esteve internada no Comple- como compositoras, sobretudo”, disse Ferreira.
xo Hospitalar dos Estivadores, em Santos, por causa de um quadro
grave de pneumonia. Carreira
Aretha Marcos, também filha de Vanusa, publicou homena- Vanusa Santos Flores nasceu em 22 de setembro de 1947 na
gens à mãe nas redes sociais. Em uma delas, ela relembrou que, cidade de Cruzeiro (SP), mas foi criada em Uberaba (MG).
neste domingo, seu pai, Antônio Marcos, completaria 75 anos. Com mais de 20 discos lançados ao longo da carreira e 3 mais
“O amor é impossível. Hoje, aniversário do meu pai, Antônio de milhões de cópias vendidas, a cantora e compositora era mais
Marcos ele veio buscar minha mãe para viverem juntos na eterni- identificada com a canção popular do que com a MPB, mas flutuou
dade. A vida é arte!” entre gêneros como rock, funk americano e samba.
Aos 16 anos, cantava com o grupo Golden Lions. Em 1966, fez
sucesso com a canção “Pra nunca mais chorar” e passou a se apre-
sentar na TV Excelsior.

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TEMAS DA ATUALIDADE (APENAS A PROVA DE REDAÇÃO)
Na mesma época, participou das últimas edições do programa chamaram de presidente. O quarteto tenta demonstrar unidade
da Jovem Guarda. Pouco depois, se juntou ao elenco do programa dos militares contra os arroubos presidenciais, a favor de Mourão.
humorístico “Adoráveis trapalhões”, com Renato Aragão. Ainda querem demonstrar o descontentamento com a postura de
Nos anos 1970, emendou sucessos como “Manhãs de setem- Bolsonaro que, em um único dia, comemorou uma suposta falha
bro”, que escreveu em parceria com seu parceiro frequente Mário na vacina contra o coronavírus produzida pelo Instituto Butantan e
Campanha, e baladas como “Sonhos de um palhaço”, de Antonio pela Sinovac, ameaçou usar pólvora contra os Estados Unidos para
Marcos e Sérgio Sá, e “Paralelas”, de Belchior. defender a Amazônia e disse que o Brasil precisava deixar de ser um
Em 1972, se casou com Antonio Marcos. O cantor participou “país de maricas” no combate à covid-19.
diretamente da carreira de Vanusa com outras músicas, como “Co- Aliados de Bolsonaro desde a época da campanha eleitoral, os
ração americano”, escrita com Fagner. militares têm notado um franco descrédito das Forças Armadas e
A música faz parte de um dos melhores discos da cantora, pretendem assegurar o que resta de confiança junto à população.
“Amigos novos e antigos”, lançado em 1975. Na mesma década, ela Por esta razão, mesmo com o presidente desautorizando Mourão
ainda esteve no elenco de montagem do musical “Hair”. a falar em seu nome, o vice-presidente seguiu concedendo entre-
Em 1977, lançou com o cantor Ronnie Von o LP “Cinderela 77”, vistas. Na mais recente, à rádio Gaúcha, disse que seu sentimento
trilha sonora da novela com o mesmo nome da TV Tupi. pessoal era de que a vitória de Joe Biden para a presidência dos
Nas décadas seguintes, manteve a carreira ativa com o lança- Estados Unidos “está cada vez mais sendo irreversível”. Bolsonaro
mento de discos e participações em diversos festivais de música no é um dos poucos líderes mundiais que não reconheceram ainda a
país e no exterior, como Uruguai, Coreia do Sul e Chile. derrota de seu ídolo Donald Trump. Na mesma ocasião, Mourão
Em 2005, participou ainda de eventos e shows comemorativos endossou o que o general Pujol havia dito no dia anterior. “Não ad-
dos 40 anos da Jovem Guarda. mitimos política nos quartéis”.
Em 2009, Vanusa foi convidada para cantar o hino nacional em Pujol é um general discreto. Pouco fala publicamente. Ficou
um evento na Assembleia Legislativa de São Paulo. Um vídeo que marcado por fazê-lo no início da pandemia, quando contrariou Bol-
mostra a cantora trocando palavras da letra se tornou viral na inter- sonaro e disse que o coronavírus era, sim, uma preocupação dos
net. Na época, ela contou que remédios para labirintite a deixaram militares. Nesta semana, ele deu duas declarações que chamaram
desorientada na ocasião. a atenção. Ambas em debates públicos. Na quinta-feira, durante
Pouco tempo depois, Vanusa sofreu um acidente doméstico, um evento do Instituto para Reforma das Relações entre Estado e
segundo ela também provocado pela labirintite. Por causa da que- Empresa, Pujol afirmou que “militares não querem fazer parte da
da, a artista precisou se submeter a três cirurgias na clavícula. política nem querem que a política entre nos quartéis”.
Vanusa contou sua vida na autobiografia “Ninguém é mulher Na sexta-feira, em um seminário sobre Defesa Nacional, das
impunemente” e no monólogo musical “Ninguém é loura por aca- Forças Armadas, Pujol repetiu algo que deveria ser óbvio: que a
so”, que estreou no teatro em 1999 em São Paulo. instituição pertence ao Estado, não ao Governo. “Não somos ins-
(Fonte: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noti- tituição de governo, não temos partido. Nosso partido é o Brasil.
cia/2020/11/09/corpo-da-cantora-vanusa-e-velado-em-sao-paulo. Independente de mudanças ou permanências em determinado go-
ghtml) verno por um período longo, as Forças Armadas cuidam do país, da
nação. Elas são instituições de Estado, permanentes. Não mudamos
Descontente com Bolsonaro, cúpula militar volta a se articular a cada quatro anos a nossa maneira de pensar e como cumprir nos-
em torno de Mourão sas missões.”
Militares da cúpula das Forças Armadas, da reserva e com as- Se não bastassem os discursos públicos, Ramos, um contempo-
sento cativo na Esplanada dos Ministérios voltaram nesta semana a râneo que Bolsonaro escolheu para fazer a articulação política de
fazer algo que era comum no início do ano: reunir-se às escondidas seu Governo, traçou uma linha demonstrando o quanto de inter-
do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para debater a conjun- ferência admitirá em seu trabalho. Na semana passada ele coman-
tura nacional. Antes, os encontros ocorriam quando o mandatário dava uma reunião com alguns ministros quando o primogênito do
ostentava seu lado mais passional e participava de protestos a fa- presidente, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) entrou na
vor do fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal sala, no Palácio do Planalto, sem ser convidado. Ramos pediu para
Federal. Agora, foram motivados pelas declarações absurdas do ele se retirar. O parlamentar disse que era um senador e participaria
presidente (que insinuou a possibilidade de um conflito contra os do encontro. Ao que o ministro respondeu que ali era o Executivo,
Estados Unidos) e pelas humilhações públicas a que o mandatário o Legislativo era do outro lado da praça dos Três Poderes. Flávio
submeteu dois de seus subordinados: os generais Eduardo Pazuello, deixou o local.
ministro da Saúde que foi impedido de assinar um convênio com o
Governo de São Paulo, e Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria Bolsonaro, que costuma se vangloriar que tem o apoio dos mi-
de Governo, chamado de Maria fofoca pelo ministro de Meio Am- litares, tem cada vez mais encontrado resistência entre seus antigos
biente, Ricardo Salles. Ao menos dois encontros entre os militares pares. Acostumado a ver teorias da conspiração por todos os lados,
ocorreram ao longo desta semana. Nos dois, a reclamação principal ele voltou a mirar seu vice-presidente, que tem construído pontes
é que eles viraram motivo de chacota por causa do discurso de Bol- com o empresariado e com diplomatas estrangeiros. Se a eleição
sonaro de enfrentamento contra os EUA em defesa da Amazônia. presidencial fosse hoje, uma certeza ele teria, seu vice, não seria
No mais recente, na noite de quinta-feira passada, Bolsonaro Mourão. Esse desquite poderia servir de justificativa para os milita-
descobriu que a reunião acontecia, apareceu de surpresa onde es- res abandonar de vez o ex-capitão que trouxe os fardados de volta
tavam informalmente quatro generais do Exército ―o vice-presi- ao protagonismo político no Brasil.
dente Hamilton Mourão, os ministros Luiz Eduardo Ramos e Walter
Braga Netto (Casa Civil), além do comandante do Exército, Edson (Fonte: https://brasil.elpais.com/brasil/2020-11-14/descon-
Leal Pujol. Queria saber o que passava. Quando o mandatário en- tente-com-bolsonaro-cupula-militar-volta-a-se-articular-em-torno-
trou no mesmo recinto, todos se despediram de Mourão, a quem -de-mourao.html)

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TEMAS DA ATUALIDADE (APENAS A PROVA DE REDAÇÃO)
“Ressaca forte”: voluntários da vacina da Pfizer relatam efei- Veja como a crise começou e o que foi feito até agora.
tos colaterais
Na última segunda-feira (09/11/2020), a farmacêutica norte-a- 3 de novembro
mericana Pfizer e a alemã BioNTech anunciaram que sua candidata Treze das dezesseis cidades do estado ficaram no escuro. Após
a vacina contra a COVID-19 é mais de 90% eficaz na prevenção da forte chuva, explosão seguida de incêndio comprometeu os três
infecção. No entanto, na última quarta-feira (11), veio à tona um transformadores na mais importante subestação do estado, que
relatório com efeitos colaterais apontados pelos voluntários a testar fica em Macapá.
a candidata.
Os voluntários que receberam a vacina da Pfizer contra a CO- 5 de novembro
VID-19 relataram efeitos colaterais semelhantes a uma “forte ressa- Governo lança plano de ação para retomada da energia, que in-
ca”. Durante os testes, os mais de 43.500 voluntários de seis países clui a recuperação de um dos transformadores incendiados a curto
não foram informados se receberam a vacina ou um placebo. No prazo, e, a médio prazo, a aquisição de termelétricas e a chegada de
entanto, alguns disseram que sabiam informar que haviam recebi- um novo transformador, vindos de outros estados.
do a vacina por causa de certos efeitos colaterais, como dores de
cabeça e musculares. 6 de novembro
De acordo com o norte-americano Glenn Deshields, de 44 Ministro de Minas e Energia promete normalização da situação
anos, esses efeitos colaterais foram semelhantes a uma “ressaca até a semana seguinte. “Em até dez dias, nós pretendemos restabe-
forte”, desapareceram rapidamente. Um teste de anticorpos reve- lecer 100% da energia no Amapá”, afirmou o ministro Bento Albu-
lou posteriormente que ele havia desenvolvido anticorpos contra o querque, depois de uma reunião com o presidente do Senado, Davi
vírus, o que o convenceu de que havia recebido a vacina real. Alcolumbre (DEM-AP).
Outra voluntária, uma mulher norte-americana de 45 anos Uma onda de protestos populares iniciou em várias cidades do
identificada como Carrie, relatou febre, dor de cabeça e dores no estado, cobrando o retorno da energia e responsabilização dos cul-
corpo depois de receber sua primeira injeção. Ela comparou a rea- pados. Ao todo, mais de 100 atos já foram realizados, segundo a
ção com efeitos semelhantes aos da gripe, que pioraram depois que Polícia Militar (PM).
ela recebeu sua segunda injeção.
Durante o anúncio da eficácia, as farmacêuticas afirmaram 7 de novembro
que, até o momento, não identificaram nenhuma reação adversa A Justiça Federal determinou o prazo de três dias para que o
grave ou uma questão séria com a segurança do imunizante. “De- apagão no Amapá fosse completamente solucionado, com 100% da
vemos ser mais otimistas em relação ao efeito da imunização, que eletricidade restabelecida, sob pena de multa de R$ 15 milhões.
pode durar pelo menos um ano”, explicou o diretor da BioNTech,
Ugur Sahin, sobre os resultados de eficácia a anunciados contra a 8 de novembro
COVID-19, na ocasião. “É uma excelente notícia. 90% é um número Energia começa a ser restabelecida na forma de rodízio. A al-
extraordinário. Outras vacinas que nós usamos hoje estão na faixa ternância no serviço a cada 6 horas por região deveria ocorrer até a
dos 60%, 70%”, completou Edson Moreira, médico e coordenador conclusão do restabelecimento total da luz no estado.
dos estudos desta vacina no Brasil.
9 de novembro
Vacina da Pfizer e BioNTech O governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), afirmou em en-
A potencial vacina contra a COVID-19 recebe o nome de BN- trevista à Globonews que quem deveria identificar e punir os culpa-
T162b2 e depende de duas doses para promover a imunização dos pelo apagão energético seriam os órgãos federais.
completa contra o agente infeccioso. No Brasil, o Centro Paulista A Concessionária Linhas de Macapá Transmissora de Energia
de Investigação Clínica (CEPIC) teste a vacina em duas mil pessoas. (LMTE), que opera sobre a subestação incendiada, se pronunciou
Basicamente, o imunizante em questão é diferente em sua bio- pela primeira vez sobre o apagão, citando fala em danos “comple-
tecnologia, pois carrega um RNA mensageiro (mRNA) que estimula xos” e expectativa da volta da energia “o quanto antes”.
o organismo a produzir uma proteína específica do coronavírus. De-
pois de produzida, o sistema imunológico pode reconhecer a vacina 10 de novembro
como um antígeno e, assim, cria imunidade contra a doença. Caso O Ministério do Desenvolvimento Regional liberou R$ 21,6 mi-
o estudo clínico seja concluído com sucesso, essa será a primeira lhões para aluguel de geradores de energia e na compra de combus-
vacina produzida e aprovada, na histórica da medicina, a partir do tível que será usado na operação desses equipamentos para resta-
uso de mRNA. belecimento de 100% de energia de forma provisória.
(Fonte: https://canaltech.com.br/saude/vacina-pfizer-efeitos- O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Ane-
-colaterais-174570/) el), André Pepitone, anunciou a abertura de uma investigação para
apurar as causas do apagão no Amapá.
Apagão no Amapá: veja a cronologia da crise de energia elé- Segundo Pepitone, a concessionária responsável pela opera-
trica ção da subestação, a Linhas de Macapá Transmissora de Energia
Há 17 dias, a maior parte das cidades do Amapá enfrenta pro- (LMTE), será notificada para prestar os esclarecimentos necessários
blemas no fornecimento de energia, que afetou o abastecimento de à investigação.
água, a compra e armazenamento de alimentos, serviços de telefo-
nia e internet, entre outros. Quase 90% da população (cerca de 765 11 de novembro
mil pessoas) foi afetada. O Ministério de Minas e Energia anunciou que aumentou o for-
necimento de energia para 80% do Amapá, depois que entrou em
operação uma unidade geradora na Usina Hidrelétrica de Coaracy
Nunes. A usina fica em Ferreira Gomes, a 137 quilômetros de Ma-
capá.

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TEMAS DA ATUALIDADE (APENAS A PROVA DE REDAÇÃO)
De acordo com o MME, a unidade gera mais 25 megawatts, o A empresa explicou que com a suspensão do pleito apenas em
que permitiu levar energia a mais 10% do estado. Mesmo assim, o Macapá foi possível realizar manobras na rede para oferecer 100%
rodízio foi mantido. de eletricidade aos 12 municípios durante as 24 horas do domingo.
O Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou a realização de
uma auditoria para verificar possíveis irregularidades e omissões no 16 de novembro
apagão que atingiu o estado. A proposta de auditoria foi apresen- Chegam ao Amapá balsas com geradores termelétricos - mo-
tada pela ministra Ana Arraes. Segundo ela, a apuração se justifica vidos à combustível - para instalação em subestações de Macapá
“diante do quadro de incontáveis prejuízos e danos à população, e Santana. Os equipamentos buscam aumentar e atingir 100% da
além das possíveis irregularidades e omissões” que levaram ao apa- capacidade de fornecimento de energia ao estado.
gão. A solução é provisória. Para garantir o abastecimento com se-
No mesmo dia, a Polícia Civil divulgou resultado do laudo preli- gurança e reserva de energia é necessária é a instalação de um se-
minar sobre as causas do incêndio no transformador. A investigação gundo transformador na subestação que pegou fogo em Macapá e
inicial descartou que o equipamento foi atingido diretamente por causou o apagão.
um raio e que o fogo começou em uma bucha, causando os danos. O transformador, que pesa cerca de 100 toneladas, começou a
A investigação conduzida pela Delegacia de Crimes Contra o ser transportado de Laranjal do Jari, no sul do estado, numa opera-
Consumidor (Deccon) também pediu representou criminalmente ção logística que envolve balsas e caminhões.
pelo sequestro de R$ 500 milhões em bens e ativos da concessio-
nária que opera a subestação que pegou fogo para reparação de 17 de novembro
danos aos consumidores. A Justiça estadual concedeu o pedido em O Amapá registrou um novo apagão total na noite de terça-fei-
parte e bloqueou R$ 50 milhões. ra, por volta das 20h30, atingindo as 13 das 16 cidades do estado
O Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP) enviou um ofí- que já estavam com fornecimento racionado por causa do blecaute
cio ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no qual pediu que as eleições ocorrido em 3 de novembro.
municipais em Macapá fossem adiadas. A corte alegou insegurança
ao pleito em função do apagão. 18 de novembro
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) confirmou que
12 de novembro houve novo desligamento no Amapá que pode ter ocorrido no mo-
O plenário do TSE confirmou, por unanimidade, decisão do mento da “energização” de uma linha de transmissão.
presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, que adiou as Em nota, o ONS informa que a energização da linha Santa Rita-
eleições municipais em Macapá. -Equatorial pode ter levado a uma sequência de desligamentos de
um transformador da subestação Macapá e da hidrelétrica Coaracy
Com a chegada do 10° dia de apagão, a Companhia de Eletrici- Nunes, o que gerou o apagão.
dade do Amapá (CEA) anunciou mudanças no cronograma de aten- De acordo com o ONS:
dimento aos municípios: agora, a eletricidade deve ser fornecida - às 20h27 ocorreu o desligamento automático do transforma-
em turnos de 3 em 3 horas ou de 4 em 4 horas - anteriormente, os dor da subestação Macapá e da hidrelétrica de Coaracy Nunes;
turnos eram de 6 horas. - o desligamento provocou a interrupção de 183 MW de carga
no estado do Amapá;
13 de novembro - às 20h15, o processo de recomposição do fornecimento de
No dia em que encerrava o prazo judicial para que a concessio- energia foi iniciado de forma gradual;
nária LMTE garantisse o retorno total da energia no estado, o juiz - às 21h03, houve novo desligamento da subestação Macapá;
João Bosco Soares atendeu pedido da empresa e prorrogou a data - às 21h10, foi feita uma nova tentativa de retomada da carga;
para 25 de novembro. - às 21h20, o transformador desligou pela terceira vez;
Na mesma decisão, Justiça Federal determinou que a União - às 21h36, foi dado início em nova retomada da carga;
viabilize auxílio emergencial de R$ 600 por 2 meses, totalizando R$ - à 1h04 de quarta-feira, a carga no estado foi normalizada.
1,2 mil, para famílias carentes dos 13 municípios que foram preju-
dicadas com o apagão. Também quarta-feira, após o TSE descrever disponibilidade
A Companhia de Eletricidade do Amapá informou que o racio- para o início do mês, o TRE do Amapá definiu que as eleições em
namento no fornecimento de energia elétrica no estado deve se- Macapá acontecem em 6 de dezembro (1º turno); e se houver 2º
guir, pelo menos, até 26 de novembro. O prazo equivale ao tempo turno, a disputa é definira no dia 20 de dezembro.
previsto para chegada em Macapá de um transformador vindo da Com a chegada e montagem dos geradores, a Eletronorte
subestação de Laranjal do Jari. anunciou que os equipamentos completariam a carga para fornecer
O Pronto-Atendimento Infantil (PAI), único pronto-socorro pe- energia para todo o estado do Amapá até o dia 21 de novembro.
diátrico do estado, informou que registrou alta no número de aten- (Fonte: https://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/2020/11/18/
dimentos de crianças com irritações gastrointestinais, que provo- apagao-no-amapa-veja-a-cronologia-da-crise-de-energia-eletrica.
cam vômito e diarreia. Pais e a própria unidade de saúde suspeitam ghtml)
que problema tem ligação com o apagão energético.
Pfizer anuncia que enviou à Anvisa dados de testes de vacina
15 de novembro contra a Covid-19
Com exceção de Macapá, 15 dos 16 municípios do estado vão A farmacêutica norte-americana Pfizer anunciou nesta quar-
às urnas, o equivalente a 44% do eleitorado. A Companhia de Ele- ta-feira (25/11/2020) que enviou à Agência Nacional de Vigilância
tricidade do Amapá informou que 12 das 13 cidades do estado atin- (Anvisa) os primeiros dados dos testes da BNT162b2, sua candidata
gidas pelo apagão, com exceção de Macapá, tiveram fornecimento à vacina contra a Covid-19.
integral de energia elétrica, sem rodízio. O procedimento não significa que a empresa pediu o registro
do produto no país: na etapa atual, a empresa busca acelerar o trâ-
mite e preparar a futura solicitação.

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TEMAS DA ATUALIDADE (APENAS A PROVA DE REDAÇÃO)
No Brasil, 2,9 mil voluntários participam dos testes e não há (Fonte: https://g1.globo.com/bemestar/vacina/noti-
acordo fechado para fornecimento do imunizante para a população, cia/2020/11/25/pfizer-anuncia-que-enviou-a-anvisa-dados-de-tes-
apesar de o Ministério da Saúde incluir a Pfizer entre os cinco fabri- tes-de-vacina-contra-a-covid-19.ghtml
cantes com os quais está em negociação.
Com a remessa dos primeiros documentos, a empresa começou Mulher indiciada por ofender e agredir funcionários e clientes
o chamado “processo de submissão contínua” previsto pela agência de padaria em SP não tem registro de advogada na OAB
federal para acelerar o recebimento de dados dos fabricantes que A mulher que apareceu em um vídeo que circula nas redes
desenvolvem as possíveis vacinas contra o novo coronavírus. sociais ofendendo e agredindo funcionários e clientes da padaria
Na submissão contínua, as empresas não vão precisar ter todos Dona Deôla, na Zona Oeste de São Paulo, não tem registro de ad-
os documentos reunidos para apresentá-los de uma vez só à Anvisa, vogada na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Quando foi presa
como normalmente ocorre. pela Polícia Militar (PM) na sexta-feira (20), Lidiane Brandão Biezok,
“Esse é um importante passo para que o imunizante esteja de 45 anos, falou que é “advogada internacional”
disponível no Brasil. A Pfizer disponibilizará todos os dados neces- Ela também informou no boletim de ocorrência do caso, re-
sários para avaliação e estará em total colaboração com a ANVI- gistrado no 91º Distrito Policial (DP), Ceasa, que é “advogada”. A
SA para que esse processo transcorra da melhor maneira e o mais mulher foi indiciada pela Polícia Civil por três crimes: injúria racial,
rapidamente possível”, afirmou, em nota, Márjori Dulcine, diretora lesão corporal e homofobia.
médica da Pfizer Brasil. Segundo fontes da entidade, existe a possibilidade de que Li-
diane seja aluna de direito ou já tenha se formado no curso, mas
95% de eficácia não possua o registro. Outra hipótese é que ela tenha registro de
A Pfizer e o laboratório alemão BioNTech já anunciaram que a advogada em outro país.
a BNT162b2 teve 95% na prevenção à doença, e não houve efeitos Lidiane foi solta neste sábado (21/11/2020) por decisão da
colaterais graves, conforme dados dos estudos de fase 3. Apesar
Justiça, que converteu a prisão em flagrante em prisão domiciliar.
disso, os resultados ainda não foram divulgados em uma revista
Nesta segunda, a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça (TJ)
científica.
citou o fato de Lidiane ter “problemas psiquiátricos” como uma das
Segundo as empresas, elas “planejam apresentar os dados de
justificativas para que ela fique presa em casa.
eficácia e segurança do estudo para revisão por revistas científicas,
assim que a análise dos dados for concluída”.
Elas afirmaram já terem enviado documentos para “várias Pedido de desculpas e depressão
agências regulatórias ao redor do mundo, incluindo FDA (EUA), Até a última atualização desta reportagem, o G1 não havia loca-
EMA (União Europeia) e MHRA (Reino Unido)”. lizado Lidiane para comentar o assunto. O advogado dela também
não foi encontrado.
Armazenamento a -70°C é desafio Neste domingo (23), quando falou com a reportagem, a mulher
A vacina da Pfizer/BioNTech é baseada na tecnologia mRNA. Ela se identificou como advogada e pediu desculpas às vítimas pelo que
contém uma pequena sequência genética desenvolvida em labora- fez. Também alegou que sofre de depressão.
tório que “ensina” as próprias células do corpo humano a produ- “Eu gostaria muito, muito mesmo de dar um abraço neles e
zirem proteínas parecidas com o Sars-CoV-2, ensinando o sistema falar: ‘Desculpa, cara. Desculpa, perdão’”, declarou Lidiane, que se
imune a se defender contra o vírus. Inovadora, a “vacina genética” disse arrependida e não quis ofender e agredir ninguém.
exige armazenamento em uma temperatura inferior -70° C durante Essa não foi a primeira vez, porém, que Lidiane foi acusada por
o transporte. xingar e bater em alguém. Em 2005, ela havia sido acusada de calú-
Atualmente, as vacinas que estamos acostumados a tomar são nia, injúria e difamação. E, em 2007, respondeu por lesão corporal.
armazenadas entre 2°C e 8°C. Na opinião de especialistas, seria Os dois processos, no entanto, foram suspensos na Justiça. O
inviável para o Brasil adaptar estruturas para ampla utilização da motivo seria o fato de a ré ter depressão, o que a impediria também
BNT162b2. de exercer a advocacia, segundo policiais ouvidos pelo G1.
Outra questão importante a ser avaliada na possível aquisição é Os vídeos gravados na sexta na padaria mostram Lidiane ofen-
o custo. De acordo com reportagem do Jornal Nacional, a estimativa dendo e agredindo as pessoas, o que foi confirmado por funcioná-
é que a dose custe R$ 108. rios ouvidos pelo G1.
A confusão começou depois que clientes começaram a filmar
Lidiane humilhando uma atendente da padaria. A mulher ainda ati-
rou objetos nos funcionários e quebrou uma TV, segundo testemu-
nhas.
Na filmagem, a mulher aparece jogando guardanapos na dire-
ção de uma funcionária, a quem ofende enquanto reclama do lan-
che.
Em seguida, a gravação mostra o artista Kelton Campos Fausto,
de 24 anos, se aproximar de Lidiane e falar: “Ela não está aqui para
te servir, amore. Ela não vai te servir”.

Injúria, lesão e homofobia


Luana da Silva Lopes, uma das funcionárias ofendidas, se emo-
ciona quando lembra do que Lidiane lhe disse.
De acordo com reportagem do Jornal Nacional, a estimativa é As imagens também mostram o artista Ricardo Boni Gattai Sif-
que a dose custe R$ 108. — Foto: Reprodução/TV Globo fert, de 24 anos, sendo xingado por Lidiane com ofensas homofóbi-
cas. Agredido por ela, ele não reagiu.

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TEMAS DA ATUALIDADE (APENAS A PROVA DE REDAÇÃO)
“Sabe o que você traz? Aids. Sabe o que você traz? Câncer”, (Fonte: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noti-
disse Lidiane a Ricardo. “Eu não tô falando mais de p* nenhuma. cia/2020/11/23/mulher-indiciada-por-ofender-e-agredir-funciona-
Então aqui é uma padaria gay? Eu não tô falando p* nenhuma. Seu rios-e-clientes-de-padaria-em-sp-nao-tem-registro-de-advogada-
filho da p* [depois, Lidiane agrediu o rapaz]. Você quer me atacar, -na-oab.ghtml)
seu filho da p*?”
Kelton ainda relatou no boletim de ocorrência que Lidiane o Confira 9 multas que não vão mais gerar pontos na CNH em
ofendeu com palavras racistas. 2021
“Para que essa discriminação? Para quê? A gente está traba- Novas regras do Código Brasileiro de Trânsito (CBT) entrarão
lhando”, lamentou Osvaldo da Silva Santana, empregado da pada- em trânsito a partir do mês de abril de 2021. Dessa forma, os mo-
ria, em entrevista ao G1. toristas brasileiros já deverão cumprir as novas mudanças, dentre
Ainda no domingo, Lidiane chegou a afirmar ao G1 que tinha elas, infrações de trânsito que não vão mais somar pontos na Car-
ido comer um lanche na Dona Deôla quando, segundo ela, foi filma- teira Nacional de Habilitação (CNH). No entanto, vale destacar que
da e agredida por clientes e maltratada por funcionários. as violações ainda seguem em vigor.
“Eu não tive a mínima intenção em ofender ninguém. Eu me De acordo com as novas mudanças, não vão mais gerar pontos
senti acuada, me senti uma vítima ali de uma situação de que eu na carteira penalidades burocráticas do veículo, como, por exem-
não tinha como sair. Fui agressiva e estúpida, mas não tenho nada plo, aspectos relacionados à documentação: porte de documentos
contra homossexuais. Peço desculpas”, falou a mulher. obrigatórios, registro de veículo, cor e placa, entre outros.
Os vídeos foram analisados pelo 91º DP, que registrou o caso. A 1. Veja a seguir 9 multas que não somarão mais pontos na CNH
investigação será feita pelo 23º DP, em Perdizes. em 2021:
2. Infrações que forem praticadas por passageiros de transpor-
O que diz a padaria te rodoviário;
3. Infrações que preveem a suspensão da CNH como penalida-
de – autossuspensivas;
4. Por conduzir veículo com cor ou característica alterada (art.
230, VII, do CTB);
5. Quando o motorista estiver com placas do veículo em desa-
cordo com o CONTRAN (art. 221, do CTB);
6. Por conduzir veículo de carga com falta de inscrição da tara e
demais inscrições previstas no CTB (art. 230, XXI, do CTB);
7. Motorista que não registrar o veículo no prazo de 30 dias
(art. 233, do CTB);
8. Dirigir sem os documentos de porte obrigatório (CNH e o
CRLV – art. 232, do CTB);
9. Infração ao motorista por deixar de dar baixa no registro de
veículo que deu perda total, e seja irrecuperável ou definitivamente
desmontado (art. 240, do CTB); e
10. Infração por não atualizar o cadastro de registro do veículo
ou da sua habilitação (art. 241, do CTB).

Mudanças na CNH
Em outubro, o presidente Jair Bolsonaro anunciou novas mu-
danças na CNH. No entanto, o texto só entrará em vigor por com-
pleto em 6 meses (180 dias), após a publicação da lei.
“A intenção nossa é desburocratizar e facilitar a vida do moto-
rista”, disse o presidente Jair Bolsonaro.
A lei sancionada por Bolsonaro conta com 3 vetos, incluindo o
dispositivo que previa que motociclistas só poderiam trafegar entre
veículos apenas quando o trânsito estivesse parado ou lento.
De acordo com o texto, o Projeto de Lei 3267/19, do Poder Exe-
cutivo, a CNH terá validade de dez anos para condutores com até 50
anos de idade. O prazo atual, de cinco anos, continua para aqueles
com idade igual ou superior a 50 anos.
No caso da renovação a cada três anos, atualmente exigida
Os donos da padaria Dona Deôla disseram que orientam os fun- para quem tem 65 anos ou mais, passa a valer apenas para os mo-
cionários não reagir a agressões nem xingamentos, principalmente toristas com 70 anos de idade ou mais.
dos clientes. E que, por esse motivo, a mulher não foi expulsa. Os Os profissionais que exercem atividade remunerada em veículo
empregados, então, chamaram a PM. (motoristas de ônibus ou caminhão, taxistas ou condutores por apli-
A empresa também se posicionou nas redes sociais, classifican- cativo, por exemplo) seguem a regra geral.
do a atitude de Lidiane como “lamentável” e “repugnante”. Quanto à pontuação a partir da qual o cidadão tem o direito de
“A gente ficou, a gente sentiu muito pelo ocorrido. Principal- dirigir suspenso, o projeto estabelece uma gradação de 20, 30 ou 40
mente porque isso tudo começou agredindo os nossos funcioná- pontos em 12 meses conforme haja infrações gravíssimas ou não.
rios, que estão aqui para trabalhar e receber todo mundo”, falou a Atualmente, a suspensão ocorre com 20 pontos, independen-
sócia da Dona Deôla. temente de haver esse tipo de infração.

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TEMAS DA ATUALIDADE (APENAS A PROVA DE REDAÇÃO)
Agora, com a nova regra: caso atrás do outro. E todos estão se contaminando em aglomera-
- o condutor será suspenso com 20 pontos se tiver cometido ções”. Em um quadro mais amplo, estima-se que somente na capital
duas ou mais infrações gravíssimas; paulista a taxa de ocupação em UTIs tenha retornado à casa dos
- com 30 pontos se tiver uma infração gravíssima; e 60%. Situações gravíssimas também são vistas no Amazonas, Minas
- com 40 pontos se não tiver cometido infração gravíssima nos Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que seguem com 82%,
12 meses anteriores. 62,9%, 74,9% e 87,3% de lotações, respectivamente. Um docu-
mento dos profissionais da saúde na esfera pública explicitava que
Quem exerce atividade remunerada: o “Brasil já está em uma segunda onda”. Enfim: se a abertura do
- a suspensão será com 40 pontos, independentemente da na- isolamento social não for revista, ter-se-á um verdadeiro tsunami
tureza das infrações; de Covid-19.
- a medida vai valer para motoristas de ônibus ou caminhões,
taxistas, motoristas de aplicativo ou mototaxistas. Entre a cruz e a espada
Era inevitável que a flexibilização da quarentena, sobretudo a
Entretanto, se o condutor remunerado quiser participar de cur- abertura das praias, dos parques, bares, cinemas, do futebol e das
so preventivo de reciclagem quando, em 12 meses, atingir 30 pon- academias conduzisse o País a esse desastre. Mas como não flexibi-
tos, toda a pontuação será zerada. Atualmente, essa possibilidade lizar e como não se abrir para a vida se a população, justificadamen-
existe para aqueles com carteiras do tipo C, D ou E se acumulados te, não aguentava mais ficar trancada? “Todo mundo estava com
14 pontos. a paciência esgotada”, declarou recentemente Rosana Richtmann,
uma das mais conceituadas infectologistas em todo o mundo, dou-
Nova proposta: CNH grátis em todo o país em 2020 tora em medicina pela Universidade de Freiburg, na Alemanha. O
A Carteira Nacional de Habilitação (CNH) gratuita tem expecta- vírus, uma das mais rudimentares formas de vida na Terra, colocou
tiva de ser emitida por pessoas de baixa renda. A proposta consta o ser humano, a espécie que biologicamente é dona da maior com-
no texto do Projeto de Lei (PL) nº 3.904/2019, de autoria do depu- plexidade, entre a cruz e a espada: se não houvesse a flexibilização,
tado federal Emerson Miguel Petriv (PROS-PR). certamente haveria um “surto” de depressão — já há episódios de
A proposta do parlamentar tem objetivo de que a carteira seja graves danos mentais. Ocorre, porém, que com a flexibilização o
empregada em fins profissionais. A ideia é que o programa alcance vírus retomou o seu incansável ataque — como todo ser vivo, ele
todo o território nacional. Sendo assim, o projeto esclarece que to- “quer instintivamente” sobreviver, “quer” se reproduzir e, para tan-
das as etapas de emissão do documento serão gratuitas, desde os to, precisa de nossos receptores celulares. Antes de abrir as praias,
exames obrigatórios. por exemplo, deveríamos ter olhado no retrovisor e observado o
“Para as camadas mais pobres da população a Carteira Nacio- caos e o recrudescimento da pandemia que ocorrem com a abertu-
nal de Habilitação – CNH constitui uma oportunidade a mais de con- ra do litoral na Espanha, em Portugal e sul da Inglaterra? Não olha-
seguir emprego, de exercer uma atividade econômica. No entanto, mos para o velho continente nem para os EUA, e some-se a tudo
com as exigências criadas pelo Código de Trânsito em vigor o custo isso as circunstâncias de eleições no País.
com aulas, exames, prova de direção e outros custos administra-
tivos, tem constituído impedimento para esta parte da população Mais metro quadrado
acessar os serviços de habilitação”, disse o deputado. “Vivemos uma situação dramática e sem horizonte. Temos de
(Fonte: https://noticiasconcursos.com.br/economia/confira- fechar ambientes que são locais de grande transmissão e suspender
-9-multas-que-nao-vao-mais-gerar-pontos-na-cnh-em-2021/) eventos de aglomeração”, disse Lígia Bahia, especialista em Saúde
Pública. “Ou, sem isso, abrir leitos”. É bem triste, são duras essas
A segunda onda opções! E, em alguns lugares, vê-se loucura política. Tome-se o Rio
Muito em breve serão tomadas no Brasil, inevitavelmente, sé- de Janeiro. A Prefeitura assinou decreto expandindo o espaço das
rias medidas restritivas à flexibilização da quarentena — e é certo calçadas para bares colocarem mesas e cadeiras. Ou seja, aprovou-
que o tão sonhado verão e esse final de primavera se farão tempos -se mais metro quadrado para aglomeração. Com isso, brota e cres-
ainda mais sombrios de isolamento. Motivo: uma segunda onda de ce e se escancara outro problema na sociedade: muitas e muitas
proliferação de contágio pelo coronavírus chegou ao País e já deu pessoas não usam máscaras. Esse é um importante ponto para que
mostras de que será tão calamitosa como a que castiga o continente tenhamos chegado ao estágio em que chegamos: sem os cuidados
europeu e os EUA. Na quarta-feira 25/11/2020 o mundo registrou de parte da população não foi possível conter razoavelmente o ví-
o maior número de mortes por Covid em um dia (12.785), e o Bra- rus, e sem contê-lo não há como barrar a segunda onda. “A pande-
sil está entre as nações que pressionaram o índice para o alto. A mia nunca deixou de existir no País, só que agora ela voltou com
opinião unânime dos profissionais de saúde que estão na linha de força total”, disse Leonardo Weissmann, médico infectologista do
frente é que no País a situação faz-se dramática. A Fundação Oswal- Instituto Emílio Ribas e consultor da Sociedade Brasileira de Infec-
do Cruz publicou na semana passada um relatório no qual mostra tologia. “As pessoas perderam o medo do vírus e isso aumentou
que passou de quinze para vinte e um a quantidade de estados que muito a velocidade de propagação”. Vale dar voz, agora, à médica
estão com taxas alarmantes. Ainda na quarta-feira, o Brasil anotou intensivista dos hospitais São Camilo e São Luís, Nicolle Queiroz: “É
seiscentas e vinte mortes em apenas vinte e quatro horas. por esse motivo, é devido uma segunda onda, que eu estou saindo
É incrível, a gente morre, mas ele, o vírus, não. Só se replica. do meu laboratório e voltando às UTIs”. Atuar em UTI é a linha de
No Rio de Janeiro, por exemplo, houve um crescimento assustador frente da frente, após ela vem o precipício da morte do paciente.
de 93% na ocupação de leitos de UTI ­— e muitos outros leitos pú- O que se sabe, até o momento, é que a segunda onda no Brasil
blicos, de responsabilidade da União, encontram-se em pandarecos acontece de uma maneira peculiar — e muitos médicos não uti-
e não podem ser utilizados. Em São Paulo, a situação é igualmen- lizam esse termo em respeito ao tecnicismo. Diferentemente de
te preocupante: “Está tudo voltando como foi no começo”, disse o outros países que tiveram um aumento nos casos da Covid-19 após
vice-presidente do Hospital Albert Einstein, Marcos Knobel. “É um derrubarem a contaminação a ínfimos patamares, o Brasil se vê co-

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TEMAS DA ATUALIDADE (APENAS A PROVA DE REDAÇÃO)
locado novamente na curva de subida sem sequer ter estancado Qual é a cronologia do crime?
consideravelmente a primeira onda. E há, em algumas pessoas, um Na noite deste domingo, o Fantástico mostrou a cronologia do
difuso e confuso sentimento de que tudo está normal, um senti- crime, que aconteceu por volta das 20h40 de quinta (19), na véspe-
mento de que não há doença, e isso vem da má fé do governo fede- ra do Dia da Consciência Negra. Veja a seguir:
ral. Façamos uma pergunta: Jair Bolsonaro, nessa segunda onda, a - João Beto e sua esposa, Milena, chegam a uma unidade do
população brasileira e mundial é feita de “maricas” e “moleques”? Carrefour que fica Zona Norte de Porto Alegre.
Mesmo com gente atrapalhando, como ele o faz, chegará, no en- - O casal é visto no caixa da loja.
tanto, o dia em que o vírus pagará o preço do estrago que fez: virá - João Beto vai em direção a uma funcionária do estabeleci-
a vacina. mento e faz um gesto. A mulher é tida como testemunha pela po-
lícia. Em depoimento no sábado (21), ela disse que João Beto não
Vírus em campo aparentava estar fazendo uma brincadeira, mas que “parecia estar
Uma das maiores paixões nacionais virou epicentro de contá- furioso com alguma coisa”. Foi essa funcionária quem contou à de-
gio pelo coronavírus. A doença está, praticamente, desmantelando legada que, dias antes do crime, ele havia ido ao mesmo supermer-
times em todo o País. Um dos exemplos é a equipe paulista do Pal- cado parecendo embriagado e sem máscara.
meiras – até a quarta-feira 25 ela contava com dezoito atletas in- - Giovane, um dos seguranças, aparece. Ele, Magno, que tam-
fectados. Também o Santos, time igualmente paulista, passava mal bém é segurança, e uma fiscal conduzem Beto para saída da loja.
nessa mesma data: dezessete casos de Covid-19 no futebol mascu- - Na porta de saída para garagem, João Beto dá um soco em
lino e vinte e dois episódios no feminino. Giovane.
A proliferação do vírus se dá, principalmente, durante as par- - João Beto é espancado até a morte por Magno e Giovane.
tidas (não há torcedores nos estádios) porque é impossível a bola - A mulher de João Beto contou que ele dizia “Milena, me aju-
rolar em campo sem que haja contato físico entre os jogadores. Es- da” e que, quando ela tentou socorrê-lo, foi empurrada por um dos
pecialistas acreditam, no entanto, que a explosão começou fora dos rapazes.
gramados. Ou seja: os próprios atletas passaram a se descuidar em - Uma testemunha, cliente do mercado, disse que alertou sobre
relação às medidas de segurança (uso de máscara, distanciamento sinais de asfixia, mas os agressores pediram que “não se introme-
tesse em seu trabalho”.
social e a constante higienização das mãos) e, com isso, levam a
doença para toda população. Para que se tenha noção da dimensão
- Segundo a polícia, os seguranças ficaram sobre Beto por mais
do problema, 20% dos jogadores (clubes da CBF) foram infectados
de 5 minutos.
recentemente.
- O motoboy que gravou o espancamento disse em entrevista
As comemorações pela marcação de gols e os abraços entre ao G1 que foi ameaçado pela gerente do Carrefour. Ele descreveu:
os jogadores nesses momentos é caminho pavimentado para a do- “Eu disse: ‘Ô, gente, eu vou filmar’. E fui filmando. Quando eu
ença: não há aglomerações com pessoas tão próximas, umas das estou chegando perto, vem essa moça de branco e diz: ‘Pode parar,
outras, como ocorre nos cumprimentos ao colega artilheiro. eu vou te queimar na loja’”.
O próprio líder do Campeonato Brasileiro, o Atlético Mineiro,
teve dez casos no elenco. A zaga do Atlético, que vinha sendo uma Qual foi a causa da morte?
das mais fortes no torneio, tornou-se vulnerável diante do adversá- Um laudo preliminar do Instituto Geral de Perícias (IGP) apon-
rio invisível. A crise é tão grave que a Secretaria Estadual da Saúde tou asfixia como provável causa da morte de João Beto.
de São Paulo decidiu tomar providências na semana passada: con-
vocou a Federação Paulista e a CBF para que, juntas, criem medidas Qual foi o motivo das agressões?
de proteção. Uma indagação faz-se óbvia: se estão demonstrando De acordo com testemunhas, João Beto foi agredido após um
ser fábrica de vírus, por que os jogos continuam? Convenhamos desentendimento na loja. Imagens do interior do supermercado
que campeonatos, que nem público têm, estão longe de ser serviço mostram que João Beto se dirigiu a uma funcionária e, logo depois
essencial à sociedade. foi encaminhado, pelos dois seguranças, ao estacionamento.
(Fonte: https://istoe.com.br/a-segunda-onda/) A esposa de João Beto, Milena, contou à polícia que o marido
fez um gesto para uma fiscal, que seria uma brincadeira. A funcio-
Caso João Alberto: veja perguntas e respostas sobre a morte nária nega que tenha sido brincadeira.
de um cidadão negro em um Carrefour de Porto Alegre Um vídeo obtido pelo site GaúchaZH mostra as agressões so-
João Alberto Freitas, de 40 anos, foi espancado e morto por fridas por João Beto, no estacionamento do Carrefour. Um homem,
dois seguranças, na noite de quinta-feira (10/11/2020), véspera do que vestia roupas semelhantes à dos seguranças que espancaram
Dia da Consciência Negra, no estacionamento de uma unidade do João Beto, diz a frase: “Sem cena, tá? A gente te avisou da outra
Carrefour em Porto Alegre. vez”.
As agressões começaram após um desentendimento entre a Em depoimento, a funcionária abordada por João Beto contou
vítima e uma funcionária do supermercado, que fica na Zona Norte que, dias antes das agressões, ele entrou embriagado e sem másca-
ra no Carrefour. A polícia investiga se existia um desentendimento
da capital gaúcha.
prévio envolvendo a vítima e funcionários do supermercado.
A polícia ainda não sabe o que aconteceu antes do espanca-
A delegada afirmou: “Esse evento anterior está sob investiga-
mento e o que motivou a discussão entre João Beto e a mulher. A
ção. Nós estamos procurando imagens que comprovem que essa
investigação também tenta descobrir se a vítima estava sendo per-
alegação é verdadeira. Todas as alegações que estão no inquérito,
seguida dentro do supermercado e se havia algum desentendimen- elas precisam de comprovação, então, se houve uma conduta da
to anterior com os agressores. vítima importuna em algum momento”.
“E nenhuma dessas alegações é justificativa, é razão para que
Eles são o policial militar Giovane Gaspar da Silva, de 24 anos, se tenha se havido a violência com que se tratou a vítima na oca-
e o segurança Magno Braz Borges, de 30 anos. Eles foram presos sião, que levou a morte”, disse a delegada.
em flagrante.

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TEMAS DA ATUALIDADE (APENAS A PROVA DE REDAÇÃO)
Alguém foi preso? Este episódio, previsto para durar até o primeiro trimestre de
Dois homens brancos, que atuavam como seguranças do local, 2021, provavelmente terá um efeito de resfriamento nas tempera-
foram presos em flagrante pelo crime. O policial militar temporário turas globais.
Giovane Gaspar da Silva, de 24 anos, e o segurança Magno Braz Mas isso não impedirá que 2020 seja um dos anos mais quen-
Borges, de 30. tes já registrados.
De acordo com a Polícia Federal (PF), Giovane não tinha o regis- Isso inclui a fase quente chamada El Niño, a fase mais fria (La
tro nacional para atuar como segurança. Magno tinha o documento Niña) e uma fase neutra.
registrado, mas foi suspenso. O La Niña se desenvolve quando ventos que sopram sobre o
Ambos eram funcionários de uma empresa terceirizada, a Vec- Pacífico empurram as águas quentes da superfície para o oeste, em
tor Segurança. Em nota, a empresa disse que “se sensibiliza com direção à Indonésia.
os familiares da vítima e não tolera nenhum tipo de violência” e Em seu lugar, as águas mais frias do oceano profundo sobem
“iniciou os procedimentos para apuração interna”. à superfície.
Segundo a PF, a empresa de segurança responsável pelo super- Isso causa grandes mudanças climáticas em diferentes partes
mercado tem cadastro regular e foi fiscalizada em agosto deste ano. do mundo.
Normalmente, o La Niña significa que países como a Indonésia
O que dizem os agressores? e a Austrália devem receber muito mais chuva do que o normal, e
O advogado de Magno, William Vacari Freitas, disse que não vai uma monção mais ativa no sudeste da Ásia.
se posicionar sobre o caso, no momento. É provável que ocorram mais tempestades ​​no Canadá e no nor-
Já o advogado de Giovane, David Leal, diz que o cliente afirma te dos EUA, inclusive causando neve.
ter levado um soco da vítima e admitiu que “se excedeu”. Ao mesmo tempo, os Estados do sul dos EUA podem ser afeta-
dos pela seca.
Quem era João Alberto Freitas? A última vez em que um evento tão intenso como este ocorreu
João Beto, como era conhecido pelos amigos, vivia numa co- foi em 2010-2011.
munidade na Vila Farrapos, na Zona Norte de Porto Alegre, a cerca A OMM afirma que há agora cerca de 90% de chance de que
de 600 metros do supermercado em que foi morto. as temperaturas do Pacífico tropical permanecerão nos níveis do La
“Um cara de boa”, define o amigo Paulão Paquetá, presidente Niña até o fim deste ano.
da Associação de Moradores do Bairro Obirici. Os dois moravam a Há ainda 55% de chance de que as condições persistam tam-
cerca de 200 metros de distância um do outro e se conheciam havia bém no primeiro trimestre de 2021.
mais de dez anos. Embora um evento de La Niña normalmente tenha um efeito
“Um cara legal, estava sempre junto de nós. Gostava de sinuca de resfriamento no mundo, é improvável que isso tenha muito im-
e futebol. Torcia para o São José. Todo fim de semana fazia churras- pacto em 2020.
co pro pessoal do bairro”, disse Paquetá. “O La Niña normalmente tem um efeito de resfriamento nas
Segundo a polícia, João Beto tinha antecedentes criminais por temperaturas globais, mas isso é compensado pelo calor retido em
violência doméstica, ameaça e porte ilegal de arma. nossa atmosfera pelos gases do efeito estufa”, disse o professor Pet-
De acordo com o amigo, João Alberto trabalhava como solda- teri Taalas da OMM.
dor na empresa do pai. Dos dois primeiros casamentos, João Beto “O ano de 2020, portanto, ainda está a caminho de ser um dos
tinha quatro filhos. Com a esposa, tinha uma enteada. “Ele era da anos mais quentes já registrados e espera-se que 2016-2020 seja o
torcida do São José. Sempre que tinha jogo, ele estava no jogo logo período de cinco anos mais quentes já aferidos”, disse ele.
cedo”, diz. “Os anos de La Niña agora são ainda mais quentes do que no
passado, com eventos intensos de El Niño”, explicou.
O que diz o Carrefour? A OMM afirma que está anunciando o La Niña agora para dar
O Carrefour afirmou que vai reforçar o treinamento de funcio- aos governos a oportunidade de começar um planejamento em
nários e terceirizados que fazem a segurança da loja. áreas-chave, como gestão de desastres e agricultura.
Em nota, informou que lamenta profundamente o caso, que Um aspecto importante do La Niña é o efeito que ele pode ter
iniciou rigorosa apuração interna e tomou providências para que os no restante da temporada de furacões no Atlântico.
responsáveis sejam punidos legalmente. Um evento La Niña reduz o cisalhamento do vento, que é a
A empresa comunicou ainda que todo o resultado de vendas mudança dos ventos entre a superfície e as camadas superiores da
de lojas no Brasil, na sexta-feira (20), será revertido para projetos atmosfera.
de combate ao racismo no país. Isso permite que os furacões cresçam.
(Fonte: https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noti- A temporada de furacões termina no dia 30 de novembro, e,
cia/2020/11/23/caso-joao-alberto-veja-perguntas-e-respostas-so- até agora, ocorreram 27 tempestades tropicais, duas a mais do que
bre-a-morte-de-um-cidadao-negro-no-carrefour-em-porto-alegre. as 25 previstas pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica
ghtml) dos Estados Unidos (NOAA).
(Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/geral-54777251)
MUNDO
Atentado terrorista em Viena deixou quatro vítimas e um
Como retorno do La Niña ameaça clima no mundo agressor mortos
Um novo episódio do fenômeno meteorológico La Niña está Mais uma pessoa ferida nos tiroteios registrados na noite de
se desenvolvendo no Oceano Pacífico e está previsto para ser de segunda-feira em Viena, capital da Áustria, morreu nesta terça
“moderado a forte”, anunciou a Organização Meteorológica Mun- (03/11/2020), segundo o Ministério do Interior do país. O número
dial (OMM). de mortos após os ataques é de quatro.
O fenômeno, que ocorre naturalmente, causa resfriamento em “Infelizmente, uma pessoa morreu no hospital. Até agora, o sal-
grande escala na temperatura da superfície do oceano. do são dois homens e duas mulheres mortos”, disse um porta-voz
do ministério.

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TEMAS DA ATUALIDADE (APENAS A PROVA DE REDAÇÃO)
O primeiro-ministro, Sebastian Kurz, classificou a ação como
um ataque terrorista.
Um dos agressores foi morto. Ele estava com um rifle automáti-
co e usava um falso colete de bombas. Segundo o redator-chefe do
jornal “Falter”, o homem tinha 20 anos e era de origem albanesa.
Seu nome não divulgado. Ele estava em uma lista de 90 extremistas
austríacos que tinham a intenção de viajar para a Síria. O atirador
era simpatizante do grupo Estado Islâmico, segundo o ministro do
Interior, Karl Nehammer.

Tiroteios em rua de sinagoga


Os tiroteios começaram por volta das 20h (16h em Brasília) per-
to de uma rua que tem uma sinagoga e diversos bares (leia mais
no fim da reportagem). Os policiais disseram que as trocas de tiros
ocorreram em seis lugares diferentes.
Ainda de acordo com as autoridades locais, os criminosos esta-
riam armados com fuzis.
O Ministério do Interior disse que ao menos uma pessoa foi
presa, e um dos autores está foragido.
De acordo com o prefeito Michael Ludwig, 14 feridos precisa-
ram de atendimento em hospitais da cidade, e sete deles estão em
estado grave.
Nas redes sociais, a polícia de Viena pediu que as pessoas per- (Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/11/03/
manecessem em casa. O sistema público de transporte foi inter- morre-mais-uma-pessoa-baleada-em-ataques-em-viena.ghtml)
rompido e não haverá aulas nesta terça.
“Trouxemos várias unidades das forças especiais que estão Mundo volta a registrar maior número diário de mortes por
agora procurando pelos supostos terroristas. Então, não vou limitar Covid
[as áreas de busca] apenas para Viena porque eles são criminosos O mundo registrou 11.115 mortes por Covid-19 na terça-feira
com mobilidade”, disse. (17/11/2020), um novo recorde diário segundo levantamento da
Universidade Johns Hopkins. O recorde anterior de óbitos era 4 de
‘Ataque terrorista repulsivo’ novembro (11 mil).
Pelas redes sociais, o primeiro-ministro Kurz disse que o país Já são mais de 1,3 milhão de mortes em todo o planeta, e os
tem passado por “tempos difíceis”. “Nossa polícia tomará medidas países com mais óbitos são EUA (248 mil), Brasil (166 mil), Índia
importantes contra os criminosos que participaram desse ataque (130 mil), México (99 mil) e Reino Unido (52 mil).
terrorista repulsivo”, escreveu. O pico de mortes durante a primeira onda de contágio do novo
O primeiro-ministro anunciou também que as Forças Armadas coronavírus foi registrado em 17 de abril: 8.365.
da Áustria tomarão o lugar da Polícia de Viena na proteção ao pa- O mundo tem atualmente 55,6 milhões de casos registrados e,
trimônio. “Todo o país pensa nas vítimas, nos feridos e nas suas na semana passada, bateu o recorde diário de infectados por três
famílias, a quem expresso minhas mais profundas condolências”, dias seguidos na semana passada.
completa a mensagem. Foram 644 mil casos na quarta (11), 646 mil na quinta (12) e
648 mil na sexta (13). Ontem, foram mais 610 mil novos infectados.
Ainda não se sabe o motivo do ataque e se há relação com ou- Nesta quarta-feira (18), a Rússia anunciou 20.985 novas infec-
tros recentes atentados como os cometidos na França - na semana ções e um novo recorde diário de mortes por Covid (456), o que fez
passada, três pessoas morreram em uma ação terrorista em Nice. o número de casos subir para 1.991.998 e o de óbitos, para 34.387.
Segundo a agência France Presse, a vizinha República Tcheca Ontem, a França ultrapassou a Rússia em número de casos e
vai iniciar controles na fronteira com a Áustria para ajudar nas in- superou os 2 milhões de infectados, e a Itália registrou o maior nú-
vestigações. mero de mortes em 7 meses.
No Japão, a capital Tóquio bateu hoje um recorde de novos in-
fectados (493 casos). O recorde anterior era de 1º de agosto (472).
O país tem visto um aumento constante de novos infectados
nas últimas semanas, e o primeiro-ministro japonês, Yoshihide
Suga, pediu nesta semana às pessoas que tomem precauções con-
tra o vírus.

Medidas de restrição
Para tentar conter o avanço do vírus, diversos países da Europa
voltaram a adotar lockdowns e outras medidas de restrição.
O governo italiano decretou até 3 de dezembro um toque de
recolher nacional entre as 22h e as 5h, restringiu o horário dos res-
taurantes e fechou cinemas, teatros, ginásios ou piscinas.
O governo francês também adotou medidas de restrição desde
o fim de outubro, como o fechamento de bares, restaurantes e co-
mércios e voltou a exigir que pessoas apresentem justificativas para
circular nas ruas.

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TEMAS DA ATUALIDADE (APENAS A PROVA DE REDAÇÃO)
Países com mais mortes por Covid Pandemia se alastra mais na Europa do que no resto do mun-
1. Estados Unidos: 248 mil do
2. Brasil: 166 mil A Europa é a região do mundo onde a pandemia do novo coro-
3. Índia: 130 mil navírus mais cresce diariamente. A Espanha registrou novo recorde
4. México: 99 mil de contágios nas últimas 24 horas, mas a França continua a ser o
5. Reino Unido: 52,8 mil país da União Europeia com maior número de novos casos diários,
6. Itália: 46,4 mil apesar de o país estar em lockdown.
7. França: 46,3 mil Um dia depois das eleições presidenciais nos Estados Unidos,
8. Irã: 42,4 mil o país teve novo recorde de contágios, mas é a Europa o epicentro
9. Espanha: 41,6 mil da pandemia.
10. Argentina: 36,1 mil A sobrecarga de doentes em cuidados intensivos já levou a
França a transferir internados, por via aérea, para unidades hospi-
Países com mais casos registrados talares de regiões do país menos atingidas.
1. EUA: 11,3 milhões O país registrou 367 mortes devido à covid-19 nas últimas 24
2. Índia: 8,9 milhões horas, elevando assim o número de óbitos desde o início da pande-
3. Brasil: 5,9 milhões mia para 39.037, segundo as autoridades francesas.
4. França: 2 milhões No total, há 28.426 pessoas hospitalizadas na França com a do-
5. Rússia: 1,9 milhões ença e 4.230 desses pacientes estão em unidades de tratamento
6. Espanha: 1,5 milhão intensivo.
7. Reino Unido: 1,4 milhão Os casos detectados continuam a aumentar de forma expo-
8. Argentina: 1,3 milhão nencial diariamente, tendo sido identificados, na quarta-feira (4),
9. Itália: 1,2 milhão 58.046 novos infectados, um novo recorde desde o início da pan-
10. Colômbia: 1,2 milhão demia.
(Fonte: https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noti- Já foram confirmados na França 1.601.367 casos de covid-19.
cia/2020/11/18/mundo-bate-recorde-diario-de-mortes-por-covid. O ministro da Saúde, Olivier Véran, disse que a segunda onda
ghtml) na França é “violenta” e que a situação nos hospitais é “tensa”, ten-
do já havido necessidade de transferir 61 pacientes entre diferentes
Covid-19: Parlamento de Portugal aprova novo estado de hospitais.
emergência (Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noti-
O Parlamento de Portugal aprovou um novo estado de emer- cia/2020-11/pandemia-alastra-mais-na-europa-do-que-no-resto-
gência para combater a disseminação do novo coronavírus, que -do-mundo)
vem pressionando o sistema de saúde. A medida entrará em vigor
na próxima segunda-feira (09/11/2020). Fim da apuração, confirmação oficial da vitória, posse: confira
O estado de emergência inicial, que pela lei portuguesa se limi- os próximos passos das eleições nos EUA
ta a 15 dias, mas pode ser prorrogado indefinidamente por perío- O democrata Joe Biden foi declarado o 46º presidente eleito
dos quinzenais, foi declarado em março e durou seis semanas. Ele dos Estados Unidos no sábado (7) pela projeção da mídia america-
restringiu a circulação de pessoas e levou milhares de negócios a na, uma vez que o candidato conseguiu mais de 270 delegados no
suspender as atividades. colégio eleitoral.
No último sábado (30), o governo adotou medidas como o de- Apesar disso, a contagem dos votos ainda não acabou, já que
ver civil -- uma recomendação, e não uma regra -- para ficar em os estados americanos têm até dezembro para terminar a apuração.
casa 3 e sair apenas para trabalhar, estudar e fazer compras, em 121 De acordo com o calendário eleitoral dos EUA de 2020, o Con-
municípios, incluindo a capital, Lisboa, e a cidade do Porto. gresso declarará oficialmente os resultados eleitorais somente em
O novo estado de emergência aprovado pelo Parlamento nes- 6 de janeiro. Isso quer dizer que Biden e sua vice, Kamala Harris,
ta sexta-feira (6) abrirá caminho para medidas compulsórias, como ainda não estão “oficialmente” eleitos e terão alguns passos até to-
restrições à circulação, mas somente se e quando necessário. marem posse:
O primeiro-ministro António Costa disse à rádio Antena 1 que - Até 11 de dezembro — autoridades estaduais devem certifi-
o estado de emergência não provocará “grandes mudanças” nas car o vencedor de cada estado. Cada um tem seu próprio prazo; a
medidas já em vigor. Segundo Costa, a medida dará ao governo a Califórnia é o último.
“certeza legal” para adotar restrições se for preciso. - 14 de dezembro — data prevista para os 538 delegados do
Neste sábado (7), o governo realizará uma reunião emergencial Colégio Eleitoral depositarem seus votos, que devem seguir para a
para debater possíveis restrições adicionais. capital Washington.
Portugal, que tem pouco mais de 10 milhões de habitantes, re- 6 de janeiro — o novo Congresso, recém eleito, se reúne para
gistrou um número comparativamente baixo de casos (166.900) e contar os votos do Colégio Eleitoral e confirmar o resultado.
de mortes ( 2.792), mas chegou hoje a 5.550 casos, a cifra diária - 20 de janeiro — presidente toma posse em Washington. Se-
mais alta desde o início da pandemia. A realização de exames tam- gundo projeções, o cargo deverá ser ocupado pelo democrata Joe
bém cresceu. Biden, o 46º presidente dos EUA.
Há um total de 2.425 pessoas hospitalizadas, 340 em unidades
de tratamento intensivo -- mais do que no pico de 27 de abril. Além disso, Donald Trump deixou claro que a transição de po-
(Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noti- der da Casa Branca não será tranquila. Com pedidos de reconta-
cia/2020-11/covid-19-parlamento-de-portugal-aprova-novo-esta- gens, processos judiciais e questionamentos da legalidade desta
do-de-emergencia) eleição, o republicano tenta se manter no poder por mais quatro
anos.

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TEMAS DA ATUALIDADE (APENAS A PROVA DE REDAÇÃO)
Vale lembrar que, apesar do anúncio oficial sair somente em janeiro, todas as eleições americanas têm projeção do resultado pela
mídia e agências, prática considerada praxe em um país sem um tribunal eleitoral nacional, como no Brasil.

O que podemos esperar para as próximas semanas de incerteza no país?

1. Judicialização
Mesmo antes do final das contagens, a campanha do atual presidente dos EUA, Donald Trump, já havia protocolado diversos pedidos
de interrupção do processo eleitoral na Justiça do país.
Os Estados Unidos não têm um Tribunal Superior Eleitoral. Assim, se um candidato resolver não reconhecer a derrota numa eleição
presidencial, por exemplo, a decisão pode parar na Suprema Corte.
Alguns processos estaduais podem também ir para o mais alto tribunal do país, como aconteceu na eleição da Flórida em 2000, quan-
do o republicano George W. Bush venceu sobre o democrata Al Gore por apenas 537 votos depois que o tribunal superior suspendeu a
recontagem.
O professor de relações internacionais da Faap, em São Paulo, Lucas Leite, disse em entrevista ao G1 que os candidatos podem recor-
rer à Suprema Corte em decisões constitucionais, sobre a validade dos votos, por exemplo.
“Trump, após um pedido de recontagem, pode levar a questão para a Suprema Corte, mas isso apenas se houver uma materialidade,
que ainda não vimos em lugar nenhum”, disse Leite.

2. Recontagens
O Partido Republicano pode fazer um pedido de recontagem de votos em estados-chave, como Geórgia, Wisconsin e Michigan.
Trump e seus advogados informaram logo após o anúncio da projeção das eleições que irão contestar a contagem em todos os estados
em que Biden está ganhando. O atual presidente vinha há dias afirmando que entraria na Justiça por esse motivo.
Caso uma recontagem seja autorizada, o resultado pode demorar ainda mais para ser divulgado. Mas, de qualquer forma, o resultado
tem que ser conhecido até o dia 20 de janeiro, quando a Constituição determina que o mandato do atual presidente termina.
O professor de relações internacionais Lucas Leite explica que, como esta eleição foi “muito apertada”, há uma tendência de que am-
bos os candidatos peçam a recontagem dos votos.
“A recontagem é quase garantida para o Donald Trump”, disse Leite. “O próprio Joe Biden também pode pedir uma recontagem, isso
não é uma declaração de fraude, mas um direito que os candidatos têm”, explica.

3. Colégio Eleitoral
Os resultados que vemos são projeções feitas pela Associated Press que, apesar de terem uma margem bastante alta de confiança –
cerca de 99% – não são o resultado oficial das eleições de 2020.
Nos EUA, o presidente é escolhido por voto indireto, a partir do colégio eleitoral, que vai se reunir para escolher o presidente apenas
em 14 de dezembro. Os delegados agora em disputa nos estados se juntam para votar, com o compromisso de votar pelo candidato que o
eleitorado de seu estado preferiu (embora tenham ocorrido algumas exceções históricas).
Até lá, pedidos de recontagem e decisões judiciais podem alterar o resultado projetado pela imprensa.
E é apenas em janeiro que Biden ou Trump serão realmente eleitos. As duas Câmaras do Congresso (Câmara dos Representantes e
Senado) se reúnem em 6 de janeiro para contar os votos do colégio eleitoral e nomear o vencedor. A posse já está marcada para acontecer
em 20 de janeiro, no Capitólio, sede do poder legislativo, em Washington.

4. Congresso dos EUA


Caso nenhum dos candidatos consiga a maioria dos votos no colégio eleitoral (270), a 12ª emenda da Constituição dos EUA prevê a
realização de uma “eleição de contingência”. Isso significa que a Câmara dos Deputados escolhe o próximo presidente, enquanto o Senado
escolhe o vice-presidente.
Na Câmara, durante esse processo, cada estado tem um único voto. Hoje, os republicanos controlam 26 das 50 bancadas estaduais,
enquanto os democratas têm domínio sobre 22. Duas outras não têm controle de nenhum dos dois partidos.
Uma eleição contingente também acontece em caso de empate no colégio eleitoral (como o número de delegados é par – são 538 –,
é possível que cada candidato receba o mesmo número de votos eleitorais: 269).
De acordo com a Lei de Sucessão Presidencial, se até dia 20 de janeiro o Congresso não declarar um vencedor, o Presidente da Câmara
atuaria como presidente interino até os deputados escolherem o nome definitivo. Nancy Pelosi, uma democrata da Califórnia, é quem se
tornaria, então, a primeira presidente mulher dos EUA.
(Fonte: https://g1.globo.com/mundo/eleicoes-nos-eua/2020/noticia/2020/11/09/fim-da-apuracao-confirmacao-oficial-da-vitoria-
-posse-confira-os-proximos-passos-das-eleicoes-nos-eua.ghtml)

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TEMAS DA ATUALIDADE (APENAS A PROVA DE REDAÇÃO)
As instruções implacáveis e detalhadas deixadas por Henrique 8º para a decapitação de Ana Bolena

A calma e a segurança com que ela proferiu suas últimas palavras reverberaram em grande parte da multidão que se reuniu na Torre
de Londres para testemunhar sua execução.
“Não vim aqui para acusar ninguém, mas peço a Deus que salve o meu rei soberano e o vocês, e lhe dê muito tempo para reinar, pois
é um dos melhores príncipes do mundo, que sempre me tratou tão bem que não poderia ser melhor. Por isso, me submeto à morte de boa
vontade, pedindo humildemente o perdão de todos. “
“(…) E assim me afasto do mundo e de todos vocês e peço-lhes cordialmente que rezem por mim. Ó Senhor, tenha piedade de mim,
confio a minha alma a Deus”, disse Bolena.
Em seguida, um carrasco trazido especialmente de Calais, na França, ergueu sua espada bem alto e com um golpe certeiro cortou sua
cabeça.
Assim, em 19 de maio de 1536, terminou a vida da segunda mulher de Henrique 8º da Inglaterra, a primeira rainha inglesa a ser exe-
cutada, acusada de adultério, bruxaria e traição.
Seus últimos dias — desde sua prisão, julgamento e execução, que duraram apenas 17 dias — são conhecidos em grande detalhe,
graças principalmente aos relatos dos embaixadores da corte que transmitiram a notícia aos seus próprios monarcas.
No entanto, uma série de textos tão enfadonhos quanto extraordinários contidos em um livro da época, e que recentemente vieram
à tona, confirma que Henrique 8º planejou até os menores detalhes da execução de Bolena para que tudo fosse feito sem contratempos
e rapidamente.
“O que encontramos neste livro são aspectos bastante mundanos da organização do dia da execução”, explica Sean Cunningham, dire-
tor de arquivos medievais dos Arquivos Nacionais e especialista na dinastia Tudor, à BBC News Mundo, o serviço de notícias em espanhol
da BBC.
O livro a que o historiador se refere (Tudor warrant book, em inglês) é um dos muitos encontrados nos Arquivos Nacionais em Rich-
mond, oeste de Londres, contendo as minúcias burocráticas dos crimes do século 16.
“(Os documentos) mostram como o rei organizou os dias das execuções (de Bolena e outros réus, inclusive seu irmão), e nos diz algo
também sobre a necessidade de que as coisas sejam feitas como deveriam naquele dia, porque foi algo inédito para a Inglaterra executar
uma rainha.”
“Revela também que o governo é implacável em sua intenção de que tudo seja cumprido e que isso seja feito da forma mais oficial
possível”.
A razão pela qual esses registros sobreviveram é que poderiam servir de referência futura, para colocar por escrito que “quando uma
rainha é executada, esses são os procedimentos que devem ser seguidos, e é assim que administramos todo o processo”.
“Não é que nos digam algo que provavelmente não sabíamos antes, ou que não teríamos inferido, mas é interessante vê-lo em preto
e branco, no papel, nos mostrando as instruções para que a decapitação aconteça no momento certo, no lugar certo, onde cada pessoa
sabe o que fazer”, acrescenta Cunningham.
Garantir que tudo corresse conforme o planejado era fundamental, pois a execução era um escândalo (além de tema de discussão em
todos os tribunais europeus) e as autoridades estavam preocupadas com a reação da população.

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TEMAS DA ATUALIDADE (APENAS A PROVA DE REDAÇÃO)
Fora da vista do público Vacina da Pfizer e BioNTech contra Covid conclui estudos da
Embora Bolena tenha sido condenada a morrer “na fogueira fase 3 e anuncia 95% de eficácia
ou decapitada”, o documento dirigido ao oficial de justiça da Torre, As farmacêuticas Pfizer e BioNTech anunciaram, nesta quarta-
Sir William Kingston, estipula que o rei, “movido por misericórdia”, -feira (18/11/2020), a conclusão dos testes da fase 3 da sua candi-
ordenou a decapitação, método menos doloroso do que à estaca. data a vacina contra Covid-19, a BNT162b2, que está sendo testada
Pelo mesmo motivo, o monarca convocou um espadachim de no Brasil. OS resultados mostraram que a eficácia alcançada foi de
Calais, já que decapitá-la com um machado, prática então usual na 95% na prevenção à doença e não houve efeitos colaterais graves.
Inglaterra, era um procedimento menos instantâneo e mais doloro- Os dados ainda não foram publicados em revista científica.
so, muitas vezes exigindo mais de um golpe. De acordo com um comunicado da Pfizer, os estudos da vacina
Embora esse gesto pareça refletir um lado “mais gentil” de analisaram 170 casos confirmados de coronavírus. Os testes tam-
Henrique 8º, Cunningham acredita se tratar de outro sinal de sua bém envolveram pessoas com mais de 65 anos e, a partir desta faixa
natureza manipuladora: acabar com Bolena o mais rápido possível, etária, a vacina se mostrou mais de 94% eficaz.
“quase silenciosamente, dentro dos confins da Torre”. Na prática, se uma vacina tem 95% de eficácia, isso significa
Enquanto a maioria dos condenados à fogueira eram queima- dizer que a pessoa tem 95% menos chance de pegar a doença se for
dos vivos em Smithfield, um local ao ar livre na cidade de Londres vacinada do que se não for.
e aberto ao público, as decapitações ocorriam a portas fechadas A farmacêutica destacou que todos os dados de segurança
dentro da Torre. exigidos pela agência americana de saúde, a Food and Drug Admi-
Porém, “parece que no dia da execução se esqueceram de fe- nistration (FDA), para a Autorização de Uso de Emergencial foram
char as portas, e cerca de mil pessoas entraram para ver a decapita- alcançados. Com isso, a Pfizer informou que pretende entrar com o
ção de Bolena”, diz o historiador. pedido de uso emergencial da sua vacina “em poucos dias”, sem dar
Outro detalhe que não foi cumprido de acordo com as instru- uma data específica.
ções detalhadas de Henrique 8º diz respeito ao local da execução: A empresa informou ainda que pretende produzir globalmente
por alguma razão desconhecida não aconteceu na Torre Verde, até 50 milhões de doses de vacina em 2020 e 1,3 bilhão de doses
onde até hoje é indicado como o local onde a decapitação ocorreu, até o final de 2021.
mas em outra área do complexo. Veja os principais pontos do anúncio:
Quanto às acusações contra Bolena, a maioria dos historiado- - A Pfizer analisou os dados depois de 170 participantes terem
res concorda que elas são falsas. Covid-19
O grande “crime” da rainha foi não ter dado a Henrique 8º um - Dessas 170 pessoas, 8 tomaram a vacina experimental e 162
filho homem, o herdeiro que ele buscava desesperadamente para receberam o placebo (uma substância inativa)
perpetuar seu poder e sua dinastia. - Os testes envolveram 43.66i voluntários distribuídos entre Es-
Daí sua pressa em concluir a decapitação dela. tados Unidos, Brasil, Argentina, Alemanha, Turquia e África do Sul
“A pressão está crescendo sobre ele e isso o leva a fazer coi- - A eficácia observada em adultos entre 65 e 85 anos foi supe-
sas cruéis e impulsivas. A única coisa que preocupa Henrique é ele rior a 94%
mesmo e seu futuro, e o fato de que em três anos (o que durou seu - A eficácia começa após 28 dias da aplicação da primeira dose
relacionamento) Bolena não lhe deu um filho homem e, por isso, da vacina
ele quer seguir adiante”, diz Cunningham. - Entre os efeitos colaterais, 3,8% apresentaram fadiga e 2% ti-
Tanto que um dia depois que Ana Bolena foi decapitada, Hen- veram dor de cabeça
rique 8º anunciou seu noivado com Jane Seymour, a única de suas - Os dados que a farmacêutica anunciou ainda não foram publi-
seis esposas que lhe deu o filho homem que ele tanto buscava. cados em revista científica
Ainda assim, foi Elizabeth 1ª, a filha que ele teve com Ana Bo- - A vacina da Pfizer é aplicada em duas doses.
lena, que se tornou uma das grandes monarcas da história da In- - A vacina da Pfizer e BioNTech é a primeira a anunciar a con-
glaterra. clusão dos testes na fase 3 - a última etapa de desenvolvimento de
uma vacina.
Se fosse um homem...
Embora Henrique 8º tenha se esquecido de Bolena depois que No Brasil, o Ministério da Saúde informou na terça-feira (17)
(literalmente) a retirou de sua vida, ela continuou e continua a des- que recebeu executivos da Pfizer.
pertar o interesse público. “O objetivo é conhecer os resultados dos testes em andamento
Para Cunningham, o fascínio que Bolena gera se deve “em e as condições de compra, logística e armazenamento oferecidas
primeiro lugar, por ela ser apenas a segunda rainha inglesa desde pelo laboratório. A aquisição dos imunizantes deve ocorrer à me-
a Conquista. Vinda da nobreza e da aristocracia da Inglaterra, ela dida em que os ensaios clínicos apontarem a total eficácia e segu-
é vista como alguém que quebra a tradição dos reis ingleses que rança dos insumos e o registro na Agência Nacional de Vigilância
usavam o casamento como uma forma de aliança para estabelecer Sanitária (Anvisa) for realizado”, informou a pasta.
relações internacionais”.
“Mas também porque ela está em uma posição em que pode Imunidade pode durar um ano
ser rainha, e ela usa as dificuldades de Henrique 8º com Catarina No dia 9, o diretor da BioNTech, Ugur Sahin, disse esperar que a
de Aragão (sua primeira esposa) como uma oportunidade para se imunidade gerada pela vacina dure pelo menos um ano. “Devemos
posicionar melhor.” ser mais otimistas de que o efeito da imunização pode durar pelo
“Também era uma mulher moderna que passou um tempo na menos um ano,” disse.
França, nas cortes e sabia navegar em um ambiente aristocrático.” “A questão é a duração [da proteção] e a eventual necessidade
“Se fosse um homem, ela teria sido reconhecida por suas gran- de um reforço ou não, mas são coisas distintas”, completou Morei-
des habilidades para percorrer essas dinâmicas de poder que são ra.
um campo minado”, conclui. A Pfizer e a BioNTech também disseram que, até agora, não
(Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/geral-54943342) encontraram nenhuma preocupação séria de segurança e esperam
obter autorização de uso emergencial nos EUA ainda neste mês.

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TEMAS DA ATUALIDADE (APENAS A PROVA DE REDAÇÃO)
Eficácia mínima de 50% Ninguém sonhava que esta parte do Vale Derwent, com seus
A FDA, agência regulatória dos Estados Unidos, já anunciou que dois belos vilarejos, também seria inundada em breve.
qualquer vacina deve comprovar 50% de eficácia antes de ser libe- A construção dos dois primeiros reservatórios foi um empre-
rada. endimento enorme: realocar moradores; organizar mão de obra;
Além disso, as empresas testando as vacinas devem rastrear preparar o terreno; instalar as tubulações; construir pontes e, final-
metade de seus participantes para efeitos colaterais por pelo me- mente, as barragens. Uma nova vila temporária surgiu nas proximi-
nos dois meses – o período de tempo em que problemas costumam dades para abrigar as centenas de trabalhadores.
aparecer. A Pfizer espera atingir essa marca no final deste mês. Se- A vila recebeu o nome de Birchinlee e foi apelidada de “Cidade
gundo a farmacêutica, não houve casos graves de Covid-19 entre os de Lata”, uma vez que suas construções eram feitas de chapa de
participantes até agora. metal ondulada – fáceis de erguer e desmontar após a conclusão
A agência regulatória americana também exige que as vacinas da obra.
candidatas no país sejam estudadas em pelo menos 30 mil pesso- Apesar da vida curta, a vila modelo tinha todas as instalações
as. Os estudos devem incluir, além de adultos mais velhos, outros necessárias: hospital, escola, refeitório (que também servia de
grupos de risco, como minorias e pessoas com problemas crônicos pub), agência dos correios, espaço de recreação e estação ferroviá-
de saúde.
ria. Tinha até uma delegacia de polícia.
Em 1912, o reservatório Howden foi concluído e, quatro anos
Como funcionam as 3 fases
depois, o reservatório Upper Derwent ficou pronto. As centenas de
Nos testes de uma vacina – normalmente divididos em fase 1,
trabalhadores e suas famílias fizeram as malas e foram embora. E a
2, e 3 – os cientistas tentam identificar efeitos adversos graves e se
a imunização foi capaz de induzir uma resposta imune, ou seja, uma “Cidade de Lata” foi desmontada.
resposta do sistema de defesa do corpo. Logo, o Departamento de Água percebeu que os reservatórios
Os testes de fase 1 costumam envolver dezenas de voluntários; Howden e Upper Derwent não estavam atendendo à demanda cada
os de fase 2, centenas; e os de fase 3, milhares. Essas fases costu- vez maior das cidades da região central da Inglaterra, como Shef-
mam ser conduzidas separadamente, mas, por causa da urgência field e Leicester.
em achar uma imunização da Covid-19, várias empresas têm reali- Um terceiro reservatório, Ladybower, foi aprovado para ser
zado mais de uma etapa ao mesmo tempo. construído mais ao sul, embora as vilas Derwent e Ashopton te-
Antes de começar os testes em humanos, as vacinas são tes- nham protestado contra sua construção – elas simplesmente pre-
tadas em animais – normalmente em camundongos e, depois, em cisariam ser inundadas junto com o vale. As obras do reservatório
macacos. Ladybower começaram em 1935, e os moradores afetados foram
(Fonte: https://g1.globo.com/bemestar/vacina/noti- novamente removidos para outras áreas.
cia/2020/11/18/vacina-da-pfizer-e-biontech-contra-covid-conclui- Quando me mudei para o Peak District em 2000, havia poucas
-estudos-da-fase-3-e-anuncia-95percent-de-eficacia.ghtml) evidências de que Birchinlee já tivesse existido. Determinada, parti
em busca da “Cidade de Lata”, alguns anos atrás, seguindo uma tri-
O vilarejo perdido revelado por uma seca na Inglaterra lha em linha reta junto ao reservatório Howden, onde outrora havia
Não restou nada. As ruas de casas de pedra, a igreja, a antiga uma linha férrea.
escola, tampouco as ovelhas que pastavam nas encostas. Apesar Não havia sinal das casas de lata; apenas suas fundações de
dos protestos, o Departamento de Água do Vale Derwent inundou o pedra permaneceram. No entanto, painéis informativos erguidos ao
vilarejo para fornecer água para as cidades em expansão na região longo da linha férrea mostravam uma série de fotografias em preto
central da Inglaterra. e branco dos moradores temporários trabalhando e brincando em
Em 1945, a vila Derwent deixou então de existir, e deu lugar a frente às casas de lata, com legendas explicativas embaixo.
um reservatório de água: o reservatório Ladybower. Havia fotos de marinheiros – trabalhadores itinerantes – ata-
Após concluírem a construção da barragem necessária para refados nos canteiros de obras, mulheres e crianças lavando roupa
criar o reservatório em 1943, as águas das chuvas, que escoavam fora das modestas habitações, e famílias posando dentro de casas
das montanhas, e dos rios encheram o vale – e, lentamente, o nível
surpreendentemente acolhedoras.
da água subiu.
Soube que uma das casas havia sido remontada em Hope, uma
A partir de então, não havia mais nenhum vestígio da vila De-
vila vizinha, e encontrei este último resquício da “Cidade de Lata”
rwent, exceto a torre fantasmagórica da igreja que despontava no
espremido entre prédios de uma rua lateral – a casa de chapa de
reservatório durante os períodos de seca, quando o nível da água
diminuía. metal ondulado agora era um modesto cabeleireiro.
Nestas ocasiões, a população local voltava para observar o es- Também consegui visitar a ponte do vilarejo que foi reconstru-
petáculo misterioso com uma espécie de fascínio mórbido, como se ída em Slippery Stones, atravessando o rio na cabeceira do reser-
lembrasse a eles que a vila já existiu. Alguns juravam que podiam vatório Howden. A lendária ponte foi transferida para lá, pedra por
ouvir o sino da igreja tocando embaixo d’água – embora o sino te- pedra, antes da inundação.
nha sido removido antes de a vila ser inundada. Após ter explorado Birchinlee e Slippery Stones, esperava que
Antes das duas Guerras Mundiais, a vila Derwent e sua vizinha, as ruínas submersas de Derwent se revelassem em breve, como às
Ashopton, pareciam tão permanentes quanto os pântanos do Peak vezes acontece durante períodos de seca.
District ao norte deles, com suas construções de pedras seculares e Derwent fez uma breve aparição no verão de 1976, e mais uma
comunidades há muito estabelecidas. vez em cada uma das décadas seguintes – a mais recente tinha sido
Inicialmente, o Departamento de Água reservou uma área iso- em 2003. Ashopton, a segunda vila submersa, também repousa sob
lada no alto do vale para criar duas barragens preliminares e os re- a água, mas eu sabia que não havia chance de vê-la, já que está
servatórios de Howden e Upper Derwent. O pequeno número de enterrada sob o lodo. Mas o que teria restado de Derwent debaixo
moradores das fazendas e das pequenas propriedades afetadas foi das águas do reservatório Ladybower?
removido por questões de segurança para as vilas de Derwent e
Ashopton, no vale.

21
TEMAS DA ATUALIDADE (APENAS A PROVA DE REDAÇÃO)
A sorte estava do meu lado. Em 2018, o verão foi quente e seco. Eu fico pensando: será que a vila Derwent ficará escondida por
As águas do reservatório diminuíram, até que as pedras remanes- pelo menos mais uma década? Ou será que com as mudanças cli-
centes da vila Derwent emergiram das margens cobertas de lama. máticas seu reaparecimento vai se tornar algo corriqueiro? É espe-
Em meados de setembro, as ruínas da igreja estavam expostas. Nos rar para ver.
arredores, era possível avistar o que restou de outras construções. (Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/vert-tra-52930694)
O nível do reservatório continuou a diminuir, e eu pude cami-
nhar até as ruínas da imponente sede da prefeitura de Derwent, O que é o ‘secularismo radical’ que vem crescendo na França
pisando cuidadosamente no solo lamacento do reservatório. Entre Nas últimas semanas, discussões sobre o laicismo francês inva-
os escombros, uma impressionante lareira de pedra com colunas diram jornais e debates televisivos na França e no exterior, um mês
arredondadas permanecia praticamente intacta, e o portão orna- após a decapitação do professor Samuel Paty e cinco anos após o
mentado do prédio se erguia atrás dela. massacre no clube parisiense Bataclan e outros ataques islâmicos
Ao vagar pelos escombros, imaginei as histórias que podem ter que marcaram a noite mais sangrenta no país europeu desde 2ª
sido vividas dentro daquelas paredes. O caminho atrás da igreja que Guerra Mundial.
levava à escola também foi exposto, junto com a pequena ponte O laicismo é um princípio constitucional que implica a separa-
que atravessava o riacho. Havia um ar de mistério e melancolia nas ção do Estado e das organizações religiosas e exige a igualdade de
pilhas de pedras escurecidas. todos perante a lei, independentemente de suas crenças ou con-
Essa imagem era muito distante das fotografias em preto e vicções.
branco que eu tinha visto da vila: crianças em idade escolar andan- O conceito defende a liberdade de acreditar ou não em uma
do por uma estrada arborizada com chapéus de palha; meninos pe- religião, garantindo o livre exercício de todos os cultos, o que tam-
rambulando por um riacho; moradores curvados sobre as pontes. bém implica que ninguém pode ser obrigado a respeitar dogmas ou
Fotos antigas da prefeitura de Derwent revelavam uma grande sala normas religiosas.
decorada com painéis e um salão de baile ornamentado. “Embora tenhamos o hábito de relacioná-lo com a lei de 9 de
Me perguntei se haveria alguém que se lembrasse das vilas de- dezembro de 1905 sobre a separação das igrejas e do Estado, na
saparecidas, alguém que poderia dar vida àquelas ruínas. realidade, é antes de tudo um princípio político de organização do
Um amigo me sugeriu falar com Mabel Bamford, de 92 anos, Estado e da República”, diz o historiador Guylain Chevrier, especia-
que mora na vila Bamford, ao sul dos reservatórios. Mabel me rece- lista em questões de integração e laicismo, à BBC News Mundo, o
beu em sua casa com passos fortes e olhos brilhantes.
serviço de notícias em espanhol da BBC.
“Talvez eu seja a última pessoa que se lembra de Ashopton e
“O artigo 1 da Constituição afirma que a França é uma repúbli-
Derwent”, disse ela alegremente.
ca indivisível, laica, democrática e social: o laicismo é então um de
Bamford me convidou para sentar, ansiosa para começar a con-
seus quatro pilares”.
tar sua história.
E o especialista afirma que é um princípio muito valorizado na
“Quando o Rose Cottage, em Ashopton, ficou desocupado,
ideologia republicana coletiva do país.
meus pais se mudaram para lá e moramos na vila até 1938.”
No entanto, muitos se perguntam sobre seu futuro.
“O que você lembra da vida em Ashopton?”, perguntei.
Isso porque a morte do professor Samuel Paty — decapitado
“Lembro que a nossa casa era muito simples. Não havia eletrici-
após ter mostrado a seus alunos caricaturas do profeta Maomé —
dade, apenas uma lâmpada de parafina na sala de estar. Usávamos
velas em todos os outros cômodos. O banheiro era um anexo rudi- reacendeu as preocupações sobre o lugar da religião e da liberdade
mentar bem longe da casa.” de expressão no país.
Assenti com a cabeça, relembrando os relatos que tinha lido De acordo com uma pesquisa publicada logo após o ataque,
sobre moradores realojados pelo Departamento de Água em casas elaborada pelo Instituto Francês de Opinião Pública (Ifop), 87% dos
com banheiros modernos. Aquilo tinha facilitado a mudança. franceses consideram que o secularismo está “em perigo” e 78%
“E a vila Derwent, Mabel? Você se lembra de lá?”, segui per- consideram “justificado” que professores mostrem caricaturas
guntando. zombando da religião para ilustrar a liberdade de expressão do país.
“Ah, sim, eu frequentava a escola lá, mesmo quando o reserva- Em parte devido ao temor de que um aspecto republicano mui-
tório de Ladybower estava sendo construído. Tínhamos que cami- to valorizado se perca, analisam os especialistas, nos últimos anos
nhar mais de 2 quilômetros até Derwent. Às vezes, caçadores nos cresceu uma tendência mais extrema na França: o laicismo radical.
davam uma carona na temporada de perdizes. Mas nós gostávamos “Na França, existem várias correntes (de secularismo radical).
mais das caronas oferecidas pelos operários. Eles nos levavam para Por um lado, você tem uma que apóia a proibição total de qualquer
dentro das grandes tubulações pretas que estavam construindo no manifestação e sinais de pertencimento (religioso)”, diz Chevrier.
local do reservatório”, relembra. “Mas, por outro lado, existe a vontade de criar uma espécie
Ela continuou: de ateísmo estatal. Nada disso corresponde à concepção inicial do
“Lembro que, no frio, havia sempre uma lareira acesa na esco- conceito de secularismo: o Estado, separando-se das igrejas, não as
la. A gente levava uma batata grande com nossas iniciais gravadas, o exclui da sociedade”.
professor assava e dava uma xícara de chocolate quente.” “É uma questão de retórica”, conclui.
Bamford me contou outras histórias: do policial que foi à casa
dela para repreendê-la por roubar maçãs; e da empolgação em O ateísmo de Estado, ao contrário da laicidade ou secularis-
Ashopton, quando os proprietários de um posto de gasolina gera- mo, promove políticas anti-religiosas e ateístas. No passado, países
ram eletricidade com uma engenhoca semelhante a um moinho de como a França e a União Soviética implementaram essa corrente.
vento. Para Sylvie Pierre, professora de informação e comunicação da
Saí de lá me sentindo privilegiada por ter ouvido as histórias Universidade de Lorraine e especialista em secularismo, a ascensão
de Bamford sobre os vilarejos inundados. Um ano depois, as ruínas do radicalismo laico está ligada às atuais tensões entre alguns seto-
da vila Derwent retornaram às profundezas escuras do reservatório res da sociedade francesa e o islamismo.
Ladybower.

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TEMAS DA ATUALIDADE (APENAS A PROVA DE REDAÇÃO)
“É uma questão de retórica no contexto atual. Hoje falamos de A caçadora que reescreveu a pré-história
radicalismo secular devido a problemas relacionados ao Islã e na A descoberta dos restos mortais de uma mulher de 8.000 anos
França existem atualmente grupos que promovem discursos anti-is- atrás com um arsenal para caçar causou uma reviravolta na arque-
lâmicos, apresentando-se como movimentos seculares”, explica ela ologia. O fato de uma garota de 17 a 19 anos caçar grandes animais
à BBC News Mundo. com lanças (venábulos) nos Andes americanos questiona a imagem
Riposte laïque (“Resposta laica”, em português) é uma delas. de que a caça era coisa de homens, enquanto as mulheres se encar-
regavam de limpar e preparar as peças. Outros trabalhos recentes
Criada em 2007 como um site que se identifica com princípios mostram que essa suposta divisão de tarefas não era tão universal
seculares e republicanos, e que reúne “patriotas de esquerda e de nem tão antiga quanto se pensava. Muitos cientistas apontam que
direita que não aceitam a islamização de seu país”, a Riposte laïque é um fenômeno mais recente.
tem sido alvo de diversos processos criminais desde a sua fundação “Nosso estudo se limitou às Américas e gostaríamos de saber se
por incitação ao ódio. foi observado um padrão similar em outros lugares”, diz o principal
autor da pesquisa sobre a caçadora, o antropólogo da Universidade
‘Invadido pelo Islã e por imigrantes’ da Califórnia Davis Randy Haas. “Há algumas evidências de que a
Pierre argumenta que o laicismo radical é simplesmente uma divisão sexual do trabalho também foi muito menos pronunciada
interpretação errônea do secularismo. ou esteve ausente no Paleolítico Médio europeu”, acrescenta, ci-
“Sua retórica é dizer que estamos sendo invadidos pelo Islã e tando os trabalhos de Mary Stiner e Steve Kuhn. Estes arqueólogos
por migrantes”, diz ele. sustentam que a dieta daquela época, a era dos neandertais (entre
“A maioria deles são pessoas de extrema direita que buscam 150.000 e 40.000 anos atrás), era muito reduzida, com destaque
amedrontar a população e recorrer à dramatização, a teorias como para a carne, e eles não faziam roupa sob medida. Portanto, não
a grande substituição e a ideologias racistas que clamam pela expul- haveria muita margem para divisão de trabalho.
são de certos povos”. “A divisão de trabalho por gênero é mais um produto das nor-
“A grande substituição” é uma teoria da conspiração frequen- mas sociais do que da biologia ou psicologia”, assinala Kuhn por
temente usada por círculos de extrema direita na França que asse- e-mail. Ele cita como exemplo disso a maternidade, argumento
gura que a população “autóctone”, considerada branca, será even- biológico dos que afirmam que a distribuição diferencial de tarefas
tualmente substituída por uma população imigrante. é algo quase natural. “A maternidade pode inclinar a balança em
Os especialistas concordam que o aumento do extremismo is- uma direção, mas não fecha completamente nenhuma via”, diz o
lâmico que a França experimentou nos últimos anos deu origem ao arqueólogo. “Temos de lembrar que ser um bom caçador ou um
secularismo radical no país, embora o apoio a essa ideologia perma- bom coletor depende de adquirir muitos conhecimentos e atingir
neça minoritário, assinala o historiador Guylain Chevrier. um alto nível de habilidade. Seria difícil e perigoso para as mulheres
“O surgimento de um Islã radical gerou tensões e fomentou ou- participar da caça de animais de grande porte quando estivessem
tras correntes radicais: é uma espécie de efeito espelho. Em todas nas últimas fases da gestação ou amamentando. Faria sentido que
as sociedades ocorre esse tipo de efeito e não devemos esquecer
essas mulheres desenvolvessem outras habilidades, como as rela-
que a França é um país em que cerca de 10% da população se con-
cionadas com a coleta ou o processamento de alimentos vegetais.
sidera muçulmana. “
Quando passava a idade de ter filhos ou elas não os tinham por al-
Chevrier diz acreditar que o radicalismo secular “ajuda” o isla-
gum outro motivo, as mulheres podiam se tornar caçadoras hábeis,
mismo extremista ao se envolver em “comportamentos semelhan-
e de fato fizeram isso.”
tes” e se organizar “quase da mesma maneira”.
Embora os ataques do chamado jihadismo na França tenham
Entre os ancestrais dos neandertais não havia divisão de traba-
sido muito mais frequentes e deixado mais vítimas, o radicalismo de
lho por sexo. Pelo menos é isso que indica o estudo de seus dentes
extrema direita também tem sido uma fonte de violência no país.
Em outubro de 2019, Claude Sinké realizou um ataque à mes- desgastados. “Os [hominíneos] da Sima de los Huesos [”abismo dos
quita de Bayonne, no sul da França, atirando e ferindo dois homens ossos”, em Atapuerca, Espanha] já usavam os dentes como ferra-
de 74 e 78 anos. menta 400.000 anos atrás”, diz a pesquisadora do Instituto Catalão
E de acordo com o Observatório Nacional contra a Islamofobia da Paleoecologia Humana e Evolução Social (IPHES) Marina Lozano.
(ONCI), órgão ligado ao Ministério do Interior francês, os ataques “Os dentes oferecem uma enorme quantidade de informações, di-
contra a população muçulmana no país totalizaram 154 em 2019, zem-nos sua idade, o que comiam ou algumas das patologias que
54% a mais do que no ano anterior. sofriam. Mas eram usados, e são usados, para outras coisas além
Sylvie Pierre argumenta que nem a islamofobia nem o secula- de sua função biológica e se desgastam dependendo do uso que
rismo radical são o caminho a percorrer se o objetivo é combater o lhes damos, e o tipo de desgaste indica uma tarefa específica”, deta-
radicalismo islâmico. lha Lozano. Todos os dentes dos restos encontrados na Sima de los
“Muitos homens e mulheres muçulmanos foram integrados Huesos tinham o mesmo tipo de desgaste, “ou seja, todo o grupo
por muito tempo em nossa sociedade, na vida diária, e o secularis- fazia a mesma coisa”, conclui.
mo republicano precisamente nos permite viver juntos”, diz. “No caso dos neandertais, todos iam caçar em grupo, o que
“O secularismo radical simplesmente destrói o princípio de to- faziam depois é outra história”, comenta a cientista Almudena Es-
lerância e da liberdade de consciência”, conclui. talrrich, do grupo de pesquisa EvoAdapta da Universidade da Can-
(Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/internacio- tábria. Em um de seus trabalhos, também com dentes desgastados,
nal-54946499) ela conclui que há 50.000 anos já havia certa especialização das ta-
refas. Depois de analisar a dentadura de dezenas de neandertais,
em particular seus incisivos, de três jazidas arqueológicas na Espa-
nha, França e Bélgica, sua equipe observou que todos tinham mar-
cas, mas seu número, intensidade e forma eram diferentes. “Nos
dentes das mulheres, as estrias eram maiores e mais numerosas.
Elas faziam algo diferente do que os homens faziam”, sustenta.

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TEMAS DA ATUALIDADE (APENAS A PROVA DE REDAÇÃO)
A diretora do Centro Nacional de Pesquisas sobre a Evolução do trabalho: “Cerca de 6.000 anos antes de Cristo, ocorreu uma
Humana (Cenieh) María Martinón-Torres afirma que a divisão de mudança na organização social.” Foi um período marcado por uma
papéis no trabalho tem sido comum ao longo da história do ser explosão demográfica local vinculada à abundância de alimentos,
humano. Mas não necessariamente em função do gênero, “e sim à sedentarização e à aparição da acumulação e da riqueza. Para
por capacidades necessárias para o desempenho de determinadas Patou-Mathis, “essas mudanças teriam remodelado as relações
tarefas que podem ser fisicamente mais exigentes e que podem li- sociais, fazendo surgir elites e castas, incluindo a dos guerreiros, e
mitar a participação de algumas mulheres, mas também de crian- tendo como resultado uma divisão de tarefas mais marcada pelo
ças, idosos e alguns homens que possam estar fisicamente menos gênero”, acrescenta.
preparados”, detalha. Quanto às conclusões do estudo da caçadora (Fonte: https://brasil.elpais.com/ciencia/2020-11-14/a-caca-
de Haas, Martinón-Torres lembra que “a caça em nossa espécie é dora-que-reescreveu-a-pre-historia.html)
uma caça do tipo social, ou seja, é organizada e desenvolvida em
grupo, e envolve a elaboração da estratégia, a busca de pistas, o Argentina anuncia oficialmente o fim da quarentena iniciada
rastreamento, a criação de iscas... a caça não é só músculo, é cére- em 20 de março
bro também”.
O presidente argentino, Alberto Fernández, anunciou que, com
“A pré-história tem sido representada em termos heroicos,
exceção de duas cidades, a Argentina sairá oficialmente do isola-
masculinos, sempre com homens jovens, de forma distorcida”,
mento social, considerado o mais prolongado do mundo. Fernández
afirma o paleoantropólogo Juan Luis Arsuaga, diretor científico do
pediu que a população mantenha os esforços de proteção e não
Museu da Evolução Humana em Burgos. Também codiretor da Fun-
dação Atapuerca, ele lembra que a caça corpo-a-corpo deu lugar à relaxe nos cuidados.
tecnologia, às armas de lançamento com as quais se matava à dis- “Verificamos que, nas duas últimas semanas, a quantidade de
tância. “Aquela caça na qual se perseguia um auroque durante um casos caiu aproximadamente 30% no país. Vamos manter em isola-
mês estava lá, mas era preciso alimentar as crianças todos os dias.” mento social apenas em duas cidades: Bariloche e Puerto Deseado
Arsuaga apresenta um dos aspectos que mais distorceram o es- (as duas na Patagônia). Esta nova etapa vai até 20 de dezembro”,
tudo do passado: fazer isso com os olhos do presente, idealizando anunciou o presidente Alberto Fernández, sublinhando que “a po-
algumas tarefas e banalizando outras. “O que realmente conta para pulação deve continuar com o esforço porque o problema da pan-
o grupo é a quantidade de calorias”, especifica. Para Martinón-Tor- demia não foi superado”.
res, “o principal não é tanto atacar ou não o possível estereótipo O pedido para que os argentinos continuem com os esforços
sobre se um trabalho é feminino ou masculino, e sim destacar que chegou na noite desta sexta-feira, um dia depois das gigantescas
talvez o estereótipo também esteja em considerar que a coleta ou aglomerações populares em torno do velório do ex-jogador Diego
a caça de presas pequenas é um trabalho menor em comparação Maradona, organizado pelo próprio governo.
com a caça de grandes presas”. Estudos recentes já analisam a die- A cerimônia, no qual cerca de um milhão de pessoas não man-
ta em termos de custo. “Nesse sentido, a caça de grandes presas tiveram distanciamento social nem cuidados de proteção, levou a
requer muito tempo de investimento, de busca, mas em termos de oposição a denunciar penalmente o presidente Alberto Fernández
retorno, dedicou-se muito tempo e energia a uma atividade com por favorecer a propagação do coronavírus.
taxa de sucesso muito imprevisível”, completa a diretora do Cenieh. “As imagens que vimos do velório são o que devemos evitar.
Muitos cientistas sustentam que foi com o avanço dos sapiens Claro que são um risco epidemiológico cujo impacto veremos den-
e, principalmente, com sua Revolução Neolítica e suas transfor- tro de sete ou dez dias”, criticou o ministro da Saúde de Buenos
mações que se acentuou a divisão de trabalho por gênero. Por um Aires, Fernán Quirós.
lado, a introdução da agricultura transformou radicalmente a ob-
tenção dos alimentos, relegando cada vez mais a caça. Em 2017, Foi a vez do interior
um estudo com dezenas de restos ósseos de mulheres europeias O anúncio do fim da quarentena se aplica a dez das 24 provín-
comprovou que os ossos de seus braços foram se modificando com cias argentinas, a maioria no interior. Na região metropolitana de
o avanço agrícola.
Buenos Aires, o fim da chamada “quarentena eterna” começou em
A sedentarização facilitada pela agricultura gerou também o
9 de novembro, depois de 233 dias de isolamento.
surgimento de núcleos de população, e com eles floresceu a divi-
O fim da quarentena, no entanto, não acabou com as restri-
são de trabalho por gênero. Marina Lozano teve oportunidade de
ções. O transporte público, por exemplo, continua exclusivo para as
analisar com um microscópio eletrônico de varredura os dentes de
cerca de cem indivíduos enterrados sob o solo de Castellón Alto, um atividades consideradas essenciais.
povoado da cultura de El Argar, que prosperou no sudeste ibérico A extensão da quarentena ajuda a entender a drástica queda
há 4.000 anos. na popularidade de Alberto Fernández que, em março, tinha 67,8%
“Entre todos os dentes, encontramos os de uma mulher de ida- de imagem positiva e agora tem 32,4%, segundo a consultora Gia-
de avançada, já com muito poucos, que apresentavam desgaste e cobbe & Asociados.
sulcos muito grandes. Faltavam pedaços de esmalte e havia estrias “É um vertiginoso processo de desilusão”, define à RFI o analis-
provocadas por uma tarefa muito repetitiva, como segurar com ta político Jorge Giacobbe, autor do estudo, o mais recente publica-
força e esticar”, explica Lozano. Esse padrão de desgaste pode ter do nesta semana.
sido provocado por um trabalho têxtil, pela fiação de um material “Os números indicam que a quarentena já não tinha sentido.
vegetal ou animal, como lã ou linho, que são abrasivos. “O mais O erro foi usar a quarentena como único recurso para controlar a
revelador é que encontramos o mesmo desgaste em outras quatro pandemia. O governo ficou sem margem para continuar com o lock-
dentaduras, todas de mulheres.” down, enquanto os casos só aumentam”, indica o analista.
A especialista em pré-história Marylène Patou-Mathis acaba O estudo também aponta que 64,2% dos argentinos concor-
de publicar na França o livro L’Homme Prehistorique Est Aussi une dam com a mudança de isolamento a distanciamento social. “Os
Femme. Une Histoire de l’Invisibilité des Femmes (“o homem pré- argentinos estão exaustos. O cansaço social depois de oito meses
-histórico também é uma mulher. Uma história da invisibilidade das chegou ao limite. A fase racional da quarentena já tinha acabado
mulheres”). Em um e-mail, ela explica como se acentuou a divisão meses atrás”, conclui Giacobbe.

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TEMAS DA ATUALIDADE (APENAS A PROVA DE REDAÇÃO)
Aguentar até a vacina A ‘mão de Deus’
O presidente também traçou a nova meta do país em relação Campeão mundial na Copa do Mundo de 1986, quando ficou
à pandemia: vacinar a maior quantidade de pessoas possível entre eternizado pelos dois gols que marcou contra a seleção da Inglater-
janeiro e março quando começará o outono. ra nas quartas de final, Maradona era reverenciado e tratado como
“Temos a vantagem de ver o que acontece com a pandemia Deus na Argentina.
no hemisfério Norte. Uma segunda onda com uma quantidade de Seu gol de mão contra a Inglaterra ficou mundialmente conhe-
contágios realmente alarmante. É muito possível que a Argentina cido pela “mão de Deus”. O outro tento, em que Maradona driblou
deva enfrentar uma segunda onda. Por isso, quanto mais cuidados metade do time (inclusive o goleiro), foi eleito pela Fifa em 2002
tivermos mais fácil será enfrentar o outono”, comparou Fernández. como o mais bonito da história das Copas do Mundo.
Para evitar esse espelho europeu, a Argentina pretende vacinar Maradona também jogou as Copas de 1982, 1990 e 1994. Em
13 milhões de pessoas. 1990, ele e Caniggia fizeram a jogada que eliminou a seleção brasi-
“Quando março chegar, queremos que todos os grupos de ris- leira nas oitavas de final. Em 1994, foi pego no exame de antidoping
co estejam imunizados. O total de pessoas que deveríamos vacinar e cortado da seleção argentina.
entre janeiro e março é de 13 milhões de pessoas, cerca de 25% dos
argentinos. Esse é o esforço que devemos encarar agora”, apontou Problemas de saúde e com as drogas
o presidente. Maradona conviveu durante toda a sua vida com o vício das
Depois de março, a vacinação continuará com aqueles que não drogas, que lhe rendeu duas suspensões quando era jogador.
são grupo de risco. A vacina será gratuita para população, mas não Em 2000, o argentino sofreu um ataque cardíaco devido a uma
obrigatória. overdose em um resort uruguaio de Punta del Este e passou por um
“Convoco todos a serem parte dessa epopeia que é cuidar da longo tratamento.
saúde. Vamos precisar de cerca de 20 mil voluntários. A Argentina, Entre 2001 e 2005, Maradona viajou a Cuba para tratar de sua
com todo esforço, pode vacinar entre 4,5 e 5 milhões por mês”, cal- dependência química. Foi em Havana que ele conheceu Fidel Cas-
culou Fernández. tro, a quem chamava de “segundo pai”.
Apesar da quarentena mais prolongada e rígida do mundo, a Recuperado, fez uma cirurgia bariátrica, perdeu 50 quilos e um
Argentina é o nono país com mais casos, mesmo quando é um dos ano depois retornou como um apresentador de televisão de suces-
que menos testes faz. São 1,407 milhão de contagiados e 38.216 so.
mortos. Em 2007, os excessos no consumo de álcool o levaram a uma
Em relação à sua população, ocupa o 23.º posto, pior do que nova hospitalização, agora por hepatite. Foi internado em um hos-
Brasil (28º), Peru (30º) e Chile (32º), países sul-americanos com pital psiquiátrico. Saiu novamente.
mais alta taxa de casos. Em relação à sua população, a Argentina
ocupa o 8º posto em número de mortos. O Peru aparece em 3º Um dos maiores da história
lugar e o Brasil, em 11º. Diego Armando Maradona nasceu em 30 de outubro de 1960
(Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/11/28/ em Lanús, na província de Buenos Aires. “El Pibe” cresceu em Villa
argentina-anuncia-oficialmente-o-fim-da-quarentena-iniciada-em- Fiorito, um bairro muito pobre da periferia da capital argentina.
-20-de-marco.ghtml) Com apenas 15 anos, Maradona começou a trajetória profis-
sional no Argentinos Juniors, onde atuou entre 1976 e 1981. No
Diego Maradona morre na Argentina aos 60 anos clube, fez 116 gols em 166 partidas e se transferiu. Com o sucesso,
Maior jogador da história da Argentina e lenda do futebol o jogador se transferiu em 1982 para o Boca Juniors, onde ficou
mundial, Diego Armando Maradona morreu nesta quarta-feira apenas uma temporada.
(25/11/2020) aos 60 anos. Ele logo foi para o Barcelona, onde atuou entre 1982 e 1984,
O governo da Argentina declarou luto oficial de três dias após a na transferência mais cara do futebol até então: US$ 8 milhões (US$
morte de Maradona. O corpo do jogador será velado na Casa Rosa- 21,5 milhões em valores corrigidos pela inflação).
da, a sede da presidência argentina em Buenos Aires, a partir desta De lá foi para o Napoli, na Itália, ganhou uma Copa da Uefa,
quinta-feira. Segundo a imprensa local, estima-se que cerca de 1 dois Campeonatos Italianos, uma Copa e uma Supercopa da Itália
milhão de pessoas participem do funeral. entre 1984 e 1991 e virou ídolo.
Na noite desta quarta, uma multidão saiu às ruas de Buenos Em 17 de março de 1991, seu vício em cocaína custou-lhe a pri-
Aires em plena pandemia para lamentar a morte. meira suspensão, de 15 meses. Voltou aos gramados pelo Sevilha,
O craque argentino sofreu uma parada cardiorrespiratória em da Espanha, onde jogou entre 1992 e 1993, e retornou à Argentina
sua casa na cidade de Tigre, na região metropolitana da capital. Co- para uma breve passagem pelo Newell’s Old Boys em 1993.
nhecido como “El Pibe de Oro”, o jogador passou por uma delicada Depois da Copa do Mundo de 1994 e da sua segunda suspen-
cirurgia no cérebro no começo do mês e recebeu alta oito dias de- são, vestiu mais uma vez a camisa do Boca, onde deixou os grama-
pois, após drenar uma pequena hemorragia cerebral. dos em 25 de outubro de 1997, cinco dias antes de seu 37º aniver-
O médico Leopoldo Luque afirmou na ocasião que a cirurgia sário.
era considerada simples, mas havia preocupação pela condição de Um dos maiores jogadores da história do futebol mundial, ao
saúde do ex-jogador. lado de Pelé, o craque argentino disputou 676 jogos e marcou 345
Maradona deixa três filhas (Dalma, Gianinna, Jana) e dois filhos gols em 21 anos de carreira na seleção argentina e em clubes.
(Diego e Diego Fernando) — e uma trajetória vitoriosa no futebol: Maradona também atuou como técnico — atualmente, dirigia
ganhou a Copa do Mundo de 1986 com a seleção argentina e foi o Gimnasia y Esgrima La Plata, um clube argentino da cidade vizinha
vice em 1990. Passou por grandes clubes, como Boca Juniors, Bar- a Buenos Aires.
celona e Napoli, e atuou como técnico, inclusive dirigindo a equipe Ele treinou também Mandiyú (1994), Racing (1995), Al Wasl
nacional na Copa de 2010. (2011-2012), Al Fujairah (2017-2018) e Los Dorados de Sinaloa
(2018), além da seleção argentina na Copa do Mundo de 2010.
(Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/11/25/die-
go-maradona-morre-aos-60-anos.ghtml)

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TEMAS DA ATUALIDADE (APENAS A PROVA DE REDAÇÃO)
5. (Prefeitura de Sananduva - RS – Fiscal - FUNDATEC – 2020)
QUESTÕES A respeito do conflito Estados Unidos X Irã que ganhou novos con-
tornos nos primeiros dias de 2020 com o assassinato do general
iraniano Soleimani pelos Estados Unidos, são feitas as seguintes
1. (Prefeitura de Arapongas - PR - Professor - Educação Infantil considerações:
- FAFIPA – 2020) A morte do general iraniano Qassim Soleiman, em I. O general Soleimani foi assassinado na cidade de Bagdá, no
2 de janeiro de 2020, em Bagdá, acirrou a crise entre dois importan- Iraque. II. Os Estados Unidos culpam Soleimani pela morte de ame-
tes países. Assinale a alternativa que contém o nome desses países: ricanos e defendem que o assassinato ao general foi uma estratégia
A) Irã e Iraque. para conter o terrorismo. III. Durante o governo de Obama, os dois
B) Estados Unidos e Iraque. países elaboraram um acordo, em que o Irã se comprometia em
C) Irã e Estados Unidos. interromper seu programa de enriquecimento de urânio a fim de
D) Brasil e Estados Unidos. produzir bombas atômicas, em troca, os norte-americanos retira-
E) Brasil e Iraque. riam o embargo econômico sobre o país. Com o governo Trump,
essa tentativa de acordo foi abandonada.
2. (Prefeitura de Arapongas - PR - Professor - Educação Infantil Quais estão corretas?
- FAFIPA – 2020) Uma produção cinematográfica brasileira, dirigida A) Apenas I.
por Petra Costa, foi indicada ao Oscar 2020 na categoria Documen- B) Apenas I e II.
tário. Assinale a alternativa que contém o nome dessa obra: C) Apenas I e III.
A) Democracia em Vertigem. D) Apenas II e III.
B) Dois Papas. E) I, II e III.
C) O Auto da Compadecida.
D) Bacurau. 6. (Prefeitura de Sananduva - RS – Fiscal - FUNDATEC – 2020)
E) Minha Mãe é uma Peça. O príncipe Harry e sua esposa, Meghan Markle, surpreenderam o
mundo quando, em 8 de janeiro, anunciaram que estavam:
3. (Prefeitura de Jaguapitã - PR - Técnico em Enfermagem - A) Oficializando seu divórcio.
FAUEL – 2020) Considere a definição a seguir, a respeito de um re- B) Esperando seu segundo filho.
levante aplicativo tecnológico da atualidade, e marque a alternativa C) Transferindo sua residência oficial para a Etiópia.
que indica do que se trata. D) Renunciando às funções do primeiro escalão da Família Real
“Mais de um bilhão de pessoas utilizam esse aplicativo para Britânica.
manter contato com amigos e familiares. Esse aplicativo disponi- E) Batizando seu filho na religião budista.
biliza serviços de mensagens e chamadas de uma forma simples e
segura, e está disponível em telefones celulares ao redor do mundo 7. (Prefeitura de Sananduva - RS – Fiscal - FUNDATEC – 2020)
todo. Fundado em 2009 por Jan Koum e Brian Acton, o programa No início de 2020, a Austrália foi notícia nos principais veículos de
surgiu como uma alternativa ao sistema de SMS e possibilita atual- comunicação do mundo devido:
mente o envio e recebimento de diversos arquivos de mídia, como A) Aos incêndios florestais que atingiram o país.
fotos, vídeos e documentos, além de textos e chamadas de voz. Em B) Ao tsunami que destruiu a cidade de Sydney em dezembro.
2014, uniu-se ao Facebook, mas continua operando como um apli- C) À renúncia do primeiro-ministro envolvido em um escândalo
cativo independente” de corrupção.
A) Google. D) À declaração de separação do país do Reino Unido.
B) Netflix. E) Ao cancelamento das eleições agendadas para o mês de ja-
C) WhatsApp. neiro.
D) Youtube.
8. (Prefeitura de Sananduva - RS – Fiscal - FUNDATEC – 2020)
4. (Prefeitura de Jaguapitã - PR - Técnico em Enfermagem - Na edição de 2020 do Oscar, o Brasil foi indicado na categoria de
FAUEL – 2020) Leia a seguinte notícia, veiculada em novembro de melhor:
2019, a respeito de fatos relativos ao atual cenário político brasilei- A) Atriz, com Fernanda Montenegro.
ro, e marque a opção que preenche CORRETAMENTE a lacuna. B) Diretor, com Fernando Meirelles.
“O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, anunciou nesta terça- C) Documentário, com Democracia em Vertigem.
-feira que vai deixar o Partido Social Liberal e criar a sua própria D) Melhor filme, com Dois Papas.
formação política, denominada ______________. Prevê-se que cer- E) Melhor roteiro adaptado, com a Vida Invisível.
ca de 30 dos 53 deputados do Partido Social Liberal – partido que
acolheu Bolsonaro a poucos meses das eleições do ano passado –
se juntem ao novo partido no ano que vêm. A cisão surge depois
de meses de conflitos internos, alguns assumidos publicamente”.
(Fonte: O Público, 13/11/2019, com adaptações).
A) Aliança pelo Brasil
B) Partido Renovador Progressista
C) Ação Libertadora Nacional
D) Partido Pátria Livre

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TEMAS DA ATUALIDADE (APENAS A PROVA DE REDAÇÃO)
9. (Prefeitura de Assis Chateaubriand - PR – Advogado - FAUEL
– 2020) A notícia a seguir trata da participação do Brasil na última
ANOTAÇÕES
reunião de uma das mais importantes organizações internacionais.
Leia-a atentamente e marque a alternativa que contém o nome que ______________________________________________________
preenche CORRETAMENTE a lacuna.
“Um Brasil próspero. Essa é a mensagem que o ministro da ______________________________________________________
Economia, Paulo Guedes, quer entregar para líderes, chefes de Es-
tado e empresários presentes no __________________, em Davos. ______________________________________________________
Principal representante do governo brasileiro no local neste ano,
Guedes deve se empenhar em atrair capital externo para o país. A ______________________________________________________
tarefa não é a das mais simples. No ano passado, o presidente Jair
______________________________________________________
Bolsonaro decepcionou no evento ao realizar um discurso muito
sucinto. Desta vez, as apresentações do ministro se concentrarão ______________________________________________________
na redução do déficit fiscal e no avanço das reformas estruturais”.
(Veja, 20/01/2020, com adaptações) ______________________________________________________
A) Fórum Econômico Mundial
B) Tribunal Penal Internacional ______________________________________________________
C) Fundo Monetário Internacional
D) Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento. ______________________________________________________

______________________________________________________
10. (Prefeitura de Assis Chateaubriand - PR – Advogado -
FAUEL – 2020) Considere a análise a seguir, a respeito de um re- ______________________________________________________
cente fato que gerou repercussões nas relações internacionais, e
marque a alternativa que indica o nome do país que preenche COR- ______________________________________________________
RETAMENTE a lacuna.
“Naquele que talvez tenha sido o ataque mais significativo ______________________________________________________
dos Estados Unidos no Oriente Médio em décadas, a ordem do
presidente Donald Trump de bombardear o veículo em que viaja- ______________________________________________________
va o general Qasem Soleimani pegou todos de surpresa. Embora
as consequências do ataque ainda sejam incertas, essa ação pode ______________________________________________________
facilmente desencadear um conflito militar na região, visto que
______________________________________________________
aquele general estava, de fato, no comando da política externa do
_________, e era uma personalidade política popular tanto no país ______________________________________________________
dele quanto no exterior”.
(BBC Mundo, 07/01/2020, com adaptações). ______________________________________________________
A) Irã
B) Egito ______________________________________________________
C) Marrocos
D) Afeganistão ______________________________________________________

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GABARITO
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1 C ______________________________________________________
2 A _____________________________________________________
3 C
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4 A
5 E ______________________________________________________
6 D ______________________________________________________
7 A
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8 C
9 A ______________________________________________________
10 A ______________________________________________________

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27
TEMAS DA ATUALIDADE (APENAS A PROVA DE REDAÇÃO)
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